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Numero do processo: 10730.722834/2014-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. CÁLCULO.
No cálculo do preço parâmetro pelo método PRL 60, a apuração há de ser efetuada individualmente por item.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010
CSLL. MESMOS MOTIVOS PARA LANÇAMENTO.
Aplicam-se à CSLL as mesmas conclusões do voto ante à similitude dos motivos de lançamento e razões recursais.
Numero da decisão: 1201-001.853
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, ante a necessidade de apuração individual do PRL-60 por item. Vencido o Conselheiro Relator, que negava provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
José Carlos de Assis Guimarães - Relator
(assinado digitalmente)
Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. CÁLCULO. No cálculo do preço parâmetro pelo método PRL 60, a apuração há de ser efetuada individualmente por item. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 CSLL. MESMOS MOTIVOS PARA LANÇAMENTO. Aplicamse à CSLL as mesmas conclusões do voto ante à similitude dos motivos de lançamento e razões recursais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, ante a necessidade de apuração individual do PRL60 por item. Vencido o Conselheiro Relator, que negava provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) José Carlos de Assis Guimarães Relator (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 28 34 /2 01 4- 92 Fl. 5044DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório VARD NITERÓI S.A. recorre a este Conselho com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1456.435 da 15ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a impugnação. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, completandoo ao final: Tratase dos Auto de Infração relativos ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, lavrados em 02/07/2014, que formalizaram o crédito tributário contra a contribuinte em epígrafe no valor total de R$ 74.427.237,68, incluindo multa de ofício (75%) e juros de mora calculados até 07/2014, em razão de adições não computadas no lucro real anual relativas a preços de transferência (custos, despesas, encargos – bens, serviços, direitos adquiridos no exterior – pessoa vinculada), no ano calendário de 2010. Consoante Termo de Constatação de Infração Fiscal, ao longo da auditoria, a pessoa jurídica foi intimada a comprovar, por bem, serviço ou direito importado, a realização de ajuste de preço de transferência e apresentar memórias de cálculo indicativas do método adotado, oportunidade na qual a interessada informou a utilização do método PRL 60 e apresentou planilhas de cálculo consideradas não explicativas e desacompanhadas de documentação de suporte. A contribuinte foi intimada a apresentar dados individualizados por mercadoria, bem como planilha, para a realização do cálculo do preço de transferência pelo método PRL 60, ocasião na qual foi apresentada relação das Declarações de Importação; Extrato do Razão de algumas contas de despesas com importação; Notas Fiscais apenas dos Navios PRO23 e PRO 25, apesar da construção em andamento de 11 embarcações; planilha de apuração de custo pouco detalhada dos dois navios antes citados. Ao ser reintimada à apresentação dos elementos necessários para cálculo do PRL 60 de todas embarcações, a interessada trouxe os seguintes documentos e informações referentes às embarcações Pro23, Pro24, Pro25, Pro26, Pro27 e Pro 28:(i) relatório de apuração da venda e custo extremamente resumido; (ii) planilhas de apuração do PRL 60 por produto e por embarcação, apontando no cálculo o custo total da Fl. 5045DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.045 3 embarcação e não o custo apropriado anualmente; e (iii) notas fiscais de venda. Intimada a esclarecer o porquê de não ter efetuado o ajuste referente ao preço de transferência para dedutibilidade do custo de bens importados, método PRL 60, a contribuinte respondeu que “não reconhece os respectivos ajustes” “porque a metodologia de cálculo adotada pela intimada, para cumprimento das regras de Preços de Transferência, no ano calendário de 2010, já apresentada para V.Sas., se baseou na evolução dos custos de importação incorridos ao longo da execução de cada projeto”. Na seqüência, a interessada foi intimada a apresentar o percentual de incorporação, no custo de cada navio, por ano calendário de fabricação, dos produtos importados sujeitos ao preço de transferência, tendo sido atendido conforme a planilha abaixo: Fl. 5046DF CARF MF 4 A contribuinte esclareceu que os valores informados nas planilhas de cálculo de preços de transferência se baseiam em valores finais dos custos e receitas apropriados no ano 2010 e informou o Preço de Venda, Custo Total e Custo Total das Importações Vinculadas, individualizadas pelas embarcações: Pro29, Pro30, Pro31, Pro32 e Pro33 para que fosse possível o cálculo do preço de transferência utilizandose o método adotado de incorporação anual do custo de produção de cada embarcação conforme sua confecção, utilizandose dos percentuais de apropriação acima. A fiscalização ressaltou a falta de adição na DIPJ do custo de insumos importados de pessoas vinculadas utilizados no processo industrial de embarcações e afastou o argumento de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, com fundamento em Acórdão do CARF (Ac. nº 1401000.848), para o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL 60. E efetuou o cálculo por embarcação, utilizando os dados dos percentuais de incorporação do custo, da receita, de importações vinculadas, preço de custo total e preço de venda das embarcações informados pela contribuinte, resultando o seguinte valor tributável: Fl. 5047DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.046 5 A interessada foi cientificada pessoalmente dos autos de infração, na figura de seu representante legal, em 03/07/2014. Inconformada, apresentou, em 04/08/2014, impugnação acompanhada de documentos. Faz breve resumo dos fatos, informando ser empresa transnacional subsidiária de empresa norueguesa, com o seguinte objeto: (i) prestação de serviços de reparos navais em geral, com a utilização de embarcações próprias ou de terceiros, montagens e manutenção industriais; (ii) fabricação de produtos industriais; (iii) realização de obras e serviços assemelhados, inclusive a comercialização de produtos industriais próprios ou de terceiros no mercado interno e externo; (iv) importação e exportação e (v) na prestação de serviços de engenharia em geral. Reafirma que, em razão da atividade, realiza importação de insumos de partes vinculadas, efetuando ajustes relativos a preços de transferência a partir do método PRL 60, tendo sido desconsideradas pela fiscalização as memórias de cálculo adotadas pela Impugnante, em razão das quais não houve qualquer ajuste, porque adotada a metodologia de cálculo prevista na Lei nº 9.430/96, respaldada pela IN SRF nº 32/01. Ressalta não ter havido qualquer questionamento fiscal no tocante ao preço praticado nas importações. E, em preliminar de nulidade, alega: (i) desrespeito à metodologia prevista pela própria IN SRF nº 243/2002 (art. 4º), pois a fiscalização “ao efetuar a análise de que se seriam devidos ajustes de preços de transferência pela Impugnante, procedeu a tal análise de maneira generalizada, sem aplicar o método de maneira individualizada para cada um dos bens importados de partes vinculadas”; Fl. 5048DF CARF MF 6 (ii) descumprimento do disposto no art. 20A da Lei nº 9.430/96, no seu entender, norma de caráter procedimental, portanto, aplicável ao lançamento (art. 144 do CTN), que faculta à contribuinte, a partir do anocalendário de 2012, a escolha de novo método de ajuste na hipótese de desqualificação pela fiscalização daquele anteriormente adotado; (iii) inexistência de base legal para aplicação do método PRL 60 no anocalendário 2010, pois a MP nº 472/09 (convertida na Lei nº 12.249/10) revogou o art. 2º da Lei nº 9.959/00, eliminando o segundo elemento da referida fórmula de cálculo (Lucro), ainda que pelo lapso de 8 dias, mesmo face repristinação expressa do dispositivo revogado ocorrida pela MP nº 476/09 (que não foi convertida em lei), diante da sujeição ao princípio da anterioridade, contrariamente ao entendimento do PN COSIT nº 01/12; bem como em razão da publicação da MP nº 478/09 (também não convertida em lei), que suprimiu o PRL substituindoo pelo PLV, criando diversas margens de lucro específicas para determinados setores da economia; (iv) vício de motivação do auto de infração, pois apesar de a motivação não estar textualmente ausente ela se mostra imprestável a sustentar as conclusões fiscais, diante da falta de demonstração do porquê são devidos os ajustes, não tendo sido apontados os erros de cálculos cometidos na memória apresentada pela contribuinte; e (v) cerceamento do direito de defesa, diante da “ausência de descrição dos critérios considerados pela D. Autoridade Fiscal para lastrear o Auto de Infração, os quais, como já exposto, não esclarecem o porquê seriam necessários os ajustes” produto a produto; bem como diante do desrespeito ao art. 4º da IN SRF nº 243/02, que inviabiliza a comparação dos resultados do método utilizado (PRL 60) com o do método PIC, que se pretende apresentar. No mérito, alega: (i) a inadequação do “custo orçado” (adotado pela Impugnante em contratos de longo prazo de construção de navios, conforme disciplina do art. 407 do RIR/99, onde as diferenças entre o custo orçado e o custo incorrido, bem como entre preço orçado e preço final são controladas contabilmente) com a legislação de preços de transferência para o cálculo do preço parâmetro pelo PRL 60, que toma como base o “custo incorrido” à vista da técnica de proporcionalização adotada na IN SRF nº 243/02, pois “qualquer valor que se distancie do custo real incorrido impactará necessariamente no preço parâmetro”, havendo “impossibilidade de se neutralizar, em momento futuro, ajustes eventualmente feitos a maior em período pretérito”. Além disso, acusa que a fiscalização considerou nos cálculos, inclusive, mercadoria cuja venda só veio ocorrer em período posterior, ou seja, antes do conhecimento do PLV (preço líquido de venda) e da baixa do estoque. Fundamentase no §15 do art. 18 da Lei nº 9.430/96; (ii) a ilegalidade da sistemática de aplicação do método PRL 60 prevista na IN SRF nº 243/2002, porque constitui inovação legal Fl. 5049DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.047 7 em relação ao texto da Lei nº 9.430/96, cuja metodologia de cálculo somente veio a possuir respaldo legal com a publicação da MP nº 563/12, convertida na Lei nº 12.715/12; (iii) caso assim não se entenda, requer a aplicação do método PIC, contrapondose, com fundamento no art. 18 da Lei nº 9.430/96, ao argumento de que a aceitação de novos cálculos distintos daqueles informados na DIPJ é liberalidade da fiscalização, pois após o início do procedimento fiscal, nem a fiscalização, nem as Delegacias de Julgamento são obrigadas a aceitar que o contribuinte apresente novos métodos de apuração de preços de transferência. Reitera a aplicação do art. 20A da Lei nº 9.430/96, norma que julga ser de caráter procedimental; (iv) acusa a impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, nos termos do art. 161 do CTN e art. 61 da Lei nº 9.430/96, porque carece de fundamento legal; e (v) pede a aplicação subsidiária do art. 112 do CTN, cancelandose a aplicação de penalidade, em caso de empate quando do julgamento do caso concreto, indicativo de dúvida concreta. Encerra protestando que todas intimações e notificações sejam encaminhadas aos procuradores no endereço indicado, com cópia à Impugnante; bem como pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, notadamente pela juntada de novos documentos, sobretudo a documentação relativa ao método PIC. A contribuinte foi cientificada da decisão de primeira instância em 13/02/2015 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem fls. 552), apresentando em 16/03/2015, o recurso voluntário de fls. 554 e seguintes, onde reproduz, em síntese, as mesmas razões expostas na impugnação ao lançamento. Os autos foram remetidos a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Dele, portanto, tomo conhecimento. PRELIMINARES Segundo a recorrente o auto de infração é materialmente nulo pelas seguintes razões: Descumprimento do disposto no artigo 20A da Lei nº 9.430/96 Fl. 5050DF CARF MF 8 Em preliminar alega a ora recorrente a nulidade do lançamento de ofício pela inobservância à norma contida no art. 20A da Lei 9.430/1996, introduzida pela Lei 12.715 promulgada em 17/09/2012. Nesse particular aduz, em síntese, que a não intimação da recorrente para apresentar novo método de cálculo dos ajustes previstos nos termos da norma citada, importa a nulidade do lançamento de ofício e impõe o imediato cancelamento do auto de infração. Inexistência de base legal do PRL 60 no anocalendário de 2010 Segundo a recorrente, inexistia em 2010, base legal para a aplicação do PRL 60, haja vista a revogação levada a efeito pela MP nº 472/2009 do artigo 2º da Lei nº 9.959/2000 o qual previa as margens de 20% e 60% para a aplicação do PRL. Vício de motivação do Auto de Infração Alega a contribuinte cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que não conseguiu identificar o motivo que teria levado a autoridade fiscal a considerar equivocados os cálculos efetuados em suas memórias de cálculo, sustentando que a recorrente deveria ter efetuado ajustes decorrentes de controles de preços de transferência em virtude da aplicação do método PRL 60. Cerceamento de direito de defesa ensejado pelo Auto de Infração Sustenta o sujeito passivo que o cerceamento de defesa decorre também do desrespeito pela autoridade fiscal ao §2º do artigo 4º da IN 243, que determina que a aplicação dos métodos de cálculo de preços de transferência seja feita de maneira individualizada para cada bem importado. Pois bem. Vamos à análise dos fatos. Por entender que não são dignos de qualquer reparo, reproduzo excertos do pronunciamento contido na decisão recorrida acerca das questões suscitadas pela recorrente: Compulsando os autos, notase que a contribuinte informou nas Fichas 32 e 33 da DIPJ/2011, regularmente processada (ND: 0000963043), a realização de operações com o exterior entre pessoas vinculadas domiciliadas na Noruega e Romênia, consignando a contratação de importação de bens identificados como motores, todos com a mesma classificação NCM 8408.10.90 (motores Pro 23, Pro 24, Pro 25, Pro 26, Pro 27, Pro 28, Pro 29, Pro 30, Pro 31, Pro 32, Pro 33), indicando ter realizado o cálculo do preço parâmetro pelo método PRL 60, do qual não resultou qualquer ajuste. No Termo de Início de Ação Fiscal (ciência em 30/11/2012) foi devidamente consignado que a auditoria visou, justamente, a apuração de Preços de Transferência, sendo que, consoante descrito no relatório, a pessoa jurídica foi intimada a apresentar, entre outros documentos, a “comprovação, por bem, serviço ou direito, de forma a demonstrar a razão de ter, ou não, efetuado ajuste de preço de transferências, para fins de dedutibilidade de custo ou despesa de bens, serviços ou direitos importados, conforme disposto nos incisos I, II e III e parágrafos, do artigo 241 e no artigo 245, ambos do RIR99, combinados com os artigos 3º ao 7º; observando, ainda, o disposto nos artigos 39, 40 e 41, todos da IN SRF nº 243/2002”; Fl. 5051DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.048 9 bem como as “memórias de cálculo de suporte ao método adotado”. E, ao longo da auditoria, conforme descrito no relatório, a interessada foi diversas vezes intimada a apresentar os elementos necessários à apuração do preço parâmetro pelo método PRL 60, nos termos da legislação vigente; bem como intimada a esclarecer o porquê de não ter feito os ajustes conforme estatuído no art. 241, I, II e III e parágrafos, e art. 245 do RIR/99, combinado com arts. 3º ao 7º e 39 ao 41 da IN SRF nº 243/02, encaminhando para conhecimento da contribuinte as planilhas individualizadas por navio produzido e por produto importado com o cálculo dos ajustes cabíveis (fls. 265/296). Em resposta, a contribuinte alegou que não reconhece os respectivos ajustes, porque o cálculo por ela efetuado se baseou na evolução dos custos de importação incorridos ao longo da execução de cada projeto Nesse contexto, a fiscalização efetuou o lançamento, para exigir os ajustes calculados conforme as planilhas levadas ao conhecimento da contribuinte, acima referidas (fls. 265/296). Dessa feita, resta clara a motivação do lançamento, qual seja, a falta de observância da legislação vigente relativa a preço de transferência, especificamente aquela atinente ao cálculo dos ajustes segundo o método escolhido PRL 60 (IN SRF nº 243/02), não assistindo razão à impugnante acerca da impossibilidade de confrontar os ajustes item a item importado, pois os cálculos indicados no Termo de Constatação de Infração Fiscal nada mais consistem de um resumo das planilhas antes encaminhada à pessoa jurídica conforme fls. 265/296, na qual se relacionam os itens importados, individualmente considerados, por embarcação. (...) E é pela mesma razão de ser a atividade fiscal vinculada à norma legal que se impõe ao julgador a observância do Parecer Normativo COSIT nº 01/2012, o qual trata da questão da aplicabilidade, nos anoscalendário 2009 e 2010, do método PRL 60 para fins de ajustes na determinação do lucro real a título de preço de transferência. (...) (...) Não obstante, oportuno registrar que não guarda coerência tal argumento de defesa com a própria opção pelo método PRL 60 eleita pela contribuinte, pois se a impugnante entendia inaplicável tal método no ano 2010 já deveria ter adotado na oportunidade outro método de apuração do preço parâmetro. (...) Somente a partir da vigência da Lei nº 12.715, de 17/09/2012, que introduziu alterações na Lei nº 9.430/96, é que foi conferida Fl. 5052DF CARF MF 10 à contribuinte a prerrogativa de alteração do método eleito, no curso de ação fiscal, na hipótese de desqualificação pelo Fisco da opção antes realizada (introdução do art. 20A na Lei nº 9.430/96). E o texto introduzido na norma alterada é claro no sentido de que tal prerrogativa passou a ser válida unicamente a partir do anocalendário 2012: (...) Dessa forma, independentemente de a referida norma ser classificada ou não como processual / procedimental, não deve ser aplicada no caso em tela, cuja autuação é relativa ao ano calendário 2010, não se verificando, portanto, qualquer irregularidade no procedimento fiscal. (...) Com efeito, a fiscalização manteve o método de preço de transferência originalmente adotado, apenas refazendo os cálculos dos ajustes, obedecendo a legislação aplicável ao caso. (...) Observase que o procedimento fiscal atendeu às disposições do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e do art. 142 do CTN, tendo sido formalizada a exigência instruída com todos os termos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, permanecendo os autos na repartição, no prazo de impugnação, de modo a permitir à pessoa jurídica o exercício da faculdade do direito de vista processual e obtenção de cópia. Depreendese que os fatos foram perfeitamente descritos e juridicamente qualificados pelas normas pertinentes. Consubstanciamse no entendimento da Autoridade Fiscal acerca das infrações apontadas, resumida no início do relatório. Além disso, a fiscalização elaborou um conjunto de demonstrativos e planilhas, o qual, combinado com os termos e a descrição dos fatos, demonstra cabalmente a forma como foi apurado e calculado o crédito tributário, caracterizando plenamente todos os elementos do fato jurídico tributário, pelo que não se vislumbra qualquer prejuízo à contribuinte para a perfeita inteligência acerca da matéria autuada, inexistindo o alegado cerceamento. Durante os trabalhos fiscais a contribuinte foi regularmente intimada a prestar os esclarecimentos necessários para elucidação dos fatos apurados pelo Fisco, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 94, de 24 de dezembro de 1997. Desta feita, não há de se falar da nulidade do lançamento, mesmo porque não se mostraram atendidos os requisitos constantes do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, que disciplina a matéria: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 5053DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.049 11 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)” Sendo, os atos e termos, lavrados por pessoa competente, dentro da estrita legalidade e garantido o mais absoluto direito de defesa, ante a perfeita descrição dos fatos e enquadramento legal específico e a abertura de prazo legal de impugnação, não há que se cogitar de nulidade dos autos de infração. Irretocável, a meu ver, o pronunciamento da autoridade julgadora a quo. Como bem destacado, o procedimento fiscal foi consubstanciado na lavratura de Termos regulamente emitidos, e as conclusões esposadas nas peças de autuação decorreram de documentos e esclarecimentos apresentados em decorrência dos referidos Termos. Ademais, foi lavrado Termo de Constatação de Infração Fiscal, no qual os fatos apurados e a legislação aplicada foram adequadamente descritos, possibilitando, assim, o exercício pleno do direito de defesa por parte da autuada. No que tange ao art. 40 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, sem desconsiderar o fato de que o procedimento ali preconizado só é aplicável a partir do ano calendário de 2012, penso que a disposição normativa cuida da situação em que o método utilizado pelo contribuinte foi desqualificado pela Fiscalização, circunstância que não se verifica no caso retratado nos presentes autos. A meu ver, o procedimento reclamado pela Recorrente, quando relacionado à desqualificação de critérios de cálculo, só é aplicável na situação em que tal desqualificação provoca a (desqualificação) do método aplicado, eis que o comando normativo é direcionado para a apresentação de novo cálculo de acordo com qualquer outro método previsto na legislação. Rejeito, assim, as preliminares arguídas. MÉRITO Desrespeito à metodologia prevista pela própria IN 243 (o cálculo não foi feito "produto a produto") Sobre esse tema, alega a recorrente, resumidamente, verbis: Fl. 5054DF CARF MF 12 A autoridade fiscal justifica a utilização do preço parâmetro do PRL 60 individualizado por embarcação e não por produto importado, no Termo de Constatação de Infração Fiscal de fls. 326, o qual peço vênia para transcrever o seguinte trecho: (...) Fl. 5055DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.050 13 Portanto, ao contrário do que alega a recorrente, a fiscalização não aplicou o método PRL 60 de forma generalizada, impossibilitando o seu direito de defesa, uma vez que utilizou os percentuais de incorporação das mercadorias importadas com vínculo de pessoas ligadas em cada embarcação. Ressalto que esses percentuais foram fornecidos pelo próprio sujeito passivo. A meu juízo, entendo que o cálculo utilizado pela autoridade fiscal não distorce o preço parâmetro do PRL 60 e está compatível com o artigo 4º, parágrafo 2º da IN SRF 243/2002 que determina que o método adotado pela empresa deva ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. Fl. 5056DF CARF MF 14 Assim, considero adequada para o caso concreto a metodologia utilizada pela autoridade fiscal para o cálculo do preço parâmetro a partir do método PRL 60. A inadequação do "custo orçado" com a legislação de preços de transferência Sobre esse tema, alega a recorrente, em síntese: Segundo o sujeito passivo, a decisão de piso não enfrentou a questão central suscitada, verbis: Fl. 5057DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.051 15 Para corroborar a sua tese de ilegalidade da aplicação do método PRL 60 no curso do processo produtivo das embarcações autuadas, a recorrente anexa aos autos o Parecer Acadêmico elaborado pelo Professor Marco Aurélio Greco (doc. de fls. 5.016 e seguintes) que responde aos seguintes quesitos, verbis: Em que pese a apresentação do Parecer acima mencionado ter sido juntado aos autos após o prazo do recurso voluntário, não comungo da idéia de que o método PRL60 só pode ser aplicado após a conclusão da operação contratada pela recorrente e da consequente Fl. 5058DF CARF MF 16 incompatibilidade na determinação do resultado de contrato de longo prazo com os ajustes de preços de transferência. Mais uma vez a autoridade fiscal esclarece no multicitado Termo de Constatação de Infração Fiscal que "no curso da ação fiscal, o contribuinte por diversas vezes alegou (exemplo: resposta de 14/05/2014) que efetua, conforme legislação aplicável, a incorporação dos custos de produção a medida da evolução de suas embarcações incorporando custos e apropriando receitas.." e, "com o objetivo de manter a compatibilidade dos cálculos do preço de transferência, com a contabilização de custos e receitas do contribuinte, a presente fiscalização passou a efetuar os cálculos do preço parâmetro seguindo esta metodologia." Assim, entendo que a Fiscalização, ante a falta de previsão expressa na IN SRF 243/2002 para a aplicação do método PRL60 nos contratos de longo prazo, utilizou de forma subsidiária os ajustes relativos a preços de transferência em consonância com o artigo 407 do RIR/99, abaixo transcrito: Seção IX Contratos a Longo Prazo Art. 407. Na apuração do resultado de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço prédeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos, serão computados em cada período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 10): I o custo de construção ou de produção dos bens ou serviços incorridos durante o período de apuração; II parte do preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos, determinada mediante aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da produção executada no período de apuração. §1 A percentagem do contrato ou da produção executada durante o período de apuração poderá ser determinada (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 10, § 1º): I com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo total estimado da execução da empreitada ou da produção; ou II com base em laudo técnico de profissional habilitado, segundo a natureza da empreitada ou dos bens ou serviços, que certifique a percentagem executada em função do progresso físico da empreitada ou produção. §2 Na apuração dos resultados de contratos de longo prazo, devem ser observados na escrituração comercial os procedimentos estabelecidos nesta Seção, exceto quanto ao diferimento previsto no art.409, que será procedido apenas no LALUR. (negritamos). Inexiste, portanto, procedência para a alegação passiva de que o método PRL60 só pode ser aplicado após a conclusão da operação contratada pela recorrente, devendo, ao contrário, ser aplicado no curso do processo de produção. Fl. 5059DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.052 17 Ilegalidade da sistemática de aplicação do método PRL 60 prevista na IN 243/2002 Sustenta a recorrente a ilegalidade da IN 243 com relação ao PRL 60, haja vista ser contrária ao disposto no artigo 18, inciso II, da Lei 9.430/96; enquanto a Lei, ao prescrever a fórmula de cálculo do preçoparâmetro, determina que o percentual de 60%, incidente sobre o valor do preço líquido de venda do produto diminuído do valor agregado no país, seja deduzido do valor líquido de venda integral, a IN 243 determina que o percentual de 60% seja excluído de uma base menor, qual seja a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados, do que decorre um resultado invariavelmente menor. Aduz ainda que a MP nº 478/2009, reconhecendo que as medidas existentes na IN 243 não existiam no plano legal, tentou incluílas no corpo da Lei nº 9.430/96. A metodologia da IN 243 foi expressamente negada pelo Poder Legislativo, que, ao menos por ora, não admite a sua vigência, já que recusou a conversão da referida MP em lei. A metodologia de cálculo prevista na IN 243 somente veio a possuir respaldo legal com o advento da publicação da MP nº 563/2012 e a sua posterior conversão na Lei nº 12.715/2012. No entanto, ressalta a contribuinte, que a legalização da metodologia de cálculo prevista pela IN 243 somente ocorrerá em relação aos fatos futuros. Finalmente, para corroborar a sua tese, traz aos autos os precedentes jurisprudenciais da Terceira Turma do E. Tribunal Federal da 3ª Região que ao julgar a apelação cível nº 002404852.2007.4.03.6100/SP, afastou a aplicação da Instrução Normativa nº 243/02. Também o CARF, segundo as alegações do sujeito passivo, por meio dos Acórdãos 1302000.915, de abril de 2012, 1202000.835, de agosto de 2012 e 1101000.864, de março de 2013, entendeu pelo afastamento da interpretação trazida pelo ato normativo ante a divergência em relação ao texto legal. Pois bem. A seguir, passemos a examinar a questão. As alegações da recorrente buscam demonstrar a ilegalidade do método PRL60 previsto na Instrução Normativa SRF 243/2002, quando comparado com as disposições da Lei nº 9.430/1996. Sustenta a interessada que o normativo teria alterado profundamente a regra veiculada por lei, majorando desta forma a base tributável pelo IRPJ. A metodologia de cálculo conhecida como PRL (preço de revenda menos lucro) foi instituída pelo art. 18 da Lei nº 9.430/1996, posteriormente alterada pela Lei nº 9.959/2000. Eis o teor do dispositivo legal, em sua redação vigente à época dos fatos geradores: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: [...] Fl. 5060DF CARF MF 18 II Método do Preço de Revenda menos LucroPRL:definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de:(Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção;(Incluído pela Lei nº 9.959, de 2000) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses.(Incluído pela Lei nº 9.959, de 2000) [...] §6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. A matéria foi disciplinada pelo art. 12 da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, com o teor a seguir transcrito. Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. [...] § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: Fl. 5061DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.053 19 I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. O argumento, como se vê, pode ser apreciado sob duas vertentes. A primeira deve examinar a alegada ilegalidade, ou seja, se o normativo teria introduzido interpretação incompatível com o texto legal, inovando a matéria e extrapolando a competência do órgão regulamentador. A seguir, devese examinar se a interpretação esposada pelo normativo em questão teria efetivamente majorado a base de cálculo do imposto. Ambas as questões têm sido debatidas no âmbito do CARF. Em particular, este colegiado já teve oportunidade de discutir em minúcias esta matéria em várias ocasiões, como no voto condutor proferido no Acórdão nº 1302001.164, de 10/09/2013, do qual peço vênia para transcrever os excertos a seguir: Podese concluir, inicialmente, que o dispositivo impõe como limite para a dedutibilidade de custos, despesas e encargos incorridos em operações de importação (como é o caso vertente) o preço determinado pelo método PRL 60. Até este ponto, não há muitos questionamentos. O problema surge ao se examinar a composição do preço determinado pelo método PRL 60. Isto porque a redação da alínea “d” dada pela Lei nº 9.959/2000 propicia duas interpretações para a composição deste preço. Assim, o preço determinado pelo método PRL60 será a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e da margem de lucro de sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os Fl. 5062DF CARF MF 20 valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção. Insta ressalvar que não há qualquer dúvida quanto ao fato de que o preço dado pelo método PRL60 é dado pela média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e da margem de lucro de sessenta por cento. A questão que surge diz respeito à base sobre a qual deverá ser calculada esta margem. Assim, há duas possíveis interpretações dadas pelo dispositivo. De tal forma esta margem de sessenta por cento deverá ser calculada: a) sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e (do preço) do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (inserção e grifos meus) b) sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores. A primeira hipótese é a mais óbvia e é a que deriva inicialmente da leitura do dispositivo. Isto porque há quatro alíneas, sendo óbvio que cada uma delas fornece uma rubrica a ser diminuída da média aritmética dos preços de revenda dos bens e direitos. Neste sentido, a margem de 60% seria aplicada sobre o preço líquido de revenda (deduzido dos valores referidos nas alíneas “a”, “b” e “c”) e sobre o preço do valor agregado no País. A expressão preço do há de ser entendida como oculta na expressão, ou então devese imediatamente reconhecer erro gramatical do texto legal. Isto porque, caso não esteja tal expressão oculta, a redação deveria ser e “sobre o preço de revenda... e (sobre) o valor agregado no País”. Mas, ao se analisar o conteúdo da expressão “preço do valor agregado” há de se concluir, finalmente, pelo erro do texto legal, já que ela, além de complicar desnecessariamente uma expressão simples (“valor agregado”), em nada altera seu conteúdo. [...] A segunda interpretação que pode ser dada ao dispositivo legal em análise (inciso II, do art. 18, da Lei nº 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 9.959/2000) parte do pressuposto de que a expressão contida na alínea “d” do inciso II, e do valor agregado no País, complementa a expressão “diminuídos”, que está no corpo do inciso II. Assim, a margem de lucro de 60% seria calculada tão somente sobre o preço líquido de revenda e o preço parâmetro haveria implícita uma quinta alínea, “e”, que conteria um valor (o valor agregado no País) a ser diminuído da média aritmética dos preços de revenda dos bens e direitos. De acordo com esta expressão, o preceito legal estaria afirmando que o preço dado pelo método PRL60 seria definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos de 5 rubricas: a) dos descontos incondicionais concedidos; Fl. 5063DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.054 21 b) dos impostos e contribuições incidentes sobre vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de 60%, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores; e) do valor agregado no país. Ressaltese que a “primeira interpretação”, acima referida, é aquela adotada inicialmente pela Instrução Normativa nº 32/2001, e que a “segunda interpretação” é aquela veiculada pela Instrução Normativa nº 243/2002, adotada pelo Fisco no lançamento e questionada pela ora recorrente. No Acórdão mencionado, o douto Conselheiro investiga em profundidade aspectos matemáticos e econômicos, em busca da melhor interpretação, e conclui que nenhuma das duas ciências lhe propicia fundamentos mais sólidos para decidir por um ou outro caminho. Retorna, então, à análise gramatical e semântica, nos seguintes termos: A interpretação gramatical do dispositivo nos inclina para aquela fornecida pela IN SRF nº 243/02. Isto porque, como já antecipado acima, a adoção da interpretação feita pela IN SRF nº 32/01 conduz à ausência de concordância entre a expressão “calculada sobre o preço de revenda... e do valor agregado no País”. Para se admitila, há que se entender como oculta a expressão (do preço), conforme a seguir: “calculada sobre o preço de revenda... e (do preço) do valor agregado no País”. Mas ao subentender oculta tal expressão, ingressamos noutro problema: a falta de sentido técnico da expressão “preço do valor agregado”, posto que a expressão “preço” é complementada por substantivos concretos. Há preço da carne, do pão, de um sofá, mas não se fala em preço “de valor agregado”. Assim, para concebêla, somente vislumbrandose erro gramatical do legislador. Esta primeira interpretação (feita pela IN SRF nº32/01) também conduz a outro impasse. Isto porque, ao se admitila, temse que se sanear uma impropriedade matemática trazida. É que a expressão “diminuídos”, constante do caput do art. 18, ao estar somente relacionada à expressão “da margem de lucro de sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda ...” e ao não estar relacionada à expressão “do valor agregado no País”, suscita a dúvida relativamente à qual operação matemática estaria relacionando o “preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores” ao “valor agregado no País”. A IN SRF nº 32/01 solucionou tal dúvida, deduzindo tratarse de uma subtração. Então, a margem de 60% seria aplicada à resultante da subtração entre “preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores” e ao “valor agregado no País”. Mas esta foi, sem dúvida, uma solução interpretativa, pois nada a este respeito é dado pelo Fl. 5064DF CARF MF 22 dispositivo, adotada esta interpretação. Mas poderia cogitar, porque não uma adição? A interpretação feita pela IN SRF nº 243/02, ao optar por entender que a expressão “diminuídos” referese tanto à expressão “da margem de lucro de sessenta por cento...” quanto à expressão “do valor agregado no país” soluciona ambas as questões acima levantadas, não havendo, então, dúvidas quanto à sua correta construção. O método em análise, segundo o caput do art. 18, denominase “Método do Preço de Revenda Menos Lucro – PRL”. Assim, é de se imaginar que partiria do preço de revenda e dele subtrairia o lucro, para então chegarse ao preço máximo que permita dedutibilidade. Mas faço uma ressalva. Sabendose que o que delimita a variação na dedutibilidade acaba sendo um percentual de margem de lucro, é fácil notarse que a consideração, no cálculo, do valor agregado no país, reduz o campo de incerteza de uma fórmula destinada a este cálculo. A IN SRF nº 243/02 considera, na apuração do preçoparâmetro, a subtração do valor agregado no país do preço líquido de revenda e da margem de lucro de 60%, calculada sobre o preço líquido de revenda. Já a IN SRF nº 32/01 considera, na apuração do preço parâmetro, a subtração somente da margem de lucro de 60%, mas, todavia, calculada sobre o preço líquido de revenda subtraído do valor agregado no país. Mas o resultado da expressão “preço líquido de revenda” subtraído “do valor agregado no país” é o equivalente ao valor do insumo importado. Ocorre que, de fato, não há muito sentido em se calcular uma margem de lucro sobre o valor do insumo importado. Isto porque, depreendese do caput do art. 18 que o método quer que uma margem de lucro seja deduzida do preço de revenda. Mas, de fato, não faz sentido que esta margem incida sobre o valor do insumo importado, e não, como deveria, sobre o preço líquido de revenda. Assim, também pelo viés semântico, vêse que a melhor interpretação dada ao art. 18 é aquela pela qual a expressão “diminuídos” relacionase tanto à expressão “da margem de lucro de...” quanto da expressão “ e do valor agregado no País”, conforme adotou a IN SRF nº 243/02. Comungo da análise acima transcrita e das conclusões, adotandoas também aqui como razões de decidir. Com efeito, entendo demonstrada a existência de duas possíveis linhas interpretativas do texto legal, a primeira adotada pela IN SRF 32/2001 e a segunda aquela da IN SRF 243/2002. De fato, houve uma mudança na interpretação adotada pela Administração Tributária, mas ambas as interpretações são possíveis e, pelas razões expostas, a segunda é preferível à primeira, seja por considerações de ordem gramatical, semântica ou mesmo finalísticas. Considero, assim, que a IN 243/2002 não introduziu critérios incompatíveis com a norma legal e, destarte, não exorbitou a competência do Poder Executivo. O entendimento acima exposto, ao contrário do que alega a Recorrente, tem recebido guarida nos Tribunais. Ressaltese que as decisões judiciais prolatadas até o momento Fl. 5065DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.055 23 são amplamente favoráveis à posição do Fisco, no sentido de que a IN 243 não trouxe qualquer inovação e pode ser aplicada integralmente. Reproduzo, a título de exemplo, decisão recente do TRF da 3a Região que ratificam a tese aqui empregada: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 000462167.2013.4.03.6110/SP 2013.61.10.0046212/SP RELATOR : Desembargador Federal CARLOS MUTA EMBARGANTE : YAZAKI DO BRASIL LTDA ADVOGADO : SP174341 MARCOS HIDEO MOURA MATSUNAGA e outro(a) EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS. INTERESSADO(A) : União Federal (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO : SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI OWADA No. ORIG. : 00046216720134036110 3 Vr SOROCABA/SP EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. LEI 9.430/1996. IN/SRF 243/2002. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL 60. PREÇO PARÂMETRO. VALOR AGREGADO. CSL E IRPJ. VALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO INEXISTENTE. 1. São manifestamente improcedentes os presentes embargos de declaração, pois não se verifica qualquer omissão no julgamento impugnado, mas mera contrariedade da embargante com a solução dada pela Turma, que, à luz da legislação aplicável e com respaldo na jurisprudência, consignou expressamente que "a IN 243/2002 foi editada na vigência da Lei 9.959/2000, que alterou a redação da Lei 9.430/1996, para distinguir a hipótese de revenda do próprio direito ou bem, tratada no item 2, da hipótese de revenda de direito ou bem com valor agregado em razão de processo produtivo realizado no país, tratada no item 1, ambos da alínea d do inciso II do artigo 18 da lei. O cálculo do preço de transferência, pelo Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, no caso de direitos, bens ou serviços, oriundos do exterior e adquiridos de pessoa jurídica vinculada, passou, na vigência da Lei 9.959/2000, a considerar a margem de lucro de 60% "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção" (artigo 18, II, "d", 1). A adoção, na técnica legal, do critério do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de transferência, aderindo aos parâmetros da Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei 9.430/1996 e refletidas na IN/SRF 32/2001. O legislador, independentemente de obrigação convencional, pode adotar, na disciplina interna das relações jurídicas, modelos ou D.E. Publicado em 29/08/2016 Fl. 5066DF CARF MF 24 parâmetros internacionalmente aceitos ou discutidos, sendo, para tal efeito, irrelevante a subscrição da convenção ou se os próprios países subscritores descumprem o avençado. Imperioso ressaltar que a liberdade de conformação do legislador, adstrita aos vetores maiores de Constituição e legislação complementar sem que, a propósito, esteja presente qualquer violação ao ordenamento hierárquico interno , não pode, portanto, ser invalidada, como se pretende, ao argumento de que o Brasil não aderiu à Convenção Modelo da OCDE". 2. Asseverou o acórdão que" o cálculo do preço de transferência a partir da margem de lucro sobre o preço de revenda é eficaz, no atingimento da finalidade legal e convencional, quando se trate de importação de bens, direitos ou serviços finais para revenda interna, não, porém, no caso de importação de matériasprimas, insumos, bens, serviços ou direitos que não são objeto de revenda direta, mas são incorporados em processo produtivo de industrialização, resultando em distintos bens, direitos ou serviços, agregando valor ao produto final, com participações variáveis na formação do preço de revenda, que devem ser apuradas para que seja alcançado corretamente o preço de transferência, de que trata a legislação federal. Assim, a IN 243/2002, ao tratar, nos §§ 10 e 11 do artigo 12, do Método do Preço de Revenda Menos Lucro , para bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção, com exclusão do valor agregado e da margem de lucro de 60%, para tanto com a apuração da participação de tais bens, serviços ou direitos no custo e preço de revenda do produto final industrializado no país, não inovou nem violou o artigo 18, II, d, item 1, da Lei 9.430/1996 com a redação dada pela Lei 9.959/2000". 3. Consignou o acórdão, ademais, que "Antes e contrariamente ao postulado, o que se verificou foi a necessária e adequada explicitação, pela instrução normativa impugnada, do conteúdo legal para permitir a sua aplicação, considerando que o conceito legal de valor agregado, conducente ao conceito normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do produto". 4. Acrescentouse que "O artigo 18, II, da Lei 9.430/1996, com redação da Lei 9.959/2000, previu que o preço de transferência, no caso de bens e direitos importados para a aplicação no processo produtivo, calculado pelo método de preço de revenda menos lucros PRL 60, é a média aritmética dos preços de revenda de bens ou direitos, apurada mediante a exclusão dos descontos incondicionados, tributos, comissões, corretagens e margem de lucro de 60%, esta calculada sobre o preço de revenda depois de deduzidos os custos de produção citados e ainda o valor agregado calculado a partir do valor de participação proporcional de cada bem, serviço ou direito importado na formação do preço final, conforme previsto em lei e detalhado na instrução normativa. O preço de transferência, assim apurado e não de outra forma como pretendido neste feito, é que pode ser deduzido na determinação do lucro real para efeito de cálculo do IRPJ/CSL. Há que se considerar, assim, a Fl. 5067DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.056 25 ponderação ou participação dos bens, serviços ou direitos, importados da empresa vinculada, no preço final do produto acabado, conforme planilha de custos de produção, mas sem deixar de considerar os preços livres do mercado concorrencial, ou seja, os praticados para produtos idênticos ou similares entre empresas independentes. A aplicação do método de cálculo com base no valor do bem, serviço ou direito em si, sujeito à livre fixação de preço entre as partes vinculadas, geraria distorção no valor agregado, majorando indevidamente o custo de produção a ser deduzido na determinação do lucro real e, portanto, reduzindo ilegalmente a base de cálculo do IRPJ/CSL". 5. Finalmente, restou consignado que "Para dar eficácia ao método de cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei 9.430/1996 alterada pela Lei 9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de violação aos princípios da legalidade e da capacidade contributiva, sem que exista, tampouco, fundamento para cogitarse de ofensa à anterioridade tributária". 6. Não houve qualquer omissão no julgamento impugnado, revelando, na realidade, a articulação de verdadeira imputação de erro no julgamento, e contrariedade da embargante com a solução dada pela Turma, o que, por certo e evidente, não é compatível com a via dos embargos de declaração. Assim, se o acórdão violou os artigos 43, 105, 112 do CTN e 153, III da CF, como mencionado, caso seria de discutir a matéria em via própria e não em embargos declaratórios. 7.Para corrigir suposto error in judicando, o remédio cabível não é, por evidente, o dos embargos de declaração, cuja impropriedade é manifesta, de forma que a sua utilização para mero reexame do feito, motivado por inconformismo com a interpretação e solução adotadas, revelase imprópria à configuração de vício sanável na via eleita. 8. Embargos de declaração rejeitados. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 18 de agosto de 2016. CARLOS MUTA Desembargador Federal Fl. 5068DF CARF MF 26 Igual raciocínio tem norteado as decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Reproduzo, a seguir, ementa de recente julgado (Acórdão nº 9101002.317 – 1ª Turma Sessão de 03 de maio de 2016), sobre tema idêntico ao debatido nos autos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. AJUSTE. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Descabe a argüição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. (Negritamos). PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Até a entrada em vigor do art. 38 da Medida Provisória nº 563, de 2012, convertida na Lei nº 12.715, de 2012, integravam o custo, para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real até o valor que não excedesse ao preço determinado pelo Método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), o valor do frete e do seguro, cujo ônus tivesse sido do importador, e os tributos incidentes na importação. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: “É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (AgRg no REsp 1.335.688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012). Recurso Especial do Contribuinte Negado. Com estes fundamentos, a decisão deste Conselheiro é no sentido de rejeitar a alegação de ilegalidade da IN 243/2002. Questões Subsidiárias O método PIC Argumenta o sujeito passivo que somente a partir da edição da Lei nº 12.715/2012 é que a opção do contribuinte pelo método de cálculo do preço parâmetro informada na DIPJ passou a vinculálo. Antes, portanto, prevalecia a regra contida no parágrafo 4º do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, segundo a qual deveria ser considerado o método que resultasse no menor ajuste para o contribuinte, independentemente do momento de sua apuração. Fl. 5069DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.057 27 E apresenta, somente em sede de recurso, cálculos pelo método PIC para a maioria produtos autuados, para os quais a contribuinte havia adotado, inicialmente, o método PRL. Inicialmente, cumpre observar que a fiscalização manteve em seus cálculos o método adotado pela contribuinte no anocalendário de 2010 para o cálculo dos ajustes de preços de transferência na importação. De fato, pode a contribuinte, ao apurar os ajustes em sua DIPJ, optar pelo método que lhe for mais benéfico, nos termos do artigo 18, § 4º, da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) § 4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. (...)”. No entanto, a supracitada norma não impõe à fiscalização a apuração dos preços de transferência por mais de um método e a escolha do mais favorável ao contribuinte. Essa é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização, que pode aplicar apenas um método, face ao disposto no § único do artigo 40 da IN SRF nº 243/2002, in verbis: “Art. 40. A empresa submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos AuditoresFiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação: I a indicação do método por ela adotado; II a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro e, inclusive, para as dispensas de comprovação, de que tratam os arts. 35 e 36. Parágrafo único. Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos a que se refere o inciso II, ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRF encarregados da verificação poderão determinálo com base em outros documentos de que dispuserem, aplicando um dos métodos referidos nesta Instrução Normativa” Ademais, há que se observar que o início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do contribuinte, nos termos do §1º do artigo 7º do Decreto 70.235/72 (“O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos Fl. 5070DF CARF MF 28 anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas”), e, uma vez afastada a espontaneidade, exceto nas hipóteses em que seja constatado erro de fato no preenchimento da DIPJ, os dados informados se tornam definitivos, não cabendo mais ao contribuinte rever as opções levadas a efeito na DIPJ apresentada. Nesse sentido, observese a Solução de Consulta Interna SCI Cosit nº 20/2009, que conclui o seguinte: “13.1 Após o início da ação fiscal, o contribuinte não se encontra em situação de espontaneidade para alterar opções por ele antes realizadas em declaração. Assim, vinculado a sua opção, ele deve se sujeitar à verificação da autoridade fiscal, nos termos da legislação. Apenas no caso de erro, devidamente comprovado, cabe alteração de declarações regularmente entregues ao fisco. 13.2 A eleição de determinado método de apuração do valor de ajuste referente a preços de transferência demanda a manutenção da memória de cálculo do ajuste e dos documentos comprobatórios dos respectivos valores. Não sendo demonstrada a correção do ajuste declarado, cabe à autoridade fiscal levantar o valor do ajuste nos termos da legislação – que defere a ela prerrogativa de escolha do método. Não é possível que, nesse momento, o contribuinte realize – a seu livre talante – eleição de outro método de cálculo de preço parâmetro, e exija do Fisco a utilização desse segundo método escolhido. 13.3 Todo ato processual, ainda que em fase inquisitória, é fundamental ao desenvolvimento do processo administrativo ou judicial tributários, e para que o processo seja processo, as prerrogativas e os ônus processuais devem ser aplicados independentemente da vontade das partes, na medida em que seu objeto é indisponível ao particular e ao Fisco: constituição do crédito tributário, uma vez materializada a hipótese de incidência tributária”. Rejeitamse, assim, as alegações da recorrente, desconsiderandose os novos cálculos pelo método PIC apresentados pela contribuinte para a maioria dos produtos autuados, para os quais havia adotado, inicialmente, o método PRL, conforme DIPJ transmitida e mantido pela fiscalização durante a ação fiscal. Impossibilidade de Cobrança de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício Pugna a contribuinte que, na remota hipótese de não ser integralmente cancelado o auto de infração, pelas razões de fato e direito acima argüidas, deve ser ao menos excluída a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, por ausência de dispositivo legal. Contudo, pareceme induvidoso que a multa de ofício integra o conceito de obrigação tributária esposado pelo artigo 113 do Código Tributário Nacional. Como é cediço, o conceito de crédito tributário no Brasil engloba tributo e multa, como expressamente estabelece o artigo 43 da Lei n. 9430/96: Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Fl. 5071DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.058 29 Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (grifamos) Artigo 5º, § 3º, da Lei n. 9.430/96. As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (grifamos) No mesmo sentido, impõe o Código Tributário Nacional que: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifamos) Do exposto podemos concluir que há disposição expressa para a cobrança de juros sobre multas, porque incluídas no conceito de crédito tributário, e que a taxa aplicável à espécie é a referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC. Esse também é o entendimento do STJ sobre o assunto, conforme se observa da ementa a seguir transcrita (AgRg no REsp 1335688/PR – DJe de 10/12/2012): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. (grifamos) E no CARF, a matéria vem sendo debatida exaustivamente, razão pela qual colaciono alguns de seus julgados a respeito: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9101002.180, CSRF, 1ª Turma) JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o Fl. 5072DF CARF MF 30 pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Acórdão 9202003.821, CSRF 2ª Turma) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (Acórdão 9303003.385, CSRF, 3ª Turma). Portanto, também neste ponto, incabível o Recurso Voluntário. Subsidiariamente: da aplicação ao artigo 112 em caso de voto de qualidade diante da existência de dúvida concreta Requer a recorrente que, em caso de empate quando do julgamento do presente caso, em virtude do disposto no artigo 112 do CTN, deverá, ao menos, ser afastada a multa lançada de ofício. A multa de ofício de 75% é exigida com base no artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo artigo 14 da Lei 11.488/2007, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata Assim, considero o pleito da recorrente ilegal e também deve ser rejeitado. DA CSLL Quanto à exigência de CSLL, adoto a solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão de ambos lançamentos estarem apoiados nos mesmos elementos de convicção. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário . (assinado digitalmente) José Carlos de Assis Guimarães Voto Vencedor Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Redator Designado. Fl. 5073DF CARF MF Processo nº 10730.722834/201492 Acórdão n.º 1201001.853 S1C2T1 Fl. 5.059 31 Peço vênia ao i. relator para discordar do seu voto relativamente à metodologia de cálculo do preço parâmetro pelo método PRL 60 individualizado por embarcação e não por produto importado. Conforme visto, alegou a recorrente que: "... a fiscalização violou o artigo 4o, § 2o da IN 243, cuja aplicação é pretendida pela própria D. Autoridade Fiscal ao não realizar o cálculo do preço parâmetro produto a produto, razão pela qual impõese, desde já, o cancelamento do crédito tributário originalmente constituído. Ademais, não merece ser acolhido o argumento da DRJ segundo a qual as tabelas utilizadas pela fiscalização no TCIF seriam um "resumo" das tabelas apresentadas à Recorrente durante a fiscalização. Esta afirmação é falsa pois, muito embora a fiscalização tivesse conhecimento dos custos relativos a cada um dos produtos importados no decorrer do anocalendário de 2010, quando da realização do cálculo do preço parâmetro do PRL 60, calculou se um preçoparâmetro para cada navio e não para cada bem importado no decorrer do ano fiscalizado, tal como impunha a legislação tributário vigente à época." Não há dúvida quanto à metodologia utilizada. A questão cingese a entenderse se essa metodologia é compatível, ou não, com o artigo 4º, § 2º, da IN SRF 243/2002: IN SRF 243/2002: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos de que tratam os arts. 8º a 13, exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. [...] § 2º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. Como determinava o artigo 4º, § 2º, da IN SRF 243/2002, o método adotado devia ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante o período de apuração, ou seja, por item, o que não foi observado pela fiscalização. Em face do exposto, voto por DAR provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Fl. 5074DF CARF MF 32 Fl. 5075DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.729199/2013-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 14/10/2008
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE.
O agente de carga, por definição legal, deve prestar as informações sobre as operações que execute e respectivas cargas.
Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 14/10/2008
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. INFORMAÇÃO PRESTADA A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades cominadas em face do descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
INDISPONIBILIDADE DO SISCOMEX. NÃO COMPROVAÇÃO
O contribuinte não logrou comprovar nos autos a alegada indisponibilidade do Siscomex.
Numero da decisão: 3302-004.705
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 14/10/2008 AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. O agente de carga, por definição legal, deve prestar as informações sobre as operações que execute e respectivas cargas. Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 14/10/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. INFORMAÇÃO PRESTADA A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades cominadas em face do descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. INDISPONIBILIDADE DO SISCOMEX. NÃO COMPROVAÇÃO O contribuinte não logrou comprovar nos autos a alegada indisponibilidade do Siscomex.
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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COMEX Recorrente CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 14/10/2008 AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. O agente de carga, por definição legal, deve prestar as informações sobre as operações que execute e respectivas cargas. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/10/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. INFORMAÇÃO PRESTADA A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades cominadas em face do descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. INDISPONIBILIDADE DO SISCOMEX. NÃO COMPROVAÇÃO O contribuinte não logrou comprovar nos autos a alegada indisponibilidade do Siscomex. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 91 99 /2 01 3- 64 Fl. 131DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma minudente, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação De acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of Lading HBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação ensejou a autuação. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua Fl. 132DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 132 3 importância no contexto preventivo, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Nesse contexto, descreveu a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, que fala da aplicação da penalidade imposta, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea, concluindo pelo não atendimento dos requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. Diante dos fatos apurados a autoridade lançadora considerou ser dever de ofício exigir a penalidade formalizada no Auto de Infração em debate. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação em 22/8/2013 e, em 20/9/2013, apresentou impugnação (fls. 4751) na qual aduz os seguintes argumentos. a) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade Fl. 133DF CARF MF 4 entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. c) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito da obrigação e da anterioridade da referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. Ao final a impugnante pede que seja cancelado o lançamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 14/10/2008 SISCOMEX CARGA. PROBLEMA OPERACIONAL. AUSÊNCIA DE PROVAS. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação foi decorrente de problema no Siscomex Carga, desacompanhada de prova desse fato e do atendimento às regras de contingência estabelecidas, não afasta a aplicação da multa cominada para a citada irregularidade. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 14/10/2008 AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. O agente de carga submetese às regras da IN RFB nº 800/2007, pois, além de a lei responsabilizálo pela prestação das informações a seu encargo regulamentadas por essa norma, está expressamente incluído entre as espécies de transportador ali definidas, devendo o significado desse termo ser compreendido considerandose o contexto em que ele foi empregado. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/10/2008 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. DESCABIMENTO. A prestação de informação sobre veículo, operação ou carga é obrigação acessória autônoma de natureza formal vinculada a Fl. 134DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 133 5 prazo certo, cujo atraso já consuma a infração, causando dano irreversível, razão pela qual não se aplica ao caso a denúncia espontânea, mormente quando a comunicação da irregularidade também é intempestiva, diante da prévia atracação do veículo transportador e do bloqueio realizado no Siscomex Carga no ato do registro intempestivo. Impugnação Improcedente Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após ciência em 23/05/2015 17:04h, conforme Termo de Abertura de Documento, fl. 92, apresenta em 05/06/2015, fls. fls.94/113e documentos anexados, fls.114/126, Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF repisando os argumentos já aduzidos em sede impugnatória. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Observase que a defesa abriga três matérias recursais: a) Da ilegitimidade da cobrança em face da Impugnante; b) Da aplicação do instituto da denúncia espontânea; e c) Da inaplicabilidade de multas no período de contingência. Discorrese a seguir sobre as matérias em lide. Da Legitimidade Passiva A exigência ora examinada tem a seguinte conformação normativa, nos termos do art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a Fl. 135DF CARF MF 6 prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e (grifei.) Esclarece a fiscalização: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA., CNPJ 03229138000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Máster (MHBL) CE 150805191474037 a destempo às 14:46:04 h do dia 14/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805193606461.(grifei) Com efeito, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo 1 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)(grifei) Pugna o recorrente que não se aplica ao agente de cargas o prazo determinado pelo parágrafo único do art. 50 IN RFB nº 800, de 2007. Sem razão a recorrente visto que a IN RFB nº 800, de 2007, como norma específica a disciplinar o controle de entrada e saída de embarcações e de movimentação de cargas e unidades de carga em portos alfandegados, em consonância com as disposições legais impostas pelo § 1º do art. 37 acima destacado, definiu o alcance do termo transportador, nos termos dos dispositivos a seguir reproduzidos, in verbis: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] 1 Art. 77. Os arts. 1o, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: (...) "Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. § 2o Não poderá ser efetuada qualquer operação de carga ou descarga, em embarcações, enquanto não forem prestadas as informações referidas neste artigo. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 134 7 V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; (grifei). Estabelecidos os marcos normativos quanto à responsabilidade para prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, cujo tipo legal, ex vi do §1º do art. 37 acima destacado inclui expressamente o agente de carga, inferese que a autuada, identificada nos autos como responsável pela desconsolidação das cargas correspondentes aos conhecimentos genéricos em que consta como consignatária, está obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex, quanto aos dados dos embarques que opera. A matéria ora discutida já foi objeto de julgamento nessa colenda turma, conforme o Acórdão nº 3302003.395, de 29/09/2016, do ilustre Conselheiro Walker Araújo, a seguir ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/10/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Fl. 137DF CARF MF 8 Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Ante os fundamentos acima, rejeitase assim a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada. Da inaplicabilidade da denúncia espontânea Defende a recorrente que ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria empresa antes do início de fiscalização, não sendo portanto cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, nos termos do art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, o qual a seguir se transcreve: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). Ao caso em exame, fazse necessário consignar as seguintes disposições regulamentares. Regulamento Aduaneiro/2002: Da Prestação de Informações pelo Transportador Art. 30. O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem assim sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (...) § 2o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 135 9 § 3o Poderá ser exigido que as informações referidas neste artigo sejam emitidas, transmitidas e recepcionadas eletronicamente. Art. 31. Após a prestação das informações de que trata o art. 30, e a efetiva chegada do veículo ao País, será emitido o respectivo termo de entrada, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal.(grifei) Inferese das normas em destaque que o transportador prestará à RFB na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado (RA, artigo 31). A obrigação se estende ao agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos e ao operador portuário. Repisese nesse aspecto, como já acima fundamentado, que a IN RFB nº 800, de 2007, em consonância com as disposições legais impostas pelo § 1º do art. 37 do Decreto Lei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, colocou ao abrigo da definição do termo transportador também o agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional, que é o caso dos autos. Nesse sentido, somente depois da prestação das informações sobre as cargas e sobre o veículo transportador é que a autoridade aduaneira emitirá o termo de entrada, na forma estabelecida pela RFB. (RA, artigo 31). Dispõe o artigo 612, § 3º, do Decreto nº 4.543, de 2002 (Regulamento Aduaneiro, vigente à época dos fatos): Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso (...) [...]§ 3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (Destaques na reprodução.) Com efeito, no que tange ao prazo para prestação de informação, dispõe a norma de regência, a IN RFB nº 800, de 2007, em seu artigo 22: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: (...) II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: (...) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a descarregar em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e Fl. 139DF CARF MF 10 III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico.(grifei) (...) Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009.( Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008 ) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Nesse mister discorre a fiscalização sobre a penalidade aplicada em razão da prestação de informações extemporâneas: Conforme a norma estatuiu, o prazo mínimo permitido para o período se encerra no momento da atracação em porto no Brasil. Tratandose de carga consolidada na origem,objeto de registro de másters e submásters MBL ou MHBL, o porto a considerar é o de destino do conhecimento genérico, conforme consignado no inc. III do art. 22. O agente de carga, classificado pela norma RFB em exame como transportador, está obrigado a prestar informação sobre as cargas, informação esta lançada nos documentos eletrônicos gerados a partir da desconsolidação do conhecimento eletrônico máster (submaster), o que as faz pela inclusão dos conhecimentos eletrônicos house no sistema de controle. A realização da desconsolidação deve ser feita, para o ano base 2008, até o limite da atracação no porto de destino, pois é o porto de referência para o tipo de operação em estudo. Este é o limite temporal imposto e vigente para a data do fato gerador em exame(...) Com efeito, o Conhecimento Eletrônico Submáster 150805191474037 foi incluído às 12:16:17 h de 10/10/2008, a atracação ocorreu em 13/10/2008, às 22:32:00 h, e a desconsolidação foi concluída a destempo às 14:46:04 do dia 14/10/2008.(data/hora da inclusão do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805193606461). Para o caso concreto em análise a perda de prazo se deu pela inclusão do conhecimento eletrônico agregado em referência em tempo posterior ou igual ao registro da atracação no porto de destino do conhecimento genérico.(grifei) Ao caso em exame, escorreitamente fundamentou a decisão de piso: A falta das informações exigidas em tempo hábil prejudica de forma irreversível o alcance dos objetivos básicos da norma que Fl. 140DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 136 11 criou a obrigação em foco. Tanto a racionalização dos procedimentos a cargo da Aduana como a agilidade do despacho aduaneiro ficariam comprometidas, e certamente o dano causado não seria suprimido pela prestação ou correção da informação após o prazo fixado. (grifos do original) Ademais, tratandose de obrigação acessória autônoma de natureza formal, vinculada a prazo certo, a inobservância do prazo estabelecido, por si só, consuma a infração, não havendo como reverter o prejuízo causado. Dessa forma, não há como a denúncia referente a esse tipo de obrigação ser considerada eficaz. Verificase portanto, quer pelo aspecto formal, quer pelo aspecto material, da natureza da infração praticada em face da hipótese que a impõe, notadamente no contexto de dar efetividade à função regulatória do comércio exterior, que a denúncia espontânea suscitada não se aplica ao caso, visto que houve efetivamente a consumação do prejuízo em face da conduta praticada pelo interveniente que tinha a obrigação legal de proceder a prestação de informações no prazo legal estabelecido, contribuindo desta forma para a higidez dos dados referentes às operações de comércio exterior praticadas perante a Aduana brasileira. A matéria em comento já foi objeto de inúmeros julgados neste E. Conselho, destacandose exemplificatifivamente ementas e excertos dos acórdãos a seguir transcritos: · 3302004.022, de 30/03/2017, do ilustre Conselheiro José Fernandes do Nascimento: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória Fl. 141DF CARF MF 12 concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA.POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 09/10/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Excertos do voto: A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/ 2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 137 13 Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adota se como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. [...] Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da Fl. 143DF CARF MF 14 penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. [...].1 (destaques do original) · Acórdão CSRF nº 9303003.631, de 26/04/2016: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 23/05/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Extraise do voto condutor a seguinte análise, conforme excertos abaixo transcritos: O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. (...) No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo Fl. 144DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 138 15 legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tão somente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea.(grifos do original). Rejeitase assim, a preliminar de denúncia espontânea suscitada. Da ausência de provas quanto à indisponibilidade do sistema Quanto ao fato de que as operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores, se insurge na peça recursal com o seguinte argumento: Descabida, ainda, a exigência do c. Órgão Julgador de que fosse feita prova nos autos da indisponibilidade do sistema: a própria edição da IN RFB 835/2008, dispondo sobre os longos períodos em que o Siscomex ficava inoperante, já constitui prova de que não funcionava adequadamente, não podendo ser apenados os usuários do sistema pelo atraso causado por uma falha nele. Deveria, assim, ao contrário, a Autoridade Aduaneira demonstrar nos autos a disponibilidade do sistema no momento dos fatos, o que não fez. Fl. 145DF CARF MF 16 Sem razão a defesa, observase que as disposições da 2IN RFB nº 835, de 28/3/2008, que dispõe sobre as regras de contingência na utilização do Siscomex Carga, são de cunho excepcional, visando a higidez dos dados prestados pelo intervenientes, preservando assim a efetividade das informações prestadas ao abrigo das normas de regência, impossibilitando que eventuais problemas operacionais no sistema SISCOMEX, ensejem exigências dissociadas do real objetivo das normas operacionais quanto ao cumprimento dos prazos, no entanto referida matéria é cunho probatório, cabendo portanto à recorrente a prova de suas alegações como exigido pela norma processual. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar 2 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2o Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência.Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11128.729199/201364 Acórdão n.º 3302004.705 S3C3T2 Fl. 139 17 Fl. 147DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.913787/2009-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DESPACHO ELETRÔNICO. CRÉDITO UTILIZADO. DIVERGÊNCIA DE DIPJ E DCTF. DILIGÊNCIA. LALUR. APRESENTAÇÃO DAS ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS. DIREITO CREDITÓRIO DEMONSTRADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA
O PER/DCOMP inicialmente não homologado por despacho eletrônico em virtude de inexistência de crédito passível de utilização, deve ser revisto e homologado quando, após diligência, a contribuinte apresenta livros contábeis e fiscais, por meio dos quais comprova prejuízo fiscal e pagamento indevido de estimativa mensal.
