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Numero do processo: 10530.725857/2010-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008
DO PAGAMENTO DE VERBAS INDENIZATÓRIAS. NÃO COMPROVAÇÃO.
Deve ser mantido no lançamento as verbas pagas aos segurados cuja natureza sobre as quais não foi comprovada a natureza indenizatória.
SEGURADOS EXERCENTES DE CARGOS DE COMISSÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
A partir de 19/04/1993, é devida a obrigação de reter e recolher as contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga aos exercentes de cargos de comissão, pois os mesmos são filiados obrigatórios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), conforme art. 12, I, g da Lei nº 8.212/1991.
TRABALHADORES AUTÔNOMOS E AVULSOS.
Segundo art. 30 da Lei nº 8.212/1991, a empresa tem a obrigação de reter e recolher as contribuições dos trabalhadores avulsos e contribuintes individuais (categoria da qual fazem parte os trabalhadores autônomos) a seu serviço.
DÉCIMO TERCEIRO.
Estando o décimo terceiro salário compreendido no salário-contribuição, integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias.
SAT.
Conforme orientação jurisprudencial dos nossos Tribunais Superiores, a obrigação tributária em apreço é válida, visto que os conceitos de atividade preponderante e grau de risco de acidente de trabalho não precisam estar definidos em lei, pois o Regulamento é ato normativo suficiente para definição de referidos conceitos, os quais são complementares e não essenciais na definição da exação.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE CONTRATOS NULOS.
A nulidade do contrato de trabalho com órgão público, por ausência de concurso, não afasta a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias, pois verificada a ocorrência do fato gerador, consistente na remuneração do segurado, deve haver a tributação.
MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, c do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35-A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza.
Numero da decisão: 2301-003.118
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, até 11/2008, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Marcelo Oliveira - Presidente
Leonardo Henrique Pires Lopes - Relator
Presentes à sessão de julgamento os Conselheiros MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, MAURO JOSE SILVA e LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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NÃO COMPROVAÇÃO. Deve ser mantido no lançamento as verbas pagas aos segurados cuja natureza sobre as quais não foi comprovada a natureza indenizatória. SEGURADOS EXERCENTES DE CARGOS DE COMISSÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A partir de 19/04/1993, é devida a obrigação de reter e recolher as contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga aos exercentes de cargos de comissão, pois os mesmos são filiados obrigatórios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), conforme art. 12, I, “g” da Lei nº 8.212/1991. TRABALHADORES AUTÔNOMOS E AVULSOS. Segundo art. 30 da Lei nº 8.212/1991, a empresa tem a obrigação de reter e recolher as contribuições dos trabalhadores avulsos e contribuintes individuais (categoria da qual fazem parte os trabalhadores autônomos) a seu serviço. DÉCIMO TERCEIRO. Estando o décimo terceiro salário compreendido no saláriocontribuição, integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. SAT. Conforme orientação jurisprudencial dos nossos Tribunais Superiores, a obrigação tributária em apreço é válida, visto que os conceitos de atividade preponderante e grau de risco de acidente de trabalho não precisam estar definidos em lei, pois o Regulamento é ato normativo suficiente para definição de referidos conceitos, os quais são complementares e não essenciais na definição da exação. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE CONTRATOS NULOS. A nulidade do contrato de trabalho com órgão público, por ausência de concurso, não afasta a obrigação de recolhimento das contribuições AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 58 57 /2 01 0- 81 Fl. 414DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 3 2 previdenciárias, pois verificada a ocorrência do fato gerador, consistente na remuneração do segurado, deve haver a tributação. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, até 11/2008, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Marcelo Oliveira Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes Relator Presentes à sessão de julgamento os Conselheiros MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, MAURO JOSE SILVA e LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Relatório Trata se de Auto de Infração de Descumprimento de Obrigação Principal lavrado em face de MUNICÍPIO DE ARACI PREFEITURA MUNICIPAL, no valor total de R$ 1.274.442,04 (um milhão, duzentos e setenta e quatro mil, quatrocentos e quarenta e dois reais e quatro centavos), referente às contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre as remunerações pagas a segurados empregados e omitidas em GFIP, bem como das Fl. 415DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 4 3 contribuições destinadas ao custeio do benefício concedido em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa SATRAT, correspondentes aos períodos de 01/2006 a 12/2008, conforme se infere do Relatório Fiscal. Não foi imposta multa de mora no período anterior a janeiro/2007, uma vez que a pessoa jurídica de direito público por ela não respondia. A ora recorrente tomou ciência da autuação contra ele lavrada em 26/10/2010, apresentando impugnação tempestiva. Entretanto, foi mantida a autuação pelo acórdão, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA), cuja ementa assim dispôs: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 CUSTEIO. É devida a contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, de vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados que lhe prestem serviços. SAT. É dever da empresa a contribuição para o financiamento do benefício previsto nos art. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. O décimo terceiro salário (gratificação natalina) integra o saláriode contribuição. JUROS. É lícita a utilização da Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para o cálculo dos juros incidentes sobre as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pela Receita Federal do Brasil. INGRESSO SEM CONCURSO PÚBLICO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Havendo a disponibilidade da força de trabalho esta deverá ser devidamente recompensada, gerando direito à remuneração e produzindo reflexos no enquadramento do servidor como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 416DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 5 4 Inconformada, interpôs o Recurso Voluntário sob exame, cujas razões podem ser resumidas às seguintes: 1) Embora a quantia orçamentária referente ao pessoal possa englobar diversos tipos de prestadores de serviço, é ilegítimo que se contemple indenizações, auxílios, contribuições sociais ou quaisquer parcelas sobre as quais não incidem contribuições previdenciárias, o que constitui violência fiscal. 2) Foram exigidas contribuições previdenciárias incidentes sobre os exercentes de cargos de confiança, os quais, por exclusão legal vigente à época, não poderiam ser considerados para o cálculo da exação arbitrada. 3) Os autônomos e avulsos são trabalhadores sem vínculo empregatício, isto é, que prestam serviços não eventuais. Entende, por conseguinte, que os mesmos são contribuintes autônomos do INSS, o qual, por sua vez, só estaria autorizado a lançar as exações contidas no Relatório a partir da Lei Complementar nº 84/1996. 4) O processo administrativo foi conduzido de forma irregular, cerceando a defesa da Prefeitura, por não esclarecer no relatório fiscal a natureza da exação. 5) A cobrança da contribuição social destinada à Seguridade Social incidente sobre o 13º salário é inconstitucional. 6) Assegura ser uma afronta ao princípio da legalidade tributária a contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), uma vez que as respectivas alíquotas são fixadas por Decretos do Poder Executivo, inviabilizando sua cobrança, por não estar prevista na legislação. 7) Parte significativa do referido débito relacionase à cobrança de contratos nulos, por terem sido celebrados a partir de 1988, sem que tenha havido submissão a concurso público, inexistindo, portanto, relação de emprego válida capaz de gerar efeitos jurídicos. 8) Ilegalidade dos acréscimos aplicados, a exemplo da atualização dos valores pela UFIR, superposição de juros e a inclusão da SELIC, rejeitados pela jurisprudência. 9) Acrescenta ainda a inconstitucionalidade das contribuições previdenciárias dos agentes públicos, fundamentandose na Lei Ordinária nº 9.506/1997, a qual, segundo a Recorrente, afronta princípios constitucionais vigentes no nosso país. 10) Por fim, requer a total improcedência do AI 37.249.1774. Sem contrarrazões. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 6 5 Assim vieram os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio de Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, Relator Dos Pressupostos de Admissibilidade Sendo tempestivo, conheço do Recurso e passo ao seu exame. Do mérito Das supostas verbas de natureza indenizatória. A Recorrente afirma que foram incluídos na base de cálculo da contribuição previdenciária os pagamentos efetuados aos trabalhadores que prestaram serviços à empresa a título de indenizações, auxílios, contribuições sociais ou quaisquer parcelas sobre as quais não incidem contribuições previdenciárias. É bem verdade que a Constituição Federal, no seu art. 195, I, alínea “a”, instituiu a contribuição social a ser recolhida pelo empregador, pela empresa ou entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre “a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física ou jurídica que lhe preste serviço, sem vínculo empregatício”. Como se depreende da simples leitura do dispositivo constitucional, a tributação através de contribuições previdenciárias incide sobre as verbas correspondentes a rendimentos pagos em decorrência da prestação de serviços, isto é, de caráter eminentemente remuneratório, como compensação pelos esforços despendidos e serviços prestados. Contrario sensu, o dispositivo constitucional excluiu as verbas de natureza indenizatória ou não remuneratória, entendidas como aquelas destinadas a compensar a pessoa física ou jurídica prestadora dos serviços por renúncia a direito ou por prejuízo, econômico ou jurídico, que tiver sofrido. É que estas não têm qualquer correspondência com o serviço prestado ou o tempo posto à disposição da empresa, buscando apenas recompor o patrimônio jurídico afetado. Assim, somente devem integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária os valores pagos em caráter remuneratório, o que pode ser extraído, inclusive, da literalidade do art. 22 da Lei nº 8.212/91: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: Fl. 418DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 7 6 I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. Ocorre que o contribuinte alega que as verbas não deveriam sofrer a incidência da contribuição previdenciária, sem, contudo, apontar quais seriam os valores que não teriam o caráter remuneratório. Destarte, sem a devida comprovação, nem mesmo indicação, de quais os valores pagos configuram indenização ou auxilio, não se pode afirmar seu caráter indenizatório e consequente reparação da contribuição social exigida. Dos segurados exercentes dos cargos de comissão Segundo Recurso apresentado, consta nos autos contribuições previdenciárias incidentes sobre os exercentes de cargos de comissão, os quais, por exclusão legal vigente até 19/04/1993, não poderiam ser considerados para o cálculo da exação arbitrada. Ocorre que este entendimento não merece prosperar. Depreendese do Relatório que as contribuições aqui arguidas vinculamse a segurados empregados que trabalharam para o Município em epígrafe no período abrangido entre 01/2006 e 12/2008, período bastante posterior àquele em que a remuneração paga aos ocupantes de cargo em comissão seria supostamente isenta. Além de todos os servidores da Prefeitura de Araci, como não possuem Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), ficarem submetidos ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), conforme art. 13, “caput” da Lei nº 8.212/1991, com redação da Lei nº 9.876/1999, os ocupantes de cargo em comissão são filiados obrigatórios do RGPS, por força do art. 12, I, “g” da Lei nº 8.212/1991. Diante do exposto, em relação às competências de 01/2006 a 12/2008, a remuneração paga aos exercentes de cargos em comissão deve sofrer a incidência da contribuição previdenciária, cabendo ao respectivo ente público a obrigação de reter e recolher contribuições respectiva. Dos trabalhadores autônomos e avulsos. Afirma o Município que os trabalhadores autônomos avulsos prestam serviços não eventuais, ou seja, são trabalhadores sem vínculo empregatício e, por essa razão, são contribuintes autônomos do INSS. Fl. 419DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 8 7 No que pertine a arrecadação e recolhimento de contribuições, é sabido que a empresa deve reter e recolher, além das contribuições dos segurados empregados, as contribuições dos trabalhadores avulsos e contribuintes individuais (categoria que engloba os trabalhadores autônomos) a seu serviço, seguindo o que versa art. 30 da Lei nº 8.212/1991, a seguir transcrito: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b) recolher os valores arrecadados na forma da alínea a deste inciso, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22 desta Lei, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da competência; Entendo, dessa forma, ser equivocado o argumento de que os trabalhadores autônomos e avulsos são contribuintes autônomos do INSS e que, por conseguinte, não cabe à empresa reter e recolher as respectivas contribuições, já que existe a obrigação legal de fazêlo. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre o 13º salário Quanto à incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre a remuneração intitulada décimoterceiro salário, o art. 28 §7º da Lei 8.212 ratifica o entendimento adotado pela Autoridade Fiscal, vez que aponta estar a gratificação natalina compreendida no saláriodecontribuição, sendo, portanto, objeto de incidência de quantias devidas ao INSS. Eis o teor da norma ora invocada: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 7º O décimoterceiro salário (gratificação natalina) integra o saláriode contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei n° 8.870, de 15.4.94) . Haja vista a gratificação natalina integrar o saláriodecontribuição, não resta dúvidas quanto à cobrança de contribuições previdenciárias inserirem em sua base de cálculo os valores pagos a título de décimoterceiro, entendimento corroborado pela jurisprudência deste Conselho consoante pode observarse: [...] 13o SALÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999, os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados. Uma vez que a notificada remunerou segurados, descontando as contribuições previdenciárias por eles devidas, conforme informação nos registros documentais da empresa, deveria a notificada efetuar o recolhimento à Previdência Social. Não efetuando o recolhimento a notificada passa a ter a responsabilidade sobre o mesmo. Nos Fl. 420DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 9 8 termos do artigo 16, §4° do Decreto n° 70.235/72, a produção de provas está sujeita à preclusão. Como no processo judicial, o ônus probatório recai sobre quem alega.Há incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao décimo terceiro salário, conforme previsão no art. 7º da Lei 8.620/1993.A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. Recurso Voluntário Negado. Também o STJ adota posicionamento convergente ao que ora se expõe, conforme se pode inferir do seguinte acórdão: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA COMPENSAÇÃO. PRÓ LABORE. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPERCUSSÃO FINANCEIRA. CORREÇÃO MONETÁRIA. LIMITES. LEIS Nº 9.032/95 e 9.129/95. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. INCIDÊNCIA. (SÚMULA 83/STJ). PRECEDENTES. 1. Pacificouse nesta Corte o entendimento segundo o qual, por ser tratar de tributo de natureza direta, não há necessidade de comprovação da nãorepercussão financeira das contribuições previdenciárias. Precedentes. 2. A Primeira Seção, no julgamento do EREsp nº 189.052/SP (DJU DE 03.11.03), concluiu que, em se tratando de créditos advindos de recolhimento de contribuição declarada inconstitucional pela Suprema Corte, ficam afastadas as limitações impostas pelas Leis 9.032/95 e 9.129/95 à compensação tributária. E isto porque, com a declaração de inconstitucionalidade, surge o direito à restituição in totum ante à ineficácia plena da lei que instituiu o tributo. 3. Os índices a serem utilizados para correção monetária, em casos de compensação ou restituição, são o IPC, no período de março/90 a janeiro/91, o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/91 e a UFIR, de janeiro/92 a 31.12.95. 4. A orientação desta Corte se coaduna com a do acórdão recorrido de que incide a contribuição previdenciária no décimo terceiro salário, em razão de sua natureza salarial (Súmula 83/STJ). Precedentes. 5. Recurso especial do INSS provido em parte. Recurso especial de Transtana Transporte Especializado de Veículos Ltda provido em parte. Do exposto, restam, de pronto, afastadas as alegações do contribuinte, quanto à impossibilidade da incidência de contribuições previdenciárias sobre a remuneração intitulada 13º salário. Da inconstitucionalidade da alíquota do SAT estabelecida via decreto A Recorrente argúi inconstitucionalidade das alíquotas destinadas a incidir sobre o saláriocontribuição referentes à cobrança do financiamento pelos benefícios em razão do grau de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho SAT – ao argumento de que o artigo regulador da matéria não previu a hipótese de incidência da contribuição com a necessária determinabilidade, preterindo para regulamentação, via decreto, de parcela substancial do fato gerador sobre qual recai a exação. Pois bem. A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos Fl. 421DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 10 9 ambientais do trabalho é prevista no art. 22, II da Lei n ° 8.212/1991, alterada pela Lei n ° 9.732/1998, in verbis: Art.22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11/12/98) a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Ademais, o dispositivo acima transcrito é regulamentado pelo art. 202 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, com alterações posteriores, in verbis: Art.202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. Quanto ao Decreto 612/92 e posteriores alterações (Decretos 2.173/97 e 3.048/99) que, regulamentando a contribuição ao RAT, estabeleceram os conceitos de “atividade preponderante” e “grau de risco leve, médio ou grave”, repelese a possível argüição de contrariedade ao princípio da legalidade, uma vez que a lei fixou padrões e parâmetros, deixando para o regulamento apenas a delimitação dos conceitos necessários à aplicação concreta da norma. Assim, os conceitos de atividade preponderante e grau de risco de acidente de trabalho não precisariam estar definidos em lei, pois o Regulamento é ato normativo suficiente para definição de tais conceitos, uma vez que são complementares e não essenciais na definição da exação. Esta foi a posição do STF ao apreciar Recurso Extraordinário em que se questionava a constitucionalidade do SAT: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO SAT. Lei 7.787/89, arts. 3º e 4º; Lei 8.212/91, art. 22, Fl. 422DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 11 10 II, redação da Lei 9.732/98. Decretos 612/92, 2.173/97 e 3.048/99. C.F., artigo 195, § 4º; art. 154, II; art. 5º, II; art. 150, I. I. Contribuição para o custeio do Seguro de Acidente do Trabalho SAT: Lei 7.787/89, art. 3º, II; Lei 8.212/91, art. 22, II: alegação no sentido de que são ofensivos ao art. 195, § 4º, c/c art. 154, I, da Constituição Federal: improcedência. Desnecessidade de observância da técnica da competência residual da União, C.F., art. 154, I. Desnecessidade de lei complementar para a instituição da contribuição para o SAT. II. O art. 3º, II, da Lei 7.787/89, não é ofensivo ao princípio da igualdade, por isso que o art. 4º da mencionada Lei 7.787/89 cuidou de tratar desigualmente aos desiguais. III. As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5º, II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. IV. Se o regulamento vai além do conteúdo da lei, a questão não é de inconstitucionalidade, mas de ilegalidade, matéria que não integra o contencioso constitucional. V. Recurso extraordinário não conhecido. (RE 343.446/SC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 20.3.2003, DJ 04.04.2003, p. 40). Afasto, portanto, as alegações da recorrente de inaplicabilidade do SAT ao presente lançamento. Da incidência da cobrança previdenciária sobre contratos nulos Referente à indagação sobre a cobrança previdenciária sobre contratos nulos, a recorrente alega que determinada parcela do debito apurado corresponde à contribuição incidente sobre contratos de trabalhadores celebrados a partir de 1988, sem que tenha havido submissão a concurso público, inexistindo, portanto, relação de emprego válida capaz de gerar efeitos jurídicos. Ora, a validade da relação jurídica que dá embasamento à remuneração é irrelevante à ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, que se dá pela simples verificação do fato jurídico. A Constituição Federal prevê que a Seguridade Social será financiada, inclusive, pelas contribuições sociais da empresa incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados à pessoa física que lhe preste serviço, apesar de não ter vínculo empregatício, conforme art. 195, I, “a”: Art.195 A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 12 11 Neste diapasão, o Município tem a obrigação de reter e recolher contribuição previdenciária incidente sobre os pagamentos dos retrocitados trabalhadores. Segundo jurisprudência do TST, a declaração judicial de nulidade do contrato de trabalho com órgão público, por ausência de concurso, não afasta a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias, fundamentandose no que prevê a Súmula nº 363, in verbis: TST Enunciado nº 363 Res. 97/2000, DJ 18.09.2000 Republicação DJ 13.10.2000 Republicação DJ 10.11.2000 Nova Redação Res. 111/2002, DJ 11.04.2002 Nova redação Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 Contratação de Servidor Público sem Concurso Efeitos e Direitos A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Ante o exposto, deve ser mantida a tributação dos valores pagos aos prestadores de serviços ao Município, ainda que irregular o vínculo de trabalho. Da multa aplicada A autuação em comento referese ao descumprimento pelo Município de Araci, contribuinte em questão, da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária patronal dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigiase à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 13 12 A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP nº 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei nº 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei nº 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Fl. 425DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 14 13 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei nº 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei nº 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP nº 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 destinavase a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 15 14 Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relacionase com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vinculase à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4º e 5º e no revogado art. 35 ambos da Lei nº 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificandoas. Nesses casos, concluindose pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominarlhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verificase a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei nº 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP nº 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei nº 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação Fl. 427DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A Processo nº 10530.725857/201081 Acórdão n.