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Numero do processo: 11020.002565/2009-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
Não estando a fiscalização de posse de todas as informações necessárias à apuração dos tributos devidos e pagos a maior, e de outras informações necessárias ao convencimento da autoridade tributária de que não há dívidas com o fisco em aberto, não deve a fiscalização devolver o montante alegado pelo contribuinte. É dever de quem solicita a restituição apresentar todos os documentos necessários à comprovação do direito alegado.
Numero da decisão: 3201-000.861
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: Judith Amaral Marcondes Armando
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Numero do processo: 10166.722768/2014-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/08/2012
ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA. PATROCÍNIO. PENHORA JUDICIAL. PAGAMENTO DE DÉBITOS DEVIDOS PELA ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA A TERCEIROS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO E RECOLHIMENTO.
A destinação, por determinação da judicial, de valores devidos a entidade desportiva que mantém equipe de futebol profissional, a título de patrocínio, para o pagamento de débitos contraído junto a terceiros configura o recebimento de tais valores, subsistindo a obrigação da patrocinadora de efetuar a retenção e o recolhimento da contribuição social.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGAS A DIRETORES NÃO EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
A participação nos lucros e resultados paga a diretores não empregados tem a natureza de retribuição pelos serviços prestados à pessoa jurídica, ensejando a incidência de contribuição previdenciária, por não estar abrigada nos termos da Lei nº 10.101/00.
INFRAÇÃO A OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MANUTENÇÃO.
São mantidas as infrações às obrigações acessórias, na medida em que os lançamentos referentes às obrigações principais às quais estão vinculadas restam sem reparos.
Numero da decisão: 2402-005.907
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e pelo voto de qualidade em dar-lhe parcial provimento para excluir da base de cálculo do lançamento em relação ao DEBCAD nº 51.038.415-3 a competência 12/2011, Vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson (Relator), João Victor Ribeiro Aldinucci,, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza que davam provimento em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 31/08/2012 ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA. PATROCÍNIO. PENHORA JUDICIAL. PAGAMENTO DE DÉBITOS DEVIDOS PELA ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA A TERCEIROS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO E RECOLHIMENTO. A destinação, por determinação da judicial, de valores devidos a entidade desportiva que mantém equipe de futebol profissional, a título de patrocínio, para o pagamento de débitos contraído junto a terceiros configura o recebimento de tais valores, subsistindo a obrigação da patrocinadora de efetuar a retenção e o recolhimento da contribuição social. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGAS A DIRETORES NÃO EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A participação nos lucros e resultados paga a diretores não empregados tem a natureza de retribuição pelos serviços prestados à pessoa jurídica, ensejando a incidência de contribuição previdenciária, por não estar abrigada nos termos da Lei nº 10.101/00. INFRAÇÃO A OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MANUTENÇÃO. São mantidas as infrações às obrigações acessórias, na medida em que os lançamentos referentes às obrigações principais às quais estão vinculadas restam sem reparos.
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Recorrente CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/08/2012 ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA. PATROCÍNIO. PENHORA JUDICIAL. PAGAMENTO DE DÉBITOS DEVIDOS PELA ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA A TERCEIROS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO E RECOLHIMENTO. A destinação, por determinação da judicial, de valores devidos a entidade desportiva que mantém equipe de futebol profissional, a título de patrocínio, para o pagamento de débitos contraído junto a terceiros configura o recebimento de tais valores, subsistindo a obrigação da patrocinadora de efetuar a retenção e o recolhimento da contribuição social. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGAS A DIRETORES NÃO EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A participação nos lucros e resultados paga a diretores não empregados tem a natureza de retribuição pelos serviços prestados à pessoa jurídica, ensejando a incidência de contribuição previdenciária, por não estar abrigada nos termos da Lei nº 10.101/00. INFRAÇÃO A OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MANUTENÇÃO. São mantidas as infrações às obrigações acessórias, na medida em que os lançamentos referentes às obrigações principais às quais estão vinculadas restam sem reparos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 27 68 /2 01 4- 11 Fl. 1006DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e pelo voto de qualidade em darlhe parcial provimento para excluir da base de cálculo do lançamento em relação ao DEBCAD nº 51.038.4153 a competência 12/2011, Vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson (Relator), João Victor Ribeiro Aldinucci,, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza que davam provimento em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 10166.722768/201411 Acórdão n.º 2402005.907 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO, que julgou procedentes autos de infração de obrigações tributárias principais referentes às contribuições previdenciárias, sendo o DEBCAD.51.038.4153 atinente ao levantamento patrocínio de futebol profissional, e o DEBCAD 51.038.4161, referente a pagamento de PLR em desacordo com a legislação, além de 3 (três) autos de infração relativos ao descumprimento de obrigações acessórias, DEBCADs nos 51.038.4170, 51.038.4188, e 51.038.4196, respectivamente CFLs 30, 34 e 83 (fls. 2/198). O relatório da decisão contestada (fls. 567/569) bem descreve os termos da autuação e da correspondente impugnação: O presente processo administrativo referese a contribuições devidas à Seguridade Social: Art. 22, III e §§ 6º, 7º e 9º da Lei 8.212/91. 2. Tais exações são incidentes sobre: valores pagos a contribuintes individuais, dirigentes da empresa, a título de participação nos resultados. pagamentos de patrocínios efetuados pela impugnante em favor das associações de futebol profissional Club de Regatas Vasco da Gama, CNPJ 33.617.650/000145 e América Futebol Clube (NATAL RN), CNPJ 08.333.783/000137. 2.1. A retenção de 5%, sobre os valores brutos repassados a título de patrocínio, não foi efetuada, conforme verificação dos lançamentos contábeis efetuados na conta 2113181600 – C. PrevINSS Retido Fonte Terc. P. Jurídica, e nem recolhidos em GPS, código 2500. Também não foram informados em GFIP. 2.2. Em relação ao pagamento de PLR a contribuintes individuais, dirigentes não empregados, constam dos Termos de Pactuação (e seu complementar) a previsão dessa verba aos dirigentes da empresa, conforme Cláusula 9ª, item 91.1, desde que houvesse Autorização em AGO. Tais autorizações foram concedidas pela 51ª e 52ª Assembléia Geral Ordinária. 3. As contribuições previdenciárias foram apuradas através do exame dos seguintes elementos de prova: [omissis] Fl. 1008DF CARF MF 4 4. As contribuições previdenciárias lançadas não foram declaradas em GFIP. 5. Também houve a lavratura de autosdeinfração por descumprimento de deveres jurídicotributários instrumentais, a saber: CFL 30 Art. 32, I, da Lei no 8.212/91 e art. 225, I e § 9º do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. CFL 34 Art. 32, II, da Lei no 8.212/91 e art. 225, II e §§ 13 a 17 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. CFL 83 Art. 22, §9º, da Lei no 8.212/91 e art. 205, § 3º do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Da Impugnação 6. Notificado pessoalmente do lançamento dos Créditos Tributários em 30/04/2014 (fls. 03), apresenta o sujeito passivo suas impugnações em 21/05/2014 (fls. 427 e 560), com as seguintes razões, em apertada síntese: 6.1. Indevida inclusão em dívida ativa. 6.2. O patrocínio ao Vasco, através dos desembolsos, foi por ordem judicial, em ações ajuizadas pelo sindicato dos empregados em face do Vasco, dada a natureza alimentar de tais pagamentos. 6.3. Os desembolsos foram pagos a credores das obrigações trabalhistas contraídas pelo Vasco. Ainda que a Eletrobrás entendesse que a retenção deveria ser feita, haveria preterição do credor trabalhista em prol do crédito tributário, ferindo o Art. 186 do Código Tributário Nacional. Os depósitos foram em favor de terceiros que não o Vasco, afastando os §§ 6º e 9º do Art. 22 da Lei 8.212/91. 6.4. Se o recebimento não foi pela associação desportiva, não há subsunção à hipótese de incidência. 6.5. O §11 do mesmo artigo estabelece que a referida substituição tributária só se aplica às sociedades empresárias, o que não é o caso do Vasco. 6.6. Para o contrato envolvendo o América – RN, aponta normas do Ministério dos Esportes e fala sobre captação mínima, o que não houve, conforme a informação do próprio Ministério, descaracterizando o patrocínio. O que houve foi a liberação para a conta vinculada ao contrato. 6.7. O objeto do contrato não foi atendido e a marca Eletrobrás não foi exposta. Reafirma a questão das sociedades empresárias. Menciona que o contrato era voltado para financiamento das categorias de base e a incidência é para os patrocínios ao futebol profissional. Elenca requisitos. Remete ao Art. 22, §11A e aponta requisitos da Lei 9.615/98. 6.8. Se a contribuição previdenciária não incide sobre o pagamento de PLR aos trabalhadores, não há como se exigila sobre o pagamento aos Diretores não empregados. A Constituição Federal de 1988 e a Lei não fazem distinção entre trabalhador com ou sem vínculo. Remete à Lei 10.101/00 e ao Art. 176 do CTN. Cumpridos os requisitos do Art. 28, §9º, “j”, da Lei 8.212/91. Aponta os mesmos requisitos para o AIOA 51.038.4170 6.9. Em relação ao AIOA 51.038.4188 (Vasco e América), a obrigação da empresa era de lançar mensalmente os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Ocorre que não existiram os fatos geradores, conforme demonstrado. Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 10166.722768/201411 Acórdão n.º 2402005.907 S2C4T2 Fl. 109 5 6.10. Não havendo a obrigação tributária, não pode a Eletrobrás ser autuada por descumprimento de dever imposto à substituta tributária, pois não o é. Improcedente o AIOA 51.038.4196. A instância de primeiro grau manteve a exigência (fls. 564/576), motivando a interposição de recurso voluntário em 2/6/2015 (fls. 597/769), no qual são repisadas as razões vertidas na impugnação, à exceção do questionamento quanto à inscrição em dívida ativa, e argumentado, ainda, que na decisão que determinou a penhora das cotas de patrocínio destinada ao Vasco foi prescrita a preferência dos créditos trabalhistas sobre os tributários, sendo seu cumprimento estendido no tempo dada a insuficiência daquelas cotas para pagamento dos citados créditos. Mediante a prolação da Resolução nº 2402000.574, em 20/9/2016 (fls. 811/816), o julgamento foi convertido em diligência para fins de verificar se as penhoras das cotas de patrocínio determinadas nos processos trabalhistas abrangiam todos os valores que foram objeto da autuação. Após a resposta do contribuinte (fls. 819/993) e correspondente manifestação da fiscalização (fls. 994/1000), retornaram os autos para o prosseguimento. É o relatório. Fl. 1010DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso já foi admitido pelo CARF, razão pela qual passo direto ao seu exame. Das retenções sobre cotas de patrocínio. Conforme narrado, a autuada firmou contrato com o Clube de Regatas Vasco da Gama com vistas a patrocinálo, porém alega que as cotas de patrocínio acabaram por ser, face à determinações judiciais, destinadas a credores trabalhistas da agremiação. Por seu turno, a autoridade lançadora considerou não ser a penhora dessas cotas motivo apto a afastar a incidência de contribuição previdenciária, na forma de retenção. A situação de fato, importa dizer, ficou mais clara à luz dos documentos carreados pelo contribuinte ao processo após a conversão do julgamento em diligência. Restou inequívoco que, com relação às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 02/2012 e 08/2012, os valores considerados como base de cálculo do lançamento fiscal estão abrangidos pela penhora judicial determinada pela 36ª Vara da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, processo nº 000061748.2010.5.01.0036 (fls. 994/1000). Bem firmado esse ponto, oportuno é transcrever o art. 22 da Lei nº 8.212/91, no que interessa em específico: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) 6º A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade Social, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo, corresponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos. (...) § 9º No caso de a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional receber recursos de empresa ou entidade, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, esta última ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual de cinco por cento da receita bruta decorrente do Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 10166.722768/201411 Acórdão n.º 2402005.907 S2C4T2 Fl. 110 7 evento, inadmitida qualquer dedução, no prazo estabelecido na alínea "b", inciso I, do art. 30 desta Lei. § 10. Não se aplica o disposto nos §§ 6º ao 9º às demais associações desportivas, que devem contribuir na forma dos incisos I e II deste artigo e do art. 23 desta Lei. § 11. O disposto nos §§ 6º ao 9º deste artigo aplicase à associação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional e atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens e serviços e que se organize regularmente, segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. § 11A. O disposto no § 11 deste artigo aplicase apenas às atividades diretamente relacionadas com a manutenção e administração de equipe profissional de futebol, não se estendendo às outras atividades econômicas exercidas pelas referidas sociedades empresariais beneficiárias. (destaquei) O enunciado normativo é claro em asseverar que a responsabilidade da empresa que patrocina o clube de futebol, consistente em reter 5% do valor, decorre do efetivo recebimento dos recursos pagos a esse título, pelo destinatário. Mister destacar que não há como confundir tal preceito com disposições do gênero atinentes às contribuições previdenciárias ou ao imposto de renda retido na fonte, nas quais se prevê a incidência do tributo ou sua retenção seja no pagamento, seja no mero creditamento pela pessoa jurídica, conforme dispõem, respectivamente, os arts. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91 e 70, § 2º, da Lei nº 9.430/96. Ou tampouco com regramento similar ao da retenção de 11% pela empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, retenção essa que se dá face à emissão da respectiva nota fiscal. No caso em apreço, por expressa disposição legal, a retenção dos 5% sobre os valores referentes a patrocínio está condicionada à efetiva percepção desses recursos por parte da associação esportiva beneficiária, quando se considera traduziremse eles assim em receita sua, independentemente de haver ou não ter sido lançada tal despesa na contabilidade da pessoa jurídica patrocinadora. E, estando conclusivamente atestado nos autos que os montantes em questão não ingressaram na esfera patrimonial do clube, mas sim foram direcionados para credores trabalhistas da agremiação, consoante Guias para Depósito Judicial Trabalhistas, devidamente recolhidas e colacionadas a este processo (fls. 819/956), e como a própria fiscalização reconhece, não se verifica suporte fático a amparar o lançamento sob esse prisma. Destarte, temse por insubsistentes as autuações relativas às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 02/2012 e 08/2012. Com relação à competência 10/2011, a qual tem por valores envolvidos R$ 3.551.753,39, temse, contudo que, embora de início tenha sido depositado judicialmente valor destinado aos credores trabalhistas, foi apresentada sentença prolatada no âmbito do processo de execução n. 003703200.2007.8.12.001 (processo original n. 2007.001.0354843) da 26ª Vara Cível da Justiça do Rio de Janeiro. Fl. 1012DF CARF MF 8 E, nessa decisão, foi homologado acordo entre as partes litigantes, com suspensão de execução, determinando ainda o levantamento da importância de R$ 3.551.753,39, que havia sido depositada, como aludido, judicialmente no Banco do Brasil, para pronto pagamento/devolução ao Vasco da Gama (fl. 910). Assim, as quantias inicialmente depositadas judicialmente com vistas ao pagamento dos credores trabalhistas foram liberadas e redirecionadas ao clube, constituindose receitas suas, e configurandose, desse modo, a situação de fato prevista nos dispositivos legais supra transcritos. E, não havendo sido retida a respectiva contribuição previdenciária sobre tais verbas de patrocínio, de rigor manterse o gravame no particular, ou seja, com relação à competência 10/2011. No que tange ao contrato com o América Futebol Clube, o que se depreende dos autos é que, embora tenha sido contabilizada despesa relativa a contrato de patrocínio com esse clube, consoante frisado pela autoridade lançadora, não há quaisquer evidências de que ele tenha em momento algum recebido o correspondente montante. Acrescentou o clube ainda, em suas razões, que não houve captação mínima de recursos para os projetos aos quais o patrocínio era voltado, e, consequentemente, inexistiu liberação de valores ao clube e mesmo execução, ainda que parcial, do contrato. Na linha do raciocínio mais acima expendido, temse que a mera contabilização como despesa de quantias destinadas ao patrocínio de entidades esportivas não é apta a atrair a retenção de contribuições previdenciária, estando condicionado tal feito à percepção de recursos por parte dos beneficiários, o que não aconteceu no particular. Cabe afastar, portanto, a exação relativa à competência 12/2011. Registrese, de todo modo, serem inapropriadas às referências que o recorrente faz ao art. 186 do CTN, por se tratar essa de prescrição atinente às garantias e preferências do crédito tributário já constituído, não interferindo na apreensão do fato gerador das contribuições previdenciárias, tampouco na responsabilidade tributária a elas correlacionadas. Em síntese, devem ser canceladas as exigências de contribuições previdenciárias constantes no DEBCAD nº 51.038.4153, no que concerne às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 12/2011, 02/2012 e 08/2012. Da participação nos lucros e resultados pagas aos diretores não empregados. O inciso XI do art. 7º da Constituição Federal (CF) preconiza que dentre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, temse a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Essa norma está inserta no Capítulo II da Carta Maior, denominado "Dos Direitos Sociais", e visa à proteção não de qualquer trabalhador, mas sim daquele que apresenta vínculo de subordinação, como ressaltam Canotilho e Vital Moreira1: 1 CANOTILHO, J.J. Gomes, MOREIRA, Vital. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra: Coimbra Editora, 1994, p. 285. Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 10166.722768/201411 Acórdão n.º 2402005.907 S2C4T2 Fl. 111 9 (...) a individualização de uma categoria de direitos e garantias dos trabalhadores, ao lado dos de caráter pessoas e político, reveste um particular significado constitucional, do ponto em que ela traduz o abandono de uma concepção tradicional dos direitos, liberdades e garantias como direitos do homem ou do cidadão genéricos e abstractos, fazendo intervir também o trabalhador (exactamete: o trabalhador subordinado) como titular de direitos de igual dignidade. Também o § 4º do art. 218 da CF veicula previsão de participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade, regrando que a lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Diante desse quadro, descortinase, como decorrência lógica, que diretores não empregados não estão sob o alcance do instituto regrado pelo inciso XI do art. 7º, norma de eficácia limitada que passou a adquirir seus contornos mais definitivos com o advento da MP nº 794/94. Por sua vez, o art. 2º da Lei nº 10.101/00, que a partir de sua edição passou a regrar a participação nos lucros e resultados constitucionalmente prevista, restringe, em consonância com o acima explicado, esse benefício apenas aos empregados. De sua parte, ainda que em sede doutrinária persista certa controvérsia, a jurisprudência trabalhista vem reconhecendo que, tanto para o diretor recrutado externamente, como para o empregado eleito diretor, não se apresenta, em regra, a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Para aquele último caso, foi editado, inclusive, o seguinte enunciado sumular pelo Tribunal Superior do Trabalho: Súmula TST nº 269: O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Na espécie, do exame da documentação apresentada pelo recorrente restou inconteste que houve pagamento de PLR ao presidente da empresa e a seus diretores não empregados, nas competências 11/2011, 12/2011 e 06/2012. E, consoante descreve o Relatório Fiscal (fl. 42): Constam de fato, dos referidos Termos de Pactuação firmados pela ELETROBRAS para pagamento do PLR, a previsão de concessão dessa verba aos dirigentes da empresa, conforme Cláusula 9ª., item 91.1. dos Termos de Pactuação Complementar, desde que houvesse Autorização em AGO. Tais autorizações foram concedidas pela 51ª e 52ª Assembléia Geral Ordinária, conforme Sumários apresentados. À luz dessas constatações, e a par delas, deve ser lembrado que diretores não empregados são segurados obrigatórios da previdência social, na categoria de contribuintes individuais, a teor da alínea "a" do inciso I do art. 195 da CF, c/c a alínea "f" do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Fl. 1014DF CARF MF 10 Nessa qualidade, o correspondente saláriodecontribuição é a remuneração auferida durante o mês, sendo a contribuição a cargo da empresa calculada com base no total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, forte nos incisos III dos arts. 22 e 28 da Lei nº 8.212/91, não lhes sendo aplicável o benefício previsto na alínea "j" do § 9º do art. 28 desse diploma, tendo em vista ser a lei específica requerida nesse dispositivo a Lei nº 10.101/00, a qual, conforme explanado, não contempla trabalhadores não empregados. Portanto, não há reparos a fazer na exigência fiscal, nesse ponto. Das demais exigências fiscais. As alegações do recorrente quanto aos demais DEBCADs constantes nos autos cingemse, em síntese, a apontar que, sendo eles decorrentes dos lançamentos das obrigações principais questionadas, sendo estas insubsistentes, não há como aquelas serem mantidas. Pois bem, o DEBCAD nº 51.038.4170 foi constituído com base em que, nas competências 11/2011 e 06/2012, a Eletrobrás não incluiu na base de cálculo da Previdência Social, em folha de pagamento, os valores recebidos a título de PLR – rubrica código 038, pagos aos contribuintes individuais diretores não empregados. Restando tal conclusão incólume neste julgamento, mantémse tal lançamento. Já os DEBCAD nº 51.038.4188 e nº 51.038.4161 estão associados à retenção sobre os patrocínios aos clubes e correspondem, respectivamente, às infrações deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, e de por deixar de reter o percentual de 5% (cinco por cento) da receita bruta, inadmitida qualquer dedução, por repassar recursos à associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, a título de patrocínio. E, mantido, ainda que parcialmente, o lançamento relativo referente à falta de retenção de contribuições previdenciárias sobre os montantes de patrocínio a associações esportivas, permanecem, em correspondência, também essas autuações. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e darlhe parcial provimento, para fins de que sejam excluídos da base de cálculo do DEBCAD nº 51.038.4153, os valores correspondentes às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 12/2011, 02/2012 e 08/2012. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 10166.722768/201411 Acórdão n.º 2402005.907 S2C4T2 Fl. 112 11 Voto Vencedor Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Redator Designado Não obstante os fundamentos aduzidos pelo D. Relator, os quais convergem com o meu entendimento em relação em relação a praticamente todas as matérias objeto de análise no voto vencido, especificamente no que se refere ao contrato celebrado entre a recorrente e o Clube de Regatas Vasco da Gama, julgo que o litígio deva ser solucionado à luz de raciocínio diverso. Por certo, o exame dos elementos carreados aos autos dão conta de que, relativamente às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 02/2012 e 08/2012, os valores que integram a base de cálculo do lançamento fiscal foram objeto de penhora judicial determinada pela 36ª Vara da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, nos autos do processo nº 0000617 48.2010.5.01.0036. Entretanto, não vejo esse fato como suficientemente hábil a infirmar o lançamento no que diz respeito às referidas competências. Não se está aqui a olvidar do comando insculpido no § 9º do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, o qual estabelece que o recolhimento da contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade Social é de responsabilidade da empresa patrocinadora somente quando a entidade desportiva efetivamente recebe algum tipo de valor a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda ou transmissão de espetáculo desportivo. Essa questão, no meu entender, está pacificada no âmbito desta Turma de Julgamento, tanto assim que, com relação ao contrato celebrados com o América Futebol Clube (NATAL RN), onde não restou demonstrado o recebimento dos valores pelo Clube, o Colegiado, de forma unânime, afastou a exação fiscal. O impasse diz respeito tãosomente à extensão da expressão “receber recurso” encerrada no referido § 9º. Entende o I. Relator que, tendo os recursos atinentes ao contrato de patrocínio celebrado com o Clube de Regata Vasco da Gama sido carreados para o pagamento de dívidas trabalhistas contraídas pelo Clube, esses recursos “não ingressaram na esfera patrimonial do clube” e, portanto, “insubsistentes as autuações relativas às competências” em que se verificou esse tipo de ocorrência. Com a devida vênia, tenho opinião diversa. Considero que, embora os recursos devidos pela recorrente não tenham sido entregues diretamente à entidade patrocinada, uma vez que foram utilizados para o pagamento de passivos devidos pela entidade desportiva, esses montantes, mesmo que indiretamente, foram pagos a essa entidade, tendo efetivamente ingressado em seu patrimônio, reduzindo o passivo do clube de futebol perante terceiros e, dessa forma, subsiste a obrigação da patrocinadora de efetuar a retenção e o recolhimento da contribuição devida. Desse modo, não vejo como excluir dos lançamento as cotas de patrocínio devidas ao Clube de Regatas Vasco da Gama, destinadas a credores trabalhistas da agremiação, referentes às competências 01/2011, 05/2011, 07/2011, 02/2012 e 08/2012. Fl. 1016DF CARF MF 12 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para excluir da base de cálculo do lançamento, em relação ao DEBCAD nº 51.038.415 3, somente a competência 12/2011. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1017DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001488/2010-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.250
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009, 2010 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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score : 1.0
Numero do processo: 11065.100324/2006-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.364
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado RITZEL COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 03 24 /2 00 6- 11 Fl. 364DF CARF MF Processo nº 11065.100324/200611 Acórdão n.º 9303005.364 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380302.443. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte não apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11065.100324/200611 Acórdão n.º 9303005.364 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 11065.100324/200611 Acórdão n.º 9303005.364 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11065.100324/200611 Acórdão n.º 9303005.364 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 368DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13016.000596/2003-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003
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Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.393
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003 NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 05 96 /2 00 3- 71 Fl. 177DF CARF MF Processo nº 13016.000596/200371 Acórdão n.º 9303005.393 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.873. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 13016.000596/200371 Acórdão n.º 9303005.393 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 13016.000596/200371 Acórdão n.º 9303005.393 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 180DF CARF MF Processo nº 13016.000596/200371 Acórdão n.º 9303005.393 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 181DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001988/2009-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Período de apuração: 07/01/2004 a 30/06/2007
DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA.
Não tendo ocorrido pagamento espontâneo pelo sujeito passivo, não há que se falar no lançamento por homologação previsto no art. 150 do CTN, e, nesta hipótese, o prazo decadencial de cinco anos regese pelo disposto no art. 173 do mesmo Código.
JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA.
Os juros de mora incidem sobre a obrigação em atraso, independentemente do motivo da falta de recolhimento no prazo.
Numero da decisão: 3201-003.074
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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INEXISTÊNCIA. Não tendo ocorrido pagamento espontâneo pelo sujeito passivo, não há que se falar no lançamento por homologação previsto no art. 150 do CTN, e, nesta hipótese, o prazo decadencial de cinco anos regese pelo disposto no art. 173 do mesmo Código. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Os juros de mora incidem sobre a obrigação em atraso, independentemente do motivo da falta de recolhimento no prazo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 19 88 /2 00 9- 07 Fl. 2022DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 0356.865, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), que assim relatou o feito: Contra a contribuinte identificada no preâmbulo foi lavrado pela DFI/SP o auto de infração às fls. 1.591 e seguintes, formalizando lançamento de ofício de crédito tributário proveniente da falta de recolhimento de CPMF nos períodos de apuração de 07/01/2004 a 31/12/2007, incluindo juros de mora e multa proporcional de 75%, totalizando R$ 2.425.445,84. De acordo com a descrição dos fatos da peça acusatória, que remete ao Termo de Constatação Fiscal (TCF) integrante do auto de infração (fls. 1.539/41), o lançamento foi efetuado para prevenção da decadência, com exigibilidade suspensa até o trânsito em julgado da ação movida pela contribuinte, na qual discute a incidência da contribuição, no processo judicial autuado sob o nº. 1999.61.00.03555285. A contribuinte foi cientificada pessoalmente da exigência em 10/06/2009 (fl. 1.592), e, irresignada com a acusação fiscal, apresentou em 10/07/2009 a impugnação acostada às fls. 1.608 e seguintes, da qual se extrai a síntese exposta a seguir. Preliminarmente, argúi decadência parcial, relativamente aos períodos de apuração de 01/2004 a 06/2004, com fundamento no prazo de cinco anos do art. 150, § 4º., do CTN, trazendo em defesa de sua tese lições doutrinárias e jurisprudência administrativa. Em seguimento, frisa que as matérias que passa a discutir em sede de impugnação merecem apreciação na esfera administrativa, pois na ação declaratória de sua autoria a matéria suscitada diz respeito à inconstitucionalidade da CPMF, e na impugnação questiona a nãoincidência da contribuição em virtude da existência de tratado internacional, bem como os acréscimos de juros e multa de ofício ao crédito tributário lançado com exigibilidade suspensa. Assim é que a impugnante invoca o acordo sobre transporte aéreo celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos, destinado a evitar a dupla tributação, aprovado pelo Congresso Nacional mediante o Decreto Legislativo nº. 220, de 1991 e promulgado pelo Decreto nº. 446, de 1992, cujo art. 8º transcreve, e, com escopo nesse acordo, sustenta que a CPMF resta abrangida pela isenção concedida pelo referido tratado internacional e não deve incidir sobre a movimentação financeira da empresa. Na hipótese de rejeição dessa questão prejudicial, reputa inaplicável a multa de ofício, ante a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão da antecipação dos efeitos da tutela, e, ao sobrevir a sentença de mérito, foi julgada procedente a ação, confirmando a tutela antecipada concedida. Fl. 2023DF CARF MF Processo nº 19515.001988/200907 Acórdão n.º 3201003.074 S3C2T1 Fl. 2.023 3 Inconformada, a União Federal interpôs recurso de apelação, assim como a impugnante, para tãosomente discutir a fixação de verba honorária, estando os autos aguardando julgamento dos recursos interpostos pelas partes no TRF/3ª Região, e, desta forma, o lançamento para prevenção da decadência deveria ter sido feito sem imposição de penalidade, nos termos dispostos no art. 63 da Lei nº. 9.430, de 1996. Em relação aos juros, argumenta que uma vez reconhecida a inexigibilidade do principal, em virtude da existência do tratado internacional mencionado anteriormente, não há incidência de juros de mora, que também não seriam cabíveis em razão da tutela antecipada. Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 07/01/2004 a 30/06/2007 DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. Não tendo ocorrido pagamento espontâneo pelo sujeito passivo, não há que se falar no lançamento por homologação previsto no art. 150 do CTN, e, nesta hipótese, o prazo decadencial de cinco anos regese pelo disposto no art. 173 do mesmo Código. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Os juros de mora incidem sobre a obrigação em atraso, independentemente do motivo da falta de recolhimento no prazo. MULTA DE OFÍCIO. CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Estando a exigibilidade da contribuição suspensa por força da concessão de tutela antecipada, não cabe a incidência de multa de ofício no lançamento efetuado para prevenção da decadência. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Fl. 2024DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário Na hipótese dos autos, notase que o Recorrente limitouse, em sede de Recurso Voluntário, a reiterar os termos da impugnação apresentada. Dispõe o § 3º do art 57 do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Com efeito, entendo que a decisão proferida pela DRJ em primeira instância, analisou adequadamente o feito, aplicandolhe o melhor direito à espécie, razão pela qual, com fulcro no dispositivo transcrito, confirmo a adoção da decisão recorrida, que passo a transcrever: Voto A impugnação guarda a tempestividade fixada pelo art. 15 do Dec. nº. 70.235, de 06 de março de 1972 e alterações posteriores, além de preencher os demais requisitos de admissibilidade, cabendo dela tomar conhecimento. DAS MATÉRIAS NÃO SUBMETIDAS AO PODER JUDICIÁRIO Tendo em vista a existência de ação judicial proposta impugnante, discutindo a exigibilidade da CPMF, esse conhecimento limitarseá à matéria distinta àquela questionada no processo judicial, consoante determina o art. 87, parágrafo único, do Dec. nº. Fl. 2025DF CARF MF Processo nº 19515.001988/200907 Acórdão n.º 3201003.074 S3C2T1 Fl. 2.024 5 7.574, de 2011, verbis: Art. 87 (...) Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. Assim, como primeiro passo inicial, fazse necessário identificar as matérias submetidas pela impugnante à tutela do Poder Judiciário. Na petição inicial da ação ordinária, colacionada aos autos às fls. 27 em diante, resta evidente que a demandante pugna pela nãoincidência da CPMF apoiandose em duas razões distintas: a inconstitucionalidade das normas instituidoras da contribuição (itens 3.1 a 3.4) e o amparo da isenção prevista no Tratado Internacional celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos (item 3.5). Notese que na decisão de mérito prolatada em 21/09/2004 pelo juízo de primeira instância (fls. 503 e ss.), após a concessão da tutela antecipada em 04/08/1999, a ação foi julgada procedente, com apreciação de ambas as matérias questionadas na inicial. Remessa oficial e apelação da União submetidas ao TRF/3ª Região, conforme consta do TCF. Diante do exposto, resta evidente que em sede de julgamento administrativo cabe a apreciação das contestações que não constituem matéria submetida ao Poder Judiciário, que compreendem a argüição de decadência e a nãoincidência de multa de ofício e juros de mora, tendo em vista que a invocação do tratado internacional integra as razões da demanda judicial, ao contrário do que informa a impugnante. DA ARGUIÇÃO DECADÊNCIA PARCIAL A respeito do questionamento sobre a decadência, a matéria foi objeto do Parecer PGFN/CAT nº. 1.617, de 2008, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, em despacho datado de 18/08/2008, cujo entendimento vincula os órgãos da administração fazendária, no sentido de que tendo havido pagamento espontâneo de tributo ou contribuição, o prazo decadencial para constituição de crédito tributário é de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, segundo a regra expressa do art. 150, § 4º., do CTN. A contrario sensu, na ausência de pagamento antecipado, deve ser seguido o mandamento proclamado no art. 173, inciso I, do mesmo CTN. Assim, no caso concreto, em que não ocorreu pagamento, descartase de pronto a observância da regra do art. 150, § 4º., do CTN, aplicandose por consectário a regra geral do art. 173, inciso I, do mesmo CTN, verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 2026DF CARF MF 6 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;.......................................................................................... ......................................... Nesta circunstância, tendo em vista que o período de apuração mais remoto alcançado pela autuação é de 07/01/2004, o termo inicial para contagem do prazo decadencial de cinco anos tem início em 01/01/2005, expirando em 31/12/2009, de modo que ao ser cientificado o auto de infração, em 10/06/2009, não havia ocorrido a decadência de nenhum dos períodos lançados. Desse modo, é de se rejeitar a preliminar de decadência parcial da impugnante. DA MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA Em relação ao protesto da impugnante contra a imposição da multa de ofício de 75%, não há dúvida que na data da ciência do auto de infração, a exigibilidade da contribuição se encontrava suspensa por força da tutela antecipada deferida pelo juízo singular e confirmada na decisão de mérito, e, nesta situação, há que se observar o que determina o mandamento expresso no caput do art. 63, da Lei nº. 9.430, de 1996, verbis: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. ( Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 ) Vejase que o texto legal se refere expressamente ao afastamento da aplicação de multa de ofício, e não à incidência de juros, que não constituem penalidade e são exigíveis sempre que a obrigação não for adimplida no vencimento, independentemente do motivo da falta, por força do disposto no art. 161, caput, do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (g.n.o.). Ex positis, VOTO pela procedência parcial da impugnação interposta pela contribuinte, afastando a imposição da multa de ofício do lançamento efetuado com exigibilidade suspensa, para prevenção da decadência. Desse modo, consoante razões transcritas, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO, mantendo integralmente a decisão de primeira instância. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 2027DF CARF MF Processo nº 19515.001988/200907 Acórdão n.º 3201003.074 S3C2T1 Fl. 2.025 7 Fl. 2028DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.902453/2009-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.642
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 24 53 /2 00 9- 69 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 11040.902453/200969 Acórdão n.º 1402002.642 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 11040.902453/200969 Acórdão n.º 1402002.642 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 11040.902453/200969 Acórdão n.º 1402002.642 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.902453/200969 Acórdão n.º 1402002.642 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.723126/2011-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007, 01/01/2008 a 31/03/2008
ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E
DOCUMENTOS. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE. Ê valida
a intimação pela via postal, com aviso de recebimento entregue no domicilio
fiscal do sujeito passivo. MPF. CIÊNCIA PESSOAL. DESNECESSIDADE.
