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Numero do processo: 11522.000624/2009-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005
NULIDADE. MPF. INOCORRÊNCIA
O MPF é mecanismo de controle administrativo e nenhuma irregularidade houve em relação ao mandado, uma vez que regularmente emitido e cientificado à Contribuinte.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Será efetuado lançamento de oficio no caso de omissão de rendimentos tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos na declaração do imposto de renda.
OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO DECLARADAS - Constatado por intermédio de ação fiscal que o sujeito passivo não informou na DIPJ receitas que deveria escriturar em sua contabilidade, procede o lançamento para cobrança dos tributos e contribuições devidos.
FRAUDE, CONLUIO E SONEGAÇÃO. É necessário provar o ânimo interno do autuado em reduzir tributos para a aplicação da multa qualificada do art 44 da lei 9.430/96, independente da ocorrência de demais exações no procedimento fiscal.
DECADÊNCIA. Procede a argüição de decadência nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário se rege pelo artigo 150, § 4 0, do Código Tributário Nacional, isto é, o prazo para esse efeito será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; a incidência da regra supõe, evidentemente, hipótese típica de lançamento por homologação, aquele em que ocorre pagamento antecipado do tributo.
Numero da decisão: 1301-002.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votaram por lhe dar provimento parcial para restabelecer a multa de 150% relativa aos itens 001 e 002 dos autos de infração. Por unanimidade de votos rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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MPF. INOCORRÊNCIA O MPF é mecanismo de controle administrativo e nenhuma irregularidade houve em relação ao mandado, uma vez que regularmente emitido e cientificado à Contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Será efetuado lançamento de oficio no caso de omissão de rendimentos tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos na declaração do imposto de renda. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO DECLARADAS Constatado por intermédio de ação fiscal que o sujeito passivo não informou na DIPJ receitas que deveria escriturar em sua contabilidade, procede o lançamento para cobrança dos tributos e contribuições devidos. FRAUDE, CONLUIO E SONEGAÇÃO. É necessário provar o ânimo interno do autuado em reduzir tributos para a aplicação da multa qualificada do art 44 da lei 9.430/96, independente da ocorrência de demais exações no procedimento fiscal. DECADÊNCIA. Procede a argüição de decadência nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário se rege pelo artigo 150, § 4 0, do Código Tributário Nacional, isto é, o prazo para esse efeito será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; a incidência da regra supõe, evidentemente, hipótese típica de lançamento por homologação, aquele em que ocorre pagamento antecipado do tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 52 2. 00 06 24 /2 00 9- 09 Fl. 1362DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.363 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencidos os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votaram por lhe dar provimento parcial para restabelecer a multa de 150% relativa aos itens 001 e 002 dos autos de infração. Por unanimidade de votos rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (documento assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.364 3 Relatório ELEACRE ENGENHARIA LTDA, já qualificado nos autos, recorre da decisão proferida pela 1a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (PA) DRJ/BEL (fls. 2292/2304), que, por unanimidade de votos, julgaram procedente em parte para conhecer a decadência dos períodos anteriores a 04/08/2004, bem como descaracterizar a multa de 150%. Do Lançamento Segundo o Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, (fls. 690 e ss), e Relatório do acórdão recorrido, as razões de autuação foram: omissão de receitas receitas não contabilizadas; omissão de receitas da atividade; depósitos bancários de origem não comprovada; falta ou insuficiência de recolhimento de imposto; multas isoladas falta de recolhimento do IRPJ sobre base de cálculo estimada; multa qualificada; nos anoscalendários de 2004 e 2005, nas bases do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, de acordo com Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, (Regulamento do Imposto de Renda – RIR, de 1999), arts. 249, II, 251 e parágrafo único, 278, 279, 280, 283 e 288, 516, §§ 4º e 5º, 528, 541, 841, ; Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 24; Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 25 e 42, Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 2° e §§; Lei nº 9.249, de 1995, art. 24; Lei nº 9.430, de 1996, art. 28; Lei nº 9.316, de 1996, art. 1º; Lei nº 10.637, de 2002, art. 37, leis 10.833/2003 e 10.637/02, e Lei Complementar 7/70. Da Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação, de fls. 715/765, que aduziu os seguintes argumentos: o auto de infração não cumpre os requisitos formais necessários à validade, entre eles eles, o número de identificação para abertura dos atos administrativos; a descrição imprecisa dos fatos dificultou a reunião dos documentos necessários à defesa da empresa; não houve a prática dos ilícitos afirmados pela fiscalização; existência de vícios insanáveis que anulam os autos sem análise do mérito; Fl. 1364DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.365 4 não ocorrência da "omissão de receita" pela empresa, em sua declaração de ajuste anual; muitos lançamentos efetuados não se referem ao período fiscalizado; muitos lançamentos já se encontram sob o manto da decadência; Em julgamento realizado em 17 de junho de 2010, 1ª Turma da DRJ/BEL, considerou parcialmente procedente a impugnação da contribuinte e prolatou o acórdão 0118 114, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 Ementa: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Será efetuado lançamento de oficio no caso de omissão de rendimentos tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos na declaração do imposto de renda. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO DECLARADAS Constatado por intermédio de ação fiscal que o sujeito passivo não informou na DIPJ receitas que deveria escriturar em sua contabilidade, procede o lançamento para cobrança dos tributos e contribuições devidos. AUSÊNCIA DA DESCRIÇÃO DOS FATOS E DO ENQUADRAMENTO NA DESCRIÇÃO DA NORMA TRIBUTÁRIA QUE ESTABELECE A COBRANÇA DO TRIBUTO Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa quando a descrição dos fatos e o enquadramento legal encontramse presentes no auto de infração, e sua substancia é de linguagem fácil e acessível, permitindo a perfeita cognição dos elementos essenciais do auto de infração. FRAUDE, CONLUIO E SONEGAÇÃO. É necessário provar o ânimo interno do autuado em reduzir tributos para a aplicação da multa qualificada do art 44 da lei 9.430/96, independente da ocorrência de demais exações no procedimento fiscal. DECADÊNCIA. Procede a argüição de decadência nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário se rege pelo artigo 150, § 4 0, do Código Tributário Nacional, isto é, o prazo para esse efeito será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; a incidência da regra supõe, evidentemente, hipótese típica de lançamento por homologação, aquele em que ocorre pagamento antecipado do tributo. Do Recurso Voluntário A contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 2.316/2.330, onde reforça os argumentos já apresentados em sede de impugnação, atendose aos seguintes pontos: Da ausência de elementos formais do auto de infração. Limites do Mandado de Procedimento Fiscal. Descrição imprecisa do auto de infração; Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.366 5 Da ausência de descrição precisa dos fatos ensejadores da autuação. Cerceamento de defesa; Da inocorrência do fato jurídico presunção levada à efeito; Da fragilidade da autuação baseada em simples movimentação bancária; Da ilegalidade da aplicação da taxa Selic; Recebi os autos por sorteio em 22/06/2017. É o relatório. Fl. 1366DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.367 6 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi autuada, em 04/08/2009, no IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no regime de lucro presumido em 2004 e no lucro real anual em 2005, por ter omitido receitas naqueles anos, exigindose o crédito tributário total de R$4.937.968,34, incluindo multa de ofício de 150% e juros de mora. A DRJ/BEL julgou a impugnação parcialmente procedente, reconhecendo a decadência do período até 07/2004, bem como reduzindo a multa para 75%. Contra essa decisão foi interposto recurso de ofício e voluntário, os quais passo a analisar. RECURSO DE OFÍCIO No que tange à admissibilidade do recurso de ofício, ressalto o determinado no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no DOU de 10/02/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No caso em referência, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância, verifico que superam o limite de dois milhões e quinhentos mil reais, estabelecido pela norma em referência. Dessa forma, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. A DRJ entendeu que o dolo não ficou comprovado, faltou à fiscalização a comprovação de fatos que motivassem a aplicação da multa de 150%. Segundo sua análise, a simples divergência entre os valores declarados em DIPJ com valores escriturados e recolhidos enquadra apenas a "omissão de receitas" e não qualifica a multa. A atividade probatória não teria avançado no sentido de que o contribuinte tenha atuado de forma dolosa, faltando essa comprovação, de provas do dolo, comunicações internas, ou pelo menos, "um conjunto de atos tendentes à omissão das informações ao fisco, com intuito de reduzir tributos, o que não aconteceu, a fiscalização apresentou seus resultados com base nos documentos que foram entregues pelo fiscalizado". Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.368 7 De fato, da análise do TVF, e da documentação carreada, não verifico a comprovação do intuito doloso: Diante dessa descaracterização, e da não aplicação do art. 173, I, do CTN ao presente caso, resta o art. 150, §4º do mesmo CTN. Como a ciência do lançamento se deu em 04/08/2009 e o contribuinte efetuou os pagamentos dos tributos aqui discutidos, os fatos geradores até 04/08/2004 encontramse decaídos. Foi o que se decidiu. Assim já que toda a parte exonerada do lançamento se deu em razão da desqualificação da multa, cujo dolo não restou comprovado e consequentemente do reconhecimento da decadência, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, mantendose a exoneração dos principais até ago/2004 e da multa qualificada. RECURSO VOLUNTÁRIO A contribuinte foi cientificada do teor do acórdão da DRJ/BEL e intimada ao recolhimento dos débitos de IRPJ e reflexos em 14/10/2010 (AR de fl. 2.315), e apresentou em 16/11/2010, recurso voluntário e demais documentos, juntados às fls. 2.316/2.330. Já que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, e tempestivo, dele conheço. 1) Preliminares de nulidades da autuação ausência de elementos formais do auto de infração e cerceamento de defesa Alega a contribuinte que teve seu direito de defesa cerceado, já que a fiscalização contida no MPF era apenas para IRPJ, PIS e COFINS, não havendo nada que autorizasse a fiscalização para a CSLL. De fato, de início, o MPF tratou somente do IRPJ/PIS/COFINS, entretanto, conforme decisão recorrida, nos termos da Portaria RFB 10.382/07 e 11.161/2007, vigente à época, art. 9º: "Art. 9º Na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no MPFF ou no MPFE, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa." Fl. 1368DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.369 8 Os fatos que o auto de infração se baseou para o lançamento da CSLL já exatamente os mesmos para o IRPJ, no caso em tela. Ademais, temse pacificado o entendimento na jurisprudência administrativa de que o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), seja ele de Fiscalização, de Diligência ou Especial, prestase primordialmente a controle de natureza interna da Receita Federal, embora também permita aos contribuintes aferir se a ação fiscal que se realiza é realmente originária do órgão tributário, se o servidor é da carreira de auditoria, quais são os tributos envolvidos, período, etc. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/1999 a 31/03/2004 Ementa: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui de mero controle administrativo, visando, sobretudo, proporcionar segurança ao contribuinte, não tendo o condão de tornar nulo lançamento corretamente efetuado, sob pena de contrariar o Código Tributário Nacional e o Decreto nº 70.235/72, o que não se permite a uma Portaria. (Acórdão nº 20180670 – Relator Maurício Taveira e Silva) Caso houvesse uma motivação diversa, tratamento diferenciado para a CSLL, de fato entenderia que o eventual vício não devesse prevalecer. No que tange à ausência de descrição precisa dos fatos, alega o recorrente que a descrição do fato jurídico tributável não se mostrou precisa. Entretanto, não é o que se vê, o contribuinte conheceu plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, mediante impugnação, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, tendo inclusive, logrado êxito em exonerar parte dos lançamentos em sede de impugnação, assim, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Ademais, não vejo qualquer um dos requisitos que dariam ensejo a declaração de nulidade do auto de infração. Ademais, este contém, dentre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicaria na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Assim, deixo de conhecer das preliminares argüidas. 2) Da inexistência de receitas omitidas e fragilidade da autuação baseada em movimentação financeira. No ano de 2004, a opção de tributação, feita pelo contribuinte foi o lucro presumido e em 2005, o lucro real. Trata a primeira autuação da omissão de receitas provenientes de recebimentos de órgãos públicos, deixando de declarar e escriturálas nos anos de 2004 e 2005. Através do confronto da DCTF com valores escriturados pelo contribuinte verificouse a falta de valores de PIS e COFINS. Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.370 9 Basicamente, alega o recorrente que não houve a omissão de receitas, já que os valores obtidos pela Fiscalização foram oriundos da própria escrituração, sendo que esta foi suficiente para verificar seus lançamentos. Que por ser retida na fonte não haveria qualquer propósito para a omissão e que o lançamento não passa de mera presunção. No entanto, pelo relatório fiscal, é exatamente o que se verifica, após o cálculo do PIS e da COFINS, por vezes valores declarados a menor na DCTF ou zerados em alguns períodos, existência de um valor retido, porém, recolhido, a menor, gerando a insuficiência do pagamento. Informa que a recorrente faz parte de um grupo de empresas "irmãs", e por questões econômicas, ela realizou aportes financeiros para cobertura de contas correntes, e assim, tais valores já estavam declarados e com origem comprovada. Novamente, apesar da alegação não há a comprovação do alegado, contratos, escriturações, razões contábeis sequer. Durante a fiscalização, mesmo intimado diversas vezes, já que não logrou comprovar, resultouse o lançamento das diferenças. E que os demais créditos seriam referentes a transações de duplicatas mercantis de vendas realizadas para outros clientes da iniciativa privada. Da parte mantida, as alegações basicamente tratam para se excluir pois as receitas estão declaradas em DCTF. A decisão recorrida assim entendeu: Assim, em que pesem todas as alegações, não há a comprovação de que tais valores foram efetivamente tributados. E aqui é que reside a questão, valores que foram omitidos da tributação, ou origens não comprovadas. As prefeituras e o governo estadual, devidamente oficiados, enviaram as informações que mostram os extratos de empenho em nome do recorrente, com os valores respectivos, bem como serviços prestados pela recorrente. Após as confrontações, com a receita devidamente tributada é que se chegou à diferença. Bastava ao recorrente a comprovação de que eles foram tributados. Fl. 1370DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.371 10 Da mesma forma, com relação aos movimentos bancários não comprovados, alega que por se tratar de mera presunção, sem qualquer vínculo com a realidade, a autuação deve ser cancelada. Ora, a presunção de omissão de receitas proveniente de depósitos bancários de origem não comprovada, e sua forma de tributação, estão assim previstas no art. 42, da Lei nº 9.430/96: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 11522.000624/200909 Acórdão n.º 1301002.578 S1C3T1 Fl. 1.372 11 Assim, a simples alegação do contribuinte, sem a devida comprovação, neste caso, não basta para a exclusão dos valores. Devese, manter a decisão recorrida. 3) Da inaplicabilidade da taxa Selic Também é sedimentado o entendimento acerca da aplicabilidade da taxa Selic, nos termos da Súmula CARF 04: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. CONCLUSÃO Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer dos Recursos de Ofício e Voluntário, para no mérito NEGARLHES provimento. (documento assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 1372DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.914984/2009-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DESPACHO ELETRÔNICO. CRÉDITO UTILIZADO. DIVERGÊNCIA DE DIPJ E DCTF. DILIGÊNCIA. LALUR. APRESENTAÇÃO DAS ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS. DIREITO CREDITÓRIO DEMONSTRADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA
O PER/DCOMP inicialmente não homologado por despacho eletrônico em virtude de inexistência de crédito passível de utilização, deve ser revisto e homologado quando, após diligência, a contribuinte apresenta livros contábeis e fiscais, por meio dos quais comprova prejuízo fiscal e pagamento indevido de estimativa mensal.
Numero da decisão: 1302-002.364
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar, e no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente-Substituta
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVA MENSAL. Recorrente BIORAD LABORATÓRIOS BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DESPACHO ELETRÔNICO. CRÉDITO UTILIZADO. DIVERGÊNCIA DE DIPJ E DCTF. DILIGÊNCIA. LALUR. APRESENTAÇÃO DAS ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS. DIREITO CREDITÓRIO DEMONSTRADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA O PER/DCOMP inicialmente não homologado por despacho eletrônico em virtude de inexistência de crédito passível de utilização, deve ser revisto e homologado quando, após diligência, a contribuinte apresenta livros contábeis e fiscais, por meio dos quais comprova prejuízo fiscal e pagamento indevido de estimativa mensal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar, e no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa PresidenteSubstituta (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 91 49 84 /2 00 9- 83 Fl. 325DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 3 2 Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (PresidenteSubstituta). Relatório Tratase da Resolução nº 110200.081, de 10/04/2012, da extinta 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 1ª Seção de Julgamento, determinada face ao Acórdão nº 12 38.757, de 15 de julho de 2011, proferido pela 9ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro. A DRJ relatou que o processo versava sobre o PER/DCOMP de fls. 2/7, transmitido em 13/01/2006, por meio do qual a Recorrente pretendia aproveitar crédito de pagamento indevido ou a maior de IRPJ (fl. 8, código 2362 IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL), arrecadado em 30/03/2001, no valor de R$38.360,81, na data de transmissão. O Despacho Decisório (fl. 9) não homologou a compensação declarada. Concluiuse que, o pagamento indicado no PER/DCOMP teria sido integralmente utilizado. A recorrente manifestou seu inconformismo alegando, em síntese, que: 3.1 Conforme DIPJ 2002 (fl. 30), transmitida em 28/06/2002, apurou base de cálculo negativa naquele exercício (fl. 36). 3.2 "... não havendo lucro, obviamente não há acréscimo patrimonial a ser passível de tributação, ou seja, não há a ocorrência do fato gerador para incidência do IRPJ", fl. 12. 3.3 "... não existiu base de cálculo para apuração do IRPJ mensal, pois essa, por estimativa, foi negativa", fl. 12, (Base de cálculo da estimativa de fevereiro, fl. 37). 3.4 0 art. 43 do CTN preceitua que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica; 3.5 "... inexistindo acréscimo patrimonial, a imposição de um desembolso imediato sobre um acréscimo que não ocorreu é ilegítimo", fl. 12. 3.6 Não existia imposto algum a ser recolhido ao erário. 3.7 A DCTF retificadora, transmitida em 10/03/2009 (fl. 141), desfaz o equívoco da vinculação do DARF ao suposto débito de IRPJ. No recurso voluntário, suscitou preliminar de nulidade do acórdão recorrido, sob a alegação de que este não estaria fundamentado e teria violado seu direito à ampla defesa e contraditório (por violar a prova dos autos quanto à comprovação do alegado erro praticado em DCTF originária e por deixar de provar que os créditos alegados em declaração de compensação já teriam sido utilizados para quitação de outros débitos. No mérito, reitera suas razões de impugnação, segundo as quais: (i) a Contribuinte teria comprovado a efetiva existência do crédito informado em PER/DCOMP, Fl. 326DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 4 3 mediante juntada de DARF/2001, DIPJ 2002 e DCTF retificadora; e (ii) caberia à autoridade julgadora, de ofício, converter o julgamento em diligência em caso de dúvida sobre a existência do crédito alegado, jamais “presumir pela inexistência do crédito, logo, de forma desfavorável e prejudicial ao contribuinte”. Segundo a Recorrente, em síntese, caso fossem devidamente apreciados pelo acórdão recorrido os documentos acima citados, a única conclusão possível desta análise seria o reconhecimento do direito creditório e a homologação da respectiva declaração de compensação. Diante de tais alegações, o pedido de diligência foi acolhido, concluindose que havia a necessidade de instrução do processo para adequado julgamento. Assim, propôsse a conversão do julgamento em diligência para que a DRF adotasse as seguintes providências: (i) atestar a autenticidade da DCTF retificadora trazida aos autos em face das vias originais e da documentação fiscal e contábil da Contribuinte; (ii) atestar, de forma conclusiva e justificada, mediante consulta a documentos e livros fiscais e contábeis da Contribuinte, a correção (ou não) das informações prestadas na DCTF retificadora referida nestes autos, especialmente, mas sem se limitar, à existência (ou não) de saldo de IRPJ a pagar nos meses do ano calendário de 2001 que estariam sendo apontados pela RFB como impeditivos do reconhecimento do direito creditório alegado e consequente homologação da declaração de compensação; (iii) das verificações efetuadas, lavrar Relatório de Diligência circunstanciado e dele dar ciência à Contribuinte para sobre ele se manifestar, no prazo de 30 (trinta) dias. Em cumprimento, a DRF apresentou o seguinte Despacho de Diligência: Tratase de relatório de Relatório de Diligência requerido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (Primeira Seção de Julgamento), nas Resoluções no 110200.080, 110200.081 e 110200.082 da 1a Câmara/2a Turma Ordinária, de 10/abr/2012. Basicamente, o CARF solicita as seguintes providências: (...) Constatamos nos sistemas da RFB que a DIPJ/2002, original/liberada, no 107942487, transmitida em 28/jun/2002, que a forma de apuração do IRPJ e da CSLL é o Lucro Real Anual. Em todos os meses de apuração das estimativas, quer sejam de IRPJ ou CSLL, a interessada utilizouse de balanços ou balancetes de suspensão ou redução que lhe permite, como o próprio nome sugere, suspender ou reduzir o pagamento do imposto, desde que demonstre que o valor do imposto devido, calculado com base no lucro real do período em curso, é igual ou inferior à soma do imposto de renda devido por estimativa, correspondente aos meses do mesmo anocalendário, anteriores àquele a que se refere o balanço ou balancete levantado. O contribuinte foi intimado, por meio do Termo de Intimação Fiscal no 48/2014, cuja ciência deuse em 24/jun/2014, a informar/fornecer o(a)(s) seguinte(s) documento(s)/justificativa(s): Fl. 327DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 5 4 “ Fotocópias autenticadas de escrituração contábil, mês a mês, do ano calendário 2011 que justifique as divergências encontradas entre o informado em DIPJ/2012 e as DCTFs transmitidas, relativamente a apuração dos tributos IRPJ (cód. receita 2362) e CSLL (cód. receita 2484). Comprovação definitiva de que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL (mês a mês) foi negativa, a qual originou prejuízo fiscal em suas principais atividades (receita de revenda de mercadorias e receita de prestação de serviços) por todos os meses do AC de 2001. Haja visto a interessada possuir 3 filiais ATIVAS e exercer a atividade: CNAE: 4645101 Comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios. Solicitase, então, como exposto acima: 1. fotocópia do Razão Analítico, em Real, detalhado, de 01/jan/2001 a 31/dez/2001, que detalhe MÊS a MÊS as receitas brutas e despesas com receitas brutas; e, 2. fotocópia do Balancete de Verificação, em Real, detalhado, de 01/jan/2001 a 31/dez/2001, que demonstre MÊS a MÊS as receitas brutas e despesas com receitas brutas. ” A interessada atendeu à intimação acima citada trazendo a esta SAORT/DRF/STL/MG 12 (doze) encadernações de livros Razão Contábil contendo Razão Analítico e Balancete Analítico, referente aos períodos de janeiro a dezembro/2001. Sobre a estimativa a que se refere este relatório de diligência, IRPJ PA: fev/2001, no Balancete Analítico não há referência de IRPJ a pagar referente ao período, assim como informado na Ficha 11 da DIPJ/2002. Também o contribuinte não se utilizou desta estimativa (nem de outra que porventura pudesse advir no decorrer do anocalendário: meses de jan e mar/dez/2001) para compor o ajuste anual em Saldo Negativo de IRPJ ao final do fato gerador em 31/dez/2001, conforme Linha 16, da Ficha 12A. TABELA 1 As DCTFs transmitidas pela Recorrente, do 1º e 2ºTrim/2001 são: Com relação às DCTFs transmitidas acima, a que contém informação do débito em comento (IRPJ PA fev/2001): 1oTrim/2001, na declaração original (item 01) havia informação de débito de estimativa IRPJ (cód. receita 2362). Esta foi retificada primeiramente em 15/ago/2001 (item 02), antes da ciência dos Despachos Decisórios eletrônicos exarados pelo Sistema de Controle de Crédito – SCC relativos às DComps 36368.46709.091105.1.3.043571, 08085.62025.130106.1.3.049094 e 20940.13287.3001506.1.3.043326, cujas Fl. 328DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 6 5 ciências deramse em 02/abr/2009. A segunda DCTF retificadora (item 03), Liberada/Recebida sem Erro, foi transmitida em 10/mar/2009, ou seja, também antes da ciência dos 03 (três) despachos decisórios. Tanto na primeira quanto na segunda DCTF Retificadora não há menção à apuração de débito de estimativa de IRPJ. Diante do exposto, cumprida a determinação do CARF, em razão da documentação trazida aos autos pelo contribuinte e face as DCTFs registradas nos sistemas da RFB: Dêse ciência deste Relatório de Diligência ao contribuinte, intimandoo a buscar a documentação apresentada por meio do TIF no 48. O interessado tem o prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da ciência deste Relatório para se manifestar. Após, encaminhemse os autos novamente ao CARF/MF/DF. A Recorrente foi devidamente intimada sobre o resultado da diligência, porém, não apresentou manifestação. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Na forma registrada na primeira oportunidade em que o caso veio a julgamento, o recurso voluntário é tempestivo e a recorrente está devidamente representada. Conheceuse do recurso. Preliminar de Nulidade A Recorrente alega que o despacho decisório que não homologou a DCOMP em questão seria nulo, por falta de fundamentação legal, bem assim pela falta de análise de DARF, DIPJ e DCTF. Verificase que, em realidade a recorrente não atendeu às intimações da DRF para a apresentação escritas contábeis, comerciais e fiscais. Limitouse a apresentar declarações acessórias, sobre as quais a DRF concluiu que não seriam suficientes para comprovar que o erro estaria na DCTF que, inicialmente, confessou débito de IRPJ e CSLL de estimativa mensal. Observase, ainda que o referido Despacho Decisório consignou os dispositivos legais e regulamentares, com base nos quais concluiu por não homologar a DCOMP em questão. Não haveria, portanto, a alegada nulidade. De qualquer forma, entendese que a conversão do julgamento inicial em diligência, concedeu à recorrente a oportunidade de demonstrar a subsistência de seu crédito relativo a pagamento indevido de IRPJ e CSLL por estimativa mensal. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 7 6 Nesse sentido, cabe rejeitar a preliminar de nulidade e adentrarse ao mérito para a apreciação do resultado da diligência, conforme segue. Mérito Em conformidade com o Despacho de Diligência retro transcrito, a recorrente apresentou Livros Razão Contábil contendo Razão Analítico e Balancete Analítico, referente aos períodos de janeiro a dezembro/2001. A DRF analisou o respectivo Balancete Analítico e concluiu que não havia IRPJ a pagar, referente fevereiro de 2001. Certificouse, portanto, que estava correto o registro na Ficha 11 da DIPJ/2002, quanto à inexistência de imposto a pagar. No entanto, verificouse que não houve registro na Linha 16, da Ficha 12A da DIPJ, quanto ao referido valor pago indevidamente a título de estimativa mensal. Não obstante tal omissão no preenchimento da DIPJ, certificouse, também que a Recorrente não se utilizou desse pagamento nos meses subsequentes de 2001. Com relação às referidas DCTFs, a DRF verificou que, a indicada no item 1, declaração original (IRPJ PA fev/2001; 1oTrim/2001), continha informação de débito de estimativa IRPJ (cód. receita 2362). A primeira retificadora da DCTF original, deuse em 15/08/2001 (item 02 do quadro acima), antes da ciência dos Despachos Decisórios eletrônicos exarados pelo Sistema de Controle de Crédito (SCC), relativos às DComps 36368.46709.091105.1.3.043571, 08085.62025.130106.1.3.049094 e 20940.13287.3001506.1.3.043326, cujas ciências deram se em 02/abr/2009. A segunda DCTF retificadora (item 03), Liberada/Recebida sem Erro, foi transmitida, em 10/03/2009, ou seja, entre a ciência dos dois despachos decisórios. Sobre as retificadoras, a DRF concluiu que, tanto na primeira quanto na segunda DCTF retificadoras, não mais havia registro sobre o referido débito de estimativa de IRPJ de 02/2001 que constava da DCTF original. Nesse sentido, confirmouse que: a) a recorrente apurou prejuízo fiscal no anocalendário de 2001, conforme balancete analítico e DIPJ 2002 (fl. 30), transmitida em 28/06/2002; b) não houve fato gerador do IRPJ; e c) o pagamento do DARF de R$38.360,81, posição em 30/03/2001, constituise em pagamento indevido, passível de utilização em compensação (fl. 13). Na forma certificada pela DRF, após diligência, é devida a homologação da PER/DCOMP em questão para o reconhecimento do direito creditório da recorrente. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 330DF CARF MF Processo nº 15374.914984/200983 Acórdão n.º 1302002.364 S1C3T2 Fl. 8 7 Rogério Aparecido Gil Fl. 331DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.720166/2012-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. APURAÇÃO DA DECADÊNCIA.
Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial.
GANHO DE CAPITAL. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL. ESCRITURA DE COMPRA E VENDA. DOCUMENTO PÚBLICO - Deixa de prevalecer a data, forma e valor da alienação constantes da Escritura Pública de Compra e Venda, para os efeitos fiscais, quando restar provado de maneira inequívoca que o teor contratual da escritura não foi cumprido, circunstância em que a fé pública do citado ato cede à prova de que a alienação deu-se de forma diversa, mais abrangente.
MULTA QUALIFICADA. DOLO. SONEGAÇÃO E CONLUIO.
A comprovação de que o autuado agira com dolo, com intuito de impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, autoriza a aplicação da multa de ofício em seu percentual duplicado - 150%.