Numero da decisão: 1302-002.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar, e no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente-Substituta
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2001 COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DESPACHO ELETRÔNICO. CRÉDITO UTILIZADO. DIVERGÊNCIA DE DIPJ E DCTF. DILIGÊNCIA. LALUR. APRESENTAÇÃO DAS ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS. DIREITO CREDITÓRIO DEMONSTRADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA O PER/DCOMP inicialmente não homologado por despacho eletrônico em virtude de inexistência de crédito passível de utilização, deve ser revisto e homologado quando, após diligência, a contribuinte apresenta livros contábeis e fiscais, por meio dos quais comprova prejuízo fiscal e pagamento indevido de estimativa mensal.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVA MENSAL. Recorrente BIORAD LABORATÓRIOS BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DESPACHO ELETRÔNICO. CRÉDITO UTILIZADO. DIVERGÊNCIA DE DIPJ E DCTF. DILIGÊNCIA. LALUR. APRESENTAÇÃO DAS ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS. DIREITO CREDITÓRIO DEMONSTRADO. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA O PER/DCOMP inicialmente não homologado por despacho eletrônico em virtude de inexistência de crédito passível de utilização, deve ser revisto e homologado quando, após diligência, a contribuinte apresenta livros contábeis e fiscais, por meio dos quais comprova prejuízo fiscal e pagamento indevido de estimativa mensal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar, e no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa PresidenteSubstituta (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 91 37 87 /2 00 9- 47 Fl. 307DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 3 2 Guimarães da Fonseca, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Ester Marques Lins de Sousa (PresidenteSubstituta). Relatório Tratase da Resolução nº 110200.077, de 10/04/2012, da extinta 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 1ª Seção de Julgamento, determinada face ao Acórdão nº 12 38.753, de 15 de julho de 2011, proferido pela 9ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro. A DRJ relatou que o processo versava sobre o PER/DCOMP de fls. 2/6, transmitido em 30/01/2006, por meio do qual a Recorrente pretendia aproveitar crédito de pagamento indevido ou a maior de CSLL (fl. 4, código 2362 IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL), arrecadado em 29/06/2001, no valor de R$56.226,44, na data de transmissão. Período de apuração: maio de 2001. O Despacho Decisório (fl. 7) não homologou a compensação declarada. Concluiuse que, o pagamento indicado no PER/DCOMP teria sido integralmente utilizado. A recorrente manifestou seu inconformismo alegando, em síntese, que: 3.1 Conforme DIPJ 2002 (fl. 29), transmitida em 28/06/2002, teve prejuízo fiscal no anocalendário de 2001. 3.2 "... não havendo lucro, obviamente não há acréscimo patrimonial a ser passível de tributação, ou seja, não há a ocorrência do fato gerador para incidência do IRPJ", fl. 11. 3.3 "... não existiu base de cálculo para apuração do IRPJ mensal, pois essa, por estimativa, foi negativa", fl. 11, (Base de calculo da estimativa de fevereiro, fl. 37). 3.4 0 art. 43 do CTN preceitua que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, fl. 11. 3.5 "... inexistindo acréscimo patrimonial, a imposição de um desembolso imediato sobre um acréscimo que não ocorreu é ilegítimo", fl. 11. 3.6 Não existia imposto algum a ser recolhido ao erário. 3.7 A DCTF retificadora, transmitida em 02/04/2009 (fl. 145), desfaz o equivoco da vinculação do DARF ao suposto débito de IRPJ. No recurso voluntário, suscitou preliminar de nulidade do acórdão recorrido, sob a alegação de que este não estaria fundamentado e teria violado seu direito à ampla defesa e contraditório (por violar a prova dos autos quanto à comprovação do alegado erro praticado em DCTF originária e por deixar de provar que os créditos alegados em declaração de compensação já teriam sido utilizados para quitação de outros débitos. No mérito, reitera suas razões de impugnação, segundo as quais: (i) a Contribuinte teria comprovado a efetiva existência do crédito informado em PER/DCOMP, mediante juntada de DARF/2001, DIPJ 2002 e DCTF retificadora; e (ii) caberia à autoridade Fl. 308DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 4 3 julgadora, de ofício, converter o julgamento em diligência em caso de dúvida sobre a existência do crédito alegado, jamais “presumir pela inexistência do crédito, logo, de forma desfavorável e prejudicial ao contribuinte”. Segundo a Recorrente, em síntese, caso fossem devidamente apreciados pelo acórdão recorrido os documentos acima citados, a única conclusão possível desta análise seria o reconhecimento do direito creditório e a homologação da respectiva declaração de compensação. Diante de tais alegações, o pedido de diligência foi acolhido, concluindose que havia a necessidade de instrução do processo para adequado julgamento. Assim, propôsse a conversão do julgamento em diligência para que a DRF adotasse as seguintes providências: (i) atestar a autenticidade da DCTF retificadora trazida aos autos em face das vias originais e da documentação fiscal e contábil da Contribuinte; (ii) atestar, de forma conclusiva e justificada, mediante consulta a documentos e livros fiscais e contábeis da Contribuinte, a correção (ou não) das informações prestadas na DCTF retificadora referida nestes autos, especialmente, mas sem se limitar, à existência (ou não) de saldo de IRPJ a pagar nos meses do ano calendário de 2001 que estariam sendo apontados pela RFB como impeditivos do reconhecimento do direito creditório alegado e consequente homologação da declaração de compensação; (iii) das verificações efetuadas, lavrar Relatório de Diligência circunstanciado e dele dar ciência à Contribuinte para sobre ele se manifestar, no prazo de 30 (trinta) dias. Em cumprimento, a DRF apresentou o seguinte Despacho de Diligência: Tratase de relatório de Relatório de Diligência requerido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (Primeira Seção de Julgamento), em Resolução no 110200.077 da 1a Câmara/2a Turma Ordinária, de 10/abr/2012. Basicamente, o CARF solicita as seguintes providências: (...) Constatamos nos sistemas da RFB que a DIPJ/2002, original/liberada, no 107942487, transmitida em 28/jun/2002, que a forma de apuração do IRPJ e da CSLL é o Lucro Real Anual. Em todos os meses de apuração das estimativas, quer sejam de IRPJ ou CSLL, a interessada utilizouse de balanços ou balancetes de suspensão ou redução que lhe permite, como o próprio nome sugere, suspender ou reduzir o pagamento do imposto, desde que demonstre que o valor do imposto devido, calculado com base no lucro real do período em curso, é igual ou inferior à soma do imposto de renda devido por estimativa, correspondente aos meses do mesmo anocalendário, anteriores àquele a que se refere o balanço ou balancete levantado. O contribuinte foi intimado, por meio do Termo de Intimação Fiscal no 48/2014, cuja ciência deuse em 24/jun/2014, a informar/fornecer o(a)(s) seguinte(s) documento(s)/justificativa(s): “ Fotocópias autenticadas de escrituração contábil, mês a mês, do ano calendário 2011 que justifique as divergências encontradas entre o informado Fl. 309DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 5 4 em DIPJ/2012 e as DCTFs transmitidas, relativamente a apuração dos tributos IRPJ (cód. receita 2362) e CSLL (cód. receita 2484). Comprovação definitiva de que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL (mês a mês) foi negativa, a qual originou prejuízo fiscal em suas principais atividades (receita de revenda de mercadorias e receita de prestação de serviços) por todos os meses do AC de 2001. Haja visto a interessada possuir 3 filiais ATIVAS e exercer a atividade: CNAE: 4645101 Comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios. Solicitase, então, como exposto acima: 1. fotocópia do Razão Analítico, em Real, detalhado, de 01/jan/2001 a 31/dez/2001, que detalhe MÊS a MÊS as receitas brutas e despesas com receitas brutas; e, 2. fotocópia do Balancete de Verificação, em Real, detalhado, de 01/jan/2001 a 31/dez/2001, que demonstre MÊS a MÊS as receitas brutas e despesas com receitas brutas.” A interessada atendeu à intimação acima citada trazendo a esta SAORT/DRF/STL/MG 12 (doze) encadernações de livros Razão Contábil contendo Razão Analítico e Balancete Analítico, referente aos períodos de janeiro a dezembro/2001. Sobre a estimativa a que se refere este relatório de diligência, IRPJ PA: mai/2001, no Balancete Analítico não há referência de IRPJ a pagar referente ao período, assim como informado na Ficha 11 da DIPJ/2002. Também o contribuinte não se utilizou desta estimativa (nem de outra que porventura pudesse advir no decorrer do anocalendário: meses de jan/abr e jun/dez/2001) para compor o ajuste anual em Saldo Negativo de IRPJ ao final do fato gerador em 31/dez/2001, conforme Linha 16, da Ficha 12A. TABELA 1 As DCTFs transmitidas pela Recorrente, do 1º e 2ºTrim/2001 são: Com relação às DCTFs transmitidas acima, que contém informação do débito em comento (IRPJ PA mai/2001): 2oTrim/2001, foram apresentadas 06 (seis) declarações. Na declaração original (item 04) havia informação de débito de estimativa IRPJ (cód. receita 2362). Esta foi retificada primeiramente em 14/nov/2001 (item 05), antes da ciência do Despacho Decisório eletrônico exarado pelo Sistema de Controle de Crédito – SCC relativo à DComp 18461.18146.300106.1.3.045138, cuja ciência deuse em 02/abr/2009; já não contendo a informação do débito. A segunda, terceira e quarta DCTFs retificadoras (itens 06/08), foram transmitidas em 21/out/2004, 23/mar/2005 e 10/mai/2005, Fl. 310DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 6 5 respectivamente, ou seja, também antes da ciência do despacho decisório. Essas continham informação de débito de estimativa IRPJ PA mai/2001 a pagar. Na quinta e última DCTF Retificadora, transmitida na data da ciência do despacho decisório, em 02/abr/2009, não há menção à apuração de débito de estimativa de IRPJ. Diante do exposto, cumprida a determinação do CARF, em razão da documentação trazida aos autos pelo contribuinte e face as DCTFs registradas nos sistemas da RFB: Dêse ciência deste Relatório de Diligência ao contribuinte, intimandoo a buscar a documentação apresentada por meio do TIF no 48. O interessado tem o prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da ciência deste Relatório para se manifestar. Após, encaminhemse os autos novamente ao CARF/MF/DF. A Recorrente foi devidamente intimada sobre o resultado da diligência, porém, não apresentou manifestação. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Na forma registrada na primeira oportunidade em que o caso veio a julgamento, o recurso voluntário é tempestivo e a recorrente está devidamente representada. Conheceuse do recurso. Preliminar de Nulidade A Recorrente alega que o despacho decisório que não homologou a DCOMP em questão seria nulo, por falta de fundamentação legal, bem assim pela falta de análise de DARF, DIPJ e DCTF. Verificase que, em realidade a recorrente não atendeu às intimações da DRF para a apresentação escritas contábeis, comerciais e fiscais. Limitouse a apresentar declarações acessórias, sobre as quais a DRF concluiu que não seriam suficientes para comprovar que o erro estaria na DCTF que, inicialmente, confessou débito de IRPJ e CSLL de estimativa mensal. Observase, ainda que o referido Despacho Decisório consignou os dispositivos legais e regulamentares, com base nos quais concluiu por não homologar a DCOMP em questão. Não haveria, portanto, a alegada nulidade. De qualquer forma, entendese que a conversão do julgamento inicial em diligência, concedeu à recorrente a oportunidade de demonstrar a subsistência de seu crédito relativo a pagamento indevido de IRPJ e CSLL por estimativa mensal. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 7 6 Nesse sentido, cabe rejeitar a preliminar de nulidade e adentrarse ao mérito para a apreciação do resultado da diligência, conforme segue. Mérito Em conformidade com o Despacho de Diligência retro transcrito, a recorrente apresentou Livros Razão Contábil contendo Razão Analítico e Balancete Analítico, referente aos períodos de janeiro a dezembro/2001. A DRF analisou o respectivo Balancete Analítico e concluiu que não havia IRPJ a pagar, referente maio de 2001. Certificouse, portanto, que estava correto o registro na Ficha 11 da DIPJ/2002, quanto à inexistência de imposto a pagar. No entanto, verificouse que não houve registro na Linha 16, da Ficha 12A da DIPJ, quanto ao referido valor pago indevidamente a título de estimativa mensal. Não obstante tal omissão no preenchimento da DIPJ, certificouse, também que a Recorrente não se utilizou desse pagamento nos meses subsequentes de 2001. Com relação às referidas DCTFs, a DRF verificou que, a indicada no item 04, declaração original (IRPJ PA mai/2001; 1ºTrim/2001), continha informação de débito de estimativa IRPJ (cód. 2362). A primeira retificadora da DCTF original, deuse em 14/11/2001 (item 05 do quadro acima), antes da ciência dos Despachos Decisórios eletrônicos exarados pelo Sistema de Controle de Crédito (SCC), relativos à DComps 18461.18146.300106.1.3.045138, cuja ciência deuse em 02/04/2009, não mais contendo o registro de débito. A segunda, terceira e quarta DCTF retificadoras (itens 06/08) foram transmitidas, em 21/10/2004, 23/03/2005 e 10/05/2005, respectivamente, ou seja, também antes da ciência do despacho decisório. Sobre as retificadoras, portanto, a DRF concluiu que, da segunda até a quarta retificação, não mais havia registro sobre o referido débito de estimativa de IRPJ que constava da DCTF original. Nesse sentido, confirmouse que: a) a recorrente apurou prejuízo fiscal e base negativa no anocalendário de 2001, conforme balancete analítico e DIPJ 2002, transmitida em 28/06/2002; b) não houve fato gerador do CSLL; e c) o pagamento do DARF de R$56.226,44, posição em 29/06/2001, constituise em pagamento indevido, passível de utilização em compensação (fl. 13). Na forma certificada pela DRF, após diligência, é devida a homologação da PER/DCOMP em questão para o reconhecimento do direito creditório da recorrente. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 15374.913787/200947 Acórdão n.º 1302002.360 S1C3T2 Fl. 8 7 (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.904876/2011-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.991
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí o indeferimento do pedido de restituição. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .9 04 87 6/ 20 11 -5 3 Fl. 1201DF CARF MF Processo nº 10530.904876/201153 Resolução nº 3201000.991 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Belo Horizonte/MG, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de apresentação da prova do indébito. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo seu integral deferimento, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 1202DF CARF MF Processo nº 10530.904876/201153 Resolução nº 3201000.991 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 1203DF CARF MF Processo nº 10530.904876/201153 Resolução nº 3201000.991 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 1204DF CARF MF Processo nº 10530.904876/201153 Resolução nº 3201000.991 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 1205DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.008911/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 10/11/2009
INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO.
O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA.
O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificando-as posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva.
REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007.
Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-004.458
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Olmiro Lock Freire.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 10/11/2009 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificando-as posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007. Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. Recurso Voluntário Provido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 10/11/2009 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificandoas posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007. Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. Recurso Voluntário Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 89 11 /2 00 9- 10 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Olmiro Lock Freire. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de Auto de infração lavrado contra a Recorrente, na condição de agência de navegação responsável pela importação, para exigir multa de R$ 5.000,00 com fulcro na previsão do art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei nº 37/1966, passível de ser aplicada "por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal". Conforme indicado no relatório fiscal da autuação, o fato que ensejou a lavratura da autuação foi a retificação de ofício e a destempo, de informações do Conhecimento eletrônico na forma solicitada pela Recorrente. No entendimento da fiscalização, a retificação solicitada pela Recorrente foi realizada a destempo por ter sido registrada de oficio, em desconformidade com os artigos 45, §1º e 50 da Instrução Normativa n.º 800/2007. Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, julgada integralmente improcedente pelo Acórdão 08028.265da 2ª Turma da DRJ/FOR, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 10/11/2009 AGÊNCIA MARÍTIMA. LEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. A agência marítima que atue como representante, no País, do transportador estrangeiro, é legítima para figurar no polo passivo do auto de infração e responde, em igualdade de condições com aquele, pela infração decorrente do descumprimento da obrigação de prestar, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, informação sobre o veículo e sobre a carga nele transportada. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 4 3 Data do fato gerador: 10/11/2009 VÍCIO FORMAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste vício formal e não se configura o cerceamento do direito de defesa quando o lançamento se reveste das formalidades legais essenciais e o autuado demonstra em sua impugnação haver compreendido as acusações a ele imputadas. JURISPRUDÊNCIA JUDICIAL. EFEITO INTER PARTES. NÃO VINCULAÇÃO. As decisões judiciais proferidas com efeito meramente inter partes não vinculam os julgamentos emanados pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. CONTROLE ADUANEIRO. MOVIMENTAÇÃO DE EMBARCAÇÕES, CARGAS E UNIDADES DE CARGA NOS PORTOS ALFANDEGADOS. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES. DESCARACTERIZAÇÃO. Não configura pedido de retificação de conhecimento de carga o pedido que não atenda a pelo menos uma das condições estabelecidas no artigo 23 da Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 10/11/2009 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO. O instituto da denúncia espontânea não se aplica à infração decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória. Impugnação Improcedente" Cientificada desta decisão, a empresa apresentou Recurso Voluntário tempestivo, reiterando suas razões de defesa, alegando em síntese: (i) preliminarmente: (i.1) a ilegitimidade passiva da Recorrente por ter atuado na condição de agente dos transportadores marítimos; e (i.2) a nulidade do Auto de Infração por não ser claro, possuindo uma confusa descrição dos fatos que impediu o ampla exercício de defesa; (ii) no mérito: (ii.1) ausência de tipicidade, sustentando a não caracterização da infração imposta vez que todas as informação de conhecimento do transportador foram oportunamente apresentadas, somente retificadas após pedido do importador; e (ii.2) a necessidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea, com fulcro na nova redação do art. 102, §2º, do Decretolei n.º 37/1966 dada pela Lei n.º 12.350/2010, vez que solicitada a retificação da documentação antes do início do procedimento fiscal. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.436, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.003078/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.436): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, adentrando em suas razões. Primeiramente, importante consignar que, na condição de agente de navegação, representante da transportadora internacional, como reconhecido pela própria Recorrente, não há que se falar na hipótese em ilegitimidade passiva. A fiscalização se respaldou na Instrução Normativa n.º 800/2007 (art. 4º1) para autuar a Recorrente como agente marítimo, por ter sido a responsável pela inserção das informações no SISCOMEX CARGA, disposição normativa fundada do Decretolei n.º 37/1966 (art. 37, §1º2) e no Regulamento Aduaneiro/2002, vigente à época dos fatos (art. 30, §2º3). 1 "Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entendese por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2o A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3o Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador." 2 "Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)" (grifei) 3 "Art. 30. O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem assim sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o Ao prestar as informações, o transportador, se for o caso, comunicará a existência, no veículo, de mercadorias ou de pequenos volumes de fácil extravio. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 6 5 Com efeito, quem teria cometido a irregularidade de prestação de informações no presente caso foi a Recorrente, responsável por inserir os dados da operação, navio e mercadorias no SISCOMEX em nome do transportador estrangeiro, ainda que sob sua orientação. Nesse sentido é a jurisprudência deste Conselho: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/05/2008 AGENTE MARÍTIMO. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada responde pela multa sancionadora da referida infração. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. INFRAÇÃO CONFIGURADA. PENALIDADE. APLICABILIDADE. Restando comprovado nos autos o atraso na prestação de informações dos dados de embarque no SISCOMEX, é aplicável a penalidade prevista na alínea “e”, inciso IV, do artigo 107, do DecretoLei n.º 37, de 1966, com a redação do artigo 77 da Lei n.º 10.833, de 2003." (Processo 11128.007671/200847 Data da Sessão 25/05/2017 Relatora Maria do Socorro Ferreira Aguiar Nº Acórdão 3302004.311 grifei) "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 06/02/2011 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Precedentes da Turma. Ilegitimidade passiva afastada. (...) Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido." (Processo 11684.720091/201139 Data da Sessão 27/11/2013 Relator Solon Sehn Nº Acórdão 3802 002.315) "Assunto: Obrigações Acessórias § 2o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. § 3o Poderá ser exigido que as informações referidas neste artigo sejam emitidas, transmitidas e recepcionadas eletronicamente." Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 7 6 Data do fato gerador: 03/11/2004, 04/11/2004, 08/11/2004, 12/11/2004, 15/11/2004, 18/11/2004, 23/11/2004, 26/11/2004 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE. MATERIALIZAÇÃO DA INFRAÇÃO. IMPOSIÇÃO DA MULTA. OBRIGATORIEDADE. O descumprimento do prazo de 7 (sete) dias, fixado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para o registro, no Siscomex, dos dados do embarque marítimo, subsumese à hipótese da infração por atraso na informação sobre carga transportada, sancionada com a respectiva multa regulamentar. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. PENALIDADE APLICADA CONTRA O AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada tem legitimidade para integrar o polo passivo da ação de cobrança da multa sancionadora da respectiva infração. Recurso Voluntário Negado." (Processo 11050.001776/200914 Relator Jose Fernandes do Nascimento Nº Acórdão 3802001.565 grifei) Assim, não há que se falar no caso em ilegitimidade passiva. Por outro lado, por entender que cabe ser provido o Recurso Voluntário no mérito, deixo de apreciar a preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente em conformidade com o art. 59, §3º do Decreto n.º 70.235/724. Isso porque, confirmase no caso em tela a ausência de tipicidade, inexistindo subsunção dos fatos descritos e documentados pela fiscalização à norma do art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei n.º 37/1966. Com efeito, como relatado, a autuação foi lavrada em razão de Pedido de Retificação apresentado pela Recorrente para modificar um dado do CE Mercante, qual seja, o número do CNPJ do Consignatário, indicado no CE mercante com o número 03.3403084/000109, mas que deveria ser alterado para o número 04.732138/000736. É o que se depreende do pedido de retificação anexado ao Auto de Infração (efl. 18): 4 "Art. 59. São nulos: (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)" Fl. 171DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 8 7 Contudo, como se depreende da expressão do art. 107, IV, "e", do Decretolei n.º 37/1966, essa penalidade somente será aplicada quando as informações relativas ao veículo ou cargas neles transportadas, ou quanto às operações realizadas, deixarem de serem prestadas à Secretaria da Receita Federal. Tratase, portanto, de um tipo que exige uma conduta omissiva por parte do agente: "Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e" (grifei) Atentandose para o presente caso, observase que não ocorreu na hipótese o tipo "deixar de prestar informação", vez que todas as informações envolvendo a operação foram efetivamente prestadas no SISCOMEX. Somente um dado do CE foi retificado (CNPJ do Consignatário) conforme solicitação do importador formulada em 30/07/2008 (efl. 66), após a atracação do navio. Desta forma, inexiste a subsunção do fato descrito pela fiscalização (frisese, de uma forma efetivamente confusa e genérica, como mencionado pela Recorrente) com a norma imputada, devendo ser cancelada a autuação. Nesse exato sentido: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 9 8 Anocalendário: 1996, 1997, 1998 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Precedentes da Turma. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N.° 28/1994 (ART. 37). DECRETOLEI N° 37/1966 (ART. 107, IV, “E”). RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, “e, do DecretoLei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificandoas posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado." (Processo 11684.000246/201036 Data da Sessão 10/12/2014 Relator Solon Sehn Nº Acórdão 3802 003.962 Unânime grifei) Assim, inexistia respaldo legal para a exigência. Cumpre ainda acrescer que a autuação se fundamentava apenas em dispositivo infralegal do artigo 45, §1º da Instrução Normativa n.º 800/20075, que trazia uma extensão da aplicação do art. 107, IV, 'e' do Decretolei n.º 37/ para a "prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação". Contudo, além desta exigência não se respaldar na lei, como visto, ela foi expressamente revogada pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. 5 "Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei no 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei no 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 1o Configurase também prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 2o Não configuram prestação de informação fora do prazo as solicitações de retificação registradas no sistema até sete dias após o embarque, no caso dos manifestos e CE relativos a cargas destinadas a exportação, associados ou vinculados a LCE ou BCE. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014)" Fl. 173DF CARF MF Processo nº 11128.008911/200910 Acórdão n.º 3402004.458 S3C4T2 Fl. 10 9 Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a exigência da penalidade também foi decorrente de retificação de dados no CE, ou seja, "não ocorreu na hipótese o tipo "deixar de prestar informação", vez que todas as informações envolvendo a operação foram efetivamente prestadas no SISCOMEX". Houve apenas a retificação de dado do CE após a atracação do navio. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 174DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10952.000115/2005-11
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 14 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2003
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO
COMPROVADA.