º 2301003.118 S2C3T1 Fl. 16 15 dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996) aplicandolhe a que for mais benéfica. Da Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para que seja aplicada aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2008, a penalidade prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996, caso seja mais benéfica para o contribuinte, afastando nesse período toda e qualquer aplicação de multa de ofício. É como voto. Sala das Sessões, em 16 de outubro de 2012 Leonardo Henrique Pires Lopes Fl. 428DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 8/11/2012 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 30/11/2012 por MARCELO OLIVEIR A
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Numero do processo: 10983.908282/2009-79
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3801-000.399
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, José Luiz Bordignon, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, José Luiz Bordignon, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 83 .9 08 28 2/ 20 09 -7 9 Fl. 109DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/02/2 013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10983.908282/200979 Resolução nº 3801000.399 S3TE01 Fl. 3 2 Relatório Por meio de Declaração de Compensação apresentada eletronicamente, a requerente postula a compensação de débito de contribuição com crédito decorrente de pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Florianópolis/SC, nos termos de despacho decisório eletrônico não reconheceu o direto creditório e não homologou a compensação efetuada. Após ter sido cientificado dessa decisão, a interessada interpôs manifestação de inconformidade. A DRJ em Florianópolis (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou a compensação. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário. Em face do bom direito da recorrente, o processo, em julgamento unânime, foi convertido em diligência para que a Delegacia de origem apurasse a correta composição da base de cálculo da contribuição com base na escrituração fiscal e contábil, segundo o conceito de faturamento adotado na Lei Complementar nº 70, de 1991, qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Além disso, solicitouse que fosse informado se a recorrente havia proposto ação judicial com o mesmo objeto deste processo administrativo fiscal. A DRF de origem atendeu parcialmente o solicitado na Resolução. Após a realização da diligência fiscal, a autoridade fiscal arguiu que o prazo para apresentação do Recurso Voluntário transcorreu sem qualquer manifestação válida do contribuinte, devendo ser procedida a imediata cobrança dos débitos indevidamente compensados. Sustenta que houve um equívoco no encaminhamento anterior do processo ao CARF, visto que o recurso voluntário foi assinado pelo Sr. Maurício Alvarez Mateos, o qual não tem legitimidade para representar a interessada perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Outrossim, apurouse com fundamento na escrita fiscal e contábil a base de cálculo e o valor devido da contribuição para o período de apuração em discussão. Assim, os autos administrativos retornaram a esse colegiado para julgamento. É o relatório. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/02/2 013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10983.908282/200979 Resolução nº 3801000.399 S3TE01 Fl. 4 3 Voto O recurso é tempestivo, todavia não atende os demais pressupostos recursais, uma vez que seu conhecimento estará condicionado à regularização da representação processual, conforme será demonstrado. Como constatado pela autoridade fiscal que realizou a diligência fiscal, o signatário do recurso voluntário não comprovou ter poderes para representar a pessoa jurídica, todavia não se deve adotar como solução do litígio a preclusão temporal, ou seja, a declaração de revelia. Registrese que este relator, ao propor a conversão do julgamento em diligência, não atentou para o fato de que o recurso voluntário foi subscrito por advogado sem instrumento procuratório válido. O vício na representação processual não deve resultar na cobrança imediata dos débitos. O artigo 13 do Código de Processo Civil, inciso II, dispõe que: “Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para sanar o defeito. Não cumprindo o despacho dentro do prazo, se a providência couber: (...) II – ao réu, reputarseá revel.”(grifo nosso) Assim, ao receber o recurso voluntário, a autoridade preparadora deveria verificar se o representante legal era detentor de poderes para representar a interessada. Constatado o vício, a recorrente deveria ter sido intimada a regularizar a representação processual. Este procedimento não foi adotado e não pode trazer prejuízos à recorrente. Tenhase presente que o não conhecimento do recurso voluntário nos termos propostos pela autoridade fiscal implicaria em um enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional, pois resultaria na cobrança indevida de débito. A administração pública pauta principalmente pelos princípios da legalidade, moralidade e eficiência. De sorte que o presente processo deve retornar à Delegacia de origem para que, no prazo de quinze dias, seja dada à recorrente a possibilidade de regularizar a sua situação processual. Ademais, do exame dos documentos da diligência fiscal, verificase que a diligência não foi cumprida integralmente, pois a recorrente não foi devidamente cientificada de seu teor, em especial dos cálculos efetuados pela autoridade fiscal. A falta de intimação da diligência viola o princípio do devido processo legal e implica ofensa ao amplo direito de defesa administrativa, que é uma garantia individual e reconhecida constitucionalmente. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/02/2 013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10983.908282/200979 Resolução nº 3801000.399 S3TE01 Fl. 5 4 Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) intime à interessada no prazo de 15 (quinze) a regularizar a representação processual; b) cientifique a interessada quanto ao teor da diligência para, desejando, manifestarse no prazo acima. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 112DF CARF MF Impresso em 11/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/02/2 013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 15940.000159/2007-66
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004, 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA - PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-002.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
EDITADO EM: 07/02/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado) e Elias Sampaio Freire.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora EDITADO EM: 07/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado) e Elias Sampaio Freire.
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Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora EDITADO EM: 07/02/2013 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 94 0. 00 01 59 /2 00 7- 66 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado) e Elias Sampaio Freire. Relatório Primeiramente, cabe esclarecer que se trata de processo envolvendo receitas de propriedades rurais e créditos em contas bancárias utilizadas em conjunto por quatro irmãos, cada qual detendo 25% de participação, relativamente aos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004. Assim, embora tenha sido lavrado um auto de infração para cada contribuinte, os demonstrativos elaborados durante a ação fiscal exibem valores totalizados. Tratase de autuação tendo em vista as seguintes infrações: omissão de rendimentos da Atividade Rural; omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada; omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas e jurídicas, relativos a juros de créditos via cobrança bancária; multa isolada do carnêleão, no percentual de 50%. Foi aplicada multa qualificada apenas sobre a omissão de rendimentos da Atividade Rural, sob a seguinte justificativa (fls. 5.114/5.115): “20. O contribuinte ao não informar, nos respectivos meses, no anexo da atividade rural (anoscalendário de 2002, 2003, 2004), a quase totalidade da vultosa receita bruta auferida proveniente de imóveis explorados como parceiro e arrendatário, o fez com a intenção de impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, no caso, rendimento tributável relacionado com a exploração da atividade rural, restando configurado a conduta descrita como sonegação fiscal, conforme definido no artigo 71, inciso I da Lei n° 4.502/64, justificandose, por conseguinte, a aplicação da multa prevista no artigo 44, inciso II da Lei n° 9.430/96. Na verdade, tratase de prática reiterada, praticada nos anos calendário de 2001, 2002, 2003 e 2004. O mesmo argumento é válido no que diz respeito aos rendimentos omitidos provenientes de juros recebidos via cobrança bancária.” (grifo no original) O lançamento foi considerado procedente em parte pela DRJ, que apenas deduziu, do total das receitas da Atividade Rural apuradas pela Fiscalização, os valores já declarados nas respectivas DIRPF. O acórdão foi assim ementado (fls. 5.206 a 5.226): “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. O fato gerador do Imposto de Renda Pessoa Física, por ser complexivo com período anual, ocorre em 31 de dezembro do respectivo anocalendário, expirando o prazo decadencial em 5 (cinco) anos, a contar desta data, nos casos de lançamento por homologação. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 25 3 Preliminar rejeitada. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE JUROS. MULTA ISOLADA PELO NÃO RECOLHIMENTO DE CARNÊ LEÃO. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, ou com a qual o contribuinte concorda, devendo ser mantido o lançamento decorrente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. VALORES DECLARADOS. No lançamento relativo à omissão de rendimentos provenientes da atividade rural, deve ser excluído, do montante tributável apurado, o valor já informado na Declaração de Rendimentos Pessoa Física. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA (150%). A aplicação da multa de ofício decorre de expressa previsão legal, tendo natureza de penalidade por descumprimento da obrigação tributária e, presentes na conduta do contribuinte, as condições que propiciaram a majoração da multa de ofício, consubstanciadas pela tentativa de retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador do imposto, é de se manter a multa de ofício qualificada de 150%. Lançamento Procedente em Parte” Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 5.230 a 5.252), julgado em 29/10/2009, exarandose o Acórdão 220200.280 (fls. 5.255 a 5.267), assim ementado: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005 Ementa: DECADÊNCIA Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratandose de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a Fl. 3DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). OMISSÃO DE RENDIMENTOS ATIVIDADE RURAL Não comprovada a tributação integral dos rendimentos da atividade rural, é de ser mantida a exigência da diferença. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N° 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS PERÍODOBASE DE INCIDÊNCIA APURAÇÃO MENSAL TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL – Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1° de janeiro de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva anual (ajuste anual). PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA – As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. APURAÇÃO DE RECEITA DA ATIVIDADE RURAL – LANÇAMENTO DE OFÍCIO JUSTIFICATIVA DE ORIGEM DEPÓSITOS BANCÁRIOS É de se aceitar como origem de recursos, justificando a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, os valores relativos à receita bruta da atividade rural, apurados durante o procedimento fiscal, e lançados de oficio pela autoridade lançadora. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de oficio exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de oficio exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1% itens II e III, da Lei n°. 9.430, de 1996). MULTA QUALIFICADA A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula 1° CC n° 14). • Preliminar rejeitada. Recurso provido em parte.” A decisão foi assim resumida: Fl. 4DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 26 5 “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da exigência o item 02 Auto de Infração (depósitos bancários); a multa isolada, por falta de recolhimento do carnê leão, aplicada concomitantemente com a multa de oficio e desqualificar a multa de oficio, onde for o caso, reduzindoa ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negava provimento ao recurso e Antonio Lopo Martinez (Relator), que negava provimento ao recurso no que se refere ao item 02 do Auto de Infração. Designado para redigir o voto vencedor, no que se refere ao item 02 do Auto de Infração (depósitos bancários), o Conselheiro Nelson Mallmann. Relativamente à infração caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, o voto condutor do acórdão assim dispôs (fls. 5.280/verso em diante): “... o autuado, na tentativa de justificar os depósitos bancários apresentou notas fiscais de produtor nos valores de R$ 16.765.759,36; R$ 21.187.357,44 e R$ 18.723.798,33, correspondente aos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente (considerado o valor total do condomínio rural), cujos valores foram incluídos nos Autos de Infrações (dividido por quatro — condomínio), pela autoridade lançadora, como sendo omissão de rendimentos provenientes da atividade rural, cujos valores foram considerados como origem comprovada para efeitos de exclusão nos valores lançados como sendo omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. É necessário se observar que a receita bruta da atividade rural foi considerada nos demonstrativos de apuração dos créditos bancários não justificados na forma de ‘fluxo de caixa’ (fls. 4889/4903). Ou seja, somouse diariamente os créditos bancários e subtraiuse os cheques devolvidos, os juros, os valores com origem justificada e a receita da atividade rural apurada naquele dia. Se o resultado foi negativo, considerouse como omissão de rendimentos por depósitos bancários não justificados e o resultado foi positivo o saldo foi utilizado para justificar créditos bancários do dia seguinte e assim sucessivamente dentro do anocalendário. (...) Observase, que a autoridade lançadora considerou os valores da receita bruta da atividade rural, relativo as notas fiscais de produtor apresentado pelo suplicante, durante a fase do procedimento fiscal. Entretanto, o critério utilizado prejudicou o suplicante, já que a autoridade fiscal ao utilizar o critério do tipo ‘fluxo de Caixa’ não considerou o saldo positivo apurado no último dia do anocalendário. Ou seja, o suplicante (condomínio) tinha um saldo positivo de recursos que, em tese, poderiam justificar depósitos bancários dentro do ano calendário se não for levada em conta a necessidade da Fl. 5DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 coincidência de datas e valores, como foi o caso do presente processo. Muito embora não haja dúvidas quanto a presunção legal que determina a apuração mensal dos depósitos bancários, temos no caso presente que o contribuinte se dedica à atividade rural, sendo também certo que a Lei 8.023, de 1990 impõe a apuração anual. Não considerar tais valores como origem dos depósitos bancários não comprovado deixa, com certeza, o suplicante numa situação inadequada. (...) Ou seja, parece ser possível concluir por uma questão de coerência, que o tratamento a ser dado nestas circunstâncias deva ser a exclusão do valor da receita da atividade rural incluída de oficio pela autoridade lançadora no Auto de Infração, como sendo a base de cálculo para a omissão de rendimentos da atividade rural, sob pena de se lhe dar tratamento tributário mais gravoso do que se o contribuinte estivesse ficado inerte (não apresentar as respectiva notas fiscais). Por outro lado, tal aspecto não chega a se constituir em prova absoluta de que o valor apurado, com base nas notas fiscais de produtor, de fato tem origem nestes depósitos bancários não justificados. Ora, se o recorrente apresentou as notas fiscais de produtor durante o procedimento fiscal (de forma espontânea) e o fisco utilizou o valor destas notas fiscais para constituir o lançamento de oficio, não vejo, pois, como deixar de reconhecer ao recorrente o direito de reduzir em igual montante o valor da receita bruta da atividade rural utilizada como base de cálculo para apurar a omissão de rendimentos provenientes da atividade rural do item de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários, para efeito de cálculo do imposto devido. É de se registrar, que em situações análogas esse conselho já se manifestou no sentido de excluir da tributação dos rendimentos omitidos por decorrência de depósito bancário, uma vez que tais valores já foram objeto de lançamento por receita omitida na atividade rural (...) Assim sendo, da análise dos demonstrativos de fls. 4.889/4.903 observase que foi apurado um saldo positivo de R$ 132.085,19 (fls. 4.411); R$ 1.490.950,17 (fls. 4.670) e R$ 3.123.274,55 (fls. 4.887), correspondente aos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente. Estes valores correspondem ao condomínio sendo necessário a divisão por quatro para se apurar o valor a excluir por contribuinte: 132.085,19 : 4 = 33.021,29; 1.490.950,17 : 4 = 372.737,54 e 3.123.274,55 : 4 = 780.818,00. Assim sendo, se faz necessário excluir da base de cálculo dos itens omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários os valores: R$ 33.021,29; R$ 372.737,54 e R$ 780.818,00, correspondente aos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 27 7 Observando, que relativo ao anocalendário de 2004 é de se excluir a totalidade lançada, já que os valores lançados neste item somam R$ 484.210,16 e o valor positivo foi de R$ 780.818,00.” Em 13/11/2009, foram opostos Embargos Declaratórios pelo próprio Relator do acórdão, tendo em vista a ocorrência de lapso manifesto no registro da parte dispositiva do julgado, que restou em desacordo com a conclusão do respectivo voto condutor (Despacho de fls. 5.265 a 5.267). A Fazenda Nacional também detectou o lapso, opondo também Embargos de Declaração (fls. 5.291 a 5.297). Assim, em 02/12/2009, foi prolatado o Acórdão 220200.340, com a seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005 EMBARGOS INOMINADOS LAPSO MANIFESTO Verificada no julgado a existência de incorreções devidas a lapso manifesto, é de se acolher os Embargos Inominados. Embargos acolhidos. A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER os Embargos Inominados para sanar o lapso manifesto apontado e retificar a decisão do Acórdão n.°. 