Numero da decisão: 2402-005.975
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões em relação à decadência o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ALIENAÇÃO DE IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. APURAÇÃO DA DECADÊNCIA. Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. GANHO DE CAPITAL. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL. ESCRITURA DE COMPRA E VENDA. DOCUMENTO PÚBLICO Deixa de prevalecer a data, forma e valor da alienação constantes da Escritura Pública de Compra e Venda, para os efeitos fiscais, quando restar provado de maneira inequívoca que o teor contratual da escritura não foi cumprido, circunstância em que a fé pública do citado ato cede à prova de que a alienação deuse de forma diversa, mais abrangente. MULTA QUALIFICADA. DOLO. SONEGAÇÃO E CONLUIO. A comprovação de que o autuado agira com dolo, com intuito de impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, autoriza a aplicação da multa de ofício em seu percentual duplicado 150%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 01 66 /2 01 2- 65 Fl. 225DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões em relação à decadência o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Cuida o presente de Auto de Infração lavrado em 13.08.2012, pra constituição de IRPF no valor de R$ 170.655,01, acrescidos de multa de ofício qualificada (150%) e juros legais Selic. A autuação decorre da constatação da infração a seguir: 1 Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos Omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em Reais. Para tanto, a fiscalização apurou os seguintes fatos: Por meio do Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda de Imóvel rural, datado de 06.11.2006 e assinado pela contribuinte, conjuntamente a outros coproprietários, e pelo representante da promissária compradora MCL EMPREENDIMENTOS E NEGÓCIOS LTDA teria havido a alienação do imóvel rural FAZENDA SÃO PEDRO, com 710,787 hectares, com todas as suas benfeitorias existentes, pelo valor de R$ 7.342.825,00 (fls. 31/34). Como sinal, teriam recebido a importância de R$ 342.825,00, por meio de TED/DOC, nas contas indicadas pelos vendedores. Estipularam, ato contínuo, o seguinte cronograma e valores: 10.01.2007 R$ 1.000.000,00. 10.07.2007 R$ 1.500.000,00. 10.01.2008 R$ 2.000.000,00 sendo que corrigidos pelo IPCA desde 10.01.2007. 10.01.2009 R$ 2.500.000,00 sendo que corrigidos pelo IPCA desde 10.01.2007. Ainda fizeram consignar, naquele contrato, que as 3ª, 4ª e 5ª parcelas acima estariam representadas por 3 Notas Promissórias de emissão da promitente compradora, devidamente avalizadas por seus sócios, naqueles valores, sobre os quais acrescerseiam as correções monetárias à data de seus vencimentos. Na cláusula quinta do contrato, foi feito constar que: Fl. 227DF CARF MF 4 Depreendese da cláusula acima que em que pese o negócio ter sido entabulado pelo valor de R$ 7.342.825,00, ajustaram que a escritura pública darseia pelo valor de R$ 4.500.000,00, vinculandose as parcelas vincendas em 10.01.2008 (R$ 2.000.000,00) e 10.01.2009 (R$ 2.500.000,00). E nas cláusulas sexta e sétima: Referido contrato, ressaltase, apresentado à Fiscalização pela promissária compradora, teria sido celebrado em caráter irrevogável e irretratável, devendo ser respeitado em todos os seus termos pelas partes contratantes, seus herdeiros ou sucessores, ressalvado o caso de inadimplemento do pagamento do preço, conforme a cláusula sexta. Em cumprimento à clausula quinta, acima, foi outorgada, naqueles termos, a Escritura de Venda e Compra em 09.01.2007, pelo preço certo e ajustado de R$ 4.500.000,00, a serem pagos da seguinte forma: R$ 2.000.000,00 até o dia 10.01.2008, corrigido pelo IPC desde 10.01.2007; e R$ 2.500,000,00 até o dia 10.01.2009, corrigido pelo IPC desde 10.01.2007, conforme acostada às fls. 48/55. Consignouse ainda, a hipoteca do imóvel em 1º grau de preferência em favor dos outorgantes vendedores em garantia real do debito vincendo, até sua final quitação. No quadro "Declaração de Bens e Direitos" da DIRPF/2008 (ac 2007), foi declarada a venda do imóvel em 09.01.2007 e que teria recebido R$ 1.500.000,00 em dezembro de 2007, equivalente a 1/3 do preço ajustado na escritura pública (R$ 4.500.000,00). Da mesma forma constou no correspondente Demonstrativo da Apuração dos Ganhos de Capital (fls. 11). Fez crer, em resposta à Fiscalização, que esse valor recebido em dezembro de 2007 referiase aqueles que venceriam em 10.01.2008 (R$ 2.000.000,00) e 10.01.2009 (R$ 2.500.000,00) , em função de uma suposta antecipação acordada. Justificou a antecipação pela dispensa dos acréscimos previstos pelo IPCA. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 4 5 Nas DIRPF dos anos calendário 2008 e 2009, fez constar no quadro "Declaração de Bens e Direitos", o crédito no valor de R$ 833.333,33, relativamente ao 1/3 do valor com vencimento em 10.01.2009 (R$ 2.500.000,00). É dizer: esse direito foi declarado para 31.12.2007, 31.12.2008 e baixado em 31.12.2009, supostamente em aumento de capital, nesse mesmo ano, da firma DENARDI PNEUS E ACESSÓRIOS LTDA, no valor de R$ 800.000,00 (fls. 26). Levantados os fatos acima, a Fiscalização apurou o ganho de capital valendose dos seguintes critérios: Data de aquisição: 16.09.2002. Custo de Aquisição: R$ 616.707,00 (1/3 x R$ 1.850.121,00) Em função da não entrega, pela contribuinte, do DIAT de 2002, utilizou o valor constante da DOI apresenta à RFB para informar a aquisição do imóvel pelo sujeito passivo e demais condôminos, no valor de R$ 1.850.121,00, tanto como valor de alienação, como base de cálculo. Concluiu a Fiscalização que o valor das benfeitorias não haviam sido deduzidos da apuração da atividade rural e que no anexo da atividade rural dos anos de 2007 a 2009, não havia discriminado benfeitorias existentes na fazenda, razão pela qual, valeuse, como custo de aquisição, do valor total da aquisição e não apenas do VTN. Registrese que esse valor de aquisição coincide com o declarado pelo contribuinte na Declaração de Bens e Direitos. Data de Alienação: 06.11.2006. Utilizou a data da celebração daquele contrato particular de Compromisso de Venda e Compra de Imóvel Rural. Valor de Alienação: R$ 2.447.608,33 (1/3 x R$ 7.342.825,00) Valor referente ao pactuado naquele contrato particular de Compromisso de Venda e Compra de Imóvel Rural e considerado à prazo, na forma do lá previsto. Da apuração, descontou o valor recolhido em 31.01.2008 (28.179,99) Regularmente intimado, apresentou Impugnação que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ. (fls. 194/207); Em seu Recurso Voluntário de fls 213/220, sustenta, em síntese: 1 Que não houve dolo por parte do contribuinte, vez que apenas exerce o direito ao contraditório e ampla de defesa. 2 Que teriam decaídos os valores relativos aos fatos geradores havidos até 31.12.2007. Assim, como o fato gerador do tributo aconteceu há mais de cinco anos, não caberia a sua constituição. 3 Que em 17.01.2012 retificou as DIRPF dos anos calendários de 2008 e 2009, de forma a melhor retratar o pagamento antecipado de dezembro de 2007. 4 Que reduziu o valor das benfeitorias que na época restaram no imóvel, cujo valor foi de R$ 482.800,02, que foram lançados como recolhimentos da atividade rural nas DIRPF. Fl. 229DF CARF MF 6 5 Que se valeu, como VTN que compôs parte do custo de aquisição na apuração do ganho, da média dos valores informados nas DITR dos anos 2003, 2004, 2005 e 2006, ajustados para o ano de 2007. 6 Que o valor da transação foi, de fato, de R$ 4.500.000,00, conforme atesta, inclusive, a declaração da empresa MCL EMPREENDIMENTOS E NEGÓCIOS LTDA, que teria comprado o imóvel. 7 Que o Agente Fiscal embasou toda sua tese em um Xerox de Compromisso de Compra e Venda, alegado ser prova inequívoca de tal transação. 8 Que a multa qualificada não deve ultrapassar o valor do tributo a que se refere, consoante jurisprudência colacionada, pois violaria os princípios do não confisco e da razoabilidade. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do Acórdão em 05.03.2013 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 03.04.2013. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Em preliminar, o contribuinte sustenta e insiste no reconhecimento da decadência para os fatos geradores havidos até 31.12.2007. Nesse sentido, ao entender que o fato gerador derase há mais de cinco anos, não haveria crédito tributário a ser exigido. Consoante considerou a Fiscalização, a alienação derase em 06.11.2006, sendo que, na forma do aventado, os pagamentos darseiam em 2006 (R$ 342.825,00), em janeiro de 2007 (R$ 1.000.000,00), em julho de 2007 (R$ 1.500.000,00), em janeiro de 2008 (R$ 2.000.000,00) e em janeiro de 2009 (R$ 2.500.000,00). Ou seja, em que pese a apuração ter se dado no ato do compromisso, os fatos geradores tem seu momento no instante do recebimento das parcelas, vale dizer, no momento da disponibilidade da renda ao contribuinte, sob pena de se tributar, na hipótese de não vir a receber as parcelas, valor não disponibilizado ao alienante. Assim já se manifestou este colegiado. IRPF GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE AÇÕES A PRAZO. FATO GERADOR APURAÇÃO DA DECADÊNCIA Nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial. (Acórdão nº 9202003.819 – Sessão de 08 de março de 2016) E mais, essa é a dicção do artigo 43 do CTN e do artigo 2º da Lei 7.713/88: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Definida as bases, passemos a determinar o dies a quo para cada uma das parcelas, a depender de se considerar o artigo 150 § 4º ou 173, I, ambos do CTN, bem assim o respectivo prazo fatal para o lançamento. Fl. 231DF CARF MF 8 ciência do lançamento em 16.08.2012 fls. 93 dies a quo prazo fatal PARCELA 150, § 4º 173, I 150, § 4º 173, I 06.11.2006 06.11.2006 01.01.2007 06.11.2011 31.12.2011 10.01.2007 10.01.2007 01.01.2008 10.01.2012 31.12.2012 10.07.2007 10.07.2007 01.01.2008 10.07.2012 31.12.2012 10.01.2008 10.01.2008 01.01.2009 10.01.2013 31.12.2013 10.01.2009 10.01.2009 01.01.2010 10.01.2014 31.12.2014 Notase que independentemente de um ou outro critério, a primeira parcela, não objeto do lançamento, encontravase fulminada pela decadência. Por seu turno, as quarta e quinta parcelas, a salvo da extinção. Assim, restanos analisar quanto as segunda e terceiras parcelas, que se deram em 2007. Como já cediço na jurisprudência administrativa, a regra geral para a contagem da decadência é aquela prevista no artigo 173, I do CTN, sendo certo que para os tributos lançados por homologação, vale dizer, para aqueles em que o contribuinte tem o dever legal de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a regra é deslocada para aquela prevista no § 4º do artigo 150 do CTN. No entanto, na hipótese de inexistência desse pagamento antecipado, que faz com que não haja o que ser homologado, temse que o critério de contagem do prazo retorna à regra geral (173, I). Da mesma forma, por expressa previsão no § 4º daquele artigo 150, nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação não há aplicação deste artigo, mas sim do da regra geral. Considerando que, segundo a Fiscalização, apenas quanto à parcela de 10.01.2008 é que houve o pagamento a ser homologado (R$ 28.179,99) é de se concluir que para todas as demais, a contagem do prazo decadencial terá início a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser realizado. Em outras palavras: sem que adentremos, neste momento, à questão da imputada ocorrência do dolo fraude ou simulação e considerando, apenas, a circunstância do pagamento antecipado, imperioso se concluir que não há crédito tributário lançado atingido pela decadência. No mérito, alega: que o valor da transação foi, de fato, de R$ 4.500.000,00, conforme atesta, inclusive, a declaração da empresa MCL EMPREENDIMENTOS E NEGÓCIOS LTDA, que teria comprado o imóvel e que o Agente Fiscal embasou toda sua tese em um Xerox de Compromisso de Compra e Venda, alegado ser prova inequívoca de tal transação. Por tudo que consta dos autos e que será adiante destacado, estou convicto de que, a tomar por conta a operação engendrada, a Escritura Pública em nada se opõe ao Contrato Particular. Pelo contrário, havia expressa previsão contratual para que assim se procedesse em cartório. Vale dizer: a Escritura Pública, tal como lavrada, seria o ápice do acordado naquele contrato de promessa. Vejamos: As partes alienante e adquirente manifestaram o interesse em um determinado imóvel. Ajustaram o preço e a forma de pagamento, mas não levaram esse acordo Fl. 232DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 6 9 a registro, desta forma, não houve a transmissão da DOI à Receita Federal do Brasil. Nesse mesmo momento, já consignaram o recebimento em conta bancária da primeira parcela ou sinal (R$ 342.825,00). Assim, na data (06.11.2006) do acordo particular já havia sido dado o sinal, inferindose que o contribuinte já havia recebido R$ 114.275,00 (1/3 x R$ 342.825,00) Alinhado ao objetivo pretendido, entregou sua DIRPF ano calendário 2006, após a data da escritura pública, desacompanhada do anexo de apuração do ganho de capital, tampouco registrou a operação na Declaração de Bens e Direito, muito embora já houvesse recebido o sinal. Contudo, havia a necessidade de se registrar o negócio em cartório para que houvesse a efetiva transmissão da propriedade no RGI. Nesse sentido, ajustaram, naquele mesmo instrumento particular, que a até o dia 10.01.2007, quando já desocupado o imóvel (cláusula quarta) e no vencimento da 2ª parcela, iriam a cartório para assinar a escritura pública pelo valor das 4ª e 5ª parcelas, já que a 3ª estaria garantida por Nota Promissória de emissão do promitente comprador, devidamente avalizadas por seus sócios. A 2ª parcela não estava garantida por Nota Promissória, uma vez que seu vencimento darseia no mesmo dia em que se ajustou a ida ao cartório, depreendendose que com a efetiva ida ao cartório, aquela parcela teria sido regularmente adimplida. Agora sim, a operação, no valor parcial de R$ 4.500.000,00, seria comunicada à RFB por meio da DOI. Mas se estão sendo preservados os valores e vencimentos das 4ª e 5ª parcelas, para um e dois anos após, qual a garantia para os alienantes, além das Notas Promissórias do promitente comprador, devidamente avalizadas por seus sócios ? Simples. Constituise, no próprio imóvel e no mesmo ato, uma hipoteca em primeiro grau de preferência em favor dos alienantes em garantia real do débito vincendo, até sua final quitação. E assim foi feito. Em maio de 2012, provavelmente após o adquirente ter apresentado à Fiscalização o referido instrumento de contrato particular, a recorrente retificou sua DIRPF relacionada ao ano calendário 2007, quando então, segundo o contrato particular, já teria recebido R$ 833.333,33 (1/3 das parcelas de 10.01.2007 e 10.07.2007). Naquela retificadora constou no Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital a informação da alienação do imóvel por R$ 1.500.000,00, que lhe seriam devidos, tanto pelo contrato particular, quanto pela escritura pública, apenas em 2008 e 2009. Na mesma oportunidade, na Declaração de Bens e Direitos, registrou a baixa do imóvel, anteriormente adquirido por R$ 616.700,00, fazendo constar que o valor de R$ 1.500.000,00 teria lhe sido antecipado em dezembro de 2007. Fl. 233DF CARF MF 10 Nesse ponto, considerando que a alegação é de que teria recebido antecipadamente os R$ 1.500.000,00 (devidos em 2008 e 2009) e não os R$ 833.333,33, segundo o contrato particular (devido em janeiro e julho de 2007), a Fiscalização, diligentemente, intimou a recorrente a apresentar os extratos bancários de todas as contas correntes e de todas as aplicações financeiras mantidas no Banco Bradesco, no período de 01.01.2007 a 31.12.2009 (fls. 59). Registrese que a contribuinte não atendeu a intimação. E mais, sua DIRPF do ano calendários 2008, na Declaração de Bens e Direitos, ainda evidenciava o saldo a receber, no valor de R$ 833.333,33 em 31.12.2007 e em 31.12.2008. Na DIRPF do ano calendário 2009, no mesmo quadro, demonstrava o mesmo saldo em 31.12.2008, baixado em 2009, quando então teria havia a incorporação de R$ 800.000,00 junto ao capital social da empresa DENARDI PNEUS E ACESSÓRIOS LTDA. Quanto à declaração prestada pela adquirente, à fls. 182, podese perceber que as expressões lá utilizadas se deram de forma cuidadosamente medida, a fim de fazer crer o que não estaria sendo afirmado. Vejamos: "....que a compra e venda do imóvel rural .... foi celebrada e consumada através da escritura pública de compra e venda lavrada em 09.01.2007....levada a registro público na matricula 25047 ....pelo valor de R$ 4.500.000,00, sendo o único instrumento jurídico válido, dotado de fé pública, que representou a real vontade das partes contratantes...devendo ser considerado nulo qualquer outro documento particular diverso da operação...pactuada e consumada na escritura pública supra descrita, por não ser legítimo e autentico e não ter sido perpetuado." Vejase que tanto a declaração acima, quanto aquele instrumento de contrato particular foram assinados pelo Sr Mário Celso Lopes, sócio administrador da adquirente. Nesse sentido, ao declarar a ilegitimidade e a não autenticidade de "qualquer outro documento particular diverso da operação" que constou da escritura pública, aparentame óbvio que não estava se referindo, especificamente, àquele contrato particular, na medida em que o que estaria lá entabulado não seria diverso do da escritura. Serviu para que, entres as partes e longe dos olhos de terceiros, pactuassem a venda e compra a prazo de um imóvel por R$ 7.342.825,00 sendo que, apenas a escritura, como lá expressamente previsto, seria passada pelo valor de R$ 4.500.000,00. E isso me está claro. Voltando aos termos daquela declaração de fls. 182, foi afirmado que a operação teria se "consumado" com a escritura pública levada a registro na matrícula do imóvel. Nada diferente do que dispõe a lei civil, quando menciona a transferência de propriedade imóvel. Mas veja, em momento algum foi dito especificamente que aquele instrumento particular, devidamente caracterizado, que foi assinado pelo próprio declarante em 06.11.2006, com as mesmas partes e mesmo objeto não teve valor jurídico e não retratou a operação que, de fato, ocorreu. Ademais, declaração desse naipe, que procura invalidar manifestação de vontade anterior, deveria vir acompanhada, no mínimo, dos lançamentos contábeis em suas contas de disponibilidades (caixa e bancos), de forma a demonstrar que não houve os pagamentos anteriormente acordados. Destarte, o que constou da escritura pública, que procurou retratar, apenas parcialmente, o negócio entabulado, rendese aos termos do efetivamente negociado e consubstanciado naquele instrumento particular. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL ESCRITURA DE COMPRA E VENDA DOCUMENTO PÚBLICO Deixa de prevalecer a data, forma e valor da alienação constantes da Escritura Pública de Compra e Venda, para os efeitos fiscais, quando restar Fl. 234DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 7 11 provado de maneira inequívoca que o teor contratual da escritura não foi cumprido, circunstância em que a fé pública do citado ato cede à prova de que a alienação deuse de forma diversa. (Acórdão nº: 10421.643 – Sessão de 21 de junho de 2006) Por sua vez, quanto às alegações a seguir, ainda que não tenham ficado suficientemente claras a meu juízo, passo a abordálas: 1 Que reduziu o valor das benfeitorias que na época restaram no imóvel, cujo valor foi de R$ 482.800,02, que foram lançados como recolhimentos da atividade rural nas DIRPF; 2 Que se valeu, como VTN que compôs parte do custo de aquisição na apuração do ganho, da média dos valores informados nas DITR dos anos 2003, 2004, 2005 e 2006, ajustados para o ano de 2007. A Fiscalização não se utilizou dos DIAT, na forma do artigo 19 da Lei 9.393/96 1, na medida em constatou a sua não entrega pelo contribuinte no ano da aquisição (2002), mas sim pelo proprietário anterior. Assim, sendo, com fulcro nos artigos 10, §2º e 19, §1º, II, ambos da Instrução Normativa SRF nº 84/2001, valeuse dos valores efetivamente havidos nos negócios. Na aquisição, aquele que constou da DOI como valor de alienação e que coincidiu com o declarado pela recorrente em sua Declaração de Bens e Direitos (R$ 616.707,00). E frisese: ao tomar todo o valor do negócio como o de custo de aquisição, acaba por concluir, em benefício do contribuinte. que eventual parcela relativa as benfeitorias não foi levada como despesa de custeio na apuração da atividade rural, no ano da aquisição do imóvel. E mais, na hipótese de se pretender deduzir do valor de alienação, dispêndios com benfeitorias realizados após a aquisição do imóvel, tais valores, além de, por óbvio, precisarem estar documentalmente comprovados, devese demonstrar que na alienação do imóvel, a parcela relativa àquelas benfeitoras foi devidamente tributada como receita da atividade rural, a teor do inciso II do parágrafo 1º do artigo 19 da IN 2citada acima. Por sua vez, na alienação, considerou o valor que constou naquele contrato particular, observada a participação da contribuinte no negócio. Art. 10. Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase custo de aquisição o valor da terra nua declarado pelo alienante, no Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano da aquisição, observado o disposto nos arts. 8o e 14 da Lei No 9.393, de 1996. 1 Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. 2 Art. 19. Considerase valor de alienação: (...) § 2o Na alienação dos imóveis rurais, a parcela do preço correspondente às benfeitorias é computada: I como receita da atividade rural, quando o seu valor de aquisição houver sido deduzido como custo ou despesa da atividade rural; II como valor da alienação, nos demais casos. Fl. 235DF CARF MF 12 (...) § 2o Caso não tenha sido apresentado o Diat relativamente ao ano de aquisição ou de alienação, ou a ambos, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. Art. 19. Considerase valor de alienação: (...) § 1o Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase valor de alienação da terra nua: I o valor declarado no Diat do ano da alienação, quando houverem sido entregues os Diat relativos aos anos de aquisição e alienação; II o valor efetivamente recebido, nos demais casos. Nesse ponto, não há reparos a se fazer no lançamento fiscal. Passo a analisar, adiante, a aplicação da multa qualificada, em função da alegação de que: "a multa qualificada não deve ultrapassar o valor do tributo a que se refere, consoante jurisprudência colacionada, pois violaria os princípios do não confisco e da razoabilidade" Podese notar que a fiscalização enquadrou a conduta do contribuinte nas circunstâncias previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, que, uma vez comprovada tal conduta, dá ensejo à aplicação da multa prevista no § 1º, I, do artigo 44 da Lei 9.430/96. Segundo o artigo 71 da lei 4.502/64, sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. E mais, o artigo 73 citado acima, prevê que conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Por seu turno, conforme se extrai do artigo 18, I do Código Penal Brasileiro, conduta dolosa tanto a comissiva, quanto a omissiva é aquela tomada deliberadamente no intuito de desejar determinado resultado ou de assumir o risco de produzilo. Indubitavelmente, tenho que, por tudo que ficou demonstrado, em especial a seqüência dos atos, o acordo particular entabulado, que talvez por descuido tenha chegado ao conhecimento da Fiscalização, parcialmente reproduzido na escritura pública, seus reflexos na apuração do ganho de capital na operação, o portarse da contribuinte ao declarar a operação em suas DIRPF, a recorrente agiu de forma dolosa e em conluio com as demais partes, de forma a impedir o conhecimento pelo Fisco da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Assim agindo, a aplicação do § 1º, do inciso I do artigo 44 da Lei 9.430/96 é um imperativo. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 236DF CARF MF Processo nº 15868.720166/201265 Acórdão n.º 2402005.975 S2C4T2 Fl. 8 13 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por fim, cabe lembrar que em sendo o lançamento atividade vinculada e obrigatória, não deve a autoridade autuante deixar de promovêlo. Da mesma forma, ao julgador administrativo é vedada a apreciação de questões que suscitem a inconstitucionalidade da lei. Quanto a este aspecto, trago à colação a Súmula CARF nº 2, conjuntamente ao artigo 62 do Regimento Interno do CARF, ambos de aplicação obrigatória nos julgamentos por este colegiado. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso, REJEITAR a preliminar de decadência e, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13161.001373/2007-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: Domingos de Sá Filhio
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 13 73 /2 00 7- 81 Fl. 395DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 396DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 397DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.269. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 398DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 399DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 400DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 401DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 402DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 403DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 404DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 405DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 406DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 407DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 408DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 409DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 410DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 411DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 413DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 414DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 415DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 416DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 417DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 418DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 419DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 420DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 421DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 422DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 423DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 424DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 425DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 426DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 427DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 428DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 429DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 430DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 431DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 432DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 433DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 434DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 435DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 436DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 437DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 439DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13161.001373/200781 Acórdão n.º 3302003.268 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 441DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 442DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.001505/2006-48
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 14 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 1997
PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário de 1996 que teve início em 01/01/1997 e pleiteado em 12/12/2006 está alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos.
Numero da decisão: 1801-00.429
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação por estarem alcançados pela prescrição, nos termos do voto da Relatora
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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REPETIÇÃO DE INDÉBITO. A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário de 1996 que teve início em 01/01/1997 e pleiteado em 12/12/2006 está alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação por estarem alcançados pela prescrição, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes - Presidente (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva - Relatora EDITADO EM: Composição do Colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Sandra Maria Dias Nunes, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES 2 Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (PER/DComp) em 12/12/2006, fls. 01/09 utilizando- se do crédito relativo ao saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor original de R$100.824,14, que atualizado monetariamente perfaz o total de R$291.260,78, do ano-calendário de 1996. Em conformidade com o Despacho Decisório, flS. 129/132, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento ao argumento de que o pedido foi alcançado pela prescrição. Cientificada em 05/12/2008, fl. 134, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade em 15/12/2008, fls. 135/143, argumentando em síntese que discorda da conclusão da análise do pedido. Argumenta que o termo inicial da contagem do prazo prescricional é a data em que o lançamento é homologado tacitamente (§ 4 do art. 150 do Código Tributário Nacional – CTN). Conclui que o prazo é de dez anos a contar da ocorrência do fato gerador para os pedidos formalizados antes da edição da Lei Complementar nº 118, de 2005, em conformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o princípio da irretroatividade legal. Diz demonstrar, conforme planilha, os pagamentos que entende são maiores que os tributos devidos. Indica a legislação que rege a matéria e ainda entendimentos jurisprudenciais em seu favor. Conclui Por tudo quanto foi exposto, verifica-se que não se encontra prescrito o direito de pleitear a restituição do SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - IRPJ — EXERCíCIO 1997, ANO CALENDÁRIO 1996, sendo que a homologação tácita deu-se em 1999. [...] Diante dos fatos e do direito apresentado, a recorrente espera e requer seja recebido e julgado o presente RECURSO para o fim de ver reformada a r. decisão de primeiro grau, sendo deferido o pedido de restituição do SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - IRPJ — EXERCÍCIO 1997, ANO CALENDÁRIO 1996, conforme demonstram os documentos anexados, no montante atualizado de ate a data da inicial de R$ 291.260,78 (duzentos e noventa e um reais e duzentos e sessenta reais e setenta e oito centavos), aplicando-se corretamente o direito e por conseguinte, fazendo-se JUSTIÇA! Nestes termos Pede Deferimento Está registrado como resultado do Acórdão da 1ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº - 06-24.454, de 19/11/2009, fls. 156/157:“ Manifestação de Inconformidade Improcedente”. Consta que ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO • Exercício: 2006 INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10930.001505/2006-48 Acórdão n.º 1801-00.429 S1-TE01 Fl. 276 3 A extinção do crédito tributário relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação, termo inicial do prazo prescricional, ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 do CTN. Notificada em 30/11/2009, fl. 159, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 09/12/2009, fls. 160/168, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera todos os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Conclui Diante dos fatos e do direito apresentado, a recorrente espera e requer seja recebido e julgado o presente RECURSO para o fim de ver reformada a r. decisão de primeiro grau, sendo deferido o pedido de restituição do SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURIDICA - IRPJ —EXERCíCIO 1997, ANO CALENDÁRIO 1996, conforme demonstram os documentos anexados, no montante atualizado de ate a data da inicial de R$ 291.260,78 (duzentos e noventa e um reais e duzentos e sessenta reais e setenta e oito centavos), aplicando-se corretamente o direito e por conseguinte, fazendo-se JUSTIÇA! Nestes termos Pede Deferimento É o Relatório. Voto Conselheira Relatora, Carmen Ferreira Saraiva O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente discorda do procedimento fiscal. Cabe esclarecer que o IRPJ está sujeita ao lançamento por homologação, nos termos do § 4 do art. 150 do CTN. No que se refere à prescrição, o Código Tributário Nacional prevê: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; [...] Fl. 3DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES 4 Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; [..] Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; A Lei Complementar nº 118, de 2005, determina: Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n o 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1 o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3 o , o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Cabe mencionar a jurisprudência administrativa sobre a questão (fonte: http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudencia.jsf, acesso em 18/11/2010): Nº Recurso 156649 - Número do Processo 11080.102959/2003- 11 -Turma 1ª Câmara Contribuinte COMERCIAL DE BEBIDAS AMAZONENSE LTDA Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Negado Provimento Por Unanimidade-Data da Sessão 16/12/2008 Relator(a) Valmir Sandri Nº Acórdão 101-97053 - Tributo / Matéria IRPJ - restituição e compensação Decisão Por unanimidade votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedido, pela matéria, o Conselheiro João Carlos Lima Junior. Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Anos-calendário: 1997 e 1998 Ementa: RESTITUIÇÃO - RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR - PRESCRIÇÃO – PRAZO Mesmo antes da edição da Lei Complementar nº 118/2005, a jurisprudência majoritária deste E. Conselho de Contribuintes não acolhia a chamada tese dos "cinco mais cinco", pois entendia que, nos casos de recolhimento de tributo efetuado a maior ou indevidamente, o prazo prescricional a ser aplicado é o resultante da combinação dos artigos 168, I e 165, I do CTN, que estabelecem que o direito de pleitear restituição extingue-se com o decurso de prazo de cinco anos a contar da data do pagamento. Recurso Voluntário Improcedente Fl. 4DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10930.001505/2006-48 Acórdão n.º 1801-00.429 S1-TE01 Fl. 277 5 [...] Nº Recurso 152044 -Número do Processo 11080.012500/2002- 38 -Turma 1ª Câmara Contribuinte AVIPAL S/A Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Negado Provimento Por Unanimidade- Data da Sessão 16/12/2008 Relator(a) Valmir Sandri Nº Acórdão 101-97060 -Tributo / Matéria IRPJ - restituição e compensação Decisão Por unanimidade votos, NEGAR provimento ao recurso. Declarou-se impedido o Conselheiro José Ricardo da Silva. Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 Ementa: IRPJ DIREITO CREDITÓRIO - COMPENSAÇÃO – IRRF – Não tendo a contribuinte comprovado, com documentos hábeis e idôneos a totalidade do imposto de renda retido na fonte, compensado com o imposto devido por estimativa, impõe se a manutenção do direito creditório apurado pela decisão recorrida. RESTITUIÇÃO - RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR - PRESCRIÇÃO – PRAZO - Mesmo antes da edição da Lei Complementar nº 118/2005, este E. Conselho de Contribuintes não acolhia a chamada tese dos "cinco mais cinco", pois entendia que, nos casos de recolhimento de tributo efetuado a maior ou indevidamente, o prazo prescricional a ser aplicado é o resultante da combinação dos artigos 168, I e 165, I do CTN, que estabelecem que o direito de pleitear restituição extingue-se com o decurso de prazo de cinco anos a contar da data de extinção do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Vale esclarecer que o art. 3 da Lei Complementar n 118, de 2005, está em vigor e tem efeito expressamente retroativo. Mesmo antes da edição desta norma, o entendimento jurisprudencial pacificado desta segunda instância de julgamento é no sentido de que prevalece o prazo prescricional qüinqüenal a contar do pagamento maior que o tributo devido. A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário de 1996 teve início em 01/01/1997 e foi pleiteado em 12/12/2006, fls. 01/09. Assim o pedido foi alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos. Por conseguinte, não cabem reparos ao procedimento fiscal. No que se refere à interpretação da legislação e entendimentos doutrinários indicados na peça recursal, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos aos quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso (art. 100 do Código Tributário Nacional). Em relação aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe transcrever o enunciado da Súmula CARF n 2, que é de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais -CARF), e que assim determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Logo, este argumento não pode prosperar. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES 6 Em face do exposto voto, no mérito, por negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação por estarem alcançados pela prescrição. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 6DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 28/12/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 03/01/2011 por ANA DE BARROS FERNAN DES
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Numero do processo: 11829.000036/2010-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2005 a 21/12/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Os embargos de declaração se prestam a sanar obscuridade, omissão,
contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão.
