Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 11516.004065/2007-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. LEI Nº 10.925/2004.
O crédito presumido de que trata o artigo 8º da Lei 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2º, da Lei 10.833/2003 em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída, e não da origem do insumo que aplica para obtê-lo.
Numero da decisão: 9303-007.501
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. LEI Nº 10.925/2004. O crédito presumido de que trata o artigo 8º da Lei 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2º, da Lei 10.833/2003 em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída, e não da origem do insumo que aplica para obtê-lo.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11516.004065/2007-15
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928151
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-007.501
nome_arquivo_s : Decisao_11516004065200715.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 11516004065200715_5928151.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
dt_sessao_tdt : Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
id : 7517649
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151098707968
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1560; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 550 1 549 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11516.004065/200715 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303007.501 – 3ª Turma Sessão de 17 de outubro de 2018 Matéria 61.697.4350 PIS CRÉDITO Presumido da agroindústria: art. 8º da Lei 10.925/2004 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado AGROVENETO S.A. INDUSTRIA DE ALIMENTOS ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. LEI Nº 10.925/2004. O crédito presumido de que trata o artigo 8º da Lei 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2º, da Lei 10.833/2003 em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída, e não da origem do insumo que aplica para obtêlo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 40 65 /2 00 7- 15 Fl. 550DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de ressarcimento, protocolizado em 14/11/2006, às efls. 04 a 06, pelo qual a contribuinte pretende reaver valores depositados de contribuições para o PIS de incidência não cumulativa, do 3º trimestre de 2006, no montante de R$ 134.675,77, parcialmente utilizados em DCOMPS às efls 07 a 15. A DR em Florianópolis, no despacho decisório de efls. 131 a 141, em 05/11/2008, reconheceu em parte o direito creditório, no montante de R$ 79.711,70 homologou parcialmente as compensações. Irresignada, em 28/01/2008, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, às efls. 149 a 174. A 4ª Turma da DRJ/FNS, apreciou a manifestação em 20/08/2010, e no acórdão nº 0720.784, às efls. 341 a 370, reconheceu em parte o direito creditório. Ainda inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, às efls. 373 a 397, em 27/10/2010. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento apreciou o recurso na sessão de 24/07/2014, resultando no acórdão de nº 3403003.143, às e fls. 404 a 416, o qual teve as seguintes ementas: CRÉDITO PRESUMIDO.AGROINDÚSTRIA. LEI Nº 10.925/04. O crédito presumido de que trata o artigo 8º, da Lei nº 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADOR EM SEDE DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Há que se reconhecer DACON retificadora, ainda que apresentada a destempo, sobretudo quando a própria DRJ reconhece o crédito a que faz jus a Recorrente. O acórdão foi assim lavrado: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário. Sustentou pela Recorrente o Dr. Richard Espíndola Silva, OAB/SC 21.733. Recurso especial da Fazenda A Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada do acórdão nº 3403 003.143 em 05/11/2014 (efl. 417), e interpôs recurso especial de divergência em 12/12/2014, às efls. 418 a 431. O procurador aponta divergência entre o acórdão a quo e o paradigma de nº 3102001.209, pois para este, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar como créditos Fl. 551DF CARF MF Processo nº 11516.004065/200715 Acórdão n.º 9303007.501 CSRFT3 Fl. 551 3 as aquisições de insumos, considerados os percentuais de acordo com a natureza dos insumos adquiridos, enquanto naquele, se entende que os percentuais têm que ser considerados de acordo com a natureza do produto que a agroindústria dá saída. O Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF apreciou o recurso especial de divergência da contribuinte em 16/07/2015, no despacho de e fls. 443 a 445, com base nos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, dandolhe seguimento. Contrarrazões da contribuinte A contribuinte teve ciência do acórdão 3403003.143 e do despacho de efls. 418 a 431, em 31/07/2015 (efl. 450), tendo oferecido suas contrarrazões, em 14/08/2015, às e fls. 451 a 457. Em seu contrarrazoado, resumidamente argumenta, seja pela alteração superveniente na legislação ou seja pelo mérito de definição do percentual para o crédito presumido de PIS e Cofins, estabelecido no art. 8 da Lei nº 10.925/2004, deverá ser ele de 60%. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso especial de divergência do Procurador é tempestivo, cumpre os requisitos regimentais e por isso dele conheço. Esta matéria já foi abordada em diversas oportunidades nesta Turma. Conforme já salientara o i. conselheiro Ronaldo Trevisan ao minutar o despacho de admissibilidade do recurso especial do Presidente da 4ª Câmara, a edição da Lei nº 12.865/2013, acrescentou ao art. 8º da Lei nº 10.925/2004 um § 10, 1 de caráter declaradamente interpretativo, afirmando que o direito a crédito referido em no inciso I do 3º 2 abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali relacionado. Sendo a norma expressamente interpretativa, conforme determinação do art. 106, I, do Código Tributário Nacional, aplicase o entendimento de que o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos 1 § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. 2 § 3º O montante do crédito a que se referem ocapute o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e no art. 2o da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2, 3, 4, exceto leite in natura, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; (Redação dada pela Lei nº 13.137, de 2015) Fl. 552DF CARF MF 4 referidos no inciso I do § 3º do art. 8º da Lei º 10.925/2004, de forma retroativa, alcançando os fatos geradores objeto do presente lançamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 553DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002591/2008-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2003 a 31/07/2003
Ementa:
DECADÊNCIA- INEXISTÊNCIA- INOCORRÊNCIA DA SITUAÇÃO FÁTICA PREVISTA PELA SÚMULA CARF Nº 99.
Revestir-se da condição de contribuinte constitui elemento essencial para atrair a aplicação da Súmula CARF nº 99. De acordo com o entendimento sumulado da Egrégia Corte (Súmula nº 08/2008) e do Parecer PGFN/CAT no 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, não há que se falar em decadência nos lançamentos efetuados dentro do prazo previsto no art. 173 do CTN (inexistência de pagamento parcial).
Numero da decisão: 2301-005.703
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Antonio Sávio Nastureles - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (Suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente).
Nome do relator: ANTONIO SAVIO NASTURELES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2003 a 31/07/2003 Ementa: DECADÊNCIA- INEXISTÊNCIA- INOCORRÊNCIA DA SITUAÇÃO FÁTICA PREVISTA PELA SÚMULA CARF Nº 99. Revestir-se da condição de contribuinte constitui elemento essencial para atrair a aplicação da Súmula CARF nº 99. De acordo com o entendimento sumulado da Egrégia Corte (Súmula nº 08/2008) e do Parecer PGFN/CAT no 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, não há que se falar em decadência nos lançamentos efetuados dentro do prazo previsto no art. 173 do CTN (inexistência de pagamento parcial).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19515.002591/2008-43
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945101
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2301-005.703
nome_arquivo_s : Decisao_19515002591200843.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ANTONIO SAVIO NASTURELES
nome_arquivo_pdf_s : 19515002591200843_5945101.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior - Presidente. (Assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (Suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
id : 7561303
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151159525376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1672; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 257 1 256 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002591/200843 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301005.703 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 2 de outubro de 2018 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente AVON COSMETICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2003 a 31/07/2003 Ementa: DECADÊNCIA INEXISTÊNCIA INOCORRÊNCIA DA SITUAÇÃO FÁTICA PREVISTA PELA SÚMULA CARF Nº 99. Revestirse da condição de contribuinte constitui elemento essencial para atrair a aplicação da Súmula CARF nº 99. De acordo com o entendimento sumulado da Egrégia Corte (Súmula nº 08/2008) e do Parecer PGFN/CAT no 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, não há que se falar em decadência nos lançamentos efetuados dentro do prazo previsto no art. 173 do CTN (inexistência de pagamento parcial). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (Assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (Suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 25 91 /2 00 8- 43 Fl. 257DF CARF MF 2 Relatório 1. Tratase de julgar recurso voluntário em face do Acórdão nº 1621.272 (efls 186/196) prolatado pela 14ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I, em sessão de julgamento realizada em 07 de maio de 2009. 1.1. Por bem representar aspectos da exigência fiscal, reproduzse o relatório contido no citado acórdão (com as adaptações necessárias para constar a numeração dos autos do processo eletrônico): DA NOTIFICAÇÃO 1. Tratase de crédito lançado pela Fiscalização (DEBCAD nº 37.163.3486) contra a empresa acima identificada, referente às contribuições sociais dos segurados empregados incidentes sobre os valores dos prêmios pagos a estes em campanhas de incentivo ao aumento de produtividade, através da empresa Incentive House S/A, cuja obrigação da empresa é de reter e recolher à Seguridade Social, considerados, pela Fiscalização, como parcelas integrantes do saláriode contribuição, conforme relatório fiscal de fls. 44/51 [efls 88/102]. 1.1. Importa o crédito no valor de R$ 6.046,12 (seis mil, quarenta e seis reais e doze centavos), consolidado em 23/06/2008, relativo às competências 04/2003, 05/2003 e 07/2003. 1.2. Registrase que na mesma ação fiscal, em relação aos mesmos fatos geradores foram lançados outros Autos de Infração relativos à referida obrigação principal com DEBCAD nº 37.163.3478 (contribuições da empresa) e DEBCAD nº 37.163.3494 (contribuições destinadas a outras entidades e fundos – “Terceiros”), as quais o Contribuinte também teve ciência e apresentou defesa, sendo certo que nos autos do processo com DEBCAD nº 37.163.3478 o Auditor Fiscal juntou planilha com demonstrativo do cálculo de contribuição dos segurados contendo todos os dados dos empregados beneficiados (competência, nome, NIT, salário de contribuição, valor do prêmio e contribuições); contrato de prestação de serviços de marketing e incentivo, relatório “flexcard”’ e notas fiscais. DA IMPUGNAÇÃO 2. O contribuinte apresentou defesa tempestiva, fls.55/62 [108/118] acompanhada dos documentos de fls. 63/92 [120/177], alegando em síntese: 2.1. que diante da Súmula nº 8 do STF o prazo decadencial aplicável às contribuições previdenciárias é o de cinco anos previsto no CTN art. 150, § 4º e não o da Lei 8.212/91 e, considerando que o crédito tributário foi constituído em 25/06/2008 somente seria possível a cobrança de fatos geradores ocorridos a partir de 25/06/2003, acrescentando que em se tratando de lançamento por homologação – reproduz doutrina sobre o tema – a contagem do prazo decadencial deve seguir a regra do art. 150, § 4º do CTN; 2.2. nestas condições, entende decaído o direito do Fisco em constituir crédito tributário que foi lançado em 06/2008 referente aos fatos geradores ocorridos nas competências 04/2003 e 05/2003, ou seja, que parte das competências englobadas no lançamento já está fulminada pela decadência, colacionando jurisprudência sobre o tema. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 19515.002591/200843 Acórdão n.º 2301005.703 S2C3T1 Fl. 258 3 2.3. Pelo exposto, em seu pedido requer a improcedência do Auto de Infração em relação ao período de abril/03 e maio/03, com a conseqüente extinção e arquivamento em face da decadência e informa que o crédito referente ao período de julho/03 foi devidamente pago, operando a sua definitiva extinção. 3. Destacase, quanto aos documentos anexados pela Impugnante, a cópia da guia de recolhimento relativa à competência 07/2003 às fls. 92 [177], efetivado em 08/07/2008 no valor de R$ 4.166,87. 1.2. Referido acórdão julgou o lançamento procedente com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2003 a 31/07/2003 Ementa: DECADÊNCIA INEXISTÊNCIA De acordo com o entendimento sumulado da Egrégia Corte (Súmula nº 08/2008) e do Parecer PGFN/CAT no 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, não há que se falar em decadência nos lançamentos efetuados dentro do prazo previsto no art. 173 do CTN (inexistência de pagamento parcial). SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Considerase saláriodecontribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas e os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Art. 28, I da Lei no 8.212/91. PRÊMIOS. Os prêmios pagos com habitualidade são parcelas contraprestativas, têm natureza jurídica salarial e integram a base de cálculo das contribuições devidas à Seguridade Social, não se enquadrando nas hipóteses taxativas de exclusão do §9º do art. 28 da Lei no 8.212./91. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A empresa está obrigada a recolher, no prazo legal, no mês seguinte ao da competência, as suas próprias contribuições previdenciárias devidas, juntamente com as contribuições que deve arrecadar de seus empregados e demais segurados a seu serviço. APROPRIAÇÃO DE GPS RECOLHIDAS APÓS O LANÇAMENTO. Os eventuais recolhimentos efetuados após o lançamento devem ser analisados pelo órgão competente, responsável pela cobrança do crédito, não cabendo ao órgão julgador efetuar qualquer retificação no lançamento. 1.3. Transcrevese também o dispositivo do acórdão: Acordam os membros da 14ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, JULGAR PROCEDENTE o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido, observandose que o valor recolhido após o lançamento e comprovado às fls. 92 e 97 será considerado pelo órgão competente responsável pela cobrança do crédito antes da intimação do Contribuinte. Fl. 259DF CARF MF 4 1.4. Acrescentese, ainda, transcrição dos subitens 4.3 a 4.9 e do item 5 do voto do acórdão recorrido: 4.3. O presente auto de infração tem como origem o descumprimento de obrigação principal, a saber, a falta de retenção e recolhimento, pela empresa, das contribuições dos segurados empregados incidente sobre a remuneração paga a estes, por meio de premiação (salário indireto) através de interposta empresa, ex vi Relatório Fiscal de fls. 44/51. 4.4. Conforme acima relatado, o Contribuinte em sua impugnação apenas alega decadência quanto às competências 04/2003 e 05/2003 (com fundamento na Súmula nº 08 do STF e art. 150, § 4º do CTN) e pagamento, quanto à 07/2003. 4.5. Em relação à decadência alegada, cabe salientar que, apesar da Súmula Vinculante nº 08 do STF ter declarado inconstitucional o prazo previsto no art. 45 da Lei 8.212/91e ter fixado como prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário o prazo previsto no CTN, no lançamento em questão, não foram lançados valores referentes a competências anteriores a cinco anos. 4.6. O entendimento sumulado da Egrégia Corte e o Parecer PGFN/CAT no 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, que obriga a todos os órgãos e entidades integrantes de sua estrutura à tese jurídica fixada (art. 42 da Lei Complementar n.º 73/1993), o prazo decadencial para constituição dos créditos previdenciários contase da seguinte forma: (i) a inexistência de pagamento justifica a utilização da regra geral do art. 173 do CTN, e, (ii) o pagamento antecipado da contribuição, ainda que parcial, suscita a aplicação da regra prevista no § 4º do art. 150 do CTN. 4.7. Conforme consta nos autos, não houve pagamento antecipado das contribuições exigidas no presente lançamento, que são incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados a título de prêmio através de cartões eletrônicos, por intermédio da empresa Incentive House S/A e que o sujeito passivo não considerou como base de cálculo de contribuições devidas à Seguridade Social e, que, portanto, não declarou em GFIP. Assim, o contribuinte não efetuou qualquer recolhimento referente às contribuições sociais devidas sobre referidas remunerações e, desta forma, para efeito de contagem do prazo decadencial para constituição do crédito correspondente, aplicase o artigo 173, I, do CTN, que dispõe: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; 4.8. O crédito lançado corresponde ao período de 04/2003 a 07/2003 e o lançamento foi consolidado em 23/06/2008, com ciência do contribuinte em 26/06/08 (fls. 02), portanto, nenhuma competência encontrase em período decadente (superior a cinco anos), tendo em vista que a competência mais antiga (04/2003) poderia ter sido lançada até 31/12/2008 (cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte 2004), motivo pelo qual não tem qualquer cabimento a decadência argüida pela Impugnante, que pelas razões expostas fica afastada. 4.9. Quanto ao mérito, deve ser salientado que a Impugnante não fez qualquer contestação e o pagamento informado, quanto à competência 07/2003 (vide fls. 62 e 92), única competência que a Impugnante entendeu não estar decadente demonstra a sua concordância com o lançamento. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 19515.002591/200843 Acórdão n.º 2301005.703 S2C3T1 Fl. 259 5 ... 5. Quanto ao pagamento efetuado pelo Contribuinte após o lançamento, relativo à competência que entendeu não decadente – 07/2003 – conforme noticiado em sua impugnação e cópia juntada às fls. 92, confirmado no sistema informatizado de acesso à RFB (fls. 97), não altera o resultado deste julgamento pois não cabe a este órgão julgador a referida retificação no lançamento, que somente poderá ser considerado e realizado oportunamente pelo órgão competente responsável pela cobrança do crédito, quando do cálculo do valor a ser pago do remanescente ou, na sua falta, para a inscrição na dívida ativa e execução. 2. Afigurase importante, ainda, fazer breve menção do item 7 do Relatório Fiscal, que se transcreve a seguir: 7 Representações fiscais expedidas 7.1 A situação encontrada no contribuinte ensejou a emissão de representação fiscal para fins penais,pela prática, em tese, dos seguintes crimes: Sonegação de contribuição previdenciária, de acordo com o artigo 337A, incisos I, II e/ou III, do Código Penal Decretolei 2.848, de 07/12/1940, verificado no período de janeiro a dezembro de 2004; Falsificação de documento público, de acordo com o art. 297, § 3 0 , incisos I, II, III e § 4 0 do Código Penal Decretolei 2.848, de 07/12/40, verificado no período de janeiro a dezembro de 2004. 7.2 Considerando que os valores incluídos neste AI não foram descontados dos segurados empregados, não ficou caracterizado o crime, em tese, de apropriação indébita. Dessa forma, este auto de infração pode ser incluído em eventual pedido de parcelamento 3. Interposto em 25/06/2009, o Recurso Voluntário (efls 201/217) reitera os termos da impugnação, acrescentando entendimentos doutrinários e da jurisprudência administrativa e judicial para sustentar a aplicação da regra decadencial do artigo 150 § 4º do CTN. 3.1. Para tanto, anexa cópias de guias de recolhimentos da contribuição previdenciária dos segurados empregados relativos às competências 04/2003 (efls 250) e 05/2003 (efls 251) pleiteando o reconhecimento da decadência dos débitos lançados em tais competências. 3.2. Aduz que não há nos autos qualquer indício da existência de fraude, dolo ou simulação, razão pela qual não há que se falar em aplicação do artigo 173 do Código Tributário Nacional. É o relatório. Fl. 261DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Antonio Sávio Nastureles 4. O recurso voluntário é tempestivo e preenche demais requisitos de admissibilidade. 4.1. Porém, tomo conhecimento do recurso voluntário somente no que respeita à aplicação da regra decadencial referente às competências 04/2003 e 05/2003. DDAA DDEECCAADDÊÊNNCCIIAA 5. Nos termos do Relatório Fiscal "o débito incluído no auto de infração em tela contempla valores devidos à Seguridade Social pela empresa, na qualidade de responsável pelo recolhimento, e se referem a contribuições dos segurados empregados, que deveriam ter sido deles descontadas e recolhidas pelo empregador, e não o foram" (item 1.1, efls 88, grifos meus). 6. O exame do documento anexado às efls 16 Fundamentos Legais do Débito FLD, referente ao autodeinfração DEBCAD nº 37.163.3486, em particular, do tópico reservado aos "Fundamentos Legais das Rubricas" comprova a natureza do tributo lançado Vejamos: 100 CONTRIBUICAO DOS SEGURADOS (EMPREGADOS, TRABALHADORES TEMPORARIOS E AVULSOS) 100.15 Competências : 04/2003 a 05/2003, 07/2003 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 20 (com a redação dada pela Lei n. 9.032, de 28.04.95, alterada posteriormente pela Lei n. 9.129, de 20.11.95), combinado com os artigos 12, I (com as alterações da Lei n. 8.647, de 13.04.93, da Lei n. 9.506, de 30.10.97 e da Lei n. 9.876, de 26/11/99) e VI e art. 28, I e parágrafos (com a redação dada pela Lei n. 9.528, de 10.12.97); Lei n. 8.620, de 05.01.93, art. 7., parágrafo 2.; Lei n. 9.311, de 24.10.96, art. 17, II; Lei n. 9.317, de 05.12.96, art. 3., parágrafo 2., h; Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., I, "g" (alínea acrescentada pelo Decreto n. 3.265, de 29.11.99), VI, parágrafo 1. a 7., art. 198, art. 214, I, parágrafos 1. a 15, art. 216, I, a e b, parágrafos 1. a 6., artigos 217 e 218. 7. No caso em julgamento, podese verificar que sujeito passivo tomou ciência pessoal do autodeinfração em 26/06/2008 (efls 04), e após a prolatação da decisão de primeira instância, o lançamento questionado se circunscreve às competências 04/2003 e 05/2003. 8. O Recorrente pleiteia a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN, conforme se verifica no trecho extraído das efls 209/210 da peça recursal: Desta forma, conforme a própria decisão da DRJ/SPOI aduz, havendo recolhimento antecipado da contribuição previdenciária, conforme de fato ocorreu no presente caso, a contagem do prazo decadencial deve se dar sob a orientação do §40 do art. 150 do CTN, razão pela qual os valores referentes às competências de abril de 2003 e de maio de 2003 encontramse fulminados pela decadência. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 19515.002591/200843 Acórdão n.º 2301005.703 S2C3T1 Fl. 260 7 9. Nesse aspecto, não assiste razão ao Recorrente. 10. Apesar da anexação das cópias das guias de recolhimento (efls 250/251) e da plausibilidade de terem ocorridos os pagamentos e as devidas apropriações nas competências a que se referem, a situação fática dos autos não se amolda ao Enunciado da Súmula CARF nº 99 que teria o condão de atrair a aplicação da regra decadencial pleiteada. 11. Pela Súmula CARF 99, que vincula seus conselheiros, qualquer pagamento de contribuição previdenciária, mesmo de diversa rubrica, conquanto que realizado na condição de contribuinte (excluídos, portanto, os recolhimentos realizados na condição de responsável tributário), atraem a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN: Súmula 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4o, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. (Grifouse.) 12. Vejase, portanto, que se revestir da condição de contribuinte constitui elemento essencial para atrair a aplicação da Súmula CARF nº 99. E, como visto nos autos, não é esta a situação do lançamento sob exame que foi decorrente da falta de retenção e recolhimento, pela empresa, das contribuições dos segurados empregados. 13. Por este modo, no que respeita à aplicação da regra decadencial, adotamos o entendimento e conclusões tal como expostos nos itens 4.7 e 4.8 da decisão de primeira instância. Conclusão 14. Voto, portanto, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Relator Fl. 263DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12782.000014/2010-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.457
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. O conselheiro Laercio Cruz Uliana Junior acompanhou a relatora pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201809
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 12782.000014/2010-32
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5931933
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-001.457
nome_arquivo_s : Decisao_12782000014201032.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
nome_arquivo_pdf_s : 12782000014201032_5931933.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. O conselheiro Laercio Cruz Uliana Junior acompanhou a relatora pelas conclusões. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7534361
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151190982656
