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Numero do processo: 10880.987771/2012-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
DIREITO DE DEFESA - AVALIAÇÃO CONCRETA
Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito.
Numero da decisão: 1401-001.953
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 DIREITO DE DEFESA - AVALIAÇÃO CONCRETA Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito.
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 DIREITO DE DEFESA AVALIAÇÃO CONCRETA Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 98 77 71 /2 01 2- 32 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10880.987771/201232 Acórdão n.º 1401001.953 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento que indeferiu manifestação de inconformidade apresentada contra despacho não homologatório de compensação declarada. No referido recurso, o contribuinte alega que a decisão recorrida: 1) não considerou os princípios constitucionais da motivação e da ampla defesa, o que impediu o particular de apresentar defesa e de demonstrar a existência do crédito; 2) o princípio da motivação foi violado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação da compensação sob o fundamento de inexistência do crédito, sem qualquer outro esclarecimento, enquanto a decisão de primeiro grau aduziu que havia fundamentação fazendo menção genérica a artigos genéricos da legislação tributária; 3) essas decisões impediram a recorrente de apresentar uma defesa concreta. Com base nesses fundamentos, o recorrente pede a nulidade do despacho decisório e a homologação da compensação. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401001.937, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.658691/201272. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401001.937): Evidentemente, os princípios constitucionais concretizadores do devido processo legal, como a fundamentação dos atos e decisões, a ampla defesa e o contraditório, devem ser atendidos também nos processos administrativos. Os particulares devem ser capazes de identificar as razões que motivaram as prescrições veiculadas nas manifestações das autoridades administrativas que se refiram a seus direitos. Nesse sentido, diferentemente do alegado pela recorrente, tanto o despacho decisório, quanto à decisão de primeira instância ofereceram com especificidade os elementos aptos ao particular Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10880.987771/201232 Acórdão n.º 1401001.953 S1C4T1 Fl. 4 3 identificar com precisão as razões concretas para não ter a compensação homologada. Em primeiro lugar, a Delegacia de Julgamento não fundamenta a sua decisão com base em menção genérica a dispositivos legais. Pelo contrário, sua análise é fática e específica. A decisão recorrida aponta de forma minuciosa as razões de fato que ensejaram o despacho decisório denegatório da homologação, as quais, com efeito, constam do referido despacho. Para haver compensação, é necessário o reconhecimento do indébito tributário, o qual, uma vez indeferido, corresponde ao próprio fundamento da não homologação. Claro que o indeferimento do crédito ao qual o contribuinte considera fazer jus também deve ser motivado, mas foi e em quadro próprio que compõe o despacho decisório atacado. O despacho decisório são se restringiu, diferentemente do alegado pelo recorrente, a apontar genericamente a inexistência do indébito. Em quadro próprio, apresenta as razões fáticas para o não reconhecimento do crédito alegado. Já a Delegacia de Julgamento discorre com minúcias acerca dessas razões fáticas. Reiteramos: sua decisão acerca da motivação do despacho decisório não se restringiu a alegações genéricas calcadas em dispositivos da legislação tributário, como indevidamente o recorrente afirma em sua peça recursal. Tal estratégia é que pode ser imputada ao contribuinte, pois, ao revés de buscar demonstrar concretamente o seu direito creditório, apegase exclusivamente, tanto na manifestação de inconformidade, quanto no recurso voluntário, na tentativa de anular os atos decisórios administrativos e na esperança de que uma decisão desse jaez tivesse também a consequência de homologar as compensações declaradas. Claro que nem um, nem o outro pedido pode ser deferido. Não podemos deixar de consignar que cabe ao particular comprovar o seu direito de crédito contra o Fisco, o que poderia ter sido realizado, em face do princípio da eventualidade, até em sede recursal. Afinal, a nulidade da despacho decisório, diferentemente do pretendido pelo recorrente, não pode ter por efeitos imediatos o reconhecimento do indébito tributário. A consequência natural é a necessidade de refazer os atos nulos, o que pode ser superada com o provimento de mérito a favor do particular, nos termos do art. 59, § 3º, do Decreto nº 70.235/72: § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Nada obstante, o contribuinte postouse numa cômoda, mas absolutamente indevida, condição de tecer alegações genéricas Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10880.987771/201232 Acórdão n.º 1401001.953 S1C4T1 Fl. 5 4 contra o despacho decisório sem envidar qualquer esforço concreto para demonstrar, no mérito, o seu direito de crédito contra o Fazenda Pública. É importante reiterar. Ainda que considerássemos nulo o despacho decisório e, conseguintemente, a decisão da Delegacia de Julgamento, tal nulidade não acarretaria o reconhecimento de indébito tributário e, conseguintemente, a homologação da compensação pretendida. Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 62DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.002146/2009-54
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Oct 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 21 46 /2 00 9- 54 Fl. 99DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de Despesas Médicas. A Ementa do Acórdão de Impugnação foi prolatada nos seguintes termos: DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Havendo a autoridade fiscal efetuado a glosa de despesas médicas devido à falta de comprovação dos gastos financeiros correspondentes por parte do contribuinte, somente há justificativa para seu restabelecimento com a confirmação do efetivo desembolso. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Os fundamentos do lançamento, que se encontram na Notificação de Lançamento, foram os de que os gastos seriam elevados e que não teria sido comprovada a efetividade do pagamento. No Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte, em apertada síntese, se alega que os recibos são idôneos, que não há indicação no lançamento de elementos de irregularidades neles. Voto Conselheiro Relator, Jorge Henrique Backes Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que sejam glosados devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. O contribuinte trouxe várias descrições dos serviços médicos ocorridos, com declarações de vários profissionais: No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e como fundamento para lançar apenas foi afirmado que recibos são de valores elevados e que não comprovam a efetividade do pagamento de despesas médicas. No entanto, não foram apresentados vícios, indícios ou circunstâncias desabonadoras para os documentos apresentados pelo contribuinte. Não foi apresentada nenhuma investigação, circularização, ou outro procedimento que indicasse algum problema, ou mesmo dúvida, nos documentos. Assim, na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10640.002146/200954 Acórdão n.º 2001000.042 S2C0T1 Fl. 3 3 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como veremos na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Trazendose um pouco de doutrina percebese claramente a necessidade da motivação. Diz Celso Antônio Bandeira de Mello, em relação aos atos discricionários: “A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. (…) Naqueloutros, todavia, em que existe discricionariedade administrativa ou em que a prática do ato vinculado depende de apurada apreciação e sopesamento dos fatos e das regras jurídicas em causa, é imprescindível motivação detalhada. [...] E Maria Sylvia Zanella Di Pietro, sobre a motivação expressase assim:: “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” Passagem do francês Jèze, trazida por Hely Lopes Meirelles: descreve com clareza a necessidade da motivação do ato administrativo: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da Fl. 101DF CARF MF 4 esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional. E além de princípios e doutrinas, também a lei , como antes aventado, dispõe sobre a obrigação de motivar. A Lei nº 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal em seu artigo 50, dispõe: “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII– importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.” Esse artigo da lei não faz diferenciação entre atos vinculados ou discricionários. Todos os atos que se encaixam nas situações dos supracitados incisos, sejam vinculados ou discricionários, devem compulsoriamente ser motivados. A amplitude e o imenso alcance desse artigo sobre os atos administrativos não deixa nenhum resquício de incerteza ou de dúvida: a regra ampla e geral é a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos. E como princípio, de maneira não menos importante, vejase o que diz sobre a matéria o art. 2º da mesma Lei 9.784, de 1999: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (…) Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10640.002146/200954 Acórdão n.º 2001000.042 S2C0T1 Fl. 4 5 VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (…) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 103DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.904978/2012-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO.
Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015.
A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelando-se provas precárias, insuficientes.
Numero da decisão: 3401-004.209
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO. Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015. A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelandose provas precárias, insuficientes. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versam os autos sobre recurso voluntário, oriundo de processo de PER/DCOMP, no qual o sujeito passivo indicou suposto crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição apurado sob o regime da nãocumulatividade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 49 78 /2 01 2- 16 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10925.904978/201216 Acórdão n.º 3401004.209 S3C4T1 Fl. 3 2 O pedido da recorrente foi indeferido através do Despacho Decisório Eletrônico que instrui os autos, onde informouse que o pagamento indicado estava totalmente utilizado para a quitação de débitos da Contribuinte, não restando crédito disponível. Irresignada, apresentou manifestação de inconformidade defendendo que recolheu contribuições indevidamente, vez que não tinha efetuado exclusões da base de cálculo da referida contribuição, previstas em lei. Apresentou DACON retificadora onde apura saldo credor, de modo que o recolhimento feito anteriormente, mostrase indevido, logo, passível de restituição. Asseverou que, por um lapso, deixou de retificar tal informação em DCTF e que a informação em DACON é suficiente para demonstrar seu direito. Defende que a circunstância de não retificar a DCTF não inviabiliza a restituição de valores comprovadamente indevidos. Sobreveio acórdão nº 07030.961 da DRJ/FNS, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, de acordo com a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Regularmente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, onde essencialmente repisa os argumentos da manifestação de inconformidade, afirmando possuir o direito pleiteado e citando o Acórdão nº 3302002.104 do CARF como jurisprudência que entende amparar seu pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.207, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.904977/201271, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10925.904978/201216 Acórdão n.º 3401004.209 S3C4T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.207): "I. Do conhecimento e admissibilidade dos recursos voluntário O recurso voluntário é tempestivo, vez que a Recorrente fora cientificada da decisão da DRJ, em 21/05/2013 (efl. 64), vindo a ser interposto recurso voluntário, 19/06/2013. Assim, preenchidos os requisitos formais de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II. Do mérito O julgamento deste processo servirá de paradigma aos demais processos vinculados, seguindo, portanto, a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Como se viu do Relatório acima, entende a Recorrente que faz jus a compensação da contribuição para o PIS, referente ao mês de abril 2005, vez que teria o recolhido indevidamente, não excluindo de sua base de cálculo parcelas autorizadas pela legislação de regência. Para dar azo ao seu suposto direito, em 21/08/2009, apresentou DACON retificador. O artigo 16 do Decreto 70.235/72 exige que o contribuinte apresente provas documentais no momento da impugnação, porém, este E. Tribunal tem flexibilizado em razão do princípio da verdade material, possibilitando que o sujeito passivo produza provas em momento posterior. Em casos em que o contribuinte não traz qualquer prova DARF, DCTF, Livros contábeis, etc), este CARF tem entendido que tal ônus é da parte que pleiteia o crédito, dentre outros, acórdão 3401003.652, referente ao processo 13888.900243/201467, de minha relatoria, o qual também serviu de paradigma. Diz a Recorrente que tentou fazer sua DCTF retificadora logo após o despacho decisório, porém recebera informação "... (mensagem de erro) de que o prazo para a retificação de informações havia expirado." (efl. 68), porém, não há nos autos tal prova. Defende que seus créditos são advindos de ter deixado de excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, parcelas legalmente admitidas pela legislação de regência (artigo 15 da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10925.904978/201216 Acórdão n.º 3401004.209 S3C4T1 Fl. 5 4 MPV 2.158351; artigo 17, da Lei 10.684/20032 e artigo 1° da Lei 10.676/20033. As hipóteses de exclusão contidas nas legislações referidas são variadas, porém, a Recorrente apenas trouxe a prova no DACON, o qual não traz a origem destes créditos, ou seja, o nexo causal da retificação com a real existências destes tais créditos, ou qualquer explicação ou elemento de prova que indique com precisão o valor do pleito à restituir; e o DARF, do recolhimento supostamente indevido. Como se sabe, em sede de pedido de restituição e/ou compensação, o ônus da prova cabe ao contribuinte, por força do artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I, do CPC/1973 (vigência à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015, o 1 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 2 Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 3 Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1o As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2o Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3o O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10925.904978/201216 Acórdão n.º 3401004.209 S3C4T1 Fl. 6 5 que, no caso dos autos, no entender deste relator, não fora feito pela Recorrente. O DACON e DARF juntados pela Recorrente não são provas suficientes para comprovar, minimamente, o direito à restituição perseguido, revelandose provas precárias para este fim. Dispositivo Com estas considerações, conheço do recurso voluntário e lhe nego provimento." Registrese que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, a recorrente trouxe como provas de seu suposto crédito, apenas a DACON retificadora e DARF, sendo estes, consoante entendimento exposto, elementos insuficientes para comprovar o direito à restituição. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.003884/2010-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA.
Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza.
GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. RESERVA DE REAVALIAÇÃO.
No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados, a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista, o que não se aplica à incorporação de reservas de capital.
ALIENAÇÃO A PRAZO. JUROS.
Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos artigos 106 e 620 do RIR/99, conforme o caso.
