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Numero do processo: 10935.001614/2008-87
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário:2003, 2004
APREENSÃO DE DOCUMENTOS. ABUSO DE PODER.
Descabida a alegação de abuso de poder quando o agente fiscal efetua a retenção de documentos para análise na repartição, cumprindo o permitido em dispositivo legal. Artigo 35 da Lei 9.430/96.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES NA PESSOA JURÍDICA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária não exime a empresa quando o ato é praticado por prepostos, à sua revelia. A empresa tem obrigação legal de ser diligente na gestão de suas operações.
MULTA QUALIFICADA.
Prática reiterada de uma omissão equivalente a 54% da receita da
contribuinte, cumulada com manifesta correspondência, escrita e assinada por preposta contábil da empresa, na qual admite tomada de posição no sentido da omissão, não há como elidir o dolo da conduta, restando pois configurado.
Numero da decisão: 1803-001.088
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: MEIGAN SACK RODRIGUES
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário:2003, 2004 APREENSÃO DE DOCUMENTOS. ABUSO DE PODER. Descabida a alegação de abuso de poder quando o agente fiscal efetua a retenção de documentos para análise na repartição, cumprindo o permitido em dispositivo legal. Artigo 35 da Lei 9.430/96. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES NA PESSOA JURÍDICA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária não exime a empresa quando o ato é praticado por prepostos, à sua revelia. A empresa tem obrigação legal de ser diligente na gestão de suas operações. MULTA QUALIFICADA. Prática reiterada de uma omissão equivalente a 54% da receita da contribuinte, cumulada com manifesta correspondência, escrita e assinada por preposta contábil da empresa, na qual admite tomada de posição no sentido da omissão, não há como elidir o dolo da conduta, restando pois configurado.
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ABUSO DE PODER. Descabida a alegação de abuso de poder quando o agente fiscal efetua a retenção de documentos para análise na repartição, cumprindo o permitido em dispositivo legal. Artigo 35 da Lei 9.430/96. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES NA PESSOA JURÍDICA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária não exime a empresa quando o ato é praticado por prepostos, à sua revelia. A empresa tem obrigação legal de ser diligente na gestão de suas operações. MULTA QUALIFICADA. Prática reiterada de uma omissão equivalente a 54% da receita da contribuinte, cumulada com manifesta correspondência, escrita e assinada por preposta contábil da empresa, na qual admite tomada de posição no sentido da omissão, não há como elidir o dolo da conduta, restando pois configurado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 112 2 (Assinado Digitalmente) SELENE FERREIRA DE MORAES Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Trata o processo de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica Simples, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido Simples, Contribuição para o Programa de Integração Social Simples, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Simples, Imposto sobre Produtos Industrializados Simples, Contribuição para Seguridade Social Simples e Multa Regulamentar, todos referentes aos períodos de apuração compreendidos entre janeiro/2003 e dezembro/2004, exceto o último, o qual se refere a multa devida pela falta de comunicação à RFB da exclusão do contribuinte do Simples. Os lançamentos resultaram de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, tendo sido apuradas as seguintes infrações: a) Diferença de Base de Cálculo Receita Escriturada e não Declarada nos períodos de apuração de 07/2003 a 12/2004. Multa de 150%; b) Insuficiência de Recolhimento nos períodos de apuração de 01/2003 a 12/2004. Multa de 150%; c) Falta de Comunicação da Exclusão da Pessoa Jurídica do Simples. Devidamente cientificada, a recorrente apresenta impugnação na qual aduz, em seara de preliminar, a anulação do auto de infração porquanto que a fiscalização ao invés de proceder a análise da documentação procedeu a apreensão da mesma, o que demonstra, no entender da recorrente, abuso de poder. Cita doutrina nesse sentido. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 113 3 Prossegue a recorrente, levantando outra preliminar de nulidade, quanto ao período que a fiscalização dispôs para a realização da inspeção e lavratura do auto infracional, posto que muito superior ao preconizado pelo parágrafo 2°, do art. 7°, do Decreto n.70.235/72. No tocante ao mérito, refere a empresa contribuinte quanto à inaplicabilidade do agravamento da multa e a respeito das competências 01/2003 a 06/2003. Observa a empresa que imputando para a autuada a prática de sonegação e fraude, o Sr. Auditor Fiscal procedeu a aplicação do inciso II, do art.44, da Lei n. 9.430/96, aplicando a multa de 150% sobre a totalidade do crédito tributário levantado, fundamentando sua atitude basicamente no seguinte: ao informar somente parcela do real faturamento da empresa, nas Declarações Simplificadas — SIMPLES, a autuada agiu dolosamente no intuito de sonegar tributos federais (cfm. item 2 do Termo de Verificação Fiscal — incluso). Aduz a recorrente que tal fundamento não se aplica às competências 01 a 06/2003. Isso porque no seu entendimento conforme se depreende do "demonstrativo de apuração dos valores não recolhidos" os valores informados na escrita fiscal e nas declarações simplificadas, atinentes ás competências 01 a 06/2003 são conformes. Aponta que o ato praticado por ela mesma consistiu, tão somente, no pagamento a menor de tributo, infração punível com multa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso, limitada a 20%, de acordo com previsão do § 2° do art. 61, da Lei 9.430/1996. Cita jurisprudência a respeito. Ainda cita que no tocante às competências 07/2003 a 12/2004 – Divergência de valores informados na Escrita Fiscal e nas Declarações Simplificadas, a multa merece minoração para o percentual de 20%, isso porque, em que pese a recorrente tenha informado corretamente a natureza e o valor de suas transações comerciais na escrita contábil, não levou ao conhecimento do Fisco, mas tal fato não demonstra o intuito de fraudar o fisco, tão somente uma mera omissão. Cita jurisprudência nesse sentido. No mesmo caminho, salienta que a prestação de declaração inexata não autoriza, por si só, o agravamento da multa de oficio que somente se justifica quando presente o evidente intuito de fraude, caracterizado pelo dolo específico, resultante da intenção criminosa e da vontade de obter o resultado da ação ou omissão delituosa. Novamente cita jurisprudência sobre o tema. A recorrente prossegue suas argumentações referindo que a pessoa jurídica não pode responder dolosamente, visto que somente a pessoa física poderia agir de tal modo. Cita doutrina a respeito em que defende que as infrações cuja definição de responsabilidade é pessoal quanto às infrações que leva em consideração o dolo específico do agente como algo elementar para a sua conceituação e aplicação, tal como definido no artigo 137 do CTN. Assim, entende que fica descartada a possibilidade da responsabilidade prevista no art. 137 alcançar a pessoa jurídica. Requer que a interpretação seja a mais favorável, na conformidade do que disciplina o artigo 112 do CNT, ou seja, levando em conta que a Lei 9.430/96 prevê penalidade mas branda, pagamento a menor de tributo, sem intuito de fraude, no caso em tela deve ser aplicada multa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso, limitada a 20% (de acordo com previsão do § 2° do art. 61). A empresa recorrente, ainda, requer que seja levado em consideração que a mesma não fraudou, adulterou ou mesmo utilizouse de qualquer subterfugiu para falsificar informações ao fisco, antes colaborou com o mesmo, tendo tão somente deixado de informar ao fisco parte de suas receitas escrituradas, vê justificados os sucessivos pedidos de redução da multa aplicada a 75%. Junta farta jurisprudência desse Egrégio Conselho de Contribuintes. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 114 4 No tocante à multa qualificada, alega a empresa contribuinte o princípio do nãoconfisco. Aduz que há julgados, junto ao poder Judiciário que conferem ao percentual de 75% o caráter confiscatório, devendo o mesmo ser reduzido ao percentual de 20% e com isso contrapõese ao percentual de 150%. Junta jurisprudência. A autoridade julgadora de primeira instância entendeu que o auto de infração era procedente em sua totalidade e em sua argumentação refere que a impugnação da recorrente carece de resultado. No tocante à preliminar de apreensão de bens, argüida pela recorrente, o julgador a quo revela que equivocada se encontra, já que se trata de retenção dos documentos, visto que não foi feita qualquer apreensão de bens. Tal providência encontrase prevista no art. 915 do Decreto 3.000/1999, Regulamento do Imposto de Renda, e expõe que foram adotadas todas as medias dispostas naquele ato. Prossegue referindo que os documentos, objeto da retenção, não se revelam utilizáveis no diaadia da empresa, pelo que, conforme coerentemente autorizado pela legislação, podem ser levados à repartição fiscal para que sejam mais detalhadamente analisados. Mas, caso houvesse necessidade de utilização desses documentos, deveria a recorrente ter formalizado sua solicitação ao Fisco. Conclui a autoridade julgadora de primeira instância quanto a este item que inexistindo justificativa desse pedido, impede que qualquer juízo seja feito com relação a eventual prejuízo que a providência adotada tenha causado, principalmente no que se refere a imposição de obstáculos na elaboração da impugnação, bem como afigurase inconcebível a alegação de abuso de poder perpetrada pela empresa recorrente. Já no que diz respeito à preliminar sobre o tempo usado pela fiscalização, refere a autoridade que o prazo consignado no Mandado de Procedimento Fiscal, previsto no art. 7°, §2', do Decreto n 70.235, de 1972, demonstra que o prazo de 60 (sessenta) dias serve unicamente para fixar período no qual qualquer ato praticado pelo contribuinte, obviamente no que se refere ao objeto da ação fiscal, fica considerado não espontâneo. Não fixa o dispositivo legal transcrito qualquer prazo para a execução da auditoria, como diz entender a recorrente. Referese, simplesmente, ao bastante conhecido e propalado prazo de espontaneidade. Cita exemplo. No que tange à multa qualificada posicionase o julgador salientando primeiramente a legislação aplicada ao caso. Prossegue aferindo que nos casos de lançamento de oficio, será aplicada a multa de 75%, a qual, nas hipóteses de ocorrência de sonegação, fraude ou conluio, desde que dolosos, terá seu percentual duplicado. Atenta para o fato de que nas competências de 01/2003 a 06/2003 a empresa contribuinte declarou corretamente a receita escriturada em seus livros fiscais e contábeis, porém, deixou de recolher o montante de 0,5% dessa receita, uma vez que esse percentual, visto que se trata o contribuinte de empresa industrial e, portanto, contribuinte do IPI, deve ser somado à alíquota básica aplicada aos optantes pelo Simples. Segue dizendo que nos períodos de apuração de 07/2003 a 12/2004, apesar de se entender como correta a escrituração da pessoa jurídica, verificouse que expressiva parcela dessas receitas escrituradas deixou de ser declarada pela recorrente, o que resultou na falta de pagamento do tributo relativo a toda a alíquota básica do Simples incidente sobre esse montante não declarado, além da diferença de 0,5% citada acima. Em ambos os períodos citados, as diferenças apuradas pela fiscalização foram constituídas com aplicação de multa qualificada, prevista para os casos de fraude, sonegação ou conluio. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 115 5 A autoridade passa a analisar primeiramente os períodos de apuração compreendidos entre 01 e 06/2003, os quais foram segregados pela empresa recorrente e para os quais a mesma deixou de recolher o percentual de 0,5%, incidentes sobre os rendimentos declarados. Atenta, o julgador que a empresa estaria obrigada, pela norma disposta no art. 35, inciso I, alínea "a", da Lei n' 4.502, de 30 de novembro de 1964, regulamentada pelo art. 25, inciso II, do Decreto n° 4.544/2002 (RIPI), os produtores são contribuintes do Imposto sobre Produtos Industrializados. Desse modo, nas declarações apresentadas pelo impugnante, verificase que, em todas as fichas relativas aos períodos de apuração em questão, foi informado não ser o mesmo contribuinte do imposto. Por essa razão, haja vista que a auditoria fiscal apurou tratarse o interessado de contribuinte industrial, a despeito da impugnação asseverar que a escrituração da totalidade das receitas auferidas comprova a não utilização de falsificações ou adulterações, não se pode deixar de considerar que a informação prestada nessas declarações foi diferente da real, suportando a configuração de falsidade ideológica na produção do documento. Assim, na medida em que se buscou impedir o conhecimento pelo Fisco da real condição do contribuinte, condição essa suscetível de afetar a obrigação tributária principal, resta configurada a utilização de falsidade ideológica no intuito de sonegar tributos. A autoridade ainda observa que a Ficha 03 de ambas as declarações em comento, demonstra ter sido Nadir Saggin a responsável pelo preenchimento dos documentos e frisar que a citada é técnica em contabilidade e presta serviços à pessoa jurídica em tela desde a sua constituição, datada de 1990, conforme faz prova o Contrato Social original, juntado por cópia as fls. 117 a 120, documento que a contadora assina como testemunha. Dessa forma, a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações acessórias da pessoa jurídica perante a Fazenda Nacional apenas reforça a estreita relação da contadora com a empresa no que se refere ao cálculo e pagamento dos tributos devidos, permitindo inferir ser o artifício utilizado do conhecimento dos responsáveis pela recorrente e, conseqüentemente, ser dolosa a forma escolhida para reduzir o montante de tributos pagos. Assim, entende a autoridade restar comprovada a produção de documento com informação falsa mediante a utilização de artifício doloso, o qual buscava amparar a sonegação de tributos e configurada a hipótese prevista no art. 44, inciso II, da Lei n 9.430/96, estando, pois confirmada a correta aplicação de multa qualificada aos tributos apurados em decorrência dessa infração. Já com relação às competências 07/2003 a 12/2004, o julgador a quo, adverte que, em que pese defender a empresa não haver prova da utilização de dolo, não pode deixar de considerar a correspondência apresentada pela empresa como resposta à primeira intimação emitida nessa ação fiscal. Nessa correspondência, juntada ao presente, a contadora da empresa, Nadir Saggin, afirma expressamente "que foi uma decisão para resguardar a saúde financeira da empresa e manutenção de mais de 150 (cento e cinqüenta) empregos diretos". Entende a autoridade que com a correspondência, restou esclarecido que a decisão citada na referida correspondência, atesta o conhecimento do plano de sonegação adotado pelos responsáveis pela pessoa jurídica. Isso porque, decisão de tamanha magnitude, a qual tinha o intuito de "resguardar a saúde financeira da empresa e manutenção de mais de 150 (cento e cinqüenta) empregos diretos", pressupõe ampla deliberação sobre o assunto. Prossegue o julgador aduzindo que a afirmação contida na correspondência citada apenas confirmou que a sonegação cometida era de conhecimento amplo, que os responsáveis pela empresa sabiam o que estavam fazendo e que assumiram o risco de fazêlo, configurando inequivocamente a intenção de sonegar. Desse modo, entende estar nitidamente demonstrado o dolo, configurado pela inequívoca intenção do agente de impedir/retardar, ainda Fl. 322DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 116 6 que parcialmente, o conhecimento do fato gerador pela autoridade fazendária, fato facilmente enquadrável no art. 71 da Lei n° 4.502, de 1964. No entanto, a autoridade de primeira instância, frisa que a omissão praticada pela interessada entre os meses de julho de 2003 e dezembro de 2004 representou 54% de sua receita e que essa proporção, por si só, já configura o dolo necessário à aplicação da multa qualificada em discussão, porquanto que, por mero descuido não há contribuinte que deixe de declarar valores tão expressivos. Por outro lado, entender diferente significaria admitir, ingenuamente, que o contribuinte pudesse pagar tributos em valor imensamente reduzido e deixar de ser excluído do Simples, tudo isso por mero descuido. Assim, beneficiado por esse lapso, ficaria a pessoa jurídica sujeita a alíquotas fixadas para contribuintes que auferem receitas em valor bem menor, sendo imensamente beneficiada às custas de prejuízo aos cofres públicos, de onde, obviamente, sairiam recursos que privilegiariam o particular em detrimento do público em geral. Por esses motivos, não se admite, em casos de proporção tão elevada entre receitas declaradas e receita total, hipótese da recorrente desconhecer a situação, sendo sempre considerada dolosa a omissão. Já no que diz respeito às alegações de que estaria excluída a responsabilidade da pessoa jurídica, com base no artigo 137 do CTN, atenta o julgador que se a interessada busca apresentar erro na identificação do sujeito passivo da obrigação, deveria, primeiramente, apontar o erro na escolha feita pelo Fisco, ao menos demonstrando não ser o sujeito passivo eleito pela Fazenda Nacional o agente sobre o qual