2202.00.280, de 29/10/2009, para "REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para: (1) excluir da base de cálculo da exigência, relativo aos depósitos bancários de origem não comprovada, os valores de R$ 33.021,29; R$ 372.737,54 e a integralidade lançada, correspondente aos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente; (2) — excluir da exigência a multa isolada, por falta de recolhimento do carnêleão, aplicada concomitantem ente com a multa de oficio e (3) desqualificar a multa de oficio, onde for o caso, reduzindoa ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado'. Vencidos os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negava provimento ao recurso e Antonio Lopo Martinez (Relator), que negava provimento ao recurso no que se refere ao item 02 do Auto de Infração.” Cientificada do acórdão em 11/10/2010 (fls. 5.298), a Fazenda Nacional interpôs, em 19/10/2010, o Recurso Especial de fls. 5.301 a 5.314, com fundamento no art. 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir as seguintes matérias: exclusão, da base de cálculo dos depósitos bancários, do saldo positivo de receitas da Atividade Rural omitidas, apurado no último dia do anocalendário; Fl. 7DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 desqualificação da multa de ofício (aplicada apenas sobre a omissão de rendimentos .da Atividade Rural e de juros). Como paradigmas para a primeira matéria, foram indicados os Acórdãos 104 21.025 e 10248.141. Quanto à segunda matéria, foram indicados os Acórdãos 10196.446 e 10517.034. Em 13/12/2010, por meio do Despacho de Admissibilidade nº 220200.409 (fls. 5.315 a 5.319/verso), foi dado seguimento ao Recurso Especial, assim identificandose as matérias que seriam objeto do apelo (fls. 5.316): “O recurso está manejado quanto as seguintes discussões: 1 da possibilidade de se caracterizar divergência jurisprudencial nos casos de redução da base de cálculo, da omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários não justificados, a 20%, em razão do exercício da atividade rural com exclusividade (única atividade exercida pelo contribuinte autuado); e 2 da possibilidade de se caracterizar divergência jurisprudencial nos casos de desqualificação da multa de oficio (percentual reduzido de 150% para 75%), pela inexistência de conduta material. Qualificação da multa baseada, tãosomente, em informações divergentes, conduta reiterada e falta de inclusão na Declaração de Ajuste Anual”. Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional apresenta os seguinte argumentos, em síntese: da análise das alegações e da documentação apresentada pelo contribuinte, com a finalidade de justificar a origem dos depósitos bancários não comprovados, confirmase que o mesmo não logrou êxito em sua empreitada; aliás, o próprio contribuinte reconheceu não ter meios para comprovar a origem de tais depósitos, limitandose a pleitear fossem estes considerados decorrentes da atividade rural por ele exercida; entretanto, o Relator, de oficio, levantou a tese da utilização dos saldos positivos verificados ao final dos anoscalendários de 2003 a 2005, para, por presunção, considerálos como suficientes para justificar a origem de parte dos depósitos bancários não comprovados. ressaltese que o próprio condutor do acórdão recorrido reconhece que a existência destes saldos positivos não seria suficiente para afirmar ser esta a origem de parte dos depósitos bancários não comprovados; entretanto, ao invés de assim considerar e negar provimento ao recurso, o Relator, por uma denominada suposta "justiça fiscal" entendeu pela exclusão do valor da receita da atividade rural incluída de oficio pela autoridade lançadora no Auto de Infração, como sendo a base de cálculo para a omissão de rendimentos da atividade rural; contudo, tal entendimento não pode prevalecer, uma vez que ao utilizar a presunção para justificar a origem dos depósitos bancários não comprovados, colidiu frontalmente o Relator com os ditames do art. 42 da Lei 9.430, de 1996, desincumbindo o Fl. 8DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 28 9 contribuinte do ônus de comprovar a origem de tais recursos, inclusive adotando uma tese que sequer foi considerada pelo contribuinte. o relator fez uma verdadeira ginástica com a finalidade de comprovar, para o contribuinte, que alguns valores de depósitos de origem não identificada poderseiam justificar pelos saldos positivos ao final de cada anocalendário, valendose de simples presunção, o que não se pode admitir; frisese ainda que apesar de o contribuinte ter como atividade preponderante a rural , não se pode admitir que toda e qualquer receita seja decorrente de tal atividade, mormente quando se comprova que o contribuinte possui outras fontes de rendimentos, conforme se constata de suas Declarações de Ajuste Anual de fls. 29 a 52; ressaltese que não há que se falar, no caso dos depósitos de origem não comprovada, de inclusão na base de cálculo dos valores devidamente comprovados como sendo decorrentes da atividade rural, objetos de lançamento por omissão de rendimentos da atividade rural; ora, tais valores foram devidamente subtraídos pela Autoridade fiscal, uma vez que se tiveram suas origens comprovadas não poderiam ser considerados como decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada, não detém lógica tal raciocínio; neste contexto, temos que o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, estabelece presunção legal relativa de omissão de receitas ou rendimentos, que somente será afastada no caso do contribuinte, através de documentação hábil e idônea, comprovar a origem dos valores depositados/creditados em sua conta bancária; verificase, assim, que a referida presunção legal é a favor do Fisco, portanto o citado diploma atribui ao particular o ônus da prova quanto à origem dos valores que circulam, em seu nome, em instituições bancárias; no caso de o contribuinte não lograr êxito em comprovar a origem dos valores que movimentam sua conta bancária, o que reflete exatamente o caso dos autos, haverá presunção absoluta de renda tributável , com a conseqüente ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, sujeitandose o contribuinte às normas do referido tributo; assim, sendo o lançamento questionado pelo contribuinte referente a depósitos cuja origem não foi devidamente comprovada , o entendimento esposado no acórdão ora recorrido no sentido de que a autoridade deixou de considerar os rendimentos lançados/declarados ou não os considerou em sua totalidade, no caso, não considerou os saldos positivos ao final de cada anocalendário, e estes seriam suficientes, por presunção, para exclusão da base de cálculo de tais valores, está equivocado; segundo a lei de regência, não é o Fisco quem tem que provar a origem dos recursos que circulam na conta do contribuinte, esse ônus é deste último; aliás, se o contribuinte tivesse demonstrado a origem desses recursos, a tributação não seria com base no art. 42 da Lei n.° 9.430, de 1996, e sim de acordo com a legislação específica do tributo, a título de omissão de rendimentos da atividade principal do contribuinte, como inclusive foi feito no caso da comprovação dos recursos decorrentes da atividade rural. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 ora, se o ônus é do contribuinte e ele não logra êxito em comprovar a origem dos valores depositados em sua conta bancária – o que, aliás, foi confirmado pelo próprio Relator, não há como admitir a exclusão da base de cálculo dos valores decorrentes dos saldos positivos ao final de cada anocalendário, por presumirse que tais valores poderiam, em tese, justificar a origem dos depósitos; assim, como o contribuinte não trouxe nenhuma prova hábil e inequívoca acerca da origem de todos os rendimentos depositados em sua conta bancária no período fiscalizado, e, em razão do disposto no art. 42 da lei 9.430/96, não se pode presumir em favor do contribuinte que determinados valores podem, em tese, justificar a origem dos depósitos, sendo impossível a manutenção do acórdão tal como se apresenta; no tocante à manutenção da qualificação da multa de oficio em 150%, temos que a aplicação desta para alguns períodos contidos no lançamento teve amparo no art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996; como se percebe, a aplicação da multa de oficio qualificada de 150% tem lugar quando se comprova tratarse de casos envolvendo evidente intuito de fraude, como definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964; nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à Fazenda Pública, onde se utiliza de subterfúgios a fim de escamotear a ocorrência do fato gerador ou retardar o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária; ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que os diferenciam da mera falta de pagamento do tributo ou da simples omissão de rendimentos na declaração de ajuste, seja ela pelos mais variados motivos que se aleguem; a caracterização do intuito doloso do Contribuinte, não olvidamos, é de difícil demonstração por parte da fiscalização; no presente caso, conforme descrito pela autoridade fiscal e confirmado pela DRI, houve a qualificação da multa, tendo em vista condutas de cunho fraudatório, praticadas pela omissão dos verdadeiros valores das suas receitas brutas (omitindose quanto a vultosos valores), relativos aos anoscalendário 2003 a 2005, ensejando a redução de impostos e contribuições, sendo conduta reiterada do contribuinte; pelo supra exposto, claramente se configura omissão dolosa para impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador do imposto de renda; embora de difícil comprovação, o intuito doloso denunciase por meio de indícios ou elementos que, analisados isoladamente conduzem a uma interpretação que se afasta da realidade, mas que, por outro lado, se analisados em seu conjunto, demonstram cabalmente o animus doloso de fraudar o fisco; neste sentido, pela análise do que consta dos autos, há elementos suficientes para a caracterização do intuito fraudulento/sonegatório, conforme bem reconheceu a autoridade fiscal; como se vislumbra facilmente não se tratou, no caso, da demonstração de pequenos ingressos nas contas bancárias se mantiveram sem justificação e de quer omissões se referissem a um período específico; Fl. 10DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 29 11 se assim fosse, poderseia até admitir uma possível conduta involuntária, chegandose à conclusão de que a imposição da penalidade qualificada não seria justificável; entretanto, à luz do que foi trazido aos autos, a situação é bastante distinta, tornandose absolutamente inverossímil a idéia de que o contribuinte teria cometido meros equívocos, já que as quantias omitidas foram de grande monta e assim que intimado, o contribuinte apresentou todos os comprovantes que confirmaram a omissão; assim, tais documentos sempre estiveram em poder do contribuinte, o qual deveria têlos incluído nas declarações de IRPF; o intuito deliberado de não fazêlo, apresentandoos somente quando intimado, por si só já configura a conduta dolosa hábil a ensejar a aplicação da multa qualificada no percentual de 150%; dessa forma, como bem concluiu a autoridade julgadora de primeira instância, diante da reiterada e sistemática insubordinação aos ditames da lei, não há como considerar involuntária a conduta do contribuinte, mas sim como uma conseqüência direta da intenção deliberada de omitir rendimentos e também informações em sua declaração de ajuste anual, o que torna perfeitamente aplicável a multa qualificada prevista no inciso II do artigo 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Ao final, a Fazenda Nacional requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida na parte que lhe foi desfavorável, mantendose os valores lançados a título de omissão de rendimentos – depósitos de origem não comprovada em sua totalidade, bem como a manutenção da multa no percentual de 150%, nos casos em que foi aplicada. Às fls. 5.321 e 5.325, a Delegacia da Receita Federal em Presidente Prudente/SP informa que os débitos mantidos pelo acórdão recorrido foram incluídos no parcelamento da Lei nº 11.941, de 2009 e transferidos para o processo nº 15936.00008/201153. Cientificado do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em 11/03/2011 (fls.5.326), o contribuinte ofereceu, em 25/03/2011, as ContraRazões de fls. 5.327 a 5.343, contendo os seguintes argumentos, em síntese: a hipótese vertente trata de situação bastante peculiar, como afirmado pelo próprio Relator do aresto recorrido, sendo certo que não há divergência sobre a interpretação do art. 42 da lei 9.430, de 1996; nesse passo, não se pode olvidar que os dois precedentes, apontados pela Fazenda Nacional como paradigmas para a caracterização da suposta divergência, relativa à redução da base de cálculo da exigência, tratam de situações bastante diferentes; com efeito, extraise das razões recursais da Fazenda Nacional que "para satisfazer esta exigência de comprovação de dissídio jurisprudencial, invocamos alguns precedentes que, diversamente do entendimento demonstrado nos autos, exige que o contribuinte comprove a origem dos depósitos nos termos do que dispõe o art. 42 do Lei 9.430, de 1996, caso contrário deverá manterse o lançamento, entendimento diametralmente oposto ao esboçado pelo i. Relator"; Fl. 11DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 12 ora, nunca se questionou a necessidade – imposta por lei, digase de passagem – de o contribuinte comprovar a origem dos depósitos, tampouco o Relator do acórdão recorrido questionou essa obrigação legal; muito pelo contrário, em diversas passagens do voto condutor, ficou patenteado que parte das alegações veiculadas no recurso voluntário não poderiam ser acolhidas exatamente porque o então recorrente não logrou comprovar a origem dos depósitos; entretanto, o Relator bem observou que "...o dever de ofício nos arrasta, no sentido de que se restabeleça a justiça fiscal de que, nestes autos, está carente, não por culpa do autoridade lançadora e sim pela situação peculiar estabelecida nestes autos. Ou seja, o autuado, na tentativa de justificar os depósitos bancários apresentou notas fiscais de produtor nos valores de R$ 16.765.759,36; R$ 21.187.357,44 e R$ 18.723.798,33, correspondente aos anos calendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente (considerando o valor total do condomínio rural), cujos valores foram incluídos nos Autos de Infrações (dividido por quatro condomínio), pela autoridade lançadora, como sendo omissão de rendimentos provenientes do atividade rural, cujos valores foram considerados como origem comprovada para efeitos de exclusão nos valores lançados como sendo omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada"; prosseguiu o Relator fundamentando sua decisão com a demonstração de que o critério utilizado pelo Fisco (fluxo de caixa) foi prejudicial ao contribuinte, bem como que as notas fiscais por ele apresentadas espontaneamente e utilizadas no autuação devem servir para redução da base de cálculo; como se vê, o presente caso não cuidou de afastar a exigência do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996 no sentido de que o contribuinte comprove a origem dos depósitos bancários, mas sim de (i) dar o melhor tratamento a uma situação peculiar, (ii) na qual foram utilizados pelo Fiscal autuante critérios contraditórios entre si, (iii) quando até mesmo haviam sido apresentadas notas fiscais que deveriam reduzir a base de cálculo da exigência; a tese exposta na peça recursal só reuniria condições de ser examinada se o acórdão recorrido tivesse entendido que, à luz do art. 42 da Lei 9.430, de 1996, o contribuinte não precisaria comprovar a origem dos depósitos por meio de documentação hábil, e isso não ocorreu, conforme já exposto; o Relator teceu longas considerações sobre o indigitado dispositivo legal, sempre demonstrando a necessidade de comprovação da origem dos valore depositados; a mera leitura do acórdão recorrido e do inteiro teor dos dois precedentes apontados para caracterizar a divergência não deixa qualquer dúvida sobre o descabimento do presente Recurso Especial; de outra banda, a suscitada divergência jurisprudencial referente à interpretação conferida ao art. 44, II da Lei 9.430/96 c/c arts. 71, 72, e 73 da Lei 4.502/64, caracterizada pelos acórdãos paradigmas 10196446 e 10517034, igualmente não se verifica no presente caso, não podendo o recurso sequer ser conhecido; com efeito, o aresto recorrido firmou o entendimento de que "...no caso concreto, não ficou caracterizado o evidente intuito de fraude, requisito essencial para a qualificação do multa; Fl. 12DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 30 13 não se pode presumir a simulação simplesmente pela omissão de rendimentos, ou pelo fato de o contribuinte não ter prestado esclarecimentos que a autoridade lançadora julgava oportunos; além disso, o Relator consignou que "Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes"; os precedentes trazidos como paradigmas, por sua vez, tratam de hipóteses em que “a prática reiterada da infração demonstra de forma inequívoca o dolo do agente"; embora o voto do Relator tenha trazido outros fundamentos para a desqualificação da multa, o excerto acima reproduzido é suficiente para demonstrar que não há similitude entre as hipóteses que pudesse caracterizar divergência jurisprudencial; ademais, outro óbice intransponível à admissibilidade do Recurso Especial é o § 2º do artigo 67 do Regimento Interno do CARF, já que no presente caso foi aplicada a Súmula CARF nº 14; é indene de dúvidas, pois, que o Recurso Especial não pode ser conhecido, porquanto descabe falar em divergência de interpretação sobre dispositivos legais, não se subsumindo à hipótese do artigo 67 do Regimento Interno do CARF, instituído pela Portaria MF 256, de 2009; ainda que superados os óbices ao conhecimento do recurso, no mérito, as alegações da Fazenda Nacional não reúnem as mínimas condições de prosperar, na medida em que não se atentou para a situação peculiar dos autos, especialmente que o voto vencedor do acórdão recorrido registrou que o critério utilizado pelo Fisco (fluxo de caixa) foi prejudicial ao contribuinte, bem como que as notas fiscais por ele apresentadas espontaneamente e utilizadas na autuação devem servir para redução da base de cálculo; o voto condutor se preocupou em corrigir o equívoco cometido pelo Fiscal autuante segundo o critério estabelecido no própria autuação (fluxo de caixa); caso não se concorde com a solução encontrada pelo aresto recorrido, automaticamente, também teria que ser revisto o próprio lançamento, quando foi eleito tal critério; ora, não se trata de simples alegações desacompanhadas de prova, as receitas provenientes do atividade rural foram reconhecidas pelo próprio fiscal autuante, em face das notas fiscais e demais documentos entregues pelo contribuinte; a peculiaridade do presente caso se resume ao critério adotado na atuação (fluxo de caixa), que passou o saldo positivo de um mês para o outros, mas não o fez de um exercício para o outro; tal equívoco foi corrigido pelo CARF, apenas isso; nesse passo, equivocase a Fazenda Nacional ao registrar que "Frisese ainda que apesar de o contribuinte ter como atividade preponderante a rural, não se pode admitir que toda e qualquer receita seja decorrente de tal atividade, mormente quando se Fl. 13DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 14 comprova que o contribuinte possui outras fontes de rendimentos conforme se constata de suas Declarações de Ajuste Anual de fls. 29152". o equívoco acima referido decorre de confusão feita pelo representante fazendário, tendo em vista que não prosperou a tese trazida pelo contribuinte, de que sua atividade é preponderantemente rural e todos os depósitos bancários dela se originam; ora, o voto vencedor afastou tal tese registrando que "o fato de a atividade preponderante do contribuinte ser a atividade rural não permite concluir que os depósitos existentes em sua conta referemse a esta mesma atividade, já que possui outros rendimentos, conforme se constata em suas Declarações de Ajuste Anual, onde consta que recebe rendimentos de pessoas jurídicas"; em que pese a atividade do contribuinte ser exclusivamente rural, como se vê, tal tese não prosperou, e a autuação quanto aos depósitos bancários de origem não comprovada não foi cancelada ao ser transformada para omissão de rendimentos da atividade rural, como parece ter entendido o ilustre representante da Fazenda Nacional; assim, fica claro que as razões recursais não merecem guarida, eis que sequer se voltam contra o que, de fato, foi decidido pelo aresto hostilizado, sendo irrepreensíveis os fundamentos do seu voto condutor; quanto à desqualificação da multa, o acórdão recorrido procedeu com acerto, tendo em vista que a conduta do agente não se coaduna com as hipóteses enumeradas no inciso II, do artigo 44, da Lei 9.430/96, que impõe a aplicação da multa de ofício em 150% ; merece registro que houve entrega pelo contribuinte de todas as notas fiscais e demais documentos (que comprovam a atividade rural), o que teve o condão de contribuir com o auditorfiscal e, evidentemente, comprovar a origem dos depósitos bancários e a • inexistência de dolo em fraudar. cumpre ressaltar que a aplicação do multa no montante de 150% se dá apenas nos casos em que o intuito de fraude resta flagrantemente demonstrado, o que não ocorreu no caso em apreço; frisese que não há nos autos nenhuma prova de que o contribuinte/recorrido agiu com o intuito de fraudar ou teve dolo em suas condutas; conforme vasta jurisprudência do Conselho de Contribuintes, a falta de escrituração ou de declaração, por si só, não é suficiente para caracterizar dolo ou fraude; o Primeiro Conselho de Contribuintes sempre se manifestou contra o agravamento da multa sem a comprovação, por parte da Autoridade Fiscal, do dolo ou da fraude eventualmente praticados pelo contribuinte; destaquese que em caso de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou a natureza ou extensão de seus efeitos, aplicase a disposição mais favorável ao contribuinte, nos termos do artigo 112, do Código Tributário Nacional; além disso, não se pode perder de vista a já referida Súmula n° 14 do Primeiro Conselho de Contribuintes, bem lembrada no voto do Relator; Fl. 14DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 31 15 ante o exposto neste tópico, ainda que por absurdo, esta eg. Câmara Superior venha a reformar o acórdão recorrido, ainda assim, deve ser mantido o afastamento da multa de ofício. Ao final, o contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, bem como a manutenção do acórdão recorrido. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora O Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. A conclusão do Despacho de Admissibilidade nº 220200.409 (fls. 5.315 a 5.319/verso) é no sentido de admitir à Instância Superior as seguintes matérias: redução da base de cálculo, da omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários não justificados, a 20%, em razão do exercício da atividade rural com exclusividade (única atividade exercida pelo contribuinte autuado); e desqualificação da multa de oficio (percentual reduzido de 150% para 75%), pela inexistência de conduta material. Qualificação da multa baseada, tãosomente, em informações divergentes, conduta reiterada e falta de inclusão na Declaração de Ajuste Anual. De plano, esclareçase que a primeira matéria acima não foi suscitada no Recurso Especial da Fazenda Nacional, que em momento algum menciona redução da base de cálculo dos depósitos bancários a 20%, até porque isso não ocorreu no acórdão recorrido. O que a Fazenda Nacional ataca em seu apelo é a exclusão, da base de cálculo dos depósitos bancários, do saldo positivo de receitas da Atividade Rural omitidas, apurado no último dia de cada anocalendário. Nesse passo, a Fazenda Nacional indicou como paradigmas os Acórdãos 10421.025 e 10248.141. Antes de proceder à análise dos paradigmas, importa salientar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, em situações fáticas idênticas, são adotadas soluções diversas. Assim, tornase imprescindível a verificação acerca das situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigmas, a ver se guardariam a necessária identidade. No caso do acórdão recorrido, o contribuinte apresentou documentação comprobatória de receitas da Atividade Rural nos totais de R$ 4.191.439,84 , R$ 5.296.839,36 e R$ 4.680.949,58, auferidas nos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente. Em face dessa robusta documentação, a Fiscalização procedeu à autuação como omissão de rendimentos da Atividade e Rural e considerou ditas receitas como origem para os depósitos bancários, abstraindo inclusive da exigência de correspondência estrita entre datas e valores. Entretanto, como foi utilizada a sistemática de “fluxo de caixa”, o saldo positivo de receitas da Atividade Rural, apurado ao final de cada anocalendário, restou não aproveitado como origem dos depósitos, situação esta que foi reparada pelo Colegiado a quo. Fl. 15DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 16 Quanto ao primeiro paradigma Acórdão 10421.025 – está assim ementado, conforme edição e destaques levados a cabo pela própria Recorrente (fls. 5.303/5.304): “(...) DEPÓSITOS BANCÁRIOS PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ATIVIDADE RURAL OBRIGATORIEDADE DE COMPROVAÇÃO DAS RECEITAS O contribuinte é obrigado a comprovar a efetividade das receitas da atividade rural, mediante apresentação de documentos hábeis e idôneos. Sem essa comprovação, os valores lançados como receita da atividade rural serão considerados rendimentos provenientes de outras atividades e, portanto, não sujeitas ao regime de tributação favorecido. (...) Recurso parcialmente provido.” A leitura dos trechos acima não permite vislumbrar qual seria a divergência entre o paradigma e o acórdão recorrido, já que ambos se posicionam da mesma forma em relação à presunção contida no art. 42 da Lei nº 9.630, de 1996, e ambos prestigiam a efetividade da prova, no que tange a receitas da Atividade Rural: o paradigma, exigindo documentação hábil e idônea, e o recorrido, aceitando nada menos que os valores levantados pela própria Autoridade Fiscal, em função da documentação fornecida pelo contribuinte. Confirase os trechos da ementa do recorrido, quando trata desses temas: “(...) OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N° 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) APURAÇÃO DE RECEITA DA ATIVIDADE RURAL – LANÇAMENTO DE OFÍCIO JUSTIFICATIVA DE ORIGEM DEPÓSITOS BANCÁRIOS É de se aceitar como origem de recursos, justificando a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, os valores relativos à receita bruta da atividade rural, apurados durante o procedimento fiscal, e lançados de oficio pela autoridade lançadora. Fl. 16DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 32 17 (...)” Conforme o art. 67, § 6º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, a divergência deve ser demonstrada analiticamente, com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. Como se viu, os pontos assinalados pela Fazenda Nacional, na ementa do paradigma, longe de demonstrarem divergência, encontramse em sintonia com o acórdão recorrido, porque utilizam a mesma lógica. Assim, no que tange a esse primeiro paradigma, não restou demonstrada a alegada divergência. Quanto ao segundo paradigma indicado – Acórdão 10248.141 – está assim ementado, também conforme edição e destaques da própria Recorrente: “(...) OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS – ARTIGO 42 DA LEI 9.43011996 Caracterizam omissão de rendimentos valores creditados em conta bancária mantida junto a instituição financeira, quando o contribuinte ou seu representante, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS INAPLICABILIDADE DAS NORMAS ATINENTES À TRIBUTAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL — O fato de a quase totalidade dos rendimentos e recursos declarados pelo contribuinte seres: oriundos da atividade rural não é fator determinante, por si só, para que às omissões de rendimentos apuradas com base nos depósitos bancários sejam aplicadas as normas da tributação da atividade rural (base de cálculo de no máximo 20% da receita bruta). Para tanto, é necessário que o contribuinte faça prova de que tais valores são mesmo oriundos da comercialização de produtos agrícolas omitidos em sua DIRPF. DILIGÊNCIA OU PERÍCIA Indeferese o pedido de diligência ou perícia, cujo objetivo é instruir o processo com as provas que o recorrente deveria produzir em sua defesa, juntamente com a peça impugnatória ou recursal, quando restar evidenciado que o mesmo poderia trazêlas aos autos, se de fato existissem. Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido.” Mais uma vez não se consegue vislumbrar onde residiria a divergência entre os acórdãos paradigma e recorrido, já que, tal como no caso do primeiro paradigma, os posicionamentos dos dois julgados são idênticos, no que tange à interpretação do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Quanto ao posicionamento acerca da associação de receitas da Atividade Rural com depósitos bancários, ambos adotam a mesma lógica, seja para aplicação de base de cálculo favorecida (20%), seja para atribuir origem aos depósitos bancários: necessidade de comprovação, descartada a mera alegação. Fl. 17DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 18 Nesse passo, repitase que, no caso do acórdão recorrido, o contribuinte apresentou documentação comprobatória – aceita pela própria Fiscalização – de receitas da Atividade Rural nos totais de R$ 4.191.439,84 , R$ 5.296.839,36 e R$ 4.680.949,58, auferidas nos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, respectivamente. Quanto ao acórdão paradigma, confirase o seu contexto: “Frisese: O contribuinte não apresentou as notas fiscais ou qualquer outro documento comprobatório de que esses valores depositados seriam oriundos da atividade rural. O fato de valores coincidentes com os depósitos bancários estarem inseridos na escrituração não representa, por si só, a satisfação do ônus que o artigo 42 da Lei n.° 9.430/96 atribui ao contribuinte. Não havendo prova da oferta à tributação daqueles valores e nem da origem dos mesmos, passam eles a ser tidos, nos estritos limites do mencionado dispositivo legal, como rendimentos omitidos.” Com efeito, não há como compararse a situação do acórdão recorrido, em que o contribuinte forneceu, por meio de vários volumes de notas fiscais e outros documentos, comprovação robusta do exercício da Atividade Rural, tanto assim que ensejou a autuação como receitas omitidas dessa atividade, que inclusive é favorecida. Ressaltese que em momento algum, no acórdão recorrido, se afirmou que a Atividade Rural era a única exercida pelo contribuinte. Muito pelo contrário, foi mantida a autuação com base em depósitos bancários nos anoscalendário de 2002 e 2003, justamente porque não restou comprovada a origem dos recursos. A alegada divergência somente restaria demonstrada com a colação de paradigma em que, tendo a própria Fiscalização conferido origem aos depósitos bancários com base nas receitas omitidas da Atividade Rural, sem coincidência de datas e valores, o CARF não tivesse admitido a adoção do mesmo critério para os saldos de receitas remanescentes ao final de cada anocalendário. Com efeito, os paradigmas indicados pela Fazenda Nacional não vazam tal entendimento. Diante do exposto, não conheço do recurso, relativamente à matéria “exclusão, da base de cálculo dos depósitos bancários, do saldo positivo de receitas da Atividade Rural omitidas, apurado no último dia do anocalendário”. Relativamente à segunda matéria suscitada – desqualificação da multa de ofício (aplicada apenas sobre a omissão de rendimentos .da Atividade Rural e de juros) – a Fazenda Nacional indica como paradigmas os Acórdãos 10196.446, de 09/11/2007, e 105 17.034, de 29/05/2008. O contribuinte, em sede de contrarazões, pede o não conhecimento do recurso, alegando falta de similitude fática entre o acórdão recorrido e os paradigmas, além do fato de , no recorrido, ter sido aplicada a Súmula CARF nº 14, editada em 2006, que assim dispõe: “A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. " Quanto à aplicação da citada súmula, o grau de subjetividade contido na expressão “simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos” vem ensejando as mais Fl. 18DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 33 19 diversas interpretações, de sorte que aplicase ou não seu enunciado, a depender do que se considere como “simples omissão”. Diante de tal subjetividade, entendo que a divergência pode ser instaurada em função de que, já presente a súmula no ordenamento jurídico, diante de fatos idênticos, ela é ou não é aplicada, daí o dissídio interpretativo. Assim, uma vez que a Súmula CARF nº 14 foi editada em 2006, e os paradigmas lhe são posteriores, vez que prolatados em 2007 e 2008, a não aplicação da súmula nesses julgados obviamente indica que os fatos neles retratados não foram considerados como “simples omissão”, enquanto que os fatos contidos no recorrido foram assim considerados. Resta apenas perquirir se os fatos retratados nos paradigmas guardam identidade com os do recorrido, a ver se efetivamente resta caracterizada a divergência. Assim, mais uma vez tornase imprescindível a análise da situação fática verificada no acórdão recorrido e nos paradigmas, a ver se guardariam identidade. De plano, releva notar que os dois paradigmas indicados pela Fazenda Nacional são relativos a pessoas jurídicas, obrigadas inclusive a efetuar escrituração contábil, o que não ocorre com as pessoas físicas, como é o caso do acórdão recorrido. No caso do julgado guerreado, a desqualificação da multa de ofício – cujo agravamento fora aplicado somente à omissão de receitas da Atividade Rural e de juros – foi assim fundamentada (fls. 5.260/verso e 5.261): “No que toca a qualificação da multa, a autoridade lançadora consignou no auto de infração o agravamento da exigência para 150%, estaria motivada pelo silencia do contribuinte que implica na inidoneidade no preenchimento de sua DIRPF. Entendo que no caso concreto, não ficou caracterizado o evidente intuito de fraude, requisito essencial para a qualificação da multa. Não se pode presumir a simulação simplesmente pela omissão de rendimentos, ou por este não ter prestado esclarecimentos que julgava oportuna a autoridade lançadora. Desse modo esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei d 9.430196. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: `A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. " Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindoa para a multa de oficio de 75%.” Fl. 19DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 20 Quanto ao paradigma representado pelo Acórdão 10517.034, a Fazenda Nacional limitouse a transcrever a sua ementa, destacando determinados trechos, conforme abaixo se reproduz (fls. 5.306): "Número do Recurso: 152626 Câmara: QUINTA CÂMARA Número do Processo: 10935.0026371200566 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: IRP.1 E OUTROS Recorrente: CAS MADEIRA LTDA. Recorrida/Interessado: 2° TURMAIDRJCURITIBA/PR Data da Sessão: 2910512008 00:00:00 Relator: Marcos Rodrigues de Mello Decisão: Acórdão 10517034 Resultado: NPUNEGADO PROVIMENTO POR UNANIMIDADE Texto da Decisão: Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: LC 105 e Lei 10.174/2001 Aplicase a regra prevista no art. 144 do CTN no que se refere às normas que trazem novos poderes investigatórios à fiscalização. PIS A parti da Lei 9715 o fulo gerador e a base de cálculo do PIS voltaram a ser o faturamento do próprio mês e não o do sexto mês anterior. MULTA QUALIFICADA Provada a ocorrência da situação prevista no art. 71, 1 da Lei 4502164, aplicase a multa qualificada prevista no art. 44 da Lei 9.430. A prática reiterada da infração demonstra de forma inequívoca o dolo do agente. " Com efeito, a leitura do trecho grifado não permite que se saiba qual teria sido a conduta do agente, considerada dolosa. Entretanto, perquirindose o inteiro teor do acórdão, verificase que não se tratou apenas de prática reiterada de omissão de rendimentos, mas também de interposição de terceira pessoa, o que não ocorreu no caso do acórdão recorrido. Confirase trecho do voto condutor do paradigma: "Pela característica do caso em tela, entende a fiscalização que a multa a ser aplicada é a qualificada, considerandose os fatos descritos, a falta de reconhecimento pelo contribuinte em sua escrita fiscal/contábil dos recursos para fazer face aos vultuosos créditos/débitos bancários efetuados em contacorrente, omissão Fl. 20DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 34 21 do faturamento na DIPJ, omissão dos tributos a serem declarados em DCTF. Pela omissão dolosa tendente a ocultar/retardar a real faturamento e disponibilidade econômica, utilização de interpostas pessoas, conseqüentemente impedindo o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, que somente veio a tona com o desenvolvimento da presente ação fiscalizatória e contribuindo ainda para tal fundamentação a expressiva movimentação financeira, deixada à margem, que jamais poderia traduzir em ato equivocado ou inadvertido por parte do contribuinte ou seus administradores e responsáveis tributários, propiciam em potencial a multa qualificada de 150% sobre o imposto apurado, por incidir na situação prevista no art. 71, I, da Lei 4502/64, referenciado no art. 44, da Lei 9430/96" (grifo meu) Ora, a convicção do Julgador é formada em face de todos os elementos do processo, portanto não se pode comparar uma situação em que uma pessoa jurídica se utiliza de interposta pessoa, com a situação de uma pessoa física que não se utilizou desse artifício. Repitase que em nenhum momento a Fiscalização relata inidoneidade na documentação apresentada espontaneamente pelo autuado, no acórdão recorrido. Assim, relativamente a este paradigma, não considero que foi demonstrada a alegada divergência jurisprudencial, uma vez que as situações fáticas não são idênticas. Quanto ao paradigma representado pelo Acórdão 10196.446, a seguir se reproduz a sua ementa, tal como ela foi transcrita pela Recorrente, inclusive com os destaques por ela levados a cabo (fls. 5.305): “Numero Recurso :150429 Câmara :PRIMEIRA CÂMARA Numero Processo :10909.002969/200568 Tipo do Recurso. VOLUNTÁRIO Matéria :IRPJ E OUTROS Recorrente :CONSTRUTORA E INCORPORADORA DE IMÓVEIS PAIXÃO LTDA. Recorrida/interessado : 3" TURMAIDR.IFLORIANÚPOLIS/SC Data da Sessão: 0911112007 01:00:00 Relator :Sandra Maria Faroni Decisão :Acórdão 10196446 Resultado : DPPM DAR PROVIMENTO PARCIAL POR MAIORIA Texto da Decisão :Por unanimidade de votos. rejeitar as preliminares. No mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para ajustar as bases de cálculo dos Fl. 21DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 22 tributos lançados, conforme relatório de diligência de fls. 1.028 a 1.036 dos autos, vencidos os Conselheiros Valmir Sandri e José Ricardo da Silva, que também reduziam a multa de oficio para 75%. Ementa : NULIDADE SIGILO BANCÁRIO — APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR 10512001 INOCORRÊNCIA Não cabe alegação de quebra de sigilo bancário no caso de entrega espontânea à fiscalização de extratos das respectivas contas obtidos pelo sujeito passivo diretamente dos bancos de que é cliente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta corrente de, depósitos ou investimentos, mantida junto a instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (...). MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. É aplicável a multa de oficio qualificada de 150 %, naqueles casos em que restar constatado o evidente intuito de fraude. A conduta ilícita reiterada ao longo do tempo descaracteriza o caráter fortuito do procedimento, evidenciando o intuito doloso tendente à fraude.(...)” De plano, verificase que a Recorrente grifou, na ementa acima, a expressão “DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS”, porém mais uma vez se esclarece que, no caso do acórdão recorrido, a multa qualificada não foi aplicada aos depósitos bancários de origem não identificada, e sim à omissão de rendimentos da Atividade de Rural e de juros. No restante do trecho grifado pela Recorrente, foi feita menção a “conduta ilícita”, sem que a Fazenda Nacional demonstrasse, conforme determina o art. 67, § 6º, do RICARF, que essa mencionada conduta guardaria identidade com a conduta do contribuinte autuado, no caso do acórdão recorrido. Assim, mais uma vez recorrese ao inteiro teor do voto condutor do aresto paradigma, a perquirir sobre a motivação da manutenção da qualificadora, sem aplicação da Súmula CARF nº 14: “Concordo com a corrente de que o fato de a contribuinte não ter logrado comprovar a origem de parte dos valores creditados em contas de depósitos ou de investimentos em instituição financeira, por si só, não caracteriza o evidente intuito de fraude a que se refere o inciso II do art. 44 da Lei n°9.430, de 1996. No âmbito das presunções legais, a caracterização do intuito fraudulento deve se dar de forma muito cautelosa, de acordo com as circunstâncias do caso concreto. E é justamente em face destas circunstâncias que se há de entender que, mesmo diante das dificuldades de se caracterizar a fraude no caso de omissão de receitas diagnosticada por presunção, o intuito fraudulento está presente no caso concreto que aqui se tem, pois não se trata de 'falta simples de presunção de omissão de rendimentos', como alega a Impugnante. Explicase. Fl. 22DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 15940.000159/200766 Acórdão n.º 9202002.497 CSRFT2 Fl. 35 23 Como está detalhadamente explicitado no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal , às folhas 627 a 642, a contribuinte não logrou comprovar, em relação aos anos calendário de 2001 e 2002, a origem de ingressos em sua conta bancária que somaram R$ 2.730.764,73. Além disso, a contribuinte deixou de declarar receita da atividade, escriturada e não declarada, no montante de R$ 1.517.663,12, ao longo dos mesmos anoscalendário. Ou seja, há um quadro de reiteramento de conduta e de significância de valores, que torna absolutamente implausível a idéia de que se estaria diante de uma conduta involuntária, de um fato isolado, de um mero erro material. Não é razoável imaginar que uma pessoa jurídica, que opere sem intuito de se furtar às suas obrigações tributárias, não possa justificar nenhum dos ingressos significativos encontrados em sua conta corrente bancária ou tenha se equivocado em não declarar receitas da atividade, escrituradas, ao longo de dois períodos de apuração seguidos. Mais uma vez não se verifica a identidade fática necessária à caracterização de dissídio jurisprudencial. No caso do paradigma, a própria Relatora ressalta tratarse de uma pessoa jurídica que, além de omitir rendimentos, não conseguiu comprovar a origem de ingressos em sua conta bancária, no valor de R$ 2.730.764,73. Por outro lado, no caso do acórdão recorrido, tratase de contribuinte pessoa física que logrou comprovar a origem de mais de R$ 4.000.000,00 em cada um dos três anoscalendários fiscalizados, entendendo a própria autoridade fiscal tratarse de receitas da Atividade Rural, tanto é assim que ditos valores foram excluídos da base de cálculo dos depósitos bancários e autuados de forma específica (Atividade Rural). Diante do exposto, NÃO CONHEÇO do Recurso Especial da Fazenda Nacional, por falta de demonstração das alegadas divergências jurisprudenciais. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 23DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 24 Fl. 24DF CARF MF Impresso em 15/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/02/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/03/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.013279/2010-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Simples Nacional Ano-calendário: 2010 SIMPLES. EXCLUSÃO. DÉBITOS Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa.