Numero da decisão: 2402-006.011
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros. João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados, a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista, o que não se aplica à incorporação de reservas de capital. ALIENAÇÃO A PRAZO. JUROS. Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos artigos 106 e 620 do RIR/99, conforme o caso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros. João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1397; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.003884/201016 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.011 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 03 de outubro de 2017 Matéria IRPF Recorrente LUCIANO MCHELON Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados, a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista, o que não se aplica à incorporação de reservas de capital. ALIENAÇÃO A PRAZO. JUROS. Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos artigos 106 e 620 do RIR/99, conforme o caso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 38 84 /2 01 0- 16 Fl. 376DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros. João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Manifestou a intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Cuida o presente de Auto de Infração lavrado em 24.09.2010 para constituição de IRPF no valor principal de R$ 70.767,44, acrescido da multa de ofício (75%) e dos juros legais Selic. A autuação decorre da constatação de duas infrações tributárias, quais sejam: 1 Omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa; e 2 Omissão de rendimentos (juros) recebidos na alienação a prazo de participação societária. Quando ao fatos apurados pela Fiscalização, sirvome do relatório do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, às fls. 325/319, por entender retratar com fidelidade o caso. (...) 3. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito tributário acima referido encontrase relatado às fls. 25/31, documento integrante do auto de infração, permitindo constatar que as infrações decorrem da alienação de participação societária do (a) contribuinte e outros(as), na empresa Bottizzo Transporte e Empreendimentos Ltda., CNPJ. 91.219.022/0001 00, relevando destacar o que se segue: a) A empresa Bottizzo Transporte e Empreendimentos Ltda., CNPJ.91.219.022/000100, foi alienada pelo preço de R$ 1.900.922,22 (instrumento às fls. 47/57), dos quais foi expurgada a parcela de R$ 120.922,22, relativa à assunção de dívida pelo adquirente, de modo que o valor de alienação ficou estipulado em R$ 1.780.000,00, cabendo ao (à) contribuinte o montante de R$ 462.800,00, em face da sua participação societária de 26% (Contrato Social às fls. 41/51). b) O custo de aquisição ficou estipulado conforme se segue: Conforme o art. 16 e § 2° da Lei no 7.713/88 e art. 130 do RIR/99, o custo de aquisição de quotas de capital é a média ponderada dos custos unitários, por espécie. No caso em tela, contribuinte possuía 13.000 quotas na empresa Bottizzo, ao valor de R$ 1,00 cada, conforme alteração contratual datada de 07/07/99, fls. 43 e 44, constando que o capital social da empresa era de R$ 50.000,00, dividido em 50.000 quotas. Em nova alteração contratual datada de 22/08/2005, com registro na Junta Comercial em 29/08/2006, fls. 46 a 47, em razão de incorporação de "reserva de reavaliação de ativos próprios", a empresa aumentou o capital social para R$ 1.208.276,00, dividido em 1.208.276,00 quotas de R$ 1,00. Portanto, mantendo o percentual de participação de 26% do Fl. 378DF CARF MF 4 capital social, o Sr. Luciano passou a deter 314.151,76 quotas de capital. Verificase, portanto, que o aumento de capital não se deu por incorporação de lucros ou reservas constituídas com lucros apurados a partir de janeiro/96, mas por incorporação de outro tipo de reservas, no caso uma reserva de reavaliação, não fazendo, portanto, jus ao custo de aquisição atribuído por força do art. 10, parágrafo único, da Lei no 9.249/95. Seja: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no Pais ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponderão sócio ou acionista. (grifei) Assim sendo, o custo de aquisição deve ser determinado segundo a regra geral esposada no art. 16, § 4° da Lei 7.713/88, conforme abaixo transcrito. Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o prego ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: (omissis) § 4° O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. Portanto, ao final da operação relatada, o Sr. Luciano passou a possuir 13.000 quotas ao custo de R$ 1,00 cada e 301.151,76 quotas bonificadas recebidas a custo zero, implicando num custo de aquisição total de R$ 13.000,00 para a integralidade das 314.151,76 quotas de capital, custo este comprovado através de contrato social e corroborado pela contabilidade da empresa Bottizzo e DIRPFs exercícios 2005 e 2006 do contribuinte. c) Em conseqüência, foram apuradas as infrações constantes do auto de infração,nos seguintes termos: A alienação das participações societárias foi contratada com cláusula suspensiva, sendo esta a exigência de prévia anuência da Prefeitura Municipal de Viamão para a cessão do controle acionário, conforme cláusula II do contrato de cessão. Tal condição foi implementada em 29/09/2005, conforme documento obtido junto a adquirente e acostado às fls. 64 e 65, sendo que Fl. 379DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 4 5 no 1° dia útil seguinte deveriam ser iniciados os pagamentos, o que de fato se verificou no dia 03/10/2005. Nos respectivos demonstrativos de ganho de capital, fls. 225 a 226 e 232 a 233 o contribuinte considerou como data de alienação a data da alteração contratual que consolidou a transferência de controle da empresa, ou seja, 26/11/2005, exigência também expressa na mesma cláusula II. Tal exigência, entretanto, é inerente ao negócio, prevalecendo a data de 29/09/2005 como implemento da condição e inicio dos efeitos tributários, na forma do art. 117 do Código Tributário Nacional (CTN). Ressaltese que o contribuinte, ao optar pelo não pagamento do decorrente imposto sobre o ganho de capital, somente deu a conhecer a realização da operação à Receita Federal em abril/2006, em sua declaração IRPF/2006, e com datas/valores divergentes dos documentos reais. Assim sendo, conforme os documentos ora obtidos pela Fiscalização, para cálculo do ganho de capital, temse os seguintes valores: Valor de alienação: R$ 462.800,00 () Custo de aquisição: (R$ 13.000,00) = Ganho de Capital: R$ 449.800,00 => Percentual do Ganho de Capital sobre o Valor de Alienação: R$ 449.800,00 / R$ 462.800,00 = 97,191 % Ainda, conforme a legislação, nas alienações a prazo o ganho de capital é diferido, sendo tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, aplicandose a cada parcela o percentual de ganho de capital calculado na forma acima. Com base na documentação apresentada pela adquirente, fls. 78 a 132, os pagamentos iniciaram apenas em outubro, devendo esse ser considerado o primeiro mês sujeito à tributação pelo ganho de capital. Verificouse, também, que conforme determinação contratual e comprovantes trazidos pela adquirente, os valores das parcelas foram atualizados anualmente, sendo pagos no total R$ 1.867.385,93, devendo a diferença receber o tratamento de juros recebidos de pessoa jurídica, na forma do art. 19, § 3° da IN SRF 84/2001. Portanto, a diferença, no valor total de R$ 87.385,93, foi rateada entre os sócios cedentes, correspondendo 26% ao Sr. Luciano, ou seja, R$ 22.720,33, os quais foram adicionados aos rendimentos tributáveis sujeitos a ajuste anual nos respectivos exercícios. Regulamente intimado da autuação, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela competente Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Naquela peça recursal alegou, em resumo: Fl. 380DF CARF MF 6 a) Requer a tributação da parcela de R$ 87.385,93, considerada como juros pela autoridade lançadora, e tributada pela alíquota de 27,5%; como ganho de capital, cuja alíquota é de 15%, respeitada a proporção na participação do capital social. Justifica esse pleito no fato de que o total recebido, pela alienação (R$ 87.385,93+R$ 1.780.000,00) foi inferior ao preço estipulado na cláusula IV do correspectivo instrumento, no montante de R$ 1.900.922,22. b) Alega que o capital social da empresa alienada era de R$ 1.208.276,00, dos quais R$ 1.158,276,00 referemse a reserva de reavaliação de bens imóveis (cuja realização teria ocorrido por ocasião da alienação dos bens da empresa Botizzo para a empresa Gasômetro de Transportes S.A). Referida reserva foi adicionado ao lucro contábil, que teria sido tributada e capitalizada na pessoa jurídica, conforme alteração contratual registrada na Junta Comercial em 22/08/2005, proporcionalmente ao capital dos sócios (26% para Luciano Michelon, 37% para Inocêncio Michelon e 37% para Maggiorina Bottizzo); ao passo que a fiscalização admitiu como custo de aquisição apenas o capital inicial de R$ 50.000,00, cabendo ao (à) interessado (a) a proporção de R$ 18.500,00, considerados como custo da aquisição das correspectivas cotas alienadas. Discorre sobre a legislação e doutrina pertinente à matéria. c) Alega que a descrição dos fatos do o auto de infração não teria contemplado toda a realidade dos mesmos. Aduz que os contribuintes, sócios da pessoa jurídica, equivocaramse ao considerar o valor total da alienação, de R$ 1.780,000,00, por não terem considerado, por engano, o recebimento de dois imóveis que entraram na operação, o que foi suprido pelo lançamento. Aduz, ainda, que a descrição dos fatos não contempla a glosa da reserva de reavaliação efetuada pela autoridade lançadora. d) Alega que os sócios da pessoa jurídica apuraram rendimentos isentos, decorrentes da capitalização da reserva de reavaliação, em 22/08/2005; ao passo que a alienação reputouse consumada em 29/09/2005. Assim, entende que o presente lançamento deveria ser precedido da verificação do rendimento declarado como tal, de modo a definir, previamente, a natureza isenta ou não, de modo que deveriam ser efetuados novos lançamentos nas pessoas físicas. Em seu Recurso Voluntário, o recorrente renova os argumentos postos em sua Impugnação. É o relatório. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O sujeito passivo tomou ciência do Acórdão da DRJ em 11.06.2014 e apresentou seu Recurso Voluntário tempestivamente em 01.07.2017. Preenchidos os demais requisitos formais, dele passo a conhecer. Como já bem delimitada a lide, podese dizer que a controvérsia no que toca à apuração do Ganho de Capital tributado cingese à praticamente dois pontos chaves, que serão adiante abordados. I A desconsideração da incorporação da reserva de reavaliação ao capital da pessoa jurídica no custo de aquisição da respectiva participação; e II O fisco não ter se pronunciado nos dois momentos anteriores à alienação das participações societárias: i) quando da aceitação da informação na DIPJ/2006, oportunidade na qual teria adicionado ao lucro líquido, o valor realizado da Reserva de Reavaliação (fls. 316); e ii) quando da aceitação dos rendimentos declarados como isentos na DIRPF do sócio, por conta da capitalização daquela reserva, em reflexo à correspondente participação societária. As alegações empreendidas não encontram suporte na legislação a ensejar nesse particular a reforma do lançamento. Vejamos: O Ganho de Capital, como um dos Fatos Geradores para a cobrança do IRPF, está claramente previsto nos artigos 1º a 3º da Lei 7.713/88, por força do disposto nos artigos 43, I e 97, ambos da Lei 5.172/66, Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, Fl. 382DF CARF MF 8 procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Anteriormente à vigência da Lei 9.249/95, por força do §3º do artigo 16 daquela Lei 7.713/88, tinhase a possibilidade de se adicionar ao valor do custo de aquisição, o valor resultante da incorporação de lucros e reservas, desde que tributadas na forma do art. 36 daquele mesmo diploma. Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso (...): § 3º No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art.36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. Veja, tratavase, na espécie, da tributação do lucro líquido da empresa na pessoa do sócio quotista, do acionista ou do titular de empresa individual. Assim, por meio de retenção na fonte, à alíquota de 8%, o sócio quotista arcava com o imposto em um dos dois momentos: quando da apuração do lucro líquido apurado pela pessoa jurídica na data do encerramento do períodobase (art. 35, L. 7.713/88) ou quando da distribuição daquele lucro líquido (art 36, L. 7.713/88). E perceba, ao valor sobre o qual incidiria a alíquota, deveria ser adicionada a reserva de reavaliação, caso não tivesse sido computada no valor de base (art. 35, § 1º, "b"). Ou seja, com esse procedimento, garantiase a tributação e o recolhimento do tributo. Em suma, mesmo quando a lei, naquele § 3º do artigo 16, não especificou textualmente a natureza da reserva que poderia ser adicionada ao custo, o fez condicionando a que tais reservas fossem tributadas no lucro líquido apurado (art 35) ou distribuído (art 36). Entretanto, a Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, revogou tacitamente o art. 35 da Lei nº 7.713, de 1988, ao isentar do imposto de renda os lucros distribuídos, e, em razão disso, autorizou o incremento no custo de aquisição da participação societária somente da parcela capitalizada dos lucros e das reservas constituídas com esses lucros correspondente ao sócio beneficiado. Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 6 9 Nesse sentido, uma vez declara a isenção do IR da pessoa física sobre o lucro distribuído, a lógica do dispositivo acima foi a de manter incólume a arrecadação em função da incorporação dessas reservadas de capital. Se na vigência daqueles artigos 35 e 36 era permitida a incorporação das reservas de capital ao custo de aquisição, desde que sobre elas tivesse havido a incidência daquele IR na fonte; na vigência do artigo 10 da L. 9.249/95, não há mais essa possibilidade, eis que sobre elas não se tem mais a garantida da arrecadação, seja por conta da revogação do comando que impunha sua adição ao lucro líquido tributado a 8%, seja porque a mera adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real tributado nas pessoas jurídicas, não assegura valor a arrecadar. É este o caso. Vale destacar, que antes da constituição das correspondentes Reservas de Lucro, consoante o disposto nos artigos 187 e 189, ambos da Lei 6.404/76, há o provisionamento do IR da pessoa jurídica. Veja: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: (...) V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; (...) VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. E mais, inaugurando o capítulo que trata do Lucro, Reservas e Dividendos: Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda. Percebese que para a constituição das Reservas de Lucro temse, a rigor, o provisionamento do IRPJ. É dizer: somente após o provisionamento do IR é que se constituem tais reservas. O mesmo não ocorre com a Reserva de Reavaliação, reconhecida contabilmente como receita não operacional ou adicionada ao resultado contábil na apuração do resultado fiscal. A título ilustrativo, imaginandose que a pessoa jurídica tenha apurado prejuízo contábil de R$ 1.000.000,00, Reserva de Reavaliação realizada de R$ 800.000,00 e que não tenha outras adições ou exclusões a serem feitas, teríamos, a rigor, o seguinte cenário: 1 Em função do prejuízo contábil, não haveria reservas de lucro a serem constituídas. Logo, não haveria o que se adicionar ao custo de aquisição das ações. 