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Numero do processo: 18050.004708/2008-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2301-000.213
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1223; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18050.004708/200875 Recurso nº 999.999 Resolução nº 2301000.213 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 16 de abril de 2012 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente FEDERAÇÃO BAHIANA DE FUTEBOL Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18050.004708/200875 Resolução n.º 2301000.213 S2C3T1 Fl. 2 2 Relatório e Voto: A recorrente suscita a conexão entre o presente processo e outros dois que aponta, o que suscita analisarmos a legislação que rege a matéria. O Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) determina que seja feita a distribuição dos processos conexos para a mesma Câmara (art. 47, caput) e para o mesmo Relator (art. 49, § 7º). Vejamos o teor dos dispositivos: Art. 47. Os processos serão distribuídos aleatoriamente às Câmaras para sorteio, juntamente com os processos conexos e, preferencialmente, organizados em lotes por matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. (...) Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. (...) § 7° Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc. (...) O desafio para a interpretação de tais dispositivos é estabelecer em que situações ocorre a conexão entre processos. Para enfrentálo, buscamos a disciplina existente no Processo Civil. No Código Processual temos os arts. 103 a 106 que tratam da matéria: Art. 103. Reputamse conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art. 104. Dáse a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considerase prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18050.004708/200875 Resolução n.º 2301000.213 S2C3T1 Fl. 3 3 O art. 103 do CPC, acima transcrito, exige, portanto, que haja objeto comum ou causa de pedir comum entre duas ou mais ações para que lhes seja reconhecida a conexidade. Tomando a lição de Cândido Rangel Dinamarco, assumimos que objeto do processo consiste no pedido formulado pelo demandante (Cf. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. Vol. II. 2ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 184). A causa de pedir, segundo o mesmo autor, é a descrição dos fatos caracterizadores da crise jurídica lamentada( op. cit., p. 126). Em resumo, portanto, há conexão quando há um pedido comum ou os fatos narrados são comuns a dois processos. Ou, nas palavras de Cândido Rangel Dinamarco: ”ocorre conexidade quando duas ou várias demandas tiverem por objeto o mesmo bem da vida ou forem fundadas no contexto de fatos”(op. cit., p. 149) No caso do processo administrativo fiscal, as situações mais comuns de conexão advirão da identidade de fatos narrados. Em situações nas quais determinados fatos dão ensejo a lançamento para cobrança da obrigação principal e penalidade por descumprimento de obrigação acessória teremos nítida conexão. Outro exemplo comum diz respeito a fatos que estão capturados na hipótese de incidência de mais de um tributo. Caso do IRPJ e da CSLL, por exemplo. A jurisprudência deste Colegiado já acolheu em diversos julgados a existência de conexão em situações similares a essas. Vejamos: Acórdão nº 20401549 do Processo 13364000073200375 Data 27/07/2006 Ementa PIS. COMPETÊNCIA DO 1º CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Quando lastreada, no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviu para determinar a prática de infração à legislação pertinente à tributação de pessoa jurídica, a competência para julgamento do recurso do PIS conexo será do Primeiro Conselho de Contribuintes. Acórdão nº 20401655 do Processo 13603002864200370 Data 22/08/2006 Ementa NORMAS PROCESSUAIS. Havendo matéria idêntica a ser decidida em processos conexos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, a responsabilidade pelo crédito tributário sob exação, mesmo que estes últimos decorram de lançamento isolado, oriundas de mesma base fática e decorrentes de mesma verificação fiscal, a competência para análise e julgamento dos mesmos é de mesmo órgão julgador do Primeiro Conselho de Contribuintes. Recurso não conhecido. Acórdão nº 20212088 do Processo 138080049149630 Data 09/05/2000 Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18050.004708/200875 Resolução n.º 2301000.213 S2C3T1 Fl. 4 4 Ementa NORMAS PROCESSUAIS CONEXÃO PROCESSUAL DECORRÊNCIA: O exame da exigência principal e da acessória, quando processadas em autos distintos, deve observar os efeitos da prevenção a fim de evitar decisões contraditórias em processos nitidamente conexos, cabendo à exigência acessória o mesmo destino da exigência principal, em face da inquestionável relação de causa e efeito que as entrelaça. Recurso provido. o Acórdão nº 20500720 do Processo 37284007953200410 Data 04/06/2008 Ementa Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias. Período de apuração: 01/09/1999 a 30/09/200. Ementa(...) AUTO DE INFRAÇÃO CONEXO À NFLD. Sendo o descumprimento de obrigação acessória conexo a matéria tratada em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, deve seguir a decisão emanada para aquela. Processo Anulado Acórdão nº 10708449 do Processo 16327000591200242 Data 22/02/2006 Ementa MULTA ISOLADA Considerada não cabível a exigência do próprio Imposto de Renda Pessoa Jurídica, formalizada em processo conexo, incabível a aplicação da multa isolada, por falta de recolhimento do IRPJ, sobre base de cálculo estimada, referente ao mesmo períodobase de apuração. Recurso provido. Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18050.004708/200875 Resolução n.º 2301000.213 S2C3T1 Fl. 5 5 Acórdão nº 10808585 do Processo 10680000555200435 Data 10/11/2005 Ementa IRPJ e CSL DEDUÇÕES DE OFÍCIO PIS E COFINS JUROS DE MORA Deve se admitir a dedução, das bases tributáveis do IRPJ e da CSL, dos valores do PIS e da COFINS lançados de ofício, assim como dos juros de mora sobre eles incidentes até o encerramento do período de apuração dos tributos, de forma a se adequar o lançamento de ofício ao valor que efetivamente influiu na apuração do lucro líquido. ADESÃO AO PAES Não logrando o contribuinte correlacionar os débitos informados no PAES com os valores autuados não há como se exonerar os valores pleiteados. LANÇAMENTOS CONEXOS PIS E COFINS Os efeitos do decidido no lançamento principal do IRPJ, se estendem, por decorrência aos processos conexos. Da leitura dos julgados acima podemos observar que a identidade de causa de pedir, de fatos narrados, não precisa ser completa, podendo ser parcial. Identificada as situações ensejadoras da conexidade, restanos identificar as conseqüências processuais daí advindas . Ocorrendo a conexão, o CPC determina a distribuição por dependência: Art. 253. Distribuirseão por dependência as causas de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) I quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) (...) De modo similar, o RICARF, como já ressaltamos, determina a distribuição por dependência para a Câmara e para o Relator. Mas deveria tal distribuição por dependência ocorrer em todos os casos? Ou haveria casos nos quais esta seria dispensável? A doutrina de Cândido Rangel Dinamarco (op. cit., p. 151) aponta a utilidade como critério suficiente para impor a reunião dos processos. Tal utilidade está presente naquelas situações nas quais as providências a tomar (reunião de processos) sejam aptas a proporcionar a harmonia de julgados ou a convicção única do julgador em relação a duas ou mais demandas. Ainda que a identidade dos fatos seja parcial, a utilidade da providência de reunião dos processos se justifica. De modo similar ao que acontece no processo civil, no processo administrativo a reunião dos processos tem por objetivo evitar a contradição de julgados e está sujeita à avaliação do julgador de sua utilidade. Ressaltamos que a utilidade não se esgota na possibilidade ou não de decisões contraditórias, mas diz respeito também ao interesse das partes. Assim, se nos autos não constam todos os elementos que permitem a compreensão da crise jurídica a ser sanada, permitindo que seja prejudicado o fisco na sua pretensão de cobrança do crédito tributário ou o contribuinte na sua ampla defesa, há utilidade na indicação de reunião dos processos. Nesses casos, diante do eminente prejuízo para uma das Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18050.004708/200875 Resolução n.º 2301000.213 S2C3T1 Fl. 6 6 partes, a reunião dos processos é obrigatória, sob pena de nulidade do decisum que a desconsiderar. Situação diversa temos quando não há prejuízo possível para quaisquer das partes advindo diretamente do trâmite separado dos processos, mas subsiste a possibilidade de decisões contraditórias. Nesses casos, a reunião dos processos para julgamento simultâneo é providência que tem óbvio apelo para a segurança jurídica, na medida em que assegura que não haverá decisões contraditórias. A mesma situação contribui para a concretização da eficiência que está consagrada no art. 37 como princípio da administração pública, pois evita que as análises sejam totalmente refeitas por relatores distintos. Porém, nessa situação, caso não tenha ocorrido a reunião dos processos não haveria nulidade processual a ser declarada. No caso em análise, está requerida explicitamente a conexão com citação dos números dos processos, bem como os fatos narrados são similares. Verificamos no eprocesso que as NFLDs ainda não foram distribuídas(estão no SECOJ em para distribuir). Constatamos que o caso realmente sem a NFLD não dá para julgar, pois a recorrente não se defendeu do mérito, a confiar na conexão. São os seguintes os processos para os quais deveria ser analisada a conexão para distribuição simultânea para o primeiro relator sorteado: 18050004708/200875 , 18050004723/200813, 18050000015/200722 . Por todo o exposto voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, de modo que seja analisada a conexão entre os processos 18050004708/2008 75 , 18050004723/200813, 18050000015/200722, redistribuindoos ao primeiro relator sorteado. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por MAURO JOSE SILVA
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Numero do processo: 10980.923624/2009-19
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3803-000.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa Presidente e Relator
Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e os Suplentes Paulo Guilherme Deroulede e Adriana Oliveira e Ribeiro. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Presidente e Relator Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e os Suplentes Paulo Guilherme Deroulede e Adriana Oliveira e Ribeiro. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Victor Rodrigues.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1885; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 1 39 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.923624/200919 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3803000.260 – 3ª Turma Especial Data 23 de abril de 2013 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente VINÍCOLA CAMPO LARGO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa – Presidente e Relator Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e os Suplentes Paulo Guilherme Deroulede e Adriana Oliveira e Ribeiro. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Victor Rodrigues. RELATÓRIO Esta contribuinte transmitiu a Declaração de Compensação nº 41817.60711.300506.1.3.040973, em 30 de maio de 2006, em que compensa crédito de Cofins relativa ao período de apuração outubro/2004, no valor de R$ 1.569,87. Despacho Decisório da DRF/CuritibaPR, não homologou a compensação por inexistência de crédito, porquanto o pagamento informado originador do crédito, de R$ 111.665,17, teria sido integralmente utilizado para a quitação da Cofins declarada. Em manifestação de inconformidade apresentada, a Interessada alegou que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do § 1º, do art. 3º, da Lei nº RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 23 62 4/ 20 09 -1 9 Fl. 40DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA Processo nº 10980.923624/200919 Resolução nº 3803000.260 S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 2 9.718/1998, no RE 357.950, e que efetuou o seu aproveitamento nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/1996. Indicou o valor das Receitas Financeiras, e declarou ser líquido e certo o seu crédito, nos termos do art. 170 do CTN. Citou jurisprudência administrativa e, insistiu no seu direito à repetição do indébito a teor do art. 165 do CTN. Em julgamento da lide a DRJ/Curitiba não apreciou o mérito da questão por tratar de matéria constitucional, esta reservada apenas ao Poder Judiciário, não restando amparo, inclusive, para fazêlo ao amparo à luz do Decreto nº 2.346 de 10 de outubro de 1997, que determina a observância uniforme pela Administração Pública Federal direta e indireta das decisões do Supremo Tribunal Federal que fixem, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional. Cientificada da decisão, em 21 de maio de 2012, irresignada, apresentou recurso voluntário, em 18 de junho de 2012, em que reitera o seu argumento em torno da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, o que tornou indevidos os pagamentos feitos sob a égide deste dispositivo legal, suscitando o crédito utilizado na DComp sob análise. É o relatório. VOTO Conselheiro Belchior Melo de Sousa – Relator O recurso é tempestivo, e atende a todos os requisitos para sua admissibilidade, portanto dele conheço. A matéria versada nos autos tem como pano de fundo a declaração da inconstitucionalidade do § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sob o amparo dessa decisão, créditos de pagamento de Cofins teriam surgido para esta Contribuinte, que os aproveitou na DComp sob exame. O Pleno do Colendo Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/ PR, Relator Ministro Ilmar Galvão, em sessão realizada em 9 de novembro de 2005, pacificou o conflito e declarou a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. Os aludidos acórdãos foram assim ementados: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados Fl. 41DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA Processo nº 10980.923624/200919 Resolução nº 3803000.260 S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 3 expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. A Corte Suprema, em 10 de setembro de 2008, ao apreciar o recurso extraordinário nº 585235, DJ nº 227 do dia 28/11/2008, reconheceu, por unanimidade, a existência de Repercussão Geral e reafirmou a jurisprudência no sentido da mencionada inconstitucionalidade, conforme decisão transcrita abaixo: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. O acórdão proferido no referido Recurso Extraordinário, publicado no DJ em 28 de novembro de 2008, teve a seguinte ementa: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. A Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, introduziu o art. 26A no Decreto nº 70.235/72, que rege o Processo Administrativo Fiscal (PAF), estabelece que: Fl. 42DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA Processo nº 10980.923624/200919 Resolução nº 3803000.260 S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 4 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (...). Na mesma direção andou a alteração produzida pela Portarias 586/2010, ao introduzir o art. 62A no Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, dispondo que as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral devem ser reproduzidas pelos Conselheiros, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Observo, à fl. 5 destes autos, que o despacho decisório não foi precedido de intimação eletrônica para que a Contribuinte tivesse ciência da integral alocação do DARF indicado como originário do crédito, procedimento ocorrente em inúmeras situações que apontavam para a inconsistência das informações prestadas na DComp e as constantes dos registros da RFB. A providência permitiria a Contribuinte retificar sua DCTF ou na hipótese de não servir como nova base de dados para o processamento automático da DComp pudesse esclarecer o fundamento do pagamento indevido e, com isso, suscitar o tratamento manual da DComp. A Contribuinte não cuidou, na manifestação de inconformidade, de demonstrar a formação do seu crédito com a anexação de planilha indicando as bases de cálculo da contribuição, com exclusão das receitas financeiras, a teor do que o exige o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/721, em que pese ter afirmado que o crédito utilizado era decorrente da declaração da inconstitucionalidade do § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, pelo STF. 1 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) Fl. 43DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA Processo nº 10980.923624/200919 Resolução nº 3803000.260 S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 5 À data da sua decisão, 05 de outubro de 2011, a DRJ/Juiz de Fora já estava vinculada ao cumprimento da ressalva contida no § 6º, do art. 26A, do Decreto nº 70.235/72, introduzido pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que permitia o afastamento da aplicação de lei declarada inconstitucional em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, citado retro. No entanto, sua decisão passou ao largo deste preceito legal, tendo assentado a incompetência do julgador de primeira instância em apreciar argumento de cunho constitucional. Sob este entendimento, o Colegiado a quo deixou de enfrentar a matéria de prova, passível de ser suprida mediante diligência, instrução justificada pela forma lacônica do despacho decisório eletrônico, que obstaculiza a instrumentalização da defesa da Contribuinte. Dessarte, ao circunscrever a razão de decidir à matéria de Direito, a Recorrente uma vez mais não tem como se ver instada a aparelhar a sua defesa com os elementos de prova a ser consubstanciada na oferta das receitas hábeis à incidência da contribuição em apreço e as excludentes. Sob a óptica da prova, temos o fato de que os contribuintes não dispõem de meio de jungir ao seu procedimento de transmissão eletrônica da compensação a prova efetiva (documental) do seu direito, por não ser providência exigida. Ao tempo da transmissão da presente DComp a possibilidade de o contribuinte comprovar a redução da base de cálculo com consequente indébito compunha o acervo de prerrogativas da Administração Tributária na apreciação da legitimidade do crédito, a teor do art. 4º da IN SRF 600/20052, prerrogativa esta não mais reproduzida na IN RFB 900/2008, revogadora daquela e vigente ao tempo do Despacho Decisório. Sem embargo dessa nova disciplina, não se encontra dispositivo regulamentar que determine o não reconhecimento de direito creditório ante a ausência de retificação da DCTF, implicando dizer que esse reconhecimento não está materialmente dependente do cumprimento dessa obrigação pelo contribuinte. A ausência dessa formalidade apenas impede a emissão automática da decisão administrativa favorável ao contribuinte, por não reduzir o registro do débito no sistema, deixando de ressaltar o indébito como valor disponível, habilitandoo à utilização em DComp. Por essas razões, entendo que o processo deve ainda ser instruído com a apresentação, pelo contribuinte, de demonstrativo de suas receitas que correspondam ao conceito de faturamento, com destaque das receitas financeiras, do decorrente valores da contribuição devida e do indébito, acompanhado dos respectivos registros contábeis que justifiquem as exclusões. Em vista do exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que a DRF/Curitiba intime a Contribuinte à apresentação de planilha e registros contábeis, na forma acima expendida, e ateste a quanto alcança o seu crédito. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) 2 Art. 4 º A autoridade da SRF competente para decidir sobre a restituição poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA Processo nº 10980.923624/200919 Resolução nº 3803000.260 S3TE03 Fl. !Configuração não válida de caractere 6 Dêse ciência à Interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo regulamentar para que se manifeste. Após, retornem os autos a este CARF para julgamento. Sala das sessões, 23 de abril 2013 (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 45DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/05/2013 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/05/20 13 por BELCHIOR MELO DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 16024.000468/2007-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/10/2004 a 30/04/2007
IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO, ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO.
Por força do art. 26-A do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.
INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O DÉCIMO TERCEIRO. Incide a contribuição previdenciária no décimo terceiro salário, em razão de sua natureza salarial, em harmonia com a Súmula 83 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). CONTRIBUIÇÃO AO INCRA Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação.
CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DO SAT E DO RAT É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991
combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e
da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA 4 DO CARF E ART. 34 DA
LEI 8.212/91.
