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Numero do processo: 13971.003672/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/07/2007
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. AUTUAÇÃO POR NÃO RECOLHIMENTO DOS VALORES DESCONTADOS DOS EMPREGADOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÕES. 1) CERCEAMENTO DE DEFESA. CONFUSÃO DE DISPOSITIVOS LEGAIS NO RELATÓRIO FISCAL. CIÊNCIA PELO CONTRIBUINTE DA INFRAÇÃO IMPUTADA. Alega a Recorrente que os dispositivos mencionados pela autoridade fiscal eram confusos ou não se relacionavam com o objeto da autuação. Como se pode notar, tanto da impugnação apresentada quanto do Recurso Voluntário, a Recorrente tem plena ciência da matéria da autuação, sendo inclusive capaz de debatê-la ponto a ponto. O cerceamento de defesa é verificado nas situações em que ao contribuinte autuado não é dada a oportunidade de rebater as afirmações da autoridade autuante ou, ainda, nos casos em que o Auto de Infração como um todo impossibilita que o contribuinte verifique a razão pela qual tenha sido autuado. Precedentes: CARF, Acórdão n° 2802-001.402 e Acórdão 1402-001.029. 2) COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCALIZADORA DA MATRIZ PARA AUTUAÇÃO DE DÉBITOS DE FILIAL EM OUTRO ESTADO. Na vigência da Instrução Normativa RFB n° 3/2005, o contribuinte poderia eleger o estabelecimento centralizador de sua empresa, mediante requerimento, ou, na falta desta eleição, a SRP, atualmente RFB, uma vez constatando que os elementos necessários à realização de auditoria-fiscal se encontravam em outro estabelecimento que não o eleito, poderia promover, de ofício, a alteração do centralizador. Destarte, não há que se falar em falta de competência da Unidade da RFB de Blumenau para fiscalizar a filial em Recife, uma vez que a fiscalização foi realizada no estabelecimento matriz localizado na Unidade de Blumenau. 3) DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. RECOLHIMENTO A MENOR. ART. 150, § 4°, CTN. O prazo decadencial inicia-se, no caso de recolhimento a menor, na ocorrência do fato gerador. Seu término, nos termos da legislação tributária, ocorrerá cinco anos mais tarde, ou, para melhor demonstrar, 60 meses - completos - após o fato gerador. Assim, não há que se falar na decadência da competência 09/2004, vez que não completos os cinco anos que a lei determina. 4) RETENÇÃO DE ONZE POR CENTO EM RAZÃO DE CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. RETENÇÃO NÃO OBSERVADA. ÔNUS DA PROVA QUANTO À PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. A Recorrente alega que a autoridade fiscal não comprovou a realização dos serviços observados em notas fiscais emitidas em nome da empresa. O art. 33, § 6°, da Lei n° 8.212/91, prevê que, quando a fiscalização constatar irregularidades na escrituração contábil ou qualquer outro documento da empresa que diga respeito à sua contabilidade, a apuração de eventuais valores devidos será feita mediante aferição indireta, cabendo à empresa fiscalizada o ônus da prova em contrário.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-003.325
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Júlio César Vieira Gomes - Presidente
Thiago Taborda Simões - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Júlio César Vieira Gomes (presidente), Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Thiago Taborda Simões.
Nome do relator: THIAGO TABORDA SIMOES
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AUTUAÇÃO POR NÃO RECOLHIMENTO DOS VALORES DESCONTADOS DOS EMPREGADOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÕES. 1) CERCEAMENTO DE DEFESA. CONFUSÃO DE DISPOSITIVOS LEGAIS NO RELATÓRIO FISCAL. CIÊNCIA PELO CONTRIBUINTE DA INFRAÇÃO IMPUTADA. Alega a Recorrente que os dispositivos mencionados pela autoridade fiscal eram confusos ou não se relacionavam com o objeto da autuação. Como se pode notar, tanto da impugnação apresentada quanto do Recurso Voluntário, a Recorrente tem plena ciência da matéria da autuação, sendo inclusive capaz de debatêla ponto a ponto. O cerceamento de defesa é verificado nas situações em que ao contribuinte autuado não é dada a oportunidade de rebater as afirmações da autoridade autuante ou, ainda, nos casos em que o Auto de Infração como um todo impossibilita que o contribuinte verifique a razão pela qual tenha sido autuado. Precedentes: CARF, Acórdão n° 2802001.402 e Acórdão 1402 001.029. 2) COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCALIZADORA DA MATRIZ PARA AUTUAÇÃO DE DÉBITOS DE FILIAL EM OUTRO ESTADO. Na vigência da Instrução Normativa RFB n° 3/2005, o contribuinte poderia eleger o estabelecimento centralizador de sua empresa, mediante requerimento, ou, na falta desta eleição, a SRP, atualmente RFB, uma vez constatando que os elementos necessários à realização de auditoria fiscal se encontravam em outro estabelecimento que não o eleito, poderia promover, de ofício, a alteração do centralizador. Destarte, não há que se falar em falta de competência da Unidade da RFB de Blumenau para fiscalizar a filial em Recife, uma vez que a fiscalização foi realizada no estabelecimento matriz localizado na Unidade de Blumenau. 3) DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. RECOLHIMENTO A MENOR. ART. 150, § 4°, CTN. O prazo decadencial iniciase, no caso de recolhimento a menor, na ocorrência do fato gerador. Seu término, nos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 36 72 /2 00 9- 88 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 termos da legislação tributária, ocorrerá cinco anos mais tarde, ou, para melhor demonstrar, 60 meses completos após o fato gerador. Assim, não há que se falar na decadência da competência 09/2004, vez que não completos os cinco anos que a lei determina. 4) RETENÇÃO DE ONZE POR CENTO EM RAZÃO DE CESSÃO DE MÃODEOBRA. RETENÇÃO NÃO OBSERVADA. ÔNUS DA PROVA QUANTO À PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. A Recorrente alega que a autoridade fiscal não comprovou a realização dos serviços observados em notas fiscais emitidas em nome da empresa. O art. 33, § 6°, da Lei n° 8.212/91, prevê que, quando a fiscalização constatar irregularidades na escrituração contábil ou qualquer outro documento da empresa que diga respeito à sua contabilidade, a apuração de eventuais valores devidos será feita mediante aferição indireta, cabendo à empresa fiscalizada o ônus da prova em contrário. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes Presidente Thiago Taborda Simões Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Júlio César Vieira Gomes (presidente), Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Thiago Taborda Simões. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 132 3 Relatório Tratase de AI DEBCAD sob o n° 37.243.7435, consolidado em 22/09/2009, no valor de R$ 9.832,53 (nove mil oitocentos e trinta e dois reais e cinqüenta e três centavos), decorrente de não recolhimento de contribuições sociais descontadas dos segurados empregados, nas competências de 08/2004 a 07/2007. Nos termos do Relatório Fiscal (Fls. 28/29), os fatos geradores das contribuições lançadas foram apurados de acordo com os seguintes levantamentos: LEVANTAMENTO FPO – FOLHA DE PAGAMENTO OBRA – referente às remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados da própria empresa, que trabalharam na obra de construção civil realizada no período de 08/2005 a 03/2006, levantadas com base em resumos de folhas de pagamento, conforme discriminativo “Obra CEI 50.019.26.017/75. As remunerações em comento não foram lançadas em título próprios da contabilidade. LEVANTAMENTO Z2 – TRANSFERIDO DO LEVANTAMENTO FPO (75%) competência transferida dos levantamentos FPO – Folha de Pagamento Obra. Em virtude da edição da Lei 11.941/2009, foi efetuado comparativo entre multas e constatado que, nos períodos de 13/2005 e 02/2006, a multa mais benigna foi a de ofício (75%). Realizados os levantamentos, considerouse ainda, para lavratura dos Autos de Infração, que a empresa Recorrente fora excluída do Simples Nacional em 07/08/2003, por meio do Ato Declaratório Executivo n° 461.462, com efeitos retroativos a 01/01/2002. Sendo assim, os valores recolhidos de acordo com o sistema de arrecadação SIMPLES, no período de 08/2004 a 06/2006, foram deduzidos do crédito lançado, a fim de se evitar pagamento duplicado de contribuições. A Recorrente foi intimada do AIIM em 28/09/2009 e, às fls. 33/49, apresentou impugnação em 28/10/2009. Recebida a Impugnação, a Delegacia da RFB de julgamento em Brasília (DF) proferiu acórdão (Fls. 61/76), julgando improcedente a pretensão da Recorrente. Face ao acórdão proferido, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (Fls. 81/95), alegando, em síntese: i) houve cerceamento de defesa, uma vez que foram colocados nos fundamentos legais do débito dispositivos revogados ou que não têm relação com o lançamento, impedindo que a Recorrente soubesse em quais fundamentos estava pautada a autuação; ii) a unidade da Receita Federal do Brasil localizada em Blumenau (SC) não tem competência para fiscalizar empresa localizada em Recife (PE), como é o caso da filial fiscalizada e, portanto, o auto de infração deve ser considerado nulo; Fl. 133DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 iii) operouse a decadência com relação aos valores referentes aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a 28/09/2004, inclusive; iv) da empresa optante pelo SIMPLES não se pode exigir escrituração no molde das demais empresas; v) a Recorrente apresentou defesa relativa à exclusão do SIMPLES em 2003, mas apenas em 2006 houve decisão, razão pela qual, antes disso, não poderia a empresa ser considerada excluída do sistema; vi) é inconstitucional o art. 33, § 4°,da Lei 8.212/91, pois, ao exigir a contribuição com base na área construída, criou um novo imposto, pois a CF, art. 195, I, alíneas a, b e c, apenas permite a exigência de contribuição com relação à folha de salários e demais rendimentos do trabalho, receita ou faturamento e o lucro; vii) os valores constantes na tabela “Remuneração Empregados” devem ser considerados na dedução dos supostos valores devidos e, ainda, que o fato de a empresa ter descumprido obrigação acessória (declaração em GFIP dos valores retidos) não pode afastar o direito de a contribuinte deduzir dos valores supostamente devidos na regularização da referida obra as contribuições de 11% sobre as NFs emitidas pela Directa; viii) o valor da mãodeobra apurado por aferição não condiz com a prevista no contrato anexado, celebrado com a empresa Reta Engenharia S/C Ltda; ix) não concorda com o lançamento referente aos 11% incidentes sobre as notas fiscais de serviço, pois o fisco não comprovou a cessão de mão de obra – não foi comprovada a ocorrência do fato gerador com relação à prestação de serviços pela empresa Directa Engenharia & Projetos Ltda; x) afirma que não contratou os serviços da empresa Directa Engenharia & Projetos para construção da obra arbitrada, mas sim a empresa Reta Engenharia, conforme contrato anexado aos autos; xi) a empresa não tem qualquer responsabilidade pela obrigação tributária decorrente da relação contratual com o prestador de serviços; xii) a autoridade fiscal, ao lavrar o auto de infração referente às contribuições previdenciárias sobre as folhas de pagamento da obra, deixou de determinar a matéria tributável, não restando demonstrada a forma de apuração dos valores que o AIIM indicou como bases de cálculo, bem como com base em quais fundamentos e critérios foi autuada; xiii) houve cobrança múltipla sobre os mesmos fatos geradores, ocorrendo a tributação em cascata sobre os mesmos supostos fatos geradores, que sequer restaram comprovados; xiv) quanto às contribuições previdenciárias, a Recorrente discorreu acerca da base de cálculo das contribuições, destacando sua incidência apenas sobre as verbas pagas em contraprestação, bem como requerendo o reconhecimento da não incidência sobre os valores pagos a título de verbas indenizatórias como auxíliodoença, saláriomaternidade, adicionais de insalubridade, de periculosidade, adicionais noturno, horasextras, etc.; xv) não pode prevalecer a taxa SELIC se os AIIM forem mantidos, nos termos do art. 161, §1°, do CTN. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 133 5 Ao final, requer seja reconhecida a nulidade do acórdão proferido ou o cancelamento dos AIIM, bem como a exclusão dos valores cobrados em duplicidade e daqueles relativos à filial, por falta de competência da autoridade fiscal. Ainda, requer a exclusão dos valores relativos à filial, por ausência de competência; e os relativos às contribuições exigidas sobre verbas não remuneratórias e à taxa SELIC. Os autos foram remetidos ao CARF para julgamento do Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Voto Conselheiro Thiago Taborda Simões Relator Inicialmente, o recurso voluntário atende a todos os requisitos de admissibilidade, dentre eles o da tempestividade, razão pela qual dele conheço. Preliminares A Recorrente alega, em preliminares, que houve cerceamento de defesa; erro de forma do AIIM; incompetência da autoridade fiscal autuante e decadência. No que se refere ao cerceamento de defesa e ao vício formal apontado, não tem razão a Recorrente. A alegação de que os dispositivos mencionados pela autoridade fiscal eram confusos ou não se relacionavam com o objeto da autuação não serve para justificar a pretensão da contribuinte. Como se pode notar, tanto da impugnação apresentada quanto do Recurso ora em análise, a Recorrente tem plena ciência da matéria da autuação, sendo inclusive capaz de debatêla ponto a ponto. O cerceamento de defesa é verificado nas situações em que ao contribuinte autuado não é dada a oportunidade de rebater as afirmações da autoridade autuante ou, ainda, nos casos em que o Auto de Infração como um todo impossibilita que o contribuinte verifique a razão pela qual tenha sido autuado. Neste sentido, é o posicionamento do CARF: “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Ano calendário: 2006 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, de sorte a oportunizar ao contribuinte o direito à ampla defesa, não há se falar em nulidade do lançamento. INFORMAÇÕES PRESTADAS NA DIRF. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES A declaração de rendimentos é obrigação e responsabilidade do contribuinte e não de profissional da área contábil contratado. Ninguém pode se escusar de cumprir a lei tributária, alegando que não a conhece. (...)” (CARF – Processo n° 10215.720249/200839, Acórdão n° 2802 001.402) “Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2006, 2007, 2008 LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O cerceamento de direito de defesa ocorre quando o sujeito passivo teve prejudicado seu acesso ao processo fiscal, no qual Fl. 136DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 134 7 encontramse as informações que norteiam o lançamento a ser contestado, ou se a descrição dos fatos é insuficiente ou deficiente, de tal forma, a impedilo de apresentar impugnação. Situações estas que não se encontram nos presentes autos. Erros na determinação das bases de cálculos, devidamente comprovados, podem ser corrigidos e não implicam em nulidade do lançamento. (...) Recurso de Oficio Negado. Recurso Voluntário Provido em Parte.” (CARF, Proc. n° 16327.000260/201012, Acórdão 1402 001.029, Relator Antonio José Praga de Souza) A Recorrente alega que a DRF de Blumenau, ao proferir o acórdão que deu parcial provimento à sua Impugnação, agiu contrariamente à ampla defesa garantida pelo texto constitucional. Segundo a Recorrente, a autoridade julgadora deixou de apreciar alguns dos fundamentos apresentados em impugnação, razão pela qual se impunha a nulidade do acórdão. Todavia, é claramente verificada a manifestação da autoridade julgadora, às fls. 150/151, à respeito das considerações feitas pela Recorrente acerca da constitucionalidade dos arts. 31 e 33, § 4° da Lei 8.212/91. O acórdão dedicou um tópico apenas para justificar a impossibilidade de análise de constitucionalidade na esfera administrativa, o que torna descabida a pretensão de nulidade da Recorrente. Ainda quanto às preliminares, no que tange à competência da autoridade fiscal de Blumenau para autuação de créditos tributários oriundos de filial estabelecida em Recife, não assiste razão a Recorrente. A Lei n° 11.457/2007, em seus artigos 2° e 3°, concede à Receita Federal do Brasil, no âmbito de sua competência material e de sua estrutura hierárquica e funcional, a prerrogativa de definir as regras de competência para execução da fiscalização e arrecadação, obedecida a legislação vigente. Importante frisar, ainda, que a mesma lei, através do art. 48, normatizou a questão da vigência dos atos dos órgãos então unificados, prevendo a manutenção dos convênios celebrados e dos atos normativos já editados quando da vigência da lei. Com base nisso, a Instrução Normativa SRP n° 3, de 14 de julho de 2005, vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, tratou do tema do domicílio tributário e estabelecimentos nos seus artigos 741 a 747: Art. 741. Domicílio tributário é aquele eleito pelo sujeito passivo ou, na.falta de eleição, aplicase o disposto no art. 127 da Lei n° 5.172, de 1966 (CTN). Art. 742. Estabelecimento é uma unidade ou dependência integrante da estrutura organizacional da empresa, sujeita à inscrição no CNPJ ou no CEI, onde a empresa desenvolve suas atividades, para os fins de direito e de fato. Art. 743. Estabelecimento centralizador, em regra, é o local onde a empresa mantém a documentação necessária e suficiente Fl. 137DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 à fiscalização integral, sendo geralmente a sua sede administrativa, ou a matriz, ou o seu estabelecimento principal, assim definido em ato constitutivo. Art. 744. A empresa poderá eleger como centralizador quaisquer de seus estabelecimentos, devendo, para isso, protocolizar requerimento na SRP, observado o disposto no art. 22. Art. 745. O estabelecimento centralizador será alterado de oficio pela SRP, quando for constatado que os elementos necessários à AuditoriaFiscal da empresa se encontram, efetivamente, em outro estabelecimento, observado o disposto no §2° do art. 22. § 1° A escolha ou a alteração do estabelecimento centralizado r levará em conta, alternativamente, o estabelecimento empresarial que: I possuir o maior número de segurados; II concentrar o funcionamento contábil e de pessoal; III apresentar o maior valor de contribuição para a Previdência Social. §2° Se o estabelecimento definido como novo centralizador estiver circunscrito a outra DRP, será providenciada, pelo Serviço/Seção de Fiscalização da DRP, a transferência dos documentos e dos registros informatizados da empresa para a DRP circunscricionante do novo estabelecimento centralizador que, no prazo de trinta dias, comunicará à empresa esta mudança. Art. 746. A empresa deverá manter à disposição do AFPS, no estabelecimento centralizado r, os elementos necessários aos procedimentos fiscais, em decorrência do ramo de atividade da empresa e em conformidade com a legislação aplicável. Art. 747. É vedado atribuirse a qualidade de centralizador a qualquer unidade ou dependência da empresa não inscrita no CNPJ ou no CEI, bem como àquelas não pertencentes à empresa. Da leitura dos dispositivos acima transcritos, concluise que, na vigência da Instrução Normativa n° 3/2005, o contribuinte poderia eleger o estabelecimento centralizador de sua empresa, mediante requerimento, ou, na falta desta eleição, a SRP, atualmente RFB, uma vez constatando que os elementos necessários à realização de auditoriafiscal se encontravam em outro estabelecimento que não o eleito, poderia promover, de ofício, a alteração do centralizador. Dessarte, não há que se falar em falta de competência da Unidade da RFB de Blumenau para fiscalizar a filial em Recife, uma vez que a fiscalização foi realizada no estabelecimento matriz localizado na Unidade de Blumenau. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 135 9 Da Decadência Pretende a Recorrente a declaração de decadência do direito creditório referente à competência de setembro de 2004. A autuação se deu em 28 de setembro de 2009, conforme AIIM (Fl. 01). Assim, reconhecido que houve pagamento a menor pela Recorrente, aplicouse o disposto no art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional, segundo o qual quando do recolhimento a menor do tributo pelo contribuinte, contarseá o prazo decadencial a partir da data do fato gerador. Ressaltese, aliás, que o acórdão proferido em análise à impugnação apresentada reconheceu a decadência dos créditos tributários anteriores à setembro de 2004. Não satisfeita com o reconhecimento da decadência, a Recorrente insiste na idéia de que a decadência deveria, da mesma forma, ocorrer em relação à competência de 09/2004, uma vez que a autuação ocorreu em setembro de 2009. O prazo decadencial iniciase, no caso de recolhimento a menor, na ocorrência do fato gerador. Seu término, nos termos da legislação tributária, ocorrerá cinco anos mais tarde, ou, para melhor demonstrar, 60 meses – completos – após o fato gerador. Assim, não há que se falar na decadência da competência 09/2004, vez que não completos os cinco anos que a lei determina. Das Alegações de Inconstitucionalidade A Recorrente questiona a constitucionalidade do art. 31 e do art. 33, § 4° da Lei n° 8.212/91. Questiona também a constitucionalidade das contribuições devidas a terceiros e da SELIC. Não cabe aos órgãos administrativos o julgamento de constitucionalidade de qualquer que seja a legislação vigente, uma vez que a esfera administrativa está adstrita à correta aplicação da norma em plena vigência. Registrese que a instância administrativa não possui competência legal para manifestarse sobre questões em que se alega eventual colisão da legislação face à Constituição Federal, tendo em vista ser esta competência exclusiva do Poder Judiciário, nos termos da Constituição Federal (art. 102, I, a, e III, b; art. 103, § 2°; EC n° 3/1993). Assim, na esfera administrativa, a competência limitase a afastar aplicação de leis já declaradas inconstitucionais definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a determinação do Secretário da Receita Federal. Mérito Aferição indireta A Recorrente insurge quanto à aferição indireta, sob a alegação de que não se pode exigir das empresas optantes pelo SIMPLES, escrituração contábil nos moldes das demais empresas. A Lei n° 9.317/1996 dispunha: Fl. 139DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 “Art. 7° A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia útil do mês de maio do anocalendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os arts. 3° e 4°. § 1° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada ano calendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas anteriores. § 2° O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento, por parte da microempresa e empresa de pequeno porte, das obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária e trabalhista.” Notese que, apesar de haver dispensado as empresas da escrituração contábil, a lei não as desobrigou de manter em boa ordem e guarda todos os documentos que serviram de base para escrituração dos livros exigidos, bem como, não as dispensou do cumprimento das obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária e trabalhista. No caso em análise, não há que se falar em dispensa da escrituração contábil, vez que no período abrangido pela fiscalização, a empresa já havia sido excluída do SIMPLES, pois a exclusão se dera de forma retroativa a 2002. Ainda, quanto à alegação de que a empresa apresentara defesa relativa à sua exclusão do SIMPLES e que, até que proferida a decisão definitiva, não poderia a Recorrente ser considerada excluída do regime especial, não há respaldo. A fiscalização da qual resultou o AIIM ora discutido se iniciou em 28 de julho de 2009 (FLs. 40), somente dois anos após proferida a decisão definitiva. Assim, não tem razão a Recorrente em alegar que as contribuições não poderiam ser aferidas pelo fato de estar desobrigada da escrituração contábil. Ademais, quanto à possibilidade da aferição indireta, importante destacar o quanto prevê a Lei n° 8.212/91: “ Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo Fl. 140DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 136 11 único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.” Nos termos do dispositivo acima transcrito, é autorizado à fiscalização a apuração de contribuições devidas por aferição indireta quando verificado que a empresa fiscalizada não possui escrituração contábil regular, que demonstre o movimento real da empresa. No caso em questão, a empresa autuada, nos termos do relatório fiscal, deixou de lançar em sua contabilidade todos os fatos relacionados à obra de construção civil já mencionada, como mão de obra, notas fiscais de aquisição de materiais, serviços prestados por empreiteiras e etc. Além disso, a empresa deixou de lançar as notas fiscais emitidas pela empresa Directa Engenharia & Projetos Ltda (apreendidas pela fiscalização, conforme termo de apreensão juntado às fls. 40/41) e todos os fatos geradores relativos à filial da empresa. Ou seja, sendo verificadas tantas irregularidades na escrituração contábil da empresa fiscalizada, não restaram alternativas à fiscalização senão a de aferir indiretamente o quanto devido à título de contribuições sociais, nos termos do art. 33, § 6°, da Lei n° 8.212/91. Vale mencionar que, antes da aferição indireta, a fiscalização cuidouse de intimar a empresa a apresentar os documentos relativos à obra de construção civil, conforme Termo de Intimação Fiscal (fls. 38/39) e esta não o fez. Além disso, ao contestar a aferição indireta, a Recorrente limitase a fazer alegações, mas não apresenta documentos ou provas suficientes para desconstituir o lançamento, razão pela qual se impõe a manutenção do mesmo. Portanto, correto o procedimento adotado pela fiscalização para aferição das contribuições previdenciárias devidas pela Recorrente. Base de Cálculo As contribuições para a Seguridade Social a cargo do empregador, nos termos da Lei n° 8.212/91, têm como base de cálculo o total de remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, destinadas a retribuir o trabalho: “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: Fl. 141DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.” A Recorrente alega que a autoridade fiscal, ao lavrar o auto de infração, deixou de detalhar a matéria tributável. Às fls. 79 dos autos é possível verificar que o AuditorFiscal embasou o cálculo das contribuições em folhas de pagamento verificadas nos documentos por ele analisados quando da fiscalização. Vale dizer que neste demonstrativo o Auditor, inclusive, detalha o cálculo, discriminando os valores declarados em GFIP, os não declarados e as folhas de pagamento mês a mês. Portanto, não há que se falar na impossibilidade alegada pela Recorrente de que não conseguira verificar as bases para tributação. Aliás, tanto foi possível à Recorrente identificar a matéria tributável que esta impugnou a autuação ponto a ponto. Caso houvesse discordância da empresa quanto aos valores discriminados no relatório fiscal e planilha de fl. 79, cabia à Recorrente trazer aos autos provas capazes de refutar os valores lançados. O que não ocorreu. Retenção de 11% em razão de cessão de mãodeobra A Recorrente discute a retenção os 11% (onze por cento) sobre as notas fiscais emitias em seu nome pela empresa Directa Engenharia & Projetos Ltda. Alega que o fisco não comprovou a cessão de mãodeobra; que o valor apurado por aferição não condiz com a prevista no contrato celebrado com a empresa Reta Engenharia S/C Ltda; que não contratou os serviços da empresa Directa Engenharia & Projetos para construção da obra arbitrada, mas sim a empresa Reta Engenharia; e, ainda, que a empresa não tem qualquer responsabilidade pela obrigação tributária decorrente da relação contratual com o prestador de serviços. O art. 31, da Lei n° 8.212/91, trata da retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura quando da contratação de cessão de mãodeobra: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 137 13 § 1° O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. (...) § 3° Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. § 4° Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; III empreitada de mãodeobra; IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. No mesmo sentido, a Instrução Normativa SRP n° 3/2005, vigente na data da ocorrência do fato gerador, em seu art. 145, III, preceitua: “Art. 145 . Estarão sujeitos à retenção, se contratados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, observado o disposto no art. 176, os serviços de: (...) III construção civil, que envolvam a construção, a demolição, a reforma ou o acréscimo de edificações ou de qualquer benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo ou obras complementares que se integrem a esse conjunto, tais como a reparação de jardins ou passeios, a colocação de grades ou de instrumentos de recreação, de urbanização ou de sinalização de rodovias ou de vias públicas; (...)” No caso em tela, conforme se verifica das notas fiscais apreendidas pelo Auditor Fiscal durante a fiscalização, a empresa Directa Engenharia & Projetos Ltda. prestou serviços à Recorrente no período de abril de 2005 a março de 2006, referentes à obra de construção civil. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 Os serviços descritos nas Notas Fiscais, apesar de não detalhados por serviços, mas sim por medição de serviços, são suficientes para demonstrar a contratação da referida empresa pela Recorrente para prestação de serviços relativos à construção civil. E, sendo estes submetidos à incidência de contribuições na forma de retenção, legítima a autuação com base nesses valores. Vale ressaltar que, apesar de a Recorrente negar a contratação de cessão de mãodeobra da empresa Directa Engenharia & Projetos Ltda, em momento algum esta consegue comprovar suas alegações. Não consegue apresentar explicação plausível ao fato de haverem notas fiscais emitidas pela empresa em seu nome e, ainda, afirma que não foi esta a empresa contratada para efetivação da obra, juntando contrato de prestação de serviços firmado com outra empresa – a Reta Engenharia S/C Ltda. O já transcrito art. 33, § 6°, da Lei n° 8.212/91, esclarece que, quando a fiscalização constatar irregularidades na escrituração contábil ou qualquer outro documento da empresa que diga respeito à sua contabilidade, a apuração de eventuais valores devidos será feita mediante aferição indireta, cabendo à empresa fiscalizada o ônus da prova em contrário. Pois bem. Foram localizadas e apreendidas as referidas notas fiscais de serviços na contabilidade da empresa Recorrente. Verificada a inexistência de retenção dos 11%, o AuditorFiscal exerceu sua função, autuando a empresa. A partir disso, cabia à empresa, nos termos do art. 33, o ônus de provar que esses serviços não foram efetivamente prestados e que, por isso, a retenção de 11% seria indevida. O que não ocorreu. A empresa fez afirmações que não pôde comprovar. Limitouse a dizer que não contratou a empresa Directa Engenharia & Projetos e que as notas fiscais foram emitidas sem seu conhecimento; apresentou contrato firmado com a empresa Reta Engenharia alegando que isso, por si só, era suficiente para comprovar a não contratação da outra empresa. Não obstante, contradizendo suas próprias alegações, a Recorrente requer a dedução da contribuição de 11% apurada sobre a remuneração despendida na execução da obra, o que lhe geraria um crédito cujo direito não pode ser reconhecido à vista dos recolhimentos e declarações em GFIP efetuados muito aquém da realidade fática. Sem fundamento a pretensão da Recorrente. Aliás, ainda que fosse acatado o pedido de dedução dos valores referentes à retenção de 11%, a empresa teria que cumprir obrigações acessórias estabelecidas na legislação, nos termos dos artigos 447, da IN RFB n° 03/2005 e 355, incisos I e II, da IN RFB n° 971/2009: “Art. 447. A remuneração relativa à mãodeobra terceirizada, inclusive ao décimoterceiro salário, cujas correspondentes contribuições recolhidas tenham vinculação inequívoca à obra, será atualizada até o mês anterior ao da emissão do ARO com aplicação das taxas de juros previstas no caput e na alínea "b" do inciso II do art. 495, e aproveitada na forma do art. 445, considerandose: Fl. 144DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 138 15 I até janeiro de 1999, a remuneração correspondente às contribuições recolhidas em documento de arrecadação identificado com o CNPJ do prestador, com o endereço da obra, e que traga, no campo "observações", a identificação da matrícula CEI e o número da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços; II a partir de fevereiro de 1999 até setembro de 2002: a) a remuneração declarada em GFIP referente à obra, identificada com a matrícula CEI no campo "CNPJ/CEI do tomador/obra", com comprovante de entrega, emitida por empreiteira contratada diretamente pelo responsável pela obra, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos com base nas notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços emitidos pela empreiteira; b) a remuneração declarada em GFIP referente à obra, identificada com a matrícula CEI no campo "CNPJ/CEI do tomador/obra", emitida pela subempreiteira contratada, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos pelo contratante com base nas notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços emitidos pela empreiteira ou subempreiteira; c) o valor retido com base nas notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços emitidos pela empreiteira ou subempreiteira contratada, quando não tenha sido apresentada a GFIP da contratada, conforme previsto nas alíneas "a" e "b" deste inciso, observado o disposto no § 2º e no art. 239; III a partir de outubro de 2002, somente serão convertidas em área regularizada as remunerações declaradas em GFIP referente à obra, com comprovante de entrega, emitidas pelo empreiteiro ou pelo subempreiteiro, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos correspondentes. III a partir de outubro de 2002, somente serão atualizadas e deduzidas da RMT as remunerações declaradas em GFIP referente à obra, com comprovante de entrega, emitida pelo empreiteiro ou pelo subempreiteiro, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos correspondentes. (Redação dada pela IN RFB nº 774, de 29/08/2007) (Vide art. 2º da IN RFB nº 774/2007)” “Art. 355. A remuneração relativa à mãodeobra terceirizada, inclusive ao décimo terceiro salário, cujas correspondentes contribuições recolhidas tenham vinculação inequívoca à obra, será atualizada até o mês anterior ao da emissão do ARO com aplicação das taxas de juros previstas na alínea "b" do inciso II Fl. 145DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 e no inciso III do art. 402, e aproveitada na forma do art. 353, considerandose: I a remuneração declarada em GFIP referente à obra, identificada com a matrícula CEI no campo "CNPJ/CEI do tomador/obra", com comprovante de entrega, emitida por empreiteira contratada diretamente pelo responsável pela obra, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos com base nas notas fiscais, nas faturas ou nos recibos de prestação de serviços, emitidos pela empreiteira; II a remuneração declarada em GFIP referente à obra, identificada com a matrícula CEI no campo "CNPJ/CEI do tomador/obra", emitida pela subempreiteira contratada por empreiteiro interposto, desde que comprovado o recolhimento dos valores retidos pelo empreiteiro contratante com base nas notas fiscais, nas faturas ou nos recibos de prestação de serviços, emitidos pela subempreiteira;” Assim, ante as alegações sem prova da Recorrente, a ausência de retenção dos 11% (onze por cento) sobre os valores da prestação de serviços contidos nas referidas notas fiscais, a não apresentação das GFIPs vinculadas à obra referentes a tais notas fiscais, pelo não cumprimento das determinações contidas na IN SRP n° 3/2005, patente o indeferimento do pedido de dedução de valores das contribuições referentes à obra em questão. Por fim, no que diz respeito à alegação da Recorrente de que não possui responsabilidade pela obrigação tributária decorrente de relação contratual com prestador de serviços, equivocase. O já mencionado art. 33, da Lei n° 8.212/91, em seu § 5°, em complemento ao art. 31, determina: “Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei.” “Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente Fl. 146DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13971.003672/200988 Acórdão n.º 2402003.325 S2C4T2 Fl. 139 17 pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei.” Assim, não tendo a empresa contratante efetuado a retenção, passa a ser sua a responsabilidade pela importância que deixou de receber ou arrecadar nos termos da legislação especializada e, portanto, legítima a autuação. Da não incidência de contribuições previdenciárias A Recorrente pretende o reconhecimento da não incidência de contribuições previdenciárias sobre as verbas de caráter indenizatório e pagas sem a respectiva contraprestação de trabalho. Entretanto, ao tratar do tema, a Recorrente apenas argumenta, sem apontar as verbas autuadas que entende não serem passíveis de incidência. Vale dizer que as verbas citadas pela Recorrente a título de exemplo não podem ser verificadas no relatório fiscal, o que impossibilita ao julgador a análise da incidência ou não da contribuição, bem como seu respectivo abatimento do valor total da autuação. Ainda mais. Da análise da autuação se verifica que o fiscal, ao lavrar o auto de infração, não segregou a natureza das verbas. Apenas incluiu no cálculo todos os valores considerados por ele como sendo de natureza puramente salarial, não fazendo a Recorrente prova da segregação. Sendo assim, impossível a análise da incidência das contribuições previdenciárias. SELIC O Código Tributário Nacional, em seu art. 161, prevê expressamente a possibilidade de lei fixar juros diversos do quanto por ele previsto: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Em complemento, a Lei n° 8.212/91, em seu art. 89, § 4°, prevê: “Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e Fl. 147DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) § 4° O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.” O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já pacificou entendimento, inclusive mediante Súmula, a respeito da aplicação da SELIC para aplicação de juros nos casos referentes às contribuições previdenciárias: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Ademais, não cabe a este Conselho discutir quanto ao caráter remuneratório da Taxa SELIC, pois a Administração Pública é regida pelo Princípio da Legalidade e, sendo assim, deve respeito às normas vigentes. Destarte, patente o indeferimento do pedido de redução da taxa SELIC a 1% ao mês, bem como sua exclusão. Conclusão Por todo o exposto, voto por conhecer do recurso vez que tempestivo e a ele negar provimento pelos fundamentos acima expostos. É como voto. Thiago Taborda Simões. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 20/03/201 3 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 13971.004630/2009-64
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano calendário: 2004 OMISSÃO DE RECEITAS – Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o imposto a ser lançado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. PRESUNÇÃO LEGAL – OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Caracterizam-se como omissão de receita ou de rendimento, por presunção legal – juris tantum - os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DILIGÊNCIA - A admissibilidade de diligência, depende do livre convencimento da autoridade julgadora como meio de melhor apurar os fatos, podendo como tal dispensá-la quando entender desnecessária ao deslinde da questão, diante dos documentos juntados aos autos, em consonância com o artigo 29 do Decreto nº 70.235/72. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA – MATÉRIA SUMULADA – Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA - A prática sistemática de venda sem a emissão de documentos fiscais, e sem a escrituração de compra e venda de veículos, utilizando-se, para fugir à tributação, de conta bancária de interposta pessoa física, durante o ano calendário de 2004, forma o elemento subjetivo da conduta dolosa, ou seja, a intenção de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, o que enseja a aplicação da multa qualificada no 2 percentual de 150% pela ocorrência de fraude, prevista na Lei nº 4.502, de 1964. Súmula CARF nº 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. DECADÊNCIA - TERMO INICIAL Nos casos em que comprovado, dolo, fraude ou simulação, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial, inicia-se do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido iniciado, ex-vi do disposto no inciso I, art. 173, do CTN. LANÇAMENTOS REFLEXOS – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – CSLL, PIS e COFINS. Decorrendo as exigências da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no que houver suporte fático comum, a mesma decisão proferida para o imposto de renda, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa.
