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Numero do processo: 15374.969889/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
ERRO DE FATO.
Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei.
Reconhece-se a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014.
Numero da decisão: 1401-003.376
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 15374.963787/2009-98, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO DE FATO. Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. Reconhece-se a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014.
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SALDO NEGATIVO DE IRPJ Recorrente EPANOR S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO DE FATO. Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. Reconhecese a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 15374.963787/200998, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 96 98 89 /2 00 9- 17 Fl. 220DF CARF MF Processo nº 15374.969889/200917 Acórdão n.º 1401003.376 S1C4T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário ao Acórdão 1151.859 proferido pela Quarta Turma da DRJ/REC em que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, ocasião em que não reconheceu o alegado direito creditório. A seguir, transcrevo os termos e fundamentos da decisão recorrida: A interessada acima qualificada apresentou Declaração de Compensação – PER/DCOMP por meio da qual compensou crédito do IRPJ, do período de apuração de 31/01/2005, com os débitos relacionados. O crédito informado, no valor original na data da transmissão de R$ 25.128,70(...). Por meio do Despacho Decisório Eletrônico a Autoridade Competente resolveu NÃO HOMOLOGAR a compensação se fundamentando no fato de o DARF informado já ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando o seguinte: Alega que este crédito foi requerido em outra Per/Dcomp, porém esta foi cancelada por erros na informação do tipo de crédito. Expressamente requer: Voto A manifestação de inconformidade é tempestiva e preenche os demais requisitos de admissibilidade, dela se conhecendo. Analisando os elementos constantes dos autos, verificamos a ocorrência dos seguintes fatos: em 28/05/2007, a contribuinte transmitiu a PER/DCOMP em lide; Fl. 221DF CARF MF Processo nº 15374.969889/200917 Acórdão n.º 1401003.376 S1C4T1 Fl. 4 3 em 07/10/2009 foi emitido o Despacho Decisório, o qual decidiu pela não homologação do PER/DCOMP em lide, tendo em vista que o crédito analisado, pelas características do DARF discriminado no PER/DCOMP, tinha sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte; Consta como DCTF ativa no sistema para o período de apuração de 31/01/2005 a declaração abaixo: Nesta Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF ativa consta confessado o débito do IRPJ cód. 2362 para o período de apuração de 31/01/2005 o valor de R$ 104.288,02 e vinculação do crédito no mesmo valor referente ao recolhimento efetuado. Desta forma, o crédito pleiteado pela contribuinte encontrase alocado a um débito confessado pela própria impugnante. Dos fatos narrados acima, verificamos que a Delegacia da Receita Federal jurisdicionante do contribuinte, ao examinar a existência, ou não, do pretendido direito creditório, não poderia nortear sua análise senão a partir dos elementos contidos na Declaração de Compensação e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF ativa à época, entregue pela contribuinte e constante dos sistemas de controle da RFB. Não merece reparo, portanto, a decisão prolatada por aquela autoridade, não homologando a compensação declarada. Por outro lado, também não apresentou os Livros Fiscais e Contábeis com os respectivos demonstrativos que viessem a demonstrar o erro dos valores informados em DCTF e que justificassem a redução do IRPJ confessado. Diante da ausência da apresentação dos livros fiscais e contábeis que justificassem a redução do valor do IRPJ e da não retificação da DCTF anteriormente à decisão da Autoridade Administrativa por meio do Despacho Decisório, este não merece reparo ao não conceder o direito creditório tendo em vista o crédito analisado encontrarse integralmente utilizado para quitação do crédito informado em DCTF. O Código Tributário Nacional – CTN determina, em seu artigo 170, o seguinte: Fl. 222DF CARF MF Processo nº 15374.969889/200917 Acórdão n.º 1401003.376 S1C4T1 Fl. 5 4 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Em não havendo liquidez e certeza quanto ao suposto crédito contra a Fazenda Nacional, não deve ser homologada a DCOMP a ele vinculada. CONCLUSÃO Diante da análise procedida, VOTO pela IMPROCEDÊNCIA da Manifestação de Inconformidade, para manter o Despacho Decisório em lide que NÃO HOMOLOGOU a PER/DCOMP constante dos autos. Cientificada da decisão do referido acórdão, o Contribuinte interpõe Recurso Voluntário onde, após um breve relato do indeferimento do seu pleito, alegou que no ano de 2005 não apurou imposto a pagar, entretanto, recolheu, por equívoco, estimativa de imposto mensal no valor de R$ 104.288,02, ref. período de janeiro/2005. Que para aproveitar este crédito, utilizou diversas compensações, que indica em seu recurso; que não foi realizada nenhuma intimação e/ou diligência para apurar a existência de crédito e inexistência de estimativa no ano de 2005; não obstante, inexiste o referido débito, conforme DIPJ, LALUR e balancete registrado em Diário. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401003.371, de 17/04/2019, proferido no julgamento do Processo nº 15374.963787/2009 98, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº1401003.371): Preenchidos os requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado, dele conheço. Conforme relatoriado, a Recorrente informou como crédito, no Perd/Dcomp a que alude o Despacho Decisório, um valor pago de IRPJ/estimativa de R$ 104.288,02 (janeiro/2005), que reputa como pagamento indevido, cujo pedido inicialmente foi indeferido pelo Despacho Decisório. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 15374.969889/200917 Acórdão n.º 1401003.376 S1C4T1 Fl. 6 5 Observese que na manifestação de inconformidade junto ao Acórdão da DRJ, a Recorrente não esclareceu que tipo de crédito se tratava, o fazendo somente agora em seu recurso voluntário. No sentido de demonstrar a liquidez e certeza de seu crédito, traz a sua DIPJ de 2005 onde encontrase ali declarado que não há lucro real positivo, além de balancetes, razão analítico e LALUR. Destaquese que tais documentos, trazidos somente agora, deveriam ter sido apresentados para a apreciação da DRJ, aliás, no voto condutor da decisão de piso consta que: Por outro lado, também não apresentou os Livros Fiscais e Contábeis com os respectivos demonstrativos que viessem a demonstrar o erro dos valores informados em DCTF e que justificassem a redução do IRPJ confessado. Entendo que o crédito informado na DCOMP, constatado sendo proveniente de um pagamento indevido, pode ser tratado como saldo negativo de IRPJ de 2005, pois utilizado em DCOMP para compensação com débitos de 2006, como aliás, sugere a Recorrente quando afirmou que "caso não se entenda pela existência de pagamento indevido, tendo em vista que, em 31/12/2005, não foi apurado lucro real a ser tributado pelo IRPJ, deve ser reconhecido este valor de R$ 104.288,02 como saldo negativo a ser compensado." Em assim sendo, estaríamos diante de um claro erro no preenchimento da DCOMP, equívoco este que pode ser superado com base no Parecer Normativo COSIT nº 8, de 2014, que a seguir se reproduz excertos: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO QUE NÃO HOMOLOGOU COMPENSAÇÃO, EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser Fl. 224DF CARF MF Processo nº 15374.969889/200917 Acórdão n.º 1401003.376 S1C4T1 Fl. 7 6 efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Declaração de Compensação – Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e mesmo a Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ ou de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL), desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. No sentido de não se suprimir instâncias de julgamento, entendo que deva ser oportunizado ao Contribuinte, após as intimações necessárias, sejam os documentos analisados a fim de se verificar a existência ou não do crédito alegado. Tudo se insere, inclusive, dentro do princípio pela busca da verdade material, uma vez que já se tem nos autos alguns documentos, ainda que só apresentados em sede recursal. Desta forma, comprovado o erro de fato no preenchimento da DCOMP, entendo cabível, seguindo orientação do PN 08/2014, que o processo seja encaminhado à Unidade de Origem para realização da revisão de ofício. Conclusão Voto por dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Aplicase a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, no sentido de dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 225DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.724898/2014-31
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2012
MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. SÚMULA CARF 49.
O atraso na entrega da DIPJ pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.
Numero da decisão: 1003-000.689
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2012 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. SÚMULA CARF 49. O atraso na entrega da DIPJ pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1489; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T3 Fl. 203 1 202 S1C0T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10845.724898/201431 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1003000.689 – Turma Extraordinária / 3ª Turma Sessão de 08 de maio de 2019 Matéria MULTA DE OFÍCIO ISOLADA Recorrente MARITIMA TRANSPORTES RODOVIARIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2012 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. SÚMULA CARF 49. O atraso na entrega da DIPJ pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 48 98 /2 01 4- 31 Fl. 37DF CARF MF Processo nº 10845.724898/201431 Acórdão n.º 1003000.689 S1C0T3 Fl. 204 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 0834.433, de 28 de agosto de 2015, da 5ª Turma da DRJ/FOR, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente, mantendo o lançamento da multa por atraso na entrega da DIPJ. A Recorrente apresentou impugnação contra Notificação de Lançamento de multa por atraso na entrega da DIPJ relativa aos anocalendário 2010, no valor de R$ 15.972,92, alegando que, devido a sua exclusão no Simples Nacional, teve que substituir a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN 2011) pela Declaração de Informações Econômicafiscais (DIPJ 2011), esse fato gerou cobrança de multa por atraso no envio da declaração. Esclarece, contudo, que a DASN foi entregue dentro do prazo e posteriormente foi excluído do Simples Nacional. A DRJ/FOR