deveria recair a exigência. A alegação utilizada pela contribuinte vem, neste caso, desacompanhada de qualquer elemento de caráter probatório, ainda que meramente circunstancial, o que não permite seja considerado. E afere que é isso que se depreende do art. 333 do Código de Processo Civil, posto que prevê na existência de alegação de fato impeditivo ou modificativo do direito exercido pelo autor do ato, hipótese na qual incorreu aqui o contribuinte, incumbe ao réu o ônus da prova. Vale esclarecer que a prova mencionada poderia consistir tanto na comprovação da inexistência de responsabilidade por parte da pessoa jurídica, o que configuraria fato impeditivo, ou, alternativamente, na indicação comprovada do terceiro responsável pela infração objeto da penalidade, o que constituiria fato modificativo. Entretanto, não tendo trazido aos autos a prova do erro na identificação do sujeito passivo, descabe considerar a alegação em comento. E ao se referir à aplicação do artigo 112 do CTN, a autoridade posicionase dizendo que tal dispositivo somente será utilizado no caso de dúvida na aplicação do direito, o que não é o caso, visto que a cominação legal no presente caso está clara e corretamente aplicada. Quanto ao caráter confiscatório da multa aplicada, o julgador a quo salienta que não pode esta instância administrativa afastar a aplicação de lei sob esse argumento, sob pena de, assim agindo, ultrapassar seus limites legais de competência, visto tratarse de uma limitação de competência que, à evidência, nasce da própria natureza da atividade administrativa. Conclui que não há possibilidade de analisar qualquer argüição de inconstitucionalidade ou ilegalidade em suas razões impugnatórias. Devidamente cientificada, a recorrente apresenta suas razões em recurso voluntário argüindo o já disposto em seara de Impugnação. É o relatório Fl. 323DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 117 7 Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues, Relatora O recurso preenche os requisitos de sua admissibilidade e dele tomo conhecimento. Tratase o presente feito de discussão a cerca de auto de infração para cobrança de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, INSS, (SIMPLES, acrescido de multa, referente ao período de apuração compreendido entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004. Os lançamentos resultaram de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, tendo sido apuradas as seguintes infrações: a) Diferença de Base de Cálculo Receita Escriturada e não Declarada nos períodos de apuração de 07/2003 a 12/2004. Multa de 150%; b) Insuficiência de Recolhimento nos períodos de apuração de 01/2003 a 12/2004. Multa de 150%; c) Falta de Comunicação da Exclusão da Pessoa Jurídica do Simples. A recorrente alegou uma seqüência de preliminares que passo a elencálas e julgálas: I. Da Apreensão de documentos: Importa salientar que o procedimento fiscalizatório está estabelecido sobre as premissas legais do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3000/99, que dispõe, em seu artigo 915, que os livros e documentos poderão ser examinados fora do estabelecimento do sujeito passivo, desde que lavrado termo escrito de retenção pela autoridade fiscal, em que se especifiquem a quantidade, espécie, natureza e condições dos livros e documentos retidos. Tal dispositivo também está especificado na Lei 9.430/96, em seu artigo 35, por tanto se verifica que o agente fiscal agiu dentro dos estreitos limites da lei, não ultrapassando e tão pouco constrangendo um direito do recorrente. Ademais, entendo que correta está a decisão de primeira instância quando muito bem salienta a importância dada aos documentos retidos pelo agente fiscal, posto que a empresa não se dignou a peticionar uma vez sequer solicitando uma cópia ou mesmo o original, bem como sequer tomou outra providência que demonstrasse ser a retenção dos mesmo um prejuízo ao bem estar da empresa ou condição que impedisse o seu salutar andamento. Para findar esse tema, posicionome no sentido de que abuso de poder existe quando há prejuízo a uma das partes com a atuação desmedida da outra. No caso presente a atuação não poderia ser desmedida, quando disciplinada em uma Lei e em um Decreto, ou seja, devidamente regulamentada e exposta para que o contribuinte compreenda e acate. Assim carente de procedência a alegação da recorrente no que tange a ocorrência de abuso de poder na retenção de documentos por parte da fiscalização, quando esta age dentro do que determina e comina a lei. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 118 8 II.Período para Fiscalizar Quanto a esta preliminar levantada pela recorrente, posicionome no mesmo sentido da decisão a quo, posto que verifico que o entendimento da recorrente está desvirtuado, ao interpretar o artigo 7, §2° do Decreto 70.235/72. Isso porque o artigo é claro ao dispor que o 60 dias, referidos no mesmo, dizem respeito a aquisição pelo contribuinte da espontaneidade, mas não quanto ao fato de que restaria findo o tempo para à autoridade fiscal de fiscalizar. O dispositivo normativo é claro ao referir que o tempo do Mandado de Procedimento é de 60 dias prorrogáveis, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Assim, no caso presente, a fiscalização estava coberta pelo Mandado de Procedimento, prorrogável e válido. III. Multa Confiscatória No que diz respeito à argumentação da empresa recorrente quanto à multa ser confiscatória, entendo que essa via administrativa não é competente para discutir questões pertinentes à constitucionalidade de leis. Há que se ater ao fato de que a via adequada e correta para o devido questionamento quanto a confiscatoriedade da multa é o Poder Judiciário, mais especificamente o Supremo Tribunal Federal. A via Administrativa exerce o papel fundamental de aplicar as normas válidas dentro do ordenamento jurídico, deixando a cargo do Poder Judiciário retirar do sistema normativo toda lei ou dispositivo que se encontre em choque com a Lei Maior. Assim, se a empresa recorrente está em desacordo com a norma aplica, referente ao percentual da multa, divergindo no quesito “percentual” a ser aplicado, posto entender estar muito acima do que deveria estar sendo cobrado e com isso ferindo dispositivo constitucional, deverá a mesma buscar divergir da norma que institui o percentual aplicado, qual seja Lei 9430/96, em seu artigo 44, perante o Poder Judiciário e não perante o órgão administrativo, aplicador da lei. Ademais, não se podemos deixar de considerar o dispositivo legal norteador desta turma julgadora, qual seja a Súmula do CARF n° 2 que assim disciplina o tema: “O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).” IV. Exclusão da responsabilidade da pessoa jurídica (artigo 137 do CTN) Fl. 325DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 119 9 A empresa recorrente alega, em suas argumentações, que a pessoa jurídica não pode ser penalizada, posto que a penalidade prevista na norma só pode ser aplicada ao agente que pratica o ato e como a pessoa jurídica resulta de uma ficção legal, seus atos de vontade só podem ser manifestados através de pessoas físicas. Aduz ainda que o dolo, contido na infração apontada está adstrito à intenção de quem o pratica, de quem busca o resultado do ato infracional, o que descarta a possibilidade da responsabilidade disposta no artigo 137 do CTN recair sobre a pessoa jurídica, ora recorrente. Não há como concordar com a abordagem adotada pela recorrente, posto que a responsabilidade por infrações da legislação tributária não exime a empresa quando o ato é praticado por prepostos, à sua revelia; vez que tem a empresa a obrigação legal de ser diligente na gestão de suas operações. No caso presente não há como eximir a empresa da conduta exercida por sua própria torpeza, estando; pois, correta a identificação do sujeito passivo da relação, bem como a aplicação da multa. V. Da Aplicação da Multa Qualificada A autoridade julgadora de primeira instância elenca três razões para manter a qualificação da multa aplicada, senão vejamos: Nas competências de 01/2003 a 06/2003 a empresa contribuinte declarou corretamente a receita escriturada em seus livros fiscais e contábeis, porém deixou de recolher o montante de 0,5% (IPI por se tratar de industrial) dessa receita que deve ser somado à alíquota básica aplicada aos optantes pelo Simples. Argumenta que nas declarações apresentadas pela impugnante, não consta ser a mesma contribuinte do IPI, muito embora se constate que a empresa recorrente seja. Ainda que não se tenha apurado a utilização de falsificações ou adulterações, não se pode deixar de considerar que a informação prestada nessas declarações foi diferente da real, suportando a configuração de falsidade ideológica na produção do documento. Conclui a autoridade que na medida em que se buscou impedir o conhecimento pelo Fisco da real condição do contribuinte, condição essa suscetível de afetar a obrigação tributária principal, resta configurada a utilização de falsidade ideológica no intuito de sonegar tributos. Refere que a Ficha 03, das declarações, demonstra ter sido Nadir Saggin a responsável pelo preenchimento dos documentos e frisar que a citada é técnica em contabilidade e presta serviços à pessoa jurídica em tela desde a sua constituição. Dessa forma, a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações acessórias da pessoa jurídica perante a Fazenda Nacional apenas reforça a estreita relação da contadora com a empresa no que se refere ao cálculo e pagamento dos tributos devidos, permitindo inferir ser o artifício utilizado do conhecimento dos responsáveis pela recorrente e, conseqüentemente, ser dolosa a forma escolhida para reduzir o montante de tributos pagos. Da mesma forma, não pode deixar de considerar a correspondência apresentada pela empresa, como resposta à primeira intimação emitida na ação fiscal, vez que tal documento, a contadora da empresa, acima citada, afirma expressamente "que foi uma decisão para resguardar a saúde financeira da empresa e manutenção de mais de 150 (cento e cinqüenta) empregos diretos". Tal citação, no entender da autoridade esclareceu que a decisão referida atesta o conhecimento do plano de sonegação adotado pelos responsáveis pela pessoa jurídica. Isso porque, decisão de tamanha magnitude, a Fl. 326DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10935.001614/200887 Acórdão n.º 180301.088 S1TE03 Fl. 120 10 qual tinha o intuito de "resguardar a saúde financeira da empresa e manutenção de mais de 150 (cento e cinqüenta) empregos diretos", pressupõe ampla deliberação sobre o assunto. A omissão praticada pela interessada entre os meses de julho de 2003 e dezembro de 2004 representou 54% de sua receita e que essa proporção, por si só, já configura o dolo necessário à aplicação da multa qualificada em discussão, porquanto que, por mero descuido não há contribuinte que deixe de declarar valores tão expressivos. Dos argumentos utilizados na decisão a quo, para manter a multa qualificada, imputada no auto de infração, corroboro o meu entendimento com os dois últimos, do qual faço valer no presente momento. Isso porque no decorrer de um ano e meio, a prática reiterada de uma omissão que equivale a 54% da receita da contribuinte, cumulada com uma manifesta correspondência, escrita e assinada pela preposta contábil da empresa, em que admite a tomada da posição nesse sentido, não há como elidir o dolo da conduta, restando pois configurada. Diante do exposto voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao presente recurso. É o voto. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 327DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 02/02/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 18/01/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000064/2002-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/01/1999
RECURSO ESPECIAL. COFINS. PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA
VINCULANTE Nº 08.
Questão referente ao prazo decadencial ser de 5 (cinco) ou 10 (dez) anos para a Fazenda Nacional apurar e constituir o crédito tributário de COFINS, notadamente em face do disposto no artigo 45 da Lei nº 8.212/91.
Aplicação do disposto na Súmula Vinculante nº 08: “são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei
nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”.
Recurso Especial do Procurador Não Conhecido
Numero da decisão: 9303-001.537
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso especial.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/01/1999 RECURSO ESPECIAL. COFINS. PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. Questão referente ao prazo decadencial ser de 5 (cinco) ou 10 (dez) anos para a Fazenda Nacional apurar e constituir o crédito tributário de COFINS, notadamente em face do disposto no artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Aplicação do disposto na Súmula Vinculante nº 08: “são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Recurso Especial do Procurador Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso especial. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Rodrigo Cardozo Miranda Relator Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 26/08/2 011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Júlio César Alves Ramos, Marcos Tranchesi Ortiz, Rodrigo da Costa Possas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório Cuidase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 220 a 226) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 191 a 201 – integrado pelo v. acórdão de fls. 213 a 216, que acolheu embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional apenas para retificar o seu resultado) que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência dos fatos geradores lançados até dezembro de 1996. A ementa do julgado ora recorrido é a seguinte: COFINS. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO. PERÍODO DE 01/1996 A 12/1996. As contribuições sociais, dentre elas a referente à Cofins, embora não compondo o elenco dos impostos, têm caráter tributário, devendo seguir as regras inerentes aos tributos, no que não colidir com as constitucionais que lhe forem especificas. À falta de lei complementar especifica dispondo sobre a matéria, a Fazenda Pública deve seguir as regras de caducidade previstas no Código Tributário Nacional. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial se desloca da regra geral, prevista no art. 173 do CTN, para iennicooianitrpararraesopoanldtaogneo § contagem do d poraazrto. dl5e0odinoomo easnmoos Céóadigdoa,tahidpeóteosoeoenmênriae odoteframtoo gerador. Expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública tenha se pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. BASE DE CÁLCULO. ALUGUEL DE IMÓVEIS PRÓPRIOS. PERÍODO DE 01/1997 A 01/1999. A locação de imóveis próprios ou de terceiros configurase como base de cálculo para a Cofins, nos termos da Lei Complementar n2 07/70, seja quando integrantes do objeto social, ou seja, por se configurar como faturamento oriundo da venda de um serviço "de qualquer natureza". Precedentes do STJ e STF. Ressalva de minha posição pessoal. Recurso provido em parte. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 26/08/2 011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 18471.000064/200208 Acórdão n.º 930301.537 CSRFT3 Fl. 399 3 Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso especial, apontando, em síntese, violação ao disposto no § 4º do artigo 150 do CTN e no artigo 45 da Lei n° 8.212/91. O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 229 a 230. Contrarrazões às fls. 235 a 245 em que se propugnou pela aplicação da Súmula Vinculante nº 08 do Supremo Tribunal Federal. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, entendo que o presente recurso especial da Fazenda Nacional merece ser conhecido. No tocante ao mérito, todavia, melhor sorte não assiste à Recorrente. Com efeito, a matéria ora controvertida diz respeito, apenas, ao prazo decadencial ser de 5 (cinco) ou 10 (dez) anos para a Fazenda Nacional apurar e constituir o crédito tributário de COFINS, notadamente em face do disposto no artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Ocorre que o Egrégio Supremo Tribunal Federal já dirimiu definitivamente a controvérsia, inclusive através da edição da Súmula Vinculante nº 08, cujo teor é o seguinte: SÃO INCONSTITUCIONAIS O PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 5º DO DECRETOLEI Nº 1.569/1977 E OS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/1991, QUE TRATAM DE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 26/08/2 011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 4 Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 26/08/2 011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/07/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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Numero do processo: 18336.001201/2003-59
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II
Data do fato gerador: 11/11/1998
PREFERÊNCIA TARIFÁRIA CONCEDIDA EM RAZÃO DA ORIGEM. ALADI.
TRIANGULAÇÃO. CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DOCUMENTAIS.
A apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem que comprova o cumprimento do regime de origem da Aladi, associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil impõe a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de
país não signatário.
Recurso Especial Negado
Numero da decisão: 9303-001.564
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso especial. Os Conselheiros Nanci Gama e Rodrigo Cardozo Miranda declararam-se impedidos de votar. Fez sustentação oral o Dr. Luis Gustavo Vincenzi Silveira, OAB/SP nº 211.252, advogado do sujeito passivo.
