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Numero do processo: 11080.928906/2009-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2005
Ementa:
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores amolda-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.182
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator do acórdão paradigma pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2005 Ementa: SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores amolda-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido.
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ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores amoldase ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator do acórdão paradigma pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 89 06 /2 00 9- 19 Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 2 Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado. Relatório Trata o presente processo de DCOMP transmitida com objetivo de compensar os débitos nela apontados com créditos provenientes de pagamento indevido ou a maior. A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório informado na DCOMP, onde ficou constatada a improcedência do mesmo, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração não cumulativo o total das receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. (...). Uma vez intimado o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, a qual foi julgada improcedente pelo acórdão 09054.906, que entendeu que a compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, não verificado no caso em comento, afastou a preliminar de nulidade do Despacho Decisório e concluiu que "a Fl. 366DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 3 decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente". Diante deste quadro, o contribuinte apresentou o recurso voluntário tempestivo, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.145, de 18 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 11080.729500/201323, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.145): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. A discussão travada nos autos e o precedente vinculante deste CARF favorável ao contribuinte 6. A questão aqui travada não é nova, uma vez que já foi decidida por este CARF para o mesmíssimo contribuinte de forma paradigmática, i.e., nos termos do art. 47, § 2º do RICARF. Referida decisão foi veiculada por intermédio do acórdão n. 3201002.448 e encontrase assim prescrita: (...). A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 4 sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 Fl. 368DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 5 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 6 Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: (...). Fl. 370DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 7 Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisandose que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO I SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1 Serviços de construção 1.0131 Outros serviços de instalação 1.0131.10.00 Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 8 Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado. 7. Referida decisão apresenta um caráter vinculante, devendo ser seguida por esta Turma julgadora. Neste aspecto, todavia, não concordou o colegiado, que entende que, em tese, o colegiado poderia julgar de forma diferente daquele precedente paradigmático, haja vista que se está diante de outro lote de processos (ainda que referentes aos mesmíssimos fatos e com as mesmíssimas partes litigantes). Deixo tais considerações aqui registradas em razão do disposto no esquizofrênico art. 63, Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 9 §8º do RICARF1, que determina que as conclusões adotadas pelo colegiado seja externada por aquele Conselheiro que divergiu (e continua divergindo) e que foi vencido em relação à tais conclusões. 8. Tais considerações do colegiado, entretanto, não trazem qualquer repercussão no caso prático, até porque, no que tange ao mérito, a Turma julgadora aderiu integralmente com as precisas considerações elaboradas pela então Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e replicadas pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (transcritas alhures), motivo pelo qual emprego tais fundamentos para fins de motivação do presente voto, o que faço com amparo no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/992. Dispositivo 9. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 10. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. 1 "Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. (...). § 8º Na hipótese em que a decisão por maioria dos conselheiros ou por voto de qualidade acolher apenas a conclusão do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros." 2 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...). § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)." Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11080.928906/200919 Acórdão n.º 3402005.182 S3C4T2 Fl. 0 10 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado deu provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra . Fl. 374DF CARF MF
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Numero do processo: 11011.001269/2008-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 08/08/2003
INFORMAÇÕES EXIGIDAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. PRAZO. INOBSERVÂNCIA. INFRAÇÃO. TIPIFICAÇÃO LEGAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ANTINOMIA.
A denúncia espontânea da infração não exclui a responsabilidade quando a penalidade tem por objeto a própria conduta extemporânea do administrado, materializada no cumprimento a destempo da obrigação de fazer.
Numero da decisão: 9303-006.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/08/2003 INFORMAÇÕES EXIGIDAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. PRAZO. INOBSERVÂNCIA. INFRAÇÃO. TIPIFICAÇÃO LEGAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ANTINOMIA. A denúncia espontânea da infração não exclui a responsabilidade quando a penalidade tem por objeto a própria conduta extemporânea do administrado, materializada no cumprimento a destempo da obrigação de fazer. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 01 1. 00 12 69 /2 00 8- 66 Fl. 461DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 3 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 310200.732, da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o cálculo do valor aduaneiro, base cálculo da multa, com base na taxa de câmbio vigente na data seguinte ao término do prazo para promover a reexportação do bem admitido no regime. O Colegiado, assim, consignou, a seguinte ementa: “ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 08/08/2003 REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA. DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DE REEXPORTAÇÃO. MULTA APLICÁVEL. BASE DE CÁLCULO. NORMAS APLICÁVEIS VIGENTES NA DATA DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A data de concessão do regime aduaneiro especial de admissão temporária é o marco temporal que define a data do fato gerador e, por conseguinte, as normas aplicáveis em relação aos tributos incidentes na operação de importação, incluindo, base de cálculo e alíquota. Por sua vez, as normas aplicáveis às penalidades pecuniárias de natureza aduaneira, decorrentes do descumprimento do regime de aduaneiro especial de admissão temporária, são aquelas vigentes na data da ocorrência do ilícito, incluindo a conversão do valor aduaneiro para a moeda nacional, base de cálculo da multa aplicada, que deve ser determinada com base na taxa de câmbio vigente da data da ocorrência do ilícito. REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA. DESCUMPRIMENTO DO REGIME. MULTA APLICÁVEL A PARTIR DE 31/10/2003. A infração tipificada no inciso I do art. 72 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro 2003, introduzida originariamente no ordenamento jurídico brasileiro em 31/10/2003, data da publicação da Medida Provisória nº Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 4 3 135, de 30 de outubro de 2003, por definir inteiramente todas as infrações e penalidades, por descumprimento dos requisitos, condições e prazos do regime do regime de admissão temporária, revogou tacitamente a infração e penalidade estabelecidas na alínea “b” do inciso II do art. 106 do Decretolei nº 37, de 1966. BENEFÍCIO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INFRAÇÃO DE NATUREZA ADUANEIRA. INAPLICÁVEL. O benefício da denúncia espontânea aplicase somente às penalidades dede natureza tributária. Estão expressamente excluídas da aplicação do referido instituto, ex vi do § 2º do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966, as multas do controle aduaneiro ou administrativo das importações, tal como a multa por descumprimento do prazo do regime de admissão temporária. ” Irresignado, o sujeito passivo opôs Embargos de Declaração, alegando omissão. Não obstante, os embargos foram rejeitados. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que se deve respeitar a prevalência do Princípio da Especialidade ante o critério cronológico para considerar a ocorrência da denúncia espontânea. Trouxe, assim, duas discussões, quais sejam: · Da prevalência do critério da especificidade sobre o critério cronológico; · Da aplicação da denúncia espontânea da infração. Em Despacho às fls. 432 a 436, foi dado seguimento parcial ao recurso interposto pelo sujeito passivo, apenas em relação a aplicação da denúncia espontânea à infração. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, que trouxe, entre outros, que: · Considerando que a denúncia noticiada pelo contribuinte ocorreu após o início do procedimento fiscal, não há como pretender Fl. 463DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 5 4 aplicarse o benefício constante no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, na redação dada pela Lei 10.350/2010; · Mesmo que a denúncia tivesse ocorrido em data anterior ao início do procedimento fiscal, não seria aplicável o instituto da denúncia espontânea in casu. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama, Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que o recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, pois tempestivo e comprovada a divergência suscitada. Eis que no Acórdão recorrido o colegiado considerou inaplicável a denúncia espontânea sobre multas administrativas, afirmando que o instituto da denúncia espontânea não aproveita aos casos de infrações enquadradas como inobservância dos prazos estabelecidos pela RFB. Enquanto, no Acórdão paradigma o colegiado considerou aplicável a denúncia espontânea à infração de mesma espécie (penalidade por descumprimento de obrigação acessória autônoma, desvinculada da existência do tributo), nos termos do art. 102, § 2º, do DecretoLei nº. 37/66, na redação dada pela Lei nº. 10.350/2010, a partir da qual se entendeu que estão albergadas também as penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias autônomas. Constatase que no Acórdão paradigma tratouse de penalidade exigida para fato gerador ocorrido antes da Lei 10.350/10, e o julgamento foi realizado após sua vigência, situação idêntica ao recorrido. Todavia, no Acórdão paradigma foi afastada a penalidade, enquanto no recorrido foi mantida. Sendo assim, conheço o recurso interposto pelo sujeito passivo. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 6 5 Ventiladas tais considerações, conhecendo o recurso especial interposto pelo sujeito passivo, passo a discorrer sobre a lide – qual seja, aplicação ou não da denúncia espontânea com o intuito de se afastar a multa por falta de cumprimento de obrigação acessória, que se torna ostensivo com o decurso do prazo fixado para a entrega tempestiva da mesma, entendo que assiste razão ao sujeito passivo. Ora, a denúncia espontânea em matéria aduaneira se encontra positivada no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, reproduzido no art. 683 § 2º do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/2009). Para melhor elucidar, trago síntese cronológica do art. 102 do DecretoLei 37/66 – que trata da denúncia espontânea no âmbito aduaneiro. Antes do advento da MP 497/10, vêse que o § 2º do art. 102 era taxativo ao prescrever que a denúncia espontânea excluía apenas as penalidades de natureza tributária (Grifos meus): “Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui somente as penalidades de natureza tributária. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988)” Fl. 465DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 7 6 Com o advento da MP 497/10, convertida na Lei 12.350/2010, a denúncia espontânea passou a afastar também as penalidades de natureza administrativa, além da tributária, in verbis (Grifos meus): “Art.102 – A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Com tal dispositivo, a denúncia espontânea passou a ser aplicada para as penalidades de natureza administrativa, salvo as penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Ademais, quanto à intenção do legislador ao trazer a menção à penalidade administrativa quando da aplicação da denúncia espontânea, importante reproduzir a Exposição de Motivos daquela MP 497/10 (Grifos meus): “[...] 40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. (…) 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver Fl. 466DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 8 7 essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.” Nesse ínterim, cumpre destacar ainda que para que a exclusão da responsabilidade ocorra devese observar se não houve início de procedimento fiscal, mediante ato de ofício, tendente a apurar a infração ou o cumprimento da obrigação acessória aduaneira. Sendo assim, considerando o caso vertente, em respeito ao princípio da especialidade – lex specialis derogat legi generali é de se aplicar o art. 102, §2º, do DecretoLei 37/66 com a redação dada pela MP 497/10 (convertida na Lei 12.350/10 – que manteve a mesma redação) para os casos de entrega a destempo de obrigação acessória aduaneira. Ademais, cabe trazer que o Direito aduaneiro é considerado autônomo, inclusive porque se originam de fontes peculiares – tais como, acordos e tratados internacionais, códigos e regulamentos aduaneiros, ainda que tenha dependência com outros ramos de direito. As relações jurídicas observam as peculiaridades de regimes próprios, ainda que envolva outros ramos científicos. Sendo assim, podese considerar que deve observar um regramento especial – tal como o que preceitua o art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66. Não há como ignorar a redação do art. 102, §2º do Decretolei nº 37/66, conferida pela Lei 12.350/2010, que exclui “expressamente” a penalidade da multa administrativa pelos efeitos da denúncia espontânea. Digo “expressamente”, pois, ao meu sentir, não há como “interpretála” ou “interpretála restritivamente”, vez trazer claramente que o instituto da denúncia espontânea afasta toda a penalidade pecuniária de natureza administrativa sem ao menos ressalvar hipóteses excludentes. Nos termos do art. 5º, inciso II, da CF/88, temos que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – ou seja, somente a lei poderá criar, entre outros, vedações. O que, por conseguinte, entender Fl. 467DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 9 8 que a norma em questão seria “expressa” reflete o respeito ao Princípio da Legalidade. Caso o legislador da Lei 12.350/2010, que alterou o art. 102, § 2º do DecretoLei 37/66, incluindo no campo de alcance da aplicação do instituto da denúncia espontânea, tivesse a pretensão de se excluir as hipóteses de entrega de obrigações acessórias aduaneiras a destempo, deveria ter trazido tal vedação de forma expressa, promovendo ao sujeito passivo a segurança jurídica que tanto merece. Não obstante a isso, vêse que apenas incluiu o termo penalidade de natureza administrativa e ainda esclareceu na exposição de motivos que o instituto da denúncia espontânea alcança “toda” penalidade pecuniária. Ademais, ignorar o dispositivo de lei, sem ao menos, ter sido declarado inconstitucional, traria insegurança jurídica aos sujeitos passivos que observam o disposto na lei, além de ferir a regra trazida pelo art. 62, Anexo II, do RICARF/2015, in verbis (Grifos meus): “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...]” Quanto à aplicação do disposto no art. 102, § 2º do DecretoLei 37/66 aos períodos anteriores à sua vinda no ordenamento jurídico, entendo ser plenamente aplicável o instituto da retroatividade benigna – tal como estabelece o art. 106 do Código Tributário Nacional: "Art. 106 . A lei aplica se a ato o u fato pretérito: 1 em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 468DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 10 9 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática ". Sendo assim, verificase a subsunção do caso concreto à norma referendada. Ora, com a aplicação do instituto da retroatividade benigna, no caso vertente, há de ser afastada a aplicação da multa pela entrega a destempo da obrigação acessória aduaneira. Ainda em respeito ao princípio da especialidade – lex specialis derogat legi generali, não mais aplico, por analogia, a Súmula CARF 49, eis que, ainda que tenha como fundamento original o art. 138 do CTN, trata especificamente da entrega a destempo de DCTF, e não da obrigação acessória aduaneira. Essa última possui regra especial tratada expressamente no art. 102, §2º do Decretolei nº 37/66, conferida pela Lei 12.350/2010. Ademais, quanto à Súmula CARF nº 49 que traz que "a denúncia espontânea não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração", entendo que deva ainda sua aplicabilidade ser afastada no presente caso (obrigação acessória aduaneira), pois as decisões reiteradas e uniformes que consubstanciaram a referida súmula se deu anteriormente à edição da MP 497/2010. O que, por conseguinte, não há que se falar em obrigatoriedade de os conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais observarem a referida súmula no presente caso, invocando equivocadamente o caput do art. 72, Anexo II, do RICARF/2015 (Portaria MF 343/2015). O pedido de reexportação definitivo foi protocolizado em 15.5.2008 ao passo que o auto de infração foi lavrado tão somente em 14.11.08, tendo sido a Fl. 469DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 11 10 recorrente cientificado somente em 21.22.08. OU seja, antes de qualquer procedimento fiscal. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o recurso especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Pelas razões que a seguir declino, peço vênia para divergir da solução que a i. Relatora do processo propunha. Tratase de descumprimento do prazo de reexportação de um Boeing importado em regime de admissão temporária. O regime foi concedido em 07/08/2003, data do desembaraço aduaneiro, e venceu em 30/04/2008. Em 06/06/2008, a empresa foi intimada a comprovar a reexportação e, em 23/06/2008, informou que estava solicitando, intempestivamente, a devolução do bem para o exterior. Tudo isso, incontroverso nos autos. A recorrente afirma que em 15/05/2008 ingressou com pedido de exportação definitiva, registrando a operação no Siscomex em 21/05/2008. Entende, portanto, ter sido espontânea, razão para que a responsabilidade pela infração seja afastada. Outrossim, alega que houve erro na escolha da infração pela Fiscalização Federal, porque, segundo entende, haveria duas infrações previstas em lei para situações abstratas que se amoldam aos fatos narrados no processo, se não vejamos. Lei 10.833/03 Art. 72. Aplicase a multa de: I – 10% (dez por cento) do valor aduaneiro da mercadoria submetida ao regime aduaneiro especial de admissão Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 12 11 temporária, ou de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, pelo descumprimento de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para aplicação do regime; e Decretolei nº 37, de 1966 Art.106 Aplicamse as seguintes multas, proporcionais ao valor do imposto incidente sobre a importação da mercadoria ou o que incidiria se não houvesse isenção ou redução: (...) II de 50% (cinqüenta por cento): (...) b) pelo não retorno ao exterior, no prazo fixado, dos bens importados sob regime de admissão temporária; Como bem lembrado pelo i. Relator da decisão recorrida, situações como a de que aqui tratamos estão disciplinadas no § 1º do art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (LICC), que seguem transcritos. Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Sem dúvida, a situação em apreço enquadrase perfeitamente na terceira hipótese elencada no § 1º, acima destacada. A Secretaria da Receita Federal não diverge desse entendimento. Por meio do Ato Declaratório Interpretativo (ADI) SRF nº 4, de 4 de março de 2004, esclareceu que a alínea "b" do inciso II do art. 106 do Decretolei nº 37, de 1966, ficou tacitamente revogada a partir de 31 de outubro de 2003, data da vigência da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003. Observese. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 13 12 O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001, tendo em vista o disposto no inciso I do art. 72 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e considerando que: I o art. 106, inciso II, alínea "b" , do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, prevê penalidade, apenas, pelo descumprimento do prazo estabelecido para o retorno, ao exterior, de bens ingressados no País sob o regime aduaneiro especial de admissão temporária; II o art. 72, inciso I, da Lei nº 10.833, de 2003, prevê penalidade pelo descumprimento de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para aplicação do regime aduaneiro especial de admissão temporária; e III nos termos do § 1º do art. 2º do Decretolei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução ao Código Civil), lei posterior revoga a anterior quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior; declara: Art. 1º A multa prevista no inciso I do art. 72 da Lei nº 10.833, de 2003, aplicase pelo descumprimento de quaisquer condições, requisitos e prazos estabelecidos para aplicação do regime aduaneiro especial de admissão temporária, inclusive para a reexportação dos bens admitidos no regime, ressalvadas as hipóteses sujeitas à aplicação da pena de perdimento. Art. 2º A alínea "b" do inciso II do art. 106 do Decretolei nº 37, de 1966, ficou tacitamente revogada a partir de 31 de outubro de 2003, data da vigência da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003. (grifos meus) No que se refere à aplicação do instituto da denúncia espontânea, é importante pontuar algumas questões. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 14 13 A decisão recorrida foi tomada em agosto de 2010. Em dezembro do mesmo ano, a Lei nº 12.350/2010 passou a considerar as infrações administrativas, no âmbito aduaneiro, passíveis de denunciação. O acórdão recorrido afastou a denúncia espontânea justamente porque, até aquela data, somente as infrações de natureza tributária eram sujeitas a denunciação. Feita essa ressalva, cumpre destacar que, no meu entender, o fato não traz qualquer consequência à lide. Mais uma vez, aqui, estáse diante de uma infração por perda de prazo. Infrações por perda de prazo, como já decidido à exaustão por esse Colegiado, não são favorecidas pela ação espontânea do contribuinte. Por oportuno, reproduzo uma vez mais o brilhante voto proferido pelo i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, em decisão tomada no processo nº processo 11128.002765/200749, acórdão 380200.568, datado de 05 de julho de 2011. Do instituto da denúncia espontânea no âmbito da legislação aduaneira: condição necessária. É de fácil ilação que o objetivo da norma em destaque é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações relativas ao descumprimento das obrigações de natureza tributária e administrativa. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Nesse sentido, resta evidente que é condição necessária para a aplicação do instituto da denúncia espontânea que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à Administração tributária pelo infrator, em outros termos, é elemento essencial da presente excludente de responsabilidade que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, com base no teor do art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações, está claro Fl. 473DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 15 14 que as impossibilidades de aplicação do referido instituto podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. São dessa última modalidade todas as infrações que têm, no núcleo do tipo, o atraso no cumprimento da conduta imposta como sendo o elemento determinante da materialização da infração. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados do embarque da carga transportado em veículo de transporte internacional de carga. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar a informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação da informação intempestivamente materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a prestação da informação fora do prazo estabelecido, porém antes do início do procedimento fiscal, realizando o Fl. 474DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 16 15 cumprimento da obrigação, mediante a denúncia espontânea, com exclusão da responsabilidade pela infração. (...) Logo, no caso em destaque, se o registro da informação a destempo materializou a infração tipificada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei n° 37, de 1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, não pode ser considerada, simultaneamente, como uma conduta realizadora da denunciação espontânea da mesma infração. De fato, se a prestação extemporânea da informação dos dados de embarque materializa a conduta típica da infração sancionada com a penalidade pecuniária objeto da presente autuação, em consequência, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que a conduta que materializasse a infração fosse, ao mesmo tempo, a conduta que concretizasse a denúncia espontânea da mesma infração. No caso em apreço, se admitida pretensão da Recorrente, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da mencionada infração nunca resultaria na cobrança da referida multa, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, simultaneamente, a conduta que representativa da denúncia espontânea. Em consequência, tornarseia impossível a imposição da multa sancionadora da dita conduta, ou seja, existiria a infração, mas a multa fixada para sancionála não poderia ser cobrada por força da exclusão da responsabilidade do infrator. Tal hipótese, ao meu ver, representaria um contra senso do ponto de vista jurídico, retirando da prática da dita infração qualquer efeito punitivo. Nesse sentido, porém com base em fundamentos distintos, tem trilhado a jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme enunciado da ementa a seguir transcrita: Fl. 475DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 17 16 TRIBUTÁRIO. PRÁTICA DE ATO MERAMENTE FORMAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DCTF. MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. I A inobservância da prática de ato formal não pode ser considerada como infração de natureza tributária. De acordo com a moldura fática delineada no acórdão recorrido, deixou a agravante de cumprir obrigação acessória, razão pela qual não se aplica o benefício da denúncia espontânea e não se exclui a multa moratória. "As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN" (AgRg no AG nº 490.441/PR, Relator Ministro LUIZ FUX, DJ de 21/06/2004, p. 164). II Agravo regimental improvido.(STJ, ADRESP 885259/MG, Primeira Turma, Rel. Min Francisco Falcão, pub. no DJU de 12/04/2007). Os fundamentos da decisão apresentados pela E. Corte, foram basicamente os seguintes: (i) a inobservância da prática de ato formal não pode ser considerada como infração de natureza tributária; e (ii) o descumprimento de obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138 do CTN. Com a devida vênia, tais argumentos não representam o melhor fundamento para a conclusão esposada pela E. Corte no referido julgado. No meu entendimento, para fim de definição dos efeitos do instituto da denúncia espontânea, é irrelevante a questão atinente à natureza intrínseca da multa tributária ou administrativa, isto é, se punitiva (ou sancionatória) ou indenizatória1 (ou ressarcitória), uma vez que toda penalidade pecuniária tem, necessariamente, natureza punitiva, pois decorre sempre da prática de um ato ilícito, consistente no 1 A origem dessa discussão está na jurisprudência do C. STF (RE nº 79.625/SP) que tratou da natureza jurídica da multa moratória (se punitiva ou ressarcitória), quando julgou questões acerca da aplicação do art. 184 do CTN, que trata dos privilégios do crédito fiscal, no âmbito do processo de falência. Segundo o referido julgado, entendeu a Corte Suprema que a dita multa tinha natureza punitiva. Fl. 476DF CARF MF Processo nº 11011.001269/200866 Acórdão n.º 9303006.497 CSRFT3 Fl. 18 17 descumprimento de um dever legal, enquanto que a indenização tem como pressuposto um dano causado ao patrimônio alheio, com ou sem culpa do agente. Essa questão, no meu entendimento, é irrelevante para definição do significado e alcance jurídicos da excludente da responsabilidade por denunciação espontânea em análise, seja no âmbito das penalidades tributárias ou administrativas. É consabido que todo ato ilícito previsto na legislação tributária e aduaneira configura, respectivamente, infração de natureza tributária ou aduaneira, independentemente dela decorrer do descumprimento de um dever de caráter formal (obrigação acessória) ou material (obrigação principal). Ademais, toda obrigação acessória tem vínculo indireto com o fato gerador da obrigação principal, instrumentalizandoo e, dessa forma, servindo de suporte para as atividades de controle da arrecadação e fiscalização dos tributos, conforme delineado no § 2º do art. 113 do CTN. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 477DF CARF MF
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Numero do processo: 10875.902730/2011-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
TEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA POSTAL. AUSÊNCIA DE JUNTADA DO AVISO DE RECEBIMENTO - AR. ÔNUS DA FISCALIZAÇÃO.
A lei processual exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor (o art. 23 do Decreto nº 70.235/1972), de modo que é ônus da fiscalização provar se e quando a intimação foi realizada. Não tendo sido juntado aos autos o AR assinado, mas apenas informação unilateral extraída do site dos Correios acerca da data da entrega, não há prova de que a intimação tenha sido recebida pelo contribuinte.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
SERVIÇOS HOSPITALARES. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO. REPETITIVO STJ TEMA 217.
Conforme a tese firmada no Tema 217 Repetitivo do STJ, "A expressão serviços hospitalares, constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'."
Matéria que não pode mais ser contestada pela Receita Federal tendo em vista o § 5o do art. 19 da Lei 10.522/2002.
A natureza do prestador (sociedade empresária) só passou a ser limitador com a alteração introduzida pela Lei 11.727/2008 no art 15, III, da Lei 9.249/1995, em vigor a partir de 1o de janeiro de 2009.
Numero da decisão: 1401-002.374
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator.
(assinado digitamente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 TEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA POSTAL. AUSÊNCIA DE JUNTADA DO AVISO DE RECEBIMENTO - AR. ÔNUS DA FISCALIZAÇÃO. A lei processual exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor (o art. 23 do Decreto nº 70.235/1972), de modo que é ônus da fiscalização provar se e quando a intimação foi realizada. Não tendo sido juntado aos autos o AR assinado, mas apenas informação unilateral extraída do site dos Correios acerca da data da entrega, não há prova de que a intimação tenha sido recebida pelo contribuinte. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO. REPETITIVO STJ TEMA 217. Conforme a tese firmada no Tema 217 Repetitivo do STJ, "A expressão serviços hospitalares, constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'." Matéria que não pode mais ser contestada pela Receita Federal tendo em vista o § 5o do art. 19 da Lei 10.522/2002. A natureza do prestador (sociedade empresária) só passou a ser limitador com a alteração introduzida pela Lei 11.727/2008 no art 15, III, da Lei 9.249/1995, em vigor a partir de 1o de janeiro de 2009.