Numero da decisão: 1802-001.241
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de decadência e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2004 OMISSÃO DE RECEITAS – Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o imposto a ser lançado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. PRESUNÇÃO LEGAL – OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Caracterizamse como omissão de receita ou de rendimento, por presunção legal – juris tantum os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DILIGÊNCIA A admissibilidade de diligência, depende do livre convencimento da autoridade julgadora como meio de melhor apurar os fatos, podendo como tal dispensála quando entender desnecessária ao deslinde da questão, diante dos documentos juntados aos autos, em consonância com o artigo 29 do Decreto nº 70.235/72. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA – MATÉRIA SUMULADA – Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA A prática sistemática de venda sem a emissão de documentos fiscais, e sem a escrituração de compra e venda de veículos, utilizandose, para fugir à tributação, de conta bancária de interposta pessoa física, durante o ano calendário de 2004, forma o elemento subjetivo da conduta dolosa, ou seja, a intenção de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, o que enseja a aplicação da multa qualificada no Fl. 1339DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 percentual de 150% pela ocorrência de fraude, prevista na Lei nº 4.502, de 1964. Súmula CARF nº 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. DECADÊNCIA TERMO INICIAL Nos casos em que comprovado, dolo, fraude ou simulação, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial, iniciase do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido iniciado, exvi do disposto no inciso I, art. 173, do CTN. LANÇAMENTOS REFLEXOS – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – CSLL, PIS e COFINS. Decorrendo as exigências da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no que houver suporte fático comum, a mesma decisão proferida para o imposto de renda, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de decadência e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José De Oliveira Ferraz Corrêa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Nelso Kichel, Marco Antonio Nunes Castilho e Gilberto Baptista. Relatório Por economia processual adoto o Relatório da decisão recorrida (fls.1.201/1213) que transcrevo a seguir: 0 litígio que se aprecia foi inaugurado pela impugnação de f. 691 a 758, interposta em 18 de dezembro de 2009 contra os autos de infração abaixo relacionados, de que a pessoa jurídica teve ciência pessoal (sócia administradora Ivane Felizari Krenkel, ContratoSocial, cláusula VII, parágrafo único, à f. 751) em 27 de novembro de 2009, resultantes de procedimento fiscal instaurado, inicialmente, contra Rui Carlos Krenkel (CPF 543.417.609 04) ligado por laços familiares aos sócios da requerente , em 15 de dezembro de 2008 (f.30), com base na seguinte constatação, transcrita com acréscimo de destaque (f. 28): Todavia, relativamente ao anocalendário de 2004, a fiscalização, examinando as informações prestadas pelas instituições financeiras à Secretaria da Receita Federal, Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 2 3 conforme previsão contida no art. 11 da Lei 9.311/96, com redação dada pelo art. 12 da Lei 10.174/2001, constatou que o contribuinte ora fiscalizado possui em seu nome conta bancária, e esta apresenta movimentação financeira que se revela completamente incompatível com os rendimentos declarados em sua DIRPF do citado período. Demonstrativo dos Autos de Infração; multa de oficio qualificada, de 150% (exceto CSLL f. 686). Anocalendário de 2004 Lucro Presumido. TRIBUTO PRINCIPAL JUROS DE MORA MULTA DE OFICIO TOTAL AI FOLHAS IRPJ 39.384,45 26.024,32 56.598,82 122.307,59 645 CSLL 29.964,40 19.987,11 44.942,27 94.893,78 675 CSLL 866,34 532,71 649,75 2.048,80 686 PIS 16.812,18 11.426,99 25.217,26 53.456,43 656 Cofins 77.594,88 52.740,42 116.387,79 246.723,09 666 TOTAL 164.622,25 110.711,55 244.095;89 519.429,69 Do detalhado Termo de Verificação Fiscal (f. 595 a 629) transcrevemse os seguintes trechos (f. 621): IV— DAS CONCLUSÕES DA FISCALIZAÇÃO 56 — Em face das constatações explicitadas nos itens anteriores deste Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização conclui que a conta corrente de Rui Carlos Krenkel mantida em 2004 no Banco Bradesco AG 378 CC 150479), de titularidade de direito também de sua esposa Ivane Felizari Krenkel, era: a) de fato, de uso exclusivo da Casa Glória Veículos Ltda em relação aos ingressos de recursos vinculados às vendas cujos depósitos foram efetuados pela BV Financeira e Banco Finasa na conta corrente de Rui Carlos Krenkel; b) de fato, de uso compartilhado entre a Casa Glória Veículos Lida e os titulares de direito (Rui Carlos Krenkel e Ivane Felizari Krenkel), quanto aos demais ingressos de recursos originários de outras fontes (com exceção dos depósitos de Elza Polastri (R$ 6.500,00 em 16/11/2004) e de Prudência Nunes (R$ 5.000,00 em 09/12/2004) —demonstrados no tópico III.1.5 deste Termo — que foram expurgados dos ingressos de recursos originários de outras fontes em face de terem sido constatados como de responsabilidade da Casa Glória Veículos Ltda); 57 — Desse modo, tendo em vista tudo o que foi exposto neste Termo de Verificação Fiscal, temse que: a) os ingressos de recursos na conta corrente de Rui Carlos Krenkel originários do Banco Finasa e da BV Financeira serão apurados exclusivamente (integralmente) em face da Casa Glória Veículos Ltda, uma vez que a fiscalização constatou tratar de vendas de Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 veículos realizadas por esta revenda; b) os ingressos de recursos originários de outras fontes que não as citadas instituições financeiras (com as exceções comentadas no item anterior)serão apurados partilhadamente (em partes iguais, pois este é o critério legal que imputa os rendimentos decorrentes dos ingressos de recursos sem comprovação da origem a cada titular mediante a divisão do total dos rendimentos pela quantidade de titulares) em face de Rui Carlos Krenkel, Ivane Felizari Krenkel e Casa Glória Veículos Ltda (art. 42, §5º c/c § 6º, da Lei nº 9.430/96); 58 — Em razão de que o presente Termo de Verificação Fiscal trata da determinação dos tributos devidos pela Casa Glória Veículos Ltda, CNPJ nº 73.392.987/000100, será então neste item demonstrado os valores dos tributos devidos, em 2004, pela citada contribuinte, tanto em razão das omissões de receitas constatadas pela fiscalização quanto das omissões de receitas decorrentes da aplicação ao caso em concreto descrito neste procedimento fiscal, do que dispõe o art. 42, e seus parágrafos 12 e 62, da Lei n2 9.430/96. Em outras palavras, podese deduzir as omissões de receitas mensais constatadas em razão dos ingressos de recursos originários da BV Financeira e do Banco Finasa, vinculadas ao comércio de veículos, e em razão das vendas de veículos a Elza Polastri e Prudência Nunes (conforme explicitado no tópico 1.5); as omissões de receitas mensais constatadas em razão das comissões recebidas das citadas instituições financeiras, também vinculadas ao comércio de veículos; e as omissões de receitas verificadas na forma do art. 42 da Lei nº 9.430/96, em razão da titularidade de fato compartilhada (conta corrente mantida no Banco Bradesco — AG 378 CC 150479) com os titulares de direito Rui Carlos Krenkel e Ivane Felizari Krenkel, na proporção que cabe à contribuinte fiscalizada Casa Glória Veículos Ltda; 59 — Registrese que o tratamento tributário a ser dado em relação as receitas originarias das comercializações omitidas pela Casa Glória Veículos Ltda, vinculadas aos ingressos de recursos na conta de Rui Carlos Krenkel oriundos da BV Financeira e do Banco Finasa, bem como aos ingressos de recursos correspondentes as vendas a Elza Polastri e a Prudência Nunes, é a de que tais receitas sejam tributadas considerando como lucro presumido o montante de 8% sobre o total destas receitas em cada trimestre (art. 518 do RIR199), pois na ausência de escrituração contábil das comercializações que motivaram tais receitas são inaplicáveis os dispositivos legais que dispõem que a base de cálculo da tributação seja determinada pela diferença entre o valor pelo qual o veiculo usado tenha sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada; V.2 — Da aplicação incorreta das alíquotas de 8% e de 12%, respectivamente, na determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 65 — — Além disso, a fiscalização constatou que a Casa Glória Veículos Lida, em 2004, não aplicou o percentual de 32% para fins de determinação da base de cálculo presumida aplicável as pessoas jurídicas cuja atividade de compra e Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 3 5 venda de veículos equiparase a operações de consignação. Ou seja, no caso em questão, a base de cálculo presumida correspondente ao percentual de 32% aplicado à diferença entre o valor pelo qual o veiculo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada (art. 52 da Lei nº 9.716/98 e 1N SRF nº 152/98 e Parecer Cosit n2 45/2003). Constatou também que a base de cálculo da CSLL foi determinada pela aplicação do percentual de 12% e não 32% como seria o correto, conforme dispõe o art. 20 da Lei nº 9.249/95 (alterado pelo art. 22 da Lei nº 10.648/2003) e arts. 91 e 96 da IN SRF 390/2004; 67 — A partir do demonstrativo visto no Anexo III, a fiscalização elaborou o demonstrativo dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COF1NS)devidos pela Casa Glória Veículos Ltda em razão das omissões de receitas e da aplicação incorreta dos percentuais de determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, visto no Anexo IV ao presente Termo de Verificação Fiscal. Registrese que a aplicação incorreta dos percentuais de determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, ao contrário das omissões de receitas, não gera reflexos relativamente aos demais tributos; f. 627/628: VI — DA QUALIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES RELATIVAS AS OMISSÕES DE RECEITAS 68 — A constatação de que a contribuinte fiscalizada, pela via da utilização de conta bancária de Rui Carlos Krenkel e sua esposa Ivane Felizari Krenkel, esta sócia administradora da citada contribuinte, exerceu parte de suas atividades comerciais normais, quais sejam: recebimentos de receitas vinculadas a vendas de veículos efetuadas, demonstra claramente que a contribuinte fiscalizada assim agiu com o propósito de omitir receitas de modo a reduzir ilicitamente os tributos devidos; 69 — Ou seja, os significativos ingressos de recursos na conta bancária de titularidade de direito de Rui Carlos Krenkel e de Ivane Felizari Krenkel, mas que pertenciam de fato à contribuinte fiscalizada, integralmente em relação aos ingressos de recursos oriundos da BV Financeira e do Banco Finasa, e partilhadamente em relação aos ingressos originários de outras fontes que não as citadas instituições financeiras, retratam, na verdade, receitas não escrituradas da contribuinte fiscalizada; 70 — Assim, uma vez que a contribuinte fiscalizada agiu com intuito de diminuir o montante dos tributos que seriam devidos não fossem as omissões reiteradas observadas ao longo de todo o ano de 2004, e, portanto, em tese com o fim especifico de fraudar a legislação tributária de modo a reduzir o montante dos tributos devidos, será então aplicada a multa Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 qualificada capitulada no art. 957, inciso II, do RIR/99, que assim dispõe: (…) 71 — Ademais, cabe ressaltar que, pela Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, no âmbito do Direito Penal e, portanto, com inflexão sobre este caso (aplicação de penalidade com representação para fins penais), a sonegação vem definida, de forma genérica, como qualquer conduta dolosa que ofenda a ordem tributária, entre as quais as que relacionamos abaixo: "Art. 1 2 Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório mediante as seguintes condutas: I — Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; (…) 72 — Desse modo, tendo sido demonstrado a ocorrência de fatos que, em tese, configuram crime contra a Ordem Tributária, definido no artigo 12, inciso I, da Lei nº 8.137, de 27 de novembro [sic] de 1990, foi, então, formalizado o Processo de [sic] Administrativo de Representação Fiscal para fins Penais, protocolado sob o n2 13971.004631/200917, em cumprimento ao que dispõe a Portaria n2 665/2008; (…) DA IMPUGNAÇÃO Irresignada com os lançamentos, a pessoa jurídica impugna os autos de infração em que veiculados, mediante petição as f. 691 a 758, firmada pela sócia administradora Ivane Felizari Krenkel, relatada a seguir: f. 692: Primeiramente, tem se por hábito adquirir um veiculo no sistema de consignação, onde o cliente deixa seu veiculo em uma loja especializada para que este seja vendido. Após algum tempo, este veiculo é negociado com uma outra pessoa que fecha o negócio e paga de diversas formas diferentes. Parte em dinheiro, parte em cheque e por último parte financiado. Veja que emaranhado de situações acontece para que seja possível a venda de um único veiculo. Vejamos que o Requerente agiu de boa fé e que o seu empreendimento não foi alvo de lucro exorbitante como imagina o Fisco, mas sim alvo de um possível, prejuízo. Ora, é evidente que o Requerente quando recebe parte do pagamento em dinheiro ele não deixa guardado debaixo do colchão, ou escondido em uma gaveta, para depois passar ao proprietário do veiculo, como quer fazer pensar o Fisco. E óbvio que o Requerente depositará na sua conta este valor, juntamente Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 4 7 com o recebimento de cheques. Após apurado o valor a ser passado para o consignante, o contribuinte faz uma transferência entre contas ou geralmente ele saca o valor ou emite um cheque de sua propriedade e repassa. Mas ainda há o empréstimo, muitas vezes para não perder o negócio, o Requerente confiando nos seus clientes adquire empréstimos em seu nome para que seja quitado o veiculo que ora está se negociando. Estes empréstimos também entram na sua conta corrente e na conta corrente do Sr. Rui Carlos KrenkeL Por fim, existe o arrependimento do comprador, que poderá desfazer o negócio. Ai o caminho exposto acima inverte e o dinheiro que transitou na conta do Requerente e na conta do Sr. Rui Carlos Krenkel volta para o comprador. É tão claro, é tão evidente, é tão cristalino a situação do Requerente, que data vênia, não compreendemos como os fiscais não entenderam a situação. E óbvio que a movimentação de dinheiro em conta corrente do Requerente será muito superior ao lucro (se houver), pois por ela é passado muito, mas muito dinheiro que não é de propriedade dela, e sim dos compradores e vendedores de veículos, ou seja, aquelas pessoas físicas que só querem comprar um veiculo ou vender o seu, ou na maioria das vezes trocar por um outro de maior ou menor valor, o que o fez também quando transitou valores na conta do Sr. Rui Carlos Krenkel. A presunção não pode ser feita neste caso, em hipótese alguma, sob pena de que seja cometida uma das maiores injustiças no direito tributário. Não há nenhum dispositivo legal que proíba uma pessoa de movimentar dinheiro em conta alheia, ainda mais neste caso, que está caracterizado que os valores transitaram na conta do Sr. Rui Carlos Krenkel esposo da sócia do requerente e faz parte da negociação de veículos e que estes valores foram repassados a quem é de direito, como bem concluiu a Fiscalização (fls.1 item 2.) Não pode haver presunção de que o valor movimentado na conta corrente seja RECEITA. Os Fiscais agem como se fossem máquinas, que não erram, que não cometem deslizes. Temos que parar de hipocrisias e deixar que o contribuinte possa continuar a levar este imenso pais para a frente, continuando com o seu empreendimento, gerando empregos, movimentando a economia e arrecadando tributos, mas tributos justos e não o confisco do patrimônio alheio como quer o Fisco. (…) f. 695: Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 Ora, considera a fiscalização que só houveram [sic] vendas de veículos financiados, como se não houvesse no universo dos negócios venda de veículos não financiados. Não era difícil concluir que os demais recursos são oriundos da venda de veículos não financiados como pode constatar a fiscalização nas diligências que promoveu, e portanto considerar os custos de aquisição e NÃO SIMPLESMENTE CONSIDERAR COMO RENDA TRIBUTÁVEL. EM MERA PRESUNÇÃO E ARBITRAMENTO. Há uma diferença conceitual enorme entre faturamento, e movimento financeiro. f. 696: Todas as vendas procedidas pela recorrente que efetivamente se concretizaram foram emitidas notas fiscais de saída. Notoriamente ilegal e inconstitucional a notificação fiscal emitida contra o autor por utilizar como fato gerador de tributos federais extrato ou depósito bancário. f. 698: Como é lógico, este comportamento que subsumese à hipótese de incidência dos tributos em relevo, não poderia ser a prática de um ato abusivo e contra a legis (princípio da reserva legal), afrontando a própria Constituição. f.700: Destacase assim que não basta unicamente o uso de movimentação bancária para fazer nascer o CRÉDITO TRIBUTÁRIO; exigese ainda, compulsoriamente, a presença do aspecto econômico para a subsunção completa dos fatos à Lei, e por conseqüência, o florescimento do fato gerador. f. 702: Portanto completamente ilegal a notificação pelos seguintes aspectos: a) fere o principio da reserva legal pois não há ordenamento jurídico que contemple movimentação bancária como fato gerador de tributo; b) não há relação jurídica entre movimentação bancária e a constituição do crédito tributário. • Resta esclarecer ainda que movimentação financeira nunca equivalerá ao faturamento da empresa. As contas bancárias não recebem apenas depósitos derivados de vendas a clientes. Elas refletem toda a movimentação de recursos, que derivam de empréstimos, financiamentos, descontos de duplicatas, transferência entre contas, depósitos de cheques devolvidos, entre outros. f. 703: Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 5 9 Somente a lei, como ente jurídico capaz de criar direitos, de modificálos ou de extinguilos, respeitados sempre o ato jurídico perfeito e acabado, a coisa julgada e o direito adquirido, pode inovar no mundo jurídico; por isso, somente ela pode definir ou criar o fato gerador do tributo ou mesmo modificálo. f. 705: Reconhece os senhores Fiscais que os valores ingressos na conta corrente do recorrente e do Sr. Rui Carlos Krenkel não se referem a rendimentos mas valores de financiamento dos veículos que o recorrente comercializa ou seja o resultado é FATURAMENTO. Recorrente atua no ramo de comércio de veículos e ao vendêlos recebe o respectivo valor em sua conta corrente ou na do Sr. Rui Carlos Krenkel. Portanto, na maioria dos casos há sim o recebimento dos valores cobrados do comprador (cliente), o que por si só já caracteriza uma grande movimentação financeira. Ocorre que a fiscalização IGNOROU o valor do custo do veiculo, o valor pago na sua compra e considerou todo o faturamento como sendo receita, como se o carro TIVESSE CAÍDO DO CÉU ou tivesse ingressado DE GRAÇA na sua empresa. Mas, a Recorrente está bem tranquila, pois ao contrário do que pensa o Fisco de que há omissão de receitas, através de movimentação superior ao declarado,pois todos os indícios mostram claramente que a Recorrente agiu estritamente aos olhos da legislação em vigor e em nenhum momento esta burlou qualquer dispositivo legal. f. 706: Analisaremos o parágrafo único do artigo 5º da Lei nº 9.716/98, qual seja: (…) É certo que a diferença entre o valor da aquisição ou consignação do veiculo na entrada para o valor da venda do veiculo deverá ser tributado, MAS SOMENTE A DIFERENÇA E NÃO TODO 0 VALOR DA VENDA SEM CONSIDERAR 0 VALOR DA ENTRADA (CUSTO DO VEÍCULO). Os Srs Fiscais ignoraram a lei e não aplicaram o mandamento legislativo, agindo contra a lei. Quem age contra a lei prova atos nulos ou anuláveis como deve ocorrer no caso em tela. Para melhor visualização mostraremos um exemplo: Um veiculo 'A" é consignado junto ao proprietário no valor de R$ 10.000,00 (...) para a revendedora de veículos usados. Este veiculo, após Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 10 algum tempo, é revendido por R$ 10.500,00 (..). A diferença que é R$ 500,00 (…), deverá ser tributada e recolhida. Em um pensamento rápido e distraído poderemos imaginar que o valor que transitará na conta corrente bancária da revendedora será de aproximadamente R$ 500,00 (...) que é a diferença entre a consignação e a venda. Mas, devido a vários motivos, raramente e, podemos dizer até que nunca o valor que a revendedora deverá passar ao consignador, que é neste exemplo de R$ 10.000,00 (...), será entregue em mãos. 0 perigo no transporte dessas quantias é um desses motivos, sem falar em comodidade, agilidade, e redução de perda de tempo que é proporcionada por depósitos e transferências em uma conta corrente bancária. Então é fácil perceber que ao invés de a revendedora de veículos transportar da mão do comprador até a mão do consignador os valores negociados é, mais fácil o comprador depositar ou transferir para a conta da revendedora e, este transferir ou depositar na conta do consignador. Portanto no exemplo fornecido, ao invés de transitar na conta da revendedora R$ 500,00 (...), transitará R$ 10.500,00 (...), mas o valor a ser tributado continuará a ser de R$ 500,00 (...), portanto não haverá omissão de receitas, como alega o fisco. Ainda referente ao exemplo, temos que explicar antes que surja alguma dúvida, que o valor não é repassado da conta do comprador diretamente ao do consignador pelo simples motivo de não identificação entres [sic] as partes, já que a revendedora tem livre direito de negociação. É isto um dos motivos que elevou a conta bancária da Recorrente, a transição de valores que não são receitas e portanto não havendo receitas não haverá omissão e consequentemente não haverá tributação e muito menos o Fisco poderá arbitrar tais valores. 0 valor equivalente a receita efetiva esta declarada e os tributos estão declarados e recolhidos conforme documentação anexa. Outro motivo que eleva a movimentação financeira da Recorrente é o fato das operações canceladas. A Recorrente, como todas as demais revendedoras de veículos usados, tem o procedimento de assinarem junto com o comprador "Contrato Particular de Compra e Venda de Veiculo", para posterior emissão da nota fiscal de saída. f. 709: Os valores são depositados ou transferidos para a conta da Recorrente na sua totalidade ou em alguns casos alguma parte do valor negociado, como sinal. Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 6 11 Outra prática realizada pela Recorrente que é utilizada corriqueiramente no comércio de veículos é o empréstimo realizado em nome da revendedora para que seja repassado ao cliente. O comprador (cliente) por algum motivo não tem o valor necessário para aquisição do veiculo e também não pode ou não quer realizar empréstimos junto [sic] a instituições financeiras de créditos e a Recorrente não querendo perder a venda, faz em seu nome especialmente em instituições que abrem linhas de créditos para esta finalidade empréstimos ao qual tem a finalidade de aquisição de veiculo por terceiros (clientes). Nada mais é a Recorrente do que simples intermediária entre a instituição e o cliente. Muitos dos valores que são passados na conta da Recorrente, têm a finalidade de ser repassada [sic] ao cliente para aquisição de veículos. Portanto, novamente não houve omissão de receitas, muito menos lucro ou renda sobre este ato. f.710: Portanto como citado anteriormente, não há como o Fisco arbitrar o faturamento da Recorrente, baseados somente em extratos bancários. A peculiaridade usada no mercado de veículos usados, não permite o arbitramento tão somente considerados [sic] a movimentação bancária da empresa. Conforme já explanado anteriormente, sabemos que a Recorrente agiu totalmente dentro da legislação vigente e que não cometeu nenhuma irregularidade, para que sua movimentação bancária sofresse arbitramento por parte do Fisco. Ainda assim, os fiscais não cumpriram outra determinação vigente, Lei 9716/98 artigo 52. Portanto além de arbitrar lucro da Recorrente baseado em extratos bancários, o que resta totalmente irregular, também arbitrou de forma errada, pois considerou toda a movimentação bancária, quando o certo seria considerar apenas a diferença do valor. f. .711: 2. DA NOTIFICAÇÃO Em todo o momento o Fisco reconheceu que a movimentação na conta do Sr. Rui Carlos Krenkel referiase a Casa Glória. A Receita Federal queria que o contribuinte apresentasse os lançamentos contábeis tal como se apresentava nos extratos bancários. IMPOSSÍVEL. Os negócios eram feitos parte em Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 12 dinheiro, parte em cheques a vista, parte em cheques pré datados, da mesma forma que eram efetuados os pagamentos, com cheques de terceiros, parte em cheques da conta corrente fiscalizada ou da conta do Sr. Rui Carlos KrenkeL Assim a contabilidade registrou os atos e fatos da empresa de forma sintética, o que é permitido pela legislação e pela Resolução 774 de 16.12.1994 do Conselho Federal de Contabilidade, registrando toda a movimentação de compra e venda da empresa. Podemos tomar como exemplo o mês de outubro do ano fiscalizado 2004. 0 total de entrada de veículos foi de R$ 56.452,10 e de saída de veículos 71.280,00, porém o total de ingresso de valores na conta da recorrente foi de R$ 25.291,60 e saída 20.914,00. f. 712: Portanto a diferença dos valores transitou pela conta corrente do Sr. Rui Carlos Krenkel, MAS A NOTA FISCAL FOI EMITIDA PELA EMPRESA CASA GLÓRIA, como fez [sic] constar os Srs. Fiscais no relatório de verificação Fiscal fls 36 anexo do procedimento fiscal nr 09.2.04.002008005533 emitido contra o Sr. Rui Carlos Krenkel 'favorecido do crédito RUI CARLOS KRENKEL valor do veiculo 15.000,00 nome do proprietário José Gilmar Ribeiro do Nascimento". A NOTA FISCAL FOI EMITIDA PELA EMPRESA CASA GLÓRIA LTDA NF 1588 de 06.09.04 registrada na contabilidade e que TEVE TODOS OS TRIBUTOS INCIDENTES RECOLHIDOS, conforme comprova [sic] os documentos anexos e ao CONTRARIO DAS AFIRMAÇÕES DOS SRS FISCAIS NÃO HOUVE "CAIXA Dois"(Fls.14) Portanto NÃO RESTA NENHUM VALOR A SER RECOLHIDO PELA CASA GLÓRIA ora recorrente. A Receita Federal, diante desta impossibilidade plausível de composição analítica tinha outros elementos a sua disposição para ampliar sua investigação, mas escolheu o caminho mais prático, utilizando os valores lançados nos extratos bancários. f. 713: Agora, cabe ao contribuinte, ora recorrente, usar de todos os meios de prova para justificar que todas as operações realizadas pela empresa foram declaradas ao Fisco e seus tributos recolhidos conforme as provas anexas. A prova mais latente [sic] está [sic] na própria atividade desenvolvida pelo recorrente, venda de veículos e os empréstimos efetuados com os bancos BV e Bradesco. O próprio Fisco reconhece isto conforme afirmação feita (item 49 fls 22) "... pois acabaram sendo contabilizados na escrita contábil da Casa Glória Veículos Ltda, mesmo tendo sido os respectivos valores dos financiamentos depositados na conta de Rui Carlos Krenkel". Fl. 1350DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 7 13 f. 714: (...) Em nenhuma empresa, ou mesmo pessoa física como no exemplo citado, os valores de crédito em conta corrente são idênticos ao faturamento da empresa. A análise da movimentação financeira não consiste em meio idôneo para a verificação do fato gerador do faturamento. A movimentação do numerário sob a guarda da instituição financeira não reflete, efetivamente, qualquer acréscimo no patrimônio do contribuinte. f. 715: Notese que movimentação do dinheiro e faturamento são expressões de tão diferentes acepções lingüísticas que as hipóteses de incidência dos tributos CPMF e faturamento trazem cada uma a sua peculiar expressão. O saldos e, sobretudo, as saídas de numerário das contas bancárias — ressaltese que os números são alusivos as saídas, já que são esses os fatos imponíveis do [sic] CPMF — são retratos circunstanciais, sem, absolutamente, possuir o condão de indicar renda auferida. E que o mesmo dinheiro do correntista pode ingressar e ser egresso da conta corrente inúmeras vezes. E essa operação pode se repetir em mais de uma conta corrente. Às f. 716 a 718 a impugnante transcreve ementas de julgados administrativos e judiciais relativos a lançamentos calcados unicamente em depósitos constantes em extratos bancários, a que se refere a súmula nº 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos, que aqui não se reproduzem em razão de tratarem de lançamentos anteriores à Lei nº 9.403, de 27 de dezembro de 1996 que, como se verá no voto seguinte, estabeleceu e disciplinou, em seu art. 42, nova presunção legal de omissão do registro de receita. A partir da f. 721, a impugnante aborda o acertamento da matéria tributável e afirma: A recorrente calculou como base de cálculo o valor total da receita deduzido o custo das aquisições, consoante determina a Lei 9.716/98 artigo 5º. Já a Receita Federal não considerou os custos de aquisição e lançou a diferença entre o valor de ingresso de recursos com o valor liquido informado pelo recorrente. f. 722: A Receita não utilizou o valor bruto das vendas conforme demonstra o total das notas fiscais emitidas pela recorrente Fl. 1351DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 14 Tomandose por exemplo o quarto trimestre de 2004, o total do faturamento da recorrente foi de R$ 257.630,80 (conforme documentos anexos — notas fiscais)mas a Receita Federal somente considerou o valor R$ 48.330,00. Portanto o total apurado como devido pela Receita Federal esta completamente equivocado, porque compara grandezas diferentes, CONTRARIANDO 0 QUE DETERMINA A LEI 9.716/98, artigo 5º. Desta forma, todo o demonstrativo de apuração do tributo esta eivado de vicio e o seu montante completamente equivocado, pois não seguiu os parâmetros determinados pela Lei 9.716/98. A partir da f. 729, sob o tópico "LANÇAMENTO NULO", assim alega a pessoa jurídica impugnante: A empresa Casa Glória era quem realizava toda a operação de compra e venda, sempre existiu tanto de fato como de direito, possuindo faturamento próprio, para exercer as suas atividades. 