Matéria: II/IE/IPIV - ação fiscal - insufiência apuração/recolhimento
Nome do relator: Rodrigo da Costa Possas
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ALADI. TRIANGULAÇÃO. CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DOCUMENTAIS. A apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem que comprova o cumprimento do regime de origem da Aladi, associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil impõe a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de país não signatário. Recurso Especial Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial. Os Conselheiros Nanci Gama e Rodrigo Cardozo Miranda declararamse impedidos de votar. Fez sustentação oral o Dr. Luis Gustavo Vincenzi Silveira, OAB/SP nº 211.252, advogado do sujeito passivo. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 EDITADO EM: 01/08/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Júlio César Alves Ramos, Marcos Tranchesi Ortiz, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Gileno Gurjão Barreto e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). : Relatório Tratase de Recurso Especial proposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional dirigido à Câmara Superior de Recursos Fiscais, com fulcro no artigo 7º, inciso II, c/c art. 15, do Regimento Interno desse órgão — CSRF, insurgindose contra decisão da Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário. Da autuação 1. Trata o presente processo de exigência do Imposto de Importação acrescido de juros de mora e da multa de oficio no percentual de 75% perfazendo, na data da autuação, um credito tributário no valor total de R$ 455.565,14. 2. Segundo a descrição dos fatos constante do Auto de Infração, a empresa registrou a Declaração de Importação, utilizandose da redução de 80% da alíquota do Imposto de Importação prevista no Acordo de Complementação Econômica n°39 (ACE 39), assinado pelo Brasil no âmbito da ALADI, instituído pelo Decreto nº 3.138, de 16/08/1999. 3. Após análise dos documentos que instruíram a DI (fatura comercial, certificado de origem e conhecimento de carga), a fiscalização concluiu que em se tratando de urna operação comercial entre uma empresa brasileira e uma sediada nas Ilhas Cayman, não haveria como a interessada invocar a redução tarifária prevista nos Acordos firmados no âmbito da ALADI. 4. A negativa à redução tarifária nos termos do ACE 39, conforme pleiteada na citada DI, oi justificada pela fiscalização com base nos seguintes fatos e irregularidades: a) “no Certificado de Origem nº ALD 991219265 (fl.25) emitido na Venezuela , está declarado que as mercadorias indicadas correspondem a fatura comercial nº 734880 emitida pela Empresa PDVSA Petróleo y Gas, situada na Venezuela e não apresentada no despacho. Entretanto, a Fatura Comercial que instruiu o despacho de importação foi a de n° Fl. 2DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 296 3 PIFSB1163/99 (fls. 24), emitida pela empresa Petrobras International Finanee Company (PIFC0) situada nas Ilhas Cayman, pais não membro da ALAD1, documento que a fiscalização aduaneira utilizou para fazer as verificações e procedimentos fiscais necessários para o desembaraço aduaneiro da mercadoria ...”; b) quanto ao “conhecimento de embarque”, documento que assegura a propriedade da mercadoria, este foi consignado à empresa Petrobras International Finance Company (PIFC0), logo essa empresa situada nas Ilhas Cayman era a proprietária da mercadoria”; c) “a Resolução 252 do Comitê de Representantes da ALADI, apenso ao Decreto n° 3.325, de 30/12/1999, que trata de sua execução no seu artigo quarto, não prevê a intervenção de um terceiro pais não membro da ALADI na qualidade de exportador caracterizada nesta operação"; d) conquanto o artigo nono da Resolução n° 252 do Comitê de Representantes da ALADI, apenso ao Decreto n°3.325, de 30.12.1999, "admita que a mercadoria objeto de intercâmbio possa ser faturada por um operador de um terceiro pais, não se aplica ao caso, uma vez que não houve interveniência de um operador, nos termos da Resolução acima mencionada, mas a participação de um terceiro pais na qualidade de exportador, na medida em que uma empresa situada nas Ilhas Cayman fatura e exporta para o Brasil uma mercadoria objeto de preferências tarifárias no âmbito da ALADI"; e) "mesmo que a empresa exportadora, situada nas Ilhas Cayman, se enquadrasse de fato como operadora, seria necessário que o produtor ou exportador do pais de origem indicasse no Certificado de Origem, na área relativa a "observações", que a mercadoria objeto de sua declaração ser faturada por um terceiro pais, identificando o nome, denominação ou razão social e domicilio do operador ou, se no momento de expedir o certificado de origem, não se conhecesse número da fatura comercial emitida pelo operador de um terceiro pais, o importador deveria apresentar à Administração aduaneira correspondente uma declaração juramentada que justificasse o fato, o que não ocorreu"; f) a indicação da invoice emitida pela PDVSÁ PETRÓLEO Y GAS S/A em um campo da fatura emitida pela Petrobras International Finance Company (PIFC0) não supre as exigências da citada Resolução n° 252, tampouco a referência feita à PIFCO neste documento, "visto que não identifica efetivamente a operação pretendida"; g) em função do disposto no artigo 129 do Regulamento Aduaneiro de 1985, então vigente (Interpretase literalmente a legislação aduaneira que dispuser sobre outorga de isenção ou redução do Imposto de Importação), qualquer situação excepcional em matéria tributária, como a redução de imposto, só poderá ser reconhecida se expressamente prevista na legislação, se utilizada conforme estabelece na legislação, sendo que a não observância dos requisitos da lei implicará na perda da redução. 5. Deste modo, concluiu a fiscalização que as preferências e contrapartidas econômicas, assentadas no regime de origem, contemplam exclusivamente o comércio praticado entre dois países signatários, destinandose tal regime a coibir qualquer interveniência nociva aos objetivos dos acordos pactuados entre os paísesmembros, pois conforme a legislação de vigência á época, o legislador não deixou margem para a interveniência de um terceiro pais, nos moldes da operação de fato ocorrida, de que resultou a importação efetuada pela fiscalizada. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 6. Em função do constatado, foi lavrado o auto de infração de fls. 01/09 para cobrança da diferença do Imposto de Importação, acompanhada dos juros de mora e da multa de oficio de 75%. Da impugnação 7. Inconformada com a exigência, da qual tomou ciência em 12/08/2004, fl. 03, a autuada apresentou impugnação, em 13/09/2004, documentos às fls. 43/54, nos termos a seguir resumidos: 7.1. após traçar um histórico acerca dos fatos que permeiam à lide, a impugnante se reporta à operação comercial realizada onde explica que se trata de uma triangulação comercial, prática internacional comum adotada por razões comerciais de alongamento de prazo para pagamento e ampliação de fontes de captação de recursos; 7.2. defende que a triangulação comercial não elide a aplicação de redução tarifária prevista em acordo firmado no âmbito da ALADI; 7.3. reconhece a ocorrência de equivoco no preenchimento da DI, na qualidade de operadoras comerciais e não de exportadoras, isso se referindo à condição da PIFCO, onde afirma também que esta sequer teve a posse da mercadoria ou lucrou com a revenda; 7.4. diz que a própria fiscalização reconhece que o contribuinte procedeu à importação da PDVSA (Venezuela) com transporte direto ao Brasil; 7.5. destaca ainda que a PIFC0 figura corno exportadora pelo fato da Receita Federal não prever o procedimento especifico nos casos de triangulação comercial; 7.6. defende que os documentos que instruíram a DI são regulares, e estão em consonância com a Resolução n°252; 7.7 opõese a uma suposta multa regulamentar ao descumprimento dos requisitos do art. 425 do Regulamento Aduaneiro/85 inerentes à fatura comercial por entender que tal fato ocorre pela falta de previsão do procedimento de triangulação comercial; Fl. 4DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 297 5 7.8. alega que a fiscalização laborou em equivoco ao tentar interpretar o Tratado de Montevidéu e suas regras complementares, conforme razões apresentadas às fls. 40 a 49, onde aduz que a legislação não vincula duas formas de documentos (certificado de origem e nota fiscal), mas tão somente a identidade do seu conteúdo, representado pela descrição das mercadorias e a correspondência com a mercadoria efetivamente negociada; 7.9. considera que a Resolução n°252 não definiu afigura do operador, bem como não informou como deveria ser a operação; 7.10. rebate o argumento de que a autuada não cumprira as formalidades exigidas na Resolução nº 252, ressaltando a conduta formalista do autuante, dando destaque aos princípios da razoabilidade e da instrumentalidade das formas; 7.11. ressalta o caráter instrumental do Imposto de Importação, onde aduz que este é um instrumento regulador do comércio exterior, possuindo assim, função extrafiscal e não arrecadatória, como a maioria dos impostos; 7.12. discorda da aplicação da multa proporcional de 75 %, tomando por base o Ato Declaratório Interpretativo SRF n°13, de 10/09/2002, e ainda, destaca a inaplicabilidade da taxa SELIC. 8. Ao final, com base nos fundamentos acima elencados, a impugnante requer que o lançamento seja considerado totalmente insubsistente, protestando por lodos os meios de prova em direito admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Do Cabimento da Preferência Tarifária No presente recurso, a recorrente não logrou êxito em demonstrar o saneamento da falha perpetrada quando da instrução do despacho de importação da mercadoria objeto do presente litígio. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 Ou seja, não foi apresentada a fatura comercial atrelada ao certificado de origem e, por essa razão, não há como se considerar cumpridas as exigências inerentes ao regime de origem da Aladi. Nesse ponto, preciso é o parágrafo único do art. 434 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 1985, vigente à época dos fatos controvertidos: Art. 434. No caso de mercadoria que goze de tratamento tributário favorecido em razão de sua origem, a comprovação desta será feita por qualquer meio julgado idôneo Parágrafo único. Tratandose de mercadoria importada de país membro da Associação LatinoAmericana de Integração (ALADI), quando solicitada a aplicação de reduções tarifárias negociadas pelo Brasil, a comprovação constará de certificado de origem emitido por entidade competente, de acordo com modelo aprovado pela citada Associação. Nessa esteira, entendo aplicáveis, na espécie, as considerações formuladas por ocasição do voto vencido, prolatado quando do julgamento do recurso nº 137831, onde atuou como relator o conselheiro Luís Marcelo Guerra de Castro, onde foram enfrentadas as alegações trazidas na jurisprudência da CSRF que apoiaria as considerações do sujeito passivo. Transcrevo: Por sintetizar o raciocínio que orienta esse entendimento, transcrevo ementa de acórdão da CSRF prolatado nos autos do Recurso Especial nº 302124323, que teve como relatora a i. Conselheira Anelise Daudt Prieto, no qual, por maioria de votos, decidiuse: CERTIFICADO DE ORIGEM PREFERENCIA TARIFÁRIA RESOLUÇÃO ALADI 232 Produto exportado pela Venezuela e comercializado através de país não integrante da ALADI. A apresentação para despacho do Certificado de Origem emitido pelo país produtor da mercadoria, acompanhado da fatura do país interveniente e do conhecimento de embarque que deixam clara a origem da mercadoria, supre as informações que deveriam constar de declaração juramentada a ser apresentada à autoridade aduaneira, como previsto no art. 9°, do Regime Geral de Origem da Aladi (Res. 78). Recurso especial provido. Apesar de entender que tal decisão está em harmonia com a regra geral de origem estampada no art. 9º do Decretolei nº 37, de 19661, peço licença para discordar das conclusões consignadas no aresto. Penso que, na espécie, o dispositivo nacional deve ceder espaço ao regime da Aladi, onde não foram produzidos os documentos corretos para a concessão da preferência tarifária objeto do presente litígio, nem suprida a sua ausência pelos meios definidos no mesmo acordo. 1 Art. 9º Respeitados os critérios decorrentes do ato internacional de que o Brasil participe, entenderseá por país de origem da mercadoria aquele onde houver sido produzida ou, no caso de mercadoria resultante de material ou mãodeobra de mais de um país, aquele onde houver recebido transformação substancial. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 298 7 Por uma questão de sistematização, analiso separadamente os fatores que me levaram a adotar essa conclusão. 1 Tipicidade e Relação Jurídica Tributária Interessa à solução do litígio, a meu ver, avaliar se os fatos carreados aos autos se subsumem perfeitamente à hipótese abstratamente prevista na norma negocial que estabeleceu a preferência tarifária objeto do presente litígio. Caso isso não se verifique, afastado estaria o fundamento para sua concessão. Ou seja, independentemente de ser conceituada como uma isenção parcial ou alíquota diferenciada, a aplicação da preferência tarifária negociada é necessariamente orientada pelo princípio da tipicidade cerrada, dogmatizado pelos arts. 97, VI e 111, II do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966)2 Vejamos o que diz Alberto Xavier3 Como já mais de uma vez se sublinhou, o lançamento é o ato administrativo pelo qual a Administração aplica a norma tributária material a um caso concreto. Nuns casos, essa aplicação tem por conteúdo reconhecer a tributabilidade do fato e, portanto, declarar a existência de uma relação jurídica tributária e definir o montante da prestação devida. Noutras hipóteses, porém, da aplicação da norma ao caso concreto resulta o reconhecimento da não tributabilidade do fato e, portanto, da não existência no caso concreto de uma obrigação de imposto. Nos primeiros, a Administração pratica um ato de conteúdo positivo; nas segundas, um ato de conteúdo negativo. (destaquei) José Souto Maior Borges4, a seu turno, pontifica: É o fato gerador, consoante se demonstrou, uma entidade jurídica (supra, III). Por força do princípio da legalidade da tributação, o fato gerador existe si et ia quantum estabelecido previamente em texto de lei: os contornos essenciais da hipótese de incidência (núcleo e elementos adjetivos) integram todos a lei tributária material. Sem a previsão legal hipotética dos fatos ou conjunto de fatos que legitimam a tributação inexiste portanto fato gerador de obrigação tributária. 2 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: (...) II outorga de isenção; 3 Do lançamento: teoria geral do ato, do procedimento e do processo tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1998, 2.ed. p. 100. 4 Teoria Geral da Isenção Tributária. São Paulo. Malheiros, 2001, 3ªed. p.p. 190/191 Fl. 7DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 Por isso, afirmase corretamente que o fato gerador é fato jurídico. Sob outro ângulo, a análise jurídica revela ser a extensão do preceito que tributa delimitada pelo preceito que isenta. A norma que isenta é assim uma norma limitadora ou modificadora: restringe o alcance das normas jurídicas de tributação; delimita o âmbito material ou pessoal a que deverá estenderse o tributo ou altera a estrutura do próprio pressuposto da sua incidência. A norma de isenção, obstando o nascimento da obrigação tributária para o seu beneficiário, produz o que já se denominou fato gerador isento, essencialmente distinto do fato gerador do tributo. (destaquei) Possivelmente, a principal conseqüência da préfalada tipicidade cerrada, pelo menos para a solução do vertente processo, é a impossibilidade se pode recorrer à analogia a pretexto de colmatar supostas lacunas da norma. Nesse caso, há que se aplicar a doutrina do Silêncio Eloqüente do legislador, com as restrições brilhantemente defendidas pelo Min. Moreira Alves, nos autos do RE Nº 130.5525 DF (DJ de 28/06/1991): “... só se aplica a analogia quando, na lei, haja lacuna, e não o que os alemães denominam ‘silêncio eloqüente’ (Beredtes Schweigen) que é o silêncio que traduz que a hipótese contemplada é a única a que se aplica o preceito legal, não se admitindo, portanto, aí o emprego da analogia.” Tal ressalva é importante para a solução do presente litígio porque, como se verá a seguir, o regime de origem do ACE 39, que isola a aplicação do regime do DL 37, de 1966, definiu as formas de suprir eventual falha documental perpetrada na demonstração do cumprimento dos requisitos de origem. É defeso ao intérprete, portanto, considerar suprida eventual falha documental por meios diversos dos previstos no Acordo, invocando, por exemplo, analogicamente, o comando do art. 9º, que trata do Regime Geral de Origem. Conforme se observa na leitura do já transcrito art. 9º do Decretolei nº 37, de 1966, delimitou com razoável precisão o conceito jurídico de “origem”, que, aliás, muito se aproxima do significado coloquial da expressão (local onde a mercadoria foi produzida ou sofreu transformação substancial). Assim, para efeito de aplicação da legislação, sempre que a delimitação da origem da mercadoria for relevante, caberia ao intérprete investigar o local onde a mercadoria foi produzida ou sofreu transformação substancial Tratarseia então do emprego do que Alfredo Augusto Becker5, apoiado na doutrina de Emilio Betti, denominou Cânone Hermenêutico da Totalidade do Sistema Jurídico, que a 5 Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo, Lejus, 3ª ed. p. 123 Fl. 8DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 299 9 unicidade dos conceitos jurídicos, independentemente do contexto em que o mesmo esteja sendo empregado. Diz o autor: “...uma definição, qualquer que seja a lei que a tenha enunciado, deve valer para todo o direito; salvo se o legislador expressamente limitou, estendeu ou alterou aquela definição ou excluiu sua aplicação num determinado setor do direito; mas para que tal alteração ou limitação ou exclusão aconteça é indispensável a existência de regra jurídica que tenha disciplinado tal limitação, extensão, alteração ou exclusão.” Ocorre que, segundo o próprio art. 9º, o conceito de origem ali consignado cede espaço aos critérios fixados em ato internacional de que o Brasil participe, hipótese que se verifica no presente julgamento, onde se encontra em discussão a aplicação de preferência tarifária outorgada nos termos do Acordo de Complementação Econômica nº 39, promulgado pelo Decreto nº 3.138, de 16/08/1999. Vendo por outro ângulo, para efeito de reconhecimento de preferência tarifária, se o acordo que a concede possuir regime próprio, mercadoria originária de país signatário é aquela que preenche as condições daquele ato, ainda que tais condições não guardem relação com conceitos consagrados no plano da linguagem corriqueira ou no regime nacional de origem. Ou seja, assim como, para efeito de lei, determinados bens evidentemente móveis podem ser tratados como imóveis, para efeito da aplicação de preferência, mercadorias evidentemente extraídas de determinado país podem deixar de ser reconhecidas como originárias ou, em sentido inverso, ainda que não tenham sofrido qualquer transformação substancial, fazem jus ao regime diferenciado. O acordo que concede a preferência é soberano. Tanto em um quanto em outro exemplo, configurarseia uma ficção jurídica, onde o mundo fático, por disposição legal, é distorcido pelo jurídico. Preciso, a meu ver o conceito de ficção jurídica apresentado por Maria Rita Ferragut6, citando a obra de Perez de Ayala: De acordo com José Perez de Ayala a ficção jurídica constituise na valoração contida num preceito legal, em virtude do qual se atribuem, a determinados supostos de fatos, certos efeitos jurídicos, violentando ou ignorando a natureza real das coisas. E uma técnica que permite ao legislador atribuir efeitos jurídicos que, na ausência da ficção, não seriam possíveis a certos fatos ou realidades sociais. (grifei) No caso da preferência tarifária em debate, o regime de origem a ser considerado, por determinação expressa do artigo 87 do 6 Presunções no Direito Tributário. São Paulo, Dialética, 2001 p. 85 7 Para a qualificação da origem das mercadorias que se beneficiem do presente Acordo as Partes Signatárias aplicarão o Regime Geral de Origem previsto na Resolução 78 e nas disposições complementares e modificativas do Comitê de Representantes da ALADI, salvo se as Partes Signatárias convierem diferentemente. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 10 ACE nº 39, é o estabelecido na Resolução 78 da Aladi e pelas demais regras que a complementam, dentre as quais destacase a Resolução 252 do Comitê de Representantes da Aladi, promulgada pelo Decreto nº 3.325, de 1999. Cabe registrar, desde já, que. diferentemente do entendimento consignado no acórdão hostilizado, não vejo a “triangulação” comercial represente uma violação à regra do artigo Quarto da Resolução Aladi nº 78, atualmente consolidado na Resolução nº 252, que condiciona o reconhecimento da origem à expedição direta da mercadoria. Com efeito, o Conhecimento de Transporte juntado por cópia à fl. 17 não faz menção ao fato de que a mercadoria tenha transitado, sido transbordada ou armazenada em um país estranho ao ACE 39: a mercadoria, segundo aquele documento, foi embarcada em Punta Cardon, Venezuela, com destino ao Território Brasileiro. Ou seja, a meu ver, assim como consignado no citado acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a regra em questão impõe restrições ao trânsito físico da mercadoria por um terceiro país, não à sua comercialização por um operador nele estabelecido. Tanto é assim que a Resolução nº 252 estabeleceu regra específica para a importação de mercadoria onde figure como exportador operador sediado em país nãoparticipante do ACE. Vejase o que diz o artigo nono da Resolução 252, incorporado ao Regime de Origem da Aladi por essa mesma resolução: NONO Quando a mercadoria objeto de intercâmbio for faturada por um operador de um terceiro país, membro ou não da Associação, o produtor ou exportador do país de origem deverá indicar no formulário respectivo, no campo relativo a "observações", que a mercadoria objeto de sua Declaração será faturada de um terceiro país, identificando o nome, denominação ou razão social e domicílio do operador que, em definitivo, será o que fature a operação a destino. (destaquei) Na situação a que se refere o parágrafo anterior e, excepcionalmente, se no momento de expedir o certificado de origem não se conhecer o número da fatura comercial emitida por um operador de um terceiro país, o campo correspondente do certificado não deverá ser preenchido. Nesse caso, o importador apresentará à administração aduaneira correspondente uma declaração juramentada que justifique o fato, onde deverá indicar, pelo menos, os números e datas da fatura comercial e do certificado de origem que amparam a operação de importação. (os grifos não constam do original) Notese que, a mesma resolução 252 estabelece, por via oblíqua, as conseqüências do descumprimento das regras inerentes ao certificado de origem, literalmente: SÉTIMO Para que as mercadorias objeto de intercâmbio possam beneficiarse dos tratamentos preferenciais pactuados pelos países participantes de um acordo celebrado de Fl. 10DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 300 11 conformidade com o Tratado de Montevidéu 1980, esses países deverão acompanhar os documentos de exportação, no formuláriopadrão adotado pela Associação, de uma declaração que acredite o cumprimento dos requisitos de origem que correspondam, de conformidade com o disposto no Capítulo anterior. Essa declaração poderá ser expedida pelo produtor final ou pelo exportador da mercadoria de que se tratar. (destaquei) Com efeito, se a norma condiciona o reconhecimento da preferência à apresentação da declaração própria do Certificado de Origem, segundo os ditames do acordo, por óbvio, afasta o tratamento diferenciado se descumpridas as condições préestabelecidas. De se observar, ademais que, analisando o parágrafo único do artigo nono da mesma resolução, podese inferir que a norma definiu com clareza quais são as providências a adotar nas hipóteses em que a triangulação comercial impede o preenchimento na forma préestabelecida, rito que, conforme apontado pelas autoridades autuantes, não foi seguido. Nessa esteira, a meu ver, a tipicidade cerrada que norteia a avaliação do cumprimento dos pressupostos inerentes ao Acordo proíbe que se busquem outros meios para, supostamente demonstrar a observância do regime de origem. Ora, o regime de origem fixado pela Resolução 252 é aquele cuja prova é feita nos termos das regras procedimentais nele previstas, saber o último porto de embarque da mercadoria, neste caso, não supre o descumprimento daquelas regras. Ou seja, não é suficiente, para aplicação do tratamento diferenciado, a demonstração, por outros meios documentais, que a mercadoria, aparentemente foi produzida e embarcada na Venezuela. Isso seria suficiente se o reconhecimento estivesse sujeito à regra geral gizada no artigo 9º do Decretolei nº 37, de 1966. Repisese que, em obediência ao princípio da tipicidade, não se pode partir do pressuposto que a sistemática definida na Resolução 252 contém lacunas. Ela simplesmente optou por não admitir, por exemplo, que a falha na adoção das providências elencadas no art. nono sejam supridas pela apresentação de uma fatura comercial estranha àquela que constou do Certificado de Origem. Finalmente, a meu ver, razão assiste às autoridades autuantes quando apontaram a impossibilidade de se cotejar a quantidade da mercadoria amparada pelo certificado de origem coligido aos autos, que não contém essa informação. Sem que tal informação conste do certificado ou não for possível vincular certificado e fatura comercial, como saber se a totalidade das mercadorias desembarcadas no Brasil foi embarcada na Venezuela? Fl. 11DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 12 Resta prejudicado portanto o cumprimento do requisito estabelecido no artigo oitavo da Resolução 252, literis: OITAVO A descrição das mercadorias incluídas na declaração que acredita o cumprimento dos requisitos de origem estabelecidos pelas disposições vigentes deverá coincidir com a que corresponde à mercadoria negociada, classificada de conformidade com a NALADI/SH e com a que se registra na fatura comercial que acompanha os documentos apresentados para o despacho aduaneiro.