Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13811.000684/2001-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário:1997 ORDEM DE EMISSÃO DE CERTIFICADO DE INVESTIMENTO. PERC/FINOR. QUITAÇÃO DE DÉBITOS DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS, REGULARIDADE FISCAL. PERCENTUAL DE PAGAMENTO. A Súmula do CARF nº 37 dispõe que a comprovação deve ser feita na data da entrega da declaração de rendimentos da pessoa jurídica e, não, no momento da análise por parte das autoridades fiscais. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO - PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO - PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL - A contribuinte se manifestou contra os fundamentos expressos do indeferimento como descrito pela autoridade fiscal; portanto, devem-se apreciar as provas trazidas aos autos na fase recursal, antes da decisão final administrativa.
Numero da decisão: 1202-000.659
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Viviane Vidal Wagner.
Matéria: IRPJ - outros assuntos (ex.: suspenção de isenção/imunidade)
Nome do relator: NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPJ - outros assuntos (ex.: suspenção de isenção/imunidade)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201201
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário:1997 ORDEM DE EMISSÃO DE CERTIFICADO DE INVESTIMENTO. PERC/FINOR. QUITAÇÃO DE DÉBITOS DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS, REGULARIDADE FISCAL. PERCENTUAL DE PAGAMENTO. A Súmula do CARF nº 37 dispõe que a comprovação deve ser feita na data da entrega da declaração de rendimentos da pessoa jurídica e, não, no momento da análise por parte das autoridades fiscais. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO - PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO - PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL - A contribuinte se manifestou contra os fundamentos expressos do indeferimento como descrito pela autoridade fiscal; portanto, devem-se apreciar as provas trazidas aos autos na fase recursal, antes da decisão final administrativa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 13811.000684/2001-36
conteudo_id_s : 5235526
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 31 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1202-000.659
nome_arquivo_s : Decisao_13811000684200136.pdf
nome_relator_s : NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA
nome_arquivo_pdf_s : 13811000684200136_5235526.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Viviane Vidal Wagner.
dt_sessao_tdt : Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
id : 4597303
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576621506560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1979; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T2 Fl. 292 1 229911 S1C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13811.000684/200136 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 120200.659 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de janeiro de 2012 Matéria IRPJ Recorrente CERVEJARIAS REUNIDAS SKOL CARACU S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:1997 ORDEM DE EMISSÃO DE CERTIFICADO DE INVESTIMENTO. PERC/FINOR. QUITAÇÃO DE DÉBITOS DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS, REGULARIDADE FISCAL. PERCENTUAL DE PAGAMENTO. A Súmula do CARF nº 37 dispõe que a comprovação deve ser feita na data da entrega da declaração de rendimentos da pessoa jurídica e, não, no momento da análise por parte das autoridades fiscais. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL A contribuinte se manifestou contra os fundamentos expressos do indeferimento como descrito pela autoridade fiscal; portanto, devemse apreciar as provas trazidas aos autos na fase recursal, antes da decisão final administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Viviane Vidal Wagner. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente. (documento assinado digitalmente) NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA Relatora. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 293 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Losso Filho, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório Cuidase de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais – PERC/FINOR formulado pela contribuinte Cervejarias Reunidas Skol Caracu S/A (CNPJ 33.179.311/000164) em 29 de setembro de 2000(fls 1 a 3), relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ do anocalendário de 1997. O PERC foi indeferido pela Delegacia da Receita Federal em Campinas/São Paulo, pelo entendimento de que a empresa possuía débitos de tributos e contribuições federais. Na oportunidade, a empresa juntou vários documentos comprovando sua regularidade fiscal, e posteriormente, como solicitado pelo órgão fazendário entendeu serem necessários, em especial, certidões expedidas pela RFB/PGFN, INSS e Caixa Econômica Federal, a fim de demonstrar a regularidade da empresa. Porém, em virtude de pendências tributárias relacionadas nos extratos de fls. 207/214, junto à Receita Federal do Brasil e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, cuja emissão foi em 10 de junho de 2008, e amparado pelo artigo 60 da Lei nº 9.069/95, a solicitação foi indeferida (fl. 215/216) já que havia pendências no momento da análise do PERC. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação à decisão (fl. 229/240), aduzindo, em apertada síntese, que à época do pedido do PERC havia juntado Certidões Positivas com efeitos de Negativa, o que corroboravam para existência de prova de sua regularidade fiscal. Ainda, que embora haja pendências, todos os processos existentes estavam garantidos judicialmente. Assim, não há como a mera alegação de existência de pendência tributária servir de óbice à concessão do incentivo que entende devido. Nesse passo, a negativa lastreada por presunção de dívida não é suficiente para barrar suas pretensões. Pede a reforma da decisão, por equívoco na interpretação de texto legal (Lei nº 9.069/95, artigo 60), e, como conseqüência, a concessão do benefício fiscal pleiteado, ante a inexistência de crédito líquido e certo, conforme comprovação documental que acostou aos autos. A decisão da DRJ/CPS (fl. 250/252) informa, inicialmente que não houve impugnação específica quanto ao percentual de pagamento apurado pela Receita Federal (no importe de 93,61%), constituindose definitivamente, na esfera administrativa, a matéria neste ponto. Como houve pagamento de percentual, portanto, o pagamento é incompleto, é cabível a redução proporcional em relação ao incentivo concedido. Em relação ao mérito da impugnação, embora o pedido inicial tenha sido indeferido pela existência de pendências junto à SRFB e à PGFN, há de se considerar que o artigo 60 da Lei nº 9.069/95 não esclarece a data em que a contribuinte deve comprovar a sua regularidade fiscal. Desse modo, conclui que, se houver alguma pendência, a mesma deve ser quitada para o deferimento do pedido, o que pode ser efetuado em qualquer fase do processo. De modo a comprovar seu entendimento, a DRJ colaciona os acórdãos de decisões semelhantes deste Conselho de Contribuintes, a saber: IRPJ INCENTIVOS FISCAIS — PERC — DEMONSTRAÇÃO DE REGULARIDADE FISCAL — Para a concessão ou o Fl. 293DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 294 3 reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, considerase atendida a condição de comprovação da quitação de tributos e contribuições federais se, no curso do processo, o contribuinte junta certidões que, no momento da respectiva juntada, estivessem válidas. (Acórdão 10195633 — Data da Sessão 26/07/2006) INCENTIVOS FISCAIS — PERC — COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL. Comprovada a regularidade fiscal no momento da opção ou no curso do processo administrativo deve ser deferido o PERC. (Acórdão 107 09301 Data da Sessão 05/03/2008) INCENTIVOS FISCAIS PERC — AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL Não comprovada a regularidade fiscal no momento da opção ou no curso do processo administrativo deve ser indeferido o PERC. (Acórdão 10709329 Data da Sessão 06/03/2008) INCENTIVOS FISCAIS. PERC. OEA. Não deve prevalecer o indeferimento da PERC, quando comprovado pela contribuinte a sua regularidade fiscal, nos termos do art. 60 da Lei n° 9.069/95, com a juntada aos autos, das certidões comprobatórias de sua situação fiscal quanto aos tributos e contribuições federais. (Acórdão 10809536 Data da Sessão 24/01/2008) Sendo esta a situação verificada nos autos, a DRJ houve por bem votar no sentido do deferimento parcial da solicitação da contribuinte, tendo em vista que a mesma regularizou pendências que impediam a concessão do beneficio fiscal, mas indicou que o percentual de pagamento é de 93,61%, constante no extrato de aplicações em incentivos fiscais, sendo o valor do incentivo destinado ao FINOR consolidado em R$ 1.527.719,70 A empresa foi cientificada dessa decisão em 9 de abril de 2009 (fl.253). Em virtude dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fl. 254/263), onde, em linhas gerais, comprova que houve pagamento integral e não apenas 93,61% do valor dos tributos como indica o órgão fazendário. Alega que o extrato zerado apresentado à fls. 04 dos presentes autos não deve ser convalidado, sob pena de ferir seu direito constitucional de defesa. Junta documentos comprovando a quitação dos valores, através de recolhimentos e compensações, e apresenta cálculos, onde resta demonstrado o pagamento integral dos tributos destinados ao FINOR. Assim, requer que: (i) seja reformado o acórdão; (ii) seja reconhecido seu direito de receber a totalidade do montante destinado ao FINOR por ter sido demonstrado o regular recolhimento dos valores devidos componentes da base de cálculo do incentivo, acrescendose o percentual faltante ao já reconhecido no acórdão recorrido, ou seja, o recolhimento correspondente a R$744.483,43, formando a base de cálculo correta dos pagamentos e/ou compensações no valor de R$11.650.757,91; e, conseqüentemente, (iii) seja acrescido R$104.285,10, ao direito parcialmente já reconhecido no acórdão de R$1.527.719,70, compondo assim o total (100%) do direito do FINOR a que a recorrente, legal e legitimamente, tem, no montante de R$1.632.004,81. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 295 4 È o relatório. Voto Conselheira Nereida de Miranda Finamore Horta O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. O PERC foi indeferido, inicialmente, tendo em vista que a contribuinte possuía débitos de tributos e contribuições federais (artigo 60 da Lei nº 9069/95) no momento da análise (fls 202). O entendimento foi que a regularidade fiscal deve ser verificada no momento de análise do pedido por mais que seja acusada a existência de validade de CND – Certidão Negativa de Débito ou CPEN – Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Com isso, foi apresentada impugnação comprovando a regularidade fiscal da recorrente no processo. A DRJ, por sua vez, ao analisar a Manifestação de Inconformidade, entendeu que a regularidade fiscal pode ser comprovada em qualquer parte do processo, portanto, deferiu o PERC. Todavia, em relação ao montante solicitado, entendeu que a recorrente não havia impugnado o percentual de 93, 61 % concedido inicialmente, como indicado no extrato às fls 69. Portanto, concluiu que se trata de matéria não impugnada, deferiu o PERC no montante de 93,61% ao invés de 100%. Quanto à regularidade fiscal da contribuinte, conjugo do entendimento da DRJ, uma vez que o indeferimento se deu tendo em vista que, no momento da análise (fls 202), a recorrente possuía débitos fiscais, todavia, durante o processo de análise, a recorrente apresentou a documentação comprovando sua irregularidade em junho de 2008. Consoante o artigo 60 da Lei nº 9.069, de 1995: “Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais.” Como disse a DRJ, esse mesmo artigo não esclarece em seu corpo a data em que deve ser comprovada a regularidade fiscal da contribuinte. Há dúvidas sobre qual o período ou a data em que deve ser verificada a comprovação da quitação dos tributos e contribuições federais: i) na data da entrega da declaração DIPJ em que foi feita a opção pela aplicação no incentivo; ii) na data do processamento da declaração de rendimentos em que se verificou estar correto o valor do imposto devido e, portanto, a aplicação de parte desse valor no incentivo pretendido; ou, iii) na data da verificação do PERC pela autoridade fiscal. Se atendermos ao disposto no artigo 111, II, do CTN Código Tributário Nacional que determina que a isenção deva ser interpretada literalmente, não há como se interpretar o significado e alcance do retrocitado dispositivo. Novamente, muito bem exemplificado pela DRJ, o egrégio Conselho de Contribuintes tem inúmeras decisões no sentido de que deve ser deferido o PERC, quando as empresas apresentam durante o processo certidões válidas, comprovando sua regularidade fiscal. Por outro lado, tem outras que dizem ser a data da apresentação da DIPJ, como o Acórdão CSRF/0105721, sessão de 11 de setembro de 2007, assim ementado: APLICAÇÕES EM INCENTIVOS FISCAIS OPÇÃO – REGULARIDADE FISCAL EXIGIDA PELO ARTIGO 60 DA Fl. 295DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 296 5 LEI N° 9.069/95 ÉPOCA DA COMPROVAÇÃO Na forma do Art. 60 da Lei n° 9.069/95 a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela SRF fica condicionada à comprovação pelo contribuinte da quitação de tributos e contribuições federais. Dentre as três possibilidades de definição da data em que a prova de regularidade deve ser admitida, a única que garante maior segurança jurídica, isonomia perante a lei (Art. 5º, LV, CF) e previsibilidade é referenciada ao momento em que o contribuinte manifestou sua opção ao benefício fiscal. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acórdão CSRF/0106076, sessão de 11/11/2008, cuja Ementa é a seguinte: PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS PERC A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. (Lei 9.069/95 art. 60). Apresentado o pedido de revisão, o momento da verificação por parte da autoridade administrativa da regularidade fiscal prevista no artigo 60 da Lei 9.069/95 deve ser a data da opção feita pelo contribuinte por destinar parte do imposto para aplicação em incentivos fiscais manifestada com a entrega da DIPJ, nos termos do artigo 601 do RIR/99 e deve ser referir ao período pretérito e não em relação a débitos futuros. Recurso especial negado. A Súmula do CARF tem sido entendida por essa turma como se a regularidade fiscal deva ser comprovada na data da entrega da DIPJ, a saber: “Súmula CARF nº 37: Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72”. (grifamos) Ora, esses incentivos fiscais foram introduzidos para atender ao desenvolvimento econômico local, de interesse público relevante, a fim de corrigir desequilíbrios existentes no país, no caso o Nordeste. A intenção não é somente destinar os recursos, mas atrair investimentos de novas empresas ou incentivar a ampliação dos investimentos existentes. Assim, diminuiria as discrepâncias existentes entre as regiões. Nesse contexto, para concluir, reproduzo o texto da DRJ, do qual concordo na totalidade: “...Ou seja, o sentido da lei não é impedir que o contribuinte em débito usufrua o benefício, mas sim, incentivar a quitação do débito. Dessa forma, identificado que o contribuinte possui débitos de tributos ou contribuições federais, deverá ele quitar os débitos para obter o deferimento do pedido, o que poderá ser feito em qualquer fase do processo. Fl. 296DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 297 6 No caso, havendo a empresa apresentado certidões válidas comprovando sua regularidade fiscal, não há como negar o cumprimento da exigência estabelecida no 60 da Lei n.° 9.069, de 1995. Mesmo que novos débitos surjam após a regularização, é inegável a existência de um intervalo de tempo em que a contribuinte preenchia os requisitos para a concessão do incentivo fiscal. E o reconhecimento do benefício fiscal não pode depender da disponibilidade da máquina administrativa para apreciar a questão. Se a análise no interregno posterior a emissão das certidões era favorável à empresa, não há que se indeferir PERC quando, em um segundo momento, novos débitos surgem contra a contribuinte. Por oportuno, ressaltese que o disposto nos art. 10 e 11 da IN SRF n.° 574, de2005, tem por finalidade desburocratizar o procedimento de reconhecimento de benefícios fiscais, mesmo porque não é lógico que a contribuinte tenha que apresentar a Receita Federal certidão emitida pelo próprio órgão.” Desse modo, concordo com a decisão da DRJ em relação ao deferimento do PERC, uma vez que concordo que o artigo 60 da Lei nº 9069/95 não esclarece o momento em que deva ser comprovada a regularidade fiscal e, se o objetivo é incentivar a região, a melhor interpretação seria que a regularidade deveria ser aceita a qualquer momento. Ainda, mesmo acatando o entendimento da Súmula retrocitada que tem prevalecido na CSRF e também nesse Colegiado, isto é, que a comprovação deve ser feita na data da entrega da DIPJ Declaração de Informações EconômicoFiscais, o indeferimento não se fundamentou nesse sentido, mas que havia regularidade durante o período de análise, que é período diferente. Portanto, não foi analisado à luz da interpretação que tem prevalecido. O percentual de 93,61% foi considerado pela DRJ como matéria não contestada e, portanto, considerou definitivamente constituída na esfera administrativa, uma vez que não foi especificamente impugnada a matéria. Continuando explica que as ordens de emissão do referido benefício tem seus valores calculados com base no montante de imposto recolhido, em caso de recolhimento incompleto do imposto, há a redução proporcional do incentivo concedido. Como consta do Despacho, em fls. 215: “Destarte, considerando a existência de pendências tributárias no âmbito desta Receita Federal do Brasil/ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional que impedem a concessão do pleiteado benefício fiscal (fls. 205/212), na esteira do abaixo transcrito art. 60, da Lei n°9.069/95, PROPONHO ao Sr. Chefe do SEORT/DRF/CPS o indeferimento do presente PERC, não se abstendo de facultar ao interessado a apresentação de manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de CampinasSP no prazo de 30 (trinta) dias da ciência deste.” Ou seja, o motivo do indeferimento é a existência de pendências tributárias, que é a matéria que foi contestada pela recorrente, não lhe cabendo contestar o percentual de 93,61% uma vez que não suscitado no Despacho retro. Como não houve manifestação sobre o montante constante do extrato, pois consta apenas que a base de cálculo é o valor constante na DIPJ – Declaração de Informações EconômicoFiscais do anocalendário de 1997, no montante de R$ 6.800.020,08 (fls 4), não havia o que ser respondido em relação ao 93,61%. A Fl. 297DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 298 7 Manifestação de Inconformidade seguiu os ditames da Portaria da RECEITA FEDERAL DO BRASIL RFB nº 10.875, de 16 de agosto de 2007. Ainda, valendome de jurisprudência desse colegiado que colaciono abaixo, entendo que devo examinar as provas apresentadas e verifico que foram recolhidos os tributos tal qual demonstrado no Pedido em fls 3. A jurisprudência a que me refiro são as seguintes: Acórdão CSRF/ 0304.194 (9.11.2004) “PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL. A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o principio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o principio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento". (Ac. 10318789 3'. Câmara 1°. C.C.).” Acórdão CSRF/ 03.04.371 (16.5.2005) “PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o princípio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento". (Ac. 10318789 3ª. Câmara 1º. C.C.).” Acórdão 19200.014 (9.10.2008) “PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO – PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA Em homenagem ao principio da instrumentalidade processual (CPC) e à busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário, devem ser aceitas as provas trazidas aos autos já na fase recursal.” Uma vez comprovado que o imposto de renda devido e adicional foram todos recolhidos, a base de cálculo correta é o valor de R$6.800.020,07. Consoante o artigo 599 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3000/1999 – RIR/99, temos que o limite de cada incentivo deve ser apurado com os percentuais indicados sobre o imposto Fl. 298DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT Processo nº 13811.000684/200136 Acórdão n.º 120200.659 S1C2T2 Fl. 299 8 devido. O parágrafo único do mesmo artigo esclarece que se considera imposto devido o calculado nos termos do artigo 541 do mesmo RIR/99, ou seja, o imposto devido à alíquota de 15%, não devendo ser computado o adicional. O mesmo artigo 599 esclarece que, do imposto devido à alíquota de 15% devem ser deduzidos os incentivos: programa de alimentação ao trabalhador, vale transporte, desenvolvimento tecnológico industrial, atividades culturais e artísticas, audiovisual, Fundo de Amparo da Criança e do Adolescente, de redução e de isenção do imposto e redução por reinvestimento no caso de empresas instaladas nas regiões da SUDAM e da SUDENE. Com base no referido artigo 599, então, temos que a base de cálculo foi apurada corretamente pela Delegacia da Receita Federal no montante de R$6.800.020,07, que assim se apura consoante os valores registrados na DIPJ entregue pela contribuinte (fls 32): Imposto Devido à alíquota de 15% R$7.436.756,76 () Programa de Alimentação do Trabalhador (R$135.259,90) () Vale Transporte (R$233.476,79) () Incentivo Audiovisual (R$200.000,00) () Incentivo à Informática (R$68.000,00) Base de Cálculo R$6.800.020,07 Logo, o valor de R$6.800.020,07 está correto e se refere à totalidade do incentivo cabível à recorrente. Por todo o exposto, entendo que deve ser concedido o incentivo à recorrente uma vez que ficou comprovada que o indeferimento se deu com base em verificação da regularidade fiscal no momento da análise do incentivo, e, em relação ao pedido de consideração da base de cálculo no valor de R$6.800.020,07, meu voto é no sentido de DAR provimento ao recurso porque não constou como fundamento do despacho que indeferiu o pedido e ficou comprovado que foi feito o total recolhimento do imposto de renda devido e adicionais. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta – Relatora . Fl. 299DF CARF MF Impresso em 26/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por NEREIDA DE MIRANDA FINA MORE HORT
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720050/2011-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
MULTA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DE IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO. LOJA FRANCA. DISPENSA. MODIFICAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. EFEITOS PROSPECTIVOS. NOVA DISPENSA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, II, DO CTN.
As Lojas Francas estavam dispensadas de tratamento administrativo de licenciamento aduaneiro na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, que teve seu critério jurídico alterado pela Portaria SECEX nº 10/2010, passando a dela exigir que a partir de sua vigência se procedesse ao referido licenciamento, nas hipóteses legalmente exigidas, segundo art. 146, do CTN. Com o advento da Portaria SECEX nº 13/2010, que expressamente dispensou as Lojas Francas do licenciamento de importação, aplica-se essa dispensa aos atos não definitivamente julgados, nos termos do art. 106, II, do CTN.
Infração não caracterizada.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito tributário exonerado.
Numero da decisão: 3402-001.983
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido conselheiro Mario Cesar Fracalossi Bais que votou por negar integralmente o recurso. Fez sustentação oral Dr. Guilherme Doin OAB nº 108730.
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente Substituto.