2 Com a adição dessa Reserva de Capital realizada ao resultado contábil (prejuízo), a pessoa jurídica teria apurado prejuízo fiscal de R$ 200.000,00. Logo, não haverá IR a recolher na pessoa jurídica. Nessa linha, a se admitir, contra legem, o aproveitamento da incorporação dessa reserva ao custo de aquisição da ação, terseia situação que o ordenamento procurou Fl. 384DF CARF MF 10 evitar. É dizer, o aproveitamento de determinada parcela sobre a qual não teria havido o recolhimento do IR. Por seu turno, hipótese que se aproximaria dos efeitos das reservas de lucro, seria aquela em que a adição da reserva de reavaliação realizada implicasse a apuração do lucro fiscal em valor idêntico (ou maior) à própria reserva, o que não se deu no caso em tela, quando referida adição propiciou apuração de prejuízo fiscal em montante inferior ao contábil. E, frisese, há uma diferença abissal entre o IRPJ devido e a redução do prejuízo fiscal, ao qual, com alguma freqüência, é dado tratamento privilegiado para fins de extinção de juros e multas consolidados em programa de parcelamento especial. Ainda que não haja, a rigor, o ingresso de recursos aos cofres da União, na medida em que o prejuízo fiscal, ainda que reduzido, decorreria do confronto das receitas com as respectivas despesas e custos, na forma da legislação fiscal; por outro lado, ainda assim, é prestigiado pela legislação fiscal. Nesse sentido, ainda que tenha havido adição da reserva de reavaliação realizada ao lucro líquido, dando ensejo à redução no prejuízo contábil, sua adição ao custo de aquisição para fins de apuração do Ganho de Capital não encontra guarida na legislação tributária. Ponto outro a destacar é a alegada inércia do Fisco nos dois momentos anteriores ao da alienação das participações societárias: i) quando da aceitação da informação na DIPJ/2006, oportunidade na qual teria adicionado ao lucro líquido, o valor realizado da Reserva de Reavaliação (fls.308); e ii) quando da aceitação dos rendimentos declarados como isentos na DIRPF do sócio, por conta da capitalização daquela reserva, em reflexo à correspondente participação societária. Nesse ponto, evidenciada a alienação da participação societária, observado in casu o implemento da condição no negócio jurídico (Art 117, I, do CTN), agiu a Fiscalização de modo a apurar a existência, ou não, do Ganho de Capital na operação. Essa foi a circunstância (e momento), à luz da previsão legal, que impulsionou a atividade estatal relacionada à infração tributária identificada. Não se tem claro, nessa linha, que a Fiscalização escolhera o momento que mais lhe aprouvera. Assim sendo, tratandose de eventos autônomos e não vislumbrando expresso reflexo legal na determinação do Ganho de Capital apurado, tenho que os fatos acima, trazidos pelo sujeito passivo, não repercutem, definitiva e objetivamente, na apuração levada a efeito. Quanto à tributação dos juros que foram adicionados pela fiscalização aos rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, sustenta o sujeito passivo que, a eles, deveria ser dado o mesmo tratamento da alienação das participações. Vale dizer, tributados como integrantes do Ganho de Capital. A justificativas para o pleito foram a de que o valor integraria o montante da alienação e que o valor recebido, adicionados os juros, foi menor que o determinado na cláusula IV do contrato. Adoto aqui o excerto abaixo, extraído do Acórdão da DRJ, que bem elucida a questão. Quanto ao requerimento para que a parcela de R$ 87.385,93, considerada como juros pela autoridade lançadora, e Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 7 11 tributada pela alíquota de 27,5% (pertinente à infração de OMISSÃO DE RENDIMENTOS); seja tributada como ganho de capital, cuja alíquota é de 15%, respeitada a proporção na participação do capital social, sob a justificativa de que o total recebido, pela alienação (R$ 87.385,93+R$ 1.780.000,00) foi inferior ao preço estipulado na cláusula IV do correspectivo instrumento, no montante de R$ 1.900.922,22, essa tese também não merece acolhida. Com efeito, o valor total emergente da alienação das participações societárias do (a) interessado (a) e demais sócios foi de apenas R$ 1.780.000,00, que corresponde à diferença entre o valor contratado, de R$ 1.900.922,22, e a dívida da pessoa jurídica, assumida pelos adquirentes, de R$ 120.922,22, conforme especificado pela autoridade lançadora no Relatório da Ação Fiscal (documento integrante do auto de infração), às fls. 25 e ss, in verbis: Apesar do contrato estabelecer o preço de R$ 1.900.922,22 para a integralidade das cotas dos três sócios, para efeitos de cálculo do ganho de capital foi excluída a parcela definida na alínea "d" da cláusula quarta, no valor de R$ 120.922,22, referente à assunção, pelo adquirente, de saldo devedor da Bottizzo relativo a financiamento de veículos da empresa. Tal valor constituise em divida própria da empresa alienada, com valor definido e comprovado, representando uma redução do valor a ser recebido pelos alienantes, o qual seria de direito de R$ 1.780.000,00. Do exposto, considerando, ainda, que os juros recebidos pelo (a) interessado (a), em face da alienação, à prazo, da participação societária em referência, integram a base de cálculo do imposto renda, na declaração anual de ajuste, ex vi do § 6º do art. 123 do Decreto nº 3.000, de 1999, impõese a manutenção dessa infração. Forte nas razões acima, VOTO no sentido de CONHECER do recurso e, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 386DF CARF MF 12 Declaração de Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci A legislação estabelece o diferimento da tributação da reavaliação de bens do ativo permanente. Enquanto mantida em conta de reserva, a reavaliação não se sujeita à incidência tributária. Regulamento do Imposto de Renda Art. 434. A contrapartida do aumento de valor de bens do ativo permanente, em virtude de nova avaliação baseada em laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976, não será computada no lucro real enquanto mantida em conta de reserva de reavaliação (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 35, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VI). O Regulamento cria o que se denomina de neutralidade fiscal dos efeitos da reavaliação. Ainda segundo o Regulamento, a tributação ocorre na realização, como, por exemplo, na alienação, na depreciação, na amortização, etc. Tributação na Realização Art. 435. O valor da reserva referida no artigo anterior será computado na determinação do lucro real (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 35, § 1º, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VI): I no período de apuração em que for utilizado para aumento do capital social, no montante capitalizado, ressalvado o disposto no artigo seguinte; II em cada período de apuração, no montante do aumento do valor dos bens reavaliados que tenha sido realizado no período, inclusive mediante: a) alienação, sob qualquer forma; b) depreciação, amortização ou exaustão; c) baixa por perecimento. Ocorre que a reserva de reavaliação é incorporada ao capital e o seu valor é registrado em subconta específica, para ser, quando da realização, computado na determinação do lucro real. Art. 437. O valor da reavaliação referida no artigo anterior, incorporado ao capital, será (DecretoLei nº 1.978, de 1982, art. 3º, § 1º): I registrado em subconta distinta da que registra o valor do bem; II computado na determinação do lucro real de acordo com o inciso II do art. 435, ou os incisos I, III e IV do parágrafo único do art. 439. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11080.003884/201016 Acórdão n.º 2402006.011 S2C4T2 Fl. 8 13 Todos os reflexos tributários da reavaliação ocorrem na pessoa jurídica. E mais, ao determinar a incorporação da reavaliação ao capital social, a legislação, por decorrência lógica, aumenta o valor nominal do capital cuja propriedade é da pessoa física, aumentando o seu custo de aquisição. Esse aumento no custo de aquisição tem reflexos específicos no ganho de capital da pessoa física, que é exatamente apurada pela diferença positiva entre o valor de alienação e o custo de aquisição (custo majorado pela incorporação da reserva ao capital). Isto é, o provimento do recurso do contribuinte é uma decorrência lógica da apuração do ganho de capital versus a sistemática da reserva de reavaliação. E nem se diga que a pessoa jurídica não teve lucros, pois, mesmo sem a existência de lucros tributáveis no anobase em questão, observase que a realização da reserva teve sim efeitos tributários na pessoa jurídica, reduzindo o prejuízo fiscal e/ou a base de cálculo negativa da CSLL, que se constituem em créditos compensáveis através de DCOMPs. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 388DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.013061/2004-49
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL.
Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos prevista no artigo 543-C do CPC e na Resolução STJ nº 8, de 2008, e nos termos do que determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
RECURSO ESPECIAL DO SUJEITO PASSIVO. GLOSA DE DESPESAS DESNECESSÁRIAS.
O excesso de juros pagos em contrato firmado com sociedade com ações ao portador sediada no exterior (Montevidéu - Uruguai), cujos procuradores, no Brasil, são o próprio Recorrente e o sócio desta, a taxas significativamente superiores (112,91% a.a.) às do mercado financeiro (21,32% a.a.), conforme atestado pela autoridade monetária do país, não é dedutível como despesa operacional, para fins fiscais, por não ser usual e normal no tipo de transações, operações ou atividades da empresa.
Numero da decisão: 9101-003.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos prevista no artigo 543-C do CPC e na Resolução STJ nº 8, de 2008, e nos termos do que determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 RECURSO ESPECIAL DO SUJEITO PASSIVO. GLOSA DE DESPESAS DESNECESSÁRIAS. O excesso de juros pagos em contrato firmado com sociedade com ações ao portador sediada no exterior (Montevidéu - Uruguai), cujos procuradores, no Brasil, são o próprio Recorrente e o sócio desta, a taxas significativamente superiores (112,91% a.a.) às do mercado financeiro (21,32% a.a.), conforme atestado pela autoridade monetária do país, não é dedutível como despesa operacional, para fins fiscais, por não ser usual e normal no tipo de transações, operações ou atividades da empresa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
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DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos prevista no artigo 543C do CPC e na Resolução STJ nº 8, de 2008, e nos termos do que determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 RECURSO ESPECIAL DO SUJEITO PASSIVO. GLOSA DE DESPESAS DESNECESSÁRIAS. O excesso de juros pagos em contrato firmado com sociedade com ações ao portador sediada no exterior (Montevidéu Uruguai), cujos procuradores, no Brasil, são o próprio Recorrente e o sócio desta, a taxas significativamente superiores (112,91% a.a.) às do mercado financeiro (21,32% a.a.), conforme atestado pela autoridade monetária do país, não é dedutível como despesa operacional, para fins fiscais, por não ser usual e normal no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 30 61 /2 00 4- 49 Fl. 650DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, na parte conhecida, em negar lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência tempestivamente interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo a esta Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), com fulcro no art. 64, inciso II (Anexo II), do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RI/CARF) aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 110100.222, proferido pela Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF, na sessão de julgamento de 6 de novembro de 2008, e que foram integralmente admitidos pela presidência da mesma Câmara. Por bem descrever os fatos, transcrevo o relatório da decisão recorrida: Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 389/408, interposto contra decisão da DRJ em Salvador/BA, de fls. 360/375, que julgou procedentes os lançamentos de IRPJ e CSLL de fls. 122/128, relativos ao anocalendário 1999, do qual a contribuinte tomou ciência em 15.12.2004. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 620.264,40, já inclusos juros de mora e multa de oficio de 75%. O lançamento tem origem na dedução indevida de despesas desnecessárias na apuração do lucro real, referentes ao excesso de juros pagos em letras de câmbio, sob o Fl. 651DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 4 3 fundamento de que as taxas praticadas pela contribuinte seriam superiores às taxas de mercado. Segundo o Termo de Verificação Fiscal de fls. 113/118, a parte favorecida nas negociações das Letras de Câmbio foi a empresa GIO S/A, sediada em MontevidéuUruguai, que, segundo informação do BACEN, tinha como procuradores, no Brasil, a própria contribuinte e sócio desta, o Sr. Jorge Raab. Segundo o documento DESUP/GABIN, às fls. 13/14, o BACEN afirmou que as taxas praticadas pela contribuinte eram significativamente superiores àquelas praticadas no mercado financeiro. A contribuinte emitiu duas letras de câmbio, com valores de aplicação de R$ 2.635.485,15 e R$ 31.154,89, respectivamente, em 11.08.99 e 06.09.1999, com vencimento para 12.08.2002, à taxa de 6,5% a.m. ou 112,91% a.a., com respectivos valores de resgate de R$ 26.359.948,90 e R$ 293.821,45. A Fiscalização apurou a maior das taxas de juros vigente no mercado no período, então equivalente a 21,32% a.a., que, no caso, totalizaria R$ 209.143,43 de despesas financeiras, e, assim, glosou as despesas financeiras da contribuinte que excederam a aludido valor. A despesa contabilizada pela contribuinte correspondeu a R$ 924.316,40. Concluiu que as negociações de letras de câmbio efetuadas com a GIO S/A foram realizadas em condições de favorecimento, visando transferir a maior parte do lucro da contribuinte para o exterior. Tal fato é confirmado do comparativo das taxas praticadas com seus clientes, que foi de 14,33% a.a., enquanto que a praticada com a GIO S/A foi de 112,91% a.a. A contribuinte apresentou a impugnação de fls. 324/340. Em suas razões, a contribuinte afirmou que o auditorfiscal, ao demonstrar o valor de mercado das taxas de câmbio, indicou a remuneração de papéis de grande liquidez: (i) Letras do Banco Central; (ii) Letras Financeiras do Tesouro; (iii) Letras do Tesouro Nacional; (iv) Bônus do Banco Central; (v) Títulos da Dívida Estadual; e (vi) Certificados de Depósitos Bancários. No entanto, a fiscalização não indicou o valor de remuneração de letras de câmbio emitidas para resgate em 36 meses, aplicável ao presente caso. Foi demonstrado um mercado de papéis totalmente diferente daquele cujo custo glosou. No mercado financeiro, as taxas de letras de câmbio correspondem à realidade do mercado, no momento da emissão, levandose em consideração a data da operação, o seu prazo e a capacidade econômica e financeira do tomador do empréstimo. Como exemplo, cita que, em 27.11.2002, para títulos de prazos semelhantes, o Brasil pagava taxa de juros cinco vezes superior à do Chile. A autoridade fiscal partiu da premissa equivocada de que o custo do dinheiro corresponde à taxa média de juros, sendo Fl. 652DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 5 4 aplicável para todos os participantes do mercado. Para que isso fosse verdade, seria necessário que todos os participantes captassem os recursos no mesmo horário, prazo, volumes e possuíssem o mesmo grau de risco. Acrescentou que a contribuinte não capta recursos para mantê los em carteira, mas para emprestálos a seus clientes, mediante margem (spread), por meio de letras de câmbio, com altas taxas de juros; ou mediante cessão aos bancos (repasse) dos créditos perante seus clientes, sendo esta forma mais restrita, haja vista que os bancos impõem limites, devido à grande inadimplência. Afirmou que a fiscalização, ao glosar parte dos custos financeiros derivados da venda de letras de câmbio, subverteu a realidade do mercado financeiro, pois nivelou os custos de captação de grandes e pequenas instituições, sem considerar volumes, riscos e prazos. A contribuinte, quando intimada pelo BACEN a se manifestar sobre as taxas praticadas com a GIO S/A, esclareceu que a taxa de 6% ao mês estava condizente com a realidade de mercado. Não há mercado para papéis préfixados de 36 meses no Brasil, não podendo se falar em preços de mercado. As taxas praticadas pela contribuinte com seus clientes são, em média, de 14% ao mês, possibilitando captar à taxa de 6% e, ainda assim, obter resultados. A propósito, em 28.01.1999, sete meses antes de obter a aplicação em letras de câmbio, a contribuinte propôs a uma prestadora de serviços sua, que possuía crédito junto ao Banco Safra, que tomasse crédito naquele banco por 70 dias e aplicasse na contribuinte. A taxa praticada pelo Banco Safra foi de 4,92% ao mês. Assim, concluiu que a taxa de 6% ao mês para três anos não é nada gravosa se os bancos cobram 4,92% ao mês para o prazo de 90 dias. Os esclarecimentos prestados ao BACEN foram tacitamente aceitos, tendo em vista que nenhuma penalidade foi imposta à contribuinte. Defendeu a inaplicabilidade do art. 464 do RIR a atos de gestão praticados com pessoas estranhas à direção da sociedade. Caso o fisco entenda que os custos pactuados com pessoas estranhas à sociedade foram excessivos, cabe a ele investigar e provar que parte do custo não foi efetivo. Ainda que fosse aplicável, o valor de mercado é variável, em face das características do bem negociado. Quanto ao art. 299 do RIR/99 invocado pela fiscalização, este referese à natureza da despesa, e não ao seu montante. A avaliação extensiva da autoridade fiscal extravasou o tipo legal da norma. Por fim, alegou que, por uma questão de isonomia, cabe ao Fisco comprovar, de maneira inequívoca, que os valores utilizados pela contribuinte não estavam em conformidade com os índices aplicados na época. Fl. 653DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 6 5 A DRJ julgou procedentes os lançamentos, às fls. 360/375. Em suas razões, afirmou que a questão não se refere à prática ou não de taxas de juros acima do valor de mercado, haja vista que o fato foi confirmado pelo BACEN. A questão presente referese à repercussão tributária do uso de taxas significativamente superiores às de mercado; se essas satisfazem os requisitos para serem consideradas dedutíveis na apuração do lucro real. É permitido à contribuinte contratar empréstimos bancários e realizar operações com empresas ligadas, mas o valor correspondente ao excesso de encargos, atestado pela autoridade financeira do país, não pode ser considerado despesa necessária à sua atividade para fins fiscais, não merecendo reparo a glosa efetuada pela autoridade fiscal. A contribuinte, devidamente intimada da decisão em 25.10.2007, conforme AR de fls. 384, interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário de fls. 389/408, em 19.11.2007. Em suas razões, a contribuinte afirmou que a decisão recorrida deixou de apreciar as razões apresentadas em sua impugnação, tendo se restringido a afirmar que não cabe, no presente caso, a análise da taxa de juros utilizada, por haver manifestação do BACEN no sentido de que os índices praticados pela contribuinte foram acima daqueles utilizados no mercado. O entendimento manifestado pela primeira instância alçou a declaração do BACEN à condição de presunção absoluta, o que não é permitido em nosso ordenamento em relação a uma mera declaração. De acordo com o art. 219 do Código Civil, a declaração do BACEN não poderia constituir prova contra a contribuinte, muito menos atribuirlhe presunção absoluta de veracidade dos fatos nela constantes. Afirmou que a decisão recorrida trouxe novos fatos inverídicos aos autos. Não é verdade que a GIO S/A. era a única aplicadora em letras de câmbio da contribuinte, tendo a instituição realizado aplicações, a taxas idênticas e por prazo superior a 2 anos, no Banco Fonte Cindam. Obviamente, tais custos não foram glosados, tendo em vista que não faria sentido a fiscalização alegar que a contribuinte estaria beneficiando instituição financeira muito maior que a sua. Igualmente, não é verdade que a empresa GIO S/A seja empresa ligada à contribuinte. Tal fato sequer foi mencionado no auto de infração, nem os dispositivos legais tidos como infringidos se reportam a empresas ligadas. No mérito, a contribuinte ratificou as alegações de sua impugnação. Acrescentou que a própria fiscalização reconheceu a inadequação do método utilizado, ao afirmar que as taxas utilizadas como parâmetro referemse a juros de curto prazo (única disponível no mercado), enquanto que as captadas pela fiscalizada tinham perfil de longo prazo. Por fim, alegou que não houve processo administrativo perante o BACEN nem a imposição de penalidade à contribuinte. Assim, o Fl. 654DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 7 6 parecer do Inspetor do BACEN não pode fazer prova contra a contribuinte. O acórdão recorrido assim se manifestou em seu voto condutor: Por se tratar de matéria de ordem pública, passo ao exame, de oficio, da decadência parcial do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 973.733, entendeu que, nos casos em que não há pagamento antecipado, aplicarseia o prazo decadencial previsto no art. 173 do CTN, decisão esta que está submetida ao regime do artigo 543C do CPC, que dispõe sobre os recursos repetitivos. Entendo, contudo, que a decisão em referência não se aplica aos casos em que o contribuinte não tenha apurado saldo de imposto a pagar em sua DIPJ, pois, neste caso, não haveria imposto a ser antecipado e, portanto, pagamento a ser realizado. Nesta hipótese, aplicarseia o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN, que dispõe: [...]