(grifei) Logo, a certificação da origem é feita com base também em função da fatura comercial que acoberta a saída de mercadorias. Pelas normas internacionais vigentes (art. 4º do Acordo 91 do Comitê de representantes da Aladi), é necessário que haja a vinculação do certificado de origem da mercadoria à fatura comercial correspondente. O próprio formulário adotado para formalizar a certificação possui um campo específico destinado à clara e perfeita informação do número da fatura a que se relaciona. Assim, qualquer certificado de origem somente pode ser usado para amparar a mercadoria coberta pela fatura comercial nele indicada. Com efeito, é o vínculo entre certificado de origem e fatura comercial que garante o cumprimento dos requisitos fixados entre os Estados signatários do Acordo e legitima a fruição do benefício tarifário quanto á mercadoria importada. No momento em que há divergência nas informações prestadas no certificado de origem e na fatura comercial, ou a ausência dos requisitos previstos nos acordos internacionais, O estado importador fica impedido de reconhecer o tratamento preferencial, devendo ser aplicado o regime normal de tributação previsto para os países não signatários dos acordos internacionais. Não se pode olvidar, por outro lado que a avaliação do cumprimento das condições fixadas pela legislação específica do regime reclama a observância das normas que disciplinam a fruição da isenção condicionada, especialmente o pelo art. 179, caput e § 2º, do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966), que dizem: Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. (...) § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo 155. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: Fl. 12DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 18336.001201/200359 Acórdão n.º 930301.564 CSRFT3 Fl. 301 13 Aplicar o art. 179 e, se for o caso, o art. 155, significa, a meu ver, avaliar, conforme o caso, o cumprimento das condições fixadas no Acordo, inclusive no que se refere ao cumprimento das exigências de ordem instrumental. Sobre a imperiosidade da coexistência dos aspectos instrumental e material, bem assim da obrigatoriedade do sujeito passivo trazer ao processo, pelos meios adequados, os elementos que permitam a avaliação do cabimento da isenção, vale a pena relembrar trecho da obra de Alberto Xavier8: “... Na verdade, enquanto a Administração fiscal tem o dever de investigar oficiosamente os fatos arvorados por lei em elementos do tipo tributário, nem sempre esse dever lhe cabe quanto aos fatos impeditivos da obrigação de imposto. Não pode afirmarse que a Administração não tenha o dever de investigar a verdade material quanto ao fato isento, nos casos a que nos referimos: o que sucede é que a lei faz depender o início da investigação de um pressuposto processual, que é um requerimento ou solicitação expressa do particular, sem o qual a Fazenda não pode reconhecer a isenção, nem portanto operar a sua eficácia impeditiva. É o que resulta do artigo 179 do Código Tributário Nacional, segundo o qual “a isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento no qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão”. (destaquei) De se reafirmar, portanto, que, como frisou o mestre lusitano, a regra isencional de caráter especial não gera efeitos ope iuris. É necessário que se cumpra o rito procedimental próprio, consubstanciado no pleito do benefício e na apresentação de prova do preenchimento das condições definidas na norma de caráter substancial. De maneira semelhante, pondera Souto Maior Borges9: “Toda isenção deve ser concedida mediante prova documental da sua causa que remova as contestações e incertezas. (...) Devese distinguir assim, consoante o ensinamento de Amílcar de Araújo Falcão, no estudo das isenções, dois momentos ou aspectos distintos: I) o aspecto substancial ou material, ou seja, os requisitos ou elementos de perfeição ou integração dos pressupostos da isenção; regime que estabelece os pressupostos para o surgimento do direito à isenção (Tatbestandsstücke), os destinatários da norma (Normadressaten) e o âmbito, o alcance ou extensão do preceito isentivo; 8 Do lançamento: teoria geral do ato, do procedimento e do processo tributário. Rio de Janeiro. Forense, 1998, 2ª ed., p. 103/104. 9 Teoria Geral da Isenção Tributária. São Paulo. Malheiros, 2001, 3ª ed. p. 336 Fl. 13DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 14 II) o aspecto formal, um processus, um requisito de eficácia para que o efeito desagravatório da isenção se produza (Wirksamkeitserfordernis). Distinguese, deste modo, entre pressupostos integrativos da relação jurídica de isenção e pressupostos de eficácia do resultado legalmente estabelecido. Estes últimos relacionamse pois com as circunstâncias que condicionam a produção dos efeitos jurídicos. (destaquei) Ora, se foi indicado o país de destino da mercadoria, a intervenção do operador estabelecido em terceiro país e, a partir da apresentação da fatura comercial atrelada ao referido ceritificado, identificamse claramente todos os elos da cadeia comercial, não há como afirmar que o certificado esteja em desacordo com as regras do acordo, máxime em razão de que as informações relativas ao domicílio da Pifco estão perfeitamente identificadas na fatura acreditada por tal certificado. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 14DF CARF MF Impresso em 01/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 19/01/2 012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 10920.004359/2008-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Ano-calendário: 2005
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
No regime da não-cumulatividade, são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: aqueles utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda; as matérias
primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o resgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas,
em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto.
INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. ESTOQUE DE ABERTURA.
A pessoa jurídica que migrar para o regime não-cumulativo, as alíquotas que incidem sobre o estoque inicial para fins de créditos presumidos, são aquelas previstas no artigo 11 da Lei nº
10.637/2002, no caso da Cofins e no artigo 12 da Lei nº 10.833/2003, no caso do PIS, a partir da entrada da mesma na sistemática da não-cumulatividade do PIS e da Cofins.
PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PARA PIS/PASEP — ÔNUS DA PROVA. Para ter direito ao ressarcimento, cumpre ao sujeito
passivo demonstrar objetiva e conclusivamente a existência do direito creditório e não se pautar em meras alegações.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-000.818
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Conselheiros Daniel Mariz Gudiño e Paulo Sérgio Celani votaram pela conclusão.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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CONCEITO DE INSUMOS. No regime da nãocumulatividade, são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: aqueles utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda; as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. ESTOQUE DE ABERTURA. A pessoa jurídica que migrar para o regime nãocumulativo, as alíquotas que incidem sobre o estoque inicial para fins de créditos presumidos, são aquelas previstas no artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, no caso da Cofins e no artigo 12 da Lei nº 10.833/2003, no caso do PIS, a partir da entrada da mesma na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PARA PIS/PASEP — ÔNUS DA PROVA. Para ter direito ao ressarcimento, cumpre ao sujeito passivo demonstrar objetiva e conclusivamente a existência do direito creditório e não se pautar em meras alegações. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Conselheiros Daniel Mariz Gudiño e Paulo Sérgio Celani votaram pela conclusão. Mércia Helena Trajano D'Amorim Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. EDITADO EM: 18/01/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Judith do Amaral Marcondes Armando, Daniel Mariz Gudiño e Paulo Sérgio Celani. Ausência justificada de Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausente temporariamente Marcelo Ribeiro Nogueira. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Trata o presente processo de “Pedido de Ressarcimento” de créditos para a PIS/PASEP, relativo ao primeiro trimestre de 2005, no valor de R$ 42.409,77. Na análise da documentação apresentada pela contribuinte, concluiu a autoridade fiscalizadora por evidenciar as seguintes inconsistências que deram origem às glosas, conforme planilha à fl. 169: 1. Linha 13 do Dacon – – Outros Valores com Direito a créditos R$ 54.261,49, onde foram lançados valores relativos a taxa de administração de mãodeobra, serviço de consultoria, serviços não destinados à produção, bens ou serviços não enquadrados como insumos, dentre outros (planilha à fl. 170 e amostragem das notas fiscais às fls. 133/162); 2. Linha 19 do Dacon – Crédito Presumido Relativo a Estoque de Abertura R$ 8.572.68, onde foi utilizada a alíquota de 1,65% para o cálculo dos créditos relativos ao estoque de abertura, quando o correto seria a alíquota de 0,65%, conforme demonstrativo às fls. 163/165 (glosada a diferença). Fl. 231DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10920.004359/200893 Acórdão n.º 320100.818 S3C2T1 Fl. 2 3 Houve o reconhecimento parcial do direito creditório no valor de R$ 32.957,89. Em sua defesa, inicialmente, a contribuinte remete aos dispositivos legais contidos na Lei 10.637/2002, argumentando que foram deferidos parcialmente valores relativos a mãodeobra e indeferidos valores relativos a custos de terceiros, manutenção de bens, despesas de veículos e com combustíveis e lubrificantes. Alega, em síntese, que todos estes custos, lançados no Dacon, estão relacionados diretamente ao processo produtivo e que estão corretos os procedimentos adotados em vista da “Solução de Divergência nº. 35 de 29/09/2008”. No tópico de sua manifestação intitulado “Fatos II – Linha 19 Dacon”, remete ao artigo 11 da Lei nº. 10.637/2002, o qual estabeleceu que o desconto correspondente ao estoque de abertura seria calculado com aplicação do percentual de 0,65% e utilizado em 12 parcelas mensais iguais e sucessivas. Alega, em síntese, que, tendo migrado para o Regime NãoCumulativo no exercício de 2005, com a opção pelo Lucro Real para apuração do IRPJ, se aplicaria a alíquota de 1,65% sobre o estoque inicial contabilizado em 31/12/2004, pois foi este, efetivamente, imputado aos custos de insumos que permaneceram no estoque. Salienta que, ao optar pelo Lucro Real, obrigatoriamente migrou para o regime nãocumulativo, portanto, não é opcional o regime de apuração do PIS/Pasep, bem como não mais poderá apurar e apresentar o DCP – Demonstrativo de Crédito Presumido pelo método alternativo instituído pela Lei nº. 10.276/2001. Tece algumas considerações sobre a forma de apuração no DCP, cujo cálculo o teria favorecido para a recuperação de créditos, caso lhe fosse permitido apresentar a DCP em vez da Dacon durante o exercício de 2005. Alega que houve uma imposição de prejuízo ao contribuinte. No Tópico II – o Direito, a contribuinte reitera os seus argumentos quanto ao direito de descontar os créditos relacionados na Linha 13 do Dacon, e sustenta que o seu direito está ratificado e confirmado na Solução de Divergência nº. 35 de 29/09/2008, sendo que, com base nessa interpretação, faz jus aos valores informados integralmente. Quanto à Linha 19 do Dacon, alega que não há ilegalidade em reconhecer direito a crédito presumido com percentual de 1,65% sobre o estoque de abertura apurado em 31/12/2004 na mudança do Regime Cumulativo para o NãoCumulativo, haja vista tratarse de caráter interpretativo, pois quando instituído pela Lei nº. 10637/2002, tratavase de apuração com base em tributação vigente à época. No tópico III – O mérito, requer que sejam reconsiderados os itens glosados relativos às Linhas 13 e 19 do Dacon, e relaciona sumariamente os pontos de discordância com o fisco, conforme já relatados.” Fl. 232DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/FNS no 0721.328, de 24/09/2010, proferida pelos membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelandoo à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. ESTOQUE DE ABERTURA. A pessoa jurídica que, tributada com base no lucro presumido ou optante pelo SIMPLES, passar a ser tributada com base no lucro real, na hipótese de sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, terá direito ao aproveitamento de crédito presumido sobre o estoque de abertura, devidamente comprovado, na data da mudança, cujo montante, salvo as exceções previstas em lei, será igual ao resultado da aplicação do percentual de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), no caso do PIS/Pasep, e de 3%(três por cento),no caso da Cofins. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.” O julgamento foi no sentido de tornar improcedente a manifestação de inconformidade interposta pelo interessado, pois a empresa não comprova que os itens glosados pela fiscalização, estariam inseridos no processo produtivo. Assim como, a pessoa jurídica que migrar para o regime nãocumulativo, as alíquotas que incidem sobre o estoque inicial para fins de créditospresumidos, são aquelas previstas no artigo 11 da Lei nº 10.637, de 2002, no caso da Cofins e no artigo 12 da Lei nº 10.833, de 2003, no caso do PIS, a partir da entrada da mesma na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o relatório. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10920.004359/200893 Acórdão n.º 320100.818 S3C2T1 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de inconformidade contra indeferimento parcial de pedido de ressarcimento referente ao direito creditório de PIS/PASEP. A recorrente discorda da glosa parcial, relativo ao primeiro trimestre de 2005, bem como da aplicação da alíquota sobre o estoque inicial para fins de crédito presumido na sistemática de não cumulatividade. A recorrente invoca a “solução de divergência nº. 35 de 29 de setembro de 2008”, para se insurgir contra as glosas dos valores despendidos com mãodeobra, custos de terceiros, manutenção de bens, despesas de veículos, combustíveis e lubrificantes e material de consumo industrial. Inicialmente, os insumos foram conceituados, na sistemática "não cumulatividade" para o PIS e para a Cofins respectivamente pelas Leis n.o 10.637/2002 e n.o 10.833/2003. Lei n.o 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (grifouse) [...] Lei n.o 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (grifouse) Fl. 234DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 [...] A Receita Federal editou a Instrução Normativa SRF n.o 247/2002 e a Instrução Normativa SRF n.o 404/2004 que assim dispuseram: Instrução Normativa SRF n.o 247/2002: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I – das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do art. 19; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: (Redação dada pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.1) na fabricação de produtos destinados à venda; ou (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.2) na prestação de serviços; (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [..] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) II utilizados na prestação de serviços: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) (grifouse) Instrução Normativa SRF n.o 404/2004: Fl. 235DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10920.004359/200893 Acórdão n.º 320100.818 S3C2T1 Fl. 4 7 Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 1º do art. 4º; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (grifouse) As Instruções Normativas referidas utilizaramse de elementos da legislação do Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI para definir o que deva ser considerado insumo também na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Pois bem, o PIS/COFINS não incide somente sobre produtos industrializados e nem sobre todos os ingressos de recursos no patrimônio da empresa. Incide sobre o ingresso que seja considerado receita. E a receita, por lei e nos termos da jurisprudência do STF1, deve 1 Conferir o acórdão proferido no RE 400479, em que relator, Ministro Cezar Peluso, manifestou entendimento de que “seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominadas prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, Fl. 236DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 ser oriunda de compra e venda de mercadorias, prestação de serviços e das demais atividades empresarias, tais como a cessão onerosa e temporária de um bem ou direito ou a remuneração de um investimento. A nãocumulatividade do PIS e da COFINS deve estar relacionada com os custos incorridos pelo contribuinte para realizar os negócios jurídicos capazes de gerar a sua receita operacional – fato gerador e base de cálculo do PIS/COFINS. Daí é que a legislação do IPI, que faz referência apenas aos custos relativos à industrialização de bens (insumo como matéria prima, produtos intermediários e materiais de embalagem), não poderia abranger todos os insumos na sistemática do PIS e da COFINS. Pois bem, se as receitas submetidas a tais contribuições não são oriundas apenas de vendas de produtos industrializados, os conceitos encontrados no IPI não são suficientes, portanto, para abarcar todos os custos que poderiam gerar crédito. No caso concreto, a recorrente nada trouxe aos autos no sentido de demonstrar que qualquer um dos produtos cujos valores foram glosados e pelos quais se insurge, estariam inseridos em seu processo produtivo na forma de insumos utilizados na produção ou fabricação de móveis. Restringese, a apontar a Solução de Divergência nº. 35 de 29/09/2008, para alegar que o seu direito está ratificado e confirmado na interpretação contida àquele texto. Ou seja, a recorrente nada traz aos autos para se contrapor às razões do fisco.E, mais, quanto à referência da solução de consulta, no âmbito do contencioso administrativo, o julgador pode, eventualmente, subsidiar o seu conteúdo na interpretação de fatos e situações semelhantes, não sendo norma vinculante. Quanto ao argumento da empresa de aplicação da alíquota de 1,65% sobre o estoque inicial; temse que ao migrar para o regime nãocumulativo, as alíquotas que incidem sobre o estoque inicial para fins de créditos presumidos, são aquelas previstas no artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, no caso da Cofins e no artigo 12 da Lei nº 10.833/2003, no caso do PIS, a partir da entrada da pessoa jurídica na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da Cofins, conforme: Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 11. A pessoa jurídica contribuinte do PIS/Pasep, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II desse artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes em 1º de dezembro de 2002. § 1º O montante de crédito presumido será igual ao resultado da aplicação do percentual de 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) sobre o valor do estoque. § 2º O crédito presumido calculado segundo os §§ 1º e 7º será utilizado em 12 (doze) parcelas mensais, iguais e sucessivas, a partir da data a que se refere o caput deste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004). mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” Fl. 237DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10920.004359/200893 Acórdão n.º 320100.818 S3C2T1 Fl. 5 9 § 3º A pessoa jurídica que, tributada com base no lucro presumido, passar a adotar o regime de tributação com base no lucro real, terá, na hipótese de, em decorrência dessa opção, sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens e ao aproveitamento do crédito presumido na forma prevista neste artigo. [...] § 4º O disposto no caput aplicase também aos estoques de produtos acabados e em elaboração. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) [...] Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003: Art. 12. A pessoa jurídica contribuinte da COFINS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência desta contribuição de acordo com esta Lei. § 1º O montante de crédito presumido será igual ao resultado da aplicação do percentual de 3% (três por cento) sobre o valor do estoque. § 2o O crédito presumido calculado segundo os §§ 1o, 9o e 10 deste artigo será utilizado em 12 (doze) parcelas mensais, iguais e sucessivas, a partir da data a que se refere o caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) § 3º O disposto no caput aplicase também aos estoques de produtos acabados e em elaboração. [...] § 5º A pessoa jurídica que, tributada com base no lucro presumido ou optante pelo SIMPLES, passar a ser tributada com base no lucro real, na hipótese de sujeitarse à incidência não cumulativa da COFINS, terá direito ao aproveitamento do crédito presumido na forma prevista neste artigo, calculado sobre o estoque de abertura, devidamente comprovado, na data da mudança do regime de tributação adotado para fins do imposto de renda. (g.n.) [...] Observase que o aproveitamento do crédito presumido relativo ao estoque de abertura sujeitase à alíquota de 0,65% no caso do PIS/Pasep e de 3%, no caso da Cofins, incidentes sobre o valor do estoque de abertura, na data de mudança do regime de tributação. À vista do exposto, voto por negar provimento ao recurso, prejudicados os demais argumentos. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 239DF CARF MF Impresso em 23/01/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 8/01/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 15374.002175/2001-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Sep 16 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NULIDADE — Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente.
