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Numero do processo: 10120.009978/2009-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3201-000.297
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos propostos pela relatora.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos propostos pela relatora. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Judith do Amaral Marcondes Armando, Daniel Mariz Gudiño, Adriene Maria de Miranda Veras e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausência justificada de Marcelo Ribeiro Nogueira. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 2 2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Trata o presente processo de pedido de restituição, formalizado em formulário, no qual a contribuinte acima identificada pretende recuperar valores pagos a título de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Combustível, na aquisição de combustíveis efetuada no período de agosto a dezembro de 2004, no total de R$ 325.596,72, sob o argumento de desvio de finalidade de aplicação dos recursos da referida contribuição. Ao examinar a questão, a autoridade fiscal competente no despacho decisório (fls. 87 a 93), resolveu indeferir o pedido de restituição, por ausência do pagamento indevido ou a maior; crédito líquido e certo, e falta de legitimidade para pleitear a restituição. A contribuinte tomou ciência do despacho decisório em 23/12/2009 (AR – fl. 96). Inconformada apresentou em 22/01/2010, a manifestação de inconformidade (fls. 97 a 110), na qual transcreve os fatos, discorre sobre o recolhido indevido da CIDECombustível incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico, instituída pelo artigo 1° da Lei n° 10.336, de 2001, em função dos arts. 149 e 177 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda nº 33, de 2001, e, em resumo, apresenta os seguintes argumentos: 1.1 DA LEGITIMIDADE. embora não sendo contribuinte da CIDE, a possibilidade jurídica do pedido, caracterizase pela sua atividade, consumidora final do produto que sofreu a incidência dessa contribuição, quando da compra de combustíveis, assumindo inteiramente o ônus e/ou suportando o encargo financeiro respectivo; o direito ao crédito da CIDE não se restringe ao contribuinte de direito, mas da condição prevista no artigo 166 do CTN, ou seja, contribuinte de fato, tendo em vista que adquiriu os produtos inerentes à sua atividade na qualidade de sujeito final da operação tributável da CIDE–Combustível; ao adquirir os produtos do contribuinte de direito suportou a incidência e repercussão final da referida contribuição lançada em toda a cadeia tributária. Assim, embasada no artigo 166 do CTN, é a parte ativa, afastandose a afirmação de que somente seria possível ao Produtor, Formulador e Importador dos combustíveis, ingressar contra o Fisco para pleitear a restituição de valores recolhidos indevidamente a título de CIDE – Combustível; 1.2 INEXISTÊNCIA DE DARF. a ausência de DARF justificase, por ser contribuinte de fato, não estando seu ônus representado em guia DARF, mas pelas notas fiscais Fl. 159DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 3 3 comprobatórias de aquisição dos combustíveis. A emissão de DARF para recolhimento é ato acessório, cuja obrigação é atribuída ao contribuinte de direito da contribuição; a planilha acostada aos autos demonstra que seu crédito não se baseou nos DARF, mas, nas Notas Fiscais de aquisição de combustível junto ao Produtor, no período de agosto a dezembro de 2004, que resultou crédito no montante de R$ 325.596,72; 1.3 DO DIREITO a Constituição Federal, nos artigos 149 e 177, visou garantir a atuação da União quanto à instituição das contribuições sociais e intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, especialmente as incidentes nas atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível; a CIDECombustível será revertida ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e ao financiamento de programas de infra estrutura de transportes; a contribuição nasceu com a Emenda Constitucional n° 33, de 2001, que inseriu o parágrafo 4º ao art. 177 da Carta Magna, e instituída pela Lei n° 10.336/2001, alterada pela Lei 10.363/2002, que estabeleceu novas alíquotas e a destinação e objetivos essenciais; 1.4 DESVIO DE FINALIDADE com arrimo na doutrina, o traço marcante e distintivo da contribuição de intervenção no domínio econômico é a obediência às finalidades que justificam a sua criação. Assim também está a jurisprudência do STF (RE n° 209.3653/SP); o desvio de finalidade dos recursos da CideCombustível foi reconhecido por decisão do TCU. Assim, constado desvio de finalidade, ocorre o indevido pagamento da CIDE e, por conseqüência, o direito líquido e certo de pleitear a sua restituição; 1.5 DA INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO. a Constituição Federal determinou ser obrigatória a vinculação entre os valores arrecadados com a CIDE e a sua aplicação, o que em nenhum momento diverge do texto legal. A CIDECombustível passou a ser devida a partir de janeiro de 2002 para garantir investimentos na infraestrutura de transportes e recuperar o meio ambiente danificado pelo uso do petróleo, gás e álcool; Fl. 160DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 4 4 o produto da arrecadação da Cidecombustível seria destinado, na forma da lei orçamentária, ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e financiamento de programas de infra estrutura de transportes; para Cretella Júnior (Tratado de Direito Administrativo. RJ. Forense, 1966. V. 2.) desvio de finalidade consiste no afastamento do espírito da lei, ou seja, "desvirtuando o fim, desvirtuase o ato, eivase de vício irreparável, configurase denominado desvio do fim, desvio de finalidade ou desvio de poder"; o Conselho de Contribuintes, em análise de aplicação e interpretação de legislação, firmou entendimento quanto à necessária observância e convergência entre lei e finalidade, posicionandose no sentido de que "não atender ao fim legal é desatender à própria lei"; não restam dúvidas quanto à possibilidade de restituição dos valores por ela recolhidos da CIDECobustíveis, nos moldes da legislação vigente, que comprovadamente sofreram desvinculação entre lei e sua finalidade, não atendendo, assim, ao preceito constitucional; demonstrada regularidade de sua pretensão, resta incontestável seu direito de pleitear/repetir a restituição dos valores da CIDE–Combustível, relacionados na planilha anexada ao pedido inicial, recolhidos indevidamente no período R$ 325.596,72, com as atualizações monetárias correspondentes. No pedido, requer seja acolhida a sua manifestação de inconformidade para reformar o despacho decisório; deferir o pedido de restituição; reconhecer o seu direito à restituição dos valores pagos a título de CIDECombustível, corrigidos por índices que reflitam a real variação inflacionária do período ou sejam ainda homologadas compensações porventura realizadas com créditos objeto do Pedido de Restituição e finalmente a suspensão de quaisquer cobranças de débitos tributários, por ser da mais colimada ordem de direito e lídima Justiça.” O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/BSB n° 0337.392, de 09/06/2010, proferida pelos membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 LEGITIMIDADE RESTITUIÇÃO CIDECOMBUSTÍVEL . COMPETÊNCIA PARA AFASTAR NORMA LEGAL. A legitimidade para pleitear a restituição de valores da CIDECombustível pagos indevidamente somente cabe ao contribuinte (produtor, formulador e importador, pessoa física ou jurídica) que tenha relação jurídica pessoal e direta com o fato gerador dessa contribuição, estabelecida pela norma tributária. A contribuinte de Fl. 161DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 5 5 fato (consumidora final) não ocupa o pólo passivo da relação jurídicotributária pessoal e direta com o fato gerador da CIDECombustível. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.” O julgamento foi no sentido de considerar improcedente a manifestação de inconformidade, tendo em vista que a empresa não tem legitimidade para pleitear a restituição de valores da CIDECombustível pagos indevidamente, pois somente cabe ao contribuinte (produtor, formulador e importador, pessoa física ou jurídica) que tenha relação jurídica pessoal e direta com o fato gerador dessa contribuição, estabelecida pela norma tributária. A contribuinte de fato (consumidora final) não ocupa o pólo passivo da relação jurídicotributária pessoal e direta com o fato gerador da CIDECombustível. O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. VOTO Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim Não obstante o despacho, (com numeração a punho de fl. 152) do SEORT da Delegacia da Receita Federal em Goiânia/GO, onde consta que a contribuinte foi cientificada em 16/07/2010 (fls. 128/129), do teor do Acórdão n° 0337.392 da 4ª Turma da DRJ/BSB de 10.06.2010 (fls. 121/127) e apresentou, tempestivamente, em 17.08.2010, recurso voluntário, cujo documento foi juntado às fls. 130/151 numerado e rubricado. Apesar da declaração de tempestividade do recurso voluntário acima, para que fique bem claro para fins de possibilitar a análise do mérito, dessa forma, voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para: que o órgão de origem, verifique, de fato, a tempestividade ou não do recurso voluntário, a despeito do despacho mencionado acima, tendo em vista, AR à fl. 129, com recebimento em 16/07/2010 e o RV apresentado, consta carimbo, em sua primeira folha, com data de 18/08/2010, à fl. 130, contrariando a data aludida. Concluída a diligência solicitada, retornem os autos para prosseguimento por este Conselho. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 162DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 6 6 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 10384.003933/2003-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: REGIMES ADUANEIROS
Data do fato gerador: 24/11/1997
DRAWBACK SUSPENSÃO. BASE DE CÁLCULO OBTIDA A PARTIR DE INFORMAÇÃO ERRÔNEA DO PESO DOS PRODUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO ADIMPLEMENTO.
Constatado erro na formação da base de cálculo, em virtude de que os pesos dos produtos compromissados por exportar foram informados erroneamente no formulário “Pedido de Drawback”, impossibilitada fica a análise do adimplemento do regime sem modificar os critérios de formação da base de cálculo tendo como resultado a insubsistência do lançamento.
Numero da decisão: 3201-000.616
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, vencido o Conselheiro Luis Eduardo Garrossino Barbieri em dar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA
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ementa_s : REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 24/11/1997 DRAWBACK SUSPENSÃO. BASE DE CÁLCULO OBTIDA A PARTIR DE INFORMAÇÃO ERRÔNEA DO PESO DOS PRODUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO ADIMPLEMENTO. Constatado erro na formação da base de cálculo, em virtude de que os pesos dos produtos compromissados por exportar foram informados erroneamente no formulário “Pedido de Drawback”, impossibilitada fica a análise do adimplemento do regime sem modificar os critérios de formação da base de cálculo tendo como resultado a insubsistência do lançamento.
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decisao_txt : ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, vencido o Conselheiro Luis Eduardo Garrossino Barbieri em dar provimento ao recurso voluntário.
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BASE DE CÁLCULO OBTIDA A PARTIR DE INFORMAÇÃO ERRÔNEA DO PESO DOS PRODUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO ADIMPLEMENTO. Constatado erro na formação da base de cálculo, em virtude de que os pesos dos produtos compromissados por exportar foram informados erroneamente no formulário “Pedido de Drawback”, impossibilitada fica a análise do adimplemento do regime sem modificar os critérios de formação da base de cálculo, tendo como resultado a insubsistência do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, vencido o Conselheiro Luis Eduardo Garrossino Barbieri em dar provimento ao recurso voluntário. JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMANDO Presidente MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA Relator Relator Fl. 1DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 133 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Daniel Mariz Gudino e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Esteve presente a Procuradora da Fazenda Nacional. Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Tratase de lançamento do Imposto sobre as. Importações — II e do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acrescido dos juros de mora previstos no art. 61, § 3°, da lei n. 9.430/96, bem como das multas de oficio capituladas, respectivamente, no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, e no art. 80, inciso I, da Lei n° 4.502/64, com a redação dada pelo art. 45 da Lei n° 9.430196. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 10/17, integrante do Auto de Infração de fls. 02/18, o lançamento foi motivado pelo inadimplemento parcial do compromisso de exportar relativo ao Ato Concessório de Drawback suspensão n° 004497/0000768, emitido em 14/11/1997, através do qual a autuada fora autorizada a importar diferentes insumos (discriminados às fls. 12) que deveriam ser utilizados na produção e exportação de 13.700 unidades de couros bovinos curtidos ao cromo úmidos wetblue e semiacabados crust, tamanhos/seleção diversos, com peso liquido total de 317.700 Kg, peso este que, mediante o aditivo n° 0044 98/0000817, de 13/05/1998, foi alterado para 234.100 Kg. Não obstante, analisando as exportações apresentadas pela empresa como comprobatórias da observação do regime, observou a autoridade fiscal que todas essas exportações contemplavam apenas couros bovinos curtidos ao cromo úmidos wetblue, nos exatos quantitativos compromissados no ato. concessário de drawback (234.100 Kg — nos termos do aditivo ri" 004498/0000817, de,13/05/1998), não tendo havido, no entanto, nenhuma exportação de couros bovinos tipo crust. Assim, e de posse dos laudos técnicos de produção fornecidos pelo próprio sujeito passivo (fls. 32/38), a autoridade fiscal lavrou os presentes autos de infração, os quais correspondem à exigência do II e do IPI incidentes sobre os insumos importados Fl. 2DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 134 3 que deveriam haver sido utilizados na industrialização dos couros bovinos tipo crus? (não exportados), quais sejam: 1.120 Kg de Aduvax ASA, 1.120 Kg de Aduvax POT.e"1.120 Kg de Aduvax PHS. Os cálculos correspondentes aos lançamentos 'em tela estão discriminados às fls. 14/15 dos autos. Da impugnação Cientificada do lançamento em 18/12/2003 (vide fls. 02 e 18), a recorrente insurgiuse contra a exigência, tendo apresentado, em 16/01/2004, a impugnação de fls. 43/56, onde, após fazer uma breve descrição dos fatos, apresenta argumentos os quais, entende, demonstrariam a improcedência da exigência formalizada pelo Fisco. Primeiramente, alega que a empresa exportou a quantidade efetiva de produtos compromissada no ato concessório, e que apresentara laudo técnico demonstrando que cada substância teria sido utilizada nos processos de industrialização. Aduz também que “[...] no Pedido de DRAWBACK se compromete a beneficiar o peso liquido de couro e exportar unidades de couros bovinos curtidos ao cromo úmido Wel Blue e nas Guias de Comprovação de Drawback comprovou o compromisso". Ressalta que teria havido equívoco da autoridade lançadora, a qual, "ao analisar o documento "Pedido de Drawback" entendeu que a empresa se comprometeu a exportar peso líquido". Argúi que, no campo reservado ao peso líquido no formulário Pedido de Drawback, interpretara que deveria ter sido informado o peso da matéria bruta a ser industrializada. Ressalta que, depois do processo de beneficiamento, o produto industrializado passa a ter peso inferior ao da matéria in natura. Argumenta ainda que o laudo técnico consolidado seria suficiente para demonstrar que todo o insuflo importado fora utilizado no processo produtivo, e que, quanto aos dados consubstanciados no Pedido de Drawback, deveria prevalecer a interpretação mais favorável ao contribuinte. Ressalta que os demais termos dos "Atos Concessórios" teriam sido cumpridos, "[...] principalmente no que pertine às datas de cumprimento, constatandose tal assertiva, com a simples análise dos aludidos autos e ratificados pelos próprios fiscais nos respectivos Termos de Verificação Fiscal, encontrandose, Fl. 3DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 135 4 assim, a empresa ora autuada, albergada pelo art. 340, parágrafo único do Decreto 4.543/02 [...]”, o qual trata do prazo de vigência do regime de drawback. Questiona o fato de a autoridade lançadora não haver consultado técnico habilitado a fim de “[...] averiguar se o peso que entende ser o peso final do couro industrializado poderia ser resultado das quantidades de substâncias importadas. Faz afirmações sem respaldo técnico científico necessário". Baseada em respeitável doutrina, a impugnante propugna pela observação dos princípios da verdade material e do dever de investigação, obrigatórios por força do art. 142 do CTN. Defende que a administração, ao cobrar tributos sobre cujos fatos geradores não possuiria prova, teria incorrido em nulidade por ofensa aos princípios da verdade material, do dever de investigação e da legalidade objetiva. Propugna, ainda, pela aplicação do art. 112, inciso 11, do CTN, defendendo a interpretação mais favorável ao contribuinte relativamente ao pedido de drawback em vista do alegado equivoco perpetrado quando do preenchimento inadequado do campo "peso liquido". Com base nos fundamentos acima elencados, requer: a) seja julgado improcedente o lançamento, em vista da prescrição, uma vez que o crédito teria sido formalizado depois de cinco anos da data do desembaraço aduaneiro; b) no mérito, seja julgado improcedente o auto de infração, e; c) que, "antes do julgamento, seja aberta instrução probatória, marcandose audiência para oitiva do Engenheiro Químico da empresa que efetuou os laudos [...]”. A decisão recorrida manteve o lançamento impugnado, afastando os argumentos trazidos pelo contribuinte, ora recorrente. Adotando a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/11/1997 LANÇAMENTO. OBSERVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 136 5 É legítimo o ato administrativo do lançamento que tenha observado plenamente os requisitos necessários à sua validade. DRAWBACK SUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO DO REGIME. CONSTITUIÇÃO DO CREDITO TRIBUTÁRIO. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFICIO. SUJEITO A PRAZO DECADENCIAL, E NÃO PRESCRICIONAL. TERMO DE RESPONSABILIDADE FIRMADO NO ÂMBITO DO DRAWBACK. FALTA DOS REQUISITOS MINIMAMENTE NECESSÁRIOS À CARACTERIZAÇÃO DE UM LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO. IMPRÓPRIA COMPARAÇÃO COM A DCTF. A formalização de termo de responsabilidade no regime aduaneiro especial de drawback não tem o condão de constituir crédito tributário, posto que, diante das informações nele contidas, demonstra tratarse dito documento de mero termo de compromisso, que não traz as mínimas informações indispensáveis e necessárias à materialização de um lançamento por declaração, mesmo se associado às declarações de importação em que houve importação de insumos com suspensão tributária. É inapropriada a comparação do procedimento relacionado ao termo de responsabilidade firmado no drawback suspensão com a DCTF, posto que no primeiro, por estarse diante de evento futuro e incerto – adimplemento ou não do regime , nada se diz sobre eventuais créditos devidos; diferentemente, a DCTF representa confissão de créditos tributários devidos, líquidos e certos, passíveis de inscrição na divida ativa da União. As importações vinculadas ao drawback suspensão são declaradas como isentas, sob condição resolutória, existindo inúmeras causas que podem redundar no inadimplemento ou no adimplemento apenas parcial do regime, as quais necessitam estar fundamentadas em auto de infração, sob pena de cerceamento ao direito de defesa do beneficiário do regime. Nos tributos incidentes sobre a importação, mesmo diante do regime aduaneiro especial de drawback, o lançamento é por homologação. A insuficiência ou inexistência do necessário pagamento pelo adimplemento parcial ou inadimplemento do regime requer que o crédito tributário seja constituído através de lançamento de oficio, com lavratura de auto de infração, sujeito, portanto, a prazo decadencial, e não prescricional. DRAWBACK SUSPENSÃO. PRAZO DECADENC1AL. O prazo decadencial para o lançamento de oficio decorrente do descumprimento dos requisitos inerentes ao drawback suspensão será determinado com base na regra de que trata o art. 173, inciso I, do CTN. A contagem do referido prazo deverá se dar a partir do trigésimo dia subseqüente ao do vencimento do prazo estabelecido, no respectivo ato concessório, para o cumprimento das obrigações assumidas pelo beneficiário. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 137 6 PEDIDO DE PERECIA NÃO FORMULADO. Considerarseá não formulado o pedido de perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto n° 70.235/72. Não obstante, tais pedidos serão indeferidos quando os elementos que integram os autos demonstrarem ser suficientes para a plena formação de convicção e o conseqüente julgamento do feito. PEDIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Quer nas regras de que trata o processo administrativo fiscal, quer na legislação complementar que regula o assunto, não há previsão legal que autorize a aceitação de pedido de oitiva de testemunhas na primeira instância do julgamento do contencioso administrativo fiscal. Nesta instância, a manifestação no processo administrativo fiscal se dá somente por escrito. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 24/11/1997 DRAWBACK SUSPENSÃO. INSUMOS IMPORTADOS VINCULADOS AO REGIME. INEXISTÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SUA UTILIZAÇÃO NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE MERCADORIAS QUE DEVERIAM HAVER SIDO EXPORTADAS. EXIGÊNCIA DOS TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Caso não demonstrada a utilização de insumos importados sob os auspícios do drawback suspensão na industrialização de mercadoria que deveria ter sido exportada sob os auspícios do regime, cabível a exigência integral dos tributos incidentes na importação dos mesmos. Lançamento Procedente em Parte O contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua peça de impugnação. Os autos foram enviados ao antigo Terceiro Conselho de Contribuintes e fui designado como relator do presente recurso voluntário, na forma regimental. Tendo sido criado o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pela Medida Provisória nº 449, de 03 de dezembro de 2008, e mantida a competência deste Conselheiro para atuar como relator no julgamento deste processo, na forma da Portaria nº 41, de 15 de fevereiro de 2009, requisitei a inclusão em pauta para julgamento deste recurso. É o Relatório. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 138 7 Voto Conselheiro MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA Relator, O recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais, portanto, dele tomo conhecimento. Há preliminares a examinar, contudo, forte no disposto no parágrafo terceiro do artigo 59, do Decreto nº 70.235/72, passo ao exame do mérito do recurso interposto. No presente, o lançamento não se baseou na melhor técnica, ao aplicar a regra de três, a partir dos laudos técnicos apresentados. Ressalto que comungo do mesmo raciocínio desenvolvido pelo Conselheiro Corintho Oliveira Machado, no processo de n° 10384.003319/200334, recurso voluntário de n° 138.945 e pela Conselheira Mércia Helena Trajano D’Amorim, no processo de n° 10.384.003335/200327, recurso voluntário de n° 139.417, ambos da mesma empresa, guardadas as devidas proporções. Nas palavras do ilustre Conselheiro Corintho Oliveira Machado, nos autos do processo acima mencionado: “O cerne da questão em comento, como se vislumbra da leitura do relatório supra, está centrado na verificação se houve, de fato, descumprimento dos requisitos necessários ao gozo do drawback suspensão. Nesse ínterim, é necessária a análise de duas questões relativas ao lançamento tributário: a) diante do fato dos quantitativos compromissados por exportar, dispostos no ato concessório sub examine, estarem expressos em quilogramas e em quantidades unitárias, examinar, primeiramente, qual a grandeza adequada ao aferimento do adimplemento dos compromissos firmados pela interessada; b) superado o problema disposto acima, aferir se houve ou não o adimplemento do regime e, sendo o caso, efetuar os cálculos dos tributos devidos para verificar se os mesmos equivalem ao crédito tributário lançado pela autoridade administrativa.” Nos presentes autos, também não foram individualizados os quantitativos de couros tipo wetblue ou crust compromissados a exportar, pois no Pedido de Drawbaqck somente consta o compromisso de exportar 13.700 unidades, com peso líquido total de 317.000 Kg, de “COUROS BOVINOS CURTIDOS AO CROMO ÚMIDOS WETBLUE E SEMI ACABADOS ‘CRUST’ TAMANHOS/SELEÇÃO DIVERSOS” (fls. 20 dos presentes autos). Os laudos consolidados trazidos pelo contribuinte em sua peça de impugnação demonstram acima de qualquer dúvida razoável o equívoco cometido pela recorrente ao informar, no campo 20 do ato concessório, não o peso do produto final, mas o peso bruto correspondente às Fl. 7DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 139 8 unidades de couros compromissadas antes do seu processamento industrial, uma vez que foi com base no peso bruto dos couros que foram levantados os quantitativos dos insumos que seriam utilizados no tratamento industrial. Segue o ilustre Conselheiro Corintho, em seu voto, que adoto como parte de minhas razões para decidir o presente feito: Esse equívoco, a meu ver, não pode justificar a metodologia de cálculo do crédito tributário adotada pela autoridade fiscal, até porque o produto resultante do tratamento industrial não é comercializado em unidades de peso (como o quilograma), mas em quantidades unitárias ou em unidades de área (como o metro quadrado). Tudo isso é corroborado ainda pelo fato do valor que a beneficiária se comprometera a exportar ter sido levantado com base nos preços unitários de cada couro (e não em seu peso), o que se constata diante da análise dos campos 23 e 24 do formulário Pedido de Drawback (fls. 24), reproduzidos na tabela acima. A questão acima tratada foi confirmada pela própria autoridade lançadora, a qual, no Termo de Verificação Fiscal (fls. 14), assevera o seguinte: A partir dos laudos analisados no subitem 2.2, verificamos que a utilização dos produtos químicos guardam (sic) relação direta com o peso dos produtos, embora essa não seja a unidade de comercialização. (grifo nosso).” No presente caso, somente se alteram as referências às folhas dos autos, já que os campos 23 e 24 do Pedido de Drawback aqui estão às fls. 20 e a citação do Termo de Verificação está às fls. 14. Assim, VOTO por conhecer do recurso para darlhe integral provimento e tornar insubsistente o Auto de Infração. MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA Relator Fl. 8DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN Processo nº 10384.003933/200304 Acórdão n.º 3201000.616 S3C2T1 Fl. 140 9 Fl. 9DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 08/04/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARMAN
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Numero do processo: 19515.002386/2006-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF
Período de apuração: 19/06/2002 a 29/12/2004
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
O prazo decadencial para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social é de cinco anos, consoante Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991.