Numero da decisão: 1301-000.884
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
Nome do relator: EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR
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Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2010 SIMPLES. EXCLUSÃO. DÉBITOS Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Relator Fl. 63DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 04/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 2 Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada contra decisão proferida pela 9ª Turma da DRJ de Campinas/SP. Cuidase na espécie de exclusão da ora recorrente do Regime do SIMPLES NACIONAL. O Ato Declaratório Executivo está encartado à folha 03 e atesta como motivo excludente o fato de a recorrente possuir débitos do aludido regime. A recorrente apresentou a competente Manifestação de Inconformidade (fls. 01 – 02), alegando que não efetuou o pagamento do tributo, porquanto delegara tal atividade a contador habilitado e que este profissional foi quem não providenciou os recolhimentos em questão. Diante disso, reconheceu ser devedora, sustentando que a “confissão” da dívida e seu parcelamento seria garantia constitucional, mas não fora alertada, sendo enviada tão somente a exclusão e a cobrança integral. Por fim, requereu a revisão dos débitos e o regular parcelamento na maior quantidade possível. A 9ª Turma da DRJ de campinas/SP, nos termos do acórdão e voto de folhas 35 a 36, indeferiu a solicitação, assentandose para tanto que não tendo sido regularizado o débito fiscal dentro do prazo legal, mentemse a exclusão de ofício dela decorrente. Devidamente cientificada da decisão desfavorável (fl. 38), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 39 – 40), argumentando eu não deveria prevalecer a frieza da lei, tampouco a culpa do contador ou da contribuinte, devendose levar em conta a hipossuficiência da recorrente, afirmandose assim, que se deveria darlhe crédito pela ignorância e boa fé, requerendo assim o parcelamento dos tais débitos no máximo possível. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 04/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 10830.013279/201052 Acórdão n.º 130100.884 S1C3T1 Fl. 2 3 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos genéricos de recorribilidade. Admitoo para julgamento. Observase que o inconformismo da recorrente se dirige unicamente ao fato de não possuir, segundo alega, capacidade econômica para suportar o pagamento dos débitos apurados pela Fiscalização e discriminados no Ato Declaratório Executivo de folha 03. Em momento algum se refutou materialmente a existência dos citados débitos, limitandose a requerer o parcelamento no maior número de vezes possível, sendo necessário assentarse que não houve, portanto, qualquer refutação acerca da constatação da existência do fato impeditivo da opção pelo SIMPLES Nacional. Ausentes quaisquer alegações e comprovações no sentido de afastar as constatações de evento impeditivo, que redundou na exclusão do regime simplificado, e constada a existência dos débitos, prevalece a decisão recorrida na medida em que observou rigorosamente aquilo que disposto no artigo 17, inciso V, da Lei Complementar nº 123/2006, dispositivo consagrador que não podem optar pelo SIMPLES as pessoas jurídicas que tiverem débito, sem exigibilidade suspensa, perante a Receita Federal do Brasil, confirase, in verbis: Artigo 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; (...) Por outro lado, devese assentar que tratandose apenas da exclusão do SIMPLES, não compete apreciação acerca de eventual pedido de parcelamento, motivo pelo qual, constatando a existência dos débitos, encaminho meu voto no sentido de Negar provimento ao Recurso Voluntário e manter inalterada a decisão recorrida. Sala das Sessões, em 11 de abril de 2012 (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 04/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 4 Fl. 66DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 04/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000800/2005-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÕES. REVENDA DE MERCADORIAS. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias importadas, mediante a emissão de notas fiscais contra os adquirentes, compõem a base de cálculo da Cofins. BASE DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. RECEITAS FINANCEIRAS. EXCLUSÃO. No julgamento do RE 585.235-QO/MG, julgado sob o regime do art. 543-B da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 que ampliou a base de cálculo da Cofins; assim, em face do disposto no art. 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), aplica-se ao presente julgamento, aquela decisão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÕES. REVENDA DE MERCADORIAS. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias importadas, mediante a emissão de notas fiscais contra os adquirentes, compõem a base de cálculo da contribuição para o PIS. BASE DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. RECEITAS FINANCEIRAS. EXCLUSÃO. No julgamento do RE 585.235-QO/MG, julgado sob o regime do art. 543-B da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), o Supremo Tribunal Federal (STF) Fl. 1 DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 que ampliou a base de cálculo da Cofins; assim, em face do disposto no art. 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), aplica-se ao presente julgamento, aquela decisão. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE
Numero da decisão: 3301-001.457
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto Relator. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
Nome do relator: JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÕES. REVENDA DE MERCADORIAS. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias importadas, mediante a emissão de notas fiscais contra os adquirentes, compõem a base de cálculo da Cofins. BASE DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. RECEITAS FINANCEIRAS. EXCLUSÃO. No julgamento do RE 585.235QO/MG, julgado sob o regime do art. 543B da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 que ampliou a base de cálculo da Cofins; assim, em face do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), aplicase ao presente julgamento, aquela decisão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÕES. REVENDA DE MERCADORIAS. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias importadas, mediante a emissão de notas fiscais contra os adquirentes, compõem a base de cálculo da contribuição para o PIS. BASE DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. RECEITAS FINANCEIRAS. EXCLUSÃO. No julgamento do RE 585.235QO/MG, julgado sob o regime do art. 543B da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), o Supremo Tribunal Federal (STF) Fl. 1DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 que ampliou a base de cálculo da Cofins; assim, em face do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), aplicase ao presente julgamento, aquela decisão. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto Relator. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (Assinado Digitalmente) Jose Adão Vitorino de Morais – Redator Redator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Amauri Amora Câmara Júnior, Andréa Medrado Darzé, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Rio de Janeiro II que julgou procedente em parte a impugnação interposta contra os lançamentos das contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e para o Programa de Integração Social (PIS), referentes aos fatos geradores dos meses de competência de janeiro a dezembro de 2002, mantendo em parte a exigência dos créditos tributários. Os lançamentos decorreram da falta e/ ou insuficiência de declaração/ pagamento das contribuições devidas, apuradas com base nos documentos fiscais e contábeis da recorrente. As parcelas lançadas foram apuradas sobre as receitas de vendas de mercadorias importadas e revendidas não oferecidas à tributação pela recorrente, conforme Termo de Verificação Fiscal às fls. 1.325/1.335. Inconformada com a exigência dos créditos tributários, a recorrente interpôs a impugnação (fls. 1.355/1.407 e fls. 1.411/1.461), alegando razões assim resumidas por aquela DRJ: “5.1. As chamadas importações por conta e ordem de terceiros há muito vinham sendo praticadas no Brasil, inclusive pela autuada, ainda que não houvesse prévia regulamentação legal a respeito, caracterizandose tais operações pela existência, formal ou não, de terceira pessoa na relação entre a importadora e a exportadora, e pela inexistência de lucro entre a importadora e a encomendante; 5.2. A importadora era designada ‘consignatária’, sendo exemplo desta ficção jurídica e do emprego de tal expressão a regra contida no Título XVII do Comunicado Cacex n° 204/88 e na Carta Circular Sisbacen n° 2.241/91 e outras normas relacionadas à importação citadas; Fl. 2DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15586.000800/200587 Acórdão n.º 330101.457 S3C3T1 Fl. 1.533 3 5.3. A própria União, por seus órgãos de governo, passou a adotar tal expressão para designar as mutuárias do sistema FUNDAP, quando estas estivessem operando em nome e por conta e risco de uma encomendante compradora; 5.4. Assim, a autuada, ao se apresentar como ‘consignatária’, não estará obrigatoriamente se referindo à atuação comercial prevista nos artigos 335 a 355 do Regulamento Aduaneiro; 5.5. É possível que a autuada, por questões operacionais, venha a se valer do regime de entrepostamento aduaneiro, onde as mercadorias importadas, uma vez admitidas, permaneceriam em recinto alfandegado na zona secundária, numa operação condicionada a fato futuro, pelo prazo de um ano, cuja característica principal é a suspensão da exigibilidade dos tributos incidentes; 5.6. Deste modo, concluise que, operando em regime de entrepostamento aduaneiro, a fundapeana será uma consignatária típica, na forma prevista no Regulamento Aduaneiro; 5.7. De qualquer modo, o fato relevante é que a impugnante, na condição de consignatária, operando em nome e por conta e risco da encomendante, não aufere qualquer receita própria, que passe a integrar seu patrimônio; 5.8. A impugnante tem por objetivo importar, ou seja, adquirir mercadorias estrangeiras e internálas no Brasil; 5.9. A importação, seja qual for o estado em que ocorra, pode ocorrer sob duas formas distintas: a importadora é a própria compradora das mercadorias, operando com o intuito de vendêlas a terceiros, negociando, nesse caso, as condições da compra, responde pelo pagamento do preço, dos tributos e de todas as demais despesas aduaneiras e portuárias, dando saída por meio de nota fiscal, na qual conta o preço global, com inclusão do lucro, tratandose de compra e venda; 5.10. A importadora não é a compradora das mercadorias, mas intermediária comercial entre a exportadora e a encomendante. Nesse caso, a importação se dá pela importadora em nome da encomendante, sendo que as despesas, inclusive os tributos, são pagas integralmente por esta, através da importadora, que age, sempre, em nome e por ordem daquela, sem nenhuma autonomia comercial; 5.11. Na segunda hipótese, ao fim do processo de internação das mercadorias, a importadora emite nota fiscal de saída em favor da encomendante ou de quem esta determinar, considerando um preço que englobe apenas o custo inicial, os tributos incidentes e as despesas aduaneiras e portuárias, sem qualquer lucro para a importadora, agindo esta em nome da encomendante, verdadeira compradora das mercadorias, a quem estas são entregues por ser a proprietária das mesmas. Ou seja, a importadora não vende ou negocia as mercadorias; 5.12. Na primeira hipótese há uma venda tradicional e um faturamento a favor da importadora, inclusive com lucro, evidenciando a incidência do PIS e da COFINS; 5.13. Na segunda hipótese, a importadora é apenas intermediária que age em nome da encomendante, sendo esta quem assume integralmente o risco do negócio. Nesse caso, as mercadorias importadas só podem ser entregues pela importadora à encomendante ou a quem esta lhe determinar; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 5.14. Nessa situação, a importadora paga as despesas relativas à importação (fretes, seguros, II, IPI, ICMS etc), sendo tais pagamentos feitos com recursos adiantados pela encomendante mediante requisições específicas ou por ela ressarcidos; 5.15. Conforme definido nos artigos 31 do DecretoLei n° 37/66 e 103 do Regulamento Aduaneiro, o simples fato de a impugnante ser a pessoa que promove a entrada de mercadoria estrangeira no país qualificaa como sendo contribuinte do II, do IPI e do ICMS, ainda que esteja importando em nome de terceiro, alguém que efetivamente negociou e viabilizou financeiramente a operação; 5.16. Nas operações por conta e ordem, cabe à encomendante arcar com todo o custo da importação, pelo que ela repassa à importadora os valores necessários; 5.17. Aí reside o ponto central da matéria em exame, pois os valores que são entregues, ou melhor, repassados pela encomendante à importadora para efetuar tais pagamentos não são receitas próprias desta, não estando sujeitas à incidência das contribuições; 5.18. Nessas operações, a importadora não aufere qualquer ganho direto no ato de comércio, o que pode ser verificado a partir da constatação de que o preço constante das notas fiscais de saída é representado apenas pela soma do custo das mercadorias, dos tributos incidentes e das despesas aduaneiras e portuárias, sem qualquer receita própria para ela; 5.19. Ou seja, a importadora não tem lucro na operação com a encomendante, não havendo que se falar em faturamento ou receita bruta relativamente á importação, já que toda a movimentação financeira havida resulta apenas da necessidade que a importadora tem de pagar custos decorrentes da importação, o que é feito com recursos da encomendante; 5.20. Assim, não há incidência das contribuições, conforme dispõe o artigo 2° da Lei n° 9.718/98, sendo evidente que o faturamento nele referido é o próprio, nunca de terceiros, composto de receitas auferidas pela contribuinte para compor seu próprio patrimônio jurídico e econômico; 5.21. A própria SRF, por meio da Nota COSIT/COTEX/DICOF 579/00, reconheceu tal entendimento, ainda que sem o caráter de normatização, mas em resposta a consulta formal do Governo do Estado do ES; 5.22. No entanto, paradoxalmente, o órgão local da SRF vem submetendo as importadoras a fiscalizações rigorosas, de modo a glosar o não recolhimento das contribuições; 5.23. Em todas as importações pesquisadas pelo agente fiscal, restou demonstrada a existência, formal ou não, de uma terceira pessoa na relação entre a importadora e a exportadora, assim como a inexistência de lucro entre a importadora e a encomendante; 5.24. Em relação aos argumentos trazidos pela autoridade fiscal, ocorre que a não apresentação de contrato formal entre a autuada e a encomendante não tem o condão de transformar as importações em por conta própria, inclusive porque nem a IN/SRF 75 nem a IN/SRF 98 exigiram que o contrato fosse escrito ou guardasse qualquer outra formalidade, senão uma única condição: ser prévio; 5.25. No Brasil, as partes contratantes têm ampla liberdade quanto à forma da contratação, admitindose até a contratação epistolar ou verbal, confirmada por atos que a convalidem no decorrer do tempo; Fl. 4DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15586.000800/200587 Acórdão n.º 330101.457 S3C3T1 Fl. 1.534 5 5.26. Também não há qualquer norma legal que restrinja unicamente à importadora a contratação de câmbio em operações por conta e ordem, sendo o BACEN o único competente para regulamentar contratos de câmbio, admitindo tal órgão que tanto a encomendante como a importadora figure como comprador da moeda estrangeira; 5.27. A melhor inteligência do inciso I do artigo 2° do ADI/SRF n° 7/02 indica que ali não há uma restrição, mas uma exigência de que nos contratos de câmbio a pessoa da encomendante seja declarada; 5.28. Também não há lei que determine uma forma à ‘invoice’ (fatura), inclusive por se tratar de documento de uso internacional, não podendo se sujeitar à legislação unilateral de um Estado, mas a normas internacionais; 5.29. O artigo 497 do atual Regulamento Aduaneiro está em sintonia com as normas internacionais relativas às faturas e não exige a indicação da encomendante da importação; 5.30. Antes do Ajuste SINIEF 07/01, que só passou a vigorar a partir de 01/01/03, não havia um código que retratasse a efetiva operação comercial havida entre a importadora e a encomendante em decorrência de importações por conta e ordem, usandose o código de venda; 5.31. Observase inversão, por parte da autoridade fiscal, da presunção de que se presumem as importações como sendo por conta e ordem; 5.32. O princípio da razoabilidade só se aplica para tomar viável a aplicação de norma legal sem a adequada regulamentação, com a condição de não poder restringir direitos ou criar obrigações que impliquem restrição de direitos; 5.33. A autuação não tem como prosperar, em relação às operações por conta e ordem, pois todos os argumentos suscitados pelo agente fiscal para desqualificar sua natureza sucumbem diante do princípio constitucional da legalidade (artigo 5°II); 5.34. Assim, impõese a improcedência do auto por falta de fundamento legal, vez que as imputações feitas foram baseadas em normas hierarquicamente inferiores, que não poderiam impor restrições de direitos ou criar obrigações sem bases legais; 5.35. Relativamente às receitas financeiras, a Lei Complementar n° 70/91, mais antiga e hierarquicamente superior à Lei n° 9.718/98, definiu expressamente o que vem a ser faturamento para fins tributários, constatandose ampliação em tal conceito trazida por lei ordinária; 5.36. Em 27/11/98, a Constituição ainda não tinha sofrido sua Emenda n° 20, promulgada em 15/12/98, não estando, ainda, ‘a receita ou o faturarnento’ contemplados como fonte de custeio da Seguridade Social; 5.37. Concluise que o § 1° do artigo 3º da Lei 9.718, por ter extrapolado o disposto no artigo 195 da Constituição, já nasceu sem matriz constitucional, tendo o STF já se manifestado sobre a questão, entendendo que a base de cálculo das contribuições é apenas o faturamento, compreendendo a vendas e os serviços, nos termos do artigo 2° da Lei Complementar n° 70/91; 5.38. Da mesma forma entende a doutrina citada; Fl. 5DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 5.39. A impugnante espera a aplicação ao presente caso do princípio da razoabilidade, dando pela improcedência da autuação pelas razões apresentadas, evitandose pendenga eterna, gerando ônus para o Erário; 5.40. A impugnante solicita perícia nos documentos comerciais, contábeis, fiscais e financeiros instrutórios do processo, indicando seu perito, visando determinar se: • A importação foi realizada direta e exclusivamente pela impugnante ou houve a interveniência comercial de terceira pessoa? Se positivo, quem foi a pessoa e qual sua participação no negócio? • A impugnante recebeu de terceiros alguma receita destinada a ela, como acréscimo a seu patrimônio, ou tais receitas se destinavam apenas ao custeio das importações? • A impugnante auferiu lucro na relação comercial com quem lhe encomendou as importações, mesmo quando a nota fiscal de saída tenha indicado ‘venda’? 5.41. Tal pedido se justifica por ser essencial para a configuração da natureza jurídica de cada importação, devendo recair sobre todos os documentos relacionados às importações do período fiscalizado, que se encontram no estabelecimento da impugnante.” Analisada a impugnação, aquela DRJ julgoua procedente em parte, apenas e tão somente para excluir do crédito tributário referente ao PIS, a parcela lançada e exigida para a competência de dezembro de 2002, conforme acórdão nº 1320.452, datado de 04/07/2008, às fls. 1.467/11.490, sob as seguintes ementas: “PIS/COFINS BASE DE CÁLCULO – EMPRESA IMPORTADORA Compõem a base de cálculo do PIS e da COFINS devidos pelo estabelecimento importador as receitas decorrentes da venda de mercadorias importadas, concretizada com a emissão da respectiva nota fiscal de venda, ainda que haja prévia definição do adquirente, observado, a partir de agosto de 2001, o disposto no art. 81 da MP n° 2.15835/2001, atendidos os requisitos fixados nas normas regulamentadoras editadas pela RFB. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE Não compete à autoridade administrativa apreciar argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. LANÇAMENTO INOBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Cancelase o lançamento de oficio realizado em desacordo com a legislação aplicável. IMPUGNAÇÃO PROVA A prova documental deve ser apresentada pelo contribuinte no momento da impugnação do lançamento. PERÍCIA INDEFERIMENTO A perícia requerida pelo contribuinte não se justifica quando os autos já contenham a documentação necessária à convicção do julgador.” Cientificada dessa decisão, a recorrente interpôs o recurso voluntário (fls. 1497/1.529), requerendo a sua reforma a fim de que se cancele os lançamentos, alegando, em síntese, as mesmas razões expendidas na impugnação, ou seja, que as operações realizadas e tributadas pela autuante decorrem de importações de mercadorias realizadas por conta e ordem Fl. 6DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15586.000800/200587 Acórdão n.