Em conformidade com a Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. Acrescente-se que, para os tributos regidos pela Lei
8.212/91, o art. 34 do referido diploma legal prevê a aplicação da Taxa Selic
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-002.649
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Redator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votam em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2004 a 30/04/2007 IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO, ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO. Por força do art. 26-A do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O DÉCIMO TERCEIRO. Incide a contribuição previdenciária no décimo terceiro salário, em razão de sua natureza salarial, em harmonia com a Súmula 83 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). CONTRIBUIÇÃO AO INCRA Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DO SAT E DO RAT É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA 4 DO CARF E ART. 34 DA LEI 8.212/91. Em conformidade com a Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. Acrescente-se que, para os tributos regidos pela Lei 8.212/91, o art. 34 do referido diploma legal prevê a aplicação da Taxa Selic Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2004 a 30/04/2007 IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO, ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO. Por força do art. 26A do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O DÉCIMO TERCEIRO. Incide a contribuição previdenciária no décimo terceiro salário, em razão de sua natureza salarial, em harmonia com a Súmula 83 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). CONTRIBUIÇÃO AO INCRA Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DO SAT E DO RAT É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 2 MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA 4 DO CARF E ART. 34 DA LEI 8.212/91. Em conformidade com a Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. Acrescentese que, para os tributos regidos pela Lei 8.212/91, o art. 34 do referido diploma legal prevê a aplicação da Taxa Selic Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Redator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votam em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Pires Lopes – Redator Designado Fl. 239DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 239 3 Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 4 Relatório Tratase da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.076.4072 , lavrada em 19/10/2007, que constituiu crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias incidentes sobre remunerações anotadas em folhas de pagamento, bem como sobre retiradas de prólabore, no período de 01/10/2004 a 30/04/2007 , tendo resultado na constituição do crédito tributário de R$ 119.108,27 , fls. 01. Após tomar ciência postal da autuação em 06/11/2007, fls. 64, a recorrente apresentou impugnação, fls. 65/135, na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 6ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, no Acórdão de fls. 138/146, julgou o lançamento procedente , tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 22/04/2008, fls. 150. O recurso voluntário, apresentado em 21/05/2008, fls. 151/221, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Alega que não possuía máfé ou intenção de sonegar ou burlar a lei. Entende que a incidência do Salário Educação é inconstitucional sob vários aspectos. Prossegue sustentando a ilegalidade da contribuição destinada ao INCRA. Indica a inconstitucionalidade e a ilegalidade da cobrança da Contribuição ao SEBRAE, ao SESI e SENAI. Quanto ao SAT, argumenta ainda que a definição de grau de risco não poderia ser feita por Decreto. Sustenta existir inconstitucionalidade na cobrança da contribuição previdenciária sobre o 13º. Requer a aplicação da multa mais benéfica. Entende que a Taxa Selic não pode ser aplicada, pois utiliza componentes e cálculos não especificamente previstos em lei, mas em norma do BACEN. É o relatório. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 240 5 Voto Vencido Fl. 242DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 6 Conselheiro Mauro José Silva Reconhecemos a tempestividade do recurso apresentado e dele tomamos conhecimento. Inconstitucionalidade de tratado, acordo internacional, lei ou decreto. Não podem ser apreciados os argumentos baseados em inconstitucionalidade de tratado, acordo internacional, lei ou decreto pelas razões que a seguir serão expostas. A competência para decidir sobre a constitucionalidade de normas foi atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal no Capítulo III do Título IV. Em tais dispositivos, o constituinte teve especial cuidado ao definir quem poderia exercer o controle constitucional das normas jurídicas. Decidiu que caberia exclusivamente ao Poder Judiciário exercêla, especialmente ao Supremo Tribunal Federal. Por seu turno, a Lei 11.941/2009 incluiu o art. 26A no Decreto 70.235/72 prescrevendo explicitamente a proibição dos órgãos de julgamento no âmbito do processo administrativo fiscal acatarem argumentos de inconstitucionalidade, in verbis: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” Acatando tais imposições constitucionais e legais, o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais insiste na referida vedação, bem como já foi editada Súmula do Colegiado sobre o assunto, conforme podemos conferir a seguir: “Portaria MF nº 256, de 23 de junho de 2009 (que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Portanto, deixamos de apreciar todos os argumentos da recorrente fundados em discussão sobre constitucionalidade de tratado, acordo internacional, lei ou decreto. Da inconstitucionalidade da cobrança de contribuição do SALÁRIOEDUCAÇÃO Fl. 243DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 241 7 Com relação à contribuição social ao salárioeducação, sua constitucionalidade foi reconhecida através da Súmula de n ° 732 do Supremo Tribunal Federal, o que reforça a presunção de legalidade da lei que instituiu sua cobrança, conforme plenamente indicado no relatório de fundamentos legais, impedindo este órgão colegiado de afastar sua aplicação: “Súmula nº 732 É constitucional a cobrança da contribuição do salárioeducação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, e no regime da lei 9.424/96.” Razão pela qual não vejo como excluir do lançamento esta rubrica, eis que devida pela recorrente nos termos da legislação alinhavada no relatório de fundamentos legais, trazidos pelo auditor notificante. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre o 13º salário No tocante à incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre a remuneração intitulada décimoterceiro salário, o art. 28 §7º da Lei 8.212 ratifica o entendimento adotado pela Autoridade Fiscal, vez que aponta estar a gratificação natalina compreendida no saláriodecontribuição, sendo, portanto, objeto de incidência de quantias devidas ao INSS. Eis o teor da norma ora invocada: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 7º O décimoterceiro salário (gratificação natalina) integra o saláriode contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei n° 8.870, de 15.4.94) . Haja vista a gratificação natalina integrar o saláriodecontribuição, não resta dúvidas quanto à cobrança de contribuições previdenciárias inserirem em sua base de cálculo os valores pagos a título de décimoterceiro, entendimento corroborado pela jurisprudência deste Conselho consoante pode observarse: [...] 13o SALÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999, os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados. Uma vez que a notificada remunerou segurados, descontando as contribuições previdenciárias por eles devidas, conforme informação nos registros documentais da empresa, deveria a notificada efetuar o recolhimento à Previdência Social. Não efetuando o recolhimento a notificada passa a ter a responsabilidade sobre o mesmo. Nos termos do artigo 16, §4° do Decreto n° 70.235/72, a produção de provas está sujeita à preclusão. Como no processo judicial, o ônus probatório recai sobre quem alega.Há incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao décimo terceiro salário, conforme previsão no art. 7º da Lei 8.620/1993.A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. Recurso Voluntário Negado. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 8 Também o STJ adota posicionamento convergente ao que ora se expõe, conforme se pode inferir do seguinte acórdão: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA COMPENSAÇÃO. PRÓ LABORE. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPERCUSSÃO FINANCEIRA. CORREÇÃO MONETÁRIA. LIMITES. LEIS Nº 9.032/95 e 9.129/95. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. INCIDÊNCIA. (SÚMULA 83/STJ). PRECEDENTES. 1. Pacificouse nesta Corte o entendimento segundo o qual, por ser tratar de tributo de natureza direta, não há necessidade de comprovação da nãorepercussão financeira das contribuições previdenciárias. Precedentes. 2. A Primeira Seção, no julgamento do EREsp nº 189.052/SP (DJU DE 03.11.03), concluiu que, em se tratando de créditos advindos de recolhimento de contribuição declarada inconstitucional pela Suprema Corte, ficam afastadas as limitações impostas pelas Leis 9.032/95 e 9.129/95 à compensação tributária. E isto porque, com a declaração de inconstitucionalidade, surge o direito à restituição in totum ante à ineficácia plena da lei que instituiu o tributo. 3. Os índices a serem utilizados para correção monetária, em casos de compensação ou restituição, são o IPC, no período de março/90 a janeiro/91, o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/91 e a UFIR, de janeiro/92 a 31.12.95. 4. A orientação desta Corte se coaduna com a do acórdão recorrido de que incide a contribuição previdenciária no décimo terceiro salário, em razão de sua natureza salarial (Súmula 83/STJ). Precedentes. 5. Recurso especial do INSS provido em parte. Recurso especial de Transtana Transporte Especializado de Veículos Ltda provido em parte. Do exposto, restam, de pronto, afastadas as alegações do contribuinte, quanto à impossibilidade da incidência de contribuições previdenciárias sobre a remuneração intitulada 13º salário. Contribuição para financiamento do SAT Quanto ao argumento da ilegalidade da cobrança da contribuição devida ao SAT — Seguro de Acidente de Trabalho, em razão da reserva à lei para estabelecer os conceitos de atividade preponderante e grau de risco de acidente de trabalho não confiro razão à recorrente. A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho é prevista no art. 22, II da Lei no. 8.212/1991, alterada pela Lei no. 9.732/1998, nestas palavras: Art.22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: ... II para o financiamento do beneficio previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no. 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos Fl. 245DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 242 9 em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei n°9.732, de 11/12/98) a) I% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Regulamenta o dispositivo acima transcrito o art. 202 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, vigente à época dos fatos, nestas palavras: Art.202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer titulo, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. § 1° As alíquotas constantes do caput serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição. § 2° O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 3° Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 10 § 3º Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. § 4° A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, prevista no Anexo V. § 5° O enquadramento no correspondente grau de risco é de responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica preponderante e será feito mensalmente, cabendo ao Instituto Nacional do Seguro Social rever o autoenquadramento em qualquer tempo. ... § 10. Será devida contribuição adicional de doze, nove ou seis pontos percentuais, a cargo da cooperativa de produção, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao cooperado filiado, na hipótese de exercício de atividade que autorize a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003) § 11. Será devida contribuição adicional de nove, sete ou cinco pontos percentuais, a cargo da empresa tomadora de serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, conforme a atividade exercida pelo cooperado permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003) § 12. Para os fins do § 11, será emitida nota fiscal ou fatura de prestação de serviços específica para a atividade exercida pelo cooperado que permita a concessão de aposentadoria especial. (Redação dada pelo Decreto n°4.729/2003). ... Quanto ao argumento de ilegalidade de o Decreto definir os conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio ou grave", repelese tal argüição na medida em que a lei fixou padrões e parâmetros, deixando para o regulamento a delimitação dos conceitos necessários à aplicação concreta da norma. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça já assentou jurisprudência no sentido da legalidade da fixação da alíquota por meio de Decreto. Transcrevemos um Acórdão nesse sentido: “REsp. 386.028RS, D.J. 17.11.2003, Rel. Min. Castro Meira ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO. SAT. GRAU DE RISCO. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 243 11 1. É legítimo o estabelecimento, por Decreto, do grau de risco, com base na atividade preponderante da empresa. 2. Recurso Especial parcialmente conhecido e improvido." Estabelecida a legalidade da definição dos graus de risco por meio de Decreto, restanos definir outro ponto que é suscitado sobre o assunto: o grau de risco deve ser aferido por estabelecimento ou na totalidade da empresa? A controvérsia, a despeito da explícita referência do art. 22, inciso II, alíneas “a”, “b” e “c”, bem do art. 202 do Decreto 3.048/99 a atividade preponderante da empresa – e não do estabelecimento , é alimentada pela existência da Súmula 351 do STJ que tem o seguinte conteúdo: “A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.” Para compreendermos os fundamentos do surgimento de tal súmula, pesquisamos os precedentes que ensejaram a sua origem. Notamos que em todos eles há uma cadeia de citações de decisões que acabam por ter como origem comum Acórdãos do antigo Tribunal Federal de Recursos (TFR) que se referiam ao regime jurídico da referida exação antes da edição da Lei 8.212/91, especialmente a Lei 6.367/76 e o Decreto 83.081/79. Verificamos que o art. 15 da Lei 6.367/76 transferiu para o poder regulamentar a competência de classificar os três graus de risco segundo “ a atual experiência de risco”, in verbis: Art. 15. O custeio dos encargos decorrentes desta lei será atendido pelas atuais contribuições previdenciárias a cargo da União, da empresa e do segurado, com um acréscimo, a cargo exclusivo da empresa, das seguintes percentagens do valor da folha de salário de contribuição dos segurados de que trata o Art. 1º: I 0,4% (quatro décimos por cento) para a empresa em cuja atividade o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II 1,2% (um e dois décimos por cento) para a empresa em cuja atividade esse risco seja considerado médio; III 2,5% (dois e meio por cento) para a empresa em cuja atividade esse risco seja considerado grave. § 1º O acréscimo de que trata este artigo será recolhido juntamente com as demais contribuições arrecadadas pelo INPS. § 2º O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) classificará os três graus de risco em tabela própria organizada de acordo com a atual experiência de risco, na qual as empresas Fl. 248DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 12 serão automaticamente enquadradas, segundo a natureza da respectiva atividade Exercendo sua função regulamentadora, o Decreto 83.081/79 trazia textualmente como parâmetro para a definição do grau de risco a separação por CGC, conforme pode ser observado em seu art. 40, a seguir reproduzido: Art. 40. Para os efeitos do artigo 38, a empresa se enquadrará na tabela do Anexo I em relação a cada estabelecimento como tal caracterizado pelo Cadastro Geral de Contribuintes CGC do Ministério da Fazenda. § 1º Quando a empresa ou o estabelecimento com CGC próprio, que a ela se equipara, exercer mais de uma atividade, o enquadramento se fará em função da atividade preponderante. § 2º Para os efeitos do § 1º, considerase atividade preponderante a que ocupa o maior número de segurados. Seguindo tais dispositivos, o TFR assentou entendimento de que era o CGC de cada estabelecimento que determinava o grau de risco das empresas, sendo que, existindo um único CGC, deverseia apurar a atividade preponderante. Fácil notar que nenhum esforço hermenêutico foi necessário para tanto, pois o então Decreto regulamentador já previa que a classificação seria feita por estabelecimento com CGC próprio. Ocorre que o regime jurídico da contribuição para financiamento do Seguro de Acidente do Trabalho foi modificado com a entrada em vigor da Lei 8.212/91. A nova lei, além de ampliar a destinação dos recursos da contribuição para o financiamento de todos os benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, faz referência à atividade preponderante em seu art. 22. Por seu turno, o Decreto 3.048/99, ao exercer a função regulamentadora, não trouxe mais como critério a separação por CGC ou CNPJ, tendo preferido explicitar seu conceito de atividade preponderante em toda a empresa. Logo, com a mudança do regime jurídico, restaram superados os fundamentos da jurisprudência do antigo TFR e, por conseqüência, os fundamentos jurídicos que ensejaram o surgimento da Súmula 351 do STJ, posto que toda a argumentação dos Ministros do STJ nos precedentes da referida súmula amparamse nas superadas decisões do TFR. Mesmo reconhecendo a necessidade de ser preservada a segurança jurídica que as súmulas ajudam a concretizar, não podemos assumir que as decisões judiciais prevaleçam sobre as leis que lhe são posteriores. Modificada a lei que dava fundamento à Súmula, e não tendo esta força vinculante, desaparece sua força como instrumento que viabiliza a segurança jurídica. Por mais que entendamos que o grau de risco a que os trabalhadores estão expostos é melhor avaliado por atividade ou por estabelecimento, com o atual regime jurídico aplicável ao assunto, estaríamos decidindo em ofensa à legislação e, portanto, com desprestígio da segurança jurídica, se tomássemos como critério o estabelecimento ou a atividade dentro de um mesmo estabelecimento. Se o Decreto 3.048/99 regulamentou o grau de risco sem extrapolar os limites do poder regulamentar, como entendemos ser o caso, suas determinações sobre o assunto devem ser acatadas. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 244 13 Assim, a atividade preponderante é aquela que, na empresa, ocupa o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, em consonância com o §3º do art. 202 do Decreto 3.048/99. Definida a atividade preponderante, a alíquota aplicável na incidência da contribuição será definida pela consulta à tabela do Anexo V do mesmo Decreto. Da contribuição ao INCRA Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. Não se olvida que a contribuição destinada ao INCRA tenha natureza distinta das contribuições sociais da Seguridade Social. As competências do INCRA são atribuídas pela sua lei de criação e o Estatuto da Terra: “DECRETOLEI Nº 1.110, DE 9 DE JULHO DE 1970. Regulamento Cria o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), extingue o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário e o Grupo Executivo da Reforma Agrária e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item I, da Constituição, DECRETA: Art. 1º É criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), entidade autárquica, vinculada ao Ministério da Agricultura, com sede na Capital da República. Art. 2º Passam ao INCRA todos os direitos, competência, atribuições e responsabilidades do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA) e do Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA), que ficam extintos a partir da posse do Presidente do novo Instituto. LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) I O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA); (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) II O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas Delegacias Regionais; (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) Fl. 250DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 14 III as Comissões Agrárias. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos para o zoneamento do país em regiões homogêneas do ponto de vista sócioeconômico e das características da estrutura agrária, visando a definir: I as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos minifúndios e dos latifúndios; II as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que não ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias; III as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada; IV as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento, povoamento e colonização de áreas pioneiras. Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da Agricultura, o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica vinculada ao mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo com o prescrito nos dispositivos seguintes: I o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo; II o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio definidos na presente Lei; III o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e um Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República, mediante indicação do Ministro da Agricultura; IV Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão de Planejamento da Política Agrícola; ...” Vale enfatizar, porque importante, que a contribuição ao INCRA não alcança exclusivamente a produção rural, conforme sua lei de instituição, que relaciona atividades industriais que podem ser desenvolvidas tanto no meio rural como nas regiões urbanas: “DECRETOLEI Nº 1.146, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1970. Consolida os dispositivos sobre as contribuições criadas pela Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955 e dá outras providências. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 245 15 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item II, da Constituição, DECRETA: Art. 1º As contribuições criadas pela Lei nº 2.613, de 23 de setembro 1955, mantidas nos termos deste DecretoLei, são devidas de acordo com o artigo 6º do DecretoLei nº 582, de 15 de maio de 1969, e com o artigo 2º do DecretoLei nº 1.110, de 9 julho de 1970: I Ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA: 1 as contribuições de que tratam os artigos 2º e 5º deste DecretoLei; 2 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o art. 3º deste Decretolei. II Ao Fundo de Assistência do Trabalhador Rural FUNRURAL, 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o artigo 3º deste Decretolei. Art 2º A contribuição instituída no " caput " do artigo 6º da Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955, é reduzida para 2,5% (dois e meio por cento), a partir de 1º de janeiro de 1971, sendo devida sobre a soma da folha mensal dos salários de contribuição previdenciária dos seus empregados pelas pessoas naturais e jurídicas, inclusive cooperativa, que exerçam as atividades abaixo enumeradas: I Indústria de canadeaçúcar; II Indústria de laticínios; III Indústria de beneficiamento de chá e de mate; IV Indústria da uva; V Indústria de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de algodão; VI Indústria de beneficiamento de cereais; VII Indústria de beneficiamento de café; VIII Indústria de extração de madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; IX Matadouros ou abatedouros de animais de quaisquer espécies e charqueadas. “ Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que também se consolidou no Supremo Tribunal Federal: Fl. 252DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 16 “PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL E INCRA EMPRESA URBANA LEGALIDADE ORIENTAÇÃO DESTA PRIMEIRA SEÇÃO, SEGUINDO A JURISPRUDÊNCIA DO STF RECURSO NÃO ADMITIDO SÚMULA 168/STJ AGRAVO REGIMENTAL AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA MERA REPETIÇÃO DAS RAZÕES DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA IRRESIGNAÇÃO MANIFESTAMENTE INFUNDADA RECURSO NÃO CONHECIDO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. Nos termos da orientação desta Primeira Seção e do Supremo Tribunal Federal, é legítimo o recolhimento da contribuição social para o FUNRURAL e INCRA pelas empresas urbanas. Considerando que o acórdão embargado corroborou esse entendimento, correta é a aplicação da Súmula 168 desta Corte Superior. 2. Não tendo a agravante rebatido especificamente os fundamentos da decisão recorrida, limitandose a reproduzir as razões oferecidas nos embargos de divergência, é inviável o conhecimento do recurso. 3. Tratandose de agravo interno manifestamente infundado, impõese a condenação da agravante ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, nos termos do art. 557, § 2º, do Código de Processo Civil. 