Necessário acolher os Embargos para esclarecer as razões pelas quais o
Recurso Voluntário não foi conhecido face a desistência e renúncia para
inclusão no parcelamento.
Embargos Acolhidos sem efeitos infringentes
Numero da decisão: 3402-004.142
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por acolher os Embargos de Declaração para sanar os vícios apontados no acórdão embargado, e, pelo voto de qualidade, não lhe atribuir efeito modificativo. Vencidos os Conselheiros Renato Vieira de Avila, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula e Carlos Augusto Daniel Neto. Os Conselheiros Renato Vieira de Avila e Maria Aparecida Martins de Paula apresentaram declarações de voto. O Conselheiro Renato Vieira de Avila participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de participar do julgamento.
Nome do relator: Maysa de Sá Pittondo Deligne
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 21/12/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Os embargos de declaração se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão. Necessário acolher os Embargos para esclarecer as razões pelas quais o Recurso Voluntário não foi conhecido face a desistência e renúncia para inclusão no parcelamento. Embargos Acolhidos sem efeitos infringentes
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por acolher os Embargos de Declaração para sanar os vícios apontados no acórdão embargado, e, pelo voto de qualidade, não lhe atribuir efeito modificativo. Vencidos os Conselheiros Renato Vieira de Avila, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula e Carlos Augusto Daniel Neto. Os Conselheiros Renato Vieira de Avila e Maria Aparecida Martins de Paula apresentaram declarações de voto. O Conselheiro Renato Vieira de Avila participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de participar do julgamento.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-06-02T01:02:09Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: 11829000036201056 LUCENT; xmp:CreatorTool: PDFCreator Version 1.4.2; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CARF; dcterms:created: 2017-06-02T01:02:09Z; Last-Modified: 2017-06-02T01:02:09Z; dcterms:modified: 2017-06-02T01:02:09Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: 11829000036201056 LUCENT; xmpMM:DocumentID: uuid:a2af67c5-498a-11e7-0000-417ae1d93adb; Last-Save-Date: 2017-06-02T01:02:09Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDFCreator Version 1.4.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2017-06-02T01:02:09Z; meta:save-date: 2017-06-02T01:02:09Z; pdf:encrypted: true; dc:title: 11829000036201056 LUCENT; modified: 2017-06-02T01:02:09Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CARF; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CARF; meta:author: CARF; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-06-02T01:02:09Z; created: 2017-06-02T01:02:09Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; Creation-Date: 2017-06-02T01:02:09Z; pdf:charsPerPage: 1904; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CARF; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-06-02T01:02:09Z | Conteúdo => S3-C4T2 Fl. 780 1 779 S3-C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11829.000036/2010-56 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3402-004.142 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2017 Matéria DESISTÊNCIA PARCELAMENTO 11.941/2009 Embargante LUCENT TECHNOLOGIES DO BRASIL, INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 21/12/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Os embargos de declaração se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão. Necessário acolher os Embargos para esclarecer as razões pelas quais o Recurso Voluntário não foi conhecido face a desistência e renúncia para inclusão no parcelamento. Embargos Acolhidos sem efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por acolher os Embargos de Declaração para sanar os vícios apontados no acórdão embargado, e, pelo voto de qualidade, não lhe atribuir efeito modificativo. Vencidos os Conselheiros Renato Vieira de Avila, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula e Carlos Augusto Daniel Neto. Os Conselheiros Renato Vieira de Avila e Maria Aparecida Martins de Paula apresentaram declarações de voto. O Conselheiro Renato Vieira de Avila participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de participar do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente. Fl. 780DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Renato Vieira de Ávila, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratam-se de Embargos de Declaração interpostos em tempo hábil pelo contribuinte, sob o pressuposto de contradição do Acórdão n.º 3402-003.670 quanto ao não conhecimento do Recurso Voluntário interposto. Como relatado no acórdão embargado, trata o presente processo de auto de infração pela violação do dever de guarda e apresentação dos documentos fiscais relativos a importações pelo regime de RECOF dos anos de 2005 e 2006 (faturas comerciais e packing list). Por essa razão, foi lançada a multa prevista no art. 70, II, "b" item 1 da Lei n.º 10.833/03. Na decisão de primeira instância, foi reconhecida a decadência dos fatos geradores ocorridos até 21/12/2005, objeto de Recurso de Ofício julgado procedente no acórdão embargado. Contra aquela decisão, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, do qual não se tomou conhecimento no acórdão embargado em razão da desistência das razões de direito para a inclusão dos valores autuados no parcelamento em relação ao período não abrangido pela alegação de decadência (a partir de 22/12/2005). Nos aclaratórios opostos, afirma a Embargante que teria desistido apenas de parte de seu Recurso Voluntário interposto para fins de inclusão dos valores autuados no parcelamento da Lei n.º 11.941/2009 sendo que, em relação ao fatos geradores ocorridos até 21/12/2005, as alegações de direito trazidas no Recurso Voluntário deveriam ser conhecidas e apreciadas por este colegiado, quais sejam: (i) nulidade do Auto de Infração em razão do erro na identificação do sujeito passivo, vez que a empresa LUCENT TECNOLOGIES DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIAL LTDA, CNPJ 84.512.045/0003-05 foi extinta, sendo que as empresas sucessoras não podem responder pela multa aplicada à empresa antecessora; (ii) a inaplicabilidade da multa aplicada vez que: (ii.1) viola o princípio da irretroatividade das leis, considerando que o dispositivo legal que fundamenta a autuação somente foi regulamentado pelo art. 18 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto n.º 6.579/2009, publicado em 06/02/2009); (ii.2) não está prevista na legislação específica do RECOF (violação ao princípio da especialidade das leis); (ii.3) a obrigatoriedade do romaneio de carga para instrução das declarações de importação só veio a ser prevista em 2006, após o registro de quase a totalidade das DIs objeto da Fl. 781DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 781 3 autuação; (ii.4) a legislação que regulamentava o registro da DI conferia efeitos equivalentes ao original para as cópias das faturas comerciais. (iii) violação aos Princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade, uma vez que a revisão das operações de importação poderia ser feita apenas com as cópias dos documentos, não tendo a fiscalização alegado a falsidade e a inidoneidade das cópias apresentadas; (iv) a infração autuada tem caráter continuado, devendo ser aplicada apenas uma multa para cada uma das DIs objeto da autuação; (v) a multa aplicada é inconstitucional pois tem caráter confiscatório, devendo ser reduzida a parâmetros juros e razoáveis. Admitidos os embargos por meio de despacho específico, foi aberta vista para a Fazenda Nacional se manifestar em razão das alegações da Embargante serem dotadas de potencial efeito modificativo. Após o retorno dos autos com petição da Fazenda apenas tomando ciência dos aclaratórios, sem considerações adicionais, os autos retornaram a esta Relatora para julgamento. É o relatório Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne Como relatado, aduz a Embargante que teria desistido apenas de parte de seu Recurso Voluntário interposto para fins de inclusão dos valores autuados no parcelamento da Lei n.º 11.941/2009 sendo que, em relação ao fatos geradores ocorridos até 21/12/2005, as alegações de direito trazidas no Recurso Voluntário deveriam ser conhecidas e apreciadas por este colegiado. Entendo que os Embargos merecem ser acolhidos somente para esclarecer aqui as razões para não conhecimento do Recurso Voluntário quanto aos débitos abrangidos pelo argumento da decadência, não merecendo ser providos para manter integralmente o acórdão proferido. Com efeito, como se depreende dos presentes autos, a Embargante obteve provimento favorável aos seus interesses pela decisão de primeira instância especificamente ao argumento da decadência, entendendo aquela instância que estariam decaídos os valores de multa autuados relativos ao período anterior a 21 de dezembro de 2005. Quanto ao período a partir de 22 de dezembro de 2005 a Embargante protocolou petição "renunciando a qualquer alegação de direito em que se funda a discussão nesse ponto, em decorrência da inclusão desses débitos no REFIS IV, nos termos das Leis n.º 11.941/2009 e 12.865/2013, e das Portarias Conjuntas PGFN/RFB n.ºs 06/2009, 13/2009 e 07/2013." (e-fls. 591) Fl. 782DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 Como evidenciado pela própria Embargante em sua petição de desistência, para a adesão no parcelamento, as referidas Portarias exigiam a renúncia a todas as alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos, como se depreende, apenas a título ilustrativo, da expressão do art. 13 da Portaria n.º 06/2009: "Art. 13. Para aproveitar as condições de que trata esta Portaria, em relação aos débitos que se encontram com exigibilidade suspensa, o sujeito passivo deverá desistir, expressamente e de forma irrevogável, da impugnação ou do recurso administrativos ou da ação judicial proposta e, cumulativamente, renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos e as ações judiciais, até 30 (trinta) dias após o prazo final previsto para efetuar o pagamento à vista ou opção pelos parcelamentos de débitos de que trata esta Portaria. (Redação dada pelo(a) Portaria Conjunta PGFN RFB nº 11, de 11 de novembro de 2009) § 1º No caso em que o sujeito passivo possuir ação judicial em curso, na qual requer o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em outros parcelamentos, deverá desistir da respectiva ação judicial e renunciar a qualquer alegação de direito sobre a qual se funda a referida ação, até 30 (trinta) dias após a data de ciência do deferimento do requerimento do parcelamento ou da data do pagamento à vista. (Redação dada pelo(a) Portaria Conjunta PGFN RFB nº 11, de 11 de novembro de 2009) § 2º No caso de desistência de ações judiciais, o sujeito passivo poderá ser intimado, a qualquer tempo, a comprovar que protocolou tempestivamente requerimento de extinção dos processos, com resolução do mérito, nos termos do inciso V do art. 269 do CPC, mediante apresentação da 2ª (segunda) via da correspondente petição de desistência ou de certidão do Cartório que ateste a situação das respectivas ações. § 3º A desistência de impugnação ou recurso administrativos deverá ser efetuada mediante petição dirigida ao Delegado da Receita Federal de Julgamento ou ao Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme o caso, devidamente protocolada na unidade da RFB do domicílio tributário do sujeito passivo, no prazo previsto no caput, na forma do Anexo I. § 4º Somente será considerada a desistência parcial de impugnação e de recurso administrativos interpostos ou de ação judicial, se o débito objeto de desistência for passível de distinção dos demais débitos discutidos na ação judicial ou no processo administrativo. § 5º Havendo desistência parcial de ações judiciais, o sujeito passivo deverá apresentar, nas unidades da PGFN ou da RFB, conforme o órgão responsável pela administração do débito, 2ª (segunda) via da correspondente petição de desistência, no prazo previsto no caput, e discriminar com exatidão os períodos de apuração e os débitos objeto da desistência parcial. § 6º Caso exista depósito vinculado à ação judicial, à impugnação ou ao recurso administrativo, o sujeito passivo deverá requerer a sua conversão em renda da União ou transformação em pagamento definitivo, na forma definida no art. 32." (grifei) O §4º do dispositivo acima transcrito evidencia que somente os débitos que são passíveis de serem distinguidos dos demais débitos discutidos no processo administrativo poderiam ser objeto de desistência parcial. Atentando-se para o presente caso, a única distinção entre os débitos anteriores à 21 de dezembro de 2005 em relação aos demais débitos que foram incluídos no parcelamento (posteriores à 22 de dezembro de 2005) é o argumento da decadência, sendo certo que os demais argumentos aventados no Recurso Voluntário são argumentos gerais, que Fl. 783DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 782 5 alcançam todas as competências autuadas e que, portanto, foram objeto de desistência e renúncia. Ou seja, todas as alegações de direito trazidas pela Embargante em seu Recurso Voluntário são voltadas ao cancelamento integral do Auto de Infração, não podendo ser analisadas de forma segregada. Nesse sentindo, ao desistir das alegações de direito sobre as quais se fundavam o processo administrativo quanto às competências posteriores à 22 de dezembro de 2005, a Embargante acabou por desistir de toda a discussão instaurada, vez que impossível de ser segregada somente para alguns dos fatos geradores. Para maior clareza, vejamos novamente cada um dos pontos invocados no Recurso Voluntário e a correspondente impossibilidade de segregação da discussão apenas para os fatos geradores anteriores à 21 de dezembro de 2005, cuja decadência foi revertida pelo acórdão embargado: (i) nulidade do Auto de Infração em razão do erro na identificação do sujeito passivo, vez que a empresa LUCENT TECNOLOGIES DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIAL LTDA, CNPJ 84.512.045/0003-05 foi extinta, sendo que as empresas sucessoras não podem responder pela multa aplicada à empresa antecessora; (ii) a inaplicabilidade da multa aplicada vez que: (ii.1) viola o princípio da irretroatividade das leis, considerando que o dispositivo legal que fundamenta a autuação somente foi regulamentado pelo art. 18 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto n.º 6.579/2009, publicado em 06/02/2009); (ii.2) não está prevista na legislação específica do RECOF (violação ao princípio da especialidade das leis); (ii.3) a obrigatoriedade do romaneio de carga para instrução das declarações de importação só veio a ser prevista em 2006, após o registro de quase a totalidade das DIs objeto da autuação; (ii.4) a legislação que regulamentava o registro da DI conferia efeitos equivalentes ao original para as cópias das faturas comerciais. (iii) violação aos Princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade, uma vez que a revisão das operações de importação poderia ser feita apenas com as cópias dos documentos, não tendo a fiscalização alegado a falsidade e a inidoneidade das cópias apresentadas; (iv) a infração autuada tem caráter continuado, devendo ser aplicada apenas uma multa para cada uma das DIs objeto da autuação; (v) a multa aplicada é inconstitucional pois tem caráter confiscatório, devendo ser reduzida a parâmetros juros e razoáveis. Com efeito, se, por exemplo, for analisado o argumento da infração possuir caráter continuado, indicada no item (iv) acima, estaria sendo analisado uma questão que foi objeto de desistência e renúncia por parte da Embargante, vez que aplicável para todas as competências autuadas, sejam aquelas anteriormente abrangidas pela decadência, sejam aquelas incluídas no parcelamento. Assim, todas as alegações acima trazidas nas quais se fundavam o Recurso Voluntário proposto são alegações que não são passíveis de distinção entre os fatos geradores Fl. 784DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 6 parcelados e não parcelados, abrangendo toda a autuação e, portanto, não sendo passível de ser conhecida em face da desistência e renúncia. Essencial evidenciar que a própria Embargante reconheceu em sua petição de desistência que a decadência seria o único ponto de distinção para a desistência parcial (e-fls. 591/592): Possível visualizar que a própria Embargante segrega a inclusão parcial dos débitos autuados somente considerando as datas dos fatos geradores, exatamente em razão da decisão de primeira instância que havia reconhecido a decadência parcial, em entendimento alterado nessa seara. Diante do exposto, voto por acolher os Embargos para esclarecer as razões pelas quais o Recurso Voluntário não foi conhecido, negando-lhes provimento para manter integralmente o acórdão recorrido. É como voto. Fl. 785DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 783 7 Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora Declaração de Voto Os Conselheiros Renato Vieira de Avila e Maria Aparecida Martins de Paula apresentaram declarações de voto. Conselheiro Renato Vieira de Avila. Procuro, neste voto, registrar diferente percepção perante a Relatoria. Segundo consta, a Embargante teria desistido, apenas, de parte de seu Recurso Voluntário. A parcela objeto da desistência ocorreu em decorrência da inclusão dos valores autuados em parcelamento, e, em relação aos fatos geradores ocorridos até 21/12/2005, manter-se-ia os argumentos presentes no Recurso. Restou relatado que, a partir de 22 de dezembro de 2005, renunciou a qualquer alegação de direito em que se funda a discussão, em decorrência da inclusão, como se disse, dos débitos no programa de recuperação fiscal denominado REFIS IV, segundo os termos das Leis n.º11.941/2009 e 12.865/2013, e das Portarias Conjuntas PGFN/RFB n.ºs 06/2009, 13/2009 e 07/2013. Consoante se denota dos Embargos aqui tratados, mister transcrever trechos do arrazoado: “11. Neste contexto em 30/12/2013 as ora embargantes apresentaram petição nos autos desistindo parcialmente do processo administrativo em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 22/12/2005, renunciando a qualquer alegação de direito em que se funda a discussão nesse ponto, em decorrência da inclusão desses débitos no REFIS IV (...) 12. Em 16/01/2014 as Embargantes comprovaram a adesão ao REFIS IV por meio de petição dirigida a este E. CARF. 13. Em 06/01/2017 as Embargantes foram intimadas do v. Acórdão ora embargado (Acórdão n. 3402-003.670) por meio da qual esta C. 2 a . Turma da Quarta Câmara deu provimento ao Recurso de Ofício da União Federal e não tomou conhecimento do Recurso Voluntário das Embargantes, sob o fundamento de que os Embargantes teriam desistido desse recurso. E finaliza: Fl. 786DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 8 IV – Do Pedido 23. Diante de todo o exposto, a embargante requer o acolhimento dos presentes embargos de declaração, para que sejam sanados os vícios de contradição demonstrados acima, de forma que sejam apreciados todos os fundamentos do Recurso Voluntário interposto pelas embargantes (...) Na análise destes Embargos, foram, como se viu, no voto da r. Relatoria, conhecidos, porém negado-lhes provimento, segundo os argumentos resumidos a seguir. Expôs a Relatoria que atentando-se para o presente caso, a única distinção entre os débitos anteriores à 21 de dezembro de 2005 em relação aos demais débitos que foram incluídos no parcelamento (posteriores à 22 de dezembro de 2005) é o argumento da decadência, sendo certo que os demais argumentos aventados no Recurso Voluntário são argumentos gerais, que alcançam todas as competências autuadas e que, portanto, foram objeto de desistência e renúncia. Em continuidade, a Relatoria expressa que todas as alegações de direito trazidas pela Embargante em seu Recurso Voluntário são voltadas ao cancelamento integral do Auto de Infração, não podendo ser analisadas de forma segregada. Nesse sentindo, ao desistir das alegações de direito sobre as quais se fundavam o processo administrativo quanto às competências posteriores à 22 de dezembro de 2005, a Embargante acabou por desistir de toda a discussão instaurada, vez que impossível de ser segregada somente para alguns dos fatos geradores. Desta forma, concluiu a Relatoria que “todas as alegações acima trazidas nas quais se fundavam o Recurso Voluntário proposto são alegações que não são passíveis de distinção entre os fatos geradores parcelados e não parcelados, abrangendo toda a autuação e, portanto, não sendo passível de ser conhecida em face da desistência e renúncia. Da Possibilidade de Desistência Parcial Penso, no entanto, de forma diversa. Em meu entender, existe, sim, a possibilidade em segregar-se as matérias em conformidade com a data de corte, qual seja, 22 de dezembro de 2005. Neste momento em diante, as Recorrentes expressamente desistiram de suas defesas. Creio que não há impedimento, na pretensão de, por exemplo, que o argumento constante no Recurso Voluntário, tangente à impossibilidade de aplicação da multa, envolvendo todo o período autuado, seja seccionado, de acordo com o critério temporal de seus fatos geradores, e, portanto, deixe de transcorrer efeitos sobre determinado lapso de tempo; e, sobre outro, continue a ter validade, pertencendo, sim, ao ordenamento jurídico. A apreciação deverá, desta forma, ocorrer de acordo com os fatos geradores individualizados, mesmo que, sob todos imperem os mesmos argumentos; no exemplo utilizado, a impossibilidade de aplicação de multa. O fato de os argumentos serem utilizados em face de todas as competências englobadas no Auto de Infração, não os tornam genéricos, estando em perfeita sintonia com o parágrafo segundo do RICARF. Segue à análise do precedente: Processo nº 10680.006057/200315 Fl. 787DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 784 9 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/10/1999 a 31/12/2001 Ementa: PEDIDO DE PARCELAMENTO. EFEITOS. DESISTÊNCIA DO RECURSO VOLUNTÁRIO. O pedido de parcelamento parcial importa na desistência de parte do recurso interposto, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 78 do Regi mento Interno do CARF. Neste caso colacionado acima, segundo consta, a Relatoria, sob lavra da Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, demonstra a possibilidade de segmentar os argumentos do recurso conforme os critérios temporais de seus fatos geradores. Transcrevo, a fim de evidenciar a tese proposta, trecho do voto prolatado: a. a desistência parcial do Recurso Voluntário interposto pela Requerente, com renúncia aos direitos sobre os quais ele se funda, apenas em relação às competências 05/2001 a 12/2001; b. a continuidade deste processo para que, dando-se provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente, este conselho: (b1) determine o cancelamento integral dos débitos relativos às competências 11/1999, 12/1999 e 01/2000; Assim não conheço da parte do recurso voluntário relativo aos débitos objeto do parcelamento referente às competências de 05/2001 a 12/2001, já devidamente excluídos do processo. Atendidos aos demais requisitos da admissibilidade, tomo conhecimento da parte restante do recurso. Portanto, entendo que os Embargos merecem ser acolhidos, para fins de conhecimento do Recurso Voluntário e consequente apreciação de seus fundamentos, tudo no que se refere à parte excluída da Desistência Parcial. Da Apreciação do Recurso Voluntário No tocante aos argumentos expostos no Recurso Voluntário, resumo-os conforme se segue: (I) do erro na identificação do sujeito passivo, vez que a empresa LUCENT TECNOLOGIES DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIAL LTDA, CNPJ 84.512.045/0003- 05 foi extinta, sendo que as empresas sucessoras não podem responder pela multa aplicada à empresa antecessora; (II) decadência; Fl. 788DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 10 Neste item, meu voto segue a Relatoria, no sentido de não haver decaído o crédito tributário pelas razões e conclusões expostas. Sobre a inaplicabilidade da multa: (III) viola o princípio da irretroatividade das leis, considerando que o dispositivo legal que fundamenta a autuação somente foi regulamentado pelo art. 18 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto n.º 6.579/2009, publicado em 06/02/2009); (IV) não está prevista na legislação específica do RECOF (violação ao princípio da especialidade das leis); (V) a obrigatoriedade do romaneio de carga para instrução das declarações de importação só veio a ser prevista em 2006, após o registro de quase a totalidade das DIs objeto da autuação; a legislação que regulamentava o registro da DI conferia efeitos equivalentes ao original para as cópias das faturas comerciais. (VI) violação aos Princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade, uma vez que a revisão das operações de importação poderia ser feita apenas com as cópias dos documentos, não tendo a fiscalização alegado a falsidade e a inidoneidade das cópias apresentadas; (VII) Impossibilidade de se exigir multa das empresas sucessoras, com base no artigo 132 do CTN; (VIII) a infração autuada tem caráter continuado, devendo ser aplicada apenas uma multa para cada uma das DIs objeto da autuação; (IX) a multa aplicada é inconstitucional pois tem caráter confiscatório, devendo ser reduzida a parâmetros juros e razoáveis. Para melhor organizar a análise dos argumentos, agrupo-os em dois blocos de análise; um refere-se à sucessão, outro, à imposição de multa. A – Sucessão - Itens I e VII do Recurso Voluntário (I) nulidade do Auto de Infração em razão do erro na identificação do sujeito passivo, extinta, sendo que as empresas sucessoras não podem responder pela multa aplicada à empresa antecessora (VII) Impossibilidade de se exigir multa das empresas sucessoras, com base no artigo 132 do CTN Fl. 789DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 785 11 Este CARF é pacífico no sentido de que a responsabilidade tributária, tratada no art. 132 do CTN não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange, também, as multas. O descumprimento da obrigação tributária, principal ou acessória, implica na obrigação consistente no pagamento da multa tributária, impondose, portanto, a aplicação da Súmula CARF no 47 segue-se: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. No caso em espécie, a autuada, empresa Lucent Technologies do Brasil, Indústria e Comércio Ltda, sofreu reformatação societária denominada Cisão Total, sendo extinta e dando origem a outras duas empresas, quais sejam: Alcatel-Lucent Brasil SA, e Alcatel Equipamentos Ltda. Depreende-se da simples leitura das denominações sociais que existe vinculação entre as empresas, visto que a Lucent Ltda tornou-se Alcatel-Lucent e Alcatel Equipamentos. Não há, ainda, um só argumento constante nos autos que invoque fundamento de não ocorrência sociedades sob controle comum. Por fim, na própria petição dos embargos, ambas as empresas são qualificadas como sucessoras da Autuada. Portanto, a meu ver, nítida a aplicação da Súmula 47. Colaciono outras decisões a fim de evidenciar o pacífico entendimento deste CARF. 10715.005900/201021 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2008�SUCESSÃO. OBRIGAÇÃO ANTERIOR E LANÇAMENTO POSTERIOR. RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE SUCESSORA A responsabilidade tributária de que trata o art. 132 do CTN não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange as multas que, por representarem penalidade pecuniária de caráter objetivo, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. 19647.009690/200699� MULTA DE OFÍCIO. SUCESSORA POR INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. A interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, não pode ser feita isoladamente, de sorte a afastar a responsabilidade do Fl. 790DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 12 sucessor pelas infrações anteriormente cometidas pelas sociedades incorporadas, mormente se a incorporadora e incorporadas têm em comum a mesma controladora. A multa de lançamento de ofício aplicase à sucessora por infração cometida pela sucedida, ainda que apurada após a sucessão. Precedentes. 16327.720533/201391 SUCESSÃO. OBRIGAÇÃO ANTERIOR E LANÇAMENTO POSTERIOR. RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE SUCESSORA. DECISÃO DO STJ EM SEDE DE RECURSOS REPETITIVOS. EMPRESAS PERTENCENTES AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. SÚMULA CARF No 47. A responsabilidade tributária de que trata o art. 132 do CTN não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange as multas que, por representarem penalidade pecuniária de caráter objetivo, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. O descumprimento da obrigação principal faz com que a ela se agregue, imediatamente, a obrigação consistente no pagamento da multa tributária. A responsabilidade do sucessor abrange, nos termos do artigo 129 do CTN, os créditos definitivamente constituídos, em curso de constituição ou "constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data", que é o caso dos autos. Decisão do STJ em sede de recursos repetitivos (art. 543C do CPC), nos Edcl no REsp no 923.012- MG. Tal conclusão se aplica, ainda com mais motivos, diante da constatação de que sucessora e sucedida pertenciam ao mesmo grupo econômico à época do evento sucessório, impondose a aplicação da Súmula CARF no 47. B – INAPLICABILIDADE DA MULTA – Itens III, IV, V, V I, VIII e IX Argumento (III) do Recurso Voluntário. As Recorrentes buscam ver reconhecida a violação ao princípio da irretroatividade das leis, considerando que o dispositivo legal que fundamenta a autuação somente foi regulamentado pelo art. 18 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto n.º 6.579/2009, publicado em 06/02/2009). Não assiste razão às Recorrentes, vez que os períodos autuados são posteriores à edição da Lei 10.833/03, sendo esta Lei em comento plenamente aplicável sem a regulamentação pelo Decreto 6.759/09. O Argumento (IV) do Recurso Voluntário socorre-se em interpretação na qual a legislação específica do RECOF não prevê as multas (violação ao princípio da especialidade das leis); (V) a obrigatoriedade do romaneio de carga para instrução das declarações de importação só veio a ser prevista em 2006, após o registro de quase a totalidade das DIs objeto da autuação; a legislação que regulamentava o registro da DI conferia efeitos equivalentes ao original para as cópias das faturas comerciais. (VI) violação aos Princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade, uma vez que a revisão das operações de importação poderia ser feita apenas com as cópias dos documentos, não tendo a fiscalização alegado a falsidade e a inidoneidade das cópias apresentadas; Fl. 791DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 786 13 A Multa aplicada ao caso, foi a prevista no artigo 70, II, Item 1, letra b, da Lei 10.833/03. Segue-se: Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: II - se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras: b) a aplicação cumulativa das multas de: 1. 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro das mercadorias importadas; Não assiste razão às Recorrentes, a respeito de sua insurgência perante a incidência da multa conforme os fundamentos listados acima. Romaneio de Cargas Iniciando pelo item (V), relacionado à exigibilidade de Romaneio de Carga, tal previsão, apesar de constar na IN 680/06, posterior aos fatos em análise, foi introduzida no ordenamento jurídico veiculada já pela Lei 10.833/03, mais especificamente em seu artigo 77, cujo teor alterou o artigo 107 do Dec 37/66: 10.833/03 Art. 77. Os arts. 1o, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do Decreto-Lei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: A Lei 10.833/03 alterou, portanto, o Dec. 37/66, introduzindo, em seu artigo 107 o seguinte texto: Art. 107. Aplicam-se ainda as seguintes multas: VIII - de R$ 500,00 (quinhentos reais): e) pela não-apresentação do romaneio de carga (packing-list) nos documentos de instrução da declaração aduaneira; Ou seja, havia, à época dos fatos, previsão para a exigência do Romaneio de Cargas, como se infere da leitura do item e colacionado acima. A autuação, por Fl. 792DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 14 discricionariedade, não aplicou a multa prevista neste inciso, satisfazendo-se com a a prevista no artigo 70, Item 1, b, da Lei 10.833/03. O que houve, no entanto, foi que a autuação, poderia ter imputado as multas cumulativamente, mas não o fez, conforme o parágrafo sexto do artigo 70, da Lei 10.833/03. Segue-se: Lei 10.833/03 Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: § 6o A aplicação do disposto neste artigo não prejudica a aplicação das multas previstas no art. 107 do Decreto-Lei n o 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pelo art. 77 desta Lei, nem a aplicação de outras penalidades cabíveis. Fatura Comercial Ainda, falta-lhe também, razão no tocante à sua irresignação referente a multa em caso de não apresentação da via original da fatura comercial. Tal previsão encontra- se prevista na IN 206/02. Ou seja, antes do período autuado, sendo válida, portanto, sua imposição: IN 206/02 Art. 17 – A DI será instruída com os seguintes documentos: II – via original da Fatura Comercial A meu ver, então, neste ponto, também, não assiste razão às Recorrentesss, vez que a falta do original da Fatura comercial, coaduna-se com o mandamento na norma impositiva da sanção. Especificidade da Legislação Ainda, em referência ao argumento sobre a inaplicabilidade da multa para o RECOF, segundo consta do Item (IV) do Recurso, sob o manto de especificidade da legislação, não guarda razão as Recorrentes, vez que, o artigo 70, II, B, item 1 da Lei 10.833/2003 é legislação específica sobre o tema guarda e boa manutenção dos documentos que instruem a DI. Não me parece crível que o Recof seja exceção à exigência de manutenção de documentos essenciais. Se assim o fosse, deveria vir, a exceção, expressa na legislação do RECOF, o que não ocorre. Aqui, a Recorrentesss socorre-se do artigo 18, parágrafo segundo da IN 206/02, para justificar a possibilidade de apresentação de cópia da fatura comercial. Contudo, Fl. 793DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 787 15 no mesmo parágrafo segundo, há a exigência de, em momento posterior, apresentar as originais, segue-se: Art. 18 Parágrafo segundo: na impossibilidade de apresentação da via original da fatura comercial por ocasião da entrega dos documentos que instruem a declaração, o importador poderá apresentar cópia do documento, obtido por qualquer meio, ficando o desembaraço condicionado à apresentação do original. Segue-se à Jurisprudência deste CARF, no sentido de confirmar a necessidade de original da Fatura Comercial e também, explicitando a especificidade da Lei 10.833/03, no tangente à guarda de documentos: 12448.720227/2014-17 MULTA ADUANEIRA. FATURA APRESENTADA SEM ASSINATURA . REVISÃO ADUANEIRA. ART. 70, II, "b", 1 DA LEI 10.833/2003. ESPECIFICIDADE. A assinatura do exportador na fatura comercial é requisito de validade do documento. Assim, apresentar à fiscalização uma fatura comercial sem assinatura do exportador produz exatamente a mesma consequência da não apresentação de fatura. Em revisão aduaneira, tal consequência é a aplicação da multa prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei n o 10.833/2003, sem prejuízo das demais disposições do referido inciso II. Tal multa, por sua especificidade (versando sobre ausência de apresentação de "documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras", como a fatura), prevalece sobre a multa genérica de que trata o art. 107, IV, "b" do Decreto Lei n o 37/1966, com a redação dada pela mesma Lei n o 10.833/2003 (por "documentos relativos à operação... bem como outros"). Merecer ser transcrito, parte do voto: Pela leitura do diploma legal, percebese que é Absolutamente irrelevante que a fatura tenha sido apresentada no curso do despacho, ou que este tenha sido realizado neste ou naquele canal de conferência. Basta que a empresa não mantenha em boa guarda e ordem a fatura ou e não a apresente quando exigido o documento pela fiscalização. Fl. 794DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 16 E foi o que aconteceu na resposta da empresa à Intimação Fiscal n o 31/2013 (fls. 112 a 116), na qual a fiscalização solicitou (item "h" da intimação) os documentos instrutivos (entre os quais mencionou expressamente as faturas comerciais, no subitem "h.2") das DI/adições assinaladas à fl. 113, com a apresentação de faturas sem assinatura do exportador. Restou aí perfeitamente materializada a conduta prevista e apenada no art. 70, II, "b", 1 da Lei n o 10.833/2003. Desta forma não prospera o argumento da viabilidade de regularidade das cópias das vias originais das faturas comerciais, ainda que não apresentado, pela Fiscalização, demonstração de dano ao erário. Importante a leitura de trecho do voto trazido na colação da decisão acima, registrada sob n 12448.720227/2014-17: Percebase, como bem destacado no julgamento de piso, que a apresentação posterior, ou a eventual apresentação anterior, antes do desembaraço, não suprem a infração verificada no atendimento à intimação. A fatura comercial deve ser mantida em boa guarda e ordem e apresentada à fiscalização, quando exigida. (VIII) Caráter Continuado da Multa Referente a este item, sustentam as Recorrentes, que a infração tem caráter continuada, impossibilitando a aplicação de multa para cada uma das DIs objeto da autuação. Neste ponto, sustentei em debate, a possibilidade de ser a multa aplicada no caso, enquadrada no regime das multas de caráter continuado. Contudo, após argumentação do Colegiado, convenci-me do contrário. Revi, portanto, minha posição em plenário, e registro, aqui, meu voto pela impossibilidade de aplicar-se a multa, de forma continuada. Não existe razão, portanto, às Recorrentes. IX – Inconstitucionalidade Por fim, em seu item (IX), as Recorrentes aduzem que a multa aplicada é inconstitucional pois tem caráter confiscatório, devendo ser reduzida a parâmetros juros e razoáveis. Como é sabido, inclusive previsto em súmula, não é permitido a este CARF, pronunciar-se sobre inconstitucionalidade de lei. Segue-se: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A fim de evidenciar este entendimento, transcrevo a seguinte ementa: Fl. 795DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 11829.000036/2010-56 Acórdão n.