0 fato da empresa Casa Glória ter movimentado recursos na conta do Sr. Rui Carlos Krenkel, nada tem de ilegal, uma vez que não existe no nosso ordenamento jurídico nenhum dispositivo legal que impeça esta prática. Quanto ao Auto de Infração relativo ao IRP.I e CSSL denotase que a fundamentação legal expressa não condiz com os fatos narrados no Termo de Verificação de Infração. Alegam os fiscais que o recorrente movimentou valores pertencentes à outra pessoa. Entretanto pelo disposto na fundamentação legal não aplicou a legislação correlata. Verificase que não há fundamentação legal no Auto de Infração que permita seja calculada a base de cálculo do Imposto de Benda da CSSL PIS e COFINS nos valores arbitrados. f. 730: Ou seja, em momento algum os fiscais dispuseram qual a fundamentação legal para estarem exigindo o crédito tributário em questão. Não há, também, quanto aos tributos, a devida apuração do quantum exigido, ou seja, o valor não reflete a realidade informada ao Fisco. Em momento algum, o fiscal efetuou o cálculo, demonstrando o custo do veiculo, de que valor partiu para a apuração da base de cálculo, e sobre essa base de cálculo, ou o total do faturamento da empresa, etc. (…) O auto de infração objeto desta impugnação não contém em seu corpo, a capitulação legal da infração, isto é, não contém Fl. 1352DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 8 15 qualquer dispositivo legal que dê suporte jurídico à exigência e o lançamento que faz, com total abstração da norma legal que devia constar do próprio auto, mas dele foi omitida. f.732: (…) Como visto, no presente caso, o lançamento não se deu de modo satisfatório quanto à sua BASE DE CÁLCULO e também quanto a sua fundamentação legal e, muito menos quanto a penalidade aplicável. f.733: (…) Desta forma, verificase que não foram cumpridas as determinações contidas na legislação tributária pertinente, devendo ser declarado nulo o presente Auto de Infração por erro na determinação do quantum devido e na fundamentação Nesse caso, o Auto de Infração será nulo pela incerteza e iliquidez do titulo que o embasa. Posto que, o valor que o contribuinte ou o responsável tributário devem, não pode ter qualquer dúvida ou sendo. A finalidade dessas regras é atribuir ao crédito tributário a certeza e liquidez inerentes aos créditos a que se referem os títulos em geral, concedendo ao Autuado elementos para se defender da exigência de acordo com o principio da ampla defesa, obstando exigências arbitrárias. (Superior Tribunal de Justiça, ARegAI nº 48554). (…) E, à f. 735, a" impugnante encerra esse tópico com as seguintes considerações: A inadequação do Auto de Infração às disposições legais, portanto, tornamno [sic] inexigível, além de inviabilizar ou tornar extremamente difícil o exercício do direito constitucional de defesa por parte do Autuado, impondose como consequência inarredável, a extinção daquele. E, ainda, cumpre salientar o disposto no art. 112, inciso I do CTN.: (…) Inexistente, portanto, relação jurídica que obrigue a Autuada a efetuar o pagamento de tributo e multa, pois desprovidos dos requisitos que lhe são essenciais, sendo o Auto de Infração, nessas condições, nulo de maneira insanável e” inconvalidável”. O tópico seguinte da petição impugnatória aborda o tema "DA PRESCRIÇÃO — DECADÊNCIA", da f. 736 à 752 e nele a requerente alega, em síntese, que: Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 16 À época do lançamento já havia ocorrido a decadência do direito do estado à constituição do correspondente crédito tributário — que, portanto, estaria extinto , em relação aos primeiros três trimestres do anocalendário, nos termos do que dispõe o § 4º do art.150 do CTN (lançamento por homologação); os valores declarados em DCTF configuram confissão de débito passível de exigência e — se não pagos , também encontramse extintos pela prescrição. Em outro tópico a impugnante ataca a exigência "DA MULTA", às f. 753 a 757, mediante os argumentos a seguir sintetizados: não houve, de sua parte, máfé nem sonegação; pelos documentos apresentados, não poderia ter sido tributada pelo Fisco no ano de 1998 [sic] na forma efetivada, além do que nos autos não consta nenhum sinal de riqueza; "0 cumprimento da infração, portanto, interpretada de maneira mais favorável ao contribuinte, valerá aquela multa de menor valor econômico, ou seja 20%."; a multa de 150% é flagrantemente confiscatória, contrariando o principio da proporcionalidade e razoabilidade; "0 Fisco ao exigir a cobrança de tributo baseado em presunção e arbitrariamente, bem como aplicando multa excessiva sobre o valor estará confiscando parte do patrimônio da empresa.". Finalmente, à f. 758, a impugnante encerra sua petição, firmada pela sócia administradora Ivane Felizari Krenkel, ao requerer que seja conhecida a impugnação "para cancelar a notificação epigrafada." A decisão de primeira instância, considerando os fatos e circunstâncias relatados pela autoridade fiscal, bem como os argumentos trazidos com a impugnação, em cotejo com a legislação tributária aplicável, julgou improcedente a impugnação e manteve os lançamentos de oficio, fls.645/666, mediante o Acórdão nº 0725.341, de 22/07/2011, da 3ª Turma da DRJ/Florianópolis/SC (fls.1.201/1.213), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ONUS DA PROVA. Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 9 17 Cabe ao sujeito passivo, se for o caso, a prova de que dentre as receitas declaradas estão incluídas receitas tidas por omitidas em face da aplicação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em vista de depósitos , bancários de origem não comprovada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E DE ILEGALIDADE. LIMITES DE COMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas A. observância da legislação tributária vigente no Pais, e são incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e de ilegalidade. (Enunciado nº 2 da Súmula do CARF: "0 CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária."). LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL, PIS/PAsEP e COFINS. Tratandose da mesma matéria fática e não havendo questões de direito especificas a serem apreciadas, aplicase aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição da multa de oficio qualificada de 150%, prevista no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo se enquadra, em tese, nas hipóteses tipificadas no art. 71, inciso I, da Lei n° 4.502/64. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Quando estiverem presentes elementos que inquestionavelmente denotam o dolo, fraude ou simulação, iniciase a contagem do prazo de decadência do direito de a Fazenda Nacional formalizar a exigência tributária no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme o disposto no art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. A empresa foi cientificada da mencionada decisão em 09/08/2011 e, protocolizou o recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em 31/08/2011. Na peça recursal a Recorrente repete exaustivamente as mesmas razões expendidas na impugnação, acima relatadas, portanto, desnecessário repetilas. Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 18 É o relatório. Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 10 19 Voto Conselheira ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72 e suas alterações posteriores. Dele tomo conhecimento. Inicialmente é pertinente esclarecer que apesar da defesa reportarse a arbitramento das receitas, não é o caso dos presentes autos que, verificada a omissão de receitas no ano calendário de 2004, a fiscalização apurou o IRPJ e CSLL de acordo com o regime do lucro presumido ao qual estava submetida a pessoa jurídica no mencionado período de apuração. De acordo com a descrição dos fatos nos autos de infração, são as seguintes irregularidades e enquadramento legal: 1) OMISSÃO DE RECEITAS DA ATIVIDADE Omissão de receitas da atividade, conforme explicitado no Termo de Verificação Fiscal que é parte integrante do Auto de Infração. (Art. 528 do RIR/99.) Multa de Ofício – 150% 2) DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Valor referente a depósitos e investimentos, realizados junto a instituição financeira, em que o sujeito passivo, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme explicitado no Termo de Verificação Fiscal que é parte integrante do presente Auto de Infração. (Arts. 25 e 42 da Lei n° 9.430/96; art. 528 do RIR/99.) Multa de Ofício – 150% 3) RECEITAS DA ATIVIDADE RECEITA BRUTA MENSAL SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Receita da prestação de serviços (comissões) constatada conforme explicitado no Termo de Verificação Fiscal que é parte integrante do presente Auto de Infração. (Arts. 224, 518 e 519, § 1°, inciso III, alínea "a", e §§ 4° a 7°, do RIR/99.) Multa de Ofício – 150% 4) APLICAÇÃO INDEVIDA DE COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO Aplicação incorreta do coeficiente de 8% sobre as receitas da atividade, quando o correto seria 32%, conforme explicitado no Termo de Verificação Fiscal que é parte integrante do presente Auto de Infração. (Arts. 518 e 519, do RIR/99.) Multa de Ofício – 75% Junto ao Termo de Verificação Fiscal constam as seguintes planilhas: Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 20 ANEXO I Demonstrativo dos veículos constantes na planilha fornecida pela BV Financeira que constam também nas planilhas de faturamento trimestrais fornecidas pela Casa Glória Veículos Ltda (fl.630); Anexo II Planilha demonstrativa dos valores dos veículos (valor de venda) vinculados aos depósitos na conta de Rui Carlos Krenkel originários da BV Financeira (fl.631/635); Observ.: 1) As operações vinculadas aos depósitos destacados pela cor cinza foram excluídas desta planilha em razão de que constam nas planilhas de receitas trimestrais apresentadas pela Casa Glória Veículos Ltda Observ.: 2) Os ingressos de recursos originários da BV Financeira vinculamse a vendas de veículos realizadas pela Casa Glória Veículos Ltda. A coluna da direita mostra o valor da venda do veiculo informado pela BV Financeira. Na ausência desta informação, utilizouse como valor de venda o valor do financiamento (depositado na conta de Rui Carlos Krenkel). Anexo II Planilha demonstrativa dos valores dos veículos (valor de venda) vinculados aos depósitos na conta de Rui Carlos Krenkel originários da BV Finasa (fl.636/637); Observação: Os ingressos de recursos originários do Banco Finasa vinculamse a vendas de veiculo realizadas pela Casa Gária Veículos Ltda. A coluna da direita mostra o valor da venda do veículo informada pelo Banco Finasa. ANEXO III (fl.638) – Planilha demonstrativa das Receitas Omitidas Constatadas e Apuradas de responsabilidade da Casa Glória Veículos Ltda, vinculadas à conta de Rui Carlos Krenkel. Observ. 1: Ingressos de outras fontes motivam omissões de receitas com base no art.42 da Lei n° 9.430/96, e omissões identificadas como vendas a Isolate Zils e a Prudência Nunes Observ. 2: Ingressos da BV Financeira e Banco Finasa foram constatados como vinculados a vendas de veículos omitidas pela Casa Glória Veículos Lida Observ.3: As receitas de serviços foram depositadas na conta da Casa Glória Veículos Ltda (Bradesco AG 3786 CC 222100) Estas considerações encontramse devidamente explicitadas no Termo de Verificação Fiscal que integra o Auto de Infração em face da Casa Glória Veículos Ltda ANEXO IV Planilha demonstrativa do Cálculo dos tributos devidos pela Casa Glória Veículos Ltda em razão das Omissões de Receitas verificadas e da Aplicação Incorreta da alíquota. (fl. 639). Observações: 1) Parte das Omissões de Receitas da atividade de comércio decorre da aplicação do art. 42 da Lei n°9.430/96. Tal parte referese à utilização compartilhada da conta corrente de Rui Carlos Krenkel, e trata dos ingressos de recursos na citada conta oriundo de outras fontes que não as Instituições financeiras Banco Finasa e BV Financeira. 2) Parte das omissões decorre da constatação de que a Casa Glória Veículos Ltda utilizou a conta de Rui Carlos Krenkel para depositar os valores dos financiamentos vinculados as operações de vendas de veículos por ela realizadas. Além disso, há também as omissões resultantes das vendas a Isolate Zils e Prudência Nunes identificadas como de responsabilidade da Casa Glória Veículos 3) Outra parte das omissões decorre da diferença entre os valores de receitas declaradas na DIPJ (Doc. 04) e aqueles apresentados na planilha de receitas trimestrais (Doc. 56) Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 11 21 4) Aos tributos devidos calculados nesta planilha, em razão das omissões descritas nos itens 1 e 2, aplicamse multa qualificada (150%). Em razão da omissão descrita no Item 3 a multa (é de 75% ). 5) Todas as considerações aqui descritas encontramse explicitadas no Termo de Verificação Fiscal que Integra o Auto de Infração. 6) Além dos tributos devidos em razão das omissões verificadas, calculados nesta planilha, em relação ao último trimestre de 2004, a fiscalização calculou o IRPJ devido em razão da aplicação indevida do coeficiente de 8% sobre as receitas de comercialização declaradas. 0 correto é aplicar a aliquota de 32%, conforme disposição contida no art. 5° da Lei n°9.716/98 c/c a IN SRF n° 15298 e Parecer Cosit n°45/2003. Abaixo expõese os cálculos da diferença do IRPJ, bem como CSLL: (...) A defesa não ilide os fatos apontados. Apenas argumenta insistentemente e, de várias maneiras, conforme relatado, que a movimentação de dinheiro em conta corrente do Sr. Rui Carlos Krenkel não é de propriedade dela, e sim dos compradores e vendedores de veículos, no sistema de consignação, onde o cliente deixa seu veiculo em uma loja especializada para que este seja vendido. Após algum tempo, este veiculo é negociado com uma outra pessoa que fecha o negócio e paga de diversas formas diferentes. Parte em dinheiro, parte em cheque e por último parte financiado. É certo que a Lei nº 9.716/98 estabeleceu um mecanismo diferenciado de tributação das receitas auferidas na venda de veículos usados, por pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, ou seja, tais pessoas jurídicas poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados. Por outro lado, o parágrafo único do artigo 5º da mesma lei estabelece que os veículos usados, referidos neste artigo, serão objeto de Nota Fiscal de Entrada e, quando da venda, de Nota Fiscal de Saída, sujeitandose ao respectivo regime fiscal aplicável às operações de consignação. O objetivo desses dispositivos foi possibilitar às empresas revendedoras de veículos usados computar, por opção, na determinação da base de cálculo, a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado foi alienado e o seu custo de aquisição. Ou seja, a base de cálculo tributável será somente essa "diferença", nos moldes aplicáveis às operações de consignação. Como bem esclarecido na decisão recorrida (fl.1208): Na condição de optante pelo regime de apuração do IRPJ e da CSLL com base no lucro presumido, no anocalendário de 2004, tinha a impugnante a obrigação de, no mínimo — além de emitir corretamente e de guardar em boa ordem todos os documentos fiscais exigíveis (sobretudo Notas Fiscais de entrada e de saída) e de escriturar o Registro de Inventário, registrar suas operações em Livro Caixa; se tais operações, por sua diversidade ou por quaisquer outras características ou circunstâncias, implicavam necessidade de controles adicionais, seja em livros auxiliares ou em escrita contábil regular, cabia à pessoa jurídica providenciálos, de modo a ter condições de apurar corretamente seus tributos e, além disso, de poder Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 22 demonstrálo à autoridade fiscal, sempre que solicitado, como no procedimento fiscal de que resultaram os autos de infração impugnados. Da mesma forma, toda a movimentação financeira, especialmente a que transitou em contas correntes bancárias, tinha que estar devidamente registrada no Livro Caixa ou na contabilidade comercial regular, independentemente de os respectivos valores serem relativos a movimentação de recursos próprios ou referentes a financiamentos concedidos por organizações bancárias ou financeiras em geral e os de eventuais comissões de captação de clientes obtidas pela impugnante. Se necessário, um plano de contas especifico para sua realidade poderia ter sido desenhado, em que todas as vicissitudes contábeis dessa atividade fossem contempladas e a legislação tributária pudesse ser atendida. Assim, não merece acolhida aos repetidos argumentos da Recorrente a inviabilizar o controle fiscal e contábil das operações com veículos usados, em razão de diversas variações de compra e venda de veículos usados de preços diferentes, pela diversidade de financiamentos parciais e totais, bem como pelo recebimento de partes dos preços representadas por cheques à vista ou prédatados, de emissão própria dos adquirentes ou repassados, por endosso, de terceiros. As omissões de receitas, acima sintetizadas, de responsabilidade da recorrente encontramse pormenorizadas no Termo de Verificação Fiscal (fls.595/629) o qual, no item IV assim concluiu: IV— DAS CONCLUSÕES DA FISCALIZAÇÃO 56 — Em face das constatações explicitadas nos itens anteriores deste Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização conclui que a conta corrente de Rui Carlos Krenkel mantida em 2004 no Banco Bradesco AG 378 CC 150479), de titularidade de direito também de sua esposa Ivane Felizari Krenkel, era: a) de fato, de uso exclusivo da Casa Glória Veículos Ltda em relação aos ingressos de recursos vinculados às vendas cujos depósitos foram efetuados pela BV Financeira e Banco Finasa na conta corrente de Rui Carlos Krenkel; b) de fato, de uso compartilhado entre a Casa Glória Veículos Lida e os titulares de direito (Rui Carlos Krenkel e Ivane Felizari Krenkel), quanto aos demais ingressos de recursos originários de outras fontes (com exceção dos depósitos de Elza Polastri (R$ 6.500,00 em 16/11/2004) e de Prudência Nunes (R$ 5.000,00 em 09/12/2004) —demonstrados no tópico III.1.5 deste Termo — que foram expurgados dos ingressos de recursos originários de outras fontes em face de terem sido constatados como de responsabilidade da Casa Glória Veículos Ltda); 57 — Desse modo, tendo em vista tudo o que foi exposto neste Termo de Verificação Fiscal, temse que: a) os ingressos de recursos na conta corrente de Rui Carlos Krenkel originários do Banco Finasa e da BV Financeira serão apurados exclusivamente (integralmente) em face da Casa Glória Veículos Ltda, uma vez que a fiscalização constatou tratar de vendas de Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 12 23 veículos realizadas por esta revenda; b) os ingressos de recursos originários de outras fontes que não as citadas instituições financeiras (com as exceções comentadas no item anterior)serão apurados partilhadamente (em partes iguais, pois este é o critério legal que imputa os rendimentos decorrentes dos ingressos de recursos sem comprovação da origem a cada titular mediante a divisão do total dos rendimentos pela quantidade de titulares) em face de Rui Carlos Krenkel, Ivane Felizari Krenkel e Casa Glória Veículos Ltda (art. 42, §5º c/c § 6º, da Lei nº 9.430/96); 58 — Em razão de que o presente Termo de Verificação Fiscal trata da determinação dos tributos devidos pela Casa Glória Veículos Ltda, CNPJ nº 73.392.987/000100, será então neste item demonstrado os valores dos tributos devidos, em 2004, pela citada contribuinte, tanto em razão das omissões de receitas constatadas pela fiscalização quanto das omissões de receitas decorrentes da aplicação ao caso em concreto descrito neste procedimento fiscal, do que dispõe o art. 42, e seus parágrafos 12 e 62, da Lei n2 9.430/96. Em outras palavras, podese deduzir as omissões de receitas mensais constatadas em razão dos ingressos de recursos originários da BV Financeira e do Banco Finasa, vinculadas ao comércio de veículos, e em razão das vendas de veículos a Elza Polastri e Prudência Nunes (conforme explicitado no tópico 1.5); as omissões de receitas mensais constatadas em razão das comissões recebidas das citadas instituições financeiras, também vinculadas ao comércio de veículos; e as omissões de receitas verificadas na forma do art. 42 da Lei nº 9.430/96, em razão da titularidade de fato compartilhada (conta corrente mantida no Banco Bradesco — AG 378 CC 150479) com os titulares de direito Rui Carlos Krenkel e Ivane Felizari Krenkel, na proporção que cabe à contribuinte fiscalizada Casa Glória Veículos Ltda; 59 — Registrese que o tratamento tributário a ser dado em relação as receitas originarias das comercializações omitidas pela Casa Glória Veículos Ltda, vinculadas aos ingressos de recursos na conta de Rui Carlos Krenkel oriundos da BV Financeira e do Banco Finasa, bem como aos ingressos de recursos correspondentes as vendas a Elza Polastri e a Prudência Nunes, é a de que tais receitas sejam tributadas considerando como lucro presumido o montante de 8% sobre o total destas receitas em cada trimestre (art. 518 do RIR199), pois na ausência de escrituração contábil das comercializações que motivaram tais receitas são inaplicáveis os dispositivos legais que dispõem que a base de cálculo da tributação seja determinada pela diferença entre o valor pelo qual o veiculo usado tenha sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada; No que tange a mencionada conta corrente em nome de Rui Carlos Krenkel mas de uso da Casa Glória Veículos Ltda (exclusivo ou compartilhado com Rui Carlos Krenkel e Ivane Felizari Krenkel) mantida em 2004 no Banco Bradesco AG 378 CC 150479), a Recorrente argúi que, não há nenhum dispositivo legal que proíba uma pessoa de movimentar dinheiro em conta alheia, ainda mais neste caso, que está caracterizado que os valores transitaram na Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 24 conta do Sr. Rui Carlos Krenkel esposo da sócia do requerente e faz parte da negociação de veículos e que estes valores foram repassados a quem é de direito, como bem concluiu a Fiscalização (fls.1 item 2.). E que, não pode haver presunção de que o valor movimentado na conta corrente seja RECEITA. A afirmação da Recorrente merece reparos na medida em que tais valores decorrem de receitas da Casa Glória Veículos Ltda, não escrituradas e que também não foram tributadas (IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), numa clara evidência de ocultação do fato gerador da obrigação tributária. A gestão (movimentação) do patrimônio necessita de um controle para que se possa avaliar e verificar se o principal objetivo (lucro) está sendo atingido. Sabese que o principal objetivo do “negócio” da pessoa jurídica constituída é a obtenção de lucros, e para tal é necessário vender a “mercadoria adquirida” ou “serviços”. Desse modo, não é possível que a pessoa jurídica, naturalmente, deixe de registrar em sua conta Caixa/Bancos os ingressos e saídas dos recursos, o que resultaria em fluxo financeiro à margem da escrituração e seguramente omissão de receitas. Sendo este o caso dos presentes autos. A intenção da omissão de receita, e a falta de reconhecimento das receitas, para o que não há defesa consistente, constam do Termo de Verificação Fiscal, notadamente nos seguintes itens: 54..., os documentos apresentados pelo Banco Finasa (Doc. 43) e pela BV Financeira (Doc. 25) mostram que Ivane Felizari Krenkel, na qualidade de sócia administradora da Casa Glória Veiculos Ltda, assinou as autorizações de depósitos na conta corrente de Rui Carlos Krenkel, da qual era também titular, relativamente a todos os valores de financiamentos concedidos pelas citadas instituições financeiras vinculados aos veículos vendidos (com financiamento) pela citada revenda de veículos; ... 68 — A constatação de que a contribuinte fiscalizada, pela via da utilização de conta bancária de Rui Carlos Krenkel e sua esposa Ivane Felizari Krenkel, esta sócia administradora da citada contribuinte, exerceu parte de suas atividades comerciais normais, quais sejam: recebimentos de receitas vinculadas a vendas de veículos efetuadas, demonstra claramente que a contribuinte fiscalizada assim agiu com o propósito de omitir receitas de modo a reduzir ilicitamente os tributos devidos; 69 — Ou seja, os significativos ingressos de recursos na conta bancária de titularidade de direito de Rui Carlos Krenkel e de Ivane Felizari Krenkel, mas que pertenciam de fato à contribuinte fiscalizada, integralmente em relação aos ingressos de recursos oriundos da BV Financeira e do Banco Finasa, e partilhadamente em relação aos ingressos originários de outras fontes que não as citadas instituições financeiras, retratam, na verdade, receitas não escrituradas da contribuinte fiscalizada; Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 13 25 Acerca do ônus probatório no processo administrativo tributário é importante observar que ele incumbe a quem tem interesse em provar o seu direito. Portanto, salvo nos casos de presunções legais, ele recai inicialmente à autoridade administrativa lançadora, no sentido de provar a prática das irregularidades imputadas ao sujeito passivo. Entretanto, igualmente, ao sujeito passivo da relação jurídicotributária, no exercício do seu amplo direito de defesa, incumbe apresentar provas irrefutáveis e inequívocas suficientes a elidir a imputação. Nos presentes autos constatase, sem quaisquer dúvidas, a existência de todo um conjunto probatório construído pela autoridade fiscal que demonstra a ocorrência e prática da infração pela recorrente, sem que ela tenha logrado contrariar. Todos os elementos constantes no processo apontam, sempre, no sentido de que efetivamente ocorreram as irregularidades objeto de autuação. Tanto a autoridade lançadora, como o órgão de julgamento de primeiro grau, cuidaram em demonstrar, motivar e fundamentar, de forma inequívoca, a tipicidade da infração sob a égide de omissão de receita em conexão com as ocorrências da realidade factual. Nessa parte, cabe a mesma conclusão a que chegou a decisão de primeira instância, ou seja, a defesa não traz aos autos elementos de convicção ou novos documentos além dos já verificados no decorrer da ação fiscal que permitam concluir pela ocorrência de algum erro praticado pela autoridade fiscal, capaz de alterar os lançamentos tributários com detalhamento na Planilha ANEXO IV que demonstra o Cálculo dos tributos devidos pela Casa Glória Veículos Ltda em razão das Omissões de Receitas verificadas. Como visto na citada planilha, com descrição dos fatos no item 2 dos Autos de Infração, parte das Omissões de Receitas da atividade de comércio sujeitase à aplicação do artigo 42 da Lei n°9.430/96. Tal parte referese à utilização compartilhada da conta corrente de Rui Carlos Krenkel, e trata dos ingressos de recursos na citada conta oriundo de outras fontes não comprovadas. Consta do Termo de Verificação Fiscal, à fl. 596, que nenhum dos titulares (de direito ou de fato) logrou demonstrar a origem dos recursos ingressados na citada conta corrente mantida no Banco Bradesco, quando intimados a fazêlo. Nesse ponto a apuração do lucro teve como base as receitas apuradas com fundamento na presunção legal instituída pelo artigo 42 da Lei nº 9.430/96, baseada nos depósitos bancários com recursos de origem não comprovada, considerados, por presunção, como proporcional receita bruta da pessoa jurídica. Sobre a omissão das receitas com origem não comprovada, a Recorrente alega que não era difícil concluir que os demais recursos são oriundos da venda de veículos não financiados como pode constatar a fiscalização nas diligências que promoveu, e portanto considerar os custos de aquisição e NÃO SIMPLESMENTE CONSIDERAR COMO RENDA TRIBUTÁVEL. EM MERA PRESUNÇÃO E ARBITRAMENTO (sic). Apesar de analisados em sede de primeira instância, os valores creditados com as alegações da empresa e as razões da não aceitação de suas justificativas como hábeis para a Fl. 1363DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 26 comprovação da origem dos recursos, a recorrente na peça recursal reproduz os mesmos argumentos expendidos na impugnação, no entanto, não se contrapõe de forma específica aos fatos esmiuçados e demonstrados na planilha – Anexo III (fl.638), de modo que, por se tratar de análise exaustiva e detalhada, em relação as mesmas provas e aos mesmos argumentos trazidos pelo contribuinte, na fase recursal, adoto as mesmas conclusões fáticas como razão de decidir que resultaram no voto condutor do acórdão recorrido (fl.1.210): Sobre o argumento posto, às f. 694/695, em relação ao emprego da presunção juris tantum de omissão do registro de receita, previsto no art. 42 da Lei n 2 9.430, de 1996 (segunda infração) combinado com o disposto no art. 528 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR199) há que se esclarecer que o lançamento a titulo de IRPJ, foi efetuado, no presente caso, pelo regime do Lucro Presumido (de opção do sujeito passivo), que se baseia na aplicação de coeficientes legais de lucro sobre os valores trimestrais da receita bruta, em que se inserem também os valores correspondentes às omissões de registro de receitas constatadas, como os dos depósitos de origem não comprovada. No caso dos depósitos de valores não registrados em Livro Caixa nem na sua contabilidade, foi a impugnante intimada a identificar, individualizadamente, a origem de cada crédito efetuado pela instituição bancária em conta corrente objeto da ação fiscal. Apenas ante a falta de comprovação, constatada na resposta da impugnante, é que a presunção, por imposição legal, foi aplicada. Não houve "mera presunção" nem "arbitramento" baseado em extratos bancários, ao contrário do que alega a impugnante à f. 695, ou no seguinte trecho da f.710: (...) Aduz a Recorrente que, além de arbitrar lucro baseado em extratos bancários, o que resta totalmente irregular, a fiscalização também arbitrou de forma errada, pois considerou toda a movimentação bancária, quando o certo seria considerar apenas a diferença do valor. Como visto acima não há falar em arbitramento de lucro. Também no que diz respeito a alegação acima não merece qualquer reparo à decisão recorrida que também adoto como razão de decidir: Tendose em conta que o fato gerador do IRPJ e da CSLL é a obtenção de lucro, a constatação de omissão do registro de receitas, mesmo por presunção legal (em que atenuado o ônus probante da autoridade fiscal), apenas diz respeito à quantificação, ao dimensionamento financeiro da base de cálculo que lhe corresponde, e não modifica a natureza do fato gerador de cada tributo. No tocante à Cofins e ao PIS/Pasep, exigidos por decorrência da constatação de omissão do registro de receitas, seu fato gerador é obtenção de faturamento, mesmo que constatado pelo emprego de presunção legal, e sua base de cálculo é o próprio valor das receitas omitidas. Por outro lado, a atenuação do ônus probatório, a ser suportado pela autoridade fiscal, não autoriza reduzirse a natureza da presunção (caracterização) de omissão do registro de receitas à condição de mera presunção "simples" ou baseada apenas em mero raciocínio de probabilidade por parte do aplicador da lei, mas de perfeita presunção juris tantum estabelecida em lei ordinária federal, que "caracteriza" como omissão de receita os Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 14 27 valores de créditos/depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos que especifica. Correto, portanto, também neste ponto, o lançamento impugnado. Como se pode observar, os valores tidos como omissão de receita por considerados de origem não identificada, além dos próprios extratos bancários, a recorrente não trouxe aos autos, com coincidência em datas e valores, documentos de que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento tributados teve origem em valores declarados/tributados pelo contribuinte, para fazer prova contrária ao verificado e adotado no procedimento fiscal. Assim, intimado o contribuinte a comprovar com documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados em relação aos valores creditados na conta corrente bancária da empresa, e, na ausência de tal comprovação deve os mesmos valores serem tributados como receita, em consonância com o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, consolidado no artigo 287 do RIR/99, verbis: Art.287.Caracterizamse também como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42). §1ºO valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, §1º). §2ºOs valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo do imposto a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, §2º). §3ºPara efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados os decorrentes de transferência de outras contas da própria pessoa jurídica (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, §3º, inciso I). Art.288.Verificada a omissão de receita, a autoridade determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período de apuração a que corresponder a omissão (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). Os valores mensais dos créditos não comprovados foram objeto de lançamento de ofício, pois ficou caracterizada a omissão de receita à qual não há contestação cabal. O artigo 42 da lei 9.430/1996 estabelece que se caracterizam como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento em relação aos quais não seja Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 28 comprovada mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Ainda determina que os créditos serão analisados individualizadamente. A tributação dessa receita, por sua vez, encontra abrigo e visibilidade na mencionada lei tributária que estabeleceu uma presunção de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do tributo correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Cabe ao contribuinte demonstrar com documentação hábil e idônea que o fato presumido por lei revelado nos depósitos bancários, não ocorreu. A mera afirmação de que a origem dos recursos referentes aos créditos efetuados nas suas contas decorrem de receitas já declaradas, não ilide a presunção determinada por lei. Concluise, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Cabe ao contribuinte desfazer a presunção com documentação própria e individualizada que justifique os ingressos ocorridos em suas contascorrentes de modo a garantir que os créditos/depósitos bancários não constituem fato gerador do tributo devido, haja vista que por presunção legal, a sua existência (créditos/depósitos bancários), desacompanhada da prova da operação que lhe deu origem, espelha omissão de receitas, justificandose sua tributação a esse título. No que tange, especificamente, a alegação da Recorrente que, “o certo seria considerar apenas a diferença do valor.” Depreendese da planilha ANEXO IV Cálculo dos tributos devidos pela Casa Glória Veículos Ltda em razão das Omissões de Receitas Verificadas, que todas as receitas omitidas, exceto “comissões” – 32%) foram tributadas considerando como lucro presumido o percentual de 8% sobre o total destas receitas em cada trimestre (art. 518 do RIR199), pois na ausência de escrituração contábil das comercializações que motivaram tais receitas são inaplicáveis os dispositivos da Lei nº 9.716/98 que dispõem que a base de cálculo da tributação seja determinada pela diferença entre o valor pelo qual o veiculo usado tenha sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada, como bem assentado no Termo de Verificação Fiscal (item 59). Diante das observações acima cai por terra toda a argumentação da Recorrente. Registrese que se considera não impugnada, por não ter sido a matéria expressamente contestada pela Recorrente (artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972) a tributação das comissões omitidas bem como a diferença de IRPJ e CSLL apurados pela fiscalização, em relação ao último trimestre de 2004, em razão da aplicação indevida do coeficiente de 8% em vez da alíquota de 32% sobre as receitas de comercialização declaradas. Os cálculos da diferença do IRPJ, bem como CSLL estão discriminados na planilha Anexo IV, acima com as respectivas observações. A Recorrente em tópico específico alega, em síntese, que, à época do lançamento já havia ocorrido a decadência do direito do Estado à constituição do correspondente crédito tributário — que, portanto, estaria extinto , em relação aos primeiros três trimestres do ano calendário, nos termos do que dispõe o § 4º do art.150 do CTN (lançamento por homologação), que transcreve: Fl. 1366DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 15 29 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ... § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. GRIFEI Com efeito, comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, é de ser aplicada a regra geral prevista no artigo 173 do mesmo diploma legal (CTN), que assim dispõe: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Pois bem, as irregularidades descritas pelo Fisco nos Autos de Infração e da analise acima, em relação às omissões de receitas em 2004, concluiuse que a contribuinte fiscalizada, pela via da utilização de conta bancária no Banco Bradesco AG 378 CC 150479 de Rui Carlos Krenkel e sua esposa Ivane Felizari Krenkel, esta sócia administradora da autuada, realizou parte de suas atividades comerciais, quais sejam: valores depositados sem origem comprovada e recebimentos de receitas vinculadas a vendas de veículos efetuadas, não escrituradas e não declaradas à Receita Federal, numa clara demonstração de que a contribuinte fiscalizada assim agiu (utilizando a conta bancária de interposta pessoa) com o propósito de omitir receitas de modo a reduzir ilicitamente os tributos devidos pela ocultação do fato gerador da obrigação tributária. Portanto, a prática sistemática de venda sem a emissão de documentos fiscais, e sem a escrituração de compra e venda de veículos, utilizandose, para fugir à tributação, de conta bancária de interposta pessoa física, durante o ano calendário de 2004, forma o elemento subjetivo da conduta dolosa, ou seja, a intenção de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, o que enseja a aplicação da multa qualificada no percentual de 150% pela ocorrência de fraude, prevista na Lei nº 4.502, de 1964. Fl. 1367DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 30 Desse modo, indubitavelmente, cabe a aplicação da multa de ofício, no percentual de 150%, porque configurado o evidente intuito de fraude e sonegação, previstas nos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, na atitude da interessada de ocultar a apuração de receitas que se constata, pela sua movimentação bancária, em conta corrente de interposta pessoa física. A questão já se encontra pacificada no âmbito desse Conselho Administrativa, conforme expresso na seguinte súmula, verbis: Súmula CARF nº 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas Retornemos a análise da decadência suscitada pela interessada, sabendose que, configurado o intuito de fraude e sonegação, ao presente caso, impõese a regra geral de contagem do prazo decadencial, disposta no inciso I do artigo 173 do CTN, acima transcrito, ou seja: Artigo 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; ... Assim, o fato gerador trimestral mais antigo do ano calendário de 2004, considerado ocorrido em 31/03/2004, e que a partir do mês seguinte (1º/04/2004) a Fazenda Nacional já poderia exigir o IRPJ e a CSLL devidos, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial contarseá, a partir de 01/01/2005 e o termo final em 01/01/2010. Tendo a contribuinte tomado ciência dos lançamentos em 27/11/2009, é de se afastar a decadência suscitada do direito do Fisco constituir o crédito tributário em relação ao IRPJ e CSLL relativos aos trimestres do ano calendário de 2004. No que tange aos fatos geradores mensais relativos ao PIS e Cofins, considerado o mais antigo ocorrido em 31/01/2004, e que a partir do mês seguinte (1º/02/2004) a Fazenda Nacional já poderia exigir tais contribuições devidas, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial também contarseá, a partir de 01/01/2005 e o termo final em 01/01/2010. Tendo a contribuinte tomado ciência dos lançamentos em 27/11/2009, também é de se afastar a decadência do direito do Fisco constituir o crédito tributário também em relação ao PIS e Cofins relativos aos meses do ano calendário de 2004. Ainda sobre a multa de ofício, qualificada, a recorrente alega que a imposição da multa aplicada é demasiadamente ilegal o que afasta o seu caráter sancionatório transmutandose para um ato verdadeiramente confiscatório. Sobre a matéria o artigo 44 da Lei nº 9.430/96, não deixa margem a qualquer discricionariedade da autoridade administrativa ao assim determinar: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 1368DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13971.004630/200964 Acórdão n.º 1802001.241 S1TE02 Fl. 16 31 (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Com efeito, a aplicação da multa de ofício decorre de expressa disposição legal, não cabendo a autoridade administrativa deixar de aplicála, encontrando óbice,inclusive, na seguinte súmula administrativa, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Constatado o descumprimento da obrigação tributária e procedido o lançamento de ofício, em que restou comprovado o evidente intuito de fraude como previsto nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, impõese a aplicação da multa de 150% nos termos da determinação legal acima transcrita, conforme lançada nos autos de infração. Quanto aos juros de mora, tratase de autorização prevista no art.161 da Lei nº 5.172/66 Código Tributário Nacional CTN, e na Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 3º, incidindo com base na taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento, seja qual for o motivo da falta de pagamento do tributo. Desta forma, deve ser mantida a tributação, com juros de mora e a multa majorada, nas irregularidades em que foi aplicada como posto na decisão recorrida, visto estar presente o evidente intuito de fraude, evidenciado pelas provas existentes nos autos, subsumindose os fatos descritos às hipóteses legais. LANÇAMENTOS REFLEXOS – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – CSLL, PIS e COFINS. Decorrendo as exigências da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada a mesma decisão proferida para o imposto de renda, no que houver suporte fático comum, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de decadência, e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 32 Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/ 06/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 19515.005149/2008-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece do recurso voluntário apresentado fora do prazo assinalado na legislação de regência. RECURSO DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO DA MULTA. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA PELA FISCALIZAÇÃO. RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. Deve ser afastada a responsabilidade solidária no que toca ao agravamento da multa em decorrência de falta de atendimento à intimação, uma vez não intimada a responsável tributária no curso da ação fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PROCESSO DE CISÃO. Respondem pelos tributos das pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas, a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida. GANHO EM EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO. Uma vez não comprovada a natureza do rendimento contabilizado a titulo de ganho em equivalência patrimonial, deve ser mantida a glosa da exclusão desse rendimento, efetuada na determinação do lucro real.
Numero da decisão: 1301-000.824
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso de ofício; não conhecer do recurso voluntário do contribuinte; e negar provimento ao recurso voluntário do responsável solidário.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR
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Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece do recurso voluntário apresentado fora do prazo assinalado na legislação de regência. RECURSO DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO DA MULTA. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA PELA FISCALIZAÇÃO. RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. Deve ser afastada a responsabilidade solidária no que toca ao agravamento da multa em decorrência de falta de atendimento à intimação, uma vez não intimada a responsável tributária no curso da ação fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PROCESSO DE CISÃO. Respondem pelos tributos das pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas, a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida. GANHO EM EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO. Uma vez não comprovada a natureza do rendimento contabilizado a titulo de ganho em equivalência patrimonial, deve ser mantida a glosa da exclusão desse rendimento, efetuada na determinação do lucro real. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso de ofício; não conhecer do recurso voluntário do contribuinte; e negar provimento ao recurso voluntário do responsável solidário. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 2 (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. . Relatório Tratase de Recursos Voluntários interpostos pela contribuinte acima identificada (GAUTAMA) e pela empresa responsabilizada solidariamente (CONSTRUTORA LJA LTDA.), contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ de São Paulo/SP. Há nos autos ainda, ante o afastamento da multa agravada em relação à recorrente LJA, Recurso de Ofício manuseado para inafastável apreciação por esse colegiado administrativo. Verificase pela análise do presente processo, que em desfavor da recorrente Gautama foram lavrados os autos de infração de Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), consoante se vê às folhas 117 a 128, relativamente ao anocalendário 2003. Às folhas 114 a 116 está encartado o Termo de Verificação Fiscal, do qual se depreende que a empresa recorrente (Gautama) foi intimada a apresentar, entre outros elementos, os arquivos digitais contábeis e fiscais relativos aos anoscalendário 2002, 2003 e 2004, tendo alegado impossibilidade de fazêlo, porquanto o indigitado material encontravase em posse da Policia Federal, de acordo com cópia do Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão, Inquérito Judicial n° 544/2006 — STJ, apresentando seus livros Diário e Razão do período. Relata a autoridade administrativa que após análise desses livros, referentes ao anocalendário de 2003, intimouse a recorrente Gautama, em 05/06/2008, a apresentar no prazo de dez dias, a documentação completa relativa a determinados lançamentos realizados em sua contabilidade. Em resposta, protocolada em 23/06/2008, a contribuinte alegou não estar em posse da documentação solicitada e comprometendose a providenciála, sendo certo que por meio do termo lavrado em 26/06/2008, intimouse a empresa a informar se dentre os documentos apreendidos e já restituídos pela Policia Federal haveria elementos já solicitados pela Fiscalização em intimações anteriores e, em caso positivo, apresentálos mediante protocolo. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 19515.005149/200879 Acórdão n.º 130100.824 S1C3T1 Fl. 2 3 Em nova resposta, protocolada em 07/07/2008, a contribuinte alegou estar conferindo o material recebido para posteriormente checálo com as intimações recebidas, e novo termo, datado de 18/07/2008, foi emitido para reiterar a intimação para apresentação da documentação completa relativa à intimação de 05/06/2008, concedendo um prazo adicional de cinco dias para o atendimento, alertandose o contribuinte de que o não atendimento no prazo previsto acarretaria o agravamento da multa consoante artigo 959 do RIR11999. Verificase ainda, que em 28/07/2008 a recorrente Gautama protocolou documento se comprometendo a fornecer os esclarecimentos solicitados no prazo de cinco dias, sendo certo que em 01/08/2008, solicitou a concessão de vinte dias para o fornecimento dos documentos solicitados. Assentou a Fiscalização, no entanto, que até a data da lavratura do Termo de Verificação Fiscal ora relatado, que se deu em 26 de agosto de 2008, nada foi apresentado em relação ao solicitado, razão pela qual efetuouse a glosa da exclusão do valor de R$ 24.531.672,00, registrada no LALUR — 2003 (Cisão), a título de resultado de Equivalência Patrimonial, ante a falta de comprovação de que tal resultado adveio de equivalência patrimonial (não tributável), destacandose que se considera indedutível o valor do prejuízo de R$ 24.587.672,00 apurado pelo contribuinte na suposta venda de seu investimento "New Tower Com. e Participações Investimentos" relativo a sua conta contábil 131.10.006 68, uma vez que a pessoa jurídica nada apresentou que pudesse justificar a necessidade da realização desse prejuízo. Lavrouse ainda, o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 131 e 132) contra a empresa CONSTRUTORA LJA LTDA., CNPJ n° 01.560.379/000157, que absorveu patrimônio da autuada, cindida parcialmente em 30/10/2003, conforme se esclareceu no Termo de Verificação Fiscal à fl. 116. A recorrente Gautama foi cientificada do lançamento em 05/09/2008 (fl. 130) e apresentou em Impugnação (fls. 135 – 148), acompanhada dos documentos de folhas 149 a 231, alegando em síntese, que em decorrência de operação deflagrada pela Policia Federal, milhares de documentos da empresa foram apreendidos, conforme Auto de Apreensão (fls. 188 199), sem relação que os identifique, havendo ainda documentos não devolvidos, de sorte que a não apresentação da documentação solicitada não decorreu de recusa e/ou resistência em atender à Fiscalização, visto que tal documentação não estava em seu poder porquanto fora retida pela Polícia Federal. Sustentou ainda que recorreu às partes envolvidas nas operações realizadas, com o propósito de obter cópia dos documentos comprobatórios da alienação do investimento e da apuração da receita não tributável relativa à equivalência patrimonial, defendendo que o enquadramento legal citado no auto de infração não indicaria a infração cometida, sendo que um deles, o artigo 3º da Lei n° 9.718/1998, sequer versaria sobre imposto de renda e o artigo 418 do RIR/99, ao contrário de indicar infração, autorizaria o procedimento da recorrente. Afirmou que o ganho ou perda na alienação de bens integrantes do ativo permanente dependerá do preço que o comprador se dispõe a pagar pelo investimento, frisando que nos artigos 425 a 428 do RIR/99 não constaria qualquer previsão de indedutibilidade da perda apurada na alienação de ativos, avaliados pelo método da equivalência patrimonial, contratada com terceiros (pessoa jurídica não ligada à autuada). Fl. 471DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 4 No mais, argumentou que a operação de venda ocorreu e encontrase suportada pelo contrato de compra e venda com a empresa Lavra Impex S/A, além de estar devidamente contabilizada e que a autoridade fiscal pretende desconsiderar um negócio jurídico efetuado pelas empresas com amparo nos artigos 104 e 166 da Lei n° 10.406/2002, afirmando que não constaria dos autos qualquer evidência de que não ocorreu a venda do investimento, bem como o enquadramento legal que autorize a glosa da perda na alienação de investimento. Em relação à glosa da exclusão no valor de R$ 24.531.672,00, a título de resultado de equivalência patrimonial, sustentou a recorrente que a autoridade fiscal não indicou, no enquadramento legal, qual a infração cometida, ou seja, qual a vedação constante da norma citada e o descumprimento por parte da autuada, destacando eu procedeu ao cálculo e ao registro do mencionado valor, em estrita observância ao preceituado nos artigos 387 a 389 do RIR/99, conforme memória de cálculo anexa às folhas 182 a 186. Por fim, requereu o cancelamento do auto de infração por considerar não atendido o previsto no artigo 142 do Código Tributário Nacional, combinado com o artigo 150, inciso I, da Constituição Federal e o artigo 97 do mesmo código, ante o entendimento de que o lançamento estaria destituído de base legal e, alternativamente, solicitou que o lançamento fosse julgado improcedente. A contribuinte considerada responsável solidária, CONSTRUTORA LJA LTDA., foi cientificada em 05/09/2008 (fl. 133), apresentando Impugnação (fls. 232 250) na qual alegou, em resumo, a legitimidade da pessoa indicada como responsável tributária para apresentar defesa, de acordo com os artigos 9º e 58 da Lei n° 9.784/1999 e sustentando que o Código Tributário Nacional não prevê a atribuição de responsabilidade tributária às pessoas jurídicas resultantes de cisão. Entendendo que o artigo 5° do Decretolei n° 1.598/1977 criou hipótese de responsabilidade tributária não prevista em lei complementar, motivo pelo qual seria inconstitucional. Acrescentou que o Protocolo de Cisão, firmado por ela, pela Gautama e pelos sócios destas, consigna expressamente a responsabilidade da pessoa jurídica cindida pelas obrigações tributárias anteriores à cisão, conforme autoriza o artigo 233 da Lei n° 6.404/1976. Referiu que não haveria previsão legal para a transferência de penalidades às empresas resultantes de incorporação, fusão, transformação ou cisão e, deste modo, a responsabilidade do sucessor, quando não afastada por convenção particular, ficaria limitada aos tributos devidos até a data do ato, considerando que se alguma multa fosse exigível dela, não seria a multa agravada, uma vez que a troca de informações entre a Gautama e a Receita Federal, ocorrida no segundo semestre de 2007, deuse sem qualquer participação da recorrente LJA, que havia se desvinculado da Gautama quatro anos antes. Requereu que a defesa elaborada pela Gautama lhe aproveitasse, como se tivesse por ela sido apresentada, uma vez que não haveria, quanto ao mérito da autuação, qualquer discussão jurídica, por tratarse, simplesmente, de comprovação documental de registros realizados na escrituração fiscal da Gautama. Observou que não dispõe de meios para ter acesso aos documentos solicitados pela Fiscalização. Às folhas 286 e 287, consta petição apresentada pela autuada Gautama, com o intuito de "acostar aos autos a cópia da Ata de Assembleia Geral da New Tower Comércio e Participações S/A, realizada em 14 de maio de 2003, que registra a subscrição e integralização de capital por parte da Construtora Gautama Ltda." (fls. 321 a 323), que, segundo a interessada, não estava disponível por ocasião da apresentação da Impugnação, Fl. 472DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 19515.005149/200879 Acórdão n.º 130100.824 S1C3T1 Fl. 3 5 assinalando que tal documento comprovaria a participação da recorrente naquela empresa e a necessidade de registrar a equivalência patrimonial relativa à sua controlada. A 3ª Turma da DRJ de São Paulo/SP, nos termos do acórdão e voto de folhas 325 a 337, julgou o lançamento parcialmente procedente, assentando para tanto, no que toca à Impugnação da Gautama, que a autuação foi motivada pela falta de comprovação de que o valor excluído na determinação do lucro real, a título de resultado da equivalência patrimonial, adveio realmente de equivalência patrimonial, e ainda pela falta de apresentação de prova da efetividade do prejuízo apurado na suposta venda de seu investimento "New Tower Comércio e Participações", frisando neste sentido, que o auto de infração estaria bem fundamento e indicaria com precisão os dispositivos legais tidos por infringidos. Destacouse, quanto ao mérito, que o direito à exclusão de receita contabilizada como resultado da equivalência patrimonial ou quanto à dedutibilidade de perda na alienação de investimento somente terá lugar se ao exame das provas trazidas aos autos ficasse demonstrada a realidade desses fatos econômicos. Assim sendo, assentou a decisão recorrida que a contribuinte trouxe aos autos, juntamente com a Impugnação, cópias dos Livros Razão e Diário, cópia de Contrato de Compra e Venda de Participação Societária, demonstrativo denominado Cálculo da Equivalência Patrimonial, documento que retrataria o balanço da empresa New Tower em 31/08/2003 e cópia do Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão, lavrado pela Polícia Federal em 17 de maio de 2007 (Anexos I a V, fls. 150 a 199) e, posteriormente, apresentou cópia da ata da assembleia geral da New Tower, realizada em 14 de maio de 2003 (fls. 321 a 323), na qual deliberouse o aumento de capital mediante conferência de participações societárias detidas pelos sócios. Feita essa recapitulação dos documentos juntados aos autos, afirmou a decisão recorrida que a empresa New Tower seria constituída sob a forma de sociedade por ações, de acordo com a ata da assembleia geral acima mencionada, motivo pelo qual deve ter seus atos societários e suas demonstrações financeiras, publicados e arquivados no Registro do Comércio, na forma prevista na Lei n° 6.404/1976 e, deste modo, o documento de folhas 185 e 186 não se prestaria a comprovar que aquela companhia levantou balanço em 31/08/2003, tampouco a cópia do Contrato de Compra e Venda de Participação Societária de folhas 165 a 181 seria prova da efetividade da transação que menciona. Ressaltouse que o referido contrato, além de não identificar o representante da empresa estrangeira que figura como compradora, não foi transcrito no registro público de títulos e documentos, providência necessária para que seus efeitos se operem em relação a terceiros, nos termos do artigo 221 do Código Civil e, além disso, o citado instrumento prevê, em seu "Artigo VIII" (fl. 176), a possibilidade de rescisão e abandono das transações nele contempladas, com a consequente nulidade do contrato. Portanto, entendeuse que a efetivação do negócio deveria ser provada pela ata da assembleia geral da New Tower que teria deliberado sobre a transferência da titularidade das ações à aludida empresa estrangeira. Todavia, somente foi apresentada a ata da assembleia geral que registra a participação da autuada naquela sociedade, concluindose que não estaria comprovada a natureza do rendimento no valor de R$ 24.532.672,00, contabilizado sob o histórico "Ref. Equiv New Tower", reputandose correta a glosa da exclusão do valor de R$ 24.531.672,00, registrada no LALUR. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 6 Diante disso, considerada não evidenciada a efetividade da alienação do investimento na New Tower, não haveria de se admitir a dedução da perda contabilizada a esse título. Quanto ao agravamento da multa, assentou a decisão recorrida que a recorrente argumenta que a não apresentação da documentação solicitada não decorreu de recusa ou resistência em atender a Fiscalização, mas do fato de tal documentação ter sido retida pela Polícia Federal, porém, a Fiscalização noticiou que, em termo lavrado em 26/06/2008, a recorrente foi intimada a informar se, dentre os elementos já restituídos pela Polícia Federal, haveria elementos solicitados em intimações anteriores e seguiuse resposta evasiva da empresa, de que estaria conferindo o material recebido. Salientouse que em 18/07/2008, foi reiterada a intimação para apresentação dos documentos no prazo de cinco dias. Em 28/07/2008 e 01/08/2008, a contribuinte solicitou prorrogações de prazo por cinco e vinte dias, respectivamente e em 26/08/2008, procedeuse à lavratura do auto de infração, por falta de apresentação dos elementos de suporte dos lançamentos contábeis mencionados no Termo de Verificação Fiscal (fls. 114 a 116), decidindose que caso houvesse efetivado a transação que teria motivado os registros contábeis em questão, os atos correspondentes estariam arquivados no Registro do Comércio, considerandose evidenciada a falta de interesse do contribuinte em apresentar os esclarecimentos e/ou os elementos solicitados, justificandose a aplicação da multa agravada, prevista no artigo 44, inciso I e § 2°, da Lei n° 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007. No que toca à Impugnação da empresa indicada como responsável solidária, Construtora LJA Ltda., a decisão recorrida entendeu que o Código Tributário Nacional autoriza a fixação de responsabilidade solidária por meio de lei, a teor do artigo 124, anotando que a sujeição passiva solidária, em caso de cisão, decorre de expressa previsão legal, conforme estabelece o § 1° do artigo 5° do Decretolei n° 1.598/1977, mas seria de rigor afastar o agravamento da multa em relação à contribuinte solidarizada. Em vista da parcial procedência e a consequente exoneração da multa agrava em relação à recorrente LJA, recorreuse de ofício ao então Primeiro Conselho de Contribuintes, de acordo com o artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/1972, com a redação dada pela Lei n° 9.532/1997, e a Portaria MF n° 3/2008, vigente à época. Ambas as contribuintes foram devidamente cientificadas, o Aviso de Recebimento referente à Construtora Gautama está encartado à folha 355, sendo certo que a recorrente LJA também foi regularmente cientificada, consoante Aviso de Recebimento de folha 356. A recorrente LJA apresentou Recurso Voluntário às folhas 357 a 383, sustentando de início a tempestividade do recurso, rememorando os fatos sucedidos e já relatados insistindo na sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da mencionada exigência e reiterando seus argumentos quanto à impossibilidade de exigência da multa agravada. Por seu turno, a recorrente Gautama apresentou Recurso Voluntário às folhas 388 a 411, alegando em síntese a nulidade do auto de infração porquanto não se teria mencionado, com exatidão e precisão, os dispositivos legais infringidos, alegando, quanto ao mérito, que estaria mais do que provado o prejuízo em seu investimento, sendo seu direito utilizálo como dedução do IRPJ e CSSL. Fl. 474DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 19515.005149/200879 Acórdão n.º 130100.824 S1C3T1 Fl. 4 7 Teceu substanciosas considerações no tocante à equivalência patrimonial, afirmando que no caso concreto seria improcedente a glosa vez que os valores excluídos são resultados de Equivalência Patrimonial, não devendo compor a apuração do lucro real. Por fim, reputou abusiva a multa aplicada requerendo a reforma da decisão recorrida e, por consequência, a improcedência da autuação. A autoridade administrativa, em cotejo preparatório do feito em análise, consoante Certidão de folha 457, atestou que o Recurso Voluntário da empresa LJA foi apresentado dentro do prazo legal e que a peça recursal da Gautama fora apresentada intempestivamente, mencionando a necessidade de apreciação do Recurso de Ofício. É o relatório. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 8 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. Como bem destacado no relatório acima elaborado, ambas as recorrentes foram cientificadas em 17 de abril de 2009, situação que se comprova pelos Avisos de Recebimento de folhas 355 e 356, a recorrente LJA, por seu turno, protocolou o Recurso Voluntário em 15 de maio de 2009, consoante se depreende da primeira página do seu recurso (fl. 357), sendo tempestiva sua irresignação. Já a recorrente Gautama, conquanto tenha sido cientificada também em 17 de abril de 2009 (fl. 355), protocolou seu Recurso Voluntário somente em 25 de maio daquele mesmo ano, conforme destacado no topo da primeira página do seu recurso, situação que evidencia a intempestividade do seu inconformismo. Salientese ainda, que nem mesmo se a contagem do prazo final se der na data da postagem do Recurso Voluntário (vide fls. 464 – 465) se verificaria a tempestividade do Recurso manuseado pela Gautama. Diante dessas constatações, como bem assentado pelo Despacho de Encaminhamento de folha 457, conheço do Recurso de Ofício e do Recurso Voluntário apresentado pela contribuinte solidarizada (LJA), inadmitindo, por intempestivo que é, o Recurso apresentado pela empresa Gautama. Com estas considerações, analiso primeiramente o Recurso de Ofício apresentado em face do afastamento parcial da responsabilidade solidária da empresa Construtora LJA Ltda., CNPJ no 01.560.379/000157, no que toca, especificamente, ao agravamento da multa aplicada pelo não atendimento à Fiscalização, por parte da empresa Gautama. Sobre tais circunstâncias, falo da exoneração parcial da multa, a decisão recorrida assim se manifestou (fl. 336). (...) No que tange ao agravamento da multa, o artigo 44, § 2°, inciso I, da Lei n° 9.430/1996, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, prevê que o percentual referido no inciso I do caput do mesmo artigo será aumentado de metade, em caso de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. Entretanto, não consta dos autos que a Construtora LJA Ltda., indicada com responsável solidária, tenha sido intimada no curso da ação fiscal. Não evidenciado haver permanecido algum vínculo entre a pessoa jurídica cindida e a empresa que absorveu parcela de seu patrimônio, a esta última não se aplica o agravamento da penalidade, previsto no dispositivo citado, podendo ser exigido da responsável tributária somente o percentual estabelecido no inciso I do caput do citado artigo 44. (...) Como se pode observar a decisão que exonerou a multa agravada em relação à empresa responsabilizada, o fez sobre uma premissa bem estabelecida, eis que não verificou qualquer intimação do Fisco para que a recorrente LJA apresentasse qualquer documentação, de sorte que se não lhe foi exigida participação na elucidação dos fatos, não seria legítimo Fl. 476DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 19515.005149/200879 Acórdão n.