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Numero do processo: 13984.720305/2012-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011
Ementa:
PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Nos termos do art. 29, do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia que entender desnecessário.
PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. DESCABIMENTO.
O procedimento fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares que não autuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal. Incabível a alegação de nulidade por cerceamento do direito de defesa, pelo fato do sujeito passivo não ter acompanhado todo o trabalho de investigação desenvolvido pela autoridade fiscal, antes da lavratura do auto.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
Nos casos de lançamento por homologação, em que ocorre a antecipação do pagamento do imposto, deve-se aplicar o Recurso Especial nº 973.733/SC c/c art. 543-C do CPC c/c § 2º do art. 62 do RICARF, contando o dies a quo a partir da data do fato gerador, conforme prevê § 4º do art. 150 do CTN. O fato referente ao ano-calendário se aperfeiçoou em 31 de dezembro. Contados cinco anos a partir de dessa data, não operou a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos no ano-calendário da exação.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARBITRAMENTO.
Nos casos de prestação de serviços de advocacia em que a cobrança dos honorários é feita aplicando-se um percentual sobre os valores obtidos pelo autor da ação, e quando o contribuinte não apresenta documentos que possibilitem aferir o exato valor do rendimento por ele obtido, é lícito arbitrar os rendimentos.
MULTA AGRAVADA. INOCORRÊNCIA.
O atendimento da intimação, ainda que parcial, várias vezes no curso da fiscalização, além doarbitramentoda base de cálculo do imposto, não autoriza o agravamento da multa de lançamento de ofício de 150% para 225%, nos termos do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996.
MULTA ISOLADA DO CARNÊ-LEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA.
A partir da vigência da Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007 (convertida na Lei nº 11.488/2007), é devida a multa isolada pela falta de recolhimento do carnê-leão, aplicada concomitante com a multa de ofício pela falta de recolhimento ou recolhimento a menor de imposto, apurado no ajuste anual.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. POSSIBILIDADE.
Cabível a multa qualificada de 150% quando estiver perfeitamente demonstrado nos autos que o agente envolvido na prática da infração tributária conseguiu o objetivo desejado de, reiteradamente, ocultar parte dos tributos devidos, deixando, com isso, de recolhê-los à Fazenda Nacional.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação constitucional ao confisco é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
Numero da decisão: 2201-002.718
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito: a) Quanto à matéria de aplicação de multa isolada concomitante com a multa de ofício, pelo voto de qualidade, negar provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ; b) Quanto à matéria de multa agravada, por unanimidade de votos, afastar o agravamento da multa, reduzindo-a ao percentual de 150%. O Conselheiro MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA fará declaração de voto.
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Relator.
EDITADO EM: 28/12/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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INDEFERIMENTO. LIVRE CONVICÇÃO DO JULGADOR. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 29, do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia que entender desnecessário. PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. DESCABIMENTO. O procedimento fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares que não autuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal. Incabível a alegação de nulidade por cerceamento do direito de defesa, pelo fato do sujeito passivo não ter acompanhado todo o trabalho de investigação desenvolvido pela autoridade fiscal, antes da lavratura do auto. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação, em que ocorre a antecipação do pagamento do imposto, devese aplicar o Recurso Especial nº 973.733/SC c/c art. 543C do CPC c/c § 2º do art. 62 do RICARF, contando o dies a quo a partir da data do fato gerador, conforme prevê § 4º do art. 150 do CTN. O fato referente ao anocalendário se aperfeiçoou em 31 de dezembro. Contados cinco anos a partir de dessa data, não operou a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos no anocalendário da exação. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARBITRAMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 72 03 05 /2 01 2- 07 Fl. 1266DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Nos casos de prestação de serviços de advocacia em que a cobrança dos honorários é feita aplicandose um percentual sobre os valores obtidos pelo autor da ação, e quando o contribuinte não apresenta documentos que possibilitem aferir o exato valor do rendimento por ele obtido, é lícito arbitrar os rendimentos. MULTA AGRAVADA. INOCORRÊNCIA. O atendimento da intimação, ainda que parcial, várias vezes no curso da fiscalização, além doarbitramentoda base de cálculo do imposto, não autoriza o agravamento da multa de lançamento de ofício de 150% para 225%, nos termos do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996. MULTA ISOLADA DO CARNÊLEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. A partir da vigência da Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007 (convertida na Lei nº 11.488/2007), é devida a multa isolada pela falta de recolhimento do carnêleão, aplicada concomitante com a multa de ofício pela falta de recolhimento ou recolhimento a menor de imposto, apurado no ajuste anual. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. POSSIBILIDADE. Cabível a multa qualificada de 150% quando estiver perfeitamente demonstrado nos autos que o agente envolvido na prática da infração tributária conseguiu o objetivo desejado de, reiteradamente, ocultar parte dos tributos devidos, deixando, com isso, de recolhêlos à Fazenda Nacional. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação constitucional ao confisco é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito: a) Quanto à matéria de aplicação de multa isolada concomitante com a multa de ofício, pelo voto de qualidade, negar provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ; b) Quanto à matéria de multa agravada, por unanimidade de votos, afastar o agravamento da multa, reduzindoa ao percentual de 150%. O Conselheiro MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA fará declaração de voto. Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI – PresidenteSubstituto. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator. EDITADO EM: 28/12/2015 Fl. 1267DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 3 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anoscalendário 2007, 2008, 2009 e 2010, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 1084/1090, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 3.311.084,04, calculado até 08/2012. A fiscalização apurou omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas; omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física; dedução indevida de despesas médicas e multa isolada pela falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão. Em relação à omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física, a autoridade fiscal aplicou a multa de 225%. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresenta Impugnação alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: Após tomar ciência do Termos de Início de Fiscalização, que vieram acompanhados de planilhas contendo informações relativas a ações judiciais por ela postuladas, solicitou, sem resposta da Receita Federal, a disponibilização de cópias do processo administrativo no intuito de conhecer todos os atos e documentos que ensejaram a fiscalização. Houve cerceamento do direito ao contraditório e ampla defesa na medida em que pertenceu a apenas uma das partes os documentos que alicerçaram a autuação. Em momento algum os responsáveis pela fiscalização manifestaramse em relação ao requerido A fiscalização apontou uma extensa lista de beneficiários com valores presumidos a título de honorários, alguns sustentados apenas com base em depoimentos, que não garantem a veracidade dos relatos, e contratos de honorários, que não comprovam os recebimentos do que foi acordado. A não observância dos princípios do contraditório e ampla defesa, em se tratando de matéria tributária, são extremamente lesivos ao contribuinte. A garantia do contraditório oportuniza as partes apontar suas versões sobre os fatos, analisar as peças, documentos, perícias e todos os demais atos que corroboram o procedimento realizado. Fl. 1268DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 Reclama o contribuinte que a abordagem realizada pela fiscalização junto aos seus clientes gerou desconforto e insegurança, podendo induzilos a erros. Neste sentido, diz que seus clientes relataram a ele e sua esposa que foram procurados pela fiscalização em suas residências e, quando não encontrados, comunicados através de bilhetes, solicitando o contato direto para o telefone da Receita Federal a fim de esclarecerem fatos relacionados ao pagamento de honorários profissionais. Que alguns de seus clientes a procuraram desorientados e acuados por temerem os benefícios obtidos nas ações serem cessados, motivo pelo qual teve que esclarecêlos e garantirlhes que o procedimento de fiscalização era unicamente direcionada o impugnante, sem possibilidade de prejuízos aos segurados. Citando os art. 196 do CTN e art. 35 do Decreto 70.235/70, ressalta que a doutrina é específica e taxativa quanto à obrigatoriedade de lavratura do auto de infração no local do estabelecimento fiscalizado, considerandose ineficaz e inválida a peça básica do procedimento administrativo fiscal. Diz, ainda, que a lavratura fora do estabelecimento fiscalizado quebra a segurança jurídica e a própria seriedade nas relações que devem existir entre fisco e contribuinte. Quanto aos depoimentos, defende que não podem ser admitidos no processo. Aduz que a preferência pela prova documental deve ser absoluta, tendo em vista que a prova testemunhal é tida como parcial, incerta e passível de vícios. Sobre os valores apurados, aduz que, do processo, constam uma série de documentos relativos ao que a fiscalização presume serem valores recebidos a título de honorários contratuais e que auditor não pode valerse de uma lista de precatórios constantes do site do TRF e neles “passar uma régua” , dividindo pela metade os valores lá existentes, como consta da tabela anexa ao Termo de Início do Procedimento Fiscal.O auditor não procedeu a análise pormenorizada do crédito, conforme prescreve o parágrafo terceiro do art. 42 da Lei 9.430/1996. Quanto aos contratos de honorários apresentados por seus clientes, aduz que, como o próprio nome já revela, “Contrato” não é pagamento, mas tão somente um acordo, um pacto, uma convenção sobre a forma de haver um pagamento resultante de alguma ação entre as partes. A existência de um contrato não comprova pagamento e considerar assim significa presumir. Que os valores foram baseados apenas em uma modalidade de contrato por meio dos quais se presumiu que foram recebidos valores correspondentes a metade dos rendimentos obtidos nas ações judiciais, sem a devida comprovação individualizada em todos os casos. Diz que a fiscalização entrou em contradição e baseou o lançamento em presunção por meio de declarações sob as quais não guardam nenhuma segurança jurídica. Em momento algum ficou comprovado neste procedimento o efetivo ingresso de renda de todos os valores apontados. Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 4 5 Requer, ao final, seja anulado o lançamento em sua integralidade. A 7ª Turma da DRJ – Rio de Janeiro/RJ I julgou improcedente a impugnação apresentada, conforme ementas abaixo transcritas: CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Concedida ao sujeito passivo ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa não há o que se falar em cerceamento do direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. Comprovado, por documentação hábil e idônea, que o contribuinte omitiu valores recebidos, nos anoscalendários de 2007, 2008, 2009, 2010 a título de honorários advocatícios, provenientes de decisões de mérito favoráveis em ações judiciais nas quais atuou como patrono, fica mantido o lançamento. ÔNUS DA PROVA. MEIOS DE PROVA TODOS OS MEIOS LEGAIS E OS MORALMENTE LEGÍTIMOS SÃO ACEITOS O ônus da prova existe afetando tanto o Fisco como o sujeito passivo. Assim, cabe ao contribuinte produzir argumentos acompanhados de provas que se contraponham à ação fiscal e ao Fisco produzir provas que sustente o lançamento, lastreando seus relatos com documentos, termos, depoimentos, laudos e demais elementos de provas que não deixem dúvida da fidedignidade dos fatos e da autoria da infração. Todos os meios de prova legais e moralmente legítimos são admitidos no Direito processual. Entre estes estão as perícias, oitiva de testemunhas, depoimentos e outros elementos produzidos por autoridades policiais, judiciais e fiscais. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS. IMPUGNAÇÃO. PROVAS. A impugnação deverá ser instruída com os documentos em que se fundamentar, cabendo ao contribuinte produzir as provas necessárias para justificar suas alegações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. VALORES APURADOS EM DIRF. AUSÊNCIA DE PROVA EM CONTRÁRIO. A Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF é documento hábil para comprovar a omissão de rendimentos e sua desconsideração somente pode ocorrer quando o contribuinte demonstrar a inexistência ou inexatidão dos valores informados pela fonte pagadora. Impugnação Improcedente Fl. 1270DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 17/10/2013 (fl. 1198) e, em 12/11/2013, interpôs o recurso de fls. 1200/1216, sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos postos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas; omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física; dedução indevida de despesas médicas e multa isolada pela falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, relativamente a fatos ocorridos nos anoscalendário 2007, 2008, 2009 e 2010. Quanto à omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física, a autoridade fiscal aplicou a multa de 225%. Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar as preliminares suscitadas pelo recorrente. Quanto à alegação de que a autoridade fiscal não observou a estrita legalidade pautada pelo art. 42 da Lei n º 9.430/1996, penso que o recorrente confunde o enquadramento legal, já que não foi efetuada qualquer exigência a título de omissão de rendimentos tendo em vista depósitos de origem não comprovada. Rejeitase, pois, a suscitada preliminar. Sobre a alegação de decadência, impende esclarecer que de acordo com o art. 2° da Lei n° 7.718/1988, a tributação do IRPF só se torna definitiva com o ajuste anual, na forma dos arts. 2°, 10 e 11 da Lei n° 8.134/1990, corroborada por Leis posteriores. Nos casos de lançamento por homologação, em que ocorre a antecipação do pagamento do imposto, deve se aplicar o Recurso Especial nº 973.733/SC c/c art. 543C do CPC c/c § 2º do art. 62 do RICARF (Portaria MF nº 343/2009), contando o dies a quo a partir da data do fato gerador, conforme prevê § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), devendo o termo inicial da decadência somente ocorrer no último dia daquele anocalendário, quando se aperfeiçoa o fato gerador. Como o contribuinte antecipou o recolhimento do IRPF, conforme DIRPF/2005, fl. 28, aplicase para o anocalendário 2007 o § 4º do art. 150 do CTN. Dessa forma, o fato alusivo ao anocalendário de 2007 se aperfeiçoou em 31 de dezembro daquele ano (31/12/2007). Contados cinco anos a partir de dessa data, o lançamento decairia em 31/12/2012. Como o sujeito passivo foi cientificado da exação em 10/08/2012, fl. 1144, não se extinguira o direito da Fazenda Pública de cobrar o tributo relativo à omissão de rendimentos do anocalendário de 2007. Em relação à nulidade da decisão recorrida, por cerceamento do direito de defesa, em razão do indeferimento do pedido de perícia/diligência, penso que a alegação é estéril e não merece prosperar. Analisando os argumentos do recorrente, verificase que seu Fl. 1271DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 5 7 descontentamento tem a ver com o conjunto probatório carreado aos autos pela fiscalização, já que o contribuinte não concorda com o arbitramento perpetrado pela autoridade fiscal. Com efeito, se os documentos juntados aos autos pela autoridade autuante foi suficiente para comprovar determinada situação ou ainda, se os fatos estão provados ou não, ou se efetivamente se ajustam ao modelo hipotético instituído pelo legislador, aí se verifica uma questão de mérito, o que ultrapassaria a preliminar suscitada. Com efeito, o lançamento pautou se nos elementos trazidos aos autos pela fiscalização, bem como naqueles acostados pela contribuinte por ocasião da apresentação de seus argumentos. Ademais, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia que entender desnecessário. Portanto, não merece acolhimento a suscitada preliminar. No que toca à alegada falta de cientificação do resultado de diligência, cumpre