4. Agravo interno não conhecido, com aplicação de multa. (AgRg nos EREsp 530802/GO. Primeira Seção. Relatora Ministra DENISE ARRUDA. Julgamento 13/04/2005. DJ 09/05/2005, p. 291) (sem grifos no original).” A seu turno, destaquese ementa no Agravo Regimental do Recurso Extraordinário de n ° 211.190, publicado no Diário da Justiça em 29 de novembro de 2002: “EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA A FINANCIAR O FUNRURAL. VIOLAÇÃO DO PRECEITO INSCRITO NO ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO INSUBSISTENTE. A norma do artigo 195, caput, da Constituição Federal, preceitua que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem expender qualquer consideração acerca da exigibilidade de empresa urbana da contribuição social destinada a financiar o FUNRURAL. Precedentes. Agravo regimental não provido.” Desta forma, não vislumbro reparos na decisão recorrida neste ponto. Contribuição ao SEBRAE Fl. 253DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 246 17 Sobre a alegação de ilegalidade na imputação de contribuição ao SEBRAE, esclarecemos a recorrente que todas as empresas vinculadas ao SESI/SENAI, ao SESC/SENAC e ao SEST/SENAT são contribuintes do SEBRAE. A contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) foi criada pela Lei nº 8.029, de 12/04/90, que autorizou o Poder Executivo a desvincular da Administração Pública Federal o antigo CEBRAE, mediante sua transformação em serviço social autônomo, consoante disposto no artigo 8º: Art. 8º É o Poder Executivo autorizado a desvincular, da Administração Pública Federal, o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa – CEBRAE, mediante sua transformação em serviço social autônomo. ................................................................................................ § 3º As contribuições relativas às entidades de que trata o artigo 1º do DecretoLei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986, poderão ser majoradas em até 0,3% (três décimos por cento), com vistas a financiar a execução da política de Apoio às Microempresas e às Pequenas Empresas. § 4º O adicional da contribuição a que se refere o parágrafo anterior será arrecadado e repassado mensalmente pelo órgão competente da Previdência e Assistência Social ao CEBRAE. O artigo 1º do DecretoLei nº 2.318/86 dispõe sobre a cobrança, fiscalização, arrecadação e repasse às entidades das contribuições para o SENAI, SENAC, SESI e SESC. O Poder Executivo, fazendo uso da autorização legal, editou o Decreto nº 99.570, de 09/10/90, transformando o CEBRAE no atual SEBRAE, conforme o artigo 1º: Art. 1º Fica desvinculado da Administração Pública Federal o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresas – CEBRAE e transformado em serviço social autônomo. Parágrafo único. O Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresas – CEBRAE, passa a denominarse Serviço Brasileiro de Apoio às Microempresas – SEBRAE. Do mesmo modo que a Lei nº 8.029/90, o Decreto nº 99.570/90 manteve a autorização para o INSS arrecadar o adicional da contribuição, com o repasse ao SEBRAE, nos termos do artigo 6º, que assim dispõe: Art. 6º O adicional de que trata o parágrafo 3º do art. 8º da Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, será arrecadado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS e repassado ao SEBRAE no prazo de trinta dias após a sua arrecadação. Já em 28/12/1990, foi editada a Lei nº 8.154, que em seu artigo 8º, definiu os percentuais devidos a título do adicional da contribuição, da seguinte forma: Art. 8º (...) Fl. 254DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 18 § 3º Para atender à execução da política de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, é instituído adicional às alíquotas das contribuições sociais relativas às entidades de que trata o artigo 1º do Decreto Lei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986, de: a. 0,1% (um décimo por cento) no exercício de 1991; b. 0,2% (dois décimos por cento) em 1992; e c. 0,3% (três décimos por cento) a partir de 1993. Desta forma, podemos perceber que a questionada contribuição destinada ao custeio do Serviço de Apoio às Microempresas e às Pequenas Empresas, foi criada como uma majoração das contribuições devidas ao SESI/SENAI, SESC/SENAC e, posteriormente, ao SEST/SENAT, criado após o acima mencionado decretolei, por meio do art. 7º da Lei nº 8.706, de 14/09/1993. Conseqüentemente, todas as pessoas jurídicas obrigadas ao recolhimento da contribuição devida às referidas entidades, por força dos dispositivos legais retro transcritos, passaram a ser obrigadas ao recolhimento do adicional devido ao SEBRAE. Apenas para ilustrar, em relação à cobrança das contribuições destinadas ao SEBRAE, segue ementa do entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região: Tributário – Contribuição ao Sebrae – Exigibilidade. 1. O adicional destinado ao Sebrae (Lei nº 8.029/90, na redação dada pela Lei nº 8.154/90) constitui simples majoração das alíquotas previstas no DecretoLei nº 2.318/86 (Senai, Senac, Sesi e Sesc), prescindível, portanto, sua instituição por lei complementar. 2. Prevê a Magna Carta tratamento mais favorável às micro e pequenas empresas para que seja promovido o progresso nacional. Para tanto submete à exação pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. 3. Precedente da 1ª Seção desta Corte (EIAC n 2000.04.01.1069909). ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos entre as partes acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 17 de junho de 2003. (TRF 4ª R – 2ª T – Ac. nº 2001.70.07.0020183 – Rel. Dirceu de Almeida Soares – DJ 9.7.2003 – p. 274) Na mesma linha é o pensamento do STJ, conforme ementa do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento de n ° 840946 / RS, publicado no Diário da Justiça em 29 de agosto de 2007: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES AO SESC, AO SEBRAE E AO SENAC RECOLHIDAS PELAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – PRECEDENTES. 1. A jurisprudência renovada e dominante da Primeira Seção e da Primeira e da Segunda Turma desta Corte se pacificou no sentido de reconhecer a legitimidade da cobrança das contribuições sociais do SESC e SENAC para as empresas prestadoras de serviços. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 247 19 2. Esta Corte tem entendido também que, sendo a contribuição ao SEBRAE mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, devem recolher aquela contribuição todas as empresas que são contribuintes destas. 3. Agravo regimental improvido. Desse modo, não procede o argumento da recorrente de que as contribuições destinadas ao SEBRAE não podem ser exigidas. Multas no lançamento de ofício após a edição da MP 449 convertida na Lei 11.941/2009. Antes da MP 449, se a fiscalização das contribuições previdenciárias constatasse o não pagamento de contribuições, sejam aquelas já declaradas em GFIP, omitidas da GFIP ou mesmo omitidas da escrituração ocorria a aplicação de multa de mora, sendo que esta partia de 12% e poderia chegar a 100%, segundo o inciso II do art. 35 da Lei 8.212/91. Além disso, a fiscalização lançava as multas dos §§4º, 5º e 6º do art. 32 por incorreções ou omissões na GFIP. O §4º tratava da não apresentação da GFIP, o §5º da apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores e o §6º referiase a apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores. Com a edição da referida MP, foi instituído o art. 32A da Lei 8.212/91 que trata da falta de apresentação da GFIP, bem como trata da apresentação com omissões ou incorreções. Porém, foi também previsto, no art. 35A, a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 para os casos de lançamento de ofício. Interessanos o inciso I do referido dispositivo no qual temos a multa de 75% sobre a totalidade do imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Tais inovações legislativas associadas ao fato de a fiscalização realizar lançamento que abrangem os últimos cinco anos e de existirem lançamentos pendentes de definitividade na esfera administrativa no momento da edição da novel legislação colocamnos diante de duas situações: • lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores esta; • lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Vamos analisar individualmente cada uma das situações. Lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta Fl. 256DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 20 Para os lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta, o procedimento de ofício está previsto no art. 35A da Lei 8.212/91, o que resulta na aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 e na impossibilidade de aplicação da multa de mora prevista no art. 35 da Lei 8.212/91. Assim, se constatar diferença de contribuição, a fiscalização, além do próprio tributo, lançará a multa de ofício que parte de 75% e pode chegar a 225% nas hipóteses de falta de recolhimento, falta de declaração ou declaração inexata. A falta de recolhimento é uma hipótese nova de infração que, portanto, só pode atingir os fatos geradores posteriores a MP 449. Por outro lado, com relação às contribuições previdenciárias, a falta de declaração e a declaração inexata referemse a GFIP e são infrações que já eram punidas antes da MP 449. A falta de GFIP era punida pelo §4º do art. 32 da Lei 8.212/91 e a declaração inexata da GFIP era punida tanto pelo §5º quanto pelo 6º do mesmo artigo, a depender da existência (§5º) ou não (§6º) de fatos geradores da contribuição relacionados com as incorreções ou omissões. É certo que, a princípio, podemos vislumbrar duas normas punitivas para a não apresentação e a apresentação inexata da GFIP relacionada a fatos geradores de contribuições: o art. 32A da Lei 8.212/91 e o inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Tendo em conta o princípio geral do Direito Tributário de que a mesma infração não pode ser sancionada com mais de uma penalidade, temos que determinar qual penalidade aplicar. Numa primeira análise, vislumbramos que o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 seria aplicável para os casos relacionados à existência de diferença de contribuição ao passo que o art. 32A da Lei 8.212/91 seria aplicável aos casos nos quais não houvesse diferença de contribuição. No entanto, tal conclusão não se sustenta se analisarmos mais detidamente o conteúdo do art. 32A da Lei 8.212/91. No inciso II, temos a previsão da multa de “de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, (...)”. Claramente, o dispositivo em destaque estipula a multa aplicável quando houver contribuições apuradas, recolhidas ou não, nos casos nos quais a GFIP não for apresentada ou for apresentada fora de prazo. Logo, podemos concluir que tal inciso aplicase também àquelas situações em que há apuração de diferença de contribuição. Confirmando tal conclusão, temos o inciso II do §3º do mesmo artigo que estipula a multa mínima aplicável nos casos de omissão de declaração com ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária. Portanto, diversamente do que preliminarmente concluímos, tanto o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 quanto o art. 32A da Lei 8.212/91 são aplicáveis aos casos de falta de declaração ou declaração inexata de GFIP quando for apurada diferença de contribuição em procedimento de ofício. Temos, então, configurado um aparente conflito de normas que demanda a aplicação das noções da teoria geral do Direito para sua solução. Três critérios são normalmente levados em conta para a solução de tais antinomias: critério cronológico, critério da especialidade e critério hierárquico. O critério cronológico (norma posterior prevalece sobre norma anterior) não nos ajuda no presente caso, uma vez que a determinação de aplicarmos o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 e a inclusão do art. 32A da Lei 8.212/91 foram veiculados pela mesma Lei 11.941/2009. O critério hierárquico também não soluciona a antinomia, posto que são normas de igual hierarquia. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 248 21 Restanos o critério da especialidade. Observamos que o art. 44, inciso I da Lei 9.430/86 referese, de maneira genérica, a uma falta de declaração ou declaração inexata, sem especificar qual seria a declaração. Diversamente, o art. 32A faz menção específica em seu caput à GFIP no trecho em que diz “o contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei(...)”. Logo, consideramos que no conflito entre o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 e o art. 32A da Lei 8.212/91, este último é norma específica no tocante à GFIP e, seguindo o critério da especialidade, deve ter reconhecida a prevalência de sua força vinculante. Em adição, a aplicação do art. 32A da Lei 8.212/91 pode ser justificada pelo nítido caráter indutor que a penalidade do art. 32A assume, facilitando , no futuro, o cálculo do benefício previdenciário. Pretende a norma do art. 32A estimular a apresentação da GFIP na medida em que a penalidade é reduzida à metade se a declaração for apresentada antes de qualquer procedimento de ofício (§2º, inciso I); ou reduzida a 75% se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação(§2º, inciso II). Esse estímulo pode ser compreendido em benefício do trabalhador na medida em que as informações da GFIP servirão como prova a favor deste no cálculo da benefício previdenciário, tendo em conta que, segundo o §3º do art. 29 da Lei 8.213/91, “serão considerados para cálculo do saláriodebenefício os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo terceiro salário (gratificação natalina).” Se o cálculo do saláriodebenefício considerará a base de cálculo das contribuições, certamente a GFIP é um importante meio de prova dos valores sobre os quais incidiram as contribuições. Se aplicássemos o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96, não haveria qualquer mecanismo de estímulo ao empregador para apresentar a GFIP. Iniciado o procedimento de ofício, seria aplicada, no mínimo, a multa de 75% sobre a diferença das contribuições sem que a apresentação da GFIP pudesse alterar tal valor. O empregador poderia simplesmente pagar a multa e continuar omisso em relação à GFIP, deixando o empregado sem este importante meio de prova para o cálculo do benefício de aposentadoria. Assim, a hermenêutica sistemática considerando o regime jurídico previdenciário reforça a necessidade de prevalência do art. 32A. Portanto, seja pela aplicação do critério da especialidade ou pela hermenêutica sistemática considerando o regime jurídico previdenciário, temos justificada a aplicação do art. 32A no caso de omissão na apresentação da GFIP ou apresentação desta com informações inexatas. Acrescentamos que não há no regime jurídico do procedimento de ofício previsto na MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, a previsão para multa de mora pelo fato de ter ocorrido atraso no recolhimento. Tratase de infração – o atraso no recolhimento que deixou de ser punida por meio de procedimento de ofício. Outra infração similar, mas não idêntica, foi eleita pela lei: a falta de recolhimento. Nesses termos, temos como delineado o novo regime jurídico das multas em lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previsto pela MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, aplicável aos fatos geradores ocorridos após a edição da referida MP. Lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 22 Com base nesse novo regime jurídico vamos determinar a penalidade aplicável à outra situação, ou seja, para os casos de lançamento relacionado aos fatos geradores anteriores à edição da MP porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Para tanto, devemos tomar o conteúdo do art. 144 do CTN em conjunto com o art. : Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A interpretação conjunta desses dois dispositivos resulta na conclusão de que devemos aplicar o regime jurídico das penalidades conforme a lei vigente na data da ocorrência dos fatos geradores, salvo se lei posterior houver instituído penalidade menos severa ou houver deixado de definir um fato como infração. Para os lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, de plano devemos afastar a incidência da multa de mora, pois a novo regime jurídico do lançamento de ofício deixou de punir a infração por atraso no recolhimento. O novo regime pune a falta de recolhimento que, apesar de similar, não pode ser tomada como idêntica ao atraso. O atraso é graduado no tempo, ao passo que a falta de recolhimento é infração instantânea e de penalidade fixa. No regime antigo, o atraso era punido com multa de mora de Fl. 259DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 249 23 12% a 100%, ao passo que no regime atual o atraso não é punível em procedimento de ofício e pode atingir até 20% nos casos em que não há lançamento de ofício. Nossa conclusão de afastar a multa de mora pode também ser amparada no princípio da isonomia. Vejamos um exemplo. Duas empresas, A e B, atuam no mesmo ramo, tem a mesma estrutura de pessoal e de remuneração, bem como utilizam o mesmo escritório contábil para tratar de sua vida fiscal. A empresa A foi fiscalizada em 2007 com relação aos fatos geradores de 2006 e teve contra si lançada a contribuição, a multa de mora e a multa por incorreções na GFIP prevista no art. 32, §5º da Lei 8.212/91. Quando do julgamento de seu processo, considerando o novo regime de multas segundo nossa interpretação, o órgão julgador manteve o lançamento, mas determinou que a multa relacionada à GFIP fosse comparada com a multa do 32A da Lei 8.212/91. A empresa B foi fiscalizada em 2009 com relação aos fatos geradores de 2006 e teve contra si lançada a contribuição, sem aplicação de multa de mora, e a multa pela declaração inexata da GFIP com base no art. 32A da Lei 8.212/91 ou com base no art. 32, §5º da Lei 8.212/91, o que lhe for mais favorável. Facilmente pode ser notado que a empresa B responde por crédito tributário menor que a empresa A, pois não foi aplicada a multa de mora. Somente com a aplicação do art. 106, inciso II, alínea “a” do CTN para afastar a multa de mora no caso da empresa A é que teremos restaurada a situação de igualdade entre as empresas A e B. No tocante às penalidades relacionadas com a GFIP, deve ser feito o cotejamento entre o novo regime – aplicação do art. 32A para as infrações relacionadas com a GFIP – e o regime vigente à data do fato gerador – aplicação dos parágrafos do art. 32 da Lei 8.212/91, prevalecendo a penalidade mais benéfica ao contribuinte em atendimento ao art. 106, inciso II, alínea “c”. Tal procedimento aplicase, inclusive, para a multa de ofício aplicada com fundamento no art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 motivada por falta de declaração ou declaração inexata. Legalidade da Taxa SELIC como juros de mora A insurgência da recorrente contra a aplicação da Taxa Selic como juros moratórios não pode prosperar, uma vez que se trata de matéria sumulada neste Tribunal Administrativo no sentido de sua legalidade, conforme podemos conferir a seguir: Súmula CARF No 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.. Acrescentese que, para os tributos regidos pela Lei 8.212/91, o art. 34 do referido diploma legal prevê a aplicação da Taxa Selic. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 24 Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO, de modo a excluir a multa de mora. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 261DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 250 25 Voto Vencedor Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes – Redator Designado Da multa aplicada A autuação em comento referese ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigiase à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 262DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 26 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: Fl. 263DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 251 27 a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinavase a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relacionase com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vinculase à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 28 Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificandoas. Nesses casos, concluindose pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominarlhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verificase a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), aplicandolhe a que for mais benéfica. Diante do exposto, deve ser dado PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 16024.000468/200741 Acórdão n.º 230102.649 S2C3T1 Fl. 252 29 Fl. 266DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 5/06/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 04/07/2012 por MARCELO OLIVEIR A, Assinado digitalmente em 25/06/2012 por MAURO JOSE SILVA
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Numero do processo: 11829.000007/2010-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 11/10/2005 a 25/11/2009
Ementa: MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES.
Cabível a multa do controle administrativo das Importações, capitulada no art. 169, inciso I, alínea "b", do Decreto-Lei
n° 37/66, alterado pelo art. 2º da Lei n° 6.562/78, se a mercadoria foi importada sem o licenciamento não automático, que
exigia a anuência da ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde.
MULTA POR OMISSÃO DE INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA.
Corretamente aplicada a multa capitulada no artigo 84, inciso I, da Medida Provisória 2.15835/ 01, combinado com o art. 69, § 1º,
da Lei n° 10.833/03, se o importador prestou de forma inexata/incompleta informação de natureza administrativo tributária necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado.
Numero da decisão: 3201-000.800
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Daniel Mariz Gudino.
Nome do relator: JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMANDO
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ementa_s : Obrigações Acessórias Período de apuração: 11/10/2005 a 25/11/2009 Ementa: MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. Cabível a multa do controle administrativo das Importações, capitulada no art. 169, inciso I, alínea "b", do Decreto-Lei n° 37/66, alterado pelo art. 2º da Lei n° 6.562/78, se a mercadoria foi importada sem o licenciamento não automático, que exigia a anuência da ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde. MULTA POR OMISSÃO DE INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA. Corretamente aplicada a multa capitulada no artigo 84, inciso I, da Medida Provisória 2.15835/ 01, combinado com o art. 69, § 1º, da Lei n° 10.833/03, se o importador prestou de forma inexata/incompleta informação de natureza administrativo tributária necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado.