º 130100.824 S1C3T1 Fl. 5 9 penalizála pelo não atendimento, situação que por si só, autoriza a exclusão da multa agravada. Ausente na espécie, qualquer comprovação que a LJA foi intimada a apresentar algum documento e não o fez, nego provimento ao Recurso de Ofício, mantendo intacta a decisão que afastou a penalidade agravada em relação à recorrente Construtora LJA Ltda., CNPJ no 01.560.379/000157. Quanto ao mérito do Recurso Voluntário apresentado pela contribuinte LJA, este cingese em duas vertentes, a primeira relacionada à sua responsabilização e segunda quanto à materialidade da própria autuação, refutada pela contribuinte e analisada em homenagem ao princípio da ampla defesa e do irrestrito contraditório. Analisando os argumentos sustentados pela aludida recorrente, consistentes na alegação de impossibilidade de exigirse dela contribuinte, surgida após processo de cisão da primeira autuada, qualquer crédito tributário relacionado à empresa Gautama, vale registrar que a recorrente argumentou que o artigo 124, inciso I, do CTN, trata da responsabilidade das pessoas que têm interesse na situação que constitua fato gerador da obrigação principal e não faria qualquer referência às cisões e nem mesmo o artigo 132 do CTN, que trata da responsabilidade tributária das pessoas jurídicas resultantes de fusão, transformação ou incorporação, menciona as cisões. A questão que se põe, portanto, no que toca à solidarização da recorrente LJA, é saber se a empresa responsabilizada, surgida por processo de cisão da autuada, pode responder por crédito tributário cuja sujeição passiva não detém. Como já adiantou a decisão recorrida, a sujeição passiva solidária em caso de cisão, decorre de expressa previsão legal, estabelecida no § 1° do artigo 5° do Decretolei n° 1.598/1977: Art. 5º. Respondem pelos tributos das pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas: (...) III a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida; (...) § 1º Respondem solidariamente pelos tributos da pessoa jurídica: (...) b) a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial; (...). Não há, portanto, fundamento legal que suporte a insurgência da recorrente, e ainda que se pretendesse imputar a solidarização nos moldes do artigo 124 do Código Tributário Nacional, a fortiori se constataria hipótese concreta de responsabilização da ora recorrente, porquanto se analisada a questão para além da previsão do Decretolei acima referido, vai se concluir que tratandose de solidariedade no contexto da obrigação tributária, nos termos do artigo 121 do CTN, é contribuinte a pessoa que tenha relação direta e pessoal com o fato gerador do tributo e que o artigo 124 do CTN, dispõe em seu inciso I, que são Fl. 477DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 10 solidariamente responsáveis as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador. Comungando ambas as regras, podese dizer que a figura da solidariedade não se afasta daquela contida no Código Civil, Livro I, Título I, Capítulo VI, “Das Obrigações Solidárias”, ou seja, há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com um direito, ou obrigado, à dívida toda. Sendo assim, caso se tenha pluralidade de pessoas com interesse na situação que constitua o fato gerador (regra do 124, I) e todas tenham mantido relação direta e pessoal com tal situação (regra do 121), apresentase possibilidade de solidarização, tal como se dá no caso concreto. Feitas essas ponderações, mantenho a decisão no que concerne à responsabilização da recorrente LJA, quer pela regra específica do Decretolei n° 1.598/1977, quer pela caracterização da regra geral contida no CTN. Por fim, malgrado seja intempestivo o recurso da autuada Gautama, convém apreciar o mérito das imputações em resguardo à ampla defesa da recorrente solidarizada, cumprindo rememorar nessa ordem de intenções, que o auto de infração encartado às folhas 117 a 128 divide as imputações em duas e Termo de Verificação de Fiscal de folhas 114 a 116 nos dá com precisão os motivos pelos quais concluiuse pela ocorrência das infrações, relatando que após diversas intimações para apresentação da documentação relativa às escriturações do anocalendário 2003, e a negativa da contribuinte seriam tomadas seguintes medidas, confirase: (...) • Será glosada a exclusão do valor de R$ 24.531.672,00 efetuada pelo contribuinte em seu Lalur — 2003 (Cisão), a título de resultado de Equivalência Patrimonial, uma vez que o mesmo, embora intimado à exaustão, não comprova que esse resultado adveio de equivalência patrimonial (não tributável); • Será considerado indedutível o valor do prejuízo de R$ 24.587.672,00 apurado pelo contribuinte na "suposta" venda de seu investimento "New Tower Com. e Participações Investimentos" relativo a sua conta contábil 131.10.006 68, uma vez que a pessoa jurídica nada apresentou que pudesse justificar a necessidade da realização desse prejuízo. Como nada nos foi apresentado só possuímos os lançamentos contábeis e os históricos relativos a essa operação, que são os seguintes: (...) Bem observou a decisão recorrida que o direito à exclusão de receita contabilizada como resultado da equivalência patrimonial ou quanto à dedutibilidade de perda na alienação de investimento, situações glosadas pela Fiscalização, somente terá lugar se, ao exame das provas trazidas aos autos, ficar demonstrada a realidade desses fatos econômicos. O mérito da autuação, portanto, passa pelo enfrentamento das provas produzidas nos autos pelas contribuintes, cumprindo aferir se o que foi trazido a título de comprovação suporta a exclusão efetuada a título de resultado de equivalência patrimonial, demonstrando que o resultado de fato adveio de equivalência patrimonial e se restou Fl. 478DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 19515.005149/200879 Acórdão n.º 130100.824 S1C3T1 Fl. 6 11 comprovado o efetivo prejuízo na alienação do investimento para os fins de autorizar a dedução ou reafirmar a glosa. Vêse do presente processo administrativo que a recorrente LJA procurou refutar os fundamentos que motivaram a decisão recorrida a concluir que as provas apresentadas não seriam suficientes a autorizar as deduções implementadas, afirmando que a DRJ teria se prestigiado o formalismo ao afirmar que o contrato de folhas 165 a 181 não foi transcrito no registro público e demais formalidades. Ao meu sentir, ao contrário do que afirma a recorrente, a decisão sob exame não prestigiou qualquer tipo de formalismo ou fez exigências absurdas, o que se teve como premissa na decisão objetada é que a escrituração da contribuinte somente faz prova em seu favor se amparada por documentação hábil e idônea que suporte as operações ali transcritas, concluindo que aquilo que fora apresentado, em somatória, quer pela falta de registro, quer pelas demais imperfeições, não seriam documentos hábeis a amparar a dedução daquelas despesas. Tornando a analisar a documentação que foi encartada, não vejo como censurar a decisão recorrida. Com efeito, foram trazidas aos autos cópias do Razão e Diário, cópia de Contrato de Compra e Venda de Participação Societária e demonstrativo denominado Cálculo da Equivalência Patrimonial, pelo qual se pretende estampar o balanço da empresa New Tower em 31/08/2003 e cópia do Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão, lavrado pela Polícia Federal em 17 de maio de 2007 (Anexos I a V, fls. 150 a 199), bem como ata da assembleia geral da New Tower, realizada em 14 de maio de 2003 (fls. 321 a 323), na qual se deliberou sobre o aumento de capital mediante conferência de participações societárias detidas pelos sócios. Não há nos autos, além do parco contrato de compra e venda e demais documentos acima referidos, nada que indique a efetivação do negócio, de sorte que remanesce não comprovada a natureza do rendimento no valor de R$ 24.532.672,00, contabilizado sob o histórico "Ref. Equiv New Tower", reputandose correta a decisão que mantém a glosa da exclusão do valor de R$ 24.531.672,00, registrada no LALUR e que considerou não evidenciada a efetividade da alienação do investimento na New Tower. Com essas considerações, encaminho meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício e ao Recurso Voluntário. Sala das Sessões, em 14 de março de 2012 (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 12 Fl. 480DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES , Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES
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Numero do processo: 10925.002105/2005-48
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1998
LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA QUALIFICADA - JUSTIFICATIVA. Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de relevância econômica e reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos na conduta do agente, notadamente quando se trata de exigência alicerçada em presunção legal.
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62-A do anexo II).
O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733).
O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º).
VARIAÇÃO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - SALDO DE RECURSOS DE EXERCÍCIO ANTERIOR.
Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano- calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-002.057
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso. Vencidos os Conselheiros Gonçalo Bonet Allage, Manoel Coelho Arruda Junior e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: GUSTAVO LIAN HADDAD
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Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de relevância econômica e reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos na conduta do agente, notadamente quando se trata de exigência alicerçada em presunção legal. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). Fl. 1DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 2 O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). VARIAÇÃO PATRIMONIAL A DESCOBERTO SALDO DE RECURSOS DE EXERCÍCIO ANTERIOR. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso. Vencidos os Conselheiros Gonçalo Bonet Allage, Manoel Coelho Arruda Junior e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad – Relator EDITADO EM: 02/04/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Ademir Hugo Baumgratz foi lavrado o auto de infração de fls. 03/08, objetivando a exigência do Imposto de Renda de Pessoa Física decorrente da falta de recolhimento do imposto pela apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos e omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, em relação aos anoscalendário de 1999 a 2003. A Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pelo contribuinte, exarou o acórdão n° 10615.591, que se encontra às fls. 582/604 e cuja ementa é a seguinte: Fl. 2DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10925.002105/200548 Acórdão n.º 920202.057 CSRFT2 Fl. 2 3 “IRPF MULTA DE OFÍCIO MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL — SITUAÇÃO QUALIFICADORA FRAUDE — As condutas descritas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964, exige do sujeito passivo a prática de dolo, ou seja, a deliberada intenção de obter o resultado que seria o impedimento ou retardamento da ocorrência do fato gerador, ou a exclusão ou modificação das suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. A multa aplicável é aquela a ser imposta pelo não pagamento do tributo devido, cujo débito fiscal foi apurado em procedimento de fiscalização, com esteio no art. 44, I, da Lei n°9.430, de 1996. DECADÊNCIA — Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. MÚTUOS — A contratação de empréstimo entre particulares despida de comprovação da transferência do correspondente numerário não constitui origem para eventuais aplicações, uma vez contrato unilateral que se perfaz com a tradição de seu objeto. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – APROVEITAMENTO DE SALDO DE RECURSOS EXISTENTES NO FINAL DO ANO—CALENDÁRIO APURADO PELO AGENTE FISCAL Demonstrado, no levantamento patrimonial e financeiro elaborado pelos auditores fiscais, a existência de recursos no final do ano calendário, admitese a sua transferência para o mês de janeiro do anoseguinte. Cabe ao fisco a prova de que os recursos, descobertos por ele, foram consumidos até o ultimo dia do mês de dezembro do ano calendário. Se os demonstrativos denominados "Fluxos Financeiros de Recursos" são considerados legítimos e hábeis para justificar a tributação dos rendimentos tidos como omitidos, pelos mesmos motivos são aptos para provar a existência dos recursos descobertos pelos auditores fiscais. JUROS DE MORA O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo Fl. 3DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 4 determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária (art. 161, CTN) TAXA SELIC — Legítima a aplicação da taxa SELIC, para a cobrança dos juros de mora, a partir de partir de 10 de abril de 1995 (art. 13, Lei n° 9.065, de 1995). Recurso parcialmente provido.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por unanimidade de votos, desqualificou a multa de ofício, e acolheu a preliminar de decadência do lançamento relativo a depósitos bancários do anocalendário de 1999 e, por maioria de votos, deu provimento parcial para considerar o valor de R$ 67.824,75 como origem de recurso para o cálculo do acréscimo patrimonial no mês de janeiro do anocalendário de 2003. Intimada pessoalmente do acórdão em 11/03/2008 (fls. 606) a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs o recurso especial de fls. 609/616, em que pleiteia, em apertada síntese, a reforma do v. acórdão recorrido por divergência jurisprudencial no tocante à desqualificação da multa com o acolhimento da decadência de parte do crédito tributário e por contrariedade à lei ou evidência da prova em relação ao valor de R$67.824,75 considerado como origem de recursos para o cálculo do acréscimo patrimonial a descoberto de janeiro de 2003. Consoante despacho nº DAF106153778_324, de 18 de setembro de 2008 (fls. 618/622) o referido Recurso Especial foi admitido somente em relação à contrariedade à lei ou evidência da prova, sendo que em face dessa decisão a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs o Agravo Regimental de fls. 625/629. O Agravo foi acolhido, conforme Despacho nº 21010165/2009, de 24 de novembro de 2009 (fls. 632), dandose seguimento ao Recurso Especial também em relação à desqualificação da multa. Intimado sobre a admissão do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou suas contrarazões (fls. 639/645). É o Relatório. Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator Examino primeiramente o paradigma invocado pela Recorrente para demonstrar a divergência necessária ao conhecimento do recurso especial quanto à qualificação da multa, matéria que havia sido decidida por unanimidade (Acórdão n. 10515.847): MULTA QUALIFICADA APLICABILIDADE E PERCENTUAL Caracterizado o evidente intuito de fraude, pela prática reiterada de omitir receitas através da falta de contabilização da movimentação bancária, é aplicável a multa de oficio qualificada no percentual legalmente definido de 150%. Com efeito, a situação descrita na ementa revela que o determinou a manutenção da qualificadora foi a prática reiterada, enquanto que no acórdão recorrido, que Fl. 4DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10925.002105/200548 Acórdão n.º 920202.057 CSRFT2 Fl. 3 5 também trata de lançamento por omissão de rendimentos com base em depósitos bancários não justificados, tal circunstância foi mencionada como não sendo motivadora de qualificação. Entendo, assim, que estão presentes os requisitos para o conhecimento do recurso quanto à qualificação da multa. Quanto à utilização do valor de R$67.824,75 considerado como origem de recursos para o cálculo do acréscimo patrimonial a descoberto de janeiro de 2003 o recurso foi manejado tendo em vista possível contrariedade à lei em face de decisão não unânime, devidamente articulada no recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. Impõese assim o conhecimento do recurso também nesta parte. Qualificação da multa O v. acórdão recorrido afastou a multa qualificada imposta pela autoridade fiscal autuante, e, no tocante à decadência, determinou a aplicação da regra do § 4º do artigo 150 do CTN, verbis: “Art. 150 – (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação” (destacamos). Em seu recurso especial a Procuradoria da Fazenda Nacional requer o restabelecimento da multa qualificada, com a consequente aplicação da sistemática de contagem do prazo decadencial do artigo 173, I do CTN. Considerando que a qualificação da multa implica o afastamento da aplicação da sistemática do artigo 150, §4º do CTN optei por primeiramente examinar referida qualificação. A fundamentação utilizada para justificar o evidente intuito de fraude foi a suposta conduta dolosa da contribuinte em omitir seus rendimentos, conforme se verifica do seguinte trecho do Termo de Verificação Fiscal (fls. 19/20): “A APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA Por tudo que foi exposto, constatamos a atitude violadora da lei adotada pelo contribuinte ao omitir rendimentos cuja comprovação dáse através das infrações acima demonstradas. Com isso, deixa de pagar o tributo devido que ora se exige, com a aplicação da multa qualificada de 150%, estatuída no inciso II do art. 44, da Lei 9.430/96, estando presentè um dos casos de evidente intuito de fraude, definido no art. 71 da Lei 4.502, de 30 de novembro de 1964: (verbis) Fl. 5DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 6 "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I — da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II — das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou crédito tributário correspondente." O conceito de dolo encontrase no inciso I do art. 18 do Decreto Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940 — Código Penal : crime doloso é aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. Adotou a lei penal brasileira, para a conceituação do dolo, a teoria da vontade. Isto significa que o agente do crime deve conhecer os atos que realiza e a sua significação, além de estar disposto a produzir o resultado deles decorrente. Há a consciência da conduta (ação ou omissão) e o consequente resultado, propiciado por esta ação ou omissão. A conduta dolosa do contribuinte está evidente e materializada, face a total incompatibilidade do rendimento declarado ao longo dos anos e as várias infrações aqui demonstradas. Sendo assim, face ao exposto acima, aplicamos a multa de oficio de 150%, de acordo com inciso II do artigo 44 da Lei n°.9.430/96. Nos termos do Decreto n°.2.730/1998 e Portaria SRF nº.2.752, de 11/10/2001, foi elaborada REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS, que foi protocolada sob n°.10.925002.106/05 92. De acordo com o art.34 da Lei 9.249/95, extinguese a punibilidade dos crimes definidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. Assim, fundamentado na exposição acima e em razão das funções inerentes ao cargo de Auditora Fiscal da Receita Federal, de acordo com os artigos 841 e 845 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26/03/99 (RIR/99), efetuamos de oficio, o lançamento do imposto.” (original sem grifos) A penalidade em questão foi aplicada com base no art. 44, inciso II da Lei n. 9.430, de 1996, incorporado ao art. 957, II, do RIR/99, assim redigido (conforme redação em vigor à época dos fatos geradores): “Art. 957 – Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei n.º 9.430, de 1996, art. 44) (...) Fl. 6DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10925.002105/200548 Acórdão n.º 920202.057 CSRFT2 Fl. 4 7 II de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Os dispositivos referidos, vale dizer, os artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502, de 1964, cuidam das figuras do dolo, fraude e sonegação, nos seguintes termos: “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Já me manifestei em outras oportunidades que a teor da previsão legal acima, para que a multa de lançamento de ofício de 75% seja qualificada e elevada para 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude, demonstrado inequivocadamente nos autos a partir de elementos probatórios colacionados pela fiscalização. Essa posição é amplamente reconhecida pela jurisprudência deste E. Colegiado, restando incontroverso que a fraude não se presume, sendo necessário que sejam produzidas provas do evidente intuito a que se refere a norma legal, não bastando suspeitas. A experiência indica que o evidente intuito de fraude se configura nas situações em que demonstrado o emprego de meios ardis, como notas fiscais calçadas, recibos falsificados, etc. Nesse sentido, transcrevo os seguintes julgados: “EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA APLICAÇÃO Configura evidente intuito de fraude a utilização de interposta pessoa com o propósito de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, sendo aplicável, nesses casos, a multa de ofício qualificada.” (Acórdão 10420713, Sessão de 19/05/2005, Rel. Remis Almeida Estol) “LANÇAMENTO DE OFÍCIO MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Se a fiscalização não demonstrou, nos Fl. 7DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 8 autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada.” (Acórdão 10418487, Sessão de 06/12/2001, Rel. Nelson Mallmann) “IRPF MULTA QUALIFICADA O uso de notas fiscais inidôneas caracteriza o conceito de evidente intuito de fraude e justifica a penalidade exacerbada.” (Acórdão 10417527, Sessão de 12/07/2000, Rel. Remis Almeida Estol) “IRPF MULTA QUALIFICADA O uso da chamada "conta fria", com o propósito de ocultar operações tributáveis, caracteriza o conceito de evidente intuito de fraude e justifica a penalidade exacerbada.” (Acórdão 10417526, Sessão de 12/07/2000, Rel. Remis Almeida Estol) Ao contrário da responsabilidade pela obrigação tributária principal, que a teor do art. 136 do CTN não requer dolo ou culpa para sua configuração, bastando a prática da infração por qualquer meio, a aplicação da multa dita qualificada pressupõe dolo específico, no sentido de subtrair o imposto que se sabe devido pela utilização de meios fraudulentos. No caso presente, o recurso especial apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteia o restabelecimento da multa qualificada de 150% tendo em vista a conduta reiterada e sistemática do contribuinte que omitiu rendimentos nos exercícios de 1999 a 2000 (fls. 611). Entendo, no entanto, que a simples omissão de rendimentos, ainda que reiterada em vários exercícios, desacompanhada de outros elementos probatórios do evidente intuito de fraude, não dá causa para a qualificação da multa. Dentre outras razões, tal conclusão decorre do fato de que, se assim não fosse, não haveria hipótese para a aplicação da multa de ofício “não qualificada” de 75%. Com efeito, considero que para a correta aplicação da multa qualificada a inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova que o contribuinte, por ato fraudulento, levou a autoridade administrativa a erro, por meio por exemplo da utilização de documentos falsos, notas frias, interposição de pessoas, etc. Em se tratando de omissão de rendimentos decorrente de depósitos de origem não comprovada, cuja caracterizada é objeto de presunção legal relativa, não bastam as alegações de relevância econômica dos valores envolvidos e reiteração de conduta para a demonstração do evidente intuito de fraude. Como bem apontou com o usual brilhantismo o ilustre Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos em acórdão sobre o tema, se o entendimento sumular antes transcrito não permite a qualificação da multa de ofício quando presente uma simples omissão de rendimentos, como justificar a qualificação desse multa em uma presunção de omissão de rendimentos, em que não ficou demonstrada nenhuma fraude, e que a própria omissão de rendimentos é presumida? O evidente intuito de fraude não pode ser presumido, como ocorre com a presunção legal de omissão de rendimentos, mas minudentemente demonstrado. Entender diferente seria presumir a fraude em situação em que a própria hipótese de incidência – omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada é presumida pela lei, situação que merece repúdio. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10925.002105/200548 Acórdão n.º 920202.057 CSRFT2 Fl. 5 9 Em resumo, entendo não ter a fiscalização logrado êxito em demonstrar evidente intuito de fraude na conduta do Recorrente a justificar a qualificação da penalidade, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso especial nesse quesito. Decadência Por outro lado, no tocante à decadência, já manifestei meu entendimento em diversas oportunidades segundo o qual o IRPF é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para efetuar o lançamento de tal tributo seria, em regra, o do art.150, §4º do CTN. Dessa forma, o prazo decadencial para o lançamento seria de cinco anos a contar do fato gerador. Ocorre que o Regimento Interno deste E. Conselho, conforme alteração promovida pela Portaria MF n.º 586/2010 no artigo 62A do anexo II, introduziu dispositivo que determina, in verbis, que: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” Assim, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESP nº 973.733, nos termos do artigo 543C, do CPC, consolidou entendimento diverso, conforme se verifica da ementa a seguir transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). Fl. 9DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 10 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Dessa forma, com o advento da decisão acima referida, temse que nos casos em que não houve antecipação de pagamento devese aplicar a regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, contarse o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Nos casos em que há recolhimento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, o prazo iniciase na data do fato gerador. No presente caso a decisão recorrida reconheceu a decadência em relação ao anocalendário de 1999. Como se verifica da declaração de ajuste anual apresentada pela contribuinte constante às fls. 41/43, durante o anocalendário de 1999 ocorreu a antecipação do imposto de renda por meio das retenções sofridas durante o anocalendário. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10925.002105/200548 Acórdão n.º 920202.057 CSRFT2 Fl. 6 11 Logo, aplicase no presente caso o disposto no artigo 150, §4º, do CTN, sendo que o início do prazo de decadência dáse com a ocorrência do fato gerador, em consonância com o que foi decidido no v. acórdão recorrido. Na data em que a contribuinte tomou ciência do lançamento, 18/10/2005 (fls. 473), os fatos geradores referentes ao ano calendário de 1999 encontravamse fulminados pela decadência, constatado que se passaram mais de cinco anos contados da data do fato gerador que se deu em 31/12/1999. Deve, assim, ser mantida a decisão recorrida neste ponto. Comprovação do Acréscimo Patrimonial Por outro lado a Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteia em suas razões de recurso a reforma do v. acórdão que, ao analisar o levantamento fiscal de acréscimo patrimonial a descoberto, acatou como origem para o mês de janeiro de 2003 o valor de R$67.824,75, correspondente ao saldo existente no mês de dezembro de 2002 na apuração do acréscimo patrimonial pela autoridade fiscal. Quanto a esta questão, filiome à corrente que entende que somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente, os valores consignados na declaração de rendimentos em 31 de dezembro do anocalendário respectivo e/ou comprovados pelo contribuinte. Entendo que esta comprovação é essencial para quem alega a existência desses recursos. Sem a apresentação de documentos comprobatórios não há como considerálos como recursos dos anos subseqüentes, sob pena de se “criar” patrimônio não declarado pelo próprio contribuinte. Apenas para não deixar dúvidas, esclareço que tal entendimento, a meu ver, não é contraditório com o fato de que há, de fato, um aproveitamento de “sobras” de origens de um mês para o outro dentro do mesmo anocalendário. A razão para tanto é que não há obrigação por parte do contribuinte de apresentar declaração mensal de rendimentos, pelo que seria irrazoável considerar as “sobras” como tendo sido consumidas, diante da impossibilidade do contribuinte declarálas como não gastas. Não é o que ocorre quando considerados dois anoscalendários distintos. Transcrevo a seguir ementa de acórdão do antigo Conselho de Contribuintes que adota esse entendimento: “IRPF GASTOS INCOMPATÍVEIS COM A RENDA DISPONÍVEL BASE DE CÁLCULO PERÍODOBASE DE INCIDÊNCIA APURAÇÃO MENSAL O Imposto de Renda das pessoas físicas, a partir de 01/01/89, será apurado, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, incluindose, quando comprovada pelo Fisco, a omissão de rendimentos apurada através de planilhamento financeiro ("fluxo de caixa"), onde serão considerados todos os ingressos e dispêndios realizados no mês pelo contribuinte. Entretanto, por inexistir a obrigatoriedade de apresentação de declaração mensal de bens, incluindo dívidas e Fl. 11DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 12 ônus reais, o saldo de disponibilidade pode ser aproveitado no mês subseqüente, desde que seja dentro do mesmo anobase. Assim, somente poderá ser aproveitado, no ano subseqüente, o saldo de disponibilidade que constar na declaração do imposto de renda declaração de bens, devidamente lastreado em documentação hábil e idônea.” (Ac 10417144). Verifico, no entanto, que em sua declaração de ajuste do exercício de 2003 (fls. 50/52) o contribuinte informou como dinheiro em espécie o valor de R$24.240,00, sendo que tal montante não foi considerado demonstrativo de variação patrimonial de fls. 36/37. Entendo que não há razão para serem desprezados tais valores na medida em que foi o próprio contribuinte quem os declarou tempestivamente, sendo que não foi feita qualquer prova pela fiscalização da inexistência desses valores. Em verdade, o demonstrativo de variação patrimonial demonstra que o acúmulo dessa quantia era plenamente possível ao apontar, em relação ao mês de dezembro de 2002, saldo de R$67.824,75. Destarte, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO para que seja considerado como origem no demonstrativo de variação patrimonial, para o mês de janeiro de 2003, o valor de R$24.240,00. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 12DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/04/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD
score : 1.0
Numero do processo: 10314.003876/2002-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 19/05/1999 a 12/07/2000 Embargos de Declaração. Contradição. Ausência Cabem embargos de declaração quando o acórdão estiver maculado de contradição entre a decisão e os seus fundamentos. Não se revela contraditório o acórdão que, analisando os fundamentos manejados, decide de maneira diversa da assentada no julgamento de primeira instância ou em outros acórdãos de segunda instância. Trata-se de inconformismo a ser enfrentado em sede de recurso especial, se admitido. Embargos Rejeitados
Numero da decisão: 3102-001.374
Decisão: Acordam os mebros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração opostos em desfavor do Acórdão 3102-00.433, de 9 de julho de 2009.