º 3402-004.142 S3-C4T2 Fl. 788 17 10611.002440/201047� PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. MULTA DE NATUREZA CONFISCATÓRIA. MATÉRIAS DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE . MATÉRIA SUMULADA PELO CARF. Assim, conheço dos embargos e voto no sentido de apreciar os argumentos trazidos no Recurso Voluntário. Enfrentados os argumentos de I a IX do Recurso Voluntário, voto por negar-lhes provimento. Renato Vieira de Avila - Conselheiro Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Na sessão de julgamento dos presentes Embargos ousei divergir do entendimento da Ilustre Relatora no que concerne aos efeitos da desistência parcial do recurso voluntário, eis que o meu posicionamento é no sentido de que a renúncia às alegações de direito somente se opera em relação aos débitos do processo que foram objeto de desistência pela contribuinte, razão pela qual as alegações do recurso voluntário poderiam, em tese, ser conhecidas relativamente aos débitos remanescentes, que não foram objeto de desistência. No caso de desistência parcial, não há qualquer problema na análise das alegações do recurso voluntário somente em relação aos débitos sob litígio (débitos para os quais não houve desistência). Isso não acarreta qualquer consequência para os débitos objeto do parcelamento, que configuram confissão de dívida e, inclusive, nem integram o processo administrativo fiscal, eis que são transferidos para controle e cobrança no processo de parcelamento. Não obstante isso, após a sessão de julgamento, em análise mais detida do processo, observo que, no caso concreto, o que ocorreu, em verdade, foi que, embora a contribuinte tenha desistido parcialmente do processo, acabou por desistir totalmente do Recurso Voluntário (débitos cujos fatos geradores ocorreram a partir de 22/12/2005), vez que os débitos que remanesciam sob litígio eram somente aqueles que estavam sob o Recurso de Ofício (fatos geradores ocorridos até 21/12/2005). Conforme ressaltado pela própria contribuinte, na e-fl. 577 (vide trecho abaixo transcrito), remanescia sob litígio somente a parte dos débitos para os quais a DRJ havia lhe dado razão, reconhecendo a decadência, ou seja, os débitos que estavam sujeitos a Recurso de Ofício: (...) 3. Em 30 de dezembro de 2013 a Recorrente protocolou, perante a D. Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Paulo, petição informando a adesão ao REFIS IV, bem como desistindo Fl. 796DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 18 parcialmente do presente processo administrativo em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 22 de dezembro de 2005, renunciando a qualquer alegação de direito em que se funda a discussão nesse ponto (doc. 02). 4. Nesse contexto, é a presente para anexar aos presentes autos o recibo de pedido de parcelamento perante a Secretaria da Receita Federal (doc. 03), bem como o comprovante de pagamento da primeira parcela, efetuado em 30/12/2013 2 (doc. 04). 5. Por fim, reitera a Recorrente que, em relação débitos referentes aos fatos geradores ocorridos ate 21 de dezembro de 2005 (inclusive) - sobre os quais se operou a decadência, reconhecida pela decisão de primeira instancia -, a Recorrente manterá as alegações de direito e prossegue discutindo tais débitos no presente processo administrativo. (...) Dessa forma, entendo que o Recurso Voluntário não deveria ter sido mesmo conhecido, como efetuado no Acórdão embargado, vez a contribuinte expressamente desistiu de todos os débitos objeto do recurso voluntário, razão pela qual entendo que os Embargos devem ser rejeitados. É como declaro meu voto. Maria Aparecida Martins de Paula - Conselheira Fl. 797DF CARF MF Documento de 18 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0817.15045.X9K0. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE em 02/06/2017 11:13:00. Documento autenticado digitalmente por MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE em 02/06/2017. Documento assinado digitalmente por: ANTONIO CARLOS ATULIM em 05/06/2017, MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA em 03/06/2017 e MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE em 02/06/2017. Esta cópia / impressão foi realizada por VALERIA JOSE VIEIRA DA COSTA em 31/08/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP31.0817.15045.X9K0 Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha2: C64A1001CC93885A18E6B7D914BFAB8B1D7984802309E07AEE82C0F15C35D704 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 11829.000036/2010-56. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 10680.011851/2007-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1999 a 30/12/2005
PAF - RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO.
Incabível tratar, em sede de Recurso Especial de Divergência, de matéria sobre a qual não foi demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial.
PLR - PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS. LEI ESPECÍFICA.
Integra o salário-de-contribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de Participação nos Lucros e Resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica.
Numero da decisão: 9202-005.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à aplicabilidade das regras da Lei nº 10.101, de 2000 e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1999 a 30/12/2005 PAF - RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Incabível tratar, em sede de Recurso Especial de Divergência, de matéria sobre a qual não foi demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. PLR - PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS. LEI ESPECÍFICA. Integra o salário-de-contribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de Participação nos Lucros e Resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1679; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 376 1 375 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.011851/200712 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202005.560 – 2ª Turma Sessão de 28 de junho de 2017 Matéria PLR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Recorrente FUNDAÇÃO FORLUMINAS DE SEGURIDADE SOCIAL FORLUZ Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1999 a 30/12/2005 PAF RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Incabível tratar, em sede de Recurso Especial de Divergência, de matéria sobre a qual não foi demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. PLR PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS. LEI ESPECÍFICA. Integra o saláriodecontribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de Participação nos Lucros e Resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à aplicabilidade das regras da Lei nº 10.101, de 2000 e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 18 51 /2 00 7- 12 Fl. 376DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase de exigência de Contribuições Sociais destinadas à Seguridade Social, relativas à parte da empresa, RAT e as destinadas a Terceiros, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados e não recolhida na época própria, proveniente de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Em sessão plenária de 09/06/2010, foi julgado o Recurso Voluntário nº 247.463, prolatandose o Acórdão nº 230101.523 (fls. 166 a 172), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1999 a 30/12/2005 SALÁRIO INDIRETO PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a titulo de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar legislação especifica sobre a matéria. Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, h incidência da contribuição previdenciária. O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica se o artigo 150, §4°; caso contrario, aplicase o disposto no artigo 173, I. Considerase pagamento, para tal fim, valores recolhidos em relação a quaisquer das rubricas que compõem a base de cálculo do tributo, conforme jurisprudência da Segunda Turma da CSRF, precedente no Acórdão n° 920200.495. LANÇAMENTO DE OFICIO AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. No caso em que o lançamento é de oficio, para o qual não houve pagamento antecipado do tributo, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 377 3 Considerase lançamento de oficio a contribuição incidente sobre o pagamento de verbas que a empresa não considerava como sendo base de cálculo da contribuição. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" A decisão foi assim registrada: "ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por maioria de votos, vencida a relatora, em declarar a decadência de parte do período pela regra do artigo 150, §4° do CTN para provimento parcial ao recurso. Os Conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes, Leonardo Henrique Pires Lopes e Damião Cordeiro de Moraes, ressalvando seus entendimentos pessoais, inclinaramse à. jurisprudência da CSRF no sentido de considerar a existência de pagamento parcial pelo total da folha de salários e não por parcela e, por unanimidade de votos, acolher a preliminar quanto à natureza da lista de responsáveis, nos termos do voto do relator e; no mérito, por unanimidade de votos, em manter os demais valores, nos termos do voto do(a) Relator(a). Apresentará voto vencedor quanto decadência o Conselheiro Júlio Cesar Vieira Gomes." O processo foi recebido na PGFN em 15/02/2011 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de fls. 174), portanto, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a ciência presumida do Procurador ocorreria em 17/03/2011. Nesta mesma data, o Procurador foi intimado, conforme o Termo de Intimação de fls. 173, e interpôs o Recurso Especial de fls. 176 a 185 (Relação de Movimentação de fls. 175). Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi negado seguimento, conforme Despacho nº 2300001/2011, de 11/04/2011 (fls. 191 a 193), o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame nº 2300 008R/2011, de 18/05/2011 (fls. 194). Cientificada em 21/07/2011 (AR Aviso de Recebimento de fls. 199), a Contribuinte interpôs, em 05/08/2011 (carimbo aposto às fls. 203) o Recurso Especial de fls. 203 a 224, visando rediscutir a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de PLR Participação nos Lucros e Resultados. Ao Recurso Especial interposto pela Contribuinte foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300189/2012 de 18/04/2012 (fls. 312/313), complementado pelo despacho de 30/01/2017 (efls.372/373). Em seu apelo, a Contribuinte alega: Da observância dos critérios estabelecidos no art. 2º, da Lei nº 10.101, de 2000 nos acordos coletivos de trabalho celebrados pela Recorrente a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7°, dispõe acerca dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, entre os quais aponta, em seu inciso XI, o seguinte: Fl. 378DF CARF MF 4 "Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social: (...) XI — a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei". do trecho do dispositivo constitucional acima transcrito observase que o legislador constituinte não traça qualquer limitação ao direito do trabalhador em participar dos lucros ou resultados obtidos por determinada empresa ou entidade, pelo contrário, afirma que esta participação é um direito à parte da remuneração do trabalhador, em relação à qual não tem qualquer vinculo; a Constituição Federal, ao tratar da participação nos lucros e resultados, faz expressa referência aos trabalhadores, sem qualquer discriminação aos ocupantes de cargos de direção e aos demais trabalhadores não empregados, de onde se infere que restaram garantidos a estes os mesmos direitos; no entanto, apesar da clareza da norma constitucional, o legislador ordinário, ao tentar promover a regulamentação deste artigo 7º, XI, da CF/88, ou seja, ao definir os detalhes, os procedimentos e a forma pela qual deveria ocorrer a participação nos resultados de uma empresa, foi além do que previu a Constituição, criando diversas limitações à distribuição dos lucros, determinando critérios para a sua ocorrência, e isto o fez por meio do artigo 2°, da Lei n°10.101, de 2000; diante disso, o que importa trazer à discussão é se as limitações contidas na Lei n° 10.101, de 2000, seriam suficientemente fortes para afastar a natureza jurídica atribuída à vantagem em questão pelo inciso XI, do art. 7°, da Constituição Federal; quanto a isso, a fiscalização fazendária vem desconsiderando o comando constitucional (que desvincula da remuneração do trabalhador o pagamento que a ele seja feito a título de Participação nos Lucros e Resultados) nos casos em que não sejam integralmente observados os parâmetros e as condicionantes da Lei nº 10.101, de 2000; certamente, a lei em questão não poderia afastar o comando imperativo da norma constitucional, que é claro no sentido de que a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados é desvinculada da remuneração, não podendo ser alcançada por encargos incidentes sobre salários; ou seja, está havendo a limitação da eficácia da norma constitucional pelo legislador ordinário, quando é certo que o poder legiferante não poderia, em momento algum, fazêlo, significando isso dizer que não se poderia inviabilizar a participação nos lucros ou nos resultados a partir de restrições ou limitações ao exercício do direito já assegurado pela Constituição; com efeito, não pode a lei ou seu intérprete reduzir o alcance do comando constitucional, de modo que, uma vez demonstrado que a parcela tem natureza de PLR, por força constitucional, não pode ela ser tributada, independentemente do que diz a lei; tampouco pode o intérprete exigir o cumprimento de condições não previstas em lei, sob pena de afronta ao texto constitucional e à própria Lei nº 10.101, de 2000; Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 378 5 no caso concreto, restou demonstrado que os acordos coletivos firmados pela Recorrente atendem aos requisitos da Lei nº 10.101, de 2000, e mesmo que assim não o fosse, a própria norma possibilita a adoção de outros critérios que entende como viabilizadores de tal conhecimento prévio; significa dizer que não há impedimento quanto ao estabelecimento de outros critérios, quando negociados, e muito menos que haja imposição de adoção daqueles nela previstos; é o que destaca o Acórdão nº 920200.503, ao consignar que a Lei nº 10.101, de 2000, "não determina que; entre tais critérios, se incluam os arrolados nos incisos I (índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa) e II (programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente) do § 10, do art. 2° da Lei n° 10.101/00, apenas o autoriza ou sugere"; ao invés disso, a Fiscalização desconsiderou que a previsão contida no § 1°, do referido artigo 2°, tem como objetivo, imediato e ontológico, não impedir a concessão da vantagem constitucionalmente reconhecida, e muito menos alterar sua natureza jurídica, porém assegurar ao trabalhador o conhecimento prévio do que poderia exigir do empregador a título da participação nos resultados; resta claro, portanto, que a autuação promovida, por si só, é contrária aos interesses sociais, constituindo verdadeiro desincentivo à concessão de benefícios aos segurados da previdência oficial e mitiga os desígnios assistenciais intrínsecos à Constituição Federal de 1988; partindose do pressuposto inarredável de que a Lei nº 10.101, de 2000, não impõe à partes os critérios e metas nela previstos, devendo prevalecer a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados (é o que deixam expresso os acórdãos paradigmas apresentados), importante destacar os critérios de definição previstos no caso concreto para o pagamento da participação nos lucros; com efeito, por se tratar de Entidade Fechada de Previdência Complementar, devem ser analisadas com cautela as particularidades da Recorrente porquanto, de maneira diversa das demais empresas, possui metas atuariais que se dão da maneira estabelecida para os Fundos de Pensão; sinteticamente, importa esclarecer que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), cujo objeto social é a complementação, por meio de uma ação subsidiária, dos programas previdenciários oficiais aos seus funcionários e de suas patrocinadoras, não possuem finalidade lucrativa; vejase que as Entidades possuem basicamente duas fontes de receitas: as contribuições dos participantes e patrocinadora(s) e os resultados positivos das aplicações financeiras, operações imobiliárias e no mercado de capitais; por meio da aplicação desses recursos, a EFPC consegue cumprir as obrigações contraídas perante seus participantes, especificamente relacionadas com o pagamento futuro de benefícios de caráter previdenciário; Fl. 380DF CARF MF 6 ou seja, a coleta de contribuições e, especialmente, os resultados das aplicações financeiras e operações em mercado de capitais é que garantem a constituição de provisões e reservas técnicas destinadas ao pagamento dos benefícios e o gerenciamento da entidade, dentro dos moldes e limites determinados pela Secretaria de Previdência Complementar, órgão vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social; ressaltese que a Recorrente não persegue e muito menos aufere lucros, na medida em que destina a totalidade de suas receitas ao pagamento de benefícios a seus associados; assim, para que seja possível garantir o cumprimento dos compromissos futuros das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, é necessário estabelecer uma meta atuarial que será definida pela taxa de juros mais o índice de correção eleito pelo atuário e patrocinadora(s) da Entidade; tratase de uma meta de rentabilidade mínima que deve ser fixada anualmente pela Entidade para correção dos seus ativos, sem a qual não seria possível reverter os valores pagos pelos participantes em futuras aposentadorias e pensões devidamente corrigidas; a meta atuarial deve ser observada pela Entidade e os investimentos por ela realizados jamais devem render menos do que a meta estabelecida; caso o rendimento seja superior, é atingida a meta atuarial; por não se tratar de uma meta aleatória, já que possui contornos previamente estabelecidos, não há razão para se exigir da Recorrente o estabelecimento de metas outras, na medida em que a atuarial já estabelece objetivos e critérios que devem ser observados dentro do exercício fiscal; por outro lado, a verificação do sucesso no atingimento das metas atuariais é constante nas entidades fechadas de previdência complementar, que dependem diretamente desta análise para a manutenção da saúde de suas reservas matemáticas; ou seja, no caso das entidades fechadas de previdência complementar, a participação nos resultados estará vinculada ao que determina sua própria norma de regência: atingir, como deve ser, as metas atuariais fixadas; de fato, como determina o Acórdão nº 230100.547, "é próprio da organização da empresa poder conciliar o pagamento do benefício aos seus objetivos", inclusive porque a Lei nº 10.101, de 2000, possibilita que a condição para a participação seja apenas o resultado percebido por determinada empresa; demonstrada a existência dos acordos coletivos, não há nenhuma restrição na lei para que assim proceda a empresa; repitase que os critérios estabelecidos pela lei visam apenas assegurar que a empresa não venha a se esquivar de distribuir lucros ou resultados aos seus trabalhadores; não se pode aceitar que uma avaliação pessoal e subjetiva do intérprete se contraponha à vontade das partes externadas no instrumento de negociação coletiva; todos os requisitos de validade dos Acordos Coletivos de Trabalho estavam presentes, sendo que a titularidade e a legitimidade do sindicato para atuação na defesa dos direitos e interesse coletivos estão positivados no art. 8°, inciso III, da Constituição Federal; Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 379 7 ao Sindicato é atribuído o papel constitucional da vigilância e não à Fiscalização da Receita Federal; noutro turno, não há omissão quanto ao que o trabalhador receberá a título de participação nos lucros nem quanto à forma com que se dará essa participação; portanto, é patente a necessidade de desconstituição do crédito exigido, uma vez que, ao distribuir a PR aos seus ocupantes de cargos diretivos, a Recorrente o fez à luz do disposto no artigo 7°, XI da, CF/88; ao final, alega o v. acórdão recorrido que a participação nos resultados para os diretores não empregados afronta a Lei n° 10.101, de 2000, que dispõe que a "empresa deverá convencionar com seus empregados, por meio de comissão por eles escolhida, a forma de participação daqueles em seus lucros ou resultados"; tal assertiva implica em flagrante ofensa ao texto da Carta Magna, já que norma infraconstitucional veio limitar garantia constitucionalmente prevista a todos os trabalhadores (empregados ou não); para melhor elucidação desta questão, importa transcrever, mais uma vez, o disposto na Carta Constitucional: "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem A melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;" (destaque nosso) conforme se verifica na norma retro transcrita, a Constituição Federal, ao tratar da participação nos lucros e resultados, faz expressa referência aos trabalhadoreS, porém sem fazer qualquer discriminação aos ocupantes de cargos de direção e aos demais trabalhadores não empregados, de onde se infere que restaram garantidos a estes os mesmos direitos; ou seja, a Carta Magna não vinculou o direito de receber a participação nos lucros e resultados à relação de emprego; nesse caso, o direito dos ocupantes de cargos diretivos em perceber a participação nos resultados poderia vir a ser regulado por uma norma superveniente para tratar sobre a sua extensão, mas em hipótese alguma poderia ser banido; a fim de corroborar o ora afirmado, a melhor jurisprudência pátria é unânime no sentido de que a norma disposta no inciso XI, do artigo 7°, da Constituição Federal é de eficácia plena, com efeitos no ordenamento jurídico mesmo antes do advento da MP nº 794, com as modificações trazida pela Lei no 10.101, de 2000 (cita jurisprudência); há que se destacar, ainda, que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 195, elege como fonte de custeio da Seguridade Social as contribuições sociais: "I dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro"; Fl. 382DF CARF MF 8 a Emenda Constitucional n° 20, de 1998, alterou este conceito, determinando a uniformização da tributação dos trabalhadores empregados e autônomos, confirase: "Art. 195 A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta; nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Alterado pela EC 201998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer titulo, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vinculo empregatício; (...)" observese, portanto, que o saláriodecontribuição passou a ter um conceito único, conforme claramente consta da Lei 8.212, de 1991, sendo assim a base de cálculo da contribuição sob análise é a mesma para os empregados e contribuintes individuais; significa dizer que as mesmas parcelas que não compõem a base de cálculo dos empregados, como é o caso da participação nos lucros ou resultados, também não poderão compor a base de cálculo dos segurados contribuintes individuais, dentre os quais se inserem os diretores da entidade Recorrente, sob pena de ofensa ao texto constitucional; finalmente, cumpre salientar que a Lei 6.404, de 1976, dispõe exclusivamente sobre as sociedades por ações, dentre as quais não se insere a Recorrente, entidade fechada de previdência complementa; no presente caso, a relação entre os diretores e a Recorrente encontrase regulada apenas pela Lei Complementar nº 109, de 2001, que em momento algum restringe o pagamento da participação nos resultados aos diretores que integram a entidade; pelo exposto, uma vez que se está diante da impossibilidade de limitar direito constitucionalmente garantido por meio de norma infraconstitucional, temse que o direito dos trabalhadores, dentre eles incluídos os ocupantes de cargos de direção, não está vinculado à natureza jurídica da relação que mantêm com a Recorrente. Ao final, a Contribuinte pede que seja admitido e provido o recurso, cancelandose o lançamento. O processo foi recebido na PGFN em 08/05/2012 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de fls. 314) e, em 17/05/2012, foram oferecidas as Contrarrazões de fls. 316 a 321 (Relação de Movimentação de fls.315). Em sede de Contrarrazões, a Fazenda Nacional alega: o cerne da questão posta em debate atine à possibilidade de a verba denominada pelo contribuinte como participação nos lucros e resultados pago em desconformidade com a lei integrar ou não o salário de contribuição para fins de cobrança de exações destinadas à Seguridade Social; Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 380 9 a resolução da contenda perpassa pelo exame da legislação de regência, sendo certo afirmar que a conclusão a que chegou a Turma recorrida no bojo do Acórdão nº 230101.523 mostrase harmônica com a melhor aplicação do direito à espécie; a seguir trazse à colação os normativos que interessam ao deslinde dos fatos: Constituição Federal "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;" Lei 8.212/1991: "Art. 28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei,exclusivamente: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei especifica;" Lei 10.101/2000: "Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo Fl. 384DF CARF MF 10 ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o principio da habitualidade". cumpre voltar a atenção para os dados constantes dos autos, a fim de perquirirse se a Contribuinte em apreço atendeu a todas as exigências legais, podendo exercer o direito de excluir do salário de contribuição a verba relativa a participação no resultado; nos autos encontramse radicados acordos coletivos firmados entre a Recorrente e os seus empregados, contudo não cuidou a Contribuinte de efetivamente fazer constar nesses ajustes, regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos e regras adjetivas da participação dos empregados nos lucros da empresa; não existem, nesses acordos, metas e critérios de aferição previamente estabelecidos; em verdade, o pagamento da denominada "participação nos lucros" pelo contribuinte não mantém conexão com o esforço laboral ou resultado do trabalho dos empregados, tratase de distribuição de verbas, balizada, quando muito, pelo salário base do empregado, sem relação alguma com metas e resultados; em outros termos, caso concedida a vantagem pecuniária, cujo implemento depende de condição obscura, é ela distribuída de maneira indiscriminada a todos os empregados, sendo impossível saber a quanto cada um teria direito; o formato da verba em comento retrata nitidamente seu caráter de complemento salarial; diante dos elementos sob exame, é indiscutível que houve vulneração do §1º, do art. 2º, da Lei nº 10.101, de 2000, em face da patente ausência de clareza e objetividade relativa à fixação dos direitos substanciais da participação e das regras adjetivas; vale anotar, ademais, que o modelo adotado nos acordos coletivos comentados, além de não preencher os requisitos estampados em lei, ainda colide frontalmente com a regra do art. 3º, da Lei nº 10.101, de 2000, haja vista que a verba apontada pelo contribuinte como "participação nos resultados" configura, de fato, verba salarial, por revestir se de todos os seus caracteres; assim, tal parcela está a substituir ou complementar o salário dos empregados, circunstância expressamente vedada pelo aludido comando legal; pelas razões expostas, concluise que o pagamento a título de participação nos lucros efetuado pela recorrente não obedeceu as disposições da Lei nº 10.101, de 2000; Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 381 11 nessa esteira, cumpre registrar que a classificação de determinada verba como "participação nos resultados" exige de maneira imprescindível o estrito cumprimento dos requisitos legais; no caso em estudo, restou demasiadamente demonstrado que a participação no lucro foi efetivada em desacordo com os parâmetros legais, razão pela qual não pode ser admitida a sua exclusão do salário de contribuição; o próprio art. 28, § 9º , da Lei nº 8.212, de 1991, é expresso ao verberar que a participação do empregado nos lucros ou resultados da empresa não integra o salário de contribuição apenas nos casos em que paga ou creditada de acordo com lei específica, o que não foi o caso dos presentes autos; Ao Final, a Fazenda Nacional requer seja negado provimento ao Recurso Especial interposto pela contribuinte, com a manutenção da decisão recorrida. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Contribuinte é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. De plano, releva notar que a demonstração da divergência jurisprudencial, conforme o Despachos de Admissibilidade de fls. 364 a 367, complementado pelo de fls. 372 a 373, limitouse à questão da relativização dos critérios da Lei nº 10.101, de 2000, no que tange à caracterização de pagamentos como PLR Participação nos Lucros e Resultados, em face do acordo firmado entre a empresa e seus empregados. Quanto à possibilidade de extensão da PLR aos diretores não empregados, bem como em relação aos aspectos específicos dos pagamentos objeto da autuação, não houve demonstração de divergência jurisprudencial, uma vez que nenhum dos trechos dos paradigmas colacionados pela Recorrente tratou desses temas. Ademais, relativamente à sistemática de pagamento adotada pela Contribuinte, o único argumento trazido em sede recursal foi o fato de tratarse de entidade de previdência privada complementar fechada, porém repitase que nenhum dos trechos dos paradigmas reproduzidos no recurso tratou dessa questão. Assim, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pela Contribuinte, apenas na parte em que trata da validade da Lei nº 10.101, de 2000, como instrumento de regulamentação da PLR Participação nos Lucros e Resultados. A Constituição Federal assim estabelece: "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;" (grifei) Fl. 386DF CARF MF 12 Destarte, não há dúvida de que a Carta Magna delegou à lei a atribuição de definir as regras acerca da participação nos lucros ou resultados, o que foi feito por meio da Lei nº 10.101, de 2001, que assim determina: "Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores." Do conjunto de regras acima estabelecidas, deduzse que o cumprimento do §1º, do art. 2º, requer o estabelecimento de regras claras e objetivas, bem como de mecanismos de aferição, e principalmente a fixação de metas e resultados. Entretanto, no presente caso, o próprio voto condutor do acórdão recorrido, ao especificar os fundamentos da autuação, assim registra: "Segundo a autoridade lançadora, os acordos prevêem a distribuição de verbas préfixadas, sendo uma parte distribuída de forma linear e outra proporcional ao salário base de cada empregado, além de outra verba extraordinária, esta também de forma proporcional aos salários base dos empregados, às vezes estipuladas em quantidade de salários conforme ocorreu com o pactuado no último acordo, independente de qualquer meta, configurandose verdadeira gratificação ajustada, sem nenhum caráter de "participação nos resultados". De fato, pelas cláusulas transcritas no Relatório Fiscal observa se que os Acordos Coletivos firmados pela empresa não estabelecem metas ou critérios de aferição. Portanto, as Convenções Coletivas apresentadas demonstram que o programa de PLR da empresa não estabelece regras claras e objetivas, contrariando o disposto no artigo 2º, da Lei 10.101/00. E ao não estabelecer previamente as regras para a concessão da PLR, a recorrente descumpriu os ditames da Lei que trata da Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10680.011851/200712 Acórdão n.º 9202005.560 CSRFT2 Fl. 382 13 matéria, não fazendo jus, portanto, à isenção previdenciária prevista na Lei 8.212/91. (...) Segundo afirma a autoridade julgadora de primeira instância, e não negado pela recorrente em sua peça recursal, os acordos apresentados contemplam ainda outras participações, denominadas "distribuição adicional e complementar" ou "participação extraordinária pelos resultados" que correspondem a percentuais do salário base dos empregados, com a garantia de um valor mínimo para cada um também pagas sem o estabelecimento de metas." Destarte, constatase que os pagamentos efetuados pela Contribuinte a seus empregados não se revestiram das características necessárias a serem admitidos como PLR Participação nos Lucros e Resultados, constituindose, sim, em gratificações ajustadas, desvinculadas de metas ou de resultados. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, apenas na parte em que trata da validade da Lei nº 10.101, de 2000 e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 388DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.004735/2005-58
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Aug 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. REJEIÇÃO.