A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratando-se de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastá-la, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazê-lo, fica
caracterizada a omissão de receitas.
Tributam-se como omissão de receitas os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea.
ARBITRAMENTO DOS LUCROS.
O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 529 e 530, III).
O valor total da receita omitida apurada pela auditoria fiscal passa a ser a receita conhecida, para fins de incidência dos percentuais de arbitramento previstos pelo legislador e, consequentemente, para definição da base de cálculo sobre a qual deverão incidir as alíquotas do IRPJ e da CSLL.
O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep.
OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS
EFETUADOS.
In casu, a infração omissão de receitas decorrentes de pagamentos não escriturados não é compatível com a infração de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, dado que os pagamentos tomados como base para a imputação da omissão foram apurados a partir de valores registrados como débito nos extratos bancários analisados pela auditoria fiscal. Tais valores, contudo, foram objeto de
tributação por ocasião de seu crédito na conta-corrente, pela infração omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada.
Estar-se-ia, assim, tributando um mesmo valor, pela sua entrada na contacorrente, a título de omissão de receitas por créditos bancários não comprovados, e pela sua saída da conta-corrente, a título de omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados, caracterizando verdadeiro “bis in idem”.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2003
NULIDADES.
A validação, pela autoridade julgadora a quo, da forma de tributação adotada pela auditoria fiscal, assim como a desqualificação dos documentos de prova apresentados pela defesa, considerados inábeis para afastar as exigências, são
inerentes ao campo do livre convencimento do julgador e, como tais, não podem ser motivo para anulação de decisão.
Tendo sido a decisão da autoridade julgadora de 1a. Instância proferida com observância dos pressupostos legais e não havendo prova da violação das disposições contidas no artigo 59 do Decreto no. 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade da decisão.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS.
O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1801-000.420
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as nulidades suscitadas e, no mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro arbitrado
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratando-se de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastá-la, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazê-lo, fica caracterizada a omissão de receitas. Tributam-se como omissão de receitas os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 529 e 530, III). O valor total da receita omitida apurada pela auditoria fiscal passa a ser a receita conhecida, para fins de incidência dos percentuais de arbitramento previstos pelo legislador e, consequentemente, para definição da base de cálculo sobre a qual deverão incidir as alíquotas do IRPJ e da CSLL. O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep. OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS EFETUADOS. In casu, a infração omissão de receitas decorrentes de pagamentos não escriturados não é compatível com a infração de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, dado que os pagamentos tomados como base para a imputação da omissão foram apurados a partir de valores registrados como débito nos extratos bancários analisados pela auditoria fiscal. Tais valores, contudo, foram objeto de tributação por ocasião de seu crédito na conta-corrente, pela infração omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Estar-se-ia, assim, tributando um mesmo valor, pela sua entrada na contacorrente, a título de omissão de receitas por créditos bancários não comprovados, e pela sua saída da conta-corrente, a título de omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados, caracterizando verdadeiro “bis in idem”. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2003 NULIDADES. A validação, pela autoridade julgadora a quo, da forma de tributação adotada pela auditoria fiscal, assim como a desqualificação dos documentos de prova apresentados pela defesa, considerados inábeis para afastar as exigências, são inerentes ao campo do livre convencimento do julgador e, como tais, não podem ser motivo para anulação de decisão. Tendo sido a decisão da autoridade julgadora de 1a. Instância proferida com observância dos pressupostos legais e não havendo prova da violação das disposições contidas no artigo 59 do Decreto no. 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade da decisão. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
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Voluntário Acórdão nº 1801-00.420 – 1ª Turma Especial Sessão de 14 de dezembro de 2010 Matéria AI - IRPJ - Omissão de Receitas - Depósitos Bancários Recorrente PORTO DA QUINTA HOTÉIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratando-se de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastá-la, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazê-lo, fica caracterizada a omissão de receitas. Tributam-se como omissão de receitas os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 529 e 530, III). O valor total da receita omitida apurada pela auditoria fiscal passa a ser a receita conhecida, para fins de incidência dos percentuais de arbitramento previstos pelo legislador e, consequentemente, para definição da base de cálculo sobre a qual deverão incidir as alíquotas do IRPJ e da CSLL. O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - Fl. 463DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 2 CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep. OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS EFETUADOS. In casu, a infração omissão de receitas decorrentes de pagamentos não escriturados não é compatível com a infração de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, dado que os pagamentos tomados como base para a imputação da omissão foram apurados a partir de valores registrados como débito nos extratos bancários analisados pela auditoria fiscal. Tais valores, contudo, foram objeto de tributação por ocasião de seu crédito na conta-corrente, pela infração omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Estar-se-ia, assim, tributando um mesmo valor, pela sua entrada na conta- corrente, a título de omissão de receitas por créditos bancários não comprovados, e pela sua saída da conta-corrente, a título de omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados, caracterizando verdadeiro “bis in idem”. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2003 NULIDADES. A validação, pela autoridade julgadora a quo, da forma de tributação adotada pela auditoria fiscal, assim como a desqualificação dos documentos de prova apresentados pela defesa, considerados inábeis para afastar as exigências, são inerentes ao campo do livre convencimento do julgador e, como tais, não podem ser motivo para anulação de decisão. Tendo sido a decisão da autoridade julgadora de 1 a . Instância proferida com observância dos pressupostos legais e não havendo prova da violação das disposições contidas no artigo 59 do Decreto no. 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade da decisão. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as nulidades suscitadas e, no mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente Fl. 464DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 448 3 (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Editado em 14/12/2010. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmem Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes, Maria de Lourdes Ramirez, Sandra Maria Dias Nunes, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes. Relatório Trata-se de autos de infração à legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Contribuição ao Programa de Integração Social – PIS, e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS (fls. 03 a 31), que exigem da contribuinte acima identificada o crédito tributário no valor total de R$ 519.037,00, aí incluídos o principal a multa de ofício e os juros de mora calculados até a data da lavratura, tendo em conta a constatação de irregularidades apuradas no ano-calendário 2003, descritas no Termo de Constatação Fiscal de fls. 32 a 36, parte integrante das exigências, assim como os demonstrativos que o acompanham às fls. 37 a 60. Relata o agente que a empresa contribuinte teria sido selecionada para fiscalização em virtude da incompatibilidade de informações, pois se encontrava omissa na entrega de DIPJ em relação ao ano-calendário 2003, ao passo que instituições financeiras, em informações prestadas à RFB, acusaram movimento financeiro da contribuinte em contas- correntes bancárias e em cartões de crédito, no mesmo período. Teria sido apurado, após o fornecimento de algumas informações e documentos à auditoria fiscal, que a pessoa jurídica promoveu a entrega de DCTFs nas quais teriam sido informados, em relação ao 1 o . trimestre de 2003, apenas dois débitos, de PIS e de COFINS, nos respectivos valores de R$ 363,34 e R$ 660,62 e nas DCTFs relativas aos demais trimestres do ano-calendário não teriam sido declaradas quaisquer informações de outros débitos (DCTFs “zeradas”). Em atendimento à solicitação da fiscalização alguns extratos de contas- correntes bancárias mantidas pela empresa junto ao Banco Bradesco e junto à Cooperativa de Crédito Rural Enápolis Ltda. - SICOOB-BA teriam sido apresentados. Por intermédio de RMF as instituições financeiras complementaram as informações, apresentando outros extratos bancários, assim como a Cooperativa haveria apresentado fichas gráficas contendo informações sobre os empréstimos concedidos à fiscalizada e respectivas liquidações. Consignou, ainda, o agente fiscal: Fl. 465DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 4 A partir das informações contidas nas referidas fichas gráficas, constatou-se que, parte dos empréstimos concedidos a fiscalizada, relacionados no Anexo II do Termo de Intimação de 22/03/2005, haviam sido quitados mediante lançamento a débito na conta-corrente da fiscalizada, quer seja por liquidação da parcela (pagamento), quer seja pelo estorno do valor do cheque dado em pagamento pela empresa, não representando, portanto, ingresso de receita sujeita a tributação. Também a partir da análise dos extratos fornecidos pelo SICOOB, foram identificadas as origens de duas transferências ocorridas em 03/01/2003 e 08/01/2003, realizadas pelo sócio SERGIO PESSOA, CPF no. 048.269.145-04, para empresa, ambas no valor de R$ 7.400,00, que foram desconsideradas no presente lançamento. De posse das informações a auditoria fiscal teria elaborado um demonstrativo de depósitos/créditos para justificativas da contribuinte a respeito de suas origens, bem como solicitado esclarecimentos a respeito da origem de recursos utilizados na quitação de empréstimos contraídos com a Cooperativa, consignados em outro demonstrativo. A intimação para os esclarecimentos teria sido lavrada em 09/08/2005, e não fora atendida. Estaria, assim, caracterizada a omissão de receitas apuradas (i) por depósitos bancários de origem não comprovada tipificada no artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, e, (ii) pela constatação de pagamentos não escriturados capitulada no artigo 281, II, do RIR/99. Em virtude da não apresentação de escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais à fiscalização, após regular intimação, o lançamento foi formalizado nos moldes do arbitramento dos lucros, tendo como receita conhecida aquela apurada a partir dos depósitos bancários não comprovados e pagamentos não escriturados. Cientificada das exigências, em 30/09/2005, a contribuinte apresentou, em 31/10/2005, a impugnação de fls. 303 a 314 (e documentos que a acompanham) invocando a nulidade dos autos de infração vez que a receita bruta, para fins de arbitramento, não teria sido conhecida e sim presumida pela auditoria fiscal, violando-se, assim, as disposições do art. 142 do CTN. A fim de demonstrar que a receita bruta fora presumida, alegou, em suas palavras: Veja-se, que foi presumida uma receita de R$ 1.829.811,97 (fls. 287). Se consideradas as acomodações disponíveis de 51 (cinqüenta e um) apartamentos que o hotel possui, ter-se-ia as seguintes cifras: • 51 x 91 dias (três meses de alta temporada) x 70% (índice de ocupação) = 3.248 diárias x R$ 80,00 (vl. diária) = R$ 259.840,00. • 51 x 274 dias (resto do ano baixa temporada) x 25% (índice de ocupação) = 3.493 diárias x R$ 40,00 (v1. Diária) = R$ 139.720,00. • Total = R$ 259.840,00 + R$ 139.720,00 = R$ 399.560,00. Ressalte-se, que os valores de diária e média de ocupação foram retirados do Decreto n° 0383/05, pelo qual a Prefeitura de Porto Seguro vem lançando o ISSQN. Observou que a conta-corrente 2237-3 mantida na Cooperativa de Crédito de Eunápolis teria encerrado o ano com saldo devedor de R$ 9.134,67 e que durante todo o ano de 2003 teria contratado empréstimos sempre para quitar empréstimos anteriores. E prossegue, litteris: Fl. 466DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 449 5 Os valores abaixo discriminados representam a transferência entre as contas. As transferências entre as contas bancárias 2236 (dígitos controle 5 e 6 conta particular do sócio Sérgio Pessoa); 2235-7 e 2254-3, representam recursos externos (empréstimos) para quitação de compromissos do contribuinte. Ademais, a transferência de R$ 20.000,00, do dia 14 de outubro de 2003 tomada como crédito pela fiscalização em verdade se trata de um débito. O demais ingressos são depósitos do oriundos a conta particular do sócio gerente. Apresenta demonstrativos denominados “transferências entre agências” (fls. 311/313). Afirmou que as quitações dos empréstimos mencionados como “baixados” e qualificados como omissão de receitas teriam sido pagos com recursos oriundos do caixa da empresa ou com recursos particulares do sócio Sérgio Pessoa através de descontos de cheques recebidos por serviços prestados, como por exemplo, o valor de R$ 65.100,00, de 30/10/2003, pago por endosso do cheque 078735 da Prefeitura Municipal de Porto Seguro. Ainda de acordo com a defesa, o valor de R$ 99.187,21, constante do demonstrativo de depósitos bancários seria oriundo de adiantamentos efetuados por agências de viagens para reserva de vagas no hotel não sendo, portanto, receita realizada no ano- calendário 2003, como comprovaria o balancete apresentado às fls. 315 a 320. Ao final requereu, sucessivamente: 1) Que seja o imposto lançado com base no lucro real, conforme demonstrações contábeis anexas; 2) Declarado nulo o auto de infração por utilizar-se não de arbitramento de receitas conhecidas, mas sim de receitas presumidas; 3) Se for utilizado o arbitramento que o seja com base no índice de ocupação utilizado pela Prefeitura de Porto Seguro; 4) Em caso de manutenção do auto de infração em sua configuração atual, sejam desconsiderados como receitas os valores supra mencionados; 5) Em qualquer caso seja deferida a realização de diligência para melhor exame dos valores lançados como receita para se aferir a evidente distorção entre o total considerado como receita e a estimativa de ocupação e valores de diária cobradas pelo hotel, justificando-se porque pelos índices de ocupação verifica-se uma receita muito inferior a considerada pela fiscalização, propiciando-se uma ampla defesa ao acusado. Quesitos formulados: a) Qual o número de quartos que o hotel possui; b) Qual o valor médio da diária na cidade de Porto Seguro, para hotéis de mesma categoria na alta temporada? c) Idem na baixa temporada? Fl. 467DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 6 d) Qual a taxa de ocupação dos hotéis tanto na alta como na baixa temporada; e) Dos elementos aferidos acima, quanto auferiria o hotel como receita no ano de 2003? Apreciando o litígio a 1 a . Turma da DRJ em Salvador/BA proferiu o Acórdão no. 15-15.937 (fls. 408 a 416) julgando procedente, em parte, as exigências. Em preliminares afastou a invocada nulidade dos autos de infração e indeferiu o pedido de perícia, por constar do processo elementos suficientes ao julgamento do contencioso. No mérito validou o arbitramento dos lucros uma vez que a contribuinte, apesar de diversas intimações, não apresentou os documentos e livros fiscais e contábeis necessários à apuração do IRPJ com base no Lucro Real, nem apresentou a D1PJ relativa ao ano-calendário de 2003, somente apresentando, na impugnação, cópias de alguns extratos bancários do sócio Sérgio Pessoa (fls. 324 a 335) e de terceiros (fls. 344 a 373), assim como cópia do Decreto n° 383/2005 da Prefeitura Municipal de Porto Seguro (fls. 321 a 322), e cópias de balancetes emitidos em 01/11/2005 (fls. 315 a 320), posteriormente, portanto, à ciência dos autos de infração em 30/09/2005. Observou que a apresentação, na impugnação, de balancetes e outros documentos não invalidariam o arbitramento, pois, “o contrário seria concordar com a atitude de quem, em afronta às instituições e ao interesse coletivo, omite do fisco a escrituração, quando obrigada a apresentá-la, objetivando ulterior anulação da autuação que se curvou à sistemática do lucro arbitrado, com a simples entrega dos livros ou documentos fiscais em fase recursal”. Considerou regular a caracterização de omissão de receitas com base no art. 42 da Lei no. 9.430, de 1996, visto que a contribuinte não apresentou prova da origem do numerário depositado/creditado em suas contas-correntes, em que pese ter sido regularmente intimada a fazê-lo, assim como a omissão de receitas constatada por pagamentos efetuados pela empresa e não escriturados, amparada no artigo 281, II, do RIR/99. Não admitiu a suposta quitação dos compromissos da contribuinte por meio de transferências de recursos oriundos das contas do sócio Sérgio Pessoa e de terceiros, já que teriam sido apresentados, pela defesa, apenas algumas planilhas e extratos, não respaldados por escrituração regular ou qualquer documento capaz de sustentá-los, pelo que teriam restado efetivamente comprovados apenas os ingressos de recursos na conta corrente da autuada, recursos esses não escriturados nem oferecidos à tributação. Afastou, ainda, a alegação de suposta irregularidade do procedimento fiscal por não refletir a rentabilidade da atividade da empresa, pois o arbitramento teria sido realizado conforme a legislação de regência e os argumentos da contribuinte, no tocante a sua receita anual, não teriam sido devidamente comprovados. Procedeu à exclusão, no 4 o . trimestre de 2003, do valor de R$ 20.000,00 lançamento a débito na conta n° 2237-3 da autuada (SISCOOB-BA) e considerado como crédito pelo AFRF (fls. 58 e 284), resultando na redução dos tributos lançados no mês de outubro de 2003. Em assim sendo, do valor total de R$ 628.354,32, apurado pelo autuante como receita bruta no 4 o . trimestre de 2003, subtraiu o valor de R$ 20.000,00, determinando como receita bruta no 4 o . trimestre de 2003, o valor de R$ 608.354,32, retificando a exigência do IRPJ conforme sua descrição à fl. 415. Fl. 468DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 450 7 Foram mantidos, assim, na sua integralidade, as exigências de IRPJ relativas aos 1 o ., 2 o . e 3 o . trimestres de 2003 e, sobre os demais tributos exigidos como reflexo do principal efetuou os devidos ajustes decorrentes da exclusão acima mencionada, conforme demonstrativos de fls. 415 e 416. Notificada da decisão, em 26/08/2008, como comprova a cópia do AR. acostado à fl. 419, a contribuinte apresentou, em 24/09/2008, o Recurso Voluntário de fls. 420 a 435, instruído com os documentos de fls. 436 a 438, no qual, inicialmente, tomou por reproduzidas as razões de defesa contra o arbitramento dos lucros. Aduz que não poderia ser punida com o arbitramento dos lucros por não manter contabilidade regular e, concomitantemente, pela falta de contabilização de depósitos bancários, pois o artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, se adequaria à tributação com base no lucro real. Assim, no seu entender, o arbitramento do lucro com base em percentual a ser aplicado sobre a receita lastreado na ausência de apresentação de contabilidade regular seria incompatível com a exigência de apresentação de contabilização de determinadas operações. Defende o equívoco da decisão de 1 a . instância ao negar a possibilidade de desconstituição do arbitramento dos lucros em virtude da intempestiva apresentação de documentos na fase impugnatória, uma vez que o artigo 14 do Decreto no. 70.235, de 1972, dispõe que a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura com a apresentação de impugnação, assim como o artigo 145, I, da Lei no. 5.172, de 1966 - Código Tributário Nacional prevê que o lançamento, regularmente notificado, poderá ser alterado em virtude de impugnação do sujeito passivo. Diante dessas considerações entende que a origem dos recursos estaria comprovada nos próprios extratos bancários nos quais constam as contas-correntes de sua titularidade afirmando, ainda, que o “Anexo III” do Termo de Verificação Fiscal apresentaria valores creditados que foram considerados como receita, quando, na verdade, teriam sido anulados por simultâneos lançamentos a débito. Reitera, quanto aos empréstimos contraídos com a cooperativa de crédito, que a quitação de um contrato seria feita com a parcela liberada de um novo contrato, não ocorrendo nenhum lançamento em conta-corrente, como teria sido afirmado pela própria cooperativa no memorando de fl. 167. Explicita, em suas palavras: a) Quitação dos contratos abaixo indicados No. Valor Data liberação Data liquidação Fl. processo A30326775 65.100,00 19/03/2003 30/09/2003 Fl. 174 A30326808 65.100,00 02/10/2003 10/10/2003 Fl. 174 A30326834 65.100,00 10/10/2003 30/10/2003 Fl. 175 A decisão recorrida manteve a autuação que considerou os contratos com data de liquidação: 10/10/2003 = A30326808 e 30/10/2003 = A30326834, como pagos com cheques de origem não identificada. Todavia, a origem do numerários é perfeitamente identificável: Fl. 469DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 8 i) O Contrato com vencimento em 30/10/2003, teve a sua liquidação realizada através de um cheque no valor de R$ 65.100,00.Todavia, esse cheque foi estornado, entrando a débito da conta corrente do Contribuinte, conforme se vê no extrato de conta corrente, fl. 257, dos autos, tornando-a devedora desse importe. Em 02/10/2003 foi feito novo contrato de R$ 65.100,00 sendo liberado o valor liquido de R$ 64.316,65. No vencimento desse novo contrato = A30326808 em 10/10/2003, a liquidação se deu exatamente com o mesmo cheque antes estornado que permaneceu em poder do Banco. ii) O contrato = A30326834, de valor R$ 65.100,00, foi quitado pelo cheque 078735, de 30/10/2003, emitido pela Prefeitura de Porto Seguro, c/c do Banco do Brasil n°. 65.057/9,contra a empresa Santa Cruz Transportes Ltda. que realizou um empréstimo desse valor a Recorrente. Cópia desse documento se encontra a fl. 393, dos autos. Por conseguinte, deve ser modificada a decisão e considerados como de ORIGEM IDENTIFICADA os pagamentos dos empréstimos relativos aos contratos A30326808 e A30326834, relacionados no Anexo II, do auto do processo fls. 277/278. b) Quitação contrato A30322413 O contrato = A30322413, f1.268, de valor R$ 60.000,00, foi quitado pelo cheque 077784, emitido pela Prefeitura de Porto Seguro, c/c do Banco do Brasil n°. 65.057/9,contra a empresa Santa Cruz Transportes Ltda. que realizou um empréstimo desse valor a Recorrente. Cópia desse documento relativo ao valor se encontra a f1.394 , dos autos. c) Quitação de contrato por caixa Os contratos: A32302111=R$ 1.726,47 (f1.169), A32306668= R$ 2.196,37(172), A32306908=R$ 4.888,17 (177), A32306940= R$4.567,64 (179), relacionados no Anexo II, fls.277/278, foram quitados através de pagamento feito pelo caixa da empresa sem emissão de cheques, tendo em vista os valores serem baixos. d) Quitação demais contratos Os contratos: A32301049 = R$ 16.375,87 (f1.168), A32306942 = R$ 25.942,85(180), A32306962 = R$ 64.316,65 (181), relacionados no Anexo II, fls. 277/278, foram quitados através de cheques da Prefeitura de Porto Seguro emitidos para Santa Cruz Transportes Ltda. e dados em empréstimo para a Recorrente. 2. DEPÓSITOS/CRÉDITOS — ORIGEM NÃO COMPROVADAS - ANEXO 01 - FLS. 279 a 285 Os valores anotados nesse Anexo III pela fiscalização tributaram valores que devem ser excluídos, como em seguimento demonstrado, pois são depósitos que não representam uni efetivo valor que ficou disponível ao Recorrente, como abaixo indicados, pois ou foram originados de conta-corrente identificadas ou foram anulados por débito de igual valor. Esclarece-se, que foram anexados aos autos extratos de conta corrente de Sérgio G. Pessoa — c/c n°. 02236-5 (fls. 324/335); Sul Bahia Imobiliária — c/c n°. 02235-7 (fls. 344/363); Pacuio Empreendimentos Ltda. c/c n°. 02254 (fls. 364/371). Tais contas demonstram que foram efetuadas as transferências de valores que foram tributadas indevidamente, todavia, também estão demonstradas as devoluções desses valores em diferentes datas. Fl. 470DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 451 9 Exemplifica-se, com a movimentação com a Pacuio Empreendimentos: entre os dias 1 e 26 de setembro foram tomados como empréstimo R$ 8.500,00. Concomitantemente, nos dias 18 e 26, do mesmo mês, foram transferidos para essa empresa dois valores de R$ 2.400,00 e R$ 6.100,00 (dias 15 e 26), somando os mesmos R$ 8,500,00 (f1.371). Nesse diapasão, os valores cujas se originam de contas correntes devidamente identificadas, com cópia de extratos bancários, não podem ser considerados como ingressos de origem não comprovada. Apresenta, às fls. 430 a 434, planilhas com as quais pretende demonstrar que determinados valores creditados, ora seriam advindos de contas correntes de terceiros – sócio e outras empresas, ora teriam sido “anulados” por débitos de idênticos valores. Ao final, requer: a) Em acatamento a preliminar ser cancelada a decisão recorrida para que outra seja proferida em seu lugar, evitando-se consolidar-se uma tributação eminentemente confiscatória; b) Seja adotada, face os documentos acostados, a tributação com base no lucro real; c) Se negativa a tributação com base no lucro real, seja adotado o critério da ocupação como elemento de arbitramento; d) Em caso negativo ao pedido anterior, seja tomado como receita, para fins de arbitramento, o montante das receitas apresentada e demonstradas em cópia das fichas de razão anexadas; e) Finalmente, mantida a forma de arbitramento proposta no auto de infração, sejam desconsiderados, do montante arbitrado, os valores cujos ingressos em conta bancária têm origem perfeitamente demonstrada. Seguem-se, às fls. 436 a 438, cópias de “Razão Analítico Normal de 01/01/2003 a 31/12/2003”. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. Fl. 471DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 10 O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. 1 Preliminar 1.1 NULIDADE DA DECISÃO DE 1 A . INSTÂNCIA. Pretende a recorrente seja declarada a nulidade da decisão de 1 a . instância sem indicar, ao certo, o fundamento da nulidade. Presumo que um dos motivos para tal requerimento seja talvez, porque no entender da defesa, a decisão tenha validado a forma de tributação pelo lucro arbitrado, ou ainda, talvez porque, também no entendimento da recorrente, os documentos apresentados junto da impugnação não teriam sido suficientemente “analisados e valorizados” pela autoridade julgadora de 1 a . instância, como se extrai das razões do recurso à fl. 425. De qualquer forma, nenhum dos fundamentos acima é motivo para a anulação da decisão da autoridade julgadora a quo. A validação, pela DRJ em Salvador/BA, da forma de tributação adotada pela auditoria fiscal faz parte do campo do livre convencimento do julgador e, como tal, não pode ser motivo para anulação de decisão. Aquela autoridade teria ficado convencida, pelos fatos narrados pelo agente fiscal e pelos elementos constantes dos autos, que o arbitramento dos lucros ocorreu por estrita observância das normas legais que o determinam. Quanto ao segundo fundamento não é verdade que a autoridade julgadora a quo tenha deixado de analisar os documentos apresentados na impugnação ao lançamento. Verifica-se às fls. 411 e 412 do Acórdão combatido que aquela autoridade não apenas faz menção a cada um dos elementos, como indica as folhas dos autos nas quais cada um deles se encontra acostado. Na verdade, tais documentos, oferecidos pela defesa como elementos de prova da improcedência da autuação, simplesmente foram considerados, pela autoridade julgadora, como inábeis para afastar as exigências. Dito de outra forma: não provaram a improcedência da autuação. E aqui se adentra, novamente, no campo do livre convencimento do julgador que, como consignado, não pode ser motivo para anulação de qualquer decisão. Afasto, assim, a preliminar de nulidade da decisão de 1 a . Instância. 2 Mérito. 2.1 ARBITRAMENTO DOS LUCROS O arbitramento dos lucros se justifica em face de a empresa não manter e/ou não ter apresentado à auditoria fiscal escrituração nas formas das leis comerciais e fiscais que possibilitasse a tributação pelo lucro real, em que pese ter sido reiteradamente instada a fazê-lo. A respeito, transcrevo os respectivos comandos do Decreto no. 3.000, de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, que tem por base os artigos 47 da Lei no. 