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Numero do processo: 13888.001803/2010-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA . IRPJ
Ano calendário: 2006
DECLARAÇÃO INEXATA. OMISSÃO DE RECEITA
Considera-se omitida toda a receita não oferecida à tributação
independentemente de estar ou não escriturada.
LUCRO REAL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. RETIFICAÇÃO I Inexiste a faculdade de o contribuinte compensar Prejuízos fiscais
retroativamente, quando não haja erro de fato cabalmente demonstrado, pois compensar prejuízos fiscais não é erro, mas sim uma opção legal.
Numero da decisão: 1401-000.752
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR o pedido de perícia e NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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IRPJ Anocalendário: 2006 DECLARAÇÃO INEXATA. OMISSÃO DE RECEITA Considerase omitida toda a receita não oferecida à tributação independentemente de estar ou não escriturada. LUCRO REAL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. RETIFICAÇÃO I Inexiste a faculdade de o contribuinte compensar Prejuízos fiscais retroativamente, quando não haja erro de fato cabalmente demonstrado, pois compensar prejuízos fiscais não é erro, mas sim uma opção legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR o pedido de perícia e NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, João Carlos de Figueiredo Neto e Jorge Celso Freire da Silva. Fl. 790DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 791 2 Fl. 791DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 792 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra o Acórdão nº 1434.981, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão PretoSP. Por economia processual, adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: Tratase de impugnação aos Autos de Infração de IRPJ e, CSLL, lavrados e cientificados em 15 de abril de 2010, contra o Interessado, relativos ao ano calendário de 2006, em razão de haver sido apurado pela Fiscalização receita bruta maior que a oferecida à tributação no mês de dezembro de 2006. Os valores relativos aos fatos geradores verificados encontramse indicados nos corpos dos autos de infração, nos quais também constam os enquadramentos legais respectivos, atingindo o valor consolidado do crédito tributário o montante de R$ 1.028.153,00 na data da lavratura, compreendendo os valores dos tributos, acrescidos da multa de ofício de 75% e dos juros de mora calculados até 31/03/2010, assim distribuídos: IRPJ RS 752.683,39 CSLL R$ 275.469,61 No Relatório Fiscal do Auto de Infração(fls. 33 a 37), há a descrição do procedimento fiscal e da irregularidade, apontada pelo autuante como infração à legislação tributária, que motivou a lavratura dos presentes autos de infração. Regularmente cientificado, ingressou com a impugnação de fls. 95 a 114, firmada pelos procuradores Dr. Luiz Rogério Sawaya Batista e Dr. Felipe Rufalco Medaglia, constituídos pela procuração de fl. 117, combatendo os Autos de Infração, onde em síntese alega que não houve qualquer omissão de receita, mas, apenas e tãosomente mero erro formal no preenchimento da DIPJ, mesmo porque a receita supostamente omitida foi levada em consideração quando do cálculo do IRPJ e da CSLL devidos. Aduz que foi autuada por não ter informado em sua DIPJ/2006, as receitas auferidas no mês de dezembro, no valor de R$1.467.996,94, nada obstante referido valor constasse dos livros fiscais e tenha sido declarado no DACON. Após referirse aos artigos 281 e 528 do RIR/99 e ao artigo 24 da Lei n° 9.249, de 1995, afirma que não está ocorrida a hipótese de omissão de receitas, pois, entende que a omissão de receita está vinculada à prática de um ilícito, tendente a reduzir ou suprimir o valor do tributo. Após reproduzir excerto de ensinamento de renomados juristas, alega que a suposta omissão de receita decorreu do fato de ela ter declarado em DACON e submetido à tributação da Contribuição ao PIS e à Cofins ter auferido receita, porém, não têlo feito na DIPJ. Diz que o fato de ter escriturado devidamente nos seus livros contábeis e submetidas as receitas supostamente omitidas à tributação do PIS e da Cofins, não Fl. 792DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 793 4 caracteriza intuito de suprimir ou reduzir tributo. Assevera que a própria fiscalização admite que houve mero erro formal no procedimento adotado pela impugnante que ela teria recolhido a contribuição ao PIS e à Cofins a maior. A seguir elabora demonstrativos, englobando todo o anocalendário de 2006, pretendendo demonstrar que o "erro formal" não afetou o cálculo e o recolhimento do IRPJ e da CSLL, como também recolheu tributos a maior, na medida em que não se utilizou de prejuízo fiscal apurado para deduzir da base de cálculo dos mencionados tributos. E conclui: "Por fim, (..), a Impugnante demonstrou que se erro de recolhimento houve, isso se deu em razão de recolhimento a maior do IRPJ e da CSLL no 2o, 3o e 4o Trimestre de 2006 por não ter a Impugnante aproveitado o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL apurada no 1º Trimestre daquele ano". Requer produção de prova pericial contábil, indicando o perito e os quesitos a serem respondidos, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. E a síntese do essencial. A DRJ, manteve integralmente o lançamento, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA . IRPJ Anocalendário: 2006 DECLARAÇÃO INEXATA. OMISSÃO DE RECEITA Considerase omitida toda a receita não oferecida à tributação independentemente de estar ou não escriturada. Assim , sendo as declarações apresentadas à RFB, o instrumento básico de determinação e cobrança do imposto, a sua formulação em valores inferiores aos escriturados implica omissão de receita. LUCRO REAL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. RETIFICAÇÃO I Inexiste a faculdade de o contribuinte compensar Prejuízos fiscais retroativamente, quando não haja erro de fato cabalmente demonstrado, pois a opção de abater prejuízos fiscais é definitiva. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 PERÍCIA. REQUISITOS. O pedido de perícia deve indicar os motivos que o justifiquem e do sujeito passivo. Caso contrário, o pedido deve ser considerado formulado. Portanto sem efeito o pedido de perícia da empresa, mesmo porque não há matéria contestada nos presentes autos de infração que necessite de opinião de perito para ser decidida. PRODUÇÃO DE PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMp0RAL Fl. 793DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 794 5 Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de produção e apresentação de provas suplementares pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça impugnatória. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No caso de lançamento de ofício, será aplicada a multa, calculada sobre totalidade ou diferença de tributo ou contribuição, de setenta e cinco ' cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de faltai declaração e nos de declaração inexata Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpôs recurso voluntário a este Conselho, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório. Fl. 794DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 795 6 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator. O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Tratase de Autos de Infração de IRPJ e, CSLL, relativos ao anocalendário de 2006, em razão de haver sido apurado pela Fiscalização receita bruta maior que a oferecida à tributação no mês de dezembro de 2006 em sua DIPJ. Perícia A contribuinte requer a realização de perícia, bem assim se insurge contra a decisão de primeira instância que a considerou prescindível. Porém, conforme se verificará na exposição mais adiante do mérito, assim como também ficou bastante claro em todo o contexto da decisão de primeira instância, os elementos indispensáveis à solução do litígio encontrase nos autos, motivo pelo qual o pedido de perícia dever ser indeferido nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. É que o fulcro da questão circunscrevese a averiguar a base de cálculo para a exigência do imposto de renda no regime de Lucro Real, tratandose, pois, de litígio ligado a definições conceituais ligado aos fatos constantes dos instrumentos de formalização do crédito tributário (livros e declarações). Ademais, o deferimento de diligência e perícia é uma decisão do âmbito de discricionariedade do julgador, cabendo a ele fazêla ou não a depender da formação de sua convicção (diligência) ou mesmo que se lhe exigirá conhecimentos técnicos específicos que somente um perito especializado poderia ter (perícia), o que não é o caso dos autos em que se requer apenas análise de meros dados contábeis, fiscais e legais., perfeitamente dentro da alçada de competência do Auditor Fiscal. Portanto, indefiro o pedido de perícia. MÉRITO Como já foi relatado, a lide gira em torno de receitas não oferecidas à tributação na DIPJ/2007, anocalendário 2006, relativamente ao mês de dezembro de 2006. Toda a defesa da Recorrente converge no sentido de alegar que não houve omissão de receitas, uma vez que elas teriam sido perfeitamente escrituradas em seus livros contábeis, declaradas na DACON e integraram a base de cálculo do PIS e da Cofins. Ora a fiscalização constatou a omissão de receitas a partir da chamada “declaração inexata”, em que se verificou existir diferença entre a receita declarada na DIPJ 2007, apresentada pela empresa à SRF, e aquela escriturada em seus livros contábeis/fiscais, Fl. 795DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 796 7 incorrendo, portanto, na materialização da hipótese de infração prevista no art. art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995. Como é sabido, toda receita não oferecida à tributação é por definição uma omissão de receita, não importando se estava ou não escriturada. A declaração inexata é causa ou consequência da omissão de receita, mas isso é irrelevante. Se foi a causa, intencional ou não, a omissão de receita está caracterizada, muito embora o dolo aqui já não se possa cogitar. Se a declaração inexata foi a consequência da omissão de receitas voluntariamente perseguida, há que se cogitar neste caso de dolo ou não. Tirante a questão da voluntariedade para efeito de qualificação da multa, a questão de ser “declaração inexata” ou de omissão de receita é de mera terminologia, o que importa é que a falta do oferecimento à tributação enseja o lançamento de ofício para restituir as coisas ao seu estado anterior. Nesse sentido, o art. 841 do RIR/99 dispõe, verbis: O lançamento será efetuado de oficio quando o sujeito passivo: (...) III fizer declaração inexata, considerandose como tal a que contiver ou omitir, inclusive em relação a incentivos fiscais, qualquer elemento que implique redução do imposto a pagar ou restituição indevida; (grifei) No caso concreto, de apuração pelo lucro real (trimestral), a omissão de receita implicou mesmo em redução do imposto a pagar. A própria Recorrente confessa tanto na fase impugnatória quanto no recurso que não oferecera à tributação as referidas diferenças de receitas escrituradas e não declaradas em DIPJ/DCTF. Mas, tenta confundir, alegando que tal procedimento não passava de um mero equívoco formal no preenchimento das declarações: 44. No caso ora debatido, a suposta omissão de receita, como dito, decorreu do fato de ter a Recorrente declarado em DACON — e submetido à tributação da Contribuição ao PIS e da COFINS — ter auferido receita, porém não tinha feito na DIPJ. 45. Vejam, V. Sas., que a Recorrente submeteu as receitas supostamente omitidas à tributação pela Contribuição ao PIS e à COFINS, bem como as escriturou devidamente nos seus livros contábeis, porém, por um mero equivoco no preenchimento da sua DIPJ, não as informou à Receita Federal do Brasil quando da apresentação da DIPJ. Porém no parágrafo seguinte, se contradiz, afirmando que a supressão dessas receitas não afetariam os tributos devidos ao final: 46. Ora, tal situação não caracteriza intuito de suprimir ou reduzir tributo — mesmo porque, conforme será demonstrado no próximo tópico, a Recorrente não apenas recolheu integralmente o IRPJ e a CSLL, como também o fez em valor superior ao efetivamente devido —, não podendo, portanto, caracterizar omissão de receita. Fl. 796DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 797 8 Na seqüência de sua defesa, ao invés de provar o oferecimento à tributação passa a discorrer sobre presunções legais de omissão de receita, que nada tem a ver com a matéria em debate. Pois, o caso que se cuida é omissão direta de receitas! Tergiversa mais uma vez, a respeito do erro de incluir o IPI como Receita Bruta o que fora constatado pela fiscalização e que também nada tem a ver com a matéria tributada em debate. Em sua impugnação e no recurso, o contribuinte juntou demonstrativos de apuração dos quatro trimestres do anocalendário de 2006, elaborados após a fiscalização, cujos dados teriam sido extraídos dos livros Diário, Razão e balancetes. Rememorando os cálculos do quarto trimestre de 2006: Tabela 1 Declarado pela empresa Apurado pelo Fisco Discriminação Valor Valor Diferença à menor Rec Venda Merc Interno e Prod Fabric Própria 2.426.168,10 3.894.165,04 1.467.996,94 () ICMS 645.624,87 645.624,87 0,00 () COFINS 339.735,51 339.735,51 0,00 () PIS/PASEP 73.758,37 73.758,37 0,00 RECEITA LIQUIDA DAS ATIVIDADES 1.367.049,35 2.835.046,29 1.467.996,94 () Custo dos Bens e Serviços Vendidos 1.158.518,72 1.158.518,72 0,00 LUCRO BRUTO 1.676.527,57 1.467.996,94 () Despesas Operacionais 127.172,90 127.172,90 0,00 LUCRO OPERACIONAL 81.357,73 1.549.354,67 1.467.996,94 RESULTADO DO PERÍODO DE APURAÇÃO 81.357,73 1.549.354,67 1.467.996,94 LUCRO LIQUIDO ANTES DA CSLL 81.357,73 1.549.354,67 1.467.996,94 LUCRO LIQUIDO ANTES DO IRPJ 81.357,73 1.549.354,67 1.467.996,94 LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO DE APURAÇÃO 81.357,73: 1.549.354,67 1.467.996,94 Depois de tantas tergiversações a Recorrente, por fim, traz uma surpresa ainda maior. Desloca o ponto de controvérsia para a rubrica “Custo dos Bens e Serviços Vendidos”. Ora, a lide cingese ao não oferecimento de determinadas receitas obtidas a partir da Gia e Livros Fiscais de Saída e de ICMS e demonstradas pelo Fisco nota fiscal a nota fiscal através do demonstrativo de fls. 1/16. A primeira dúvida que assola é saber por que motivo quando intimada não levou tal explicação. O segundo ponto é mais dramático ainda. Mesmo que se admita, apenas para argumentar, que houvesse por um passe de mágica uma subavaliação dos custos, como justificar ainda a diferença remanescente sobre as receitas? Por outras palavras como justificar ainda a presença e existência de cada uma das notas fiscais de saídas que estão escrituradas e foram tributadas para efeito de PIS e Cofins? E como conceber ainda que essa diferença no custo aparece exatamente na mesma cifra das diferenças de receitas ora tributadas? Por outras palavras, a “solução” aventada pela Recorrente é de plano incoerente e inconsistente com as provas já constante dos autos. É de lembrar que coerência e consistência é um dos pressupostos para uma certeza objetiva. Fl. 797DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 798 9 A Decisão de piso soube também captar a dimensão dessa surpresa, senão vejamos: Analisandose o demonstrativo do quarto trimestre de 2006 (fl. 109), verifica se que o contribuinte, em seus cálculos para apurar o resultado, deduziu inexplicavelmente como Custo das Mercadorias o valor de R$2.679.798,98, enquanto que na Ficha 04A da DIPJ informou como Custo de Bens e Serviços Vendidos o valor de R$1.158.518,72. Desta forma, não tendo o contribuinte trazido, juntamente com a impugnação, os documentos comprobatórios que embasassem seus cálculos, as suas alegações não podem ser acatadas. Ora, a DRJ quando sugeriu que a impugnante trouxesse os documentos comprobatórios do custo fora até benevolente, pois primeiro haveria que se responder a todas aquelas indagações conceituais antes. Mas, a recorrente limitouse repisar os mesmos argumentos trazidos na fase impugnatória sem trazer nenhum esclarecimento adicional que insta a esta autoridade julgadora a tomar conhecimento de tais provas. Limitouse a trazer em sede recursal uma enormidade de dados brutos: Livros contábeis e fiscais sem ser precisa em seu intento. O que implica dizer que o que trouxe não são provas, pois para caracterizar a prova não é bastante trazer aos autos informações, de forma desarticulada e incompletas, como fez a recorrente. Conforme jurisprudência deste Conselho a prova deve estar perfeitamente articulada com o auto de infração, descortinandose a partir dela de forma sucinta e objetiva todas as conexões existentes com o infração que se deseja infirmar. Esse ônus não é do julgador, mas sim da recorrente. Por outro torneio, as “peças de um quebra cabeça” não são provas, prova é o “quebracabeça” montado. Prejuízos Fiscais Como se não bastasse, a Recorrente traz um novo argumento totalmente desarticulado com sua linha anterior de defesa, mostrando mais uma vez a inconsistência de suas alegações. E voto a ressaltar, um dos pressupostos da verdade é a coerência e consistência. Sem esses atributos, geralmente a verdade passa longe. Alega dessa feita que a diferença não se dá nem nas receitas, nem nos custos, mas na falta de aproveitamento dos prejuízos fiscais ocorridos nos trimestres anteriores de 2006, que não foram por ela aproveitados. Sempre adotei a linha de entendimento de que opção não é erro. O não aproveitamento dos prejuízos fiscais não configura um erro, pois é uma opção perfeitamente possível. E se é uma opção perfeitamente possível não há maneira de se demonstrar que o não exercício desse direito foi um erro. Fl. 798DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 799 10 Dessa forma, em vista das explicações escorreitas da decisão de piso e também não rebatidas, passo a adotar também como razão de decidir os fundamentos utilizados pela decisão de piso, abaixo reproduzidos: Ora, a legislação tributária adota o sistema de transporte de prejuízos fiscais para exercícios seguintes para efeito de compensálos. Após o advento do art. 42, parágrafo único, da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e § 2° do art. 510 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), não há limite temporal para a redução do lucro líquido apurado em exercícios posteriores por meio desses prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores. Entretanto, a compensação dos prejuízos fiscais é uma opção do contribuinte nos termos dos arts. 250, 509 e 510 do RIR/1999, os quais dispõem: Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluidos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei n 1.598, de 1977, art. 6, § 3°): (...) III o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei n" 9.065, de 1995, art. 15 eparágrafo único). (...) Art. 509. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR (DecretoLei n 1.598, de 1977, art. 64, § 1, e Lei n9.249, de 1995, art. 6, e parágrafo único). § 1 A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou mais períodos de apuração, à opção do contribuinte, observado o limite previsto no art. 510 (DecretoLei w° 1.598, de 1977, art. 64, § 2?). (...) Prejuízos Fiscais Acumulados até 31 de dezembro de 1994 e Posteriores Art. 510. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendario de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei n9.065, de 1995, art. 15). Fl. 799DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 800 11 §10 disposto neste artigo somente se aplica ás pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei n 9.065, de 1995, art. 15, parágrafo único), (grifei) a (...) Relativamente à possibilidade de retificação da DIPJ para demonstrar a alteração dos prejuízos fiscais que a impugnante quer compensar retroativamente, desde o primeiro trimestre do anocalendário de 2006, é imprescindível a comprovação de erro para a convalidação de tal procedimento, nos moldes do art. 147, § Io, do Código Tributário Nacional CTN (Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966), o qual prescreve (grifouse): Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § Io A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. A retificação da declaração de rendimentos estava subordinada à autorização administrativa, por força do art. 832 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999). No entanto, com a edição da Medida Provisória (MP) n° 1.99026, de 14 de dezembro de 1999, foram alterados os procedimentos para retificação de declarações, em razão do comando contido no art. 19 dessa MP, atual art. 18 da Medida Provisória n° 2.18949, de 23 de agosto de 2001, que assim dispõe: Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração, (grifei) No que toca à declaração de rendimentos das pessoas jurídicas, esse dispositivo foi regulado pela Instrução Normativa SRF n° 166, de 23 de dezembro de 1999, a qual dispõe no seu art. Io, §§ Io e 2o: Art. 1º A retificação da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — DITR anteriormente entregue, efetuada por pessoa jurídica, darseá mediante apresentação de nova declaração, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Fl. 800DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 801 12 § 1° Aplicase o disposto neste artigo às Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIRPJrelativas a anoscalendário anteriores a 1998. § 2° A declaração retificadora referida neste artigo: I — terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, inclusive para os efeitos da revisão sistemática de que trata a Instrução Normativa SRF n° 94, de 24 de dezembro de 1997; Processo 13888.001803/201075 DRJ/RPO Acórdão n.° 1434.981 Ri. 363 cm II — será processada, inclusive para fins de restituição, em função da data de sua entrega. (...) Assim sendo, consoante o art. 18 da MP n° 2.18949, de 2001, e a IN SRF n° 166, dc 1999, a retificação de declarações não é um direito automático do sujeito passivo, que independa de previsão normativa. Pelo contrário, a retificação só pode ser feita nas hipóteses em que admitida. Complementando, o dispositivo exige que a declaração retificadora tenha a mesma natureza da declaração retificada. Essa regra explicita o fato de que as retificações de declarações só podem ser feitas em casos de erros ou omissões relativos à matéria fática informada, o que não é o caso da situação sob análise. Outra interpretação não é possível, pois contrariaria frontalmente o estabelecido no Código Tributário Nacional. Com efeito, o CTN, nossa lei nacional de normas gerais tributárias, em seu art. 147, § Io, categoricamente assevera que a retificação de declarações "só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde". Se a interessada deixou de compensar prejuízos fiscais em um determinado momento, ela adotou um procedimento válido e normal à época. Como dito anteriormente, a compensação de prejuízos fiscais é uma opção da contribuinte. Tal faculdade não pode ficar ao seu alvedrio de querer buscar efeitos retroativos que lhe proporcionarão vantagens econômicas ou financeiras. Uma vez realizada a opção válida e eficaz de não compensar parte ou o todo do prejuízo fiscal admissível, inexiste esteio legal para promover retificações (alterações) em anoscalendário passados. Anotese que o montante não aproveitado anteriormente pode ser utilizado posteriormente. Ou seja, não há prejuízo para a impugnante, pois a lei vigente assegura a imprescritibilidade dos prejuízos fiscais apurados e ainda não compensados. Com efeito, a possibilidade de a interessada retificar a declaração é vedada pelo art. 147, § 1º, do CTN. O contribuinte fez uma opção válida e eficaz à época. Não houve erro (comprovado) a ensejar a hipótese permissiva da retificação em tela. Fl. 801DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 13888.001803/201075 Acórdão n.º 1401000.752 S1C4T1 Fl. 802 13 Registrese que esse entendimento também é reforçado pela jurisprudência administrativa. A Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade, no processo n° 13164.000004/9906, acórdão n° 10513.190, proferiu a seguinte decisão: RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO — Incabível a retificação da declaração de rendimentos para modificar a compensação de prejuízo não exercida na época própria, pois o não exercício desta opção não se caracteriza como erro de fato. CSLL. Lançamento reflexo Por fim, tendo se em vista que, quanto ao Auto de Infração relativo à CSLL, fato motivador foi o mesmo relativo ao IRPJ, aplicase a esse assunto as razões esposadas no voto relativas ao IRPJ. Por todo o exposto, rejeito o pedido de perícia e nego provimento ao recurso (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 802DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10880.025452/99-11
Turma: Terceira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1990 a 31/03/1992
FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA.
O prazo para repetição de indébito relativo a tributo sujeito ao lançamento por homologação é de dez anos contados da ocorrência do fato gerador, no caso de homologação tácita do lançamento e para os pedidos protocolizados até 08 de junho de 2005.
Numero da decisão: 3402-001.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos após 31 de julho de 1989 e determinar o retorno dos autos à instância recorrida para análise do mérito.
Nayra Bastos Manatta - Presidente.
Sílvia de Brito Oliveira - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Nayra Bastos Manatta (Presidente), Sílvia de Brito Oliveira, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, Gilson Macedo Rosenburg Filho, João Carlos Cassuli Junior e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva.
O Presidente substituto da Turma assina o acórdão em face da impossibilidade, por motivo de saúde, da Presidente Nayra Bastos Manatta.
Nome do relator: SILVIA DE BRITO OLIVEIRA
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Recorrente COTONIFÍCIO GUILHERME GIORCI S/A Recorrida DRJ em SÃO PAULOSP I ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1990 a 31/03/1992 FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. O prazo para repetição de indébito relativo a tributo sujeito ao lançamento por homologação é de dez anos contados da ocorrência do fato gerador, no caso de homologação tácita do lançamento e para os pedidos protocolizados até 08 de junho de 2005. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos após 31 de julho de 1989 e determinar o retorno dos autos à instância recorrida para análise do mérito. Nayra Bastos Manatta Presidente. Sílvia de Brito Oliveira Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Nayra Bastos Manatta (Presidente), Sílvia de Brito Oliveira, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, Gilson Macedo Rosenburg Filho, João Carlos Cassuli Junior e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 02 54 52 /9 9- 11 Fl. 1719DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/04/ 2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG F ILHO 2 O Presidente substituto da Turma assina o acórdão em face da impossibilidade, por motivo de saúde, da Presidente Nayra Bastos Manatta. Relatório A pessoa jurídica qualificada neste processo protocolizou, em 30 de agosto de 1999, pedidos de restituição, acompanhados de pedidos de compensação, de valores pagos ou objeto de depósito judicial a título de contribuição para o Fundo de Investimento Social (Finsocial), de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e de contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e, também pedido de restituição de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não escriturados. Em despacho decisório exarado às fls. 245 a 249, preferido em 18 de novembro de 2002, a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo –SP indeferiu o pleito e a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. Antes de apreciar a referida manifestação, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São PauloSP I (DRJ/SPOI) determinou o desmembramento dos autos e, conforme informação à fl. 757, procedeuse à abertura do processo nº 10880.720000/200551 para tratar do pedido relativo aos créditos do IPI, permanecendo nestes autos os pedidos de restituição relativos ao Finsocial, à Cofins e ao PIS. Do exame das peças processuais, inferese que o pedido está fundamentado: 1) relativamente ao Finsocial e à Cofins, na inconstitucionalidade da majoração de alíquota dessas contribuições, que, segundo entendimento da recorrente, tornam indevidos os pagamentos e depósitos efetuados em valor excedente ao resultante da aplicação da alíquota de 0,5%; 2) quanto ao PIS, na suspensão da execução dos Decretoslei nº 2.445, de 29 de junho de 1988, e nº 2.449, de 21 de julho de 1988, pela Resolução do Senado Federal no. 49, de 9 de outubro de 1995, com retomada da exigência do PIS em conformidade com a Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, que, em relação aos mencionados Decretoslei, diverge quanto à base de cálculo e à alíquota aplicável. A DRJ/SPOI, nos termos do voto condutor do Acórdão constante das fls. 762 a 775, não conheceu da manifestação na parte concernente ao IPI e, sem adentrar no mérito, manteve o indeferimento quanto às demais matérias, por entender que depósitos judiciais não são passiveis de restituição e que, quanto aos valores pagos, terseia operado a decadência do direito de pleitear o indébito. Inconformada com a decisão de piso, a solicitante apresentou recurso a este Segundo Conselho de Contribuintes, às fls. 780 a 795, para requer seu recebimento com efeito devolutivo e suspensivo e alegar, em síntese, que: I – os valores objeto de depósito judicial referemse apenas ao período de dezembro de 1990 a junho de 1991 e o que se pretende aqui é a restituição de valores relativos a dez anos de contribuições indevidamente pagas; portanto, excluído esse período, ainda há créditos para as compensações tributárias requeridas; Fl. 1720DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/04/ 2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG F ILHO Processo nº 10880.025452/9911 Acórdão n.º 3402001.833 S3C4T2 Fl. 324 3 II – tendo ganhado a causa da ação judicial relativa à alíquota do Finsocial, é credora da majoração ilegal praticada pela União; III – quanto à decadência, não se pode aplicar o Ato Declaratório (AD) SRF nº 96, de 1999, pois o pedido da recorrente foi protocolizado em data anterior a esse AD, quando, então, vigia o Parecer Cosit nº 58, de 27 de outubro de 1998; IV – o direito a pleitear a repetição de indébito só surge após a homologação tácita do lançamento, ou seja, após cinco anos do fato gerador, e, de acordo com o supracitado Parecer, quanto às exações julgadas inconstitucionais, esse direito surge após a publicação da Resolução Senatorial; V – o prazo para repetição de indébito relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação é de dez anos, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ); VI – afastada a prejudicial de decadência, a restituição do PIS, da Cofins e do Finsocial deve ser deferida, pois a aferição material dos créditos está explicitada nas planilhas apresentadas, sendo que os créditos de Finsocial e de Cofins correspondem ao excedente da alíquota de 0,5% e os de PIS são decorrentes da suspensão da execução dos Decretoslei nº 2.445 e nº 2.449, ambos de 1998, com conseqüente aplicação da Lei Complementar nº 7, de 1970; VII – é ilegal a cobrança da Cofins à alíquota de 2%, pois a Lei complentar nº 7, de 1970, apenas instituiu uma nova contribuição como forma de majorar a alíquota do Finsocial, o que já foi declarado inconstitucional. Ao final, solicitou a recorrente a reforma da decisão recorrida para que sejam reconhecidos seus créditos com vista à homologação das compensações pleiteadas e conseqüente extinção das obrigações tributárias correspondentes. Na sessão de 17 de outubro de 2007, a Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, por meio do Acórdão n° 20312.483, apreciou e julgou o recurso voluntário quanto ao PIS e à Cofins e deixou de conhecer das questões arguidas quanto ao Finsocial, por tratarse de matéria de competência do extinto Terceiro Conselho de contribuintes. Em face da extinção dos Conselhos de Contribuintes e criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), com Seções cujas competências foram definidas no Anexo II da Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009 – Regimento Interno do Carf, este processo foi remetido para julgamento da matéria relativa ao Finsocial na Terceira Seção do Carf. É o Relatório. Voto Conselheira Sílvia de Brito Oliveira, Relatora Fl. 1721DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/04/ 2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG F ILHO 4 O recurso é tempestivo e seu julgamento está inserto na esfera de competência da Terceira Seção do Carf, devendo, pois, ser conhecido. Inicialmente, cumpre salientar que, na decisão recorrida, não foi apreciado o mérito do pedido de restituição do Finsocial e seu indeferimento, salvo quanto à questão da impossibilidade de restituição de valores depositados, se deu por se ter operado a decadência, uma vez que o prazo quinquenal previsto no art. 168, inc. I, do CTN. Destarte, o deslinde do litígio aqui instaurado transita apenas pelo exame do prazo decadencial para a repetição de indébito relativo à contribuição para o Finsocial e, nesse ponto, tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, era pacífica a orientação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que a extinção do crédito tributário somente se operaria com a homologação tácita do lançamento e, assim, na hipótese de homologação tácita, que ocorre com o decurso do prazo de cinco anos da data do fato gerador, o prazo decadencial seria de dez anos da ocorrência do fato gerador. Tal orientação, porque firmada no pressuposto de que decorreria cinco anos para a homologação do lançamento e, depois, mais cinco para o exercício do direito de pleitear a restituição, ficou conhecida, no meio jurídicotributário, como a tese dos cinco mais cinco. Ocorre, porém, que, em 09 de fevereiro de 2005, foi publicada a Lei Complementar n° 118, de 09 de fevereiro de 2005, cujo art. 3° fixou, para efeito de interpretação do art. 168, inc. I, do CTN, a extinção do crédito tribuário, no caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, na data do pagamento antecipado referido no art. 150, § 1°, também do CTN. Mais ainda, a cláusula de vigência da mencionada Lei Complementar emprestou vigor à lei a partir do 120° dia da sua publicação, contudo, ressalvou o caráter interpretativo do seu art. 3°, o que imporia a observância do art. 106, inc. I, do CTN, para aplicálo aos fatos pretéritos. Ora, outra sorte não poderia ter essa cláusula de vigência espelhada no art. 4° da Lei Complementar n° 118, de 2005. A constitucionalidade da aplicação retroativa do art. 3° dessa lei foi objeto do Recurso Extraordinário (RE) n° 561.908, com repercussão geral reconhecida no Supremo Tribunal Federal (STF). Tal RE foi substituido pelo RE n° 566.621 como paradigma da repercussão geral, o qual foi julgado pelo plenário da Suprema Corte em 04 de agosto de 2011, com relatoria da Ministra Ellen Gracie, e o respectivo Acórdão traz o entendimento de que o dispositivo legal questionado, autoproclamado interpretativo, com efeito, trazia inovação no mundo jurídico, pois estabelecia prazo novo e reduzido para a repetição do indébito tributário, visto que, até então, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ com a tese dos cinco mais cinco. Com essa decisão, ficou assegurado o prazo de cinco anos, contado a partir da homologação do lançamento tese dos cinco mais cinco , para as pretenções deduzidas até 09 de junho de 2005, data da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, e somente para as ações de repetição ingressadas a partir dessa data aplicase o prazo quinquenal contado a partir da data do pagamento antecipado do tributo. Destarte, reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118, de 2005, em sede de RE com repercussão geral reconhecida e com sobrestamento dos demais recursos, impõese a aplicação desse entendimento da Suprema Corte nos julgados deste colegiado, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Carf, constante do Anexo II da Portaria Mf n° 256, de 2009, com as alterações posteriores. Fl. 1722DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/04/ 2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG F ILHO Processo nº 10880.025452/9911 Acórdão n.º 3402001.833 S3C4T2 Fl. 325 5 Diante do exposto e considerando que o pedido de restituição foi protocolizado em 30 de agosto de 1999 e que o fato gerador da contribuição em questão se perfaz em 31 de agosto, voto pelo provimento parcial do recurso para reconhecer a decadência do direito à repetição dos pagamentos realtivos aos fatos geradores ocorridos até 31 de julho de 1989, inclusive, e, assim, afastada a decadência, devolver os autos à instância recorrida para o julgamento do mérito. É como voto. Sílvia de Brito Oliveira Relatora Fl. 1723DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 10/04/ 2013 por SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG F ILHO
