Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 11020.004103/2006-21
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Jul 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000.
INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada.
DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº. 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. Por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, impõe-se a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº. 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplica-se o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observa-se o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN.
Numero da decisão: 9101-001.954
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, recurso provido. Vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarou-se impedido o Conselheiro Valmir Sandri sendo substituído pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado),
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), Valmar Fonseca De Menezes, Karem Jureidini Dias, Jorge Celso Freire da Silva, Marcos Vinicius Barros Ottoni (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Orlando Jose Gonçalves Bueno (Suplente Convocado) e Antonio Lisboa Cardoso (Suplente Convocado)
.
Nome do relator: JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº. 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. Por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, impõe-se a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº. 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplica-se o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observa-se o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 17 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11020.004103/2006-21
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5390113
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 9101-001.954
nome_arquivo_s : Decisao_11020004103200621.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 11020004103200621_5390113.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, recurso provido. Vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarou-se impedido o Conselheiro Valmir Sandri sendo substituído pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), Valmar Fonseca De Menezes, Karem Jureidini Dias, Jorge Celso Freire da Silva, Marcos Vinicius Barros Ottoni (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Orlando Jose Gonçalves Bueno (Suplente Convocado) e Antonio Lisboa Cardoso (Suplente Convocado) .
dt_sessao_tdt : Fri Jul 18 00:00:00 UTC 2014
id : 5668454
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248191881216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2500; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11020.004103/200621 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 9101001.954 – 1ª Turma Sessão de 16 de julho de 2014 Matéria IRPJ e OUTROS Exercício 2001. Recorrente MARCOPOLO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº. 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543C DO CPC. Por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, impõese a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº. 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplicase o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observase o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, recurso provido. Vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. nos termos do relatório e voto que AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 41 03 /2 00 6- 21 Fl. 5141DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 3 2 passam a integrar o presente julgado. Declarouse impedido o Conselheiro Valmir Sandri sendo substituído pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), Valmar Fonseca De Menezes, Karem Jureidini Dias, Jorge Celso Freire da Silva, Marcos Vinicius Barros Ottoni (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Orlando Jose Gonçalves Bueno (Suplente Convocado) e Antonio Lisboa Cardoso (Suplente Convocado) . Fl. 5142DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 4 3 Relatório A recorrente, irresignada com o decidido no acórdão nº. 10517.084, apresentou recurso especial (fls. 4.2794.326) para esta Câmara Superior de Recursos Fiscais. Sustenta a recorrente que a decisão sob exame teria divergido do entendimento manifestado por outras turmas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em relação a diversas matérias. São elas: a) divergência na contagem do prazo decadencial do art. 173, inciso I, e 150, § 4º, do CTN; b) qualificação da infração como omissão de receita; c) critério de cálculo do lançamento fiscal (desconsideração dos custos no cálculo de apuração do crédito tributário);d) desconsideração do conjunto probatório pelo contribuinte apresentado sem qualquer plausibilidade/razoabilidade;e) suposta simulação em operações de venda por empresa trading do mesmo grupo;f) capitulação da multa agravada. Por meio do Despacho nº69/2010, o Presidente da 3ª Câmara da Primeira Seção negou seguimento ao recurso especial apresentado pela recorrente. Posteriormente, o Despacho nº. 69R/2010, da lavra do Presidente da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, confirmou o despacho anterior. Inconformada com o exame de admissibilidade do recurso, a recorrente ingressou com mandado de segurança (004147771.2010.4.01.3400) na Justiça Federal do Distrito Federal, no qual pleiteia o conhecimento do recurso especial. A recorrente obteve decisão favorável do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, via provimento de tutela antecipada pleiteada no recurso de apelação, no sentido de determinar o conhecimento integral do recurso especial. Para maior compreensão da matéria, transcrevo abaixo o relatório constante do acórdão recorrido, in verbis: "MARCOPOLO S/A, já devidamente qualificada nestes autos, inconformada com a Decisão prolatada pela 1ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre, que manteve parcialmente o lançamento de IRPJ e reflexos, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. Outrossim, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre, consubstanciada no art. 34, inciso I, do Decreto n.° 70.235/72, com a alteração introduzida pela Lei n° 9.532/97, recorre a este Colegiado de sua decisão, em face da exoneração que prolatou concernente à parcela do crédito tributário constituído contra a empresa em referência. Trata o processo das exigências de IRPJ e reflexos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL e Imposto de Renda Retido na Fonte), formalizadas em decorrência da constatação de omissão de receitas, caracterizada por subfaturamento praticado em operação considerada simulada. O imposto de renda retido na fonte está sendo exigido sob fundamento de que foram efetuados pagamentos sem causa ou cuja as operações não foram comprovadas. Fl. 5143DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 5 4 Transcrevese, abaixo, fragmentos do Relatório apresentado pela autoridade de primeira instância, nos quais encontramse descritas as apurações promovidas pela Fiscalização e as razões de defesa trazidas pela contribuinte em sede de impugnação: [...] A ação fiscal teve origem em representação da Delegacia da Receita Federal no Chuí (RS), constante dos autos do processo 11051.000143/200211, que haveria detectado indícios de irregularidades, eis que os documentos apresentados à aduana nacional continham valores inferiores aos referentes às mesmas operações, apresentados à aduana uruguaia. Tal representação já fora causa para a fiscalização relativa ao anocalendário anterior, da qual resultaram os autos de infração cursados no processo administrativo n° 11020.003966/200508, cuja decisão nesta unidade de primeira instância foi juntada (fls. 3696/3725). O relatório fiscal (fls. 70/153) aponta que a interessada utilizava as sociedades vinculadas Marcopolo Interna tional Corporation (M1C), com sede nas Ilhas Virgens Britânicas (paraíso fiscal), e IlmotInternational Corporation, no Uruguai, para intermediar formalmente negócios que, na essência, corresponderiam a operações diretas entre a Marcopolo S/A e seus importadores finais. Operações simuladas seriam concretizadas através da venda de produtos para as empresas controladas no exterior, mas com a remessa física das mercadorias diretamente para um comprador ou importador final, sem passar pelas intermediárias. Três diferentes modalidades foram identificadas: 1º) fabricante de chassi e Marcopolo vendem à "intermediária" por um valor total inferior ao preço praticado na venda do produto acabado: o chassi é remetido à Marcopolo, que incorpora a carroceria e encaminha o produto ao importador final, em consonância com o Protocolo ICMS 10/94, que permite a exportação de chassis de ônibus com trânsito pela indústria de carroceria; 2º) fabricante de chassi vende seu produto diretamente ao importador final, enquanto a Marcopolo vende a carroceria à sua controlada por um preço inferior ao cobrado do mesmo importador final: o trânsito das mercadorias segue o mesmo rito do procedimento anterior; e 3º) Marcopolo vende a carroceria à "intermediária" por um preço inferior ao cobrado da montadora do ônibus no exterior (outra controlada da contribuinte): a carroceria é enviada para a montadora através de terceira empresa intermediária, no exterior. A auditoria fiscal procura evidenciar, a partir de provas indiciárias, que as empresas MIC e Ilmot equivalem a "centrais de refaturamento" no exterior, cujas intermediações formalizam ato ou negócio jurídico aparente que dissimula a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, ocultando a ocorrência do fato gerador de tributos vinculados ao IRPJ, à CSLL e ao IRRF. Fl. 5144DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 6 5 A expressão "centrais de refaturamento" tem origem no termo inglês "reinvoincing centers" e foi assim explicada no relatório fiscal (fls. 98/102, 1444 e 1446/1469): ... empresas, quase invariavelmente localizadas em paraísos fiscais, cuja única função é refaturar o valor de operações comerciais, com conseqüente evasão fiscal. Normalmente constituídas de direito, mas inexistentes de fato, essas empresas não têm qualquer corpo operacional efetivo (ou têm um corpo bastante reduzido), e as mercadorias exportadas são sempre remetidas diretamente para os compradores finais. Também consta a tradução de texto explicativo, com grifos dos autuantes (fls. 98/99 e 1444): O que é Refaturamento? Refaturamento é o uso de uma corporação offshore para agir como uma intermediária entre uma empresa nacional e seus clientes no exterior. Os lucros dessa corporação intermediária e a operacionalização dos negócios no pais permitem a transferência de parte ou de todo o lucro nas transações para a corporação offshore. Estruturas similares podem ser usadas pelo importador. Uso de refaturamento exemplo Uma corporação em uma jurisdição com alta carga tributária vende $500.000 em produtos ou serviços para a Alemanha a cada ano. Digamos que o custo de produtos e despesas operacionais seja de$300.000. Assim, a empresa lucra $200.000 antes da tributação. Digamos que essa empresa estabeleça uma offshore para agir como intermediária. A empresa nacional vende seus produtos e serviços para a empresa offshore por, suponhamos, $320.000. A offshore imediatamente revende os produtos e serviços para o cliente na Alemanha por $500.000, tendo um lucro de $180.000. Como offshore não paga tributos, os $180.000 são lucro liquido. A empresa exportadora, em jurisdição com alta carga tributária, apresenta lucro mínimo ($20.000). Os $180.000 de lucro, livres de tributação, podem ser depositados em uma conta bancária ou em outro investimento, de acordo com os interesses da empresa nacional. Como é o transporte da mercadoria? A mercadoria pode ser enviada diretamente para o cliente do exportador. O relatório fiscal destaca o conteúdo dos contratos de prestação de serviços formalizados entre a Marcopolo e suas controladas MIC e Ilmot, segundo os quais estas seriam responsáveis, no exterior, pela distribuição oficial (compra, revenda, promoção de vendas e prestação de serviços pós venda) e representação comercial (agenciamento de vendas), além da manutenção própria ou por subcontratados de escritórios equipados com telefone, telex, máquinas, móveis, funcionários qualificados, etc.; remessa de informações Fl. 5145DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 7 6 detalhadas sobre os negócios, clientes visitados e situação de mercado; manutenção de técnico ou preposto para desempenharem os serviços de pósvenda; dentre outros deveres (fls. 73/74 e 1421/1440). Os tributos lançados foram estabelecidos a partir da diferença em dólares americanos entre o preço refaturado pela MIC e Ilmot e o valor da fatura emitida pela Marcopolo, descontado o valor do chassi, se fosse o caso (lis. 114/118, 143/153). As fontes foram: planilhas fornecidas pela contribuinte (fls. 355/377, 1363/1384), faturas comerciais da MIC e Ilmot e planilha eletrônica da CIC/Caxias do Sul. Os valores em dólares foram convertidos para reais pela taxa de compra fixada pelo boletim de abertura do Banco Central do Brasil, vigente na data da averbação dos produtos (confirmação da saída da mercadoria do país). A diferença de preços entre as faturas, além de ser considerada receita operacional omitida evadida do Brasil e empregada à terceira pessoa, sem registro contábil ou fiscal na Marcopolo , ficou caracterizada como pagamento sem causa, razão pela foi lançado 11212F exclusivamente na fonte sobre base de cálculo reajustada. Os autuantes valemse de alguns documentos de fiscalização passada, relativa ao anocalendário de 1999. Queixamse de diferenças no atendimento às intimações concernentes à fiscalização atual e informam que houve recusa de entrega de certificados de origem do ano 2000, pela CIC/Caxias do Sul, sob alegação de que haviam sido incinerados (lis. 83/86, 198/199, 255/264, 327, 1276/1278 e 1303/1357). Estranham o procedimento da CIC, pois não houvera nenhuma dificuldade na obtenção de documentos na fiscalização anterior. A convicção dos autuantes sustentase em indícios que colocam em dúvida, inclusive, a existência fálica das empresas "intermediárias", apesar de formalmente constituídas. Dentre eles, podem ser elencados: > Relativamente à MIC: Situada nas Ilhas Virgens Britânicas paraíso fiscal onde é prometido sigilo e não há cobrança de impostos sobre a renda de empresas estrangeiras; onde estariam registradas mais de 600.000 empresas, em país com área de 153 Km2 e população de 23 mil habitantes (a título de comparação, a Receita Federal registraria em Caxias do Sul a existência de 34.500 empresas ativas regulares, sejam matrizes ou filiais, em município de 400 mil habitantes e área de 1.644 km 2); e onde há grande quantidade de firmas que oferecem serviços de criação de "offshores", tais como a sucursal de empresa panamenha, Sucre &Sucre TrustLtd. (fls. 135/136, 1441/1476, 1484/1511); "Documentos UnicosAduaneros (DOU)", relativos a desembaraços aduaneiros efetivados no Uruguai, em 1999, consignam o domicílio da MIC no mesmo endereço da Marcopolo S/A, em Caxias do Sul (fls. 86 e199); Fl. 5146DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 8 7 sendo solicitada fatura de energia elétrica de 2000 para justificar a existência da empresa, foi apresentada fatura de 2006, registrando a empresa Sucre & Sucre como usuária do serviço (fls. 136/139 e 415); Sendo solicitada fatura de serviço de telefonia 2000, foi apresentado apenas recibo de pagamento de serviços telefônicos de 2006 em nome da Sucre & Sucre, onde sequer constava número de telefone ou endereço para qual o serviço foi prestado (11. 414); o endereço da fatura de energia elétrica coincide com o da Sucre &Sucre (fls. 415, e 1474); as explicações da contribuinte para a divergência entre o endereço da fatura de energia elétrica e o das faturas comerciais foram inconsistentes e apresentaram erros primários, demonstrando o desconhecimento pela contribuinte da estrutura postal da localidade(fls. 137/139, 1303, 1344, 1390, 1500 e 1505); há vaguidade na informação do endereço normalmente utilizado para localizar a MIC Obturas comerciais), não havendo citação de nome de logradouro, caixa postal ou número de edificação (fls. 138 e 1359/1360); não foi apresentada documentação que comprovasse e explicasse efetivamente a ligação entre as empresas M1C e Sucre & Sucre, relativamente ao fornecimento de bens de infraestrutura para atendimento de suas necessidades (fi. 1285 e 1360); Segundo o sítio da internei, a Sucre & Sucre presta serviços de domicílio, linhas de telefone e fax, endereço eletrônico e emissão de faturas (fls. 99 e 1445) outras empresas são até mais explícitas na internei, oferecendo a criação de companhias offshores para fazer refaturamento, providenciando serviços de caixa postal, selei, telefone e fax para uso da companhia offshore (fls. 99, 1444 e 1476); Inexiste sítio da MIC na internet investimento justificado para o porte dos negócios formalizados; e Embora o faturamento anual da MIC em 2000 tenha sido de aproximadamente US$ 13,7 milhões, por vendas para Trinidad e Tobago, África do Sul, Barbados, Uruguai, Moçambique e Costa Rica, dentre outros países, os únicos salários pagos foram os de quatro sóciosgerentes da Marcopolo S.A. (fls. 402/408, 1284/1285, 1299/1301 e 1592). > Relativamente à Ilmot: Foi criada no Uruguai, onde as sociedades anônimas financeiras de investimentos (Safi) gozam de tratamento fiscal privilegiado; Sendo solicitadas faturas de energia elétrica e de serviços telefônicos de 2000 para justificar a existência da empresa, foram apresentados documentos de 2006, onde consta a empresa KPMG Uruguay como usuária dos serviços (fls.. Fl. 5147DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 9 8 409/411), esta que, segundo a autuada, seria locadora o espaço para Consadi Asociados Asesoramiento Empresarial (fl. 1285); nenhum documento apresentado pela fiscalizada inclusive o recibo de pagamento de uma fatura paga em 2000, referente a serviços administrativocontábeis prestados em 1999 foi hábil para comprovar e explicar a efetiva ligação entre as empresas Ilmot e ConsadiAsociados, relativamente ao fornecimento de bens de infraestrutura para atendimento de suas necessidades (l7. 1285, 1360 e1362); a análise da fatura telefônica apresentada, mesmo que de um período em que a contribuinte já estava sob fiscalização, estabelece forte indicio de que o serviço de telefonia não era utilizado para o atendimento das necessidades da Ilmot, já que não há registro de contato com a Marcopolo no Brasil ou com importadores finais (fls. 88/91, 410, 1363/1384, 1477/1483); e Haveria incongruência entre o faturamento da Ilmot em 2000 (quaseUS$ 41,9 milhões) e a estrutura da empresa, segundo a documentação Apresentada, como exemplificado por ausência de sítio na internet daIlmot e ConsadiAsociados, reduzida quantidade de ligações internacionais na fatura de telefonia e ausência de comprovação de contatos com os compradores finais. > Relativamente a ambas empresas externas: os serviços de assistência técnica aos clientes dos produtos, para os quais MIC e Ilmot se comprometem contratualmente a fornecer diretamente ou por intermédio de terceiros contratados, sob supervisão e orientação destas, são efetivamente fornecidos pela própria Marcopolo (fls. 91/93, 1389, 1421/1440); apesar de instalada no Uruguai, a Ilmot não tem vendas para esse pais, mas sim a M1C, que é das Ilhas Virgens Britânicas (fl. 95); algumas operações realizadas com lucro zero pelas controladas conflitam com o argumento da contribuinte de que as margens de lucro daquelas seriam necessárias para cobrir riscos e custos operacionais(fls. 93/94e 218); Inexistem contratos de venda da MIC e Ilmot formalizados com compradores finais, mesmo que tenham vendido, juntas, mais de US$55,5 milhões em 2000 (ll. 269); Extratos eletrônicos apresentados para representar pedidos de compras das "intermediárias" à Marcopolo, não foram aproveitados como prova em favor da contribuinte dada a existência dos indícios apontando para a simulação e pela pequena amostra e simplicidade pedidos, que poderiam ter sido formalizados até mesmo após o início do procedimento fiscal (fis. 80/81 e 328/354); As cópias de cartas de crédito dos importadores finais em favor das "intermediárias" também não servem de prova para estabelecer a efetiva participação dessas empresas nas Fl. 5148DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 10 9 operações, e ainda constituem parte da mecânica da simulação (fls.. 80/81 e 924/952); Os financiamentos obtidos pelas intermediárias apresentam a Marcopolo na figura de garantidora (fls. 80/82 e 953/1092); O volume significativo de cópias de pedidos de importação originários da Polomex S.A., empresa mexicana controlada pela Marcopolo, não é suficiente para comprovar a efetiva ligação entre as "intermediárias" e os importadores finais, nem afastar a simulação, já que não foram apresentados documentos relativos a outras empresas, apesar de solicitados (fls.. 82/83, 1093/1214, 1278 e 1287); os contratos firmados entre Marcopolo e MIC/Ilmot limitam se a negócios jurídicos direcionados a conferir aparência de legalidade a operações inexistentes (fls. 83 e 1421/1440); Todos os documentos da MIC e Ilmot são emitidos em Caxias do Sul e assinados por funcionários da Marcopolo, mandatários das "intermediárias" que não recebem remuneração destas, mas somente da autuada (fls. 83, 86/87, 228, 271, 273, 402/405, 1238/1276, 1304/1346 e 1385/1388); e há imensa semelhança entre as faturas comerciais emitidas pela Marcopolo e pela MIC e Ilmot (exemplos:fls. 271, 173 e 1303). A fiscalização consigna que a contribuinte consegue driblar a legislação que protege o fisco relativamente às operações e relações empresariais entre sociedades de mesmo grupo econômico (preços de transferência e tributação em bases mundiais). A adequação ao mecanismo dos preços de transferência seria utilizada pela contribuinte como componente da simulação, fortalecendo a aparência de legalidade das operações (fls. 95/96). A incidência da legislação sobre tributação em bases mundiais vem sendo contornada pela contribuinte. Uma das razões para a esquiva é a inexistência de órgão que assegure as informações originárias das duas empresas externas. Quando era prevista a tributação dos lucros distribuídos, os estatutos da MIC, por exemplo, previam a possibilidade de criação de fundo de reserva, antes mesmo da apuração dos dividendos o que poderia afastar da tributação a parcela de lucro necessária ; também era prevista a reincorporação de dividendos não solicitados por 3 anos. Com a vigência da Medida Provisória n°215835, de 24/08/2001, quando a tributação dos lucros independeria da distribuição efetiva, "coincidentemente, em 2001 houve um vultoso prejuízo, fato que se repetiu em 2002", com total de prejuízos acumulados que ainda não foram revertidos até 2004 (fls. 104, 160/197, 1215, 1286, 1442/1443). Foi aplicada a multa qualificada de 150%, prevista no art. 44, II, da Lei n° 9.460/96, por identificação de fraude nas operações. Fl. 5149DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 11 10 A intimação dos autos de infração ocorreu em 28/12/2006 (fls. 05, 10 e 18) e as impugnações foram apresentadas em 26/01/2007 (fls. 1636/1894). Ao tempo que consigna haver colaborado da forma mais célere e completa possível com o procedimento fiscal, a autuada tece comentários carregados de advérbios e adjetivos sobre a atuação da fiscalização, procurando ressaltar diversos aspectos negativos no desempenho e resultados alcançados, tais como: voracidade arrecadatória; conclusões fantasiosas baseadas em ficções e presunções inadequadas, dissonantes dos documentos e informações prestadas; exigências com terminologia genérica, intimidatória e em prazos ínfimos para esclarecimentos e entrega de documentos (nem sempre próprios); análises parciais, premeditadas e generalistas, decorrentes de questionamentos direcionados e decorrentes da fiscalização anterior; conjunto indiciário de provas, composto de meias verdades e informações descontextualizadas, direcionadas a conclusões preconcebidas e indutoras do erro (fis. 1638/1641). A impugnante solicita a nulidade dos autos de infração, por desrespeito ao princípio da verdade material, que se manifestou, por exemplo, pela desconsideração de provas entregues pela contribuinte e por distorções de informações e fatos sobre as atividades da MIC e Ilmot, por meio de reproduções parciais de respostas aos termos de intimação. Segundo a contribuinte, a fiscalização não teria acolhido certidão de notaria pública confirmando a existência do escritório da MIC o qual seria mantido e operado por uma equipe administrativa com completa estrutura operacional (fls. 1643 e 1912). Também não reconheceu a legitimidade dos pedidos de compras e correspondências comerciais feitos à Ilmot pela empresa Polomex (participante dos grupos Marcopolo e Mercedes Benz), sob a alegação de que poderiam ter sido montados (II. 1643). No entanto, a contribuinte pretende provar que o sistema informatizado (SAP) utilizado pela Polomex não permite manipulação de dados (fls. 1948 e 3649/3693). A impugnação traça as linhas diretivas da estratégia de expansão internacional do grupo Marcopolo, a partir de 1990, ressaltando que a conquista de mercados consumidores em ramo dominado por multinacionais exigiu a montagem de estrutura complexa, para garantir condições favoráveis de logística, mecanismos financeiros ágeis e suportes técnicos e operacionais para as operações no exterior.A estratégia assentouse na instalação de rede de empresas no exterior, cada qual com funções específicas. A evolução das exportações estaria demonstrar a eficácia do plano (fls. 1649/1656 e 1984/1985). A autuada defende a decadência dos créditos tributários lançados, com fundamento no art. 150, §º4", do CTN, e pede o cancelamento dos lançamentos, consoante os argumentos adiante resumidos: 1) a Marcopolo International Corporation (M1C) e a llmotInternational Corpo ration S.A. foram constituídas com claras e concretas finalidades estratégicas e comerciais, Fl. 5150DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 12 11 sendo responsávei spela organização e centralização das operações do grupo Marcopolo no exterior, atuando no financiamento, comercialização, apoio técnico e assistência pósvenda (fls. 1651, 1671); 2) a impugnante esclareceu à exaustão ao fiscal que M1C e llmot não praticam operações de agenciamento comercial, mas têm como atividade a coordenação da rede de representantes comerciais espalhados por inúmeros países, os quais mantêm contato direto como compradores das mercadorias (fls. 1645 e 1671); 3,) a administração de investimentos, a formação de redes comerciais e a captação de recursos financeiros, realizadas pela M1C e a Ilmot, exigem custos operacionais adequados ao comércio internacional (fls. 1652, 1671 e 1984/1985); 4) as demonstrações financeiras da impugnante (empresa de capital aberto) e de suas controladas são revisadas e verificadas por auditores independentes, além de serem fiscalizadas pela CVM o que vale como elemento de prova (l7. 1648); 5) a estrutura internacional utilizada pela impugnante é legítima e comum no Brasil e no mundo, sendo adotada e divulgada inclusive por empresas públicas como a Petrobrás (11s. 1653/1654); 6) a MIC e a Ilmot oferecem, com agilidade, recursos financeiros para investimentos, assessoria técnica, manutenção e consertos vinculados a garantia de produtos, participação em eventos e feiras, etc. (fls. 924/952, 1653, 1670, 2121/2180 e 3188/3190); 7) a MIC e a Ilmot desempenham papel relevante na expansão dos investimentos do grupo Marcopolo no exterior, promovendo, também equalização de riscos políticos e cambiais, auxílio na negociação em moeda estrangeira (pagamentos de assistência técnica, tarifas aduaneiras, etc.), proteção contra inadimplências, centralização/maximização de recursos financeiros internacionais (financiamentos/aplicações), financiamento da marca e produtos, etc. (fls. 924/952, 1671, 1674, 1950, 1964/1982 e 3188/3190); 8) exigências dos compradores internacionais quanto à facilidade em se realizar o pagamento, à necessidade de captação de financiamentos de operações, à proteção contra oscilações cambiais e à facilidade de capital de giro e circulação de capital fazem com que diversas empresas possuam investimentos em países no exterior (fls. 1654); 9) a constituição da MIC e da ILMOT foi útil e essencial para a operacionalização do projeto de expansão internacional da Impugnante 07. 1668); 10) a mediação da negociação e o acompanhamento do resultado pósvenda, perante os clientes estrangeiros, são essenciais para estrutura e continuidade das exportações da Marcopolo. (fls. 1692); Fl. 5151DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 13 12 11) os negócios realizados pela impugnante tinham efetivo propósito negocial, não visando à geração de vantagem fiscal (fls. 1650, 1656/1657, 1659, 1661/1663 e 1696); 12) a autonomia privada e o direito de propriedade não são absolutos e ilimitados, mas o exercício do poder arrecadador não pode ultrapassar o próprio limite da lei, punindo o contribuinte por atos jurídicos sem vícios e conformes com o ordenamento (fl. 1657); 13) o art. 160, I, do antigo Código Civil, demonstrava que o direito ampara as operações de intermediação e de remessa por conta e ordem, dizendo não constituir ato ilícito aquele praticado no exercício regular de um direito reconhecido (fl. 1658); 14) tendo a impugnante efetuado e oferecido à tributação os valores apurados segundo o método dos preços de transferência mecanismo suficiente para evitar ou solucionar eventuais prejuízos ou divergências fiscais que poderiam decorrer de operações praticadas com empresas vinculadas ou situadas em paraísos fiscais não há que se falar em eventual prejuízo ao fisco nacional (fls. 1660, 1676 e 1696/1698); 15) não houve simulação, porquanto houve perfeita compatibilidade entre a forma e o conteúdo, vale dizer, entre aquilo que foi declarado e aquilo efetivamente realizado pelas partes (fls. 1665/1666); 16) tampouco houve dissimulação, fraude à lei ou negócio jurídico indireto figuras correlatas à simulação (fls. 1667/1668); 17) o próprio fiscal, diferentemente da autuação passada, abandona a acusação de inexistência fática das intermediárias e reconhece a inexistência de indícios robustos para desconstituílas (fls. 1668); 18)a fiscalização não poderia pretender desconstituir as operações, eis que ficou demonstrada a existência formal e material das empresas MIC e Ilmot, quer pelas razões econômicas e resultados da estratégia da impugnante, quer pela comprovação das operações praticadas (fls. 1669 e 1672); 19) "a alegação fiscal de que, para que exista uma pessoa jurídica, é necessária a existência de vultosos recursos tangíveis e empregados, é conclusão absurda que afronta os princípios da personalidade jurídica atribuída por força de lei" (fl. 1669); 20) "pessoa jurídica é a organização técnicoeconômica que se propõe a produzir, mediante a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens e serviços destinados à troca (venda), com a intenção de realizar lucros, correndo os riscos por conta dos sócios,seja pessoa física ou jurídica, que reúne, coordena e dirige esses elementos sob a sua responsabilidade" (fl. 1669); 21) "pessoa jurídica é unia organização, cuja personalidade decorre única e exclusivamente de ficção jurídica sempre atribuída por lei, que para a criação ou circulação de bens e Fl. 5152DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 14 13 ou serviços combina fatores de produção (capital ou trabalho) de acordo com a natureza de sua atividade" fls. 1672); 22) M1C e a limos são empresas, não apenas por estarem em consonância com as formalidades das leis estrangeiras, mas por preencherem os requisitos para enquadramento nesse conceito (7l. 1669/1670); 23) o próprio fiscal reconhece que as empresas foram legitimamente constituídas (fls. 76, 160/166 e 1670); 24) contratos de representação comercial e vinculados comprovantes de pagamento, contrato de reconhecimento de dívida e contrato de financiamento representam provas inequívocas de que M1C e Ilmot são atuantes no mercado internacional (fls. 1670, 1952/1962, 1987/2132, 3188/3190); 25) os investimentos indiretos da impugnante no exterior representam a necessidade de aporte e aumentos sucessivos de capital (fl. 1670); 26) a atividade empresarial efetiva da MIC e Ilmot também pode ser confirmada pelos contratos e pagamentos de assistência técnica para reparo na estrutura das carrocerias vendidas, firmados entre MIC e seus agentes comerciais subcontratados, e pelos comprovantes de custos de garantias estabelecidas (fls. 924/952, 1670/1672, 2121/2180 e 3188/3190); 27) outros documentos comprovam que MIC e Ilmot existem de fato e não só de direito (fls. 1672): gastos com assistência técnica suportados pela MIC (fls.. 2133/2180), extratos de conta corrente bancária (fls. 2193/3165), pagamentos de comissões a representantes comerciais (fls. 2121/2132) e despesas de homologação de produtos, incorridas pela MIC/Ilmot (fls. 1964/1982); 28) M1C e Ilmot assumem diretamente o risco do negócio dos quais participam (fl.1670); 29) a legitimidade das transações realizadas pela MIC e Ilmot, inclusive para fins fiscais, é comprovada pelos custos e despesas incorridos e por conta dos efeitos atribuídos à personalidade jurídica das empresas, ainda que a força de trabalho seja composta por terceirizados, o que é admissível nos respectivos países em que são sediadas (fl. 1672); 30) não há qualquer exigência que retire legitimidade das transações das empresas, inclusive para fins fiscais, por conta dos efeitos universalmente atribuídos à personalidade jurídica (ficção jurídica atribuída por lei) de empresas, ainda que sua força de trabalho seja composta por terceiros (fls. 1672); 31) a ação judicial proposta pela MIC no Equador demonstra que a entidade é reconhecida e responde como uma entidade de fato e de direito, sujeita a obrigações (fl. 1673); 32) extratos bancários, cópias de recibos, telas do Siscomex e extratos bancários da MIC e Ilmot, comprovando transição de recursos financeiros e pagamentos à Marcopolo, são Fl. 5153DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 15 14 juntados com a impugnação para evitar que sejam presumidas verdadeiras as acusações fiscais (fl. 1673); 33) os efeitos decorrentes da personalidade jurídica não podem ser desconsiderados por meras alegações ou constatações de um quadro reduzido de funcionários e ou enxuta estrutura administrativa pessoas jurídicas que se dedicam a atividades administrativas, prestação de serviços intelectuais e especializados, atividades financeiras não necessitam de estrutura operacional complexa (fl.1673); 34) a realidade comercial, especialmente nas relações internacionais, onde impera o informalismo, justifica a inexistência de celebração formal de contratos de compra e venda no ano de 2000 (fls. 1678/1679); 35) carta de crédito é meio efetivo, idôneo e reconhecido internacionalmente para atestar a existência e a efetividade de operações comerciais (fl. 1682); 36) as considerações e conclusões fiscais acerca do funcionamento das cartas de crédito são incompletas e tendenciosas, e demonstram desconhecimento sobre o regramento e utilização desses instrumentos. (fls. 81 e 1683); 37) as cartas de créditos apresentadas não contém qualquer menção a uma suposta participação da impugnante como garantidora, como sugere a fiscalização (fls. 1767); 38) a existência de operações de revenda sem adição de margem comprova que as intermediárias operam por outras razões negociais, não meramente fiscais (fl. 1685); 39) o fato de a impugnante ser garantidora de operações não autoriza a presunção fiscal de simulação, pois nomear controladora como garantidora de controladas é prática usual no mercado (fl. 1686); 40) a elaboração do laudo de assistência técnica pela Marcopolo, apesar de a supervisão dos serviços competir à MIC e Ilmot, é procedimento corriqueiro às práticas mercantis, tal como ocorre quando se leva um automóvel a concessionária ou revendedora autorizada, em que o técnico encarregado de fazer a revisão do automóvel é, às vezes, enviado pelo próprio fabricante (lis. 1686/1687); 41) a materialidade das operações realizadas fica demonstrada pelas provas contidas/juntadas no processo, relativas à contratação das exportações com a MIC e Ilmot, à transição de recursos financeiros à Marcopolo, às vendas da MIC e Ilmot para os clientes finais, ao pagamento de comissões de agentes em razão das revendas e à assistência técnica (fls. 1687/1696); 42) a própria legislação prevê afigura do mediador e intermediário em qualquer etapa do processo de venda (estruturação e identificação do potencial consumidor, negociação, contratação, administração de entrega)(fls. 1693); Fl. 5154DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 16 15 43) as legislações civil e comercial não impedem que o consumidor final encomende produto ou mercadoria de outra empresa que não seja a produtora, como rotineiramente se observa na prática comercial "o intermediário é indicativo de agente, agenciador, mediador, interventor, não sendo necessária a entrega e transição da mercadoria comprada pelo destinatário final se opere fisicamente pelo intermediário, mesmo que a compra e venda tenha sido por ele executada" (fls. 1693/1696); 44) a legislação também contempla a figura da remessa por conta e ordem de terceiros, como nos arts. 79 e 80 da Medida Provisória nº 2.158 ou art. 39 da Lei n°9.532/95, quando a mercadoria é enviada a outro destinatário que não o adquirente final (fls. 1693/1696); 45) a comprovação do propósito das operações, da transição dos valores e da formalização das operações confronta com as inferências da autuação, as quais não podem ser convalidadas pela administração pública (fls. 1696); 46) a fiscalização jamais poderia desconsiderar os atos ou negócios jurídicos praticados, uma vez que a norma que instituiu tal poder (Lei Complementar n° 104/2001), além de ter sido publicada em 2001, nunca foi regulamentada por lei ordinária, sendo, portanto, inaplicável (fls. 1698/1699); 47) o ônus de provar a simulação e fraude é da administração pública(fl. 1698/1 705); 48) supostas divergências de endereço, partes e nomes, dentre outras, são insuficientes para infirmar o sólido fluxo das operações da impugnante (fl. 1715); 49) o instituto da simulação não comporta a existência de meros indícios, mas exige a comprovação dos fatos que se pretende desconsiderar (fl. 1701); 50) a legislação do imposto de renda confere força probante à escrituração fiscal (art. 923 do R1R/99) (fl. 1704); 51) a impugnação demonstra não haver omissão de receita ou subfaturamento, uma vez que lhe faltam os elementos para que sejam taxadas por "simulação" (fIs. 1698/1705); 52) o evidente intuito de fraude não restou cabalmente demonstrado pela autoridade fazendária, de forma a dar azo à aplicação da multa qualificada (fls. 1 705/1 707); 53) os valores que serviram de base de cálculo dos tributos foram obtidos por critério errôneo e não estabelecido em lei, sem considerar os custos incorridos e as despesas efetuadas pela MIC e Ilmot (fls. 1710/1713); 54) o IRRF é fundamentado em remessa fictícia de valores para o exterior (não houve pagamentos da Marcopolo para MIC e Ilmot) e Fl. 5155DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 17 16 tem cobrança indevida, pois não foi revelada qualquer das hipóteses do dispositivo utilizado como enquadramento legal do auto de infração, art. 61, § 1° da Lei n° 8.981/1995 (pagamento a beneficiário não identificado ou pagamento sem causa ) (fls. 1817/1824); 55) a autuação trata de suposta omissão de receitas, situação antagônica à da exigência de IRRF: pagamentos efetuados a beneficiários não identificados ou cuja causa não seja conhecida Uh 1817/1824); 56) o resultado do procedimento ilegal da fiscalização fere a capacidade contributiva da contribuinte e constitui evidente contradição, eis que tributa duas vezes a mesma renda, adotando hipóteses excludentes: rendimento no Brasil (IRPJ e CSLL) e remessa ao exterior (IRRF) (fls. 1817/1824); 57) o reajuste da base de cálculo, com base no art. 20 da IN SRF 15/01, além de amparado em norma posterior ao ano fiscalizado, contraria o art. 43 do C77V, já que haveria tributação sobre o próprio montante do tributo devido (fls. 1824/1825); e 58) não bastasse a ilegalidade da IN SRF n° 15/01, o fiscal errou no cálculo do IRRF proposto na norma, ao não considerar a dedução da classe do rendimento pago (lls. 1824/1825). Em 18/04/2007, foram apresentados laudos técnicos, elaborados por empresa mexicana vinculada ao grupo KPMG, para confirmar alegações da contribuinte acerca da autenticidade de pedidos de compras da empresa Polomex feitos junto à MIC e Ilmot (fls. 3648/3695). Foram juntados memoriais de 14/05/2007, apresentados pela contribuinte (fls. 3759/3771). Entendendo que, em parte das infrações apuradas, teria ficado configurada a prática, em tese, de crime contra a ordem tributária, os agentes fiscais, qualificando a multa de oficio aplicada, formalizaram a competente Representação Fiscal para Fins Penais. [...] A lª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, analisando os feitos fiscais e a peça de defesa, prolatou o Acórdão n° 10 12.221, de 30 de maio de 2007, fls. 3.773/3.792, conforme ementa abaixo reproduzida. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SIMULAÇÃO. Comprovada a simulação, cabe à fazenda pública desconsiderar os efeitos dos atos viciados, para que se operem conseqüências no plano da eficácia tributária, independentemente de prévia manifestação judicial a respeito da validade do ato viciado ou de as operações estarem sujeitas a outras regras legais de controle tributário, por envolver empresas sediadas em países com regimes tributários favorecidos. Fl. 5156DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 18 17 OMISSÃO DE RECEITAS. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto a ser lançado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. BASE DE CÁLCULO. A fiscalização não está obrigada a perseguir despesas não contabilizadas para considerálas na formação da base de cálculo do IRPJ e CSLL, mormente se o contribuinte foi o artífice da omissão de receitas. MULTA QUALIFICADA. EXIGIBILIDADE. Mantêmse a multa qualificada de 150% estando configurado o intuito de fraude na simulação, utilizada para redução de tributos devidos. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. OPERAÇÃO OU SUA CAUSA NÃO COMPROVADA. Todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas cuja operação ou sua causa não for comprovada está sujeito à incidência de 1RRF, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% cabendo reajustamento do respectivo rendimento bruto. REFLEXOS: CSLL e IRRF. As considerações deduzidas para o IRPJ estendemse aos demais tributos quanto à coincidência de causas. [...] Da decisão em referência, relativamente à exoneração de crédito tributário efetuada, extraise o seguinte fragmento: [...] No caso do IRRF, a apuração do tributo é semanal. Os valores relativos a fatos geradores ocorridos em 2000 ainda poderiam ser lançados nesse período, salvo quanto aos fatos compreendidos entre os dias 24 a 31 de dezembro. Assim, somente os fatos geradores ocorridos em 27/12/2000 estariam excluídos da decadência, pois, para eles, a contagem do prazo iniciou em 01/01/2002. [...] Inconformada, a empresa apresentou o recurso de folhas 3.804/3.910, por meio do qual, apresentando uma síntese do modelo negociai empregado por ela em suas exportações, renova os argumentos trazidos em sede de impugnação, quais sejam: refuta, anexando documentos, a tese de simulação esposada pela autoridade fiscal, reafirmando que suas operações são plenamente justificadas pela clara finalidade estratégica e necessidade comercial; sustenta que a autoridade fazendária desconsiderou previsões legais e normativas que admitem a remessa por conta e ordem em diversas hipóteses, não podendo, assim, classificar como simuladas as operações praticadas pelo simples fato de inexistir trânsito fisico das carrocerias na MIC e na ILMOT; argumenta que a Fiscalização abandonou as regras de preços de transferência de forma indevida, pois, para ela, a simples aplicação dessas normas excluiria a possibilidade de desconsideração das operações realizadas, vez que tais regras constituem o meio eleito pelo ordenamento para regular operações entre empresa nacional e empresa vinculada no exterior; Fl. 5157DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 19 18 afirmando que todas as operações e receitas delas decorrentes foram declaradas, argumenta não ter havido tipificação de omissão de receitas; alega ocorrência de decadência, vez que, para ela, o prazo qüinqüenal para realização do lançamento havia expirado; afirma não ser possível a aplicação da multa qualificada (150%), pois, para ela, inexistiu o evidente intuito de fraude (aduz que, havendo a declaração de todas as operações nos moldes em que foram realizadas, teria ocorrido, na pior das hipóteses, erro de proibição, o que, a seu ver, inibiria a aplicação da citada multa); sustenta, ainda, ter demonstrado o total descabimento do critério de quantificação no auto de infração, visto que a Fiscalização não considerou no cálculo de apuração do crédito tributário as despesas e custos incorridos nas operações. A Recorrente trouxe aos autos, ainda, peça de defesa especifica para a CSLL (fls. 3.911/4.019) e para o IRRF (fls. 4.020/6.276). Relativamente à CSLL, os argumentos são os mesmos apresentados no recurso para o IRPJ. No que tange ao IRRF, contestando a decisão de primeira instância, além de reproduzir alegações apresentadas no Recurso referente ao IRPJ, traz, ainda, em apertada síntese, os seguintes argumentos: que os fundamentos do lançamento não se amoldam à hipótese de incidência do imposto; que os normativos que serviram de suporte para o lançamento tratam de pagamentos efetuados a beneficiários não identificados ou cuja causa não seja conhecida e, tratando a autuação de suposta omissão de receita, ou seja, de valores supostamente recebidos e não registrados, fica claro tratarse de situações antagônicas; que, no presente caso, ela vendeu seus produtos às empresas MIC e ILMOT, recebendo as quantias correspondentes, e estas venderam os produtos para terceiros, recebendo desses terceiros a quantia correspondente, sendo que a diferença entre duas operações de compra e venda é atribuída à ela como suposta omissão de receitas, não existindo, dessa forma, qualquer pagamento realizado por ela às empresas MIC e ILMOT; que é impossível a caracterização pela decisão recorrida a pagamentos em que "não for comprovada a operação ou a sua causa", pois claramente caracterizada e comprovada a operação de exportação, como também a causa que lhe deu origem: saída de mercadorias do território nacional por negócio jurídico válido (contratos de compra e venda); que, relativamente ao cálculo do imposto, muito embora a autoridade julgadora afirme que não cabe às instâncias administrativas a análise da legalidade da IN 04/1980, a qual determina o reajustamento da base de cálculo do tributo, é certo que na execução da lei não pode a autoridade administrativa aplicar mais do que a própria determinação ali contida (sustenta que a IN 04/80 extrapolou o disposto na Lei n°8.981/95); que, se não bastasse a ilegalidade da Instrução Normativa SRF n° 04/80, a Fiscalização ainda utilizou incorretamente a fórmula de reajuste da base de cálculo (apresenta quadro demonstrativo)." É o que importa relatar. Fl. 5158DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 20 19 Voto Conselheiro Jorge Celso Freire da Silva Relator O recurso especial é tempestivo e preenche os demais requisitos regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Pois bem, antes de iniciarmos no exame das matérias tratadas no recurso especial, é importante demarcar que a autuação em debate compõe um conjunto de cinco autos de infração, formalizados em processos distintos, dos quais quatro já foram objeto de análise por esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos julgados sob minha relatoria. A primeira matéria que deve ser enfrentada consiste na verificação se, no caso, estão presentes os pressupostos legais para qualificação da multa de ofício, haja vista a sua implicação na contagem do prazo decadencial. No relatório de auditoria fiscal (fls. 725726), a fiscalização justificou a aplicação com base na seguinte fundamentação: "MULTA DE OFÍCIO 134. O art. 72 da Lei nº. 4.502, de 30 de novembro de 1964, define fraude como sendo toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto ou a evitar ou diferir o seu pagamento. 135. Diante do até então exposto, resta claro que a multa a ser aplicada de ofício é a de 150% (cento e cinqüenta por cento) prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430/96, in verbis: (...)" Em síntese, a fiscalização concluiu que os procedimentos da contribuinte amoldamse à prática de fraude tributária de que trata o art. 72 da Lei nº. 4.502/64. Com relação à fraude, este Colegiado vem solidificando a sua jurisprudência no sentido de que a configuração da fraude pressupõe a imputação, por meio de robusto conjunto probatório, de pratica doloso perpetrado pelo contribuinte. Adentrando no caso, especificamente, inicialmente, é importante destacar que, apesar de tratar cada período em um processo específico, a fiscalização entende que a infração ocorreu da mesma maneira uniforme para todos os períodos subseqüentes. Com isso, considerouse, no presente caso, uma hipótese de infração continuada que, por questões meramente administrativas, permitiu o desmembramento dos mesmos fatos em vários processos. A questão da existência ou não do dolo em relação à infração que foi considerada como continuada pela fiscalização, já foi objeto de exame e decisão deste Colegiado que, para os períodos subseqüentes, firmou posicionamento no sentido de Fl. 5159DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 21 20 inocorrência de dolo, fraude ou simulação nas operações praticadas pela Recorrente, conforme pode ser observado adiante: INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (CSRF. Acórdão 910101.402. Sessão de 17/07/2012). INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (CSRF. Acórdão 910101.403. Sessão de 17/07/2012) INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (CSRF. Acórdão 910101.404. Sessão de 17/07/2012) Vêse, assim, que este mesmo Colegiado já decidiu pela inexistência de dolo com relação a toda a operação uma vez que, repitase, todos os processos têm como base os mesmos fatos e provas, tendo havida uma mera divisão em processos diferentes por uma simples questão procedimental. No caso deste processo, igualmente a todos os demais e decorrente da mesma operação, imputase à recorrente uma suposta omissão dolosa tendente a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, nos termos do art. 72 da Lei nº 4.502/1964. No entanto, em nenhum momento, houve a demonstração da evidente intenção fraudulenta da contribuinte como exige a lei. Fl. 5160DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 22 21 E mais, a partir do exame do conjunto probatório presente nos autos, o colegiado já chegou à conclusão e decidiu que a recorrente não impediu ou ocultou o conhecimento dos fatos para a fiscalização, pelo contrário, como afirmado pela própria autoridade fiscal, foi a partir das informações, documentos e declarações da empresa que foi possível se apurar os fatos autuados. Aliás, somente foi possível o exame detalhado da operação, por parte da fiscalização, porque a recorrente detinha todas as informações formalizadas em instrumentos públicos e particulares, bem como registros contábeis e financeiros colocados à disposição e que foram entregues ao Fisco. Nesse sentido, destacase trecho do voto do Conselheiro Antonio José Praga de Sousa, integralmente adotado nos voto condutor do Acórdão nº 910101.402: "No caso presente, não há registros de documentos inidôneos ou fraudes em registros contábeis ou de qualquer natureza. Noutro diapasão todos os atos societários foram registrados nos órgãos competentes, assim como na escrituração contábil e fiscal da Contribuinte. Inexiste vedação expressa aos procedimentos adotados pelo contribuinte, logo, não há que se falar em fraude à lei, que aliás, não pode ser confundido com erro de interpretação da lei. Na fraude a lei, o ato em si é ilícito tendo em vista que o ordenamento jurídico proíbe sua prática. Ora, não há dúvidas quanto a intenção da contribuinte em obter ganhos e economia de diversas ordens, tendo praticado todos os atos que entendeu válidos e amparados na lei. Há que ser analisado se incorreu em indevida redução dos tributos devidos, mas daí a se afirmar que estaria presente o dolo e configurada a fraude, data vênia, não comungo desse entendimento. A Marcopolo contabilizou regularmente todas as operações. Foi na contabilidade da contribuinte que a Fiscalização apurou todas as irregularidades que imputa à empresa. Desde o primeiro atendimento à Fiscalização, durante a auditória, o contribuinte foi transparente e coerente em seus esclarecimentos, sobretudo no que diz respeito a seu entendimento quanto ao amparo legal para seus procedimentos. Logo, ainda que a contribuinte possa ter realizado algum procedimento que se considere doloso, certamente não pode ser considerado “ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária”. Repito: foi a partir dos registros e operações da empresa que a fiscalização tomou conhecimento dos fatos e realizou as glosas. (...) Em face do exposto, até mesmo diante do detalhamento e clareza do Termo de Verificação Fiscal, formei convencimento de que a qualificação da multa de ofício foi exacerbada, devendo ser reduzida a 75% (...)" Fl. 5161DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 23 22 Por outro lado, ainda que se considere que a recorrente, in casu, teria planejado irregularmente suas operações, a partir do decidido nos demais processos, concluise que não se pode atribuir à contribuinte qualquer intuito doloso de evadir receitas tributárias, especialmente porque, como já mencionado, todas as operações questionadas sempre foram levadas ao conhecimento fiscal, por meio de declarações fiscais, demonstrações financeiras, registros aduaneiros, dentre outros documentos, e que por anos e anos jamais foram questionadas pelas autoridades fiscais. Então, se a conclusão é de que a operação foi feita às claras e não houve intuito doloso como neste processo, inclusive porque foram obedecidas todas as leis vigentes que existem para coibir planejamentos tributários, não é possível decidir de forma diversa para este caso do que foi decidido nos outros processos. Não se pode qualificar a mesma operação como um ato simulado, fraudulento e doloso em um processo e considerála como verdadeira e legítima em outros casos. Dessa forma, com base no exposto, afasto aplicação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), haja vista a ausência de prática de conduta fraudulenta por parte da contribuinte. Em seguida, passase a análise de qual o marco decadencial é aplicável ao caso e se houve o não a ocorrência da decadência do direito de lançar o crédito tributário constituído no presente processo. O exame da questão merece maior cuidado do julgador tendo em vista que violaria a legalidade manter a cobrança de crédito tributário se o direito do Fisco já se encontrar definitivamente extinto e fulminado pela decadência, consoante prevê expressamente o artigo 156, V, do CTN. Como ensina o Prof. Eurico Diniz de Santi, “Decadência e Prescrição são mecanismos para absorção de incertezas, são limites impostos pelo próprio ordenamento à positivação do direito (...). A decadência do direito do Fisco corresponde à perda da competência administrativa do Fisco para efetuar o ato de lançamento tributário (...). (Decadência e Prescrição no Direito Tributário. São Paulo: Editora Saraiva, 4ª ed, 2011, p. 236). O marco decadencial não é único, de acordo com a lei e a jurisprudência do STJ em recurso repetitivo, daí porque, somente se pode decidir a questão diante do caso concreto o que passa, necessariamente, pelo exame de aspectos, tais como: a) forma de lançamento: homologação ou não; b) existência ou não de pagamento; e c) ocorrência de fraude, dolo ou simulação; d) existência de medida preparatória para o lançamento. Neste sentido, é a opinião do Ministro Fux, no Recurso Repetitivo nº 973.733, quando leciona: “Deveras, a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o Fl. 5162DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 24 23 pagamento antecipado (Eurico Marcos Dinizde Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo,2004, págs. 163/210)." No exame do presente caso, existe uma premissa inafastável que deverá ser observada pelo colegiado. É que, em 21/12/2010, foi editada a Portaria n. 586/2010, pela qual foi alterado o regimento interno desta Corte Administrativa para, entre outras providências,determinar que “as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil,deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF”(RI/CARF, art. 62A). Deste modo, os parâmetros sob os quais deverá decidir o colegiado, são aqueles colocados no Recurso Repetitivo do STJ nº. 973.733. Assim, para que seja aplicada a lei que rege o prazo decadencial, em consonância com a jurisprudência, antes de se adotar uma posição é necessário que sejam examinadas questões cuja resposta irá se refletir na decisão a ser tomada, como a seguir se expõe as premissas sobre as quais se fundará o julgamento. a) Qual forma de lançamento do tributo? O Código Tributário Nacional não tratou, igualitariamente, dos marcos e das formas de fluência do prazo decadencial para todos os tributos. O art. 150, parágrafo 4º, por exemplo, prevê um marco decadencial específico para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Sendo assim, para que se possa analisar adequadamente quais regras jurídicas aplicáveis ao caso, é fundamental o exame da forma de lançamento do tributo em questão. No caso, conforme pode ser observado no termo de verificação fiscal e demais documentos juntados aos autos, é inquestionável que os tributos estão sujeitos ao lançamento por homologação. Portanto, firmada a primeira questão de fato prejudicial ao exame da decadência, qual seja: os tributos estão sujeitos ao lançamento por homologação. b) Houve antecipação do pagamento? Após a constatação da hipótese de lançamento por homologação, surge a necessidade de verificação ou não da ocorrência de pagamento antecipado, ainda que parcial, no período objeto do auto de infração. Este Conselho tinha entendimento pacificado no sentido de que nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o termo inicial para a contagem do prazo qüinqüenal de decadência para constituição do crédito é a ocorrência do respectivo fato gerador, a teor do art. 150, § 4º do CTN, independentemente da realização (ou não) de pagamento antecipado do tributo pelo contribuinte. Fl. 5163DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 25 24 Contudo, tendo em vista o art. 62A do RICARF, o decidido no Recurso Repetitivo, impõese, neste caso, a observância do entendimento firmado pelo E. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial nº. 973.733/SC, o qual estabelece que o prazo qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado somente nas hipóteses em que o contribuinte não realiza o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, nos casos de evidente intuito de fraude ou simulação e quando não há medida preparatória do lançamento em período anterior ao início da contagem do prazo decadencial. Com isso, para o correto exame da decadência no caso concreto, fazse necessário verificar se houve pagamento antecipado efetuado pela recorrente no período fiscalizado. Pois bem, a partir do exame do auto de infração e termo de verificação fiscal, assim como as declarações e Darf’s do período, verificase que o lançamento em apreço corresponde a diferenças de receitas já declaradas e pagas pela contribuinte. Desta feita, é incontroverso que a recorrente efetuou pagamento antecipado relativo às receitas declaradas e correspondentes ao período fiscalizado. Assim, firmada a segunda questão de fato prejudicial ao exame da decadência, qual seja: houve declaração e pagamento antecipado relativo ao período fiscalizado. c) Houve dolo, fraude ou simulação? Conforme demonstrado no exame do cabimento da multa qualificada, não há nos autos nenhum elemento que ateste a ocorrência de qualquer conduta fraudulenta, simulada ou dolosa por parte da Recorrente. Portanto, incabível qualquer imputação de conduta fraudulenta no presente caso. d) Existência de medida preparatória ao lançamento (parágrafo único do art. 173 do CTN) O Código Tributário Nacional, ao tratar dos marcos temporais para verificação da decadência, dispôs no parágrafo único do art. 173 que também haveria fluência do prazo decadencial após o transcurso do prazo de cinco anos da ciência, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito Fl. 5164DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 26 25 tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Porém, apesar da truncada redação, o parágrafo único não constitui uma hipótese autônoma de regra decadencial, mas tão somente uma hipótese de antecipação dos prazos previstos nos incisos anteriores. Ou seja, ocorrendo à ciência, por parte do contribuinte, de medidas preparatórias indispensáveis à constituição do crédito tributário antes do início da fluência do prazo decadencial, o prazo deve ser antecipado. Destacase, neste sentido, o trecho do voto apresentado pelo ilustre conselheiro Dr. Marcos Aurélio Valadão no acórdão nº. 9303002.179: “O parágrafo único do art. 173 do CTN deve ser interpretado no contexto do artigo e não como uma norma isolada. Assim, se em um caso concreto, antes do início do prazo a que se refere o inço I do art. 173 ocorrer uma notificação (e.g., ciência do MPF), o prazo, nesse caso mais favorável ao contribuinte, começa a correr da ciência e não do1º dia do exercício seguinte (menos favorável ao contribuinte, pois resultaria em um prazo de decadência mais longo). O parágrafo único é uma exceção ao inciso I do art. 173 e não um dispositivo autônomo. Os dois marcos temporais do art. 173, expressos em seu inciso I e parágrafo único, não são isolados, mas concorrentes, i.e., o que acontecer primeiro, prevalece. Qualquer outra lógica interpretativa levaria a reconhecer a existência da interrupção do prazo decadencial, o que não é admissível no sistema do CTN.” Daí porque a verificação da existência ou não de medida preparatória é relevante para a correta identificação do prazo decadencial. Por outro lado, em função do disposto no Recurso Especial nº. 973.733, cumpre estabelecer qual declaração, no âmbito da legislação tributária federal, possui os mesmos efeitos jurídicos de um ato preparatório ao lançamento, capaz de antecipar a fluência dos prazos decadenciais previstos no art. 173 do Código Tributário Nacional. Por tratar inteiramente da questão, pedese licença para transcrever parte do voto da ilustre Conselheira Dra. Maria Teresa Martinez Lopez, proferido no acórdão nº. 9900 000.334 e acompanhado pelos membros do Pleno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: “Em se tratando da aplicação do artigo 173, o termo inicial da contagem (dies a quo) é distinto dependendo se há ou não medida preparatória para o lançamento. É o que se depreende do item 01 da ementa do Recurso Representativo de Controvérsia, no qual se afirma que o prazo decadencial conta se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Confirase: ‘nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo Fl. 5165DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 27 26 inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito’ Ou seja, para a aplicação do dies a quo previsto no inciso I do artigo 173, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado) é necessário que: (i) se trate de lançamento por homologação (obrigação de pagamento antecipado); (ii) inexistência de antecipação de pagamento; (iii) inexistência das figuras de: dolo, fraude ou simulação; e (iv) inexistência de declaração parcial prévia do débito (vale dizer, não há medida preparatória para o lançamento). Entendese que declaração prévia é a declaração insuficiente (parcial), uma vez que, se a declaração fosse integral, estarseia enfrentado prazo prescricional e não prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. Enquanto instrumento de constituição do crédito tributário, a declaração prévia parcial enquadrase no conceito de medida preparatória ao lançamento, constante no parágrafo único do artigo 173 e a que alude o Recurso Representativo de Controvérsia.” Logo, no âmbito da legislação tributária federal, as declarações que não possuem o condão de constituir o crédito tributário, como por exemplo, a DIPJ ou a despeito de constituir não foram preenchidas na sua integralidade (parcial), nos termos do parágrafo único do art. 173 do CTN, são hipóteses de antecipação do prazo decadencial, uma vez que, com a apresentação das mesmas o Fisco já toma conhecimento de elementos suficientes para fazer valer o seu legítimo direito de iniciar a fiscalização e o controle do cumprimento das obrigações tributárias por parte dos contribuintes. Salientese que, mesmo em momento anterior ao Recurso Representativo do Superior Tribunal de Justiça, esta Câmara Superior de Recursos Fiscais já havia pacificado o entendimento no sentido que a apresentação de declaração em período posterior ao fato gerador do tributo antecipa o início da fluência do prazo decadencial para o dia da entrega da declaração: "DECADÊNCIA IRPJ A partir de janeiro de 1992, por força do artigo 38 da Lei n° 8.383/91, o IRPJ passou a ser tributo sujeito ao lançamento pela modalidade homologação. O inicio da contagem do prazo decadencial é o da ocorrência do fato gerador do tributo, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do § 4° do artigo 150 do CTN. Na ocorrência de dolo fraude ou simulação, o inicio da contagem do prazo deslocase do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ser realizado, antecipando para o dia da entrega da declaração se feita no ano seguinte ao da ocorrência dos fatos geradores. (Art. 150 § 4°e 1731 e § único do CTN). (Câmara Superior de Recursos Fiscais. 1ª Turma. Acórdão CSRF/0105.751. Julgado em 03/12/2007) DECADÊNCIA IRPJ A partir de janeiro de 1992, por força do artigo 38 da Lei n° 8.383/91, o IRPJ passou a ser tributo sujeito ao lançamento pela modalidade homologação. O inicio da contagem do prazo decadencial é o da ocorrência do fato gerador do tributo, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do § 4° do artigo 150 do CTN. Na ocorrência de dolo fraude ou simulação, o inicio da contagem do prazo deslocase do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ser realizado, antecipando para o dia da entrega da declaração se feita no ano seguinte ao da ocorrência dos fatos geradores. (Art. 150 § 4°e 1731 e § único do CTN). (Câmara Superior de Recursos Fiscais. 1ª Turma. Acórdão CSRF/0105.689. Julgado em 12/06/2007) Fl. 5166DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 28 27 Por isso, devese verificar, no caso concreto, a existência de qualquer fato que possa, em tese, antecipar a fluência do prazo decadencial previsto no art. 173 do CTN. Pois bem, compulsando os autos, verificase a existência de Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, apresentada no dia 30/06/2001 (fls. 1.5251.599), bem como apresentou DCTF para o respectivo período. Analisadas as questões prejudiciais atinentes ao exame de qual o marco normativo adequado para o exame da decadência, passase a examinar o tema a luz das premissas traçadas. Em vista de referida regra regimental, impõese a observância in casu do entendimento firmado pelo E. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial nº. 973.733/SC, o qual estabelece que o prazo qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado somente nas hipóteses em que o contribuinte não realiza o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação. Verbis: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos REsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e REsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 5167DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 29 28 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC (2007/01769940),STJ, Primeira Seção, Relator Ministro LUIZFUX, j. 12/08/2009, DJe 18/09/2009, RDTAPET vol. 24 p. 184) No que interessa ao presente julgamento, o acórdão acima, submetido ao regime do art. 543C, do CPC, pacificou o seguinte entendimento, verbis: (i) o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito; Entendimento que, aliás, já foi pacificado pelo Plenário do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC Fl. 5168DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 30 29 SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543C DO CPC. Por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, impõese a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplicase o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observase o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN. Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional negado. (Pleno CARF. Acórdão nº 9900000.271.Sessão de 07/12/2011) DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543C DO CPC. Por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, impõese a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplicase o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Constatada inexistência de pagamento antecipado no caso dos autos, observase o prazo de decadência previsto no art. 173, inciso I, do CTN. Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional negado. (Pleno CARF. Acórdão nº 9900000.269.Sessão de 07/12/2011) No caso, houve o recolhimento antecipado dos tributos devidos nas mesmas que são do mesmo tipo daqueles lançados nos autos de infração, IRPJ e CSLL, bem assim conforme tudo que já foi detalhado acima não há como considerar a existência de fraude, dolo ou simulação, o que reclama a aplicação do prazo decadencial previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN. Ademais, os tributos lançados são referentes ao anocalendário de 2000, cujos fatos geradores ocorreram em 31/12/2000 e a ciência do lançamento de ofício ocorreu em 28/12/2006. Por outro lado, ainda que se considere a impossibilidade de aplicação do parágrafo 4º do art. 150 do CTN, o crédito tributário, igualmente, encontrase fulminado pela decadência. Como visto, a recorrente apresentou DIPJ e DCTF após a ocorrência do fato gerador dos tributos em apreço, fazendo com que o inicio do prazo decadencial fosse antecipado para o dia da entrega da respectiva declaração, nos termos do parágrafo único do art. 173, que, de fato, ocorreu em junho de 2001. Portanto, consideradas (i) as disposições Regimentais do CARF; (ii) a data de ocorrência do fato gerador do tributo; (iii) a data de ciência do lançamento; e (iv) a existência de recolhimento antecipado do tributo; (v) ausência de fraude, dolo ou simulação; (vi) Fl. 5169DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 11020.004103/200621 Acórdão n.º 9101001.954 CSRFT1 Fl. 31 30 existência de medida preparatória que antecipou a fluência do prazo decadencial, impõese reconhecer o decurso do prazo decadencial, seja em observância ao art. 150, § 4º, seja em cumprimento ao disposto no parágrafo único do art. 173, ambos do CTN. Por fim, em face do provimento do recurso no sentido do reconhecimento da decadência de todo o período lançado nos autos de infração em apreço, resta prejudicado o exame das demais questões aventadas no recurso especial da Recorrente. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial para, no mérito, DARLHE RPOVIMENTO para afastar a qualificação da multa de ofício e reconhecer a decadência e, por conseguinte, a extinção do crédito tributário lançado no processo, restado prejudicada as demais questões levantadas no recurso. (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Fl. 5170DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/ 10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO
score : 1.0
Numero do processo: 10314.720007/2011-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 09/07/2006 a 28/02/2011
RECURSO DE OFÍCIO
DRAWBACK SUSPENSÃO INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO.