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e 1 o . da Lei no. 9.430, de 1996: Art. 529. A tributação com base no lucro arbitrado obedecerá as disposições previstas neste Subtítulo. Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano- calendário, será determinado com base nos critérios do lucro Fl. 472DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 452 11 arbitrado, quando (Lei no. 8.981, de 1995, art. 47, e Lei no. 9.430, de 1996, art. 1o.): I – o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II – a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III – o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; ... VI – o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. Analisemos, pois, os fatos, à luz da legislação de regência transcrita. A ação fiscal foi iniciada, em 28/10/2004, com a lavratura do Termo de Início de Fiscalização (fls. 61/62), mediante o qual a contribuinte foi intimada a apresentar os livros contábeis e fiscais, ou Livro Caixa, caso tivesse optado, no ano-calendário 2003, pelo lucro presumido; cópias dos extratos bancários de todas as contas mantidas junto às instituições financeiras no Brasil e no exterior, bem como cópias de todos os comprovantes de repasses das operadoras de cartões de crédito com as quais a empresa teve movimentação no ano-calendário de 2003, dentre outros documentos. Em resposta, em 09/11/2004, a contribuinte apresentou: cópia do contrato social, cópia do recibo de entrega da DCTF (1° e 2° trimestres de 2003), e declaração, firmada pelo representante da empresa, comunicando a não apresentação da DIPJ/2004 (relativa ao ano base 2003 – fl. 67) e solicitando prorrogação de 30 dias no prazo para apresentação dos livros Caixa ou Diário e Razão, conforme está consignado no Termo de Recepção de documentos, às fls. 64/65). Em 18/01/2005 a auditoria fiscal recepcionou parte dos extratos bancários solicitados (fl. 75 e 78). Em 21/03/2005, ou seja, cinco meses após a lavratura do Termo de Início, a contribuinte foi reintimada (fl. 142) a apresentar os livros contábeis e fiscais, além outros documentos que ainda não haviam sido entregues. Nesse termo a auditoria ressaltou que o não cumprimento da solicitação poderia ensejar o arbitramento dos lucros com as informações disponíveis até aquele momento. Fl. 473DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 12 Mais uma chance foi dada à contribuinte, em 10/08/2005 - passados, portanto, 10 (dez) meses do início da ação fiscal - pelo Termo de Constatação e Intimação de fls. 269 a 273, no qual foram relatadas, em minúcias, as inconsistências e irregularidades detectadas pela auditoria até aquele momento, e pelo qual se solicitou, ainda, os devidos esclarecimentos e comprovações. Em 06/09/2005, quando o agente fiscal solicitou permissão para proceder ao arbitramento dos lucros da empresa recorrente (fls. 289/290), já haviam se passado 11 (onze) meses, quase um ano, da solicitação inicial para apresentação dos livros contábeis e fiscais sem que a contribuinte os houvesse apresentado. Note-se, no caso em análise, que durante todo o procedimento de auditoria o agente fiscal ofereceu, à recorrente, inúmeras oportunidades para apresentar a documentação solicitada. Até aquele momento, portanto (permissão para proceder ao arbitramento), os fatos apurados pelo agente fiscal determinavam a aplicação dos artigos 529 e 530 do RIR/99, acima citados, pois a contribuinte se enquadrava nas situações descritas nos incisos I, II (“a” e “b”), III e VI do artigo 530. A auditoria fiscal cumpriu, assim, as determinações da lei. Agiu com plena legalidade e em respeito, também, ao comando do art. 142 do Código Tributário Nacional: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional . (destaques acrescidos). Com a impugnação apresentada tempestivamente a contribuinte apresentou os seguintes elementos: Inseridos na peça de defesa demonstrativos denominados “transferências entre agências” (fls. 311/313); “Balancete de Consolidação Nível 5” (fls. 315 a 320) no qual consta, ao final, a conta no. 3.4.1.01.001 – Demonstração do Resultado do Exercício com um valor a débito de R$ 599.165,08, um valor a crédito de R$ 599.165,08 e saldo R$ 0,00 ; cópia do Decreto no. 0383/05, da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, que “define os critérios para estimativa da Base e de Cálculo do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza - ISS para a atividade que indica, e dá outras providências" (fls. 321 a 323); cópia de extrato da conta corrente no. 02236-5, em nome de Sergio Guimarães Pessoa junto à Coop. De Crédito Rural Eunápolis (fls. 324 a 335); Cópia do Contrato Social (fls. 336 a 339); cópia do Cartão do CNPJ (fl. 340); cópia da “cópia de cheque” no. 308.553, da Tesouraria da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, no valor de R$ 14.000,00 (fl. 341); cópia da “cópia de cheque” no. 078.735, da Tesouraria da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, no valor de R$ 65.100,00 (fl. 342); cópia da “cópia de cheque” no.077.784, de emissor não identificado, sem valor (fl. 343); cópia de extrato da conta corrente no. 02235-7, em nome de Sul Bahia Imobiliária junto à Coop. De Crédito Rural Eunápolis (fls. 344 a 364); cópia de extrato da conta corrente no. 02254-?, em nome de Pacuio Entretenimentos Ltda. junto à Coop. De Crédito Rural Eunápolis (fls. 365 a Fl. 474DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 453 13 373); cópia de informes de rendimentos financeiros emitidos pela Coop. De Crédito Rural Eunápolis, em nome de Porto da Quinta Hotéis Ltda. (fls. 374 a 390). Quanto ao intitulado “balancete de consolidação nível”, nenhuma credibilidade lhe pode ser atribuída posto que nenhum documento que embase seus lançamentos foram apresentados. No que se refere aos demais documentos acima mencionados, absolutamente nenhum deles se refere a livros de escrituração contábil e fiscal nos termos da legislação comercial e tributária. Neste ponto destaco que não houve “baralhamento da decisão”, como foi afirmado nas razões do recurso. Na verdade foi a defesa que se equivocou em seu raciocínio, pois a legislação de regência do arbitramento dos lucros, anteriormente transcrita, é cristalina e não deixa margem de dúvida quanto ao seu alcance. Com efeito, o lançamento pode ser modificado em virtude da impugnação, desde que o sujeito passivo logre demonstrar, nas razões de defesa, as inconsistências da exigência, acompanhadas e amparadas por provas concretas e robustas suficientes a afastar, ou retificar, o lançamento. Note-se, entretanto, in casu, que os fatos apurados pela auditoria fiscal que levaram ao arbitramento dos lucros da pessoa jurídica não foram modificados pela impugnação, e persistem até hoje, tendo em conta que até o presente momento a recorrente não dispõe de escrituração regular, com base nas leis comerciais e fiscais - assim como documentação que lhe dê suporte - que possibilitem a apuração dos tributos de acordo com as regras do lucro real, assim permitidas pela legislação de regência. Dito de forma direta: a recorrente não apresentou, até esta data, os Livros Diário e Razão, ou qualquer outro livro auxiliar, ou ainda, Livro Caixa escriturado com toda a movimentação financeira da empresa, Livro de Registro de Notas Fiscais de Prestação de Serviços, Notas Fiscais de Prestação de Serviços, Balanços e Demonstração do Resultado de cada período de apuração, e ainda, o Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR. E vale ressaltar. Ainda que a impugnante tivesse logrado providenciar escrituração contábil e fiscal nos termos das leis comerciais e tributárias, no prazo para apresentação de sua impugnação, ainda assim o arbitramento formalizado pela auditoria fiscal não seria invalidade. Não existe arbitramento condicional e nesse sentido já se encontra pacificada, de há muito, a jurisprudência deste órgão colegiado, como ilustro com as ementas de recentes julgados, adiante transcritas: EMENTA: IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ – EXERCÍCIO 2001. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS. Comprovada a falta de apresentação dos livros que amparariam a tributação com base no lucro real, cabível é o arbitramento do lucro. Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos na prática do ato administrativo do lançamento, sua modificação ou extinção somente se dará nos casos previstos em lei (CNT art. 141). Como inexiste arbitramento condicional, o ato administrativo de lançamento não é modificável pelo posterior oferecimento do documentário cuja falta de apresentação foi a causa do arbitramento. Recurso Voluntário Negado. Fl. 475DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 14 CARF 1a. Seção. / 1a. Turma Especial / Ac. no. 1801-00.075, em 25/08/2009 – DOU 16/09/2010. EMENTA: ARBITRAMENTO. ENTREGA DE DOCUMENTOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. Regularmente intimado durante a ação fiscal e não tendo atendido a fiscalização, foi necessário o arbitramento da base de cálculo. Não sendo possível lançamento condicional, não se permite rever aquele por entrega posterior de documentos. Ac. no. 105-17.325 / 1 o . C.C / 5 a . Câmara, em 13/11/2008 – DOU 09/03/2009. EMENTA: IRPJ/CSLL. ARBITRAMENTO. APRESENTAÇÃO POSTERIOR DA DOCUMENTAÇÃO. INEFICÁCIA. Inexistindo o arbitramento condicional, o ato administrativo de lançamento não é modificável pela posterior apresentação do documentário cuja falta de apresentação durante a ação fiscal restou plenamente caracterizada. Ac. no. 102-48.560 / 1o. C.C. / 2a. Câmara, em 24/05/2007 – DOU 23/11/2007. Por derradeiro, cumpre observar que as únicas infrações capituladas pela auditoria fiscal foram: (i) omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada e, (ii) omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados. O arbitramento dos lucros não é infração. Refere-se à forma de apuração do imposto que a Lei impõe, quando presentes determinadas condições. E foi a forma adotada para exigir os tributos devido sobre as infrações apuradas. 2.2 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Quanto aos valores de receitas omitidas apuradas pela auditoria fiscal cumpre consignar que, de fato, os valores de depósitos e/ou créditos efetuados em conta-corrente do titular, quando não comprovados, caracterizam presunção de omissão de receitas. Pagamentos efetuados e não escriturados também caracterizam presunção de omissão de receitas. O Direito Tributário admite a utilização das presunções na construção da norma individual e concreta de constituição, de ofício, do crédito tributário. Algumas dessas presunções estão previstas e discriminadas na própria legislação. De fato, presunções legais são meios indiretos de prova da ocorrência do evento descrito no fato jurídico. A presunção pauta-se numa relação jurídica de probabilidade fática que é composta por um ou mais fatos indiciários, dos quais se tem conhecimento, que implicam, juridicamente, na existência de um outro fato, indiciado, que se pretende provar. A prova indiciária é uma espécie de prova indireta que visa demonstrar, a partir da comprovação de fatos secundários indiciários, a existência do fato principal. A doutrina e a jurisprudência admitem a utilização de presunções, nos lançamentos de ofício. Para Maria Rita Ferragut a Administração Pública tem o “dever poder de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários á formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico, já que é uma constatação a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, Fl. 476DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 454 15 visando diminuir ou anular o encargo fiscal. E essa liberdade pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei, como indiciários de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta” (in Presunções no Direito Tributário – Dialética – São Paulo – 2001 – p. 105). Importa consignar que, na data da ocorrência dos fatos geradores, a legislação em vigor permitia a presunção de omissão de receitas, formulada a partir da verificação de depósitos bancários de origem não identificada, independentemente do estabelecimento de “liame” entre os depósitos e os fatos geradores dos tributos. É a seguinte a redação do art. 42, caput, da Lei no. 9.249, de 27 de dezembro de 1996: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira,em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Diante das expressas disposições legais, a autoridade fiscal está autorizada a presumir a ocorrência de omissão de receitas, quando o titular de conta de depósito ou de investimento, apesar de regularmente intimado, não conseguir comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, mediante documentação hábil e idônea. Assim, é do sujeito passivo o ônus de provar que os valores depositados/creditados nas contas correntes não são receitas, ou que foram devidamente oferecidos à tributação. Tal preceito legal veio, justamente, dispensar o Fisco de produzir a prova do nexo de causalidade ou do liame entre o valores depositados/creditados e as receitas auferidas pela empresa. Basta o Fisco intimar a empresa a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados e, diante da falta de comprovação, torna-se juridicamente válida a imputação de omissão de recitas. A partir da edição do art. 42 da Lei no. 9.430, de 1996, se o contribuinte não fizer prova da origem dos recursos depositados em suas contas correntes e de investimentos, pode a autoridade fiscal presumir a omissão de receitas, fato integrante da base de cálculo dos tributos em discussão. Neste ponto cumpre observar que não tem razão nenhuma a recorrente ao afirmar que não poderia ser punida por ausência de escrituração regular (arbitramento) e ser punida, igualmente, pela falta de comprovação da origem dos recursos creditados em suas contas-correntes. Como consignado a ausência de escrituração regular leva à determinação de uma forma de apuração dos lucros da pessoa jurídica – o lucro arbitrado. Não é punição. É forma de apuração do resultado. Já a falta de comprovação de depósitos bancários são indícios de omissão de receitas, estas sim, infrações sobre as quais os tributos devidos devem ser exigidos, com os acréscimos legais devidos. Nesse contexto, o valor total da receita omitida apurada pela auditoria fiscal passa a ser a receita conhecida, para fins de incidência dos percentuais de arbitramento previstos pelo legislador e, consequentemente, para definição das bases de cálculo sobre as Fl. 477DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 16 quais deverão incidir as alíquotas do IRPJ e da CSLL. Tudo de acordo com a legislação de regência: Decreto no. 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda: Art. 532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, parágrafo 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei no. 9.249, de 1995, art. 16, e Lei no. 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). [...] In casu, o percentual aplicado refere-se àquele correspondente à atividade de prestação de serviços em geral – 32%. Nas razões de defesa apresentadas a contribuinte, ainda que de forma indireta, admite ter omitido receitas. Ao sugerir que o julgador administrativo considere como receita os valores obtidos por meio da forma de apuração presumida de acordo com o índice de ocupação, está a admitir que, ao menos em parte, omitiu receitas de sua atividade operacional, visto não ter apresentado a DIPJ do ano-calendário 2003, ou seja, não declarou e não ofereceu à tributação qualquer receita no ano-calendário 2003. Obviamente a solicitação da defesa não pode ser acatada por absoluta ausência de permissão legal. Como dito, o arbitramento dos lucros tem regramento claramente estabelecido na legislação e qualquer inobservância pode ensejar responsabilidade pessoal do agente administrativo. Observe-se, pois, que referida presunção é do tipo relativa, ou seja, admite prova em contrário. A prova em contrário é necessária para afastar a presunção e, consequentemente, a própria tributação dos valores. Neste ponto, analisemos, pois, os argumentos da recorrente a respeito das supostas comprovações oferecidas: Por pertinente, reproduzo os trechos das razões de defesa: i) O Contrato com vencimento em 30/10/2003, teve a sua liquidação realizada através de um cheque no valor de R$ 65.100,00.Todavia, esse cheque foi estornado, entrando a débito da conta corrente do Contribuinte, conforme se vê no extrato de conta corrente, fl. 257, dos autos, tornando-a devedora desse importe. Em 02/10/2003 foi feito novo contrato de R$ 65.100,00 sendo liberado o valor liquido de R$ 64.316,65. No vencimento desse novo contrato = A30326808 em 10/10/2003, a liquidação se deu exatamente com o mesmo cheque antes estornado que permaneceu em poder do Banco. Nesse ponto verifica-se a total confusão e inconsistência dos dados fornecidos pela recorrente. Vejamos: (i) alega que um dos contratos teria sido liquidado em 30/10/2003 mediante pagamento com cheque no valor de R$ 65.000,00. Todavia tal cheque teria sido estornado “entrando a débito da conta-corrente do Contribuinte”. Eis aqui a primeira inconsistência. Se a contribuinte efetuou um pagamento com cheque, e o cheque é estornado, esse valor, no extrato, é consignado primeiramente a débito da conta (pagamento) e depois a crédito na conta (estorno). Fl. 478DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 455 17 (ii) afirma que em 02/10/2003 , ou seja, em data anterior a 30/10/2003, teria pactuado novo contrato (novo contrato em relação ao anteriormente pactuado – novo = 02/10, anterior = 30/10 -???) no mesmo valor de R$ 65.100,00. Assim, teria recebido como crédito o valor líquido de R$ 64.316,65. No vencimento do novo contrato, em 10/10/2003, a sua liquidação teria sido feita com o mesmo cheque estornado, de R$ 65.100,00 (dado em pagamento em 30/10), que teria permanecido em poder do Banco. Tem-se, assim que, um cheque é emitido em 30/10/2003, é estornado e, posteriormente, liquidado em 10/10/2003, ou seja, parece que o cheque foi quitado, antes mesmo de ter sido emitido. ii) O contrato = A30326834, de valor R$ 65.100,00, foi quitado pelo cheque 078735, de 30/10/2003, emitido pela Prefeitura de Porto Seguro, c/c do Banco do Brasil n°. 65.057/9,contra a empresa Santa Cruz Transportes Ltda. que realizou um empréstimo desse valor a Recorrente. Cópia desse documento se encontra a fl. 393, dos autos. O citado documento de fl. 393 nada comprova. O que se tem, à fl. 393, é unicamente, a cópia de um cheque do Banco do Brasil, no. 078.735, no valor de R$ 65.100,00, emitido pela Tesouraria da Prefeitura Municipal de Porto Seguro ao portador beneficiário Santa Cruz Transportes Ltda. O que se poderia admitir, se houvesse nos autos qualquer elemento comprobatório nesse sentido, é a possibilidade de a Santa Cruz Transportes Ltda. ter transferido a posse do cheque – dada a sua portabilidade – à Porto da Quinta Hotéis. Contudo, ainda assim, a origem, propriamente dita, não restaria comprovada. Nesse contexto há que se ressaltar que a mera transferência da propriedade do cheque não comprova a sua origem, no sentido de esclarecer a que título, por qual motivo, por qual razão, teria a Santa Cruz Transporte Ltda. transferido a posse do cheque à Porto da Quinta. Cumpre esclarecer, neste ponto, que quando se solicita que a origem dos recursos seja comprovada, não se espera que o intimado apenas identifique a transferência do numerário de um ponto para outro. A intenção do legislador do artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi a de justamente exigir que o contribuinte demonstre a motivação do crédito, ou seja, a que título o numerário ingressou na conta-corrente ou de investimento. E ainda que a motivação reste comprovada necessário que fique plenamente demonstrado, ainda, sendo o caso, se os valores creditados foram devidamente oferecidos à tributação. Volto a repetir: a mera identificação da conta-corrente da qual teria sido transferido o valor levado a credito na conta-corrente da fiscalizada, desacompanhada da motivação da transferência - justificativa - não comprova a origem do crédito. b) Quitação contrato A30322413 O contrato = A30322413, f1.268, de valor R$ 60.000,00, foi quitado pelo cheque 077784, emitido pela Prefeitura de Porto Seguro, c/c do Banco do Brasil n°. 65.057/9,contra a empresa Santa Cruz Transportes Ltda. que realizou um empréstimo desse valor a Recorrente. Cópia desse documento relativo ao valor se encontra a f1.394 , dos autos. Aqui, da mesma forma, o documento de fl. 394 refere-se à cópia de um documento denominado “cópia de cheque”, unicamente preenchido com o número do cheque - no. 077.784 – e a indicação de um número de conta-corrente – “Brasil c/c 65.057-9”. Sequer consta o valor do cheque, o emissor e o beneficiário. E ainda que esses dados tivessem sido informados, não há, nos autos, contrato, ou qualquer outro documento que comprove se tratar de um empréstimo efetuado pela empresa Santa Cruz Transportes Ltda. à recorrente. Fl. 479DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 18 c) Quitação de contrato por caixa Os contratos: A32302111=R$ 1.726,47 (f1.169), A32306668= R$ 2.196,37(172), A32306908=R$ 4.888,17 (177), A32306940= R$4.567,64 (179), relacionados no Anexo II, fls.277/278, foram quitados através de pagamento feito pelo caixa da empresa sem emissão de cheques, tendo em vista os valores serem baixos. Como consignado, a mera indicação do “ponto de partida” do numerário não comprova a sua origem (motivação). Nesse sentido não há, nos autos, qualquer documento que comprove que tais valores foram utilizados para quitação dos referidos contratos. A alegação da defesa é desprovida de qualquer prova. d) Quitação demais contratos Os contratos: A32301049 = R$ 16.375,87 (f1.168), A32306942 = R$ 25.942,85(180), A32306962 = R$ 64.316,65 (181), relacionados no Anexo II, fls. 277/278, foram quitados através de cheques da Prefeitura de Porto Seguro emitidos para Santa Cruz Transportes Ltda. e dados em empréstimo para a Recorrente. Adoto, aqui, os mesmos fundamentos de decidir consignados na análise dos itens anteriores. 2. DEPÓSITOS/CRÉDITOS — ORIGEM NÃO COMPROVADAS - ANEXO 01 - FLS. 279 a 285 Os valores anotados nesse Anexo III pela fiscalização tributaram valores que devem ser excluídos, como em seguimento demonstrado, pois são depósitos que não representam um efetivo valor que ficou disponível ao Recorrente, como abaixo indicados, pois ou foram originados de conta-corrente identificadas ou foram anulados por débito de igual valor. A mera indicação, no extrato de conta-corrente, de um crédito e um débito de idêntico valor, efetuados simultaneamente, não comprova que tais valores simplesmente foram anulados sem qualquer motivação, pois pode representar, por exemplo, que um determinado valor creditado em conta-corrente foi utilizado para o pagamento de uma despesa de idêntico valor. Os demonstrativos de fls. 430 a 434 apresentados pela recorrente não estão embasados em qualquer elemento concreto de prova. Meras alegações, desprovidas de documentos comprobatórios que as sustentem, são meras alegações. Esclarece-se, que foram anexados aos autos extratos de conta corrente de Sérgio G. Pessoa - c/c n°. 02236-5 (fls. 324/335); Sul Bahia Imobiliária - c/c n°. 02235-7 (fls. 344/363); Pacuio Empreendimentos Ltda. c/c n°. 02254 (fls. 364/371). Tais contas demonstram que foram efetuadas as transferências de valores que foram tributadas indevidamente, todavia, também estão demonstradas as devoluções desses valores em diferentes datas. Como já ressaltado, a mera identificação da conta-corrente da qual teria sido transferido o valor levado a credito na conta-corrente da fiscalizada, desacompanhada da motivação da transferência - justificativa - não comprova a origem do crédito. Exemplifica-se, com a movimentação com a Pacuio Empreendimentos: entre os dias 1 e 26 de setembro foram tomados como empréstimo R$ 8.500,00. Concomitantemente, nos dias 18 e 26, do mesmo mês, foram transferidos para essa empresa dois valores de R$ 2.400,00 e R$ 6.100,00 (dias 15 e 26), somando os mesmos R$ 8,500,00 (f1.371). Nesse diapasão, os valores cujas se originam de Fl. 480DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 456 19 contas correntes devidamente identificadas, com cópia de extratos bancários, não podem ser considerados como ingressos de origem não comprovada. O documento de fl. 371 também nada comprova. Refere-se a uma cópia de extrato de conta-corrente titulada pela Pacuio Empreendimentos Ltda. junto à Cooperativa de Crédito Rural de Eunápolis, no qual consta um lançamento, no dia 18/08/2003, no valor de R$ 2.400,00 sob a rubrica “transf. entre contas créd.”, assim como um lançamento no dia 26/08/2003, no valor de R$ 6.400,00, sob a mesma rubrica. Tal documento não comprova qualquer empréstimo efetuado pela Pacuio à Porto da Quinta. Não há qualquer vinculação com a empresa recorrente. Volto a observar: a mera identificação da conta-corrente da qual teria sido transferido o valor levado a credito na conta-corrente da fiscalizada, desacompanhada da motivação da transferência - justificativa - não comprova a origem do crédito. Verifica-se, assim, a flagrante e inquestionável omissão de receitas no ano- calendário 2003, constatada pela ausência de entrega de DIPJ e a comprovada movimentação financeira anual de R$ 1.518.577,47, assim como pelos pagamentos não escriturados no valor de R$ 311.234,50, totalizando uma omissão de receitas total no ano de R$ 1.829.811,97. No caso concreto, verificada a existência de depósitos bancários de origem não identificada pelo titular das contas-correntes e de investimento, e a falta de escrituração de pagamentos efetuados, deve ser a tributação de tais valores como receitas omitidas da atividade, e não há exceção admitida à aplicação da norma. Logicamente, quando o contribuinte observa as obrigações tributárias principais e acessórias, todos os depósitos bancários estão devidamente contabilizados e têm a sua origem identificada na contabilidade, regularmente amparada em documentação de suporte. Assim como os pagamentos, que se encontrarão regularmente contabilizados e também apoiados em documentação de suporte. O que não é o caso em apreço, em que se limita a defesa a argüições de aspectos formais, sem jamais se manifestar diretamente sobre a origem dos R$ 1.518.577,47, depositados em suas contas-correntes e sobre a origem dos R$ 311.234,50 utilizados nos pagamentos efetuados. Para a refutação dos fatos indiciários, que levaram ao conhecimento jurídico do fato qualificador da norma de incidência tributária, in casu, a omissão de receitas, caberia à recorrente, provar que os indícios são falsos ou que não haveria nexo de implicação entre os fatos diretamente provados – depósitos bancários não comprovados - e indiretamente provados – omissão de receitas. Entretanto, a recorrente não ofereceu nenhuma contraprova capaz de afastar os indícios. E, “aquele que não tem como provar seu direito é, para o mundo jurídico, como se não o tivesse”. (Op. cit., p. 454). Mantida, pois, a imputação de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Fl. 481DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 20 2.3 OMISSÃO DE RECEITAS. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. Cumpre consignar que os pressupostos adotados para a manutenção das exigências por omissão de receitas caracterizadas por depósitos bancários de origem não comprovadas, formalizadas nos moldes do lucro arbitrado, não permitem, in casu, a manutenção da infração de omissão de receitas por pagamentos não escriturados, dada a incompatibilidade desta infração com a infração de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Os pagamentos tomados como base para a imputação da omissão de receitas foram apurados a partir de valores registrados como débito nos extratos bancários analisados pela auditoria fiscal. Tais valores, contudo, foram objeto de tributação por ocasião do crédito na conta-corrente. Estar-se-ia, assim, tributando um mesmo valor, pela sua entrada na conta- corrente, a título de omissão de receitas por créditos bancários não comprovados, e pela sua saída da conta-corrente, a título de omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados. Diante dessas considerações não deve prosperar a imputação de omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados, sob pena de promover, o Fisco, o chamado “bis in idem”. 2.4 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. No que tange aos autos de infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, destaque-se que se tratam de exigências reflexas que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Em assim sendo, a decisão de mérito prolatada em relação à exigência matriz constitui prejulgados na decisão das exigências reflexas. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, exonerando-se a parcela do crédito tributário apurada a partir da omissão de receitas caracterizada por pagamentos não escriturados. Sala de Sessões, 14 de dezembro de 2010. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 482DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10952.000115/2005-11 Acórdão n.º 1801-00.420 S1-TE01 Fl. 457 21 Fl. 483DF CARF MF Emitido em 25/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 11/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 12/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES
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Numero do processo: 10140.000852/2004-98
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano calendário: 1999 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Incabível embargos de declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado.
Numero da decisão: 1802-001.000
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos interpostos pela Fazenda Nacional, nos termos do voto da relatora que integra o presente julgado.