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Numero do processo: 13502.000794/2004-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS – IRPJ. Ano-calendário: 1999 LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA. A partir de 1º de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo do lucro inflacionário acumulado até 31/12/1995, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação
Numero da decisão: 1301-000.970
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, afastar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
Nome do relator: EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS – IRPJ. Anocalendário: 1999 LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA. A partir de 1º de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo do lucro inflacionário acumulado até 31/12/1995, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação . Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, afastar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada contra decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ em Salvador/BA. Versa o presente processo administrativo acerca de Auto de Infração, referente ao anocalendário 1999, que traz em seu bojo glosa atinente ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ (fls. 01 – 03), por meio do qual se promoveu o ajuste da base de cálculo do imposto, reduzindo em R$ 2.521.712,98 (dois milhões, quinhentos e vinte e um mil, setecentos e doze reais e noventa e oito centavos), o valor prejuízo fiscal declarado pela pessoa jurídica em decorrência de ausência de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real do período, do lucro inflacionário realizado, sem observância do percentual de realização mínima de 10% (dez por cento) ao ano, previsto na legislação de regência. Depreendese do citado auto de infração que o enquadramento legal aponta infração ao artigo 8º da Lei n° 9.065/95, artigos 6º e 7º da Lei n° 9.249/95 e artigos 249, inciso I, e 449 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Devidamente cientificada da autuação (fl. 69), a recorrente apresentou Impugnação (fls. 71 – 75), alegando, em resumo, que da análise dos documentos internos da época do períodobase constatou equívoco no preenchimento declaração de rendimentos do períodobase de 1991, na indicação do ”Saldo Credor Dif. IPC/BTNF Corrigido”, na linha 28, item 56, quadro 04, Anexo A, no valor de Cr$ 20.891.599.422,00 e que o referido valor corresponde apenas à diferença IPC/BTNF decorrente da correção das contas do Patrimônio Líquido. Afirmou, portanto, que de acordo com o artigo 3º da Lei n° 8.200/91, tal valor deveria ser contraposto aquele decorrente da correção do Ativo Permanente, resultando daí o saldo credor ou devedor concernente aos efeitos da Lei n° 8.200 sobre os balanços das pessoas jurídicas e que em conformidade com o que se verifica nas notas explicativas integrantes dos Balanços Patrimoniais da recorrente, publicado no Jornal Gazeta Mercantil (nota n° 19 "b"), a aplicação da Lei 8.200 resultou num saldo devedor de correção monetária (diferença IPC/BTNF) da ordem de Cr$ 994.647 mil, portanto, dedutível ao invés de tributável. Com base nesses dados oficiais, afirmou a recorrente que se poderia extrair a composição do mencionado valor de Cr$ 20.891.599.422,00, confirmando as contas do Patrimônio Líquido que lhe deu origem (elabora pequeno demonstrativo). Em conclusão, assenta não haver falar em saldo credor da diferença IPC/BTNF decorrente da aplicação da Lei n° 8.200, e destacou que caso entendessem os julgadores que os documentos e informações apresentados não fossem suficientes para comprovar o alegado, deferissem a realização de Perícia e, para tanto, indicou assistente técnico e formulou quesitos a serem respondidos pelo perito. Por fim, pugnou pelo acolhimento e provimento da Impugnação para que fosse declarado insubsistente o auto de infração em questão. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13502.000794/200434 Acórdão n.º 1301000.970 S1C3T1 Fl. 2 3 Juntamente com a Impugnação, a recorrente fez juntar aos autos documentos de folhas 76 a 78 e consoante despacho de folhas 89 e 90 foi solicitada a realização de diligência, para esclarecimento de algumas questões atinentes ao lançamento e ao litígio, tendo a unidade da RFB que jurisdiciona a Contribuinte anexado a documentação de folhas 92 a 175, na qual se encontra o Relatório de Diligência Fiscal (fls. 157 – 158), tendo a recorrente se manifestado (fl. 161), juntando os documentos que entendeu pertinentes (fls. 162 – 175). A 2ª Turma da DRJ em Salvador/BA, nos termos do acórdão e voto de folhas 184 a 197, julgou o lançamento parcialmente procedente, assentado para tanto que a autuação decorreu de revisão interna efetuada nas declarações de rendimento da Contribuinte, de n° 0781108, correspondente ao anocalendário 1999, com base no que prevê o artigo 835 do RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 e que se verificou que a recorrente, quando da apuração do lucro real relativo ao referido anocalendário, teria deixado de adicionar o valor do lucro inflacionário realizado, de R$ 2.521.712,98, ou seja, a parcela do lucro inflacionário acumulado em 31/12/1995, calculada com base no percentual de realização mínima obrigatória, no caso, de 10% ao ano. Feitos esses esclarecimentos, destacou a decisão recorrida que o valor do lucro inflacionário não realizado no anocalendário de 1999 seria decorrente de duas parcelas distintas que vieram a se somar a partir do anocalendário de 1993. A primeira delas é o saldo credor originário da diferença de correção monetária IPC/BTNF apurada no ano de 1990, de que trata o artigo 3º, inciso II, da Lei n° 8.200/91 e a segunda decorre da aplicação da mesma diferença sobre o "lucro inflacionário acumulado a realizar", existente em 31/12/1989, em conformidade com o Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), às folhas 04 a 10. Afirmouse ainda, que em decorrência da irregularidade apontada, ajustouse a base de cálculo do imposto de renda do anocalendário de 1999 em R$ 2.521.712,98, reduzindose o valor do prejuízo fiscal declarado pela Autuada, de R$ 29.222.683,46 para R$ 26.700.970,48, destacando que o pedido de perícia deveria ser indeferido ante a desnecessidade, já que o processo conteria todos os elementos para a formação da livre convicção do julgador, conforme o disposto no artigo 18 do Decreto n° 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal PAF, visto que foi realizada diligência fiscal, cujas conclusões e documentos que a fundamentaram foram anexados aos autos. No mérito, assentou a decisão recorrida que a recorrente alegava que não apurou saldo credor de correção monetária, no ano de 1990, e sim saldo devedor, já que, por equívoco, o valor de Cr$ 20.891.599.422,00, indicado na linha 28, item 56, do quadro 04 do anexo "A" da DIRPJ/1992, anobase de 1991, reportase à diferença de correção monetária IPC/BTNF apenas das contas do Patrimônio Líquido, enquanto o verdadeiro saldo de correção monetária da diferença IPC/BTNF foi devedor, da ordem de Cr$ 994.647.346,24, conforme balanço patrimonial da empresa juntado à folha 78. Salienta que de acordo com o Demonstrativo SAPLI de folhas 04 a 10, haveria uma diferença credora de correção monetária IPC/BTNF, apurada no anobase de 1990, corrigida até 31/12/1991, no valor de Cr$ 20.891.599.422,00 e que examinandose toda a documentação relativa à diligência efetuada, em especial o Relatório de Diligência Fiscal, verificase que a correção monetária de balanço referente ao anobase de 1990, no valor de Cr$ 1.060.112.759, teve natureza credora, conforme demonstrativo de folha 125, fundamentado em lançamentos registrados no Livro Diário, com cópias às folhas 126 a 133. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR 4 Acrescentouse que a própria recorrente corroborou tal conclusão, em resposta a intimação fiscal, consoante documento de folhas 119 a 124 e assim, confirmada a apuração de saldo credor de correção monetária, no anobase de 1990, obviamente, a diferença de correção monetária IPC/BTNF referente ao mesmo período também terá natureza credora, uma vez tratarse de simples complemento da correção monetária apurada, originariamente, com base apenas no BTNF, a fim de ajustála à correção monetária integral, calculada com base no IPC, tal como determinado pela Lei n° 8.200/91. Afirmouse, portanto, que se a Contribuinte admite que foi credor o saldo de correção monetária relativo ao anobase de 1990, decorrente da comparação entre a correção monetária das contas do ativo permanente e a correção monetária das contas do patrimônio líquido, apurado mediante a aplicação da variação do BTNF sobre o saldo inicial das referidas contas, seria absurdo argumentar que foi devedor no valor de Cr$ 994.647.346,24 o saldo de correção monetária correspondente à diferença IPC/BTNF calculada em relação ao mesmo anobase de 1990, mediante a incidência do índice complementar de correção monetária sobre as mesmas bases (saldos das contas do ativo permanente e do patrimônio líquido). Entendeuse, em suma, que se o saldo das contas do ativo permanente supera o das contas do patrimônio líquido, como ocorreu no presente caso, a correção monetária sempre terá natureza credora, independentemente do índice de correção monetária utilizado e, por outro lado, procederia a alegação da recorrente no sentido de que errou ao registrar, no item 56 da linha 28 do quadro 04 do anexo "A" da declaração de rendimentos do períodobase de 1991, o valor de Cr$ 20.891.599.422,00, como se pode observar no extrato do Sistema IRPJ Consulta, à folha 84, porquanto, naquele campo da declaração deveria ser preenchido o montante do saldo credor de correção monetária referente à diferença IPC/BTNF do anobase de 1990, corrigido até 31/12/1991, mas, a recorrente informou a parcela da diferença de correção monetária IPC/BTNF, relativa, tãosomente, às rubricas do patrimônio líquido. Destarte, concluiuse que o verdadeiro valor do saldo credor da diferença de correção monetária IPC/BTNF apurado no ano de 1990, como consta do demonstrativo de folhas 134, é de Cr$ l.811.165.538,49, resultante da diferença entre as correções monetárias (IPC/BTNF) do ativo permanente, no valor de Cr$ 22.702.764.958,74, e do patrimônio líquido, no valor de Cr$ 20.891.599.420,25, sendo que este último valor a recorrente alega ser de Cr$ 23.697.412.316,96, o que somente seria possível caso o patrimônio líquido fosse maior do que o ativo permanente, no anobase de 1990. Assim, concluiuse que o valor de Cr$ 1.811.165.538,49, corrigido até 31/12/1991, pelo índice de correção monetária de 5,7682, importaria em Cr$ 10.447.165.059,00, valor que deveria constar do Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), à folhas 05, ao invés do valor de Cr$ 20.891.599.422,00, destacando que o Fisco reconheceu, de ofício, a decadência do imposto de renda correspondente a várias parcelas do saldo de lucro inflacionário acumulado que deveriam ter sido oferecidas à tributação, fazendo constar do sistema SAPLI tais ajustes, como se pode observar no novo Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), às fls. 176 a 181, registrando as parcelas excluídas do lucro inflacionário acumulado na linha "Baixa por decadência". Segundo a decisão recorrida, portanto, foram baixadas por decadência as parcelas que deixaram de ser realizadas nos meses de janeiro a dezembro dos anoscalendário de 1993 e 1994, e nos anoscalendário de 1996, 1997, 1998, 2000, 2001 e 2002, verificandose no novo Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), que já contempla todas as alterações descritas acima (até 1999), que o "Lucro Inflacionário Acumulado a Realizar", em 31/12/1995, alcançou o valor de R$ 9.326.378,55 e que aplicandose o percentual mínimo de realização Fl. 305DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13502.000794/200434 Acórdão n.º 1301000.970 S1C3T1 Fl. 3 5 (10% ao ano), encontrase o valor de R$ 932.637,86, que corresponde ao lucro inflacionário realizado que deve ser adicionado no cálculo do lucro real, no anocalendário de 1999. Concluiu a decisão recorrida, consequentemente, que se haveria de retificar a alteração procedida no valor do prejuízo fiscal declarado no anocalendário de 1999, que deverá ser reduzido em apenas R$ 932.637,86, conforme Demonstrativo SAPLI, às folhas 182 e 183, julgando assim, parcialmente procedente a alteração efetuada no valor do prejuízo fiscal declarado no anocalendário 1999, que passa a ser de R$ 28.290.045,60 (vinte e oito milhões, duzentos e noventa mil, quarenta e cinco reais e sessenta centavos), mantendose uma redução do prejuízo no valor de R$ 932.637,86 (novecentos e trinta e dois mil seiscentos e trinta e sete reais e oitenta e sete centavos), conforme demonstrativos. Devidamente cientificada (fl. 194), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando em síntese que a decisão objetada seria nula porquanto proferida com preterição ao seu direito de defesa, eis que fora indeferida sua pretensão pela realização de perícia e a diligência determinada não teria respondido os quesitos formulados na Manifestação de Inconformidade. Quanto ao mérito, reiterou os argumentos já relatados e pugnou por provimento. É o relatório. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR 6 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos genéricos de recorribilidade. Admitoo para julgamento. Não vislumbro nos autos a ocorrência da citada nulidade da decisão recorrida. Ao meu sentir, a decisão recorrida indeferiu o a realização da pretendida perícia de forma fundamentada, atestando que os elementos que se achavam inseridos nos autos eram suficientes para decidirse a controvérsia, sendo certo que para os pontos que reputou necessários, determinouse a realização de diligência sendo facultado à recorrente manifestar se sobre ela. Ademais, a recorrente apresentou de forma tempestiva e fundamentada todos os recursos próprios ao processo administrativo fiscal demonstrando conhecer as imputações, de sorte que, qualquer equívoco cometido pela decisão recorrida, quanto ao mérito da autuação, poderá ser suprido pela apreciação do Recurso Voluntário, nada justificando a decretação da nulidade. Com efeito, a glosa implementada se relaciona ao lucro inflacionário não realizado, cujo valor, no anocalendário 1999, seria decorrente de duas parcelas distintas que vieram a se somar a partir do anocalendário de 1993, sendo a primeira delas o saldo credor originário da diferença de correção monetária IPC/BTNF apurada no ano de 1990, de que trata o artigo 3º, inciso II, da Lei n° 8.200/91 e a segunda decorrente da aplicação da mesma diferença sobre o "lucro inflacionário acumulado a realizar", existente em 31/12/1989, em conformidade com o Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI fls. 04 – 10). Em cotejo dos argumentos sustentados pela recorrente, observase que nenhum reparo deve ser feito na decisão impugnada, porquanto, tal como assentado naquela sede, examinandose toda a documentação relativa à diligência efetuada, em especial o Relatório de Diligência Fiscal, verificase que a correção monetária de balanço referente ao anobase de 1990, no valor de Cr$ 1.060.112.759, teve natureza credora, conforme demonstrativo de folha 125, fundamentado em lançamentos registrados no Livro Diário, com cópias às folhas 126 a 133, devendose mencionar, inclusive, que a própria recorrente, em resposta a intimação fiscal, consoante documento de folhas 119 a 124, corrobora tal assertiva. Destarte, comprovada a apuração de saldo credor de correção monetária no anobase de 1990, obviamente, a diferença de correção monetária IPC/BTNF referente ao mesmo período também terá natureza credora, uma vez tratarse de simples complemento da correção monetária apurada, originariamente, com base apenas no BTNF, a fim de ajustála à correção monetária integral, calculada com base no IPC, tal como determinado pela Lei n° 8.200/91, nos exatos termos constantes do aresto impugnado. Como os ajustes formais já foram realizados pela decisão recorrida, tal como relatado, encaminho meu voto no sentido de Negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 03 de julho de 2012. (assinado digitalmente) Fl. 307DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13502.000794/200434 Acórdão n.º 1301000.970 S1C3T1 Fl. 4 7 Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 06/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 31/07/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente em 06/09/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10783.723530/2011-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário:2003, 2004, 2005
Ementa:
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Nos termos do disposto no Decreto nº 70.235, aliado ao RI_CARF, o prazo para interposição de recurso voluntário para O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é de 30 dias contatos da ciência da decisão proferida pela DRJ.