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1553; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 12.005 1 12.004 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12782.000014/201032 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.457 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de setembro de 2018 Assunto IMPORTAÇÃO Recorrente WAYTEC TECNOLOGIA EM COMUNICACAO LTDA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. O conselheiro Laercio Cruz Uliana Junior acompanhou a relatora pelas conclusões. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelos Contribuintes e Responsáveis Solidários em face do acórdão nº 1649.941, proferido pela 24ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento São Paulo I (SP), que assim relatou o feito: A autuação é decorrente dos trabalhos de fiscalização que tiveram como objetivo verificar o cumprimento das obrigações fiscais da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 27 82 .0 00 01 4/ 20 10 -3 2 Fl. 12005DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.006 2 empresa Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda. (doravante denominada Waytec); em especial apurar o subfaturamento nas importações e a interposição fraudulenta de terceiros. Conforme relato fiscal, versa o processo sobre interposição fraudulenta da interessada Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda em operações de importação que tiveram como reais adquirentes as empresas Mude Comércio e Serviços Ltda e Cisco do Brasil. Figuram no pólo passivo as empresas Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda, Mude Comércio e Serviços Ltda, Cisco do Brasil, Fernando Machado Grecco, Marcelo Naoki Ikeda, Marcílio Palhares Lemos, Moacyr Álvaro Sampaio, Hélio Benetti Pedreira, Gustavo Henrique Castellari Procópio, José Roberto Pernomian Rodrigues, Luiz Scarpelli Filho, Pedro Luis Alves Costa e Reinaldo de Paiva Grillo. [o Relatório DRJ não mencionou o solidário Carlos Roberto Carnevali, CPF 205.601.84891, contudo, sua impugnação foi examinada, conforme pág. 7 Acórdão DRJ] Todos os números de folhas citados neste acórdão são os constantes originalmente nos autos. Foram lançados tributos, juros e multas, conforme quadros a seguir (valores em Reais): Fl. 12006DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.007 3 Resumidamente, temos o seguinte quadro: O procedimento fiscal teve início como resultado das investigações propiciadas pelo Procedimento Criminal Diverso nº 2005.61.0092851, em curso na Quarta Vara Federal Criminal de São Paulo/SP, através do qual servidores da Receita Federal foram designados para atuar na investigação criminal, na condição de assistentes técnicos. Mediante requerimento da Polícia Federal, foi obtida autorização judicial para a flexibilização dos sigilos telefônicos e de dados das principais empresas e pessoas envolvidas na investigação, sendo o acesso ao monitoramento franqueado aos servidores do Fisco. A fiscalização, baseandose em sua maior parte nos documentos e arquivos magnéticos apreendidos em 16/10/2007, ocasião em que foi deflagrada a chamada “Operação Persona”, bem como em laudo pericial elaborado pela Polícia Federal, apurou que os equipamentos de telecomunicações (Hardwares) objeto da presente auditoria, eram importados devidamente acompanhados dos respectivos Softwares, embora esse fato não fosse declarado à Receita Federal. Com a ocultação dos valores dos Softwares, logravase reduzir indevidamente a base de cálculo dos tributos incidentes na importação. Fl. 12007DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.008 4 No processo constam as impugnações da interessada Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda (fls. , bem como daqueles considerados solidários, que são: Pedro Luis Alves Costa (fls. 6534 a 6570), Reinaldo de Paiva Grillo (fls. 6596 a 6620), Carlos Roberto Carnevali (fls. 6626 a 6688), MUDE (fls. 7078 a 7213), Gustavo Henrique Castellari Procópio (fls. 7359 a 7406), Marcílio Palhares Lemos (fls. 7411 a 7459), Moacyr Álvaro Sampaio (fls. 7463 a 7510), José Roberto Pernomian Rodrigues (fls. 7515 a 7562), Marcelo Naoki Ikeda (fls. 7566 a 7615), Hélio Benetti Pedreira (fls. 7620 a 7667), Fernando Machado Grecco (fls. 7672 a 7719), Cisco do Brasil (fls. 7723 a 7794) e Luiz Scarpelli Filho (fls. 7910 a 7923). Seguem os argumentos das impugnações apresentadas, em síntese, com as numerações de página originais. I Pedro Luis Alves Costa alega (fls. 6534 a 6570): 1. Cerceamento de defesa, pois não foi notificado para prestar esclarecimentos antes da lavratura do presente auto de infração. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. 2. A autuação faz referência a um suposto esquema de importações fraudulentas do qual a MUDE teria participado, especificamente no ano de 2003, enquanto que as provas são relativas aos anos de 2006 e 2007. Cita jurisprudência. 3. O impugnante não tinha interesse jurídico nas operações autuadas, nunca exercendo qualquer ato de gerência ou de administração na empresa MUDE, nos termos do art. 135 do CTN. Cita doutrina e jurisprudência administrativa e judicial sobre o tema. 4. A multa decorrente de infração tributária não pode ser repassada ao impugnante, seja pela responsabilidade pessoal de quem a ela deu causa (art. 137 do CTN), como também por não ser obrigação principal (art. 124, inciso I). 5. O fisco não indicou quais atividades praticadas pelo impugnante contribuíram para a prática do ilícito tributário. Alega que o ônus da prova é da fiscalização. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. 6. Não restou provado que o impugnante tinha participação ou controle no grupo MUDE ou que tenha auferido rendimentos do mesmo. 7. A solidariedade do art. 124, I do CTN não está relacionada ao mero interesse econômico, devendo haver interesse jurídico comprovado. 8. Requer sejam acolhidas as preliminares ou julgado insubsistente o Termo de Sujeição Passiva Solidária. II Reinaldo de Paiva Grillo alega (fls. 6596 a 6620): 1. O auto de infração está fundamentado em pseudoprovas, precárias e insubsistentes. 2. Foram desrespeitados os princípios da tipicidade e da legalidade, configurando cerceamento do direito de defesa. Fl. 12008DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.009 5 3. Nunca participou do contrato societário da empresa WAYTEC ou da MUDE nem das respectivas administrações, sequer como empregado, e que a dúvida expressa pelo fisco quando afirma que “possivelmente” faz parte do grupo desde os primórdios, derruba todo o conteúdo probatório. 4. O fato de ter sido funcionário da PHASE2 não significa estar vinculado a qualquer operação realizada pelos sócios desta empresa. Quanto às procurações outorgadas ao autuado pelas empresas RAYWELL e FULFILL, tratamse de fatos totalmente autônomos e desvinculados, anteriores ao lançamento contido no auto de infração (2004 em diante), ou à data de abertura da empresa WHAT’S UP (30/11/2005). 5. A fiscalização não anexou aos autos qualquer ato de administração que pudesse demonstrar que o autuado seria o gestor da WHAT’S UP, não sendo sócio gerente de nenhuma empresa. 6. A WHAT’S UP tratase de empresa autônoma que não tinha qualquer vínculo, subordinação ou relação com a empresa MUDE. Ambas nunca pertenceram aos mesmos sócios ou formaram um grupo econômico, e o impugnante não mantinha relação comercial com esta empresa, pois nunca sequer prestou serviços a ela e nunca recebeu qualquer quantia sob qualquer título. 7. As provas relacionadas para sustentar a solidariedade referemse a períodos anteriores ao da criação da empresa, não tendo relação com os fatos e períodos apurados; 8. O autuado é mero prestador de serviços de assessoria em logística e comércio exterior. 9. Há cerceamento ao seu direito de defesa, na medida em que desconhece os fatos imputados e não teve acesso aos documentos e provas, não podendo adentrar no mérito da autuação. Ademais, não há nos autos a transcrição integral dos “áudios obtidos”. Tal fato, corroborado pela impossibilidade de vista dos autos, negada pela autoridade fiscal, prejudica de forma inexorável a elaboração da defesa deste autuado, imbuindo de nulidade a presente autuação, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. 10. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, XII, da CF e o art. 1º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 11. Não há qualquer prova indicando algum benefício financeiro deste impugnante nas operações indicadas, nem sua participação efetiva no ilícito fiscal imputado, apenas descrições generalizadas dos fatos e interpretações equivocadas fundadas em exames vagos e imprecisos, correspondendo à troca de emails por outras pessoas. 12. Cita doutrina e jurisprudência no sentido de que a responsabilidade é subjetiva, não se lhe aplicando, portanto, o art. 124, I, do CTN. Fl. 12009DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.010 6 13. As provas anexadas pelo fisco foram obtidas de terceiros e os supostos indícios não se confirmaram no universo fático. Os emails são conversas informais e cobranças de trabalho. Quanto aos arquivos obtidos nas residências dos demais envolvidos e empresas, o impugnante repudia a tentativa de utilizálos para lhe atribuir uma suposta participação no lucro, vez que desconhece tais informações. 14. Tece comentários sobre email escrito por José Roberto da MUDE, concluindo que este apenas comprova que o impugnante prestava serviços às importadoras. 15. Quanto ao controle de procedimento de importação, obtido na residência de Marcílio Lemos, por ter sido apreendido em local diverso não pode veicular seu conteúdo ao autuado, e o nome Reinaldo pode ser qualquer pessoa. 16. Não há qualquer documento que comprove a participação do autuado no recebimento de lucros ou dividendos a não ser seus honorários na prestação de serviços. A própria relação de sócio da empresa não tem nenhuma força probatória, posto que baseada em documento apreendido em residência de terceiro, e não configurada nos extratos bancários do impugnante. Mesmo se confirmado, só comprovaria a existência de condição de trabalho regido pela CLT da empresa WHAT’S UP. 17. Requer seja julgado improcedente auto de infração. III – Carlos Roberto Carnevali alega (6626 a 6688): 1. Não seria aplicável a responsabilidade solidária do art. 124, I do CTN. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. 2. Nunca foi contribuinte ou sócio de qualquer empresa autuada, ainda que oculto. E mesmo que sócio fosse, ad argumentandum tantum, não há qualquer prova de poderes de gerência ou administração que pudesse estabelecer sua responsabilidade nos termos do art. 135 do CTN. Cita Portaria PGFN 180/2010 e o Parecer PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009 e aduz: “para um sócio ser responsabilizado nos termos do art. 135, inciso III, do CTN, é imprescindível que ele possua poder de gerência, ou seja, não basta a qualidade de sócio, o que evidentemente não ocorre no caso em questão”. Segundo a Portaria PGFN 180/2010, para responsabilizar pessoalmente o sócio, é necessária prova de que agiu com excesso de poderes, infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto, ou dissolução irregular de pessoa jurídica. Requer, ainda, declaração fundamentada da autoridade competente. 3. Não possuía vínculos com a empresa MUDE além de laços de amizade. Alega que não era sócio oculto da empresa MUDE. Não estava no comando da empresa nem agiu com excesso de poderes ou infração à lei. Não se beneficiou das importações realizadas pela Waytec. 4. Sua relação com Hélio Pedreira é puramente profissional e de amizade sendo incabíveis as insinuações feitas pela fiscalização de que ambos montaram um esquema de importações fraudulentas. Fl. 12010DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.011 7 5. Contesta alegações sobre as operações da empresa União Digital, que segundo a fiscalização seria a antecessora da empresa MUDE nas importações de produtos CISCO. 6. A fiscalização baseou a responsabilidade em diálogos que não se referem ao impugnante. Alega que tais provas não comprovam a participação do impugnante na administração da empresa MUDE. A fiscalização valeuse de interpretações distorcidas e equivocadas e de fatos circunstanciais. 7. As planilhas que apresentam pagamentos a membros do grupo MUDE/JDTC apenas sugerem, mas não comprovam tais operações. 8. É incabível a responsabilização do impugnante pelo art. 124, I do CTN. Alega que as provas não demonstram o interesse comum do impugnante nos negócios da MUDE. Cita doutrina e jurisprudência. 9. A fiscalização também interpretou de maneira equivocada o diálogo entre o impugnante e a CISCO SYSTEM INC. 10. A fiscalização tenta vincular sua pessoa às atividades do grupo JDTC/MUDE através de indícios e interpretações tendenciosas. Alega que os documentos para contra prova em seu favor estão em poder da fiscalização. 11. As mensagens transcritas em páginas 1315 do Termo de Sujeição Passiva Solidária referemse a diretrizes fornecidas para atuação da empresa TORNADO e não da MUDE; 12. Na época das operações de importação autuadas, 2007, o impugnante não era mais responsável pela CISCO DO BRASIL. Alega que a partir de 2000 começou a se afastar do operacional da empresa CISCO DO BRASIL, sendo que a partir de 2002 assumiu a função de VicePresidente da CISCO para América Latina e México. Alega que a partir de 2007 quase que se afasta definitivamente da CISCO DO BRASIL. Alega que prestava à época consultoria a diversas empresas incluindo a MUDE. Alega que em função dessa atividade e do interesse de executivos da MUDE para que o impugnante ingressasse em seu Conselho de Administração, passou a receber documentos dessa empresa para análise de sua situação financeira. Alega que esta é a razão de ter sido encontrado organograma da empresa MUDE com seu nome no Conselho de Administração. 13. Segue afirmando o impugnante que não possui qualquer relação com a administração da empresa MUDE, apresentando mensagens sobre seu desligamento do grupo CISCO e de sua relação não profissional com os administradores da MUDE. 14. Alega violação ao Princípio da Verdade Material. Afirma que a autuação baseouse em suposições. 15. Requer seja cancelada a sujeição passiva solidária. IV – Mude Com. e Serviços alega (fls. 7078 a 7213): 1. Preliminar. Houve violação aos princípios da impessoalidade, imparcialidade e da moralidade da Administração Pública, posto que a Fl. 12011DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.012 8 fiscalização promoveu diversas acusações sem verificar detida e imparcialmente o caso concreto. 2. Houve cerceamento ao direito de defesa e ao contraditório, dada a enorme quantidade de acusações em volume de folhas e o prazo exíguo de trinta dias para se defender. 3. Deve ser declarada a nulidade do auto de infração, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 4. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Muitos documentos não possuem data de criação ou prova de autoria. 5. A autuação baseouse em suposições, deixando de verificar a verdade material, tanto que lavraram o auto de infração sem ao menos intimar a impugnante durante o procedimento para apresentar documentos e esclarecimentos. É vedada a utilização de prova emprestada no processo administrativo. 6. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de “emails” e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. 7. Ainda em preliminar, a impugnante enumera uma série de contradições e equívocos contidos no Termo de Verificação Fiscal, os quais demonstrariam a insubsistência das alegações de “esquema de importação fraudulenta” e “subfaturamento”. Aponta “contradições” e “equívocos” no termo de verificação fiscal. Conclui que a fiscalização não agiu com a imparcialidade, impessoalidade e moralidade exigidas pela lei. 8. Desmistifica as expressões “antecipação de pagamentos” e “comissão” utilizadas nas mensagens telemáticas e conversas telefônicas, no sentido de demonstrar que jamais poderiam indicar a ocorrência de qualquer tipo de fraude ou simulação. 9. As taxas de câmbio utilizadas pela fiscalização no dia do registro da DI se encontram em desacordo com aquelas fixadas pelo Banco Central, conforme tabela anexa (doc. 3), tornando viciado o lançamento. 10. Não houve individualização dos fatos geradores dos tributos e das multas, uma vez que inexiste qualquer cálculo de juros de forma individualizada ou as classificações fiscais que originaram as alíquotas aplicadas, sendo que os fatos geradores foram discriminados em planilha anexa ao Termo de Verificação Fiscal, ao revés do que determina o art. 10 do Dec. 70.235/1972. 11. Mérito. Alega que o fisco não compreendeu o modelo de negócios moderno e avançado praticado pela impugnante, equivocandose ao imputarlhe responsabilidade por todas as operações, quando seu Fl. 12012DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.013 9 único interesse era comprar e vender mercadorias. A fiscalização, ademais, ignorou que o fluxo de recursos para pagamento não tinha início na pessoa da impugnante, mas que advinha de seus clientes (integradores/revendedores) indicados pelo fabricante. Afirma que planilha anexa (doc. 4), bem como seus dados contábeis, que confrontam sua disponibilidade de recursos com as obrigações, não deixam dúvida sobre seu constante débito com relação aos fornecedores. Conclui, portanto, que não houve adiantamento de recursos e a rapidez no trânsito das mercadorias e aparente interdependência entre as empresas membros da cadeia produtiva são apenas decorrência da implantação do modelo de produção/distribuição baseado no “Just in Time”. Era financiada por seus fornecedores. 12. Ainda sobre seu modelo de negócios, apresenta parecer elaborado pelo professor Paulo de Barros Carvalho (doc. 5), que analisou o caso concreto, concluindo serem perfeitamente lícitas as atividades empresariais da impugnante, posto que não há: (a) conluio entre as partes; (b) divergência entre a real vontade das partes e o negócio por elas declarado; e (c) intenção de lograr o Fisco. Tampouco há qualquer documento que evidencie exclusivo propósito de evitar a percussão tributária, configurando abuso de forma ou simulação. 13. O acolhimento de suas alegações com o cancelamento do auto de infração é medida que requer por ter agido dentro de um modelo negocial em que as partes não divergiam quanto à vontade. 14. Não pode prevalecer a acusação de antecipação de recursos aos importadores. Não houve levantamento individualizado da movimentação de recursos. Não foi demonstrada antecipação de recursos (a contabilidade faz prova a seu favor, na medida em que inexistem ativos que pudessem ser atrelados à alegada antecipação de recursos). O impugnante não era o destinatário final dos produtos importados (não era encomendante nem adquirente). 15. Inexiste subfaturamento, posto que a alegada separação em Software e Hardware para fins da suposta redução da base de cálculo dos tributos aduaneiros é uma falácia. O que efetivamente ocorria, em qualquer dos casos de split descritos, era a separação entre o Software base física (que até poderia seguir com o Hardware) e o Software propriedade intelectual (licença de uso). Os Softwares contidos em alguns Hardwares importados não tinham qualquer valor comercial sem a devida licença. Como inexiste previsão legal para inclusão da licença de uso no valor aduaneiro, e como o Software eventualmente contido nos produtos importados não tinha qualquer valor comercial sem sua licença de uso, conclui que o valor do Software não deve ser incluído no valor aduaneiro. 16. No máximo, poderseia falar em subvaloração aduaneira, nos termos da Portaria MF nº 181/1989. Esta dispõe que o valor aduaneiro do suporte informático não abrange o custo ou valor do programa, desde que este custo ou valor conste destacadamente no documento de aquisição. Como tal portaria não prevê qualquer exceção nos casos de importação de semicondutores ou circuitos integrados, e que apenas o suporte informático deve compor o valor aduaneiro, então a Fl. 12013DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.014 10 impugnante não pode ser penalizada por seguir a norma, nos termos do parágrafo único do art. 100 do CTN. 17. O laudo pericial elaborado pela Polícia Federal do Estado da Bahia não pode ser considerado porque: (i) não foi elaborado de forma imparcial; (ii) apresenta diversas inconsistências em seu conteúdo; (iii) não foram analisados todos os modelos de mercadorias das DI objeto de autuação. A fiscalização não pode utilizar indiscriminadamente laudos específicos produzidos mediante amostra de produto importado em sete Declarações de Importação para provar ilicitudes cometidas em todas as DI do presente processo. Não foram analisados produtos das DI da WAYTEC. A utilização de laudo emprestado é mera presunção. 18. O lançamento deve ser cancelado por ofensa ao artigo 146 do CTN, pois as autoridades fiscais não podem rever o lançamento sem demonstrar a existência de erro de fato, já que tal prática configura evidente alteração de critério jurídico. As importações autuadas foram submetidas a despacho aduaneiro e desembaraçadas. Após a homologação dos lançamentos nas declarações de importação, a administração decidiu rever seu entendimento acerca da correta valoração aduaneira. 19. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o art. 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como a impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 20. Não cabe atribuir responsabilidade à impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 21. Para se aplicar a multa agravada de 150%, a fiscalização deveria provar a intenção dolosa por parte da impugnante de deixar de recolher os tributos, o que não pôde ser feito, haja vista a impossibilidade de se considerar dolosa uma conduta praticada exatamente nos termos da legislação (ADI nº 7/2002). 22. É indevida a cobrança concomitante da multa agravada de 150% e da multa de 100% sobre o suposto valor subfaturado (Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, artigo 88, parágrafo único), pois ambas as multas têm a mesma natureza e visam punir a mesma infração, não podendo ser aplicadas concomitantemente. 23. A sanção aplicada, por sua total desproporção (100% do valor supostamente subfaturado + 150% sobre os tributos) é claramente Fl. 12014DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.015 11 confiscatória e, portanto, contrária à CF/1988, não podendo ser mantida porque: (i) não houve redução do valor do tributo devido; (ii) inexistência de Dano ao Erário, pois todos os tributos supostamente sonegados estão sendo exigidos. 24. A título argumentativo, em prevalecendo a alegação de que a licença de uso de Software deverá compor a base de cálculo dos tributos questionados, o auto de infração deverá levar em consideração, para apuração dos montantes devidos, o valor do IR/Fonte e da Cide pagos a maior. 25. Não pode prosperar a incidência de juros de mora sobre as multas lançadas no presente caso, os quais serão computados a partir do vencimento do crédito tributário apurado no auto de infração, porque: (i) os juros devem incidir apenas sobre a obrigação principal, sendo diversa a natureza da multa; (ii) não há previsão legal para a incidência de juros sobre multa. 26. A utilização da taxa Selic para cobrança de juros moratórios é ilegal porque: (i) sua fixação visa a remuneração do investidor e não para ser aplicada como sanção por atraso no cumprimento da obrigação; (ii) foi criada por Resolução do BACEN, o que ofende o princípio da legalidade; (iii) inexistindo previsão legal, devese aplicar aos juros a taxa de 1% ao mês, nos termos do art. 161, §1º, do CTN. 27. Requer o provimento da impugnação, com base seja em razão das preliminares, seja em razão do mérito, com a consequente desconstituição do crédito tributário e cancelamento do auto de infração. V – Marcílio Palhares Lemos alega (fls. 7411 a 7459): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal, o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996 e a Resolução CNJ nº 59/2008. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a Fl. 12015DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.016 12 transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência sobre o tema. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. VI – Fernando Machado Grecco alega (fls. 7672 a 7719): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou Fl. 12016DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.017 13 qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. VII – Moacyr Alvaro Sampaio alega (fls. 7463 a 7510): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. Fl. 12017DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.018 14 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, Fl. 12018DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.019 15 ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. VIII – Marcelo Naoki Ikeda alega (fls. 7566 a 7615): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto Fl. 12019DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.020 16 da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. IX – José Roberto Pernomian Rodrigues alega (fls. 7515 a 7562): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. Fl. 12020DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.021 17 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. X – Hélio Benetti Pedreira alega (fls. 7620 a 7667): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em Fl. 12021DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.022 18 específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. XI – Gustavo Henrique Castellari Procópio alega (fls. 7359 a 7406): 1. Preliminarmente, a fiscalização não explicitou em qual inciso do art. 124 do CTN foi imputada a responsabilidade solidária do impugnante, violando assim o Princípio da Ampla defesa e do Contraditório. Cita doutrina sobre o tema. 2. As provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderiam ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da Constituição Federal e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/1996. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 3. Inexiste relação entre as provas e o lançamento, pois muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa. Fl. 12022DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.023 19 4. O auto de infração deve ser cancelado, posto que é vedado à Administração Fiscal basearse exclusivamente em prova emprestada colhida no âmbito de procedimento criminal. 5. Outra causa de nulidade do procedimento está na ausência de todos os elementos de prova, posto que não foi juntada aos autos a transcrição integral de emails e conversas telefônicas, os quais foram manipulados, configurando evidente cerceamento ao direito de defesa. Cita jurisprudência. 6. Não cabe atribuir responsabilidade ao impugnante haja vista a ausência de procedimento de fiscalização, devidamente lastreado em específico Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Cita Súmula CARF 29. 7. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante, pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência. 8. Não há provas de que o impugnante deixou de submeter à Aduana o valor do Software, ou que esse valor representa, efetivamente, o alegado subfaturamento, já que sem licença de uso seu preço de mercado é igual a zero. 9. Quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, além de não constar a identificação da norma legal que serviu de fundamento para a atribuição de responsabilidade; o 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa. Como o impugnante não preencheu qualquer DI, não efetuou qualquer desembaraço aduaneiro, tampouco calculou os valores das operações, não se pode afirmar que possuía interesse jurídico na ocorrência do fato gerador. Ademais, o instituto da solidariedade é restrito à cobrança da obrigação principal, não alcançando as infrações. Não pode prevalecer, ainda, por ter a multa natureza administrativa, sendo a solidariedade exclusivamente tributária, nos termos do CTN. 10. Reitera todos os argumentos deduzidos pela MUDE em sua impugnação aos autos. 11. Requer a insubsistência do Termo de Sujeição Passiva Solidária, de modo a excluir seu nome do pólo passivo da presente demanda, ou, ainda, que acolha os argumentos desenvolvidos pela MUDE e ora reiterados, de forma a determinar o cancelamento do auto de infração. XII – Cisco do Brasil Ltda. alega (fls. 7723 a 7794): 1. A empresa utiliza um modelo de negócios que não foi compreendido pela fiscalização. Discorre sobre esse modelo. 2. Não participou das operações de importação e não tinha conhecimento de qualquer irregularidade, que estaria sendo cometida por seu então dirigente, Carlos Carnevali. 3. Para suportar a solidariedade, haveria de ter adiantado recursos para a aquisição das mercadorias importadas, bem como, haver Fl. 12023DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.024 20 declarado de maneira inexata o preço dos produtos transacionados, o que jamais ocorreu. 4. As provas produzidas na investigação criminal não poderiam ser utilizadas na esfera administrativa. Alega que não há identidade de partes. Cita doutrina e jurisprudência. 