OMISSÃO DE RECEITAS — DECLARAÇÃO INEXATA — Ressalvada prova em contrário, caracteriza omissão de receita a diferença apurada entre o montante das receitas constantes na escrituração regular e o valor registrado na declaração de rendimentos.
JUROS DE MORA — TAXA SELIC — Súmula CARF nº 4: A partir de 1° de
abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - Havendo falta ou insuficiência
no recolhimento do tributo, impõe-se a aplicação da multa de lançamento de oficio sobre o valor do imposto ou contribuição devido, nos termos do artigo 44, I, da Lei n° 9.430/96.
Numero da decisão: 1101-000.580
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária do
PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: José Sérgio Gomes
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ementa_s : NULIDADE — Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. OMISSÃO DE RECEITAS — DECLARAÇÃO INEXATA — Ressalvada prova em contrário, caracteriza omissão de receita a diferença apurada entre o montante das receitas constantes na escrituração regular e o valor registrado na declaração de rendimentos. JUROS DE MORA — TAXA SELIC — Súmula CARF nº 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - Havendo falta ou insuficiência no recolhimento do tributo, impõe-se a aplicação da multa de lançamento de oficio sobre o valor do imposto ou contribuição devido, nos termos do artigo 44, I, da Lei n° 9.430/96.
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OMISSÃO DE RECEITAS — DECLARAÇÃO INEXATA — Ressalvada prova em contrário, caracteriza omissão de receita a diferença apurada entre o montante das receitas constantes na escrituração regular e o valor registrado na declaração de rendimentos. JUROS DE MORA — TAXA SELIC — Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, A taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO - Havendo falta ou insuficiência no recolhimento do tributo, impõe-se a aplicação da multa de lançamento de oficio sobre o valor do imposto ou contribuição devido, nos termos do artigo 44, I, da Lei n° 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da la Câmara / la Turma Ordinária do PRIMEIRA SECA() DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. , i Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma), José Ricardo da Silva (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benicio Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro e Diniz Raposo e Silva (suplente convocado). Ausente, justificadamente, a Conselheira Nara Cristina Takeda Taga. Relatório SEAPAR NAVEGAÇÃO MARÍTIMA LTDA, recorre a este Colegiado (fls.186/209), contra decisão proferida pela 6' Turma da DRJ/RJ I (fls. 174/181), que julgou procedente o lançamento tributário. Em procedimento fiscal levado a termo, foram constatadas, no exercício de 1998, ano-calendário de 1997, as seguintes infrações a legislação tributária: a) no terceiro trimestre/97, omissão de receitas caracterizada pelo registro contábil, conta 3.1.11.01.0105 - Receitas de Afretamento, referente a receitas de afretamento do navio Jacuí, correspondente aos meses de Julho, no valor de R$ 156.229,00, agosto, no valor de R$ 162.820,00 e setembro, no valor de R$ 166.172,00, e não tendo estas receitas constado de sua declaração de rendimentos, no valor total de R$ 485.221,00. b) no quarto trimestre/97, omissão de receitas caracterizada pelo registro contábil, conta 3.1.11.01.0105 — Receitas de Afretamento, referente a receitas de afretamento do navio Jacuí, correspondente aos meses de outubro, no valor de R$ 179.666,00, novembro, no valor de R$ 187.801,00, e dezembro, no valor de R$ 193.990,00, e não tendo estas receitas contado de sua declaração de rendimentos, no valor total de R$ 561.457,00. Os prejuízos fiscais declarados pela Recorrente no terceiro e quarto semestres do ano-calendário de 1997, quais sejam: R$ 99.399,11 e R$ 492.742,91, foram transformados, respectivamente, em Lucro Real de R$ 385.821,89 e R$ 68.714,09, tendo a Recorrente sido intimada a proceder aos ajustes nos Livros de Apuração do Lucro Real — Lalur. Diante das infrações acima citados, a Autoridade Fiscal lavrou os Autos de Infração para constituir o crédito tributário referente ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ, Contribuição Social, Programa de Integração Social — PIS, e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social — COFINS. 0 contencioso administrativo foi instaurado tempestivamente pela apresentação de Impugnação ao lançamento de oficio pela Recorrente (fls. 81/93), com os seguintes argumentos: 2 Processo n° 15374.002175/2001-70 Sl-C1T1 Acórd5o n.° 1101-00.580 Fl. 2 c) o auto impugnado é nulo de pleno direito na medida que a descrição do fato autuado não se coaduna com os dispositivos legais em que ele se baseia; d) a errônea capitulação legal dos fatos caracteriza a inércia do auto, na medida em que da narração dos fatos não decorre logicamente a conclusão por ela adotada, caracterizando preterição do direito de defesa, ensejando a anulação do processo e dos lançamentos tributários por ele efetuados, tanto no tocante ao imposto de renda, quanto no tocante à contribuição social, ao Pis, à COFINS e aos juros e a multa; e) ainda que tivesse ocorrida a omissão de receita equivocadamente apontada pela fiscalização, ela não poderia ter sido considerada na sua totalidade como lucro tributável para fins de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro como foi feito; f) a receita jamais pode sofrer tributação do imposto de renda, sem antes ser dela abatidos todos os respectivos custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos; g) lucro tributável é o acréscimo do patrimônio que possa ser consumido sem reduzir ou fazer desaparecer o patrimônio que o produziu, entender o contrário levará a confusão entre lucro com o capital; h) o STJ, no julgamento do REsp 12.442-0-CE, já decidiu que não se confundem os conceitos de receita e renda; i) a Lei 9.249/95 e as legislações a ela correlata estabelecem que no caso de arbitramento, quando conhecida a receita, o lucro deve ser arbitrado, no maxim), a 9,6% da receita; i) assim, caberia a fiscalização refazer as declarações de rendimentos pertinentes, considerando não só as receitas, mas também os custos a ela relativos, seguinte o preceituado na legislação do imposto de renda ou o critério adotado pelo STJ, ou, em última análise, o critério da Lei 9.249/95, prevalecendo o que for mais favorável ao contribuinte; k) levando-se em conta o acúmulo existente de prejuízos, não ha base de cálculo que permita efetuar qualquer lançamento relativo ao IR ou Contribuição Social e respectivos encargos concernentes aos Juros e Multa, por força do art. 59 do Código Civil, segundo o qual o acessório segue o principal; 1) com referência ao PIS e COFINS, a fiscalização não atentou para o fato de que as receitas em questão são relativas a frete decorrente de importação e exportação de mercadorias, realizadas pela embarcação registrada no REB — Registro Especial Brasileiro, pois tais receitas são excluídas da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, conforme preceitua o §3° do art. 11, da Lei 9.432/97, regulamentado pelo Decreto 2.256/97; 3 m) vale ressaltar que para fundamentar os lançamentos do PIS, da COFINS e da CSL, a Autoridade Fiscal se calcou na omissão de receitas que, no entanto, são improcedentes dada a intima relação de causa e efeito que os vincula; n) a correta base da cálculo do PIS e da COFINS é o lucro bruto, ou seja, receita bruta diminuída das despesas operacionais e as parcelas transferidas para terceiros, conforme o §6° do art. 3°, da Lei 9.718/98; o) a Taxa Selic é inconstitucional na medida que ofenda os princípios constitucionais da legalidade, da anterioridade, da segurança jurídica e da indelegabilidade de competência tributária; 13) a multa, por sua vez, não pode prosperar por contrariar o principio da razoabilidade, principalmente dentro de um cenário de infração controlado, como vive o pais, além de se constituir um verdadeiro confisco, vedado pelo inciso IV, do art. 150 da Constituição Federal; q) a fim de se provar tudo quanto aqui alega, a Recorrente protesta pela produção de todo gênero de prova, inclusive a juntada de novos documentos, como pericias e realizações de novas diligências. As fls. 133/34, a Recorrente solicita a juntada de Contrato (fls. 135/162) que comprovaria que as receitas em questão são provenientes de frete internacional realizado por embarcação registrada no REB — Registro Especial Brasileiro, que afastaria a incidência do PIS e da COFINS, nos termos do art. 11, §3° da Lei 9.432/97 e do art. 6° do Decreto 2.256/97. A fim de se justificar o atraso na entrega dos documentos, a Recorrente alega que os mesmos se encontravam no exterior e foi necessária a tradução para o português, o que levou longo tempo para ser realizado, em vista do volume de trabalho. Ao aprecia a Impugnação da Recorrente, a Colenda Turma da DRJ/RJ I, julgou procedente o lançamento, cuja ementa possui o seguinte teor: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano-calendário: 1997 Ementa: NULIDADE lncabivel a arguição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. JUROS. TAXA SELIG. INCONSTITUCIONALIDADE. Tendo a cobrança dos juros de mora com base na taxa SELIG' previsão legal, não compete aos órgãos julgadores administrativos apreciar a arguição de sua aplicabilidade. MULTAS. CONFISCO, INEXISTÊNCIA. 4 Processo n° 15374.002175/2001-70 81-C1T1 AcórdAo n.° 1101-00.580 Fl. 3 A vedação ao confisco, como limitação ao poder de tributar, restringe-se a tributos e não à multa, e se dirige ao legislador. OMISSÃO DE RECEITA. RECLARAÇÃO INEXATA. Ressalvada prova em contrário feita pelo contribuinte, concretiza omissão de receita a diftrença entre o montante das receitas apuradas pela comparação entre os valores constantes do livro Diário e Razão e aqueles lançados na Declaração. PIS E COFINS EXCLUSÃO DAS RECEITAS DECORRENTES DE FRETES DE EXPORTACÃ O. As receitas decorrentes de fretes e afretamentos para importação e exportação de mercadorias compõem a base de cálculo do PIS e da COFINS. Lançamento Procedente Ciente da decisão de primeira instância em 11/04/2005 (fls. 182 anverso), e com ela não se conformando, a Recorrente encaminhou a este Colegiado Recurso Voluntário (fls. 186/209), apresentando, em parte, as mesmas razões de fato e de direito, tendo como novo que: r) toda receita dita como omitida foram devidamente reconhecidas e contabilizadas pela Recorrente no momento próprio, de acordo com a lei e o contrato com base no qual ela foi gerado, tendo, inclusive, sido exibidas para o fisco para os devidos fins de direito, cuja constatação até mesmo a fiscalização relatou no auto de infração; s) a descrição do fato autuado pela fiscalização não se coaduna com os dispositivos legais em que ela se baseia; t) a questão não foi corretamente apreciada e resolvida pela decisão recorrida, pois a argüição de nulidade não se restringe a hipótese de falta de observância por parta da fiscalização das formalidades legais pertinentes ou em razão de eventual incompetência para a prática do ato pelo servidor que lavrou o Auto de Infração, pois são várias as hipóteses de nulidade, tendo o Conselho de Contribuinte exarado vários acórdãos nesse sentido, v.g Ac 203.00450, Relator Rosalvo Vital Gonzaga Ramos, onde decidiram que 6 nulo o enquadramento legal das infrações atribuidas não se coadunam com os fatos apontados; u) atrita com o sistema de uniforme justiça fiscal a pretensão do Fisco de considerar como lucro tributável o total das receitas supostamente omitidas, mesmo quando o contribuinte não tem escrita organizada e, com mais razão, não pode o Fisco utilizar o valor da receita supostamente omitida como base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro liquido quando o contribuinte tem escrita organizada, como constatado pela própria fiscalização no caso presente; 5 v) em casos de omissão de receitas, os valores a pagar a titulo de ER e CSLL, obrigatoriamente teriam de ser apurados mediante o refazimento da declaração de imposto de renda, com inclusão de tal receita e a dedução e o abatimento de todos os custos; w) assim, a base de cálculo precisa limitar-se a um percentual da receita auferida, conforme critério adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, ou, ainda, mediante adoção de outros determinados percentuais, prevalecendo o critério mais favorável para o contribuinte, como defendido e postulado na impugnação em caráter subsidiário, ao qual se reporta e ratifica; x) o art. 225 e seu parágrafo único do RIR/94, obrigam a dedução, tendo a Sétima Camara desse Conselho decidido que "Na tributação com base no lucro real, mesmo em face de omissão de receita, provando o contribuinte a receita omitida, é cabível, na determinação da matéria tributável, a sua dedução — Ac. 107.05941; y) o navio Tancredo Neves era o único navio que a Recorrente dispunha. Além disso, no ano-base de 1997 a única operação realizada foi a operação que proporcionou a receita dita como omitida; z) todos os custos registrados só podem se referir exclusivamente ao referido navio e a operação em tela e tinham que ser considerados; aa) a decisão recorrida, de certa forma, reconhece que uma receita só pode ser tributada após o abatimento dos custos, contudo, alega que a Recorrente não indicou ao Auditor quais seriam os custos que deveriam ser abatidos da receita em questão, o que não se coaduna com a verdade, pois todas as deduções e abatimentos foram identificados na Declaração de Imposto de Renda apresentado pela Recorrente e no diário que por cópia foram anexados aos autos pela própria fiscalização; bb) da simples leitura do Auto, não se pode encontrar passagens que pudessem dar azo a interpretação de que a escrita da Recorrente seria inidõnea, o que nos leva a concluir que todos os registros contábeis e a declaração de imposto de renda na qual ditos registros foram retratados podem e devem ser considerados para todos os fins de direito; cc) os custos podem ser apurados e confirmados através de nova diligência, prova pela qual foi protestado no momento da impugnação e ora se reitera; dd) no ano-base de 1997 a Recorrente apurou prejuízo de R$ 3.740.242,58, maior que a receita dita como omitida, de R$ 1.046.678,00; ee) Uma parte do custo do afretamento do Navio Tancredo Neves atingiu a soma de R$ 989.319,20, conforme fls. 0109 do Diário e foram anexadas as fls. 50 dos autos; ff) A base de cálculo da CSLL foi negativa durante todo o exercício de 1997, cujo valor aproxima-se a R$ 3.000.000,00; gg) Mesmo que se considerassem os valores das receitas supostamente omitidas, não há no caso base de calculo que pudesse sofrer a incidência do IR e da CSLL, bastando, para se comprovar isto, refazer a declaração Processo n° 15374.002175/2001-70 Sl-C1T1 AcOrao n.