RELATOR JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), João Carlos Cassuli Junior (Relator), Mario Cesar Francalossi Bais (Suplente), Fernando Luiz da Gama Lobo D Eça, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201301
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 MULTA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DE IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO. LOJA FRANCA. DISPENSA. MODIFICAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. EFEITOS PROSPECTIVOS. NOVA DISPENSA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, II, DO CTN. As Lojas Francas estavam dispensadas de tratamento administrativo de licenciamento aduaneiro na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, que teve seu critério jurídico alterado pela Portaria SECEX nº 10/2010, passando a dela exigir que a partir de sua vigência se procedesse ao referido licenciamento, nas hipóteses legalmente exigidas, segundo art. 146, do CTN. Com o advento da Portaria SECEX nº 13/2010, que expressamente dispensou as Lojas Francas do licenciamento de importação, aplica-se essa dispensa aos atos não definitivamente julgados, nos termos do art. 106, II, do CTN. Infração não caracterizada. Recurso Voluntário Provido. Crédito tributário exonerado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 11762.720050/2011-72
anomes_publicacao_s : 201305
conteudo_id_s : 5241174
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3402-001.983
nome_arquivo_s : Decisao_11762720050201172.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 11762720050201172_5241174.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido conselheiro Mario Cesar Fracalossi Bais que votou por negar integralmente o recurso. Fez sustentação oral Dr. Guilherme Doin OAB nº 108730. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente Substituto. RELATOR JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), João Carlos Cassuli Junior (Relator), Mario Cesar Francalossi Bais (Suplente), Fernando Luiz da Gama Lobo D Eça, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
id : 4602364
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576626749440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2122; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 1.126 1 1.125 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11762.720050/201172 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402001.983 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2013 Matéria Multa DI Recorrente DUFRY DO BRASIL DUTY FREE SHOP LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2008, 2009, 2010 MULTA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DE IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO. LOJA FRANCA. DISPENSA. MODIFICAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. EFEITOS PROSPECTIVOS. NOVA DISPENSA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, II, DO CTN. As Lojas Francas estavam dispensadas de tratamento administrativo de licenciamento aduaneiro na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, que teve seu critério jurídico alterado pela Portaria SECEX nº 10/2010, passando a dela exigir que a partir de sua vigência se procedesse ao referido licenciamento, nas hipóteses legalmente exigidas, segundo art. 146, do CTN. Com o advento da Portaria SECEX nº 13/2010, que expressamente dispensou as Lojas Francas do licenciamento de importação, aplicase essa dispensa aos atos não definitivamente julgados, nos termos do art. 106, II, do CTN. Infração não caracterizada. Recurso Voluntário Provido. Crédito tributário exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido conselheiro Mario Cesar Fracalossi Bais que votou por negar integralmente o recurso. Fez sustentação oral Dr. Guilherme Doin OAB nº 108730. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 50 /2 01 1- 72 Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 RELATOR JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), João Carlos Cassuli Junior (Relator), Mario Cesar Francalossi Bais (Suplente), Fernando Luiz da Gama Lobo D Eça, Silvia de Brito Oliveira, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva. Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.127 3 Relatório Trata o processo de auto de infração no valor do R$ 29.482.435,66 (vinte e nove milhões, quatrocentos e oitenta e dois mil, quatrocentos e trinta e cinco reais e sessenta e seis), lavrado em 24/10/2011 e cuja descrição da infração, constante às fls. 03, no Auto de Infração (fls. 5 do processo – n. eletrônico), no campo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, restou consignada como sendo “Importação Desamparada de Guia de Importação ou Documento Equivalente”. Por fielmente resumidos os fatos, transcrevo o trecho do relatório da DRJ que bem sintetizou os motivos que ensejaram do lançamento: “Depreendese da descrição dos fatos no “Relatório de Fiscalização” do auto de infração (fls. 585 a 613), que a interessada, entre janeiro de 2008 e abril de 2010, registrou declarações de importação que acobertaram a entrada no país de bens classificados nas posições 3303, 3304, 3305, 3306 e 3307 da NCM, desvinculadas dos devidos licenciamentos de importação previstos no Comunicado DECEX 23 de 1998, Resolução RDC ANVISA nº 350, de 28.12.2005, Resolução RDC nº 81, de 05.11.2008 e Tratamento Administrativo do SISCOMEX.” DA IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA Cientificado do lançamento em 07/11/2011, conforme documento postal de fls. 614, o contribuinte apresentou tempestivamente Impugnação Administrativa (fls. 617633 e anexos até fls. 1055 – numeração eletrônica), aduzindo resumidamente os seguintes pontos: Que a Impugnante está dispensada da necessidade de licenciamento para as importações que realiza, pois desempenha atividades de “Loja Franca”, sendo esta condição admitida expressamente pela SECEX; Que no regime especial de Loja Franca, a nacionalização do produto somente se dá com a compra pelo consumidor final, pois as mercadorias disponíveis são consignadas, não se perfectibilizando pela impugnante a importação cujo licenciamento exige o Fisco; Que, conforme dispunha a Portaria SECEX nº. 25/2008, vigente à época dos fatos autuados, os regimes especiais aduaneiros nas modalidades de Lojas Francas são dispensados do licenciamento de importações; Que a rigor do artigo 146 do CTN, acaso haja, por parte da Autoridade Administrativa, uma modificação nos critérios jurídicos para exigir o licenciamento de suas importações, tal conduta não pode ser retroativa, passando a ser exigida apenas nas operações subseqüentes à sua implementação; Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 Que a aplicação de regulamentação da ANVISA para a exigência de licenças de importação de alguns dos produtos importados pela Impugnante não pode ser considerada, uma vez que às lojas francas é aplicado procedimento especial; Que a comercialização de determinados produtos, sujeitos a vistoria da ANVISA, não pode ser confundida com a importação dos mesmos com necessidade de licenciamento, jamais tendo a impugnante negadose à submeter seus produtos às vistorias da ANVISA; Que o fato de ser necessário o “aval” da ANVISA para a comercialização de determinados produtos não é o mesmo que ser necessária licença para trazer o mesmo ao país, podendo certos casos serem licenciados os produtos e não necessariamente liberados pelo Órgão que trata de saúde pública no Brasil; Por fim, a Impugnante menciona que a natureza apontada pelo Fisco para algumas das importações de mercadorias de origem nacional, as denominadas exportações fictas, pois que para elas não há necessidade de autorização para trânsito em território nacional, uma vez que dele mesmo são oriundas. Menciona a Impugnante que a Fiscalização nem mesmo se atentou para a peculiar característica das Declarações de Importação que analisou, maculando assim a credibilidade do lançamento. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Em análise aos argumentos sustentados pelo sujeito passivo em sua defesa, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS), houve por bem em, por maioria de votos, considerar improcedente a impugnação apresentada, proferido Acórdão nº. 0728.906, ementado nos seguintes termos: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 09/01/2008 a 01/04/2010 REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE LOJA FRANCA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. TRATAMENTO ADMINISTRATIVO DO SISCOMEX. Nas operações de importação submetidas ao regime aduaneiro especial de Loja Franca exigese o Licenciamento Não Automático para produtos relacionados no Tratamento Administrativo do SISCOMEX. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” Em apertada síntese a DRJ competente para o julgamento entendeu que ao contrário do que sustentou a Impugnante, o Fisco possui cinco anos para reexaminar a exatidão das declarações de importação dos contribuintes em geral, afastando a alegação de mudança do critério jurídico trazida pelo contribuinte. Entendeu também a mencionada Delegacia, que mesmo sendo considerada nacionalizada a mercadoria no momento de sua venda ao passageiro, o fato gerador da mercadoria sob regime aduaneiro especial com suspensão de tributos ocorre quando de sua entrada no território nacional, não se podendo atribuir ao passageiro a responsabilidade Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.128 5 tributária sobre a questão, bem como, nos casos de exportação ficta, tendo a mesma natureza de importação, deve seguir as exigências de licença de importação regulamentadas. Por fim, essencialmente a DRJ houve por bem em expor seu entendimento de que o regime especial de Lojas Francas não pode sobreporse aos casos em que determinadas importações possuam Tratamento Administrativo diferenciado pelo SISCOMEX, casos em que, a despeito da “dispensa” atribuída ao regime, o produto em si, possua a qualidade de “não dispensa”. DO RECURSO Cientificado do Acórdão supracitado em 05/06/2012, conforme Termo de Ciência de fls. 1080 – numeração eletrônica, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 1084 a 1105) em 05/074/2012, aduzindo os fundamentos que a seguir sintetizo: Que o recurso é tempestivo e merece ser conhecido; Que é equivocada a interpretação do acórdão recorrido a respeito da efetiva dispensa de licenciamento para as importações sob regimes aduaneiros especiais de Loja Franca; Que houve ofensa ao artigo 106 do CTN, aplicandose nova sistemática de critérios jurídico nas análises de suas importações, sem considerarse a aplicação da Lei mais benéfica à multa imputada ao contribuinte, e que há impossibilidade de revisão aduaneira que configure mudança no critério jurídico adotado; Que ao Recorrente é dispensado o licenciamento para as importações para sob regimes aduaneiros especiais de Lojas Francas, esclarecendo detalhadamente os critérios da especialidade da dispensa; Que não se sujeita ao licenciamento de importações, tendo em vista que sequer realiza operações de nacionalização de mercadorias; Que realiza, de fato, a importação de cosméticos perfumes e produtos de higiene, submetidos por sua vez ao controle e vistoria da ANVISA, porém, que tal controle não se confunde com licenciamento de importação, e que, sendo inexistente na resolução da ANVISA a licença interpretada pela fiscalização, inexiste amparo legal para a multa aplicada; Que não foram observadas as específicas importações de mercadoria de origem nacional, as chamadas exportações fictas, sendo as mesmas tratadas como importações normais pela fiscalização; Que a multa aplicada na autuação combatida possui caráter confiscatório; Ao final a recorrente pediu a procedência do recurso e o consequente cancelamento do auto de infração. Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico numerado até as folhas 1125 (mil cento e vinte e cinco), estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.129 7 Voto Conselheiro Relator João Carlos Cassuli Junior O recurso atende os pressupostos de admissibilidade e tempestividade, portanto, dele tomo conhecimento, passando a análise dos fatos articulados pela recorrente. Analisando a controvérsia constante dos autos, constatase que foi efetivado o lançamento tributário correspondente a multa isolada, proveniente de “revisão aduaneira”, por ter a Autoridade Pública interpretado que as Declarações de Importações – DI´s registradas pela Recorrente no período de janeiro de 2008 a abril de 2010, deveriam ter sido objeto de Licenciamento de Importação, sujeitandose às normas técnicas da ANVISA nos citados procedimentos administrativos, enquanto que, por outro lado, sustenta a Recorrente, meritoriamente, que por se tratar de contribuinte detentor de regime aduaneiro de Loja Franca, estaria expressamente dispensado do referido procedimento de licenciamento. Para bem compreender a querela em análise, cumpre proceder a uma evolução das normas que regulam a matéria, especificamente com relação ao tratamento administrativo aplicável às Lojas Francas (condição esta incontroversa da Recorrente), vigorante durante os períodos em que havidos os fatos geradores (registro de DI´s), já que se trata de matéria eminentemente de Direito. Assim sendo, cumpre observar que em janeiro de 2008 vigorava o Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002, que disciplinava que: “Art. 483. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deverá ser submetida a despacho de importação, que será realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria (Decretolei nº 37, de 1966, art. 44, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 2º). Parágrafo único. O disposto no caput aplicase inclusive às mercadorias re importadas e às referidas nos incisos I a V do art. 70. Art. 484. O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária ou em zona secundária (Decretolei nº 37, de 1966, art. 49, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 2º). Art. 485. Temse por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de importação.” Resta claro, portanto, que o registro da DI, seja em área primária ou secundária, é apenas o início do despacho de importação, devendo ser atendidos todas as demais exigências legais pertinentes ao controle e administração aduaneira. Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 Tratandose a Recorrente de uma “Loja Franca”, mister trazer à baila a disciplina aduaneira a ela aplicável, inicialmente regulamentada pelos arts. 424 a 427, do Regulamento Aduaneiro/2002, e posteriormente, a partir do Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, em seus art. 476 a 479: “CAPÍTULO XIII DA LOJA FRANCA Art. 424. O regime aduaneiro especial de loja franca é o que permite a estabelecimento instalado em zona primária de porto ou de aeroporto alfandegado vender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiro em viagem internacional, contra pagamento em cheque de viagem ou em moeda estrangeira conversível (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 15). §1º O regime será outorgado somente às empresas selecionadas mediante concorrência pública, e habilitadas pela Secretaria da Receita Federal (Decretolei nº 1.455, de 1976, art. 15, § 1º). §2º A mercadoria estrangeira importada diretamente pelos concessionários das lojas francas permanecerá com suspensão do pagamento de tributos até a sua venda nas condições deste Capítulo (Decretolei nº 1.455, de 1976, art. 15, § 2º). §3º A venda da mercadoria estrangeira converterá automaticamente a suspensão de que trata o § 2º na isenção a que se refere a alínea "e" do inciso II do art. 135 (Lei nº 8.032, de 1990, art. 2º, II, "e", e Lei nº 8.402, de 1992, art. 1º, inciso IV). §4º Quando se tratar de aquisição de produtos nacionais, estes sairão do estabelecimento industrial ou equiparado com isenção de tributos (Decretolei nº 1.455, de 1976, art. 15, § 3º, e Lei nº 8.402, de 1992, art. 1º, inciso VI). Art. 425. Poderão ser admitidas no regime de loja franca as mercadorias nacionais exportadas na forma estabelecida no art. 233 e as submetidas ao regime de depósito alfandegado certificado, conforme previsto na alínea "c" do inciso III do art. 445. Art. 425. Poderão ser admitidas no regime de loja franca as mercadorias nacionais submetidas ao regime de depósito alfandegado certificado, conforme previsto na alínea "c" do inciso III do art. 445. (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) §1º A importação para admissão no regime, inclusive daquela que se encontra em depósito alfandegado certificado, será feita em consignação, permitido o pagamento ao consignante no exterior somente após a efetiva venda da mercadoria na loja franca. §2º A Secretaria da Receita Federal poderá editar ato complementar à implementação do disposto neste artigo. Art. 426. As vendas referidas no § 3º do art. 424 e no § 1º do art. 425 poderão ser realizadas, com observância da regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda, a: I tripulantes e passageiros em viagem internacional; II missões diplomáticas, repartições consulares, representações de organismos internacionais de caráter permanente e a seus integrantes e assemelhados; III empresas de navegação aérea ou marítima, para uso ou consumo de bordo de embarcações ou aeronaves, de bandeira Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.130 9 estrangeira, aportadas no País (Decretolei nº 1.455, de 1976, art. 15, § 4º); e II missões diplomáticas, repartições consulares, representações de organismos internacionais de caráter permanente e a seus integrantes e assemelhados; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) III empresas de navegação aérea ou marítima, para uso ou consumo de bordo de embarcações ou aeronaves, de bandeira estrangeira, aportadas no País (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 15, §4º). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) IV passageiros, em viagem internacional. Revogado pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Art. 427. O Ministro de Estado da Fazenda expedirá as normas complementares necessárias ao disciplinamento do regime (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 15).” Reportandose ao Despacho Aduaneiro de Importação, mais especificamente no que diz respeito às normas complementares vigentes quando dos fatos geradores em análise, encontramos a Instrução Normativa nº 680, da de 02 de outubro de 2006, que em seus arts. 1º, 2º e 15, ao que interessa ao litígio administrativo, disciplinam que: “Art. 1º A mercadoria que ingresse no País, importada a título definitivo ou não, sujeitase a despacho aduaneiro de importação, que será processado com base em declaração formulada no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), salvo exceções previstas nesta Instrução Normativa ou em normas específicas. (...) § 2º Sujeitamse, ainda, ao despacho aduaneiro de importação, independentemente do despacho a que foram submetidas por ocasião do seu ingresso no País, as mercadorias de origem estrangeira que venham a ser transferidas para outro regime aduaneiro especial ou despachadas para consumo. Art. 2º O despacho aduaneiro de importação compreende: I despacho para consumo, inclusive da mercadoria: a) ingressada no País com o benefício de drawback; b) destinada à ZFM, à Amazônia Ocidental ou a ALC; c) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ainda, conduzida por viajante, se aplicado o regime de importação comum; e d) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, na forma do disposto no inciso II, que venha a ser submetida ao regime comum de importação; e II despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse no País nessa condição.” “Art. 15. O registro da DI caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação, e somente será efetivado: (...) Fl. 1135DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 II após o licenciamento da operação de importação, quando exigível, e a verificação do atendimento às normas cambiais, conforme estabelecido pelos órgãos e agências da administração pública federal competentes;” (grifouse) E aqui se chega ao ponto central, na medida em que a normativa fiscal exige como regra geral que o registro da Declaração de Importação DI, seja precedido de licenciamento da operação de importação LI, quando exigido pela normas vigentes, pelo que importa investigar se, no caso de Loja Franca, esse referido Licenciamento de Importação era exigível quando da ocorrência dos fatos geradores. Buscando “consolidar os procedimentos aplicáveis às operações de comércio exterior”, foi publicada a Portaria nº 36, de 22 novembro de 2007 (publicada no DOU de 26/11/2007), através da qual houve o disciplinamento do Licenciamento de Importação, nos seguintes termos: “CAPÍTULO III DO LICENCIAMENTO DAS IMPORTAÇÕES Seção I Do Sistema Administrativo Art. 6º O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes modalidades: I – importações dispensadas de Licenciamento; II – importações sujeitas a Licenciamento Automático; e III – importações sujeitas a Licenciamento Não Automático. Art. 7º Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da Receita Federal do Brasil (RFB). Parágrafo único. Estão relacionadas a seguir as importações dispensadas de licenciamento: (...) III – sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca, depósito afiançado, depósito franco e depósito especial alfandegado;” (grifouse) Pela análise das disposições supra transcritas (Portaria Secex nº 37/2007), verificase que a “regra geral” para todas as importações brasileiras, é a de que e dispensado o Licenciamento de Importação, porém, além de ser uma “regra geral”, há regra especialmente direcionada para a Loja Franca, para a qual há disciplina especificando que estão elas expressamente dispensadas de licenciamento. Com relação aos procedimentos de Licenciamento Automático e Não Automático, a mesma Portaria nº 36/2007 igualmente disciplinou: “Art. 8º Estão sujeitas a Licenciamento Automático as seguintes importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex; também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic, para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; Fl. 1136DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.131 11 II – as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback. Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as seguintes importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex e tambeḿ disponíveis no endereço eletrônico do Mdic para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prev́io do licenciamento não automático, por produto; (...)” A leitura sistemática d disciplina do licenciamento de importação previstos na Portaria nº 36/2007, dá a clara interpretação de que, a regra geral prevista no “caput” do art. 7º, de que todas as importações brasileiras em princípio estão dispensadas de licenciamento de exportação, estão excetuadas pelas hipóteses previstas nos arts. 8º e 9º, subsequentes, da mesma Portaria. Porém, para as importações implementadas pelas Lojas Francas, a dispensa de Licenciamento de Importação era expressa, e estava veiculada no parágrafo único do art. 7º, de modo que segundo interpreto citado dispositivo, as exceções veiculadas nos arts. 8º e 9º da Portaria SECEX nº 36/2007, não lhe alcançaria, estando destinadas, por obviedade, a criar exceções à regra geral de dispensa de licenciamento previstas no “caput” do seu art. 7º. Referida Portaria nº 36/2007 veio a ser revogada pela Portaria SECEX nº 10, de 24 de maio de 2010 (publicada em 25 de maio de 2010), a qual passou a regular inteiramente a matéria relativa ao Licenciamento de Importação, sendo que o art. 7º reedita a redação do art. 6º da Portaria anterior, e, no art. 8º (que disciplina o que anteriormente era disciplinado no art. 7º, da Portaria revogada), passou a prever o que segue: “Art. 8º Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão somente providenciar o registro da Declaração de Importação – DI no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da RFB. § 1º São dispensadas de licenciamento as seguintes importações: (...) III – sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca, depósito afiançado, depósito franco e depósito especial; § 2º Na hipótese de o tratamento administrativo do Siscomex previsto nos artigos 9º e 10 acarretar licenciamento para as importações definidas no §1º deste artigo, o primeiro prevalecerá sobre a dispensa.” Resta evidente que, na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, as Lojas Francas estavam sempre dispensadas de Licenciamento de Importação, independentemente do produto que viesse a pretender importar, enquanto que com a novel disciplina implementada pela Portaria SECEX nº 10/2010, passou a estar expressamente previsto que, havendo previsão de licenciamento de importação para produtos que devessem se submeter a Tratamento Administrativo próprio, este tratamento deveria se sobrepor à expressa dispensa de Fl. 1137DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 12 licenciamento, de que gozavam as Lojas Francas, por força do parágrafo único, do art. 7º, da Portaria SECEX nº 36/2007. Observese que foi necessária a inserção do §2º no art. 8º, da Portaria nº 10/10 (que reedita o conteúdo do art. 7º, da Portaria nº 36/2007), pois que, pela interpretação que se tinha antes dessa expressa determinação, era de que apenas haveria exceção à regra geral de dispensa de licenciamento de importação, quando havia previsão expressa de Tratamento Administrativo próprio, em qualquer caso não se aplicando às importações levadas a cabo pelas Lojas Francas, para quem havia exclusão expressa prevista no parágrafo único, do art. 7º, da Portaria nº 36/2007. Assim, tenho que, efetivamente, a Portaria nº 10, de 24 de maio de 2010 não tem efeito meramente interpretativo, mas sim, veio à lume para inovar o ordenamento, passando a prever uma norma que visa obrigar ao Tratamento Administrativo de Licenciamento de Importação – LI, todas aquelas hipóteses que estavam anteriormente dispensadas de tal procedimento, em caso de haver aparente conflito entre uma norma que se o exigia e a norma geral de sua dispensa. Mas essa conclusão não pode ser atingida isoladamente, devendo, ainda, ser trazido à consideração, pois que explicitamente aplicável às Lojas Francas, a alteração promovida na Portaria nº 10/2010, pela Portaria SECEX nº 13, de 29 de junho de 2010 (DOU de 30.06.2010), que alterou o parágrafo 2º, in verbis: “§2º Na hipótese de o tratamento administrativo do Siscomex previsto nos artigos 9º e 10 acarretar licenciamento para as importações definidas nos incisos I a II e IV a XV do § 1º deste artigo, o primeiro prevalecerá sobre a dispensa.” (grifouse) Verificase que a novel redação dada ao §2º, do art. 8º, da Portaria SECEX nº 10/2010, exclui expressamente o dever de submissão, das importações perpetradas pelas Lojas Francas, ao procedimento de Licenciamento de Importação, que em caso de vier a existir previsão expressa de exigência deste Tratamento Administrativo, deverá prevalecer a dispensa, enquanto que para as demais hipóteses, prevalecerá o licenciamento. Esta tratativa veiculada praticamente um mês após a publicação da Portaria nº 10/2010, deixa claro que, na realidade as Lojas Francas efetivamente não estão obrigadas, e nunca estiveram sujeitas ao licenciamento de importação, a elas aplicandose a dispensa expressa prevista, seja no parágrafo único do art. 7º, da Portaria SECEX nº 36/2007, seja no próprio §1º, do art. 8º, da Portaria SECEX nº 10/2010, mas sem a determinação de submissão a tal tratamento, prevista no seu §2º. Caso assim não fosse, não seria procedida uma alteração pontual em tão curto espaço de tempo. E mais: essa alteração – que mais aparenta correção de equivoco na tratativa generalista prevista no §2º , dá assertividade à interpretação de que, efetivamente, para o período anterior a edição da Portaria SECEX nº 10, de 24 de maio de 2010, realmente havia a dispensa do tratamento administrativo de Licenciamento de Importação, não sendo, portanto, essa normativa da Portaria SECEX meramente interpretativa, mas sim inovadora do ordenamento jurídico, e, como tal, alterou o critério jurídico que disciplinava a sujeição ou a dispensa, das Lojas Francas, ao tratamento administrativo do Licenciamento de Importação. Fl. 1138DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.132 13 E essa conclusão é atingida quando aprofundase a excepcionalidade do tratamento dispensado às operações de importação através de Loja Franca. Nesse regime excepcional, o contribuinte registra a DI relativamente aos produtos importados, que ficarão em regime especial de Loja Franca, os quais apenas serão considerados como efetivamente “nacionalizados”, no momento em que houver a aquisição dos produtos pelo “passageiro chegando do exterior, identificado por documentação hábil e anteriormente à conferência de sua bagagem acompanhada” (Art. 10, III c/c § 3º, da Portaria MF nº 112/2008). Essa espécie de importação amoldase a modalidade de despacho aduaneiro de importação para admissão em regime aduaneiro especial, de que trata o inciso II, do art. 2º, da IN SRF nº 680/2006. Consequentemente, a conclusão da nacionalização dos produtos importados é efetivada por ato do passageiro que adquire tais mercadorias, até então consignadas em Loja Franca, e as internaliza no território nacional, sendo, portanto, ele próprio o contribuinte eventual do imposto, consoante dicção do art. 31, Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, que assim disciplina: “Art. 31 É contribuinte do imposto: (Redação pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) I o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; (Redação pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) II o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; (Redação pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) III o adquirente de mercadoria entrepostada. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988)” Consequentemente, enquanto mantida em Loja Franca, a mercadoria importada permanece em zona primária, sob regime de consignação (art. 1º, II, “d”, da IN SRF nº 369, de 28 de novembro de 2003), até que ocorra a sua efetiva nacionalização, que apenas se dá com a efetiva aquisição, pelo passageiro chegando do exterior, que lhe dá destino final de consumo. Daí porque compreender que se trata de regime aduaneiro excepcional, dispensável que está, a toda evidência de normas que se enquadrem na “regra geral” de importação, tendo desejado as Portarias SECEX nºs. 36/2007 e 13/2010, que as importações processadas com destino a Loja Franca, estivessem dispensadas do tratamento administrativo de licenciamento administrativo. Verificase, então, que a evolução das normas atinentes ao Licenciamento de Importação – LI, aplicáveis às Lojas Francas, possuem três momentos, a saber: 1º momento: Portaria SECEX nº 36/2007, que expressamente dispensava da regra geral (“caput”, do art. 7º), o Licenciamento de Exportação, trazendo exceções a regra de sua dispensa nos arts. 8º (Licenciamento Automático) e 9º (Licenciamento Não Automático). Em qualquer hipótese, a dispensa desse tratamento estava expresso no parágrafo único do art. 7º, juntamente com outras modalidades de importações; 2º momento: Portaria SECEX nº 10/2010, que embora tenha mantido a “regra geral” de dispensa de licenciamento de importação no “caput” do art. 8º, e igualmente Fl. 1139DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 14 trazendo exceções a regra de dispensa nos arts. 9º (Licenciamento Automático) e 10º (Licenciamento Não Automático), inovou incluindo no art. 8º, previsão (§2º), de que, havendo norma exigindo licenciamento de importação, esse deveria prevalecer à dispensa, pelo que acabou afastando a dispensa das Lojas Francas, na existência de previsão de exigência desse tratamento administrativo; 3º momento: Portaria SECEX nº 10/2010, na redação determinada pela Portaria nº 13/2010, que apenas alterou a redação do §2º, para deixar expresso de que, havendo exigência de tratamento administrativo de licenciamento de importação, esse deveria prevalecer em relação à dispensa, exceto no caso de Loja Franca, que prevalece a dispensa em relação ao Licenciamento de Exportação. Consequentemente, tenho que com relação ao “1º momento”, ou seja, na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, as Lojas Francas estavam dispensadas de proceder ao licenciamento de importação, pelo parágrafo único do art. 7º, que não entendo terem havido registro de Declarações de Importação em infração à legislação. Já com relação ao “2º momento”, enquanto vigorou a redação do art. 8º, §2º, da Portaria SECEX nº 10/2010, ou seja, entre 25 de maio e 30 de junho de 2010, havia, efetivamente, a necessidade de se proceder ao tratamento administrativo de licenciamento de importação com relação das Declarações de Importação que deveriam se submeter às normas da ANVISA que se lhe exigiam. Porém, essa obrigatoriedade apenas deve ser aplicada durante o período em que vigorou respectiva redação, pois que importou, positivamente, em modificação de critério jurídico de interpretação e exigência quando ao regime jurídico aplicável à exigência, perante as Lojas Francas do tratamento administrativo de licenciamento de importação. Até esta Portaria nº 10/2010, havia expressa dispensa, modificando o critério jurídico, o que, a teor do art. 146, do CTN, impede sua aplicação retroativa, senão vejamos: “Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.” (grifouse) Mas, penso, finalmente, que mesmo para os fatos geradores ocorridos durante a vigência da Portaria SECEX nº 10/2010, antes da alteração no art. 8º, §2º, pela Portaria SECEX nº 13/2010, mas que se encontram na situação “pendente de julgamento”, como no caso aqui em debate, igualmente deverá haver a dispensa do cumprimento do referido tratamento administrativo de licenciamento de importação, por força do que prevê o inciso II, do art. 106, do CTN, assim disposto: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 1140DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 11762.720050/201172 Acórdão n.º 3402001.983 S3C4T2 Fl. 1.133 15 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Entendo ser o caso dos autos, eis que nesse “3º momento”, em que passou a vigorar a Portaria SECEX nº 10/2010, na redação da Portaria nº 13/2010, restou claro que para as Lojas Francas é dispensado o tratamento administrativo de licenciamento aduaneiro, de modo que, passou a deixar de tratar o licenciamento aduaneiro como exigível à essas pessoas jurídicas sujeitas ao regime aduaneiro de Loja Franca, e, ainda, deixando de tratar como penalidade o fato de deixar de submeter a importação ao prévio licenciamento de importação, modificando essa infração que foi introduzida pela Portaria nº 10/2010. Portanto, tratandose de ato não definitivamente julgado, deve ser aplicada a legislação subsequente, que afasta a exigência da legislação que impunha a realização de licenciamento de importação em lugar da dispensa que vigorava em favor das lojas francas, como no caso da Recorrente. Deste modo, neste caso, por não ter sido definitivamente julgado, sequer para as DI´s do período compreendido entre 25 de maio e 30 de junho de 2010, seria infracional a conduta da Recorrente de deixar de proceder ao prévio licenciamento de importação antes do registro das Declarações de Importações dos produtos que, segundo a ANVISA, deveriam, em regra geral, se sujeitar a referido tratamento administrativo. Resta ainda abordar as penalidades impostas sobre as DI´s que dizem respeito às mercadorias adquiridas pela Recorrente sob o regime de “exportação ficta”, consistente na aquisição de fornecedores localizados no território nacional, que exportam tais produtos para a Loja Franca, e que, portanto, destinam tais produtos para o exterior sem que tais mercadorias saiam fisicamente do território nacional, nele retornando, via importação pelos adquirentes que compram referidas mercadorias nas lojas francas. Entendeu a Autoridade Pública que também para tais aquisições deveriam ser efetivados os licenciamentos de importação, aplicando o mesmo critério empregado para as demais importações por ele levadas a efeito. Entendo, nesse caso, que agiu com acerto a Autoridade Autuante, pois que se equiparam a exportação, para todos os fins, a venda de produtos nacionais que acabam sendo destinados à Loja Franca, do mesmo modo que aplicamse a essas operações todas as normas atinentes à importação, inclusive aquela relativas ao licenciamento de importação, quando exigidos legalmente, o que, no entanto, não se verificou ser aplicável ao caso, pois que a Recorrente é detentora de tratamento excepcional que a dispensa do tratamento administrativo de licenciamento de importação, por se tratar de Loja Franca. Fosse ela contribuinte como qualquer outro, sujeitarseia igualmente ás normas de importação, inclusive ao licenciamento aduaneiro, mesmo para o caso das “exportações fictas”. Finalmente, quanto ao caráter confiscatório da multa aplicada, resta prejudicada sua análise, pois entendo que deve haver o provimento do recurso. Assim sendo, por considerar que a Recorrente era detentora de dispensa de tratamento administrativo de licenciamento aduaneiro na vigência da Portaria SECEX nº 36/2007, que somente veio a ter seu critério jurídico alterado pela Portaria SECEX nº 10/2010, Fl. 1141DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 16 passando a dela exigir que procedesse ao referido LI, mas que, por força da novel redação que esta norma recebeu pela Portaria SECEX nº 13/2010, acabou por dispensar expressamente as Lojas Francas do referido licenciamento; e que esta Portaria aplicase retroativamente aos atos não definitivamente julgados, nos termos do art. 106, II, do CTN, tenho que não houve a infração administrativa ao controle das importações, pelo que merece reforma a decisão recorrida. Assim, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente para exonerar o crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 23/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 18186.000132/2007-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1997, 01/06/1997 a 30/04/1998, 01/06/1998 a 31/12/1998
Ementa:
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CESSÃO DE MÃO DE OBRA NÃO
COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO GERADOR
Relatório Fiscal não demonstra a existência da prestação de serviço com cessão de mão de obra. Não comprovação da responsabilidade solidária. A subsunção do fato à regra de incidência deve ser detalhadamente consignada no relatório fiscal a fim de possibilitar as garantias constitucionais à ampla
defesa e ao contraditório. Violá-las contamina o ato administrativo de lançamento com vício insuscetível de convalidação. Lançamento improcedente.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2302-001.759
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201204
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1997, 01/06/1997 a 30/04/1998, 01/06/1998 a 31/12/1998 Ementa: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CESSÃO DE MÃO DE OBRA NÃO COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO GERADOR Relatório Fiscal não demonstra a existência da prestação de serviço com cessão de mão de obra. Não comprovação da responsabilidade solidária. A subsunção do fato à regra de incidência deve ser detalhadamente consignada no relatório fiscal a fim de possibilitar as garantias constitucionais à ampla defesa e ao contraditório. Violá-las contamina o ato administrativo de lançamento com vício insuscetível de convalidação. Lançamento improcedente. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 18186.000132/2007-51
conteudo_id_s : 5230928
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2302-001.759
nome_arquivo_s : Decisao_18186000132200751.pdf
nome_relator_s : LIEGE LACROIX THOMASI
nome_arquivo_pdf_s : 18186000132200751_5230928.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4579369
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576635138048