Matéria: II/IE/IPIV - ação fiscal - classificação de mercadorias
Nome do relator: LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Contradição. Ausência Cabem embargos de declaração quando o acórdão estiver maculado de contradição entre a decisão e os seus fundamentos. Não se revela contraditório o acórdão que, analisando os fundamentos manejados, decide de maneira diversa da assentada no julgamento de primeira instância ou em outros acórdãos de segunda instância. Tratase de inconformismo a ser enfrentado em sede de recurso especial, se admitido. Embargos Rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os mebros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração opostos em desfavor do Acórdão 310200.433, de 9 de julho de 2009. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mara Cristina Sifuentes Luciano Pontes de Maya Gomes, Álvaro Almeida Filho, Winderley Pereira, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. Relatório Fl. 284DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 2 2/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10314.003876/200206 Acórdão n.º 310201.374 S3C1T2 Fl. 274 2 Tratamse de embargos de declaração manejados pelo r. Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo –II, em desfavor do Acórdão 310200.433, de 9 de julho de 2009. Aponta a autoridade embargante contradição na interpretação acerca dos efeitos vinculantes da decisão proferida em sede de solução de consulta. Essencialmente, sustenta que a solução proferida em processos dessa natureza, como resposta oficial do Estado, vincularia a Administração, de modo que, na hipótese de insurgência, caberia exclusivamente recorrer ao Poder Judiciário. Cita doutrina e jurisprudência dos extintos Conselhos de Contribuintes. É o Relatório. Voto Conselheiro LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Relator Em face do encerramento do mandato da relatora original, promovi. a autodistribuição ad hoc dos autos. Notar que, além da Conselheira Nanci Gama, que se dedica exclusivamente à relatoria de processos da Câmara Superior de Recursos Fiscais, este Conselheiro é o único que compunha o Colegiado que participou da votação . Como é cediço, a avaliação da admissibilidade dos embargos de declaração, até certo ponto, confundese com o seu mérito. Vejase o que diz o art. 65 do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. De fato, se não se revela omissão, contradição ou obscuridade na decisão embargada, não há porque admitir o recurso que, regra geral, não tem o condão de alterar o mérito do decisum, apenas garantirlhe a integração. Não se pode, portanto olvidar dessa finalidade, assim demarcada por Tereza Arruda Alvim Wambier1, para quem os embargos: Prestamse a garantir o direito que tem o jurisdicionado a ver seus conflitos (lato sensu) apreciados pelo Poder Judiciário. As tendências contemporaneamente predominantes só permitiriam entender que este direito estaria satisfeito sendo efetivamente garantida ao jurisdicionado a prestação jurisdicional feita por 1 Apud Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato de Almeida e Eduardo Talamini Curso Avançado de Processo Civil, volume 1 : teoria geral do processo de conhecimento; coordenação Luiz Rodrigues Wambier. São Paulo. 2007, Revista dos Tribunais, 9ª ed. p. 595 Fl. 285DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 2 2/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10314.003876/200206 Acórdão n.º 310201.374 S3C1T2 Fl. 275 3 meio de decisões claras, completas e coerentes interna corporis”. Igualmente útil para o presente exame de admissibilidade é a lição de Candido Rangel Dinamarco2: Contradição é a colisão de dois pensamentos que se repelem (p.ex., negar a medida principal pedida e conceder a acessória, que dela depende; julgar improcedente a reintegração de posse e procedente o pedido de indenização etc.). Omissão é a falta de exame de algum fundamento da demanda ou da defesa, ou de alguma prova, ou de algum pedido etc. (decidir sobre a demanda principal sem se pronunciar sobre a acessória, deixar de indicar o nome de algum dos litisconsortes ativos ou passivos etc.). Tomando tais conceitos como referência, analisando as razões de embargo, juntamente com o acórdão embargado, forçoso é concluir que o recurso deve ser rejeitado. A meu ver, não se vislumbra contradição entre a decisão e os seus fundamentos. Com efeito, a falha descrita na Resolução nº 942/2010, equívoco na interpretação da legislação de regência, com a devida vênia, se confirmada, caracterizaria divergência jurisprudencial ou, no máximo, error in judicando, a serem enfrentados por meio de recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, manejado por quem detenha competência para tanto e lograr êxito em demonstrar o cumprimento dos requisitos para sua admissibilidade. Com essas considerações, rejeito os embargos de declaração. Sala das Sessões, em 14 de fevereiro de 2012 (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro 2 Instituições de Direito Processual Civil. São Paulo, Malheiros, 2005, 5ª ed., pp. 687/688. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 2 2/03/2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 11030.905000/2009-11
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 19 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3801-000.457
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 30 .9 05 00 0/ 20 09 -1 1 Fl. 42DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL Processo nº 11030.905000/200911 Resolução nº 3801000.457 S3TE01 Fl. 43 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de Salvador/BA, abaixo transcrito: Tratase de Manifestação de Inconformidade, fls. 12 e 13, contra despacho decisório eletrônico da DRF/Passo Fundo, nº. 842600886, fl. 08, que não homologou a compensação declarada no Per/Dcomp nº 37932.04975.100306.1.3.043150, em virtude do crédito apontado ter sido utilizado integralmente para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp. Cientificada do despacho decisório, em 29/06/2009, a interessada apresentou, em 28/07/2009, manifestação de inconformidade, fls. 12 e 13, alegando, em síntese, que: c efetuou a opção pelo regime não cumulativo e refez a apuração da Cofins faturamento, referente ao mês de mai/2004, em função da lei nº 10.892/2004, que, no seu art. 4º, facultava às cooperativas de produção agropecuária adotarem antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da COFINS, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de maio de 2004, e no parágrafo único do art. 4º, que deu o prazo de até o décimo dia do mês subseqüente ao da publicação da referida lei; após a retificação da apuração do referido mês, o débito que havia sido apurado deixou de existir. A DCTF do período foi retificada; requer o recebimento da manifestação de inconformidade e homologação Per/Dcomp n° 37932.04975.100306.1.3.043150. A DRJ em Salvador (BA) julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2004 COMPENSAÇÃO. DISPONIBILIDADE DO CRÉDITO. O crédito usado em compensação tem que estar disponível na data da transmissão do PER/DCOMP. RESTITUIÇÃO. RECOLHIMENTOS INDEVIDOS. COMPROVAÇÃO. A insuficiência da apresentação de prova inequívoca mediante documentação hábil e idônea acarreta a negação de reconhecimento do direito creditório, em face da impossibilidade da autoridade administrativa aferir a liquidez e certeza do pretenso crédito. Fl. 43DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL Processo nº 11030.905000/200911 Resolução nº 3801000.457 S3TE01 Fl. 44 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente ] Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com a decisão da DRJ a contribuinte apresenta o presente Recurso Voluntário utilizandose dos mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório, Fl. 44DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL Processo nº 11030.905000/200911 Resolução nº 3801000.457 S3TE01 Fl. 45 4 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele se conhece. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre da apuração da Cofins faturamento, referente ao mês de maio/2004, em função da lei nº 10.892/2004, que, no seu art. 4º, facultava às cooperativas de produção agropecuária adotarem antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da COFINS, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de maio de 2004, e no parágrafo único do art. 4º, que deu o prazo de até o décimo dia do mês subseqüente ao da publicação da referida lei para que fosse feita a opção pelo regime não cumulativo. Do exame do despacho decisório que indeferiu a compensação, verificase que essa matéria não foi apreciada. A autoridade fiscal, em síntese, apenas considerou os dados apresentados na DCTF original. Tal fundamentação, por certo, decorre de análise superficial, realizada nos limites de sistema informatizado de informações (batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não), no qual não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Registrese, por oportuno, que a DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório. Assim, a interessada não foi intimada a justificar a origem de seu crédito, o que de fato lhe trouxe prejuízo. Convém ressaltar que o simples erro de preenchimento da DCTF não pode resultar em enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional. Ademais, não há óbice legal para a apresentação de DCTF retificadora antes da emissão do despacho decisório. De sorte que o mero erro de fato no preenchimento da DCTF não é elemento suficiente para afastar o direito à restituição de tributo pago a maior indevidamente. No mérito, analisemos os arts. 4º e 5º da lei nº 10.892/2004: Art. 4oAs sociedades cooperativas de produção agropecuária e as de consumo poderão adotar antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. Parágrafo único. A opção será exercida até o 10o(décimo) dia do mês subseqüente ao da data de publicação desta Lei, de acordo com as normas e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, produzindo efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ode maio de 2004. Art. 5oEsta Lei entra em vigor em 1ode outubro de 2004, exceto em relação ao seu art. 4o, que entra em vigor na data da sua publicação. Fl. 45DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL Processo nº 11030.905000/200911 Resolução nº 3801000.457 S3TE01 Fl. 46 5 A recorrente, por se tratar de sociedade cooperativa de produção agropecuária, tendo efetuado a opção de antecipação do regime de nãocumulatividade de que trata o art. 4º da Lei nº 10.892, de 2004, deveria apurar as contribuições nesse regime a partir de 1º de maio de 2004. Como a publicação da Lei nº 10.892 ocorreu em 14.7.2004, essa opção deuse de forma retroativa em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de maio de 2004, o que poderia ocasionar divergências em relação às contribuições apuradas pelo regime de incidência cumulativo Neste sentido, os dados da DCTF retificadora apontados no acórdão recorrido e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constata se que, no caso vertente, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar o valor correto da contribuição para a COFINS referente ao período de apuração em discussão. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) Intime a contribuinte para no prazo de 30 dias apresentar a cópia do documento comprobatório da adesão antecipada a que aduz o § único do artigo 4º da Lei nº 10.892/2004, ou confirme a DRF a realização da opção por parte da contribuinte; b) anexe cópia da DCTF retificadora ativa referente ao 2º trimestre de 2004; c) apure o valor devido a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidente sobre o faturamento com base na escrituração fiscal e contábil, período de apuração de maio/2004, segundo o regime de incidência não cumulativo, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.892/2004; d) cientifique a interessada quanto ao teor dos cálculos para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. É assim que voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 46DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL
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Numero do processo: 15983.000010/2010-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2401-000.211
Decisão: RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o
julgamento do recurso em diligência. Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Relator) e Marcelo Freitas de Souza Costa, que negavam provimento ao recurso de ofício. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares.
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Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Relator) e Marcelo Freitas de Souza Costa, que negavam provimento ao recurso de ofício. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares. Elias Sampaio Freire Presidente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 629DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 623 2 Relatório INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO SANTA CECÍLIA ISESC, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado Auto de Infração nº 37.258.5540, referente às contribuições sociais devidas ao INSS pela autuada, correspondentes à parte da empresa e do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados, em relação ao período de 12/2000 a 11/2003, conforme Relatório Fiscal, às fls. 20/29. Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD, lavrada em 20/01/2010, contra a contribuinte acima identificada, constituindose crédito no valor de R$ 30.373.908,73 (Trinta milhões, trezentos e setenta e três mil, novecentos e oito reais e setenta e três centavos). De conformidade com o Relatório Fiscal, em 01/06/2006, fora expedido Mandado de Procedimento Fiscal, com ciência em 06/06/2006, dando início à fiscalização na entidade, com o requerimento de documentos e esclarecimentos pertinentes às contribuições previdenciárias relativamente ao período de 05/2000 a 05/2006. Informa, ainda, o fiscal autuante que naquela oportunidade constatouse haver óbice judicial à constituição do crédito previdenciário, em face de provimento judicial em sede de antecipação de tutela concedida pela 2a Vara Federal de Santos, às fls. 52/54, nos autos do processo n° 99.61.04.0052998, onde a autora pleiteia à imunidade contemplada no artigo 7° do artigo 195 da Constituição Federal, razão pela qual efetuouse o lançamento provisório relacionado àquele período, cientificandose o contribuinte em 27/09/2006 dos valores apurados pelo Fisco, consoante Informação Fiscal de fl. 32. Ato contínuo, confirmando que a Instituição não observa os requisitos que garantem o status de entidade acobertada pela imunidade tributária conforme previsto no art. 14 do Código Tributário Nacional, não sendo portanto imune à exação tributária, foi o procedimento fiscalizatório reaberto com vistas a se consumar o lançamento já iniciado, a teor do que determina o parágrafo único do art. 142 da norma geral tributária citada, como se verifica do Mandado de Procedimento Fiscal datado de 12/02/2008, às fls. 570/572. Após regular processamento, interposta impugnação contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a 8ª Turma da DRJ em Campinas/SP, achou por bem julgar improcedente o lançamento, acolhendo a decadência total do crédito, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 0531.536/2010, às fls. 579/586, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2000 a 30/11/2003 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. Aplicase o prazo decadencial do Código Tributário Nacional para os créditos em que não houve constituição definitiva, quanto aos fatos geradores ocorridos há mais de cinco anos do efetivo lançamento do crédito. Fl. 630DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 624 3 Impugnação Procedente. Crédito Tributário Exonerado.” Em observância ao disposto no artigo 25, inciso II, do Decreto n° 70.235/72, na redação dada pela Lei n° 11.941/2009, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou improcedente o lançamento fiscal. É o Relatório. Fl. 631DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 625 4 Voto Vencido Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, em razão do crédito desonerado se encontrar sob o manto do limite de alçada, conheço do recurso de ofício e passo a analise matéria posta nos autos. Consoante se positiva do Relatório Fiscal, a lavratura do Auto de Infração deveuse a constatação de contribuições previdenciárias devidas pela contribuinte ao INSS, correspondentes à parte da empresa e do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados. Após apresentação da impugnação da autuada, o lançamento fora julgado improcedente, nos termos do Acórdão nº 0531.536/2010, da 8ª Turma da DRJ em Campinas/SP, acima ementado, razão pela qual a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício daquele decisum, com arrimo no artigo 25, inciso II, do Decreto n° 70.235/72, na redação dada pela Lei n° 11.941/2009. Com mais especificidade, a DRJ competente, ora guerreada, em síntese, achou por bem rechaçar a pretensão fiscal, excluindo a totalidade das contribuições previdenciárias, uma vez alcançadas pelo instituto da decadência, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, consoante se extrai do excerto do Acórdão recorrido abaixo transcrito: “[...] Como já observado, a constituição efetiva do presente crédito só se deu em 20/01/2010, data da ciência do Auto de Infração ao contribuinte. Assim sendo, considerandose a data da concretização do lançamento em 20/01/2010, e ainda que se efetue a contagem da decadência pelo prazo mais dilatado, que é o do art. 173, I, do CTN, os fatos geradores ocorridos de 12/2000 a 11/2003 estão decadentes, pois já se passaram mais de cinco anos do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, que no caso da competência mais recente, de 11/2003, seria 31/12/2008. Tendo em vista a prejudicial descrita, em face da constatação da ocorrência de decadência do crédito lançado, não serão analisados os demais argumentos apresentados na impugnação. Enfim, diante do exposto, voto, portanto, pela improcedência do lançamento. [...]” Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que a decisão recorrida apresentase incensurável, devendo ser mantida em sua plenitude, pelas razões de fato e de direito a seguir desenvolvidas. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº. 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: Fl. 632DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 626 5 “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por Fl. 633DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 627 6 conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 628 7 Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o auto lançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício Fl. 635DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 629 8 seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Fl. 636DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 630 9 Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento nas contribuições previdenciárias, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. Na hipótese dos autos, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, ou seja, relativamente à existência ou não de antecipação de pagamento para efeito de aplicação do prazo decadencial, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela ocorrência da decadência, sob qualquer fundamento legal que se pretenda aplicar (artigo 150, § 4º ou 173, inciso I, do CTN). Com efeito, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 20/01/2010, com a devida ciência da contribuinte constante da folha de rosto da notificação, a exigência fiscal resta totalmente fulminada pela decadência, eis que os fatos geradores ocorreram durante o período de 12/2000 a 11/2003, fora, portanto, do prazo decadencial de 05 (cinco) anos do CTN, seja com base no artigo 150, § 4º ou 173, inciso I, impondo seja mantida a improcedência do feito. No caso vertente, o que torna digno de realce e, de certa forma sensibilizou este Relator, é que, a princípio, o Fisco não se apresentou intempestivamente para fiscalizar a contribuinte. Destarte, como restou devidamente explicitado no Relatório do Auto de Infração, a ação fiscal teve início, originalmente, em 01/06/2006, com a emissão de MPF, cientificado pela contribuinte em 06/06/2006. Ocorre que, naquela oportunidade a autuada se encontrava sob o pálio de provimento judicial, às fls. 52/54, rechaçada e, porterioremente, revigorada a partir de agravo de instrumento, impossibilitando o lançamento das contribuições previdenciárias em comento, o que ensejou a constituição provisória do débito relacionado àquele período, cientificandose o contribuinte em 27/09/2006, consoante Informação Fiscal de fl. 32. Nesta toada, somente com a confirmação de que a instituição não gozava de imunidade pretendida teve a fiscalização a possibilidade de restabelecer a ação fiscal, com a expedição do MPF datado de 12/02/2008, às fls. 570/572, e encerrála com a lavratura do presente Auto de Infração, constituindo o crédito sob análise. É bem verdade que o marco judicial para a reabertura do procedimento fiscalizatório, ou seja, a decisão que afastou a imunidade da entidade ou cassou a tutela antecipada, não se encontra devidamente esclarecido nos autos, na linha do que fora exposto na decisão recorrida, o que uma simples diligência seria capaz de elucidar. No entanto, como afirmado alhures, em que pese o fato de a impossibilidade do lançamento, fazendo correr o prazo decadencial, ter partido de provimento Judicial e não da inércia do Fisco sensibilizar este Julgador, não vislumbramos na legislação de regência dispositivo legal capaz de afastar, suspender e/ou interromper aludido lapso temporal, razão pela qual sua contagem segue o caminho convencional adotado nos demais casos, sem tantas especificidades. Por todo o exposto, estando a Autuação Fiscal sub examine em dissonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria , VOTO NO SENTIDO E CONHECER DO Fl. 637DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 631 10 RECURSO DE OFÍCIO E NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 632 11 Voto Vencedor Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora Designada DAS QUESTÕES PRELIMINARES: Em que pese toda a argumentação trazida pelo ilustre conselheiro, entendo, assim como mencionado por ele próprio no corpo do seu voto, haver uma questão prejudicial ao presente julgamento. A decisão da procedência ou não do presente autodeinfração está diretamente relacionado a medida liminar que impossibilitava o fisco de efetivar o lançamento, porém ditas informações não constam do processo. Assim manifestouse o ilustre conselheiro Rycardo Destarte, como restou devidamente explicitado no Relatório do Auto de Infração, a ação fiscal teve início, originalmente, em 01/06/2006, com a emissão de MPF, cientificado pela contribuinte em 06/06/2006. Ocorre que, naquela oportunidade a autuada se encontrava sob o pálio de provimento judicial, às fls. 52/54, rechaçada e, posteriormente, revigorada a partir de agravo de instrumento, impossibilitando o lançamento das contribuições previdenciárias em comento, o que ensejou a constituição provisória do débito relacionado àquele período, cientificandose o contribuinte em 27/09/2006, consoante Informação Fiscal de fl. 32. Nesta toada, somente com a confirmação de que a instituição não gozava de imunidade pretendida teve a fiscalização a possibilidade de restabelecer a ação fiscal, com a expedição do MPF datado de 12/02/2008, às fls. 570/572, e encerrála com a lavratura do presente Auto de Infração, constituindo o crédito sob análise. É bem verdade que o marco judicial para a reabertura do procedimento fiscalizatório, ou seja, a decisão que afastou a imunidade da entidade ou cassou a tutela antecipada, não se encontra devidamente esclarecido nos autos, na linha do que fora exposto na decisão recorrida, o que uma simples diligência seria capaz de elucidar. No entanto, como afirmado alhures, em que pese o fato de a impossibilidade do lançamento, fazendo correr o prazo decadencial, ter partido de provimento Judicial e não da inércia do Fisco sensibilizar este Julgador, não vislumbramos na legislação de regência dispositivo legal capaz de afastar, suspender e/ou interromper aludido lapso temporal, razão pela qual sua contagem segue o caminho convencional adotado nos demais casos, sem tantas especificidades. Dessa forma, para que se possa proceder ao julgamento, devem ser prestadas informações acerca da medida judicial que amparava a empresa, bem como em que momento dita medida perdeu validade, seja pela decisão de mérito, ou mesmo pela cassação da medida liminar. Neste ponto, relevante ser colacionado aos autos a integra da medida liminar, bem como a decisão de mérito, sendo possível estabelecer um cronograma acerca da efetiva ação da auditoria fiscal na constituição do crédito. Fl. 639DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15983.000010/201086 Resolução n.º 2401000.211 S2C4T1 Fl. 633 12 CONCLUSÃO: Voto pela CONVERSÃO do julgamento EM DILIGÊNCIA, devendo ser prestadas as informações nos termos acima descritos. Do resultado da diligência, antes de os autos retornarem a este Colegiado deve ser conferida vista ao recorrente, abrindose prazo normativo para manifestação. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 640DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 04/06/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 09/06/2012 por ELAINE CRISTINA MO NTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000727/2007-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2004 a 30/07/2006 Ementa: REMUNERAÇÃO NÃO DECLARADA EM GFIP A empresa está recolher, à Previdência Social, as contribuições dos segurados a seu serviço, descontadas de suas remunerações, conforme estabelece o art. 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei 8.212/91 GRUPO ECONÔMICO Ao verificar a existência de grupo econômico de fato, a auditoria fiscal deverá caracterizá-lo e atribuir a responsabilidade pelas contribuições não recolhidas aos participantes. SUCESSÃO Os elementos caracterizadores da sucessão de empresa estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD.
Numero da decisão: 2301-002.729
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2004 a 30/07/2006 Ementa: REMUNERAÇÃO NÃO DECLARADA EM GFIP A empresa está recolher, à Previdência Social, as contribuições dos segurados a seu serviço, descontadas de suas remunerações, conforme estabelece o art. 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei 8.212/91 GRUPO ECONÔMICO Ao verificar a existência de grupo econômico de fato, a auditoria fiscal deverá caracterizá-lo e atribuir a responsabilidade pelas contribuições não recolhidas aos participantes. SUCESSÃO Os elementos caracterizadores da sucessão de empresa estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD.