° 1101-00.580 Fl. 4 de IR relativo ao ano-base de 1997, ou considerar os custos envolvidos para se constatar a inexistência de qualquer parcela tributável; hh) Por se tratar de afretamento de mercadorias transportadas entre o Pais e o exterior por embarcação registrada no Registro Especial Brasileiro — REB, ela é isenta do PIS e da COFINS, por força da Lei 9.432/97, regulamentado pelo Decreto 2.256/97; ii) a fiscalização entendeu que as receitas decorrentes de fretes e afretamento para importação e exportação de mercadorias compõem a base de calculo do PIS e da COFINS, suscitando que o navio Jacui — na verdade Tancredo Neves — só teria conseguido o certificado no Registro Especial Brasileiro em 20 de maio de 1998. jj) o pedido de inscrição no Registro Especial Brasileiro foi solicitado em 07/11/1997, antes do efetivo recebimento da referida receita; klc) o certificado expedido pela REB decorre da verificação de todos os requisitos para tanto necessário e tem efeito declaratório, portanto, seus efeitos alcançam fatos pretéritos, especialmente aqueles ocorridos após o protocolo do pedido de inscrição; 11) suscita a inaplicabilidade da Taxa Selic por ser contrária a princípios constitucionais e da multa de oficio no percentual de 75%, por considera-la confiscatória. Submetido o recurso em comento ao julgamento pela Primeira Câmara do Primeiro Conselho do então Conselho de Contribuintes em 09 de agosto de 2007, decidiram seus membros, por unanimidade de votos, converte-lo em diligencia, para que a fiscalização confirmasse, à vista da escrituração contábil e fiscal da Recorrente, a efetividade dos custos incorridos no ano de 1997, decorrentes de afretamento em questão, os quais, no dizer do contribuinte, não teriam sido incluídos no resultado tributável do ano-calendário fiscalizado, e se as receitas e custos correspondentes foram apropriados em período-base subseqüentes. (fls. 366 e anverso) Ern resposta A. diligência proposta, a Autoridade fi scal, nas fls. 379, informou que procedeu a intimação da Recorrente através do Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de Documentos lavrado em 21/10/2009, tendo a Recorrente tomado ciência em 29/10/2009, e, em vista de não ter sido atendido o Termo, foi a Recorrente intimada através de novo Termo de Diligência Fiscal, lavrado em 26/11/2009, por meio de Aviso de Recebimento em 28/11/2009. No dia 02/12/2009 o contribuinte requereu dilação de prazo de 10 dias para cumprimento da solicitação de informação e documentos dos Termos, os quais, decorrido o prazo concedido, deixou de apresentar a documentação solicitada, sem justificativa. Desta forma, deu-se por concluída a diligência, por não terem sido apresentados fatos novos trazidos aos autos. 7 relatório. Voto Conselheiro José Ricardo da Silva, Relator A recorrente suscita a preliminar de nulidade do auto de infração, na medida em que a descrição dos fatos não se coaduna com os dispositivos legais que fundamentam a exigência. 0 enquadramento legal da infração deu-se com base no artigo 24 da Lei n° 9.249/95, verbis: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão. § .1° No caso de pessoa jurídica corn atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta sera adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. § 2° 0 valor da receita omitida sera considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro liquido, da contribuição para a seguridade social - COFINS e da contribuição para os Programas de integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP. Da simples leitura do texto legal constata-se que o enquadramento legal é pertinente, pois diz respeito exatamente a irregularidade apurada, qual seja, a omissão de receitas, tendo em vista a declaração a menor dos valores auferidos a titulo de receita operacional. Registre-se ainda que foram observados todos procedimentos para o lançamento regulados pelo Decreto n° 70.235/72, além disso, inexiste nos autos qualquer ato restringindo o direito do contribuinte de apresentar sua defesa em qualquer uma das instancias administrativas, bem como carrear aos autos elementos de prova para elidir o feito fiscal. Ademais, ao lavrar o Auto de Infração em referência, a autoridade administrativa competente não se descuidou de descrever de forma clara e precisa os fatos apontados como ilícito tributário, descrevendo cada dispositivo infringido e a penalidade aplicável, compatível, assim, com as disposições do art. 10, inciso III, do Decreto n° 70.235/72. No caso sob análise, não há como prosperar a alegação de nulidade, pois nenhuma das hipóteses ocorreu e o procedimento fiscal não prejudicou a identificação pela 8 Processo n° 15374.002175/2001-70 Si-C1T1 Acórdão n.° 1101-00.580 Fl. 5 interessada das infrações que cometera, da qual tomara ciência no seu próprio curso, não ocorrendo o cerceamento de defesa. MÉRITO Como visto do relatório, trata-se de acusação de omissão de receitas, cujo recurso voluntário, por ocasião do julgamento pela colenda Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, foi convertido em diligência para possibilitar que a contribuinte apresentasse as provas materiais a respeito dos argumentos apresentados em sua defesa. Apesar de intimada em 29/10/2009 (fls. 379) e reintimada em 26/11/2009, limitou-se a solicitar a dilação do prazo para atendimento por mais dez dias, o qual foi concedido pela autoridade diligenciante. Caberia a recorrente comprovar suas alegações, fato esse que não ocorreu, apesar de todas as oportunidades que teve, diante disso, não há como acolher os argumentos de defesa, devendo ser mantida a exigência a titulo de omissão de receitas. Com relação aos juros moratórios calculados com base na taxa SELIC, reproduzo abaixo a Súmula CARF no 04 que trata da matéria: Súmula CARP no 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sabre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, ã taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - S.ELIC para títulos federais. No que respeita a exigência da multa de oficio a que a recorrente considera incabível, encontra-se a mesma prevista e quantificada expressamente em lei, descabendo A autoridade administrativa deixar de aplicá-la quando ocorrida a infração nela tipificada ou atenuar-lhe os efeitos, sem expressa autorização legal nesse sentido E isso porque a atividade administrativa é plenamente vinculada, consoante dispõe o Código Tributário Nacional, em seu parágrafo único do art. 142: "A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional." 0 artigo 44, da Lei n° 9.430/96, determina: 'Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I — de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, 9 sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;" Como visto, todo e qualquer lançamento "ex officio" decorrente da falta ou insuficiência do recolhimento do imposto deve ser acompanhado da exigência da multa. Ante o exposto, tendo a fiscalização apurado insuficiência no pagamento do imposto, caracterizada está a infração, e, sobre o valor do tributo ainda devido, é cabível a multa prevista no art. 44, I, da Lei 9430/96. A multa de lançamento de oficio não tem a natureza de confisco, sendo tão- somente uma sanção por ato ilícito, ou seja, por descumprimento da lei fiscal. 0 confisco, como limitação ao poder de tributar do legislador ordinário, estabelecido na Constituição Federal, art. 150, IV, refere-se a tributo e não As penalidades por infrações que são distintos entre si, por definição legal. Com relação aos autos de infração decorrentes, CSLL, PIS e COFINS, mantenho a exigência, tendo em vista que a recorrente, por ocasião da realização da diligência fiscal, apesar de intimada e reintimada a apresentar as provas materiais das alegações apresentadas, deixou de fazê-lo. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 04 de outubro de 2011 10
score : 1.0
Numero do processo: 10283.006927/2003-39
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1999
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBADA ANTES DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. ADA TEMPESTIVO. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL.
De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção
do ITR relativamente às áreas de reserva legal e/ou preservação permanente até o exercício 2000, inclusive.
In casu, tratando-se de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador, ainda que não apresentado ADA tempestivo, impõe-se
o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.496
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBADA ANTES DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. ADA TEMPESTIVO. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de reserva legal e/ou preservação permanente até o exercício 2000, inclusive. In casu, tratandose de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador, ainda que não apresentado ADA tempestivo, impõese o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire – PresidenteSubstituto Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 26/04/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (PresidenteSubstituto), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório JOSÉ LUIZ GOTTARDI, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 14/01/2004, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 1999, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jandaia”, localizado no município de Boca do Acre/AM, cadastrado na RFB sob o nº 7514387, conforme peça inaugural do feito, às fls. 10/17, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Recife/PE, Acórdão nº 11 17.009/2006, às fls. 66/77, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 1ª Turma Especial, em 21/10/2008, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 39100.029, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR Exercício: 1999 ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. COMPROVAÇÃO. A comprovação da área de utilização limitada, para efeito de sua exclusão na base de cálculo do ITR, não depende, exclusivamente, da apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA), no prazo estabelecido. Com efeito, em apreço ao Princípio da Verdade Material, é se reputar a comprovação da área de utilização limitada em função da juntada de averbação à margem da matrícula do imóvel e de laudo técnico. A área de preservação permanente, por sua vez, tem sua existência igualmente comprovada pelo laudo técnico. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 134/146, com arrimo no artigo 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10283.006927/200339 Acórdão n.º 920201.496 CSRFT2 Fl. 2 3 Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 30236.278, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, porquanto comprovada a divergência argüida. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência da área de reserva legal, para fins de não incidência do ITR, depende de protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Em defesa de sua pretensão, tece comentários a propósito do conceito e finalidade da “Reserva Legal”, traçando histórico da legislação que regulamenta a matéria, defendendo que para comprovação das referidas áreas, não se pode prescindir do Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado junto ao IBAMA, no prazo estipulado na legislação. Infere que a Receita Federal do Brasil já se manifestou por diversas oportunidades a respeito do assunto, firmando o entendimento de que a não incidência de ITR sobre as áreas de reserva legal e/ou de preservação permanente está condicionada ao reconhecimento como tal por parte do Poder Público, por intermédio do ADA, devendo existir em cada imóvel informação específica da parte reservada, como estabelecem as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que o contribuinte procedeu tempestivamente à protocolização do requerimento do ADA, impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Nacional, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, necessidade do requerimento atempado do ADA relativamente à área de reserva legal, para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 2101 0138/2009, às fls. 150. Instado se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou suas contrarrazões, 155/160, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado no Acórdão nº 30236.278, ora adotado como paradigma, impõe que a comprovação da existência da área de reserva legal, para fins de não incidência do ITR, depende de prévio protocolo do requerimento do Ato Declaratório Ambiental – ADA, dentro dos seis meses subseqüentes à entrega da DITR, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência do requerimento tempestivo do ADA para efeito da benesse isentiva a Câmara recorrida contrariou as normas insertas no Código Florestal Nacional (Lei nº 4.771/65 e atualizações), bem como as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a respeito da exigência do requerimento atempado do Ato Declaratório Ambiental – ADA relativamente à área de reserva legal, dentro do prazo legal, para fruição da não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10283.006927/200339 Acórdão n.º 920201.496 CSRFT2 Fl. 3 5 a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas à reserva legal. Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de reserva legal decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa de áreas de reserva legal, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser Fl. 5DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Mais a mais, com arrimo no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Entrementes, afora entendimento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, o que se vislumbra na hipótese dos autos (Exercício 1999). Por outro lado, para os exercícios de 2001 em diante, após o advento da Lei no 10.165, de 28/12/2000, que alterou a Lei no 6.938/1981, entende a jurisprudência dominante que a protocolização atempado do ADA passou a ser exclusiva exigência legal, para fins de fruição da isenção em comento. Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou Enunciado da Súmula, contemplando o tema nos seguintes termos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” In casu, o que torna ainda mais digno de realce, relativamente à área de reserva legal, é que a contribuinte trouxe à colação documentos comprobatórios de sua existência, dando conta inclusive que a averbação fora procedida anteriormente ao fato gerador do tributo, como a própria autoridade lançadora reconheceu no anexo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” do Auto de Infração, às fls. 12. Com efeito, da simples leitura das Certidões da Matrícula do Imóvel, às fls. 97/101, associadas ao Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal – TRARL, às fls. 102/103, concluise pela existência da Área de Reserva Legal informada pelo contribuinte em sua Declaração. E mais, demonstrando que a averbação fora procedida anteriormente ao fato gerador do tributo ora exigido (1999), afastando de uma vez por todas qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento eleito pelo autuado. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica não condiciona a isenção em comento à protocolização tempestiva do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: Fl. 6DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10283.006927/200339 Acórdão n.º 920201.496 CSRFT2 Fl. 4 7 “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 1ª Turma Especial do 3º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 7DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 13971.001653/2002-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Nov 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001
IPI. COMPENSAÇÃO. REALIZAÇÃO. FORMA.
A compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e
contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil somente pode ser
realizada por meio da apresentação de declaração de compensação (forma
especial do ato jurídico), sendo irrelevante para efeito da compensação a
prévia vinculação de débitos em DCTF ou outra declaração informativa.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS.
A apresentação da declaração de compensação representa a extinção
condicional de crédito tributário e não tem influência sobre o vencimento do
débito compensado. Sobre o débito compensado vencido incidem multa e
juros de mora.
DÉBITOS PREVIAMENTE DECLARADOS EM DCTF. DENÚNCIA
ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Não configura denúncia espontânea a compensação de débito em aberto
previamente declarado em DCTF. Precedentes do STJ.
RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC.