º 330101.457 S3C3T1 Fl. 1.535 7 de terceiros, não sujeitas às contribuições para o PIS e Cofins; atua apenas como consignatária e não realiza operação comercial de importação e revenda de mercadorias; contestou também a exigência das contribuições sobre suas receitas financeiras sob o argumento de que estas não integram o faturamento. Expendeu extenso arrazoado sobre operações de importações por conta e ordem de terceiros; consignatários e suas funções, as taxas pagas por eles; citando e transcrevendo documentos do Banco Central do Brasil, circulares e comunicados, sobre operações por conta e ordem de terceiros; normas cambiais; definição de importadora e compradora de mercadorias importadas por conta e ordem de terceiros; responsabilidade pelo pagamento dos impostos incidentes na importação; taxas e demais despesas; inexistência de lucro em tais operações; incompatibilidade entre o fato gerador das contribuições autuadas e a norma legal vigente; citou e transcreveu artigos do Regulamento Aduaneiro que tratam de importações, requisitos essenciais da fatura (invoice); e sobre receitas financeiras, concluindo ao final, que atua como consignatária; as operações realizadas por ela não caracterizam operação de compra e venda de mercadorias e, portanto, não estão sujeitas às contribuições para o PIS e Cofins, e, ainda, que as receitas financeiras não compõem a base de cálculo destas contribuições. É o relatório. Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele conheço. Em que pese o extenso recurso voluntário apresentado pela recorrente, as questões de mérito se restringem: I) à comprovação de que as mercadorias importadas por ela e remetidas, de fato, faturadas para terceiro, foram efetuadas por conta e ordem destes; e, II) tributação das receitas financeiras. I – Importações e remessa de mercadorias Conforme demonstrado nos autos de infração e na decisão recorrida, a recorrente importou mercadorias, em seu nome, e as revendeu para terceiros, mediante a emissão de notas fiscais faturas. A documentação apresentada por ela, ao invés de comprovar que as operações de importação e remessa das mercadorias importada foram efetuadas por conta e ordem de terceiros, comprovam que as importações foram feitas, em seu próprio nome, e revendidas no mercado interno, conforme discriminado mês a mês no Termo de Verificação Fiscal, parte integrante dos autos de infração, mais especificamente às fls. 1.331/1.335. Todas as operações tributadas estão comprovadas, mediante as notas fiscais de vendas das mercadorias emitidas pela recorrente para os seus clientes, bem como os registros das operações no Livro Registro de Saídas de Mercadorias escrituradas como vendas de mercadorias no mercado interno. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 8 Em momento algum, a recorrente apresentou provas de que as mercadorias foram importadas por conta e ordem de terceiros, tais como contratos firmados com os encomendantes das mercadorias, as notas fiscais de prestação de serviços emitidas por ela contra os destinatários/encomendantes das mercadorias, contratos de câmbios firmados em nome de encomendantes, faturas em nome destes, etc. Assim, correta a tributação das receitas decorrentes de vendas das mercadorias importadas, ou seja, o faturamento, nos termos da Lei nº 9.718, de 27/11/1998, arts. 2º, 3º e 8º, conforme lançadas e exigidas. II) tributação das receitas financeiras Já em relação à exigência das contribuições para o PIS e Cofins, ambas com incidência cumulativa, sobre receitas não operacionais, no presente caso, com base no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em face do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), deve ser adotada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE 585.235QO/MG, sob o regime do art. 543B da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), em que foi reconhecida a inconstitucionalidade daquele parágrafo que havia ampliado a base de cálculo das referidas contribuições. Dessa forma, as parcelas das contribuições apuradas sobre receitas financeiras deverão ser excluídas dos créditos tributários mantidos pela autoridade julgadora de primeira. Em face do exposto e de tudo o mais que consta dos autos, dou provimento parcial ao recurso voluntário para que se exclua dos totais de ambos os créditos tributários, mantidos pela autoridade julgadora de primeira instância, os valores das contribuições mensais apurados e exigidos sobre as receitas e financeiras, mantendo as exigências sobre o faturamento mensal, assim entendido, como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza, acrescidas das cominações legais, multa de ofício e juros de mora à taxa Selic. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 8DF CARF MF Impresso em 22/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 10680.724186/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 Ementa: IRPJ. PERD/COMP. COMPENSAÇÕES DE ESTIMATIVAS. POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO NO SALDO NEGATIVO Comprovadas compensações através de PER/DCOMP’s – declaração com caráter de confissão de dívida – as estimativas compensadas devem ser utilizadas para o cômputo do saldo negativo de IRPJ.
Numero da decisão: 1102-000.375
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: SILVANA RESCIGNO GUERRA BARRETTO
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MB Recorrida DRJ BELO HORIZONTE Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008 Ementa: IRPJ. PERD/COMP. COMPENSAÇÕES DE ESTIMATIVAS. POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO NO SALDO NEGATIVO Comprovadas compensações através de PER/DCOMP’s – declaração com caráter de confissão de dívida – as estimativas compensadas devem ser utilizadas para o cômputo do saldo negativo de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Silvana Rescigno Guerra Barretto Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro (Presidente da Turma à época), João Carlos de Lima Júnior (VicePresidente), João Otávio Oppermann Thomé, José Sérgio Gomes e Frederico de Moura Theophilo. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por SILVANA RESCI GNO GUERRA BARRETTO Processo nº 10680.724186/200984 Acórdão n.º 110200.375 S1C1T2 Fl. 2 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto com o fito de reformar acórdão da DRJ que manteve parcialmente homologadas compensações formalizadas nos PER/DCOMP’s n° 03832.94846.300409.1.3.020774, n.° 24990.25197.060509.1.3.028661, n.° 40666.07374.220609.1.3.023387, n° 28579.511.76.240809.1.7.020049, relativas ao saldo negativo do anocalendário de 2008. A DRF deferiu em parte a solicitação para reconhecer saldo negativo de R$ 13.923.063,43, homologando as compensações até o limite do saldo apurado, em razão de divergências entre os valores informados em DCTF, DIPJ e DCOMP, nos meses de janeiro, fevereiro e maio de 2008, bem como por força da não homologação de estimativas informadas como extintas em DCOMP’s. Inconformada, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, aduzindo, em síntese, que as divergências das declarações apresentadas não afetariam a existência e a materialidade do crédito, nos termos do art. 165, do CTN e dos artigos 37 e 150, I, da Constituição Federal, bem como defendeu saldo negativo no montante de R$ 23.514.320,12, apurado mediante soma das retenções do imposto de renda no montante de R$ 1.415.183,27, dos recolhimentos de estimativas de R$ 12.777.880,60 (fls. 80/83) e de R$ 9.321.256,69, referentes às estimativas de janeiro e de fevereiro de 1998 que foram quitadas por compensações não homologadas pela Receita Federal do Brasil. Declara a Recorrente que as estimativas não homologadas teriam sido objeto de pagamento à vista, com prejuízos fiscais, com fulcro na anistia instituída pela Lei n.° 11.941/09, na DCOMP 03225.91958.220208.1.3.021596: Processo n° 10680.724.074/200923 DCOMP 19803.26550.310308.1.3.040440: Processo n° 10680.934.008/200960 . DCOMP 10698.61187.310308.1.3.020222: Processo n° 0680.724.071/200990 e DCOMP 30745.13889.310308.1.3.031856: Processo n° 10680.724.085/200911, o que autorizaria a composição no saldo negativo apurado, invocando o entendimento exposto na Solução de Consulta Interna n° 18, de 13 de outubro de 2006. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte julgou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade, para reconhecer o direito à utilização de saldo negativo no valor de R$ 270.000,00 do anocalendário de 1998, conforme DARF acostados aos autos, superando as incorreções nas declarações apresentadas, sob o entendimento de que apenas podem compor o saldo as estimativas efetivamente recolhidas e não aquelas que foram compensadas e não homologadas pela Receita Federal, com espeque no art. 74, da Lei n.° 9.430/96 e art. 170, do CTN. Irresignada, a Recorrente interpôs o Recurso em xeque, repetindo as razões postas na Manifestação de Inconformidade, no sentido de que as estimativas que teriam sido quitadas com prejuízos fiscais com base na Lei n.° 11.941/09 deveriam ser computadas para apuração do saldo negativo do IRPJ. É o relatório. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por SILVANA RESCI GNO GUERRA BARRETTO Processo nº 10680.724186/200984 Acórdão n.º 110200.375 S1C1T2 Fl. 3 3 Voto Conselheira Silvana Rescigno Guerra Barretto. O recurso é tempestivo, passo a apreciálo. Insurge se a Recorrente contra decisão que impediu o cômputo de estimativas compensadas e não homologadas referentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2008 para apuração do saldo negativo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Incontroversas as compensações efetuadas, cingese a discussão acerca dos efeitos decorrentes do procedimento compensatório, considerando a possibilidade de não homologação futura. De acordo com o art. 74, da Lei n.º 9.430/96, com a redação da Lei n.º 10.637, de 2002, a compensação devidamente declarada pelo contribuinte extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, verbis: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação” Defluise do comando normativo acima transcrito que a compensação informada através de PER/DCOMP – declaração cuja natureza de confissão de dívida é inegável diante da disciplina do §4º, do art. 26, da Instrução Normativa SRF n.º 600, de 28 de dezembro de 2005, cujo teor abaixo transcrevo – enseja a extinção do crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, verbis: “Art. 26. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela SRF. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à SRF da Declaração de Fl. 148DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por SILVANA RESCI GNO GUERRA BARRETTO Processo nº 10680.724186/200984 Acórdão n.º 110200.375 S1C1T2 Fl. 4 4 Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à SRF do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo IV, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. § 2º A compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. (...) § 4º A Declaração de Compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados.”(grifos acrescidos) Assim, uma vez quitadas as estimativas em decorrência de procedimentos compensatórios, inafastável o cômputo para fins de apuração do saldo negativo do IRPJ, sem prejuízo de cobrança com acréscimos legais do crédito pleiteado no PER/DCOMP, na hipótese de ausência de homologação. Impedir o cômputo do saldo negativo, quando já assegurado o direito de cobrança na hipótese de ausência de homologação, significaria impor exigência em duplicidade, hipótese inadmissível diante das regras que regem o ordenamento tributário pátrio. Por outro lado, a Recorrente reconhece que não homologadas as estimativas e informa que houve a quitação dos débitos, o que apenas reforça a necessidade de observância das parcelas para composição do saldo negativo. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Slvana Rescigno Guerra Barretto Relatora Fl. 149DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por SILVANA RESCI GNO GUERRA BARRETTO
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Numero do processo: 10283.900181/2009-47
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. SALDO NEGATIVO. REEXAME.
O pagamento de estimativa mensal, indicado como direito creditório no correspondente Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), compõe o saldo negativo apurável, devendo, a esse título, ser apreciado pelo órgão jurisdicionante.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. PLEITO DE CONSIDERAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS. MATÉRIA ESTRANHA.
Trata-se de matéria estranha aos autos em que se discute Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), não se comportando em seus estreitos limites, pleito de consideração de eventuais benefícios fiscais a que faça ou venha a fazer jus o sujeito passivo.
Numero da decisão: 1803-001.599
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que o direito creditório seja apreciado como saldo negativo de IRPJ, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Selene Ferreira de Moraes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walter Adolfo Maresch - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Cristiane Silva Costa e Victor Humberto da Silva Costa.
Nome do relator: WALTER ADOLFO MARESCH
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. SALDO NEGATIVO. REEXAME. O pagamento de estimativa mensal, indicado como direito creditório no correspondente Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), compõe o saldo negativo apurável, devendo, a esse título, ser apreciado pelo órgão jurisdicionante. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. PLEITO DE CONSIDERAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS. MATÉRIA ESTRANHA. Trata-se de matéria estranha aos autos em que se discute Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), não se comportando em seus estreitos limites, pleito de consideração de eventuais benefícios fiscais a que faça ou venha a fazer jus o sujeito passivo.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicando se, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. (SCI Cosit nº 19, de 2011). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. SALDO NEGATIVO. REEXAME. O pagamento de estimativa mensal, indicado como direito creditório no correspondente Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), compõe o saldo negativo apurável, devendo, a esse título, ser apreciado pelo órgão jurisdicionante. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. PLEITO DE CONSIDERAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS. MATÉRIA ESTRANHA. Tratase de matéria estranha aos autos em que se discute Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), não se comportando em seus estreitos limites, pleito de consideração de eventuais benefícios fiscais a que faça ou venha a fazer jus o sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 01 81 /2 00 9- 47 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 05/03/201 3 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que o direito creditório seja apreciado como saldo negativo de IRPJ, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Cristiane Silva Costa e Victor Humberto da Silva Costa. Relatório SHOWA DO BRASIL LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ BELÉM (PA), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. Tratase de declaração de compensação transmitida em 20/04/2005 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito de R$ 155.626,36 resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 2362, do período de apuração de 30/06/2004, no valor originário de R$ 481.859,31. A Delegacia de origem, em análise datada de 18/02/2009 (fl. 06), asseverou que "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Assim, não homologou a compensação declarada. Cientificada em 05/03/2009, a interessada apresentou, em 03/04/2009, manifestação de inconformidade na qual alega (fls. 11/17): a) O equívoco decorre do fato de que a Manifestante apurou erroneamente o valor do tributo a pagar, o que será corrigido através desta manifestação com a disponibilidade dos documentos comprobatórios do crédito. b) Após têlo apurado e efetuado o pagamento, foi detectado pelo setor de contabilidade do contribuinte o pagamento a Fl. 113DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 05/03/201 3 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10283.900181/200947 Acórdão n.º 1803001.599 S1TE03 Fl. 112 3 maior, bem como saldo credor decorrente de saldo negativo da CSLL, que resultara no pedido de compensação, na forma prevista na legislação que trata do assunto. c) Inadvertidamente não houve a retificação da DCTF na qual deveria constar o valor do crédito a ser compensado e o efetivo valor do imposto apurado pela Manifestante. (Demonstrativo Anexo). Pelo demonstrativo que segue anexo a manifestação de inconformidade constatase o valor do tributo pago a maior, conforme DARF, sendo o crédito objeto de compensação decorrente de saldo negativo da contribuição social sobre o lucro líquido. d) Além do saldo credor da CSLL, a manifestante possui ainda crédito originário de benefício fiscal amparado no Ato Declaratório n° 58, de 04 de abril de 2005 e no DecretoLei n° 756/69, o primeiro expedido pelo Sr. Delegado da Receita Federal, com efeito retroativo ao ano de 2004. e) Enquanto aguardava a expedição do ato declaratório, a requerente apurou e efetuou o pagamento do imposto, o que gerou crédito passível de compensação após a publicação do documento. f) Para aferição do crédito e até mesmo do débito, é indispensável que a autoridade administrativa autorize a realização de diligência nos livros fiscais e contábeis do contribuinte. Todos os valores objeto do pedido de ressarcimento/restituição e compensação dizem respeito ao exercício de 2005 ano calendário de 2004, abrangendo todo o ano de 2004 e, por esse motivo, fica inviável anexar a esta manifestação todos os livros e documentos que comprovam a apuração do crédito. Diante do exposto, requer: a) seja dado efeito suspensivo à presente Manifestação de Inconformidade, na forma do artigo 151, inciso II, do CTN, possibilitando a obtenção da Certidão Conjunta Positiva de Débito com Efeito de Negativa, prevista no artigo 206 do Código Tributário Nacional; b) a reforma total do despacho decisório a fim de determinar a realização da diligência para comprovação efetiva do crédito alegado pelo contribuinte; c) o reconhecimento do crédito, amparado nos documentos anexos a esta Manifestação de Inconformidade e naqueles examinados por ocasião da diligência, autorizando a compensação do crédito reconhecido com o débito informado pelo contribuinte; d) pedese finalmente a Vossa Senhoria autorização para juntada de documentos, antes da decisão dessa augusta Câmara. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 05/03/201 3 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH 4 A DRJ BELÉM (PA), através do acórdão nº 0120.479, de 25 de janeiro de 2011 (fls. 74/76), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. OBJETO. CRÉDITO. LIMITE. A análise da Declaração de Compensação efetuase em relação à data de sua transmissão, encontrandose vinculada também aos exatos limites do crédito originalmente identificado pelo contribuinte como compensável. Ciente da decisão em 23/02/2011, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 80 eproc), apresentou o recurso voluntário em 24/03/2011 fls. 81/88, onde reitera os argumentos da inicial acrescentando que deve ser revista a decisão de primeira instância que indeferiu o pedido de diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com compensação (PER/DCOMP), cujo direito creditório se refere a pagamento a maior ou indevido de IRPJ (estimativa) relativo ao ano calendário 2004, conforme DARF recolhido em 30/07/2004. Afirma a recorrente em síntese: a) Que a decisão de primeira instância deve ser revista pois é dever da Administração Tributária realizar a diligência e examinar a procedência de seu pleito; b) Que efetivamente detém direito creditório relativo ao ano calendário 2004, decorrente de saldo negativo de IRPJ, conforme demonstrativos apresentados; c) Que também tem direito à redução do Imposto de Renda, correspondente a 75% de seu IRPJ incidente sobre o lucro da exploração, tendo em vista projeto implantado na área de atuação da extinta SUDAM, conforme reconhecido pelo Ato Declaratório nº 58, de 04/04/2005. Efetivamente, a negativa contida na decisão de primeira instância deve ser revista amparada que está tão somente, nas Instruções Normativas 460/2004 e 600/2005, restando prejudicada com a superveniência da Instrução Normativa 900/2008, conforme Fl. 115DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 05/03/201 3 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10283.900181/200947 Acórdão n.º 1803001.599 S1TE03 Fl. 113 5 entendimento sintetizado na Solução de Consulta Interna Cosit nº 19, de 5/12/2011, assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. De outro giro, a recorrente afirma categoricamente que o valor indevidamente recolhido compõe o saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2004, devendo sobre este ponto de vista ser apreciado pela Administração Tributária, juntamente com outras PER/DCOMP que indiquem o mesmo direito creditório. Com relação a redução de imposto de renda de 75% decorrente de projeto em área de atuação da extinta SUDAM é matéria estranha à lide não devendo ser apreciada por esta turma julgadora. Ante o exposto, voto no sentido de que o direito creditório pleiteado seja apreciado pela unidade de origem, a título de saldo negativo de IRPJ. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator Fl. 116DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 05/03/201 3 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 25/02/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH
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Numero do processo: 11020.004770/2007-94
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Ano-calendário: 2005 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS E CAPITULAÇÃO LEGAL PERTINENTE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. INSTITUIÇÃO DA DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. NÃO CARACTERIZADA. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. IMPOSIÇÃO DE MULTA PECUNIÁRIA. PREVISÃO LEGAL. A obrigação acessória - entrega de DCTF - está prevista legalmente, sendo apenas regulamentada em instruções normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O atraso na entrega da declaração é considerado como sendo o descumprimento de uma atividade fiscal exigida por lei, não se confundindo com o não pagamento do tributo. A imposição de multa pecuniária, por descumprimento de prazo atinente à DCTF, tem amparo na lei em sentido estrito. A infração, entrega em atraso ou não entrega da DCTF, configura violação de obrigação acessória autônoma. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do
atraso na entrega de declarações ao fisco, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face de descumprimento de obrigação acessória autônoma.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)
Numero da decisão: 1802-001.195
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESCRIÇÃO COMPLETA DOS FATOS E CAPITULAÇÃO LEGAL PERTINENTE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. INSTITUIÇÃO DA DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. NÃO CARACTERIZADA. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. IMPOSIÇÃO DE MULTA PECUNIÁRIA. PREVISÃO LEGAL. A obrigação acessória entrega de DCTF está prevista legalmente, sendo apenas regulamentada em instruções normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O atraso na entrega da declaração é considerado como sendo o descumprimento de uma atividade fiscal exigida por lei, não se confundindo com o não pagamento do tributo. A imposição de multa pecuniária, por descumprimento de prazo atinente à DCTF, tem amparo na lei em sentido estrito. A infração, entrega em atraso ou não entrega da DCTF, configura violação de obrigação acessória autônoma. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 2 2 A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega de declarações ao fisco, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face de descumprimento de obrigação acessória autônoma. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Marco Antônio Nunes Catilhos e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls.41/58 contra a decisão da 6ª Turma da DRJ/Porto Alegre (fls.35/37) que julgou improcedente a impugnação ao auto de infração – multa por atraso na entrega da DCTF do 2º sementre/2005, mantendo a exigência do crédito tributário. Quanto aos fatos: consta do auto de infração (fl. 22), lavrado em 24/10/2007, que a contribuinte entregou a DCTF do 2º semestre/2005 com atraso de 15 (quinze) meses. Ou seja: a) prazo limite para entrega tempestiva: 07/04/2006; b) data de entrega: 13/06/2007 – extrato (fl. 32). montante dos tributos informados na DCTF: R$ 1.082.485,43; multa de 2% ao mês por atraso, limitada a 20% sobre o montante de tributos informados na DCTF; cálculo da multa: 20% x R$ 1.082.485,45 = R$ 216.497,08; redução da multa em 50% (entrega espontânea e a destempo da DCTF) = R$ 216.487,08 x 50% = R$ 108.248,54. Descrição dos fatos: A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais fora do prazo fixado enseja a aplicação de multa correspondente a 2% (dois por cento) sobre o montante de tributos e contribuições informados na declaração, ainda que integralmente pago, por mês calendário ou fração, respeitado o percentual máximo de 20% (vinte por cento) (...) A multa aplicada foi reduzida em 50% (cinqüenta por cento) em virtude da entrega espontânea da declaração(...) Fundamentação Legal: Art. 113, § 3º, 160 da Lei nº 5.172, de 26/10/1966 (CTN); art. 11 do Decretolei nº 1968, de 23/11/1982, com redação dada pelo art. 10 do Decretolei nº 2.085, 26/10/1983; art. 30 da Lei nº 9.249, de 26/12/1995; art.1º da Instrução Normativa SRF nº 18, de 24/02/2000; art. 7º da Lei nº 10.426, de 24/04/2002. (...) A contribuinte tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 01/11/2007 (fl. 31); apresentou impugnação em 28/11/2007 de fls. 01/19, cujas razões, em síntese, são as seguintes: Fl. 76DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 4 4 que há violação ao princípio da legalidade tributária, eis que a multa em comento foi instituída pela Instrução Normativa SRF n° 129/86; que a multa tem caráter eminentemente confiscatórío, haja vista o percentual elevado sobre o imposto declarado; que não se pode conceber que a multa aplicada tenha como base de cálculo o montante informado na DCTF; que tal sistemática prejudica aqueles contribuintes que prestam em atraso, mas espontaneamente todas as informações; que a situação subsume ou configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN). A DRJ/Porto Alegre, por sua vez, apreciando o litígio, como mencionado anteriormente, julgou improcedente a impugnação, mantendo a exigência do crédito tributário objeto dos autos, conforme Acórdão de fls. 35/37, cuja ementa transcrevo a seguir: (...) Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2005 DCTF ENTREGUE EM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ASPECTOS LEGAIS Quando a DCTF for entregue a destempo, mas antes de qualquer procedimento administrativo, a multa pode ser reduzida, mantida, porém, na forma da lei, sua incidência. Assim, não se aplica a exclusão prevista no art. 138 do CTN. Deixar de apresentar DCTF nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal é infração descrita no art. 7º o da Lei n° 10.426/2002. A arguição de inconstitucionalidade/ilegalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por o julgamento da matéria transpor, do ponto de vista constitucional, os limites da competência da autoridade administrativa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Ciente desse decisum em 17/06/2011 (fl. 40), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 13/07/2011 de fls.41/58, cujas razões, em síntese, são as seguintes: Preliminar de nulidade do auto de infração, por carência de fundamentação e prejuízo ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal; No mérito: Fl. 77DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 5 5 a) da ilegalidade da exigência da DCTF, haja vista que instituída por instrução normativa e não por lei, ferindo a Carta Magna; b) da ilegalidade da multa, em vista do seu caráter eminentemente confiscatório, violando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; c) da ilegalidade da imposição da multa, pela não aplicação do art. 138 do CTN. Por fim, com base nessas razões, pediu provimento ao recurso. É o relatório. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 6 6 Voto O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Conforme relatado, o litígio versa acerca da exigência de multa por atraso na entrega de DCTF, ou seja, pela inobservância de prazo no cumprimento de obrigação acessória. Está narrado no auto de infração (fl. 22) que o prazo limite para entrega tempestiva da DCTF do 2º semestre/2005 era 07/04/2006. Entretanto, a recorrente cumpriu essa obrigação acessória tãosomente em 13/06/2007 – extrato (fl. 32). O cumprimento da obrigação acessória, por conseguinte, deuse 15 (quinze) meses após expirado o prazo tempestivo. Foi aplicada multa de 20% sobre o montante dos tributos informados na respectiva DCTF (multa de 2% por mês de atraso, limitada a 20%), com redução de 50% do seu valor por cumprimento espontâneo da obrigação acessória, conforme demonstrativo de cálculo já transcrito no relatório. NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. PRELIMINAR REJEITADA A recorrente, preliminarmente, suscitou nulidade do auto de infração, por falta de fundamentação e prejuízo ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. De plano, rejeito a preliminar de nulidade suscitada, pois o auto de infração de fl. 22, conforme já demonstrado no relatório, contém adequada descrição dos fatos e pertinente enquadramento legal, permitindo pleno entendimento da infração imputada, não se justificando a alegação de prejuízo ante a inexistência do alegado cerceamento ao direito de defesa e ao contraditório. Vale dizer, o auto de infração foi lavrado por autoridade administrativa competente, tem descrição completa dos fatos, enquadramento legal, matéria tributável, demonstrativo de apuração dos valores, em consoância com o art. 10, III e IV do Decreto nº 70.235/72 e com o art. 142 do CTN. Na fase processual, ao suscitar preliminar e questões de mérito, a recorrente exercitou e está exercitando plenamente sua defesa, submetendo as questões ventiladas ao contraditório no âmbito do devido processo legal administrativo, inexistindo, por conseguinte, o alegado prejuízo à sua defesa. Apenas a falta de descrição dos fatos e a falta de enquadramentio legal da infração imputada no auto de infração possuem o condão de nulificar o lançamento fiscal, que não é caso, pois o auto de infração contém correta descrição dos fatos e respectivo enquadramento legal. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 7 7 Nesse sentido, são também os precedentes jurisprundencais deste Egrégio Conselho Administrativo, in verbis: NULIDADE – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA – CAPITULAÇÃO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS INCOMPLETA – IRF – Anos 1991 a 1993 – O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa (Acórdão nº 10417.364, de 22/02/2001, 1º CC). AUTO DE INFRAÇÃO – DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA – O erro no enquadramento legal da infração cometida não acarreta a nulidade do auto de infração, quando comprovado, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida e a alentada impugnação apresentada pelo contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que inocorreu preterição do direito de defesa (Acórdão nº 10313.567, DOU de 28/05/1995); PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – NULIDADE DO LANÇAMENTO. A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defenderse de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas (Acórdão 10806.208, sessão de 17/08/2000). NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO – INOCORRÊNCIA. A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável.(Acórdão nº 10417.253, sessão de 10/11/99). AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE CERCEAMENTO DE DEFESA Para que haja nulidade do lançamento é necessário que exista vício formal imprescindível à validade do lançamento. Desta forma, se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, mediante substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa ou por vício formal.(Acórdão nº 10248.141, sessão de 25/01/2007). Fl. 80DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 8 8 Nesse sentido, também é o entendimento jurisprudencial da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Ac. CSRF/0103.264, de 19/03/2001 e publicado no DOU em 24/09/2001), verbis: A imperfeição na capitulação legal do lançamento não autoriza, por si só, sua declaração de nulidade, se a acusação fiscal estiver claramente descrita e propiciar ao contribuinte dele se defender amplamente, mormente se este não suscitar e demonstrar o prejuízo sofrido em razão do ato viciado. Portanto, ante a inexistência de vício no lançamento fiscal, rejeito a preliminar suscitada. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INSTITUIÇÃO DA DCTF. DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DE ENTREGA. APLICAÇÃO DE MULTA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA A recorrente alegou ilegalidade da exigência da DCTF, haja vista que fora instituída por instrução normativa e não por lei, ferindo a Carta Magna; alegou, ainda, ilegalidade da imposição da multa, pela não aplicação do art. 138 do CTN. Não deve prosperar a irresignação da contribuinte. As obrigações acessórias (prestações positivas ou negativas), no interesse da Administração Tributária, podem ser instituídas ou implementadas por normas complementares (normas infralegais), em face do disposto nos arts. 96, 97 e 100 do CTN. A DCTF (declaração de débitos e créditos federais), por conseguinte, foi implementada pela Instrução Normativa SRF nº 129/86, com fulcro no art. 5º do DL 2.124/84 e no art. 16 da Lei 9.779/99), sendo atualizada, a partir daí, periodicamente. A propósito, transcrevo o disposto no art. 5º do Decreto nº 2.124/84: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2º (...) § 3º Sem prejuízo das penalidades aplicáveis pela inobservância da obrigação principal, o não cumprimento da obrigação acessória na forma da legislação sujeitará o infrator à multa (...) No mesmo sentido, dispõe o art. 16 da Lei nº 9.779/99: Art.16.Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 9 9 No caso, a multa pecuniária pela falta de entrega da DCTF ou pela entrega a destempo, está prevista em lei stricto sensu, ou seja, art. 7º, II, da Lei nº 10.426/2002, in verbis: (...) Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) IIde dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; (...) Por outro lado, a dispensa de lei em sentido estrito para instituição de obrigação acessória (v. g., DCTF) é matéria pacífica no âmbito do Poder Judiciário. A propósito, transcrevo precedentes jurisprudenciais: 1) TRF/3ª Região, 6ª Turma, sessão de 04/07/2007, processo (AMS 16487 SP 2002.03.99.0164877), in verbis: (...) TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CRIAÇÃO DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. MULTA MORATÓRIA. INCIDÊNCIA. 1. A DCTF veio regulamentar a arrecadação e a fiscalização de tributos federais, tratandose, a bem da verdade, de mero procedimento administrativo, suscetível de criação por norma complementar, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da reserva legal em vistas a indelegabilidade da competência tributária. 2. (...) 3.(..). Fl. 82DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 10 10 4. O atraso na entrega da declaração de renda de pessoa física ou jurídica é infração de natureza nãotributária, em razão do descumprimento de uma obrigação acessória autônoma necessária ao exercício da atividade administrativa de fiscalização do tributo, não lhe sendo aplicável, portanto, a regra prevista no art. 138, do CTN. 5. Apelação e remessa oficial providas. Recurso adesivo improvido. (...) 2) – TRF/4ª Região, 1ª Turma, sessão de 23/06/2010, processo (AC 11264 PR 2004.70.01.0112645), in verbis EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. SELIC. ENCARGO LEGAL. DL N. 1.025/69. 1.A obrigação acessória de entrega da DCTF está prevista legalmente, sendo apenas regulamentada em instruções normativas da Secretaria da Receita Federal, (...) 2. A incidência da SELIC sobre os créditos fiscais se dá por força de instrumento legislativo próprio (lei ordinária), sem importar qualquer afronta à Constituição Federal. 3. O encargo legal de 20%, referente à inscrição em dívida ativa, é constitucional, compõe o débito exeqüendo e é sempre devido nas execuções fiscais, substituindo, nos embargos, a condenação em honorários por expressa previsão legal (artigo 1º, do Decretolei nº 1.025/69). (...) 2) – TRF/5ª Região, 1ª Turma, sessão de 03/02/2005, processo (Apelação em MS 80402PE 2001.83.00.0192525), in verbis: TRIBUTÁRIO. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. LEGALIDADE. O atraso na entrega da declaração é considerado como sendo o descumprimento de uma atividade fiscal exigida por lei, não se confundindo com o nãopagamento do tributo. A imposição da multa por falta de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF tem amparo legal, configurando seu atraso, ou não entrega, em infração autônoma. Precedentes do STJ e desta Corte. Apelação não provida. (...) Em matéria de descumprimento de prazo para entrega tempestiva de declaração (v. g., DCTF) é inaplicável o art. 138 do CTN, quando cumprida a obrigação acessória a destempo e voluntariamente, pois tratase de obrigação autônoma, não relacionada Fl. 83DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 11 11 com fato gerador de tributo, cuja infração configurase, simplesmente, pela não entrega da declaração no prazo fixado. Nesse sentido, é a posição consolidada do STJ, in verbis: “TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Recurso especial não provido.” (STJ, Segunda Turma, RESP RECURSO ESPECIAL – 1129202, Data da Publicação: 29/06/2010) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória. Precedentes do STJ. 2. Agravo Regimental não provido. (STJ, 2ª Turma, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 916.168 SP 2007/00052315, sessão de 24/03/2009, Relator Min. Herman Benjamin). DCTF. ENTREGA INTEMPESTIVA. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO A contribuinte alegou da ilegalidade da multa; que teria caráter eminentemente confiscatório, violando, por conseguinte, os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Como já dito alhures, a multa pela falta de apresentação ou entrega intempestiva da DCTF exige lei em sentido estrito; por isso, a multa, em abstrato, pela não apresentação da DCTF ou entrega extemporânea, está cominada na Lei nº 10.426/2002, art. 7º. No caso, foi aplicada a multa do art. 7º, II, da Lei nº 10.426/2002. Quanto à alegação de inconstitucionalidade desse dispositivo legal, incabível a apreciação, no mérito, de tal arguição, por falta de competência dos órgãos de julgamento administrativo, por ser matéria privativa do Poder Judiciário. Nesse sentido, a questão está sumulada neste Eg. Conselho Administrativo, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11020.004770/200794 Acórdão n.º 1802001.195 S1TE02 Fl. 12 12 Ainda, apenas para argumentar, o princípio do não confisco aplicase apenas para tributos (CF, art. 150, IV). A multa não é tributo. O princípio do não confisco dirigese ao legislador infraconstitucional e não ao julgador administrativo. Além disso, a multa pecuniária cominada, abstratamente, pela lei administrativofiscal não segue o princípio da capacidade contributiva, mas sim o interesse jurídico tutelado, o interesse público. Na verdade, a pena pecuniária, em abstrato, fixada pela lei deve ser suficientemente significativa, para inibir ou afastar a grande maioria dos contribuintes da prática de infração administrativofiscal, pelo receio, medo ou temor de serem apenados em concreto. Para aqueles contribuintes que a norma, em abstrato, não foi suficiente para demovêlos da conduta infracional independentemente do motivo, não resta ao fisco outro caminho, em face de sua atividade vinculada, a não ser a aplicação da lei ao caso concreto, para recompor, restaurar, a ordem jurídica violada. Por tudo que foi exposto, voto para REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 85DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 25/09/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 10380.011258/2008-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF
Exercício: 2006
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Comprovado erro de fato na apresentação da declaração, que informou o recebimento de rendimentos e a retenção de imposto na fonte de fonte pagadora diversa da que apresentou DIRF, acolhe-se a alegação da defesa para afastar a indevida exigência do imposto.