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Cabível a multa do controle administrativo das Importações, capitulada no art. 169, inciso I, alínea "b", do DecretoLei n° 37/66, alterado pelo art. 2º da Lei n° 6.562/78, se a mercadoria foi importada sem o licenciamento não automático, que exigia a anuência da ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde. MULTA POR OMISSÃO DE INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. Corretamente aplicada a multa capitulada no artigo 84, inciso I, da Medida Provisória 2.15835/ 01, combinado com o art. 69, § 1º, da Lei n° 10.833/03, se o importador prestou de forma inexata/incompleta informação de natureza administrativotributária necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Daniel Mariz Gudino. Mércia Helena Trajano D’Amorim – Presidente. Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 2 Judith do Amaral Marcondes Armando Relatora [assinado digitalmente] EDITADO EM: 30/07/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D’Amorim (presidente), Judith do Amaral Marcondes Armando, Daniel Mariz Gudiño, Paulo Sergio Celani, Wilson Sampaio Sahade Filho e Marcelo Ribeiro Nogueira. Relatório Adoto como meu o relatório e voto da DRJ , in verbis: “Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência do recolhimento de multa do controle administrativo das importações e de multa pela prestação, pelo importador, de forma inexata/incompleta de informação de natureza administrativo tributária necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, devido à apuração dos fatos a seguir descritos. A empresa acima qualificada, por meio das declarações de importação relacionadas de fls. 04 a 07, registradas no período de 11/10/2005 a 25/11/2009, cópias de fls. 107 a 841, submeteu a despacho aduaneiro as seguintes mercadorias: Admul RPH70 5Z01071 NCM: 1516.20.00; Azeite de Oliva Extra Virgem NCM: 1509.10.00; Estearina de Palma NCM: 1511.90.00; Óleo de Amêndoa de Palma NCM: 1513.29.10; e Óleo de Palma NCM: 1511.90.00, utilizadas como matériaprima na indústria alimentícia, basicamente para industrialização de gordura, de margarina e de sorvete (fls. 59/60 e 99/104). Ocorre que, conforme relata o auditor no Termo de Constatação Fiscal, de fls. 38 a 54, não houve exigência de licenciamento não automático de importação para as mercadorias acima referidas, quando do registro das declarações de importação, porque ao preencher o campo destaque NCM da anuência, o importador informou o código "999". No entanto, existia, e ainda existe, a necessidade da anuência da ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde, para a importação dos produtos que se enquadram nas situações contempladas no texto descritivo no destaque "032" do Capítulo 15 da TEC/NCM, incluído desde 31/03/2003, que são as seguintes: "Utilizados na Indústria Alimentícia; Preparados e Embalados Prontos p/Consumo". Portanto, as mercadorias importadas por meio das DFs arroladas na presente autuação foram realizadas sem o licenciamento não automático exigido pela legislação e, conseqüentemente, sem a anuência do órgão interveniente, no caso, o Ministério da Saúde. Em face do exposto, foi lavrado o presente auto de infração, formalizando a exigência do recolhimento da multa do controle administrativo das importações, por falta de licenciamento não automático, com anuência do Ministério da Saúde, preceituada no art. 169, inciso I, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com a Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 2 3 redação dada pela Lei n° 6.562/78, de multa pelo detalhamento inexato das mercadorias, ou seja, pela não informação do Destaque para Anuência (no caso, "032"), informação obrigatória quando a NCM está sujeita a anuência, capitulada no art. 84, inciso I, da Medida Provisória n° 2.15835/ 2001, combinado com o art. 69, § 1º, da Lei nº 10.833/2003, totalizando o valor de R$ 11.365.181,78. Cientificado do auto de infração em 13/04/2010 (fl. 03, 37 e 54), o contribuinte, por intermédio de seus procuradores (Instrumento de Mandato nas fls. 891/892), protocolizou impugnação, de fls. 845 a 880, tempestivamente, em 13/05/2010, alegando, resumidamente, em preliminar, que o trabalho fiscal foi lavrado em total desrespeito ao direito da impugnante, culminando na sua nulidade, pelos seguintes motivos: 1) desrespeito ao princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório: alega que o documento recebido pela impugnante termina na fl. 54, quando o auditor, no Termo de Constatação Fiscal, faz referência à fl. 55; embora não seja negado à impugnante o acesso à íntegra do auto de infração, tal acesso só é possível na unidade da SRFB de Viracopos, Campinas/SP, o que já representa dificuldade ao acesso e gasto de tempo para que a impugnante possa conhecer todos os itens da infração que lhe é imputada; que a fiscalização dispôs de muito tempo para realizar seu trabalho, em comparação com o exíguo prazo de defesa concedido à impugnante, o que por si só demonstra cabalmente o cerceamento de defesa neste caso; no caso, o auditor fiscal, ao lavrar o auto de infração, deixou de considerar a correta operação, descrição e documentos que a amparam, aplicando multa exorbitante para operação em que sequer há imposto ou taxa em aberto; conclui, que clara está a falta por parte da fiscalização do cumprimento do dever de, exaustiva e imparcialmente, buscar a verdade dos fatos, configurandose a referida autuação em desrespeito ao Estado de Direito; 2) da busca da verdade material do PAF: que o cerne deste caso está em suposto erro na classificação fiscal de matéria prima importada; não se trata de erro na indicação do código na NCM, mas de código relacionado a suposta infração de normas internas da ANVISA; por ocasião do registro da declaração de importação, o importador supostamente deve indicar no campo "Destaque NCM da anuência" o código 032; que descreveu de maneira clara e precisa a natureza do produto e sua destinação, o que permitiria à fiscalização verificar, no curso do despacho aduaneiro, que era necessário o licenciamento não automático pela ANVISA; que qualquer questionamento a respeito de licenciamento deveria ter sido feito no momento oportuno da liberação das mercadorias, e não anos depois para justificar cobrança de multa abusiva; 3) da possibilidade de análise da matéria de cunho constitucional em sede administrativa: que não há que se falar em impossibilidade de discussão e julgamento dos argumentos aduzidos pela impugnante sob a alegação de tratarse de matéria Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 4 constitucional, de competência exclusiva do Poder Judiciário; traz jurisprudência administrativa do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo e da Câmara Superior de Recursos Fiscais; 4) dos requisitos do auto de infração: que o auto de infração é inválido, por vício material em seu conteúdo, pois a fiscalização deixou de considerar a correta descrição das mercadorias importadas pela impugnante, cuja liberação foi inclusive autorizada pela própria autoridade aduaneira; portanto, não há que se falar em qualquer irregularidade neste caso; o auto de infração padece de vício em sua motivação, já que baseado em fundamento equivocado, pois parte do princípio de que a impugnante ao informar código diverso daquele entendido como correto pelo Fisco impossibilitou o exercício da atividade de fiscalização, em momento adequado, por este; portanto, uma vez que inexiste o suporte fático e legal, resta concluir que a cobrança não preenche os ditames legais e constitucionais, razão pela qual se torna evidente a sua nulidade. 5) da inconstitucionalidade decorrente do evidente caráter confiscatório das multas instituídas pela lei: que a cobrança de multa abusiva é atentatória ao direito constitucional da propriedade e da livre iniciativa, já que os percentuais lançados são revestidos de caráter confiscatório e não gozam de amparo legal. E, no mérito, alega que: 1) a fiscalização pretende atribuir à impugnante a responsabilidade pela falta de questionamento em tempo próprio, ou seja, no momento do desembaraço das mercadorias importadas, pelas autoridades competentes, apesar das referidas importações terem sido realizadas ao amparo dos respectivos documentos de importação; 2) destaca que a própria SRFB já reconheceu que indicações indevidas de destaque ou classificação tarifária errônea não constituem infração administrativa, desde que a mercadoria esteja corretamente descrita, conforme Ato Declaratório Normativo COSIT n° 12/97; 3) a aplicação da multa de 30% não guarda relação com os procedimentos atuais e legislação do comércio exterior, onde não se fala em licença de importação, mas documento conhecido como guia de importação, cujas funções e características diferem da atual LI; são documentos com características e funções diversas; a guia de importação representava verdadeira autorização para importar, ou seja, sem ela não se importava; com a implantação do Siscomex, o mecanismo de autorização para importação alterouse por completo e, conseqüentemente, extinguise a guia de importação, cuja legislação de regência não pode ser utilizada em uma realidade completamente vinculada daquela que existia; por outro lado não se pode admitir que com base em meros Decretos seja exigida multa de 30% sobre o valor da operação, isto porque, um Decreto não tem força de lei, não podendo impor uma restrição que só a lei poderia. É o relatório. Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 3 5 (...) PRELIMINARES 1) Do desrespeito ao princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório Reclama o impugnante que a peça fiscal que recebeu termina na fl. 54, quando o auditor, no Termo de Constatação Fiscal, faz referência à fl. 55. Inicialmente, destaco que o presente auto de infração tem 37 folhas, de fls. 1 a 37, e o Termo de Constatação Fiscal, que faz parte integrante deste auto, tem 17 folhas, de fis. 38 a 54. Diante do robusto Termo de Constatação Fiscal, que não deixa qualquer dúvida sobre as razões pelas quais foram aplicadas as penalidades, a menção do auditor à fl. 55 poderia ter sido dispensada. Além disso, no parágrafo, na qual a tal folha é citada, o auditor descreve o que nela consta, a seguir reproduzido (fl. 39): "Não houve exigência de licenciamento não automático de importação (LI) para os produtos quando do registro das declarações de importação porque ao preencher o campo "Destaque NCM da Anuência”, o importador informou o código "999”. Há, todavia, um destaque de NCM com código "032”, denominado UTILIZADOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA; PREPARADOS E EMBALADOS PRONTOS P/CONSUMO. A anuência relacionada ao destaque compete à ANVISA. vinculada ao Ministério da Saúde (fls. 055/055)”. (sublinhei) Portanto, não se justificam os reclamos do impugnante com relação a alegada não anexação da fl. 55 ao auto de infração que lhe foi encaminhado, porque a informação constante nesta folha foi exaustivamente citada, detalhada, analisada, no Termo de Constatação Fiscal. Além disso, a autuada, em resposta aos questionamentos feitos no Termo de Intimação n° 01, entregou na repartição da SRFB, em 15/03/2010, os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, dentre eles uma cópia de tela do Tratamento Administrativo existente no sistema Siscomex, na qual constam as mesmas informações constantes na fl. 55 (na fl.66). E, finalizando, a fl.55 tanto era dispensável, que o impugnante defendeuse, demonstrando pleno conhecimento das infrações que lhe foram imputadas. Desta forma, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, quando o contribuinte exerceu plenamente o seu direito ao contraditório e da ampla defesa na sua impugnação, apresentandoa no prazo de 30 dias da ciência da exigência fiscal, que considerou exíguo. Porém este prazo está estabelecido na legislação pertinente ao Processo Administrativo Fiscal, art. 15 do Decreto n° 70.235/72. Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 6 Também não procedem as alegações de que houve falta por parte da fiscalização do cumprimento do dever de, exaustivamente e imparcialmente, buscar a verdade material dos fatos. Compulsando as cópias de declarações de importação de fls. 107 a 841, e documentos apresentados pelo contribuinte em resposta ao Termo n° 01 (fls. 56/57), de fls. 59 a 107, chegase à mesma conclusão que foi detalhadamente exposta pela autoridade fiscal no auto de infração: não foi requerido pelo importador licenciamento não automático, que exige a anuência do Ministério da Saúde, para a importação das mercadorias, pelo fato de não ter sido informado, no momento que a legislação determina, que os produtos importados se enquadravam em uma das situações contempladas no texto descritivo do Destaque "032" do Capítulo 15 da TEC/NCM. Portanto, descabida a alegação de que a fiscalização não buscou a verdade material dos fatos. 2) Da busca da verdade material do PAF. Alega o contribuinte que o cerne deste caso está em erro na classificação fiscal da mercadoria importada, mas não na indicação do código da NCM, mas em código relacionado a normas internas da ANVISA. Argumenta que descreveu de maneira clara e precisa a natureza do produto e sua destinação, o que permitiria à fiscalização verificar, no curso do despacho aduaneiro, que era necessário o licenciamento não automático pela ANVISA e que qualquer questionamento a respeito de licenciamento deveria ter sido feito no momento oportuno da liberação das mercadorias, e não anos depois para justificar cobrança de multa abusiva. Inicialmente, cumpre lembrar, como bem já mencionou o auditor no auto de infração, que a legislação pertinente à matéria dispunha, no Item 35 do Anexo Único da IN SRF n° 680/2006, e no Item 33 do Anexo I da IN SRF n° 206/2002, que era obrigatória a informação do Destaque para Anuência dentro do código NCM, para fins de licenciamento de importação, quando este destaque determinava a anuência de algum órgão interveniente, e esta determinação foi descumprida pelo contribuinte. Quanto aos demais protestos do impugnante, cabe reproduzir o art. 54 do Decretolei n° 37/66, com a redação dada pelo Decretolei n° 2.472/88, apresentado na Seção II do Capítulo III desta norma, estabelecendo que: Seção II Conclusão do Despacho "Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na'forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos,' contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei.”(sublinhei) Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 4 7 Referido dispositivo foi regulamentado no art. 570 do Decreto n° 4.543/2002 e art. 638 do Decreto n° 6759/2009. Portanto, a legislação outorga à fiscalização o prazo de 5 anos, contados do registro da declaração de importação, para proceder a revisão do despacho aduaneiro, pelas razões que foram mencionadas na ementa do Acórdão n° 30332185 (Recurso n° 128239), de 06/07/2005, proferido pelo Terceiro Conselho de Contribuintes, parcialmente reproduzida a seguir: "MESMO CRITÉRIO JURÍDICO DA CLASSIFICAÇÃO FISCAL. (..). Está claro que o procedimento de despacho realizado na repartição aduaneira não goza da faculdade de infalibilidade, podendo eventualmente acontecer equívoco, algumas vezes até contra o direito do contribuinte, que nessa situação tem o direito de impugnação. Outras vezes, não raro, seja em revisão documental ou por meio de fiscalização realizada na zona secundária, confirmamse equívocos cometidos contra o erário público. Tudo de acordo com os art. 455 e 456 do RA.” 3) da possibilidade de análise da matéria de cunho constitucional em sede administrativa: Entende o contribuinte que não há que se falar em impossibilidade de discussão e julgamento dos argumentos aduzidos pela impugnante sob a alegação de tratarse de matéria constitucional, de competência exclusiva do Poder Judiciário. Vale lembrar que às instâncias administrativas, pelo seu caráter vinculado de sua atuação, não lhes é dada a atribuição de apreciar questões relacionadas com a legalidade ou constitucionalidade de qualquer ato legal. Dispõe o art. 7º da Portaria MF n° 58/2006, que disciplina a constituição das turmas e o funcionamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que o julgador deve o observar o disposto no art. 116, III, da Lei n° 8.112/90, bem como o entendimento da SRFB expresso em atos normativos. Nesse sentido é a orientação da Súmula CARF n° 2, apresentada na Portaria CARF n° 52/10, D.O.U. de 23/12/10, dispondo que "o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Sobre a matéria, há precedentes dos Conselhos de Contribuintes, conforme ementas de acórdãos a seguir reproduzidas: Acórdão n° 10194876 Sessão de 25/02/2005 (Recurso n° 138.220) "ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE descabe em sede de instância administrativa a discussão acerca da constitucionalidade de leis, matéria sob a qual tem competência exclusiva o Poder Judiciário." Acórdão n° 103.21.568 Sessão de 18/03/2004 (Recurso n° 134.484) "INCONSTITUCIONALIDADE A apreciação da constitucionalidade ou não de lei regularmente emanada do Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 8 Poder Legislativo é de competência exclusiva do Poder Judiciário, pelo princípio da independência dos Poderes da República, como preconizado na nossa Carta Magna." 4) dos requisitos do auto de infração: Não procedem as alegações de que o auto de infração padece de vício em sua motivação. O auto de infração foi robustamente motivado. Basta consultálo para constatar que as infrações foram detalhadamente descritas, repetidamente citadas, e apresentada a legislação pertinente à matéria. 5) da inconstitucionalidade decorrente do evidente caráter confiscatório das multas Alega o impugnante que a cobrança de multa abusiva é atentatória ao direito constitucional da propriedade e da livre iniciativa, já que os percentuais lançados são revestidos de caráter confiscatório e não gozam de amparo legal. Para esta relatora, se as multas estão previstas em lei e são exigidas em conformidade com a legislação de regência, não há que se falar em confisco, em caráter confiscatório das multas. Cabe a lei estabelecer as normas/regras a serem aplicadas e à autoridade administrativa ficar adstrita ao seu cumprimento. Nesse sentido existem manifestações do Terceiro Conselho de Contribuinte, atualmente Terceira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cujas ementas são as seguintes: Acórdão n° 30330984, de 15/10/2003: "ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. Argüições de inconstitucionalidade fogem à competência da instância administrativa. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu.” Acórdão n° 20178769, de 20/10/2005: "INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER CONFISCATÓRIO. Os órgãos de julgamento administrativo não têm competência para negar vigência à lei, sob a mera alegação de sua inconstitucionalidade. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu.” MÉRITO Trata o presente processo de auto de infração, que formaliza a exigência do recolhimento de multa do controle administrativo das importações, por falta de licenciamento não automático, e de multa pela prestação, pelo importador, de forma inexata/incompleta de informação de natureza administrativo tributária necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 5 9 A empresa acima qualificada, por meio das declarações de importação relacionadas de fls. 04 a 07, registradas no período de 11/10/2005 a 25/11/2009, cópias de fls. 107 a 841, submeteu a despacho aduaneiro as seguintes mercadorias: Admul RPH70 5Z01071 NCM: 1516.20.00; Azeite de Oliva Extra Virgem NCM: 1509.10.00; Estearina de Palma NCM: 1511.90.00; Óleo de Amêndoa de Palma NCM: 1513.29.10; e Óleo de Palma NCM: 1511.90.00, utilizadas como matériaprima na indústria alimentícia, basicamente para industrialização de gordura, de margarina e de sorvete, de acordo com esclarecimentos dados pela própria empresa (fls. 59/60 e 099/104). Conforme relata o auditor, no Termo de Constatação Fiscal, de fls. 38 a 54, não houve solicitação de licenciamento não automático de importação (LI) para as mercadorias acima referidas, porque, quando da elaboração das declarações de importação, o campo destaque NCM foi preenchido com o código "999", quando deveria ter sido informado o código "032", que exige a anuência do Ministério da Saúde para a importação de produtos: "Utilizados na Indústria Alimentícia; Preparados e Embalados Prontos p/Consumo" (em negrito o texto descritivo do destaque da NCM "032" do Capítulo 15 da NCM). Portanto, as mercadorias importadas por meio das DI's arroladas na presente autuação foram realizadas sem o licenciamento não automático exigido pela legislação e, conseqüentemente, sem a anuência do órgão interveniente, no caso, a ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde. Quando do procedimento fiscal de revisão das declarações de importação realizadas nos últimos cinco anos, destaca a autoridade fiscal (na fl. 40) que, a empresa autuada, em resposta dada ao Termo de Intimação n° 1, informou que entendeu não ser necessário licenciamento não automático para as DIs abrangidas pela revisão aduaneira, uma vez que os produtos objetos dessas DI's, apesar de utilizados/destinados à indústria alimentícia, não estavam preparados/embalados prontos para consumo, conforme destaque 032, que determina licenciamento não automático desde 31/03/2003 para importações nestas condições e finalidade. Assim, entendendo que as mercadorias estavam dispensadas de licenciamento não automático, pautaramse pelas disposições da Portaria Secex n° 5/08, art. 9º e parágrafo único, aplicando destaque 999 (licenciamento automático) (fls. 059/060). Quanto à destinação das mercadorias importadas, o contribuinte esclareceu que se tratam tais produtos de matériasprimas da indústria alimentícia, basicamente, para a industrialização de gordura, de margarina e de sorvete (fls. 59/60 e 099/104). Da Multa do Controle Administrativo das Importações Dispõe o art. 169, inciso I, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com a redação dada pela Lei n° 6.562/78, que constitui infração administrativa ao controle das importações importar mercadorias do exterior sem Guia de Importação ou documento equivalente, Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 10 que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais. Alega o contribuinte, resumidamente, que a legislação que se referia à guia de importação não se aplica para a licença de importação, pois as funções e características da guia diferem da licença de importação. Expõe o seu entendimento de que a guia de importação representava verdadeira autorização para importar, ou seja, sem ela não se importava. Prossegue no seu raciocínio que com a implantação do Siscomex, o mecanismo de autorização para importação alterouse por completo e, conseqüentemente, foi extinta a guia de importação, cuja legislação de regência não pode ser utilizada em uma realidade completamente vinculada daquela que existia. Esta relatora concorda com o contribuinte que o formulário em papel que representava a guia de importação, preenchida manualmente, realmente deixou de existir com o advento do Siscomex, programa que informatizou as operações de importação, substituindo a guia de importação pelo licenciamento de importação, este constituindose em verdadeira autorização para importação, ou seja, não está autorizada a importação de uma mercadoria, cujo licenciamento tenha sido indeferido. Quando implantado o Siscomex, as importações eram submetidas a licenciamento automático ou não automático. A partir de 02/12/2003 (Portaria SECEX n° 17/2003), legislação introduziu mais uma modalidade de licenciamento, a dispensa de licença de importação. Ainda que a guia de importação tenha deixado de existir, não pode negar o impugnante que a expressão "documento equivalente" (à guia), no texto art. 169, inciso I, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com a redação dada pela Lei n° 6.562/78, no Siscomex, está representado pelo módulo de licenciamento para importação que, atualmente, comporta três modalidades: 1) as importações dispensadas de licenciamento; 2) as importações sujeitas a licenciamento automático; e 3) as importações sujeitas a licenciamento não automático. Retornando ao caso sob análise, como bem expõe o auditor fiscal, o licenciamento de importação encontravase disciplinado pelas seguintes normas nas datas de registros das declarações de importação arroladas na presente autuação: Portaria Secex n° 14/2004 (de 23/11/2004 até 27/11/2006); Portaria Secex no 35/2006 (de 28/11/2006 até 25/11/2007); Portaria Secex n° 36/2007 (de 26/11/2007 até 27/11/2008); e Portaria Secex n° 25/2008 (de 28/11/2008 até 24/05/2010). Da leitura das portarias acima mencionadas, concluise que, regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, estando sujeitas a licenciamento automático ou não automático os produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex, também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto. Compete ao importador verificar a existência de Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 6 11 tratamento administrativo dispensado à mercadoria que pretende importar. Citando apenas os dispositivos legais da Portaria SECEX n° 25/2008, a regra geral é dada no art. 8º , o licenciamento automático é abordado no art. 9º e o licenciamento não automático no art. 10. "Art. 7º O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes modalidades: I importações dispensadas de Licenciamento; II importações sujeitas a Licenciamento Automático; e III importações sujeitas a Licenciamento Não Automático. Art. 8º Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão somente providenciar o registro da Declaração de Importação DI no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da RFB. Parágrafo único. São dispensadas de licenciamento as seguintes importações: (...) Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Automático as importações: I de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX; também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC, para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; e II as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback. (Portaria SECEX n° 17/2003), legislação introduziu mais uma modalidade de licenciamento, a dispensa de licença de importação. Parágrafo único. Caso o produto, identificado pela NCM/TEC, possua destaque, e a mercadoria a ser importada não se referir à situação descrita no destaque, o importador deverá apor o código 999, ficando a mercadoria dispensada daquela anuência. Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: I de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX e também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto; Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 12 II as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: (...) §2° Caso o produto, identificado pela NCM/TEC, possua destaque, e a mercadoria a ser importada não se referir à situação descrita no destaque, o importador deverá apor o código 999, ficando a mercadoria dispensada daquela anuência.” Conforme relata o auditor fiscal no seu relatório, constatase, pesquisando o tratamento administrativo constante do Siscomex, no tocante às NCM 1509.10.00, 1513.29.10, 1516.20.00 e 1511.90.00 (fls. 055 e 066), a existência do Destaque "032" para o Capítulo 15 da Tarifa Externa Comum (TEC/NCM), incluído desde 31/03/2003, cujo órgão anuente é o Ministério da Saúde. O Destaque 032 tem o seguinte texto descritivo: UTILIZADOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA; PREPARADOS E EMBALADOS PRONTOS P/CONSUMO e a anuência do órgão interveniente não é apenas para posição ou código específico da NCM, mas abrange todos produtos de compreendidos no capítulo 15 da NCM, desde que UTILIZADOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA ou PREPARADOS E EMBALADOS PRONTOS P/CONSUMO. A empresa justificouse, respondendo ao questionamento da fiscalização, não ter submetido os produtos importados ao licenciamento não automático e, portanto, à anuência da ANVISA, do Ministério da Saúde, conforme exigência que consta no Tratamento Administrativo do Siscomex, porque entendeu que, os produtos importados por meio das Dis objeto do presente processo, apesar de utilizados/destinados à indústria alimentícia, não estavam preparados/embalados prontos para consumo. A alegada interpretação errônea do texto do destaque "032" da autuada não se justifica, diante do fato de que os textos da Nomenclatura Comum do Mercosul ou aqueles relacionados ao licenciamento e à classificação fiscal, utilizam o ponto e vírgula para separar situações independentes, em outras palavras, o ponto e vírgula corresponde à conjunção coordenativa alternativa OU e não a conjunção coordenativa aditiva E. Assim, tanto os produtos "utilizados na indústria alimentícia", quanto os "preparados e embalados prontos p/consumo" devem ser submetidos ao licenciamento não automático, e aguardar o deferimento da ANVISA para que possam ser importados. Cabe ainda mencionar que o auditor fiscal apresenta no seu relatório, de fls. 46 a 48, normas expedidas pela ANVISA, Resoluções RDC n° 1/2003 (vigente de 09/01/2003 até 01/01/2006); RDC n° 350/2005 (vigente de 02/01/2006 até 17/12/2006); RDC n° 217/2006 (vigente de 18/12/2006 até 10/11/2008) e RDC n° 81/2008, (vigente desde 11/11/2008 até hoje), que regulamentam o licenciamento não automático concernente a produtos classificados no Capítulo 15 da TEC/NCM e destinados à indústria alimentícia. Conclui o auditor fiscal, com o que esta relatora concorda, que: Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 7 13 "Na essência, os textos das referidas Resoluções da ANVISA dispõem igualmente que a importação de alimentos na forma de matériaprima, produto semielaborado, produto a granel ou produto acabado, conforme enquadramento da ANVISA, estará sujeita — sem qualquer exceção – ao registro de licenciamento não automático de importação no Siscomex, submetendose à fiscalização pela autoridade sanitária antes de seu desembaraço aduaneiro. Assim, em vista da regulamentação vigente no momento do registro das declarações de importação abrangidas por esta fiscalização, não resta qualquer dúvida de que a legislação específica exige a obtenção de licenciamento não automático de importação quando o produto for destinado ou utilizado na indústria alimentícia, seja ele importado na forma de matéria prima, produto semielaborado, produto a granel ou produto acabado. Em outras palavras, o aspecto determinante para obtenção do licenciamento não automático não é a condição de a mercadoria ser matériaprima, produto semielaborado, produto a granel ou produto acabado, mas a sua destinação à indústria alimentícia.” Protesta ainda o impugnante por entender que a fiscalização pretende atribuirlhe a responsabilidade pela falta de questionamento em tempo próprio (que considera ser no momento do desembaraço das mercadorias importadas), apesar das referidas importações terem sido realizadas ao amparo dos respectivos documentos de importação. Voltemos à legislação pertinente ao licenciamento não automático, contemplada na Portaria SECEX n° 25/2008. As portarias anteriores apresentam, essencialmente, o mesmo conteúdo, diferindo apenas na numeração dos artigos. Reproduzo apenas os dispositivos legais de interesse para a solução do presente litígio. "Subseção III Licenciamento Não Automático Art. 10. Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as importações: I de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX e também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto; (...) § 2° Caso o produto, identificado pela NCM/TEC, possua destaque, e a mercadoria a ser importada não se referir à situação descrita no destaque, o importador deverá apor o código 999, ficando a mercadoria dispensada daquela anuência. Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 14 Subseção IV Características Gerais Art. 11. Nas importações sujeitas aos licenciamentos automático e não automático, o importador deverá prestar, no SISCOMEX, as informações a que se refere o Anexo II da Portaria Interministerial MF/MICT n.o 291, de 12 de dezembro de 1996, previamente ao embarque da mercadoria no exterior. (...) Art. 12. O pedido de licença deverá ser registrado no SISCOMEX pelo importador ou por seu representante legal ou, ainda, por agentes credenciados pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior DECEX, da SECEX, e pela RFB. § 1º A descrição da mercadoria deverá conter todas as características do produto e estar de acordo com a Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM (...) Art. 13 . 0 pedido de licença receberá numeração específica e ficará disponível para fins de análise pelo (s) órgão(s) anuente(s). Parágrafo único. Mediante consulta ao SISCOMEX, o importador poderá obter, a qualquer tempo, informações sobre o seu pedido de licenciamento. (...) Subseção V Efetivação de Licenças Art. 17. O Licenciamento Automático será efetivado no prazo máximo de dez dias úteis, contados a partir da data de registro no SISCOMEX, caso os pedidos de licença sejam apresentados de forma adequada e completa. Art. 18. No Licenciamento não Automático, os pedidos terão tramitação de, no máximo, 60 (sessenta) dias corridos. Parágrafo único. O prazo de 60 (sessenta) dias corridos, estipulado nesse artigo, poderá ser ultrapassado, quando impossível o seu cumprimento por razões que escapem ao controle do Órgão anuente do Governo Brasileiro. Art. 19. Ambos os licenciamentos terão prazo de validade de 90 (noventa) dias para fins de embarque da mercadoria no exterior, exceto os casos previstos nos § I o a 4 o do art. 11, que possuem tratamento distinto no tocante ao embarque prévio no exterior." (sublinhei) Portaria MF/MICT n° 29/96 (DOU de 13/12/96) "Anexo II Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 8 15 15 Destaque NCM Destaque da mercadoria dentro do código NCM para fins de licenciamento da importação, conforme tabela "Destaque para Anuência”, administrada pela SECEX. Informação obrigatória quando NCM sujeita a anuência." Dos dispositivos acima reproduzidos, constatase que não é o auditor que pretende atribuir ao importador a responsabilidade pela falta de questionamento em tempo próprio. Ao auditor cabe fiscalizar o cumprimento da legislação, que impõe ao importador, nas importações sujeitas a licenciamento automático e não automático, a obrigatoriedade de prestar, no SISCOMEX, as informações a que se refere o Anexo II da Portaria Interministerial MF/MICT n° 291, de 12 de dezembro de 1996, previamente ao embarque da mercadoria no exterior. E, há ainda procedimentos, providências, estabelecidas na legislação referentes ao licenciamento que devem ser observadas pelo importador. Não restando dúvida quanto ao fato de que foram importados, por meio das declarações de importação arroladas no presente processo, produtos sem licenciamento não automático, com anuência da ANVISA, como exige a legislação, configurase a infração tipificada no art. 169, inciso I, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com a redação dada pela Lei n° 6.562/78, cabendo, corretamente, a aplicação da multa do controle administrativo das importações, por falta de licença de importação. Contudo alega o contribuinte que a própria SRFB já reconheceu que indicações indevidas de destaque ou classificação errônea não constituem administrativas, desde que a mercadoria esteja corretamente descrita, conforme ADN COSIT n° 12/97. O entendimento desta relatora é que, se a mercadoria é corretamente descrita e não existe exigência de licenciamento automático ou não automático para sua importação, não cabe a aplicação de penalidade por falta de licenciamento. No entanto, se existe destaque na NCM para determinado produto, com exigência de licenciamento, prescrevendo a anuência de um ou mais órgãos intervenientes para a sua importação, a sua correta descrição não é suficiente para dispensar a anuência desses órgãos, ou seja, o licenciamento automático ou não automático, tornando perfeitamente cabível a aplicação da multa por falta de licença de importação, conforme preceitua o art. 169, inciso I, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com a redação dada pela Lei n° 6.562/78, que foi o que ocorreu no presente caso. Multa por Detalhamento Inexato das Mercadorias O despacho aduaneiro de importação estava disciplinado, no período de registro das declarações de importação abrangidas por Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 16 esta fiscalização, pela Instrução Normativa SRF n° 206/2002 e pela IN SRF n° 680/2006. Dispunha o Item 33 do Anexo 1 da IN SRF n° 206/2002 e dispõe o Item 35 do Anexo Único da IN SRF n° 680/2006 que: "35 Classificação Fiscal da Mercadoria Classificação da mercadoria, segundo a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) e Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), conforme tabelas administradas pela SRF. 35.1 Destaque para Anuência Destaque da mercadoria dentro do código NCM para fins de licenciamento da importação, conforme tabela "Destaque para Anuência", administrada pela SECEX. Informação obrigatória quando NCM sujeita a anuência.” Portanto, a legislação impõe a obrigatoriedade da informação do destaque da anuência dentro do código NCM para fins de licenciamento. Como já mencionamos anteriormente, os produtos Admul RPH70 5Z01071(NCM 1516.20.00), Azeite de Oliva Extra Virgem (NCM 1509.10.00), Estearina de Palma (NCM 1511.90.00), Óleo de Amêndoa de Palma (NCM 1513.29.10) e Óleo de Palma (NCM 1511.90.00), utilizados na indústria alimentícia, foram importados sem que tivesse sido informado o Destaque 032, existente dentro do Capítulo 15, que exige licenciamento não automático, com anuência do Ministério da Saúde, para os produtos que se enquadrem em uma das seguintes situações: 1) UTILIZADOS NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA; ou 2) PREPARADOS E EMBALADOS PRONTOS P/CONSUMO. Diante da imposição legal de detalhar a mercadoria com informação acerca do Destaque da NCM e constatandose que tal informação foi omitida, configurase a infração tipificada no art. 69, § 1º , da Lei n° 10.833/2003, tornando perfeitamente cabível a aplicação da multa capitulada no art. 84, inciso I, da Medida Provisória n° 2.15835/ 2001, in verbis: "Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria;" E, dispõe o art. 69 da Lei n° 10.833/2003 que: "Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória n 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1º A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 9 17 necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado." Em face das considerações acima, voto pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito tributário exigido no presente auto de infração. Do acórdão proferido pela DRJ em São Paulo II, apresentou o contribuinte Recurso Voluntário. Voto Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando Aprecio o recurso interposto em nome de UNILEVER, em boa forma. Conforme relatado, tratase de auto de infração em face da empresa que, em diversas operações de importação de mercadorias do setor alimentício, deixou de declarar no campo da nomenclatura NCM, o destaque tarifário 032, relativo ao licenciamento não automático a ser deferido , ou não, pela ANVISA, órgão do Ministério da Agricultura. O caso resultou na aplicação das multas administrativas de 30% do valor aduaneiro das mercadorias importadas, prevista no art. 169, inciso I, alínea 'b', do DecretoLei n° 37/66, uma vez que ocorreu a importação sem documento equivalente a antiga Guia de 1% do valor aduaneiro das mercadorias importadas, prevista no art. 84, I, da Medida Provisória n° 2.15835/ 01, pela sua classificação incorreta em detalhamento da mesma Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). O Voto proferido pelo colegiado da DRJ representa, de forma minuciosa e apropriada a legislação e os fundamentos da autuação. Adotoo, com minhas homenagens. Acrescento, ainda, as mercadorias importadas às quais se refere o caso em análise são as relacionadas abaixo juntamente com os códigos tarifários nos quais tais mercadorias foram classificadas pela Recorrente: Admul RPH70 5Z01071 1516.20.00 Azeite de Oliva Extra Virgem 1509.10.00 Estearina de Palma 1511.90.00 Óleo de Amêndoa de Palma 1513.29.10 Óleo de Palma 1511.90.00 Observo que todas as mercadorias pertencem ao capitulo 15 da NCM, gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal, e para o qual há destaque obrigatório 032 quando as mercadorias forem utilizadas na Indústria Alimentícia; Preparadas e Embaladas Prontas para Consumo. Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM 18 O destaque foi criado objetivando não um tratamento tributário diferenciado, mas um controle não econômico, de fundamental importância para a vigilância sanitária, e não cabe discutir o mérito dessa decisão, especialmente neste momento em que as repercussões do terremoto no Japão, seguido de tsunami, e de destruição de uma usina atômica, nos mostram a relevância dos controles sanitários em qualquer país . As aduanas são reconhecidas, internacionalmente, como a primeira linha de defesa dos países. Servem, portanto, aos interesses dos Estados e das cidadanias, como órgãos transversais de todo o aparato institucional. O cumprimento das determinações dos demais órgãos com quem interage é a base da confiança objetiva e do respeito que tem ao redor do mundo moderno, e o fundamento essencial da continuidade e ampliação de suas atribuições, já que, sabidamente, a fase dos tributos aduaneiros como forma de angariar recursos está superada pela liberalização do comércio internacional. Entre as muitas alegações da empresa uma a de que o fundamento do auto de infração foi equivocado é a que interessa nessa discussão. Entretanto, o erro essencial de identificação do ilícito não ocorreu, eis que em nenhum momento pode afirmar que informou o destaque obrigatório. Tendo cometido o ato que colocou em risco bens e interesses juridicamente protegidos pelas aduanas, foi sancionada por violação do direito de outrem. A informação 999 leva o sistema informatizado de comércio exterior a ler que a importação é livre de controles. Assim, esse erro no enquadramento das mercadorias importadas resultou na entrada de mercadorias sem a obtenção de LI, obrigatória, e é cabível a aplicação da multa administrativa de 30% do seu valor aduaneiro, ainda que as mercadorias estivessem corretamente descritas nos documentos de importação. A CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação (COSIT) ao editar o ADN n. 12, de 1997, não autorizou o descumprimento das regras de importação. É fato que a mercadoria descrita corretamente elide a multa por erro na classificação. Destarte, cumpre observar que não estamos diante de erro na classificação tarifária mas, da insuficiência de dados tarifários que levaram à condução errada do desembaraço aduaneiro. Dizer que o entendimento apresentado pela empresa representa entendimento consolidado do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é descontextualizar, perigosamente, o trecho trazido, beirando, agora sim, a empresa, a máfé. Por outro lado, esta relatora desconhece a norma ou a fala da SRFB, que autorize a burla dos controles administrativos. Existe, sim, autorização para desconsiderar erro em classificação fiscal, que não resulte em prejuízo aos controles não econômicos. Em votos de minha relatoria tenho expressado que o art. 526 II do RA 1985, atualizado pelo RA 2000 não se aplica quando a mercadoria não esteja sujeita a controles econômicos. A exigência de licenciamento posta por outros órgãos da administração publica, não pode, pela ausência de capacidade jurisdicional, ser desautorizada pela SRFB. Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11829.000007/201094 Acórdão n.º 3201000.800 S3C2T1 Fl. 10 19 Assim, tornase perfeitamente cabível a aplicação da multa por falta de licença de importação, conforme preceitua o art. 169, inciso I, alínea 'b', do DecretoLei n° 37/1966, com a redação dada pela Lei n° 6.562/78, que foi o que ocorreu no presente caso. Por todo exposto, não deve ser reformada a decisão ora recorrida. Deixo de apreciar os demais argumentos da empresa por considerar que não tem os méritos necessários para alterar meu convencimento, especialmente por repetirem opiniões subjetivas que não encontraram abrigo nas normas legais de regência do fato aqui analisado. Boafé, erros eventuais, ausência de dano tributário, e especialmente a intenção do contribuinte, não alteram o resultado da lide que versa tão só sobre a falta de destaque tarifário que determinaria tratamento administrativo diverso do que foi adotado no desembaraço aduaneiro. Judith do Amaral Marcondes Armando Relatora Fl. 1045DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente e m 30/07/2012 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por MERCIA HE LENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 36944.001022/2006-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 15/02/2006
Ementa:RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA
N º 449. REDUÇÃO DA MULTA.
As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32-A à Lei n º 8.212.
Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplica-se
a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de trata-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe
comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática
Numero da decisão: 2302-001.910
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em conceder provimento parcial ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32-A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32-A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991.
Nome do relator: MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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ementa_s : Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 15/02/2006 Ementa:RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32-A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de trata-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática
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Recorrente SRP SECRETARIA DA RECEITA PREVIDENCIARIA Interessado USIMINAS MECÂNICA SA Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 15/02/2006 Ementa:RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em conceder provimento parcial ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Fl. 535DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Eduardo Gonzales Silverio e Manoel Coelho Arruda Júnior. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36944.001022/200688 Acórdão n.º 230201.910 S2C3T2 Fl. 2 3 Relatório O presente auto de infração foi originado em virtude do descumprimento do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999. Segundo a fiscalização previdenciária, a autuada não informou à previdência social por meio da GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias nas competências janeiro de 2000 a dezembro de 2004, fls. 403 a 404. A autuada apresentou defesa administrativa, fls. 406 a 415. Foi comandada diligência para que a fiscalização verificasse se houve correção da falta, fl. 503. A fiscalização juntou planilhas às fls. 504 a 512, informando que não houve correção da falta para todas as competências envolvidas na autuação. A unidade descentralizada da SRP emitiu a DecisãoNotificação (DN), fls. 514 a 519, mantendo a autuação com relevação parcial da multa aplicada; tendo sido interposto recurso de ofício. Decisão proferida por este Colegiado, fls. 520 a 522, converteu o julgamento em diligência para que a autuada, caso desejasse, interpusesse recurso voluntário. Cientificado do resultado da diligência, a autuada não se manifestou no prazo normativo. É o relato suficiente. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator De acordo com a decisão de primeira instância, a autuada corrigiu parcialmente a falta, é primária e houve pedido de relevação dentro do prazo de defesa, estando assim atendidos todos os requisitos para concessão da relevação parcial da multa. Não foi possível a relevação total haja vista restarem pendentes competências sem a correção da falta. Portanto, nesse ponto não merece reparo a decisão de primeira instância. Contudo, a Receita Federal deve observar a retroatividade benigna prevista no art. 106, inciso II do CTN. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, sendo mais benéficas para o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, nestas palavras: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3o; e II de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos.” (NR) Fl. 538DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36944.001022/200688 Acórdão n.º 230201.910 S2C3T2 Fl. 3 5 A conduta de apresentar a Gfip com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitava o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do artigo 32 da Lei n º 8.212 de 1991. Agora, com a Medida Provisória n º 449 de 2009, convertida na Lei n º 11.941, a tipificação passou a ser apresentar a GFIP com incorreções ou omissões, com multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. O núcleo do tipo infracional seja na redação anterior à MP n º 449, seja com o novo ordenamento é o mesmo: apresentar a Gfip com erros. A multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A. Resta demonstrado, assim, que estamos diante de uma obrigação puramente formal, devendo ser aplicada a multa isolada. Não há razão para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e da acessória antes da MP n º 449 e após, para verificar qual a mais vantajosa. A análise tem que ser multa por descumprimento de obrigação principal antes e multa por tal descumprimento após; e multa por descumprimento de obrigação acessória antes e após. A análise tem que ser realizada dessa maneira, pois como já afirmado tratase de obrigação acessória independente da obrigação principal. A conduta de não apresentar declaração, ou apresentar de forma inexata, somente se subsumiria à multa de 75%, prevista no art. 44 da Lei n º 9.430, nas hipóteses em que não há penalidade específica para ausência de declaração ou declaração inexata. Para a Gfip – assim como para a DCTF e a DIRPF – há multa com tipificação específica; desse modo inaplicável o art. 44. Em relação à Gfip aplicase o art. 32A da Lei n º 8.212 de 1991. Conforme previsto no art. 44 da Lei n º 9.430, a multa de 75% incidirá sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Desse modo, há três condutas no art. 44 que não precisam ocorrer simultaneamente para ser aplicada a multa. Há a conduta deixar de pagar ou recolher; outra conduta é ausência de declaração, e a terceira é a apresentação de declaração inexata. Essa conclusão é facilmente alcançável pela aplicação da regra de paralelismo sintático da língua portuguesa, haja vista – no art. 44 – a repetição da preposição “de” indicar o referencial “no caso”. Esquematicamente terseia: Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: 1) 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos: 1.1 de falta de pagamento ou recolhimento, 1.2 de falta de declaração e 1.3 nos de declaração inexata; Logicamente, se o contribuinte tiver recolhido os valores devidos antes da ação fiscal, não se aplica a multa de 75% prevista no art. 44 da Lei n º 9.430; mas se a despeito do pagamento não declarou em Gfip, é possível a aplicação da multa isolada do art. 32A da Lei n º 8.212. Essa aplicação de multa isolada somente é possível pelo fato de serem condutas distintas. Agora, se o contribuinte tiver declarado em Gfip não se aplica a multa do art. 44 da Lei n º 9.430, sendo aplicável somente a multa moratória do art. 61 da Lei n º 9430, pois os débitos já estão confessados e devidamente constituídos, sendo prescindível o lançamento. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 Afinal, a multa do art. 44 da Lei n º 9.430 somente se aplica nos lançamentos de ofício. Desse modo, se o contribuinte tiver declarado em Gfip, mas não tiver pago, não se aplica o art. 44 da Lei 9.430. Esse artigo não se impõe pelo fato de o contribuinte não ter recolhido e ter declarado, deveras não se aplica o art. 44 em função de não haver lançamento de ofício, pois o crédito já está constituído pelo termo de confissão que é a Gfip. E nas hipóteses em que o contribuinte não recolhe e não declara em Gfip, há duas condutas distintas: por não recolher o tributo e ser realizado o lançamento de ofício, aplicase a multa de 75%; e por não ter declarado em Gfip a multa prevista no art. 32A da Lei n º 8.212. Como já afirmado, a multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A, o que demonstra serem condutas independentes. Pelo exposto, é de fácil constatação que as condutas de não recolher ou pagar o tributo e de não declarar em Gfip, não estão tipificadas no mesmo artigo de lei, no caso o art. 44 da Lei nº 9.430/96. Assim, não há que se falar em bis in idem, tampouco em consunção. Pelo contrário, a lei ao tipificar essas infrações, inclusive em dispositivos distintos, demonstra estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem e tampouco são excludentes. Logo, não há consistência nos entendimentos que pretendem dispensar a multa isolada, por ter sido aplicada a multa genérica. A Receita Federal do Brasil editou a Instrução Normativa RFB n º 1.027 de 22 de abril de 2010 que assim dispõe em seu artigo 4º: Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista.? Fl. 540DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36944.001022/200688 Acórdão n.º 230201.910 S2C3T2 Fl. 4 7 Entendo inaplicável a referida Portaria por ser ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em Gfip, independentemente de o contribuinte ter pago, conforme dispõe o art. 32A da Lei n º 8.212. Uma vez que a penalidade está prevista em lei, somente quem pode dispensála é o Poder Legislativo. A interpretação da Receita Federal gera a concessão de uma anistia sem previsão em lei, o que contraria o art. 150, parágrafo 6º da Constituição Federal. A Portaria também viola o art. 182 do CTN que exige a concessão de anistia por meio de lei, além de violar os artigos 32A da Lei n º 8.212 e 44 da Lei n º 9.430. A Portaria também viola o art. 182 do CTN que exige a concessão de anistia por meio de lei. Além de violar, os artigos 32A da Lei n º 8.212 e 44 da Lei n º 9.430. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que há cabimento do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. Desse modo, deve ser corrigido o lançamento quanto à aplicação da multa imposta. A Receita Federal não tem que somar multa por descumprimento de obrigação com multa por descumprimento de acessória. A análise tem que ser isolada. Dessa forma, conforme planilha à fl. 23, há casos em que o valor de 100% da contribuição devida e não declarada é menor que o mínimo de R$ 500,00. Para as competências em que isso ocorreu deve ser aplicado o menor valor. CONCLUSÃO Pelo exposto, concedo provimento parcial ao recurso de ofício. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. É como voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 541DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001596/2008-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006
SUBROGAÇÃO NA PESSOA DO ADQUIRENTE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL POR PESSOAS
FÍSICAS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF.
IMPROCEDÊNCIA
Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n.º 363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras, deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições sociais exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física na condição de subrogado.
AGROINDÚSTRIAS ENQUADRADAS NO CAPUT DO ART. 2.º DO DECRETO-LEI
N.º 1.146/1970. CONTRIBUIÇÃO PARA TERCEIROS.
ALÍQUOTA.