Somente é aplicável a atualização monetária de saldos de créditos de IPI na
hipótese de haver oposição ilegal do Fisco ao reconhecimento de crédito.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.343
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral, pela
recorrente, a Dra. Juliana Santos Bittencourt – OAB/SC 30610.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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ementa_s : ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 IPI. COMPENSAÇÃO. REALIZAÇÃO. FORMA. A compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil somente pode ser realizada por meio da apresentação de declaração de compensação (forma especial do ato jurídico), sendo irrelevante para efeito da compensação a prévia vinculação de débitos em DCTF ou outra declaração informativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS. A apresentação da declaração de compensação representa a extinção condicional de crédito tributário e não tem influência sobre o vencimento do débito compensado. Sobre o débito compensado vencido incidem multa e juros de mora. DÉBITOS PREVIAMENTE DECLARADOS EM DCTF. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não configura denúncia espontânea a compensação de débito em aberto previamente declarado em DCTF. Precedentes do STJ. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Somente é aplicável a atualização monetária de saldos de créditos de IPI na hipótese de haver oposição ilegal do Fisco ao reconhecimento de crédito. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 IPI. COMPENSAÇÃO. REALIZAÇÃO. FORMA. A compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil somente pode ser realizada por meio da apresentação de declaração de compensação (forma especial do ato jurídico), sendo irrelevante para efeito da compensação a prévia vinculação de débitos em DCTF ou outra declaração informativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS. A apresentação da declaração de compensação representa a extinção condicional de crédito tributário e não tem influência sobre o vencimento do débito compensado. Sobre o débito compensado vencido incidem multa e juros de mora. DÉBITOS PREVIAMENTE DECLARADOS EM DCTF. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não configura denúncia espontânea a compensação de débito em aberto previamente declarado em DCTF. Precedentes do STJ. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Somente é aplicável a atualização monetária de saldos de créditos de IPI na hipótese de haver oposição ilegal do Fisco ao reconhecimento de crédito. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Fl. 235DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13971.001653/200241 Acórdão n.º 330201.343 S3C3T2 Fl. 220 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Juliana Santos Bittencourt – OAB/SC 30610. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 212 a 217) apresentado em 16 de junho de 2011 contra o Acórdão no 1433.546, de 03 de maio de 2011, da 8ª Turma da DRJ/RPO (fls. 204 a 209), cientificado em 17 de maio de 2011, que, relativamente a pedido de ressarcimento de IPI do 3º trimestre de 2001, considerou improcedente a manifestação de inconformidade da Interessada, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO. A compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. DCOMP. VALORAÇÃO. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos vencidos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXIGÊNCIA DA MULTA DE MORA. Fl. 236DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13971.001653/200241 Acórdão n.º 330201.343 S3C3T2 Fl. 221 3 A multa de mora é aplicável nos casos em que, embora espontaneamente, o recolhimento do crédito tributário pelo contribuinte se dê após a data de vencimento. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Não incide atualização monetária, calculada pela variação da taxa Selic, sobre ressarcimento de créditos de IPI, por ser hipótese distinta de restituição de imposto pago indevidamente ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente O pedido de ressarcimento foi apresentado em 04 de julho de 2002 (fl. 1) e a declaração de compensação transmitida em 19 de novembro de 2004 (fl. 140). A declaração foi não homologada parcialmente pelo parecer de fls. 144 a 146, de 03 de novembro de 2009, com ciência da Interessada em 06 de novembro de 2009. A Primeira Instância assim resumiu o litígio: Trata o presente de declaração de compensação cujo direito creditório, advindo de pedido de ressarcimento totalmente reconhecido, no montante de R$52.793,58, foi insuficiente para a total exclusão dos débitos, em razão de estarem vencidos, o que acarretou a incidência dos encargos moratórios (multa e juros). Regularmente cientificada da homologação parcial de sua compensação, a empresa manifestou sua inconformidade alegando, em síntese, que os valor do ressarcimento pleiteados foram devidamente informados em DCTF, na qual também foram realizadas as compensações de débitos, porém, à época não foi apresentada o devido pedido de compensação e que, constatada tal falha, a empresa, em 19/11/2004, encaminhou espontaneamente, as declarações de compensação pertinentes a cada débito e crédito. Acrescentou que, de acordo com o artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN, a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada do pagamento do tributo devido e do juros de mora e, no caso em concreto, as compensações realizadas são legalmente admissíveis e foram tempestivamente informadas nas DCTF referentes ao período de apuração, sendo a falta da entrega dos pedidos de compensação suprida de forma espontânea e regular em 19/11/2004. Protestou pela atualização do crédito solicitado pela taxa Selic desde o protocolo do pedido de ressarcimento até seu efetivo aproveitamento, alegando que a partir do pedido o crédito deixa de ser simples crédito escritural de IPI, passando a constituir crédito oponível ao fisco para recebimento em moeda ou para compensação. Por fim, solicitou que sejam homologadas as compensações, como tais descritas nos PER/Dcomp, sem qualquer lançamento à Fl. 237DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13971.001653/200241 Acórdão n.º 330201.343 S3C3T2 Fl. 222 4 título de multa de mora ou de ofício, tendo em vista se tratarem de compensação legalmente efetuadas ao abrigo do artigo 138 do CTN. Segundo a DRJ, a compensação somente poderia ser efetuada por meio da declaração de compensação e teria efeitos apenas a partir do momento de sua apresentação. Como a Interessada apresentou a declaração de compensação após a apresentação da DCTF, ainda que com vinculações, e do pedido de ressarcimento, somente ocorreu a compensação em data posterior à do vencimento dos débitos compensados, incidindo mula e juros de mora. Além disso, inexistiria previsão legal para incidência de juros sobre o saldo credor objeto do ressarcimento. No recurso, a Interessada defendeu o direito à compensação com base nas Instruções Normativas SRF nos 21, de 1997, e 33, de 1999. Segundo a Interessada, as compensações foram efetuadas na DCTF e informadas nos formulários de “Pedido de Ressarcimento”, mas, “logo que percebeu tal deslize, encaminhou imediatamente a PER/DCOMP consignando novamente a mesma compensação informada anteriormente, segundo instruções recebidas da própria SRF”, sem incidência de máfé. A seguir, tratou da denúncia espontânea e da correção dos créditos pela taxa Selic. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. O presente recurso versa sobre a incidência de juros Selic sobre o ressarcimento de IPI, sobre as consequências da apresentação da declaração de compensação posteriormente ao vencimento dos débitos e a configuração de denúncia espontânea. Como relatado, a Interessada, originalmente, não apresentou pedidos ou declarações de compensação, que foram apresentadas depois da vigência da Lei no 10.637, de 2002. Nesse aspecto, o recurso da Interessada não traz fato novo algum aos autos, cabendo total razão ao acórdão de primeira instância, uma vez que, como entendimento reiterado deste Conselho, após a vigência da Medida Provisória no 66, de 2002, que deu origem à lei anteriormente citada, o único modo de o sujeito passivo detentor de crédito contra o Fisco Federal realizar compensação é por meio da apresentação de declaração de compensação. A Interessada requer o reconhecimento de que sua vontade de efetuar a compensação foi efetuada anteriormente. Entretanto, tratase de situação semelhante à prevista no art. 212 do Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002): Fl. 238DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13971.001653/200241 Acórdão n.º 330201.343 S3C3T2 Fl. 223 5 Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: [...] Assim, embora esteja demonstrada nos autos a intenção de compensação anterior, como a compensação, após a vigência da lei citada, exigia forma especial (apresentação de declaração de compensação), não há que se falar sequer em prova do fato, pois o fato jurídico em questão (compensação) somente restou configurado com a apresentação da declaração de compensação. Em relação à denúncia espontânea, aplicase ao caso o entendimento do STJ, proferido no regime do art. 543C do CPC no REsp no 1.149.022, segundo o qual somente o pagamento de diferença de tributo devida anterior ou concomitantemente à retificação de DCTF representa denúncia espontânea. No caso dos autos, houve declaração em DCTF, sem extinção do crédito tributário (compensação), que somente ocorreu posteriormente com a apresentação da declaração de compensação. Decorre diretamente desse fato e do entendimento anteriormente exposto, de aplicação obrigatória no âmbito do Carf à vista do art. 62A do Regimento Interno (Portarias MF nos 256, de 2009, e 586, de 2010), a aplicação da Súmula STJ no 360 ao caso dos autos: SÚMULA Nº 360 O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Portanto, não houve denúncia espontânea e incidiam multa e juros de mora à época da extinção do crédito tributário. Finalmente, resta a questão da incidência da Selic aos créditos. Aplicase ao caso também o entendimento do STJ proferido no REsp no 993.164, de relatoria do Ministro Luiz Fux, julgado no regime do já citado art. 543C do CPC e consolidado na Súmula STJ no 411: SÚMULA N. 411STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. No caso dos autos, não houve oposição ilegítima do Fisco, decorrendo o maior prejuízo ao sujeito passivo a sua própria demora em transmitir a declaração de compensação. Vejase que, no caso, o prazo levado pela autoridade fiscal para proferir a decisão não tem efeito sobre os valores, uma vez que, conforme disposto no art. 36 da IN RFB no 900, de 2008, a compensação é efetuada na data da apresentação da DCOMP. Fl. 239DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 13971.001653/200241 Acórdão n.º 330201.343 S3C3T2 Fl. 224 6 À vista do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 240DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/12/20 11 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO
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Numero do processo: 14120.000085/2010-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO.
RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS.
O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo.
MULTA
Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem
que arcar com o ônus de seu inadimplemento.
JUROS/SELIC
As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91.
Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-001.531
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Liege Lacroix Thomasi
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. MULTA Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. MULTA Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente à época do lançamento, válido para as competências até 11/12008. a partir da competência 12/2008, há que ser aplicado o artigo 35A, da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941, multa de ofício.Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado Fl. 171DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Marco Andre Ramos Vieira Presidente. Liege Lacroix Thomasi Relatora. EDITADO EM: 20/12/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas, Manoel Coelho Arruda Junior e Adriana Sato. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 14120.000085/201054 Acórdão n.º 230201.531 S2C3T2 Fl. 2 3 Relatório Trata o presente auto de infração de obrigações principais, lavrado e cientificado ao sujeito passivo em 12/04/2010, de lançamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração de segurados filiados ao Regime Geral de Previdência Social pagas nas competências de 01/2007 a 12/2008, conforme detalhado no relatório fiscal de fls. 23/25. A recorrente, através de suas folhas de pagamento e outros documentos por ela preparados, incluiu as parcelas salariais levantadas pela fiscalização na base de cálculo para incidência da contribuição. Todavia, as GFIP’s apresentadas não contém o total dos valores apresentados nas folhas de pagamento, conforme cópias juntadas pela fiscalização e discriminativo dos valores declarados em GFIP, fls.37 a 96, sendo que na folha 97, cuidou a fiscalização de elaborar quadro demonstrativo das diferenças apuradas. Após impugnação, Acórdão de fls. 138/144, julgou procedente o lançamento. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso, onde argúi em síntese: a) que não há razão para a cobrança do tributo, pois está com parte de suas obrigações em dia; b) que o acórdão foi omisso ao não apreciar todas as impugnações, pois não houve crime de fraude, não foi provada a fraude; c) que não houve crime de sonegação previdenciária; d) que a multa é insubsistente porque a presunção de fraude não pode agravar a multa; e) que os valores de juros e multa são confiscatórios, exorbitantes e o confisco é ilegal. Requer que seja declarada a nulidade do acórdão por omissão, a reforma da decisão para declarar nulo o auto de infração e a reforma da decisão no tocante a juros e multa para reduzilos ao mínimo legal. É o relatório. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade frente à tempestividade, conforme documento de fl.157, conheço do recurso e passo ao seu exame. Da Preliminar A recorrente argúi a nulidade do Acórdão recorrido por omissão. Entretanto, do exame do mesmo, tal tese não se confirma, posto que a decisão recorrida atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo o ato praticado: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Superadas as questões preliminares para exame do cumprimento das exigências formais, passo à apreciação do mérito. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 14120.000085/201054 Acórdão n.º 230201.531 S2C3T2 Fl. 3 5 Do Mérito O lançamento teve por base as informações prestadas pela recorrente em GFIP e o confronto das mesmas com os valores constantes das folhas de pagamento e recolhidos em GPS, de forma que se tornam inócuas as alegações de que não há razão para a cobrança do tributo As folhas de pagamentos foram preparadas pelo próprio recorrente que reconheceu, através da inclusão das rubricas salariais no campo destinado à remuneração dos segurados, a incidência sobre as mesmas das contribuições sociais lançadas pela fiscalização. Não pertencem ao lançamento impugnado parcelas contestadas pelo recorrente quanto à sua natureza salarial ou não. A base de cálculo considerada pela fiscalização coincide com o montante de salários informado pelo recorrente. Ademais, a fiscalização juntou cópia das folhas apresentadas e elaborou discriminativo das diferenças apuradas, fls. 37/97, sendo que o recorrente não contrapôs qualquer argumento fático ao levantamento apresentado, limitandose a argüir a falta de motivação para a cobrança das contribuições e de que não ocorreu fraude ou sonegação. Quanto a este argumento, já foi sobejamente informado ao recorrente no Acórdão recorrido, que o Auto de Infração não tratou de fraude ou sonegação, que não houve agravamento da penalidade aplicada por conta da existência de qualquer ilícito. O relatório fiscal de fls. 23 a 25, em nenhum momento menciona fraude ou sonegação, não havendo que se tratar deste assunto neste processo. Acrescentase, ainda, que a partir de 01/01/99, com a implantação da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social – GFIP, os valores nela declarados são tratados como confissão de dívida fiscal, nos termos do artigo 225, §1° do Decreto n° 3.048, de 06/05/99: Art.225. (...) § 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituirseão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento. Assim sendo, caso houvesse algum erro cometido pela recorrente na elaboração, tanto das folhas de pagamento como da GFIP, caberlheia demonstrálo e providenciar sua retificação; no entanto, embora oferecida essa oportunidade durante todo o processo, não o fez. Apreciada a regularidade das bases de cálculo consideradas pela fiscalização, passase ao exame das exações exibidas no relatório discriminativo analítico do débito. Todos os recolhimentos e créditos do recorrente foram devidamente considerados para o cálculo das contribuições e todas as rubricas levantadas decorrem de regrasmatrizes legalmente criadas e que, portanto, não podem ser afastadas do lançamento sob pena de se negar aplicação aos diplomas legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico. Cuidou a autoridade fiscal Fl. 175DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 de demonstrar ao recorrente em seu relatório de fundamentos legais do débito todos os dispositivos legais e regulamentares que impõem a obrigação tributária de recolhimento Quanto à multa, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme previa o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, com a redação vigente para as competências até 11/12008. Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência haveria violação ao principio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com suas obrigações fiscais. No caso em tela, à época do fatos geradores, até a competência 11/2008, pelo não recolhimento em época própria do tributo devido, a legislação previdenciária previa a aplicação de multa moratória,conforme disposto pelo 35 da Lei n° 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99. A MP n° 449/08, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2008, excluiu do ordenamento jurídico a gradação da multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, conferindolhe outras condições, eis que se tratando de recolhimento espontâneo pelo contribuinte de contribuições previdenciárias pagas em atraso, a multa de mora a ser aplicada será de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso, contados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento, limitado a vinte por cento: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2 O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 176DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 14120.000085/201054 Acórdão n.º 230201.531 S2C3T2 Fl. 4 7 Quando se tratar de lançamento de ofício, como no caso da presente notificação fiscal de lançamento de débito –NFLD, a legislação superveniente determinou a incidência de multa de ofício, correspondente a 75% da totalidade ou diferença de imposto ou contribuição devidos e não recolhidos, podendo, inclusive ser duplicado o valor em caso de fraude, simulação ou conluio, o que, repito, não ocorreu no presente lançamento: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) §1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) §2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 177DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Portanto, no exame do caso em questão é de se ver que foi seguida rigorosamente a aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores até a competência 11/2008 e o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, com a redação dada pela Medida Provisória n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941/2008, para a competência 12/2008. No tocante à taxa SELIC, cumpre asseverar que sobre o principal apurado e não recolhido, incidem os juros moratórios, aplicados conforme determina o artigo 34 da Lei 8.212/91: “... As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, a que se refere o artigo 13, da Lei n.º 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.” O art. 161 do CTN prescreve que os juros de mora serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No caso das contribuições em tela, há lei dispondo de modo diverso, ou seja, o aludido art. 34 da Lei 8.212/91 dispõe que sobre as contribuições em questão incide a Taxa SELIC. Portanto, está correta a aplicação da referida taxa a título de juros, perfeitamente utilizável como índice a ser aplicado às contribuições em questão, recolhidas com atraso, objetivando recompor os valores devidos. Ainda, quanto à admissibilidade da utilização da taxa SELIC, ressaltamos que o Segundo Conselho, do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, aprovou na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicada no D.O.U. de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28 a Súmula 3, que dita: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 14120.000085/201054 Acórdão n.º 230201.531 S2C3T2 Fl. 5 9 E, com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, tal súmula foi consolidada na Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 179DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2011 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/12/201 1 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 26/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10240.000041/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/06/1993 a 31/08/1993
PASEP. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PARA REQUERER O DIREITO.
SÚMULA STF No 8. LC No 118/2005.
