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Numero do processo: 10183.003758/2006-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. POSSIBILIDADE.
Admitem-se os embargos de declaração uma vez demonstrada a existência de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, o recurso voluntário e o recurso de ofício foram julgados em processos distintos, entretanto os questionamentos foram analisados em conjunto, de forma que não ocorreu vício de contradição ou omissão.
Numero da decisão: 2401-005.486
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em conhecer dos embargos e, no mérito, rejeitá-los.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. POSSIBILIDADE. Admitemse os embargos de declaração uma vez demonstrada a existência de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, o recurso voluntário e o recurso de ofício foram julgados em processos distintos, entretanto os questionamentos foram analisados em conjunto, de forma que não ocorreu vício de contradição ou omissão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em conhecer dos embargos e, no mérito, rejeitálos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 37 58 /2 00 6- 56 Fl. 892DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 869 2 Relatório Tratamse de embargos de declaração do sujeito passivo em face dos Acórdãos nº 210100.716 (fls. 801/803 Processo nº 10183.003758/200656 Recurso de Ofício) e Acórdão nº 210100717 (fls. 456/462 Processo nº 10980.720051/200884 Recurso Voluntário), ambos da 2ªSeção/1ª Câmara/1ª TO, processos conexos, julgados na sessão do dia 19/08/2010, cujas ementas e dispositivos estão respectivamente assim redigidos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. SOBREPOSIÇÃO DE ÁREA. A exploração extrativa em área de reserva legal não deve ser considerada como Área utilizada na DITR. Recurso Provido. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso de oficio, nos termos do voto do Relato". [...] ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. Existindo prova nos autos da área efetiva do imóvel, devese restabelecer o quantitativo informado pelo contribuinte em sua DITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. É isenta de tributação a área de utilização limitada, mesmo que nela haja exploração de atividade extrativa, sob o regime de manejo sustentável. CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. Não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista a glosa da área de exploração extrativa, mantida no recurso de oficio. Recurso provido em parte. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 870 3 Às fls. 864/867 (Processo nº 10183.003758/200656), consta despacho de admissibilidade dos embargos, com a seguinte análise: ANÁLISE Os embargos foram interpostos dentro do prazo legal. Em 06/08/2008, o contribuinte apresentou recurso voluntário contra todo o crédito tributário lançado no auto de infração e não apenas contra a parte que havia sido considerada não impugnada, conforme a seguir: SINOPEMA S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS; pessoa jurídica de direito privado, devidamente qualificada nos autos do processo 10183.0037582/200656, Recurso número 142589, vem perante Vossa Senhoria, não se conformando com decisão proferida pela Delegacia Regional de Julgamento de Campo Grande no acórdão 04:12.015, que julgou pela procedência parcial do lançamento de oficio consubstanciado pelo AUTO DE INFRAÇÃO de fls. 2 e seguintes, mantendo a. cobrança da importância especificada às fls. 268, vem apresentar RECURSO ao E. 3o. Conselho de Contribuintes, em Brasília, DF, na forma das razões que abaixo são articuladas. Há que se observar que o relator do acórdão relativo ao crédito tributário sujeito ao recurso de ofício (acórdão 210100.716 — 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária consignou, no relatório, a existência do processo 10980.720051/200884, contudo não considerou as razões/defesa do contribuinte, que estavam anexadas naquele processo. CONCLUSÃO Entendo que houve omissão no julgado, tendo em vista que a impugnação do contribuinte, anexada apenas aos autos do recurso voluntário, referiuse a todo o lançamento tributário, mas fora desconsiderada na análise do recurso de ofício, o que acarretou também o cerceamento do direito de defesa. Assim, proponho que os embargos sejam conhecidos e analisados. Às fls. 555/558 (Processo nº 10980.720051/200884), consta despacho de admissibilidade dos embargos, com a seguinte análise: Analiso a argumentação. Ainda que não tenha encontrado, no âmbito do Recurso Voluntário de efls. 427 a 445, qualquer pedido de julgamento conjunto do presente feito e do Processo 10183.003758/200656, o que descaracteriza a existência de omissão no Acórdão embargado, entendo se estar diante de caso típico de conexão, gerado pelo desmembramento inicialmente realizado, cuja Fl. 894DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 871 4 motivação deixou de subsistir após o ingresso do Recurso Voluntário no âmbito do presente feito, possibilitado por posterior decisão judicial no sentido de reabertura de prazo para interposição do referido recurso (vide efl. 419). Mais especificamente, presente o requisito para reunião de processos por conexão estabelecido no art. 6o, inciso I do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015 (exigência de crédito tributário baseada em fato idêntico). Reforçase tal constatação, ainda, pela própria fundamentação do Acórdão embargado, que se baseia, de forma expressa, no julgamento realizado no âmbito do referido Processo 10183.003758/200656, a fim de negar o pedido relativo à alíquota aplicável deduzido no âmbito do presente, verbis (efl. 462): " (...) Por fim, não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista o provimento ao recurso de oficio, que restabeleceu a glosa efetuada pela fiscalização. (...)" Diante do exposto, ainda que opine pela rejeição dos presentes embargos (dada a inexistência de omissão no acórdão, visto que não deduzido o pedido de reunião de processos no âmbito do Recurso Voluntário do Contribuinte de efls. 427 a 445), entendo como necessário o encaminhamento imediato do presente feito à 1a. Turma Ordinária da 4a. Câmara desta 2a. Seção (Turma responsável pela análise, ainda pendente, dos embargos ingressados contra o Acórdão 2.10100.716, proferido no âmbito do Processo 10183.003758/200656, onde se deduziu o pedido de julgamento conjunto, às efls. 587 a 589 daqueles autos), a fim de que se realize o julgamento conjunto dos embargos ingressados nos feitos conexos, de forma a se evitar que decisões finais conflitantes sejam proferidas e/ou ratificadas. É o relatório. Fl. 895DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 872 5 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Os embargos de declaração dos processos de nºs 10183.003758/200656 e 10980.720051/200884, atendem aos requisitos de admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Por tratarem de matéria conexa, a presente análise dos aclaratórios deve ser feita em conjunto. Contextualização do Lançamento de Oficio O lançamento do crédito tributário do imposto sobre a propriedade territorial rural controlado neste processo decorreu de procedimento de malha fiscal do exercício 2002, em que foram efetuadas alteração na área total do imóvel e glosas na área de utilização limitada e na área utilizada com exploração extrativa, conforme demonstrativos de fls. 3/29. Impugnado o lançamento em apreço, restou consignado na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem (fls. 514/542 Processo 10183.003758/200656), o seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 Área Total Matrícula A matricula do imóvel é o documento oficial da propriedade. Alienações ou outras alterações quanto dimensão da Área surtem efeitos a partir da averbação da escritura pública de compra e venda, ou outros documentos oficiais, na matricula. 0 contrato particular, por sua vez, faz efeito somente entre as partes contratantes. Áreas com regime de manejo sustentado O elenco das Áreas não tributáveis constante da legislação não contempla as florestas com exploração de manejo sustentado. Exploração Extrativa A glosa parcial da Área de exploração extrativa é possível ser revertida quando apresentada documentação comprobatória da regularização dessa atividade na propriedade. Lançamento Procedente em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os integrantes da 1ª Turma de Julgamento desta delegacia, por unanimidade de votos, EM REJEITAR AS PRELIMINARES DE NULIDADE ARGUIDAS PELA INTERESSADA E, NO MÉRITO, CONSIDERAR PROCEDENTE EM PARTE O LANÇAMENTO DO ITR/002, mantendo parcialmente o crédito tributário Fl. 896DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 873 6 exigido, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, o qual se submete a RECURSO DE OFICIO, perante o Terceiro Conselho de Contribuintes, em atenção ao disposto no art. 34, do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações introduzidas pela Lei n° 9.532/1997 e Portaria MF n° 375/2001, art. 2°. [...] 40. Com referência a área de Exploração Extrativa, diversamente do ocorrido com a área isenta no mencionado processo já julgado, a impugnante anexou alguns documentos possíveis de aceitação, o quais não haviam sido apresentados para a fiscalização, principalmente as cópias das matriculas e as certidões do cartório confirmando, especificamente, as averbações do Plano de Manejo, em dimensão total conforme foi declarada pela interessada, 21.540,0 hectares, cuja exploração efetiva está comprovada pelas autorizações e notas fiscais. 41. Com relação ao VTN, como já dito, o mesmo não foi arbitrado pela autoridade lançadora como alegado pela impugnante. Nem mesmo foi objeto de intimação para comprovação. Ele foi calculado pelo sistema a partir do Valor Total do Imóvel e das Benfeitorias, exatamente como consta da declaração, dados que fazem a diferença entre um e outros imóveis da regido. O que houve foi a readequação da área tributada e, com isso, utilizandose dos mesmos valores declarados, o VTN tributado aumentou. 42. Ainda assim, o VTN tributado em pauta será alterado favoravelmente à interessada, considerando a reversão da glosa da área de Exploração Extrativa, pois, aumentará a dimensão da área utilizada, o GU e, em conseqüência, a alíquota de cálculo diminuirá minorando, também, o valor do lançamento. 43. E assim, com a aceitação da totalidade da área de Exploração Extrativa, a mesma e a Área Utilizada passam de 3.555,0 hectares para 21.540,0 hectares como declarados, o Grau de Utilização de 7,1% para 43,0%, a Aliquota de 20,0% diminui para 12,0%, a qual, aplicandose ao VTN tributado, apura um Imposto Devido que passa de R$ 1.878.110,37 para R$ 1.126.866,22, do qual subtraindo o valor calculado pela interessada, R$ 22.250,65, a Diferença de imposto a pagar apurada (apurado — declarado) de R$ 1.855.859,72 passa para 1.104.615,57. Com essa nova diferença encontrada, a multa, os juros de mora e o total do crédito tributário, até a data do lançamento, ficam da seguinte forma: (grifouse) Como se percebe na decisão de piso, a área utilizada com Exploração Extrativa foi restabelecida de 3.555,0 ha para 21,540,0 ha, nos termos informado na DITR/2002. Como consequência, foram alterados o grau de utilização e alíquota e o valor do Imposto devido. Fl. 897DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 874 7 Às fls. 571, consta despacho da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Cuiabá (MT) registrando que o sujeito passivo tomou ciência do Acórdão nº 0412.015/2007 em 31/10/2007 e que não apresentou Recurso Voluntário, que o crédito tributário mantido ( R$ 1.104.615,57) está sendo controlado no processo nº 10980.720051/200884. A parte exonerada (R$ 751.244,15), controlado neste processo, foi encaminhada ao Terceiro Conselho de Contribuintes para julgamento do recurso de ofício. Na ação judicial nº 2008.70.00.0138424 (Mandado de Segurança), em trâmite perante a 4ª Vara Federal de Curitiba, o sujeito passivo foi beneficiado com medida judicial que reabriu o prazo para apresentação de recurso voluntário, conforme dispositivo da sentença abaixo: Ante o exposto, julgo procedente a presente ação mandamental para anular o lançamento tributário desde a notificação fiscal da decisão administrativa que analisou a impugnação do contribuinte, reabrindolhe o prazo para apresentação de recurso voluntário junto ao Conselho de Contribuintes nos autos no. 10183.003758/200656. Consta às fls. 449 (Processo nº 10980.720051/200884) despacho da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de jurisdição, com o seguinte teor: Este processo foi formalizado para receber parte do credito controlado pelo processo 10183.003758/200656, cujo contribuinte não apresentou recurso voluntário ao conselho de contribuintes (R$ 1.104.615,57), com finalidade de envio a PFNMT para inscrição em DAU. Através do Memorando PFN/PR/DIVIDA ATIVA/N° 1.527/2008, a PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL NO PARANÁ, nos comunicou do deferimento do pedido de liminar nos autos de mandato de segurança n° 2008.70.00.0138424/PR (4a Vara Federal de Curitiba), onde se determinou que fosse reaberto ao contribuinte o prazo para apreciação de recurso voluntário. Em 14/11/2008 o contribuinte, através da INTIMAÇÃO N° 1069/2008SECAT/DRFCUIABÁ/ MT, tomou ciência do acórdão 0412.015 — l a Turma da DRJ/CGE. Em 24/11/2008 apresentou, tempestivamente recurso voluntário. Em Sessão do dia 19 de agosto de 2010, os membros da 1ªTO/1ªCâmara/2ª Seção por unanimidade de votos, resolvem dar provimento ao recurso de oficio, nos termos do voto do Relator, para reformar a decisão a quo para considerar, conforme ementa do Acórdão nº 210100.716 (fls. 801/803), que a exploração extrativa em área de reserva legal não deve ser considerada como área utilizada na DITR. Também em Sessão do dia 19 de agosto de 2010, o Recurso Voluntário foi julgado no processo nº 10980.720051/200884, sendo o resultado pelo provimento parcial do recurso, nos termos do voto do relator. Dos fundamentos do voto, retiramse as seguintes conclusões: Examinado a matéria objeto deste recurso voluntário, entendo que a reserva legal informada pela autuada da DITR de 2002 Fl. 898DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 875 8 deve ser plenamente restabelecida, pois a área de utilização limitada de 19.029,25 hectares, glosada pela fiscalização, corresponde à atividade extrativista indicada nas matriculas nos 6396, 6397 e 6399, realizada sob o regime de manejo sustentável em área de utilização limitada, que é isenta de tributação. Os elementos de prova nos autos dão suporte ao pleito da recorrente para que se restabeleça a área total do imóvel informada na DITR do exercício de 2002. Com efeito, consta dos autos sentença judicial de 2005, em ação de retificação de registro público de imóvel rural, alterando a área de 76.740,00ha para 71.877,7981ha (fls. 210/212). Tal redução também encontra suporte no Oficio do INCRA à fl. 217, datado de 28/07/2006. Da mesma forma, a redução da área vendida a terceiros (2.420,00 hectares), conforme Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda a pessoa, as fls. 213/216, datado de 20/09/1999, deve ser acatada, tendo em vista o disposto no § 2° do artigo 10 do Regulamento do ITR, aprovado pelo Decreto n° 4.382, de 2002, e no manual de perguntas e respostas de 2007, pergunta n° 60, a seguir transcrito. Cumpre ainda observar que o adquirente apresentou DITR da referida área (fls. 163/164): A área total do Imóvel deve se referir a situação existente na data da efetiva entrega da declaração do ITR, independentemente de atualização no registro imobiliário. Por fim, não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista o provimento ao recurso de oficio, que restabeleceu a glosa efetuada pela fiscalização. Em face ao posto, dou provimento parcial ao recurso. Em resumo, temse o seguinte após julgamento dos recursos voluntários e de ofício: DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE ITR/2002 Distribuição