Aplica-se, ainda, a regra do artigo 173, inciso I do CTN, quando não houver pagamento, entendimento jurisprudencial no Recurso Especial 973.733/SC, na sistemática de Recurso Repetitivo.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-000.698
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Matéria: CPMF - ação fiscal- (insuf. na puração e recolhimento)
Nome do relator: MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF Período de apuração: 19/06/2002 a 29/12/2004 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. O prazo decadencial para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social é de cinco anos, consoante Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991. Aplica-se, ainda, a regra do artigo 173, inciso I do CTN, quando não houver pagamento, entendimento jurisprudencial no Recurso Especial 973.733/SC, na sistemática de Recurso Repetitivo. Recurso Voluntário Provido.
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DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. O prazo decadencial para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social é de cinco anos, consoante Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991. Aplicase, ainda, a regra do artigo 173, inciso I do CTN, quando não houver pagamento, entendimento jurisprudencial no Recurso Especial 973.733/SC, na sistemática de Recurso Repetitivo. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Judith do Amaral Marcondes Armando Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. EDITADO EM: 06/07/2011 Fl. 0DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith do Amaral Marcondes Armando, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luis Eduardo Garrosssino Barbieri, Daniel Mariz Gudino Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Tratase de impugnação a exigência fiscal relativa à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF, formalizada no auto de infração de fls. 250/253. O feito, relativo a fatos geradores ocorridos em dezembro de 2000, constituiu crédito tributário no montante de R$ 1.483.561,56, incluídos principal e juros de mora. Não houve imposição de multa de ofício. No TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL, presente às fls. 247/248, a autoridade autuante assim contextualiza os fatos que motivaram a autuação: [...] Atendendo à intimação (...), a empresa apresentou, juntamente com sua resposta datada de 22/05/03, cópia xerox do Mandado de Segurança Preventivo com Pedido de Concessão de Liminar, de nº 2000.61.00.0479525, impetrado pela Rhodia Poliamida Ltda, denominação, à época, da RhodiaSter Fipack Ltda. e atualmente Rhodia Poliamida de Especialidades Ltda. Através de esclarecimentos e da documentação apresentados pela Rhodia Poliamida e Especialidades Ltda., no curso desta ação fiscal, e que fazem parte dos autos, verificamos que a RhodiaSter Fipack Ltda. obteve os empréstimos, mencionados abaixo, da sua matriz Rhodia SA, domiciliada na França: Valor Data Valor Valor US$ Empréstimo US$ R$ 90.000.000,00 11/03/1999 7.000.000,00 13.130.600,00 (3 parcelas) 11/03/1999 5.000.000,00 9.365.000,00 11/03/1999 78.000.000,00 145.887.300,00 62.000.000,00 12/05/1999 62.000.000,00 102.834.900,04 Em 09/12/1999 a RhodiaSter Fipack Ltda. pagou à Rhodia SA parte do empréstimo, obtido em 11/03/1999, no valor de U$$ 25.000.000,00, correspondente a R$ 46.661.750,00, restando um saldo a pagar de US$ 65.000.000,00. A mutuária foi cindida e as obrigações correspondentes aos saldos dos valores destes empréstimos – US$ 65.000.000,00 e US$ 62.000.000,00 foram vertidas para a nova empresa – Fl. 1DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 19515.002386/200616 Acórdão n.º 3201000.698 S3C2T1 Fl. 361 3 RhodiaSter Fibras e Resinas Ltda – CNPJ 01.651.102/000130, do mesmo grupo financeiro da fiscalizada, em 28/12/2000 e 07/12/2000, respectivamente, e as importâncias transferidas através de contratos de câmbio. Para evitar que sobre essas transferências a empresa fosse compelida ao recolhimento da CPMF Rhodia Poliamida Ltda. denominação, à época, da RhodiaSter Fipack Ltda., moveu a ação judicial representada pelo referido mandado de segurança e obteve a liminar solicitada em 01.12.2000. Em 28.02.2005, o Juiz Federal julgou improcedente a ação, denegou a sentença e cassou a liminar concedida – essa sentença foi publicada no Diário Oficial da União em 07.03.2006, conforme cópia xerox dessa publicação apresentada pela empresa. Em 10.04.2006, o juiz acolheu o depósito efetuado pela impetrante em 06/04/2006 (efetuado dentro do prazo estabelecido pelo art. 63 – parágrafo 2º da Lei 9.430/96, para a não incidência da multa de mora), no valor de R$ 1.450.000,00, e também declarou a suspensão da exigibilidade da CPMF em discussão, até esse montante depositado, conforme documentação apresentada através da correspondência datada de 06.06.2006. Conforme planilha elaborada por nós – Empréstimos Cálculo da CPMF e Juros (fl. 249), que faz parte do presente termo, verificamos que o valor do referido depósito judicial, efetuado pela empresa, integra os valores totais da CPMF em discussão e dos Juros calculados com base na taxa SELIC. Com a finalidade de prevenir a decadência, estamos procedendo à lavratura de auto de infração relativo à CPMF em discussão e dos respectivos juros, com suspensão da sua exigibilidade, junto à Rhodia Poliamida e Especialidades Ltda., atual denominação da Rhodia Poliamida Ltda. [...] Cientificada da exigência em 31/10/2006, em 30/11/2006, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 258/272. Na peça de defesa, inicialmente detalha os fatos que levaram à autuação: a existência de empréstimos contraídos no exterior, a cisão da mutuária e a transmissão das obrigações para a empresa que resultou da cisão e a necessidade da realização de contratos simultâneos de câmbio, formalizados junto ao Banco Central para a regularização do nome do devedor do empréstimo externo. Cita ainda a evolução do Mandado de Segurança nº 2000.61.00.0479525, pelo qual pleiteia verse livre da incidência da CPMF na celebração dos contratos simultâneos de câmbio em comento. À fl. 263/264, a defesa assenta que a impugnação visa a tratar de causas jurídicas autônomas e independentes das questões debatidas no âmbito de Poder Judiciário. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 4 Nesse pressuposto, alega a improcedência do lançamento por desrespeito ao prazo decadencial. Isto porque, alega, por se tratar a CPMF de tributo sujeito a lançamento por homologação, nos termos do art. 150, §4º do Código Tributário Nacional, à data da lavratura do auto de infração, estaria expirado o direito de a Fazenda Pública promover a constituição do crédito tributário cujos fatos geradores ocorreram em dezembro de 2000, pelo transcurso do prazo de cinco anos contados dos fatos geradores. Argumenta não ser possível a aplicação do art. 173 do CTN que regeria exclusivamente os casos de tributos lançados de ofício o por declaração. Adverte ainda ser inconstitucional a contagem do prazo decadencial nos termos do art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991, por ofensa ao art. 146, III, da Constituição Federal, de 1988. Na seqüência, a interessada contesta o acréscimo dos juros de mora no lançamento argumentando que o crédito tributário estaria garantido por depósito judicial efetuado em seu montante integral.” O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/CPS no 0521.953, de 19/05/2008, proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 19/06/2002 a 29/12/2004 DECADÊNCIA. CPMF. PRAZO. O prazo decadencial da CPMF é de dez anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte em que o crédito poderia ter sido constituído. CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXIGIBILIDADE SUSPENSA DEPÓSITO JUDICIAL JUROS MORATÓRIOS. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante de sua falta. Lançamento Procedente.” O julgamento foi no sentido de considerar procedente o lançamento, para manter o crédito tributário exigido mediante Auto de Infração. O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória, ressaltando o afastamento dos juros moratórios sobre o crédito tributário, bem como em sede, de memorial, que é importante o reconhecimento da inaplicabilidade do art. 45 da Lei de n° 8.212/91, tendo em vista a Súmula Vinculante de n°8. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 19515.002386/200616 Acórdão n.º 3201000.698 S3C2T1 Fl. 362 5 Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de exigência fiscal relativa à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF, formalizada no auto de infração de fls. 250/253, relativo a fatos geradores ocorridos em dezembro de 2000 (7 e 28/12/2000), constituiuse crédito tributário no montante de R$ 1.483.561,56, incluídos principal e juros de mora. Não houve imposição de multa de ofício. O respectivo Auto de Infração foi confeccionado, tendo em vista a exigibilidade suspensa por força do art. 151, inc. II do CTN. Passemos a análise da preliminar de decadência suscitada pela recorrente. Tratase da Súmula Vinculante nº 8, do STF, logo abaixo transcrita. Quanto à decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 14/06/2002, verificase que o prazo decadencial para constituição das contribuições destinadas a financiar a seguridade social foi disciplinado pelo artigo 45 da Lei nº 8.212, de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social. Em 20/06/2008, foi publicada no Diário Oficial da União a Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal, com o seguinte teor: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. A Constituição Federal em seu art. 103A, incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, prevê que o Supremo Tribunal Federal poderá aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, ipsis litteris: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja Fl. 4DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 6 controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgandoa procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Por seu turno, o art. 2º da Lei nº 11.417, de 19 de dezembro de 2006, define os efeitos da edição de súmula vinculante nos seguintes termos: Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Destarte, aplicase às contribuições sociais a regra de decadência da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN), recepcionado pela Constituição Federal com força de lei complementar, prevista nos artigos 150, § 4º e 173. O Parecer PGFN/CAT no 1.617, de 2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, traz as orientações quanto à aplicação dos dispositivos acima transcritos: 38. É recorrente a fixação do dies a quo do prazo de decadência na data da ocorrência do fato gerador quando da antecipação do pagamento sem prévio exame da autoridade fiscal. Isto é, ainda que o recolhimento seja parcial, as diferenças são exigíveis, a partir do fato gerador da obrigação. Mas, e quando não se tem o pagamento antecipado? No Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 936380/SC, relatado pelo Ministro Castro Meira, matéria julgada em 19 de fevereiro de 2008, ementouse, como segue: “TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EXAÇÃO SUJEITA A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. ARTIGOS 150, § 4º, E 173, I, DO CTN. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 7/STJ. 1. Se não houve pagamento antecipado pelo contribuinte, é cabível o lançamento direto substitutivo, previsto no artigo 149, V, do CTN, e o Fl. 5DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 19515.002386/200616 Acórdão n.º 3201000.698 S3C2T1 Fl. 363 7 prazo decadencial regese pela regra geral do artigo 173, I, do CTN. Precedentes”. 39. E ainda, no recurso especial 757922/SC, relatado pelo Ministro Teori Albino Zavascki, questão julgada em 11 de setembro de 2007, definiuse; “CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91. OFENSA AO ART. 146, III, B, DA CONSTITUIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART. 150, § 4º). PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO. 1. "As contribuições sociais, inclusive as destinadas a financiar a seguridade social (CF, art. 195), têm, no regime da Constituição de 1988, natureza tributária. Por isso mesmo, aplicase também a elas o disposto no art. 146, III, b, da Constituição, segundo o qual cabe à lei complementar dispor sobre normas gerais em matéria de prescrição e decadência tributárias, compreendida nessa cláusula inclusive a fixação dos respectivos prazos. Conseqüentemente, padece de inconstitucionalidade formal o artigo 45 da Lei 8.212, de 1991, que fixou em dez anos o prazo de decadência para o lançamento das contribuições sociais devidas à Previdência Social" (Corte Especial, Argüição de Inconstitucionalidade no REsp nº 616348/MG) 2. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é, em regra, o do art. 173, I, do CTN, segundo o qual "o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado". 3. Todavia, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação — que, segundo o art. 150 do CTN, "ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa" e "operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa" — , há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o § 4º do art. 150 do CTN. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 8 Precedentes jurisprudenciais. 4. No caso, tratase de contribuição previdenciária, tributo sujeito a lançamento por homologação, e não houve qualquer antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 173, I, do CTN. 5. Recurso especial a que se nega provimento”. 40. Do que, então, emerge mais uma conclusão: o pagamento antecipado da contribuição (ainda que parcial) suscita a aplicação da regra especial, isto é, do § 4º do art. 150 do CTN,; a inexistência de pagamento justifica a utilização da regra do art. 173 do CTN, para efeitos de fixação do dies a quo dos prazos de caducidade, projetados nas contribuições previdenciárias. Isto é, no que se refere à contagem dos prazos de decadência. Tal concepção, em princípio, pode ser aplicada para todos os tributos federais, e não somente, para as contribuições previdenciárias. (...) 49. Lembrando que nem toda a Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, cuida somente de créditos tributários, e que, portanto, para efeitos daquela norma devese atentar à especificidade dos créditos, as observações aqui elencadas promovem síntese pontual, da forma que segue: a) A Súmula Vinculante nº 8 não admite leitura que suscite interpretação restritiva, no sentido de não se aplicar efetivamente o prazo de decadência previsto no Código Tributário Nacional; é o regime de prazos do CTN que deve prevalecer, em desfavor de quaisquer outras orientações normativas, a exemplo das regras fulminadas; (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. . 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação deve se aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; O auto de infração referese a fatos geradores ocorridos em dezembro de 2000, a sua ciência foi dada ao sujeito passivo em outubro de 2006. Destarte, aplicase às contribuições sociais a regra de decadência da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN), recepcionado pela Constituição Federal com força de lei complementar, prevista nos artigos 150, § 4º e 173 abaixo transcritos: Fl. 7DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 19515.002386/200616 Acórdão n.º 3201000.698 S3C2T1 Fl. 364 9 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. E, mais, este entendimento jurisprudencial em que se fundamenta este posicionamento foi recentemente firmado pelo STJ, quando a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em 12/08/2009, ao analisar o Recurso Especial 973.733/SC, de Relatoria do Min. Luiz Fux, na sistemática dos Recursos Repetitivos (Art. 543C do CPC), definiu que no caso dos tributos sujeitos a lançamento por homologação o prazo decadencial é de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado, nas hipóteses em que o contribuinte não declara, nem efetua o pagamento do tributo. Como não houve pagamento antecipado, aplicase a regra do art. 173, inc I do CTN, cuja contagem, começaria a partir de janeiro de 2001, cujo prazo final da fiscalização para lançar seria até 31/dezembro de 2005. Como já ressaltado, o sujeito passivo teve ciência do auto de infração em 10/2006. Concluindo pois, os fatos geradores lançados foram atingidos pela decadência. Dessa forma, voto por dar provimento ao presente recurso voluntário, tendo em vista, aplicação da Súmula Vinculante de n° 8 do STF, já que a Fazenda Pública não pode exigir contribuições sociais com o aproveitamento do prazo de 10 anos previstos nos dispositivos dos arts. 45 e 46 da Lei de n ° 8.212/91, declarados inconstitucionais, bem como aplicação da regra do artigo 173, inciso I do CTN, quando não houver pagamento, Fl. 8DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 10 entendimento jurisprudencial no Recurso Especial 973.733/SC, na sistemática de Recurso Repetitivo. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 9DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN
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Numero do processo: 10074.000863/2009-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Obrigações Acessórias.