5. As interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 6. Foi qualificada como comercial atacadista apenas para fins de inscrição no SISCOMEX, não tendo por objeto social tal atividade. 7. A CISCO SYSTEM INC iniciou investigação interna para apurar denúncia de que Carlos Roberto Carnevali tinha relação com a empresa MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Cita o Relatório IPEI BA 2008 006, que não concluiu pela vinculação. Alega que tal relatório não autoriza a fiscalização a alegar o conhecimento da CISCO SYSTEM INC do suposto esquema fraudulento. 8. Tece comentários sobre vários documentos, emails e conversas telefônicas do Termo de Sujeição Passiva Solidária, alegando, em síntese, que se tratam de contatos comerciais normais dentro do modelo de negócios adotado pela impugnante. 9. Tece comentários sobre interceptação telefônica de teleconferência entre Pedro Ripper, Presidente da CISCO DO BRASIL LTDA e outros funcionários da mesma empresa. Alega que os interlocutores mencionam que o split de Software e Hardware seria efetuado pela MUDE, o que não autoriza o fisco a concluir que a impugnante teria conhecimento da participação de outras empresas eventualmente interpostas na cadeia de exportação e importação. 10. Acerca da separação do valor relativo a Software e Hardware, a política da CISCO sempre foi a de que o Software embutido no Hardware deve ser tratado como Hardware, de modo que o preço cobrado pela CSI na venda de seus produtos inclui o valor do Software. Quanto às faturas tratadas pela fiscalização como comprovadoras do “split pelo segundo método”, tratam, na verdade, de faturas standard contendo o mero detalhamento do preço do Hardware e do respectivo Software ou outro subitem, sendo que em todas elas o preço total (Hardware + Software) é faturado pela CSI contra a MUDE US em único documento. Todos os documentos anexos ao auto de infração demonstram que, se faturamento em separado de Hardware e Software houve, este foi realizado pelos adquirentes de seus produtos nos EUA. 11. A escuta telefônica em questão, envolvendo o expresidente da impugnante, não prova que seria após e por causa dela que a CSI teria passado a faturar separadamente o Hardware e o Software vendidos à MUDE US, posto que: (i) jamais houve faturamento separado, apenas menção do valor do Hardware e do Software em itens e subitens específicos dentro de uma mesma fatura; (ii) todas as faturas emitidas Fl. 12024DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.025 21 pela CSI sempre tiveram por objeto operações internas de venda nos EUA; (iii) tal afirmação contradiz a própria acusação fiscal, que apura o faturamento pelo chamado “segundo método” desde janeiro de 2007. 12. Tece comentários sobre as conversas telefônicas e email, que apenas demonstram o modelo de negócios adotado. 13. Tece comentários sobre o evento realizado pela MUDE nos EUA com representantes da CISCO SYSTEM INC. Alega que não tinha conhecimento da interposição fraudulenta de terceiros de que é acusada a MUDE. Alega que a citada reunião não prova que a separação entre Hardware e Software vinha efetivamente ocorrendo. Alega que a CISCO SYSTEM INC não realiza exportações e que, portanto, não define procedimentos a serem adotados na importação. 14. As linhas de crédito que a MUDE obtinha através de suas controladas nos EUA, FULFILL HOLDING e posteriormente MUDE USA, junto às instituições CISCO CAPITAL, GE COMERCIAL e CITIBANK, eram medidas comuns na relação entre a CISCO SYSTEM INC e seus parceiros. Alega que essa relação não prova que a CISCO SYSTEM INC ou a CISCO DO BRASIL LTDA tinham conhecimento de suposto esquema fraudulento nas importações. 15. As provas apresentadas no tópico “PESSOAS QUE EFETIVAMENTE DIRIGEM A EMPRESA demonstram apenas a relação comercial entre a impugnante e a MUDE, mas não o conhecimento da impugnante sobre fraudes cometidas pela MUDE. 16. Não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN relativo à responsabilidade solidária, pois para tal a empresa CISCO deveria ter relação com o fato que deu ensejo ao nascimento da relação jurídica cujo resultado é o pagamento do tributo. Alega que a CISCO não figurava no pólo passivo da relação tributária em questão. Cita doutrina e jurisprudência. 17. A multa aplicada correspondente ao valor subfaturado é de natureza administrativa e não tributária. Alega que isso afastaria a aplicação de qualquer um dos dispositivos do CTN, incluindo aí o art. 124, I. 18. O art. 95, V, do DecretoLei nº 37/1966, na qual a fiscalização embasa a acusação, também não pode ser aplicado à impugnante, uma vez que não se trata de adquirente dos produtos importados. Quanto ao inciso I, meramente transcrito, também não se aplica vez que não concorreu ou se beneficiou de qualquer conduta dos importadores tida por ilegal. Alega que a fiscalização deveria ter evidenciado mais do que um interesse meramente econômico nas vendas efetuadas pela MUDE para caracterizála como sujeito passivo solidário ao pagamento da penalidade em questão. 19. Requer o provimento de sua defesa e o cancelamento do termo de sujeição passiva solidária. XIII – Luiz Scarpelli Filho alega (fls. 7910 a 7923), dentre outras coisas citadas a seguir, que no mérito se reporta aos argumentos da Waytec: Fl. 12025DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.026 22 1. Não teve qualquer participação em esquema fraudulento, sendo que apenas prestava serviços de assessoria nas áreas de análise de procedimentos internos com capacitação de profissionais para atuar com produtos de informática, automação de processos, diminuição de custos, aumento de qualidade perante os clientes e remuneração de funcionários e prestadores de serviços. Alega que a partir de 2003 assumiu participação societária na empresa MUDE para atuar de maneira mais próxima ao seu cliente. 2. Que não há qualquer irregularidade no fato de possuir uma empresa offshore como sócia. 3. Nunca foi sócio gerente da empresa autuada, sendo parte ilegítima para compor o pólo passivo. 4. Nos termos do art. 135 do CTN, a responsabilização dos sócios só ocorre por excesso de poderes ou infração de lei. 5. A impugnante não foi arrolada na ação penal que tramita na Justiça Federal sobre o caso, citando doutrina e jurisprudência judicial sobre o tema. 6. Não é cabível a utilização das provas emprestadas do processo criminal, citando doutrina sobre o tema. 7. Vários dos documentos apresentados não apresentam data. 8. A multa regulamentar não poderia ser calculada sobre o valor comercial da mercadoria, devendo ter ocorrido arbitramento do valor. XIV – WAYTEC TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA alega (fls. 8509 a 8522): 1. Foi impedida de exercer o direito amplo de defesa, sendo intimada dos termos do Auto de Infração de forma ilegítima. 2. Os “anexos" não acompanharam o Auto de infração que instruiu a intimação da ora impugnante, tornando impossível o pleno exercício da ampla defesa. 3. Os tais anexos, que "fazem parte integrante do Auto", não foram recepcionados pela impugnante. 4. Por conseguinte, requer seja restituído à impugnante o prazo para apresentação de impugnação, devendo este ser deflagrado novamente a partir do momento da ciência integral do Auto de Infração e todos os anexos que o compõem. 5. Ausente a prova efetiva a respeito da imputação da fiscalização sobre subfaturamento. 6. A fiscalização limitouse a comparar os preços dos produtos importados com outros produtos vendidos no mercado por preços inferiores. Fl. 12026DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.027 23 7. Não há no auto de infração referencia a qualquer comprovante de depósito juntado com o propósito de comprovar que recebia adiantamentos bancários. 8. O parecer nas fls. 7305 a 7364 demonstra que as operações alvo da fiscalização se deram de acordo com a lei. 9. A suposta exclusão da base de cálculo do valor relativo aos Softwares que acompanhavam os Hardwares não ocorreu, tanto que o desembaraço aduaneiro se deu sem ressalva ou exigência. 10. O auto de infração não poderia revisar ato do próprio fisco. 11. Houve ofensa ao artigo 149 do CTN. Vale dizer que a impugnação da Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda não fazia parte inicialmente dos autos e também não foi encontrado Termo de Revelia, sendo curioso o fato de que Luiz Scarpelli Filho disse em sua impugnação que no mérito se reportava aos argumentos da Waytec. Foi proposta a remessa dos autos à repartição de origem para a necessária juntada aos autos da impugnação da empresa Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda ou do Termo de Revelia para o correto seguimento da análise do presente litígio. Quando chegou a impugnação, em remessa de volta a esta DRJ/SPO, novamente houve diligência no sentido de que houvesse esclarecimentos sobre a procedência da afirmação de que a impugnante WAYTEC TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA não teve acesso ao Auto de Infração na sua íntegra. A fiscalização intimou a interessada, conforme transcrição a seguir: A interessada Waytec não se manifestou a respeito de que não teve acesso à integra dos autos, conforme trecho a seguir: Fl. 12027DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.028 24 Após exame das Impugnações apresentadas, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 01/02/2007 a 30/06/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A prova fruto de quebra de sigilo telefônico ou de dados, obtida originalmente para fins de investigação criminal. Não há impedimento para sua posterior utilização em processo administrativo fiscal. NULIDADES. São nulos somente os atos e termos lavrados por agente incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Pode também ser cominado com nulidade o lançamento que contenha vícios formais relevantes à matéria deduzida na autuação. Referidas hipóteses não estão presentes nos autos. ILEGALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. A ilegalidade e a inconstitucionalidade da legislação tributária não são oponíveis na esfera administrativa. SUJEITO PASSIVO. O importador é sujeito passivo, na condição de contribuinte, em relação aos tributos e contribuições incidentes na internação de mercadorias de origem estrangeira, independentemente do verdadeiro adquirente das mercadorias. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. A ocultação do real adquirente das mercadorias, caracterizando as operações de comércio exterior realizadas pela autuada, por conta e ordem de terceiros, sem atender às condições da legislação de regência, tipifica a figura da Interposição Fraudulenta. VALOR ADUANEIRO. EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS COM SOFTWARE INCORPORADO. No caso de equipamentos eletrônicos (Hardwares) importados com os respectivos Softwares já instalados, inexiste previsão legal para exclusão do valor aduaneiro do custo ou valor de Softwares contidos em circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ainda que este valor ou custo encontrese destacado no documento de aquisição. SUBFATURAMENTO. Constatado que os preços das mercadorias consignados nas declarações de importação não correspondem à realidade das transações efetuadas, resta caracterizado o subfaturamento. São exigíveis os tributos aduaneiros, acrescidos da multa de ofício qualificada e dos juros de mora, bem assim a multa calculada sobre a diferença entre o valor real e o declarado. CUMULAÇÃO DE MULTAS. Não há que se falar na impossibilidade da cumulação das multas por subfaturamento (parágrafo único do art. 88 da MP 2.15835/ 2001) e de ofício (art. 44 da Lei 9.430/1996), posto que autorizada por expressa disposição legal. Fl. 12028DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.029 25 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INFRAÇÕES. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Todos os Contribuintes e Responsáveis Solidários foram devidamente intimados, conforme resumo de fls. 12.001. Waytec, Reinaldo P. Grillo, Luiz Scarpelli Filho e José Roberto P. Rodrigues não apresentaram Recurso Voluntário. Mude Com. Serviços, Cisco do Brasil, Marcelo Naoki Ikeda, Marcílio Palhares Lemos, Helio Benetti Pedreira, Carlos Roberto Carnevali, Moacir Alvaro Sampaio, Gustavo Henrique C. Procópio, Fernando Machado Grecco e Pedro Luis A. Costa apresentaram Recursos Voluntários tempestivos, basicamente reiterando os termos das Impugnações apresentadas, melhor analisados no voto que se segue. Relativamente aos solidários Helio Benetti Pedreira, Carlos Roberto Carnevali e Gustavo Henrique C. Procópio, foi acrescentada, na condição de fato novo, a argumentação de impossibilidade de manutenção da solidariedade em razão do reconhecimento judicial de inocência nos fatos que deram início ao procedimento de fiscalização. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Os Recursos são próprios e tempestivos e, portanto, tomo cohecimento. Todavia, entendo que para o devido julgamento do mérito, o feito ainda demanda maiores esclarecimentos. Existem 2 situações de mérito distintas a serem examinadas. A primeira delas diz respeito ao valor tributável do bem importado. Nesse aspecto, o fato autuado é objetivo: importação de equipamentos de telecomunicações (hardware), com declaração de ausência de software. Entende a Fiscalização que, nas importações realizadas, o valor tributável deveria corresponder à soma entre o valor do hardware e software. Na hipótese, conforme se depreende do Termo de Verificação Fiscal, existiram duas situações distintas: o hardware teria Fl. 12029DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.030 26 sido importado com o software já nele instalado, tendo sido essa instalação omitida; ou, então, os softwares correspondentes teriam sido indevidamente comercializados de forma segregada por meio de mídias (CDs) e em operações distintas devidamente tributadas. Assim, imputou às importações de hardware um subfaturamento aduaneiro. A segunda situação decorre de suposta importação fraudulenta por meio de interposta pessoa no território brasileiro, comprovandose a fraude por diversos elementos fáticos. Inicialmente, passo à análise da questão relativa às importações de hardware e software e o chamado "SPLIT". O Relatório Fiscal, a partir de sua página 115, passa a descrever o que denomina subfaturamento do valor aduaneiro das mercadorias importadas., discorrendo acerca da forma de apuração da base de cálculo nas operações examinadas. Cita o art. 81 do Regulamento Aduaneiro de 2009, aprovado pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que trata especificamente da forma de apuração do valor aduaneiro na importação de suportes físicos (hardware) que possuem programas (software) integrados: Art.81.O valor aduaneiro de suporte físico que contenha dados ou instruções para equipamento de processamento de dados será determinado considerando unicamente o custo ou valor do suporte propriamente dito (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 18, parágrafo 1, aprovado pelo Decreto Legislativo no30, de 1994, e promulgado peloDecreto nº 1.355, de 1994; e Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, aprovada em 12 de maio de 1995). §1oPara efeitos do disposto no caput, o custo ou valor do suporte físico será obrigatoriamente destacado, no documento de sua aquisição, do custo ou valor dos dados ou instruções nele contidos. §2oO suporte físico referido no caput não compreende circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou bens que contenham esses circuitos ou dispositivos. §3oOs dados ou instruções referidos no caput não compreendem as gravações de som, de cinema ou de vídeo. Em síntese, temse: Quando o hardware (suporte físico) contiver dados ou instruções para processamento de dados (software), será considerado apenas o valor do próprio suporte físico (art. 81, caput). Seria o caso dos CDs com programas de computador. Contudo, no documento de importação, deverá constar tanto o valor do suporte físico (sujeito ao II, IPI, PIS e COFINS), como, de modo separado, o valor dos dados ou instruções nele presentes (sujeitos à tributação de royalties) (art. 81, §1º). De modo diverso, quando o suporte físico dotado de dados e instruções for compreendido de "circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou bens que contenham esses circuitos ou dispositivos", não será aplicada a regra do caput, que prevê a Fl. 12030DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.031 27 tributação apenas do suporte físico (art. 81, §2º). Essa seria a situação de equipamentos complexos, no qual se enquadram os roteadores importados, e não de simples mídias. Como dito, na hipótese dos autos, afirma a fiscalização tanto que foram importados equipamentos de telecomunicações (Hardware) sem a devida declaração do (Software) instalado (ou seja, teria ocorrido a falsa declaração de que se tratavam apenas de suportes físicos Hardware), com também situações em que houve uma indevida separação de hardware e software, ainda que a importação dos softwares tenham sido tributados. De acordo com a Fiscalização essa separação entre hardware e software nada mais é do que uma simulação. Entende que se trata de uma única operação de importação de hardware + software, devendo ser tributado pelo II, IPI, PIS e COFINS o valor total e não apenas o valor do hardware. Tratase da acusação de simulação de operações (duas operaçoes ao invés de uma única). Assim, entendendo ter ocorrido a separação fraudulenta das operações de importação, a Fiscalização procedeu à valoração do bem importado. De acordo com a metodologia descrita, a Fiscalização teria identificado o software correspondente ao hardware importado (roteador) e acrescido o valor correspondente ao valor aduaneiro da mercadoria, submetendo esse valor total ao II, IPI, PIS e COFINS. Foi utilizada a seguinte sistemática: A Fiscalização examinou a DI nº 07/13031594, registrada pela BRASTEC, em 25 de setembro de 2007 e que teve como objeto a importação de 302 mídias CD's (suportes físicos), contendo softwares. Como o valor total da fatura correspondente era de US$483,20, dividiuse o valor total pela quantidade de mídias, obtendose o valor individual por CD de US$1,60, tendo os tributos corretamente incidido sobre este valor. Pela mesma fatura comercial, concluiuse que foram remetidos ao exterior à título de remuneração por software (corretamente não tributados) o montante total de US$241.904,94 por todos os 302 CDs. Esses passos de 1 a 3 destinamse a demonstrar a ocorrência de operações de importação de softwares realizadas em apartado das importações de hardware autuadas. Num segundo momento, a Fiscalização efetuou a análise de nova Declaração de Importação, DI nº 07/13039862, também da BRASTEC, registrada também em 25 de setembro de 2007, ou seja, na mesma data da DI supra mencionada (importação de CDs). Esta segunda DI abrangia exclusivamente a importação dos roteadores, declarados como hardware desacompanhados de software. Dividindo o valor da fatura pelo número de roteadores importados, concluiuse que o valor de cada um seria de US$202,35. De acordo com o entendimento fiscal, ao valor de cada Roteador (US$202,35) deveria ser incluído o valor do software correspondente. Fl. 12031DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.032 28 O valor de cada software correspondente, segundo a Fiscalização, teria sido obtido a partir dos documentos apreendidos nas empresas fiscalizadas, concluiuse que o hardware importado por meio da DI nº 07/13039862, vinculavase o software de código S184IPBEM, com valor unitário de US$472,14. Assim, ao valor do hardware (US$202,35) foi acrescido o valor do software correspondente (US$472,14), chegandose à base de cálculo apurada de US$674,19%. A Fiscalização apurou, então, a seguinte proporção na composição da base de cálculo: Considerando a proporção obtida, a Fiscalização apurou que os tributos recolhidos pela importadora sobre o valor exclusivo do hardware seria correspondente à 30% do valor total devido, calculandose, assim, este total. A sistemática descrita pela Fiscalização suscita alguns questionamentos: (i) As DIs examinadas pelo Termo de Verificação Fiscal são relativas à 25/09/2007, sendo que os fatos geradores fiscalizados ocorreram entre fevereiro e julho de 2007. Ou seja, teria ocorrido uma presunção de que as operações anteriores ocorreram do mesmo modo? (ii) Na operação fiscalizada, não existem importações realizadas por meio da BRASTEC, como a única descrita no Relatório Fiscal; (ii) Ainda que se possa ter como verdadeiro que para os hardwares importados por meio da DI nº 07/13039862 vinculavase o software de código S184IPBEM, atingindo a proporção de custos de 30% e 70%, é possível afirmar que esta mesma proporção se aplica a todos os hardwares e softwares importados no período? Ultrapassada a questão da metodologia de apuração das bases de cálculos e tributos devidos, a Fiscalização passa a discorrer que a comprovação de que a importação foi dissimulada em 2 operações distintas (hardware e software), que se daria pelo fato de que foram criadas diversas empresas nos EUA e no Brasil com vistas à intermediar o negócio efetivamente realizado entre fabricante e consumidor final. Para a Fiscalização, a Fabricante Cisco EUA produzia um só conjunto de hardware e software e à vendia à Mude EUA que, então, "segregava" documentalmente o produto efetuando o faturamento do software pela Brastec e o faturamento dos hardwares por diversas empresas, tais como 3Tech, Logcis e Latam. Essa separação é o chamado "SPLIT" (separação meramente documental entre hardware e software). A entrada desses produtos no Brasil também se dava por meio de diversas empresas, sendo que, ao final, todas as importações tinham como destinatário final a Mude Brasil, que, segundo afirma a Fiscalização, também comercializada hardware e software como um único produto. Fl. 12032DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.033 29 Apresenta o seguinte esquema: Em 2007, período autuado, as operações tiveram sua estrutura alterada do seguinte modo: Para a Fiscalização, a existência da multiplicidade em empresas envolvidas na operação e de serem elas ligadas (grupo empresarial) demonstram que a prática ultrapassa o Fl. 12033DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.034 30 mero planejamento tributário, caracterizando a simulação na separação entre hardware e software que, a seu ver, comporiam um único produto. A Fiscalização esclarece que é irrelevante discutir se o software em questão é do tipo customizado ou de prateleira, que a conclusão obtida no caso concreto é de que, em verdade, o software estaria oculto no software. Especificamente quanto ao SPLIT, aduz a Fiscalização que esta se comprovaria por meio da troca de emails dentro da empresa Mude Brasil. Para fins de comprovação técnica acerca da prática indevida do SPLIT, a Fiscalização recorre a informações extraídas de um sítio da Internet: Não obstante, defende que para ilustrar a fraude (SPLIT) não seria necessário descrever a função desempenhada pelo roteador, mas que bastaria separar os softwares em dois Grupo: Obrigatórios (IP Base) e Opcionais (avançados). Destaca, assim, que o IP Base está sempre dentro do roteador desde sua saída de fábrica, permitindo que sejam realizadas as tarefas básicas (comunicação entre diferentes redes). Sem esse IP Básico (software), o roteador (hardware) seria inócuo. A Fiscalização demonstra que, por meio de consulta ao próprio sítio da CISCO, esse IP Básico tem valor zerado, enquanto os softwares opcionais têm valores variados. E com base em demais documentos obtidos nas empresas fiscalizadas, conclui que o IP básico está incluído no valor do hardware. Transcrevo: Nesse momento, mais uma dúvida se apresenta: Inicialmente afirmou a fiscalização que a fraude ocorreu em se realizar a comercialização de modo segregado (hardware e software em CD). Já adiante, ao discorrer acerca do SPLIT, afirma que, em verdade, os hardwares possuiam um software instalado e isso não teria sido declarado. Fl. 12034DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.035 31 Ainda quanto à alegada ocultação do software, a Fiscalização indica que foi realizada perícia técnica nos equipamentos importados e concluiuse que o roteador estava realmente acompanhado do seu software associado. Contudo, não esclarece se trata do IP Básico ou de software opcionais. Além disso, pelo exame do laudo pericial e das planilhas dos hardwares importados, verificase que, de fato, existe a identidade para alguns itens. Contudo, existem itens que não equivalem àqueles examinados pela perícia policial. Para esses que não foram examinados, qual foi o critério ou a comprovação utilizada pela Fiscalização para afirmar que haviam softwares instalados (se foi esse o caso)? E mais: qual seria a fraude efetivamente ocorrida? Seria a (i) venda separada de hardwares e softwares (em CD) ou (ii) o fato de o hardware possuir um software oculto? Quanto à distinção entre softwares de IP Básico e Software opcionais, apresentados pela própria Fiscalização, qual destes softwares está sendo adicionado ao valor do hardware? Esse questionamento é de especial relevo para situações em que o Contribuinte afirma ter identificado mais de um software vinculado à um único roteador. Considerando que o IPO Básico possui valor igual à zero, como a Fiscalização apurou o valor desse software? Assim, para os esclarecimento que reputo essenciais para firmar convicção acerca da matéria em litígio, proponho a realização de diligência para que a Fiscalização esclareça: 1) Qual é exatamente a situação das importações autuadas? Hardware com software instalado de forma oculta sem a tributação do software ou hardware e software importados separadamente com a tributação do software? Caso existam as duas, que apresente a segregação 2) Na situação de hardware com software instalado, de que forma a fiscalização identificou o respectivo software instalado, considerando que não houve aferição física? 3) Na situação de hardware e software importados separadamente, de qual forma a Fiscalização efetuou a correspondência entre estes? 4) Na situação anterior, qual a natureza do software tributado, considerando a distinção que o Termo de Verificação Fiscal faz entre IP Básico e Software opcionais? 5) Quando a Fiscalização efetua a distinção entre IP Básico e Software opcionais, significa dizer que IP Básico corresponde ao software essencial, imprescindível? Apresente os esclarecimentos tidos por pertinentes. 6) Com relação aos valores dos softwares acrescidos aos valores aduaneiros, como foi apurado o respectivo valor? A resposta deverá compreender as duas situações colocadas no item 1 (Hardware com software instalado de forma oculta sem a tributação do software ou hardware e software importados separadamente com a tributação do software). Pedese que as respostas aos quesitos seja apresentadas de forma sintética e objetiva, indicando no processo administrativo de onde se extraem as conclusões apresentadas. Fl. 12035DF CARF MF Processo nº 12782.000014/201032 Resolução nº 3201001.457 S3C2T1 Fl. 12.036 32 Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias a todos aqueles contribuintes que apresentaram Recurso Voluntário contribuintes para manifestarse acerca dos esclarecimentos. Posteriormente, vista por 30 (trinta) dias para a PGFN. Concluído, retornemse os autos para julgamento. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 12036DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.725366/2014-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009
CFL.78. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS DE 15% SOBRE NOTA FISCAL OU FATURA DE COOPERATIVA DE TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP.