da Área do Imóvel (ha) Declarado DITR/2002 Apurado pela MALHA Fiscalização Acórdão nº 04 12.015 DRJ/CGE Acórdãos nºs 2101 00717 (RV) e 2101 00716 (RO)/CARF 01. Área total 69.549,0 76.740,0 76.740,0 69.549,0 02. Área de Preservação Permanente 1.986,0 1.986,0 1.986,0 1.986,00 03. Área de Utilização Limitada 43.627,2 24.598,0 24.598,0 43.627,2 04. Área Tributável (010203) 23.935,8 50.156,0 50.156,0 23.935,8 05. Área Ocupada com Benfeitorias 32,5 32,5 32,5 32,5 06. Área Aproveitável (0405) 23.903,3 50.123,5 50.123,5 23.903,3 Distribuição da Área Utilizada (ha) 07. Produtos Vegetais 0,0 0,0 0,0 0,0 08. Pastagens 0,0 0,0 0,0 0,0 09. Exploração Extrativa 21.540,0 3.555,0 21.540,0 3.555,0 10. Atividade Granjeira/Agrícola 0,0 0,0 0,0 0,0 11. Área Utilizada (07+08+09+10) 21.540,0 3.555,0 21.540,0 3.555,0 12. Grau de Utilização (11/06)*100 90,2% 7,1% 43,0% 14,87% Fl. 899DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 876 9 Cálculo do Valor da Terra Nua (R$) 13. Valor Total do Imóvel 15.169.628,00 15.169.628,00 15.169.628,00 15.169.628,00 14. Valor das Benfeitorias 800.000,00 800.000,00 800.000,00 800.000,00 15. Valor das Culturas Pastagens Florestas 0,00 0,00 0,00 0,00 16. Valor da Terra Nua (131415) 14.369.628,00 14.369.628,00 14.369.628,00 14.369.628,00 Cálculo do Imposto 17. Valor da Terra Nua Tributável (04/01)*16 4.944.588,99 9.390.551,89 9.390.551,89 4.944.588,99 18. Alíquota 0,45 20,00 12,00 20,0 19. Imposto devido (17*18)/100 22.250,65 1.878.110,37 1.126.866,22 988.917,80 Feitos essas breves considerações, passase agora análise da matéria ventiladas nos respectivos embargos. Análise dos Embargos nos Processos nº 10183.003758/200656 e nº 10980.720051/200884 Informa a embargante que noticiou a concessão de medida judicial, que possibilitou a reabertura do prazo para apresentação de recurso voluntário, e que o desmembramento dos autos não mais se justificaria exatamente pelo exercício deste direito. Diz ainda dada a relevância jurídica desta questão, os julgamentos dos recursos das partes sejam unos. Entende que, neste caso, ocorreu omissão no acórdão recorrido. Pois bem. Quanto a esse aspecto, verifico que não ocorreu omissão no julgamento dos recursos quanto a decisão de piso (Acórdão 0412.015 1ª Turma da DRL/CGE), pelas seguintes razões: 1) a uma, os Recursos Voluntários e de Ofício foram julgados na mesma sessão, ocorrida no dia 19 de agosto de 2010, de acordo com o Acórdão nº 210100.717 (Recurso Voluntário) do Processo nº 10980.720051/200884 (fls. 456/462) e Acórdão nº 2101 00.716 (Recurso de Ofício) do Processo nº 10183.003758/200656 (fls. 801/803); 2) a duas, no julgamento do Recurso Voluntário foram abordados os aspectos levantados na sua peça recursal, inclusive nos seus fundamentos o julgador fez referência ao julgamento do Recurso de Ofício, neste termos: Inicialmente, cumpre observar que o recurso de oficio, interposto pelo próprio órgão julgador de primeiro grau (Acórdão n° 0412.015, de 25/05/2007), foi analisado no PAF if 10183.003758/200656, com as seguintes considerações: [...] Foi exatamente esta situação que ocorreu no caso em exame, pois a área de exploração extrativa, considerada na decisão a quo (fl. 261), situase em área de reserva legal, devidamente averbada no cartório imobiliário: Assim, para verificar a correição da declaração apresentada, a declarante foi intimada a comprovar a regularidade das áreas isentas e da de exploração extrativa, porém, como já visto, tais comprovantes foram parcialmente apresentados, pois, apesar de existência de averbação na matricula do imóvel da Reserva Legal e do ADA, parte da Área de Utilização Limitada averbada tratase de área com Plano de Manejo Sustentado, não isenta pela legislação. Além de haver sido informada como de Reserva Legal, a mesma área foi declarada como de exploração extrativa. (..) Fl. 900DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 877 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso de oficio." Portanto, observase que, apesar de formalmente os recursos estarem em decisões separadas, a análise abordou, de forma conjunta, todos os aspectos do r. acórdão recorrido e que, desta forma, não houve cerceamento de direito na análise dos presentes recursos. Diz o embargante que outro fato a ensejar o cabimentos dos presentes, reside nas circunstâncias de que o provimento do recurso se deu porque: " a área de exploração extrativa, considerada na decisão a quo (fls. 261) situase em área de reserva legal, devidamente averbada no cartório imobiliário", conforme fls. 397/39". Prossegue argumentando que a DRJ de Campo Grande considerou que a impugnante anexou documentos passíveis de aceitação. Entende ainda o embargante, após julgamentos dos recursos, que é indevida a cobrança do valor remanescente do ITR/2002, considerandose que no caso devese aplicar a alíquota de 0,45%. Neste ponto, esclarecese que os embargos, nos termos do art. 65 do Regulamento do CARF, não se prestam a analisar inconformidade no decisum, a qual deve ser debatida em via própria. Na realidade, busca o embargante a modificação da decisão, com exame de elementos de prova, sendo que esse meio não encontra respaldo nas matérias objeto de embargos de declaração. Portanto, sem razão a embargante. Conclusão Em vista do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração por inexistir omissão a ser sanada. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 901DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.723486/2015-16
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA E REFORMA OU PENSÃO. LAUDO PERICIAL. COMPROVAÇÃO. ISENÇÃO.
A isenção do IRPF sobre proventos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão ao portador de moléstia grave está condicionada a comprovação da patologia mediante laudo pericial, devidamente justificado. Elementos justificam na forma documental a data da ocorrência da situação alegada.
Declaração de ajuste do Imposto de Renda considera os rendimentos de aposentadoria como abrangidos pela isenção em razão de Moléstia Grave.
A glosa por recusa de aceitação dos comprovantes apresentados pelo contribuinte deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a inocorrência da situação na data apontada no documento.
Numero da decisão: 2001-000.350
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA E REFORMA OU PENSÃO. LAUDO PERICIAL. COMPROVAÇÃO. ISENÇÃO. A isenção do IRPF sobre proventos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão ao portador de moléstia grave está condicionada a comprovação da patologia mediante laudo pericial, devidamente justificado. Elementos justificam na forma documental a data da ocorrência da situação alegada. Declaração de ajuste do Imposto de Renda considera os rendimentos de aposentadoria como abrangidos pela isenção em razão de Moléstia Grave. A glosa por recusa de aceitação dos comprovantes apresentados pelo contribuinte deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a inocorrência da situação na data apontada no documento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira – Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 34 86 /2 01 5- 16 Fl. 57DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por omissão à tributação de rendimentos considerados isentos pelo Recorrente em razão da alegada moléstia grave no período. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 2.611,28, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2013. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta a falta de comprovação suficiente para justificar a não aceitação da isenção, nos moldes que entende devam ser atendidos os requisitos legais, com a apresentação de elementos de forte comprovação da ocorrência da moléstia alegada no espaço temporal da utilização do benefício fiscal da isenção. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que os comprovantes não se enquadram nas exigências da legislação em vigor à época da ocorrência, como a seguir dispõe: (...) De acordo com o contido no anexo Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 07, a autoridade fiscal procedeu ao lançamento da seguinte infração abaixo relacionada: Rendimento Indevidamente Considerados Isentos Por Moléstia Grave – Não Comprovação da Moléstia ou sua Condição de Aposentado, Pensionista Ou Reformado – R$ 48.875,92 – proveniente das fontes pagadoras Instituto Nacional do Seguro Social – INSS no valor de R$ 33.489,68 e Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social no valor de R$ 15.386,24, ambas para o titular. Informa a autoridade lançadora que o notificado não apresentou laudo pericial expedido por serviço médico oficial e publicação de ato concessivo de aposentadoria. (...) Sobre a isenção concedida aos aposentados e pensionistas portadores de moléstias graves outorgada pelo art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713 de 22/12/1988, com a nova redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541 de 23/12/1992, assim ficou regulamentada a questão: (...) Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10530.723486/201516 Acórdão n.º 2001000.350 S2C0T1 Fl. 58 3 Dispondo sobre essa concessão, o artigo 30 da Lei nº 9.250 de 26/12/1995 veio a exigir, a partir de 1º de janeiro de 1996, para reconhecimento de novas isenções, que a doença fosse comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, como se verifica na transcrição do texto legal que se segue: (...) Da leitura do dispositivo legal acima, depreendese que, para fazer jus à isenção pleiteada, é necessário que o contribuinte comprove o preenchimento cumulativo dos requisitos a seguir enumerados: 1. que os rendimentos percebidos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma; 2. que a moléstia grave tipificada no texto legal, contraída antes ou após a aposentadoria, reforma ou pensão, seja comprovada através de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios; (...) Neste sentido, pela prova anexada aos autos, não é possível considerar que os rendimentos auferidos pelo contribuinte estavam isentos, posto que para acatamento do pleito e reconhecimento da benesse fiscal, se faz necessário o cumprimento cumulativo de ambos os requisitos previstos em lei (acima mencionados), assim como as disposições específicas do artigo 30 da Lei nº 9.250 de 26/12/1995 (laudo pericial emitido por serviço médico oficial). Diante de todo o anteriormente exposto, e considerando que a presente notificação fiscal foi lavrada com observância dos preceitos legais vigentes, voto no sentido julgar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO APRESENTADA, declarando o contribuinte devedor do crédito tributário apurado. Assim, ao final, conclui a decisão de piso pela improcedência da impugnação para manter o crédito tributário exigido, pelo não reconhecimento do direito à isenção pleiteada referente período. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) Fl. 59DF CARF MF 4 (...) (...) Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10530.723486/201516 Acórdão n.º 2001000.350 S2C0T1 Fl. 59 5 (...) É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A questão aqui tratada é de reconhecimento ou não ao direito à isenção do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, para portadores de moléstia grave prevista em lei, devendo para isso preencher os requisitos básicos, cumulativamente, no mesmo período, de recebimento de rendimentos de aposentaria, reforma, reserva remunerada ou pensão com a existência da enfermidade que permite a isenção do imposto. O de natureza legal conforme disposto na legislação tributária que rege a questão, especialmente o art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 1988, com a redação da Lei nº 11.052, de 2004, assim estabelece: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. (grifei) Fl. 61DF CARF MF 6 Em sequência temse o previsto no inciso XXXIII, artigo 39 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000/99, "não entrarão no cômputo do rendimento bruto": "XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º);" O parágrafo 4º do mesmo dispositivo define as condições para reconhecimento de tal isenção: "§4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº9.250, de 1995, art. 30 e § 1º)." Seguindo no disciplinar das condições para verificação de enquadramento de contribuintes nas regras isentivas, o artigo 5º do mesmo artigo assim dispõe: "§5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicam se aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo pericial ou do parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial." A matéria inclusive já se encontra sumulada no CARF: Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10530.723486/201516 Acórdão n.º 2001000.350 S2C0T1 Fl. 60 7 Outro, o de natureza comprobatória da existência da moléstia grave e a constatação da data de início da comprovação do direto ao benefício fiscal, apontado em laudo pericial específico, para esse fim elaborado, fulcro do objeto da lide. Assim, os elementos comprobatórios para a concessão da isenção do Imposto sobre a Renda no caso de Moléstia Grave, cumulativamente no mesmo período, são: 1 – Ser o contribuinte portador de moléstia especificada na Lei; 2 – Ser o contribuinte recebedor de rendimentos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão; 3 – Dispor o contribuinte de Laudo que constate a Doença Grave, identificando a data do início da ocorrência e, na falta desta informação a que corresponda à realização dos exames definidores da moléstia. Postas as condições para concessão da desoneração tributária em lide cumpre analisar, no caso concreto, a situação fática e legal de enquadramento do Recorrente. O Contribuinte efetuou sua declaração do Imposto de Renda considerando os rendimentos de aposentadoria no item específico que isenta do tributo com base no inciso XIV, art. 6º, da Lei nº 7.713/88 e inciso XXXIII, do art. 39, do Decreto nº 3.000/99, e por essa providência usufruir do benefício fiscal da isenção em razão da existência de sua moléstia considerada grave. A lide aponta de maneira fulcral para a questão da prova e data da constatação da moléstia e da data de início da efetiva causalidade do pressuposto básico e definidor do direito ao benefício da isenção com base nos dispositivos legais antes citados. Os relatórios médicos que atestam a doença foram juntados a processo (fl. 09 a 17), e Laudo Médico Pericial de 21/07/2015, que atestam a existência da moléstia desde 2007, conforme fls. 23 e 24. Na fl. 53 do processo consta o Relatório Médico do Centro de Saúde Luis Eduardo Magalhães, da Secretaria da Saúde do Município de Serrinha do Estado da Bahia, que atesta a ocorrência da moléstia grave desde 02.07.2007. Assim, em razão do laudo oficial ter sido firmado considerando que os efeitos definidores da doença grave estão presentes na pessoa do Contribuinte corroborado com firmeza por relatórios médicos e exames juntados ao presente processo que reportam o estágio permanente da enfermidade desde o ano de 2007, e a condição de aposentado, inclusive prematura, do Recorrente, constatase o direito ao beneficio fiscal pleiteado do aproveitamento da isenção do Imposto sobre a Renda, ao amparo dos termos da legislação pertinente. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, para reconhecer a isenção tributária sobre os proventos de aposentadoria como constante na declaração do Imposto sobre a Renda. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 63DF CARF MF 8 Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.000592/2008-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
Ementa:
PRELIMINAR DE NULIDADE. INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária e não quebra do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. Portanto, não restou justificada as alegações trazidas pela contribuinte que ensejasse a nulidade do auto de infração
OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INCOMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF).
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Não tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado procedente.