Matéria: IRPJ - glosa de compensação de prejuízos fiscais
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Incabível embargos de declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos interpostos pela Fazenda Nacional, nos termos do voto da relatora que integra o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marco Antonio Nunes Castilho, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marciel Eder Costa. Ausente, momentaneamente, o conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa. Fl. 268DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório Tratase de novos Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional em face do acórdão 1802000.865 de 23/05/2011 proferido às fls. 259/260 no processo administrativo em epígrafe que rejeitou os embargos de declaração fls.255/257. Nos primeiros embargos de declaração fls.256, a embargante transcreveu os seguintes excertos da decisão de primeira instância: Da análise do SAPLI relativo ao ano de 1993, verificase que em alguns meses realmente houve prejuízo e estão ali registrados como de outras atividades; como foi declarado pelo contribuinte na DIRPJ/1994, anocalendário de 1993. (...) Ressaltese que a DIRPJ registra o prejuízo de outras atividades e as fichas que alimentam o controle da Receita foram também preenchidas como se fossem de outras atividades e a DIRPJ não pode ser mais retificada. (fl. 205 — negrito acrescido) A seguir, concluiu: Verificase, pois, da simples leitura dos mencionados excertos, que o voto condutor do acórdão embargado equivocouse ao afirmar que inexistem provas de que o contribuinte exerce outra atividade além da rural. Tal equivoco levou à exoneração do crédito tributário lançado pela Fiscalização. Assim, o acórdão ora embargado, equivocandose quanto ao exame individualizado de ponto essencial ao deslinde do feito, culminou por partir de premissa fática errônea, no que diz respeito à inexistência de provas de que o contribuinte exerceu outras atividades além da rural, o que resultou em conclusão dispare, não condizente com a realidade factual estampada nos autos. Verificado, portanto, omissão no que toca à análise dos documentos constantes às fls. 2/15 e 178/195, com conseqüente e decisiva influência no resultado da decisão, fazse necessária a integração do julgado, adequandoo à realidade fática constante dos autos. Os embargos de declaração foram analisados e rejeitados conforme o acórdão 1802 000.865 de 23/05/2011 assim ementado, fl.259: Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVAS. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. No exame da prova dos autos o julgador Fl. 269DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10140.000852/200498 Acórdão n.º 1802001.000 S1TE02 Fl. 269 3 é detentor do livre convencimento, não se prestando embargos de declaração para, sob a suposição de equivoco no exame individualizado de ponto essencial ao deslinde do feito, instigar à nova apreciação e julgamento. O mencionado acórdão foi recepcionado na Procuradoria da Fazenda Nacional, em 10/05/2011, conforme Relação de Movimentação – RM nº 10903 à fl.258, considerandose intimada 30 (trinta) dias após. (§§ 7º ao 9º, do art.23, do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 11.547, de 16/03/2007, D.O.U de 19/03/2007). Cientificado o Procurador em 06/07/2011, apresentou no mesmo dia (fl. 261) novos embargos de declaração (fls.266/267) sob os argumentos a seguir transcritos: Ao analisar a insurgência do contribuinte quanto a limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais na apuração do IRPJ, o colegiado lhe confere razão por entender que, nos autos, não há prova do exercício de outra atividade, além da rural. Intimada da aludida decisão, a União opôs embargos de declaração, fundamentados em omissão quanto a análise das informações constantes no SAPLI, sistema alimentado pelo próprio contribuinte, que noticia existência de prejuízo decorrentes de outras atividades, segregada da rural. Contudo, os embargos declaratórios foram rejeitados pelo digno colegiado em acórdão prolatado as fls. 259/260. Em seu voto condutor, o relator argumenta que o embargante traz a baila informações do SAPLI de 1993 para comprovar fatos em relação ao ano calendário objeto da autuação. Ocorre que o embargante questionou tal ponto, uma vez que o próprio contribuinte, na sua impugnação, aduziu que em relação ao ano calendário de 1999, objeto da presente autuação, compensou o prejuízo fiscal do ano base de 1993, conforme se lê no seguinte trecho da peça de defesa apresentada as fls. 65/68: "Portanto, quando da entrega da DIPJ, referente ao período base/1999, a impugnante aproveitouse do direito de compensação do prejuízo fiscal do ano base/1993, já que não há limite e nem prazo para compensação do prejuízo da atividade rural, de acordo com Artigo 512 do Regulamento do Imposto de Renda." Como se vê, o prejuízo fiscal discutido se refere ao ano calendário de 1993, razão pela qual se mostra pertinente à análise do SAPLI, no qual se tem noticia de que, no aludido ano, o contribuinte apurou prejuízo fiscal de outras atividades, diversas da atividade rural. Neste ponto, verificase certa obscuridade, porquanto o acórdão não deixa claro se admite a compensação integral de prejuízos fiscais decorrentes de outras atividades, ainda que com o lucro oriundo da atividade rural no ano de 1999. Dai impõese o manejo do presente instrumento processual, visando obter o expresso pronunciamento sobre a questão apontada,à medida que seu esclarecimento afigurase Fl. 270DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 importante para o exercício da ampla defesa em eventual recurso posteriormente interposto. Finalmente requer que sejam acolhidos e providos os presentes embargos de declaração. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins de Sousa A autuação decorreu por ter a autoridade fiscal, em procedimento de revisão da declaração (DIPJ/2000), glosado valores de prejuízos fiscais dito compensados pelo contribuinte em valores superiores aos constantes dos controles da SRF (SAPLI) assim descrito no Auto de Infração (fl.57): Valor apurado conforme a constatação do relatório de Inconsistências do Contribuinte do Sistema SAPLI (Sistema de Acompanhamento de Prejuízo, Lucro Inflacionário e Base de Cálculo Negativa da CSLL) que é alimentado com os dados declarados pelo contribuinte em suas DIRPJ. Compensação indevida de prejuízo fiscal apurado, tendo em vista a inobservância do saldo de prejuízos a compensar de Atividade Rural existente que totalizava o valor de R$ 14.486,39, conforme consta do Demonstrativo da Compensação de Prejuízos Fiscais, que faz parte desse Auto de Infração. Linha DIPJ Valor Declarado Valor Calculado 10/36 35.093,50 14.486,39 Ocorrência: Compensação a maior de Prejuízo Fiscal —Ativ. Rural (1991 a 1999) Conforme relatado a Embargante nos primeiros embargos alega omissão no que toca à análise dos documentos constantes às fls. 2/15 e 178/195 e, nos presentes embargos alega certa obscuridade afirmando que o acórdão não deixa claro se admite a compensação integral de prejuízos fiscais decorrentes de outras atividades, ainda que com o lucro oriundo da atividade rural no ano de 1999. A decisão da DRJ e a inconformidade manifestada no recurso voluntário interposto pelo contribuinte estão sintetizados no primeiro acórdão embargado, à fl.250, do seguinte modo: A 4a Turma da DRJ/Belo Horizonte MG, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, sob os seguintes fundamentos: os lançamentos decorreram da glosa de compensação de prejuízos fiscais da atividade rural por insuficiência de saldos a compensar; a DRIPJ/1994 registra prejuízo de outras atividades e as fichas que alimentam o controle da Receita foram também Fl. 271DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10140.000852/200498 Acórdão n.º 1802001.000 S1TE02 Fl. 270 5 preenchidas como se fossem de outras atividades, não podendo a DIRPJ ser retificada; que as folhas do livro LALUR juntadas não comprovam o prejuízo da atividade rural, por não estarem acompanhadas do Livro Diário devidamente registrado; (...) Inconformada, a contribuinte, ora recorrente, interpôs recurso voluntário, sob a seguinte fundamentação: que as receitas e custos que deram origem tanto ao lucro quanto ao prejuízo no anocalendário de 1993 são todas da atividade de agropecuária; comprovação da existência de prejuízos fiscais devidamente declarados; os prejuízos apresentados são todos da atividade agropastoril e que se os mesmos estão lançados nas fichas que alimentaram o controle da Receita Federal em colunas diferentes, cabe a própria Receita corrigir tais fichas; (...) Consta da DIPJ/2000 (fl.22) que os prejuízos compensados, glosados, decorrem da atividade rural. O controle do valor dos prejuízos compensáveis, na forma da legislação vigente, deve ser feito na parte “B” do Lalur o qual apresentado à fl.132 demonstra que o contribuinte possuía prejuízos fiscais apenas decorrentes da atividade rural. Tendo em mente o mencionado documento fiscal e a legislação vigente é possível afirmar que pode ser feita a compensação por se tratar de prejuízo de atividade rural com Lucro Real decorrente da atividade rural. Na apreciação do mencionado recurso voluntário extraise do voto condutor do acórdão (fl.251) que não se adentrou à questão de direito de se admitir ou não a compensação integral de prejuízos fiscais decorrentes de outras atividades com o lucro oriundo da atividade rural no ano de 1999, pois, restou concluído que a fiscalização para glosar os prejuízos fiscais declarados como da atividade rural não se desincumbiu do seu ônus de comprovar que a autuada de fato desenvolveu outras atividades além da agropastoril, vejamos: De fato, não obstante constar do contrato social do recorrente a possibilidade de exercício de outras atividades que não atividade rural, não se verifica, nos autos, prova de que, de fato, havia o exercício de qualquer atividade além da agropastoril. Ora, a simples previsão de possibilidade de exercício de outra atividade que não a rural em seu contrato social não significa que a referida atividade é a efetivamente exercida pelo contribuinte. Caberia à autoridade fiscal demonstrar que, de fato, houve o exercício de atividades outras. Fl. 272DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 A ausência de qualquer prova idônea do exercício de outras atividades que não a atividade rural acaba por inviabilizar a autuação objeto do presente. Registrese que não há como se exigir que o contribuinte produza prova negativa, ou seja, que comprove não ter exercido outra atividade que não a rural. 0 ônus da produção e tal prova é da fiscalização, que não se desincumbindo do seu ônus, acaba por invalidar o lançamento. Depreendese pois, da decisão acima que o SAPLI não fez prova suficiente de que outras atividades além da rural foram efetivamente exercidas pelo contribuinte. Desarte, não há qualquer fundamento para que sejam acolhidos os Embargos apresentados sob o pretexto de que o julgado embargado foi omisso ou com obscuridade. Portanto, da análise dos autos entendo não estarem presentes no acórdão embargado qualquer das situações previstas no dispositivo regimental, qual seja, o artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Diante das considerações acima, voto no sentido de que sejam rejeitados os Embargos de declaração em comento por inexistir qualquer omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 273DF CARF MF Emitido em 01/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 13116.901301/2012-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/12/2005
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.911
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
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ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 13 01 /2 01 2- 49 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.543, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13116.901301/201249 Acórdão n.º 3201002.911 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 89DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.725307/2010-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO.
O contribuinte delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação ou manifestação de inconformidade. As questões não postas para discussão por ocasião da impugnação precluem, a menos que (i) estejam previstas nas hipóteses de exceção constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972; ou (ii) o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet.
CONFUSÃO PATRIMONIAL. SIMULAÇÃO. ATIVIDADE ÚNICA. TRIBUTAÇÃO CONJUNTA.
Empresas pertencentes a um mesmo grupo podem compartilhar infraestrutura física e de pessoal desde que se mantenham, formal e materialmente, como entidades autônomas. Verificado que uma delas não existe efetivamente e que toda a atividade supostamente por ela desempenhada é, na prática, realizada pela outra, correta a imputação da totalidade das receitas a esta última.
MULTA QUALIFICADA.
O emprego de pessoas jurídicas, constituídas apenas formalmente, ou seja, as "empresas de papel", para subtrair, reduzir ou postergar a tributação é conduta capaz de identificar o critério intencional do ilícito tributário e, desse modo, apto a qualificar a multa de ofício.
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO.
A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 1401-001.812
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer de matéria relativa ao regime de tributação adotado, por preclusão e, na parte conhecida, dar provimento parcial ao recurso, nos seguintes termos: I) Por unanimidade de votos, manter o principal; II) Por maioria de votos, dar provimento parcial para cancelar as multas isoladas, nas exatas medidas das bases de cálculos das multas de ofício aplicadas para o IRPJ e a CSLL. Em primeira rodada contra a tese que mantinha integralmente as multas isoladas, ficaram vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e José Roberto Adelino da Silva, que cancelavam-nas integralmente. Em segunda rodada, onde todos participaram, a tese ganhadora na primeira rodada foi superada pela tese em que as multas isoladas eram absorvidas apenas na exata medida das bases de cálculo das multas de ofício, ficando vencidos os Conselheiros Antonio Bezerra Neto e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa que votaram pela tese de negar provimento para manter todas as multas isoladas; e III) Por maioria de votos, negar provimento em relação à qualificação multa. Vencidos a Conselheira Lívia De Carli Germano (Relatora) e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin que a desqualificavam. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. O contribuinte delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação ou manifestação de inconformidade. As questões não postas para discussão por ocasião da impugnação precluem, a menos que (i) estejam previstas nas hipóteses de exceção constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972; ou (ii) o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. CONFUSÃO PATRIMONIAL. SIMULAÇÃO. ATIVIDADE ÚNICA. TRIBUTAÇÃO CONJUNTA. Empresas pertencentes a um mesmo grupo podem compartilhar infraestrutura física e de pessoal desde que se mantenham, formal e materialmente, como entidades autônomas. Verificado que uma delas não existe efetivamente e que toda a atividade supostamente por ela desempenhada é, na prática, realizada pela outra, correta a imputação da totalidade das receitas a esta última. MULTA QUALIFICADA. O emprego de pessoas jurídicas, constituídas apenas formalmente, ou seja, as "empresas de papel", para subtrair, reduzir ou postergar a tributação é conduta capaz de identificar o critério intencional do ilícito tributário e, desse modo, apto a qualificar a multa de ofício. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 53 07 /2 01 0- 71 Fl. 12834DF CARF MF 2 menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratandose de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer de matéria relativa ao regime de tributação adotado, por preclusão e, na parte conhecida, dar provimento parcial ao recurso, nos seguintes termos: I) Por unanimidade de votos, manter o principal; II) Por maioria de votos, dar provimento parcial para cancelar as multas isoladas, nas exatas medidas das bases de cálculos das multas de ofício aplicadas para o IRPJ e a CSLL. Em primeira rodada contra a tese que mantinha integralmente as multas isoladas, ficaram vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e José Roberto Adelino da Silva, que cancelavamnas integralmente. Em segunda rodada, onde todos participaram, a tese ganhadora na primeira rodada foi superada pela tese em que as multas isoladas eram absorvidas apenas na exata medida das bases de cálculo das multas de ofício, ficando vencidos os Conselheiros Antonio Bezerra Neto e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa que votaram pela tese de negar provimento para manter todas as multas isoladas; e III) Por maioria de votos, negar provimento em relação à qualificação multa. Vencidos a Conselheira Lívia De Carli Germano (Relatora) e Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin que a desqualificavam. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Fl. 12835DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.835 3 Relatório Tratase de auto de infração lavrado para a cobrança de IRPJ, CSLL e Cofins referentes ao anocalendário de 2007, acrescidos de multa qualificada de 150% e, no caso do IRPJ e CSLL, de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas (cobrada com base no artigo 44, II, b da Lei 9.430/1997, com redação dada pela Lei 11.488/2007). No entender da fiscalização, a autuada, obrigada à apuração dos tributos pelo regime de lucro real (por ser sociedade seguradora), teria constituído de forma simulada a sociedade Tecnocom Tecnologia em Operações Comerciais e no Desenvolvimento de Softwares e Sistemas Gerenciais Ltda.*, tributada pelo lucro presumido, repassando a esta receitas que, em realidade, seriam fruto do trabalho prestado pela autuada à instituição financeira Banco Matone S/A. *denominação alterada em 10 de setembro de 2007 para SabemiTec Tecnologia em Operações Comercias e no Desenvolvimento de Softwares e Sistemas Gerenciais Ltda. Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo trecho inicial do relatório elaborado pela DRJ: O presente processo trata de questão litigiosa equivalente a outra já julgada por esta 1ª Turma em 26 de março de 2010, momento no qual apreciamos o processo nº 11080.014467/200795 e adotamos o acórdão nº 1024.427. Aquele que figura como interessado nos dois processos é a mesma pessoa. Os fatos são, essencialmente, os mesmos. A diferença mais relevante diz respeito ao tempo no qual os fatos tributáveis ocorreram. O processo já apreciado tratou de fatos ocorridos em 2005 e 2006, enquanto o presente processo trata de fatos ocorridos em 2007. Iniciarei reprisando parte do relatório apresentado quando do julgamento realizado em 2010. Após, indicarei as nuanças do presente caso. O relatório adotado no julgamento do processo 11080.014467/200795 contém o seguinte resumo: “Em julho de 2007, a Administração Tributária deu início aos trabalhos tendentes a verificar o adequado recolhimento, por parte do interessado, dos tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. No curso desses trabalhos, que se estenderam por cinco meses, foram efetuadas duas intimações ao fiscalizado e outras oito intimações a pessoas a ele ligadas por laços societários ou comerciais. Foi lavrado, também, um Termo de Verificação Fiscal. A conclusão fiscal, diante do vasto acervo probatório coligido aos autos ao longo dos trabalhos, foi no sentido de que o interessado, juntamente com outros partícipes, havia levado a efeito negócio jurídico simulado com a finalidade de reduzir o recolhimento de tributos federais. Dessa forma, houve a lavratura, em dezembro de 2007, de dois autos de infração, colimando a cobrança do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL que, segundo o entendimento fiscal, Fl. 12836DF CARF MF 4 deixaram de ser recolhidos relativamente aos anoscalendário de 2005 e 2006. O valor da dívida objeto de lançamento é de R$ 39.161.683,53. O caso sob análise versa, consoante antes referido, sobre a prática da simulação. A experiência adquirida no julgamento de casos análogos aponta seja fundamental o exame da prova. Diante da farta prova constante dos autos, bem como do minudente relatório preparado pelo fiscal que lavrou os autos de infração, opto por efetuar resumo da ação fiscal seguido da transcrição do núcleo do relatório antes citado. Resumo da ação fiscal A sociedade fiscalizada exerce a atividade de seguradora, estando obrigada à tributação da renda com base no lucro real (art. 14 da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998). Dentre as atividades desenvolvidas pela fiscalizada encontrase, também, a de intermediação de operações de crédito a servidores públicos”. A instituição financeira que concede o crédito nas operações em foco na fiscalização é o Banco Matone S/A. A sociedade controladora da Sabemi Seguradora S/A chamase Mark Service Participações Ltda., que detém 71,91% do capital votante da controlada. A Mark Service Participações Ltda. e a Sabemi Seguradora S/A providenciaram a constituição formal da sociedade Tecnocom Tecnologia em Operações Comerciais e no Desenvolvimento de Softwares e Sistemas Gerenciais Ltda., repassando à primeira receitas que, em realidade, seriam fruto do trabalho prestado pela Sabemi Seguradora S/A à instituição financeira Banco Matone S/A. A Mark Service Participações Ltda. é a controladora da sociedade Tecnocom Ltda., da qual detém 90% do capital votante. A Tecnocom Ltda. não está obrigada à tributação da renda com base no lucro real, tendo optado pela tributação com base no lucro presumido. A atividade desenvolvida pela Tecnocom Ltda. é o “processamento de dados para o desconto em folha dos servidores públicos das parcelas de pagamento de empréstimos intermediados pela Sabemi Seguradora S/A e por outras duas pessoas jurídicas”. A Tecnocom Ltda., que jamais teria tido existência material, registrou receita bruta nos montantes de R$ 22.053.908,85, no anocalendário 2005, e R$ 31.048.074,91, no anocalendário 2006. Para que se possa aquilatar os elementos levantados pela fiscalização para sustentar a inexistência material da Tecnocom Ltda. e, por via de conseqüência, da prestação de serviços por obra dela ao Banco Matone S/A, cito, a título de exemplo, alguns deles: a) jamais houve a integralização do capital social da Tecnocom Ltda.[a primeira integralização de capital somente ocorreu em setembro de 2008]; b) empregada da Sabemi Seguradora S/A efetua a escrituração contábil e prepara as declarações fiscais da Tecnocom Ltda.; c) essa mesma pessoa prestou esclarecimentos fiscais e apresentou documentos após intimação fiscal direcionada à Tecnocom Ltda.; d) despesas com pessoal somente são registradas pela Tecnocom Ltda. a partir de junho de 2006, quando ocorre a contratação dos dois primeiros empregados; Fl. 12837DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.836 5 e) o rol de móveis e utensílios da Tecnocom Ltda. contempla um único bem, que é um computador de pequeno porte comprado em 31 de dezembro de 2006 ao preço de R$ 3.548,20; f) a Tecnocom Ltda. firmou contrato de comodato, não registrado e sem reconhecimento de firmas, com a Sabemi Seguradora S/A em 25 de outubro de 2005, através do qual a comodatária Tecnocom Ltda. recebeu o empréstimo, por prazo indeterminado, de bens móveis e imóveis. Esse contrato é vago quanto à especificação dos objetos emprestados, que contempla, por exemplo, parte do conjunto nº 1002 do edifício localizado na Rua dos Andradas nº 1001 em Porto Alegre, parte da rede de computadores, parte do serviço de acesso à internet; g) descompasso absoluto entre as receitas auferidas e os custos de funcionamento da Tecnocom Ltda.. No anocalendário 2005, os custos importaram em ínfimos 0,32% das receitas, enquanto no anocalendário 2006 subiram para irrisórios 0,70%; h) os contratos firmados pela Tecnocom Ltda. com seus clientes, em que pese ensejarem vultosas receitas, não foram objeto de registro ou tiveram reconhecidas as firmas; i) o programa de computador, que consistiria no principal elemento para a consecução do objeto social da Tecnocom Ltda., teria sido por ela desenvolvido, entretanto os registros perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI atestam que seu autor foi Marcelo Schuch Pereira, empregado da Seguradora Sabemi S/A. O pedido de registro do programa foi encaminhado ao INPI em fevereiro de 2006, oportunidade na qual a Tecnocom Ltda. não contava com nenhum empregado. A contabilidade da Tecnocom Ltda. não contém qualquer custo alocado à produção do antes citado programa de computador; j) os agentes do Fisco ainda compareceram ao local das instalações da Tecnocom Ltda., onde verificaram a inexistência de qualquer indicação relativa à sociedade, bem como o desconhecimento por parte das pessoas que lá se encontravam a respeito da empresa. Os fiscais constataram a “existência de dezenas de outros empregados da Sabemi Seguradora S/A. Ao fundo da sala, a Sra. Eliana [sócia da Tecnocom Ltda.] apontou a existência de um único empregado, o qual pertenceria aos quadros da Tecnocom Ltda., mas não fez qualquer comprovação documental da relação de emprego e nem permitiu o contato direto com aquela pessoa”. Quanto ao flagrante intuito de desviar receitas da Sabemi Seguradora S/A para a Tecnocom Ltda., impende salientar que a primeira, responsável pela intermediação das operações de crédito, percebia remuneração equivalente a 0,5% sobre a taxa de financiamento, como reposição dos custos administrativos, enquanto a segunda, responsável pelo processamento de dados das referidas operações, percebia remuneração equivalente a 8,4% sobre o montante emprestado em cada mês. Nos meses de abril e maio de 2005, a seguradora exerceu as atividades de intermediação das operações de crédito e de processamento de dados, tendo percebido o valor de R$ 1.547.913,40. Após a constituição formal da Tecnocom Ltda., houve drástica redução de receitas da Seguradora Sabemi S/A para, por exemplo, R$ 24.753,19 em agosto de 2005 e R$ 37.337,18 em setembro de 2005. Como fechamento da abóbada da construção simulatória, houve a massiva distribuição de lucros pela Tecnocom Ltda. aos seus sócios, em especial à Mark Service Participações Ltda., que, em seguida, repassava as verbas à Sabemi Seguradora S/A sob a forma de adiantamentos para futuro aumento de capital. Assim, as verbas retornavam àquele que, em realidade, havia realizado os serviços. Fl. 12838DF CARF MF 6 A conseqüência fiscal do repasse das receitas foi a tributação a menor das referidas verbas, tendo em vista a distinção de critérios entre a tributação da renda com base no lucro real e aquela com base no lucro presumido. A atuação da fiscalização foi no sentido de tomar por ineficaz, diante do Fisco, os negócios simulados perpetrados. Dessa forma, as receitas formalmente colhidas pela Tecnocom Ltda. com a prestação de serviços para o Banco Matone S/A foram atribuídas à Sabemi Seguradora S/A e assim tributadas com base no lucro real. Esse, em síntese, o resumo da ação fiscal.” Relativamente aos fatos ocorridos no ano de 2007, observei as seguintes alterações que contrastam com os fatos ocorridos nos anos de 2005 e 2006 acima narrados: a) a sociedade Mark Service Participações Ltda. teve sua denominação social e tipo societário alterados para Sabemi Participações S/A. em 22 de maio de 2007 (documento das folhas 1.004 a 1.043, 15 a 26/40 do documento eletrônico); b) não houve alterações quanto às participações societárias detidas pelos sócios da Mark Service Participações Ltda. renomeada para Sabemi Participações S/A (documento da folha 3.928); c) a sociedade Tecnocom Ltda. teve sua denominação social modificada para SabemiTec – Tecnologia em Operações Comercias e no Desenvolvimento de Softwares e Sistemas Gerenciais Ltda. em 10 de setembro de 2007 (documento das folhas 416 a 468, 20 a 28/53 do documento eletrônico); d) não houve alterações quanto às participações societárias detidas pelos sócios da Tecnocom Ltda. renomeada para SabemiTec Ltda. (documento da folha 3.930 em cotejo com o documento das folhas 416 a 468, 22/53 do documento eletrônico); e) a Seguradora Sabemi S/A celebrou convênio com o HSBC Bank Brasil S/A “para Desenvolvimento das Funções de Correspondente Bancário” em 9 de abril de 2007 (documento das folhas 96 a 129, 9 a 18/34 do documento eletrônico); f) a sociedade Tecnocom Ltda. foi contratada pelo HSBC Bank Brasil S/A para prestar serviços de processamento de dados relativos aos desconto em folha de pagamento de operações de empréstimo intermediadas pela Seguradora Sabemi S/A também em 9 de abril de 2007, percebendo por tal serviço remuneração equivalente a, no mínimo, 11,5% calculado sobre a soma dos empréstimos novos mais os valores dos saldos devedores quitados nas operações de refinanciamento (documento das folhas 826 a 877, 1 a 12/52 do documento eletrônico); g) a sociedade Tecnocom Ltda. passou a perceber receitas oriundas dos serviços prestados ao HSBC Bank Brasil S/A a partir de 31 de agosto de 2007 (documento das folhas 734 a 785, 2/52 do documento eletrônico); Fl. 12839DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.837 7 h) a SabemiTec Ltda. apresentou recibo de compra de bens do imobilizado da Seguradora Sabemi S/A pelo valor global de R$ 40.587,77 datado de 1º de dezembro de 2007 (documento das folhas 826 a 877, 45 e 46/52 do documento eletrônico). Adicionalmente, cabível comparar receitas e despesas da SabemiTec Ltda. observadas em 2007 com aquelas contabilizadas em 2005 e 2006. Dos autos colhese a seguinte tabela (fl. 3.932): Oportuno reprisar, também, a destinação dos recursos financeiros formalmente gerados pela antiga Tecnocom Ltda. atual SabemiTec Ltda. de acordo com o trabalho fiscal (fl. 3.934): Quanto à destinação dada aos recursos formalmente auferidos pela Mark Service Participações Ltda./Sabemi Participações S/A, cabível a parcial reprise do minucioso “Termo de Verificação Fiscal” (fls. 3.934 e 3.935): “A Sabemi Participações S/A, que é acionista controladora da Sabemi Seguradora S/A, nos anoscalendário de 2005 e 2006, efetuou diversos repasses para integralização de capital na seguradora. Esses recursos tiveram origem na distribuição de lucros efetuada pela SabemiTec Ltda. (fls. 1883/1902). Os montantes anuais que foram transferidos da Sabemi Participações S/A para a Sabemi Seguradora S/A estão discriminados no quadro que segue: Fl. 12840DF CARF MF 8 No anocalendário de 2007, que constitui o período abrangido pelo procedimento fiscal ora em execução, a Sabemi Participações S/A utilizou grande parte dos lucros distribuídos pela SabemiTec Ltda. para investimentos no mercado financeiro. Além disso, promoveu novos aumentos de capital na Sabemi Seguradora S/A, pagou dividendos aos seus próprios acionistas e adquiriu bens imóveis que, posteriormente, seriam colocados à disposição da seguradora. Os valores consolidados são discriminados no quadro abaixo: Observação: Os registros contábeis relativos às transferências de recursos para aumento de capital e distribuição de lucros, juntamente com os respectivos recibos, constam às fls. 1077/1137. Os registros relativos à aquisição de bens imóveis constam às fls. 1138/1308. A variação positiva nos saldos em conta corrente bancária e em investimentos foi apurada nas demonstrações financeiras de fls. 1138/1308. De modo que, ante os elementos apurados pela fiscalização de tributos federais, resultou inafastável o fato de que as receitas desviadas para a SabemiTec Ltda., e lá tributadas pelas regras do lucro presumido, posteriormente, eram repassadas à Sabemi Participações S/A sob a forma de distribuição de lucros. Esta última, após receber vultosos recursos, operava para atender os seguintes interesses: Efetuava expressivos repasses para integralização ou futuro aumento de capital na Sabemi Seguradora S/A, fazendo com que os recursos chegassem à pessoa jurídica que efetivamente os produziu na intermediação de operações de crédito para o Banco Matone S/A e para o HSBC Bank Brasil S/A; Distribuía lucros em valores expressivos aos seus acionistas (da Sabemi Participações S/A), que são as mesmas pessoas físicas que detinham 71,99% do capital social da Sabemi Seguradora S/A, conforme quadro de participantes do capital social discriminado no item “c” deste tópico; Fl. 12841DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.838 9 Adquiriu o prédio existente na Rua Sete de Setembro, 515 – Centro – Porto Alegre – RS, onde, posteriormente, foi instalada a sede da Sabemi Seguradora S/A (fls. 1138/1308); Efetuou aplicações financeiras de valores expressivos, aguardando o momento oportuno para a utilização dos recursos em benefício da Sabemi Seguradora S/A.” Importante referir, também, as alterações observadas no quadro de empregados da interessada entre os dois períodos fiscalizados. Confirase (fl. 3.939): Esse o resumo dos elementos fáticos que deram ensejo à ação fiscal. Importante salientar que o trabalho fiscal (“Termo de Verificação Fiscal” das folhas 3.912 a 3.962) contempla acervo de elementos probatórios bem mais profundo e detalhado, os quais deixo de relatar em nome da objetividade. Diante desse cenário factual, antes resumido, o auditor fiscal responsável pelo trabalho entendeu ter restado caracterizada a prática da simulação. Repriso as razões daquela autoridade (fls. 3.955 e 3.956): “3.1 Caracterização Inequívoca da Simulação: A simulação se caracteriza, fundamentalmente, pela discrepância entre a realidade e a subjetividade dos agentes interessados em simular. Conforme Francisco Ferrara {A Simulação nos Negócios Jurídicos, Campinas: Red Livros, 1999), a comprovação da simulação nos negócios