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SUCESSÃO Os elementos caracterizadores da sucessão de empresa estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete De Oliveira Barros Relator. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silvério, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Leonardo Henrique Lopes Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 232 3 Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondente à parte dos segurados. Conforme Relatório Fiscal (fls. 44), constitui fato gerador da contribuição lançada a contribuição descontada dos segurados empregados, declarada em Folha de Pagamento e Rescisões de Contrato de Ttrabalho, e não informada em GFIP. A autoridade autuante expõe os motivos pelos quais entende que há formação de grupo econômico entre a recorrente e a empresa FRIGOSEF FRIGOR. SEF DE S.J.DOS CAMPOS e as demais ali listadas, e fundamenta a solidariedade entre as empresas do grupo no art. 30, inciso IX, da Lei 8.212/91. A empresa notificada e as demais solidárias apresentaram defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0520.384, da 7a Turma da DRJ/CPS, (fls. 156), julgou o lançamento procedente, mantendo a caracterização do Grupo Econômico, excluindo, porém, do pólo passivo da NFLD, a empresa Frigovalpa Comércio e Indústria de Carnes Ltda, sob a alegação de que não restaram evidenciados, nos autos, os elementos caracterizadores da constituição de grupo econômico de fato entre o citado frigorífico e as demais empresas. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 203), alegando, em síntese, o que se segue. Inicialmente, alega que os julgadores, ao proferirem a decisão recorrida, não se atentaram para todos as alegações apresentadas em impugnação e, embora tenham citado todas no relato da decisão, ao proferirem os motivos ensejadores da decisão deixaram de apreciar alguns argumentos da ora recorrente, bem como deixaram de aplicar o principio da legalidade, ao desconsiderar aplicação de legislação apresentada em impugnação, preferindo aplicar fatos. Aponta ao argumentos que deixaram de ser apreciados pelo julgador de primeira instância e reitera os argumentos trazidos na impugnação que, segundo entende, são relevantes e razoáveis para afastar a participação da recorrente em qualquer grupo econômico alegado, e reafirma que a não apreciação, pelos julgadores, de tais argumentos configura violação do principio da ampla defesa e contraditório, bem como apresentase como evidente cerceamento do direito de defesa. Entende que a alegação trazida pelo auditor fiscal sobre o escritório contábil cuidar dos documentos da empresa recorrente e do açougue de seu irmão André Luiz Nogueira Jr não deveria nem ser citada no Relatório da NFLD, , tendo em vista que inexiste qualquer impedimento legal, sendo tal argumento improcedente, por ferir o direito de livre exercício da profissão de contador, bem como reflete em coibir a recorrente em procurar profissional adequado para cuidar de sua contabilidade. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 4 Quanto a utilização do nome fantasia de um dos fornecedores, assevera que os julgadores se esqueceram a legislação civil não exige que esta modalidade de contrato seja revestida de formalidade, ou seja, desnecessária a existência de contrato escrito e, ao desconsiderar esse aspecto legal, a decisão fere claramente o principio da legalidade que deve ser respeitado também pela administração indireta. Em relação ao fato de a recorrente possuir um único fornecedor de um determinado produto, salienta que a empresa notificada possui outros fornecedores para os demais produtos comuns em sua atividade, e o simples fato de ter a recorrente um fornecedor exclusivo de um determinado produto não pode ensejar sua participação em grupo econômico, eis que tal pratica hoje é amplamente exercida pelos empresários, até mesmo como poder de negociação de preço e condições de pagamento. Frisa que Grupo Econômico está prevista somente nas Sociedades Anônimas, não se aplicando às demais sociedades; primeiro porque a Lei 6.404/76, que trata da Sociedade Anônima, não faz qualquer alusão empresa individual ME, como é o caso da recorrente, e cita a doutrina para tentar demonstrar que o empresário individual jamais poderá integrar ou ter a empresa integrada em qualquer tipo de grupo econômico. Observa que nenhuma das empresas citadas no Relatório fiscal é enquadrada como S.A, sendo todas ou Individual ou Ltda, e nenhuma apresenta como sócio outra empresa tida como Sociedade Anônima, fato que, segundo entende, descaracteriza a alegação de ocorrência de Grupo Econômico de Fato. Traz a definição de Grupo Econômico de Fato para reforçar o entendimento de que é necessária a participação acionária para a sua formação ou caracterização, reafirmando que em momento algum a recorrente foi economicamente sujeita a direção econômica única, sempre se mantendo sozinha e sem dependência econômica. Chama a atenção para o fato de que as empresas citadas na decisão recorrida, existiram bem como exerceram suas atividades em épocas diferentes, jamais em período concomitante, como se pode depreender da analise do próprio relatório fiscal, e conclui que não há a mínima possibilidade de se vislumbrar comunhão de objetivos sociais de duas empresas, pois a relação comercial mantida em hipótese alguma leva a presumir existência de grupo econômico. Assevera que as empresas citadas possuem seu comando financeiro e organizacional totalmente alheio à empresa ora recorrente, sendo que cada uma delas é gerida pelo seu proprietário, que não é qualquer dos sócios da recorrente, e que essas empresas não dependem da recorrente para nada, efetuando compra de outros produtos necessários ao exercício de sua atividade com outros fornecedores, não efetuando essas compras em nome da notificada e, ainda, possuindo funcionários próprios. Defende a inocorrência da sucessão por incorporação, argumentando que a empresa Rosa Maria ME apresentou declaração de inativa referente aos anosbase 2005 e 2006, e que, no ano em que se deu a venda somente dos equipamentos, ou seja 2004, continuou a exercer suas atividades regulares. Esclarece que a recorrente não adquiriu o estabelecimento comercial que se dá pelo chamado trespasse, ou mesmo sequer adquiriu o fundo de comércio, elementos imprescindíveis para a caracterização da sucessão, nos termos do art. 133 do CTN e afirma que, ao que parece, Rosa MariaME vem pagando regularmente seus débitos junto a previdência social, não estando inadimplente, sendo este outro aspecto de grande importância Fl. 263DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 233 5 para a não caracterização da alegada sucessão comercial, pois, se não existe débito vencido e não pago, bem como adesão a sistema de parcelamento por Rosa Maria ME, não há que se falar em solidariedade de obrigações por parte da recorrente. Entende que, para se declarar eventual sucessão, é necessário fazer prova cabal de que Rosa Maria ME não possui outros bens para minimamente garantir o pagamento de seus débitos, como também deveria a recorrente ter comprado toda a empresa, ou seja, nome fantasia, razão social, os estoques, carteira de fornecedores e adquirido o ponto comercial, o que não ocorreu, pois a notificada somente comprou os equipamentos, e de pessoa física, como demonstra o contrato anexo ao relatório fiscal, o que leva à conclusão sobre a impossibilidade da ocorrência de sucessão por incorporação. Reafirma que a recorrente não efetivou a compra do ponto comercial, mas somente alugou o imóvel dos proprietários e não da empresa Rosa Maria ME, que esteve estabelecida anteriormente no local, sendo que um dos donos do imóvel é pessoa totalmente alheia à recorrente e à empresa Rosa Maria ME, como se pode notar da simples análise do contrato de aluguel juntado ao relatório fiscal, não podendo, portanto, o simples aluguel de imóvel onde antes existia a empresa acarretar sucessão, por inocorrência das hipótese do art. 133, do CTN. Informa que os empregados foram todos contratados em datas posteriores ao início das efetivas atividades da recorrente, sendo evidente que a esmagadora não laboraram para a empresa Rosa Maria – ME, sendo que os débitos referentes ao período anterior à constituição da empresa recorrente deverão ser lançados somente em nome dos responsáveis à época, qual seja, Rosa Maria ME, ante a impossibilidade da ocorrência de sucessão por incorporação. Argumenta que, caso ficasse comprovada a sucessão comercial, o que não ocorreu, no máximo poderia se imputar responsabilidade subsidiária ou supletiva a recorrente, caso Rosa Maria ME deixasse de cumprir com suas obrigações tributárias, porem jamais solidária, ante a continua exploração da atividade por Rosa Maria ME. Requer, por fim, a reforma da decisão no que tange à sua participação em eventual Grupo Econômico e à manutenção da sucessão por incorporação, para que os débitos de responsabilidade de Rosa Maria ME sejam lançados somente em seu nome e sob sua responsabilidade, e que seja mantida a decisão recorrida no que se refere à improcedência do valor lançado. As empresas consideradas integrantes do Grupo Econômico e solidárias pelo débito, FRIGORIFICO CAMPOS DE SAO JOSÉ LTDA, ANDRÉ LUIZ NOGUEIRA JUNIORME e FRIGOSEF FRIGOR. SEF DE S.J.DOS CAMPOS, apresentaram recursos tempestivos, alegando, em síntese, desnecessidade de efetuar o depósito prévio e inexistência de formação de grupo econômico. A empresa ANDRÉ LUIZ NOGUEIRA JUNIOR também alega que a decisão recorrida deixou de analisar os argumentos apresentados na impugnação e não apresentou qualquer fundamentação legal para manutenção do recorrente no pólo passivo, configurando evidente cerceamento do direito de defesa consagrado pela Constituição Federal. Sustenta que impossível vincular a participação do recorrente no alegado grupo econômico, pela evidente e inegável falta de elementos probatórios nos autos. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 6 A outra integrante do Grupo Econômico, no entender da fiscalização, a FRIGORIFICO CAMPOS DE SÃO JOSÉ LTDA, sustenta que não ocorreu qualquer atuação concomitante entre as empresas, nos termos explicados em impugnação, tanto que o relato da decisão declara que as empresas foram constituídas sucessivamente e não concomitantemente, sendo, portanto, latente a ilegalidade na decisão, afrontando as determinações legais, deturpando entendimentos entre sucessão e formação de grupo econômico. A empresa Frigosef alega que o Sr. Julgador cometeu equívocos ao aplicar norma posterior a fato anterior; ou seja, utilizou entendimento da IN n° 3, com alteração dada no ano de 2007. Entende que as disposições da Lei 6404/76 devem prevalecer sobre o que dispõe a IN n ° 3; levando ao entendimento pela impossibilidade de formação do grupo econômico. Aponta como sendo outra ilegalidade da decisão o embasamento da formação de grupo econômico em norma reguladora trabalhista, uma vez que a presente discussão versa sobre débitos tidos como fiscais e não trabalhista, não podendo, portanto, requerer aplicação de dispositivo da CLT a questão fiscal. Qualifica de equivocada a interpretação do art. 30, IX, da Lei 8112/91 c/c art. 124 do CTN e c/c art. 50 C.C, uma vez que o art. 124 do CTN trata de solidariedade e não de formação de grupo econômico, exigindo alguns requisitos para aplicação da solidariedade, o que no caso não ocorre. Lista algumas contradições que, no seu entendimento, ocorreram no Relatório Fiscal e reitera que jamais manteve qualquer relação comercial com as citadas empresas, até mesmo pela sua inatividade quando do inicio das atividades das empresas relacionadas pela fiscalização. Requer, por fim, que seja dado provimento ao recurso, com a conseqüente reforma da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 234 7 Voto Conselheiro Bernadete de Oliveira Barros O recurso é tempestivo e todos os requisitos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice para seu conhecimento. Verificase, dos autos, que somente a notificada, MONALISA PEREIRA LOPES NOGUEIRA ME, e as empresas consideradas como integrantes do Grupo Econômico, FRIGOSEF FRIGOR. SEF DE S.J.DOS CAMPOS, FRIGORIFICO CAMPOS DE SAO JOSÉ LTDA e ANDRÉ LUIZ NOGUEIRA JUNIOR ME, apresentaram recursos, sendo que as quatro insurgiramse contra a caracterização do Grupo Econômico, motivo pelo qual, no que se refere a essa matéria, seus recursos serão analisados em conjunto. Tanto a empresa notificada, MONALISA, quanto a solidária, ANDRÉ LUIZ NOGUEIRA JUNIORME, alegaram cerceamento de defesa por ter a decisão recorrida deixado de apreciar argumentos trazidos na impugnação. Entendem que a não apreciação, pelos julgadores, de tais argumentos configura violação do principio da ampla defesa e contraditório, bem como apresentase como evidente cerceamento do direito de defesa. Contudo, não se verifica o alegado cerceamento de defesa. Constatase que o Relator do Acórdão combatido demonstra a convicção do julgador diante dos fatos e argumentos que lhes foram apresentados, seja pela auditoria fiscal, seja pela notificada e responsáveis solidárias. Ocorre que os argumentos trazidos pela recorrente e demais integrantes do grupo econômico não foram suficientes para que os julgadores de primeira instância se convencessem da inexistência da formação do grupo econômico. A fiscalização expôs, com muita clareza e riqueza de detalhes, juntando, documentação comprobatória de suas afirmações, os motivos pelos quais entendeu que houve formação de grupo econômico de fato. O art. 59, do Decreto 70.235/72, dispõe que Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Não restou demonstrado nos autos que houve cerceamento de defesa do notificado ou das demais empresas envolvidas, que demonstraram pleno conhecimento do que lhes esta sendo imputado. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 8 Constatase que o Relator do Acórdão recorrido apreciou todas as alegações apresentadas pelas impugnantes que, no seu julgamento, eram importantes para a tomada de decisão, já que, conforme jurisprudência do STJ, o órgão julgador não está obrigado a apreciar toda e qualquer alegação apresentada pela recorrente, mas tão somente aquelas que possuem o condão de formar ou alterar sua convicção. Assim, não há que se falar em cerceamento de defesa ou em ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. A recorrente alega que inexiste impedimento legal para que determinado escritório contábil cuide dos seus documentos e do açougue de seu irmão, ou que uma empresa possua um único fornecedor de um determinado produto, e que tais argumentos ferem o direito de livre exercício da profissão de contador, e coíbe a recorrente em procurar profissionais adequados, ou em poder negociar preço e condições de pagamento. Porém, ressaltese que em nenhum momento a fiscalização negou essa possibilidade ou o direito à livre iniciativa da recorrente. Na verdade, o que a autoridade notificante constatou em ação fiscal desenvolvida na empresa e demonstrou, no relatório da NFLD, foi a existência de um grupo econômico de fato entre a recorrente e as empresas relacionadas pela autoridade lançadora. Os fatos narrados pela fiscalização e confirmados pela recorrente apenas reforçam a convicção de que todas as empresas formam um grupo econômico de fato. O fato de as empresas pertencerem a um mesmo grupo familiar corrobora a afirmação da auditoria fiscal de que não existem vários, mas apenas um empreendimento industrial, ou seja, um grupo econômico de fato. A notificada argumenta que Grupo Econômico está previsto somente nas Sociedades Anônimas, não se aplicando às demais sociedades e que o empresário individual jamais poderá integrar ou ter a empresa integrada em qualquer tipo de grupo econômico e que, como nenhuma das empresas citadas no Relatório fiscal é enquadrada como S.A, sendo todas ou Individual ou Ltda, e nenhuma apresenta como sócio outra empresa tida como Sociedade Anônima, não há como caracterizar a formação de Grupo Econômico de Fato. Contudo, a realidade fática constatada pelo fisco e demonstrado nos autos é a de que a as empresas recorrentes, mesmo sendo microempresas ou Ltda, formam um grupo econômico de fato. A autoridade notificante constatou, e comprovou nos autos, que o Sr André Luiz Nogueira, sóciogerente das empresas Frigosef Frigor. Sef de S.J.Dos Campos e Frigorifico Campos De Sao José Ltda, sucessora do Frigorífico Mantiqueira, é pai da titular da recorrente e assinou os termos de rescisões de contratos de trabalhos de exempregados da empresa Monalisa Pereira Lopes Nogueira — ME E foi o mesmo André Luiz Nogueira quem firmou, em nome pessoal, contrato de locação de imóvel, bem como contrato de compromisso de compra e venda de maquinário e equipamento, com Rosa Maria Maciel Rodrigues, ambos relativos ao imóvel que seria instalado uma filial da recorrente, indicando que foi ele que assumiu pessoalmente a responsabilidade pelo aluguel e pagamento do maquinário da empresa Monalisa. Todos esses fatos, aliados aos demais narrados pela fiscalização, como, por exemplo, a constatação de que a empresa Monalisa adquire toda sua carne do Frigorífico Fl. 267DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 235 9 Campos de São José Ltda, do qual a titular da recorrente é ou foi empregada, reforçam a convicção de que a notificada e as empresas relacionadas no Relatório Fiscal formam um Grupo Econômico de fato. É oportuno observar que, apesar de intimadas por meio de TIAD, as empresas relacionadas não apresentaram os livros contábeis ou demais documentos que pudessem fazer prova de suas alegações. Dessa forma, da análise dos fatos apresentados e dos documentos juntados aos autos pela fiscalização, verificase a existência de uma simulação no procedimento adotado pela notificada em relação às empresas apontadas no RELFISC. Na definição de Clóvis Beviláqua, a simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado (Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado – 15ª Edição). O Código Civil Brasileiro de 2002 traz, no § 1o, do art. 167, as hipóteses em que fica configurada a ocorrência de simulação: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados E, conforme demonstrado nos autos, a situação verificada pela auditoria fiscal se enquadra perfeitamente no dispositivo legal transcrito acima. Segundo Orlando Gomes, ocorre simulação quando em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiro (Introdução ao Estudo do Direito – 7ª Edição). E, de acordo com o art. 118, inciso I do CTN, a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Assim, em respeito ao Princípio da Verdade Material e pelo poderdever de buscar o ato efetivamente praticado pelas partes, a Administração, ao verificar a ocorrência de simulação, pode superar o negócio jurídico simulado para aplicar a lei tributária aos verdadeiros participantes do negócio. Fl. 268DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 10 O conceito de grupo econômico de fato e de direito pode ser extraído da Lei nº 6.404/1976, a Lei das Sociedades Anônimas, mas, ao contrário do que afirma a recorrente, não é somente a Lei das Sociedades Anônimas é que trata de grupo econômico A Lei 8.212/91, em seu art. 30, inciso IX, trata de grupo econômico de qualquer natureza, ou seja, de fato ou de direito. Além da Lei nº 8.212/1991, o sistema jurídico brasileiro trata dos grupos empresariais em outros diplomas legais, entre eles, a CLT que, em seu art. 2.º, § 2.º, estabelece, para efeitos da relação de emprego, a responsabilidade solidária de empresas que “estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica”; Também a Lei 8.884/1994, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, em seu art. 17, prevê a responsabilidade solidária de “empresa ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infrações da ordem econômica”. Da mesma forma, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), em seu art. 28, prevê responsabilidade subsidiária para as “sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas”. Portanto, na presença de simulação, a auditoria fiscal tem o deverpoder de não permanecer inerte, pois tais negócios são inoponíveis ao fisco no exercício da atividade plenamente vinculada do lançamento, que no caso em tela encontra respaldo ainda no artigo 149, inciso VII do CTN que dispõe o seguinte: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: ......................................... VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Nesse sentido e por tudo que foi exposto no Relatório Fiscal, entendo que restou caracterizada a existência de um Grupo Econômico, envolvendo todas as empresas arroladas pela fiscalização Da mesma forma, ficou evidenciado, nos autos, a ocorrência da sucessão. Relativamente à caracterização da sucessão da empresa Maria Maciel Rodrigues — ME por Monalisa Pereira Lopes Nogueira — ME, observase que a recorrente se instalou no mesmo prédio no qual, até então, funcionava a empresa Rosa Maria Maciel Rodrigues, continuando a exercer as mesmas atividades comerciais da empresa anterior, e adquirindo todos os seus equipamentos empregando parte de seus empregados. Assim, os elementos acima evidenciam a sucessão de fato, nos termos do art. 133, do CTN, e do art. 751, da IN 03/2005. Quanto ao argumento de que os débitos referentes ao período anterior a constituição da empresa recorrente devem ser lançados somente em nome dos responsáveis à época, qual seja, Rosa Maria ME, é oportuno observar que o débito lançado por meio da NFLD em discussão se refere a período posterior à constituição da empresa recorrente, e se Fl. 269DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 236 11 referem às contribuições dos segurados empregados, arrecadadas pela própria Monalisa quando do pagamento de suas remunerações. Portanto, toda empresa é obrigada a recolher a contribuição devida pelos segurados a seu serviço, arrecadadas mediante desconto quando do pagamento de suas remunerações, não lhe sendo lícito alegar omissão. E a fiscalização, cuja atividade é vinculada, ao constatar o não recolhimento das contribuições que a notificada confessou que deve, já que declarou em folha de pagamento, lavrou corretamente a presente NFLD, em observância aos mandamentos legais. Quanto aos recursos apresentados pelas demais empresas solidárias, que insurgiramse contra a formação de grupo econômico, passase, agora, à análise dos fatos trazidos aos autos. O Relatório Fiscal, no item "Caracterização do Grupo Econômico de Fato", bem como toda a documentação contida nos autos, trazem as seguintes informações relevantes: O Sr José Luiz Nogueira é sócio da Frigosef e da empresa Frigorífico Campos de São Jose Ltda, sucessora do Frigorífico Mantiqueira A empresa FRIGOSEF foi aberta com um capital social de R$ 950,00, para fazer funcionar um frigorífico que nasceu falido, diante de um arrendamento de R$ 15.000,00 e aquisição de matériaprima paga normalmente à vista , e somente a conta de energia elétrica deveria consumir todo o capital investido no primeiro mês de funcionamento. O Sr: Andre Luiz Nogueira, sócio gerente da FRIGOSEF desde 20/03/98 e do Frigorífico Campos de São Jose, assina documento pelas 2 empresas, como verificado no processo de beneficio de Hélio Soares de Lima (FRIGOSEF) e Processo Trabalhista nr. 82/2005 de Francisco das Chagas (FRIGOSEF) e recibos de férias, rescisões, cheques e outros pelo Frigorífico Mantiqueira Ltda. Verificouse, ainda, nos locais desses estabelecimentos, que o Sr. André Luiz Nogueira faz a verificação da falta de carnes bovinas e suínas, que somente o Frigorífico Campos de São Jose fornece. O Sr. André Luiz Nogueira Júnior é empregado do Frigorífico Campos de São José Ltda, e o Sr. André Luiz Nogueira assina documentos da empresa André Luiz Nogueira Junior ME Portanto, constatase que as empresas citadas têm, em comum, o fato de desenvolverem atividades vinculadas e complementares, evidenciandose, a partir do exame de seu quadro societário, uma estreita ligação entre todas elas. É importante destacar que essas participações societárias, no ensinamento de Verçosa (2006, p. 262/266), [..] podem ter o caráter de mero investimento e até mesmo ser acidentais, como ocorre nas hipóteses em que uma sociedade credora recebe ações ou quotas de outra sociedade devedora como resultado de um acordo. Mas tais participações podem compor um quadro mais amplo e profundo. [..] Do ponto de vista jurídico, a união de sociedades fundada Fl. 270DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 12 em relações de controle baseadas em participações de capital apresentase sob a forma de dois tipos de grupos: (t) de direito ou (ii) de fato. Os primeiros organizamse formalmente por meio da celebração de um contrato denominado convenção de grupo.Os segundos são aqueles assim considerados em vista do puro e simples fato da existência de uma ou mais sociedades que, individualmente ou em conjunto, pode(m) determinar os destinos das sociedades que abaixo dela(s) s coloca(m) na cadeia de comando. (g.n.). De todo o conjunto probatório examinado, o meu convencimento caminha na direção da existência de inúmeros elementos indicativos de um poder de controle de certo modo centralizado, ou, pelo menos, harmonizado com os interesses comuns das empresas. É patente, no caso em tela, a configuração de empresas atuando com objetivos correlatos, constatandose várias operações a demonstrar, no mínimo, uma coordenação entre as empresas; fato reforçado em razão de que, basicamente, as mesmas pessoas exercem, direta ou indiretamente, a administração dos negócios do grupo. Cumpre observar que não é o mero fato da relação de parentesco que vai indicar a existência de um grupo econômico, mas , no caso específico sob exame, a forma peculiar como estão dispostos, societariamente, o controlador principal (Sr. André Luiz Nogueira), e as outras empresas citadas pela fiscalização. Vale esclarecer que o sentido de grupo econômico não se restringe mais à interpretação literal do art. 2o, § 2o, da CLT, no sentido de se ter uma empresa controladora, admitindose também existir apenas coordenação entre as empresas e, nesse sentido, dispõe a jurisprudência: EMENTA: GRUPO ECONÔMICO DE FATO – CARACTERIZAÇÃO. O § 2o, do art. 2o da CLT deve ser aplicado de forma mais ampla do que seu texto sugere, considerandose a finalidade da norma, e a evolução das relações econômicas nos quase sessenta anos de sua vigência. Apesar da literalidade do preceito, podem ocorrer, na prática, situações em que a direção, o controle ou a administração não estejam exatamente nas mãos de uma empresa, pessoa jurídica. Pode não existir uma coordenação, horizontal, entre as empresas, submetidas a um controle geral, exercido por pessoas jurídicas ou físicas, nem sempre revelado nos seus atos constitutivos, notadamente quando a configuração do grupo quer ser dissimulada. Provados o controle e direção por determinadas pessoas físicas que, de fato, mantém a administração das empresas, sob um comando único, configurado está o grupo econômico, incidindo a responsabilidade solidária. PROCESSO TRT/15a REGIÃO – Nº 00902200108315000RO 922352/2002RO9) Assim, entendo que restou caracterizada a formação do grupo econômico entre as empresas citadas, pois existe interesses comuns entre as mesmas pessoas, indicadas pela fiscalização, que comandam e dirigem o empreendimento. A fiscalização fundamentou o lançamento na responsabilidade solidária de que trata o inciso IX, do art 30, da Lei 8.212/91. Responsabilidade Solidária é a obrigação legalmente imposta aos integrantes do grupo econômico de qualquer natureza de responder pelas obrigações previdenciárias, isoladamente ou em conjunto, consoante art. 30, IX, da Lei 8.212/91. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 17546.000727/200715 Acórdão n.º 2301002.729 S2C3T1 Fl. 237 13 Portanto, por determinação legal, todas as empresas que integram o grupo econômico respondem solidariamente, entre si, pelas obrigações decorrentes da Lei 8.212/91. As recorrentes alegam que o Sr. Julgador cometeu equívocos ao aplicar norma posterior a fato anterior, ou seja, utilizou entendimento da IN n° 3, com alteração dada no ano de 2007. Entende que as disposições da Lei 6.404/76 devem prevalecer sobre o que dispõe a IN n° 3; levando ao entendimento pela impossibilidade de formação do grupo econômico. Contudo, a responsabilidade solidária pelo débito foi fundamentada no artigo 30, IX, da Lei 8.212/91 e no art. 222, do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, normas legais que devem ser observadas pela autoridade fiscal, tendo em vista sua atividade vinculante. E a menção da IN 03/2005 pela autoridade julgadora não se trata de retroação da norma, conforme entenderam de forma equivocada as recorrentes, uma vez que o referido normativo legal é de 2005 e, portanto, se encontrava em vigor quando da lavratura do AI, e o julgador apenas citou, para reforçar sua argumentação e se contrapor aos argumentos das recorrentes, o artigo com redação vigente à época da emissão do Acórdão recorrido, o que não invalida a decisão combatida. A IN 03/05 foi trazida pela autoridade julgadora por ser o normativo vigente quando da emissão do Acórdão, e a IN 20/2007, que deu nova redação ao inciso I, do citado artigo 179, do referido normativo legal, apenas acrescentou a expressão “conforme previsto no inciso IX do art.30, da Lei 8.212 de 1991” Assim, a IN 03/05, em sua redação original e vigente quando da lavratura do AI, já estabelecia, no inciso I, do seu art. 179, que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza, são responsáveis solidárias, entre si, pelo cumprimento da obrigação previdenciária principal. Nesse sentido, não merece reparos o Acórdão recorrido. Dessa forma, verificase que a NFLD foi lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente notificante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem a Notificação, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. O Relatório Fiscal traz todos os elementos que motivaram a lavratura da NFLD e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, encerra todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento, separados por assunto e período correspondente, garantindo, dessa forma, o exercício do contraditório e ampla defesa à notificada. Nesse sentido, Considerando tudo mais que dos autos consta, Fl. 272DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA 14 VOTO no sentido de CONHECER do recurso para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO É como voto. Bernadete de Oliveira Barros Relatora . Fl. 273DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 25 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA
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Numero do processo: 10980.016956/2007-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2004, 2005
ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL.
AVERBAÇÃO ATO
CONSTITUTIVO. A averbação à margem da matrícula do imóvel é ato constitutivo da reserva legal, podendo o sujeito passivo excluí-la da base de cálculo do ITR para os fatos geradores subseqüentes ao registro público. Hipótese em que o Termo de Compromisso
firmado com o órgão ambiental é instrumento hábil e idôneo para limitar a utilização de áreas sem matrícula no cartório imobiliário.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Para fins de exclusão da base de cálculo
do ITR, após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, é imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal.
Hipótese em que a prova requerida é parcialmente apresentada.
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. Para fins de revisão do
VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, exige-se
que o Laudo Técnico de Avaliação atenda aos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando o valor fundiário do imóvel, a preços de mercado, na data de ocorrência do fato gerador.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2101-001.570
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reduzir a área tributável do imóvel na DITR do exercício de 2005 para 42,39 hectares.