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho o que é extensível as penalidades decorrentes.
Numero da decisão: 2402-006.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, cancelado o crédito tributário exigido, uma vez que se trata da contribuição de 15%, que era devida na contratação de cooperativas de trabalho e que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
(assinado digitalmente)
DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
JAMED ABDUL NASSER FEITOZA - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício).
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 CFL.78. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS DE 15% SOBRE NOTA FISCAL OU FATURA DE COOPERATIVA DE TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho o que é extensível as penalidades decorrentes.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10380.725366/2014-25
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5933353
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2402-006.761
nome_arquivo_s : Decisao_10380725366201425.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
nome_arquivo_pdf_s : 10380725366201425_5933353.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, cancelado o crédito tributário exigido, uma vez que se trata da contribuição de 15%, que era devida na contratação de cooperativas de trabalho e que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA - Presidente. (assinado digitalmente) JAMED ABDUL NASSER FEITOZA - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
id : 7537972
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151201468416
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1758; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 252 1 251 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.725366/201425 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.761 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de novembro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Recorrente CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS FUNCINÁRIOS DO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 CFL.78. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS DE 15% SOBRE NOTA FISCAL OU FATURA DE COOPERATIVA DE TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho o que é extensível as penalidades decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, cancelado o crédito tributário exigido, uma vez que se trata da contribuição de 15%, que era devida na contratação de cooperativas de trabalho e que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA Presidente. (assinado digitalmente) JAMED ABDUL NASSER FEITOZA Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 53 66 /2 01 4- 25 Fl. 252DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício). Relatório Tratase Recurso voltado contra decisão que manteve o DEBCAD N°. 51.040.8478: Por elaborar Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP com incorreção no campo “Valores pagos a Cooperativas de Trabalho – sem adicional” – CFL.78. O contribuinte declarou Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP com incorreção no campo “Valores pagos a Cooperativas de Trabalho – sem adicional”, o que constitui infração ao art. 32, inciso IV, da Lei n. 8.212, de 24.07.91, acrescentado pela Lei n° 9.528, de 10.12.97 e redação da MP n. 449, de 03.12.2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27.05.2009. Em análise aos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil verificouse que o contribuinte não declarou em GFIP contribuições devidas à Seguridade Social referentes aos pagamentos efetuados a cooperativa de trabalho, conforme relatórios “Dados e Valores informados em GFIP”, extraídos do banco de dados da Receita Federal do Brasil (GFIPWEB), em anexo, nos quais podem ser verificados os valores efetivamente declarados pelo contribuinte em GFIP antes do início do procedimento fiscal. Cotejando tais valores com os valores efetivamente pagos a cooperativa de trabalho, verificouse que o contribuinte não informou todos os fatos geradores de contribuição previdenciária em GFIP, já que deixou de informar em GFIP os valores pagos a cooperativas de trabalho no período de 01/2010 a 12/2011. Assim, a empresa informou de forma incorreta o campo da GFIP “Valores pagos a Cooperativas de Trabalho – sem adicional”. O contribuinte impetrou Mandado de Segurança Preventivo, processo nº 2000.81.00.0099450 (atualmente em tramitação no Tribunal Regional Federal da 5ª Região Fiscal – TRF), com pedido de liminar em 15/5/2000, tendo sido concedida a segurança liminarmente, em 2/6/2000. Contudo, no julgamento do mérito em 30/7/2001, foi negada a segurança, cassandose a liminar inicialmente deferida. O autuado apresentou, ainda, Embargos de Declaração, em relação ao qual foi negado o provimento no dia 17/10/2003 e interpôs apelação, em 9/2/2006, que também não teve decisão em seu favor. O sujeito passivo ingressou então, com Recurso Especial – REsp no STJ e Recurso Extraordinário – RE no STF, tendo sido, ambos, inaadmitidos em 24/8/2006. Contudo, em 2/6/2009 foi reconhecido, pelo STF, a repercussão geral da controvérsia objeto da lide, motivo pelo qual o processo restou sobrestado, estando pendente de decisão definitiva. Assim, o crédito não estaria com exigibilidade suspensa, pois a sentença foi favorável à Fazenda Nacional e o recurso em Mandado de Segurança não possui efeito suspensivo. O contribuinte realizou depósitos judiciais da contribuição discutida em Juízo em relação a algumas competências. Contudo, em relação às competências consideradas na autuação não foram realizados os depósitos em montante integral conforme consta do REFISC, e diante dessas circunstâncias a fiscalização entendeu que não houve suspensão da exigibilidade do crédito, conforme o que dispõe o CTN, artigo 151, inciso II. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 10380.725366/201425 Acórdão n.º 2402006.761 S2C4T2 Fl. 253 3 A penalidade aplicada considerou as modificações levadas e efeito pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, para as GFIP referentes às competências até 11/2008 tendo efetuado o comparativo das multas aplicáveis antes e após as modificações introduzidas com referida MP, com vistas a aplicar a multa mais favorável ao contribuinte, em atenção ao que dispõe o CTN, artigo 106, inciso II (conforme quadro à fl. 9). Concluiuse, conforme demonstrativo incluído no relatório fiscal, que a multa menos severa ao contribuinte, nas competências 08/2008, 09/2008 e 11/2008, é a apurada de acordo com a legislação antes das modificações MP nº 449/2008. Assim, de acordo com as informações do relatório fiscal, em decorrência da infração cometida, foi aplicada multa de R$ 169.797,60, calculada de acordo com a Lei nº 8.212/1991, artigo 32, § 5º, combinado com Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, artigo 284, inciso II. Relatório com o detalhamento dos depósitos judiciais/extrajudiciais realizados, que contém dentre outras informações a data de realização do depósito, a competência a que se refere e o valor depositado (fl. 12). Cópia das Guias de Depósitos Judiciais e Extrajudiciais relativos à competência 09/2008 e 11/2008 (fls. 13/14). O sujeito passivo foi cientificado da autuação em 21/3/2012, conforme assinatura à fl. 3 e apresentou impugnação (fls. 129/144) no dia 20/4/2012, conforme carimbo de protocolo à fl. 129. Alegou que os depósitos impediriam o lançamento, que o tributo cobrado é ilegal, apresentando questões relacionadas as discussões judiciais relatadas. Acórdão recorrido, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação e o recurso voluntário interposto articulando essencialmente os mesmos argumentos já registrados por ordem da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. ADMISSIBILIDADE Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual votamos por seu conhecimento. 2. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA INCIDENTE SOBRE A NOTA FISCAL OU FATURA DAS COOPERATIVAS DE TRABALHO Fl. 254DF CARF MF 4 Tratase de lançamento por descumprimento de obrigações acessórias CFL68, eis que a Recorrente deixou de declarar em GFIP nas competências 08/2008, 09/2008 e 11/2008. Ocorre que a obrigação previdenciária principal estava lastreada no inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212/91, dispositivo que previa a obrigação de recolhimento de 15% devidos a titulo de contribuição previdenciária devida sobre em razão da contratação de sociedades cooperativas de trabalho e calculados sobre o total da nota fiscal ou fatura. A rubrica foi mantida tendo em conta a vigência do dispositivo à época dos fatos e por ausência de comprovação de realização, nos autos da ação judicial, de deposito do montante integral do devido relativo as competências em foco. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade _ e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão _ do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99 ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis Fl. 255DF CARF MF Processo nº 10380.725366/201425 Acórdão n.º 2402006.761 S2C4T2 Fl. 254 5 in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. A inconstitucionalidade foi declarada sem modulação dos efeitos, com tal premissa seus efeitos retroagem a origem, não subsistindo obrigação alguma tendo por base norma retirada do ordenamento jurídico, o que, neste caso abrange as obrigações principais e seus reflexos punitivos, razão pela qual votamos por dar provimento ao Recurso Voluntário. CONCLUSÃO. Por todo exposto votamos por conhecer do Recurso Voluntário, para no mérito darlhe provimento. (Assinado Digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 256DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.011972/2006-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.691
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11610.011972/2006-61
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5924803
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1302-000.691
nome_arquivo_s : Decisao_11610011972200661.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
nome_arquivo_pdf_s : 11610011972200661_5924803.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
id : 7506333
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:30:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151219294208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1607; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 432 1 431 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.011972/200661 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.691 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 18 de outubro de 2018 Assunto PROPOSTA DE DILIGÊNCIA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA Recorrente ALCATELLUCENT BRASIL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca – Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório Trata o feito de pedido de restituição (em formulário efls 1), seguido de pedidos de compensação (via PERDCOMPs efls. 292/314) propostos pelo recorrente, objetivando a restituição (e compensação) de valores depositados em juízo a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, apurado no anocalendário de 1999, decorrente de receitas auferidas em operações de swap. Neste pedido, digase, o contribuinte já faz uma explicação completa para justificar a pretensão creditória, esclarecendo que: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 10 .0 11 97 2/ 20 06 -6 1 Fl. 432DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 433 2 a) o valor cuja restituição se postula decorre de IRRF objeto de depósito judicial; b) foi proferida ordem judicial para que a fonte pagadora deixasse de providenciar a retenção do tributo devido por antecipação; c) com o fim da demanda, os referidos depósitos foram convertidos em renda em favor da União, d) o valor integral das receitas concernentes às operações de swap (objetos da antecipação acima tratada), teriam sido integralmente ofertadas à tributação. Juntou, ao seu pedido, documentos diversos, dentre eles, a inicial do mandado de segurança em que teria se proposto a discutir a incidência do IRRF sobre as operações de swap, a cópia das suas DIPJs, a cópia dos livros contábeis em que descreve as receitas em questão (diário geral e plano de contas), a cópia do comprovante do depósito e do respectivo ofício para conversão do depósito em renda em favor da União e as DIRFs emitidas pela instituição financeira. Através do despacho de efls. 315/319, a Diort/São Paulo propôs o indeferimento do pedido de restituição e, ato contínuo, a não homologação das compensações pretendidas, justificandoo tal posição com base nos seguintes argumentos: a) inexiste previsão legal para se autorizar a restituição do IRRF; caberia, neste passo, ao contribuinte, retificar a sua DIPJ a fim de incluir as parcelas do IRFonte no cômputo do imposto a fim de conformar o saldo negativo do imposto; b) especificamente quanto ao PER/DCOMP de nº 22491.70852.120204.1.3.02 3829 (não localizei este pedido no feito, digase, mas apenas o respectivo despacho decisório), o contribuinte não teria, pretensamente, incluído as receitas de swap na composição do crédito (saldo negativo) ali descrito, complementando que o pedido, ora analisado (e que já compreenderia tais receitas) teria sido protocolado apenas em 2006 "quando o presente processo foi protocolado, o pleito já estava intempestivo". As conclusões acima foram encampadas pela DERAT que, por meio da decisão de efls. 319/320, decidiu, definitivamente, por indeferir os pleitos deduzidos pelo contribuinte. Cientificado do conteúdo do despacho retro e da decisão proferida pela DERAT, o contribuinte manejou a sua manifestação de inconformidade que foi, ao fim e ao cabo, julgada improcedente pela DRJ de Florianópolis que, num primeiro momento afastou um possível ocorrência de "decadência" (em verdade, estaríamos tratando de prescrição) do direito creditório postulado. Num segundo momento, adotou as mesmas considerações da DIORT caberia ao contribuinte retificar a sua DIPJ para incluir, ali, os valores do IRRF objeto de depósito e posterior conversão em renda para, aí sim, postular o crédito afeito ao saldo negativo porventura apurado. Sustenta, contudo, que como os pedidos de restituição e de compensação não declinavam o crédito como sendo originário de saldo negativo, seria impossível, agora, analisar a demanda sobre tal enfoque. Consoante se extrai do documento de efls. 394, a empresa teve ciência da decisão supra em 28/10/2016, tendo interposto o seu competente recurso voluntário em Fl. 433DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 434 3 25/11/2009 (tal qual se dessume do Termo de Solicitação de Juntada de efls. 395), por meio de qual, em apertadíssima síntese, sustentou: a) o crédito postulado teria natureza de indébito de IRPJ e não de IRRF, já que não teria suportado a retenção destes valores (comprovando tal alegação por meio das DIRFs juntadas ao feito) e, nesta esteira, não encontraria vedações legais à sua restituição e, passo seguinte, a respectiva compensação; b) e mesmo que a empresa tivesse promovido a inclusão deste valor na apuração do imposto, seja no anocalendário 1999, seja no anocalendário de 2003 (ano em que ocorrera a conversão do depósito em renda a favor da União), a consequência prática seria, tão só, o aumento dos saldos negativos (cuja existência não teria sido questionada nem pela DERAT, nem pela própria DRJ) verificados nos preditos períodos; c) com base no princípio da verdade material, refuta o argumento constante da parte final do voto condutor do acórdão recorrido (que, em tese, afastaria a possibilidade de convolação do pedido em testilha em pedido de restituição/compensação de saldo negativo), sustentando que, ainda que reconhecido erro material no preenchimento dos pedidos, a existência do crédito seria inquestionável; d) finalmente, quanto a liquidez do crédito, mormente ao considerálo como oriundo de saldo negativo, acaso se entenda ser impossível verificála, seria imperioso o retorno dos autos à Unidade de Origem para efetiva, e concretamente, apurar os fatos necessários à sua comprovação (oferecimento dos valores das receitas de swap à tributação). Este é o relatório. Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator O recurso é tempestivo e preenche todos os requisitos de admissibilidade, pelo que, dele, conheço. I Chamamento do feito à ordem. Discussão estranha à lide. De antemão, impende destacar que o despacho decisório se manifesta sobre um pedido de Compensação que não tem relação de pertinência com o objeto desta demanda. De fato, ao sustentar que o PER/DCOMP 22491.70852.120204.1.3.023829, cujo crédito teria origem no saldo negativo apurado em 1999, não teria declinado, na composição do respectivo crédito, as receitas oriundas das operações de hedge/swap, e que a retificação deste "erro" seria impossível, agora, por força de uma "preclusão temporal", a DERAT aborda questão absolutamente estranha aos autos; como dito no relatório, a citada DCOMP, além de não decorrer do pedido de restituição aqui tratado, sequer foi juntada ao feito. Quisesse, outrossim, a D. Autoridade Administrativa apenas fazer complemento de argumentação, para sustentar que mesmo o saldo negativo de 1999 não seria líquido, deveria, desta feita, assim se pronunciar de forma explicita... e, nada obstante, o fato é que aquele pedido teria sido indeferido por falta de descrição completa da composição do crédito e não, propriamente, por falta de demonstração do oferecimento das receitas de swap à tributação Fl. 434DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 435 4 (para o fim específico de se pleitear a recomposição do predito saldo por valores concernentes ao IRFonte). Por isso, também, as considerações da DRJ sobre "decadência" (termo, repitase, empregado de forma tecnicamente equivocada), não teria, igualmente, qualquer relevância para discussão, não obstante, efetiva e concretamente, não se observar no caso a ocorrência de prescrição quanto ao direito de se postular o crédito objeto desta demanda. II Das premissas do caso. II.1 Da natureza do crédito pretendido. A teor do art. 756, § 5º, do RIR, o imposto incidente sobre rendimentos oriundos de operações de swap será retido e recolhido pela respectiva fonte... sobre isso, não há maiores controvérsias. O problema posto, todavia, centrase, aqui, em um, e apenas um, questionamento: se instituição pagadora dos rendimentos deixa de reter o imposto, fazendoo, contudo, o contribuinte (ainda que por meio de depósito judicial), haveria, nesta hipótese uma transformação da receita arrecada de IRFonte para IR Antecipação? O Código da Receita indicado no DARF por meio do qual o contribuinte promoveu o depósito judicial, vejam bem, é o 7431 (IRRF Depósito Judicial)... ainda assim, haveria a possibilidade de se considerálo como sendo de outra natureza? Neste ponto, chamo a atenção deste colegiado para as conclusões contidas no Parecer Normativo Cosit de nº 1, de 24 de setembro de 2002, em especial aquelas exaradas em seu item 19, abaixo reproduzido: 19. Caso a decisão final confirme como devido o imposto em litígio, este deverá ser recolhido, retroagindo os efeitos da última decisão, como se não tivesse ocorrido a concessão da medida liminar. Nesse caso, não há como retornar a responsabilidade de retenção à fonte pagadora. O pagamento do imposto, com os acréscimos legais cabíveis, deve ser efetuado pelo próprio contribuinte, da seguinte forma: a)tratandose de rendimento sujeito à antecipação, considerase vencido o imposto na data prevista para a entrega da declaração, no caso de pessoa física, ou na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica; b)tratandose de rendimento sujeito à tributação exclusiva, considera se vencido o imposto no prazo originário previsto para o recolhimento do imposto que deveria ter sido retido. O que se pode concluir a partir das ponderações contidas no aludido Parecer Normativo é que se imposto cuja retenção ocorrido, seja por força de decisão judicial, seja por outro motivo qualquer (vide item 14 do predito parecer1), a responsabilidade da fonte 1 16. Após o prazo final fixado para a entrega da declaração, no caso de pessoa física, ou, após a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou Fl. 435DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 436 5 pagadora, quanto ao imposto, tão só, se exaure com o fim do período de apuração; mais importante, todavia, é que o contribuinte será cobrado pelo imposto devido, se e somente se, não tiver ofertado os rendimentos sujeitos à retenção, à tributação, considerandose devida a obrigação apenas com o advento do decurso do aludido período de apuração. Objetivamente, não efetuada a retenção do imposto, a obrigação supletiva (art. 128 do CTN), imposta ao contribuinte não se refere, mais, ao IRFonte, mas ao IR propriamente dito (ou, de outra sorte, não faria sentido exigirse o oferecimento das receitas à tributação e, ainda, se lhe impor o recolhimento do IR devido por antecipação). Assim, respondendose ao questionamento lançado no início deste tópico, de fato, não ocorrida a retenção, a obrigação suplementar imposta ao contribuinte assume natureza de imposto efetivamente devido, e não de obrigação concernente ao IR devido por retenção... o crédito, cuja restituição postulase neste feito, potencialmente, referese, de fato, à indébito de IRPJ e não ao IRFonte, como sustentado pela DERAT/SP e pelo acórdão recorrido. O que nos leva a um segundo problema, qual seja, este indébito, efetiva e concretamente, existiu? II.2 Da liquidez do direito creditório II.2.1 O ônus probatório nos processos/procedimentos2 de compensação. A priori, os pedidos de compensação encerram a inversão do onus probandi, até porque, aqui, não estamos tratando, objetivamente, do lançamento tributário e, portanto, a regra aplicável à espécie não é aquela preconizada pelo art. 142 do CTN. O mister, pois, de comprovar a existência, a liquidez e a certeza do crédito cuja repetição se postula é do contribuinte, até mesmo por força dos preceitos do art. 373, I, do CPC, aplicável, de forma suplementar, ao processo tributário administrativo. Esta, outrossim, é, digase, é a mens legis do art. 170, caput, do CTN, quando franqueia aos entes federados a realização compensação, senão vejamos: A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Os pressupostos, pois, do direito creditório a ser utilizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária é a sua liquidez e certeza, pressupostos estes que antecedem o próprio anual, no caso de pessoa jurídica, a responsabilidade pelo pagamento do imposto passa a ser do contribuinte. Assim, conforme previsto no art. 957 do RIR/1999 e no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, constatandose que o contribuinte: a)não submeteu o rendimento à tributação, serlheão exigidos o imposto suplementar, os juros de mora e a multa de ofício, e, da fonte pagadora, a multa de ofício e os juros de mora; b)submeteu o rendimento à tributação, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora. 2 Haverá procedimento apenas enquanto não instaurado o contencioso; isto é, transmitida a DCOMP, estarseá, até aí, apenas diante de um procedimento, dada a inexistência de uma relação jurídoco processual, caracterizada, a luz da teoria geral do processo, por uma pretensão resistida. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 437 6 pedido de compensação. Por isso, e não por outra razão, compete ao contribuinte demonstrar tais liquidez e certeza; é ônus do sujeito passivo e não da Administração Tributária. Isto, todavia, não afasta por completo a aplicação, ao processo/procedimento de compensação, do princípio da verdade material A instrução do processo/procedimento deverá se nortear pela verdade material, mesmo que, neste caso, semelhante princípio se aplique tão só para garantir ao contribuinte a oportunidade para corretamente demonstrar o seu direito. II.2.2 Princípio da verdade material Como dito anteriormente, ainda que o ônus probatório quanto a existência, liquidez e certeza do crédito seja deu quem o postula, a Administração Pública está, ainda, obrigada a embasar o seu ato quando menos num lastro fático inerente à justificação dos mesmos motivos porventura declinados para a sua prática. A verdade material é um princípio, dado que, ainda que implícito, porquanto não positivado textualmente na CF/88 ou, mesmo, na legislação ordinária ou infralegal (salvo algumas exceções), contêm em seu núcleo semânticonormativo premissas que revelam a sua decorrência lógica do próprio sistema jurídico, calcado num Estado Republicano, Democrático e de Direito. Vale, aqui, trazer o escólio de Márcio Luiz de Oliveira que, ao discorrer sobre a natureza dos princípios jurídicos, assim pontua: Como normas jurídicas nocionais em sua composição e expressão normativas, os princípios podem ser constituídos pro premissas e/ou diretrizes de lógica jurídica mais precisa ou de lógica jurídica mais genérica. Por essa razão, princípios jurídicos mais específicos (ex.: princípio da presunção de inocência) são constituído de menos premissas e diretrizes, se comparados a princípios mais genéricos (ex.: princípio do devido processo legal). Mas, independentemente da generalidade generalidade ou da especialidade de um princípio jurídico, o seu núcleo semânticonormativo será sempre dedutível da lógica fenomênicosistêmica do Direito3. Vale destacar que a Administração Pública está compelida aos primados da publicidade, eficiência e legalidade (art. 37 da CF/88) e, nesta esteira, está jungida ao dever de motivar os seus atos. Consentaneamente, os motivos declinados devem, obrigatoriamente, ter lastro fático apreensível (até para se demonstrar a efetiva existência destes motivos) e, ainda, descrito na lei como suficiente à justificação de sua prática. Num Estado Republicano, pois, todos os atos da administração devem ser publicizados, corretamente justificados e calcados nas autorizações legais, pena de nulidade, justamente por lhes retirar a necessária eficiência (pois, a míngua destes requisitos, não operarão seus efeitos). E, a eficiência, a publicidade e a legalidade são, em essência, decorrências lógicas de uma superpremissa do sistema jurídico a segurança jurídica: Paralelamente, percebemos, ainda, que, ao longo de todo o processo civilizatório, o Direito sempre se construiu, desconstruiuse e se reconstruiu sob três importantes paradigmas: a segurança das relações humanas, o ideal de justiça e o senso de alteridade. 3 OLIVEIRA, Marcio Luiz. Constituição Juridicamente Adequada. Ed. Belo Horizonte: Editora D´Plácido, 2016, p. 331. Fl. 437DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 438 7 Esses três paradigmas, aliados ao objetivo de minimização dos conflitos humanos e ao da viabilização do bem comum, constituem a essência do fenômeno e do sistema jurídicos. Consequentemente, a premissa ou conjunto de premissas lógicas que, fundamentalmente, decorrem dessa essência do Direito poderão vir a ser classificados como princípio jurídico (princípio como indício/elemento primordial de manifestação ou de pressuposição do fenômeno, ainda que em algumas especificidades) 4 Considerandose, outrossim, que a correta motivação dos atos encontra na garantia da ampla defesa a sua própria razão de ser, também esta última conforma uma premissa da verdade material, já que motivar, sem lastrear a motivação em fatos concretos a demonstrar a sua própria existência, significa não motivar. O princípio da verdade material, portanto, não encerra a sua significância semânticonormativa no dever de perscrutar os fatos inerentes aos motivos determinantes do ato, mas, considerandose as suas premissas (publicidade, eficiência, legalidade e garantia da ampla defesa como decorrências da segurança jurídica), na necessidade de se garantir o efetivo lastro fático justificante da prática do ato de sorte a garantir a inteligência de seus motivos, a sua adequação à lei e a possibilidade de, a eles, se contrapor o administrado por meio de provas e argumentos suficientes à defesa de seus interesses, afetados pelo próprio ato administrativo. Por esta razão, insistase, ainda que em procedimentos/processos tributários administrativos em que, inicialmente, o ônus probandi seja da parte querelante (contribuinte), um início de prova a ser produzida pela fiscalização é, verdadeiramente, premente até para que se possa identificar a situação normativojurídica que imponha a predita inversão do ônus da prova. V.g., cabe à administração tributária demonstrar e provar as situações de fato que permitam assumir a ocorrência de omissão de receitas; igualmente, impõese à autoridade fiscal demonstrar, provar, que o crédito pleiteado não encontra, de início, lastro documental suficiente a lhe emprestar liquidez e certeza e, apenas então, invertendo o ônus probandi, instar o contribuinte a provar o contrário. II.2.3 O caso concreto. Como já destacado alhures, os motivos para o indeferimento dos pedidos de restituição e os subsequentes pedidos de compensação, centraramse, tão só, na impossibilidade de se autorizar a repetição de valores concernentes ao IRFonte (questão superada a partir das colocações constantes do tópico anterior). Em momento algum a DERAT, ou a própria DRJ, questionam a formação do saldo negativo ou, outrossim, o oferecimento pelo contribuinte dos valores concernentes às operações de swap à tributação. Aliás, o próprio acórdão recorrida assim afirma, textualmente, quando justifica a impossibilidade de convolação dos pedidos do recorrente em pedidos de restituição de saldo negativo: Ao desistir da ação judicial em 2003, a Interessada deveria recompor a apuração do IRPJ referente ao anocalendário 1999, aceitando a existência legal da retenção, como antecipação do imposto devido ao final do período de apuração. Se deste procedimento resultasse a apuração de saldo negativo de IRPJ, ai sim haveria crédito passível de restituição/compensação. Todavia, quanto ao valor desse novo saldo 4 Op. cit. p. 282. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 439 8 negativo, tratase de matéria que não foi objeto do pedido original, nem do Despacho Decisório. Vale destacar que a empresa, como já descrito no relatório que antecede este voto, trouxe provas de que, a seu ver, as receitas de swap teriam sido integralmente tributadas; tais provas, contudo, não foram objeto de análise nem pela DERAT, nem tampouco pela DRJ... Tais documentos, é verdade, não permitem, com a certeza que o art. 170 demanda, afirmar que as receitas ora tratadas foram real e efetivamente oferecidas à tributação o que, todavia, por tudo o que foi exposto anteriormente (o contribuinte, insistase, nunca teve questionada a predita insuficiência), não impede que se tomem medidas adicionais de instrução ao feito (afastandose, pois, aqui, a limitações constantes do art. 16). No caso, vejam bem, as proposições normativas concernentes à tributação de operações de hedge na modalidade swap encontramse descritas no Capítulo IV do Subtítulo II, do RIR, que tratam dos rendimentos produzidos no mercado de renda variável. O lançamento, portanto, destes rendimentos, na DIPJ, para verificarse a sua efetiva tributação devem ser realizados na Linha 21 da Ficha 7A da predita declaração. De acordo com o documento juntado à efls. 122, a empresa ofereceu à tributação a importância total de R$ 104.814.700,51. Como se dessume tanto do pedido de restituição, como da DIRF juntada à efls. 201, o valor do IRFonte depositado em juízo decorreria do resgate antecipado de um contrato de swap no importe de R$ 32.490.089,77 que, para demonstrar o indébito ora pretendido, devem estar compreendidos dentro do valor descrito na DIPJ, já citado anteriormente. Do livro diário apresentado, especialmente dos lançamentos descritos à efls. 61 (R$ 27.619.329,19 e 64 (R$ 4.870.760,59), ambos registrados na contacontábil de nº 1180991A0, os quais perfazem o exato montante de R$ 32.490.089,77 ao que, aplicandose a alíquota de 20% preconizada pelo art. 756, caput, do RIR, chegarseia ao valor de R$ 6.498.017,95 (coincidente, nos centavos, com o valor descrito no DARF de efls. 46). O problema é que, ainda que todos números batam e, por outro lado, ainda que o contribuinte tenha, realmente, registrado no diário o valor concernente às receitas provenientes do predito contrato de swap e, por fim, mesmo que este valor possa estar compreendido dentro montante total lançado pela empresa na DIPJ, a título de ganhos no mercado de renda variável, a empresa trouxe apenas partes do Livro Dário, e não a sua totalidade... Nesta senda, não é possível, aqui, inferir a composição do valor descrito na Linha 21 da Ficha 7A da DIPJ e, por isso mesmo, não permite afirmar que o valor de R$ 32.000.000,00 (aproximadamente) está, realmente, compreendido naquele registro. Por esta razão, entendo pertinente o pedido deduzido pelo contribuinte em seu recurso voluntário a fim de que a Unidade de Origem fosse instada a se pronunciar sobre tal fato, ainda que, neste caso, por meio de diligência a ser proposta por este Colegiado, valendo lembrar que a verificação da efetiva tributação da receita de swap se prestará não só para demonstrar o crédito a luz da premissa adotada neste voto (tratase de pedido de restituição de indébito de IRPJ e não de IRRF), como, também, à luz da tese sustentada sucessivamente pelo contribuinte, no sentido de se convolar os pedidos de restituição e compensação, em pedido de restituição de saldo negativo. Fl. 439DF CARF MF Processo nº 11610.011972/200661 Resolução nº 1302000.691 S1C3T2 Fl. 440 9 III Conclusão. A luz de todo o exposto, voto por converter este julgamento em diligência a fim de solicitar a Unidade de Origem que: a) intime o contribuinte para, em prazo razoável, trazer o razão das contas de receitas de swap e a DRE; b) intime, igualmente, o contribuinte a decompor os valores registrados na Linha 21 da Ficha 7A da DIPJ/00, juntada à efls. 122, descrevendo, minudentemente, cada uma das receitas que compuseram os citados montantes, apontandose, no Diário, o seu respectivo lançamento; c) que certifique se o crédito objeto deste processo não tenha sido pleiteado em qualquer outro pedido compensação que não os tratados neste feito, atestando, conseguinte, a efetiva disponibilidade de saldo a ser, aqui, reconhecido. Atendidas as intimações acima, pedimos, ainda, à Unidade de Origem, que, lançando mão de quaisquer meios de auditagem julgados satisfatórios, ateste a acuidade das informações eventualmente prestadas, inclusive para concluir, ou não, pelo oferecimento das receitas de swap ora tratadas à tributação, tecendo as considerações que julgar pertinentes, lavrandose, em seguida, o competente relatório de diligência. Após, dêse ciência ao contribuinte, para, no prazo de 30 dias, assim o querendo, se manifestar. Havendo ou não manifestação do contribuinte, devolvamse os autos à este Colegiado para apreciação e julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 440DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.913629/2009-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a apresentar a documentação relativa às operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, nos termos do voto do relator, vencidos o Conselheiro José Renato Pereira de Deus que dava provimento ao recurso voluntário e os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr que negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201809
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10830.913629/2009-49
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5930240
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-000.845
nome_arquivo_s : Decisao_10830913629200949.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10830913629200949_5930240.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a apresentar a documentação relativa às operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, nos termos do voto do relator, vencidos o Conselheiro José Renato Pereira de Deus que dava provimento ao recurso voluntário e os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7529639
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151231877120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1395; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.913629/200949 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302000.845 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 25 de setembro de 2018 Assunto PEDIDO DE DILIGÊNCIA Recorrente COMPANHIA PIRATININGA DE FORÇA E LUZ Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a apresentar a documentação relativa às operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, nos termos do voto do relator, vencidos o Conselheiro José Renato Pereira de Deus que dava provimento ao recurso voluntário e os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr que negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 13 62 9/ 20 09 -4 9 Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10830.913629/200949 Resolução nº 3302000.845 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologar a compensação declarada, relativa a suposto crédito da Contribuição (PIS/Cofins), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já se encontrava utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte trouxe aos autos cópias de documentos comprobatórios (peças judiciais de mandado de segurança por ele impetrado, partes da DIPJ, DCTF e da Demonstração do Resultado do Exercício) e requereu a reforma da decisão de origem, alegando que o crédito pleiteado era decorrente de receitas financeiras auferidas por empresa sucedida, tendo a incidência da contribuição (PIS/Cofins) se dado sob amparo do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, que promoveu o alargamento de sua base de cálculo, para além das receitas decorrentes das vendas de mercadorias e serviços, alargamento esse declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Delegacia de Julgamento (DRJ) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por falta de demonstração da composição e da existência do crédito e de provas hábeis a comprovar sua liquidez e certeza. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, trouxe aos autos cópias de planilhas identificadas como Balancete, Balanço, Lalur e Razão e requereu o reconhecimento do seu direito, repisando os mesmos argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10830.913629/200949 Resolução nº 3302000.845 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Paulo Guilherme Deroulede, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3302000.833, de 25/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 10830.913618/200969, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3302000.833 Voto vencedor): Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto ao fato de estar comprovada a certeza e liquidez do direito creditório alegado pela recorrente. Em seu voto, o i. relator entendeu que os documentos acostados aos autos demonstram a existência do crédito pleiteado pela recorrente, possibilitando a compensação requerida. Todavia, não constam, no processo, documentos necessários à demonstração da natureza de algumas receitas no caso, atinentes à participação em outras sociedades , as quais poderiam servir de base de incidência de PIS/COFINS e, assim, influenciar na apuração do crédito alegado pela recorrente. Nesse sentido, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da RFB tome as seguintes providências: 1. Intimar a recorrente para apresentar documentação suficiente e necessária das operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, devendo ser demonstrado, de forma clara e objetiva, o enquadramento ou não de eventuais receitas ligadas àquelas operações ao provimento jurisdicional concedido à recorrente; 2. Analisar os documentos e a resposta apresentada pela recorrente, analisando sua consistência e procedência, elaborando, ao final, relatório com parecer conclusivo, manifestandose, em especial, sobre o enquadramento ou não das receitas ligadas às operações de participação societária acima aludidas ao escopo da decisão judicial em favor da recorrente; 3. Dar ciência à recorrente desta Resolução e, ao final, do resultado desta diligência (item 2), abrindolhe o prazo previsto no Parágrafo Único do art. 35 do Decreto nº. 7.574/11. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10830.913629/200949 Resolução nº 3302000.845 S3C3T2 Fl. 5 4 Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da RFB tome as seguintes providências: 1. Intimar a recorrente para apresentar documentação suficiente e necessária das operações com aquisição de debêntures de Serra da Mesa e operações da Conta de Resultados a Compensar CESP, devendo ser demonstrado, de forma clara e objetiva, o enquadramento ou não de eventuais receitas ligadas àquelas operações ao provimento jurisdicional concedido à recorrente; 2. Analisar os documentos e a resposta apresentada pela recorrente, analisando sua consistência e procedência, elaborando, ao final, relatório com parecer conclusivo, manifestandose, em especial, sobre o enquadramento ou não das receitas ligadas às operações de participação societária acima aludidas ao escopo da decisão judicial em favor da recorrente; 3. Dar ciência à recorrente desta Resolução e, ao final, do resultado desta diligência (item 2), abrindolhe o prazo previsto no Parágrafo Único do art. 35 do Decreto nº. 7.574/11. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 312DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.008780/2006-78
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO. TROCA DE FORMULÁRIO.
Em se tratando da declaração de rendimentos da pessoa física, após o prazo previsto para sua entrega, incabível a retificação que tenha por objetivo a troca de modelo.