O inadimplemento do compromisso de exportação bem como o desrespeito ao prazo e às condições estabelecidos em Ato Concessório ensejam a cobrança de tributos, em relação às mercadorias importadas e não utilizadas nas exportações, no caso sobras de materiais, dentro do prazo e condições do regime, além de multas e juros moratórios.
Incabível a aplicação da penalidade capitulada no art. 169, III, alínea "d", do Decreto-Lei 37/66, por pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação, em face da ausência de tipificação legal.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Numero da decisão: 3301-002.203
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Fábia Regina Freitas - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Mônica Elisa de Lima, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Márcio Canuto Natal, José Adão Vitorino de Morais e Fábia Regina Freitas (Relatora).
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201402
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 09/07/2006 a 28/02/2011 RECURSO DE OFÍCIO DRAWBACK SUSPENSÃO INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. O inadimplemento do compromisso de exportação bem como o desrespeito ao prazo e às condições estabelecidos em Ato Concessório ensejam a cobrança de tributos, em relação às mercadorias importadas e não utilizadas nas exportações, no caso sobras de materiais, dentro do prazo e condições do regime, além de multas e juros moratórios. Incabível a aplicação da penalidade capitulada no art. 169, III, alínea "d", do Decreto-Lei 37/66, por pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação, em face da ausência de tipificação legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10314.720007/2011-22
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5391666
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3301-002.203
nome_arquivo_s : Decisao_10314720007201122.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FABIA REGINA FREITAS
nome_arquivo_pdf_s : 10314720007201122_5391666.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. (assinado digitalmente) Fábia Regina Freitas - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Mônica Elisa de Lima, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Márcio Canuto Natal, José Adão Vitorino de Morais e Fábia Regina Freitas (Relatora).
dt_sessao_tdt : Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
id : 5673407
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248225435648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1998; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.720007/201122 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3301002.203 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2014 Matéria DRAWBACK Recorrente MIDORI ATLANTICA BRASIL INDUSTRIAL LTDA Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 09/07/2006 a 28/02/2011 RECURSO DE OFÍCIO DRAWBACK SUSPENSÃO INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. O inadimplemento do compromisso de exportação bem como o desrespeito ao prazo e às condições estabelecidos em Ato Concessório ensejam a cobrança de tributos, em relação às mercadorias importadas e não utilizadas nas exportações, no caso sobras de materiais, dentro do prazo e condições do regime, além de multas e juros moratórios. Incabível a aplicação da penalidade capitulada no art. 169, III, alínea "d", do DecretoLei 37/66, por pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação, em face da ausência de tipificação legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) Fábia Regina Freitas Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Mônica Elisa de Lima, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Márcio Canuto Natal, José Adão Vitorino de Morais e Fábia Regina Freitas (Relatora). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 00 07 /2 01 1- 22 Fl. 4442DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Relatório Tratase de Recurso de Ofício em face de acórdão prolatado pela 11ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil e Julgamento em São Paulo I – SP, interposto nos termos do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 1972. O aresto recorrido (fls. 4363/4373, Acórdão da DRJ/SPO II nº 16 43.580) deu provimento parcial à impugnação, interposta pela empresa MIDORI ATLÂNTICA BRASIL INDUSTRIAL LTDA, declarando parcialmente insubsistente o crédito tributário constituído pelo Auto de Infração de fls. 3783. A DRJ concluiu, com base em diligência efetuada para apurar documentação trazida pela contribuinte, o desacerto de determinados valores exigidos, procedendo à retificação do valor autuado. Em relação à multa aplicada, a Delegacia concluiu pela inespecificidade da penalidade e, em consequência, afastou a exigência nessa parte. É o que se verifica da seguinte ementa, in litteris: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 09/07/2006 a 28/02/2011. DRAWBACK SUSPENSÃO INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. O inadimplemento do compromisso de exportação bem como o desrespeito ao prazo e às condições estabelecidos em Ato Concessório ensejam a cobrança de tributos, em relação às mercadorias importadas e não utilizadas nas exportações, no caso sobras de materiais, dentro do prazo e condições do regime, além de multas e juros moratórios. Incabível a aplicação da penalidade capitulada no art. 169, III, alínea "d", do DecretoLei 37/66, por pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação, em face da ausência de tipificação legal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O aresto recorrido muito bem descreveu a demanda em tela, razão pela qual adoto seus termos na íntegra: Trata o presente de auto de infração lavrado contra a empresa em epígrafe, em face do descumprimento do regime de drawback, no valor de R$ 19.450.761,73. Conforme relatado no auto de infração: “2.1 DAS INFRAÇÕES ENCONTRADAS 1. Para os produtos finais exportados para cumprir o Regime cuja NCM é 42050000, houve uma irregularidade no uso da unidade estatística de exportação. Em vez de ser usada a unidade quilograma, foi usada a unidade kit/peça. Tal erro gerou um inadimplemento formal do Regime e pode ser considerado um Fl. 4443DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10314.720007/201122 Acórdão n.º 3301002.203 S3C3T1 Fl. 3 indício suficiente para dar início a uma fiscalização na empresa. Para esta irregularidade encontrada, foi lançada a multa administrativa do controle das importações (ver item 2.1.1). 2. Houve matérias primas importadas com suspensão de tributos para as quais não houve comprovação de sua utilização no processo produtivo dos produtos exportados para cumprir o Regime (não estavam descritas no laudo técnico apresentado pela empresa). Para as referidas matérias primas, foram lançados os tributos suspensos (ver item 2.1.2) e, também, a multa administrativa (ver item 2.1.2.1). 3. Algumas matérias primas utilizadas no processo produtivo sobraram nos estoques da empresa. Por isso, foram lançados os tributos suspensos relativos a elas (ver item 2.1.3).” Cientificada da autuação, a interessada apresentou impugnação insurgindose contra a autuação, alegando, entre outros, que: “A fiscalização concluiu existirem matérias primas importadas não utilizadas no processo produtivo, e sem nunca ter fiscalizado o estabelecimento da Impugnante para verificar o processo ou consultar toda a documentação pertinente a estes, exige o pagamento dos tributos suspensos, acrescidos de multa e juros de mora, além da famigerada multa administrativa prevista no art. 169, III, "d", do Decretolei nº37/66, maculada pela ilegalidade, por ignorar o princípio da tipicidade, conforme anteriormente esclarecido; Analisando a documentação relativa aos processos produtivos (notas fiscais, fluxogramas, SISCOMEX etc), especialmente os laudos técnicos acostados e disponíveis, fica comprovado que todos os insumos importados por meio do Drawback Suspensão foram consumidos nas mercadorias exportadas; Sem critérios aprofundados, a autuação afirma existirem sobras de matérias primas sem levar em conta a complexidade das operações da empresa como um todo, a qual demandaria análise individualizada de cada operação; Com base nos documentos acostados aos autos, é possível confirmar os produtos importados e exportados, bem como os resíduos e resultados de cada etapa do processo produtivo, restando claro o adimplemento do Regime de Drawback. Dessa forma, a Impugnante requer se dignem Vossas Senhorias julgar totalmente improcedente a Auto de Infração lavrado, por conta do adimplemento dos Atos Concessórios do Regime Aduaneiro Especial do Drawback Suspensão, afastandose a exação dos tributos aduaneiros e das multas indevidamente aplicadas.” Junta farta documentação e requer perícia, indicando perito e apresentando quesitos. Em face dos argumentos e da documentação apresentada, esta DRJ/SPO encaminhou os autos para unidade de origem para esclarecimentos. Em 05/09/2012, a IRF/SP apresentou Relatório de Diligência Fiscal onde concluiu que: “No atendimento de demanda interna da DRJ/SP2, com base na análise das Declarações de Importação e nos Registros de Exportação obtidos por meio do Sistema Data Ware House Aduaneiro, e com base nos documentos entregues pela empresa Midori, respondemos aos quesitos levantados pela Midori e procedemos à reanálise do processo produtivo de produtos exportados pela empresa. Fl. 4444DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Em apertada síntese, ficou evidenciado que, tanto para a multa administrativa de controle das importações por uso incorreto de unidade no campo 24 do RE, quanto para os tributos, frutos de autuação fiscal: I. Há valores a serem exonerados (elencados no presente processo); II. Há valores a serem mantidos; III. Há valores a serem complementados (elencados no processo nº 10314726.142/ 201262)”. Intimada do resultado da diligência, a interessada apresentou impugnação à diligência alegando que: “a) concorda com as exonerações de débitos propostas no Relatório Fiscal (Fls. 4294 a 4325); b) requer a manifestação formal desta DRJ/SP2 acerca da concordância com o Relatório Fiscal e, por conseqüência a imediata revisão do Auto de Infração, conforme determinado no Despacho n° 29 – 2ª Turma da DRJ/SP2, de 06 de junho de 2011 (fls. 2589 a 2591). c) reitera todos os termos de sua Impugnação (cópia ora anexada doc 02) e de todos os demais elementos e provas já anexados ao processo administrativo, os quais deverão ser analisados e julgados por esta DRJ, conforme pedidos já formulados em detalhes naquela oportunidade; d) reitera ainda seu protesto pela juntada de outros documentos disponíveis que possam esclarecer as possíveis dúvidas, contradições e omissões das sobras de matérias primas importadas constantes do processo, bem como pela produção de todos os meios de provas admitidos em direito, que se fizerem necessárias para o efetivo exercício de seus direitos que lhe são assegurados pela Constituição Federal.” Foi dada ciência ao contribuinte do provimento parcial da impugnação, nos termos da ementa acima transcrita em 04/03/2013. Também foi cientificado o contribuinte a respeito da interposição de Recurso de Ofício em razão do valor do Crédito Tributário exonerado ser superior ao limite de alçada previsto no artigo 1º da Portaria MF nº 03/08. O contribuinte manifestou interesse em compensar a parte mantida, e por isso foi criado o processo 10314.000105/201310, para o qual foram transferidos tais débitos. Esse processo já foi enviado para a DERAT para as providências de compensação. Quanto à parte exonerada pela DRJ, que permanece no presente processo, não houve manifestação do interessado, expirado o prazo legal. Assim, resta ao Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o julgamento do Recurso de Ofício, conforme delegação de competência conferida pelo art. 23, inciso XVII, da Portaria IRF/SPO nº 29/2011. É o relatório. Voto Conselheira Fábia Regina Freitas Fl. 4445DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10314.720007/201122 Acórdão n.º 3301002.203 S3C3T1 Fl. 4 O presente recurso de ofício reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise, dos autos do processo, verificase que o Colegiado em Primeira Instância proveu parcialmente a impugnação do contribuinte com base em resposta a diligência solicitada pela própria Delegacia de origem em vista da vasta documentação anexada pelo contribuinte. Nesse diapasão houve por bem os julgadores a quo a exoneração das seguintes infrações: Lançamento inicial (R$) Exonerado (R$) Mantido (R$) IPI 360.143,96 237.846,96 122.297,00 Multa de ofício 270.170,97 178.385,22 91.722,75 II 2.449.313,69 1.982.419,50 466.894,19 Multa de ofício 1.836.985,27 1.486.814,63 350.170,64 PIS 551.185,18 443.285,77 107.899,41 Multa de ofício 413.388,89 332.464,33 80.924,56 COFINS 2.538.797,64 2.041.804,01 496.993,63 Multa de ofício 1.904.098,23 1.531.353,01 372.745,22 Multa 20% 7.572.580,18 7.572.580,18 0,00 Total 17.896.601,00 15.806.953,60 2.089.647,40 O exame dos documentos pela Delegacia de origem, por ocasião da diligência solicitada pela DRJ a quo (fls.4294/4325) encontrase detalhada e, por si só, irretocável. Assim, concluo que deve ser confirmada a exoneração processada, não merecendo reparos a decisão recorrida, visto que assentada em interpretação da legislação tributária perfeitamente aplicável à hipótese e documentação submetidas à sua apreciação. No tocante à multa administrativa pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação, também resta acertada a decisão a quo, cujos fundamentos adoto como razão de decidir: O lançamento é um instituto específico do Direito Tributário, privativo da Administração e, como tal, sujeito ao princípio da legalidade, princípio basilar e norteador de toda atividade administrativa. Dessa forma, a matéria fática retratada na autuação deve conter todos os elementos indispensáveis à cognição da situação de fato ocorrida já que esta constitui o pressuposto da tributação que se exige do sujeito passivo. Nesse mister, a importância do perfeito enquadramento legal devese à Fl. 4446DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 circunstância de que é por meio dele que se atenderá o princípio da legalidade. Assim, sendo a natureza da obrigação tributária, ex lege, o CTN estabeleceu os requisitos essenciais ao lançamento, que é a formalização do crédito, ex vi do art. 142 do CTN, litteris: "Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível." Com efeito, a formalização da exigência tributária há de ser feita com observância dos requisitos dos atos administrativos em geral, sem prejuízo da observância dos requisitos específicos, que no caso em espécie, estão elencados no referido art. 10 do PAF, lei instrumental no processo administrativo fiscal. No caso em tela, como se verifica no caput do artigo 169, tratase De infração administrativa ao controle das importações, não podendo ser aplicada na exportação, que é o caso. Outrossim, cumpre observar também a existência de penalidade mais específica. Conforme ressalta a impugnante, “Segundo o Relatório Fiscal, no Item 2.1 “DAS INFRAÇÕES ENCONTRADAS", a autoridade Fiscal apontou, dentre outras, a seguinte irregularidade transcrita a seguir: "1. Para os produtos finais exportados para cumprir o Regime cuja NCM é 42050000, houve uma irregularidade no uso da UNIDADE ESTATÍSTICA de exportação. Em vez de ser usada a unidade quilograma, foi usada a unidade kit/peça. Tal erro gerou um inadimplemento formal do Regime e pode ser considerado um indício suficiente para dar início à fiscalização na empresa. Para esta irregularidade, foi lançada a multa administrativa do controle das importações (ver item 2.1.1)"Autoridade Fiscal deixou de observar que para a conduta por ele descrita como infração no Relatório Fiscal é previsto um tipo específico no art. 711, inciso II, do Decreto 6.759/09, atual Regulamento Aduaneiro:: Art. 711. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 84, caput; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 69, § 1º): II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; ou..(...)”. Neste caso, voto no sentido de exonerar a totalidade da multa administrativa pelo uso incorreto de unidade no Campo 24 do Registro de Exportação em razão da ausência de tipificação legal e pela existência de penalidade mais especifica. Assim sendo e considerando que todos os elementos de prova que compõe a presente lide foram objeto de cuidadoso exame por parte da autoridade julgadora de Primeira Instância e que a mesma deu correta solução à demanda, aplicando a legislação de regência à época da ocorrência do fato gerador, fazendo Fl. 4447DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10314.720007/201122 Acórdão n.º 3301002.203 S3C3T1 Fl. 5 prevalecer á justiça tributária, VOTO pelo conhecimento do presente recurso de ofício, e, no mérito, NEGO provimento. Conclusão Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao presente Recurso de Ofício. Sala das Sessões, em 26 de fevereiro de 2014. Fábia Regina Freitas Fábia Regina Freitas Relator Fl. 4448DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 15165.000920/2005-35
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002
IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA ENQUADRAMENTO. PRAZO.
O enquadramento de mercadoria em ex tarifário exige que esta cumpra todos os requisitos normativamente previstos e pode ser feito enquanto não expirado o prazo decadencial.
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. ERRO. PENALIDADES APLICÁVEIS.
O erro na indicação da classificação fiscal na DI, máxime quando a descrição empregada é capaz de provocar erro por parte do agente do Fisco, é declaração inexata que enseja a aplicação da multa proporcional ao valor do imposto que deixou de ser recolhido em decorrência do erros; da multa regulamentar de um por cento do valor aduaneiro, em razão do referido erro, e; da multa por infração ao controle administrativo das importações, em razão da falta de licenciamento para a importação da mercadoria efetivamente importada, discrepante da descrita na DI respectiva.
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO, LICENÇA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. DESCRIÇÃO DA MERCADORIA.
O erro na classificação fiscal da mercadoria importada corretamente descrita na DI~, com todos os elementos necessários a sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, não configura importação desamparada de guia de importação, licença de importação ou documento equivalente em infração administrativa ao controle das importações.
Numero da decisão: 3403-003.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Kern - Relator
Participaram do julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ALEXANDRE KERN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002 IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA ENQUADRAMENTO. PRAZO. O enquadramento de mercadoria em ex tarifário exige que esta cumpra todos os requisitos normativamente previstos e pode ser feito enquanto não expirado o prazo decadencial. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. ERRO. PENALIDADES APLICÁVEIS. O erro na indicação da classificação fiscal na DI, máxime quando a descrição empregada é capaz de provocar erro por parte do agente do Fisco, é declaração inexata que enseja a aplicação da multa proporcional ao valor do imposto que deixou de ser recolhido em decorrência do erros; da multa regulamentar de um por cento do valor aduaneiro, em razão do referido erro, e; da multa por infração ao controle administrativo das importações, em razão da falta de licenciamento para a importação da mercadoria efetivamente importada, discrepante da descrita na DI respectiva. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO, LICENÇA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. DESCRIÇÃO DA MERCADORIA. O erro na classificação fiscal da mercadoria importada corretamente descrita na DI~, com todos os elementos necessários a sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, não configura importação desamparada de guia de importação, licença de importação ou documento equivalente em infração administrativa ao controle das importações.
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15165.000920/2005-35
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5398533
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3403-003.426
nome_arquivo_s : Decisao_15165000920200535.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ALEXANDRE KERN
nome_arquivo_pdf_s : 15165000920200535_5398533.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern - Relator Participaram do julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
dt_sessao_tdt : Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5714771
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248525328384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2468; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 760 1 759 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15165.000920/200535 Recurso nº 15.160.00920200535 De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3403003.426 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 13 de novembro de 2014 Matéria CLASSIFICAÇÃO FISCAL VALOR ADUANEIRO MULTA ISOLADA Recorrentes VATICANO IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo aos tributos lançados por homologação é de cinco anos contados da data do fato gerador que, no caso de importações para consumo, é a data de registro da Declaração de Importação. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. ERRO. PENALIDADES APLICÁVEIS. O erro na indicação da classificação fiscal na DI, máxime quando a descrição empregada é capaz de provocar erro por parte do agente do Fisco, é declaração inexata que enseja a aplicação da multa proporcional ao valor do imposto que deixou de ser recolhido em decorrência do erros; da multa regulamentar de um por cento do valor aduaneiro, em razão do referido erro, e; da multa por infração ao controle administrativo das importações, em razão da falta de licenciamento para a importação da mercadoria efetivamente importada, discrepante da descrita na DI respectiva. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO, LICENÇA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. DESCRIÇÃO DA MERCADORIA. O erro na classificação fiscal da mercadoria importada corretamente descrita na DI~, com todos os elementos necessários a sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, não configura importação desamparada de guia de importação, licença de importação ou documento equivalente em infração administrativa ao controle das importações. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 09 20 /2 00 5- 35 Fl. 760DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 761 2 IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA ENQUADRAMENTO. PRAZO. O enquadramento de mercadoria em “ex” tarifário exige que esta cumpra todos os requisitos normativamente previstos e pode ser feito enquanto não expirado o prazo decadencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern Relator Participaram do julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório VATICANO IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA. teve lavrado contra si os autos de infração das fls. 2 a 10 e 46 a 53, para formalizar a constituição de crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI vinculado à importação, com os consectários legais e de praxe e aplicação de multa por importação desamparada de guia de importação ou documento equivalente e por classificação incorreta de mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul. De acordo com o Relatório Fiscal, fls. 78 a 93, o autuado promoveu a importação de mercadorias descritas como “Luvas para Exame e Procedimentos, de Látex, não Estéril, Ambidestras, Hipoalergênicas, Lisa, nos seguintes modelos...”, classificandoas na NCM 4015.11.00 “Luvas para Cirurgia, de Borracha Vulcanizada, não endurecida”, cuja alíquota de IPI era de 0%. Procedida a análise fiscal, concluiuse que as mercadorias se classificavam na NCM 4015.19.00 “Outras Luvas de Borracha, vulcanizada, não endurecida”, com alíquota de IPI de 15%. Assim, foi realizada a revisão aduaneira das Declarações de Importação registradas no período de Janeiro de 2000 a Dezembro de 2003. As mercadorias importadas por meio das declarações revistas têm sempre as mesmas características e são produzidas na Malásia pela empresa Supermax Látex Products SDN.BHD. Foi apresentado o Certificado de Aprovação de Equipamento de Proteção Individual de Produto Importado n° 13.030, de 07/02/2003, expedido pelo Ministério do Trabalho, segundo o qual as mercadorias têm como principal finalidade a “proteção das mãos do usuário como auxiliar em procedimentos não cirúrgicos em áreas médico hospitalares, odontológicas, laboratoriais e ambulatoriais”. Também foi apresentado Certificado expedido pela Anvisa em 10/01/2000, autorizando a comercialização das mercadorias importadas, assim como o Certificado de Autorização de Funcionamento n° 103.5005, de 19/09/2002, expedido pela Anvisa, autorizando o funcionamento em todo o território nacional. Também foi Fl. 761DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 762 3 apresentado Laudo Técnico do IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas, denominado Relatório de Ensaio n° 896.096, de 02/12/2002 e um Anexo A, denominado Relatório Técnico n° 63.055/02, de 21/11/2002, no qual se define a mercadoria importada como sendo: Luvas de Procedimentos não cirúrgicos, confeccionadas em látex (borracha natural), ambidestras, lubrificadas com pó bioabsorvível, nos tamanhos EP, P, M e G, e ainda apresentando seus resultados técnicos de testes. As notas fiscais de venda demonstram que as mercadorias foram vendidas a clientes de todo o País, na maioria representantes comerciais e atacadistas, do ramo de fornecimento de materiais para dentistas, médicos e hospitais. A Fiscalização, aplicando a RGISH n° 3a, que determina que a posição mais específica prevalece sobre a mais genérica, a mercadoria importada foi reclassificada no código NCM 4015.19.00, que é sujeita a licenciamento prévio quando para uso médico, odontológico ou hospitalar (conforme TEC). O RF dá conta de que o importador estava sendo objeto de investigação por parte da Polícia Federal, conforme IPL n° 891/03SR/DPFPR. A partir do registro da Declaração de Importação n° 02/04838252, em 03/06/2002, o importador passou a classificar a mercadoria na NCM 4015.19.00, solicitando o enquadramento no “EX01 de Segurança e Proteção” que reduz a alíquota do IPI de 15% para 0%, conforme Decreto n° 3.777, de 2001, por se tratar de luvas para uso médico, odontológico ou hospitalar. Essa NCM está sujeita a Licenciamento Prévio, que foi obtido pela interessada junto ao Secex. O Certificado de Aprovação de EPI foi expedido para a empresa Supermax Brasil Importadora S.A. somente em 07/02/2003. O importador, por outro lado, não possuía até então o competente registro perante o Ministério do Trabalho. Mantevese a alíquota normal do IPI, vez que a empresa não requereu o respectivo extarifário e seu enquadramento legal em tempo hábil para o registro da DI, conforme define a legislação. Os valores tributáveis utilizados para a aplicação da alíquota correta do IPI foram aqueles declarados nas Declarações de Importação. No caso de classificação fiscal incorreta foi aplicado o art. 633, II, letra “a”, do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 4.543, de 26 de dezembro de 2002 – RA/2002: “importar mercadoria do exterior sem Licença de Importação ou documento equivalente ...”, multa de 30% do valor da mercadoria. Também foi aplicada a multa cominada no art. 636, inc. I, do RA/2002, pela classificação incorreta da mercadoria, além da multa proporcional ao imposto que deixou de ser recolhido, cominada no art. 45 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. A nova classificação das mercadorias, NCM 4015.19.00, exige licenciamento prévio quando para uso médico, odontológico ou hospitalar, razão pela qual a importação foi cursada sem licença, pois o importador não possuía o Certificado de Autorização CA, para comercialização da mercadoria descrita na posição tarifária específica. A mercadoria foi reclassificada para essa NCM porque tem como finalidade “proteção das mãos do usuário como auxiliar em procedimentos não cirúrgicos em áreas hospitalares, odontológicas, laboratoriais e ambulatoriais”, conforme consta do documento anexado às folhas 148. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 763 4 Os sócios Sérgio Augusto Schemberk, Hilda Maria Ravaglio Schemberk e João Antonio Schemberk foram incluídos no pólo passivo na qualidade de responsáveis solidários em razão do “interesse comum” nas situações geradoras da obrigação tributária principal. O feito impugnado pelo sujeito passivo, fls. 556 a 623. Os responsáveis solidários nada opuseram ao lançamento. A 1ª Turma da DRJ/FNS julgou a impugnação procedente em parte, reconhecendo a decadência do direito de constituição de crédito tributário referente a fatos geradores ocorridos antes de 06/04/2000, exonerando o sujeito passivo do crédito tributário referente ao IPI e consectários legais, por considerar que nada impede que a autoridade aduaneira realize a revisão aduaneira da Declaração de Importação, desde que dentro do prazo decadencial, razão pela qual, mesmo depois do registro da DI, o importador tem direito ao EX 01 do código 4015.19.00 da TIPI (IPI 0%). Também cancelou a aplicação da multa por falta de licença de importação, segundo determinação do AD(N) Cosit n° 12, de 1997, porque o importador, apesar de classificar incorretamente a mercadoria importada, descreveua corretamente, pois esse fato foi o determinante para se proceder à correta classificação fiscal. Mantevese tão somente a multa por mercadoria classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, prevista no art. 84, I, da MP n° 2.15835, de 2001. O Acórdão n° 0719.628, de 23 de abril de 2010, fls. 668 a 692, teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002 DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo aos tributos lançados por homologação é de cinco anos contados da data do fato gerador que, no caso de importações para consumo, é a data de registro da Declaração de Importação. Após esse prazo considerarseá extinto o crédito tributário. DECADÊNCIA. INFRAÇÕES AO REGULAMENTO ADUANEIRO. O direito de impor penalidade por infrações ao Regulamento Aduaneiro, extinguese em cinco anos, a contar da data da infração. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. Inexiste ilegalidade na aplicação da taxa Selic, porquanto o Código Tributário Nacional (art. 161, § 1°) outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei. Não é da competência desta instância administrativa a apreciação da constitucionalidade de atos legais. Fl. 763DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 764 5 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 18/02/2000 a 08/04/2002 LAUDO EMPRESTADO. É eficaz o laudo ou parecer técnico sobre produto importado no caso de se tratar de produto originário do mesmo fabricante, com igual denominação, marca e especificação, inclusive se exarado em outro processo administrativo fiscal. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO Não constitui mudança de critério jurídico a alteração de oficio procedida pela autoridade fiscal, em ato de revisão aduaneira, no código da Nomenclatura Comum d Mercosul declarado pela importadora, com base na descrição da mercadoria, constante na fatura comercial, na Declaração de Importação e no Licenciamento de Importação. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. IMPORTAÇÃO DESAMPARADA DE GUIA DE IMPORTAÇÃO, LICENÇA DE IMPORTAÇÃO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. DESCRIÇÃO DA MERCADORIA. LICENCIAMENTO DA IMPORTAÇÃO. Não constitui a infração administrativa ao controle das importações, disposta como importação desamparada de guia de importação, licença de importação ou documento equivalente, a declaração de importação de mercadoria com classificação fiscal errônea, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários a sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate intuito doloso ou máfé por parte do declarante. Para fins de descrição da mercadoria devem ser consideradas as informações constantes do Licenciamento da Importação. “EX” TARIFÁRIO. ENQUADRAMENTO. O enquadramento de mercadoria em “ex” tarifário exige que a mesma possua todas as características previstas no mesmo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O Presidente da 1ª Turma da DRJ/FNS recorreu de ofício da decisão, em cumprimento ao que dispõe o art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, tendo em vista que crédito tributário exonerado excede o limite de R$ 1.000.000,00, definido na Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008. Cuidase também de recurso voluntário contra a decisão da 1ª Turma da DRJ/FNS. O arrazoado de fls. 718 a 729, após pugnar pela manutenção do decidido no Fl. 764DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 765 6 Acórdão n° 0719.628, na parte em que lhe foi favorável, repete a argumentação da impugnação para combater a manutenção da multa pelo erro na classificação fiscal. O processo administrativo correspondente foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautarseão na numeração estabelecida no processo eletrônico. É o Relatório. Voto Conselheiro Alexandre Kern, Relator ADMISSIBILIDADE Recurso de Ofício A decisão recorrida cancelou integralmente o lançamento referente ao IPI (R$ 1.222.185, 61 de principal e R$ 1.219.616,28 de multas proporcionais) e a aplicação da multa por infração ao controle administrativo das importações (R$ 2.066.037,73). Exonerado o sujeito passivo em valores superiores ao definido na Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008, conheço do Recurso de Ofício. Recurso voluntário Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 718 a 729 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJFNS1ª Turma nº 0719.628, de 23 de abril de 2010. MÉRITO Recurso de Ofício Decadência Nada a reparar na decretação da decadência do direito de constituição de crédito tributário em relação à DI nº 00/01489547, registrada e desembaraçada em 18/02/2000. Em 06/04/2005, data da lavratura dos autos de infração, já havia transcorrido o prazo consignado no § 4° do art. 150 do CTN e no art. 138 do DecretoLei n° 37, de 1966. Lançamento do IPI e consectários legais Compartilho do entendimento da decisão recorrida quanto ao direito do importador ao EX 01 De segurança e proteção do código 4015.19.00 da TIPI. O Certificado de Aprovação de Equipamento de Proteção Individual de Produto Importado n° 13.030, de 07/02/2003, expedido pelo Ministério do Trabalho, declara que essas mercadorias têm como principal finalidade a “proteção das mãos do usuário como auxiliar em procedimentos não cirúrgicos em áreas médicohospitalares, odontológicas, laboratoriais e ambulatoriais”. A possibilidade de revisão do despacho aduaneiro de importação, no prazo decadencial, habilita Fl. 765DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 766 7 ao importador o reenquadramento da mercadoria importada no referido Ex, ainda que o requerimento do enquadramento tarifário não tenha sido realizado antes do registro da DI. Reconhecendo essa possibilidade e considerando que o Ex 01 do código 4015.19.00 estabelece que a alíquota do IPI incidente sobre as mercadorias ali enquadradas é de 0 %, procedeu corretamente a decisão recorrida em cancelar o lançamento do IPI e de seus consectários legais, consubstanciado no Auto de Infração de fls. 2 a 10. Multa por falta de licença de importação As importações em questão foram cursadas na vigência da Portaria Secex nº 21, de 12 de dezembro de 1996 (revogada pela Portaria Secex nº 17, de 2003), sujeitandose, em conseqüência, à necessidade de licenciamento prévio, no caso, na modalidade não automático, nos termos da Portaria SVS/MS nº 772/1998 e posteriores. O importador, ao registrar as DIs objeto da autuação, classificou incorretamente as mercadorias na NCM 4015.11.00. No entanto, sua reclassificação para o código NCM 4015.19.00 fez com que as importações passassem a ser não licenciadas, já que a Licença utilizada havia sido expedida para mercadorias classificadas em outra NCM. Sob a consideração de que o Ato Declaratório Normativo Cosit nº 12, de 21 de janeiro de 1997, então vigente, orientava no sentido de que o erro na classificação fiscal não constitui infração ao controle administrativo das importações se a mercadoria estiver corretamente descrita, a decisão recorrida cancelou a aplicação da multa cominada no art. 633, inc. II, alínea “a”, do RA/2002. As mercadorias foram descritas nas DIs como sendo “Luvas para Procedimentos, de Látex, Vulcanizada, não Endurecida”. No campo específico da Descrição Detalhada das Mercadorias, consignouse: "Luvas para Exame e Procedimentos de Látex, não Estéril, Ambidestras, Hipoalergênicas, Lisa, nos seguintes.tamanhos...”. Já o laudo técnico do IPT define a mercadoria importada como sendo “Luvas de Procedimentos não cirúrgicos, confeccionadas em látex (borracha natural), ambidestras, lubrificadas com pó bioabsorvível, nos tamanhos EP, P, M e G”. Pareceme evidente, o importador proveu nas DIs descrição suficiente para a sua correta classificação fiscal. Nesse contexto, julgo correto o cancelamento da multa, em observância da orientação normativa da Cosit. Com essas considerações, nego provimento ao recurso de ofício. Recurso voluntário Inicialmente, convém destacar que os sócios responsáveis solidários não impugnaram o lançamento e são portanto revéis. O sujeito passivo, ora recorrente, controverte a manutenção da multa de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria importada em erro de classificação fiscal. Pugna pela exclusão da multa em nome da ausência de dolo, máfé ou prejuízo ao erário. Argumenta que, embora houvesse erro na classificação, a mercadoria foi corretamente descrita, e que a prática reiterada da Administração, homologando as importações que realizou, configura orientação que tratou de seguir. Conclui que o simples erro no código de NCM com a descrição completa e detalhada da mercadoria não impossibilitou o Fisco da determinação do procedimento Fl. 766DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 767 8 adequado tanto é que o tratamento tributário dado ao produto corresponde ao exigido e se deu com todas as exigências legais e tendo sido pagos todos os impostos devidos, depois de conferência fiscal aduaneira. A multa em questão foi assim cominada: Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. § 1° O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2° A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. Inobstante as tergiversações recursais, o fato é que o recorrente reconhece o erro na classificação fiscal, Assim sendo, objetivamente, entendo como bem aplicada a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na NCM. Nego provimento ao recurso voluntário. CONCLUSÕES Com essas considerações, nego provimento aos recursos de ofício e voluntário. Sala de sessões, em 13 de novembro de 2014 Fl. 767DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15165.000920/200535 Acórdão n.º 3403003.426 S3C4T3 Fl. 768 9 Fl. 768DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 14/11/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por ALEXANDRE KERN
score : 1.0
Numero do processo: 10935.906424/2012-34
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/01/2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.722
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201403
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 25/01/2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10935.906424/2012-34
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5389773
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-002.722
nome_arquivo_s : Decisao_10935906424201234.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
nome_arquivo_pdf_s : 10935906424201234_5389773.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
id : 5664332
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248558882816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1806; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 121 1 120 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.906424/201234 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802002.722 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de março de 2014 Matéria COFINS Recorrente JUMBO ALIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 25/01/2010 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de COFINS que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 25/01/2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 64 24 /2 01 2- 34 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.872, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 03/01/2013, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 05858.86564.181010.1.2.048170, rastreamento nº 041907625, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 29.231,25, uma vez que o pagamento de COFINS (Código 5856), do período de 31/12/2009, efetuado em 25/01/2010, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 18/01/2013, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 62DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906424/201234 Acórdão n.º 3802002.722 S3TE02 Fl. 122 3 Data do fato gerador: 25/01/2010 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao Fl. 63DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906424/201234 Acórdão n.º 3802002.722 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906424/201234 Acórdão n.º 3802002.722 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 67DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906424/201234 Acórdão n.º 3802002.722 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 69DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 13827.000314/2005-53
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
PIS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização.