Numero da decisão: 1401-000.778
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, em face da intempestividade
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário:2003, 2004, 2005 Ementa: RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Nos termos do disposto no Decreto nº 70.235, aliado ao RI_CARF, o prazo para interposição de recurso voluntário para O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é de 30 dias contatos da ciência da decisão proferida pela DRJ.
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Numero do processo: 10980.724043/2010-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - DESCUMPRIMENTO - INFRAÇÃO
Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.
ADESÃO AO SIMPLES - FACULDADE DO CONTRIBUINTE
A legislação que trata do SIMPLES é clara no sentido de que a adesão ao referido sistema simplificado de tributação é uma faculdade que pode ser exercita pelas empresas mediante opção formal que, após análise, poderá ser ou não deferida pela autoridade administrativa. Não há possibilidade de a empresa abster-se do recolhimento das contribuições abrangidas pelo SIMPLES, se não efetuou a opção.
ERROS DE ESCRITA - NULIDADE - INOCORRÊNCIA
Meros erros de escrita contidos no Relatório Fiscal que não prejudicam a compreensão da origem do lançamento não são capazes de levar a sua nulidade.
LEGISLAÇÃO POSTERIOR - MULTA MAIS FAVORÁVEL - APLICAÇÃO
A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-003.342
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em dar provimento parcial para adequação da multa ao artigo 32-A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfica.
Júlio César Vieira Gomes Presidente
Ana Maria Bandeira- Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente justificadamente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: ANA MARIA BANDEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - DESCUMPRIMENTO - INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. ADESÃO AO SIMPLES - FACULDADE DO CONTRIBUINTE A legislação que trata do SIMPLES é clara no sentido de que a adesão ao referido sistema simplificado de tributação é uma faculdade que pode ser exercita pelas empresas mediante opção formal que, após análise, poderá ser ou não deferida pela autoridade administrativa. Não há possibilidade de a empresa abster-se do recolhimento das contribuições abrangidas pelo SIMPLES, se não efetuou a opção. ERROS DE ESCRITA - NULIDADE - INOCORRÊNCIA Meros erros de escrita contidos no Relatório Fiscal que não prejudicam a compreensão da origem do lançamento não são capazes de levar a sua nulidade. LEGISLAÇÃO POSTERIOR - MULTA MAIS FAVORÁVEL - APLICAÇÃO A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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ADESÃO AO SIMPLES FACULDADE DO CONTRIBUINTE A legislação que trata do SIMPLES é clara no sentido de que a adesão ao referido sistema simplificado de tributação é uma faculdade que pode ser exercita pelas empresas mediante opção formal que, após análise, poderá ser ou não deferida pela autoridade administrativa. Não há possibilidade de a empresa absterse do recolhimento das contribuições abrangidas pelo SIMPLES, se não efetuou a opção. ERROS DE ESCRITA NULIDADE INOCORRÊNCIA Meros erros de escrita contidos no Relatório Fiscal que não prejudicam a compreensão da origem do lançamento não são capazes de levar a sua nulidade. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MULTA MAIS FAVORÁVEL APLICAÇÃO A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 40 43 /2 01 0- 21 Fl. 98DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em dar provimento parcial para adequação da multa ao artigo 32A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfica. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Ana Maria Bandeira Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente justificadamente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.724043/201021 Acórdão n.º 2402003.342 S2C4T2 Fl. 99 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 5º, acrescentados pela Lei nº 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4º do Decreto nº 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o Relatório Fiscal, a autuada informou em GFIP a condição de optante pelo SIMPLES sem sêlo e, além disso, deixou de informar valores pagos a contribuintes individuais. A autuada teve ciência do lançamento em 08/10/2010 e apresentou defesa alegando que se enquadraria no SIMPLES Nacional e manifesta sua irresignação por ter sido excluída do referido sistema por ato unilateral da administração. Entende que é ônus do Fisco fazer prova de que a empresa optante pelo SIMPLES não exerce as atividades constantes do seu contrato social. Questiona não ter sido intimada a apresentar ou prestar esclarecimentos sobre o ocorrido tendo somente sofrido a aplicação da multa de ofício de forma arbitrária e não lhe ter sido dada a oportunidade de utilizar o benefício previsto no inciso II, do § 2º do art. 32A da Lei nº 8.212/1991. Considera a legislação do SIMPLES inconstitucional e requer que o auto de infração seja extinto pelas razões apresentadas. Pelo Acórdão nº 0235.495, a 6ª turma da DRJ/Belo Horizonte considerou a autuação procedente. Salienta a decisão de primeira instância que a fiscalização não relatou qualquer ato de exclusão da empresa do SIMPLES e, sim, que esta declarou indevidamente na GFIP ser optante pelo SIMPLES. É informado que em consulta efetuada nos sistemas da Receita Federal, não consta a opção da impugnante pelo referido sistema simplificado de tributação. Constata que teria ocorrido um erro de escrita no Relatório Fiscal, uma vez que este, indicou que a conduta da empresa caracterizou infração ao art. 32 A, “caput”, inciso II, da Lei 8.212/91, com a redação dada pela MP 449/2008. Esclarece que tal erro não seria capaz de invalidar a autuação uma vez que, na folha de rosto do Auto de Infração foi lançada a fundamentação legal correta, conforme transcrito anteriormente, não dando margem a dúvidas quanto aos dispositivos legais nos quais se fundamentou a autuação, o que permitiu ao contribuinte compreender perfeitamente o lançamento efetuado. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Contra tal decisão, a autuada apresenta recurso tempestivo onde efetua a repetição das alegações de defesa e argumenta que apesar da decisão afirmar que não houve exclusão da empresa do SIMPLES uma vez que ela não teria optado por tal regime de tributação, não junta nenhum documento que possa comprovar o alegado. Questiona o entendimento contido na decisão recorrida de que um erro de escrita no Relatório Fiscal não invalidaria o lançamento e conclui que se assim for, os contribuintes ficariam à mercê do Fisco nos autos de infrações que contém erro e que podem causar prejuízo. Assim, afirma que o erro formal no relatório pode ser entendido como “fiel descrição do fato infringente” e que o auto de infração recorrido deve ser declarado nulo. É o relatório. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.724043/201021 Acórdão n.º 2402003.342 S2C4T2 Fl. 100 5 Voto Conselheira Ana Maria Bandeira, Relatora O recurso é tempestivo e não há óbice ao seu conhecimento. A recorrente centra sua argumentação no entendimento de que cumpre os requisitos para ser optante pelo SIMPLES e como tal não estaria obrigada ao recolhimento da contribuição patronal. Por sua vez, a decisão recorrida esclarece que não houve qualquer menção, por parte da auditoria fiscal, de ato de exclusão da empresa do SIMPLES, além disso, verificou nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que a recorrente não havia aderido ao referido sistema de tributação. Não assiste razão à recorrente. A Lei nº 9.317/1996 instituiu o SIMPLES e estabelecia o seguinte: Art. 3° A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e de empresa de pequeno porte, na forma do art. 2° , poderá optar pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. (.....) Art. 8° A opção pelo SIMPLES darseá mediante a inscrição da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda CGC/MF, quando o contribuinte prestará todas as informações necessárias, inclusive quanto: I especificação dos impostos, dos quais é contribuinte (IPI, ICMS ou ISS); II ao porte da pessoa jurídica (microempresa ou empresa de pequeno porte). § 1° As pessoas jurídicas já devidamente cadastradas no CGC/MF exercerão sua opção pelo SIMPLES mediante alteração cadastral. § 2° A opção exercida de conformidade com este artigo submeterá a pessoa jurídica à sistemática do SIMPLES a partir do primeiro dia do anocalendário subseqüente, sendo definitiva para todo o período. § 3° Excepcionalmente, no anocalendário de 1997, a opção poderá ser efetuada até 31 de março, com efeitos a partir de 1° de janeiro daquele ano. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 § 4° O prazo para a opção a que se refere o parágrafo anterior poderá ser prorrogado por ato da Secretaria da Receita Federal. § 5° As pessoas jurídicas inscritas no SIMPLES deverão manter em seus estabelecimentos, em local visível ao público, placa indicativa que esclareça tratarse de microempresa ou empresa de pequeno porte inscrita no SIMPLES. § 6oO indeferimento da opção pelo SIMPLES, mediante despacho decisório de autoridade da Secretaria da Receita Federal, submeterseá ao rito processual do Decreto no70.235, de 6 de março de 1972.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (g.n.) Como se vê, a opção pelo SIMPLES era uma faculdade concedida às empresas que atendessem aos requisitos, porém, o exercício dessa faculdade se daria por meio de pedido formal a ser submetido à apreciação da autoridade administrativa que poderia deferi lo ou não. A Lei nº 9.317/1996 foi revogada pela Lei Complementar nº 123/2006, entretanto, a nova legislação manteve a adesão ao SIMPLES como uma faculdade do contribuinte, conforme se percebe dos trechos abaixo transcritos. Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário. § 1oPara efeito de enquadramento no Simples Nacional, considerarseá microempresa ou empresa de pequeno porte aquela cuja receita bruta no anocalendário anterior ao da opção esteja compreendida dentro dos limites previstos no art. 3o desta Lei Complementar. (...) § 2oA opção de que trata o caput deste artigo deverá ser realizada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 3odeste artigo. § 3oA opção produzirá efeitos a partir da data do início de atividade, desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem estabelecidos no ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste artigo. § 4oSerão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1ode julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributário de que trata aLei no9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar. § 5oO Comitê Gestor regulamentará a opção automática prevista no § 4odeste artigo. § 6oO indeferimento da opção pelo Simples Nacional será formalizado mediante ato da Administração Tributária segundo regulamentação do Comitê Gestor.(g.n.) Fl. 103DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.724043/201021 Acórdão n.º 2402003.342 S2C4T2 Fl. 101 7 A legislação que rege a matéria é clara no sentido de que o usufruto do sistema diferenciado de tributação é feito mediante opção por parte da empresa. A decisão recorrida menciona que foi feita pesquisa no banco de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil e não consta que a empresa tenha optado pelo SIMPLES. A recorrente, por sua vez, põe em dúvida a informação, sob o argumento de que nenhuma prova do alegado teria sido juntada aos autos. Cumpre dizer que a afirmação da autoridade julgadora de primeira instância merece fé. Ademais, toda a questão a respeito de uma suposta opção pelo SIMPLES foi trazida pela empresa em sua defesa e cabia a ela, então, trazer as provas da alegada opção. A recorrente solicita que o lançamento seja declarado nulo em razão da menção equivocada no Relatório Fiscal do art. 32A, “caput”, inciso II, da Lei 8.212/91, com a redação dada pela MP 449/2008. Tal qual afirmado na decisão recorrida, entendo que tal equívoco não é suficiente para invalidar a autuação, uma vez que, na folha de rosto do Auto de Infração foi lançada a fundamentação legal correta. Pela razão acima, carece de fundamento a alegação da recorrente de que o lançamento deveria ser declarado nulo pela qual ausência da “fiel descrição do fato infringente”. No que tange à multa aplicada, observase que a Lei nº 11.941/2009 alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art.32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: Fl. 104DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” No caso em tela, tratase de infração que agora se enquadra no art. 32A, inciso I. Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, qual a situação mais benéfica ao contribuinte. Diante do exposto e de tudo o mais que dos autos consta. Voto no sentido de CONHECER do recurso e DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A da Lei nº 8.212/1991 e comparado ao cálculo anterior, para que seja aplicado o cálculo mais benéfico ao sujeito passivo. É como voto. Ana Maria Bandeira Fl. 105DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 13866.000179/2002-37
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS E ACRÉSCIMO DE JUROS CALCULADOS COM BASE NA TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543-C.
Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata
a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas bem como a aplicação da taxa selic acumulada a partir da data de protocolização do pedido administrativo, a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (RESP 993.164)
Numero da decisão: 9303-001.950
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: Julio Cesar Alves Ramos
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AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS E ACRÉSCIMO DE JUROS CALCULADOS COM BASE NA TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543C. Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas bem como a aplicação da taxa selic acumulada a partir da data de protocolização do pedido administrativo, a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (RESP 993.164) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. EDITADO EM: 05/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martinez Lopez e Susy Gomes Hoffmann. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência com fundamento no art. 67 e parágrafos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, que visa contestar decisão proferida pela terceira câmara do então segundo conselho de contribuintes expressa no acórdão 20313.807. Nele, havia sido negado o direito ao crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 sobre as aquisições de insumos efetuadas junto a pessoas físicas e sobre despesas entendidas como gastos gerais de fabricação, e não insumos. Além disso, também foi apontada a impossibilidade de acréscimo da taxa selic ao valor a ressarcir. O Presidente da Câmara recorrida deu seguimento parcial ao recurso especial por entender que não foram atendidos os pressupostos necessários para sua admissibilidade à Câmara Superior de Recursos Fiscais quanto à questão do direito ao crédito presumido sobre os gastos gerais de fabricação, uma vez que, nesta parte, o Acórdão recorrido está conforme Súmula de jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Quanto às outras duas matérias, o contribuinte apresentou como paradigmas a decisão CSRF 0201.653 e o acórdão nº 20175.502. Houve contrarazões, em que a PFN pugna pela manutenção do quanto decidido. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS O relatório foi sucinto porquanto as matérias discutidas no presente recurso já se encontram inteiramente pacificadas no âmbito deste Colegiado. Com efeito, elas não comportam maiores delongas por parte desta Câmara Superior em razão da inclusão, em seu regimento, do art. 62A, que impôs a reprodução das decisões do Superior Tribunal de Justiça que tenham sido proferidas já na sistemática do art. 543C. Assim foi feito em relação às duas questões sob análise no julgamento do RE 993.164, o qual, em cumprimento da norma regimental, reproduzo a seguir a fim de dar provimento ao recurso do contribuinte. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À Fl. 342DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13866.000179200201 Acórdão n.º 9303001.950 CSRFT3 Fl. 2 3 TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou Fl. 343DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS." 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarseão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não Fl. 344DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13866.000179200201 Acórdão n.º 9303001.950 CSRFT3 Fl. 3 5 estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). 14. Outrossim, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciouse de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Comprovado que a a obstaculização da Fazenda pública ao recebimento pelo contribuinte de parte dos valores pleiteados decorreu de ato normativo tido por ilegal pelo e. Superior Tribunal de Justiça, cabível, por aplicação obrigatória do entendimento do mesmo Tribunal, a adição de juros ainda que calculados com base na taxa Selic utilizada aqui como “índice de atualização monetária”. Voto, assim, pelo provimento do recurso especial do contribuinte. É o voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 345DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 Fl. 346DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/05/2012 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 13706.000882/2004-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2000
DEDUÇÕES DE DESPESAS MÉDICAS. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO.
As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, está sob reserva de lei em sentido formal.
Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. A simples indicação na Declaração de Ajuste Anual de despesas médicas, por si só, não autoriza a sua dedução, mormente quando o contribuinte, sob procedimento fiscal, apresenta recibos médicos, cuja efetividade do pagamento e/ou da prestação de serviços não foi confirmada pelo prestador e o mesmo deixa de apresentar documentação hábil e idônea complementar que comprove que cumpriu os requisitos determinados pela legislação de regência.
DESPESAS MÉDICAS. PLANOS DE SAÚDE. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO.
Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, poderá ser deduzido o total dos valores das prestações mensais pagas para participação em planos de saúde que assegurem direitos de atendimento ou ressarcimento de despesas de natureza médica, odontológica ou hospitalar, prestado por empresas domiciliadas no País, em benefício do contribuinte ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual, desde que os pagamentos sejam devidamente comprovados, por meio da apresentação de documentação hábil e idônea INFORMAÇÃO E COMPROVAÇÃO DOS DADOS CONSTANTES DA
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEVER DO CONTRIBUINTE.
CONFERÊNCIA DOS DADOS INFORMADOS. DEVER DA
AUTORIDADE FISCAL.
É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados.
Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder-dever
da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste.
ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.824
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: NELSON MALLMANN
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REQUISITOS PARA DEDUÇÃO. As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, está sob reserva de lei em sentido formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. A simples indicação na Declaração de Ajuste Anual de despesas médicas, por si só, não autoriza a sua dedução, mormente quando o contribuinte, sob procedimento fiscal, apresenta recibos médicos, cuja efetividade do pagamento e/ou da prestação de serviços não foi confirmada pelo prestador e o mesmo deixa de apresentar documentação hábil e idônea complementar que comprove que cumpriu os requisitos determinados pela legislação de regência. DESPESAS MÉDICAS. PLANOS DE SAÚDE. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, poderá ser deduzido o total dos valores das prestações mensais pagas para participação em planos de saúde que assegurem direitos de atendimento ou ressarcimento de despesas de natureza médica, odontológica ou hospitalar, prestado por empresas domiciliadas no País, em benefício do contribuinte ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual, desde que os pagamentos sejam devidamente comprovados, por meio da apresentação de documentação hábil e idônea Fl. 139DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 2 INFORMAÇÃO E COMPROVAÇÃO DOS DADOS CONSTANTES DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEVER DO CONTRIBUINTE. CONFERÊNCIA DOS DADOS INFORMADOS. DEVER DA AUTORIDADE FISCAL. É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver máfé do contribuinte não descaracteriza o poderdever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odair Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório JOÃO BORSANI, contribuinte inscrito no CPF/MF 066.807.12734, com domicílio fiscal na cidade do Rio de Janeiro RJ, Estado do Rio de Janeiro, à Rua Dias da Rocha, nº 71 – apto 401, Bairro Copacabana, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária no Rio de Janeiro RJ, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 120/127, prolatada pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 130/131. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, pela Delegacia da Receita Federal do Brasil na cidade de Manaus – AM, em 04/04/2003, Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 02/05), com ciência através de AR, em 29/01/2004 (fls. 113), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 11.932,47 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo ao exercício de 2000, correspondente ao anocalendário de 1999. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2000 onde a autoridade lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: 1 – DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO A PREVIDÊNCIA OFICIAL NO VALOR DE R$ 1.652,69, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'D', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 2 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO A PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI NO VALOR DE R$ 1.017,00, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'D', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 3 DEDUÇÃO INDEVIDA COM DEPENDENTES NO VALOR DE R$ 3.240,00, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada nos artigos 8º, inciso II, alínea 'C' e 35, da Lei nº 9.250, de 1990. 4 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE DESPESA COM INSTRUÇÃO NO VALOR DE R$ 6.800,00 POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'B', e §§ 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 5 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE DESPESAS MÉDICAS NO VALOR DE R$ 6.501,15 POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'A', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. Em sua peça impugnatória de fls. 01, instruída pelos documentos de fls. 03/103, apresentada, tempestivamente, em 27/02/2004, o contribuinte, se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Fl. 141DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 4 Auto de Infração, com base, em síntese, no argumento de que as deduções estão comprovadas por meio dos documentos que anexa. Para embasar o pleito, anexou documentos de fls. 02 a 102. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Primeira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG concluíram pela procedência parcial da ação fiscal e pela manutenção, em parte, do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que questionou o contribuinte, em sua impugnação, as glosas de deduções efetuadas no procedimento de malha. Apresentou diversos documentos com a intenção de comprovar as deduções da base de calculo informadas em sua declaração de ajuste anual, exercício 2000 (fls. 114 a 116); que, quanto à contribuição à previdência oficial e privada, é de se dizer que o comprovante de folha 12 da conta de que houve pagamento de contribuição previdenciária oficial, no valor de R$ 1.652,69. Logo, tal valor pode ser considerado para abatimento da base de calculo do imposto de renda, já que constante do comprovante de rendimentos. Afastada a glosa da dedução de Contribuição Previdenciária Oficial, devendo ser restabelecido o valor de R$ 1.652,69, como dedução da base de cálculo; que quanto à contribuição A previdência privada, os documento de folhas 13 a 33 não tem serventia para comprovação da contribuição pleiteada, pois se tratam de pagamentos de plano de saúde à UNIMED Manaus relativos a Roberta Machado Borsani. Primeiramente, tais valores serviriam para comprovar despesas médicas da sacada, que, no caso, não é dependente do contribuinte para fins de imposto de renda. Logo, mantida a glosa do valor de R$ 1.017,00, indevidamente informado como Contribuição it Previdência Privada; que, quanto a glosa de dependentes, é de se dizer que os documentos de folhas 34 a 36 comprovam a relação de dependência para fins de imposto de renda de Rafael Machado Borsani, Fabio Machado Borsani e João Machado Borsani — filhos do contribuinte. Dessa forma, indevida a glosa efetuada pela fiscalização, devendo ser considerado o valor de R$ 3.240,00 a titulo de dedução de dependentes na declaração de imposto de renda, exercício 2000; que, quanto as despesas com instrução, é de se dizer que os documentos de folhas 37/38 comprovam o dispêndio de R$ 2.003,40 como despesas de instrução de Rafael Machado Borsani, para o curso de Informática na Fundação Educacional Dom André Arcoverde. Logo, respeitado o limite individual anual, é de se aceitar como dedução de despesas de instrução o valor de R$ 1.700 00; que já os documentos de folhas 42 a 64 comprovam gastos com educação de João Machado Borsani, na monta de R$ 3.132,25, pagos A Associação de Educação Lato Sensu do Brasil. Assim, também se respeitando o limite individual anual, acatase apenas o valor total de R$ 1.700 00; que, por fim, em relação a Fabio achado Borsani, também dependente do contribuinte, foram efetuados gastos de instrução no valor de total de R$ 3.345,30 (fls. 66 a 88). Logo, de acordo com a legislação vigente, também acatado o valor limite anual de R$ 1.700 00; Fl. 142DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 3 5 que não constam dos autos comprovação de despesas de instrução com o contribuinte, por isso apenas acatados os valores devidamente comprovados efetuados com os dependentes do contribuinte, no valor total de R$ 5.400,00 (com respeito ao limite individual anual de R$ 1.700,00); que quanto dedução das despesas médicas, é de se dizer que: (1) os documentos de folhas 89 a 91 não podem ser acatados como despesas médicas, pois foram emitidos em nome de Nely Pereira da Silva Machado Borsani (cônjuge), que não é dependente do contribuinte, além de que não constam nos recibos a especialidade do emitente, com seu número de inscrição no órgão de classe competente. Assim, mantida a glosa do valor de R$ 215,00, que se refere aos recibos emitidos por Yoshiuki Onogi; (2) o documento de folha 92, no valor de R$ 250,00, relativo a tratamento dentário do contribuinte, não será aceito, pois a distância entre o domicilio do contribuinte no anocalendário 1999, qual seja, Manaus, e o local do suposto tratamento dentário — Valença, deixa clara a impossibilidade de que tal tratamento tenha sido realizado; (3) mesmo raciocínio para os documentos de folhas 94 a 100, emitidos pela clinica odontológica Integral, localizada também em Valença, Rio de Janeiro, quando o contribuinte e seus dependentes residiam em Manaus; (4) ressaltese ainda, apenas para complementar o exposto no item 3 supra, a nota fiscal n° 1500, constante à folha 100, referese a suposto tratamento dentário do contribuinte no valor de 330,00 (fl. 98) e de Nelv Machado Borsani cônjuge nãodependente do contribuinte (apresentou declaração simplificada em separado), no valor de R$ 540,00 (fl. 99); (5) já os valores relativos aos recibos de folhas 101/102 não serão aceitos, pois foram emitidos pelo cônjuge do contribuinte, a odontóloga Nely , Machado Borsani, que supostamente teria cobrado valores relativos a tratamento dentário de seu cônjuge — o contribuinte — e de seus próprios filhos. Logicamente, incabível a aceitação de tais despesas médicas. As ementas que consubstanciam a presente decisão são as seguintes: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 GLOSA DE PREVIDÊNCIA OFICIAL. Devem ser consideradas como dedução da base de calculo os valores comprovadamente pagos a titulo de previdência oficial. GLOSA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI. Apenas podem ser consideradas como dedução da base de cálculo os valores pagos a titulo de previdência privada. DEDUÇÃO DE DEPENDENTES. Na declaração de ajuste anual pode ser utilizada a dedução de dependentes, respeitandose os ditames legais. GLOSA DE DESPESAS DE INSTRUÇÃO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos comprovadamente efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1 2, 29 e 39 graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do Fl. 143DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 6 contribuinte e de seus dependentes, respeitandose o limite anual individual. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. É de se manter a glosa de despesas médicas, quando restam dúvidas sobre a efetividade dos supostos serviços médicos. Lançamento Procedente em Parte Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 05/10/2007, conforme Termo constante às fls. 128/135, e, com ela não se conformando, o contribuinte interpôs, em tempo hábil (30/10/2007), o recurso voluntário de fls. 130/131, sem instrução de documentos adicionais, no qual demonstra irresignação parcial contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória, reforçado pelas seguintes considerações: que, quanto a glosa da previdência privada e FAPI, é de se dizer que os valores forma pagos diretamente pelo contribuinte em favor da sua filha, que, embora não seja dependente de direito, estava desempregada e vivia sob sua dependência de fato, em detrimento do próprio que optou por assegurar um atendimento medico a filha; que, quanto a glosa de despesas médicas, é de se dizer que as despesas odontológicas efetuadas no estado do Rio de Janeiro tem procedência porque o contribuinte é oriundo do Rio de Janeiro, onde passava , as férias, mentinha residência e por vezes vinha a trabalho na sede da empresa. Por conseguinte, não foi apresentada nenhuma despesa de tratamento dentário dos dependentes por outro profissional, portanto é perfeitamente concebível que a odontóloga Nely Machado Borsani cobre pelos seus serviços, considerando que a mesma concorre com as despesas de material, impostos, luz e despesas de manutenção do consultório. É o Relatório. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 4 7 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Não há argüição de qualquer preliminar. Da análise dos autos do processo se verifica que a ação fiscal em discussão teve início em razão da revisão da Declaração de Ajuste Anual relativa ao exercício de 2000, correspondente ao anocalendário de 1999, onde a autoridade fiscal revisora entendeu haver irregularidades nas deduções da base de cálculo do imposto de renda relativo a dedução de despesas médicas. Assim, nesta fase recursal encontrase em discussão os valores pagos diretamente pelo contribuinte em favor da sua filha, que, embora não seja dependente de direito, estava desempregada e vivia sob sua dependência de fato, em detrimento do próprio que optou por assegurar um atendimento médico a filha, bem como as glosas de despesas odontológicas efetuadas no estado do Rio de Janeiro em razão tratamento dentário dos dependentes pela profissional Nely Machado Borsani (esposa e mãe dos clientes). Inconformado, em virtude de não ter logrando êxito total na instância inicial, o contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, em sua defesa, apresenta razões de mérito sobre as deduções glosadas. Desta forma, a discussão neste colegiado se prende, tãosomente, na discussão se restringe sobre o artigo 8º da Lei nº 9.250, de 1995, que prevê as possibilidades das deduções da base de cálculo do imposto de renda na pessoa física. Inicialmente é de se esclarecer, que o Processo Administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal é regido pelo Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores. O referido decreto tem status de lei, pois ele regula e não apenas regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União. Por isso, as alterações são processadas por dispositivo legal de igual natureza. Diz o Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; Fl. 145DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 8 II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; (o destaque não é do original) III – o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Conforme se infere do citado artigo, o início do procedimento fiscal é objetivo, isto é, atuação da autoridade administrativa tendente a verificar a relação jurídico tributária sobre determinado fato para se apurar ou não infração à legislação tributária. Tanto é verdadeira essa afirmativa, que o inciso I, quando diz “o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto”, a exclusão da espontaneidade do contribuinte está vinculada aos termos de intimações emitidos. Ora, é cristalino nos autos que foi lavrado pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal, em cumprimento ao Decreto nº 70.235, de 1972, o Termo de Inicio de Fiscalização. É o que basta para dar início ao procedimento fiscal e este ato exclui a espontaneidade do sujeito passivo e este somente se descaracteriza se ficar, por mais de sessenta dias, sem outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Na questão de mérito, de acordo com a autoridade fiscal lançadora e endossada pela decisão recorrida a irregularidade praticado pelo contribuinte a título de dedução de despesas médicas e mantida no decisório do julgado se restringe à dedução indevida de despesas médicas. Ou seja, decidiu a turma de julgamento que as despesas médicas lançadas na Declaração de Ajuste Anual deveriam ser mantidas diante da falta de comprovação de terem sido realizadas pelo contribuinte ou pelo seus dependentes. Nesta fase recursal, o suplicante entende que com relação as despesas médicas e odontológicas decorrentes dos recibos, emitidos pelos profissionais citados na Declaração de Ajuste Anual, o mesma tem direito a dedução das despesas declaradas e comprovadas, sendo indevida a glosa existente. Para o deslinde da questão sobre a glosa de despesas médicas se faz necessário invocar a Lei nº 9.250, de 1995, verbis: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; b) a pagamentos efetuados a estabelecimento de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º e 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do contribuinte e Fl. 146DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 5 9 de seus dependentes, até o limite individual de R$ 1.700,00 (um mil e setecentos reais); c) à quantia de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais) por dependente; (...). f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; (...). § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (...). Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea “c” poderão ser considerados como dependentes: I – o cônjuge, II – o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III – a filha, o filho, a enteada ou enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV – o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V – o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI – os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; Fl. 147DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 10 VII – o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. § 2º Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges. § 3º No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. § 4º É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte. Conforme se depreende dos dispositivos supracitados, todas as deduções estão sujeitas à comprovação, assim, para que fique caracterizada a efetividade da despesa passível de dedução no período assinalado, ao contribuinte cabe o ônus da demonstração inequívoca de que realmente efetuou o pagamento no valor pleiteado. Inicialmente se faz necessário esclarecer de que os filhos que possuem os requisitos para serem considerados dependentes e que recebam rendimentos próprios somente poderão ser incluídos nessa condição se forem somados seus rendimentos aos dos pais na Declaração de Ajuste Anual destes. A apresentação de Declaração de Ajuste Anual em separado pelos filhos exclui, automaticamente, a possibilidade de figurar como dependentes na Declaração de Ajuste Anual dos pais. A mesma situação se aplica para os filhos estudantes universitários que já completaram 26 anos com relação ao anocalendário da Declaração de Ajuste Anual. De acordo com a legislação tributária pode ser considerado dependente a filha, o filho, a enteada ou enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho. Podem ainda ser assim considerados, quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. Em relação às despesas efetuadas, nenhum documento também foi apresentado que demonstrasse o contrário, Ou seja efetivamente estes serviços foram prestados na forma como constam discriminados nos recibos apresentados. Acertadamente, desconsiderouse os valores assim declarados pelo contribuinte. No que diz respeito a dedução de despesas médicas, não tenho dúvidas, que legislação de regência, acima transcrita, estabelece que na declaração de ajuste anual possam ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos feitos, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas provenientes de exames laboratoriais e serviços radiológicos, restringindose aos pagamentos efetuados pelo contribuinte relativo ao seu tratamento e ao de seus dependentes. Sendo que esta dedução fica condicionada ainda a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e CPF ou CGC de quem os recebeu, podendo na falta de documentação, ser feita indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 6 11 Como, também, não tenho dúvidas que a autoridade fiscal, em caso de dúvidas ou suspeição quanto à idoneidade da documentação apresentada, pode e deve perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não são considerados como dedução pela legislação. É evidente, que a princípio, a prova definitiva e incontestável da prestação de serviços de saúde é feita com a apresentação de documentos que comprovem a sua realização, como radiografias, receitas médicas, exames laboratoriais, notas fiscais de aquisição de remédios e outras, fichas clínicas. Só posso concordar, que somente são admissíveis, em tese, como dedutíveis, as despesas médicas que se apresentarem com a devida comprovação, com documentos hábeis e idôneos. Como, também, se faz necessário, quando intimado, comprovar que estas despesas correspondem a serviços efetivamente recebidos e pagos ao prestador. O simples lançamento na declaração de rendimentos pode ser contestado pela autoridade lançadora. Tendo em vista o precitado art. 73, cuja matriz legal é o § 3º do art. 11 do Decretolei nº 5.844, de 1943, estabeleceu expressamente que o contribuinte pode ser instado a comproválas ou justificálas, deslocando para ele o ônus probatório. Mesmo que a norma possa parecer, em tese, discricionária, deixando a juízo da autoridade lançadora a iniciativa. A inversão legal do ônus da prova, do fisco para o contribuinte, transfere para o suplicante o ônus de comprovação e justificação das deduções, e, não o fazendo, deve assumir as conseqüências legais, ou seja, o não cabimento das deduções, por falta de comprovação e justificação. Também importa dizer que o ônus de provar implica trazer elementos que não deixem nenhuma dúvida quanto ao fato questionado. Entretanto, uma vez apresentados os recibos em conformidade com a legislação de regência cabe ao fisco, neste caso, obter provas da inidoneidade do recibo. As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, estão sob reserva de lei em sentido formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa. Por fim, se faz necessários tecer algumas considerações sobre as penalidades aplicadas. Há que se destacar que à autoridade fiscal cabe verificar o fiel cumprimento da legislação em vigor, independentemente de questões de discordância, pelos contribuintes, Fl. 149DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 12 acerca de alegadas ilegalidades/inconstitucionalidades, sendo a atividade de lançamento vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, como previsto no art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Não há dúvidas de que se entende como procedimento fiscal à ação fiscal para apuração de infrações e que se concretize com a lavratura do ato cabível, assim considerado o termo de início de fiscalização, termo de apreensão, auto de infração, notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de suas funções inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles tomar conhecimento pela intimação. Os atos que formalizam o início do procedimento fiscal encontramse elencados no artigo 7º do Decreto n.º 70.235, de 1972. Em sintonia com o disposto no artigo 138, parágrafo único do Código Tributário Nacional, esses atos têm o condão de excluir a espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a ser verificadas. Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não exclui suas responsabilidades, sujeitandoos às penalidades próprias dos procedimentos de ofício. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e torna ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização. Ressaltese, com efeito, que o emprego da alternativa “ou” na redação dada pelo legislador ao artigo 138, do Código Tributário Nacional, denota que não apenas a medida de fiscalização tem o condão de constituirse em marco inicial da ação fiscal, mas, também, consoante reza o mencionado dispositivo legal, “qualquer procedimento administrativo” relacionado com a infração é fato deflagrador do processo administrativo tributário e da conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na forma do parágrafo 2°, do art. 7°, do Dec. n° 70.235, de 1972. O entendimento, aqui esposado, é doutrina consagrada, conforme ensina o mestre FABIO FANUCCHI em “Prática de Direito Tributário”, pág. 220: O processo contencioso administrativo terá início por uma das seguintes formas: 1. pedido de esclarecimentos sobre situação jurídicotributária do sujeito passivo, através de intimação a esse; 2. representação ou denúncia de agente fiscal ou terceiro, a respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo à assunção de responsabilidades tributárias; 3 autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular perante a legislação tributária; 4. inconformismo expressamente manifestado pelo sujeito passivo, insurgindose ele contra lançamento efetuado. (...). A representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da intimação para esclarecimentos, sendo peças iniciais do processo que irá se estender até a solução final, através de uma Fl. 150DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 7 13 decisão que as julguem procedentes ou improcedentes, com os efeitos naturais que possam produzir tais conclusões. No mesmo sentido, transcrevo comentário de A.A. CONTREIRAS DE CARVALHO em “Processo Administrativo Tributário”, 2ª Edição, págs. 88/89 e 90, tratando de Atos e Termos Processuais: Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários. São atos processuais os que se realizam conforme as regras do processo, visando dar existência à relação jurídicoprocessual. Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas em razão de outro processo, do qual depende. No processo administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros: a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a notificação (...). Mas, retornando a nossa referência aos atos processuais, é de assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada, privativamente, por agentes fiscais, em fiscalização externa, já no que concerne às faltas apuradas em serviço interno da Repartição fiscal, a peça que as documenta é a representação. Notese que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal (...). Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a penalidade aplicável, a sua ausência implicará na invalidade do lançamento. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. É de se esclarecer, que a infração fiscal independe da boa fé do contribuinte, entretanto, a penalidade deve ser aplicada, sempre, levandose em conta a ausência de máfé, de dolo, e antecedentes do contribuinte. A multa que excede o montante do próprio crédito tributário, somente pode ser admitida se, em processo regular, nos casos de minuciosa comprovação, em contraditório pleno e amplo, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, restar provado um prejuízo para fazenda Pública, decorrente de ato praticado pelo contribuinte. Por outro lado, a vedação de confisco estabelecida na Constituição Federal de 1988, é dirigida ao legislador. Tal princípio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado esse princípio, a lei deixa de integrar o mundo jurídico por inconstitucional. Além disso, é de se ressaltar, mais uma vez, que a multa de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal, não cabendo às autoridades administrativas estendêlo. Assim, as multas são devidas, no lançamento de ofício, em face da infração às regras instituídas pela legislação fiscal não declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150, IV da CF., não conflitando Fl. 151DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 14 com o estatuído no art. 5°, XXII da CF., que se refere à garantia do direito de propriedade. Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência. Ora, os mecanismos de controle de legalidade / constitucionalidade regulados pela própria Constituição Federal passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, tal prerrogativa. É inócuo, portanto, suscitar tais alegações na esfera administrativa. De qualquer forma, há que se esclarecer que o Imposto Renda da Pessoa Física é um tributo calculado sobre a renda tributável auferida. Ou seja, é calculado levandose em consideração aos rendimentos tributáveis auferidos e em razão do valor é enquadrada dentro de uma alíquota, não estando o seu valor limitado à capacidade contributiva do sujeito passivo da obrigação tributária. Ademais, os princípios constitucionais têm como destinatário o legislador na elaboração da norma, como é o caso, por exemplo, do principio da Vedação ao Confisco, que orienta a feitura da lei, a qual deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco, cabendo à autoridade fiscal apenas executar as leis. Da mesma forma, não vejo como se poderia acolher o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da multa de ofício e da taxa SELIC aplicada como juros de mora sobre o débito exigido no presente processo com base na Lei n.º 9.065, de 20/06/95, que instituiu no seu bojo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Federais (SELIC). É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Turma de Julgamento, que quanto à discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais, os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, face à inexistência de previsão constitucional. No sistema jurídico brasileiro, somente o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, através do chamado controle incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade. No caso de lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle seria mesmo incabível, por ilógico, pois se o Chefe Supremo da Administração Federal já fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a lei, não seria razoável que subordinados, na escala hierárquica administrativa, considerasse inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional. Exercendo a jurisdição no limite de sua competência, o julgador administrativo não pode nunca ferir o princípio de ampla defesa, já que esta só pode ser apreciada no foro próprio. Se verdade fosse, que o Poder Executivo deva deixar aplicar lei que entenda inconstitucional, maior insegurança teriam os cidadãos, por ficarem à mercê do alvedrio do Executivo. O poder Executivo haverá de cumprir o que emana da lei, ainda que materialmente possa ela ser inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo afasta sob o ponto de vista formal a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no seu âmbito interno. Se assim entendesse, o chefe de Governo vetálaia, nos termos do artigo 66, § 1º da Constituição. Rejeitado o veto, ao teor do § 4º do mesmo artigo constitucional, promulguea ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza, Fl. 152DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 8 15 não podendo ficar exposta ao capricho ou à conveniência do Poder Executivo. Facultaselhe, tãosomente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a decisão, continuará o Poder Executivo a lhe dar execução. Imaginese se assim não fosse, facultandose ao Poder Executivo, através de seus diversos departamentos, desconhecer a norma legislativa ou simplesmente negarlhe executoriedade por entendêla, unilateralmente, inconstitucional. A evolução do direito, como quer o suplicante, não deve pôr em risco toda uma construção sistêmica baseada na independência e na harmonia dos Poderes, e em cujos princípios repousa o estado democrático. Não se deve a pretexto de negar validade a uma lei pretensamente inconstitucional, praticarse inconstitucionalidade ainda maior consubstanciada no exercício de competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder. Ademais, matéria já pacificada no âmbito administrativo, razão pela qual o Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes, objetivando a condensação da jurisprudência predominante neste Conselho, conforme o que prescreve o art. 30 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, providenciou a edição e aprovação de diversas súmulas, que foram publicadas no DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28 de junho de 2006, vigorando para as decisões proferidas a partir de 28 de julho de 2006. Atualmente estas súmulas foram convertidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, pela Portaria CARF nº 106, de 2009 (publicadas no DOU de 22/12/2009), assim redigidas: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)” e “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).” Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 153DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN
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Numero do processo: 10510.721228/2011-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2007, 2008 IRPF. OMISSÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO COM BASE EM MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Aplicação da Súmula CARF nº 67.