Inexiste regra que obrigue a autoridade fiscal a cientificar pessoalmente o
sujeito passivo do inicio do procedimento fiscal. EXISTÊNCIA DE
ESCRITURAÇÃO REGULAR. IRREVERSIBILIDADE DO
ARBITRAMENTO. A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado
não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e
documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após
regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal
(Súmula CARF n° 59). TRIBUTOS APURADOS NA ESCRITURAÇÃO
ORIGINAL. 0 arbitramento de um dos trimestres incluído na apuração anual
impõe a exclusão dos lucros assim tributados do ajuste anual, imputando-se
os tributos excedentes dai resultantes àqueles apurados no procedimento de
oficio.
MULTA QUALIFICADA. DESCONSTITUIÇÃO DA ACUSAÇÃO
FISCAL. Deve ser reduzida a penalidade quando o sujeito passivo demonstra
que declarou espontaneamente ao Fisco, ainda que sob outra forma de
apuração, os fatos que ensejaram a qualificação da multa aplicada.
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. ARBITRAMENTO DO LUCRO.
FALTA DE ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO. HIPÓTESE DE
INAPLICABILIDADE. Inaplicável o agravamento da multa de oficio em
face do não atendimento à intimação fiscal para apresentação dos livros
contábeis e documentação fiscal, já que estas omissões tem conseqüências
especificas previstas na legislação de regência, que no caso foi o arbitramento
do lucro em razão da falta da apresentação dos livros e documentos da
escrituração comercial e fiscal.
Numero da decisão: 1101-000.856
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, ern DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reduzir a multa de oficio a 75% e deduzir da autuação dos valores declarados/pagos, vencida a Relatora Conselheira Edell Pereira Dessa, acompanhada pelos Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna e Nara Cristina Takeda Taga, que davam provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Júnior, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado
Nome do relator: Edeli Pereira Bessa
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007, 01/01/2008 a 31/03/2008 ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE. Ê valida a intimação pela via postal, com aviso de recebimento entregue no domicilio fiscal do sujeito passivo. MPF. CIÊNCIA PESSOAL. DESNECESSIDADE. Inexiste regra que obrigue a autoridade fiscal a cientificar pessoalmente o sujeito passivo do inicio do procedimento fiscal. EXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO REGULAR. IRREVERSIBILIDADE DO ARBITRAMENTO. A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal (Súmula CARF n° 59). TRIBUTOS APURADOS NA ESCRITURAÇÃO ORIGINAL. 0 arbitramento de um dos trimestres incluído na apuração anual impõe a exclusão dos lucros assim tributados do ajuste anual, imputando-se os tributos excedentes dai resultantes àqueles apurados no procedimento de oficio. MULTA QUALIFICADA. DESCONSTITUIÇÃO DA ACUSAÇÃO FISCAL. Deve ser reduzida a penalidade quando o sujeito passivo demonstra que declarou espontaneamente ao Fisco, ainda que sob outra forma de apuração, os fatos que ensejaram a qualificação da multa aplicada. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO. HIPÓTESE DE INAPLICABILIDADE. Inaplicável o agravamento da multa de oficio em face do não atendimento à intimação fiscal para apresentação dos livros contábeis e documentação fiscal, já que estas omissões tem conseqüências especificas previstas na legislação de regência, que no caso foi o arbitramento do lucro em razão da falta da apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, ern DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reduzir a multa de oficio a 75% e deduzir da autuação dos valores declarados/pagos, vencida a Relatora Conselheira Edell Pereira Dessa, acompanhada pelos Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna e Nara Cristina Takeda Taga, que davam provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Júnior, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado
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conteudo_txt : Metadados => date: 2014-12-02T14:45:41Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 7; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2014-12-02T14:45:40Z; Last-Modified: 2014-12-02T14:45:41Z; dcterms:modified: 2014-12-02T14:45:41Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:ae6505b7-39c1-435b-bd3e-fd2b3bb8a21a; Last-Save-Date: 2014-12-02T14:45:41Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2014-12-02T14:45:41Z; meta:save-date: 2014-12-02T14:45:41Z; pdf:encrypted: false; modified: 2014-12-02T14:45:41Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2014-12-02T14:45:40Z; created: 2014-12-02T14:45:40Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; Creation-Date: 2014-12-02T14:45:40Z; pdf:charsPerPage: 2260; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2014-12-02T14:45:40Z | Conteúdo => SI-CIT1 Fl. 463 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 10140.723126/2011-76 Recurso n° Voluntário Acórdão n° 1101-000.856 — P Câmara / V Turma Ordinária Sessão de 06 de março de 2013 Matéria 1RPJ/CSLL - Arbitramento Recorrente MONZA DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007, 01/01/2008 a 31/03/2008 ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE. Ê valida a intimação pela via postal, com aviso de recebimento entregue no domicilio fiscal do sujeito passivo. MPF. CIÊNCIA PESSOAL. DESNECESSIDADE. Inexiste regra que obrigue a autoridade fiscal a cientificar pessoalmente o sujeito passivo do inicio do procedimento fiscal. EXISTÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO REGULAR. IRREVERSIBILIDADE DO ARBITRAMENTO. A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal (Súmula CARF n° 59). TRIBUTOS APURADOS NA ESCRITURAÇÃO ORIGINAL. 0 arbitramento de um dos trimestres incluído na apuração anual impõe a exclusão dos lucros assim tributados do ajuste anual, imputando-se os tributos excedentes dai resultantes àqueles apurados no procedimento de oficio. MULTA QUALIFICADA. DESCONSTITUIÇÃO DA ACUSAÇÃO FISCAL. Deve ser reduzida a penalidade quando o sujeito passivo demonstra que declarou espontaneamente ao Fisco, ainda que sob outra forma de apuração, os fatos que ensejaram a qualificação da multa aplicada. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO. HIPÓTESE DE INAPLICABILIDADE. Inaplicável o agravamento da multa de oficio em face do não atendimento à intimação fiscal para apresentação dos livros contábeis e documentação fiscal, já que estas omissões tem conseqüências especificas previstas na legislação de regência, que no caso foi o arbitramento do lucro em razão da falta da apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. ZOLta. EI.EIRA BESSA - Relatora Processo n° 1 0140.723 126/20 1 1-76 Acórdão n.° 1101-000.856 FL 464 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, ern DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reduzir a multa de oficio a 75% e deduzir da autuação dos valores declarados/pagos, vencida a Relatora Conselheira Edell Pereira Dessa, acompanhada pelos Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna e Nara Cristina Takeda Taga, que davam provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Benedicto Celso Benicio Júnior, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. El------ CARLOS ALBERTp ALMEIDA GUERREIRO — Presidente Substituto. BENEDICTO CELSS EN CE JÚNIOR — Redator designado. Participaram da sessão de jxfgamento os conselheiros: Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro (Presidente Substit to , José Ricardo da Silva (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benicio Júnior, Carlos Mozart Barreto Vianna e Nara Cristina Takeda Taga. , Process° n° 10140.723126/2011-76 SI -CITI Acórdão n.° 1101-000.856 H. 465 Relatório MONZA DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 2a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campo Grande/MS que, por unanimidade de votos, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 22/12/2011, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 5.524.879,47. Por meio do Termo de Inicio de Procedimento fiscal de fl. 31, a autoridade fiscal intimou a contribuinte, por via postal, a apresentar livros e documentos de sua escrituração, especialmente aqueles relativos à compra e venda de imóveis nos períodos de 2007 e 2008. A intimação foi recepcionada em 24/03/2011 por Isis A. Tonete no domicilio tributário da pessoa jurídica (fl. 32/33). Na seqüência, foi lavrada reintimação fiscal de ff. 34, porque não atendida a intimação anterior. A reintimação foi recepcionada em 11/05/2011 por Talita Guirnardes de Oliveira Ferreira, no domicilio tributário da pessoa jurídica (fl. 35). Outra reintimação foi lavrada (fl. 36) e recepcionada por Fagner Mancuci em 08/07/2011, naquele mesmo domicílio (fl. 37). Por fim, as intimações de fl. 38 e 40 novamente exigiram os documentos indicados no termo de inicio do procedimento fiscal, alertando que a falta de atendimento resultaria no arbitramento dos lucros e formalização de representação fiscal para fins penais. Estas intimações foram recepcionadas no domicilio tributário da pessoa jurídica, respectivamente, por Dauahy Sgaravatti, em 22/08/2011 (fl. 39) e por Flávia M. F. Ferreira, em 10/11/2011 (fl. 41). A autoridade fiscal oficiou a Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, obtendo as Guias de Informação e Apuração do ICMS — GIA apresentadas pela contribuinte de 01/01/2007 a 31/12/2008 (fl. 42/49), bem como o Cartório do 5° Oficio da cidade de Campo Grande/MS, obtendo os contratos de compras e vendas realizadas pela pessoa jurídica em 2007 e 2008 (fls. 50/69). Invocando o art. 530, inciso III do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 — RIR199, a autoridade lançadora arbitrou o lucro da pessoa jurídica no 2° trimestre de 2007 e no 1° trimestre de 2008, tendo em conta as receitas brutas informadas nas GIA ao Estado de Mato Grosso do Sul, aplicando-lhes o coeficiente de 9,6%. Observou que: 1) nestes trimestres não houve declaração em DCTF ou pagamento de IRPJ e CSLL; 2) em 2008, apesar de obrigado, no consta a sua contabilidade no SPED; e 3) nas DACON apresentadas de janeiro a março/2008 nenhum valor foi informado. Os tributos exigidos em razão do arbitramento foram acrescidos de multa de 112,5% em razão da reiterada e comprovada falta de atendimento as intimações. Ainda, A base de cálculo dos trimestres autuados acrescentou receita mio operacional percebida na venda de três imóveis, sendo: 1) em 28/05/2007 o valor tributável de R$ 33.800,00; 2) em 25/06/2007 o valor tributável de R$ 300.000,00; e 3) em 31/01/2008 o valor tributável de R$ 3.135.000,00. Aos créditos tributários dai resultantes, a autoridade fiscal ), imputou multa de 225%, agravada (por falta de atendimento as intimações) e qualificada, pela Processo n° 10140.723126/2011-76 SI -CIT1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 466 evidente sonegação fiscal porque as significativas receitas na venda dos imóveis não foram declaradas. Os autos de infração também foram cientificados A pessoa jurídica por via postal, sendo recepcionados em seu domicilio tributário por Flávia M. F. Ferreira em 22/12/2011 (fl. 69). fl. 70 consta registro da juntada, a estes autos, do processo administrativo n° 10140.723127/2011-11, que veicula representação fiscal para fins penais pela prática de ilícito previsto no art. 1 °, incisos 1,11 e V da Lei n°8.137/90. Impugnando a exigência, a contribuinte deduziu as razões assim sintetizadas pela autoridade julgadora de l a instância: a) o procedimento para a comunicação do termo de inicio de ação fiscal foi inadequado: a.1) o auditor-fiscal deveria fazer a notificação pessoalmente ao contribuinte; a.2) o sujeito passivo não tomou conhecimento do inicio da fiscalização, não tendo nem o senhor Helio de Lima, representante da pessoa jurídica, nem seus procuradores, recebido qualquer notificação a respeito; a.3) as notificações endereçadas ao sujeito passivo não se fizeram eficazes por terem sido recebidas por pessoas estranhas à sua organização administrativa; b) o lançamento é nulo porque não lavrado no local da verificação da falta, conforme prescreve o art. 10 do Decreto n°70.235/1972 (PAF); c) houve violação ao principio da segurança jurídica porque o auditor-fiscal utilizou-se do arbitramento; c.1) houve duplicidade na receita operacional utilizada pelo autuante para o lançamento, fato que faz ressaltar o equivoco dessa prática; não é certo que a contribuinte estava obrigada a apresentar a sua contabilidade digital ao SPED em 2008, mas somente a partir de 2009, consoante o disposto na IN n° 787/2007; e) houve grande disparidade desta fiscalização com procedimento fiscalizatório anterior e não houve nenhuma modificação da conduta da contribuinte desde aquela ocasião; e.1) foram entregues arquivos eletrônicos, tempestivamente a RFB, em atendimento a solicitação desta própria, pelo que não havia necessidade de que se solicitasse as Gias à fiscalização estadual; e.2) as vendas dos imóveis estão escrituradas em seu livro Diário, devidamente registrado na Junta Comercial; e.3) mais eficaz seria a intimação pessoal para que a empresa apresentasse as informações contábeis; I) não poderia ocorrer a apuração trimestral uma vez a op cão da contribuinte ser a apuração pelo lucro real anual; g) o auditor-fiscal apurou erroneamente os valores das receitas, uma vez que somou o "valor contábil", ao das "operações isentas/não tributáveis" e aos da coluna "outras" constantes nas Gias; Ii,) as vendas dos imóveis foram devidamente escrituradas nos livros Diários; 4 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CI T1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 467 h.1) houve recolhimentos a titulo de IRPJ e CSLL nos dois trimestres a que se refere o auto de infração, contrariamente ao que informa o auditor-fiscal; h.2) os débitos foram apurados e declarados espontaneamente; h.3) houve inclusive o reconhecimento da receita relativa à venda de um dos imóveis que ocorreu antes do considerado pelo autuante, conforme contrato anexado; h.4) os valores apurados de IRPJ e CSLL relativos a essas vendas foram parcelados e a consolidação ocorreu em 30 de dezembro de 2008; i) o arbitramento ocorreu sem razão e, portanto, irregularmente, uma vez terem sido apresentadas as DIPJs dos anos-calendário 2007 e 2008, tempestivamente. Ao final, é requerido o acolhimento das preliminares ou das alegações de mérito, cancelando-se o débito fiscal. Se isso não ocorrer, que sejam abordadas as razões de improcedência, alegação por alegação, sob pena de nulidade dojulganzento. A Turma julgadora acolheu apenas a alegação de erro na apuração das receitas de revenda de mercadorias, excluindo a duplicidade alegada e reduzindo os débitos de IRPJ e CSLL apurados a partir da aplicação do coeficiente de 9,6% sobre aquelas receitas, conforme demonstrado na decisão recorrida: Receita bruta operacional a ourada nas Gias Fiscalização Julgamento Fiscalização Julgamento 2.231.817,69 1.144.568,36 jan'O: 2.743.255,58 1.386.522,38 2.790.765,63 1.415.022,32 fevi'0: 1.428.177,09 735.890,13 2.660.241,71 1.415.567,51 mar/0: 2.698.538,62 1.355.307,55 Total 7.682.825,03 3.975.158,19 Total 6.869.971,29 3.477.720,06 Valores em Reais (R$) IRP.1 Trim. Receita operacional Lucro Arbitrado 9,6% Imposto (15%) Adicional (10%) Total 272007 3.975.158,19 381.615,19 57.242,28 38.161,52 95.403,80 172008 3.477.720,06 333.861,13 50.079,17 33.386,11 83.465,28 CSLL Trim. Receita operacional Valor tributável (12%) CSLL (9%) 272007 3.975.158,19 477.018,98 42.931,71 172008 3.477.720,06 417.326,41 37.559,38 Valores em Reais (R$) Quanto aos demais argumentos, o voto condutor da decisão recorrida expressou que: • A intimação por via postal está prevista no Decreto n° 70.235/72, e efetiva- se mediante recebimento no domicilio tributário do sujeito passivo, ainda que por pessoa estranha à empresa. De toda sorte, a contribuinte não nega o recebimento das correspondências, mas sim que as pessoas que assinaram o aviso de recebimento não possuíam poderes para tanto. Ademais, uma das pessoas que recebeu as intimações também recebeu a notificação do lançamento. • 0 auto de infração pode ser lavrado na repartição fazenclaria, unza v 1 presentes os elementos necessários para caracterização da infração. E, um vez não atendidas as intimações, mas obtidas as GIA junto ao fisco estadua a autoridade lançadora dispunha de elementos para a lavratura. 5 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 468 • A validade do arbitramento somente pode ser apreciada no âmbito de sua adequação a lei, na medida em que as autoridades julgadoras administrativas devem obedecer as disposições legais. E, neste sentido, uma vez não atendidas as intimações, a autoridade fiscal valeu-se das informações que obteve junto à Fazenda Estadual, antes advertindo a contribuinte da possibilidade de arbitramento. • A contribuinte poderia estar obrigada ao SPED caso se tratasse de sociedade empresária sujeita a acompanhamento econômico-tributário diferenciado. mas se assim não fosse, nada alteraria a autuação. • Procedimento fiscal anterior não afeta a validade de outro procedimento que dele se distinga, deste que este permaneça dentro das balizas legais. A intimação pessoal não é obrigatória, e os arquivos eletrônicos apresentados no procedimento anterior vinculavam-se a outras verificações e à fl. 250 vê- se que não foram apresentados arquivos de lançamentos contábeis. A entrega tempestiva da DIPJ com opção pelo lucro real não dispensa a verificação de livros e documentos da escrituração. • Desconsiderada a opção inicial do contribuinte, o arbitramento deve ser feito na forma trimestral, consoante determina o art. 530 do RIR/99. E. materializada a hipótese de arbitramento, não é mais possível afasta-la mediante apresentação dos livros e documentos que deixaram de ser apresentados. • A escrituração das vendas de imóveis no Livro Diário não assegura a sua tributação e, nas DIPJ de fls. 114 e 140 não há qualquer declaração a titulo de venda de ativo imobilizado, além de inexistir débitos informados em DIPJ. 0 reconhecimento contábil de venda pela contribuinte antes do período no qual foi promovida a autuação evidencia que o lançamento foi mais favorável a contribuinte e, ademais, apenas se pautou nos documentos disponíveis, ante a omissão da contribuinte. • Os débitos declarados pela contribuinte corresponderiam à Contribuição ao PIS e a estimativas de IRPJ e CSLL relativas a outubro e novembro/2007, bem como outros vinculados a processo de 2003. • No que tange ao agravamento e et qualifictigao das multas, além da nulidade quanto às intimações por via postal já analisada em tópico próprio, nenhuma outra contestação foi apresentada. Cientificada da decisão de primeira instância em 06/08/2012 (fl. 356), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 04/09/2012 (fls. 363/393), no qual aborda os equívocos da decisão recorrida. Ressalta que tem conhecimento de que intimações e notificações podem ser encaminhadas por correio, coin aviso de recebimento, mas o Mandado de Procedimento Fiscal assemelha-se A citação judicial, e nele está expressamente mencionado que o auditor fiscal deverá identificar-se ao contribuinte/responsável, evidenciando a necessidade de sua apresentação pessoal no inicio da fiscalização, até mesmo em razão da garantia do sigilo fiscal. Dai também a comparação com o procedimento fiscal anterior, a evidenciar a cautela do auditor fiscal anterior, que promoveu a ciência pessoal, evitando custos à contribuinte com isua defesa. Discorda, ainda, tratar-se aqui de "diferença de abordagem", "discricionariedade' ou .1\,1 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-C1T1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 469 'Postura pessoal", e reputa indispensável a boa-fé na relação entre o particular e o serviço público. Enfatiza que não estava obrigada â. escrituração digital em 2008, e também por esta razão não foi penalizada. Defende sua idoneidade e a sua presença, no mesmo endereço, desde 1972, discordando da acusação, na decisão recorrida, de ter apresentado de forma incompleta os arquivos magnéticos em procedimento fiscal anterior, asseverando que eles foram entregues para atender levantamentos relacionados a folha de pagamento. Invoca os princípios da informalidade e da verdade material, presentes no procedimento administrativo, para defender a possibilidade de apreciação de sua escrituração e a necessidade de diligência desde o julgamento de 1a instancia. Observa que seus livros foram escriturados muito antes da fiscalização, e que a sua apreciação é pertinente, ainda que tardiamente apresentados, como expresso em manifestações do Superior Tribunal de Justiça e do TRF/3 a Regido que transcreve. Cita, também, doutrina em favor de seu entendimento. Reporta-se à vedação de enriquecimento sem causa, ante a duplicidade de cobrança, e aponta, também, violação ao principio da legalidade, ante a tributação com base em periodicidade trimestral, ao passo que a apuração da contribuinte seria anual. Diz que arbitramento não é procedimento de lançamento, mas apenas técnica de avaliação contraditória pelo Fisco, transcreve o art. 24 da Lei n° 9.249/95, cogita que a opção pela apuração trimestral decorra do art. 220 do RIR/99 e defende a aplicação do art. 221 do mesmo Regulamento. Quanto à falta de declaração dos ganhos na venda de imóveis, diz que a autoridade julgadora considerou equivocadamente a DIPJ referente ao período de 01/12/2007 a 31/12/2007, e que a Receita Federal recebeu a DIPJ referente ao período de 01/01/2007 a 30/11/2007, em razão da cisão verificada nesta data. E, nesta declaração está reconhecida receita de alienação de ativo permanente no valor de R$ 6.884.475,00, com conseqüente apuração de IRPJ e CSLL devidos. Discorda, assim, da imputação de omissão de receitas e da qualificação de penalidade no percentual de 225%. Enfatiza que a Receita Federal já dispunha destas informações, e reitera que houve receita reconhecida na data da negociação de um dos imóveis, conforme fls. 322/328, diversamente de como procedeu a Fiscalização, que alocou uma das operações ao período de 2008. Esclarece que a DIPJ apresentada por ocasião da cisão evidencia que os débitos de IRPJ e CSLL parcelados referem-se à apuração ali descrita, correspondentes aos meses de outubro e novembro/2007. Acrescenta que pagou uma parte e parcelou o restante destes debitas, e que eles constam em relatório-consulta emitido através do site da SRFB em 17/11/2008, constante àfl. 254. Observa que o autuante tinha acesso a esses dados, os quais poderiam ter sido investigados, MA,S' N4 0 O FEZ. Diz que as receitas extraídas das GIA estão escrituradas em seus livros, e que a receita total escriturada de janeiro a novembro de 2007 representa R$ 27.599.432,24, e em 2008 R$ 16.977.361,17. A Fiscalização, ao deixar de examinar livros e declarações, não levou em conta dados imprescindíveis para se conhecer a verdade real, conduta obrigatória a que está vinculada toda autoridade fiscal. Discorda da afirmação de que não foi contestada a qualificação e o agravamento da multa, defende a análise da exorbitância da multa aplicada por este (5 ao Processo n° 10140,723126/2011-76 Sl-C1T1 Acórdão n.° 1101-000.856 FL 470 julgador, assevera que implicitamente contestou a penalidade quando disse não dever os tributos, e reproduz doutrina para argumentar que, mesmo que subsista tributo devido, sua conduta não é passível de punição. Isto porque não houve prática de ilícito, bem como não está evidenciado o dolo necessário para qualificação da penalidade, consoante jurisprudência administrativa que cita. Menciona, por fim, o efeito confiscatório da penalidade aplicada, transcrevendo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, e pede a redução da multa ao limite de 20%. Em seu pedido, alternativamente requer que o julgamento seja suspenso para a realização de novas diligências, em especial a análise dos livros contábeis e/ou realização de prova pericial, caso se entenda necessária, cujos quesitos a Recorrente requer sejam apresentados oportunamente, bem como a indicação de assistente técnico, tudo para culminar com o provimento do recurso e a reforma da decisão recorrida, determinando-se o cancelamento da autuação. 8 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 471 Voto Vencido Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Consoante relatado, a autoridade fiscal, não obtendo resposta As intimações enviadas ao domicilio tributário do sujeito passivo por via postal, concluiu pela necessidade de arbitramento dos lucros no 2 ° trimestre/2007 e no 1 0 trimestre/2008, em razão do que assim dispõe o RIR/99: Art 530. 0 imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano - calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei n° 8.981, de 1995, art. 47, e Lei n°9.430, de 1996, art. 1°): [---] III - o contribuinte deixar de apresentar el autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; [...1 A apuração do lucro tributável é promovida, em regra, trimestralmente. Todavia, admite-se a apuração anual com base no lucro real, desde que a pessoa jurídica efetue recolhimentos mensais sobre base de cálculo estimada, como também expresso no RIR/99: SEÇÃO I - Apuração Trimestral do Imposto Art. 220. 0 imposto será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (Lei n° 9.430, de 1996, art.1°). § 1° Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data do evento, observado o disposto nos §§ 1' a 5° do art. 235 (Lei n°9.430, de 1996, arid°, § 1°). § 2° Na extinção da pessoa jurídica, pelo encerramento da liquidação, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data desse evento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 1°, § 2°). SEÇÃO II - Apuração Anual do Imposto Art. 221. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma desk, Seção deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano (Lei ii° 9.430, de 1996, art. 2°, § 3°). Parágrafo único. Nas hipóteses de que tratam os §§ 1°c 2° do art. 220, o lucro real deverá ser apurado na data do evento (Lei n° 9.430, de 1996, artl°, §§ 1° e 2°). SUBSEçãO I - Pagamento por Estimativa Art. 222. A pessoa jurídica sujeita ã tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto e adicional, em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada (Lei n°9.430, de 1996, art. 2°). Parágrafo único, A opção será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de inicio de atividade, observado o disposto no art. 232 (Lei n°9.430, de 1996, art. 3°, parágrafo iinico). 9 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 472 Dispõe o Código Tributário Nacional que, quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou prego, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados. ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Neste contexto, não logrando sucesso na obtenção dos livros e documentos da escrituração da contribuinte para verificação da apuração do lucro tributável pela contribuinte, a autoridade fiscal somente resta a possibilidade de arbitramento dos lucros na forma prevista em lei. E esta apuração, como expresso no caput do art. 530 do RIR199 promovida trimestralmente, ate porque esta é a regra geral estabelecida no art. 220 do R1R/99, afastada apenas nos casos em que o sujeito passivo atende as obrigações acessórias impostas para apuração anual dos lucros, as quais não se resumem aos recolhimentos mensais estimados, mas também, à manutenção de livros e documentos que suportem estas apurações. Assim, o arbitramento é a forma de apuração imposta pela lei quando a autoridade fiscal não dispõe da escrituração comercial e fiscal da contribuinte para verificar sua apuração sob outras formas de apuração. Imprópria, em tais circunstancias, a invocação do art. 24 da Lei n° 9.249/95, cuja aplicação limita-se as hipóteses em que meramente constatado omissão de receitas, da qual resultam exigências que devem, necessariamente, observar a forma de apuração adotada pelo sujeito passivo, se não houver outro motivo para desconsiderá- la, como no presente caso. Por esta razão, a discussão acerca da validade da forma de tributação aqui adotada resume-se a confirmação da regularidade das intimações que, restando infrutíferas, caracterizaram a hipótese legal deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. E, como bem observou a autoridade julgadora de la instancia, são válidas as intimações aqui formalizadas, na medida em que observam o que disposto no Decreto n° 70.235/72: Art. 23. Far-se-6 a intimação: I - pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quern o intimar; (Redação dada pela Lei n°9.532, de 1997) II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei n°9.532, de 1997) [...] sS' 1 2 Quando resultar improficuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009) [.-.] 2° Considera-se feita a intimação: I - na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; I() Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 473 II - no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei n° 9,532, de 1997) III - se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada: (Redação dada pela Lei n°11.196, de 2005) [...] § 3' Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei n° 11.196, de 2005) § 4' Para fins de intimação, considera-se domicilio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei n°11.196, de 2005) I - o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei n°11.196, de 2005) II - o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei n°11.196, de 2005) [...1 Nestes termos, considera-se intimado o sujeito passivo mediante prova do recebimento da intimação enviada por via postal ao domicilio tributário do sujeito passivo, assim entendido o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, A. administração tributária. Ainda, por expressa disposição introduzida pela Lei n° 11.196/2005, os meios de intimação previstos no art. 23 do Decreto n° 70.235/72 não estão sujeitos a ordem de preferência, podendo a autoridade fiscal fazer uso diretamente da via postal, sem antes tentar a ciência pessoal do sujeito passivo. A contribuinte argumenta que as disposições referentes ao Mandado de Procedimento Fiscal - MPF determinariam que o termo de inicio do procedimento fiscal fosse cientificado pessoalmente ao sujeito passivo. Reporta-se especificamente a texto padrão do MPF, nos seguintes termos: 0 AFRFB deverá identificar-se mediante apresentação de sua identidade funcional ao contribuinte/responsável. Todavia, esta orientação deve ser interpretada em conformidade com o Decreto n° 70.235/72 e as demais disposições da Portaria RFB n° 11.371/2007, que estabelece a forma daquele documento e sequer cogita de ciência pessoal ao sujeito passivo do MPF: Art. 4° 0 MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência pelo sujeito passivo do MPF, nos termos do art. 23 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, corn redação dada pelo art. 67 da Lei n° 9.532, de 10 de novembro de 1997, dar-se-á por intermédio da Internet, no endereço eletrônico www.receita.fazenda.gov.br , com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o inicio do procedimento fiscal. Em verdade, a necessidade de identificação prevista no texto do MPF presta- se, apenas, a viabilizar o cumprimento de outra determinação contida na Portaria RFB n° 11.371/2007: Art. 17. No curso do procedimento fiscal, outros servidores, AFRFB ou não, poderão participar de seu desenvolvimento desde que devidamente identificados e acompanhados de AFRFB designado, sob a responsabilidade deste. Processo n° 10140.723126/2011-76 S1 -CI T1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 474 Parágrafo único. Somente os AFRFB acompanhantes poderão firmar termos, intimações ou aios assemelhados, desde que em conjunto com o AFRFB designado. Logo, a referida orientação não restringe a ciência do termo de inicio do procedimento fiscal A forma pessoal, e apenas orienta o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil a se identificar caso compareça ao domicilio do sujeito passivo, de modo que este possa confirmar que ele é o servidor autorizado a .firmar termos, intimações ou atos assemelhados relativamente Aquele procedimento fiscal. No mais, o Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacifica em suas duas Turmas em favor da equivalência da citação nas formas pessoal e postal, exigindo apenas que esta última seja feita no endereço do contribuinte. Veja-se nos destaques das ementas do acórdãos a seguir transcritas: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTA RIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. CITAÇÃO POSTAL. ENTREGA NO DOMICÍLIO DO EXECUTADO. RECEBIMENTO POR PESSOA DIVERSA. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. VALIDADE. PRECEDENTES. I. Trata-se a controvérsia à possibilidade de interrupção c/a prescrição por meio de citação via postal recebida por terceiros. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal é no sentido de que a Lei de Execução Fiscal traz regra especifica sobre a questão no art. 8°, II, que não exige seja correspondência entregue ao seu destinatário, bastando que o seja no respectivo endereço do devedor, mesmo que recebida por pessoa diversa, pois, presume-se que o destinatário será comunicado. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1.178.129/MG, Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 20.8.2010). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. CITAÇÃO POSTAL. ENTREGA NO ENDEREÇO DO CONTRIBUINTE. VALIDADE. 1. No processo de Execução Fiscal, é valida a citação pela via postal, com aviso de recebimento entregue no endereço correto do executado, conforme teor do art. 8°, II, da Lei 6830/1980. 2. Consoante a jurisprudência do STJ, a citação postal equivale et pessoal, para fins de interromper a prescrição de cobrança do crédito tributário. 3. Decorridos menos de cinco anos entre a notificação do contribuinte, mediante a entrega de carn0 do IPTU em seu endereço, e a data do efetiva citação do devedor no processo de execução, não há falar em prescrição. 4. Agravo Regimental não provido. (AgRg no Agravo de Instrumento n° 1.140.052/RJ, Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 03.3.2010). Presume-se, portanto, que o sujeito passivo foi intimado para apresentação de livros e documentos de sua escrituração, e deixou de atender a estas exigências mesmo depois de alertado de que se sujeitaria a arbitramento dos lucros. Em tais condições, correto o desprezo A forma de apuração adotada pela contribuinte e o conseqüente arbitramento de sua base tributável. Irrelevantes, assim, os argumentos deduzidos pela recorrente corn vistas a demonstrar sua idoneidade, e assim desqualificar a forma como o procedimento fiscal se desenvolveu. A conduta da autoridade fiscal tem respaldo legal, e a contribuinte deve suj itar- ' 12 Processo n°10140.723126/2011-76 SI-CIT1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 475 se as conseqüências de não ter mantido regular controle da recepção de suas correspondências, ou mesmo por não ter dado valor as intimações que lhe foram dirigidas. Alias, desde o termo de inicio de procedimento fiscal foi informado à contribuinte o nümero dolVIPF que autorizava as verificações desenvolvidas, de modo que bastaria à contribuinte acessar o sitio da Receita Federal (http://www.receita.fazenda.gov.br/aplicacoes/atpae/mpf/default.asp) para confirmar a efetiva existência de um procedimento fiscal para verificação de seu lucro tributável nos anos- calendário de 2007 e 2008. Quanto à apresentação de sua escrituração, agora na fase de julgamento, ela somente se prestaria a desconstituir os valores de receitas adotados pela Fiscalização, corno, alias, já parcialmente promovido pela autoridade julgadora de 1a instancia. A demonstração de que a apuração foi regularmente promovida na sistemática do lucro real anual não se presta a afastar o arbitramento, como já pacificado neste Conselho: Súmula CARF n°59. A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal. Portanto, é inaplicável nesta instância administrativa de julgamento a jurisprudência invocada pela recorrente, no sentido de que ao sujeito passivo, ainda que inerte durante o procedimento fiscal e contencioso administrativo, devem ser oferecidas todas as oportunidades que se fizeren2 necessárias à elucidação da realidade fcrtica de sua apuração, de modo a afastar-se o arbitramento dos lucros ante a demonstração pericial de prejuízo contábil. Para além disso, a demonstração da apuração original promovida pela contribuinte somente se presta a desconstituir a qualificação da penalidade e a provar recolhimentos que devem ser imputados para redução da exigência. Neste sentido, a contribuinte validamente desconstitui a acusação fiscal de que não havia declarado os tributos pertinentes ao ganho de capital auferido na venda de imóveis. Sua escrituração, associada as DIPJ apresentadas para o ano-calendário 2007, demonstram que as receitas foram reconhecidas contabilmente, e que a apuração do lucro foi influenciada por custos, despesas e outros ajustes que justificariam a falta de recolhimento nos trimestres fiscalizados, e assim informada ao Fisco tempestivamente. De fato, à ff. 177 há registro contábil da venda de imóvel em abril/2007 no valor de R$ 1.577.300,00, e à fl. 181 há registro contábil da venda de imóvel em junho/2007 no valor de R$ 600.000,00. Já com referencia ao imóvel alienado por R$ 4.700.000,00, informado como ocorrida pelo Registro de Imóveis em 31/01/2008, a contribuinte apresenta registro contábil da baixa em outubro/2007, e a informação em histórico contábil de que a venda teria sido feita pelo valor de R$ 4.700.000,00, mas não indica o registro contábil desta receita (11. 185). Porém, nos balancetes de suspensão juntados as fls. 188/218 há informação de receita de venda de imobilizado em abril/2007, no valor de R$ 1.577.300,00; em junho/2007, no valor de R$ 600.000,00; e em outubro/2007 no valor de R$ 4.700.000,00. 0 total contabilizado nesta conta (n° 3.1.1.03.003), equivalente a R$ 6.684.475,00 no balancete de outubro/2007 (fl. 215), esta declarado na linha 39 da Ficha 06A da DIPJ retificadora apresentada em 30/07/2008 (fls. 422/428), por ocasião da cisão que, conforme documentos de fls. 398/421, adotou por referência balanço patrimonial levantado em 31/10/2007. 13 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CITI Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 476 Na medida em que a autoridade lançadora não fez qualquer referência As informações da DIPJ, não é possível negar-lhes efeitos para desconstituir a acusação de conduta dolosa por parte da contribuinte. Pertinente, portanto, a exclusão da qualificação que elevou de 112,5% para 225% a penalidade aplicada em razão dos tributos exigidos a partir das receitas não operacionais verificadas nos períodos fiscalizados. Quanto ao percentual de 112,5%, sua aplicação decorre, objetivamente, do que previsto na Lei n° 9.430/96, na redação dada pela Lei n° 11.488/2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata [...1 § 20 Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1 0 deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) I - prestar esclarecimentos; [...] Assim, a inobservância do prazo marcado para atendimento de intimações, conduta que posterga a conclusão do trabalho fiscal e onera o Estado com providências reiteradas frente a um mesmo sujeito passivo, é causa suficiente para a fixação em 112,5% do percentual da penalidade aplicável em procedimentos de oficio. Quanto ao alegado caráter confiscatOrio e As referências à jurisprudência judicial contrária a determinados percentuais de penalidade fixados em lei, cabe apenas observar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidacle de lei tributária (Súmula CARF n° 2). Por fim, com referência A alegação de duplicidade de cobrança, tem parcial razão a contribuinte. Isto porque a autoridade lançadora, ao concluir pela necessidade de arbitramento dos lucros nos trimestres autuados, somente perquiriu de recolhimentos promovidos nos períodos que integravam aqueles trimestres, sem cogitar da repercussão dos tributos declarados/recolhidos em razão da apuração anual do lucro da contribuinte. Por sua vez, a contribuinte evidencia que apurou IRPJ e CSLL devidos em razão do lucro acumulado no período de 01/01/2007 a 31/10/2007, quando ocorrida cisão parcial da pessoa jurídica (fl. 433 e 438). E, neste contexto, se os resultados pertinentes ao 20 trimestre de 2007 sujeitaram-se a arbitramento, o lucro acumulado até 31/10/2007 deve ser expurgado de seus efeitos para determinação da base tributável remanescente e, eventualmente de tributos apurados a maior na sistemática anual, que assim seriam atribuíveis A presente exigência. Idêntica providência seria pertinente se demonstrada a apuração de IRPJ e CSLL devidos ao final do ano-calendário 2008. Veja-se que a autoridade lançadora não arbitrou o lucro de todos os trimestres de 2007 e 2008, mas tão somente daqueles indicados na autuação. Logo, relativamente aos 14 Processo n° 10140.723126/2011-76 St -C1T1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 477 demais períodos subsiste a apuração promovida pelo sujeito passivo, mas que por ser anual deve ser ajustada com o expurgo dos resultados que se sujeitaram ao arbitramento nos trimestres autuados. Diante do exposto, o presente voto e no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a qualificação da penalidade, bem como determinar a imputação, ao crédito tributário lançado, das parcelas de 1RPJ e CSLL originalmente declaradas/recolhidas nos anos-calendário 2007 e 2008 que deixem de ser devidas após exclusão dos resultados pertinentes aos trimestres aqui autuados. s Tx,..._ , 4,,..„ LI PE EIRA BESSA — Relatora 15 Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-C1 T1 Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 478 Voto Vencedor Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR: 0 agravamento da multa de oficio na hipótese de falta de apresentação dos livros contábeis e documentação fiscal, quando esta falta serve de supedâneo para o arbitramento do lucro, já foi, por diversas vezes, apreciados por este tribunal administrativo. Esse é o entendimento exarado no acórdão da Colenda la Turma da Camara Superior de Recursos Fiscais n. 9101-001.468, de 16 de agosto de 2012, sob relatoria do Conselheiro Jose Ricardo da Silva, a quem peço vênia para reproduzir sua brilhante razão de decidir: "Ora, a jurisprudência deste Cole giado tem se firmado no sentido de que, para se proceder o agravamento da penalidade é necessário que a conduta do sujeito passivo esteja associado um prejuízo concreto ao curso da ação fiscal. Ou seja, é medida aplicável naqueles casos em que o fisco só pode chegar aos valores tributáveis depois de expurgados os artificios postos pelo sujeito passivo. O não atendimento á intimação, na qual eram solicitados os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal do contribuinte, não obstou o procedimento fiscal, já que nestes casos a legislação de regência permite que o lucro seja arbitrado. Tanto é verdade, que foi o próprio autuante que procedeu o arbitramento do lucro da empresa e efetuou o lançamento. Ora, o não fornecimento dos livros e documentos comerciais e fiscais não obsta a atividade fiscal, pelo contrário a facilita, pois tal conduta do contribuinte coloca a presunção legal contra ele, autorizando o lançamento de oficio arbitrando o lucro. Assim, inaplicável o agravamento da multa de oficio em face do não atendimento a intimação fiscal para apresentação dos livros contábeis e documentação já que estas omissões tem conseqüências específicas previstas na legislação de regência, que no caso foi o arbitramento do lucro em razão da falta da apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal" Processo n° 10140.723126/2011-76 SI-CI TI Acórdão n.° 1101-000.856 Fl. 479 Adotando as conclusões supra, voto pelo não agravamento da multa de oficio, reduzindo-a a 75%. Conselheiro BENE9ICTO E O'BENÍCIO JÚNIOR ( 17
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Numero do processo: 10972.720010/2013-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
DESPESA DESNECESSÁRIA. ENCARGOS FINANCEIROS ASSUMIDOS. RECURSOS TRANSFERIDOS À SÓCIA OCULTA. FALTA DE PROVA.