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1791; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 1 1 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18186.000132/200751 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 230201.759 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de abril de 2012 Matéria Cessão de Mão de Obra: Responsabilidade Solidária. Empresas em Geral Recorrente ALBATROZ VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1997, 01/06/1997 a 30/04/1998, 01/06/1998 a 31/12/1998 Ementa: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CESSÃO DE MÃODEOBRA NÃO COMPROVADA A EXISTÊNCIA DO FATO GERADOR Relatório Fiscal não demonstra a existência da prestação de serviço com cessão de mão de obra. Não comprovação da responsabilidade solidária. A subsunção do fato à regra de incidência deve ser detalhadamente consignada no relatório fiscal a fim de possibilitar as garantias constitucionais à ampla defesa e ao contraditório. Violálas contamina o ato administrativo de lançamento com vício insuscetível de convalidação. Lançamento improcedente. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Marco Andre Ramos Vieira – Presidente. Liege Lacroix Thomasi – Relatora. . Fl. 372DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 EDITADO EM: 14/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Vera Kempers de Moraes Abreu, Manoel Coelho Arruda Junior ,Wilson Antonio de Souza Correa, Arlindo da Costa e Silva. Ausência momentânea: Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 373DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18186.000132/200751 Acórdão n.º 230201.759 S2C3T2 Fl. 2 3 Relatório Trata a notificação de contribuições previdenciárias decorrentes da responsabilidade solidária entre a notificada e a empresa Albatroz Serviços Gerais Ltda., nas competências de 04/1997, 06/1997 a 04/1998, e 06/1998 a 12/1998. A notificação foi lavrada em 27/06/2003 e cientificada ao sujeito passivo em 07/07/2003. Não houve ciência ao devedor solidário. O relatório fiscal diz que o levantamento se baseou em remessas de valores entre a notificada e a suposta devedora solidária, apuradas na contabilidade. Após a impugnação os autos baixaram em diligência, fls. 132/133, a qual não foi respondida, sendo baixados novamente, conforme documento de fls. 149/153 para a elaboração de relatório complementar onde deveria constar a fundamentação legal que sustentou a aferição indireta; o dispositivo legal para a utilização do percentual de 40%, sobre as remessas de valores; a cientificação da devedora solidária e a ressalva de que não deveria ter sido cobrada a contribuição para os Terceiros, frente a disposição expressa contida na Instrução Normativa n.º 70/2002, vigente à época da notificação. Em resposta à diligência solicitada o fisco informa, fls. 193/194, que inexiste a prestação de serviços. Os valores se referem a empréstimos entre os sócios e a empresa de serviços gerais; que contratos e alterações, às fls. 156/190, provam que a autuada era sócia da empresa Albatroz Serviços Gerais Ltda, no período de 31/121/1997 a 21/02/2003. A DRP não aceitou os termos da informação, baixando o processo mais uma vez em diligência para que restasse demonstrado de forma inequívoca que eram empréstimos, devendo o fisco juntar documentos comprobatórios dos contratos de mútuo, supostamente celebrados, documentação que comprove a entrega dos valores e a conta onde foram devolvidos os valores emprestados; se os valores foram lançados como empréstimo nas DIPJ e para elaborar relatório substitutivo com todos os itens antes relatados e a ciência da devedora solidária. No relatório da diligência à fl. 229, consta a informação de que a empresa não apresentou documentos em vista da decadência qüinqüenal. Foi elaborado despacho pelo Serviço do Contencioso da DRP, fls. 233/237, dando ciência à empresa dos despachos, do novo Termo de Início de Procedimento fiscal e do Mandado de Procedimento Fiscal, fl.241. Em resposta, o patrono se manifesta dizendo que o crédito está totalmente decadente. Acórdão de fls. 257/277, julga o lançamento procedente em parte para excluir as competências decadentes até 11/1997 e as contribuições para as terceiras entidades. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso, onde alega em apertada síntese: Fl. 374DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 a) que o lançamento referese à retenção de 11%; b) que inexiste o fato, sendo nula a autuação, pois o lançamento fo feito por presunção da existência da cessão de mão de obra; c) a decadência até a competência 07/1998; d) cerceamento de defesa; e) inexistência de vinculação, suporte fático e fato gerador, que não foi caracterizado pela autoridade lançadora; f) que não são conhecidas as bases de cálculo originalmente existentes para depois ser cobrado o débito suplementar, como diz o relatório;que foram incluídos no DAD valores de valetransporte, assistência médica e pro labore; g) requer o cancelamento da multa; h) argúi a impossibilidade da cobrança dos juros; i) que sejam aceitos os mesmos argumentos para declarar nulos os autos de infração por descumprimento de obrigação acessória. Requer a reforma do Acórdão, o reconhecimento da nulidade, a improcedência do auto de infração e dos DEBCAD’s decorrentes, com o cancelamento dos créditos tributários, que se forem mantidos devem ter excluídos os juros e a multa. É o relatório. Fl. 375DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18186.000132/200751 Acórdão n.º 230201.759 S2C3T2 Fl. 3 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade frente à tempestividade, documento de fls.293, conheço do recurso e passo ao seu exame. A notificação foi lavrada em 27/06/2003 e cientificada ao sujeito passivo em 07/07/2003, contemplando o período de 04/1997 a 12/1998. Portanto, quanto à decadência, deve ser observado que nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Fl. 376DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. As contribuições previdenciárias são tributos lançados por homologação, assim devem observar a regra prevista no art. 150, parágrafo 4o do CTN. Havendo, então o pagamento antecipado, observarseá a regra de extinção prevista no art. 156, inciso VII do CTN. Entretanto, somente se homologa pagamento, caso esse não exista, não há o que ser homologado, devendo ser observado o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Nessa hipótese, o crédito tributário será extinto em função do previsto no art. 156, inciso V do CTN. Caso tenha ocorrido dolo, fraude ou simulação não será observado o disposto no art. 150, parágrafo 4o do CTN, sendo aplicado necessariamente o disposto no art. 173, inciso I, independentemente de ter havido o pagamento antecipado. No caso presente, não há recolhimentos parciais relativos ao crédito lançado nesta notificação, assim, aplicase o artigo 173, I do CTN, devendo ser excluídas do levantamento as competências até 11/1997, inclusive, não merecendo reparos neste aspecto a decisão recorrida: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 377DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18186.000132/200751 Acórdão n.º 230201.759 S2C3T2 Fl. 4 7 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Também são inócuas as alegações da recorrente acerca de lançamentos de valetransporte, assistência médica e prolabore, posto que são matérias estranhas ao presente levantamento. Entretanto, do exame dos autos é de se ver que o Relatório Fiscal de fls. 22/24, é sucinto ao descrever a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, não trazendo qualquer elemento de convicção, dizendo in verbis: Verificandose os lançamentos contábeis do período foi constatada a existência da conta 1.2.01.00.019.0001 (Albatroz Serviços Gerais Uda CNPJ 00.914.430/000119), onde há remessas de valores mensais da empresa ora notificada para a citada conta, valores estes que serviram de base de cálculo conforme informado no DAD anexo. 3.1.1 Ocorre que ambas são prestadoras de serviços, a primeira de Vigilância e a outra de Limpeza, portanto esta fiscalização eutendeu que há uma prestação de serviços por parte da Albatroz Serviços Gerais lida, já que no Contrato Social não há menção da mesma como participante do quadro societário da Albatroz Segurança. 3.1.2 Foi solicitado através de TIAD ( Termo de Intimação para Apresentação de Documentos) que a empresa apresentasse a documentação referente à conta acima citada, para o confronto dos mesmos com os livros contábeis, tal solicitação não foi atendida, o que ensejou a lavratura do Auto de Infração n 35.510.6787. Ou seja, o crédito está sustentado no “entendimento” da fiscalização de que houve prestação de serviço com cessão de mão de obra. Ainda que a recorrente não tenha apresentado os documentos solicitados para esclarecer as remessas de numerários entre as duas empresas e tenha sido autuada pelo procedimento, isto não dá ao fisco a liberdade de entender a ocorrência do fato gerador sem qualquer indício de que tenha ocorrido. Não está descrito no relatório qualquer evidenciação de que a empresa Albatroz Serviços Gerais Ltda. prestasse serviços à recorrente. È sabido que mesmo que não houvesse documentos para elucidar os lançamentos contábeis, o fato gerador poderia ter ocorrido, mas o fisco tem o dever de caracterizálo, de trazer aos autos elementos de convicção da existência do mesmo. Não há qualquer prova, ou mesmo indicação, sinal de que houve a prestação de serviço de uma empresa para outra, com cessão de mão de obra, para sustentar o lançamento por responsabilidade solidária com base nas notas fiscais de serviço, as quais o fisco não faz sequer menção da existência. Fl. 378DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 Ademais, não consta dos autos a solicitação de apresentação de documentos que pudessem ilidir a responsabilidade solidária até 12/1998, última competência lançada. Tampouco a devedora solidária foi cientificada do procedimento. Apesar de ter sido solicitado nas três diligências comandadas, que fosse elaborado Relatório Complementar para a notificação da responsável solidária, isto não foi feito, o que por si só invalidaria o lançamento. Ainda, quanto ao mérito, para a constituição de crédito tributário, determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional CTN, Lei nº 5.172, de 25/10/66, que deve ser verificada a ocorrência do fato gerador e determinada a matéria tributada. O fato gerador da obrigação principal é definido pelo artigo 114 da mesma lei como “a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. E, para que se considere o fato gerador ocorrido devem estar presentes as circunstâncias materiais necessárias para surgimento da obrigação tributária. É a redação do artigo 116 do CTN, verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; A verificação das circunstâncias materiais do fato gerador do tributo é parte essencial do procedimento administrativo de lançamento. Nesse sentido têm sido os pareceres da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social: PARECER/CJ Nº 1.747/99 REFERÊNCIA: NFLD nº 32.145.697 1. INTERESSADO: Editora O Dia LTDA. ASSUNTO: Notificação Fiscal. EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO RELATÓRIO FISCAL CLAREZA E PRECISÃO DOS FATOS GERADORES. A omissão da discriminação clara e precisa dos fatos geradores que ensejaram na Notificação Fiscal quando da elaboração do relatório gera vício insanável, acarretando a nulidade do ato. Avocatória conhecida por infringência de dispositivo legal. AVOCATÓRIA MINISTERIAL REFERÊNCIA: NFLD nº 32.145.6971. INTERESSADO: EDITORA O DIA LTDA. EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO RELATÓRIO FISCAL CLAREZA E PRECISÃO DOS FATOS GERADORES. A omissão da discriminação clara e precisa dos fatos geradores que ensejaram na Notificação Fiscal quando da elaboração do relatório gera Fl. 379DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18186.000132/200751 Acórdão n.º 230201.759 S2C3T2 Fl. 5 9 vício insanável, acarretando a nulidade do ato. Avocatória conhecida por infringência de dispositivo legal. Decisão Visto o processo em que é interessada a parte acima indicada. Com fundamento no Parecer/CJ/Nº 1747/99 da Consultoria Jurídica deste Ministério, que aprovo, avoco o presente processo para anular a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito nº 32.145.6971 emitida contra a Editora O Dia Ltda., e determinar a realização de nova fiscalização. Publiquese. Brasília, 19 de maio de 1999. WALDECK ORNÉLAS Ministro da Previdência e Assistência Social No caso sob exame, foram considerados fatos geradores as remessas de valores efetuadas pela recorrente para a empresa Albatroz Serviços Gerais Ltda. Ocorre que a descrição dos fatos mostrase incipiente para o lançamento, pois restam ausentes as circunstâncias materiais que suportariam a certeza e liquidez do crédito constituído. Versando o lançamento, exclusivamente, sobre a responsabilidade solidária decorrente da cessão de mão de obra, no período lançado, a efetiva prestação do serviço com cessão deve ficar cabalmente demonstrada no relatório fiscal. Estatui o artigo 31,caput, da Lei n° 8.212/91: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23 não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Redação alterada pela MP nº 1.5239, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) E, o parágrafo 2°, na redação que lhe foi dada pela Lei n.°9.032/95, vigente à época do fato gerador, dispõe que : Entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos relacionados direta ou indiretamente com as atividades normais da empresa, tais como construção civil, limpeza e conservação, manutenção, vigilância e outros, independentemente da natureza e da forma de contratação”. (Redação alterada pela Lei nº 9.032/95) Portanto, a solidariedade só estará presente nos serviços contínuos, onde houver cessão de mão de obra (art.31, caput da Lei n° 8.212/91) e a constatação da existência ou não da solidariedade darseá mediante a verificação da forma como foram contratados os serviços. Fl. 380DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 Por força do dispositivo legal, acima referido, a fiscalização deve comprovar, quando do lançamento, a existência da cessão de mão de obra nos moldes descritos pela legislação O ônus de demonstrar a natureza da cessão de mão de obra é da fiscalização. Ante a inexistência de documentos para comprovar a origem das remessas de numerários, não pode o o fisco simplesmente imputar a ocorrência de um fato gerador, deveria, sim, descrever ds serviços prestados com os elementos caracterizadores da prestação de serviço com cessão de mão de obra., ou seja: que o prestador de serviços ou contratado tenha colocado segurados à disposição do tomador ou contratante; que tais segurados tenham permanecido à disposição nas dependências do tomador (contratante) ou na de terceiros; que tenham realizado serviços contínuos, repetindose periódica ou sistematicamente. Tomando por base a definição estabelecida pelas normas acima citadas, para que dada prestação de serviço possa ser enquadrada como cessão de mãodeobra, tornase necessária a presença dos seguintes elementos: a) que o prestador de serviços ou contratado tenha colocado segurados à disposição do tomador ou contratante; b) que tais segurados tenham permanecido à disposição nas dependências do tomador (contratante) ou na de terceiros; c) que tenham realizado serviços contínuos, repetindose periódica ou sistematicamente. E a satisfação plena destes requisitos deve restar efetivamente demonstrada no relatório fiscal, sob pena de não se poder afirmar com segurança que a prestação se deu na modalidade “cessão de mãodeobra”. É de se atentar que tal necessidade não se impõe por simples formalismo, mas é importante para evitar o cerceamento do direito de defesa por parte do contribuinte, uma vez que, ausentes no relatório fiscal os requisitos da prestação de serviço mediante cessão de mãodeobra, colocase sobre a ele o peso desproporcional de tentar produzir sua defesa sem saber exatamente o que lhe está sendo cobrado. No presente caso, limitouse o relatório fiscal da notificação a informar que os valores transferidos através da contabilidade da recorrente para a empresa Albatroz Serviços Gerais foram tidos como pagamento pela prestação de serviço com cessão de mão de obra, configurando a responsabilidade solidária, sem fazer qualquer subsunção dos fatos, por ventura existentes, à norma legal. A simples descrição dos serviços não é suficiente como suporte para o lançamento. É necessário o cotejamento da situação fática com as características definidas pela norma como hipótese de incidência. A subsunção do fato à regra de incidência deve ser detalhadamente consignada no relatório fiscal a fim de possibilitar as garantias constitucionais à ampla defesa e ao contraditório. Violálas contamina o ato administrativo de lançamento com vício insuscetível de convalidação. Cabe à autoridade lançadora motivar adequadamente suas afirmativas, possibilitando ao contribuinte a perfeita compreensão do que lhe é imputado, viabilizando o exercício do direito inserido no inciso LV, do artigo 5 da Constituição Federal/88. A autarquia tem o dever de expor os motivos pelos quais está praticando o ato de lançamento fiscal. Nesse sentido , assevera o artigo 50, caput e inciso II da Lei n. 9.784/99: Fl. 381DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18186.000132/200751 Acórdão n.º 230201.759 S2C3T2 Fl. 6 11 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: ... II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;” A legislação em apreço insculpiu princípio paulatinamente defendido pela doutrina pátria, de que o ato administrativo, além de legalmente fundamentado, deve ser motivado. Leciona o professor Hely Lopes Meirelles em Direito Administrativo Brasileiro, Melhores Editores São Paulo, 2003, p.149: “O motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo.” Ainda continua nas páginas 193/194: “A teoria dos motivos determinantes fundase na consideração de que os atos administrativos, quando tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos para todos os efeitos jurídicos. Tais motivos é que determinam e justificam a realização do ato e por isso mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade. (...)” “Por aí se concluiu que, quer quando obrigatória, quer quando facultativa, se for feita, a motivação atua como elemento vinculante da Administração aos motivos declarados como determinantes do ato.Se tais motivos são falsos ou inexistentes, nulo é o ato praticado.” Ademais, em se tratando de lançamento fiscal, o artigo 142 do Código Tributário Nacional não deixa dúvidas de que a motivação se refere à verificação pelo agente fiscal da ocorrência do fato gerador. O contencioso administrativo no âmbito da Receita Federal do Brasil é regido pelo Decreto n.° 70.235, de 06 de março de 1972 e mais especificamente, no caso das contribuições sociais de que tratam os artigos 2° e 3° da Lei n.° 11.457, de 16 de março de 2007, pela Portaria RFB n.° 10.875, de 16 de agosto de 2007. Em ambos diplomas legais, nos artigos 59, inciso II e 27, inciso II, respectivamente, está disposto que são nulos “os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direto de defesa” (grifei) Pelo exposto, não é possível, com base nas informações trazidas no relatório fiscal, concluir acerca da configuração da responsabilidade solidária na prestação de serviço com cessão de mão de obra, por ventura existente, fato este determinante para o lançamento de débito na presente NFLD. Um dos princípios que sustenta o processo administrativo fiscal é o da verdade material e, por este princípio, o processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração do crédito. Portanto, a conduta da autoridade fiscal, em prol da verdade material, Fl. 382DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 deve proceder no sentido de verificar se a hipótese abstratamente prevista na norma de direito material, efetivamente ocorreu. Nesse sentido, tem que trazer no relatório fiscal todos os dados, informações e documentos a respeito da real caracterização da responsabilidade solidária. No caso em tela, o lançamento da forma como se apresenta não permite vislumbrar se ocorreu o fato gerador da contribuição previdenciária, além do que, não foram cumpridas as exigências referidas desde a primeira diligência solicitada ao fisco para que cientificasse a devedora solidária. Por derradeiro, há que se fazer menção à informação fiscal de fls. 193/194, onde o auditor fiscal em retorno de diligência solicitada diz que inexiste a prestação de serviços e que os valores repassados se referem a empréstimos entre os sócios e a empresa de serviços gerais, cujos contratos e alterações, às fls. 156/190, provam sociedade entre a autuada e a empresa Albatroz Serviços Gerais Ltda, no período de 31/121/1997 a 21/02/2003. Em razão do exposto, em face da não evidenciação da existência do fato gerador da contribuição previdenciária, Voto pelo provimento do recurso. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 383DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 14/05/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11070.001676/2008-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Previdenciárias
Período de Apuração: 01/07/2006 a 28/02/2007
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS OBJETO DE CESSÃO.
MANTIDA NATUREZA DE TERCEIRA. IMPOSSIBILIDADE DE USO
NOS PROCEDIMENTOS DE COMPENSAÇÃO.
Os créditos referentes a obrigações tributárias oriundas de fatos geradores praticados por sujeito distinto daquele que os adquiriu por meio de cessão, por continuarem sendo de terceiros, não podem ser utilizados nos procedimentos de compensação tributária. A cessão de crédito, nos termos do Código Civil, não descaracteriza o crédito como sendo de terceiros para fins de compensação. Deve haver identidade subjetiva entre o contribuinte que deu causa ao fato gerador originário da obrigação tributário e aquele que
pleiteia a compensação junto ao Fisco.
O art. 74 da Lei nº 9.430/1996 veda expressamente a utilização de créditos de terceiros.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a
cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic
para títulos federais.
MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991
combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e
da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Numero da decisão: 2301-002.517
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; B) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201201
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 01/07/2006 a 28/02/2007 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS OBJETO DE CESSÃO. MANTIDA NATUREZA DE TERCEIRA. IMPOSSIBILIDADE DE USO NOS PROCEDIMENTOS DE COMPENSAÇÃO. Os créditos referentes a obrigações tributárias oriundas de fatos geradores praticados por sujeito distinto daquele que os adquiriu por meio de cessão, por continuarem sendo de terceiros, não podem ser utilizados nos procedimentos de compensação tributária. A cessão de crédito, nos termos do Código Civil, não descaracteriza o crédito como sendo de terceiros para fins de compensação. Deve haver identidade subjetiva entre o contribuinte que deu causa ao fato gerador originário da obrigação tributário e aquele que pleiteia a compensação junto ao Fisco. O art. 74 da Lei nº 9.430/1996 veda expressamente a utilização de créditos de terceiros. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11070.001676/2008-79
conteudo_id_s : 5238333
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 21 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2301-002.517
nome_arquivo_s : Decisao_11070001676200879.pdf
nome_relator_s : LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
nome_arquivo_pdf_s : 11070001676200879_5238333.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; B) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
dt_sessao_tdt : Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4599442
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576639332352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2472; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11070.001676/200879 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301002.517 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de janeiro de 2012 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente COOPERATIVA MISTA SÃO LUIZ LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 01/07/2006 a 28/02/2007 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS OBJETO DE CESSÃO. MANTIDA NATUREZA DE TERCEIRA. IMPOSSIBILIDADE DE USO NOS PROCEDIMENTOS DE COMPENSAÇÃO. Os créditos referentes a obrigações tributárias oriundas de fatos geradores praticados por sujeito distinto daquele que os adquiriu por meio de cessão, por continuarem sendo de terceiros, não podem ser utilizados nos procedimentos de compensação tributária. A cessão de crédito, nos termos do Código Civil, não descaracteriza o crédito como sendo de terceiros para fins de compensação. Deve haver identidade subjetiva entre o contribuinte que deu causa ao fato gerador originário da obrigação tributário e aquele que pleiteia a compensação junto ao Fisco. O art. 74 da Lei nº 9.430/1996 veda expressamente a utilização de créditos de terceiros. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº Fl. 548DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 2 2 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Assim, deverão ser cotejadas as penalidades da redação anterior e da atual do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; B) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Marcelo Oliveira Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva e Leonardo Henrique Pires Lopes. Relatório Tratase de auto de infração lavrado em face da COOPERATIVA MISTA SÃO LUIZ LTDA, no qual foram glosados os valores objeto de compensação da contribuição previdenciária da parte patronal incidente sobre a remuneração de seus empregados e contribuintes individuais, bem como sobre os pagamentos efetuados a cooperativa de trabalho, referentes ao período de 07/2006 a 01/2007. Segundo afirmou o auditor no seu Relatório Fiscal (fls. 103/107), a ora Recorrente utilizouse de precatório de uma outra empresa localizada em São Paulo (Metasil Química Ind Com Ltda, CNPJ 61.263.224/000180), o que seria vedado pela legislação previdenciária. Irresignada, apresentou a Recorrente impugnação (fls. 117/138) buscando desconstituir o lançamento pelo Fisco Realizado, não tendo, todavia, obtido julgamento procedente do seu pleito conforme se depreende da ementa abaixo transcrita (fls. 419/433): CESSÃO DE CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. A cessão de crédito, nos termos do Código Civil, não descaracteriza o crédito como sendo de terceiros para fins de compensação. A comprovação da não repercussão financeira do indébito como atributo da Fl. 549DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 3 3 compensação/restituição (§10 do art. 89 da Lei n° 8.212/91) é garantia de créditos recíprocos entre duas pessoas, e, assim, óbice intransponível para o aproveitamento de créditos de terceiros. Lançamento Procedente Cabe destacar que o referido voto apreciou conjuntamente as impugnações apresentadas nos processos 11070.001675/200824 e 11070.001676/200879, conforme determinação da Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008, por terem os mesmos elementos de prova. No entender da decisão recorrida, foi procedente o lançamento realizado em virtude do fato de ter a Recorrente pretendido compensar o valor relativo às contribuições por ela devidas à Seguridade Social com as contribuições pagas indevidamente não por ela, mas por outro contribuinte. Assim, conclui que apenas a este caberia o exercício do direito de restituição ou compensação, pois, além das disposições legais específicas acerca do tema, afirma o CTN, ao tratar de sujeição passiva, que as convenções particulares relativas à definição do sujeito passivo não são oponíveis à Fazenda Pública. Inconformada com a decisão proferida, apresentou a Recorrente Recurso Voluntário, alegando, em suma: a) A ausência de créditos de terceiros compondo a relação obrigacional tributária, já que a requerente os adquiriu, e os registrou publicamente em cartório e no seu patrimônio para, só então, oferecer à compensação. b) Que, conforme o artigo 66 da Lei nº 8.383/91, quando o CTN, em seu artigo 170,estabelece formas de compensação pode o contribuinte, espontaneamente, independentemente de autorização fiscal, efetuar a compensação de créditos de mesma natureza. c) A aplicabilidade da lei vigente à época do recolhimento indevido ou a maior nos procedimentos de compensação. d) A ilegalidade de aplicação da taxa SELIC. Assim, vieram os autos a este Conselho de Contribuintes por meio de Recurso Voluntário. Sem Contrarrazões. É o relatório. Voto Fl. 550DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 4 4 Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, Relator Dos Pressupostos de Admissibilidade Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do Recurso e passo ao seu exame. Do mérito Da impossibilidade de utilização de créditos de terceiros nos procedimentos de compensação tributária Em seu Recurso, pugna a Recorrente pelo reconhecimento do procedimento de compensação de créditos tributários por ela realizado, em virtude de não haver, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, quaisquer créditos de terceiros compondo as relações jurídicotributárias discutidas no presente processo. Tal situação se deve ao fato de ter a Recorrente, segundo suas alegações, após a aquisição dos créditos por meio do procedimento de cessão, efetuado o devido registro público em cartório dos créditos adquiridos para, só então, oferecelos à compensação tributária. Afirma ainda que, conforme o artigo 66 da Lei nº 8.383/91, o contribuinte está autorizado para efetuar, independentemente de autorização fiscal, a compensação de créditos tributários de mesma natureza. Ocorre que não há razões para reforma, neste ponto, da decisão recorrida, uma vez que a Recorrente pretendeu compensar contribuições devidas à Seguridade Social com contribuições pagas indevidamente não por ela, mas por outro contribuinte, sendo restrito a este, apenas, o direito potestativo de compensação dos valores pagos ao Fisco de forma equivocada. É que a compensação, uma das modalidades extintivas crédito tributário, pressupõe a existência de créditos e débitos entre as mesmas pessoas, no sentido de que apenas aqueles que deram causa ao fato jurídico embrionário formador da relação jurídica obrigacional é que podem, por serem, ao mesmo tempo, credores e devedores uns dos outros, dar causa à extinção das obrigações entre eles existentes nos limites até onde se compensarem. Destarte, ao contrário do que parece sugerir a Recorrente, a cessão de crédito e os procedimentos de registro em cartório por ela efetuados não tem o condão de afastar a natureza “de terceiro” dos créditos oferecidos em compensação, em virtude de ser tal característica inerente ao crédito adquirido, uma vez que o fato jurídico que a ele deu causa não foi praticado pela Recorrente, mas sim, por um terceiro. Tal preceito, inclusive, pode ser verificado na redação do artigo 173 do Código Tributário Nacional, que dispõe: Art. 173: Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Fl. 551DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 5 5 Dessa forma, se o sujeito passivo da obrigação tributária, em sentido amplo, pode ser definido como o praticante do fato jurídico tributário (SOUSA, 1975, pp. 92/3) ou ainda como alguém relacionado com o fato gerador da obrigação tributária (AMARO, 2006), resta claro que a cessão de crédito não modifica a identidade do sujeito passivo que, originariamente, deu causa ao fato gerador da obrigação tributária ao qual o crédito se refere. Destarte, os créditos referentes a obrigações tributárias oriundas de fatos geradores praticados por sujeito distinto daquele que os adquiriu por meio de cessão, por continuarem sendo de terceiros, não podem ser utilizados nos procedimentos de compensação tributária, sendo este, inclusive, o entendimento pacífico dos Tribunais Pátrios, conforme se depreende das ementas dos julgados abaixo colacionadas: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da compensação tributária está previsto no art. 170 do CTN. Essa compensação pressupõe créditos e débitos entre as mesmas pessoas, nos termos do que preceitua o artigo 368 do Código Civil. 2. Com a edição da Lei nº 11.051/04, que modificou o art. 74 da Lei nº 9.430/96, passou a ser expressa a proibição, em seu § 12, de qualquer hipótese de compensação de débitos próprios com créditos de terceiros. 3. Remessa necessária e apelação providas. TRF2, AMS 64017, Rel..: Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, Órgão Julgador: QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, Julgado em: 09/08/201, DJe: 22/08/2011) (Grifo meu) TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIRO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 74 DA LEI nº 9.430/96. 1 Não há previsão legal autorizando a utilização de créditos de terceiros para quitação de débitos da apelante. Pelo contrário, a teor do art. 74 da Lei nº 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 10.637/2002, há expressa menção que os créditos apurados perante à Secretaria da Receita Federal poderão ser utilizados na compensação de débitos próprios, e não de terceiros. 2 2 A atual redação do art. 74 da Lei 9.430/96 veda expressamente a utilização de créditos de terceiros, considerando como não apresentada a declaração de compensação em que os créditos sejam de terceiros (art. 74, § 12, II, "a", na redação dada pela Lei 11.051/2004). 3 No caso, a manifestação de inconformidade foi apresentada em fevereiro de 2008, quando já se encontravam em vigor as limitações impostas pela Lei nº 9.430/96, com a redação conferida pela Lei nº 11.051/2004, razão pela qual essas limitações merecem ser aplicadas à situação dos autos. 4Mesmo que as alterações promovidas pela Lei nº 11.051/2004 à Lei nº 9.430/96 fossem consideradas não aplicadas à hipótese dos autos, em razão de ter entrado em vigor após as declarações de compensação apresentadas pela apelante, ainda assim a compensação com créditos de terceiros é considerada não permitida, uma vez que a legislação em vigor à época das aludidas declarações só permitia a compensação de créditos do contribuinte com seus próprios débitos. 5 Apelação improvida. (TRF2, AC 437363, Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, Órgão Julgador: QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, Julgado em: 26/04/2011, DJe: 05/05/2011) (Grifo meu) TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 74, §§ 12 E 13 DA LEI N.º 9.430/96. LEI N.º 11.051/2004. APLICABILIDADE IMEDIATA. 1. Não obstante o artigo 170 do CTN disponha que a lei pode nas condições e sob as garantias que estipular, autorizar a Fl. 552DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 6 6 compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública, nos termos do §§ 12 e 13, do artigo 74, da Lei n.º 9.430/96, somente é admitido, para fins de compensação, o aproveitamento de créditos advindos de tributos pagos indevidamente pelo próprio pretendente. 2. A Lei n.º 11.051/2004, que introduziu os §§ 12 e 13 ao artigo 74, da Lei n.º 9.430/96, é lei de caráter meramente procedimental e, portanto, goza de aplicaão imediata. 3. Apelação improvida. (TRF 2, AMS 67191, Rel.: Desembargadora Federal SALETE MACCALOZ, Órgão Julgador: Terceira Turma Especializada, Julgado em: 19/10/2010, DJe: 04/11/2010) (Grifo Meu). Diante de tão claros precedentes, não há que se admitir a utilização de créditos oriundos de terceiros nos procedimentos de compensação tributária, uma vez que nestes é apenas admitido o uso de créditos cujos fatos geradores foram originariamente praticados pelo mesmo contribuinte que pleiteia a compensação, o que não é o caso dos autos. Ora, sabese que a compensação tributária é modalidade extintiva do crédito tributário e está regulada pelo artigo 170 do Código Tributário Nacional, que dispõe: Art. 170: A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Todavia, conforme já esclarecido acima, para que seja possível a compensação é necessário que haja uma identidade subjetiva entre o contribuinte que deu causa ao fato gerador originário da obrigação tributária e aquele que pleiteia a compensação junto ao Fisco. Para regular este procedimento, inicialmente foi editada a Lei nº 8.393/91, a qual autorizava, o contribuinte a compensar os tributos e contribuições de mesma espécie pagos de forma indevida ou a maior, conforme se depreende do artigo 66 do referido dispositivo legal: Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e contribuições federais, inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a períodos subsequentes Posteriormente foi editada a Lei nº 9.430/96, modificada pela Lei 10.837/2002, que disciplinou, no âmbito tributário, o procedimento de compensação, conforme a sistemática verificada nos seus artigos 73 e 74, abaixo em destaque: Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7º do Decretolei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será abatido à conta do tributo ou da contribuição a que se refere; Fl. 553DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 7 7 II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão. §1º. A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. §2º. A compensação declarada à Secretaria da receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. §3º. Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação: I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da pessoa Física; II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. §4º. Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para efeitos previstos neste artigo. §5º. A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. Depreendese, dos mencionados dispositivos legais, que a compensação tributária pressupõe a utilização de créditos do próprio contribuinte para a quitação de seus débitos junto à Receita Federal, não havendo qualquer menção, em virtude das razões acima discutidas, acerca da possibilidade de compensação com créditos de terceiros. E sendo a compensação dependente de autorização legal, nos termos do art. 170 do CTN, carece ao contribuinte o direito de utilizar créditos adquiridos de terceiros se não há dispositivo legal neste sentido. Além do mais, conforme a alínea “a”, do inciso II, do §12, do artigo 74 da Lei 9430/96, é expressamente vedada a utilização de créditos de terceiros nos procedimentos de compensação tributária, sendo consideradas, inclusive, como não apresentadas as declarações de compensação em que os créditos sejam de terceiros, em virtude de ser necessária a apuração da liquidez e certeza pelo agente arrecadador. In verbis: § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I previstas no § 3o deste artigo; II em que o crédito: a) seja de terceiros; Este Conselho, em diversas oportunidades, posicionouse neste sentido: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 PREVIDENCIÁRIO COMPENSAÇÃO CRÉDITO DE TERCEIROS PRECATÓRIOS PREVISÃO LEGAL PRINCÍPIO DA Fl. 554DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 8 8 LEGALIDADE – VINCULAÇÃO. Não há previsão legal para a realização de compensação com créditos adquiridos de terceiros. Pelo Princípio da Estrita Legalidade a administração pública só pode agir de acordo com o que a lei determina. Recurso Voluntário Negado. (Processo 35242.000498/200484, RV 242627, SCA INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA, Sessão em 06/08/2008, Rel. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Assim, não há qualquer regularidade no procedimento de compensação de créditos realizado pela Recorrente, razão pela qual deve ser mantida a decisão alvo do presente Recurso Voluntário, sendo procedente, neste ponto, o lançamento pelo Fisco realizado. Da cobrança da Taxa SELIC Entendo ser possível e correta a aplicabilidade da Taxa SELIC nos casos de atraso no pagamento de importâncias devidas ao INSS, haja vista sua previsão legal estar devidamente fundamentada no art. 58, inc. II do Decreto nº 2.173/97, consoante se pode observar: Art. 58. Para o pagamento de valores das contribuições e demais importâncias devidas à seguridade social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e não recolhidas até a data de seu vencimento, inclusive dos débitos objeto de parcelamento, incidirão: [...] II juros de mora: a) um por cento no mês do vencimento; b) equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC nos meses intermediários; c) um por cento no mês do pagamento; Além do mais, ressalto que recentemente o Segundo Conselho aprovou a Súmula nº 03 que assim dispôs sobre a matéria: “SÚMULA Nº 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais.” Relembrese, mais uma vez, no que tange à alegada inconstitucionalidade da taxa, o entendimento de que a instância administrativa não possui competência legal para se manifestar sobre questões em que se presume a colisão da legislação de regência com a Constituição Federal, atribuição reservada, no direito pátrio, ao Poder Judiciário (Constituição Federal, art. 102, I, “a” e III, “b”, art. 103, § 2°; Emenda Constitucional n° 3/93; Código de Processo Civil , arts. 480 a 482). Da multa aplicada A autuação em comento referese ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 9 9 Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigiase à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de Fl. 556DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 10 10 multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Fl. 557DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 11 11 Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinavase a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relacionase com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vinculase à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificandoas. Nesses casos, concluindose pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominarlhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verificase a edição Fl. 558DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 12 12 de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), aplicandolhe a que for mais benéfica. Da Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para que seja aplicada a penalidade prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, caso seja mais benéfica para o contribuinte. É como voto. Sala das Sessões, em 18 de janeiro de 2012. Leonardo Henrique Pires Lopes Fl. 559DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 11070.001676/200879 Acórdão n.º 2301002.517 S2C3T1 Fl. 13 13 Fl. 560DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 1/03/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por MARCELO OLIVEIR A
score : 1.0
Numero do processo: 13839.002058/2007-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2003
DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO E DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONSIGNADOS NOS RECIBOS.