. De acordo com a DIPJ/2000, às fls. 183/220, no período fiscalizado, a contribuinte era tributada com base no lucro real trimestral, de modo que, a cada trimestre, será apurada a tributação definitiva do período, devendo ser esse o termo inicial para contagem do prazo decadencial, na hipótese do artigo 150, § 4º, do CTN. Assim, tendo em vista que o auto de infração somente foi lavrado em 15.12.2004, entendo que, à época, já havia ocorrido a decadência do direito de constituição do crédito tributário relativo ao 1º, 2º e 3º trimestres do anocalendário 1999, conforme disposto no art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional. No mérito, o lançamento referese à glosa de despesas desnecessárias, relativamente ao excesso de juros pagos em contrato firmado com empresa ligada, sediada no exterior. A contribuinte defende que as taxas praticadas estão compatíveis com as de mercado, tanto que nenhuma penalidade foi imposta à contribuinte pelo BACEN. Inicialmente, entendo que o fato de nenhuma penalidade haver sido imposta por aquele órgão não afeta o resultado do presente processo. No presente processo administrativo, discutese a dedutibilidade ou não dos juros praticados face à legislação tributária. Temse que a empresa Gio S/A é uma sociedade com ações ao portador e é administrada pela própria contribuinte, em conjunto com um de seus sócios. Segundo a Procuração de fls. 64/66, a Gio S/A conferiu à contribuinte, dentre outros, os seguintes poderes: Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 8 7 (i) constituir empresas em seu nome, subscrevendo ou integralizando ações ou cotas do capital, nomeando ou designando diretores ou dirigentes; (ii) representála nas Juntas Comercias em que a Gio S/A seja acionista ou sócia, nas assembléias ordinárias e extraordinárias transformando ações ao portador em ações nominativas, recebendo dividendos e bonificações, entre outros, das empresas “Acesita Cia. de Aços Especiais de Itabira”, “Sementes Agroceres S/A”, “Aracruz Celulose S/A”,”Banco do Estado de São Paulo S/A”, “Banco do Brasil S/A”, “Petróleo Brasileiro S/A”, “Companhia Vale do Rio Doce S/A” e outras; (iii) comprar e vender ações, cotas de capital ou outros ativos financeiros, depositando e retirando títulos de custódia; (iv) representála perante as Juntas Comerciais e BACEN, assinando qualquer documento necessário e toda classe de formulários exigidos pelas autoridades da República Federativa do Brasil; (v) abrir contas bancárias e realizar movimentos de depósitos e retiradas de fundos; e (vi) substabelecer, reservandose a faculdade de reassumir a representatividade. De acordo com o art. 244 do RIR/99, será considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando ambas estiverem sob controle societário ou administrativo comum. Com relação aos juros pagos ou creditados a pessoa vinculada, o art. 22 da Lei nº 9.430/96 dispõe o seguinte: [...]. Segundo o art. 300 do RIR/99, aplicamse aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de rendimentos pagos a terceiros. Os contratos realizados entre empresas ligadas deve possuir tratamento tributário idêntico àquele dispensado em relação às contratações realizadas com terceiros. Assim, em que pese o art. 22 da Lei nº 9.430/96 autorize a dedução da taxa de juros indicada nos contratos realizados entre pessoas vinculadas, quando registrados perante o BACEN, dita norma deve ser interpretada em conjunto com o art. 299 do Decreto nº 3.000/99, que dispõe o seguinte: [...]. No presente caso, a contribuinte emitiu duas letras de câmbio, com valores de aplicação R$ 2.635.485,15 e R$ 31.154,89, respectivamente, em 11.08.99 e 06.09.1999, com vencimento para 12.08.2002, à taxa de 6,5% a.m. ou 112,91% a.a., com respectivos valores de resgate de R$ 26.359.948,90 e R$ 293.821,45. Fl. 656DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 9 8 Tomandose por base a maior taxa praticada no mercado à época (21,32% ao ano), conforme apurado pela fiscalização (às fls. 113/118), temse que a taxa pactuada pela contribuinte era mais de 5 vezes superior. Não se enquadra no conceito de normalidade e usualidade — nem seria razoável — a captação de recursos de empresa sob controle comum da contribuinte em que, no prazo de 3 anos, o débito corresponda a quase dez vezes a dívida originalmente pactuada. Esclareçase, ademais, que a apuração de taxa de curto prazo pela fiscalização, como parâmetro para a apuração da glosa, beneficiou a contribuinte, haja vista que as taxas pactuadas a longo prazo são, em regra, inferiores do que as taxas pactuadas a curto prazo. Referido acórdão está assim ementado: IRPJ — DECADÊNCIA — ART 150, § 4º, DO CTN. O IRPJ é tributo cuja legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, sujeitandose, assim, ao lançamento por homologação de que trata o art. 150 do CTN, se a autoridade fiscal tem conhecimento da atividade assim exercida pela contribuinte, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Foram tempestivamente interpostos Embargos de Declaração pelo sujeito passivo, rejeitados pela presidência da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional argumentou, em síntese, que a ausência de apuração de saldo de imposto a pagar na DIPJ não retira o fato de que o contribuinte não recolheu qualquer parcela do tributo cujo pagamento deveria ter sido antecipado. Devidamente cientificado, o sujeito passivo, oportunamente, apresentou Contrarrazões, a seguir resumidas: a) que o Recurso Especial da PGFN não pode ter seguimento, de acordo com o § 10 do art. 67 do Regimento Interno do CARF; b) que, em que pese o Recurso Especial da Fazenda Nacional ter se embasado em decisões proferidas pela Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em 18.02.2004, e pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 01.07.2008, tratase de posição minoritária e ultrapassada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já superada pela própria Segunda Turma, e hoje também não adotada tanto pela Primeira Turma, que nunca a adotou, quanto pela Terceira Turma, que não a adota mais; e c) que, ainda que o Recurso Especial da PGFN possa ser conhecido, ele não deve ser provido, uma vez que o entendimento adotado pelo acórdão recorrido — ao contrário do que pretende sustentar o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional — sustentase com base no argumento de que o objeto da homologação, por parte das autoridades administrativas, é a atividade exercida pelo contribuinte, no sentido de verificar a ocorrência do Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 10 9 fato gerador da obrigação tributária, determinar a matéria tributável e calcular o imposto devido. Em seu Recurso Especial, o sujeito passivo alegou, em suma, que os juros praticados pela Recorrente nas operações em questão são compatíveis com aqueles praticados pelo mercado, tendo a fiscalização, para justificar a suposta anormalidade de tais despesas, se pautado em uma comparação inadmissível, com base em taxas de juros absolutamente distintas, de modo que, não havendo a efetiva comprovação de que a taxa de juros praticada seria anormal, não há qualquer razão para a manutenção da glosa dessas despesas, sob pena de se admitir um lançamento com base em meros indícios. Ao final, requereu que, caso seja negado provimento ao presente recurso especial, seja reconhecida a impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada, em razão do disposto no art. 161 do Código Tributário Nacional. Devidamente comunicada, a Fazenda Nacional, no prazo, ofereceu Contrarrazões, a seguir sintetizadas: a) que a essência da questão não é saber se a instituição financeira praticou ou não taxas acima daquelas praticadas pelo mercado quando da emissão de títulos, uma vez que o fato já foi confirmado pela instituição máxima do país, no exercício de suas atribuições de fiscalização do mercado financeiro, o Banco Central do Brasil; b) que importa, no presente processo, concluir sobre a repercussão tributária do uso de taxas significativamente superiores às praticadas pelo mercado financeiro, se os juros pagos com base nessas taxas satisfazem os requisitos de necessidade, normalidade e usualidade para que sejam considerados dedutíveis na apuração do lucro, fato gerador do imposto de renda e da CSLL; e c) que é permitido à contribuinte contratar empréstimos bancários e efetuar empréstimos ou manter créditos junto a empresas ligadas, pagando e recebendo, a título de encargos, os valores livremente fixados entre as partes, mas o valor correspondente ao excesso de encargos, atestado pela autoridade financeira do país, não pode ser considerado despesa necessária à sua atividade, para fins fiscais, não merecendo reparos a glosa efetuada pela autoridade fiscal. É o Relatório. Fl. 658DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 11 10 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, Relator As matérias postas à apreciação desta Câmara Superior referemse à: a) decadência do lançamento nos casos em que o contribuinte não tenha apurado saldo de imposto a pagar em sua Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) (Fazenda Nacional); b) glosa de despesas desnecessárias, relativamente ao excesso de juros pagos em contrato firmado com empresa ligada, sediada no exterior (sujeito passivo); e c) impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada (sujeito passivo). Procedo, inicialmente, ao reexame dos pressupostos de admissibilidade de ambos os Recursos Especiais interpostos. Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional Para caracterizar a divergência jurisprudencial apta à admissão do Recurso Especial (alínea “a” supra), a Fazenda Nacional apontou os seguintes acórdãos paradigmas: Acórdão nº 10514.294, de 2004: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA CONTRIBUINTE QUE NÃO APURA IMPOSTO A PAGAR NA DECLARAÇÃO DECADÊNCIA CONTAGEM ART. 173, I, CTN Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como o IRPJ, o que a Fazenda Pública homologa é o ato do contribuinte de “verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável e calcular o imposto devido”. Tendo o contribuinte apurado na declaração que não havia imposto a pagar, não há o que submeter à homologação fazendária, descabendo falar em lançamento por homologação e, consequentemente, em aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Contagem do quinquênio legal a partir do “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” (art. 173, I, CTN). Acórdão nº CSRF/0203.331, de 2008: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. É inconstitucional o artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, que trata de decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante nº 08 do STF. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 12 11 TERMO INICIAL: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). Com relação ao primeiro acórdão paradigma (Acórdão nº 10514.294, de 2004), verifico que foi, ele, reformado por esta Câmara Superior, por meio do Acórdão CSRF nº 910100.119, de 11 de maio de 2009, anteriormente ao Recurso Especial ora interposto (2 de março de 2010) — efeito substitutivo das decisões —, embora esse último acórdão, por sua vez, tenha sido também posteriormente reformado pelo Pleno da CSRF, mediante o Acórdão nº 9900000.331, de 28 de agosto de 2012. Quanto ao segundo acórdão paradigma (Acórdão nº CSRF/0203.331, de 2008), considero comprovada a divergência jurisprudencial na interpretação da legislação tributária (alínea “a” acima), pelo que conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Em sede de Contrarrazões, o sujeito passivo arguiu preliminar de não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, alegando que a tese jurídica por ela defendida já foi superada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, por suas três turmas. Contudo, é importante registrar que a regra regimental que tratava dessa questão de superação de tese pela CSRF (art. 67, § 10, do Anexo II do RI/CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009) não foi reproduzida no RI/CARF atual, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, em razão da dificuldade de se fixar um critério objetivo para a sua aplicação. Uma decisão da CSRF bastaria para se considerar que determinada tese está superada? Quantas decisões seriam necessárias para isso? A decisão posterior teria que fazer menção expressa às decisões anteriores cuja tese foi superada? Atualmente, o RI/CARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, com suas alterações posteriores, não mais declara que não servirá como paradigma o “acórdão cuja tese, na data de interposição do recurso, já tiver sido superada pela CSRF”. O que o Regimento atual dispõe é que “não servirá como paradigma o acórdão que, na data da interposição do recurso, tenha sido reformado na matéria que aproveitaria ao recorrente” (art. 67, § 15, incluído no atual RI/CARF pela Portaria MF nº 39, de 2016). Evidentemente, verificar se o “próprio” acórdão paradigma foi ou não reformado na matéria que aproveitaria ao Recorrente é procedimento que não traz os mesmos problemas da regra regimental anterior. É importante registrar que o acórdão paradigma nº CSRF/0203.331, de 2008, não foi reformado, e nem o será, porque configura decisão definitiva, sem possibilidade de alteração na esfera administrativa. Portanto, de acordo com as regras atuais, a referida decisão não encontra óbices para servir como paradigma de divergência. Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 13 12 Desse modo, rejeito a preliminar de não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo Para evidenciar os dissensos jurisprudenciais hábeis ao acatamento do Recurso Especial (alíneas “b” e “c” supra), o sujeito passivo indicou os seguintes acórdãos paradigmas: Acórdão nº 130200.074, de 2009: DESPESAS DEDUTÍVEIS. A legislação de regência não permite que a fiscalização arbitre taxas de juros em operações financeiras realizadas com empresas em países que não são considerados de tributação favorecida (Uruguai) e entre empresas que não são formalmente ligadas, para considerar as despesas com juros indedutíveis. A existência de indícios deve levar ao aprofundamento das investigações, em especial, quando ausente qualquer presunção legal que permita arbitrar limite de juros. Acórdão nº 130200.086, de 2009: DESPESAS DEDUTÍVEIS. A legislação de regência não permite que a fiscalização arbitre taxas de juros em operações financeiras realizadas com empresas em países que não são considerados de tributação favorecida (Uruguai) e entre empresas que não são formalmente ligadas, para considerar as despesas com juros indedutíveis. A existência de indícios deve levar ao aprofundamento das investigações, em especial, quando ausente qualquer presunção legal que permita arbitrar limite de juros. Acórdão nº 910100.722, de 2011: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada. Tratase os dois primeiros paradigmas (Acórdãos nº 130200.074, de 2009, e 130200.086, de 2009) de acórdãos relativos ao próprio Recorrente e ao mesmo tipo de operações, diferenciandose, apenas, quanto ao anocalendário objeto de lançamento (anos calendário de 2000 e 2001, sendo o presente caso relativo ao anocalendário de 1999). Considero comprovado o correspondente dissenso jurisprudencial na interpretação da legislação tributária (alínea “b” acima), pelo que conheço do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo nesta parte. Já quanto ao terceiro acórdão paradigma (Acórdão nº 910100.722, de 2011), tratase de matéria que não foi prequestionada. Fl. 661DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 14 13 Basta se ver que, no voto condutor do acórdão recorrido — integralmente transcrito no relatório deste acórdão —, não há qualquer manifestação sobre essa matéria. Assim, não tendo sido instada a turma recorrida a se posicionar a respeito — nem mesmo por meio dos competentes Embargos de Declaração —, e, pois, inexistindo qualquer pronunciamento do acórdão recorrido sobre a matéria suscitada (“impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada”), não há como se efetuar o confronto entre esse acórdão e o acórdão paradigma apontado, visando caracterizar eventual divergência jurisprudencial na interpretação da legislação tributária. Não considero comprovado o correspondente dissenso jurisprudencial na interpretação da legislação tributária (alínea “c”), pelo que não conheço do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo nesta parte. Passo ao mérito. a) decadência do lançamento nos casos em que o contribuinte não tenha apurado saldo de imposto a pagar em sua Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) (Fazenda Nacional) Entendeu o acórdão recorrido que a decisão em referência [Recurso Especial nº 973.733, do STJ] não se aplica aos casos em que o contribuinte não tenha apurado saldo de imposto a pagar em sua DIPJ, pois, neste caso, não haveria imposto a ser antecipado e, portanto, pagamento a ser realizado. Nesta hipótese, aplicarseia o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Porém, como defendido pela Fazenda Nacional, em seu Recurso Especial, a ausência de apuração de saldo de imposto a pagar na DIPJ não retira o fato de que o contribuinte não recolheu qualquer parcela do tributo cujo pagamento deveria ter sido antecipado. É que o Recurso Especial nº 973.733 do STJ, proferido na sistemática de recursos repetitivos, não faz qualquer menção a essa situação (ausência de apuração de saldo de imposto a pagar na DIPJ), mas apenas à “declaração prévia do débito” (instrumentos de confissão de dívida: DCTF, DCOMP, GFIP, etc.), como segue: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 662DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 15 14 ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). [...]. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) De acordo com o STJ, mesmo não havendo a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, devese aplicar o artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. No sentido inverso, não havendo a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, há ainda duas condições para a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN: 1) haver pagamento; ou 2) haver declaração prévia que constitua o crédito tributário. Não se pode, portanto, deixar de reconhecer a relevância da existência ou não de pagamento ou declaração/confissão (ainda que parciais) para fins de definição do critério para a contagem de prazo decadencial. Aliás, vale frisar que todo esse debate em torno da relevância do pagamento ou da confissão de débito para análise de decadência de lançamento posteriormente realizado pelo Fisco pressupõem pagamento e/ou confissão parciais mesmo. Até porque o Fisco não realizaria nenhum lançamento de ofício para constituir crédito tributário que já foi, em momento anterior, integralmente pago ou confessado pelo contribuinte. No caso em análise, o acórdão recorrido, ao tratar da decadência das exações fiscais, considerou que a regra do art. 150, § 4º, do CTN (decadência contada a partir do fato gerador) poderia ser afastada na ausência de apuração de saldo de imposto a pagar na DIPJ, pelo que essa decisão merece ser reformada. Com efeito, está comprometido o seu fundamento, amparado num entendimento já superado, de que, na ausência de apuração de saldo de imposto a pagar na DIPJ, seria aplicável o art. 150, § 4º, do CTN. Vêse que, em sede de Contrarrazões, o sujeito passivo procura insistir na antiga jurisprudência do CARF, dando relevância apenas à atividade exercida pelo sujeito passivo (homologação de procedimento), e não à presença ou ausência de pagamento ou de declaração prévia que constitua o crédito tributário, mas esta jurisprudência está totalmente superada, principalmente em razão da referida decisão do STJ, na sistemática dos recursos Fl. 663DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 16 15 repetitivos, que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. b) glosa de despesas desnecessárias, relativamente ao excesso de juros pagos em contrato firmado com empresa ligada, sediada no exterior (sujeito passivo) Entendo que não se trata, no caso, de ter a fiscalização, por iniciativa própria, arbitrado taxa de juros, e, daí, ter considerado excessivas as despesas correspondentes, glosandoas, mas, sim, de ter sido a Receita Federal (Administração Tributária) acionada pelo Banco Central do Brasil (Autoridade Monetária), em face de situação atípica constatada por essa Autarquia no exercício de suas atribuições de fiscalização do mercado financeiro, conforme por ela relatado (efls. 13): O BANCO CENTRAL DO BRASIL, no exercício de suas atribuições legais, apurou que a empresa ASB S.A. – CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, instituição financeira estabelecida na Rua Barão de São João Nepomuceno, 202, na cidade de Juiz de Fora (MG), inscrita no CNPJ/MF sob o nº 59.987.370/000107, pactuou letras de câmbio, em 11.8.99 e 6.9.99, a taxas significativamente superiores às do mercado financeiro, com a empresa GIO S.A., sediada em Montevidéu, Uruguai, cujos procuradores no Brasil são a própria ASB S.A. – CFI e o sócio desta, Sr. Jorge Raab. Ou seja, foi a própria Autoridade Monetária quem detectou irregularidades nas negociações das letras de câmbio aceitas pelo sujeito passivo e, de pronto, comunicouas à Receita Federal, com fundamento no § 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001: Art. 9o [...]. [...]. § 2o Independentemente do disposto no caput deste artigo [comunicação ao Ministério Público, esclareço], o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários comunicarão aos órgãos públicos competentes as irregularidades e os ilícitos administrativos de que tenham conhecimento, ou indícios de sua prática, anexando os documentos pertinentes. Também a indicação das taxas médias de juros pela fiscalização, aplicáveis à época — das quais se selecionou a maior delas para efeito de comparação, frisese —, se deu com base em informes de fontes especializadas, ou seja do SISBACEN, da ANDIMA e da ANBID, não se tratando, pois, de meros indícios, como quer fazer crer o Recorrente. De se destacar, ainda, que a comunicação feita pelo Banco Central do Brasil à Receita Federal se deu após a apresentação de esclarecimentos por parte do Recorrente àquela Autarquia (efls. 449 a 453) e que foram, portanto, considerados, por ela, improcedentes (efls. 13 a 15). Assim, não cabem o argumentos do Recorrente de que os esclarecimentos prestados Fl. 664DF CARF MF Processo nº 10580.013061/200449 Acórdão n.º 9101003.218 CSRFT1 Fl. 17 16 ao BACEN foram tacitamente aceitos, tendo em vista que nenhuma penalidade foi imposta à contribuinte e de que não houve processo administrativo perante o BACEN nem a imposição de penalidade à contribuinte. Por outro lado, não se pode ter por pessoas estranhas à direção da sociedade empresa sediada em Montevidéu Uruguai, que tinha como procuradores no Brasil o próprio Recorrente e o sócio desta, o Sr. Jorge Raab, e cujas ações eram ao portador. Quanto ao art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999), este, ao tratar das despesas necessárias, esclarece, em seu § 2º, que as despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Destarte, despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. O requisito de “usualidade” deve ser interpretado na acepção de habitual na espécie de negócio (Parecer Normativo CST nº 32, de 17 de agosto de 1981, publicado no DOU em 19 de agosto de 1981). Ora, não se pode ter por usual, normal, comum, costumeiro, ordinário ou habitual o valor excedente de encargos financeiros decorrentes de empréstimos contratados no exterior, em condições de favorecimento a pessoa ligada, e a taxas muito superiores à maior praticada no mercado interno. Nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por darlhe provimento, e por conhecer, em parte, do Recurso Especial do sujeito passivo e, no mérito, por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 665DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.000562/2009-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO.
Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO.
Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita.
Numero da decisão: 3201-003.213
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Designado para o voto vencedor o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Fernando Souza da Silva Brescansin, OAB-SP 263.881.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator
(assinado digitalmente)
Pedro Rinaldi de Oliveira Lima - Redator designado.
EDITADO EM: 14/11/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Designado para o voto vencedor o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Fernando Souza da Silva Brescansin, OAB-SP 263.881. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira - Relator (assinado digitalmente) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima - Redator designado. EDITADO EM: 14/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NATUREZA JURÍDICA DE SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. POSSIBILIDADE DA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 05 62 /2 00 9- 91 Fl. 1624DF CARF MF 2 uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Designado para o voto vencedor o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Fernando Souza da Silva Brescansin, OABSP 263.881. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator (assinado digitalmente) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Redator designado. EDITADO EM: 14/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Autos de Infração de Pis e Cofins, no valor consolidado original de R$ 3.261.327,97 (três milhões, duzentos e sessenta e um mil, trezentos e vinte e sete reais, e noventa e sete centavos), incluindo multa de ofício e juros moratórios. A exigência foi constituída pelo AuditorFiscal Federal Edmundo Figueiredo Portugal Neto, matrícula 68.473. Informa o autuante, no relatório fiscal (fls. 214 a 219), que incluiu, na base de cálculo das contribuições, o valor do crédito presumido de ICMS, oriundo do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, conforme planilha à folha 220. Fundamenta: que o artigo 3921 do Decreto 3.000/99 – Regulamento do Imposto de Renda considera as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, como receita operacional; que a Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 87/2003 definira que os créditos presumidos de ICMS, como subvenções para custeio ou investimento, são base de cálculo de Cofins; o mesmo para a Solução de Consulta SRRF/4ªRF/DISIT nº 18/2005; que a Deliberação CVM nº 555/2008 veda a contabilização de subvenção diretamente no patrimônio líquido e determina o reconhecimento como receita. 1 Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.625 3 Houve, também, para os meses de 10/2005, 02/2006, 05/2006, 06/2006, 05/2007, 06/2007, 07/2007, 09/2007, 11/2007, apuração de valores escriturados maiores que os valores recolhidos, ocasionando o lançamento das diferenças. Cientificada, a empresa apresentou impugnação, na qual defende que as subvenções estatais não podem ser base de cálculo das contribuições. Argumenta, em resumo: que os créditos presumidos de ICMS não podem ser considerados como receita, sendo apenas apropriações contábeis; que o art. 195 da Constituição Federal determina como base de cálculo a receita ou faturamento; que o conceito de receita é o que gera recursos financeiros para a empresa; que o crédito contábil não gera crescimento patrimonial ou riqueza nova, nos termos do art. 43 do CTN; colaciona precedentes do Carf que entende pertinentes; que esses valores teriam o caráter de evento econômico permutativo, e somente os eventos modificativos seriam enquadráveis como receita; sobre as diferenças apuradas do confronto entre valores escriturados e recolhidos, informa não ter localizado memória de cálculo, o que entende ensejar prejuízo à defesa; apresenta planilha com a apuração que entende correta; requer diligência para comprovar os dados de sua planilha. Em 23/02/2010, a empresa protocoliza documento no qual desiste de parte da impugnação, referente a alguns meses da infração relacionada a diferença de valores apurados entre o escriturado e o recolhido (fl. 293). A DRJ/Salvador/BA, por meio do acórdão 1532.658, de 28/06/2013, prolatado pela 4ª Turma, decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo integralmente os Autos de Infração. Copio a ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/07/2004 a 30/11/2007 BENEFÍCIO FISCAL DO ICMS. Por não estar inserido no rol das exclusões da base de cálculo da Cofins previstas na legislação de regência, mantémse a autuação dos valores relativos a esse benefício fiscal. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 30/06/2004 a 30/11/2007 BENEFÍCIO FISCAL DO ICMS. Por não estar inserido no rol das exclusões da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP previstas na legislação de regência, mantémse a autuação dos valores relativos a esse benefício fiscal. Impugnação Improcedente Fl. 1626DF CARF MF 4 Crédito Tributário Mantido A empresa então apresenta o Recurso Voluntário, onde reitera os argumentos da impugnação: que o Estado da Bahia estabelecera regime especial de tributação, criando o crédito presumido para determinadas empresas do ramo químico, a fim de implementar objetivos econômicos; que tributar esse créditos equivaleria a interferência, pela União, nos negócios do Estado; que o STF restringiu o conceito de faturamento do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98; que a natureza do crédito presumido é de dedutor de custos, pois é utilizado para abater o ICMS a pagar; colaciona numerosa jurisprudência do STJ para fundamentar a tese. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marcelo Giovani Vieira – Relator O recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Para registro, a matéria ainda em litígio é somente a inclusão, efetuada pelo autuante, dos créditos presumidos de ICMS na base de cálculo das contribuições. A matéria relativa às diferenças de apuração, por comparação entre escrituração e recolhimento, não foi objeto de sustentação no Recurso Voluntário, tornando definitiva, na administração, o que foi decidido em primeira instância. Mérito 1 – Caracterização das subvenções econômicas como receita A jurisprudência trazida pela recorrente trata de diversos tipos de crédito presumido, não havendo imediata semelhança com o crédito presumido de que aqui se trata. Muitas das decisões judiciais que não consideram o crédito presumido de ICMS como tributável pelo Pis e Cofins se referem a legislações de política pública, aplicada a todos os contribuintes. Nesse sentido, muito se argumenta que os créditos presumidos se caracterizam como redutores de custos, e não como receitas. Não obstante, é preciso esclarecer alguns conceitos. É que a discussão sobre a tributação, pelas contribuições, das subvenções econômicas confundiua, amiúde, com políticas públicas de incentivo a cadeias produtivas. Desse modo, é preciso esclarecer que o crédito presumido adquirido em subvenção econômica estatal, como benefício individualmente concedido, difere em sua natureza das políticas econômicas erga omnes que definem créditos presumido. As subvenções não se confundem com as políticas de redução de custos tributários. A subvenção se caracteriza como um benefício particularmente concedido, para custeio ou investimento, conforme artigos 12, 18 e 19 da Lei 4.320/64, que trata das finanças públicas: Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas: (Vide Decretolei nº 1.805, de 1980) Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.626 5 DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio Transferências Correntes DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital § 1º Classificamse como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. § 2º Classificamse como Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. § 3º Consideramse subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindose como: I subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II subvenções econômicas, as que se destinem a emprêsas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. (...) II) Das Subvenções Econômicas Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das emprêsas públicas, de natureza autárquica ou não, farseá mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal. Parágrafo único. Consideramse, igualmente, como subvenções econômicas: a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Govêrno, de gêneros alimentícios ou outros materiais; b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais. Fl. 1628DF CARF MF 6 Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a emprêsa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial. As subvenções econômicas são dotações publicas destinadas a pessoa jurídica determinada, identificada. Segundo o clássico “Vocabulário Jurídico”, de De Placido e Silva: "Juridicamente, a subvenção não tem o caráter nem de paga nem de compensação. É mera contribuição pecuniária destinada a auxílio ou em favor de uma pessoa, ou de uma instituição, para que se mantenha, ou para que execute os serviços ou obras pertinentes a seu objeto". A subvenção econômica, nesse conceito de dotação individual, é, matematicamente, contabilmente, um evento modificativo aumentativo do patrimônio, por redução de custo ou por direto recebimento de recurso. Não importa a forma de cálculo ou o nome que se dê, tratase de espécie de doação, dotação individual do Poder Público para o particular. Inegavelmente, se constitui em um ativo financeiro do beneficiário, modificativo aumentativo do seu patrimônio. Ao contrário do que se vê em diversas decisões, a redução de custo, como por exemplo, um perdão de dívida, é fato contábil aumentativo de patrimônio. E como tal, plenamente tributável pelas contribuições, por enquadramento no conceito de receitas com a redação então vigente, já transcrita. Muito distinta pela sua natureza é a política de incentivo, isto é, legislação que crie redução de carga tributária, tal