PIS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica.
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA.
A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização.
ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO.
As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto.
NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores.
Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido.
DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3802-003.850
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 PIS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. PIS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13827.000314/2005-53
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5392212
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-003.850
nome_arquivo_s : Decisao_13827000314200553.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 13827000314200553_5392212.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5682557
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248668983296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2423; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 589 1 588 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13827.000314/200553 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3802003.850 – 2ª Turma Especial Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria DCOMP PIS/Pasep não cumulativo Recorrente SANTA CANDIDA AÇÚCAR E ÁLCOOL LTDA (INCORPORADA POR TONON BIOENERGIA S/A CNPJ 07.914.230/000105) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo vêse que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. PIS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 7. 00 03 14 /2 00 5- 53 Fl. 589DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 A nãocomprovação dos créditos, referentes à nãocumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fl. 590DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 590 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto – SP (fls. 510/516 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra despacho decisório que homologou parcialmente a Declaração de Compensação (Dcomp fls. 5/7), cujo crédito provém do saldo credor da contribuição do PIS não cumulativos, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de agosto de 2004. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp), a fls.5/7, cujo crédito provém do saldo credor da contribuição ao PIS, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de agosto/2004, no valor de R$ 64.545,54. A DRF/Bauru, por meio do despacho decisório de fls. 196/198, homologou parcialmente a compensação, reconhecendo o direito creditório no valor de R$ 39.730,80. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, de fls. 183/187, o crédito foi deferido parcialmente devido à glosa de vários itens relativos aos créditos apurados pela requerente, conforme descrito no citado termo. Cientificada do despacho decisório e inconformada com o deferimento parcial de seu pedido, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, às fls.222/263, alegando, preliminarmente, duplicidade de autuação, porquanto em data anterior foi lavrado auto de infração sob as mesmas alegações, cuja verificação fiscal abrangeu os anos de 2004 e 2005, conforme documentos que anexa. Assim, tratarseia da mesma exigência fiscal em razão de um mesmo fato. Ainda em preliminar, alega que “a inclusão, no auto de infração, de valores não devidos, face à parte da exigência estar abrangida pelo instituto da decadência ou em razão da glosa indevida...” “...retira do presente a liquidez e certeza, o que por si só torna nula a lavratura do auto de infração...” Prosseguindo, também em preliminar, argumenta que o despacho decisório e o termo de constatação seriam nulos porquanto não discriminam especificamente quais os produtos que não se enquadram como insumo, tampouco apresentam a motivação e a fundamentação legal das glosas, além de a fiscalização ter apontado no termo de constatação o descumprimento de vários artigos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que seriam totalmente inaplicáveis ao caso concreto. Fl. 591DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Assim, faltariam elementos essenciais ao ato administrativo, tais como, motivo, agente, objeto, forma, finalidade, resultando no cerceamento do direito de defesa e na nulidade do procedimento. Também discorre longamente sobre a motivação do ato administrativo, para concluir que a motivação que o ato deve conter tem que ser acessível ao destinatário, de modo que este prescinda de advogado ou especialista para exercer seu direito de defesa. Por fim, argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade. Quanto ao mérito, alega, em resumo, que o conceito de insumo para o PIS e Cofins não pode ser transposto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), pois a nãocumulatividade das contribuições sociais não se restringe às empresas industriais. Assim, insumo, no âmbito da nãocumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Ainda quanto ao mérito, repete as alegações preliminares quanto à ausência de discriminação e fundamentação das glosas, discorrendo brevemente sobre seu processo produtivo e o aproveitamento dos insumos que, segundo seu entendimento, gerariam direito ao crédito das contribuições. Quanto aos insumos, argumenta que a graxa foi indevidamente glosada, pois nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento das máquinas do processo produtivo, e, assim como este, deveria dar direito ao crédito, conforme entendimento da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio de Solução de Divergência que cita. O mesmo se aplica aos combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo, cujo aproveitamento do crédito está previsto na Lei nº 10.833, de 2003, na IN SRF nº 404, de 2004, e ainda em entendimento da Administração Tributária. Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. O mesmo se pode dizer em relação aos insumos utilizados para a produção de álcool carburante, ou seja, deveria haver o rateio entre os insumos utilizados na produção de álcool carburante, álcool para outros fins e açúcar. Fl. 592DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 591 5 Reclama também a recorrente que teria havido glosa indevida de créditos relativos a embalagens, haja vista que o acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização. No que tange aos créditos relativos aos serviços prestados, argumenta, em resumo, que a legislação permite o desconto de tais créditos desde que utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços, e não somente aqueles aplicados diretamente na produção dos produtos, e ainda que a fiscalização não teria sido clara no embasamento da glosa. Em relação à glosa dos créditos referentes aos serviços que, segundo a fiscalização, a contribuinte não teria comprovado que não houve aumento da vida útil do bem em mais de um ano, alega que não há como fazer prova negativa e que houve inversão do ônus da prova já que a fiscalização é que teria que provar o que alegou para embasar a glosa. Quanto aos créditos oriundos do aluguel de máquinas e equipamentos, argúi que tais bens são utilizados tanto na movimentação da matériaprima, que geraria crédito, quanto no transporte e empilhamento de mercadorias, que não geraria crédito, assim a fiscalização deveria ter segregado proporcionalmente os créditos relativos a esse item. No tocante aos créditos relativos a arrendamento mercantil, argumenta que a fiscalização, apesar de não citar no termo de constatação nem no despacho decisório, glosou esse crédito sem maiores explicações. Alega também que para os créditos relativos a insumos adquiridos de pessoa jurídica foram utilizados os percentuais relativos ao crédito presumido, reduzindo assim o seu valor sem base legal ou justificativa. Por fim, argumenta que houve aplicação indevida de rateio do crédito em casos em que o crédito deveria ser integral, como nos serviços de ensacamento, marcação e manuseio de sacaria e em relação à levedura. Diante de tais alegações, que incluem a imputação de falta de clareza e de cerceamento do direito de defesa à decisão da autoridade a quo, considerando ainda que a recorrente cita itens que, de acordo com os autos, os respectivos créditos não teriam sido objeto de glosa e também tendo em vista que o termo de constatação, de fls. 183/187, contém apenas uma descrição vaga das glosas, pois não detalha os itens glosados acompanhados dos respectivos valores, o presente foi baixado em diligência à DRF para que os auditoresfiscais responsáveis discriminassem, por item, os valores dos créditos glosados, bem assim esclarecessem o porquê de cada glosa. Em atendimento à diligência foi expedido o Termo de Diligência, de fls.483/488, com os esclarecimentos solicitados. Fl. 593DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Ciente do termo acima, a requerente apresentou a manifestação de fls.491/499, onde alega, em resumo, que as IN nºs 247, de 2002, e 404, de 2004, são ilegais, porquanto extrapolam o disposto nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, ao restringirem o conceito de insumo no âmbito da não cumulatividade. Repete ainda alegação da manifestação inicial no sentido de que o conceito de insumos para as contribuições sociais não é o mesmo que o aplicado no âmbito do IPI, se assemelhando mais aos conceitos utilizados no imposto de renda, abrangendo todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa, conforme decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e da Justiça, das quais transcreve partes. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. A nãocomprovação dos créditos, referentes à não cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporado diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito ao crédito no regime de incidência nãocumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo autuado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 594DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 592 7 Cientificada da referida decisão em 18/12/2012 (fls. 525), a interessada, em 15/01/2013 (data da transmissão de arquivos via sistema de validação e autenticação de arquivos digitais – fls. 527), apresentou o recurso voluntário de fls. 528/555, com as alegações resumidas abaixo: a) preliminarmente, argumenta que a questão não foi decidida com isenção, falta do princípio da motivação do ato administrativo, inconsistências dos dados, subjetivismo, demonstração da efetiva irregularidade, e ainda ausência, no Acórdão, de apreciação de todas as razões suscitadas, solicitando a nulidade da decisão DRJ, posto que cuidou ela de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade. Argumenta ofensa ao princípio da verdade material, ensejando que o lançamento de ofício, está irremediavelmente eivado de nulidade, portanto deve ser decretada a insubsistência do despacho decisório ora combatido. Cita jurisprudências administrativas e judiciais; b) quanto ao mérito, no que se refere aos tópicos abaixo relacionados, questiona o Fisco pelas glosas dos créditos, expressando seus argumentos para cada item, observandose que na maioria deles, houve por parte fiscalização algum tipo de restrição ao conceito de insumos: b.1 Da Definição de Insumos no Contexto da NãoCumulatividade; b.2 Dos Insumos Consumidos Pela Recorrente; b.3 Dos Produtos Lubrificantes (graxas); b.4 Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo; b.5 Falta Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo; b.6 Os Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar; b.7 O Valor do Estoque de Abertura; b.8 Dos Serviços Tomados Pela Recorrente; b.9 Do Aluguel de Máquinas e Equipamentos; b.10 Do Leasing; b.11 Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas, e b.12 Da Aplicação Indevida do Rateio. Diante do exposto, requer que seja declarada a nulidade da decisão ora recorrida ou, se assim não entender, que seja dado provimento ao presente recurso em face da improcedência do feito fiscal e, como decorrência, ser com o reconhecido o direito creditório da Recorrente e a consequente homologação das compensações objeto do pleito. É o relatório. Fl. 595DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra 1) Admissibilidade do recurso Quanto ao recurso voluntário, não consta, dos autos, claramente no documento, a data em que o mesmo foi protocolizado. Todavia, admito que o aludido recurso foi protocolizado em 15/01/2013, data em que foi recebido o arquivo digital da empresa segundo o correspondente recibo do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (fl. 527). Assim, considerando que o arquivo transmitido é identificado como “RECURSO VOLUNTÁRIO – PROCESSO 13827.000314/200553”, e que a unidade preparadora encaminhou o processo para este CARF, julgoo como tempestivo. No mais, o recurso voluntário preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. 2) Preliminar de Nulidade da decisão recorrida Alegou a recorrente a nulidade do Acórdão de primeira instancia, argumentando que teria havido a ausência de apreciação de todas as razões suscitadas e que a questão não foi decidida com isenção, havendo inconsistências dos dados, subjetivismo, não demonstração da efetiva irregularidade e porque o acórdão recorrido não se ateve aos aspectos fundamentais colocados à análise do julgador. Conclui alegando que a decisão em discussão cuidou de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade, proferindo, assim, decisão de natureza diversa da que foi demandada, sem a motivação e violando a garantia do recorrente e que o Termo de Diligência, em sua visão, nada acrescentou aos autos. A preliminar deve ser rejeitada, pois o acórdão recorrido escorouse no entendimento explícito no sentido de que as aquisições de insumos e dos serviços só geram créditos quando os bens e serviços são aplicados diretamente no produto em fabricação. Especificamente quanto a graxa, a decisão invocou e adotou a interpretação contida na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007 para negar o crédito pleiteado pelo contribuinte, o que atende ao disposto no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Portanto, verificase na decisão, que a DRJ detalhou todas as razões pelas quais resultou na improcedência da manifestação de inconformidade, não reconhecendo, como exposto, o direito creditório. Contudo, temos que observar que o julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem detalhar ao máximo seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Sendo resolvida a questão suscitada, com motivação explícita no Acórdão, não se tem por omisso o julgado. Em suma, os motivos de não reconhecer o direito creditório postulado, residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte e que nos presentes autos, não restou comprovada qualquer restrição ao direito de defesa da recorrente. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 593 9 Portanto, o contribuinte pode discordar do teor da decisão, mas não tem razão quanto à preliminar de nulidade, pois o acórdão recorrido está motivado e atende ao princípio da persuasão racional do julgador. Preliminar de nulidade rejeitada. 3) Ofensa ao Princípio da verdade material A recorrente argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade, conforme consta do item 44 do recurso voluntário: (...) “44 Temos, por conseqüência, que o lançamento de ofício vestibular está irremediavelmente eivado de nulidade, aliás, insanável. Isto posto, deve ser provida a manifestação de inconformidade ora interposta para o fim de ser decretada, ab initio, a insubsistência do despacho decisório ora combatido, conforme as preliminares acima alinhadas” (g.n). Frisese que o presente processo não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente a compensação apresentada via Dcomp, ou seja, análise de compensação entre créditos e débitos tributários. Notese que no acórdão da DRJ restou demonstrado com clareza essa questão. Observese: (...) Primeiramente, quanto às alegações preliminares de que haveria duplicidade de autuação, pois o período em questão já havia sido objeto de auto de infração, e que faltaria liquidez e certeza ao lançamento, cumpre esclarecer que a impugnante enganase, porquanto o presente não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente compensação apresentada via DComp. Assim, não há que se falar em duplicidade de lançamento, pois os procedimentos envolvidos são distintos, este processo, como acima explicado, tratase de análise de compensação entre créditos e débitos tributários e aquele, de constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício, tampouco a homologação parcial de Declaração de Compensação necessita de liquidez e certeza, requisitos estes exigidos para o lançamento do crédito tributário (...). Portanto, no que se refere às preliminares de insubsistência, também não se vislumbra a sua ocorrência, conforme pretende o contribuinte, eis que o despacho decisório, além de se revestir dos requisitos e formalidades necessários à sua constituição, nos termos da legislação de regência da matéria, está adequadamente caracterizado e motivado, de modo a justificar a não aceitação parcial do crédito alegado, como também, não ficou caracterizado cerceamento de defesa, uma vez que a recorrente foi regularmente intimada nos autos. Preliminar de insubsistência do despacho decisório rejeitada. 4) Do Mérito Fl. 597DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 Como já exposto, a lide envolve discussão concernente à existência ou não de direito creditório referente ao regime de incidência nãocumulativa do PIS de competência do mês de agosto de 2004. A recorrente, cujo nome de fantasia é Destilaria Tonon, tem por objeto a fabricação de álcool nas suas diversas especificações, e a sua comercialização nos mercados interno e externo (exportação), podendo, em nome dela, serem praticados todas as operações, principais e acessórias, relacionadas com tal atividade. Acrescentese que através do processamento da canadeaçúcar a destilaria produz álcool e açúcar. Consta dos autos que no anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo do PIS para as receitas decorrentes da produção de açúcar, energia elétrica, levedura e da venda de créditos de carbono e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. O núcleo da questão em combate concentrase sobre a subsunção no conceito de insumos – bens ou serviços adquiridos, que geram direito aos créditos de PIS e da COFINS. É pertinente, portanto, que, antes do exame das questões fáticas objeto da controvérsia sejam feitas breves considerações acerca do referido regime de incidência, nas quais abordaremos, em conjunto, questões atinentes aos regimes da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, dada a similitude existente entre os mesmos. O regime de incidência nãocumulativa das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS foi instituído, respectivamente, pelas leis nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), e 10.833, de 29/12/2003 (conversão da medida Provisória no 135, de 2003), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade dessas contribuições – na mesma ordem – a partir de 1o de dezembro de 2002 e de 1o de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza, ainda, o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos dos artigos 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. O cálculo do crédito é realizado mediante a aplicação das mesmas alíquotas específicas para o PIS/Pasep e para a COFINS sobre referidos custos, despesas e encargos (vide artigo 3o, § 1o, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003). Referidas leis, em seus correspondentes artigo 3o, § 2o, fazem ressalvas ao direito de creditamento em tela. Assim, não dará direito a crédito o valor da mãodeobra paga a pessoa física (hipótese prevista originariamente nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003), bem como (e agora incluídas pela Lei 10.865/2004) as quantias despendidas na aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, e aqui (isenção), quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. Os créditos apurados deverão ser utilizados, prioritariamente, para a dedução do valor devido das correspondentes contribuições a recolher. No caso de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação, poderão tais créditos ser utilizados para a compensação com outros débitos da própria empresa, vencidos ou Fl. 598DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 594 11 vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. As leis instituidoras da nãocumulatividade admitem, ainda, o ressarcimento em dinheiro, caso não seja possível a utilização dos créditos para a dedução das contribuições a recolher até o final de cada trimestre do ano civil. A questão posta em exame nos autos diz respeito, justamente, à existência ou não de direito ao creditamento do PIS nãocumulativo em vista da aquisição de matériasprimas e de serviços utilizados no processo produtivo destinado à exportação. Com efeito, o inciso II do artigo 3o da Lei no 10.833/2003, bem como do correspondente preceito da Lei no 10.637 de 2002, prevê o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 4.1) Da definição de insumos no contexto da nãocumulatividade Sabese que essa questão é polêmica, mas uma análise mais detida da Lei nº 10.833/03 revela que o legislador não determinou que o significado do vocábulo “insumo” fosse buscado na legislação deste ou daquele tributo. Se não existe tal determinação, o intérprete deve atribuir ao vocábulo “insumo” um conteúdo semântico condizente com o contexto em que está inserido o art. 3º , II, da Lei nº 10.833/03. Nesse passo, distinguemse as não cumulatividade do IPI e do PIS/Cofins. No IPI a técnica utilizada é imposto contra imposto (art. 153, § 3º, II da CF/88). No PIS/Cofins, a técnica é base contra base (art. 195, § 12 da CF/88 e arts. 2º e 3º , § 1º da Lei nº 10.637/02 e 10.833/03). A recorrente aduz em seu recurso que: (...) “ao contrário do que ocorre na legislação do IPI, as leis que regulam o regime do PIS e da COFINS não cumulativos não delimitam o significado de insumo. No entanto, a Receita Federal, extrapolando sua competência, expediu as Instruções Normativas 247/02 e 404/04, que se amoldando a legislação do IPI, restringiu o significado de insumo para o PIS e a COFINS não cumulativos”. E segue defendendo que: (...) “Dessarte, devem ser considerados insumos os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção”. Ou seja, pelo entendimento da contribuinte, insumo, no âmbito da não cumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 12 No entanto, da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços, ou na fabricação de produtos destinados à venda, ou seja, ao processo de industrialização. No regime nãocumulativo de PIS/Cofins, a Lei dispõe de maneira diferente da legislação do IPI, reconhecendo o crédito em relação à aquisição de “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” (art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). O legislador, como visto, vai além do âmbito da industrialização, utilizando termos mais amplos, referindose à produção ou fabricação de bens e, também, à prestação de serviços. O contexto em que ocorre a incidência de PIS/Cofins, apresenta como fato gerador a receita bruta ou faturamento, referindose, assim, a todo tipo e amplitude de atividade produtiva, não se limitando apenas à fase de industrialização. Desde o primeiro momento este Conselho recusou a pretensão de confinar o conceito de insumo aos mesmos critérios da legislação do IPI, conforme serve de exemplo o seguinte julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no qual foi negado provimento ao recurso do Procurador da Fazenda Nacional: CRÉDITO. RESSARCIMENTO, A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado Acórdão 9303001.035, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, j. 23/08/2010 Como vimos acima, concluímos que geram direito de crédito todos os insumos – bens ou serviços – que sejam aplicados na produção – de bens ou serviços –, cuja receita esteja sujeita à incidência sob o regime nãocumulativo. No entanto, não é toda e qualquer aquisição que gera direito de crédito, mas apenas aquelas que se enquadrem nas hipóteses de crédito previstas nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. São estas Leis a fonte primária de definição dos critérios para o direito de crédito. O entendimento deste Conselho, com efeito, é de que: “O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.637/02 e normalizado pela IN SRF n° 247/02, art. 66, § 5°, inciso I, na apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem Fl. 600DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 595 13 ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. (…) (Acórdão 330100.423, Processo 11080.003383/200483, Rel. Cons. Maurício Taveira e Silva, j. 03/02/2010). Assim, na busca de um conceito adequado para o vocábulo insumo, no âmbito das contribuições não cumulativas, a tendência da jurisprudência no CARF caminha no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, pois além de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/03, integrarem o custo de produção, esse critério oferece segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. Para definir o conceito de insumo no PIS e na COFINS não cumulativos é necessário constatar a essencialidade do bem ao processo produtivo do contribuinte. Assim, geram crédito do PIS e da COFINS não cumulativos somente as despesas com materiais considerados essenciais. Portanto, para decidir quanto ao direito ao crédito de PIS/Cofins não cumulativo é imprescindível que primeiro se confiram as características da atividade produtiva desenvolvida pela empresa para, então, analisar quais as aquisições que configuram insumo para os bens e serviços por ela produzidos. É com este enfoque que passaremos a examinar os argumentos apresentados pela Recorrente frente os elementos e constatações presentes nos autos. 4.2) Dos Insumos consumidos pela recorrente A recorrente discorre em seu recurso voluntário que no desenvolvimento de sua atividade produtiva, adquire diversas matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem e serviços que são empregados no processo de fabricação e comercialização de seus produtos. Dentre eles, aqueles arrolados nos demonstrativos de fls. 347/351 (Análise dos dados elaboradas pela fiscalização durante a ação fiscal), parte foram objeto de glosa e que no entender da recorrente, geram o direito ao crédito do PIS. Ressalta que os produtos e serviços concorrem decisivamente para a obtenção do açúcar e do álcool, ou seja, inúmeros produtos e serviços que são adicionados ao caldo durante a decantação, fermentação, destilação (álcool) ou filtração, evaporação, cozimento centrifugação e secagem (açúcar) visando um só e único fim: o produto final industrializado. Fl. 601DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 14 A defesa se limitou a fazer alegações genéricas em relação ao seu direito de tomar o crédito em relação a todos os custos e despesas necessários à manutenção da sua atividade, com base no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, mas não trouxe aos autos nenhum elemento hábil à comprovação de que os bens glosados nas planilhas (fls. 347/351), se enquadram nos requisitos que garantem o direito de crédito com base no custo de aquisição do bem. O simples exame das referidas planilhas não permite ao julgador constatar que os bens ali discriminados se enquadram no conceito de insumo que vem sendo adotado por este colegiado. Alguns dos itens glosados definitivamente se verifica que não integram o custo de produção. Por outro lado, outros itens poderiam gerar o crédito das contribuições, como por exemplo produtos químicos, lubrificantes e combustíveis, se aplicados na produção; materiais de manutenção/reparos, desde que efetuados na fábrica ou em máquinas utilizadas diretamente na produção. Embora a Recorrente trouxe aos autos uma descrição do processo produtivo da empresa (Etapas do Processo Industrial e Fluxogramas fls. 282/297), por si só não permite ao julgador correlacionar os materiais glosados com as formas pelas quais são utilizados no referido processo produtivo. No caso sob análise, quanto aos elementos probatórios, tratase de processo de iniciativa do contribuinte, no qual ele compareceu perante a administração para pleitear o direito aos créditos da contribuição. Competelhe, portanto, o ônus de comprovar que o direito alegado é certo quanto à sua existência e líquido quanto ao valor solicitado. Não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, há que se manter as glosas consignadas nas planilhas de fls. 347/351. Ressaltese que para todos os itens glosados nos autos, a fiscalização elaborou uma Planilha denominada “Análise de dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 347/351), que contém a discriminação e identificação das despesas apresentadas pela Recorrente, as linhas do DACON, data e número da Nota Fiscal, insumos, serviços, produtos, fornecedores, valores, receitas, e a informação da manutenção do item ou a glosa efetuada pela fiscalização e seu motivo. Para tanto foi tomado a devida ciência da empresa. 4.3) Os Produtos Lubrificantes Graxa Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso voluntário que, (...) “quanto aos insumos, nas alegações para justificar o feito fiscal, a fiscalização referese expressamente às aquisições de graxa feitas pela Recorrente e glosa os créditos a ela relativo invocando a Solução de Divergência nº 12/07”. Tal contraditório se apresenta enfrentado, uma vez que nas planilhas demonstrativas das glosas e no relatório do Termo de Diligência (fl. 484), onde no item “Lubrificantes” a fiscalização descreve a motivação do ato: glosa – graxa não é lubrificante, por definição da (ANP). A recorrente visando elucidar a questão no intento de elidir a glosa perpetrada pelo Fisco, reproduz várias conceituação do vocábulo “graxa”, pesquisado em abalizadas publicações linguísticas e técnicas (dicionários, sites, Wikipédia, etc.), visando conceituar o termo graxa, concluindo que a graxa nada mais é que um lubrificante Fl. 602DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 596 15 indispensável ao funcionamento de máquinas, equipamentos, motores, etc. Isto porque, conforme definido na legislação (Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, II e § 2º; Lei nº 10.865, de 2004, art. 40) os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Contribuição para a PIS. No entanto, o Fisco em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 185), informa que: (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls.170 a 172”. Quando da elaboração do Termo de Diligência (fls. 484), a fiscalização relata que: (...) Lubrificantes foi glosada a nota fiscal de compra de graxa, em razão da Solução de Divergência Cosit 12/2007. O inciso II do artigo 3ºo da Lei 10.637/02 prevê o desconto de créditos sobre lubrificantes, e conforme consta da citada Solução de Divergência, graxa não é lubrificante, em definição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Solução de Divergência 12 de 24 de outubro de 2007 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas (...). Como se nota, o Fisco escorouse na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007, que conclui que não são considerados insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o PISPasep e da Cofins, os materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas. No entanto, entendo que o produto graxa, no caso, tem a finalidade de preservar a integridade e o regular funcionamento das máquinas utilizadas na atividade produtiva e, portanto, atividade intrínseca ao processo produtivo da empresa. Não há atividade produtiva sem a constante preservação dos maquinários. O dicionário Wikipédia ao se referir ao vocábulo “graxa” dános o seguinte ensinamento: “Graxas são o nome genérico e popular dado a lubrificantes pastosos compostos (semi plásticos) ou de alta viscosidade, compostos de misturas de óleos lubrificantes minerais (de diversas viscosidades) e seus aditivos e especialmente do ponto de vista químico, sais de determinados ácidos graxos com cálcio, sódio, lítio, alumínio, bário e magnésio (geralmente chamados de sabão que em formam com os óleos de origem mineral uma emulsão, que atuam como agente espessador. Em tais formulações o óleo mineral entra como o verdadeiro lubrificante e o espessador, além de conferir a viscosidade à mistura, atua na retenção do óleo mineral” (g.n). Fl. 603DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 16 Portanto, no que se refere ao produto graxa, devese reconhecer o direito de crédito do PIS e da COFINS, pois o art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 é expresso em reconhecer tal direito em relação às aquisições de combustíveis e lubrificantes, não havendo dúvida de que a graxa é um lubrificante e de que tem a sua aplicação como lubrificante nos equipamentos e máquinas utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Com base nos conceitos acima, concluo, pois, pelo reconhecimento do direito de crédito na aquisição de graxa, glosado pelo Fisco conforme demonstrativo de fl. 348. 4.4) Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo Nos termos relatados nos autos, a Fiscalização glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Neste tópico específico, argumenta a recorrente em seu recurso voluntário no que se refere ao entendimento oficial concernente à apuração indevida de créditos sobre combustíveis e lubrificantes, alega a interessada que estes teriam sido efetivamente utilizados no processo produtivo, e que: (...) “Segundo a disposição expressa no art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02, 22 e segundo, ainda, a disciplina contida no art. 66, inciso I, alínea ”b”, da Instrução Normativa SRF 247/02, geram direito a créditos do PIS os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços destinados à venda”. E segue, (...) “Esclarecendo o alcance da norma em comento, a Coordenação Geral do Sistema de Tributação – COSIT, expediu a Solução de Divergência nº 37/08, firmando o entendimento abaixo transcrito:”(...). Por outro lado, de acordo com o Termo de Constatação Fiscal (fls. 185), o Fisco relata que: (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 170 a 172”. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 348), a fiscalização esclarece, na coluna especificada (L02) para os Lubrificantes, que tais créditos foram glosados e quais foram mantidos, no caso glosando as graxas, por não ser considerado lubrificantes e lubrificantes trator, demais foram mantidos. Restando claro, portanto, que somente os bens e serviços utilizados de forma direta na produção da pessoa jurídica dão direito ao crédito das contribuições, devendo ser, efetivamente, absorvidos no processo produtivo que constitui o objeto da sociedade empresária. De acordo com os dispositivos legais (arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003) já reproduzidos, é possível constatar que a lei prevê, de forma expressa, o direito de creditamento relativo a combustíveis e lubrificantes utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção de bens ou produtos destinados à venda. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos combustíveis adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles Fl. 604DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 597 17 utilizados como óleo combustível para veículos, máquinas agrícolas, caminhões e tratores por não serem insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade”, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. No caso a fiscalização tomou a cautela de segregar as aquisições dos produtos dentre os quais foram aplicados ou não no processo produtivo da empresa. Podemos observar que, dos combustíveis adquiridos, que foram mantidos os créditos constam da relação da planilha denominada “análise dos dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 296/301). Relativamente à prova dos gastos efetuados com tais bens e serviços, há que se ressaltar que a Fiscalização, deixou consignado que teve acesso a toda a documentação apresentada pelo contribuinte, tendo glosado os créditos respectivos em razão da falta de sua vinculação entre os serviços serem considerados insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade. Por outro lado, a recorrente em seu recurso, não demonstrou, mediante apresentação de provas, que tais glosas foram indevidas, ou seja que tais aquisições foram objeto de aplicação no processo produtivo da requerente. Como é sabido, não podem descontar da contribuição para o PIS apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Diante disso, entendo que não assiste razão a recorrente, pois o fisco somente glosou aquisição de produtos (combustível e lubrificantes) cuja utilização se dava em veículos (veículos, máquinas agrícolas, tratores, caminhões) utilizados para fins diversos e não diretamente ligado ao processo produtivo da empresa, não podendo ser considerada na base de cálculo de créditos das contribuições sociais, pois tais dispêndios não estão diretamente atrelados ao processo produtivo, tão pouco podem ser considerados insumos, não atendendo, portanto, os requisitos do inciso II do art 3° das Leis 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Assim, não há como acolher os argumentos da recorrente no que diz respeito ao alegado direito de creditamento relativamente às glosas nas aquisições de lubrificantes que não foram comprovadamente empregados no processo produtivo. 4.5) Falta de Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Argumenta a recorrente que no que se refere à glosa relativa aos insumos empregados no fabrico do álcool carburante (cumulativo), tampouco assiste razão à fiscalização. 4.5.1) Produtos Químicos utilizados Em seu recurso aduz que: Fl. 605DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 18 (...) “A fiscalização glosou o crédito de vários produtos químicos que possuem emprego geral no processo produtivo, ou seja: são aplicados tanto na industrialização do álcool como do açúcar, conforme se vê na planilha – utilização anexada aos autos, sem a mínima preocupação em estabelecer o necessário e indispensável rateio proporcional para distinguir a quantidade destinada à produção do álcool e daquela destinada à produção do açúcar. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos produtos químicos adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados no tratamento de água, na limpeza de caldeiras, nas torres de resfriamento e os utilizados exclusivamente na fabricação de álcool, na premissa que o termo “insumo” refere se aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. Tal fato, consta quando o Fisco relata em seu Termo de Diligência (fls. 483/484) que glosou as compras de determinados produtos químicos: (...) Visando a esclarecer a analise feita na ação fiscal, complementamos as informações contidas no Termo de Constatação Fiscal de 29/06/2009 com as despesas glosadas pela fiscalização de acordo com as linhas da ficha 04 do DACON. Estão sendo anexadas fotocópias de notas fiscais de produtos químicos, lubrificantes, serviços, fretes, razões de contas contábeis, estoque de abertura, contratos de prestação de serviços, descritivos manutenção e demais elementos que serviram de base para as glosas. LINHA 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMO Neste item foram apresentadas notas fiscais de aquisição de produtos químicos, lubrificantes, embalagens e cana adquirida de pessoas jurídicas. Os produtos de utilização comum na produção do álcool e açúcar foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo do açúcar foram considerados sem aplicação do rateio. Produtos Químicos a fiscalização glosou as compras de produtos químicos que não são utilizados diretamente na produção do açúcar. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 347/348), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Produtos Químicos, que para algumas notas fiscais os créditos foram mantidos e outros foram glosados, assim motivados: glosa álcool e glosa – caldeira, mantido com rateio e mantido sem rateio. Portanto, não assiste razão a Recorrente, pois como se verifica no referido Termo, o Fisco informou ainda que os produtos de utilização comum na produção do álcool dos outros produtos não cumulativos, como o açúcar e levedura, foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo dos produtos não cumulativos foram considerados sem aplicação do rateio. Em seu recurso voluntário, embora a recorrente tenha discorrido sobre os insumos consumidos por ela (produtos químicos), em momento algum demonstrou e provou que os bens cujos créditos foram glosados são consumidos no processo de fabricação de seus produtos. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 598 19 A configuração de insumo depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte. A falta desta demonstração impede o reconhecimento do direito de crédito. Com já relatado, como se trata de um pedido de interesse exclusivo da requerente, ressarcimento de contribuições sociais recolhidas, que implica renúncia por parte do ente tributante, o ônus da comprovação dos valores que compõem o crédito postulado é todo da requerente. Desta forma, a composição do valor do crédito pretendido, deve ser devidamente comprovada e explicitada, por parte de quem o postula, de modo a que não restem dúvidas quanto à natureza e montante das operações. Não podem descontar da contribuição para o PIS/Pasep apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. 4.5.2) Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Neste mesmo tópico a Recorrente prossegue alegado em seu recurso que: (...) “Ainda seguindo este confuso raciocínio, em momento algum a fiscalização preocupouse em verificar se todo o álcool produzido teria sido, de fato, comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro) – CUMULATIVO ou se, como comprovadamente ocorreu, teria havido também a comercialização de álcool destinado a outros fins que não ao consumo como combustível e, portanto, NÃOCUMULATIVO. A par deste fato, a Recorrente apresentou cópias de inúmeras notas fiscais emitidas que comprovam cabalmente que a operação de venda por elas acobertadas referemse à venda de álcool etílico hidratado ou álcool etílico anidro destinados à utilização de diversos outros fins que não ao uso como combustível. As operações de vendas do álcool “Outros Fins“ foi igualmente comprovada através do registro contábil daquelas vendas no período de auditado, conforme espelhado nas folhas do Razão Analítico juntado aos autos. A título de exemplo, listamos abaixo algumas notas fiscais, dentre aquelas já anexadas, que evidenciam, apenas pela singela leitura da razão social do destinatário da mercadoria, não se tratar de operação relativa à venda de álcool anidro ou hidratado para fins carburantes, já que a comercialização de álcool combustível somente é permitida, pela Agência Nacional de Petróleo ANP, para as distribuidoras por ela credenciadas. NF. 072252 – 04/08/2004 – Butilamil Inds. Reunidas S/A. NF. 072956 – 17/08/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 072569 – 10/08/2004 – Butilamil Inds. Reunidas S/A. NF. 073665 – 28/08/2004 – Butilamil Inds. Reunidas S/A. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 20 Decorre daí a certeza da precariedade e subjetividade do trabalho realizado pela fiscalização que, por consequência atestam a incontestável nulidade da glosa efetuada”. Sobre esse fato, no Termo de Constatação, verificase consignado que: (...) No anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo da COFINS para as receitas decorrentes da produção de açúcar e levedura e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. No entanto, a DRJ ao abordar a questão, não se manifestou, mesmo considerando que tais argumentos estava contido na manifestação de inconformidade, conforme trecho do Acórdão recorrido, abaixo destacado (fl. 512): (...) Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. Como é sabido, em que pese o exposto, na fase impugnatória do processo administrativo fiscal ainda há a possibilidade de a requerente aduzir provas aos autos, conforme disposto no § 4º, do art. 16 do PAF. No caso vertente, a interessada apresentou cópia de notas fiscais de venda de álcool para “Outros fins” (fls. 300 a 309), além de outros documentos, como cópia do livro Razão Analítico (fl. 298/299), o que comprovam documentalmente esse tipo de venda e podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para “Outros fins”, efetivamente comprovadas pela Recorrente, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. Verificase que, pelo exposto acima, que a decisão a quo não analisou as vendas de álcool para “Outros fins” efetivamente comprovadas através de documentação hábil juntadas aos autos (cópia de Notas Fiscais). Na linha do acima verificado, os respectivos valores de créditos devem ser ajustados pela Delegacia da RFB de origem. Quanto aos demais argumentos da recorrente, não podem ser considerados, tendo em vista que não foram acostados aos autos, mais provas hábeis contrária em sede de manifestação de inconformidade e tampouco nesta fase, objetivando comprovar o alegado pela Recorrente. Assim, temse que devem ser reconhecidos o direito pleiteado da Recorrente, concernente apenas para as Notas Fiscais de venda álcool “Outros fins” nºs 072252, 72956, 073133, 07366, 073360, 072184, 072569, 073285, 073526 e 073665, cujas cópias foram juntadas aos autos às fls. 300 a 309. As mesmas, foram devidamente contabilizadas no Livro Razão Analítico, conforme extrato de fls. 298/299. Concluindo, temos que para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, os insumos Fl. 608DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 599 21 utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. 4.6) Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar Aduz a recorrente que: (...) “A glosa, de forma inexplicável, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Neste aspecto, diante da obviedade do direito ao creditamento, cremos desnecessária argumentação mais aprofundada acerca deste tema”. A fiscalização no seu Termo de Diligência (fls. 459/466) apresenta como fundamentação da glosa dessas aquisições pela seguinte motivação: Embalagens: Glosadas por se tratarem de embalagens de transporte e não de apresentação. Da mesma forma, tal motivação se apresenta nas planilhas demonstrativas das glosas (fl. 348), onde na coluna apropriada a fiscalização descreve: glosa – não se agrega ao produto. Notese que consta do Termo de Diligência (fls. 484/485) justificando que: Embalagens Glosada a nota fiscal da Polikraft referente a aquisição de sacos para embalagens de levedura. O contribuinte ensaca seus produtos em embalagens retornáveis ou em sacas de 25 kgs que não atendem ao previsto na legislação. Ou seja, a empresa não utiliza as chamas "embalagens de apresentação", aceitas pela legislação como dando direito ao crédito, e s im as "embalagens de transporte". A embalagem de apresentação é aquela incorporada ao produto durante o processo de fabricação, há que se ter como tal aquela que é usualmente empregada para a venda do produto ao consumidor final e que contenha o produto em quantidades compatíveis c om sua venda no varejo; e também podese ter como tal aquela que, apesar de conter quantidades maiores, contenham rótulos destinados exclusivamente ao propósito de promover ou valorizar o produto; de outro lado, há que se ter como embalagens de transporte aquelas que se destinam apenas ao transporte dos produtos, por comportarem quantidades superiores às usualmente vendidas no varejo e não conterem indicações promocionais destinadas à valorização do produto (são, geralmente, latas, caixas, engradados, tambores, as sacas de 5 0 kgs, etc). Essas embalagens não fazem parte do processo produtivo, o produto é embalado após a produção. Fundamentação legal: art. 3 o , II, da Lei 10.637/2002 c/c o artigo 66,1, c / c §5°,I, da Instrução Normativa SRF n° 2 4 7 / 2 0 0 2 . Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, verifico que, concernente ao material de embalagem específico para o açúcar, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles produtos por se tratarem de embalagens retornáveis, de transporte e não de apresentação, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 348), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Embalagens, que tais notas fiscais os créditos foram glosados, assim motivados: glosa – não se agrega ao produto. Fl. 609DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 22 No entanto, a recorrente alega que a glosa, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Como já frisado anteriormente sobre o conceito de insumos, a tendência é o acolhimento da interpretação que, sem se restringir às legislações do IPI e do IRPJ, busca a construção do conceito de insumo a partir de critérios próprios do PIS/Pasep e da Cofins. Insumo, nessa linha, abrangeria o custo de produção e, dependendo das particularidades do caso concreto, despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Feito esse registro, ingressando no exame do caso concreto, verificase que a fiscalização, consoante já destacado, não reconheceu o direito ao crédito relativo às aquisições de Embalagens (no caso sacaria), assentado nos seguintes fundamentos: Glosadas por se tratarem de embalagens de transporte e não de apresentação. A decisão recorrida, como se vê, foi além do conceito de insumo restrito de insumo das Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004. Aplicando diretamente as disposições do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), restringiu o direito ao crédito apenas às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. Tratase, porém, de interpretação que não tem respaldo na legislação, à medida que a IN SRF nº 247/2002, não opera com a distinção adotada pela decisão recorrida: Art. 66. [...] § 5º Para os efeitos da alínea “b” do inciso I do caput, entende se como insumos: I – utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Neste caso, entendo que tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado. O Recorrente, portanto, mesmo considerando os critérios da IN SRF nº 247/2002 e ao conceito de insumo adotado pela jurisprudência do CARF, tem direito ao crédito relativo às aquisições de embalagens (sacaria – embalagem do açúcar). Por fim, afastada a interpretação restritiva adotada pela decisão recorrida, descabe a exigência de prova da venda dos materiais de embalagens com o produto ao consumidor final. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 600 23 4.7) O Valor do Estoque de Abertura Descreve a recorrente em seu recurso, que: (...)A mesma indesculpável falha e condenável parcialidade está presente quando se verifica que foram glosados os valores de todo o estoque de abertura do álcool sem se proceder a necessária e inafastável proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza do precário trabalho realizado pela fiscalização e a conseqüente nulidade da glosa efetuada. Tais fatos revelam, além de ser de extrema fragilidade e arbitrariedade a verificação efetuada, que a fiscalização não tem observado in totum as regras da própria RFB, o que torna ainda mais marcante em todo o procedimento fiscal a opção pelo hipotético e pela presunção”. O fisco, ao elaborar o Termo de Diligência, informa que: PERCENTUAIS DE RATEIO COM B A S E NAS RECEITAS Conforme previsão contida na Lei 10 .637/02 artigos 5º (exportação) e 3º , § 8 o , II (não cumulativas) os rateios t em a seguinte regra: "rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês." A fiscalização apurou, primeiramente, o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas no mês, e considerando a diferença para 100% como o percentual das receitas não cumulativas, mesmo valor utilizado pela Santa Cândida 58,81%. O percentual de exportação foi obtido, pela fiscalização, como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos (açúcar e levedura) dividido pelo total das receitas não cumulativas (descontandose as receitas cumulativas do total das receitas no mês) resultando em 71,65%. A empresa apurou como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos dividido pelo total das receitas descontado o álcool exportado (não descontou o álcool no mercado interno como nos m e s e s anteriores), apurando 71,99%. Neste momento, assiste certa razão a recorrente, pois ao se analisar a questão da venda de álcool para “Outros fins”, no caso vertente, a interessada apresentou aos autos cópias das referidas notas fiscais (venda de álcool para “outros fins” (fls. 300/309) acompanhado de cópia da escrituração no livro Razão analítico (fls. 298/299), o que comprovam documentalmente esse tipo de venda e podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, as receitas relativas a vendas de álcool para outros fins são tributadas pela contribuição social (PIS) no regime de incidência nãocumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção desse álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. Portanto, assiste razão a Recorrente, pois verificase que nem todo o álcool produzido teria sido comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro – regime cumulativo). Fl. 611DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 24 Desta forma, deverá ser reavaliado o estoque de abertura do álcool e proceder a reavaliação da necessária proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante, conforme ficou descrito no Termo de Diligência (fls. 488) e demonstrativos (fl. 351). 4.8) Serviços Tomados Pela Recorrente Nos termos relatados neste processo, o Fisco glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso que: (...) “concluise que insumo , no contexto das regras desta não cumulatividade da contribuição ao PIS, comporta a contratação de serviços destinados a execução de outros serviços. Mais ainda, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02 e o art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.833/03, conjugados com as demais regras previstas nesta lei, autoriza nos a concluir que a expressão “serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” acolhe a possibilidade de haver a contratação de serviços para a execução de outros serviços, quaisquer que sejam, desde utilizados com o escopo final que é a obtenção do produto final industrializado. Resta, destarte evidenciado que não foi a preocupação da autoridade lançadora a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. Por derradeiro, cumpre esclarecer que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do Imposto de Rendas Pessoas Jurídicas, eis que se tratam de serviços que em sua essência e própria finalidade devem e foram lançados diretamente como custo de produção” (...). Como já abordado neste relatório, os §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/03 vedam o crédito da contribuição à COFINS e ao PIS se os bens e serviços forem adquiridos de pessoa física ou de pessoa jurídica não estabelecida no País. Desta forma, as exceções às regras de apropriação de créditos já estão claramente dispostas em tais parágrafos, cumprindo, assim, a função que lhes foi atribuída pela alínea “c ” do inciso III, do art. 11, da Lei Complementar nº 95/09. Verificase que no Termo de Constatação Fiscal (fls. 185), consta que: (...) “As despesas com prestação de serviço com direito ao crédito do PIS não cumulativo estão disciplinadas pelo disposto na IN SRF 404/2004, art. 8º, inciso I, “'b". " b.1 " , § 4º , I. '"b". Foram objetos de glosa as despesas apresentadas pela empresa que não se enquadravam na definição supramencionada: "os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto"; neste caso, açúcar e outros produtos sujeitos ao regime não cumulativo do PIS. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 170 a 172”. Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação de açúcar e levedura, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional. Fl. 612DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 601 25 Também não procede as alegações da recorrente no que concerne que não houve a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. No Termo de Diligência (fls. 485/486) a fiscalização elaborou relatório bem detalhado no tópico “LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COM INSUMO”, onde descreve que, LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMO A fiscalização entendeu que a informação contida na linha 13Outros valores com direito à crédito deveria ser informada na linha 3 da ficha 4 do Dacon serviços utilizados como insumo, por se tratar de serviços prestados por pessoa jurídica. Portanto não houve glosa total do informado pela Santa Cândida na Linha 13 — Ficha 04, mas simplesmente a análise como sendo linha 3 da mesma ficha: (...). Seguindo o tópico, a fiscalização explicita no documento toda fundamentação e as base legal sobre os conceitos de insumos para fins de creditamento sobre tais bens e serviços, especificando as glosas efetuados (fls. 485/486): (...) Com a base legal acima foram efetuadas as seguintes glosas: "não corresponde ao conceito de insumo" notas fiscais de serviços não relacionados com o processo produtivo, citados no anexo, como por exemplo leitura mensal, controle de pragas, assessoria técnica, locação de toalhas, conserto de rádio, copias de chaves, locomoção de motoristas. "NF não identifica se é custo ou despesa" notas fiscais com descrição genérica não sendo possível identificar se é despesa ou custo. "valor que deveria ser incorporado ao ativo" notas fiscais de reformas de equipamentos que deveriam ser ativadas em razão do aumento da vida útil do bem reparado. As partes e peças de reposição utilizadas em máquinas e equipamentos que respondam diretamente pela fabricação ou produção de bens destinados à venda, podem ser consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativas, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes da ação diretamente exercida no processo de fabricação do produto que está sendo produzido e desde que não estejam incorporadas ao ativo imobilizado da empresa. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, se verifica que, concernente aos materiais acima especificados, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles enquadrados no conceito do termo “insumo”, este quando referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 348/349), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L03 – Serviços Utilizados como insumo, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas estão assim motivadas: as que não corresponde ao conceito de insumo, valor que deveria ser incorporado ao ativo e nota fiscal não identificada se é custo ou despesas. Fl. 613DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 26 Quanto a alegação de que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do IRPJ, verificamos que a fiscalização relata em seu Termo de Constatação Fiscal que, (...) “Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação dos produtos de incidência nãocumulativa, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional”. Se as partes e peças adquiridas no caso, forem para máquinas ou equipamentos que estiverem no ativo imobilizado, deixarão de ser consideradas como insumos e poderão gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei n° 10.637/2002, art. 3º, Inciso VI, combinado com o seu § 1º, Inciso III, (c/ artigo 15 da Lei nº 10.833/2003). Desta forma, esses produtos que atuam diretamente em todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, que representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, devem ser capitalizados, consoante estabelece o art. 346 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/1999) . Verificase no Termo de Diligência que: (...) A Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos. Apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Da descrição verificase que as mesas alimentadoras, as esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da Safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Os ternos são compostos por castelo, bagaceira, cabeçotes, rolos e pentes. Nas notas fiscais de serviços não se verifica a aquisição ou instalação desses elementos anualmente. As notas fiscais de serviços glosadas referemse a soldas, frisamentos, aplicações de chapas inox, válvulas, hidrojateamento, recuperação de cilindros, desfibrilador, usinagem, etc, portanto são substituições de partes e peças que resultam em aumento da vida útil em mais de um ano, devendo ser ativadas. Também consideramos que devem ser ativados as notas fiscais de fornecimento de mão de obra de pedreiros, pintores e serviços de engenharia. Como se vê, consta do Termo de Diligência que a empresa Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos e ainda apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Verificase que as mesas alimentadoras, esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Assim, não procede as alegações da recorrente no que concerne não haver a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. A fiscalização elaborou um demonstrativo, detalhando que como regra foram glosados os serviços que não se enquadravam no conceito de insumo, ou seja, os serviços que não quedaramse demonstrados que estavam diretamente ligados à produção dos produtos não cumulativos. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 602 27 Portanto, correto as glosas de parte dos valores dos serviços tomados pela Recorrente, uma vez que a mesma não junta provas contrárias nos autos. 4.9) Aluguel de Máquinas e Equipamentos Aduz a recorrente em seu recurso que: (...) “Segundo a dicção do Fisco, não geram direito a crédito o aluguel de máquinas, escavadeira ou guindaste, porque a Recorrente não demonstrou terem sido eles utilizados na fabricação do açúcar. A respeito há que se ter presente que a escavadeira é utilizada na tanto movimentação da matériaprima (canadeaçúcar), como no transporte e movimentação do açúcar em bruto. O mesmo se dá com o guindaste que faz a movimentação dos contêineres de açúcar, tanto no empilhamento e armazenagem quanto no carregamento nos veículos de transporte. É também utilizado na movimentação de peças e equipamentos pesados. Assim, ou se deveria reconhecer o direito ao crédito integral ou, ao menos, proporcional na hipótese de movimentação da matériaprima da qual deriva tanto o açúcar como o álcool. Tal questão foi dessa forma analisada pela fiscalização em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 149/153): Também não geraram direito a crédito o aluguel de máquinas que não se enquadravam no disposto no art. 66, inciso II, i b" da IN 247/2002: "aluguel de prédios, máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa". Assim, não foram consideradas as Notas Fiscais referentes a aluguel de escavadeira, andaimes ou guindastes, máquinas que a empresa não demonstrou terem sido utilizadas na fabricação de açúcar e outros produtos com direito ao crédito do PIS não cumulativo. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 170 a 172 (grifamos). O artigo 3º da Lei nº 10.637/02 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Porém, como se verifica no Termo de Diligência efetuado pela fiscalização (fls. 487), Linha 6 –Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, tais despesas que foram glosadas porque verificouse que tratam de locação de máquinas e equipamentos referente à atividade de construção civil da empresa: LINHA 6 DESPESAS D E ALUGUÉIS D E MAQUINAS E EQUIPAMENTOS LOCADOS DE PESSOAS JURÍDICAS O artigo 3ºo da Lei 10.833/03 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Foi considerada, alem do apresentado, a NF 1030 de 06/08/04, da Transelev referente a uma empilhadeira Mitsubishi Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 299), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L06 – Aluguel Fl. 615DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 28 de Máquinas e Equipamentos, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. No caso, não assiste razão a Recorrente, pois nenhuma glosa foi apontada pela fiscalização. Portanto, não conheço do recurso no que se refere as alegadas glosas do aluguel de Máquinas e Equipamentos, por falta de interesse recursal. 4.10) Do Leasing A empresa em seu recurso argumenta que: (...) “A Fiscalização, é omissa ao fato tanto no Despacho Decisório como no Termo de Verificação Fiscal, porém elaborou os demonstrativos e fichas do DACON de acordo com seu critério e entendimento, desprezando as informações prestadas anteriormente pela Recorrente no mesmo DACON relativamente aos créditos, oriundos de operações de arrendamento mercantil (leasing), que foram sumariamente glosados. Assim, no DACON elaborado pelo Fisco não constou sequer uma das aquisições de bens na modalidade de leasing, sendo que, na realidade existem várias no período examinado que, inexplicavelmente, foram desprezadas. Nada há no bojo dos autos que indique, especifique, ou sequer sugira o porque da glosa ou da omissão naquele DACON dos valores relativos aos contratos de leasing ignorados pelo Fisco. Não procede a alegação de omissão colocada pela recorrente, senão vejamos o que foi relatado sobre este tema no Termo de Constatação Fiscal (fls. 185/186): A partir de 01/05/2004 em virtude de alterações na Lei 10.637/2002, introduzidas pela Lei 10.865/2004, deixaram de dar direito a crédito: despesas financeiras, aquisições de máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados à venda anteriores a 01/05/2004. Portanto, os valores referentes a esses lançamentos foram glosados. E o Fisco segue informando no Relatório de Diligência (fl. 487): LINHA 8 ARRENDAMENTO MERCANTIL mantidas as despesas informadas de duas Saveiros e uma Kombi. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 350), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L08 – Arrendamento Mercantil, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. Portanto, no presente caso, como verificado, não assiste razão a Recorrente, pois nenhuma glosa foi apontada pelo Fisco. Desta forma, não conheço do recurso no que se refere as alegadas glosas do Leasing, por falta de interesse recursal. 4.11) Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas De acordo com a Administração tributária, a vinculação dos créditos aos tipos de receitas auferidas deve ser realizada diretamente quando for possível identificar a sua Fl. 616DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 603 29 vinculação exclusiva a cada tipo de receita, sendo que, em relação aos custos comuns das atividades cumulativas e não cumulativas, facultase à pessoa jurídica a utilização de qualquer dos critérios previstos no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, ou seja, a apropriação direta (no caso de a pessoa jurídica possuir sistema de custos integrado e coordenado com a escrituração) ou o rateio proporcional. No que se refere a esse tópico, a recorrente alega que: (...) “No indigitado DACON elaborado pela Fiscalização foi utilizado e aplicado, indevidamente, para fins de cálculo do valor a ser creditado nas aquisições de canadeaçúcar, efetuadas de Pessoa Jurídica, o mesmo critério e método de apuração adotado para se apurar o Crédito Presumido (para o PIS 70% e para a COFINS 80%), reduzindo, sem base legal, o montante do crédito a ser aproveitado pela Recorrente. Igualmente, ao item imediatamente anterior, nada há nos autos e nas notas feitas a ele que esclareça o motivo e justifique tamanha parcialidade”. Vejase o que informa a fiscalização no Termo de Diligência (fl. 484/485): LINHA 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMO Neste item foram apresentadas notas fiscais de aquisição de produtos químicos, lubrificantes, embalagens e cana adquirida de pessoas jurídicas. Os produtos de utilização comum na produção do álcool e açúcar foram rateados de acordo c om o percentual não cumulativo, apurado c om base nas receitas, e os de uso exclusivo do açúcar foram considerados s em aplicação do rateio. (...) Cana Adquirida de Pessoa Jurídica A empresa informou o total de cana adquirida de pessoa jurídica R$ 2.027.170,69. A fiscalização aplicou sobre este valor o percentual 5 7 , 9 5% referente a cana utilizada na produção do açúcar e acrescentou o frete proporcional a cana adquirida de pessoa jurídica utilizada na produção do açúcar, valor informado como sendo linha 3 e apurado na conta 3 0 1 0 1 0 0 3 0 0 4 0 2 0 Despesas de Fabricação Transporte de Cana de Açúcar, demonstrados no anexo do Termo de Constatação Fiscal. E segue informando o contido na LINHA 19: LINHA 19 – CRÉDITO PRESUMIDO NA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL– Apurado com base de cálculo o valor da aquisição de cana de açúcar de pessoas físicas aplicandose o percentual de cana utilizada na produção de açúcar e acrescendo o frete da cana adquirida de pessoa física utilizada na produção do açúcar (demonstrado no anexo do Termo de Constatação Fiscal). De acordo com o artigo 8º da Lei 10.925/2004 só é possível o aproveitamento deste crédito para abater das contribuições devidas. Observese que, quanto ao rateio cabe esclarecer que o percentual das receitas cumulativas e nãocumulativas foi informado pela própria requerente, conforme consta das planilha à fls. 157/178 (informações da própria fiscalizada e aceita pela fiscalização fls. 179/182 e 351), sendo nela apurado o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas e, por diferença, o percentual das nãocumulativas. Como se sabe, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência "não cumulativa" do PIS/PASEP em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Para tanto, a pessoa jurídica deverá alocar, a cada mês, separadamente para a modalidade de incidência as parcelas dos custos respectivos. Fl. 617DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 30 No caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à "não cumulatividade" e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: a) apropriação direta, inclusive, em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b) rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Verificase que o método eleito pela Recorrente foi aceito pela Fisco e aplicado consistentemente por todo o período analisado. 4.12) Da Aplicação Indevida de Rateio Dispõe o § 7º do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 que “Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa do PIS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas”. Como já abordado no tópico anterior, a regra acima implica em que, se o contribuinte auferir receitas sujeitas aos regimes cumulativo e nãocumulativo, os insumos apenas gerarão crédito na proporção em que forem aplicados nestas últimas. A comercialização de álcool “para fins carburantes” submetese à incidência de PIS/Cofins pelo regime cumulativo, de modo que, por não se submeter ao regime não cumulativo das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os insumos aplicados na sua produção não geram direito de crédito. Nesse contexto a recorrente alega em seu recurso que: (...)“Houve, ainda, no DACON da fiscalização, aplicação indevida de rateio proporcional para fins de apurar o valor do crédito, em situações em que o crédito deve ser integral, a exemplo dos serviços de ensacamento, marcação e manuseio da sacaria, serviços estes utilizados especificamente na produção do açúcar. Da mesma forma, esse erro crasso foi cometido em relação à levedura, sendo que por serem ambos os produtos não cumulativos, o crédito corresponde a 100%”. Como se observa, a Recorrente sustenta que a fiscalização, ao fazer os ajustes na base de cálculo do PIS e COFINS, distorceu os valores do crédito em que nos casos citados os créditos deveriam ser integrais. Vejase que no Termo de Diligência elaborado pela fiscalização, esclarece que (fl. 488): (...) PERCENTUAIS DE RATEIO COM BASE NAS RECEITAS Conforme previsão contida na Lei 10.637/02 artigos 5º (exportação) e 3º , § 8o , II (não cumulativas) os rateios tem a seguinte regra: "rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. " Fl. 618DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 604 31 A fiscalização apurou, primeiramente, o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas no mês, e considerando a diferença para 100% como o percentual das receitas não cumulativas, mesmo valor utilizado pela Santa Cândida 58,81%. O percentual de exportação foi obtido, pela fiscalização, como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos (açúcar e levedura) dividido pelo total das receitas não cumulativas (descontandose as receitas cumulativas do total das receitas no mês) resultando em 71,65%. A empresa apurou como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos dividido pelo total das receitas descontado o álcool exportado (não descontou o álcool no mercado interno como nos m e s e s anteriores), apurando 71,99%. Portanto, não conseguimos vislumbrar as inconsistências apresentadas pela recorrente, uma vez que não demonstra claramente, com base em documentos e números, onde se encontra as referidas distorções, pois examinando os autos e verificandose os rateio mencionados, concluise pela inclusão de tais serviços nas referidas composições dos rateios, exceto àqueles que foram objeto de glosa. Isto posto, não leva a outro caminho senão à manutenção da forma com procedeu a fiscalização nesse tópico, fazendose, obviamente, os ajustes necessários, decorrentes desta decisão. 5) Das provas Como já analisado neste voto, a fiscalização apurou glosas de bens e serviços. A recorrente, porém, com exceção relativo às vendas de álcool para outros fins efetivamente comprovadas pela impugnante, não anexou aos autos as provas junto com suas manifestações contrárias aos outros itens glosados, o que acaba por ser um empecilho à comprovação de suas alegações. Não sendo possível a análise do vínculo entre as supostas determinações e os gastos que elas o teriam obrigado. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior do tributo, desse modo, afim de comprovar a existência do crédito alegado, a interessada deve instruir sua defesa, em especial a manifestação de inconformidade, com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art.15.A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art.16.A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)” No processo administrativo fiscal, assim como no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é de quem alega a sua existência, ou seja, do interessado, é assim que dispõe a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de1999 no seu artigo 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo37 desta Lei. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 32 No mesmo sentido os artigos 333 e 396 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973CPC: Art.333.O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.396. Compete à parte instruir a petição inicial (art.283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. 6) Da apresentação das provas O artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 em seu § 4º determina, ainda, o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” A análise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento correto a serem carreadas as provas a fim de substanciar os argumentos da Recorrente, qual seja, na manifestação de inconformidade, contudo, esta turma recursal tem firmado entendimento no sentido de admitir, excepcionalmente, a análise de provas trazidas em sede de recurso voluntário, quando estas não dependam de análise técnica aprofundada e sejam complementares às provas trazidas em Manifestação de Inconformidade, contudo, mesmo neste momento processual, não foram trazidas aos autos quaisquer outros documento que provassem que o sujeito passivo realizou gastos em decorrência das glosas de bens e serviços apurados pelo fisco, excetuandose a já comentada. 7) Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto da seguinte forma: a) não conhecer do recurso voluntário na parte concernente aos seguintes itens: aluguel de Máquinas e Equipamentos (item 4.9) e operações com Arrendamento Mercantil Leasing (item 4.10), por falta de interesse recursal. b) na parte conhecida, para: rejeitar as preliminares, e c) dar provimento parcial, para reconhecer o direito do crédito calculado do PIS não cumulativo calculado sobre os seguintes itens: graxa (item 4.3), insumos utilizados nas vendas de álcool para “outros fins”, referente às notas fiscais comprovadas (item 4.5.2); despesas com Fl. 620DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000314/200553 Acórdão n.º 3802003.850 S3TE02 Fl. 605 33 Embalagens (item 4.6); no ajuste do Valor do Estoque de Abertura (item 4.7), conforme voto; d) negar provimento em relação aos seguintes itens: dos produtos químicos (item 4.5.1) e dos serviços utilizados como insumos (item 4.8), e e) manter o entendimento do Fisco em relação aos créditos decorrentes da aquisição de insumos de pessoas jurídicas e forma de aplicação do rateio, já que os cálculos foram baseados em dados do próprio sujeito passivo (itens 4.11 e 4.12), de acordo com o contido neste voto. Este julgado limitouse a reconhecer o direito em tese, ficando a quantificação do crédito, o cálculo e a homologação da compensação declarada a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator Fl. 621DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 34 Fl. 622DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10480.916103/2011-52
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000
PIS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-003.576
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente).