Justifica-se a glosa de despesas médicas quando o contribuinte intimado a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas registradas em numerosos recibos, deixa de carrear aos autos a prova do pagamento e da efetividade dos serviços, esquivandose
de tal demonstração sempre na argumentação de que os pagamentos teriam sido realizados em dinheiro.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-002.043
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (relator) e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Núbia Matos Moura.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO E DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONSIGNADOS NOS RECIBOS. Justifica-se a glosa de despesas médicas quando o contribuinte intimado a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas registradas em numerosos recibos, deixa de carrear aos autos a prova do pagamento e da efetividade dos serviços, esquivandose de tal demonstração sempre na argumentação de que os pagamentos teriam sido realizados em dinheiro. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 13839.002058/2007-61
conteudo_id_s : 5239751
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2102-002.043
nome_arquivo_s : Decisao_13839002058200761.pdf
nome_relator_s : GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
nome_arquivo_pdf_s : 13839002058200761_5239751.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (relator) e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Núbia Matos Moura.
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
id : 4601931
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576644575232
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1757; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 1 1 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.002058/200761 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 210202.043 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2012 Matéria IRPF Recorrente JOÃO EDISON FRANZINI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO E DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONSIGNADOS NOS RECIBOS. Justificase a glosa de despesas médicas quando o contribuinte intimado a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas registradas em numerosos recibos, deixa de carrear aos autos a prova do pagamento e da efetividade dos serviços, esquivandose de tal demonstração sempre na argumentação de que os pagamentos teriam sido realizados em dinheiro. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (relator) e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Núbia Matos Moura. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA –Redatora designada. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 EDITADO EM: 13/06/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Ausente justificadamente o Conselheiro Atilio Pitarelli. Relatório Ao contribuinte foi imputada uma glosa de despesas médicas, em revisão de sua declaração de ajuste anual do anocalendário 2002, com a seguinte motivação (fl. 66): Contribuinte, regularmente intimada, conforme Termo de Intimação Fiscal N° 166/07, de 09/01/2007, apresentou recibos médicos nos valores de R$ 5.700,00, R$ 5.000,00, R$ 4.800,00 e R$ 4.500,00, emitidos pelos profissionais Fábio Corsini, George L. Netto de Souza, Ulisses Simoncelli e Kenia Aniara Motta, respectivamente. Entretanto, como houve dúvida sobre a idoneidade dos documentos apresentados, a contribuinte foi novamente intimada, através do Termo de Intimação Fiscal N° 598/07, de 14/03/2007, a comprovar a efetividade do pagamento ou a efetividade dos serviços prestados pelos profissionais. Em resposta, a contribuinte informou que todos os pagamentos, os quais totalizaram R$ 14.305,70, foram em espécie (dinheiro), e que não possuía qualquer outro meio de comprovação. Diante do exposto, as alegações da contribuinte foram consideradas insuficientes precedendose à glosa das despesas médicas. Na declaração de ajuste anual auditada, o contribuinte confessou os montantes de R$ 146.367,71, R$ 2.363,90, R$ 1.821,75 e R$ 20.678,28, a título de rendimentos tributáveis, isentos/NT, sujeitos à tributação exclusiva na fonte/definitiva e oriundos do cônjuge, respectivamente. Ainda informou o montante de R$ 47.998,91 como deduções totais (sendo R$ 24.182,78 a título de despesa médica, com glosa de R$ 20.000,00) Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, acostando a peça defensiva os seguintes documentos: a) 32 (trinta e dois) recibos relativos o tratamento odontológico seus e de seus dependentes.(doc. 3 a 34 originais) b) três (três) declarações originais dos médicos Fabio Corsini, George Luiz Netto de Souza e Ulisses Simonceli de que prestaram serviços odontológicos a João Edison Franzini, ora Impugnante e seus dependentes filhos Lívia Lopes Franzini e Stefano Lopes Franzini.(doc. 35 a 37— originais) Fl. 86DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13839.002058/200761 Acórdão n.º 210202.043 S2C1T2 Fl. 2 3 c)1 (um) comprovante de envio de solicitação a Dra Kenia Aniara Motta para que confirme ou não a prestação de serviços e o recebimento do valor glosado pela Sra. AFRF. (doc. 38) d) 4 (quatro) comprovantes de inscrição dos médicos junto ao Ministério da Fazenda que indicam ser pessoas regularmente inscritas junto a este órgão.(doc. 39 a 42) e) Comprovante da inscrição dos médicos junto ao órgão de classe dos mesmos para comprovar que estes são médicos formados em odontologia serviços que prestaram.(doc. 43 a 45) Posteriormente, o impugnante juntou declaração ratificadora de prestação do serviço da Dra. Kenia Aniara Mota (fl. 37). Vêse que o impugnante juntou recibos nos importes de R$ 5.700,00, R$ 5.000,00, R$ 3.000,00 e R$ 3.000,00, emitidos pelos profissionais Fábio Corsini, George L. Netto de Souza, Ulisses Simoncelli e Kenia Aniara Motta, respectivamente. Juntou declarações ratificadoras desses profissionais, sendo que em relação ao profissional Ulisses Simoncelli, o valor importou na declaração R$ 4.800,00, e em relação à profissional Kenia Motta, R$ 4.500,00, com os demais havendo identidade entre os recibos e as declarações. A 11ª Turma da DRJ/SPOII, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1732.236, de 02 de junho de 2009 (fls. 65 e seguintes), com a seguinte motivação básica (fl. 71): Os pagamentos mantêm uma similaridade de datas e têm valores exatos, além dos recibos serem idênticos, embora de emitidos por quatro profissionais diferentes. Observase, também, que são todos para dentistas e que em dois deles o CRO não confere com o Conselho de Classe (Kenia Miara Motta — CRO 62220 inexistente e Ulisses Simoncelli — CRO 26633 é de outro profissional). Ademais o(s) recibo(s) apresentado(s) encontra(m)se em desacordo com a legislação, pois há ausência do endereço do profissional. Portanto, como o(a) impugnante não apresentou a efetiva prova de pagamento, a(s) glosa(s) deve(m) ser mantida(s). O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 14/08/2009. Irresignado, interpôs recurso voluntário em 15/09/2009. No voluntário, o recorrente rebate os óbices apontados pela decisão acima, nos termos que se seguem: (...) III — DO DIREITO Quanto ao quesito recibos em desconformidade com a legislação, a. Relatora assim descreve (fls. 71): (...) Fl. 87DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 Não há qualquer impedimento de que os pagamentos sejam efetuados nas mesmas datas, terem valores exatos e não são idênticos porque emitidos por profissionais diferentes. Observou a I. Relatora que CRO não confere com o Conselho de Classe (Kenia Aniara Motta — CRO 62220 inexistente e Ulisses Simoncelli — CRO 26633 é de outro profissional), Cumpre esclarecer que o CRO da Dra. Kenia nos recibos consta CROPV, ou seja, era provisório e uma vez que não se tomou definitivo consta como inexistente, não se podendo afirmar que o mesmo não confere, importante ressaltar que a Dra. Kenia trabalhando no Estado de Minas Gerais lá está inscrita no CROMG sob o número 32.766, conforme certidão de habilitação (doc. 01), restando induvidoso ser médica. Quanto ao Dr. Ulisses o CRO dele é sim o de n° 26.633, no entanto, ele é inscrito no CROMG sob aquele número conforme se comprova pela certidão de habilitação (doc.02). Quanto aos recibos, a I. Relatora sequer analisou as declarações efetuadas pelos médicos constantes dos autos que além de declararem que receberam os valores cujos recibos mencionam, informam o endereço e seu CPF, suprindo a falta de endereço, haja vista que até a falta do próprio recibo pode ser suprida pela apresentação de outros meios, tais como um cheque que por sua natureza não tem o endereço do emitente, ora, médicos. Quanto ao quesito Indícios de fraude (fls. 71): Primeiro fazse necessário classificar em nosso direito o que seja indício e no contexto em tela temos como definição de indício aquela constante no artigo 239 da Lei 3.689/41, que assim preleciona: "Art. 239 Considerase indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluirse a existência de outra ou outras circunstâncias". Não há nos autos qualquer circunstância conhecida e provada pela I. Julgadora que a autorize a concluir que os recibos, declarações e habilitações técnicas dos profissionais não sejam verdadeiros, pois, sequer questionou a veracidade dos documentos, quanto mais concluir pela existência de outras circunstâncias. Quanto ao quesito necessária comprovação do efetivo pagamento (fls. 71): Neste sentido o Recorrente afirmou em resposta ao Autuante que pagou em dinheiro, não tendo outra prova naquele momento além do recibo, sendo glosado os valores dos recibos. Para a I. Relatora, in casu, só será admitida como dedutível as despesas relativas aos valores constantes dos recibos se o Recorrente fizer prova de que entregou o dinheiro aos médicos, determinando desta forma que o Recorrente produza a chamada prova diabólica que é aquela quase impossível, senão impossível de ser produzida ante a dificuldade nos meios para Fl. 88DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13839.002058/200761 Acórdão n.º 210202.043 S2C1T2 Fl. 3 5 sua obtenção, haja vista, que a prova do recebimento para quem paga é o recibo, o qual estás nos autos. Destarte, restou comprovado o pagamento por recibo e as declarações dos profissionais de que receberam, descabendo a glosa do valor confirmado como recebido. (...) É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 14/08/2009, sextafeira, e interpôs o recurso voluntário em 15/09/2009, dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 15/09/2009, terçafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Como tenho tido oportunidade de asseverar em julgados anteriores (Acórdãos nºs 2102001.351, 2102001.356 e 2102001.366, sessão de 09 de junho de 2011; Acórdão nº 210201.055, sessão de 09 de fevereiro de 2011; Acórdão nº 210200.824, sessão de 20 de agosto de 2010; acórdão nº 210200.697, sessão de 18 de junho de 2010), entendo que os recibos médicos, em si mesmos, não são uma prova absoluta para dedutibilidade das despesas médicas da base de cálculo do imposto de renda, mormente quando: 1. as despesas forem excessivas em face dos rendimentos declarados; 2. houver o repetitivo argumento de que todas as despesas médicas de diferentes profissionais, vultosas, tenham sido pagas em espécie; 3. o contribuinte fizer uso de recibos comprovadamente inidôneos, aqui no caso da edição de súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz em desfavor de prestador de serviço informado na declaração de renda do autuado, o que é suficiente para lançar sombra de suspeição sobre as demais despesas médicas de outros prestadores; 4. houver a negativa de prestação de serviço por parte de profissional que consta como prestador na declaração do fiscalizado; 5. houver recibos médicos emitidos em dias não úteis, por profissionais ligados por vínculo de parentesco, tudo pagos em espécie; 6. houver múltiplas glosas de outras despesas (dependentes, previdência privada, pensão alimentícia, livro caixa e instrução), bem como outras infrações (omissão de rendimentos, de ganho de capital, da atividade rural), a levantar sombra de suspeição sobre todas as informações prestadas pelo contribuinte declarante. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 Nas hipóteses acima, a autoridade fiscal pode e deve intimar o contribuinte a comprovar o pagamento da despesa, com documentação bancária, ou mesmo a efetiva prestação do serviço com documentário médico (receitas, cópias de exames etc.). Especificamente, no caso de profissionais para os quais tenha sido emitida a súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz, a jurisprudência administrativa, inclusive, autoriza a glosa e a exasperação da multa de ofício para o percentual de 150% sobre o imposto lançado (Súmula CARF nº 40: A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício). Entretanto, no caso destes autos, pareceme que o contribuinte não se enquadra em quaisquer das hipóteses acima, autorizadoras do afastamento dos recibos médicos, em si mesmos, como meio de comprovação das despesas médicas, pelos motivos abaixo discriminados: § primeiramente, as despesas médicas informadas na declaração auditada (sendo R$ 24.182,78 a título de despesa médica, com glosa de R$ 20.000,00) são compatíveis com os rendimentos declarados (montantes de R$ 146.367,71, R$ 2.363,90, R$ 1.821,75 e R$ 20.678,28, a título de rendimento tributáveis, rendimentos isentos/NT, rendimentos sujeitos à tributação exclusiva na fonte/definitiva e oriundos do cônjuge, respectivamente), ou seja, as despesas médicas totais não excedem 14% dos rendimentos globais declarados, não se podendo assim dizer que são despesas exageradas a justificar uma prova adicional além dos próprios recibos; § em segundo lugar, o contribuinte não utilizou documentário médico de profissionais sumulados, não tendo também havido a negativa da prestação do serviço por qualquer dos prestadores, ao revés, houve a ratificação da prestação do serviço; § em terceiro lugar, apesar do repetitivo argumento do pagamento em espécie, vêse que os recibos individualmente não são em montantes expressivos (valores inferiores a R$ 1.000,00), podendo efetivamente ter sido pagos em espécie; § em quarto lugar, o recorrente rebateu com argumentos convincentes os óbices colocados pela decisão recorrida em face das inscrições profissionais dos prestadores Kenia Miara Motta e Ulisses Simoncelli. Por tudo, parece claro que, no caso aqui em debate, para os recibos serem descaracterizados, seria necessário que a fiscalização aprofundasse a investigação em torno dos prestadores, trazendo indícios veementes de que os serviços não foram prestados, o que não se viu nestes autos, pois sequer os prestadores foram intimados a confirmar a prestação dos serviços (ao revés, há declarações dos prestadores ratificando a prestação dos serviços). Concluindo, deve ser restabelecido o valor que constou nas declarações firmadas pelos profissionais, que são suficientes para superar a ausência de alguns dos recibos, pois espelham a totalidade da prestação dos serviços e não faz sentido não acatálas parcialmente. Se as declarações serviram para firmar a convicção da prestação dos serviços, devese dar a elas a fé inteira, suprindo a ausência de alguns dos recibos. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13839.002058/200761 Acórdão n.º 210202.043 S2C1T2 Fl. 4 7 Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso, para restabelecer as despesas médicas glosadas, no importe de R$ 20.000,00. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Voto Vencedor Conselheira Núbia Matos Moura, redatora designada Divirjo do ilustre Relator quanto ao seu entendimento de que devam ser restabelecidas as despesas médicas glosadas, no importe de R$ 20.000,00. De pronto, devese ter em mente que as referidas despesas médicas foram glosadas por falta de comprovação do efetivo pagamento e da efetividade dos serviços prestados pelos profissionais, sendo certo que tais comprovações não foram efetivadas no recurso, tampouco na impugnação. Ou seja, fato é que o contribuinte, intimado a comprovar o efetivo pagamento das despesas odontológicas consignadas nos recibos, não foi capaz de comprovar o efetivo pagamento de nenhum dos vários recibos questionados, esquivandose de tal demonstração sempre na argumentação de que os pagamentos teriam sido realizados em dinheiro. É bem verdade, que os valores dos recibos são inferiores a R$ 1.000,00, entretanto, considerando que os rendimento declarados pelo contribuinte são todos provenientes de pessoas jurídicas, que sempre se utilizam da rede bancária para efetivar seus pagamento, temse que o contribuinte, para fazer frente a pagamentos em dinheiro, teria obrigatoriamente que sacar os valores de suas contas bancárias. Assim, para comprovar a efetividade dos pagamentos das quantias consignadas nos recibos bastaria ao contribuinte apresentar seus extratos bancários demonstrando os saques em datas e valores coincidentes com as quantias e datas dos recibos. Destaquese que na relação processual tributária compete ao sujeito passivo oferecer os elementos que possam elidir a imputação da irregularidade e, se a comprovação é possível e este não a faz porque não pode ou porque não quer é lícito concluir que tais operações não ocorreram de fato, tendo sido registradas unicamente com o fito de reduzir indevidamente a base de cálculo tributável. Não pode o contribuinte pleitear a aceitação de simples recibos, sob a argumentação de que os pagamentos foram efetivados em dinheiro, se o fenômeno econômico não ficar provado. Assim, pelas razões acima, devese manter a glosa da dedução de despesas médicas, tendo em vista que o contribuinte não logrou comprovar, durante o procedimento fiscal, tampouco nas fases de impugnação e recursal, a efetividade dos pagamentos apontados nos recibos de despesas médicas. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 Ante o exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura – Redatora designada Fl. 92DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
score : 1.0
Numero do processo: 10280.003359/2006-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 CUSTOS. AQUISIÇÕES DE TUBOS E CONEXÕES DE AÇÃO. SERVIÇOS DE TERRAPLANAGEM. ATIVO PERMANENTE. Os custos de aquisições de tubos e conexões de aço e os custos/despesas com serviços de terraplanagem são contabilizados no ativo permanente e, portanto, não geram créditos de PIS. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/02/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante a transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro declarado. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO
Numero da decisão: 3301-001.519
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201206
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 CUSTOS. AQUISIÇÕES DE TUBOS E CONEXÕES DE AÇÃO. SERVIÇOS DE TERRAPLANAGEM. ATIVO PERMANENTE. Os custos de aquisições de tubos e conexões de aço e os custos/despesas com serviços de terraplanagem são contabilizados no ativo permanente e, portanto, não geram créditos de PIS. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/02/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante a transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro declarado. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 10280.003359/2006-97
conteudo_id_s : 5219872
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3301-001.519
nome_arquivo_s : Decisao_10280003359200697.pdf
nome_relator_s : JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
nome_arquivo_pdf_s : 10280003359200697_5219872.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
id : 4573751
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:59:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576646672384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1751; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 335 1 334 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.003359/200697 Recurso nº 000.001 Voluntário Acórdão nº 330101.519 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2012 Matéria PIS NÃO CUM/DCOMP Recorrente PARÁ PIGMENTOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 CUSTOS. AQUISIÇÕES DE TUBOS E CONEXÕES DE AÇÃO. SERVIÇOS DE TERRAPLANAGEM. ATIVO PERMANENTE. Os custos de aquisições de tubos e conexões de aço e os custos/despesas com serviços de terraplanagem são contabilizados no ativo permanente e, portanto, não geram créditos de PIS. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/02/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante a transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro declarado. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado Digitalmente) Jose Adão Vitorino de Morais – Relator Fl. 335DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Amauri Amora Câmara Júnior, Andréa Medrado Darzé, Maria Teresa Martinez López e Rodrigo da Costa Possas. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Belém que julgou improcedente manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que não homologou a compensação do débito fiscal de IRPJ, no valor de R$27.968,07, vencido 24/02/2006, declarado na Declaração de Compensação (Dcomp) às fls. 04/11 (fls. 02/07). Na Dcomp em discussão, a recorrente declarou crédito financeiro referente a ressarcimento de créditos de contribuição para o PIS com incidência não cumulativa, no valor de R$27.968,07, apurado para o mês de competência de janeiro de 2006, decorrente de exportações. Como a DRF em Belém não apurou nenhum crédito para aquele mês, a compensação do débito declarado não foi homologada, conforme Parecer Seort/Despacho Decisório nº 30, datado de 14/01/2001, às fls. 94/95 (fls. 90/91). Inconformada com aquela decisão, a recorrente interpôs manifestação de inconformidade (fls. 115/145), insistindo na homologação da compensação do débito declarado, alegando razões assim resumidas por aquela DRJ: “a) Indica ser nulo o Despacho por inexistência de descrição dos fatos e enquadramento legal. ‘A omissão é tão patente que em nenhum dos dois, parecer ou despacho, é feita sequer menção expressa ao RPF nº 0210100/201000599 (!), onde, de fato, encontramse os fundamentos que acarretaram na não homologação do crédito da REQUERENTE.’; b) ‘Com efeito, a REQUERENTE teve que fazer um verdadeiro trabalho investigativo para conseguir vincular o Parecer SEORT/DRF/BEL nº 0030/2011 e o despacho decisório ao RPF nº 0210100/201000599. Ao analisar este último, verificou que (i) possuía o mesmo número de Processo Administrativo (PA nº 10280.003359/200634) do parecer e do despacho decisório; (ii) fazia menção à mesma PER/DCOMP e período objeto de apuração do crédito (PER/DCOMP nº 01905.30548.240206.1.3.086190 / 1o Trimestre de 2006); e, por fim, (iii) tratava da compensação do mesmo débito de IRPJ, no valor de R$ 27.968,07.’; c) No mérito, com relação ao direito creditório, a contribuinte repete os argumentos expostos no processo 10280.003582/200634. Salientese que tal processo foi julgado em 17/05/2011 (Acórdão 0121.807 – 3ª Turma da DRJ/BEL). d) por fim solicita a procedência da presente manifestação de inconformidade.” Analisada a manifestação de inconformidade, aquela DRJ julgoua procedente em parte, reconhecendo o direito de a recorrente apurar créditos sobre os custos incorridos com combustíveis e lubrificantes, apurando, para o mês de janeiro de 2006, o valor de R$27.564,87, e, consequentemente, homologou a compensação do débito declarado até este limite, conforme Acórdão nº 0122.573, datado de 09/08/2011, às fls. 228/231, sob as seguintes ementas: “INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.003359/200697 Acórdão n.º 330101.519 S3C3T1 Fl. 336 3 Do montante apurado para a contribuição, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores das aquisições efetuadas no mês de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os combustíveis e lubrificantes, assim como a energia elétrica, quando participantes do processo industrial, caracterizamse como insumos indiretos para os quais há determinação específica na legislação que permite o aproveitamento de créditos.” Cientificada dessa decisão, a recorrente interpôs recurso voluntário (240/264) requerendo a sua reforma a fim que se reconheça a nulidade do despacho decisório sob o argumento de falta de descrição dos fatos e disposição legal infringida e a penalidade aplicável, conforme previsto nos incisos III e IV do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, o que implicou em cerceamento do seu direito de defesa; e, no mérito, o reconhecimento, do seu direito aos créditos do PIS sobre os custos com serviços de terraplanagem e com aquisições de tubos e conexões. Requereu, ao final, o deferimento integral do pedido de ressarcimento objeto do Per/Dcomp nº 07564.31643.280406.1.1.081300 e a homologação integral da compensação do débito efetuada, mediante a Dcomp nº 22716.25924.250607.1.3.082631. É o relatório. Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele conheço. Em que pese o extenso recurso voluntário apresentado, as questões opostas nesta fase recursal se restringem à: I) nulidade do Despacho Decisório; II) aproveitamento de créditos sobre custos de serviços com terraplanagem e com aquisições de tubos e conexões; e, III) homologação integral da compensação do débito declarada na Dcomp objeto deste processo administrativo. Assim, a solicitação do deferimento integral do pedido de ressarcimento objeto do Per/Dcomp nº 07564.31643.280406.1.1.081300 e a homologação integral da compensação do débito efetuada, mediante a Dcomp nº 22716.25924.250607.1.3.082631, ficaram prejudicadas por tratar de matérias em discussão em outro (s) processos (s) administrativo (s). Conforme se verifica da Dcomp em discussão, a recorrente declarou débito de IRPJ de R$27.968,07, compensado com crédito financeiro de mesmo valor decorrente do saldo de PIS exportação, apurado para o mês de janeiro de 2006, resultante da seguinte operação: a) créditos de PIS: R$52.176,75; b) parcela da contribuição devida sobre operações no mercado interno: R$24.208,60; e, c) saldo credor de R$27.968,07. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 A DRJ reconheceu ressarcimento de créditos PIS, no valor de R$27.564,87, para aquele mês e homologou a compensação do débito declarado ate aquele limite, remanescendo saldo devedor a pagar de R$403,20. Feitas esses esclarecimentos passase a análise e julgamento das matérias opostas nesta fase recursal. I – Nulidade do Despacho Decisório A suscitada nulidade sob o argumento de falta de descrição dos fatos e disposição legal infringida e a penalidade aplicável, conforme previsto nos incisos III e IV do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, e, conseqüentemente, cerceamento do direito de defesa é equivocada e não merece prosperar. Primeiro, porque aqueles dispositivos se aplicam auto de infração e não à declaração de compensação; segundo, na Informação Fiscal às fls. 83/87 (fls. 79/84) constam os custos glosados, e suas discriminações (rubricas e valores), no presente caso, custos e/ ou despesas com tubos e conexões de aço, e serviços de terraplanagem. A discriminação dos bens e serviços glosados permitiu à recorrente exercer seu direito de defesa, tanto que apresentou manifestação de inconformidade contestando as glosas sobre aquelas rubricas. Julgada a manifestação a DRJ julgoua procedente em parte restabelecendo os créditos sobre as glosas dos custos com combustíveis e lubrificantes e mantendo a dos créditos sobre tubos e conexões de aço e sobre serviços de terraplanagem. Assim, não há que falar em nulidade do despacho decisório. II – Aproveitamento de créditos sobre custos de serviços com terraplanagem e com aquisições de tubos e conexões A Lei nº 10.637, de 30/12/2002, que instituiu a contribuição para o PIS com incidência não cumulativa assim dispõe quanto aos créditos passiveis de descontos da contribuição apurado no mês e/ ou de ressarcimento do saldo credor: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...); II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (...); VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (...); Fl. 338DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.003359/200697 Acórdão n.º 330101.519 S3C3T1 Fl. 337 5 § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no art. 2º sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...); III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; (...).” Segundo estes dispositivos legais, dão direito a crédito os bens e serviços utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes. Ao contrário do entendimento da recorrente os custos com aquisições de tubos e conexões de aço, bem como as custos/despesas com serviços de terraplanagem não constituem insumos no processo de produção de caulim. Os tubos e conexões de aço normalmente têm vida útil superior a um ano e devem ser contabilizados no ativo permanente. Caso tivessem vida inferior a um ano e tivessem sido contabilizados como despesas gerariam créditos de PIS, passíveis de desconto da contribuição apurada mensalmente e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo apurado. Como a recorrente não alegou nem demonstrou que os tubos e conexões de aço utilizados por ela têm vida útil inferior a um ano, devem ser considerados como ativo permanente e, portanto, não dão direito a créditos. Ainda, segundo os dispositivos citados e transcritos anteriormente, a despesa de depreciação mensal de tais bens é que gera crédito. Também, as despesas com serviços de terraplanagem não geram créditos de PIS por serem contabilizadas no ativo permanente para amortização mensal. Da mesma forma que os bens classificados no ativo permanente, a amortização mensal de tais despesas é que geram créditos. A Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, assim dispõe sobre escrituração e classificação de bens e despesas: “Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: (...); Fl. 339DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. (...). Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: (...); IV no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial; (...). Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: (...). V – os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão; (...). § 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; (...).” c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.” Ora, segundo estes dispositivos legais, os tubos e conexões de aço representam um bem do ativo imobilizado e as despesas com serviços de terraplanagem representam recursos aplicados no ativo imobilizado e seus valores não podem ser contabilizados como despesa e/ ou custo. Dessa forma, segundo o inciso III do § 1º, do art. 3º, da Lei nº 10.637, de 2002, citado e transcrito anteriormente, no caso de bens do ativo imobilizado, o custo/despesa a ser considerada, para se apurar créditos de PIS, é o valor da depreciação e/ ou amortização, calculado sobre o valor contábil do bem e de seu ciclo produtivo, e não valor do custo e despesa incorrida para sua aquisição/formação. III) homologação da compensação do débito declarado Fl. 340DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10280.003359/200697 Acórdão n.º 330101.519 S3C3T1 Fl. 338 7 A homologação da compensação de crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, mediante a apresentação de Dcomp, bem como a extinção do débito fiscal declarado, nos termos da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, art. 74, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado. No presente caso, conforme demonstrado, a recorrente não faz jus ao ressarcimento suplementar reclamado nesta fase recursal. Assim correta a homologação parcial determinada pela autoridade julgadora de primeira instância. Em face do exposto e de tudo o mais que consta dos autos, nego provimento ao presente recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 341DF CARF MF Impresso em 24/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 13627.000496/2010-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF
Exercício: 2009
Ementa:
IRPF. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. DOENÇA PASSÍVEL DE CONTROLE. VALIDADE DO LAUDO. Nos casos de doenças passíveis de controle, o serviço medido oficial deve fixar o prazo de validade do laudo
que atestar a doença, limitando-se o direito à isenção a esse prazo, salvo se a continuidade da doença for atestada por novo laudo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2201-001.591
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Rayana Alves de Oliveira França (Relatora), que deu provimento integral ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 Ementa: IRPF. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. DOENÇA PASSÍVEL DE CONTROLE. VALIDADE DO LAUDO. Nos casos de doenças passíveis de controle, o serviço medido oficial deve fixar o prazo de validade do laudo que atestar a doença, limitando-se o direito à isenção a esse prazo, salvo se a continuidade da doença for atestada por novo laudo. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 13627.000496/2010-86
conteudo_id_s : 5240925
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 31 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2201-001.591
nome_arquivo_s : Decisao_13627000496201086.pdf
nome_relator_s : RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA
nome_arquivo_pdf_s : 13627000496201086_5240925.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Rayana Alves de Oliveira França (Relatora), que deu provimento integral ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
id : 4602240
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576649818112
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2001; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13627.000496/201086 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201001.591 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 maio de 2012 Matéria IRPF Recorrente AMADEUS CAMPOS BRITO Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 Ementa: IRPF. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. DOENÇA PASSÍVEL DE CONTROLE. VALIDADE DO LAUDO. Nos casos de doenças passíveis de controle, o serviço medido oficial deve fixar o prazo de validade do laudo que atestar a doença, limitandose o direito à isenção a esse prazo, salvo se a continuidade da doença for atestada por novo laudo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Rayana Alves de Oliveira França (Relatora), que deu provimento integral ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO– Presidente (assinado digitalmente) RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANÇA – Relatora (assinado digitalmente) PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Redator designado EDITADO EM: 11/07/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente). Fl. 113DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrado Notificação de Lançamento (fls.14/18) relativo ao IRPF, exercício 2009, que diminuiu o imposto a restituir de R$14.316,03 para R$11.281,19, devido a omissão de rendimentos recebidos Procuradoria Geral de Justiça de Minas Gerais, no montante de R$65.268,06, considerado pelo contribuinte isento por moléstia grave. A fiscalização considerou referidos rendimentos tributáveis por falta de laudo emitido pelo serviço medico oficial. Intimado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, fls.01/02, acompanhada de laudo médico pericial emitido pelo Departamento Médico e Saúde Ocupacional da ProcuradoriaGeral de Justiça de Minas Gerais, que concluiu ser ele portador de neoplasia maligna — adenocarcinoma de próstata (CID C 61) desde 29/09/2003, passível de controle, atribuindo à incapacidade condição de temporária (fls. 09/11). A nova avaliação, realizada em 30/10/2008 pelo mesmo departamento, complementada pela informação de fls. 36/39, concluiu que o contribuinte não deveria mais ser considerado portador de neoplasia maligna. Contra essa decisão o contribuinte apresentou recurso administrativo (fls.16/17), analisado pela Câmara de Procuradores de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, em 14/07/2010, que reconheceu a isenção e “por maioria de votos, deu provimento ao recurso, determinando, ainda, a devolução dos valores indevidamente descontados dos proventos de aposentadoria do recorrente, a título de Imposto de Renda, desde a data do requerimento administrativo e devidamente atualizados.” Nas razões apresentadas na sua impugnação, esclarece o contribuinte, que a Câmara de Procuradores entendeu que no caso de neoplasia maligna, o laudo médico pericial é sempre de caráter definitivo, não havendo exigência da demonstração de contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação da validade do laudo da perícia, ou comprovação da reincidência da doença para que o contribuinte fique isento de pagar imposto de renda. Após analisar a matéria, os Membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG, acordaram, por unanimidade de votos, em julgar improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão DRJ/JFA n°0933.235 de 20/01/2011, fls. 99/100, em decisão assim ementada: “ISENÇÃO. VALORES RECEBIDOS POR PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. São isentos de tributação apenas os rendimentos relativos à aposentadoria, reforma ou pensão, recebidos por portador de doença grave devidamente comprovada em laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência sendo àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. Impugnação Improcedente.” Fl. 114DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 13627.000496/201086 Acórdão n.º 2201001.591 S2C2T1 Fl. 2 3 Cientificado da decisão da DRJ em 07/02/2011 (“AR”fls.102), o contribuinte apresentou , através de seu procurador, na data de 10/02/2011, Recurso Voluntário Tempestivo de fls.103, retificando os termos da peça impugnatória apresentada. É o Relatório. Voto Conselheira Rayana Alves de Oliveira França Relatora O Recurso preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço. Não há argüição de preliminar. No presente processo resta evidenciado que o contribuinte é aposentado e portador de neoplasia maligna — adenocarcinoma de próstata (CID C61) desde 29/09/2003. Nos termos do laudo pericial apresentado, essa moléstia seria passível de controle e portanto restou determinado prazo para revisão após 5 anos, fixando em 29/09/2008. Quando submetido a reavaliação da sua doença o contribuinte não foi considerado portador de neoplasia maligna, pelas razões contidas na Manifestação sobre o Recurso Administrativo exarado pelos médicosperitos do Ministério Público de Minas Gerais, acostado às fls.36/36, da qual cabe transcrever seus fundamentos: O exame médico pericial constatou que o Periciando foi diagnosticado portador de neoplasia maligna da próstata em fevereiro de 2003 e em abril do mesmo ano foi submetido à cirurgia para retirada do tumor. 0 tratamento cirúrgico obteve êxito na extração do tumor, pois desde então não há sinais da existência ou da atividade da neoplasia maligna da próstata. Também não há mau prognóstico em curto prazo. Insta frisar que o tratamento das neoplasias malignas evoluiu muito nos últimos anos. Neoplasias antes tidas como incuráveis, hoje em dia, são curáveis. O Examinando foi submetido a tratamento curativo da neoplasia maligna em 2003 (época do tratamento cirúrgico). A prostatectomia radical, no caso em tela, foi uma cirurgia curativa. Observase que a cirurgia foi bem sucedida, pois o tumor foi removido, com margens cirúrgicas livres, e após cinco anos de diagnóstico e tratamento„ atualmente permanece sem sinais da atividade e da existência da neoplasia no organismo do Periciando. A taxa de recorrência recidiva da doença é maior no primeiro ano de acompanhamento e então declina progressivamente, com declínio acentuado após cinco anos. Na ausência de tratamento adjuvante, a maioria dos pacientes destinados à recorrência da neoplasia, a sofrem nos cinco primeiros anos da cirurgia. O paciente que no passado foi diagnosticado portador de neoplasia de próstata não é considerado portador dessa moléstia Fl. 115DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 indefinidamente, para o resto da vida. 0 Câncer de próstata pode ser curado com o tratamento cirúrgico (prostatectomia radical). Os medicamentos que atualmente o Periciando faz uso não são para tratamento de neoplasia maligna: Retemic: utilizado para tratamento da incontinência urinária. Glifage: utilizado para tratamento da diabetes mellitus. Crestor: utilizado para tratamento da dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides). Aprovel: utilizado para tratamento da hipertensão arterial. Lipless: utilizado para tratamento da dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides). Há relato de incontinência urinária e de impotência sexual, com posterior implante de prótese peniana. A literatura cientifica cita tanto a incontinência urinária quanto a impotência sexual com complicações póscirúrgica da prostatectomia radical. Contudo, essas moléstias não estão especificadas na Lei .713/88, na Lei 8.541/92, na Lei 9.250/95 ou na Lei 11.052/2004. Não há especificação em Lei referente â concessão de isenção de imposto de renda a portadores de seqüelas de tratamento para neoplasia maligna. O inspecionado deve ser considerado portador de neoplasia maligna e não de seqüela de seu tratamento. Com relação às seqüelas advindas do tratamento das neoplasias malignas, essas são consideradas na avaliação da existência ou da inexistência de incapacidade laboral após o tratamento. NÃO HÁ SINAIS DA EXISTÊNCIA DE NEOPLASIA MALIGNA NO MOMENTO. Portanto, conforme estabelecido, após cinco anos de acompanhamento clinico e laboratorial, sem tratamento especifico para a neoplasia, sem sinais ou evidências da presença da neoplasia ou de metástases, o inspecionado não é considerado portador de neoplasia maligna. Se porventura o Periciando, futuramente, apresentar alguma evidência da existência de neoplasia maligna ou sinal de sua atividade, ele poderá requerer a isenção, sem prejuízo. Ratificase que, após cinco anos do diagnóstico e tratamento da neoplasia maligna, verificouse que o Periciando: Não apresentou neoplasia com mau prognóstico em curto prazo; Não apresentou metástase da neoplasia; Não apresentou sinais de recidiva da neoplasia; Não apresentou sinais de atividade da neoplasia; Não estava recebendo tratamento para a neoplasia; Apenas mantém controle clinico e laboratorial com urologista, o que deve ser feito por qualquer homem da mesma faixa etária. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 13627.000496/201086 Acórdão n.º 2201001.591 S2C2T1 Fl. 3 5 Conforme as normas técnicas para caracterização de portadores de neoplasia maligna, e tendo em vista o descrito acima, o Periciando não é considerado portador de neoplasia maligna.” Apesar dessas ponderações, os membros da Câmara de Procuradores de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, entendeu por bem revisar administrativamente a decisão que indeferiu o pedido de prorrogação da isenção de imposto de renda, inclusive “determinando, ainda, a devolução dos valores indevidamente descontados dos proventos de aposentadoria do recorrente, a titulo de Imposto de Renda, desde a data do requerimento administrativo e devidamente atualizados.” Assim, restou afastada a decisão que indeferiu o pedido de prorrogação da isenção, tornandoa a mesma ainda vigente. Nestes termos, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rayana Alves de Oliveira França Voto Vencedor Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Fundamentação Como se colhe do detalhado relatório, o cerne da questão tratada neste processo diz respeito ao reconhecimento ou não da condição de portador de moléstia grave do Contribuinte para fins de isenção de Imposto de Renda. A relatora reconheceu o direito à isenção com base na decisão da Câmara dos Procuradores de Justiça do Estado de Minas Gerais que, embora reconhecendo a existência de laudo pericial que concluiu que o Contribuinte não poderia ser considerado portador de neoplasia maligna, decidiu “prorrogar” a isenção do Imposto de Renda do Contribuinte. Ocorre que a referida Câmara de Procuradores não é competente para decidir sobre isenção de imposto de renda. Tratase de decisão administrativa com efeitos apenas no âmbito interno do próprio órgão. O exame do direito à isenção ou não deve ser feito com base na legislação aplicável, e esta não deixa dúvidas quanto ao desfecho que deve ser dado ao processo, senão vejamos. Reza o art. 30, caput e § 1º DA Lei nº 9.250, de 1995: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Ora, no caso concreto, o Contribuinte foi, inicialmente, mediante laudo medido pericial, emitido em 22/01/2004, considerado portador de adenocarcinoma de próstata 9CID C 61 – neoplasia maligna. O mesmo laudo, todavia, considerou a moléstia como passível de controle, determinando a realização de nova avaliação após cinco anos (fls. 09/11). Pois bem, após os cinco anos, o Contribuinte foi submetido a novo exame e foi expedido novo laudo, datado de 12/09/20099, que concluiu, categoricamente, que “conforme as normas técnicas para caracterização de portadores de neoplasia maligna,l e tendo em vista o descrito acima, o Periciando não é considerado portador de neoplasia maligna.” Assim, o primeiro laudo foi expedido exatamente conforme a orientação normativa, ao determinar o prazo de validade do laudo em setembro de 2008. E, submetido a novo exame, foi constatada a ausência da doença. Portanto, a partir de outubro de 2008 o Contribuinte não era, para efeitos de isenção de Imposto de Renda, portador de moléstia grave, logo, não fazia jus à isenção do imposto. Por estas razões, com a devida vênia, divirjo do voto da I. Conselheira relatora. Conclusão Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 118DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001165/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 05 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2000, 2001 OMISSÃO DE RECEITAS. VALORES VULTOSOS. REITERAÇÃO. INTUITO DOLOSO. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. A prática de omissão de receitas em valores vultosos em relação às receitas declaradas, de maneira reiterada e com o claro objetivo de se manter no SIMPLES, configura o dolo da contribuinte e enseja a qualificação da multa de ofício. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA QUINQUENAL A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, bem como as demais contribuições de seguridade social, dada sua natureza tributária, estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, que é a lei complementar estabelecedora de normas gerais em direito tributário, prevista no artigo 146, III, "b", da Constituição Federal.
Numero da decisão: 1401-000.825
Decisão: Acordam os membros do colegiado, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado: a) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício, para restabelecer a qualificação da multa de ofício, bem como a exigência de IRPJ referente ao 4º trimestre de 1999. Vencido o conselheiro Mauricio Pereira Faro, que negava provimento ao recurso de ofício. b) por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar a exigência de CSLL, referente aos fatos geradores ocorrido em 31/05/1999, 30/06/1999 e 31/07/1999 e também para cancelar as exigências de PIS, Cofins e Contribuição para o INSS, referentes ao meses de janeiro a
novembro de 1999.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2000, 2001 OMISSÃO DE RECEITAS. VALORES VULTOSOS. REITERAÇÃO. INTUITO DOLOSO. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. A prática de omissão de receitas em valores vultosos em relação às receitas declaradas, de maneira reiterada e com o claro objetivo de se manter no SIMPLES, configura o dolo da contribuinte e enseja a qualificação da multa de ofício. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA QUINQUENAL A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, bem como as demais contribuições de seguridade social, dada sua natureza tributária, estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, que é a lei complementar estabelecedora de normas gerais em direito tributário, prevista no artigo 146, III, "b", da Constituição Federal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 18471.001165/2005-31
conteudo_id_s : 5227647
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1401-000.825
nome_arquivo_s : Decisao_18471001165200531.pdf
nome_relator_s : FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
nome_arquivo_pdf_s : 18471001165200531_5227647.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado: a) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício, para restabelecer a qualificação da multa de ofício, bem como a exigência de IRPJ referente ao 4º trimestre de 1999. Vencido o conselheiro Mauricio Pereira Faro, que negava provimento ao recurso de ofício. b) por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar a exigência de CSLL, referente aos fatos geradores ocorrido em 31/05/1999, 30/06/1999 e 31/07/1999 e também para cancelar as exigências de PIS, Cofins e Contribuição para o INSS, referentes ao meses de janeiro a novembro de 1999.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 05 00:00:00 UTC 2012
id : 4578410
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576671838208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2222; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 843 1 842 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.001165/200531 Recurso nº 153.647 De Ofício e Voluntário Acórdão nº 140100.825 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 05 de julho de 2012 Matéria IRPJ Recorrentes Mecatel Telecomunicações Ltda. ME Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2000, 2001 OMISSÃO DE RECEITAS. VALORES VULTOSOS. REITERAÇÃO. INTUITO DOLOSO. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. A prática de omissão de receitas em valores vultosos em relação às receitas declaradas, de maneira reiterada e com o claro objetivo de se manter no SIMPLES, configura o dolo da contribuinte e enseja a qualificação da multa de ofício. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA QUINQUENAL A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, bem como as demais contribuições de seguridade social, dada sua natureza tributária, estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, que é a lei complementar estabelecedora de normas gerais em direito tributário, prevista no artigo 146, III, "b", da Constituição Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado: a) por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício, para restabelecer a qualificação da multa de ofício, bem como a exigência de IRPJ referente ao 4º trimestre de 1999. Vencido o conselheiro Mauricio Pereira Faro, que negava provimento ao recurso de ofício. b) por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar a exigência de CSLL, referente aos fatos geradores ocorrido em 31/05/1999, 30/06/1999 e 31/07/1999 e também para cancelar as exigências Fl. 843DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 2 de PIS, Cofins e Contribuição para o INSS, referentes ao meses de janeiro a novembro de 1999. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Mauricio Pereira Faro, Sergio Luiz Bezerra Presta e Antonio Bezerra Neto. Fl. 844DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 844 3 Relatório Trata o presente processo de 9 autos de infração, 5 deles referentes ao ano calendário de 1999 e 4 referentes ao anocalendário de 2000. Os aludidos lançamentos, devidamente impugnados, foram julgados pela DRJ Rio de Janeiro I por meio de 2 acórdãos (fls. 719728 e fls. 743750). Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra o primeiro acórdão recorrido, fls. 719723 1. No dia 16.09.2005, foram lavrados oito autos de infração para exigir da interessada: a) imposto sobre a renda (IRPJ — fls. 513/525 e 547/553); b) contribuição para o Programa de Integração Social (PIS — fls. 526/530 e 554/558); c) contribuição para o financiamento da Seguridade Social (Cofins — fls. 536/546 e 559/565 ); d) contribuição social sobre o lucro liquido (CSLL — fls. 531/535 e 566/570); e e) juros de mora e multa de 150% (cento e cinqüenta por cento) do montante dos tributos. 2. As exigências tributárias são relativas aos anoscalendário de 1999 e 2000. 3. Cada um dos tributos foi exigido por meio de dois autos de infração um relativo ao anocalendário de 1999 e o outro, ao de 2000 — em função do regime de tributação. A interessada optou pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) para o pagamento dos tributos relativos ao ano calendário de 1999 e foi tributada de oficio com base no lucro real do anocalendário seguinte. 4. 0 auto de infração que exige IRPJ pelo regime de tributação denominado Simples decorreu das acusações de omissão de receitas (enquadramento legal: art. 24 da Lei n° 9.249, de1995; artigos 2°, 3°, 5°, 7° e 18 da Lei n°9.317, de 1996; art. 3° da Lei n°9.732, de 1998; e artigos 186, 188 e 199 do Regulamento do Imposto sobre a Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26.03.1999 R1R11999) e de insuficiência de recolhimentos (enq. legal: art. 5º da Lei n° 9.317, de 1996, c/c art. 3° da Lei n° 9.732, de 1998, e artigos 186 e 188 do RIR11999); o que exige IRPJ com base no lucro real decorreu apenas da acusação de omissão de receitas (enq. legal: art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995, e artigos 249, II, 251 e seu parágrafo único, 278, 279, 280, 283 e 288 do RIR/1999). 5. Os autos de infração que exigem PIS, Cofins e CSLL foram lavrados por mera decorrência dos que exigem IRPJ. 0 enquadramento legal das infrações à legislação de cada um dos tributos se encontra no corpo de cada um dos autos de infração. Fl. 845DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 4 6. No termo de verificação fiscal TVF (fls. 502/508), a autuante relatou, em resumo: 6.1. que a interessada optou pelo Simples, para fins de pagamento dos tributos referentes aos anoscalendário de 1999 e 2000; 6.2. que, intimada, ela apresentou seus livros Diários; 6.3. que obteve da Telemar Norte Leste S/A, a principal cliente da interessada, os contratos de locação de serviços celebrados entre ambas as empresas (fls. 118/121), cópias das notas fiscais emitidas pela interessada em 1999 cuja soma alcançou R$ 2.136.311,42 bem como os respectivos comprovantes de pagamento (fls. 126/511) e termo de conclusão de contrato no qual é atestado o recebimento, naquele ano, do montante de R$ 2.369.183,36 (fls. 122); 6.4. que o regime de escrituração adotado pela interessada nos anoscalendário de 1999 e 2000 foi o da competência dos exercícios; 6.5. que a Secretaria da Receita Federal expediu em 28.06.2005 o Ato Declaratório Executivo Derat/RJO n° 8 (fls. 12), por meio do qual excluiu a interessada do Simples a partir de 01.01.2000, em virtude de ela ter excedido, no anocalendário de 1999, o limite da receita bruta anual (R$ 1.200.000,00); 6.6. que, em 17.08.2005, ela foi cientificada do referido ato e de que a tributação dos seus resultados relativos ao anocalendário de 2000 seria com base no lucro real; 6.7. que a receita bruta auferida no anocalendário de 1999, segundo consta na sua declaração, foi de R$ 51.003,19, igual à escriturada no livro Caixa; 6.8. que, ao apurar a receita mensal obtida em 1999, verificou que o limite estabelecido para as microempresas (R$ 120.000,00) foi excedido em maio e o estabelecido para as empresas de pequeno porte (R$ 1.200.000,00) foi superado em novembro (conforme o quadro de fls.504); 6.9. que a interessada calculou todos os tributos referentes a 1999 à aliquota de 3%, sem observar as faixas de receita bruta estabelecidas no art. 5° da Lei n° 9.317, de 1996, e no art. 30 da Lei n° 9.732, de 1998; 6.10. que, relativamente ao anocalendário de 2000, ela também optou pelo Simples; a sua exclusão de oficio desse sistema tributário, porém, sujeitoua ao regime de tributação com base no lucro real, uma vez que possuía escrituração comercial; 6.11. que, mesmo intimada, ela não comprovou as despesas e os custos escriturados no Diário, razão pela qual houve por bem apurar de oficio o seu lucro real; 6.12. que, não havendo a comprovação dos custos e despesas escriturados, considerou as receitas escrituradas no livro Diário mas não informadas na declaração anual simplificada e glosou os custos e despesas não comprovados; e Fl. 846DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 845 5 6.13. que lhe aplicou a multa agravada, por considerar dolosa a omissão do faturamento, cujo intuito foi o de se aproveitar do beneficio fiscal destinado às microempresas e ás empresas de pequeno porte. 7. Cientificada dos lançamentos em 20.09.2005, a interessada os impugnou no dia vinte do mês seguinte (fls. 574/581, 589/596, 605/612, 620/627, 650/657, 665/672, 680/686 e 695/702). Alegou preliminarmente a decadência do direito de a Fazenda Pública lançar, em 20.09.2005, tributos sobre fatos geradores ocorridos em 1999. 8. No mérito, argumentou: 8.1. que a autuante não excluiu da base de cálculo da tributação os valores pagos por subempreitadas, muito comum na sua atividade, os quais não representam receita efetiva; e 8.2. que se compromete a comprovar tais valores dentro de um prazo especial que espera ver concedido, apesar do extravio de alguns dos seus documentos, ocorrência que foi objeto de publicação em jornal exibida á autuante. 9. Contra a multa aplicada, disse: 9.1. que ela não é cabível, uma vez que em nenhum momento ficou evidente o intuito de fraude; e 9.2. que até mesmo colaborou com a fiscalização, ao lhe apresentar seus extratos bancários e seus livros comerciais e fiscais. 10. Com relação à exigência dos juros de mora, disse que a sua cobrança não pode prosperar, pois, eles foram calculados com base na taxa Selic, e transcreveu a ementa de um acórdão do Superior Tribunal de Justiça no qual aquela corte manifesta o seu entendimento de que a citada taxa não se aplica aos empréstimos compulsórios. 11. Por último, reclamou pela aplicação do Decreto n° 2.436, de 1997, que, segundo ela, determina a revisão de oficio do lançamento cuja matéria tributável tenha sido declarada inconstitucional. 12. 0 conteúdo das impugnações de todos os tributos lançados é idêntico. Também adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra o segundo acórdão recorrido, fls. 745: 1. Quando da proferição do acórdão n° 9.578, de 15.02.2006 (fls.7161728), acreditavase que eram oito os autos de infração contidos no presente processo; são, na verdade, nove. 2. 0 lançamento que se deixou de apreciar foi o que exige da interessada contribuição para a Seguridade Social — INSS, no valor de R$ 85.846,49, incidente sobre a receita por ela auferida Fl. 847DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 6 em 1999, acrescida de juros de mora e multa agravada (fls. 541/545). 