A alíquota da contribuição para os “terceiros” aplicável às agroindústrias enquadradas no “caput” do art. 2.º do Decreto-lei
n.º 1.146/1970 é de 5,2%, sendo 2,5% para o Salário educação
e 2,7% para o INCRA.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-002.433
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao recurso.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. IMPROCEDÊNCIA Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n.º 363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras, deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições sociais exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física na condição de subrogado. AGROINDÚSTRIAS ENQUADRADAS NO CAPUT DO ART. 2.º DO DECRETOLEI N.º 1.146/1970. CONTRIBUIÇÃO PARA TERCEIROS. ALÍQUOTA. A alíquota da contribuição para os “terceiros” aplicável às agroindústrias enquadradas no “caput” do art. 2.º do DecretoLei n.º 1.146/1970 é de 5,2%, sendo 2,5% para o SalárioEducação e 2,7% para o INCRA. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao recurso. Fl. 4729DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 4730DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.001596/200821 Acórdão n.º 2401002.433 S2C4T1 Fl. 4.730 3 Relatório Tratase do Auto de Infração AI n.º 37.128.7960, mediante o qual são exigidas do sujeito passivo acima identificado as contribuições destinadas a outras entidades e fundos, nos percentuais a seguir indicados: a) 0,6% diferença de alíquota sobre a remuneração constante da folha de salários. A empresa recolhia o percentual de 5,2% e o fisco entendeu que a alíquota correta seria 5,8%, com destinação ao Sal. Educação; INCRA; SENAI; SESI; SEBRAE e SENAR; b) 0,2% destinada ao SENAR e incidente sobre a aquisição de produção rural de pessoas físicas, na condição de subrogado. De acordo com o relatório fiscal, fls. 154 e segs., a auditoria que deu ensejo ao presente lançamento decorreu de ordem judicial, que determinou a fiscalização de todas as pessoas físicas e jurídicas que foram identificadas, por investigação da Polícia Federal, como integrantes de suposta organização criminosa criada com intuito de fraudar a Administração Tributária. Essa organização foi identificada como “Grupo Nivaldo”, da qual fazia parte a empresa autuada e as pessoas físicas e jurídicas arroladas no relatório fiscal. Todos foram considerados devedores solidários pelo crédito tributário consignado no AI sob enfoque, por ter entendido o fisco que as mesmas integravam grupo econômico de fato. Foram apresentadas as impugnações pelas seguintes pessoas físicas e jurídicas: Antônio Giglio Sobrinho; CMG Transporte Rio Preto Ltda.; Sebo Sol Indústria de Subprodutos de Bovinos Ltda; Sol Empreendimentos Imobiliários Rio Preto Ltda; José Roberto Giglio; Pedro Giglio Sobrinho; Fortes Empreendimentos Imobiliários São Paulo Ltda; Nivaldo Fortes Peres; Luciano da Silva Peres; Maria Helena La Retondo; Rodrigo da Silva Peres; Sol Importadora e Exportadora de Couros Ltda; além da própria autuada – Rio Preto Abatedouro de Bovinos Ltda. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Ribeirão Preto julgou, fls. 3.360 e segs., improcedente as defesas apresentadas, mantendo integralmente o crédito, com a ressalva de que no momento do pagamento ou parcelamento do crédito deve o órgão competente da RFB verificar a aplicação da multa mais benéfica, tendose em conta as alterações legislativas trazida pela Lei n.º 11.941/2009. Inconformados foram apresentados os recursos abaixo mencionados. José Roberto Giglio interpôs recurso, no qual pugna pela nulidade do AI, posto que não foi citado no MPF, nem teve a oportunidade de se manifestar na fase instrutória do procedimento. Afirma que o fisco não se desincumbiu do ônus de comprovar que o recorrente teria vínculo com as empresas citadas na lavratura. Assevera também que a decisão de primeira instância deixou de apreciar a documentação que comprovaria que o recorrente não tinha qualquer poder de gerência em quaisquer da empresas que compunham o suposto grupo econômico, tendo recebido recurso de algumas delas por motivo de herança. Fl. 4731DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Outro recurso apresentado é o da Valentim Gentil Abatedouro de Bovinos Ltda., no qual nega a participação no grupo econômico apontado na autuação. Recorreu no mesmo sentido a empresa Sol Importadora e Exportadora de Couros Ltda. Rodrigo da Silva Peres demonstrou o seu inconformismo contra a decisão da DRJ. Em sua peça recursal alega nulidade da decisão recorrida em razão do indeferimento do seu pedido para a realização de prova pericial, fato que prejudicou o seu direito de defesa. Alega ainda impedimento dos Agentes Fiscais, posto que os mesmos teriam sido representados na Corregedoria da RFB pelo recorrente. Assevera que o procedimento é nulo, posto que não havia MPF em seu nome, de modo que, não havendo essa autorização, o fisco estaria carente de competência para incluí lo no polo passivo do lançamento em questão. Sustenta que o fisco não dispõe de instrumentos legais para desconsiderar negócios jurídicos efetuados sob o manto da legalidade. Afirma que a falta de MPF válido invalida todas as provas obtidas no procedimento. Alega que a autoridade julgadora agiu com parcialidade, descrevendo fatos inverídicos, com o objetivo de validar as falhas do procedimento fiscal. Depois, desenvolve sua argumentação no sentido desconstituir a tese da existência de grupo econômico entre as empresas listadas pelo fisco. Assevera que é frágil a alegação de que o recorrente se beneficiou com recebimento de recursos do suposto grupo econômico, haja vista que sequer foi lançado o Imposto de Renda da Pessoa Física, decorrente desse ganho patrimonial. Os argumentos acima foram repetidos pela empresa Fortes Empreendimentos Imobiliários São Paulo Ltda e pelas pessoas físicas Nivaldo Fortes Peres e Luciano Silva Peres. Pedro Giglio Sobrinho afirmou em seu recurso que não tem relação com os fatos geradores lançados, tampouco com a empresa autuada, sendo ilegal a sua responsabilização. Teve o seu direito de defesa cerceado por não haver sido cientificado da fase instrutória do processo. A negativa de produzir provas pelo órgão recorrido, alega, feriu o seu direito ao contraditório. A DRJ também teria deixado de apreciar alegações defensórias. Assevera ainda que o fisco não conseguiu comprovar os fatos alegados no Termo de Sujeição Passiva. Consta recurso de Antônio Giglio Sobrinho, no qual alegou que a decisão da DRJ é nula por cercear seu direito de defesa, quando não considerou os argumentos e provas trazidas na impugnação e indeferiu seu pedido para realização de diligência e de perícia técnica. No mérito, afirma que nunca participou da gestão das empresas integrantes do suposto grupo econômico, tendo tido participação societária em alguma delas por força de aquisição de cotas por sucessão hereditária. Ao final, pede também a exclusão dos juros e da multa. Consta recurso da empresa Sebo Sol Indústria de Subprodutos de Bovinos Ltda, na qual apresenta a alegação da ocorrência de erro na identificação do sujeito passivo do presente lançamento, posto que não pode ser responsabilizada pelos créditos tributários lançados, haja vista que não tem ou teve qualquer vinculação com os produtores rurais em comento, nem adquiriu deles ou da autuada qualquer produção rural. Recorreu a empresa Sol Empreendimentos Imobiliários Rio Preto Ltda., no qual suscita que o Acórdão ora recorrido seguiu o mesmo sentido do AI, inclusive quanto à falta de indicação e prova a revelarem consistentemente o interesse comum da recorrente na situação que constituiu o fato gerador da obrigação tributária cuja responsabilidade lhe foi Fl. 4732DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.001596/200821 Acórdão n.º 2401002.433 S2C4T1 Fl. 4.731 5 atribuída por solidariedade. Alega o prejuízo a defesa por não haver sido cientificada da fase instrutória. Maria Helena La Retondo, apresentou recurso, alegando, em apertada síntese, que o indeferimento de seu pedido para produção de prova pericial feriu o seu direito de defesa, por isso é nula a decisão recorrida. Assevera que os Auditores Fiscais responsáveis pela lavratura estariam impedidos de atuar em ação junto à recorrente e seus filhos, posto que esses, diante de abuso de autoridade cometido pelos Agentes do Fisco, haviam representado os mesmos na Corregedoria da RFB por infração disciplinar. Sustenta que não foi cientificada mediante Mandado de Procedimento Fiscal – MPF de que seria sujeito passivo da relação tributário em tela, por isso o procedimento deve ser nulificado. Afirma que o fisco não dispõe, de per si, de instrumentos legais para desconsiderar os negócios jurídicos praticados pelo sujeito passivo. Advoga que a decisão de primeira instância encontrase permeada pela parcialidade, na medida em que se preocupou apenas em corroborar especulações trazidas pelo fisco, as quais são totalmente desprovidas de comprovação. Por fim, sustenta que à recorrente foram transferidos imóveis, decorrente de meação do patrimônio que constitui com seu companheiro, fato que não autoriza o fisco concluir que tais bens foram incorporados ao seu patrimônio em razão de sua relação com pessoa jurídica. A empresa Agro Rio Preto Representações Comerciais Ltda também interpôs recurso, no qual alega que não tem vinculação com os fatos geradores que deram ensejo à lavratura. Por fim, a empresa autuada, Rio Preto Abatedouro de Bovinos Ltda., também interpôs recurso, alegando que não pode ser exigida da mesma a contribuição ao INCRA, uma vez que é empresa vinculada à previdência urbana. Afirma não poder ser compelida a recolher a contribuição para o SENAI, SESI e SEBRAE, posto que não é empresa filiada a entidades sindicais vinculadas a Confederação Nacional da Indústria – CNI. Sustenta que, tendo em seus quadros menos de 500 funcionários, não estaria obrigada a recolher a contribuição destinada ao SENAI, em obediência ao que dispõe o art. 6.º do Decreto n.º 4.048/1942. Ao final, pediu o cancelamento do Auto de Infração. É o relatório. Fl. 4733DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade Os recursos merecem conhecimento, posto que preenchem os requisitos de tempestividade e legitimidade. As preliminares Embora tenham sido suscitadas inúmeras preliminares nos recursos interpostos, passarei de imediato à análise meritória da contenda, já que a mesma será resolvida em benefício do sujeito passivo, posto que enxergo na presente autuação um caso de inconstitucionalidade e outro de ilegalidade vinculadas à legislação que fundamenta a lavratura. Esse procedimento é autorizado pelo Decreto n.º 70.235/1972: Art. 59 (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...) O mérito da contenda resumese em verificar a legitimidade na exigência por subrogação das contribuições aos terceiros incidentes sobre a aquisição da produção rural de pessoa física e sobre as remunerações constantes da folha de pagamento. Vejamos. Aplicação do Recurso Extraordinário RE n. 363.852/MG ao lançamento A aplicação do entendimento do STF exarado no RE n.º 363.852/MG ao presente caso é uma exigência do inciso I do art. 62 do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF n. 256/2009, assim redigido: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou (...) O RE transitou em julgado em 06/05/2011 e, tendo o mesmo contado com a manifestação do Plenário da Corte, deve a referida decisão ser observada nos julgamentos do CARF. Fl. 4734DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.001596/200821 Acórdão n.º 2401002.433 S2C4T1 Fl. 4.732 7 Assim a solução da presente lide passa pela delimitação do alcance do que ficou decidido pela Corte Máxima no bojo do RE n.º 363.852/MG, no qual discutiuse a constitucionalidade da exigência de contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta da comercialização da produção rural do empregador pessoa física, prevista no art. 25, I e II, da Lei n.º 8.212/1991, com redação dada pela Lei n.º 8.540/1992, e da subrogação do adquirente na obrigação de recolher o tributo devido, conforme art. 30, IV, da Lei n.º 8.212/1991, na redação dada pela Lei n.º 9.528/1997. Ali a empresa recorrente, adquirente de produtos rurais de produtores pessoas físicas, não concordando com a exação suscitou ofensa do dispositivo atacado aos artigos 195, e §§ 4. e 8. , 154, I e 146, III, todos da Constituição Federal. O Pretório Excelso deu provimento ao RE, conforme abaixo: Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu e deu provimento ao recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência. Em seguida, o Relator apresentou petição da União no sentido de modular os efeitos da decisão, que foi rejeitadta por maioria, vencida a Senhora Ministra Ellen Gracie. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, licenciado, o Senhor Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada anterior. Plenário, 03.02.2010. Contra essa decisão a Procuradoria da Fazenda Nacional manejou embargos de declaração, os quais foram rejeitados pela Corte, nos seguintes termos: A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acórdão os Ministros do Supremo Tribunal Federal em rejeitar os embargos de declaração o recurso extraordinário, nos termos do voto do relator e por unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Cezar Peluzo, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Analisando a ementa do acórdão exarado pelo STF no citado RE, percebese que o mesmo é explícito em declarar a inconstitucionalidade da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização dos produtores rurais pessoas física, e vai além, também afastando a possibilidade de se responsabilizar o adquirente na condição de subrogado. Eis as exatas palavras contidas na parte dispositiva do decisum: “... para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da Fl. 4735DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais...” Percebese, então, que a decisão da Corte Maior atingiu não somente as contribuições sociais previstas no art. 25, I e II, da Lei n.º 8.212/1991, mas também a forma de arrecadação, afastando a responsabilidade da empresa adquirente na condição de subrogada, esta estampada no inciso IV do art. 30 da mesma Lei. Verificase, no entanto, que a contribuição exigida na presente NFLD, a qual é aquela destina ao SENAR, não foi atingida pela referida decisão da Corte Máxima, posto que a mesma tem como fundamento o inciso I do art. 3.º da Lei n.º 8.315/1991, não tendo esse dispositivo sido objeto do RE n.º 363.852. Portanto, é plenamente exigível a contrição ora lançada, posto que alicerçada em lei vigente e eficaz. O mesmo não se pode falar acerca da subrogação do adquirente dos produtos rurais de pessoa física na obrigação de pagar o tributo, posto que o único dispositivo que autorizava essa técnica de arrecadação era o inciso IV do art. 30 da Lei n.º 8.212/1991, na redação dada pela Lei n.º 9.528/1997, o qual foi declarado inconstitucional pelo STF, como se pode ver da parte dispositiva do acórdão exarado no bojo do RE n.º 363.852, conforme se extrai do texto: “...declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97...” Eis os textos do inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social desde a redação original até a que vige atualmente: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam sub rogados nas obrigações do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (redação original) IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam sub rogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei nº 8.540, de 1992). IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) Fl. 4736DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.001596/200821 Acórdão n.º 2401002.433 S2C4T1 Fl. 4.733 9 Percebase que quando a decisão faz menção ao dispositivo declarado inconstitucional ela reportase também às atualizações legais trazidas ao ordenamento pela Lei n. 9.598/1997, posto que essas são anteriores a edição da EC n.º 20/1998. Assim, considerando que o inciso IV do art. 30 da Lei n.º 8.212/1991, nas redações dadas pelas Leis n.º 8.540/1992 e n.º 9.548/1997, foram declarados inconstitucionais, não pode subsistir o crédito tributário arrimado nesses dispositivos. E nem se fale que a decisão do Supremo não atingiu esse dispositivo, posto que na inicial foi requerida a declaração de inconstitucionalidade de todo o art. 1.º da Lei n.º 8.540/1992, o qual alterou dispositivos da Lei n.º 8.212/1991, inclusive trazendo nova regra que previa a subrogação do adquirente de produtos rurais de pessoa física. Embora se possa argumentar que a subrogação da empresa adquirente na responsabilidade de recolher as contribuição ao SENAR não decorre do inciso IV do art. 30 da Lei n.º 8.212/1991, mas no Decreto n.º 790/1993, devese ter em conta que o sistema tributário nacional, estruturado no princípio da legalidade, confere apenas à lei em sentido estrito o poder para criar responsabilidade tributária. Eis o que dispõe o art. 128 do CTN: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Não poderia, então, o fisco apresentar, como fundamento legal para justificar a possibilidade de se arrecadar o tributo por subrogação, norma criada pelo Poder Executivo. Isso fica mais evidente quando analisamos o Relatório FLD – Fundamentos Legais do Débito, que apresenta como base legal para subrogação da contribuição do SENAR o inciso IV do art. 30 da Lei n.º 8.212/1991. Tendo sido declarada inconstitucional pelo STF, em decisão plenária, a norma que previa a subrogação do adquirente de produtos oriundos de produtor rural pessoa física na obrigação de recolher a contribuição ao SENAR, deve este Tribunal Administrativo, em obediência ao seu Regimento Interno, declarar a improcedência do lançamento. Da contribuição das agroindústrias para outras entidades fundos Alega o fisco que a autuada recolheu sobre a folha de salários as contribuições destinadas ao terceiros à alíquota de 5,2% (FPAS 531), quando o percentual correto seria 5,8% (FPAS 507). Exigese no presente AI, portanto, o diferencial de alíquota de 0,6%. Verificase dos autos que a atividade da empresa autuada, a partir da 1.ª Alteração Contratual, em 12/08/2002, é: CLÁUSULA SEGUNDA O objeto da sociedade e ABATE PRÓPRIO DE BOVINOS E SUÍNOS, PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NO ABATE DE BOVINOS E SUÍNOS A TERCEIROS, BEM COMO A Fl. 4737DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 COMERCIALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE CARNES E SUBPRODUTOS DERIVADOS D O ABATE. Como se percebe da informação acima, tratase de um típico abatedouro, sem dúvida relacionado no art. 2.º do “caput” do DecretoLei n.º 1.146/1970, assim redigido: Art. 2º A contribuição instituída no “caput” do artigo 6º da Lei nº 2.613, de 23 de setembro de 1955, é reduzida para 2,5% (dois e meio por cento), a partir de 1º da janeira de 1971, sendo devido sobre a soma da folha mensal dos salários de contribuição previdenciária dos seus empregados pelas pessoas naturais e jurídicas, inclusive cooperativa, que exerçam as atividades abaixo enumeradas: I Indústria de canadeaçúcar; II Indústria de laticínios; III Indústria de beneficiamento de chá e de mate; IV Indústria da uva; V Indústria de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de algodão; VI Indústria de beneficiamento de cereais; VII Indústria de beneficiamento de café; VIII Indústria de extração de madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; IX Matadouros ou abatedouros de animais de quaisquer espécies e charqueadas. Nos termos do § 1.º do mesmo artigo, as pessoas arroladas no inciso do “caput” não se sujeitam ao recolhimento das contribuições destinadas ao SESI, SESC, SENAI e SENAC, como se pode ver: § 1º Os contribuintes de que trata êste artigo estão dispensados das contribuições para os Serviços Sociais da Indústria (SESI) ou do Comércio (SESC) e Serviços Nacionais de Aprendizagem Industrial (SENAI) ou do Comércio (SENAC), estabelecidas na respectiva legislação. Considerando que para financiamento do SEBRAE é exigido das empresas industriais o adicional de 0,3% sobre as alíquotas destinadas ao SENAI e ao SESI (art. 8.º, § 3.º da Lei n.º 8.029/1990), não há também de se exigir o referido adicional para as empresas listadas no “caput” do art. 2.º do DecretoLei n.º 1.146/1970, o que é o caso da autuada. Feito esse apanhado legislativo, sou forçado a concordar que a exigência no presente AI da diferença de alíquota não tem amparo na legislação. Verifico que o FPAS em que se enquadra a autuada é o 825, devendo as empresas enquadradas no mesmo recolherem as contribuições de “terceiros” apenas para o Salário Educação (2,5%) e para o INCRA (2,7%), perfazendo uma alíquota total de 5,2%. Nesse sentido o recolhimento efetuado pela recorrente está em perfeita consonância com a legislação de regência. Conclusão Fl. 4738DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 16004.001596/200821 Acórdão n.º 2401002.433 S2C4T1 Fl. 4.734 11 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Fl. 4739DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 13808.000423/96-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 1991, 1992, 1993, 1994
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA.
Não se conhece de recurso de ofício interposto em decisão que exonera o sujeito passivo de crédito tributário (tributo e multa) inferior ao limite de alçada previsto no artigo 34, I, do Decreto nº 70.235/72, com as alterações introduzidas por meio da Lei nº 9.532/97 e Portaria MF nº 03/2008.
IRPJ. CORREÇÃO MONETÁRIA. DEPÓSITOS JUDICIAIS.
A correção monetária das demonstrações financeiras tem como objetivo traduzir em valores reais os elementos patrimoniais e, por conseqüência, a base de cálculo do Imposto de Renda. A correção monetária dos depósitos judiciais tem por escopo estornar despesa cujo valor, escrituralmente, integra
o Patrimônio Líquido. Desnecessária a atualização da conta do Ativo representativa do depósito judicial, quando a contribuinte deixa de corrigir monetariamente a contrapartida passiva representativa da exigibilidade.
Súmula nº 58 do CARF.
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE.
O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente.
Recurso de Ofício Não Conhecido.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1202-000.777
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso de ofício, por inferior ao limite de alçada, e dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: NELSON LOSSO FILHO
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano-calendário: 1991, 1992, 1993, 1994 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. Não se conhece de recurso de ofício interposto em decisão que exonera o sujeito passivo de crédito tributário (tributo e multa) inferior ao limite de alçada previsto no artigo 34, I, do Decreto nº 70.235/72, com as alterações introduzidas por meio da Lei nº 9.532/97 e Portaria MF nº 03/2008. IRPJ. CORREÇÃO MONETÁRIA. DEPÓSITOS JUDICIAIS. A correção monetária das demonstrações financeiras tem como objetivo traduzir em valores reais os elementos patrimoniais e, por conseqüência, a base de cálculo do Imposto de Renda. A correção monetária dos depósitos judiciais tem por escopo estornar despesa cujo valor, escrituralmente, integra o Patrimônio Líquido. Desnecessária a atualização da conta do Ativo representativa do depósito judicial, quando a contribuinte deixa de corrigir monetariamente a contrapartida passiva representativa da exigibilidade. Súmula nº 58 do CARF. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Recurso de Ofício Não Conhecido. Recurso Voluntário Provido.