como a criação de um crédito presumido para todos os contribuintes. Tal evento, embora tenha efeito patrimonial aumentativo nas empresas, por redução de custo, não pode ser considerado como subvenção porque não atinge somente um beneficiário. Atingindo a todos os contribuintes enquadráveis na hipótese legal, o benefício da redução do custo se materializa em evento futuro, na ocorrência do fato gerador. Portanto, é uma redução de custo futuro, não materializado, não contabilizado, e portanto, não se caracteriza como receita, nem na sua instituição legal, quando é apenas expectativa, nem na ocorrência do fato gerador, posto que, então, já não há materialização de redução de custo, mas apenas de custo. Na subvenção, ao contrário das políticas erga omnes de incentivo, o direito já se adquire, contabilmente, na sua dotação pública, ou pelo Ato Público que, nominalmente, defira o benefício, ainda que de apropriação diferida. Transcrevo trecho na NBCT 19.4, aprovada pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade CFC 1.143/2008: “1. Esta Norma deve ser aplicada na contabilização e na divulgação de subvenção governamental e na divulgação de outras formas de assistência governamental” “Assistência governamental é a ação de um governo destinada a fornecer benefício econômico específico a uma entidade ou a um grupo de entidades que atendam a critérios estabelecidos. Não inclui os benefícios proporcionados única e indiretamente por meio de ações que afetam as condições comerciais gerais, tais como o fornecimento de infraestruturas em áreas em Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.627 7 desenvolvimento ou a imposição de restrições comerciais sobre concorrentes Subvenção governamental é uma assistência governamental geralmente na forma de contribuição de natureza pcuniária, mas não só restrita a ela, concedida a uma entidade normalmente em troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas às atividades operacionais da entidade. Não são subvenções governamentais aquelas que não podem ser razoavelmente quantificadas em dinheiro e as transações com o governo que não podem ser distinguidas das transações comerciais normais da entidade” “4. A assistência governamental toma muitas formas, variando sua natureza ou condições. O propósito da assistência pode ser o de encorajar a entidade a seguir certo rumo que ela normalmente não teria tomado se a assistência não fosse proporcionada. A contabilização deve sempre seguir a essência econômica.” “9. A forma como a subvenção é recebida não influencia no método de contabilização a ser adotado. Assim, por exemplo, a contabilização deve ser a mesma independentemente de a subvenção ser recebida em dinheiro ou como redução de passivo.” 12. Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como receita ao longo do período confrontada com as despesas que pretende compensar, em base sistemática, desde que atendidas às condições desta Norma. A subvenção governamental não pode ser creditada diretamente no patrimônio líquido. 13. O tratamento contábil da subvenção governamental como receita deriva dos seguintes principais argumentos: (a) Uma vez que a subvenção governamental é recebida de uma fonte que não os acionistas e deriva de ato de gestão em benefício da entidade, não deve ser creditada diretamente no patrimônio líquido, mas, sim, reconhecida como receita nos períodos apropriados. (b) Subvenção governamental apenas excepcionalmente é gratuita. A entidade ganha efetivamente essa receita quando está de acordo com as regras das subvenções e cumpre determinadas obrigações. (c) Assim como os tributos são lançados no resultado, é lógico registrar a subvenção governamental, que é, em essência, uma extensão da política fiscal na demonstração do resultado.” “19. A subvenção é algumas vezes recebida como um pacote de ajuda financeira ou fiscal e sujeita ao cumprimento de certo número de condições. Em tais casos, é necessário cuidado na identificação das condições que dão origem aos custos e às despesas que determinam os períodos durante os quais a Fl. 1630DF CARF MF 8 subvenção é reconhecida. Pode ser apropriado alocar parte da subvenção numa determinada base e parte em outra.” A Lei 4.506/64 define tais rubricas como receita bruta operacional, no caso de subvenções para custeio: Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. (sublinhei) As leis 10.637/2002 e 10.833/2003 também tratam as subvenções como receita, na redação dada pela Lei 12.973/2014, ao permitir a exclusão da base de cálculo das “receitas ... de subvenções para investimento”. Art. 1º (...) (...) §3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...) IX – de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; Portanto, as subvenções econômicas, que são espécies de doações públicas ao particular, ainda que na forma de créditos presumidos, são receitas. 2 – Possibilidade de exclusão, da base de cálculo da Cofins, apenas das subvenções para investimento Cabe ainda diferenciar as subvenções econômicas como de custeio ou de investimento. O parecer CST 112/79 tratou do tema: “7.1 Ante exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, fae Fl. 1631DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.628 9 ao que dispõe o art. 67, item I, letra “b” do Decretolei n. 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO o resultado nãooperacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimentos, se presente todas as características mencionada no item anterior; IV – As SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para utilização dessa reserva; V – As ISENÇÕES, REDUÇÕES ou deduções DO Imposto de Renda devido pelas Pessoas Jurídicas não poderão ser tidas como subvenção para investimento; VI – O §2º do artigo 38 do Decretolei número 1598/77 aplicase a todas as pessoas jurídicas sujeitas à tributação pelo impost de renda com base no lucro real;. E VII – As contas do ativo permanente e respectiva depreciação, amortização ou exaustão, que registrem bens oriundos de SUBVENÇÕES, são corrigidas monetariamente nos termos dos artigos 39 e seguintes do Decretolei n. 1598/77. Essa distinção, para o Pis e Cofins, entretanto, somente é importante a partir da permissão da exclusão, da base de cálculo, das subvenções para investimento. Nesse sentido, citamos os seguintes dispositivos: Lei 11.941/2009: Art. 18. Para fins de aplicação do disposto nos arts. 15 a 17 desta Lei às subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e às doações, feitas pelo Poder Público, a que se refere o art. 38 do Fl. 1632DF CARF MF 10 DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, a pessoa jurídica deverá: (...) Art. 21. As opções de que tratam os arts. 15 e 20 desta Lei, referentes ao IRPJ, implicam a adoção do RTT na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS Parágrafo único. Para fins de aplicação do RTT, poderão ser excluídos da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando registrados em conta de resultado: I – o valor das subvenções e doações feitas pelo poder público, de que trata o art. 18 desta Lei; e Tal dispositivo foi revogado pela Lei 12.973/14, que alterou o artigo 1º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, para assim tratar da questão: § 2o A base de cálculo da Cofins é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1o § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...) IX de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; Todavia, esse dispositivos não tinham vigência no período em foco, não cabendo a exclusão. Não tem pertinência ao caso a discussão acerca do alargamento da base de cálculo das contribuições prevista no §1º do art. 3º da Lei 9.718/98, posto que a base de cálculo no presente processo não é definida na Lei 9.718/98. O regime de tributação, no presente caso, é o da nãocumulatividade, conforme as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Marcelo Giovani Vieira, Relator. Voto Vencedor Fl. 1633DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.629 11 Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Inúmeros julgamentos deste Conselho debateram a natureza das subvenções de investimento para fins de incidência das contribuições sob o regime não cumulativo e decidiram pela possibilidade da exclusão da base de cálculo do Pis e da Cofins (a exemplo os recentes Acórdãos 910100.566 CSRF, 3402003.042, 3301002.970 e 3402002904). Possui uma lógica nobre entender que um incentivo fiscal concedido por um Estado, para o desenvolvimento de uma região, não seja tributado pela União. É exatamente esta a situação presente nos autos, situação em que a União pretende incluir na base de cálculo das contribuições de sua competência um incentivo fiscal concedido pelo Estado da Bahia. Tais valores representam mero ingresso na contabilidade do contribuinte, com roupagem de ressarcimento e não de receita, porque o contribuinte adianta o investimento da construção, instalação e operação do parque fabril e atividades e, o Estado, lhe assegura o reembolso dos valores gastos através dos incentivos. Diante de alguns precedentes deste Conselho, como os 20313.634, 203.13 050 e 3401001.976, assim como diante da legislação e das normas de Direito Tributário correlatas e da semântica tributária e contábil, é possível concluir que os incentivos tributários são redutores de despesas (do saldo devedor), recuperações de custos e não receita ou faturamento, ainda mais se feitos de forma escritural. Considerando o disposto no Art. 113 do CTN, tal valoração do fato apresentada é mais importante do que meras questões contábeis, se a subvenção deverá ser registrada como receita ou não, por exemplo. Mesmo porque a legislação é complexa e a jurisprudência neste Conselho não é definida por uma posição ou outra, como se pode verificar dos seguintes precedentes: 9101001.798, 9101002.329, 9101001.094 e 9101002.335. Neste Conselho de discutiu se a subvenção foi mantida em reserva de capital ou distribuída, se é subvenção para custeio ou de investimento, se ocorreu em tempo e concomitância com a fruição do benefício e investimento, se houve contrapartida e sanção no descumprimento das regras do benefício, se os requisitos para ser considerado subvenção de investimento foram cumpridos (intenção do estado, efetiva aplicação e titularidade do empreendimento) e se o investimento foi realizado em bens e direitos do ativo imobilizado. Contudo, o que se verifica diante destas constatações é que a União, por meio das autuações fiscais, trabalha para ter um controle dos incentivos fiscais estaduais de forma que possa verificar se as mencionadas subvenções, para investimento ou custeio, ocorreram e se o Pis e Cofins estão sendo corretamente adimplidos ou não. O procedimento da União é correto porque esta é competente, contudo, a indefinição da jurisprudência neste Conselho e a definida jurisprudência no âmbito judicial, em Fl. 1634DF CARF MF 12 especial do STJ Resp 1.025.833/RS de 2008 e REsp 596212 / PR de 2014, deixa claro que o crédito presumido de ICMS não constitui receita, mas sim recuperação de custo. Assim, realmente parecem ser poucas as situações em que ocorreu uma mera subvenção para custeio, sem quaisquer contrapartidas exigidas pelo Estado, sem que tais incentivos sejam para fomentar o empreendedorismo, a criação de empregos e o aquecimento da economia do Estado concessor dos benefícios. De forma socioeconômica e estrutural, parece ter pouca valia a diferenciação de subvenção para custeio ou de investimento como faz crer o antigo Parecer Normativo 112 de 1978, uma vez que a legislação do Pis e da Cofins sob o regime não cumulativo (Leis 10833/03 e 10637/02 com alterações da 12973 de 2014) são claras em delimitar que a base de cálculo é a Receita bruta. Assim, além da base de cálculo ser limitada ao conceito de Receita bruta, a legislação expressamente exclui da base de cálculo as subvenções para investimento, conforme pode ser verificado a seguir: “Lei 10833/03: Art. 1.º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 3.º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: IX de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei 10637/02: Art. 1.º A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 3.º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: X de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência).” Por serem posteriores, por ser Lei e por ser mais benéfica, sua aplicação ao caso em questão é correta e permite a exclusão das subvenções de investimento da base de cálculo das contribuições. Fl. 1635DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.630 13 As alterações nas leis 10.637/02 e 10.833/03 em 2014 foram um avanço normativo que permite concluir o contrário do levantando na fiscalização quando afirmou que não há disposição expressa que permita excluir da base de cálculo da Pis e Cofins as subvenções de investimento. E como já explicado, dentro de uma análise sistêmica, legislativa, jurisprudencial, econômica e social, as possibilidade de existirem incentivos estatais sem quaisquer contrapartidas são poucas e definitivamente, como já demonstrado, não é o caso dos autos, de forma que a subvenção em questão não possa ser configurada como uma subvenção para custeio, nos moldes do Art. 44 da Lei 4506 de 1964 que definiu o conceito de receita bruta para fins de tributação do imposto de renda e incluiu as subvenções para custeio. É importante considerar, que inclusive para fins de Imposto de Renda, a diferenciação entre subvenção para custeio e para investimento, para fins de incidência do tributo, não encontra fundamento sólido e muito menos consolidado, como pode ser verificado nos seguintes trechos extraídos dos "Fundamentos do Imposto de Renda", de Ricardo Mariz de Oliveira (Capítulo II.8): "Assim sendo, as indagações que restam são as seguintes: neste quadro, considerando os ditames das referidas leis ordinárias fiscais, é possível identificar uma natureza jurídica para as subvenções de custeio de operações, que seja distinta da natureza jurídica das subvenções para investimento? Justificase uma diferença de natureza jurídica, se é que existe, tãosomente porque essas duas subespécies de subvenções econômicas se distinguem pelas diversas destinações particulares que têm? Como tanto as subvenções para investimento quanto as para custeio de operações são aportes de recursos externos que provêm de fora do patrimônio empresarial, e não são produtos deste, há alguma justificação jurídica para apenas as primeiras não serem consideradas receitas por essas leis fiscais? Pela mesma razão, ante a modificação introduzida pela Lei n. 11638 na contabilidade das pessoas jurídicas por ela regidas, há alguma razão para também as subvenções para investimento deixarem de ser consideradas transferências patrimoniais? Estas indagações ainda se completam com mais esta: haverá alguma razão específica para a Lei n. 6404 e para a lei do imposto de renda terem distinguido uma subespécie da outra, e, em caso positivo, essa razão teria alguma relevância para também justificar que apenas uma subespécie não seja considerada receita (ou agora, ambas) ou, ao contrário, a despeito dessa razão, ambas não devem se caracterizar como receita? Em princípio, e considerando a sua identidade essencial, bem como o gênero e a espécie a que pertencem, ambas as subespécies possuem a mesma natureza jurídica e não devem ser consideradas como receitas, uma vez que receita é o incremento patrimonial que a empresa produz, e não o que vem de fora dela a título de transferência patrimonial, inclusive a título de subvenção para investimento ou de subvenção para custeio de operações." Fl. 1636DF CARF MF 14 Mas por fim, é importante registrar que tratase, no caso dos autos, de um incentivo fiscal, concedido pelo estado no formato de crédito presumido de ICMS com exigências e contrapartidas, de forma que possa sim, ser configurada como uma subvenção para investimento e fomento da região e não como uma subvenção para custeio. É relevante lembrar que esta própria Turma de julgamento já tratou da matéria e reconheceu que as subvenções para investimento podem ser deduzidas da base de cálculo do Pis e Cofins por não se enquadrarem no conceito de receita bruta ou mesmo de faturamento, conforme Acórdãos 3201002.228 , 3201002.229. E por fim, a respeito da materialidade da incidência das contribuições sociais, dentro da análise sistêmica apresentada neste voto, é importante lembrar que a Carta Magna também a limitou em receita ou faturamento, conforme pode ser verificado no Art. 195, I, b, transcrito a seguir: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).” Os créditos presumidos de ICMS, oriundos do programa Bahia Plast de incentivo fiscal, que o Estado da Bahia estabeleceu, com o objetivo de oferecer estímulos de expansão, desenvolvimento e modernização das empresas químicas da região, por força da combinação de dispositivos expressos (Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03), não podem ser computados na base de cálculo para fins de incidência das contribuições (regime não cumulativo) uma vez que são meros ingressos, despesas de custeio ou recuperação de custos e não receita. Merece provimento a alegação do contribuinte, de forma que deve ser cancelada a cobrança das contribuições sobre as subvenções de investimento. CONCLUSÃO Diante de todos o exposto, com fundamento nos Art. 113 e 142 do CTN, no Art. 1, §3.º, inciso x da Lei 10637/02 e Art. 1, §3.º, inciso IX da lei 10833/03, assim como nas jurisprudências judiciais e administrativas apontadas, votase para DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. (assinatura digital) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 1637DF CARF MF Processo nº 13502.000562/200991 Acórdão n.º 3201003.213 S3C2T1 Fl. 1.631 15 Fl. 1638DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.723590/2012-47
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2012
SIMPLES NACIONAL. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE DE OPÇÃO.
