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Numero do processo: 13736.000085/2008-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LEI Nº 8.852/94. SÚMULA CARF Nº 68.
A Lei nº 8.852, de 1994, não outorga isenção nem enumera hipóteses de não incidência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2101-001.638
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LEI Nº 8.852/94. SÚMULA CARF Nº 68. A Lei nº 8.852, de 1994, não outorga isenção nem enumera hipóteses de não incidência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Raimundo Tosta Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão nº 1319.588 (fl. 29), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, e manteve a exigência Fl. 45DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 31/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 2 do imposto suplementar, no valor de R$699,12, conforme Descrição dos Fatos e Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido às fls. 05/06, que incluiu para tributação rendimento excluído pelo contribuinte, em face do conceito de remuneração estampado na Lei nº 8.852/94. A decisão recorrida possui a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício:2004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS As exclusões do conceito de remuneração, estabelecidas na Lei n° 8.852/94, não são hipóteses de isenção ou não incidência de IRPF, que requerem, pelo Principio da Estrita Legalidade em matéria tributária, disposição legal federal especifica. Lançamento Procedente Em seu apelo ao CARF o recorrente reafirma que os rendimentos lançados correspondem a adicional por tempo de serviço e compensação orgânica, que possuem natureza não tributável, nos termos do art. 1o, inciso III, alíneas “d” e “n”, da Lei no 8.852, de 04 de fevereiro de 1994. É o relatório. Voto Conselheiro JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Relator O recurso atende os requisitos de admissibilidade. Inicialmente, verificase que o litígio persiste pela inconformidade do recorrente quanto ao entendimento explicitado na recorrida em relação à tributação dos rendimentos por ele excluídos da incidência tributária. Com efeito, a diferença incluída para tributação pela fiscalização corresponde a rendimentos considerados nãotributáveis pelo contribuinte, nos termos das alíneas “d” e “n”, do inciso III, do art. 1o da Lei nº 8.852, de 1994: Art. 1º Para os efeitos desta Lei, a retribuição pecuniária devida na administração pública direta, indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da União compreende: I como vencimento básico: a) a retribuição a que se refere o art. 40 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, devida pelo efetivo exercício do cargo, para os servidores civis por ela regidos; (Vide Lei nº 9.367, de 1996) b) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.21510, de 31.8.2001) c) o salário básico estipulado em planos ou tabelas de retribuição ou nos contratos de trabalho, convenções, acordos Fl. 46DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 31/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 13736.000085/200839 Acórdão n.º 210101.638 S2C1T1 Fl. 2 3 ou dissídios coletivos, para os empregados de empresas públicas, de sociedades de economia mista, de suas subsidiárias, controladas ou coligadas, ou de quaisquer empresas ou entidades de cujo capital ou patrimônio o poder público tenha o controle direto ou indireto, inclusive em virtude de incorporação ao patrimônio público; II como vencimentos, a soma do vencimento básico com as vantagens permanentes relativas ao cargo, emprego, posto ou graduação; III como remuneração, a soma dos vencimentos com os adicionais de caráter individual e demais vantagens, nestas compreendidas as relativas à natureza ou ao local de trabalho e a prevista no art. 62 da Lei nº 8.112, de 1990, ou outra paga sob o mesmo fundamento, sendo excluídas: (...) d) gratificação de compensação orgânica, a que se refere o art. 18 da Lei n° 8.237, de 1991; (...) n) adicional por tempo de serviço; (...) Em suma, o recorrente apresentou declaração retificadora por entender que não incide o imposto de renda sobre a compensação orgânica e o adicional por tempo de serviço, excluídos que foram do conceito de remuneração pela Lei nº 8.852, de 1994. Entretanto, essa lei não trata de hipóteses de isenção ou de não incidência de imposto de renda, servindo apenas ao propósito de fixar os limites de remuneração dos servidores públicos, nos termos dos artigos 37, incisos XI e XII, e 39, § 1º, da Constituição Federal. Assim, as verbas recebidas pelo recorrente encontramse incluídas no rol dos rendimentos tributáveis, entre aqueles elencados no artigo 3º, §1°, da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Ademais, o § 4º do mesmo artigo dispõe que: § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Esse entendimento já está consolidado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais com a publicação da Súmula CARF n° 68: Súmula CARF nº 68: A Lei nº 8.852, de 1994, não outorga isenção nem enumera hipóteses de não incidência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Em face ao exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Fl. 47DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 31/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 4 José Raimundo Tosta Santos Fl. 48DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 31/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10825.000163/2002-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 29 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONFISSÃO DE DÍVIDA - O pedido de parcelamento constitui confissão,
irretratável, de dívida e traduz-se na concordância do sujeito
passivo com a exigência fiscal, implicando na extinção do litígio
administrativo.
Numero da decisão: 3201-000.887
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário.
Matéria: DCTF_PIS - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (PIS)
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani, Marcelo Ribeiro Nogueira, Adriana Oliveira e Ribeiro e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausências justificadas de Judith do Amaral Marcondes Armando e Daniel Mariz Gudiño. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 0/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Contra o interessado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 14/26, exigindo lhe crédito tributário referente à contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, no montante de R$ 361.721,01. Por meio de auditoria interna realizada nas Declarações de Tributos e Contribuições Federais (DCTF) do 1º ao 4º trimestres de 1998, constatouse que os créditos financeiros informados e vinculados à contribuição declarada, para os períodos de apuração janeiro a dezembro de 1998, não foram confirmados, ou seja, os pagamentos e/ ou compensações informadas não foram localizadas, o que deu ensejo à lavratura do auto de infração para exigência das contribuições para o PIS no valor de R$ 152.789,43, juros de mora calculados até 31/10/2001 no valor de R$ 94.339,51, e multa proporcional – R$ 114.592,07. Cientificada do lançamento, o interessado o impugnou alegando, em síntese: a) preliminar, a nulidade do auto de infração por ter sido lavrado fora do seu estabelecimento, contrariando o disposto no Decreto nº 70.235, de 1972, art. 10, II; e, b) no mérito, que as parcelas lançadas e exigidas foram compensadas por ela com crédito financeiro resultante de recolhimento a maior, a título de contribuição para o PIS, nos termos dos Decretoslei nº 2.445 e nº 2.449, ambos de 1988. Discorreu, ainda, sobre a instituição da contribuição para o PIS por meio da Lei Complementar nº 7, de 1970, a alteração de sua sistemática de apuração e pagamento por meio daqueles decretoslei, o seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a dispensa da constituição de crédito tributário com fundamento neles, o princípio de legalidade e sobre compensação, concluindo que em face da inconstitucionalidade daqueles diplomas, reconhecida pelo STF, tem direito a compensar os valores que recolheu por força dos referidos decretoslei, com débitos fiscais vencidos e vincendos. O processo foi encaminhado a DRJ em Ribeirão Preto, a qual, por meio da Resolução nº 782, de 12/02/2006, fls. 80/82, com base no Parecer PGFN/CRJ/nº 2.143/2006, de 30/10/2006, reconheceu que “os indébitos pretendidos pela interessada e utilizados por ela na compensação dos débitos fiscais, objeto do lançamento contestado, deverão ser apurados levandose em conta a semestralidade dessa contribuição e a decadência do direito de ela repetílos/compensálos na data da primeira compensação efetuada por ela”. Assim, o julgamento foi convertido em diligência, retornando os autos a DRF de origem, para que, contado o prazo decadencial nos termos do CTN, art. 168, I, em relação à data da primeira compensação, em 13/02/1998, e aceita a semestralidade da base de cálculo do PIS, nos termos da LC nº 7, de 1970, elabore demonstrativo, apurando, mês a mês, os indébitos resultantes de recolhimentos a maior da contribuição para o PIS, efetuados a partir de 13/02/1993, nos termos dos indigitados Decretoslei nº 2.445 e nº 2.449, ambos de 1988, em relação à contribuição devida nos termos da LC nº 7, de 1970, e nº 17, de 1975, bem como o montante, a valores de 13/02/1998, data da primeira compensação, cientificando o interessado dos valores apurados Fl. 290DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 0/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10825.000163/200212 Acórdão n.º 3201000.887 S3C2T1 Fl. 2 3 e reabrindolhe prazo para manifestarse a respeito, complementando a impugnação original, se assim o desejar. A DRF em Baurú, conforme despacho de fls. 179/180, informa que o mesmo assunto – cálculo do crédito tributário do interessado, nos termos do solicitado na Resolução da DRJ – é tratado neste processo, para recolhimentos a partir de 13/02/1993, e no processo nº 10825.000164/2002 67, para recolhimentos a partir de 15/09/1992. Assim, a DRF efetuou os cálculos, considerando para este processo, os recolhimentos efetuados a partir de 13/02/1993, e para o outro processo, os recolhimentos efetuados no período de 15/09/1992 a 12/02/1993, chegando aos seguintes valores de crédito, base janeiro de 1996: Processo nº Data dos recolhimentos Valor crédito em jan/96 10825.000164/200267 15/9/92 a 12/2/92(*) R$ 17.053,22 (**) 10825.000163/200212 13/2/93 a 15/3/96 R$ 127.049,34 (*) fl. 76 do referido processo. (**) fl. 87 do referido processo. Cientificado o interessado, este apresentou complemento à impugnação onde contesta a utilização, nos cálculos efetuados pela DRF em Bauru, da prescrição qüinqüenal dos créditos por ele utilizados na compensação. Alega que, para tributos sujeitos ao lançamento por homologação, com base no disposto no art. 150, § 4º, do CTN, a prescrição só ocorre após cinco anos contados da homologação tácita do lançamento, ou seja, somente após dez anos contados da data do pagamento.” O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/RPO no 1420.464, de 15/09/2008, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PERÍODO DE APURAÇÃO: 31/01/1998 a 31/12/1998 NULIDADE DO LANÇAMENTO. LOCAL DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. Não enseja nulidade do lançamento a lavratura do Auto de Infração fora do estabelecimento do contribuinte. O local da verificação da falta está vinculado à jurisdição e à competência da autoridade, sendo irrelevante o local físico da lavratura do auto. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. O direito de pleitear a restituição/compensação extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário, assim entendido o pagamento antecipado, nos casos de lançamento por homologação. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 0/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO Comprovada a liquidez e certeza do crédito tributário, o mesmo é passível de restituição e/ ou compensação nos termos das normas vigentes à época. Lançamento Improcedente” O julgamento foi no sentido que inexistindo débitos do PIS, após a compensação com o crédito apurado neste processo, o voto foi pela improcedência do lançamento, observandose que o crédito remanescente do interessado – R$ 32.299,10, foi utilizado para compensações no processo nº 10825.000164/200267. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. A empresa solicita desistência do recurso voluntário administrativo (datado em 29/08/2011), por conta do pagamento/parcelamento instituído pela Lei de n° 11.941/2009 (fls. 256/257). O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o relatório. Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim Primeiramente, devo ressaltar o teor da petição acostada pela empresa, após a juntada do Recurso Voluntário, pela qual solicita a desistência do respectivo recurso em função de sua adesão ao pagamento/parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009. Como é cediço, o pedido de parcelamento importa em confissão irretratável e configura confissão extrajudicial, nos termos dos artigos 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil. De toda sorte, o Regimento Interno dos Conselhos Administrativo Fiscal (Portaria nº 256/2009), no § 2º, do artigo 78, é claro ao dispor, que o pedido de parcelamento, e, a confissão irretratável da dívida, importa na desistência do recurso: “Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. (...) § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso.” Fl. 292DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 0/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10825.000163/200212 Acórdão n.º 3201000.887 S3C2T1 Fl. 3 5 Ora, considerando que o parcelamento da dívida se traduz na concordância do sujeito passivo com a exigência fiscal, não existe mais litígio administrativo e, por isso, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 293DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 0/04/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 11634.001087/2010-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Exercício: 2005, 2006
Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A ausência da
expedição do Mandado de Procedimento Fiscal MPF não é suficiente para gerar nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal, por se tratar de procedimento formal, que não causou prejuízos ao contribuinte, além de não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do artigo 59 do Decreto 70.235/72.
OMISSÃO DE RECEITAS PASSIVO FICTÍCIO. Quando o contribuinte
consegue comprovar, por documentos hábeis e idôneos, a existência de passivo, deve ser afastada a omissão de receitas pautada em passivo fictício.
ISENÇÃO CONDICIONADA. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES.
CAUSA DE SUSPENSÃO DA ISENÇÃO. Deve ser suspensa a isenção
condicionada de entidade que deixa de aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos e que não mantém escrituração em livros revestidos das formalidades exigidas em lei.
DESPESAS. FALTA DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS LEGAIS.
INDEDUTIBILIDADE.
Não são dedutíveis as despesas não necessárias às atividades e fins sociais da entidade, bem como aquelas que não estão intrinsecamente ligadas às referidas atividades; e ainda, as que não estejam devidamente comprovadas por documentos hábeis e idôneos.
Numero da decisão: 1202-000.845
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, também por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: GERALDO VALENTIM NETO
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INEXISTÊNCIA. A ausência da expedição do Mandado de Procedimento Fiscal MPF não é suficiente para gerar nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal, por se tratar de procedimento formal, que não causou prejuízos ao contribuinte, além de não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do artigo 59 do Decreto 70.235/72. OMISSÃO DE RECEITAS PASSIVO FICTÍCIO. Quando o contribuinte consegue comprovar, por documentos hábeis e idôneos, a existência de passivo, deve ser afastada a omissão de receitas pautada em passivo fictício. ISENÇÃO CONDICIONADA. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES. CAUSA DE SUSPENSÃO DA ISENÇÃO. Deve ser suspensa a isenção condicionada de entidade que deixa de aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos e que não mantém escrituração em livros revestidos das formalidades exigidas em lei. DESPESAS. FALTA DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS LEGAIS. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis as despesas não necessárias às atividades e fins sociais da entidade, bem como aquelas que não estão intrinsecamente ligadas às referidas atividades; e ainda, as que não estejam devidamente comprovadas por documentos hábeis e idôneos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, também por unanimidade de Fl. 2994DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 2.995 2 votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho,Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório Tratase de Autos de Infração (fls. 2649/2684) consubstanciados em lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, em decorrência da Suspensão de Isenção Tributária da Recorrente nos anoscalendário de 2005 e 2006, bem como da apuração das seguintes infrações: (i) Glosa de despesas operacionais não necessárias e não usuais à atividade da empresa, como também de despesas sem a devida comprovação documental; (ii) Omissão de receitas caracterizada por Passivo Fictício e por Superveniências Ativas. Ademais, também integraram o presente processo os lançamentos de PIS (fls. 2685/2692) e COFINS (fls. 2692/2700), não decorrentes do lançamento de IRPJ, no regime não cumulativo, tendo em vista a Suspensão da Isenção Tributária do sujeito passivo. Assim, os lançamentos de PIS e COFINS não decorrentes do IRPJ deveriam ter sido formalizados em processo distinto. Dessa forma, o julgador de primeira instância requisitou que o presente processo retornasse ao órgão de origem para o fim de serem apartados, em processo distinto, referidos valores de PIS e de COFINS não decorrentes da exigência do IRPJ. Portanto, restaram consubstanciados no presente processo os lançamentos de IRPJ e seus reflexos, somado a multa e juros. A notificação fiscal de Suspensão de Isenção Tributária (fls. 01/17) decorreu da apuração de supostas infrações na legislação de regência, quais sejam: (i) Frequentes transações comerciais com a empresa da qual são sócios os diretores da entidade fiscalizada: Nesse ponto, a Fiscalização esclarece que a Recorrente teria alienado um imóvel para a empresa SOLO pelo valor de R$ 680.000,00 a serem recebidos/pagos em 34 vezes de R$ 20.000,00. O imóvel alienado teria sido arrendado em seguida pela própria vendedora, na condição de arrendatária, que pagava à compradora um arrendamento mensal de igual valor das parcelas da venda; Fl. 2995DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 2.996 3 (ii) Apresentação de escrituração confusa, em razão de registrar várias transações através de lançamentos contábeis baseada no método das partidas dobradas, denominadas de quarta fórmula. Ou seja, várias contas devedoras correspondem a várias contas credoras, aliado ao fato da impossibilidade de indicar com clareza e precisão a contrapartida, bem como de identificar as origens/fatos que ensejaram a proceder alguns dos lançamentos efetuados desta forma, conforme a seguir relatado; (iii) Percepção de forma sistemática de receitas estranhas ao objeto da entidade, realizando atividades próprias de empresas prestadoras de serviços comerciais, com fins lucrativos; (iv) Aquisição de veículo de luxo estranho ao objeto da entidade: A recorrente teria adquirido um veículo BMW X5, no valor de R$ 166.187,43, através de leasing, junto ao Banco Bradesco S/A. Contra a Notificação Fiscal de Suspensão de Isenção Tributária, a Recorrente apresentou a competente Impugnação, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: (i) Inicialmente faz um histórico da empresa e seu funcionamento, reputando a como uma associação sem fins lucrativos, que oferece a seus associados a possibilidade do desfrute de esporte, lazer e recreação, através da utilização de sua rede hoteleira; (ii) Sustenta a nulidade dos procedimentos fiscais por ausência de MPF Mandado de Procedimento Fiscal; (iii) Busca mostrar que o pagamento realizado pela SOLO em 27/11/2006 no valor de R$ 20.000,00 referese à quitação de parcelas de vários arrendamentos de outros imóveis, e não daquele objeto da compra e venda aqui tratado. Argumenta que para a constatação da veracidade de tais fatos bastaria uma diligência dos Auditores aos locais, para verificarem as características de cada imóvel e sua forma de utilização; (iv) Afirma que a utilização, por parte da empresa, da 4ª fórmula de contabilização, pelo método das partidas dobradas, que implica na utilização de várias contas de Débito e várias contas a Crédito no lançamento contábil, está correta e amparada na legislação vigente; (v) Questiona se a aquisição de um único veículo de R$ 166.000,00, em financiamento de longo prazo, para o trabalho da diretoria da associação, poderia ser citado como uma das razões para suspenderlhe a isenção. Questiona, ainda, onde consta vedado em lei a referida compra e manifesta não ser razoável tal vedação. (vi) Não obstante a Impugnação apresentada pela Recorrente foi emitido o Ato Declaratório Executivo n° 064, de 15 de outubro de 2010 (fls. 2510), o qual também foi objeto de Impugnação. Em referida peça impugnatória a Recorrente utilizou os mesmos fundamentos anteriormente apresentados. Em decorrência do Ato Declaratório Executivo citado acima, a D. Fiscalização deu prosseguimento aos trabalhos e expediu o Termo de Intimação Fiscal (fls. 2584/2589), oportunidade em que a Recorrente foi intimada a apresentar vários documentos contábeis referentes aos anoscalendário de 2005 e 2006. A intimação foi atendida em parte e a Fl. 2996DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 2.997 4 D. Autoridade Fiscal passou à lavratura dos Autos de Infração (fls. 2649/2700), totalizando o montante de R$ 15.146.978,83 de crédito tributário lançado, incluindose multa e juros. A lavratura dos referidos Autos de Infração decorreu da apuração de supostas infrações, quais sejam: (i) Omissão de receita caracterizada pela manutenção no passivo de valores com exigibilidade sem comprovação – Passivo Fictício; (ii) Omissão de receita caracterizada por superveniência ativa; (iii) Glosa de despesas/custos apropriados por falta de comprovação; (iv) Glosa de despesas apropriadas em decorrência de aquisição/arrendamento de veículo não necessário para manutenção da atividade. Cientificada da lavratura dos Autos de Infração a Recorrente apresentou a competente Impugnação (fls. 2744/2791) pautada, nos seguintes fundamentos, retirados do relatório da decisão recorrida: “Quanto à presunção de omissão de receitas, caracterizada pela manutenção no passivo de exigibilidade sem comprovação, no valor de R$ 4.466.157,42: (i) que pelo extrato do REFIS juntado às fls. 27932794, verificase que o referido valor é exatamente o necessário para atualizar sua contabilidade aos exatos valores do extrato, sendo que junta também cópia do Razão da conta "2.2.1.01.004 — Parcelamento REFIS INSS", fls. 2792, para mostrar que o saldo final da dívida no extrato ficou igual o saldo final no Livro Razão; (ii) afirma que o Fisco não precisava de qualquer informação do contribuinte para confirmar ou contestar uma ocorrência em processo de Refis, parecendo deixar a entender que a Administração já deteria tais dados. Quanto à presunção de omissão de receitas, caracterizada por superveniências ativas, no valor de R$ 3.504.300,00: (i) alega que o Fisco desconsiderou interligações que existem entre os valores desta presunção com a apontada no item anterior, como por exemplo do valor de R$ 2.300.000,00, já que este e aqueles R$ 4.466.157,42 ocuparam posição Credora no lançamento contábil reproduzido as fls. 05; (ii) Destaca que os substantivos Superveniência e Insubsistência têm o objetivo de destacar, na gestação patrimonial, os componentes da variação patrimonial de natureza eventual ou esporádica dos normais. Entende, pois, que o registro de recebimento de diversos clientes, recebimento de cheques e crédito recebido, etc., são componentes de variações patrimoniais normais, jamais podendo ser considerados corno componentes de variação patrimonial eventual ou esporádica, fugindo completamente do conceito de Superveniência Ativa; (iii) Outrossim, argumenta ainda que as hipóteses de presunção de omissão de receitas estão elencadas nos incisos I a III, do art. 281 do RIR/99, sendo que qualquer outra situação que não se enquadre nos referidos incisos não pode ser objeto de tal presunção, como aqui discutida, já que carece de amparo legal. Quanto à glosa de despesas/custos apropriados, por falta de comprovação, num total de R$ 5.010.163,13 (...): (i) Inicia chamando a atenção para o fato de que a Fiscalização teria afirmado que a contabilidade da CANDEIAS é confusa, e também não é clara e precisa quanto identificação da contrapartida nos lançamentos contábeis, no entanto, ela foi utilizada para apurar os valores a tributar; (ii) No que Fl. 2997DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 2.998 5 diz respeito à glosa referente à conta ‘3.3.2.01.001 — Custos Operacionais’, no total de R$ 1.450.000,00, lança tãosomente a afirmação de que ‘Tributar o valor oriundo de uma transferência entre contas sem qualquer estudo mais aprofundado no sentido de verificar o motivo do lançamento e para que conta ou contas foi transferido, sabendose que a grande maioria destes lançamentos normalmente não tem qualquer reflexo tributário é demonstrar total desconhecimento’; (iii) À glosa referente a conta ‘3.7.1.03.002 — Provisões Atualização REFIS INSS’ no valor de R$ 2.300.000,00, em 2005, o interessado argumenta que a atualização na conta ‘2.2.1.01.004 — Parcelamento REFIS INSS’ no valor de R$ 4.466.157,42, já estaria sendo tributada como presunção de Omissão de Receita por Passivo Fictício, e como, dáse a entender, as contas se relacionam, estaria havendo tributação duas vezes; (iv) Concernente à conta ‘3.4.1.04.047 — Ajustes de Inventário’, no valor de R$1.260.163,13, alude o impugnante que referida conta não diz respeito a inventário de mercadorias, ‘mas, conforme os próprios históricos demonstram, são ajustes nas contas de cheques a receber, podendo ser resultado de créditos incobráveis, passíveis de dedução,...’ E, complementa a frente, que os lançamentos com o histórico Valor transferido para a conta — 4.110.001 — Lucro ou Prejuízo, ‘são decorrentes de um lançamento efetuado a maior e a Crédito da mesma conta, na mesma data e com o mesmo histórico, configurando apenas um lançamento de estorno, longe de se constituir em qualquer matéria tributável’. Quanto à glosa de despesas apropriadas em decorrência da aquisição/arrendamento de um veiculo BMW X5, considerando despesa não necessária e não usual, no valor de R$ 111.909,66: (i) No tocante a essa glosa, o impugnante reforça que não ha impedimento legal que proíba a entidade de adquirir veiculo como esse, objeto da controvérsia, para uso da diretoria do CANDEIAS, e, consequentemente não há na legislação restrição para a dedução das despesas de arrendamento do mesmo, que inclusive foi realizado em longo prazo. Quanto à tributação do PIS e da COFINS: (i) Afirma que possui cadastro no Ministério do Turismo, fazendo juntada de cópia dos certificados (fls. 27962806), portanto, com fulcro na Portaria Interministerial nº 33, de 03 de março de 2005, a fiscalizada, na pior das hipóteses, de ter a suspensão de sua isenção confirmada, teria sua tributação relativa ao PIS e COFINS calculada com base no regime cumulativo, e não no regime não cumulativo, como foi realizado pela Fiscalização. Quanto à apresentação de Declarações de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica, para os anoscalendário de 2005 e 2006: (i) A impugnante insurgese quanto à afirmação de que deixou de atender intimação para apresentação de DIPJ referente aos anoscalendário de 2005 e 2006, haja vista que a entidade já teria cumprido tal obrigação acessória nos prazos legais, conforme cópia anteriormente apresentada, consoante consta de fls. 18 a 28 do processo.” Os autos foram encaminhados para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba, a qual houver por bem julgar parcialmente procedente a Impugnação da Recorrente, nos seguintes termos da ementa abaixo transcrita: “Assunto: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006 ISENÇÃO CONDICIONADA. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES. SUSPENSÃO DA ISENÇÃO. Fl. 2998DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 2.999 6 Deve ser suspensa a isenção condicionada de pessoa jurídica que remunera seus dirigentes pelos serviços prestados, ainda que indiretamente; que deixa de aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos; que não mantém escrituração em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; e que não conserva em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, os documentos que deram assento à sua escrituração. MPF. NULIDADE. AUSÊNCIA. PRECEDENTES. MPF é mero instrumento de controle da administração fiscal, e eventual irregularidade na sua emissão ou complementação não invalida o procedimento fiscal e nem o lançamento dele decorrente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 IMPUGNAÇÃO. PRELIMINAR. RAZÕES COMPLEMENTARES. ANALISE. Na analise de razões complementares, de preliminar arguida em etapa processual anterior, não há necessidade do julgador delas falar expressamente, se no cerne são repetitivas em relação as já produzidas, não trazendo circunstancias novas relevantes. IMPUGNAÇÃO À SUSPENSÃO DE ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO À POSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO. A impugnação referente à suspensão de isenção não tem efeito suspensivo com relação aos efeitos do Ato Declaratório que decretou suspenso o favor fiscal, por expressa previsão contida no artigo 32, § 8º, da Lei 9.430/96. IRPJ. CSLL. SUSPENSÃO DA ISENÇÃO TRIBUTARIA. EFEITOS. Declarada em ato próprio, expedido pela autoridade administrativa competente, a suspensão da isenção tributária da entidade a coloca sob as mesmas regras de tributação aplicáveis as demais pessoas jurídicas. IRPJ. CSLL. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. PASSIVO FICTÍCIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Deve ser exonerado o Crédito Tributário correspondente a Presunção de Omissão de receitas, caracterizada por Passivo Fictício, quando fica provado nos autos que o referido passivo era existente e não fictício. IRPJ. CSLL. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. SUPERVENIÊNCIAS ATIVAS. NÃO OCORRÊNCIA. Reduções e baixas em contas do Ativo não caracterizam Superveniências Ativas, e sim Insuficiências Ativas. Estas, em principio, na lógica das convenções e princípios contábeis, bem como no sistema das partidas dobradas, não são fontes de Presunção de Omissão de Receitas. Podem dar azo a ocorrências de deduções (de despesas/custos/encargos) indevidas na base de cálculo do imposto, mas isto não consta dos autos e não foi fundamento jurídico para nenhuma parcela do lançamento, razão pela qual o Crédito Tributário relativo a esta parte deve ser exonerado. IRPJ. CSLL. DESPESAS. FALTA DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS LEGAIS. INDEDUTIBILIDADE. Fl. 2999DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.000 7 Não são dedutíveis as despesas não necessárias, não usuais, não normais às atividades e fins sociais da entidade, bem como aquelas que não estão intrinsecamente ligadas as referidas atividades; e ainda, as que não estejam devidamente comprovadas por documentos hábeis e idôneos. TRIBUTAÇÃO REFLEXA DE PIS COFINS CSLL. Tratandose de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento principal aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido cm Parte.” Conforme se observa, a decisão supra exonerou parte do crédito tributário, tendo sido objeto de Recurso de Ofício pela DRJ/CTA. Inconformada com a decisão supra, a Recorrente interpôs o presente Recurso Voluntário, a fim de exonerar a parte do crédito tributário mantido pela decisão da DRJ/Curitiba. Os argumentos utilizados no presente recurso foram os mesmos apresentados na Impugnação, conforme anteriormente expostos. Oportunamente, os autos foram enviados a este Colegiado. Tendo sido designado relator do caso, requisitei a inclusão em pauta para julgamento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Geraldo Valentim Neto, Relator A decisão de primeira instância foi parcialmente favorável ao contribuinte, conforme Acórdão nº 0630.640 da 1ª Turma da DRJ/CTA, de fls. 2.861/2.926, que exonerou parte do crédito tributário consubstanciado nos Autos de Infração. Assim, com vistas à exoneração de parte do crédito tributário, recorreu a DRJ/CTA, via Recurso de Ofício, que recebo nos moldes da Portaria MF nº 3/2008 e do artigo 2º do Regimento interno do CARF, abaixo transcritos: “Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo’`. “Art. 2º À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: I Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); Fl. 3000DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.001 8 II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);” Ademais, contra a parte do crédito que restou mantida pela decisão da DRJ/CTA, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário. Passo primeiro à análise do Recurso de Ofício interposto pela DRJ/CTA. I – RECURSO DE OFÍCIO Primeiramente, a decisão recorrida afastou a presunção de omissão de receitas referente ao montante de R$ 4.466.157,42 lançado no passivo da Recorrida. A Recorrida alega que o passivo é existente, sendo que o lançamento contábil foi realizado para igualar numericamente o saldo de sua dívida no REFIS, constante dos sistemas da RFB, com o saldo de sua contabilidade que estava a menor. Tendo em vista esses fatos e tendo conseguido comprovar o alegado, a decisão recorrida desconsiderou como fictício o passivo da Recorrente e exonerou essa parte do lançamento (R$ 4.466.157,42). Após analisar todos os documentos apresentados pelo contribuinte principalmente as informações prestadas pela própria Receita Federal quanto à efetiva existência de dívida perante o Refis, concordo com a decisão recorrida e exonero o valor lançado a título de IRPJ no montante de R$ 4.466.157,42, mantendo os demais lançamentos. O próprio Conselho de Contribuintes já se manifestou inúmeras vezes no sentido de que, comprovada a existência do passivo, deve ser afastada a presunção de omissão de receitas. Vejamos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 1996. Ementa: PRELIMINAR NULIDADE DO LANÇAMENTO não ocorrendo a imputada desvinculação entre o fato que deu causa ao lançamento e a matéria tributável, há que se reconhecer a validade do lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS PASSIVO FICTÍCIO O passivo fictício (contabilização de obrigações inexistentes ou manutenção no passivo de obrigações já pagas) caracteriza presunção legal de omissão de receitas prevista no Decretolei nº 1.598/1977. Ao fisco basta provar o fato indício para que fique autorizado a presumir a omissão de receita. OMISSÃO DE RECEITAS PASSIVO FICTÍCIO Não subsiste a acusação baseada na existência de passivo que se imputava inexistente, em face à comprovação, por documentos hábeis e idôneos, de sua existência e de sua quitação no anocalendário seguinte ao tributado no lançamento. (Primeiro Conselho de Contribuintes. 1ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 10196273 do Processo 13807002177200104, Data: 09/08/2007). (não grifado no original) IRPJ E DECORRENTES PASSIVO FICTÍCIO Incabível a exigência relativamente à parcela das exigibilidades que o sujeito passivo logrou comprovar a real existência com documentação hábil e idônea, deixando de configurar o denominado passivo fictício. Recurso de ofício negado. (Primeiro Conselho de Contribuintes. 8ª Câmara. Turma Ordinária, Fl. 3001DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.002 9 Acórdão nº 10806092 do Processo 102800019559483, Data: 13/04/2000). (não grifado no original) A D. Autoridade Fiscal tinha considerado também como omissão de receitas os valores que resultaram em baixa/reduções no Ativo da Recorrida, considerandoos como “Superveniência Ativa”. Porém, conforme bem exposto pela decisão recorrida, o entendimento da D. Autoridade Fiscal encontrase totalmente equivocado. A justificativa da fiscalização para efetuar o lançamento pautado em omissão de receitas foi a seguinte: “Após se ter solicitado, também por várias vezes, a comprovação dos registros contábeis abaixo, constituídos de lançamentos a Crédito de várias contas de Ativo, reduzindo seus saldos, ao final o interessado não apresentou os comprovantes exigidos, razão pela qual tais valores lançados foram considerados Omissão de Receita caracterizada por ocorrência de superveniência ativa de origem não comprovada, em razão da baixa/redução sem comprovação em tais contas, levandoas a apresentar saldo final inferior ao real”. Entretanto, conforme bem exposto pelo julgador a quo, a “Superveniência Ativa provoca um acréscimo na situação líquida da entidade, comportandose como conta de receita, advinda de um acréscimo/aumento no Ativo, por incorporação de bens e direitos”. Sustenta ainda o I. Julgador que “o que, enfim, caracteriza a Superveniência Ativa é a incorporação no Ativo de um bem ou um direito que vem a mais, um ‘plus’, favorecendo diretamente a situação líquida da empresa, portanto caracterizandose como um ganho; e, como tal suscetível de tributação. Postas tais premissas, não consigo vislumbrar como BAIXAS/REDUÇÕES no Ativo possam resultar em Superveniências Ativas, se estas se caracterizam justamente pelo contrário, ou seja, ACRÉSCIMO/AUMENTO do Ativo”. Portanto, não há que se falar em “Superveniência Ativa” nesse caso, visto que ao invés de ter ocorrido um ganho para a Recorrida ocorreram, de fato, reduções. Ademais, mesmo que tivesse efetivamente ocorrido a “Superveniência Ativa”, esta não é hipótese de omissão de receitas, conforme dispõe o artigo 40 da Lei nº 9.430/96, in verbis: “Art. 40. A falta de escrituração de pagamentos efetuados pela pessoa jurídica, assim como a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada, caracterizam, também, omissão de receita.” Portanto, concordo com a decisão recorrida neste aspecto e confirmo o cancelamento do lançamento efetuado. Tendo em vista todo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício, mantendo a exoneração do crédito tributário nos valores de R$ 4.466.157,42 e R$ 3.504.300,45, nos termos da decisão da DRJ/CTA. Passo, então, à análise do recurso voluntário interposto pela então Recorrente. II – RECURSO VOLUNTÁRIO A) PRELIMINAR DE NULIDADE Fl. 3002DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.003 10 Preliminarmente, a Recorrente arguiu pela nulidade dos procedimentos fiscais por ausência de Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), especificamente por não ter tido acesso a referido Mandado desde o início da fiscalização. Ocorre que, ao contrário do alegado, a existência do MPF foi comunicada à Recorrente desde o início dos trabalhos, conforme se comprova do Termo de Início de Fiscalização (fls. 29). Ademais, foi dada oportunidade para a Recorrente se pronunciar em todos os atos exercidos pela fiscalização, tendo sido intimada diversas vezes para a apresentação de esclarecimentos, documentos, etc. Mesmo se considerássemos a inexistência de MPF, não seria motivo suficiente para ensejar a nulidade dos procedimentos, seja porque o MPF é um mero instrumento de controle das atividades da fiscalização, seja porque as causas de nulidade são aquelas previstas no artigo 59 do Decreto 70.235/72, in verbis: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.” Como já é de conhecimento, o artigo acima transcrito apresenta um rol taxativo de hipóteses de nulidade dos atos administrativos. Tendo em vista que a ausência de MPF não se encontra presente nesse rol não há que se falar em nulidade. A Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) já decidiu nesse mesmo sentido. Vejamos: “Recurso "ex officio" MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. O Mandado de Procedimento Fiscal instituído pela Port. SRF nº 1.265, de 22/11/99, é um instrumento de planejamento e controle das atividades de fiscalização, dispondo sobre a alocação da mãodeobra fiscal, segundo prioridades estabelecidas pelo órgão central. Não constitui ato essencial à validade do procedimento fiscal de sorte que a sua ausência ou falta da prorrogação do prazo nele fixado não retira a competência do auditor fiscal que é estabelecida em lei (art. 7° da Lei n° 2.354/54 c/c o Dec.lei n° 2.225, de 10/01/85) para fiscalizar e lavrar os competentes termos. A inobservância da mencionada portaria pode acarretar sanções disciplinares, mas não a nulidade dos atos por ele praticados em cumprimento ao disposto nos arts 950, 951 e 960 do RIR/94. 142 do Código Tributário Nacional (...) Recurso especial negado. (Câmara Superior de Recursos Fiscais. 1ª Turma, Acórdão nº 40105330 do Processo 13982001173200170, Data: 05/12/2005). (não grifado no original) Este também é o entendimento do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 1998. Ementa: ITR. NORMAS PROCESSUAIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FOSCAL. AUSÊNCIA. PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A ausência da expedição do Mandado de Procedimento Fiscal MPF não gera nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal, vez tratarse de mero elemento de controle administrativo, não causando, por si só, prejuízo à defesa do contribuinte. ITR. TERRAS SUBMERSAS. Não incide ITR sobre as terras submersas utilizadas como reservatórios para usinas hidrelétricas. ITR. ÁREAS Fl. 3003DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.004 11 CIRCUNDANTES DOS RESERVATÓRIOS PARA USINAS HIDRELÉTRICAS. As áreas que circundam os reservatórios e suas ilhas são áreas de preservação permanente, isentas de ITR. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (Terceiro Conselho de Contribuintes. 1ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 30133436 do Processo 13924000460200238, Data: 10/11/2006). (não grifado no original) Por tais razões, rejeito a preliminar de nulidade e passo à análise do mérito. B) MÉRITO B.1) SUSPENSÃO DA ISENÇÃO Conforme anteriormente relatado, a notificação fiscal de Suspensão de Isenção Tributária (fls. 01/17) decorreu da apuração de supostas infrações na legislação de regência, quais sejam: (i) Frequentes transações comerciais com a empresa da qual são sócios os diretores da entidade fiscalizada; (ii) Apresentação de escrituração confusa em razão de registrar várias transações através de lançamentos contábeis baseada no método das partidas dobradas denominada de quarta fórmula, ou seja, várias contas devedoras correspondem a várias contas credoras, aliado ao fato da impossibilidade de indicar com clareza e precisão a contrapartida, bem como de identificar as origens/fatos que ensejaram a proceder alguns dos lançamentos efetuados desta forma, conforme a seguir relatado; (iii) Percepção de forma sistemática de receitas estranhas ao objeto da entidade, realizando atividades próprias de empresas prestadoras de serviços comerciais, com fins lucrativos; (iv) Aquisição de veículo de luxo estranho ao objeto da entidade, na medida em que a Recorrente teria adquirido um veículo BMW X5, no valor de R$ 166.187,43, através de leasing, junto ao Banco Bradesco S/A. Inicialmente vale transcrever a legislação que dispõe sobre a concessão de isenção e os requisitos necessários para tanto. A lei nº 9.532/97 originalmente regula o gozo da imunidade tributária, especialmente no seu artigo 12, §2º. Porém, por previsão expressa do artigo 15, §3º do mesmo diploma legal os ditames da lei são aplicáveis também para os casos de isenção. Vejamos: “Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. Fl. 3004DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.005 12 § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (Vide Lei nº 10.637, de 2002) b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3° Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998). (não grifado no original)” “Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. Fl. 3005DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.006 13 § 2º Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. (não grifado no original)” Demonstradas as hipóteses que ensejam a perda da isenção, passamos a analisar inicialmente os motivos da emissão da notificação de suspensão da isenção da Recorrente. Segundo a D. Fiscalização, a Recorrente estaria remunerando indiretamente os seus dirigentes em face da venda de um imóvel para a empresa SOLO, que imediatamente teria sido arrendado do comprador para o vendedor. As importâncias pagas mensalmente pelo arrendamento seriam exatamente o mesmo valor das parcelas a serem pagas pela compra. Vale ressaltar que os sócios da SOLO são os dirigentes da Recorrente. A D. Fiscalização, por sua vez, por mais que não tenha conseguido comprovar que efetivamente foi firmado um contrato de arrendamento entre a Recorrente e a SOLO, apresentou elementos que permitiram ao I. Julgador a quo concluir que “pelo conjunto dos fatos mostrados nos autos e diante do quanto revelado pelos dados contábeis retro abordados, convençome de que o arrendamento do imóvel de CanelasRS foi, de fato, contratado nos termos aqui levantados, e, portanto, inclinome a aceitar os termos postos pelo Fisco”. Vejamos: “Dentro do que consigo inferir em face do relato fiscal, não há outro elemento que sustente o asseverado pelo Fisco, quanto à existência de arrendamento do imóvel analisado, a não ser a exata coincidência do valor de R$ 20.000,00 sendo contabilizado, no mesmo dia, em operação de pagamento da parcela de compra do imóvel e em operação de recebimento da receita de arrendamento. Não há necessariamente uma prova material da ocorrência de tal contratação de arrendamento, como por exemplo, existe para a contratação da compra e venda do imóvel, onde está presente cópia do contrato respectivo nos autos (fls. 412414). Pelo exposto, seria desejável que houvesse prova material irrefutável que o imóvel foi arrendado nos termos estatuídos pela Fiscalização, mas, em que pese a falta de tal elemento probatório, pelo conjunto dos fatos mostrados nos autos e diante do quanto revelado pelos dados contábeis retro abordados, convençome de que o arrendamento do imóvel de CanelasRS foi, de fato, contratado nos termos aqui levantados, e, portanto, inclinome a aceitar os termos postos pelo Fisco.” Ainda que possa ser argumentado que faltaram provas concretas, os demais indícios apresentados demonstram que de fato houve um arrendamento do imóvel, o que ensejaria a suspensão da isenção, nos termos da legislação aplicável. Ademais, com relação à apresentação de escrituração confusa concordo com a decisão recorrida, pois a Recorrente adotou como forma de escrituração os lançamentos de uma quarta fórmula em suas contabilidades, o que ocasionou grande dificuldade por parte da fiscalização para apurar os valores escriturados. Fl. 3006DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.007 14 Embora não seja proibida legalmente a utilização de 4ª fórmula nos lançamentos contábeis, quando utilizada esta precisa vir acompanhada de documentos que proporcionem um melhor entendimento da contabilização. Quando se trata de uma entidade beneficiada pela isenção a preocupação com as escriturações fiscais deve ser redobrada, visto que a concessão de isenção fica condicionada ao fiel cumprimento dos requisitos previstos em lei. Os autos demonstram que na contabilidade da Recorrente existem várias contas onde são debitados valores e outras tantas são creditadas simultaneamente, e em um único lançamento. Essa forma de escrituração utilizada pela Recorrente dificulta, em muito, a análise de sua contabilidade, principalmente ao analisarmos se todos os valores que ingressaram como receita foram utilizados em prol da entidade, se não houve lucro no período, entre tantas outras questões que devem ser analisadas para os casos de isenção. A Recorrente foi intimada diversas vezes para solucionar algumas questões encontradas pela D. Fiscalização mas em muitas delas não conseguiu comprovar o alegado, informando que certos livros teriam sido extraviados. Tendo em vista todo esse cenário, resta claro que a Recorrente não cumpriu com alguns dos requisitos impostos pela Lei nº 9.532/97, especificamente os dispostos nas alíneas “c” e “d” do §2º, do artigo 12, quais sejam: (i) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; (ii) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial. Ademais, quanto aos arquivos magnéticos a D. Fiscalização intimou a Recorrente a entregálos nos moldes previstos na legislação, validados pelo sistema certificado pela RFB, contendo relatórios/controles auxiliares, detalhando e individualizando os dados daquelas contas contábeis onde foram englobados valores de vários centro de imputação, como Fornecedores, Clientes, Bancos, etc. Porém, por várias vezes a Recorrente se limitou a entregar os mesmos arquivos magnéticos de sua contabilidade, não trazendo nenhuma informação adicional que demonstrasse claramente os valores escriturados em suas contas contábeis. Esse fato corrobora o entendimento de que a Recorrente não manteve escrituração completa de suas receitas e despesas, além de não ter conseguido demonstrálas à fiscalização quando intimada. Por fim, outro fato apontado pela D. Fiscalização que ensejaria a suspensão da imunidade seria o fato de a Recorrente ter comprado um automóvel de luxo, modelo BMW X5, o que teria demonstrado que os recursos da Recorrente estariam sendo aplicados fora da manutenção e desenvolvimento dos seus objetos sociais. Ora, nesse ponto não há como discordar da decisão recorrida. Não há como argumentar que o carro de luxo comprado pela Recorrente seria usado em prol da instituição. Não há necessidade de um carro desse porte para o desenvolvimento dos serviços prestados pela instituição, o que afronta o artigo 12, §2º, alínea “b” da Lei nº 9.532/97. Fl. 3007DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 11634.001087/201082 Acórdão n.º 1202000.845 S1C2T2 Fl. 3.008 15 Tendo em vista todo o acima exposto, mantenho o Ato Declaratório Executivo DRF/LON n° 064, de 15 de outubro de 2010, que suspendeu a isenção do contribuinte para os anoscalendário de 2005 e 2006. B.2) AUTO DE INFRAÇÃO Conforme anteriormente exposto, a decisão recorrida exonerou parte do crédito tributário referente à omissão de receitas que na realidade não ocorreram. Dos valores lançados sobraram aqueles referentes à glosa de despesas por falta de comprovação, no valor de R$ 1.849.837,24 e glosa de despesas não necessárias no valor de R$ 111.909,66. A glosa de despesas desnecessárias referese àquelas utilizadas para a compra do automóvel BMW X5, tendo sido confirmando anteriormente que referida despesa não condiz com os objetivos da Recorrente, não havendo dúvidas de que se trata de despesa desnecessária. Portanto, referidas despesas não reúnem os requisitos exigidos pela legislação tributária para serem dedutíveis do IRPJ e CSLL, devendo ser mantidas as devidas glosas. Em relação à glosa de despesas por falta de comprovação, as mesmas também devem prosperar, visto que a Recorrente, mesmo intimada, não conseguiu provar do que se tratavam referidas despesas. Quanto à multa de ofício aplicada no percentual de 75%, como a mesma não foi contestada pela Recorrente, tanto em sua Impugnação quanto no seu Recurso Voluntário, mantenho a aplicação. Tendo em vista todo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso de Ofício e quanto ao Recurso Voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso, mantendo, na integralidade, o teor da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. É como voto. (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Fl. 3008DF CARF MF Impresso em 31/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 30/08/201 2 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 17460.000135/2007-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/03/2001 a 31/08/2006
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Constitui falta passível de multa, deixar a
empresa de exibir à Fiscalização qualquer documento ou livros relacionados com as contribuições para a Seguridade Social.
APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com os artigos 62 e 72, § 4º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2 do antigo 2º CC, às instâncias
administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência..
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.521
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Matéria: Outras penalidades (ex.MULTAS DOI, etc)
Nome do relator: MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2001 a 31/08/2006 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Constitui falta passível de multa, deixar a empresa de exibir à Fiscalização qualquer documento ou livros relacionados com as contribuições para a Seguridade Social. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com os artigos 62 e 72, § 4º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2 do antigo 2º CC, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Marcelo Freitas de Souza Costa Relator Fl. 100DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Participaram do presente de julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire; Kleber Ferreira de Araújo; Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 17460.000135/200735 Acórdão n.º 2401002.521 S2C4T1 Fl. 96 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado contra o contribuinte acima identificado, com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.212/1991, no art. 32, inciso I, que consiste em a empresa deixar de exibir à Fiscalização qualquer documento ou livros relacionados com as contribuições para a Seguridade Social. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 46/49, a empresa deixou de apresentar à fiscalização, os seguintes documentos: Livros Diários relativos ao período de janeiro/2005 a agosto/2006; Contrato Social e suas alterações; Contratos de prestação de serviços com terceiros; Contrato realizado com cooperativa de trabalho; Arquivos Digitais da DIRF; Arquivos Digitais da DIRPJ / DIPJ; Relação de Imóveis integrantes do Ativo Imobilizado, com respectivos valores e cópia das escrituras; Contratos com terceiros relativos a comissões sobre vendas;.Arquivos Digitais da DIRF; Arquivos Digitais da DIRPJ 1 DIPJ; Livro de Inspeção do Trabalho; Informa ainda o RF que, consoante teor do Ofício DRT/9 n° 391/2005, de 27/12/2005, encaminhado pela Delegacia Regional Tributária de Araçatuba à Receita Previdenciária em Araçatuba (cópia fls. 59/69), a empresa Teones Laurindo Fernandes Plásticos teve sua inscrição estadual cassada em 25/02/2002, junto ao Posto Fiscal de Penápolis, com efeitos a partir de 10/11/2000, tendo em vista a sua constituição ser considerada fraudulenta, cuja atividade era uma extensão da empresa Pevi Comercial Ltda e cuja administração da nova empresa era exercida exclusivamente pelos titulares da Pevi Comercial Ltda., figurando o titular apenas como um mero "presta nome". Inconformada com a decisão de fls. 66 a 70 que julgou procedente a autuação, a empresa recorre à este conselho alegando em síntese: Aduz que, nas contribuições previdenciária o lançamento é por homologação, se não haviam empregados registrados na empresa naquela ocasião, evidente que não havia como registrar as contribuições. Afirma sem qualquer parâmetro, o fisco entendeu por bem em arbitrar uma multa exacerbada no valor de R$ 11.569,44 sendo esta escorchante e de caráter confiscatório. Que a multa exigida em percentual tão elevado agride o patrimônio do contribuinte, residindo aí sua natureza confiscatória, algo que é vedado e repudiado pelo sistema constitucional em vigor, até porque se a mesma prevalecer estará havendo, em boa verdade, séria restrição ao exercício de atividade profissional e do comércio, algo que, conforme é de todos sabido, é muitíssimo estimado pela Constituição Federal. Por fim, sustenta a impossibilidade de cumulação da taxa SELIC com juros de mora, citando jurisprudência acerca do assunto. Requer o provimento do recurso, julgando improcedente o lançamento. É o relatório. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Voto Conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa Relator O recurso é tempestivo e estão presentes os pressupostos de admissibilidade. Embora a recorrente afirme que no período do lançamento não haviam empregados registrados na empresa naquela ocasião, razão pela qual não havia como registrar as contribuições, temos que, conforme consta no relatório Fiscal, a presente autuação fora lavrada em nome da recorrente em face da empresa Teones Laurindo Fernandes Plástico em face a constatação de fraude. Vejamos o contido no Relatório: “...consoante teor do Ofício DRT/9 n° 391/2005, de 27/12/2005, encaminhado pela Delegacia Regional Tributária de Araçatuba à Receita Previdenciária em Araçatuba (cópia fls. 59/69), a empresa Teones Laurindo Fernandes Plásticos teve sua inscrição estadual cassada em 25/02/2002, junto ao Posto Fiscal de Penápolis, com efeitos a partir de 10/11/2000, tendo em vista a sua constituição ser considerada fraudulenta, cuja atividade era uma extensão da empresa Pevi Comercial Ltda e cuja administração da nova empresa era exercida exclusivamente pelos titulares da Pevi Comercial Ltda., figurando o titular apenas como um mero "presta nome" Tal fato, em nenhum momento fora questionado pela recorrente, seja na defesa de primeira instância, seja no recurso ora sob análise, o que implica em aceitação tácita da imputação à ela feita pela fiscalização. Sobre as manifestações acerca da do caráter confiscatório da multa e de que deva ser afastada a incidência de Juros e a Multa SELIC cumulativamente por ser ilegal e inconstitucional, cumpre esclarecer que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade e legalidade de normas legais. Sobre este aspecto, além das razões já expostas na decisão de primeira instância, temos que vários dispositivos legais vedam a análise do julgador administrativo para se manifestar acerca do assunto. Dentre eles temos o art. 62 da Portaria MF 256/2009, a Súmula 02 do então Segundo Conselhos de Contribuintes, o art. 72 § 4º do Regimento Interno do CARF e o art. 102, I da Constituição Federal: Portaria 256/2009 “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: Fl. 103DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 17460.000135/200735 Acórdão n.º 2401002.521 S2C4T1 Fl. 97 5 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.” Sumula nº 02 “O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária.” Constituição Federal “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...]” Sendo assim, as alegações acerca de inconstitucionalidades e ilegalidades não serão objeto de apreciação por esta turma de julgamento. Ante ao exposto, Voto no sentido de Conhecer do Recurso, e no mérito Negarlhe provimento. Marcelo Freitas de Souza Costa Fl. 104DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10675.000279/2004-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1999
Ementa: PAF. INTIMAÇÃO. MEIOS. EDITAL. Quanto restar infrutífera tentativa de intimação pessoal ou por via postal, a intimação pode ser feita por meio de edital, mediante publicação no endereço da repartição na internet ou no órgão responsável pela intimação em local franqueado ao público. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. A apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel.
ÁREAS DE PASTAGEM. EXCLUSÃO. A exclusão das áreas de pastagens para fins de apuração do grau de utilização do imóvel, pressupõe a comprovação do estoque de animais em quantidade suficiente para, considerando índices de lotação definidos tecnicamente, justificar a classificação da tal área. Cabe ao contribuinte comprovar a existência dos animais.
ITR. VTN. ARBITRAMENTO COM BASE NO SIPT. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. É inválido o arbitramento feito com base apenas na média do VTN declarado pelos imóveis da região de localização do imóvel.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2201-001.676
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para restabelecer a área de Preservação Permanente e o VTN declarados. Vencido o Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, que apenas restabeleceu o VTN.
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 1999 Ementa: PAF. INTIMAÇÃO. MEIOS. EDITAL. Quanto restar infrutífera tentativa de intimação pessoal ou por via postal, a intimação pode ser feita por meio de edital, mediante publicação no endereço da repartição na internet ou no órgão responsável pela intimação em local franqueado ao público. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. A apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. ÁREAS DE PASTAGEM. EXCLUSÃO. A exclusão das áreas de pastagens para fins de apuração do grau de utilização do imóvel, pressupõe a comprovação do estoque de animais em quantidade suficiente para, considerando índices de lotação definidos tecnicamente, justificar a classificação da tal área. Cabe ao contribuinte comprovar a existência dos animais. ITR. VTN. ARBITRAMENTO COM BASE NO SIPT. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. É inválido o arbitramento feito com base apenas na média do VTN declarado pelos imóveis da região de localização do imóvel. Recurso parcialmente provido.
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INTIMAÇÃO. MEIOS. EDITAL. Quanto restar infrutífera tentativa de intimação pessoal ou por via postal, a intimação pode ser feita por meio de edital, mediante publicação no endereço da repartição na internet ou no órgão responsável pela intimação em local franqueado ao público. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. A apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. ÁREAS DE PASTAGEM. EXCLUSÃO. A exclusão das áreas de pastagens para fins de apuração do grau de utilização do imóvel, pressupõe a comprovação do estoque de animais em quantidade suficiente para, considerando índices de lotação definidos tecnicamente, justificar a classificação da tal área. Cabe ao contribuinte comprovar a existência dos animais. ITR. VTN. ARBITRAMENTO COM BASE NO SIPT. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. É inválido o arbitramento feito com base apenas na média do VTN declarado pelos imóveis da região de localização do imóvel. Recurso parcialmente provido. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para restabelecer a área de Preservação Permanente e o VTN declarados. Vencido o Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, que apenas restabeleceu o VTN. Assinatura digital Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente Assinatura digital Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator EDITADO EM: 20/08/2012 Participaram da sessão: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Pedro Paulo Pereira Barbosa (Relator), Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Rayana Alves de Oliveira França. Relatório AGROPECUÁRIA LAGOA GUAXUPÉ interpôs recurso voluntário contra acórdão da DRJBRASÍLIA/DF (fls. 44) que julgou procedente lançamento, formalizado por meio do auto de infração de fls. 09/15, para exigência de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, referente ao exercício de 1999, no valor de R$ 24.205,22, acrescido de multa de ofício e de juros de mora, perfazendo um crédito tributário total lançado de R$ 60.624,38. Segundo o relatório fiscal, o lançamento decorre da revisão da DITR/1999 da qual foram glosados os valores declarados como área de preservação permanente (439,0ha) e área de pastagem (643,0ha), e foi alterado o valor da terra nua, de R$ 207.425,00 para R$ 285.770,00. Sobre a área de preservação permanente, o fundamento da autuação é o de que, regularmente intimado, a Contribuinte não comprovou a apresentação do Ato Declaratório Ambiental – ADA. Quanto à área de pastagem, o fundamento expendido para a glosa foi o de que a Contribuinte não comprovou a lotação animal, quando intimada. Finalmente, sobre o Valor da Terra Nua – VTN, a autoridade lançadora menciona como fundamento para a alteração o fato de que, segundo o Sistema de Preços de Terras – SIPT cujo extrato, para o município de localização do imóvel, encontrase às fls. 08, houve subavaliação, tendo sido adotado o valor constante do referido sistema. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10675.000279/200484 Acórdão n.º 220101.676 S2C2T1 Fl. 2 3 A Contribuinte impugnou o lançamento e alegou, em síntese, que a apresentação do Ato Declaratório Ambiental – ADA não é condição indispensável para a exclusão da área de preservação permanente; que comprovada a área de preservação permanente, o ITR deveria incidir apenas sobre a área remanescente. Diz que consta averbação na matrícula do imóvel de área de reserva legal. Argumenta que, considerando uma área tributável de R$ 648,2ha e uma área aproveitável de 644,2ha, o grau de utilização do imóvel seria de 99,38% e, portanto, a alíquota aplicável seria de 0,3%. Apresenta cálculo do imposto considerando a alíquota de 0,3% e o VTN apurado pela fiscalização e chega a um imposto de R$ 857,31 que ,descontado o imposto pago, resultaria num imposto suplementar de R$ 486,31. Sobre a área de pastagem, diz que não recebeu intimação para apresentar documentos sobre esta matéria e argumenta que a Ficha de Vacinação do IMA e a nota fiscal de compra de vacina são documentos públicos e que a Receita Federal poderia ter acessado diretamente esses dados. A DRJBRASÍLIA/DF julgou procedente o lançamento com base nas considerações a seguir resumidas. Sustenta a DRJ, inicialmente, que o Ato Declaratório Ambiental – ADA é condição indispensável para a exclusão das áreas ambientais e que, ainda que tivesse área de reserva legal averbada, como afirma o Impugnante, esta também deveria ter sido informada em ADA. Quanto à área de pastagem, a DRJ rebate a firmação do Contribuinte de que não fora intimado para apresentar comprovação do rebanho, referindose a documentos juntados aos autos que comprovariam que houve tal intimação, e, quanto ao mérito, como nenhum documento foi apresentado para comprovar a presença de rebanho compatível com a área de pastagem declarada, concluiu pela manutenção da glosa. Finalmente, sobre o VTN, a DRJ concluiu pelo acerto do lançamento em razão da discrepância entre o valor declarado e o valor constante do SIPT e a falta de apresentação de laudo de avaliação que infirmasse o valor de referência do SIPT. A Contribuinte tomou ciência da decisão de primeira instância em 18/05/2007 (fls. 55) e, em 19/06/2007 (fls. 69) interpôs o recurso voluntário de fls. 56/67, que ora se examina, e no qual reitera, em síntese, as alegações e argumentos da impugnação. Especificamente quanto à intimação que lhe foi feita por edital, o Contribuinte insurgese contra o procedimento, arguindo sua nulidade. É o relatório. Voto O recurso e tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 Fundamentação Como se colhe do relatório, são três questões em discussão: a glosa da área de preservação permanente, a glosa do valor informado na DITR como área de pastagem e a alteração do VTN. Ante de examinar o mérito dessas questões, cumpre enfrentar a arguição da contribuinte sobre a intimação para ciência da autuação. Insurgese a Contribuinte contra intimação que lhe foi feita por edital. O procedimento, todavia, tem previsão legal, senão vejamos. Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 23. Farseá a intimação: I Pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III – por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1°. Quanto resultar improfícuo um dos meios previstos no caput ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: I – no endereço da administração tributária na internet; II – em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou III – Considerarseá feita a intimação: [...] II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, 15 (quinze) dias após a data da expedição da intimação; [...] IV – 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3°. Os meios de intimação previstos no caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4°. Para fins de intimação, considerarseá domicílio tributário do sujeito passivo: Fl. 128DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10675.000279/200484 Acórdão n.º 220101.676 S2C2T1 Fl. 3 5 I – o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; [...] No presente caso, houve a tentativa inicial de intimação por via postal, sem sucesso, tendo a encomenda retornado com a informação de que a Contribuinte teria mudado de endereço (fls. 06). Justificavase, pois, a intimação por edital. Não vislumbro, portanto, qualquer vício quando à ciência do instrumento de autuação. Quanto ao mérito, sobre a área de preservação permanente, o cerne da questão gravita em torno da necessidade da apresentação do ADA como condição para a exclusão da área ambiental. Pois bem, o dispositivo que trata da obrigatoriedade do ADA, e que é o fundamento legal da autuação, é o art. 1º da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, que deu nova redação ao artigo 17O da Lei nº 6.938/81, in verbis: Art. 170. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental — ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. [...] § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. [...] Inicialmente, embora admitindo como possibilidade a interpretação de que o dispositivo esteja a prescrever a necessidade do ADA para todas as situações de áreas ambientais como condição para a redução dessas áreas para fins de apuração do valor do ITR a pagar, conforme os atos normativos da RFB e do Ibama, não me parece que este sentido e alcance da norma estejam claramente delineados, a ponto de dispensar o esforço de interpretação. Isto é, não me parece que se aplique aqui o brocardo in claris cessat interpretatio. Não basta, portanto, simplesmente dizer que a lei impõe a necessidade do ADA, é preciso expor as razões que levam a esta conclusão. O que chama a atenção no dispositivo em apreço é que o mesmo tem como escopo claro a instituição de uma Taxa de Vistoria que deve ser paga sempre que o proprietário rural se beneficiar de uma redução de ITR com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA, de uma taxa que tem como fato gerador o serviço público específico e divisível de realização da vistoria, que presumivelmente será realizada nos casos de apresentação do ADA, e não de definir áreas ambientais, de disciplinar as condições de reconhecimento de tais áreas e muito menos de criar obrigações tributárias acessórias ou de regular procedimentos de apuração do ITR. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 Também não se deve desprezar o fato de que a referência à obrigatoriedade do ADA vem apenas no parágrafo primeiro e, portanto, deve ser entendido levando em conta o quanto disposto no caput. E este, como se viu, restringe a tal taxa às situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, o que implica no reconhecimento da existência de reduções que não sejam baseadas no ADA. Aliás, a função sintática da expressão “com base em Ato Declaratório Ambiental” é exatamente denotar uma circunstância do fato expresso pelo verbo”beneficiar”. Ora, entendendose o chamado “benefício de redução” como sendo a exclusão de áreas ambientais para fins de apuração da base de cálculo do ITR, indagase se a exclusão de áreas ambientais cuja existência decorre diretamente da lei, independentemente de reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público, pode ser entendida como uma redução “com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA”. Penso que não. Vejase o caso da área de preservação permanente de que trata o art. 2º da lei nº 4.771, de 1965, e que existe “pelo só efeito desta lei”, in verbis: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: (sublinhei) E também o caso da área de reserva legal do art. 16 da mesma lei, a saber; Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] §8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) No caso da área de preservação permanente, a lei define, objetivamente, por exemplo, que tanto metros à margem dos rios, conforme a largura deste, é área de preservação permanente, independentemente de qualquer ato do Poder Público. É a própria lei que impõe ao proprietário o dever de preservar essa área e, para tanto, este não deve esperar qualquer ato determinação do Poder Público. O mesmo ocorre com relação à área de reserva legal. A lei impõe que, conforme certas circunstâncias de localização etc. da propriedade, um mínimo das florestas e outras formas de vegetação nativa devem ser preservadas de forma permanente. E a lei também exige que estas áreas, identificadas mediante termo de compromisso com o órgão ambiental competente, sejam averbadas à margem da matricula do imóvel, vedada sua alteração em caso de transmissão a qualquer título. Também neste caso o proprietário não deve esperar qualquer ato do Poder Público determinando que tal ou qual área deve ser preservada. Por outro lado, a Lei nº 9.393, de 1996, ao cuidar da apuração do ITR define a área tributável como sendo a área total do imóvel subtraída de áreas diversas, dentre elas as de preservação permanente e de reserva legal, sem impor qualquer condição, in verbis: Fl. 130DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10675.000279/200484 Acórdão n.º 220101.676 S2C2T1 Fl. 4 7 Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Redação dada pela Lei nº 11.428, de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) Se as áreas de preservação permanente e as de reserva legal independem de manifestação do Poder Público, outras áreas ambientais, passíveis de exclusão, para fins de apuração do ITR, dependem da manifestação de vontade do proprietário ou da imposição do próprio órgão ambiental, observadas certas circunstâncias específicas do imóvel. Vejase, por exemplo, o caso da área de preservação permanente de que trata o art. 3º da Lei nº 4.771, de 1965, in verbis: Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; Fl. 131DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. Aqui, a declaração da área como de preservação permanente deve ocorrer em cada caso, conforme entenda o órgão ambiental, considerada a necessidade específica em face de alguma circunstância de risco ao meio ambiente ou de preservação da fauna ou da flora. O mesmo se pode dizer das áreas de que trata a alínea “b” do § 1º do inciso II da lei nº 9.393, de 1996. Ali a área deve ser declarada de interesse ecológico visando à proteção de um determinado ecossistema. Ela não existe “pelo só efeito da lei”, e nem decorre de uma imposição legal genérica de preservação, de uma fração determinada da floresta ou mata nativa. Decorre do entendimento por parte do Poder Público, com base no exame do caso concreto, que aquela área deve ser preservada. Existe, portanto, uma clara diferença entre áreas ambientais: umas cujas existências decorrem diretamente da lei, sem necessidade de prévia manifestação por parte do Poder Público por meio de qualquer ato, e outras que devem ser declaradas ou reconhecidas pelo poder Público por meio de ato próprio. Dito isto, não me parece minimamente razoável que a exclusão, prevista em lei, de uma área ambiental, cuja existência independe de manifestação do Poder Público, fique condicionada a um ato formal de apresentação do tal ADA. Mas não há dúvida de que a lei poderia criar tal exigência: A questão aqui, entretanto, é se o art. 170, em que se baseiam os que defendem esta posição, permite esta interpretação; se é este o sentido e o alcance que se deve extrair da norma que melhor a harmonize com os demais princípios e normas que regem a tributação do ITR e a preservação do meio ambiente. Assim, em conclusão, penso que o art. 170 da Lei nº 6.938/81 impõe a exigência da apresentação tempestiva do ADA apenas nos casos em que a existência da área ambiental dependa de declaração ou reconhecimento por parte do Poder Público. No caso concreto, não se discute a existência efetiva da área ambiental mas apenas a necessidade ou não do ADA. Também, embora o Contribuinte se referia na impugnação a averbação de área de reserva legal, matéria que foi abordada pela decisão de primeira instância, o tema não está em discussão neste processo, que não cuida de área de reserva legal. Assim, penso que deve ser restabelecida a área de preservação permanente declarada. Sobre a área de pastagem, independentemente de qualquer consideração sobre a validade ou não da intimação por edital para comprovar estoque de rebanho na propriedade, o fato é que, na fase do contencioso administrativo, a Contribuinte teve muito tempo para apresentar tal prova e nada apresentou. A comprovação da efetiva utilização do imóvel, no caso declaradamente como área de pastagem, deve ser cumprida, e sem tal comprovação a glosa realizada pela autoridade lançadora se constitui providência acertada. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10675.000279/200484 Acórdão n.º 220101.676 S2C2T1 Fl. 5 9 Finalmente, sobre o VTN, este Colegiado tem se posicionado no sentido de que não é válido o arbitramento do VTN com base apenas na informação, constante do SIPT, sobre o valor médio do VTN declarado pelos imóveis da região de localização do imóvel. É que o art. 14 da Lei nº 9393, de 1996, combinado com o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993, definem que os critérios para a alimentação do sistema de preços de terras a ser utilizado como parâmetro para o arbitramento, deve levar em consideração, entre outras informações, a aptidão agrícola, senão vejamos: Lei nº 9.393, de 1996: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. § 2º As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais tributos federais. E o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória nº 2.18256, de 2001: Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: (Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I localização do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) III dimensão do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias. (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) No caso concreto, como se pode verificar do extrato do SIPT às fls. 08, o sistema foi alimentado apenas com base nos valores médios das declarações do ITR para a Fl. 133DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 região, sem levar em conta a aptidão agrícola. E, portanto, o dado do sistema não poderia ser utilizado como parâmetro para o arbitramento do VTN. Ademais, neste caso, verificase uma diferença entre o valor declarado e o valor constante do SIPT relativamente pequena para justificar a afirmação de subavaliação do imóvel. Nestas condições, penso que não deve prosperar o arbitramento do VTN, devendo ser restabelecido, portanto, o VTN declarado. Conclusão Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para restabelecer a área de preservação permanente e o VTN declarados. Assinatura digital Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 134DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10675.000279/200484 Acórdão n.º 220101.676 S2C2T1 Fl. 6 11 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2ª CÂMARA/2ª SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº: 10675.000279/200484 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial nº 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão nº. 220101.676. Brasília/DF, 20 de agosto de 2012 ______________________________________ Maria Helena Cotta Cardozo Presidente da Segunda Câmara da Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: ( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: // Procurador(a) da Fazenda Nacional Fl. 135DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 28/ 08/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 13881.000040/2001-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
CRÉDITO PRESUMIDO. CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO.
Se comprovado que as alegações da fiscalização quanto à inadequação e
inconfiabilidade dos sistemas de controle de estoques e produção do
contribuinte eram infundadas, de se reconhecer a adequação não apenas de
seus controles, mas dos cálculos dos créditos efetuados com base nestes. No
caso foi comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado
nãoforam afetados por eventuais erros na sua alimentação no curso do mês.
Logo, os dados do sistema servem perfeitamente para apurar o crédito
presumido, ficando prejudicada a glosa de todos os créditos apurados pelo
contribuinte, com base na imprestabilidade de seu sistema.
CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE.
CONDIÇÃO.
É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo
registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle
equivalente, mormente quando comprovado que o sistema questionado pela
fiscalização funciona adequadamente.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI LEI
Nº 9.363/96 RESSARCIMENTO
PRODUTOS
CONSUMIDOS INTEIRAMENTE NA PRODUÇÃO NÃO
INTEGRANTES DO PRODUTO FINAL DIREITO
AO CRÉDITO
Em sede de Recurso Repetitivo (Resp nº 1.075.508), o Superior Tribunal de
Justiça reconheceu o direito ao crédito presumido de IPI sobre insumos
integralmente consumidos no processo produtivo, ainda que não integrantes
do produto final. Desta feita, em respeito à decisão do órgão e ao Regimento
Interno deste Conselho, é de se garantir o direito ao crédito presumido de IPI
sobre os insumos em tais condições.
CRÉDITOS SOBRE PRODUTOS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO.
ADOÇÃO DE PREMISSAS E CONCEITOS EQUIVOCADOS, PELA
FISCALIZAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO.
O regime de consignação industrial é amplamente utilizado para recebimento
de insumos a serem utilizados no processo produtivo, facilitando o trânsito e
a utilização dos insumos. A consignação não implica necessariamente em
devolução dos produtos recebidos, ao consignante. Ao contrário, o natural é
que os produtos sejam utilizados e, somente quando não o são, por qualquer
motivo, são objeto de devolução ao consignante. A premissa adotada pela
fiscalização de
que sempre, obrigatoriamente, há devolução portanto,
está
equivocada. Não tendo feito, tampouco, prova de que, no presente caso
ocorrera a devolução e não a utilização dos produtos no processo produtivo,
carece de fundamento a não aceitação dos créditos tomados sobre tais
insumos.
TAXA SELIC RESSARCIMENTO
APLICAÇÃO
Uma vez que o ressarcimento é espécie do gênero restituição deve incidir,
sobre o valor a ser ressarcido, juros de mora calculados com base na taxa
SELIC.
Recurso Voluntário Provido Parcialmente.
Numero da decisão: 3302-001.549
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarou-se impedido.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO. Se comprovado que as alegações da fiscalização quanto à inadequação e inconfiabilidade dos sistemas de controle de estoques e produção do contribuinte eram infundadas, de se reconhecer a adequação não apenas de seus controles, mas dos cálculos dos créditos efetuados com base nestes. No caso foi comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado nãoforam afetados por eventuais erros na sua alimentação no curso do mês. Logo, os dados do sistema servem perfeitamente para apurar o crédito presumido, ficando prejudicada a glosa de todos os créditos apurados pelo contribuinte, com base na imprestabilidade de seu sistema. CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE. CONDIÇÃO. É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle equivalente, mormente quando comprovado que o sistema questionado pela fiscalização funciona adequadamente. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI LEI Nº 9.363/96 RESSARCIMENTO PRODUTOS CONSUMIDOS INTEIRAMENTE NA PRODUÇÃO NÃO INTEGRANTES DO PRODUTO FINAL DIREITO AO CRÉDITO Em sede de Recurso Repetitivo (Resp nº 1.075.508), o Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito ao crédito presumido de IPI sobre insumos integralmente consumidos no processo produtivo, ainda que não integrantes do produto final. Desta feita, em respeito à decisão do órgão e ao Regimento Interno deste Conselho, é de se garantir o direito ao crédito presumido de IPI sobre os insumos em tais condições. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 8 2 CRÉDITOS SOBRE PRODUTOS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO. ADOÇÃO DE PREMISSAS E CONCEITOS EQUIVOCADOS, PELA FISCALIZAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO. O regime de consignação industrial é amplamente utilizado para recebimento de insumos a serem utilizados no processo produtivo, facilitando o trânsito e a utilização dos insumos. A consignação não implica necessariamente em devolução dos produtos recebidos, ao consignante. Ao contrário, o natural é que os produtos sejam utilizados e, somente quando não o são, por qualquer motivo, são objeto de devolução ao consignante. A premissa adotada pela fiscalização de que sempre, obrigatoriamente, há devolução portanto, está equivocada. Não tendo feito, tampouco, prova de que, no presente caso ocorrera a devolução e não a utilização dos produtos no processo produtivo, carece de fundamento a não aceitação dos créditos tomados sobre tais insumos. TAXA SELIC RESSARCIMENTO APLICAÇÃO Uma vez que o ressarcimento é espécie do gênero restituição deve incidir, sobre o valor a ser ressarcido, juros de mora calculados com base na taxa SELIC. Recurso Voluntário Provido Parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarouse impedido. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 8DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 9 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber Jose da Silva (Presidente), Jose Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes, José Evande Carvalho Araújo. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento de IPI (fl. 01), protocolado em 09/04/01, relativo a créditos instituídos pela Lei nº 9.363/96 e créditos em razão de saídas suspensas, totalizando R$ 1.029.831,88 Na mesma data foi protocolado Pedido de Compensação (fls. 24), no valor de R$ 724.473,23, para quitação de débitos de PIS, COFINS e IPI, de competência 31/03/01. Na sequência, há Termo de Anexação (fls. 26) que traz aos autos diversos Pedidos de Compensação (fls. 27/32), todos vinculados ao mesmo Pedido de Ressarcimento (objeto dos autos), protocolados em 17/04/01; 24/04/01; 26/04/01; 03/05/01; 07/05/01 e 11/05/01. Há, ainda, MPF para verificações obrigatórias de IPI, apurado no período de 01/2001 a 06/2001 (fls. 33) e respectivas prorrogações e alterações (fls. 35/37). O termo de Informação Fiscal (fls. 39/58) se refere a diversos pedidos de ressarcimento, apresentados pela Recorrente, para períodos do ano de 2001. Referido termo atesta que: a) Em decorrência da fiscalização realizada para verificação da adequação dos créditos cujo ressarcimento foi requerido, foi lavrado um auto de infração para cobrança de IPI (processo nº 10860.005574/200278) e, assim, do total objeto do Pedido de Ressarcimento foi descontado o valor do IPI não destacado nas saídas objeto do lançamento; b) O controle de estoques da empresa é irregular e inadequado, do que se concluiu que a Recorrente não possuía registro algum de quantidade e valores de seus produtos; c) Em relação ao crédito presumido de IPI a Recorrente não apresentou memórias de cálculo que justificassem os valores cujo ressarcimento foi requerido, tampouco possuía registros físicos e contábeis de suas mercadorias, que pudessem suportar com exatidão os valores pleiteados; d) A falta de registro de custo integrado e registro adequado dos custos, fluxos, quantidades e estoque dos produtos impede a correta apuração do crédito presumido requerido, o que ocasionou sua glosa (fls. 224/225); e) Quanto aos créditos pleiteados, que seriam originários de devoluções de vendas (CFOP 1.31 – devolução de venda de produção; 1.32 – devolução de venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros; 2.31 – devolução de venda de produção), também porque a empresa não mantinha controle adequado de seus estoques, não foi possível atestar a existência de tais créditos; Fl. 9DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 10 4 f) Promoveu, ainda, a glosa de créditos apurados sobre determinados produtos (CFOP 1.11 e 2.11 – compra para industrialização), por entender que não se enquadravam no conceito de matériaprima, materiais de embalagem ou produto intermediário – que gerariam direito ao crédito; A fiscalização glosou, também, os créditos de entradas por CFOP 1.99, 2.99 e 3.99, por entender que se tratavam de produtos não integrados ao processo produtivo – seriam, dentre outros, produtos recebidos em consignação, amostras para demonstração e para testes com/sem retorno, partes e peças de máquinas, remessa, em depósito, de moldes industriais de clientes. Em relação a este Pedido de Ressarcimento a conclusão da fiscalização, apontada nas planilhas de fls. 224/226, é de que diante das glosas promovidas, nos termos relatados, o valor a ser ressarcido seria de R$ 696.646,12. Sobreveio Despacho Decisório (fls. 231/ 233), no qual a autoridade fiscal deferiu parcialmente o pedido, reconhecendo o crédito pleiteado apenas nos termos e valores apontados pela fiscalização. Foi anexado aos autos mais um Pedido de Compensação (fls. 234 – de 02/05/01) e uma listagem de créditos (saldos) e débitos (compensações) remanescentes (fls. 236/238), seguido de despacho (fls. 240) que homologou apenas parcialmente as compensações efetuadas pela Recorrente, com os créditos pleiteados no Pedido de Ressarcimento objeto dos autos (nos termos e limites apontados nos referidos demonstrativos). Notificada das decisões proferidas a Recorrente apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 254/284), na qual alega, em síntese: a) Ofensa ao princípio da não cumulatividade, devido à glosa indevida de créditos a que a Recorrente teria direito; b) Ilegalidade da glosa de valores relacionados ao auto de infração objeto do Processo nº 10860.005574/200278, pois naqueles autos o IPI foi lançado com base em suposições/presunções de quais seriam os preços praticáveis nas operações objeto da tributação. A tributação por suposição e/ou presunção não é legalmente aceitável, de modo que a glosa dela decorrente também seria ilegal; c) Dado o cumprimento, pela Recorrente, do requisito para obter o direito ao crédito presumido conferido pela Lei nº 9.363/96 – qual seja, ser empresa produtora e exportadora de mercadorias não poderia ter questionado seu direito, como pretendeu a Fiscalização, sob a alegação de que “não comprovou a correção de seu crédito presumido”; d) A Recorrente sempre apurou o crédito presumido pelo método de custos integrados – conforme autoriza o art. 3º da Portaria MF 38/97 – e, embora tenha percebido erros na apuração, no curso da fiscalização, promoveu a adequação dos cálculos (e colocou a documentação correlata à disposição do Fisco), apresentado novos valores de crédito a serem ressarcidos; Fl. 10DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 11 5 e) A Recorrente possui controle de estoques e produção, a despeito do que foi informado pela fiscalização, o qual, apesar de ter apontado alguns erros em determinado período, não comprometeu a apuração dos créditos de IPI, o que se comprova da análise da documentação relativa às suas entradas; f) Ademais, ainda que houvesse alguma dúvida ou irregularidade na contabilização dos estoques da Recorrente, isso não poderia ocasionar a glosa total e integral dos créditos pleiteados, pois há outras formas de se verificar a regularidade dos créditos – como, por exemplo, a análise das notas fiscais de entrada, comparadas à produção da empresa; g) Há flagrante inconsistência no posicionamento da Fiscalização que, por um lado efetua um lançamento com base em seus controles de estoque, e, por outro – o presente caso, glosa os créditos pleiteados sob a alegação de que os mesmos controles são imprestáveis; h) Em relação à glosa de créditos por entender que determinados produtos não poderiam ser considerados insumos, a fiscalização não promoveu nenhuma verificação quanto à utilização dos produtos em seu processo de industrialização, limitandose a analisar o nome dos produtos e sua utilização provável (e não real). Os produtos são de fato utilizados, consumidos, desgastados, destruídos e/ou perdem suas qualidades específicas no processo produtivo – como se constata de Declaração dos engenheiros da empresa (fls. 305), e laudo pericial a ser apresentado – o que, segundo a jurisprudência do CARF é suficiente para serem considerados insumos, geradores do direito ao crédito pleiteado; i) A glosa dos créditos derivados de devoluções (CFOP 1.11 e 2.11) também não poderia ser realizada sob a alegação (contraditória) de que a Recorrente não possui sistema de controle de estoques, pois tais devoluções podem ser constatadas da simples análise da documentação física a elas pertinentes Notas Fiscais das operações – e/ou por meio de perícia, desde então requerida; j) A glosa dos créditos relativa a produtos de CFOP 1.99, 2.99 e 3.99 também não procede, pois mesmo que tenham entrado no estabelecimento através de operações de consignação, e alguns para testes e/ou demonstração, ao contrário do que concluiu a fiscalização – por avaliar equivocadamente a natureza das operações, especialmente a consignação cuja finalidade é a venda , foram todos utilizados, consumidos e/ou destruídos no processo, na medida em que as operações tiveram esta finalidade; k) Por fim, requer a correção dos valores dos créditos pela taxa SELIC e apresenta quesitos para perícia contábil (fls. 306/307) e perícia de engenharia (fls. 308). Fl. 11DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 12 6 A DRJ (fls. 312/327) indeferiu a manifestação de inconformidade da Recorrente. Negou o pedido de perícia por entender que as questões em discussão eram “conceituais”, além de ter entendido que o contribuinte visava “inverter o ônus da prova” através do pedido de perícia, bem como porque no processo administrativo o princípio da verdade material é mitigado pela produção concentrada de provas. A decisão restou assim ementada, verbis: “Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 Ementa: PEDIDO DE PERÍCIA. Apesar de ser facultado ao sujeito passivo o direito de solicitar a realização de diligências ou perícias, compete à autoridade julgadora decidir sobre sua efetivação, podendo ser indeferidas as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 Ementa: CRÉDITOS BÁSICOS DE IPI. RESSARCIMENTO. INSUMOS NÃO APLICADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO. De acordo com o art. 11 da Lei n° 9.779/99, somente os créditos decorrentes de aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, podem ser objeto de ressarcimento. INSUMOS CONSUMIDOS OU UTILIZADOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. DIREITO A CRÉDITO. Para que os insumos consumidos ou utilizados no processo de produção sejam caracterizados como matériaprima ou produto intermediário, fazse necessário o consumo, o desgaste ou a alteração do insumo, em função de ação direta exercida sobre o produto em fabricação, ou viceversa. Entendase "consumo" como decorrência de um contato físico exercido pelo insumo sobre o produto em fabricação ou deste sobre aquele. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. SISTEMA DE CUSTOS INTEGRADO. Se a empresa não mantém um sistema de custos integrado com a escrituração comercial, deve, obrigatoriamente, calcular o crédito presumido de IPI com base no método estabelecido no parágrafo 7°, do art. 3°, da Portaria MF n° 38/97. RESSARCIMENTO DE IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 13 7 É incabível, por ausência de base legal, a atualização, pela taxa SELIC, de valores objeto de pedido de ressarcimento. Solicitação Indeferida.” Intimada do acórdão a Recorrente apresentou o competente Recurso Voluntário (fls. 331) a este Egrégio Tribunal Administrativo, articulando, novamente, as razões antes expostas na manifestação de inconformidade, e reafirmando seu pedido de que as intimações sejam feitas em nome do advogado da Recorrente, bem como afirmando estar havendo cerceamento de seu direito de defesa, em razão do infundado indeferimento de seu pedido de perícia, pois restou comprovado que suas alegações a respeito da existência de meios para comprovar a existência de registros regulares, bem como de documentos auxiliares e físicos que comprovam a existência e montante dos créditos pleiteados – o que não poderia ser ignorado pela DRJ e justificaria seu pedido de perícia. Ademais, diante do indevido indeferimento de seu pedido de perícia, apresenta Laudo Técnico (fls. 377/385), visando comprovar que os insumos considerados no pedido de ressarcimento e objeto de glosa indevida, são materiais efetivamente empregados e consumidos no processo produtivo, bem como um Parecer Técnico de Natureza Contábil (fls. 386/403), visando “avaliar os critérios utilizados pelo Fisco Federal que deram origem às glosas aplicadas ao Pedido de Ressarcimento / Compensação de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, relativo ao 1º trimestre de 2001” analisando inclusive as questões relacionadas à contabilidade e documentação suporte. Traz ainda extensa documentação produzida com vistas a comprovar o alegado, além de demonstrar que em sua contabilidade possuía os registros necessários à verificação da adequação do crédito pleiteado. Posteriormente (fls. 716/723), a Recorrente apresenta Parecer Técnico (acompanhado de documentação comprobatória de sua movimentação de estoque – fls. 724/843) em retificação àquele anteriormente apresentado junto com seu Recurso Voluntário, considerando especialmente que “em caso idêntico ao presente, esta Colenda Câmara reconhecendo o cerceamento de defesa ocorrido e a força probante dos laudos técnicos juntados houve por bem converter o julgamento em diligência apenas para verificação de alguns aspectos específicos da prova produzida (Recurso 130.763)” Vieramme, então, os autos para decisão, ocasião em que esta Turma entendeu pela remessa dos autos à Secretaria, para que fosse juntada cópia de relatório da diligência realizada nos autos do Processo nº 13881.000165/0056, que trata da mesma matéria objeto destes autos, pois originário do mesmo processo de fiscalização, referindo se, apenas, a período de apuração distinto. A diligência foi realizada, especialmente, para dirimir dúvidas quanto à adequação e validade do sistema de controle de estoque e produção da Recorrente, bem como em relação às devoluções questionadas pela Fiscalização. Foi determinada, também, a juntada do Acórdão proferido por esta mesma Turma, no julgamento do mencionado Processo. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 14 8 Após a juntada do relatório da diligência realizada, e do acórdão proferido naqueles autos, o processo retornou para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele conheço. Da análise dos autos constatase que houve indeferimento parcial do pedido de ressarcimento dos créditos de IPI pleiteados, em razão da não aceitação, pelo Fisco, dos seguintes créditos: (i) Créditos apurados com base em sistema não confiável e, portanto, inadequado; (ii) Créditos sobre produtos que teriam sido objeto de devolução, não comprovada; (iii) Créditos sobre aquisição de produtos que não se enquadrariam no conceito de MP, PI e ME, tanto no CFOP 1.11 e 2.11 (compras para industrialização); (iv) Créditos de CFOP 1.99, 2.99 e 3.99, que a fiscalização entendeu não terem sido utilizados no processo produtivo porque foram recebidos em consignação. Ademais, ainda houve a redução de parte do crédito pleiteado correspondente ao desconto de valores de IPI não destacado nas saídas objeto do lançamento realizado nos autos do processo nº 10860.005574/200278 (auto de infração para cobrança de multa por falta de destaque do IPI). Passo, assim, a análise apartada de cada uma das respectivas causas de indeferimento do ressarcimento, dos créditos pleiteados. Indeferimento de créditos relativos ao IPI não destacado em saídas relacionadas ao Processo nº 10860.005574/200278 (AI para cobrança de multa por falta de destaque do imposto) Em relação a esta redução do valor pleiteado, para compensar os valores não destacados na saída de produtos, vale ressaltar que o auto de infração lavrado nos autos do Processo nº 10860.005574/200278 referiuse exclusivamente à aplicação da multa pela falta de destaque do IPI. O desconto que a fiscalização promoveu, nestes autos, por sua vez, referese ao IPI derivado da reconstituição do saldo credor da Recorrente, considerando que nas operações objeto do referido Processo nº 10860.005574/200278 o IPI não foi destacado. Embora o contribuinte tenha apresentado argumentos contra a cobrança do IPI nestes autos, a DRJ decidiu pela impossibilidade de o contribuinte defenderse a respeito do Fl. 14DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 15 9 IPI ora cobrado, pelo simples fato de, nos autos do Processo nº 10860.005574/200278, ter optado pelo pagamento do auto de infração. Segundo entendimento da DRJ, ao ter optado pelo pagamento, a Recorrente teria aberto mão de sua defesa. Ao meu sentir, tal entendimento está equivocado. Afinal, o pagamento do auto de infração lavrado para a cobrança da multa não significa, necessariamente, que a Recorrente tenha admitido que o IPI era, de fato, devido. A análise de conveniência quanto ao pagamento do auto de infração pode ter sido realizada levando em consideração outros elementos, como a questão econômica na manutenção da discussão, a eventual necessidade de obtenção de certidão negativa para realização de outros negócios ou a opção do contribuinte de discussão do caso pela via judicial. Enfim, não é razoável concluir – diante do cenário econômico e tributário atual – que um contribuinte que paga um auto de infração necessariamente concorda com os termos autuados. Pareceme um tanto ingênua, tal afirmação. Desta feita, entendo que a Recorrente poderia sim, nestes autos, discutir a incidência do IPI sobre as operações que também foram objeto do Processo nº 10860.005574/200278. Até mesmo porque, naqueles autos a Recorrente discutiria a aplicação da penalidade, e nestes, poderia discutir a incidência em si. Contudo, apesar de a Recorrente ter trazido seus argumentos visando a reversão da glosa de créditos em razão da reconstituição de seu saldo credor (em decorrência das operações que não se submeteram ao destaque do IPI), limitouse a alegar que a exigência do IPI, nestes casos, se fundaram em indícios e suposições da Fiscalização. Se de fato entendeu que não havia sustentação fática e jurídica para a exigência fiscal, deveria ter comprovado que tais indícios e suposições eram inverídicos e não representavam os fatos realmente ocorridos. Todavia, a Recorrente não comprova, com argumentos nem com documentos sua alegação. Assim como não cabem exigências fundadas em indícios e suposições superficiais, a prova da superficialidade e incoerência de tais indícios e suposições deve ser realizada, de forma robusta, pelo contribuinte que pretende afastar a exigência. Assim, pela insuficiência de argumentos e provas trazidas pela Recorrente, entendo que deve ser mantida a glosa dos créditos em questão. Indeferimento de créditos presumidos – Inconsistência e imprestabilidade do sistema de controle de estoques e produção Em relação ao indeferimento do ressarcimento de parcela do crédito, fundado na inadequação do sistema de controles de estoque e produção da Recorrente – o que, segundo o Fisco teria impossibilitado a adequada apuração do valor do crédito pleiteado, bem como sua verificação, por parte da fiscalização entendo que também não pode ser mantido. Isto porque, conforme amplamente abordado e esclarecido por esta Turma, por ocasião do julgamento do Processo Administrativo nº 13881.000165/0056, e no Acórdão nº 330200.460 (anexo aos autos), o sistema de controle de estoques e produção da Recorrente não impediu a apuração adequada dos créditos pleiteados. Segundo restou comprovado naqueles autos, embora tenham sida identificadas algumas (poucas) falhas no sistema, os problemas além de pontuais foram identificados pela própria empresa, a tempo de corrigilos. Ademais, as falhas identificadas não comprometeram a apuração dos saldos mensais, o que, por si só, afasta a alegação da Fiscalização de imprestabilidade e comprometimento do sistema. Destaco a ementa do referido Acórdão, proferido por esta Turma, verbis: Fl. 15DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 16 10 “(...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 31/07/2000 CRÉDITO PRESUMIDO. MÉTODO DO CUSTO INTEGRADO. CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO. Se comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado não foram afetados por erros na sua alimentação no curso do mês, serve referido sistema para apurar o crédito presumido. CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE. CONDIÇÃO. É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle equivalente.(...)” Constatase, da análise realizada naqueles autos do relatório da diligência, da documentação apresentada pela Recorrente e especialmente da decisão proferida por esta Turma, no caso em destaque, que a apuração dos créditos pleiteados pela Recorrente não foi comprometida por eventuais falhas em seu sistema. Assim, diante da ausência de fundamento da Fiscalização, naqueles autos foi deferido o ressarcimento dos créditos que havia sido negado anteriormente, por suposta falha nos sistemas de controle da Recorrente. Desta feita, considerando que se trata da mesma discussão nestes autos, e levando em consideração que as provas realizadas naqueles autos são suficientes para dirimir a controvérsia deste processo – que se refere, afinal, apenas a período de apuração distinto, mas que tem origem e fundamento no mesmo procedimento fiscalizatório – entendo por reformar a decisão de indeferimento do ressarcimento com base nas alegações de inconsistência na apuração dos créditos, em razão de falhas nos sistemas da Recorrente. Assim, defiro o ressarcimento dos créditos que haviam sido objeto de glosa por estas razões. Indeferimento de créditos relativos a retorno de mercadorias – Inconsistência e imprestabilidade do sistema No que tange aos créditos indeferidos por ter entendido a fiscalização que não foram comprovadas adequadamente a devolução de produtos, tal conclusão só foi alcançada pelo Fisco por ter entendido que o controle de estoques e produção da Recorrente eram imprestáveis. Na medida em que restou comprovado que tais controles eram válidos, não há razão para se manter a glosa dos créditos. Neste ponto, destaco trecho do Acórdão proferido por esta Turma, nos autos do Processo Administrativo nº 13881.000165/0056 (relativo ao caso análogo a este), verbis “No tocante aos créditos de CFOP 1.31, 1.32 e 2.31, tratase de retornos de produtos que saíram com débito, para o qual o Regulamento exige o registro de controle de estoque ou Fl. 16DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 17 11 equivalente, única razão pela qual os créditos foram glosados, nos termos do art. 169 do Ripi/2002: (...) Portanto, a razão da glosa foi a inexistência de controle equivalente de estoque. Como o controle de estoque da Interessada foi considerado hábil (efetivamente equivalente), a glosa não deve ser mantida.” Logo, em relação ao indeferimento do ressarcimento destes créditos, sendo a única razão apontada pela fiscalização como impeditiva de seu aproveitamento a inconsistência do sistema da Recorrente – comprovada a regularidade do sistema, deve ser reformada a decisão, para garantir o ressarcimento dos valores ao contribuinte. Indeferimento de créditos relativos a produtos não considerados como insumos Outra razão de indeferimento parcial do pedido de ressarcimento sob análise, foi a alegação da fiscalização de que parte das aquisições geradoras de créditos não se referiam a matéria prima, produtos intermediários ou materiais de embalagem que pudessem gerar direito ao crédito de IPI. Ou seja, tais produtos, segundo entendimento do Fisco não se enquadraria no conceito de insumo. Segundo as razões apresentadas pela Fiscalização, a Recorrente teria qualificado como insumos, produtos que não o seriam. Nos termos do Relatório da Fiscalização, verbis: “Algumas das aquisições, até por seus próprios nomes correntes, válvulas, rolamentos ou classificações fiscais 8479.90.90, exemplo são manifestamente estranhas ao direito de crédito. Outras, por serem de evidente uso e consumo, tais como, graxa e spray protetivo para máquinas; parafuso e calço que, respectivamente, fixam e ajustam o ângulo do inserto/pastilha tipo de lâmina que desbasta a peça e lhe dá acabamento. Ou, então, mesmo sendo produtos de uso continuo, nem por isso dão direito a crédito de IPI, caso dos acessórios para o processo de solda isqueiro, bocal, bico, mangueira, etc – que sequer entram em contato com o produto em confecção. A razão de fundo para estas glosas é que Maxion tinha um entendimento equivocado do que, tributariamente, pode e o que não pode ser considerado insumo que propicia crédito de IPI. A confirmar em listagens de fls. 187/190, 191/193 e 200/207.” A base, apontada no próprio Relatório de Fiscalização, que serviu para as conclusões de que tais produtos não seriam insumos, são listagens dos produtos (fls. 187/207), em que há uma coluna que indica o “Destino” de cada produto, ou “Onde é utilizado”. A descrição, evidentemente, não é detalhada, e limitase a indicar se o produto é usado em uma Fl. 17DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 18 12 “máquina”, “peça de chassi”, ou em “solda”, por exemplo. No entanto, seja porque não é possível definir, da simples leitura da planilha, o que seria utilização em “serviço/ferramental”, seja porque a utilização em “pintura” e em “acabamento/decapagem”, me parece que lhes confere a qualidade de insumos, entendo que a mera análise das referidas planilhas não poderia levar à conclusão, com a devida clareza e certeza, de que um ou outro produto seria ou não insumo. Segundo a defesa apresentada pela Recorrente o Fisco teria se limitado a analisar apenas a descrição e/ou o nome de cada um dos insumos, para daí tirar suas conclusões de que não seriam, de fato, insumos. Por esta razão solicitou a perícia, que foi indeferida pela DRJ, mas visava justamente esclarecer como cada um dos produtos objeto de glosa integravam seu processo produtivo. Diante deste cenário a Recorrente anexou laudo técnico visando esclarecer como cada classe de produtos era utilizada em sua produção (fls. 377/385). Entendo, portanto, que diante do cenário, é necessário analisar com a devida atenção tais laudos, justamente para que seja possível compreender como os produtos eram utilizados pela Recorrente, para daí sim concluir se poderiam ou não enquadrarse no conceito de insumos, garantindo, assim, o respectivo crédito do IPI. Antes da análise de cada um destes grupos de produtos esclareço que mantenho entendimento de que quando o produto é integralmente consumido no processo produtivo – seja ele material de uso e consumo, seja classificado como matéria prima – deve ser concedido o direito ao crédito presumido de IPI sobre tal aquisição. Afinal, a meu ver, tais produtos geram direito ao crédito presumido, uma vez que foram totalmente consumidos no processo produtivo. Neste sentido, entendo que não é necessário o contato direto do insumo com o produto final, bastando que este seja integralmente consumido no processo. Tal interpretação está baseada no art. 82 do RIPI/82 e 164 do RIPI/02 "embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente". É possível citar como exemplo precedentes desta Turma (quando Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuinte), Recursos nº 116.199; 111.516; 11.579; 110.075; 116.436, além de precedentes da Câmara Superior, também nestes termos, conforme decisão proferida no Recurso nº 202109.885. Importa, ainda, ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (Resp nº 1.075.508) decidiu que os materiais que são consumidos no processo industrial, ainda que não integrem o produto final, geram direito ao crédito presumido de IPI ora sob análise, verbis: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, Fl. 18DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 19 13 do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose "aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente.” 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” destaquei Assim, entendo ser possível o aproveitamento de créditos decorrentes dos insumos adquiridos para utilização na produção industrial, em especial quando totalmente consumidos no processo de produção, ainda que não integrem o produto final. Finalmente, registro que o crédito não pode ser apurado sobre nenhum produto ou bem que esteja classificado no ativo imobilizado do contribuinte. Todavia, registro que o conceito de ativo imobilizado deve ser corretamente empregado pelo Fisco, devendo ser verificados os documentos contábeis do contribuinte, bem como a sua atividade específica. Feitas estas considerações iniciais, passo a análise dos produtos que foram objeto da glosa, utilizando a classificação apontada no Laudo Técnico de fls. 377/385. 1) FERRAMENTAIS – há referência na planilha utilizada pela Fiscalização, para avaliação da classificação de produtos como insumos (fls. 187/207) de utilização de diversos produtos em “serviços/ferramentais”, “ferramentais” e/ou “ferramental/brocas”. Fl. 19DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 20 14 Segundo informações constantes nos laudos técnicos, a Recorrente chama de ferramentais os produtos específicos de seus clientes remetidos para industrialização por encomenda de determinados bens que se tornarão ativos de seus clientes (são peças montadas e acopladas à prensas de estamparia de autopeças). Nessa categoria de insumos estão incluídos, segundo referido Laudo, os seguintes produtos e serviços: aço, alargadores de furo, serviço de adaptação de ferramental, anéis de retenção, buchas, colunas, serviço de construção e montagem de ferramenta, dispositivo auxiliar e de montagem, mancais, módulos de junção e de estrados, limitadores, máscaras de furação, bases dos moldes dos ferramentais, pinos. A questão aqui é que o insumo não é custo da Recorrente, mas de seu cliente. Não vejo como conceder crédito para a Recorrente se o custo efetivo foi de terceiros. Da mesma forma, no que se refere aos serviços, embora tenham sido elevados à categoria de insumo pela legislação do PIS e da COFINS, em relação aos créditos de IPI tal equiparação não é válida. Portanto, em relação aos serviços incluídos na categoria de ferramentais, entendo que deve ser mantida a negativa de ressarcimento de créditos de IPI. 2) ÁCIDOS Segundo o laudo técnico tais produtos são utilizados na preparação e no acabamento de diversas matériasprimas, utilizadas no processo produtivo, e considerados indispensáveis na produção. São citados o ácido clorídrico e o ácido nítrico. Pareceme que, embora não se incorporem ao produto final, na medida em que sua função é transformar a matériaprima, integram o processo de produção. Desta feita, entendo que deve ser garantido o direito ao crédito sobre tais insumos. 3) ÓLEOS DE LAMINAÇÃO: segundo o laudo tais produtos são utilizados na laminação dos componentes que são utilizados na conformação das peças – que é processo através do qual se produz as peças produzidas pela Recorrente. Seriam consumidos no processo, por meio de arraste na superfície da peça e/ou por evaporação (devido às altas temperaturas). Os produtos classificados neste grupo são: Aditivo Lorn, Óleo de Corte, Óleo Emulsão/Mineral, Óleo Hidráulico, Óleo para estampagem, Óleo protetivo, Óleo ultraform, Lubrificante de deformação. Mais uma vez, pareceme que tais produtos podem ser considerados insumos, pois possuem uma função específica, de transformação das peças que são produzidas pela Recorrente. Se a finalidade de tais óleos é justamente a preparação da chapas de aço que são usadas na fabricação das peças, entendo que fazem parte do processo produtivo, ainda que não se integrem ao produto final (pois, de todo modo, o transforma). Concluo, portanto, que deve ser garantido o direito ao crédito sobre tais insumos. 4) SISTEMA DE TRANSPORTADORES – nesta categoria estão classificados diversos bens que servem, segundo informações constantes no laudo técnico, pra transportar os produtos que estão em fase de fabricação. Tais produtos têm um peso médio elevado, razão pela qual é necessário utilizar um sistema especial de transporte. Enquadramse neste grupo os seguintes bens: rolamentos, tubo cilíndricos, eixos, cabo de aço, carros, correntes, esteiras, grampos, hastes, transportadores, trilhos, trolley, reparos de rolamento, rodízios, empilhadeiras e gás combustível destes veículos. Neste caso, entendo que, embora tais bens entrem em contato direto com os produtos em fabricação (e se desgastem bastante, como informado no laudo técnico), não os transformam, alteram, ou modificam de qualquer maneira. Sendo assim, não me parece que possam ser Fl. 20DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 21 15 considerados como insumos utilizados na produção. Ademais, pareceme que poderiam, inclusive, estar contabilizados como ativo – dadas suas características – o que, por si só, impediria a apuração dos créditos sobre tais bens. 5) SISTEMAS DE IÇAMENTO E TRANSPORTE enquadramse nesta categoria as correntes, ganchos, guias, hastes e carregadores, além de válvulas pneumáticas e tombadores de peças. São todos relacionados ao sistema de transporte, cuja finalidade é a movimentação interna dos bens durante o processo produtivo. Pelas mesmas razões expostas em relação aos bens que se enquadram na categoria anterior (Sistemas de Transportadores), entendo que não há direito ao crédito pleiteado em relação a estes bens. 6) GRAXA em relação à graxa, ainda que utilizada em diversos pontos da linha de produção, entendo que, por não ter o condão de modificar ou transformar os produtos fabricados, não pode ser considerada como parte integrante do processo de produção, no sentido do conceito de insumo. Embora necessária ao bom funcionamento de máquinas, entendo que não entram em contato com as peças produzidas – senão eventual e aleatoriamente, mas nunca com a finalidade de modificálas. Assim, concluo que em relação a este produto, não há que se falar em crédito a ser apurado/ressarcido. 7) QUÍMICOS são produto utilizados na limpeza das peças, especialmente para retirada de outros produtos que são utilizados em sua produção, para modificação e/ou transformação de tais bens, no produto final. Há necessidade de que todos os produtos utilizados no processo de produção sejam retirados das peças, a fim de que estas sejam encaminhadas para a fase de pintura. São eles: cal hidratada, cloreto de sódio, hipoclorito de sódio, metabissulfito de sódio e desengraxante. É imprescindível, para o processo produtivo, na medida em que somente a aplicação dos produtos químicos permite a pintura do produto, razão pela qual concedo o crédito pleiteado. 8) PINTURA neste grupo encontramse os produtos que são utilizados na fase de produção em que ocorre a pintura dos bens em fabricação. São incluídos neste grupo: esmaltes sintéticos, thinner, wash primer, pastas, solventes, água raz, tintas, xilen, fosfatizante, refinador, acelerador, passivante, desengraxante, butilglicol, solventes especiais, coagulantes, polieletrólito, ácido clorídrico, soda caustica, cloro. Também são utilizados os filmes stretch para proteção dos furos dos produtos objeto de pintura (selagem). Por se tratar de fase do processo de produção, por transformarem o produto e por se integrarem a ele (ainda que indiretamente), entendo que os insumos em questão são passíveis de crédito de IPI. 9) PARAFUSO E CALÇO QUE FIXAM O ÂNGULO DO INSERTO/PASTILHA segundo consta no laudo técnico tais produtos são utilizados para prender os insertos de usinagem, desgastandose no processo produtivo, seja pelas vibrações, aquecimento e/ou elevados esforços, derivados do processo de usinagem do aço. Entendo que faz parte de partes e peças, portanto do ativo imobilizado, razão pela qual indefiro o crédito pleiteado. 10) GASES utilizados no processo de solda dos produtos em fabricação. Fazem parte deste grupo os seguintes gases: Argônio Liquido, Gás Carbônico, Nitrogênio, Oxigênio Industrial. Ainda que não se integrem ao produto final, parecemme serem essenciais ao processo de solda Fl. 21DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 22 16 e, portanto, na transformação dos bens em produção. Assim, entendo que o crédito de IPI sobre estes produtos deve ser garantido. 11) ARAME, FLUXO, ELETRODOS E GASES DE SOLDA neste grupo estão inseridos produtos que são utilizados de forma diferente, nas diversas etapas da fabricação. Na fase chamada MIG (Metal Inert Gas) são utilizados o arame de solda e gases de proteção (Argônio 80% e CO2 20%). Segundo consta do laudo técnico “através de um processo elétrico de abertura de arco, o arame é depositado na região de solda. A mistura de gases é aplicada sobre a área para evitar o contato imediato da junta soldada com o ar, impedindo a oxidação”. No processo chamado de arco submerso, são utilizados como insumos: arame de solda, fluxo e antirespingo. Segundo descrição do laudo técnico se realiza “um processo elétrico de abertura de arco, o arame é depositado na região de solda. O fluxo recobre a área para evitar o contato imediato da região soldada com o ar, impedindo a oxidação.” Em relação aos produtos classificados nesta categoria, entendo que podem ser considerados insumos na medida em que se desgastam no processo produtivo e não são partes e peças. 12) ACESSÓRIOS PARA O PROCESSO DE SOLDA nesta categoria se incluem os produtos utilizados no processo de solda e/ou recuperação de componentes. São eles: bico, bocal, spray protetivo, fluxo, mangueira, cabo flexível. Pareceme que bico, bocal, mangueira e cabo flexível fazem parte da máquina de solda, logo são partes e peças e portanto não geram direitos à crédito. Por outro giro, spray protetivo e fluxo, não consistem em partes e peças e se consomem no processo de industrialização. 13) ACESSÓRIOS PARA O PROCESSO DE CORTE A QUENTE se enquadram nesta categoria: isqueiro, bico, bocal, mangueira, molas e porta bico. Segundo o laudo técnico são produtos utilizados de formas distintas no processo de corte do aço, bico, bocal e mangueiras conduzem os gases, no processo. O isqueiro é o ignitor do processo. Entendo que são partes e peças, razão pela qual não geram direito a crédito. 14) SABÃO DE ESTAMPAGEM tratase de insumo utilizado no processo de estampagem de componentes que auxilia na conformação da peça. Assim como outros produtos acima já apontados, este transforma os produtos em fabricação, na medida em que são utilizados no processo de conformação. Logo, entendo que geram direito ao crédito de IPI pleiteado. 15) GRANALHAS DE AÇO – são utilizados no processo de decapagem mecânica de parte da matéria prima utilizada na manufatura. Assim, por se tratar de produto utilizados na transformação dos produtos em fabricação, geram direito ao crédito. 