Deve ser afastada a glosa de despesa financeira quando não provada a acusação de que a fiscalizada assumira encargos financeiros para a obtenção, no mercado, dos recursos transferidos a outra pessoa jurídica, parceira oculta em sociedade em conta de participação.
DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO.
É vedada a dedução, na base de cálculo do IRPJ, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de reembolsá-la por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2008, 2009
DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO.
É vedada a dedução, na base de cálculo da CSLL, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de reembolsá-la por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
As multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic.
Numero da decisão: 1301-002.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a tributação do IRPJ e da CSLL, quanto à glosa das despesas consideradas não necessárias, no valor de R$ 11.233.024,71, para 31/12/2008, e R$ 7.776.955,76, para 31/12/2009. Vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que votaram por dar provimento integral ao recurso.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Roberto Silva Junior, Milene de Araujo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
Nome do relator: FLAVIO FRANCO CORREA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 DESPESA DESNECESSÁRIA. ENCARGOS FINANCEIROS ASSUMIDOS. RECURSOS TRANSFERIDOS À SÓCIA OCULTA. FALTA DE PROVA. Deve ser afastada a glosa de despesa financeira quando não provada a acusação de que a fiscalizada assumira encargos financeiros para a obtenção, no mercado, dos recursos transferidos a outra pessoa jurídica, parceira oculta em sociedade em conta de participação. DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO. É vedada a dedução, na base de cálculo do IRPJ, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de reembolsá-la por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2008, 2009 DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO. É vedada a dedução, na base de cálculo da CSLL, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de reembolsá-la por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. As multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a tributação do IRPJ e da CSLL, quanto à glosa das despesas consideradas não necessárias, no valor de R$ 11.233.024,71, para 31/12/2008, e R$ 7.776.955,76, para 31/12/2009. Vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que votaram por dar provimento integral ao recurso. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Roberto Silva Junior, Milene de Araujo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
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ENCARGOS FINANCEIROS ASSUMIDOS. RECURSOS TRANSFERIDOS À SÓCIA OCULTA. FALTA DE PROVA. Deve ser afastada a glosa de despesa financeira quando não provada a acusação de que a fiscalizada assumira encargos financeiros para a obtenção, no mercado, dos recursos transferidos a outra pessoa jurídica, parceira oculta em sociedade em conta de participação. DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO. É vedada a dedução, na base de cálculo do IRPJ, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de reembolsála por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008, 2009 DESPESA DESNECESSÁRIA. MÚTUO À SUBSIDIÁRIA NO EXTERIOR. IOF/CÂMBIO. VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA. COMPROMISSO DE INDENIZAÇÃO. É vedada a dedução, na base de cálculo da CSLL, do IOF/Câmbio e da variação monetária passiva decorrentes de mútuos a subsidiárias no exterior, quando estas assumem o compromisso de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos citados contratos, além de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 2. 72 00 10 /2 01 3- 54 Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.737 2 reembolsála por quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre tais empréstimos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. As multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a tributação do IRPJ e da CSLL, quanto à glosa das despesas consideradas não necessárias, no valor de R$ 11.233.024,71, para 31/12/2008, e R$ 7.776.955,76, para 31/12/2009. Vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que votaram por dar provimento integral ao recurso. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Roberto Silva Junior, Milene de Araujo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Relatório Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.738 3 Tratase de recurso voluntário interposto por COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO (CBMM) contra decisão da DRJ/RJO, que julgou improcedente a impugnação apresentada em contestação a lançamentos de ofício efetuados para constituição de créditos tributários de IRPJ e CSLL. Pela clareza do relatório da instância a quo, reproduzoo para, em seguida, adotálo: “Tratase de lançamento de IRPJ (fls. 2.077/2.086), no valor de R$ 14.577.215,77 e de CSLL (fls. 2.087/2.094), no valor de R$ 5.247.797,67, acrescidos da multa de ofício de 75% e dos juros de mora. No Termo de Verificação Fiscal (TVF) integrante dos respectivos Autos de Infração foi consta[ta]do o que se segue: a) Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 25/01/2013, foram analisados os contratos de mútuo firmados pelo contribuinte e suas subsidiárias no exterior, demonstrandose os valores do IOF incidente e intimandoo a justificar a ausência de declaração e recolhimento do IOF e apresentar esclarecimentos; b) De acordo com o Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 01/02/2013 foram analisadas as relações negociais da CBMM com a CODEMIG, bem como o contrato que concede 25% de participação desta no lucro líquido daquela; c) Também foram analisados os direitos de receber registrados pelo contribuinte nas contas analíticas 0011205003 CODEMIG – IMPOSTOS, 0011205008 CODEMIG – ACC, 0011205009 CODEMIG – ACE e 0011205011 CODEMIG – OUTROS, concluindose que tais direitos a receber caracterizam uma modalidade de empréstimo sujeito à incidência do IOF, intimandoo a justificar a ausência de declaração e recolhimento do IOF e apresentar esclarecimentos; d) Também foi intimado a esclarecer como são segregados em sua contabilidade, nos termos do artigo 254 do RIR/1999, as operações da Sociedade em Conta de Participação, conforme Termo de Intimação Fiscal de 01/03/2013; e) A resposta do contribuinte ao termo de 01/02/2013 foi analisada no Termo de Verificação Fiscal de 26/03/2013, que faz parte do auto de infração de IOF; f) Consoante o termo de 04/04/2013, o contribuinte foi intimado a informar, em relação a todas as contas sintéticas e analíticas citadas no termo de constatação e intimação fiscal de 27/03/2013 e qualquer outra que viesse a ser acrescentada pelo mesmo, se todas as operações nelas registradas seriam relativas à Sociedade em Conta de Participação – SCP; g) No mesmo ato, foi intimado a, caso existisse conta que se referisse exclusivamente à CBMM, ainda que parcial, informar a conta e apresentar razão dos lançamentos respectivos em meio magnético no formato de planilha eletrônica; h) Conforme termo de constatação e intimação fiscal de 07/06/2013 foram analisadas as respostas apresentadas pelo contribuinte em 26/04/2013, bem como o conteúdo das planilhas acostadas em 31/05/2013, para o anocalendário de 2008; i) Nesse termo, a Auditoria delimitou o Grupo Financiamentos Passivos e o Grupo Financiamentos Ativos, gerou a consolidação diária dos grupos citados, calculou a média ponderada anual dos saldos finais consoante Anexos I e II do termo; Fl. 2738DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.739 4 j) Calculou a proporção dos empréstimos repassados, que é relação entre a média ponderada anual dos empréstimos ativos e a média ponderada anual dos empréstimos passivos, concluindo que 7,62% dos empréstimos foram repassados a outras empresas, de forma que esse mesmo percentual de despesas com financiamentos ativos deve ser repassado a essas empresas; k) No mesmo termo, a auditoria gerou o razão com contrapartidas do Grupo Financiamentos Passivos, filtrou as contrapartidas de despesas, Anexo III ao Termo e totalizou por contas analíticas e anualmente as despesas que atualizaram os financiamentos passivos; l) De forma semelhante, a auditoria gerou o razão com contrapartidas de receitas demonstradas no próprio termo e totalizou por contas analíticas e anualmente as receitas que atualizaram os financiamentos ativos; m) Ainda nesse ato, a auditoria consolidou todas as respostas do contribuinte acerca da segregação das operações relativas a SCP nos termo do art. 254 do RIR/1999, concluindo que foram apresentadas respostas parciais e incoerentes pelo mesmo; n) Para o anocalendário de 2009 a auditoria demonstrou e concluiu que R$ 9.883.760,33 de despesas não foram repassadas, caracterizando despesa indedutível na apuração do resultado do contribuinte; o) A auditoria também entendera que as operações de ACC (Adiantamento sobre Contratos de Câmbio) e ACE (Adiantamentos sobre Contratos de Exportação) caracterizam modalidades de financiamento (empréstimos tomados) e devem compor o grupo Financiamentos Passivos, ratificando, pois, a postura adotada no termo de constatação e intimação de 07/06/2013; p) Todas as despesas/encargos incorridos com os financiamentos passivos devem compor o Grupo Juros/Encargos com Financiamentos Passivos; q) O contribuinte discordou da inclusão das contas analíticas 11205003 CODEMIG IMPOSTOS, 11205008 CODEMIG – ACC e 11205009 CODEMIG ACE no Grupo Financiamentos Ativos, pois entende que tais contas não têm nenhuma relação com financiamentos ativos; r) Ocorre que o fisco continua entendendo que os mesmos caracterizam modalidades de empréstimo; s) O contribuinte também discordou da inclusão das despesas com variações monetárias e cambiais constantes das contas analíticas 0031402001 s/exportações, 00314002002 s/ moedas estrangeiras e 0031402004 s/ empréstimos, como encargos financeiros que deveriam ser repassados; t) Entende o contribuinte que variação monetária ou cambial não constitui encargo na sua acepção, pois decorre da atualização do capital e somente assume a natureza de custo ou receita para fins de registro contábil. Entende ainda que a variação monetária ou cambial será ganho ou perda somente na liquidação da operação, o que evidencia que o respectivo montante deve ser apartado do repasse; u) Nos termos dos arts. 375, 377 e 378 do RIR/1999, variações monetárias e cambiais caracterizam receitas ou despesas financeiras e, portanto, afetam o resultado do contribuinte, de modo que devem ser consideradas para verificar encargos financeiros repassados; Fl. 2739DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.740 5 v) Ainda trouxe o interessado resposta às demais intimações e constatações elaboradas pelo fisco, sendo certo que as infrações exigidas através dos lançamentos efetuados estão abaixo descritas: · IRPJ – CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS – DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS a) Verificou o fisco na contabilidade do contribuinte que, nos anoscalendário de 2008 e 2009, o mesmo promoveu a captação de empréstimos onerosos (Financiamentos Passivos) e, no mesmo período, concedeu empréstimos de mútuo a pessoas ligadas e a outras empresas (Financiamentos Ativos); b) Ocorre que não exigiu dos beneficiários dos seus empréstimos, o ressarcimento dos ônus dos encargos financeiros por ele suportados na mesma proporção dos capitais repassados, como restou demonstrado no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 07/06/2013 (fls. 720/792), para o anocalendário de 2008, no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 10/06/2013 (fls. 793/845) e no Tópico III – Descrição dos Fatos, no qual foram analisadas as respostas apresentadas pelo contribuinte em 01/07/2013 e feitas as devidas correções na apuração dos valores das despesas indedutíveis; c) Nesses termos restou demonstrada toda a sistemática de cálculo adotada para a apuração das despesas não necessárias; d) Portanto, os valores de R$ 11.233.024,71 e R$ 7.776.955,76 caracterizam despesas não dedutíveis na apuração do resultado do contribuinte para os anoscalendário 2008 e 2009, respectivamente; e) Não são dedutíveis do lucro da repassadora os encargos financeiros atinentes às parcelas de empréstimos repassados, se a repassadora não exigir das recebedoras dos repasses o ressarcimento dos ônus na proporção dos capitais repartidos; f) A falta de necessidade da despesa decorre do fato de que o contribuinte assumiu encargos mais pesados junto a várias instituições financeiras, repassando valores a outras empresas com encargos menores ou inexistentes. Tal operação não faz parte do objeto da empresa, por isso o excesso de encargo assumido é desnecessário. As outras empresas poderiam ter obtido o empréstimo diretamente junto à instituição financeira, sem usar o sujeito passivo como intermediário, dividindo com ele a assunção dos encargos; g) Os financiamentos ativos (empréstimos concedidos) e passivos (empréstimos tomados) foram objeto de análise e consolidação nos seguintes termos, cujo inteiro teor faz parte do presente termo; h) Foi acostado o razão com contrapartidas das contas analíticas abaixo que compõem o Grupo Financiamentos Ativos (empréstimos concedidos) extraídos da ECD: 0011205003 – CODEMIG – IMPOSTOS 2008 e 2009; 0011205008 – CODEMIG – ACC 2008 e 2009; 0011205009 CODEMIG – ACE 2008e 2009; Fl. 2740DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.741 6 0011205011 – CODEMIG – OUTROS 2009. i) Foi acostado o razão com contrapartidas da conta 0021103001 PARTICIPAÇÃO DA CODEMIG 2008 e 2009; j) Também foi acostado pelo fisco os pagamentos via banco da participação da CODEMIG, caracterizando a efetiva transferência de recursos. Tais pagamentos foram registrados na conta 0021101001 FORNECEDORES DIVERSOS, e foram filtrados os lançamentos com as respectivas contrapartidas, cujo histórico constava CODEMIG ou Companhia de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais; k) Além dos termos de constatação citados, os demais documentos que comprovam os mútuos com a CODEMIG, como as escrituras, documento arquivado no 6º ofício de notas de BH contendo critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM, para efeitos da SCP, o demonstrativo de apuração mensal da participação da CODEMI, a apuração mensal CODEMIG impostos (fls. 396/521) e no razão das contas contábeis já respectivamente acostados; l) O razão das contas que compõem o Grupo Financiamentos Passivos (empréstimos tomados) extraídos da ECD estão juntados nos autos também, tanto do anocalendário 2008 quanto do anocalendário 2009; · IRPJ – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL – CUSTO/DESPESA INDEDUTÍVEL a) O fisco constatou que o contribuinte firmou contratos de mútuo em moeda estrangeira nos quais figura como mutuante, sendo mutuarias as suas subsidiárias localizadas no exterior (pessoas ligadas). Tais contratos, em suas versões em língua estrangeira e traduzida para o vernáculo foram juntadas às fls. 43/124, conforme tabela abaixo: b) Os demais documentos que comprovam referidos mútuos, como extratos bancários dos desembolsos e reembolsos, contratos de câmbio e verificações contábeis foram acostados às fls. 02/203; c) O contribuinte foi intimado a esclarecer se a integralidade das despesas contabilizadas nas contas 0031401014 IOF sobre operações de Fl. 2741DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.742 7 câmbio, 0031402002 s/ moedas estrangeiras e 0031402020 s/intercompany eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias e caso não fossem, apontar os lançamentos que se referiam exclusivamente a tais despesas (fls. 326/330); d) Na resposta apresentada em 21/01/2013 apontou os lançamentos apropriados como despesas na conta analítica 0031401014 IOF s/ operações de câmbio (despesas de IOF incidentes na conversão da moeda, tanto nos desembolsos quanto nos reembolsos) que eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias no valor total anual de R$ 934.799,78, em 2009; e) Foi efetuado um lançamento de reclassificação da conta 003140202020 s/ intercompany no valor de R$ 2.101.192,05 para a conta 0031402004 s/empréstimos. O contribuinte foi intimado a esclarecer e comprovar tal lançamento e respondeu que tal lançamento foi efetuado por equívoco. Portanto, tal valor também caracteriza variações monetárias passivas decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias; f) Na tabela abaixo tais despesas foram consolidadas: g) Da análise dos contratos verificou o fisco que todos eles têm um item que trata de “obrigações de indenização”; h) No entendimento do fisco, as despesas de IOF câmbio e as variações monetárias passivas decorrentes dos contratos de mútuo nas contas listadas na Tabela I não são usuais, normais, tampouco essenciais às atividades da empresa, sendo, portanto, indedutíveis, devendo ser adicionadas ao Lucro Real, por serem desnecessárias – Valor : R$ 39.298.882,60 para o anocalendário de 2009.” Acórdão recorrido às fls. 2.480/2.518, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (SPC). EQUIPARAÇÃO ÀS DEMAIS PESSOAS JURÍDICAS PARA EFEITOS TRIBUTÁRIOS. As SCP, no que pertine (sic) ao Direito Tributário possuem equiparação às demais pessoas jurídicas, sendo que na apuração do resultado dessas sociedades, assim como na tributação dos lucros apurados e dos distribuídos serão Fl. 2742DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.743 8 observadas as normas aplicáveis às pessoas jurídicas em geral. Na espécie, quando duas sociedades se reúnem para formar uma SCP, as transações e negociações acerca da respectiva participação no lucro líquido pelas empresas envolvidas também devem estar lastreadas nos ditames legais. GLOSA DE DESPESAS. INDEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis, para fins fiscais, as despesas que atendam aos requisitos da necessidade, normalidade e usualidade, em relação às atividades operacionais da pessoa jurídica. O conceito de necessidade deve ser corolário direto da relação havida entre os gastos (despesas) e a contribuição desses gastos para a geração da correspondente receita. A remuneração de garantia prestada em empréstimo é despesa vinculada ao próprio financiamento, portanto, a ser abatida pelo beneficiário do rendimento e não por empresa investidora coligada, que figure como garantidora coobrigada na operação financeira. Constitui, ainda, despesa desnecessária na investidora coligada, mesmo que a remuneração assumida na condição de garantidora possa vir implicar retorno de lucros da empresa investida. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Quando o lançamento encontrase sem qualquer ressalva acerca de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, tal fato deixa de compor a lide, não havendo motivação para impulsionar o contraditório neste aspecto. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008, 2009 TRIBUTAÇÃO REFLEXA DA GLOSA DE DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. CSLL. Não se tratando de mera indedutibilidade material oriunda da legislação de IRPJ, a glosa de despesas que não se revestem dos requisitos da legislação comercial e fiscal, afeta o resultado do exercício e, conseqüentemente, a base de cálculo da CSLL. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Quando o lançamento encontrase sem qualquer ressalva acerca de incidência de juros de mora sobre a multa de Fl. 2743DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.744 9 ofício, tal fato deixa de compor a lide, não havendo motivação para impulsionar o contraditório neste aspecto.” Ciência da decisão de primeira instância no dia 22/11/2013, à fl.2.522. Recurso a este Colegiado às fls. 2.524/2.581, com entrada na repartição preparadora no dia 20/12/2013. Nessa oportunidade, aduz o seguinte: A) os fatos que circundam as autuações fiscais, a acusação fiscal e os equívocos de interpretação que devem ser prontamente rechaçados: 1) a recorrente e a CODEMIG constituíram SCP para o beneficiamento e industrialização do pirocloro, minério que contém o nióbio, figurando, a primeira, como sócia ostensiva, e a segunda, como participante (ou oculta, na designação da legislação anterior); 2) as normas contratuais que disciplinam a SCP estão dispostas, em linhas gerais, na escritura pública lavrada em 28.09.1972 (doc. 03 da impugnação), perante o 6o Ofício de Notas de Belo Horizonte, na certidão de arquivamento de documento com os "critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM" (doc. 04 da impugnação), bem como no instrumento de transação datado de 17.04.1996 (doc. 05 da impugnação); 3) em termos gerais, o contrato de SCP estabelece que a CODEMIG tem direito a uma participação de 25% (vinte e cinco por cento) do lucro apurado pela SCP, sem prejuízo de ajustes estabelecidos em contrato; 4) como a criação da SCP remonta a período anterior ao Decretolei nº 2.303/1986, isto é, a período anterior à equiparação, para fins fiscais, dessas sociedades às demais pessoas jurídicas, convencionouse, à época em que a recorrente e a CODEMIG uniramse em SCP, que a participação da CODEMIG seria calculada sobre o lucro antes do imposto de renda, o que somente se alteraria se tal participação deixasse de ser dedutível na apuração do lucro real; 5) como a participação da CODEMIG deixou de ser despesa dedutível, ela passou a ser calculada com base no lucro apurado após o imposto de renda, como vem ocorrendo até os dias atuais, nos termos acordados contratualmente, conforme itens 12.1 e 12.2 da "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM" (doc. 04 da impugnação); 6) destaquese, nesse ponto, para que não reste qualquer dúvida a respeito do procedimento adotado pela recorrente enquanto sócia ostensiva, que o lucro líquido da SCP é apurado em estrito cumprimento à legislação societária. Tal constatação é fundamental, na medida em que afasta, desde logo, as ilações vagas da Fiscalização e do acórdão recorrido no sentido de que a forma de cálculo da participação da CODEMIG nos resultados da SCP teria infringido a legislação em vigor, assim como afasta a alegação do acórdão recorrido de que "a SCP não usa o critério previsto na legislação tributária em vigor para apurar o lucro líquido antes do imposto de renda, mas sim aquele critério definido no contrato (item 9.0)" 7) a recorrente utiliza, sim, as regras e os critérios estabelecidos na legislação em vigor, ao contabilizar os resultados da SCP e, pois, ao apurar o lucro líquido desta sociedade; Fl. 2744DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.745 10 8) é possível que a Fiscalização e o acórdão recorrido tenham se impressionado com o fato de que, dentro da liberdade que lhes é dada para contratar, a recorrente e a CODEMIG convencionaram que a participação da última nos resultados da SCP deveria obedecer a alguns ajustes ou critérios que foram contratualmente estabelecidos; 9) de fato, no aludido acordo convencionouse que a participação da CODEMIG somente lhe pode ser paga após o efetivo desembolso de despesas e o efetivo recebimento de receitas; 10) realmente, a escritura pública que regulamenta a SCP estabelece que o direito a participação nos lucros da SCP está baseado no chamado "regime de caixa", de modo que os efeitos dos negócios jurídicos e das respectivas mutações patrimoniais somente são reconhecidos após sua efetiva realização financeira; 11) dessa forma, a despeito de a escrituração dos resultados da SCP ser feita com base no regime de competência, em estrito cumprimento à legislação societária em vigor, a participação da CODEMIG nos lucros da SCP somente lhe pode ser paga, disponibilizada, com base no regime de caixa, tendo em vista que as partes optaram por partilhar apenas os resultados efetivamente ingressados ou despendidos; 12) notese que não há qualquer impedimento legal nesse procedimento, o qual decorre da liberdade de contratar de que desfrutam as partes. Tampouco há algum problema ou inconveniente nisto. É que a recorrente, na condição de sócia ostensiva, contabiliza os resultados da SCP pelo regime de competência, como lhe é determinado por lei, mas somente distribui à CODEMIG, sócia participante, a parte que lhe cabe nos lucros se obedecido o regime de caixa, é dizer, após os ingressos e saídas de recursos, conforme pactuado pelos contratantes; 13) ocorre que a Fiscalização, sem aprofundarse e tentar compreender o funcionamento da SCP e, o que é pior, confundindo distribuição de lucro com empréstimo, acusou a recorrente de repassar empréstimos por ela captados no mercado à CODEMIG, sem o concomitante repasse de todos os ônus e encargos financeiros correspondentes; 14) isso porque, no entendimento da Fiscalização, a recorrente teria assumido encargos financeiros decorrentes de empréstimos captados junto a instituições financeiras, não tendo repassado esses encargos, em sua inteireza, à CODEMIG, razão pela qual as despesas suportadas a tal título seriam indedutíveis; 15) contudo, o entendimento da Fiscalização é fruto de manifesto equívoco de interpretação das operações realizadas pela recorrente e dos registros contábeis por ela efetuados, na sua condição de sócia ostensiva da SCP; 16) cabe registrar que a recorrente, na qualidade de sócia ostensiva da SCP constituída em parceria com a CODEMIG para industrialização do pirocloro, capta empréstimos (i) tanto para uso próprio, no desenvolvimento de suas atividades, (ii) quanto para desenvolvimento das atividades da SCP, na qualidade de sócia ostensiva, tendo observado, neste último caso, o reconhecimento das despesas que lhe são próprias na exata proporção de sua participação na SCP; 17) ademais, conforme se observa pela análise das demonstrações contábeis apresentadas ao longo da fiscalização, a contabilização das atividades desenvolvidas pela Fl. 2745DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.746 11 recorrente em nome próprio (tal como a captação de empréstimos para uso em suas atividades) e das atividades desenvolvidas na qualidade de sócia ostensiva (tal como a captação de empréstimos para uso nas atividades da SCP), ocorre em contas separadas e de forma segregada; 18) por isso é que se pode afirmar que o acórdão recorrido teceu ilações infundadas, não lastreadas em prova e que subvertem a realidade dos fatos, ao afirmar que, na contabilização dos resultados da SCP, não se faz possível "a identificação de cada operação relativa ao sócio ostensivo e ao oculto, o que contraria a legislação tributária e contábil”; 19) a afirmação contida no acórdão recorrido decorre de falta de análise e investigação dos fatos e documentos trazidos à baila pela recorrente, além de ser consequência da falta de compreensão do funcionamento das sociedades em conta de participação em geral e, em especial, daquela contratada entre a recorrente e a CODEMIG; 20) realmente, tivesse o acórdão recorrido analisado tanto a escritura de constituição da SCP como os lançamentos contábeis que lhe dão respaldo, certamente teria verificado que a contabilização dos resultados da SCP é segregada, e que é a recorrente, na qualidade de sócia ostensiva desta sociedade, e não a sócia participante, quem exerce a atividade constitutiva do objeto social, "em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes", nos termos do art. 991 do Código Civil; 21) logo, as operações a que o acórdão recorrido se referiu, e que supostamente não seriam identificáveis, ou passíveis de correlação a esse ou àquele sócio, foram praticadas pela recorrente, enquanto sócia ostensiva da SCP. É evidente que toda e qualquer operação relacionada à SCP, ao final, afeta a partilha dos resultados acordada entre a sócia ostensiva e a sócia participante. Mas essa partilha, assim como todas as demais operações afetas à SCP, no caso vertente, são passíveis de identificação, como se denota, por exemplo, pela leitura do Termo de Verificação Fiscal, o qual relaciona diversas contas e lançamentos contábeis que expõem, às claras, a segregação dos resultados da SCP; 22) por conseguinte, são infundadas as ilações do acórdão recorrido, devendo ser, de plano, rechaçadas; 23) quanto à acusação fiscal, ao contrário do entendimento da Fiscalização, encampado pelo acórdão recorrido, não há que se falar em empréstimos repassados pela recorrente à CODEMIG, pois tal fato está devidamente comprovado de forma documental e contábil. B) As razões de reforma do acórdão recorrido: B.1. ausência de repasse de empréstimos à CODEMIG: 24) na verdade, todas as remessas de recursos financeiros efetuadas à CODEMIG deramse no contexto da SCP, ou seja, decorreram da participação que esta companhia detinha, e que ainda detém, nos resultados da SCP, e nada mais; 25) para compreender os erros de premissa do agente fiscal, que acabaram conduzindo à indevida acusação de repasse de empréstimos sem ônus, a recorrente analisará, uma a uma, as rubricas questionadas nos autos de infração, relacionadas à SCP, que podem ser Fl. 2746DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.747 12 segregadas em: a) encargos relativos aos tributos devidos pela SCP; b) encargos relativos às operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio ("ACC") e Adiantamento sobre Contrato de Exportação ("ACE"); e c) outros encargos; 26) seguem, então, tais erros de premissa, o que servirá para evidenciar a insubsistência dos autos de infração ora combatidos. B.1.1) Encargos relativos aos tributos devidos pela SCP: 27) inicialmente, a Fiscalização considerou que a recorrente teria colocado recursos financeiros à disposição da CODEMIG, uma vez calculado, pela Fiscalização, o valor da participação da CODEMIG nos resultados da SCP com base no lucro apurado antes das provisões para o IRPJ e a CSL; 28) de fato, a Fiscalização sustentou que a recorrente concedeu empréstimo de recursos para a CODEMIG. Para chegar a essa constatação, o agente fiscal aduziu que a recorrente "disponibilizou recursos a CODEMIG em valores superiores à participação a que esta fazia jus" (fl. 2.104 dos autos destaque do original), uma vez que a recorrente teria contabilizado como direito a receber da CODEMIG o valor correspondente aos recursos das provisões de IRPJ e CSL, que supostamente não teriam sido descontados do lucro líquido; 29) em resumo, a Fiscalização acusou a recorrente de, na qualidade de sócia ostensiva da SCP, repassar à CODEMIG (sócia participante da SCP) recursos que supostamente teriam excedido sua participação na SCP, motivo bastante para caracterizar aquele excesso como repasse de empréstimos; 30) entretanto, a Fiscalização também manifestou que a recorrente assumira encargos excessivos em relação a tais empréstimos, assim reduzindo, indevidamente, a base de cálculo do IRPJ e da CSL nos períodos de 2008 e 2009, porque não repassados, ao menos não em sua integralidade, à CODEMIG; 31) como decorrência, a Fiscalização considerou indedutíveis, porquanto desnecessárias, as despesas relativas aos encargos incorridos pela recorrente, nos termos do disposto no art. 299, do Regulamento do Imposto sobre a Renda ("RIR/99"); 32) para expor tais assertivas, a Fiscalização procedeu à apuração do percentual relativo à média ponderada anual entre a captação de empréstimos onerosos ("financiamentos passivos") e o montante dos supostos empréstimos concedidos à CODEMIG ("financiamentos ativos"), com o objetivo de a partir de suposições infundadas identificar o montante de encargos financeiros assumidos indevidamente; 33) finalmente, baseandose nos dizeres do PN CST nº 32/981, a Fiscalização alegou que referidas despesas financeiras não são essenciais, tampouco normais, usuais ou habituais, razão por que restaram glosadas, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, relativas aos períodos de 2008 e 2009; 34) o acórdão recorrido seguiu o mesmo caminho, porém, para chegar à conclusão de que teria havido o repasse de empréstimos, sem o repasse da totalidade dos correspondentes encargos, a instância julgadora a quo antes afirmara que a "forma pela qual a interessada calcula a participação da CODEMIG desrespeita a legislação em vigor", acrescentando, ainda, que "os lucros e dividendos calculados com base nos resultados Fl. 2747DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.748 13 apurados não integram a base de cálculo, mas qualquer excesso estará sujeito à tributação (IN SRF nº 93/1997)"; 35) no arremate, o acórdão recorrido sentenciou, a propósito da distribuição de lucros e dividendos em excesso, que “inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação, nos termos do art. 3°, § 4° da Lei nº 713/1988, com base na tabela progressiva a que se refere o artigo 3º da Lei n. 9250/1995"; 36 )conquan t o n ão tenha se pronunciado sobre o tratamento fiscal relativo aos lucros ou dividendos distribuídos em montante superior ao devido, a Fiscalização adotou sentido semelhante, ao afirmar que a recorrente "disponibilizou recursos a CODEMIG em valores superiores à participação a que esta fazia jus" (fl. 2104 dos autos destaque do original); 37) nessa ordem de idéias, deparase com uma contradição do Fisco, pois, como se depreende da breve transcrição acima, ora falase que a recorrente teria distribuído lucros em montantes superiores àqueles devidos à CODEMIG, o que deveria resultar na tributação deste excesso, e nada mais, ora falase que a recorrente teria repassado empréstimos à CODEMIG sem repassar, também, a totalidade dos respectivos encargos, a justificar a glosa de parte das despesas incorridas pela Recorrente; 38) como se pode verificar, a argumentação desenvolvida pela Fiscalização e pelo acórdão recorrido é incompatível e incongruente, afinal os valores remetidos à CODEMIG não podem, a um só tempo, assumir a feição de lucros ou dividendos distribuídos em excesso e, também, de empréstimos; 39) ora, não só a natureza e a causa jurídica de um e outro são distintas, como também é diverso o tratamento fiscal que cada um deles deve receber; 40) se a recorrente tivesse distribuído lucros ou dividendos em excesso, a acusação fiscal deveria ter sido outra: os lucros e dividendos pagos em montante superior ao devido ficariam sujeitos à tributação, como afirmou o acórdão recorrido, não se lhes aplicando a isenção do art. 10 da Lei nº 9.249/1995. Tampouco seria possível, nesse mesmo caso, a glosa de despesas afetas a empréstimos tomados pela recorrente. Isso porque, ou a natureza jurídica dos valores supostamente antecipados à CODEMIG é de distribuição