Numero da decisão: 1301-003.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as argüições de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária e não quebra do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. Portanto, não restou justificada as alegações trazidas pela contribuinte que ensejasse a nulidade do auto de infração OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INCOMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Não tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado procedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as argüições de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 05 92 /2 00 8- 46 Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 465 2 (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase o presente processo de autuação fiscal decorrente de omissão de receitas no anocalendário de 2004, o que culminou com a lavratura dos autos de infração, exigindo os créditos tributários no montante de R$ 428.663,34, relativos ao Simples. Vejamos as descrições dos fatos do auto de infração e seus desdobramentos, conforme se extrai do relatório constante no Acórdão nº 0919.611 prolatado pela 2ª Turma da DRJ/JFA (fl. 430): Foram lavrados pela Fiscalização da Receita Federal do Brasil em Uberlândia/MG, Autos de Infração pra exigir da empresa supra identificada os tributos e contribuições abrangidos pela sistemática do SIMPLES Sistema Integrado de Imposto e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, quais sejam: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas , no valor de R$ 14.528,14, (fl. 04/11); a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no valor de R$ 23.793,95 (fls. 012/19); a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, no valor de R$ 47.587,92 (fl. 020/27); a Contribuição para o PIS/PASEP, no valor de 14.528,14 (fl.028/35); a Contribuição para a Seguridade Social INSS, no valor de R$ 89.928,80 (fl. 036/043), aros quais foram acrescidos multa de ofício e juros moratórios, com base na Selic, totalizando crédito tributário no valor de R$ 428.663,34. Intimada inicialmente a apresentar Livro caixa . e extratos bancários a empresa não logrou atender a solicitação . Os valores dos créditos dos extratos bancários, solicitados via RMF, após conciliação foram objeto de Intimação para que o contribuinte comprovasse a origem dos mesmos. Extinto o prazo sem que houvesse manifestação do fiscalizado, nova Intimação foi lavrada, no entanto, não houve atendimento, o que culminou na lavratura do autos acima descritos. Além dos créditos bancários existentes na conta da empresa foram considerados também os créditos havidos na conta corrente mantida em nome do sócio MARCOS DE MELO GONTIJO, acatandose a declaração deste. Em 18/03/2008 o contribuinte apresentou impugnação alegando preliminarmente a nulidade do lançamento em razão da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial e quanto ao mérito argüi que o fato gerador do imposto é a disponibilidade de renda e proventos , portanto, "é imprescindível que seja comprovada a utilização dos valores depositados como renda consumida." Cita acórdãos do Conselho de Contribuintes e decisão do STJ e afirma "assim, como os depósitos bancários analisados isoladamente não podem ser considerados Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 466 3 como renda, não tem como prosperar essa parte do lançamento, que deveria ser cancelado na totalidade." Caso não acatados tais argumentos entende que de toda forma o lançamento deveria ser reformado haja vista que "na apuração da receita omitida devem ser excluídos os valores de créditos inferiores a R$ 12.000, 00 dos anos 2002 a 2005, já que a somatória dos depósitos ocorridos nos citados anoscalendário não superam o montante de R$80.000 00. " A DRJ, ao analisar a impugnação apresentada, julgoua improcedente, mantendo o crédito tributário exigido. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (445/458), no qual repisa os argumentos da Impugnação e contesta os motivos que levaram à DRJ a julgar seu pedido improcedente. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator. O recurso voluntário foi tempestivamente interposto e atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. PRELIMINAR NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL DA ILEGAL QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO A Recorrente alega a nulidade do auto te infração, questionando a validade do procedimento fiscal, visto que teria ocorrido a quebra de seu sigilo bancário sem autorização judicial. Verificase que o acesso pelas autoridades administrativas às informações bancária tem fundamento na Constituição Federal, destacase: Art. 145 (...) § 1º Sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Por sua vez, encontra guarida no CTN, a saber: Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 467 4 Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: (...) II – os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; A Lei Complementar nº 105/2001 regulou os pormenores da solicitação de informações às instituições financeiras. Confirase: Art.1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) §3o Não constitui violação do dever de sigilo: (...) VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9o desta Lei Complementar. (...) Art.5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) §2º As informações transferidas na forma do caput deste artigo restringirseão a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados. (...) §4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. §5º As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor. Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 468 5 poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Notese que também foram editados Lei nº 10.174, de 2001 e o Decreto nº 3.724, de 2001, que vieram regrar com mais precisão a obtenção de dados, compondo o cenário jurídico no qual a autoridade fiscal está autorizada, nos casos previstos, a requisitar informações bancárias dos contribuintes fiscalizados. Inferese do apanhado legislativo a acima que o acesso às informações bancária não configura quebra do sigilo bancário, haja vista que as autoridades administrativas possuem tal condão durante todo o procedimento fiscalizatório. Isso, pois as informações se prestam apenas à constituição do crédito tributário ou eventual apuração do ilícito penal. Observase ainda que a Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira, feita pelo Auditor Fiscal no curso da fiscalização efetuada em face da Recorrente, tem como matriz legal o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 que determina: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Assim, o fiscal agindo dentro das hipóteses específicas, em que o acesso é permitido, utilizando destes com o fim na constituição do crédito tributário, a prova obtida é válida para este fim. Nesse sentido, a mais recentemente decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314 SP, em 24/02/2016, tratou da matéria, com reconhecimento da repercussão geral prevista no art. 543 B do antigo CPC, tendo proferido acórdão assim ementado: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. Fl. 468DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 469 6 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. Em sua decisão, o Supremo Tribunal Federal fixou as seguintes teses na sistemática da repercussão geral: "O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para fiscal”. Embora a referida decisão do STF ainda não tenha transitado em julgado, restou confirmado a constitucionalidade da LC 105/01, afastando qualquer violação ao dispositivo constitucional relativo ao sigilo de dados. Ademais, esse artigo de lei está em plena vigência, não possuindo este Colegiado competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula CARF nº 2, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, por estar o acesso às informações bancárias regularmente autorizado nas leis mencionadas, bem como no Decreto n° 3.724, de 2001, regulares (via RMF fls. 60) são os procedimentos aqui adotados e as provas assim obtidas, inexistindo qualquer prejuízo à validade da exigência. Assim, entendo que a pretensão da Recorrente nesse sentido não deve prosperar. MÉRITO Como visto, a origem da ação fiscal foi em razão de omissão de receita apurada por presunção legal a partir da falta de comprovação da origem dos depósitos efetuados em conta corrente de titularidade da Recorrente. A Recorrente foi intimada a apresentar seus extratos bancários das contas correntes mantidas nas instituições financeiras abaixo, bem como seu livro caixa relativo aos fatos ocorridos no anocalendário de 2004 Com efeito, a Recorrente não tendo atendido a intimação, foram emitidas Requisições de Movimentação Financeira – RMF (fls. 63/64), visando obter perante as instituições financeiras os extratos das contas correntes da Recorrente, nos termos do art. 6 da LC 105/01. Inferese que nos termos do art. 4º, §6º do Decreto 3.724/01, a RMF é indispensável ao andamento do procedimento fiscal em curso, pois esta tem o condão de confrontar o movimentação bancários da Recorrente com a receita declarada no período. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 470 7 De posse dos documentos, a Fiscalização intimou o contribuinte a apresentar documentação comprobatória sobre a origem e natureza os valores lançados, que circularam pelas contas correntes, conforme listado pela fiscalização às fls.67 a 98. Todavia, o contribuinte não apresentou nada nesse sentido. Desse modo, as movimentações financeiras realizadas no período (valores creditados nas contas bancária do contribuinte) foram consideras como receitas omitidas pela fiscalização, por força do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Assim, foram lavrados autos de infração com a exigência do crédito tributário na monta de R$ $ 428.663,34, relativo ao anocalendário de 2004. Feita narrativa dos fatos, passemos as razões de defesa da Recorrente: A Recorrente questiona a disponibilidade jurídica ou econômica, de renda ou de proventos de qualquer natureza, com base na realização de depósitos em conta bancária a ele pertencente. Ressalta que os depósitos bancários, quando muito, poderiam configurar como mero indícios da aferição da renda, mas não como a própria renda ou provento exigido no caso em tela. Destaca que os depósitos bancários, por si só, não caracterizam evidência de riqueza, necessitam de vários requisitos, a saber: perfeita identificação do sinal, fixação da renda tributável relacionado com o sinal, demonstração da natureza tributável do rendimento, etc. Tais argumentos não devem prosperar. Com o advento de legislações supervenientes, especificamente a Lei nº 9.430/96, o objeto da tributação deixou de ser os depósitos bancários em si, mas a omissão de receitas por eles representada e exteriorizada, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tal legislação criou a presunção legal que vincula autoridade fiscal. Assim, quando presentes seus pressupostos, quais sejam, a intimação ao contribuinte e a não comprovação da origem dos recursos usados nos depósitos bancários, deve ser feito o lançamento tributando esses valores como omissão de receita., com base no referido artigo 42. Portanto, o objeto da autuação deixou de ser os depósitos bancários em si, mas sim a omissão de receita por eles representada e exteriorizada, nos termos do artigo 42 supra. Assim, as alegações da recorrente no sentido de que o lançamento com fulcro em depósitos bancários são ilegítimos pelo fato de não podermos conceituar tais atos jurídicos como renda tributável são improcedentes. Fl. 470DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 471 8 Destaco, por oportuno, que o enquadramento legal utilizado nos autos de infração é o art. 42 da Lei nº 9.430/96. Isso equivale dizer que omissão de receitas caracteriza pelos valores creditados em contas de depósito mantida perante as instituições financeiras, as quais a contribuinte regularmente intimada não comprovou a origem dos recursos usados nos depósitos bancários. Na situação atual, a presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Incube, portanto, a Recorrente o ônus da prova, por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo este negar os fatos alegados pelo Fisco ou, ainda, poderá alegar outro fato que ateste a inexistência do fato objeto da autuação,. No caso em análise, a presunção não foi afastada, visto que não houve comprovação da origem dos valores depositados/creditados por parte do contribuinte, mesmo tendo sido intimada por mais de uma vez nesse sentido. Por fim alegou que deveriam ser excluídos da receita omitida os valores dos créditos inferiores a R$ 12.000,00 já que a somatória dos depósitos ocorridos não superam a R$80.000,00. Nesse ponto, como bem observou a decisão recorrida, a Lei 9430/96 em seu inciso I estabeleceu para as pessoas físicas o limite individual e anual. Por sua vez, a Instrução Normativa 246/2002 que dispõe sobre a tributação dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte pessoa física, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos, estabelece em seu art. 3º. Art. 3° Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, os créditos serão analisados individualizadamente. § 1 ° Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000, 00 (doze mil reais), desde que o somatório desses créditos não ultrapasse o valor de R$ 80.000, 00 (oitenta mil reais), dentro do anocalendário. Não obstante, tal dispositivo legal não se aplica às pessoas jurídicas, como é caso da Recorrente. Desse modo, entendo ser correta a autuação fiscal, tendo em vista que o titular da conta bancária foi regularmente intimado e não comprovou, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta bancária, estando o Fisco autorizado a proceder o lançamento do imposto correspondente. CONCLUSÃO Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negolhe provimento. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10675.000592/200846 Acórdão n.º 1301003.026 S1C3T1 Fl. 472 9 É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Fl. 472DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15540.000260/2007-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 05 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O atendimento aos preceitos estabelecidos na legislação tributária relativos ao processo administrativo fiscal bem como a observância do amplo direito de defesa do contribuinte afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS.
Salvo prova em contrário, consideram se receitas omitidas, por presunção legal, os valores depositados em conta bancária do contribuinte que, depois de intimado, não comprove a origem dos depósitos, mediante documentação hábil e idônea.
ARBITRAMENTO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS CONTÁBEIS FISCAIS. CABIMENTO.
Cabe o arbitramento do lucro da pessoa jurídica se ela, obrigada à escrituração com base no lucro real ou presumido, deixa de apresentar os livros e documentos de sua escrituração.
ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA CONHECIDA.
O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar autoridade tributária os livros e os documentos da escrituração cotperc1 e fiscal. A autoridade tributária fixará o lucro arbitrado em percentagem da recita bruta, quando conhecida.
CANCELAMENTO DE DÉBITOS COM BASE EM VALORES DE EXTRATOS OU COMPROVANTES DE DEPÓSITO BANCÁRIOS.
A regra prevista no art. 90, inciso VII, do Decreto lei n.° 2.471, de 1988, somente se aplica para débitos constituídos até a data de sua publicação.
ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, CSLL, COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas.