A solicitação de restituição de contribuições alegadamente pagas a maior deve ser feita no prazo de cinco anos previsto no art. 168 do CTN, sendo que, para esses efeitos, a extinção do crédito tributário no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1o do CTN (art. 3o da Lei Complementar no 118/2005). Considera-se decaído o pedido de restituição referente a contribuições recolhidas entre junho e agosto de 1993, por ter sido efetuado apenas em 11/1/2007.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3202-000.355
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Matéria: Pasep- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: JOSE LUIZ NOVO ROSSARI
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REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PARA REQUERER O DIREITO. SÚMULA STF No 8. LC No 118/2005. A solicitação de restituição de contribuições alegadamente pagas a maior deve ser feita no prazo de cinco anos previsto no art. 168 do CTN, sendo que, para esses efeitos, a extinção do crédito tributário no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1o do CTN (art. 3o da Lei Complementar no 118/2005). Considerase decaído o pedido de restituição referente a contribuições recolhidas entre junho e agosto de 1993, por ter sido efetuado apenas em 11/1/2007. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. José Luiz Novo Rossari – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Luiz Novo Rossari, Rodrigo Cardozo Miranda, Irene Souza da Trindade Torres, Gilberto de Castro Moreira Junior, Antonio Spolador Junior e Paulo Sérgio Celani. Relatório Fl. 88DF CARF MF Emitido em 13/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 09/09/20 11 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI 2 Tratase de recurso voluntário contra a decisão exarada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA, que indeferiu o pedido de restituição de valores que a recorrente, pessoa jurídica de direito público, alegou ter pago a maior a título de Pasep no período de junho a agosto de 1993. Como histórico inicial dos fatos, transcrevo e adoto o relatório constante do Acórdão proferido pelo órgão julgador de primeira instância administrativa, verbis: “O interessado acima qualificado apresentou, em 11/01/2007, o Pedido de Restituição de fls. 01/14, por intermédio do qual pretende a repetição de créditos relativos a supostos recolhimentos indevidos de Pasep no total de R$ 1.133.818,11, com fulcro nos Decretosleis nºs 2.445 e 2.449, ambos de 1988, no período de junho a agosto de 1993. 2. Em 05/03/2007, por intermédio do Despacho Decisório de fl. 20, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Porto Velho indeferiu o Pedido de Restituição e não reconheceu o direito creditório pleiteado. Em 03/05/2007, a contribuinte tomou ciência (fl. 23) do referido Despacho Decisório e, em 04/06/2007 (fl. 24), apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 25/38, na qual alega, em síntese, que: a) Os DecretosLeis nos 2.445 e 2.449, ambos de 1988, foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e retirados do ordenamento jurídico pela Resolução no 49, de 09/10/1995, do Senado Federal. Assim, voltou a ser aplicado o art. 2o, II, da Lei Complementar no 8, de 1970, que previa o recolhimento do Pasep com base nas receitas correntes mais as transferências da União. Desta feita, todos os valores devidos no período compreendido entre junho a agosto de 1993 devem ser recompostos ao seu patrimônio. b) A Lei no 8.212, de 1991, estabelece, em seu art. 45, prazo decenal para a formalização do crédito relativo a Contribuições Sociais, sendo que outros textos normativos da legislação tributária abrigam previsão semelhante. Ainda, a contribuição ao Pasep sujeitase ao lançamento por homologação, razão pela qual o prazo de prescrição para repetição de eventual indébito começa a fluir a partir da respectiva homologação tácita. Assim, o prazo para recuperar valores pagos indevidamente é de quinze anos, da seguinte forma: dez anos para que ocorra a homologação do lançamento e o crédito esteja definitivamente extinto, acrescidos de mais cinco anos correspondentes ao período que a recorrente possui para pleitear restituição. Refere julgados administrativos. c) Os valores a serem restituídos devem ser atualizados monetariamente, pelos mesmos critérios utilizados na cobrança de créditos tributários, sob pena de enriquecimento ilícito da Fazenda Pública. 4. Em face de tais alegações, requer que seja julgado procedente seu Pedido de Restituição, devolvendose os valores pagos a maior a título de Pasep, devidamente corrigidos. É o relatório.” O julgamento de primeira instância foi realizado com decisão unânime da 3ª Turma da DRJ em Belém/PA, que indeferiu a solicitação de restituição objeto da manifestação de inconformidade interposta pelo contribuinte, nos termos do Acórdão DRJ/BEL no 019.648, de 30/10/2007 (fls. 44/48), cuja ementa dispôs, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/1993 a 31/08/1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. Fl. 89DF CARF MF Emitido em 13/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 09/09/20 11 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI Processo nº 10240.000041/200710 Acórdão n.º 320200.355 S3C2T2 Fl. 86 3 O direito de pleitear restituição/compensação de valores pagos indevidamente, inclusive em razão da inconstitucionalidade de texto normativo, prescreve em cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Solicitação Indeferida” A decisão da DRJ teve como fundamento o fato de o contribuinte ter apresentado seu pedido de restituição em 11/01/2007, relativo a recolhimentos efetuados de junho a agosto de 1993, concluindo, em face do que dispõem os arts. 150, § 1o, 156, VII e 168, I, do CTN, Ato Declaratório SRF no 96/1999 e art. 3o da Lei Complementar no 118/2005, que por ocasião do pedido já se encontrava prescrito o prazo para a habilitação ao direito pretendido. O contribuinte apresentou recurso às fls. 51/78, ratificando as alegações já antes trazidas em sua manifestação de inconformidade e aduzindo, em acréscimo, causar estranheza a tentativa da autoridade administrativa de incluir na fundamentação da decisão recorrida o disposto no art. 3o da Lei Complementar no 118/2005. Alega que é certo que o prazo decadencial referido neste artigo não se aplica ao processo em questão, visto que, mesmo sendo o pedido de restituição protocolizado após a efetiva vacância dessa Lei, os recolhimentos se deram antes de sua vigência. É o relatório. Voto Conselheiro José Luiz Novo Rossari, Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razões por que dele tomo conhecimento. Em vista da decisão recorrida, a lide versa sobre a definição do prazo para a solicitação à Secretaria da Receita Federal do Brasil da restituição de valores alegadamente pagos a maior a título de Pasep no período de junho a agosto de 1993. A respeito, a recorrente alega que o art. 45 da Lei no 8.212/1991 estabelecia o prazo de dez anos para a formalização dos créditos de contribuição social, devendo a esse prazo ser acrescido o de cinco anos para o pedido de restituição. Cumpre ressaltar, de início, que não mais se encontram em vigor os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991, que estabeleciam o prazo de 10 (dez) anos para a constituição e cobrança dos créditos tributários da Seguridade Social. A questão foi resolvida em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas sessões plenárias ocorridas em 11 e 12/6/2008, tendo sido negado provimento aos Recursos Extraordinários nos 560626, 556664, 559882 e 559943 interpostos pela Fazenda Nacional e declarada, em votação unânime, a inconstitucionalidade dos dispositivos acima indicados. Na esteira dessa decisão, os Ministros do STF sumularam em 12/6/2008 o entendimento de que os dispositivos que tratam dos prazos de prescrição e decadência em matéria tributária são inconstitucionais, aprovando a Súmula Vinculante no 8, que assim dispôs, verbis: Fl. 90DF CARF MF Emitido em 13/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 09/09/20 11 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI 4 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5o do DecretoLei no 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei no 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” A aprovação dessa Súmula implica a vinculação e aplicação do seu entendimento por parte dos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. Destarte, em decorrência do que foi decidido pela elevada competência da Excelsa Corte, as contribuições de Seguridade Social também restaram sujeitas ao disposto nos arts. 150, § 4o e 173 do CTN, resultando, daí, que os prazos de decadência para efetuar lançamentos, inclusive os referentes às contribuições sociais, serão sempre os de 5 (cinco) anos estabelecidos nesses artigos. Já o prazo para solicitar o indébito tributário está previsto no art. 168 do CTN, verbis: “Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;(...)” Para esclarecer definitivamente as dúvidas existentes sobre o que se deve entender como extinção do crédito tributário, de forma a aclarar a questão da decadência para efeitos de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação de que trata o art. 150 do CTN1, a Lei Complementar no 118, de 9/2/2005, assim dispôs em seu art. 3o, verbis: “Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.” De conformidade com reiteradas decisões do Superior Tribunal de Justiça, a norma acima transcrita só pode ter eficácia prospectiva, devendo incidir apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir de 9/6/2005, data de sua vigência. Desse entendimento resulta que no caso de recolhimentos efetuados anteriormente a essa data restaria, no máximo, a aplicação da tese dos “cinco + cinco” anos, vale dizer, o prazo de 5 anos para a homologação (tácita) acrescido do prazo de 5 anos para o pedido, resultando, daí, o prazo de 10 anos da data do pagamento do tributo. No caso em exame, o recolhimento das contribuições ao Pasep deuse entre junho e agosto de 1993, significando que, mesmo que venha a ser considerado o prazo máximo de 10 (dez) anos para que fosse feito o pedido de restituição, os prazos teriam seus finais entre junho e agosto de 2003. Como o pedido de restituição foi efetuado em 11/1/2007, há que se concluir que o pedido da recorrente foi efetuado a destempo, em virtude de terse operado a decadência. 1 “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.” Fl. 91DF CARF MF Emitido em 13/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 09/09/20 11 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI Processo nº 10240.000041/200710 Acórdão n.º 320200.355 S3C2T2 Fl. 87 5 Diante do exposto, voto por que seja negado provimento ao recurso. José Luiz Novo Rossari Fl. 92DF CARF MF Emitido em 13/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 09/09/20 11 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI
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Numero do processo: 10830.004021/2002-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1999
DEPÓSITO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA COTITULAR.
Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento (Súmula CARF nº 29).
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2102-001.502
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso, em decorrência da ausência de intimação de co-titular de conta bancária na qual transitaram os depósitos presumidos como rendimentos omitidos.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: Francisco Marconi de Oliveira
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AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA CO TITULAR. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento (Súmula CARF nº 29). Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, em decorrência da ausência de intimação de cotitular de conta bancária na qual transitaram os depósitos presumidos como rendimentos omitidos. Giovanni Christian Nunes Campos – Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira – Relator (ASSINADO DIGITALMENTE) Participaram ainda do presente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Atílio Pitarelli e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Fl. 419DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO 2 Relatório Contra a contribuinte Maria do Carmo da Silva Bortolo, CPF/MF nº 167.588.08831, foi lavrado, em 7 de maio de 2002, auto de infração de imposto de renda pessoa física, exercício 1999 (fls. 119 a 123), por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Conforme descrito na consulta do sistema CPF folha 348, a contribuinte alterou o nome, em 26 de janeiro de 2010, para Maria do Carmo Marques da Silva. Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento: IMPOSTO R$ 945.968,78 MULTA DE OFÍCIO R$ 479.426,10 Cientificada e inconformada com a autuação, a contribuinte impugnou o lançamento (fl. 133 a 159), alegando, em sede de preliminar, que foi concedida segurança, nos autos Mandato de Segurança nº 2001.61.05.0036342, para determinar: (i) a necessidade de autorização judicial para a quebra de sigilo bancário; e (ii) que o procedimento administrativo somente produza efeitos após a data de publicação da Lei nº 10.174/2001, que modificou a redação original do art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/1996. No mérito, que possuía aproximadamente R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e com esse recurso passou a promover desconto de cheques de terceiros, mediante pagamentos de juros préacordados, não existindo outro recurso ou fonte de renda, e que esse valor foi movimentado várias vezes na mesma conta. E, questiona a multa de ofício e os juros de mora com a taxa de juros Selic. Anexou, em 29 de setembro de 2002, cópia da petição e liminar deferida no Mandato de Segurança nº 002.61.05.0068440, cujo objeto é a “anulação do auto de infração”, com a suspensão do processo administrativo até o trânsito da sentença proferida na 2º Vara Federal de Campinas, nos autos do MS n°. 2001.61.05.0036342. A 5ª Turma de julgamento da DRJ/SPO II não conheceu da impugnação ante a identidade de objeto entre os processos judicial e administrativo (fl. 188 e 189). A contribuinte recorreu ao Primeiro Conselho de Contribuinte, alegando: (i) independência das instâncias administrativa e judicial, (ii) o descumprimento de decisão judicial pela autoridade julgadora de primeira instância, e (iii) reforçou os argumentos apresentados na impugnação. Os membros da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 10249.320, de 8 de outubro de 2008 (fls. 243 a 252), decidiram anular a decisão da 5ª Turma da DRJ São Paulo I, que restou assim ementado: Fl. 420DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO Processo nº 10830.004021/200255 Acórdão n.º 210201.502 S2C1T2 Fl. 412 3 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 1999. NORMAS PROCESSUAIS – CONCOMITÂNCIA DE PROCESSOS NA VIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL – INEXISTÊNCIA DE RENÚNCIA A ESFERA ADMINISTRATIVA. A concomitância de processos na via administrativa e judicial não decorre da simples propositura e coexistência de processos em ambas as esferas, pois somente exsurge quando houver a perfeita identidade no conteúdo material do objeto da ação em discussão e do auto de infração. Necessidade, ademais, no caso concreto, de verificar o devido cumprimento de decisão judicial que determinou a suspensão do processo administrativo até ulterior trânsito em julgado de decisão prolatada pelo Poder Judiciário acerca da legalidade/constitucionalidade da quebra de sigilo bancário e do julgamento afastar sua aplicação. O Mandato de Segurança n° 2001.61.05.0036342, por meio do qual a contribuinte pediu a concessão de medida liminar e, ao final, a segurança definitiva para que a quebra do sigilo bancário fosse colocada sob reserva de jurisdição, teve seguimento negado, pelo STJ, ao agravo de instrumento de despacho denegatório em recursos especial e extraordinário. Assim, o acórdão transitou em julgado em 20 de abril de 2009 (fls. 333 a 346). O Mandado de Segurança nº 2002.61.05.0068440, pelo qual a autora pede a anulação do auto de infração, teve a medida liminar deferida, determinandose a suspensão do processo administrativo fiscal até o transito em julgado do Mandado de Segurança n° 2001.61.05.0036342. Entretanto, foi denegada a segurança, extinguindose o feito com exame de mérito nos termos do artigo 269, inciso I, do CPC, e cassados os efeitos da liminar anteriormente concedida (fl. 357). A parte autora interpôs recurso de apelação, o qual foi recebido apenas no efeito devolutivo. E, não havendo nenhum impedimento, a Delegacia da Receita Federal em Limeira retornou os autos a Delegacia de Julgamento, para reapreciar a impugnação. A 5ª Turma de Julgamento da DRJ São Paulo II, proferiu decisão por meio do Acórdão 1740.908, assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 1998 SIGILO BANCÁRIO. É licito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. Fl. 421DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO 4 A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de oficio. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. DA VEDAÇÃO AO CONFISCO COMO NORMA DIRIGIDA AO LEGISLADOR E NÃO APLICÁVEL AO CASO DE PENALIDADE PECUNIÁRIA. O principio da vedação ao confisco está previsto no art. 150, IV, da C.F. e é dirigido ao legislador de forma a orientar a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Portanto, uma vez positivada a norma, é dever de a autoridade fiscal aplicá la. A multa de oficio é devida em face da infração tributária e por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária estabelecida em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. TAXA SELIC – A apuração do crédito tributário, incluindo a exigência de juros de mora com base na Taxa Selic, decorre de disposições expressas em lei, não podendo as autoridades administrativas de lançamento e de julgamento afastar sua aplicação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte foi cientificada da decisão acima em 28 de junho de 2009 (fl. 379) e interpôs recurso voluntário no dia 8 do mês seguinte (fls. 380 a 408), representada em procuração por terceiros. Alega, em sede preliminar, que o auto de infração não teria condições de prosperar em face da segurança concedida “para afastar a possibilidade de a autoridade administrativa quebrar o sigilo fiscal” da contribuinte, “a fim de cobrar tributos via lançamento tributário.” E acrescenta ter restado claro na sentença que “a autoridade administrativa, somente com base na LC n° 105/01 (leiase, sem autorização judicial) pode tomar os dados bancários da contribuinte para proceder ao lançamento de tributos e contribuições, pelo menos, com relação aos fatos geradores ocorridos até o advento da lei no 10.174/2001”. E, ainda, que o segundo parágrafo da parte dispositiva seria “incisivo a afirmar que o procedimento administrativo só produzirá efeitos a partir da data de edição da Lei n° 10.174/2001”. No mérito, alega: a) omissão de receitas – obtenção de prova ilícita por ofensa aos princípios constitucionais da proteção do sigilo: que a fiscalização, ao se utilizar de dados constantes dos extratos bancários da contribuinte, para a concretização do lançamento, sem ordem judicial, violou o inciso XII do art. 5° da CF de 1988, protegido pela sentença. Portanto, sendo ilícitas, Fl. 422DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO Processo nº 10830.004021/200255 Acórdão n.º 210201.502 S2C1T2 Fl. 413 5 por princípios constitucionais, a obtenção das provas utilizadas para constituir o auto de infração. Cita ainda o art. 5º, inciso X, e o art. 60, § 4º, ambos da CF, e a Declaração dos Direitos Humanos, assinada pelo Brasil em 12 de dezembro de 1948; b) presunção de omissão de receitas – Impossibilidade: que o auto de infração se encontra fundamentado em mera presunção. Que a fiscalização não teria apresentado elementos comprobatórios seguros da suposta omissão de receitas, e que, para a apuração da renda, pesam o confronto entre entradas e despesas, ambas devidamente identificadas. E que o Conselho de Contribuintes, assim como o STJ, já teriam pacificado o entendimento no sentido de não admitir os depósitos bancários como suposto indicativo de omissão de receita; c) nulidade o lançamento: que não há possibilidade de se tributar as movimentações financeiras dos sócios como se fossem pessoas jurídicas e que não houve fundamentação jurídica para tanto; d) juros Selic aplicados: que a incidência da taxa Selic sobre o suposto débito apontado nos autos não teria respaldo jurídico, tendo em vista seu caráter remuneratório e por ser esses juros superiores a 1% ao mês, contrariando o art. 161, § 1º do CTN; e e) multas aplicadas: que seria inaplicável a multa de 150%. Pede a redução para o patamar de 75%, uma vez que não agiu com dolo, que a simples omissão de receitas e a tributação por força de extratos bancários não justificam o agravamento da multa. Por fim, requer que seja reformada a decisão, julgando improcedente o lançamento tributário. Na sessão de julgamento de 29 de julho de 2011, em defesa oral, o advogado representante da contribuinte, apresentou as alegações abaixo, não destacadas no recurso voluntário, pedindo a nulidade do lançamento tributário: a) ausência, nos autos, de intimação ao cotitular, nos termos do art. 42, § 6º da Lei nº 9.430, de 1996, já que a conta “onde se encontrou as supostas omissões de receitas” era “conjunta com o senhor Antonio Geraldo Bortolo”; b) necessidade de aplicação da Súmula 29 do CARF; e c) ausência de termo de verificação e de identificação dos depósitos, valores, datas e banco, caracterizando cerceamento de defesa. O processo foi retirado de pauta para confirmação da ausência de intimação ao cotitular da contacorrente, não questionada no recurso voluntário. É o relatório. Fl. 423DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO 6 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira – Relator O recurso voluntário é tempestivo e, atendidas as demais formalidades, dele tomo conhecimento. Em decorrência da alegação de cerceamento de defesa e nulidade dos autos, baseada em súmula do CARF, iniciamos a análise pelas alegações da exposição oral. Os argumentos feitos na defesa oral tratam de solicitação de nulidade dos autos, devido à ausência de intimação ao senhor Antonio Geraldo Bortoloto, o que caracterizaria descumprimento do disposto ao art. 42, § 6º, da Lei nº 9.430, de 1996, e a consequente aplicação da Súmula CARF nº 29. E, ainda, de cerceamento de defesa pela ausência de identificação dos depósitos bancários, valores, datas e banco. Não procedem os argumentos de cerceamento de defesa quanto a ausência de identificação dos depósitos, pois a contribuinte foi intimada para comprovar a origem dos depósitos bancários, cujas cópias se encontram anexados aos autos. Entretanto, não consta nos autos a intimação, para comprovar a origem dos recursos, ao senhor Antonio Geraldo Bortoloto, identificado nas cópias de cheques emitidos em 1998 (fls. 216 a 237) como cotitular da conta bancária na qual transitaram os depósitos presumidos como rendimentos omitidos. Sobre essa questão, assim está expresso na Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. De acordo com o art. 72, do RICARF, as decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos seus membros. Portanto, diante da inexistência da intimação questionada, não há como acatar o lançamento. Com isso, fica prejudicada a análise dos demais argumentos postos em sede de preliminar, sobre a disposição da sentença, e no mérito, sobre o uso de provas ilícitas, a impossibilidade de presunção de omissão de receitas, a nulidadade por falta de capitulação legal, a ilegalidade na aplicação da taxa Selic, e o percentual da multa aplicada. Isto posto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira Fl. 424DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO Processo nº 10830.004021/200255 Acórdão n.º 210201.502 S2C1T2 Fl. 414 7 Fl. 425DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 0 1/09/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 12/09/2011 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPO
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