jurídicos, no mais das vezes, decorre da observação dos seguintes elementos: a existência de motivo sério, a falta de execução material da vontade exteriorizada, a discrepância entre esses atos e a conduta das partes, e a divergência entre a natureza e a quantidade dos bens e direitos e o preço pelo qual são negociados. Quanto à existência de motivo sério, não há dúvida de que o fundamento para as simulações praticadas foi a expressiva redução no recolhimento dos tributos federais pela SABEMI SEGURADORA S/A. Com o deslocamento das receitas da seguradora para o empreendimento simulado na SABEMI TEC LTDA, no período de maio de 2005 a dezembro de 2006, a SABEMI SEGURADORA S/A deixou de recolher R$ 12.830.641.35 relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro e contribuição para o financiamento da seguridade social (valor original, não computados Fl. 12842DF CARF MF 10 multa de ofício e juros de mora). No período de janeiro a dezembro/2007, a redução no recolhimento desses mesmos tributos pela seguradora, também considerando apenas o valor original, chegou a R$ 5.013.869.93 (fls. 02). Além disso, desde muito tempo, o principal objeto e fonte de resultados da SABEMI SEGURADORA S/A não está mais relacionado ao ramo de seguros. É de se notar que, com a simulação, a SABEMI SEGURADORA transferiu para a SABEMI TEC LTDA resultados muito superiores aos que registrou em sua própria escrituração contábil. Isso pode ser facilmente observado nos quadros demonstrativos de fls. 3068/3072 e 3883/3887), de onde foram extraídos os dados que seguem: No que diz respeito à falta de execução material do objeto dos contratos, que constitui elemento decisivo para caracterizar um negócio simulado, ficou absolutamente comprovada, tanto a inexistência material da SABEMI TEC LTDA, como também o fato de que todas as atividades e negócios atribuídos àquela pessoa jurídica foram, na verdade, exercidos pela SABEMI SEGURADORA S/A. A discrepância entre os atos praticados e a conduta das partes, no caso em apreço, é evidente e irrefutável. Para o público externo, os agentes da simulação constituíram a SABEMI TEC LTDA, celebraram contratos de prestação de serviços, apresentaram declarações à Secretaria da Receita Federal do Brasil e, até mesmo, pagaram tributos em nome do empreendimento simulado. Internamente, contudo, todas as atividades atribuídas à SABEMI TEC LTDA eram efetivadas pela própria SABEMI SEGURADORA S/A, o que demonstra um brutal descompasso entre a vontade real e a vontade manifestada externamente. Finalmente, no que tange à divergência entre a natureza e a quantidade dos bens e direitos e o respectivo preço, ficou demonstrada a desproporção entre as remunerações atribuídas à SABEMI SEGURADORA S/A e a SABEMI TEC LTDA na prestação de serviços às instituições financeiras. Como seria possível explicar o fato de que a seguradora, que utilizava sua estrutura para intermediar operações de crédito junto a servidores públicos de todo o país pudesse perceber, como contrapartida, somente a reposição dos custos. E a SABEMI TEC LTDA, que simplesmente efetuava cálculos e gerava relatórios relacionados às operações de crédito, ser remunerada na medida de um percentual expressivo calculado sobre o capital emprestado em cada mês.” Assim lastreado, a autoridade fiscal responsável pelo trabalho lavrou auto de infração através do qual constituiu o seguinte crédito tributário que deixou de ser pago em decorrência da simulação perpetrada: 1) R$ 3.425.819,26 a título de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, que, acrescido de juros e multa de ofício qualificada (150%) atingiu o montante de R$ 9.524.462,70 (documento das folhas 3.888 a 3.911, 4/24 do documento eletrônico); 2) R$ 2.233.363,87 a título de multa isolada em decorrência do não recolhimento das estimativas do IRPJ (50% incidente sobre o recolhimento faltante documento das folhas 3.888 a 3.911, 5/24 do documento eletrônico); Fl. 12843DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.839 11 3) R$ 1.244.560,00 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, que, acrescida de juros e multa de ofício qualificada (150%) atingiu o montante de R$ 3.460.125,71 (documento das folhas 3.888 a 3.911, 11/24 do documento eletrônico); 4) R$ 796.460,74 a título de multa isolada em decorrência do não recolhimento dos pagamentos estimados da CSLL (50% incidente sobre o recolhimento faltante documento das folhas 3.888 a 3.911, 5/24 do documento eletrônico); 5) R$ 343.490,67 a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, que, acrescida de juros e multa de ofício qualificada (150%) atingiu o montante de R$ 969.189,73 (documento das folhas 3.888 a 3.911, 19/24 do documento eletrônico). Em sua impugnação, a ora Recorrente faz um relato da evolução histórica das sociedades integrantes do “Grupo Sabemi” e dos contratos então firmados. Então, defende: (i) a ausência de simulação em detrimento do fisco e a equivocada imputação de todas as receitas da SabemiTec à Impugnante; (ii) não cabimento da multa isolada por ausência de recolhimento das estimativas; (iii) não cabimento da multa de 150%. Requer, ainda, prova pericial para "demonstrar que (a) grande parte das receitas indevidamente imputadas à Sabemi Seguradora pela desconsideração da personalidade da SabemiTec deve ser alocada a entidades de previdência privada Sabemi Previdência Privada e Pecúlio União Previdência Provada; (b) os 'negócios jurídicos simulados' referidos no auto de infração não importaram em prejuízos ao Fisco." Em 2 de junho de 2011, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS julgou a impugnação apresentada pela empresa improcedente e o acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2007 SIMULAÇÃO. PROVA ROBUSTA. Comprovada a simulação através de vasto acervo indiciário convergente, cabível a identificação da verdade dos fatos e a exigência dos tributos devidos. A autoridade administrativa não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA ISOLADA. A norma do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, contempla duas regras distintas e autônomas, que punem, em diferentes graus, ilicitudes diversas. Essas penalidades são inconfundíveis e podem ser cobradas de forma conjunta. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Intimada em 6 de julho de 2011, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 4 de agosto de 2011, alegando, em síntese: (i) que a imputação de todas as receitas da SabemiTec/Tecnocom para a Recorrente constitui equívoco, pois: (i.a) cerca de 40% das receitas são relativas a contratos intermediados pelas entidades de previdência Sabemi Previdência Privada e Peculio União Previdência Privada; (i.b) tais entidades, por serem sem fins lucrativos, são isentas de tributos sobre o lucro e a renda, de maneira que se as autoridades fiscais tivessem carreado as receitas da Fl. 12844DF CARF MF 12 SabemiTec/Tecnocom para as 3 entidades intermediadoras das operações, em consonância com as atividades empreendidas por cada uma delas, perceberia que o ônus tributário total seria inferior ao valor recolhido durante o período autuado; (i.c) a conclusão de que a Recorrente é a única entidade que efetivou as receitas percebidas pela SabemiTec/Tecnocom destoa dos argumentos e dados constantes do Termo de Verificação Fiscal, pois, se o papel de correspondente bancário é de suma importância, devendo receber remuneração proporcionalmente maior, como alega a fiscalização, por que não foram imputadas as receitas às outras duas entidades Sabemi Previdência Privada e Peculio União Previdência Privada? (i.d) a sistemática para a concessão de empréstimos apresenta impossibilidades materiais e jurídicas à responsabilização da Recorrente sobre os canais de desconto de titularidade das duas entidades de previdência privada e, consequentemente, impede que à Recorrente seja imputada a integralidade das receitas da SabemiTec/Tecnocom tanto é que a SUSEP determinou a anulação dos aumentos de capital aprovados nas AGEs de 31/01/2006 e 23.07.2008 exatamente por reconhecer que os valores que ingressaram na SabemiTec/Tecnocom deveriam ser distribuídos a esses correspondentes bancários. (ii) é inconteste a existência fática da SabemiTec/Tecnocom eis que, no seu entendimento, "ínsita é à estrutura do grupo econômico certa confusão patrimonial, sendo tal característica essencial para a atuação coordenada das empresas integrantes. De modo contrário, impossível seria a formação de um grupo societário, porquanto as empresas autuariam sempre de maneira isolada, isto é, sem o necessário compartilhamento de recursos que viabiliza o direcionamento econômico do conjunto de sociedades." (grifamos). Nesse ponto, alega que o STJ já atestou que o compartilhamento de equipamentos, instalações e empregados entre empresas é característica primordial a configuração do grupo econômico, citando julgados em que restou decidido que, pela configuração do grupo econômico, foi reconhecida a solidariedade entre as empresas pelas obrigações previdenciárias da atividade. Afirma, mais adiante, que "Tendo a SabemiTec Ltda. nascido da estrutura da Recorrente, natural que se utilizasse de seu quadro de funcionários. Ademais, leviano seria considerar que, durante o período autuado, a SabemiTec Ltda. atuava quase que exclusivamente por meio do software patenteado, o qual realizava parcela esmagadora dos trabalhos sem necessitar de expressiva interferência humana." Sobre o lapso de 3 anos após o início das atividades para que o capital social da SabemiTec fosse integralizado, sustenta que a legislação societária não impõe prazo para a integralização do capital, e que "Como já referido, a SabemiTec Ltda. contava com os expressivos recursos pertencentes às demais sociedades do Grupo Sabemi, tornando despiciendo expressivos aportes de reservas em sua conta capital social." Colaciona julgados em que o antigo Conselho de Contribuintes reconhece que o compartilhamento de bens entre empresas do mesmo grupo não pode ser utilizado como indício de simulação (ac. 10323.537, sessão de 23.01.2008). (iii) segundo a fiscalização, a atividade de correspondente bancária mereceria remuneração mais expressiva do que a efetivamente cobrada um percentual da receita Fl. 12845DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.840 13 que a prática era suficiente apenas para cobrir os custos da atividade; sobre essa desproporção entre os pagamentos recebidos pela Recorrente e pela SabemiTec/Tecnocom, indica que o programa de computador cedido pela SabemiTec/Tecnocom é essencial à sistemática dos empréstimos em folha de pagamento, já que sem ele seria impossível o processamento de dados junto às instituições bancárias nas operações de créditos pessoais com desconto em folha. (iv) contesta a cumulação das multas de ofício e isolada, por bis in idem. (v) contesta a aplicação da multa de 150%, dado seu caráter confiscatório. Ademais, mesmo que fosse o caso de simulação e/ou "planejamento tributário" a multa aplicável seria de 75%, pela inexistência de sonegação. (vi) reitera o pedido de prova pericial formulado na impugnação, indicando quesitos e assistente técnica. Em 7 de maio de 2013, esta Turma decidiu converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do então relator Alexandre Antonio Alkmim Teixeira: De acordo com o Termo de Verificação Fiscal a Recorrente através de sua estrutura operacional executa e viabiliza todo o processo de captação de clientes, análise e colocação do crédito em todo o território nacional, administração das operações junto aos órgãos públicos para desconto em folha das prestações, execução dos serviços de cobrança dos inadimplentes e, posteriormente, repasse dos valores às instituições financeiras, trabalha, basicamente, pela minguada reposição dos custos administrativos (fls. 3927 e 3928). Conclui, em função do exposto acima, que o método de remuneração estabelecido para a SABEMI TEC LTDA. é absolutamente irrazoável, pois conduz a um montante de remuneração incompatível com as características dos serviços prestados. Ora, a atividade a ser realizada pela empresa consiste no mero processamento de dados relativos às operações de crédito intermediadas pela SABEMI SEGURADORA S/A em benefício das instituições financeiras. Ou seja, ao fim e ao cabo, o serviço a ser produzido é o mero controle e determinação das parcelas passíveis de desconto na folha de pagamento dos servidores públicos tomadores do empréstimo (fl. 3931). Entretanto, como exposto no relatório, alega a Recorrente a impossibilidade de a ela ser imputada a totalidade das receitas da SabemiTec Ltda. e que isso conduziria a afirmação da inexistência fática e formal de duas entidades de previdência complementar que atuam no mercado há vários anos, quais sejam, a Sabemi Previdência Privada e o Pecúlio União Previdência Privada, já que as três pessoas jurídicas trabalhavam como correspondentes bancários. Ainda, apresenta, a Recorrente, laudo de auditoria produzido por empresa independente que promove a segregação dos valores atribuíveis a cada uma das empresas em referência. Fl. 12846DF CARF MF 14 Para o deslinde da presente controvérsia é necessário esclarecer se a Recorrente era quem efetivamente prestava os serviços de correspondente bancário para todas as empresas do grupo (Sabemi Previdência Privada e o Pecúlio União Previdência Privada) ou se estas realizavam os serviços discriminados nos contratos com as instituições financeiras em relação aos clientes por elas indicados. Deste modo, baixo o feito em diligência para que seja verificado se a Sabemi Previdência Privada e o Pecúlio União Previdência Privada realizavam efetivamente os serviços previstos nos contratos de correspondente bancário. Para tanto, será necessária a comprovação de que tais empresas efetuavam, em relação aos seus clientes, i) a captação dos clientes; ii) o encaminhamento e/ou a disponibilização da proposta de concessão de empréstimo; iii) o desconto em folha de pagamento das prestações; iv) o repasse dos valores às instituições financeiras; v) o serviço de cobrança dos inadimplentes. Em seqüência, deverão ser elaboradas planilhas indicando especificamente quais receitas equivalem a qual contrato, por banco e por entidade contratante e executora do contrato. No cumprimento desta diligência, será necessária a intimação das referidas empresas, das instituições financeiras com as quais mantinham contrato (Banco Matone S.A. e HSBC Bank Brasil S.A. ou seus eventuais sucessores), bem como de alguns clientes (por amostragem). Os intimados devem apresentar documentação hábil e idônea que permitam comprovar a pessoa jurídica que executava os serviços discriminados acima. Aproveitandose a diligência ora solicitada, intimese a Recorrente para informar se a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) se pronunciou sobre aumentos de capital realizados por Sabemi Participações S.A., com recursos oriundos da distribuição de lucros da SabemiTec Ltda. relativos aos anos de 2007. Caso positivo, solicitar a juntada do referido pronunciamento da SUSEP e se os aumentos de capital foram efetivamente anulados. Por fim, necessário esclarecer, da verificação da escrituração contábil, se a SabemiTec apurava os tributos pelo regime de caixa ou de competência, e se o regime adotado foi respeitado quando da lavratura do auto de infração, ou adaptado pro rata tempore, nos termos do parecer COSIT. A diligência foi concluída em 9 de dezembro de 2013, com a emissão do Termo de Verificação Fiscal de fls. 12.61312.661. O documento apresentou as seguintes conclusões: Fl. 12847DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.841 15 Fl. 12848DF CARF MF 16 Fl. 12849DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.842 17 Fl. 12850DF CARF MF 18 Fl. 12851DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.843 19 Cientificada em 9 de dezembro de 2013, a contribuinte apresentou manifestação em 8 de janeiro de 2014, observando que o TVF "não cumpriu a diligência requerida que qualifica como fruto da incompreensão por V.SAs. dos fatos do processo. Tratase, em verdade, é de uma tentativa de reforçar as equivocadas alegações do Auto de Infração, inclusive através da repetição de diversos excertos daquele, como se não constassem deste processo ou não tivessem sido analisados por esta C. Câmara Julgadora". Sobre a conclusão acerca do regime de contabilização adotado pela Sabemi Tec., a Recorrente junta versão preliminar de parecer técnico elaborado pela EY. Em setembro de 2014 a contribuinte apresentou em sede de memoriais (fls. 12.76112.806) a versão final do parecer técnico elaborado pela EY "a fim de afastar qualquer dúvida de que Sabemi Tec. era tributada pelo lucro presumido segundo o regime de caixa e, consequentemente, de que o lançamento deveria ter atribuído os resultados reconhecidos pela empresa à Recorrente pelo regime de competência", ou seja, visando a demonstrar que "na alocação das receitas da Sabemi Tec. à Recorrente o regime de competência não foi observado, padecendo os lançamentos de vício insanável". Recebi o processo em distribuição realizada em 15 de fevereiro de 2017. Fl. 12852DF CARF MF 20 Em 14 de março de 2017 a Recorrente apresentou petição destacando que, conforme consta do "Quem é Quem" disponibilizado no sítio eletrônico oficial do CARF, a composição desta 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção encontrase incompleta, contando com apenas 6 conselheiros titulares, sendo 4 representantes da Fazenda Nacional e apenas 2 dos contribuintes. Diante disso, requer (i) o restabelecimento da paridade mediante a convocação de conselheiros suplentes representantes dos contribuintes nos termos do art. 18, VIII, do Anexo I, da Portaria MF 343/2015 (RICARF) ou, (ii) na hipótese de se mostrar impossível a designação de conselheiros suplentes para a sessão de julgamento, requer, sucessivamente, o adiamento do julgamento até que a paridade seja restabelecida, nos termos do art. 56, S 1°, I e 11, do RICARF. Tal solicitação foi indeferida pelo Presidente desta Turma em vista da ausência de previsão regimental para acatar tais pedidos, observando este, ainda, que houve a convocação de suplente representante dos contribuintes para compor a turma nas sessões de março de 2017. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Livia De Carli Germano O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Primeiramente é importante demarcar as matérias que estão em discussão no presente processo. Delimitação da lide Conforme relatado, o contraditório quanto ao auto de infração em discussão foi instalado na impugnação, com relação às seguintes matérias: (i) a ausência de simulação em detrimento do fisco e a equivocada imputação de todas as receitas da SabemiTec à Impugnante; (ii) não cabimento da multa isolada por ausência de recolhimento das estimativas; (iii) não cabimento da multa de 150%. Em sede de impugnação, a Recorrente requereu, ainda, a produção de prova pericial visando a "demonstrar que (a) grande parte das receitas indevidamente imputadas à Sabemi Seguradora pela desconsideração da personalidade da SabemiTec deve ser alocada a entidades de previdência privada Sabemi Previdência Privada e Pecúlio União Previdência Provada; (b) os 'negócios jurídicos simulados' referidos no auto de infração não importaram em prejuízos ao Fisco." Fl. 12853DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.844 21 O Recurso Voluntário também contesta basicamente esses três pontos, indicando argumentos específicos para contrapor as razões invocadas na decisão recorrida. Dessa forma, entendo que não pode ser conhecida a discussão quanto ao regime adotado pela SabemiTec/Tecnocom (se caixa ou competência) e o eventual impacto disso no auto de infração. Isso porque tal matéria não foi apreciada pela DRJ porque não foi instaurado o contraditório quanto a ela em sede de impugnação , nem mesmo foi objeto do recurso voluntário apresentado. De fato, nos termos da legislação que regula o processo administrativo fiscal (em especial o Decreto 70.235/1972), tanto o pedido de diligência quanto as provas documentais devem ser apresentados por ocasião da impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, em regra. Isso é assim exatamente porque é neste momento que se instaura o contraditório em um procedimento que, até então, era inquisitório. Assim, é o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação/manifestação de inconformidade, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão nesta ocasião precluem. E digo em regra porque existem as hipóteses de exceção. Algumas exceções estão expressamente previstas nos incisos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972, quais sejam: (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; e/ou (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Outra exceção ocorre quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública1, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. De fato, se for para formar seu livre convencimento, o julgador pode conhecer de argumentos de fato ou de direito exofficio, desde que indique os motivos que levaram a tal decisão. Isso porque, em virtude do dever de decidir (proibição do non liquet), há o poderdever de aplicar ao caso a norma jurídica que o julgador entender mais pertinente, mesmo que não tenha sido suscitada pelas partes. No caso, a discussão surgiu apenas por ocasião da conversão do julgamento em diligência determinada por esta Turma em 2013. Provavelmente, o Relator, à época, entendeu que tal investigação poderia serimportante para formar seu livre convencimento sobre o auto de infração em debate. Assim, estávamos no terreno em que a matéria talvez fosse conhecida de ofício pelos julgadores em virtude do dever de decidir. 1 Costumase dizer que as matérias que o julgador deve conhecer de ofício são aquelas de ordem pública. É importante ressaltar, porém, que nem todas as matérias apreciáveis ex officio são necessariamente matérias de ordem pública, já que a lei processual, excepcionalmente, pode estabelecer que determinadas matérias de ordem privada sejam apreciadas de ofício. Neste sentido, Teresa Arruda Alvim Wambier explica: “Numa imagem matemática, dirseia que o conjunto de matérias examináveis de ofício é maior do que o das matérias de ordem pública. Portanto toda matéria de ordem pública é examinável de ofício, mas nem tudo o que pode ser examinado de ofício consiste em matéria de ordem pública” (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 4ª ed. São Paulo: RT, 1998, p. 137) Fl. 12854DF CARF MF 22 Todavia, esta Relatora não entende que tal argumento seja imprescindível para a formação de seu livre convencimento a ponto de permitir o seu conhecimento de ofício. Sem adentrar no resultado da diligência, entendo que não se trata de matéria que o julgador deva conhecer de ofício, portanto, operouse quanto a ela a preclusão.Desse modo, deixo de apreciála. Ressaltese que não foram indicados os motivos que levaram a Turma julgadora a solicitar tal verificação. Embora se possa presumir que a intenção seria confrontar com o regime aplicado para fins de apuração dos tributos no auto de infração, não se sabe se a Turma já tinha analisado os contratos firmados pela SabemiTec e já tinha uma conclusão sobre o regime aplicável a tais avenças, ou se tal análise dos contratos seria feita posteriormente. É dizer, a conclusão de que o regime adotado pela SabemiTec foi o de caixa (conforme defende a Recorrente) ou o de competência (conforme a Recorrente indicou em sua DIPJ e foi seguido pela autoridade autuante na lavratura do auto de infração) não necessariamente leva a uma conclusão sobre a correção ou não da autuação ora combatida, eis que deve ser acompanhada da análise dos contratos firmados e da conclusão sobre a forma de reconhecimento de receitas então aplicável. Por não conhecer da matéria, tal análise resta prejudicada. Mérito Passo a analisar, portanto, as 3 matérias submetidas a contraditório. Quanto ao argumento de que parte das receitas deveria ser imputadas às correspondentes bancárias Sabemi Previdência Privada e Peculio União Previdência Privada, este parte de uma equivocada compreensão da autuação fiscal em questão. A autuação fiscal teve por base a constatação de que a sociedade SabemiTec/Tecnocom era uma simulação absoluta, ou seja, não existia em termos práticos/materiais, e que a Recorrente era quem efetivamente realizava toda a atividade por ela reportada em suas declarações fiscais. A Recorrente, em lugar de trazer aos autos provas de que a SabemiTec/Tecnocom existia em termos materiais, confirma a existência de "certa confusão patrimonial", afirma que a SabemiTec/Tecnocom não possuía infraestrutura própria e sequer necessitava que seu capital social fosse integralizado. Em suas palavras: "(...), ínsita é à estrutura do grupo econômico certa confusão patrimonial, sendo tal característica essencial para a atuação coordenada das empresas integrantes. De modo contrário, impossível seria a formação de um grupo societário, porquanto as empresas autuariam sempre de maneira isolada, isto é, sem o necessário compartilhamento de recursos que viabiliza o direcionamento econômico do conjunto de sociedades." "Tendo a SabemiTec Ltda. nascido da estrutura da Recorrente, natural que se utilizasse de seu quadro de funcionários. Ademais, leviano seria considerar que, durante o período autuado, a SabemiTec Ltda. atuava quase que exclusivamente por meio do software patenteado, o qual realizava parcela esmagadora dos trabalhos sem necessitar de expressiva interferência humana." Fl. 12855DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.845 23 "Como já referido, a SabemiTec Ltda. contava com os expressivos recursos pertencentes às demais sociedades do Grupo Sabemi, tornando despiciendo expressivos aportes de reservas em sua conta capital social." É verdade que empresas, principalmente quando pertencentes a um mesmo grupo, podem compartilhar de infraestrutura física e de pessoal, mas isso não significa admitir que haja confusão patrimonial entre elas. Mesmo se utilizando de infraestrutura compartilhada, as empresas devem zelar pelo princípio contábil da entidade, ou seja, cada uma deve se comportar como autônoma e registrar proporcionalmente os respectivos custos, despesas e receitas, celebrando os devidos contratos de compartilhamento quando for o caso. De fato, se uma mesma pessoa trabalha para várias empresas do grupo, não podem os custos com seu salário e encargos ficarem todos, coincidentemente, na empresa optante pelo regime de lucro real. No caso, não restou comprovada a existência efetiva da SabemiTec/Tecnocom, sendo que toda a atividade supostamente desempenhada por tal sociedade o seria, na verdade, pela Recorrente. Por essa razão as receitas foram todas corretamente, no entender desta Relatora imputadas a esta última. Note que, quando aludimos à "efetiva existência da pessoa jurídica" estamos nos referindo à existência da pessoa jurídica como "sociedade" ou "empresa", e não como um mero registro formal – um CNPJ. O contrato de sociedade é assim conceituado pelo artigo 981 do Código Civil (Lei 10.406/2002): Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Como se sabe, o Direito Brasileiro atual simpatiza com a teoria dos perfis da empresa de Asquini, a qual trata a empresa como "fenômeno poliédrico que assume, sob o aspecto jurídico, em relação ao diferentes elementos nele concorrentes, não um mas diversos perfis: subjetivo, como empresário; funcional, como atividade; objetivo, como patrimônio; corporativo, como instituição” (Exposição de Motivos Complementar apresentada pelo Prof. Sylvio Marcondes responsável pela elaboração do Livro II — “Direito da Empresa” no anteprojeto do Código Civil/2002). Assim, só há que se falar em "sociedade" ou "empresa" na presença de "atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo de bens" (BULGARELLI, Waldírio. Tratado de Direito Empresarial, 2ª ed., São Paulo: Atlas, 1995, p.100). No caso, constatase efetivamente a presença de apenas uma “empresa”, eis que a confusão patrimonial revela a presença de uma única “atividade”, que portanto deve ter tributação única. De se notar que, quando a fiscalização chama atenção para a desproporção entre a remuneração recebida pela Recorrente e aquela recebida pela SabemiTec/Tecnocom (a primeira recebia 0,5% sobre a taxa de financiamento enquanto a segunda ficava com 8,4% Fl. 12856DF CARF MF 24 sobre o montante emprestado em cada mês), ela não quer dizer com isso que a atividade desempenhada por uma ou outra empresa é "mais importante". Tratase apenas de uma informação que corrobora os indícios de que a estrutura não passou de uma simulação. Com efeito, não cabe à fiscalização afirmar qual atividade é mais importante nem dizer a proporção de receitas que deve ser adotada pelas empresas em um contrato. Acontece que é no mínimo suspeita a coincidência de ter, em um contrato, um percentual expressivo das receitas alocado para o CNPJ optante pelo regime de lucro presumido e cuja tarefa se resumia a ceder o uso de um programa de computador (atividademeio), enquanto que o CNPJ optante pelo regime de lucro real e que realiza a intermediação entre cliente e produto (atividadefim) fica com um percentual de receitas suficiente apenas para cobrir seus custos. Não se nega que o programa de computador supostamente operado pela SabemiTec/Tecnocom seja essencial à sistemática dos empréstimos em folha de pagamento e que sem ele seria impossível o processamento de dados junto às instituições bancárias nas operações de créditos pessoais com desconto em folha, mas tal essencialidade não torna crível que este CNPJ deva, apenas por este motivo, receber quase que a totalidade da receita do contrato. Seria o mesmo que pretender que as empresas que hospedam sites de lojas online fiquem com quase 100% da receita de tais lojas afinal sem elas não haveria vendas, ou o mesmo que pretender que as empresas que operem os programas de computador utilizados por empresas de cartão de crédito fiquem com quase que a totalidade das receitas destas, afinal sem tais programas o pagamento não é processado. Enfim, o exposto acima busca demonstrar que a Recorrente não se defende de forma contundente da principal acusação da autuação fiscal, buscando, ao contrário, encaminhar o debate para a discussão de questões lateriais e formalidades. Inclusive, a Recorrente parece tentar se beneficiar da própria torpeza quando argumenta que as autoridades fiscais deveriam ter carreado as receitas da SabemiTec/Tecnocom para as 3 entidades intermediadoras das operações (Recorrente, Sabemi Previdência Privada e Pecúlio União Previdência Privada). Primeiramente porque, quando sustenta que assim o ônus tributário total seria inferior ao valor recolhido durante o período autuado, propositalmente se esquece do fato de que tais entidades de previdência privada, até mesmo por não terem finalidade lucrativa, não poderiam distribuir os superávits apurados, de maneira que os recursos não poderiam como de fato ocorreu retornar à entidade que deles precisava, por ser quem realmente praticava as atividades, que era a Recorrente. Ademais, a Recorrente tenta se beneficiar do fato de que ela teria desviado para si receitas dessas duas entidades, como restou bem colocado no voto do Conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, redator designado para o acórdão 1101 000.662, de 1o de fevereiro de 2012, que abordou os mesmos fatos aqui discutidos mas em autuação relativa aos anoscalendário de 2005 e 2006 – e cujas razões adoto e transcrevo abaixo: "Os fatos apontados pela fiscalização e transcritos pelo I. Relator não deixam dúvidas de que a Tecnocom Ltda. não possuía qualquer recursos para prestar qualquer serviço, sendo que nem seu capital foi integralizado. De outra banda, também consta do relatório que a fiscalização demonstrou que todos recursos necessários para a prestação dos serviços atribuidos à Tecnocom na verdade eram da Sabemi Seguradora SA, a autuada. Inclusive, as receitas registradas pela Tecnocom, em razão da suposta prestação de serviços, foram repassadas para a sua controladora, Mark Serviços, como lucros distribuídos e esta, Fl. 12857DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.846 25 em seguida, repassou esses valores para a Sabemi Seguradora, como adiantamento para futuro aumento de capital. Estes fatos mostram que a existência da Tecnocom era meramente formal, que a Sabemi Seguradora SA era a verdadeira prestadora dos serviços (e, por isso, a titular das receitas correspondentes), e que a Sabemi Seguradora SA acaba se apropriando dessas receitas. Ademais, fica evidente que tudo foi arquitetado pela Sabemi Seguradora SA para ocultar do Fisco fatos tributáveis a ela atribuíveis. Ou seja, a Tecnocom era uma farsa e a autora desta farsa foi a Sabemi Seguradora SA, que por meio deste ardil pretendeu sonegar tributos referente as receitas que embolsou. Essa foi a conclusão da fiscalização, da Turma julgadora de 1a instância, e também do I. Relator, que expressa essa percepção com as seguintes palavras: "Não tenho dúvidas, em tal cenário, de que o labor impositivo se fez sólido. O ardil descrito resta sobejamente demonstrado pelos documentos exaustivamente entranhados aos autos." Porém, apesar do I. Relator concordar que a Tecnocom foi uma farsa montada pela Sabemi Seguradora SA, ele acatou argumento levantado pela defesa. Assim, ele propõe que se considere nula a autuação porque dentro das receitas apuradas haveria uma parcela não identificável que não seria atribuível a Sabemi Seguradora SA, mas sim a outras duas pessoas jurídicas (Sabemi Previdência Privada e Pecúlio Unido Previdência Privada, ambas entidades abertas de previdência complementar). Argumenta o I. Relator que os serviços "prestados pela Tecnocom" para o Banco Matone tinham por base 3 origens distintas, pois estavam vinculados a empréstimos concedidos aos clientes de três correspondentes específicos (Sabemi Seguradora SA, Sabemi Previdência Privada, e