de lucros, ou essa natureza jurídica é de repasse de recursos a título de mútuo, mas nunca um e outro, por absoluta incoerência do argumento; 41) logo, as afirmações da Fiscalização e do acórdão recorrido, se não se prestam a inquinar de nulidade o trabalho fiscal, dada sua fundamentação equivocada, precária e contraditória, servem, no mínimo, para revelar que a acusação fiscal é frágil, já que os autos de infração, e também o acórdão recorrido, titubeiam ou se confundem, ora realçando que a recorrente distribuiu lucros ou dividendos em excesso, ora asseverando o repasse de empréstimos à CODEMIG; 42) seja como for, a recorrente não cometeu nenhuma dessas infrações. Pelo contrário, todos os lançamentos contábeis analisados pela Fiscalização revelam que a recorrente apenas distribui à CODEMIG a parte nos resultados da SCP que lhe era devida, não contratando com a sócia participante nenhum empréstimo, tampouco lhe distribuindo lucros em excesso. Em outras palavras, o que a recorrente faz é distribuir lucros ao longo do período Fl. 2748DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.749 14 (calculados pelo regime de caixa) que, ao final, revelamse em níveis compatíveis com o lucro do exercício apurado em 31 de dezembro de acordo com a legislação societária e fiscal (calculado pelo regime de competência); 43) essas considerações iniciais a respeito da força vinculante do contrato de constituição da SCP, embora elementares, devem ser repisadas no presente caso, tendo em vista que a Fiscalização simplesmente desconsiderou as cláusulas contratuais, interpretando de forma equivocada lançamentos contábeis aos quais se apegou, sem compreender a essência da participação da CODEMIG nos resultados da SCP; 44) por sua vez, o acórdão recorrido não compreendeu a mecânica da SCP e dos lançamentos contábeis que lhe dizem respeito, afora a subversão da realidade dos fatos na assertiva de que o acordo entre a recorrente e a CODEMIG acerca da repartição dos resultados da SCP feriria o artigo 123 do Código Tributário Nacional, segundo o qual "as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes"; 45) de plano, a argumentação do acórdão recorrido mostrase inteiramente descabida, pois a restrição contida no citado artigo 123 se aplica tão somente às convenções particulares que tratam da responsabilidade pelo pagamento de tributos, e nada mais. No caso dos autos, o contrato que aperfeiçoou a SCP, integrada pela recorrente e pela CODEMIG, não contém qualquer cláusula dessa natureza. Na verdade, as cláusulas e condições a que se refere o acórdão recorrido delimitam a forma de apuração da participação de cada uma no empreendimento, mas não afastam, modificam ou disciplinam a responsabilidade das partes pelo pagamento dos tributos que lhes cabem; 46) reiterese que as cláusulas que regulamentam a partilha de resultados da SCP preveem que a distribuição dos lucros devidos à CODEMIG somente ocorre à medida que se efetivam os desembolsos financeiros e os ingressos de receitas, obedecendo ao chamado "regime de caixa”, que também é adotado em relação à participação da CODEMIG nos tributos devidos pela SCP, motivo pelo qual o acerto de contas de tais despesas somente é realizado após o efetivo desembolso financeiro pela recorrente (em nome da SCP), isto é, após o efetivo recolhimento dos tributos aos cofres públicos; 47) em outras palavras, a participação efetiva da CODEMIG é baseada no lucro apurado pelo regime de caixa após os tributos devidos, mas o desconto desses tributos, da CODEMIG, somente pode ocorrer após o efetivo pagamento ao erário (i.e. após o desembolso financeiro), portanto, em regime de caixa, uma vez que o contrato que regulamenta a SCP obriga a recorrente a calcular a participação da CODEMIG com base no regime de caixa, até o 5o (quinto) dia útil do mês subsequente ao mês de apuração (períodobase), conforme determina a cláusula 05.1 do instrumento de transação datado de 17.04.1996 (doc. 05 da impugnação); 48) essa explicação pode ser constatada pelo exame de documentos colacionados à impugnação (doc. 09), dos quais se retira que, no cálculo do lucro a ser distribuído à CODEMIG, num determinado mês, as estimativas mensais de IRPJ e de CSL que afetam sua apuração são aquelas apuradas no mês anterior, e não no próprio mês, tendo em vista o descasamento entre a data do pagamento da participação devida à CODEMIG e a data para recolhimento destes tributos; Fl. 2749DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.750 15 49) cumpre ainda destacar que, em atendimento à legislação societária, além de registrar a obrigação tributária a recolher, a recorrente registra, também, o valor correspondente à participação da CODEMIG nos tributos devidos (25% dos tributos devidos pela SCP) na conta contábil 11205003 CODEMIG IMPOSTOS. Ou seja, a recorrente contabiliza, inclusive, a parcela dos tributos que deverá ser suportada pela CODEMIG, o que faz com vistas a controlar os valores que competem à CODEMIG a título de tributos calculados com base no lucro da SCP; 50) de acordo com o que precede, é fácil concluir que, em nenhum momento, ocorre a "disponibilização" (sic) de recursos para a CODEMIG a título de empréstimo, como sustentaram a Fiscalização e o acórdão recorrido; 51) mas há algo mais a ser dito a respeito da participação da CODEMIG nos tributos devidos em virtude das atividades desenvolvidas pela SCP: invariavelmente, a recorrente opta pelo recolhimento das antecipações de IRPJ e CSLL com base no método das estimativas mensais, mediante aplicação de um percentual sobre a sua receita bruta mensal. Portanto, a recorrente não utiliza a alternativa de calcular as antecipações de IRPJ e CSLL com base em balancete mensal de suspensão ou redução, como permite o art. 35 da Lei n. 8981, de 20.1.1995; 52) em virtude do procedimento contábil descrito anteriormente, a recorrente também registra, na conta contábil 11205003 CODEMIG IMPOSTOS, o montante correspondente à participação da CODEMIG nas provisões de IRPJ e CSLL devidas no encerramento do período de apuração; 53) ocorre que uma parte do valor registrado na conta contábil 11205003 CODEMIG IMPOSTOS, embora relativa a determinado ano, somente afeta a apuração da participação da CODEMIG no anocalendário seguinte, após o efetivo pagamento dos saldos de IRPJ e CSL apurados em 31 de dezembro; 54) com esse procedimento, a recorrente evidencia, em suas demonstrações financeiras, os valores de IRPJ e CSLL a recolher com base no lucro real e na base de cálculo da referida contribuição, respectivamente, bem como evidencia a parcela de tais valores que deverá ser suportada pela CODEMIG; 55) sintetizando, no que tange aos saldos correspondentes ao IRPJ e à CSLL devidos com base no lucro real e na base de cálculo da CSLL, apurados no encerramento do período, sua interferência no cálculo da participação da CODEMIG somente ocorre após seu recolhimento, que pode se dar até o último dia útil do mês de março do anocalendário subseqüente; 56) em primeiro lugar, a Fiscalização simplesmente ignorou as disposições contratuais previstas na escrituração pública de constituição da SCP, as quais estabelecem que os resultados das atividades desenvolvidas pela SCP devem ser partilhados pelo regime de caixa; 57) é inegável que não houve a "disponibilização" (sic) de recursos para a CODEMIG, muito menos empréstimos da sócia ostensiva para a sócia participante. Logo, não se pode falar em assunção, pela recorrente, de encargos relativos a financiamentos mais onerosos do que os daqueles supostamente repassados à CODEMIG; Fl. 2750DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.751 16 58) no tocante aos financiamentos contratados pela recorrente na condição de sócia ostensiva da SCP, os ônus e encargos deles decorrentes compuseram, em sua totalidade, o resultado da SCP, afetando a participação, de forma proporcional e nos limites do pactuado, da recorrente e da CODEMIG no empreendimento; 59) em segundo lugar, a Fiscalização equivocouse ao fazer uma leitura isolada da cláusula que estabelece que a participação da CODEMIG deve ser calculada com base nos resultados apurados após o desconto dos tributos recolhidos, sem levar em consideração que, para efeito de pagamento da participação da CODEMIG, o desconto dos tributos regese pelo efetivo desembolso financeiro, isto é, pelo recolhimento efetivo do IRPJ e da CSLL; 60) como se vê, houve um equívoco de premissa da Fiscalização na interpretação do contrato de constituição da SCP, o que, por consequência, conduziu aos demais equívocos perpetrados na lavratura dos autos de infração ora contestados; 61) a recorrente, em absoluta coerência com o contrato firmado, distribui os lucros devidos à CODEMIG pelo regime de caixa, ou seja, somente após o ingresso financeiro de receitas e o desembolso financeiro de despesas, inclusive daquelas atinentes a tributos. Nesta toada, resta claro que as partes quiseram e contrataram a partilha dos resultados da SCP pelo regime de caixa: essa é a vontade declarada e dessa forma elas vêm agindo, inclusive para fins contábeis, na estrita observância do contrato, conforme comentado acima; 62) para comprovar essa situação, a recorrente juntou cópia de demonstrativos contábeis que evidenciam os lançamentos realizados (doc. 06 da impugnação); 63) à luz do exposto, podese concluir que a recorrente não entregou recursos financeiros à CODEMIG, a qual, em contrapartida, também não assumiu a obrigação de restituir outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, como ocorre no âmbito do contrato de mútuo; 64) sob o ponto de vista estritamente jurídico, não se pode equiparar o simples fluxo financeiro decorrente do cumprimento de um contrato de SCP, isto é, decorrente da partilha de resultados entre a sócia ostensiva e a sócia participante a um contrato típico de mútuo, que é expressamente regulamentado no âmbito do direito privado; 65) podese assentar que, sob a perspectiva da causa dos negócios jurídicos, é clara a distinção entre o contrato de mútuo e a participação da CODEMIG nos lucros da SCP, pelos seguintes fundamentos: a) ao repassar os lucros da SCP para a CODEMIG, na parte que compete a esta, a recorrente cumpre obrigação contratual; b) o resultado da SCP, em parte, pertence à CODEMIG (os valores não são concedidos à CODEMIG a título de empréstimo, para posterior devolução, mas, sim, a título de distribuição de lucros); c) a causa típica que justifica o fluxo de recursos para a CODEMIG decorre de sua participação em um empreendimento econômico, no âmbito da SCP, o que não se confunde com a relação jurídica típica de crédito decorrente de um contrato de mútuo; d) a recorrente não se compromete a entregar dinheiro à CODEMIG, para posterior restituição na mesma quantidade, gênero e qualidade (não há, portanto, a irradiação de uma relação jurídica de natureza creditícia, mas, sim, mera participação nos lucros apurados pela SCP); 66) as considerações acima demonstram claramente que a Fiscalização e o acórdão recorrido não podiam, a um só tempo, sustentar que a recorrente distribuiu lucros em Fl. 2751DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.752 17 excesso à CODEMIG e que contratou, com a mesma companhia, mútuo de recursos financeiros. Tratase de argumento incoerente e inconsistente, uma vez que a causa jurídica de ambos é distinta; 67) essas considerações também denotam que a remessa de recursos para a CODEMIG envolve um aspecto operacional da escritura pública relativa à SCP. É que a recorrente simplesmente entrega os recursos financeiros para a CODEMIG a título de distribuição de lucros, em cumprimento ao contrato que disciplina a SCP e que estabelece os critérios de rateio dos resultados, o que faz em conformidade com a escritura pública de constituição da SCP, sem que reste caracterizada qualquer relação jurídica de mútuo, como sustentaram a Fiscalização e o acórdão recorrido, até porque as partes nunca assim o contrataram ou desejaram; 68) quanto aos empréstimos captados pela rna qualidade de sócia ostensiva, todos eles relacionamse diretamente à SCP, tanto que os encargos decorrentes dos referidos empréstimos foram partilhados entre as sócias ostensiva e oculta, impactando a apuração da participação de cada uma delas no resultado da SCP; 69) mas não é só. Há outros elementos que igualmente confirmam o equívoco da argumentação desenvolvida pela Fiscalização. Por exemplo, os financiamentos contratados entre a recorrente e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ("BNDES") e o Banco Alfa de Investimentos S.A. ("Banco Alfa") têm destinação específica, na medida em que a concessão dos recursos está vinculada à aplicação no empreendimento, normalmente para a aquisição bens e/ou serviços ou à produção de bens e/ou serviços; 70) dessa forma, os recursos obtidos pela recorrente no BNDES e no Banco Alfa só podem ser utilizados em benefício da SCP, ainda que a representação contratual seja realizada pela sócia ostensiva, em virtude da inexistência de personalidade jurídica da SCP; 71) a tomada de recursos junto às referidas instituições está vinculada a reformas ou aquisições para as quais a recorrente contratou os empréstimos. Não há qualquer concessão para o atendimento de finalidades que não estavam previstas nos aludidos contratos; 72) assim, os recursos tomados pela recorrente junto às referidas instituições não podiam (e não foram) repassados para ninguém, eis que foram efetivamente utilizados nas atividades estipuladas nos contratos; 73) a interpretação equivocada do critério de partilha de resultados da SCP e da contabilização dos valores relativos às operações que lhes dizem respeito levou a Fiscalização ao entendimento de que as despesas relativas aos encargos dos empréstimos assumidos junto às instituições financeiras, quando não repassadas pela Recorrente à CODEMIG em sua totalidade, seriam desnecessárias e, pois, indedutíveis; 74) com efeito, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal, tais despesas seriam desnecessárias, uma vez que "as outras empresas poderiam ter obtido empréstimo diretamente junto à instituição financeira, sem usar o sujeito passivo como intermediário, dividindo com ele a assunção de encargos"; 75) ocorre que, conforme amplamente explicitado acima, não houve repasse de empréstimos à CODEMIG. Logo, a afirmação da Fiscalização é equivocada e desinfluente, sendo desnecessário perquirir se a CODEMIG podia, ou não, captar recursos diretamente junto Fl. 2752DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.753 18 à instituição financeira, simplesmente porque não houve empréstimo entre a sócia ostensiva e a sócia participante, mas, simplesmente, partilha de resultados da SCP, em conformidade com as prescrições contratuais; 76) como dito, a recorrente captou empréstimos, na qualidade de sócia ostensiva da SCP, para desenvolvimento das atividades da SCP, não tendo repassado qualquer quantia a terceiro, nem mesmo à CODEMIG. Quanto aos encargos dos empréstimos captados pela recorrente na condição sócia ostensiva, todos eles compuseram, afinal, o resultado da SCP, pelo que é possível afirmar que eles foram assumidos pelas partes (recorrente e CODEMIG) na proporção de sua participação na SCP; 77) resta evidente, pois, o equívoco cometido pela Fiscalização, acatado pelo acórdão recorrido, o qual teria sido evitado se os registros contábeis fossem cotejados com as determinações contratuais; 78) importa frisar, novamente, que a conta 11205003 CODEMIG IMPOSTOS apenas serve de controle dos valores que competem à CODEMIG a título de tributos calculados com base no lucro da SCP. De modo algum, verificouse a "disponibilização" (sic) desses recursos para a CODEMIG. Essa conta, portanto, se presta a refletir contabilmente a parcela de tributos que deverá afetar a apuração da participação da CODEMIG na SCP, não representando, de forma alguma, mútuo entre a sócia ostensiva e a sócia participante. B.1.2) Encargos relativos às operações de adiantamento sobre contrato de câmbio ("ACC") e adiantamento sobre contrato de exportação ("ACE"): 79) tudo o quanto já visto aplicase à acusação fiscal relacionada aos recursos provenientes de operações de adiantamento sobre contrato de câmbio ("ACC") e adiantamento sobre contrato de exportação ("ACE"); 80) sobre essa questão, a Fiscalização sustentou, após analisar as contas 0011205008CODEMIGACC e 0011205009CODEMIGACE, que estas seriam representativas de empréstimos concedidos à CODEMIG. Contudo, sem razão o agente fiscal, porquanto a recorrente não concedeu qualquer empréstimo à CODEMIG, a teor do que foi dito, linhas atrás. Abaixo, os equívocos cometidos pelo agente fiscal, não corrigidos pelo acórdão recorrido; 81) os valores atinentes aos ACE e ACC contratados pela recorrente, enquanto sócia ostensiva da SCP, são distribuídos à CODEMIG, o que se dá única e exclusivamente em cumprimento à "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM" (doc. 04 da impugnação), citada anteriormente; 82) a cláusula 1.1 dos contratos de ACC e ACE estabelece expressamente que as vendas em moeda estrangeira serão computadas pelo valor em cruzeiros efetivamente recebidos na venda de cambiais. Em termos práticos, isso significa que o valor recebido na venda de cambiais integra a receita bruta sobre a qual será calculada a participação da CODEMIG, passível de distribuição, com base nos valores efetivamente ingressados; 83) como se sabe, as operações de ACC e ACE caracterizamse pela antecipação, total ou parcial, em moeda nacional, concedida por instituição financeira, de moeda estrangeira a ser entregue futuramente pelo exportador. Neste sentido, convém Fl. 2753DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.754 19 reproduzir a definição constante do item 1, seção 3, capítulo 3, do Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais ("RMCCI"): “"O adiantamento sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes." 84) na operação de ACC, os recursos são antecipados pela instituição financeira para o exportador antes do embarque da mercadoria, ao passo que no ACE os recursos são antecipados após o embarque da mercadoria. O ACC e o ACE, como adiantamentos que são, não se revestem da característica de empréstimo, ao contrário do que querem fazer crer a Fiscalização e o acórdão recorrido, tratandose, em realidade, de recebimento antecipado da receita de exportação; 85) se, do ponto de vista da SCP, o lucro deve ser distribuído à CODEMIG com base no regime de caixa, qualquer efetivo recebimento de receita, ainda que antecipada, deve ser computada no cálculo do lucro a ser distribuído à CODEMIG. É por isso que os valores recebidos a título de ACC e ACE são considerados pela SCP (ou melhor, pela recorrente, na qualidade de sócia ostensiva) como receita recebida, compondo o cálculo da participação da CODEMIG na referida sociedade; 86) nessas circunstâncias, mostrase equivocada a interpretação conferida pela Fiscalização e pelo acórdão recorrido à aludida disposição contratual, no sentido de que a recorrente estaria, nesse caso, partilhando com a CODEMIG a receita, e não o resultado da SCP; 87) como dito anteriormente, a despeito de a recorrente calcular o lucro da SCP em conformidade com a legislação societária, acordouse contratualmente que a atribuição da participação da CODEMIG, no citado empreendimento, somente deveria ser paga, distribuída, após os efetivos ingressos de receita e após o efetivo desembolso de despesas. Logo, as contas contábeis 0011205008CODEMIGACC e 0011205009CODEMIGACE, que levaram a Fiscalização a imaginar que se tratava de empréstimo, na verdade, tão somente refletem a parcela dessas receitas devidas à CODEMIG, nos estritos termos de sua participação, e em conformidade com a cláusula 1.1. da "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM", que requer o prévio recebimento de valores em moeda estrangeira, antes de sua distribuição à sócia participante; 88) o primeiro equívoco da Fiscalização consiste em desconsiderar que a participação da CODEMIG somente lhe pode ser paga após o efetivo desembolso financeiro para o recolhimento do IRPJ e da CSL aos cofres públicos; o segundo equívoco diz respeito às operações de ACC e ACE em relação às quais a Fiscalização ignorou o teor da cláusula 1.1, já referida, que estabelece expressamente que as vendas em moeda estrangeira serão computadas pelo valor em cruzeiros efetivamente recebidos na venda de cambiais. Essa cláusula prevê que o valor recebido na venda de cambiais deve integrar a receita bruta sobre a qual será calculada a participação da CODEMIG, passível de distribuição, com base nos valores efetivamente ingressados; 89) ressaltese que, no fluxo dos negócios, a venda das cambiais equivale à realização (ainda que antecipada) do resultado da operação da SCP, razão pela qual o seu Fl. 2754DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.755 20 montante deve ser computado para fins de partição de lucros. Esse fato muito bem demonstra a essência do negócio contratado entre as partes na SCP: atribuição de resultados à medida de sua verificação financeira; 90) todos esses equívocos, como se pode notar, derivam da incompreensão dos termos e cláusulas contratuais da SCP, integrada pela recorrente e pela CODEMIG, e dos lançamentos contábeis que lhe dizem respeito. Tivesse a Fiscalização investigado a fundo o funcionamento da SCP, compreendendo que a participação da CODEMIG nos resultados só lhe pode ser paga em conformidade com o regime de caixa, certamente teria concluído que os pagamentos feitos à CODEMIG ostentam a natureza de lucros, e não de empréstimos repassados; 91) com base no que se expôs, é equivocada a alegação de que teria havido empréstimo de valores à CODEMIG, a revelar a manifesta improcedência das autuações fiscais ora combatidas, motivo pelo qual se faz imperiosa a reforma do acórdão recorrido também neste particular. B.1.3) Outros encargos: 92) também não se pode entender como empréstimo da recorrente para a CODEMIG o valor contabilizado na conta 0011205011 CODEMIGOUTROS, pois o valor contabilizado na referida conta contábil referese a contrato firmado entre a recorrente e a sociedade CITIC METAL CO. "CITIC" (doc. 07 da impugnação), pelo qual esta última, em acordo de exclusividade, comprometese a vender os produtos de nióbio elaborados pela recorrente no território chinês; 93) em 2009, em decorrência da crise econômica que afetou a economia mundial, a CITIC se viu impossibilitada de escoar os produtos comprados da recorrente, ficando com grande parte dos produtos adquiridos em estoque, o que lhe gerou prejuízos; 94) diante desse cenário, as partes renegociaram os termos convencionados, de modo a desonerar a CITIC do prejuízo percebido, em respeito à cláusula 9.2 do contrato, que dispõe, após prever a suspensão das obrigações assumidas em caso de força maior, que: "(...) Com o término de qualquer evento de Força Maior e a retomada do cumprimento, as partes se consultarão e cooperarão de boafé para reduzir qualquer privação a qualquer das partes, resultante dessa retomada”; 95) assim, as partes negociaram um "desconto" (doc. 08 da impugnação), firmado de tal forma que a recorrente, na qualidade de sócia ostensiva da SCP, obrigouse a devolver parte dos valores que a CITIC havia pago pelos produtos a ela vendidos; 96) a recorrente, então, contabilizou esse valor pelo regime de competência, em observância à legislação societária, lançando a parte do desconto que afetaria, afinal, a participação da CODEMIG na SCP na conta 0011205011 – CODEMIG – OUTROS; 97) contudo, como os resultados da SCP, nos termos assinados em contrato, somente são distribuídos à CODEMIG quando se der o efetivo ingresso de receitas e o desembolso financeiro de despesas, os montantes devidos à CITIC somente compuseram ou afetaram o cálculo da participação da sócia participante quando de seu efetivo recolhimento; Fl. 2755DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.756 21 98) desse modo, em 2010, quando houve a efetiva devolução daquele valor à CITIC, a recorrente imputouos, de maneira proporcional, à CODEMIG, conforme fazem prova os lançamentos contábeis apresentados nos autos (doc. 09 da impugnação), o que se fez respeitando integralmente a escritura de constituição da SCP, na qual está claro que todas as receitas e despesas, para fins de definição da participação a que faz jus a CODEMIG, são contabilizadas pelo regime de caixa; 99) ante o exposto, está clara a inexistência de empréstimo na presente situação, eis que (i) não houve “disponibilização” (sic) de dinheiro à CODEMIG, sob condição de sua devolução; e (ii) se trata de despesa da SCP, efetivamente debitada para a CODEMIG, como comprovam os lançamentos contábeis na conta de participação da CODEMIG efetuados em abril, julho e dezembro de 2010 (doc. 09 da impugnação); 100) como se vê, os valores foram debitados da CODEMIG à medida que pagos à CITIC, respeitando integralmente a disposição da escritura de constituição da SCP que prevê a adoção do regime de caixa, não havendo que se falar, portanto, em empréstimo de valores; 101) por outro lado, o acórdão recorrido não se pronunciou a respeito do tema debatido neste item, o que, se não configura nulidade, no mínimo, constitui indício de que as alegações da Fiscalização não se sustentam. B.1.4) A necessidade das despesas frente ao art. 299 do RI R/99 e a ausência de repasse de empréstimos à luz dos critérios estabelecidos pela jurisprudência sobre o assunto: 102) a fundamentação da suposta ausência de necessidade das despesas relativas aos encargos incorridos, em decorrência dos empréstimos assumidos, está no fato de, no entendimento do agente fiscal, a recorrente ter assumido empréstimos no mercado e, posteriormente, ter concedido novos empréstimos à CODEMIG, sem a exigência de ônus (ou da totalidade deles) para esta sociedade; 103) tal entendimento fundamentouse no disposto no art. 299 do RIR/99, sendo, que, para as variações monetárias, como é o caso dos juros, o ordenamento jurídico dispõe da norma especial dos arts. 375, 377 e 378 do RIR/99, de modo que, em princípio, não se deve cogitar da aplicação do disposto no art. 299, dandose prevalência às explícitas e específicas determinações daqueles dispositivos; 104) examinandose objetivamente o previsto na lei fiscal, a despesa será necessária e, consequentemente, dedutível, quando for inerente à atividade da empresa, ou dela decorrente, ou com ela relacionada, ou surgir simplesmente da existência da empresa ou do papel social que desempenha. Por outro lado, será desnecessária a despesa quando envolver liberalidade da empresa, mas liberalidade no seu sentido objetivo legal, isto é, ato de favor, estranho ao objeto social ou contrário ao previsto no estatuto da sociedade; 105) no caso dos autos, os financiamentos contratados pela recorrente ocorreram em seu nome, quer porque a SCP não detém personalidade jurídica, cabendo à sócia ostensiva se obrigar e contratar com terceiros, inclusive com instituições financeiras, nos termos do art. 991 do Código Civil, quer porque a recorrente tinha mais espaço e força no mercado creditício para negociar a contratação de empréstimos a custos financeiros mais atrativos ou vantajosos; Fl. 2756DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.757 22 106) seja como for, e esse é outro ponto para o qual a Fiscalização não atentou, a jurisprudência administrativa se orienta no sentido de que o repasse de empréstimos a terceiros somente se configura quando houver coincidência de datas e valores, o que não ocorreu no presente caso; 107) realmente, o jurisprudência administrativa assentouse no entendimento de que as despesas assumidas por determinada pessoa jurídica, e repassadas a outra sem a cobrança de encargos, somente são consideradas indedutíveis se incorridas em situações nas quais o repasse de recursos é imediato, inclusive com coincidência de datas e valores, ou nos quais há estrita vinculação de valores; 108) ainda que se entendesse ter ocorrido transferência de recursos da recorrente para a CODEMIG, o que se admite apenas a título de argumentação, é certo que não houve identidade entre os valores captados no mercado e aqueles supostamente repassados. E não poderia ser diferente, já que os montantes captados pela recorrente foram utilizados nas atividades atinentes à SCP, e não entregues a terceiros; 109) a confirmar a falta de identidade desses valores, cabe registrar que, na tentativa de legitimar a glosa ora combatida, a Fiscalização viuse obrigada a fazer cálculos estimados dos valores pretensamente transferidos à CODEMIG e dos juros supostamente não repassados, o que demonstra a falta de correlação e vinculação dos montantes envolvidos nessas operações; 110) ademais, não houve concomitância entre a captação dos recursos no mercado e os supostos repasses, é dizer, não houve identidade de datas entre o recebimento, pela Recorrente, dos recursos oriundos dos empréstimos por ela contratados e os pagamentos feitos à CODEMIG (digase, todos eles atrelados à participação na SCP); 111) no caso dos autos, o simples fato de a recorrente e a CODEMIG integrarem uma SCP conduziu o agente fiscal a fazer ilações e suposições indevidas no sentido de que uma estaria repassando empréstimos à outra. Não compreenderam, nem Fiscalização, nem o acórdão recorrido, que as remessas de recursos à CODEMIG são feitas em estrito cumprimento às regras de partilha de resultados da SCP, e nada mais; 112) acrescentese ao que foi visto até aqui que a desnecessidade da despesa, assim como eventual existência do repasse de recursos, devem ser cabalmente comprovadas pela Fiscalização, não podendo haver, como ocorreu no caso em tela, mera presunção de tal transferência, o que fica evidente pela análise do cálculo "proporcional" entre o montante de recursos captados ("financiamentos passivos") e os supostos empréstimos concedidos ("financiamentos ativos"), elaborado pela Fiscalização, o qual, importa dizer, não possui qualquer base legal; 113) ora, a alegação de existência de eventual repasse de recursos deve estar devidamente lastreada em documentos e fatos que o comprovem, devendo a Fiscalização demonstrar a tomada do recurso por uma pessoa e a posterior transferência de tais recursos (inclusive com a coincidência de valor e data), para outra pessoa. 