Rejeitam-se os embargos de declaração, no caso de não haver contradição a se suprida.
Numero da decisão: 1803-002.553
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, rejeitar os embargos de declaração mantendo-se incólume a Resolução da 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF nº 1803-000.112, de 27.08.2014, fls. 171-189. Vencida a Conselheira Carmen Ferreira Saraiva. Designado o Conselheiro Fernando Ferreira Castellani para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Ferreira Castellani - Redator Designado
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: Relator
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OMISSÃO. REJEIÇÃO. Rejeitamse os embargos de declaração, no caso de não haver contradição a se suprida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, rejeitar os embargos de declaração mantendose incólume a Resolução da 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF nº 1803000.112, de 27.08.2014, fls. 171189. Vencida a Conselheira Carmen Ferreira Saraiva. Designado o Conselheiro Fernando Ferreira Castellani para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente (assinado digitalmente) Fernando Ferreira Castellani Redator Designado Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 47 35 /2 00 5- 58Fl. 201DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 203 2 Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 19542.92958.221203.1.3.023306, em 22.12.2003, fls. 0409, utilizandose do saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), no valor de R$67.375,42 do anocalendário de 2001, apurado pelo lucro real para fins de compensação do débito ali confessado. No Relatório de Informação Fiscal, fls. 1213, consta: 1. Consiste o presente processo de Declaração de Compensação (DCOMP) impetrada pela empresa interessada, de supostos créditos de Saldo Negativo de 1RPJ do anocalendário de 2001 (DIPJ/2002) no valor de R$67.375,42. 2. Na(s) Declaração(ções) de Compensação — DCOMP, constantes do Anexo III do processo n.° 19647.004738/200591, estão discriminado(s) o(s) débito(s) compensados com o referido crédito. 3. Pelo que cabe a esta fiscalização, buscamos diligenciar a contabilidade da empresa com vistas a informar no presente processo o montante do crédito a ser acatado pela SRF. [...] 4. Nesse sentido, foram procedidas as diligencias nos assentamentos contábeis e fiscais da empresa (livros Diários, Razões, Balancetes e LALUR); nas suas Declarações de Informações Econômico Fiscais — DIPJ; nas suas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais — DCTF; nas Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF entregues à SRF pelas empresas pagadoras, tendo a diligenciada como beneficiária dos rendimentos, e nas próprias Declarações de Compensações [conforme documentos constantes no processo 19647.004738/2005 91 juntado a este]. [...] 5. Após as análises das peças trazidas aos autos foram elaborados por esta fiscalização os demonstrativos a seguir identificados, com o fim de confirmar ou não a existência do crédito pleiteado e o seu real valor relativo a este processo: • Demonstrativo de Apuração da Base de Cálculo do IRPJ; • Demonstrativo de Apuração do IRPJ e da Multa pelo Não Recolhimento da Estimativa Mensal por AnoCalendário; • Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do IRPJ (partes A e B). [...] 6. Com base nos demonstrativos anteriormente citados, relativos ao ano calendário de 2001, em anexo, entendemos INEXISTENTE o direito creditório pleiteado pelo contribuinte para ser utilizado nas compensações dos seus débitos fiscais, informados na Declaração de Compensação, e discriminados no Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do IRPJ do ano calendário de 2001 (partes A e B). Está registrado no Despacho Decisório, fl. 20: No uso da competência delegada pelo inciso XXI do art. 250 do Anexo da Portaria MF n.° 30, de 25 de fevereiro de 2005, e concordando com os fundamentos Fl. 202DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 204 3 expostos no Relatório de Informação Fiscal [...], que passa integrar este ato, conforme o artigo 5º, § 1°, da Lei n.° 9.784/99: 1. NÃO HOMOLOGO as compensações efetuadas através das DCOMP’s discriminadas no Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do IRPJ do anocalendário de 2001, que encontrase anexo ao referido Relatório de Informação Fiscal; 2. DETERMINO a cobrança dos débitos cujas compensações declaradas foram consideradas indevidas pela inexistência de crédito. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 2531, com as alegações a seguir sintetizadas. Tece esclarecimentos sobre os fatos suscitando que: Em outubro de 2006, a contribuinte recebeu Autos de Infração, de IRPJ e de CSLL, envolvendo diversas supostas infrações, que deram origem ao processo administrativo n° 19647.009690/200699. Entre elas constavam os itens (6) deduções indevidas no ajuste anual de antecipações de IRPJ e de CSLL não comprovadas e (7) imposição de multa isolada por falta de pagamento de IRPJ e de CSLL devidos por estimativa mensal. Tais exigências, porém, não foram devidamente fundamentadas (não havia nenhuma informação, fundamento, documento ou prova para embasar as exigências), o que impedia a adequada defesa pela contribuinte. Em março de 2007, a Delegacia da Receita Federal em Recife intimou a contribuinte, apresentando um Relatório de Informação Fiscal. Nele, os fiscais responsáveis informam que tomaram conhecimento de uma solução de consulta interna da Receita Federal (de n° 18/06), a qual prevê metodologia de cálculo diferente da que havia sido adotada por eles quando da fiscalização. Por tal razão, excluíra do processo n° 19647.009690/200699 certos valores, que passariam a ser tratados em processos específicos e objetos de cobrança espontânea, acrescidos de multa de mora e juros SELIC. Entre esses processos específicos está o presente processo de compensação, que teve por origem a existência de saldo negativo de imposto de renda pessoa jurídica — IRPJ do ano de 2001, no valor de R$67.375,42. Por isso, a contribuinte apresentou Declaração de Compensação — DCOMP, compensando esse valor com débito fiscal de IRPJ. A Delegacia da Receita Federal em Recife não homologou a compensação efetuada, com fundamento em Relatório de Informação Fiscal. Nesse breve Relatório, é afirmado simplesmente que foram procedidas diligências nos assentamentos contábeis e fiscais da empresa, nas DCTF’s, nas DIRF’s e nas próprias Declarações de Compensação. Após, foram preparados alguns demonstrativos, com o objetivo de confirmar ou não a existência do crédito pleiteado e o seu real valor. Com base em tais demonstrativos e sem outras explicações, o Relatório de Informação Fiscal conclui que seria inexistente o direito creditório pleiteado pela contribuinte para ser utilizado nas compensações dos seus débitos fiscais informados nas Declarações de Compensações. Por essa razão, a compensação pleiteada não foi homologada. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 205 4 Ocorre que as razões apresentadas pela DRF/Recife não representam o melhor direito e merecem ser reformadas pela Delegacia Regional de Julgamento. I Vinculação deste processo ao processo n° 19647.009690/200699 A DRF/Recife não fundamentou adequadamente sua decisão. No entanto, podese inferir dos demonstrativos anexos ao Relatório de Informação Fiscal que a conclusão de que não existiria o direito creditório de saldo negativo de IRPJ devese ao entendimento da Fiscalização de ser indedutível a amortização de ágio e de ter ocorrido exclusão indevida de valores também relacionados ao ágio. Assim, ao recompor a apuração da base de cálculo do IRPJ do anocalendário de 2001, a Fiscalização adicionou o ágio amortizado e a exclusão indevida, aumentando as exigências do tributo a cada mês e ao final do referido ano. Isso fez com que deixasse de existir o saldo negativo ao final do ano, passível de ser compensado com outros tributos. A amortização do ágio e as exclusões realizadas pela contribuinte levaram a Fiscalização a lavrar os Autos de Infração que geraram o já mencionado processo administrativo n° 19647.009690/200699. Conforme demonstrado em impugnação apresentada em novembro de 2006, tais amortização e exclusões foram corretas, estando de acordo com a legislação. Requerse que todas as razões apresentadas na mencionada Impugnação [...] sejam consideradas como se aqui estivessem reproduzidas, o que certamente levará A. reforma do Despacho Decisório ora recorrido, para homologar as compensações realizadas pela contribuinte. Perceptível, portanto, que a decisão final a ser proferida neste processo está indissoluvelmente ligada à decisão a ser proferida no processo n° 19647.009690/2006 99. Desse modo, assim como deverão ser canceladas as exigências constantes desse processo, o que restituirá o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001, deverão ser homologadas as compensações realizadas pela contribuinte. II Indevida revisão de lançamento Como relatado, o Despacho Decisório proferido neste processo decorre de uma revisão de lançamento perpetrada pela autoridade fiscal nos autos do processo administrativo n° 19647.009690/200699, lavrado contra a TIM Nordeste S/A (sucessora da TELEPISA Celular S/A). Segundo consta do Relatório de Informação Fiscal, referida revisão de oficio decorreu da verificação de que a metodologia de cálculo utilizada para realizar as autuações fiscais estaria em desacordo com a interpretação adotada pela solução de consulta interna n° 18. Essa solução de consulta, datada de 13.10.06, é posterior aos Autos de Infração lavrados, datados de 09.10.06. Por tal razão, continua o Relatório, a revisão de oficio seria indispensável (item 2). Assim, foi apartado do processo administrativo n° 19647.009690/200699 parte do crédito tributário apurado nos Autos (alguns valores de IRPJ, CSLL e de multa isolada de ambos os tributos, relacionados aos itens 6 e 7 do Termo de Encerramento de Ação Fiscal). Essa parte do crédito passaria a ser tratada em processos específicos e objetos de cobrança espontânea, acrescidos de multa de mora e juros SELIC. Como decorrência desse desmembramento, a contribuinte foi intimada de 30 despachos decisórios (atinentes apenas A. empresa sucedida Fl. 204DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 206 5 TELEPISA), a maioria fruto de supostas compensações indevidas, com a cobrança de valores a titulo de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Entretanto, o novo valor total exigido por intermédio dos 30 despachos decisórios recebidos pela contribuinte e superior ao valor diminuído pela revisão de oficio havida nos autos do processo administrativo n° 19647.009690/200699. Portanto, concluise que se está diante de uma revisão de oficio que propiciou um aumento do crédito tributário original, sendo irrelevante que a nova exigência esteja dividida em 30 processos específicos diferentes. Tratase, portanto, de uma indevida alteração no lançamento regularmente notificado e que não se coaduna com a legislação de regência (artigos 145 a 149 do CTN). [...] O lançamento é o procedimento que tem por finalidade constituir o credito tributário e se encerra com a notificação feita ao sujeito passivo. A partir desse momento, o lançamento tornase definitivo e o credito tributário constituído. A alteração só pode ocorrer em razão dos motivos previstos na lei. No caso concreto houve afronta a esse dispositivo. Na constituição do crédito tributário original foram exigidos da contribuinte valores a titulo de principal (IRPJ e CSLL) e de multa isolada. Entretanto, face uma revisão de oficio fruto de uma alteração de entendimento da própria Administração, a contribuinte é intimada da redução do crédito tributário em um processo administrativo já instaurado contra si, mas, em contrapartida, é surpreendida com o recebimento de 30 novos processos específicos diferentes com a cobrança de um valor total maior do que aquele que fora exonerado. O que ocorreu foi a migração de certos valores constantes em um processo para 30 outros processos, com um aumento de exigência total. Ou seja, a Administração Fiscal, ao rever os seus atos pretéritos, impõe uma exigência ainda maior, sem que nenhuma das hipóteses de alteração do lançamento estivesse preenchida. Por esse prisma, e ilegal o procedimento da fiscalização. A alteração não se deu em razão da impugnação do sujeito passivo (que leva à. diminuição do valor total da exigência), de recurso de oficio, ou mesmo por uma das hipóteses do artigo 149 do CTN, que justificassem a alteração no lançamento. Como o próprio Relatório deixa claro, a revisão se deu devido a uma alteração de procedimento com base em uma solução de consulta interna. Além da contrariedade aos artigos 145 e 149 do CTN, também restou violado o artigo 146. Com efeito, devido à solução de consulta interna n° 18, de 13.10.06, posterior aos Autos de Infração, de 09.10.06, foi introduzida de oficio uma modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento. Em tal caso, tal modificação somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente A. sua introdução. A DRF/Recife atentou contra o artigo 146 do CTN por pretender aplicar o novo critério jurídico — que representa um aumento na carga tributária global — para um contribuinte em relação a fatos geradores passados. Isso não pode ser aceito. Resta provado, por conseqüência, que não houve motivo, dentre aqueles previstos pelo CTN, para uma revisão do lançamento que aumente o valor total dos supostos débitos da contribuinte. Além disso, o artigo 146 não permite a aplicação retroativa de critérios jurídicos que levem a um aumento de exigência fiscal. Ao Fl. 205DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 207 6 assim proceder, a DRF/Recife violou a legislação de regência. Tal situação leva à necessidade da anulação de todos os Despachos Decisórios recebidos pela contribuinte, para que em todos ocorra a homologação das compensações realizadas. III Conclusão Como verificado, a decisão final a ser proferida neste processo depende da solução a ser dada no processo n° 19647.009690/200699, que alterou o resultado final do IRPJ no anocalendário de 2001. Assim como deve ser dado provimento A. Impugnação apresentada pela contribuinte, para cancelar os Autos de Infração lavrados, deve ser dado provimento à presente Manifestação de Inconformidade, para homologar integralmente a compensação realizada pela contribuinte. Ademais, o Despacho Decisório da DRF/Recife é fruto de uma revisão de oficio de lançamento realizado, que aumentou o valor total da exigência (quando são considerados todos os Despachos Decisórios proferidos pela DRF), o que configura uma violação ao artigo 149 do CTN. Está registrado como ementa do Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/REC/PE nº 11 28.823, de 28.01.2010, fls. 133136: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIRETO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 12.03.2010, fl. 138, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 07.04.2010, fls. 139146, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera todos os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Acrescenta que: Em outubro de 2006, a contribuinte recebeu Autos de Infração, de IRPJ e de CSLL, envolvendo diversas supostas infrações, que deram origem ao processo administrativo n° 19647.009690/200699. Entre elas constavam os itens (6) deduções indevidas no ajuste anual de antecipações de IRPJ e de CSLL não comprovadas e (7) imposição de multa isolada por falta de pagamento de IRPJ e de CSLL devidos por estimativa mensal. Tais exigências, porém, não foram devidamente fundamentadas, o que impedia a adequada defesa pela contribuinte. Em março de 2007, a Delegacia da Receita Federal em Recife intimou a contribuinte, apresentando um Relatório de Informação Fiscal [...]. Nele, os fiscais responsáveis informam que tomaram conhecimento de uma solução de consulta interna da Receita Federal (de n° 18/06), a qual previa metodologia de cálculo diferente da que havia sido adotada por eles quando da fiscalização. [...] Fl. 206DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 208 7 Por tal razão, foram excluídos do processo n° 19647.009690/200699 certos valores, que passariam a ser tratados em processos específicos, acrescidos de multa de mora e juros SELIC. Entre esses processos específicos está o presente processo de compensação, que teve por origem a existência de saldo negativo de IRPJ do ano de 2001, no valor de R$67.375,42. Por isso, a contribuinte apresentou Declaração de Compensação — DCOMP, compensando esse valor com débitos fiscais de IRPJ. A Delegacia da Receita Federal em Recife não homologou a compensação efetuada, com fundamento em Relatório de Informação Fiscal. Nesse breve Relatório, é afirmado simplesmente que foram procedidas diligências nos assentamentos contábeis e fiscais da empresa, nas DCTF’s, nas DIRF’s e nas próprias Declarações de Compensação. Após, foram preparados alguns demonstrativos, com o objetivo de confirmar ou não a existência do crédito pleiteado e o seu real valor. Com base em tais demonstrativos e sem outras explicações, o Relatório de Informação Fiscal conclui que seria inexistente o direito creditório pleiteado pela contribuinte para ser utilizado nas compensações dos seus débitos fiscais informados nas Declarações de Compensações. Por essa razão, a compensação pleiteada não foi homologada. Apresentada a competente manifestação de inconformidade, houve por bem a DRJ não homologar a compensação efetuada, ratificando o procedimento da repartição de origem de cobrança dos débitos. Entretanto, a exigência fiscal em tela não pode subsistir, devendo ser integralmente cancelada. É o que se passa a demonstrar. I Vinculação deste processo ao processo n° 19647.009690/200699 A DRF/Recife não fundamentou adequadamente sua decisão. No entanto, podese inferir dos demonstrativos anexos ao Relatório de Informação Fiscal que a conclusão de que seria menor o direito creditório de saldo negativo de IRPJ deveuse ao entendimento da Fiscalização de ser indedutível a amortização de ágio e de ter ocorrido exclusão indevida de valores também relacionados ao ágio. Assim, ao recompor a apuração da base de cálculo do IRPJ do anocalendário de 2001, a Fiscalização adicionou o ágio amortizado e a exclusão indevida, aumentando as exigências do tributo a cada mês e ao final do referido ano. Isso fez com que o saldo negativo ao final do ano, passível de ser compensado com outros tributos, fosse diminuído. A amortização do ágio e as exclusões realizadas pela contribuinte levaram a Fiscalização a lavrar os Autos de Infração que geraram o já mencionado processo administrativo n° 19647.009690/200699. Conforme demonstrado em impugnação apresentada em novembro de 2006, tais amortizações e exclusões foram corretas, estando de acordo com a legislação. Requerse que todas as razões apresentadas na mencionada Impugnação (cuja cópia foi anexada a Manifestação de Inconformidade apresentada no presente processo) sejam consideradas como se aqui estivessem reproduzidas, o que certamente levará á reforma do Despacho Decisório ora recorrido, para homologar as compensações realizadas pela contribuinte. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 209 8 A Autoridade julgadora de primeira instância, a fim de sustentar a tese de que a contribuinte não tem direito de crédito superior ao reconhecido pela DRF/Recife, alegou que foi negado provimento h manifestação de inconformidade apresentada no processo n° 19647.009690/200699. Tal entendimento não pode prevalecer, pois foi ignorado o fato de a contribuinte ter apresentado Recurso Voluntário demonstrando os equívocos da decisão proferida pela [...] DRJ. Ou seja, o lançamento em referência não se exauriu na esfera administrativa, constituindo fato impeditivo à decisão sobre o direito creditório ate que seja solucionada a controvérsia em questão, uma vez que a decisão proferida no presente processo de compensação é mera decorrência da decisão que manteve o Auto de Infração que deu origem ao processo n° 19647.009690/200699 2. Com efeito, a DRF/Recife não impugnou o direito de compensação da contribuinte (direito claramente previsto na legislação). A nãohomologação parcial da compensação decorreu apenas e tãosomente em decorrência de novo cálculo realizado, motivado pela decisão exarada no processo relativo ao Auto de Infração lavrado (o qual, vale ressaltar novamente, ainda não foi decidido definitivamente na esfera administrativa). Perceptível, portanto, que ao contrário do que afirma a DRJ, a decisão final a ser proferida neste processo está indissoluvelmente ligada à decisão a ser proferida no processo n° 19647.009690/200699. Desse modo, assim como deverão ser canceladas as exigências constantes desse processo, o que restituirá o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001, deverão ser homologadas as compensações realizadas pela contribuinte. II Indevida revisão de lançamento Como relatado, o Despacho Decisório proferido neste processo decorre de uma revisão de lançamento perpetrada pela autoridade fiscal nos autos do processo administrativo n° 19647.009690/200699, lavrado contra a TIM Nordeste S/A (sucessora da Telepisa Celular S/A). Segundo consta do Relatório de Informação Fiscal, referida revisão de oficio decorreu da verificação de que a metodologia de cálculo utilizada para realizar as autuações fiscais estaria em desacordo com a interpretação adotada pela solução de consulta interna n° 18. Essa solução de consulta, datada de 13.10.06, é posterior aos Autos de Infração lavrados, datados de 09.10.06. Por tal razão, continua o Relatório, a revisão de oficio seria indispensável (item 2). Assim, foi apartado do processo administrativo n° 19647.009690/200699 parte do crédito tributário apurado nos Autos (alguns valores de IRPJ, CSLL e de multa isolada de ambos os tributos, relacionados aos itens 6 e 7 do Termo de Encerramento de Ação Fiscal). Essa parte do crédito passaria a ser tratada em processos específicos e objetos de cobrança espontânea, acrescidos de multa de mora e juros SELIC. Como decorrência desse desmembramento, a contribuinte foi intimada de vários despachos decisórios, a maioria fruto de supostas compensações indevidas, com a cobrança de valores a titulo de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Entretanto, o novo valor total exigido por intermédio de tais despachos decisórios é superior ao valor diminuído pela revisão de oficio havida nos autos do processo administrativo n° 19647.009690/200699. De fato, o valor apartado do processo administrativo n° 19647.009690/2006 99 é de R$4.229.642,21, em relação à Telepisa, conforme quadro resumo constante do Relatório de Informação Fiscal [...]. Já o valor total exigido pelos despachos Fl. 208DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 210 9 decisórios recebidos pela contribuinte é de R$5.719,025,18 (conforme planilha preparada pela contribuinte/quadro [...]). Portanto, concluise que se está diante de uma revisão de oficio que propiciou um aumento do crédito tributário original, sendo irrelevante que a nova exigência esteja dividida em vários processos específicos diferentes. Tratase, portanto, de uma indevida alteração no lançamento regularmente notificado e que não se coaduna com a legislação de regência (artigos 145 a 149 do CTN). [...] O lançamento é o procedimento que tem por finalidade constituir o crédito tributário e se encerra com a notificação feita ao sujeito passivo. A partir desse momento, o lançamento tornase definitivo e o crédito tributário constituído. A alteração só pode ocorrer em razão dos motivos previstos na lei. No caso concreto houve afronta a esse dispositivo. Na constituição do credito tributário original foram exigidos da contribuinte valores a titulo de principal (IRPJ e CSLL) e de multa isolada. Entretanto, face uma revisão de oficio fruto de uma alteração de entendimento da própria Administração, a contribuinte é intimada da redução do credito tributário em um processo administrativo já instaurado contra si, mas, em contrapartida, é surpreendida com o recebimento de 160 novos processos específicos diferentes com a cobrança de um valor total maior do que aquele que fora exonerado. 0 que ocorreu foi a migração de certos valores constantes em um processo para 160 outros processos, com um aumento de exigência total. Ou seja, a Administração Fiscal, ao rever os seus atos pretéritos, impõe uma exigência ainda maior, sem que nenhuma das hipóteses de alteração do lançamento estivesse preenchida. Por esse prisma, é ilegal o procedimento da fiscalização. A alteração não se deu em razão da impugnação do sujeito passivo (que leva à diminuição do valor total da exigência), de recurso de oficio, ou mesmo por uma das hipóteses do artigo 149 do CTN, que justificassem a alteração no lançamento. Como o próprio Relatório deixa claro, a revisão se deu devido a uma alteração de procedimento com base em uma solução de consulta interna. Além da contrariedade aos artigos 145 e 149 do CTN, também restou violado o artigo 146. Com efeito, devido à solução de consulta interna n° 18, de 13.10.06, posterior aos Autos de Infração, de 09.10.06, foi introduzida de oficio uma modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento. Em tal caso, tal modificação somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. A DRF/Recife atentou contra o artigo 146 do CTN por pretender aplicar o novo critério jurídico — que representa um aumento na carga tributária global — para um contribuinte em relação a fatos geradores passados. Isso não pode ser aceito. Resta provado, por conseqüência, que não houve motivo, dentre aqueles previstos pelo CTN, para uma revisão do lançamento que aumente o valor total dos supostos débitos da contribuinte. Além disso, o artigo 146 não permite a aplicação retroativa de critérios jurídicos que levem a um aumento de exigência fiscal. Ao assim proceder, a DRF/Recife violou a legislação de regência. Tal situação, leva à necessidade da anulação de todos os Despachos Decisórios recebidos pela contribuinte, para que em todos ocorra a homologação das compensações realizadas. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 211 10 III Conclusão Como verificado, a decisão final a ser proferida neste processo depende da solução a ser dada no processo n° 19647.009690/200699, que alterou o resultado final do IRPJ no anocalendário de 2001. Assim como deve ser dado provimento ao Recurso Voluntário interposto pela contribuinte, para cancelar os Autos de Infração lavrados, deve ser dado provimento ao presente recurso, para homologar integralmente a compensação realizada pela contribuinte. Ademais, o Despacho Decisório da DRF/Recife é fruto de uma revisão de oficio de lançamento realizado, que aumentou o valor total da exigência (quando são considerados todos os Despachos Decisórios proferidos pela DRF), o que configura uma violação ao artigo 149 do CTN. Consta como dispositivo e excerto do Voto condutor da Resolução da 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF nº 1803000.112, de 27.08.2014, fls. 171189: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF, [...]. Nos presentes autos não há como aferir e corroborar o valor inequivocamente do direito creditório pleiteado, uma vez que, preliminarmente, tem cabimento estabelecer o nexo de causalidade entre o processo nº 19647.009690/200699 de formalização dos Autos de Infração de IRPJ e de CSLL dos anos calendário de [1998 a 2004] e o presente processo conexo. [...] Consultando o eprocesso, temse que contra a Tim Nordeste S/A foram formalizados, no processo nº19647.009690/200699, os Autos de Infração de IRPJ e de CSLL, fls. 424463 (numeração daquele processo), referentes aos anoscalendário de [1998 a 2004], que se encontram pendentes de julgamento na 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF1. Ressaltese que a referida pessoa jurídica é decorrente da incorporação da Telasa Celular S/A, da Teleceará Celular S/A, da Telern Celular S/A, da Telepisa Celular S/A, da Telpa Celular S/A e da Telpe Celular S/A, de acordo com o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, fls. 482538 (numeração daquele processo). Ainda, naquele processo em que foram apuradas infrações consolidadas acompanhadas com demonstrativos referentes a cada pessoa jurídica incorporada, também foram analisados todos os fatos que as circunstanciam, inclusive os créditos utilizados para extinção de débitos mediante Per/DComp da Telepisa Celular S/A, em conformidade com as Tabelas abaixo. Tabela 1 Demonstrativo de Apuração da Base de Cálculo do IRPJ Valor Declarado pelo Contribuinte no Lalur [R$] Infrações Apuradas [Antes da] Base de Cálculo [R$] Valores Apurados pelo Fisco [R$] Mês Base de Cálculo do IRPJ Falta de Adição de Despesa Não Exclusão Indevida no Mês Base de Cálculo do IRPJ – Lucro Real 1 Disponível em:<http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/consultarInformacoesProces suais.jsf>. Acesso em: 21 afo. 2014. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 212 11 Lucro Real Dedutível no Mês (Ágio Amortizável) Lalur Apurado [AnoCalendário 2001] Jan 786.291,52 335.741,71 22.481,46 1.144.514,69 Fev 191.119,93 335.741,71 22.481,46 907.566,27 Mar (178.575,67) 335.741,71 22.481,46 896.093,84 Abr (165.474,45) 335.741,71 22.481,46 1.267.418,23 Mai (73.922,84) 335.741,71 22.481,46 1.717.193,01 Jun 4.261.866,50 335.741,71 22.481,46 6.411.205,52 Jul 4.857.980,09 335.741,71 22.481,46 7.365.542,28 Ago 5.580.128,09 335.741,71 22.481,46 8.445.913,45 Set 7.007.956,00 335.741,71 22.481,46 10.231.964,53 Out 7.367.257,71 335.741,71 22.481,46 10.949.489,41 Nov 7.837.703,15 335.741,71 22.481,46 11.778.158,02 Dez 8.112.338,49 335.741,71 22.481,46 12.411.016,52 [...] Notas : Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 972974 (eprocesso) Tabela 2 Demonstrativo do IRPJ e da Multa pelo Não Recolhimento da Estimativa Mensal Valores Apurados pelo Fisco [R$] Mês Base de Cálculo do IRPJ – Lucro Real Apurado [A] IRPJ Devido [B] [IRPJ Estimativa Declarado pela Contribuinte Considerada De Ofício] [C] Multa Por Não Recolhimento da Estimativa [D=(BC)*50%] [AnoCalendário 2001] Jan 1.144.514,69 284.128,67 204.524,82 39.801,93 Fev 907.566,27 (61.237,10) 0,00 0,00 Mar 896.093,84 (66.105,21) 0,00 0,00 Abr 1.267.418,23 24.725,88 0,00 12.362,94 Mai 1.717.193,01 110.443,70 0,00 55.221,85 Jun 6.411.205,52 1.171.503,13 882.664,00 144.419,57 Jul 7.365.542,28 236.584,19 152.648,76 41.967,72 Ago 8.445.913,45 268.092,80 184.157,36 41.967,72 Set 10.231.964,53 444.512,76 397.518,30 23.497,23 Out 10.949.489,41 177.381,22 93.445,79 41.967,72 Nov 11.778.158,02 205.167,15 121.231,72 41.967,72 Dez 12.411.016,52 156.214,63 72.210,24 42.002,20 [...] Nota: Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 10041010 (eprocesso) Tabela 3 Demonstrativo do Saldo a Pagar de IRPJ Descrição AnoCalendário 2001 IRPJ Devido 3.078.754,13 () Incentivos Ficais (0,00) () IRRF (0,00) () IRPJ Determinado sobre a Base de Cálculo Estimada (1.506.106,02) (=) IRPJ a Pagar Calculado de Ofício 1.572.648,11 IRPJ Declarado (DCTF) 0,00 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 213 12 IRPJ a Restituir Glosado (67.375,42) [...] Nota: Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 10041010 (eprocesso) Tabela 4 Demonstrativo de Compensações de Crédito Relativo a IRPJ Passível de Restituição com Débitos Próprios Origem do Crédito Nº do Per/DComp Resultado [AnoCalendário 2001] Saldo Negativo 19542.92958.221203.1.3.023306 Compensação Não Admitida Insuficiência de Crédito [...] Nota: Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 10161061 (eprocesso) [...] Caracterizado está o nexo de causalidade entre o processo nº 19647.009690/200699 de formalização dos Autos de Infração de IRPJ e de CSLL dos anoscalendário de [1998 a 2004] e o presente processo conexo. Em assim sucedendo, voto por declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF, com fundamento no art. 47 e art. 49 do Anexo II da do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face da relação de causalidade que informa o presente Per/DComp e que leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aqueles que foram dados às exigências formalizadas no processo nº 19647.009690/200699, já distribuído para julgamento àquela Turma. A 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF apresentou embargos de declaração, fls. 190201: Verificase que há contradição na Resolução da 3ª TURMA ESPECIAL/4ª CÂMARA/1ª SJ nº 1803000.112, de 27.08.2014, já que somente tem possibilidade jurídica de se distribuir, independentemente de sorteio, ao mesmo relator, o processo conexo que esteja pendente de julgamento na mesma instância e que ainda não tenha sido indicado para pauta contemporaneamente, tendo em vista a iminência de julgamento do processo conexo e o princípio as razoabilidade (art. 47 e 49 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009). [...] Sobre a conexão dos presentes autos com processo nº [19647.009690/2006 99], temse que esse instituto está originalmente previsto no Código de Processo Civil, que prevê: Art. 103. Reputamse conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Há conexão pelo objeto quando existe identidade de pedido mediato, ou seja, afirmação de um direito, que é o bem da vida pleiteado em dois ou mais processos. O objeto é o pedido, a pretensão material deduzida pelo sujeito passivo. Por outro lado, são conexos pela causa de pedir, dois ou mais processos, quando lhes são comuns os fundamentos de fato e de direito. A causa de pedir constitui premissa para o correto entendimento do pedido e deve estar com ela correlacionada em circunstância de causa e efeito. Surge portanto Fl. 212DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 214 13 a necessidade da narração dos fatos e da fundamentação jurídica das situações que ocorreram em determinado período de tempo causando determinadas consequências jurídicas e que foram projetados para o processo. Sobre a conexão, o Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 [...]