3. A contribuição é relativa ao anocalendário de 1999 e a forma da sua apuração obedeceu à que foi estabelecida pela Lei n° 9.317, de 1996, que instituiu o Sistema Integrado de Imposto e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples). A DRJ Rio de Janeiro I, por unanimidade de votos, julgou improcedente a exigência referente ao IRPJ, procedente em parte a exigência referente à CSLL e procedentes as demais exigências (PIS, Cofins e Contribuição para o INSS). A multa de ofício foi reduzida de 150% para 75%. O Acórdão DRJ/RJOI nº 9.578/06 foi assim ementado (fls. 716717): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2000, 2001 Ementa: LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir crédito tributário relativo ao imposto de renda decai em cinco anos, contados de data da ocorrência do fato gerador, salvo ocorrência comprovada de dolo, fraude ou simulação, ern virtude de ser por homologação o lançamento do referido tributo desde o advento da Lei n° 8.383, de 1991. LUCRO REAL. TRIBUTAÇÃO. INCIDÊNCIA EXCLUSIVA SOBRE RECEITAS. DESCONSIDERAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS. A apuração do imposto com base no lucro real que despreza os custos e as despesas do contribuinte e alcança, por conseguinte, exclusivamente suas receitas ofende o principio da verdade material e impõe a rejeição do lançamento. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Exercício: 2000, 2001 Ementa: CONTRIBUIÇÃO AO PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS). CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS). CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO (CSLL). INCIDÊNCIA. Fazse mister a exigência das contribuições sociais, até mesmo a da CSLL quando a contribuinte opta peio sistema de pagamento de tributos denominado "Simples", sobre a receita bruta auferida, ainda que ela tenha sido em parte ou totalmente omitida na escrituração ou apenas não informada na declaração anual simplificada. Lançamento Procedente em Parte Por sua vez, o Acórdão DRJ/RJOI nº 9.849/06 foi assim ementado (fls. 743): Fl. 848DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 846 7 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL INSS. Fazse mister a exigência das contribuições sociais sobre a receita bruta auferida, ainda que ela tenha sido em parte ou totalmente omitida na escrituração ou apenas não informada na declaração anual simplificada. MULTA AGRAVADA. A declaração inexata, ainda que implique falta ou insuficiência de imposto, não constitui fraude e, por conseguinte, não justifica o agravamento da multa. Lançamento Procedente em Parte A exigência de IRPJ referente ao anocalendário de 1999 foi cancelada, pelo decurso do prazo decadencial. O referido prazo foi contado segundo as regras do art. 150, § 4º do CTN, devido à descaracterização do dolo. As exigências de IRPJ e CSLL referentes ao anocalendário de 2000 foi cancelada porque, no entender do colegiado julgador a quo, o procedimento correto teria sido o arbitramento do lucro, e não a tributação com base no lucro real, sem considerar os custos e despesas incorridos. As exigências de CSLL, PIS, Cofins e Contribuição para o INSS do ano calendário 1999 não foram canceladas, porque o colegiado julgador considerou que, para as contribuiçõs sociais, o prazo decadencial é de 10 anos, conforme art. 45 da Lei nº 8.212/91. As exigências de PIS e Cofins do anocalendário 2000 foram mantidas, porque a base de cálculo destas contribuições é sempre a receita, independentemente da forma de apuração do lucro. Por fim, a multa de ofício foi reduzida de 150% para 75%, em razão da descaracterização do dolo (v. demonstrativo de débito de fls. 752753). Pelo fato de o montante da exigência cancelada ter sido superior a R$ 1.000.000.00, foi apresentado recurso de ofício dirigido a este colegiado. Sobre a data de ciência do aludido Acórdão e apresentação do recurso voluntário, a autoridade competente da Derat Rio de Janeiro apresentou os seguintes esclarecimentos, fls. 792: Trata o presente de Auto de Infração cuja ciência do Acórdão que julgou a Impugnação se deu pelo Edital n° 14/2006 (f1. 755), publicado em 30/05/2006, já que a Intimação por via postal retornou com informação de mudança de endereço (fl. 754). Em 20/07/2006, ou seja, a mais de 45 dias da publicação, o procurador do contribuinte retirou a via da Intimação CAC/CGD/RJO n° 153/2006, devolvida pela ECT (fl. 756). Fl. 849DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 8 Em 21 último, por considerarse cientificado apenas em 20/07/2006, o contribuinte apresentou os Recursos Voluntários de fls. 758 e 770 ao Conselho de Contribuintes. Sendo assim, atualizei a situação do processo no Profisc de Cobrança Final para Em Recurso Voluntário e proponho o encaminhamento do presente ao 1° CC/MF/DF para apreciação. Em sua peça recursal, a contribuinte sustentou que o prazo decadencial quinquenal também se aplica às contribuições sociais, conforme jurisprudência do Conselho de Contribuintes. No mérito, alegou que o Fisco não excluiu da base de cálculo da exigência os valores que não resultaram em receita efetiva para a recorrente (subempreitadas contratadas). Comprometeuse a recompor estes valores, requerendo que “seja concedido prazo especial para este fim”. Qustionou a utilização da SELIC como juros moratórios e, por fim, reclamou pela aplicação do Decreto nº 2.436/97, que determina a revisão de ofício em matéria tributária declarada inconstitucional. É o relatório Fl. 850DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 847 9 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Admissibilidade dos recursos O recurso de ofício atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. No que tange ao recurso voluntário, convém observar que a primeira intimação do acórdão, realizada por via postal, retornou à unidade de origem com informação de mudança de endereço (fls. 754). A intimação foi, então, realizada por Edital, em estrita observância às normas legais então vigentes. Transcorrido o prazo regulamentar e não tendo o contribuinte apresentado recurso, foi lavrado o Termo de Perempção de fls. 757, datado de 20/07/2007 Nesta mesma data, contudo, o procurador do contribuinte retirou a via da Intimação CAC/CGD/RJO n° 153/2006 (anteriormente devolvida pela ECT), considerandose cientificado apenas nesta data. Em 21/08/2007, o contribuinte apresentou os Recursos Voluntários de fls. 758 e 770, dirigidos ao Conselho de Contribuintes, informando o mesmo endereço constante da primeira intimação. Inexiste nos autos prova inequívoca de que a contribuinte efetivamente mudou de endereço. Consequentemente, é plausível a hipótese de que a ECT tenha se equivocado, ao devolver a intimação original para a unidade de origem, com a informação de mudança de endereço. Pelas razões expostas, em respeito ao princípio da ampla defesa, considero ocorrida a intimação do Acórdão em 20/07/2007. Consequentemente, considero que o recurso voluntário também deve ser conhecido. Recurso de ofício Conforme relatado, a exigência de IRPJ referente ao anocalendário de 1999 foi cancelada, pelo decurso do prazo decadencial. O citado prazo foi contado segundo as regras do art. 150, §4º do CTN, devido à descaracterização do dolo. Por esta mesma razão, a multa de ofício (em todos os lançamentos) foi reduzida de 150% para 75% (v. demonstrativo de débito de fls. 752753). Sobre a caracterização do dolo, que ensejaria a postergação do termo inicial do prazo decadencial e a qualificação da multa de ofício, assim se pronunciaram as autoridades autuantes, no Termo de Verificação Fiscal (fls. 506 e 507): Tendo em vista o vultoso montante de receita bruta omitida pelo sujeito passivo no anocalendário 1999, fato comprovado Fl. 851DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 10 mediante cópia das notas fiscais, e a reincidência do ato no ano calendário 2000, esta fiscalização entende haver fortes indícios de intenção dolosa do sujeito passivo em não declarar o seu real faturamento a fim de se beneficiar da legislação aplicada as micros e pequenas empresas. Diante do exposto, esta fiscalização qualificou a multa de oficio aplicando o percentual de 150%, art. 44 da Lei n° 9.430/96. [...] Conforme citado no item anterior tendo em vista a intenção dolosa do sujeito passivo em não declarar o seu real faturamento, a fim de se beneficiar da legislação aplicada às micros e pequenas empresas, esta fiscalização qualificou a multa de oficio aplicando o percentual de 150%, art. 44 da Lei n° 9.430/96. Por sua vez, assim se manifestou o colegiado julgador a quo, ao apreciar esta matéria, fls. 725 e 760: [...] indagação cuja resposta é de suma importância para a conclusão de ter havido, ou não, a decadência do direito de lançar o imposto de renda, elevase frente dele: o procedimento da interessada está eivado de dolo, ou não? 0 meu entendimento é o de que a declaração inexata, ainda que implique falta ou insuficiência de imposto, não reveste caráter doloso. Diante disso, a resposta à indagação anteriormente formulada é "Não. Não houve dolo" e, portanto, a norma a ser aplicada aqui é sem dúvida a do art. 150, §4°, do CTN, o que conduz à conclusão segura de que, à época do lançamento do imposto de renda sobre os fatos geradores ocorridos em 1999, já havia decaído o direito de a Fazenda Pública lançálo. [...] [...] já é por demais conhecido pelos membros desta Turma o meu entendimento de que a declaração inexata, ainda que implique falta ou insuficiência de imposto, não reveste caráter doloso. Por esta razão, rejeito o agravamento da penalidade aplicada e reduzo a 75% (setenta e cinco por cento), por conseguinte, o seu percentual. Analisandose os fatos concretos, entendo que a razão está ao lado das autoridades autuantes. Afinal, realmente estão presentes no caso três fatores, que juntos revelam o evidente intuito doloso por parte da contribuinte. Estes três fatores, devidamente apontados e comprovados pelo Fisco, são os seguintes: a) vultoso montante de receita omitida; b) reiteração da omissão ao longo de dois anoscalendário consecutivos e c) omissão de receitas praticada com o evidente inutito de se beneficiar da legislação aplicada as micros e pequenas empresas (SIMPLES). Sobre o tema, existe abundante jurisprudência nesse Colegiado: MULTA QUALIFICADA Fl. 852DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 848 11 A prática reiterada de omissão de receitas em valores vultosos em relação às receitas declaradas caracteriza o dolo de esconder do fisco o fato gerador. (Acórdão 110300.314, 09 de novembro de 2010, unânime). COFINS MULTA DE OFÍCIO MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL — SITUAÇÃO QUALIFICATIVA FRAUDE – O sujeito passivo, ao declarar e recolher valores menores que os devidos, agiu de modo a impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fiscal do fato gerador da obrigação tributária principal, restando configurado que a autuada incorreu na conduta descrita como sonegação fiscal, cuja definição decorre do art. 71, I, da Lei n° 4.502/64. A omissão de expressiva e vultosa quantia de rendimentos não oferecidos à tributação demonstra a manifesta intenção dolosa do agente, tipificando a infração tributária como sonegação fiscal. E, em havendo infração, cabível a imposição de caráter punitivo, pelo que, pertinente a infligência da penalidade inscrita no art. 44, II, da Lei n° 9.430/96. (Acórdão nº 20214.693, de 15 de abril de 2003, unânime em relação a esta matéria). SONEGAÇÃO FISCAL, DOLO CONDUTA REITERADA. MULTA QUALIFICADA, A omissão de receita pela apresentação sistemática de declarações com receitas irrisórias, visando a assegurar tributação como microempresa, impedindo ou retardando o conhecimento, pela autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador, caracteriza fraude em sentido amplo, pela configuração do dolo específico de sonegação fiscal, (Acórdão 180200.643, 01 de setembro de 2010, unânime) Assim sendo, considero claramente caracterizado o dolo da contribuinte em omitir receitas em montante vultoso, de forma reiterada e com o intuito de se beneficiar da legislação voltada às micro e pequenas empresas (SIMPLES). No que tange ao prazo decadencial, aplicandose a regra geral prevista no art. 173, I do CTN, constato que os fatos geradores ocorridos em 31/05/99; 30/06/1999 e 31/07/1999 efetivamente já haviam sido alcançado pela decadência, na data da sua formalização. Afinal, em relação a estes fatos geradores, o termo inicial do prazo decadencial foi o dia 01/01/2000 (primeiro dia do exercício seguinte), encerrandose no dia 01/01/2005. O presente lançamento, contudo, somente foi realizado em 16/09/2005. Por outro lado, em relação ao fato gerador ocorrido em 31/12/2009, o termo inicial do prazo decadencial foi o dia 01/01/2001 (primeiro dia do exercício seguinte), encerrandose em 01/01/2006. Uma vez que o lançamento foi realizado em 16/09/2005, constato que o mesmo não havia sido alcançado pela decadência. Diante do exposto, considero que o recurso de ofício merecer ser parcialmente provido, restabelecendose a multa de ofício qualificada, bem como a exigência de IRPJ referente ao 4º trimestre de 1999. Fl. 853DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS 12 Recurso voluntário Prazo decadencial das contribuições A recorrente alegou que o prazo decadencial quinquenal também se aplica às contribuições sociais, conforme jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Assiste razão à recorrente. As contribuições, inclusive as previdenciárias, em face da Súmula Vinculante nº 8 do STF, possuem caráter tributário. Assim, em face do disposto nos arts. n° 146, III, “b" , da Consituição de 1988, a decadência do direito de lançar as contribuições sociais deve seguir as regras previstas no Código Tributário Nacional. Por esta razão, a exigência de CSLL referente aos os fatos geradores ocorridos em 31/05/99; 30/06/1999 e 31/07/1999, bem como as exigências de PIS, Cofins e Contribuição para o INSS, referentes ao meses de janeiro a novembro de 1999 devem ser canceladas, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal. Exclusões da base de cálculo Subempreitadas A recorrente alegou que o Fisco não excluiu da base de cálculo da exigência os valores que não resultaram em receita efetiva para a recorrente (subempreitadas contratadas). Comprometeuse a recompor estes valores, requerendo que “seja concedido prazo especial para este fim”. Em relação a este tema, não assiste razão à recorrente.A referida alegação foi apresentada na fase impugnatória e devidamente rechaçada pelo acórdão recorrido, razão pela qual adoto e transcrevo parcialmente as suas razões de decidir, fls: 749: O argumento da interessada de que não foram excluídos da base de cálculo da tributação os valores pagos por subempreitadas, além de carecer de comprovação, não tem como prevalecer, em face da sua opção pelo Simples, o qual adota como base de cálculo dos tributos exclusivamente a receita bruta. Nestes termos, em relação a esta matéria, nego provimento ao recurso. Aplicação do Decreto nº 2.436/97 A recorrente protestou pela aplicação do Decreto nº 2.436/97, que determina a revisão de ofício em matéria tributária declarada inconstitucional. Importante frisar que a recorrente, tanto na fase impugnatória quanto na fase recursal, abstevese de indicar qual teria sido a norma legal supostamente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Em relação a esta matéria, andou bem o acórdão recorrido, que rejeitou sumariamente a alegação da contribuinte, fls. 750: Rejeito o pedido de aplicação do Decreto n° 2.346, de 1997, porque ele não se aplica ao caso presente. Nestes termos, em relação a esta matéria, também nego provimento ao recurso. Fl. 854DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS Processo nº 18471.001165/200531 Acórdão n.º 140100.825 S1C4T1 Fl. 849 13 SELIC A recorrente questionou a utilização da SELIC como juros moratórios. Tal alegação dispensa maiores digressões, tendo em vista os claros termos da Súmula CARF nº 4: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim sendo, em relação aesta matéria o acórdão recorrido não merece quaisquer reparos. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: a) dar provimento parcial ao recurso de ofício, para restabelecer o lançamento de IRPJ referente ao 4º trimestre de 1999, bem como a multa de ofício no percentual de 150%; b) dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar as exigências de CSLL referente aos fatos geradores ocorridos em 31/05/99; 30/06/1999 e 31/07/1999, bem como as exigências de PIS, Cofins e Contribuição para o INSS, referentes ao meses de janeiro a novembro de 1999. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Fl. 855DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 6/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/08/2012 por FERNANDO LUIZ GOM ES DE MATTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10840.002927/2005-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF Período de apuração: 30/06/1999 a 26/02/2003 DECADÊNCIA. ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/91. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 103-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal dispõe que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3102-001.342
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
Matéria: CPMF - ação fiscal- (insuf. na puração e recolhimento)
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : CPMF - ação fiscal- (insuf. na puração e recolhimento)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201201
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF Período de apuração: 30/06/1999 a 26/02/2003 DECADÊNCIA. ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/91. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 103-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal dispõe que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Recurso Voluntário Provido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 10840.002927/2005-69
conteudo_id_s : 5227268
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3102-001.342
nome_arquivo_s : Decisao_10840002927200569.pdf
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 10840002927200569_5227268.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4578276
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576683372544
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1861; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 1 1 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.002927/200569 Recurso nº 256.870 Voluntário Acórdão nº 310201.342 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de janeiro de 2012 Matéria Auto de Infração CPMF Recorrente ATRI COMERCIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 30/06/1999 a 26/02/2003 DECADÊNCIA. ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/91. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 103A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal dispõe que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 27/03/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Winderley Morais Pereira, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Leonardo Mussi. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 24/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratase de impugnação a exigência fiscal relativa à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF, formalizada no auto de infração de fls. 03/17. O feito, relativo a fatos geradores ocorridos entre junho de 1999 e fevereiro de 2003, constituiu crédito tributário no montante de R$ 373.462,92, incluídos principal, multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora calculados até o mês anterior ao de lavratura. No campo DESCRIÇÃO DO FATOS de fls. 04/05 a autoridade autuante relata que a fiscalização foi motivada pelas informações prestadas por instituições financeiras que movimentaram recursos financeiros da contribuinte, em atendimento ao disposto no art, 45, IV, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que convalidou MP anteriores, dando conta da existências de valores de CPMF não retidos à época dos fatos geradores por força de medida judicial, posteriormente revogada. Relata ainda que a fiscalizada foi intimada a prestar esclarecimentos e a comprovar o recolhimento da CPMF não retida. Prossegue o agente fiscal (fl. 04): Em resposta à intimação, o contribuinte apresentou cópia do mandado de segurança impetrado para impedir a cobrança da CPMF, processo judicial nº 1999.61.02.0060758 (3ª Vara da Justiça Federal em Ribeirão Preto), com pedido de liminar e segurança concedidos. Apresentou também cópia da apelação da União que foi negada por unanimidade pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região em 09/08/2000. Apresentou ainda planilhas de cálculo, cartas e extratos fornecidos pelas instituições financeiras, Pedido de Parcelamento Especial (PAES) em que foram incluídos a maior parte dos valores da CPMF devida, doc. fls. 30 a 102. (...) Em 11/10/2005, apresentou as demais planilhas, resposta das instituições financeiras e cópias de DARF referentes aos pagamentos efetuados, doc. fls. 104 a 139. Após verificar toda documentação, dados do PAES e dos sistemas de controle de pagamentos da RFB, constatamos que o contribuinte deixou de efetuar o pagamento ou de incluir no PAES, quando permitido, parte dos valores declarados pelas instituições financeiras, doc. fls. 140 a 163. Considerando o fato das instituições financeiras terem apresentado à RFB valores de CPMF que não puderam ser recolhidos em função de manifestação do contribuinte contrária à retenção, de insuficiência de fundos nas contas ou de contas encerradas; considerando que não foram comprovados nem encontrados recolhimentos espontâneos relativos a essa parte dos valores declarados relativos à CPMF nos sistemas de controle da RFB; considerando também que essa parte dos valores declarados não foram incluídos no PAES; entendemos que o contribuinte é responsável pelo recolhimento e que não houve, até o presente momento, o efetivo recolhimento da CPMF devida relativa ao previsto no art. 45 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Verificando as informações relativas e relacionadas ao processo judicial nº 1999.61.02.0060758, mencionado acima, apresentadas no site da Internet do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, não constatamos qualquer impedimento ao presente lançamento. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 24/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10840.002927/200569 Acórdão n.º 310201.342 S3C1T2 Fl. 2 3 (...) Cientificada da exigência em 04/11/2005, em 29/11/2005, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 167/174. Depois de retomar os motivos da autuação, alega, em preliminar, a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir parte do crédito tributário pelo transcurso do prazo de cinco anos entre os fatos geradores e a ciência do auto de infração, dada em novembro de 2005. Assim, estariam extintos, por decaídos, os créditos de CPMF relativos aos fatos geradores ocorridos até outubro de 2000. No tópico relacionado ao PAES, a impugnante menciona que antes mesmo do lançamento de ofício, teria protestado, conforme fls. 185/187, pela inclusão, no parcelamento, dos débitos de CPMF relativos ao ano de 1999, inclusão essa indeferida pela autoridade local. Frisa haver sempre incluído os valores da CPMF devida em 1999 na soma das suas parcelas mensais recolhidas a título de PAES. Isto porque, afirma, sempre acreditou que a Secretaria da Receita Federal iria consolidar automaticamente tais valores em seu parcelamento, tanto assim que quando verificou sua ausência na consolidação do parcelamento, tão logo requereu sua inclusão. Acreditou ainda, prossegue, que as instituições financeiras iriam apresentar à SRF o total da CPMF não retida no ano de 1999, obrigação essa que seria exclusiva das instituições financeiras, nos termos da MP nº 2.15835, de 2001: Não é demais repetir que a Declaração do PAES (versão 1.0), não disponibilizou campo para o preenchimento e declaração dos valores da CPMF relativa ao ano de 1999, que, aliás, não foram retidos pelas instituições financeiras e que deveriam ser informados somente por essas. (...) Contudo, querse demonstrar que a falta de declaração da impugnante em sua declaração PAES (versão 1.0), ocorreu não por sua culpa, mas, sim, da própria Secretaria da Receita Federal. E isso porque não disponibilizou na Declaração PAES campo para a informação da CPMF não retida do ano de 1999, mas somente a partir de 2000. De mais a mais, segundo informação da SRF à época, em razão da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, a obrigação da informação da CPMF era das instituições financeiras, tanto assim que a Autoridade Fiscal, quando do lançamento tributário, tinha conhecimento total da CPMF não retida pelas instituições financeiras, que permitia a Fiscalização, antes mesmo da lavratura do auto de infração, consolidar referidos valores no parcelamento PAES da impugnante, regularizandoo, dessa forma, mormente por se tratar de ausência de declaração que quem deu causa foi a própria SRF. Assim, a impugnante não pode ser compelida ao pagamento da contribuição na forma em que se apresenta o Auto de Infração, isso é, com a soma de juros de mora e multa de 75% (...) sobre a CPMF não retida, visto que não deu causa na ausência de sua declaração, mas sim e somente a própria SRF. Em expediente de fl. 200, a unidade local informa que a contribuinte promoveu pagamento (fl. 199) que liquidou os débitos exigidos no auto de infração relativos a períodos de apuração posteriores a 1999. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 24/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 30/06/1999 a 26/02/2003 DECADÊNCIA. CPMF. PRAZO. O prazo decadencial da CPMF é de dez anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte em que o crédito poderia ter sido constituído. PAES. DÉBITOS FISCAIS NÃO CONFESSADOS. INCLUSÃO. Somente por meio da Declaração Paes podiam ser incluídos no referido parcelamento os débitos não previamente confessados ou constituídos. APÓS O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. LANÇAMENTO. LEGITIMIDADE. O pagamento efetuado após o início da ação fiscal não afasta a obrigatoriedade da constituição do crédito tributário por meio do lançamento de ofício. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na impugnação ao lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. Se extrai do teor do voto condutor da decisão de piso a matéria sub judice, nos seguintes termos. Com o noticiado pagamento de fl. 199, o litígio restringese à parte do lançamento relativa ao ano de 1999. O auto de infração data do ano de 2005, mais do que cinco anos depois do exercício seguinte àquele no qual os tributos já poderiam ter sido lançados. A despeito disso, o lançamento foi mantido ante as disposições contidas na Lei 8.212/91. Reproduzo excerto da decisão recorrida ao tratar desse particular. Com efeito, a CPMF, como a maioria dos tributos, inserese no rol dos lançamentos por homologação. Tal sistemática, como se sabe, encontrase regulada no artigo 150 do CTN, cujo § 4º fixa o prazo de cinco anos para o exame da autoridade administrativa, com vistas à homologação ali referida, com ressalva prévia de seu caput: se a lei não fixar prazo à homologação [...]. Nesse contexto, a Lei nº 8.212, de 24 de Julho de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e de seu plano de custeio, fixa o seguinte prazo: Lei nº 8.212, de 1991: Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: Fl. 249DF CARF MF Impresso em 24/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10840.002927/200569 Acórdão n.º 310201.342 S3C1T2 Fl. 3 5 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; Portanto, concluise, mediante uma interpretação sistemática, que o prazo previsto nesse dispositivo destinase não apenas às contribuições citadas nos art. 21 e 22 da Lei nº 8.212, de 1991, mas a todas as contribuições à Seguridade Social, o que, como visto, inclui a CPMF. Sobre o tema versa a Súmula Vinculante nº 08 do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos. Súmula Vinculante 8 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. O artigo 103A da Constituição Federal de 1988, incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, atribui efeito vinculante às súmulas aprovadas no âmbito do Supremo Tribunal Federal. “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.” Uma vez que foi esse o entendimento fixado pela Suprema Corte, em decisão sumulada, não vejo como decidir diferentemente, se não pelo INTEGRAL PROVIMENTO ao recurso voluntário apresentado pela recorrente. Sala de Sessões, 25 de janeiro de 2012. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 24/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 17/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720379/2011-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. OBRIGAÇÃO INCOMPROVADA. O fato de a escrituração indicar a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas ou incomprovadas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. nCorreta a imputação de omissão de receitas a partir da existência de empréstimos com pessoa jurídica registrados no Passivo desacompanhados de contratos que permitam aquilatar sua existência e regularidade.
MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS ARQUIVOS MAGNÉTICOS. A não apresentação dos arquivos digitais conforme legislação de regência enseja o lançamento de multa regulamentar, limitada ao percentual de 1% sobre a receita bruta do período, consoante previsto no art. 12 da Lei nº 8.218, 1991.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-001.284
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em negar provimento ao recurso: i) por unanimidade de votos, quanto às exigências do IRPJ e da CSLL; e: ii) por voto de qualidade, quanto à exigência da multa regulamentar. Vencidos nessa matéria os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva e Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Ausentes os Conselheiros Carlos Pelá e Frederico Augusto Gomes de Alencar.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Antônio José Praga de Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201212
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. OBRIGAÇÃO INCOMPROVADA. O fato de a escrituração indicar a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas ou incomprovadas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. nCorreta a imputação de omissão de receitas a partir da existência de empréstimos com pessoa jurídica registrados no Passivo desacompanhados de contratos que permitam aquilatar sua existência e regularidade. MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS ARQUIVOS MAGNÉTICOS. A não apresentação dos arquivos digitais conforme legislação de regência enseja o lançamento de multa regulamentar, limitada ao percentual de 1% sobre a receita bruta do período, consoante previsto no art. 12 da Lei nº 8.218, 1991. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 19311.720379/2011-53
anomes_publicacao_s : 201304
conteudo_id_s : 5223435
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 1402-001.284
nome_arquivo_s : Decisao_19311720379201153.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 19311720379201153_5223435.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento ao recurso: i) por unanimidade de votos, quanto às exigências do IRPJ e da CSLL; e: ii) por voto de qualidade, quanto à exigência da multa regulamentar. Vencidos nessa matéria os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva e Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Ausentes os Conselheiros Carlos Pelá e Frederico Augusto Gomes de Alencar. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
id : 4576816
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041576700149760
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2290; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1.143 1 1.142 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720379/201153 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402001.284 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 5 de dezembro de 2012 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO IRPJ / CSLL Recorrente LATICINIOS SUICO HOLANDES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. OBRIGAÇÃO INCOMPROVADA. O fato de a escrituração indicar a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas ou incomprovadas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. nCorreta a imputação de omissão de receitas a partir da existência de empréstimos com pessoa jurídica registrados no Passivo desacompanhados de contratos que permitam aquilatar sua existência e regularidade. MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS ARQUIVOS MAGNÉTICOS. A não apresentação dos arquivos digitais conforme legislação de regência enseja o lançamento de multa regulamentar, limitada ao percentual de 1% sobre a receita bruta do período, consoante previsto no art. 12 da Lei nº 8.218, 1991. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento ao recurso: i) por unanimidade de votos, quanto às exigências do IRPJ e da CSLL; e: ii) por voto de qualidade, quanto à exigência da multa regulamentar. Vencidos nessa matéria os Conselheiros Moises Giacomelli Nunes da Silva e Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Ausentes os Conselheiros Carlos Pelá e Frederico Augusto Gomes de Alencar. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 03 79 /2 01 1- 53 Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Relatório LATICINIOS SUICO HOLANDES LTDA recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Tratase dos Autos de Infração relativos ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e à Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL), além de multa regulamentar por omissão/erro nos dados fornecidos por meio magnético, lavrados em 25/10/2011, em decorrência do procedimento de fiscalização autorizado pelo Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) nº 08.1.24.00201100164, tendo em vista as infrações apuradas relativamente ao anocalendário 2006. Conforme DEMONSTRATIVOS CONSOLIDADOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DO PROCESSO foi formalizada a exigência no total de R$ 26.542.397,81 , já incluídos o principal, a multa Regulamentar e de ofício e os juros de mora calculados até 30/09/2011, como abaixo demonstrado: TRIBUTOS VALOR IRPJ 18.983.482,16 MULTA REGULAMENTAR 705.486,89 CSLL 6.853.428,76 26.542.397,81 As constatações que ensejaram a autuação foram contextualizadas no Termo de Verificação, abaixo parcialmente reproduzido: No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, de acordo com o disposto nos art. 904, 910, 911 e 927 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99) e no curso da ação fiscal iniciada em 14/03/2011, relativamente à Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofíns, anoscalendário de 2005 e 2006, e, em 08/06/2011, ampliada para o IRPJ e o IRRF, anocalendário de 2006, foi verificado o que a seguir se expõe. 2. No decorrer desses trabalhos foram analisados por amostragem os documentos fiscais e escrituração relativos aos créditos de PIS e Cofins sobre às aquisições de insumos nos anoscalendário de 2005 e 2006, aproveitados pelo contribuinte nos PERDCOMP tratados nos processos administrativos n°s 10830720.480/201090, 10830720.489/201009, 10830720.490/201025, 108307520.492/201014, 10830 720.493/201069, 10830720.395/201058, 10830720.496/201001, 10830.720.497/201047, 10830720.498/201091, 10830720.501/201077, 10830 720.502/201011, 10830720.503/201066, 10830720.504/201019, 10830 Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 3 720.505/201055, 10830720.506/201008 e 10830720.507/201044. Nesses anos calendário o contribuinte explorou a atividade econômica de envasamento de leite. 3. A sistemática da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep foi introduzida pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins pela Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ambas modificadas pela Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004. O artigo 3o dessas leis estabeleceu os créditos que podem ser descontados dentro da sistemática da nãocumulatividade. Transcrevese os artigos 3o e 15 da Lei n° 10.833, de 2003: (...) 4. Relativamente à contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativa, a Instrução Normativa SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF n° 358, de 9 de setembro de 2003, definiu o termo "insumo" nos seguintes termos: (...) 5. Posteriormente, a Instrução Normativa SRF n° 404, de 12 de março de 2004, ao tratar da Cofins nãocumulativa, definiu o termos "insumo" nos mesmos termo da Instrução Normativa SRF n° 247, de 2004, assim dispondo: (...) 6. Como se verifica da leitura do art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, o legislador, para fins de utilização de crédito na modalidade da nãocumulatividade, optou por listar de forma exaustiva os bens e serviços capazes de gerar crédito e os atrelou a determinada atividade. 7. Em relação aos insumos, a legislação definiu que, além dos combustíveis e lubrificantes referidos no inciso II do artigo 3o das Leis n° 10.637, de 2002 e n° 10.833, de 2003, consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativas, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. 8. Portanto, o termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles que, adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. 9. Na definição de bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda, foram enquadrados como insumos pelas citadas Instruções Normativas SRF n° 247, de 2002, e n° 404, de 2004, as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos. 10. Essa conceituação, portanto, é a que foi levada em consideração ao analisar os gastos relacionados pela fiscalizada, sobre os quais foram calculados créditos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 4 11. Já às receitas auferidas pelo contribuinte com a venda de leite envasado estão sujeitas à alíquota zero do PIS e da Cofins, nos termos do disposto na Lei n° 10.925, de 2004, in verbis: (...) 12. Nesse sentido, foram confirmados os créditos de PIS e da Cofíns, utilizados nas mencionadas PERDCOMP, conforme segue: (...) 13. Na parte da fiscalização que diz respeito ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica e ao Imposto de Renda Retido na Fonte, anocalendário de 2006, temos os seguintes fatos. Em 08/06/2011, o contribuinte foi intimado a apresentar à fiscalização: O contrato de empréstimo relativo ao saldo de R$ 28.815.072,07, informado na ficha 37A Passivo—Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas da DIPJ Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica do anocalendário de 2006 (exercício 2007); Comprovantes dos ingressos de recursos financeiros fornecidos a partir do (s) contrato (s) supra citado (s); Comprovantes dos valores pago (s) a credor (es) no anocalendário de 2006, que implicaram na redução do valor da dívida do (s) contrato (s) de empréstimo (s) de R$ 40.279.393,85 (saldo em 31/12/2005) para R$ 28.815.072,07 (saldo em 31/12/2006), conforme consta na ficha 37A Passivo Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas (Físicas/Jurídicas) da DIPJ do anocalendário de 2006 (exercício de 2007); Em 08/08/2011, em atendimento a essa intimação, o contribuinte respondeu para os itens acima: "Esta conta indica o saldo dos interesses comerciais entre as empresas prescindindo, portanto, da formalidade de instrumento de contratual, sendo que sua contabilização atende as determinações da NBCT2, aprovada pela Resolução n° 563/83 do Conselho Federal de Contabilidade;"Valores oriundos de operações comerciais foram transferidos entre as empresas envolvidas, atendendo aos objetivos práticos das operações'''; "A redução do saldo se deu em razão de transferência de interesses comerciais entre as empresas, como já anteriormente aventado". Em 29/08/2011, a fiscalização intimou o contribuinte a apresentar os elementos a seguir especificados: Esclarecimento sobre o motivo da divergência entre o valor de R$ 39.724.341,16 lançado no livro diário como saldo em 31/12/2006 do contrato de mútuo com a empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda. e o saldo de R$ 28.815.072,07 informado na ficha 37A Passivo Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas (Físicas/Jurídicas) da DIPJ do anocalendário de 2006 (exercício de 2007); Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 5 Documentos hábeis e idôneos que sustentem a escrituração contábil do saldo devedor em 31/12/2006 a título de empréstimo de mútuo com a empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda. Em 05/09/2011, em atendimento à intimação acima mencionada, respondeu o contribuinte: "inicialmente vale esclarecer que tal conta não se trata de operação de mútuo entre as empresas como já foram respondido anteriormente." "Quanto à suposta diferença entre saldo no livro diário e a ficha da DIPJ, por não estarmos de posse do livro impresso, os quais em poder dessa fiscalização, não foi possível constatarmos a referida diferença para nossa justificação." "Todavia, considerando a afirmativa, é provável que o balancete anexado ao diário não se trata do último considerado pela empresa, podendo ter ocorrido o equívoco de anexar um balancete antes dos ajustes finais. Contudo, resta afirmar que o balancete final foi utilizado para o preenchimento da DIPJ, cuja base de dados é a mesma a partir da qual foram gerados os arquivos magnéticos (diário e razão)." "Considerando que a origem do saldo dessa conta se deu durante o anocalendário de 2005, a empresa não mais mantém arquivo desses documentos, tendo em vista já ter transcorrido o prazo de 05 anos." Em 04/10/2011, através do Termo de Intimação Fiscal de mesma data, o contribuinte foi notificado que nos Livros Razão do anocalendário de 2006 do contribuinte constam somente as seguintes escriturações referentes ao "empréstimo a título de mútuo" junto à empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda.: (...) Face ao que foi constatado, foi o contribuinte então intimado a, no prazo de 5 dias úteis, apresentar à fiscalização: Balanço final do anocalendário de 2006, devidamente assinado por profissional habilitado e pelo representante legal da empresa; Documentação hábil e idônea que comprove as amortizações ao longo do ano calendário de 2006 do (s) empréstimo (s) contraídos junto à empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda.; Documentação hábil e idônea que comprove a efetiva exigibilidade do valor que consta como devido à empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda. Em 31/12/2006. Foi alertado o contribuinte no Termo de Intimação Fiscal de 04/10/2011 que "A falta dessa comprovação implicará em lançamento de ofício, à vista do que dispõe o artigo 281 do Decreto n° 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda), in verbis: "Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 12, § 2o, e Lei n° 9.430, de 1996, art. 40): III a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada." Juntamente com a intimação de 04/10/2011, foi entregue ao contribuinte: Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 6 Cópia integral do livro diário n° 29, contendo 300 folhas, com Termo de Abertura em 01/01/2006 e Termo de Encerramento em 03/08/2006, e ainda 1 folha com Declaração de Habilitação Profissional datada de 04/03/2009, todos encadernados nesse mesmo volume; Cópia integral do livro diário n° 30, contendo 283 folhas, com Termo de Abertura em 03/08/2006 e Termo de Encerramento em 31/12/2006, e ainda 1 folha com Declaração de Habilitação Profissional datada de 04/03/2009, bem como Balancete de Verificação, com 6 folhas, sem assinaturas, todos encadernados nesse mesmo volume; Cópia da página 154 do Livro Razão n° 24, da página 58 do Livro Razão n° 25, da página 10 do Livro Razão n° 26, da página 12 do Livro Razão n° 27, da página 23 do Livro Razão n° 28, da página 64 do Livro Razão n° 29, da página 83 do Livro Razão n° 30, da página 75 do Livro Razão n° 31, da página 79 do Livro Razão n° 32, da página 67 do Livro Razão n° 33, da página 56 do Livro Razão n° 34 e da página 56 do Livro Razão n° 35. 14. Em 11/10/2011, conforme protocolo n° 009072, o contribuinte entregou nesta Delegacia petição no sentido de ser concedida dilação de prazo de 10 (dez) dias para apresentação dos elementos constantes do Termo de Intimação Fiscal de "08 de junho de 2011" e, desde então, não mais se manifestou sobre os fatos apontados no Termo de Intimação Fiscal de 04/10/2011. 15. Foi deferido tacitamente esse novo pedido de dilação de prazo, e, já esgotado, o que se verifica é que o contribuinte, decorridos mais de 120 (cento e vinte) dias do Termo de Intimação de 08/06/2011, não apresentou à fiscalização documento que comprove a exigibilidade do empréstimo contraído junto ao Laticínio Bela Fronteira Ltda.. Tampouco esclareceu objetivamente qual o valor do registro contábil desse empréstimo em 31/12/2006, se R$ 39.724.341,16, que consta no Livro Razão e no balancete de verificação de 31/12/2006, ou R$ 28.815.072,07, informado na ficha 37 A Passivo Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas da DIPJ Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica do anocalendário de 2006 (exercício 2007). 16. . Por fim, a não comprovação de exigibilidade do valor informado em conta de passivo, mais especificamente como exigível a longo prazo e empréstimo de mútuo junto à empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda. em 31/12/2006, caracteriza omissão de receitas, por força do disposto no artigo 281, inciso III, do Decreto n° 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda). O valor desse passivo não comprovado é o de R$ 39.724.341,16 em 31/12/2006, pois é o que consta como último saldo da conta n° 2.2.1.002.00001 2252 Laticínios Bela fronteira Ltda. (empréstimo de mútuo) no Livro Razão n° 25, página 58, conforme já demonstrado, e no balancete de verificação correspondente ao período de 17/01/2006 a 31/12/2006, que está encadernado com o Livro Diário n° 30, e que contém Termo de Abertura e Termo de Encerramento assinados pelo Sr. Joaquim Simões Filho, representante legal da Laticínios SuiçoHolandes Ltda., e do contador, Sr. Edgard Bruno Cornacchione. 16.1 Oportuno transcrever trecho da ementa do Acórdão n° 110200.203, de 20 de maio de 2010, da Ia Câmara/2a Turma Ordinária, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, in verbis: "Livro Razão Os dados constantes do Razão servem para respaldar exigência fiscal, nos termos do artigo 276 do RIR/99." Fl. 1148DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 7 MULTA REGULAMENTAR Conforme consta no Termo de Constatação Fiscal de 11/05/2011, o contribuinte apresentou parcialmente à fiscalização, e fora do prazo já prorrogado no Termo de Intimação Fiscal de 19/04/2011, os arquivos digitais conforme determinado pela IN SRF n° 86, de 22 de outubro de 2001. Em 14/07/2011, através do Termo de Intimação Fiscal da mesma data, a fiscalização reiterou a mora do contribuinte quanto à entrega dos arquivos digitais nele especificados. Em 08/08/2011, o contribuinte entregou à fiscalização os arquivos digitais relativos aos documentos fiscais do anocalendário de 2006, porém permanece omisso quanto à apresentação dos arquivos contábeis desse mesmo período (2006), item 4.1 (arquivos contábeis). Essa conduta acarreta a aplicação da multa regulamentar prevista no art. 12 da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991 e arts. 266 e 980, inciso II, do Decreto n° 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), que é de 1% (um por cento) sobre a receita bruta auferida no anocalendário de 2006, conforme segue demonstrado: COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS Na lavratura dos Autos de Infração concernentes ao IRPJ e à CSLL, serão considerados os prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL apurados pelo contribuinte nas DIPJ do exercício de 2007 e anteriores, controlados pelo sistema informatizado Sapli da Receita Federal do Brasil, em consonância com o disposto no art. 250, inciso III, do Decreto n° 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), onde constam os seguintes valores: Imposto de Renda), onde constam os seguintes valores: A contribuinte fora notificada em 31/10/2011. Em oposição ao lançamento, apresentou impugnação, em 30/11/2011, por meio de seu advogado e bastante procurador, com as razões de defesa a seguir sintetizadas. Após breve resumo dos fatos, questiona a contribuinte a ocorrência dos fatos geradores de IRPJ e CSLL originados da operação de empréstimo, lançados pela autoridade fiscal como ocorridos em 31/12/2006. Defende ela que o saldo contabilizado no passivo em 31.12.2006 na conta no. 2.2.1.002.000012252 para com a empresa Laticínio Bela Fronteira foi originado somente até 31 de dezembro de 2005 e diminuído parcialmente durante o ano calendário de 2006 conforme se pode notar na movimentação dos livros diário e do Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 8 razão (consolidado), este último em anexo (doc 5). portanto, ainda que seja admitida qualquer tributação sobre essa operação seu fato gerador já se encontra alcançado pelo instituto da DECADÊNCIA. Alega ter se equivocado o fiscal, uma vez que no próprio termo de verificação fiscal, item 16 onde o Agente Fiscal afirma que consta no razão de 2006, somente valores a débito diminuindo o passivo constituído em 2005, ou seja, não consta nenhum valor a crédito para que o fato gerador restasse configurado em 2006. Afirma que não mais possui os documentos que comprovariam a operação ocorrida, pois, passados mais de cinco anos dos fatos, teriam sido eles consumidos pelos gestores da época. Argumenta que, no período de 2004 e 2005, a empresa teve sua gestão 100% confiada a um administrador Sr. Luis Carlos Rodrigues conforme procuração anexa (doc.3), que por sua vez abusou de seus poderes de forma deliberada desviando recursos que culminou numa série de problemas financeiros da Recorrente, tornandoa empresa insolvente e vindo a paralisar pela 1a. vez suas atividades em meados de 2006. Traz boletim de ocorrência registrado na época, buscando provar suas alegações. Esclarece a Impugnante que a operação com a empresa Laticínio Bela Fronteira ocorreu em um período em que a empresa não mais possuía condições de operar em seu próprio nome, devido a uma série de constrições externas, sobretudo advindas de bancos, factoring e fornecedores. Prossegue relatando suas operações juntamente à empresa Laticínio Bela Fronteira nos seguintes termos: A operação consistia em a Recorrente canalizar a maior parte de sua produção/venda para o Laticínio Bela Fronteira por meio de um acordo mutuo de cooperação, porém, sem que houvesse pagamento devido as restrições da Recorrente em continuar operando com bancos, pois já naquela data qualquer recurso que entrasse na conta bancária seria objeto de seqüestro (bloqueio) judicial. Essa foi forma encontrada para continuar sobrevivendo, utilizar da cooperação da empresa Laticínio Bela Fronteira para fazer frente às obrigações contratadas pela Recorrente na compra de insumos, material de embalagens e outros gastos operacionais. Ou seja, ao invés da Bela Fronteira pagar a Recorrente pelo fornecimento de produtos, a Bela Fronteira pagava diretamente seus fornecedores. Ressalta, então, que o saldo do empréstimo em questão não seria absoluto, pois desde à época foi devidamente acertado entre as partes. Sustenta a contribuinte que o balanço de 2005 teria sido elaborado visando dar guarida a créditos de PIS e COFINS localizados por consultoria externa, em 2008. Aponta que tais créditos teriam originado os pedidos de ressarcimento que motivaram a presente fiscalização. E prossegue: Nesse contexto, a contabilidade foi então processada a partir das informações de registros fiscais e arquivos magnéticos históricos do financeiro, sem considerar corretamente o saldo de abertura proveniente de períodos pretéritos a 2005. Ou seja, no inicio de 2005, certamente existia com a mesma empresa (Bela Fronteira) saldo na conta de ativo a considerar para fazer frente aos valores pagos pela Bela Fronteira em nome da Recorrente. Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 9 Concluindo, o fato concreto e objetivo é que o passivo em questão não se trata de omissão de receita, basta comparar com outras empresas do seguimento que na mesma época também apresentavam resultados negativos, sendo essa uma característica do setor de laticínios. Quanto à diferença apontada pela fiscalização entre o saldo apresentado no livro razão (conta 2.2.1.002.0001 2252) e na ficha 37A Passivo Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas da DIPJ, afirma a Impugnante que consistiria mero equívoco de interpretação do Agente Fiscal. Isto porque teria ele considerado tãosó o razão contábil da filial (CNPJ 01.428.808/000218), onde constam apenas dois valores a débito em todo o período de 2006, estando os demais contabilizados na matriz (CNPJ 01.428.808/000137). Junta, então, os anexos 06 e 07 (Razões), os quais afirma utilizar como base na produção da planilha abaixo: Conclui, em conformidade com as informações constantes da planilha por ela apresentada, que o valor consolidado corresponde exatamente ao valor declarado na ficha pelas informações acima detalhadas da DIPJ e no balancete contábil anexado ao livro diário e que foi base para o preenchimento da DIPJ, qual seja de R$ 28.632.491.73, o que evidencia os vícios praticados pelo Agente Fiscal ao considerar o valor de R$ 39.724.341,16 para a imposição do Auto de Infração. Em relação à omissão/erro nos dados fornecidos em meios magnéticos, defende a Impugnante que, quando do requerimento dos documentos pela auditoria, não fora possível a apresentação nos termos em que solicitada. Esclarece que : Por se tratar de informações de extrema complexidade considerando os layouts dispostos na referida IN 86, bem como as circunstâncias que se encontrava a Recorrente à época, e ainda, agravado pela não exigência dessas informações quando do pleito do crédito (pedidos de restituição), a Recorrente solicitou dispensa, visto que a norma que obriga preconiza que aplicarseá somente para os pedidos feitos a partir de janeiro de 2010, não sendo seu caso uma vez que seus pedidos de restituição foram entregues todos em Março de 2009. Em segundo plano, caso não fosse acatado o pedido de dispensa, foi solicitado o prazo de mais 40 dias para providencia dos referidos arquivos. 4.19 A dita solicitação foi fundamentada com os seguintes termos que julgamos importante nessa preliminar, quais sejam: Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 10 Considerando: a. que é grande a complexidade das informações solicitadas, ou seja, no padrão definido pela Instrução Normativa 86/2001, em que pese a dificuldade operacional da empresa em gerar atender esse quesito; b. que aproximadamente 2 anos a empresa já não possui atividade operacional tendo seu corpo administrativo sido reduzido praticamente a zero; c. que a empresa, á época, não dispunha de sistema informatizado para manutenção das informações necessárias, tendo seus registros sido processados por escritório contábil externo somente para fins de atendimento da legislação comercial e fiscal; d.que é possível a dispensa de tal obrigação, pois os PER/DCOMP's foram entregues antes de 31 de janeiro de 2010, em que pese a discricionariedade da autoridade fiscal com fundamento no § 3o art. 65 da IN no. 900 de 30 de dezembro de 2008, que é clara ao mencionar que a critério da autoridade fiscal o referido arquivo poderá ser exigido; Alega que o prazo concedido para apresentação dos documentos exigidos fora extremamente exíguo. Afirma que somente obteve sucesso no atendimento do pleito por ter a empresa por ela contratada trabalhado sem cessar nos poucos dias que lhe foram concedidos. Esclarece que notificoulhe a RFB, informando que os arquivos relativos aos documentos contábeis do anocalendário 2006 apresentariam erro, pelo que não puderam ser verificados. Na mesma ocasião, fora solicitado que a Recorrente os apresentasse novamente validados pelo sistema da RFB (SVA Sistema validador de arquivos digitais) e, adicionalmente, entregasse os registros dos livros diários e razão em formato word ou excel. Devido às novas solicitações, a contribuinte pleiteou novo prazo para atendimento, ao fim do qual, consigna ter apresentado os documentos requeridos. Prossegue questionando a ocorrência do erro apontado pela fiscalização, uma vez que os arquivos apresentados foram autenticados e validados pelo SVA. Salienta que, à época, seus técnicos teriam realizados diversos testes, concluindo pela regularidade dos documentos. Além disso, aponta que a autoridade fiscal teria efetuado diversas outras notificações posteriores, sem, contudo, mencionar quaisquer irregularidades nos arquivos apresentados. Aduz, ainda, que teria apresentado todos os registros em meios impressos, ou seja, os balancetes devidamente assinados e encadernados juntamente com os livros diários e razão da Recorrente referente a ambos os anos calendários 2005 e 2006. Defende a contribuinte que a todo tempo teria agido com boafé, auxiliando o bom andamento da atividade fiscal, motivo pelo qual entende indevida a multa regulamentar. Insiste ser a multa aplicada abusiva, violando os princípios da proporcionalidade e do não confisco. Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 11 Defende também ser nula a multa por não ter sido apontado o número de dias de atraso da omissão considerada, trazendo à colação acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que ratificaria seu entendimento. Subsidiariamente, apresenta entendimento quanto à não aplicação da multa no caso em tela, argumentando ter ocorrido a retroatividade benigna, capaz de exonerálo da penalidade devida. Explica que a possibilidade de exigência dos arquivos magnéticos nos termos da IN 86/01 passou a ser obrigatório somente para os pedidos de restituição entregue após 31 de janeiro de 2010, facultando à Fiscalização sua exigência para os pedidos realizados anteriormente a mesma data, nos termos do art. 65, § 3º da IN 900 de 2008. Questiona, ainda, o fato de a aplicação da multa, nos moldes em que imposta, implicaria na inobservância ao princípio do nãoconfisco e da proporcionalidade. Conclui requerendo o cancelamento da autuação, com a conseqüente extinção do crédito tributário lançado. Junta aos autos os documentos abaixo relacionados: Doc. 1. Cópia do contrato social Doc. 2. Cópia do termo inicial de fiscalização datado de 28.02.2011; Doc. 3. Procuração pública que deu poderes ao Administrador em 2004; Doc. 4. Boletim de ocorrência; Doc. 5. Cópia do razão contábil correspondente a conta no. .2.1.002.0001 2252 Laticínio Bela Fronteira, ano de 2005 e 2006 ( consolidados filiais + matriz); Doc. 6. Razão contábil da conta correspondente a conta no. 2.2.1.002.0001 2252 Laticínio Bela Fronteira, ano 2006 ( somente da filial CNPJ no. 01.428.808/0002 18); Doc. 7. Razão contábil da conta correspondente a conta no. 2.2.1.002.0001 2252 Laticínio Bela Fronteira, ano 2006 (somente da MATRIZ CONSOLIDADO CNPJ no. 01.428.808/000137); Doc. 8. Protocolo de entrega dos arquivos magnéticos datado de 25 de abril de 2011; Doc 9. Protocolo de entrega razão, diário (word e excel) e balancete de 2006, ambos validados pelo SVA; A decisão recorrida está assim ementada: DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. No lançamento por homologação, o prazo de decadência será de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. OBRIGAÇÃO INCOMPROVADA. O fato de a escrituração indicar a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas ou incomprovadas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 12 Correta a imputação de omissão de receitas a partir da existência de empréstimos com pessoa jurídica registrados no Passivo desacompanhados de contratos que permitam aquilatar sua existência e regularidade. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de questionamentos relacionados a ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação tributária não é de competência da autoridade administrativa, sendo exclusiva do Poder Judiciário. MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS ARQUIVOS MAGNÉTICOS. A não apresentação dos arquivos digitais conforme legislação de regência enseja o lançamento de multa regulamentar, limitada ao percentual de 1% sobre a receita bruta do período, consoante previsto no art. 12 da Lei nº 8.218, 1991. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento nos seguintes termos: . É o relatório. Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 13 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, em análise aos documentos fiscais e contábeis elaborados pela contribuinte, a autoridade fiscal localizou passivo exigível a longo prazo escriturado sob a rubrica EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS MÚTUO COM EMPRESAS. Mesmo após intimada e reintimada, a contribuinte não logrou comprovar a exigibilidade do referido empréstimo, razão pela qual a autoridade fiscal, em observância ao art. 281, inciso III, do Decreto nº 3000 de 1999, caracterizou a ocorrência de presunção de omissão de receita, efetuando o lançamento dos créditos tributários dela decorrentes. Fora também constatada divergência entre o saldo final da conta de empréstimo escriturada no Livro Razão da empresa, no valor de R$ 39.724.341,16, e aquele informado na ficha 37A Passivo Balanço Patrimonial, linha 16 Créditos de Pessoas Ligadas (Físicas/Jurídicas) da DIPJ do anocalendário de 2006 (exercício de 2007), no montante de R$ 28.815.072,07. Em sua defesa, alega a Impugnante que tal assentamento não se referiria a empréstimos, mas representaria saldo dos interesses comerciais entre as empresas. Argui, ainda, a ocorrência da decadência do direito da Fazenda de lançar os créditos tributários em litígio. Segundo a Impugnante, o saldo considerado pela fiscalização como existente ao final do anocalendário 2006 era composto por valores escriturados durante o anocalendário 2005. Pelo que alega que o lançamento somente poderia ter sido efetuado em relação à data da escrituração do passivo (anocalendário 2005). Dessa forma, tendo sido dada ciência do lançamento apenas em 31/10/2011, passados mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador da obrigação, encontrarseiam decaídas es exigências. Pois bem. Passo a análise do recurso A presunção de omissão de receita a partir da existência no passivo de exigibilidade não comprovada constitui hipótese de infração tributária sujeita a lançamento de ofício conforme o art. 281 do R1R/1999. Pois veja: "RIR/1999 Omissão de Receita Saldo Credor de Caixa, Falta de Escrituração de Pagamentos, Manutenção no Passivo de Obrigações Pagas e Falta de Comprovação de Passivo Art. 281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (Decretolei n° 1.598, de 1977, art. 12, § 2°, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40) Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 14 I – a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; II – a falta de escrituração de pagamentos efetuados; III – a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada”. (Grifouse) Tratase do lançamento de omissão de receitas com base em presunção legal denominada por “Passivo Fictício”. O fundamento legal da autuação está no art. 40 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que prescreve, “in verbis” E na Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, "verbis": "Seção IV Omissão de Receita Falta de Escrituração de Pagamentos Art. 40. A falta de escrituração de pagamentos efetuados pela pessoa jurídica, assim como a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada, caracterizam, também, omissão de receita." O transcrito art. 281 define três situações distintas, cuja ocorrência autorizam a presunção de omissão de receitas. No primeiro caso, temse a apuração de saldo credor decorrente da reconstituição do Caixa, em virtude da exclusão de débitos naquela conta cuja contrapartida não foi comprovada; no segundo, a falta de contabilização de pagamentos efetuados. Na terceira hipótese, ocorrida no caso vertente, verificada a manutenção no passivo de obrigação incomprovada, fica presumida a omissão de receitas, independentemente de qualquer ajuste na conta Caixa, sendo somente ilidida a tributação mediante produção de prova pelo contribuinte da improcedência da presunção. Da mesma forma, o art. 40, da Lei nº. 9.430, de 1996, determina a presunção da omissão de receitas pela simples manutenção no passivo de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada. Ou seja, a lei autoriza a presunção de omissão de receitas, quando verificada a manutenção no passivo de obrigação cuja exigibilidade restara não comprovada. No presente caso, a omissão de receita está caracterizada pela manutenção no passivo de obrigações cuja exigibilidade não restou comprovada. Enquanto o valor não comprovado ou já quitado estiver registrado no passivo indevidamente, está caracterizada, por presunção legal, a omissão de receitas. Portanto, tal qual asseverado na decisão recorrida, no caso dos autos, o fato da obrigação ter sido contraída antes de 31/12/2005 e mantida no passivo daquele ano, conforme balanço comercial juntado aos autos faz prova de que, em tese, o contribuinte beneficiouse daquele contabilização naquele ano, ou antes. Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 15 É mais, foi realizada análise aos sistemas informatizados da RFB (Comprot), verificouse inexistir lavratura de auto de infração relativo ao anocalendário 2005, razão pela qual não se considera a possibilidade de anterior lançamento com base na escrituração do passivo fictício em comento. Não havendo duplicidade, inviável questionar a correição do lançamento ora efetuado. As demais alegações da recorrente foram, a meu ver, adequadamente enfrentadas pela decisão recorrida, conforme fundamentos a seguir transcritos: Prosseguindo na análise, cabe verificar a alegação da contribuinte de que não mais possuiria os documentos contábeis relativos ao anocalendário 2005, requeridos pra a comprovação de suas operações. Em sua impugnação, ressalta que: Esclareçase à Impugnante que a legislação tributária impõe obrigações aos contribuintes de tributos federais, sendo a principal a de recolher os tributos devidos sobre as receitas e lucros auferidos no desenvolvimento de suas atividades econômicas, conforme dispositivos legais consolidados no Regulamento do Imposto de Renda vigente [destaques acrescidos]: REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA RIR/1999 [aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 29/03/1999] Título IV Determinação da Base de Cálculo Subtítulo I Disposições Gerais Art. 218. O imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive das equiparadas, das sociedades civis em geral e das sociedades cooperativas em relação aos resultados obtidos nas operações ou atividades estranhas à sua finalidade, será devido à medida em que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo auferidos (Lei nº 8.981, de 1995, art. 25, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 55). Capítulo I – Base de Cálculo Art. 219. A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o lucro real (Subtítulo III), presumido (Subtítulo IV) ou arbitrado (Subtítulo V), correspondente ao período de apuração (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 44, 104 e 144, Lei nº 8.981, de 1995, art. 26, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Parágrafo único. (...) Seção II Apuração Anual do Imposto Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 16 Art. 221. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma desta Seção deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º, § 3º). Parágrafo único. Nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 220, o lucro real deverá ser apurado na data do evento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º, §§ 1º e 2º). No que concerne às obrigações tributárias acessórias, a legislação determina aos contribuintes, além da entrega das declarações a que se obriga como pessoa jurídica, as quais devem refletir o real resultado aferido em sua escrituração, a manutenção em ordem dos livros e documentação contábil/fiscal com registro das operações realizadas no desenvolvimento de suas atividades econômicas e correspondentes resultados na situação patrimonial da sociedade, enquanto não prescritas eventuais ações que lhe sejam pertinentes. Logo, a escrituração contábil/fiscal das pessoas jurídicas, abrangendo todas as operações da empresa, ainda que se considerasse passados mais de cinco anos da ocorrência dos respectivos fatos geradores dos tributos federais, deveria ser mantida regularmente em dia até que não mais subsistissem quaisquer ações correspondentes ao período em comento. Entretanto,não é o que ocorre no presente caso. Além disso, deveria ter sido disponibilizada ao Fisco, assim que solicitado. Pelo que, tornase a contribuinte única responsável pela inobservância de tais obrigações, segundo dispositivos do RIR/1999 a seguir [destaques acrescidos]: Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). Seção IV CONSERVAÇÃO DE LIVROS E COMPROVANTES Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). §1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10). §2º (...) §3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). Capítulo IV VERIFICAÇÃO PELA AUTORIDADE TRIBUTÁRIA Art. 276. A determinação do lucro real pelo contribuinte está sujeita à verificação pela autoridade tributária, com base no exame de livros e documentos de sua escrituração, na escrituração de outros contribuintes, em informação ou esclarecimentos do contribuinte ou de terceiros, ou em qualquer outro elemento de prova, observado o disposto no art. 922 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º). Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 17 §1º A escr ituração mantida com observância das di sposições l egais faz prova a favor do contr ibuinte dos fa tos nela reg is t rados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceito s legais. Quanto às operações ocorridas juntamente à empresa Laticínios Bela Fronteira, a Impugnante busca justificar os lançamentos efetuados em seu passivo exigível a longo prazo da seguinte forma: O operação consistia em a Recorrente canalizar a maior parte de sua produção/venda para o Laticínio Bela Fronteira por meio de um acordo mutuo de cooperação, porém, sem que houvesse pagamento devido as restrições da Recorrente em continuar operando com bancos, pois já naquela data qualquer recurso que entrasse na conta bancária seria objeto de seqüestro (bloqueio) judicial. Essa foi forma encontrada para continuar sobrevivendo, utilizar da cooperação da empresa Laticínio Bela Fronteira para fazer frente às obrigações contratadas pela Recorrente na compra de insumos, material de embalagens e outros gastos operacionais. Ou seja, ao invés da Bela Fronteira pagar a Recorrente pelo fornecimento de produtos, a Bela Fronteira pagava diretamente seus fornecedores. Observese que as operações questionadas na autuação foram registradas nos Livros e Documentos Fiscais apresentados à fiscalização na conta do Passivo exigível EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS MÚTUO COM EMPRESAS. Contudo, depreendese do exposto que a situação narrada pela contribuinte não se enquadraria entre as operações de mútuo, mas corresponderiam propriamente a Vendas de produtos. Observese que não se confundem operações de mútuo com aquelas narradas pela contribuinte. Pois veja: Quanto às operações de mútuo, define o Código Civil: Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Ou seja, Mútuo é o contrato pelo qual um dos contraentes transfere a propriedade de bem fungível ao outro, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. É um contrato real e unilateral, possuindo, ainda, como característica a fungibilidade da coisa emprestada, gerando a obrigatoriedade da restituição de outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Em relação è escrituração contábil da operação de tomada de empréstimo, quando da ocorrência do mútuo, há uma escrituração a débito do Caixa da empresa ou de sua Conta Bancos. Em contrapartida, efetuase um lançamento a crédito na conta do passivo exigível “Empréstimos/ Mútuo”. Quando do adimplemento do empréstimo, efetuase lançamento a crédito da Conta Caixa, com o respectivo lançamento a débito da conta do passivo exigível antes mencionada. Portanto, transitariam pelas contas de resultado tãosomente eventuais pagamentos de juros e demais encargos incidentes sobre a operação. Já os valores efetivamente movimentados não gerariam qualquer alteração no resultado do período, se regularmente contabilizados. Ora, ao proceder à escrituração das operações narradas como se mútuo fossem, a contribuinte teria evitado que os valores lançados na conta do passivo exigível em Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 18 que escriturados (EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS MÚTUO COM EMPRESAS), resultassem no reconhecimento de apuração de Receita. Destaquese, por relevante, que o fato de o valor pago em contrapartida das alegadas vendas não transitar pelas contas bancárias da empresa vendedora (Impugnante) em nada desqualificaria a operação e a incidência dos tributos sobre ela devidos. Assim, caso restasse confirmada a tese da contribuinte de que os valores informados a título de mútuo referirseiam, na verdade, à obrigação relativa à fornecimento de produtos, restaria configurada não uma mera presunção de omissão de receita, mas prova direta da ocorrência da omissão. Até porque, em análise aos livros diário e razão apresentados, não foi possível identificar qualquer registro de fornecimento de produtos à empresa Bela Fronteira. Não fora verificado também o devido oferecimento à tributação das receitas oriundas das operações destacadas, o que reforça o entendimento de que os valores lançados como se empréstimos fossem jamais transitaram por contas de resultado. Observese que as presunções legais relativas (como é o caso concreto) provocam a chamada “inversão do ônus da prova”, cabendo ao contribuinte provar que o Fisco está equivocado. A falta de adequada comprovação impede o acolhimento do pleito, este é o entendimento expresso pelo Código de Processo Civil, art. 333, I. Sendo assim, o efeito prático da presunção legal relativa é inverter o ônus da prova. Invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico, com as características descritas na lei, corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume. Cabe, pois, ao contribuinte, para afastar a presunção (se for relativa), provar que o fato presumido não existe no caso. Agora, na defesa, em razão da “inversão do ônus da prova”, cabe ao contribuinte apresentar provas no sentido de elidir essa presunção legal. Ou seja, comprovar, por meio de documentação hábil e idônea, a existência da obrigação e que foram devidamente oferecidas à tributação as receitas dela provenientes. Assim, não tendo sido comprovada a origem dos valores escrituradas no passivo sob a rubrica “Valor ref. A empréstimo mutuo c/ empresa Laticínios Bela Fronteira Ltda”, não há como afastar a presunção legal de omissão de receita imposta, pelo contrário, a própria contribuinte admite, em sua defesa, que os valores autuados vinculamse ao fornecimento de produtos, ou seja, Receita de Vendas. Em relação à divergência apontada pela auditoria quanto ao saldo da conta EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS MÚTUO COM EMPRESAS, insurgese a contribuinte afirmando que as diferenças se deram porque considerados pela fiscalização apenas os valores lançados nos Livros da filial. Relata que a DIPJ teria sido elaborada com base nos valores constantes dos livros da matriz. Traz, então, uma cópia simples do que seria a conta 221.002.00001, no livro Razão da matriz. Necessário consignar que durante toda a ação fiscal, mesmo após diversas intimações, a contribuinte restringiuse a apresentar os Livros Diário e Razão pertencentes a sua filial. Tal fato é confirmado por listagem apresentada pela contribuinte, em resposta ao Termo de Constatação Fiscal de 05/05/2011, onde discrimina os documentos Fl. 1160DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 19 oferecidos à Fiscalização e autenticados pelo SVA, da qual constam somente aqueles pertencentes à filial da empresa, CNPJ 01.428.808/000218. E ainda, tendo sido especificamente intimada a justificar as divergências apuradas, nada ressaltou quanto ao conteúdo da conta considerada restringirse aos valores pertencentes exclusivamente à filial. Tal questionamento somente fora suscitado em sede de Impugnação. Ora, não tendo sido comprovado o motivo pelo qual mostramse discrepantes o saldo da conta de mútuo escriturado no Livro Razão apresentado pela Impugnante durante a fiscalização e aquele constante da DIPJ, não restou ao autuante outra alternativa que não lançar a exigência decorrente do saldo final escriturado no livro razão. De qualquer forma, não há como validar a alegação da contribuinte, uma vez que busca justificar as diferenças apuradas tãosomente por meio de cópias simples do que seria a conta 2.2.1.002.0001, escriturada no Livro Razão da matriz (CNPJ nº 01.428.808/000137), sem que houvesse necessária validação e autenticação pelos sistemas próprios. Ressaltese, inclusive, que segundo consta dos referidos documentos apresentados apenas em sede de Impugnação, a conta mencionada apresenta saldo inicial (R$ 40.279.393,85) e final ( R$ 28.632.491,73) divergentes daqueles informados no livro Razão da filial (no montante, respectivamente, de R$ 40.748.590,25 e R$ 39.724.341,16). Como se segue: Fl. 1161DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 20 Segundo destaca a contribuinte, a diferença apontada entre os saldos iniciais da conta teriam fundamento em débito efetuado na conta da filial, no montante de R$ 469.196,40. Entretanto, não foi possível localizar tal débito no razão da filial trazido aos autos durante a ação fiscal. Nem mesmo no suposto razão consolidado apresentado pela Impugnante há o referido lançamento, como se extrai: Somese a isso o fato de que também o alegado saldo final (R$ 28.632.491,73) apurado na conta consolidada destoa daquele informado na linha 16 da Ficha 37A da DIPJ/2006 (R$ 28.815.072,06), como abaixo se reproduz: Fl. 1162DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 21 Não há nos autos provas que infirmem as divergências apuradas pela fiscalização. Além disso, diante das inúmeras incongruências entre os valores constantes do suposto excerto do livro Razão consolidado, trazido apenas em sede de impugnação, em relação aos valores declarados em DIPJ e escriturados nos livros Razão e Diário apresentados à fiscalização, inviável considerar as alegações da contribuinte quanto ao suposto equívoco da fiscalização quando da análise da conta nº 2.2.1.002.0001. Apreciase, a seguir, a Multa Regulamentar aplicada. Reprisese que o dever instrumental da manutenção dos arquivos magnéticos pela pessoa jurídica é obrigação acessória, instituída no interesse da fiscalização dos tributos. E não é por demais relembrar que a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária, nos exatos termos do art. 113, § 3º, do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. O fato gerador dessa obrigação principal (penalidade) é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. A Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, que instituiu o dever instrumental de manutenção dos arquivos magnéticos, assim disciplinou a imposição da penalidade a essa obrigação vinculada: “Art. 11. As pessoas jurídicas que, de acordo com o balanço encerrado em relação ao períodobase imediatamente anterior, possuírem patrimônio líquido superior a Cr$ 250.000.000,00 e utilizarem sistema de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficarão obrigadas, a partir do períodobase de 1991, a manter, em meio magnético ou assemelhado, à disposição do Departamento da Receita Federal, os respectivos arquivos e sistemas durante o prazo de cinco anos. § 1° O valor referido neste artigo será reajustado, anualmente, com base no coeficiente de atualização das demonstrações financeiras a que se refere a Lei n° 8.200, de 28 de junho de 1991. Fl. 1163DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 22 § 2° O Departamento da Receita Federal poderá expedir os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos e sistemas deverão ser apresentados. Art. 12. A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas; III multa equivalente a Cr$ 30.000,00, por dia de atraso, até o máximo de trinta dias, aos que não cumprirem o prazo estabelecido pelo Departamento da Receita Federal ou diretamente pelo AuditorFiscal, para apresentação dos arquivos e sistemas. Parágrafo único. O prazo de apresentação de que trata o inciso III deste artigo será de, no mínimo, vinte dias, que poderá ser prorrogado por igual período pela autoridade solicitante, em despacho fundamentado, atendendo a requerimento circunstanciado e por escrito da pessoa jurídica.”(negrejouse) Como visto, o fato gerador da multa é o próprio não atendimento às intimações da contribuinte quanto à apresentação dos documentos solicitados ou os apresentarem de maneira incorreta, com inobservância da forma estabelecida para apresentação dos arquivos e sistemas solicitados, ocorrendo exatamente no momento em que inadimplida referida prestação. Continuando, registrese que referida hipótese de incidência permaneceu inalterada, mesmo quando das modificações introduzidas na Lei nº 8.218, de 1991, por meio da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, que veio tratar de outros aspectos materiais da obrigação tributária assim surgida. Vejase abaixo, conforme a nova redação dos artigos 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991: “Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. § 2º Ficam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. § 4º Os atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (destacouse o texto sob interesse). Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; Fl. 1164DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 23 II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas.” Conforme previsto no § 3º do art. 11 da Lei nº 8.218/91, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, acima transcrito, foram regularmente expedidos, pela Secretaria da Receita Federal, os atos necessários para estabelecer a forma em que os arquivos digitais devam ser apresentados, conforme Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de outubro de 2001 e Ato Declaratório Executivo COFIS nº 15, de 23 de outubro de 2001: IN SRF nº 86/01: “Art. 2º As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Art. 3º Incumbe ao CoordenadorGeral de Fiscalização, mediante Ato Declaratório Executivo (ADE), estabelecer a forma de apresentação, documentação de acompanhamento e especificações técnicas dos arquivos digitais e sistemas de que trata o art. 2º. § 1º Os arquivos digitais referentes a períodos anteriores a 1º de janeiro de 2002 poderão, por opção da pessoa jurídica, ser apresentados na forma estabelecida no caput. § 2º A critério da autoridade requisitante, os arquivos digitais poderão ser recebidos em forma diferente da estabelecida pelo CoordenadorGeral de Fiscalização, inclusive em decorrência de exigência de outros órgãos públicos. § 3º Fica a critério da pessoa jurídica a opção pela forma de armazenamento das informações.” ADE COFIS nº 15/01: “Art. 1º As pessoas jurídicas de que trata o art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 86, de 2001, quando intimadas por AuditorFiscal da Receita Federal (AFRF), deverão apresentar, a partir de 1º de janeiro de 2002, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras, observadas as orientações contidas no Anexo único. § 1º As informações de que trata o caput deverão ser apresentadas em arquivos padronizados, no que se refere a: I – registros contábeis; II – fornecedores e clientes; III documentos fiscais; IV comércio exterior; V controle de estoque e registro de inventário; VI relação insumo/produto; VII controle patrimonial; VIII folha de pagamento. Fl. 1165DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 24 § 2º As informações que não se enquadrarem no parágrafo anterior deverão ser apresentadas pelas pessoas jurídicas, atendido o disposto nos itens "Especificações Técnicas dos Sistemas e Arquivos" e "Documentação de Acompanhamento" do Anexo único. Art. 2º A critério da autoridade requisitante, os arquivos digitais de que trata § 1º do artigo anterior poderão ser apresentados em forma diferente da estabelecida neste Ato, inclusive em decorrência de exigência de outros órgãos públicos. Anexo único: 1. Especificações Técnicas dos Sistemas e Arquivos Os arquivos digitais solicitados por AFRFB deverão obedecer às regras de armazenamento e formatação estabelecidas neste Ato. (...) 1.3 Meios Físicos de Entrega Os arquivos digitais poderão ser entregues nos seguintes meios: a. CD não regravável, padrão de gravação ISO9660; b. DVD não regravável, padrão de gravação UDF; c. Conexão em rede local (LAN): desde que haja compatibilidade de protocolos, utilitários e recursos tecnológicos. d. Transmissão direta entre computadores: desde que haja compatibilidade de protocolos, utilitários e recursos tecnológicos. e. Em outro meio físico, desde que aceito pelo AFRFB. 1.4 Sistemas A pessoa jurídica usuária de sistema de processamento de dados deverá manter documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica, quando solicitada (art. 38 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). 1.4 Dispensa da Entrega Não serão exigidos arquivos digitais de registros contábeis e fiscais na forma deste ato aos contribuintes que estão obrigados à transmissão ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), ou que transmitiram facultativamente, apenas em relação às mesmas informações que comprovadamente foram entregues ao Sped. 2. Autenticação Os arquivos digitais, entregues na forma do item 1.3, deverão ser autenticados utilizandose aplicativo a ser disponibilizado na página da RFB na internet, o qual, mediante varredura nos arquivos eletrônicos, irá gerar um código de identificação utilizando o algoritmo MD5 – “MessageDigest algorithm 5”, ou superior, podendo ser utilizado a qualquer tempo para verificação da autenticidade dos arquivos fornecidos. No documento a que se refere o item 3.2, constarão os códigos gerados, que identificarão de forma única os arquivos digitais entregues. 3. Documentação de Acompanhamento Os documentos mencionados no item 3.1 devem, também, ser gravados como arquivo texto denominado LEIAME.TXT e entregue juntamente com o arquivo a que se refere. 3.1 Descrição Detalhada do Arquivo Descrição completa dos campos de cada registro do arquivo, incluindo sua seqüência e formato (tipo, posição inicial, tamanho e quantidade de casas decimais), seu Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 25 significado, valores possíveis, com a descrição dos conceitos envolvidos na especificação deste valor, definição de seus componentes, incluindo fórmulas de cálculo e eventual relação com o conteúdo de outros campos. Quando, para manter a integridade e correção da informação, for necessária a apresentação de dados não previstos nos arquivos padronizados, eles deverão ser incluídos nos arquivos correspondentes, mediante acréscimo de campos ao final do registro. Caso qualquer campo seja de tamanho superior ao previsto neste Ato, prevalecerá o tamanho utilizado pela pessoa jurídica. Em ambas as situações, exige se, como parte da documentação de acompanhamento, a apresentação do leiaute correspondente aos arquivos. 3.2 Recibo de entrega Os arquivos digitais serão entregues acompanhados do Recibo de entrega que conterá a identificação dos arquivos e os códigos gerados pelo sistema mencionado no item 2, dentre outras informações. Esse documento deverá ser assinado pelo AFRFB requisitante, após a conferência do respectivo código de autenticação, pelo técnico/empresa responsável pela geração dos arquivos e pelo contribuinte/preposto. 3.3 Etiqueta de Identificação Quando o volume de dados a ser entregue ultrapassar a capacidade de armazenamento da mídia, os dados deverão ser distribuídos em tantos dispositivos de armazenamento, com respectiva etiqueta externa de identificação, quantos forem necessários. A etiqueta de identificação externa de cada volume deverá conter as seguintes informações: a. CNPJ; b. Nome Empresarial; c. Nome do(s) arquivo(s); d. Volume (A/B), onde "B" significa a quantidade total de volumes do arquivo e "A" significa a seqüência da numeração em relação a esse total. (...).” Encontrandose, ainda, em vigor os atos normativos acima transcritos, não há que se falar em retroatividade benigna no presente caso. Observese que a apresentação dos arquivos magnéticos, no curso dos procedimentos de fiscalização, como é o caso em tela, é obrigação que em nada se vincula à análise de eventuais procedimentos de restituição e compensação. Prosseguindo na análise, mencionese que a fiscalização intimou reiteradamente a empresa a apresentar os arquivos magnéticos, observada a forma prevista na legislação de regência, acima transcrita, relatando as inconsistências apuradas nos arquivos apresentados pela contribuinte, além da omissão em relação a parte dos arquivos solicitados, conforme se depreende de trecho do termo de Constatação Fiscal lavrado em 11/05/2011, abaixo reproduzido: Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 26 Em 08/06/2011, nova intimação é efetuada, requerendo os arquivos mencionados. Pois veja: Em 14/07/2011, reitera a mora da contribuinte quanto à apresentação dos arquivos exigidos em conformidade com a legislação, como se segue: A autuante resume o ocorrido nos seguintes termos: Pelo exposto, percebese que desnecessárias seriam novas intimações apenas para reiterar a omissão diversas vezes noticiada. Até porque, fora concedido tempo mais que suficiente para apresentação dos arquivos requeridos, os quais, reiterese, deveriam ter sido disponibilizados ao Fisco assim que solicitados. Questiona, ainda, a contribuinte se haveria possibilidade de os arquivos por ela apresentados em resposta ao termo de intimação de 14/07/2011, mesmo após autenticados e validados pelo SVA, apresentarem erros. Em análise ao questionamento suscitado, necessário reproduzir a informação constante do sítio da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br), do qual consta os seguintes esclarecimentos relativos ao Sistema de Validação e Autenticação de arquivos Digitais (SVA): Arquivos Digitais Validação e Autenticação de Arquivos Digitais a ser(em) entregue(s) ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil por meio do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (SVA) O SVA valida o leiaute dos arquivostexto entregues pelo contribuinte de acordo com normas da Secretaria da Receita Federal do Brasil e efetua a autenticação (geração de um código de identificação a partir do conteúdo do arquivo) dos arquivos digitais fornecidos pelo contribuinte ao AuditorFiscal, em cumprimento ao item 1.11 do MANAD Manual Normativo de Arquivos Digitais, aprovado pela INSTRUÇÃO NORMATIVA MPS/SRP Nº 12, de 20 de junho de 2006, publicada no DOU de Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 27 03/07/2006, artigos 61 e 62 da INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03, de 14 de Julho de 2005, publicada no DOU nº 135 de 15/07/2005 e artigo 8 da Lei 10.666, de 08 de Maio de 2004, no intuito de identificar, de forma única e inequívoca, os arquivos digitais fornecidos. Na validação de arquivos texto no formato MANAD, o SVA verifica a conformidade do leiaute dos arquivos selecionados com o leiaute padrão estabelecido no Manual (tamanho e tipo dos dados, posição dos campos, etc...). Verifica ainda a consistência e a coerência dos dados entre si realizando testes de integridade referencial dos dados contidos nas tabelas relacionadas e ainda a inexistência de registros duplicados. Os erros e/ou avisos, porventura encontrados são listados no "Relatório Analítico de Mensagens da Validação" e os resultados são consolidados no "Relatório Mensagens da Validação" e no "Relatório de Resumo da Validação do Arquivo". O SVA autentica quaisquer arquivos digitais fornecidos pelo contribuinte independente do tipo (planilhas, documentos, bancos de dados, relatórios, etc...) mediante varredura no conteúdo do arquivo digital entregue pela empresa, gerando um código de identificação do arquivo utilizando o algoritmo MD5 "MessageDigest algorithm 5" de 128bit de comprimento, podendo ser utilizado a qualquer tempo, tanto pelo contribuinte quanto pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil. Este código de identificação do arquivo constará em todos os relatórios emitidos pelo Sistema autenticando o(s) arquivo(s) selecionado(s). O "Recibo de Entrega de Arquivo Digital" deverá ser assinado pelo contribuinte/responsável ou preposto da empresa, pelo responsável técnico pela geração dos arquivos e pelo AuditorFiscal requisitante (após conferência por este do código de autenticação do arquivo). SVA Autenticação e Validação de Arquivos Digitais O(s) arquivo(s) digital(is) entregue(s) ao AuditorFiscal requisitante, em mídia digital não regravável, deverá(ão), portanto, vir acompanhado(s) dos três relatórios acima mencionados: "Relatório de Mensagens da Validação"(quando houver), "Relatório de Resumo da Validação do Arquivo" e "Recibo de entrega de Arquivos Digitais". Depreendese do exposto que o SVA objetiva validar arquivos texto gerados no formato estabelecido pela RFB. Esta validação será realizada em 2 níveis: formato (tamanho e tipo de dado) e conteúdo. Esta validação de conteúdo visa a identificação de inconsistências e consiste na realização de testes de integridade referencial entre os campos das tabelas relacionadas. Encontrados erros, são eles destacados. De pronto, necessário ressaltar, que não foram localizados os referidos "Relatório de Mensagens da Validação" e "Relatório de Resumo da Validação do Arquivo”, onde seriam consolidados os resultados da análise. Além disso, os eventuais erros identificados constariam de "Relatório Analítico de Mensagens da Validação", também não encontrado. Por outro lado, observese que o simples fato de restar o documento autenticado pelo SVA não garante estar ele livre de erros ou inconsistências. Sua integridade deverá ser verificada pela fiscalização quando de sua entrega. É o que se depreende das informações contidas no “Perguntas freqüentes”, constante do sistema de Validação e Autenticação de Arquivos (SVA), versão 3.0.8, abaixo reproduzido: 63) Poderá ser solicitado novo arquivo pelo AuditorFiscal requisitante, ainda que o Relatório de Resumo da Validação do referido arquivo gerado pelo SVA esteja livre de erros/avisos? Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 28 Sim. Ainda que o arquivo, quando submetido ao SVA, não apresente erros e/ou avisos, poderá ser solicitada a geração de novo arquivo, caso o auditorfiscal requisitante, ao realizar testes de integridade das informações constantes no arquivo apresentado, identifique posteriormente outras inconsistências/erros. Tal situação se aplicaria quando, por exemplo, forem constatadas informações parciais/incompletas ou mesmo ausência de informações no arquivo apresentado. Por exemplo, no caso de o Auditor Fiscal requisitante detectar posteriormente que uma determinada lotação não consta no arquivo MANAD (nenhum registro com esta informação na tabela de lotações K100 e nenhum registro com esta informação nas tabelas Mestre K250/Itens K300). Neste caso, seria impossível para o SVA acusar tal inconsistência, visto que a referida lotação não constava em nenhum registro do arquivo. 64) Arquivos contendo mensagens de aviso/erro poderão ser aceitos pela Fiscalização? Sim, a critério do AuditorFiscal requisitante. No entanto, a entrega de arquivos com informações parciais/incompletas ou ausência de informações, apesar de aceitos, não afastam a possibilidade de autuação pelo AuditorFiscal requisitante por descumprimento de obrigação acessória. 66) A empresa poderá ser autuada, ainda que o Relatório de Resumo da Validação do referido arquivo gerado pelo SVA esteja livre de erros/avisos? Sim. Caso forem constatadas posteriormente pelo AuditorFiscal requisitante que o arquivo entregue contém informações parciais, incompletas ou mesmo ausentes. Ademais, através de simples análise das listagens de arquivos produzidas pelo SVA e juntadas aos autos, confirmase o erro identificado pela fiscalização. Isso porque, conforme se verifica da relação entregue em 27/05/2011, grande parte dos arquivos analisados não contém informação quanto ao conteúdo e período a que se refere, constando identificação de avisos “N/V” e erros “N/V”. Como se segue: Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 29 Sendo que nem mesmo consta do referido relatório a assinatura do AFRFB responsável pelo recebimento, que denotaria sua aceitação. Distinto, entretanto, do que ocorre quanto aos arquivos apresentados em agosto de 2011. Pois veja: Do exposto, é possível perceber que os arquivos apresentados pela contribuinte, em 08/08/2011, não só traziam, em sua maioria, a informação quanto ao conteúdo dos arquivos apresentados, como constava, diversamente dos anteriores, a inexistência de erros no campo AVISOS e ERROS. Tal distinção permite inferir a invalidade dos arquivos constantes da primeira listagem, pelo que impossibilitada sua verificação. Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 30 De qualquer forma, verificada a omissão da contribuinte quanto à entrega de parte dos arquivos contábeis requeridos, a punição cabível, como visto das normas transcritas, consiste na penalidade de 5% sobre o valor da operação correspondente, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período (receita escriturada + receita omitida = R$ 70.548.689,19), o que foi observado no lançamento. Quanto à alegação de que a multa imposta agride os mandamentos constitucionais, como o postulado da capacidade contributiva, configurando aspecto confiscatório, destaquese que o texto constitucional é claro no sentido de que a vedação contida no art. 150, inciso IV, referese apenas à exigência de tributos. Assim, é ela direcionada, em primeiro plano, ao legislador infraconstitucional que detém a competência para sua instituição ou majoração, e em segundo plano ao Poder Judiciário, que deve aplicar tal determinação no controle difuso ou concentrado da constitucionalidade das leis. O entendimento da impugnante acerca de eventual ilegalidade das exigências relativas à incidência da multa, por considerála confiscatória, dirigese à atividade do legislador, sendo, portanto, impertinente à presente causa. Estando o lançamento de conformidade com a legislação tributária vigente à época de ocorrência dos fatos geradores, não cabe qualquer alegação de inconstitucionalidade e legalidade no contencioso administrativo, vez que não compete à autoridade administrativa examinar a validade de dispositivo regularmente inserido no sistema tributário nacional, sendo tal atribuição do Poder Judiciário. Isto porque a apreciação das autoridades administrativas limitase às questões de sua competência, estando fora de seu alcance o debate sobre aspectos da validade, constitucionalidade ou legalidade da legislação, vez que o controle da constitucionalidade das normas é de competência exclusiva do Poder Judiciário e, no sistema difuso, centrado em última instância revisional no Supremo Tribunal Federal art. 102, I, “a”, III da CF de 1988. Enquanto a norma não é declarada inconstitucional pelos órgãos competentes do Poder Judiciário e não é eliminada do sistema normativo, tem presunção de validade, presunção esta que é vinculante para a administração pública. Portanto, é defeso aos órgãos administrativos jurisdicionais, de forma original, reconhecer alegação de inconstitucionalidade de disposições que fundamentam o lançamento, ainda que sob o pretexto de deixar de aplicação ao caso concreto. Somente aos membros do Poder Judiciário permitese negar aplicação à lei a pretexto de ser ela contrária à Constituição. No âmbito do processo administrativo não cabe, à autoridade fiscal, emitir juízo de valor a respeito de legalidade ou constitucionalidade de normas legais que embasam o ato praticado, sob pena de responsabilidade funcional por desrespeito aos comandos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico, em observância ao artigo 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional CTN. Consignese que atualmente se encontra em vigor o artigo 26A do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972, que disciplina o Processo Administrativo Fiscal PAF, introduzido pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27/05/2009, que dispõe: Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 31 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de junho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. Logo, resta prejudicada a análise no contencioso administrativo das argüições da impugnante, visto que a exigência fiscal fundamentase em leis regularmente inseridas no sistema tributário nacional. Tal entendimento encontrase pacificado inclusive na segunda instância do contencioso administrativo, conforme ementa da Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, a seguir reproduzida: SÚMULA Nº 2 do CARF: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O Contencioso Administrativo Fiscal, especificamente disciplinado no Decreto nº 70.235, de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal PAF, consiste na aferição pelos órgãos julgadores da regular constituição do crédito tributário e sua adequação às determinações legais. (...).” É de se registrar que tais fundamentos embora infirmados diretamente na peça recursal, não foram confrontados mediante prova dessas alegações, pelo que as razões de decidir da decisão recorrida podem ser perfeitamente adotados neste voto, conforme disposto no art. 50 Lei 9.784 de 1999, que se aplica subsidiariamente ao PAF(verbis): Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...) § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. (Grifei) Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 19311.720379/201153 Acórdão n.º 1402001.284 S1C4T2 Fl. 0 32 Frisese que, especialmente quanto ao passivo fictício, cabe ao contribuinte comprovar a regularidades obrigações contabilizadas, sendo que no caso dos autos é notório que isso não foi feito. Conclusão. Diante do exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/ 04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 01/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
score : 1.0