Nome do relator: MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000 PIS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10480.916103/2011-52
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5392653
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3801-003.576
nome_arquivo_s : Decisao_10480916103201152.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
nome_arquivo_pdf_s : 10480916103201152_5392653.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
id : 5684702
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047248829415424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1746; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 11 1 10 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.916103/201152 Recurso nº 001 Voluntário Acórdão nº 3801003.576 – 1ª Turma Especial Sessão de 22 de julho de 2014 Matéria Contribuição para o PIS/Pasep Recorrente DELTA VEICULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000 PIS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 61 03 /2 01 1- 52 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ RECIFE/PE, abaixo transcrito: Tratase de Manifestação de Inconformidade, protocolizada aos 19/01/2012 contra Despacho Decisório eletronicamente emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil no Recife DRF/ RECIFE/PE, do qual a contribuinte tomou ciência aos 22/12/2011, por meio do qual foi indeferido o Pedido de Restituição PER aqui tratado, em que é indicado suposto crédito, no valor de R$ 161,19, a título de pagamento indevido ou a maior realizado a título da Contribuição para o PIS/Pasep em relação ao período de apuração de novembro de 2000, no valor de R$ 161,19. 2. O indeferimento se deu porque, embora localizado supradito pagamento, ele fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição. 3. No recurso, a defendente solicita a reunião dos processos administrativos que relaciona, os quais alega ter o mesmo objeto e causa de pedir (restituição de conjecturados créditos, apurados em diversos meses, decorrentes de pagamentos indevidos da contribuição para o PIS/COFINS, pautados na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718, de 27/11/1998). 4. Invoca, para amparar o pleito de reunião de processos que, na sua visão, impediria o risco de que neles fossem proferidas diferentes decisões , o princípio da economia processual, a otimização dos trabalhos da recorrente e da Administração Tributária, a determinação constitucional de razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88). Ademais, estriba o pedido na disposição contida no art. 103, do Código de Processo Civil –CPC e, ainda, em opiniões doutrinárias e em precedente do então 1º Conselho de Contribuintes. 5. Na seqüência, critica a defendente que, contrariamente ao disposto no art. 65, da Instrução Normativa IN nº 900, expedida aos 30/12/2008 pela RFB1, não fora intimada a 1 esclarecer a higidez de seu crédito e que, tivesse isto ocorrido, o pedido de restituição seria deferido, na medida em que teria logrado comprovar o direito ao reconhecimento do indébito. 6. Argumenta que, nos termos do art. 142, do CTN, é dever da Fiscalização aprofundar o exame da situação concreta, de modo que o lançamento e também as demais glosas fiscais se baseiem na correta subsunção dos fatos à lei. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.916103/201152 Acórdão n.º 3801003.576 S3TE01 Fl. 12 3 7. Fala, ainda, que, como a Fiscalização sequer tomou conhecimento das razões que justificam o pedido de restituição, imporseia a reforma do Despacho Decisório. 8. Adiante, tece considerações quanto à inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98, declarada pela Suprema Corte, após o que aduz que, conquanto a inconstitucionalidade haja sido reconhecida no controle difuso, foi a questão decidida em sessão plenária do STF, razão por que os órgãos da Administração Tributária devem afastar sua aplicação, aos moldes do que determina o art. 26A, §6º, do Decreto nº 70.235/72, e o art. 59, do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, disposição esta que também estava encartada no art. 49, parágrafo único, I, do Regimento Interno do antigo Conselho de Contribuintes e, atualmente, está embutida no art. 62, §1º, I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF. 9. Destaca que o art. 62A, caput, do RICARF, vincula o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a adotar as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF sob o regime previsto no art. 543B, do CPC, tal como ocorreu, na situação aqui tratada no RE nº 585.235 – o que reforçaria que o entendimento do STF quanto à citada inconstitucionalidade deve ser aplicado no caso dos autos. 10. Pondera, outrossim, que “um dispositivo de lei declarado inconstitucional é uma norma absolutamente nula, impossibilitada de produzir efeitos jurídicos válidos, em razão de seu desacordo com o texto constitucional, a quem deve irrestrita obediência” e que “seria ilógico que a administração fazendária continuasse a reconhecer a validade de um texto de lei já declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal”, entendimento este que a recorrente escora em diversos precedentes administrativos da Câmara Superior de Recursos Fiscais a que faz remissão. 11. Conclui a questão dizendo ser indubitável que o entendimento do STF nos recursos extraordinários por ela referidos deve ser empregado pelas autoridades administrativas em suas decisões. 12. Avante, diz a recorrente que na base de cálculo da contribuição aqui tratada “somente deveriam ter sido incluídos pela requerente os valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços” e que, no caso concreto, tem direito ao crédito requerido no PER, correspondente ao valor desta contribuição que teria sido calculado sobre o montante não integrante de seu faturamento. 13. Sustenta que, para que não pairem dúvidas, anexa documentos hábeis a comprovar a higidez do crédito pleiteado. 14. No final da Manifestação de Inconformidade, a recorrente: (i) requer o acolhimento do recurso interposto; (ii) informa que a matéria discutida não foi submetida à apreciação judicial; e (iii) protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícias, a realização de diligência e a juntada de documentos. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 4 15. Ao recurso a contribuinte anexou, além de documentos de representação processual: (i) planilha com as rubricas sobre as quais apurou o suposto crédito a ser restituído; e (ii) cópia de folhas de Balancete correspondente ao período de apuração aqui tratado. 16. Este julgador anexou aos autos extratos emitidos no sistema DCTF/CONS. Analisando o litígio, a DRJ de Recife/PE considerou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2000 a 31/10/2000 TRIBUTO. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO. REQUISITOS. O reconhecimento do direito à restituição exige a comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior que o devido em face da legislação aplicável ou das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido. RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBANTE. É do sujeito passivo o ônus probante do direito à restituição. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/98. PAGAMENTO SOBRE OUTRAS RECEITAS QUE NÃO AS DE VENDA DE MERCADORIAS E/OU SERVIÇOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não tendo a recorrente comprovado que o valor confessado em DCTF e por ela recolhido a título da COFINS foi calculado sobre outras receitas que não as de venda de mercadorias e/ou de prestação de serviços, resta incomprovada a realização de pagamento indevido ou a maior que devido sob o fundamento de inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo desta contribuição perpetrada pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2000 a 31/10/2000 DIREITO CREDITÓRIO. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. Ressalvadas as hipóteses das alíneas “a” a “c”, do art. 16, do Decreto nº 70.235/72, as provas comprobatórias do direito creditório devem ser apresentadas por ocasião da interposição da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de posterior juntada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.916103/201152 Acórdão n.º 3801003.576 S3TE01 Fl. 13 5 Voto Conselheira Maria Inês Caldeira Pereida da Silva Murgel Conheço do Recurso Voluntário, uma vez que apresenta os requisitos de admissibilidade e foi apresentado dentro do prazo de 30 dias fixado pela legislação. Como se depreende da leitura dos autos, em síntese, o contribuinte, invocando o reconhecimento, pelo STF, da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuição ao PIS e da COFINS promovido pela Lei nº 9.718/98, requereu a restituição dos valores indevidamente recolhidos. Sendo indeferido o pedido administrativo de restituição, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, à qual juntou aos autos, além de planilhas que supostamente comprovariam o seu direito creditório, os balancetes, com a segregação das receitas. No julgamento da Manifestação de Inconformidade, a delegacia de julgamento de Recife/PE alega que o contribuinte não comprovou o recolhimento indevido ou a maior dos créditos tributários invocados no pedido de restituição. Ocorre que a própria Delegacia da Receita Federal poderia, de ofício, independentemente de requerimento expresso, ter realizado diligências para aferir a autenticidade dos créditos declarados pela Recorrente. Esta é a orientação do artigo 18 do Decreto 70.235/72. Confirase: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) A ilação do citado dispositivo do Decreto que rege o processo administrativo é de que deve a Administração Pública se valer de todos os elementos possíveis para aferir a autenticidade das declarações dos contribuintes, o que, data venia, não foi feito no presente caso. Devese ressaltar, sobre o processo administrativo fiscal, que ele é delineado por diversos princípios, dentre os quais se destaca o da Verdade Material, cujo fundamento constitucional reside nos artigos 2º e 37 da Constituição Federal, no qual o julgador deve pautar suas decisões. Ou seja, o julgador deve perseguir a realidade dos fatos, para que não incorra em decisões injustas ou sem fundamento. Nesse sentido, são os ensinamentos do ilustre Professor James Marins: A exigência da verdade material corresponde à busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal; aproximação entre os eventos ocorridos na dinâmica econômica e o registro formal de sua existência; entre a materialidade do evento econômico (fato imponível) e sua Fl. 119DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 6 formalidade através do lançamento tributário. A busca pela verdade material é princípio de observância indeclinável da Administração tributária no âmbito de suas atividades procedimentais e processuais. (grifouse).(MARINS, James. Direito Tributário brasileiro: (administrativo e judicial). 4. ed. São Paulo: Dialética, 2005. pág. 178 e 179.) Sobre o princípio da verdade material, também ensina o ilustre professor Celso Antônio Bandeira de Mello: Princípio da verdade material. Consiste em que a Administração, ao invés de ficar restrita ao que as partes demonstrem no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente a verdade, com prescindência do que os interessados hajam alegado e provado (...). (...) O princípio da verdade material estribase na própria natureza da atividade administrativa. Assim, seu fundamento constitucional implícito radicase na própria qualificação dos Poderes tripartidos, consagrada formalmente no art. 2º da Constituição, com suas inerências. Deveras, se a Administração tem por finalidade alcançar verdadeiramente o interesse público fixado na lei, é óbvio que só poderá fazêlo buscando a verdade material, ao invés de satisfazerse com a verdade formal, já que esta, por definição, prescinde do ajuste substancial com aquilo que efetivamente é, razão porque seria insuficiente para proporcionar o encontro com o interesse público substantivo. Demais disto, a previsão do art. 37, caput, que submete a Administração ao princípio da legalidade, também concorre para a fundamentação do princípio da verdade material no procedimento (...). (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 24. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. p. 489, 493 e 494) No processo administrativo tributário, o julgador deve sempre buscar a verdade e, portanto, não pode basear sua decisão em apenas uma prova carreada nos autos. É permitido ao julgador administrativo, inclusive, ao contrário do que ocorre nos processos judiciais, não ficar restrito ao que foi alegado, trazido e provado pelas partes, devendo sempre buscar todos os elementos capazes de influir em seu convencimento. Isto porque, no processo administrativo não há a formação de uma lide propriamente dita, não há, em tese, um conflito de interesses. O objetivo é esclarecer a ocorrência dos fatos geradores de obrigação tributária, de modo a legitimar os atos da autoridade administrativa. Este Conselho, em reiteradas decisões, há muito se posiciona no sentido de que o processo administrativo, em especial o julgador, deve ter como norte a verdade material para solução da lide. Confirase: IPI. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Nos termos do § 4º do artigo 16 do Decreto Fl. 120DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.916103/201152 Acórdão n.º 3801003.576 S3TE01 Fl. 14 7 70.235/72, é facultado ao sujeito passivo a apresentação de elementos probatórios na fase impugnatória. A não apreciação de documentos juntados aos autos ainda na fase de impugnação, antes, portanto, da decisão, fere o princípio da verdade material com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que estáem jogo é a legalidade da tributação. Deve ser anulada decisão de primeira instância que deixa de reconhecer tal preceito. Processo anulado. (13896.000730/0099, Recurso Voluntário n°.132.865, ACÓRDÃO 20312338, Relator Dalton Cesar Cordeiro de Miranda)PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o princípio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento". (Ac. 10318789 3 ª. Câmara 1 º. C.C.). Precedente: Acórdão CSRF/0304.371 RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (10950.002540/200565, Recurso Voluntário n°. 136.880, Acórdão 30239947, Relatora Judith do Amaral Marcondes) IRPJ PREJUÍZO FISCAL IRRF RESTITUIÇÃO DE SALDO NEGATIVO ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL Não procede o não reconhecimento de direito creditório relativo a IRRF que compõe saldo negativo de IRPJ, quando comprovado que a receita correspondente foi oferecida à tributação, ainda que em campo inadequado da declaração. Recurso provido.(Número do Recurso: 150652 Câmara:Quinta Câmara Número do Processo:13877.000442/200269– Recurso Voluntário: 28/02/2007) COMPENSAÇAO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO – Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. Recurso Voluntário Provido. (Número do Recurso: 157222 Primeira Câmara Número do Processo:10768.100409/200368– Recurso Voluntário: 27/06/2008 Acórdão 10196829). Assim, devem ser considerados, in casu, os documentos apresentados pela Recorrente e, além disso, as declarações enviadas à Receita Federal do Brasil. Como se não bastasse, na decisão recorrida, a Delegacia de Julgamento alega que não poderia deixar de aplicar o disposto na Lei 9.718/98, com relação ao alargamento da base de cálculo das mencionadas contribuições. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 8 Neste ponto, contudo, não devem prevalecer as conclusões da Delegacia de Julgamento de Recife (PE). O § 1o, do artigo 3o, da Lei 9.718/98, que dava embasamento ao Fisco para que considerasse como base de cálculo da COFINS a receita bruta, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Fato é que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/ PR, do Ministro Ilmar Galvão, pacificou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. Os aludidos acórdãos foram assim ementados: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Em outra oportunidade, a Excelsa Corte (STF), por unanimidade, ao apreciar o Recurso Extraordinário nº 585235, DJ nº 227 do dia 28/11/2008, reconheceu a existência de repercussão geral e reafirmou a jurisprudência no sentido da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, conforme decisão transcrita abaixo: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. (....)(grifouse) O acórdão proferido no referido recurso extraordinário, DJ 28/11/2008, teve a seguinte ementa: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.916103/201152 Acórdão n.º 3801003.576 S3TE01 Fl. 15 9 Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Outrossim, o Decreto nº 70.235/72, que rege o processo fiscal, estabelece: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade* (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:* I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;* (...)” *Nova redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 Destarte, as autoridades administrativas têm que se submeter ao entendimento do Supremo Tribunal Federal e, de fato, observar o posicionamento da Corte Suprema. Neste sentido, alterouse o Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010. O artigo 62A dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. {*} (...) {*} alteraçãos introduzida pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010 ( grifouse) Concluise, assim, independentemente de o contribuinte ter ação judicial sobre o tema, ser improcedente a exigência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita bruta, nos termos dos conceitos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, voto por julgar procedente o recurso para reconhecer o direito à restituição, mediante compensação, dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei n.º 9.718/1998. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 10 É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relator Fl. 124DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 15540.720082/2013-03
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012
CSLL, PIS E COFINS RETIDOS DE TERCEIROS. DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E DECLARADOS/PAGOS.
As diferenças apuradas entre os valores escriturados das contribuições sociais retidas de terceiros e aqueles declarados/recolhidos pela Contribuinte se sujeitam a lançamento de ofício.
Numero da decisão: 1802-002.339
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
Nome do relator: JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 CSLL, PIS E COFINS RETIDOS DE TERCEIROS. DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E DECLARADOS/PAGOS. As diferenças apuradas entre os valores escriturados das contribuições sociais retidas de terceiros e aqueles declarados/recolhidos pela Contribuinte se sujeitam a lançamento de ofício.
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15540.720082/2013-03
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5384118
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1802-002.339
nome_arquivo_s : Decisao_15540720082201303.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
nome_arquivo_pdf_s : 15540720082201303_5384118.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
id : 5642982
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:29:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249179639808
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1592; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 2 1 1 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15540.720082/201303 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 1802002.339 – 2ª Turma Especial Sessão de 23 de setembro de 2014 Matéria CSLL E OUTROS Recorrente ESTALEIRO MAUÁ PETROUM S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 CSLL, PIS E COFINS RETIDOS DE TERCEIROS. DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E DECLARADOS/PAGOS. As diferenças apuradas entre os valores escriturados das contribuições sociais retidas de terceiros e aqueles declarados/recolhidos pela Contribuinte se sujeitam a lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Corrêa, Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 00 82 /2 01 3- 03 Fl. 1321DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15540.720082/201303 Acórdão n.º 1802002.339 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro – DRJ/RJ I, que manteve parcialmente lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL e outras contribuições sociais (PIS e COFINS) que foram retidas de terceiros e não recolhidas pela Contribuinte autuada. Os fatos que antecederam o presente recurso estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 1256.373, às fls. 1280 a 1282: Tratam os presentes autos de exigências de ofício de contribuições sociais retidas de terceiros, PIS, R$ 43.470,76, fls. 05; COFINS, R$ 200.634,29, fls. 09 e CSLL, R$ 66.878,09, fls. 13, correspondentes às diferenças apuradas entre valores escriturados pela pessoa jurídica e declarados/recolhidos relativamente aos anoscalendário de 2008 a 2012, acrescidas de penalidade de ofício, 75%, e encargos moratórios, conforme demonstrativo discriminado de fls. 25/29, recebido pelo contribuinte em 28/02/2013. 2. Cientificado da exigência em 28/02/2013, o sujeito passivo acostou aos autos as impugnações de fls. 994/997 (CSLL), 1024/1027 (COFINS) e 1070/1073 (PIS), protocoladas em 01/04/2013, anexadas dos documentos de fls. 1054/1069, através das quais alega, em síntese, que foram cumpridas as obrigações tributárias, conforme comprovantes de recolhimentos acostados aos autos. Como mencionado, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro – DRJ/RJ I manteve parcialmente as exigências fiscais, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 PIS, COFINS E CSLL RETIDOS. ESCRITURAÇÃO E DCTF. Eventuais diferenças apuradas entre os valores escriturados das contribuições sociais retidas e aqueles declarados se sujeitam à penalidade de oficio. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Em seu acórdão, a Delegacia de Julgamento cancelou a cobrança de vários valores cujo recolhimento restou comprovado, e manteve a exigência daqueles para os quais realmente não havia comprovação de declaração em DCTF e/ou recolhimento. Fl. 1322DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15540.720082/201303 Acórdão n.º 1802002.339 S1TE02 Fl. 4 3 Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 19/06/2013, a Contribuinte apresentou em 10/07/2013 o recurso voluntário de fls. 1291 a 1293, onde reitera os mesmos argumentos de sua impugnação, conforme descrito nos parágrafos anteriores. Basicamente, ela argumenta que cumpriu com suas obrigações fiscais, e que todas as provas por ela geradas nestes autos advieram do próprio sistema da Receita Federal, não existindo dúvidas quanto aos pagamentos, não havendo, portanto, qualquer prova de que os recolhimentos não foram realizados. Além disso, alega que recai sobre o Fisco o ônus de provar os seus próprios argumentos e também os da Contribuinte, no tocante ao recolhimento ou não de um tributo, o que não restou evidenciado nestes autos até o momento, razão pela qual deveria ser cancelado o lançamento. Este é o Relatório. Fl. 1323DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15540.720082/201303 Acórdão n.º 1802002.339 S1TE02 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a Contribuinte questiona lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL e outras contribuições sociais (PIS e COFINS) que ela, segundo a Fiscalização, teria retido de terceiros e não recolhido aos cofres públicos. Os valores autuados corresponderam a diferenças apuradas entre os valores escriturados pela pessoa jurídica e os declarados/recolhidos relativamente aos anoscalendário de 2008 a 2012, no contexto do procedimento fiscal designado como verificações obrigatórias. A auditoria fiscal também abrangeu o IRPJ/CSLL sobre os resultados da própria Recorrente e ainda o IR retido de terceiros, que estão controlados em outros processos. Para a caracterização das diferenças apuradas neste processo, a Fiscalização juntou aos autos, entre outros documentos: Demonstrativos das diferenças apuradas, sintetizadas por quinzena (fls. 25 a 29); Planilha relacionando as retenções registradas na conta “2.1.3.04.23 RETENÇÃO PIS, COFINS E CSLL – LEI 10833/2003”, nos anoscalendário 2008 a 2012 (fls. 276 a 283); Cópias do Livro Razão contendo todos os lançamentos realizados na conta acima referida, no período de 2008 a 2012 (fls. 284 a 417); Cópias das DCTF apresentadas relativamente ao período de 2008 a 2012 (fls. 422 a 974). Em sua impugnação, a Contribuinte apresentou alguns comprovantes de arrecadação para o período em questão (fls. 1054 a 1069). Antes do julgamento em primeira instância administrativa, a Delegacia de Julgamento juntou aos autos um extrato dos recolhimentos realizados pela Contribuinte (fls. 1129 a 1279). Com base em toda essa documentação, a Delegacia de Julgamento fundamentou sua decisão nos seguintes termos: Fl. 1324DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15540.720082/201303 Acórdão n.º 1802002.339 S1TE02 Fl. 6 5 Voto 3. As impugnações atendem às condições de suas admissibilidades. Delas, portanto, conheço. 4. Tratase de prova documental, como relatado. Ora, os documentos acostados aos autos pela impugnante não afastam, na íntegra, os valores exigidos nestes autos: só ratificam recolhimentos efetuados nos anoscalendário em comento, atinentes a parte das diferenças apontadas nas autuações, consoante registros de controle de arrecadação das contribuições sociais retidas de terceiros (PIS, COFINS e CSLL), código 5952, desta Receita Federal, juntados às fls. 1.129/1279. 5. Do exposto, os seguintes valores constantes dos demonstrativos de fls. 25/29 seguem sem prova documental, quer por parte do contribuinte, quer junto aos controles de arrecadação da RFB (valores em R$): Fato PIS COFINS CSLL TOTAL PAGO DIFERENÇA gerador 0,65% 3,00% 1,00% 15/07/2008 312,67 1.443,10 481,03 2.236,80 2.236,80 0,00 15/08/2008 60,71 280,19 93,40 434,29 434,29 0,00 15/09/2008 72,21 333,30 111,10 516,61 516,61 0,00 30/09/2008 60,71 280,19 93,40 434,29 434,29 0,00 15/10/2008 83,90 387,24 129,08 600,22 600,22 0,00 15/11/2008 66,97 309,09 103,03 479,09 479,09 0,00 30/11/2008 15.215,69 70.226,26 23.408,75 108.850,70 108.850,70 0,00 15/12/2008 60,70 280,19 93,40 434,29 434,29 0,00 15/11/2009 584,03 2.695,51 898,50 4.178,04 4.178,04 0,00 30/11/2009 3.242,62 14.965,96 4.988,65 23.197,23 23.197,23 15/12/2009 6.135,68 28.318,53 9.439,86 43.894,07 43.894,07 31/12/2009 2.921,01 13.481,59 4.493,86 20.896,46 20.896,46 28/02/2010 38,41 177,30 59,10 274,81 274,81 31/03/2010 151,52 699,32 233,11 1.083,95 1.083,95 31/05/2010 1,18 5,44 1,81 8,43 8,43 15/10/2011 13.357,39 61.649,47 20.549,82 95.556,68 340,62 95.216,06 31/10/2011 1.105,35 5.101,61 1.700,54 7.907,50 (*)7.907,50 0,00 (*) RS 53,35 pagos em 27/04/2012. 5.1. Distribuição dos valores pagos: Fato gerador PIS COFINS CSLL Total recolhido 15/10/2011 13.357,39 61.649,47 20.549,82 Recolhido 47,61 219,75 73,26 340,62 DIFERENÇA 13.309,78 61.429,72 20.476,56 Fl. 1325DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 15540.720082/201303 Acórdão n.º 1802002.339 S1TE02 Fl. 7 6 5.2. Valores devidos: fato gerador PIS COFINS CSLL 30/11/2009 3.242,62 14.965,96 4.988,65 15/12/2009 6.135,68 28.318,53 9.439,86 31/12/2009 2.921,01 13.481,59 4.493,86 28/02/2010 38,41 177,30 59,10 31/03/2010 151,52 699,32 233,11 31/05/2010 1,18 5,44 1,81 15/10/2011 13.309,78 61.429,72 20.476,56 TOTAL 25.800,20 119.077,86 39.692,95 6. Na esteira desses fatos dou provimento parcial à impugnação para reduzir os valores devidos do PIS para R$ 25.800,20; da COFINS para R$ 119.077,86 e da CSLL para R$ 39.692,95, acrescidos de penalidade de oficio, 75%, e encargos moratórios. A Contribuinte não trouxe nenhum novo elemento para que fossem excluídos valores além daqueles já reconhecidos pela Delegacia de Julgamento. Ela não confrontou especificamente nenhum dos débitos que remanesceram em aberto (sem comprovação de recolhimento), e que estão devidamente discriminados desde o auto de infração. A Contribuinte simplesmente alega de forma genérica que recolheu todos os tributos que lhe estão sendo exigidos, pelo que a decisão recorrida não merece nenhum reparo. A exigência fiscal está baseada em minucioso exame dos débitos escriturados pela própria Contribuinte em seu livro Razão, dos valores declarados em DCTF e ainda do extrato dos pagamentos realizados, e a conclusão é de que remanescem débitos não declarados em DCTF e não recolhidos. Deste modo, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 1326DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
score : 1.0
Numero do processo: 10380.012954/2006-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1301-000.102
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, resolvem os membros deste Colegiado, POR UNANIMIDADE de votos, SOBRESTAR o julgamento, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator.
(assinado digitalmente)
Plínio Rodrigues Lima Presidente
(assinado digitalmente)
Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Plínio Rodrigues Lima , Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Cristiane Silva Costa.