Período de apuração: 10/10/2004 a 27/10/2006
DECADÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR. HIPÓTESE DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA.
O instituto da decadência e da prescrição são matérias reservadas à lei complementar, nos termos do que dispõe o artigo 146, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal de 1988. Nos casos de interposição fraudulenta de pessoas, espécie do gênero simulação, a contagem do prazo decadencial deve ser feita nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. PROVA. CARACTERIZAÇÃO.
Provados os fatos indiciários – no caso a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados – presume-se acontecidos os fatos indiciados ou presumidos – no caso a interposição fraudulenta, cujo reconhecimento da existência decorre meramente da prova dos fatos indiciários.
A vinculação ou implicação lógica (subsunção) entre os fatos – indiciários e indiciados – já está construída pela norma geral e abstrata: conhecidos e comprovados os primeiros presume-se os segundos (fato que se deseja demonstrar). A própria lei incumbiu-se da implicação lógica entre os fatos conhecidos e provados (indiciários) com os fatos presumidos. Basta, portanto, a prova dos fatos indiciários.
Dentre os três sistemas mais conhecidos de apreciação das provas, o ordenamento jurídico brasileiro acolheu o sistema do persuasão racional (livre convencimento motivado). O julgador forma livremente o seu convencimento, porém, dentro de critérios racionais que devem ser indicados.
Numero da decisão: 3201-000.634
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudiño, Marcelo Ribeiro Nogueira e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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Assunto: Obrigações Acessórias. Período de apuração: 10/10/2004 a 27/10/2006 DECADÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR. HIPÓTESE DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. O instituto da decadência e da prescrição são matérias reservadas à lei complementar, nos termos do que dispõe o artigo 146, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal de 1988. Nos casos de interposição fraudulenta de pessoas, espécie do gênero simulação, a contagem do prazo decadencial deve ser feita nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. PROVA. CARACTERIZAÇÃO. Provados os fatos indiciários – no caso a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados – presumese acontecidos os fatos indiciados ou presumidos – no caso a interposição fraudulenta, cujo reconhecimento da existência decorre meramente da prova dos fatos indiciários. A vinculação ou implicação lógica (subsunção) entre os fatos – indiciários e indiciados – já está construída pela norma geral e abstrata: conhecidos e comprovados os primeiros presumese os segundos (fato que se deseja demonstrar). A própria lei incumbiuse da implicação lógica entre os fatos conhecidos e provados (indiciários) com os fatos presumidos. Basta, portanto, a prova dos fatos indiciários. Dentre os três sistemas mais conhecidos de apreciação das provas, o ordenamento jurídico brasileiro acolheu o sistema do persuasão racional (livre convencimento motivado). O julgador forma livremente o seu convencimento, porém, dentro de critérios racionais que devem ser indicados. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudiño, Marcelo Ribeiro Nogueira e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri. Judith Do Amaral Marcondes Armando Presidente. Daniel Mariz Gudiño Relator. Luís Eduardo G. Barbieri Redator designado. EDITADO EM: 27/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith do Amaral Marcondes Armando (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luís Eduardo G. Barbieri e Daniel Mariz Gudiño. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 19.985.755,00 referente a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, prevista no parágrafo 3° do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/1976 com a redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002. Depreendese do Termo de Constatação anexo ao Auto de Infração, que a solicitação de habilitação do responsável legal da empresa perante o Siscomex foi indeferida e a interessada submetida ao procedimento especial de fiscalização previsto na Instrução Normativa SRF n° 228/2002, sendo intimada, por diversas vezes, a apresentar documentos e fornecer esclarecimentos a respeito da origem dos recursos empregados nas operações de importação realizadas. Findo o procedimento fiscal, se concluiu que: A A empresa fiscalizada registrou fraudulentamente o conjunto de suas operações financeiras, não efetuando a escrituração dos Fl. 518DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 2 3 recursos que transitaram em conta bancária pertencente à sociedade empresarial, mantida no Banco MODAL, conforme registro constante no Sistema Gerador Dossiê PJ; B A empresa fiscalizada não efetuou a escrituração plena do conjunto de receitas e dispêndios ocorridos no período fiscalizado, havendo notória discrepância entre os valores informados em seus livros fiscais e o conjunto de dados passíveis de serem extraídos do Sistema Dossiê PJ; C A empresa fiscalizada alegou a existência de movimentação bancária entre diversas contascorrentes mantidas no período de 2002/2006, sem, todavia demonstrar com elementos idôneos a efetiva ocorrência de vendas mercantis que propiciaram o saldo necessário nas contas de origem; D A empresa fiscalizada alegou a existência de recursos antecipados, fornecidos por instituição bancária, por meio de empréstimos e descontos de duplicatas, sem, contudo, apresentar a prova documental de supostas operações, bem como a devida comprovação do auferimento de receitas provenientes de vendas mercantis que teriam possibilitado a ocorrência de mencionados contratos com a instituição financeira. Por essas razões a fiscalização conclui que restou claro que a empresa não logrou comprovar a regular origem, disponibilidade e transferência dos recursos utilizados em sua atividade de comércio exterior. Em razão de as mercadorias já haverem sido consumidas e não localizadas, foi lavrado auto de infração para exigência da multa equivalente ao valor aduaneiro das mesmas, como previsto nos parágrafos e inciso V do artigo 23 do Decretolei nº 1455/1976, com redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002 (artigo 618, § 1°, do Decreto n° 4.543/2002; artigo 689, § 1°, do Decreto n°6.759/2009). As operações autuadas foram aquelas realizadas depois de 29/08/2002, data da publicação da Medida Provisória n° 66/2002, de cuja conversão resultou a Lei nº 10.637/2002. Regularmente cientificada pela via pessoal (ciência fls. 04, 07, 74 e 190) a interessada apresentou a impugnação de folhas 756 a 786, com os documentos de folhas 787 a 868 anexados. A impugnante alega que a fiscalização desconhecia o alcance de sua ação fiscal, pois, em sua primeira intimação, "afirma categoricamente que a impugnante "jamais foi habilitada para operar no comércio exterior", o que não condiz com a verdade, pois a empresa estava habilitada no RADAR tendo nos autos do processo n° 10074.000570/200693 solicitava sua renovação." (sic) Afirma que realizou diversas importações no período de vigência do Siscomex que somente foram possíveis por estar habilitada. Observa que em março de 2002 foi realizada fiscalização de valoração aduaneira e que na oportunidade não foi apontada Fl. 519DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 4 nenhuma falta de habilitação. O próprio Dossiê CNPJ registra que a empresa atua no comércio exterior. "Portanto, é infundado o primeiro pressuposto de fato em que se baseia a ação fiscal para o desenvolvimento de suas investigações." Defende que sempre possuiu capacidade financeira para realizar as importações, que remontaram a apenas R$ 19.000.000,00 frente ao faturamento, no período de 2002 a 2006, no montante de R$ 101.000.000,00, fato que afastaria de plano a interposição. Alega que o auto de infração é nulo pois cerceia seu direito à defesa e ao contraditório ao não demonstrar a base de cálculo para aplicação da penalidade. Alega que o valor que está consignado com auto de infração não encontra lastro em nenhuma prova contida nos autos nem em demonstrativo de penalidade. Defende que "pertenceria à descrição dos fatos, a identificação de quais as importações que estariam sujeitas à eventual aplicação da pena de perdimento, uma vez que a aplicação da presunção não poderia alcançar todos os atos praticados pela empresa mas apenas aqueles cuja origem dos recursos denotasse a existência de terceiro (real importador), como veremos adiante. Assim, ausente a identificação dos elementos de fato que identificasse a existência de terceiro ocultado, sua correlação direta com as importações identificadas e a demonstração da base de cálculo da multa resta, no entendimento da impugnante, a necessidade de declaração de nulidade do auto de infração" (sic) Alega que "além de o fisco não ter demonstrado para quais as operações não foi comprovada a origem dos recursos empregados — como reputou necessário — também fez incidir a penalidade sobre períodos decaídos, ou seja, de 10/10/2002 a 06/07/2004." Defende que "apesar de a impugnante não saber quais são os fatos levados em conta pela fiscalização na determinação da penalidade aplicada, mas apenas considerando a conclusão dada no "Termo de Constatação", impõese a exclusão da penalidade para os fatos ocorridos antes de 06/07/2004." Embasa a alegação no disposto no artigo 669 do Decreto ri° 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro vigente à data dos fatos. Traça considerações e reproduz decisões administrativas e judiciais a respeito do Mandado de Procedimento Fiscal, concluindo que "se o Mandado de Procedimento Fiscal é peça inaugural da ação fiscalizadora, seu desatendimento, seja quanto ao objeto, seja quanto à emissão, seja quanto aos prazos previstos, constitui motivo para nulidade do ato administrativo do lançamento, vez que o MPF figura dentre aqueles atos que são exigidos para o cumprimento das formalidades impostas pela legislação tributária." Alega que há "nulidade do lançamento por ausência de correlação entre a alegada nãocomprovação da origem, Fl. 520DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 3 5 disponibilidade e transferência dos recursos empregados e as respectivas importações consideradas. (...) A presunção não é absoluta, como se sabe, mas também não se aplica a todos às importações se e quando o Fisco se depara com o fato da nãocomprovação. Notese que apenas aqueles valores, cuja comprovação da origem não foi efetivada, estariam submetidos à presunção. Ademais, para aplicação da presunção é necessário que o Fisco demonstre além dos valores cuja origem foi nãocomprovada a quais importações que eles se relacionam, a fim de que a presunção da aplicação da multa não transborde os estritos termos da presunção legalmente fixada. Isso porque a presunção não é a desconsideração de todas as importações, mas apenas daquelas em que há indícios da interposição. No presente caso, não houve qualquer indício que pudesse determinar a interposição fraudulenta, nem houve demonstração da correlação entre os recursos alegados como não comprovados e as importações consideradas, relação de nexo causal imprescindível para ampliação da multa, fato que impõe a declaração de nulidade do lançamento." (sic) Alega que houve inadequação da pena ao fato comprovado e erro na capitulação legal do lançamento. Registra que a fiscalização a acusa de ter infringido disposições legais do Decreto n° 6.759/2009, não vigente à época dos fatos levados em consideração pelo Fisco, entre jan/2002 e dez/2006. Assim, o lançamento não é válido, por ter aplicado norma superveniente de forma retroativa. Esse procedimento confraria o disposto no artigo 144 do Código Tributário Nacional. Defende que, ademais, os dispositivos referidos no auto de infração determinam a aplicação de pena de perdimento convertida em multa e não de multa, distinção necessária à diferenciação do tipo penal. Alega falta de tipicidade legal, pois os fatos colhidos não podem subsumirse a um tipo se as provas indicam a aplicação de outro. Defende que, como a própria fiscalização dividiu, os recursos empregados tiveram como origem as "Transferências entre contas de titularidade da CONECVAL", "Desconto de Duplicatas" e "Empréstimos obtidos" especialmente junto ao Banco Modal, e que "a Impugnante prestou ao Fisco as informações e provas acerca da origem e transferência dos recursos empregados nas importações e que a fiscalização queria que a impugnante apresentasse prova da origem da origem o que não está consignado na presunção legal." Alega irregularidade no procedimento fiscal, que "compara” os valores que forma referência para cobrança da CPMF” (fls.39) e "os valores registrados nos Livros Razão da empresa fiscalizada” (fls.40). Com isso concluiu que há "diferenças entre Fl. 521DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 6 o Dossiê PJ e Razão (o que deixou de ser contabilizado)" (fls.40.)". Defende que os próprios valores registrados pela fiscalização comprovam que detinha recursos (origem/transferência/disponibilidade) para fazer frente às importações. Alega que a prova do dossiê é imprestável à identificação da real receita da Impugnante, uma vez que não é absoluta a relação entre CPMF recolhida e receita, e, ademais, a presunção de que o dossiê está correto não é legal, além de servir de prova da receita contabilizada das empresas. Aponta contradições do procedimento fiscal e registra que "impende ressaltar que além de a fiscalização não ter autorização expressa para empreender procedimento especial de fiscalização, não havia pressuposto fático ou jurídico para tanto. Ademais, as exigências feitas pela fiscalização denotam que não houve respeito aos limites jurídicos da presunção mas mesmo assim a Impugnante sempre atendeu a fiscalização dentro de seus limites físicos. Por fim, cabe ressaltar que TODAS AS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO FORAM REGISTRADAS NO SISCOMEX E NOS LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS DA 1MPUGNANTE e que, para todo os recursos necessários ao ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE IMPORTAÇÃO, foram apresentadas PROVAS da ORIGEM, OU da TRANSFERÊNCIA que evidenciaram a DISPONIBILIDADE” (sic) Requer seja julgada procedente a impugnação excluindo a penalidade aplicada. Na decisão de primeira instância, proferida na Sessão de Julgamento de 06/11/2009, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis/SC considerou procedente a impugnação, exonerando o crédito tributário lançado, conforme Acórdão n° 07 18.016 de fls. 873 a 881: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 10/10/2002 a 27/10/2006 INFRAÇÃO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à norma legal, sem o que fica impossibilitada a aplicação de penalidade. Impugnação Procedente. Crédito Tributário Exonerado Ultrapassado o limite de alçada, foi apresentado pelo presidente do Colegiado recorrido, recurso de ofício na forma da legislação de regência. Os autos foram enviados ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e fui designado como relator do presente recurso de oficio, na forma da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, requisitando a sua inclusão em pauta para julgamento. É o Relatório. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 4 7 Voto Vencido Conselheiro Daniel Mariz Gudiño – Relator O valor exonerado pela decisão de primeira instância ultrapassa o valor de alçada atualmente vigente (na forma da Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008), portanto, tomo conhecimento do recurso de ofício. Conforme se depreende do relatório, tratase de processo administrativo que consubstancia auto de infração lavrado para aplicar a multa de conversão da pena de perdimento com base na presunção de interposição fraudulenta de terceiros em operações de importação realizadas pelo Interessado. Entretanto, a autoridade fiscal responsável pela lavratura do auto de infração não logrou êxito em correlacionar a suposta falta de origem, disponibilidade e transferência dos recursos do Interessado e as importações que teriam dado causa à presunção de interposição fraudulenta de terceiros. É o que se constata a partir do voto da decisão ora recorrida às fls. 880: O procedimento fiscal, por sua vez, restringiuse à análise de parte da origem e transferência dos recursos transitados pelas contascorrentes da interessada. Todavia, não se vê a necessária correlação entre esses recursos, cuja origem e transferência se concluiu não terem sido regularmente comprovados, e as operações de comércio exterior a que se referiam. Portanto, as conclusões que levaram a fiscalização a autuar o Interessado foram resultado de uma análise por amostragem e sem a especificação das operações de importação nas quais os recursos sem origem teriam sido aplicados, o que inviabiliza a aplicação do art. 23, § 2º, do Decreto nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. A propósito, destaco, a seguir, mais um trecho do voto da decisão ora recorrida que bem ilustra essa situação: O relatório fiscal registra que os recursos cuja origem, disponibilidade e transferência não foram comprovados tiveram como destino seu emprego no cumprimento de obrigações financeiras relativas à importações de mercadorias. Portanto, para essas operações poderia se estabelecer a presunção legal. Todavia não foi apontado, especificamente, em quais operações de importação esses recursos foram aplicados. Ao contrário, generalizouse de forma a concluir que se referiam a todas as operações de comércio exterior realizadas no período pela interessada. Como já dito, esse procedimento não possui previsão legal, de forma que macula o auto de infração em apreço, determinando sua improcedência. Diante de tais evidências, e sem adentrar no mérito de outras questões preliminares como a decadência das multas relativas ao período anterior a 06/07/2004, entendo Fl. 523DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 8 que não merece reforma a decisão recorrida, razão pela qual nego provimento ao recurso de ofício. É como voto. Daniel Mariz Gudiño Relator Voto Vencedor Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri – Redator Designado Trata o presente processo de lançamento de ofício, veiculado através de auto de infração, lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 19.985.755,00 referente a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, prevista no parágrafo 3° do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/1976 com a redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis/SC em decisão proferida na Sessão de Julgamento de 06/11/2009, considerou improcedente o lançamento efetuado, exonerando o crédito tributário lançado, conforme Acórdão n° 0718.016 de fls. 873 a 881, cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 10/10/2002 a 27/10/2006 INFRAÇÃO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à norma legal, sem o que fica impossibilitada a aplicação de penalidade. Impugnação Procedente. Crédito Tributário Exonerado Foi apresentado Recurso de Ofício, uma vez que o valor exonerado pela decisão de primeira instância ultrapassou o limite de alçada (Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008). O ilustre Conselheiro designado relator do processo entendeu que a fiscalização não logrou êxito em correlacionar a suposta falta de origem, disponibilidade e transferência dos recursos do Recorrente com as importações que teriam dado causa à presunção de interposição fraudulenta de terceiros. Divirjo do digno Conselheiro neste aspecto. Preliminar Fl. 524DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 5 9 Porém, antes de adentrarmos no mérito do litígio há que se analisar a preliminar de decadência. De fato, parte dos valores lançados já foram atingidos pela decadência, entretanto, entendo que a contagem do prazo deve ser feita de forma diferente daquela exarada no voto da decisão de primeira instância. O Acórdão da DRJFlorianópolis, em síntese, entendeu que no tocante às penalidades decorrentes de infrações à legislação aduaneira, deve ser o artigo 669 do Decreto n°4.543/2002, Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (que tem base legal no artigo 139 do DecretoLei No. 37/66). Discordo deste entendimento. O instituto da decadência, assim como o da prescrição, são matérias reservadas à leis complementares, nos termos do que dispõe o artigo 146, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal de 1988. Neste sentido, inclusive, o Supremo Tribunal Federal já declarou que é inconstitucional lei ordinária que dispunha de forma diferente do CTN na contagem de prazo da decadência. É de conhecimento geral que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao analisar os Recursos Extraordinários nº 55664, 559882 e 559943, declarou e reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, o que culminou na edição da Súmula vinculante nº 8, in verbis: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário” Mutadis mutandis, a mesma interpretação deve ser dada no caso em discussão, não apenas em razão de ser uma orientação vinculante, mas, principalmente, pelo fato do artigo 146, inciso III, alínea “b” da CF/88, como já se disse, prescrever a necessidade de lei ordinária para estes assuntos. Passemos, portanto, à análise da matéria à luz do CTN. Para os impostos incidentes em uma operação de importação, a lei obriga o sujeito passivo a antecipar o recolhimento sem prévio exame da autoridade administrativa, conforme dispõe o art. 27 do Decretolei nº 37, de 1966 c/c. o art. 106 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 4.543/2002, vigente à época dos fatos geradores. Esta característica insere o imposto na modalidade de lançamento por homologação, que se materializa, nos termos do art. 150 do CTN. E assim sendo, nos termos do parágrafo 4º deste mesmo artigo, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 anos, a contar da ocorrência do fato gerado, exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (parte final do parágrafo), verbis: Art. 150 O lançamento por homologação que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 10 [...] § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Destarte, no caso em litígio, fica afastada a possibilidade de aplicação do parágrafo 4º do artigo 150/CTN por tratarse de hipótese típica de simulação (na espécie interposição fraudulenta de pessoas). Deve ser aplicado, portanto, à regra geral prevista no art. 173, inciso I, do mesmo diploma legal, reproduzido no art. 138 do Decretolei nº 37, de 1966, com redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, ou seja, o termo inicial para contagem do prazo decadencial corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o tributo poderia ter sido lançado, verbis: Art. 173 . O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; E quando o lançamento poderia ter sido efetuado? Vejamos. Nos termos do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/1976 (redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002) será considerado dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias estrangeiras na importação, por ocultação dos agentes participantes, mediante fraude ou simulação (modalidade prevista no inciso V) ou no caso de não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior (modalidade prevista no parágrafo 2º ), sendo que ambas as infrações restarão caracterizadas no momento em que o importador presta ao Fisco todos os dados inerentes àquela operação de importação que pretende efetuar. Portanto, as infrações cometidas pela interessada ocorreram (aspecto temporal) na data do registro das Declarações de Importação. O Auto de Infração foi lavrado em 02/07/2009, a ciência ao interessado foi efetuada em 06/07/2009 (fls. 07) e referese às Declarações de Importações realizadas entre 10/10/2002 a 27/10/2006. Portanto, nos termos do artigo 173, I, do CTN, as infrações consubstanciadas nas Declarações de Importação efetuadas durante o ano de 2002 já foram fulminadas pela decadência. Por óbvio, as Declarações de Importação registradas a partir de 01/01/2003 não foram atingidas pela decadência. Para as operações efetuadas no ano de 2003 o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado foi o dia 01/01/2004, portanto, contados os 5 anos, o lançamento poderia ter sido efetuado até o dia 31/12/2009. Em conclusão, apenas infrações decorrentes das Declarações de Importação registradas até 31/12/2002 devem ser excluídas do presente lançamento de ofício. Mérito No mérito, entendo que a discussão principal do litígio referese à questão da prova da prática do ilícito, no caso, da interposição fraudulenta de pessoas. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 6 11 A priori, devemos destacar que a multa aplicada é decorrência da interposição fraudulenta presumida, prescrita no inciso V do artigo 23 do Decretolei n° 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002, pena prevista no parágrafo 1° do mesmo artigo, in verbis: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (...) (grifei) O dispositivo acima transcrito tratase de uma presunção legal relativa. Veja que nestes casos de simulação, da qual a interposição fraudulenta é espécie, os ilícitos são praticados com o intuito de dificultar ou, até mesmo, impossibilitar a produção das chamadas provas diretas. Assim, como meio de instrumentalizar a fiscalização no combate às fraudes, em alguns casos, a própria lei possibilita a utilização de presunções, que são provas indiretas. Basta, então provar os chamados fatos indiciários – no caso a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados – para que se presuma acontecidos os fatos indiciados ou presumidos – no caso a interposição fraudulenta (suscetível da multa aplicada), cujo reconhecimento da existência decorre meramente da prova dos fatos indiciários. A vinculação ou implicação lógica (subsunção) entre os fatos – indiciários e indiciados – já está construída pela norma geral e abstrata (construída através da interpretação da lei): conhecidos e comprovados os primeiros presumese os segundos (fato que se deseja demonstrar). Transcrevo, para corroborar este entendimento, abalizadas lições da doutrina quanto à definição da presunção: “É o resultado do processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa inferese o fato desconhecido cuja existência é provável” (Alfredo Augusto Becker) “É proposição prescritiva de natureza probatória, que, a partir da comprovação do fato diretamente provado (fato indiciário, fato diretamente conhecido, fato implicante), implica juridicamente o fato indiretamente provado (fato indiciado, fato Fl. 527DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN 12 indiretamente conhecido, fato implicado)” (Maria Rita Ferragut) (grifei) Portanto, entendo que não há que se falar em necessidade da comprovação da correlação existente entre cada uma das importações efetuadas com falta de origem, disponibilidade e transferência dos recursos da Recorrente. A própria lei incumbiuse da implicação lógica entre os fatos conhecidos e provados (indiciários) com os fatos presumidos, como já argumentado. Basta, portanto, a prova dos fatos indiciários. Ressaltese que a prova busca trazer os “eventos” que ocorreram no passado para o processo, entretanto, o que se consegue, na maioria das vezes, é a versão mais provável, mais próxima da verdade dos fatos. O que realmente aconteceu, dificilmente saberemos, pois não estávamos presentes no local e momento que o evento ocorreu. A “verdade real” é uma utopia, quase sempre, inatingível! As partes devem tentar demonstrar ao julgador a probabilidade da ocorrência dos fatos alegados, de forma a incutir a convicção na mente do julgador, para que possa fazer incidir determinada norma jurídica ao fato concreto. Dentre os três sistemas mais conhecidos de apreciação das provas – sistema da prova legal (certeza moral do legislador), sistema da íntima convicção (certeza moral do julgador) e sistema da persuasão racional (livre convencimento motivado) – o último foi acolhido pelo ordenamento jurídico brasileiro. Neste sistema de valoração da prova, o julgador forma livremente o seu convencimento, porém, dentro de critérios racionais que devem ser indicados. Assim, este Relator, após atenta leitura de todo o conjunto de provas (“quadroprobante”) constante dos autos, está plenamente convencido que ficou demonstrada e comprovada a falta de origem, disponibilidade e transferência dos recursos da Recorrente, senão vejamos a indicação dos elementos (critérios) que levaramme a esta conclusão: a Recorrente não comprovou, quando regularmente intimada pela fiscalização, a origem lícita dos recursos que transitaram em sua conta bancária e que foram utilizados para o pagamento das aquisições de produtos de origem estrangeiras, através de importação por conta e ordem efetivadas no período de 2002 a 2006 (vide relação de recebimentos às folhas 21/30); foi constatado pela fiscalização (folhas 37/42), através de dados coletados no Sistema Gerador Dossiê PJ, que a Recorrente mantinha conta bancária em instituição financeira (Banco Modal) que não foi indicada à fiscalização, e que nem tampouco foi registrada nos livros fiscais da empresa. Concluiu, então a fiscalização, que expressiva parcela da atividade comercial da empresa, afeta aos valores que transitaram nas mencionadas contas bancárias (em especial, aquela mantida no Banco Modal), foram omitidas das autoridades fiscais, inviabilizando a utilização dos registros contábeis da sociedade empresarial como forma de aferição da regular origem dos recursos empregados pela sociedade na consecução da atividade de comércio exterior; não comprovação da alegada transferência entre contas de titularidade da Recorrente (vide folhas 48/50); não comprovação da alegação de que os recursos que transitaram na conta corrente da Recorrente foram provenientes de operação bancária de “desconto de duplicatas”, Fl. 528DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Processo nº 10074.000863/200913 Acórdão n.º 3201000.634 S3C2T1 Fl. 7 13 onde seriam antecipados recursos pela instituição bancária de valores referentes de vendas a prazo (folhas 50/58); não comprovação da alegação da Recorrente ao indicar que os recursos que transitaram em sua conta corrente foram provenientes de valores obtidos por meio de empréstimos junto ao Banco Modal (folhas 59/66). A fiscalização relatou, detalhadamente, todas os elementos probantes que demonstraram a comprovação da falta de origem, disponibilidade e transferência dos recursos da Recorrente, conforme pode ser verificado às folhas 66 a 73 dos autos. Ademais, caberia à Recorrente demonstrar, pontual e objetivamente, inclusive com planilhas/memórias de cálculo, suas discordâncias, justificando e apresentado documentos comprobatórios de modo a evidenciar o afirmado (a regularidade na origem, disponibilidade e transferência dos recursos no pagamento de suas operações de comércio exterior), e não tentar invalidar informações anteriormente prestadas à fiscalização apenas aduzindo alegações genéricas e desacompanhadas de efetiva documentação probante. O art. 16, III, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, prescreve que a prova documental deverá ser apresentada no momento da impugnação, o que no meu entender, não foi feito à contento. Por fim, destaco ainda, que no tocante à questão da prova, principalmente, nestes casos de simulação, tratase das matérias das mais complexas. O professor Heleno Taveira Torres ilustra muito bem a necessidade de utilização das provas indiretas nestes casos, verbis: “...É o caso das provas da simulação. Porque a ação desta é geralmente encoberta e de pouca expressão material ou documental, sua prova exigirá sempre mais apelo às formas de prova indiciárias ou presuntivas, visando alcançar um conhecimento que corresponda o mais próximo possível à realidade”. À vista do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO, para manter a exigência consubstanciada no auto de infração constante deste processo. É como voto. Luís Eduardo G. Barbieri Redator Designado Fl. 529DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 27/05/2012 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, A ssinado digitalmente em 26/06/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN
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Numero do processo: 10380.002685/2006-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2002
APLICAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Súmula CARF N° 02.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-000.703
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Súmula CARF N° 02. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Judith do Amaral Marcondes Armando Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. EDITADO EM: 06/07/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith do Amaral Marcondes Armando, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luis Eduardo Garrossino Barbieri e Daniel Mariz Gudino. Fl. 0DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 2 Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho de Contribuintes, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado o Auto de Infração da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, fls. 03/09, para formalização e cobrança do crédito tributário nele estipulado no valor total de R$ 27.399,19, incluindo encargos legais. A infração apurada, relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 04/05, foi, em síntese, a seguinte: PIS Faturamento. Falta/Insuficiência de Recolhimento do PIS: A presente fiscalização foi motivada por representação fiscal formulada quando do encerramento da auditoria para o IRPJ que resultou em autos de infração formalizados no Processo 10380.004192/200572. Os indícios referiam a receitas financeiras de juros não incluídas na base de cálculo do PIS e da COFINS para o anocalendário 2002. O procedimento fiscal ora realizado no contribuinte epigrafado foi iniciado com Termo datado de 22.12.2005, em anexo. Em atendimento ao Termo de Início a CALILA Administração e Comércio S/A apresentou para o ano calendário 2002: Cópias de Estatuto Social e Atas de Assembléias Gerais posteriores; Livros Diário, Razão e Lalur; Planilhas e demonstrativos das bases de cálculo dos tributos e contribuições e Planilhas de Empréstimos; Informações quanto à ações judiciais pertinentes. Foi então procedida por amostragem auditoria nos documentos disponibilizados de forma a comprovar as receitas base de cálculo da fiscalizada para o PIS e para a COFINS. Ficou então constatado que a CALILA ofereceu à tributação do IRPJ e da CSLL juros de 1% (um por cento) ao mês, calculados sobre empréstimos concedidos à empresas ligadas, que foram devidamente oferecidos à tributação através de sua adição ao Lucro Líquido do exercício, tal como atestam as cópias inclusas dos respectivos LALUR. Em Termo de Intimação datado de 23.02.2006 o contribuinte foi instado a justificar a não inclusão destas receitas na base de cálculo do PIS e da COFINS de acordo com o inciso 1º, do artigo 3º da Lei 9.718/98, vigente para os fatos geradores em questão. Caso a empresa tivesse no âmbito judicial decisão para a matéria que fosse apresentada documentação por ventura existente. A resposta do contribuinte para a situação supraensejada, datada de 13.03.2006, em anexo, refere: Fl. 1DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 10380.002685/200659 Acórdão n.º 3201000.703 S3C2T1 Fl. 243 3 1 A empréstimo contraído pela CALILA junto à sociedade Jereissati Centros Comerciais S/A sobre o qual passou a incidir juros de 1% (um por cento) ao mês, sendo que a tais encargos foi dado tratamento fiscal/contábil de despesas financeiras; 2 A empréstimos concedidos a outras coligadas sobre os quais foram calculados encargos e estornados via Lalur. As alegações aqui postas diferem na forma de colocação das apresentadas pelo contribuinte ao Processo 10380.004192/200572, acima referido, na fl. 359, quando diz "a impugnante concedeu empréstimos à empresas ligadas, e sobre os quais foram cobrados juros de 1% (um por cento) ao mês, que foram devidamente oferecidos à tributação através de sua adição ao Lucro Líquido do exercício, ...”. Tendo em vista que a legislação vigente para a matéria e fatos geradores em questão não tem previsão legal para exclusão da base de cálculo do PIS e da COFINS dos valores mensais de juros apontados pelo contribuinte quer seja como receita financeira quer seja como despesa financeira estornada, procedemos ao lançamento dos valores devidos através do presente Auto de Infração. Enquadramento Legal: Artigos 1º e 3º, alínea "b", da Lei Complementar nº 07/70; Arts. 2º, inciso I, 8º, inciso I e 9º, da Lei nº 9.715/98; Arts. 2º e 3º, da Lei nº 9.718/98; Arts. 2º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/02. Inconformado com a autuação acima descrita, da qual tomou ciência em 22/03/2006 (fls. 203), o contribuinte, em 20/04/2006, apresenta impugnação (fls. 207/208), alegando o seguinte: “CALILA ADMINISTRAÇÃO E COMÉRCIO S/A, sociedade inscrita no CNPJ sob o nº 07.204.217/000162, com sede na Rua Professor Dias da Rocha nº 920, Aldeota, FortalezaCE, CEP60170.310, neste ato representada por sua DiretoraPresidente que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, por não se conformar com a lavratura do Auto de Infração relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, cuja intimação deuse no dia 22/03/2006, contra o mesmo interpor a presente IMPUGNAÇÃO, na forma autorizada pelos arts. 15 e seguintes do Decreto nº 70.235/72, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: DOS FATOS E DO DIREITO 1 . Em 22/03/2006, a IMPUGNANTE sofreu autuação fiscal relativa à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, exigindo um crédito tributário de R$ 27.399,19. 2. Segundo o relatório da fiscalização constante do Auto de Infração, a autuação motivouse pelo suposto entendimento de que "(...)” (grifamos). Fl. 2DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 4 3. Entendeu a fiscalização, de forma unilateral e sem a análise dos registros contábeis da IMPUGNANTE, que a mesma omitira receitas da base de cálculo do PIS, quando na verdade tais valores, constantes apenas de registro no Lalur, tratase na realidade de estorno de parte da despesa oriunda da atualização do mútuo com a coligada Jereissati Centros Comerciais S/A, conforme posto a seguir: 4. A partir do anocalendário de 1995, com a extinção da correção monetária do balanço, as empresas controladas ou coligadas ficaram desobrigadas de instituir quaisquer encargos sobre empréstimos ou simplesmente transferências em conta corrente entre si, salvo em situações especiais que configurem operações tributáveis pelo fisco. 5. O mútuo entre Calila e Jereissati, deveuse a transação onerosa, envolvendo permuta de imóveis com torna, cujo contrato previa a incidência de juros de 1% ao mês. 6. A partir da celebração de tal contrato, nas transferências monetárias promovidas pela Calila para outras empresas, foram feitas exclusões via Lalur, dos encargos proporcionais debitados à Jereissati. 7. Diante da real situação, é de se estranhar que a fiscalização entenda que a IMPUGNANTE tenha "cobrado" de suas coligadas devedoras, o valor dos encargos calculados sobre os repasses, visto que os mesmos foram reconhecidos via Lalur, por tratarse de mera exclusão da receita financeira debitada à Jereissati, se tais valores tivessem sido cobrados, não constaria do Lalur, mas sim da contabilidade da IMPUGNANTE. 8. É de se ressaltar que o Auto de Infração ora impugnado é totalmente improcedente e não pode prosperar, notadamente, como demonstrado pela IMPUGNANTE de forma objetiva, além do fato de flagrante inconstitucionalidade que a fiscalização insiste em cobrar. DO PEDIDO FINAL 9. Ante todo o exposto, requer a IMPUGNANTE à Vossa Senhoria que seja JULGADO IMPROCEDENTE o Auto de Infração ora impugnado, com o conseqüente CANCELAMENTO do débito tributário, objeto do lançamento.” O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 0811.946 de 11/10/2007, proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS FINANCEIRAS. REMUNERAÇÃO DE MÚTUO. É imperiosa a tributação de ofício da receita de juros decorrentes de mútuo, quando o contribuinte não considera tais valores em sua base de cálculo. Lançamento Procedente.” O julgamento foi no sentido de considerar procedente o lançamento, para manter o crédito tributário exigido mediante Auto de Infração de fls. 03/09. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 10380.002685/200659 Acórdão n.º 3201000.703 S3C2T1 Fl. 244 5 O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Tratase de fiscalização motivada por representação fiscal formulada quando do encerramento da auditoria para o IRPJ que resultou em autos de infração formalizados no Processo 10380.004192/200572. Referência a receitas financeiras de juros não incluídas na base de cálculo do PIS e da COFINS para o anocalendário 2002. Verificase no auto que a fiscalização apurou divergência na apuração da base de cálculo da contribuição em relação a não inclusão das receitas financeiras de juros do PIS. Inicialmente, é preciso esclarecer que o art. 62 do novo Regimento Interno do Carf, Anexo II da Portaria MF nº 256, de 2009, dispõe o seguinte: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do Advogado Geral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 6 Dessa forma, se o STF já houver se pronunciado definitivamente pelo seu plenário a respeito da inconstitucionalidade de lei, o parágrafo único, I, do artigo acima citado permite que a aplicação da lei seja afastada. Em 15/08/2006, publicouse decisão do Pleno do STF no âmbito dos recursos extraordinários 357.950 e 358.273, transitada em julgado em 5/09, que considerou inconstitucionais as alterações das bases de cálculo do PIS e da Cofins promovidas pela Lei nº 9.718, de 1998, art. 3º, § 1º. O Acórdão e a ementa tiveram as seguintes redações: Após os votos dos Senhores Ministros Marco Aurélio (Relator), Carlos Velloso e Sepúlveda Pertence, conhecendo do recurso e provendoo, em parte, e dos votos dos Senhores Ministros Cezar Peluzo e Celso de Mello, provendoo, integralmente, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Eros Grau. Falaram, pela recorrente, o Dr. Ives Gandra da Silva Martins e, pela recorrida, o Dr. Fabrício da Soller, Procurador da Fazenda Nacional. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Nelson Jobim (Presidente). Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie (VicePresidente). Plenário, 18.05.2005. Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Eros Grau, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de 2003. Presidência do Senhor Ministro Nelson Jobim. Plenário, 15.06.2005. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu do recurso extraordinário e, por maioria, deulhe provimento, em parte, para declarar a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, vencidos, parcialmente, os Senhores Ministros Cezar Peluso e Celso de Mello, que declaravam também a inconstitucionalidade do artigo 8º e, ainda, os Senhores Ministros Eros Grau, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e o Presidente (Ministro Nelson Jobim), que negavam provimento ao recurso. Ausente, justificadamente, a Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 09.11.2005. CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do Fl. 5DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN Processo nº 10380.002685/200659 Acórdão n.º 3201000.703 S3C2T1 Fl. 245 7 artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Assim sendo, o presente lançamento quanto à não inclusão das receitas financeiras de juros na base de cálculo do PIS (artigo 3º, parágrafo 1º, da Lei n. 9.718, de 1998) não deve prosperar. Registrese que, no AgRg no Re nº 400.479, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal considerou que o conceito de faturamento alcança não só o produto de vendas de mercadorias e produtos, como também as receitas decorrentes das atividades empresariais. Em seu voto o relator consignou o seguinte: Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominadas prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. (Decisão publicada no Diário de Justiça de 6 de novembro de 2006.) Dessa forma, não estavam sujeitas à contribuição as receitas financeiras de juros, em face da inconstitucionalidade da majoração da base de cálculo pela Lei nº 9.718, de 1998, devendo, assim, ser excluídas da base de cálculo em sua totalidade. Por fim, o STF já reconheceu como matéria de Repercussão Geral a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 que ampliou a base de cálculo da Cofins e do PIS (RE 585.235, Min. Cezar Peluso), devendo ser obrigatoriamente aplicado no Contencioso Administrativo Tributário, por força do que dispõe o artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF no. 256/2009. Por todo o exposto, dou provimento ao recurso voluntário. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 6DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN 8 Fl. 7DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 6/07/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por JUDITH DO AMARA L MARCONDES ARMAN
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Numero do processo: 10111.000192/2005-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Dec 05 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Dec 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Período de apuração: 13/12/2004
Imposto Sobre a Importação II
ISENÇÃO VINCULADA À QUALIDADE DO IMPORTADOR. TRANSFERÊNCIA DO BEM.