Nome do relator: JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. A averbação à margem da matrícula do imóvel é ato constitutivo da reserva legal, podendo o sujeito passivo excluíla da base de cálculo do ITR para os fatos geradores subseqüentes ao registro público. Hipótese em que o Termo de Compromisso firmado com o órgão ambiental é instrumento hábil e idôneo para limitar a utilização de áreas sem matrícula no cartório imobiliário. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, é imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal. Hipótese em que a prova requerida é parcialmente apresentada. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, exigese que o Laudo Técnico de Avaliação atenda aos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando o valor fundiário do imóvel, a preços de mercado, na data de ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reduzir a área tributável do imóvel na DITR do exercício de 2005 para 42,39 hectares. (assinado digitalmente) ___________________________________ Fl. 320DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Raimundo Tosta Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Raimundo Tosta Santos, Jose Evande Carvalho Araujo, Ewan Teles Aguiar e Alexandre Naoki Nishioka. Ausente, momentaneamente, a conselheira Eivanice Canario da Silva. Relatório O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão nº 0420.658, proferido pela 1ª Turma da DRJ Campo Grande (fl. 249), que, por maioria de votos, reconheceu a decadência em relação ao exercício de 2003 e, por unanimidade de votos, para os demais exercícios, indeferiu o pedido de posterior juntada de documentos e de realização de perícia, rejeitou as preliminares de nulidade e, no mérito, julgou improcedente a impugnação. As infrações indicadas no lançamento e os argumentos de defesa suscitados na impugnação foram sintetizados pelo Órgão julgador a quo nos seguintes termos: Exigese do interessado o pagamento do crédito tributário lançado em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, relativamente ao ITR, aos juros de mora e à multa por informação inexata nas Declarações do ITR — DITR/2003/2004 e 2005, no valor total de R$ 176.413,69, referente ao imóvel rural denominado Castelhanos 2, com área total de 344,0ha, com Número na Receita Federal — NIRF 6.640.2654, localizado no município de São José dos Pinhais PR, conforme Auto de Infração AI de fls. 01 e 23 a 35, cuja descrição dos fatos e enquadramentos legais constam das fls. 27 e 30 a 34. 2. Inicialmente, com a finalidade de viabilizar a análise dos dados declarados nos exercícios 2003, 2004 e 2005, especialmente a área de Preservação Permanente — APP, área de Utilização Limitada — AUL/área de Reserva Legal — ARL e o Valor da Terra Nua — VTN, o declarante foi intimado, com base na legislação pertinente, a apresentar diversos documentos comprobatórios, detalhadamente listados no Termo de Intimação, fls. 14 e 15. Entre os mesmos constam: cópia do Ato Declaratório Ambiental — ADA, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA; Laudo Técnico emitido por profissional habilitado, relativamente à demonstração de existência da APP conforme enquadramento legal (art. 2 °, da lei n° 4.771/1965 — Código Florestal), acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica — ART; Certidão do Órgão Público competente, caso o imóvel, ou parte dele, esteja inserido em área declarada como de Preservação Permanente nos termos do art. 3 °, do Código Florestal, acompanhado do Ato do Poder Público que assim a declarou; cópia da matricula do registro imobiliário, caso exista averbação de ARL, de Reserva Particular do Patrimônio Natural — RPPN, ou outro tipo de AUL; cópia do Termo de Responsabilidade/Compromisso de averbação da ARL ou Termo de Ajustamento de Conduta; Ato especifico do Órgão federal ou estadual, caso o imóvel ou parte dele tenha sido declarado como área de Interesse Ecológico e; Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, acompanhado de ART, com atenção aos requisitos das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, demonstrando os métodos de avaliação e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel, com Grau 2 de fundamentação mínima. Foi informado, inclusive, que, na falta de atendimento à intimação, poderia ser efetuado o lançamento de oficio com o arbitramento do VTN com base nas informações do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal — SIPT, conforme a legislação. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 10980.016956/200775 Acórdão n.º 2101001.570 S2C1T1 Fl. 2 3 3. A intimação foi entregue no destino em 29/09/2007, fl. 17, e não consta dos autos manifestação do intimado. 4. Na Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais, através de cinco laudas de explanação a autoridade fiscal explicou da intimação, dos documentos necessários para concessão da isenção das áreas de florestas e para aceitação do VTN e do não atendimento à intimação. Em virtude da ausência dos imprescindíveis comprovantes solicitados, foi procedida a glosa das áreas em pauta e alterado o VTN e demais dados conseqüentes, sendo utilizado o valor referente a Terra Mista Não Mecanizável, conforme consta da consulta do SIPT de fls. 22 a 24, sendo mantidas as demais áreas declaradas. 5. O AI encaminhado ao interessado para ciência em 11/12/2007 foi devolvido em 04/01/2008, fl. 37. Em 10/01/2008, fl. 38, foi publicado Edital de Intimação e, em 24/03/2008, fl. 39, foi entregue o AI no endereço do contribuinte. 6. A impugnação foi apresentada em 16/04/2008, fls. 40 a 62, na qual o interessado, sob o titulo Dos Fatos explanou de forma clara sobre o lançamento e sintetizou as razões da impugnação abordando, objetivamente, os principais pontos de discordância, cujas alegações são, em resumo, as seguintes: 6.1. Tratou do AI reproduzindo o termo de encerramento da descrição dos fatos, do valor do imposto apurado e da multa de oficio de 75,0%. 6.2. Contudo, conforme seria demonstrado, a área em questão é APP, não havendo incidência de imposto, razão pela qual o AI deveria ser cancelado. 6.3. Em 23/08/2004 foi assinado Termo de Responsabilidade de Compromisso, pelo qual o impugnante, naquele momento representante da empresa Icofrás Ind. e Com. de Óleo Sassafrás Ltda., de sua propriedade, se responsabilizou pela conservação da APP, sendo esta uma ARL. 6.4. Ademais, há laudo de avaliação deste imóvel elaborado pela Nectranda, que atesta a cobertura da área com matas nativas preservadas e, por esta razão, não haveria a mínima condição de contribuição para o desenvolvimento regional, pelas restrições ambientais a exploração. 6.5. Quanto à capacidade do uso da terra reproduziu parte das afirmações do elaborador do laudo. Destacou que o imóvel estaria totalmente ocupado com floresta nativa, sem possibilidade de exploração e que se encontra localizado em área de Proteção Ambiental— APA de Guaratuba/PR e nos limites da Mata Atlântica, onde as normas do Decreto no 750 também impedem a exploração de florestas nativas. 6.6. De tal modo, e malgrado o respeito e acatamento que tem o impugnante pelo trabalho realizado pelo Auditor Fiscal, no presente caso não foi aplicado o melhor direito, conforme restará amplamente demonstrado a seguir. 6.7. Após este resumo que sintetiza a essência da discordância do lançamento, o impugnante alegou, preliminarmente, haver ocorrido decadência para o lançamento referente ao exercício 2003. Argumentou que o AI, lavrado em 06/12/2007 e que pretendeu alcançar os fatos geradores ocorridos entre 01/2003 e 01/2005, o interessado tomo ciência somente em março de 2008, operandose, assim, a caducidade do direito do Fisco, devendo ser cancelado. 6.8. Na seqüência foram aprofundadas as questões tratadas no inicio sob o titulo Dos Fatos. Fl. 322DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 4 6.9. Com reproduções de legislações, jurisprudências e pareceres doutrinários pertinentes, houve explanações do direito; das isenções do ITR; da localização do imóvel em APA; da base de cálculo e alíquotas do ITR; do laudo técnico apresentado; da perícia técnica solicitada, sendo listados os quesitos a serem respondidos; entre outros. 6.10. Nas argumentações foram destacados do direito a exclusão das áreas preservadas da incidência tributária; da não necessidade de ADA; da não sujeição a prévia comprovação por parte do declarante a respeito das áreas em pauta; entre outros. 6.11. Na seqüência foi tratado a respeito de lesões de princípios constitucionais; confisco; multa aplicada sem base legal; enriquecimento sem causa; ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade com relação aos valores que seriam indevidos; entre outros. 6.12. Do requerimento. Ante as razões expostas e demonstrada a insubsistência e improcedência do AI combatido, o impugnante requereu seja acolhida a impugnação para o fim de ser determinado o cancelamento do mesmo, tanto no que diz respeito ao principal, quanto a parte atinente a multa e juros de mora. 6.13. Requereu, ainda, seja permitido comprovar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos se propondo a fornecer qualquer informação adicional necessária. 7. Instruiu sua impugnação com a documentação de fls. 63 a 185, Volume I, e 188 a 245, Volume II. Além da cópia do AI e de documentos de identificação do impugnante, foram apresentados cópia de diversos documentos, inclusive algumas em mais de uma via, tais como: ADA, protocolado no IBAMA em 2003; matriculas do imóvel; laudos técnicos; croquis de imóvel rural; decreto estadual da criação da APA de Guaratuba; parecer de avaliação do mercado imobiliário assinado por corretores; certidão de Prefeitura Municipal relativamente a valores de tabelas vigentes desde 1997; termo de responsabilidade de compromisso de conservação de APP e ARL; entre outros. Todos esses documentos são relativos a imóvel diverso ao do objeto do lançamento. Os vinculados a propriedade fiscalizada são cópias do ADA protocolado no IBAMA em 08/11/2005 e do oficio da superintendência do IBAMA no Paraná de 05/05/2007, juntadas em diversas vias e partes do processo, fls. 143, 145, 171, 172, 202, 204, 235 e 237. 8. A fl. 248 é um resultado de pesquisa de pagamento juntado nesta Delegacia. A decisão recorrida possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003, 2004, 2005 Homologação Tácita Extinção do Crédito Tributário Nos casos de lançamento por homologação, expirado o prazo de cinco anos a contar do fato gerador sem que a Fazenda Pública tenha se pronunciado a respeito da declaração e do pagamento antecipado efetuado pelo sujeito passivo, se considera homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Áreas Isentas Requisitos de Isenção A concessão de isenção de ITR para as áreas de Preservação Permanente APP e áreas de Utilização Limitada AUL, está vinculada à comprovação de suas existências, através de Certidão de Orgão Público competente ou laudo técnico especifico para a APP e averbação da AUL na matricula do imóvel, bem como à regularização das mesmas através do Ato Fl. 323DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 10980.016956/200775 Acórdão n.º 2101001.570 S2C1T1 Fl. 3 5 Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, em até seis meses após o prazo final para entrega da Declaração do ITR. A prova de uma não exclui a necessidade da outra. Valor da Terra Nua VTN Laudo Técnico O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, nos termos da legislação, é passível de modificação somente se, na contestação, forem oferecidos elementos de convicção, embasados em Laudo Técnico, elaborado em consonância com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, que apresente valor de mercado diferente ao do lançamento, relativo ao mesmo município do imóvel e ao ano base questionado. Isenção Hermenêutica A legislação tributária para concessão de beneficio fiscal interpretase literalmente, assim, se não atendidos os requisitos legais para a isenção, a mesma não deve ser concedida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em seu apelo ao CARF o recorrente reitera no mérito as mesmas questões suscitadas perante o juízo a quo, em relação aos exercícios de 2004 e 2005. É o relatório. Voto Conselheiro JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Relator O recurso atende os requisitos de admissibilidade. Segundo dispõe o § 7°, do artigo 10, da Lei n° 9.393/96, na redação dada pela Medida Provisória n° 2.16667, de 24/08/01 (DOU de 25/08/01), “a declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas ‘a’ e ‘d’, do inciso II, § 1°, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte da declarante”. Ao dispensar a prévia comprovação das áreas de preservação permanente e de reserva legal, para fins de gozo da isenção o dispositivo não inovou, o que é próprio do lançamento por homologação, conforme disposto no caput do artigo. Quando necessário, a comprovação das condições para fruição de benefício fiscal será feita posteriormente, mediante intimação da fiscalização. Como todos os demais tributos sujeitos ao lançamento por homologação, as informações prestadas na DITR estarão sujeitas à verificação. O que podemos entender da leitura desse parágrafo é que está dispensada a apresentação dos documentos comprobatórios simultaneamente com a Declaração do ITR, porém, não está o contribuinte dispensado de comprovar o que foi declarado, quando Fl. 324DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 6 assim solicitado pelo Fisco. E, se as informações forem inexatas, ficará ele sujeito ao pagamento do imposto suplementar, com os devidos acréscimos legais (multa de ofício e juros de mora), que não podem ser afastados por falta de previsão legal e devido ao caráter vinculado da atividade fiscal. Após inúmeros debates acerca da legalidade e constitucionalidade da exigência dos juros de mora com base na taxa SELIC, cristalizouse o entendimento estampado na Súmula CARF nº 04: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Quanto às áreas de interesse ecológico, conforme dispõem as alíneas “b” e “c” § 1º, inciso II, do artigo 10 da Lei nº 9.393, de 1996, a seguir transcritas, estas devem ser assim declaradas por ato específico expedido pelo órgão ambiental competente: Art. 10 – (...) § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, concederseá: II – área tributável, a área total do imóvel menos as áreas: b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual;(grifos na transcrição). Da mesma forma, em se tratando de área de reserva particular do patrimônio natural, além de ato específico do IBAMA, para fins de exclusão da tributação do ITR, esta área deve estar averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme dispõe o artigo 21 da Lei 9.985, de 2000, abaixo reproduzido: LEI 9.985, de 2000 Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. § 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.(grifos acrescidos). Sobre a área de reserva legal, precedente do Supremo Tribunal Federal (Mandado de Segurança nº 22.688/PB) é explícito no sentido de que determinada área somente pode ser considerada como área de reserva legal após a averbação desta situação no registro de imóveis: EMENTA: Mandado de segurança. Desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária. Preliminar de perda de objeto da segurança que se rejeita. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 10980.016956/200775 Acórdão n.º 2101001.570 S2C1T1 Fl. 4 7 No mérito, não fizerem os impetrantes prova da averbação da área de reserva legal anteriormente à vistoria do imóvel, cujo laudo (fls. 71) é de 09.05.96, ao passo que a averbação existente nos autos data de 26.11.96 (fls. 73verso), posterior inclusive ao Decreto em causa, que é de 06.09.96.(GRIFEI) Mandado de segurança indeferido. O Ministro Sepúlveda Pertence, proferiu voto vista no julgado acima referido, em que afirma peremptoriamente que sem a averbação determinada pelo §2º do art. 16 da lei nº 4.771/1965 não existe reserva legal. Do voto transcrevo o seguinte excerto: A questão, portanto, é saber, a despeito de não averbada se a área correspondente à reserva legal deveria ser excluída da área aproveitável total do imóvel para fins de apuração da sua produtividade (...) A reserva legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida como uma parte determinada do imóvel. Sem que esteja determinada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel o que dos novos proprietários só estaria obrigado a preservar vinte por cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Estou assim em que, sem a averbação determinada pelo §2º do art. 16 da lei nº 4.771/1965 não existe reserva legal. (GRIFEI) Após intenso debate a esse respeito, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF, firmou o entendimento de que a averbação da reserva legal no registro imobiliário antes da ocorrência do fato gerador é condição para o reconhecimento da isenção do ITR sobre essas áreas (Acórdão nº 920200.077, sessão de 17/08/2009). Peço vênia ao ilustre relator Júlio César Vieira Gomes, para a transcrição de excertos do seu voto: “Devolvese a esta Câmara Superior de Recursos Fiscais o exame quanto à essencialidade ou não do cumprimento de determinadas exigências ou formalidades para fins de inclusão na base de cálculo do imposto territorial rural ITR das áreas rurais de proteção ambiental, conforme artigo 11 da Lei n° 8.847/94, verbis: Art. 11. São isentas do imposto as áreas: I – de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 1965, com a nova redação dada pela Lei nº 7.803, de 1989. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 8 (...) Embora ambas as áreas sejam protegidas, há distinção na legislação no que se refere ao tratamento fiscal a elas dispensado, especialmente quanto às exigências a serem cumpridas. Para a área conceituada como reserva legal pelo artigo 16, §2° do Código Florestal, com a redação trazida pela Lei nº 7.803/89, a exigência é a averbação no órgão competente de registro da destinação para preservação ambiental de área não inferior a 20% do total do imóvel, conforme região. É o que se conclui da combinação com a parte final do artigo 11 inciso I da Lei n° 8.847/94, acima transcrito. Temse que a, ao alterar o art. 16 da Lei nº 4.771/65, acrescentoulhe dois parágrafos, sendo que, na hipótese dos autos, interessanos o § 2º, com a seguinte redação, in verbis: “Art. 16. ...................... § 1º. ............................. § 2º. A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área.” Além da definição, merecem ressaltos os efeitos da averbação de determinada área imobiliária como reserva legal. Não se trata de formalidade, mas sim de ato constitutivo. Ela modifica o direito real sobre o imóvel e para tanto deve ser adotada a mesma forma, que é o registro no órgão competente, nos termos do artigo 1.227 do Código Civil, verbis: Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. (...) Ressaltase que permanece firme a jurisprudência do STF (MS 28.156/DF, de 02/03/2007). Por fim, advertese para a vedação prevista no artigo 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Quanto às exigências relacionadas à reserva legal, portanto, concluise que a averbação junto ao registro de imóveis competente é essencial para a sua constituição como tal, o que implica a inclusão na base de cálculo do ITR da área ainda não averbada quando da ocorrência do fato gerador do tributo.” Ressaltese, por oportuno, que o documento à fl. 145, certifica a localização e a forma de utilização do imóvel rural em exame, sob a responsabilidade do Instituto Ambiental do Paraná. Confirase: A referida propriedade encontrase inserida na área de Proteção Ambiental (APA) Estadual de Guaratuba, mas está fora dos Fl. 327DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 10980.016956/200775 Acórdão n.º 2101001.570 S2C1T1 Fl. 5 9 limites do Parque Nacional SaintHilaire/Lange, inclusive fora dos limites da zona de amortecimento da referida Unidade de Conservação Federal. Desta forma, a legislação a ser observada é a referente ao uso da APA de Guaratuba, principalmente o plano de manejo desta unidade de conservação, de responsabilidade do IAP — Instituto Ambiental do Paraná. Do exame das peças processuais, verificase que somente 57,7 ha do imóvel rural Fazenda Castelhano 2 (que tem área total de 344,00 hectares), possui inscrição no cartório imobiliário, conforme Certidão à fl. 117, que também informa área explorável de 57,7 ha, sem indicação de área averbada à margem da matrícula, a título de reserva legal. Duas outras áreas compõem referido imóvel (fls. 122/127): 1ª) Área com permissão de uso (130,68 hectares), da qual se destaca 116,48 hectares de reserva legal (SISLEG nº 1.030.8531), conforme Termo de Responsabilidade de Compromisso de Conservação de Área de Preservação Permanente e Conservação de Área de Reserva Legal, assinado com o Instituto Ambiental do Paraná, às fls. 122/124, em 09 de fevereiro de 2004, e registrado em Cartório de Títulos e Documentos (29/03/2004), informada em ADA à fl. 143, tempestivo para o exercício de 2005. 2ª) Área com Declaração de Posse (155,58 hectares), da qual se destaca 130,43 hectares de reserva legal (SISLEG nº 1.030.8541), conforme Termo de Responsabilidade de Compromisso de Conservação de Área de Preservação Permanente e Conservação de Área de Reserva Legal assinado com o Instituto Ambiental do Paraná, às fls. 125/127, em 09 de fevereiro de 2004, e registrado em Cartório de Títulos e Documentos (29/03/2004), informada em ADA à fl. 143, tempestivo para o exercício de 2005. Desta forma, da área total declarada (344,00 hectares) deve ser excluída 246,91 hectares da tributação do exercício de 2005, a título de reserva legal, por força dos Termos de Compromisso acima citados, instrumentos hábeis e idôneos para limitar a utilização de áreas sem matrícula no cartório de registro de imóveis, consoante dispõe o artigo 16, § 10 do Código florestal, e aptos a produzir efeitos tributários aos fatos geradores subseqüentes à sua constituição: §10 Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Com efeito, o SISLEG foi institucionalizado através do Decreto Estadual 387/99, estabelecendo um sistema de implantação de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal no Estado do Paraná, prevista no Art. 16 da Lei Federal 4771/65 (Código Florestal). O SISLEG tem como diretrizes básicas a manutenção dos remanescentes florestais nativos, a ampliação da cobertura florestal mínima visando à conservação da Biodiversidade e o uso dos recursos florestais, e o estabelecimento das zonas prioritárias para a conservação e recuperação de áreas florestais pela formação dos corredores de Biodiversidade. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 10 Quanto à área de preservação permanente, também a 2ª Turma da CSRF deste CARF tem decidido que após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, tornouse imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo de seis meses a contar da data final de apresentação da DITR (Acórdão nº 920200.194, sessão de 18/08/2009). Neste passo, verificase que o contribuinte, tempestivamente, protocolizou em 08/11/2005 o Ato Declaratório Ambiental – ADA de fl. 143, com uma área de preservação permanente de 54,7 hectares, que deve ser excluída da área tributada pelo ITR na Declaração do exercício de 2005. Outros documentos apresentados pela defesa para comprovar período anterior ao exercício de 2005, em relação à área de reserva legal e preservação permanente referese a imóvel rural distinto, assim como o Laudo Técnico, que não se refere ao imóvel rural inscrito na SRF sob o nº 6.640.2654, de que trata o lançamento em exame. No que tange ao VTN informado pelo contribuinte nas DITR dos exercícios de 2004 e 2005, que remanescem em litígio, a fiscalização intimou o interessado a comprová los. Como este se manteve silente, o VTN foi alterado, sendo utilizado o valor constante da tabela do SIPT e referente ao tipo de terra Mista Não Mecanizável, próximo a 20% da média do VTN declarado pelos demais contribuintes do ITR localizados no município de São José dos Pinhais, conforme tela de consulta à fl. 21/22. O Laudo Técnico apresentado não se refere ao imóvel rural de que trata o lançamento em exame. Por fim, conforme dispõe o artigo 15, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, o interessado deve apresentar no prazo de impugnação os elementos de prova a dar suporte aos argumentos de defesa, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada uma das situações indicadas no § 4º do artigo 16 do mesmo diploma legal. Neste passo, não se pode conceber o uso da prova pericial para suprir material probatório ao encargo do impugnante. Ademais, a legislação comentada no lançamento, na decisão recorrida e neste voto estabelece o meio de prova para exclusão da ARL, APP, RPPN e de interesse ecológico da tributação do ITR. Em face ao exposto, dou provimento parcial ao recurso, para reduzir a área tributável do imóvel na DITR do exercício de 2005 para 42,39 hectares. (assinado digitalmente) José Raimundo Tosta Santos Fl. 329DF CARF MF Impresso em 22/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 08/0 5/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 04/05/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS
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Numero do processo: 13851.001243/2004-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 2002
Ementa:
Simples. Exclusão.
A fabricação de estruturas metálicas, isoladamente, não caracteriza atividade impeditiva de adesão ao SIMPLES.
Numero da decisão: 1302-000.685
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Nome do relator: DANIEL SALGUEIRO DA SILVA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 Ementa: Simples. Exclusão. A fabricação de estruturas metálicas, isoladamente, não caracteriza atividade impeditiva de adesão ao SIMPLES. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso (documento assinado digitalmente) Marcos Rodrigues de Mello – relator ad hoc e presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Rodrigues de Mello, Wilson Fernandes Guimarães, Eduardo de Andrade, Daniel Salgueiro da Silva, Irineu Bianchi e Lavinia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira, Fl. 215DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13851.001243/200428 Acórdão n.º 130200.685 S1C3T2 Fl. 216 2 Relatório A contribuinte acima qualificada, mediante Ato Declaratório Executivo nº 17 (fl.116), de 11 de junho de 2007, emitido pelo Sr. Delegado da Receita Federal em Araçatuba, foi excluída a partir de 01/01/2002 do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), ao qual havia anteriormente optado, na forma da Lei nº 9.317, de 05/12/1996 e alterações posteriores, sob a argumentação de que sua atividade econômica é a prestação de serviços auxiliares da construção civil. A exclusão foi fundamentada na Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, art. 9º, V, e Instrução Normativa (IN) – SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006, art. 20, V. A exclusão teve como início a representação pela Previdência Social (fls. 01/03) que informou a DRF/Araraquara que a empresa em questão exerceu no período de 1998 a 2004 atividades compreendidas no conceito de construção civil e serviços auxiliares, tais como manutenção de telhados, montagem/instalação de estruturas metálicas e execução de coberturas, inclusive com locação de mãodeobra. A DRF/Araraquara após analisar a alteração contratual registrada na JUCESP em 11/11/2003 e as notas fiscais de prestação de serviços juntadas aos autos, conclui, no Despacho de fls. 112/115, que de fato a empresa exerceu as atividades descritas na Representação Fiscal. Em conseqüência, foi emitido o ato declaratório para excluir a empresa do Simples a partir de 01/01/2002. Insurgindose contra a referida exclusão, a contribuinte, por meio de seus procuradores legalmente constituídos (fl. 142), apresentou manifestação de inconformidade (fls. 122/141) alegando, preliminarmente, que a Lei n.º 9.317, de 1996, ao regular o tratamento diferenciado garantido às microempresas e às empresas de pequeno porte, estabeleceu condições qualificativas e não apenas quantificativas para opção ao regime, quebrando o tratamento isonômico da igualdade tributária, dado que seu art. 9º, V e XIII, estaria violando o disposto nos artigos 150, II, e 179 da Constituição Federal, de 1988, por inserir restrições, impedindo a opção de muitas pessoas jurídicas ao Simples. Quanto ao mérito, alegou, em síntese, que o ato declaratório de exclusão está em total desconformidade com a decisão da 3a Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes (Processo nº 10680.000749/200279 julgado em 16/03/2005) e, reportandose ao seu Contrato Social, Cláusula Terceira, alegou que tem por atividade básica a fabricação e montagem de estruturas metálicas e que não exerce qualquer atividade atinente ao ramo de engenharia tanto que nunca sofreu exigências do CREA nesse sentido, pois está totalmente desobrigada a registrarse no CREA. Solicitou que a presente impugnação tenha efeito suspensivo e protestou pela produção de provas e, no final, requereu a sua reinclusão no Simples, nos mesmos termos da decisão do 3º Conselho de Contribuintes, proferida no Processo nº 10680.000749/200279. A DRJ decidiu: Fl. 216DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13851.001243/200428 Acórdão n.º 130200.685 S1C3T2 Fl. 217 3 ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe à autoridade administrativa apreciar matéria atinente à inconstitucionalidade de lei, ficando esta adstrita ao seu cumprimento, sendo que o foro próprio para discutir sobre esta matéria é o Poder Judiciário. SIMPLES. EXCLUSÃO. ATIVIDADE ECONÔMICA. CONSTRUÇÃO DE IMÓVEIS. Serviços de montagem, instalação e reforma de estrutura metálica, realizados em imóveis, inclusive execução de projetos de cobertura de telhado, entre outros, estão abrangidos pelo conceito de “construção de imóveis”, não podendo a empresa prestadora de tais serviços optar pelo Simples em face do que prescreve a legislação pertinente (art. 9º, V, da Lei nº 9.317, de 1996), sendo irrelevante estar ou não a empresa inscrita no CREA. A recorrente tomou ciência do acórdão DRJ em 25/01/2008 e apresentou recurso em 22/02/2008. Em seu recurso alega: Fl. 217DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13851.001243/200428 Acórdão n.º 130200.685 S1C3T2 Fl. 218 4 Voto O recurso é tempestivo e deve ser conhecido. O acórdão recorrido foi motivado como abaixo transcrito: Conforme se depreende do relatório, a contribuinte não foi excluída do Simples por exercer atividade de engenharia ou a ela assemelhada, como sugere a impugnante em sua peça de defesa. Se assim tivesse sido a fundamentação da exclusão teria sido o art. 9º, XIII, da Lei nº 9.317, de 1996. Ela foi excluída por prestar serviços auxiliares e complementares da construção civil, com fundamento na Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, art. 9º, V, que assim dispõe: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: V que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis. (destaquei) A Medida Provisória n.° 1.5237, de 30 de abril de 1997, publicada no Diário Oficial da União em 2 de maio de 1997, por meio do seu art. 4°, adicionou o parágrafo 4° ao art. 9° da Lei n° 9.317 de 1996, esclarecendo que: § 4º Compreendese na atividade de construção de imóveis, de que trata o inciso V deste artigo, a execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Ressaltese que o conceito “construção de imóveis” deve ser entendido de forma genérica, abrangendo as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil. Aliás, sobre o assunto a CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação, da Secretaria da Receita Federal, por meio do Ato Declaratório (Normativo) Cosit nº 30, de 14 de outubro de 1999, orientou que a vedação ao exercício da opção pelo simples, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: I – a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; II – sondagens, fundações e escavações; III – construção de estradas e logradouros públicos; IV – construção de pontes, viadutos e monumentos; Fl. 218DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13851.001243/200428 Acórdão n.º 130200.685 S1C3T2 Fl. 219 5 V – terraplenagem e pavimentação; VI – pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e VII – qualquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. No caso dos autos, consta na Alteração Contratual (fl. 10) e a própria recorrente confirmou que a sua atividade é a fabricação e montagem de estruturas metálicas. As notas fiscais juntadas aos autos também confirmam sua atividade, pois delas constam, entre outros, serviços de mãode obra para fabricação, instalação e cobertura de estrutura metálica; alteração de altura em estrutura metálica; rebaixamento de estrutura metálica; mudança na estrutura metálica; serviços de montagem de estrutura metálica; serviços prestados em vigas metálicas; substituição de pilares; colocação de telhas; modificação na posição de vigas de sustentação do teto; construção de torre de sustentação, etc.. Ora, não há como negar que tais serviços prestados estão abrangidos no conceito de “construção de imóveis” e, em razão disso, a empresa está impedida de usufruir o Simples em face do que prescreve a legislação pertinente (art. 9º, V, da Lei nº 9.317, de 1996). Destaco no trecho acima transcrito: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: V que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis. (destaquei) A Medida Provisória n.° 1.5237, de 30 de abril de 1997, publicada no Diário Oficial da União em 2 de maio de 1997, por meio do seu art. 4°, adicionou o parágrafo 4° ao art. 9° da Lei n° 9.317 de 1996, esclarecendo que: § 4º Compreendese na atividade de construção de imóveis, de que trata o inciso V deste artigo, a execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Observo que o contrato social prescreve: Observo pelas notas fiscais acostadas que a recorrente realizou os seguintes serviços, citados como exemplo: mão de obra para retirada de vazamento do telhado de igreja, Fl. 219DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13851.001243/200428 Acórdão n.º 130200.685 S1C3T2 Fl. 220 6 fechamento lateral em telha de aço galvanizado para galpão, retirada de vazamento de telhado, instalação e cobertura de estrutura metálica, instalação de mezanino etc. Embora seja atividades relacionadas à construção civil, não me parece que se amolda ao tipo legal e construção de imóveis, que não se permitiu o ingresso no simples, pelo uso intensivo de mão de obra. Os serviços prestados pela recorrente são de uma pequena metalúrgica, cujos produtos podem até ser usados na construção civil, mas isso não a enquadra como umka pessoa jurídica que se dedique à construção de imóveis. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Marcos Rodrigues de Mello – relator ad hoc Fl. 220DF CARF MF Impresso em 19/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 22/05 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO
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