Numero da decisão: 2001-000.797
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator designado
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira e Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003 RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO. TROCA DE FORMULÁRIO. Em se tratando da declaração de rendimentos da pessoa física, após o prazo previsto para sua entrega, incabível a retificação que tenha por objetivo a troca de modelo.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11610.008780/2006-78
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5945958
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2001-000.797
nome_arquivo_s : Decisao_11610008780200678.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : FERNANDA MELO LEAL
nome_arquivo_pdf_s : 11610008780200678_5945958.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator designado (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira e Jorge Henrique Backes.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7561874
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151235022848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1365; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.008780/200678 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.797 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria IRPF: TROCA DE FORMULÁRIO DE IRRF Recorrente MARCO AURELIO DE CARVALHO TEIXEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO. TROCA DE FORMULÁRIO. Em se tratando da declaração de rendimentos da pessoa física, após o prazo previsto para sua entrega, incabível a retificação que tenha por objetivo a troca de modelo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Redator designado (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira e Jorge Henrique Backes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 87 80 /2 00 6- 78 Fl. 215DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento do Imposto sobre a Renda Pessoa Física, de fls 13/16, em face do sujeito passivo acima identificado, referente ao exercício 2003, anocalendário 2002, sendo constituído crédito tributário no valor de R$ 17.855,68, em decorrência das seguintes constatações durante a ação fiscal: foram alterados os valores das seguintes linhas de sua declaração (total dos rendimentos tributáveis de R$ 101.946,00 para R$ 166.874,75). Em razão da não admissibilidade da troca de modelo, o valor informado na linha 04 (rendimentos tributáveis recebidos no exterior) da declaração retificadora apresentada em modelo completo foi incluído na linha de rendimentos tributáveis do modelo simplificado (linha 01). 0 imposto pago no exterior não pode ser compensado na opção pelo modelo simplificado. Na impugnação de fls.01/09, apresentada em 20/09/2006 o interessado sustenta que entregou a sua declaração retificadora espontaneamente no modelo completo, mas este modelo foi rejeitado pois o a sua declaração original é simplificada, porém a fiscalização aceitou e aproveitou integralmente os registros contidos em sua retificadora, o que impossibilitoulhe compensar o imposto pago no exterior. Que a sua retificação não teve como objetivo a troca de modelo, mas a inclusão de patrimônio no exterior, rendimentos no exterior e imposto pago no exterior, que o obrigam a apresentar declaração de rendimentos no modelo completo, e que a norma infralegal veta a troca de modelo apenas quando esta é a única finalidade do contribuinte. Que caso fosse devido o imposto complementar, deveria ser compensado o montante do imposto recolhido no Brasil a titulo de carne leão no valor de R$ 2.155,16 pelos rendimento recebidos no exterior, bem como o valor de R$ 326,98 originados da alteração do modelo de declaração. Por fim requer seja declarado nulo o lançamento fiscal objeto da Notificação, respeitada a declaração retificadora apresentada, afastando qualquer ato de constrição legal que o fisco possa promover e que a retificação das declarações de rendimentos relativas aos anosbase de 2001 a 2004, juntadas em anexo (doc. 2). A DRJ Campo Grande manifestou seu entendimento no sentido de que não cabe razão ao sujeito passivo eis que a norma reguladora para opção do modelo da DIRPF não obriga o contribuinte a enviar sua declaração no modelo completo nos casos de pagamento de impostos no exterior, mas apenas que ele ficaria obrigado a assim proceder caso deseje compensar este imposto pago em outro pais. Ao entregar originalmente sua declaração no modelo simplificado, ficou plenamente caracterizado que o interessado não desejou, pelo menos naquele momento, compensar os impostos supostamente recolhidos no exterior. Além disso, salienta a DRJ que não houve perda de espontaneidade pelo interessado, já que ele enviou a sua Declamação Retificadora em 26/04/2006, e o auto de infração somente foi lavrado em 21/08/2006. E quantos aos demais pedidos, que se referem a exercícios fiscais não pertencentes ao presente processo, por se tratarem de matérias alheias, deixarão de ser analisados. Inconformado com a decisão, maneja Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos ventilados anteriormente, no sentido de que a vedação de troca de formulário não pode prosperar diante do evidente erro cometido pelo Recorrente ao não incluir em sua declaração de ajuste originária parte dos rendimentos tributáveis. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 11610.008780/200678 Acórdão n.º 2001000.797 S2C0T1 Fl. 3 3 É o relatório. Voto Vencido Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Conforme mencionado no relatório acima, a discussão administrativa decorreu da vedação de troca de formulário diante de erro cometido pelo Recorrente ao não incluir em sua declaração de ajuste originária parte dos rendimentos tributáveis. Como foi amplamente esclarecido , é permitida a retificação da declaração de rendimentos visando à troca de opção por outra forma de tributação. Entretanto, devese observar que esta troca somente pode ser efetuada até 30 de abril de cada ano. Após esta data, a opção pelo regime tornase definitivo. Vale ratificar novamente que existem 2 opções para o contribuinte tributar seus rendimentos na declaração: – Formulário Simplificado: substitui todas as deduções legais da declaração no modelo completo pelo desconto simplificado de 20% dos rendimentos tributáveis na declaração, com um limite que é variável anualmente, sem a necessidade de comprovação dos desembolsos deduzidos. – Formulário Completo: podese utilizar todas as deduções legais (como despesas médicas e de educação), desde que comprovadas. Isto é vantajoso para quem tem despesas dedutíveis na declaração superior a 20% da renda, pois permitirá uma menor tributação pelo imposto de renda. Ou, caso tenha imposto a restituir, obterá uma restituição maior. Portanto, resta claro para quem decidir enviar a declaração incompleta que, após o fim do prazo de entrega, não será mais possível trocar o modelo da declaração, do simplificado para o completo, ou viceversa. Assim sendo, o contribuinte deve utilizar o modelo mais adequado ao seu caso, porque a declaração retificadora terá que ser feita no mesmo modelo. Se o contribuinte entregar a declaração sem as informações referentes à apuração de imposto (rendimentos tributáveis e despesas dedutíveis), há grande chance de optar pelo modelo errado, o que pode resultar em uma menor restituição ou mais imposto a pagar. Fl. 217DF CARF MF 4 Ademais, conforme colocado pela DRJ na decisão a quo, no caput do art. 29 da IN SRF n.15 de 6 de fevereiro de 2001, complementado pelo seu §2°, consta que qualquer contribuinte pode optar pela declaração simplificada, independentemente do montante dos rendimentos recebidos e da quantidade de fontes pagadoras, exceto aquele que deseje compensar no anocalendário de 2002 ou posteriores resultado negativo (prejuízo) da atividade rural de anoscalendário anteriores ou do próprio anocalendário de 2002 ou compensar imposto pago no exterior. Nestes casos, o contribuinte deve entregar a declaração no modelo completo. Portanto, ao contrário do que supõe o interessado, a norma reguladora para opção do modelo da DIRPF não obriga o contribuinte a enviar sua declaração no modelo completo nos casos de pagamento de impostos no exterior, mas apenas que ele ficaria obrigado a assim proceder caso deseje compensar este imposto pago em outro pais. Ao entregar, originalmente, sua declaração no modelo simplificado, ficou plenamente caracterizado que o interessado não desejou, pelo menos naquele momento, compensar os impostos supostamente recolhidos no exterior. Ademais, no que se refere a suposta perda de espontaneidade arguida pelo Recorrente, verificase que ele enviou a sua Declamação Retificadora em 26/04/2006, e o auto de infração somente foi lavrado em 21/08/2006. Assim, não houve a perda da espontaneidade, pois parte das informações contidas em sua declaração retificadora no modelo completo, foi aproveitada pela fiscalização para complementar, naquilo que cabível, a sua declaração original simplificada. E a complementação destas informações resultou na alteração de sua declaração, conforme o quadro que se apresenta na Notificação de Lançamento. Outra prova, bem colocada pela DRJ, de que a espontaneidade foi acatada pela fiscalização, está no fato de que sobre o imposto suplementar ora discutido não foi imputada a multa de oficio, que deve ser sempre aplicada sobre o valor omitido. Como o próprio interessado, espontaneamente, apresentou os rendimentos faltantes em sua declaração original, a auditoria fiscal considerouse que ele corrigiu a omissão de rendimentos. Quantos aos demais pedidos, que se referem a exercícios fiscais não pertencentes ao presente processo, por se tratarem de matérias alheias, deixarão de ser analisados. Por tudo quanto exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e manter o crédito tributário lançado de acordo com a Notificação de Lançamento juntada no presente processo. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos moldes acima expostos. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Voto Vencedor Fl. 218DF CARF MF Processo nº 11610.008780/200678 Acórdão n.º 2001000.797 S2C0T1 Fl. 4 5 Conselheiro Jorge Henrique Backes, Redator Designado Discordo da relatora, em relação à troca de modelo. O interessado demonstrou que a sua retificação não teve como objetivo a troca de modelo, mas a inclusão de patrimônio no exterior, rendimentos no exterior e imposto pago no exterior, que o obrigam a apresentar declaração de rendimentos no modelo completo, e que a norma infralegal veta a troca de modelo apenas quando esta é a única finalidade do contribuinte. Examinando as duas declarações apresentadas, original e retificadora, e manifestação na impugnação, verificase a intenção do contribuinte de inclusão de patrimônio no exterior, rendimentos no exterior e imposto pago no exterior, o que só possível de se realizar no modelo completo. Entendemos que tal opção prevalece a escolha do formulário errado. Assim, o erro na utilização do formulário pode ser corrigido, acatando a opção pelo modelo completo. A título de exame de situação similar verificase que é comum ocorrer erro na entrega de declaração com a utilização de programa de ano diferente àquele que se referem os rendimentos. Caracterizada tal situação, encontrase em vários julgados de diferentes Delegacias de Julgamento o entendimento de que tal erro é sanável, devendo ser acertada a declaração, com a transposição dos dados ao ano correto. Entendemos que se caracterizou um erro no emprego do formulário, passível de correção pela utilização do modelo completo. Dessa forma, fica caracterizada a existência de erro na apresentação do modelo de declaração, erro passível de correção. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.991093/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2009
EMPRESA EM FASE PRÉ-OPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ.
Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase pré-operacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade - construção da usina -, na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostra-se condizente com sua situação no ano de 2009, em fase pré-operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar.
Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ.
Numero da decisão: 1401-003.027
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 4.389.690,02, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2009, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado).
Nome do relator: CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2009 EMPRESA EM FASE PRÉ-OPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase pré-operacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade - construção da usina -, na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostra-se condizente com sua situação no ano de 2009, em fase pré-operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar. Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.991093/2012-11
anomes_publicacao_s : 201901
conteudo_id_s : 5944435
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1401-003.027
nome_arquivo_s : Decisao_10880991093201211.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
nome_arquivo_pdf_s : 10880991093201211_5944435.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 4.389.690,02, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2009, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7560095
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151257042944
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1758; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 744 1 743 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.991093/201211 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401003.027 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de novembro de 2018 Matéria DCOMP/SALDO NEGATIVO IRPJ Recorrente SANTO ANTONIO ENERGIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2009 EMPRESA EM FASE PRÉOPERACIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RETENÇÕES NA FONTE. IMPOSTO RETIDO INTEGRA SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Os registros da Contribuinte sinalizam a sua condição de empresa em fase préoperacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade construção da usina , na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, havendo documentos externos de outros órgãos que permitem aceitar esta sua condição, além de que a escrituração contábil mostrase condizente com sua situação no ano de 2009, em fase pré operacional, situação que a decisão recorrida não conseguiu descaracterizar. Desta forma, de se acatar que os impostos retidos na fonte das aplicações financeiras integrem o saldo negativo de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a importância de R$ 4.389.690,02, como saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2009, vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que negou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 99 10 93 /2 01 2- 11 Fl. 744DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário ao Acórdão nº 1465.811, proferido pela 6ª Turma da DRJ/RPO, em 26/04/2017, ocasião em que assim se decidiu: Vistos, relatados e discutidos os autos deste processo, ACORDAM os julgadores da 6ª Turma da DRJRPO, por unanimidade de votos, em JULGAR IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade apresentada, NÃO RECONHECER o direito creditório em litígio, INDEFERIR o Pedido de Restituição e NÃO HOMOLOGAR as compensações declaradas, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. A seguir, transcrevo, em parte, os termos e fundamentos da decisão recorrida: Tratase de Pedido de Restituição Eletrônico (PER nº01316.20042.250210.1.2.027920), seguido de Declarações de Compensação Eletrônicas, relativos a crédito com origem em saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2009, apurado na DIPJ no valor originário de R$ 4.389.690,02, utilizado para compensação de débitos próprios declarados. 2. Conforme o Despacho Decisório (manual) emitido pela DERAT/São Paulo (SP), o Pedido de Restituição foi indeferido e as compensações declaradas não foram homologadas. Confira se: Fl. 745DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 745 3 3. Cientificada do Despacho Decisório em 16 de janeiro de 2013, fl. 72, a contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade em 14 de fevereiro de 2013, com as alegações que se seguem. 3.1. Afirma ser concessionária de serviço público, responsável pela construção, operação e comercialização da energia gerada pela Usina Hidrelétrica Santo Antônio, localizada no rio Madeira, Porto Velho (RO), cuja construção se iniciou em agosto de 2008. Informa que das 44 turbinas previstas no projeto, 2 entraram em operação no primeiro trimestre de 2012, devendo as demais ser instaladas gradativamente até 2016. Em suas palavras: “2. Durante o período que antecedeu o início (parcial) de suas operações (leiase: fase préoperacional), a Requerente incorreu em despesas préoperacionais e financeiras relacionadas ao empreendimento, bem como auferiu receitas decorrentes de aplicações financeiras vinculadas a recursos destinados à construção da UHE Santo Antônio. 3. Ao longo do anocalendário de 2009, exercício de 2010, a Requerente arcou com a retenção na fonte do imposto de renda (IRRF) incidente sobre as receitas financeiras auferidas durante Fl. 746DF CARF MF 4 esse exercício. Ante o estágio préoperacional da Requerente, citadas receitas foram registradas e contabilizadas em conta do ativo, submetendose à tributação na forma prevista para as empresas que não estejam ainda em operação segundo determinam as melhores práticas contábeis e fiscais, conforme será detalhado a seguir. 4. Em conseqüência, gerouse, ao fim daquele anocalendário, crédito tributário decorrente de saldo negativo de imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) no montante de R$ 4.389.690,02 (...), o qual foi objeto de pedido de restituição instrumentalizado pela PER/DCOMP nº 01316.20042.250210.1.2.027920 (doc.03) e pedidos de compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB) vinculados àquele período.” 3.2. Diz que o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ, composto por IRRF apurado durante o anocalendário, pressupõe o preenchimento de dois requisitos, quais sejam: (i) a comprovação da retenção na fonte do imposto incidente sobre as receitas financeiras e (ii) a sujeição dessas receitas a adequado tratamento contábil e à apuração do IRPJ do período respectivo. E continua: “9. Para comprovação do primeiro pressuposto supra, o Demonstrativo anexo (doc. 05) e os Informes de Rendimentos correlatos (docs. 06 a 15) comprovam a retenção do IRRF pelas respectivas fontes no ato de pagamento dos rendimentos financeiros à Requerente, no valor consolidado de R$ 4.389.690,02 (...), durante o anocalendário de 2009. 10. O segundo pressuposto está comprovado pelos documentos contábeis e fiscais da Requerente, os quais não deixam dúvida de que as receitas financeiras em referência foram submetidas a adequado tratamento contábil e fiscal, ante o estágio pré operacional em que se encontrava a Requerente no ano calendário de 2009. 11. Em se tratando de empresa em estágio operacional, as receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independente de recebimento ou pagamento, conforme disciplina o Principio Contábil da Competência (Resolução CFC nº. 744/1995, art. 9º) 12. Por força deste mesmo princípio contábil, em se tratando de empresas em fase préoperacional, as despesas incorridas neste período devem ser levadas à conta de Ativo sendo confrontadas com as receitas eventualmente auferidas na fase préoperacional, cabendo o oferecimento à tributação somente do eventual saldo líquido positivo resultante. 13. No caso, a Requerente encontravase em fase préoperacional durante o anocalendário de 2009, uma vez que a primeira turbina para geração de energia elétrica entrou em operação somente no ano de 2012; fato este que foi maciçamente noticiado à época, conforme se depreende de inúmeras notícias veiculadas Fl. 747DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 746 5 nos mais diversos veículos de comunicação, incluindo imprensa especializada e agências governamentais (doc. 04). 14. Por se encontrar em fase préoperacional no anocalendário de 2009, o saldo do confronto entre as receitas auferidas (inclusive financeira) e custos incorridos naquele período foram levados ao ativo permanente, mais especificamente à conta de ativo imobilizado, uma vez que intrinsecamente vinculadas à construção e implantação da UHE Santo Antônio. Neste particular, importante salientar que, uma vez que o valor dos custos/despesas superava em muito o valor das receitas (inclusive financeiras) auferidas no período, não houve apuração de saldo líquido positivo a ser tributado. 15. A fim de comprovar a forma de contabilização adotada pela Requerente, vejase que: (i) os valores relativos aos rendimentos financeiros auferidos no anocalendário de 2009, relacionados no demonstrativo (doc. 05) e Informes de Rendimentos anexos (docs. 06 a 15) encontramse todos registrados na Conta Contábil nº 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 – ()Outras, conforme cópia do Livro Razão da referida conta (doc. 16); (ii) de acordo com o Balancete Consolidado de 2009 (doc. 18), constatase que o saldo final da referida Conta Contábil nº1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 – () Outras, no valor de R$ 25.584.744,61, compôs o saldo da Conta Contábil nº 1.3.2.01.1.9.19.98 () Recuperação de Despesas, no valor de R$ 25.616.522,85, que, por sua vez, compôs a Conta Contábil nº 1.3.2.01.1.9.19 – A Ratear, no valor de R$ 658.352.724,45. Por fim, este valor compôs o saldo final de R$ 2.909.344.699,83 informado na Linha 34 – Construções em Andamento da Ficha 36A da DIPJ2010, anocalendário 2009 (doc.19) e constante do Balancete Consolidado de 2009 (doc. 18); (iii) o Demonstrativo anexo (doc. 17) comprova ainda que os valores registrados no Balancete Consolidado de 2009 (doc. 18) e na cópia do Livro Razão da Conta nº 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 – () Outras (doc. 16) compõem os valores referentes ao Não Circulante –Imobilizado informados na Ficha 36A da DIPJ 2010, anocalendário 2009, da Requerente (doc. 19). 16. O tratamento contábil a fiscal adotado pela Requerente segue orientação já consolidada no âmbito da própria RFB quanto à apuração do IRPJ durante a fase préoperacional, que determina o registro – em conta de ativo permanente – de custos/despesas incorridos e receitas auferidas em fase préoperacional, submetendose à imediata tributação apenas eventual saldo positivo entre a diferença entre citadas receitas e custos/despesas. Nesse sentido, citese a Solução de Consulta nº 44, de 1º de fevereiro de 2008, da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 8ª Região Fiscal, verbis: Fl. 748DF CARF MF 6 “15. Em vista disso, podese afirmar que as receitas financeiras obtidas com ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento devem ser confrontados com as despesas financeiras a ele relativas. Havendo saldo credor, este deverá ser utilizado para abatimento das demais despesas pré operacionais. Se, ainda assim persistir o saldo positivo, aí sim ele deverá ser levado a resultado, uma vez que já foi integralmente realizado. 16. Entender de forma diversa, obrigando a empresa a levar a resultado uma receita, enquanto suas despesas estão sendo ativadas, implicaria subversão dessa sistemática, cuja implementação tem em vista justamente proteger a empresa dos efeitos negativos do reconhecimento das despesas no momento em que não há, ainda, receitas com que confrontálas. A ativação das despesas parte da presunção de que no período de préoperação não há receitas. Essa presunção, contudo, não é absoluta, e havendo receita, ela deve ser utilizada para diminuir a despesa correspondente. Se esse confronto será feito no ativo diferido ou no resultado, é uma questão na verdade secundária, pois, em relação ao imposto de renda, apenas na eventualidade de se apurar um saldo credor (receitas maiores que despesas), haveria apuração do imposto. [...] 18. Este também é o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, verbis: Ementa: RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO DO IMPOSTO DE RENDA. RECEITAS FINANCEIRAS. FASE PRÉ OPERACIONAL. As receitas financeiras originárias de empreendimentos em fase préoperacional são classificadas no ativo diferido, sendo deduzidas das despesas financeiras diferidas. Havendo saldo positivo, este é diminuído das demais despesas préoperacionais diferidas. Permanecendo saldo positivo, o valor é oferecido à tributação. Na situação dos autos, sendo as despesas financeiras maiores que as receitas financeiras, e tendo sido declaradas no ativo diferido, na existência de saldo negativo de IRPJ, apurado em decorrência do IRRF incidente sobre aplicações financeiras, esse valor poderá ser objeto de restituição ou compensação com outros tributos ou contribuições administrados pela RFB (Acórdão nº 140200.161, Processo nº 10580.013161/200111, CARF, 1ª Seção – 2ª Turma da 4ª Câmara, publicado no DPU 06/04/2010) (grifos nossos). 21. O procedimento adotado pela Requerente encontra respaldo no Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (“MCSE”) da Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”), ao qual a Requerente está vinculada por ser concessionária de serviço de energia elétrica. 22. Referido manual dispõe nos seguintes termos: [...] 23. Também respalda o procedimento da Requerente o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos Fl. 749DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 747 7 (“CPC 20”), segundo o qual “A entidade deve capitalizar os custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de ativo qualificável como parte do custo do ativo (...) Custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de ativo qualificável devem ser capitalizados como parte do custo do ativo quando foi provável que eles irão resultar em benefícios econômico futuros para a entidade e que tais custos possam ser mensurados com confiabilidade.” 24. De acordo com o referido CPC 20, devem ser contabilizados à conta de redução de custos dos empréstimos incorridos a receitas financeiras decorrentes de investimento dos recursos financeiros tomados em empréstimos enquanto não aplicados nos ativos aos quais se destinam, verbis: “13. Os contratos financeiros para um ativo qualificável podem resultar em a entidade obter recursos de empréstimos e incorrer em custos de empréstimos antes que parte ou todos os recursos sejam utilizados para gastos com o ativo qualificável. Nessas circunstâncias, os recursos são freqüentemente investidos até que se incorra em gastos com o ativo qualificável. Na determinação do montante de custos de empréstimos elegíveis à capitalização, durante o período, quaisquer receitas financeiras ganhas sobre tais recursos devem ser deduzidas dos custos dos empréstimos incorridos." 25. Destarte, uma vez comprovada (i) a correção dos procedimentos adotados pela Requerente, notadamente no que se refere ao reconhecimento – no ativo permanente – das receitas financeiras auferidas e das despesas (inclusive financeiras) incorridas naquele período de apuração; e (ii) da incontroversa retenção de IRRF pelas fontes no ato de pagamento dos rendimentos financeiros em referência, impõese reconhecer a existência de crédito decorrente de saldo negativo de IRPJ, compensável com débitos de tributos administrados pela RFB." 4. Em 23 de dezembro de 2014, a interessada apresentou a petição de fls.305/306, com os seguintes esclarecimentos. 