Numero da decisão: 2102-001.860
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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OMISSÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. APURAÇÃO COM BASE EM MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Aplicação da Súmula CARF nº 67. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Presidente Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: 12/03/2012 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (Presidente), Rubens Mauricio Carvalho, Nubia Matos Moura, Atilio Pitarelli, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 Relatório Em face do contribuinte acima identificado foi lavrada o Auto de Infração de fls. 03/07 para exigência de IRPF em razão da presunção da omissão de rendimentos pela apuração de acréscimo patrimonial a descoberto em relação aos Exercícios 2007 e 2008. O Relatório Fiscal de fls. 887/894 esclarece a origem do lançamento, verbis: Com base nas declarações de rendimentos e de bens, nas informações internas da Receita Federal e nos elementos apresentados pelas instituições financeiras e pelo próprio interessado, foi elaborado o Demonstrativo de Evolução Patrimonial, comparando os recursos e origens com os dispêndios e aplicações mensalmente, com a finalidade de apurar omissão de rendimentos. Para o preenchimento do Demonstrativo de Evolução Patrimonial, foram considerados como RECURSOS ou ORIGENS no mês: ü Os resgates de aplicações financeiras, obtidos a partir dos extratos da conta corrente; ü Os saldos bancários, credores no início do mês e devedores no final do mês, também obtidos a partir dos extratos da conta corrente; ü Os empréstimos obtidos e comprovados através dos extratos bancários; ü O saldo positivo do mês anterior da diferença entre as origens e aplicações. Para os DISPÊNDIOS ou APLICAÇÕES, foram considerados no mês: ü A aquisição de bens e direitos, apurada com a documentação apresentada; ü Saldos bancários, devedores no início do mês e credores no final; ü Os depósitos em conta de poupança; ü Os débitos em conta corrente, tais como cheques emitidos, ordens de pagamento, DOC, etc. À época do procedimento fiscal as justificativas apresentadas pelo contribuinte para acobertar o apontado acréscimo patrimonial não foram acolhidas pela autoridade autuante. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 898/920, por meio da qual suscitou os argumentos que foram assim sintetizados pela decisão recorrida: Os argumentos do impugnante são, em síntese, os seguintes. Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10510.721228/201100 Acórdão n.º 210201.860 S2C1T2 Fl. 1.843 3 1. Depósitos bancários não correspondem necessariamente a rendimentos tributáveis, sendo indispensável para caracterização do fato gerador do tributo a prova da variação patrimonial. 2. Os lucros distribuídos pelas pessoas jurídicas são rendimentos isentos do imposto de renda. Recebera a este título R$ 3.117.656,20 em 2006, e R$ 1.467.801,70 em 2007. 3. Os lucros distribuídos pelas suas empresas se comprovam pela escrituração contábil, pelos extratos bancários das pessoas jurídicas e pelas cópias dos cheques utilizados para tanto. Se nem todos os cheques foram depositados em sua conta, é porque muitos foram sacados em espécie. Nos casos em que os lucros foram creditados diretamente em sua conta, os documentos bancários comprovam as transferências. 4. Não foram consideradas como origem de recursos os seguintes resgates de aplicações financeiras, para os quais afirma apresentar extratos: (...) 5. As seguintes transferências em junho de 2006, apesar de creditadas em conta de sua própria titularidade, foram consideradas como dispêndio pelo autuante: R$ 35.790,44, R$ 95.262,04 e R$ 82.534,50 (extrato fls. 1762). 6. A aquisição de imóvel por R$ 14.000,00 em janeiro de 2006 foi realizada com três cheques sacados de sua conta no Banco do Brasil, que também foram incluídos como dispêndio na apuração da variação patrimonial. 7. A multa de 75% é exagerada e confiscatória, e por isso inconstitucional. Na análise de suas alegações, os membros da DRJ em Salvador decidiram pela manutenção parcial do lançamento, em julgamento do qual se extrai a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007 RENDIMENTOS ISENTOS. LUCROS DISTRIBUÍDOS. O recebimento de rendimentos isentos, pagos a título de lucros distribuídos, deve ser comprovado com documentação hábil e idônea, do contrário não podem servir para justificar gastos ou variação patrimonial. Impugnação Procedente em Parte Foram acolhidos como origem para os dispêndios parte dos valores recebidos a título de distribuição de lucros, bem como valores considerados em duplicidade para o ano de 2006, e valores relativos a transferências entre contas de sua própria titularidade. O contribuinte teve ciência de tal decisão e contra ela interpôs o Recurso Voluntário de fls. 1795/1839, por meio do qual alegou que seria insubsistente o lançamento, na Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 medida em que os depósitos bancários cuja origem a fiscalização reputou como não comprovada estariam devidamente comprovados pela documentação acostada aos autos (distribuição de lucros, resgate de aplicações financeiras e transferência entre contas da mesma titularidade). Discorreu sobre a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96, alegando se tratar de presunção relativa, e ainda sobre o conceito de acréscimo patrimonial, cuja caracterização seria necessária para que se pudesse tributar a renda – trazendo jurisprudência administrativa a respeito da matéria. Reiterou que parte dos valores recebidos se referia ao recebimento de lucros distribuídos pelas pessoas jurídicas das quais era sócio, e que tais lucros estão isentos do imposto sobre a renda. Elaborou quadros demonstrativos dos lucros recebidos e trouxe cópia dos Livros Razão das pessoas jurídicas, os quais demonstrariam o pagamento dos referidos lucros. Demonstra em todos os casos como se deu o pagamento dos referidos lucros, mesmo naqueles em que não foi encontrada a transferência em valores exatos para suas contas bancárias. O restante (não comprovado pela distribuição) seria acobertado pelo resgate de aplicações financeiras. Afirmou ser desproporcional e desarrazoada a multa de ofício aplicada ao lançamento (de 75%), e requereu que a mesma não fosse exigida em patamar superior a 20%. Os autos então foram remetidos a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O contribuinte teve ciência da decisão recorrida em 14.07.2011, como atesta o AR de fls. 1793. O Recurso Voluntário foi interposto em 12.08.2011 (dentro do prazo legal para tanto), e preenche os requisitos legais por isso dele conheço. Conforme relatado, tratase de lançamento por meio do qual se exige do Recorrente IRPF em razão da presunção de omissão de rendimentos fundada na variação patrimonial a descoberto. De acordo com os esclarecimentos constantes do Termo de Verificação Fiscal e dos quadros de fls. 663/664 (bem como da leitura da própria documentação que embasou a lavratura do Auto), a apuração da variação patrimonial do Recorrente levou em consideração majoritariamente a sua movimentação bancária, considerando os débitos em contacorrente como verdadeiros dispêndios, independentemente de qualquer prova de que tais recursos tivessem sido consumidos pelo Recorrente. A despeito de tal questão não ter sido suscitada pelo Recorrente, mas considerando que cabe a este Conselho analisar a legalidade dos lançamentos cuja apreciação lhe é submetida, há que se analisar se está correta a apuração do imposto da forma como realizada pela autoridade lançadora. Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10510.721228/201100 Acórdão n.º 210201.860 S2C1T2 Fl. 1.844 5 Para lançamentos baseados na apuração de variação patrimonial é assente neste Conselho que não se pode tomar origens e dispêndios sem prova efetiva de sua ocorrência. Assim, não se prestam para utilização como “aplicação” os valores cujo dispêndio não foi devidamente comprovado pela autoridade fiscal, sob pena de se exigir imposto sobre uma “presunção” de dispêndio, inadmissível sem uma lei que a estabeleça. Neste sentido: (...) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO — SAQUES E DÉBITOS BANCÁRIOS — NECESSIDADE DE VINCULAÇÃO DOS SAQUES BANCÁRIOS COM RENDA CONSUMIDA OU AUMENTO PATRIMONIAL SEM LASTRO EM RENDIMENTOS DECLARADOS A autoridade autuante vinculou alguns saques nas contas de depósito com despesas que geraram consumo em prol do recorrente. Tais saques podem ser validamente lançados como dispêndio no fluxo de caixa que apurou o acréscimo patrimonial a descoberto. De outra banda, toda a relação de débitos em contas bancárias do contribuinte em que não se vinculou a que titulo tais despesas foram efetuadas não pode ser considerada como aplicação no fluxo de caixa que apurou o acréscimo patrimonial a descoberto. Neste caso, caberia a fiscalização circularizar os beneficiários dos cheques emitidos, buscando comprovar que tais dispêndios favoreceram o recorrente, quer por consumo, quer por aumento patrimonial. (...) (Acórdão nº 10617.146, julgado em 05.11.2008 – Rel. Cons. Giovanni Christian Nunes Campos) Do voto condutor do referido acórdão é possível extrair o seguinte trecho: A partir de um extrato bancário, podese tributar como rendimento omitido as entradas de origem não comprovada, como hodiernamente autorizado pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96, ou tributar pela linha do débito (saídas), esta considerada como consumo ou aquisição patrimonial não alicerçada em rendimentos declarados, na metodologia do acréscimo patrimonial a descoberto. Vêse que o recorrente foi tributado a partir dos saques em suas contas de depósitos, que geraram dispêndios em fluxo de caixa que apurou acréscimo patrimonial a descoberto, e não pela presunção de rendimentos omitidos caracterizados pelos depósitos bancários de origem não comprovada. Por tudo, inegavelmente, percebese que o recorrente foi tributado a partir de informações constantes em extratos bancários. Esta é exatamente a situação destes autos. Releva destacar, aliás, que esta matéria já foi objeto de longos debates no âmbito deste Conselho, tendose consolidado o entendimento de que os lançamentos decorrentes da omissão de rendimento apurada com base na variação patrimonial a descoberto Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 não pode ser feito simplesmente com base em movimentação bancária. É o que estabelece a Súmula 67, segundo a qual: Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Sendo assim, deve ser aplicado ao caso vertente o caput art. 72 do Regimento Interno deste Conselho de Contribuintes, que assim determina: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF Por tudo isso, o lançamento, da forma como foi efetuado, não pode prosperar. Diante do exposto, VOTO no sentido de DAR provimento ao Recurso. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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Numero do processo: 13227.720023/2008-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto Sobre a Renda Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário: 2003, 2004
AGRAVAMENTO DA MULTA. HIPÓTESE EM QUE OS DADOS SOLICITADOS JÁ ESTÃO EM PODER DO FISCO. IMPOSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO DA MULTA COM BASE NO ARGUMENTO DE QUE O CONTRIBUINTE NÃO FORNECEU OS DADOS SOLICITADOS.
O agravamento da multa constitui-se em sanção ao sujeito passivo, aplicáveis nas hipóteses em que este deixar de prestar informações ou esclarecimentos necessários ao trabalho da autoridade fiscal. Contudo, tais esclarecimentos devem ser necessários e pertinentes à ação fiscal. É incabível o lançamento
da multa agravada nas situações em que a autoridade fiscal já disponha dos elementos necessários ao lançamento, como ocorre, por exemplo, nos casos de omissão caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada ou de omissão resultante da diferença entre os registros constantes na DIPJ e nos livros de apuração de ICMS, cuja movimentação e registros já estão em
poder da autoridade fiscal em razão de requisição ao sistema financeiro ou de convênio com o fisco estadual.
No caso dos autos, ao iniciar o procedimento fiscal, a autoridade já tinha conhecimento dos registros do ICMS da contribuinte. Assim, o fato da recorrente não ter encaminhado à autoridade documento ou informação de que ela já dispunha não enseja o agravamento da multa. A consequência da omissão é a presunção de omissão de receita com multa de 75%, sendo incabível o agravamento desta. (Precedente ac. 140200.872. Jul. 31 de
janeiro de 2012.)
Numero da decisão: 1402-001.000
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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ementa_s : Imposto Sobre a Renda Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003, 2004 AGRAVAMENTO DA MULTA. HIPÓTESE EM QUE OS DADOS SOLICITADOS JÁ ESTÃO EM PODER DO FISCO. IMPOSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO DA MULTA COM BASE NO ARGUMENTO DE QUE O CONTRIBUINTE NÃO FORNECEU OS DADOS SOLICITADOS. O agravamento da multa constitui-se em sanção ao sujeito passivo, aplicáveis nas hipóteses em que este deixar de prestar informações ou esclarecimentos necessários ao trabalho da autoridade fiscal. Contudo, tais esclarecimentos devem ser necessários e pertinentes à ação fiscal. É incabível o lançamento da multa agravada nas situações em que a autoridade fiscal já disponha dos elementos necessários ao lançamento, como ocorre, por exemplo, nos casos de omissão caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada ou de omissão resultante da diferença entre os registros constantes na DIPJ e nos livros de apuração de ICMS, cuja movimentação e registros já estão em poder da autoridade fiscal em razão de requisição ao sistema financeiro ou de convênio com o fisco estadual. No caso dos autos, ao iniciar o procedimento fiscal, a autoridade já tinha conhecimento dos registros do ICMS da contribuinte. Assim, o fato da recorrente não ter encaminhado à autoridade documento ou informação de que ela já dispunha não enseja o agravamento da multa. A consequência da omissão é a presunção de omissão de receita com multa de 75%, sendo incabível o agravamento desta. (Precedente ac. 140200.872. Jul. 31 de janeiro de 2012.)