114) também a jurisprudência administrativa já se firmou no sentido de que a caracterização de determinada despesa como desnecessária requer a devida comprovação por parte da Fiscalização, que não pode lastrearse em mera presunção; Fl. 2757DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.758 23 115) desse modo, ao não comprovar a desnecessidade das despesas, tampouco a existência dos mencionados repasses, e apenas presumilos, a fiscalização não se desincumbiu do ônus da prova, o que acaba por invalidar o presente procedimento fiscal; 116) acerca da não comprovação dos repasses e da desnecessidade das despesas no presente caso, importa repisar que a Fiscalização fechou os olhos para o fato informado durante a auditoria de que parte dos recursos tomados pela recorrente, em financiamentos do BNDES e de outras instituições financeiras, tinham finalidade específica e não poderiam ter sido repassados; 117) assim, a alegação de repasse desses recursos chega a ser leviana, quando se observa que existem cláusulas contratuais que exigem a comprovação da aplicação na finalidade para a qual se destinavam os recursos captados vinculados à destinação específica. B.2) Indedutibilidade de despesas decorrentes de contratos de empréstimo firmados com coligadas no exterior: 118) por meio de contratos de mútuo, firmados durante o ano de 2009, a recorrente transferiu recursos para empresas subsidiárias no exterior, estabelecendo a remuneração desses contratos com a aplicação da taxa London Interbank Offered Rate ("LIBOR") acrescida de spread de 3% (três por cento), nos termos do art. 22 da Lei nº 9.430/1996, na redação vigente à época dos fatos; 119) cabe registrar, desde já, que a concessão de empréstimos para pessoas ligadas sediadas no exterior não foi questionada pela Fiscalização. Isso porque não há qualquer vedação legal a esse tipo de operação, desde que o contrato firmado esteja de acordo com as normas de preço de transferência, o que não foi contestado em nenhum momento pela Fiscalização, tendo em conta o cumprimento, pela recorrente, das prescrições normativas correspondentes; 120) A Fiscalização questionou tão somente a dedutibilidade das seguintes despesas, incorridas pela recorrente em virtude dos contratos em questão: (i) perdas com variações cambiais, por se tratar de contratos de mútuo em moeda estrangeira; e (ii) despesas relativas ao Imposto sobre Operações de Câmbio (IOF/Câmbio) incidente na conversão da moeda, em decorrência dos contratos em referência; 121) A Fiscalização entendeu que tais despesas seriam indedutíveis, por não serem usuais, normais, tampouco essenciais às atividades da empresa, nos termos dos arts. 247, 249 e 299, do RIR/99; 122) Isso porque, no entendimento do agente fiscal, seria aplicável ao caso a cláusula contratual contida no item "Obrigações de Indenização", segundo a qual a mutuária (no caso, a subsidiária estrangeira) deveria arcar com tais encargos. Verifiquese, a título exemplificativo, a redação da cláusula 6 do contrato firmado com a sociedade CBMM Europe BV (fls. 68 a 89 do processo), cuja redação é replicada nos demais contratos de mesma natureza firmados pela recorrente; 123) nessa linha de raciocínio, a recorrente não poderia ter arcado com as despesas do IOF/Câmbio, tampouco com as despesas de variações cambiais passivas decorrentes dos contratos firmados, já que devidas pelas mutuárias, motivo por que não seriam usuais, normais ou essenciais às atividades da recorrente. Fl. 2758DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.759 24 B.2.1) As despesas com variações cambiais passivas: 124) no entender do agente fiscal, a recorrente não poderia ter assumido os encargos relativos às perdas decorrentes de variações cambiais passivas, ocorridas no âmbito dos empréstimos que firmou com subsidiárias no exterior, por duas razões: (i) por não serem usuais, normais, ou essenciais à atividade da fiscalizada, não se enquadrando no conceito de necessidade previsto no art. 299 do RIR/99; e (ii) pelo fato de os contratos firmados entre ela e as subsidiárias possuírem previsão geral no sentido de que todas as perdas decorrentes do mesmo seriam assumidas pelas mutuárias; 125) ocorre, contudo, que a presente autuação, também no que concerne a este item, não reúne condições de prosperar, uma vez que a cláusula contratual que trata das chamadas "Obrigações de Indenização", acima mencionada, impõe à mutuária a obrigação de indenizar perdas decorrentes e vinculadas ao contrato de mútuo firmado entre as partes; 126) todavia, não se pode interpretar tal dispositivo contratual como uma cláusula geral de responsabilidade, apta a transferir à mutuária a responsabilidade por despesas que são próprias da mutuante, tais como as perdas relativas às variações cambiais passivas da moeda, as quais, como se sabe, ocorrem independentemente da vontade das partes, devido a fatores alheios à vontade da mutuante ou das mutuárias; 127) dessarte, não se pode admitir o entendimento da Fiscalização no sentido de que a referida cláusula consubstancia garantia universal de toda e qualquer perda da recorrente que tenha alguma relação com o contrato, ainda que indireta; 128) mas, ainda que a literalidade da aludida cláusula contratual pudesse dar margem à interpretação elástica levada a efeito pela Fiscalização, não se pode perder de vista o disposto no art. 112 do Código Civil, segundo o qual "nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem"; 129) ora, mesmo que se admitisse, por hipótese, que a redação de alguma cláusula dos contratos de mútuo levanta dúvidas sobre o real interesse e objetivo das partes, ainda assim, a aplicação do art. 112 ao caso dos autos autorizaria, com segurança, a afirmação de que a intenção das partes não foi de convencionar a assunção, pelas mutuárias, das despesas derivadas das variações cambiais passivas; 130) com efeito, todos os fatos e elementos relacionados aos contratos de mútuo aqui examinados convergem para o entendimento de que as mutuárias não se obrigaram pelas perdas oriundas da variação cambial passiva; 131) isso fica claro quando se compreende o motivo pelo qual a recorrente firmou os contratos de empréstimo em foco; 132) é que, no momento da concessão desses empréstimos, em 2009, as subsidiárias CBMM Europe BV, CBMM Asia PTE e Reference Metals Company Inc, que são responsáveis por escoar, no mercado internacional, a produção da recorrente, precisavam de recursos para suportar os custos das aquisições de nióbio por elas realizadas; 133) essa necessidade de recursos, por parte das subsidiárias da recorrente, surgiu como consequência da crise econômicofinanceira internacional, que afetou direta e sensivelmente as vendas do nióbio aos clientes finais; Fl. 2759DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.760 25 134) por isso, as subsidiárias não conseguiram dar vazão à totalidade dos produtos adquiridos da recorrente, a ponto de exigir a captação de recursos por meio de empréstimos intercompanhias; 135) logo, nada mais natural, usual e justificável, dentro dessa conjuntura econômica, que a recorrente assumisse os encargos derivados dos contratos de empréstimo firmados em moeda estrangeira, inclusive aqueles decorrentes de perdas de variação cambial, de forma a não onerar, ainda mais, suas subsidiárias, já seriamente afetadas pelos efeitos da crise econômica mundial; 136) ora, se esses encargos, em situações as mais diversas, são comumente arcados pela mutuante, com sólidas razões devem ser admitidos em situações como aquela que atingiu as subsidiárias, necessitadas de recursos para contornar, em parte, os efeitos indesejados da crise econômica que assolou o mercado internacional, a partir de 2008; 137) essa, portanto, era a intenção das partes: contratar mútuo, mas deixar sob a responsabilidade da mutuante qualquer perda oriunda de variações cambiais passivas; 138) tanto é verdade que essa era a intenção das partes que a recorrente, como é natural que aconteça em avenças dessa natureza, assumiu esse ônus, não os repassando às suas subsidiárias, tampouco sendo ressarcida dos correspondentes valores; 139) acresçase que o ônus da variação cambial, em qualquer contrato vinculado a moeda estrangeira, é daquele que está submetido a essa variação por conta da oscilação de sua moeda em relação à moeda estrangeira. Na hipótese, o Real submetiase e ainda se submete a variações, quando comparado com outras moedas, o que indica que o contribuinte sediado no Brasil deve arcar com esse ônus econômico, além de lhe ser permitido deduzir tal montante na apuração do lucro a ser tributado; 140) afora o exposto, é preciso considerar, ainda, que o dispositivo do art. 299 do RIR/99 reflete norma geral aplicável a todas as despesas para as quais não haja uma norma específica, eis que esta última afasta a norma geral, não apenas por se tratar de princípio básico de hermenêutica, mas regra do art. 2°, § 2o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Além disso, a norma específica, quando autoriza a dedução, traz implícito o reconhecimento de que se trata de despesa necessária à produção dos resultados tributáveis ou à manutenção da respectiva fonte produtora; 141) para as variações monetárias, o ordenamento jurídico possui a norma especial dos arts. 375, 377 e 378 do RIR/99, de modo que, em princípio, não se deve cogitar da aplicação do disposto no art. 299, dandose prevalência às explícitas e específicas determinações daqueles dispositivos; 142) importante que se destaque que essa regra aplicase inteiramente à CSLL, conforme disposição expressa do citado art. 9° da Lei nº 9.718/1998, o qual determina que as variações monetárias serão consideradas como despesas financeiras, tanto na legislação do IRPJ quanto da CSL; 143) dessa forma, tendo em vista a existência de norma específica sobre a dedutibilidade de despesas relativas a variações monetárias passivas, afastase a aplicação da norma geral, não podendo aplicarse o disposto no art. 299 à presente situação, em face da autorização específica dos dispositivos supra; Fl. 2760DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.761 26 144) nesses termos, a presente autuação não encontra amparo no ordenamento jurídico, tampouco na jurisprudência pacífica sobre a matéria, devendo ser cancelada, autorizandose a dedução das variações monetárias passivas, tal como efetivada pela recorrente; 145) não obstante o que foi dito, ainda que a dedutibilidade das despesas em litígio fosse analisada à luz do art. 299 do RIR/99, elas conservariam sua qualidade de dedutíveis, pois se mostraram absolutamente adequadas ao conceito de necessidade; 146) examinandose objetivamente o previsto na lei fiscal, a despesa será necessária e, consequentemente dedutível, quando for inerente à atividade da empresa, ou dela decorrente, ou com ela relacionada, ou surgir simplesmente da existência da empresa ou do papel social que ela desempenha; 147) no caso dos autos, conforme mencionado, quando dos empréstimos, as subsidiárias CBMM Europe BV, CBMM Asia PTE e Reference Metals Company Inc precisavam de recursos para suportar os custos das aquisições de nióbio por elas realizadas. Isso porque, em virtude da inesperada crise econômicofinanceira internacional, essas subsidiárias não conseguiram escoar a totalidade dos produtos derivados de nióbio adquiridos da recorrente, o que exigiu a captação de recursos por meio de empréstimos intercompanhias; 148) nessa ordem de idéias, está claro, pois, que os recursos financeiros empregados na concessão do empréstimo decorreram diretamente da atividade econômica desenvolvida pela recorrente e, por via reflexa, os encargos dele decorrentes, normais e usuais em operações dessa natureza, de igual forma, geram despesas dedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL; 149) mesmo sob a ótica do art. 299 do RIR/99, tais despesas são dedutíveis da apuração do lucro real, visto que a variação cambial, decorrente de quaisquer empréstimos contratados com pessoas em outros países, inclusive com pessoas jurídicas vinculadas, é considerada despesa usual e normal, nos termos do disposto no parágrafo 2° do referido artigo; 150) é importante dizer que as subsidiárias mutuárias são as responsáveis por escoar a produção do nióbio da recorrente, de forma que a saúde financeira dessas pessoas jurídicas estrangeiras está estritamente ligada à saúde financeira da própria recorrente, que depende delas para realizar a venda de seus produtos; 151) caso os empréstimos não tivessem sido efetuados, as subsidiárias poderiam sofres graves danos, inclusive com o risco de falência, o que prejudicaria diretamente a própria recorrente, em virtude da impossibilidade de escoamento de sua produção ao redor do mundo; 152) nesse contexto, nada mais natural, normal, que a recorrente arcasse, como de fato arcou, com as perdas derivadas das variações cambiais passivas, pois não seria razoável, diante da conjuntura econômica exposta, exigilo de suas subsidiárias, repitase, seriamente impactadas pela crise mundial; 153) vista a situação específica relativamente à recorrente e suas subsidiárias, a glosa da variação monetária passiva aqui combatida configurase interferência do agente fiscal, porquanto pautada em subjetivismo que a lei não admite, por várias razões hauridas do que já foi exposto. Fl. 2761DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.762 27 B.2.2) As despesas com IOF/Câmbio: 154) conforme exposto anteriormente, no entender do agente fiscal, a recorrente não deveria ter assumido despesas de IOF/Câmbio, decorrentes dos empréstimos que firmou com subsidiárias no exterior, porque tais despesas não seriam usuais, normais, ou essenciais às suas atividades, assim não se enquadrando no conceito de necessidade previsto no art. 299 do RIR/99, e também porque a recorrente teria celebrado contrato com suas subsidiárias para que estas, e não aquela, assumissem a responsabilidade por todos os tributos derivados dos empréstimos, no que se incluiria o IOF/Câmbio; 155) ocorre que, ao proceder desse modo, a Fiscalização glosou a dedutibilidade de tributo arcado pela recorrente na qualidade de sujeito passivo, em manifesta afronta ao disposto no art. 41 da Lei nº 8.981/1995, atualmente consolidado no art. 344 do RIR/99, o qual contém norma específica que disciplina a dedução de despesas com tributos, para fins de determinação do lucro real; 156) ainda se deve considerar que o contribuinte do IOF, incidente sobre a operação de câmbio (conversão de moedas), é a pessoa física ou jurídica que comprar, ou vender, moeda estrangeira na operação referente à transferência financeira para ou do exterior, nos termos do art. 6º, da Lei n. 8.894/1994 e art. 11 do Decreto nº 6.306/2007; 157) não obstante a disposição expressa do disposto no art. 344 do RIR/99, a Fiscalização proferiu entendimento no sentido de que as despesas relativas ao lOF/Câmbio seriam indedutíveis em virtude de previsão, nos contratos firmados entre a recorrente e suas subsidiárias, no sentido de que todas as perdas deles decorrentes seriam assumidas pelas mutuarias; 158) alertese para o fato de que o mencionado dispositivo contratual é inaplicável ao caso em apreço, pois a referida cláusula não pretende transferir às mutuárias a responsabilidade pelo reembolso de tributos devidos pela mutuante na condição de contribuinte, tal como é o caso do IOF/Câmbio; 159) o que a referida cláusula prevê é a assunção, pelas mutuárias, do ônus dos tributos que sejam de sua responsabilidade, isto é, dos quais elas sejam contribuintes, mas que, em virtude de sua condição de não residentes, venham a ser exigidos, pela lei, da mutuante (ora recorrente), enquanto responsável tributária; 160) essa cláusula abarcaria eventual IRRF pago pela fonte pagadora do rendimento, situada no Brasil, na qualidade de responsável tributária. Nesse caso específico, se a fonte pagadora assumisse o ônus do imposto, sendo, por isso, obrigada a providenciar o reajustamento do rendimento bruto (base de cálculo do imposto), o chamado "gross up", de que trata o art. 725 do RIR/99, poderia, aí sim, invocar os dizeres da referida cláusula com vistas ao reembolso do correspondente valor da pela mutuária; 161) daí ser possível afirmar, diante desses esclarecimentos, que a aludida cláusula não se aplica em relação ao IOF/Câmbio, eis que a própria mutuante, ora recorrente, é contribuinte dessa exação fiscal, tendo efetuado o recolhimento do imposto, como era natural que acontecesse, sem repassar o correspondente ônus às suas subsidiárias; 162) isso porque, nos termos do art. 10 do Decreto nº 6.306/2007, a hipótese de incidência do lOF/Câmbio é a realização de operação de câmbio, assim entendida a Fl. 2762DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.763 28 operação por meio da qual ocorre a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente (ou sua colocação à disposição do interessado), em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional, entregue ou posta à disposição do interessado; 163) ou seja, o lOF/Câmbio não corresponde a imposto ou encargo cobrado "sobre o empréstimo", mas, sim, sobre a "operação de câmbio", isto é, sobre o negócio jurídico de conversão de moedas; 164) ademais, quanto à necessidade dessas despesas, a recorrente ratifica tudo que foi dito no subitem anterior (B.2.1). B.3) Inaplicabilidade do art. 299 do RIR/99 à CSLL: 165) com relação ao lançamento de ofício da CSLL, com muito mais razão se impõe o seu cancelamento, uma vez que, segundo entendimento estratificado na jurisprudência do antigo 1o Conselho de Contribuintes, o fundamento legal do art. 299 do RIR/99, no qual está baseada a presente autuação, qual seja, o art. 47 da Lei n° 4.506, restringese apenas ao imposto de renda, não se aplicando à contribuição em foco; 166) com efeito, no momento em que essa lei foi promulgada, a CSLL não existia em nosso ordenamento jurídico, o que somente veio a ocorrer em 1988, com o advento da Lei nº 7.689/1988; 167) ademais, as regras legais, que regulam a incidência do IRPJ, a princípio, não são autoaplicáveis na determinação da base de cálculo da CSLL. Analisando a sistemática das leis que tratam desses dois tributos, verificase que as regras direcionadas ao lucro real são distintas das dirigidas ao lucro líquido, sendo que, quando o legislador pretendeu conferir o mesmo tratamento perante esses tributos, ele o fez expressamente; 168) nesse particular, andou bem o acórdão recorrido, ao afirmar que nem todas as restrições à dedutibilidade de dispêndios previstas pela legislação do IRPJ são, automaticamente, aplicáveis à CSLL; 169) apesar disso, o acórdão recorrido acabou mantendo a glosa das despesas em foco, também para fins de apuração da CSLL, sob o argumento de que "a glosa das despesas no Auto de Infração ora em litígio não foi motivada por disposições específicas da legislação de IRPJ', tendo ainda acrescentado que "a autuação se deu em razão de as despesas serem consideradas desnecessárias"; 170) realmente, do auto de infração consta o seguinte: "despesas não necessárias apuradas conforme Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante do presente Auto de Infração". E, mais, o Termo de Verificação Fiscal, que faz parte integrante do auto de infração, adotou, dentre seus fundamentos, o art. 299 do RIR/99; 171) ora, qualquer glosa, quando efetuada pela Fiscalização sob a alegação de tratarse de despesa não necessária, haure seu fundamento do art. 299 do RIR/99, já que este dispositivo declara textualmente que a despesa dedutível, para fins de IRPJ, deve ser necessária à atividade da empresa; 172) portanto, não tem lugar a afirmação do acórdão recorrido de que a autuação fiscal atinente à CSLL não está lastreada na legislação do IRPJ; Fl. 2763DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.764 29 173) sendo assim, estando lastreada em restrições à dedutibilidade de despesas não aplicáveis à CSLL, forçoso concluirse pelo caráter indevido da glosa fiscal ora combatida; 174) no tocante às variações cambiais passivas, cabe salientar que as regras dos artigos 375, 377 e 378 do RIR/99 dizem respeito, exclusivamente, à dedutibilidade dessas despesas na apuração da base de cálculo do lucro real; 175) por conseguinte, inexiste disposição normativa que estabeleça requisitos ou condições para a dedutibilidade das variações cambiais passivas, para fins de apuração da base de cálculo da CSLL; 176) igualmente, as demais despesas retratadas no TVF não merecerem regulação específica para fins de dedução na base de cálculo da CSLL; 177) nem se alegue, como fez o acórdão recorrido, que, em situações como essas, fazse necessário perquirir, também, as chamadas "regras básicas" para a dedutibilidade de despesas, a saber: a) os valores não podem ser passíveis de apropriação direta em custo e não podem constituir inversões de capital; b) os valores devem ser despesas necessárias; c) os valores devem ser comprovados e escriturados; e d) os valores devem ser debitados no período base competente; 178) essas regras, mais precisamente aquelas descritas nas letras "a" e "b", acima, retiram seu fundamento de validade do art. 299 do RIR/99 e do art. 47 da Lei nº 4.506/1964, ambos inaplicáveis à CSLL, motivo pelo qual é inegável que essas despesas são dedutíveis da apuração dessa contribuição, independentemente das regras estatuídas nos referidos dispositivos. B.4) Inaplicabilidade de juros de mora sobre multa de ofício: 179) subsidiariamente, caso sejam mantidos total ou parcialmente os autos de infração ora combatidos, o que se admite apenas para fins de argumentação, a recorrente ressalta que deve ser prontamente afastada a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, diante da ausência de previsão legal expressa; 180) em que pese tenha afirmado, num primeiro momento, que tais juros não constam do lançamento, pelo que não constituiriam matéria litigiosa, o acórdão recorrido acabou enfrentando a questão, asselando que existe, sim, base legal para a exigência dos juros sobre a multa de ofício; 181) contudo, a recorrente entende que não existe previsão legal que autorize a cobrança de juros sobre a multa de ofício, conforme interpretação que ressai do artigos 61, § 3º, do CTN. C) Pedido: 182) Diante do que precede, a recorrente requer seja seu recurso conhecido e provido, para o fim de determinar o cancelamento das exigências fiscais de IRPJ e CSLL consubstanciadas no presente processo administrativo; Fl. 2764DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.765 30 183) subsidiariamente, na remota hipótese de se entender pela manutenção do lançamento, a recorrente suplica o afastamento da cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, tendo em conta a ausência de previsão legal expressa neste sentido. Contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional às fls. 2.591/2.609. Laudo pericial juntado aos autos pela recorrente, às fls. 2.620/2.716. Manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional sobre o laudo pericial, às fls. 2.720/2.725. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Relator. Na interposição do presente recurso estão reunidos os requisitos de recorribilidade. Dele conheço. Passase à apreciação da questão relativa à despesa desnecessária, para os anoscalendário de 2008 e 2009. Conforme Termo de Verificação Fiscal de 08/07/2013 (TVF 08/07/2013) (fl. 2.110), “a falta de necessidade da despesa decorre do fato de que o contribuinte assumiu encargos mais pesados junto a várias instituições financeiras, repassando valores a outras empresas com encargos menores ou inexistentes. Tal operação não faz parte do objeto da empresa, por isso o excesso de encargo assumido é desnecessário. As outras empresas poderiam ter obtido o empréstimo diretamente junto à instituição financeira, sem usar o sujeito passivo como intermediário, dividindo com ele a assunção dos encargos.” Assim, de acordo com o relato fiscal, à fl. 2.110, nos anoscalendário de 2008 e 2009, a recorrente obteve empréstimos onerosos (Financiamentos Passivos) e, no mesmo período, concedeu “empréstimos de mútuo” (sic) a pessoas ligadas e a outras empresas (Financiamentos Ativos). Entretanto, não exigiu dos beneficiários de seus empréstimos o ressarcimento dos ônus dos encargos financeiros por ela suportados, na mesma proporção dos capitais repassados, conforme o descrito no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 07/06/2013 (TCIF 07/06/2013), às fls. 720 a 792, para o anocalendário 2008; no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 10/06/2013 (TCIF 10/06/2013), às fls. 793 a 845, para o anocalendário de 2009; e no Tópico IIIDESCRIÇÃO DOS FATOS do TVF, às fls. 2096/2124. Diante disso, impende trazer à luz os aspectos fáticos descritos em detalhes no TCIF 07/06/2013 referentemente às ocorrências do anocalendário de 2008, bem como no TCIF 10/06/2013, referentemente às ocorrências do anocalendário de 2009. Para começar, seguem as referências constantes do TCIF 07/06/2013: “1.1 Verificamos na contabilidade do contribuinte, que no anocalendário 2008, o mesmo promoveu a captação de empréstimos onerosos (Financiamentos Passivos) e, no mesmo período, concedeu empréstimos a outras empresas (Financiamentos Ativos). Fl. 2765DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.766 31 1.2 Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, relacionamos todas as contas analíticas relativas aos Financiamentos Passivos (empréstimos tomados) da empresa, e intimamos o contribuinte a verificar se alguma conta não teria sido relacionada. Na resposta apresentada, não apontou nenhuma conta que teria ficado excluída da análise, mas discordou da inclusão das contas sintéticas 21104,11210 e 11211. Apesar da discordância do contribuinte, esta Auditoria mantém a postura constante do Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 01/02/2013, em que concluímos que as operações de ACC e ACE caracterizam modalidades de financiamento. Isso posto, ficou definido o Grupo Financiamentos Passivos (anocalendário 2008): 1) 21102001 BNDES Passivo Circulante 2) 21102003 Banco Sumitomo Mitsui Brasileiro S.A. Passivo Circulante 3) 22101001 BNDES Passivo Não Circulante 4) 21104 Adiantamento de Câmbio Passivo Circulante 5) 11210 Bancos C/Financiamento (ACE) Ativo Realizável a Curto Prazo 6) 11211 BANCOS C/FINANCIAMENTO (VINCULADAS) Ativo Realizável a Curto Prazo 1.3 Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, relacionamos todas as contas analíticas relativas aos Financiamentos Ativos (empréstimos concedidos) pela empresa, e intimamos o contribuinte a verificar se alguma conta não teria sido relacionada. Na resposta apresentada, não apontou nenhuma conta que teria ficado excluída da análise, mas discordou da inclusão das contas 11205003, 11205008 e 11205009. Apesar da discordância do contribuinte, esta Auditoria mantém a postura constante do Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 01/02/2013, em que concluímos que os direitos a receber registrados nessas contas caracterizam modalidades de empréstimo. Isso posto, ficou definido o Grupo Financiamentos Ativos (anocalendário 2008): 1) 11205003 CODEMIG IMPOSTOS Ativo Realizável Curto Prazo 2) 11205008 CODEMIG – ACC Ativo Realizável Curto Prazo 3) 11205009 CODEMIG – ACE Ativo Realizável Curto Prazo 1.4 Geramos a consolidação diária do Grupo Financiamentos Passivos (totais diários a débito e a crédito de todas as contas que compõem o grupo), e calculamos a média ponderada anual dos saldos finais, Consoante Anexo I ao presente Termo. Na coluna "N° de Dias", calculamos o número de dias que o saldo credor se repete. Na coluna "N° de Dias * Saldo Final", calculamos o saldo vezes o número de dias que esse saldo se repete. O somatório da coluna "N° de Dias * Saldo Final" dividido pelo somatório da coluna "N° de Dias", é a média ponderada anual dos saldos finais. Fl. 2766DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.767 32 1.5 Geramos a consolidação diária do Grupo Financiamentos Ativos (totais diários a débito e a crédito de todas as contas que compõem o grupo), e calculamos a média ponderada anual dos saldos finais, Consoante Anexo II ao presente Termo. A regra de apuração foi a mesma citada no item 1.4. 1.6 A relação entre as duas médias ponderadas nos permite concluir que 7,62% dos financiamentos passivos foram repassados a outras empresas, de forma que esse mesmo percentual das despesas com financiamentos passivos deve ser repassado a essas empresas: Média Ponderada Saldos Empréstimos Passivos 1.234.757.437,46 Média Ponderada Saldos Empréstimos Ativos 94.135.681,23 Proporção dos Empréstimos Repassados 7,62% 1.7 Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, relacionamos todas as contas analíticas relativas às despesas (juros/encargos/atualização/variação monetária) dos financiamentos passivos da empresa, e intimamos o contribuinte a verificar se alguma conta não teria sido relacionada. Na resposta apresentada foi apontada a conta 31402020, ocorre que não identificamos essa conta nas contrapartidas das atualizações dos financiamentos passivos. Geramos o razão com contrapartidas do Grupo Financiamentos Passivos e filtramos as contrapartidas de despesas consoante Anexo III ao presente Termo. Totalizamos os valores das despesas que atualizaram os financiamentos passivos, a débito e a crédito no anocalendário conforme demonstramos abaixo: Grupo Juros/Encargos com Financiamentos Passivos (anocalendário 2008): Cód. Conta Conta Total Débito Total Crédito Saldo Devedor 0031401002 DESPESAS BANCARIAS Cl EXPORTAÇÃO 20,37 20,37 0031401003 DESPESAS Cl FINANC E EMPRÉSTIMOS 8.886.751,33 25.736,25 8.861.015,08 0031401007 JUROS C/DESC.CAMBIAIS 44.948.267,65 1.930.122,93 43.018.144,72 0031401014 IOF S/OPERACOES DE CAMBIO 193.287,90 _ 193.287,90 0031402001 SI EXPORTAÇÕES 31.565.924,28 295.313,39 31.270.610,89 0031402002 S/ MOEDAS ESTRANGEIRAS 79.381.015,96 18.638.263,17 60.742.752,79 164.975.267,49 20.889.435,74 144.085.831,75 1.8 Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, relacionamos todas as contas analíticas relativas às receitas (juros/encargos/atualização/variação monetária) dos Financiamentos Ativos da empresa, e intimamos o contribuinte a verificar se alguma conta não teria sido relacionada. Na resposta apresentada, apontou as contas 4122001, 4122002 e 4122005. Nenhuma dessas contas figurou como contrapartida de atualização dos Financiamentos Ativos (empréstimos concedidos) da empresa. 0031401003 DESPESAS Cl FINANC E EMPRÉSTIMOS 8.886.751,33 25.736,25 8.861.015,08 0031401007 JUROS C/DESC.CAMBIAIS 44.948.267,65 1.930.122,93 43.018.144,72 0031401014 IOF S/OPERACOES DE CAMBIO 193.287,90 _ 193.287,90 0031402001 SI EXPORTAÇÕES 31.565.924,28 295.313,39 31.270.610,89 0031402002 S/ MOEDAS ESTRANGEIRAS 79.381.015,96 18.638.263,17 60.742.752,79 164.975.267,49 20.889.435,74 144.085.831,75 Fl. 2767DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.768 33 Geramos o razão com contrapartidas do Grupo Financiamentos Ativos e filtramos as contrapartidas de receitas. Totalizamos os valores das receitas que atualizaram os financiamentos ativos, a débito e a crédito no anocalendário, resultando em um saldo credor de R$74.575,63(144.049,0869473,45) conforme demonstramos abaixo: Grupo Juros/Encargos com Financiamentos Ativos (anocalendário 2008). Data Cód. Conta Conta D/C Débitos Créditos Histórico Número 31/01/200 8 4130100 5 OUTRA S C 69.473,45 VLR ATUALIZAÇÃO IMPOSTOS 2007 CODEMIG 4002045 31/01/200 8 4130100 5 OUTRA S D 69.473,45 ESTORNO DOC 4002045 4002198 07/02/200 8 4130100 5 OUTRA S C 69.473,45 VLR ATUALIZAÇÃO IMPOSTOS 2007 CODEMIG 4002199 06/03/200 8 4130100 5 OUTRA S C 5.102,18 ATUALIZAÇÃO SALDO DEVEDOR CODEMIG 2007 4003817 69.473,45 144.049,08 1.9 Consoante Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, o contribuinte foi intimado a verificar e informar para cada conta analítica do Grupo Juros/Encargos com Financiamentos Passivos, se a integralidade das despesas nelas registradas eram referentes às contas que compõem o Grupo Financiamentos Passivos, e caso fosse parcial, segregar e informar por ano, conta, total a débito, total a crédito. Na resposta apresentada, o contribuinte efetuou a segregação de acordo com seu entendimento em relação às contas que deveriam compor o Grupo Financiamentos Passivos, de forma que desprezamos a segregação efetuada pelo mesmo. 1.10 Como já citamos no item 1.6, 7,62% das despesas com financiamentos ativos (R$144.085.831, 75 * 7,62% = R$10.984.844,08), devem ser repassados às empresas tomadoras de empréstimos do contribuinte. Identificamos o repasse no valor de apenas R$74.575,63, conforme item 1.8. 1.11 Não são dedutíveis do lucro da repassadora os encargos financeiros atinentes às parcelas de empréstimos repassados, se a repassadora não exigir das recebedoras dos repasses o ressarcimento dos ônus na proporção dos capitais repartidos. 1.12 Portanto, o valor de R$10.910.268,45 (R$10.984.844,08 R$74.575,63) caracteriza despesa não dedutível na apuração do resultado do contribuinte. 1.13 Consoante Termo de Intimação Fiscal de 01/03/2013, o contribuinte foi intimado a esclarecer como são segregadas na sua contabilidade, nos termo do art. 254 do RIR/99, as operações da Sociedade em Conta de Participação SCP em que figuram como sócios a CBMM e CODEMIG, e caso existissem contas específicas para operações próprias e exclusivas da CBMM, apresentasse a listagem das contas. No mesmo ato foi intimado a apresentar os arquivos magnéticos relativos a registros contábeis contendo campo especifico de identificação dos registros relativos à segregação das operações da SCP. 1.14 Em resposta apresentada em 12/03/2013 esclareceu que optou por escriturar as operações da SCP em livros próprios, que possui um Livro Auxiliar em Fl. 2768DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.769 34 que escritura as operações da SCP e um livro Diário Geral que, além da escrituração do Sócio Ostensivo, consolida estes dois livros. Esclareceu ainda que o Plano de Contas utilizado pelo Sócio Ostensivo e pela SCP é o mesmo, e que existe um código adicional (COMG) que é utilizado para identificar as movimentações que deverão constar do Livro Diário da SCP. Apresentou arquivos magnéticos e complementou com novos arquivos magnéticos em 28/03/2013. 1.15 Verificamos nos arquivos magnéticos que não existe o código adicional para varias contas patrimoniais objeto de análise (Financiamentos Ativos e Financiamentos Passivos), ou seja, podemos inferir que as operações são exclusivas da CBMM. 1.16 Consoante Termo de Intimação Fiscal de 04/04/2013, o contribuinte foi intimado a informar, em relação a todas as contas sintéticas e analíticas citadas no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 27/03/2013, e qualquer outra que viesse a ser acrescenta (sic) pelo mesmo, se todas as operações nelas registradas são relativas à Sociedade em Conta de Participação SCP, e, Caso exista alguma conta que se refira exclusivamente à CBMM, ainda que parcial, informar a conta e apresentar razão dos lançamentos respectivos em meio magnético no formato de planilha eletrônica. 1.17 Na resposta apresentada em 26/04/2013 e 31/05/2013 apresentou planilhas com segregação apenas das contas de resultado. Transcrevemos a resposta do contribuinte: "Com relação ao Termo de Intimação Fiscal datado de 04.04.2003, que solicita a segregação entre as operações da SCP e da CBMM, a Requerente apresenta as planilhas anexas aos docs. 04 e 05, nas quais há a indicação dos lançamentos que se referem exclusivamente à CBMM." 1.18 Ora se em relação às contas patrimoniais não existem operações exclusivas da CBMM, como podem ocorrer operações exclusivas da CBMM em relação às contas de resultado que atualizam essa mesmas contas patrimoniais (despesas de financiamentos)? Não existe coerência na resposta apresentada pelo contribuinte. A legislação determina que se evidenciem nos registros contábeis os lançamentos referentes a SCP, ou seja, todas aqueles que decorrem do contrato, escrito ou não, e para atender aos objetivos do contrato, considerando, inclusive, a equiparação da SCP a pessoa jurídica nos termos dos arts. 148 e 149 do RIR/99, portanto sujeitas a todas as obrigações pertinentes como as demais pessoas jurídicas, inclusive o levantamento das demonstrações financeiras, o que necessariamente envolve as contas patrimoniais. Dentro das operações da SCP, segregar frações de operações de competência de cada um dos sócios desta, não é o intuito da segregação contida no regramento legal, embora esse tipo de operação possa atender aos objetivos dos sócios da mesma. 