4.1. Reitera, de forma, resumida, as razões de fato e de direito anteriormente expostas na manifestação de inconformidade. E acrescenta: “Recentemente, a Receita Federal do Brasil realizou, no âmbito do Processo Administrativo nº 16306.720507/201221, um procedimento de fiscalização, especificamente para verificar a regularidade da apuração de IRPJ correspondente ao ano calendário de 2009 e 2010. Tal procedimento de fiscalização se encerrou sem a lavratura de auto de infração, o que atesta o regular oferecimento das receitas financeiras à tributação por IRPJ, em relação ao ano calendário de 2009, contrariando, por outro lado, a acusação fiscal acima mencionado. Fl. 750DF CARF MF 8 Diante do exposto, a REQUERENTE requer: (i) a juntada e análise de todos os documentos acostados, pela REQUERENTE, aos autos do Processo Administrativo nº 16306.720507/201221 (DOC. 01); e (ii) que, antes de apreciar a Manifestação de Inconformidade apresentada neste processo administrativo, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento competente determine a juntada, nestes autos, do parecer elaborado pela Fiscalização, com as conclusões apresentadas no procedimento de fiscalização, objeto do Processo Administrativo nº 16306.720507/201221, para justificar a não lavratura de auto de infração de IRPJ relativamente ao ano de 2009.” A Delegacia de Julgamento não acolheu a argumentação da Interessada, não tendo reconhecido, portanto, o alegado crédito a título de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2009, então utilizado nas compensações mencionadas na decisão recorrida. Segundo o voto condutor da decisão recorrida: 20. A interessada alega, em síntese, que as receitas com origem em aplicações financeiras cuja tributação foi questionada foram regularmente computadas na DIPJ do anocalendário de 2009, e foram sujeitas a adequado tratamento contábil e fiscal, ante o estágio préoperacional em que se encontrava naquele período de apuração, eis que a construção do seu parque de energia foi iniciada em agosto de 2008, entrando parcialmente em operação somente no primeiro trimestre de 2012. 21. Acrescenta que o saldo entre as receitas auferidas (inclusive financeiras) e os custos incorridos na fase préoperacional foi registrado e contabilizado em conta do Ativo Permanente, mais especificamente à conta de Ativo Imobilizado, “uma vez que intrinsecamente vinculado à construção e implantação da UHE Santo Antônio”. Diz ainda que uma vez que o valor dos custos/despesas superava em muito o valor das receitas auferidas, não houve apuração de saldo líquido positivo a ser oferecido à tributação. 22. Informa também o registro dos rendimentos financeiros auferidos durante o anocalendário de 2009 na conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 – () Outros, conforme cópia do Livro Razão que anexa, cujo saldo final, no montante de R$ 25.584.744,61, compôs o saldo da conta 1.3.2.01.1.9.19.98 () Recuperação de Despesas, no valor de R$ 25.616.522,85, o qual, por sua vez, compôs a conta 1.3.2.01.1.9.19 – A Ratear, no valor de R$ 658.352.725,45. Por fim, este último montante compôs o saldo final de R$ 2.909.344.699,83, informado na Linha 34 – Construções em Andamento (Ficha 36A da DIPJ/2010), conforme Balancete Consolidado que junta à sua manifestação de inconformidade. 23. Alega que o procedimento adotado está de acordo com a Solução de Consulta SRRF/8ª RF nº 44, de 2008, com a Solução de Consulta SRRF/7ª RF nº 21, de 2010 e com a jurisprudência do CARF; busca respaldo no Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), segundo o qual é determinada a transferência para o Ativo Imobilizado em Curso dos encargos financeiros sobre Fl. 751DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 748 9 capital de terceiros; bem como atende o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custo de Empréstimos. 24. Feito esse breve resumo, passase a apreciação do Imposto de Renda Retido na FonteIRRF, utilizado como dedução pela interessada, na apuração do saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2009. 25. As retenções constituem antecipação do imposto e/ou da contribuição, devidos na Declaração de Ajuste Anual, sendo passíveis de dedução, desde que oferecidos os rendimentos correspondentes à tributação a teor do art. 2º, § 4º, e art. 28, da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 26. Por expressa disposição legal, o valor retido somente poderá ser deduzido daquele devido no ajuste se a contribuinte possuir o “Comprovante de Rendimentos Pagos ou Creditados”, meio probatório adequado para comprovar a retenção do tributo, consoante art. 943, § 3º, do RIR/99. 27. No entanto, à falta do Comprovante de Rendimentos Pagos, admitese a comprovação do imposto quando confirmado pelas fontes pagadoras em DIRF, condição preenchida neste caso. Confirase o resumo das DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras: [...] 28. Dessa forma, a controvérsia cingese à demonstração da tributação dos rendimentos correspondentes ao IRRF comprovado, o que, de acordo com a defesa apresentada, leva a análise para a apuração do resultado da fase préoperacional da contribuinte. Em extenso arrazoado, cita e comenta o art.325, II do RIR/99, e obra de renomados autores acerca da contabilização de despesas préoperacionais, descreve excertos da Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44, de 2008 e da Solução de Divergência nº45, da CoordenaçãoGeral de Tributação COSIT, 21/11/2008, discorre sobre a contabilização do ativo diferido sob a nova ótica contábil, traz excertos da Solução de Consulta DISIT SRRF/7ª RF nº 52, de 2009 a qual esclarece procedimentos do RTT, transcrevendo vários artigos das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, além de vários itens do Pronunciamento Técnico CPC 20 Custo de Empréstimos. Na esteira do enunciado nos textos supracitados, o voto condutor da decisão recorrida arremata que: 72. Em outras palavras, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 20, aprovado em 08 de maio de 2009, no caso dos empréstimos não serem diretamente atribuídos aos ativos qualificáveis, os custos correspondentes não podem ser capitalizados como parte do custo do ativo, devendo ser apropriados como despesa e levados ao resultado do período. [...] Fl. 752DF CARF MF 10 76. Conforme a DIPJ/2010, os informes de rendimentos apresentados e as DIRF (resumo abaixo), as retenções, cuja tributação dos rendimentos correspondentes foi questionada, incidiram sobre aplicações financeiras de renda fixa (código de receita 3426), junto às Instituições Financeiras: Banco do Brasil S.A., HSBC BANK Brasil S.A., Banco da Amazônia S.A., Banco Votorantim S.A., Banco Bradesco S.A. e Banco Santander S/A. 77. Segundo a contribuinte, esses rendimentos de aplicações financeiras, cujo imposto retido foi deduzido na declaração de rendimentos, teriam por origem empréstimos de terceiros, tomados para a construção do parque de energia da Usina Hidrelétrica Santo Antonio. 78. Para demonstrar sua fase préoperacional no anocalendário de 2009 e o início parcial de suas atividades somente no ano calendário de 2012 (duas turbinas), a interessada limitouse a trazer matéria veiculada em jornal digital, documento este, para fins fiscais, que não tem o mesmo valor probante das Demonstrações Financeiras, acompanhadas das Notas Explicativas. 79. A contribuinte apresenta diversos documentos em sua manifestação de inconformidade, a seguir copiados parcialmente, que indicam o registro dos rendimentos financeiros auferidos durante o anocalendário de 2009 na conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 – () Outros, conforme cópia do Livro Razão que anexa, cujo saldo final, no montante de R$ 25.584.744,61, compôs o saldo da conta 1.3.2.01.1.9.19.98 () Recuperação de Despesas, no valor de R$ 25.616.522,85, o qual, por sua vez, compôs a conta 1.3.2.01.1.9.19 – A Ratear, no valor de R$ 658.352.725,45. Por fim, este último montante compôs o saldo final de R$ 2.909.344.699,83, informado na Linha 34 – Construções em Andamento (Ficha 36A da DIPJ/2010), conforme Balancete Consolidado: [...] 80. Posteriormente à apresentação da manifestação de inconformidade, trouxe a interessada aos autos os documentos de fls. 307/530, relativos a diversas contas do Razão (Receitas de Aplicações Financeiras, Retenções do Imposto de Renda, Encargos Financeiros, Diversas Despesas, entre outras), cópias de Balancetes, Planos de Contas, entre outros. 81. No entanto, em que pese não se duvidar da necessidade de captação de recursos de terceiros, por meio de empréstimos/financiamentos, para a realização de empreendimento de tamanha monta, além dos recursos próprios, a contribuinte não conseguiu demonstrar o necessário vínculo entre as aplicações financeiras que deram origem às receitas objeto de questionamento, com os alegados empréstimos, nem que as receitas/encargos de referidas aplicações financeiras seriam vinculadas a recursos antes classificáveis no Ativo Diferido, atualmente no Ativo Imobilizado, de modo a fazer jus ao tratamento tributário pretendido no anocalendário de 2009, acerca do cômputo do resultado líquido das receitas/despesas Fl. 753DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 749 11 financeiras, porque enquadradas como despesas pré operacionais. 82. Enfim, a interessada não conseguiu demonstrar de forma cabal e expressa que tais receitas financeiras, assim como as despesas com elas confrontáveis, seriam derivadas e relacionadas aos ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, antes classificáveis no Ativo Diferido. 83. Destaquese que a Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44, de 2008, em seu Item 15, é categórica ao afirmar que as receitas financeiras às quais se aplica o entendimento da Solução de Consulta, ou seja, que devem ser deduzidas dos gastos préoperacionais escriturados no ativo diferido, são aquelas obtidas a partir de ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento. 84. Ou seja, aquela Solução de Consulta declara como sendo tributáveis os resultados não vinculados à atividade pré operacional. [...] 89. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 90. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. 91. Reiterese que a legislação tributária que rege as hipóteses de compensação de tributos ou contribuições federais atribui à peticionaria o ônus de comprovar a disponibilidade de seu crédito junto à Fazenda Pública, bem como o cumprimento dos requisitos estabelecidos para que seu direito creditório possa ser reconhecido pela Administração Tributária, depois de constatado que o crédito pleiteado se reveste das necessárias certeza e liquidez. 92. Por fim, tendo em conta a referência expressa, por parte da interessada,em sua manifestação de inconformidade, ao Pronunciamento Técnico CPC 20, aprovado em 08 de maio de 2009, cabe recordar a obrigatoriedade de comprovação, determinada por aquele documento, da efetiva utilização dos recursos nas Imobilizações em Curso, inclusive no que concerne às receitas, juros, variações monetárias e demais encargos financeiros de capital de terceiros, aplicados em obras em andamento. Fl. 754DF CARF MF 12 93. Acrescentese que não foi possível constatar na cópia do Razão apresentada o registro mensal dos rendimentos das aplicações financeiras, nos valores presentes nos Informes de Rendimentos apresentados pela interessada. 94. Como exemplo, os rendimentos auferidos no mês de outubro de 2009, relativos a aplicações financeiras no Banco do Brasil, presentes no Informe de Rendimentos apresentado, de R$ 791.451,15, cujo montante não confere com aqueles contabilizados no mesmo mês, na conta “A Ratear”, sob histórico “Valor referente rendimento de aplicação financeira – Out/09 Banco do Brasil “ , no valor de R$ 732.799,56 . Vejase: [...] 95. Registrese ser de amplo conhecimento que os rendimentos de aplicações financeiras devem ser rateados segundo o regime de competência, quanto relativos a títulos vencíveis após o encerramento do período de apuração, a teor do art. 373, do RIR/99. Desse modo, cabia à interessada demonstrar se computou tais rendimentos em anoscalendário anteriores, mediante apresentação da composição do Ativo Diferido e do Ativo Imobilizado daqueles períodos, inclusive. [...] 98. Enfim, diante da falta de demais elementos hábeis de prova acerca da tributação dos rendimentos de aplicações financeiras, mantémse a glosa do correspondente Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF deduzido na apuração do IRPJ, anocalendário de 2009. 99. Concluindo, diante da inexistência dos atributos de certeza e liquidez, previstos no artigo 170, do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), não se reconhece o direito pretendido, nem se homologam as compensações declaradas. Voto Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano Preenchidos os requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado, dele conheço. Conforme relatoriado, a Recorrente informou como crédito no Perd/Dcomp um saldo negativo de IRPJ, apurado no ano de 2009, composto unicamente por retenções na fonte de imposto sobre aplicações financeiras, que totalizaram R$ 4.389.690,02, crédito este utilizado em vários PER/DCOMP's para fins de compensação de débitos, que resultaram não homologadas em face de análise feita (Anexo 1) no Despacho Decisório, que concluiu: Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 750 13 SALDO NEGATIVO DE IMPOSTO DE RENDA, CONSTITUÍDO DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Com relação ao Imposto de Renda Retido na Fonte, conforme o Art. 231 do RIR/99, para que seja deferido o saldo negativo de imposto de renda, constituído de Imposto de Renda Retido na Fonte, é necessário que as retenções de IRRF sejam comprovadas e que os rendimentos dessas retenções tenham sido oferecidos à tributação. Em seu recurso a Recorrente esclareceu que, como estava em fase pré operacional em 2009, as receitas financeiras auferidas foram contabilizadas em conta de ativo, conforme tratamento contábil/fiscal vigente, ratificado em atos (Soluções de Consulta) da própria Receita Federal, em julgado do CARF e no Pronunciamento Contábil CPC nº 20. A decisão de piso reconheceu a existência dos valores de imposto retidos na fonte sobre as aplicações financeiras em 2009, e também reconheceu que o procedimento contábil utilizado pela Recorrente era adequado, mas não aceitou sua inclusão no saldo negativo de IRPJ do ano de 2009. De se reproduzir excertos do voto condutor da decisão recorrida: 28. Dessa forma, a controvérsia cingese à demonstração da tributação dos rendimentos correspondentes ao IRRF comprovado, o que, de acordo com a defesa apresentada, leva a análise para a apuração do resultado da fase préoperacional da contribuinte. 38. Se a empresa aplica seus recursos financeiros ainda não utilizados e obtém receitas financeiras (ou de variações monetárias) deve considerar essas receitas como dedução das despesas financeiras lançadas no próprio Diferido; se suplantá las, deve deduzilas das outras despesas préoperacionais. De qualquer forma, tais receitas devem estar em conta específica à parte, classificada como redução das despesas préoperacionais. 39. Nesse contexto, o entendimento expresso na Solução de Consulta DISIT SRRF/8ª RF nº 44/2008, trazida na defesa, é no sentido de que, na fase de préoperação, o saldo líquido das receitas e despesas financeiras, quando derivadas de ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, deve ser registrado no Ativo Diferido. 40. Esse valor, se credor, deverá ser diminuído do total das despesas préoperacionais incorridas no período de apuração e, eventual excesso de saldo credor deverá compor o lucro líquido do exercício. Somente nesta situação, eventual saldo negativo de IRPJ, decorrente da retenção na fonte desse tributo sobre as receitas financeiras absorvidas pelas despesas financeiras e pré operacionais, poderá ser objeto de restituição ou compensação. [...] Fl. 756DF CARF MF 14 42. Aqui, é importante destacar o entendimento de que não são tratados como redução, ou acréscimos do Ativo, os resultados derivados de fatores não relacionados com a implantação das condições de funcionamento da empresa. Ainda, a decisão recorrida cita e transcreve Solução de Divergência nº45 da COSIT, de nov/2008, neste mesmo sentido, além de comentar e descrever os atos legais, o CPC nº 20 e as alterações promovidas na legislação que acabaram pela extinção do ativo diferido, mas que, ressaltese, em nada afeta o deslinde do presente litígio, pois a Recorrente observou esta nova situação em seus registros contábeis pertinentes ao assunto posto. O fato é que o voto condutor da decisão recorrida direcionou suas razões de decidir no seguinte sentido: 81. No entanto, em que pese não se duvidar da necessidade de captação de recursos de terceiros, por meio de empréstimos/financiamentos, para a realização de empreendimento de tamanha monta, além dos recursos próprios, a contribuinte não conseguiu demonstrar o necessário vínculo entre as aplicações financeiras que deram origem às receitas objeto de questionamento, com os alegados empréstimos, nem que as receitas/encargos de referidas aplicações financeiras seriam vinculadas a recursos antes classificáveis no Ativo Diferido, atualmente no Ativo Imobilizado, de modo a fazer jus ao tratamento tributário pretendido no anocalendário de 2009, acerca do cômputo do resultado líquido das receitas/despesas financeiras, porque enquadradas como despesas pré operacionais. 82. Enfim, a interessada não conseguiu demonstrar de forma cabal e expressa que tais receitas financeiras, assim como as despesas com elas confrontáveis, seriam derivadas e relacionadas aos ativos utilizados ou mantidos para emprego no empreendimento em andamento, antes classificáveis no Ativo Diferido. [...] 89. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 90. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. [Grifo do Relator] No sentido de dar uma resposta a estas posições firmadas na decisão recorrida, a Recorrente traz em seu recurso os seus registros contábeis (já havia indicado na manifestação de inconformidade) relativos aos rendimentos financeiros, contas de imobilizado, balancetes, balanço e DIPJ do anocalendário de 2009. Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 751 15 Notório que a Recorrente, constituída em agosto de 2008, encontravase em fase préoperacional no ano de 2009, e os financiamentos obtidos junto ao BNDES parcela direta e às instituições financeiras parcela indireta citadas no Recurso (extraídas de relatório de auditoria, documento anexo) destinavamse à construção da Usina Santo Antônio, que seria, de fato, o único empreendimento tocado pela Recorrente. A DIPJ do ano calendário de 2009, acostada aos autos, não contempla registro de atividade operacional, sem receitas e despesas neste sentido. A Recorrente e a decisão recorrida transcrevem itens do Pronunciamento Técnico CPC nº 20 Custo de Empréstimo, de maio de 2009, sendo oportuno ressaltar o que consta em seu parágrafo 11: 11. Pode ser difícil identificar uma relação direta entre empréstimos específicos e um ativo qualificável e determinar os empréstimos que poderiam ter sido evitados. Tal dificuldade ocorre, por exemplo, quando a atividade de financiamento da entidade é coordenada de forma centralizada num conjunto de empresas sob controle comum. Dificuldades também surgem quando a entidade usa uma gama variada de instrumentos de dívida para obter recursos com taxas de juros variadas e empresta tais recursos, em diferentes bases, para outras entidades sob controle comum. Outras complicações surgem por meio do uso de empréstimos denominados ou relacionados a moedas estrangeiras, quando o conjunto opera em economias altamente inflacionárias e de flutuações nas taxas de câmbio. Como resultado, pode ser difícil a determinação do montante dos custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, à construção ou à produção de ativo qualificável, sendo requerido o exercício de julgamento nessas circunstâncias. A dificuldade a que alude o texto supra não me parece que possamos encontrar na situação da Recorrente, afinal, tratase do exercício de uma única atividade, com os financiamentos voltados para esta finalidade, a sua atividade (construção da usina), não havendo outras empresas envolvidas e/ou empréstimos em moeda estrangeira. A decisão recorrida não apresentou um indício sequer de que as receitas financeiras apuradas seriam decorrentes de empréstimos não vinculados aos investimentos (ativos qualificáveis), que foram da ordem de mais de R$ 2 bilhões de reais. Ficou a decisão recorrida apenas na suposição, quando afirmou porque não acata, como prova de fase préoperacional, as demonstrações financeiras da Recorrente: 89. No entanto, a condição da pessoa jurídica como estando em fase préoperacional e o registro de despesas e receitas correspondentes em Ativo Diferido (ou Ativo Imobilizado, como escriturou a interessada), não se mostra suficiente para a admissibilidade, no saldo negativo do IRRF incidente sobre as receitas financeiras. 90. Isso porque a contribuinte pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional, e os resultados Fl. 758DF CARF MF 16 decorrentes destes ativos, por evidente, não podem ser registrados no Ativo Diferido, mas devem, obrigatoriamente, integrarem o lucro tributável no respectivo período de apuração. A escrituração faz prova a favor da contribuinte, aliás, o que foi mencionado na própria decisão recorrida: 9. Digase também que a DIPJ constituise em demonstrativo da existência do direito creditório pleiteado, cumprindo à pessoa jurídica comprovar a veracidade das informações prestadas em tal documento, quando o pedido de restituição/compensação se origina de saldo negativo apurado em referida declaração. 10. E a prova requerida em favor da contribuinte consiste nos fatos registrados na escrituração e comprovados por documentos hábeis, conforme art. 923 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99): “Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º).” (destaques acrescidos) A Recorrente encontravase em fase preoperacional, há menção à vários financiamentos para a sua (única) atividade construção da usina e: (i) na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação; (ii) a escrituração contábil não foi objeto de ressalvas; (iii), há documentos externos de outros órgãos, enfim, se restasse alguma desconfiança nestes registros, deveria ser apontado, nos termos do que dispõe o art.924 do RIR/99: Art.924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 2º). Entendo que, em face do exposto e do que consta nos autos, a escrituração contábil e a DIPJ mostramse condizentes com a fase préoperacional da Recorrente. A decisão recorrida (no item 90, supra reproduzido) afirmou que a Recorrente "pode ter ativos não relacionados à atividade que está em fase préoperacional", sim, até pode, mas não há comprovação nenhuma de que tenha ativos desta natureza (operacional). As retenções estão confirmadas e referemse ao anocalendário de 2009. A decisão recorrida, após toda a sua fundamentação (itens 06 a 92) que entendeu ser suficiente ao indeferimento em debate afirmou que "Acrescentese que não foi possível constatar na cópia do Razão apresentada o registro mensal dos rendimentos das Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10880.991093/201211 Acórdão n.º 1401003.027 S1C4T1 Fl. 752 17 aplicações financeiras, nos valores presentes nos Informes de Rendimentos apresentados pela interessada," conforme consta nos itens 93 e 94. O total dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras, que resultaram nas retenções confirmadas, foi da ordem de R$ 19.509.747,20, sendo crível admitir que encontramse incluídas no saldo, em 31/12/2009, de R$ 25.584.744,61 na conta 1.3.2.01.1.9.19.98.99.501800 () Outros, conforme cópia do Livro Razão, que aponta por dia/mês os valores das receitas, (incluído entre as fls.74 a 248) com aquelas instituições financeiras que concederam financiamentos à Recorrente. Ainda, o fato de haver apontado uma diferença entre os rendimentos informados pelo Banco do Brasil e os contabilizados pela Recorrente, por si só, não tem a força que lhe atribuiu a decisão recorrida no sentido de desconsiderar as retenções comprovadas no ano de 2009 como parte integrante do saldo negativo de IRPJ. Evidentemente, estas não foram as razões de decidir do voto condutor da decisão recorrida, até porque se demandaria um exame mais acurado. Não há nos autos nenhuma intimação ou solicitação de eventual esclarecimento à Recorrente, o que comprova que a decisão recorrida apenas baseou sua conclusão no que consta na escrituração contábil e na DIPJ do ano de 2009. Reitero, a Recorrente, (i) encontravase em fase preoperacional, situação não descaracterizada na decisão recorrida, (ii) as retenções estão comprovadas e as fontes pagadoras fazem parte do rol de instituições financeiras que concederam financiamentos à Recorrente para a construção da usina sua única atividade , e (iii) na DIPJ não constam outras atividades que pudessem ser objeto de tributação, além de que, (iv) a escrituração contábil mostrase condizente com sua situação no ano de 2009, em fase préoperacional. Conclusão Ante o que foi exposto, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer as retenções efetivadas no montante de R$ 4.389.690,02, como Saldo Negativo de IRPJ do ano de 2009. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 760DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.724133/2009-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 04 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2004 NULIDADE DE AUTUAÇÃO
As hipóteses de nulidade encontram-se previstas expressamente na legislação tributária, não restando quaisquer delas configuradas nos autos.
OMISSÃO DE RECEITAS
Caracterizam-se omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados.
Numero da decisão: 1201-000.938
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Andre Almeida Blanco
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201312
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2004 NULIDADE DE AUTUAÇÃO As hipóteses de nulidade encontram-se previstas expressamente na legislação tributária, não restando quaisquer delas configuradas nos autos. OMISSÃO DE RECEITAS Caracterizam-se omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 10980.724133/2009-89
conteudo_id_s : 5934876
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-000.938
nome_arquivo_s : Decisao_10980724133200989.pdf
nome_relator_s : Andre Almeida Blanco
nome_arquivo_pdf_s : 10980724133200989_5934876.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 04 00:00:00 UTC 2013
id : 7539234
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-02-03T13:17:37Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; xmp:CreatorTool: CNC Capture; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; pdfa:PDFVersion: A-1b; dc:creator: CNC Solution; dcterms:created: 2015-02-03T13:17:36Z; Last-Modified: 2015-02-03T13:17:37Z; dcterms:modified: 2015-02-03T13:17:37Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:0363e29d-36eb-4e36-8cdd-e1dabe0fdde3; Last-Save-Date: 2015-02-03T13:17:37Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC Capture; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-02-03T13:17:37Z; meta:save-date: 2015-02-03T13:17:37Z; pdf:encrypted: false; modified: 2015-02-03T13:17:37Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solution; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solution; pdfaid:conformance: B; meta:author: CNC Solution; meta:creation-date: 2015-02-03T13:17:36Z; created: 2015-02-03T13:17:36Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2015-02-03T13:17:36Z; pdf:charsPerPage: 0; access_permission:extract_content: true; pdfaid:part: 1; access_permission:can_print: true; Author: CNC Solution; producer: CNC Solution; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solution; pdf:docinfo:created: 2015-02-03T13:17:36Z | Conteúdo =>
_version_ : 1713051151263334400
score : 1.0
Numero do processo: 15504.729877/2016-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2301-000.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o processo para aguardar o trânsito em julgado, pelo STF, dos acórdãos relativos ao ADPF 324 e ao RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discute a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, e no qual foi fixada a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)."