Em caso de isenção vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso dos bens, a qualquer título, obriga ao pagamento dos impostos que deixaram de ser recolhidos, acrescidos dos juros e mora e das penalidades cabíveis. A transferência dos bens com manutenção do benefício fiscal, somente pode ser feita a pessoa que goze de igual tratamento tributário, assim reconhecida e mediante prévia decisão da autoridade aduaneira.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3201-000.833
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negado provimento ao recurso, nos termos da relatora.
Nome do relator: JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMANDO
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Em caso de isenção vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso dos bens, a qualquer título, obriga ao pagamento dos impostos que deixaram de ser recolhidos, acrescidos dos juros e mora e das penalidades cabíveis. A transferência dos bens com manutenção do benefício fiscal, somente pode ser feita a pessoa que goze de igual tratamento tributário, assim reconhecida e mediante prévia decisão da autoridade aduaneira. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, [Tabela de Resultados] [assinado digitalmente] Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. [assinado digitalmente] Judith do Amaral Marcondes Armando Relatora. EDITADO EM: 29/01/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D’Amorim, Judith do Amaral Marcondes Armando, Fl. 137DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO 2 Adriana Oliveira e Ribeiro, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo, Daniel Mariz Gudiño, ausentes justificadamente Marcelo Ribeiro Nogueira e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório A EMBRAPA, empresa já qualificada nestes autos, importou, ao abrigo da Lei n. 8.010/1990, mediante Declaração de Importação nº. 04/12714978, de 16 de dezembro de 2004, aparelhos diversos, dentre os quais um espectrofotômetro com as características descritas no volume V deste processo. Em 08 de abril de 2005 solicitou à Inspetora da Alfândega do Aeroporto Internacional de Brasília, a transferência do aparelho para a UNICAMP, que, autorizada nos termos do projeto AVALIAÇÃO DO TEOR DE ACIDO ASCÓRBICO E DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E CORANTES DOS CAROTENÓIDES DO BAGAÇO DE PERIDÍCULO DE CAJU, registrado junto ao CNPq, o tomaria em comodato por dois anos, segundo cópia do contrato enviado como anexo ao pedido. Em 11 de maio de 2005, como decorrência das ações desenvolvidas pela Seção de Fiscalização Aduaneira, daquela Alfândega, foi lavrado o auto de infração em face da EMBRAPA, ao argumento de que havia transferido o aparelho em desconformidade com o art. 123, do Decreto nº. 4.345, de 2002, cuja base legal é o art 11, inciso I, parágrafo único do DL nº. 37/1966. Cientificada do lançamento em 18/05/2005, conforme fl. 11, a empresa insurgiuse contra a exigência, apresentando a impugnação de fls. 2434, em 16/06/2005, na qual expõe as seguintes razões de defesa: enviou correspondência à Inspetoria da Receita Federal solicitando autorização para transferência do equipamento importado com o benefício fiscal conferido pela Lei n° 8.010/1990, acompanhada por cópias do contrato de comodato firmado, em 22/03/2005, entre a Embrapa e a Unicamp, bem como do ofício expedido pelo CNPq, não se opondo à pretendida transferência, a título de modelos; embora tenha sido formalizado o contrato de comodato, não houve qualquer transferência do bem para uso da comodatária, tendo a Embrapa, em verdade, antecipado a documentação no intuito de demonstrar que o equipamento seria cedido em regime de comodato à Unicamp após a aprovação do órgão fiscal; Embrapa e Unicamp apenas se anteciparam na feitura do contrato, agindo com boafé, sem que fosse implementada a transferência ou entrega do bem (tradição), pois jamais tiveram a intenção de lesar a Fazenda Nacional ou descumprir qualquer disposição legal, haja vista a comunicação expressa desse ato volitivo à Receita Federal; o interesse da Embrapa foi apenas de instruir e legitimar a aprovação da futura transferência do bem à comodatária, após a decisão da autoridade aduaneira, em conformidade, ainda, com o consentimento do CNPq; a EMBRAPA E A UNICAMP foram, no máximo açodadas, porém nenhum prejuízo trouxeram ao Fisco, ao revés, foi submetido à apreciação da autoridade fiscal o pedido Fl. 138DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO Processo nº 10111.000192/200573 Acórdão n.º 320100.833 S3C2T1 Fl. 2 3 para transferência do bem, que permanece ainda na sede da Embrapa aguardando a prévia autorização; que a doutrina proclama que as pessoas têm direito de somente serem consideradas sujeitos passivos de tributos após a ocorrência de seus fatos imponíveis e a segurança jurídica exige que a lei tributária seja estritamente interpretada, não compadecendo de uma interpretação extensiva ou analógica, pois atine à liberdade e propriedade; que o princípio da boafé irradia efeito sobre o Fisco e o contribuinte, exigindo que ambos respeitem os interesses do outro, devendo as normas ser interpretadas em harmonia com o citado princípio; que o tributo só pode ser exigido quando um fato ajustase rigorosamente a uma hipótese de incidência; nem a lei nem a Fazenda podem considerar ocorrido um fato imponível por mera ficção ou presunção, independente da efetiva verificação dos fatos, não sendo admissível ignorar o princípio da tipicidade fechada; que os tipos tributários não podem ser alargados por meio de presunções, ficções ou meros indícios, sinais ou suspeitas, cabendo ao Fisco o dever de imparcialidade, limitandose a sopesar o fato que vai declarar subsumido à hipótese de incidência, eis que o lançamento também está sob a égide da segurança jurídica, com os seus consectários (legalidade, tipicidade fechada, ampla defesa), não podendo, sob pena de nulidade, adotar critérios próprios no lugar dos legais; que a especificação dos procedimentos adotados pelo Fisco para lançar tem por escopo a descoberta da verdade material, que dará um juízo de certeza (e não apenas de verossimilhança) acerca da existência dos fatos tributários; que vigora o princípio da presunção de inocência até demonstração cabal em contrário, cujo ônus pertence ao acusador, de modo que uma pessoa só pode ser havida por violadora da ordem jurídica com base em fatos consistentes e incontroversos, prevalecendo o axioma in dúbio contra fiscum; que o Estado deve comprovar a culpabilidade do contribuinte, que é presumido inocente, sendo presunção iuris tantum, a qual só pode ceder com um mínimo de prova produzida por meio do devido processo legal e com garantia da ampla defesa, não cabendo exigir da defesa produção de provas referentes a fatos negativos (provas diabólicas); que não havendo certeza quanto aos fatos, nem o tributo pode ser exigido nem a sanção aplicada, pois os indícios não exoneram a Fazenda do ónus probandi, cabendo averiguar se por detrás deles existe realmente o fato imponível ou a infração tributária, com base em provas diretas ou indiretas; que conjecturas, indícios, intuições, não podem levar a lançamento de tributos ou imposição de penalidade, exigindose o "batismo de certeza" que só as verdadeiras provas fornecem; que nos termos do art. 124 do Decreto n° 4.543/2002, em homenagem aos princípios da ampla defesa, boa fé, segurança jurídica e verdade material, caberia diligência por parte da autoridade aduaneira, a fim de conferir que o bem se encontra na sede da Embrapa em Brasília; Fl. 139DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO 4 que o contrato de comodato só se perfaz com a tradição da coisa, nos termos do art. 579 do Código Civil, logo inexistindo a tradição do bem, não cabe sanção fiscal, devendose ressaltar que a nota fiscal de transferência é o documento indispensável para realização dessa operação, sendo que, no caso, não foi emitida porque ainda não transferido o equipamento; que a doutrina confirma que o comodato, para se realizar, depende da entrega da coisa emprestada (tradição), o que equivale ao recebimento do bem pelo comodatário, sendo que, antes desse ato, somente é possível de reconhecimento a promessa de dar coisa em comodato, contrato consensual atípico, não regulamentado pelo Código Civil; por fim, considerando que não foi implementada a transferência do citado equipamento e que o contrato de comodato, enquanto não transferido o bem, não gera efeitos jurídicos além da simples promessa de comodato, requer o cancelamento dos auto de infração. A DRJ analisou a questão sob o ângulo da legalidade da transferência realizada, concluindo que o bem importado com isenção ligada a qualidade do importador passou a posse de outro beneficiário, sem cumprir as regras previstas, em especial o art. 11 do Decretolei n° 37/1966, com o conteúdo normativo do art. 123 do Decreto n° 4.543/2002 (vigente à época do fato): É o relatório. Voto Conselheira Relatora Judith do Amaral Marcondes Armando Aprecio o recurso interposto em nome da EMBRAPA, em boa forma. Conforme relatado, a Empresa importou ao abrigo da Lei n. 8.010, de 19,,, aparelhos que estavam destinados a pesquisas autorizadas pelo CNPq. Tendo em vista interesses compartilhados da EMBRAPA com a UNICAMP, e a luz do subprojeto AVALIAÇÃO DO TEOR DE ACIDO ASCÓRBICO E DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E CORANTES DOS CAROTENÓIDES DO BAGAÇO DE PERIDICULO DE CAJU, a EMBRAPA transferiu, sob regime de comodato, um espectrofotômetro, a UNICAMP, antes de obter a licença da SRFB. A legislação tributaria aduaneira versa da seguinte forma sobre a possibilidade de transferir ou ceder bens importados sob regime de isenção vinculada a qualidade do importador. 123. Quando a isenção ou a redução for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso dos bens, a qualquer título, obriga ao prévio pagamento do imposto (Decretolei ri1 37, de 1966, art. 11). Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos bens transferidos ou cedidos: I a pessoa ou a entidade que goze de igual tratamento tributário, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira (Decretolei n" 37, de 1966, art. 11, parágrafo único, inciso 1); Fl. 140DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO Processo nº 10111.000192/200573 Acórdão n.º 320100.833 S3C2T1 Fl. 3 5 II após o decurso do prazo de três anos, contado da data do registro da declaração de importação, no caso de bens objeto da isenção a que se referem as alíneas "c" e "d" do inciso I do arí. 135 (Decretolei n" 1.559, de 29 de junho de 1977, art. Ia); e 111 após o decurso do prazo de cinco anos, contado da data do registro da declaração de importação, nos demais casos.. Observamos que não há possibilidade de aceitar, legalmente, que o equipamento seja cedido fora dessas margens, estreitas, fixadas pela norma. A EMBRAPA reconhece que não obteve a licença necessária. Entretanto, a guisa de justificativa, informou que os documentos acostados ao pedido de autorização para transferência eram apenas modelo, e que havia solicitado diligência à sua sede onde se encontrava o equipamento, aguardando a dita autorização. Verificamos, assim, que a questão poderia deixar de ser tributária e passaria a ser de procedimentos, caso entendêssemos que tais fatos modificariam o entendimento sobre os documentos já mencionados. Não é sensato crer e portanto e desnecessário argumentar nesse sentido, que um órgão público desejasse ludibriar outro órgão público Nada obstante, entendo que os documentos acostados são claros no sentido de que houve a transferência antes da autorização da Alfândega, e que tal fato, ao não ser admitido francamente pela EMBRAPA, gerou justificativas, dentre as quais, uma, a que a demanda de diligência, não atendida pela administração tributaria – ensejaria um outro rumo para analise e decisão desta lide. Ora, não há espaço para essa trilha. No caso concreto, em 13/04/2005, a impugnante protocolizou requerimento de autorização para transferência a terceiro do equipamento importado com isenção (fl. 01). Na mesma data informou que a UNICAMP é beneficiária do mesmo incentivo fiscal, ou seja, que não pretendia pagar pelos tributos de importação, adicionou cópia do contrato de comodato, inclusive com termo de recebimento do bem, de 22 de março de 2005. Não há qualquer referencia ao fato de se tratar de modelos que seriam utilizados caso e quando a transferência fosse autorizada. No meu entender não cabia diligência naquela oportunidade, uma vez que os documentos não deixam dúvidas do fato ocorrido. Assim, não creio estarmos diante de erro procedimental que possibilite alterar a convicção desta julgadora de que o curso do processo legal foi correto, a despeito de longo. Outrossim, no presente momento, seria inócua eventual diligência com a mesma finalidade, uma vez que, já transcorrido o prazo de vigência do comodato, o bem pode perfeitamente haver retornado e encontrarse na sede da litigante, sem que isso tenha força de provar que não fora transferido naquela ocasião. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO 6 Como consta na decisão a quo, a prova cabível remonta a 22/03/2005 e é suficiente para demonstrar que o equipamento foi cedido em comodato antes de autorizado por quem competente. Em razão dos fatos, voto por manter o auto de infração em sua totalidade, e nego provimento ao recurso interposto. Sala das sessões, 05 de dezembro de 2011 [assinado digitalmente] Judith do Amaral Marcondes Armando Relatora Fl. 142DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 13981.000038/2005-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Dec 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: COFINS
Ano-calendário: 2004
A pessoa jurídica poderá descontar créditos apurados em
relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for
suportado pelo vendedor, conforme caso do inciso II, art.
3º, da Lei nº. 10.833/2003.
A legislação que rege a COFINS na sistemática de apuração não-cumulativa não condiciona o crédito à observância do regime contábil da competência para a emissão e o registro de documentos fiscais.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3201-000.828
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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A legislação que rege a COFINS na sistemática de apuração nãocumulativa não condiciona o crédito à observância do regime contábil da competência para a emissão e o registro de documentos fiscais. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. EDITADO EM:05/12/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Judith do Amaral Marcondes Armando, Fl. 595DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 Daniel Mariz Gudiño,Adriana Oliveira e Ribeiro e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Ausências justificadas de Luciano Lopes de Almeida Moraes e Marcelo Ribeiro Nogueira . Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Trata o presente processo de “Pedido de Ressarcimento” de créditos de Cofins, relativo ao terceiro trimestre de 2004, no valor de R$195.429,95, com base no art. 3º. Da Lei nº. 10.833/2002. Na análise da documentação apresentada pela contribuinte, concluiu a autoridade fiscalizadora por evidenciar as seguintes inconsistências que deram origem às glosas: 1 – Linha 02 Glosas de Valores de “Bens utilizados como insumos”: Neste item, às fls. 94/96, consta uma relação detalhada das inconsistências encontradas quanto aos bens utilizados como insumos em relação a alguns dos fretes e operações enquadradas nos CFOP 1.101, 2.101, 1.124 e 2.124, onde são descritos os valores glosados, o emissor e o número da nota fiscal, o motivo da glosa, o mês e a folha; 2 Linha 04 – Glosa a título de Despesas de Energia Elétrica: no valor de R$ 135.871,01, relativos à correção monetária, multa e juros por atraso no pagamento, além de erro constatado na totalização das faturas; 3 Linha 07 – Despesas de Armazenagem de Mercadoria e Frete na Operação de Venda: onde foi glosado o valor de R$ 1.450,00, relativa à nota fiscal nº. 7.093, da empresa Itracon – Itajaí, pelo fato da contribuinte não ter enviado o comprovante solicitado na intimação Saort nº. 12.967 (fl. 78). Houve o reconhecimento parcial do direito creditório no valor de R$ 137.955,23, como sendo o saldo da Cofins, observando o disposto no art. 34 da Instrução Normativa nº. 600/2005. A contribuinte apresenta a manifestação de inconformidade (fls. 106/113), onde traz uma relação das glosas com as quais não concorda e os respectivos motivos: Fl. 596DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13981.000038/200541 Acórdão n.º 320100.828 S3C2T1 Fl. 2 3 Glosa dos Conhecimentos de frete nºs. 647, 564, 572, 571, 600 e 669 da empresa Transportes E.A.E. Ltda (Quadro 1), cujos valores foram glosados em vista de que, nos referidos documentos “consta como remetente de carga de toras de pinus um fornecedor que, segundo o relatório de entradas às fls. 55, 56 e 57, nada forneceu à madereira Seleme no trimestre”. Sobre esta glosa, alega que todos os conhecimentos de frete em questão se referem a transporte de toras de Pinus (matériaprima) adquiridos da empresa Klabin S/A, cujas notas fiscais de aquisição constam do relatório de aquisições de fls. 55, 56 e 57 anexo I do presente; que são prestações legítimas, efetivamente realizadas, escrituradas e pagas pela requerente em favor da empresa de transportes, cujos valores coincidem exatamente como os respectivos conhecimentos de frete. Esclarece que apenas os conhecimentos nºs. 647, 564 e 572 foram preenchidos equivocadamente pelo transportador quanto ao remetente das mercadorias, indicando a empresa Tisa Fruticultura e Reflorestamento Ltda., quando deveria ser Klabin S/A, o que foi retificado pelo próprio transportador através da Carta de Correção – Anexo 2;. Esclarece, ainda, que a empresa de transportes E.A.E. Ltda. emitiu os conhecimentos de frete englobando todas as prestações realizadas na quinzena, conforme faculta a legislação do ICMS por se tratar de prestações repetidas. Glosa da nota fiscal nº. 52.664 de Woodgrain do Brasil Ltda. (Quadro 2): no valor de R$ 436.074,73, que foi excluída pelo fato de não ter sido possível concluir que efetivamente se tratava de nota complementar relativa a serviços de industrialização. Além disso, teria sido emitido sem a observância do regime de competência. Alega que a nota em questão se refere a complemento de preço por serviços de industrialização efetuados no período de janeiro a agosto de 2004, que se trata de operação legítima e devidamente registrada nas escritas contábil e fiscal. Anexa aos autos a Carta de Correção de declaração emitida pela referida empresa, descrevendo a natureza jurídica da operação, bem como as notas fiscais as quais se refere o complemento, bem como as notas que deram origem à emissão da nota fiscal complementar (anexo 3). Quanto à inobservância do regime de competência, observa que o direito ao crédito independe da observação do regime contábil da competência para a emissão ou registro de documentos fiscais; importa é que se trata de operação legítima, para a qual a legislação assegura o direito ao crédito. Glosa das notas fiscais nº. 372.611, 373.797, 375.195 e 376.813 de Clariant S/A; nº. 108.820 e 109.842 de Alba Química; nº. 125.328 de Bordem Química; nº. 9.718 de Manuli Fitasa; nº. 35.659 de Ind. Química Mascia e do CTRC nº. 7.093 de Intracon (Quadros 3 e 4); Aduz estranhar o fato de que tais documentos não tenham sido enviados, conforme consta do relatório fiscal, pois tem a convicção que foram enviados prontamente cópia de todos os documentos solicitados em resposta à intimação nº. 12.967, conforme cópia do protocolo em anexo. Para superar esta questão, envia cópia dos documentos fiscais em questão para que sejam Fl. 597DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 revistas as glosas, uma vez que se tratam de operações com direito a crédito (anexo 4) Requer , por fim, o reconhecimento do direito ao ressarcimento de créditos de Cofins, especificados na presente manifestação. O pleito foi deferido em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/FNS no 0721.100, de 10/09/2010, proferida pelos membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte.” O julgamento foi no sentido de dar provimento parcial à manifestação de inconformidade interposta pelo interessado. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória; bem como fundamenta com provas documentais. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o relatório. Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim O recurso voluntário é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Trata o presente processo de “Pedido de Ressarcimento” de créditos de Cofins, relativo ao terceiro trimestre de 2004. A decisão de primeira instância, tendo em vista provas trazidas pela recorrente, relativas às notas fiscais nº. 372.611, 373.797, 375.195 e 376.813 de Clariant S/A; Fl. 598DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13981.000038/200541 Acórdão n.º 320100.828 S3C2T1 Fl. 3 5 nº. 108.820 e 109.842 de Alba Química; nº. 125.328 de Bordem Química; nº. 9.718 de Manuli Fitasa; nº. 35.659 de Ind. Química Mascia e do CTRC nº. 7.093 de Intracon. Entendeu que as empresas são, via de regra, indústrias químicas, e que os produtos adquiridos pela contribuinte (solventes, cola, adesivos, etc...) são passíveis de serem utilizados como insumos em sua produção ou fabricação. Assim sendo, essas aquisições enquadramse entre aqueles para os quais há desconto dos créditos no regime nãocumulativo do PIS/Pasep (Lei nº 10.637, de 2002) e da Cofins (Lei nº 10.833, de 2003); afastando desse modo a glosa pela fiscalização. Quanto à glosa dos conhecimentos de frete n ° s 647, 564, 572, 571, 600 e 669 de Transportes E.A.E Ltda O motivo da glosa é que nos CTRCs constava "como remetente da carga de toras um fornecedor que, segundo o relatório de entradas fl. 55, 56 de 57, nada forneceu à Madeireira Seleme no trimestre". Percebo que a referida objeção foi devidamente esclarecida mediante prova documental. A decisão recorrida usou outro motivo para não conceder o crédito, a saber: nos CTRCs não consta a quais notas fiscais da Klabin S/A os mesmos correspondem. A Transportes E.A.E Ltda emite os CTRCs quinzenalmente, englobando num único documento todas as prestações realizadas no período, logo,não discrimina os números das notas fiscais das mercadorias transportadas. Não obstante, a requerente elaborou relatório discriminando todas as notas fiscais que correspondem a cada CTRC em questão, conforme anexo 01. Entendo que em sendo serviço de transporte de toras de pinus (principal matériaprima utilizada pela requerente em seu processo produtivo), referidas prestações ensejam direito a crédito, nos termos do inc. II do art. 3° da Lei de n° 10.833/2003. Assim sendo, a pessoa jurídica poderá descontar créditos apurados em relação ao frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Quanto à glosa da nota fiscal n° 52.664 de Woodgrain do Brasil Ltda A DRJ já tinha se pronunciado que tendo em vista provas trazidas pela recorrente, no tocante à nota fiscal n° 52.664 considerou como efetiva prestação de serviços de industrialização, complementando os valores pagos nos meses anteriores. No entanto, não considerou a nota fiscal em referência por ter sido emitido sem a observância do regime de competência. Ocorre que a nota fiscal do fornecedor Woodgrain do Brasil Ltda. referese a complemento de preço por serviços de industrialização efetuados no período de janeiro a agosto de 2004, tendo sido devidamente registrada nas suas escritas fiscal e contábil na data do seu recebimento. A legislação que rege a COFINS na sistemática de apuração não cumulativa não condiciona o crédito à observância do regime contábil da competência para a emissão e o registro de documentos fiscais. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 6 É indiscutível que o documento em questão gera direito de crédito do imposto, mesmo que se refira a complemento de preço de operações realizadas em períodos anteriores (janeiro a agosto de 2004). Logo, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá ser aproveitado nos meses subsequentes pelo valor originário que foi constituído e escriturado, sem atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores (leis n° 10.637/02, § 4° do art. 3° e n° 10.833/03, § 4° do art. 3°. Quanto à glosa do Crédito Relativo ao CTRC n° 7.093 de Intracon Transportes Tratase de despesa com frete, no valor total de R$ 1.450,00, onde consta a própria recorrente como emitente e tendo por destinatário da mercadoria o Porto de São Francisco do Sul. O frete foi pago pela recorrente, constando como mercadoria transportada um container – espécie 40” Dry cujo valor da mercadoria é R$ 20.000,00. Observase no referido CTCR o transporte de um container no valor de R$ 20.000,00, o que, por si só, não dá direito aos créditos no regime da nãocumulatividade. A recorrente não logrou comprovar sobre as mercadorias transportadas e a natureza da operação, e se houve armazenagem; tendo em vista que a Lei nº. 10.833/2003, art. 3º., IX, dispõe: “a pessoa jurídica poderá descontar créditos apurados em relação à armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo, quando o ônus for suportado pelo vendedor”. O que não ocorreu neste caso, apenas alegações. À vista do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 600DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 2/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 11080.009890/2008-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL COFINS
PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/10/2006 a 31/12/2006
COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS.