1.19 Todos os cálculos constantes deste Termo foram feitos sem qualquer segregação entre CBMM e SCP.” Fl. 2769DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.770 35 O primeiro detalhe a ser destacado do TCIF 07/06/2013 é o fato de que as contas componentes do Grupo Financiamentos Passivos geraram despesas com juros/encargos/atualização/variação monetária na importância de R$ 144.085.831,75. O segundo detalhe a ser destacado do TCIF 07/06/2013 está na circunstância segundo a qual as contas componentes do Grupo Financiamentos Ativos geraram receitas com juros/encargos/atualização/variação monetária na importância de R$ 74.575,63. O terceiro detalhe a ser destacado do TCI 07/06/2013 reside na determinação de uma grandeza percentual, que a Fiscalização deu o nome de “proporção dos empréstimos repassados”, que é o resultado da relação percentual entre a “média ponderada dos saldos de empréstimos ativos” e a “média ponderada dos saldos de empréstimos passivos”. Para o ano calendário de 2008, a proporção dos empréstimos repassados é igual a 7,62%. No entendimento da Fiscalização, esse número expressa que, de cada R$ 100,00 tomados emprestados pela recorrente, R$ 7,62 foram repassados a terceiros. Se isso procede, e a Fiscalização entende que procede, então o mesmo percentual de 7,62% deve ser aplicado sobre as despesas geradas pelos Financiamentos Passivos para a apuração do valor que deveria ter sido repassado àqueles para quem a recorrente emprestou o dinheiro que tomara emprestado. Por essa linha de raciocínio, a Fiscalização concluiu que a recorrente deveria ter cobrado os juros/encargos/atualização/variação monetária por ela incorridos, com a contratação dos empréstimos passivos, em razão da transferência a terceiros dos recursos obtidos por tais empréstimos. Por outra perspectiva, isso significa que os Cofres Públicos não devem ser atingidos pela opção da recorrente a favor da geração de despesa dedutível, com a assunção de financiamentos passivos para a obtenção de recursos financeiros, no mercado, destinados a outrem. Assim, tendo incorrido em despesas que alcançaram o total de R$ 144.085.831,75, no anocalendário de 2008, daí se infere, do ponto de vista da Fiscalização, que o percentual de 7,62% dessa quantia deveria ter sido repassada àqueles para quem emprestou o dinheiro, o que equivale a R$ 10.984.844,08. Entretanto, os Financiamentos Ativos geraram a pequena importância de R$ 74.575,63 a título de receitas de juros/encargos/atualização/variação monetária. Logo, a diferença entre R$ 10.984.844,08 e R$ 74.575,63, no valor de R$ 10.910.268,45, corresponde ao excesso de despesa financeira que não poderia ser deduzido, no cômputo do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Todavia, a Fiscalização retificou o total das despesas decorrentes dos Financiamentos Passivos, conforme TVF, às fls. 2.105/2.106, corrigindoo para R$ 148.393.705,31. Com isso, inferiuse que o valor de R$ 11.307.600,34 (que é o resultado da aplicação de 7,62% sobre R$ 148.393.705,31) deveria ter sido repassado. Dentro desse painel, sabendose que a recorrente já submetera à tributação a verba de R$ 74.575,63, a título de receitas financeiras derivadas de Financiamentos Ativos, pôdese determinar que a quantia de R$ 11.233.024,71, que corresponde à diferença entre R$ 11.233.024,71 e R$ 74.575,63, é o montante indedutível das despesas mencionadas, para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL do anocalendário de 2008. Já os fatos relativos ao anocalendário de 2009 estão descritos no TCIF 10/06/2013. Podese ver que a metodologia e o critério empregados para a determinação da despesa indedutível, em relação ao anocalendário de 2008, são os mesmos que foram empregados para a determinação da despesa indedutível, em relação ao anocalendário de 2009. Nesse contexto, o montante da despesa indedutível, no anocalendário de 2009, segundo a Fiscalização, é da ordem de R$ 9.993.760,33. Porém, correções ulteriores levadas a efeito no Fl. 2770DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.771 36 TVF, às fls. 2.107/2.110, provocaram a redução da despesa indedutível para valor de R$ 7.776.955,76, no que tange à apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Em suma, a Fiscalização concluiu que restou demonstrada toda a sistemática de cálculo adotada para a apuração das despesas não necessárias, nos valores de R$11.233.024,71 e R$7.776.955,76, em relação aos anoscalendário de 2008 e 2009, respectivamente. Isso porque, segundo a Fiscalização, não são despesas necessárias (consequentemente, despesas indedutíveis) os encargos financeiros referentes às parcelas de empréstimos repassados, se a repassadora não exigir das recebedoras dos repasses o ressarcimento dos ônus na proporção dos capitais repartidos. É preciso reiterar um ponto relevante da acusação, de acordo com o qual a falta de necessidade da despesa decorre do fato de que a recorrente assumira “encargos mais pesados junto a várias instituições financeiras, repassando valores a outras empresas com encargos menores ou inexistentes”. A Fiscalização sublinha que tal apoio não faz parte do objeto da empresa; por isso, o excesso de encargo assumido é desnecessário, já que “as outras empresas poderiam ter obtido o empréstimo diretamente junto à instituição financeira, sem usar o sujeito passivo como intermediário, dividindo com ele a assunção dos encargos.” Em sua defesa, a recorrente ressalta que constituiu uma sociedade em conta de participação (SCP) com a CODEMIG, visando ao beneficiamento e à industrialização do pirocloro. Nessa SCP, a recorrente é o sócio ostensivo e a CODEMIG, o sócio oculto. Essa última, segundo suas explicações, tem direito a uma participação de 25% do lucro apurado pela SCP, após o efetivo desembolso de despesas e o efetivo recebimento de receitas. A recorrente também alude ao fato de que, como sócia ostensiva da SCP, cabialhe captar empréstimos (i) tanto para uso próprio, no desenvolvimento de suas atividades, (ii) quanto para o desenvolvimento das atividades da SCP, tendo observado, nesse último caso, o reconhecimento das despesas que lhe são próprias, na exata proporção de sua participação na SCP. Ao apresentar esse quadro fático, realça que todas as remessas de recursos financeiros efetuadas à CODEMIG deramse no contexto da SCP, ou seja, decorreram da participação que esta companhia detinha, e que ainda detém, nos resultados da SCP, e nada mais. Nessa toada, a recorrente destaca que a contabilização das atividades que executa em nome próprio (tal como a captação de empréstimos para uso em suas atividades) é efetuada em separado, e de forma segregada, da contabilização das atividades que desempenha no âmbito de sua atuação como sócia ostensiva (tal como a captação de empréstimos para uso nas atividades da SCP). Imersa em tal ordem de idéias, sustenta que o acórdão recorrido teceu ilações infundadas, não lastreadas em prova e que subvertem a realidade dos fatos, ao mencionar que, na contabilização dos resultados da SCP, não se faz possível "a identificação de cada operação relativa ao sócio ostensivo e ao oculto, o que contraria a legislação tributária e contábil”. Nessa vereda, assinala que tal afirmação, contida no acórdão recorrido, decorre de falta de análise e investigação dos fatos e documentos que trouxera à baila, além de mostrar que o agente fiscal não conhece o funcionamento das sociedades em conta de participação em geral e, em especial, daquela contratada entre a recorrente e a CODEMIG. Na perspectiva indicada, a recorrente enfatiza que a autoridade julgadora a quo não examinou a escritura de constituição da SCP nem os lançamentos contábeis que lhe dão respaldo, pois, se o fizesse, teria verificado que a contabilização dos resultados da SCP é segregada e que é a recorrente, na qualidade de sócia ostensiva desta sociedade, e não a sócia participante, quem exerce a atividade constitutiva do objeto social, "em seu nome individual e Fl. 2771DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.772 37 sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes", nos termos do art. 991 do Código Civil. Em outras palavras, explica que as operações a que o acórdão recorrido se referiu, e que supostamente não seriam identificáveis, ou passíveis de correlação a esse ou àquele sócio, foram praticadas pela recorrente, enquanto sócia ostensiva da SCP, salientando que a possibilidade de identificação das operações específicas da SCP se evidencia da leitura do Termo de Verificação Fiscal, o qual relaciona diversas contas e lançamentos contábeis que expõem, às claras, a segregação dos resultados da SCP. Em termos gerais – acrescenta a recorrente o contrato de SCP estabelece que a CODEMIG tem direito a uma participação de 25% (vinte e cinco por cento) do lucro apurado pela SCP, sem prejuízo de ajustes estabelecidos em contrato. Tal participação é calculada com base no lucro apurado após o imposto de renda, como vem ocorrendo até os dias atuais, nos termos acordados contratualmente, conforme itens 12.1 e 12.2 da "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM" (doc. 04 da impugnação), sem deixar de observar as disposições da legislação em vigor, seja para a contabilização do resultado da SCP, seja para a apuração de seu próprio lucro. No entanto, chama a atenção para o fato de que a participação da CODEMIG, conforme o que se convencionou, somente lhe pode ser paga após o efetivo desembolso de despesas e o efetivo recebimento de receitas, isto é, o direito a participação nos lucros da SCP está baseado no chamado "regime de caixa", de tal modo que os efeitos dos negócios jurídicos e das respectivas mutações patrimoniais somente são reconhecidos após sua efetiva realização financeira. Daí, adverte que não há qualquer impedimento legal quanto à adoção de tal procedimento, o qual decorre da liberdade de contratar de que desfrutam os convenentes, o que não a impede de contabilizar os resultados da SCP pelo regime de competência, como de fato contabiliza, embora distribua à CODEMIG, sócia participante, a parte que lhe cabe nos lucros, se obedecido o regime de caixa, ou seja, após os ingressos e saídas de recursos, conforme pactuado pelos contratantes. Cabe ainda anotar que a recorrente, em resposta à Fiscalização, às fl. 2.024, expôs que “registra em contas patrimoniais tanto as suas operações próprias e exclusivas, quanto as operações praticadas na qualidade de sócia ostensiva, na exploração da atividade da SCP. Entretanto, como a partilha da CODEMIG é baseada em resultados, a segregação dos lançamentos específicos da SCP, com o código adicional (COMG), ocorre apenas nas contas de receitas e despesas, visando proporcionar efetiva apuração dos resultados da SCP, que serão partilhados entre os sócios”. A Fiscalização considerou que os empréstimos concedidos pela recorrente, que importam ao presente feito, para os fatos ocorridos no anocalendário de 2008, são aqueles lançados com os códigos “11205003 CODEMIG IMPOSTOS”, “11205008 CODEMIG – ACC” e “11205009 CODEMIG – ACE”. Portanto, pelo ponto de vista da Fiscalização, a recorrente teria assumido dívidas, incorrendo em despesas financeiras, para conceder os empréstimos contabilizados com as siglas acima. No Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 01/02/2013 (TCIF 01/02/2013), às fls. 624/633, a Fiscalização formulou suas conclusões decorrentes da análise das precitadas contas, após colher informações da recorrente, no curso da investigação. Na oportunidade, vejamse as impressões consignadas pela Fiscalização sobre a conta “11205003 CODEMIG IMPOSTOS”: Fl. 2772DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.773 38 “Consoante Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, o contribuinte foi intimado a esclarecer detalhadamente a natureza dos valores contabilizados como direitos a receber no ativo circulante na conta analítica 0011205003 CODEMIG IMPOSTOS. Apresentou resposta em 21/01/2013 na qual esclareceu em relação a conta 0011205003 CODEMIG IMPOSTOS: "(a) o procedimento adotado é o de receber os tributos referentes à parcela da CODEMIG (25% dos tributos devidos pela Sociedade em Conta de Participação) pelo regime de caixa. Dessa forma, nessa conta são contabilizados os valores provisionados referentes aos tributos devidos pela Sociedade em Conta de Participação que serão reembolsados pela CODEMIG. Os valores registrados nessa conta referemse a: 25% das antecipações mensais de Imposto sobre a Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (calculados com base na receita bruta) que são liquidadas quando do efetivo pagamento; e (b) 25% (parcela a ser reembolsada pela CODEMIG) das provisões mensais de Imposto sobre a Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (calculados com base no lucro Real) cuja apuração final e pagamento somente ocorrerão no exercício seguinte. Quando do efetivo pagamento desses tributos a CODEMIG reembolsa os valores registrados nessa conta a CBMM." Ou seja, nessa conta são registrados os direitos a receber da CODEMIG, decorrentes da participação desta nas obrigações tributárias, que, por liberalidade da CBMM, são cobradas mediante regime de caixa (somente quando a CBMM efetivamente paga os tributos devidos pela SCP). 1.6 Consoante Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, o contribuinte foi intimado a demonstrar mensalmente a apuração da participação da CODEMIG registrada no passivo circulante na conta analítica 0021103001 PARTICIPAÇÃO DA CODEMIG. Verificamos nos demonstrativos apresentados que a CBMM calcula a participação da CODEMIG sem as provisões de CSLL e o IRPJ e reconhece essa obrigação no passivo em contrapartida da conta analítica de natureza devedora do Patrimônio Líquido 0023104003 DISTRIBUIÇÃO CTA PARTICIPAÇÃO. Os valores registrados na conta analítica 0021103001 PARTICIPAÇÃO DA CODEMIG ficam imediatamente disponíveis para a CODEMIG, vez que são utilizados para amortizar as obrigações desta com a SCP, relativas a tributos, registradas na conta analítica 0011205003 CODEMIG IMPOSTOS, ou são efetivamente pagos para a CODEMIG via banco. 1.7 A forma como o contribuinte calcula a participação da CODEMIG não está em consonância com o contrato que regula essa participação, conforme pontuamos no item 1.4 acima, que determina a aplicação do Fl. 2773DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.774 39 percentual sobre o lucro liquido após a provisão do Imposto de Renda devido pela CBMM conforme legislação em vigor. 1.8 Acerca da legislação tributária que trata da distribuição de lucros transcrevemos os arts. 379 e 383 do RIR/99: [...] Ressaltamos que somente não integram a base de cálculo os lucros e dividendos calculados com base nos resultados apurados (art. 383 acima), qualquer excesso estará sujeito à tributação. A Instrução Normativa da SRF n° 93/97, na parte que trata da distribuição de lucros e dividendos, determina que a parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de períodobase não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3o, § 4o, da Lei n° 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3o da Lei n° 9.250, de 1995. 1.9 As sociedades em Conta de Participação estão atualmente regidas pela Lei n° 10.406/2002 (Código Civil): Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obrigase perante terceiro tãosomente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provarse por todos os meios de direito. Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Fl. 2774DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.775 40 Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1° A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. § 2 A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografario. § 3a Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. Art. 996. Aplicase à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação regese pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual. Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. As SCP são equiparadas às pessoas jurídicas e a apuração dos resultados dessas sociedades, assim como a tributação dos lucros apurados e dos distribuídos sujeitamse às mesmas normas aplicáveis às pessoas jurídicas em geral, nos termos dos arts. 148 e 149 do RIR/99. Quanto a escrituração, transcrevemos o art. 254 do RIR/99: 1.10 Ao deixar de calcular a participação da CODEMIG nos termos contratados, o contribuinte está disponibilizando mais recursos a esta, que são exatamente os recursos das provisões dos tributos que deixou de decotar do lucro líquido, que foram apropriados como direitos a receber da CODEMIG no ativo circulante na conta 0011205003 CODEMIG IMPOSTOS. Tais valores serão cobrados da CODEMIG pelo regime de caixa (somente quando a CBMM pagar os tributos e por liberalidade desta). Essa prática adotada pelo contribuinte caracteriza uma modalidade de empréstimo sujeita à incidência do IOF, nos termos dos art. 2°, inciso I, alínea "c", 3o e 7o do Regulamento do IOFRIOF, Decreto n° 6.306/2007. No recurso voluntário, a recorrente aduz o seguinte, especificamente quanto à conta 11205003 CODEMIG IMPOSTOS: a) em resumo, a Fiscalização acusou a recorrente de, na qualidade de sócia ostensiva da SCP, repassar à CODEMIG (sócia participante da SCP) recursos que supostamente teriam excedido sua participação na SCP, motivo bastante para caracterizar aquele excesso como repasse de empréstimos; Fl. 2775DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.776 41 b) o acórdão recorrido seguiu o mesmo caminho, porém, para chegar à conclusão de que teria havido o repasse de empréstimos, sem o repasse da totalidade dos correspondentes encargos, a instância julgadora a quo antes afirmara que a "forma pela qual a interessada calcula a participação da CODEMIG desrespeita a legislação em vigor", acrescentando, ainda, que "os lucros e dividendos calculados com base nos resultados apurados não integram a base de cálculo, mas qualquer excesso estará sujeito à tributação (IN SRF nº 93/1997)"; c) o acórdão recorrido sentenciou, a propósito da distribuição de lucros e dividendos em excesso, que “inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação, nos termos do art. 3°, §4° da Lei nº 713/1988, com base na tabela progressiva a que se refere o artigo 3º da Lei n. 9250/1995"; d ) conquan t o n ão tenha se pronunciado sobre o tratamento fiscal relativo aos lucros ou dividendos distribuídos em montante superior ao devido, a Fiscalização adotou sentido semelhante, ao afirmar que a recorrente "disponibilizou recursos a CODEMIG em valores superiores à participação a que esta fazia jus" (fl. 2104 dos autos destaque do original); e) nessa ordem de idéias, deparase com uma contradição do Fisco, pois, como se depreende da breve transcrição acima, ora falase que a recorrente teria distribuído lucros em montantes superiores àqueles devidos à CODEMIG, o que deveria resultar na tributação deste excesso, e nada mais, ora falase que a Recorrente teria repassado empréstimos à CODEMIG sem repassar, também, a totalidade dos respectivos encargos, a justificar a glosa de parte das despesas incorridas pela Recorrente; f) como se pode verificar, a argumentação desenvolvida pela Fiscalização e pelo acórdão recorrido é incompatível e incongruente, afinal os valores remetidos à CODEMIG não podem, a um só tempo, assumir a feição de lucros ou dividendos distribuídos em excesso e, também, de empréstimos; g) ora, não só a natureza e a causa jurídica de um e outro são distintas, como também é diverso o tratamento fiscal que cada um deles deve receber; h) se a recorrente tivesse distribuído lucros ou dividendos em excesso, a acusação fiscal deveria ter sido outra: os lucros e dividendos pagos em montante superior ao devido ficariam sujeitos à tributação, como afirmou o acórdão recorrido, não se lhes aplicando a isenção do art. 10 da Lei nº 9.249/1995. Tampouco seria possível, nesse mesmo caso, a glosa de despesas afetas a empréstimos tomados pela Recorrente. Isso porque, ou a natureza jurídica dos valores supostamente antecipados à CODEMIG é de distribuição de lucros, ou é de repasse de recursos a título de mútuo, mas nunca um e outro, por absoluta incoerência do argumento; i) logo, as afirmações da Fiscalização e do acórdão recorrido, se não se prestam a inquinar de nulidade o trabalho fiscal, dada sua fundamentação equivocada, precária e contraditória, servem, no mínimo, para revelar que a acusação fiscal é frágil, já que os autos de infração, e também o acórdão recorrido, titubeiam ou se confundem, ora realçando que a recorrente distribuiu lucros ou dividendos em excesso, ora asseverando o repasse de empréstimos à CODEMIG; Fl. 2776DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.777 42 j) seja como for, a recorrente não cometeu nenhuma dessas infrações. Pelo contrário, todos os lançamentos contábeis analisados pela Fiscalização revelam que a recorrente apenas distribui à CODEMIG a parte que lhe cabe nos resultados da SCP, não contratando com a sócia participante nenhum empréstimo, tampouco lhe distribuindo lucros em excesso. Em outras palavras, o que a Recorrente faz é distribuir lucros ao longo do período (calculados pelo regime de caixa) que, ao final, revelamse em níveis compatíveis com o lucro do exercício apurado em 31 de dezembro de acordo com a legislação societária e fiscal (calculado pelo regime de competência); l) essas considerações iniciais a respeito da força vinculante do contrato de constituição da SCP, embora elementares, devem ser repisadas no presente caso, tendo em vista que a Fiscalização simplesmente desconsiderou as cláusulas contratuais, interpretando de forma equivocada lançamentos contábeis aos quais se apegou, sem compreender a essência da participação da CODEMIG nos resultados da SCP; m) reiterese que as cláusulas que regulamentam a partilha de resultados da SCP preveem que a distribuição dos lucros devidos à CODEMIG somente ocorre à medida que se efetivam os desembolsos financeiros e os ingressos de receitas, obedecendo ao chamado "regime de caixa”, que também é adotado em relação à participação da CODEMIG nos tributos devidos pela SCP, motivo pelo qual o acerto de contas de tais despesas somente é realizado após o efetivo desembolso financeiro pela recorrente (em nome da SCP), isto é, após o efetivo recolhimento dos tributos aos cofres públicos; n) em outras palavras, a participação efetiva da CODEMIG é baseada no lucro apurado pelo regime de caixa após os tributos devidos, mas o desconto desses tributos, da CODEMIG, somente pode ocorrer após o efetivo pagamento ao erário (i.e. após o desembolso financeiro), portanto, em regime de caixa, uma vez que o contrato que regulamenta a SCP obriga a recorrente a calcular a participação da CODEMIG com base no regime de caixa, até o 5o (quinto) dia útil do mês subsequente ao mês de apuração (períodobase), conforme determina a cláusula 05.1 do instrumento de transação datado de 17.04.1996 (doc. 05 da impugnação); o) essa explicação pode ser constatada pelo exame de documentos colacionados à impugnação (doc. 09), dos quais se extrai que, no cálculo do lucro a ser distribuído à CODEMIG, num determinado mês, as estimativas mensais de IRPJ e de CSL que afetam sua apuração são aquelas apuradas no mês anterior, e não no próprio mês, tendo em vista o descasamento entre a data do pagamento da participação devida à CODEMIG e a data para recolhimento destes tributos; No confronto das alegações da defesa e da Fiscalização, concluo que a recorrente tem razão. Percebase que o cerne da autuação reside na desnecessidade das despesas financeiras incorridas na captação de recursos financeiros, no mercado, para a concessão dos empréstimos. Ora, se os créditos representados na conta “11205003 CODEMIG IMPOSTOS” não decorreram da tomada de empréstimos para a obtenção de numerário transferido à CODEMIG, mas de pagamentos excedentes a valores determinados pela lei ou pelo contrato, não há entre aqueles créditos e as despesas financeiras de que se cogita o menor ponto de contato. Nesse sentido, a solução para o deslinde da controvérsia se deriva do reconhecimento da falsidade da premissa. Fl. 2777DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.778 43 Reiterese, pois, para não restar dúvida: o raciocínio da Fiscalização está assentado na afirmação de que são desnecessárias as despesas financeiras geradas na assunção de empréstimos destinados a terceiros, na parte excedente às receitas financeiras. Mas o que se constata é o fato de que o suposto crédito da conta ““11205003 CODEMIG IMPOSTOS” não foi gerado por empréstimo contratado no mercado. Assim, uma vez ausente mínima evidência empírica de que os créditos indicados conservam uma relação, direta ou próxima, de causa e consequência com os mútuos contratados, devese acolher o pleito da recorrente, quanto à questão apreciada. Quanto aos supostos créditos registrados na conta analítica 0011205008 CODEMIG ACC, tais foram os motivos apresentados pela Fiscalização, no TCIF de 01/02/2013, para a incluílos no cálculo das despesas financeiras excedentes das receitas financeiras: “Nesta conta são contabilizados valores referentes à participação da CODEMIG nos créditos de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), realizados com o compromisso de exportação, conforme previsto no contrato. Os valores são liquidados de acordo com a vinculação destes ACCs às operações de exportações." A fim de subsidiar suas exportações, sem contrair empréstimos financeiros no mercado interno sujeitos a altíssimas taxas de juros, as empresas exportadoras normalmente utilizam linhas de financiamento criadas especificamente para estimular a exportação de produtos brasileiros, que são os Adiantamentos de Contrato de Câmbio e os Pagamentos Antecipados de Exportação, as quais permitem que elas obtenham valores para financiar a produção das mercadorias a serem exportadas, vinculando tal financiamento à própria exportação. Ou seja, tendo em vista uma exportação futura de mercadorias, negocia com o próprio importador estrangeiro ou com um banco, estrangeiro ou nacional, uma "antecipação" do valor das mercadorias para financiar a sua produção. O exportador recebe antecipação, parcial ou total, em moeda nacional do valor equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada a termo pelo banco, descontada a uma taxa de juros internacional à qual é somado spread que embute o risco da operação. Essa antecipação de recursos representa importante incentivo à exportação, na medida em que dá meios ao exportador para custear o processo de industrialização e de comercialização a taxas inferiores às do mercado doméstico. Os ACCs compreendem as operações préembarque (adiantamento até 180 dias antes do embarque, podendo ser estendido a 360 dias, para liquidação do câmbio). Analisando os registros contábeis verificamos que os valores são efetivamente pagos a CODEMIG, apropriandose em contrapartida o direito a receber. A participação que faz jus a CODEMIG é no resultado e não na receita, muito menos ainda nos recursos advindos da operação de ACC. Essa antecipação de recursos à CODEMIG caracteriza uma modalidade de empréstimo sujeita à incidência do IOF, nos termos dos art. 2o, inciso I, alínea "c", 3 o e T do Regulamento do IOFRIOF, Decreto n° 6.306/2007." Já em relação aos supostos créditos registrados na conta analítica 0011205009 CODEMIG ACE, os motivos apresentadas pela Fiscalização, no TCIF de Fl. 2778DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.779 44 01/02/2013, para a incluílos no cálculo das despesas financeiras excedentes das receitas financeiras, são as seguintes: "Nesta conta são contabilizados valores referentes à participação da CODEMIG nos créditos de Adiantamento de Contratos de Exportação (ACE), realizados no mês corrente cujo embarque da mercadoria, por algum motivo, não pode ser efetivado. Os valores são liquidados no mês seguinte quando estes embarques são efetivados e entram na apuração da conta de participação.". De forma semelhante, no ACE, o exportador recebe antecipação, parcial ou total, em moeda nacional do valor equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada a termo pelo banco, descontada a uma taxa de juros internacional à qual é somado spread que embute o risco da operação. Os ACEs englobam as operações pósembarque (até 60 dias após o embarque, podendo o prazo ser estendido até 180 dias). A participação que faz jus a CODEMIG é no resultado e não na receita, muito menos ainda nos recursos advindos da operação de ACE. Essa antecipação de recursos à CODEMIG caracteriza uma modalidade de empréstimo sujeita à incidência do IOF, nos termos dos art. 2o, inciso I, alínea "c", 3o e T do Regulamento do IOFRIOF, Decreto n° 6.306/2007." Em sua peça de defesa, a recorrente colaciona os argumentos abaixo, quanto aos alegados créditos decorrentes da contratação de ACC e ACE: a) tudo o quanto já visto aplicase à acusação fiscal relacionada aos recursos provenientes de operações de adiantamento sobre contrato de câmbio ("ACC") e adiantamento sobre contrato de exportação ("ACE"); b) contudo, a recorrente não concedeu qualquer empréstimo à CODEMIG, a teor do que foi dito, em linhas precedentes; c) os valores atinentes aos ACE e ACC contratados pela recorrente, enquanto sócia ostensiva da SCP, são distribuídos à CODEMIG, o que se dá única e exclusivamente em cumprimento à "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM" (doc. 04 da impugnação), citada anteriormente; d) a cláusula 1.1 dos contratos de ACC e ACE estabelece expressamente que as vendas em moeda estrangeira serão computadas pelo valor em cruzeiros efetivamente recebidos na venda de cambiais. Em termos práticos, isso significa que o valor recebido na venda de cambiais integra a receita bruta sobre a qual será calculada a participação da CODEMIG, passível de distribuição, com base nos valores efetivamente ingressados; e) como se sabe, as operações de ACC e ACE caracterizamse pela antecipação, total ou parcial, em moeda nacional, concedida por instituição financeira, de moeda estrangeira a ser entregue futuramente pelo exportador. Neste sentido, convém reproduzir a definição constante do item 1, seção 3, capítulo 3, do Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais ("RMCCI"): "O adiantamento sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega Fl. 2779DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.780 45 futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes." f) na operação de ACC, os recursos são antecipados pela instituição financeira para o exportador antes do embarque da mercadoria, ao passo que no ACE os recursos são antecipados após o embarque da mercadoria. O ACC e o ACE, como adiantamentos que são, não se revestem da característica de empréstimo, ao contrário do que querem fazer crer a Fiscalização e o acórdão recorrido, tratandose, em realidade, de recebimento antecipado da receita de exportação; g) se, do ponto de vista da SCP, o lucro deve ser distribuído à CODEMIG com base no regime de caixa, qualquer efetivo recebimento de receita, ainda que antecipada, deve ser computada no cálculo do lucro a ser distribuído à CODEMIG. É por isso que os valores recebidos a título de ACC e ACE são considerados pela SCP (ou melhor, pela recorrente, na qualidade de sócia ostensiva) como receita recebida, compondo o cálculo da participação da CODEMIG na referida sociedade; h) nessas circunstâncias, mostrase equivocada a interpretação conferida pela Fiscalização e pelo acórdão recorrido à aludida disposição contratual, no sentido de que a recorrente estaria, nesse caso, partilhando com a CODEMIG a receita, e não o resultado da SCP; i) como dito anteriormente, a despeito de a recorrente calcular o lucro da SCP em conformidade com a legislação societária, acordouse contratualmente que a atribuição da participação da CODEMIG, no citado empreendimento, somente deveria ser paga, distribuída, após os efetivos ingressos de receita e após o efetivo desembolso de despesas. Logo, as contas contábeis 0011205008CODEMIGACC e 0011205009CODEMIGACE, que levaram a Fiscalização a imaginar que se tratava de empréstimo, na verdade, tão somente refletem a parcela dessas receitas devida à CODEMIG, nos estritos termos de sua participação, e em conformidade com a cláusula 1.1. da "certidão de arquivamento dos critérios para a determinação do lucro líquido da CBMM", que requer o prévio recebimento de valores em moeda estrangeira, antes de sua distribuição à sócia participante; j) o primeiro equívoco da Fiscalização consiste em desconsiderar que a participação da CODEMIG somente lhe pode ser paga após o efetivo desembolso financeiro para o recolhimento do IRPJ e da CSL aos cofres públicos; o segundo equívoco diz respeito às operações de ACC e ACE em relação às quais a Fiscalização ignorou o teor da cláusula 1.1, já referida, que estabelece expressamente que as vendas em moeda estrangeira serão computadas pelo valor em cruzeiros efetivamente recebidos na venda de cambiais. Essa cláusula prevê que o valor recebido na venda de cambiais deve integrar a receita bruta sobre a qual será calculada a participação da CODEMIG, passível de distribuição, com base nos valores efetivamente ingressados; l) ressaltese que, no fluxo dos negócios, a venda das cambiais equivale à realização (ainda que antecipada) do resultado da operação da SCP, razão pela qual o seu montante deve ser computado para fins de partição de lucros. Esse fato muito bem demonstra a essência do negócio contratado entre as partes na SCP: atribuição de resultados à medida de sua verificação financeira; m) todos esses equívocos, como se pode notar, derivam da incompreensão dos termos e cláusulas contratuais da SCP, integrada pela recorrente e pela CODEMIG, e dos Fl. 2780DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.781 46 lançamentos contábeis que lhe dizem respeito. Tivesse a Fiscalização investigado a fundo o funcionamento da SCP, compreendendo que a participação da CODEMIG nos resultados só lhe pode ser paga em conformidade com o regime de caixa, certamente teria concluído que os pagamentos feitos à CODEMIG ostentam a natureza de lucros, e não de empréstimos repassados; n) ainda que se entendesse ter ocorrido transferência de recursos da recorrente para a CODEMIG, o que se admite apenas a título de argumentação, é certo que não houve identidade entre os valores captados no mercado e aqueles supostamente repassados. E não poderia ser diferente, já que os montantes captados pela recorrente foram utilizados nas atividades atinentes à SCP, e não entregues a terceiros; o) a confirmar a falta de identidade desses valores, cabe registrar que, na tentativa de legitimar a glosa ora combatida, a Fiscalização viuse obrigada a fazer cálculos estimados dos valores pretensamente transferidos à CODEMIG e dos juros supostamente não repassados, o que demonstra a falta de correlação e vinculação dos montantes envolvidos nessas operações; p) acrescentese ao que foi visto até aqui que a desnecessidade da despesa, assim como eventual existência do repasse de recursos, devem ser cabalmente comprovadas pela Fiscalização, não podendo haver, como ocorreu no caso em tela, mera presunção de tal transferência, o que fica evidente pela análise do cálculo "proporcional" entre o montante de recursos captados ("financiamentos passivos") e os supostos empréstimos concedidos ("financiamentos ativos"), elaborado pela Fiscalização, o qual, importa dizer, não possui qualquer base legal; q) com base no que se expôs, é equivocada a alegação de que teria havido empréstimo de valores à CODEMIG, a revelar a manifesta improcedência das autuações fiscais ora combatidas, motivo pelo qual se faz imperiosa a reforma do acórdão recorrido também neste particular. Ainda sobre as mesmas questões, as contrarrazões da PFN também tocam em aspecto de grande relevância para a decisão "Ocorre que conforme já exposto, ao fazer os repasses dos valores devidos à CODEMIG pelo regime de caixa (transferindolhe participação sobre a totalidade das receitas, e não sobre resultados da SCP, para posteriormente reaver parte de tais valores, a título de “reembolso” para liquidar as obrigações da SCP) a CBMM na realidade disponibiliza à CODEMIG recursos financeiros que não lhe pertencem, seja nos termos da legislação, seja nos termos do contrato de SCP, e que posteriormente hão de ser devolvidos. Isto caracteriza o mútuo de recursos financeiros. Há aí, portanto, o repasse pela CBMM do financiamento passivo contraído por ela, consubstanciado nos contratos de ACC e ACE, para a CODEMIG, sem o repasse integral dos respectivos encargos. (grifei) Não há que se falar, nesse diapasão que a CODEMIG estaria a suportar os encargos do financiamento relativo aos ACC e ACE na medida em que tais encargos impactam o resultado da SCP, e por conseguinte, a quantia a lhe ser distribuída a título de participação. Fl. 2781DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.782 47 Ora, pelo princípio da Entidade Contábil, não se pode confundir a SCP (que é equiparada à pessoa jurídica nos termos dos arts. 148 e 149 do RIR/99), com a CODEMIG. Por conseqüência, os ônus das despesas suportados pela SCP em relação aos financiamentos passivos de responsabilidade desta, não são os mesmos ônus suportados pela CODEMIG, com relação aos empréstimos a esta concedidos pela CBMM na condição de sócia ostensiva da SCP. Portanto, também está correta a fiscalização no que diz respeito a essas contas. Após ponderar os argumentos apresentados pelos litigantes, entendo que a recorrente tem razão. Explicome. Com efeito, a Fiscalização concluiu, ao término do procedimento fiscal, que a recorrente contabilizara, nas contas contábeis “0011205008CODEMIGACC” e “0011205009CODEMIGACE”, os recursos provenientes de ACC e ACE repassados à CODEMIG, sem que a fiscalizada providenciasse a adição, para fins de tributação do IRPJ e da CSLL, dos encargos passivos gerados pelos financiamentos obtidos com tais adiantamentos. Vale lembrar, a propósito, que tanto o ACC quanto o ACE financiam exportações com a antecipação do preço da moeda estrangeira comprada a termo pelo banco credor, consoante a disciplina dos §§ 2º a 4º do artigo 75 da Lei nº 4.728/1965: "Art. 75. O contrato de câmbio, desde que protestado por oficial competente para o protesto de títulos, constitui instrumento bastante para requerer a ação executiva. § 1° Por esta via, o credor haverá a diferença entre a taxa de câmbio do contrato e a da data em que se efetuar o pagamento, conforme cotação fornecida pelo Banco Central, acrescida dos juros de mora. § 2º Pelo mesmo rito, serão processadas as ações para cobrança dos adiantamentos feitos pelas instituições financeiras aos exportadores, por conta do valor do contrato de câmbio, desde que as importâncias correspondentes estejam averbadas no contrato, com anuência do vendedor. § 3º No caso de falência ou concordata, o credor poderá pedir a restituição das importâncias adiantadas, a que se refere o parágrafo anterior. § 4o As importâncias adiantadas na forma do § 2o deste artigo serão destinadas na hipótese de falência, liquidação extrajudicial ou intervenção em instituição financeira, ao pagamento das linhas de crédito comercial que lhes deram origem, nos termos e condições estabelecidos pelo Banco Central do Brasil. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.450, de 14.03.1997)" Reparese, pois, que o valor adiantado não integra o patrimônio da pessoa jurídica tomadora do financiamento. "Por esse motivo, não está sujeito a rateio em falência ou concordata do exportador, podendo sua devolução ser exigida através de ação de restituição", conforme elucida Milve Antonio Perla.1 1 Câmbio: conhecimentos gerais 2ª ed, São Paulo: Aduaneiras, 1987, p. 228. Fl. 2782DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.783 48 Diante do desenho do ACC e do ACE na lei, podese conceber que o exportador, conservando os documentos assinados para a obtenção das antecipações fundadas nesses contratos, também deve ter o controle contábil do encargo que incide em cada ACC e ACE, isto é, do total resultante da soma entre a variação cambial e os valores componentes do custo da contratação com o banco. Ora, se a recorrente reconheceu em sua escrita comercial uma parcela dos financiamentos derivados de ACC e ACE que atribuiu à CODEMIG, é extremamente provável que nessa parcela estivessem incluídos, na mesma proporção dos financiamentos repassados, os encargos gerados até a liquidação dos ACC e ACE. Ainda que, porventura, não fosse possível descortinar o montante desses encargos pelo exame da contabilidade – o que me parece improvável – em qualquer circunstância remanesceria a possibilidade de se efetuar tal apuração a partir dos contratos de ACC e ACE, dos quais a recorrente destacara uma parte da respectiva obrigação para exigila de sua parceira na SCP, adotando como norte a ideia de que, nas exigências à sócia oculta contabilizadas nas contas “0011205008CODEMIGACC” e “0011205009CODEMIGACE”, está inserido um fragmento dos encargos que foram acrescidos aos valores originalmente recebidos do banco. Em síntese, caberia à Fiscalização adicionar ao lucro líquido, para fins de cálculo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, a parte dos encargos efetivos transferida à CODEMIG, levando em conta as transferências reais, com o suporte da contabilidade e/ou dos próprios contratos de ACC e ACE. No entanto, a Fiscalização se aventurou pelo caminho da inferência baseada no que denominou “proporção dos empréstimos repassados”, que é o resultado da relação percentual entre a “média ponderada dos saldos de empréstimos ativos” e a “média ponderada dos saldos de empréstimos passivos”. Para os anoscalendário de 2008 e 2009, a proporção dos empréstimos repassados é igual a 7,62% e 10.07%, respectivamente. Tais percentuais não são aqueles que poderiam ser apurados diretamente dos contratos de ACC e ACE, conforme o explicado no parágrafo anterior. A fixação desses percentuais decorreu do emprego de duas frações, uma para cada anocalendário, cujos numeradores, chamados de "média ponderada dos saldos de empréstimos ativos”, são influenciados por grandezas que não representam financiamento para exportação, como o são aquelas relacionadas às conta "11205003 CODEMIG IMPOSTOS" e "11205011 CODEMIG OUTROS". O mesmo se pode dizer dos denominadores, chamados de “média ponderada dos saldos de empréstimos passivos”, influenciados por contas que nada dizem sobre financiamento contratado mediante ACC ou ACE, como o são as contas "21101001 BNDES", "21102001 BNDES", "21102003 Banco Sumitomu", "21101002 Banco Alfa e "21102004 Banco Alfa", as quais estão vinculadas à aplicação específica em empreendimento, bem ou serviço. É imperioso chamar a atenção para o fato de que o método elaborado pela Fiscalização carece da demonstração empírica de que, a partir do cálculo da “proporção dos empréstimos repassados”, lograse êxito no estabelecimento do valor dos encargos passivos que deveria ter sido adicionado pela recorrente, no cômputo do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Se a fórmula da “proporção dos empréstimos repassados” considera variáveis não relacionadas ao financiamento de exportações, como, de fato, considera, logo, de plano, deve se têlo em conta no rol das ilações carentes de justificação. Pelo exposto, anoto o erro no cálculo do tributo devido, tendo em vista a equivocada base empírica utilizada para a afirmação do montante dos encargos passivos repassados, na transferência de financiamentos obtidos por ACC e ACE ao sócio oculto na SCP, motivo por que provejo o recurso, nesse item. Fl. 2783DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.784 49 Em relação aos supostos créditos registrados na conta “0011205011 CODEMIGOUTROS”, a recorrente esclareceu que, em 2009, efetuou o registro contábil de despesa relativa a desconto comercial negociado com um cliente da CBMM, apropriandoo, pelo regime de competência, no próprio ano de sua negociação (2009). A conta em referência corresponde à participação da CODEMIG no desconto concedido. Em 2010, a operação foi liquidada (paga) e o valor foi recebido da CODEMIG, quando da liquidação. Já os motivos apresentadas pela Fiscalização, no TCIF de 01/02/2013, para a incluir o valor do desconto concedido no cálculo das despesas financeiras excedentes das receitas financeiras, são as seguintes: “Os valores registrados nessa conta foram decorrentes de lançamento contábil que reclassificou direitos a receber da conta CODEMIGACC para a mesma. A participação que faz jus a CODEMIG é no resultado e não na receita, tampouco em recursos decorrentes de ACC ou descontos em operações de venda. Essa antecipação de recursos à CODEMIG caracteriza uma modalidade de empréstimo sujeita à incidência do IOF, nos termos dos art. 2o, inciso I, alínea "c", 3o e 7o do Regulamento do IOFRIOF, Decreto n° 6.306/2007.” Em sua peça de defesa, a recorrente reúne os seguintes argumentos, no tocante à questão em debate: a) também não se pode entender como empréstimo da recorrente para a CODEMIG o valor contabilizado na conta 0011205011 CODEMIGOUTROS, pois o valor contabilizado na referida conta contábil referese a contrato firmado entre a recorrente e a sociedade CITIC METAL CO. "CITIC" (doc. 07 da impugnação), pelo qual esta última, em acordo de exclusividade, comprometese a vender os produtos de nióbio elaborados pela recorrente no território chinês; b) em 2009, em decorrência da crise econômica que afetou a economia mundial, a CITIC se viu impossibilitada de escoar os produtos comprados da recorrente, ficando com grande parte dos produtos adquiridos em estoque, o que lhe gerou prejuízos; c) diante desse cenário, as partes renegociaram os termos convencionados, de modo a desonerar a CITIC do prejuízo percebido, em respeito à cláusula 9.2 do contrato, que dispõe, após prever a suspensão das obrigações assumidas em caso de força maior, que: "(...) Com o término de qualquer evento de Força Maior e a retomada do cumprimento, as partes se consultarão e cooperarão de boafé para reduzir qualquer privação a qualquer das partes, resultante dessa retomada”; d) assim, as partes negociaram um "desconto" (doc. 08 da impugnação), firmado de tal forma que a recorrente, na qualidade de sócia ostensiva da SCP, obrigouse a devolver parte dos valores que a CITIC havia pago pelos produtos a ela vendidos; e) a recorrente, então, contabilizou esse valor pelo regime de competência, em observância à legislação societária, lançando a parte do desconto que afetaria, afinal, a participação da CODEMIG na SCP na conta 0011205011 – CODEMIG – OUTROS; e) contudo, como os resultados da SCP, nos termos assinados em contrato, somente são distribuídos à CODEMIG quando se der o efetivo ingresso de receitas e o Fl. 2784DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.785 50 desembolso financeiro de despesas, os montantes devidos à CITIC somente compuseram ou afetaram o cálculo da participação da sócia participante quando de seu efetivo recolhimento; f) desse modo, em 2010, quando houve a efetiva devolução daquele valor à CITIC, a recorrente imputouos, de maneira proporcional, à CODEMIG, conforme fazem prova os lançamentos contábeis apresentados nos autos (doc. 09 da impugnação), o que se fez respeitando integralmente a escritura de constituição da SCP, na qual está claro que todas as receitas e despesas, para fins de definição da participação a que faz jus a CODEMIG, são contabilizadas pelo regime de caixa; g) ante o exposto, está clara a inexistência de empréstimo na presente situação, eis que (i) não houve “disponibilização” (sic) de dinheiro à CODEMIG, sob condição de sua devolução; e (ii) se trata de despesa da SCP, efetivamente debitada para a CODEMIG, como comprovam os lançamentos contábeis na conta de participação da CODEMIG efetuados em abril, julho e dezembro de 2010 (doc. 09 da impugnação); h) como se vê, os valores foram debitados da CODEMIG à medida que pagos à CITIC, respeitando integralmente a disposição da escritura de constituição da SCP que prevê a adoção do regime de caixa, não havendo que se falar, portanto, em empréstimo de valores; i) por outro lado, o acórdão recorrido não se pronunciou a respeito do tema debatido neste item, o que, se não configura nulidade, no mínimo, constitui indício de que as alegações da Fiscalização não se sustentam. Em contrarrazões, a PFN menciona que, “conforme observou a DRJ, os valores registrados nessa conta foram decorrentes de lançamento contábil que reclassificou direitos a receber da conta CODEMIG – ACC para a mesma. Assim, a tais lançamentos aplicamse as mesmas considerações reproduzidas acima a respeito das contas ACC e ACE.” Seja como for, não se pode perder de vista que a infração em foco se deriva da acusação de gozo indevido de despesas desnecessárias, em decorrência da assunção de empréstimos que teriam sido repassados à sócia participante. Se for verdadeiro que a conta em lume não registra, em sua essência, algo distinto de valores contratados mediante ACC, tudo o que se disse adrede sobre o erro no cálculo do montante dos encargos passivos repassados, na transferência de financiamentos obtidos por ACC, deve ser aqui reproduzido, assim assegurando a prevalência das mesmas razões que governaram a decisão em prol do provimento do recurso voluntário. Por outro lado, não será outro o deslinde da questão, caso a conta “0011205011 CODEMIGOUTROS” reflita a partilha do desconto concedido à pessoa jurídica que, em exclusividade, efetua a venda de produto da recorrente no território chinês. Isso porque, nessa hipótese, bastaria verificar, no Lalur, a efetiva adição ao lucro líquido, para fins do cômputo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, do valor da parcela do desconto concedido atribuída à CODEMIG, baseandose, para tanto, no exame dos contratos com a empresa que assumira o compromisso de distribuir o produto no exterior, visàvis os lançamentos contábeis correspondentes aos fatos econômicos ora referidos. Essa linha de investigação direta conduziria ao que efetivamente ocorrera, ao passo que o método adotado pela Fiscalização, firmandose na “proporção dos empréstimos repassados”, não deixa de ser mera ilação, como já foi dito, desprovida de justificação empírica. Em suma, provejo o recurso quanto à integralidade da primeira infração custos, despesas operacionais e encargos – despesas não necessárias. Fl. 2785DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.786 51 Agora, passase ao exame da segunda infração adições não computadas na apuração do lucro real custo/despesa indedutível. No TVF de 08/07/2013, a Fiscalização fez o seguinte relato, no que se refere à irregularidade em estudo: Constatamos que o contribuinte firmou contratos de mútuo em moeda estrangeira nos quais figura como mutuante, sendo mutuárias, as suas subsidiárias localizadas no exterior (pessoas ligadas). Tais contratos, em suas versões em língua estrangeira e traduzida para o vernáculo, foram juntados às fls. 43 a 124. Sintetizamos na planilha abaixo, os contratos apresentados: Os demais documentos que comprovam referidos mútuos, como extratos bancários dos desembolsos e reembolsos, contratos de câmbio e verificações contábeis foram acostados nas folhas 02 a 203. O contribuinte foi intimado a esclarecer se a integralidade das despesas contabilizadas nas constas 0031401014 IOF S/OPERAÇÕES DE CÂMBIO, 0031402002 S/MOEDAS ESTRANGEIRAS e 0031402020 S/ INTERCOMPANY eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias, e caso não fossem, apontar os lançamentos que se referiam exclusivamente a tais despesas (fls. 326 a 330). Na resposta apresentada em 21/01/2013 (fls. 340 a 343 e 613 e 614), apontou os lançamentos apropriados como despesas na conta analítica 0031401014 IOF S/OPERAÇÕES DE CÂMBIO (despesas de IOF incidentes na conversão da moeda, tanto nos desembolsos quanto nos reembolsos) que eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias, no valor total anual de R$934.799,78 em 2009. Acostamos nas fls. 2010 a 2013 o razão dessa conta. Na resposta apresentada em 21/01/2013 (fls. 340 a 343 e 615), apontou os lançamentos apropriados como despesas na conta analítica 0031402002 S/MOEDAS ESTRANGEIRAS (variações monetárias passivas) que eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias, no valor total de R$2.295.451,23 em 2009. Como os lançamentos nessa conta são numerosos, filtramos no campo “histórico” apenas os lançamentos que contêm a palavra “contrato”, que abrangem os lançamentos apontados pelo contribuinte, gerando o razão com esses lançamentos que foi acostado nas fls. 2014 a 2015. Fl. 2786DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.787 52 Na resposta apresentada em 21/01/2013 (fls. 340 a 343) informou que a integralidade das despesas apropriadas na conta analítica 0031402020 S/ INTERCOMPANY (variações monetárias passivas) eram decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias, no valor total de R$ 33.967.439,54 em 2009. Acostamos nas fls. 1987 a 2009 o razão dessa conta. Foi efetuado um lançamento de reclassificação da conta 0031402020 S/ INTERCOMPANY no valor de R$2.101.192,05 para a conta 0031402004 S/EMPRESTIMOS. O contribuinte foi intimado a esclarecer e comprovar tal lançamento (fls. 678 a 689), e respondeu que tal lançamento foi efetuado por equívoco (fls. 690 a 692). Portanto, tal valor também caracteriza variações monetárias passivas decorrentes dos mútuos celebrados com suas subsidiárias. Consolidamos na Tabela I tais despesas: Tabela I Da análise dos contratos (fls. 43 a 124) verificamos que todos eles têm um item que trata de “Obrigações de Indenização”, no qual a mutuária: se compromete a indenizar e isentar a Mutuante contra todas as perdas, reivindicações, ações, danos e despesas (inclusive, entre outras, contra os honorários advocatícios razoáveis) incorridas pela (ou atribuídas à) Mutuante em decorrência da entrega, registro, alteração ou aplicação do contrato ou da proteção ou preservação de qualquer direito da Mutuante. se compromete a pagar ou reembolsar à mutuante, conforme for o caso, mediante solicitação, quaisquer impostos ou encargos cobrados (ou que venham a ser cobrados) sobre o empréstimo, e ainda deve indenizar e isentar a Mutuante contra os valores oriundos dos referidos impostos que a Mutuante for obrigada a pagar. Referido item destaca, ainda, que tais obrigações subsistirão à rescisão do contrato. No entendimento desta Auditoria, as despesas de IOF câmbio e as variações monetárias passivas decorrentes dos contratos de mútuo em moeda estrangeira, apropriados nas contas listadas na Tabela I, não são usuais, normais tampouco essenciais às atividades da empresa sendo, portanto, indedutíveis, devendo ser adicionadas na apuração do lucro Real por serem desnecessárias nos termos dos artigos 247, 249 e 299 do RIR/99, das normas e considerações acerca da dedutibilidade de despesas citadas na infração anterior e também pela disposição dos Contratos no item “Obrigações de Indenização”. Nos Livros de Apuração do Lucro Real LALUR apresentados (fls. 348 a 363), acompanhados dos esclarecimentos relativos às contas analíticas que compõem as adições (fls. 364 a 371), tais despesas não foram adicionadas. Fl. 2787DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.788 53 Isso posto, e considerando o inteiro teor dos Termos de Constatação citados, que fazem parte do presente Termo, entendemos que são indedutíveis as despesas no valor total de R$39.298.882,60 no anocalendário 2009.” No presente recurso, a recorrente expõe os argumentos abaixo: a) por meio de contratos de mútuo, firmados durante o ano de 2009, a recorrente transferiu recursos para empresas subsidiárias no exterior, estabelecendo a remuneração desses contratos com a aplicação da taxa London Interbank Offered Rate ("LIBOR") acrescida de spread de 3% (três por cento), nos termos do art. 22 da Lei nº 9.430/1996, na redação vigente à época dos fatos; b) cabe registrar que a concessão de empréstimos para pessoas ligadas sediadas no exterior não foi questionada pela Fiscalização. Isso porque não há qualquer vedação legal a esse tipo de operação, desde que o contrato firmado esteja de acordo com as normas de preço de transferência, o que não foi contestado em nenhum momento; c) a Fiscalização questionou tão somente a dedutibilidade das seguintes despesas, incorridas pela recorrente em virtude dos contratos em questão: (i) perdas com variações cambiais, por se tratar de contratos de mútuo em moeda estrangeira; e (ii) despesas relativas ao Imposto sobre Operações de Câmbio (IOF/Câmbio) incidente na conversão da moeda, em decorrência dos contratos em referência; d) para a Fiscalização, seria aplicável ao caso a cláusula contratual contida no item "Obrigações de Indenização", segundo a qual a mutuária (no caso, a subsidiária estrangeira) deveria arcar com tais encargos. Verifiquese, a título exemplificativo, a redação da cláusula 6 do contrato firmado com a sociedade CBMM Europe BV (fls. 68 a 89 do processo), cuja redação é replicada nos demais contratos de mesma natureza firmados pela recorrente; e) nessa linha de raciocínio, a recorrente não poderia ter arcado com as despesas do IOF/Câmbio, tampouco com as despesas de variações cambiais passivas decorrentes dos contratos firmados, já que devidas pelas mutuárias, motivo por que não seriam usuais, normais ou essenciais às atividades da recorrente; f) todavia, não se pode interpretar tal dispositivo contratual como uma cláusula geral de responsabilidade, apta a transferir à mutuária a responsabilidade por despesas que são próprias da mutuante, tais como as perdas relativas às variações cambiais passivas da moeda, as quais, como se sabe, ocorrem independentemente da vontade das partes, devido a fatores alheios à vontade da mutuante ou das mutuárias; g) dessarte, não se pode admitir o entendimento da Fiscalização no sentido de que a referida cláusula consubstancia garantia universal de toda e qualquer perda da recorrente que tenha alguma relação com o contrato, ainda que indireta; h) mas, ainda que a literalidade da aludida cláusula contratual pudesse dar margem à interpretação elástica levada a efeito pela Fiscalização, não se pode perder de vista o disposto no art. 112 do Código Civil, segundo o qual "nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem"; Fl. 2788DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.789 54 i) ora, mesmo que se admitisse, por hipótese, que a redação de alguma cláusula dos contratos de mútuo levanta dúvidas sobre o real interesse e objetivo das partes, ainda assim, a aplicação do art. 112 ao caso dos autos autorizaria, com segurança, a afirmação de que a intenção das partes não foi de convencionar a assunção, pelas mutuárias, das despesas derivadas das variações cambiais passivas; j) com efeito, todos os fatos e elementos relacionados aos contratos de mútuo aqui examinados convergem para o entendimento de que as mutuárias não se obrigaram pelas perdas oriundas da variação cambial passiva; k) isso fica claro quando se compreende o motivo pelo qual a recorrente firmou os contratos de empréstimo em foco; l) é que, no momento da concessão desses empréstimos, em 2009, as subsidiárias CBMM Europe BV, CBMM Asia PTE e Reference Metals Company Inc, que são responsáveis por escoar, no mercado internacional, a produção da recorrente, precisavam de recursos para suportar os custos das aquisições de nióbio por elas realizadas; m) essa necessidade de recursos, por parte das subsidiárias da recorrente, surgiu como consequência da crise econômicofinanceira internacional, que afetou direta e sensivelmente as vendas do nióbio aos clientes finais; n) por isso, as subsidiárias não conseguiram dar vazão à totalidade dos produtos adquiridos da recorrente, a ponto de exigir a captação de recursos por meio de empréstimos intercompanhias; o) logo, nada mais natural, usual e justificável, dentro dessa conjuntura econômica, que a recorrente assumisse os encargos derivados dos contratos de empréstimo firmados em moeda estrangeira, inclusive aqueles decorrentes de perdas de variação cambial, de forma a não onerar, ainda mais, suas subsidiárias, já seriamente afetadas pelos efeitos da crise econômica mundial; p) ora, se esses encargos, em situações as mais diversas, são comumente arcados pela mutuante, com sólidas razões devem ser admitidos em situações como aquela que atingiu as subsidiárias, necessitadas de recursos para contornar, em parte, os efeitos indesejados da crise econômica que assolou o mercado internacional, a partir de 2008; q) essa, portanto, era a intenção das partes: contratar mútuo, mas deixar sob a responsabilidade da mutuante qualquer perda oriunda de variações cambiais passivas; r) tanto é verdade que essa era a intenção das partes que a recorrente, como é natural que aconteça em avenças dessa natureza, assumiu esse ônus, não os repassando às suas subsidiárias, tampouco sendo ressarcida dos correspondentes valores; s) acresçase que o ônus da variação cambial, em qualquer contrato vinculado a moeda estrangeira, é daquele que está submetido a essa variação por conta da oscilação de sua moeda em relação à moeda estrangeira. Na hipótese, o Real submetiase e ainda se submete a variações, quando comparado com outras moedas, o que indica que o contribuinte sediado no Brasil deve arcar com esse ônus econômico, além de lhe ser permitido deduzir tal montante na apuração do lucro a ser tributado; Fl. 2789DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.790 55 t) afora o exposto, é preciso considerar, ainda, que o dispositivo do art. 299 do RIR/99 reflete norma geral aplicável a todas as despesas para as quais não haja uma norma específica, eis que esta última afasta a norma geral, não apenas por se tratar de princípio básico de hermenêutica, mas regra do art. 2°, § 2o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Além disso, a norma específica, quando autoriza a dedução, traz implícito o reconhecimento de que se trata de despesa necessária à produção dos resultados tributáveis ou à manutenção da respectiva fonte produtora; u) para as variações monetárias, o ordenamento jurídico possui a norma especial dos arts. 375, 377 e 378 do RIR/99, de modo que, em princípio, não se deve cogitar da aplicação do disposto no art. 299, dandose prevalência às explícitas e específicas determinações daqueles dispositivos; v) importante que se destaque que essa regra aplicase inteiramente à CSLL, conforme disposição expressa do citado art. 9° da Lei nº 9.718/1998, o qual determina que as variações monetárias serão consideradas como despesas financeiras, tanto na legislação do IRPJ quanto da CSL; w) dessa forma, tendo em vista a existência de norma específica sobre a dedutibilidade de despesas relativas a variações monetárias passivas, afastase a aplicação da norma geral, não podendo aplicarse o disposto no art. 299 à presente situação; x) não obstante o que foi dito, ainda que a dedutibilidade das despesas em litígio fosse analisada à luz do art. 299 do RIR/99, elas conservariam sua qualidade de dedutíveis, pois se mostraram absolutamente adequadas ao conceito de necessidade; y) examinandose objetivamente o previsto na lei fiscal, a despesa será necessária e, consequentemente dedutível, quando for inerente à atividade da empresa, ou dela decorrente, ou com ela relacionada, ou surgir simplesmente da existência da empresa ou do papel social que ela desempenha; z) no caso dos autos, conforme mencionado, quando dos empréstimos, as subsidiárias CBMM Europe BV, CBMM Asia PTE e Reference Metals Company Inc precisavam de recursos para suportar os custos das aquisições de nióbio por elas realizadas. Isso porque, em virtude da inesperada crise econômicofinanceira internacional, essas subsidiárias não conseguiram escoar a totalidade dos produtos derivados de nióbio adquiridos da recorrente, o que exigiu a captação de recursos por meio de empréstimos intercompanhias; z.1) nessa ordem de idéias, está claro, pois, que os recursos financeiros empregados na concessão do empréstimo decorreram diretamente da atividade econômica desenvolvida pela recorrente e, por via reflexa, os encargos dele decorrentes, normais e usuais em operações dessa natureza, de igual forma, geram despesas dedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL; z.2) é importante dizer que as subsidiárias mutuárias são as responsáveis por escoar a produção do nióbio da recorrente, de forma que a saúde financeira dessas pessoas jurídicas estrangeiras está estritamente ligada à saúde financeira da própria recorrente, que depende delas para realizar a venda de seus produtos; z.3) caso os empréstimos não tivessem sido efetuados, as subsidiárias poderiam sofres graves danos, inclusive com o risco de falência, o que prejudicaria diretamente Fl. 2790DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.791 56 a própria recorrente, em virtude da impossibilidade de escoamento de sua produção ao redor do mundo; z.4) vista a situação específica relativamente à recorrente e suas subsidiárias, a glosa da variação monetária passiva aqui combatida configurase interferência do agente fiscal, porquanto pautada em subjetivismo que a lei não admite, por várias razões hauridas do que já foi exposto; z.5) no que concerne às despesas com IOF/Câmbio, conforme exposto anteriormente, no entender do agente fiscal, não são dedutíveis, pois não seriam usuais, normais, ou essenciais às atividades da recorrente, assim desbordando do art. 299 do RIR/99, além da circunstância segundo a qual as mutuárias se comprometeram a assumir, em contrato, a responsabilidade por todos os tributos derivados dos empréstimos, no que se incluiria o IOF/Câmbio; z.5) ocorre que, ao proceder desse modo, a Fiscalização glosou a dedutibilidade de tributo arcado pela recorrente na qualidade de sujeito passivo, em manifesta afronta ao disposto no art. 41 da Lei nº 8.981/1995, atualmente consolidado no art. 344 do RIR/99, o qual contém norma específica que disciplina a dedução de despesas com tributos, para fins de determinação do lucro real; z.6) ainda se deve considerar que o contribuinte do IOF, incidente sobre a operação de câmbio (conversão de moedas), é a pessoa física ou jurídica que comprar, ou vender, moeda estrangeira na operação referente à transferência financeira para ou do exterior, nos termos do art. 6º, da Lei n. 8.894/1994 e art. 11 do Decreto nº 6.306/2007; z.7) não obstante a disposição expressa do disposto no art. 344 do RIR/99, a Fiscalização proferiu entendimento no sentido de que as despesas relativas ao lOF/Câmbio seriam indedutíveis em virtude de previsão, nos contratos firmados entre a recorrente e suas subsidiárias, no sentido de que todas as perdas deles decorrentes seriam assumidas pelas mutuarias; z.8) alertese para o fato de que o mencionado dispositivo contratual é inaplicável ao caso em apreço, pois a referida cláusula não pretende transferir às mutuárias a responsabilidade pelo reembolso de tributos devidos pela mutuante na condição de contribuinte, tal como é o caso do IOF/Câmbio; z.9) o que a referida cláusula prevê é a assunção, pelas mutuárias, do ônus dos tributos que sejam de sua responsabilidade, isto é, dos quais elas sejam contribuintes, mas que, em virtude de sua condição de não residentes, venham a ser exigidos, pela lei, da mutuante (ora recorrente), enquanto responsável tributária; z.10) essa cláusula abarcaria eventual IRRF pago pela fonte pagadora do rendimento, situada no Brasil, na qualidade de responsável tributária. Nesse caso específico, se a fonte pagadora assumisse o ônus do imposto, sendo, por isso, obrigada a providenciar o reajustamento do rendimento bruto (base de cálculo do imposto), o chamado "gross up", de que trata o art. 725 do RIR/99, poderia, aí sim, invocar os dizeres da referida cláusula com vistas ao reembolso do correspondente valor da pela mutuária; z.11) daí ser possível afirmar, diante desses esclarecimentos, que a aludida cláusula não se aplica em relação ao IOF/Câmbio, eis que a própria mutuante, ora recorrente, é Fl. 2791DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.792 57 contribuinte dessa exação fiscal, tendo efetuado o recolhimento do imposto, como era natural que acontecesse, sem repassar o correspondente ônus às suas subsidiárias; z.12) isso porque, nos termos do art. 10 do Decreto nº 6.306/2007, a hipótese de incidência do lOF/Câmbio é a realização de operação de câmbio, assim entendida a operação por meio da qual ocorre a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente (ou sua colocação à disposição do interessado), em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional, entregue ou posta à disposição do interessado; z.13) ou seja, o lOF/Câmbio não corresponde a imposto ou encargo cobrado "sobre o empréstimo", mas, sim, sobre a "operação de câmbio", isto é, sobre o negócio jurídico de conversão de moedas; z.14) ademais, quanto à necessidade dessas despesas, a recorrente ratifica tudo que foi dito para a variação monetária passiva. Por sua vez, argumenta a PFN, em contrarrazões: “Como se vê, as mutuárias se obrigam não apenas a indenizar a mutuante por despesas excepcionais a que derem causa, mas a pagar quaisquer impostos ou encargos cobrados sobre os empréstimos, bem como indenizar a mutuante, de maneira genérica, por quaisquer despesas incorridas em decorrência da aplicação do contrato. Assim, a assunção pela recorrente dos encargos, despesas e impostos referentes aos empréstimos, notadamente o IOF/câmbio e as variações cambiais passivas, estava no campo de sua exclusiva liberalidade e discricionariedade, eis que referida cláusula contratual lhe permitia cobrálos das mutuárias, sem margem a questionamentos. Correta, portanto, a fiscalização ao entender que as despesas envolvendo as variações monetárias passivas e o IOF/câmbio não são necessárias, pois os contratos de mútuo entre as partes (subsidiárias no exterior – fls. 43/124), já previa que tais ônus seriam arcados pelas mutuárias, mediante simples solicitação da mutuante. Com efeito, qual seria a necessidade do dispêndio por parte da mutuante, já que afetaria o resultado do exercício e, por conseguinte, o lucro real, se as despesas do empréstimo por ela efetuado às suas subsidiárias no exterior já estava garantido pelas mutuárias incondicionalmente? O problema não está no fato de ser ou não a interessada a contribuinte originária do IOF, mas sim na questão da necessidade de serem dedutíveis os dispêndios por ela computados, se na verdade, eles, diante das cláusulas contratuais, não precisariam ser suportados por ela, efetivamente.” Uma vez contrastados os argumentos das partes, entendo que a Fazenda Nacional tem razão, dessa feita, destacando o raciocínio do ilustre Procurador, Dr. Rodrigo de Macedo e Burgos, ao manifestar que os dispêndios por parte da mutuante eram desnecessários, já que as despesas decorrentes do mútuo contratado com suas subsidiárias no exterior já estavam incondicionalmente garantidas. Óbvio que essa conclusão já pressupõe uma decisão sobre a questão prévia que indaga se os acordos celebrados pela recorrente com as subsidiárias no exterior servem de embasamento à indenização, em favor da primeira, nos casos em que a aplicação dos mútuos contratados seja determinante à incidência de IOF/Câmbio e à geração de variação monetária passiva. Fl. 2792DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.793 58 O mútuo é espécie de contrato que somente se aperfeiçoa com a tradição. Sendo