. Restou comprovado que o Auto de Infração com a constituição de créditos tributários pelos lançamentos de ofício de IRPJ e de CSLL dos anoscalendário de [1998 a 2004] formalizados no processo nº 19647.009690/200699 é conexo com os presentes autos. No presente caso, esse processo não tem possibilidade jurídica de se distribuir, independentemente de sorteio, ao mesmo relator o processo conexo, uma vez que foi indicado para pauta antes dos presentes autos. O referido feito foi indicado para a pauta em 29.07.2014 e houve pedido de vista. Novamente foi indicado para a pauta em 26.08.2014. Pelas razões de que há iminência do julgamento do processo nº 19647.009690/200699 e o princípio da razoabilidade, fazse necessário que os presentes autos sejam indicados para pauta após o julgamento do referido processo conexo. Em conformidade com a Ata da 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF do período de 25.11.2014 a 27.11.20142: Aos vinte e seis dias do mês de novembro do ano de dois mil e quatorze, às nove horas [...] Relator(a): CARLOS PELA Processo: 19647.009690/200699 Recorrente: TIM NORDESTE S/A e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1402001.876 Decisão: Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e acolher a argüição de decadência em relação à exigência da CSLL no anocalendário de 1998, 1999 e 2000. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência da multa isolada. [...] Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. [...] Resultado: Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 2 Disponível em: <http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/SessoesJulgamento/Atas/consultarAtas.jsf>. Acesso em 13 jan.2015. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 215 14 Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Vencido Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora Os Embargos de Declaração opostos pela 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF atendem aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, nos termos do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Assim, deles tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF apresentou embargos de declaração, fls. 190201, e aduz, em síntese, que há contradição, já que “restou comprovado que o Auto de Infração com a constituição de créditos tributários pelos lançamentos de ofício de IRPJ e de CSLL [...] formalizados no processo nº 19647.009690/200699 é conexo com os presentes auto”. Por essa razão, ficou identificada de forma clara, explícita e congruente a contradição que é aquela havida no interior da própria decisão, ou seja, a desconformidade interna da decisão jurisdicional, uma vez que o processo nº 19647.009690/200699 havia sido indicado para pauta antes de ser proferida a Resolução da 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF nº 1803 000.112, de 27.08.2014. A Recorrente suscita que o Per/DComp deve ser deferido. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Ainda, o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional 3. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. 3 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 216 15 A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais4. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de registro obrigatório pela legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. Consultando o eprocesso, temse que contra a Tim Nordeste S/A foram formalizados, no processo nº19647.009690/200699, os Autos de Infração de IRPJ e de CSLL, fls. 424463 (numeração daquele processo), referentes aos anoscalendário de 1998 a 2004, que se encontram julgados, em conformidade com o Acórdão 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF nº 1402001.876, de 26.11.2014, e a respectiva Ata da 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF do período de 25.11.2014 a 27.11.20145: Aos vinte e seis dias do mês de novembro do ano de dois mil e quatorze, às nove horas [...] Relator(a): CARLOS PELA Processo: 19647.009690/200699 Recorrente: TIM NORDESTE S/A e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1402001.876 Decisão: Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e acolher a argüição de decadência em relação à exigência da CSLL no anocalendário de 1998, 1999 e 2000. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência da multa isolada. [...] 4 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 5 Disponível em: <http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/SessoesJulgamento/Atas/consultarAtas.jsf>. Acesso em 13 jan.2015. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 217 16 Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. [...] Resultado: Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Ressaltese que a referida pessoa jurídica é decorrente da incorporação da Telasa Celular S/A, da Teleceará Celular S/A, da Telern Celular S/A, da Telepisa Celular S/A, da Telpa Celular S/A e da Telpe Celular S/A, de acordo com o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, fls. 482538 (numeração daquele processo). Ainda, naquele processo de nº 19647.009690/200699 em que foram apuradas infrações consolidadas acompanhadas com demonstrativos referentes a cada pessoa jurídica incorporada, também foram analisados todos os fatos que as circunstanciam, inclusive o Per/DComp nº 19542.92958.221203.1.3.023306, em 22.12.2003, fls. 0409, em que foi utilizado o saldo negativo de IRPJ no valor de R$67.375,42 do anocalendário de 2001, apurado pelo lucro real para fins de compensação do débito ali confessado. Nos presentes autos há como aferir inequivocamente o valor do direito creditório pleiteado, uma vez que está estabelecido o nexo de causalidade entre o processo nº 19647.009690/200699 de formalização dos Autos de Infração de IRPJ e de CSLL dos anos calendário de 1998 a 2004 e o presente processo e que leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado ao principal. Restou comprovado que a falta de adição de despesa não dedutível em todos os meses do anocalendário de 2001 foi mantida incólume pela segunda instância de julgamento (Acórdão 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF nº 1402001.876, de 26.11.2014). Desse modo, também não foi alterada a glosa do saldo negativo de IRPJ no valor de R$67.375,42 do anocalendário de 2001 originalmente apurado pela Recorrente, de acordo com as Tabelas 3 e 4. Tabela 3 Demonstrativo do Saldo a Pagar de IRPJ Descrição AnoCalendário 2001 IRPJ Devido 3.078.754,13 () Incentivos Ficais (0,00) () IRRF (0,00) () IRPJ Determinado sobre a Base de Cálculo Estimada (1.506.106,02) (=) IRPJ a Pagar Calculado de Ofício 1.572.648,11 IRPJ Declarado (DCTF) 0,00 IRPJ a Restituir Glosado (67.375,42) [...] Nota: Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 10041010 (eprocesso) Tabela 4 Demonstrativo de Compensações de Crédito Relativo a IRPJ Passível de Restituição com Débitos Próprios Fl. 216DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 218 17 Origem do Crédito Nº do Per/DComp Resultado [AnoCalendário 2001] Saldo Negativo 19542.92958.221203.1.3.023306 Compensação Não Admitida Insuficiência de Crédito [...] Nota: Dados extraídos do processo 19647.009690/200699, fls. 10161061 (eprocesso) Assim, a compensação pleiteada nos presentes autos e formalizada no Per/DComp nº 19542.92958.221203.1.3.023306, fls. 0409, não pode ser homologada pela insuficiência de direito creditório. A inferência apresenta pela defendente não pode subsistir. A Recorrente diz ser indevida revisão de lançamento formalizada no processo nº 19647.009690/200699, lavrado contra a TIM Nordeste S/A (sucessora da Telepisa Celular S/A). Sobre essa questão temse que as matérias objeto de litígio referentes aos Autos de Infração constantes no processo principal nº 19647.009690/200699 devem ser ali analisadas, não cabendo nos presentes autos conexos reexaminálas, mas tãosomente observar nos estritos termos o que ali foi decidido, tendo em vista o nexo de causalidade existente entre ambos os feitos. A afirmação suscitada pela defendente, destarte, não é pertinente para o presente processo. Ademais, temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). Assim não há que se falar que houve violação ao art. 145, ao art. 146 e ao art. 149 do Código Tributário Nacional. Em assim sucedendo, voto por acolher os embargos de declaração e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Voto Vencedor Conselheiro Fernando Ferreira Castellani Redator Designado O acórdão objeto do Recurso Voluntário reconheceu, explicitamente, a existência da conexão entre o presente feito e o processo de número 19647.009690/200699 de formalização dos Autos de Infração de IRPJ e de CSLL dos anoscalendário de 1998 a 2004. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 219 18 Em conformidade com a Ata da 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF do período de 25.11.2014 a 27.11.20146, temos que o processo citado foi objeto de julgamento, com a seguinte descrição: Aos vinte e seis dias do mês de novembro do ano de dois mil e quatorze, às nove horas [...] Relator(a): CARLOS PELA Processo: 19647.009690/200699 Recorrente: TIM NORDESTE S/A e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1402001.876 Decisão: Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e acolher a argüição de decadência em relação à exigência da CSLL no anocalendário de 1998, 1999 e 2000. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência da multa isolada. [...] Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. [...] Resultado: Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O CARF analisou a legitimidade do lançamento realizado e prolatou acórdão julgando parcialmente procedente o pedido da recorrente. Pelo teor da ementa, deuse parcial provimento, no que diz respeito aos anos calendário de 2001 a 2004, que são objeto do presente processo, apenas para excluir a exigência de multa isolada. Como pode ser observado, o acórdão supracitado não anulou o lançamento, e reconheceu que, de fato, há crédito tributário a ser exigido. Sendo assim, no processo em que se discute a compensação realizada, não haveria que se falar em crédito, mas sim em débito tributário. Vale frisar que não cabe a essa turma a análise do mérito dos argumentos discutidos no processo nº 19647.009690/200699, sendo que a existência de crédito (objeto desta DCOMP) ou débito tributário decorre estritamente do que lá for decidido. Por esta razão, essa turma tem decido que, quando o crédito tem como fundamento valores que estão sob discussão em outro auto de infração a DCOMP deve ser devolvida para que seja julgada em conjunto com a impugnação ao auto de infração. Isso porque, como há íntima conexão entre os processos, o julgamento de um irá influenciar diretamente no outro. 6 Disponível em: <http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/SessoesJulgamento/Atas/consultarAtas.jsf>. Acesso em 13 jan.2015. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 19647.004735/200558 Acórdão n.º 1803002.553 S1TE03 Fl. 220 19 Sendo assim, é imperioso que o feito seja julgado pela 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF, com fundamento no art. 47 e art. 49 do Anexo II da do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face da relação de causalidade que informa o presente Per/DComp e que leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aqueles que foram dados às exigências formalizadas no processo nº 19647.009690/200699, já julgado naquela Turma, para que a decisão seja prolatada de forma equânime, refletindo assim imparcialidade e verdade dos fatos. Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração mantendose incólume a Resolução da 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL/CARF nº 1803000.112, de 27.08.2014, fls. 171189 e declinar da competência para julgamento do recurso voluntário formalizado no presente processo para a 2ª TO/4ª Câmara/1ª Sejul/CARF. (assinado digitalmente) Fernando Ferreira Castellani Fl. 219DF CARF MF
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Numero do processo: 10950.001873/2006-58
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002
IPI. RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PIS-PASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO.
No cálculo do crédito presumido de IPI, de que tratam a Lei nº 9.363/96 e a Portaria MF nº 38/97, as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo contribuinte, incluem-se na composição tanto da Receita de Exportação RE, quanto da Receita Operacional Bruta-ROB. Ou seja, incluem-se nos dois lados do coeficiente de exportação, no numerador e no denominador.
Numero da decisão: 9303-005.417
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO. No cálculo do crédito presumido de IPI, de que tratam a Lei nº 9.363/96 e a Portaria MF nº 38/97, as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo contribuinte, incluemse na composição tanto da Receita de Exportação RE, quanto da Receita Operacional BrutaROB. Ou seja, incluemse nos dois lados do coeficiente de exportação, no numerador e no denominador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 18 73 /2 00 6- 58 Fl. 480DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 480 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra acórdão nº310100.744, de 04 de maio de 2011, proferido pela 1º Câmara/1º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para: “(1) INCLUIR na rubrica ‘receita de exportação’, utilizada para o cálculo da proporção entre a ‘receita de exportação’ e a ‘receita operacional bruta do produtor exportador’, o montante das exportações para o exterior de mercadorias adquiridas para revenda; e (2) CONCEDER a atualização dos créditos presumidos do IPI pela taxa Selic, a partir do protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento em dinheiro ou a supressão dos óbices opostos pelo fisco contra pretendida compensação”. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Cuida se de recurso voluntário contra acórdão unânime da Segunda Turma da DRJ Ribeirão Preto (SP) que rejeitou manifestação de inconformidade contra parcial indeferimento de pedidos de ressarcimento de crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados (IPI), para ressarcimento do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados no processo produtivo de mercadorias exportadas para o exterior, benefício fiscal instituído pela Lei 9.363, de 13 de dezembro de 1996, com as alterações do regime alternativo oferecido pela Lei 10.276, de 10 de setembro de 2001. O acórdão recorrido restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 4º trimestre de 2002 IPI. RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. No regime alternativo da Lei 10.276, de 10 de setembro de 2001, os insumos correspondentes a matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas, sem incidência das contribuições PISPasep e Cofins, não integram a base de cálculo do crédito presumido. IPI. RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO. A Lei 9.363, de 1996, norma jurídica instituidora do benefício fiscal, atribuiu ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para definir Fl. 481DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 481 3 “receita de exportação”. Para período de apuração anterior a 26 de março de 2003, a “receita de exportação” alcançava, indistintamente, todas as mercadorias nacionais. IPI. RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Carece de amparo legal a atualização monetária dos créditos do IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais). Resistência oposta pelo fisco em face da utilização do direito de crédito de IPI descaracteriza esse crédito como escritural. Para evitar o enriquecimento sem causa da Fazenda Nacional, exsurge a legitimidade da atualização dos créditos presumidos do IPI pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento em dinheiro ou a supressão dos óbices opostos pelo fisco contra pretendida compensação. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda e do Superior Tribunal de Justiça. Recurso voluntário provido em parte". Inconformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando o seguinte: "não integra a receita de exportação, para efeito de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para a Seguridade Social COFINS, de que trata a Lei nº 9.363/96, o valor resultante das vendas para o exterior, de produtos adquiridos de terceiros e que não tenham sido submetidos a qualquer processo de industrialização pelo produtor exportador, integrando, entretanto, a receita operacional bruta. (artigos 1º e 2º da Lei nº 9.363/96 e § 1o do art. 3º da Portaria MF No 38/97)”. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Fazenda Nacional aponta como paradigmas os acórdãos nºs 20179.254 (exportação de produtos revendidos) e 33.01 00.307 (correção monetária pela Taxa Selic). Em seguida, por ter sido comprovada a divergência apenas quanto a exportação de produtos revendidos, o Presidente da 1ºCâmara da 3º Seção de julgamento deu seguimento parcial ao recurso, com os seguintes fundamentos: "No caso dos autos, o Colegiado recorrido entendeu que as receitas decorrentes da exportação de produtos adquiridos para revenda, não submetidos a industrialização pelo exportador, podem compor a “receita de exportação” para fins de cálculo do crédito presumido de IPI. Decidiuse, ainda, pelo cabimento de correção monetária dos créditos reconhecidos pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido administrativo. De um lado, no acórdão recorrido se entendeu que, para fins do crédito presumido do IPI de que trata a Lei 9.363/96, a receita de exportação “alcançava, indistintamente, todas as mercadorias nacionais”, tendo assim concluindo o colegiado: “Consequentemente, no caso concreto, o montante das exportações para o exterior de mercadorias adquiridas para revenda Fl. 482DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 482 4 deve compor tanto a receita de exportação quanto a receita operacional bruta para o cálculo da ‘relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador’.” Por outra via, o acórdão paradigma adotou entendimento diverso, decidindo que “as mercadorias adquiridas de terceiros e exportadas sem sofrer qualquer processo de industrialização (...) não podem ser incluídas no montante das exportações utilizadas para compor a base de cálculo do benefício”, devendo, entretanto, integrar a “receita operacional bruta”. Por esta razão, considero que é nítida a divergência jurisprudencial suscitada, motivo para levar a matéria à reavaliação pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. No que tange à aplicação de correção monetária sobre os créditos reconhecidos, a Recorrente apontou o paradigma 330100.307, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: IPI RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. Não se justifica a correção em processos de ressarcimento de créditos incentivados, visto não haver previsão legal. Pela sua característica de incentivo, o legislador optou por não alargar seu beneficio, Apesar do entendimento divergente, nos termos do § 10 do artigo 67 do RICARF, o acórdão apontado não serve como paradigma para essa matéria, em virtude de a tese adotada (impossibilidade de incidir a taxa Selic sobre valores ressarcíveis de créditos do IPI, por ausência de previsão legal) já ter sido superada pela CSRF, na data de interposição do recurso especial (22/07/2011 – fl. 461). Como exemplo que comprova a superação dessa tese pela CSRF pode ser citado o acórdão 9303001.378, de 04/04/2011"( fls. 463/466). Houve reexame de Admissibilidade do Recurso, fls.467/468, o Presidente do CARF, manteve na integra, o despacho do Presidente da Câmara, que deu seguimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, apenas quanto a questão das receitas de exportação de produtos revendidos no cálculo do benefício. A Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 483DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 483 5 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Conforme consta no exame de admissibilidade, fls. 463/466, para comprovar o dissenso jurisprudencial, a Fazenda Nacional apontou como paradigmas os acórdãos nºs 201 79.254 (exportação de produtos revendidos) e 33.0100.307 (correção monetária pela Taxa Selic). Em seguida, por ter sido comprovada a divergência apenas quanto a exportação de produtos revendidos, o Presidente da 1ºCâmara da 3º Seção de julgamento deu seguimento parcial ao recurso, nos seguinte termos: "No caso dos autos, o Colegiado recorrido entendeu que as receitas decorrentes da exportação de produtos adquiridos para revenda, não submetidos a industrialização pelo exportador, podem compor a “receita de exportação” para fins de cálculo do crédito presumido de IPI. Decidiuse, ainda, pelo cabimento de correção monetária dos créditos reconhecidos pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido administrativo. De um lado, no acórdão recorrido se entendeu que, para fins do crédito presumido do IPI de que trata a Lei 9.363/96, a receita de exportação “alcançava, indistintamente, todas as mercadorias nacionais”, tendo assim concluindo o colegiado: “Consequentemente, no caso concreto, o montante das exportações para o exterior de mercadorias adquiridas para revenda deve compor tanto a receita de exportação quanto a receita operacional bruta para o cálculo da ‘relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador’.” Por outra via, o acórdão paradigma adotou entendimento diverso, decidindo que “as mercadorias adquiridas de terceiros e exportadas sem sofrer qualquer processo de industrialização (...) não podem ser incluídas no montante das exportações utilizadas para compor a base de cálculo do benefício”, devendo, entretanto, integrar a “receita operacional bruta”. Por esta razão, considero que é nítida a divergência jurisprudencial suscitada, motivo para levar a matéria à reavaliação pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. No que tange à aplicação de correção monetária sobre os créditos reconhecidos, a Recorrente apontou o paradigma 330100.307, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: IPI RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. Não se justifica a correção em processos de ressarcimento de créditos incentivados, Fl. 484DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 484 6 visto não haver previsão legal. Pela sua característica de incentivo, o legislador optou por não alargar seu beneficio, Apesar do entendimento divergente, nos termos do § 10 do artigo 67 do RICARF, o acórdão apontado não serve como paradigma para essa matéria, em virtude de a tese adotada (impossibilidade de incidir a taxa Selic sobre valores ressarcíveis de créditos do IPI, por ausência de previsão legal) já ter sido superada pela CSRF, na data de interposição do recurso especial (22/07/2011 – fl. 461). Como exemplo que comprova a superação dessa tese pela CSRF pode ser citado o acórdão 9303001.378, de 04/04/2011"( fls. 463/466). Houve reexame de Admissibilidade do Recurso, fls.467/468, o Presidente do CARF, manteve na integra, o despacho do Presidente da Câmara, que deu seguimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, apenas quanto a questão das receitas de exportação de produtos revendidos no cálculo do benefício. Nada obstante, a Fazenda Nacional em seu recurso sustenta que não há previsão legal para correção pela Taxa Selic no ressarcimento, sendo indevida a admissão da Selic pela autoridade administrativa. Neste sentido, em atenção ao despacho de admissibilidade que deu seguimento apenas quanto a questão das receitas de exportação de produtos revendidos no cálculo do benefício, não há como esta Turma apreciar ou conhecer de matéria que já foi objeto de requerimento de reexame de admissibilidade, considerando que não há previsão regimental para tanto. Portanto, a matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito se as mercadorias adquiridas de terceiros e exportadas sem sofrer qualquer processo de industrialização podem ou não ser incluídas no montante das exportações utilizadas para compor a base de cálculo do benefício de crédito presumido de IPI para o ressarcimento do PIS e da COFINS. Passo ao julgamento. Com efeito, quanto esta matéria, registro meu posicionamento e desta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme decisão consubstanciada no Acórdão nº 9303 005.172, de relatoria do Ilustre Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, pronunciada na sessão de julgamento de 17 de maio de 2017, a qual utilizo como fundamento para minhas razões de decidir por se tratar de matéria idêntica: "IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS NÃO INDUSTRIALIZADOS PELO PRODUTOR EXPORTADOR. COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RECEITA OPERACIONAL BRUTA. INCLUSÃO. PORTARIA MF 38/97. POSSIBILIDADE. No cálculo do crédito presumido de IPI, de que tratam a Lei nº 9.363/96 e a Portaria MF nº 38/97, as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo contribuinte, incluemse na composição tanto da Receita de Exportação RE, quanto da Receita Operacional BrutaROB. Ou seja, Fl. 485DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 485 7 incluemse nos dois lados do coeficiente de exportação, no numerador e no denominador. 1.3 Receitas de exportação de produtos adquiridos de terceiros no cálculo da relação RE/ROB Tenho entendimento de que não é possível o aproveitamento de crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, sobre as aquisições de produtos adquiridos pelo contribuinte e por ele exportados sem que tenha sido submetido a qualquer operação de industrialização. Isto em decorrência de falta de expressa previsão legal, uma vez que referido crédito tratase de um incentivo fiscal e sua concessão demanda a interpretação literal da lei concessiva. Porém, não é esta a matéria devolvida a esse colegiado. O que se discute é a possibilidade de inclusão das receitas decorrentes de exportação de produtos adquiridos de terceiros no coeficiente de exportação para fins do cálculo do crédito presumido. A Fazenda Nacional defende a sua não inclusão na "Receita de Exportação RE", numerador do referido coeficiente. Entendo que, na vigência da Portaria MF nº 38/97, as receitas decorrentes de exportação de mercadorias nacionais, aí incluídas a exportação de produtos revendidos (não industrializados pelo próprio contribuinte), compõem a Receita de Exportação (RE) e também a Receita Operacional Bruta (ROB). Isto, por disposição da própria Lei nº 9.363/96, que assim dispôs em seu art. 6º, in verbis: Art. 6º O Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador. Fundamentado em tal dispositivo legal, o Ministério da Fazenda regulamentou o aproveitamento do crédito presumido de IPI na Portaria MF nº 38/97, que assim dispunha a esse respeito: Art. 3º O crédito presumido será apurado ao final de cada mês em que houver ocorrido exportação ou venda para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1º Para efeito de determinação do crédito presumido correspondente a cada mês, a empresa ou o estabelecimento produtor e exportador deverá: I apurar o total, acumulado desde o início do ano até o mês a que se referir o crédito, das matériasprimas, dos produtos intermediários e dos materiais de embalagem utilizados na produção; Fl. 486DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 486 8 II apurar a relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, acumuladas desde o início do ano até o mês a que se referir o crédito; III aplicar a relação percentual, referida no inciso anterior, sobre o valor apurado de conformidade com o inciso I; IV multiplicar o valor apurado de conformidade com o inciso anterior por 5,37% (cinco inteiros e trinta e sete centésimos por cento), cujo resultado corresponderá ao total do crédito presumido acumulado desde o início do ano até o mês da apuração; V diminuir, do valor apurado de conformidade com o inciso anterior, o resultado da soma dos seguintes valores de créditos presumidos, relativos ao anocalendário: a) utilizados para compensação com o IPI devido; b) ressarcidos; c) com pedidos de ressarcimento já entregues à Receita Federal. § 2º O crédito presumido, relativo ao mês, será o valor resultante da operação a que se refere o inciso V do parágrafo anterior. (...) § 15. Para os efeitos deste artigo, considerase: I receita operacional bruta, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia; II receita bruta de exportação, o produto da venda para o exterior e para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, de mercadorias nacionais; III venda com o fim específico de exportação, a saída de produtos do estabelecimento produtor vendedor para embarque ou depósito, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente. (...) Portanto resta evidente que ao adotar a expressão mercadorias nacionais, a norma abarcou tanto a exportação de produtos industrializados quanto os não industrializados. Da mesma forma, há que se deixar claro que o conceito adotado pela Portaria MF nº 38/97, no inc. I do § 15, é exatamente o previsto no Regulamento do Imposto de Renda, art. 279 do Decreto nº 3.000/99: Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Fl. 487DF CARF MF Processo nº 10950.001873/200658 Acórdão n.º 9303005.417 CSRFT3 Fl. 487 9 Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dosserviços seja mero depositário. Neste conceito estão compreendidas todas as receitas auferidas pelo contribuinte, inclusive as decorrentes da exportação de produtos considerados não industrializados ou NT, que devem portanto compor a Receita Operacional Bruta para fins de cálculo do crédito presumido de IPI previsto na Lei nº 9.363/96. Concluise então que as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo próprio contribuinte compõem tanto o numerador (RE) quanto o denominador (ROB). Como foi exatamente este o entendimento consubstanciado no acórdão recorrido, nego provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional". Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 488DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.721209/2015-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 18/11/2011
Ementa:
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. TERMO DE INTIMAÇÃO DE CONTINUIDADE DO PROCEDIMENTO COM PRAZO SUPERIOR A SESSENTA DIAS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA.