O “crédito de ICMS transferido a terceiros”, por representar um meio de
pagamento de insumos adquiridos de fornecedores, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, fora do campo de incidência da COFINS.
Não há a subsunção do evento/fato concreto (“transferência de
crédito de ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”),
portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídico tributária / obrigação tributária).
Numero da decisão: 3201-000.777
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR
PROVIMENTO ao Recurso Voluntário.
Vencido o conselheiro Robson José Bayerl.
Nome do relator: LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. O “crédito de ICMS transferido a terceiros”, por representar um meio de pagamento de insumos adquiridos de fornecedores, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, fora do campo de incidência da COFINS. Não há a subsunção do evento/fato concreto (“transferência de crédito de ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Robson José Bayerl. JUDITH AMARAL MARCONDES ARMANDO Presidente. LUÍS EDUARDO G. BARBIERI Relator. EDITADO EM: 12/08/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith Amaral Marcondes Armando (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice Fl. 113DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 2 presidente), Robson José Bayerl, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Daniel Mariz Gudino. Relatório O presente litígio decorre de Pedido de Ressarcimento/Declaração de Compensação da COFINS – Não Cumulativa (fls. 1/4), em relação a créditos da Contribuição, referentes ao 4° trimestre de 2006, vinculados às receitas de exportação com base no disposto no art. 6º da Lei n° 10.833/2003, no valor de R$ 403.720,32. A DRF – Porto Alegre, por meio do Despacho Decisório No. 500/2008, reconheceu parcialmente o direito creditório em favor da Requerente, no valor de R$ 381.837,83, restando indeferido um saldo no valor de R$ 21.882,49 (fls. 28). Por bem retratar os fatos ocorridos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis : Tratase de manifestação de inconformidade contra indeferimento parcial de pedido de ressarcimento, cumulado com Declaração de Compensação, relativo ao saldo credor de Cofins não cumulativa. 0 interessado discorda da glosa parcial, oriunda do não oferecimento à tributação das receitas decorrentes das transferências de créditos do ICMS a terceiros. Alega que as operações de transferência de ICMS não se enquadram no conceito de receita, que se tratariam de mera recuperação de gastos/custos, que em função da sistemática de apuração do imposto seria absurda a apuração de débitos da contribuição nas transferências de ICMS e ainda que por conta de serem conexas A exportações, tais operações seriam isentas da incidência da contribuição. Aponta, também, a ausência de lançamento formal, pois entende que a análise de declaração de compensação, para fins de homologação, não seria o local apropriado para a constituição de crédito tributário por parte do Fisco. Isso posto, requer a reforma do Despacho Decisório em questão, para que seja reconhecido integralmente o direito creditório pleiteado e homologadas as compensações realizadas, cancelandose a compensação de oficio levada a efeito no presente processo. Requer, ainda, o recebimento de sua manifestação com a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o impedimento de sua inscrição em divida ativa e a produção de todos os meios deprova em direito admitidas. A Segunda Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Porto Alegre RS, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade da empresa, proferindo o Acórdão nº 1019.606 (fls. 80/ss), o qual recebeu a seguinte ementa: Fl. 114DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11080.009890/200854 Acórdão n.º 3201000.777 S3C2T1 Fl. 100 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 Ementa: CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS/PASEP E COFINS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para o PIS/PASEP e a COFINS até a vigência dos arts. 7°, 8° e 9° da Medida Provisória 451, de 15 de dezembro de 2008. A Recorrente, inconformada com a decisão da autoridade julgadora de primeira instância administrativa, interpôs Recurso Voluntário (fls. 84/ss), por meio do qual reitera os argumentos já trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, nos seguintes termos, em apertada síntese: (i) Nãoincidência da Cofins sobre as operações de cessão de créditos de ICMS decorrentes de exportações, pelos seguintes motivos: com a nova redação do artigo 1 0, §3°, inciso VI da Lei n. 10.833/03, dada pela conversão da Medida Provisória n. 451/2008, as transferências/cessões de créditos de ICMS apurados por conta de operações de exportações passaram ser expressamente excluídas da base de cálculo da Cofins, situação esta que veio a corroborar o entendimento já firmado pela Recorrente; da ausência da hipótese de incidência da Cofins sobre a cessão de créditos de ICMS — Ausência de ingresso de receita; (ii) Da impossibilidade de se constituir obrigação tributária em análise de declaração de compensação, sendo que haveria a necessidade de Auto de Infração para veicular o lançamento tributário. Requer, assim, seja provido o Recurso para excluir os créditos de ICMS referidos da base de cálculo das contribuições e sejam consideradas homologadas as compensações efetuadas. Na forma regimental, o processo digitalizado foi distribuído e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri, Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente requereu o ressarcimento e compensação de créditos da COFINS não cumulativa, com base no § 1º do art. 6º da Lei nº 10.833/2003, que abaixo transcrevo: Fl. 115DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 4 “Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004). III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.” (grifei). A priori, devemos entender qual é a natureza do crédito de ICMS transferido a terceiros. Este crédito, gerado em função das operações de exportações efetuadas sem incidência da Cofins, configura uma transferência entre contas patrimoniais da contabilidade da empresa, da conta “tributos a recuperar” para a conta “caixa” ou “estoques” (no caso de aquisição de insumos). A legislação do ICMS, em atendimento ao princípio da nãocumulatividade, permite que o contribuinte creditese dos valores já recolhidos em etapas anteriores da cadeia produtiva. Nos casos em que o montante dos créditos supera o montante dos débitos, o contribuinte apura um saldo de “ICMS a recuperar”, que poderá ser compensado em períodos posteriores pela empresa ou ser transferido para terceiros, nos casos em que a própria empresa não tem como realizar seu saldo de créditos. A nãocumulatividade é uma técnica que tem por objeto evitar o "efeito cascata" da incidência de alguns tributos (como é o caso do ICMS), permitindose, em cada uma das etapas do processo produtivo, a dedução do imposto já cobrado nas operações anteriores relativamente à circulação daquelas mesmas mercadorias e/ou matériasprimas necessárias a sua industrialização. O princípio da nãocumulatividade encontrase insculpido no próprio texto constitucional (artigo 155, § 2º , inciso I, alínea "a"), que assim dispõe: “§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose a que foi devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou Fl. 116DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11080.009890/200854 Acórdão n.º 3201000.777 S3C2T1 Fl. 101 5 prestação de .serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (...) X não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores” Destaquese, ainda, que a Constituição Federal assegurou ao contribuinte do ICMS o direito à recuperação do imposto pago nas etapas anteriores, quando sua atividade é exclusiva ou preponderantemente exportadora (inciso X). Neste sentido, a Lei Complementar n° 87/1996 (Lei Kandir), em seu art. 25 e parágrafos, prescreveu a possibilidade de transferência dos créditos acumulados de ICMS, permitindo que o contribuinte exportador cedesse o saldo remanescente de créditos de ICMS à terceiros domiciliados no mesmo Estado da Federação, verbis: Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e créditos devem ser apurados em cada estabelecimento, compensandose os saldos credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados no Estado. (Redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000) § 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que tratam o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas saídas representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento: I imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II havendo saldo remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros contribuintes do mesmo Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de documento que reconheça o crédito. § 2º Lei estadual poderá, nos demais casos de saldos credores acumulados a partir da vigência desta Lei Complementar, permitir que: I sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II sejam transferidos, nas condições que definir, a outros contribuintes do mesmo Estado. Fazendose uma interpretação sistemática dos dispositivos supra mencionados, podese construir o seguinte entendimento: em decorrência da imunidade do ICMS conferida às exportações gerase um crédito relativo ao imposto pago nas etapas Fl. 117DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 6 anteriores da cadeia produtiva. Não sendo possível a compensação com débitos próprios do ICMS, o crédito pode ser transferido à terceiros. Neste caso, ocorre a mera recuperação de um custo tributário já incidente nas etapas anteriores, não restando configurado o ingresso de receita. No caso em tela, portanto, não há que falar receita nova auferida, mas de mera operação patrimonial, onde o contribuinte utilizouse dos créditos de ICMS registrados em sua contabilidade como meio de pagamento para com seus fornecedores. Não há como tratar “créditos de ICMS” como mercadorias. A troca de um ativo (“créditos de ICMS”) por outro (insumos) não representa vantagem patrimonial. A operação, portanto, é de compra de insumos e não de venda de mercadorias (que geraria, aí sim, receita). A Lei 10.833/2003 dispõe que a COFINS, nãocumulativa, incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, consideradas a receita bruta auferida com a venda de bens e serviços nas operações de conta própria e alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Entendo, assim, que os “créditos ICMS transferidos à terceiros”, no caso em discussão, utilizados para a aquisição de bens destinados ao processo produtivo da Recorrente, por não se tratarem de receitas auferidas pela empresa, estão fora do campo de incidência da COFINS, não devendo, portanto, compor a sua base de cálculo. Veja que não há a subsunção do fato concreto (“crédito de ICMS transferido à terceiros”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), logo, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). Houve, no caso, uma economia no pagamento de fornecedores (redução de custos ou despesas incorridos pela empresa), que obviamente não gera receita. O que ocorreu foi a simples transformação de Impostos a Recuperar em Estoques, mas não a alegada obtenção de receita. Os recursos (receita) virão quando estes estoques forem vendidos pela empresa, aí sim, neste momento, deverá haver a incidência da COFINS. Ressaltese, por fim, para corroborar este entendimento, que a Medida Provisória 45/081, convertida na Lei 11.945/09, veio autorizar expressamente a exclusão da base de cálculo da COFINS (cumulativo e não cumulativo) do valor do crédito do ICMS Exportação transferido para terceiros. Logo, podese concluir que o entendimento que se fazia, interpretando sistematicamente os dispositivos legais, agora se pode extrair, diretamente, mediante uma simples leitura do texto da Lei. Vejamos as transcrições abaixo, do artigo 15 e 17 da Lei 11.945/2009: Art. 15. Os arts. 3o e 5o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 3o .................................................................................. § 2o ...................................................................................... V a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. Art. 17. Os arts. 1o, 2o, 3o, 10, 58J e 58O da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: Fl. 118DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11080.009890/200854 Acórdão n.º 3201000.777 S3C2T1 Fl. 102 7 “Art. 1o ................................................................................. .............................................................................................. § 3o ...................................................................................... ............................................................................................. VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” (NR) (Produção de efeitos). Neste sentido, transcrevo ementas de decisões do antigo Conselho de Contribuinte e do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Recurso No. 262.320– Acórdão No. 340100.774, sessão de 26/05/2010: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2005 COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI, NÃO INCLUSÃO. Não compõe o faturamento ou receita bruta, para fins de tributação da Cofins e do PIS, o valor do crédito de ICMS transferido a terceiros, cuja natureza jurídica é a de crédito escritural do imposto Estadual. Apenas a parcela correspondente ao ágio integrará a base de cálculo das duas Contribuições, caso o valor do crédito seja transferido por valor superior ao saldo escritural. RESSARCIMENTO. REGIME NÃO CUMULATIVO, ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Recurso No. 130.419 – Acórdão No. 20179.967, sessão de 24/01/2007: PIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Não há incidência de PIS e de Cofins sobre a cessão de créditos de ICMS, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial. Fl. 119DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 8 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TRATAMENTO FISCAL. RECEITA TRIBUTÁVEL. A receita relativa ao crédito presumido do IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, apurada em função da ocorrência de exportação ou venda a empresa comercial exportadora com fim específico de exportação e contabilizada como receita operacional, deverá ser oferecida à tributação do PIS. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SELIC. Por falta de previsão legal, é incabível a incidência de correção monetária e/ou juros sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos de Cofins nãocumulativa. Recurso provido em parte. E ainda, no mesmo sentido, transcrevo ementas de decisões do STJ: AgRg No. REsp 1229134 / SC, de 26/04/2011: TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. 1. A controvérsia dos autos diz respeito à inexigibilidade do PIS e da COFINS sobre o crédito presumido do ICMS decorrente do Decreto n. 2.810/01. 2. O crédito presumido do ICMS consubstanciase em parcelas relativas à redução de custos, e não à obtenção de receita nova oriunda do exercício da atividade empresarial como, verbi gratia, venda de mercadorias ou de serviços. 3. "Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS." (REsp 1.025.833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 6.11.2008, DJe 17.11.2008.) Agravo regimental improvido Recurso Especial No. 1.025.833 – RS: CRÉDITOPRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". LC Nº 118/2005. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. I "Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a jurisprudência do STJ (1ª Seção) assentou o entendimento de que, no regime anterior ao do art. 3º da LC 118/05, o prazo de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na data do recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação – expressa ou tácita do lançamento. Assim, não Fl. 120DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11080.009890/200854 Acórdão n.º 3201000.777 S3C2T1 Fl. 103 9 havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo de dez anos a contar do fato gerador. A norma do art. 3º da LC 118/05, que estabelece como termo inicial do prazo prescricional, nesses casos, a data do pagamento indevido, não tem eficácia retroativa. É que a Corte Especial, ao apreciar Incidente de Inconstitucionalidade no Eresp 644.736/PE, sessão de 06/06/2007, declarou inconstitucional a expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional", constante do art. 4º, segunda parte, da referida Lei Complementar. (REsp nº 890.656/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 20/08/07). II O Estado do Rio Grande do Sul concedeu benefício fiscal às empresas gaúchas, por meio do Decreto Estadual nº 37.699/97, para que pudessem adquirir aço das empresas produtoras em outros estados, aproveitando o ICMS devido em outras operações realizadas por elas, limitado ao valor do respectivo frete, em atendimento ao princípio da isonomia. III Verificase que, independentemente da classificação contábil que é dada, os referidos créditos escriturais não se caracterizam como receita, porquanto inexiste incorporação ao patrimônio das empresas industriais, não havendo repasse dos valores aos produtos e ao consumidor final, pois se trata de mero ressarcimento de custos que elas realizam com o transporte para a aquisição de matériaprima em outro estado federado. IV Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. V Recurso especial improvido. Ante o exposto, conheço do recurso posto que presentes os requisitos objetivos de admissibilidade para o fim, no mérito, de DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário no tocante à não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de cessão de crédito do ICMS à terceiros/fornecedores. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Conselheiro Relator Fl. 121DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 10 Fl. 122DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE
score : 1.0
Numero do processo: 19647.003477/2007-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI
Data do fato gerador: 28/02/2003
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO RECOLHIDO COM ATRASO DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO-CARACTERIZAÇÃO INCIDÊNCIA DA MULTA MORATÓRIA.
Tributo sujeito a lançamento por homologação e recolhido com atraso, não se beneficia da denúncia espontânea, portanto, incide multa moratória.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 3201-000.654
Decisão: Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade negar provimento.
Vencidos Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Daniel Mariz Gudino.
Luciano fará declaração de voto.