Se no prazo limite para a opção a empresa possuir débitos sem exigibilidade suspensa perante a Fazenda Pública, não poderá ingressar no Simples Nacional.
Numero da decisão: 1001-000.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE DE OPÇÃO. Se no prazo limite para a opção a empresa possuir débitos sem exigibilidade suspensa perante a Fazenda Pública, não poderá ingressar no Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 35 90 /2 01 2- 47 Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10183.723590/201247 Acórdão n.º 1001000.241 S1C0T1 Fl. 139 2 Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Fortaleza (CE), mediante o Acórdão nº 0832.053, de 02/12/2014 (efls. 63/65), objetivando a reforma do referido julgado. Em 30/01/2012, a empresa fez a opção pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, que foi indeferida, mediante o “Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional”, de 04/07/2012 (efl. 29), sob o fundamento de que a pessoa jurídica incorreu, naquele momento, na(s) seguinte(s) situação(ões) impeditiva(s): Débito com a Secretaria da Receita Federal de natureza previdenciária, cuja exigibilidade não está suspensa. Lista de Débitos 1)Débito: 392358697 2)Débito: 392358700 3)Débito: 394765460 4)Débito: 394765478 Débito com a Secretaria da Receita Federal de natureza não previdenciária, cuja exigibilidade não está suspensa. Lista de Débitos 1)Débito Código da Receita : 5338 Nome do Tributo: DIPJ MULTA ATRASO/FALTA Número do Processo: 0 Período de Apuração: 2010 Saldo Devedor: R$ 1.539,39 A interessada apresentou manifestação de inconformidade contra o indeferimento da sua opção pelo Simples Nacional, argumentando que os débitos demonstrados no Termo de Indeferimento foram parcelados ou compensados, razão pela qual protesta pelo deferimento da opção pelo Simples Nacional. A DRJ entendeu que, em relação aos débitos previdenciários de nº 39476546 0 e 394765478, ficou caracterizado a inadimplência do contribuinte em 31/01/2012, pois a maioria das parcelas, referente ao parcelamento dos débitos, foi paga com valores inferiores aos acertados na negociação do parcelamento. O acórdão foi publicado com a seguinte ementa: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2012 INDEFERIMENTO DE OPÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO. NÃO REGULARIZAÇÃO. MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO. Deve ser mantido o Termo de Indeferimento de opção no Simples Nacional quando não regularizadas as pendências impeditivas à opção por aquele regime de tributação. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10183.723590/201247 Acórdão n.º 1001000.241 S1C0T1 Fl. 140 3 Ciente da decisão de primeira instância em 15/01/2015, conforme Aviso de Recebimento à efl. 69, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 05/02/2015 (efls. 78/135), conforme carimbo aposto à efl. 78. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Gira a lide sobre o indeferimento do pedido de inclusão no Simples Nacional, em virtude dos referidos débitos não pagos no prazo legal, ou cuja exigibilidade não estava suspensa. A base legal do indeferimento foi o art. 17, inciso V, da Lei Complementar 123/2006, verbis: Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; (grifo não consta do original) E o artigo 31, §2º, tem a seguinte redação: Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: (...) § 2º Na hipótese dos incisos V e XVI do caput do art. 17, será permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do débito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão. Nesse particular, mediante o art 6º, §§1º e 2º, da Resolução CGSN nº 94/2011, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), assim dispôs sobre a forma de ingresso no regime especial: DA OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Art. 6º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, sendo irretratável para Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10183.723590/201247 Acórdão n.º 1001000.241 S1C0T1 Fl. 141 4 todo o anocalendário. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 5º. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, § 2º) § 2º Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (grifos não pertencem ao original) No recurso interposto, a recorrente alega que a tela "consulta processos parcelamento especial" foi emitida em 10/02/2014 e que não há nos autos nenhum relatório com data de 31/01/2012, motivo pelo qual não poderia "saber se as parcelas estavam sendo calculadas a maior ou a menor, já que todas foram devidamente calculadas com o valor principal mais acréscimos legais, e quitadas dentro do prazo". Anexa, ainda, todos os comprovantes dos pagamentos do parcelamento. Não se discute que a recorrente fora incluída no parcelamento, pois em relação ao pedido de parcelamento, presumese que houve o deferimento automático, nos termos do artigo 12 da Lei nº. 10.522, de 19 de julho de 2002, alterado pelo artigo 35 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, verbis: (grifos não constam do original) Art. 12. O pedido de parcelamento deferido constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, podendo a exatidão dos valores parcelados ser objeto de verificação. § 1º Cumpridas as condições estabelecidas no art. 11 desta Lei, o parcelamento será: I – consolidado na data do pedido; e II – considerado automaticamente deferido quando decorrido o prazo de 90 (noventa) dias, contado da data do pedido de parcelamento sem que a Fazenda Nacional tenha se pronunciado. § 2º Enquanto não deferido o pedido, o devedor fica obrigado a recolher, a cada mês, como antecipação, valor correspondente a uma parcela. (NR) Em relação aos valores das parcelas assim dispõe o artigo 13 da Lei nº. 10.522/2002, com a nova redação dada pelo artigo 35 da Lei nº 11.941/2009, verbis: (grifo não consta do original) Art. 13. O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10183.723590/201247 Acórdão n.º 1001000.241 S1C0T1 Fl. 142 5 SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado. § 1º O valor mínimo de cada prestação será fixado em ato conjunto do Secretário da Receita Federal do Brasil e do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional. Conforme disposto acima, enquanto não deferido o pedido, o devedor fica obrigado a recolher, a cada mês, como antecipação, valor correspondente a uma parcela, acrescida de juros equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente ao valor mínimo da parcela inicialmente fixada. No entanto, a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº. 15/2009, que dispõe sobre o parcelamento de débitos para com a Fazenda Nacional, assim estabelece quanto à rescisão do parcelamento, verbis: (grifo não pertence ao original) Art. 28. Implicará rescisão do parcelamento a falta de pagamento de: I 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou II até 2 (duas) prestações, estando pagas todas as demais ou estando vencida a última prestação do parcelamento. § 1º É considerada inadimplida a parcela parcialmente paga. (...) Em relação ao extrato de consulta ao parcelamento (efls. 55/56), podese constatar que não há variação do valor do pagamento da segunda para a terceira parcela e que em 31/01/2012 havia seis (06) parcelas pagas com valores a menor, o que fica caracterizada a inadimplência ao parcelamento e, consequentemente, a existência de débitos não suspensos na data limite para a opção. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário mantendose o indeferimento da opção pelo Simples Nacional. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10183.723590/201247 Acórdão n.º 1001000.241 S1C0T1 Fl. 143 6 Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.010654/2008-74
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Feb 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
RESISTÊNCIA ILEGÍTIMA NÃO CONFIGURADA. SÚMULA 411/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. INDEVIDA.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda.
No presente caso, a atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorreu no caso da compensação, que sempre é efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente.
Numero da decisão: 9303-006.212
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 RESISTÊNCIA ILEGÍTIMA NÃO CONFIGURADA. SÚMULA 411/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. INDEVIDA. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda. No presente caso, a atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorreu no caso da compensação, que sempre é efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
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SÚMULA 411/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. INDEVIDA. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda. No presente caso, a atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorreu no caso da compensação, que sempre é efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 06 54 /2 00 8- 74 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10980.010654/200874 Acórdão n.º 9303006.212 CSRFT3 Fl. 103 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra acórdão nº 330201.632, proferido pela 3º Câmara/2º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que decidiu por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário, por entender que atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorre no caso de compensação, que sempre é efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: Tratase de recurso voluntário (fls. 41 a 47) apresentado em 14 de julho de 2011 contra o Acórdão no 1434.058, de 08 de junho de 2011, da 2ª Turma da DRJ/RPO (fls. 36 a 38), cientificado em 02 de julho de 2011, que, relativamente à atualização monetária de valores de IPI, PIS e Cofins anteriormente ressarcidos, dos períodos de janeiro de 2003 a dezembro de 2005, julgou a manifestação de inconformidade improcedente. O pedido foi apresentado em 21 de julho de 2008 e inicialmente apreciado pelo despacho decisório de fls. 11 a 14, que considerou inexistir previsão legal para o pedido. Houve apartação do pedido relativamente ao PIS e à Cofins, que ficou em outro processo. A decisão recorrida restou assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 IPI. RESSARCIMENTO. APLICAÇÃO DA SELIC. OPOSIÇÃO DO FISCO. INEXISTÊNCIA. A atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorre no caso de compensação, que sempre é Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10980.010654/200874 Acórdão n.º 9303006.212 CSRFT3 Fl. 104 3 efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente. Recurso Voluntário Negado". Inconformada com tal decisão, a Contribuinte interpõe o presente Recurso, sustentando que pode ser feita uma analogia entre o pedido de ressarcimento e o pedido de restituição do indébito, razão pela qual plenamente cabível a correção monetária de crédito pleiteado, haja vista a mora verificada entre o protocolo do pedido e a efetiva utilização do crédito, seja por meio de reembolso ou compensação, tendo por base a Taxa Selic. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Contribuinte aponta como paradigma o acórdão nº3402002003. Em seguida, o recurso teve seguimento nos termos do Despacho de Admissibilidade, fls. 90/91. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, requerendo a negativa de provimento ao Recurso interposto. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito incidência ou não da taxa Selic sobre o ressarcimento de crédito presumido do IPI, utilizado por meio de compensação, sem a comprovação de oposição da Administração. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Com efeito, na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível aplicação da taxa Selic acumulada, a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (REsp 1.035.847/RS). Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10980.010654/200874 Acórdão n.º 9303006.212 CSRFT3 Fl. 105 4 In caso, bem decidiu o acórdão recorrido ao negar provimento ao Recurso Voluntário, considerando que não houve oposição estatal. Vejamos parte que interessa do aresto: "Em relação aos créditos de IPI, o STJ decidiu, no REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Ministro Luiz Fux, ser cabível a incidência da Selic, conforme ementa abaixo reproduzida: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. O entendimento foi consolidado na Súmula STJ no 411: Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10980.010654/200874 Acórdão n.º 9303006.212 CSRFT3 Fl. 106 5 SÚMULA N. 411 STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Rel. Min. Luiz Fux, em 25/11/2009. Tais conclusões derivaram da análise da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, de que os créditos de IPI são escriturais e, portanto, não podem sofrer atualização monetária. Entretanto, de acordo com o STJ, quando há oposição do Fisco ao direito do contribuinte, que fica impedido, por algum motivo, de escriturar os créditos no livro de apuração, descaracterizase a natureza escritural dos créditos, ensejando a atualização monetária. No caso do crédito presumido de IPI, ocorre algo parecido, pois, originalmente, o crédito tem natureza escritural, devendo ser lançado na escrituração, da mesma forma que os créditos básicos (créditos decorrentes de entradas de insumos). Portanto, da mesma forma que o crédito básico, o crédito presumido tem natureza escritural e, somente ao final do trimestrecalendário, pode ser objeto de pedido de ressarcimento. O ressarcimento não se confunde com restituição, uma vez que esta decorre de um recolhimento indevido ou a maior do que o devido, enquanto que aquele decorre de um benefício legal. Vejase que o ressarcimento não decorre do princípio da não cumulatividade, que apenas prevê a dedução escritural de créditos no livro de apuração do imposto, mas de uma previsão legal específica, que concedeu benefício adicional ao original. Assim, do fato de haver direito ao ressarcimento também não decorre o de atualização monetária, não incidente sobre o direito original. Em conclusão, no caso de crédito presumido de IPI, da mesma forma que no caso de créditos básicos, somente incide a atualização monetária se houver oposição ilegítima do Fisco. No caso dos autos, não se verifica que tenha ocorrido tal hipótese, razão pela qual voto por negar provimento ao recurso". Como visto, a Contribuinte utilizou os créditos para quitação de débitos próprios por meio de compensação tributária, efetuada por meio de declarações de compensação. A Atualização monetária do indébito tributário não se assemelha com á correção de créditos escriturais, estes não são de valores de tributos pagos indevidamente. A jurisprudência dos Tribunais Superiores é unânime em diferenciar a restituição do indébito tributário de mero lançamento contábil de créditos escriturais, reconhecendo a inaplicabilidade, a este ultimo, de índices de correção monetária ou quaisquer outros acréscimos, por ausência de previsão legal. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.010654/200874 Acórdão n.º 9303006.212 CSRFT3 Fl. 107 6 No caso em tela, a atualização monetária de créditos do IPI somente ocorre nos casos de oposição do Fisco, o que não ocorreu no caso da compensação, que sempre é efetuada na data da apresentação do pedido ou da transmissão da declaração de compensação, ainda que o ressarcimento tenha sido negado inicialmente. Diante de tudo que foi exposto, por ausência de oposição estatal, voto no sentido de negar provimento ao Recurso interposto. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.910726/2011-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do fato gerador: 14/05/2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.582