Numero da decisão: 1402-001.117
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos Pelá.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas- presunção legal Dep. Bancarios
Nome do relator: Frederico Augusto Gomes de Alencar
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INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos na legislação tributária relativos ao processo administrativo fiscal bem como a observância do amplo direito de defesa do contribuinte afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS. Salvo prova em contrário, consideramse receitas omitidas, por presunção legal, os valores depositados em conta bancária do contribuinte que, depois de intimado, não comprove a origem dos depósitos, mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS CONTÁBEIS FISCAIS. CABIMENTO. Cabe o arbitramento do lucro da pessoa jurídica se ela, obrigada à escrituração com base no lucro real ou presumido, deixa de apresentar os livros e documentos de sua escrituração. ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 260 2 O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar autoridade tributária os livros e os documentos da escrituração cotperc1 e fiscal. A autoridade tributária fixará o lucro arbitrado em percentagem da recita bruta, quando conhecida. CANCELAMENTO DE DÉBITOS COM BASE EM VALORES DE EXTRATOS OU COMPROVANTES DE DEPÓSITO BANCÁRIOS. A regra prevista no art. 90, inciso VII, do Decretolei n.° 2.471, de 1988, somente se aplica para débitos constituídos até a data de sua publicação. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, CSLL, COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos Pelá. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 261 3 Relatório Supermercado Flor da Praia 209 Ltda recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 1ª Turma da DRJ Rio de Janeiro 01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo dos autos de infração de fls. 05/13, 14/20, 21/27 e 28/33, lavrados no âmbito da Delegacia da Receita Federal em Niterói/RJ, por meio dos quais são exigidos da Interessada, antes identificada, o Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ, no valor de R$ 108.087,98; a Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS, no valor de R$ 35.773,78; a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL, no valor de R$ 59.439,58 e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins, no valor de R$ 165.109,94, mais multa de 75% e demais encargos moratórios. 2. O lançamento decorre dos fatos descritos mais detalhadamente no Termo de Constatação Fiscal — TCF (fl. 08/09). Em suma o lucro foi arbitrado tendo em vista que a escrituração mantida pela Interessada seria imprestável para determinação do Lucro Real, em virtude dos erros e falhas, como apresentação, na escrituração, de receita mensal muito inferior aos valores apurados na sua movimentação financeira, com a existência de contas correntes com movimentação financeira mantida em parte da escrituração contábil. Asseverese que a Interessada, ao ser intimada para a apresentar sua escrituração, incluindo os valores movimentados e tidos por omitidos, respondeu que não possuía os elementos necessários para refazer tal escrituração. Os valores foram especificados no auto de infração como (fl. 06): Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada. O arbitramento, foi fundamentado no art. 530, inc. II, do Regulamento do Imposto de Renda 1999 RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 e, quanto aos depósitos bancários não contabilizados, a fundamentação citada 6: artigos 27, inciso I e 42 da Lei n° 9.430 de 27 de dezembro de 1996 e artigos 532 e 537 do RIR/1999. 3. Os autos de infração, relativos à Contribuição para o PIS, à Cofins e à CSLL, foram lavrados em decorrência da apuração das infrações que ensejaram o lançamento principal. 4. A autuada manifestase às fls. 180/182, alegando o que segue: 4.1. — julga necessário promover os esclarecimentos iniciais dos fatos para ficar patente como foi conduzida a Ação Fiscal, cuja execução frágil desprezou os fatos reais e utilizandose de subterfúgios e de meios técnicos contábeis inexistentes para concluir de forma ilegítima uma omissão de receitas baseada em ilacão, usando métodos inexplicáveis, buscando algo que pudesse ensejar a aplicação do arbitramento, aplicando regras não contidas do MR; 4.2. — embora tenha o Autuante tomado conhecimento da existência da escrituração contábil, uma vez que na DIPJ apresentada a opção foi pelo Regime de Lucro Real, não seria prudente a aplicação do arbitramento sem que lhe fosse Fl. 306DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 262 4 oferecida a oportunidade prevista na legislação, qual seja, o prazo para apresentar os livros contábeis exigidos na Intimação inicial; 4.3. — no exame do Balancete Anual extraído da escrituração contábil no qual a ora Impugnante baseouse para oferecer a DIPJ pelo regime do Lucro Real, constatase de forma clara o dano que lhe foi causado pelo abandono do Livro Diário, pois a repercussão financeira de exercícios anteriores, cujos saldos foram adicionados ao movimento financeiro do exercício examinado, eliminaria prontamente qualquer suspeita que deu base ao auto de infração sub censura; 4.4. — se as explicações que apresentou conduziram o Autuante a afirmar a existência de matéria tributável omitida, devendo a exigência tributária ser formalizada de oficio e como a escrituração que apresentou é deficiente para identificar a efetiva movimentação financeira ou determinar o Lucro Real, fazse o lançamento pelo Lucro Arbitrado. Essa conclusão exarada pelo Autuante não se coaduna com a aplicado do artigo 51 da Lei n° 8981/1995 porquanto dispõe que o lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, será determinado através de procedimento de oficio, mediante a utilização de uma das oito alternativas de cálculo no artigo enumeradas; 4.5. — no caso focado a Receita Bruta é conhecida, a escrituração contábil obedece ao regime de apuração pelo Lucro Real, houve escrituração dos lançamentos de todas as operações com Instituições financeiras, existia empréstimos contraídos, saldo na Conta Caixa e Bancos, movimentação de receitas de vendas com cartões de crédito, conforme provam os extratos bancários apresentados, 4.5. — apesar do conhecimento pleno de sua Receita Bruta através dos Registros Fiscais exigidos pelo Regulamento do ICMS com o cumprimento de todas as formalidades, o Autuante desprezou o mandamento legal não se utilizando do preceito que determina o cálculo do Lucro Arbitrado pela Receita Bruta Conhecida; 4.6. — A conduta do Autuante em prover o levantamento de sua Receita Bruta com base exclusiva na movimentação financeira sem investigar a sua origem conduz a mera presunção, ferindo seu direito e transgredindo o artigo 90 do Decreto Lei n° 2.471, de 01/09/1988. 5. Face aos fatos aqui apresentados, falece ao Auto de Infração por falta de base legal, por aplicado errônea da legislado que rege a matéria, por erro técnico e, assim, roga pelo cancelamento do auto em apreço. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 12 23.849 (fls. 237245) de 17/04/2009, por unanimidade de votos, julgou procedente os lançamentos. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 3010612004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos na legislação tributária relativos ao processo administrativo fiscal bem como a observância do amplo direito Fl. 307DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 263 5 de defesa do contribuinte afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSTTOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS. Salvo prova em contrário, consideramse receitas omitidas, por presunção legal, os valores depositados em conta bancária do contribuinte que, depois de intimado, não comprove a origem dos depósitos, mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS CONTÁBEIS FISCAIS. Cabe o arbitramento do lucro da pessoa jurídica se ela, obrigada à escrituração com base no lucro real ou presumido, deixa de apresentar os livros e documentos de sua escrituração. ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar autoridade tributária os livros e os documentos da escrituração comercial e fiscal. A autoridade tributária fixará o lucro arbitrado em percentagem da recita bruta, quando conhecida. CANCELAMENTO DE DÉBITOS COM BASE EM VALORES DE EXTRATOS OU COMPROVANTES DE DEPÓSITO BANCÁRIOS. A regra prevista no art. 9º, inciso VII, do Decreto lei n.° 2.471, de 1988, somente se aplica para débitos constituídos até a data de sua publicação. Assunto: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 31/03/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004, 31 108/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, CSLL, COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 12/05/2009 (A.R. de fl. 249), a interessada interpôs recurso voluntário em 01/06/2009 (fls. 250251), onde repisa os argumentos trazidos na impugnação. É o relatório. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 264 6 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Inicialmente cabe ressaltar que não procede a afirmação da interessada de que a ação fiscal estaria desprezando fatos reais, utilizandose de subterfúgios e de meios técnicos contábeis inexistentes e aplicando regras não contidas no RIR, para concluir de forma ilegítima uma omissão de receitas baseada em ilacão. Em relação a esse argumento, observase que o lançamento atende integralmente aos preceitos de ordem pública expressos no art. 142 do Código Tributário Nacional. Ademais, o auto de infração, foi lavrado por autoridade competente e apresenta os requisitos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972. • Verificase que o auto contém o enquadramento legal das infrações atribuidas à interessada, expresso de forma objetiva, sem qualquer obscuridade (fls. 15, 16, 20, 22, 27, 29, 30 e 33). • Também se observa que a descrição dos fatos no auto de infração e no anexo Termo de Constatação Fiscal (fls. 08/09), é detalhada e clara, permitindo à interessada conhecer as infrações que estão sendo a ela atribuidas. Tanto é assim que a interessada se defende perfeitamente das referidas infracties, o que e . ncia ainda que a matéria tributável está perfeitamente identificada em toda a sua extensão • Além disso, observase que a interessada foi cientificada e recebeu cópia dos autos de infração e do Termo de Verificação e pôde impugnar livremente o lançamento, demonstrando, como já foi ressaltado, entender a autuação e garantindose, de fato, no presente processo o direito ao contraditório e à ampla defesa. Portanto, não se verificaram as situações expostas pela Interessada, as quais, repisese, caso confirmadas, implicaria a nulidade do auto de infração. A impugnante afirma que uma vez que na DIPJ apresentada a opção foi pelo Regime de Lucro Real, não seria prudente a aplicação do arbitramento sem que lhe fosse oferecida a oportunidade prevista na legislação, qual seja, o prazo para apresentar os livros contábeis exigidos na Intimação Inicial. Inicialmente, analisando o lançamento relativo ao IRPJ, constatase que os motivos da autuação estão claramente consignados no auto de infração e no TCF e, conforme exposto, a Fiscalização procedeu ao arbitramento do lucro, tendo em vista que a escrituração mantida pela Interessada seria imprestável para determinação do Lucro Real, em virtude dos erros e falhas, como apresentação, na escrituração, de receita mensal muito inferior aos valores apurados na sua movimentação financeira, com a existência de contas correntes com movimentação financeira mantida à parte da escrituração contábil. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 265 7 Asseverese que a Interessada, ao ser intimada, em 18/04/2007 (fl. 111), 08/05/2007 (fl. 112) e 16/08/2007 (fl. 160) para apresentar sua escrituração, incluindo os valores movimentados e tidos por omitidos, respondeu, em 11/0912007 (fl. 170), que não possuía os elementos necessários para refazer tal escrituração. Quanto ao prazo de 20 (vinte) dias para apresentação dos livros contábeis, prazo este estabelecido pelo artigo 844 do RIR/1999, que a Interessada afirma que não teria sido respeitado, deve ser destacar que na Intimação de fl. 160, recebida por ela em 16 de agosto de 2007, é consignado tal prazo para atendimento, sendo que ela se defendeu através do documento de fl. 170, recepcionado e juntado aos autos em 11/09/2007 (fl. 170), portanto, 25 (vinte e cinco) dias após ter sido notificada. Vêse que quem perdeu o prazo foi a Interessada. Destaquese ainda que naquele documento a Interessada não fez qualquer alusão à necessidade de prorrogação de prazo para apresentação de novas informações com objetivo de completar as solicitações do Autuante. Quanto ao arbitramento levado a efeito, dispõe o inciso II do art 47 da Lei n° 8.981, de 1995, transcrito abaixo e reproduzido no art. 530, II, do RIR/99: "Art. 47 O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; Do exame dos autos fica evidenciado que a Interessada, apesar de solicitada a fazêlo, conforme intimações ocorridas em 18/04/2007 (fl. 111), 08/05/2007 (fl. 112) e 16/08/2007 (fl. 160) para apresentar sua escrituração, incluindo os valores movimentados e tidos por omitidos, ela, repisese, respondeu, em 11/09/2007 (fl. 170), que não possuía os elementos necessários para refazer tal escritura afigurandose, por isso, impossível a apuração precisa de seu resultado. Restou, portanto, configurada a hipótese de arbitramento do lucro prevista na legislação. Noutro ponto, a Contribuinte se insurge pelo fato de que a exigência tributária deveria ser formalizada de ofício, uma vez que a escrituração apresentada seria deficiente para identificar a efetiva movimentação financeira ou determinar o Lucro Real, implicando, por conseqüência, que se fizesse lançamento pelo Lucro Arbitrado. Entende que essa conclusão seria incompatível com a aplicação do artigo 51 da Lei n° 8.981/1995, que dispõe que o lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, seja determinado através de procedimento de oficio, mediante a utilização de uma das oito alternativas de cálculo no artigo enumeradas. Vejase, à fl. 08, como se pronunciou o Autuante: Fl. 310DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 266 8 “... verificouse matéria tributável omitida pela Contribuinte, devendo a exigência tributária ser formalizada de oficio e como a escrituração apresentada pela Fiscalizada, na qual se baseou sua DIPJ/2005, é deficiente para identificar a efetiva movimentação financeira ou determinar o Lucro Real, fazse o lançamento de pelo Lucro Arbitrado.” Claro está que o Autuante se refere à deficiência para identificar a efetiva movimentação financeira, na qual se baseou o contribuinte para elaborar sua DIPJ/2005. Tal situação esta comprovada nos autos, pois a omissão em apreço foi constatada exatamente em razão da incompatibilidade entre os valores apontados nessa movimentação financeira e aqueles informados pela Interessada em sua DIPJ (exercício de 2004). Com efeito, o Autuante elaborou as planilhas de movimentação financeira da interessada e a intimou para que esclarecesse as divergências em relação aos valores indicados em sua DIPJ/2005. A resposta da Interessada consistiu em informar que a movimentação financeira era oriunda de venda de produtos no varejo, e que esta seria sua atividade fim. Frisese que a Interessada silenciou quanto à ausência desses valores em sua DIPJ/2005. Intimada, ainda, a apresentar escrituração contábil compatível com os valores apurados em sua movimentação financeira, a Interessada respondeu que no período sob fiscalização o quadro societário era outro e que os elementos necessários para a recomposição da contabilidade não estavam em poder dos sócios à época. Assim, com os valores apurados e expostos à Contribuinte (planilhas de fls. 161/169), sem que esta, apesar de questionada, esclarecesse as divergências apontadas, foi efetuado, com espeque nos artigo 532 e 537 do RIR/1999, o lançamento em tela. Por conseguinte, também quanto a esse argumento, as alegações da Interessada são descabidas. Por fim, alega a Recorrente que o levantamento da Receita Bruta com base exclusivamente na movimentação financeira, sem investigar a sua origem, caracterizaria mera presunção, ferindo seu direito previsto no artigo 9° do DecretoLei n° 2.471, de 01/09/1988, abaixo transcrito. “Art. 9° Ficam cancelados, arquivandose, conforme o caso, os respectivos processos administrativos, os débitos para com a Fazenda Nacional, inscritos ou não como Divida Ativa da União, ajuizadas ou não, que tenham tido origem na cobrança: (.) VII do imposto de renda arbitrado com base exclusivamente em valores de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários. (...)” Fl. 311DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 267 9 Nesse sentido, há que se esclarecer que a presunção para tributar, como omissão de receita, os depósitos e/ou créditos bancários não comprovados decorre de previsão legalmente contida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a seguir é transcrito: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” Como visto, a lei estabeleceu uma presunção de omissão de receitas, que autoriza a exigência de imposto de renda e de contribuições correspondentes, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. As presunções legais, também chamadas presunções jurídicas, dividemse em absolutas (juris et jure) e relativas (juris tantum). Denominase presunção juris et jure aquela que, por expressa determinação de lei, não admite prova em contrário nem impugnação; dizse que a presunção é juris tantum quando a norma legal é formulada de tal maneira que a verdade enunciada pode ser elidida pela prova de sua irrealidade. Concluise, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Caberia, dessa forma, ao contribuinte o ônus de apresentar justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas bancárias. A própria lei define que os depósitos e/ou créditos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de receita ou de rendimentos. Portanto, não são meros indícios de omissão, nem ficção criada pela Fiscalização. A presunção é suficiente para constituir a prova da omissão de receitas, salvo se comprovada pelo titular a origem dos recursos utilizados, mediante documentos hábeis e idôneos. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Tratase, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. A função do Fisco, entre outras, é a de comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos, informações e esclarecimentos, com vistas i verificação da ocorrência de omissão de receitas de que trata o artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996. Contudo, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações é obrigação do contribuinte. Não comprovada a origem dos recursos, tem a autoridade fiscal o poder e o dever de considerar os valores depositados em conta bancária como receita, efetuando o lançamento do imposto e contribuições correspondentes. Nem poderia ser de outro modo, ante a vinculação legal decorrente do principio da legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente seguir a legislação. Dessa forma, detectadas irregularidades que conduzem à presunção de omissão de receita, por imposição legal e por ser a atividade de lançamento vinculada e Fl. 312DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 268 10 obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, conforme parágrafo único do art. 142 do CTN, cabe à Fiscalização efetuar o lançamento de acordo com a legislação aplicável ao caso. No caso dos autos, o contribuinte foi intimado (fl. 160) a comprovar, com documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados/depositados nas contas correntes do Banco Safra (agência 5700, cc n° 008.7902) e Unibanco (agência 0421, cc n° 213.4619). Porém, a Interessada respondeu que seriam oriundos de sua atividade de venda de produtos no varejo e que, em relação à escrituração contábil compatível com os valores em apreço, ela não teria condições de apresentála, tendo em vista que os documentos utilizados para a escrituração não estariam em poder dos sócios. Assim, corretamente a Fiscalização considerou os depósitos e/ou créditos bancários, que não foram comprovados como omissão de receita, exigindo o imposto de renda e as contribuições devidas. Quanto à alegação de que o art. 9°, inciso VII, do Decretolei n° 2.471, de 1988, determinou o cancelamento e o arquivamento de processos arbitrados exclusivamente em valores de extratos ou comprovantes bancários, cabe esclarecer que esse mandamento legal teve aplicação restrita aos débitos passados, ou seja, aos existentes até a data de sua publicação e que se baseassem unicamente em extratos ou comprovantes de depósitos bancários. Portanto, não se aplica ao caso em tela o cancelamento previsto no mencionado Decretolei, eis que a exigência se refere ao anocalendário de 2004. Assim, não há que falar em proibição contida nesse dispositivo legal para que fosse lançada a omissão de receitas com base em depósitos e/ou créditos bancários não comprovados. Diante do exposto, os valores lançados como omissão de receita, devem ser mantidos, não prosperando os argumentos da defesa. Quanto ao arbitramento que deu origem aos lançamentos relativos à Contribuição para o PIS, Cofins e CSLL, verificase serem decorrentes do lançamento principal, que foi considerado procedente. Em conseqüência, igual sorte colhem tais lançamentos, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. Diante do exposto, VOTO no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso apresentado, mantendose os lançamentos conforme constituídos. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000260/200720 Acórdão n.º 140201.117 S1C4T2 Fl. 269 11 Fl. 314DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904230/2012-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2009 a 31/05/2009
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.309
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2009 a 31/05/2009 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 42 30 /2 01 2- 21 Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 10746.904230/201221 Acórdão n.º 3301004.309 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.878, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.603. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente no montante ali expresso. Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 10746.904230/201221 Acórdão n.º 3301004.309 S3C3T1 Fl. 4 3 Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte declarou que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.279, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904178/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.279): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Fl. 1396DF CARF MF Processo nº 10746.904230/201221 Acórdão n.º 3301004.309 S3C3T1 Fl. 5 4 Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo "deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.046407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76" (grifos do original), com o que concordo. Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 10746.904230/201221 Acórdão n.º 3301004.309 S3C3T1 Fl. 6 5 Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o deferimento parcial do PER apresentado, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original expresso na Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 1398DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.000418/2009-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 29/02/2004 a 30/06/2005
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS. AGENDA. BLOCOS DE ANOTAÇÕES. CALENDÁRIOS.