Nome do relator: Mércia Helena Trajano D'Amorim
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Tributo sujeito a lançamento por homologação e recolhido com atraso, não se beneficia da denúncia espontânea, portanto, incide multa moratória. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade negar provimento. Vencidos Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Daniel Mariz Gudino.Luciano fará declaração de voto. Mércia Helena Trajano D'Amorim Presidente Relator. EDITADO EM: 13/09/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Luiz Eduardo Garrossino Barbieri, Marcelo Ribeiro Nogueira, Maria Regina Godinho de Carvalho e Daniel Mariz Gudino.Ausência justificada de Judith do Amaral Marcondes Armando. Relatório Fl. 1DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Contra a empresa acima qualificada foi lavrado Auto de Infração de fls. 06/07, para exigência do crédito tributário a seguir especificado: Discriminação Valor (R$) Multa Paga a Menor 15.465,04 Juros Pagos a Menor ou Não Pagos 12.101,87 Total 27.566,91 De acordo com o que consta do Anexo IIa – Demonstrativo de Pagamentos Efetuados Após o Vencimento (fl. 08), o débito de IPI no valor de R$ 171.443,67, vencido em 10/03/2003 foi pago pela contribuinte, parte em 25/03/2003 e parte em 28/08/2003, como a seguir demonstrado: A) Pagamento em 25/03/2003 DISCRIMINAÇÃO VALOR DEVIDO (R$) VALOR PAGO (R$) DIFERENÇA (R$) Imposto 33.609,09 33.609,09 0,00 Multa 1.663,64 1.663,64 0,00 Juros 0,00 0,00 0,00 B) Pagamento em 28/08/2003 DISCRIMINAÇÃO VALOR DEVIDO (R$) VALOR PAGO (R$) DIFERENÇA (R$) Imposto 137.834,58 137.834,58 0,00 Multa 27.566,91 12.101,87 15.465,04 Juros 12.101,87 0,00 12.101,87 O enquadramento legal para exigência do imposto e das respectivas cominações legais se encontra à fl. 07. Tempestivamente, segundo informação constante de fl. 18, a contribuinte apresentou peça impugnatória de fls. 01 a 03 (juntamente com documentação de fls. 04 a 13), onde formula as seguintes razões de defesa: A) QUANTO AOS JUROS DE MORA A contribuinte reconhece que o imposto no valor de R$ 137.834,58 foi recolhido fora do prazo legal de vencimento, conforme Comprovante de Arrecadação expedido pela própria RFB (fl. 12), porém acrescido dos juros no valor de R$ 12.101,87, totalizando o recolhimento de R$ 129.683,78. Dessa forma, entende como indevida a cobrança de juros de mora. B) QUANTO À MULTA DE MORA A contribuinte alega que a multa de mora exigida também não é devida, pois, antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de Fl. 2DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 19647.003477/200754 Acórdão n.º 3201000.654 S3C2T1 Fl. 158 3 fiscalização, denunciou espontaneamente a infração, mediante pagamento do tributo, acrescido de juros de mora, nos termos do artigo 138 da Lei nº 5.172/1966 (CTN), que reproduz à fl. 02. Em seguida, afirma que sua atitude em não recolher o valor da multa está respaldada no dispositivo legal acima mencionado, seguido inteiramente pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme ementa de acórdão transcrita às fls. 02/03. Diante do que expõe, a contribuinte requer, ao final de sua peça impugnatória, seja julgado improcedente o auto de infração questionado.” O pleito foi deferido parcialmente no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/REC no 1125.785, de 30/03/2009, proferida pelos membros da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 28/02/2003 JUROS DE MORA CANCELAMENTO. Cancelase a exigência de juros de mora exigidos isoladamente quando o contribuinte apresente elementos que permitam concluir por seu efetivo pagamento, ainda que as informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil apontem que o mesmo se refere a rubrica diversa. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO RECOLHIDO COM ATRASO DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZAÇÃO INCIDÊNCIA DA MULTA MORATÓRIA. Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação e recolhido com atraso, descabe o benefício da denúncia espontânea. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.” O julgamento foi no sentido de considerar procedente em parte o lançamento para declarar indevidos os juros de mora no valor de R$ 12.101,87, exigidos mediante Auto de Infração à fl. 08 e manter a exigência da multa de mora pelo pagamento do IPI após a data de vencimento, no valor de R$ 15.465,04. O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de exigência de multa de mora contida no Auto de Infração de fls. 06/07, tendo em vista que a decisão recorrida já cancelou a exigência dos juros de mora. A empresa argumenta que não cabe essa cobrança de multa sobre tributos e contribuições administrados pela RFB pagos sob o instituto da denúncia espontânea a que se refere o artigo 138 do CTN, ainda que os respectivos pagamentos tenham sido efetuados após os prazos previstos em lei. Prescreve o art. 138 do CTN: “ Art. 138 A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Por sua vez, o art, 161 do CTN determina: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.”(grifei) Assim sendo, diante do recolhimento em atraso, que é o caso, a multa que deveria ter sido efetuada, é de natureza moratória, ou seja, aquela que visa compensar pelo atraso no cumprimento de uma obrigação tributária, pois que a denúncia espontânea da infração só tem o objetivo de afastar a aplicação das multas de ofício, não incidindo nos casos de multa de mora. Corroborando neste sentido, é o art. 61 da Lei nº9.430/96, a seguir transcrita: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa Fl. 4DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 19647.003477/200754 Acórdão n.º 3201000.654 S3C2T1 Fl. 159 5 de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” No mesmo sentido, tem o entendimento do STJ que a multa moratória, nos casos de recolhimento por atraso de tributo sujeito a lançamento por homologação, é devida, conforme julgados a seguir transcritos. “TRIBUTÁRIO ART. 138 DO CTN TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO RECOLHIDO COM ATRASO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃOCARACTERIZAÇÃO INCIDÊNCIA DA MULTA MORATÓRIA”. 1. Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, declarado pelo contribuinte e recolhido com atraso, descabe o benefício da denúncia espontânea, sendo legítima a cobrança de multa moratória. 2. Precedentes da primeira e Segunda Turmas desta Corte. (Resp 708676/PR Recurso Especial 2004/01733796 Segunda Turma)” O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo; colaciono alguns julgados do Superior Tribunal da Justiça: “Órgão Julgador: S1 Primeira Seção Data do Julgamento: 27/08/2008 Data da Publicação/Fonte: DJe 08/09/2008 Referência Legislativa: LEG:FED LEI:005172 ANO:1966 CTN66 Código Tributário Nacional, Art. 00138 Precedentes: RESP 850423 SP 2006/00404657 DECISÃO:28/11/2007 DJ DATA:07/02/2008 PG:00245 Ementa: Tributário. Artigo 535. Tributo sujeito a lançamento por homologação. Declaração do contribuinte desacompanhada de pagamento. Prescrição. Denúncia espontânea. 1. Não caracteriza Fl. 5DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 insuficiência de fundamentação a circunstância de o aresto atacado ter solvido a lide contrariamente à pretensão da parte. Ausência de violação ao artigo 535 do CPC. 2. Tratandose de tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte desacompanhada do seu pagamento no vencimento, não se aguarda o decurso do prazo decadencial para o lançamento. A declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte. 3. O termo inicial da prescrição, em caso de tributo declarado e não pago, não se inicia da declaração, mas da data estabelecida como vencimento para o pagamento da obrigação tributária declarada. 4. A Primeira Seção pacificou o entendimento no sentido de não admitir o benefício da denúncia espontânea no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação quando o contribuinte, declarada a dívida, efetua o pagamento a destempo, à vista ou parceladamente. Precedentes. 5. Não configurado o benefício da denúncia espontânea, é devida a inclusão da multa, que deve incidir sobre os créditos tributários não prescritos. 6. Recurso especial provido em parte. RESP 554221 SC 2003/01162500 DECISÃO:03/10/2006 DJ DATA:06/11/2006 PG:00304 Ementa: Processo civil. Tributário. Refis. Pedido de desistência. Extinção do processo. Julgamento do mérito. Art. 269, V, do CPC. Pedido expresso. Tributo. Lançamento por homologação. Recolhimento com atraso. Denúncia espontânea. Nãocabimento. Multa moratória. Juros de mora. Incidência. Juros de mora. Taxa Selic. Aplicabilidade. Precedentes. 1. A extinção do feito na forma do artigo 269, V, do CPC pressupõe que o autor renuncie de forma expressa ao direito sobre o qual se funda a ação. 2. Nas hipóteses em que o contribuinte declara e recolhe com atraso tributos sujeitos a lançamento por homologação, não se aplica o benefício da denúncia espontânea e, por conseguinte, não se exclui a multa moratória. Precedentes. 3. A partir de 1º.1.1996, os juros de mora passaram a ser devidos com base na taxa Selic, consoante dispõe o art. 39, § 4º, da Lei n. 9.250/95, não mais tendo aplicação o art. 161 c/c o art. 167, parágrafo único, do CTN. 4. O exame de matéria constitucional refoge aos limites da competência outorgada ao STJ na estreita via do recurso especial. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. ERESP 504409 SC 2005/00180701 DECISÃO:14/06/2006 DJ DATA:21/08/2006 PG:00223 Ementa: Tributário. Votovista em embargos de divergência. Parcelamento de débito fiscal. Nãocaracterização de denúncia espontânea. Art. 138 do CTN. Aplicação da jurisprudência desta corte superior. Embargos de divergência a que se nega conhecimento. 1. Tratase de votovista proferido em embargos de divergência, no qual o Relator julgou procedente o pedido do embargante para o fim de considerar caracterizada o instituto fiscal Fl. 6DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 19647.003477/200754 Acórdão n.º 3201000.654 S3C2T1 Fl. 160 7 da denúncia espontânea, por haver a empresa contribuinte recolhido o total da importância devida, com juros e correção monetária, antes de o fisco exercer qualquer medida administrativa. 2. Contudo, essa exegese está em confronto com o entendimento reiteradamente empregado no âmbito da 1ª Seção desta Corte, segundo o qual, não se configura a denúncia espontânea, com a decorrente exclusão da multa de mora, quando o contribuinte declara e recolhe, com atraso, o débito fiscal. 3. Nesse exato sentido, a propósito, o que fiz registrar no Resp 302.928/SP: "... apenas se configura a denúncia espontânea quando, confessado o débito, o contribuinte efetiva, incontinenti, o seu pagamento ou deposita o valor referente ou arbitrado pelo juiz.". 4. Por essas razões, divirjo da solução aplicada pelo Relator. 5. Embargos de divergência, da empresa contribuinte, a que se nega conhecimento. ERESP 511340 MG 2004/01392622 DECISÃO:08/02/2006 DJ DATA:20/02/2006 PG:00189 Ementa: Processual civil. Embargos de declaração. Ausência de qualquer dos vícios previstos no art. 535 do CPC. Rejeição. Medida provisória 2.16440/01. 1. É assente na Corte que a Medida Provisória 2.16440/01 mantémse em vigor, porquanto a Emenda Constitucional nº 32 ressalvou aquelas editadas em data anterior á sua publicação (11/09/2001), permanecendo incólumes até que outra as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional. (ERESP nº 559959, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 21/03/2005; ERESP n° 681770, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Seção, DJ de 14/11/2005 ) 2. Inocorrentes as hipóteses de omissão, contradição, obscuridade ou erro material, não há como prosperar o inconformismo, cujo real objetivo é a pretensão de reformar o decisum no que pertine à perda da eficácia da Medida Provisória 2.16441, o que é inviável de ser revisado em sede de embargos de declaração, dentro dos estreitos limites previstos no artigo 535 do CPC. 3. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do CPC, constantes do decisum embargado. Não se prestam, portanto, ao rejulgamento da matéria posta nos autos, posto visarem, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. 4. Embargos de declaração rejeitados. RESP 601280 RS 2003/01905271 DECISÃO:14/09/2004 DJ DATA:25/10/2004 PG:00305 Ementa: Tributário. Denúncia espontânea. Multa. Pagamento em atraso. Artigo 138 do CTN. 1. O pagamento integral em atraso de tributos, sem que tenha sido iniciado procedimento administrativo, configura, em regra, a denúncia espontânea, apta a afastar a multa moratória, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional. 2. Contudo, com relação aos tributos sujeitos ao lançamento por Fl. 7DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 homologação, a posição majoritária da Primeira Seção desta Corte é no sentido de não reconhecer a ocorrência da denúncia espontânea quando houver declaração desacompanhada do recolhimento tempestivo do tributo. 3. Ademais a jurisprudência desta Corte encontrase consolidada quanto à incidência de multa moratória na hipótese de parcelamento de débito deferido pela Fazenda Pública. 4. "A simples confissão de dívida, acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura denúncia espontânea" (Súmula 208/TFR). 5. Recurso especial provido. ERESP 531249 RS 2004/00288861 DECISÃO:23/06/2004 DJ DATA:09/08/2004 PG:00169 Ementa: Embargos de declaração. Tributário. Denúncia espontânea. Hipóteses do artigo 535 do CPC. Inexistência. Rediscussão da matéria. 1. Ausente qualquer das hipóteses previstas no artigo 535 do CPC, não prosperam os embargos. 2. A declaração do tributo devido pela embargante, ainda que não tenha sido efetivada expressamente, ocorrera no momento da realização da denúncia espontânea acompanhada do pedido de parcelamento. 3. Embargos de declaração rejeitados. RESP 247562 SP 2000/00106135 DECISÃO:02/05/2000 DJ DATA:29/05/2000 PG:00126 Ementa: Tributário crédito constituição lançamento notificação declaração exigibilidade multa correção monetária A constituição definitiva do crédito tributário ocorre com o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo. Em se tratando de débito declarado pelo próprio contribuinte e não pago, não tem lugar a homologação formal, sendo o mesmo exigível independentemente de notificação prévia ou instauração de procedimento administrativo. É devida a correção monetária sobre as multas que são aplicadas sobre o montante devido. Recurso improvido. EDcl no AgRg nos EREsp 491354 PR 2004/00430773 DECISÃO:14/02/2007 DJ DATA:05/03/2007 PG:00253 Ementa: Tributário PIS tributo sujeito a lançamento por homologação declaração do débito com pagamento integral em atraso – denúncia espontânea nãoconfigurada impossibilidade de exclusão da multa moratória. 1. Os embargos de declaração são cabíveis para a modificação do julgado que se apresenta omisso, contraditório ou obscuro. 2. Acórdão embargado omisso em relação à possibilidade ou não de exclusão da multa moratória, em tributos declarados e pagos em única parcela, com atraso. 3. Entendimento da Primeira Seção de que não configura denúncia espontânea a hipótese de declaração e recolhimento do débito, em atraso, pelo contribuinte, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Por conseguinte, não há a exclusão da multa moratória. Embargos de declaração acolhidos, apenas para reconhecer a omissão, sem efeitos infringentes. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 19647.003477/200754 Acórdão n.º 3201000.654 S3C2T1 Fl. 161 9 EAg 621481 SC 2005/01123049 DECISÃO:13/09/2006 DJ DATA:18/12/2006 PG:00291 Ementa: Processual civil. Embargos de declaração. Ausência de vícios no acórdão. rejulgamento da demanda. Impossibilidade. 1. Os embargos de declaração são cabíveis somente nas hipóteses do art. 535, I e II, c/c a parte final do art. 536 do CPC, id est, quando “houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade, dúvida ou contradição”. No acórdão embargado não se encontram nenhum dos vícios registrados, visto que seus fundamentos são claros e nítidos. A matéria tratada nos autos encontrase devidamente motivada, sem que exista erro material ou julgamento de questão distinta da situação posta nos autos. 2. O fato de se ter rejeitado aclaratórios anteriores com fundamentos diversos dos pleiteados pela parte não induz a existência de omissão e/ou obscuridade, por ter sido examinada em sua amplitude a matéria que serviu de base à oposição do recurso, com a análise das questões suscitadas. 3. Pretensão de que a matéria seja reexaminada. Procedimento inadmissível nas vias estreitas dos aclaratórios. 4. Embargos rejeitados. AgRg nos EREsp 710558 MG 2006/01512560 DECISÃO:08/11/2006 DJ DATA:27/11/2006 PG:00238 Ementa: Tributário – embargos de divergência – agravo regimental – prequestionamento: conceito e configuração – denúncia espontânea – art. 138 do CTN – tributo sujeito a lançamento por homologação recolhido com atraso – denúncia espontânea – não caracterização. 1. Configurase o prequestionamento quando a causa tenha sido decidida à luz da legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor acerca dos respectivos dispositivos legais, interpretandose sua aplicação ou não ao caso concreto, não bastando a simples menção a tais dispositivos. 2. Pacificouse na Primeira Seção desta Corte o entendimento de que em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, declarado pelo contribuinte e recolhido com atraso, descabe o benefício da denúncia espontânea. 3. Agravo regimental improvido. AgRg nos EREsp 464645 PR 2004/01021091 DECISÃO:22/09/2004 DJ DATA:11/10/2004 PG:00220 Ementa: Tributário e processual civil. Denúncia espontânea. Tributo sujeito a lançamento por homologação. Parcelamento do débito. Embargos de divergência. Dissenso jurisprudencial superado. Súmula 168/STJ. Incidência. 1. Firmouse na Primeira Seção o entendimento de que o benefício previsto no art. 138 do CTN não se aplica aos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, declarados e pagos a destempo pelo contribuinte, ainda que de forma à vista ou parcelada. Incidência, na hipótese, da Súmula 168/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” Fl. 9DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 Logo, não merece reparo a decisão a quo. Isso posto, nego provimento ao recurso voluntário, por entender não caber no caso em tela, a aplicação do disposto no art. 138 do CTN. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes Declaração de voto O Regimento Interno desta Corte determina que os Conselheiros votem em conformidade com as decisões proferidas pelo STJ quando objeto do rito dos recursos repetitivos, forte no art. 62A. No presente caso, entendo que deva ser aplicada, a contrario sensu, a decisão proferida no REsp n.º 962.379/RS, que assim determina: TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. Esta decisão está de acordo com a Súmula daquela Corte: Súmula 360 O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 19647.003477/200754 Acórdão n.º 3201000.654 S3C2T1 Fl. 162 11 Isto porque, se não foi objeto de informação pelo contribuinte o tributo pago em atraso, é sim cabível a aplicação do art. 138 do CTN. É por este motivo que votei pelo provimento do recurso voluntário. Luciano Lopes de Almeida Moraes Fl. 11DF CARF MF Impresso em 02/05/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 3/09/2011 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 11686.000380/2008-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS
PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/04/2007 a 30/06/2007
COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO
ICMS.
O “crédito presumido do ICMS”, mero incentivo fiscal, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, está fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor a sua base de cálculo. Não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídico tributária/obrigação tributária).
DESPESAS DE FRETES NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. NÃO DÁ DIREITO AO CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO.
Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS e da Cofins, não cumulativos, sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS.
Não cabe a órgão administrativo apreciar arguição de legalidade constitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. O Conselho administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária.
Súmula CARF No. 02.
Numero da decisão: 3201-000.753
Decisão: Acordam os membros do colegiado, dar provimento parcial ao Recurso
Voluntário nos seguintes termos:
1. Por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário
no tocante à não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de crédito presumido do ICMS;
2. Por maioria de votos NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário
quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany).
Vencidos os conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes e Daniel Mariz Gudino.