esclarecer que o procedimento fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares que não autuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal. A primeira fase do procedimento é oficiosa, ou seja, a autoridade tributária busca obter elementos que demonstrem a ocorrência do fato gerador e demais circunstâncias relativas à cobrança. O destinatário desses elementos de convencimento é o próprio auditor fiscal. Assim, incabível a alegação de nulidade pelo fato do sujeito passivo não ter acompanhado todo o trabalho de investigação desenvolvido pela autoridade fiscal, antes da lavratura do auto. No que tange à preliminar de nulidade, em razão do arbitramento efetuado pela autuante, entendo que a matéria se confunde com o mérito e com ele será tratada. No mérito, alega o contribuinte que o contrato de honorário não pode ser considerado para fins de determinar o rendimento omitido, já que é um acordo e, por conseguinte, a fiscalização estaria presumindo a ocorrência do fato gerador, até porque a própria OAB não considera como válido o citado contrato. Assevera ainda que não houve a comprovação individualizada de todos os casos levantados pelo fisco, além de considerar a aplicação da multa “... abusiva, imoral e injusta, tendo a conotação de confisco”. Pois bem, a apuração da omissão é fruto de uma série de constatações e circularizações muito bem detalhadas e relatadas com clareza em todo o Termo de Verificação Fiscal, e que se fizeram necessárias em razão das dificuldades impostas pelo contribuinte à fiscalização, já que o fiscalizado não apresentou os documentos solicitados pela autoridade fiscal nas inúmeras intimações e reintimações enviadas. Diante da postura do recorrente em relação às intimações, não restou opção à fiscalização senão a busca de informações de honorários contratuais com os representados. Transcrevese trecho do Termo de Verificação Fiscal (fls. 1113/1117): 4. Contribuíram para o início do procedimento fiscal, além dos recibos apresentados em procedimentos de Malha Fiscal pelos representados do fiscalizado em ações previdenciárias; ofício da Polícia Federal nº 0307/2011, que encaminhou cópia do Inquérito Policial 0109/20104, no qual foi apurada a prática de Fl. 1272DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 crime previsto na Lei nº 8.137/90, praticado pelo fiscalizado e cônjuge; ofício do Ministério Público Federal nº 120/2011GAB, que encaminhou peças da Informação nº 1.33.006.000072/2011 61, onde consta denúncia de sonegação fiscal praticada pelo fiscalizado e cônjuge; e ofício da Justiça Federal, que encaminhou informações dos precatórios e RPV pagos no período de 2007 a 2010. 5. De imediato, constatouse que fiscalizado e cônjuge declararam valores ínfimos de recebimentos de pessoa física, em suas Declarações de Imposto de Renda – DIRPF e também que possuem movimentação bancária em valores módicos quando comparados com a quantidade de ações previdenciárias em que atuam ou atuaram como patronos. Segundo consulta ao site do TRF 4ª Região, são cerca de 1.500 ações. (...) 7. O fiscalizado foi novamente intimado, com o Termo de Intimação Fiscal nº 001/2011, quando foi também cientificado da ampliação do procedimento fiscal, passando o período fiscalizado a ser de 01/01/2007 a 30/12/2010. Como o contribuinte, segundo informação dos Correios, não autoriza o recebimento de correspondência por seus empregados, se ele não estiver em casa/escritório, a correspondência foi devolvida e a ciência se deu por meio de Edital DRF Lages/SC/NUFIS nº10 de 15/12/2011, nos termos do artigo 23, III, do Decreto nº 70.235/72. Foi encaminhada nova planilha, nos moldes da anterior com as informações dos anoscalendário 2007 a 2010. Da mesma forma, não houve manifestação do contribuinte. 8. O contribuinte foi novamente intimado a informar os valores de honorários contratuais. Foi cientificado em 31/10/2011 e 17/02/2012, mas não atendeu às intimações. (...) 13. Questionados sobre os valores de honorários contratados pagos ao fiscalizado e a seu cônjuge, os diligenciados apresentaram documentos comprobatórios ou prestaram depoimentos, afirmando categoricamente que pagaram 50% da geração dos atrasados apurados na ação judicial. 14. Os documentos levantados nas diligências foram depósitos, transferências bancárias, recibos e contratos de prestação de serviços advocatícios. 15. Os diligenciados que não possuíam documentos comprobatórios do pagamento dos honorários, em sua maioria por não lhes terem sido fornecidos recibos, prestaram depoimentos sobre os valores e procedimentos do fiscalizado e/ou de seu cônjuge quando do recebimento dos atrasados. 16. As ações, em sua totalidade, referemse ao reconhecimento pela Justiça Federal de aposentarias não acatadas administrativamente pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A concessão do benefício de aposentaria pela Justiça Federal gera o pagamento de valores atrasados, que é a parte da Fl. 1273DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 6 9 aposentadoria devida ao segurado referente a período anterior ao provimento judicial. 17. Da leitura dos depoimentos, traçamos o modus operandis implementado pelo fiscalizado e seu cônjuge, com o fim de burlar o fisco e não recolher o imposto devido. 18. A conduta resumiase ao seguinte: ao ter informação da disponibilidade dos recursos da ação judicial, o fiscalizado ou sua esposa e, por vezes, as suas secretárias, compareciam à instituição bancária na companhia dos beneficiários. Chegando lá, o beneficiário sacava o valor disponível e ali mesmo era feita a divisão, cabendo ao beneficiário 50% e ao advogado 50% (um ou outro advogado). 19. Apesar de receberem valores expressivos, os advogados recebiam em espécie sua parte, que em alguns casos passou de R$100.000,00, evitando assim o trânsito de recursos em conta corrente bancária e comprovando a intenção de passar despercebidos pela Receita Federal. 20. Recibos ou outro tipo de comprovante de recebimento somente eram fornecidos após muita insistência de seus representados, sendo que nem todos obtiveram êxito. (...) 24. Corroborando essa conclusão, um caso concreto evidencia ainda mais o intuito de fraude. Tratase do Ofício nº 0307/2011 IPL 0109/20104 da Delegacia da Polícia Federal em Lages. O referido ofício encaminha cópia do Inquérito Policial no qual figuravam como investigados Edelson Hortêncio Alves Júlio (fiscalizado) e Adriane Santana Costa Júlio (cônjuge do fiscalizado). A investigação recau sobre os artigos 1º e 2º, da Lei nº 8.137/90 (Crimes contra a Ordem Tributária) e artigos 168 e 171 do Código Penal. 25. O inquérito foi instaurado tendo em vista representação do senhor ANTÔNIO DE MORAES ao Ministério Público Federal, no qual informou ter sido lesado pelos referidos advogados. 26. O cônjuge do fiscalizado, ao tomar conhecimento da investigação, apressouse em apresentar declaração DIRPF 2010 retificadora, em 13/09/2010, incluindo nos rendimentos recebidos de pessoa física o valor de R$ 96.261,71, que foi o valor pago por ANTONIO DE MORAES a título de honorários contratuais. 27. Não fossem a Representação ao MPF e o consequente Inquérito Policial, o valor pago por ANTONIO DE MORAES talvez nunca fosse oferecido à tributação, como também não foram os demais valores apurados por esta Fiscalização. 28. O fiscalizado e seu cônjuge apostaram no fato de que, recebendo os honorários em dinheiro (evitando o trânsito por contacorrente), não fornecendo recibos ou comprovantes de Fl. 1274DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 recebimento aos seus clientes e omitindo os valores de honorários na DIRPF, fossem escapar da tributação desses valores. (...) 6.1 Cálculos dos Honorários 35. Os valores de honorários recebidos de pessoas físicas omitidos foram aferidos levando em consideração três formas de levantamento: 6.1.a – Com base em Documentos 36. Parte dos valores de honorários é comprovada com documentos apresentados pelos diligenciados (TED/DOC, Cópia de Cheque, Recibo, Contrato de Prestação de Serviços, Sentença). 37. Os documentos nominados “SENTENÇA” são ações ajuizadas na Justiça Estadual que têm por objeto a anulação da cláusula contratual que estipula honorários de 50% do valor da geração dos atrasados. Nesses casos o valor dos honorários é incontroverso, tendo em vista que os próprios advogados reconhecem ter recebido valores correspondentes a 50% dos atrasados. 38. Os valores de honorários apurados com base em documentos constam da planilha denominada HONORÁRIOS DOCUMENTOS (anexo 1). 6.1.b Com base em Termos de Depoimento 39. Os representados prestaram depoimentos, afirmando que fizeram pagamentos ao fiscalizado e seu cônjuge a título de honorários contratuais. Os depoimentos reforçam a estipulação dos honorários em 50% da geração dos atrasados e confirmam que os advogados dão preferência a receber os honorários em dinheiro. Os depoentes afirmaram ainda que os advogados não lhe forneceram qualquer documento que comprovasse o pagamento dos honorários. 40. Os valores de honorários com base em depoimentos constam da planilha denominada HONORÁRIOS DEPOIMENTOS (anexo 2). 6.1 c Com base em Aferição a partir da documentação do procedimento 41. A fiscalização não teve acesso a alguns representados, seja pelo fato de haver endereços de difícil acesso áreas rurais , seja pelo fato de alguns representados não terem atendido à intimação fiscal. Nestes casos, os valores de honorários foram aferidos em 50% e estão demonstrados na planilha HONORÁRIOS AFERIÇÃO (anexo 3). 42. O percentual de 50% fica respaldado pela vasta documentação juntada ao procedimento fiscal, que demonstra que o valor padrão da prestação de serviços advocatícios para as ações de cunho previdenciário era de 50% do valor da geração dos atrasados. Fl. 1275DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 7 11 43. Corroborando este percentual aferido, temos ainda: a) Sentenças da Justiça Estadual nas quais fiscalizado e cônjuge confirmam, em contestação, que o valor estipulado de honorários é de 50% da geração dos atrasados. b) Os depoimentos prestados; c) Contratos de prestação de serviços juntados ao procedimento; d) Representações encaminhadas pelo Ministério Público Federal; e) Inquérito Policial 0109/20104; f) Procedimento Fiscal anterior instaurado contra o fiscalizado, quando também restou comprovado o percentual de 50%. g) Resposta do fiscalizado, em conjunto com o cônjuge, informando que “existiram contratos de 20%, 50% e alguns raros de 100%”. 44. Para garantir o direito de o fiscalizado se pronunciar sobre os valores aferidos, foi emitido Termo de Intimação nº006/2012, intimandoo a se manifestar sobre o levantamento dos honorários recebidos de Pessoas Físicas e de Pessoas Jurídicas. 45. Em resposta conjunta, o contribuinte e seu cônjuge “refutam totalmente os cálculos apresentados, bem como a forma que a Receita Federal computou a renda auferida pelos Contribuintes auditados”. 46. Os contribuintes afirmam, entre outras coisas, que “em muitos casos os Contratantes não efetuaram o pagamento de nenhum valor referente a honorários, bem como em outros ocorreu o pagamento parcial do acordado, ficando o Contratante devedor da obrigação contraída, além de em outras situações terem ocorrido renegociações do contrato!”. (...) 49. Ainda, desde o início do procedimento, os fiscalizados foram intimados a informar os valores de honorários advocatícios recebidos das pessoas físicas listadas, e, mesmo refutando os cálculos apresentados por esta fiscalização, eles não informaram os valores que considerariam corretos. 50. Foi dada nova oportunidade, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº007/2012, para que o fiscalizado informasse os valores recebidos das pessoas físicas, preenchendo a planilha com os honorários recebidos das pessoas físicas nas ações discriminadas. 6.2 Do Cálculo do Imposto Devido 54. De posse dos valores de honorários constantes das planilhas HONORÁRIOS DOCUMENTOS, HONORÁRIOS Fl. 1276DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 DEPOIMENTOS e HONORÁRIOS AFERIÇÃO, levantamos os rendimentos mensais de honorários, por representado, do fiscalizado e sua esposa, na planilha denominada TOTAL MENSAL DE HONORÁRIOS (anexo 4). O valor de honorários recebidos de pessoas físicas para os quatro anoscalendário objetos da fiscalização totalizou R$6.200.630,39 (SEIS MILHÕES, DUZENTOS MIL, SEISCENTOS E TRINTA REAIS E TRINTA E NOVE CENTAVOS). 55. Considerando que Edelson Hortêncio Alves Júlio e Adriane Santana da Costa Júlio são legalmente casados, conforme consta de seus respectivos documentos de identidade; considerando que os contratos de serviços advocatícios são sempre convencionados tendo em um dos pólos o cliente e do outro sempre o fiscalizado e sua esposa; considerando que o casal apresenta declaração em separado, o total dos rendimentos auferidos com base na prestação de serviços advocatícios deve ser rateado, cabendo a cada um 50% dos rendimentos. Assim, serão considerados como rendimentos tributáveis recebidos de pessoas físicas do fiscalizado R$3.100.315,19, (TRÊS MILHÕES, CEM MIL, TREZENTOS E QUINZE REAIS E DEZENOVE CENTAVOS) 50% do total dos honorários obtidos com os serviços advocatícios empreendidos pelo casal. 56. Os rendimentos mensais atribuídos a cada um constam da planilha RESUMO MENSAL POR ADVOGADO (anexo 5). (grifei) Pelo que se vê, o recorrente foi intimado e reintimado a informar os valores recebidos a título de honorários advocatícios recebidos das pessoas físicas listadas; entretanto optou em refutar os cálculos apresentados, sem, contudo, indicar qual seria o valor efetivamente devido. A bem da verdade, houvesse o contribuinte cooperado com a fiscalização, todos os atacados cálculos, planilhas e tabelas poderiam ser menos trabalhosas. Nesse passo, não vislumbro a tão afamada incerteza metodológica. Segundo a fiscalização, a base de cálculo foi arbitrada em respeito aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e foram consideradas todas as informações coletadas no procedimento fiscal para definir as relações entre os dados disponíveis. Ao adotar as rotinas descritas no Termo de Verificação Fiscal pôde a fiscalização se aproximar da realidade (ainda que arbitrada e aferida), já que sem a utilização dos critérios e rotinas descritos, não haveria como chegar à verdadeira base de cálculo arbitrada. Não há reparos nesse trabalho, apenas a constatação de que, repisese, todo esse procedimento foi realizado em razão das dificuldades produzidas pelo recorrente durante a ação fiscal. Importa ainda destacar que, tratandose de aferição indireta, não está a autoridade fiscal presa a apurar o valor do débito em sua exata quantificação, circunstância que só seria possível se o contribuinte apresentasse os contratos e demais documentos merecedores de credibilidade. É cediço que o recorrente poderia ter disponibilizado a documentação solicitada na fase inquisitória contendo o real valor dos honorários recebidos, não o fazendo, arca com as consequências do arbitramento, que, embora seja medida extrema, não desqualifica o trabalho realizado, e pode ser adotado sempre que se fizer necessário. A jurisprudência do STJ é firme quando o assunto é arbitramento, já que considera legal sua utilização quando o sujeito passivo for omisso, reticente ou mendaz em relação a valor ou preço de bens, direitos e serviços. Vejase Fl. 1277DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 8 13 Ementa: .... VII. O art. 148 do CTN somente pode ser invocado para estabelecimento de bases de cálculo, que levam ao cálculo do tributo devido, quando a ocorrência dos fatos geradores é comprovada, mas o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública autorizada a arbitrar o preço, dentro de processo regular. A invocação desse dispositivo somente é cabível, como magistralmente comenta Aliomar Baleeiro, quando o sujeito passivo for omisso, reticente ou mendaz em relação a valor ou preço de bens, direitos, serviços: ‘.... Do mesmo modo, ao prestar informações, o terceiro, por displicência, comodismo, conluio, desejo de não desgostar o contribuinte etc., às vezes deserta da verdade ou da exatidão. Nesses casos, a autoridade está autorizada legitimamente a abandonar os dados da declaração, sejam do primeiro, sejam do segundo e arbitrar o valor ou preço, louvandose em elementos idôneos de que dispuser, dentro do razoável’ (Misabel Abreu Machado Derzi, in Comentários ao Código Tributário Nacional, Ed. Forense, 3ª ed., 1988). .... (STJ. AGA 477831/MG. Rel.: Min. José Delgado. 