Recurso provido
Numero da decisão: 2201-001.553
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Eduardo Tadeu Farah (relator). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Comprovado erro de fato na apresentação da declaração, que informou o recebimento de rendimentos e a retenção de imposto na fonte de fonte pagadora diversa da que apresentou DIRF, acolhese a alegação da defesa para afastar a indevida exigência do imposto. Recurso provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Eduardo Tadeu Farah (relator). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah – Relator Assinado Digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Presidente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Márcio de Lacerda Martins, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Pedro Paulo Pereira Barbosa (Presidente). Fl. 46DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 16/05/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2006, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 03/05, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 25.831,27. A fiscalização apurou omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica e de compensação indevida de imposto de renda retido na fonte. Cientificado do lançamento, o autuado apresentou tempestivamente Impugnação (fl. 01), alegando, em apertada síntese, que: ... esclareço que os honorários profissionais recebidos via AIH – são repassados pelo Ministério da Saúde – Fundo Nacional da Saúde, DATA SUS, (Secretaria da Saúde do estado do Ceará), para se chegar a um denominador comum, fico a disposição do fisco federal, de boafé e livre espontânea vontade, prestar mais informações que se fizerem necessária (quero tornar regular minha situação junto ao fisco)... A 1ª Turma da DRJ em Fortaleza/CE julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: Omissão de Rendimentos. Prevalece o lançamento de ofício de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas não oferecidos a tributação na Declaração de Ajuste Anual. Questão de fato. Insuficiência probatória. É imprescindível que as alegações contraditórias a questão de fato tenham o devido acompanhamento probatório, pois: “Alegar e não provar é quase não alegar”. Imposto de Renda Retido na Fonte. Comprovação. Deve ser mantida a glosa do imposto de renda retido na fonte informado na declaração, quando não comprovada a sua retenção com documentação hábil. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeira instância em 15/04/2011 (fl. 35), Antonio Narcélio Rodrigues Ponte apresenta Recurso Voluntário em 13/05/2011 (fl. 36), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator Fl. 47DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 16/05/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10380.011258/200823 Acórdão n.º 220101.553 S2C2T1 Fl. 2 3 O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Segundo se colhe dos autos a autoridade fiscal apurou compensação indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 7.803,40, referente a pessoa jurídica Fundo Nacional de Saúde. A fiscalização constatou ainda omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício no valor de R$ 46.749,87, recebidos da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Em sua peça recursal alega o contribuinte que “... verifiquei que a fonte pagadora inscrita no CNPJ de n° 00.530.493/000171 FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, para a qual sempre trabalhei não informou os rendimentos recebidos por mim no ano de 2005 e que a fonte pagadora inscrita n° CNPJ n° 07.954.571/000104 – SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ foi quem informou os rendimentos do ano de 2005. Como esta troca não foi informada em tempo hábil, declarei o C.N.P.J incorreto... Comprovo através de declaração da própria – SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ que nunca fui funcionário da mesma, por isso não poderia declarála como uma das minhas fontes pagadoras”. Pois bem, compulsandose o extrato da DIRF, fl. 25, verificase que o recorrente recebeu da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, CNPJ n° 07.954.571/000104 a importância de R$ 46.749,87 a título de Rendimentos do Trabalho Sem Vínculo Empregatício e R$ 7.779,18, relativo ao imposto de renda retido na fonte. Com o fito de contrapor a referida informação junta o recorrente aos autos declaração da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, CNPJ n° 07.954.571/000104, com os seguintes dizeres: Declaramos para fins de prova junto a Secretaria da Receita Federal que ANTONIO NARCÉLIO RODRIGUES PONTE, CPF 10740422391, não é, e nunca foi servidor (a) da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (CNPJ n° 07.954.571/000104). Da leitura da declaração supra verificase que de fato o recorrente não é servidor da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, CNPJ n° 07.954.571/000104, todavia, conforme se constata do extrato da DIRF, fl. 25, o rendimento omitido pelo suplicante refere se, em verdade, a Rendimentos do Trabalho Sem Vínculo Empregatício. Nestes termos, a declaração prestada pelo Órgão Estadual só veio ratificar a informação constante no extrato da DIRF. Com efeito, para o provimento do recurso bastaria que o suplicante carreasse aos autos DIRF retificadora ou declaração de que não recebeu rendimentos da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Portanto, dada a inconsistência das informações, bem como a ausência de documentos e/ou provas adicionais que corroborassem com as informações carreadas, não há outra solução senão a manutenção da exigência. Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Fl. 48DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 16/05/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH 4 Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Voto Vencedor Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa O recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Fundamentação Divergi do bem articulado voto do i. Conselheirorelator pois entendo, diferentemente de sua conclusão, que os elementos constantes dos autos são suficientes para comprovar a alegação da defesa. O Contribuinte alega que não houve omissão de rendimentos, apenas que declarou como fonte pagadora o Ministério da Saúde, quando, formalmente, a fonte pagadora era a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, que apresentou a DIRF. Ora, primeiramente, como alegado, o Contribuinte informou o recebimento de rendimentos no valor de R$ 46.372,95, com IRRF de R$ 7.803,40, tendo como fonte pagadora o Ministério da Saúde. E a própria autuação revela que esta fonte pagadora não informou em DIRF o pagamento de tais rendimentos ao Contribuinte. Por outro lado, a Fiscalização apurou o recebimento de R$ 46.749,87, com IRRF de 7.779,18, tendo sido a informação prestada pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Os elementos carreados aos autos: a DIRPF: a declaração da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e a semelhança entre os valores, me convencem de que não houve neste caso a omissão de rendimentos, mas, como alegado, erro de fato. Conclusão Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2ª CAMARA/2ª SEÇÃO DE JULGAMENTO Fl. 49DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 16/05/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10380.011258/200823 Acórdão n.º 220101.553 S2C2T1 Fl. 3 5 Processo nº: 10380.011258/200823 Recurso nº: TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial nº 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão nº. 220101.553. Brasília/DF, 25 de abril de 2012. Assinado digitalmente ______________________________________ Pedro Paulo Pereira Barbosa Presidente em exercício Ciente, com a observação abaixo: ( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: // Procurador(a) da Fazenda Nacional Fl. 50DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 16/05/2012 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/05/2012 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 13709.000702/2003-19
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/10/1988 a 30/09/1995 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONVERSÃO EM DCOMP. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. É quinquenal o prazo para homologação tácita dos pedidos de compensação convertidos em declarações de compensação conforme a Lei no. 10.637/02, iniciando-se a contagem a partir do protocolo do pedido de compensação original, antes da conversão. Irretroatividade das alterações legislativas efetuadas no artigo 74 da Lei n° 9.430/96 pela Lei n° 11.051/04 e ilegalidade da Solução de Consulta Interna n° 1/2006, da Coordenação-Geral de Tributação da SRF.
Numero da decisão: 3403-001.748
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para considerar homologadas tacitamente as declarações de compensação de fls. 157/158 e 170/235.
Nome do relator: MARCOS TRANCHESI ORTIZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/10/1988 a 30/09/1995 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONVERSÃO EM DCOMP. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. É quinquenal o prazo para homologação tácita dos pedidos de compensação convertidos em declarações de compensação conforme a Lei no. 10.637/02, iniciandose a contagem a partir do protocolo do pedido de compensação original, antes da conversão. Irretroatividade das alterações legislativas efetuadas no artigo 74 da Lei n° 9.430/96 pela Lei n° 11.051/04 e ilegalidade da Solução de Consulta Interna n° 1/2006, da CoordenaçãoGeral de Tributação da SRF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para considerar homologadas tacitamente as declarações de compensação de fls. 157/158 e 170/235. Antonio Carlos Atulim – Presidente Marcos Tranchesi Ortiz – Relator Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim. Relatório Tratase de pedido de restituição de crédito decorrente de pagamentos indevidos de PIS do período 10/1988 a 09/1995, com fundamento nos inconstitucionais DLs nºs 2.445/88 e 2.449/88 (fl. 2). Na mesma data, a recorrente apresentou declaração de compensação, pretendendo aproveitar parte do crédito restituendo para extinguir débitos fiscais federais diversos (fl. 1). Após esse pedido inicial, sobrevieram outras 15 declarações de compensação (a maioria das quais já via sistema PER/DComp), transmitidas entre maio de 2003 e novembro de 2004 (fls. 157/158 e 170/235). Em 20 de junho de 2003 (fl. 154), a DRF indeferiu a restituição e não homologou a primeira das DComps, aquela apresentada simultaneamente ao próprio pleito restitutório, tudo isso com fundamento do transcurso do prazo decadencial para restituição de crédito tributário. Embora, naquela data, outras 5 DComps – das 15 transmitidas no total – já estivessem transmitidas pela recorrente, a decisão da DRF silenciou a respeito delas. Somente em 27 de agosto de 2009 sobreveio nova decisão nos autos, abordando as 15 DComps ainda pendentes de apreciação. Ao fundamento de que o crédito restituendo já fora integralmente indeferido na decisão de fl. 154, a DRF nãohomologou 13 de tais DComps e considerou nãodeclaradas as 2 últimas, estas com fundamento nos arts. 26, §3o, X e 31, §1o da IN/SRF no 460/04 já então vigente (fls. 236/244). A recorrente manifestou inconformidade alegando homologação tácita das DComps (fls. 293/321), com fundamento no art. 74, §5o da Lei n 9.430/96. A DRJ julgou improcedente a inconformidade (fls. 354/360), aos mesmos fundamentos da DRF, porém alterando a decisão relativamente às duas últimas DComps, para considerálas igualmente nãohomologadas, ao invés de nãodeclaradas. Sobreveio então recurso voluntário (fls. 364/404), sem novos argumentos além daqueles já explicitados na inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz Interposto tempestivamente e em conformidade com os demais pressupostos de admissibilidade, o recurso voluntário deve ser conhecido. Eis a cronologia de fatos e de documentos legislativos que reputo relevantes ao deslinde da controvérsia: Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13709.000702/200319 Acórdão n.º 340301.748 S3C4T3 Fl. 2 3 (i) dezembro de 2002: promulgada a Lei no. 10.637/02 (resultado da conversão da MP no. 66/02), cujo artigo 49 modifica o artigo 74 da Lei no. 9.430/96 para, em primeiro lugar, introduzir a “declaração de compensação” como o instrumento para o exercício do direito à compensação tributária pelos contribuintes e, em segundo lugar, determinar a automática conversão, desde o respectivo protocolo, dos pedidos de compensação ainda pendentes de apreciação (§4o); (ii) abril de 2003: recorrente apresenta a primeira DComp objeto deste processo, ainda por meio de formulário físico; (iii) maio de 2003 a 14 de julho de 2003: recorrente apresenta outras 5 DComps objeto deste processo, a primeira em formulário e, as demais, já no sistema PER/DComp; (iv) 15 de julho de 2003: recorrente é intimada da decisão da DRF que não homologou sua primeira DComp, referida no item (ii) acima; (v) agosto a 12 de dezembro de 2003: recorrente transmite mais 6 DComps objeto deste processo; (vi) dezembro de 2003: promulgada a Lei no. 10.833/03 (produto da conversão da MP no. 135/03) que novamente altera o artigo 74 da Lei no. 9.430/96, desta feita para dispor que a compensação declarada pelo contribuinte estaria homologada tacitamente com o transcurso do prazo de cinco anos a partir da respectiva entrega, caso silente a unidade destinatária da sua análise (§5o); (vii) janeiro a novembro de 2004: recorrente transmite mais 4 DComps, objeto deste processo, totalizando assim 16 declarações de compensação; (viii) dezembro de 2004: promulgada a Lei no. 11.051/04 que inova o artigo 74, da Lei no. 9.430/96, para (a) enunciar hipóteses nas quais a compensação realizada pelo contribuinte se consideraria “não declarada” e, entre elas, incluir aquela que pretendesse aproveitar crédito objeto de pedido restitutório já indeferido pela autoridade, ainda que pendente de decisão definitiva (§3o, VI e §12, I) e (b) estabelecer que as compensações tidas pela lei por “não declaradas” não se sujeitariam a homologação tácita (§13); (ix) 19 de novembro de 2009: recorrente é intimada da decisão da DRF que não homologou as 15 DComps ainda pendentes de apreciação, isto é, todas à exceção da primeira, que já fora objeto da decisão referida no item (iv) acima. Vejamos os dispositivos legais envolvidos, antes e depois das respectivas alterações legislativas: "Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. (Redação original) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 4 Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação: (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no §1º: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) VI – o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal – SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §12. A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo, podendo, para fins de apreciação das declarações de compensação e dos pedidos de restituição e Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13709.000702/200319 Acórdão n.º 340301.748 S3C4T3 Fl. 3 5 de ressarcimento, fixar critérios de prioridade em função do valor compensado ou a ser restituído ou ressarcido e dos prazos de prescrição. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) §12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I – previstas no §3º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 13. O disposto nos §§ 2o e 5o a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no §12 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)" Pois bem. Tudo se resolve aqui em saber se a regra da homologação tácita prevista no §5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 se aplica às DComps em análise. Todas elas foram, afinal, transmitidas antes de 19 de novembro de 2004 e, portanto, quando da intimação da decisão nãohomologatória da DRF, ocorrida em 19 de novembro de 2009, já havia transcorrido integralmente mais de um quinquênio. A aplicação da regra de homologação tácita requer, contudo, o enfrentamento de dois aspectos: (a) saber se e como ela se aplica a DComps transmitidas antes da sua instituição, isto é, DComps transmitidas antes de 29 de dezembro de 2003, caso de 12 das 16 DComps objeto deste processo; e (b) aferir se não incide alguma das hipóteses – mais especificamente, a hipótese do art. 74, §3o, VI da Lei no 9.430/96 – em que a DComp é tida por nãodeclarada – não se aplicando, por conseguinte, a tal regra, por força do art. 74, §13 da lei. Em relação ao primeiro aspecto, reportome à Solução de Consulta Interna no. 1/06, na qual restou assentado que a regra de homologação tácita retroage, sim, às DComps já transmitidas antes da Lei no. 10.833/03, iniciandose o prazo quinquenal na data da transmissão da declaração. Confirase: “CONCLUSÃO 1. Por todo o exposto, concluise que: a) o prazo para a homologação de compensação requerida à SRF tem sua contagem iniciada na data do protocolo do pedido de compensação convertido em declaração de compensação; b) será considerada tacitamente homologada, mediante despacho proferido pela autoridade competente da SRF, a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, independentemente da procedência e do montante do crédito; Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 6 (...);” Se contássemos o prazo quinqüenal, não da data da transmissão das DComps, mas – mais generosamente aos propósitos do Fisco – da data de vigência da Lei no 10.833/02 que o instituiu, teria ele transcorrido integralmente em 29 de dezembro de 2008. Como, no caso dos autos, a intimação de nãohomologação ocorreu somente em 19 de novembro de 2009, ainda assim a homolgação tácita haverseia consumado para todas as 12 DComps transmitidas antes de 29 de dezembro de 2003. Passo então ao segundo aspecto referido acima. O ponto está em saber se alguma das DComps deve ser considerada nãodeclarada, o que de pronto afastaria a aplicação da regra de homologação tácita. A perspectiva que se afigura é de incidência do art. 74, §3o, VI e §12, I, que considera nãodeclarada a DComp cujo crédito do contribuinte já fora indeferido em pedido restitutório, mesmo pendente de decisão definitiva. Como se sabe, o crédito levado às DComps foi objeto inicialmente do pedido restitutório de fl. 2, o qual foi integralmente indeferido quando da nãohomologação da primeira DComp, apresentada em 14 de abril de 2003. Assim, todas as 10 DComps transmitidas após a data de intimação desta decisão – 15 de julho de 2003 – já se subsumiam, em princípio, à hipótese do art. 74, §3o, VI da Lei no 9.430/96. Sucede que todos estes dispositivos – precisamente, §3o, VI, §12, I e §13 do diploma legal – somente foram introduzidos na disciplina da compensação de tributos federais em dezembro de 2004, por meio da Lei no 11.051. Quer dizer, as declarações de compensação entregues antes disso, ainda que pretendessem empregar créditos objeto de restituição já indeferida, estavam, sim, sujeitas à homologação tácita porquanto, até então, inexistia no artigo 74 da Lei no 9.430/96 regra que excepcionasse o instituto nesta ou em qualquer outra hipótese. O mesmo raciocínio, penso eu, aplicase ao caso destes autos. Sobrevinda a Lei no 10.833/03, o recorrente adquiriu o direito à homologação tácita de todos os seus pedidos. Em meio ao transcurso do prazo para a homologação tácita, os pedidos de compensação destes autos encontraram a promulgação da Lei no. 11.051/04. Só aí, com as modificações postas por este último diploma no artigo 74, da Lei no. 9.430/96, é que o sistema conheceu a categoria das “compensações não declaradas”, para as quais instituiuse, na mesma oportunidade, exceção à regra da homologação tácita. Daí porque, sob pena de retroatividade não respaldada pelo artigo 106, do Código Tributário Nacional, as regras contidas nos §§12 e 13 do citado artigo 74, da Lei no. 9.430/96 somente podem ser impostas às declarações de compensação cuja transmissão seja posterior a 30 de dezembro de 2004, quando entraram em vigor. A DRJ afirma que, com o indeferimento integral do pedido restitutório pela decisão de fls. 152/154, “todas as compensações, baseadas em crédito para o qual decaiu o direito de contribuinte em requerêlo, não se consideram homologadas (...) nada importando que essa decisão não se tenha referenciado a todas as demais declarações de compensação apresentadas pelo contribuinte, que tenham por origem o mesmo crédito”. Não é bem assim. Antes da Lei no 11.051/04, o contribuinte poderia aviar quantas DComps quisesse, todas ao mesmo fundamento ou com uma mesma espécie de crédito já indeferida anteriormente, que ainda assim o Fisco teria que não as homologar expressamente, e em cinco anos, sob pena homologação tácita. Era uma situação que, pessoalmente, reputo inadequada, um verdadeiro desajuste na disciplina legal das compensações, que a Lei no 11.051/04 veio em boa hora resolver. Mas não cabe afastar a disciplina legal por se considerála ruim, infeliz. Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13709.000702/200319 Acórdão n.º 340301.748 S3C4T3 Fl. 4 7 A DRJ, em última análise, está a dizer que, havendo identidade de matéria entre uma DComp previamente não homologada e outra pendente de apreciação, esta não precisaria ser sequer julgada pelo Fisco, hipótese que, repito, simplesmente não tinha respaldo legal antes da Lei no 11.051/04. Voto, pois, para prover o voluntário e considerar homologadas tacitamente, com fundamento no art. 74, §5o da Lei no 9.430/96, as DComps de fls. 157/158 e 170/235. Consigno que essa decisão não se aplica à DComp de fl. 2, que não foi objeto do voluntário, em razão para ela já se haver operado preclusão desde 30 dias após a decisão de fls. 154. É como voto. Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 1135DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/10/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 11/09/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ
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