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201303
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10380.012954/2006-95
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5400257
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1301-000.102
nome_arquivo_s : Decisao_10380012954200695.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10380012954200695_5400257.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, resolvem os membros deste Colegiado, POR UNANIMIDADE de votos, SOBRESTAR o julgamento, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. (assinado digitalmente) Plínio Rodrigues Lima Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Plínio Rodrigues Lima , Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Cristiane Silva Costa.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
id : 5731283
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249326440448
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2006; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.012954/200695 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1301000.102 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 07 de março de 2013 Assunto IRPJ. Recorrente INVESTLUZ S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, resolvem os membros deste Colegiado, POR UNANIMIDADE de votos, SOBRESTAR o julgamento, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. (assinado digitalmente) Plínio Rodrigues Lima Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Plínio Rodrigues Lima , Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Cristiane Silva Costa. Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada contra decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ em Fortaleza/CE. Verificase que em desfavor da recorrente foram efetuados lançamentos tributários do Imposto sobre a Renda da Pessoa JurídicaIRPJ (fls. 3/9), da Contribuição para o PIS/Pasep (fls. 10/13), da Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialCofins (fls. 14/17) e da Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL (fls. 18/21), referentes aos anos de 2001, 2002 ou 2003. O montante do crédito tributário exigido é de R$ 16.173.347,75, já computados os juros moratórios até a autuação e a multa de ofício (75%). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 12 95 4/ 20 06 -9 5 Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 3 2 Conforme Descrição dos Fatos e Termo de Verificação Fiscal (TVF), foram constatadas pela Fiscalização quatro infrações fiscais (fls. 28/38), assim resumidas: a) Omissão de Receitas Receita não Contabilizada caracterizada pela falta de contabilização de valor informado na DIRF de empresa coligada (Coelce) a título de "demais rendimentos", em que o fiscalizado alegou tratarse de desdobramento e resgate de ações, sem a devida justificação, conforme item 3 do TVF (Das Infrações Fiscais Verificadas AC de 2003, valor: R$ 21.399.610,69); b) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real Lucros Auferidos no Exterior falta de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real, dos lucros auferidos no exterior por filiais, sucursais, controladas ou coligadas, de acordo com o item 5 do TVF (AC de 2002 valor: R$ 1.446.022,17; AC de 2003 valor: R$ 7.058.894,48); c) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real falta de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real, da parcela restante do diferimento da variação cambial, nos termos da MP n° 1.818, de 1999, conforme demonstrado no item 1 do TVF (AC de 2003 valor: R$ 2.781.403,00); d) Exclusões/Compensações não Autorizadas na Apuração do Lucro Real Exclusões Indevidas redução indevida no lucro real, em virtude de exclusão não autorizada pela legislação do IRPJ, tendo em vista que o contribuinte, intimado a justificála, não o fez de maneira satisfatória, conforme item 4 do TVF (AC de 2001 valor R$ 706.317,60). Assentou a Fiscalização que as exigências fiscais relativas às contribuições PIS, Cofins e CSLL são decorrentes da infração de omissão de receita (Infração "a"). Devidamente notificada das autuações, a recorrente apresentou Impugnação (fls. 89/124), requerendo o cancelamento dos autos de infração conforme a seguir resumido: a) Em preliminar, sustentou a nulidade do procedimento fiscal, por ofensa às formalidades necessárias à constituição do crédito tributário, previstas nos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 1972, em razão de não haverem sido mencionadas a data e a hora da lavratura do AI, nem constar a indicação do cargo do autor do feito; b) Ainda em preliminar de mérito da Infração 2b, alegou a decadência do direito de a Fazenda Nacional formalizar crédito tributário relativo a fatos geradores que remontam a períodos de apuração anteriores a 25.12.2001, tendo em vista que o IRPJ se sujeita ao lançamento por homologação e as alterações procedidas pelo Fisco nos lucros da empresa estrangeira controlada pela Investluz (Luz de Panamá) declarados nos anoscalendário de 1999 e 2000, para gerarem as adições na determinação do lucro real de 2002 e 2003 da impugnante (item 2 do AI), não podem prosperar, em razão de aqueles períodos já haverem sido alcançados pela caducidade do direito, requerendo diligência e/ou perícia para demonstrar a ocorrência do fato alegado; c) No mérito, sustentou: i) que o enquadramento legal das infrações descritas nos itens 3 e 4 do AI está lastreado em decreto executivo, e não em lei; ii) Em relação à infração de "omissão de receita" (Infração 2a), sustenta que o pagamento recebido da controlada Coelce não tem natureza de receita, mas de dividendos e/ou valores destinados a restabelecer o patrimônio do impugnante naquela sociedade, por meio da operação denominada resgate de ações pelo valor patrimonial relembrando o histórico da operação que deu azo ao Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 4 3 recebimento do valor pago por sua controlada, bem como a legislação que ampara a tese esposada, a qual foi acatada pela Administração Tributária, conforme solução de consulta formulada pela Coelce, nos termos do PAF n° 10380.100554/200474 (cópia anexa); iii) Em relação à infração de "falta de adição de lucros auferidos no exterior" (Infração 2b), concluiu restar configurado que as diferenças apuradas pelo Fisco referemse a pagamentos realizados a beneficiários distintos da Luz de Panamá, ou a encargos da dívida e juros registrados na escrituração contábil pelo regime de competência, o que leva à insubsistência do feito, a qual deve ser reconhecida pela autoridade julgadora; iiii) Em relação à "falta de adição da parcela restante do diferimento da variação cambial do anocalendário de 1999" (Infração 2c), alegou que a adição ocorreu ainda na Distriluz, sociedade que passou, em 1999, a ser controlada pela Coelce, que, por sua vez, teve o seu controle em poder da Investluz, conforme se verifica na Ficha 10 da DIPJ apresentada por aquela sociedade; iiiii) Em relação à "glosa de exclusão não autorizada na apuração do lucro real limitouse a requerer a realização de diligência e/ou perícia, por entender ser necessário refazer todo o caminho gerado pela exclusão glosada, de forma a se verificar se o correspondente montante efetivamente criou base tributável pelo IRPJ a merecer lançamento. A recorrente reproduziu os argumentos contidos em sua peça de impugnação apresentada contra o lançamento do IRPJ, tanto no que se refere à preliminar de nulidade do feito, quanto às alegações de mérito relativas à infração que repercutiu nas exigências do IRPJ (fls 89/269), Cofins (fls 299/389), PIS (fls 390/481) e da CSLL (fls 484/577), (item 1 – Receita não Contabilizada), apenas fazendo as necessárias adaptações às correspondentes legislações de regência e ao final, o impugnante requereu a realização de diligência ou perícia formulando quesitos e indicando o seu assistente, às folhas 125 e seguintes, juntou documentos. A autoridade julgadora converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução DRJ/FOR n° 974, de 23 de agosto de 2007 (fls. 619/629). Nos termos do acórdão e voto de folhas 929 a 939, a 4ª Turma da DRJ em Fortaleza/CE, julgou o lançamento parcialmente procedente, afastando as questões preliminares e concluindo, em relação à decadência, que o argumento da recorrente seria relacionado ao crédito tributário decorrente da "falta de adição de lucros auferidos no exterior" (Infração 2b), que repercute no IRPJ com fatos geradores em 31.12.2002 e 31.12.2003, considerando improcedente a alegação, porquanto o alegado revolvimento do lucro (ou prejuízo) da controlada Luz de Panamá interferiria favoravelmente à recorrente, na medida em que os lucros acumulados adicionados têm sua origem nos anos de 2002 e 2003, sendo eles apenas reduzidos pelo prejuízo apurado em períodos anteriores, a respeito dos quais se alega a caducidade. Concluiu assim, que o crédito tributário decorrente da falta de adição dos lucros no exterior tem por fato gerador os períodos em que lucros são apurados pela controlada, a saber, os anos de 2002 e 2003, como demonstra o item 5 do TVF (fl. 37), que não foi contestado e tendo em conta que o lançamento do IRPJ foi cientificado em 21.12.2006, não há falar em decadência do lançamento do imposto com fatos geradores 31.12.2002 e 31.12.2003, seja à luz do § 4° do artigo 150 (lançamento por declaração) ou parágrafo único do artigo 173 do CTN (lançamento por declaração). Após afastar a parcial alegação de decadência, a decisão recorrida registou que as demais questões requeriam incursão fáticoprobatória, passando a examinar tópico por tópico, destacandose que a análise dessas questões partirá da imputação fiscal descrita no AI, Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 5 4 passando pelo questionamento feito na Resolução que converteu o julgamento em diligência, e findando com a respectiva resposta atribuída pela autoridade lançadora, em seu Relatório de Diligência. Mencionouse assim, que a autoridade lançadora apenas transcreveu em seu relatório as informações prestadas pela recorrente ao ser indagado sobre exames requeridos na resolução, razão pela qual aquela autoridade considerou desnecessário cientificar o contribuinte do relatório, descrevendose que o presente litígio versa sobre a inconformidade do contribuinte contra a acusação fiscal de que declarou e/ou recolheu a menor o IRPJ dos períodos de apuração correspondentes aos anoscalendário de 2001 a 2003, em decorrência da constatação dos seguintes fatos: a) omissão de receita; b) falta de adição, na apuração do lucro real, de valores correspondentes a lucros de controladas sediadas no exterior; c) falta de adição de parcela de valor diferido a título de variação cambial excluída em 1999; d) glosa de exclusão não autorizada na determinação do lucro real, que não foi devidamente justificada pelo impugnante. De acordo com a decisão recorrida, a primeira infração acima descrita repercutiu nas bases de cálculo das contribuições sociais (PIS, Cofins, CSLL), tendo sido formalizadas as respectivas exigências como lançamentos reflexos, razão pela qual seria imperioso inicialmente examinar a imputação de omissão de receita decorrente da falta de contabilização de valor informado na DIRF da coligada Coelce, a título de "demais rendimentos", em que a recorrente alegou, sem justificar, tratarse de desdobramento e resgate de ações, conforme TVF. Concluindose, que em verdade, a autoridade lançadora considerou insuficiente a justificativa apresentada, porquanto, segundo a recorrente, a suposta omissão de receita advém de operação de desdobramento e resgate de ações pagos pela Coelce a seus acionistas, como forma de compensar o impacto negativo ocorrido no fluxo de dividendos ocasionado pela amortização do ágio existente na incorporada Distriluz, sendo que para a autoridade lançadora, não bastaram os registros contábeis da operação feitos pela investida, pois seria preciso a comprovação da operação na contabilidade da investidora, o que não teria ocorrido. Com tais premissas, destacou a decisão recorrida o que foi disposto na Resolução, na qual se formulou dois exames a serem realizados pela autoridade lançadora: a) verificar nos assentamentos contábeis da COELCE, a forma de escrituração específica do pagamento realizado à INVESTLUZ no anocalendário de 2003, portanto, em data anterior ao ingresso da consulta administrativa apresentada por aquela pessoa jurídica junto à Superintendência da Receita Federal da 3ª Região Fiscal, que foi autuada sob o n° 10380.100554/200474, e invocada pela defesa para fundamentar a sua tese de não tributação do recurso recebido; acostar aos autos cópias das folhas dos livros contábeis contendo os referidos registros: b) intimar a Autuada a prestar informação objetiva acerca da destinação dada ao recurso recebido, devidamente acompanhada de documentação comprobatória do fato informado, considerando a ausência de escrituração do correspondente valor em seus assentamentos contábeis. Destacouse, portanto, que em resposta, a autoridade lançadora assinalou que a contribuinte apresentou em 07/07/2008 resposta ao quesito “a”, mencionando o Resumo do Evento Calculado referente ao Resgate de Ações através do qual a Investiluz recebeu da Coelce, por intermédio do Bradesco a importância de R$ 21.399.610,69, correspondente ao seu percentual de controle acionário e que não obstante, como o valor contabilizado, referente a esse fato era divergente, foi o contribuinte novamente intimado em 26/08/2008 [fls. 672/673] a prestar esclarecimentos e justificar as diferenças apresentadas entre o valor tido como resgates Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 6 5 de ações, ou seja, no valor de R$ 21.399.610,69 e o valor contabilizado, conforme cópia da conta 1033734 [fls. 659/660], de R$ 22.170.000.00 (valor igual ao que consta no extrato bancário do BEC da Investluz). Verificouse que essa divergência de valores decorreu do fato de o contribuinte alegar que "embora esteja envidando todos os esforços possíveis, vem expor a sua dificuldade em localizar, no prazo determinado, documentos que justifiquem a diferença apontada na intimação tendo em vista que são relativos a eventos ocorridos há cinco anos (ano calendário de 2003”. Por tais razões foi que a decisão recorrida concluiu que a avaliação das questões apresentadas exige inicialmente que se contextualize e se delineie conceitualmente a operação de "desdobramento e resgate de ações" realizada pela Coelce, atestando que por "desdobramento e resgate de ações" entendese o mecanismo por meio do qual a companhia aumenta o seu número de ações, através de um desdobramento, efetuando em seguida o resgate destas novas ações com base no valor patrimonial antes do desdobramento e o respectivo pagamento aos acionistas, utilizando como lastro a própria Reserva Especial de Ágio (Reserva de Capital), reputando ser esta uma maneira simples e eficaz de a companhia distribuir fundos aos seus acionistas e que após a conclusão do resgate, o acionista terá o mesmo número de ações que possuía antes do desdobramento. Concluiuse, destarte, que a Solução de Consulta SRRF/3a RF/DISIT n° 18, de 16 de fevereiro de 2005, formalizada nos autos n° 10380.100554/200474, descreve o contexto em que se deu a operação (fls. 179/199) e assenta que no ano de 1998, através de leilão público, o consórcio Distriluz Energia Elétrica S.A. (Distriluz) adquiriu o controle societário da Companhia Energética do Ceará – COELCE (COELCE) e tal aquisição resultou, para a Distriluz, no registro contábil de ágio, no valor de valor de R$ 781.519.000,00, em função do preço de aquisição (R$ 987.000.000,00) ter sido superior ao valor patrimonial da COELCE (R$ 205.481.000,00), assinalando que o fundamento econômico do ágio foi a rentabilidade futura da Coelce baseada em previsão de rentabilidade dos resultados de exercícios futuros no prazo da concessão (art. 385, § 2º, inciso II do RIR/99). Registouse que em setembro de 1999, a COELCE concluiu processo de reestruturação societária, incorporando sua controladora a Distriluz. por força da legislação societária e fiscal então vigente (em especial a Lei n° 9.532/97, com redação dada pela Lei n° 9.718/98, e a Instrução Normativa SRF n° 11/99), o ágio anteriormente registrado na controladora, cujo valor em 31 de agosto de 1999 estava avaliado em R$ 775.960.000,00, foi transferido para os registros contábeis da COELCE, sendo contabilizado em conta do Ativo Diferido (Ativo Diferido em Serviço Outras Despesas Diferidas), conforme determinação contida no inciso II do artigo 2º da Resolução n° 269, de 15 de setembro de 1999, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, sendo que em contrapartida ao registro do ágio, foi contabilizada na COELCE, em conta do Patrimônio Líquido, uma conta denominada Reserva Especial de Ágio, com natureza de Reserva de Capital (artigo 14, § único, e artigo 182, § 1º, alínea "a" da Lei n° 6.404, de 15/12/1976), já que foi formada a partir da incorporação do patrimônio líquido da incorporada, a Distriluz. De acordo com a decisão recorrida, em 07 de março de 2001, a ANEEL, por força de entendimentos em curso com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com a Secretaria da Receita Federal (SRF), expediu o Ofício n° 177/2001 SFF/ANEEL, informando que estava suprimida a obrigatoriedade de a COELCE contabilizar o ágio em conta do Ativo Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 7 6 Diferido, tendo sido ao final registrado em subconta do Ativo Imobilizado (Ágio na Incorporação de Sociedade Controladora). Concluiuse, portanto, que no referido processo de incorporação, o ágio anteriormente registrado na Distriluz foi transferido para a COELCE, restando, ao final, contabilizado da seguinte forma: D = Ágio (Ativo Imobilizado) R$ 775.960.000,00 C = Reserva Especial de Ágio (Patrimônio Líquido) R$ 775.960.000,00 Mencionouse, ademais, conforme o disposto no inciso III do artigo 2º da Resolução n° 269/99, a ANEEL determinou a COELCE proceder à amortização do ágio objeto da incorporação segundo a curva baseada na rentabilidade futura da concessionária (percentuais estabelecidos no anexo à Resolução), limitada ao prazo de concessão (29 anos), tendo sido previsto o término do prazo de amortização para o ano de 2027. Tal amortização se dá com o seguinte lançamento contábil: D = Despesa de Amortização do Ágio (Resultado) C = Ágio (Ativo) Por tais razões, de acordo com a decisão recorrida, o registro da correspondente despesa de amortização do ágio resulta em benefício fiscal para a COELCE, já que a legislação fiscal a considera dedutível para fins do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o processo de incorporação da Distriluz pela COELCE foi submetido à prévia aprovação da ANEEL (tendo sido aprovado nos termos da anexa Resolução n° 269/99) e da Comissão de Valores Mobiliários CVM, a qual condicionou a sua aprovação à adoção de mecanismo de compensação aos acionistas minoritários com o objetivo de anular o impacto negativo no fluxo de dividendos da Companhia, que seria provocado pela diminuição do lucro líquido em decorrência da amortização contábil do ágio (originalmente apurado na aquisição das ações da COELCE pela Distriluz e transferido para a COELCE como resultado da incorporação efetivada). Assentouse assim, que para anular o dito impacto negativo no fluxo de dividendos, mencionado pela CVM, a COELCE adotou, e vinha praticando o mecanismo de "desdobramento e resgate de ações", por meio do qual a Companhia aumenta o seu número de ações, através de um desdobramento, efetuando em seguida o resgate destas novas ações com base no valor patrimonial antes do desdobramento e o respectivo pagamento aos acionistas, utilizando como lastro a própria Reserva Especial de Ágio (Reserva de Capital) e que o mecanismo até então adotado pela COELCE para compensar os seus acionistas pelo impacto negativo no fluxo de dividendos, decorrência da amortização do ágio, era assim representado em termos contábeis: No Desdobramento e No Resgate das Ações: Movimento escritural de ações, sem reflexos contábeis. No Pagamento das Ações Resgatadas: D = Reserva Especial de Ágio (Patrimônio Líquido); C = Caixa. Foi diante disso que em 2003, apesar de ter aprovado o processo de incorporação, a ANEEL questionou o mecanismo de desdobramento e resgate de ações adotado pela Companhia para compensar os seus acionistas, sob a alegação de que a Reserva Especial de Ágio (advinda da incorporação da Distriluz) não possui a substância econômica Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 8 7 inerente às contas de Reserva de Capital (a ANEEL entende que apenas o montante de 34% da Reserva Especial de Ágio, correspondente ao benefício fiscal gerado pela amortização do ágio, possui substância econômica). De acordo com a decisão recorrida, depois de instaurado processo administrativo no qual os aspectos contábeis, societários e de regulação foram detida e vivamente discutidos e avaliados, a ANEEL determinou que a COELCE mantivesse registrado na conta Reserva Especial de Ágio (Reserva de Capital) somente a parcela do benefício fiscal decorrente da amortização do ágio conforme consta do Ofício n° 480/2004, de 26 de março de 2004 e para assim dispor, a ANEEL respaldou seu entendimento na Instrução CVM nº 349, de 06 de março de 2001 e essa Instrução, baixada em consequência e para alterar a Instrução CVM n° 319, de 3 de dezembro de 1999, estabelece basicamente que, nos processos de incorporação envolvendo companhias abertas, que já tenham sido realizados, em que a sociedade controlada incorpora a sua controladora, a incorporadora pode adaptar suas demonstrações financeiras mediante a constituição de uma "provisão" para ajustar o saldo contábil líquido da conta de ágio transferida na incorporação ao montante correspondente ao benefício fiscal que advirá da sua amortização (ou seja, 34% do valor consignado na conta de ágio). Ainda de acordo com a decisão recorrida, recolhidos esses dados, quatro pontos se apresentariam à análise: (i) a natureza da operação de desdobramento e de resgate de ações, que o recorrente sustenta ser de distribuição de dividendos, razão pela qual não integraria a base de cálculo do IRPJ e da CSLL (art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995), do PIS (art. 1º, § 3°, V, "b", da Lei n° 10.637, de 2002) e da Cofins (art. 1º, § 3°, V, "b" da Lei n° 10.833, de 2003; art. 2º, § 2°, II, lei nº 9.718, de 1998, com a redação dada pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001); (ii) a divergência entre os valores recebidos pela Investluz (R$ 22.170.000,00) e pago pela Coelce (R$ 21.399.610,69), de acordo com os respectivos extratos bancários (fls. 650/651 versus fls. 660/661), fato esse não esclarecido pelo recorrente na diligência, sob a alegação de não ter encontrado documentos que justifiquem a diferença apontada, já que relativos a eventos ocorridos há mais de cinco anos (fls. 668/669); (iii) a determinação correta do valor distribuído, a fim de que o excedente na distribuição, tendo por referência o valor apurado sem a amortização do ágio, não venha caracterizarse doação passível de tributação (art. 365 do RIR/99); (iv) o fato de a operação de recebimento dos recursos não ter sido contabilizada pela Investluz, consoante assinalado pela Resolução de Diligência, fato, por sua vez, não esclarecido pelo recorrente na diligência. Enfrentando o primeiro ponto, cujo cerne é eminentemente de direito, registrou a decisão recorrida, que dividendo é a parcela do lucro apurado pela companhia que é distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço), de acordo com previsão estatutária ou legal (art. 202 da Lei n° 6.404, de 1976), esclarecendo que estes não geram nenhum encargo adicional para o acionista, a não ser aquele relacionado à remuneração do capital investido na companhia, sendo que sob essa óptica, a operação "desdobrando e resgate de ações" importa igualmente em distribuição de parcela do lucro da companhia, em valor correspondente àquele que deixou de ser distribuído em virtude da redução do lucro provocada pela amortização do ágio e o valor recebido pelas ações desdobradas não tem como causa jurídica propriamente o lucro líquido quotizado por um percentual estatutário ou legal, pois o lucro está reduzido pela despesa com ágio, mas uma causa jurídica formal, de que legitimamente fazem uso as companhias para atender a interesses societários ou a determinações de órgãos de controle e fiscalização (CVM, CMN, p.ex.), inclusive para fundamentar distribuição adicional do lucro no interesse dos acionistas. Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 9 8 De acordo com a decisão recorrida, portanto, o caráter compensatório do mecanismo, cuja adoção foi determinada pelo art. 16 da Instrução CVM n° 319, de 1999 ("Os dividendos atribuídos às ações detidas pelos acionistas não controladores não poderão ser diminuídos pelo montante do ágio amortizado em cada exercício") e deliberada pela Assembleia Geral da Coelce (fls. 652/658), visando à proteção dos interesses dos investidores não controladores, no que igualmente se vê contemplado o investidor controlador. Quanto aos dois pontos seguintes, segunda a decisão recorrida, registramse divergências não somente entre os valores recebidos pela Investluz (R$ 22.170.000,00) e pago pela Coelce (R$ 21.399.610,69), mas também entre esses e o dividendo que caberia ao recorrente levando em conta o montante pecuniário das ações desdobradas e resgatadas (R$ 37.812.503,50 Ata à fl. 653), submetido ao percentual de participação na investida (56,59% fl. 647), que resulta o valor de R$ 21.398.095,23, observando que não é significativa a diferença entre o valor declarado pelo recorrente como pago pela Coelce e aquele firmado em Ata, de modo que se poderia afirmar inexistir excesso de pagamento que se pudesse conjecturar fruto de uma liberalidade. O mesmo não se poderia sustentar, contudo, na confrontação entre o valor efetivamente recebido pela Coelce a título de resgate de ações (R$ 22.170.000,00) e a quantia que caberia ao recorrente investidor por decisão da assembleia da investida (R$ 21.398.095,23), já que a diferença aqui é monetariamente expressiva (R$ 771.904,77), destacando que o recorrente foi intimado por duas vezes no curso de diligência fiscal (fls. 643 e 664/665), e após diversas dilações de prazo concedidas pela Fiscalização, o contribuinte afirmou que não encontrara documentos aptos a justificar aquela diferença, já que eles se reportariam a eventos ocorridos há mais de cinco anos, sendo que este argumento não seria apto a justificar, já que os fatos investigados são de 2003 e a diligência de 2008, sendo certo que o recorrente se achava em fiscalização desde 16.08.2006 (fls. 32/36), salientando que a pessoa jurídica está obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade. Por fim, aludiu a decisão recorrida que o último ponto a ser examinado diz com a prevalência jurídica a ser atribuída ao fato de a operação de recebimento não ter sido contabilizada pela Investluz, consoante assinalado pela Resolução, fato, por sua vez, que não foi esclarecido pelo recorrente na diligência, de sorte que a autoridade fiscal, dando cumprimento ao objeto da diligência, intimou o recorrente a "prestar informação objetiva acerca da destinação dada ao recurso recebido, devidamente acompanhada da documentação comprobatória do fato informado, considerando a ausência de escrituração do correspondente valor em seus assentamentos contábeis", mas não prestou as informações necessárias, tampouco demonstrou a escrituração do fato. Citando o disposto no artigo 251 do RIR/99, a decisão recorrida concluiu que o recorrente deveria ter registrado o fato no Livro Diário, cuja escrituração é obrigatória para contribuinte no lucro real, julgando procedente a infração de omissão de receitas. Em segundo lugar, examinouse a imputação de falta de adição, na apuração do lucro real, de valores correspondentes a lucros de controladas sediadas no exterior (Luz de Panamá), conforme item 5 do TVF. De acordo com a decisão recorrida, cuidandose dos mesmos fatos objeto do PAF n° 10380.012951/200651, que veicula a exigência do IRRF, a Resolução deste processo adotou as recomendações constantes da Resolução DRJ/FOR n° 946, de 09 de agosto de 2007, Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 10 9 resultante da conversão em diligência do julgamento do litígio nele inaugurado, para se aferir a procedência dos argumentos da defesa, registrando que em síntese, requeriase que o recorrente prestasse esclarecimentos acerca da assunção da dívida contraída originalmente pela empresa DISTRILUZ ENERGIA ELÉTRICA LTDA, devidamente acompanhada de documentação comprobatória da obrigação para com sua controlada no exterior LUZ DE PANAMÁ, e apresentasse o Certificado de Registro n° SAO/02362 do BACEN, correspondentes aos contratos de câmbios firmados nos anos de 2002 e 2003. A esse respeito, mencionou a decisão recorrida que a autoridade lançadora registrou a manifestação do recorrente nos seguintes termos: "todas as remessas e pagamentos a pessoas vinculadas no exterior foram feitos exclusivamente para a LUZ DE PANAMÁ, e, ainda, que as diferenças encontradas entre as linhas antes indicadas decorrem da própria natureza das informações que devem ser prestadas em cada uma (regime de caixa e regime de competência)", sendo que a decisão recorrida registrou certa perplexidade ao verificar inconsistências entre as afirmações feitas pelo recorrente e os dados que se contêm nos autos, e com o seu retroceder em algumas delas, porquanto em sua defesa (fls. 116/118 e 674/683), o contribuinte detalha a composição dos valores informados em sua DIPJ a título de "Juros pagos ou creditados" (Ficha 3IA, linha 26, da DIPJ/2003 fl 72; Ficha 38, linha 26, da DIPJ/2004 – fl. 81), em confronto com a "Receita Financeira" auferida por sua controlada, Luz de Panamá (Ficha 37, linha 4, da DIP J/2003 – fl. 74; Ficha 44, linha 4, da DIP J/2004 82), concluindo que parte das diferenças tributadas corresponde a pagamentos de "Juros" ao Banco Central Hispano, em decorrência de operações de empréstimo e, para tanto, celebrou Contratos de Câmbio para Transferências Financeiras ao Exterior com diversas entidades financeiras (Citybank, Bankboston, Santander), visando a aquisição de moeda estrangeira, o que pode ser comprovado mediante extratos do Departamento de Capitais Estrangeiros do Banco Central do Brasil (fls. 701/714), sendo que os "Encargos da dívida" corresponderiam a valores contabilizados com base no regime de competência, sem efeito caixa. Diante de tais argumentos, a decisão recorrida procurou explicitar as inconsistências apontadas pela autoridade que determinou a diligência e o respectivo esclarecimento prestado pelo recorrente, assentando, em primeiro lugar, que por ocasião da sua manifestação acerca do Relatório de Diligência, o recorrente conferiu outra qualificação às parcelas que compõem os "Juros pagos ou creditados", ao mesmo tempo que alegou erro de fato na informação prestada a esse título via DIPJ, de sorte que os "Juros pagos ou creditados" referemse "aos juros pagos no ano convertidos em reais com base no dólar da data do respectivo pagamento", justificando que a quantia referida a título de "Encargos da dívida" foi incorretamente adicionada aos "Juros pagos ou creditados", já que "correspondente à despesa contabilizada pelo regime de competência". Diferentemente, ratifica os valores referidos na coluna "A", tratandose dos "juros incorridos (e não necessariamente pagos no ano) em empréstimo tomado junto à Luz do Panamá, considerados pelo Regime de Competência (art. 177, caput, da Lei n.° 6.404/76 Lei das S/As)". De acordo com a decisão recorrida, em vista disso, a contribuinte requereu fossem desconsideradas de sua peça de impugnação as informações de que "as diferenças apuradas das montas de R$ 4.189.341,24 e R$ 841.202,00 foram pagamento a outras entidades que não a Luz de Panamá, todas com o devido pagamento de IRRF (...) ou de 'Encargos de Dívidas" e "Juros", nos períodos de 2002 e 2003, referente à contabilização, pelo regime de competência, mas sem efeito caixa, dos ditos 'Encargos e Dívidas'" e que em contrapartida, pretendeu a consideração de que "todas as remessas e pagamentos a pessoas vinculadas no exterior foram feitos exclusivamente para a LUZ DE PANAMÁ, e, ainda, que as diferenças Fl. 1045DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 11 10 encontradas entre as linhas antes indicadas decorrem da própria natureza das informações que devem ser prestadas em cada uma (regime de caixa e regime de competência)". Concluiuse assim, que mesmo levando em consideração o equívoco cometido, persistiria ainda uma diferença entre os "Juros pagos ou creditados" ("C") e as "Receitas financeiras" ("A"), que a recorrente procurou justificar com base na diversidade nos critérios de contabilização dessas contas, a saber: "as primeiras denominadas 'Operações Registradas no Banco Central Pessoas Vinculadas', devem informar 'o valor total dos juros pagos ou creditados em operações financeiras registradas no Banco Central do Brasil com pessoas vinculadas', já as últimas, denominadas 'Receitas Financeiras Auferidas com a vinculada no Brasil', devem informar 'o valor total das receitas financeiras auferidas pela filial, controlada ou coligada domiciliada no exterior nas operações efetuadas com a pessoa jurídica vinculada domiciliada no Brasil' (conforme instruções de preenchimento das DIPJs contidas no site na internet da Receita Federal", mencionando que o argumento também não se mostraria consistente, uma vez que as diferenças encontradas, uma positiva (para o ano de 2002) e outra negativa (para o ano de 2003), não refletiriam a diversidade do critério de contabilização. Observouse assim, que a informação trazida esclarece a primeira inconsistência apontada na Resolução DRJ/FOR n° 946/2007, que converteu o julgamento em diligência. A segunda inconsistência verificada pelo relator da Resolução, de acordo com a decisão recorrida, consistiria no fato de o Certificado de Registro n° 241/35.466, de 04.10.1999, emitido pelo Banco Central do Brasil (Bacen), acostado às fls 695/701, referirse a empréstimo tomado por DISTRILUZ ENERGIA ELÉTRICA LTDA, não existindo nos autos quaisquer esclarecimentos da suposta assunção da dívida pelo recorrente, para justificar a remessa dos juros contratuais à empresa sediada no exterior (LUZ DE PANAMÁ, controlada pelo autuado e seu pretenso credor), a qual não consta em nenhum dos contratos de câmbio firmados com aquele objetivo. Relembrou a decisão recorrida, que a esse respeito, o recorrente aduziu, em sua manifestação acerca do Relatório de Diligência, que as obrigações passaram a ser de titularidade da INVESTLUZ, ao aditar, em 21.06.2001, o Certificado de Registro BACEN n° 241/35.466 (fl. 714) e a alteração do nome do devedor, de Distriluz para Investluz, no Certificado de Registro foi efetuada sem a explicitação ou comprovação do motivo para a realização de tal ato, concluindo que não se tinha a comprovação de uma suposta assunção da dívida pelo recorrente para justificar a remessa dos juros contratuais à empresa sediada no exterior e igualmente não se poderia considerar elucidado que as remessas de juros ao exterior se destinavam à controlada Luz de Panamá, a despeito de registro contábil em sentido contrário (fls. 719, 724, 734), uma vez que os contratos de câmbio assinalam o Banco Central Hispano como credor de empréstimo tomado pela Distriluz, para fazer capital de giro. De acordo com a decisão recorrida, a terceira inconsistência verificada dá conta de que os contratos de câmbio, juntados por cópias às fls 695/700, fazerem referência a um Certificado de Registro de n° SAO/02362, diferente do número que figura naquele das fls 701/702, de n° 241/35.466.67, tendo a recorrente afirmando que os Certificados são os mesmos e que a alteração de sua numeração se deu com o registro da operação no Sisbacen/Siscomex, entendendo a decisão recorrida, contudo, que de acordo tela do Sisbacen à fl 701, o registro SAO/02362 identifica a operação realizada, enquanto o registro 241/35.466 indica o certificado de origem da operação. Fl. 1046DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 12 11 Para finalizar, afirmouse que a Resolução assinalou o fato de que os "Juros pagos ou creditados" superam o valor das receitas financeiras informadas como recebidas do recorrente pela controlada no exterior, o que, em princípio, não explicaria as divergências de informação que motivaram a lavratura do auto de infração, sendo que a diferença verificada entre os itens da declaração, vale dizer entre "receitas financeiras" auferidas pela controlada no exterior e os "juros pagos ou creditados" pelo controlador impugnante, não pode ser integralmente qualificada como receita financeira da controlada, tendo em vista os seguintes elementos de convicção já recolhidos acima, a saber: (a) de uma parte, os documentos (Bacen, Siscomex) registram que os juros foram efetivamente pagos pela Investluz ao Banco Central Hispano, em suposta assunção de dívida de empréstimo contratado inicialmente pela Distriluz, de modo que os juros não seriam propriamente receita da controlada (princípio da verdade real), a despeito de registro contábil em sentido contrário (contabilidade); (b) de outra, os "encargos da dívida", que corresponderiam a despesas contabilizadas com base no regime de competência, não figuram nos documentos citados e o impugnante não demonstra a sua origem, não desconstituindo, assim, a qualificação atribuída a essa diferença na DIPJ. Concluiuse, assim, por excluir os juros pagos ao Banco Hispano, mantendose o cômputo dos "encargos da dívida", na apuração do valor da infração fiscal. Em terceiro lugar, a decisão recorrida analisou a imputação da falta de adição de parcela do valor diferido a título de variação cambial excluída em 1999, no montante de R$ 2.781.403,00, conforme item 1 do TVF, assentandose que segundo planilha inicialmente apresentada pelo contribuinte (fl 52), havia sim despesa ativada de Variação Cambial Passiva a amortizar em 2003, já no demonstrativo de fl. 201, todo o resultado negativo decorrente da variação cambial, no valor R$ 25.217.573,47, fora amortizado nos períodos de setembro de 1999 a dezembro de 2002, registrando assim, que as planilhas diferem entre si basicamente no valor a amortizar, devido a um "ajuste por recuperação" (R$ 2.709.561,51), concluindo que de fato, o resultado negativo em ambas é de R$ 25.217.573,47, assim com a amortização mensal no valor de R$ 547.223,67. Diante desse quadro, consignou a decisão recorrida que cumpria saber se o valor a título de "ajuste por recuperação" foi adicionado na apuração do lucro real do ano calendário de 1999, mencionando que neste propósito, compulsando o Lalur de julho de 1999, a resposta é afirmativa, conforme fl. 759. Por sua vez, na Ficha 10A da DIPJ/2000, não se registra adição específica sob essa rubrica, mas uma adição global na linha "outras adições", no valor R$ 14.571.161,29, de modo que é mister comparálo ao montante das adições registradas no Lalur de 1999. A mesma providência deverá ser adotada em relação aos anos de 2000 a 2002, sendo que, com referência ao ano de 1999, o Lalur do impugnante registra a amortização mensal a partir do mês de setembro (fls. 781/788) e no Lalur da sucedida Distriluz, o lançamento "ajuste por recuperação" foi feito em julho (fl. 754), sendo necessário saber se o valor amortizado de R$ 2.736.118,35 (fl 201), somado ao "ajuste por recuperação" de R$ 2.709.561,51, integrou o valor adicionado informado na DIP J/2000, concluindo que a era resposta é afirmativa, consoante se verifica no registro no Lalur de dezembro (fl 787). Atestouse ainda, que em relação ao ano de 2000, a Ficha 09A da DIP J/2001 registra, na linha "Despesas Operacionais Soma Parcela Não Dedutíveis", o valor de R$ 6.566.684,04, que segundo o recorrente corresponde à despesa amortizada no ano, a qual deveria figurar na linha "Ajustes de Obrig e Créd Variação Amortizada (Lei n° 9.816/99, de Fl. 1047DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 13 12 art. 2°)". Por sua vez, o Lalur de 2000 assinala as amortizações mensais de R$ 547.223,67, perfazendo o total no período de 6.566.684,04 (fls 820 e 201). Em relação a 2001, concluiuse que a Ficha 09A da DIP J/2002 registra, na linha "Ajustes de Obrig e Créd Variação Amortizada (Lei n° 9.816/99, de art. 2°)", a amortização de R$ 6.557.165,23. A seu turno, o Lalur de 2001 assinala as amortizações mensais de R$ 547.223,67, perfazendo o total no período de R$ 6.566.684,04 (fls 848 e 201), concluindo assim, remanescer a diferença de R$ 9.518,81, que não integrou a adição da base de cálculo do ano de 2001, conforme DIPJ/2002, razão pela qual deve ser adicionada à base de cálculo do ano de 2003. Por fim, referente a 2002, entendeu a decisão recorrida que a Ficha 09A da DIPJ/2003 registra, na linha "Variações Camb AtivasAper Liq (MP 1.85810/1999, art. 30)", o valor de R$ 6.569.856,97, que, segundo o impugnante, corresponde à despesa amortizada no ano, a qual deveria figurar na linha "Ajustes de Obrig e Créd Variação Amortizada (Leis n° 9.816/99 e 10.305/2001)". Por sua vez, o Lalur de 2002 assinala as amortizações mensais de R$ 547.223,67, perfazendo o total no período de R$ 6.569.856,97 (fls 877 e 201), concluindo que, tendo em vista que o resultado negativo inicial foi parcialmente amortizado nos anos de 1999 a 2002, deve ser adicionado à base de cálculo de 2003 o valor não adicionado no ano de 2001, de R$ 9.518,81. Derradeiramente, examinouse a quarta imputação fiscal, consistente na exclusão não autorizada, do valor de R$ 706.317,60, na determinação do lucro real do ano 2001 (fl 63), que não foi devidamente justificada pelo recorrente, conforme item 4 do TVF. De acordo com a decisão recorrida, quando fiscalizado, o contribuinte alegou que o valor excluído na apuração do lucro real referese a imposto de renda do ano, que estava incorretamente afetando o resultado utilizado para o cálculo do próprio imposto, sendo que, ao contrário do que sucedera com as imputações anteriores, a Resolução não levantou questionamento acerca desta infração fiscal, concluindo que o recorrente não mencionou as razões de fato e de direito pelas quais seria indevida a glosa da exclusão, e a alegação apresentada não guarda pertinência com a imputação fiscal, afirmando que prevaleceria a glosa da exclusão. Por todo o exposto, concluiu a decisão recorrida serem procedentes os lançamentos das contribuições (PIS, Cofins e CSLL) e procedente em parte os lançamentos tributários do IRPJ. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. ), reiterando as preliminares e as razões de mérito já relatadas. É o relatório. Fl. 1048DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR Processo nº 10380.012954/200695 Resolução nº 1301000.102 S1C3T1 Fl. 14 13 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos genéricos de recorribilidade. Admitoo para julgamento. Depois de vários pedidos de vista pelo Conselheiros do presente processo considerando que existe no auto de infração a imputação de: b) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real Lucros Auferidos no Exterior falta de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real, dos lucros auferidos no exterior por filiais, sucursais, controladas ou coligadas, de acordo com o item 5 do TVF (AC de 2002 valor: R$ 1.446.022,17; AC de 2003 valor: R$ 7.058.894,48); Estando a matéria pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal em âmbito de Repercussão Geral, existindo representativo da controvérsia, presente a regra contida nos §§ 1º e 2º do artigo 62A, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, impõese, de ofício, sobrestarse o feito até que sobrevenha decisão definitiva no Leadin Case, de forma a pacificar o entendimento prestigiandose o entendimento da Corte Suprema e evitandose discussões desnecessárias. Confirase abaixo a regra regimental aludida: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Sendo assim, decido de ofício o sobrestamento do feito. Sala das Sessões, 07 de março de 2013. (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior. Fl. 1049DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 18/05/2013 por PLINIO RODRIGUES LIMA, Assinado digitalmente em 04/05/2013 por EDWAL CASONI D E PAULA FERNANDES JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720201/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA.