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Recorrente E.J IMAGEM SERVICOS DE RADIOLOGIA S/S LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 TEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA POSTAL. AUSÊNCIA DE JUNTADA DO AVISO DE RECEBIMENTO AR. ÔNUS DA FISCALIZAÇÃO. A lei processual exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor (o art. 23 do Decreto nº 70.235/1972), de modo que é ônus da fiscalização provar se e quando a intimação foi realizada. Não tendo sido juntado aos autos o AR assinado, mas apenas informação unilateral extraída do site dos Correios acerca da data da entrega, não há prova de que a intimação tenha sido recebida pelo contribuinte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO. REPETITIVO STJ TEMA 217. Conforme a tese firmada no Tema 217 Repetitivo do STJ, "A expressão serviços hospitalares, constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'." Matéria que não pode mais ser contestada pela Receita Federal tendo em vista o § 5o do art. 19 da Lei 10.522/2002. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 27 30 /2 01 1- 72 Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 3 2 A natureza do prestador (sociedade empresária) só passou a ser limitador com a alteração introduzida pela Lei 11.727/2008 no art 15, III, da Lei 9.249/1995, em vigor a partir de 1o de janeiro de 2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. (assinado digitamente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de PER/DCOMP em que o contribuinte pretende compensar crédito próprio com crédito de pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ. O despacho decisório não homologou a compensação ante constatação de que o pagamento indicado pelo contribuinte foi integralmente utilizado para quitação de débitos de sua responsabilidade, não restando crédito disponível para compensação. Apresentada manifestação de inconformidade, esta foi assim julgada pela DRJ: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação quando constatado que o recolhimento indicado como fonte de crédito foi integralmente utilizado na quitação de débito confessado em DCTF. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 4 3 INDÉBITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE ERRO MATERIAL. O erro do valor do débito apontado na DCTF, de cuja retificação resulte crédito ao sujeito passivo, precisa ser comprovado mediante apresentação de documentos hábeis. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado da decisão de primeira instância, em 13 de janeiro de 2014, apresentou recurso voluntário em 13 de fevereiro de 2014, alegando, em síntese: preliminarmente: incompetência da DRJ em Recife para julgar a manifestação de inconformidade no mérito, sustenta que efetuou pagamento do IRPJ a maior que o devido, visto que utilizou percentual de presunção do lucro de 32%, enquanto faz jus ao percentual reduzido de 8%, consoante Solução de Consulta nº 63, SRRF/8ª Região Fiscal, de 23 de março de 2004, a qual anexa, e que retificou a DIPJ em questão, razão pela qual não existe motivo por parte da RFB para não homologar a compensação em questão. Defende que a ausência de retificação da DCTF não pode impedir o reconhecimento de seu direito. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.372, de 12.04.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10875.905274/200906, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.372): "Inicialmente, analisando os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário, constatase que tal apelo é aparentemente intempestivo. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/1972, das decisões de primeira instância caberá a interposição de recurso voluntário, no prazo de 30 dias, a contar da ciência da decisão. O artigo 5o deste mesmo diploma esclarece que os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Sobre a data da ciência da decisão, o artigo 23 do Decreto 70.235/1972 estabelece que a intimação pode ser feita via postal ou por meio eletrônico. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 5 4 No caso, a ciência foi postal e, como se observa às fl. 88, o rastreamento do objeto pelos Correios indica que o contribuinte foi intimado em 13/01/2014, uma segundafeira. Assim, o prazo para interposição do recurso iniciouse dia 14/01/2014, findando em 12/02/2014, uma quartafeira. Por sua vez, o recurso voluntário foi apresentado dia 13/02/2014, quintafeira, como comprovam a solicitação de juntada de fl. 104, assim como o carimbo oficial da repartição da RFB, na primeira folha das suas razões (fl. 90). Nas razões recursais, não há tópico, nem qualquer comentário ou alegação sobre a sua tempestividade. Com base nas informações acima, a constatação necessária seria de que o prazo recursal foi extrapolado em 1 dia. Ocorre que, não obstante tenha sido juntado aos autos o status de rastreamento dos Correios, não há comprovação de que tal documento foi efetivamente recebido, por ausência de juntada do respectivo Aviso de Recebimento AR. Uma vez que não foi anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 13/01/2014, considero não haver nos autos prova de que a intimação tenha sido recebida no endereço cadastral da Recorrente em tal data. A lei processual exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) O simples histórico da entrega do AR extraído do sítio eletrônico dos Correios até pode ser tomado como início de prova, especialmente quando nenhuma das partes questiona a data ali consignada. Mas este não é o documento oficial dotado de fé pública que atesta a entrega. Até porque, em um caso extremo em que o contribuinte alegue não ter sido intimado, exigir deste prova em contrário que infirme o conteúdo dessa declaração unilateral dos Correios significaria demandar a apresentação de prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Em outra ocasião já votei por converter o julgamento em diligência, a fim de que (i) a unidade de origem anexe aos autos Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 6 5 cópia do AR assinado correspondente à intimação da Recorrente acerca do acórdão 1144.008, proferido pela 4ª Turma da DRJ/RecifePE (Código de Rastreamento JG106969555BR); e (ii) se por qualquer motivo não houver possibilidade de tal documento ser juntado pela unidade de origem, diligenciar aos Correios para obter 2a via do AR assinado, ou documento equivalente, que comprove a data da entrega da correspondência à Recorrente, sendo que, não sendo possível obter a 2a via do AR ou documento equivalente, solicitar aos Correios que este informe a data da entrega da correspondência objeto do AR Código de Rastreamento JG106969555BR, conforme seus registros internos, fornecendo a documentação pertinente. Em tal diligência considerei também que deveria ser intimada a contribuinte para provar, se entender necessário, a ocorrência de justa causa que a tenha impedido de recorrer no prazo legal, nos termos do § 1º do art. 223 do Código de Processo Civil: Art. 223. Decorrido o prazo, extinguese o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. § 1o Considerase justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. Não obstante, a experiência demonstra que em casos como tais a diligência resta infrutífera porque nem a unidade de origem nem os Correios guardam por tanto tempo tas registros. Neste sentido, considerando que é ônus da fiscalização provar se e quando a intimação foi realizada, havendo dúvida quanto à data da intimação e tendo esta sido supostamente ultrapassada em apenas 1 dia, considero que o recurso deve ser tido por tempestivo. Concluo que o recurso voluntário preenche os requisitos para a sua admissibilidade e portanto dele tomo conhecimento. Passo ao mérito. A DRJ não homologou a compensação pleiteada sob o argumento de que, como não houve retificação da DCTF por ocasião da ciência da Solução de Consulta, cabia ao interessado o ônus de provar seu direito. Considerou que a Solução de Consulta cuida da matéria em tese, de forma que não haveria nos autos comprovação de que a interessada efetivamente faz jus ao percentual de presunção reduzido de 8%. A razão para negar a retificação das declarações seria a não concordância com matéria que já foi julgada pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 7 6 No caso, verificase a existência do Tema no. 217 em sede de Recurso Repetitivo do STJ, que assim dispôs sobre os serviços hospitalares sujeitos à alíquota reduzida do lucro presumido: Tema/Repetitivo 217 Situação do Tema Trânsito em Julgado Ramo do Direito DIREITO TRIBUTÁRIO Questão submetida a julgamento Questionase a forma de interpretação e o alcance da expressão serviços hospitalares, prevista no artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei 9.429/95, para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL com base em alíquotas reduzidas. Tese Firmada Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'. Anotações Nugep Incide o Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSSL com alíquotas reduzidas, na forma do art. 15, § 1º, III, da Lei 9.249/1995, sobre a receita proveniente da prestação de 'serviços hospitalares' (não receita bruta total da empresa), neles compreendidas as atividades de natureza hospitalar essenciais à população, independente da existência de estrutura para internação, excluídas as consultas realizadas por profissionais liberais em seus consultórios médicos. Informações Complementares "As modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95." Repercussão Geral Tema 353/STF Enquadramento de pessoas jurídicas da área de saúde na qualidade de prestadoras de serviço hospitalar para fins de obtenção do benefício de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro líquido (CSLL) e do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) com base de cálculo reduzida. Observese que o critério apresentado pelo STJ para a interpretação da Lei nº 9.249/1995 é simples e objetivo: são enquadrados como serviços hospitalares os serviços de atendimento à saúde, independentemente do local de prestação, excluindose, apenas, os serviços de simples consulta. A natureza do prestador (sociedade empresária) só passou a ser limitador com a alteração introduzida pela Lei 11.727/2008 no art 15, III, da Lei 9.249/1995, em vigor a partir de 1o de janeiro de 2009, segundo a qual o percentual reduzido será aplicável apenas quando a prestadora de serviços for organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Anvisa. Vejase (grifamos): Art. 15 ... III trinta e dois por cento, para as atividades de: Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 8 7 a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)" Observo que tal questão não pode mais ser contestada pela Receita Federal tendo em vista o disposto no § 5o do art. 19 da Lei 10.522/2002: Lei nº 10.522/02 Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) ... V matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil, com exceção daquelas que ainda possam ser objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal. § 5o As unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil deverão reproduzir, em suas decisões sobre as matérias a que se refere o caput, o entendimento adotado nas decisões definitivas de mérito, que versem sobre essas matérias, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) § 6o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.788, de 2013) § 7o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) De fato, a matéria está na lista de temas em relação aos quais se aplica o disposto no art. 19 da Lei nº 10.522/02 e nos arts. 2º, V, VII, §§ 3º a 8º, 5º e 7º da Portaria PGFN Nº 502/2016, publicada pela a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (disponível em http://www.pgfn.fazenda.gov.br/legislacaoenormas/documentos portaria502/listadedispensadecontestarerecorrerart2ovviie a7a73oa8odaportariapgfnno5022016, acesso em 15 de outubro de 2017): "Alíquotas reduzidas Serviços hospitalares Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 9 8 REsp 1.116.399/BA (tema nº 217 de recursos repetitivos) Resumo: Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Para fins de redução da alíquota, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". Ficou consignado que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. OBSERVAÇÃO: O benefício não se aplica às consultas médicas, nem mesmo quando realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das receitas da sociedade que decorre da prestação de serviços hospitalares propriamente ditos. Ressaltamos que o STF não reconheceu repercussão geral com relação a este tema (AI 803.140). OBSERVAÇÃO 2: Deve ser apresentada contestação e interposto recurso quando se tratar de sociedade simples, tendo se em vista a alteração introduzida pela Lei 11.718/08* no art 15, III, da Lei 9.249/95, segundo a qual a alíquota reduzida será aplicável apenas quando a prestadora de serviços for organizada sob a forma de sociedade empresária." *Nota desta Relatora: na verdade tratase da Lei 11.727/08 que estabelece alíquota de 32% para " a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)" Dispositivo Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10875.902730/201172 Acórdão n.º 1401002.374 S1C4T1 Fl. 10 9 Ante o exposto, oriento meu voto para julgar procedente o recurso voluntário, determinando que o crédito pleiteado nas compensações seja analisado sob a premissa de que os percentuais de presunção aplicáveis à contribuinte são de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL conforme decidido no Tema 217 Repetitivo do STJ. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por julgar procedente o recurso voluntário, determinando que o crédito pleiteado nas compensações seja analisado sob a premissa de que os percentuais de presunção aplicáveis à contribuinte são de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL conforme decidido no Tema 217 Repetitivo do STJ. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 120DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720885/2016-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1301-000.583
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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(assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 20 88 5/ 20 16 -9 0 Fl. 926DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 927 2 Relatório ASSURANT SEGURADORA S/A, já qualificada nos autos, recorre da decisão proferida pela 15a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) DRJ/RPO, que, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, para manter o crédito tributário de IRPJ e CSLL no valor total de R$24.111.011,15, relativos ao anocalendário de 2011. Do Lançamento Tratase de auto de infração para lançamento de IRPJ e CSLL, cumulados de juros e multa de ofício, em razão de despesas não comprovadas (devido à inobservância parcial do diferimento de despesas com seguros em função dos prazos das apólices e dos prêmios emitidos, no montante de R$135.884.473,67, tudo isso com base nos art. 3º da Lei 9.249/95, art. 2º da Lei 7.689/88, e alterações, art. 1º da Lei 9.316/96, art. 28 da Lei 9.430/96, art. 177 da Lei 6.404/76 (Lei das SA) e arts. 247, 248, 249, 251 e 273 do RIR/99. Segundo o Relatório Fiscal, (fls. 660/687), e Relatório do acórdão recorrido, as razões de autuação foram: Dos contratos de seguros da ASSURANT SEGURADORA A Assurant Seguradora é especializada nos seguros chamados “prestamistas”, que visam cobrir riscos decorrentes de operações de venda de produtos de consumo das redes varejistas comerciais e de serviços. São exemplos de produtos: seguro por perda ou roubo de cartão de crédito, seguro de aparelhos eletrônicos comprados (garantia estendida), seguro para cobertura de internação hospitalar, de perda de emprego, microseguro de acidentes pessoais, seguro auxílio funeral e outros. Associada aos grandes varejistas e operadoras de celular, a Assurant mantém contratos de distribuição de produtos de seguro com tais empresas. Pelo direito de exclusividade nos pontos de venda ela paga aos varejistas para que eles distribuam seus seguros. Assim, os remunera pelo direito de operar o serviço (pagandolhes remuneração fixa e também o chamado “Prólabore”, variável em função dos prêmios emitidos). Recebe, nas operações de seguro, o chamado Prêmio Net Seguradora, isto é, o Prêmio (preço do seguro) menos as despesas de IOF e aquelas contratualmente previstas. Neste tipo de seguro a empresa que oferece o serviço, em nome da Assurant, recebe o nome de “estipulante”, e o segurado é o comprador do bem. O segurado e o estipulante são beneficiários (o primeiro beneficiário secundário e o segundo o beneficiário principal). Tomandose o contrato que mantém com a varejista FAST SHOP como exemplo, há exclusividade do canal de vendas por 10 (dez) anos e foi estipulada uma remuneração fixa com um fluxo de pagamentos prédeterminados nestes 10 anos, se cumpridas as metas de vendas de seguros. Há também uma remuneração variável no caso de superação das metas de vendas (bônus de performance ou desempenho). Fl. 927DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 928 3 Já no caso do contrato assinado em 2012 com as LOJAS MARISA, mantémse a exclusividade do canal de vendas por 60 meses (5 anos) e há remuneração variável (prólabore) conforme o cumprimento de metas acordadas. No caso do contrato mantido com a TIM CELULAR, a exclusividade de vendas tem o prazo de 5 anos, com prólabore variável conforme as metas acordadas e um valor adicional de bônus de performance. As grandes redes varejistas do País que contratam com o contribuinte recebem da Assurant valores elevados como remuneração (despesa, na ótica da seguradora) contratual. O valor da rede de distribuição capilar do varejista provavelmente é o principal fator de valoração dos contratos. 2. Objeto Este Termo de Verificação Fiscal trata do IRPJ e da CSLL do ano calendário 2011, especificamente da verificação do procedimento do contribuinte no diferimento das despesas com comercialização de seguros decorrentes de contratos mantidos pela seguradora com terceiros (estipulantes) ao longo dos respectivos prazos contratuais. 3. Do Procedimento Fiscal Pelo Termo de Início de Fiscalização, de 4 de março de 2016, o contribuinte foi intimado a apresentar os seguintes documentos: 1) Atos constitutivos e alterações societárias ocorridas até a presente data; 2) LALUR/LACS; 3) Demonstrações Financeiras; 4) Composição da linha 03 – Ficha 05C – Serviços Prestados por Terceiros – R$ 19.396.671,84 da DIPJ/13 – AC 2012 ND 1195136; 5) Composição da linha 03 – Ficha 05C – Serviços Prestados por Terceiros – R$ 15.504.191,19 da DIPJ/12 – AC 2011 ND 1280470; 6) Apresentar, para o anocalendário de 2011, a partir do mês de abril/2011, demonstrativo de recolhimento do IOF SEGUROS, para o ramo prestamista – 0977, na forma de planilha no formato excel (*.xlsx), com as seguintes colunas: data do fato gerador, nºda apólice, nome do estipulante, nome do segurado, prêmio bruto, alíquota do IOF, IOF retido; 7) Apresentar as apólices mestras de cada estipulante, a fim de demonstrar as coberturas de cada plano de seguro. Em resposta de 28 de março de 2016, o contribuinte apresentou os seguintes documentos, por meio de CD: 1) Atos constitutivos e alterações societárias ocorridas até a presente data; 2) LALUR/LACS; 3) Demonstrações Financeiras; Fl. 928DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 929 4 4) Composição da linha 03 – Ficha 05C – Serviços Prestados por Terceiros – R$ 19.396.671,84 da DIPJ/13 – AC 2012 ND 1195136; Composição da linha 03 – Ficha 05C –Serviços Prestados por Terceiros – R$ 15.504.191,19 da DIPJ/12 – AC 2011 ND 1280470; 5) Demonstrativo de recolhimento do IOF seguros para o ramo prestamista a partir de abril/2011 a dez/2012; 6) Amostragem das apólices mestras de cada estipulante. Em 07 de abril de 2016 o contribuinte foi intimado, por meio do TIF nº02 , a apresentar as seguintes informações: 1) Composição da linha 16 – ficha 04C – Outras despesas de Comercialização – R$ 226.893.374,71, da DIPJ/12 – AC 2011 ND 1280470; 2) Composição da linha 16 – ficha 04C – Outras despesas de Comercialização – R$ 273.849.809,10, da DIPJ/13 – AC 2012 ND 1195136; 3) Composição da linha 19 – ficha 04C – Outras despesas de Seguros – R$ 9.379.348,09, da DIPJ/12 – AC 2011 ND 1280470; 4) Composição da linha 19– ficha 04C – Outras despesas de Seguros – R$ 19.412.234,09, da DIPJ/13 – AC 2012 ND 1195136. Em 14 de abril de 2016 o contribuinte apresentou CD com os demonstrativos solicitados, arquivos em formato excel. Em 12 de maio de 2016 o contribuinte foi intimado, por meio do TIF nº 03, a apresentar os seguintes documentos e as seguintes informações: 1) Conforme composição da linha 16 – ficha 04C – Outras Despesas de Comercialização – R$ 226.893.374,71 da DIPJ/12 – AC 2011 ND 1280470, o contribuinte pagou os seguintes valores aos parceiros comerciais: a) FAST SHOP COMERCIAL LTDA – R$ 14.433.723,80; b) PRIMUS PARTICIPAÇÕES LTDA – R$ 37.806.115,09; c) TCO – R$ 36.836.783,63; d) RICARDO ELETRO – R$ 35.427.261,93 1.1) Apresentar composição mensal da despesa (prólabore, bônus de performance, exclusividade, etc) de forma a compor o valor total deduzido; 1.2) Apresentar cópia dos contratos operacionais, destacando as cláusulas que embasaram as respectivas remunerações; 1.3) Explicar por meio de lançamentos contábeis a forma de contabilização, tanto para o prólabore, o direito de exclusividade e eventuais prêmios pagos. No caso de despesas sujeitas a diferimento, explicar a forma de cálculo; Fl. 929DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 930 5 1.4) A fim de compor amostragem, apresentar memória de cálculo (bônus, relatórios de apresentação de clientes utilizados para cálculo do prólabore, etc) da despesa para o mês de SETEMBRO de 2011 para os quatro parceiros acima descritos. 2) Conforme linha 28 da tabela que demonstra a composição da linha 03 da ficha 05C (expediente de resposta de 28 de março de 2016 ao Termo de Início de Fiscalização), houve pagamento de R$ 3.031.747,88 à própria ASSURANT SEGURADORA S.A. Explicar a natureza jurídica de tal despesa. Em 1º de junho de 2016 o contribuinte apresentou expediente de resposta ao TIF nº03 e forneceu CD com os seguintes arquivos contendo as seguintes informações: Item 1.1) Disponibilizado no arquivo “Fiscalização Ficha 4C 16 – AC2011 – Composição Mensal.xlsx, aba Pivot (2); Item 1.2) Disponibilizados contratos e respectivos aditivos em arquivos pdf e destaque das cláusulas disponibilizados no arquivo “1Sumário das cláusulas contratuais.pdf”; Item 1.3) Disponibilizado no arquivo “Fiscalização Ficha 4C16 – AC 2011 – Composição Mensal.xlsx, aba Pivot (2), coluna B” 2011; Item 1.4) Disponibilizado no arquivo “Fiscalização Ficha 4C16 – AC 2011 – aba Premit 2011 relatório entregue mensalmente à SUSEP”; Item 2) Disponibilizado no arquivo “Composição da linha 03 ficha 05C.xlsx, aba Plan2”. Tratamse de valores de “transfer price” referentes a 1Q, 2Q, 3Q e 4Q/2011 pagos à matriz sediada nos USA. Em nosso sistema a Matriz USA está configurada como Assurant Seguradora S.A. Em 27 de junho de 2016 o contribuinte foi intimado por meio do TIF nº04 , especificamente sobre matéria do IOF. Tal intimação, o expediente de resposta (de 11 de julho de 2016), CD de resposta e demais informações constam dos autos do e Processo nº 16327720.582/201677 (cópia do Auto, Termo de Verificação Fiscal – Relatório e CD constam também deste e Dossiê). Em 12 de julho de 2016 o contribuinte foi intimado por meio do TIF nº5 a apresentar os seguintes esclarecimentos e fornecer os seguintes documentos: 1) Complementação da documentação entregue referente ao item “1.3” do TIF nº 03, no qual foi solicitado o esclarecimento, por meio de lançamentos contábeis, da forma de contabilização do “prólabore”, do “direito de exclusividade” e de eventuais prêmios pagos. No caso de despesas sujeitas a diferimento, explicar a forma de cálculo, assim como explicar os lançamentos contábeis efetuados (anexar normativos SUSEP); Fl. 930DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 931 6 2) Segregar na tabela apresentada em resposta ao TIF nº 03, item 1.3, as apólices referentes a seguros de ramos mensais daquelas sujeitas a diferimento; 3) A fim de compor amostragem, escolher duas apólices aleatórias da tabela acima e demonstrar a forma de cálculo do diferimento do “prólabore”, assim como os valores levados a resultado mensalmente; 4) Apresentar cópia das apólices escolhidas por amostragem. Em seu expediente de resposta, de 05 de agosto de 2016, acompanhado de fornecimento de CD com arquivos correspondentes, o contribuinte apresentou os seguintes esclarecimentos relativos a cada um dos itens do TIF nº05 : 1) Disponibilizado por meio dos arquivos “Resposta item 1 Esquema contábil.pdf” e “Resposta item 1 –Circulares SUSEP.pdf”; 2) Disponibilizado por meio do arquivo “Resposta item 2 e 3 – Fiscalização Ficha 4C16 – AC2011_v2.xlsx”, aba “Resposta intimação TIF 5 item 2; 3) Disponibilizado por meio do arquivo “Resposta item 2 e 3 – Fiscalização Ficha 4C16 – AC2011_v2.xlsx”, aba “Resposta intimação TIF 5 item 3”; 4) Disponibilizado por meio do arquivo “Resposta item 4 –Apólices.pdf”. Em 13 de setembro de 2016 o contribuinte foi intimado por meio do TIF nº6 a apresentar os seguintes esclarecimentos e fornecer os seguintes documentos, anos calendário 2011 e 2012: 1) Balancetes Mensais de Verificação; 2) Reapresentar LALUR, partes A e B (arquivos cortados ou incompletos nas respostas anteriores); 3) Apresentar demonstrativo de apuração da CSLL ou LACS (não consta nos arquivos já apresentados); 4) Complementar o esquema contábil (item 1) da resposta de 05 de agosto de 2016 ao TIF nº 05, indicando o número das contas contábeis citadas, conforme Plano de Contas da SUSEP; 5) Para as duas apólices utilizadas para demonstrar o diferimento no ano calendário 2011 (resposta de 05/08/2016 aos itens 2 e 3 do TIF nº 05), é possível visualizar na contabilidade, individualmente ou coletivamente, os valores diferidos? Anexar documentação contábil de suporte. Anexar cópias das propostas referentes às apólices escolhidas para 2011; 6) Conforme composição da linha 16Ficha 4C – Outras Despesas de Comercialização – R$ 273.849.809,10 da DIPJ 2013 – AC 2012 – ND 01195136, o contribuinte pagou os seguintes valores aos parceiros comerciais: FAST SHOP COMERCIAL LTDA – R$ 49.238.084,46; PRIMUS PARTICIPAÇÕES LTDA – R$ 45.893.299,21; TCO – R$ 36.135.205,11, RICARDO ELETRO – R$ 9.191.070,15. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 932 7 6.1) Apresentar a composição mensal da despesa (prólabore, bônus de performance, exclusividade, etc, de forma a compor o valor total deduzido; 6.2) A fim de compor amostragem, apresentar memória de cálculo (bônus, relatórios de apresentação de clientes utilizados para cálculo do prólabore, etc) da despesa para o mês de SETEMBRO de 2012, para os quatro parceiros acima descritos; 6.3) A fim de compor amostragem, escolher duas apólices aleatórias dentre as quatro acima e demonstrar a forma de cálculo do diferimento do prólabore, assim como os valores levados a resultado contábil mensalmente. Vincular com a contabilidade. Anexar documentação contábil comprobatória; 6.4) Apresentar cópias das apólices e propostas escolhidas para compor a amostragem do item anterior; 7) Complementar com a descrição da despesa a linha 04 da planilha apresentada em resposta ao TIF nº 02, de 14 de abril de 2016 – Composição ficha 04C – linha 16, para os anoscalendário de 2011 e 2012; 8) Complementar com a descrição da despesa a linha 04 da planilha apresentada em resposta ao TIF nº02 , de 14 de abril de 2016 – Composição ficha 04C – linha 19, para o anocalendário de 2012; 9) Apresentar planilha (2011 e 2012) que descreva os valores amortizados anualmente a título de direito de exclusividade e pagos aos parceiros comerciais FAST SHOP, LOJAS MARISA, PERNAMBUCANAS, TIM e outros). Anexar razão da conta. Apresentar composição da linha e ficha da DIPJ em que estes valores são deduzidos; 9.1) Informar, se houver, outras linhas da DIPJ em que sejam deduzidas despesas previstas nestes contratos, como: pagamento de bônus, participação nos lucros, etc; 10) Esclarecer, quanto ao contrato da Ricardo Eletro, a dedução de despesas em 2011, se conforme descrito na cláusula “7.1” que define a vigência: “O contrato entrará em vigor no momento de sua assinatura (20/01/2010), porém as vendas deverão se iniciar a partir de 01/07/2012 e vigorará até 31/12/2016. Em seu expediente de resposta, de 14 de outubro de 2016, acompanhado de fornecimento de CD com arquivos correspondentes, o contribuinte apresentou os seguintes esclarecimentos e documentos relativos a cada um dos itens do TIF nº 06: 1) Disponibilizado no arquivo “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 01”; 2) Solicitou prorrogação de prazo; 3) Solicitou prorrogação de prazo; 4) Disponibilizado no arquivo “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 4”; Fl. 932DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 933 8 5) Disponibilizado no arquivo “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 5”; 5.1) Disponibilizado no arquivo “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 5.1”; 6) Disponibilizado da seguinte forma: 6.1) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 06, 06.1, 06.2, 06.3, 7 e 8”. 6.2) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 06, 06.1, 06.2, 06.3, 7 e 8”. 6.3) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 06, 06.1, 06.2, 06.3, 7 e 8”. 6.4) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 6.4; 7) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 06, 06.1, 06.2, 06.3, 7 e 8”; 8) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 06, 06.1, 06.2, 06.3, 7 e 8”; 9) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 9”. 9.1) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 9.1”. 10) Disponibilizado em “Documentos Entrega 6ª Intimação\Item 10”. Em 24 de outubro de 2016 o contribuinte foi intimado por meio do TIF nº7 a apresentar os seguintes esclarecimentos e fornecer os seguintes documentos, anos calendário 2011 e 2012: 1) Reapresentar os Balancetes mensais de verificação, com abertura de créditos e débitos; 2) Apresentar composição da linha 17 da ficha 04C da DIPJ/12 – “Variação das Despesas de Comercialização Diferidas”, no montante de R$ 29.852.865,28, nos mesmos moldes da planilha apresentada para “Prêmios Emitidos”– Resp. item 2 e 3 – Fisc. Ficha 04C – AC. 2011 do TI nº05 , acrescentando coluna trazendo a descrição dos valores diferidos apropriados em 2011. Efetuar o batimento entre o valor totalizado na planilha, com o Razão e com a DIPJ/12. 3) Apresentar planilha de “Prêmios Emitidos”, nos mesmos moldes da apresentada nas respostas aos TI nº05 e 06, abarcando a totalidade das Despesas de “PróLabore” (31438), deduzidas em DIPJ (Outras Despesas de Comercialização – R$ 226.893.374,71) no anocalendário de 2011, acrescentando coluna com a descrição dos valores diferidos apropriados em 2011. Efetuar o batimento entre o valor totalizado na planilha, com o Razão e com a DIPJ/12. Fl. 933DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 934 9 4) Reapresentar as planilhas de “Prêmios Emitidos”, que compõem a amostragem solicitada nos TI nº05 e 06, no anocalendário de 2011, acrescentando coluna com a descrição dos valores diferidos apropriados em 2011. (As planilhas apresentadas informam apenas os valores“a diferir”, e os “Apropriados”, porém não individualiza os valores apropriados referentes a 2011, visto várias apólices apresentarem data de início de vigência em 2010.) 5) Apresentar Razão das contas 31438 e 31458, e demais que a julgamento do contribuinte sejam necessárias como suporte documental às planilhas apresentadas. Em seu expediente de resposta, de 11 de novembro de 2016, acompanhado de fornecimento de CD com arquivos correspondentes, o contribuinte apresentou os seguintes esclarecimentos e documentos relativos ao “item 2” da TIF nº06 e aos itens da TIF nº07 : a)I tem 2 do TIF nº 06 , complementando o LALUR/LACS apresentando em 28/03/2016; b)I tem 1 do TIF nº 07 , reapresenta os balancetes mensais de verificação, com a abertura de débitos e créditos; c)I tem 2 do TIF nº 07 , apresenta composição da linha 17 da ficha 04C da DIPJ/12, com descrição dos valores diferidos apropriados em 2011; d)I tem 3 do TIF nº 07 , apresenta composição dos Prêmios Emitidos, com a totalidade das despesas de PróLabore do anocalendário de 2011; e)I tem 4 do TIF nº 07 , reapresenta informação dos prêmios emitidos, acrescentando a descrição dos valores diferidos apropriados em 2011; f)I tem 5, do TIF nº 07 , apresenta razão das contas 31438 e 31458. Em 12 de dezembro de 2016 o contribuinte foi intimado por meio do TIF nº8 a apresentar os seguintes esclarecimentos: 1) Explicar em qual linha da DIPJ/2012 encontrarse a informação referente aos R$ 83.838.190,10 (planilha de resposta ao TIF nº 07, item 4) e se tal valor referese ao total de despesas diferidas apropriadas no anocalendário 2011; 2) Na planilha acima referenciada, qual o valor referese ao estipulante “FAST SHOP”? Em seu expediente de resposta de 16 de dezembro de 2016, acompanhado de CD com arquivos do tipo “doc”, o contribuinte informou o que se segue: “Em resposta ao item 1 do TIF nº 08, a requerida apresentou planilha em resposta ao TIF nº 07, item 4, totalizando o valor de R$ 83.838.190,10. Esclarecemos, em verdade, que tal planilha teve como base a vigência de contratos com cada estipulante (primeiro início e último fim de vigência dos bilhetes do estipulante), compreendendo portanto, períodos anteriores e Fl. 934DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 935 10 posteriores ao solicitado, não sendo assim aplicável à solicitação desta Delegacia Especial da RFB. O objetivo da planilha era a demonstração do cálculo do diferimento, conforme solicitação do TIF em questão”. Portanto, a fim de justificar os valores de “Prêmios Emitidos” esclarece que o valor considerado é o constante na planilha apresentada em resposta ao TIF nº 07, item “2_Sintético”, totalizando o valor de R$ 29.852.865,28, que compõe a Ficha 04C – linha 17 da DIP 2012 – AC 2011. Isso posto, consideramos que a base para o valor de R$ 29.852.865.28 é o registro da despesa em questão em nossos livros contábeis, registro este que está em conformidade com os registros operacionais de comissão suportados conforme solicitação da Susep. Ressaltamos também que o cálculo detalhado do referido deferimento foi apresentado com base em amostra de 2 itens a esta Delegacia, no TIF nº06 . Referente ao item 2 do TIF nº 08 , a requerida informa ainda que as vendas realizadas pelo estipulante “FAST SHOP” durante o ano de 2011 não contemplavam vigência imediata, mas sim para o ano seguinte, não havendo, portanto, valor a ser apresentado para o ano em questão”. Lucro Real e Base da CSLL declarados O contribuinte apurou lucro real/base de cálculo da CSLL anual, antes da compensação de prejuízos e da base negativa de R$ 14.381.387,85 no anocalendário de 2011. 4. Dos Fatos Apurados Conforme DIPJ/12, anocalendário de 2011, ND: 0001280470, o contribuinte deduziu na linha 16 da ficha 04C – “Receitas e Despesas de Seguros”, o montante de R$ 226.893.374,71, a título de “Outras Despesas de Comercialização “Esse valor compõe a “Despesa de Comercialização”, obtida pelo somatório das linhas: “Despesas de Comissões” (LINHA 14), “Recuperação de Comissões” (LINHA 15), “Outras Despesas de Comercialização” (LINHA 16) e “Variação das Despesas de Comercialização Diferidas” (LINHA 17) (valores em R$). LINHA14:()Despesas de Comissões= (13.114.426,12) LINHA15:(+)Recuperação de Comissões= 169.577,83 LINHA16:()Outras Desp. Comercialização= (226.893.374,71) LINHA 17:(+)Var. Desp. Comerc.Diferidas= 29.852.865,28 Das despesas com Seguros Diferimento O objetivo da fiscalização, nesta operação em particular, foi verificar se o contribuinte procedeu ao necessário diferimento das despesas com seguros, fazendo a correspondência entre as receitas de seguro com as respectivas despesas, ao longo da vigência dos contratos celebrados pelo contribuinte com os estipulantes. Em relação ao objeto específico da operação, verifiquei se o contribuinte diferiu comissões, prólabore, bônus de desempenho e demais despesas variáveis previstas contratualmente (em função dos prêmios emitidos em cada apólice mestra, isto é, pelo prazo do correspondente seguro contratado). Fl. 935DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 936 11 Para o anocalendário 2011 o contribuinte informou despesas com seguros na Linha 16, da Ficha 04C, de R$ 226.893.374,71. Solicitamos que o contribuinte demonstrasse os valores de despesas nos quatro maiores contratos em vigor naquela época, que totalizaram aproximadamente 55% do total, a saber: a) FAST SHOP – R$ 14.433.723,80; b) MARISA (PRIMUS PARTICIPAÇÕES) – R$ 37.806.115,09; c) PERNAMBUCANAS (TCO) – R$ 36.836.783,63; d) RICARDO ELETRO – R$ 34.427.261,93 (...) Na Planilha “Resposta item 2 e 3 – Fiscalização Ficha 4C 16 – AC2011_v2.xlsx”, aba “Resposta intimação TIF 5, item 2”, o contribuinte informou haver demonstrado os valores componentes da despesa com seguros que foram diferidos no ano calendário 2011, por estipulante. Na Planilha “Ficha 4C17, aba “Item 2 Sintético”, o contribuinte informou haver demonstrado os valores das despesas diferidas apropriados no ano calendário 2011, por estipulante. Tais valores totalizaram R$ 29.852.865,28. Intimado a apresentar o demonstrativo de cálculo dos valores de “prólabore” apropriados no anocalendário 2011, por estipulante, evidenciando o diferimento em função do período transcorrido no anocalendário 2011 e a vigência total, o contribuinte apresentou, na resposta ao TIF nº 07, Planilha “Ficha 4C17 – AC2011” abas “Item 3”, “Item 4” e “RO_PREMIT 2011_2012” os demonstrativos requeridos. Da Planilha “Ficha 4C17”, que espelha as contas contábeis nela referenciadas (isto é, refletem a contabilidade do contribuinte, conforme fornecida e declarada também no SPED), observase que: a) Os Prêmios emitidos em função da vigência dos contratos com os estipulantes (isto é, da competência do ano calendário 2011), no anocalendário 2011, totalizaram R$ 392.861.187,22 (conforme coluna “PR_EMIT” da aba “RO_PREMIT 2011_2012); b) O Prólabore total correspondente aos prêmios emitidos e ativados conforme esquema contábil fornecido no item 4 da Resposta ao TIF nº06 (conforme coluna PRO_LAB da mesma aba) no anocalendário 2011 foi de R$ 219.722.663,77; c) O Prólabore que poderia ter sido apropriado, como despesa de comercialização de seguros da competência do anocalendário 2011 é aquele demonstrado na coluna DCD_2011 da aba “RO_PREMIT 2011_2012”, no valor de R$ 83.838.190,10. Ele reflete a parcela do PróLabore dos prêmios Fl. 936DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 937 12 emitidos no anocalendário 2011 e que, efetivamente, correspondem ao período decorrido naquele anocalendário (representando, portanto, uma relação entre os dias dos respectivos contratos decorridos no ano e o prazo de vigência total dos contratos). Na aba “item 3” da mesma Planilha “Ficha 174C”, o contribuinte demonstrou o total de despesas deduzido na apuração do Lucro Real e da Base de cálculo da CSLL no ano calendário 2011, que foi de R$ 226.893.374,71, dos quais R$ 219.722.663,77 referemse ao chamado “PróLabore direto, composto pelas contas de resultado 314381110001, 314281110002, 314381110003. Destes, o valor constante na conta 31438111003 (Prólabore Seguros – PR ÚNICO) foi de R$ 188.196.782,03. O valor de R$ 29.852.865,28, que o contribuinte afirmou, na resposta ao TIF nº08 (de 16 de dezembro de 2016), referirse à linha 17 da Ficha 04C da DIPJ/2012 (AC 2011), e cuja composição foi demonstrada na Planilha “Ficha 4C17”, aba “Item 2 – Sintético” referese à chamada “Variação de Despesas com Diferimento”, valor decorrente da sistemática de contabilização definida pela SUSEP e adotada pelo contribuinte. Tal valor pode ser positivo (reduzindo o lucro real) quanto negativo (adicionandose ao lucro real), e, no caso em foco foi negativo (isto é, representou parcela adicionada ao lucro real e à base da CSLL do período). Conforme NOTA EXPLICATIVA 19.5 das Demonstrações Financeiras de 2011, referentes ao custo de aquisição, observase a descrição (I) e (II) da função das referidas contas. “19.5 – Custo de Aquisição (em milhares de R$): Comissões= (13.115) Recuperação de Comissões = 170 Outras Desp. Com (I) = (220.800) Var. Desp. Com. Dif (II) = 29.853 (I) Referemse a despesas com prólabore sobre prêmios emitidos previstos em contrato com os canais de distribuição e investimentos efetuados em canais de distribuição para promover, distribuir e comercializar produtos de seguros, principalmente com os ramos prestamista e garantia estendida. (II) Referese, principalmente, aos contratos de seguros de extensão de garantia, emitidos em períodos anteriores e reconhecidos no resultado após o término de garantia do fabricante e início de vigência do risco de seguro”. A contabilização da conta de “Variação Desp. De Comercialização Diferida” está prevista na Circular Susep nº 323, de 19 de abril de 2006, que no seu artigo 7º prevê que durante o prazo compreendido entre a data de início da vigência para os efeitos legais do contrato e a data de início da vigência de cobertura do risco, os “Prêmios Ganhos” e as “Despesas de Comercialização” terão efeito nulo no resultado das Sociedades Seguradoras. Já no artigo 8º, assim ficou estabelecido: Fl. 937DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 938 13 “Art. 8ºA partir do início de vigência de cobertura de risco deverá se iniciar o diferimento dos "Prêmios Ganhos” e das “Despesas de Comercialização”. Observase, nos documentos fornecidos, conforme resposta ao TIF nº8, item 2, que o disposto no normativo acima justifica o fato das vendas realizadas pelo estipulante “FAST SHOP” durante o ano de 2011 não terem sido computados na planilha de cálculo do diferimento. Tendo vigência apenas no ano seguinte (2012), não poderiam influenciar o resultado do ano de 2011. Análise dos dados Concluise que o contribuinte poderia ter apropriado despesas com comercialização de seguros – PróLabore no valor de R$ 83.838.190,10 no anocalendário 2011, valor que representa a parcela correspondente ao período decorrido (ano de 2011). Os valores são o somatório dos Prólabore apropriáveis em cada apólice em vigor no ano calendário 2011 em função dos prêmios emitidos. Os valores de despesas diferidos podem ser apropriados na medida do reconhecimento das receitas também diferidas. O valor representa o valor das respectivas contas (conforme descritas) apropriados pelo período de vigência transcorrido no anocalendário de 2011. O contribuinte não poderia ter deduzido a totalidade do PróLabore correspondente aos Prêmios Emitidos em 2011, uma vez que os prazos de duração dos diversos contratos descritos na sua contabilidade e no demonstrativo por ele elaborado ultrapassam em muito o anocalendário 2011. Os efeitos de anos anteriores foram desconsiderados em função de tais períodos terem sido alcançados pela decadência. A parcela dedutível na apuração do Lucro Real e na apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido corresponde apenas ao valor dos prêmios e das despesas referentes ao período de 2011. 5. Do Direito O “Princípio da Competência” conforme reconhecido pela ciência contábil e pelos círculos profissionais, está entre nós enunciado na Resolução no art. 9º da CFC nº 750/1993, com a interpretação e denominação modificados pela Resolução CFC nº1.282/2010. É um dos pilares da contabilidade societária. Assim estabeleceu o art. 9º da Resolução CFC nº750/93: “Art. 9° As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1° O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2° O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Fl. 938DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 939 14 § 3° As receitas consideramse realizadas: I nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetiválo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à Entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV no recebimento efetivo de doações e subvenções. § 4° Consideramse incorridas as despesas: I quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; II pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; III pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.” A Circular SUSEP/DETEC/GAB/nº 01/2009 de 17/06/2009, documento anexo, emitiu o comunicado a seguir descrito, conforme notícia veiculada na internet: “Susep explica procedimento para remuneração de estipulante: A Susep comunicou ao mercado que a remuneração do estipulante em contratos de seguros coletivos, por serviços prestados a título de divulgação, propaganda, ou quaisquer outros relacionados ao plano de seguro, deve ser dimensionada pela seguradora no seu carregamento, com reflexo direto sobre o prêmio comercial cobrado do segurado, inclusive para fins tributários. O comunicado, assinado pela Chefe do Departamento Técnico da autarquia (Detec), Sônia Cabral, lembra, ainda, que, conforme artigo 103 da Circular da própria Susep n° 302/05, é facultada a comercialização de planos de seguro de pessoas que ofereçam sorteios por meio da aquisição de título de capitalização, desde que o referido título seja custeado integralmente pela seguradora e não pelo segurado. A Susep esclarece ainda que qualquer operação em desacordo com essa premissa deve ser revista de imediato”. Com base no mesmo “Princípio da Competência”, a Circular SUSEP nº424/2011, que instituiu o plano de contas para o ano de 2011, dispõe em Anexo I, art. 8º: “Registramse as receitas e despesas no período em que elas ocorrem, observado o regime de competência”. Mais esclarecedora foi ainda a SUSEP com a edição da Circular nº48 3/2014, que visou esclarecer o assunto. Fl. 939DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 940 15 A SUSEP (na Circular SUSEP nº48 3, de 06 de Janeiro de 2014) assim discorre sobre os “Custos de Aquisição Diferidos”: “Em atendimento ao que determina o Princípio de Confrontação entre Despesas e Receitas, os custos de aquisição passíveis de diferimento, caracterizados, conforme determina o presente documento, por apresentar uma relação direta e incremental com uma determinada apólice/bilhete/certificado/título, poderão ser reconhecidos no ativo e apropriados ao resultado como despesa na mesma proporção em que são reconhecidas as receitas relacionadas às respectivas apólices/bilhetes/certificados/título”. Ainda que tal normativo tenha sido editado posteriormente ao anocalendário 2011, tratandose de norma meramente interpretativa, aplicase à análise dos fatos apurados, uma vez que tais fatos deveriam se conformar ao princípio contábil da correspondência (confrontação) entre Despesas e Receitas, que, como “Princípio Fundamental da Contabilidade” vigora hoje e vigorava no anocalendário 2011. a uma apólice. Portanto, inicialmente, tal gasto pode ser reconhecido no ativo, a fim de que, futuramente, possa ser apropriado ao resultado como despesa. Em exemplo apresentado no citado Normativo cujo trecho acima transcreveuse, temos: Em 31/12/X0, uma sociedade seguradora emitiu uma apólice de seguro de automóvel com vigência de 01/01/X1 a 31/12/X1. O prêmio recebido pela assunção do risco foi de $1.200,00, sendo paga ao corretor uma comissão de corretagem no valor de $120,00. Neste exemplo, a comissão paga ao corretor caracterizase como um custo de aquisição passível de diferimento, haja vista que é um gasto incremental (variável) diretamente relacionado a uma apólice. Portanto, inicialmente, tal gasto pode ser reconhecido no ativo, a fim de que, futuramente, possa ser apropriado ao resultado como despesa. A partir de 01/01/X1, será reconhecida, a cada mês, uma receita de $100 pela apropriação dos valores registrados na Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG). Conforme determina o presente documento, os custos de aquisição diferidos deverão ser apropriados ao resultado como despesa na mesma proporção em que são reconhecidas as receitas relacionadas às respectivas apólices/bilhetes/certificados/títulos. Dessa forma, a cada mês será reconhecida uma despesa no montante de $10, referente ao custo de aquisição diferido (comissão de corretagem, nesse exemplo). No nosso caso concreto os valores da remuneração “Pró Labore” enquadram se perfeitamente no conceito de “despesa diferível” e, conforme “esquema contábil” fornecido pelo contribuinte (vide resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 06, de 13 de outubro de 2016, documento relativo ao “item 4”), deveriam ser ativados (e o foram, efetivamente) na data da emissão dos Prêmios, com o efetivo reconhecimento das despesas de “PróLabore” na medida do transcurso do prazo de vigências dos contratos firmados com os Fl. 940DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 941 16 estipulantes e em função dos prêmios emitidos nas apólicesmestras em vigor (no caso, no anocalendário 2011). O valor da despesa com “PróLabore” que deveria ter sido apropriado ao longo do anocalendário 2011, em obediência ao Princípio da Competência, conforme demonstrado nos documentos de resposta ao TIF nº07 , mais especificamente na Planilha Ficha 4C – Linha 17, aba “RO_PREMIT 2011_2012” (somatório da coluna Despesa DCD )e nas abas “item 3” e “item 4” deveria ter sido de R$ 83.838.190,10 e não o valor total de PróLabore emitido de R$ 219.722.663,77, 6. Infração Apurada Tendo em vista a apropriação de despesas com pagamento de PróLabore, no anocalendário 2011, no valor de R$ 219.722.663,77, com inobservância ao Princípio da Competência e à sua consequência que deveria ter sido o diferimento das despesas com PróLabore e o reconhecimento na medida da vigência dos contratos e dos prêmios emitidos, efetuei a glosa do excesso indedutível no ano calendário 2011, no seguinte valor: Valor Tributável (VT) = Excesso de Despesa do Pagamento de PróLabore VT = Valor de Despesas com PróLabore computadas pelo contribuinte no Lucro Real e na Base da CSLL – Valor Dedutível pelo efetivo diferimento das despesas VT = R$ 219.722.663,77 – R$ 83.838.190,10 = VT = R$ 135.884.473,67. O Valor Tributável apurado será a base de cálculo do Lançamento de Ofício, que se efetivará com a lavratura de Autos de Infração do IRPJ e da CSLL, para o anocalendário 2011. O enquadramento legal da infração pode ser consultado nos textos dos Autos de Infração da IRPJ e da CSLL relativos ao anocalendário 2011. Os efeitos, no anocalendário 2011, de despesas com seguros que tenham sido indevidamente deduzidas em anos calendários anteriores a 2010, não serão considerados (recomposição de bases de cálculo do IR e da CSLL), uma vez que tais períodos já foram alcançados pela decadência, conforme estabelecida no art. 150, parágrafo 4º, do Código Tributário Nacional. (...) Na autuação foi efetuada a compensação de ofício de prejuízo fiscal de anos anteriores e base negativa de CSLL, conforme planilhas constantes do auto de infração de IRPJ e CSLL, de forma que deverão ser feitos os ajustes necessários na escrituração fiscal do contribuinte. Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação, de fls. 695/724: O I. Agente Fiscal não compreendeu corretamente as particularidades da sistemática de apropriação de despesas de operações de seguros referentes à comercialização, tal como a realizada pela Requerente em 2011, e, não observando corretamente o regime de competência, concluiu de forma Fl. 941DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 942 17 equivocada que a Requerente teria deduzido despesas em montante superior ao permitido; . Exatamente por não compreender as particularidades da contabilização de seguros, o I. Agente Fiscal desconsiderou despesas de comercialização de seguros de anos anteriores a 2011, mas que foram diferidas até aquele ano calendário em razão da vigência das respectivas apólices, tornandose dedutíveis, conforme será melhor esclarecido adiante; . O I. Agente Fiscal não observou que as despesas de operações de seguros referentes a sua comercialização estão corretamente indicadas na DIPJ da Requerente (linhas 16 e 17 da ficha 4C), ignorando a existência da linha 17 para efeitos de determinação das despesas dedutíveis em 2011. . A aplicação incorreta do regime de competência pelo I. Agente Fiscal fez com que ele concluísse de forma equivocada que a Requerente teria apropriado despesas em valores superiores ao permitido e atribuiu esse montante como base de cálculo dos Autos de Infração, que, portanto, está incorreta e deverá gerar a anulação das exigências fiscais. II. OS AUTOS DE INFRAÇÃO IMPUGNADOS Sob tal título, revisa a autuação, narrando os valores brutos considerados no lançamento, e frisa que "não deduziu em 2011 o montante de R$ 135.884.473,67 alegado", resumindo se as conclusões da fiscalização a equívocos na compreensão das particularidades na contabilização de despesas de seguros. III. MÉRITO: IMPROCEDÊNCIA DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Em seguida, afirma que respeitou o regime de competência no reconhecimento das despesas glosadas, seguindo o art. 177 da Lei nº 6.404/76, a Resolução CFC 750/93 e a Circular SUSEP 517/15 (na época em vigor a Circular SUSEP 424/11), e destaca a possibilidade de apropriarse de despesas diferidas de anos anteriores na medida da vigência das apólices a que se referem. Dentre os esclarecimentos dispensados, destacamse que (com grifos nossos): i) o regime de competência deve ser observado levandose em consideração a vigência do risco de seguro, ou seja, de acordo com a vigência de cada apólice de seguro vendida pela Seguradora. Dessa forma, o registro das receitas e despesas de comercialização de seguros deve ocorrer (i) em sua totalidade em um único mês, em caso de vigência de risco de seguro mensal, ou (ii) diferidos ao longo do período da vigência do risco de seguro, em caso de cobertura de seguro diferida; ii) a despesa de comercialização deve ser registrada em sua totalidade no momento da emissão de cada apólice de seguro, utilizando, para tal, linha específica do plano de contas da Susep denominada “custo de aquisição” ou, tão somente, “despesa de comercialização”. Ao mesmo tempo, a fim de adequar o registro da referida despesa com o regime de competência, a Susep também determina que o seu diferimento ocorra em linha específica distinta, denominada “variação do custo de aquisição diferida” (ou tão somente Fl. 942DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 943 18 “DCD”), respeitandose o período da vigência do risco de cada apólice de seguro. iii) na DIPJ, o “custo de aquisição” é reportado na seção 4C, linha 16 da referida declaração, enquanto que seu diferimento “variação do custo de aquisição diferida” deve ser reportado na seção 4C, linha 17 da DIPJ, compondo estas duas linhas a totalidade da despesa dedutível da base de cálculo do IRPJ/CSLL em cada exercício; Prossegue detalhando as regras e princípios invocados, em que é, em especial, apropriado transcrever o Art. 8º da Circular SUSEP 424/2011: Art. 8º Registramse as receitas e despesas no período em que elas ocorrem, observado o regime de competência. § 1° Para os produtos de risco, o fato gerador da receita é a vigência do risco. (...) § 6° Quando o risco de cobertura contratual for definido no certificado ou item segurado, a contabilização pela vigência da cobertura deverá obedecer ao prazo definido no certificado ou item segurado Ressalva, todavia, que "a SUSEP exige que as seguradoras efetuem o registro dos prêmios emitidos e das despesas de comercialização (denominadas de comissionamento) no momento da emissão das apólices", em que a DCD cumpre o papel de diferir a apropriação da despesa sem ferir a obrigatoriedade de registro imediato no entanto, neutralizando seus efeitos, até sua reversão com a vigência da cobertura do risco. Aduz, nessa esteira, que a Variação do Custo de Aquisição Diferido (DCD) é o valor informado na linha 17 da ficha 4C da DIPJ. Parte, então, para uma série de exemplos com o fim de ilustrar diferentes contratos que espelhariam as principais operações. III.2 Origem das despesas contestadas nos Autos de Infração Frisa o impugnante que "o I. Agente Fiscal cometeu um equívoco ao entender que a Requerente teria deduzido despesas não relativas ao ano de 2011, no montante de R$ 135.884.473,67, o que não ocorreu." E complementa: Conforme corretamente reconhecido pelo I. Agente Fiscal, o montante de R$ 135.884.473,67 referese a despesas relativas a apólices de seguros com coberturas com vigências futuras e que, portanto, conforme esclarecido no item anterior, tanto as respectivas receitas quanto despesas de fato não poderiam ser apropriadas em 2011, COMO DE FATO NÃO OCORREU, VISTO QUE ESSAS DESPESAS NÃO FORAM DEDUZIDAS EM 2011 PELA REQUERENTE.(grifo no original) Confirma, portanto, que o valor de R$ 135 milhões são relativos a despesas com apólices com vigências futuras. Todavia, nega a dedução de tais despesas Fl. 943DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 944 19 durante o ano 2011, repisando na incompreensão de sua DIPJ 2012 pela fiscalização. Esclarece, nessa esteira, que a Linha 16 da Ficha 4C seria lançada sempre como uma provisão, e a Linha 17 ajustaria para o valor dedutível, retirando os valores de DCD e, portanto, o valor deduzido como despesa seria R$ 197.040.509,43, cuja composição é: (i) R$ 226.893.374,71, montante declarado na linha 16 da ficha 4C da DIPJ/2012, composto por: • R$ 219.722.663,77, referente às “despesas de comercialização”, denominadas pelo I. Agente Fiscal como “Prólabore”; e • R$ 7.170.710,94, referente a outras despesas, não vinculadas às despesas denominadas “Prólabore” no Termo de Verificação, montante validado desde o início pelo I. Agente Fiscal; (ii) Subtraído por: R$ 29.852.865,28, montante declarado na linha 17 da ficha 4C da DIPJ/2012, composto da seguinte forma: • R$ 44.808.844,94 referente à “variação de custo de aquisição diferida” (“DCD”), registrada no exercício de 2011; subtraído de • () R$ 14.955.979,66, referente a outras despesas de diferimento não relacionadas à matéria em discussão nestes autos (isto é: despesas vinculadas à comercialização de seguros), tais como relativas à amortização de bônus pagos a estipulantes. E complementa com a composição da DCD: Em que conclui: Portanto, percebese que, ao contrário do que consta no Termo de Verificação, o montante apurado de R$ 135.884.473,67 (R$ 219.722.663,77 R$ 83.838.190,10), de onde partiu a base de cálculo para a lavratura dos Autos de Infração, não se refere a despesas deduzidas pela Requerente em 2011, de forma que a premissa básica das autuações está incorreta, e estas, portanto, deverão ser julgadas improcedentes. III.3 Correto tratamento tributário adotado pela Requerente Discorre sobre o confronto simultâneo entre receitas e despesas, o qual deve ser feito segundo suas relações com as transações com as quais se relacionam. Reitera que o montante de R$ 135 milhões apontado pela fiscalização não foi apropriado como despesa, mas seguiu a vigência das apólices, conforme já explicado. Defende, ainda, que não poderia ser questionada pela fiscalização a regulamentação da SUSEP, em contexto que invoca o Artigo 1101 do Código Tributário Nacional (CTN). III.4 Erro na base de cálculo dos Autos de Infração Pelo já exposto, pugna pela anulação do Auto de Infração por vício material pelo erro na Base de Cálculo. Fl. 944DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 945 20 IV. CONCLUSÃO E PEDIDO 73. Ante todo o exposto, a Requerente entende ter demonstrado e comprovado que: (i) os Autos de Infração são improcedentes, de forma que a exigência fiscal deverá ser integralmente cancelada, uma vez que foi comprovada a origem do total das despesas deduzidas em 2011 pela Requerente, o respeito às normas da SUSEP e ao regime de competência, bem como o erro das bases de cálculo das autuações. (Grifos nossos) 1 Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. 74. Nesse sentido, a Requerente tem como plenamente demonstrada a total improcedência dos Autos de Infração ora impugnados, motivo pelo qual requer seja INTEGRALMENTE ACOLHIDA a presente Impugnação para que sejam integralmente cancelados os lançamentos fiscais, com o consequente arquivamento do processo administrativo. 75. Por fim, a Requerente entende que a origem das despesas corretamente por ela deduzidas em 2011 foi devidamente comprovada por meio dos documentos acostados a esta defesa. Contudo, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sem exceção de quaisquer, inclusive pela juntada de novos documentos, bem como, caso se entenda necessário, protesta desde já pela conversão do julgamento em diligência para análise de seus documentos contábeis originais e eventuais esclarecimentos que se façam necessários, a fim de comprovar os argumentos acima expostos relativos aos erros cometidos pelo I. Agente Fiscal na lavratura dos Autos de Infração, diretamente relacionados ao desconhecimento das regras específicas aplicáveis às seguradoras. Em julgamento realizado em 13 de junho de 2017, a 15ª Turma da DRJ/RPO, considerou improcedente a impugnação da contribuinte e prolatou o acórdão 1466.898, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 SEGURADORAS. DESPESAS DE COMERCIALIZAÇÃO DIFERIDAS (DCD). RECONHECIMENTO. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA. De acordo com o princípio de realização da receita e confrontação da despesa (competência), as Despesas de Comercialização Diferidas (DCD) relativas a operações de seguros serão registradas no Ativo Circulante em contrapartida à conta de Resultado Variação de DCD até que, a taxa pro rata die, reconheçamse as receitas e respectivas despesas na medida da vigência da apólice. DESPESA INCORRIDA. Fl. 945DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 946 21 As despesas operacionais pagas em um ano, referentes a fatos a se realizarem no ano seguinte, só podem ser apropriadas como redutoras do lucro no ano de realização. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 LANÇAMENTO. NULIDADE. Somente são nulos no âmbito dos procedimentos de determinação e exigência do crédito tributário os atos em que se verifique a incompetência para lavratura ou decisão, ou a preterição do direito de defesa. As demais irregularidades, incorreções e omissões não importam em nulidade e são passíveis de saneamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário A ora recorrente, devidamente cientificada do acórdão recorrido, apresentou recurso voluntário (fls. 829/861), onde repete os argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade, principalmente nos seguintes tópicos: Da demonstração numérica da apropriação de despesas conforme o regime de competência; Das Regras de Contabilização das Operações de Seguro; Do Cotejo entre os Valores Efetivamente Deduzidos e os Valores Declarados pela Recorrente em sua DIPJ; Suposta Inobservância ao Regime de Competência; Erro na base de cálculo dos Autos de Infração; Recebi os presentes autos, por sorteio, em 29/11/2017. É o relatório. Fl. 946DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 947 22 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi cientificada do teor do acórdão da DRJ/RPO e intimada ao recolhimento dos débitos de IRPJ e de CSLL em 20/06/2017 (ciência abertura do documento à fl. 824/825), e apresentou em 19/07/2017, recurso voluntário, juntados às fls. 829/861. Já que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, e tempestivo, dele conheço. O cerne da questão, conforme o TVF, situase no procedimento adotado pela recorrente no diferimento das despesas com a comercialização de seguros decorrentes de contratos mantidos pela seguradora com terceiros (estipulantes) ao longo dos respectivos prazos contratuais. Da análise dos autos verifico que um ponto importante da discussão está no valor que a recorrente deduziu como despesa de prólabore. Segundo a fiscalização, o valor que ela poderia ter apropriado seria de R$83.838.190,10 no referido ano. Sem adentrar em outras questões, verifico que a planilha analisada pelo fiscal não estava completa, conforme dito no curso da fiscalização, e seria um mero esboço para explicar e demonstrar a metodologia aplicada pela recorrente na apropriação de tais despesas, e que considerava apenas globalmente os bilhetes de cada apólice. Assim, desta feita, apresenta todos os bilhetes detalhadamente, de cada apólice emitida, desde 2006 a 2011, de forma individual, que traria o valor correto. De fato, conforme o TVF, verificase que o fiscal baseiase em tal planilha. Diante do informado pela recorrente, e no meu entendimento imprescindível que se analise a totalidade dos valores. Fl. 947DF CARF MF Processo nº 16327.720885/201690 Resolução nº 1301000.583 S1C3T1 Fl. 948 23 Dessa forma, voto no sentido de se converter o julgamento em diligência para baixar o processo para que a DRF analise a documentação apresentada, de forma detalhada e verifique quais são os valores de despesa de comercialização de seguro, de cada ano, de 2006 a 2010 que geraram efeitos em 2011, bem como das apólices geradas no próprio ano de 2011 que tiveram o início de vigência naquele ano e geraram efeitos no próprio ano. Posteriormente, deve elaborar um relatório conclusivo acerca do apurado em cada ano, indicando se algum ajuste deve ser feito, bem como intimar a recorrente acerca da conclusão da diligência para que se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias, se assim desejar, nos termos do art. 35, parágrafo único, do Decreto 7.574/11. Após, o processo deverá retornar ao CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 948DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.011704/2007-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
IRPF. DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. IDONEIDADE DE RECIBOS
CORROBORADOS POR LAUDOS, FICHAS E EXAMES MÉDICOS.
COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FISCALIZAÇÃO.
A apresentação de recibos médicos, corroborados por Laudos, fichas e Exames Médicos, sem que haja qualquer indício de falsidade ou outros fatos capazes de macular a idoneidade de aludidos documentos declinados e justificados pela fiscalização, é capaz de comprovar a efetividade e os pagamentos dos serviços médicos realizados, para efeito de dedução do imposto de renda pessoa física.
Numero da decisão: 2202-004.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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DESPESAS MÉDICAS. Recorrente MARIA CARMELIA FERNANDES MONTEIRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 IRPF. DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. IDONEIDADE DE RECIBOS CORROBORADOS POR LAUDOS, FICHAS E EXAMES MÉDICOS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FISCALIZAÇÃO. A apresentação de recibos médicos, corroborados por Laudos, fichas e Exames Médicos, sem que haja qualquer indício de falsidade ou outros fatos capazes de macular a idoneidade de aludidos documentos declinados e justificados pela fiscalização, é capaz de comprovar a efetividade e os pagamentos dos serviços médicos realizados, para efeito de dedução do imposto de renda pessoa física. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 17 04 /2 00 7- 19 Fl. 129DF CARF MF 2 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente ao exercício de 2005, ano calendário 2004, em relação à dedução de despesas médicas e Dedução Indevida de Previdência Privada e Fapi. O contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese: a) que os valores glosados na sua declaração de rendimentos pessoa física, anocalendário 2004, exercício 2005, foram realmente efetivados conforme faz prova com os documentos de despesas médicas e com comprovante de rendimento anual. b) anexou os documentos de fls. 02/37 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) negou provimento à Impugnação (fls. 58), em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. As despesas médicas, próprias ou com dependentes, podem ser dedutíveis para efeito de apuração da base cálculo do imposto de renda devido quando devidamente comprovadas. DEDUÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI COMPROVAÇÃO. Na determinação da base de cálculo poderão ser deduzidas as contribuições para a Previdência Privada, até o limite determinado em lei. Há de se acolher como dedução o valor constante do Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda fornecido pela fonte pagadora dos rendimentos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário (fls. 73/125), no qual requer a juntada, em fase recursal, alem daqueles já apresentados conjuntamente com a impugnação, dos seguintes documentos: a) Comprovante de pagamento GEAP (fls. 90); Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10380.011704/200719 Acórdão n.º 2202004.480 S2C2T2 Fl. 130 3 b) Recibos médicos (fls. 91/101); c) Comprovante de rendimentos pagos e retenção da fonte (fls. 105/106); d) DARF´s (fls. 107/109); e) Comprovante de pagamento GEAP (fls. 117); f) Laudos médicos (fls. 119/123); g) Diagnóstico clínico (fls. 125). É o relatório Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. A dedução tributária dos gastos incorridos com despesas médicas é tratada pelo art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, in verbis: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos àtributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas,psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; Fl. 131DF CARF MF 4 II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. (grifamos) Nesse mesmo sentido, o previsto no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: "Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; II limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifamos) A decisão recorrida manteve parcialmente a glosa das despesas médicas efetuadas com base nos seguintes fundamentos: Em sua defesa a contribuinte apresentou como prova da efetividade das despesas médicas os recibos médicos de fls. 03/19, no valor total de R$ 13.000,00, recibos da Associação dos Merceeiros no total de R$ 604,00 e Declaração e Ficha Financeira emitida pela GEAPSAUDE, fls. 35/36, no qual é informado que a Sra. Maria Carmelia Fernandes Monteiro é dependente opcional na condição de autopatrocinada pagando dupla contribuição, da Sra. Maria Roseli Monteiro Callado. Não Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10380.011704/200719 Acórdão n.º 2202004.480 S2C2T2 Fl. 131 5 há dúvidas que a legislação de regência acima transcrita estabelece que na Declaração de Ajuste Anual poderão ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos feitos no anocalendário a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas provenientes de exames laboratoriais e serviços radiológicos, restringindose aos pagamentos efetuados pelo contribuinte relativo ao seu tratamento e ao de seus dependentes. Tal dedução fica condicionada ainda a que os pagamentos sejam especificados e comprovados com indicação do nome, endereço e CPF ou CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Ressaltase quanto ao inciso III do § 10 do art. 80 do RIR/1999, é equivocado entenderse que basta para comprovação de despesas médicas/odontológicas a apresentação de recibo contendo o nome, endereço e numero do CPF ou CNPJ de quem prestou o serviço. Esta não é a correta interpretação do dispositivo legal. A indicação referese aos dados que devem constar na declaração de ajuste, relacionados dentre os pagamentos efetuados, que devem estar baseados em documentação idônea. A tônica do dispositivo é a especificação e comprovação tanto dos serviços prestados quanto dos pagamentos, tanto que se admite o cheque nominativo como documento comprobatório, por ser prova cabal de transferência de numerários entre pessoas. Entretanto, mesmo essa forma de prova pode estar sujeita à justificação da efetiva prestação do serviço, quando dúvidas razoáveis acudirem ao fisco, pois a prestação do serviço ao contribuinte ou a seus dependentes, aliada ao pagamento, é o substrato material a dar guarida à dedução, consoante o inciso II do mesmo art. 8° da Lei n°9.250, de 1995. Nesse sentido, como já mencionado anteriormente, cabe ao contribuinte que pleiteou a dedução provar com comprovantes as despesas e que realmente efetuou os pagamentos nos valores e nas datas constantes nos comprovantes, para que fique caracterizada a efetividade da despesa passível de dedução. (...) Como se vê, o contribuinte deve juntar à sua impugnação os documentos que fundamentam suas alegações. Frisese que a lide gira em torno de se saber se os valores consignados nos recibos emitidos pelos profissionais listados foram pagos pelo contribuinte e se os serviços foram de fato prestados. O que se busca para a solução da lide é a confirmação dos dados constantes nos recibos apresentados pela defesa para comprovar despesas médicas. Interessa para o deslinde da questão a comprovação da efetividade dos pagamentos e da execução do tratamento, conforme descritos nos recibos emitidos pelos profissionais de saúde. Deste modo, temse que os documentos apresentados pela defesa, não são suficientes para comprovar que o tratamento foi realizado e que os mesmos profissionais teriam recebido pela execução de tais serviços as quantias referidas nos recibos apresentados pela defesa. Logo, não serão acatados os recibos médicos Fl. 133DF CARF MF 6 apresentados pela contribuinte, fls. 03/19, por insuficiência probatória. Intimado da referida decisão, a Contribuinte, juntou, em fase recursal, os documentos de fls. 86/125 por meio dos quais procura fundamentar as objeções apontadas no Recurso Voluntário. O artigo 16 § 4º do Decreto 70.235/72 determina que "a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Todavia, esse Conselho, em razão do princípio do formalismo moderado, aplicável aos processos administrativos, tem admitido a juntada de provas em fase recursal como se verifica pelas ementas abaixo transcritas: "IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AUTUAÇÃO POR DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO IDÔNEA EM FASE RECURSAL. ADMITIDA EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DO FORMALISMO MODERADO. Comprovada idoneamente, por demonstrativos de pagamentos de rendimentos, a retenção de imposto na fonte, ainda que em fase recursal, são de se admitir os comprovantes apresentados a destempo, com fundamento no princípio do formalismo moderado, não subsistindo o lançamento quanto aeste aspecto. Recurso provido" (Ac 2802001.637, 2ª Turma Especial, 2ª Seção, Sessão 18/04/2012) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72 deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, especialmente instrumentalidade das formas e formalismo moderado. O controle da legalidade do ato de lançamento e busca da “verdade material” alçada como princípio pela jurisprudência dessa Corte impõem flexibilidade na interpretação de regras relativas à instrução da causa, tanto no tocante à iniciativa quanto ao momento da produção da prova. Recurso voluntário provido para anular decisão de primeira instância." (Ac 1102 000.859, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 09/04/2013) "PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE NOVAS PROVAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE. O art. 16 do Decreto n. 70.235/72, que determina que a prova documental deva ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de se fazêlo em outro momento processual, deve ser interpretado com temperamento em decorrência dos demais princípios que informam o processo administrativo fiscal, tais como o formalismo moderado e a busca da “verdade material”. A apresentação de provas após a decisão de primeira instância, no caso, é resultado da marcha natural do processo, pois, não tendo a decisão de piso considerado suficientes os documentos Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10380.011704/200719 Acórdão n.º 2202004.480 S2C2T2 Fl. 132 7 apresentados pelo contribuinte para a comprovação do seu direito creditório, trouxe ele novas provas, em sede de recurso, para reforçar o seu direito". (Ac 1102001.148, 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária, 1ª Seção, Sessão 29/04/2014) A documentação juntada ao recurso voluntário comprova que a Recorrente era beneficiária dos serviços médicos prestados, conforme laudos de fls. 119/123, bem como que efetuou o respectivo pagamento. Além disso, tais documentos, juntamente com os recibos contemporâneos à data da glosa, descrevem, detalhadamente, os procedimentos aos quais a Recorrente foi submetida. Ademais, ainda que a mencionada documentação adicional não tivesse sido juntada aos autos, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9202 003.528, concluiu que a apresentação de recibos médicos, corroborados por laudos, fichas e exames sobre os quais não tenha sido apontado qualquer indício de falsidade são suficientes para autorizar a dedução mesmo que não tenha sido comprovada a efetividade dos pagamentos: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2004 IRPF. DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. IDONEIDADE DE RECIBOS CORROBORADOS POR LAUDOS, FICHAS E EXAMES MÉDICOS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FISCALIZAÇÃO. A apresentação de recibos médicos, corroborados por Laudos, fichas e Exames Médicos, sem que haja qualquer indício de falsidade ou outros fatos capazes de macular a idoneidade de aludidos documentos declinados e justificados pela fiscalização, é capaz de comprovar a efetividade e os pagamentos dos serviços médicos realizados, para efeito de dedução do imposto de renda pessoa física. Recurso especial provido." De acordo com o voto do Conselheiro Relator Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, a exigência da comprovação dos pagamentos é prevista como uma forma alternativa de comprovação. Vale dizer, quando o contribuinte não possuir os recibos, laudos, etc, a legislação confere a ele a faculdade de comprovar os gastos, nestes termos: Observese, que a exigência pretendida pela fiscalização, corroborada pelo Acórdão recorrido, qual seja, a existência de cheques nominativos e/ou extratos bancários é contemplada pela legislação de regência de maneira alternativa. Em outras palavras, estabeleceu o legislador que tais provas deverão ser exigidas na falta de documentação comprobatória da prestação e pagamento dos serviços médicos e/ou outros. Na hipótese dos autos, a contribuinte comprovou a efetividade e pagamento dos serviços médicos mediante apresentação dos recibos do profissional, não tendo a fiscalização declinado Fl. 135DF CARF MF 8 qualquer fato que pudesse macular a idoneidade de aludida documentação. Corroborou, ainda, os recibos ofertados com Laudos, fichas e Exames Médicos, de fls. 25/30, acostados aos autos junto à impugnação, confirmando a prestação do serviço e o recebimento do respectivo pagamento. (grifamos.) No caso dos autos, não foi apontado qualquer indício de falsidade nos mencionados documentos juntados aos autos na impugnação. Em face do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Fl. 136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.721474/2014-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
Recurso. Crédito Tributário. Suspensão de Exigibilidade.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é efeito legal da interposição de recurso voluntário, sendo desnecessária qualquer decisão do CARF para garantir esse efeito.
Depósitos Bancários. Origem não Comprovada. Omissão de Receita. Presunção.
Os valores creditados em contas bancárias geram presunção juris tantum de omissão de receitas, quando a pessoa jurídica, não os tendo contabilizado, deixar de comprovar a origem dos recursos utilizados nas respectivas operações.
Súmula nº 182 do TFR. Entendimento Superado. Lei nº 9.430/1996.
O entendimento consagrado no enunciado da Súmula nº 182 do extinto Tribunal Federal de Recurso tornou-se superado com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430/1996.
Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Revogação Tácita pelo §4º do Art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001. Inocorrência.
Não ocorreu revogação tácita do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 pelo §4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001, porquanto não existe incompatibilidade entre os dois dispositivos.
Imposto de Renda. Lucro Arbitrado. Hipóteses Definidas na Lei. Vícios Pontuais da Escrita Contábil.
O lucro arbitrado é forma de apuração da base de cálculo do IRPJ que só é admitida nas hipóteses taxativamente previstas na lei, entre as quais não se incluem vícios pontuais que não tornem imprestável a escrita contábil.
IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão.
Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.974
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, e ,no mérito, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, reduzindo o valor da omissão de receita, no ano de 2010, a R$ 2.085.188,62, nos termos de tabela contida no voto do relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010 Recurso. Crédito Tributário. Suspensão de Exigibilidade. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é efeito legal da interposição de recurso voluntário, sendo desnecessária qualquer decisão do CARF para garantir esse efeito. Depósitos Bancários. Origem não Comprovada. Omissão de Receita. Presunção. Os valores creditados em contas bancárias geram presunção juris tantum de omissão de receitas, quando a pessoa jurídica, não os tendo contabilizado, deixar de comprovar a origem dos recursos utilizados nas respectivas operações. Súmula nº 182 do TFR. Entendimento Superado. Lei nº 9.430/1996. O entendimento consagrado no enunciado da Súmula nº 182 do extinto Tribunal Federal de Recurso tornou-se superado com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Revogação Tácita pelo §4º do Art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001. Inocorrência. Não ocorreu revogação tácita do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 pelo §4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001, porquanto não existe incompatibilidade entre os dois dispositivos. Imposto de Renda. Lucro Arbitrado. Hipóteses Definidas na Lei. Vícios Pontuais da Escrita Contábil. O lucro arbitrado é forma de apuração da base de cálculo do IRPJ que só é admitida nas hipóteses taxativamente previstas na lei, entre as quais não se incluem vícios pontuais que não tornem imprestável a escrita contábil. IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão. Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, e ,no mérito, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, reduzindo o valor da omissão de receita, no ano de 2010, a R$ 2.085.188,62, nos termos de tabela contida no voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 RECURSO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é efeito legal da interposição de recurso voluntário, sendo desnecessária qualquer decisão do CARF para garantir esse efeito. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO. Os valores creditados em contas bancárias geram presunção “juris tantum” de omissão de receitas, quando a pessoa jurídica, não os tendo contabilizado, deixar de comprovar a origem dos recursos utilizados nas respectivas operações. SÚMULA Nº 182 DO TFR. ENTENDIMENTO SUPERADO. LEI Nº 9.430/1996. O entendimento consagrado no enunciado da Súmula nº 182 do extinto Tribunal Federal de Recurso tornouse superado com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1996. REVOGAÇÃO TÁCITA PELO §4º DO ART. 5º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. INOCORRÊNCIA. Não ocorreu revogação tácita do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 pelo §4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001, porquanto não existe incompatibilidade entre os dois dispositivos. IMPOSTO DE RENDA. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DEFINIDAS NA LEI. VÍCIOS PONTUAIS DA ESCRITA CONTÁBIL. O lucro arbitrado é forma de apuração da base de cálculo do IRPJ que só é admitida nas hipóteses taxativamente previstas na lei, entre as quais não se incluem vícios pontuais que não tornem imprestável a escrita contábil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 72 14 74 /2 01 4- 99 Fl. 9880DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.881 2 IRPJ, CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, e ,no mérito, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, reduzindo o valor da omissão de receita, no ano de 2010, a R$ 2.085.188,62, nos termos de tabela contida no voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Abrantes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 9881DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.882 3 Relatório Tratase de recurso interposto por VOCÊ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA., pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 0653.109, da 2ª Turma da DRJ Curitiba, que negou provimento à impugnação da recorrente, mantendo o lançamento pelo qual se exigia crédito tributário no montante de R$ 15.289.955,84, compreendendo IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, acrescidos de muta e juros de mora. A infração que deu causa ao lançamento é a omissão de receitas caracterizada pela existência de depósitos bancários de origem não comprovada. O lançamento foi impugnado, mas a DRJ CTA negou provimento à impugnação, no Acórdão nº 0653.109, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 NULIDADE DO ACÓRDÃO N° 0650.641, DE 17/12/2014. Impõese declarar a nulidade do Acórdão n°50.641 de 17 de dezembro de 2014, posto que liminar obtida junto a Mandado de Segurança, afastou a prejudicial de mérito de intempestividade da impugnação, determinando a análise das razões apresentadas pelo sujeito passivo. REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO. DETERMINAÇÃO EXPRESSA EM LIMINAR JUDICIAL. Tendo o Poder Judiciário afastado a intempestividade da impugnação que fundamentou a emissão do Acórdão n°50.641 em 17/12/2014, procedese a análise de mérito da defesa administrativa impetrada pela contribuinte contra o lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Por expressa previsão legal caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARBITRAMENTO. NÃO CABIMENTO. Não tendo sido descaracterizada nem desclassificada a escrituração da autuada, correto o procedimento fiscal de adotar, para fins do lançamento realizado, o regime de tributação assumido pela contribuinte, no caso o Lucro Real, conforme mandamento do artigo 24, da Lei n°9.249, de 1995, pelo que descabido o arbitramento pretendido pela impugnante. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Comprovada a omissão de receitas, o decidido quanto à infração que, além de implicar o lançamento de IRPJ implica os lançamentos da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também se aplica a estes outros lançamentos naquilo em que for cabível. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 Fl. 9882DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.883 4 SÚMULA 182 DO TFR. AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO COM LANÇAMENTOS RELATIVOS A FATOS GERADORES OCORRIDOS SOB A ÉGIDE DE LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. A Súmula 182 do TFR, tendo sido editada antes do ano de 1988 e por reportarse à legislação então vigente, não serve como parâmetro para decisões a serem proferidas em lançamentos fundados em lei editada após aquela data. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. A presunção legal tem o condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para o contribuinte, que pode refutála amparado em demonstração com base em oferta de provas hábeis e idôneas, descabendo solicitar ao fisco que supra aquilo que deixou de juntar à peça de defesa. MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAIS. PREVISÃO LEGAL. Os percentuais da multa exigíveis em lançamento de ofício, inclusive as possibilidades de reduções, são determinados expressamente na legislação tributária, portanto em normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. PEDIDO DE REDUÇÃO DA MULTA. Constatada infração à legislação tributária, a imposição de penalidades pelo fisco obedece ao princípio da estrita legalidade, nos termos do art. 97, inciso V, do CTN, sendo inerente ao lançamento de ofício, não cabendo à autoridade tributária reduzir os percentuais aplicados segundo a legislação tributária, nem afastar sua exigência, exceto quando há previsão legal. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A teor do inciso III do artigo 151 do CTN, as reclamações e os recursos suspendem a exigibilidade do crédito tributário, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo. Diante dessa decisão, foi interposto recurso. Com ele vieram aos autos vários documentos, inclusive extratos bancários. Tais documentos fizeram com que esta Turma determinasse a realização de diligência, nos termos da Resolução nº 1301000.391, que assim resumiu os argumentos alinhados pela recorrente: Não resignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual reiterou as razões já expostas na impugnação. Disse que o lançamento de crédito tributário por falta de apresentação de informações relativas à movimentação bancária só poderia ter sido feito diante da ausência de comprovação da origem dos recursos; jamais, sem aprofundar a investigação, a fim de reunir outros elementos capazes de comprovar a omissão de receitas, sob pena de tributar meros depósitos bancários. Nessa linha, invocou o entendimento consagrado na Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos TFR. Acrescentou que a omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada só pode prosperar na ausência absoluta de documentos. No caso concreto, entretanto, teriam sido apresentados documentos capazes de demonstrar a origem dos recursos. Tais valores estariam discriminados nos livros fiscais. Disse a recorrente que foi apresentado um pendrive contendo os livros diários e razão, extratos das contas mantidas no Banco do Brasil e no Banco Itaú, notas fiscais da matriz e das filiais, e planilhas. Fl. 9883DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.884 5 Especificamente quanto à origem dos valores depositados, afirmou ter sido recebido de janeiro a dezembro de 2010 o montante de R$ 3.145.451,66 da empresa TNL CPS S/A pela prestação de serviços. A recorrente afirmou que tinha com o Banco Itaú um contrato de empréstimo para capital de giro, que consistia numa linha de crédito pela qual a instituição financeira punha à disposição da recorrente um "limite" em uma conta à parte. Em razão desse contrato foram depositados no período R$ 4.349.774,82. Outros tantos depósitos não passariam de transferências de dinheiro entre entidades empresariais pertencentes à mesma pessoa. É o caso da empresa Você Comércio e Representações Ltda., Você Telecom Ltda. e 2A Turismo Ltda. Além disso, haveria também transferências entre contas da recorrente, tudo totalizando o valor de R$ 920.139,95. Por fim, uma parte dos depósitos tem origem em valores automaticamente transferidos das chamadas "contasespelhos" para as contas principais, atingindo no período a soma de R$ 2.839.360,59. Computados todos esses valores, terseia, no entender da recorrente, R$ 11.254.727,02 de depósitos cuja origem estaria devidamente esclarecida. A par desse fato, o confronto entre a movimentação bancária contabilizada e a receita auferida não seria suficiente para caracterizar a omissão de receita, exigindo se para tanto investigação mais aprofundada. É necessária a presença de outros indícios. A presunção será legítima se, além dos depósitos bancários, existirem outros sinais exteriores de riquezas. Ademais, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 teria sido revogado tacitamente pelo art. 5º, § 4º, da Lei Complementar nº 105/2001. Para a recorrente, os documentos apresentados comprovariam a origem de R$ 11.254.727,02 depositados nas contas bancárias, com o que restaria indubitável que a integralidade do lançamento não poderia subsistir. Requereu, entretanto, caso mantido o lançamento, a redução da base de cálculo de R$ 17.151.084,05 para R$ 5.896.357,02. Além dos pontos já suscitados, a recorrente alegou erro no lançamento, uma vez que, em afronta ao art. 47, inciso II, alíneas "a" e "b", da Lei nº 8.981/1995, não foi observada a sistemática do lucro arbitrado, o que induziria a nulidade integral do lançamento. Alegou que, de acordo com o art. 8º do DecretoLei nº 1.648/1978, a base de cálculo deveria corresponder a 50% da receita omitida. Não obstante, a base de cálculo correspondeu à totalidade dos valores depositados, confundindo os conceitos de receita e de renda. A tributação da totalidade da receita estaria em desacordo com o art. 43 do Código Tributário Nacional CTN. Ressaltou que na hipótese de a escrituração contábil conter vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para determinar o lucro real ou presumido, a medida correta seria apurar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL pela sistemática do lucro arbitrado, tendo por critério a receita bruta conhecida. Erro na apuração da base de cálculo implica nulidade do lançamento, o qual deve ser desconstituído, para que um novo seja efetuado. Fl. 9884DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.885 6 Com esses fundamentos, pediu a invalidação total do lançamento e, sucessivamente, caso indeferida a invalidação, que seja reduzida a base de cálculo a 50% da receita considerada como omissão. Requereu, por fim, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A diligência foi determinada pelas seguintes razões: No lançamento, a autoridade fiscal apurou omissão de receitas, com base na presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/1996, que tem a seguinte redação: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A recorrente se insurgiu contra o lançamento, por entender que a movimentação bancária não dispensava a presença de outros sinais exteriores de riqueza, para dar validade à constituição do crédito tributário. Também questionou a apuração da base de cálculo. A seu juízo, o lançamento deveria adotar o lucro arbitrado, e não o lucro real, como fez a Fiscalização. Porém, além dessas alegações, a recorrente, buscando comprovar a origem dos depósitos em contas bancárias, apresentou vários documentos. Disse que alguns créditos correspondiam a recebimentos de comissões por serviços prestados. Para comproválo trouxe várias notas fiscais de sua emissão. No mais, alegou: i) transferência entre contas bancárias das quais era titular; ii) ingresso de recursos em razão de contrato de crédito com o Banco Itaú; e iii) depósitos em conta espelho e transferências automáticas para a conta principal. Examinando a documentação apresentada, constatase que os valores inseridos nos documentos fiscais (excluído um percentual a título de comissão), aparentemente, correspondem a depósitos feitos nas duas contas examinadas pela Fiscalização. Além disso, a recorrente trouxe extratos bancários de contas de que era titular, nos quais estão consignadas saídas de dinheiro que, tanto no valor quanto na data, coincidem com vários depósitos que a Fiscalização reputou como não justificados e, por isso, presumiu que os respectivos valores fossem receitas tributáveis. Os documentos que acompanham o recurso, a julgar pelo relatório fiscal de fls. 54 a 56, não foram examinados pela Fiscalização, quando do procedimento de auditoria fiscal, momento em que os auditores poderiam ter examinado os documentos fiscais, sob o aspecto formal e material. Além disso, os extratos apresentados pela recorrente, visando provar a existência de transferências, são relativos a contas bancárias cujos depósitos não foram objeto do lançamento. Essa circunstância não permite saber se a autoridade fiscal chegou a examinar tais extratos, eliminando as transferências, ou se aquela autoridade sequer teve conhecimento da existência de tais contas. Por essas razões, fazse necessária a devolução dos autos à unidade de origem, a fim de realizar diligência para esclarecer os seguintes pontos: Fl. 9885DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.886 7 a) verificar e informar se os valores constantes da planilha de fl. 2.005 se referem às notas fiscais apresentadas pela recorrente, e se correspondem às quantias creditadas nas contas bancárias objeto do presente lançamento; b) verificar e informar se os valores do extrato de fls. 2.051 a 2.058 e os valores da planilha de fl. 2061 correspondem efetivamente a quantias transferidas entre contas do mesmo titular e se tais valores foram excluídos pela Fiscalização. A autoridade que realizar a diligência poderá examinar e informar qualquer outro aspecto que julgar relevante para o deslinde da controvérsia, devendo ao final elaborar relatório conclusivo, do qual a recorrente deverá ser intimada para, se quiser, manifestarse sobre as conclusões do relatório. O resultado da diligência está consignado no relatório fiscal de fls. 5.263 a 5.266, em que a Fiscalização atesta a comprovação de origem de vários depósitos considerados, por presunção, como receita omitida. A recorrente se manifestou às fls. 9.869 a 9.872 sobre o resultado da diligência, especialmente para contestar a manutenção de alguns depósitos no rol daqueles tidos como de origem não comprovada. Os depósitos remanescentes seriam empréstimos realizados por empresas do mesmo grupo e por empresas do mesmo ramo de atividade. Outros teriam origem em vendas e os demais seriam oriundos de depósitos em dinheiro feitos pela própria recorrente. Concluída a diligência, os autos retornaram ao CARF para prosseguir o julgamento. É o relatório. Fl. 9886DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.887 8 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Suspensão de exigibilidade do crédito tributário A suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do inciso III, do art. 151 do CTN, é efeito direto do recurso administrativo. Portanto, decorrendo de disposição legal expressa, a suspensão de exigibilidade pleiteada pela recorrente é automática, prescindindo de qualquer decisão por parte deste colegiado. Depósitos bancários e sinais exteriores de riqueza No lançamento, apurouse omissão de receitas a partir da verificação da existência de depósitos bancários de origem não comprovada. O fundamento legal é o art. 42 da Lei nº 9.430/1996, assim redigido: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratase de presunção para a qual se exige a presença dos seguintes requisitos: a) discrepância entre a movimentação financeira e a receita contabilizada no período; b) existência de depósitos bancários cuja origem a Fiscalização, pelo exame das informações de que disponha, não conseguir identificar; c) intimação regular ao contribuinte para esclarecer as operações que deram causa aos depósitos, fazendoo mediante a apresentação de documentos hábeis; e d) ausência ou insuficiência de esclarecimentos, após o decurso do prazo fixado na intimação referida no item anterior. Reunidos esses requisitos, nasce a presunção de omissão de receitas, a qual, sem necessidade de prova de qualquer outro fato ou circunstância, pode dar ensejo ao lançamento de Imposto de Renda e dos demais tributos. No caso em exame, estão presentes todos os requisitos, e isso basta para autorizar a aplicação do art. 42 da Lei nº 9.430. O relatório fiscal (fls. 54 a 63) informa que, no ano de 2010, ingressou nas contas bancárias da recorrente um montante superior a R$ 60.000.0000,00, segundo registrado no livro Razão; entretanto, no mesmo período, foi reconhecida uma receita de R$ 16.260.652,24. Diante dessa disparidade, a recorrente foi intimada a comprovar a origem dos valores que transitaram pelas contas correntes mantidas no Banco do Brasil e no Banco Itaú. Ainda, segundo o aludido relatório fiscal, a resposta foi evasiva. Pedia a recorrente que a Fl. 9887DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.888 9 comprovação fosse dispensada, pois as informações dos extratos bancários e do livro Razão seriam suficientes para comprovar a origem dos valores depositados. No mais, se mostrava inviável, no dizer da recorrente, fazer a comprovação individualizada de cada depósito. Sob a égide do art. 42 da Lei nº 9.430, essas circunstâncias, por si mesmas, são suficientes para autorizar o lançamento do IRPJ e demais tributos. A recorrente, reportandose implicitamente a uma legislação já superada, disse não ser juridicamente possível lançar tributo com base em depósitos bancários, sem que a autoridade fiscal aprofunde a investigação, a fim de demonstrar a existência de outros indícios de omissão de receitas. Não procede a alegação. Depois do advento da Lei nº 9.430, já não se faz necessário, para viabilizar o lançamento com base em depósitos bancários, reunir de outros indícios de omissão de receitas ou sinais exteriores de riqueza. O art. 42 acima citado veio substituir, no que tange à utilização de extratos bancários, a sistemática prevista no art. 6º da Lei 8.021/1990, que assim dispõe: Art. 6° O lançamento de ofício, além dos casos já especificados em lei, farseá arbitrandose os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. § 1° Considerase sinal exterior de riqueza a realização de gastos incompatíveis com a renda disponível do contribuinte. § 2° Constitui renda disponível a receita auferida pelo contribuinte, diminuída dos abatimentos e deduções admitidos pela legislação do Imposto de Renda em vigor e do Imposto de Renda pago pelo contribuinte. § 3° Ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, o contribuinte será notificado para o devido procedimento fiscal de arbitramento. § 4° No arbitramento tomarseão como base os preços de mercado vigentes à época da ocorrência dos fatos ou eventos, podendo, para tanto, ser adotados índices ou indicadores econômicos oficiais ou publicações técnicas especializadas. § 5° O arbitramento poderá ainda ser efetuado com base em depósitos ou aplicações realizadas junto a instituições financeiras, quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Revogado pela lei nº 9.430, de 1996) § 6° Qualquer que seja a modalidade escolhida para o arbitramento, será sempre levada a efeito aquela que mais favorecer o contribuinte. O caput do art. 6º da Lei nº 8.021 emprega a expressão sinais exteriores de riqueza. A partir desse texto, construiuse a interpretação segundo a qual a faculdade prevista no § 5º, que autorizava a utilização de depósitos bancários ou aplicações financeiras para lançar Fl. 9888DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.889 10 tributo, não prescindia da vinculação de tais depósitos ou aplicações a outros indícios de omissão de receitas. A exigência de conjugar depósitos bancários com outros sinais exteriores de riqueza foi superada com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430. A alteração legislativa veio instituir em favor da Fazenda uma presunção relativa de omissão de receitas, para a qual basta a presença dos requisitos acima apontados. Criouse, portanto, nova sistemática, afastando a prevista no art. 6º, § 5º, da Lei nº 8.021. É possível, de tudo quanto se disse, inferir que a aplicação do art. 42 da Lei nº 9.430 dispensa qualquer outra prova direta ou indiciária da omissão de receitas. Pelas mesmas razões, se pode afirmar que já está superada a Súmula 182 do extinto TFR. Acerca da validade da aplicação do art. 42 da Lei nº 9.430, a recorrente ponderou que o referido dispositivo teria sido tacitamente revogado pelo § 4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001. Não procede o argumento. De acordo com o § 1º, do art. 2º do Decretolei nº 4.657/1942, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antes chamada Lei de Introdução ao Código Civil), a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que trata a lei anterior. O art. 42 da Lei nº 9.430, como se viu, estabelece em favor da Fazenda uma presunção de omissão de receitas com base em depósitos bancários de origem não comprovada. O art. 5º da Lei Complementar nº 105, por sua vez, dispõe sobre informações a serem prestadas por instituições financeiras à administração tributária da União, permitindo ao Poder Executivo definir os critérios pelos quais aquelas informações devam ser fornecidas, bem como a periodicidade e os limites de valor. Já o § 4º concede à autoridade administrativa poderes para, em caso de indícios de irregularidade ou de ilícito fiscal, requisitar informações e documentos, bem como realizar fiscalização ou auditoria. Ao contrário do que afirma a recorrente, não ocorreu revogação tácita, nem expressa do art. 42. A Lei Complementar nº 105 e a Lei nº 9.430 tratam de matérias diferentes, não havendo incompatibilidade entre elas. Além disso, não existe na lei complementar cláusula de revogação de qualquer dispositivo da Lei nº 9.430. Lucro arbitrado A recorrente sustenta que a autoridade lançadora deveria ter adotado o lucro arbitrado para apurar a base de cálculo do IRPJ, e não o lucro real, como foi feito no auto de infração, o que acabou resultando na incidência do imposto sobre a totalidade da receita, como se ela fosse a própria expressão do lucro tributável. Disse que é obrigatória a apuração da base de cálculo pelo lucro arbitrado, na hipótese de a escrituração contábil conter vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para determinar o lucro real ou para identificar a efetiva movimentação financeira. Fl. 9889DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.890 11 Pediu a recorrente a aplicação do art. 8º do Decretolei nº 1.648/1978, que estabelecia que o lucro arbitrado, nos casos de omissão de receita, seria cinquenta por cento dos valores omitidos. A legitimidade da sistemática do lucro arbitrado na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL se verifica apenas nas hipóteses taxativamente enumeradas no art. 47 da Lei nº 8.981/1995. O inciso II do art. 47 impõe o lucro arbitrado quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. No caso em exame, não se verifica nenhuma das duas hipóteses. O relatório fiscal (fls. 54 a 56) deixou assentado que a irregularidade não estava na falta de registro contábil da movimentação financeira, mas, sim, na falta de esclarecimento acerca das operações que deram origem aos valores depositados. Ademais, não foi apontada qualquer outra irregularidade no registro contábil ou fiscal de despesas dedutíveis, que pudesse inviabilizar a apuração do lucro real. O fato de a incidência tributária, na apuração do crédito, recair sobre a maior parte da receita omitida, ou mesmo sobre a totalidade dela, não invalida o lançamento. Mostra apenas que as despesas da empresa foram pequenas no período, ou que o contribuinte não as contabilizou corretamente. Em qualquer das duas hipóteses, o lucro arbitrado não se impõe como obrigatório. No caso concreto, não houve violação do art. 43 do CTN, porque as despesas dedutíveis, tal como informadas pelo próprio contribuinte, foram integralmente consideradas no lançamento. Observese que a recorrente insiste na tese de que o lucro arbitrado seria a forma correta de apurar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois havia indícios de fraude, vícios, erros e deficiências em sua escrituração. Acolher tal alegação é aceitar que o contribuinte alegue a própria torpeza em seu benefício. Além do mais, o regime do lucro arbitrado não é uma opção que o contribuinte ou o Fisco possa livremente fazer. A lei define as hipóteses em que o lucro arbitrado é necessário. Nenhuma delas está presente no caso em exame. O lançamento não foi feito com base no lucro arbitrado. Entretanto, ainda que o fosse, as disposições do art. 8º do DecretoLei nº 1.648/1978 já não seriam aplicáveis, pois ao tempo do fato gerador vigia a Lei n° 9.249/1995, cujo art. 16 estabelece os percentuais a serem utilizados na apuração do lucro arbitrado, o que inviabiliza qualquer pretensão de aplicar o art. 8º do aludido decretolei. Revogação tácita do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 Alegou a recorrente que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 teria sido revogado tacitamente pelo art. 5º, § 4º, da Lei Complementar nº 105/2001. Fl. 9890DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.891 12 A revogação tácita, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (DecretoLei nº 4.657/1942), ocorre quando a lei posterior for incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que trata a lei anterior. Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. O art. 42 da Lei nº 9.430 estabelece uma presunção, em favor do Fisco, de omissão de receitas. Já o § 4º, do art. 5º da Lei Complementar nº 105, faculta à autoridade administrativa requisitar informações e documentos, ou realizar fiscalização ou auditoria, quando verificar indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou indícios de ilícito fiscal, a partir das informações fornecidas pelas instituições financeiras. Esta é a dicção da lei: Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) § 4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. Não existe, como se percebe, incompatibilidade entre os dois dispositivos legais, pois tratam de matérias diferentes. Portanto, não ocorreu a revogação a que se refere a recorrente. Omissão de receitas A infração colhida no lançamento foi a omissão de receitas apurada com base em depósitos bancários cuja origem a recorrente, embora intimada, não conseguiu comprovar. Entretanto, ao começar a julgar o recurso, esta Turma deliberou pela realização de diligência, tendo em vista que alguns documentos, inclusive extratos de contas bancárias, indicavam de forma plausível que vários depósitos poderiam ter origem em transferências entre contas do mesmo titular, bem como em prestação de serviços pela recorrente. Concluída a diligência, a Fiscalização produziu o seguinte relatório: O objetivo desta diligência está expresso nos itens a e b da folha 5.259 deste processo, conforme abaixo: "item a) verificar e informar se os valores constantes da planilha de fl. 2.005 se referem às notas fiscais apresentadas pela recorrente, e se correspondem às quantias creditadas nas contas bancárias objeto do presente lançamento:" Fl. 9891DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.892 13 resposta do auditorfiscal: Sim, os valores constantes da planilha de fl. 2.005 referemse às notas fiscais apresentadas pela recorrente e correspondem às quantias creditadas nas contas bancárias objeto do presente lançamento. Tratase de serviços prestados pela empresa VOCÊ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA (CNPJ: 07.060.579/000127) a TNL PCS S/A (CNPJ: 04.164.616/000825) e seus consequentes pagamentos. Em relação a esses recebimentos, a empresa juntou várias notas fiscais ao processo e as relacionou em uma planilha na folha 2.005. Os valores depositados na conta bancária representam os percentuais de 93,5%, 94,5% ou 95,5% dos valores das notas fiscais. Os descontos representam as retenções do ISS e imposto de renda. Essas notas fiscais juntadas ao processo e relacionadas na folha 2.005, comprovam a origem de R$ 3.145.451,66 dos depósitos relacionados no auto de infração. Caso tais notas fiscais tivessem sido apresentadas durante a fiscalização, os depósitos sem comprovação de origem no Banco do Brasil teriam sido reduzidos dos R$ 6.902.638,37 constantes do auto de infração para R$ 3.757.186,71, conforme resumido no anexo I e detalhado no anexo II, deste relatório fiscal. "item b) verificar e informar se os valores do extrato de fls. 2.051 a 2.058 e os valores da planilha de fl. 2.061 correspondem efetivamente a quantias transferidas entre contas do mesmo titular e se tais valores foram excluídos pela fiscalização" Sim, os valores do extrato de fls. 2.051 a 2.058 e os valores da planilha de fl. 2061 correspondem efetivamente a quantias transferidas entre contas do mesmo titular. Valores transferidos da conta 01.5864 para a conta 11.0462, ambas do banco ITAÚ. Como, porém, a empresa não apresentou, durante a fiscalização, qualquer explicação sobre tais valores e não apresentou os extratos da conta 01.586 4, o auditorfiscal não teve como excluílos do grupo de depósitos sem comprovação de origem. A empresa fez um contrato de conta garantida com o Banco ITAÚ. O banco lhe garantia um empréstimo máximo, de forma que a empresa poderia ir utilizando a conta 01.5864 e, toda vez que a mesma ficasse negativa, o Banco lhe emprestaria a quantia que sanaria tal situação. A empresa juntou, para comprovar tal fato, os extratos da conta 01.5864 do Banco Itaú, às folhas 2.051 a 2.058. Tais empréstimos estão totalizados na planilha da folha 2.061 e comprovam a origem de R$ 4.349.774,82 dos depósitos feitos na conta 11.0462 da empresa no Banco ITAÚ. Caso tal contrato e extrato bancário tivessem sido apresentados durante a fiscalização, os depósitos sem comprovação de origem, no Banco ITAÚ, seriam reduzidos dos R$ 10.238.445,68 constantes do auto de infração para R$ 5.888.670,86, conforme resumido no anexo III e detalhado no anexo IV deste relatório, na coluna sob o título de "MOVIMENTAÇÃO DE CONTA GARANTIDA". Observação: O contrato de empréstimo anexado às folhas 2.042 a 2.049 referese aos empréstimos de 2011, pois foi firmado em 21.12.2010. O contrato referente aos empréstimos de 2010 me foi apresentado durante esta diligência e se encontra no anexo V deste relatório. Na folha 5.259 deste processo vemos também, como objetivo desta diligência: "...examinar e informar qualquer outro aspecto que julgar relevante para o deslinde da controvérsia, ..." Fl. 9892DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.893 14 Com este objetivo, examinei um grande número de documentos que, AGORA, a empresa entregou para comprovar a origem dos depósitos bancários objetos do auto de infração. Documentos que no anexo XV, intitulei como: "DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELA EMPRESA" Analisando o material apresentado, constatei que se o mesmo tivesse sido entregue durante a fiscalização, teríamos considerado como de "origem comprovada" vários outros depósitos. Comprovação que aconteceria das formas abaixo descritas: 1) Semelhantemente ao descrito no item a, acima, a empresa, utilizando dos mesmos percentuais de 93,5%, 94,5% e 95,5%, identificou mais notas fiscais e mostrou seus registros no livro RAZÃO. A numeração das folhas do livro RAZÃO utilizado pela empresa anexo XV, não coincide com a numeração das folhas do livro RAZÃO que me foi apresentado durante a fiscalização (anexo XIV), fato que dificultou muito esta diligência. Igualmente, como dito sobre o item a, acima, trata se de serviços prestados pela empresa VOCÊ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA (CNPJ: 07.060.579/000127) e seus consequentes pagamentos feitos pela TNL PCS S/A (CNPJ: 04.164.616/000825). A empresa apresentou a planilha do anexo VI, onde identifica e relaciona com os depósitos feitos nas contas bancárias, outras notas lançadas no livro razão, além dos R$ 3.145.451,66 já relacionadas na planilha da folha 2.005. Comprovaria assim, mais R$ 803.874,77 de origem dos depósitos feitos no Banco do Brasil. Depósitos estes que identificamos, na planilha do anexo VII, com o título NOTAS FISCAIS MOSTRADAS NO RAZÃO. 2) TRANSFERÊNCIAS ENTRE CONTAS DO MESMO TITULAR: Transferências entre contas da empresa nos bancos do BRASIL, ITAÚ e REAL (anexo IX, X e XI, respectivamente). Comprovações poderiam ser feitas comparandose os extratos dessas contas. Teriam sido comprovadas, desta forma: R$ 1.728.000 de origens dos créditos no Banco do Brasil ( R$ 1.448.000 originário do Banco Itaú e R$ 280.000,00 do Banco Real) e R$ 371.000,00 dos créditos feitos no Banco ITAÚ (todos originários do Banco do Brasil). Um total de R$ 2.099.000,00 de origens comprovadas, (depósitos individualizados nos anexos VII e VIII, na coluna sob o título "TRANSFERÊNCIAS ENTRE CONTAS DO MESMO TITULAR"). 3) ESTORNOS DE PAGAMENTOS: Comprovariam pelos extratos bancários R$ 93.762,46 de entradas ocorridas no Banco do Brasil. Extratos no anexo IX (depósitos individualizados no anexo VII). 4) TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO (Resgate ourocap): Comprovaria através do extrato do Banco do Brasil anexo IX. (R$ 10.253,60) 5) Nas colunas sob o título "ANTECIPAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO" das planilhas dos anexos VII e VIII, reunimos o que consideraríamos como de origem comprovada pelas vendas com cartão de crédito. A empresa teria Comprovado com os extratos do Banco do Brasil (anexo IX), a origem de R$ 108.447,53 registrados no livro RAZÃO. Comprovaria, com o extrato da conta espelho 01.5872 do Banco ITAÚ (anexo XII), a origem de R$ 2.792.354,52 e, com o extrato da conta 10.3348 (anexo X) a origem de mais R$ 308.461,59 (CREDI SHOP). Comprovaria, assim, um total de R$ 3.219.516,17. 6) RESSARCIMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA: Tratase de pagamentos feitos pela Secretaria Municipal de Administração da Prefeitura de Teresina, conforme documento do anexo XIII. Comprovaria desta Fl. 9893DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.894 15 forma, a origem de R$ 145.766,74 de depósitos feitos no Banco do Brasil, tudo como identificado no anexo VII. 7) Reunimos na coluna sob o título de "RESGATE AUTOMÁTICO DE APLICAÇÃO" da planilha do anexo VIII, os depósitos que poderiam ser comprovados através do extrato da conta 10.3348 do Banco Itaú (anexo X). Comprovaria assim a origem de mais R$ 1.014.809,85 de entradas registradas no livro Razão da Empresa. 8) SAÍDAS E NÃO DE ENTRADAS NAS CONTAS BANCÁRIAS: Durante a fiscalização, selecionamos, para comprovação de origem, todas as entradas nas contas bancárias cujos valores superavam a quantia de R$ 10.000,00. Por equívoco, dois dos valores selecionados do banco ITAÚ eram, de fato, SAÍDAS e não entradas. Por essa razão, R$ 173.937,70 não necessitariam de comprovação (detalhamento na planilha do anexo VIII). Finalizo a diligência resumindo, nos dois quadros da página seguinte, os créditos bancários que continuariam sem origem comprovadas, caso a documentação, agora apresentada, tivesse acontecido em resposta as várias intimações feitas durante a fiscalização. Não encontrei, entre os documentos apresentados pela empresa e no livro RAZÃO, prova de origem dos empréstimos que informa ter acontecido entre mútuos e terceiros. Os documentos que me foram apresentados pela empresa estão anexados a este relatório como: "anexo XV documentos apresentados pela empresa". Poucos dos documentos apresentados não foram anexados devido à, principalmente, incompatibilidade de linguagem. (grifos do original) (fls. 2.263 a 5.265) A recorrente manifestou seu inconformismo com o resultado da diligência, que concluiu que alguns depósitos remanesceram sem comprovação de origem. A Fiscalização, no relatório da diligência, se manifestou sobre esse ponto. Confirase: Em tempo: A empresa entregou, em 18/08/17, um pendrive contendo outros documentos (anexo XVI), para comprovar a origem dos recursos, principalmente, daqueles que a empresa classificou como empréstimos. Examinei os documentos e verifiquei que os valores que pretendem justificar como empréstimos, estão registrados no livro razão como "recebimento de duplicatas diversas". Debitavase, por exemplo, a conta banco do Brasil (110053) e creditavase a conta Clientes Diversos (110246) sob o histórico de RECEBIMENTO DE DUPLICATAS DE NÚMEROS DIVERSOS (vide exemplificação no anexo XVII). Tais recebimentos eram originários do recebimento de duplicatas. Onde estão os lançamentos originários das vendas que provocaram os débitos na conta Clientes Diversos (110246)? Onde estão os lançamentos do registros dessas duplicatas? Foram as vendas oferecidas à tributação? Procurando no livro Razão os empréstimos, encontramos apenas duas empresas que os fizeram: a empresa VOCÊ TELECOM LTDA (conta: 220080) e a VOCÊ MODA LTDA (conta: 220094), contas mostradas no anexo XVIII. Nenhum dos valores dos empréstimos registrados dessas empresas constou da lista do auto de infração, justamente por estarem registradas como empréstimos. Não posso pois considerar que a origem verdadeira dos depósitos que agora a empresa vem a informar como sendo de empréstimos, realmente o seja. Com o cuidado de não extrapolar os objetivos desta diligência, fazendo julgamentos e presunções, sugeri à empresa que, caso tenha outros documentos que comprovem tais empréstimos, Fl. 9894DF CARF MF Processo nº 10384.721474/201499 Acórdão n.º 1301002.974 S1C3T1 Fl. 9.895 16 junteos a sua manifestação sobre este relatório, para que possamos enviálos ao CARF, para prosseguir com os julgamentos. (g.n.) (fl. 5.265) A Fiscalização aponta dois aspectos relevantes. O primeiro é a incerteza quanto à real natureza das operações. O segundo é o fato de os valores identificados como empréstimo já terem sido excluídos pela própria autoridade lançadora, quando da lavratura dos autos de infração. Portanto, não há nada mais a ser excluído. Em suma, devem ser excluídos do lançamento os depósitos cujas origens foram identificadas na diligência, mantendose os demais, conforme demonstrado no quadro abaixo. Notese que a coluna da direita exibe a soma das quantias que, depositadas no Banco do Brasil e no Banco Itaú, permaneceram sem comprovação de origem. RESULTADO DA DILIGÊNCIA DESPÓSITOS DE MÊS LANÇAMENTO B. DO BRASIL B. ITAÚ ORIGEM NÃO COMPROVADA JAN 864.436,89 107.080,12 68.301,67 175.381,79 FEV 1.184.302,22 70.080,12 135.434,05 205.514,17 MAR 1.429.581,03 143.080,12 113.434,05 256.514,17 ABR 1.457.073,49 79.592,65 192.020,19 271.612,84 MAI 1.499.470,21 59.523,20 75.000,00 134.523,20 JUN 1.541.633,96 49.080,12 174.764,87 223.844,99 JUL 1.490.801,45 17.080,12 116.945,93 134.026,05 AGO 1.256.042,24 29.373,67 43.434,05 72.807,72 SET 848.496,24 38.080,12 29.512,53 67.592,65 OUT 2.066.929,98 40.781,13 72.946,58 113.727,71 NOV 2.086.946,26 92.080,12 123.366,51 215.446,63 DEZ 1.425.370,08 141.250,12 72.946,58 214.196,70 TOTAL 17.151.084,05 867.081,61 1.218.107,01 2.085.188,62 Conclusão Pelo exposto, voto por afastar as preliminares para, no mérito, dar parcial provimento à pretensão da recorrente, reduzindo o valor da omissão de receitas, no ano de 2010, a R$ 2.085.188,62, conforme demonstrado no quadro acima. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 9895DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.721942/2016-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
EMPRESAS PETROLÍFERAS. GASTOS COM PROSPECÇÃO DE JAZIDAS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL. DEDUÇÃO DE DESPESAS OPERACIONAIS.