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HIPÓTESE EM QUE OS DADOS SOLICITADOS JÁ ESTÃO EM PODER DO FISCO. IMPOSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO DA MULTA COM BASE NO ARGUMENTO DE QUE O CONTRIBUINTE NÃO FORNECEU OS DADOS SOLICITADOS. O agravamento da multa constituise em sanção ao sujeito passivo, aplicáveis nas hipóteses em que este deixar de prestar informações ou esclarecimentos necessários ao trabalho da autoridade fiscal. Contudo, tais esclarecimentos devem ser necessários e pertinentes à ação fiscal. É incabível o lançamento da multa agravada nas situações em que a autoridade fiscal já disponha dos elementos necessários ao lançamento, como ocorre, por exemplo, nos casos de omissão caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada ou de omissão resultante da diferença entre os registros constantes na DIPJ e nos livros de apuração de ICMS, cuja movimentação e registros já estão em poder da autoridade fiscal em razão de requisição ao sistema financeiro ou de convênio com o fisco estadual. No caso dos autos, ao iniciar o procedimento fiscal, a autoridade já tinha conhecimento dos registros do ICMS da contribuinte. Assim, o fato da recorrente não ter encaminhado à autoridade documento ou informação de que ela já dispunha não enseja o agravamento da multa. A consequência da omissão é a presunção de omissão de receita com multa de 75%, sendo incabível o agravamento desta. (Precedente ac. 140200.872. Jul. 31 de janeiro de 2012.) Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Fl. 2259DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Relator Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2260DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 3 Relatório Tratase de recurso de ofício em face de lançamento constituído a partir da presunção de que trata o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o qual estabelece que “presumese receita omitida os valores creditados em conta bancária em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprova a origem dos mesmos.” O crédito tributário, no valor de R$ 50.893.022,34, diz respeito aos anoscalendário de 2003 e 2004, e tem como tributos o IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Por não ter o contribuinte atendido a intimação para comprovar a origem dos depósitos bancários a autoridade fiscal aplicou multa agravada de 112,5%), na forma do art.44, § 2°, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996. (fl.357). De forma tempestiva, o contribuinte apresentou defesa sustentando a insubsistência do lançamento. O acórdão da DRJ manteve a exigência dos tributos anteriormente apontados e afastou o agravamento da multa, sob o fundamento de que “a falta de comprovação dos depósitos bancários é uma hipótese de incidência da infração de omissão de receita, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430/96, não podendo servir, portanto, de fundamentação para o agravamento da multa aplicada sobre essa mesma infração”. A decisão recorrida, no que diz respeito à exigência mantida e ao afastamento da multa agravada, esta objeto de recurso de ofício, está alicerçada nos seguintes fundamentos: PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Nesse caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. .... MULTA AGRAVADA. A falta de comprovação dos depósitos bancários é uma hipótese de incidência da infração de omissão de receita, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430/96, não podendo servir, portanto, de fundamentação para o agravamento da multa aplicada sobre essa mesma infração. CSLL. PIS. COFINS. Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Anocalendário: : 01/01/2003 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/12/2004. Lançamento procedente em parte Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 4 A contribuinte foi intimada do acórdão da DRJ por meio do edital de fl. 614, afixado em 18052009 e desafixado em 02062009. Não há nos autos notícia de recurso voluntário, razão pela qual estamos diante de recurso de ofício que tem por objeto apenas a exclusão da multa agravada. É o relatório. Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 5 Voto Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Relator. Ao desagravar a multa o acórdão recorrido exonerou crédito tributário superior a um milhão de reais. Assim, o recurso de ofício preenche os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheçoo e passo ao exame no mérito. O auto de infração diz respeito à constituição de crédito tributário em face à presunção de omissão de receita caracterizada por depósitos bancários em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprovou a origem dos mesmos. À fl. 234 dos autos consta o termo nº 271/2007 dando conta de que a titular dos recursos foi intimada para comprovar a origem dos mesmos, conforme lista de fls. 235/554. A intimação noticiada à fl. 234 foi repetida, conforme termos de intimações de fls. 256, 258 e 346. Segundo a autoridade fiscal, conforme consta do termo de verificação à fl. 351, o agravamento da multa se deu pelo fato da contribuinte ter lhe respondido que não tinha atividade operacional ou financeira, não apresentando os livros contábeis e comprovante da movimentação financeira (extratos bancário). Em relação ao agravamento da multa, o artigo 44, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996, contém os seguintes comandos: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 6 II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) Do texto acima transcrito depreendese de que o agravamento da multa constituise em sanção ao sujeito passivo, aplicáveis nas hipóteses em que este deixar de prestar informações ou esclarecimentos necessários ao trabalho da autoridade fiscal. Há que se registrar, contudo, que tais esclarecimentos devem ser necessários e pertinentes à ação fiscal, sendo incabível o agravamento da multa nas situações em que a autoridade fiscal já disponha dos elementos necessários ao lançamento, como ocorre, por exemplo, nos casos de omissão caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada ou de omissão resultante da diferença entre os registros constantes na DIPJ e nos livros de apuração de ICMS, cujos registros e movimentação já estão em poder da autoridade fiscal em razão de requisição ao sistema financeiro ou de convênio com o fisco estadual. No caso dos autos, a autoridade fiscal, ao iniciar o procedimento, já tinha conhecimento da movimentação financeira do sujeito passivo. Assim, o fato da autuada não ter entregue os livros contábeis, os quais informou não possuir, ou deixado de responder as intimações para comprovar a origem dos depósitos bancários não se constitui em causa para o agravamento. Neste sentido, além da precisa fundamentação constante do acórdão recorrido, cuja ementa, na parte que interessa já foi transcrita quando do relatório, este colegiado, na sessão de 31 de janeiro do corrente ano, por unanimidade, decidiu no seguinte linha: Ementa .... AGRAVAMENTO DA MULTA. HIPÓTESE EM QUE OS DADOS SOLICITADOS JÁ ESTÃO EM PODER DO FISCO. IMPOSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO DA MULTA COM BASE NO ARGUMENTO DE QUE O CONTRIBUINTE NÃO FORNECEU OS DADOS SOLICITADOS. O agravamento da multa constituise em sanção ao sujeito passivo, aplicáveis nas hipóteses em que este deixar de prestar informações ou esclarecimentos necessários ao trabalho da autoridade fiscal. Contudo, tais esclarecimentos devem ser necessários e pertinentes à ação fiscal. É incabível o lançamento da multa agravada nas situações em que a autoridade fiscal já disponha dos elementos necessários ao lançamento, como ocorre, por exemplo, nos casos de omissão caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada ou de omissão resultante da diferença entre os registros constantes na DIPJ e nos livros de apuração de ICMS, cuja movimentação e registros já estão em poder da autoridade fiscal em razão de requisição ao sistema financeiro ou de convênio com o fisco estadual. No caso dos autos, ao iniciar o procedimento fiscal, a autoridade já tinha conhecimento dos registros do ICMS da contribuinte. Assim, o fato da recorrente não ter encaminhado à autoridade documento ou informação de que ela já dispunha não enseja o agravamento da multa. A consequência da Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13227.720023/200897 Acórdão n.º 1402001.000 S1C4T2 Fl. 0 7 omissão é a presunção de omissão de receita com multa de 75%, sendo incabível o agravamento desta. (ac. 140200.872. Jul. 31 de janeiro de 2012.) ISTO POSTO, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 25/07/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721321/2008-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2003 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Acolhem-se os Embargos de Declaração opostos pelo relator para suprimir a omissão constatada no conteúdo do acórdão nº 1202-000.602, de 18.10.2011, em relação ao lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com multa de ofício. ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, em concomitância com a aplicação da multa de ofício pela falta de pagamento/declaração das diferenças do imposto e contribuição apurados em procedimento fiscal, face a expressa disposição legal e face à incidência ocorrer em situações fáticas distintas.
Numero da decisão: 1202-000.767
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos opostos para suprir a omissão apontada e, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à impossibilidade de aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com a multa de ofício. Vencidos os conselheiros Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno, que davam provimento ao recurso nessa matéria. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Donassolo.
Nome do relator: GERALDO VALENTIM NETO
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Acolhemse os Embargos de Declaração opostos pelo relator para suprimir a omissão constatada no conteúdo do acórdão nº 1202000.602, de 18.10.2011, em relação ao lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com multa de ofício. ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, em concomitância com a aplicação da multa de ofício pela falta de pagamento/declaração das diferenças do imposto e contribuição apurados em procedimento fiscal, face a expressa disposição legal e face à incidência ocorrer em situações fáticas distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos opostos para suprir a omissão apontada e, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à impossibilidade de aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com a multa de ofício. Vencidos os conselheiros Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno, que davam provimento ao recurso nessa matéria. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Donassolo. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente Fl. 242DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10580.721321/200887 Acórdão n.º 1202000.767 S1C2T2 Fl. 243 2 (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto – Relator (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno. Relatório Tratase de Autos de Infração de IRPJ e CSLL, somados a multa de ofício e multa isolada em virtude da falta de recolhimento de estimativas. Referidos Autos de Infração decorrem da suposta diferença apurada entre os valores declarados em Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais (“DCTF”) e os escriturados a crédito em conta contábil de passivo que registra o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (“IRPJ”) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (“CSLL”), supostamente devidos no anocalendário de 2003. Em virtude da decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (“DRJ/BSA”) que julgou o lançamento procedente, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário. Oportunamente, os autos foram enviados a este Colegiado, tendo sido designado relator do caso, requisitei a inclusão em pauta para julgamento do recurso. Quando do julgamento realizado em 18.10.2011, foram analisadas apenas as questões envolvendo a falta de recolhimento dos impostos, não tendo sido objeto de análise o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com a multa de ofício, conforme se observa da ementa abaixo transcrita: “Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 Possibilidade de lançamento de ofício do imposto de renda, apurado com base na escrituração contábil e fiscal da pessoa jurídica, quando esta deixar de registrálo na respectiva DCTF e de recolhêlo. Assunto: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 Cabe o lançamento de ofício do imposto de renda, apurado com base na escrituração contábil e fiscal da pessoa jurídica, quando esta deixa deixar de registrálo na respectiva DCTF e de recolhêlo. Recurso voluntário negado.” Fl. 243DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10580.721321/200887 Acórdão n.º 1202000.767 S1C2T2 Fl. 244 3 Diante da omissão quanto ao julgamento das multas aplicadas, opus Embargos de Declaração para que fosse sanada referida omissão. Os autos foram novamente encaminhados para minha relatoria, de modo que requisitei a inclusão para julgamento. É o relatório Voto Conselheiro Geraldo Valentim Neto, Relator Primeiramente, acolho os embargos de declaração para sanar a omissão contida no acórdão anteriormente proferido por esta E. Turma no que se refere à aplicação da multa isolada em concomitância com a multa de ofício. Assim, passo à análise da matéria que deixou de ser analisada no acórdão embargado. O item 2 dos Autos de Infração trata da aplicação da multa isolada pela ausência de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e da CSLL nos meses de março a agosto e outubro a dezembro de 2003, cujos montantes foram apurados com base nos valores extraídos do Livro Diário e nos demonstrativos de fls. 11 e 12 do Relatório de Trabalho Fiscal. A esse respeito, entendo que a fundamentação utilizada pelo julgador de primeira instância deve ser reformada, cancelandose a exigência da multa isolada. Isso porque, a aplicação de multa de ofício prevista no artigo 44, I, da Lei nº 9.430/96 (com redação dada pelo artigo 14 da Lei nº 11.480/07) afasta, por si só, a possibilidade da sua aplicação concomitante com a multa de ofício isolada, prevista no inciso II do mencionado dispositivo legal, sendo, portanto, inadmissível a imposição das duas penalidades sobre a mesma base apurada em procedimento fiscal, nos termos do que já definiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais e este E. Conselho. Vejamos: “MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLCULO A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996) e da multa de ofício (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. Recurso especial negado”. (Câmara Superior de Recursos Fiscais, 4ª Turma, Recurso nº 10215160, Data 04/03/2008. Vide, no mesmo sentido, Acórdão nº 40104987, Data 15/06/2004) (não grifado no original) “MULTA ISOLADA CUMULADA COM MULTA DE OFÍCIO – Pacífica a jurisprudência deste Conselho de Contribuintes no sentido de que não é cabível a aplicação concomitante da multa isolada prevista no artigo 44, §1º, inciso III da Lei nº 9.430/96 com multa de ofício, tendo em vista dupla penalização sobre a Fl. 244DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10580.721321/200887 Acórdão n.º 1202000.767 S1C2T2 Fl. 245 4 mesma base de incidência”. (Acórdão nº 10613.651 Sessão 03/05/04) “PENALIDADE – MULTA ISOLADA – LANÇAMENTO DE OFÍCIO FALTA DE RECOLHIMENTO – PAGAMENTO POR ESTIMATIVA. Não comporta a cobrança de multa isolada por falta de recolhimento de tributo por estimativa concomitante com a multa de lançamento de ofício, ambas calculadas sobre os mesmo valores apurados em procedimento fiscal.” (Acórdão nº 10707.190) (não grifado no original) Pelas razões acima expostas, voto no sentido de acolher os embargos de declaração e dar provimento ao recurso voluntário quanto à impossibilidade de aplicação de multa isolada em concomitância com a multa de ofício. É como voto. (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Redator Designado. Tratase de examinar a aplicação da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL em que, pelo voto de qualidade, ficou vencido o relator do acórdão. Em que pese os valiosos argumentos apresentados pelo ilustre relator, peço vênia para discordar do seu entendimento em relação à aplicação da multa de ofício isolada pelo não recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL referente ao anocalendário de 2003. Em seu recurso, a recorrente argumenta que a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento da estimativa mensal do IRPJ é incabível diante da impossibilidade de aplicação da referida multa concomitantemente com a multa de ofício. A respeito do pagamento das estimativas mensais do IRPJ ao longo do ano calendário, cabe dizer que o mesmo deve ser feito obrigatoriamente pelo contribuinte que optou pela forma de tributação com base no lucro real, determinado sobre base de cálculo estimada, sem demonstrar que não era devido, por meio de balancetes de suspensão ou de redução (art. 35 da Lei nº 8.981, de 1995), nos termos do art. 2º da Lei n° 9.430, de 1996, abaixo transcrito para melhor clareza: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos Fl. 245DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10580.721321/200887 Acórdão n.º 1202000.767 S1C2T2 Fl. 246 5 percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei n" 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Uma vez que a obrigação de pagamento das estimativas não foi cumprida de acordo com o que determina o dispositivo legal acima transcrito, a mesma Lei nº 9.430, de 1996, nos seus artigos 43 e 44 e alterações, estabelece a imposição de uma penalidade isolada, no percentual de 50%, para coibir a prática do não pagamento dessa estimativa, conforme redação dos dispositivos que se transcreve: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente à multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Multas de Lançamento de Oficio Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei na 11.488, de 15 de junho de 2007) (Grifei). Dessa forma, estando o contribuinte sujeito à apuração com base no lucro real e tendo optado pelo pagamento do IRPJ, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada e deixando de recolher o imposto de renda, sem demonstrar que não era devido, por meio de balancetes de suspensão ou de redução, ocorre a subsunção do fato à norma legal estabelecida nos arts. 43 e 44 acima transcritos, que deve ser aplicada e cumprida integralmente pelas autoridades administrativas. Não cabe à autoridade fiscal usar do poder discricionário para aplicação da norma regulamente inserida no ordenamento jurídico. Ocorrido o fato e estando ele perfeitamente enquadrado no dispositivo legal, a autoridade deve obrigatoriamente aplicar a lei ao caso concreto. Já a multa de ofício, no percentual de 75%, tem enquadramento legal distinto da multa isolada e é aplicada também em situação distinta, qual seja, à diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata apurados em procedimento fiscal. As multas tem hipóteses de incidência de distintas e, por isso, são tratadas diferentemente pela legislação tributária, podendo dessa maneira, serem aplicadas concomitantemente. Sobre esse último aspecto, cabe dizer que a atividade do lançamento tributário é vinculada ao texto da lei, e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional pelo seu descumprimento, nos termos no art. 142 do Código Tributário Nacional. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10580.721321/200887 Acórdão n.º 1202000.767 S1C2T2 Fl. 247 6 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. O julgamento administrativo está estruturado como uma atividade de controle interno dos atos praticados pela administração tributária, sob o prisma da legalidade e da legitimidade. Os dispositivos da lei que exigem a cobrança da multa isolada (penalidade) não podem ser ignorados nem negados pelo Tribunal Administrativo, a quem não cabe substituir o legislador. Ademais, registrese que é mais do que razoável se admitir a existência de uma penalidade para desencorajar os contribuintes no descumprimento da obrigação de pagar corretamente os seus tributos, sob pena de se estabelecer uma desigualdade com aqueles contribuintes que cumprem suas obrigações tributárias nos prazos legais, cujos recursos financeiros depende o Estado para poder desempenhar as suas funções e que os aguarda, no momento certo, para poder cumprir seus compromissos orçamentários. Por oportuno, salientese que o art. 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995, dispôs que aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, nos termos da seguinte transcrição: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Em face do exposto, é de se manter a exigência da multa isolada pelo não recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, devendo ser negado provimento ao recurso voluntário nessa parte. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 247DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/06/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 19/06/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 29/06/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, As sinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO
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