1ª Turma. Decisão: 06/03/03. DJ de 31/03/03, p. 174.) Não se pode perder de vista que quando não está presente nos autos prova objetiva da ocorrência de determinada situação, a autoridade julgadora formará sua livre convicção na forma do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção (...) Considerando que o recorrente detém, mas omitiu da autoridade fiscal o valor recebido a título de honorários advocatícios, bem como atuou para não consignar em sua Declaração de Ajuste os valores recebidos a esse título, penso que não há qualquer erro e/ou contradição na apuração da base de cálculo do tributo. Quanto à exigência concomitante da multa de ofício e da multa isolada, decorrente do mesmo fato (omissão de rendimentos recebidos de pessoa física e falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão), relativamente ao anocalendário 2007 e seguintes, a Medida Provisória nº 351/2007 (convertida na Lei nº 11.488/2007) alterou a redação do art. 44 da Lei nº 9.430/1996, instituindo a hipótese de incidência da multa isolada no caso de falta de pagamento do carnêleão. O art. 44 passou a ter, então, a seguinte redação: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 1278DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 14 a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Pelo que se vê, a partir da Lei nº 11.488/2007 houve a possibilidade jurídica de incidência concomitante de duas penalidades: a primeira, de 75%, no caso de falta de pagamento ou pagamento a menor de imposto; a segunda, de 50%, pela falta de pagamento do carnêleão. Assim, a partir do anocalendário de 2007 é correta a imposição da multa isolada pela falta de recolhimento do carnêleão, aplicada concomitante com a multa de ofício pela falta de recolhimento ou recolhimento a menor de imposto, apurado no ajuste anual. No que tange ao agravamento da multa, verificase que o contribuinte, por várias vezes, justificou a falta de atendimento à intimação fiscal, não sendo, portanto, nos termos da legislação, autorizado o agravamento da multa de lançamento de ofício de 75% para 112,5%. A não apresentação de documentos necessários à demonstração da base de cálculo trouxe como consequência o arbitramento nos termos do art. 148 do CTN. Contudo, uma vez Fl. 1279DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 9 15 arbitrada a omissão pela falta de apresentação dos documentos exigidos, não cabe o agravamento da multa. Na verdade, o agravamento da multa só é cabível quando a autoridade fiscal não dispõe de meios para obter as informações que necessita e o contribuinte se negue a fornecêlas. É nesse sentido o entendimento deste Órgão, consoante a ementa destacada: EMBARAÇO NA EXIBIÇÃO DE LIVROS E DE DOCUMENTOS FISCAIS AGRAVAMENTO DA PENALIDADE IMPROCEDÊNCIA. Incabível a majoração da multa de ofício, nos termos do § 2º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, em face da não exibição, à fiscalização, de livros comerciais e fiscais, bem como de documentos que amparariam sua tributação com base no lucro real e que, por isso, motivaram o arbitramento do lucro pela autoridade lançadora. (1º Conselho de Contribuintes / 7a. Câmara / ACÓRDÃO 10707.922 em 27.01.2005. Publicado no DOU em: 12.07.2005). Dessarte, deve ser desagravada a multa de oficio aplicada ao lançamento. Quanto à multa qualificada, penso ser cabível sua imposição, já que as infrações detectadas não denotam apenas declarações inexatas ou simples omissão de renda, mas, fundamentalmente, ações dolosas no sentido de esconder das autoridades fiscais expressivas quantias movimentadas. Para melhor ilustrar a ação perpetrada pelo recorrente, cumpre transcrever, mais uma vez, trecho do Termo de Verificação Fiscal (fls. 1113/1117): 13. Questionados sobre os valores de honorários contratados pagos ao fiscalizado e a seu cônjuge, os diligenciados apresentaram documentos comprobatórios ou prestaram depoimentos, afirmando categoricamente que pagaram 50% da geração dos atrasados apurados na ação judicial. 14. Os documentos levantados nas diligências foram depósitos, transferências bancárias, recibos e contratos de prestação de serviços advocatícios. 15. Os diligenciados que não possuíam documentos comprobatórios do pagamento dos honorários, em sua maioria por não lhes terem sido fornecidos recibos, prestaram depoimentos sobre os valores e procedimentos do fiscalizado e/ou de seu cônjuge quando do recebimento dos atrasados. 16. As ações, em sua totalidade, referemse ao reconhecimento pela Justiça Federal de aposentarias não acatadas administrativamente pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A concessão do benefício de aposentaria pela Justiça Federal gera o pagamento de valores atrasados, que é a parte da aposentadoria devida ao segurado referente a período anterior ao provimento judicial. 17. Da leitura dos depoimentos, traçamos o modus operandis implementado pelo fiscalizado e seu cônjuge, com o fim de burlar o fisco e não recolher o imposto devido. 18. A conduta resumiase ao seguinte: ao ter informação da disponibilidade dos recursos da ação judicial, o fiscalizado ou sua esposa e, por vezes, as suas secretárias, compareciam à Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 16 instituição bancária na companhia dos beneficiários. Chegando lá, o beneficiário sacava o valor disponível e ali mesmo era feita a divisão, cabendo ao beneficiário 50% e ao advogado 50% (um ou outro advogado). 19. Apesar de receberem valores expressivos, os advogados recebiam em espécie sua parte, que em alguns casos passou de R$100.000,00, evitando assim o trânsito de recursos em conta corrente bancária e comprovando a intenção de passar despercebidos pela Receita Federal. Do exposto, verificase que o contribuinte, deliberadamente, praticou condutas que demonstram a intenção de concretizar a conduta contrária àquela prevista em lei. Ainda que apuradas as infrações por meio indireto, correta a punição de maior ônus financeiro porque há elementos materiais complementares suficientes para a identificação da intenção desta pessoa em participar das atitudes ilegais. O recebimento em espécie dos honorários advocatícios, sem a emissão de documento legal correspondente, apurado de acordo com as diligências e/ ou circularização promovida pela autoridade fiscal, evidencia a intenção do contribuinte (dolo) no desenvolvimento das atitudes ilegais das quais resultaram as infrações apuradas pelo fisco. Portanto, se o contribuinte, intencionalmente, impediu o conhecimento dos valores recebidos, com o fim de não pagar os tributos devidos sobre a expressiva movimentação financeira, penso que restou caracterizada a figura do dolo e, consequentemente, impõese a aplicação da multa de ofício qualificada, previstas na Lei nº 4.502/1964. Isso posto, devese manter a multa aplicada no percentual de 150%. Por fim, no que toca à alegação de que a multa de ofício aplicada é “... abusiva, imoral e injusta, tendo a conotação de confisco”, verificase que a penalidade foi aplicada, em razão da ação e/ou omissão do sujeito passivo. Quanto à alegação de confisco, deve ser esclarecido que não compete a este Órgão declarar a ilegitimidade da norma legalmente constituída. A legalidade de dispositivos aplicados ao lançamento deve ser questionada, exclusivamente, perante o Poder Judiciário. O exame da obediência das leis tributárias aos princípios constitucionais (vedação ao confisco e da proporcionalidade) é matéria que não deve ser abordada na esfera administrativa, consoante se infere da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ante a todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desagravar a multa de oficio, reduzindoa ao percentual de 150%. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 10 17 Declaração de Voto Permitome discordar do entendimento do Ilustre Relator, Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, pelas razões que passo a expor. A Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito federal, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal por força de seu art. 69, estabelece, no parágrafo único do art. 2º, que “nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o direito” (inciso I). Quer a lei, portanto, que a decisão administrativa seja regida pelo melhor direito aplicável ao caso concreto, considerando não apenas as disposições da legislação tributária, mas também as demais normas e princípios que norteiam o ordenamento jurídico como um todo (interpretação sistemática). Nesse diapasão, quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinadas condutas, tornase importante investigar se a penalidade prevista para punir uma delas pode absorver a outra. No caso em exame, o não recolhimento mensal devido a título de carnêleão pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto ao final do anocalendário. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é, sem dúvida, a efetividade da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do imposto devido a título de carnê leão. Em se tratando de aplicação de penalidades, aplicase, aqui, a lógica do princípio penal da consunção. Pelo critério da consunção, ao se violar uma pluralidade de normas, passandose de uma violação menos grave para outra mais grave, como sucede no caso em análise, prevalece a norma relativa à penalidade mais grave. Nessa linha de raciocínio, descabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda devido a título de carnêleão concomitantemente com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas. Cobrase apenas esta última, no percentual de 75% sobre o imposto devido. Acrescento que a cobrança da multa isolada referente aos rendimentos sujeitos ao carnêleão, concomitantemente com a multa de ofício de 75%, penaliza o contribuinte duplamente, em face da identidade das bases de cálculo de ambas. A não imputação de dupla penalidade pecuniária ao contribuinte em decorrência da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física encontra amparo em julgados deste Conselho. Nesse sentido, oportuna é a transcrição de excerto do voto condutor vencedor do Acórdão nº 9202002.073, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão Fl. 1282DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 18 de 22 de março de 2012, por intermédio do qual se negou provimento a recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional: “O entendimento que tem prevalecido é o de que havendo lançamento de diferença de imposto deve ser cobrada a multa de lançamento de ofício juntamente com o tributo (multa de ofício normal), não havendo que se falar na aplicação de multa isolada. Por outro lado, quando o imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual houver sido pago, mas havendo omissão quanto ao recolhimento do carnêleão, dever ser lançada a multa isolada, e somente ela”. Na mesma linha: Acórdão nº 9202001.976 da CSRF, julgado em 15/12/2012. Observo, ainda, por relevante, que a nova redação conferida ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996 pela Lei nº 11.488/2007 não tem o condão, a meu ver, de alterar o entendimento acima exposto. É que a própria literalidade do dispositivo invocado, ao tratar da multa sobre o valor do pagamento mensal na forma do art. 8º da Lei nº 7.713/1988 (recebimentos sujeitos ao carnêleão), determina que a penalidade deva ser exigida isoladamente, e não em conjunto com a multa de ofício. Confira: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Em resumo: penso que a melhor leitura a ser feita do art. 44, II, “a”, da Lei nº 9.430/1966, seja por meio de uma interpretação sistemática, seja por meio de uma interpretação literal, é a de que a denominada "multa isolada” apenas deve ser aplicada na hipótese de omissão quanto ao recolhimento do carnêleão, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste do contribuinte, não havendo de se cogitar do cabimento concomitante das multas de ofício e isolada nos casos de falta de pagamento ou de recolhimento, hipótese em que deve ser exigida tão somente a multa de ofício (art. 44, I). Registro, por fim, que no decorrer do ano de 2015 o Superior Tribunal de Justiça STJ apreciou a matéria em dois julgamentos, já sob a égide da nova redação dada ao dispositivo pela MP nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, decidindo no mesmo sentido da compreensão acima delineada. Confira: Fl. 1283DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13984.720305/201207 Acórdão n.º 2201002.718 S2C2T1 Fl. 11 19 Recurso Especial nº 1.496.354 / PR, julgado em 17/03/2015 PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo. 2. Alegação genérica de violação do art. 535 do CPC. Incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 aplicase aos casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata ". 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitamse aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Recurso especial improvido. Recurso Especial nº 1.499.389 / PB, julgado em 17/09/2015 TRIBUTÁRIO. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. PRECEDENTE. 1. A Segunda Turma desta Corte, quando do julgamento do REsp nº 1.496.354/PR, de relatoria do Ministro Humberto Martins, DJe 24.3.2015, adotou entendimento no sentido de que a multa do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96 somente poderá ser aplicada quando não for possível a aplicação da multa do inciso I do referido dispositivo. Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 20 2. Na ocasião, aplicouse a lógica do princípio penal da consunção, em que a infração mais grave abrange aquela menor que lhe é preparatória ou subjacente, de forma que não se pode exigir concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício por falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também por falta de antecipação sob a forma estimada. Cobra se apenas a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo. 3. Agravo regimental não provido. Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para afastar a aplicação da multa isolada. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 07/01/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Ass inado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 13707.000976/2002-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
DESPESAS COM INSTRUÇÃO. DEDUÇÃO. GLOSA.
Descabe a dedução de despesas com instrução na declaração de ajuste anual quando não comprovadas mediante documentação hábil e idônea.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2201-002.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 63 1 62 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13707.000976/200247 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201002.872 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF Recorrente ARMINDO D'ELIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 DESPESAS COM INSTRUÇÃO. DEDUÇÃO. GLOSA. Descabe a dedução de despesas com instrução na declaração de ajuste anual quando não comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 7. 00 09 76 /2 00 2- 47 Fl. 63DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13707.000976/200247 Acórdão n.º 2201002.872 S2C2T1 Fl. 64 2 Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF por meio do qual se alterou o valor da restituição apurada na declaração de ajuste anual do contribuinte de R$ 1.988,00 para R$ 767,82, em valor original. O crédito tributário foi constituído em razão de ter sido verificada, na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, exercício 2000, as seguintes infrações: Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Dedução indevida de dependentes. Dedução indevida de despesas com instrução. Em 1ª instância administrativa o lançamento foi julgado procedente em parte. Entenderam os julgadores da instância de piso que: A infração de omissão de rendimentos deveria ser mantida, porquanto os rendimentos tributáveis considerados pela Autoridade lançadora são inferiores aos que foram efetivamente recebidos pelo contribuinte, conforme comprovantes de rendimentos de fl. 9. A infração de dedução indevida de dependentes deveria ser cancelada, com o restabelecimento da dedução no valor de R$ 1.080,00. A infração de dedução indevida de despesas com instrução deveria ser mantida, uma vez que não foram apresentados os comprovantes de pagamento de mensalidades escolares. Cientificado da decisão de primeira instância em 20/08/2009 (fl. 45), o Interessado interpôs, em 18/09/2009, o recurso de fl. 46, ao qual anexou documentos relacionados às mensalidades do colégio de sua filha e comprovantes de despesas próprias pagas à Sociedade Propagadora das Belas Artes (fls. 47/57). Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital, que difere da numeração de folhas do processo físico. Cingese a controvérsia à infração de dedução indevida de despesas com instrução, uma vez que o Interessado não contestou, nesta sede recursal, a infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sendo certo que com o restabelecimento, pelos julgadores de 1ª instância, da dedução de despesa da dependente do Recorrente o direito à dedução de despesas de instrução com ela realizadas se restaura, caso comprovado o efetivo pagamento das despesas. Foram glosadas despesas com instrução da dependente no valor limite de R$ 1.700,00 e do próprio declarante, ora Recorrente, no valor de R$ 430,00. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13707.000976/200247 Acórdão n.º 2201002.872 S2C2T1 Fl. 65 3 À peça recursal foram anexados dois boletos de cobrança do Colégio Bahiense Ltda., em nome da dependente do Interessado, no valor total de R$ 790,30, e dois comprovantes de agendamento de pagamento de títulos de mesmo valor (fls. 47/48), que, em meu entendimento, não comprovam o efetivo pagamento de despesas com instrução da dependente, motivo pelo qual sou pela manutenção da glosa no valor de R$ 1.700,00. O Interessado também juntou aos autos, às fls. 52/56, seis recibos emitidos pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (Liceu de Artes e Ofícios), referentes a despesas próprias com a atividade de desenho e pintura. À evidência, as despesas com a atividade de pintura e desenho não se qualificam, para fins de dedução na DIRPF, como despesas com instrução relativas à educação infantil, ao ensino fundamental ou médio ou à educação superior ou profissional. Por isso mesmo é que penso que a glosa no valor de R$ 430,00 igualmente deve ser mantida. Face ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 65DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10218.720641/2007-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2201-000.206
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Relatório
Trata-se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 76.004,99, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora.
Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 2 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de reserva legal no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 3.
Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB.
A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 30/38, assim ementado:
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2004 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal.
DO VALOR DA TERRA NUA - VTN.
Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2004 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado.
Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 44), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 45/68, acompanhado dos documentos de fls. 69/79. Na peça recursal aduz, em síntese, que:
Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia
- Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996.
- Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996.
- O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade.
- A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10.
- A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte.
- O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924).
- A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos).
- Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório.
- Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos.
Área indígena
- Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01).
- O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02).
- O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04).
- Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05).
- Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse.
- O imóvel - LOTE 14 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06).
Pedidos
Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo.
Por meio da Resolução nº 2801-000.315, da extinta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel.
Após ser intimado (fl. 93), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que:
- Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará.
- Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012.
- No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia.
Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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Relatório Trata-se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 76.004,99, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 2 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de reserva legal no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 3. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 30/38, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2004 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2004 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 44), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 45/68, acompanhado dos documentos de fls. 69/79. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia - Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. - Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. - O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. - A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10. - A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. - O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924). - A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). - Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. - Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena - Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). - O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). - O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). - Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). - Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. - O imóvel - LOTE 14 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801-000.315, da extinta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 93), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: - Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. - Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. - No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 76.004,99, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 2 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de reserva legal no imóvel rural, motivo RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 18 .7 20 64 1/ 20 07 -7 7 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720641/200777 Resolução nº 2201000.206 S2C2T1 Fl. 113 2 pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 3. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 30/38, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exigese que essas áreas, informadas na DITR/2004 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2004 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 44), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 45/68, acompanhado dos documentos de fls. 69/79. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputarlhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720641/200777 Resolução nº 2201000.206 S2C2T1 Fl. 114 3 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluirse da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que “Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924). A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, tratase de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativoambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com Fl. 114DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720641/200777 Resolução nº 2201000.206 S2C2T1 Fl. 115 4 superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. O imóvel LOTE 14 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801000.315, da extinta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 93), o Interessado se manifestou às fls. 96/98 e juntou aos autos os documentos de fls. 99/109. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontrase localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontrase situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Voto Fl. 115DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720641/200777 Resolução nº 2201000.206 S2C2T1 Fl. 116 5 Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Registro, inicialmente, que os documentos juntados pelo Interessado não atendem ao objeto da diligência fiscal requerida, haja vista que a determinação era para que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Nada obstante, a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012, juntada aos autos pelo Recorrente, revela a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à localização de imóvel rural particular em relação a terras indígenas, cujas regras, aparentemente, não são possíveis de atendimento no prazo de 15 dias, motivo pelo qual o Interessado pleiteia a concessão de um novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na referida instrução normativa. A IN FUNAI nº 3/2012 disciplina a emissão de dois documentos: o Atestado Administrativo e a Declaração de Reconhecimento de Limites. O § 1º do art. 1º estabelece que “O Atestado Administrativo se destina a atestar a situação geográfica de imóveis de terceiros em relação às terras indígenas regularizadas ou em processo de demarcação” e o § 2º do mesmo artigo preceitua que “A Declaração de Reconhecimento de Limites se destina a fornecer, aos proprietários de imóveis rurais, a mera certificação de que foram respeitados os limites com os imóveis confinantes de propriedade da União e de posse permanente destinados a indígenas”. A leitura dos dispositivos transcritos evidencia que o documento que aqui interessa é o “Atestado Administrativo”, porquanto se destina a confirmar a situação geográfica de imóveis particulares em relação a terras indígenas. Ocorre que o art. 6º, item II.4, da IN FUNAI nº 3/2012 prevê que “Não será emitido Atestado Administrativo para imóveis incidentes em Terra indígena homologada (com os limites da demarcação homologados por decreto da Presidência da República)”. Ora, se o “Atestado Administrativo” não é emitido para imóveis incidentes em terra indígena homologada e se o imóvel objeto de tributação supostamente está localizado nos limites de terra indígena APYTEREWA, homologada por decreto do Presidente da República em 19/04/2007, por óbvio que a concessão do prazo de 45 dias para que o Recorrente obtenha o “Atestado” será, em tese, infrutífera, em face da vedação normativa acima mencionada. Observo, contudo, que não é crível supor que uma entidade da administração pública se negue a fornecer, a qualquer administrado, documento para a defesa de seus direitos, seja qual for o nome atribuído ao documento (Atestado, Certidão, Declaração, dentre outros). Mas ainda que isto aconteça, o ordenamento jurídico coloca à disposição do administrado multiplicidade de instrumentos para que o seu pleito seja atendido liminarmente, sendo desnecessária, aqui, a menção a qualquer deles, uma vez que a defesa do contribuinte foi elabora por profissional do direito, que, com certeza, saberá manejar o instrumento adequado para fazer valer o direito do Interessado. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720641/200777 Resolução nº 2201000.206 S2C2T1 Fl. 117 6 Anoto, ainda, por oportuno, que a afirmação do Recorrente de que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará se mostra em desalinho com as informações disponibilizadas no sítio eletrônico da referida Fundação, o qual aponta a existência de quatro coordenações regionais no Estado, quais sejam: Tapajós, Centro Leste do Pará, Baixo Tocantins e Kayapó Sul do Pará. Nesse contexto, entendo ser razoável a concessão do prazo de 45 dias solicitado pelo Interessado para apresentação de documento expedido pela FUNAI atestando que a área do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena APYTEREWA. Saliento, entretanto, que o documento não precisa, necessariamente, ser emitido pela FUNAI de Brasília, podendo sêlo por uma das coordenações regionais no Estado do Pará, atestando que o Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem direita do Rio Xingu (e não do Rio Bacajá) está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Por todo o exposto, proponho a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a DRF de origem intime o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem direita do Rio Xingu, está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento fornecido pela FUNAI, seja pelo órgão central (Brasília), seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará. Após, os autos deverão retornar a este Conselho para a conclusão do julgamento. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 117DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10380.723540/2014-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE.
Somente pode ser utilizado como dedução na Declaração de Ajuste Anual o valor de pensão alimentícia quando o pagamento tenha a natureza de alimentos; sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2201-002.940
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Mees Stringari
Relator
(assinado digitalmente)
Eduardo Tadeu Farah
Presidente Substituto
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Mees Stringari Relator (assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
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DEDUTIBILIDADE. Somente pode ser utilizado como dedução na Declaração de Ajuste Anual o valor de pensão alimentícia quando o pagamento tenha a natureza de alimentos; sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Mees Stringari Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 35 40 /2 01 4- 03 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 2 Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10380.723540/201403 Acórdão n.º 2201002.940 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba, Acórdão 0650.049 da 6ª Turma, que julgou a impugnação improcedente. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: Por meio da Notificação de Lançamento nº 2013/032622916691559 (a numeração adotada neste acórdão é a digital), fls. 25 a 28, após a revisão malha fiscal da DIRPF 2013, anobase de 2012, reduzse a restituição do Imposto Retido na Fonte (IRRF) do contribuinte acima identificado de R$ 6.287,08 para R$ 3.820,66, em face da glosa da dedução de R$ 9.353,28 de despesa com pensão judicial, dirigida a Silvia Inês Arruda de Abreu. 2. Cientificado da Notificação de Lançamento em 24/03/2014 (fl. 43), o contribuinte apresentou a impugnação, em 22/04/2014, de fls. 2 a 23, alegando que houve entendimento equivocado na interpretação dos fatos. 3. A seguir carreia aos autos uma verdadeira aula a respeito do que seja uma decisão judicial, suas várias espécies ao longo do processo e a concessão de alimentos provisionais em caráter provisório em muitas ações de alimentos. 4. Tudo isso para protestar contra o seguinte fundamento da autoridade fiscal: Segundo informação constante em Dirf foi considerado o valor de R$ 51.884,94 referente às Pensões Alimentícias requeridas por: Maria José Mendes Carneiro(R$ 47.629,60) e Silvia Inês Arruda de Abreu (R$ 4.255,34).Vale salientar que a Pensão recebida por Silvia Inês Arruda de Abreu somente foi homologada em 01 de Novembro de 2012. 5. Traz, às fls. 29 a 35, documentação comprobatória da ordem judicial para a concessão de alimentos provisórios em favor de Silvia Inês Arruda de Abreu. 6. Espera acatamento da impugnação. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: Fl. 159DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 4 · Alega retidão da declaração. · Apresenta comprovantes de rendimentos e decisões judiciais. · Apresenta planilhas demonstrando os valores pagos como pensão. É o relatório. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10380.723540/201403 Acórdão n.º 2201002.940 S2C2T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à análise das questões pertinentes. PENSÃO ALIMENTÍCIA A dedução da base de cálculo relativa ao pagamento de pensão alimentícia encontrase prevista no inciso II do caput do art. 4º, bem como na alínea “f” do inciso II do caput do art. 8º, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 4º Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão ou acordo judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais; III a quantia, por dependente, de: ... Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; Fl. 161DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 6 A legislação estabelece que o contribuinte, quando intimado, comprove que as deduções pleiteadas na declaração preencham todos os requisitos exigidos, sob pena de serem consideradas indevidas e o valor pretendido como dedução seja apurado e lançado em procedimento de ofício. Abaixo o art. 11, do Decreto Lei nº 5.844/43: DecretoLei nº 5.844/43 Art 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas nêste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. ... § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. § 4° Se forem pedidas deduções exageradas em relação ao rendimento bruto declarado, ou se tais deduções não forem cabíveis, de acordo com o disposto neste capítulo, poderão ser glosadas sem audiência de contribuinte. Do mesmo modo, estabelece o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) em seus artigos 73, 78 e 83: Art.73.Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). §1ºSe forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, §4º). §2ºAs deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §5º). §3ºNa hipótese de rendimentos recebidos em moeda estrangeira, as deduções cabíveis serão convertidas para Reais, mediante a utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento do rendimento. ... Art.78.Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). Fl. 162DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10380.723540/201403 Acórdão n.º 2201002.940 S2C2T1 Fl. 5 7 §1ºA partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. §2ºO valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. §3ºCaberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. §4ºNão são dedutíveis da base de cálculo mensal as importâncias pagas a título de despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §3º). §5ºAs despesas referidas no parágrafo anterior poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração anual, a título de despesa médica (art. 80)ou despesa com educação (art. 81)(Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §3º). ... Art.83.A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, e Lei nº 9.477, de 1997, art. 10, inciso I): Ide todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; IIdas deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os arts. 74,75,78a 81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais por dependente. Conforme as normas acima apresentadas, são requisitos para a dedutibilidade: · que o pagamento tenha a natureza de alimentos; · que sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e · que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Valores entregues por liberalidade não são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 8 Na Notificação de Lançamento aqui discutida, a autuação consiste em glosa parcial do valor declarado pago como pensão alimentícia e foi motivada por falta de comprovação ou falta de previsão legal para a dedução. DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL Dedução indevida de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública. Glosa do valor de R$ *********9.353,04, indevidamente deduzido a titulo de Pensão Alimenticia Judicial e/ou por Escritura Pública, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. Segundo informação constante em Dirf foi considerado o valor de R$ 51.884,94 referente às Pensões Alimenticias requeridas por:Maria José Mendes Carneiro(R$ 47.629,60) e Silvia Inês Arruda de Abreu(R$ 4.255,34).Vale salientar que a Pensão recebida por Silvia Inês Arruda de Abreu somente foi homologada em 01 de Novembro de 2012. Conforme acima, foi considerado o valor de R$ 51.884,94, que corresponde ao Comprovante de Rendimentos emitido pelo Ministério da Defesa/Exército, folha 139 e que tem como beneficiárias as senhoras Maria José Mendes Carneiro e Silvia Ines Arruda de Abreu. Ocorre que foi apresentado um segundo Comprovante de Rendimentos, emitido pelo INSS, informando pensão paga a Maria José, no valor de R$ 7.274,65 e para Silvia Ines no valor de R$ 2.078,39. A soma dos valores corresponde ao apresentado nas planilhas pelo recorrente e com o declarado na DIRPF. Entendo que as decisões judiciais apresentadas complementam as provas necessárias a motivar a dedução. CONCLUSÃO Voto por dar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Fl. 164DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10380.723540/201403 Acórdão n.º 2201002.940 S2C2T1 Fl. 6 9 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH
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Numero do processo: 10882.722962/2011-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A declaração de nulidade de atos processuais depende da demonstração do efetivo prejuízo, o que não restou comprovado neste processo.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não ocorre cerceamento de defesa quando o lançamento está revestido de todos requisitos legais e o contribuinte tem a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS.
É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
MULTA DE MORA. PREVISÃO LEGAL.