Faculdade das empresas optarem entre a capitalização dos dispêndios realizados nas campanhas exploratórias ou por sua dedução como despesas operacionais.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2011
NORMAS APLICÁVEIS.
Aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Não têm valor as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando for este o meio pelo qual devam ser provados os fatos alegados.
Numero da decisão: 1402-002.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas no valor de R$ 244.887.227,95 e a compensação de prejuízos no valor de R$ 36.634.312,44.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS
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conteudo_txt : Metadados => date: 2018-04-17T17:36:24Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-04-17T17:36:24Z; Last-Modified: 2018-04-17T17:36:24Z; dcterms:modified: 2018-04-17T17:36:24Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:a2ecafcf-cd9b-4949-936a-69cde6c0f2ad; Last-Save-Date: 2018-04-17T17:36:24Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-04-17T17:36:24Z; meta:save-date: 2018-04-17T17:36:24Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-04-17T17:36:24Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-04-17T17:36:24Z; created: 2018-04-17T17:36:24Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; Creation-Date: 2018-04-17T17:36:24Z; pdf:charsPerPage: 1413; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-04-17T17:36:24Z | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 482 1 481 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.721942/201621 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.885 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de fevereiro de 2018 Matéria CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS Recorrente PETRA ENERGIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 EMPRESAS PETROLÍFERAS. GASTOS COM PROSPECÇÃO DE JAZIDAS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL. DEDUÇÃO DE DESPESAS OPERACIONAIS. Faculdade das empresas optarem entre a capitalização dos dispêndios realizados nas campanhas exploratórias ou por sua dedução como despesas operacionais. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 NORMAS APLICÁVEIS. Aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Não têm valor as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando for este o meio pelo qual devam ser provados os fatos alegados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 19 42 /2 01 6- 21 Fl. 482DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas no valor de R$ 244.887.227,95 e a compensação de prejuízos no valor de R$ 36.634.312,44. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 483DF CARF MF Processo nº 12448.721942/201621 Acórdão n.º 1402002.885 S1C4T2 Fl. 483 3 Relatório Adoto, em sua integralidade, o relatório do Acórdão da decisão de 1ª Instância, bem como, o complemento no tocante as atualizações processuais pertinentes. "Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os autos de infração de fls. 196/215, através dos quais foi constituído o crédito tributário referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, no valor de R$ 199.806.393,84, e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, no valor de R$ 74.591.470,51. 2. De acordo com os autos de infração e com o Termo de Constatação Fiscal TCF (fls. 149/177), o lançamento, que se refere ao anocalendário 2011, decorreu das seguintes irregularidades: 2.1 – Redução indevida do lucro em virtude de antecipação de custos ou despesas, dado que a empresa se encontrava em fase préoperacional; 2.2 – Compensação indevida de prejuízo operacional e de base de cálculo negativa, também por se encontrar o sujeito passivo em fase pré operacional; 2.3 – Falta de recolhimento de IRPJ e CSLL sobre base de cálculo estimada, o que deu azo à aplicação de multa isolada; 2.4 – Ajustes do Regime Tributário de Transição RTT efetuados a menor. 3. Consigna a fiscalização em seu relatório: 3.1 – que a autuada tem por objeto social, entre outros, a exploração de gás natural e petróleo; 3.2 – que, no anocalendário 2011, a empresa se encontrava em fase pré operacional, tendo apresentado a DIPJ sem receitas da atividade. Assim, deveria amortizar suas despesas somente a partir do início das operações, bem assim efetuar os devidos ajustes do RTT; 3.3 – que, naquele ano, o sujeito passivo levou a resultado despesas referentes a poços secos, porém não apresentou carta dirigida à Agência Nacional do Petróleo entregando os direitos de exploração por ele adquirido. 4. A pessoa jurídica apresentou impugnação (fls. 378/393) alegando, em síntese: 4.1 – que há base legal (art. 418 do RIR/99) que lhe permite tratar como perda de capital os dispêndios com campanhas exploratórias de poços secos, sendo lícito computar tais dispêndios na apuração do lucro real e da base de Fl. 484DF CARF MF 4 cálculo da CSLL mesmo antes de a empresa iniciar o efetivo desenvolvimento e comercialização de gás ou petróleo; 4.2 – que, à luz do art. 24 da Lei nº 9.487, de 1997, encontravase em fase operacional, pois tanto a fase exploratória quanto à de produção fazem parte da operação da empresa; 4.3 – que não haveria lógica em manter ativados os dispêndios com os poços secos, já que eles nunca produziriam resultados. Que a amortização prevista no art. 324 do RIR/99 referese ao capital aplicado em despesas que contribuam para a formação do resultado, e, portanto, os dispêndios em poços secos não estariam sujeitos à amortização prevista no citado dispositivo. Cita o Parecer PGFN/ CAT nº 2.576, de 2006; 4.4 – que não há base legal para a exigência de carta dirigida à ANP entregando os direitos de exploração após a identificação dos poços secos, nem há a obrigação de devolver os direitos antes de expirado o prazo de concessão; 4.5 – que a prática adotada pela empresa está legalmente amparada, inclusive em relação aos dispêndios ocorridos antes de 2011 e que geraram os prejuízos também objeto de glosa pela autuante. 5. Requereu, ao final, a decretação de improcedência do lançamento, a sustentação oral, bem assim que as intimações sejam dirigidas à pessoa e ao endereço que indica." 6. A impugnação foi julgada improcedente em decisão assim ementada: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 EMPRESAS PETROLÍFERAS. GASTOS COM DESENVOLVIMENTO DE JAZIDAS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL. As importâncias aplicadas pelas empresas petrolíferas no desenvolvimento de jazidas de petróleo e gás natural constituem gastos préoperacionais, que devem ser contabilizados no ativo diferido para futura amortização. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 NORMAS APLICÁVEIS. Aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 12448.721942/201621 Acórdão n.º 1402002.885 S1C4T2 Fl. 484 5 A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Não têm valor as legações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando for este o meio pelo qual devam ser provados os fatos alegados. JULGAMENTO DE lª INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SUSTENTAÇÃO ORAL DE REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Indeferese, por falta de previsão legal, o pedido para sustentação oral por parte de representante da contribuinte no âmbito da lª instância do contencioso administrativo fiscal." 7. A Recorrente apresentou recurso voluntário alegando, em síntese: · A fase de exploração para descoberta de petróleo ou gás natural como fase operacional para fins do IRPJ e da CSLL, à luz do art. 24 da Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997. · A aplicabilidade do parecer PGFN/CAT nº 2.576, de 20 de dezembro de 2006. · A caracterização da perda de capital à luz do art. 418 do RIR/99 nos dispêndios com poços secos. Em seu pedido, requereu que seja conhecido o presente Recurso Voluntário e lhe seja dado provimento para cancelar integralmente a presente autuação, em razão: · uma vez que os dispêndios incorridos no anocalendário de 2011 pela Recorrente, assim como os prejuízos fiscais acumulados e base de cálculo negativa da CSLL existentes no anocalendário de 2011 (apurados de dispêndios realizados em anoscalendário anteriores a 2011), decorrem da atividade operacional da Recorrente de exploração (prospecção) de petróleo e gás natural, à égide do art. 24 da Lei n° 9.478/1997; · Ser aplicável integralmente o Parecer PGFN/CAT n° 2.576/2006, de tal modo a reconhecer como lícita a dedução dos dispêndios incorridos no anocalendário de 2011 pela Recorrente com a prospecção de petróleo e gás natural, à luz do art. 349, §1°, do RIR/99, assim como reconhecer como válidos os prejuízos fiscais acumulados e base de cálculo negativa da CSLL existentes no anocalendário de 2011 (apurados em razão dos dispêndios incorridos em anoscalendário anteriores a 2011); · uma vez que houve perdas de capital, à luz do art. 418 do RIR/99, para os dispêndios realizados no anocalendário de 2011 em um poço seco constatado na Bacia do São Francisco, e para 3 poços secos na Bacia do Parnaíba, todos devidamente informados à ANP na forma da Portaria ANP n° 25/2002, ou, alternativamente, a baixa do presente processo e seu retorno à fiscalização em diligência, para que tais dispêndios sejam verificados considerando somente as exigências realmente previstas pela Fl. 486DF CARF MF 6 ANP, que não incluem a devolução das concessões pela Recorrente, tampouco a autorização pela ANP para abandono dos poços secos. É o relatório. Fl. 487DF CARF MF Processo nº 12448.721942/201621 Acórdão n.º 1402002.885 S1C4T2 Fl. 485 7 Voto Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator. Os recurso voluntário é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. Da dedutibilidade das despesas com prospecção de jazidas Conforme o Termo de Constatação Fiscal a pessoa jurídica fiscalizada se encontra em fase préoperacional no anocalendário de 2011, ou seja, fase de exploração com atividades de avaliação de eventual descoberta de petróleo ou gás natural para determinação de sua comercialidade. O presente litígio tem, como questão central, desvendarse se admitese a dedução, a título de despesas, as importâncias aplicadas em cada período na fase de pesquisa de petróleo. De um lado, sustenta a autoridade lançadora que a empresa se achava em fase de exploração para descoberta de petróleo ou gás natural, não tendo ainda iniciado a fase de produção. Assim, encontravase em fase préoperacional, razão por que não poderia deduzir dispêndios, os quais deveriam ser amortizados posteriormente quando em fase de operação. Pela mesma razão, não poderia ter prejuízos fiscais acumulados. Deveria, ainda, proceder aos ajustes do RTT. A suportar seu entendimento, invoca a Lei n° 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) Art. 58. (...) § 3º Poderão ser também amortizados, no prazo mínimo de 5 (cinco) anos: a) a partir do início das operações as despesas de organização pré operacionais ou préindustriais; (...) A recorrente, por seu turno, alega que, nos termos do art. 24 da Lei n° 9.478, de 6 de agosto de 1997, já se encontrava em fase operacional quando do início da fase de exploração dos contratos de concessão. O dispositivo tem a seguinte redação: Art. 24. Os contratos de concessão deverão prever duas fases: a de exploração e a de produção. § 1° Incluemse na fase de exploração as atividades de avaliação de eventual descoberta de petróleo ou gás natural, para determinação de sua comercialidade. Fl. 488DF CARF MF 8 § 2° A fase de produção incluirá também as atividades de desenvolvimento. Segundo advoga a defesa, as duas fases constituem uma mesma atividade operacional, ambas integrantes do mesmo contrato de concessão, não havendo que se distinguir uma como sendo préoperacional e outra como sendo operacional. Suscita ainda a impugnante o Parecer PGFN/CAT n° 2.576, de 20 de dezembro de 2006, que teria concluído pela faculdade de as empresas optarem entre a capitalização dos dispêndios realizados nas campanhas exploratórias ou por sua dedução como despesas operacionais. O fundamento legal para tanto seria o art. 349 do vigente Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, de seguinte teor: Art. 349. Serão admitidas como operacionais as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas, inclusive com experimentação para criação ou aperfeiçoamento de produtos, processos, fórmulas e técnicas de produção, administração ou venda (Lei n° 4.506, de 1964, art. 53). § 1° Serão igualmente dedutíveis as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou depósitos, realizadas por concessionários de pesquisa ou lavra de minérios, sob a orientação técnica de engenheiro de minas (Lei n° 4.506, de 1964, art. 53, § 1°). A decisão de 1ª Instância utilizandose da Nota Técnica Cosit nº 8, de 09 de abril de 2014, chegou a conclusão de que os gastos com desenvolvimento das reservas de petróleo nunca estiveram contemplados pelo referido dispositivo legal, ou seja, mesmo na vigência plena do art. 12 do DecretoLei n° 62, de 1966, não existia respaldo para que os referidos dispêndios fossem deduzidos para fins de determinação do lucro líquido. Com efeito, o art. 416 do RIR/99, prevê: "Despesas de Prospecção e Extração de Petróleo Cru Art. 416. A Petróleo Brasileiro S.A. PETROBRÁS poderá deduzir, para efeito de determinação do lucro líquido, as importâncias aplicadas, em cada período de apuração, na prospecção e extração de petróleo cru (decretoLei n° 62, de 21 de novembro de 1966, art. 12)." Observando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE n° 407.099/RS), segundo a qual o § 2° do art. 173 da Constituição Federal impede a concessão de benefícios fiscais para empresas públicas e sociedades de economia mista que exerçam atividades em concorrência com o setor privado, o Parecer PGFN/CAT n° 2.576/2006 esclarece, nos itens 20 a 22, que o art. 12 do DecretoLei n° 62, de 1966, deve ser interpretado conforme a Constituição, de modo que nem todas as despesas incluídas nesse artigo permanecem dedutíveis, após a entrada em vigor da Lei n° 9.478,de 7 de agosto de 1997, que instaurou a possibilidade de concorrência no setor de extração de hidrocarbonetos. (...) Ao final, considerando a classificação das atividades da cadeia produtiva de petróleo e gás natural, a Nota Cosit n° 124, de 2012, conclui, no item 8: Fl. 489DF CARF MF Processo nº 12448.721942/201621 Acórdão n.º 1402002.885 S1C4T2 Fl. 486 9 (...) c) Finalmente, em relação à atividade de desenvolvimento da jazida, gasto préoperacional que viabiliza o início extração da mina propriamente dita, impõese que seja passível de amortização, sob a égide do art. 58, § 3°, alínea "c", da Lei n° 4.506, de 1964. Na conclusão do item 8, "c", restou claro que a atividade de desenvolvimento da jazida, considerado como gasto préoperacional, que viabiliza o início da extração da mina propriamente dita, não poderá ser deduzida para fins de apuração do lucro líquido do exercício, sendo passível de amortização, sob a égide do art. 58, § 3°, da Lei n° 4.506, de 1996. (... ) Como se vê, a impossibilidade de dedução dos gastos da atividade de desenvolvimento da jazida não advém da interpretação conforme a Constituição dada ao art. 12 do DecretoLei n° 62, de 1966, após a entrada em vigor da Lei n° 9.478, de 7 de agosto de 1997, que instaurou a possibilidade de concorrência no setor de extração de hidrocarbonetos. Na verdade, o próprio dispositivo legal (art. 12 do DL n° 62, de 1966) não trouxe em sua concepção original permissão para que se deduzisse, na apuração do lucro líquido, os gastos da atividade de desenvolvimento da jazida. Nesse particular, em sintonia com o art. 12 do DecretoLei n° 62, de 1966, o art. 53 da Lei n° 4.506, de 30 de novembro de 1964 (base legal do art. 349 do RIR/99) também não permite a dedutibilidade dos gastos atinentes à fase pré operacional de desenvolvimento das jazidas, restringindo a permissão somente para as despesas com prospecção e cubagem de jazidas, conforme § 1° daquele dispositivo, in verbis: § 1º Serão igualmente dedutíveis as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou depósitos, realizadas por concessionários de pesquisas ou lavra de minérios, sob a orientação técnica de engenheiro de minas. 30. Dessa maneira, o deslinde da dúvida está na constatação de que o texto do art. 12 do DecretoLei n° 62, de 1966, não se aplica ao desenvolvimento de jazidas. Assim, fica patente que o sujeito passivo objeto da presente questão não observou o referido artigo ao excluir do lucro real as importâncias aplicadas na atividade de desenvolvimento de reservas de petróleo. (...). (... ) À vista do entendimento abraçado na Nota Técnica acima transcrita, não resta dúvida de que a autuada, como ainda estava em fase de desenvolvimento das jazidas no anocalendário 2011, achavase, por consequência, em fase pré operacional. Por tal razão, não poderia deduzir custos e despesas naquele ano, e sim amortizálos a partir do início de suas operações. Pela mesma Fl. 490DF CARF MF 10 razão, não poderia apurar prejuízos fiscais nem base de cálculo negativa da CSLL, cabendolhe, ainda, promover os devidos ajustes do RTT. Mostrase um equívoco a aplicação da Nota Técnica no presente caso, pois pela descrição das atividades desenvolvidas pela recorrente, essa se encontrava na fase de prospecção de jazidas. Logo seria aplicável o Parecer PGFN/CAT n° 2.576, de 20 de dezembro de 2006, que teria concluído pela faculdade de as empresas optarem entre a capitalização dos dispêndios realizados nas campanhas exploratórias ou por sua dedução como despesas operacionais. Portanto deve ser restabelecidas a dedução das despesas no valor de R$ 244.887.227,95 e a compensação de prejuízos no valor de R$ 36.634.312,44. Da ausência de caracterização da perda de capital Art. 418 do RIR/99 De outra banda, argui a impugnante que os dispêndios havidos com poços secos constituem perda de capital, sendo lícito computar tais gastos ainda que a empresa se encontre na fase préoperacional. Argumenta que, à vista do art. 418 do RIR/99, são classificados como perdas de capital e computados na determinação do lucro real os resultados na obsolescência dos bens do ativo permanente, o que seria o caso dos poços secos. Defende que a amortização prevista no art. 324 do RIR/99 somente se aplica em relação às despesas que contribuam para a formação do resultado e que os poços secos jamais contribuiriam para o resultado da empresa. Aduz, ainda, que não estava obrigada a apresentar carta à ANP entregando os direitos de exploração dos poços secos. Com efeito, o sujeito passivo declarou na Ficha 06 A de sua DIPJ, entre outras deduções, o montante de R$ 40.674.230,88 na Linha 72, correspondente a "Outras Despesas não Relacionadas nas Linhas Anteriores". Intimado para esclarecimento, informou tratarse de gastos relativos a poços secos, porém não apresentou à fiscalização a documentação comprobatória da devolução dos direitos de exploração. Prevê o art. 324 do RIR/99: Art. 324. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (Lei n° 4.506, de 1964, art. 58, e DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 15, § 1°). (...) Os poços secos efetivamente não contribuirão para a formação de receitas, dado que deles nada se extrairá. De sorte que, a meu ver, os dispêndios a eles correspondentes não podem permanecer no ativo diferido para futura amortização, devendo ser levados a resultado na conta de despesas. Nessa questão alinhose com a decisão de 1ª Instância, por entender que o sujeito passivo não comprovou, quer durante a fiscalização, quer na sua impugnação, que os dispêndios informados na DIPJ estão efetivamente relacionados aos poços secos. Também não comprovou a inviabilidade de produção nos poços, que demanda procedimentos formais, inclusive a obrigatoriedade de informação à Agência Nacional do Petróleo, conforme normas abaixo transcritas (grifos acrescentados): Fl. 491DF CARF MF Processo nº 12448.721942/201621 Acórdão n.º 1402002.885 S1C4T2 Fl. 487 11 Lei n°9.478, de 6 de agosto de 1997 (...) Art. 43. O contrato de concessão deverá refletir fielmente as condições do edital e da proposta vencedora e terá como cláusulas essenciais: (...) VI a especificação das regras sobre devolução e desocupação de áreas, inclusive retirada de equipamentos e instalações, e reversão de bens; (...) VIII a obrigatoriedade de o concessionário fornecer à ANP relatórios, dados e informações relativos às atividades desenvolvidas; (...) PORTARIA ANP N° 25, DE 6 DE MARÇO DE 2002 Aprova o Regulamento de Abandono de Poços perfurados com vistas a exploração ou produção de petróleo e/ou gás. (...) Art. 1° Fica aprovado o Regulamento, em anexo, que trata do Abandono de Poços perfurados com vistas a exploração ou produção de petróleo e/ou gás. (...) ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO N° 2/2002 PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS NO ABANDONO DE POÇOS DE PETRÓLEO E/OU GÁS (...) Art. 4° Durante a Fase de Exploração e na Etapa de Desenvolvimento da Produção o poço poderá ser abandonado de acordo com o disposto neste Regulamento e mediante notificação escrita à ANP;(g.n.) Art. 5° Durante a Fase de Produção todo poço produtor de petróleo e/ou gás ou injetor somente poderá ser abandonado após a autorização escrita da ANP. (...) Fl. 492DF CARF MF 12 Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas no valor de R$ 244.887.227,95 e a compensação de prejuízos no valor de R$ 36.634.312,44. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 493DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.901025/2013-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.550
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Julio Lima Souza Martins e Lizandro Rodrigues de Sousa, que negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1797; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.901025/201360 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.550 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 16 de março de 2018 Assunto IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA JURÍDICA IRPJ Recorrente AVANTI PROPAGANDA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Julio Lima Souza Martins e Lizandro Rodrigues de Sousa, que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Por bem relatar o processo em comento, adoto o relatório da DRJ/SPO, a seguir transcrito: “O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 48912908 emitido eletronicamente em 04/04/13, referente ao PER/DCOMP nº 16734.19226.191010.1.3.040071. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de IRPJ, Código de Receita 2089, no valor de R$ 244.577,88, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 31/01/08, no valor de R$ 792.780,38. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 01 02 5/ 20 13 -6 0 Fl. 320DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 3 2 De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF discriminado no PerDcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Assim, diante da insuficiência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando, em síntese, o que se segue: que apurou saldo de IRPJ (lucro presumido) no valor de R$ 792.780,38, recolhido em Darf, em 31/01/2008. que equivocadamente informou a existência do crédito decorrente de IRPJ, no valor original de R$ 630.400,42 quando o valor correto era R$ 792.780,38. que transmitiu inicialmente dois PerDcomp, um homologado totalmente e o outro parcialmente, conforme extrato de sua impugnação, fl. 4. Em seguida, indaga: “se foi reconhecido por homologação o pagamento indevido/a maior da Requerente no montante de R$ 792.780,38, sendo utilizado desse crédito somente a quantia de R$ 396,63, sobrando um saldo remanescente de R$ 792.383,76, como esse não foi suficiente para o pagamento de um débito de R$ 227.624,30 disposto no Despacho Decisório aqui guerreado?”. Requer a reavaliação do Despacho Decisório”. A Manifestação de Inconformidade fora julgada improcedente por unanimidade de votos, como denota a ementa do Acórdão n º 02065.705 a seguir transcrita: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Os motivos invocados pela DRJ foram os seguintes, verbis: Fl. 321DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 4 3 Inconformada com a decisão retro, a recorrente interpôs Recurso Voluntário alegando, em síntese, o que segue: Pagamento de parte dos débitos discutidos, conforme tabela abaixo: Fl. 322DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 5 4 No anocalendário de 2007, a Recorrente adotou a apuração do Imposto de Renda com base no lucro presumido trimestral, nos termos do artigo 1º da Lei nº 9.430/1996. Assim, ao final de cada período de apuração trimestral, a Recorrente apurou o recolheu o IRPJ devido, conforme estabelece a legislação em vigor. Assim, durante o anocalendário de 2007, a Recorrente sofreu diversas retenções de IRRF em todos os meses do ano, no valor total de R$ 627.962,35, tal como se infere da planilha juntada na r. decisão ora recorrida. Contudo, a Recorrente apurou e recolheu o IRPJ devido em cada trimestre do anocalendário de 2007 sem deduzir o imposto retido sobre as receitas que integraram a base de cálculo. Ou seja, houve evidente recolhimento a maior de imposto em cada trimestre pela Recorrente pela falta de dedução do IRRF já retido. Por exemplo, no quarto trimestre de 2007, a Recorrente havia apurado e declarado na DCTF nº 100200720081830175278 o valor devido a título de IRPJ de R$ 792.780,38, sem a dedução do valor de IRRF de R$ 149.399,66 retido nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2007. Tal montante foi recolhido pela Recorrente em DARF no dia 31/01/2008. Posteriormente, a Recorrente apresentou a DIPJ nº 0831765 declarando o valor da IRPJ devida no mesmo valor de R$ 792.780,38. Contudo, apenas em 11/07/2008, a Recorrente identificou que havia deixado de deduzir, dos valores devidos a título de IRPJ em cada trimestre de 2007, o imposto retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo. Por conta disso, a Recorrente apresentou, em 11/07/2008, a DCTF retificadora nº 100200720081810394915 declarando o valor de IRPJ devido no quarto trimestre de 2007 no montante de R$ 162.186,84 (e não mais de R$ 792.780,38). Logo em seguida, em 29/07/2008, a Recorrente também apresentou a DIPJ retificadora nº 1797536, também alterando o valor do IRPJ devido no quarto trimestre de 2007 de R$ 792.780,38 para R$ 162.186,84. A diferença do montante originalmente declarado a título de IRPJ no quarto trimestre de 2007, no valor de R$ 792.780,38, e o valor efetivamente devido a título de IRPJ após a dedução do imposto de renda pago a maior durante todo o anocalendário, de R$ 162.186,84, é justamente o crédito que ora se discute, qual seja, R$ 630.593,54. De fato, considerando que a Recorrente já havia recolhido indevidamente o valor de R$ 792.780,38 em 31/01/2008, quando retificou sua DCTF e sua DIPJ em 11/07/2008 e 29/07/2008, respectivamente, para declarar o valor correto de IRPJ a pagar naquele Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 6 5 período, após a dedução do imposto de renda pago a maior dos períodos de apuração anteriores, apurou um crédito de IRPJ no valor de R$ 630.593,54. Para não deixar dúvidas sobre os fatos, datas e valores acima descritos, cumpre transcrever o quadro elaborado pela própria decisão recorrida com todas as informações necessárias para o deslinde da questão: Tal crédito decorrente do recolhimento a maior de IRPJ no quarto trimestre do anocalendário de 2007, no montante de 630.593,54, foi utilizado para compensação de diversos débitos, originando, em razão disso, os 21 processos administrativos acima mencionados. Contudo, para surpresa da Recorrente, o V. Acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não poderia ter deduzido, no 4º Trimestre de 2007, os valores indevidamente recolhidos a título de IRRF nos três primeiros trimestres daquele mesmo anocalendário (no valor total de R$ 478.562,68), razão pela qual reconheceu apenas o crédito de R$ 149.206,54, que se refere justamente ao IRRF retido no quarto trimestre de 2007. Para melhor compreensão de tal questão, foi elaborada a planilha abaixo demonstrando o IRRF retido no ano de 2007 por trimestre: Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 7 6 O fundamento utilizado pela r. decisão recorrida para não reconhecer o total do crédito de IRPJ apurado no quarto trimestre do anocalendário de 2007 e compensado pela Recorrente com outros débitos foi de que: "Por óbvio, do imposto devido no 4º trimestre, cabe deduzir apenas o imposto retido na fonte sobre as receitas que integram a base de cálculo do imposto devido nesse mesmo período de apuração. É de se rejeitar, portanto, o valor do imposto de renda a pagar do 4º trimestre, retificado pela interessada, através da dedução de imposto de renda retido na fonte incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro presumido nos trimestre anteriores”. Desse modo, segundo o V. Acórdão recorrido, apenas foi possível reconhecer a dedução de IRRF referente ao 4º Trimestre de 2007 (R$ 149.399,66), uma vez que não haveria previsão legislativa para que a Recorrente abatesse do imposto a pagar no 4º Trimestre de 2007 os valores que não foram deduzidos a título de IRRF nos três primeiros trimestres daquele mesmo ano fiscal (R$ 478.562,68). É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1302 000.541, de 16.03.2018, proferido no julgamento do Processo nº 13896.901005/201399. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1302000.541): Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, tomo conhecimento do presente Recurso Voluntário. Compulsando os autos, verifico que o objeto de análise do presente recurso diz respeito ao aproveitamento do imposto de renda retido na fonte referente aos 1, 2 e 3 trimestres, que foram aproveitados para deduzir do imposto de renda devido no 4º trimestre, gerando, por conta disso, um pagamento indevido no 4 trimestre a titulo de IRPJ, o qual foi utilizado para compensação com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil em períodos posteriores. O argumento utilizado pela decisão recorrida para reduzir o montante do direito creditório pleiteado pelo contribuinte foi o seguinte: “o contribuinte não poderia ter deduzido, no 4º Trimestre de 2007, os valores indevidamente recolhidos a título de IRRF nos três primeiros trimestres daquele mesmo anocalendário (no valor total de R$ 478.562,68), razão pela qual deve ser reconhecido apenas o crédito de R$ 149.206,54, que se refere justamente ao IRRF retido no quarto trimestre de 2007." É de se concordar, em parte, com a decisão exarada, todavia, a recorrente na sua Manifestação de Inconformidade e Recurso Voluntário faz contundente indício de prova que contabilizou e ofereceu a tributação as receitas que geraram a retenção na fonte do Imposto de Renda referente aos 1, 2 e 3 trimestres de 2007, na conformidade das planilhas abaixo: Fl. 325DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 8 7 EXTRATO DAS FONTES PAGADORES COM A RESPECTIVA RETENÇÃO INFORMAÇÕES CONSTANTES EM DCTF E DIPJ DEMONSTRATIVO DO IRFONTE POR PERÍODO DE APURAÇÃO Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 9 8 Percebo que para aferir o direito de crédito pleiteado pela recorrente o processo carece de maiores esclarecimentos para a comprovação do saldo remanescente dos valores de Imposto de Renda retidos na Fonte. Assim, para dirimir o conflito, se faz necessário que o processo baixe em diligência para que a unidade preparadora realize os seguintes procedimentos: a) Juntar aos autos cópia da DIPJ 2008, anocalendário 2007; b) Juntar cópias das DCTF´s de todo o anocalendário de 2007; c) Confirmar o montante das retenções na fonte do Imposto de Renda sofridas pela recorrente no anocalendário de 2007, bem como se as receitas que geraram a retenção na fonte a título do Imposto de Renda foram oferecidos a tributação; d) Ao final, deverá ser elaborado relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, dando ciência do resultado ao sujeito passivo e concedendolhe prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Esgotado o prazo, independentemente de resposta, retornem os autos ao Carf para prosseguimento do julgamento. e) O teor do relatório de diligência e manifestação do contribuinte, caso ocorra, deverá ser replicado nos processos administrativos abaixo numerados: PROCESSOS 13896.901009/201377 13896.901012/201391 13896.901013/201335 13896.901015/201324 13896.901018/201368 13896.901020/201337 13896.901021/201381 13896.901022/201326 13896.901025/201360 É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento em diligência para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/Barueri/SP), para que a unidade preparadora realize os seguintes procedimentos: a) Juntar aos autos cópia da DIPJ 2008, anocalendário 2007; b) Juntar cópias das DCTF´s de todo o anocalendário de 2007; c) Confirmar o montante das retenções na fonte do Imposto de Renda sofridas pela recorrente no anocalendário de 2007, bem como se as receitas que geraram a retenção na fonte a título do Imposto de Renda foram oferecidos a tributação; d) Ao final, elaborar relatório de diligência, contendo as informações acima requeridas, dando ciência do resultado ao sujeito passivo e concedendolhe prazo de 30 dias para, querendo, manifestarse nos autos. Esgotado o prazo, independentemente de resposta, retornem os autos ao Carf para prosseguimento do julgamento. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 13896.901025/201360 Resolução nº 1302000.550 S1C3T2 Fl. 10 9 e) O teor do relatório de diligência e manifestação do contribuinte, caso ocorra, deverá ser replicado nos processos administrativos abaixo numerados: PROCESSOS 13896.901009/201377 13896.901012/201391 13896.901013/201335 13896.901015/201324 13896.901018/201368 13896.901020/201337 13896.901021/201381 13896.901022/201326 13896.901025/201360 (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 328DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.004513/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006
MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
Rejeita-se a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento.
O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração.
APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE CRÉDITOS. GLOSA.
Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da não-cumulatividade, ressalvando-se os valores glosados não comprovados pela fiscalização e os lançados com evidente lapso material.
CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. OPÇÃO
A apropriação de crédito das contribuições mediante despesas com depreciação de bens calculadas de forma acelerada, na razão 1/48, nos termos do § 14, art. 3º da Lei 10.637/02 é opcional, o que significava impossibilidade de apropriação concomitante à regra do inciso III, do § 1ª do indigitado artigo.
CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. LEI Nº 11.051/2004
Imprescindível a comprovação do atendimento aos requisitos legais para o benefício fiscal da apuração da depreciação acelerada de que trata da Lei nº 11.051/2004.
COFINS E PIS - BASE DE CÁLCULO - ICMS - EXCLUSÃO.
O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços - ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS.
O Supremo Tribunal Federal - STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006
COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA.
Aplica-se ao lançamento da Contribuição para a Cofins o decidido em relação ao PIS lançado a partir da mesma matéria fática.
Numero da decisão: 3201-003.725
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para (i) afastar a glosa relativa ao frete na compra de insumos - conta 42032 no valor de R$ 2.049,34, e (ii) retificar o valor referente à compra de matéria-prima no mês de dezembro de 2006, na conta 42002, lançado a menor na planilha de cálculo dos créditos das contribuições; por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do PIS/Cofins o ICMS sobre vendas. Vencidos os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira (relator), Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que negaram provimento quanto à exclusão da base de cálculo do PIS/Cofins o ICMS sobre vendas. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Rejeita-se a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE CRÉDITOS. GLOSA. Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da não-cumulatividade, ressalvando-se os valores glosados não comprovados pela fiscalização e os lançados com evidente lapso material. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. OPÇÃO A apropriação de crédito das contribuições mediante despesas com depreciação de bens calculadas de forma acelerada, na razão 1/48, nos termos do § 14, art. 3º da Lei 10.637/02 é opcional, o que significava impossibilidade de apropriação concomitante à regra do inciso III, do § 1ª do indigitado artigo. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. LEI Nº 11.051/2004 Imprescindível a comprovação do atendimento aos requisitos legais para o benefício fiscal da apuração da depreciação acelerada de que trata da Lei nº 11.051/2004. COFINS E PIS - BASE DE CÁLCULO - ICMS - EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços - ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS. O Supremo Tribunal Federal - STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplica-se ao lançamento da Contribuição para a Cofins o decidido em relação ao PIS lançado a partir da mesma matéria fática.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1956; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 367 1 366 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10530.004513/200811 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.725 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria PIS_COFINS ICMS NA BASE DE CÁLCULO Recorrente FRIBARREIRAS AGRO INDUSTRIAL DE ALIMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Rejeitase a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE CRÉDITOS. GLOSA. Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade, ressalvandose os valores glosados não comprovados pela fiscalização e os lançados com evidente lapso material. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. OPÇÃO A apropriação de crédito das contribuições mediante despesas com depreciação de bens calculadas de forma acelerada, na razão 1/48, nos termos do § 14, art. 3º da Lei 10.637/02 é opcional, o que significava impossibilidade de apropriação concomitante à regra do inciso III, do § 1ª do indigitado artigo. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. LEI Nº 11.051/2004 Imprescindível a comprovação do atendimento aos requisitos legais para o benefício fiscal da apuração da depreciação acelerada de que trata da Lei nº 11.051/2004. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 00 45 13 /2 00 8- 11 Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 368 2 COFINS E PIS BASE DE CÁLCULO ICMS EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para a Cofins o decidido em relação ao PIS lançado a partir da mesma matéria fática. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para (i) afastar a glosa relativa ao frete na compra de insumos conta 42032 no valor de R$ 2.049,34, e (ii) retificar o valor referente à compra de matéria prima no mês de dezembro de 2006, na conta 42002, lançado a menor na planilha de cálculo dos créditos das contribuições; por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do PIS/Cofins o ICMS sobre vendas. Vencidos os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira (relator), Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que negaram provimento quanto à exclusão da base de cálculo do PIS/Cofins o ICMS sobre vendas. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 369 3 Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA. Por bem descrever os fatos ocorridos, até o primeiro julgamento por Turma deste CARF, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte acima identificada, foram lavrados os autos de infração (fls. 03/11 e 13/21), que exige o recolhimento das Contribuições para o Programa de Integração Social – PIS e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, não cumulativos, nos valores, respectivamente, de R$ 134.969,78 (cento e trinta e quatro mil novecentos e sessenta e nove reais e setenta e oito centavos) e R$ 621.649,81 (seiscentos e vinte e um mil, seiscentos e quarenta e nove reais e oitenta e um centavos), acrescidas da multa de ofício e dos juros de mora, relativa aos períodos de apuração acima mencionados, tendo como fundamento legal os dispositivos mencionados às fls. 06, 11, 16 e 21. O autuante, no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. 23/28, relata os termos em que se deu as autuações. Tendo tomado ciência dos lançamentos (conforme consta da fl. 309 ) a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 294/300, cujo teor é sintetizado a seguir. requer, após se referir aos lançamentos, a nulidade da autuação sob a alegação de que, conforme se verifica à fl. 23, a presente ação fiscal iniciouse em 25/02/2008, por meio do Termo de Início de Fiscalização, não constando, no entanto, dos autos do processo de autuação fiscal qualquer solicitação de prorrogação do prazo de fiscalização por parte do autuante, que só encerrou a ação fiscal no fim do ano, já que ela tomou ciência da autuação em 29/12/2008; que, nestas condições, já não mais poderia ter sido lavrado o presente AI sem que fosse autorizado a prorrogar a vigência da ação fiscal; diz que improcedem as infrações de PIS e Cofins descritas no ítem 4 e subitens do Termo de Verificação Fiscal à fls. 23/28; primeiro que deve ser excluídos da base de cálculo do PIS e da Cofins os valores do ICMS, conforme entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentando, dessa forma, quadro demonstrativo dos valores de ICMS incidentes sobre as vendas de 2005 e 2006 que devem ser excluídos dos períodos autuados; na seqüência passa a contestar as acusações específicas, feitas pelo autuante, com relação a apropriações indevidas de créditos tais como: Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 370 4 a) despesa financeira – alega que o autuante não poderia desconsiderar a exclusão de despesas financeiras da base de cálculo do PIS e da Cofins, já que tais apropriações, das contas de variação monetária passiva de nº 53509 e nº 53512, dos anos de 2005 e 2006, foram devidamente autorizadas pela legislação pertinente; b) encargos de depreciação acelerada da Lei nº 10.833, de 2003 – que é inaceitável a glosa feita pelo autuante dos encargos de depreciação acelerada, posto que, exerceu sua opção e fez corretamente os cálculos da depreciação, excluindo tal despesa da base de cálculo do PIS e da Cofins de acordo com o que autorizava a referida lei; c) encargos de depreciação acelerada da Medida Provisória nº 219, de 2004 (Lei nº 11.051, de 2004) – que não houve apropriação indevida, pois elegeu corretamente os bens que poderiam ser objeto do benefício fiscal, motivo pelo qual não compreende a glosa de parte deles pelo autuante; que os bens adquiridos são equipamentos, maquinários destinados a sua atividade industrial, razão pela qual, requer a revisão das glosas efetuadas; d) créditos em função de cálculo em duplicidade dos custos com fretes – que não há que se falar em duplicidade na exclusão de custos com fretes; que os custos com fretes estão registrados nas contas nº 41029 e nº 41030, e são referentes à compra de mercadorias e à compra de insumos não se tratando, portanto, da mesma coisa e/ou da mesma despesa; requer, ante o exposto, a nulidade do auto de infração e, só para argumentar ad absurdum, caso venha a ser apreciado o mérito, que seja julgada totalmente improcedente a autuação fiscal. Em face do despacho de fl. 310, o processo veio a esta DRJ/SDR, para julgamento. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, por intermédio da 4ª Turma, no Acórdão nº 1521.869, sessão de 02/12/2009, julgou a impugnação improcedente e manteve o crédito tributário constituído no auto de infração. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 NULIDADE. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 371 5 demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento. PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS, consoante Súmula n.º 68 do Superior Tribunal de Justiça STJ. APROPRIAÇÃO INDEVIDA. GLOSA DE CRÉDITOS. Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 NULIDADE. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. EXPRESSA PREVISÃO LEGAL. A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo da Cofins, consoante Súmula n.º 94 do Superior Tribunal de Justiça STJ. APROPRIAÇÃO INDEVIDA. GLOSA DE CRÉDITOS. Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade. Em sede de recurso voluntário, a recorrente reprisa seus argumentos expostos na impugnação e, com mais detalhe, apresenta demonstrativo nos quais apontam os erros do procedimentos fiscal. Submetido a julgamento, em Turma extinta deste CARF, na sessão de 07/07/2011, decidiu seus conselheiros sobrestar o julgamento até que o STF proferisse decisão definitiva acerca da matéria no RE nº 574.706, com repercussão geral reconhecida. A decisão teve por fundamento ao art. 62A do RICARF, vigente à época. Transcrevo excerto do voto que sobrestou o feito: De acordo com o artigo 62A, do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586, o Relator sobrestará de ofício os julgamentos Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 372 6 dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543Cda Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. {2} § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. {2} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. {2} {2} alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010 O Colendo Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, ao apreciar orecurso extraordinário nº RE 574.706, reconheceu a existência de repercussão geral na controvérsia sobre a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme ementa transcrita abaixo: Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestaram os Ministros Ellen Gracie e Gilmar Mendes. Ante o exposto, com esteio no art. 62A do Regimento Interno do CARF, determino o sobrestamento deste feito até o julgamento da matéria pelo Plenário do STF. Os §§ 1º e 2º do art. 62A da Portaria MF nº 256/2009 (redação dada pela Portaria MF nº 586/2010) foram revogados com a publicação de novo Regimento Interno do CARF a Portaria MF nº 343/2015; assim, não mais existe a previsão de sobrestamento de processos administrativos para aguardar julgamento de recursos extraordinários da mesma matéria, igualmente sobrestado. No despacho da 2ª Câmara / 3ª Seção, de 21/02/2014 (fl. 361), o processo retornou para julgamento, providenciandose nova redistribuição em razão da extinção da Turma em que se iniciou o julgamento. É o relatório. Voto Vencido Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 373 7 Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Nulidade do auto de infração por ausência de prorrogação do MPF A recorrente argui a nulidade do auto de infração por entender irregularidades na validade do MPF, conforme expôs: A impugnação argüiu a nulidade do auto de infração, uma vez que não consta dos autos solicitação e concessão de prorrogação do prazo de fiscalização inicialmente concedido ao autuante, que começou a ação fiscal em 25de fevereiro de 2008 e só lavrou o auto de infração em 23 de dezembro de 2008, do qual a autuada só teve ciência em 29 de dezembro de 2008. Sem razão a recorrente. Consta dos autos o extrato de prorrogações sucessivas da vigência do MPF para sua execução, sendo a última em 05/02/2009 (fl. 36), data, inclusive, posterior à da interposição da impugnação nos autos. Ora, se há prova da prorrogação, é fato que houve seu pedido. Ademais, o acompanhamento do MPF, conforme legislação e anotação no corpo do próprio documento, dáse no endereço da internet da Receita Federal. A contribuinte foi cientificada através de Termos de Cência e Continuação de Procedimento Fiscal nºs 01 e 02, em 29/07/2008 e 17/09/2008 (fls.71/73), prova irrefutável da improcedência da alegação. É pacífico nas Turmas deste Conselho que eventuais irregularidades formais ou materiais no MPF não são passíveis de nulidade do procedimento fiscal ou auto de infração, mormente em virtude de ausência de prejuízo à parte; ademais, é instrumento de controle interno de procedimentos fiscais. Nesta turma, o entendimento é unânime, como exarado no acórdão nº 3201 003.146, sessão de 25/09/2017, de relatoria do conselheiro Windereley Morais Pereira: MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. Dessa forma, nego a nulidade suscitada. ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins não cumulativos Suscita a recorrente que a decisão quanto ao ICMS compor a base de cálculo das contribuições cabe ao STF que entende já se encontrar pacificada pela exclusão , que por envolver questão de inconstitucionalidade, não poderá estar escorada em decisões do STJ e do CARF. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 374 8 Ocorre que, aos julgadores do CARF impõese a aplicação do que restar decidido pelo STJ e STF na sistemática do arts. 543B e 543C, do antigo CPC, a teor do que prescreve o disposto no caput do art. 62 da Portaria MF nº 343/2015 RICARF1. No tema 313 do STJ "legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins" temse decisão definitiva na sistemática de recursos repetitivos, no REsp nº 1.144.469 /PR, com trânsito em julgado em 13/03/20172, no sentido de que o ICMS integra as bases de cálculo do Pis e da Cofins, firmada a seguinte tese:" ii) O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". Transcrevo excerto da ementa do REsp nº 1.144.469 /PR: EMENTA [...] PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 2 O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com base nos seus registros processuais eletrônicos, acessados no dia e hora abaixo referidos CERTIFICA que, sobre o(a) RECURSO ESPECIAL nº 1144469/PR, do(a) qual é Relatoro Excelentíssimo Senhor Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO e no qual figuram, como RECORRENTE, FAZENDA NACIONAL, (...) em 10 de Agosto de 2016, PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: "PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, A SEÇÃO, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL E, POR MAIORIA, VENCIDOS OS SRS. MINISTROS RELATOR E REGINA HELENA COSTA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA RECORRENTE, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, QUE LAVRARÁ O ACÓRDÃO."; em 10 de Agosto de 2016, CONHECIDO O RECURSO DE FAZENDA NACIONAL E PROVIDO,POR UNANIMIDADE, PELA PRIMEIRA SEÇÃO RELATOR PARA ACÓRDÃO: MAURO CAMPBELL MARQUES; em 01 de Dezembro de 2016, ATO ORDINATÓRIO PRATICADO ACÓRDÃO ENCAMINHADO(A) À PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 02/12/2016; em 01 de Dezembro de 2016, DISPONIBILIZADO NO DJ ELETRÔNICO EMENTA / ACORDÃO; em 02 de Dezembro de 2016, PUBLICADO EMENTA / ACORDÃO EM 02/12/2016; (...)TRANSITADO EM JULGADO EM 10/03/2017; em 13 de Março de 2017, BAIXA DEFINITIVA PARA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO; em 07 de Abril de 2017, ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL DOS AUTOS AO DR. WAGNER MUNDIM RIBEIRO OAB/DF 14.760. Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: Base de Cálculo. Certidão gerada via internet com validade de 30 dias corridos. Esta certidão pode ser validada no site do STJ com os seguintes dados: Número da Certidão: 2075368 Código de Segurança: 2A90.4694.CEEB.3, Data de geração: 13/12/2017 16:21:51 Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 375 9 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2°, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado ã industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS [...] 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS [...] 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL [...] 2.4. Do IPI sobre o ICMS [...] 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN [...] 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1°, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMS ST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da nãocumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax").consoante o art. 279 do RIR/99. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 376 10 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia [...] que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por deverde coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. [...] (REsp 1144469 PR, Rei. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rei. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 02/12/2016) Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido de forma favorável à tese da ora recorrente no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de sua reprodução no presente julgamento. Quanto à tese de inconstitucionalidade da exigência, impende conferir a legislação concernente à base de cálculo das contribuições a o conceito de receita bruta. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 377 11 Conforme art. 1º, caput, e §1º, da Lei 10.833/2003 (replicada na Lei nº 10.637/2002 para o PIS/Pasep): Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. A Receita Bruta é definida pelo art. 12 do Decretolei 1.598/77, com a seguinte redação então vigente: Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. §1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. Como se vê, a exclusão dos tributos incidentes somente se faz para encontrar o valor da receita líquida, conforme §1º. Desse modo, conforme expressa definição legal, a base de cálculo do Pis e da Cofins abrange os tributos incidentes sobre a receita bruta ou faturamento, tais como o ICMS e o ISS. Ademais, o CARF não pode afastar a aplicação da Lei sob considerações de inconstitucionalidade, de acordo com a Súmula 2 e artigo 26A do Decreto 70.235/72: " O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Assim, não cabe qualquer outra digressão acerca do assunto icms na base de cálculo do PIS/Cofins razão pela qual rejeito os argumentos de defesa da contribuinte Apropriação indevida de créditos com despesa financeira Aduz a recorrente que a fiscalização glosou créditos das Contribuições decorrentes das despesas de variações monetárias passivas (conta 53509) e despesas de CPMF (conta 53512) e afirma a incorreção em restringir o conceito de despesas financeiras a apenas juros com financiamento. Sem razão a recorrente. A fiscalização não glosou despesas das contas de 53509 e 53512; e esta circunstância está consignada no Termo de Verificação de Infrações, item 4.1.1 "Apropriação indevida de créditos com despesas financeiras" (fl. 25): (...) O exame de tal documento e o seu cotejo com a contabilidade da empresa demonstrou que a fiscalizada incluiu indevidamente na base de cálculo dos créditos os valores da conta 535036 Juros e despesas s/ desconto de duplicatas. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 378 12 (...) Em virtude do fato constatado foi efetuada a glosa destes valores da base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade, mantendose somente a conta 535052 como base para o cálculo das despesas financeiras. A única conta que teve glosa, conforme o referido Termo, foi a 535036 "Juros e despesas s/ desconto de duplicatas", com o fundamento legal de que o art. 3º da Lei nº 10.833/03, que determina taxativamente os valores de créditos que poderão ser descontados, entre os quais o valor da contraprestações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica. A regra do inciso V do art. 3º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 10.865/04, suprimiu a partir de 01/08/2004 o direito ao creditamento das despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos. Quanto às demais despesas financeiras, sequer há disposição legal concedendo crédito nas referidas Leis. Com isso, entendo correto o procedimento de glosa efetuada pela fiscalização Apropriação indevida de créditos com encargos de depreciação acelerada A contribuinte apropriouse dos encargos de depreciação conforme propiciada pela opção da regra do § 14 do art. 3º da Lei 10.833/03, contudo, apropriouse, igualmente, desses encargos conforme a regra geral do inciso III, do § 1º do mesmo art. 3º . É o que consta de seu recurso: Como se vê, a Autuada ora Recorrente procedeu conforme a lei autorizava no cálculo dos seus créditos. Uma coisa é o cálculo da despesa de depreciação, que repercute na apuração do lucro líquido do exercício. Outra coisa é o cálculo dos tributos COFINS e PIS, no que se refere aos créditos que devem ser deduzidos para efeito do cálculo das referidas contribuições. Ou seja, a contribuinte apropriouse duplamente do encargo de depreciação ao arrepio da norma estampada no art. 3º da Lei nº 10.833/03, que é expressamente opcional: dentre duas possibilidades, há de se escolher apenas uma delas. Eis os textos legais: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (...) Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 379 13 III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; (...) § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1º deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. (grifei) A situação foi bem analisada no acórdão recorrido, o que transcrevo suas conclusões: A interpretação da lei não deixa dúvidas sobre a forma de cálculo dos créditos. Outrossim, resta evidente que o parágrafo acima mencionado dispõe sobre a faculdade do contribuinte calcular de forma acelerada os créditos referidos no inciso III do parágrafo 1º. Em outras palavras, não se trata de utilizar concomitantemente os dois dispositivos, o que acarretaria o cálculo de créditos em duplicidade sobre os mesmos bens, mas sim de optar pela modalidade mais adequada ao caso concreto de cada contribuinte. Feita tal constatação, se impôs necessária a glosa dos valores consignados na linha ENC DEPREC 1/48, visto ter sido indevidamente incluída na base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade”. Deste modo, tendo em vista a explanação do autuante, bem como os Demonstrativos apresentados pela autuada às fls. 82/83, onde se constata que, de fato, tomandose como exemplo o mês de janeiro de 2005, o valor de R$ 605,65 constante da linha denominada ENC DEPREC 1/48, corresponde, exatamente, a 1/48 do valor constante da linha DEPREC MAQ EQUIP INC AT IMOB, ou seja, R$ 29.071,34, verificase que a contribuinte utilizouse concomitantemente dos dois dispositivos, o que acarretaria o cálculo de créditos em duplicidade sobre os mesmos bem. Correta, portanto, a glosa fiscal no tocante aos valores consignados na linha "ENC DEPREC 1/48", visto ter sido indevidamente incluída na base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade. Créditos com encargos de depreciação acelerada da Medida Provisória nº 219, de 2004 (Lei nº 11.051, de 2004 Neste tópico, afirma a recorrente que não houve apropriação indevida de créditos, uma vez que a legislação autoriza a dedução de encargos de depreciação acelerada referente a equipamentos e maquinários destinados à atividade industrial do contribuinte. Não apontou objetivamente quais as notas fiscais de bens adquiridos houve a exclusão da depreciação acelerada. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 380 14 Tratase de um argumento genérico sem especificar os fundamentos do inconformismo. Ao contrário, a fiscalização apurou a existência de bens elegíveis ao uso do benefício da depreciação acelerada de que trata a MP/Lei nº11.051/2004. Entretanto, o contribuinte não comprovou que bens informados correspondem aos requisitos legais para a depreciação acelerada. Quanto ao demonstrativo apresentado, constatouse que continha erros, conforme detalhamento nos Anexos VI.A e VI.B. Ao final, a autoridade fiscal procedeu aos estornos para a correções das apropriações de encargos de depreciação incorretamente realizados pela pessoa jurídica. Mais uma vez correta a fiscalização e improcedente as alegações da contribuinte no tópico. Apropriação indevida de créditos em função de cálculo em duplicidade dos custos com fretes Alega a contribuinte que não houve duplicidade, uma vez que a despesas de frete na compra de insumos estão contabilizadas na conta 42032, e essas despesas na compra de mercadorias para revenda são contabilizadas na conta 41029 e 41030. O valor da conta 42032, referente a fretes na compra de insumos, no valor de R$2.049,34 não foi incluído na soma das contas de fretes de mercadorias (41029 e 41030). A fiscalização informa que a contribuinte registrou os valores com frete (conta 42032) nas compras para revenda e para insumos, efetuandose a glosa e demonstrando nos Anexos "V.A" e "V.B." Na apuração da base de cálculo a fiscalização explica que "efetuou a glosa da linha FRETES (conta 42032) que constava em duplicidade na linha INSUMOS do demonstrativo entregue pela contribuinte." Compulsando os autos, vêse que na linha "FRETES" do detalhamento da base de cálculo entregue pela contribuinte há o correspondente valor na compra de insumos nos anos de 2005 e 2006. Todavia, não se encontrou, em duplicidade como asseverou a fiscalização, o mesmo valor na compra de mercadoria para revenda. Em sede de recurso voluntário, a recorrente, com mais detalhe, apresenta demonstrativo com os valores que compõe as "compras para revenda", e nestes não há a indicação de fretes (conta 42032). Dessa forma, entendo não comprovada a duplicidade de lançamento/apropriação dos valores de frete nas linhas "compras para revenda" e "compras para insumos" como afirmado pela fiscalização e corroborado na decisão da DRJ. Portanto, incorreta a glosa elaborado pela fiscalização dos valores da conta 42032 frete de insumos. Erro numérico cometido pela fiscalização O erro suscitado está assim explicitado pela recorrente: Na conta 42002, referente à compra de matériaprima (custo), o valor de dezembro de 2006 é de R$2.555.575,38. No entanto, o autuante considerou apenas R$2.507.253,25, com uma diferença de R$ 48.322,13, o que reflete a menor no cálculo de créditos Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 381 15 fiscais referente ao PIS e à COFINS. Basta consultar os quadros apresentados. Com razão a recorrente. Verificandose no Anexo V.B "Detalhamento da apuração da base de cálculo dos créditos de PIS e Cofins nãocumulativos" (fl. 33) constatase que o valor lançado pela fiscalização, na linha compra de matériaprima, no mês de dezembro de 2006, foi de R$ 2.507.253,25. Por outro lado, consta da planilha "Apuração PIS e Cofins 2006" apresentada pela recorrente, o valor de R$ 2.555.575,38 (fl. 347), para o mesmo período, com uma diferença a menor na base de cálculo dos créditos de R$ 48.322,13 Dessa forma, devese corrigir o valor apontado no lançamento fiscal. Conclusão Após a análise individualizada das matérias de defesa, voto para dar PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da pessoa jurídica FRIBARREIRAS AGRO INDUSTRIAL DE ALIMENTOS LTDA para, exclusivamente: (i) afastar a glosa relativa ao frete na compra de insumos conta 42032 no valor de R$ 2.049,3; (ii) retificar o valor referente à compra de matériaprima no mês de dezembro de 2006, na conta 42002, lançado a menor na planilha de cálculo dos créditos das contribuições Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 382 16 Voto Vencedor Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Redator designado Em que pese o elevado conhecimento da matéria em julgamento e o bem fundamentado voto proferido pelo Ilustre Conselheiro relator, ouso divergir do posicionamento adotado em relação a exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. Referida decisão possui a seguinte ementa: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomandose cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adotase o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerandose o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindose o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. (RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe223 DIVULG 29092017 PUBLIC 02102017) O Supremo Tribunal Federal STF já está a aplicar o entendimento firmado em outros processos, conforme se depreende do julgado adiante colacionado: "COFINS E PIS – BASE DE CÁLCULO – ICMS – EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços – ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS. Precedentes: recurso extraordinário nº 240.785/MG, Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 383 17 relator ministro Marco Aurélio, Pleno, acórdão publicado no Diário da Justiça de 8 de outubro de 2014 e recurso extraordinário nº 574.706/PR, julgado sob o ângulo da repercussão geral, relatora ministra Cármen Lúcia, Pleno, acórdão veiculado no Diário da Justiça de 2 de outubro de 2017. REPERCUSSÃO GERAL – ACÓRDÃO – PUBLICAÇÃO – EFEITOS – ARTIGO 1.040 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. A sistemática prevista no artigo 1.040 do Código de Processo Civil sinaliza, a partir da publicação do acórdão paradigma, a observância do entendimento do Plenário, formalizado sob o ângulo da repercussão geral. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a fixação dos honorários recursais previstos no artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, quando se tratar de recurso formalizado em processo cujo rito os exclua. AGRAVO – MULTA – ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é manifestamente inadmissível ou improcedente, impõese a aplicação da multa prevista no § 4º do artigo 1.021 do Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte com o ônus decorrente da litigância protelatória."(RE 440787 AgRsegundo, Relator(a):Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 03/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe098 DIVULG 18052018 PUBLIC 21052018) Com a decisão proferida pela Corte Suprema, não mais prevalece o contido no REsp 1.144.469/PR do Superior Tribunal de Justiça STJ. O entendimento ora esposado encontra amparo no fato de o próprio Superior Tribunal de Justiça STJ não mais estar aplicando o seu antigo posicionamento. A Corte Superior de Justiça, de modo reiterado, está decidindo de acordo com o julgado no RE 574.706. A título ilustrativo, colacionase recentes decisões em tal sentido, verbis: "PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 1.040, II, DO CPC/2015. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. RECENTE POSICIONAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL (RE 574.706/PR). 1. O recurso especial foi interposto na vigência do CPC/1973. Dessa forma, sujeitamse aos requisitos de admissibilidade nele previstos, conforme diretriz contida no Enunciado Administrativo n. 2 do Plenário do STJ. 2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 574.706/PR, em repercussão geral, Relatora Ministra Cármen Lúcia, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da Seguridade Social. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para realizar a adequação prevista no art. 1.030, II do Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 384 18 CPC/2015." (EDcl no AgRg no REsp 1276424/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 21/05/2018) "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. JULGAMENTO DO TEMA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO PELO PRÓPRIO STJ. ADEQUAÇÃO AO DECIDIDO PELO STF. 1. A Jurisprudência pacífica desta Corte de Justiça possuía o entendimento de considerar legal a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, nos termos das Súmulas 68 e 94 do STJ. Posicionamento este ratificado pela Primeira Seção do STJ no julgamento do Resp 1.144.469/PR, processado e julgado como representativo de controvérsia. 2. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião da apreciação do RE 574.706RG/PR, com repercussão geral reconhecida, firmou tese contrária à fixada pela Primeira Seção do STJ. 3. Juízo de retratação exercido nestes autos (art. 1.040, II, do CPC/2015), para negar provimento ao apelo nobre da Fazenda Nacional." (REsp 1496603/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 25/04/2018) "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA, PREVISTA NA LEI 12.546/2011. JULGAMENTO PELO STF, EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. RE 574.706/PR. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 1.040, II, DO CPC/2015. AGRAVO INTERNO PROVIDO, EM JUÍZO DE RETRATAÇÃO, PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, QUANTO AO TEMA OBJETO DA REPERCUSSÃO GERAL. I. Agravo interno aviado contra decisão que deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, contra acórdão que, negando provimento à Apelação e à Remessa Oficial, havia mantido a sentença que concedera o Mandado de Segurança. II. A Segunda Turma do STJ, considerando a jurisprudência pacífica da Corte, quando do julgamento do Recurso Especial interposto, no sentido da incidência do ICMS na base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva, prevista na Lei Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 385 19 12.546/2011, negou provimento ao Agravo interno do contribuinte. III. Entretanto, posteriormente, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 574.706/PR, sob o regime da repercussão geral, firmou a tese de que "o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS" (STF, RE 574.706/PR, Rel. Ministra CÁRMEN LÚCIA, TRIBUNAL PLENO, DJe de 02/10/2017), porquanto o valor arrecadado, a título de ICMS, não se incorpora ao patrimônio do contribuinte, e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS, contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social. Diante da nova orientação da Suprema Corte, o STJ realinhou o seu posicionamento (STJ, REsp 1.100.739/DF, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 08/03/2018; AgInt no AgInt no AgRg no AREsp 392.924/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 06/03/2018). Mutatis mutandis, a mesma lógica deve ser aplicada para a contribuição previdenciária substitutiva, prevista nos arts. 7º e 8º da Lei 12.546/2011, em razão da identidade do fato gerador (receita bruta). Com efeito, "os valores relativos ao ICMS não integram a base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta CPRB, prevista na Lei n. 12.546/11, porquanto não se incorporam ao patrimônio do contribuinte, é dizer, não caracterizam receita bruta, em observância à axiologia das razões de decidir do RE n. 574.706/PR, julgado em repercussão geral pelo STF, no qual foi proclamada a inconstitucionalidade do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS" (STJ, REsp 1.568.493/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 23/03/2018). Em igual sentido: STJ, REsp 1.694.357/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 01/12/2017. IV. Nesse contexto, retornaram os autos por determinação da VicePresidência do STJ, para fins do disposto no art. 1.040, II, do CPC/2015 , em face do aludido julgado do Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral. V. Agravo interno provido, para, em juízo de retratação, previsto no art. 1.040, II, do CPC/2015, negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional." (AgInt no REsp 1592338/SC, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 23/04/2018) Neste contexto, não há como negar plena efetividade ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, já que o próprio Superior Tribunal de Justiça STJ não mais aplica o entendimento firmado no REsp 1.144.469/PR. Pertinentes são as palavras da Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, em voto proferido no processo 10580.721226/200701 (Acórdão 3301004.355): "Venho sustentando que, para fins de interpretação do § 2° do art. 62 do RICARF, negar a aplicação da decisão do RE n° Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 386 20 574.706 RG, com base no REsp n° 1.144.469/PR (julgado como recurso repetitivo e já transitado em julgado), é uma falácia. É uma falácia, porquanto o próprio STJ já alterou seu posicionamento para reconhecer que o ICMS não integra a base de cálculo da contribuição para o PIS e COFINS, afastando a aplicação do REsp 1.144.469/PR, em virtude da decisão do STF, como se observa nas decisões citadas abaixo: (...) Por conseguinte, estando o acórdão do RE n° 574.706 RG desprovido de causa suspensiva, deve ser imediatamente aplicado. Defendo que tal situação se coaduna com a condição de “decisão definitiva de mérito”, para fins de aplicação do art. 62, § 2° do RICARF." Cito, ainda: "Os órgãos do Estado são entes sem vida, sem inteligência e sem sentimento; são dirigidos por gestores que assumem o compromisso constitucional de respeitar os princípios democráticos, dentre os quais o efetivo cumprimento das decisões judiciais. De outra forma, não faz sentido o próprio governo, integrante do sistema, desrespeitar as leis. A Fazenda Pública e os órgãos públicos de maneira geral, por não terem vida, não se sensibilizam com os fatos que ocorrem em seu derredor, diferentemente do que acontece com seus agentes políticos ou administrativos." (CARDOSO, Antonio Pessoa. Cumprimento das leis Estado deve ser referência de valores do Direito. Revista Consultor Jurídico, 25 de junho de 2011, 7h41) Um órgão administrativo de julgamento não aplicar o decidido em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal STF quando até mesmo o Superior Tribunal de Justiça STJ já não mais aplica o seu entendimento em sentido diverso é verdadeira afronta ao julgado pela mais Alta Corte do país. Sobre a inteira e imediata aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, o Superior Tribunal de Justiça STJ assim decidiu: "TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. RECENTE POSICIONAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL (RE 574.706/PR). AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL DESPROVIDO. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 574.706/PR, em repercussão geral, Relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do Contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da Seguridade Social. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10530.004513/200811 Acórdão n.º 3201003.725 S3C2T1 Fl. 387 21 2. A existência de precedente firmado sob o regime de repercussão geral pelo Plenário do STF autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, independentemente do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes: RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016. 3. Agravo Interno da Fazenda Nacional desprovido." (AgInt no AREsp 282.685/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 27/02/2018) (nosso destaque) Do voto, destaco: "3. No mais, o Supremo Tribunal Federal fixou entendimento de que a existência de precedente sob o regime de repercussão geral firmado pelo Plenário daquela Corte autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, independentemente do trânsito em julgado do paradigma (RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016.)" Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, em plena consonância ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, no Recurso Extraordinário nº 574.706 e em conformidade com o que tem adotado o Superior Tribunal de Justiça STJ. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Fl. 387DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.000363/2010-57
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2010
SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA. IMPOSSIBILIDADE DE OPÇÃO.
Se no prazo limite para a opção a empresa possuir atividade vedada na sistemática do Simples Nacional, fica impedida de opção de ingresso, ainda que se trate de atividade secundária ou não a exerça.
Numero da decisão: 1002-000.222
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes
Nome do relator: 04678402969 - CPF não encontrado.
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ATIVIDADE VEDADA. IMPOSSIBILIDADE DE OPÇÃO. Se no prazo limite para a opção a empresa possuir atividade vedada na sistemática do Simples Nacional, fica impedida de opção de ingresso, ainda que se trate de atividade secundária ou não a exerça. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 03 63 /2 01 0- 57 Fl. 46DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efls. 32 e 33) interposto contra o Acórdão n° 1534.358, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA (efls. 23 à 27), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela ora Recorrente, decisão esta ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2010 OPÇÃO. ATIVIDADE ECONÔMICA VEDADA. REGULARIZAÇÃO. A alteração da atividade econômica, para possibilitar o ingresso do contribuinte no Simples Nacional, deve obedecer o lapso temporal destinado à opção pelo referido Regime. Impugnação Improcedente Sem Crédito em Litígio Conforme exposto nos autos, a Contribuinte teve seu pedido de enquadramento no SIMPLES indeferido em virtude de exercício de atividade vedada à esta modalidade especial de tributação. Em sua Impugnação, ressaltou que, a despeito do que consta em seu Contrato Social, o real objetivo econômico seria a Construção de casas residências, prédios, e empreitada de mão de obra na construção civil (CNAE 41.20400). Alegou, ainda, que seu processo de alteração do aludido Contrato Social foi protocolado na Junta Comercial em 22/01/2010, contudo apenas logrou enviálo à Receita Federal em 09/02/2010. O Acórdão da DRJ negou provimento à Impugnação, reiterando o exercício de atividade vedada, bem como a intempestividade de remessa do Contrato Social retificado. Em seqüência, o Recurso Voluntário reforça os argumentos trazidos à baila em primeira instância, pleiteando a observação à verdade material. Transcrevese: Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10925.000363/201057 Acórdão n.º 1002000.222 S1C0T2 Fl. 47 3 É o Relatório. Voto Conselheiro Breno do Carmo Moreira Relator .O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Passo à análise dos pontos suscitados no Recurso. Por primeiro, a alegada Preliminar é, em verdade, apresentação de matéria fática, utilizada na fundamentação do pedido da Recorrente. Por isso, deve ser rejeitada, e seu teor avaliado no conjunto da exposição jurídica da peça defensiva. Gira a lide sobre o indeferimento do pedido de inclusão no Simples Nacional, em virtude de possuir atividade econômica vedada em seu objetivo social, bem como por intempestividade na remessa à Receita Federal, da retificação do Contrato Social. O Termo de Indeferimento (efls 19 à 22) consta amparado pelo Parecer SECAT nº 172/2010, cuja base legal para o indeferimento foram o art. 16, da Lei Complementar nº 123/2006, e arts. 7º, § 1º A, e 9 da Resolução CGSN nº 4 de 2007: Lei Complementar N° 123, De 14 de dezembro de 2006: Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário. Resolução CGSN n° 4, de 30 de maio de 2007: Art. 7° (...) (...) § 1°A Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN n° 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso Fl. 48DF CARF MF 4 não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN n° 56, de 23 de março de 2009). Art. 9 Serão utilizados os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ, para verificar se as ME e as EPP atendem aos requisitos pertinentes. Colaciono o Relatório de Pendências (efls. 10 e 11), com o escopo de clarificar ainda mais a situação: Nesse particular, mediante os art. 6º e 7°, ambos da Resolução CGSN n° 94/2011, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), assim dispôs sobre a forma e prazo de ingresso no regime especial: Art. 6º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 5º. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, § 2º) § 2º Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10925.000363/201057 Acórdão n.º 1002000.222 S1C0T2 Fl. 48 5 I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; II efetuar o cancelamento da solicitação de opção, salvo se o pedido já houver sido deferido. Assim, conforme lastro normativo acima exposto, não vejo como acolher os pleitos da Recorrente. A decisão da DRJ apresenta estreita sintonia com a jurisprudência do CARF e respeito à verdade material (de intempestividade de superação da atividade vedada pelo SIMPLES). Nessa trilha, restou atestada de forma patente a remessa extemporânea do Contrato Social à Receita Federal, a qual ocorreu apenas em 09/02/2010. Portanto, os indigitados sustentáculos hermenêuticos da Contribuinte foram fundamentadamente afastados em primeira instância, pelo que peço vênia para transcrever abaixo os principais trechos do voto condutor do Acórdão recorrido, adotandoos desde já como razões de decidir, em cumprimento aos ditames do §1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999 e em atenção ao disposto no §3º do art. 57, do RICARF: Para tornar objetiva a interpretação da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e dirimir dúvidas a respeito das atividades não permitidas para ingresso no sistema, o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) publicou a Resolução nº 6, de 18 de junho de 2007, norma complementar a ser observada, que relaciona em seu Anexo I os códigos previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) impeditivas ao ingresso no Simples Nacional. A Resolução nº 06, de 18/06/2007, estabelece: Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ para verificar se as microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) atendem aos requisitos pertinentes, conforme previsto no art. 9º da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007. Art. 2º O Anexo I relaciona os códigos de atividades econômicas previstos na CNAE impeditivos ao Simples Nacional. Art. 3º O Anexo II relaciona os códigos de atividades econômicas previstos na CNAE que abrangem concomitantemente atividade impeditiva e permitida ao Simples Nacional. Parágrafo único. A ME ou a EPP que exerça atividade econômica cujo código da CNAE conste do Anexo II não participará da migração prevista no art. 18 da Resolução CGSN nº 4, de 2007, podendo, entretanto, efetuar a opção Fl. 50DF CARF MF 6 de acordo com o art. 7º da mesma Resolução, sob condição de declaração de que exerce tão somente atividades permitidas no Simples Nacional. Por sua vez, a Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007, dispôs sobre a utilização do código CNAE para verificação quanto à atividade da contribuinte, nestes termos: Art. 9º Serão utilizados os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ, para verificar se as ME e as EPP atendem aos requisitos pertinentes. Logo, cabe à própria pessoa jurídica, representada perante o CNPJ por seu responsável, o exercício da opção pela sua classificação no CNAE/Fiscal, com base em seu julgamento quanto às atividades preponderantes que desempenha a empresa, requisito indispensável para a sua obrigatória inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), mediante o preenchimento da ficha cadastral própria para tal fim (FCPJ), de acordo com as orientações emanadas pela RFB. A escolha do código CNAE constitui ato volitivo da pessoa jurídica, ou seja, é ela quem opta pelas atividades que mais se assemelham àquelas que desenvolve. No presente caso, as informações cadastrais da contribuinte no momento da opção apontavam o exercício das atividades vedadas ao ingresso no Simples Nacional, conforme o Anexo I da Resolução do CGSN nº 6, de 2007. A pendência que constar do Termo de Indeferimento deve ser sanada pelo contribuinte em tempo hábil, no prazo previsto no artigo 7º da Resolução CGSN nº 04, de 2007, abaixo transcrito: (...) A despeito das razões que motivaram o atraso, a própria interessada reconhece que não conseguiu concluir o processo de regularização do seu cadastro em tempo hábil, tendo enviado o pedido de alteração da Ficha Cadastral do CNPJ somente em 09/02/2010, conforme documento à folha 14. Portanto, a alteração no CNPJ somente se efetivou após o prazo que a interessada tinha para regularizála, qual seja, o de opção pelo Simples Nacional, último dia útil do mês de janeiro. Isto posto, voto por julgar improcedente a impugnação e indeferir o pedido de inclusão no Simples Nacional. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10925.000363/201057 Acórdão n.º 1002000.222 S1C0T2 Fl. 49 7 Conclusão Com tudo o que foi exposto nos tópicos anteriores, resta claro que os argumentos esposados pela Recorrente não merecem ser acolhidos. Portanto, VOTO pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário, com a consequente manutenção da decisão de origem. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Fl. 52DF CARF MF
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