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Data do fato gerador: 14/05/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1618; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.910726/201171 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.582 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 14/05/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 07 26 /2 01 1- 71 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 16327.910726/201171 Acórdão n.º 3402004.582 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo o Despacho Decisório eletrônico proferido, que, por sua vez, indeferiu o Pedido de Restituição, referente a suposto pagamento de IOF a maior no ano de 2005. Conforme o que consta do referido Despacho Decisório, o pleito foi negado tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para a quitação do débito de IOF, não restando saldo de crédito disponível para a restituição almejada. Cientificada da decisão proferida, a empresa interpôs a Manifestação de Inconformidade alegando homologação por decurso de prazo, já que ultrapassado o prazo de cinco anos entre a data de envio, tanto do Pedido de Restituição (PER) quanto da Declaração de Compensação (DCOMP) a ele atrelada, e a data de proferimento do Despacho Decisório. Com base nessas considerações requer a reforma da decisão, com a consequente homologação da compensação declarada. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme Ementa do Acórdão nº 14061.317, prolatado pela DRJ em Ribeirão Preto (SP): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 14/05/2005 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO DECLARADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integralmente alocado à débito validamente declarado em DCTF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a homologação tácita de pedido de restituição, nem previsão de perda do poder de decidir por decurso de prazo em pedidos desta natureza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão a recorrente interpôs, tempestivamente, o presente recurso voluntário, alegando as seguintes razões: (i) consta do Despacho Decisório que "foram localizados pagamentos, mas que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos do Recorrente, não restando crédito disponível para restituição". Porém, tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em dezembro/2006, operandose, portanto, a homologação da compensação em dezembro de 2011; Fl. 89DF CARF MF Processo nº 16327.910726/201171 Acórdão n.º 3402004.582 S3C4T2 Fl. 4 3 (ii) cita e transcreve como base legal, o §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), bem como, registra o Acórdão nº 3801000.530, de 29/09/2010, proferido pelo CARF nos autos do PAF nº 10830.007499/9736; (iii) conclui que, dessa forma operouse a homologação tácita em dezembro de 2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente por meio de Despacho Decisório proferido em 2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Por fim, requer que o presente Recurso Voluntário seja recebido e julgado, com a conseqüente reforma da decisão recorrida e homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.467, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.910558/201113, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.467): "1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Verificase que o Recorrente não contesta a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório. O que se discute no recurso é a alegação de homologação tácita quanto ao Pedido de Restituição (PER). 3. Análise do Pedido Como relatado, o Recorrente pede o provimento do seu recurso unicamente sob o argumento da homologação tácita do seu Pedido de Restituição (PER) nº 01445.28437.211206.1.2.046453, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Aduz que tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em 21 e 26 dezembro de 2006, respectivamente e, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, operouse a homologação tácita da compensação em 26/12/2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente, por meio de Fl. 90DF CARF MF Processo nº 16327.910726/201171 Acórdão n.º 3402004.582 S3C4T2 Fl. 5 4 Despacho Decisório proferido em 03/01/2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Fl. 91DF CARF MF Processo nº 16327.910726/201171 Acórdão n.º 3402004.582 S3C4T2 Fl. 6 5 Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. 4. Dispositivo Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 92DF CARF MF
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Numero do processo: 10675.903024/2009-80
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001
PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-005.959
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. AÇÃO JUDICIAL. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BANCO TRIÂNGULO S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 30 24 /2 00 9- 80 Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pela Fazenda Nacional, com fundamento no art. 67, do anexo II, do antigo regimento interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, em face do Acórdão nº 3402001.719, de 24/04/2012, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001 BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. FATURAMENTO. Reconhecida a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS, essa contribuição deve incidir sobre o faturamento, entendido este como a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, nos termos da decisão judicial transitada em julgado. Para melhor contextualizar os fatos ocorridos, transcrevo parte do voto da decisão recorrida: "Notese que o deslinde do litígio instaurado neste processo requer tãosomente a interpretação da decisão transitada em julgado proferida nos autos do MS n° 2000.38.03.000.7782, cujo teor transcrevese: 1. Tratase de recurso extraordinário interposto contra acórdão que declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, relativo ao alargamento da base de cálculo do PIS. 2. Consistente o recurso. A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf RE n° 346 084PR Rel orig Min ILMAR GALVÃO; RE n° 357 950RS, RE n° 358.273RS e RE n° 390.840MG, Rel. MM. MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF n° 408, p. 1).(grifo aqui) Diante do exposto, e com fundamento no art. 557, § 1°A do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados.Custas ex lege. Publiquese" Na decisão recorrida a Turma não incluiu as receitas financeiras decorrentes das operações bancárias na base de cálculo da contribuição. O provimento foi parcial apenas "devido à necessidade de a unidade preparadora destes autos aferir os cálculos para apuração do valor do indébito tributário (...)". A Fazenda Nacional apresentou, tempestivamente, recurso especial apontando paradigma e demonstrando a divergência quanto à base de cálculo das contribuições Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 4 3 das instituições financeiras. Em apertada síntese, defendeu o entendimento no sentido de que para as instituições financeiras as receitas decorrentes de prestação de serviços abrangem tanto as advindas da cobrança de taxas e tarifas quanto aquelas de intermediação financeira. Aduz que não pode se depreender da declaração de inconstitucionalidade do STF que o conceito de faturamento é restrito. Isso porque a declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, não alterou, nesse particular, o critério definidor da base de incidência das contribuições como as receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, e não somente a venda de mercadorias ou de serviços do contribuinte. Assim, por perfilar desse entendimento, afirma inexistir violação à coisa julgada formada nos autos da ação judicial proposta pelo contribuinte. O recurso especial foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento. O contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarrazões, pedindo que seja negado provimento ao recurso. Em resumo, defende que a incidência da Contribuição para o PIS/PASEP deve se dar sobre o faturamento, assim entendido a receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviço, com a consequente exclusão das receitas financeiras decorrentes das operações bancárias. Assim, no seu entender, a receita de prestação de serviços, que configura o faturamento das instituições financeiras e seguradoras, englobaria apenas as taxas, tarifas e comissões cobradas pelas instituições, sendo que as receitas da atividade financeira propriamente dita estariam fora do conceito de faturamento fixado pelo STF. Assevera ainda que adotar outro entendimento resultaria em ofensa direta à coisa julgada formada nos autos do Mandado de Segurança 2000.38.03.0007782, que, na sua compreensão, teria determinado que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP fosse calculada com base no faturamento, entendido como a receita da venda de mercadorias e a prestação de serviços. Ressaltese que, em suas contrarrazçoes, o contribuinte não contestou aspectos relativos ao conhecimento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.944, de 28/11/2017, proferido no julgamento do processo 10675.720831/201001, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.944): Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 5 4 "(...) No mérito, discutese entendimento sobre o que vem a ser “receita” para as instituições do mercado financeiro. Como relatado, a Recorrente obteve decisão judicial (Mandado de Segurança 2000.38.03.0007782,) para calcular o PIS utilizando o conceito de faturamento, cujo significado corresponde a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Esse entendimento ficou claro na fundamentação do voto constante da decisão judicial, conforme trechos acima transcritos no Relatório. Portanto, como se vê, a questão referese ao sentido a ser atribuído à expressão “o faturamento, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, especificamente para a compreensão do que se entende por “receita de serviços” para as instituições financeiras. Pois bem. No meu entender, a referida decisão judicial efetivamente não adentrou no mérito da discussão sobre o que deve ser entendido por receita de serviços para as instituições financeiras. Logo, não há que se falar em desrespeito a coisa julgada: a decisão judicial apenas afastou a aplicação do §1º do art. 3º da Lei n.º 9.718/98, na esteira do que já restara assentado no Supremo Tribunal Federal, e definiu que a base de cálculo da contribuição deve ser o faturamento, “cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. E mais nada! Contudo, resta ainda a discussão sobre a conceito de “faturamento” para fins de incidência do PIS e da Cofins para as instituições financeiras, ou seja, sobre o que deve ser entendido por “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza” em relação às instituições financeiras. Como muito bem destacado no voto condutor do Acórdão CSRF nº 9303002940, julgado em 03/06/2014, que tratou especificamente sobre a mesma matéria deste litígio, a controvérsia teve início na promoção do alargamento do conceito de faturamento para efeito de cálculo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, introduzido pela Lei 9.718/98, que incluiu na base de cálculo toda e qualquer receita, independentemente de sua classificação contábil. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a matéria decidiu, em sistemática de Repercussão Geral, nos seguintes termos: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98.Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Decisão O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 6 5 Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso Portanto, tanto a decisão judicial obtida pelo contribuinte quanto o julgado do STF que reconheceu a repercussão geral para a matéria, apenas afastou a aplicação do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, mas não adentrou no alcance das receitas financeiras, nem tampouco ventilou a possibilidade de exclusão da receita bruta operacional do faturamento. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já fixou o conceito de receita bruta como sendo não somente aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também à soma das receitas oriundas do exercício de atividades empresariais. Nesse sentido, vejamos o leading case RE 390.840/MG, onde o Ministro Cezar Peluzo delimita o conceito de faturamento nos seguintes termos: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação”. (negritei) No mesmo sentido, vejamos os trechos dos pronunciamentos dos Ministros Marco Aurélio, Carlos Brito, Cezar Peluzo e Sepúlveda Pertence sobre a matéria, trazidos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, na ocasião do julgamento do Pleno do STF dos Recursos Extraordinários nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR (leading cases): Min. Marco Aurélio (relator): Presidente, na condição de relator, permitame aos colegas escancarar a questão versada neste processo. Houve a edição da Lei 9.718/98, sob a égide da Carta da redação anterior a Emenda Constitucional nº. 20. O artigo 3º, cabeça, dessa lei preceituou algo que se mostrou consentâneo com o Diploma Maior: “art. 3º. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde a receita bruta da pessoa jurídica.” O Tribunal estabeleceu a sinonímia “faturamento/receita bruta”, conforme decisão proferida na ADC nº 11/DF – receita bruta evidentemente apanhando a atividade precípua da empresa. O SR. MINISTRO CARLOS BRITO – Receita operacional. O SR. MINISTRO MARCO AURELIO (RELATOR) – Operacional. (...)” Min. Carlos Brito: Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo DecretoLei 2397, de 1987, art. 22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Min. Veloso acabou de fazer também essa remissão à lei: Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 7 6 “a) a receita bruta das vendas de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda; Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente aqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional. Min. Cezar Peluso: “Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgado proferido no RE 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que , a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Min. Sepúlveda Pertence: “(...) Lamentando não poder nada mais acrescentar a tudo que aqui foi dito hoje, acompanho o voto do Min. Cezar Peluso e, nos outros casos, o do Ministro Marco Aurélio.” Destarte, resta claro que o entendimento assentado no STF é de que faturamento não se restringe unicamente à venda de mercadorias e serviços, mas também às receitas decorrentes de outras atividades empresariais desempenhadas pelo sujeito passivo, como delimita objetivamente o Ministro Cezar Peluzo no RE 444.601ED: “O conceito de receita bruta sujeita à incidência da COFINS envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também a soma das receitas oriundas do exercício de outras atividades empresariais." Em conclusão, no meu entender, em consonância com a jurisprudência do STF, o faturamento das instituições financeiras deve compreender não apenas as receitas de prestação de serviços (taxas e tarifas), mas também as demais receitas decorrentes de outras atividades empresariais da recorrente. Pois bem. E quais são as atividades empresariais típicas de um banco? A clara delimitação de quais são as atividades empresariais da Recorrente pode ser extraída do seu próprio Estatuto Social (efls. 79/ss), onde consta: Artigo 2º O objeto social do BANCO TRIÂNGULO S.A. é a prática de operações ativas, passivas e acessórias, inerentes à carteira comercial, à carteira de crédito, financiamento e investimento e à carteira de investimentos, de acordo com as disposições legais e regulamentares em vigor. Percebese, portanto, que o rol de atividades indicadas no objeto social da Recorrente (operações ativas e passivas inerentes às carteiras comercial, de crédito, financiamento e investimento) envolve necessariamente, de forma ampla, todas as receitas decorrentes e/ou provenientes da prestação de serviços de intermediação financeira, dentre as quais podemos citar os “spreads bancários”, prêmios, ágios/deságios na venda de moedas estrangeiras (receitas cambiais), juros oriundos da intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, financiamento bancário, negociação de títulos e valores mobiliários, etc..., em suma, todas as receitas ordinárias, típicas, provenientes da prestação de serviços geradas pelos bancos. A meu ver, não há como fazer uma interpretação restritiva para abarcar no conceito de receita bruta apenas aquelas decorrentes das receitas com “taxas e tarifas” cobradas pelas instituições para prestar serviços bancários, como pretende a Recorrente. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10675.903024/200980 Acórdão n.º 9303005.959 CSRFT3 Fl. 8 7 Categoricamente, todos sabem, o negócio principal de um banco não se restringe apenas em cobrar taxas ou tarifas pela prestação de serviços bancários (sobre a abertura ou manutenção de contascorrentes, pela emissão de talonário de cheques, pelo fornecimento de extratos bancários, etc...), até mesmo porque em muitos casos, após um determinado volume de movimentação financeira de seus clientes, estas taxas e tarifas são até mesmo isentadas. Estas últimas representam, a bem da verdade, atividades acessórias àquela principal. A essência da atividade bancária reside justamente na prática de operações ativas e passivas inerente à sua carteira comercial (desconto de duplicatas, com um percentual de deságio, p. ex.), carteira de crédito (os valores depositados por determinados clientes na instituição são oferecidos a outros clientes, por meio de empréstimos, cheques especiais, etc... devidamente remunerados pelos juros cobrados), etc... Aliás, são justamente essas atividades que constam como objeto social no Estatuto Social da Recorrente. Destarte, é de concluirse que as instituições financeiras têm como atividade principal a intermediação de recursos financeiros. Por conseguinte, as receitas oriundas de todas as operações bancárias (receitas operacionais), em sentido lato, aqui incluídas as receitas advindas da cobrança de taxas/tarifas (serviços bancários) e das operações de intermediação financeira, compõem o faturamento porque estão relacionadas ao exercício do objeto social dessas instituições. Por fim, registrese que a jurisprudência desta Câmara Superior tem decidido no mesmo sentido defendido neste voto (Acórdãos nº 9303002.962; 9303002.960, 9303 002.957, dentre outros). Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso especial. " No presente processo o recurso especial foi interposto pela Fazenda Nacional, de sorte que o resultado do julgamento deve ser pelo seu provimento, dado que o resultado do paradigma, no qual o recurso especial foi do contribuinte, foi por negar provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 316DF CARF MF
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