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FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1991, 1992, 1993, 1994 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. Não se conhece de recurso de ofício interposto em decisão que exonera o sujeito passivo de crédito tributário (tributo e multa) inferior ao limite de alçada previsto no artigo 34, I, do Decreto nº 70.235/72, com as alterações introduzidas por meio da Lei nº 9.532/97 e Portaria MF nº 03/2008. IRPJ. CORREÇÃO MONETÁRIA. DEPÓSITOS JUDICIAIS. A correção monetária das demonstrações financeiras tem como objetivo traduzir em valores reais os elementos patrimoniais e, por conseqüência, a base de cálculo do Imposto de Renda. A correção monetária dos depósitos judiciais tem por escopo estornar despesa cujo valor, escrituralmente, integra o Patrimônio Líquido. Desnecessária a atualização da conta do Ativo representativa do depósito judicial, quando a contribuinte deixa de corrigir monetariamente a contrapartida passiva representativa da exigibilidade. Súmula nº 58 do CARF. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Recurso de Ofício Não Conhecido. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1187DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 996 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, por inferior ao limite de alçada, e dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Viviane Vidal Wagner, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno. Relatório Retorna o recurso a julgamento nesta E. Câmara, após cumprimento de diligência determinada na sessão de 18 de maio de 2010, por meio da Resolução nº 1202 00.043, fls. 909/912. A diligência teve como objetivo a constatação da inexistência nos anos de 1991 a 1994 de atualização monetária das contas de Passivo, representativas dos tributos discutidos judicialmente. Para tornar mais compreensíveis as matérias em julgamento, a seguir reproduzo o relatório e voto apresentados naquela oportunidade: “Constam dos autos os recursos de oficio e voluntário, interpostos, respectivamente, pela 1ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador e pela empresa GL Eletro Eletrônicos Ltda.. 0 recurso de oficio, interposto no Acórdão n° 06.230, proferido em 23 de dezembro de 2004 pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador, acostado aos autos às fls. 723/748, foi motivado por ter o julgamento singular exonerado a impugnante de parte do lançamento por omissão de receitas pela constatação de passivo fictício e a proporcional compensação de prejuízos fiscais existentes, o cancelamento da exigência do ILL com base no artigo 35 da Lei n° 7.713/88 e a redução da multa de oficio ao percentual de 75%, pela aplicação da retroatividade benigna, conforme está consignado às fls. 735/746. Diante dessa decisão, apresentam os julgadores, no resguardo do principio constitucional do duplo grau de jurisdição, o competente recurso ex officio de fls. 724. 0 recurso voluntário diz respeito ao remanescente dos lançamentos contra a empresa GL Eletro Eletrônicos Ltda, autos Fl. 1188DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 997 3 de infração do IRPJ, fls. 272/290, e CSLL, fls. 296/302, por ter a fiscalização constatado nos exercícios de 1992 a 1995 a seguinte infração, descrita às fls. 289/290, que transcrevo do relatório do acórdão de primeira instância: "omissão de variação monetária ativa, decorrente da falta de contabilização da variação monetária ativa dos direitos de crédito relativos a depósitos judiciais, nos períodosbase de 1991 a 1994, conforme valores relacionados às fl. 245, capitulando como enquadramento legal os artigos 157 e parágrafo 1°, 175, 254, inciso I e parágrafo único e 387, inciso II do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 85.450, de 04 de dezembro de 1980 —RIR/1980 e os artigos 195, inciso II, 197, parágrafo único, 225, 320 e 321 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 11 de janeiro de 1994 RIR/1994." Inconformada com a exigência, apresentou impugnação protocolada em 05 de julho de 1996, em cujo arrazoado de fls. 305/330 contesta os autos de infração. Em 23 de dezembro de 2004 foi prolatado o Acórdão n° 06.230, da 1ª Turma de Julgamento da DRJ em Salvador, fls. 723/748, que considerou procedente em parte o lançamento, expressando seu entendimento por meio da seguinte ementa: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ Exercício: 1992, 1993, 1994 Ementa: PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de diligencia quando é formulado de forma genérica, em desacordo com a legislação pertinente. OMISSÃO DE VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVA. DEPÓSITOS JUDICIAIS. Integrando os depósitos judiciais o patrimônio do depositante, a variação monetária ativa deles decorrente representa disponibilidade jurídica de renda constituindose em fato gerador do imposto sobre a renda. OMISSÃO DE RECEITAS. PASSIVO FICTÍCIO. COMPROVAÇÃO. Tendo o sujeito passivo comprovado apenas que parte dos registros constantes de seu passivo exigível corresponde a obrigações não quitadas, deve prevalecer a presunção de omissão de receitas quanto à parcela não comprovada. PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO. Na apuração do lucro real deve ser considerado o prejuízo do próprio períodobase e compensado os prejuízos fiscais concernentes a períodosbase anteriores, ainda não prescritos ou não utilizados. Fl. 1189DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 998 4 CSLL. MESMO FATO GERADOR. LANÇAMENTO DO IRPJ. IDENTIDADE DE MATÉRIA. Em se tratando matéria idêntica aquela que serviu de base para o lançamento do Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica, "mutatis mutantis", seguelhe o mesmo destino o lançamento relativo a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, em razão da relação de causa e efeito. MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. A multa de oficio de 100% deverá ser reduzida para 75%, em face da retroatividade benigna da penalidade prevista no Código Tributário Nacional. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício:1993 Ementa: IRRF. SOCIEDADES POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. COMPROVAÇÃO. Incabível a exigência do crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte sobre o Lucro Liquido fundada no art. 35 da Lei 7.713, de 1988, se não está demonstrado nos autos que tenha a empresa, constituída sob a forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, efetuado distribuição de lucros aos sócios. Lançamento Procedente em Parte" Cientificada em 18 de junho de 2007 e novamente irresignada com o Acórdão de Primeira Instância, apresenta seu recurso voluntário protocolado em 17 de julho de 2007, em cujo arrazoado de fls. 778/800, alega, em apertada síntese, o seguinte: 1 no período fiscalizado não havia qualquer previsão legal que determinasse a correção monetária dos depósitos judiciais efetuados, por expressa determinação judicial e/ou com a finalidade de, na forma do ar. 151 do Código Tributário Nacional, suspender a exigência do crédito tributário; 2 não constituindo o depósito judicial direito de crédito do contribuinte, não se sujeitava, a variação monetária respectiva, às regras do art. 254 do RIR. Não estando prevista a atualização monetária desse mesmo depósito na legislação que então regia a correção monetária das demonstrações financeiras, também quanto a este aspecto não há que se falar em qualquer reconhecimento de correção monetária; 3 há que se ter em conta que o procedimento da recorrente em não reconhecer a variação monetária atribuída àqueles citados Fl. 1190DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 999 5 depósitos judiciais é de todo coerente, pois também não afetou o seu resultado com a atualização monetária passiva da obrigação tributária; 4 o procedimento praticado pela recorrente, ao manter em sua contabilidade, com os conseqüentes reflexos fiscais, os valores originais dos depósitos judiciais e das obrigações tributárias, não causou nenhum inconveniente ou prejuízo ao fisco, vez que, se ambos tivessem sido monetariamente atualizados, o resultado fiscal continuaria sendo exatamente idêntico àquele retratado em sua contabilidade; 5 não há que se falar que do procedimento da recorrente tenha decorrido qualquer prejuízo para o fisco. Até por este aspecto improcede a pretensão fiscal e bem assim a decisão recorrida; 6 a comprovação ou não da correção monetária das contas de passivo que fizeram contrapartida com as contas ativas representativas daqueles mesmos depósitos judiciais, não foi objeto do lançamento de oficio ora atacado, e se caso o procedimento adotado pela recorrente com relação à referida correção das contas de passivo tivesse gerado alguma dúvida para o Fisco restaria consignado no Termo de Verificação Fiscal, o que na hipótese não ocorreu; 7 assim é que, diferentemente do que pretende a Turma Julgadora, a presente discussão deve se ater tãosomente aos fatos narrados pela digna fiscalização autuante e às eventuais infrações por ela levantadas; 8 no presente caso, tendo a DRJ em Salvador verificado a necessidade de se apurar se houve efetivamente a correção monetária das referidas contas de passivo, que fizeram contrapartida com as contas ativas representativas dos depósitos judiciais efetuados a titulo de CSLL, PIS e FINSOCIAL, deveria determinar a realização de nova fiscalização na empresa e, se fosse o caso, a lavratura de novo auto de infração, devolvendo se a nova fundamentação ao contribuinte, para impugnação, a teor do que dispõe o § 3° do art. 18 do Decreto n° 70.235/72; 9 é inadmissível que se proceda a uma nova fiscalização na empresa para averiguar fatos relativos aos exercícios de 1992 a 1995, já colocados à disposição do Fisco à época própria, em virtude da decadência do seu direito de lançar; 10 anexa aos autos demonstrativos dos depósitos judiciais realizados nos anoscalendário 1992 a 1995 e das contas do passivo correspondentes ao mesmo período, bem, como cópia de parte dos Livros Diários que transcreve os Balanços Gerais, que demonstram que os registros contábeis efetuados nas contas de provisões de PIS, FINSOCIAL, CSLL e I0F, suspensos por liminar, não tiveram contrapartida em contas de correção monetária, comprovando que estas provisões não sofreram qualquer correção; Fl. 1191DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1000 6 11 os saldos das contas 20305 (PIS), 20306 (FINSOCIAL), 20309 (CSLL) e 20605 (I0F) registrados nos Balanços da empresa são exatamente os mesmos daqueles informados nos Demonstrativos relativos às contas do passivo elaborados pela recorrente, que descreve de forma pormenorizada os valores depositados judicialmente no decorrer dos anos fiscalizados. Como se pode verificar, as provisões constituídas a titulo dos tributos em questão, nos meses em que os depósitos foram efetuados, permaneceram inalteradas até 31 de dezembro de cada ano, sem que tivessem sido atualizadas monetariamente; 12 demonstrada está a neutralidade nos lançamentos contábeis efetuados pela recorrente, decorrente da total ausência de correção monetária não só das contas ativas dos depósitos judiciais dos tributos em questão, como também das respectivas contas passivas que lhe fizeram contrapartida. É o Relatório. Voto O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Em suas razões, ao contestar apenas o lançamento da variação monetária ativa, a recorrente sustenta que deixou de corrigir monetariamente as contas de passivo, representativas dos tributos discutidos judicialmente, juntando documentos para comprovação do alegado. Em seu voto, o acórdão de primeira instância fundamenta a manutenção da exigência do item omissão de receitas pela falta de reconhecimento da variação monetária ativa sobre depósitos judiciais, afirmando que a empresa não provou que deixou de corrigir nos anos de 1991 e 1992 as contas de Passivo representativas dos tributos discutidos judicialmente. Abaixo transcrevo excerto do Acórdão n° 06.230, da 1ª Turma de Julgamento da DRJ Salvador, a respeito do item do auto de infração intitulado omissão de variação monetária ativa sobre depósitos judiciais: "Outro aspecto que deve ser analisado é a eventual compensação da variação monetária ativa da conta representativa do depósito judicial com a atualização monetária da conta do passivo representativa da obrigação de recolher o tributo. Até o anocalendário de 1992, como não havia restrições quanto a dedutibilidade de tributos não pagos e/ou com exigibilidade suspensa e considerando que o acessório acompanha o principal, o registro das variações monetárias ativa e passiva relativas às contas de direito de crédito e de obrigação não afetavam a apuração do lucro real do período, uma vez que deviam ser aplicados os mesmos índices de correção. Fl. 1192DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1001 7 Nos anoscalendário de 1993 e 1994, a legislação fiscal passou a dar tratamento diverso as despesas com tributos. Com a vigência da Lei n° 8.541, de 23 de dezembro de 1992, conforme o disposto no seu artigo 7° passaram a ser considerados indedutiveis na apuração do lucro real os tributos não pagos, devendo, desse modo, ser adicionados ao lucro real os tributos incorridos naquele períodobase, quando eram pagos em período subseqüente, até mesmo atendendo aos prazos de vencimento dos tributos e no seu artigo 8° passaram a ser consideradas como redução indevida do lucro real, as importâncias contabilizadas como custo ou despesa, relativas a tributos ou contribuições e sua respectiva atualização monetária, cuja exigibilidade estivesse suspensa nos termos do art. 151 do CTN, houvesse ou não depósito judicial em garantia. Os tributos passaram a ser dedutiveis apenas quando pagos, por isso, na hipótese de questionamento judicial, como os tributos não são pagos e apenas é depositado o valor equivalente, tais tributos passaram a ser indedutiveis devendo ser adicionados ao lucro real até a decisão final da lide. Idêntico procedimento deve ser adotado em relação à variação monetária passiva decorrente da atualização monetária de contas de obrigações de tributos a recolher, haja vista a aplicação do principio de que o acessório segue o principal, conforme previsto na legislação citada. Dessa forma, até 1992, a tributação da receita e a dedução da despesa eram feitas no mesmo momento, qual seja o da ocorrência da receita e da despesa, atendendo ao regime de competência e como obrigação e depósito devem ser corrigidos, se anulam mutuamente, não afetando o resultado tributável. Entretanto, cabe impugnante provar que deixou de proceder devida atualização da conta da obrigação no passivo, por entender que a variação monetária ativa relativa aos depósitos judiciais se anularia com a variação monetária passiva. No presente caso, não consta dos autos a demonstração de ausência do reconhecimento da variação passiva das obrigações constituídas, nos períodosbase de 1991 e 1992. A partir de 1993, a legislação fiscal passou a exigir a adição ao lucro real da despesa relativa ao tributo, enquanto não pago ou suspensa sua exigibilidade. Como ambas, a receita e a despesa, devem ser registradas contabilmente quando incorridas e, considerando que não houve nenhuma alteração na legislação quanto as variações monetárias ativas relativas aos depósitos judiciais, a receita continua a ser tributada, mas a exclusão da despesa só se dará ao final da lide, se devida. A legislação criou, de fato, uma diferença temporal entre a tributação da receita e a dedução da despesa, mas, enfatizese, é uma diferença apenas quanto ao momento da tributação, não trazendo qualquer aumento na carga tributária. Se o resultado da lide for favorável ao Fisco, os depósitos serão convertidos em renda da União e neste momento, devem ser Fl. 1193DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1002 8 excluídas as correspondentes despesas relativas aos tributos. Serão, portanto, excluídas do lucro real os valores das variações monetárias passivas equivalentes aos mesmos valores de variações monetárias, ativas tributadas durante o curso do processo. Enquanto no curso do processo, pagouse imposto de renda sobre a variação monetária ativa, ao final da lide deixase de pagar o imposto de renda correspondente exclusão da variação monetária passiva do lucro real. Em outras palavras, a variação monetária ativa tem um efeito positivo sobre o lucro real e a variação monetária passiva tem um efeito negativo e, tal qual até o ano de 1992, no mesmo valor, mas, a partir do ano de 1993, computados em momentos diversos. Se o resultado for favorável ao contribuinte e sendo considerado indevido o tributo, consolidase a tributação efetuada ao longo do processo, nada mais havendo a tributar quando do retorno do montante depositado à conta de Caixa ou Bancos do contribuinte. O tributo indevido e sua variação monetária passiva não podem ser tidos como despesas, efeito já computado ao se proceder adição ao lucro real e, além disso, a variação monetária ativa também já havia sido tributada. O efeito no resultado tributável pelo registro contábil da receita de recuperação de despesas decorrente da reversão da conta da obrigação no passivo será anulado pela exclusão deste valor na apuração do lucro real. Dessa forma, a atualização monetária dos depósitos judiciais caracterizase como disponibilidade jurídica de renda, constituindo fato gerador do imposto sobre a renda, sendo procedente, portanto, o lançamento referente à omissão de variações monetárias ativas relativas aos depósitos judiciais." Os documentos juntados aos autos não permitem o julgamento a respeito do recurso, visto ser necessária a confirmação da inexistência da atualização monetária das contas passivas de tributos cuja exigibilidade estava sendo discutida no Poder Judiciário, por meio de análise integral da escrita contábil e fiscal. Assim, em respeito ao principio do contraditório e da ampla defesa, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, com o retorno do processo à repartição de origem, para que seja proferido parecer conclusivo quanto a inexistência nos anos de 1991 a 1994 de atualização monetária das contas de Passivo representativas dos tributos discutidos judicialmente.” Sobreveio o Relatório Fiscal da encarregada da diligência, acostado aos autos às fls. 993/994, concluindo o seguinte: “A Autoridade Julgadora, pelo Recurso n° 162.670 e Resolução n° 120200.043 da 2a Câmara/1ª Turma Ordinária, solicita parecer conclusivo quanto à inexistência de atualização monetária das contas do passivo representativa dos tributos discutidos judicialmente, em respeito ao princípio contraditório e da ampla defesa, porque considera que os documentos Fl. 1194DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1003 9 juntados aos autos não permitem o julgamento a respeito dó recurso, visto ser necessária confirmação da inexistência da atualização monetária das contas passivas de tributos cuja exigibilidade estava sendo discutida no poder Judiciário, por análise integral da escrita contábil e fiscal. Com relação à atualização monetária das contas passivas de tributos cuja exigibilidade estava sendo discutida, verificouse à época, contabilização de inúmeros depósitos judiciais, em garantia de processos tributários, administrativos e trabalhistas. A falta de correção monetária em cada períodobase de sua escrituração, afetando seu, resultado contábil e fiscal e contrariando os dispositivos do artigo 18 do decretolei n° 1.598/77 combinado com o artigo 177 da lei n° 6.404/76, decorreu na exigência de ofício, do crédito tributário devido. Foram apresentados peio contribuinte os Livros Diário e Razão Analítico do período de Janeiro/1991 à Dezembro/1995, como também demonstrativo das contas do Ativo (Depósitos Judiciais de processos) e Passivo (FINSOCÍAL e PIS a recolher). A inexistência de atualização monetária das contas do passivo e dos depósitos judiciais, nos períodos de 1991 a 1995, bem como a individualização, das contas demonstrativas, conforme documentos anexos, que se dispõem na seqüência das fls. 944 a 985, numerados como Doc. 1 a Doc. 11, demonstram comprovados que a conta 12104 (Depósito Judicial) e as contas 20305 (PIS a recolher) e 20306 (COFINS a recolher) não foram corrigidas, isto é, não apresentam contabilização da variação monetária passiva.” Cientificada do resultado da diligência, a pessoa jurídica manifestase às fls. 988/990 no sentido de que restou confirmada a neutralidade dos lançamentos efetuados, em virtude da total ausência de correção monetária não só das contas ativas dos depósitos judiciais, bem como das suas contrapartidas passivas. É o Relatório. Voto Conselheiro Nelson Lósso Filho A interposição de recurso de ofício, prevista no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, com as alterações introduzidas por meio da Lei nº 9.532/97, se dá quando a turma julgadora de primeira instância exonera o sujeito passivo de exigência de crédito tributário superior a determinado valor. Fl. 1195DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1004 10 Por meio da Portaria nº 03, de 03 de janeiro de 2008, do Ministro de Estado da Fazenda, este limite de alçada foi fixado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), correspondente ao somatório do tributo e multa liberado. No presente recurso, o montante do tributo e multa exonerado pela Turma Julgadora de Primeira Instância corresponde a valor inferior a R$ 1.000.000,00, conforme fls. 747/748, não se enquadrando nas condições previstas na Portaria MF nº 03/2008, sendo, portanto, inaplicável este regimento ao caso em questão. Assim sendo, voto no sentido de não conhecer do Recurso de Ofício de fls. 725, por inferior ao limite de alçada. Passo, agora, ao exame do mérito do recurso voluntário de fls. 778/800. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A exigência de correção monetária dos depósitos judiciais é oriunda do próprio sistema de correção monetária das demonstrações financeiras. Pela leitura da legislação existente, fica clara a intenção de que a correção monetária tem o condão de eliminar os efeitos da inflação sobre o patrimônio da pessoa jurídica. O art. 3º do Decreto nº 332/91, estatui: “A correção monetária das demonstrações financeiras tem por objetivo expressar, em valores reais, os elementos patrimoniais e a base de cálculo do imposto de renda de cada períodobase.” Percebese que o objetivo da correção monetária é equalizar as demonstrações financeiras, neutralizando os efeitos da inflação, não representando, em valores reais, nem acréscimo nem decréscimo de renda. Em voto proferido neste Conselho, o eminente exConselheiro José Antônio Minatel aborda com extrema visão esta situação, ao qual peço vênia para transcrever parte de suas conclusões: “Quando a lei manda corrigir as contas do Ativo Permanente não está criando receita para a empresa, mas neutralizando custos reconhecidos por idêntica correção materializada nas contas do Patrimônio Líquido, imputados ao resultado do exercício. O sistema foi assim idealizado, com correção nos dois grupos de contas (AP e PL), para permitir a atualização monetária de seus próprios valores, porém, a sua inteligência traduzse em mero estorno, ou exclusão do cálculo da correção monetária do PL de valores destinados a investimentos fixos, que não contribuíam diretamente para a formação do resultado do exercício da empresa.” Esta é a base do sistema de correção monetária. Fl. 1196DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1005 11 Quando a legislação determina a correção das contas do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido e, desse procedimento, resulta saldo devedor, temse como corolário que tal resultado decorre de ser o Patrimônio Líquido maior que o Ativo Permanente, em razão do fato de que parte do capital próprio da empresa não se encontra aplicado em ativo permanente, mas em sua atividade operacional, em contas de Circulante e Realizável a Longo Prazo, onde os efeitos inflacionários se manifestam via preço, integrando o resultado do exercício como receita, vindo a ser neutralizado pelo referido saldo devedor de correção monetária calculado. Disto decorre que aquele saldo devedor acaso apurado se traduz em custo inflacionário, daí a necessidade de se promover a atualização dos valores que representam a aplicação de recursos próprios alocados em contas do Ativo Circulante ou Realizável, como forma de se anular aquele efeito. É por este raciocínio que a lei determinou que os mútuos celebrados entre pessoas ligadas fossem submetidos à atualização, como forma da mutuante reconhecer a variação monetária. Tal providência visa neutralizar a correção de valores escriturados no Patrimônio Líquido, mas que estão aplicados fora do patrimônio da empresa. Ipso facto, é pela mesma lógica que os depósitos judiciais podem ficar sujeitos à atualização monetária, posto representarem recursos escriturados no Patrimônio Líquido e aplicados em contas estranhas àquelas representativas do patrimônio da pessoa jurídica. Estão fora do patrimônio da empresa, depositados judicialmente, entretanto integram o Patrimônio Líquido, como capitais próprios, ou têm origem em capitais de terceiros escriturados no Exigível. Pela lógica da correção monetária, neutralizar os efeitos inflacionários sobre o patrimônio, deveriam tais valores depositados serem excluídos do Patrimônio Líquido, caso provenientes de recursos próprios, ou, se oriundos de capitais de terceiros, terem suas despesas de captação adicionadas ao resultado do exercício. Esta sistemática, identificação da origem dos recursos, no dia a dia se torna impraticável, optouse por outro caminho que foi neutralizar o efeito sobre o Patrimônio Líquido, procedendose a atualização monetária das contas representativas dos depósitos judiciais, por meio de índices aplicáveis à correção monetária das demonstrações financeiras. Como visto, a atualização monetária dos depósitos judiciais não cria renda, não se podendo falar, portanto, em disponibilidade ou indisponibilidade. Traduz, isto sim, uma anulação de despesa indevida. Por outro giro, devese anotar, não haveria a necessidade de atualização monetária dos depósitos judiciais registrados no Ativo somente se a conta representativa das obrigações tributárias correspondentes, constante do passivo exigível, permanecesse com seus saldos originais, sem correção monetária, mantendo a mencionada neutralidade. A empresa afirma em seu recurso que deixou de corrigir a conta de Passivo controladora da exigibilidade dos tributos discutidos judicialmente, a respeito dos quais foram efetivados os depósitos judiciais, fato comprovado pela diligência realizada, o que, para manter Fl. 1197DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13808.000423/9656 Acórdão n.º 120200.777 S1C2T2 Fl. 1006 12 o equilíbrio e os efeitos da correção monetária do balanço, torna desnecessária a atualização monetária da conta depósitos judiciais. Assim, não há que se falar em correção monetária das contas representativas de depósitos judiciais quando a empresa deixa de corrigir também as contas do passivo relacionadas a eles. Incabível, portanto, a exigência fiscal quanto a este item do auto de infração. É neste sentido a Súmula nº 58 do CARF, que firmou entendimento de que “As variações monetárias ativas decorrentes de depósitos judiciais com a finalidade de suspender a exigibilidade do crédito tributário devem compor o resultado do exercício, segundo o regime de competência, salvo se demonstrado que as variações monetárias passivas incidentes sobre o tributo objeto dos depósitos não tenham sido computadas na apuração desse resultado”. Lançamento Decorrente: CSLL. O lançamento da CSLL em questão teve origem em matéria fática apurada na exigência principal, na qual a fiscalização lançou crédito tributário do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Tendo em vista a estreita relação entre eles existente, devese aqui seguir os efeitos da decisão ali proferida. Pelos fundamentos expostos, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício, por inferior ao limite de alçada e, quanto ao recurso voluntário, dar provimento ao recurso. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Relator Fl. 1198DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 09/06/2012 p or NELSON LOSSO FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 13839.001836/2003-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 1998 DECADÊNCIA. IRRF O direito atribuído à Fazenda Nacional para a constituição do crédito tributário referente ao Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF , tributo sujeito ao lançamento por homologação, extingue-se após cinco anos contados da data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada ano-calendário questionado, entretanto, na inexistência de pagamento antecipado a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, exceto nos casos de constatação do evidente intuito de fraude. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Argüição de decadência acolhida. Recurso Provido.
Numero da decisão: 2202-001.806
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher a arguição de decadência suscitada pela Recorrente para declarar extinto o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário lançado, nos termos do voto do Relator.