A inexistência de termo de intimação para a continuidade de mandado de procedimento fiscal em prazo inferior a sessenta dias não implica a nulidade do auto de infração, mas apenas enseja o resgate da espontaneidade do contribuinte, exatamente como prevê o art. 7o, § 2° do Decreto 70.235/72, c.c. os artigos 14 e 15 da Instrução Normativa n. 3.104/11, vigente à época dos fatos.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. PROVA
O acervo probatório formado nos autos, quando analisado como um todo orgânico, é suficiente para demonstrar a existência de interposição fraudulenta comprovada no caso em espécie, ensejando, pois, a incidência da pena de perdimento convertida em multa.
SANÇÃO POR INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA CUMULADA COM MULTA POR NÃO APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS ORIGINAIS INSTRUTIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO. INEXISTÊNCIA DE "BIS IN IDEM".
Não há bis in idem entre as sanções prescritas no art. 33 da lei n. 11.488/07 e art. 23, inciso V do Decreto-lei nº 1455/76 com aquela capitulada no art. 70, inciso II, alínea b, item 1 da lei nº 10.833/03, já que as duas primeiras visam reprimir a interposição fraudulenta, enquanto a última tem por escopo sancionar a não manutenção em boa guarda e ordem de documentos relativos às transações no comércio exterior.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. RESPONSABILIDADE. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME.
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. REVEL. NÃO APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA CARF.
A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é o julgamento de toda a matéria envolvida no processo administrativo fiscal, estando adstrita ao delimitado no art. 1º do Anexo I da Portaria MF nº 343/2015, que aprovou o Regimento Interno do CARF. Nessa esteira, não cabe às Turmas Ordinárias apreciar matéria que não seja atinente a um recurso de ofício ou a um recurso voluntário, no caso, a responsabilidade por infrações de pessoas que não interpuseram recurso voluntário.
Recurso voluntário negado
Crédito Tributário mantido
Numero da decisão: 3402-004.347
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Ribeiro (Relator), Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel Neto. Designada redatora para o voto vencedor a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro - Relator
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Pedro Sousa Bispo, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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TERMO DE INTIMAÇÃO DE CONTINUIDADE DO PROCEDIMENTO COM PRAZO SUPERIOR A SESSENTA DIAS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. A inexistência de termo de intimação para a continuidade de mandado de procedimento fiscal em prazo inferior a sessenta dias não implica a nulidade do auto de infração, mas apenas enseja o resgate da espontaneidade do contribuinte, exatamente como prevê o art. 7o, § 2° do Decreto 70.235/72, c.c. os artigos 14 e 15 da Instrução Normativa n. 3.104/11, vigente à época dos fatos. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. PROVA O acervo probatório formado nos autos, quando analisado como um todo orgânico, é suficiente para demonstrar a existência de interposição fraudulenta comprovada no caso em espécie, ensejando, pois, a incidência da pena de perdimento convertida em multa. SANÇÃO POR INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA CUMULADA COM MULTA POR NÃO APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS ORIGINAIS INSTRUTIVOS DO DESPACHO ADUANEIRO. INEXISTÊNCIA DE "BIS IN IDEM". Não há bis in idem entre as sanções prescritas no art. 33 da lei n. 11.488/07 e art. 23, inciso V do Decretolei nº 1455/76 com aquela capitulada no art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1 da lei nº 10.833/03, já que as duas primeiras visam reprimir a interposição fraudulenta, enquanto a última tem por escopo sancionar a não manutenção em boa guarda e ordem de documentos relativos às transações no comércio exterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 12 09 /2 01 5- 25 Fl. 2536DF CARF MF 2 INFRAÇÃO ADUANEIRA. RESPONSABILIDADE. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física ou jurídica pode ser punida como agente direto da infração, que praticou a ação ilícita ou incorreu na omissão ilícita, ou como "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto nos arts. 94 e 95 do Decretolei nº 37/66. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76 ao agente direto da infração ou ao responsável. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. REVEL. NÃO APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA CARF. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é o julgamento de toda a matéria envolvida no processo administrativo fiscal, estando adstrita ao delimitado no art. 1º do Anexo I da Portaria MF nº 343/2015, que aprovou o Regimento Interno do CARF. Nessa esteira, não cabe às Turmas Ordinárias apreciar matéria que não seja atinente a um recurso de ofício ou a um recurso voluntário, no caso, a responsabilidade por infrações de pessoas que não interpuseram recurso voluntário. Recurso voluntário negado Crédito Tributário mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Ribeiro (Relator), Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel Neto. Designada redatora para o voto vencedor a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Pedro Sousa Bispo, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.537 3 1. Tendo em vista a acusação de interposição fraudulenta comprovada, foi imposto em desfavor da Recorrente Spread Assessoria Empresarial EIRELI EPP ("Spread") pena de perdimento de mercadorias importadas, convertida em multa, nos termos do art. 23, inciso V, § 1o do Decretolei n. 1.455/76. Também foi exigida a multa de 5% sobre o valor aduaneiro da mercadoria pela não manutenção de documentos aduaneiros obrigatórios, capitulada no art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1, da Lei nº 10.833/03. 2. Não obstante, tais exigências foram estendidas de forma solidária aos sócios da Recorrente (Fernando Saran Solon, Julio César Cardoso Silva e Juliano Vanhoni Sil), bem como aos reais importadores e seus respectivos sócios, quais sejam, a empresa New Nobreza Modas Ltda., cujos sócios são Zongkuai Wu, Chunxiang Wang e Jiangyun Wei, a empresa Grande Nobreza LtdaME, cujos sócios são Mônica Zhang Qiong e Ping Zhang e, por fim, a empresa Nova Nobreza Comércio de Presentes Ltda ME., cujo sócio é Shilin Zhang. 3. Segundo a acusação fiscal a Recorrente teria promovido, em nome próprio, a importação de relógios de pulso, retratados pela declaração de importação (DI) nº 11/21869612, de 18/11/2011. Acontece que, segundo a fiscalização, a Recorrente não seria a real importadora de tais mercadorias, papel este atribuído às empresas Nova Nobreza e Grande Nobreza. 4. Os fatos e provas invocados pela fiscalização que atestariam a infração alhures detalhada seriam os seguintes: (i) a mercadoria importada embarcou na China em 31/08/2011, tendo por consignatária a empresa New Nobreza Modas Ltda. ("New Nobreza"). Tendo a carga chegado ao Brasil em 06/10/2011, a New Nobreza optou por promover o registro, em 17/10/2011, da DI nº 11/19602990 para promover a admissão da mercadoria no regime de entreposto aduaneiro, o qual permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado com suspensão do pagamento dos tributos; (ii) segundo a fiscalização, a empresa New Nobreza estava habilitada para operar no Siscomex na modalidade simplificada para importações de pequena monta, o que limitava os valores semestrais de importação ao montante de US$ 150.000,00 (as importações em regime suspensivo de tributos, por não serem definitivas, não eram computadas para cálculo desse limite). Na hipótese, todavia, da empresa registrar a DI nº 11/19602990 de forma definitiva, o limite de US$ 150.000,00 seria extrapolado, já que o valor da mercadoria importada era de US$ 78.855,14; (iii) diante deste quadro e segundo a fiscalização, para contornar tal situação, em 09/11/2011 a empresa New Nobreza deu origem ao processo administrativo nº 10814.727778/201118, por meio do qual requereu a alteração da modalidade de sua habilitação para “exclusivamente encomendante”, o que lhe permitiria importar declarandose mera encomendante de mercadoria adquirida por terceiros, motivo pelo qual não estaria mais sujeita ao limite de US$ 150.000,00 semestrais, já que não empregaria recursos próprios nas operações de importação, mas sim de terceiros. (iv) acontece que, ainda segundo a fiscalização, em 18/11/2011, o citado pedido de alteração da habilitação ainda não havia sido analisado, o que teria suscitado a empresa New Nobreza utilizar o nome da empresa Spread para nacionalizar a mercadoria que se encontrava no regime tributário suspensivo, procedimento permitido pela legislação em Fl. 2538DF CARF MF 4 vigor, desde que o terceiro no caso a empresa Spread adquirisse as mercadorias entrepostadas; (v) assim, segundo a fiscalização, a empresa Spread teria apenas cedido seu nome à empresa New Nobreza para desembaraçar as mercadorias importadas, as quais, por sua vez, teriam como reais destinatários as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza; (vi) por seu turno, a relação existente entre as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza com a empresa New Nobreza seria, aos olhos da fiscalização, decorrente de (a) todas as pessoas jurídicas ostentarem o signo "Nobreza" em sua razão social, (b) possuírem endereços próximos na cidade de São Paulo, no bairro do Bom Retiro (com distâncias inferiores a 200 metros), (c) todas possuírem sócios chineses com exceção de Mônica Zhang Qiong, e, ainda, (d) haver uma relação de parentesco entre uma das sócias da empresa Nova Nobreza com uma das sócias da Grande Nobreza (Wang Dan é filha de Mônica Zhang Qiong); (vii) que documentos fiscais (DIPJ's e DIMOF's) referentes às empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza atestam que no ano de 2012 a única operação empresarial perpetrada por tais pessoas jurídicas seriam aquelas referentes ao recebimento das mercadorias retratadas na DI aqui fiscalizada, o que levaria a conclusão de que tais bens foram adquiridos por tais empresas para, em última análise, atender interesses econômicos da empresa New Nobreza; (viii) entre a internação das mercadorias no Brasil pela Spread e a sua remessa para as reais destinatárias teria ocorrido um curto prazo de tempo o que, somado a incapacidade física da empresa Spread em armazenar bens e, ainda, informações obtidas no seu "site", o qual atestaria que a empresa não seria uma comercial importadora, mas sim uma prestadora de serviço no comércio exterior, o que, inclusive, seria referendado pelo seu alvará de funcionamento (fls. 1.392), que tem como atividade principal a de "comissão de despachos", atestariam que a atividade da Spread seria de prestação de serviços no comércio exterior e não de comercial importadora; e, por fim (ix) que o balanço patrimonial da Spread, por apresentar um patrimônio líquido negativo, atestaria a sua incapacidade financeira de operar no comércio exterior com recursos próprios. 5. Uma vez lavrada a autuação em face dos Recorrentes e demais solidários, foram apresentadas Impugnações pelas empresas New Nobreza (2.125/2130) Spread (fls. 2.140/2.160), Nova Nobreza (2.132/2.136), bem como pela pessoa física de Julio Vanhoni Sil (fls. 2.283/2.306). 6. Tais impugnações foram julgadas parcialmente procedentes pela DRJ de São Paulo (acórdão n. 16070.669 fls. 2.373/2.459), conforme se observa da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 18/11/2011 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.538 5 O objetivo pretendido pelos interessados atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastálo de toda e qualquer obrigação cível ou penal decorrente do ingresso de tais mercadorias no país. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. A infração por não apresentação dos documentos originais instrutivos do despacho aduaneiro estaria cingida à importadora e aos seus sócios, não devendo ser exigida dos seguintes autuados por ausência de descrição fática. 7. Em suma, a referida decisão foi procedente apenas para excluir a multa de 5% sobre o valor aduaneiro de todos os solidários, com exceção da empresa Spread e seus sócios. 8. Diante deste quadro, apenas as empresas New Nobreza e Spread apresentaram, respectivamente, os recursos voluntários de fls. 2.491/2.495 e fls. 2.508/2.527. 9. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 10. Os Recursos Voluntários interpostos preenchem os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. I. Das preliminares de mérito (i) Das nulidades da decisão recorrida 11. Conforme se observa do recurso voluntário interposto pelo contribuinte Spread, este alega que o acórdão proferido pela DRJ São Paulo seria nulo, uma vez que carente de motivação, já que teria deixado de analisar algumas das causas de pedir desenvolvidas pela recorrente. Em suma, o citado contribuinte aduz que a decisão atacada não teria tratado dos seguintes tópicos de defesa: (i) a existência de excesso de prazo por parte do fiscal ao longo do Fl. 2540DF CARF MF 6 procedimento fiscal, uma vez que os termos de intimação fiscal para fins de renovação do procedimento fiscal teriam sido renovados com prazos superiores a 60 (sessenta) dias; e, ainda (ii) ausência de intimação específica da recorrente para prestar esclarecimento quanto à DI 11/21869612. 12. Entendo, todavia, que não assiste razão ao contribuinte. 13. Em relação à pretensa nulidade pelo excesso de prazo na expedição de termos de intimações, assim se manifestou, de forma conclusiva, a decisão vergastada: ...a motivação da prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal é uma questão interna da própria Repartição Pública, NÃO se relacionando com a competência para a lavratura do Auto de Infração, que advém do rol de competências inerentes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. (...) (grifos constantes no original). 14. Em suma, a conclusão alcançada pela decisão atacada é de que, uma vez instaurado um mandado de procedimento fiscal, a expedição de termos para a sua renovação é uma questão interna corporis, sendo que sua ausência ou superação do prazo de 60 (sessenta) dias para renovação não contamina a fiscalização de nulidade. Aduz, pois, que a competência fiscalizatória do auditor fiscal é característica ínsita decorrente da investidura do seu cargo. 15. Com razão a decisão recorrida, o que em nada conflita com o disposto no art. 7o, § 2° do Decreto 70.235/721. Em verdade, o que aludido dispositivo faz é explicitar um dos efeitos para o não cumprimento da renovação do mandado de procedimento fiscal em 60 (sessenta) dias, qual seja, o de resgatar a espontaneidade do contribuinte2, isso tudo sem prejuízo do transcurso do prazo decadencial do fisco para lançar eventual crédito ou impor uma determinada sanção. 16. Ademais, a Instrução Normativa n. 3.104/11 assim previa: Art. 14. O MPF se extingue: I pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo; ou II pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11 e 12. Parágrafo único. A ciência do sujeito passivo de que trata o inciso I do caput deverá ocorrer no prazo de validade do MPF. 1 "Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos." 2 Efeito este que, digase de passagem, foi reconhecedo pela súmula CARF n. 75, "in verbis": "A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplicase retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no decurso desse prazo." Fl. 2541DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.539 7 Art. 15. A hipótese de que trata o inciso II do art. 14 não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela expedição do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal. (grifos nosso). 17. Conforme se observa do sobredito art. 15, o decurso de prazo de um mandado de procedimento fiscal não implica a nulidade dos atos até então praticados, o que seria flagrantemente atentatório ao princípio da eficiência da Administração Pública. Logo, tal mandado de procedimento fiscal pode ser objeto de ressurreição pelo ato formal de expedição de termo de intimação para a sua continuidade. 18 Nem se alegue que seria necessário a expedição de um "novo" mandado de procedimento fiscal, com o mesmíssimo conteúdo do anterior, sob pena de uma indevida sobreposição da forma em detrimento do conteúdo, o que também implicaria em notória ofensa ao já citado princípio da eficiência da Administração Pública. Haveria a necessidade de um formalmente novo mandado de procedimento fiscal se, eventualmente, a fiscalização objetivasse ampliar o espectro da sua atuação inaugural, o que não é o caso dos autos. 19. Em suma, o dispositivos legais acima transcritos não podem ser interpretados como se fossem uma ilha, isolados, pois, do ordenamento jurídico como um todo, mas devem ser significados de forma sistêmica e, ainda, levando em consideração os valores jurídicos que pretendem tutelar. 20. Neste esteio, aliás, é o entendimento deste Tribunal, conforme se observa da ementa do acórdão n. 1302000.976 abaixo transcrita: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 (...) NORMAS PROCESSUAIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). IRREGULARIDADE FORMAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NULIDADE INEXISTENTE. Irregularidade formal em Mandado de procedimento Fiscal MPF não tem o condão de retirar a competência do agente fiscal de proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória, prevista no art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, se verificados os pressupostos legais. Ademais, não tendo havido prejuízo à defesa do contribuinte, não há se falar em nulidade de ato. (...). Preliminares rejeitadas. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário parcialmente provido. Fl. 2542DF CARF MF 8 21. Diante deste quadro, não há, pois, que se falar em nulidade da decisão recorrida em razão da sua suposta carência de motivação, assim como é acertada a conclusão alcançada pela decisão atacada neste tópico em particular. 22. Não obstante, a outra nulidade aventada, i.e., ausência de intimação específica da recorrente para prestar esclarecimento quanto à DI 11/21869612, se confunde com a questão de mérito, motivo pelo qual será enfrentada em tópicos subsequentes do presente voto. O mesmo vale para as alegações de que a presente autuação se pautou apenas em presunções. II. Do mérito (i) Da interposição fraudulenta comprovada 23. Em relação ao mérito, as recorrentes alegam que as acusações aqui tratadas baseiamse em meras presunções, insuficientes para implicar a drástica pena de perdimento, convertida em multa. 24. Antes, todavia, de tratar do caso em si considerado, mister se faz fixar algumas premissas a respeito da prova, de modo a afastar alguns equívocos corriqueiros existentes a respeito desta temática. 25. Partindo deste intuito, é muito comum se observar em lides administrativas assertivas no sentido de que determinadas exigências fiscais pautamse em meros indícios, o que macularia tais exigências de suposta injuridicidade, uma vez que tais indícios seriam insuficientes para o alcance da chamada "verdade real". É muito comum, neste momento, também invocarse o "mítico" princípio da verdade material3. 26. Inúmeras vezes, tais assertivas parte do pressuposto de que o processo administrativo fiscal tem por escopo resgatar os fatos debatidos nos autos exatamente como ocorridos no mundo fenomênico, i.e., como se fosse possível transportar o que fora preteritamente ocorrido no mundo real para o momento presente do processo administrativo tributário. Com a devida vênia, tal entendimento padece de uma grande ingenuidade e se assemelha a uma verdadeira missão de fé. 27. Primeiramente porque é impossível transportar a realidade do mundo fenomênico, tal como ocorrida na prática, para o universo jurídico. A complexidade do mudo real é incapaz de ser absorvida pelo universo jurídico. Em verdade, uma relação processual e, no caso aqui tratado, uma relação processual administrativa de cunho tributário, atua como redutora de complexidades, o que já deixa claro que arestas do mundo real serão perdidas quando internadas no restrito universo jurídico. 3 Valor normativo esse que não é aqui empregado como uma ferramenta mágica, semelhante a uma "varinha de condão" dotada de aptidão para "validar" preclusões e atecnias e transformar tais defeitos em um processo administrativo "regular". Com a devida vênia, este tipo de interpretação a respeito do princípio da verdade material só se presta a apequenar e, até mesmo, achincalhar esta importante norma. Assim, quando se fala em verdade material o que se quer aqui exprimir é a possibilidade de reconstruir ainda que de forma limitada fatos sociais no universo jurídico por intermédio de uma metodologia jurídica mais flexível, ou seja, menos apegada à forma, o que se dá, preponderantemente, em razão da relevância do valor jurídico do fato social que se pretende provar juridicamente. Em outros termos, "verdade material" é sinônimo de uma maior flexibilização probante em sede de processos administrativos, o que, se for usado com a devida prudência à luz do caso decidendo, só tem a contribuir para a qualidade da prestação jurisdicional atipicamente prestada em tais processos. Fl. 2543DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.540 9 28. Tal premissa leva a um segundo ponto: toda prova produzida em uma relação processual é indiciária e redunda em presunções (fortes ou fracas) do fato que se pretende provar em um determinado processo, o que não é suficiente para implicar sua nulidade. 29. Feitas tais considerações, é possível retomar o caso decidendo, em especial as provas desenvolvidas pela fiscalização para sustentar a presente exigência fiscal. Nesse sentido, convém repisar que os fatos e provas invocados pela fiscalização que atestariam a infração aqui tratada seriam os seguintes: (i) a mercadoria importada embarcou na China em 31/08/2011, tendo por consignatária a empresa New Nobreza. Tendo a carga chegado ao Brasil em 06/10/2011, a New Nobreza optou por promover o registro, em 17/10/2011, da DI nº 11/19602990 para promover a admissão da mercadoria no regime de entreposto aduaneiro, o qual permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado com suspensão do pagamento dos tributos; (ii) segundo a fiscalização, a empresa New Nobreza estava habilitada para operar no Siscomex na modalidade simplificada para importações de pequena monta, o que limitava os valores semestrais de importação ao montante de US$ 150.000,00 (as importações em regime suspensivo de tributos, por não serem definitivas, não eram computadas para cálculo desse limite). Na hipótese, todavia, da empresa registrar a DI nº 11/19602990 de forma definitiva, o limite de US$ 150.000,00 seria extrapolado, já que o valor da mercadoria importada era de US$ 78.855,14; (iii) diante deste quadro e segundo a fiscalização, para contornar tal situação, em 09/11/2011 a empresa New Nobreza deu origem ao processo administrativo nº 10814.727778/201118, por meio do qual requereu a alteração da modalidade de sua habilitação para “exclusivamente encomendante”, o que lhe permitiria importar declarandose mera encomendante de mercadoria adquirida por terceiros, motivo pelo qual não estaria ais sujeita ao limite de US$ 150.000,00 semestrais, já que não empregaria recursos próprios nas operações de importação, mas sim de terceiros. (iv) acontece que, ainda segundo a fiscalização, em 18/11/2011, o citado pedido de alteração da habilitação ainda não havia sido analisado, o que teria suscitado a empresa New Nobreza utilizar o nome da empresa Spread para nacionalizar a mercadoria que se encontrava no regime tributário suspensivo, procedimento permitido pela legislação em vigor, desde que o terceiro no caso a empresa Spread adquirisse as mercadorias entrepostadas; (v) assim, segundo a fiscalização, a empresa Spread teria apenas cedido seu nome à empresa New Nobreza para desembaraçar as mercadorias importadas, as quais, por sua vez, teriam como reais destinatários as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza; (vi) por seu turno, a relação existente entre as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza com a empresa New Nobreza seria, aos olhos da fiscalização, decorrente de (a) todas as pessoas jurídicas ostentarem o signo "Nobreza" em sua razão social, (b) possuírem endereços próximos na cidade de São Paulo, no bairro do Bom Retiro (com distâncias inferiores a 200 metros), (c) todas possuírem sócios chineses com exceção de Mônica Zhang Qiong, e, ainda, (d) haver uma relação de parentesco entre uma das sócias da empresa Nova Nobreza com uma das sócias da Grande Nobreza (Wang Dan é filha de Mônica Zhang Qiong); Fl. 2544DF CARF MF 10 (vii) que documentos fiscais (DIPJ's e DIMOF's) referentes às empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza atestam que no ano de 2012 a única operação empresarial perpetrada por tais pessoas jurídicas seriam aquelas referentes ao recebimento das mercadorias retratadas na DI aqui fiscalizada, o que levaria a conclusão de que tais bens foram adquiridos por tais empresas para, em última análise, atender interesses econômicos da empresa New Nobreza; (viii) entre a internação das mercadorias no Brasil pela Spread e a sua remessa para as reais destinatárias teria ocorrido um curto prazo de tempo o que, somado a incapacidade física da empresa Spread em armazenar bens e, ainda, informações obtidas no seu "site", o qual atestaria que a empresa não seria uma comercial importadora, mas sim uma prestadora de serviço no comércio exterior, o que, inclusive, seria referendado pelo seu alvará de funcionamento (fls. 1.392), que tem como atividade principal a de "comissão de despachos", atestariam que a atividade da Spread seria de prestação de serviços no comércio exterior e não de comercial importadora; e, por fim (ix) que o balanço patrimonial da Spread, por apresentar um patrimônio líquido negativo, atestaria a sua incapacidade financeira de operar no comércio exterior com recursos próprios. 30. A análise isolada de alguns itens daqueles acima indicados, tais como o item "vi", poderia suscitar a alegação de que a fiscalização em tela teria pautadose em presunções fracas, o que, por conseguinte, afastaria a presente exigência aduaneira. 31. Acontece que tal indício é um dentro de um robusto acervo de fatos provados que, quando lidos conjuntamente, são suficientes para demonstrar a existência da interposição fraudulenta aqui tratada. Neste sentido, convém destacar os seguintes fatos: (i) a importação das mercadorias aqui tratadas pela New Nobreza foi realizada a regime de entreposto aduaneiro; (ii) a New Nobreza era incapaz de internar tais bens sem ultrapassar seu limite de RADAR; (iii) havia uma proximidade física das empresas New Nobreza, Grande Nobreza e Nova Nobreza, bem como uma relação de parentesco entre sócias de algumas dessas empresas, (iv) ficou provado a existência de operações empresariais por parte da Grande Nobreza e da Nova Nobreza no ano de 2012 apenas para adquirir e revender os bens importados pela DI nº 11/19602990; (v) também restou provada a apresentação e formatação jurídica da empresa Spread como prestadora de serviço no comércio exterior, e, ainda, (vi) está positivado nos autos a incapacidade financeira da empresa Spread em suportar a operação em apreço. Todos esses fatos, quando conjugados, constituem um acervo probatório apto para demonstrar que efetivamente houve uma interposição fraudulenta devidamente provada pela fiscalização. 32. Logo, a questão da suspensão do RADAR da empresa Spread e, a partir disso, o início da fiscalização com a revisão das importações até então feitas, não é o motivo, por si só, para a exigência em apreço, o que afasta a nulidade aventada pela recorrente de que esta suspensão teria ensejado, per saltum, a imposição da multa aduaneira aqui tratada. 33. Neste mesmo diapasão, também afastase a alegação dos contribuintes de que eles não teriam sido intimados para questionar a alegação de interposição fraudulenta da DI n. 11/19602990 de forma específica, ou seja, de que a acusação teria sido genérica e pautada pela suspensão do RADAR da recorrente Spread. A leitura do Relatório Fiscal deixa claro que, partindo desta apuração de caráter geral, chegouse a conclusão de que a DI 11/19602990 tinha sido objeto de interposição fraudulenta, com provas, inclusive, pertinentes a tal DI em particular. Um exemplo disso é o seguinte trecho do Relatório Fiscal (fl. 2.063): Fl. 2545DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.541 11 (...). A SPREAD foi intimada a apresentar os conhecimentos de transporte rodoviários relativos às vendas efetuadas. Foram apresentados os conhecimentos nºs. 007845 e 007844 da empresa RUAN TRANSPORTES LTDA (fls. 861862) que demonstram que as duas cargas seguiram juntas no mesmo veículo, sendo ambas entregues em 26/01/2012. A assinatura de recebimento é a mesma, indicando que as cargas foram entregues no mesmo local. (...). 34. Conforme se observa, a empresa Spread foi intimada e apresentou os conhecimentos de transportes referentes à venda dos bens importados pela DI n. 11/19602990 para as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza o que, digase de passagem, serviu para provar que tais mercadorias foram recepcionadas em seu destino por uma única pessoa, o que reforçaria o vínculo existente entre as empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza. 35. Diante deste quadro, comprovada a interposição fraudulenta, deve ser mantida a pena de perdimento convertida em multa, cabendo agora verificar a quem essa sanção se destina. (ii) Do destinatário da sanção pela pena de perdimento convertida em multa 29. Subsidiariamente, uma das teses desenvolvidas pela recorrente Spread é no sentido de que a sanção de pena de perdimento convertida em multa não lhe seria aplicável, uma vez que, no seu caso, a sanção cabível seria a de multa por cessão de nome, mais específica e estabelecida pelo art. 33 da lei n. 11.488/074. 30. A respeito desta questão, já me posicionei no sentido de que a sanção aplicável ao importador de direito em situações análogas seria aquela prescrita no art. 33 da lei n. 11.488/07 e não a pena de perdimento convertida em multa, o que fiz com fundamento nas bem colocadas razões da Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, quando do voto proferido no acórdão n. 3402003.146, in verbis: (...). Este tema, que vem dividindo o entendimento dos conselheiros da Terceira Seção de Julgamento do CARF, foi, a meu ver, impecavelmente enfrentado pelo Conselheiro Fernando Luiz Da Gama D’Eça, no Processo n. 10314.724447/201230, Acórdão n. 3402002.362, razão pela qual tomo emprestadas suas palavras: Por derradeiro, entendo que com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07 aplicável à hipótese de pessoa jurídica que ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários – não mais se justifica a 4 "Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)." Fl. 2546DF CARF MF 12 aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, somente aplicável ao real comprador, interveniente ou responsável pela operação de importação, oculto “mediante fraude ou simulação”. A aplicação cumulativa dessas sanções sobre a importadora ostensiva não somente viola o princípio da especialidade, como constitui um ilegal bis in idem. Realmente, tratandose de dispositivos legais que tipificam uma única conduta “ acobertamento” ou “ocultação” dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior, evidenciase o conflito aparente de normas, que impõe a observância do princípio da especialidade que por sua vez determina a prevalência da norma especial, não sendo lícito ao fisco cumulála ou agravála sequer pela via transversa de suposta solidariedade em penalidade aplicada a outro infrator, pois como expressamente determina o art. 100 do Decretolei nº 37/66, “in verbis”: “Art. 100 – Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido.” Considerando que para a caracterização dos atos típicos de interposição fraudulenta “há necessidade de dois sujeitos de direito distintos” (cf. Acórdão nº 320100398 da 1ª TO da 2ª Turma da 3ª Seção do CARF, Rec. nº 140.698, Proc. nº 12466 004068/200673, em sessão de 08/12/10, Rel. Cons. Alfredo Ribeiro Nogueira; cf. tb. Acórdão nº 320100.515 da 1ª TO da 2ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Rec. n° 344.701, Proc. n° 10936.000499/200813, em sessão de 01/07/10, Rel. Cons. Luciano Lopes de Almeida Moraes), parece evidente que a única multa aplicável à Recorrente seria a de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, prevista para quem ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, caso não fosse elidida a presunção de interposição fraudulenta de terceiros pela suposta “não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados” (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1455/76, na redação da Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Nesse sentido já decidiu esta C. Turma como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “ (...). IMPORTAÇÃO – INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA – MULTA APLICÁVEL AO IMPORTADOR OSTENSIVO CESSÃO DE NOME PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DA SANÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob pena de ilegal bis in idem.” (cf. Acórdão nº 3402002.262 da 2ª TO da 4ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Proc. nº Fl. 2547DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.542 13 10314.724447/201230, em sessão de 23/04/14, Rel. Gilson Macedo Rosenburg Filho). Ressalto ainda que tal entendimento em nada contradiz o quanto disposto no artigo 727, §3º do Regulamento Aduaneiro, cujo conteúdo estabelece que: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (grifei) Ora, como destacado acima, com o advento da multa 10% do valor da operação pela cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07) esta passou a ser a penalidade aplicável ao importador ostensivo. Todavia, permanece existindo e sendo aplicável a perda de perdimento como penalidade atribuída ao importador oculto, nos exatos termos do artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76. Vale dizer, a multa de 10% do valor da operação pela cessão de nome não prejudica a pena de perdimento das mercadorias na importação ou exportação, justamente como impõe do §3º do artigo 727 do Regulamento Aduaneiro. De fato, ambas as penalidades serão aplicáveis em caso de constatação de interposição fraudulenta, contudo sendo cada qual imposta para o respectivo infrator das normas aduaneiras, e não conjuntamente para um único sujeito passivo. Dessarte, concluo que à Recorrente, importadora ostensiva, não se aplica a penalidade imposta pelo artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76, mas sim aquela de 10% do valor da operação pela cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07), devendo, portanto, ser cancelada a presente autuação fiscal enquanto lhe imputa a multa equivalente à pena de perdimento das mercadorias importadas. 