16) MATERIAIS UTILIZADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS ACABADOS neste grupo estão componentes utilizados para fazer marcação nos produtos acabados (códigos e identificações). Classificamse nesta categoria: marcadores industriais e gravadores. Entendo que por se referirem a marcações que não alteram ou modificam os produtos, especialmente em razão da referência do laudo de que se aplicam sobre produtos acabados, não poderiam ser qualificados como insumos e, portanto, não geram direito ao crédito de IPI. Fl. 22DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 23 17 17) MATERIAIS UTILIZADOS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DO PROCESSO PRODUTIVO – nesta categoria estão enquadrados diversos produtos que se qualificam como componentes dos equipamentos utilizados na produção e que, por seu desgastes, são constantemente substituídos. São eles: motores, pinos, adaptadores, bolsas plásticas, bujões, caixas de ferramentas, carcaças, conectores, cotovelos, curvas, distribuidores, eixos, engates, fixação, flange, fresas, jogos de reparo, junções, juntas, mancais, mangueiras, metalon, óleos, prisioneiros, revestimentos, saídas, sensores, sinaleiros, sondas de imersão, tampas, trenas, tubos, uniões, válvulas, garras, graxas, kit peças, kits reparo, brocas, movitrac, parafusos, porcas. Neste caso, embora haja consumo no processo produtivo, entendo que só geram direito ao crédito as aquisições de produtos que não se destinem ao ativo imobilizado da Recorrente e, pelo que entendo, este item trata de partes e peças de máquinas, que compõe o ativo imobilizado. Diante do exposto, reconheço o direito ao crédito de IPI sobre os produtos referenciados nos itens 2, 3, 7, 8, 10, 11, 14 e 15 acima referenciados. Não reconheço o direito ao crédito sobre produtos incluídos nos itens 1, 4, 5, 6, 9, 13, 16 e 17. Concedo parcialmente o crédito pleiteado no item 12, nos termos mencionados. Indeferimento de créditos relativos a produtos recebidos em consignação A última categoria de produtos em relação aos quais a fiscalização entendeu não haver direito ao crédito de IPI pode ser classificada como aquela em que foram incluídos os produtos recebidos pela Recorrente no regime de consignação. Segundo entendimento do Fisco, apresentado no Relatório Fiscal, os produtos que foram recebidos pela Recorrente sob o regime de consignação não poderiam ser considerados insumos (passíveis de creditamento do IPI) porque equiparou a consignação ao depósito e, assim, entendeu que, em decorrência do regime de consignação, a Recorrente estaria obrigada a devolver os produtos consignados ao consignante, de maneira que tal obrigação inviabilizaria a utilização dos produtos em seu processo de industrialização. Ocorre que a premissa adotada pela fiscalização – de que todo produto remetido em consignação deve ser devolvido ao consignante – é uma premissa equivocada. Isto porque, nem toda consignação importa em devolução do produto. Ao contrário, a consignação é regime através do qual se remete um produto para que outrem o revenda, ou faça uso do bem, como melhor lhe convir. Se, na eventualidade de não ocorrer a revenda e/ou sua utilização pelo consignatário, aí sim há obrigatoriedade de devolução do bem. Estas características básicas estão descritas no Código Civil, que trata do regime de consignação como sendo um contrato estimatório – justamente porque se estima uma venda a se perfazer, verbis: "Artigo 534 Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendêlos, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituirlhe a coisa consignada." Fl. 23DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 24 18 Constatase da análise do dispositivo legal que é possível ocorrer a devolução da coisa consignada, mas que esta não é a regra. Ao contrário, justamente por se tratar de um contrário estimatório, a finalidade da consignação é que ocorra a utilização do bem, pelo consignatário (seja própria, seja em revenda). Aliás, a consignação na modalidade industrial – na qual há remessa de bens para utilização como insumo na industrialização – tornouse uma modalidade bastante usual de consignação, especialmente porque permite a entrega estimada de produtos/insumos ao industrial, que através de controles próprios do contrato, utiliza os produtos na medida em que necessita, e efetua o pagamento, periodicamente, na medida desta utilização e sem que precise preocuparse constantemente com a compra de insumos (e recebimento) eventualmente faltantes em seus estoques. A consignação mercantil foi, inclusive, objeto de regulamentação pelo CONFAZ, para padronização das operações de remessas dos produtos sob tal regime, inclusive em relação a cumprimento de obrigações acessórias do ICMS e do IPI. Neste sentido, destaco a qualificação da operação, expressamente estabelecida pelo Protocolo ICMS n.º 52/00, verbis: “PROTOCOLO ICMS 52/00 Estabelece disciplina para as operações relacionadas com as remessas de mercadorias remetidas em consignação industrial para estabelecimentos industriais. (...) Cláusula primeira Acordam os Estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo em permitir que fornecedores estabelecidos nos seus territórios promovam a saída de mercadorias a título de “consignação industrial” com destino a estabelecimentos industriais localizados no território de qualquer dos Estados signatários, nos termos deste protocolo. § 1º Para efeito deste protocolo, entendese por consignação industrial a operação na qual ocorre remessa, com preço fixado, de mercadoria com a finalidade de integração ou consumo em processo industrial, em que o faturamento darseá quando da utilização dessa mercadoria pelo destinatário”. (destaquei) Portanto, o argumento utilizado pela Fiscalização para promover a glosa de créditos de IPI, apurados sobre insumos recebidos sob o regime de consignação, apenas por entender que tais produtos deveriam ser obrigatoriamente devolvidos ao consignante, não tem fundamento. Afinal, tais produtos não teriam, necessariamente, de ter sido devolvidos – pelo contrário, o normal é que fossem consumidos na produção da Recorrente, como ela alega que foram. Ademais, se ao menos a fiscalização tivesse feito prova desta devolução – que entendeu ser obrigatória – comprovando que a consignação culminada na não utilização dos produtos pela Recorrente, com sua posterior devolução – aí sim seria possível admitir o argumento utilizado para desconsiderar os créditos de IPI sobre tais produtos. Ao deixar de fazer tal prova, a Fiscalização limitou seus argumentos ao campo conceitual no qual, Fl. 24DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 25 19 entretanto, entendo que não se sustentam. Vale destacar que não é razoável condicionar o aproveitamento do crédito em comento à prova, por parte do contribuinte, de que não houve devolução dos bens – especialmente considerando que esta é a exceção à regra da consignação industrial. Ademais, não é aceitável exigir que o contribuinte faça prova negativa, de fato que não restou demonstrado pelo Fisco, quando este era fundamento de suas conclusões. Assim, voto no sentido de que os créditos de IPI sobre produtos recebidos em consignação, como amostras para demonstrações e testes, sejam garantidos à Recorrente, na medida em que não restou comprovado que os mesmos não foram utilizados em seu processo produtivo, pois teriam sido devolvidos ao consignante. Atualização dos Créditos pela Taxa SELIC Finalmente, no que se refere ao pedido de atualização monetária dos créditos pleiteados, pela Taxa SELIC, com razão a Recorrente. Para melhor compreensão, transcrevo abaixo o acórdão proferido pelo processo nº 1.088.292292, Recurso Repetitivo que trata da incidência da Taxa Selic, verbis: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DO ART. 1º DA LEI N. 9.363/96. PEDIDO DE RESSARCIMENTO EM DINHEIRO. MORA DA FAZENDA PÚBLICA FEDERAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 411/STJ. TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME CRIADO PELO ART. 543C, CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 08/2008 QUE INSTITUÍRAM OS RECURSOS REPRESENTATIVOS DA CONTROVÉRSIA. 1. O ressarcimento em dinheiro ou a compensação, com outros tributos, dos créditos adquiridos por força do art. 1º, da Lei n. 9.363/96 créditos presumidos de IPI adquiridos como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS) quando efetuados com demora por parte da Fazenda Pública, ensejam a incidência de correção monetária. 2. Incidência do enunciado n. 411, da Súmula do STJ: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" e mudança do ponto de vista do Relator em razão do decidido no recurso representativo da controvérsia REsp.nº 1.035.847 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009. 3. Precedentes em sentido contrário: REsp. Nº 1.115.099 SC, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16.3.2010; AgRg no REsp. Nº 1.085.764 SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18.8.2009. 4. Agravo regimental não provido.” (STJ AgRg no AgRg no recurso especial Nº 1.088.292 RS (2008/02047717), Relator: Ministro Mauro Campbell Marques – destaquei) Fl. 25DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 26 20 Ademais, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão máximo do então Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), já aplicava o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a saber: “IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Cabe a atualização monetária dos ressarcimentos de IPI pela aplicação da Taxa SELIC, em atendimento ao princípio da isonomia, da equidade e da repulsa do enriquecimento sem causa. Precedentes do colegiado. Recurso negado.” (acórdão CSRF/ 02 –01.690, 2ª Câmara da CSRF destaquei) “TAXA SELIC. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Incidindo a Taxa Selic sobre a restituição, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, a partir de 01.01.96, sendo o ressarcimento uma da espécie do gênero restituição, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão CSRF/020.708, de 04.06.98, além do que, tendo o Decreto nº 2.138/97 tratado de restituição e ressarcimento da mesma maneira, a referida taxa incidirá também, sobre o ressarcimento. (Recurso 116.636, 1ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes; Serafim Fernandes Corrêa, sessão de 17/04/01 destaquei) No mesmo sentido, também neste tribunal administrativo 202113.770; 201 110.145; 201110.981; 201110.657; 202106.561; 114.964; 116.492; 110.145; 114.851; 116.491. Logo, entendo cabível a aplicação da atualização monetária sobre o valor do crédito tributário que foi obstaculizado, ou seja, que apesar de não ter sido concedido pela Delegacia da Receita Federal – DRF – está sendo concedido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A taxa SELIC deverá ser aplicada desde o pedido do contribuinte. Por todo o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, garantindolhe o ressarcimento dos créditos de IPI pleiteados, devidamente atualizados pela Taxa SELIC nos termos mencionados, exceto em relação (i) aos valores derivados da recomposição do saldo credor, em razão da falta de destaque do IPI nas operações que também foram objeto do Processo Administrativo nº 10860.005574/200278 (AI para cobrança de multa por falta de destaque do imposto) e (ii) a alguns produtos que não foram considerados como insumo, quais sejam, aqueles incluídos nos itens 1, 4, 5, 6, 9, 13, 16, 17 e parcialmente no item 12. Homologo, ainda, as compensações objeto destes autos, até o limite do crédito concedido. É como voto. Sala das Sessões, em 24 de abril de 2012 (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 26DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 27 21 Fl. 27DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 11065.005644/2008-11
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2004 PEDIDO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. RITO ESPECIAL. A formalização do Pedido de Inclusão Retroativa no Simples não prescinde de ser processada em procedimento especial, uma vez que o indeferimento da opção pelo Simples, mediante despacho decisório de autoridade da RFB, submete-se ao rito processual do Decreto n o 70.235, de 6 de março de 1972. PESSOA JURÍDICA EXCLUÍDA DO SIMPLES. IMPRESCINDIBILIDADE DE ENTREGA DA DCTF. No caso de exclusão de ofício do Simples, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XIX do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, o sujeito passivo fica obrigado a apresentar as DCTF relativas aos trimestres verificados desde o mês em que o ato declaratório de exclusão surtir seus efeitos. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1801-001.109
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Ausente momentaneamente o Conselheiro Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2004 PEDIDO DE INCLUSÃO RETROATIVA NO SIMPLES. RITO ESPECIAL. A formalização do Pedido de Inclusão Retroativa no Simples não prescinde de ser processada em procedimento especial, uma vez que o indeferimento da opção pelo Simples, mediante despacho decisório de autoridade da RFB, submete-se ao rito processual do Decreto n o 70.235, de 6 de março de 1972. PESSOA JURÍDICA EXCLUÍDA DO SIMPLES. IMPRESCINDIBILIDADE DE ENTREGA DA DCTF. No caso de exclusão de ofício do Simples, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XIX do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, o sujeito passivo fica obrigado a apresentar as DCTF relativas aos trimestres verificados desde o mês em que o ato declaratório de exclusão surtir seus efeitos. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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RITO ESPECIAL. A formalização do Pedido de Inclusão Retroativa no Simples não prescinde de ser processada em procedimento especial, uma vez que o indeferimento da opção pelo Simples, mediante despacho decisório de autoridade da RFB, submetese ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. PESSOA JURÍDICA EXCLUÍDA DO SIMPLES. IMPRESCINDIBILIDADE DE ENTREGA DA DCTF. No caso de exclusão de ofício do Simples, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XIX do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, o sujeito passivo fica obrigado a apresentar as DCTF relativas aos trimestres verificados desde o mês em que o ato declaratório de exclusão surtir seus efeitos. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11065.005644/200811 Acórdão n.º 180101.109 S1TE01 Fl. 122 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Ausente momentaneamente o Conselheiro Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Presidente (documento assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora Composição do Colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Ana de Barros Fernandes. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração à fl. 06, com a exigência do crédito tributário no valor de R$500,00 a título de multa de ofício isolada por falta na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) referente ao terceiro trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 14.11.2003. Ela foi intimada a apresentála em 02.09.2009. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: § 3º do art. 113, art. 115 e art. 160 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional) e incido II do art. 3º e incisos I e II do art. 7° da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2002. Inconformada com a exigência fiscal, da qual teve ciência em 14.11.2008, fl. 96, a Recorrente apresentou a impugnação em 12.12.2008, fls. 0105, com as alegações a seguir sintetizadas. Suscita que foi excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) a partir de 01.01.2002, por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/NHO n° 453.441 de 07.08.2003. Este procedimento tem como motivo a ocorrência da situação excludente, qual seja, “sócio ou titular participa de outra empresa com mais de 10% e a receita bruta global no ano calendário de 2001 ultrapassou o limite legal. CPF 492.917.93000. CNPJ 72.353.618/000146”. Argui que a referida sócia Raquel Cristina Schierholt, CPF 492.917.93000, retirouse da pessoa jurídica Usefibra Indústria Comércio de Fibras de Vidro Ltda, CNPJ 72.353.618/000146, em 14.02.2000, cuja alteração contratual foi arquivada em 21.08.2001 na Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul. Defende que não exerceu a atividade de representante comercial, tampouco qualquer outra atividade impeditiva e que cumpriu suas obrigações tributárias com regularidade inclusive procedendo aos recolhimentos mediante DarfSimples e à entrega das Declarações Simplificada da Pessoa Jurídica – Simples (DSPJ Simples). Aduz, assim, que a exclusão foi imotivada. Neste sentido formaliza o Pedido de Inclusão Retroativa no Simples. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11065.005644/200811 Acórdão n.º 180101.109 S1TE01 Fl. 123 3 Entende que não incorreu em circunstância que vedasse a opção pelo Simples e que por este motivo estava dispensada legalmente de apresentar DCTF. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui À vista de todo exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a impugnante seja acolhida a presente impugnação para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado, reativando a empresa no simples. Termos em que Pede deferimento. Está registrado como resultado do Acórdão da 6ª TURMA/DRJ/POA/RS nº 1021.521, de 22.10.2009, fls. 98102: “Impugnação Improcedente” : Restou ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2003 DCTF MULTA POR FALTA DE ENTREGA SIMPLES EXCLUSÃO OBRIGATORIEDADE. O contribuinte que foi excluído retroativamente do Simples, esta obrigado a apresentar a DCTF, sendo o inadimplemento desta obrigação passível de multa, na forma da lei. Notificada em 23.11.2009, fl. 106, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 15.12.2009, fls. 107113, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera os argumentos apresentados na impugnação. Conclui À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado e incluída no SIMPLES. Termos em que, Pede deferimento É o Relatório. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11065.005644/200811 Acórdão n.º 180101.109 S1TE01 Fl. 124 4 Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. A Recorrente discorda de sua exclusão de ofício do Simples. Esta matéria não é objeto do presente processo administrativo fiscal em que está formalizada a exigência de multa de ofício isolada por falta na entrega da DCTF. Consta no Voto condutor do Acórdão da 6ª TURMA/DRJ/POA/RS nº 10 21.521, de 22.10.2009, fls. 98102 O contribuinte, em 26/08/2003, foi cientificada do Ato Declaratório Executivo n° 0453441 emitido em 17/08/2003, que o excluía do Simples, tendo como situação excludente o fato de ter "sócio com mais de 10% e receita global acima do limite legal". A empresa ingressou com pedido de Solicitação de Revisão da Exclusão do Simples (SRS) em 23/09/2003, que levou o n° 10107000073 e suspendeu temporariamente a exclusão. Porém, após análise da SRS, a exclusão foi mantida com efeitos retroativos a 01/01/2002. A SRS foi declarada improcedente em 23/07/2004 e o contribuinte foi cientificado do fato, por AR, em 04/08/2004, conforme informação da DRF/Novo Hamburgo. Poderia o contribuinte, dentro do prazo, ter recorrido à. Delegacia da Receita Federal de Julgamento e, em última instância, ao Conselho de Contribuintes. Não localizamos nenhum desses procedimentos por parte dele, logo está sujeito aos efeitos da exclusão. A partir destas informações não expressamente contestadas pela Recorrente, verificase que o procedimento de exclusão de ofício está findo na esfera administrativa, de sorte que esta matéria não pode ser reexaminada nos presentes autos. Por esta razão, ela fica sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente afirma que pode ser incluída de ofício no Simples, nos termos legais. A opção pelo Simples é um direito da pessoa jurídica que preenche todos os requisitos legais e que não incorra em circunstância objeto de vedação legal expressa. O pressuposto é de que os motivos que impedem sua adesão ou permanência no regime sejam dela conhecidas. Comprovada a ocorrência de erro de fato, a autoridade fiscal da RFB que jurisdicione a pessoa jurídica pode retificar de ofício tanto o Termo de Opção (TO) quanto a Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica (FCPJ) para a inclusão com efeito retroativo no Simples de pessoa jurídica inscrita no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ). Para tanto é imprescindível identificar sua intenção inequívoca de aderir ao Simples, cujos instrumentos hábeis os pagamentos mensais por intermédio do Documento de Arrecadação do Simples (DarfSimples) e a apresentação da Declaração Anual Simplificada (DSPJ) e ainda não incorra em circunstância objeto de vedação legal expressa. O indeferimento da opção pelo Simples, mediante despacho decisório de autoridade da RFB, submetese ao rito do processo Fl. 126DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11065.005644/200811 Acórdão n.º 180101.109 S1TE01 Fl. 125 5 administrativo fiscal1. A formalização do Pedido de Inclusão Retroativa no Simples, todavia, não prescinde de ser processado no rito especial previsto no § 6º do art. 8º da Lei nº 9.317, de 1996 e em autos apartados. Logo, esta questão não pode ser examinada no presente processo. Assim superadas as matérias prejudiciais referentes à exclusão de ofício e ao pedido de inclusão retroativa, ambas referentes ao Simples, tem cabimento a análise dos demais argumentos constantes na peça recursal. A Recorrente discorda, no mérito, da aplicação da multa de ofício isolada por falta na entrega da DCTF. A obrigação tributária acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos e pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária. O Ministro da Fazenda pode instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, cuja competência foi delegada à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. O sujeito passivo que deixar de apresentar a DCTF nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela RFB. Neste caso a pessoa jurídica fica sujeita multa de 2%(dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20%(vinte por cento). Por via de regra, a multa mínima a ser aplicada é de R$500,00 ( quinhentos reais). Será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. As pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, deverão apresentar trimestralmente a DCTF, de forma centralizada, pela matriz. Não está dispensada da apresentação da DCTF, a pessoa jurídica excluída do Simples, a partir, inclusive, do trimestre que compreender o mês em que a exclusão surtir seus efeitos. A DCTF deve ser apresentada até o último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores. No caso de exclusão de ofício do Simples, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XIX do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, o sujeito passivo fica obrigado a apresentar as DCTF relativas aos trimestres verificados desde o mês em que o ato declaratório de exclusão surtir seus efeitos2. Na presente situação fática, a Recorrente foi excluída do Simples a partir de 01.01.2002. O prazo final para entrega da DCTF relativa ao terceiro trimestre do ano calendário de 2003 era 14.11.2003. A Recorrente foi intimada a apresentála em 02.09.2009. Por esta razão não cabem reparos ao crédito tributário constituído pelo lançamento de ofício. 1 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 16, de 2 de outubro de 2002. 2 Fundamentação legal: art. 113 do Código Tributário Nacional, art.7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, art. 5º da DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, Portaria MF nº 118, de 28 de junho de 1984, art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999 e art. 2º, art. 3º e art. 5º da Instrução Normativa SRF nº 255, de 11 de dezembro de 2002. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11065.005644/200811 Acórdão n.º 180101.109 S1TE01 Fl. 126 6 No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso3. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade4. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em face de o exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 3 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 4 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 09/08/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10850.720761/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Sun Jun 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA.
Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.900
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2006 VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA. Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado.
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SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA. Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente Fl. 652DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, ELZA VETORASSO MENDES, foi lavrada Notificação de Lançamento, mediante a qual se exige a diferença de Imposto Territorial Rural ITR, Exercício 2006, no valor total de R$ 57.945,28, do imóvel rural denominado Fazenda Santa Cruz, com área total de 1.410 ha., Número de Inscrição – NIRF 3.104.0993, localizado no município de MeridianoSP. Na descrição dos fatos e enquadramento legal, o lançamento de ofício decorreu da alteração da Declaração de Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR em relação aos seguintes fatos tributários: Valor da Terra Nua VTN: o contribuinte apresentou valores de terras extraídos do sítio, na internet, do IEA – Instituto de Economia Agrícola (SAAESP), os quais foram rejeitados como prova do VTN porque, segundo a autoridade fiscal, não atestam os valores declarados Para a comprovação do Valor da Terra Nua, o sujeito passivo apresentou somente os valores contidos nas páginas obtidas através da internet do IEA – Instituto de Economia Agrícola (SAAESP) – f. 73 que não atestam os valores declarados. Portanto em relação ao Valor da Terra Nua, o interessado não apresentou o Laudo de avaliação do Valor da Terra Nua do imóvel emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados e suas planilhas de cálculo, e preferivelmente pelo método comparativo direto de dados de mercado. Nem tampouco a apresentação de avaliação efetuada pelas Fazendas Públicas Estaduais (exatorias), Municipais, ou aquelas efetuadas pela Emater, não apresentando os métodos de avaliação e as fontes pesquisadas, que levassem à convicção do valor atribuído ao imóvel na Declaração do ITR DITR 2006.. Diante disso, o valor declarado pelo sujeito passivo foi substituído pelo VTN constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal – SIPT, apurado pela Secretaria Estadual de Agricultura. Foi adotada a menor avaliação disponível no SIPT, correspondente a R$ 6.611,57o hectare (f. 25). O sujeito passivo foi cientificado por aviso de recebimento postal em 22/11/2010, conforme consta da f. 337. Em 22/12/2010 a interessada, representada por advogado qualificado nos autos, apresentou impugnação, f. 349359, e, após relatar os motivos da autuação, passou a tecer suas alegações, cujos pontos relevantes para a solução do litígio são: Fl. 654DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Preliminar Sustenta que as Declarações do ITR de 2006 e 2007 foram regularmente declarados em nome do Espólio com a indicação da inventariante Elza Vetorasso Mendes. Alega nulidade do lançamento por não indicar corretamente o enquadramento legal, na medida em que é o art. 8o § 2o da Lei 9.393/96 que estabelece como será declarado o valor da terra nua. Mérito Alega que o valor da terra nua declarado encontrase correto e foi comprovado com base nos valores publicamente disponibilizados pelo IEA Instituto de Engenharia Agrícola, cuja idoneidade é incontestável, não havendo na lei nenhuma norma que obrigue a apresentação de laudo emitido por engenheiro agrônomo ou florestal nos termos 14.653 da ABNT da NBR. Não obstante isso, ora apresenta laudo técnico nos moldes requeridos pela fiscalização. A DRJ ao apreciar os argumentos do contribuinte, entendeu que o lançamento está correto, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 HERDEIROS. LEGITIMIDADE PASSIVA. Após a data da partilha, os herdeiros passam a ser contribuintes do ITR na condição de proprietários do imóvel rural. MOTIVAÇÃO. VALIDADE DO LANÇAMENTO. Não há nulidade do lançamento quando não se configura óbice à defesa ou prejuízo ao interesse público. DILAÇÃO PROBATÓRIA. NÃO CABIMENTO. Em regra, a prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, sob pena de preclusão, com exceção das hipóteses do § 4º do art. 16 do Decreto n.º 70.235/1972. VALOR DA TERRA NUA. PROVA. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização em procedimento de ofício nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passível de alteração quando o contribuinte não apresenta elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. Impugnação Improcedente. Insatisfeito, o interessado interpõe recurso tempestivo, reiterando os mesmos argumentos da impugnação. Enfatiza particularmente o valor da terra nua. É o relatório. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Do VTN Quanto à discussão em torno do VTN. sabese que os dados constantes do SIPT são genéricos para a região, e alimentados em grande parte por informação de outros órgãos e também pelas Prefeituras, mas sempre de forma agregada. Ocorre entretanto que o recorrente não apresentou qualquer documentos que evidencie que os valores arbitrados não correspondem a realidade dos fatos. Deste modo, entendo que não demonstrada a existência de eventuais características particulares desvantajosas que desvalorizem o imóvel, prevalecem os valores constantes do SIPT Sistema de Preços da Terra. Acrescentese por pertinente que no documento de fls. 12, indicase os critérios para cálculo do VTN médio, incluindo ali a aptidão agrícola. No que diz respeito ao Valor da Terra Nua para fins de apuração do ITR, o artigo 8º, da Lei nº 9.393, de 1996, determina que ele refletirá o preço de mercado de terras apurado no dia 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto avaliação da terra nua a preço de mercado. Uma vez que o contribuinte não apresentou o laudo, elaborado por profissional devidamente cadastrado, foi arbitrado o valor do VTN com base nas informações constantes da IN 42/97, Entendo que os valores da IN podem ser utilizados nesse caso, uma vez que o Recorrente não apresentou laudo técnico de avaliação onde se demonstra de maneira técnica e clara o valor de hectare do imóvel objeto de lançamento. Desta forma, não há como acolher os argumentos do recorrente no tocante ao VTN. Na análise da matéria assim se pronunciou com pertinente a autoridade de primeira instância: Nessa fase processual a impugnante apresenta Laudo Técnico de avaliação emitido por engenheiro agrônomo, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, f. 380404, repetido às f. 556576. O laudo atesta que o VTN por hectare do imóvel é R$ 8.323,98, concluindo, portanto, que o valor da terra nua do imóvel é maior do que o arbitrado no lançamento. Eventual aceitação do laudo técnico ensejaria acréscimo do crédito tributário lançado, o que não é permitido nessa fase processual. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Ademais, o fato é que o laudo técnico de avaliação apresentado pelo contribuinte é ineficaz para provar o valor da terra nua do imóvel em questão, por desatender os requisitos da Norma NBR 146533, pois: a) não está embasado em transações imobiliárias efetivas, no mínimo de cinco, as quais não são substituídas por meras ofertas extraídas de jornal ou da internet. O laudo está embasado em três anúncios de venda de imóveis rurais, extraídos da internet, sendo que um imóvel está localizado no município de Fernandópolis, um imóvel no município de Votuporanga e um imóvel sem informação de localização. Logo, as amostras não se referem ao mesmo município do imóvel avaliado; b) está embasado em uma opinião de profissional (RURAL Imóveis). Conforme consta do item 9.2.3.1 da norma NBR 146533 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABN, quando os elementos amostrais do laudo são formados em sua maioria de opiniões, fica caracterizado o grau I. Não obstante isso, o laudo que deixa de adotar no mínimo cinco elementos de mercado, por si só, não atinge o grau de fundamentação II, nos termos do item 9.2.3.5 da norma NBR 146533 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, acima transcrito. O grau de fundamentação é um parâmetro objetivo estabelecido pela Norma para dimensionar, em sua maior parte, os recursos empregados na elaboração do laudo. No sopesamento das provas, o laudo técnico de avaliação com grau de fundamentação inferior a II dispõe de menor poder de convencimento para a autoridade julgadora, de molde que pende a balança pela manutenção do critério legal, qual seja, os preços previamente catalogados pela Receita Federal. Em síntese, não há prova eficaz do valor da terra nua da propriedade em questão e, na falta da peça técnica adequada, deve ser mantida a avaliação fiscal realizada combase no art. 14 da Lei 9.393/96. Uma vez que não foi apresentado pelo recorrente Laudo Técnico de Avaliação que atendesse as condições elencadas pela norma da ABNT. Não há, portanto, como alterar o valor da terra nua apurado no lançamento. Cabe registra que não entendo que apenas pela fato de um laudo estar subscrito por profissional devidamente habilitado, atende ao disposto no artigo 3º , parágrafo quarto, da Lei nº 8.847/94, que assim estabelece: “Art. 3º A base de cálculo do imposto é o Valor da Terra Nua (VTN), apurado no dia 31 de dezembro do exercício anterior. § 1º O VTN é o valor do imóvel, excluído o valor dos seguintes bens incorporados ao imóvel: I Construções, instalações e benfeitorias; II Culturas permanentes e temporárias; III Pastagens cultivadas e melhoradas; IV Florestas plantadas. Fl. 657DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 4 7 § 2º O Valor da Terra Nua mínimo (VTNm) por hectare, fixado pela Secretaria da Receita Federal ouvido o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, em conjunto com a Secretaria de Agricultura dos Estados respectivos, terá como base levantamento de preços do hectare da terra nua, para os diversos tipos de terras existentes no Município. § 3º O VTN aceito será convertido em quantidade de Unidade Fiscal de Referência (Ufir) pelo valor desta no mês de janeiro do exercício da ocorrência do fato gerador. § 4º A autoridade administrativa competente poderá rever, com base em laudo técnico emitido por entidades de reconhecida capacitação técnica ou profissional devidamente habilitado, o Valor da Terra Nua mínimo (VTNm), que vier a ser questionado pelo contribuinte.” (grifamos) Com efeito, ainda que devidamente assinado por profissional habilitado, o Laudo Técnico somente terá o condão de modificar o VTN mínimo presumido da Região, na hipótese de alinhavarse com as normas procedimentais ditadas pela ABNT, mais especificadamente aquelas relativas à avaliação de imóveis rurais. Outro não é o entendimento levado a efeito por este Conselho Administrativo, ao tratar da matéria, como se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “ITR/94. VALOR DA TERRA NUA VTNm. LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO. REVISÃO. O laudo técnico de avaliação para que tenha validade e produza efeitos pretendidos através da revisão do VTNm, além de ser elaborado por profissional habilitado e acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica ART, deve revestirse de formalidades e exigências técnicas mínimas, que corroborem para a sua eficácia, não devendo limitarse a ser um mero documento informativo. A base de cálculo do imposto é o valor da terra nua – VTN, apurado no dia 31 de dezembro do exercício anterior. A data registrada no laudo técnico o torna inservível, por encontrarse em desacordo com a lei de regência sobre a matéria. Recurso especial provido.” (3a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Recurso nº 325.167 – Acórdão nº CSRF/0304.255 – Sessão de 21/02/2005) (grifamos) “TR – EXERCÍCIO 1994. VALOR DA TERRA NUA. A revisão do VTN mínimo é condicionada à apresentação de laudo técnico de acordo com as exigências legais, especialmente as referentes ao valor e às fontes de sua pesquisa. JUROS DE MORA Os juros de mora têm caráter compensatório e são exigidos pela não disponibilização do valor devido à Fazenda Pública. Sua fluência só se interrompe se a impugnação for acompanhada do depósito integral do crédito tributário considerado devido. MULTA DE MORA Nos lançamentos de ITR em que não exista a obrigação de antecipação do imposto, havendo impugnação, a multa de mora só é cabível após o vencimento do prazo de intimação de decisão Fl. 658DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 final administrativa. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO POR UNANIMIDADE” (1a Câmara do 3o Conselho – Recurso nº 326.064, Acórdão nº 30130761, Sessão de 11/09/2003) “ITR/95. VTN. REVISÃO. LAUDO. PROVA INSUFICIENTE. Laudo Técnico de Avaliação que não atenda às exigências legais, especialmente as relativas à pesquisa e comprovação das fontes, é prova insuficiente para a revisão do lançamento em que se adotou o VTNm. CNA. LEGALIDADE. As contribuições lançadas com o ITR têm natureza tributária e fundamento nos art. 149 e 8º, inc. V, parte final, da CF/88, e art. 10, § 2 º do Ato das Disposições Constitucionais transitórias. MULTA DE MORA. A multa de mora só é exigível, na vigência da Lei 8.847/94, após a constituição definitiva do crédito tributário. JUROS DE MORA. A fluência dos juros de mora só é interrompida se a impugnação for acompanhada do depósito integral do crédito tributário contestado. Recurso parcialmente provido por unanimidade.” (1a Câmara do 3o Conselho – Recurso nº 322.872, Acórdão nº 30130534, Sessão de 25/02/2003) Na hipótese dos autos, da detida análise do Laudo de Avaliação apresentado pelo contribuinte, o documento não faz menção detalhada a “escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; a homogeneização dos elementos pesquisados, de acordo com o nível de precisão da avaliação; a pesquisa de valores, abrangendo avaliações e/ou estimativas anteriores, produtividade das explorações, e transações e ofertas” Destarte, o laudo apesar de descrever as dimensões do imóvel, os seus aspectos físicos e nível de manejo pela análise da vegetação, hidrografia, solos, relevo, tipo de exploração, clima, conservação do solo e recursos hídricos, quais as áreas são destinadas a pastagens, culturas, a preservação ambiental, inclusive as inaproveitáveis, pecou no sentido de trazer elementos imprescindíveis quanto a avaliação do VTN. Para tanto, deveria ter observado as normas constantes da ABNT, especialmente o disposto nos itens 2 e 3, de modo que restasse devidamente comprovada a justificativa da fixação do VTN de forma individualizada e específica para a propriedade do contribuinte, confirase: “ 2 – Pesquisa de valores, com identificação das fontes pesquisadas, abrangendo: 2.1 – avaliação e/ou estimativas anteriores; 2.2 – valores fiscais; 2.3 – transações e ofertas; 2.4 – valor dos frutos; 2.5 – produtividade das explorações; 2.6 – formas de arrendamento, locação e parcerias; 2.7 – informações (bancos, cooperativas, órgãos oficiais e de assistência técnica); 3 – Escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; Fl. 659DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 5 9 4 – Homogeneização dos elementos pesquisados, de acordo com o nível de precisão da avaliação; 5 – Determinação do valor final com indicação da data de referência; 6 – Conclusões com os fundamentos resultantes da análise final; e 7 – Data da vistoria;” Ademais, referido laudo, igualmente, não fez menção detalhada a metodologia utilizada, seja para a coleta ou mesmo para a homogeneização dos dados levantados, com o fito de justificar a conclusão levada a efeito pelo perito, sobretudo em relação ao procedimento adotado para a demonstração do valor da terra nua que, de fato, deveria ser aplicável a propriedade rural do contribuinte. Ante ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 660DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10640.000358/2006-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2002
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhece- se o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.224
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo e Henrique Pinheiro Torres.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
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AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhece se o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo e Henrique Pinheiro Torres. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire – Relator EDITADO EM: 09/07/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório O contribuinte, inconformado com o decidido no Acórdão nº 280100.433, proferido pela 1ª Turma Especial da 2ª Seção em 13/04/2010, interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de divergência à Câmara Superior de Recursos Fiscais. A decisão recorrida, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso. Segue abaixo sua ementa: “ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. PRAZO. As áreas de reserva legal, para fins de redução no cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, devem estar averbadas no Registro de Imóveis competente até a data de ocorrência do fato gerador. Recurso negado.” Em seu recurso, a recorrente explica, inicialmente, que é ilegal o Auto de Infração que consubstanciou o lançamento do ITR referente ao exercício de 2002 da Fazenda Cachoeirão, por referirse única e exclusivamente a existência de rasuras no ADA do IBAMA. Explica que após sua impugnação o ADA foi validado, de maneira que o AI deveria ser declarado insubsistente. Todavia, alega que o Fisco, após a apresentação da impugnação, alterou os fundamentos do AI, pretendendo não mais discutir a questão referente à rasura no documento, mas sim a obrigatoriedade de averbação da Área de Reserva Legal no RGI. Entende que a fiscalização não pode modificar ou aditar a autuação depois da impugnação apresentada, devendo lavrar no AI com os novos fatos e fundamentos que entender cabível. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10640.000358/200654 Acórdão n.º 920202.224 CSRFT2 Fl. 2 3 Em seguida, afirma que a decisão ora contestada diverge da jurisprudência do CARF. Observa que o entendimento predominante no Conselho é pela desnecessidade de registro das Áreas de Reserva Legal para reconhecimento de isenção do ITR. Destaca que o CARF tem decidido que o Ato Declaratório Ambiental (ADA) não é necessário para o reconhecimento da exoneração, ficando o declarante com a responsabilidade pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos em lei, caso fique comprovado que a sua DITR não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções. Segue abaixo as ementas dos paradigmas que, no seu entendimento, divergem do aresto em comento: "NÃO AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL. O Reconhecimento de isenção quanto ao ITR independe de averbação da área de reserva legal no Registro de Imóveis. A exigência como requisito para o reconhecimento de isenção do ITR não encontra base legal..." (AC 30331.738) “ÁREA DE RESERVA LEGAL Não há sustentação legal para exigir averbação das áreas de reserva legal como condição ao reconhecimento dessas áreas isentas de tributação pelo ITR. O reconhecimento de isenção quanto ao ITR independe da averbação da área de reserva legal no Registro de Imóveis, se ficar comprovada a existência dessa área por meio de laudo técnico e outras provas documentais, inclusive a averbação à margem da matrícula do imóvel procedida após a ocorrência do fato gerador.” (AC 30131.556) Observa que a não averbação ou a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador não pode servir de óbice à isenção do ITR, porque tal providência não é um ato constitutivo, mas meramente declaratório. Entende que a relatora confunde dois institutos completamente distintos, o direito à propriedade e a limitação administrativa à propriedade. Argumenta que o Código civil brasileiro em seu artigo 1225 é taxativo ao elencar os direitos reais, e que dentre eles não se encontra a limitação administrativa à propriedade, ou seja, para ser considerada como tal, a mesma independe de averbação no Registro de imóveis, como faz querer acreditar a Ilma. Relatora, urna vez que a sua publicidade é conferida pela Lei, no caso o Código Florestal. Destaca que apenas após a entrega da ADA em 2002, quando foi realizado um levantamento aerofotogramétrico, é que pode conhecer a área exata e a existência de área de Reserva Legal em sua propriedade. Ao final, requer o conhecimento e provimento de seu recurso especial. Nos termos do Despacho n.º 2101363/2010, foi dado seguimento ao pedido em análise. A Fazenda Nacional ofereceu, tempestivamente, contrarazões. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Afirma que, no caso dos autos, a área declarada como sendo de reserva legal não foi averbada no Registro de Imóveis em data anterior à ocorrência do fato gerador, consoante determina a legislação. Entende que a mera declaração de existência fática da área de reserva legal não tem o condão de atender aos requisitos da legislação pátria vigente para excluíla quando da apuração do ITR. Observa que, para que se possa valer do benefício, a área deve estar devidamente averbada à margem da matrícula do imóvel à época do fato gerador do tributo. Destaca jurisprudência do STF que declara que a área de reserva florestal não identificada no registro imobiliário não é de ser subtraída da área total do imóvel para o fim de cálculo da produtividade. Explica que temse invocado as disposições da Medida Provisória n° 2.166/01 para defender que a mera declaração seria suficiente para se permitir a exclusão das áreas na apuração do ITR. Julga que tal argumento não tem como prosperar, pois, havendo dúvidas acerca dos dados informados, mostrase legítima a intimação do contribuinte para comprovar os elementos apresentados, com a exibição do documento apropriado – comprovante da averbação da reserva legal, à margem da matrícula do imóvel, em data anterior à ocorrência do fato gerador do tributo. Conclui que, pela ausência de averbação tempestiva e falta de respaldo no registro, merece ser mantida a decisão recorrida. Ao final, requer seja negado provimento do recurso especial do contribuinte. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator O recurso especial preenche os requisitos formais de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. A questão controvertida disse respeito à exigência da averbação da área de reserva legal – a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento. Para tanto, ressalto do art. 10 da Lei nº 9.393/96 os trechos que interessam: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: Fl. 191DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10640.000358/200654 Acórdão n.º 920202.224 CSRFT2 Fl. 3 5 a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de reserva legal é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso comprovado posteriormente a falsidade das declarações. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Por seu turno, a Lei nº Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 (Código Florestal Brasileiro, prevê a obrigatoriedade de averbação da área de reserva legal no registro de imóveis competente, nos seguintes termos: Art. 16. As florestas de domínio privado, não sujeitas ao regime de utilização limitada e ressalvadas as de preservação permanente, previstas nos artigos 2° e 3° desta lei, são suscetíveis de exploração, obedecidas as seguintes restrições: .................... § 2º A reserva legal, assim entendida a área de , no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada, a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989). .............. Art. 44. Na região Norte e na parte Norte da região Centro Oeste enquanto não for estabelecido o decreto de que trata o artigo 15, a exploração a corte razo só é permissível desde que permaneça com cobertura arbórea, pelo menos 50% da área de cada propriedade. Parágrafo único. A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento), de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Incluído pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989) Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da necessidade de prévia averbação da reserva legal para fins de nãoincidência do Imposto Territorial Rural ITR. No caso dos autos, tratase de lançamento no qual o contribuinte foi tomou ciência do Termo de Intimação Fiscal em 31/08/2006, referente a fato gerador ocorrido em 01/01/2002. Importante frisar, a área de reserva legal, apesar de averbada no Cartório de Registro de Imóveis, não foi considerada pelo acórdão recorrido nos seguintes termos: “Quanto à ARL, destaquese que a correspondente averbação de 189,9 ha só ocorreu em 17/07/2007 (fls. 82 a 90), não podendo, dessa forma, ser aceita a exclusão para o exercício em apreço.” A área de reserva legal é isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, por isso que ilegítimo o condicionamento do reconhecimento do referido benefício à prévia averbação dessa área no Registro de Imóveis, posto que a averbação na matrícula do imóvel não é ato constitutivo do direito de isenção, mas meramente declaratório ante a proteção legal que tal área recebe. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10640.000358/200654 Acórdão n.º 920202.224 CSRFT2 Fl. 4 7 A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhecese o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área. Assim deve ser reformado o acórdão recorrido, por entender que a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo à concessão de isenção de ITR. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial do contribuinte, para reconhecer a reserva legal de 189,9 ha. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Fl. 194DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10384.720434/2010-04
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2006 NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO - INOCORRÊNCIA Se a Contribuinte teve a ciência de todos os termos e documentos que compõe o processo, e neles estão claramente descritos os fatos que motivaram o lançamento e as infrações que lhe foram imputadas, bem como as disposições legais infringidas, não há que se falar em ausência de motivação do lançamento, e tampouco em cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2006 DIFERENÇAS ENTRE A RECEITA AUFERIDA E A DECLARADA - RECOLHIMENTO A MENOR DE TRIBUTO - DEDUÇÃO DE VALORES RETIDOS NA FONTE, DECLARADOS E PAGOS, OU CONFESSADOS - PROCEDIMENTO JÁ OBSERVADO PELA FISCALIZAÇÃO Apesar de algumas declarações serem meramente informativas (DIRPJ, DIRF e DACON), em razão de elas indicarem tanto tributo que foi retido pelas fontes pagadoras, quanto recolhido pela própria Contribuinte fiscalizada (e não apenas tributo apurado), a Fiscalização deduziu nos autos de infração os valores constantes destas declarações. Também foram deduzidos os valores confessados em DCTF. Se os tributos exigidos por meio de auto de infração, com a devida multa de ofício, já estão líquidos dos valores constantes das referidas declarações, nenhum reparo há de ser feito no lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA - CSLL, PIS e COFINS Estende-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1802-001.205
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO INOCORRÊNCIA Se a Contribuinte teve a ciência de todos os termos e documentos que compõe o processo, e neles estão claramente descritos os fatos que motivaram o lançamento e as infrações que lhe foram imputadas, bem como as disposições legais infringidas, não há que se falar em ausência de motivação do lançamento, e tampouco em cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 DIFERENÇAS ENTRE A RECEITA AUFERIDA E A DECLARADA RECOLHIMENTO A MENOR DE TRIBUTO DEDUÇÃO DE VALORES RETIDOS NA FONTE, DECLARADOS E PAGOS, OU CONFESSADOS PROCEDIMENTO JÁ OBSERVADO PELA FISCALIZAÇÃO Apesar de algumas declarações serem meramente informativas (DIRPJ, DIRF e DACON), em razão de elas indicarem tanto tributo que foi retido pelas fontes pagadoras, quanto recolhido pela própria Contribuinte fiscalizada (e não apenas tributo apurado), a Fiscalização deduziu nos autos de infração os valores constantes destas declarações. Também foram deduzidos os valores confessados em DCTF. Se os tributos exigidos por meio de auto de infração, com a devida multa de ofício, já estão líquidos dos valores constantes das referidas declarações, nenhum reparo há de ser feito no lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA CSLL, PIS e COFINS Estendese aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, que considerou parcialmente procedente o lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa da Jurídica – IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, conforme autos de infração de fls. 13 a 44, nos valores de R$ 344.909,25, R$ 154.967,55, R$ 21.325,49 e R$ 98.429,78, respectivamente, incluindose nesses montantes a multa de 75% e os juros moratórios. O lançamento abrangeu os períodos de apuração transcorridos durante o ano calendário de 2006. Para descrever os fatos que antecederam o recurso sob exame, reproduzo o relatório constante da decisão de primeira instância, Acórdão nº 0821.966, às fls. 310 a 312: A fiscalização foi desenvolvida conforme relato contido no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 03/05. Naquele documento o autuante ressalta os seguintes pontos: • o levantamento do faturamento foi realizado considerando o relatório da conta “vendas de serviços” extraído do razão da empresa e apresentado pelo próprio fiscalizado; • o fiscalizado declarou em DIPJ e DACON valor de receitas inferiores as que efetivamente auferiu e que declarou, em DCTF, tributos em valores inferiores ao efetivamente devidos; • a DIPJ do período sob fiscalização foi entregue com os valores das receitas iguais a zero; • a base de cálculo do IRPJ e CSLL foi extraída das receitas apuradas com base nas notas fiscais emitidas; • na apuração da base de cálculo objeto do lançamento de ofício, foram considerados os valores das receitas já declaradas. E, na apuração do tributo lançado, efetuada a dedução dos valores retidos na fonte pelos clientes do fiscalizado e dos valores já recolhidos; • no caso especifico do PIS e Cofins, como foram deduzidos os valores já declarados da receita total apurada, os valores já recolhidos com base nesses valores já declarados não foram deduzidos das contribuições lançadas; • em razão da conduta do contribuinte consistente em não declarar a totalidade de suas receitas ao fisco, com o fim especifico de obter vantagem econômica ao se eximir do pagamento dos tributos devidos, foi efetuada, nos termos da Portaria SRF nº 326/2005, a formalização da representação Fl. 360DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 4 4 fiscal para fins penais a ser encaminhada ao Ministério Público Federal, visto que tal conduta está tipificada como Crime Contra a Ordem Tributária pela Lei N° 8.137, de 27 de dezembro de 1990; Cientificado da exigência fiscal em 26/10/2010, o sujeito passivo apresentou, em 22/11/2010, impugnação de fls. 281/296, onde argumenta em síntese: • não existe motivação para ação fiscal e não estão presentes os pressupostos indispensáveis a conferir validade ao auto de infração o que importa em sua nulidade; • o lançamento tributário limitase a afirmar que ocorreu omissão de receitas, sem levar em conta que todas as receitas auferidas pela recorrente estavam devidamente informadas nos DACON; • parte do crédito tributário exigido através de Auto de Infração, com aplicação de Multa de Oficio de 75%, é de conhecimento da Secretaria da Receita Federal, tanto é verdade que o valor que não foi pago, se encontra devidamente informados nas DIRF apresentadas pelos tomadores de serviços da empresa autuada e nos DACON enviados à Secretaria da Receita Federal; • os DACON e as DIRF apresentados pela contribuinte são documentos que formalizam o cumprimento de obrigação acessória, e neles estão comunicando a existência de crédito tributário da União, constituindo assim confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do crédito tributário, não necessitando, no caso em comento, auto de infração, com aplicação de multa de 75% para formalizar a exigência do crédito tributário já incluídos nessas declarações; • deve ser reduzida a base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, em relação ao mês de abril de 2006, tendo em vista que a fiscalização computou receita no seu levantamento fiscal decorrente de nota fiscal cancelada no valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais), conforme comprova a cópia da nota fiscal cancelada nº 948 de fl. 159 dos autos. Como mencionado, a DRJ Fortaleza/CE considerou parcialmente procedente o lançamento, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2006 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 5 5 Considerase motivado o auto de infração quando presentes os pressupostos de fato e de direito da infração fiscal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A Delegacia de Julgamento reconheceu que a nota fiscal nº 948, no montante de R$ 11.000,00, emitida em abril de 2006, havia sido realmente cancelada, e, por essa razão, excluiu o referido valor dos autos de infração. A procedência parcial em primeira instância está relacionada apenas a esse aspecto. Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 21/11/2011, a Contribuinte apresentou em 19/12/2011 recurso voluntário, onde reitera os mesmos argumentos de sua impugnação, conforme descrito nos parágrafos anteriores. A Contribuinte somente não reitera a questão da nota fiscal cancelada, porque o seu valor já foi excluído dos autos de infração na instância administrativa anterior. Este é o Relatório. Fl. 362DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 6 6 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a Contribuinte questiona lançamento para a constituição de IRPJ e reflexos nos períodos de apuração transcorridos no anocalendário de 2006. Em relação à preliminar de nulidade do lançamento, é oportuno transcrever na íntegra o conteúdo do Termo de Verificação Fiscal que acompanha os autos de infração, às fls. 3 a 5: (...) 1. No exercício do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, atendendo ao Mandado de Procedimento Fiscal MPF, nº 03.3.01.00201000284, e dando a devida continuação ao procedimento de fiscalização ora em foco junto ao contribuinte acima identificado, apuramos os fatos a seguir relatados: 2. A ação fiscal teve início em 17/08/2010 (ciência do contribuinte via postal), através de Termo de Inicio próprio, onde foi solicitada a apresentação de documentação contábil e fiscal, dentre as quais os Livros Razão e Diário relativos ao ano calendário de 2006. 3. 0 fiscalizado apresentou, em 03/09/2010, o Livro Caixa e relatórios informatizados contendo a escrituração das contas: “vendas de serviços”, “bancos c/ movimento” e “clientes”, bem como cópias dos extratos bancários comprobatórios da movimentação financeira escriturada. 4. Em 08/09/2010, através de intimação mais específica, o fiscalizado foi intimado a apresentar os blocos de notas fiscais de vendas e de prestação de serviço utilizados no ano de 2006. 5. 0 fiscalizado apresentou cópias das notas fiscais requeridas. 6. 0 relatório da conta “vendas de serviços” é compatível com as notas fiscais emitidas no período. 7. Em 27/09/2010 intimamos novamente o fiscalizado a apresentar os originais da notas fiscais e os livros Diário e Razão. Em 05/10/2010, o fiscalizado atendeu parcialmente a esta intimação: apresentou os originais das notas fiscais e, afirmando ter optado pela escrituração apenas do Livro Caixa não apresentou os livros Diário e Razão. Fl. 363DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 7 7 8. 0 Livro Caixa apresentado, não é representativo de toda a atividade da empresa, pois não contém a escrituração das receitas e a movimentação bancária. 9. Assim, efetuamos o levantamento do faturamento da empresa, considerando o relatório da conta “vendas de serviços” extraído do razão da empresa e apresentado pelo próprio fiscalizado, itens 3 e 6, acima (cópia anexa). 10. Da análise de toda a documentação apresentada, contatamos as irregularidades e infrações a legislação tributárias a seguir relatadas. DA DECLARAÇÃO DE RECEITA INFERIOR AO EFETIVAMENTE AUFERIDA E DA APURAÇA0 DA BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS OBJETO DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. 11. Apuramos que o fiscalizado declarou em DIPJ e DACON valor de receitas inferiores as que efetivamente auferiu e que declarou, em DCTF, tributos em valores inferiores ao efetivamente devidos. 12. Destacamos que a DIPJ do período sob fiscalização foi entregue com os valores das receitas iguais a zero. 13. São os seguintes os valores das receitas apuradas com base nas notas fiscais emitidas. Esses valores são a base cálculo do IRPJ e da CSLL. (...) 14. Apuramos a seguinte base de cálculo para a apuração e exigência, de oficio, do PIS e Cofins devidos. (...) 15. Na apuração da base de cálculo objeto do lançamento de oficio, consideramos os valores das receitas já declaradas. E, na apuração do tributo lançado, efetuados a dedução dos valores retidos em fontes pelos clientes do fiscalizado e dos valores já recolhidos. 16. No caso específico do PIS e Cofins, como deduzimos os valores já declarados da receita total apurada, os valores já recolhidos com base nesses valores já declarados não foram deduzidos das contribuições lançadas. 17. Assim, considerando os atos e fatos, acima relatados, e, ainda, as planilhas demonstrativas de apuração constantes deste termo, efetuamos o lançamento de oficio necessário à exigência dos tributos e contribuições declarados e/ou recolhidos a menor que o apurado em contabilidade no ano de 2006. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. Fl. 364DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 8 8 18. Em razão da conduta do contribuinte consistente em não declarar a totalidade de suas receitas ao fisco, com o fim específico de obter vantagem econômica ao se eximir do pagamento dos tributos devidos, efetuaremos, nos termos da Portaria SRF nº 326/2005, a formalização da representação fiscal para fins penais a ser encaminhada ao Ministério Público Federal, visto que tal conduta está tipificada como Crime Contra a Ordem Tributária pela Lei N° 8.137, de 27 de dezembro de 1990. 19. Esse Termo de Verificação Fiscal é parte integrante do auto de infração lavrado para a exigência dos tributos apontados no item, imediatamente, acima. 20. Anexamos os seguintes documentos ao presente termo: 1. Cópia do relatório da conta “vendas de serviços”; 2. Demonstrativos de apuração dos valores retidos em fonte, por código de retenção e consolidado; e 3. Demonstrativo consolidado das deduções ao lançamento valores retidos em fonte e valores já declarados/recolhidos. A descrição detalhada de todas as informações e elementos coletados pela Fiscalização, e o conteúdo destes, evidenciam não haver qualquer consistência na alegação de nulidade por falta de motivação do lançamento. No caso concreto, observase que a Contribuinte teve a ciência de todos os termos e autos de infração que compõe o processo, e que neles estão claramente descritos os fatos que motivaram o lançamento e as infrações que lhe foram imputadas, bem como as disposições legais infringidas. Estes elementos possibilitavam o pleno exercício do direito ao contraditório e à defesa, mas a Contribuinte optou simplesmente por reproduzir comentários genéricos acerca dos pressupostos do ato administrativo de lançamento, sem apontar precisamente onde estariam as alegadas deficiências relativas à motivação. A matéria autuada está bastante evidente. A Contribuinte não declarou/ recolheu integralmente os tributos devidos (IRPJ e reflexos). As diferenças foram apuradas a partir das próprias notas fiscais emitidas e estão devidamente demonstradas nas tabelas e planilhas que compõem os autos de infração. Nesse contexto, a preliminar merece ser rejeitada. Quanto ao mérito, a Contribuinte opõemse à aplicação da multa de ofício, argumentando que os tributos lançados já estavam declarados em DACON e nas DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras. Segundo suas alegações, DIRF e DACON são documentos que formalizam o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário da União, constituindo assim confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do crédito tributário. Por isso, não seria necessário auto de infração, com aplicação de multa de 75%, para formalizar a exigência de crédito tributário já incluído nessas declarações. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 9 9 Em relação a esse ponto, a decisão da Delegacia de Julgamento apresentou os seguintes fundamentos: (...) São instrumentos destinados à confissão dos créditos tributário a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), por força do art. 5.º do Decretolei n.º 2.124/84, c/c o art. 9º e o parágrafo único do art. 11 da Instrução Normativa SRF n.º 583, de 20 de dezembro de 2005, e a Declaração de Compensação (DCOMP), conforme inteligência do § 6º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Como se vê, por se constituírem em meros instrumentos informativos, nem o DACON nem a DIRF se destinam a confessar valores devidos ao Fisco Federal. Isto não implica dizer que as quantias informadas naqueles demonstrativos fiscais não devam ser consideradas pelo autuante na apuração das exigências. E, de fato, o autuante deduziu as quantias correspondentes às receitas informadas em DACON quando da apuração da receita omitida no caso de PIS e Cofins; já o imposto retido na fonte respeitante aos períodos de apuração objeto de lançamento também foi descontado dos tributos apurados em decorrência da omissão constatada. Assim, não se pode acatar a tese trazida na impugnação. Com efeito, nem a DIRF nem o DACON constituem confissão de dívida e instrumento hábil à execução fiscal. No entanto, como estas declarações indicavam tributos já retidos pelas fontes pagadoras (DIRF) ou recolhidos pela própria Contribuinte fiscalizada (DACON), e não apenas tributo apurado, a Fiscalização deduziu nos autos de infração os valores constantes destas declarações. Pelos demonstrativos dos autos de infração, observase que também foram deduzidos os valores declarados em DCTF. Portanto, os tributos exigidos por meio do lançamento ora examinado, com a devida multa de ofício, já estão líquidos dos valores constantes das referidas declarações, o que demonstra a improcedência das alegações da Recorrente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de nulidade, e, no mérito, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 366DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10384.720434/201004 Acórdão n.º 180201.205 S1TE02 Fl. 10 10 Fl. 367DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 24/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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