A correta classificação fiscal de agendas, blocos de notas e calendários é realizada com fundamento legal nas Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizados, nas notas de capítulo, nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado e nos textos das posições; prevalecendo a posição tarifária mais específica sobre a mais genérica, sendo irrelevante a destinação final do produto impresso.
Agenda e blocos de anotações classificam-se no código 4820.10.00 da TIPI. Os calendários de qualquer espécie, impressos sobre papel, cartão, tecido ou qualquer outra matéria, desde que seja a impressão que lhes dê a característica essencial, classifica-se no código 4910.00.00 da TIPI.
IPI. SERVIÇO DE IMPRESSÃO GRÁFICA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI).
A confecção de agendas, blocos de notas e calendários cuja finalidade é realizar apontamentos, conquanto não seja comercializadas pelo encomendante mas sim destinada a seus clientes, consubstancia-se uma operação que se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64. In casu, não configurado o consumo exclusivo pelo encomendante.
Numero da decisão: 3201-003.675
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso, vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima (relator), que lhe deu provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Rinaldi de Oliveira Lima - Relator
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: 31154744825 - CPF não encontrado.
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REGRAS. AGENDA. BLOCOS DE ANOTAÇÕES. CALENDÁRIOS. A correta classificação fiscal de agendas, blocos de notas e calendários é realizada com fundamento legal nas Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizados, nas notas de capítulo, nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado e nos textos das posições; prevalecendo a posição tarifária mais específica sobre a mais genérica, sendo irrelevante a destinação final do produto impresso. Agenda e blocos de anotações classificamse no código 4820.10.00 da TIPI. Os calendários de qualquer espécie, impressos sobre papel, cartão, tecido ou qualquer outra matéria, desde que seja a impressão que lhes dê a característica essencial, classificase no código 4910.00.00 da TIPI. IPI. SERVIÇO DE IMPRESSÃO GRÁFICA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI). A confecção de agendas, blocos de notas e calendários cuja finalidade é realizar apontamentos, conquanto não seja comercializadas pelo encomendante mas sim destinada a seus clientes, consubstanciase uma operação que se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64. In casu, não configurado o consumo exclusivo pelo encomendante. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso, vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima (relator), que lhe deu provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 04 18 /2 00 9- 70 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 160 2 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Relator (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 149 em face da decisão de primeira instância da DRJ/BA de fls. 134 que manteve o lançamento de multa de IPI, diante de indícios de produto saído com Nota Fiscal sem o devido lançamento do IPI e inobservância de classificação fiscal. A autoridade lavrou os Autos de Infração de IPI às fls. 84 e 100. Como é de costume desta Turma de julgamento a transcrição do relatório do Acórdão de primeira instância, segue para apreciação conforme fls. 180 apontadas acima: "Tratase de Autos de Infração (fls.84/90 e 100/106) e Demonstrativos (fls.80/83 e 96/99), lavrado contra a contribuinte acima identificada, que pretende a cobrança da Multa do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI não lançado com cobertura de crédito, nos valores de R$3.103,79 (períodos de apuração fevereiro a setembro/2004) e R$8.760,69 (períodos de apuração de outubro de 2004 a junho de 2005). Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls.113/121), foi determinado o procedimento fiscal de verificação de ressarcimento e compensação de saldo credor do IPI, detalhado e utilizado na declaração de compensação eletrônica DCOMP nº19769.71674.150705.1.3.018062, apurandose a falta de lançamento de imposto por ter o estabelecimento industrial ou equiparado a industrial promovido a saída de produtos tributados, com falta, insuficiência de lançamento de imposto, por erro de classificação fiscal e/ou erro de alíquota. O contribuinte classificou as agendas e blocos que produziu no código 4911.10.90, aplicando em suas saídas a alíquota zero, quando deveria classificálos no código 4820.10.00 da TIPI, alíquota 15%, por ser mais específico, conforme disposição contida na IN SRF n° 157, de 10 de maio de 2002, aprova o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 161 3 Designação e de Codificação de Mercadorias, do qual extraímos as notas relativas à posição 4820, constante da página 895 de seu anexo. O contribuinte classificou os calendários personalizados que produziu no código 4911.10.90, aplicando em suas saídas a alíquota zero, quando deveria classificálos no código 4910.00.00 da TIPI, alíquota 10%, por ser mais específico, conforme disposição contida na IN SRF n° 157, de 10 de maio de 2002, aprova o texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, do qual extraímos as notas relativas à posição 4910, constante da página 908 de seu anexo . Consta na Descrição dos Fatos do Auto de infração que: ...O crédito constante das planilhas DEMONSTRATIVO DE RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA FISCALe DEMONSTRATIVO DE DADOS APURADOS relativas a fevereiro a setembro de 2004, anexas, na coluna relativa a Outros Créditos ou Débitos, referese ao saldo de período anterior reconstituído na citada na análise do crédito da declaração de compensação de número 197 69.71674.150705.1.3.018062, onde foi realizada a verificação dos valores de créditos que foram escriturados acumuladamente pelo contribuinte no livro Registro de Apuração do IPI (RAIPI) em junho de 2005. O débito de R$ 169.379,33 referese ao valor creditado pelo contribuinte, com base em seus levantamentos, em junho de 2005 no RAIPI. Uma vez que este saldo credor foi totalmente recalculado na já citada análise da DCOMP, o valor calculado pelo contribuinte foi debitado para que os créditos extemporâneos não constassem em duplicidade. O enquadramento legal inclui infração aos arts.15, 16, 17, 24 inciso II, 34, inciso II, 122, 123, inciso I, alínea "b" e inciso II, alínea"c", 127, 130, 131, inciso II, 199, 200, inciso IV, 202, inciso III e 488, inciso I, do Decreto n°4.544, de 2002 (RIPI/02), art. 80, inciso II da Lei n° 4.502, de 1964, e art. 45 da Lei n° 9.430, de 1996. Cientificada do lançamento em 09/02/2009, fls. 85 e 101, a interessada apresenta a impugnação de fls.123/129, 11/03/2009, sendo essas as suas razões de defesa: • foi cientificada do auto de infração que versa sobre a multa isolada por descumprimento de obrigação acessória, qual seja, falta de destaque do IPI nas notas fiscais de agendas publicitárias, blocos de notas publicitários e calendários publicitários; • não produz agendas, blocos ou calendários destinados à comercialização, mas apenas produtos promocionais (brindes) distribuídos pelos contratantes visando reforçar as respectivas marcas (publicidade); • destacase que consta no lançamento que o fundamento da multa foi a infração ao art.488, inciso I, do RIPI/2002, que Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 162 4 transcreve, mas em verdade, o regulamento do IPI é uma compilação de previsões legais esparsas no ordenamento jurídico. Ou seja, o fundamento do presente lançamento está, de fato, no art.80, inciso I, da Lei n° 4.502/64 e este deve ser o foco da análise. Com a alteração promovida pela Lei 9.430/96, • assim, ao fazer referência o art. 488, inciso I, do RIPI estáse indicando dispositivos de lei que, efetivamente, justificam o ato, conforme se nota das referências entre parênteses. É o que o próprio fiscal faz ao referenciar o "enquadramento legal" do auto de infração; • a Lei n° 11.488/2007 revogou o inciso I que fundamentou o lançamento em debate, conforme redação dada pelo art. 13 e o artigo 45 da Lei nº 9.430/1996 citado indiretamente pelo RIPI, foi revogado pelo artigo 40, inciso I, da Lei n° 11.488/2007; • apesar das alterações legais serem de 2007 e os fatos tratados no auto de infração versarem sobre períodos anteriores, aplicase a retroatividade da legislação tributária nos termos do art. 106, inciso II do CTN; • ante ao exposto, deve ser afastada a multa isolada exigida sob fundamento do inciso I do art. 80 da Lei n° 4.502/64 em virtude de ter sido revogado pela Lei 11.488/2007; • conforme esclarecido anteriormente, todas as agendas, blocos e calendários produzidos são destinados a ações promocionais, isto é, destacam a marca e/ou o produto do contratante e não são destinados à comercialização por parte destes. Todas as amostras apresentadas à fiscalização continham tais características, conforme fotos constantes no "Termo de Verificação Fiscal”; • importante reafirmar que a contratação do sujeito passivo do IPI por empresas que não exploram o comércio de tais produtos revela a característica determinante para a realização do impresso, qual seja, sua função publicitária. Caso não houvesse tal destinação nenhum dos produtos seria contratado junto à contribuinte, ou seja, o elemento essencial é a promoção da marca do contratante. Em muitos casos o contratante é uma agência de propaganda que desenvolve o layout do produto; • tomandose tal premissa, a classificação fiscal adotada pela contribuinte foi a 4911.10.90 da TIPI, 4911OUTROS IMPRESSOS. INCLUÍDAS AS ESTAMPAS. GRAVURAS E FOTOGRAFIAS e 4911.10Impressos publicitários, catálogos comerciais e semelhantes; • a auditoria fiscal adotou caminho diverso, em suas palavras: “Em resumo, os BLOCOS, compreendidos os blocos de anotações, de notas fiscais, de cupons, de pesquisa, de próxima consulta, etc e as AGENDAS, inclusive as agendas telefônicas, que o contribuinte produziu nos períodos em tela classificamse na posição 4820.10.00 e são tributados à alíquota de 15% e permaneceram com esta alíquota durante todos estes períodos " • a fiscalização ignorou o elemento fundamental e equiparou as agendas publicitárias produzidas pela contribuinte àquelas comercializadas em papelarias. Tal analogia desconsiderou a razão pela qual as mesmas são impressas e o material gráfico é contratado, qual seja, a publicidade, conforme indicado no item da TIPI utilizado de forma correta pela Contribuinte; • a própria Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 163 5 citação trazida pelos fiscais das "Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias" afirma que o importante é o cerne do produto. Do comentário ao item 49.10 destacase:" Todavia, esta posição não compreende os artigos que não perdem o seu caráter essencial pela presença de um calendário."; • a publicidade é a essência dos impressos debatidos e a presença de um calendário não altera tal situação; • ainda que houvesse dúvidas sobre o enquadramento dos artigos produzidos, deverseia aplicar o art. 112 do CTN: "Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: Ià capitulação legal do fato; IIà natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (...)";• deve prevalecer a característica essencial dos produtos com o seu devido enquadramento como impressos publicitários. Em persistindo a dúvida devese decidir em favor da interpretação mais benéfica ao Contribuinte. Ambas as situações redundam no cancelamento do presente auto de infração; • requer: a)o recebimento da presente impugnação; b)preliminarmente, o afastamento da multa isolada em virtude da alteração promovida pela Lei n° 11.488/2007 que revogou o inciso I do art. 80 e deve ser aplicada retroativamente nos termos do art. 106 do CTN; c)no mérito, o cancelamento do auto de infração em virtude dos produtos (agendas, blocos e calendários publicitários) se enquadrarem no item 4911.10.90 da TIPI e estarem sujeitos a alíquota zero, não havendo IPI a ser destacado. Tendo em vista a determinação contida na Portaria RFB/Sutri nº2.977, de 21 de junho de 2011, o processo foi transferido em 22/06/2011, para esta DRJ, para julgamento, conforme despacho de encaminhamento de fl.133." Este Acórdão de primeira instância da DRJ/BA de fls. 180 foi publicado com a seguinte Ementa: "Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 29/02/2004 a 30/06/2005 AGENDA. BLOCOS DE ANOTAÇÕES. Agenda e blocos de anotações classificamse no código 4820.10.00 da TIPI. CALENDÁRIOS. Os calendários de qualquer espécie, impressos sobre papel, cartão, tecido ou qualquer outra matéria, desde que seja a impressão que lhes dê a característica essencial, classificase no código 4910.00.00 da TIPI. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 164 6 MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO, COM COBERTURA DE CRÉDITO. É lícita a imposição de multa de ofício, proporcional ao valor do imposto que deixou de ser destacado na nota fiscal de saída, mesmo havendo saldo credor na escrita fiscal do sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido." Os autos foram distribuídos para este Conselheiro e pautados para julgamento nos moldes do regimento interno. Relatório proferido. Voto Vencido Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Relator Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. A fiscalização reclassificou os seguintes produtos: blocos com folhas impressos e agendas, classificado para a posição 4820.10.00, alíquota 15% e calendários, posição 4910.00.00, alíquota 10%, e cobrou a diferença do IPI não recolhido em outro processo administrativo, uma vez que abateu do total do crédito pleiteado pelo contribuinte e neste processo, cobrou somente a multa correspondente ao não recolhimento da diferença do imposto. O contribuinte finaliza seu recurso alegando que a classificação correta de seus produtos é “outros impresso gráficos”, posição 49.11 da TIPI, mas especificamente nas NCMs 49.11.10.90 todos tributados pela alíquota 0% ou imunes (livros, jornais e revistas). Segue texto da posição: “49.11 Outros impressos, incluindo as estampas, gravuras e fotografias.” Em oposição, a fiscalização reclassificou os produtos de forma discriminada e individualizada, conforme segue: Bloco com folhas impressos e agendas: “4820.10.00 Livros de registro e de contabilidade, blocos de notas, de encomendas, de recibos, de apontamentos, de papel para cartas, agendas e artigos semelhantes.” Calendários: Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 165 7 “4910.00.00 Calendários de qualquer espécie, impressos, incluindo os blocoscalendários para desfolhar.” Verificase, pela simples comparação entre os textos das posições, que todas as mercadorias foram reclassificadas corretamente, portanto, merece prosperar a reclassificação realizada pela fiscalização. Esta foi, inclusive, a posição adotada por esta Turma no julgamento do Acórdão 3201003.009. Porém, para que a reclassificação permita a cobrança das multas referentes as diferenças de IPI, ainda que o contribuinte tenha feito o pedido do cancelamento do lançamento mas não tenha solicitado de forma específica a "não incidência do IPI" como um tópico de seu recurso, para permitir a cobrança deste tributo, é conditio sine qua non a análise do fato gerador, uma vez que esta é uma lide administrativa fiscal. É preciso analisar se a própria incidência do IPI é possível ou não, neste caso em concreto. De pronto, é possível constatar que nenhum dos produtos reclassificados são livros, jornais ou periódicos, nos moldes do Art. 150, VI, d, da CF. Tais produtos não são imunes nem em sentido lato, conforme bem tratou com doutrinador Heleno Torres sobre o tema. 1 Contudo, a atividade gráfica personalizada e por encomenda (fato incontroverso nos autos) em blocos, agendas e calendários, caracteriza prestação de serviços e não o beneficiamento ou a industrialização. Porque, apesar de não se enquadrar nas hipóteses de exclusão de incidência do IPI previstas no Art. 5.º, IV e V e 7.º, II, a e b, do RIPI/02, a incidência do ISS tem previsão expressa e taxativa no item 13.05 e Art. 1.º, §2.º da Lei Complementar 116/03, assim como o Decreto Lei 2471/88, Art. 9.º, determinou o cancelamento dos processo administrativos de cobrança de IPI sobre produtos personalizados, resultantes de serviços de composição e impressão gráfica. Assim, além da incidência do ISS observar o principio da legalidade estrita, ter previsão expressa e mais específica, está em consonância com a previsão do Art. 146, I, da CF/88, que determina que cabe à Lei Complementar regular os conflitos de competência do poder de tributar. Logo, se a Lei Complementar define de forma expressa e específica a incidência do ISS nas exatas atividades gráficas (personalizadas e por encomenda) exercidas pelo contribuinte, a incidência do IPI deve ser afastada, em respeito ao princípio da Segurança Jurídica, para evitar conflito de competência no poder de tributar entre a União e o Município. 1 http://www.conjur.com.br/2012ago15/consultortributariotributacaoservicosimpressaoembalagens Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 166 8 Inclusive, este é o entendimento da Câmara Superior desta Seção, deste Conselho, que acompanhou o brilhante voto da Conselheira Tatiana Midori, publicado com a seguinte Ementa no Acórdão 9303004.394: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA. UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS. IPI. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA VINCULANTE DOS PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. Em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes, emanado explicitamente pelo Novo Código de Processo Civil, cabe no processo administrativo, quando houver similitude fática dos casos tratados e jurisprudência pacificada, a observância dos precedentes jurisprudenciais fluidos pelos Tribunais, conforme arts. 15, 926 e 927 da Lei 13.105/15. Ressurgindo à competência tributária trazida pela Constituição Federal, quando se tratar de atividades relacionadas aos serviços gráficos personalizados passíveis de tributação pelo ISS, é de se afastar a incidência de IPI, conforme inteligência promovida pelo art. art. 1º, § 2º, da LC 116/03." Verificase que a Turma da Câmara Superior acompanhou entendimento ainda mais extensivo, porque considerou as disposições dos Art. 926 e 927 do novo CPC, que tratam da eficácia vinculante dos precedentes. Realmente, no âmbito do Poder Judiciário, considerados os inúmeros precedentes (Resp 437.324/RS, Resp 966.184/RJ e Resp 103409/RS), assim como as Súmulas 156 do STJ e 143 do TRF, é possível concluir que a incidência do IPI sobre as atividades gráficas personalizadas não deve ocorrer, dentro do Sistema Tributário Brasileiro. Por exemplo, dentro de um raciocínio lógico, é possível fazer um paralelo com o ICMS, de forma que, se a Súmula 156 do STJ confirma o entendimento de que não há a circulação de uma mercadoria, mas sim a prestação de serviços (gráfica), logicamente, o IPI não poderia incidir sobre um serviço. Diante do exposto, o IPI não deve incidir sobre as agendas, blocos e calendários, neste caso em concreto. Logo, a multa não deve prosperar. CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, votase para dar PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 167 9 (assinado digitalmente) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Voto Vencedor Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Redator designado Inicialmente este voto vencedor há de delimitar duas matérias versadas no julgamento: primeira, a suscitada em recurso voluntário para afastar a reclassificação fiscal; a segunda, os fundamentos do voto vencido ao dar provimento ao recurso do contribuinte. A irresignação assentada nas peças de defesa referese à reclassificação fiscal dos produtos agendas, blocos de anotação e calendários. O Fisco com base nas regras "1" e "3" da RGISH, nas Notas (10) de Capítulos (48) e nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (posição 4820 e 4911) classificou os produtos observandose (i) essas referidas notas, (ii) os textos das posições (regra 1) e (iii) a prevalência da posição mais específica sobre a mais genérica (regra 3, primeira parte). Assim, as agendas e blocos foram reclassificados para o código 4820.10.00 da TIPI, e os calendários no código 4910.00.00 da TIPI. A contribuinte não se conforma com o procedimento fiscal pois aduz que a classificação é obtida considerandose a "importância e a causa essencial da contratação dos produtos industrializados". Dessa forma, alega que o produto não se destina ao comércio, mas à pessoa jurídica cuja utilidade a ser dada aos artigos é de mera publicidade. Os argumentos da recorrente vão na direção de se apontar que seus produtos devem ser classificados como impressos (assim entendidos os artigos de papel no qual se apuseram dizeres através da impressão gráfica), pois assim dispõe o texto da subposição de 2º nível 4911.10: "Impressos publicitários, catálogos comerciais e semelhantes". Quanto à reclassificação fiscal o voto do Relator corroborou o código atribuído pelo Fisco, assentando os fundamentos, que peço vênia para repisálos: "Verificase, pela simples comparação entre os textos das posições, que todas as mercadorias foram reclassificadas corretamente, portanto, merece prosperar a reclassificação realizada pela fiscalização. Esta foi, inclusive, a posição adotada por esta Turma no julgamento do Acórdão 3201003.009". Portanto, não há divergência de posição em relação à correta classificação fiscal entre o relator do voto vencido e este, vencedor. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 168 10 Contudo, a título de acrescentar argumento para a reclassificação efetuada pelo Fisco, trago meu entendimento pessoal à matéria. Pretende a recorrente retirar a classificação de seus produtos do capítulo 48 por conceber a atividade de impressão neles inseridas como caráter não acessório, mas essencial. Entendo que a impressão do nome do cliente não retira o caráter essencial do bloco de nota, da agenda e do calendário. Esses continuam tendo o caráter de ser um artigo elaborado com papel para ser preenchido e tal característica é que atribuem o caráter essencial: a possibilidade de se realizar anotações em folhas dispostas em forma de bloco, agenda ou calendário. Para que se atribuísse a posição 4911 aos artigos, estes haveriam de não se destinarem ao preenchimento, e a impressão do timbre ou capa se tornaria o caráter essencial. Ocorre que nessa circunstância (a impressão com o caráter essencial ao artigo) retiraria a utilidade das folhas em branco a serem preenchidas. Analisando as considerações gerais da posição 4911, entendo que são suficientes e esclarecedores de que a impressão, ainda que destinada à publicidade do cliente, não retira o caráter essencial do que seja o produto: agenda ou bloco de nota, pois conforme o texto: Ressalvadas as raras exceções adiante mencionadas, este Capítulo compreende a totalidade dos artefatos cuja razão de ser é determinada pela matéria impressa ou ilustrada que contenham. Pelo contrário, além dos produtos das posições 48.14 e 48.21, o papel, cartão, pasta (ouate) de celulose e respectivas obras, que apresentem impressões cuja função seja meramente secundária em relação à sua utilização (por exemplo, papéis para embalagem, artigos de papelaria), incluemse no Capítulo 48. E ainda, a Nota Explicativa do Sistema Harmonizado da posição 4910: 49.10 Calendários de qualquer espécie, impressos, incluídos os blocoscalendários para desfolhar. Esta posição compreende os calendários de qualquer espécie, impressos sobre papel, cartão, tecido ou qualquer outra matéria desde que seja a impressão que lhes dê a característica essencial. Estes calendários podem conter, além das datas, dias da semana, etc., outras informações relativas, por exemplo, a feiras, exposições, festas, hora das marés, dados astronômicos ou outros e indicações semelhantes. Podem conter também textos, tais como poemas, provérbios, e ainda ilustrações ou publicidade. Todavia, as publicações impropriamente chamadas calendários, relativas a manifestações públicas ou particulares, que, não obstante conterem datas, são publicadas, essencialmente, para fornecer dados sobre tais manifestações, classificamse na posição 49.01, a não ser que sejam Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 169 11 classificadas na posição 49.11, em razão do seu caráter publicitário. A meu sentir, o calendário não tem o caráter publicitário. A essencialidade do calendário continua a ser o que lhe é impresso: os dias, meses e ano a ser informado a quem o vê ou consulta. Não se destina a apresentar o fornecedor do material, que se releva acessório/secundário. O calendário apenas faz referência ao seu fornecedor, de forma acessória, pois a característica essencial, tal como as agendas e blocos, é a de possibilitar anotações diárias em suas folhas. Para se afastar o caráter publicitário cumpre reproduzir parte do texto da nota: " Todavia, as publicações impropriamente chamadas calendários, relativas a manifestações públicas ou particulares, que, não obstante conterem datas, são publicadas, essencialmente, para fornecer dados sobre tais manifestações, classificamse na posição 49.01, a não ser que sejam classificadas na posição 49.11, em razão do seu caráter publicitário. Passo efetivamente à divergência em relação ao voto vencido que foi assentado sob o fundamento de que a contribuinte exerce atividade gráfica personalizada e por encomenda e que seus produtos objetos de reclassificação fiscal não submetem à incidência do IPI. No entendimento do Relator, "ainda que o contribuinte não tenha solicitado de forma específica a não incidência do IPI, é preciso analisar se a própria incidência do IPI é possível ou não neste caso em concreto." Discordo do relator. A uma, porque no recurso voluntário não se discute o fato da atividade realizada pelo contribuinte encontrarse fora do campo de incidência do IPI; o inconformismo manifestado referese à reclassificação fiscal. Não há comprovação de que se tratou de encomenda e personalização destinada ao consumo do cliente encomendante. Repisase que os questionamentos para manter a classificação pretendida pela recorrente teve por fundamento a finalidade publicitária dos artigos fabricados e não a comercialização do cliente adquirente. A duas, o contribuinte não nega a realização da atividade de industrialização de produtos, ao contrário, descreve sinteticamente a etapa do processo produtivo diferenciandoa da atividade gráfica exercida e, expressamente, reconhece que a saída desses materiais encontramse alcançados pela incidência do IPI. O excerto do item "14" do recurso voluntário espanca qualquer dúvida quanto à atividade industrial e a incidência do Imposto, importando reproduzila: Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 170 12 " 14. Na situação em discussão, o papel, cola, tecido, enfim, todos os insumos são adquiridos pela Contribuinte, que os emprega para fabricar a agenda ou o bloco, fazendo também a parte de impressão publicitária. Tanto que a saída destes materiais encontrase na hipótese de incidência de IPI. (...)" A Primeira Alteração da Consolidação Contratual (fl. 11) explicita a atividade empresarial desenvolvida: Os documentos coligidos aos autos atestam esta condição de industrial. Acrescentase a emissão de notas fiscais de saída de mercadorias (e não prestação de serviços), a escrituração do Livro de Apuração de IPI com o lançamento e aproveitamento de créditos das aquisições de insumos. Ou seja, o comportamento é típico de contribuinte do IPI. A três, impende também tecer considerações acerca da atividade de industrialização e de prestação de serviços. Os requisitos para uma atividade gráfica situarse no campo de incidência do ISS e não do IPI são: o produto deve ser encomendado pelo cliente, com impressão personalizada e customizada , destinada ao seu consumo. Customizar um produto é adequálo à forma requerida pelo cliente. Personalizar, é identificar o cliente no produto. Temse pois que a atividade de customização e personalização do produto encomendado, que identifica uma prestação de serviço, é aquela em que o produto deverá destinarse ao consumo do encomendante e que não caracteriza uma simples venda do prestador ao clienteencomendante. A peculiaridade da customização e personalização é que o produto com essas características atenderá somente aos fins do encomendante e não de qualquer outro e que ainda seja para o seu consumo, não uma revenda. Em síntese, o produto é útil tãosó ao encomendante, a este não é bem de comércio. O estabelecimento que se dedica às atividades de impressão poderá comportar serviços da indústria gráfica e fabricação/comercialização de produtos de escritório/papelaria. Nessa situação será contribuinte do ISS na prestação de serviços e contribuinte do IPI e ICMS na industrialização/operações de circulação de artigos de escritório/papelaria. Estará sujeito à incidência do ISS o produto fabricado conforme especificações expressas de customização e personalização e se destine exclusivamente ao consumo do encomendante. Retornando ao caso dos autos, não há informação que permite inferir que os produtos sejam encomendas de cliente, com impressão personalizada e customizada, destinada ao seu consumo final. A recorrente não juntou contrato, notas fiscais de serviço que demonstre ser customização, personalização de forma a apontar que se destina ao consumo do cliente. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11516.000418/200970 Acórdão n.º 3201003.675 S3C2T1 Fl. 171 13 Quanto à aplicação do disposto no art. 112 do CTN, entendo incabível no presente caso, pois não há dúvidas em relação à capitulação legal do fato ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos. O enquadramento e descrição dos fatos foram assertivos com a precisa subsunção às normas que regem a matéria, e a imposição de penalidades foi corretamente realizada nos termos da Lei. Diante de tudo ante exposto, VOTO para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 171DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002174/2010-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1996 a 30/11/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.184
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1996 a 30/11/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 74 /2 01 0- 15 Fl. 131DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 132DF CARF MF Processo nº 19515.002174/201015 Acórdão n.º 2201004.184 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 133DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 19515.002174/201015 Acórdão n.º 2201004.184 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 135DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000739/2010-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO.
Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão.
Numero da decisão: 2401-005.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
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ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 07 39 /2 01 0- 35 Fl. 220DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 15586.000739/201035 Acórdão n.º 2401005.381 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório CENTRO EDUCACIONAL CASA DO ESTUDANTE LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lançado Crédito Previdenciário correspondente à parte dos terceiros, em relação ao período de 01/2006 a 12/2007. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à 2ª Seção de Julgamento do CARF, contra decisão de primeira instância, a egrégia 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em 09 de setembro de 2014, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e NEGARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão, com sua ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. TERCEIROS. A contribuição previdenciária destinada à Terceiros (Salário Educação, INCRA, SESC, SEBRAE, e SEST / SENAT ), tem as mesmas bases de cálculo das obrigações principais de responsabilidade da empresa. Neste sentido , se obrigado a estas , pelo vínculo, obrigado àquelas. Recurso Voluntário Negado. No momento da formalização e apreciação para assinatura, a Nobre Conselheira Liege Lacroix Thomasi, deparouse com a existência de erro material quanto ao número do Acórdão e na indicação da Turma e Câmara julgadora, apreciando de ofício como embargo inominado, com fulcro no art. 66 do RICARF. Diante do exposto, proponho os presentes embargos, a fim de que o processo administrativo seja novamente pautado para saneamento do erro material apontado, conforme despacho, às efls 218/219, com o devido "de acordo" da Presidente da Câmara. É o relatório. Fl. 222DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Com fulcro no art. 66 do Regimento Interno dos Conselhos Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, adoto o despacho da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Passo Fundo/RS como embargos inominados. Deixo de apreciar a questão da tempestividade, posto que, sendo adotado o despacho como embargos inominados, não há no RICARF prazo para sua interposição. Vejase o teor do artigo 66 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, a Conselheira Dra. Liege Lacroix Thomasi, com o "de acordo' da Dra. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, constatou que houve erro material, inclusive, já se manifestando quanto ao seu posicionamento. Nesse sentido, procedem os Embargos Inominados, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludidos erros sejam devidamente saneados. Com efeito, por este acórdão devese prover a correção da inexatidão material devida a lapso manifesto de erro de escrita do número do Acórdão, bem como a Turma e Câmara julgadora para: "Acórdão n° 2403002.678 proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção", conforme consta da ATA DA REUNIÃO DE JULGAMENTO, questão objetiva sobre a qual não paira dúvida. Conforme verificamos na decisão efls. 267, onde se lê, no cabeçalho do acórdão: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Acórdão nº 1101002.678 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Leiase: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Acórdão nº 2403002678 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Fl. 223DF CARF MF Processo nº 15586.000739/201035 Acórdão n.º 2401005.381 S2C4T1 Fl. 4 5 Por todo o exposto VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS INOMINADOS de acordo com o artigo 66 do RICARF, para corrigir o erro material constante do Acórdão n° 2403002.678 nos termos da fundamentação, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35013.000985/2007-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103.