Quando a decisão de primeira instância, proferida pela autoridade competente, está fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo impugnante, não há se falar em nulidade.
SUJEIÇÃO PASSIVA. ÔNUS DA PROVA.
Havendo o contribuinte apresentado a DITR, na qualidade de proprietário do imóvel rural, a hipótese de ilegitimidade passiva somente pode ser considerada caso o contribuinte demonstrasse de forma inequívoca que deixou de ter a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA.
A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de área de reserva legal, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação.
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO.
O arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). por meio de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBR-ABNT 14653-3.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-003.154
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Relatora.
EDITADO EM: 10/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Bernardo Schmidt, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Quando a decisão de primeira instância, proferida pela autoridade competente, está fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo impugnante, não há se falar em nulidade. SUJEIÇÃO PASSIVA. ÔNUS DA PROVA. Havendo o contribuinte apresentado a DITR, na qualidade de proprietário do imóvel rural, a hipótese de ilegitimidade passiva somente pode ser considerada caso o contribuinte demonstrasse de forma inequívoca que deixou de ter a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel. ÁREA DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de área de reserva legal, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. O arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). por meio de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBR-ABNT 14653-3. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10218.720201/2007-10
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5400068
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2102-003.154
nome_arquivo_s : Decisao_10218720201200710.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : NUBIA MATOS MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 10218720201200710_5400068.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA Relatora. EDITADO EM: 10/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Bernardo Schmidt, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
id : 5731094
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249341120512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2114; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 133 1 132 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.720201/200710 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.154 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de novembro de 2014 Matéria ITR ARL e Arbitramento do VTN Recorrente VOLDIMIR MAISTROVICZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Quando a decisão de primeira instância, proferida pela autoridade competente, está fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo impugnante, não há se falar em nulidade. SUJEIÇÃO PASSIVA. ÔNUS DA PROVA. Havendo o contribuinte apresentado a DITR, na qualidade de proprietário do imóvel rural, a hipótese de ilegitimidade passiva somente pode ser considerada caso o contribuinte demonstrasse de forma inequívoca que deixou de ter a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel. ÁREA DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de área de reserva legal, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. O arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). por meio de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBRABNT 146533. Recurso Voluntário Negado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 02 01 /2 00 7- 10 Fl. 134DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 134 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA – Relatora. EDITADO EM: 10/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Bernardo Schmidt, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Contra VOLDIMIR MAISTROVICZ foi lavrada Notificação de Lançamento, fls. 01/03, para formalização de exigência de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do imóvel denominado Lote Rural 09 Setor F, com área total de 2.442,0 ha (NIRF 4.161.1853), relativo ao exercício 2003, no valor de R$ 37.795,69, incluindo multa de ofício e juros de mora, calculados até 31/10/2007. As infrações imputadas ao contribuinte foram glosa total da área de reserva legal, por falta da averbação junto à matrícula do imóvel e da apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) e arbitramento do Valor da Terra Nua (VTN), com utilização de dados extraídos do Sistema de Preços de Terras (SIPT) – extrato, fls. 64 (R$ 80,00/ha), conforme quadro a seguir: ITR 2003 Declarado Apurado no Notificação 03Área de Utilização Limitada 1.953,6 ha 0,0 ha 16Valor da Terra Nua R$ 45.000,00 R$ 195.360,00 Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 22/28, e a autoridade julgadora de primeira instância julgou procedente o lançamento, conforme Acórdão DRJ/BSA nº 0332.499, de 05/08/2009, fls. 65/78. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 135 3 Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 25/09/2009, Aviso de Recebimento (AR), fls. 81, o contribuinte apresentou, em 27/10/2009, recurso voluntário, fls. 89/107, trazendo as seguintes alegações: Da nulidade – O pedido de diligência não foi apreciado, motivo que demonstra a nulidade do decisão recorrida. Não pode o julgador a quo não buscar a verdade real, ou seja, no presente caso era dever da administração diligenciar no imóvel objeto do imposto lançado, para verificar a realidade sobre a ocupação. Do sujeito passivo da obrigação tributária – A gleba rural está tomada por posseiros, consoante cópia de denúncia de grilagem no Município de São Feliz do Xingu e de práticas de crimes ambientais, na qual consta a relação dos proprietários denunciantes, dentre eles figurando o recorrente. Portanto, resta claro que o recorrente não tem a posse ou o domínio útil do imóvel rural, motivo pelo qual não pode ser considerado sujeito passivo da obrigação tributária e nem deve ocorrer a constituição do fato gerador da exação fiscal em tela. A legislação define como contribuinte o proprietário, ou o titular do domínio útil ou o possuidor. Contudo, não pode o Fisco escolher, sem qualquer critério, a quem deva recair o ônus da sujeição passiva. Ao considerarse a privação da posse e o esvaziamento dos elementos de propriedade, é inexigível o ITR diante do desaparecimento da base material do fato gerador e da violação dos princípios da razoabilidade, da propriedade, da função social, da boafé objetiva e da proporcionalidade. Das áreas ambientais do imóvel – O recorrente solicitou a averbação da área de reserva legal em meados de 2002, mas não foi atendido, consoante matrícula anexa 2.528 da Comarca de Altamira. O imóvel rural em questão possui duas escrituras, fato que no mínimo faz presunção de que algo não está correto. Inclusive, é de se destacar que na escritura pública de compra e venda há a previsão da área de reserva legal a ser protegida pelo adquirente. Aliás, o registro de 2007 possui natureza declaratória e demonstra que a área sempre existiu e, mesmo que intempestiva, deve ser excluída da base de cálculo do ITR. O ADA não é obrigatório para demonstrar a existência da reserva legal e de áreas de preservação permanente. Do valor da terra nua – O recorrente já em sua impugnação apontou e demonstrou a dificuldade de produzir o Laudo de Avaliação, uma vez que a Pauta de Avaliação de Imóvel Rural pela Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu somente ocorreu em 29/08/2007, por intermédio do Decreto Municipal n° 1.170/2007, devidamente anexado nos autos. Tal fato demonstra que o requerimento protocolado em 26/09/2007 na ARF/Apucarana/PR, deveria ter sido analisado e deferido, uma vez que impediu o recorrente de realizar a devida avaliação do seu imóvel. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 136 4 Diante do problema verificado, da impossibilidade de o recorrente fazer a avaliação do imóvel e da falta de análise do pedido de dilação de prazo, deve prevalecer o valor venal da terra declarado na DITR/2003, qual seja o valor de R$ 18,42/ha. É o Relatório. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 137 5 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. No que tange à argüição de nulidade da decisão de primeira instância há de se observar o que estabelece o art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O Acórdão DRJ/BSA nº 0332.499, de 05/08/2009, fls. 65/78 foi proferido pela Primeira Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF, que é, no caso, a autoridade competente para examinar a impugnação apresentada pelo contribuinte. Temse, ainda, que o referido acórdão analisou todas as argüições apresentadas pelo contribuinte em sua impugnação, não se verificando, pois, preterição do direito de defesa do recorrente. Nesse aspecto, importa destacar que o contribuinte não formulou na impugnação nenhum pedido de diligência ou perícia, sendo certo que o pedido de dilação de prazo, referido no recurso, foi encaminhado à autoridade fiscal, durante o procedimento fiscal, não havendo, portanto, razão para a decisão recorrida se manifestar sobre o mesmo. E mais, não assiste razão à defesa quando afirma que a administração teria, no caso, o dever de diligenciar no imóvel em questão, para verificar a realidade sobre a ocupação do mesmo. Veja que o contribuinte é o legítimo proprietário do imóvel, conforme certidão de registro de imóveis e, nesta qualidade, fez a apresentação da Declaração do ITR. Somente quando da impugnação suscitou que não teria a posse do imóvel. Ora, o ônus de comprovar tal alegação é do contribuinte, conforme disposto no art. 15 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, não havendo que se falar em obrigação de a autoridade julgadora de primeira instância, determinar a realização de diligência com o objetivo de produção de provas, que cabia ao contribuinte trazer aos autos quando da apresentação de sua impugnação. Deste modo, não pode prevalecer a argüição de nulidade da decisão de primeira instância suscitada pelo recorrente. Ainda, preliminarmente, devese apreciar a alegação da defesa de ilegitimidade passiva. Nesse sentido, o contribuinte afirma que o imóvel rural está tomado por posseiros, consoante cópia de denúncia de grilagem no Município de São Feliz do Xingu e de práticas de crimes ambientais, na qual consta a relação dos proprietários denunciantes, dentre eles figurando o recorrente. Assim, entende que não pode ser considerado sujeito passivo da obrigação tributária. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 138 6 De imediato, cumpre dizer que o imóvel denominado Lote Rural 09 Setor F é objeto da matrícula nº 3.339 do Cartório de Registro de Imóveis, conforme Certidão, fls. 40, sendo certo que no referido documento o contribuinte consta como proprietário do imóvel e, conseqüentemente, sujeito passivo do ITR incidente sobre o mesmo, conforme determinado no art. 1º da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. Ocorre que, conforme já mencionado, o recorrente insiste na tese de ilegitimidade passiva, afirmando que não dispõe da posse do imóvel e para comprovar tal alegação juntou aos autos cópia de denúncia de grilagem no Município de São Feliz do Xingu, fls. 108/114. Todavia, no referido documento, ao contrário do que afirma a defesa, não consta o nome do recorrente, dentre os proprietários denunciantes. Acrescentese que referida denúncia tem data de 05/12/2006, portanto, foi realizada em data posterior ao fato gerador do ITR exigido no lançamento, que é relativo ao exercício 2003, sendo certo que não se tem notícia nos autos de ação judicial para reintegração de posse do referido imóvel. E mais, ainda que prevalecesse a alegação de grilagem, tal fato não teria o condão de retirar o contribuinte do pólo passivo do ITR, posto que conforme disposto no art. 1º da Lei nº 9.393, de 1996, o fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel. Veja que a lei não faz nenhuma distinção entre o proprietário e o posseiro, de modo que enquanto o recorrente permanecer como proprietário do imóvel será o sujeito passivo do correspondente ITR. Destaquese que, no caso, não restou demonstrado que o contribuinte não fosse detentor da posse do imóvel na data do fato gerador do ITR exigido no lançamento, 01/01/2003. Nessa conformidade, não há como prevalecer a alegação de ilegitimidade passiva suscitada pelo recorrente. No mérito, no que concerne à área de reserva legal, devese dizer de pronto que o contribuinte não demonstrou que tenha feito a apresentação do ADA, que é condição necessária e imprescindível para fruição do benefício da redução do ITR devido, conforme disposto na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000: “Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) Fl. 139DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 139 7 § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)” (grifei) Do artigo acima transcrito, resta claro que, a partir do exercício 2001, a obtenção do ADA é condição necessária e obrigatória para que o contribuinte usufrua a redução do valor a pagar do ITR quanto às áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal. No presente caso, o ITR exigido no lançamento referese ao exercício 2003 e a nãoapresentação do ADA implica em descumprimento dos requisitos necessários para a concessão da isenção. Ademais, temse que a averbação da área de reserva legal, junto ao cartório de registro de imóveis, somente se deu em 26/09/2007, conforme certidão, fls. 40, sendo certo que não há nos autos provas de que o requerimento da averbação tenha sido feito pelo recorrente em meados de 2002, conforme afirma a defesa em seu recurso. Nessa conformidade, deve ser mantida a glosa da área de reserva legal, nos termos em que consubstanciado na Notificação de Lançamento, posto que não houve a apresentação do competente ADA e também porque a averbação da referida área somente se deu em 26/09/2007. No que se refere ao arbitramento do VTN, temse que o contribuinte em sua DITR/2003 informou VTN de R$ 45.000,00 (R$ 18,42/ha) e foi intimado a fazer a comprovação de tal valor, durante o procedimento fiscal, conforme Termo de Intimação Fiscal, fls. 06, mediante a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com fundamentação e grau de precisão II e anotação de responsabilidade técnica (ART). Encerrado o procedimento, sem que o contribuinte tenha apresentado o laudo solicitado, a autoridade fiscal procedeu ao arbitramento do valor da terra nua. Assim, arbitrou o VTN em R$ 195.360,00 (R$ 80,00/ha), utilizando valor extraído do SIPT, extrato, fls. 64. No recurso, o contribuinte diz que teve dificuldade em produzir o Laudo de Avaliação, uma vez que a Pauta de Avaliação de Imóvel Rural pela Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu somente ocorreu em 29/08/2007, por intermédio do Decreto Municipal n° 1.170/2007. Diz , ainda, que sua solicitação para prorrogação do prazo para a apresentação do laudo deveria ter sido apreciada e que em razão da falta de apreciação de tal pedido deve prevalecer o VTN declarado. Ora, tais alegações não podem prevalecer. A uma porque para a confecção de Laudo de Avaliação, nos termos em que solicitado pela autoridade fiscal, não há a necessidade de existência de pauta fornecida pela prefeitura do município onde se localiza o imóvel. A duas porque o contribuinte foi cientificado do Termo de Intimação em 25/07/2007 e o lançamento somente ocorreu em 18/10/2007, sendo certo que até a presente data, novembro de 2014, não foi juntado aos autos o laudo de avaliação. A três porque a falta de apreciação do pedido de prorrogação não impede o contribuinte de fazer a juntada do laudo aos autos. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10218.720201/200710 Acórdão n.º 2102003.154 S2C1T2 Fl. 140 8 Acrescentese que o VTN de R$ 80,00/ha, adotado pela autoridade fiscal, para proceder ao arbitramento, foi extraído do SIPT, conforme previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 e na Portaria SRF nº 447, de 28 de março de 2002. Vale ressaltar que os anexos do Decreto Municipal, juntado aos autos pelo contribuinte não se prestam para descaracterizar o arbitramento efetivado no lançamento, posto que se referem aos preços correntes na data da publicação do Decreto, agosto de 2007. Ademais os valores ali indicados, variam entre R$ 105,00 e R$ 250,00, a depender da distância do imóvel para a sede do município. Como se vê, os valores indicados no decreto são superiores ao valor utilizado para o arbitramento, sendo importante dizer que nos autos não está demonstrada a distância do imóvel para a sede do município. Por fim, vale destacar que o documento hábil para descaracterizar o arbitramento efetivado nos termos do art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 é o laudo de avaliação do imóvel, elaborados nos termos da NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nessa conformidade, considerando que o contribuinte não comprovou o VTN declarado, pois deixou de apresentar o laudo de avaliação do imóvel, nos termos da NBR ABNT 146533, há de prevalecer o arbitramento do VTN, nos moldes em que consubstanciado na Notificação de Lançamento. Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 141DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 13/11/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 15971.000822/2007-65
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. EDITAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO VALIDADE. INSTRUÇÃO PROCESSUAL.
Nos autos onde consta notificação de lançamento que se funda em não atendimento de intimação pelo sujeito passivo, deve estar presente a prova de sua regularidade.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ERRO NA DIRF. PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOA JURÍDICA E NÃO A PESSOA FÍSICA.
Deve ser cancelada a infração de omissão de rendimentos quando a fonte pagadora, regularmente intimada em procedimento de diligência, confirma o equívoco apontado pelo recorrente e informa que efetuou pagamentos à pessoa jurídica da qual ele é titular e não a sua pessoa física.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2801-003.743
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Ewan Teles Aguiar.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. EDITAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO VALIDADE. INSTRUÇÃO PROCESSUAL. Nos autos onde consta notificação de lançamento que se funda em não atendimento de intimação pelo sujeito passivo, deve estar presente a prova de sua regularidade. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ERRO NA DIRF. PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOA JURÍDICA E NÃO A PESSOA FÍSICA. Deve ser cancelada a infração de omissão de rendimentos quando a fonte pagadora, regularmente intimada em procedimento de diligência, confirma o equívoco apontado pelo recorrente e informa que efetuou pagamentos à pessoa jurídica da qual ele é titular e não a sua pessoa física. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15971.000822/2007-65
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5397924
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2801-003.743
nome_arquivo_s : Decisao_15971000822200765.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
nome_arquivo_pdf_s : 15971000822200765_5397924.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Ewan Teles Aguiar.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
id : 5703928
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249369432064
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1836; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 112 1 111 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15971.000822/200765 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2801003.743 – 1ª Turma Especial Sessão de 07 de outubro de 2014 Matéria IRPF Recorrente FERNANDO VALENTE LEONARDI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL. EDITAL. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO VALIDADE. INSTRUÇÃO PROCESSUAL. Nos autos onde consta notificação de lançamento que se funda em não atendimento de intimação pelo sujeito passivo, deve estar presente a prova de sua regularidade. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ERRO NA DIRF. PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOA JURÍDICA E NÃO A PESSOA FÍSICA. Deve ser cancelada a infração de omissão de rendimentos quando a fonte pagadora, regularmente intimada em procedimento de diligência, confirma o equívoco apontado pelo recorrente e informa que efetuou pagamentos à pessoa jurídica da qual ele é titular e não a sua pessoa física. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 97 1. 00 08 22 /2 00 7- 65 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 113 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Ewan Teles Aguiar. Relatório Em desfavor do contribuinte identificado foi lavrada, em 10/07/2007, Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda da Pessoa Física, do exercício de 2004, ano calendário de 2003, no valor de R$ 5.470,47, acrescida de multa de ofício no percentual de 75%, importando em R$ 4.102,85 e mais juros calculados pela taxa Selic Na "descrição dos fatos", narra a Autoridade Fiscal que efetuou o lançamento que o contribuinte, "regularmente intimado", não atendeu à intimação para prestar esclarecimentos e por isso procedeu, de ofício, à lavratura da Notificação, onde restou constatada a omissão de rendimentos no valor de R$ 33.087,99, assim discriminada: R$ 25.788,00 da fonte pagadora COMERP R$ 7.299,99 da fonte pagadora PREFEITURA DE ARARAQUARA. Verifico ali ainda a seguinte anotação: "intimação datada de 05/02/2007 e Edital nº 009/2007 de 02/03/2007". Na folha 24 consta a informação de devolução do Termo de Intimação, com AR, pelo motivo "mudouse", em 15/02/2007. Na folha 16, encontrase a folha de rosto da DIRPF/2004 original, onde se verifica a entrega em 22/04/2004. Nessa declaração, disse ter recebido R$ 18.693,31 da Prefeitura de Araraquara. A ciência da Notificação deuse em 20/07/2007, conforme AR e informação nas folhas 31/32. O contribuinte apresentou Impugnação, conforme folha 02, dizendo que, tendo recebido a Notificação, informava "que já retificara a declaração do ano calendário de 2003, exercício de 2004, informando o comprovante de rendimento da fonte pagadora Prefeitura Municipal de Araraquara, no valor de R$ 7.299,99", ao qual não teve acesso no período da declaração. Quanto à outra fonte, a COMERP, informou que a DIRF entregue pela mesma estaria incorreta e fora já retificada, excluindo a informação de rendimento pago a sua pessoa física. Juntamente com a Impugnação, o contribuinte encaminhou cópia da DIRPF/2004 RETIFICADORA, entregue em 04/06/2007, onde fora acrescentado o rendimento de R$ 7.299,99 recebido da Prefeitura de Araraquara. Conhecida pela DRJ, a manifestação do Interessado foi assim tratada, em resumo: 1 Disse que o contribuinte deixou de impugnar o lançamento com relação aos rendimentos omitidos da Prefeitura Municipal de Araraquara no valor de R$ 7.299,99 e considerou então essa matéria fora do litígio nos termos das normas reguladoras do PAF; Fl. 113DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 114 3 2 Quando à fonte pagadora COMERP, em relação à omissão de R$ 25.788,00, disse que as alegações do contribuinte, de que o valor teria sido para pagamento de serviço prestado por pessoa jurídica e não por pessoa física, não se confirmaram tendo em vista que a DIRF retificadora apresentada pela fonte (fl 35) manteve a informação, apenas alterando o código para 0588 rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício. Assim, decidiuse pela improcedência da impugnação, "mantendo o lançamento consubstanciado na Notificação". Cientificado dessa decisão em 07/02/2011, conforme Aviso de Recebimento na folha 51, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 02/03/2011, conforme protocolo na folha 60. Em sede de recurso, em suma, assim manifesta sua inconformidade: O Acórdão recorrido não deve se manter porque o serviço foi prestado à COMERP pela pessoa jurídica Poli Med Clínica Médica Araraquara S/C e não pela pessoa física. Os documentos apresentados juntamente com o recurso comprovam que tais pagamentos foram realizados à pessoa jurídica, quais sejam notas fiscais, extratos bancários mensais e indicativos dos pagamentos líquidos, no ano calendário de 2003. Acredita assim demonstrar o equívoco da fonte pagadora. PEDE, então, provimento do recurso para reformar a decisão recorrida e afastar o lançamento tributário. As notas fiscais e extratos bancários então nas folhas de 64 a 85. Este processo foi analisado por esta Turma Especial, em Sessão de 26 de outubro de 2011, decidindose, pelo voto de qualidade, pela conversão do julgamento em diligência. O Relator votou pelo provimento do recurso, convencido das alegações do contribuinte, em face da documentação acostada aos autos. O voto vencedor, pela diligência, entendeu que o fato da fonte haver pago por serviços prestados pela pessoa jurídica não impedia que outros pagamentos houvessem também sido feitos à pessoa física, como constava na DIRF. Assim, foi intimada a COMERP para informar se os rendimentos constantes da DIRF de folha 34 foram pagos à pessoa física ou a Poli Med Cínica Médica Araraquara S/C Ltda. Na folha 96 consta um cálculo de apuração do imposto, com as colunas "declarado" e "ajustado". Observase a diferença de R$ 7.299,99 entre os rendimentos recebidos de PJ, nas duas colunas, e a informação de que "o contribuinte concorda com os valores da coluna "ajustado". O efeito do "ajuste" foi passar o imposto a restituir declarado de R$ 1.578,43 para R$ 736,95. Após regularmente intimada pela Unidade competente (fl. 97), a dizer se os pagamentos em determinado valor foram pagos à pessoa física de Fernando Leonardi ou à empresa Poli Med, a COMERP respondeu, através de seu Diretor Presidente, na folha 100, que "com referência aos pagamentos de R$ 25.788,00 ... foram efetuados junto a empresa Poli Med Clinica Médica Araraquara S/C, CNPJ 05.307.188/000139, no ano calendário de 2003, em sua respectiva conta bancária." Assim retornou o processo ao CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 115 4 É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). De início, verifico algumas impropriedades nestes autos. Na impugnação, o contribuinte não disse que concordava com o lançamento de ofício relativo à parte da omissão de rendimentos no montante de R$ 7.299,99 recebidos da Prefeitura de Araraquara. Ele disse que "já transmitira uma declaração retificadora" incluindo esses rendimentos. O imposto sobre a renda é tributo sujeito a lançamento por homologação, o que significa dizer, conforme artigo 150 do Código Tributário Nacional – CTN, que compete ao sujeito passivo verificar a ocorrência do fato gerador, calcular o montante devido e efetuar o pagamento no prazo, cabendo ao Fisco apenas a conferência da apuração e do pagamento realizados. Caso o Fisco verifique indícios de irregularidade, inicia procedimento de ofício para lançamento corretivo ou suplementar, se for o caso. Ora, existe diferença entre o lançamento de ofício, o qual segue acompanhado da multa de ofício, e o lançamento por homologação, efetuado pelo próprio contribuinte ao transmitir sua declaração original, com a possibilidade de posterior retificação. Ocorre que a retificação da declaração só é admitida até o início do procedimento fiscal, tendente a apurar eventuais infrações, especificamente sobre aquela matéria que o contribuinte retificou. Em 05/02/2007, conforme Termo de Intimação Fiscal (fl. 21), o contribuinte seria intimado a apresentar “comprovante de todos os rendimentos recebidos no ano calendário" de 2003. Na folha 22 verificase que a Fiscalização já tinha a informação de que a Prefeitura Municipal havia pago R$ 7.299,99 que não constaram da declaração original, entregue em 22/04/2004. Na folha 24 em consulta à situação de postagem do Termo de Intimação, encaminhado ao endereço Av. Maua, nº 700, Ap. 61, Centro, observase que foi devolvido em 15/02/2007, pelo motivo "mudouse". A seguir vem a Notificação de Lançamento com a informação de que a Intimação datada de 05/02/2007 foi objeto do Edital de 02/03/2007. Não encontrei nos autos o referido Edital, mas se o contribuinte fora cientificado do Termo de Intimação em meados de março, não poderia retificar sua declaração para incluir rendimentos tributáveis em 04/06/2007, como consta da folha 04 e seguintes. Claro que o procedimento de verificação fiscal então iniciado referiase especificamente às omissões constatadas a partir do cotejo DIRPF/DIRF, exatamente no Fl. 115DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 116 5 exercício em questão. Assim, a "retificadora" entregue nenhum efeito produziria sobre o procedimento fiscal e a Notificação dele decorrente. Vejamos o que diz LUCIANO AMARO: “A espontaneidade tem um conceito normativo, que se infere do parágrafo único do art. 138. Se eu agir porque estou com medo do Fisco, eu estou agindo espontaneamente. Se eu agir porque a fiscalização está no meu vizinho, eu estou agindo espontaneamente. (...) Depois que o fiscal já lavrou um termo de início de fiscalização, onde disse que vai investigar tal ou qual coisa, isso já está fora da espontaneidade. Mas qualquer outra coisa, eu continuo podendo denunciar espontaneamente...” (AMARO. Luciano da Silva. Infrações Tributárias, RDT nº 67, ed. Malheiros, p.37) (sublinhei) Ao comentar o instituto da denúncia espontânea, ensina EDUARDO SABBAG, com a clareza e simplicidade de sempre, que: “Repare que qualquer exclusão da responsabilidade darseá quando o contribuinte levar a conhecimento do Fisco, antes de qualquer procedimento fiscal iniciado, a ocorrência de infração e, se for o caso, o pagamento de eventual tributo devido. O indicador temporal prendese á emissão de notificação para prestar esclarecimentos ou, o que é mais comum, à assinatura do Termo de Início de Fiscalização (art. 196 do CTN).” (SABBAG. Eduardo. Manual de Direito Tributário, 2ª ed. Editora Saraiva, São Paulo:2010. p. 733) (destaques originais) Por outro lado, não constando dos autos a prova da efetividade da citação por Edital, tampouco o AR devolvido, anteriormente encaminhado existe apenas a consulta ao sistema de informação dos Correios, a Notificação seria inválida, uma vez que baseada em informação que não se sustenta: "em decorrência do contribuinte, regularmente intimado, não ter atendido à intimação até a presente data, procedeuse ao lançamento de ofício...". Onde está a prova da regular intimação? Outrossim, temos a Súmula CARF nº 75: Súmula CARF nº 75: A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplicase retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no decurso desse prazo. E vejamos que a DRJ considerou essa parte da matéria tributável que o contribuinte fez incluir na "retificadora" em comento como "não impugnada", e na conclusão do voto condutor do Acórdão expressou: "... mantendose o lançamento consubstanciado na Notificação de fls. 10 a 12." Destaco que a Notificação inclui a omissão de rendimentos de R$ 7.299,99 com multa de ofício no percentual de 75% sobre a mesma. Mas, no documento de folha 100, incluído pela DRFB em 08/05/2012, considerase o valor omitido de R$ 7.299,99, sem levar em conta a multa de ofício, com a informação de "concordância" do contribuinte, para apuração do imposto. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 117 6 Na primeira análise aqui efetuada nestes autos, não se observou nada disso. O processo foi "baixado" em diligência apenas para se confirmar informação/alegação em relação à omissão de rendimentos de outra fonte, no valor de R$ 25.788,00. O resultado da diligência, somado aos documentos que o recorrente já havia apresentado, deixam claro que houve um erro na DIRF apresentada pela fonte pagadora e confirmam que não se tratavam de rendimentos da pessoa física em questão. Nessa parte, então, creio que não restam dúvidas: é de se dar provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Quanto à outra parte, dos R$ 7.299,99, a Unidade de origem aceitou, conforme consta da folha 100, a retificação proposta pelo contribuinte, apesar das irregularidades que apontei acima. Caso assim não se entenda, não há prova de que houve a regular citação por Edital, uma vez que o mesmo não consta dos autos, e a Notificação é inválida por sua fundamentação. Entender por nova diligência, neste caso, para que se providencie ou informe sobre tal Edital, homenageando a verdade material e a oficialidade do processo, vai contra a eficiência e a necessidade de que o processo tenha um fim, para atingir seus objetivos, tendose em conta ainda o valor envolvido. Não se pode observar indefinidamente um princípio de forma a desprezar outros. Eles devem ser sopesados de modo a se conferir validade e efetividade a todos. Ademais, conforme artigo 9º do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF), os autos deveriam estar instruídos com "todos" os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, dentre eles a de que o contribuinte fora regularmente intimado a apresentar esclarecimentos, já que assim se baseou a Notificação. Considerando que não tenha sido previamente intimado, por Edital válido, a declaração retificadora entregue em 04/06/2007 é apta a produzir efeitos e portanto a parte da Notificação relativa à omissão de rendimentos de R$ 7.299,99 também não subsiste. CONCLUSÃO Pelo todo aqui exposto, VOTO por dar provimento ao recurso, cancelandose a Notificação de Lançamento em questão. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 117DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 15971.000822/200765 Acórdão n.º 2801003.743 S2TE01 Fl. 118 7 Fl. 118DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 06 /11/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN
score : 1.0