Sobre as contribuições sociais em atraso incide multa de mora, conforme legislação vigente à época dos fatos geradores.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2201-002.750
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Mees Stringari
Relator
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior
Presidente
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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INOCORRÊNCIA. A declaração de nulidade de atos processuais depende da demonstração do efetivo prejuízo, o que não restou comprovado neste processo. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não ocorre cerceamento de defesa quando o lançamento está revestido de todos requisitos legais e o contribuinte tem a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Sobre as contribuições sociais em atraso incide multa de mora, conforme legislação vigente à época dos fatos geradores. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 72 29 62 /2 01 1- 50 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Mees Stringari Relator (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior Presidente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10882.722962/201150 Acórdão n.º 2201002.750 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas, Acórdão 0538.284 da 7ª Turma, que julgou a impugnação improcedente. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: Fundamentos do lançamento fiscal Constitui objeto do presente processo o lançamento fiscal DEBCAD 37.317.7011, relativo às contribuições previdenciárias de segurados (sobre o décimo terceiro de 2006), cuja responsabilidade de arrecadação é do empregador, mediante desconto na remuneração de seus empregados. Consta do Relatório Fiscal que o lançamento deuse com base nos seguintes fundamentos: 2.5. Para constituição dos créditos, foi tomado como referência os valores encontrados nas Folhas de Pagamento, devidamente contabilizados na Escrituração Contábil, os quais foram confrontados com os valores declarados em GFIP. Quanto às multas aplicadas o Relatório Fiscal esclarece que: 4.8.2. Considerando que o período fiscalizado, 01/2006 a 12/2006, é anterior a nova disciplina normativa inserida pela Medida Provisória n. 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27/05/2009, e considerando o disposto no inciso II do art. 106 do CTN, foi apurada a multa do Código de Fundamentação Legal CFL 68 (Art. 32, §5° da Lei 8.212/91) e somada á multa de mora de 24% (Art. 35, II, da Lei 8.212/91) incidente sobre os valores não declarados. A somatória foi comparada à atual multa de ofício de 75% (fundamentação da infração a partir de 03/12/2008, art. 44, I da Lei 9.430/96). 4.8.3. Considerando os valores não declarados a cargo da empresa e dos segurados a comparação mostrou que a penalidade mais benéfica para o sujeito passivo é a multa prevista no CFL 68, que já está sendo cobrada no Auto de Infração Debcad n° 37.317.7020 emitido nesta mesma data e é parte integrante do processo Comprot n° 10882.721940/2011 72. Segue, então, ainda no Relatório Fiscal, um quadro que demonstra como foram comparadas e obtidas as multas aplicadas, por competência. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 4 Fundamentos da Impugnação O Contribuinte apresentou Impugnação (fls. 92/109), nos seguintes termos, em síntese: 1. Invoca o princípio da “verdade material”, para defender que: Acima de tudo, caberia à d. fiscalização, para caracterizar a ocorrência do fato gerador e identificar seu quantum, examinar detidamente os livros contábeis e as retenções e recolhimentos efetuados pela empresa. Entretanto, a d. fiscalização não demonstra, nem traz aos autos, evidências de que os valores apontados no auto de infração teriam sido efetivamente retidos dos funcionários. De igual maneira inexiste prova de que os valores não teriam sido repassados à Previdência Social. 2. E, concluindo, a respeito: Imprescindível que se faça demonstração e prova das retenções, dos valores dos salários e dos repasses efetuados. Sem esta demonstração e sem sua correspondente prova, não há como se apurar, nos termos da lei e em obediência ao princípio da estrita legalidade, o critério quantitativo das contribuições exigidas. Pretender fazer incidir as contribuições sobre a totalidade destes valores equivale a superdimensionamento do crédito tributário, o que aponta para a sua nulidade e improcedência. 3. Haveria “comprometimento” da “veracidade do Auto de Infração”, pois: No processo, evidenciase que não houve cotejo, caso a caso, de todos os elementos necessários para a identificação de eventuais diferenças entre valores contabilizados e valores declarados em GFIPs. A autuação, pelo que se vê, parte dos totais correspondentes às diferenças entre valores contabilizados e valores declarados em GFIPs, sem esclarecer qual o montante dos salários que compõem a base de cálculo da contribuição exigida, sem comprovar os valores retidos de cada um dos funcionários, sem identificar os valores repassados ao INSS pela empresa a este título, e ainda, sem comprovar que tais valores não teriam sido objeto de recolhimento antecipado, ou ainda, se não foram recolhidos no exercício imediatamente seguinte. A ausência destes elementos compromete a veracidade do auto de infração. 4. O lançamento estaria eivado pelo vício da nulidade, pois teria ocorrido “ausência de vinculação e de suporte fático”: Não se configurou, no presente caso, o fato gerador pretendido pela d. Fiscalização, tratandose, por evidente, de autuação com base em mera inferência. Acresce que não se trata de presunção legal. Em suma, foi autuação por uma suspeita, sem base legal que a autorize, e sempre que esta se dá deve estar reforçada por elementos inequívocos de prova. E a prova deve aterse ao elemento que se pretende ver provado. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10882.722962/201150 Acórdão n.º 2201002.750 S2C2T1 Fl. 4 5 5. Teria ocorrido a nulidade do lançamento, também por “afronta aos princípios da legalidade e da tipicidade”, pois: Conforme se expôs nas questões preliminares, configurase ofensa aos Princípios da Tipicidade, da Legalidade e da Verdade Material. O Princípio da Legalidade impõe que haja uma previsão legal para a incidência pretendida em um lançamento. E inexiste previsão legal para que se faça incidir tributo sobre diferença de valores apurados em Folha de Pagamento e aqueles declarados em GFIP. Depois, já quanto ao “mérito”: Deixou de atentar a d. fiscalização para o fato de que inexiste previsão legal para que se faça incidir tributo sobre diferença de valores apurados em Folha de Pagamento e aqueles declarados em GFIP. A exigência do crédito tributário, bem como a caracterização de infração, por outro, demandam a presença de elementos materiais e fáticos que auxiliem na sua constituição. Não se pode simplesmente alegar que as diferenças apontadas pela d. fiscalização correspondam a valores retidos e não recolhidos, uma vez que não há, no processo, qualquer prova dos valores retidos. Também não há, no processo, qualquer prova dos valores recolhidos/repassados. Igualmente não há, no processo, qualquer prova de que tais valores não foram recolhidos antecipadamente, ou que seu recolhimento não tenha sido efetuado no exercício imediatamente posterior. 6. A “autuação” teria sido improcedente, Em primeiro lugar, os valores relativos a diferenças de Folhas de Pagamento, devem ser devidamente discriminados, e deles excluídas as quantias correspondentes, dentre outros ... 7. E ainda: Do Termo de Verificação Fiscal, extraise que não há discriminação ou caracterização dos valores integrantes da base de cálculo. Limitase a d. autoridade fiscal a demonstrar a diferença entre os valores mensais declarados em GFIP, cotejandoos com aqueles constantes das Folhas de Pagamentos. Embora haja menção ao fato de que a d. fiscalização examinou os documentos dos quais teria extraído os fundamentos fáticos e materiais que dariam suporte às contribuições lançadas, não há, dentre as peças processuais, cópias dos referidos elementos probatórios, pelo que não se pode verificar sua higidez, o que compromete o princípio da ampla defesa. Tal ausência fulmina de Nulidade os Lançamentos e implica em sua improcedência, pela ausência de um dos elementos essenciais à sua constituição (critério quantitativo). Fl. 195DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 6 8. Sustenta, também, que não caberia a aplicação de multa de mora, pois: Frisese, entretanto, que a multa de mora não tem cabimento em se tratando de lançamento de ofício, em relação ao qual a legislação autoriza apenas a aplicação da multa de ofício, ou, nos casos em que especifica, de multa isolada, ou ainda, diante da verificação de fato que constitua hipótese de incidência de multa qualificada. 9. A partir destas premissas formula os respectivos requerimentos: Por todo o exposto se requer o cancelamento da multa correspondente ao auto de infração DEBCAD n° 37.317.7020, bem como das multas aplicadas nos demais Autos de Infração (DEBCADs n°s 37.317.6988, 37.317.6996 e 37.317.7003), demonstrada a improcedência das mesmas. Caso não canceladas as multas, requer sejam as mesmas relevadas, provada a improcedência das autuações, e a inexistência dos fatos que lhes serviram de fundamento, de acordo com o disposto no art 291 do Decreto n° 3.048/99. 10. Defende a tese de que haveria impedimento constitucional de cobrança de juros anuais que excedem a taxa de 12%, bem como não poderia incidir a taxa SELIC, quanto superior à taxa mensal de 1%. 11. Finalmente, requer o reconhecimento da “nulidade/improcedência do auto de infração”, ou, alternativamente, “ainda que absurdo” (na hipótese de manutenção dos lançamentos): ... requer a exclusão das multas e a não aplicação dos juros à taxa SELIC, sempre que esta ultrapassar o limite constitucional de 1%. Relatado, passo ao voto Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: o Nulidade: o Ofensa ao princípio da verdade material. o Simples cotejo de dados da folha de pagamento e GFIP. o Cerceamento de defesa. o Não discriminada a origem das diferenças lançadas. o Não se configurou o fato gerador. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10882.722962/201150 Acórdão n.º 2201002.750 S2C2T1 Fl. 5 7 o Não há prova dos valores retidos. o Impossibilidade de aplicação de multa de mora. o Juros. SELIC. É o relatório. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 8 Voto Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à análise das questões pertinentes. NULIDADE Conforme exposto no relatório acima, a recorrente pleiteia a nulidade por um conjunto de motivos Não concordo com a recorrente. A jurisprudência está consolidada no entendimento de que a declaração de nulidade de atos processuais depende da demonstração do efetivo prejuízo, o que não restou comprovado neste processo. REsp 1440298 / RS RECURSO ESPECIAL2014/00502676 Data do Julgamento 07/10/2014 Ementa PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INVIABILIDADE DE ANÁLISE, NA VIA ESPECIAL, POR ESTA CORTE. INDEFERIMENTO DE PROVA. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO MAGISTRADO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. PIS. COFINS. DESONERAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL VIOLADO. SÚMULA 284/STF. LEIS 10.637/2002 E 10.833/2003. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA, NO CASO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO, POR SUJEITO INTEGRANTE DA CADEIA ECONÔMICA, QUE NÃO ESTÁ SUBMETIDO AO PAGAMENTO NÃO CUMULATIVO DO PIS E DA COFINS, NOS TERMOS DAS Fl. 198DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10882.722962/201150 Acórdão n.º 2201002.750 S2C2T1 Fl. 6 9 LEIS 10.637/2002 E 10.833/2003. PRECEDENTES. ART. 17 DA LEI 11.033/2004. APLICAÇÃO NÃO RESTRITA AO REPORTO. PRECEDENTES. INCOMPATIBILIDADE ENTRE A APURAÇÃO DE CRÉDITO E A TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. PRECEDENTES DO STJ. ... III. O STJ consolidou o entendimento no sentido de que a declaração de nulidade de atos processuais depende da demonstração do efetivo prejuízo, o que não ocorreu, na hipótese, em observância ao princípio pas de nullité sans grief. Precedentes: STJ, AgRg no REsp 1.294.465/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe de 26/08/2014; AgRg no REsp 1.434.880/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/08/2014; EREsp 1.121.718/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, DJe de 01/08/2012. Também não percebi cerceamento de defesa. A Constituição Federal de 1988 prevê, a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa. A Administração Pública, ao promover o controle interno da legalidade de seus atos, por meio de um processo administrativo, deve necessariamente observar os princípios inerentes ao devido processo legal. No processo administrativo fiscal, o contraditório se instaura com a interposição da impugnação ou da manifestação de inconformidade. A ampla defesa, que não significa defesa ilimitada, explicitada como garantia constitucional no artigo 5°, inciso LV, da Constituição, materializase na oportunidade concedida ao sujeito passivo de oporse à pretensão do fisco, fazendo serem conhecidas e apreciadas todas as suas alegações de caráter processual e material, bem como as provas com que pretenda provar as suas alegações. Entendo que este processo respeita o direito do contribuinte à ampla defesa. Neste processo não vislumbro qualquer cerceamento de defesa, uma vez que: (i) os procedimentos fiscais, realizados junto à Impugnante, seguiram rigorosamente a legislação em vigor; (ii) a empresa teve ciência da autuação, a qual foi efetuada de modo que o Contribuinte tivesse pleno conhecimento dos fundamentos de fato e de direito que o motivaram, cabendo observar que lhe é facultado, ainda, ter vista dos autos relativos aos AI's lavrados contra ela durante a ação fiscal; (iii) a Autuada manifestouse com a apresentação de impugnação, (iiii) a Autuada manifestouse com apresentação de recurso voluntário. Para as questões da configuração do fato gerador, da verdade material e da discriminação da diferença entendo tudo muito bem fundamentado e comprovado. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 10 O Termo de Verificação Fiscal, folhas 71 a 75, especifica que o lançamento referese à contribuição dos segurados arrecadada pela empresa e não recolhida, apresenta a fundamentação legal, .a origem dos valores, enfim, todos os elementos necessários. Termo de Verificação Fiscal 1.1.1. Este foi constituído para o lançamento dos créditos tributários referentes às contribuições sociais devidas à Seguridade Social a cargo dos segurados empregados incidentes sobre suas remunerações, arrecadadas pela empresa e não recolhidas conforme artigos n°. 20 e 30,inciso I, alíneas "a" e "b" da Lei 8.212/91 com redação dada pela Lei n° 9.876, de 26.11.99). ... 4.1.Tratase de AUTO DE INFRAÇÃO para lançamento dos créditos tributários referentes às contribuições sociais devidas à Seguridade Social a cargo segurados empregados incidentes sobre suas remunerações, arrecadadas e não recolhidas pela empresa referente à competência 13/2006. 4.2.A situação acima descrita, em tese, configura a prática de crime previsto na Lei n°.8.212/91, Art. 95, alínea "d" e no art. 168A do Código Penal, alterados pela Lei 9.983de 14/07/2000: ... 4.5 A contribuição apurada é resultante do confronto entre o valor do Desconto dos Segurados lançado na Folha de Pagamento e o declarado na GFIP. Lei 8.212/91 Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu saláriodecontribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela:(Redação dada pela Lei n° 9.032, de 28.4.95) ... Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: Competência FOPAG GFIP Diferença 13/2006 49185,51 2940,57 46244,94 Fl. 200DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Processo nº 10882.722962/201150 Acórdão n.º 2201002.750 S2C2T1 Fl. 7 11 a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b)recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, até o dia dois do mês seguinte ao da competência;(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Quanto à questão das provas, à folha 69 é apresentada a folha de pagamento da empresa da competência 12/2006 contendo no campo "Descontos" a informação "INSS 13º SAL 49.185,51". À folha 70 é apresentada a GFIP contendo a informação da "contribuição dos segurados devida". Enfim, não percebo razão para a decretação da nulidade. MULTA DE MORA A recorrente alega da impossibilidade de aplicação de multa de mora por falta de previsão legal. Aparentemente, a recorrente não leu a autuação. O relatório Fundamentos Legais do Débito FLD, folhas 81 e 82, apresenta toda a fundamentação legal, inclusive a utilizada para a os "Acréscimos Legais Multa" Não concordo com a recorrente. JUROS SELIC SÚMULA Quanto à aplicação da taxa SELIC nos juros moratórios, verificase que essa é uma questão sobre a qual o CARF possui decisões reiteradas e, por essa razão foi editada Súmula, cuja observância é obrigatória para estes conselheiros. Abaixo apresento a Súmula número 3. “Súmula nº 3 do CARF: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de Fl. 201DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR 12 inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais”. CONCLUSÃO Voto por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Fl. 202DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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Numero do processo: 16327.000539/2007-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA.
Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, é descabida a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, na hipótese de os débitos não terem sido anteriormente declarados à Receita Federal.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2201-002.745
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Heitor de Souza Lima Junior - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, é descabida a exigência da multa de mora quando ocorre o recolhimento extemporâneo de tributo, na hipótese de os débitos não terem sido anteriormente declarados à Receita Federal. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Heitor de Souza Lima Junior Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 05 39 /2 00 7- 09 Fl. 91DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 16327.000539/200709 Acórdão n.º 2201002.745 S2C2T1 Fl. 75 2 Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 5ª Turma da DRJ/SP1 (Fls. 28), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Em decorrência de revisão sumária da declaração de contribuições e tributos federais — DCTF, correspondente ao 2º trimestre do ano calendário de 2003, a empresa acima qualificada foi autuada e notificada por via postal a recolher a título de multa de mora não paga o crédito tributário no valor de R$ 23.709,35 (fls. 15 e 16). Segundo os demonstrativos de fls. 17 a 19, a interessada pagou o tributo devido após o vencimento legal da obrigação, sem o acréscimo da multa moratória. Inconformada com a exigência fiscal, a interessada, por meio de seu representante legal, apresenta a impugnação de fls. 01 a 07, protocolizada em 13/04/2007, na qual, alega, em apertada síntese, que o valor exigido é completamente indevido pelo fato de a impugnante ter recolhido corretamente o tributo, por meio da denúncia espontânea nos exatos termos do artigo 138, do Código Tributário Nacional. Passo adiante, 5ª Turma da DRJ/SP1 entendeu por bem julgar a impugnação improcedente, em decisão que restou assim ementada: DCTF. REVISÃO INTERNA. Não há que se falar em denúncia espontânea, para os fins de aplicação dos efeitos previstos no artigo 138 do CTN, nos casos de simples pagamento em atraso de débitos confessados em DCTF. Cientificado em 22/03/2011 (Fls. 36), o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 20/04/2011 (fls. 37 a 46), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 16327.000539/200709 Acórdão n.º 2201002.745 S2C2T1 Fl. 76 3 Tratase, na origem, de Auto de Infração lavrado sob a justificativa de que, ao valerse de denúncia espontânea para pagamento de tributos no anocalendário de 2003, deixou a contribuinte de quitar montante correspondente à multa de mora. Em sua impugnação, alega a ora Recorrente que, a teor do art. 138 do Código Tributário Nacional, o instituto da denúncia espontânea afasta a aplicação tanto da multa de ofício quanto da multa de mora, motivo pelo qual se configuraria absolutamente inconsistente a cobrança levada a efeito no Auto de Infração. Em análise àqueles argumentos, decidiu a primeira instância administrativa pela manutenção do lançamento, sob a justificativa de que, mesmo havendo a denuncia espontânea, a multa de mora seria devida; in verbis: Sobre a alegação de que o recolhimento foi efetuado de forma espontânea, o que afastaria a incidência das penalidades, cumpre destacar que se trata de valor declarado e pago em atraso e, portanto, de mero adimplemento intempestivo da obrigação. E, nesse caso, não se aplica os efeitos da espontaneidade referida no art. 138, que se dirige apenas à confissão espontânea de infrações à legislação tributária desconhecidas do Fisco. (pág. 29 dos autos) Como se infere da análise do processo, a Recorrente realizou o pagamento do tributo, com vencimento em 09/04/2003, a destempo, em 16/04/2003. Frisese que não há dúvidas de que o contribuinte declarou posteriormente o crédito tributário; sendo o auto de infração lavrado unicamente em razão de entender a fiscalização de que a denuncia espontânea não alcança a multa de mora. Especificamente quanto ao instituto da denúncia espontânea, imperioso transcreverse o art. 138 do Código Tributário Nacional: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.” Ademais, a questão relativa à denúncia espontânea nos casos de tributos recolhidos espontaneamente com atraso, foi submetida pelo Superior Tribunal de Justiça ao rito do recurso repetitivo (art. 543C, do Código de Processo Civil), por meio do REsp 1.149.022, com decisão proferida em 09/06/10 (publicada em 24/06/10) e trânsito em julgado ocorrido em 30/08/10, sendo oportuno transcrever a ementa do respectivo julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE: BANCO PECÚNIA S/A ADVOGADO: SERGIO FARINA FILHO E OUTRO(S) RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) PROCURADOR: PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA Fl. 93DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 16327.000539/200709 Acórdão n.º 2201002.745 S2C2T1 Fl. 77 4 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos Fl. 94DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 16327.000539/200709 Acórdão n.º 2201002.745 S2C2T1 Fl. 78 5 termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Pelo exposto, resta caracterizada a denúncia espontânea, que exclui a incidência da multa de mora nos casos em que houve o recolhimento com atraso de tributos que ainda não haviam sido declarados à Receita Federal do Brasil, como ocorre nos casos em que o pagamento extemporâneo de tributos declarados em DCTF, entregue após o citado pagamento. Diante da abordagem definitiva da matéria pelo STJ, foi editada a Nota Técnica da CoordenaçãoGeral de Tributação da Receita Federal do Brasil com o objetivo de orientar as unidades daquele órgão a interpretar as conseqüências decorrentes dos Atos Declaratórios PGFN nº 4/2011 e 8/2011, sendo que este último autorizou a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nos casos alcançados pela decisão proferida no Resp 1.149.022. A aludida Nota esclarece que, nos casos em que o contribuinte não apresenta DCTF, mas paga o débito, ou quando o pagamento do débito é feito concomitantemente com a entrega da DCTF, resta configurada a denúncia espontânea. Conseqüentemente, a multa moratória não era devida quando do pagamento do IRRF realizado pelo contribuinte. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 95DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 16327.000539/200709 Acórdão n.º 2201002.745 S2C2T1 Fl. 79 6 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 29/ 02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por HEITOR DE SOUZA LIM A JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
score : 1.0
Numero do processo: 10540.720098/2007-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE.
A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO.
Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considera-se área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima.
Numero da decisão: 2201-002.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.676,0 ha. na área de pastagens.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente-substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO. Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considera-se área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima.
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AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO. Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.676,0 ha. na área de pastagens. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI – PresidenteSubstituto. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidentesubstituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 00 98 /2 00 7- 46 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2003, consubstanciado na Notificação de Lançamento (fls. 01/06), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 719.982,03, calculado até 30/12/2007, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Entre Rios”, cadastrado na RFB sob o nº 3.336.3196, com área declarada de 12.500,0 ha, localizado no Município de Cocos – BA. A fiscalização efetuou a glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.526.500,00 ou R$ 122,12/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: faz um breve relato dos fatos relacionados com a presente notificação de lançamento; o crédito tributário apurado e lançado pela fiscalização decorreu de erro no preenchimento da correspondente DITR/2003, quanto às áreas de pastagens efetivamente utilizadas e de reserva legal, todas atestadas através de Laudo Técnico de utilização do imóvel, acompanhado de imagem de satélite, com ART registrada junto ao CREA/GO; com fundamento no art. 145, inciso I, do CTN, pede a alteração do lançamento, por ter ficado caracterizada a hipótese de erro de fato, comprovado com documentos hábeis e idôneos; o item 7.3 do Laudo Técnico destacou e classificou uma área de 581,7 ha em preservação permanente, enquadrados no art. 2º, alínea “a”, itens 2 e 3, alíneas “d” e “e” da Lei 4.771/65; também existe no imóvel uma área de preservada de 2.500,0 ha, correspondente a 20% (vinte por cento) da área do imóvel, tipificada no art. 16 e alíneas da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), que, mesmo não estando averbada à margem da matrícula do imóvel, no competente Cartório de Registro de Imóveis, continua impedida de ser explorada economicamente, por força desse preceito legal; não considerar essa área, apenas por descumprimento de uma formalidade legal, que visa tão somente dar publicidade ao ato para que a área continue a ser preservada pelo novo adquirente, em caso de alienação do imóvel, pune deveras o Contribuinte, inclusive, com a alteração da alíquota de cálculo aplicada no lançamento; Fl. 95DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 3 3 o Conselho de Contribuinte, atual CARF, vem acatando a área de reserva legal existente de fato no imóvel, quando comprovada através de documentos hábeis e idôneos, evitandose, assim, a interposição de recurso à instância superior, que há tempo vem deferindo essa área como isenta de tributação; a favor da sua tese, cita jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF (Acórdão 203063262, Acórdão 203 02969, Acórdão 20303149 e Acórdão 20303250, cujas ementas descreve); foi protocolado, em 24/11/2003, o competente Ato Declaratório Ambiental – ADA no IBAMA, doc. anexo; a área de reserva legal foi erroneamente declarada, razão pela qual será providenciada a retificação da mesma para 2.500,0 ha; não obstante incessante negativa dos órgãos de fiscalização da Receita Federal em acatar as áreas de utilização limitada, devido à falta de comprovação do ADA junto ao IBAMA, o Terceiro Conselho de Contribuinte vem acolhendo esse documento, mesmo quando protocolado intempestivamente, não sendo, no entanto, esse o caso do requerente; citando, para exemplificar, ementas dos Acórdãos 30330285 e 30330324; o item 7.1 do referido Laudo Técnico define uma área de 9.393,3 ha em pastagem nativa, classificando seu solo e identificando as principais espécies de forrageiras existentes nas áreas de pastagens nativas daquela região; nessa área, foram apascentadas 1.200 cabeças de gado, durante o exercício ora impugnado, conforme faz prova declaração expedida pelo parceiro pecuário, que teve seu rebanho apascentado na propriedade objeto da presente impugnação, bem como declaração emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB; citando quanto a essa matéria, Acórdão 7999, de 23/10/2003, desta DRJ – 2ª Turma; também foi classificada no item 7.4 do Laudo Técnico anexo, uma área de 25,0 ha ocupadas com benfeitorias, sob forma de cercas e estradas internas do imóvel, e por fim, apresenta as áreas distribuídas e utilizadas do imóvel, apuradas em conformidade com o referido Laudo Técnico e a relação de documentos anexados à sua impugnação, pedindo o seu deferimento. A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou parcialmente procedente a Impugnação, conforme ementas abaixo transcritas: ÁREA DE PASTAGEM ERRO DE FATO A hipótese de erro de fato, no que diz respeito a área servida de pastagens do imóvel, somente cabe ser acatada, quando Fl. 96DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 comprovado nos autos, com documentação hábil, a existência de animais de grande e/ou médio porte apascentados no imóvel, no decorrer do respectivo anobase, em quantidade suficiente para justificar a área servida de pastagem pretendida, observado o correspondente índice de lotação mínima por zona de pecuária (ZP). DAS ÁREAS AMBIENTAIS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL Cabe restabelecer, para fins de exclusão de tributação, a área de preservação permanente declarada, devidamente comprovada nos autos, observada a legislação de regência da matéria. Já em relação a área de utilização limitada/reserva legal, exige se que a mesma, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, tenha sido objeto de ADA protocolado tempestivamente no IBAMA, bem como esteja averbada à margem da matrícula do imóvel, em data anterior à do fato gerador do imposto. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Relativamente à decisão recorrida, destacase o seguinte excerto: Por todo o exposto, cabe apenas restabelecer, para fins de exclusão do cálculo do ITR/2003, a área de preservação permanente declarada, de 581,7 ha, com redução das áreas tributável e aproveitável do imóvel, do VTN tributável e, consequentemente, do imposto suplementar apurado pela autoridade fiscal, conforme demonstrado... Intimado da decisão de primeira instância em 28/12/2012 (fl. 71), Florentino Rossato apresenta Recurso Voluntário em 28/01/2013 (fls. 73/80), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade. Segundo se colhe dos autos, a autoridade fiscal efetuou glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.526.500,00 ou R$ 122,12/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Em seu apelo, insurge o suplicante contra a glosa da área de reserva legal, além da área servida por pastagem. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 4 5 Quanto à área de reserva legal, cumpre esclarecer que o § 8º do art. 16 da Lei nº 4.771/1965 Código Florestal, com a redação dada pela MP nº 2.16667/2001, determina seu registro à margem da inscrição de matrícula do imóvel: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) (...) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (grifei) Pelo se vê, o Código Florestal passou a exigir a averbação no registro de propriedade do imóvel, fazendo com que a partir de então, sobre aquela área, o proprietário se submeta às limitações administrativas que lhe são impostas pela lei, sendo vedada à alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. Portanto, a área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente, o que não ocorreu no presente caso. No que tange à área servida de pastagem, alega o suplicante que, embora não tenha sido objeto de glosa pela autoridade fiscal, houve um erro de fato, já que informou na DITR/2003 o montante de 1.124,0 ha, sendo que efetivamente há na propriedade 9.393,3 ha destinado a pastagem de animais. Pois bem, ainda que a área servida por pastagens não tenha sido objeto de glosa, entendo que as provas constantes dos autos indicam precisamente a área e a quantidade de animais apascentados na propriedade, embora tenha a autoridade recorrida lançado dúvida sobre a sua existência, consoante se extrai da leitura de trecho do voto: No caso, apesar de o contribuinte ter informado na sua DITR/2003, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel, a existência de 283 cabeças de animais de grande porte (às fls. 10), o mesmo, sob a alegação de ter ocorrido erro de fato na informação desse dado cadastral, pretende que sejam consideradas 1.200 cabeças de animais bovinos, de propriedade da sociedade empresária Santa Colamba Agropecuária Ltda, CNPJ 03.785.640/000142, que estariam apascentadas na “Fazenda Entre Rios”, no decorrer do ano de 2002, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Notase que, diante da grande quantidade de animais (1.200 cabeças), seria coerente supor que existisse um Contrato de Comodato firmado em data anterior a 1º/01/2003, estabelecendo cláusulas e condições a serem cumpridas pelos contratantes, não bastando, por si só, a declaração de fls. 34, para comprovação dos fatos alegados. Além disso, constatase que essa declaração foi assinada pelo Sr. Fernando Prado, identificado como gerente da citada sociedade empresária, sem, no entanto, constar dos autos documentos, tais como, contrato social, atestando que o mesmo possui poderes de representação, para emitir tal declaração em nome da citada pessoa jurídica. Por sua vez, junta o recorrente em seu apelo, fls. 91/92, o Contrato de Arrendamento de Propriedade Rural para Exploração Pecuária, pactuado entre o contribuinte e a Santa Colomba Agropecuária Ltda, indicando a quantidade de animais apascentados na “Fazenda Entre Rios”. Além do mais, foi carreado aos autos, fls. 81/90, a 28ª Alteração do Contrato Social da Santa Colomba Agropecuária Ltda., demonstrando, de forma inequívoca, que o Sr. Fernando Prado possui legitimidade para assinar pela citada empresa. Sobre a Declaração de fls. 35, emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB, entendo que deve ser conhecida, já que declara a quantidade de animais que foram vacinados contra febre aftosa e brucelose, informando, inclusive, que as vacinas encontramse em situação regular. Vejase: Declaramos para os devidos fins que Santa Colomba Agropecuária Ltda., inscrita no CNPJ/MF sob n° 03.785.60/000142, com sede na Fazenda Canguçu, Estrada Cocos/Mambai, km 90, no Município de Cocos, Estado da Bahia, encontrase em situação regular quanto às devidas vacinas contra Febre Aftosa e Brucelose. Consta em nossos arquivos o registro das vacinações realizadas no período de 2002 à 2004, declarada a relação de animais a seguir descritos: ANO QUANTIDADE DE BOVINOS 2002 1.200 2003 1.190 2004 1.441 Nesse passo, para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. A Instrução Normativa SRF n.º 256/2002, em seu art. 24, preceitua: Art. 24. Área servida de pastagem é aquela ocupada por pastos naturais, melhorados ou plantados e por forrageiras de corte que tenha, efetivamente, sido utilizada para alimentação de animais de grande e médio porte, observados os índices de lotação por zona de pecuária, estabelecidos em ato da SRF, ouvido o Conselho Nacional de Política Agrícola. § 1º Para fins do disposto no caput, é considerada área servida de pastagem a área ocupada por forrageira de corte efetivamente utilizada para alimentação de animais do mesmo imóvel rural. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 5 7 § 2º Aplicamse, até ulterior ato em contrário, os índices constantes da Tabela nº 5, Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, aprovada pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nº 19, de 28 de maio de 1980, aprovada pela Portaria nº 145, de 28 de maio de 1980, do Ministro de Estado da Agricultura, constantes no Anexo I a esta Instrução Normativa. Não obstante sendo a Instrução Normativa de 2002, a mesma continuou utilizando para o cálculo do Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária os mesmos índices aprovados pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nº 19/1980, aprovada pela Portaria nº 145/1980, do Ministro de Estado da Agricultura, os quais constam do seu Anexo I. Portanto, embora o presente litígio se reporte ao exercício de 2003, os índices aplicados são os constantes do Anexo I Tabela de Municípios, Localização e Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, no qual consta para o município de Cocos Bahia a exigência de um rendimento mínimo cab/ha de 0,25. No caso concreto, sendo o Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária na região de localização do imóvel equivalente a 0,25 cab/ha, fl. 10pdf, com a comprovação da existência de uma média de 1200 animais no imóvel rural, no ano de 2002, fl. 35, para efeitos de cálculo do ITR, a área de pastagens a ser considerada é de 4.800,0 ha. Assim, como o recorrente já havia declarado em sua DITR a área de 1.124,0 ha (aceita pela fiscalização), fl. 05, devese considerar apenas o acréscimo de 3.676,0 ha. Ressaltese que o mesmo laudo técnico carreado aos autos pelo recorrente como foi considerado pela autoridade recorrida como prova da existência da área de preservação permanente na propriedade “... comprovada por meio de “Laudo Técnico”, doc. de fls. 36/43, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo José César Utida da Fonseca, com ART devidamente anotada no CREA (às fls. 49/50)”. Não se pode perder de vista que o § 2º do art. 147 permite a retificação da declaração pela autoridade administrativa a que competir a revisão. Vejase: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Esse é o entendimento da CSRF, consoante a ementa transcrita: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Rerratificase o Acórdão CSRF/03 04.093“ITR – VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO – ERRO NO PREENCHIMENTO DA DITR. – Constatado de Fl. 100DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 forma inequívoca erro no preenchimento da DITR, nos termos do § 2º, do art. 147 do Código Tributário Nacional, deve a autoridade administrativa rever o lançamento para adequálo aos elementos fáticos reais (...) (Acórdão nº. : CSRF/0304.351) Deixo aqui consignado que de acordo com o princípio da verdade material, todo erro ou equívoco deve ser reparado tanto quanto possível. Ademais, o citado princípio encontrase respaldo na ordem contida no art. 142 do CTN, já que se deve evitar a formalização de créditos exorbitantes e em descompasso com aquele que realmente seria devido (voto proferido pelo Conselheiro Naury Fragoso Tanaka, no Acórdão nº 10247.457). Logo, devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da Impugnação e antes da decisão de 2ª instância, mormente porque a necessidade de complementação do conjunto probatório partiu da própria autoridade recorrida. Por fim, o livre convencimento é prerrogativa do julgador na apreciação dos fatos e de sua prova, conforme preceitua o art. 131 do Código de Processo Civil e do art. 29 do Decreto 70.235/1972, verbis: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para considerar como área de pastagem um acréscimo de 3.676,0 ha. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 101DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 10218.720560/2007-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
IMÓVEL RURAL SUPOSTAMENTE LOCALIZADO EM TERRA INDÍGENA DEMARCADA.
O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Hipótese em que não houve a comprovação, nos termos requeridos em diligência fiscal, de que o imóvel rural encontra-se incrustado em terra indígena demarcada.
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITOS.
A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama o atendimento de requisitos de duas ordens: substanciais e formais.
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE ADA. NECESSIDADE.
A partir do exercício de 2001 é indispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental - ADA no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA como condição para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR. A ausência do Ato Declaratório Ambiental, requisito formal necessário à concessão do benefício fiscal, obsta a exclusão de tais áreas da base de cálculo do imposto.
RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE.
Toda a compreensão da tributação territorial rural deve ser feita à luz do princípio da defesa do meio ambiente, sendo certo que o direito tributário, mormente quando consubstanciado em tributos de acentuado caráter extrafiscal, caso do ITR, pode e deve ser utilizado como instrumento de atuação do Estado na economia e na proteção ambiental. A isenção do ITR apresenta inequívoca e louvável finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de premiar os proprietários que contam com reserva legal devidamente identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte daqueles que estão em situação irregular. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do perímetro da reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária correspondente. Inteligência daquilo que foi decidido nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013 pelo STJ.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2201-002.933
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, CARLOS CÉSAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida- Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Hipótese em que não houve a comprovação, nos termos requeridos em diligência fiscal, de que o imóvel rural encontrase incrustado em terra indígena demarcada. BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITOS. A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama o atendimento de requisitos de duas ordens: substanciais e formais. BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE ADA. NECESSIDADE. A partir do exercício de 2001 é indispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental ADA no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA como condição para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR. A ausência do Ato Declaratório Ambiental, requisito formal necessário à concessão do benefício fiscal, obsta a exclusão de tais áreas da base de cálculo do imposto. RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 05 60 /2 00 7- 77 Fl. 120DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 121 2 Toda a compreensão da tributação territorial rural deve ser feita à luz do princípio da defesa do meio ambiente, sendo certo que o direito tributário, mormente quando consubstanciado em tributos de acentuado caráter extrafiscal, caso do ITR, pode e deve ser utilizado como instrumento de atuação do Estado na economia e na proteção ambiental. A isenção do ITR apresenta inequívoca e louvável finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de premiar os proprietários que contam com reserva legal devidamente identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte daqueles que estão em situação irregular. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do perímetro da reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária correspondente. Inteligência daquilo que foi decidido nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013 pelo STJ. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, CARLOS CÉSAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 82.429,42, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 2 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de reserva legal no imóvel rural, Fl. 121DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 122 3 motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 3. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 30/38, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exigese que essas áreas, informadas na DITR/2004 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2004 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 43), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 44/67, acompanhado dos documentos de fls. 68/78. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputarlhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 123 4 O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluirse da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. O imóvel LOTE 14 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedido Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Diligência Por meio da Resolução nº 2801000.314, da extinta 1ª Turma Especial desta Seção de Julgamento, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 88), o Interessado se manifestou às fls. 90/92 e juntou aos autos os documentos de fls. 93/103. Em sua manifestação, aduz, em síntese: Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular Fl. 123DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 124 5 em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontrase localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontrase situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Nova diligência Tendo em vista que os documentos juntados pelo Interessado não atenderam ao objeto da diligência fiscal, aliado ao fato de que a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012 revelou a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à localização de imóvel rural particular em relação a terras indígenas, cujas regras, aparentemente, não eram possíveis de atendimento no prazo de 15 dias, a extinta 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento entendeu por bem converter novamente o julgamento em diligência (fls. 108/113), a fim de que a DRF de origem intimasse o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem direita do Rio Xingu, está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento fornecido pela FUNAI, seja pelo órgão central (Brasília), seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará. Após ser intimado (fls. 115 e 117), o Recorrente não se manifestou. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital. Imóvel supostamente localizado em área indígena O que importa, preliminarmente, é saber se o imóvel rural do contribuinte (Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira) está localizado nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), conforme alegado pelo Recorrente. Isto porque o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide, penso eu, sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 125 6 Em outras palavras: não ocorre o fato gerador de ITR para imóvel situado em terra indígena demarcada, haja vista que, nestes casos, a propriedade não é mais suscetível à ocupação, ao domínio ou à posse, por força do disposto no art. 231, § 6º, da Constituição Federal, cujo teor assim soa: DOS ÍNDIOS Art. 231. (...) § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. Bem por isso é que o julgamento foi convertido em diligência, por duas vezes (fls. 82/86 e fls. 108/113), a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pela FUNAI (seja pelo órgão central em Brasília, seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará), que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Em nenhuma das duas oportunidades o Interessado se desincumbiu do ônus que lhe foi atribuído. Embora tenha apresentado memorial descritivo, cálculo analítico de área, levantamento planimétrico e um desenho com a suposta localização do imóvel, elaborados por empresa privada, (fls. 100/103), não esclareceu a desarmonia entre a sua alegação de que o imóvel LOTE 14 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, conforme descrição constante do Decreto de 19 de abril de 2007, que homologou a demarcação, e o endereço do imóvel em questão constante de sua Declaração do ITR (margem direita do Rio Xingu), de modo que deve ser refutada a alegação de que o imóvel objeto de tributação encontrase incrustado na terra indígena demarcada. Alteração do VTN declarado Registro, por oportuno, que o Recorrente não se insurgiu contra a alteração do VTN declarado, o que evidencia concordância tácita com o valor arbitrado pelo Fisco. Acrescento, ademais, que a possibilidade de modificação do valor arbitrado está condicionada, em regra, à apresentação de elementos de convicção embasados em Laudo Técnico, elaborado de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, laudo este que não foi apresentado pelo Recorrente. Glosa da área de preservação permanente e da área de reserva legal A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama, a meu ver, o atendimento de requisitos de duas ordens: requisitos substanciais e requisitos formais. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 126 7 Os requisitos substanciais das áreas de preservação permanente encontravam se elencados nos arts. 2º (APP por efeito da lei) e 3º (APP por ato declaratório) da revogada Lei nº 4.771 (Código Florestal), de 15 de setembro de 1965. Os requisitos substanciais das APP são de dois tipos: aqueles ligados à topografia das florestas (art. 2º) e aqueles ligados à destinação das florestas (art. 3º). Ambos têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. Ilustrativamente, menciono situações de “APP por efeito da lei” em que a presença do requisito substancial (ligado à topografia), por se só, já qualifica a área como de preservação permanente: a) florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais (art. 2º, “b”) ou situadas no topo de morros, montes, montanhas e serras (art. 2º, “d”). Exemplificativamente, cito situações de “APP por ato declaratório” em que a presença do requisito substancial (ligado à destinação das florestas), aliada à presença de um requisito formal (declaração por ato do Poder Público), já qualifica a área como de preservação permanente: a) florestas e demais formas de vegetação natural destinadas a fixar dunas (art. 3º, “b”) e destinadas a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção (art. 3º, “f”). A qualificação advinda do atendimento dos requisitos mencionados, no entanto, não possibilita a exclusão automática das APP da base tributável do ITR, como se verá adiante. Os requisitos substanciais das áreas de reserva legal encontravamse elencados no inciso III do § 2º do art. 1º da revogada Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), de cujo teor se extrai a seguinte dicção: Art. 1º. (...) §2º Para os efeitos deste Código, entendese por: (...) III Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Assim, se uma área se subsume aos ditames do inciso III do § 2º do art. 1º do revogado Código Florestal (localização e destinação), qualificase como área de reserva legal, sob o ponto de vista substancial, sem que, no entanto, possibilite, de forma automática, sua exclusão da base tributável do ITR. A averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro competente, sempre foi, em meu entendimento, requisito formal necessário para que uma área de reserva legal ARL fosse excluída da base de cálculo do ITR, a teor de uma interpretação Fl. 126DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 127 8 conjugada do artigo 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/1996 e §§ 2º e 8º do art. 16 da revogada Lei nº 4.771/1965, assim descritos: Lei nº 9.393/1996 Art. 10. (...) § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II as área tributável, a área total do imóvel, menos áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas naLei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Lei nº 4.771/1965 Art. 16. (...) §8oA área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Embora a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ sobre o tema fosse vacilante até pouco tempo atrás, a imprescindibilidade da averbação da ARL, para fins de fruição da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/1996, foi confirmada nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013. O STJ, no referido julgamento, pacificou o entendimento de que a averbação da área de reserva legal é dever que incumbe diretamente ao proprietário do imóvel, não fazendo sentido que este se valha da isenção legal quando em mora com o cumprimento de tal dever. O ITR caracterizase como tributo extrafiscal, que tem por finalidade desestimular a existência de latifúndios improdutivos e de incentivar práticas de uso racional dos recursos naturais e de preservação do meio ambiente. A tributação por esse imposto revestese de mais um instrumento dedicado à fiscalização das atividades potencialmente nocivas ao meio ambiente. Assim, inexistindo o registro, que tem por objetivo a identificação da área destinada à reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, consequentemente, de direito à isenção tributária correspondente. Ressalto, ainda, por relevante, que a controvérsia não diz respeito à necessidade, ou não, de prévia comprovação da reserva legal por ocasião da apresentação da declaração do ITR (§ 7º do art. 10 da Lei 9.393/96), mas, sim, à própria caracterização da referida área para os fins tributários almejados. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 128 9 Tal como ocorre com qualquer outro tributo sujeito a lançamento por homologação, o contribuinte jamais junta prova do que pode ser glosado. No imposto de renda, por exemplo, o sujeito passivo que alega ter tido despesas médicas não precisa anexar à declaração de ajuste anual os comprovantes de despesas. Existe uma diferença entre a existência do fato jurígeno e sua prova. Quanto ao Ato Declaratório Ambiental – ADA, o § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938/1981, na redação dada pela Lei nº 10.165/2000, espancou qualquer dúvida sobre sua obrigatoriedade para fruição do benefício fiscal, ao eleger tal ato como requisito formal necessário à exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base tributável do ITR. Oportuna é a transcrição do dispositivo mencionado: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere ocaputdeste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) A norma do § 1º poderia ser lida, sem qualquer alteração de seu conteúdo, da seguinte forma: a utilização do ADA, para fins de exclusão das áreas de interesse ambiental da base tributável do ITR, dentre elas as APP e as ARL, é obrigatória. Registro, ademais, que interpretação contrario sensu da Súmula CARF nº 41 permite concluir que, a partir do exercício de 2000, a apresentação do ADA é imprescindível à fruição do benefício fiscal de exclusão da APP e da RL da base tributável do ITR. Confira: Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. Ora, se a não apresentação do ADA não pode motivar o lançamento de ofício para fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000, por óbvio que, após o referido limite temporal, o lançamento pode ser efetuado em virtude da não apresentação do mencionado documento. No caso concreto, não houve a apresentação de ADA, não houve comprovação de averbação da reserva legal e não houve comprovação da existência de APP (seja por efeito de lei, seja por ato declaratório). Logo, o Recorrente não faz jus à exclusão de APP e de ARL da base tributável do ITR. Face ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Fl. 128DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 129 10 Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 129DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10218.720049/2008-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
ITR. DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA. IMISSÃO DA POSSE.