A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observando-se a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente.
Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância".
In casu, aplica-se o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00.
PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.
A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido contradição em sua fundamentação.
Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II.
MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE.
Aplica-se ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009.
Numero da decisão: 2401-005.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa seja recalculada aplicando-se o disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira (relator) e os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada considerando o disposto na Lei 8.212/91, art. 32-A. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente e Redatora Designada
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". In casu, aplicase o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00. PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido contradição em sua fundamentação. Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 01 3. 00 09 85 /2 00 7- 93 Fl. 1641DF CARF MF 2 MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. Aplicase ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa seja recalculada aplicandose o disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira (relator) e os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada considerando o disposto na Lei 8.212/91, art. 32A. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente e Redatora Designada (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.642 3 Relatório FUNDAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO E PESQUISA ECONOMICO SOCIAL FAPES, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 1519.074/2009 da 5° Turma da DRJ em Salvador/BA, às efls. 1.591/1.601, que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória por ter apresentado as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP, com os dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV,§ 5°, nas competências de janeiro/1999 a janeiro/2005. Relata a Autoridade Lançadora que no decorrer da ação fiscal foi constatado que o contribuinte apresentou as GFIP das competências 01/1999 a 01/2005 com omissões de informações relativas às remunerações de segurados empregados relativamente às parcelas de auxílio transporte, refeição, assistência médica e bolsa para estagiários em desacordo com a legislação vigente, bem como todas as remunerações dos segurados contribuintes individuais. Informa o auditor fiscal autuante que a multa foi aplicada em conformidade com o art. 32, §5º da Lei n° 8.212/91 e inciso II do art. 284 e art. 373 do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Assim, a multa para cada competência corresponde a 100% (cem por cento) do valor das contribuições sociais previdenciárias devidas ou do valor que seria devido no período em que houvesse a substituição tributária e que não foram declaradas, sendo limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do artigo 32 da Lei nº 8.212/91, atualizados pela Portaria MPS nº 822, DE 11/05/2005, conforme Relatório Fiscal da Multa Aplicada, a fl. 07/13, e Demonstrativo de Segurados com Informações Omissas na GFIP – CFL 68, a fls. 015/1521. Por sua vez, a 5ª Turma da DRJ em Brasília/DF entendeu por bem julgar procedente em parte a impugnação, fazendo excluir do lançamento as obrigações tributárias alcançadas pela decadência (art. 150, §4º do CTN), retificando o cálculo da multa para aplicar a comparação entre a multa de ofício e as multas de mora previstas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99, e recorrendo de ofício de sua decisão, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005 DECADÊNCIA. O direito da Seguridade Social de apurar e constituir os seus créditos extinguese após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o crédito pode ser exigido. PAGAMENTO ANTECIPADO E HOMOLOGAÇÃO TACITA. Fl. 1643DF CARF MF 4 Tratandose de tributo lançado pela modalidade de lançamento por homologação e pela inexistência de outro prazo legal fixado para esta, considerase homologado o pagamento antecipado e definitivamente extinto o crédito tributário com o transcurso de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, salvo se estivesse comprovada ocorrência de dolo, fraude ou simulação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. AUTO DE INFRAÇÃO. Constitui infração à Legislação Tributária Previdencidria a apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores das contribuições previdencidrias. Em observância ao disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou procedente em parte o lançamento fiscal. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão encimada, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1.611/1.625, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Dependência do julgamento da NFLD nº 35.900.2110, em razão da prejudicialidade; Nulidade do Acórdão nº 1519.074 – 5ª Turma da DRJ/SDR, na medida em que apresenta contradição em sua fundamentação e ausência de fundamentação legal para aplicação de multa, de modo a comprometer cabalmente a defesa da Recorrente; Que o Despacho Decisório realizou o papel de um novo Lançamento, que reconheceu de oficio a ilegalidade do anterior e o substituiu para efeitos fiscais. Por isso, ocorreu a devolução do prazo para pagar ou impugnar o Auto de Infração. Tal situação gera efeitos diretos na aplicação, ao caso, do art. 150, §4º do CTN; Requer a incidência da retroatividade benigna para fazer aplicar a metodologia de cálculo instituída pela MP nº 449/2008; Após, regular processamento do feito, em 17 de outubro de 2013, foi proposta resolução pelo Nobre Conselheiro Relator Dr. Arlindo da Costa e Silva, acatada pela unanimidade do Colegiado, às efls 1.630/1.634, in verbis: Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.643 5 (...) Com efeito, os créditos tributários relativos às obrigações tributárias principais correspondentes aos fatos geradores referidos neste Auto de Infração foram apurados mediante a NFLD nº 35.900.2110, lavrada na mesma ação fiscal, objeto do Processo Administrativo Fiscal nº 18050.002705/200805, que promoveu o lançamento tributário das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 20 e 22 da Lei nº 8.212/91 e das contribuições sociais destinadas a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre diferenças de folha de pagamento não declaradas em GFIP, e sobre rubricas pagas a segurados empregados a título de auxílio transporte, auxílio refeição, auxílio bolsa estagiários e sobre a remuneração de segurados contribuintes individuais. O lançamento efetuado por intermédio da NFLD n° 37.900.2110 foi julgado procedente em parte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, em sede de 1ª Instância Administrativa, nos termos do Acórdão nº 1518.901– 5ª Turma da DRJ/SDR, de 09 de abril de 2009, sendo certo que, em face de tal decisão, o Notificado interpôs Recurso Voluntário a fls. 3.790/3.853 dos autos do PAF nº 18050.002705/200805, pendente ainda de julgamento na 2ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF. Por todo o exposto, diante da ostensiva relação de prejudicialidade entre ambos os lançamentos, e visando à esquiva de prolação de decisões conflitantes, pugnamos pela conversão do vertente julgamento em diligência fiscal, sobrestandose o trâmite do presente feito até o Trânsito em Julgado da decisão relativa à NFLD n° 35.900.2110 a ser proferida nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 18050.002705/200805. A diligência fiscal ora comandada deverá ser concluída com a juntada aos presentes autos de cópia da decisão administrativa definitiva referida no parágrafo anterior.(...) Após retorno ao Egrégio Conselho, os autos foram sorteados para minha relatoria e conseguinte inclusão em pauta. É o relatório. Fl. 1645DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator RECURSO DE OFÍCIO Preliminar de Admissibilidade Á época da interposição do recurso vigia a Portaria MF nº 3/2008, que estabelecia o valor de alçada em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Entretanto, em 10 de fevereiro de 2017 foi publicada a Portaria MF nº 63 que alterou o valor limite para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), vejamos: Portaria MF nº 63/07 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). A verificação do "limite de alçada", em face de Decisão da DRJ favorável ao contribuinte, ocorre em dois momentos: primeiro na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ),para fins de interposição de Recurso de Ofício, no momento da prolação de decisão favorável ao contribuinte, observandose a legislação da época, e segundo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), para fins de conhecimento do Recurso de Ofício, quando da apreciação do recurso, em Preliminar de Admissibilidade, aplicandose o limite de alçada então vigente. É o que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103, assim ementada: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Portanto, depreendese que o limite de alçada a ser definitivamente considerado será aquele vigente no momento da apreciação, pelo Conselho, do respectivo Recurso de Ofício. vinculada pela Súmula Carf nº 103, encimada. No presente caso, o montante de crédito Tributário exonerado foi abaixo do novo limite de alçada, vigente na data do presente julgamento, maio de 2018. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em parcial consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente, pelas razões de fato e direito acima esposadas. RECURSO VOLUNTÁRIO Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.644 7 Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR Nulidade da decisão de 1° instância Suscita preliminarmente a nulidade da decisão de primeira instância na medida em que apresenta contradição em sua fundamentação e ausência de fundamentação legal para aplicação de multa, de modo a comprometer cabalmente a defesa da Recorrente; Ao analisarmos a decisão de piso, a autoridade julgadora é bastante clara e objetiva em sua fundamentação, especialmente no que concerne a legislação para aplicação da multa, senão vejamos: [...] Analisandose os aspectos formais do Auto de Infração em comento, conclui que se encontram presentes os requisitos necessários para sua validade, quais sejam: a descrição clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi praticada, o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os critérios de sua gradação, com a indicação do local, dia e hora de sua lavratura, consoante determina o caput do art. 293 do Decreto 3.048/99. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento a obrigação acessória prevista no artigo 32, IV, da Lei 8.212/91, uma vez que a autuada não declarou em GFIP todos fatos geradores de contribuições previdenciária relativas a seus empregados e contribuintes individuais, o que gerou em uma contribuição previdenciária devida a menor.Ao observar a transcrição acima, não merece prosperar o argumento do contribuinte, pois resta claro que o lançamento não incluiu tal importância, tendo a DRJ manifestado o seu entendimento a respeito. O artigo 32, IV, § 5° da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 9.528 de 10/12/1997, assim dispõe: Lei 8.212/91 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. Pela infração cometida o contribuinte estava ao tempo da autuação incurso na pena prevista no § 5° do art. 32 da Lei n°8.212, de 24 de julho de 1991: "§ 5° A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator 6 pena Fl. 1647DF CARF MF 8 administrativa correspondente 6 multa de cem por cento do valor devido relativo 21 contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Medida Provisória n°449, de 2008)" A multa foi calculada atendendo ao disposto nos §§ 4° e 5° do art. 32 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, ou seja, em 100% do valor da contribuição não declarada,(...) Conforme depreendese da transcrição encimada, não vislumbro qualquer contradição na fundamentação da decisão de piso, bem como falta de fundamentação. Feitas estas considerações, é patente que não se configurou a ocorrência do propalado cerceamento ao direito de defesa. MÉRITO Despacho Decisório Aduz que o Despacho Decisório realizou o papel de um novo Lançamento, que reconheceu de oficio a ilegalidade do anterior e o substituiu para efeitos fiscais. Por isso, ocorreu a devolução do prazo para pagar ou impugnar o Auto de Infração. Tal situação gera efeitos diretos na aplicação, ao caso, do art. 150, §4º do CTN. Nesse aspecto não assiste razão a recorrente, pois, o fato de ter sido reaberto o prazo para aditamento da impugnação, não implica em nova notificação, sendo certo que a data inicial a ser considerada para efeito da contagem do período decadencial é a da primeira notificação regular ao sujeito passivo, uma vez que o lançamento foi ali perfectibilizado Retroatividade Benigna Por derradeiro, em que pese à procedência do lançamento em seu mérito, destacase que posteriormente à lavratura do Auto de Infração fora publicada a Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, trazendo nova redação ao artigo 32 da Lei nº 8.212/91, acrescentando, ainda, o artigo 32A aquele Diploma Legal, estabelecendo nova forma do cálculo da multa ora exigida e, bem assim, determinando a exclusão da multa de mora do artigo 35 da Lei nº 8.212/91, com a conseqüente aplicação das multas constantes da Lei nº 9.430/96, e, tendo sido protocolado o recurso antes da alteração, analiso de ofício, senão vejamos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.645 9 necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV do caput deste artigo ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicandose, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A desta Lei. § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV do caput deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 1649DF CARF MF 10 II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). [...] Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Partindo dessa premissa, em face da legislação posterior contemplando penalidades mais benéficas para o mesmo fato gerador, impõese à aplicação desse novo calculo da multa, em observância ao disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, que assim prescreve: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.646 11 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifamos) Antes mesmo de contemplar as razões meritórias, mister analisarmos o disposto no artigo 113 do Código Tributário Nacional, o qual determina que as obrigações tributárias são divididas em duas espécies, principal e obrigação acessória. A primeira diz respeito à ocorrência do fato gerador do tributo em si, por exemplo, recolher ou não o tributo propriamente dito, extinguindo juntamente com o crédito decorrente. Por outro lado, a obrigação acessória relacionase às prestações positivas ou negativas constantes da legislação de regência, de interesse da arrecadação ou fiscalização tributária, sendo exemplo de seu descumprimento deixar a contribuinte de informar em GFIP a totalidade dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, situação que se amolda ao caso sub examine. Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em Receita Federal do Brasil (“Super Receita”), as contribuições previdenciárias passaram a ser administradas pela RFB que, em curto lapso temporal, compatibilizou os procedimentos fiscalizatórios e, por conseguinte, de constituição de créditos tributários, estabelecendo, igualmente, para os tributos em epígrafe multas de ofício a serem aplicadas em observância à Lei n° 9.430/1996, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Como se observa, a nova legislação, de fato, contemplou inédita formula de cálculo de aludidas multas que, em suma, vem sendo conduzida pelo Fisco, da seguinte forma: 1) Na hipótese do descumprimento de obrigações acessórias ocorrer de maneira isolada (p.ex. tão somente deixar de informar a totalidade dos fatos geradores em GFIP), com a ocorrência da observância da obrigação principal (pagamento do tributo devido), aplicarseá para o cálculo da multa o artigo 32A da Lei n° 8.212/91; 2) Por seu turno, quando o contribuinte, além de inobservar as obrigações acessórias, também deixar de recolher o tributo correspondente, a multa a ser aplicada deverá obedecer aos ditames do artigo 35A da Lei n° 8.212/91, que remete ao artigo 44 da Lei n° 9.430/96, determinando a aplicação de multa de ofício de 75%; Não obstante parecer simples, aludida matéria encontrase distante de remansoso desfecho. Isto porque, a legislação anterior apartava as autuações por descumprimento de obrigações acessórias das notificações fiscais (NFLD) decorrentes de inobservância das obrigações principais, levando a efeito multas distintas, inclusive, no segundo caso, com aplicação de multa de mora variável no decorrer do tempo (fases processuais). Assim, com a introdução de novas formas de cálculo da multa, nos casos de descumprimento de obrigações tributárias (principal e acessória), os lançamentos pretéritos, bem como aqueles mais recentes que abarcam fatos geradores relacionados a período anterior a referida alteração, tiveram que ser reanalisados com a finalidade de se verificar a melhor modalidade do cálculo da penalidade e, se mais benéfico, aplicálo. Fl. 1651DF CARF MF 12 A propósito da matéria, o ilustre Conselheiro Júlio César Vieira Gomes se manifestou com muita propriedade, conforme se depreende do excerto do Voto condutor do Acórdão n° 2402001.895, exarado nos autos do processo n° 15983.000199/200892, de onde peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir: [...] O recorrente já se beneficiou do direito à relevação de parte da multa aplicada pela correção parcial da falta, mas ainda não quanto à retroatividade benéfica prevista no artigo 106 do Código Tributário Nacional e em face da regra trazida pelo artigo 26 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 que introduziu na Lei n° 8.212, de 24/07/1991 o artigo 32A. Passo, então, ao exame desse direito. Seguem transcrições: [...] Podemos identificar nas regras do artigo 32A os seguintes elementos: a) é regra aplicável a uma única espécie de declaração, dentre tantas outras existentes (DCTF, DCOMP, DIRF etc): a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. Inicialmente, esclarecese que a mesma lei revogou as regras anteriores que tratavam da aplicação da multa considerando cem por cento do valor devido limitado de acordo com o número de segurados da empresa: Art. 79. Ficam revogados: I – os §§ 1o e 3º a 8º do art. 32, o art. 34, os §§ 1º a 4º do art. 35, os §§ 1º e 2º do art. 37, os arts. 38 e 41, o § 8º do art. 47, o § 2º do art. 49, o parágrafo único do art. 52, o inciso II do caput do art. 80, o art. 81, os §§ 1º, 2º, 3º, 5º, 6º e 7º do art. 89 e o parágrafo único do art. 93 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; Para início de trabalho, como de costume, devese examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.647 13 casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. No inciso II do artigo 32A em comento o legislador manteve a desvinculação que já havia entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Portanto, temos que o sujeito passivo, ainda que tenha efetuado o pagamento de cem por cento das contribuições previdenciárias, estará sujeito à multa de que trata o dispositivo. Comparando com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Melhor explicando essa diferença, apresentamos o seguinte exemplo: o sujeito passivo, obrigado ao pagamento de R$ 100.000,00 apenas declara em DCTF R$ 80.000,00, embora tenha efetuado o pagamento/recolhimento integral dos R$ 100.000,00 devidos, qual seria a multa de ofício a ser aplicada? Nenhuma. E se houvesse pagamento/recolhimento parcial de R$ 80.000,00? Incidiria a multa de 75% (considerando a inexistência de fraude) sobre a diferença de R$ 20.000,00. Isto porque a multa de ofício existe como decorrência da constituição do crédito pelo fisco, isto é, de ofício através do lançamento. Caso todo o valor de R$ 100.000,00 houvesse sido declarado, ainda que não pagos, a DCTF já teria constituiria o crédito tributário sem necessidade de autuação. A diferença reside aí. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991. Seguem transcrições: LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. ... Seção V Fl. 1653DF CARF MF 14 Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições ... Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A DCTF tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade a norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o artigo 43 da mesma lei: Auto de Infração sem Tributo Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.648 15 a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, nos casos que tenha sido lavrada NFLD (período em que não era a GFIP suficiente para a constituição do crédito nela declarado), qual tenha sido o valor nela lançado. E, aproveitando para tratar também dessas NFLD lavradas anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, não vejo como lhes aplicar o artigo 35A, que fez com que se estendesse às contribuições previdenciárias, a partir de então, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, pois haveria retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento/recolhimento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. [...] Retomando os autos de infração de GFIP lavrados anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, há um caso que parece ser o mais controvertido: o sujeito passivo deixou de realizar o pagamento das contribuições previdenciárias (para tanto foi lavrada a NFLD) e também de declarar os salários de contribuição em GFIP (lavrado AI). Qual o tratamento do fisco? Por tudo que já foi apresentado, não vejo como bis in idem que seja mantida na NFLD a multa que está nela sendo cobrada (ela decorre do falta de pagamento, mas não pode retroagir o artigo 44 por lhe ser mais prejudicial), sem prejuízo da multa no AI pela falta de declaração/omissão de fatos geradores (penalidade por infração de obrigação acessória ou instrumental para a concessão de benefícios previdenciários). Cada uma das multas possuem motivos e finalidades próprias que não se confundem, portanto inibem a sua unificação sob pretexto do bis in idem. Agora, temos que o valor da multa no AI deve ser reduzido para ajustálo às novas regras mais benéficas trazidas pelo artigo 32A da Lei n° 8.212/1991. Nada mais que a aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: [...] Fl. 1655DF CARF MF 16 De fato, nelas há limites inferiores. No caso da falta de entrega da GFIP, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária e, no de omissão, R$ 20,00 a cada grupo de dez ocorrências: Art. 32A. (...): I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Certamente, nos eventuais casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras (por exemplo, quando a empresa possui pouquíssimos segurados, já que a multa era proporcional ao número de segurados), não há como se falar em retroatividade. Outra questão a ser examinada é a possibilidade de aplicação do §2° do artigo 32A: § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Deve ser esclarecido que o prazo a que se refere o dispositivo é aquele fixado na intimação para que o sujeito passivo corrija a falta. Essa possibilidade já existia antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009. Os artigos 291 e 292 que vigeram até sua revogação pelo Decreto nº 6.727, de 12/01/2009 já traziam a relevação e a atenuação no caso de correção da infração. E nos processos ainda pendentes de julgamento neste Conselho, os sujeitos passivos autuados, embora pudessem fazê lo, não corrigiram a falta no prazo de impugnação; do que resultaria a redução de 50% da multa ou mesmo seu cancelamento. Entendo, portanto, desnecessária nova intimação para a correção da falta, oportunidade já oferecida, mas que não interessou ao autuado. Resulta daí que não retroagem as reduções no §2°: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.649 17 §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. ... CAPÍTULO VI DA GRADAÇÃO DAS MULTAS Art.292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: ... V na ocorrência da circunstância atenuante no art. 291, a multa será atenuada em cinqüenta por cento. Retornando à aplicação do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, ressaltase que a verificação da regra mais benéfica deve ser em relação ao valor da multa aplicada no autode infração, anteriormente à qualquer outra redução em face da correção parcial da falta ou outro motivo. Isto porque a retroatividade benéfica do artigo 106 do CTN se opera no plano da subsunção do fato à nova regra jurídica. A relevação de parte da multa pela correção parcial da falta do decorrer do processo deve ser realizada após a incidência da nova regra. Melhor explicando: devem ser comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32A, inciso II da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor; após, a relevação de parte da multa remanescente na proporção da correção parcial da infração. [...] Na esteira desse entendimento, em que pese à procedência do lançamento em relação ao mérito, impõese determinar o recálculo da multa, com fulcro no artigo 32A da Lei n° 8212/91, na forma prescrita na legislação hodierna mais benéfica, retroagindo, portanto, para alcançar fatos pretéritos. Fazendo prevalecer a multa mais benéfica para a contribuinte. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em parcial consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE a) NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente; b) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 1657DF CARF MF 18 Voto Vencedor Conselheira Miriam Denise Xavier Redatora Designada INFRAÇÃO E MULTA APLICADA Discordo do relator que entende que deve ser aplicado ao caso em análise o disposto na Lei 8.212/91, art. 32A. Quanto ao dispositivo legal da infração e da multa aplicada, devese observar os seguintes artigos do CTN: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Assim, a princípio, devese observar a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador. Entretanto, em matéria de penalidades, deverá ser considerada a retroatividade da lei mais benéfica, de acordo com o CTN, artigo 106, inciso II. Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.650 19 A falta praticada, que foi objeto da presente autuação, apesar de ter sua capitulação legal alterada, continua definida como infração: entrega de GFIP com omissões/incorreções relacionadas a fatos geradores. Sobre a multa aplicada, a partir de 4/12/08, com a publicação da MP 449/08, convertida na Lei 11.941/09, o auditor, ao emitir Auto de Infração por descumprimento de Obrigação Acessória – AIOA relacionado à GFIP, deve considerar a retroatividade da lei mais benéfica, de acordo com o CTN, artigo 106, inciso II. Para tanto, deve comparar as penalidades cabíveis consoante a legislação vigente antes e depois da referida MP, aplicando a multa mais favorável ao sujeito passivo. Contudo, a presente autuação foi lavrada antes de referida mudança, não tendo o auditor fiscal autuante, por óbvio, efetuado referido comparativo, que deverá ser feito por ocasião do pagamento. A multa aplicada tendo em vista as alterações introduzidas pela Lei 11.941/09, é explicada a seguir: Em 4/12/08, foi publicada a Medida Provisória no 449, de 3/12/08, convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, que modificou a sistemática do cálculo das multas de mora, de ofício e daquelas decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias relacionadas à Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, anteriormente previstas nos artigos 32 e 35 da Lei 8.212/91, acrescentando os artigos 32A e 35A. Assim, a partir da publicação da MP 449, de 3/12/2008, para os fatos geradores de contribuições previdenciárias anteriores a esta data, deverá ser avaliado o caso concreto e a norma atual deverá retroagir, se mais benéfica, pois em matéria de penalidades deve ser observado o disposto no CTN, artigo 106, inciso II, alínea ‘c’. Desta feita, devem ser vinculados os processos de contribuições não declaradas em GFIP, somandose as multas aplicadas aos lançamentos de obrigação principal com as multas pelo descumprimento de obrigação acessória, e comparando com a nova multa de ofício prevista no artigo 35A da Lei 8.212/91, acrescida, se for o caso, da nova multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91 (relativa a contribuição recolhida e não declarada em GFIP). Assim, a multa deve resultar do comparativo entre os valores que seriam lançados considerando a lei vigente à época do fato gerador (percentual de multa previsto na redação original do artigo 35 da Lei 8.212/91 somado ao valor de multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32, §5o da Lei 8.212/91) com o valor da multa de ofício que teria sido aplicada considerando a redação atual, conforme artigo 44 da Lei 9.430/96 (percentual de 75%) somado, se for o caso, ao valor da multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91. Ocorre, contudo, que os percentuais da multa tanto do artigo 35 da Lei 8.212/91, quanto do artigo 44 da Lei 9.430/96, sofrem variação de acordo com o prazo do pagamento do crédito. Logo, temse que a comparação entre uma e outra modalidade somente poderá ser ratificada por ocasião do pagamento, devendo o valor da multa ser revisto, se for o caso, nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14, de 4/12/09. Fl. 1659DF CARF MF 20 Os dispositivos legais ora atacados encontravamse em vigor na época da ocorrência dos fatos geradores ou tiveram sua aplicação em razão do princípio da retroatividade benigna de que trata o Código Tributário Nacional, artigo 106, inciso II, alínea “c”. CONCLUSÃO Pelo exposto, no mérito, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a multa seja recalculada aplicandose o disposto da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Por ocasião do pagamento ou execução do crédito tributário, deverá ser calculada a multa mais benéfica, considerando o auto de infração conexo, em razão da alteração na legislação previdenciária promovida pela Lei 11.941/09, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 1660DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.908208/2009-52
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/12/2004
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comprová-lo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Diego Weis Junior, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR PIS Recorrente CLINICA PRÓVIDA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/12/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comproválo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 82 08 /2 00 9- 52 Fl. 36DF CARF MF Processo nº 10983.908208/200952 Acórdão n.º 3002000.128 S3C0T2 Fl. 36 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Diego Weis Junior, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves Relatório O processo administrativo ora em análise trata de PER/DCOMP 29724.96330.200606.l.3.040608, transmitido em 20/06/2006, cujo crédito teria origem em recolhimento do PIS efetuado a maior. A compensação declarada foi homologada parcialmente, conforme Despacho Decisório (fl. 04), pelos seguintes motivos: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Após ser intimada da decisão em 29/06/2009, a ora recorrente apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade em 14/07/2009 (fl. 02/03), na qual informou que foi retificada a DCTF, referente 4° Trimestre/2004, e entregue em 30/06/2009, com as devidas correções dos débitos do PIS, objetivando comprovar o seu direito creditório. Para comprovar o seu suposto crédito, a recorrente juntou apenas cópia da DCTF retificadora à sua Manifestação de inconformidade. Em seqüência, analisando as argumentações da contribuinte e os documentos juntados, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis DRJ/FNS julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 . COMPENSAÇÃO. REQUISITO DE VALIDADE A compensação de créditos tributários depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimada dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fl. 32/34), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, repisando fatos e argumentos já apresentados e acrescentando que, de acordo com o art. 170 do Código Tributário Nacional c/c Fl. 37DF CARF MF Processo nº 10983.908208/200952 Acórdão n.º 3002000.128 S3C0T2 Fl. 37 3 o art. 34 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, não haveria vedação legal ao procedimento realizado pela ora recorrente e, assim, devendo ser pressuposta sua validade. Ademais, a recorrente assevera que as leis tributárias somente têm o condão de determinar a forma de sua tributação, porém, sem jamais interferir em sua própria natureza jurídica, a ponto de restringir ou atingir o patrimônio do contribuinte para pagamento de débitos, que não são por ele devido. A recorrente não apresenta mais nenhum documento. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Entendo que a questão fundamental a ser decidida no presente julgamento se refere ao direito probatório em processos administrativos fiscais. Assim, desde logo, refuto os argumentos jurídicos apresentados pela recorrente. O art. 173 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao autor, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ou seja, em regra, incumbe à parte fornecer os elementos de prova das alegações que fizer, visando prover o julgador com os meios necessários para o seu convencimento, quanto à veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão. Seguindo essa mesma linha, o art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999, que regula os processos administrativos federais, dispõe que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Quanto ao processo administrativo fiscal, o art. 16 do Decreto 70.235/72 assim estabelece: Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis ......................................................................................................... Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10983.908208/200952 Acórdão n.º 3002000.128 S3C0T2 Fl. 38 4 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.748, de 9/12/1993) ......................................................................................................... § 1° omissis ......................................................................................................... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluíndo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira se a fato ou a direito superveniente; c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997) ......................................................................................................... Como se percebe dos dispositivos transcritos, o dever de provar incumbe a quem alega. Assim, creio que o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes de lançamento tributário e processos decorrentes de pedido de restituição, ressarcimento e compensação. Nestes, cabe ao contribuinte provar a liquidez e a certeza do seu crédito, naqueles, cabe ao fisco provar a ocorrência do fato gerador. Ainda sobre o mesmo tema, devese tecer alguns comentários sobre o valor probatório do material eventualmente apresentado. Não basta a juntada de documentos, estes devem possuir valor probatório, mínimo que seja, considerandose as vicissitude do caso concreto posto em análise. Assim, determinado documento pode guardar conteúdo probatório das alegações em um processo e, em outro, não se configurar prova. Por certo, em regra, as declarações fiscais transmitidas pelo contribuinte, assim como, seus registros contábeis, fazem prova em seu favor. Contudo, esses elementos, para possuírem algum valor probatório, devem ter sido elaborados segundo os ditames legais e em época apropriada. Vejamos, por exemplo, a DCTF retificadora. Como vem se manifestando, reiteradamente, este Conselho, a apresentação da DCTF retificadora antes da transmissão do pedido de compensação, em casos de pagamento indevido ou a maior, ou mesmo antes da ciência do Despacho Decisório, não é condição para a homologação da compensação pleiteada, pois o direito creditório não surge com a declaração, mas com o efetivo pagamento indevido ou a maior. Entretanto, a mera apresentação da DCTF retificadora não tem o condão de, por si só, comproválo. Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10983.908208/200952 Acórdão n.º 3002000.128 S3C0T2 Fl. 39 5 No presente caso em análise, a ora recorrente restringiuse apenas a fazer alegações sobre seu suposto crédito e, para comproválo, limitouse a juntar cópia da DCTF retificadora, transmitida após a ciência do Despacho Decisório. Dessa forma, forçoso é admitir que a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o seu suposto direito creditório, seja por seus erros anteriores ao Despacho Decisório, seja pela ausência da apresentação de provas robustas da sua liquidez e certeza, tanto na instância a quo, como nesta Corte. Por isso, entendo que a decisão atacada foi correta. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e não reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 40DF CARF MF
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