31. Nesse sentido, com razão a recorrente Spread, o que implica o cancelamento da sanção que lhe foi imputada, haja vista o notório erro de direito. 32. O erro de direito é uma problema decorrente da equivocada subsunção do fato à norma ou, em outros termos, que emerge de uma indevida qualificação jurídica dos fatos apurados. É, pois, um problema internormativo, haja vista ter sua origem no descompasso entre a norma individual e concreta com a norma geral e abstrata que lhe dá fundamento. Já o erro de fato, por seu turno, é um problema intranormativo, decorrente de um erro na identificação do fato social descrito no antecedente de uma norma geral e abstrata. Essa é a doutrina de Paulo de Barros Carvalho: Fl. 2548DF CARF MF 14 O erro de direito é a distorção entre o enunciado protocolar da norma individual e concreta e a universalidade enunciativa da norma geral e abstrata, ao passo que o erro de fato é desajuste interno na formação do enunciado protocolar (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – fundamentos jurídicos da incidência. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 111.). 33. A orientação consolidada do Superior Tribunal de Justiça está em compasso com a doutrina alhures transcrita, consoante bem ilustram os julgados abaixo: Ementa TRIBUTÁRIO. GUIAS DE IMPORTAÇÃO VENCIDAS E UTILIZADAS PELO CONTRIBUINTE. DESEMBARAÇO ADUANEIRO AUTORIZADO PELA AUTORIDADE FISCAL. POSTERIOR REVISÃO DO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. ERRO DE FATO VERIFICADO DENTRO DO PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. Se a autoridade fiscal procede ao desembaraço aduaneiro à vista de guias de importação vencidas, circunstância dela desconhecida e ocultada pelo contribuinte, caracterizase erro de fato, e não erro de direito. 2. Por erro de fato devese entender aquele relacionado ao conhecimento da existência de determinada situação. 3. Dizse erro de direito aquele que decorre do conhecimento e da aplicação incorreta da norma. 4. Se o desembaraço aduaneiro é realizado sob o pálio de erro de fato, é possível sua revisão dentro do prazo decadencial, à luz do art. 149, IV, do CTN. Precedentes desta Corte. Agravo regimental provido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 2ª. Turma; AgRg no REsp 942.539/SP; Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS; Data do Julgamento: 02/09/2010; Data da Publicação/Fonte: DJe 13/10/2010) (grifos não constantes no original). Ementa TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. AUTUAÇÃO POSTERIOR. REVISÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE DIREITO. SÚMULA 227/TRF. PRECEDENTES. 1. "A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento" (Súmula 227 do TFR). 2. A revisão de lançamento do imposto, diante de erro de classificação operada pelo Fisco aceitando as declarações do importador, quando do desembaraço aduaneiro, constituise em mudança de critério jurídico, vedada pelo CTN. 3. O lançamento suplementar resta, portanto, incabível quando motivado por erro de direito. (Precedentes: Ag 918.833/DF, Rel. Fl. 2549DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.543 15 Min. JOSÉ DELGADO, DJ 11.03.2008; AgRg no REsp 478.389/PR, Min. HUMBERTO MARTINS, DJ. 05.10.2007, p. 245; REsp 741.314/MG, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ. 19.05.2005; REsp 202958/RJ, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ 22.03.2004; REsp 12904/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 27/05/2002, p. 142; Resp nº 171.119/SP, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ em 24.09.2001). 4. Recurso Especial desprovido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 1ª. Turma; REsp 1.112.702/SP; Relator:Ministro LUIZ FUX; Data do Julgamento: 20/10/2009; Data da Publicação/Fonte: DJe 06/11/2009) (grifos não constantes no original). 34. É exatamente o caso dos autos. A fiscalização apurou adequadamente fato imputado à recorrente Spread, mas os qualificou juridicamente de forma indevida, o que enseja o reconhecimento quanto a injuridicidade desta exigência. (iii) Da responsabilidade dos solidários 35. Por tratarse de questão de ordem pública, a ilegitimidade passiva de responsáveis pode ser reconhecida de ofício por este Tribunal, ou seja, independentemente de provocação, motivo pelo qual passo a analisar a questão da responsabilidade dos solidários. (iii.i) Das pessoas físicas imputadas como responsáveis 36. Antes, todavia, de seguir adiante na análise da questão da responsabilidade das pessoas físicas indicadas na presente autuação, mister se faz reiterar que se está diante de uma exigência aduaneira e não tributária, haja vista que a sanção aqui imposta é, exclusivamente, a aplicação de multa decorrente da conversão da pena de perdimento de mercadoria importada mediante interposição fraudulenta. Nesse sentido, a exigência aqui tratada apresenta um regime jurídico próprio, i.e., aduaneiro, e não tributário. 37. Logo, em se tratando de responsabilidade para fins de exigência da sanção aqui tratada, o fundamento legal a ser invocado é o art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/665. 38. Acontece que, ao se analisar os termos de sujeição passiva destinados às pessoas físicas, é possível observar que o fiscal fundamenta tal responsabilidade nos seguintes termos, v.g. (fl. 2.088): (...) A pessoa física ora cientificada era sóciaadministradora do contribuinte por ocasião dos fatos. Dita o art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) que os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos 5 " Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...)." Fl. 2550DF CARF MF 16 praticados com infração de lei. No caso em questão, houve a constituição de crédito tributário decorrente de interposição fraudulenta, que somente se perfectibilizou mediante simulação, incluindo a inserção de informações falsas em documentos instrutivos do despacho. Tais condutas somente se realizaram mediante INTUITO DOLOSO por parte dos RESPONSÁVEIS PELAS PESSOAS JURÍDICAS INTERESSADAS, caracterizado pela consciência e vontade dos administradores de obter vantagens ilícitas por meio de infrações à legislação aduaneira. A condução de operações fraudulentas não decorrem da realização das atividades normais das sociedades previstas em seus estatutos. Os fatos que dão ensejo às atuações caraterizam infrações de lei, tanto que constituem hipóteses passíveis de aplicação de pena de perdimento, a qual, no presente caso, redundou na aplicação de multa, haja vista a impossibilidade de localização das mercadorias. Diante disso, face ao disposto no art. 135, caput e inciso III, do CTN, há responsabilidade pessoal pelo crédito tributário, no presente caso, por ter resultado de infração de lei, praticada por aqueles que detinham o efetivo comando, a administração da sociedade. Além disso, conforme art. 124, inciso I, do mesmo, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. (...) (g.n.). 39. Percebese, pois, que o fiscal ignora essa distinção de regimes jurídicos e trata o presente caso como se tributário fosse, convocando, por conseguinte, para fins de responsabilização, os artigos 124, inciso I e 135, inciso III, ambos do CTN. Ao assim fazer, a fiscalização incorre em notório erro de direito, exatamente como já discorrido no presente voto no tópico imediatamente anterior. 40. Em suma, a fiscalização apurou adequadamente o fato imputado aos responsáveis, mas o qualificou juridicamente de forma indevida, o que enseja o reconhecimento quanto a ilegitimidade passiva de todos os responsáveis solidários pessoas físicas. (iii.ii) Das pessoas jurídicas imputadas como responsáveis 41. Como visto ao longo do presente voto, a fiscalização entendeu que a empresa Spread teria, na operação de importação retratada pela DI nº 11/19602990, interposto fraudulentamente a pessoa jurídica de New Nobreza, valendose, para tanto, das empresas Grande Nobreza e Nova Nobreza. Assim, imputou à empresa Spread pena de perdimento, posteriormente convertida em multa, capitulada no 23, inciso V, § 1o do Decretolei n. 1.455/76, estendendo, de forma solidária, tal sanção às empresas New Nobreza, Grande Nobreza e Nova Nobreza. 42. Dito isso, convém destacar que uma sanção deste jaez, veiculada por agente público, ganha status de ato administrativo, i.e., declaração do Estado (...)., no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional6. E, em se tratando de ato administrativo, deve seguir com rigor todos os vetores valorativos que orientam tal conduta, com especial ênfase à motivação, esta última 6 MELLO, Celso Antônio Bandeira. "Curso de direito administrativo". 11a. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p.271. Fl. 2551DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.544 17 garantida constitucionalmente como desdobramento da ideia de moralidade pública7 (art. 37 da CF), bem como expressamente prescrita no art. 50 da lei n. 9.784/908. 43. Assim, quando se fala em motivação do ato administrativo, o que se tem é uma garantia do administrado e, em contrapartida, um dever do agente público, dever esse que consiste em (i) delimitar a circunstância fática para o qual o ato administrativo se dirige, (ii) identificar, com precisão, os fundamentos jurídicos que fundamentam o ato administrativo, e, ainda, (iii) concatenar, de forma explícita, clara e congruente a relação existente entre o fato e o fundamento jurídico que subsidia o ato administrativo. Neste mesmo diapasão são as lições do professor Celso Antônio Bandeira de Mello: Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontandolhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferirse a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo9. 44. Dar este tratamento à motivação dos atos administrativos, em última análise, significa promover uma identificação das ações da Administração Pública sob o prisma de que o Direito Público precisa ser, antes de tudo, o Direito nãoautoritário, dialógico e, concomitantemente, promotor da concretização (mais homogênea possível) do núcleo essencial dos direitos fundamentais, acima e além de interpretativismos estritos10. 45. Feitas tais considerações e voltando ao caso decidendo, insta destacar que os atos administrativos de responsabilização aduaneira para as pessoas jurídicas de New Nobreza, Grande Nobreza e Nova Nobreza são os correspondentes "termos de sujeição passiva", os quais, é bem verdade, são complementados pela parte do Relatório Fiscal que trata da responsabilização (2.081/2.085). Em tais documentos, portanto, deve estar delimitado o cenário fáticojurídico que implica o ato administrativo de responsabilização aduaneira. 7 Apenas um ato motivado é passível de controle, seja ele interno (do ato em si considerado), seja ele externo (por órgãos de controle e fiscalização). 8 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V decidam recursos administrativos; VI decorram de reexame de ofício; VII deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito." 9 "in" "Curso de direito administrativo". p. 69. 10 FREITAS, Juarez, "O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais". 3a. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 263. Fl. 2552DF CARF MF 18 46. É exatamente aí que começam a surgir os problemas de tais responsabilizações, a começar pela empresa Grande Nobreza. Isso porque, ao se analisar os autos em apreço, não se identifica o termo de sujeição passiva em prejuízo de tal pessoa jurídica, i.e., inexiste formalmente o ato administrativo a imputar tal responsabilidade aduaneira, o que é motivo suficiente para reconhecer a ilegitimidade passiva de tal pessoas jurídica. 47. Caso, todavia, se admita que o Relatório Fiscal, ao tratar da responsabilidade aduaneira no presente caso, supriria formalmente tal ausência, ainda sim há que se reconhecer a inexistência de motivação para a sujeição passiva não só da empresa Grande Nobreza, mas também das empresas New Nobreza e Nova Nobreza. 48. Como visto acima, a motivação do ato administrativo deve ser precisa, em especial para aqueles atos chamados de vinculados, ou seja, sujeitos à ideia de legalidade estrita, haja vista tudo o que fora escrito alhures e, ainda, particularmente pelo fato de o presente ato administrativo originar processo administrativo (e possível processo judicial), o que potencializa a necessidade de motivação do ato para que o administrado possa exercer de forma plena seu direito de defesa. Nesse sentido, compete à Administração precisar as circunstâncias fáticojurídicas que permeiam o ato administrativo, de modo que o Administrado saiba, com precisão, de qual acusação jurídica deve se defender. Não é isso, todavia, o que ocorre no presente caso. 49. Conforme se observa dos termos de sujeição passiva lavrados contra as empresas New Nobreza (fls. 2.092/2.093) e Nova Nobreza (fls. 2.104/2.105), a fiscalização fundamenta a responsabilidade de tais pessoas jurídicas sob o fundamento de infração ao disposto no art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/66 e também de ofensa ao disposto no art. 124, inciso I do Código Tributário Nacional. 50. Primeiro ponto a se levantar aqui é a indevida convocação do disposto no art. 124, inciso I do CTN, o que configura erro de direito, conforme já exposto nos itens "II.ii " e "II.iii.i" do presente voto. 51. Não obstante, existe outro ponto a macular tal responsabilização e que merece destaque: a ausência de motivação. Tal fato fica ainda mais claro quando se analisa o Relatório Fiscal do presente processo que, ao tratar da responsabilização dos sujeitos passivos, fundamenta tal exigência não só no art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/66 e art. 124, inciso I do Código Tributário Nacional, mas também no art. 135, III do CTN. 52. Em suma, o pretenso ato administrativo de responsabilização se fundamenta em três tipos de responsabilidades diferentes naturezas: a do art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/66, que prevê uma responsabilidade solidária em razão do concurso de uma prática infracional; a do art. 124, inciso I do CTN, que prevê uma responsabilidade solidária em razão de um interesse jurídico comum11 na prática do fato gerador do tributo; e, ainda, a 11 Segundo professa a doutrina,. só possuem interesse comum "as pessoas que estão no mesmo polo na situação que constitui o fato jurídico tributário. Assim, por exemplo, os condôminos tem 'interesse comum' na propriedade; se esta dá azo ao surgimento da obrigação de recolher o IPTU, são solidariamente responsáveis pelo pagamento do imposto todos os condôminos" (SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 476.). No mesmo diapasão é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, quando prescreve que para a incidência do art. 124, inciso I do CTN não basta o mero interesse econômico, havendo a especial necessidade de haver um interesse jurídico no fato gerador do tributo: "Ementa TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. Fl. 2553DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.545 19 do art. 135, inciso III do CTN, que prevê uma responsabilidade pessoal ou subsidiária, a depender da corrente doutrinária e/ou jurisprudencial que se segue, e de caráter doloso. 53. São três hipóteses de responsabilidades díspares e que, portanto, pressupõe três situações fáticas também distintas. Não pode a fiscalização, sob o pretexto de "motivar" o ato administrativo, sair a esmo "catando" dispositivos legais (até conflitantes entre si) para esse fim. Seria o mesmo que admitir um lançamento tributário com fundamento nos dispositivos situados entre os artigos 145 a 156 da Constituição Federal ou, ainda, para fins de responsabilização tributária, admitir uma atribuição de sujeição passiva com base no prescrito nos artigos 121, 122, 123, 124, 125, 128, 131, 134, 135 e 136, todos do CTN. 54. A motivação dos atos administrativos, em especial daqueles atos chamados de vinculados, deve ser precisa, sob pena, inclusive, de desnaturar o caráter vinculativo do ato para tornálo discricionário ou, o que é pior, transformálo em um ato arbitrário. "Fundamentar" o ato administrativo em inúmeros dispositivos legais sem que haja circunstância fáticojurídica para isso é o mesmo que não motivar o ato administrativo, daí ser indevida essa responsabilização "por rajada", indevidamente executada em concreto pela fiscalização. 55. Não há dúvida, também, que este "tiroteio" legislativo dificulta o exercício do direito de defesa dos responsabilizados sob uma perspectiva substancial (substantive due process), mitigandoo, uma vez que tais pessoas não sabem ao certo contra quais circunstâncias fáticojurídicas devem articular suas defesas. 56. Diante deste quadro, reconheço, de ofício, a ilegitimidade passiva das empresas Grande Nobreza, New Nobreza e Nova Nobreza. (iv) Da multa por não apresentação dos documentos originais instrutivos do despacho aduaneiro 57. Por fim, a decisão recorrida manteve a sanção imposta pelo art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1 da lei nº 10.833/03, qual seja, de 5% sobre o valor aduaneiro pela não 1. A jurisprudência do STJ entende que existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. 2. A pretensão da recorrente em ver reconhecido o interesse comum entre o Banco Bradesco S/A e a empresa de leasing na ocorrência do fato gerador do crédito tributário encontra óbice na Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido." (AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011) (g.n.). "Ementa PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. PESSOAS JURÍDICAS QUE PERTENCEM AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. CIRCUNSTÂNCIA QUE, POR SI SÓ, NÃO ENSEJA SOLIDARIEDADE PASSIVA. 1. O entendimento prevalente no âmbito das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte é no sentido de que o fato de haver pessoas jurídicas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do CTN. Ressaltese que a solidariedade não se presume (art. 265 do CC/2002), sobretudo em sede de direito tributário. 2. Embargos de divergência não providos." (STJ; EREsp 834044/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 29/09/2010) (g.n.). Fl. 2554DF CARF MF 20 apresentação dos documentos originais que instruíram da DI n. 11/19602990, o que fez em prejuízo apenas da empresa Spread e de todos os seus sócios. 58. Em relação aos sócios da empresa Spread, tal responsabilização é indevida, haja vista tudo que já fora exposto no item "III.iii.i" do presente voto. 59. Já em relação à empresa em si considerada entendo que a exigência é devida, não configurando em um bis in idem. Isso porque, para que houvesse o bis in idem, seria necessário a existência de um único fato albergado no antecedente normativo de plúrimas normas infracionais a ensejar diferentes sanções. Não é esse, todavia, o caso dos autos. 60. Aqui, o primeiro fato passível de sanção é a interposição fraudulenta, a qual, em relação à Spread, foi indevidamente sancionada com a pena de perdimento convertida em multa e deveria, em verdade, ser apenada pela multa por cessão de nome. Ocorre que, mesmo que a fiscalização tivesse sancionado adequadamente a recorrente (multa por cessão de nome), o pressuposto fático para o ilícito seria o mesmo: interposição fraudulenta. 61. Por sua vez, o pressuposto fático para a aplicação do disposto no art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1 da lei nº 10.833/03 é outro, qual seja, a não manutenção em boa guarda e ordem de documentos relativos às transações no comércio exterior. 62. Percebese, pois, que são fatos distintos e que, por isso, podem ser sancionados também de forma singular. 63. Assim, em relação à empresa Spread, mantenho a exigência da multa oriunda do disposto no art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1 da lei nº 10.833/03 Dispositivo 64. Ex positis, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente no sentido de: (i) em relação à empresa Spread Assessoria Empresarial EIRELI EPP reconhecer a injuridicidade da exigência pelo erro de tipo, já que, pelo critério da especialidade da conduta, a infração que lhe seria imputável é aquela prescrita no 33 da lei n. 11.488/07 e não a do art. 23, inciso V, § 1o do Decretolei n. 1.455/76; (ii) em relação às pessoas físicas responsabilizadas, reconhecer de ofício a ilegitimidade passiva de todas elas para a pena de perdimento convertida em multa, haja vista que a imputação de responsabilidade perpetrada em concreto incorreu em erro de tipo, já que a exigência aqui é exclusivamente aduaneira, mas ainda sim a responsabilidade foi pautada no disposto nos artigos 124, inciso I e 135, inciso III, ambos do CTN, em vez de fundamentarse no prescrito no art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/66; (iii) também de ofício reconhecer a ilegitimidade passiva das empresas Grande Nobreza, New Nobreza e Nova Nobreza, haja vista a ausência de motivação do ato administrativo que redundou na sujeição passiva de tais pessoas jurídicas; e, por fim (iv) afastar a multa do art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1 da lei nº 10.833/03 para os sócios da empresa Spread, mas manter tal exigência para a citada pessoa jurídica. 65. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 2555DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.546 21 Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento ousei divergir parcialmente do Ilustre Conselheiro Relator, no que fui acompanhada por outros Conselheiros, razão pela qual apresento abaixo as razões do voto vencedor no que concerne ao cabimento da aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro e à impossibilidade de exclusão das responsabilidades tributárias e aduaneiras. No caso presente não há discordância entre os membros do Colegiado, que acompanharam o Conselheiro Relator nesta parte, quanto ao cometimento da infração de interposição fraudulenta. No entanto, não assiste razão à recorrente na tese, acatada pelo Relator, de que a sanção cabível seria a multa por cessão de nome, estabelecida pelo art. 33 da lei n. 11.488/07, ao invés da multa equivalente ao perdimento. No meu entender, não se configura a retroatividade benigna em favor da importadora ostensiva, vez que a multa por cessão de nome foi criada pelo legislador ordinário para conviver com a pena de perdimento das mercadorias e, em consequência, também com a multa que lhe substitui. Quando não havia previsão da multa de cessão de nome no ordenamento, ocorria que, na hipótese da aplicação da pena de perdimento às mercadorias, não obstante o agente direto da infração prevista no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76 fosse mesmo o importador ostensivo, sendo a ele aplicada a penalidade respectiva, quem poderia acabar suportando o efeito dessa penalidade era o importador oculto real adquirente da mercadoria no exterior, que seria efetivamente privado do seu uso e gozo. Nessa esteira, é que o legislador ordinário optou por inserir no ordenamento jurídico a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007 no intuito de penalizar concretamente a conduta irregular do importador ostensivo, que cedeu seu nome a outrem, eis que ele poderia restar sem punição na hipótese de aplicação da pena de perdimento às mercadorias. Esse entendimento se confirma com a interpretação veiculada posteriormente pelo art. 727, §3o do Regulamento Aduaneiro/2009, já vigente à época dos fatos sob análise, nestes termos: Art.727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §1oA multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)(Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §2oEntendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. §3oA multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na Fl. 2556DF CARF MF 22 exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). [negritei] Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física ou jurídica pode ser punida como agente direto da infração, que praticou a ação ilícita ou incorreu na omissão ilícita, nos termos do art. 94 do Decretolei nº 37/66, ou como "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto no art. 95 desse Decretolei: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; II conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorrer do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III o comandante ou condutor de veículo nos casos do inciso anterior, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignada a pessoa natural ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) No que concerne à multa por cessão de nome, o seu agente direto está definido expressamente no tipo como "a pessoa jurídica que ceder seu nome (...) para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus intevenientes ou beneficiários", qual seja, a importadora ostensiva, mas sem prejuízo da eventual responsabilização de outra pessoa física ou jurídica com base no art. 95 do Decretolei nº 37/66. Nesse ponto cabe salientar que o fato de o agente direto da infração estar expresso no tipo dessa infração não é suficiente para afastar a responsabilização de outras pessoas em face da determinação contida em outro dispositivo de lei, no caso, o art. 95 do Decretolei nº 37/66. No caso da infração por ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, como não está expresso no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, o agente direto da infração deve ser deduzido da conduta coibida por esse dispositivo, qual seja, a ocultação do sujeito passivo, daí se concluindo que o agente direto dessa infração é o Fl. 2557DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.547 23 importador ostensivo, que é quem efetivamente pratica a ação de "ocultar" o verdadeiro sujeito passivo, sem prejuízo de outras pessoas poderem também responder por essa infração com fundamento do art. 95 do Decretolei nº 37/66, em especial, o adquirente da mercadoria na importação por sua conta e ordem ou o encomendante predeterminado, se for o caso. Dessa forma, entendo cabível a aplicação concomitante das duas penalidades à importadora ostensiva, que registrou a declaração de importação em seu nome, não sendo o caso de isentála da multa equivalente ao valor aduaneiro, quando prejudicada a apreensão da mercadoria, a pretexto de que a ela seria aplicável somente a multa por cessão de nome. No Acórdão n° 310100.431 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges, foi decidido que "O dano ao erário nas infrações enumeradas no caput do artigo 23 do Decretolei 1.455, de 1976, com as modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007". Também este Colegiado já decidiu por unanimidade, no Acórdão nº 3402 003.008 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva. Assim, no presente caso, não há que se falar em exclusão da responsabilidade da empresa Spread Assessoria Empresarial EIRELI EPP pela infração de interposição fraudulenta punível com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. No que concerne à exclusão de ofício da responsabilidade das pessoas físicas ou jurídicas revéis, proposta no Voto do Relator, entendo que este Colegiado carece de competência para fazêla. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é o julgamento de toda a matéria envolvida num processo administrativo fiscal, estando estritamente delimitada no art. 1º do Anexo I da Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do CARF, na seguinte forma: Art.1º O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). [negritei] Nessa esteira, não cabe a este Colegiado apreciar matéria que não seja atinente a um recurso de ofício ou a um recurso voluntário. Mais especificamente, no presente caso, a responsabilidade de pessoas que não interpuseram recurso voluntário não está inserida na competência regimental das Turmas Ordinárias do CARF. Não obstante isso, entendo que este Colegiado deve analisar a imputação de responsabilidade à New Nobreza Modas Ltda, por se tratar a legitimidade passiva de recorrente de matéria de ordem pública inserida no âmbito da competência deste Colegiado. Fl. 2558DF CARF MF 24 No caso, não há dúvidas de que a empresa New Nobreza Modas Ltda. concorreu para a prática das infrações, no termos do art. 95, inciso I, do Decretolei nº 37/66, devendo a sua responsabilidade pelas infrações ser mantida, vez que, não atendendo aos requisitos dispostos na legislação aduaneira para realizar legitimamente a importação em seu nome, utilizouse da identificação da empresa Spread para efetuála, conforme consta no Relatório Fiscal: (...) Sucede que a mercadoria embarcou na China em 31/08/2011, tendo por consignatária outra PJ, denominada NEW NOBREZA MODAS LTDA (...) (...) Repetese aqui o padrão antes verificado. A sede da empresa é muito próxima das demais (mesma rua da NOVA NOBREZA e numeração próxima). Seus sócios são chineses e a empresa também leva o nome NOBREZA. A PJ tornouse optante do SIMPLES em 2015, pois antes recolhia imposto de renda apurado pelo lucro presumido. Tem mantido atividade regular (ao menos conforme consta em suas declarações fiscais), ao contrário das duas outras empresas citadas, embora em valores modestos. Tendo a carga chegado ao Brasil consignada a NEW NOBREZA em 06/10/2011, esta optou por promover o registro, em 17/10/2011, da DI nº 11/19602990 (fls. 19151924), para promover a admissão da mercadoria no regime de entreposto aduaneiro, o qual permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado com suspensão do pagamento dos tributos. Naquela ocasião, a NEW NOBREZA estava habilitada para operar no Siscomex na modalidade simplificada para importações de pequena monta, situação que lhe impunha um limite de importações de US$ 150.000,00 por semestre (as importações em regime suspensivo de tributos, por não serem definitivas, não eram computadas para cálculo desse limite). Acontece que se a empresa registrasse uma DI de importação definitiva para a mercadoria recémchegada, cujo valor CIF13 era de US$ 78.855,14, ela extrapolaria o limite de US$ 150.000,00 por semestre, (...) Para tentar contornar a situação, em 09/11/2011, a NEW NOBREZA requereu, por meio do processo administrativo nº 10814.727778/201118, a alteração da modalidade de sua habilitação para “exclusivamente encomendante” (...) Porém, em 18/11/2011, o pedido de alteração da habilitação ainda não havia sido analisado. A solução encontrada foi utilizar o nome de um terceiro, a SPREAD, para nacionalizar a mercadoria que se encontrava no regime tributário suspensivo, procedimento permitido pela legislação em vigor, desde que esse terceiro adquirira as mercadorias entrepostadas diretamente do proprietário dos bens no exterior. (...) No presente caso, porém, está claro que a mercadoria já tinha um destinatário definido, a NEW NOBREZA, que buscou meios para burlar a legislação vigente. É nesse momento que surge a SPREAD, que promoveu o registro da DI em nome próprio, como se fosse a efetiva compradora da mercadoria. (...) Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 2559DF CARF MF Processo nº 10909.721209/201525 Acórdão n.º 3402004.347 S3C4T2 Fl. 2.548 25 (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora designada Fl. 2560DF CARF MF
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