Matéria: DCTF_IRF - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRF)
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2207; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.001836/200371 Recurso nº 163.919 Voluntário Acórdão nº 220201.806 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2012 Matéria IRRF Recorrente CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. IRRF O direito atribuído à Fazenda Nacional para a constituição do crédito tributário referente ao Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF , tributo sujeito ao lançamento por homologação, extinguese após cinco anos contados da data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada anocalendário questionado, entretanto, na inexistência de pagamento antecipado a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, exceto nos casos de constatação do evidente intuito de fraude. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Argüição de decadência acolhida. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher a arguição de decadência suscitada pela Recorrente para declarar extinto o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário lançado, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente Fl. 235DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA, foi lavrado Auto de Infração eletrônico decorrente do processamento da DCTF do anocalendário 1998, lavrado em 23/06/2003, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 36.502,27, discriminado em imposto, multa vinculada e juros de mora calculados até 30/06/2003. A infração decorre da constatação da falta de localização de pagamento, tudo vinculado a débitos de IRRF, e foi enquadrada nos dispositivos legais indicados no demonstrativo de fls. 18. A interessada foi cientificada via postal, em 21/07/2003 (AR de fls. 78). Inconformada com a exigência fiscal, a contribuinte, por intermédio de seus representantes legais, apresentou, em 31/07/2003, impugnação de fls. 01/04, acompanhada de documentos de fls. 05/73. Inicialmente, protesta pela decadência do crédito tributário relativo ao IRF de abril a julho de 1998, com fundamento nos arts. 150, §4°, 156, V e 173 do Código Tributário Nacional. No mais, acrescenta que no ano de 1998 a empresa possuía a denominação de Continental do Brasil Produtos Automotivos Ltda, existindo a matriz em Jundiai/SP e uma filial em Ponta Grossa/PR, esta última identificada pelo CNPJ 02.036.483/000290. E que somente em 1999 a autuada foi incorporada como filial, recebendo o CNPJ 02.036.483/0004 52, passando a assumir a condição de matriz (CNPJ 02.036.483/000100), após a 22a alteração contratual. Explica que os recolhimentos alegados reportamse à época da matriz em Jundiai e da filial em Ponta Grossa, de sorte que os DARF foram recolhidos com os respectivos números de CNPJ. Voltandose ao Anexo III do Auto de Infração (doc. 03), afirma que os montantes exigidos foram recolhidos em sua totalidade, no tempo hábil e valores corretos, conforme DARF anexos (doc. 08), pelo que requer a improcedência do lançamento. Do contrário, protesta seja reconhecida a decadência dos créditos constituídos entre os meses de abril a julho de 1998 e declarada a sua extinção. Encerra requerendo que todas as intimações e notificações emitidas sejam enviadas para o departamento jurídico estabelecido no endereço que indica. Em 15/05/2006 a contribuinte novamente se manifesta nos autos (fls. 79/80), em virtude do recebimento da Comunicação de Revisão do Lançamento e Cobrança de fls. 81, protestando pela suspensão da exigibilidade do crédito tributário, ante a impugnação anteriormente apresentada. As fls. 94, revisando o lançamento ora impugnado, manifestouse a autoridade administrativa, opinando pelo cancelamento da exigência do crédito tributário Fl. 237DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 discriminado nos demonstrativos de consolidação e recálculo de fls. 90/93, uma vez que demonstrada a sua improcedência, face a comprovação apresentada. Em seu despacho de encaminhamento, a autoridade preparadora informa que "os débitos remanescentes foram constituídos para a 1° semana de abril e os pagamentos apresentados para os mesmos encontramse alocados a débitos de mesmo valor declarados para a 5a semana de marco". A DRJ – Campinas ao apreciar as razões do interessado, julgou o lançamento procedente em parte nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1998 ENDEREÇAMENTO DAS INTIMAÇÕES. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicilio tributário, assim considerado o do endereço postal, eletrônico ou de fax, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. Incabível a argüição de decadência para débitos declarados em DCTF, em razão da regular constituição do crédito tributário mediante confissão de divida. DÉBITO DECLARADO EM DCTF. FALTA DE RECOLHIMENTO. Ausente da defesa apresentada a documentação hábil e idônea a comprovar eventual erro no preenchimento da declaração, mantémse a exigência fiscal do valor declarado em DCTF, cujo pagamento não foi comprovado. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do principio da retroatividade benigna, exonerase a multa de oficio no lançamento decorrente de pagamentos não comprovados, apurados em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória n° 135/2003, convertida na Lei n° 10.833/2003. Lançamento Procedente em Parte A autoridade recorrida entendeu por bem cancelar a multa de lançamento de ofício. Insatisfeito o interessado interpões recurso voluntário onde reitera a preliminar de decadência, indicando que o cobrança do credito tributário principal é improcedente por que teria ocorrido tão somente erros no preenchimento da declaração. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 3 5 A 2ª. Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, declinaram da competência para a 2ª. Secão de julgamento. É o relatório. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço Cabe registrar que após a revisão de ofício restou para apreciação apenas os seguintes tributos: Desse modo antes da análise do mérito, notase questão prejudicial da decadência. De se dizer de início, que o Imposto de Renda Retido na Fonte — IRRF é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, ou seja, aquele em que a lei determina que o sujeito passivo, interpretando a legislação aplicável, apure o montante tributável e efetue o recolhimento do imposto devido, sem prévio exame da autoridade administrativa, conforme definição contida no caput do art. 150 do CTN, tendo sua decadência regrada, em princípio, pelo § O deste mesmo artigo (cinco anos contados da data do fato gerador). Cumpre lembrar que o parágrafo O do art. 150 exclui expressamente do seu escopo os casos em que seja constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, aplicandose, por conseguinte, a regra geral prevista no art. 173 do CTN. Desta forma, não havendo nos autos evidências de que tenha ocorrido dolo, fraude ou simulação, aplicase a regra geral para o prazo decadencial prevista para os tributos sujeitos a lançamento por homologação (cinco anos da data da ocorrência do fato gerador). Em se tratando de lançamento de IRRF, o fato gerador é instantâneo ocorrendo na data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. No caso em análise, está se exigindo o IRRF referente a pagamento de Rendimento do Trabalho Assalariado (código 0561) relativo a fatos geradores ocorridos em abril de 1998. Uma vez que a contribuinte foi cientificada do presente Auto de Infração em 21/07/2003 (AR de fls. 78). em relação aos fatos gerados ocorridos em análise, constatase que já havia decaído o direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente ao 1RRF declarado e não recolhido. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 4 7 É oportuno acrescentar que conforme verificase no termo de verificação fiscal houve o recolhimento de imposto retido na fonte sobre códigos naquele período de apuração. Desse modo não há como afirmar que não houve antecipação de pagamento. Assim como o lançamento não foi caracterizado como dolo ou com evidente intuito de fraude, o que justificaria a aplicação de art, 173 do CTN. Ante ao exposto, voto por acolher a argüição de decadência suscitada pelo Recorrente, para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 241DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 11030.001412/2009-72
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SIMPLES NACIONAL Ano-calendário: 2008 SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO RETROATIVA. PERDA DE PRAZO. Não cabe pedido de inclusão retroativa no Simples Nacional a empresa que não observou os prazos para exercer este direito estabelecidos nas normas de regência.
Numero da decisão: 1801-001.063
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2008 SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO RETROATIVA. PERDA DE PRAZO. Não cabe pedido de inclusão retroativa no Simples Nacional a empresa que não observou os prazos para exercer este direito estabelecidos nas normas de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Maria de Lourdes Ramirez, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Ana de Barros Fernandes. Relatório A empresa recorre do Acórdão nº 0424.086/11 exarado pela Segunda Turma de Julgamento da DRJ em Campo Grande/MS, fls. 33 e 34, que manteve o indeferimento da Fl. 65DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 06/07/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 solicitação para ingresso no Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições – Simples Nacional, retroativo à data do início das atividades. Aproveito o relatório e votocondutor do aresto atacado para historiar os fatos: “Relatório A contribuinte acima qualificada requereu em 20 de agosto de 2009 (fls. 0104), sua opção retroativa ao Simples Nacional a partir de 23 de janeiro de 2008, data de sua constituição, tendo juntado os documentos de fls. 0516. A DRF/PFO indeferiu o pedido, conforme Despacho de 30/11/2009 (fls. 2021), argumentando que a contribuinte não fez a opção pelo Simples dentro do prazo estabelecido, conforme consulta ao histórico da empresa no Portal do Simples Nacional (fls. 19). Intimada dessa decisão em 09/12/2009 (fls. 22, 22v. e 23), a empresa apresentou impugnação em 05/01/2010 (fls. 2429) alegando que a decisão não analisou objetivamente nenhum dos pressupostos que sustentam seu pedido, invocou o princípio da boafé, declara que preenche todos os requisitos legais para o registro e que apenas não soube interpretar as necessidades formais impostas pelo regramento, no entanto, pagou em dia todos os valores devidos inerentes à sociedade inscrita no Simples, possuindo todos os requisitos materiais para a opção. Conclui que a Fazenda jamais a notificou de erro no recolhimento. Por fim, requer a regularização de sua situação fiscal e a inclusão no Simples Nacional a partir do início de suas atividades. [...] Voto A contribuinte protocolou em 20 de agosto de 2009 opção retroativa no Simples Nacional, a partir de sua constituição em 23 de janeiro de 2008, que foi indeferida pela DRF de Passo Fundo (RS), conforme Despacho de 30/09/2009 (fls. 2021), tendo em vista que o pedido foi feito a destempo, bem como a interessada não demonstrou que tenha feito a opção e por alguma falha no sistema a mesma não tenha sido processada. Em sua impugnação, a contribuinte pleiteia a aplicação do princípio da boafé; aduz que vem recolhendo os tributos pelo Simples Nacional e sua atitude não causou nenhum prejuízo ao erário público. A Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, que dispõe sobre o Simples Nacional, estabelece no § 1° do artigo 16 que a opção ao Simples Nacional ocorrerá até o último dia útil do mês de janeiro de cada ano, produzindo efeitos a partir do dia 1o de janeiro do anocalendário de opção, ou do início de atividades quando iniciada em outro mês, nos termos da regulamentação baixada pelo Comitê Gestor (§ 3o). Consoante constou do bem lançado Despacho que indeferiu o pedido (fls. 20v.), o prazo foi definido pelo § 3o do artigo 7º da Resolução CGSN n° 4, de 30 de maio de 2007, e era de dez dias contados da deferimento da última inscrição (Estadual ou Municipal), desde que dentro de 180 dias da data de abertura da empresa constante do CNPJ (§ 6o do art. 7o da Resolução CGSN n° 4/2007). [...] No caso, a contribuinte fez o pedido de opção em 20 de agosto de 2009 (fls. 01), retroativa a 23 de janeiro de 2008, quando já decorrera há muito tempo o prazo para opção, matéria, aliás, que não chegou a discutir. Por outra, inaplicável o princípio da Fl. 66DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 06/07/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11030.001412/200972 Acórdão n.º 180101.063 S1TE01 Fl. 66 3 boafé, vez que cabe à autoridade administrativa tãosomente aplicar a legislação de ofício; sendo irrelevante, na espécie, o fato de ter recolhido seus tributos pelo Simples.” Tempestivamente, a empresa interpôs o Recurso reprisando os argumentos da defesa inicial e pugnando pela nulidade da decisão administrativa de primeira instância por ausência de “...fundamentação sobre os dispositivos legais que autorizam o direito pleiteado pela Recorrente, quais sejam, artigos 3º, §10º da Lei 123/06, 108, incisos I e II, do Código Tributário Nacional e 37. caput, e 150, inciso II, da Constituição Federal.” É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. Afasto, de plano, a arguição de nulidade do acórdão de primeira instância por ter sido exarado sem fundamentação. Consoante podese verificar do relatório, aquela turma julgadora expôs detalhadamente à recorrente que há prazos estabelecidos em normas tributárias vigentes, na própria Lei Complementar nº 123/06, para as microempresas e empresas de pequeno porte fazerem sua opção pelo regime Simples Nacional. Os artigos invocados pela recorrente para amparar direito que entende deter não se aplicam à situação fática, ou seja, não se aplicam a não observância e perda inconteste de prazo para exercer o direito de optar pelo Simples Nacional. E a turma julgadora administrativa não necessita esgotar todos os argumentos expostos em defesa, estando coagida, no entanto a fundamentar as razões de decidir. No presente caso, o acórdão contém a fundamentação necessária, legal e fática, para a recorrente compreender o porquê da deliberação pelo indeferimento de seu pedido de ingresso no Simples Nacional de forma retroativa, passado mais de um ano da constituição da empresa. Afasto, pois, as argüições preliminares de nulidade do acórdão de primeira instância. No que concerne ao mérito, adoto as bem fundamentadas razões de decidir da primeira instância. A Lei Complementar nº 123/06, instituidora do Regime Especial Unificado – Simples Nacional, tratou dos aspectos para os contribuintes aderirem ao regime de tributação diferenciado e favorecido. Delegou ao Comitê Gestor do Simples Nacional estabelecer os liames e requisitos de observação cogente, abrangendo os prazos para os contribuintes exercerem formalmente a opção. A opção tácita não é admitida. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 06/07/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 A recorrente não explica a razão de não haver observado os ditames da Lei Complementar e não ter optado nos prazos legais estabelecidos, mas limitase a argüir que efetuou os recolhimentos como se estivesse no regime Simples Nacional. Mas, é princípio comezinho do Direito que a ignorância da lei não pode socorrer os incautos. Mormente em se tratando de Direito Tributário e, com mais razão, em se tratando de normas concernentes a favores fiscais. O pedido de opção pelo Simples Nacional efetuado em 20 de agosto de 2009, para incluir a empresa no regime desde janeiro de 2008, por ter sido realizado em um lapso maior de 180 dias da abertura da empresa, ou por haver passado mais de trinta dias da obtenção da última inscrição federal, estadual ou municipal, é inviável juridicamente por ausência de previsão legal. A Lei Complementar nº 123/06, em seu artigo 2º, §6º, repito, delegou ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) disciplinar sobre esta matéria (opção pelo regime) dentre outras: Art. 2º O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 1º desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas: I Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e [...] § 6º Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta Lei Complementar. E assim dispõe a Resolução CGSN nº 04/07, em seu artigo 7º, ao estabelecer os prazos de observância obrigatória: DA OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. [...] § 3º No caso de início de atividade da ME ou EPP no ano calendário da opção, deverá ser observado o seguinte: I a ME ou a EPP, após efetuar a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), bem como obter a sua inscrição municipal e estadual, caso exigíveis, terá o prazo de até 30 (trinta) dias, contados do último deferimento de inscrição, para efetuar a opção pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Resolução CGSN nº 41, de 1º de setembro Fl. 68DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 06/07/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11030.001412/200972 Acórdão n.º 180101.063 S1TE01 Fl. 67 5 de 2008) ) (Vide art. 2º da Resolução CGSN nº 41, de 1º de setembro de 2008) [...] § 6° A ME ou a EPP não poderá efetuar a opção pelo Simples Nacional na condição de empresa em início de atividade depois de decorridos 180 (cento e oitenta) dias da data de abertura constante do CNPJ, observados os demais requisitos previstos no inciso I do § 3° deste artigo. (Redação dada pela Resolução CGSN n° 29, de 21 de janeiro de 2008) (grifos não pertencem ao original) Os pagamentos efetuados pela recorrente pelo Simples Nacional, sem haver optado por este regime formalmente, somente tem o condão de serem aproveitados em futura compensação com os débitos de tributos e contribuições apurados consoante o regime do Lucro Real Trimestral, Lucro Real Anual ou ainda Lucro Presumido, nos termos do artigo 32, §2º, da retro mencionada Lei Complementar. A compensação ou restituição dos valores deverá ser pleiteada consoante o disposto no artigo 21, §§ 5º ao 14, do mesmo diploma legal, e regras estipuladas pelo CGSN. Observo, por fim, que as autoridades administrativas tributárias, incluindo as de julgamento, estão adstritas à observância das normas vigentes, estritamente, sob pena de responsabilidade funcional. Não pode a seu critério, fugir às disposições legais para atender às contestações dos contribuintes, ainda que tenham agido por boa fé, desconhecimento de normas ou qualquer outro aspecto subjetivo. Destarte, por não se submeter às normas tributárias específicas e concernentes ao Simples Nacional, deve ser indeferido o pedido da recorrente de inclusão retroativa ao Simples Nacional. Voto, em preliminar, em afastar a nulidade suscitada pela recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 69DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 06/07/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10280.003547/2004-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF
Ano-calendário: 2004
Ementa:
IRRF. COMPENSAÇÃO. PERDCOMP. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS DECISÃO DE NÃO HOMOLOGAÇÃO. A PERDCOMP deve apontar créditos existentes no momento da sua apresentação, e a homologação ou não da compensação decorre, dentre outros aspectos, da verificação da existência ou não de tais créditos. Posterior apresentação de DCTF retificadora, da qual resulte crédito em favor do declarante, não enseja a revisão da decisão administrativa de não-homologação da PERDCOMP por inexistência dos créditos pleiteados.
Recurso negado
Numero da decisão: 2201-001.687
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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COMPENSAÇÃO. PERDCOMP. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS DECISÃO DE NÃO HOMOLOGAÇÃO. A PERDCOMP deve apontar créditos existentes no momento da sua apresentação, e a homologação ou não da compensação decorre, dentre outros aspectos, da verificação da existência ou não de tais créditos. Posterior apresentação de DCTF retificadora, da qual resulte crédito em favor do declarante, não enseja a revisão da decisão administrativa de nãohomologação da PERDCOMP por inexistência dos créditos pleiteados. Recurso negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Assinatura digital Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente Assinatura digital Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator EDITADO EM: 30/07/2012 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Participaram da sessão: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Pedro Paulo Pereira Barbosa (Relator), Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Rayana Alves de Oliveira França. Relatório ALBRAS – ALUMÍNIO BRASILEIRO S/A interpôs recurso voluntário contra acórdão da DRJBELÉM/PA (fls. 81) que indeferiu pedido de restituição/compensação de IRRF, no valor de R$ 31,89, formulado por meio de PERDCOMP, confirmando a decisão da Delegacia da Receita Federal de Belém – PA, que não homologou a compensação. O fundamento da Delegacia da Receita Federal em Belém – PA, consubstanciado no Parecer e Despacho Decisório de fls.18/21 foi o de que o pagamento apontado como tendo sido feito a maior foi integralmente utilizado para quitar outro débito. Segundo o referido parecer a restituição pleiteada referese a parte do pagamento de R$ 4.860,19, feito em 30/06/2004 e foi utilizado para liquidação de débito com código 0561 (fls. 10). A Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou, em síntese, que houve o alegado pagamento a maior, e referese a DCTF retificadora que teria alterado o valor do crédito liquidado por meio do DARF em que teria sido feito o pagamento a maior. A DRJBELÉM/PA indeferiu o pedido de compensação, confirmando a decisão da DRFBELÉM/PA, com base, em síntese, na consideração de que a requerente não logrou comprovar o alegado pagamento a maior. A Contribuinte tomou ciência da decisão de primeira instância em 19/07/2007 (fls. 84v) e, em 17/08/2007, interpôs o recurso voluntário de fls. 85/91, que ora se examina, e no qual reitera, em síntese, as alegações e argumentos da impugnação e, por fim, formula pedido nos seguintes termos: Ante o exposto, requer a postulante: seja integralmente provido o presente Recurso Voluntário, para o fim de ser prontamente reformada a decisão constante do mesmo, fundada no despacho decisório contido no Parecer SEORT/DRF/BEL N° 323/2006, afastandose as glosas das compensações de IRRF recolhido a maior em 30 de junho de 2004 com o IRRF da 2ª semana do mês de setembro de 2004, e seja procedida perícia, com indicação de assistente técnico para formulação de quesitos a fim de se confirmar e aferir a utilização do crédito compensado no valor de R$ 11,44 (onze reais e quarenta e quatro centavos) para compensação com débito de IRRF, no código 320801, período de apuração da 4ª semana de fevereiro de 2004, desde já indicando como Assistente Técnico, o Sr. Sebastião José Rosa, inscrito no CRC/RJ, sob o n° 039332/04, residente e domiciliado na cidade de Barcarena/PA, sito na Tv. Lino José Gomes, 223, CEP 68447000 por ser esta medida de pleno Direito. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10280.003547/200453 Acórdão n.º 220101.687 S2C2T1 Fl. 2 3 É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Fundamentação Como se colhe do relatório, cuidase de pedido de restituição/compensação. A Contribuinte afirmou inicialmente que houve pagamento a maior e, segundo a autoridade administrativa, o suposto crédito não existe posto que o pagamento apontado foi integralmente utilizado. Vem a Contribuinte, então, e apresenta DCTF retificadora, alterando o valor do débito a que o pagamento estava vinculado. Ora, o pedido de restituição/compensação por meio de PERDCOMP é procedimento pelo qual os contribuinte, por sua própria conta, indicam créditos referentes a pagamentos feitos a maior ou indevidamente, ou outro tipo de situação que implique em créditos, para que estes sejam utilizados para liquidação de determinados débitos. Cabe à autoridade administrativa homologar ou não esta compensação. Portanto, o crédito pleiteado deve existir no momento da apresentação da PERDCOMP. Se neste momento, conforme expôs a autoridade administrativa, o crédito apontado não existia porque o pagamento fora integralmente utilizado, não havia direito creditório a ser homologado. Neste caso a DCTF foi retificada em 30/11/2006 (fls. 90), após a apreciação, pela autoridade administrativa, do pedido de compensação, conforme despacho decisório de fls. 33. A retificação da DCTF posteriormente não tem o condão de alterar este fato, mormente quando esta retificação é feita após a apreciação e não homologação da DCOMP. Até porque, caberia à autoridade administrativa examinar o processamento da DCTF retificadora para verificar a existência ou não do crédito pleiteado. Notese que o que se aprecia neste processo é a homologação ou não da compensação pleiteada via PERDCOMP e, no momento da apresentação da DCOMP, não havia crédito/compensação a se homologar. Conclusão Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de negar provimento ao recurso. Assinatura digital Fl. 113DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 114DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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