Considera-se cessada a sujeição passiva, a partir da data em que o INCRA foi imitido na posse do imóvel.
Numero da decisão: 2201-002.936
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Eduardo Tadeu Farah Presidente-Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2006 ITR. DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA. IMISSÃO DA POSSE. Considera-se cessada a sujeição passiva, a partir da data em que o INCRA foi imitido na posse do imóvel.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente-Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior (Presidente).
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DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA. IMISSÃO DA POSSE. Considerase cessada a sujeição passiva, a partir da data em que o INCRA foi imitido na posse do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah – PresidenteSubstituto e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 00 49 /2 00 8- 56 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2006, consubstanciado na Notificação de Lançamento (fls. 01/04), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 60.890,52, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Arapari I, Lote 1, Gleba Misteriosa”, cadastrado na RFB sob o nº 3.713.4647, com área declarada de 4.356,0 ha, localizado no Município de São Félix do Xingu – PA. A fiscalização alterou o VTN declarado de R$ 1,00, que entendeu subavaliado, arbitrandoo em R$ 361.983,60 ou R$ 83,10/ha. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: declara que, desde o ano de 1996, não é proprietário do imóvel rural denominado “Fazenda Arapari I, Lote 1, Gleba Misteriosa”, posto que efetuou a venda do mesmo naquele período; a apresentação da DITR/2006 em seu nome, deuse em razão de inúmeros óbices burocráticos para transferir a titularidade do imóvel para o novo proprietário e, conseqüentemente, não providenciou a alteração dos dados cadastrais do imóvel junto à Receita Federal. Isto, para evitar a inscrição de seu nome em Divida Ativa da União; depois de entregar tal declaração, tomou as medidas necessárias para solicitar o cancelamento do cadastro do imóvel em seu nome, dando origem ao processo administrativo nº 10218.000300/200862; pede a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, invocando o disposto no art. 151 do CTN e citando Geraldo Ataliba; pede a anulação do lançamento, uma vez que a intenção do impugnante ao apresentar a declaração do ITR do imóvel que não lhe pertencia e, por tal motivo, declarou valores que não correspondiam com as características do imóvel com o único intuito de evitar que seu nome, que ainda constava como titular do referido imóvel, respondesse por penalidades tributárias e sofresse restrições fiscais, como inscrição na divida ativa, com as implicações decorrentes; por não ter sido possível localizar o atual proprietário do imóvel, requer a realização de perícia na área em questão, por necessária e imprescindível, em atenção ao princípio do contraditório e ampla defesa; novamente, pede a suspensão prevista no art. 151 do CTN e pela produção de prova pericial, que sejam aceitas as razões de mérito expendidas, para considerar a total improcedência do lançamento impugnado, e por fim, requer que seja acolhida a presente impugnação para o fim de decidir pela insubsistência e improcedência da ação fiscal, cancelandose o débito fiscal reclamado. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720049/200856 Acórdão n.º 2201002.936 S2C2T1 Fl. 3 3 A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou improcedente a Impugnação apresentada, conforme ementas abaixo transcritas: DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. Cabe ser mantido o lançamento em nome do contribuinte, identificado como contribuinte do imposto na correspondente DITR/2006, além de não ter sido devidamente comprovado nos autos a efetiva alienação do imóvel em data anterior à do fato gerador do imposto, observada a legislação pertinente. DO VALOR DA TERRA NUA SUBAVALIAÇÃO. Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN médio, por hectare, apontado no SIPT, exercício de 2006, para o município onde se localiza o imóvel, por falta de documentação hábil comprovando o seu valor fundiário, a preços de 1º/01/2006, bem como a existência de características particulares desfavoráveis que pudessem justificar essa revisão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeira instância em 25/03/2011 (fl. 37), Sebastião Machado de Oliveira apresenta Recurso Voluntário em 25/04/2011 (fls. 40 e seguintes), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. O processo em apreço foi julgado em 20 de fevereiro de 2014 e os membros da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), por meio da Resolução nº 2201000.178, decidiram converter o julgamento em diligência, nos seguintes termos: Diante da existência de dúvida, quanto ao real sujeito passivo da obrigação tributária, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à Delegacia de origem, afim de que seja solicitada a manifestação do INCRA, em relação aos seguintes pontos: a) se o imóvel denominado “Fazenda Arapari I, Lote 1, Gleba Misteriosa”, cadastrado na RFB sob o nº 3.713.4647, com área declarada de 4.356,0 ha, localizado no Município de São Félix do Xingu – PA, foi de fato desapropriado e transformado no projeto de assentamento ARAPARI; b) em caso positivo, qual a data da transferência de propriedade para o INCRA (Cartório de Registro de Imóveis) e/ou imissão na posse. Realizada a diligência, intimese a parte recorrente para manifestarse no prazo de 10 dias, com posterior retorno dos autos ao CARF. Realizada a diligência, vieram aos autos os documentos de fls. 79/91. O contribuinte foi intimado do resultado da diligência, conforme Edital de fl. 94. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso reúne os requisitos de admissibilidade. Segundo se colhe dos autos, a autoridade fiscal alterou o VTN declarado pelo recorrente, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Arapari I, Lote 1, Gleba Misteriosa”, de R$ 1,00 para R$ 435.600,00, com base no SIPT Sistema de Preços de Terra praticados no município de São Félix do Xingu – PA (fl. 26). Em seu apelo, alega o recorrente ilegitimidade passiva, já que a Certidão expedida pelo INCRA comprova que o imóvel rural em apreço foi desapropriado. Assevera o suplicante que “... a propriedade em questão foi desapropriada e transformada em um projeto de assentamento, segundo a Portaria de n.° 0052 de 15/12/2002”. Pois bem, compulsandose a Certidão expedida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) Superintendência Regional do Sul do Pará, verificase que a fazenda denominada ARAPARI, localizada no município de São Félix do Xingu, foi desapropriada e transformada no projeto de assentamento ARAPARI, conforme Portaria de n°. 0052 de 15/12/2002 (fl. 54): MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDA INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO SUL DO PARÁ SR(27) C E R T I D Ã O O Superintendente Regional do Sul do Pará SR 27, no uso das atribuições que lhe conferidas pelo Art. 29 do Regimento Interno da Autarquia, aprovado pela Portaria Ministerial n°. 164, de 14 de julho de 2000, publicada no Diário Oficial da União do dia 17 do mesmo mês e ano, e no uso das atribuições que também lhe são conferidas pela Portaria INCRA/P/Nº.160/2003, de 26 de março de 2003, certifica, para os devidos fins que se fizerem necessários e em atendimento à solicitação formulada pelo Sr., SEBASTIÃO MACAHDO DE OLIVEIRA, portador da carteira de identidade n°. 867.274SSP/GO do CPF n°. 380.624.86253, através de requerimento protocolado neste Órgão em 15 de abril de 2008, que a fazenda denominada ARAPARI, localizada no município de São Félix do Xingu, foi adquirida pelo INCRA através de desapropriação e transformada no projeto de assentamento ARAPARI, segundo a Portaria de n°. 0052 de 15/12/2002. (grifei) Entretanto, pela simples leitura do documento, não foi possível identificar a data de transferência da propriedade e/ou imissão na posse. Assim, o processo foi convertido em diligência para manifestação do INCRA. Concluída a diligência, o INCRA se manifestou no seguinte sentido (fls. 82): Fl. 100DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720049/200856 Acórdão n.º 2201002.936 S2C2T1 Fl. 4 5 INFORMAÇÃO/ INCRA/SR(27)T/N° 21 /14 Em resposta ao solicitado, informamos que o PA Arapari foi criado através de processo de desapropriação da Agropecuária Umuarama (Complexo Flor da Mata), sendo criado em 15/12/2000, com área total de 14.292,3493 hectares. Este imóvel, Agropecuária Umuarama (Complexo Flor da Mata), tinha em sua totalidade 22.477,6345 hectares, e foi desapropriado integralmente, dando origem aos seguintes Projetos de Assentamento: PA Arapari, com área de 14.292,3493 hectares, PA Rio Negro com área de 3.906,4267 e PA Rio Pará, com área de 4.278,8585 hectares. Encaminho, anexo, cópia da Portaria de Criação do PA Arapari; cópia do decreto de interesse social, para fins de reforma agrária, do imóvel rural "Agropecuária Umuarama" cópia da peça inicial de ajuizamento da ação de desapropriação; cópia do mandado de imissão na posse do imóvel e cópia dó auto de imissão de posse. Marabá, 24 de setembro de 2014. (grifei) Pelo que se vê, a propriedade rural foi integralmente desapropriada para fins de reforma agrária. Quanto à data de imissão na posse, constatase pelo Despacho do Juiz Federal, Dr. Francisco Alexandre Ribeiro, da Subseção Judiciária de Marabá/PA, nos autos do Processo nº 2000.39.01.0043, que ocorreu em 17 de janeiro de 2000, conforme Mandado de Imissão de fl. 90. In casu, como se trata do exercício de 2006, considerase cessada a sujeição passiva do contribuinte, a partir da data em que o INCRA foi imitido na posse do imóvel. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 101DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 13739.001041/2003-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Exercício: 2003
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA.
Descabe a aplicação da multa por atraso na entrega da declaração de ajuste anual quando o contribuinte colige aos autos elementos que demonstram que o mesmo não participou do quadro societário de empresa e esta era a única hipótese que o obrigava a apresentar a declaração.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2201-002.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 2003 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA. Descabe a aplicação da multa por atraso na entrega da declaração de ajuste anual quando o contribuinte colige aos autos elementos que demonstram que o mesmo não participou do quadro societário de empresa e esta era a única hipótese que o obrigava a apresentar a declaração. Recurso Voluntário Provido
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Descabe a aplicação da multa por atraso na entrega da declaração de ajuste anual quando o contribuinte colige aos autos elementos que demonstram que o mesmo não participou do quadro societário de empresa e esta era a única hipótese que o obrigava a apresentar a declaração. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 73 9. 00 10 41 /2 00 3- 91 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13739.001041/200391 Acórdão n.º 2201002.893 S2C2T1 Fl. 91 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento de multa por atraso na entrega da declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda da pessoa física referente ao ano calendário de 2002, por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 165,74. O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 2/4 deste processo digital, que foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 71/74, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. OBRIGATORIEDADE. Está obrigada a apresentar a Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2003 a pessoa física residente no Brasil que participou do quadro societário de empresa como titular, sócio ou acionista, ou de cooperativa no anocalendário de 2002. MULTA PELO ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A entrega da Declaração de Ajuste Anual após o término do prazo determinado na legislação tributária sujeita o contribuinte à multa. Cientificado da decisão de primeira instância em 07/03/2012 (fl. 76), o Interessado apresentou, em 28/03/2012, o recurso de fl. 78/79, acompanhado dos documentos de fls. 80/86. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Não possui nenhum tipo de ligação com a empresa Suhey Lanches Ltda. Referida empresa se utilizou de seus dados pessoais para inscrevêlo no quadro societário. Possivelmente este inconveniente foi desencadeado a partir de um assalto por ele sofrido há dezessete anos. Está processando a empresa Suhey Lanches Ltda e seus representantes legais pelo uso indevido de seu nome nos quadros societários da empresa. O processo encontrase em fase de diligência pericial para, através de exames grafotécnicos, esclarecer que o Interessado não tem e nunca teve nenhuma participação em tal sociedade. Ao final, pleiteia o sobrestamento deste processo administrativo até o deslinde da mencionada ação judicial. É o essencial relatório. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13739.001041/200391 Acórdão n.º 2201002.893 S2C2T1 Fl. 92 3 Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital, que difere da numeração de folhas do processo físico. A presente Notificação de Lançamento foi lavrada em virtude de o CPF do Recorrente figurar como representante legal da empresa Suhey Lanches Ltda. nos cadastros da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB desde o anocalendário de 1996. Por força de diligência levada a cabo pela Autoridade fiscal uma das ex sócias da empresa declarou que vendeu suas quotas ao Interessado no ano de 1996 (fl. 51). A Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro JUCERJA, de sua vez, apresentou ao Fisco alteração contratual da empresa onde as exsócias cedem suas quotas ao Recorrente, para admissão como sócio da empresa (fl. 58). O Interessado alegou na impugnação e alega no recurso voluntário que jamais teve participação nos quadros societários da mencionada empresa. Bem por isso está processando a empresa e seus representantes legais (petição inicial da ação às fls. 80/84). O Recorrente informa que o processo encontrase em fase de diligência pericial para, através de exames grafotécnicos, esclarecer que ele não tem e nunca teve nenhuma participação em tal sociedade (petição para apresentação de quesitos à fl. 85). Em consulta ao Portal do TJRJ, Comarca de São Gonçalo (processo nº 001339657.2005.8.19.0004), verifiquei que realmente a ação foi ajuizada e que o processo foi distribuído em 30/03/2005, com remessa dos autos ao Ministério Público em 02/02/2015 e retorno ao juízo em 20/02/2015. O ajuizamento da ação judicial, cujo custo supera em muito o valor do crédito tributário discutido neste processo, confere, a meu ver, plausibilidade suficiente para acreditar que o Interessado nunca figurou como representante legal da empresa Suhey Lanches Ltda., de modo que não estava obrigado a apresentar a declaração de ajuste anual que originou a presente Notificação de Lançamento. Face ao exposto, voto por dar provimento ao recurso para cancelar a multa por atraso na entrega da declaração no valor de R$ 165,74. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos Almeida Fl. 92DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 13739.001041/200391 Acórdão n.º 2201002.893 S2C2T1 Fl. 93 4 Fl. 93DF CARF MF Impresso em 11/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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