assim, a operação de câmbio necessária à transferência de domínio sobre o dinheiro objeto do mútuo inevitavelmente faz surgir o IOF/Câmbio. Além disso, a diferença cambial entre a moeda estrangeira contratada e a moeda nacional dá origem à variação monetária. Portanto, a variação monetária passiva e o IOF/Câmbio são despesas decorrentes da entrega do dinheiro contratado. Vale lembrar que a recorrente estava amparada por cláusula contratual que lhe assegurava proteção suficiente, porquanto impunha às mutuárias a obrigação de indenizar a mutuante contra todas as perdas e despesas surgidas com a aplicação dos contratos, além de obrigálas a pagar ou reembolsar a recorrente por quaisquer impostos ou encargos cobrados ou que venham a ser cobrados sobre os empréstimos. Expliquese que a expressão “encargos cobrados ou que venham a ser cobrados sobre os empréstimos” abrange também o IOF decorrente da contratação de câmbio necessária à realização da transferência da divisa objeto do contrato, porquanto não se poderia, por via lícita, consumar esse mútuo sem a conversão da moeda nacional para moeda estrangeira. Em face do exposto, o IOF/Câmbio e a variação monetária passiva são dispêndios cobertos pela cláusula protetiva dos contratos de mútuo. Por isso, a assunção dessas despesas pela recorrente era medida desnecessária, o que traz a reboque a vedação de seus efeitos à arrecadação tributária, a implicar desprovimento do recurso. No que diz respeito à autação por infração à legislação da CSLL, tais são os argumentos da recorrente: a) com relação ao lançamento de ofício da CSLL, com muito mais razão se impõe o seu cancelamento, uma vez que, segundo entendimento estratificado na jurisprudência do antigo 1o Conselho de Contribuintes, o fundamento legal do art. 299 do RIR/99, no qual está baseada a presente autuação, qual seja, o art. 47 da Lei n° 4.506, restringese apenas ao imposto de renda, não se aplicando à contribuição em foco; b) com efeito, no momento em que essa lei foi promulgada, a CSLL não existia em nosso ordenamento jurídico, o que somente veio a ocorrer em 1988, com o advento da Lei nº 7.689/1988; c) ademais, as regras legais que regulam a incidência do IRPJ, a princípio, não são autoaplicáveis na determinação da base de cálculo da CSLL. Analisando a sistemática das leis que tratam desses dois tributos, verificase que as regras direcionadas ao lucro real são distintas das dirigidas ao lucro líquido, sendo que, quando o legislador pretendeu conferir o mesmo tratamento perante esses tributos, ele o fez expressamente; d) nesse particular, andou bem o acórdão recorrido, ao afirmar que nem todas as restrições à dedutibilidade de dispêndios previstas pela legislação do IRPJ são, automaticamente, aplicáveis à CSLL; e) apesar disso, o acórdão recorrido acabou mantendo a glosa das despesas em foco, também para fins de apuração da CSLL, sob o argumento de que "a glosa das despesas no Auto de Infração ora em litígio não foi motivada por disposições específicas da legislação de IRPJ', tendo ainda acrescentado que "a autuação se deu em razão de as despesas serem consideradas desnecessárias"; Fl. 2793DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.794 59 f) realmente, do auto de infração consta o seguinte: "despesas não necessárias apuradas conforme Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante do presente Auto de Infração". E, mais, o Termo de Verificação Fiscal, que faz parte integrante do auto de infração, adotou, dentre seus fundamentos, o art. 299 do RIR/99; g) ora, qualquer glosa, quando efetuada pela Fiscalização sob a alegação de tratarse de despesa não necessária, haure seu fundamento do art. 299 do RIR/99, já que este dispositivo declara textualmente que a despesa dedutível, para fins de IRPJ, deve ser necessária à atividade da empresa; h) portanto, não tem lugar a afirmação do acórdão recorrido de que a autuação fiscal atinente à CSLL não está lastreada na legislação do IRPJ; i) sendo assim, estando lastreada em restrições à dedutibilidade de despesas não aplicáveis à CSLL, forçoso concluirse pelo caráter indevido da glosa fiscal ora combatida; j) no tocante às variações cambiais passivas, cabe salientar que as regras dos artigos 375, 377 e 378 do RIR/99 dizem respeito, exclusivamente, à dedutibilidade dessas despesas na apuração da base de cálculo do lucro real; k) por conseguine, inexiste disposição normativa que estabeleça requisitos ou condições para a dedutibilidade das variações cambiais passivas, para fins de apuração da base de cálculo do CSLL; l) igualmente, as demais despesas retratadas no TVF não merecerem regulação específica para fins de dedução na base de cálculo da CSLL; m) nem se alegue, como fez o acórdão recorrido, que, em situações como essas, fazse necessário perquirir, também, as chamadas "regras básicas" para a dedutibilidade de despesas, a saber: a) os valores não podem ser passíveis de apropriação direta em custo e não podem constituir inversões de capital; b) os valores devem ser despesas necessárias; c) os valores devem ser comprovados e escriturados; e d) os valores devem ser debitados no período base competente; n) essas regras, mais precisamente aquelas descritas nas letras "a" e "b", acima, retiram seu fundamento de validade do art. 299 do RIR/99 e do art. 47 da Lei nº 4.506/1964, ambos inaplicáveis à CSLL, motivo pelo qual é inegável que essas despesas são dedutíveis da apuração dessa contribuição, independentemente das regras estatuídas nos referidos dispositivos. A PFN, em contrarrazões, por sua vez, argumenta que as deduções legais da base de cálculo da CSLL devem observar o disposto no artigo 47 da Lei nº 4.502/1964, por força do regramento instituído pelo artigo 13 da Lei nº 9.249/1995. No mais, alega que a jurisprudência administrativa também acolhe o artigo 57 da Lei nº 8.981/1995 dentre as normas que estabelecem restrições à dedutibilidade de despesas, para fins de apuração da CSLL. Perante as teses da acusação e da defesa, tenho para mim que a Fazenda Nacional está com a razão. Sempre defendi que o artigo 57 da Lei nº 8.981/1995 impedia, para fins de apuração da CSLL, o aproveitamento de despesas consideradas desnecessárias à atividade da Fl. 2794DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.795 60 própria pessoa jurídica, pois tal preceito legal prescreve que se aplicam à “contribuição social sobre o lucro as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas”. Ora, o artigo 299 do RIR/99, cuja matriz legal é o artigo 47 da Lei nº 4.502/1964, não admite a dedutibilidade, para fins de apuração do imposto de renda, das despesas desnecessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Porém, com a edição do artigo 13 da Lei nº 9.249/1995, se dúvida antes houvesse, desde então deixaria de haver, definitivamente, porquanto o dispositivo mencionado claramente evoca o artigo 47 da Lei nº 4.402/1964 para disciplinar as deduções da base de cálculo da CSLL, verbis: “Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...)” Como se vê, o regramento incidente sobre as despesas desnecessárias, para a CSLL, ainda é o mesmo que está previsto para fins de apuração do IRPJ. O raciocínio aqui desenvolvido conduz ao desprovimento do recurso voluntário quanto à questão em exame, uma vez presente a desnecessidade da despesa de IOF/Câmbio e da variação monetárias passiva, acima tratadas, decorrentes da aplicação dos contratos de mútuo celebrados entre a recorrente e suas subsidiárias sediadas no exterior. Por fim, quanto aos juros de mora sobre a multa de ofício, cujo afastamento a recorrente reclama, considero que o ponto crucial da dúvida está na redação do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, verbis: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Mais especificamente, objetivase descortinar se, nos débitos a que se refere o § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, estão incluídos o tributo suprimido ao Erário e a multa proporcional aplicada mediante lançamento de ofício, ou somente o valor do tributo suprimido. De início, devese aludir à previsão legal que veda a incidência de juros de mora sobre a multa de mora, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 16 do Decretolei nº 2.323/1987, com a redação dada pelo artigo 6º do Decretolei nº 2.331/1987, verbis: “Art. 6º. Os arts. 15 e 16 do Decretolei nº 2.323, de 26 de fevereiro de 1987, passam a vigorar com a seguinte redação: Fl. 2795DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.796 61 "Art. 15. Os débitos para com a Fazenda Nacional, de natureza tributária, para com o Fundo de Investimento Social (Finsocial) e para com o Fundo de Participação PISPasep, não pagos no vencimento, serão acrescidos de multa de mora. Parágrafo único. A multa de mora será de vinte por cento sobre o valor monetariamente atualizado do tributo ou contribuição, sendo reduzida a dez por cento se o pagamento for efetuado até o último dia útil do terceiro mês subseqüente àquele em que tiver ocorrido o vencimento do débito. Art. 16. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, para com o Fundo de Participação PISPasep, assim como aqueles decorrentes de empréstimo compulsórios, serão acrescidos, na via administrativa ou judicial, de juros de mora, contados do mês seguinte ao do vencimento, à razão de um por cento ao mês calendário ou fração e calculados sobre o valor monetariamente atualizado na forma deste decretolei. Parágrafo único. Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de mora de que trata o artigo anterior." Percebase que o Decretolei nº 2.323/1987, ao ressalvar a multa de mora, não vedou a incidência dos juros de mora sobre a multa proporcional aplicada mediante lançamento de ofício. Por outro lado, o § 3º do artigo 950 do Decreto nº 3000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99) estabelece que a multa de mora não deve aplicada se o tributo suprimido ao Erário já tiver servido de base de cálculo para a multa proporcional decorrente de lançamento de ofício, verbis: “Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 1º). § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 2º). § 3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício.” (grifei) Assim, sou da opinião de que a expressão “os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”, constante do caput do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, deve ser interpretada no sentido de compreender, para fins de incidência dos precitados juros moratórios, a diferença do tributo não recolhida até a data de seu vencimento, em razão de sua equivocada determinação, e a consequente multa aplicada mediante lançamento de ofício. Para tal empreitada exegética, é preciso considerar os artigos 113, § 1 º; 139 e 161, caput e § 1º, do Código Tributário Nacional (CTN), verbis: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. Fl. 2796DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.797 62 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente.” “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.” A teor dos artigos suprarreferidos: a) o crédito tributário é uma decorrência da obrigação tributária principal (CTN, artigo 139); b) essa obrigação tem por objeto o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária imposta como consequência do descumprimento do dever legal de entregar ao Estadocredor, no prazo legal, o valor integral do tributo, apurado em consonância com as normas legais (CTN, § 1º do artigo 113); c) o crédito não integralmente pago no vencimento, de que trata o caput do artigo 161 do CTN, não se resume ao valor do tributo suprimido ao Erário, porquanto a infração consistente na supressão do tributo é fato gerador da multa proporcional a ser aplicada mediante lançamento de ofício. Portanto, o § 3º do artigo 161 do CTN abarca o valor do tributo suprimido e a multa a ser aplicada de ofício, em decorrência da supressão do tributo. Em apoio à interpretação aqui defendida, trazse à colação o Resp nº 1.129.990PR, publicado no Dje no dia 14/09/2009, relator Ministro Castro Meira: “Da sistemática instituída pelo art. 113, caput e parágrafos, do Código Tributário NacionalCTN, extraise que o objetivo do legislador foi estabelecer um regime único de cobrança para as exações e as penalidades pecuniárias, as quais caracterizam e definem a obrigação tributária principal, de cunho essencialmente patrimonialista, que dá origem ao crédito tributário e suas conhecidas prerrogativas, como, a título de exemplo, cobrança por meio de execução distinta fundada em Certidão de Dívida AtivaCDA. A expressão "crédito tributário" é mais ampla do que o conceito de tributo, pois abrange também as penalidades decorrentes do descumprimento das obrigações acessórias. Em sede doutrinária, ensina o Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria que, "havendo descumprimento da obrigação acessória, ela se converte em principal relativamente à penalidade pecuniária (§ 3º), o que significa dizer que a sanção imposta ao inadimplente é uma multa, que, como tal, constitui uma obrigação principal, sendo exigida e cobrada através dos mesmos mecanismos aplicados aos tributos " (Código Tributário Nacional Comentado: Doutrina e Jurisprudência, Artigo por Artigo. Coord.: Vladimir Passos de Freitas. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2ª ed., 2004, p. 546) Fl. 2797DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.798 63 De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. (grifei) Em suma, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Rematando, confirase a lição de Bruno Fajerstajn, encampada por Leandro Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 9ª ed., 2007, p. 1.027 1.028): "A partir da redação do dispositivo, fica evidente que os tributos não podem corresponder à aplicação de sanção pela prática de ato ilícito, diferentemente da penalidade, a qual, em sua essência, representa uma sanção decorrente do descumprimento de uma obrigação. A despeito das diferenças existentes entre os dois institutos, ambos são prestações pecuniárias devidas ao Estado. E no caso em estudo, as penalidades decorrem justamente do descumprimento de obrigação de recolher tributos. Diante disso, ainda que inconfundíveis, o tributo e a penalidade dele decorrente são figuras intimamente relacionadas. Ciente disso, o Código Tributário Nacional, ao definir o crédito tributário e a respectiva obrigação, incluiu nesses conceitos tanto os tributos como as penalidades. (grifei) Com efeito, o art. 139 do Código Tributário Nacional define crédito tributário nos seguintes termos: 'Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta'. Já a obrigação principal é definida no art. 113 e no parágrafo 1º. Vejase: 'Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente'. Como se vê, o crédito e a obrigação tributária são compostos pelo tributo devido e pelas penalidades eventualmente exigíveis. No entanto, essa equiparação, muito útil para fins de arrecadação e administração fiscal, não identifica a natureza jurídica dos institutos. (...) (grifei) Fl. 2798DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.799 64 O Código Tributário Nacional tratou da incidência de juros de mora em seu art. 161. Confirase: 'Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito' A redação deste dispositivo permite concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre 'crédito' não integralmente recolhido no vencimento. Ao se referir ao crédito, evidentemente, o dispositivo está tratando do crédito tributário. E conforme demonstrado no item anterior, o crédito tributário decorre da obrigação principal, na qual estão incluídos tanto o valor do tributo devido como a penalidade dele decorrente. (grifos no original) Sendo assim, considerando o disposto no caput do art. 161 acima transcrito, é possível concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre as multas" (Exigência de Juros de Mora sobre as Multas de Ofício no Âmbito da Secretaria da Receita Federal. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 132, p. 29, setembro de 2006). (grifos no original) Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial.”(grifos no original) Essa é a diretriz a ser seguida, para se descortinar o alcance do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto. Do preceito acima invocado, destacase a incidência de juros de mora sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Facilmente se infere que as multas ora comentadas só nascem porque há tributo devido a ser exigido de ofício. Não houvesse tributo sonegado, não haveria multa proporcional a ser lançada de ofício. Essa deve ser a linha de raciocínio para o desvendamento do que se pode entender no âmbito da expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições.” Pelas razões acima referidas, manifesto que as multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic. Alfim, saliento que a Câmara Superior já decidiu segundo a linha exegética aqui anunciada: Fl. 2799DF CARF MF Processo nº 10972.720010/201354 Acórdão n.º 1301002.489 S1C3T1 Fl. 2.800 65 “JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL— A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic”. (Ac. CSRF/04 00.651, de 18/09/2007, proc. 16327.002231/200285, Rel. Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) “JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.” (Ac. 910100.539, de 11/03/2010, proc. 16327.002243/9971, Rel. Cons. Valmir Sandri, Redatora Designada Cons. Viviane Vidal Wagner) Diante disso, nego provimento em relação ao pleito referente à incidência dos juros sobre a multa aplicada. Conclusão: proponho provimento parcial para afastar a tributação do IRPJ e da CSLL, quanto à glosa das despesas consideradas não necessárias, no valor de R$ 11.233.024,71, para 31/12/2008, e R$ 7.776.955,76, para 31/12/2009. É como voto. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Fl. 2800DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.003543/2007-39
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.138
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que: a) junte aos autos a informação de todos os débitos declarados como devidos e todos os recolhimentos correspondentes às contribuições sociais destinadas à Seguridade Social, realizados pelo contribuinte no período cuja decadência está sendo discutida: entre 01/01/2002 e 31/12/2002; e b) elabore relatório circunstanciado quanto à existência de pagamentos relativos aos fatos geradores dos débitos acima e abra prazo de trinta dias para manifestação do contribuinte, com posterior retorno ao relator, para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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(assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 82 .0 03 54 3/ 20 07 -3 9 Fl. 834DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 807 2 RELATÓRIO Do auto de infração ao recurso voluntário Trata o presente processo de auto de infração AI, DEBCAD nº 37.097.9567, à efl. 10, no qual foram constituídos créditos referentes a contribuições a cargo da empresa, destinadas à Seguridade Social contribuição da empresa na qualidade de empregador, contribuição da empresa para financiamento dos benefícios concedidos em razão da incapacidade laborativa, incidentes sobre a remuneração de segurados. O crédito lançado tem por base o salário utilidade representado pelo fornecimento de veículos para funcionários da alta administração, para os dias não úteis, rubrica não considerada pelo sujeito passivo para fins de incidência de contribuições previdenciárias. O AI foi cientificado à contribuinte em 19/12/2007 e constituiu crédito com multa e juros no valor de R$ 264.523,09, consolidados na mesma data, e tem seu relatório fiscal de infração posto às efls. 71 a 79. O AI foi impugnado, às efls. 356 a 373, em 17/01/2008. Já a 6ª Turma da DRJ/CPS, no acórdão nº 0521.902, prolatado em 13/05/2008, às efls. 480 a 492, considerou, por unanimidade, procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido. Inconformada, em 24/09/2008, a contribuinte, interpôs recurso voluntário, às e fls. 497 a 516, argumentando, em apertada síntese: · os valores lançados relativos ao período de 01/2002 a 12/2002 estão decaídos pela contagem do prazo decadência com base no § 4º do art. 150 do CTN, pois se trata de tributo sujeito ao lançamento por homologação e com pagamentos antecipados; · não se configurou a hipótese de incidência da contribuição previdenciária em tela, pois os veículos fornecidos aos funcionários da alta administração não consistem parcela integrante da remuneração por não serem pagos como contraprestação pelos serviços prestados, sendo os veículos verdadeiros instrumentos de trabalho desses funcionários, utilizados para esse fim. O recurso voluntário foi apreciado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 18/01/2012, resultando no acórdão 230102.518, às efls. 541 a 565, que tem a seguinte ementa: SALÁRIOUTILIDADE. VEÍCULO FORNECIDO PELA EMPRESA. NECESSIDADE DE PROVAR A DISPENSABILIDADE PARA O TRABALHO. CONFISSÃO DA EMPRESA EM SUA CONTABILIDADE. Fl. 835DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 808 3 Veículo fornecido pela empresa ao empregado ou ao contribuinte individual, quando dispensáveis para a realização do trabalho, têm natureza de salárioutilidade, compõem a remuneração e estão no campo da incidência da contribuição previdenciária, seja a incidente sobre a remuneração dos empregados ou aquela incidente sobre a remuneração dos contribuintes individuais. Se a empresa já considera parte das despesas com veículos como base de cálculo do Imposto de Renda Retido na fonte dos beneficiários, temos a confissão de que parte das despesas são dispensáveis, o que autoriza a inclusão dessa parte na base de cálculo da contribuição previdenciária. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir as contribuições apuradas até a competência 11/2001, anteriores a 12/2001, devido a aplicação da regra expressa no I, Art. 173 do CTN, nos termos do voto do Relator(a). Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no § 4º, Art. 150 do CTN; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, no mérito, na questão da incidência ao Salário de Contribuição dos valores pagos aos segurados e presentes no lançamento, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); III) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em manter a multa aplicada. Redator Designado: Leonardo Henrique Pires Lopes. Impedido: Adriano Gonzáles Silvério. Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 809 4 Embargos de declaração da contribuinte Cientificada do resultado acima em 31/07/2012, a contribuinte, em 03/08/2012, manejou embargos de declaração ao acórdão, às efls. 576 a 582, por ver nele contradição e obscuridade. Contradição, por acatar a Súmula 367 do TST, sem considerar os efeitos dessa na decisão do acórdão e obscuridade, ao utilizar normas do imposto de renda para tratar do tema. Os embargos foram rejeitados pelo Presidente da 3ª Turma no despacho nº 2301350, de 27/11/2013, ao concluir que não houve omissão, e que a questão trazida na peça recursal trata de mera rediscussão da matéria, conforme se observa às efls. 587 e 588. RE da Fazenda A Procuradoria da Fazenda foi intimada do acórdão nº 230102.518 em 11/12/2013 (efl. 589) e interpôs recurso especial de divergência, em 12/12/2013, às efls. 590 a 599, divergindo do acórdão paradigma nº 920202.086, O aresto recorrido deu parcial provimento à insurgência do contribuinte para determinar o recálculo da multa em cobrança de acordo com o disciplinado na nova redação dada ao art. 35 da Lei 8.212/91 pela Lei 11.941/2009, em atenção ao princípio da retroatividade benigna. Já o paradigma defende que, em casos como o do presente processo, para aferição da penalidade mais benéfica ao contribuinte, o procedimento correto consiste em comparar a multa mora por descumprimento de obrigação principal prevista na sistemática antiga (art. 35, II) com a multa de mora atualmente prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, introduzida pela MP nº 449/2008. O RE da contribuinte foi apreciado pelo Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, no despacho de efls. 174 a 176, datado de 31/05/2016, entendendo por lhe dar seguimento, ao vislumbrar similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma e o RE cumprir os demais requisitos regimentais. Contrarrazões da contribuinte Intimada (efl. 634) do acórdão nº 230102.518, do RE da Fazenda e de seu despacho de admissibilidade em 06/07/2016 (efl. 637), a contribuinte apresentou contrarrazões a esse RE em 20/07/2016, às efls. 752 a 764, onde afirma a correção do acórdão recorrido. Em face da legislação alterada, não existiria a possibilidade de se aplicar a multa de ofício do art. 35A, por ser de ofício e não de mora. Além disso, a multa de mora originalmente aplicada poderia variar de 10% a 50%, excedendo ao limite da multa de mora da novel legislação, aplicável em face da retroatividade benigna, não superior a 20%. A aplicação da multa do art. 35A da MP 449/2008, implicaria agravamento que contrariaria o disciplinado pelo art. 106 do CTN e, além disso, seria imperioso a realização de novo auto de infração que determinasse esse novo enquadramento, o que não condiz com a atividade do órgão julgador. RE da contribuinte Na mesma oportunidade, a contribuinte interpôs recurso especial de divergência, às efls. 639 a 668, entendendo que o aresto diverge de entendimento firmados no CARF relativamente a duas matérias: a) contagem do prazo decadencial de acordo com o art. 173,, inciso I do CTN e b) incidência de contribuição previdenciária sobre veículos fornecidos a funcionários utilizados no fim de semana. Fl. 837DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 810 5 a) nessa matéria, indica dois paradigmas que afirmam que a contagem deve ser realizada a partir da datada ocorrência do fato gerador, com base no § 4º do art. 150 do CTN, quando existirem antecipações parciais de pagamentos das contribuições sociais sobre os valores incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores e não houver comprovação de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte; tal entendimento é expresso nos acórdãos nº 920201.923, nº920200.503 e nº 240100.565 e créditos de pagamentos foram considerados pela fiscalização em seu relatório. b) já nesse tópico, há acórdão paradigma, de nº 2401003.809, que entende não ser a caracterizado como benefício indireto ao empregado a utilização de carro destinado à prestação de serviços durante o final de semana, de acordo com jurisprudência trabalhista exposta na Súmula TST nº 367, contrariando o recorrido. Conclui pleiteando que o seu recurso especial seja conhecido e provido para que se reforme integralmente o acórdão nº 230102.518com o cancelamento integral da autuação originária. O RE da contribuinte foi apreciado por este Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, no despacho às efls. 773 a 786, datado de 01/11/2016, entendendo por lhe dar seguimento, para rediscutir a matéria quanto às duas matérias. Contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional A Fazenda Nacional foi cientificada do referido despacho em 28/11/2016 (e fl.787) e, em 13/12/20161, manejou contrarrazões ao RE da contribuinte, às efls. 788 a 796, nas quais afirma que, relativamente às matérias: a) não houve antecipação de pagamento, devendose manter a aplicação do art. 173, nc. I do CTN; b) a própria empresa confessou o fato, em relatórios e livros fiscais, que os veículos são dispensáveis em parte do período de modo que foram incluídos na remuneração dos beneficiários para efeitos de base de calculo do imposto de renda; tal fato traz o efeito jurídico para a contribuição previdenciária, por ser ganho habitual dos empregados na forma de utilidade. Com base nesse arrazoado, requer que seja negado provimento ao recurso especial de divergência da contribuinte. É o relatório. 1 Histórico da suíte de aplicativos. Fl. 838DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 811 6 VOTO Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Os recursos são tempestivos. Recurso da contribuinte quanto à contagem do prazo decadencial No tocante a essa matéria há de se estabelecer quais os períodos de apuração, objeto de lançamento, poderiam estar fulminados pelo efeito decadencial, ao se considerar a aplicação do art. 150 §4º do CTN ou, alternativamente, o art. 173, I do CTN. A decadência dos tributos lançados por homologação é questão tormentosa que vem dividindo a jurisprudência administrativa e judicial há tempos. No âmbito dos antigos Conselhos de Contribuintes, e agora no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, praticamente todas as interpretações possíveis já tiveram seu espaço. É notório que as inúmeras teses que versam sobre o assunto surgiram do fato do nosso Código Tributário Nacional CTN possuir duas regras de decadência, uma para o direito de constituir o crédito tributário (art. 173), e outra para o direito de não homologar o pagamento antecipado de certos tributos previstos em lei (art. 150, §4o). Apesar de serem situações distintas, o efeito atingido é o mesmo, pois, uma vez homologado tacitamente o pagamento, o crédito tributário estará definitivamente extinto, não se permitindo novo lançamento, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Na verdade, a celeuma não está no prazo da decadência, que é de cinco anos nas duas situações, mas na data de início de sua contagem. Enquanto o art. 173 fixa essa data no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou no dia em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o art. 150, §4o, determina o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Pacificando essa discussão, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, firmou o entendimento de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nos demais casos. Vejase a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 839DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 812 7 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Observese que o acórdão do REsp nº 973.733/SC foi submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, reservado aos recursos repetitivos, o que significa que essa interpretação deverá ser aplicada pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário. A Portaria MF no 152, de 2016, deu nova redação ao § 2º do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, com a seguinte redação: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº Fl. 840DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 813 8 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Desta forma, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733 – SC, de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nos demais casos. A propósito, faço notar que editou este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a Súmula no 99, aprovada por esta 2a. Turma desta Câmara Superior em 09 de dezembro de 2013 e que assim reza: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. (Grifei.) Ou seja, para fins de aplicação da Súmula supra na situação sob análise, deve haver convicção de que há recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte nas competências dos fatos geradores a que se referem a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo destes recolhimentos, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração, a fim de que se possa decidir pela aplicação, para fins de contagem do prazo decadencial, do disposto no art. 150, §4o da Lei no 5.172, de 1966 (no caso de existência de recolhimento, ainda que parcial) ou do art. 173, I do mesmo Código (no caso da inexistência de recolhimento). Filiome à corrente que entende que essa verificação de antecipação de pagamento se dá de forma individualizada, por período de apuração, em virtude de o art. 150, §4º do CTN fazer expressa referência a fato gerador, e não ao período objeto de fiscalização ou lançamento, conforme abaixo reproduzido: Art. 150. ... § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ora, para cada fato gerador, ou seja, para cada período de apuração, deve haver pagamento parcial, para atração da regra decadencial insculpida no § 4º do art. 150 do CTN, devendo ser aplicada a regra geral, constante do art. 173, I, do mesmo CTN aos demais períodos de apuração. Em seu recurso especial de divergência, a contribuinte afirma a existência de pagamentos, contudo não trouxe ao processo sequer uma prova do que afirma, e, diferentemente do que ela aduz, não se pode extrair da documentação existente nos autos tal Fl. 841DF CARF MF Processo nº 10882.003543/200739 Resolução nº 9202000.138 CSRFT2 Fl. 814 9 certeza. A recorrente cita o Discriminativo Analítico de Débitos DAD, que se encontra às e fls. 13 a 26, entretanto, esse relatório apenas contém os débitos lançados, sem menção a pagamento, pois nele observase que inexiste qualquer valor deduzido em relação aos lançamentos. De outra banda, no relatório da notificação fiscal de lançamento de débito NFLD nº 37.097.9567, à efl. 74 (item 5), a agente fiscal faz menção a existência de retenção de contribuição dos segurados contemplados com o benefício indireto. No item 9, à efl. 75, é mencionada a existência de comprovantes de recolhimento GPS, sem especificar datas ou fatos geradores. Ainda no item 10 de seu relatório a fiscal, às efls. 75 a 77, informa os demais processo originados daquela fiscalização, todos tratando de remuneração indireta a segurados: valores pagos como prêmio através de cartão incentivo, veículos e seguros de vida em grupo. Ou seja, não há menção a qualquer lançamento de outros valores vinculados a remunerações de segurados não pagos que não os de benefícios indiretos. Assim sendo, há dúvidas quanto à existência de pagamentos e, principalmente, a quais competências esses se refeririam. Assim, voto por converter o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora: a) junte aos autos a informação de todos os débitos declarados como devidos e todos os recolhimentos correspondentes às contribuições sociais destinadas à Seguridade Social, realizados pelo contribuinte no período cuja decadência está sendo discutida: entre 01/01/2002 e 31/12/2002; e b) elabore relatório circunstanciado quanto à existência de pagamentos relativos aos fatos geradores dos débitos acima e abra prazo de trinta dias para manifestação do contribuinte, com posterior retorno ao relator, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 842DF CARF MF
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