Pecúlio União Previdência Privada). A partir disto, conclui que as receitas "auferidas pela Tecnocom", pagas pelo Banco Matone, na verdade seriam em parte da Sabemi Seguradora SA, e em parte das outras duas intermediadoras (Sabemi Previdência Privada e Pecúlio União Previdência Privada). Neste raciocínio, não é expresso, mas está implícito, que se pressupõe ter havido desvio de receitas das entidades de previdência para a Sabemi Seguros SA. Ou seja, resta evidente que subjaz ao raciocínio apresentado pelo I. relator que os recursos entregues pelo Banco Matone para a Tecnocom, como contrapartida pela prestação de serviços de processamento de dados dos empréstimos, seriam desproporcionais aos serviços prestados pela Tecnocom. Desta forma, teriam sido carreados para a Tecnocom valores que na verdade seriam dos correspondentes (Sabemi Seguradora SA, Sabemi Previdência Privada, e Pecúlio União Previdência Privada). Fl. 12858DF CARF MF 26 Por isso o Relator sustenta que parte das receitas recebidas pela Tecnocom (que no auto de infração são totalmente imputadas para a Sabemi Seguradora SA) seriam na verdade das duas entidades de previdência complementar e deveriam ser excluídas da apuração. Muito possivelmente, a convicção do I. Relator decorre dos argumentos de defesa, pelos quais o contribuinte sustenta que parte das receitas contabilizadas pela Tecnocom (e atribuidas à Saberni Seguradora SA na autuação) seriam em verdade referentes à remuneração da Sabemi Previdência Privada e Pecúlio Unido Previdência Privada. Conforme o contribuinte, tal remuneração decorre dos empréstimos concedidos pelo banco para os clientes destas entidades. O contribuinte ainda sustenta que estes valores teriam sido repassados indevidamente para a Tecnocom, por meio de uma desproporção na remuneração dos serviços prestados, ao banco, pela Tecnocom e pelas entidades. No que tange a este aspecto da questão, para demonstrar seu ponto de vista o contribuinte alegou decisão da Susep, que anulou aumento de capital feito pela Mark Participações na Sabemi Seguradora. Conforme transcrição do relator, tal aumento de capital foi cancelado porque a Susep entendeu que ele foi feito com recursos que deveriam ser das duas entidades de previdência privada, mas que teriam sido desviados para a Tecnocom (por meio de uma desproporção na remuneração do serviço prestado). Conforme a Susep, na seqüência, a Tecnocom repassou estes valores como lucro distribuído para a Mark, que por sua vez aportou esses recursos na Capemi Seguradora. Assim, em razão da ilicitude e dos danos aos acionistas minoritários, a Susep cancelou o aumento de capital. Salta aos olhos que o argumento de defesa consiste em sustentar que não cabe atribuir o total de receitas registrados na Tecnocom à Sabemi Seguradora, pois parte de tais recursos seriam na verdade valores das duas entidades de previdência privada. Conforme a defesa, essa entidades teriam sido lesadas na sua remuneração e os valores teriam sido desviados para a Tecnocom. Ainda conforme o contribuinte, a lesão se deu por meio de uma subvalorização dos serviços prestados pelas entidades de previdência ao Banco Matone e de uma supervalorização dos serviços prestados pela Tecnocom ao mesmo banco. Em resumo, o contribuinte sustenta que não pode responder pela tributação de toda a receita porque parte desta não seria sua, já que teria sido desviada de duas entidades de previdência privada. Desse modo, percebese que o argumento da defesa, acatado pelo I. Relator, consiste em alegar a torpeza da autuada em seu favor. Também não passa despercebido que a argumentação apresentada pelo contribuinte confirma a tese da fiscalização, de que tudo foi forjado pela Sabemi Seguradora, para sonegar tributos. De fato, considerandose verdadeira a tese da defesa, seria obrigatório admitir que, por meio de uma remuneração desproporcional, receitas da Sabemi Seguradora teriam sido atribuidas para a Tecnocom. De outra banda, vale lembrar que a fiscalização (e também a Susep) demonstrou que a Sabemi Seguradora SA acabou se apropriando Fl. 12859DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.847 27 da totalidade dos recursos carreados para a Tecnocom, pois a Tecnocom os repassou como lucro distribuído para a Mark, que os repassou como aumento de capital na Sabemi Seguradora SA. Portanto, a alegação da defesa de que os recursos na verdade seriam de terceiros é totalmente infundada. Na verdade, a Sabemi Seguradora SA, por meio da Tecnocom e da Mark, se apropriou totalmente dos recursos e sonegou os tributos correspondentes a tributação dos valores. Só caberia admitir o argumento do contribuinte (de que parte dessas receitas são das duas entidades), se os envolvidos houvessem devolvidos (sic) os valores para as entidades de previdência privada. Mas, isso não ocorreu. Ao contrário, a Sabemi se apropriou integralmente dos recursos e deles dispôs. Outra hipótese em que se admitiria a imputação de apenas parte das receita à Sabemi Seguradora seria no caso de transitar em julgado (e ser executada) sentença determinando a devolução dos valores aos legítimos donos, que certamente deveria ser acompanhada de decisões vinculadas no campo administrativo e penal, relativamente ao desvio de valores de entidades de previdência privada. Mas esta hipótese também não ocorreu. Fora estas hipóteses, a alegação de que os recursos são em parte das duas entidades de previdência privada são meras alegações, sem qualquer suporte fático. Por isso a autuação é procedente e não se trata aqui de aplicação do principio do non olet, aventada pelo I. relator. Tratase da aplicação da regra básica de tributação de que se tributa a disponibilidade da renda. Assim, enquanto a autuada puder dispor, tal como o fez e continua fazendo, da renda em questão, ela responde pelos tributos devidos. Ainda, admitindose apenas hipótese de que tivesse havido a devolução (espontânea ou forçada) dos valores que o contribuinte alega ser de terceiros, resta evidente que houve sonegação da parcela correspondente aos valores que foram desproporcionalmente pagos à Tecnocom, mas que deveriam ter sido pagos para a Sabemi Seguradora. Por tal razão, mesmo admitida tal hipótese, não seria o caso de anular a autuação nips sim de quantificála de modo correto. No entanto, como ficou sobejamente demonstrado, tal hipótese não ocorreu, e a Sabemi Seguradora, se apropriou e dispôs da totalidade dos recursos, devendo responder pelo lançamento como contribuinte. Por tais razões, entendo ser totalmente improcedente a alegação do contribuinte de que parte das receitas deveriam ser estornadas. Pelas mesmas razões, entendo não ser o caso de nulidade, cabendo a tributação da totalidade dos rendimentos registrados na Tecnocom como receitas da Sabemi Seguradora. Fl. 12860DF CARF MF 28 Por fim, observo que entendo como prejudicado o pedido de prova pericial solicitado, na medida em que irrelevante para o julgamento considerando as razões de decidir acima expostas. Cumulação de multa isolada e de ofício A Recorrente sustenta, ainda, a impossibilidade de aplicação de multa isolada de 50% por falta de antecipação das estimativas mensais de IRPJ e CSLL. Ressalto que, sendo o caso de lançamento relativo ao anocalendário de 2007, entendo não aplicável a Súmula CARF n. 105, uma vez que esta trata da redação da Lei 9.430/1996 na redação anterior à Lei 11.488/2007 e a multa isolada foi lançada com base no artigo 44, II, b da Lei 9.430/1997, com redação dada pela Lei 11.488/2007. Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Sobre a matéria, tenho me filiado ao posicionamento de longa data adotado pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, desta Turma. Segundo este entendimento, a multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor; não obstante, pelo princípio da absorção ou consunção, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na exata medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo, já que esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. É a máxima do direito punitivo que, para uma mesma conduta devese aplicar uma só punição. A título ilustrativo reproduzo trecho do acórdão 120100.235, de 7 de abril de 2010, da lavra do ilustre Conselheiro: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade Fl. 12861DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.848 29 de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução Fl. 12862DF CARF MF 30 atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Assim, consideramos imperioso verificar se houve, em relação aos fatos que ensejaram a autuação de multas isoladas, também a imposição de multa proporcional e em que medida. O valor tributável é o mesmo (R$ 15.470.000,00). Isso, contudo, não implica necessariamente numa perfeita coincidência delitiva, pois pode ocorrer também que uma omissão de receita resulte num delito quantitativamente mais intenso. Foi o que ocorreu. Em razão de prejuízos posteriores ao mês do fato gerador, o impacto da omissão sobre a tributação anual foi menor que o sofrido na antecipação mensal. Desse modo, a absorção deve é apenas parcial. Conforme o demonstrativo de fls. 21, a omissão resultou numa base tributável anual do IR no valor de R$ 5.076.300,39, mas numa base estimada de R$ 8.902.754,18. Assim, deve ser mantida a multa isolada relativa à estimativa de imposto de renda que deixou de ser recolhida sobre R$ 3.826.453,79 (R$ 8.902.754,18 R$ 5.076.300,39), parcela essa que não foi absorvida pelo delito de não recolhimento definitivo, sobre o qual foi aplicada a multa proporcional. Assim, as multas isoladas devem ser canceladas na exata medida em que as suas bases sejam menores que as bases tributáveis anuais utilizadas para fins de aplicação das multas de ofício de IRPJ e CSLL. Multa qualificada A Recorrente contesta a aplicação da multa de 150%, dado seu caráter confiscatório. Ocorre que para analisar o caráter de confisco da multa seria necessário abordar temas relacionados à constitucionalidade da exação, o que pela Súmula CARF n. 2 é vedado a esta Relatora. Fl. 12863DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.849 31 A Recorrente também sustenta que, mesmo que fosse o caso de simulação e/ou "planejamento tributário", a multa aplicável seria de 75%, pela inexistência de sonegação. Nesse ponto entendo que lhe assiste razão. O caso em questão não envolve a prática de conduta expressamente vedada pelo ordenamento (i.e., de um ilícito), mas conflito entre interpretações conferidas a um mesmo fato isto é: para a Recorrente, a constituição de uma pessoa jurídica no âmbito meramente formal é suficiente para permitir a produção dos respectivos efeitos tributários e, para a autoridade autuante, tal negócio é artificial. Conforme já expus em voto no acórdão CSRF 9101002.189, sessão de 21.01.2016, a simulação autoriza, tão somente, a revisão de ofício do lançamento, nos termos do artigo 149, VII, do Código Tributário Nacional: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Por sua vez, para que se possa cogitar a qualificação da multa, nos termos do artigo 44 da Lei 9.430/1996, é necessário identificar qual das ações ou omissões dolosas previstas nos artigos 71 a 73 da Lei 4.502/64 foram praticadas, sendo assim indispensável, ainda, a comprovação do dolo. Esse, inclusive, é o sentido que se extrai do teor da Súmula CARF nº 14: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo", assim como da Súmula Vinculante CARF nº 25: "A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64". Como ensina BRANDÃO MACHADO, na noção de dolo se insere a idéia de contrariedade ao direito, ou seja, da prática de um ilícito ("Um caso de elusão de imposto de renda". In: Direito Tributário Atual, vol. 9, São Paulo: Resenha Tributária, 1989, p. 2209). Da mesma forma, MARCO AURÉLIO GRECO observa: "Outra observação a ser feita é a de que a incidência do inciso II do artigo 44 da Lei n°9.430/96, que leva à multa mais onerosa, supõe a ocorrência inequívoca de intuito fraudulento. (...) Se não houve intuito de enganar, esconder, iludir, mas se, pelo contrário, o contribuinte agiu de forma clara, deixando explícitos seus atos e negócios, de modo a permitir a ampla fiscalização pela autoridade fazendária, e se agiu na convicção e certeza de que seus atos tinham determinado perfil legalmente protegido — que levava ao enquadramento em regime ou previsão legal tributariamente mais favorável — não se trata de caso regulado pelo inciso II do artigo 44, mas sim de divergência de qualificação jurídica dos fatos; hipótese completamente distinta da fraude a que se refere o dispositivo. A multa agravada só tem cabimento se o elemento subjetivo do tipo for a fraude no sentido de enganar, esconder, iludir, etc." Fl. 12864DF CARF MF 32 (Planejamento Tributário, São Paulo: Dialética, 2004, grifos nossos) É que, para que se possa falar em dolo, para além da intenção (elemento subjetivo), é necessário que o que se pretende seja ilícito (elemento objetivo), ou seja, é preciso que tal intenção seja direcionada à prática de ato ou omissão contrários ao direito (dolo normativo). Nesse passo, não basta a intenção de reduzir a tributação. É necessário, sim, que o contribuinte, ao buscar tal resultado, adote conduta que afronte norma que proíba ou obrigue, ou seja, que contrarie uma norma imperativa, praticando assim um ato típico. É neste sentido que os artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 trazem as condutas típicas da sonegação, fraude e conluio, todas elas supondo a inequívoca constatação de dolo, elemento essencial do tipo. No caso em questão, entretanto, não se verifica norma imperativa que tenha sido contrariada. Na verdade, o que vemos é a prática de uma conduta expressamente permitida (qual seja, a criação de uma sociedade no Grupo), no entanto tal criação se deu de forma artificial, porque simulada. Simular é diferente de sonegar. Repitase: a acusação aqui é de simular a existência da SabemiTec/Tecnocom e, por consequência, adotar todas as condutas como se essa sociedade efetivamente existisse, assinando contratos, enviando declarações fiscais e preenchendo livros contábeis. Todas essas atitudes são ínsitas à simulação de fato não se espera que alguém simule a existência de uma sociedade e entregue declarações fiscais como se ela não existisse, pois isso não seria simular. Quem simula acredita na "situação simulada" e adota condutas condizentes com tal circunstância, mas isso não significa dizer que quem simula tem "dolo" no sentido de intenção de praticar um ilícito (dolo normativo). A intenção de quem simula é criar uma situação que na prática não existe e isso não é, no ordenamento jurídico brasileiro, um ilícito. De fato, não há norma que proíba simular uma situação nem norma que obrigue não simular, o que há são apenas consequências para o ato simulado: no âmbito civil, a nulidade do ato simulado nos termos do art. 167 do Código Civil, no âmbito tributário, a possibilidade de o fisco rever o lançamento nos termos do artigo 149, VII, do Código Tributário Nacional. Dizer que um ato será nulo ou que ele autorizará a revisão do lançamento de tributos é algo muito menor do que dizer que esse ato é ilícito. No caso, não há a imputação da prática de qualquer ilícito, é dizer, não se verifica qualquer conduta contrária ao direito que possa levar ao agravamento da penalidade. De fato, a depender da linha que se adote e não cabe aqui discorrer sobre todas possíveis acepções a simulação é, no máximo, um ilícito atípico, o qual, por tal natureza, não pode ensejar o agravamento da multa (GERMANO, Livia De Carli. Planejamento tributário e limites para a desconsideração dos negócios jurídicos. São Paulo: Saraiva, 2013, pgs. 83 e 127). Em vista disso, entendo como não aplicável ao caso a hipótese de qualificação da multa de ofício para 150%, devendo a multa de ofício ser reduzida ao percentual de 75%. Conclusão Fl. 12865DF CARF MF Processo nº 11080.725307/201071 Acórdão n.º 1401001.812 S1C4T1 Fl. 12.850 33 Diante do exposto, voto por conhecer o recurso voluntário e dar parcial provimento, especificamente para reduzir a multa ao percentual de 75% e para excluir as multas isoladas na exata medida em que estas forem absorvidas pelas multas de ofício aplicadas para IRPJ e CSLL. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Voto Vencedor Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator designado Estou de pleno acordo com os marcos teóricos estampados pela Ilustre Conselheira Relatora Lívia De Carli Germano, cujos votos são sempre muito bem fundamentados. De fato, é necessária a comprovação do ato volitivo dirigido a violar a ordem jurídica para fins de qualificação da multa de ofício. Discordo apenas em relação à subsunção da situação fática a tais considerações de ordem teóriconormativa. Destaco a seguinte passagem do voto da Conselheira Relatora: O caso em questão não envolve a prática de conduta expressamente vedada pelo ordenamento (i.e., de um ilícito), mas conflito entre interpretações conferidas a um mesmo fato isto é: para a Recorrente, a constituição de uma pessoa jurídica no âmbito meramente formal é suficiente para permitir a produção dos respectivos efeitos tributários e, para a autoridade autuante, tal negócio é artificial. Ora, é algo bem consolidado em nosso ordenamento que os atos possuem forma e conteúdo e o descasamento entre os dois se revela um ato ilícito sim e dos mais evidentes. Não se podem formalizar, por exemplo, duas "doações" reversas para realizar uma "compra e venda", porque o conteúdo é falso. Não faz sentido que as leis, ao se referirem a institutos jurídicos, como "doação", "compra e venda", "pessoas jurídicas", etc, estejam a se referir a formas destituídas de conteúdo, exceto, claro, se lei for dirigida expressamente ao modo de formalizar tais institutos, como ao estabelecer o agente competente para registrar o ato, por exemplo. Poderia citar um sem número de dispositivos legais que determinam uma substância para a constituição de pessoas jurídicas. Vou citar, a título ilustrativo, apenas um: o art. 981 do Código Civil: Fl. 12866DF CARF MF 34 Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Ora, houve uma contribuição em bens e serviços ou, ao menos, uma intenção nesse sentido? A resposta é negativa. Pois bem, não estou a tratar de conhecimento especializado de tributação federal, nem sequer de direito tributário. Estou me referindo ao direito privado mesmo. Formalizar uma pessoa jurídica sem conteúdo é uma conduta juridicamente reprovada e de domínio público, ao menos, para empresários. O simples ato de deliberadamente constituir uma pessoa jurídica apenas no papel, sobretudo por meio de ações não singelas, revela claramente a capacidade cognitiva do agente para compreender o rumo antijurídico que estava a tomar. Em suma, não estamos a tratar de dúvidas de interpretação. Estamos diante de uma conduta que o agente adotou para se evadir ilicitamente da tributação e o fez com a plena consciência dessa ilicitude. Por essas razões, voto para manter a qualificadora da multa. No mais, sigo o elogiável voto da Conselheira Lívia Germano. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 12867DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.722154/2011-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/1212008
COFINS. DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL.
As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do § 9° do art. 3° da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/2001.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/0112008 a 31/1212008
PIS. DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL.
As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do § 9° do art. 3° da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/2001.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 3201-001.285
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara /1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: Luciano Lopes de Almeida Moraes
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/1212008 COFINS. DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL. As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do § 9° do art. 3° da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/2001. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/0112008 a 31/1212008 PIS. DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL. As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do § 9° do art. 3° da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/2001. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
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DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL. As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do S 9° do art. 3° da Lei n.o 9.718/98, com a redação dada pela MP n.o 2.158-35/2001. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PISIPASEP Período de apuração: 01/0112008 a 31/1212008 PIS. DEDUÇÕES. PREVISÃO LEGAL. As únicas deduções previstas para as operadoras de planos de saúde são as constantes do S 9° do art. 3° da Lei n.O9.718/98, com a redação dada pela MP J n.O 2.158-35/2001. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 28 Câmara /18 Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Luciano L pes de EDITADO EM: 25/06/2013 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Mônica Monteiro Garcia de Los Rios, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Fábia Regina Freitas Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Lavraram-se contra o contribuinte identificado os Autos de Infração de fls. 02/19, relativos à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins e à Contribuição para Programa de Integração Social - PIS -, totalizando o crédito tributário de R$ 1.087.600,84 para a Cofins e R$ 235.646,77 para o PIS, incluindo multa de oficio de 75% ejuros moratórios, correspondente aos períodos especificados em fls. 06/07 e 14/15. o enquadramento legal encontra-se citado emfls. 07 e 15. Os autos de infração foram lavrados porque, de acordo com o autuante, não há fundamento legal para o contribuinte deduzir da base de cálculo a totalidade das despesas com eventos. Segundo mostrado no Termo de Verificação Fiscal (fi. 20), o autuado ao utilizar como dedução os valores de todos os "eventos indenizáveis líquidos ", na apuração do PIS e da Cofins, excluiu praticamente todas as despesas operacionais da base de cálculo, o que não tem guarida na legislação vigente. Dos valores apuradosforam compensados os valores declarados em DCTFpara se obter o valor a lançar em auto de infração. Cientificado, em 31/03/2011, o interessado apresentou, em 02/05/2011, impugnações aos lançamentos, conforme arrazoado defls. 714/730, com as suas razões de defesa, assim resumidas: -A autuada sequer se sujeita à incidência da Cofins, não podendo ser compelida a recolher tributo cujopagamento jamais foi sua obrigação. -A receita da empresa autuada (Sosaude) provém de contratos de seguro e não por força de prestação de serviços por ela realizada, não sendo outra a conseqüência dessa circunstância senão a ausência dofato gerador da Cofins, tornando inexigível o crédito tributário objeto dos autos. -A atividade econômica da autuada em nenhuma hipótese pode ser enquadrada ou classificada comoprestação de serviços. -Cumpre destacar, que a receita integral da Sosaude decorre de contratos de cobertura de riscos futuros de assistência à saúde, concluindo-se, portanto, que ela está desobrigada ao recolhimento da Cofins, não sendo, pois, sujeito passivo desse tributo. 2 Processo nO 10680.722154/2011-69 Acórdão n.o 3201-01.285 -Isso porque, para fim de determinação da base de cálculo da Cofins, caberia a Fiscalização acatar o art. 2° da LC 70/1991, que considera faturamento somente a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, mas não a receita de natureza diversa, medida que, entretanto, não foi obedecida, tornando ilegal o lançamento do crédito tributário. -No que concerne à matéria do auto de infração propriamente dito, tem-se que a Fiscalização entendeu como ilegal a conduta adotadapela autuada, que nos recolhimentos de PIS e da Cofins teria indevidamente descontado da base de cálculo dos tributos, ou seja, da sua receita bruta, os valorespor elapagos a título de despesas assistenciais de seus usuários (Eventos Indenizáveis). Alega a Fiscalização que tal medida não teria guarida na legislação vigente. -Desse modo, o que se nota é que a Fiscalização nitidamente pretende limitar o alcance da dedução prevista no inciso 111, do 9 9~ do artigo 3~ da Lei 9.718/98, às situações de compartilhamento de risco, nas quais uma Operadora de Planos de Saúde, titular de um contrato, cede para uma terceira os riscos por ela contratados e, em ato contínuo, repassa em contrapartida um valor a título deprêmio. -Ocorre, todavia, que a interpretação defendida' pela Fiscalização não encontra qualquer suporte nos termos da lei e, muito menos, nos princípios constitucionais e do Direito Tributário que sem dúvida alguma deverão nortear a solução desse feito, principalmente, no que toca à capacidade contributiva da autuada. -O objetivo econômico da autuada se fixa na responsabilidade de repassar os recursos recebidos dos contratantes de seus planos para os prestadores de serviços pertencentes à sua rede credenciada, que assistindo seus usuários e tratando-os, fazem jus a uma remuneração previamente definida, cujo cálculo leva em consideração todos os seus custos operacionais, como também o lucro e a carga tributáriapor ele devida. -Assim, partindo da lição de Geraldo Ataliba, que ensina que a "receita é entrada que passa apertencer à entidade. Assim só se considera receita o ingresso de dinheiro que venha a integrar o patrimônio da entidade que a recebe, outra não é a conclusão senão a premissa de que a receita auferidapela autuada decorre tão somente da diferença apurada da subração do valor total cobrado de seus clientes pela importância efetivamente repassada aos terceiros prestadores de serviços de saúde pertencentes à sua rede credenciada. -Nesse sentido, indubitável se faz que as "entradas" que acrescentam o patrimônio da autuada são apenas aquelas que ficam com a operadora de planos de saúde, não se traduzindo em riqueza sua, todas aquelas que, embora transitem em suas mãos, não lhes pertence, pois obrigatoriamente serão repassadas a terceiros credenciados. S3-C2T1 FI. 371 .<:r. ~3 ;..... - -Logo, só há considerar como receita da Sosaúde a diferença resultante do valor total de entradas auferidas das mensalidades cobradas de seus clientes pela importância por ela devida a título de sinistralidade médica, sendo assim consideradas, todas as despesas e custos assistenciais que são devidos a prestadores de serviços como dentistas, clínicas, laboratórios, hospitais, entre outros. -Feitos tais esclarecimentos, percebe-se que a capacidade contributiva da autuada reside justamente no padrão de receita mencionado, ou seja, total de mensalidades cobradas menos a sinistralidade assistencial médica, devendo o mesmo ser assim considerado para fins de tributação, naforma do que estabelece o 91~ do art. 195, da Constituição Federal. -Em que pese o entendimento da Fiscalização, cumpre destacar que o raciocínio esboçado no auto de infração em nenhuma hipótese merece prevalecer sobre aquele defendido pela contribuinte, eis que não há no inciso In do 99~do artigo 3~ da Lei 9.718/98, qualquer dispositivo ou comando que limite o seu alcance às operações de compartilhamento de riscos entre operadoras. -Ao contrário do que defende a motivação do auto de infração, o comando inserido no inciso In do 99~ do artigo 3~ da Lei 9718/98, prevê que ofator a ser deduzido da base de cálculo do PIS e da Cofins será apurado a partir da subtração do valor total dos EVENTOS IDENIzAvEIS (despesas assistenciais) efetivamente pago menos a quantia recebida a título de "transferência de responsabilidade". -Essa "transferência de responsabilidade" nada mais é do que o compartilhamento de riscos entre Operadoras, no qual a rede credenciada de uma Operadora atende o usuário de outra e, esta,por sua vez, restitui àquela os gastosfeitos por seu cliente. -Ou seja, a operadora sediada em Varginha contrata a Sosaude de Belo Horizonte para disponibilizar sua rede credenciada aos seus usuários, garantindo-lhe atendimento na Capital Mineira. Comprometendo-se, se for o caso, a arcar com os custos do evento, ressarcindo-a a despesa. -Na via inversa também ocorre, de maneira que as operadoras acabam compartilhando suas redes, funcionando uma como fiadora da outra. Assim, a Sosaúde banca junto aos seus credenciados o atendimento feito ao cliente da operadora de Varginha e vice-versa. -Ora, retornando ao nosso exemplo: uma vez efetuado o gasto pelo usuário de operadora de Varginha em BH, na rede credenciada da Sosaude, dois são os efeitos desse atendimento para a operadora "Sosaude", isto é: (i) pagar o prestador de serviço credenciado à sua rede; e, (ii) receber da operadora de Varginha o ressarcimento da despesa verificada. -Concluindo, no que toca ao mencionado inciso In o PIS e a Cofins necessariamente deverão ser recolhidos pelas Operadoras de Planos de Saúde com base na seguinte equação: BASE DE CÁLCULO = FATURAMENTO - (EVENTOS 4 Processo nO 10680.722154/2011-69 Acórdão n.o 3201-01.285 INDENIZÁ VEIS - TRANSFERÊNCIA DE RISCOS), na qual os Eventos Indenizáveis são as despesas assistenciais feitas por cada usuário; e, a Transferência de Risco os valores recebidos de outras Operadoras em decorrência de compartilhamento de riscos ou compartilhamento de rede credenciada. -In casu, a empresa autuada não detinha compartilhamento de riscos com outras Operadoras, fato que por si só lhe autorizava a deduzir integralmente o valor total dos EVENTOS INDENIZÁVEIS efetivamente pagos da base de cálculo do PIS e Cofins, como efetivamente fez. Requer a improcedência do auto de infração. S3-C2T1 FI. 372 Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belo Horizonte/MG indeferiu o pleito do recorrente, conforme Decisão DRJ/BHE n.O34.519, de 12/09/2011: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 Base de Cálculo A contribuição lançada tem como base de cálculo o faturamento mensal ajustado, como previsto na MP n° 2.158-35, de 2001, em seu art. 2~ que alterou o art. 3° da Lei nO9.718, de 1998. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 Base de Cálculo A contribuição lançada tem como base de cálculo o faturamento mensal ajustado, como previsto na MP n° 2.158-35, de 2001, em seu art. 2~ que alterou o art. 3 °da Lei n° 9.718, de 1998. Impugnação Improcedente. Em face da decisão, o contribuinte é intimado, interpondo recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes, Relator o recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. Discute-se no recurso interposto a sujeição passiva e a base de cálculo do PIS e da COFINS das empresas operadoras de planos de saúde. Com a devida vênia, o entendimento da recorrente não merece prosperar. e=s:- 5 A alegação de não sujeição passiva às contribúições ora debatidas se esvai não só pelo fato da expressa previsão legal constante da Lei n.o 9.718/98, abaixo transcrita, como pela própria defesa da recorrente, que assume explicitamente a sua sujeição passiva e discute as deduções da base de cálculo. A lei n.O 9.718/98 é clara quanto à receita e deduções previstas para apuração das contribuições devidas: Art. 3°O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta dapessoa jurídica. (..) 9 90 Na determinação da base de cálculo da contribuiçãopara o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória n° 2158-35, de 2001) I - co-responsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória n° 2158-35, de 2001) 11- a parcela das contraprestações pecumanas destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória n° 2158-35, de 2001) 111- o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamentepago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluídopela Medida Provisória n° 2158-35, de 2001) (..) Qualquer dedução fora das previstas legalmente não podem ser mantidas, fato efetivamente realizado pela recorrente, como bem dispõe o relatório fiscal de fls. 22. Ainda, no que tange à receita auferida, esta deve seguir o previsto na mesma norma, não havendo qualquer tipo de redução, como pretende a recorrente. Neste sentido, tenho que concordar com o posicionamento adotado pela decisão recorrida, a qual assim concluiu: No caso, o contribuinte recebe pagamentos mensais de "clientes ", referentes ao direito de assistência à saúde, gerando uma nova receita, quepode ou não gerar lucro. Na sua definição, o contribuinte confundiu receita, que é um acréscimo do Ativo que não considera a despesa ou custo na sua realização, com lucro, que é um acréscimo patrimonial efetivo do contribuinte, aumentando o Patrimônio (receita menos despesa). O argumento de que parte dos valores recebidos ou a receber decorrentes da atividade de venda da organização não representa receita nãopode ser aceito,porque, assim, até mesmo nas empresas não haveria "receita" como previsto na teoria contábil. Seguindo esse raciocínio equivocado, a receita das empresas não poderia conter o custo da mercadoria vendida, p~ seria apenas repasse aofornecedor. 6 Processo n° 10680.722154/2011-69 Acórdão n.o 3201-01.285 Conforme o disposto nas Leis 9.718/1998, as contribuições lançadas têm como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo que o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Constata-se que a opção do legislador foi a generalização do alcance da incidência das contribuições em tela. Já, ao tratar das hipóteses de exclusão da base de cálculo, a norma foi bastante seletiva, restringindo-as a um pequeno rol, numerus clausus. S3-C2T1 FI. 373 Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, prejudicados os demais argumentos. <e Sala das Sessões, e Luciano Lopes de 7 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007
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