Nome do relator: LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. O “crédito presumido do ICMS”, mero incentivo fiscal, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, está fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor a sua base de cálculo. Não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). DESPESAS DE FRETES NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. NÃO DÁ DIREITO AO CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS e da Cofins, nãocumulativos, sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. Não cabe a órgão administrativo apreciar arguição de legalidade ou constitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Súmula CARF No. 02. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 130DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 2 Acordam os membros do colegiado, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário nos seguintes termos: 1. Por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário no tocante à não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de crédito presumido do ICMS; 2. Por maioria de votos NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany). Vencidos os conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes e Daniel Mariz Gudino. JUDITH AMARAL MARCONDES ARMANDO Presidente. LUÍS EDUARDO G. BARBIERI Relator. EDITADO EM: 12/08/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith Amaral Marcondes Armando (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice presidente), Robson José Bayerl, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Daniel Mariz Gudino. Relatório O presente litígio decorre de Pedido de Ressarcimento/Declaração de Compensação da COFINS – Não Cumulativa (fls. 1/4), em relação a créditos da Contribuição referentes ao 2º trimestre de 2007, em decorrência da venda no mercado interno com alíquota zero, com base no disposto no artigo 16 da Lei n° 11.116/2005, no valor de R$ 3.744.920,59. A DRF – Porto Alegre, por meio do Despacho Decisório No. 196/2009, reconheceu parcialmente o direito creditório em favor da Requerente, no valor de R$ 3.259.361,98, restando indeferido um saldo no valor de R$ 485.558,61 (fls. 17/27). Por bem retratar os fatos ocorridos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis : Tratase de manifestação de inconformidade contra indeferimento parcial de pedido de ressarcimento/compensação (PER/DECOMP), relativo ao saldo credor de Cofins não cumulativa. O interessado discorda da glosa parcial, alegando não ter realizado alienação onerosa de créditos de ICMS a terceiros, conforme afirma a fiscalização, a quem incumbiria o ônus de provar tal alegação. Considera que exigir de sua parte prova em contrário seria inviável, pois se trataria de prova negativa. Esclarece que a empresa seria titular de incentivo fiscal, outorgado pelo estado do Rio Grande do Sul, que consistiria em um desconto dos valores devidos a titulo de crédito presumido de ICMS na ordem de 75% sobre o valor incidente nas saídas Fl. 131DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 3201000.753 S3C2T1 Fl. 119 3 interestaduais de fertilizantes, conforme documento que anexou a sua manifestação. Conclui, então, que a questão aqui seria diferente da exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições. Afirma, ao final, que tal crédito presumido não seria um ativo e nem constituiria receita, renda ou faturamento a ensejar a incidência das contribuições. Não se conforma, também, com o indeferimento da parcela dos créditos calculados sobre fretes de transferência entre matriz e filiais ou entre filiais, pois entende tratarse de etapa essencial â atividade da empresa, que possui unidades produtivas em diversos municípios do pais. Para embasar seus argumentos, o manifestante discorre sobre as dimensões continentais do Brasil, cita diversos municípios nos quais possui filiais e comenta sobre a importância que o agronegócio teria para o país, além disso, considera que a sistemática da nãocumulatividade ampararia o creditamento sobre os fretes conforme calculado e pensamento diverso esbarraria em inconstitucionalidade. Cita e transcreve Soluções de Consulta proferidas pela SRFB que entende como favoráveis ao seu entendimento. Conclui então que o procedimento adotado estaria de acordo com o Art. 30 da Lei 10.833/03. Isso posto, requer que seja dado provimento à sua manifestação de inconformidade, com o reconhecimento do direito a constituir e descontar créditos de PIS e Cofins decorrentes de fretes de transferência de mercadorias entre seus estabelecimentos, bem como sejam excluídos os créditos de ICMS da base de cálculo destas contribuições. A Segunda Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Porto Alegre RS, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade da empresa, proferindo o Acórdão nº 1025.015 (fls. 64/ss), o qual recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 Ementa: CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DE PIS/PASEP E COFINS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para o PIS/PASEP e a COFINS até a vigência dos arts. 7°, 8° e 9° da Medida Provisória 451, de 15 de dezembro de 2008. FRETES Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS e da Cofins nãocumulativos sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa. A Recorrente, inconformada com a decisão da autoridade julgadora de primeira instância administrativa, interpôs Recurso Voluntário (fls. 69/ss), por meio do qual reitera os argumentos já trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, nos seguintes termos, em apertada síntese: (i) Receitas não incluídas na base de cálculo da COFINS – crédito presumido do ICMS. Alega que não realizou qualquer alienação onerosa de créditos de ICMS, embora tal seja o pretenso fato constitutivo da imposição tributária. A fiscalização enganouse Fl. 132DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 4 ao visualizar o crédito de ICMS decorrente de benefício fiscal concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul; Tratase de benefício em decorrência de termo de concessão firmado junto ao Governo do Estado, com o seguinte objeto: para cada saída tributada pelo ICMS sobre fertilizantes vendidos para fora do Estado, fica a Recorrente autorizada a se creditar de 75% do ICMS destacado na nota fiscal; As notas fiscais de saída são emitidas com o ICMS integral, posteriormente, a Recorrente lança um crédito equivalente ao benefício que é de 75% sobre a saída, sendo que este foi o crédito glosado pela fiscalização; Este é o motivo de a fiscalização ter encontrado créditos de ICMS contabilizados. Mas essa mera contabilização de créditos de ICMS não tem o condão de autorizar concluirse que esses créditos decorreram de alienação a terceiros. Se houvesse alienação de créditos de ICMS a terceiros, haveria a recorrente de lançar redução do seu saldo de ICMS mediante o recebimento de um valor correspondente, situação não encontrada pelo Sr. Fiscal; O fato da contratação do beneficio fiscal ficou comprovado por meio da juntada do "Termo de Acordo" firmado entre a empresa e o Estado do Rio Grande do Sul, na data de 10 de julho de 2006; Afirma que isso não é um crédito, não é receita nem faturamento, correspondendo apenas à anulação de 75% do débito de ICMS relativo às saídas tributadas da empresa; Por fim, aduz que se assim não for da compreensão deste Órgão julgador, se considerarse que houve alienação de créditos de ICMS a terceiros, impõese destacar o seguinte: a Medida Provisória 451, de 15 de dezembro de 2008, em seus artigos 7°, 8° e 9° desonera da incidência do PIS e da COFINS as transferências onerosas de ICMS, devendo ser aplicada retroativamente nos termos do artigo 106 do CTN. Requer, assim, seja provido o Recurso para excluir os créditos de ICMS referidos da base de cálculo das contribuições. (ii) Créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte intercompany de mercadoria Entende que as hipóteses de "insumos" passíveis de constituição de crédito de PIS e COFINS, prescritas nas Leis 10.637/02 e 10.833/03 não são taxativas, pois sua própria redação segue um padrão exemplificativo e porque deixam de prever notórias despesas inerentes e necessárias à atividade empresarial; Por estas razões é que a interpretação da nãocumulatividade, conforme a Constituição, leva ao reconhecimento do direito de crédito em relação a todas as despesas necessárias à produção do resultado econômico, inclusive as referentes ao frete de mercadorias intercompany; A despesa de frete de produto acabado intercompany equivale a parte do transporte se a mercadoria fosse vendida diretamente pela unidade remetente ao comprador, hipótese em que a despesa total desse frete poderia ser computada para a constituição do crédito relativo a PIS e COFINS. Diante dessas circunstâncias, considerando que o frete da venda direta, pela matriz ao cliente (localizado muitas vezes em outra extremidade do pais) Fl. 133DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 3201000.753 S3C2T1 Fl. 120 5 geraria direito à constituição do crédito de PIS e COFINS, inevitável é concluir que o frete parcial à unidade em outro estado deva gerar o mesmo direito, se a mercadoria acaba sendo vendida pela unidade destino; Requer, por fim, que seja provido o Recurso para reconhecer o direito da Recorrente de constituir e descontar crédito de PIS e COFINS referente aos fretes de transferência de mercadorias entre suas unidades, seja produto acabado seja matéria prima. Na forma regimental, o processo digitalizado foi distribuído e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri, Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente requereu o ressarcimento e compensação de créditos da COFINS não cumulativa, com base no art. 16 da Lei n° 11.116/2005, que abaixo transcrevo: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Conforme consta do Relatório supramencionado, as duas questões a serem enfrentadas referemse: (i) à inclusão, ou não, na base de cálculo da COFINS de receitas decorrentes do crédito presumido do ICMS; Fl. 134DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 6 (ii) à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte intercompany de mercadoria. Passemos à análise da primeira questão arguida. A priori, devemos entender qual é a natureza do crédito presumido do ICMS. O Fisco Estadual concede o crédito presumido sobre operações de comercialização interestadual de produtos (fertilizantes), na forma de um incentivo fiscal, para estimular o setor (vide Termo de Acordo – fls. 57/ss – cláusula primeira: concessão de crédito presumido no montante de 75% o do ICMS sobre o valor do imposto incidente sobre as saídas interestaduais de fertilizantes de produção própria). Este crédito presumido será lançado na escrituração fiscal da empresa para ser compensado com ICMS devido pela empresa. Portanto, neste caso pareceme claro que não há ingresso novo de receita, mas mera redução de custo no pagamento do ICMS devido. Assim, é inequívoco que “incentivo fiscal” não pode ser confundido com ingresso de receita. Destaquese que, efetivamente, não restou comprovado nos autos a transferência dos citados créditos de ICMS à terceiros, como argumentou a Recorrente. A fiscalização afirma que “o contribuinte efetuou cessão de créditos do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) a terceiros”(fls. 18) sem, entretanto, apresentar qualquer elemento probante que comprovasse esta afirmação. O ônus da prova cabe às partes, nos termos do que dispõe o artigo 333 do CPC, verbis: Art. 333 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. As partes devem desincumbirse de provar os fatos que alegam. Ao autor cabe provar os fatos constitutivos de seu direito, no caso, o Fisco alegou que o crédito presumido foi transferido à terceiro, mas não provou; ao réu, cabe provar os fatos modificativos, extintivos e impeditivos do direito que o autor assevera ter, entretanto, não cabe à Recorrente, por sua vez, fazer prova de fato que alega não existir, uma vez que não há como fazer prova de fato inexistente (prova negativa). Contudo, mesmo se a Recorrente houvesse transferido os créditos de ICMS à terceiros, entendo que também não haveria a incidência da COFINS. A legislação do ICMS, em atendimento ao princípio da nãocumulatividade, permite que o contribuinte creditese dos valores já recolhidos em etapas anteriores da cadeia produtiva. Nos casos em que o montante dos créditos supera o montante dos débitos, o contribuinte apura um saldo de “ICMS a recuperar”, que poderá ser compensado em períodos posteriores pela empresa ou ser transferido para terceiros, nos casos em que a própria empresa não tem como realizar seu saldo de créditos. Portanto, mesmo no caso de cessão de créditos à terceiros não há que falar receita nova auferida, mas de mera operação patrimonial, onde o contribuinte utilizase dos créditos de ICMS registrados em sua contabilidade como meio de pagamento para com seus fornecedores, por exemplo. Não há como tratar “créditos de ICMS” como mercadorias. A nãocumulatividade é uma técnica que tem por objeto evitar o "efeito cascata" da incidência de alguns tributos (como é o caso do ICMS), permitindose, em cada Fl. 135DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 3201000.753 S3C2T1 Fl. 121 7 uma das etapas do processo produtivo, a dedução do imposto já cobrado nas operações anteriores relativamente à circulação daquelas mesmas mercadorias e/ou matériasprimas necessárias a sua industrialização. O princípio da nãocumulatividade encontrase insculpido no próprio texto constitucional (artigo 155, § 2º , inciso I, alínea "a"), que assim dispõe: “§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose a que foi devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de .serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (...) A Lei 10.833/2003 dispõe que a COFINS, nãocumulativa, incide sobre o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, consideradas a receita bruta auferida com a venda de bens e serviços nas operações de conta própria e alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Entendo que os “créditos presumidos do ICMS”, por se tratarem de mero incentivo fiscal que servirão de meio de pagamento de ICMS a recolher, não se tratam de receitas auferidas pela empresa, portanto, estão fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor, assim, a sua base de cálculo. Veja que não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). Houve, uma economia no pagamento de ICMS, uma mera redução de custos de impostos a pagar pela compensação do crédito presumido, e não o auferimento de receitas. Neste sentido, transcrevo ementas de decisões do antigo Conselho de Contribuinte e do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Recurso No. 262.320– Acórdão No. 340100.774, sessão de 26/05/2010: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2005 COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DO 'PI, NÃO INCLUSÃO. Não compõe o faturamento ou receita bruta, para fins de tributação da Cofins e do PIS, o valor do crédito de ICMS transferido a terceiros, cuja natureza jurídica é a de crédito escritural do imposto Estadual. Apenas a parcela correspondente ao ágio integrará a base de cálculo das duas Contribuições, caso o valor do crédito seja transferido por valor superior ao saldo escritural. Fl. 136DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 8 RESSARCIMENTO. REGIME NÃO CUMULATIVO, ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Recurso No. 130.419 – Acórdão No. 20179.967, sessão de 24/01/2007: PIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS E COFINS. Não há incidência de PIS e de Cofins sobre a cessão de créditos de ICMS, por se tratar esta operação de mera mutação patrimonial. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TRATAMENTO FISCAL. RECEITA TRIBUTÁVEL. A receita relativa ao crédito presumido do IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, apurada em função da ocorrência de exportação ou venda a empresa comercial exportadora com fim específico de exportação e contabilizada como receita operacional, deverá ser oferecida à tributação do PIS. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SELIC. Por falta de previsão legal, é incabível a incidência de correção monetária e/ou juros sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos de Cofins nãocumulativa. Recurso provido em parte. E ainda, no mesmo sentido, transcrevo ementas de decisões do STJ: AgRg No. REsp 1229134 / SC, de 26/04/2011: TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. 1. A controvérsia dos autos diz respeito à inexigibilidade do PIS e da COFINS sobre o crédito presumido do ICMS decorrente do Decreto n. 2.810/01. 2. O crédito presumido do ICMS consubstanciase em parcelas relativas à redução de custos, e não à obtenção de receita nova oriunda do exercício da atividade empresarial como, verbi gratia, venda de mercadorias ou de serviços. 3. "Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS." (REsp 1.025.833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 6.11.2008, DJe 17.11.2008.) Fl. 137DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 3201000.753 S3C2T1 Fl. 122 9 Agravo regimental improvido Recurso Especial No. 1.025.833 – RS: CRÉDITOPRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". LC Nº 118/2005. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. I "Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a jurisprudência do STJ (1ª Seção) assentou o entendimento de que, no regime anterior ao do art. 3º da LC 118/05, o prazo de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na data do recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação – expressa ou tácita do lançamento. Assim, não havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo de dez anos a contar do fato gerador. A norma do art. 3º da LC 118/05, que estabelece como termo inicial do prazo prescricional, nesses casos, a data do pagamento indevido, não tem eficácia retroativa. É que a Corte Especial, ao apreciar Incidente de Inconstitucionalidade no Eresp 644.736/PE, sessão de 06/06/2007, declarou inconstitucional a expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional", constante do art. 4º, segunda parte, da referida Lei Complementar. (REsp nº 890.656/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 20/08/07). II O Estado do Rio Grande do Sul concedeu benefício fiscal às empresas gaúchas, por meio do Decreto Estadual nº 37.699/97, para que pudessem adquirir aço das empresas produtoras em outros estados, aproveitando o ICMS devido em outras operações realizadas por elas, limitado ao valor do respectivo frete, em atendimento ao princípio da isonomia. III Verificase que, independentemente da classificação contábil que é dada, os referidos créditos escriturais não se caracterizam como receita, porquanto inexiste incorporação ao patrimônio das empresas industriais, não havendo repasse dos valores aos produtos e ao consumidor final, pois se trata de mero ressarcimento de custos que elas realizam com o transporte para a aquisição de matériaprima em outro estado federado. IV Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. V Recurso especial improvido. Em conclusão, no meu entendimento não devem ser incluídas na base de cálculo da COFINS os valores decorrentes de crédito presumido do ICMS. Fl. 138DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 10 *** A segunda questão a ser enfrentadas referese (ii) à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte intercompany de mercadoria. Entendo que a razão, neste caso, está com o Fisco. Vejamos. Como bem destacou o voto condutor do Acórdão da DRJ – Porto Alegre, restou evidente que se tratam de fretes não vinculados à operações de venda, uma vez que a própria Recorrente confirma que calculou créditos sobre fretes entre seus próprios estabelecimentos (“transporte intercompany de mercadoria”). Nos termos da norma que rege a matéria, nem todo o custo de produção pode ser utilizado para cálculo de créditos da Contribuição, mas apenas aqueles expressamente prescritos no art. 3º. da Lei 10.833/2003, dentre os quais não se encontram as despesas de transporte entre estabelecimentos da mesma empresa. A hipótese tratada nos autos não pode ser confundida com aquela hipótese prevista no inciso IX do art. 3º da Lei 10.833/2003, o qual prevê o cálculo de créditos sobre valores de frete nas operações de venda, verbis: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. A redação da lei é extremamente clara, e não comporta interpretações extensivas: somente dará direito ao crédito o custo do frete na operação de venda e quando o ônus for suportado pelo vendedor. No caso, a própria Recorrente informa que não se trata de operação de venda, mas sim meras transferências entre estabelecimentos de sua propriedade. Portanto, não há base legal para a pretensão da Recorrente. Neste sentido, transcrevo ementa de decisão do STJ: REsp 1147902 / RS de 18/03/2010: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE FRETE RELACIONADAS À TRANSFERÊNCIA INTERNA DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Controvertese sobre a possibilidade de utilização das despesas de frete, relacionadas à transferência de mercadorias entre estabelecimentos componentes da mesma empresa, como crédito dedutível na apuração da base de cálculo das contribuições à Cofins e ao PIS, nos termos das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. 2. A legislação tributária em comento instituiu o regime da não cumulatividade nas aludidas contribuições da seguridade social, devidas pelas empresas optantes pela tributação pelo lucro real, autorizando a dedução, entre outros, dos créditos referentes a Fl. 139DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 3201000.753 S3C2T1 Fl. 123 11 bens ou serviços utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 3. O direito ao crédito decorre da utilização de insumo que esteja vinculado ao desempenho da atividade empresarial. As despesas de frete somente geram crédito quando relacionadas à operação de venda e, ainda assim, desde que sejam suportadas pelo contribuinte vendedor. 4. Inexiste, portanto, direito ao creditamento de despesas concernentes às operações de transferência interna das mercadorias entre estabelecimentos de uma única sociedade empresarial. 5. Recurso Especial não provido No tocante às alegações de inconstitucionalidade das Leis 10.637/02 e 10.833/03, por suposta violação das matrizes constitucionais de competência tributária, extraída dos artigos 195, I, b e 239, da nãocumulatividade aplicável às referidas contribuições (art. 195, § 12), e dos princípios da isonomia tributária e do nãoconfisco, consagrados no artigo 150, II e IV, todos da Constituição Federal, entendo que o Contencioso Administrativo não é a instância competente para a discussão destas matérias. Na esfera administrativa se faz o controle da legalidade na aplicação da legislação tributária nos casos concretos, sem adentrar no mérito de eventuais inconstitucionalidades de leis regularmente editadas segundo o processo legislativo, tarefa essa reservada constitucionalmente ao Poder Judiciário (artigo 102 da CF/88). Este Colegiado pode reconhecer apenas inconstitucionalidades já declaradas, definitivamente, pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, ou nas demais situações expressamente previstas no termos do art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.941/2009, condições que não se apresentam no presente caso. *** Ante o exposto, conheço do recurso posto que presentes os requisitos objetivos de admissibilidade para o fim, no mérito, de DAR PROVIMENTO PARCIAL nos seguintes termos: 1. Dar provimento ao Recurso Voluntário no tocante à não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de crédito presumido do ICMS 2. Negar provimento ao Recurso Voluntário quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany). É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Conselheiro Relator Fl. 140DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE 12 Fl. 141DF CARF MF Emitido em 07/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARM, Assinado digitalmente em 12/08/2011 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIE
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