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Marcelo Freitas de Souza Costa, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado para substituir a conselheira Juliana Marteli Fais Feriato, ausente justificadamente) e João Bellini Junior (Presidente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15504.729877/2016-58
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5930115
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2301-000.740
nome_arquivo_s : Decisao_15504729877201658.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOAO BELLINI JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 15504729877201658_5930115.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o processo para aguardar o trânsito em julgado, pelo STF, dos acórdãos relativos ao ADPF 324 e ao RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discute a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, e no qual foi fixada a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)." (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Marcelo Freitas de Souza Costa, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado para substituir a conselheira Juliana Marteli Fais Feriato, ausente justificadamente) e João Bellini Junior (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
id : 7527843
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:32:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051151266480128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1816; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 2 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.729877/201658 Recurso nº De Ofício e Voluntário Resolução nº 2301000.740 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 7 de novembro de 2018 Assunto CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes TRACTEBEL ENGINEERING LTDA. FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o processo para aguardar o trânsito em julgado, pelo STF, dos acórdãos relativos ao ADPF 324 e ao RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discute a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, e no qual foi fixada a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)." (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Marcelo Freitas de Souza Costa, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado para substituir a conselheira Juliana Marteli Fais Feriato, ausente justificadamente) e João Bellini Junior (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 0376.744, exarado pela 5ª Turma da DRJ em Brasília (efls. 10.029 a 10.066). Pelos lançamentos, foram constituídos créditos tributários referentes a: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .7 29 87 7/ 20 16 -5 8 Fl. 10183DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 3 2 (a) contribuição previdenciária da empresa e do empregador, incluindo a contribuição social destinada à seguridade social correspondente à contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (Gilrat), no valor de R$ 26.636.078,49, lavrado em 6/12/2016, conforme demonstrativo de crédito do auto de infração efls. 2/3, referente às competências 01/2011 a 12/2012; (b) contribuição dos segurados, no montante de R$ 7.600.904,42, lavrado em 6/12/2016, conforme demonstrativo de crédito do auto de infração da efl. 50, correspondente a valores não descontados dos segurados, nas competências 01/2011 a 12/2012; (c) contribuição para outras entidades e fundos, no valor de R$ 6.971.344,88, lavrado em 6/12/2016, conforme demonstrativo de crédito do auto de infração das efls. 20/21, referente às competências 01/2011 a 12/2012; e (d) multa por descumprimento de obrigação acessória, no montante de R$ 6.429,12, conforme demonstrativo 'Multas Previdenciárias' das e fls. 57/59, lavrada em 6/12/2016, por ausência de preparo das folhas de pagamento contendo as remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados, com fundamento na Lei n° 8.212/1991, artigos 92 e 102, e no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, artigo 283, inciso I, alínea "a", artigo 292, incisos II, III e IV e artigo 373. Segundo o relatório fiscal (efls. 61 a 115), constituem fatos geradores das contribuições sociais lançadas: 1) os valores pagos a segurados empregados por meio de nota fiscal emitida por pessoa jurídica da qual o empregado da fiscalizada é sócio; 2) valores pagos a segurados empregados sob a forma de participação acionária (Planos 'Spring 2007' e 'Link 2010'); e 3) valores pagos a segurados empregados, equivalente ao valor de notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas, cujos sóciosadministradores ou titulares foram considerados segurados empregados da autuada para fins previdenciários. A auditoria fiscal, a partir da análise da contabilidade da autuada (contas de custos e despesas identificadas à efl. 72) e de documentos apresentados pela fiscalizada, identificou as seguintes irregularidades envolvendo a remuneração de segurados empregados: I complemento salarial pago a empregados por meio de nota fiscal emitida por pessoa jurídica A auditoria fiscal constatou que empregados da autuada, listados no Anexo I, recebiam complemento salarial 'por fora' da folha de salário, por meio de nota fiscal emitida pela pessoa jurídica da qual eram sócios, que no campo 'descrição dos serviços prestados' identifica atividades correspondentes às atividades similares àquelas para as quais o empregado foi contratado. Segundo a fiscalização, tal situação evidencia a conduta dolosa no sentido de dissimular a atividade exercida pela pessoa física, e de conluio entre a fiscalizada e seu empregado, no sentido de disfarçar o pagamento de parte do salário auferido pelo empregado, o que configura planejamento tributário abusivo, que constitui fraude à legislação e sonegação tributária. II Caracterização segurado empregado – remuneração por meio de notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas das quais tais pessoas físicas são sócias A fiscalização enquadrou os sócios das pessoas jurídicas contratadas, identificados no Anexo II, como Fl. 10184DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 4 3 segurados obrigatórios da Previdência Social, na categoria empregados, com fundamento na Lei n° 8.212/1991, artigo 12, inciso I, alínea 'a', em razão de as provas dos autos indicarem a presença dos pressupostos da pessoalidade, onerosidade, nãoeventualidade e subordinação na prestação dos serviços contratados, o que, segundo a auditoria fiscal, restou comprovado a partir das seguintes constatações: II.1) os serviços prestados pelas pessoas físicas, por intermédio das pessoas jurídicas contratadas, se relacionam diretamente com o objeto social da autuada, de prestação de serviços de engenharia consultiva, e compreenderam atividades de consultoria, elaboração de estudos e projetos, gerenciamento de projetos, gerenciamento de obras, gerenciamento de empreendimentos, consultoria e assessoria técnicofinanceira em projetos de produção de energia, elaboração, implementação e/ou assessoria em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (planilha 'Plan 2'); II.2) contratos de prestação de serviços firmados com as pessoas jurídicas das quais as pessoas físicas eram sócias seguiam modelo padronizado; II.3) em alguns contratos, havia cláusula segundo a qual as despesas contraídas para a execução do contrato pela contratada seriam arcadas pela contratante (autuada); II.4) os contratos possuem cláusula expressa de reajuste na database; II.5) o contrato de prestação de serviços advocatícios analisado descreve atividades inerentes ao funcionamento do setor jurídico da fiscalizada, além de estabelecer a necessidade de autorização expressa da gerência imediata para encaminhamento de informações, relatórios e outros dados às demais áreas da empresa, jornada de trabalho de 2 dias semanais e 8 horas diárias, remuneração mensal e fixa, prazo de 12 meses e confidencialidade de documentos, dados e informações; II.6) as folhas de 'Medição de Serviços', apresentadas mensalmente pelas contratantes à autuada, identificam a pessoa física que prestou o serviço e constituem instrumento de controle de horas trabalhadas, de comprovação das ocupações da pessoa física contratada por meio da pessoa jurídica das quais são sócias, das ocupações efetivadas, com o consequente controle do desempenho da fiscalizada na execução de sua atividade fim, de provisionamento das despesas por centro de custo e de controle de custos e de autorização de pagamento de despesas; II.7) a quase totalidade das empresas contratadas pela fiscalizada para a prestação de serviços não possuía empregados e eram constituídas tendo como sede o endereço residencial de um dos sócios ('Quadro 1' do Relatório Fiscal); II.8) pessoas jurídicas contratadas para a prestação de serviços tiveram seus sócios contratados como empregados pela fiscalizada em período posterior ao que se refere o presente lançamento (tabela Relatório Fiscal efl. 87); II.9) exempregados da fiscalizada, ao serem desligados, foram incluídos ou já participavam como sócios de pessoas jurídicas e passaram a receber sua remuneração por meio de nota fiscal emitida pela pessoa jurídica da qual passaram a integrar ou já integravam o quando societário (tabela Relatório Fiscal – efl. 87); Fl. 10185DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 5 4 II.10) pessoas físicas contratadas por meio de pessoas jurídicas das quais eram sócias tiveram deduções efetuadas nos valores das notas fiscais correspondentes a débitos de telefonema particular e reprodução particular, em obediência às mesmas regras impostas aos empregados para a utilização de equipamentos e serviços na fiscalizada (Anexo 5); II.11) a fiscalizada contratou pessoas físicas por meio de pessoas jurídicas e que essas pessoas físicas contratadas permaneciam à disposição da fiscalizada para o cumprimento de tarefas, na área de sua habilitação profissional, decorrentes de contratos celebrados entre a fiscalizada e as empresas clientes ou enquanto fosse do interesse de ambos e houvesse a respectiva demanda; II.12) pessoas físicas contratadas por meio de pessoas jurídicas das quais eram sócias foram incluídas no Grupo Segurável, conforme especificado no Contrato de Seguro de Vida em Grupo Cenário 700091009/12, celebrado entre a fiscalizada e a MetLife Metropolitan Life Seguros e Previdência Privada S/A (planilha Relatório Fiscal efl. 88/89 e Anexo 4); II.13) os 'serviços complementares' anotados no campo 'Descrição dos Serviços' das notas fiscais examinadas se referiam ao ano anterior ao da competência de emissão da nota fiscal e foram contabilizados na conta 4710000100 PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS; II.14) que a prática da 'pejotização' pela fiscalizada tem sido objeto de discussão em reclamatórias trabalhistas; transcreve trechos de voto extraído de Embargos de Declaração – Processo 0014777.2011.503.0019, em que o Poder Judiciário reconhece a fraude envolvendo este tipo de contratação; Assim como no lançamento referente ao complemento salarial pago a empregados por meio de nota fiscal emitida por pessoa jurídica dos quais eram sócios, acima mencionado, a base de cálculo das contribuições lançadas, que consiste no valor das notas fiscais emitidas pelas pessoas jurídicas, foi apurada através do procedimento de aferição indireta, com fundamento na Lei n° 8.212/1991, artigo 33, §§ 3° e 6°, e no artigo 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. III – remuneração estratégica sob a forma de participação acionária A auditoria fiscal identificou a conta "4041601900 Outros valores a pagar a funcionários e dirigentes/Spring pagamentos a título de resgate link e ações gratuitas" na contabilidade da autuada e intimou o contribuinte a apresentar esclarecimentos e documentos comprobatórios dos lançamentos nela realizados. Em resposta, a recorrente apresentou os documentos solicitados, dentre eles regulamentos e notas informativas referentes a dois planos de participação acionária oferecidos pela empresa a seus empregados, que foram parcialmente reproduzidos no Relatório Fiscal. Após a análise da documentação, a fiscalização concluiu que os planos ofertados proporcionaram aos empregados adquirirem ações e quotas de fundo de investimento em condições vantajosas se comparadas às condições ofertadas no mercado, de modo que considerou o ganho obtido na data de pagamento das ações como remuneração variável decorrente da relação de trabalho, integrante, portanto, do salário de contribuição, nos termos da Lei n° 8.212/1991, artigo 28, inciso I. Fl. 10186DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 6 5 As principais características dos planos ofertados pelo contribuinte a seus empregados são descritas a seguir: III.1) com relação ao plano denominado 'Spring 2007', as ações foram atribuídas gratuitamente aos empregados que, após um período de aquisição, e desde que estivessem reunidas certas condições previstas no regulamento ao final deste período (de aquisição), se tornariam proprietários das ações, possibilitandolhes o seu resgate imediato, caso fosse do seu interesse; III.2) já o plano 'Link 2010' consistia na oportunidade de os empregados adquirem ações da empresa GDF SUEZ, da qual a autuada é subsidiária, por intermédio de um fundo de investimentos da empresa em condições preferenciais; com relação a este plano especificamente, a fiscalização constatou, em síntese, que: 1) os empregados firmaram contratos de mútuo com a autuada para possibilitar a efetiva subscrição das ações do fundo, de até 100% do valor do investimento permitido, que seria pago em até 10 parcelas mensais iguais e sucessivas, mediante desconto em folha; 2) o resgate só poderia ser realizado após 5 anos (período de carência), estando previsto o resgate antecipado em algumas situações pré definidas (ex. demissão, morte, etc); 3) as taxas relacionadas à manutenção da conta para as cotas do empregado do fundo seriam pagas pela empresa; e 4) a autuada garantia o valor do investimento caso o preço das ações, na data da liberação, fosse menor que o preço da subscrição ('preço protegido'). A remuneração por meio de ações era paga com habitualidade aos empregados, uma vez que foram verificados materiais de divulgação referentes aos lançamentos de planos nos anos de 2005, 2007, 2008 e 2010, e que, nesses documentos, há referência a outros períodos de lançamento. Constitui base de cálculo das contribuições lançadas a diferença entre o preço de resgate lançado na contabilidade e o valor do empréstimo concedido pela fiscalizada ao empregado para a subscrição (ou seja, o preço de resgate menos a quantia emprestada ao empregado), conforme Anexo III. descumprimento de obrigação acessória – deixar de preparar a folha de pagamento das remunerações pagas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos Foi aplicada multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa fiscalizada deixado de incluir em sua folha de pagamento parcelas integrantes da remuneração de segurados empregados, tais como: 1) o complemento salarial pago por meio de nota fiscal emitida pela pessoa jurídica da qual o seu empregado era sócio; 2) a remuneração a pessoa física por meio de nota fiscal emitida pela pessoa jurídica da qual a pessoa física é sócia; e 3) a remuneração estratégica por meio de ações da GDF SUEZ, o que constitui infração à Lei n° 8.212/1991, artigo 32, inciso I, combinado com o artigo 225, inciso I e § 9° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. A multa aplicada, prevista na Lei n° 8.212/1991, artigos 92 e 102, e no RPS, artigo 283, inciso I, alínea "a", artigo 292, inciso II e artigo 373, foi elevada em três vezes o seu valor, conforme previsto no inciso II do artigo 292 do RPS, em razão de a autuada ter efetuado "[...] pagamentos de salário "por fora" da folha de pagamento ou complemento salarial utilizando notas fiscais de pessoas jurídicas das quais seus empregados eram sócios, o que implica em omissão pela fiscalizada de informação e declaração falsa as autoridades fazendárias, inserção de elementos inexatos na declaração de rendimentos de seus empregados e, ainda, emissão de contracheques que sabidamente eram inexatos durante todo o período do Fl. 10187DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 7 6 presente procedimento fiscal para os segurados empregados especificados nos Anexos I, II e III". O valor da multa foi atualizado nos termos da Portaria Interministerial MTPS/MF n° 1, de 8/1/2016, publicada no DOU de 11/1/2016, que passou a ser de R$ 2.143,04 que, elevado em três vezes, perfaz o total de R$ 6.429,12. multa de ofício qualificada A multa de ofício de 75%, aplicada nos termos da Lei n° 4.502, de 1964, artigo 68, por previsão do artigo 44, §1° da Lei n° 9.430, de 1996, foi duplicada para as competências compreendidas entre 1/2011 a 12/2012, em decorrência "[...] de fatos que se subsumem a pelo menos uma das previsões dos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/ 1964". A DRJ julgou a impugnação procedente em parte, “retificando o lançamento referente a contribuição dos segurados conforme demonstrativo de fls. 10.058 do voto, e mantendo o crédito remanescente” e seu acórdão recebeu as seguintes ementas: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 SALÁRIODE CONTRIBUIÇÃO. Entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos a trabalhador como forma de retribuir o trabalho prestado. VENDA DE AÇÕES DE TERCEIROS. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL. Atuando a empresa para garantir uma efetiva vantagem econômica aos segurados a seu serviço, mitigando os riscos e os custos do exercício de opção de compra de ações de outra empresa do grupo, os ganhos configuram remuneração variável. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. CARACTERIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR SEGURADO EMPREGADO. A autoridade fiscal, ao aplicar a norma previdenciária ao caso em concreto, e ao observar o princípio da primazia da realidade, tem autonomia para, no cumprimento de seu dever funcional, reconhecer a condição de segurado empregado para fins de lançamento das contribuições previdenciárias efetivamente devidas. ARBITRAMENTO. A fiscalização está autorizada legalmente a lançar de ofício, arbitrando as importâncias que reputarem devidas, com base em elementos idôneos de que dispuser, quando a contabilidade da empresa não registrar o movimento real de remuneração de segurados a seu serviço, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. Fl. 10188DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 8 7 A multa de ofício de 150% é aplicável sempre que caracterizada a prática de ato com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária. DECADÊNCIA. Uma vez constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, as contribuições lançadas sujeitamse ao prazo decadencial de 5 anos previsto no Código Tributário Nacional, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DEIXAR A EMPRESA DE PREPARAR FOLHA DE PAGAMENTO DAS REMUNERAÇÕES PAGAS OU CREDITADAS A TODOS OS SEGURADOS A SEU SERVIÇO. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Foi interposto recurso de ofício, “porque o valor exonerado é superior ao previsto no artigo 1º da Portaria MF nº 63, de 9/2/2017”. A ciência dessa decisão ocorreu por “termo de ciência por abertura de mensagem” em 15/09/2017 (efl. 10.081). Em 17/10/2017, foi apresentado recurso voluntário, sendo alegado, em síntese, que (efls. 10085 a 10134): (a) o lançamento é nulo em face da ilegalidade do arbitramento, na medida em que não podia ser adotado como base de cálculo o valor constante das notas fiscais emitidas pelas pessoas jurídicas; não há falar em insuficiência documental ou resistência ao fornecimento que justifiquem o arbitramento; (b) o crédito tributário encontrase parcialmente decaído, devendo ser aplicada a regra do § 4° do art. 150 do CTN; (c) houve ofensa ao princípio da legalidade, em virtude de o Fisco estar tributando, com se salário de contribuição fosse, a remuneração percebida por pessoas jurídicas; (d) o art. 116, parágrafo único, do CTN carece de regulamentação, não possuindo eficácia que autorize sustação dos efeitos dos negócios jurídicos celebrados com as pessoas jurídicas prestadoras de serviços; (e) não há nenhuma simulação que justifique as autuações, tendo agido dentro dos limites da livre iniciativa, realizando planejamento tributário plenamente lícito; (f)aplicase ao caso o art. 129 da Lei 11.196, de 2005; (g)o art. 50 do Código Civil é expresso no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica deve passar pelo crivo do Poder Judiciário; Fl. 10189DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 9 8 (h)os elementos probatórios utilizados pelo Fisco ou correspondem a características naturais da existência ou autuação de sociedades, ou não revelam, em si, qualquer irregularidade ou desvio de finalidade; (i)não há falar em contratação de trabalhadores por sociedade interposta, na medida em que não estão presentes todos os requisitos do vínculo de emprego; ainda que exista vinculação contratual onerosa, inexiste ingerência ou interferência de sua parte no que se refere ao objeto da prestação de serviços, além de não haver habitualidade e de variarem os valores pagos em contraprestação dos serviços prestados; (j)a oferta de ações aos empregados não pode ser considerada como remuneração uma vez que as ações ofertadas pertenciam à outra sociedade, que não a Tractebel Enginnering Ltda.; (l) ademais, o ganho auferido pelo empregado no resgate das ações teria caráter aleatório, que desautoriza o lançamento, uma vez que não foi concedida ao empregado nenhuma garantia de que haveria, de fato, vantagem com a alienação das ações; no momento quer seja das atribuições gratuitas (Spring 2007), quer seja da aquisição das quotas do Fundo de Ações (Link 2010) não havia qualquer forma de se assegurar, efetivamente, o ganho quando de tais eventos; (m) se algum ganho foi percebido, de fato, pelos empregados, esse decorre de uma relação jurídica divorciada do vínculo empregatício e do exercício do labor, pois se trata de vantagem auferida com base no risco assumido pelos empregados, a depender das oscilações do valor das ações (e das quotas dos Fundos) no mercado financeiro; a metodologia de cálculo não garantia por si só um lucro, mas apenas a manutenção do valor de referência na hipótese de ocorrerem variações negativas; (n) com relação ao plano Link 2010, afirma que inexistiu vantagem no fato de a autuada conceder ao empregado empréstimo para aquisição das quotas do fundo, pois o trabalhador efetuava o pagamento de tal empréstimo via desconto em folha de pagamento ou através de eventuais descontos nas verbas rescisórias; tal situação demonstra a natureza de risco puramente mercantil que se revestiu a atribuição de ações ou a opção de subscrição de quotas de Fundos de Ações, com fundamento legal no artigo 168, §3° da Lei 6.404, de 1976, pois sua celebração pode, ou não, ensejar vantagem econômica para o optante, diante das variações mercadológicas; (o) o recebimento de ações, em um plano de stock options, deriva de uma escolha do empregado, e não deflui, obrigatoriamente, do vínculo com o empregador; o fato de os empregados não poderem alienar as ações pelo período mínimo de 5 anos, como no caso de um dos planos, constitui mais uma evidência da distinção entre a concessão de oportunidade de subscrição de ações e o ganho auferido e a remuneração; sem liquidez, as ações e quotas subscritas somente poderiam gerar uma vantagem econômica após o período de carência, se o valor de liquidação/alienação superar aquele pelo qual foi feita a subscrição, levandose em conta a constante flutuação do preço da ação no mercado financeiro; os planos de stock options não possuem natureza de remuneração; tendo em conta o elemento aleatório inerente aos planos de stock options, falece a esta a habitualidade necessária para que qualquer verba seja reputada como integrante do salário de contribuição; pouco importa em quantas oportunidades o plano de stock options foi oferecido, ou venha a ser oferecido, pois estas características se repetirão necessariamente, afastando a habitualidade; a outorga de opção de subscrição de ações ainda que efetivada por preço incentivado, não se caracteriza como remuneração ante o Fl. 10190DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 10 9 elemento risco, não podendo haver incidência de contribuições sociais previdenciárias e destinadas a terceiros; (p) ainda que por força do contrato de trabalho tivesse sido oportunizada a subscrição de ações e quotas de fundos de ações, com período de carência, tratase de uma simples opção do empregado que, uma vez exercida, poderia propiciar um ganho financeiro derivado de relação jurídica absolutamente distinta que fundamenta o vínculo empregatício. (q) não há como subsistir a pretensão fiscal de fazer incidir contribuição social sobre a diferença entre o preço de referência e o preço de resgate (venda) da ação ou quota, por não representar, juridicamente, uma remuneração, cujo caráter é de contraprestação, ao revés de um instrumento pautado essencialmente pelo risco empresarial (r) no caso em análise, não há habitualidade na concessão das opções de aquisição de ações, seja sob o ângulo de sua efetivação, que depende unicamente de decisão dos beneficiários (não se repetindo uma vez exercida), seja sob o ponto de vista de ganho, já que pode ou não ocorrer dependendo de circunstâncias mercadológicas (s)ainda que assim não se entenda, as contribuições incidentes sobre tal 'remuneração' tem como fato gerador a data do exercício das opções pelo beneficiário, ou seja, quando o mesmo exerce o direito de compra em relação às ações que lhe foram outorgadas; não há qualquer hipótese de exigibilidade das contribuições sociais em tela, haja vista que a subscrição de ações ou quotas ocorreu entre os anos de 2007 a 2010, já alcançadas pela decadência, quer seja via o artigo 150, §4°, ou artigo 173, I, do CTN. (t) via de consequência, não há igualmente que se imputar quanto a essa parcela o descumprimento de obrigação formal relativa à preparação das folhas de pagamento, pois a rubrica não deveria compor a base de cálculo de contribuições sociais previdenciárias. O pedido consiste no provimento do recurso voluntário, ou, sucessivamente, ser reconhecida a decadência relativamente ao crédito tributário cujos fatos geradores ocorreram até dezembro de 2011, ser a multa isolada cominada reduzida ao percentual de 75% (setenta e cinco por cento). É o relatório. Voto Conselheiro João Bellini Júnior – Relator Em 30/08/2018, o excelso Supremo Tribunal Federal, ao julgar conjuntamente a ADPF 324 e o RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discutia a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, fixou a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)." Desse modo, em razão da natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das terceirizações em qualquer atividade empresarial. Fl. 10191DF CARF MF Processo nº 15504.729877/201658 Resolução nº 2301000.740 S2C3T1 Fl. 11 10 No entanto, até a presente data os acórdãos, tanto na ADPF 324 (ação concentrada) quanto no RE 958252 (sistemática da repercussão geral) não foram publicados, o que impede de se aplicar, com segurança, suas decisões. Desse modo, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que o presente processo reste SOBRESTADO, até o trânsito em julgado dos referidos acórdãos pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Relator Fl. 10192DF CARF MF
score : 1.0