analisou a impugnação e julgou o pedido da Recorrente improcedente, nos moldes da ementa abaixo: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. EXCLUSÃO DO SIMPLES. A exclusão do contribuinte da sistemática do Simples Nacional se dá com efeito retroativo, razão pela qual são devidas as multas por atraso na entrega das declarações apresentadas fora do prazo legal previsto na legislação relativa ao tributo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão, a Recorrente apresentou recurso voluntário que, em síntese, destacou: (i) que a DASN 2011 foi entregue no prazo correto, apenas substituída posteriormente pela DIPJ 2011, devido à exclusão retroativa do Simples Nacional. (ii) o r. acórdão destaca que deve ser utilizado o mesmo raciocínio expressado no acórdão nº 1801002.286 sobre atraso no envio da DCTF e, considerando isso, a Recorrente entende que deve se beneficiar do acórdão do CARF nº 1803002.256 que exclui a multa por atraso de DCTF pela denúncia espontânea. Aduz que entregou a DIPJ espontaneamente, antes do conhecimento da infração pelo Fisco, conforme estabelece o art. 138 do CTN; (iii) Que em razão da exclusão retroativa do Simples Nacional teve que entregar DCTF dos anos de 2009 e 2010 e substituir as DIPJ gerando 16 multas no valor total de R$ 95.792,37, a qual afirma não ter condições de pagar. Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10845.724898/201431 Acórdão n.º 1003000.689 S1C0T3 Fl. 205 3 Por fim, requereu a exclusão da multa em discussão nestes autos. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente é tempestivo, conforme previsto no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Inicialmente, cumpre observar que a Recorrente não contestou o atraso na entrega da declaração, nem o cálculo que foi realizado no tocante ao valor da multa, limitando se, apenas, a alegar ter enviado a DASN no prazo e pleiteou pela aplicação da denúncia espontânea. A Recorrente era do regime do Simples Nacional desde 01/07/2007, contudo foi excluída do regime simplificado a partir de 01/01/2008, através do ato declaratório DRF/STS nº 016, segundo informou na sua manifestação de inconformidade. Em razão dessa exclusão, a Recorrente teve que substituir a DASN exercício 2011 pela DIPJ também do exercício de 2011, essa substituição gerou a cobrança de multa. Em recurso voluntário, a Recorrente pede que seja aplicado ao caso em análise o benefício da denúncia espontânea. A exclusão do Simples Nacional é realizada através do Ato declaratório Executivo de Exclusão (ADE), que sujeita o contribuinte às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas, a partir do período em que se processa a exclusão, conforme se pode concluir pelo art. 32 da Lei Complementar 123/2006: Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte excluídas do Simples Nacional sujeitarseão, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. A Ato Declaratório de Exclusão é considerando como meramente declaratório, e, portanto, tem efeito retroativo à data em que se enquadrou nas hipóteses de incompatibilidade com o sistema, e isto, além de previsão expressa em lei, é abalizado em acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça sob o efeito de recurso repetitivo: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. LEI 9.317/96. SIMPLES. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO. EFEITOS RETROATIVOS. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 15, INCISO II, DA LEI 9.317/96. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a averiguação acerca da data em que começam a ser produzidos os efeitos do ato de exclusão do Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10845.724898/201431 Acórdão n.º 1003000.689 S1C0T3 Fl. 206 4 contribuinte do regime tributário denominado SIMPLES. Discutese se o ato de exclusão tem caráter meramente declaratório, de modo que seus efeitos retroagiriam à data da efetiva ocorrência da situação excludente; ou desconstitutivo, com efeitos gerados apenas após a notificação ao contribuinte a respeito da exclusão. 2. Não merece conhecimento o apelo especial quanto às alegações de contrariedade aos artigos 458 e 535 do CPC, porquanto a recorrente apresentou argumentação de cunho genérico, sem apontar quais seriam os vícios do acórdão recorrido, que justificariam sua anulação. Incidência da Súmula 284/STF. 3. No caso concreto, foi vedada a permanência da recorrida no SIMPLES ao fundamento de que um de seus sócios é titular de outra empresa, com mais de 10% de participação, cuja receita bruta global ultrapassou o limite legal no anocalendário de 2002 (hipótese prevista no artigo 9º, inciso IX, da Lei 9.317/96), tendo o Ato Declaratório Executivo n. 505.126, de 2/4/2004, da Secretaria da Receita Federal, produzido efeitos a partir de 1º/1/2003. 4. Em se tratando de ato que impede a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES em decorrência da superveniência de situação impeditiva prevista no artigo 9º, incisos III a XIV e XVII a XIX, da Lei 9.317/96, seus efeitos são produzidos a partir do mês subsequente à data da ocorrência da circunstância excludente, nos exatos termos do artigo 15, inciso II, da mesma lei. Precedentes. 5. O ato de exclusão de ofício, nas hipóteses previstas pela lei como impeditivas de ingresso ou permanência no sistema SIMPLES, em verdade, substitui obrigação do próprio contribuinte de comunicar ao fisco a superveniência de Agravo de Instrumento Turma Espec. II Tributário Nº CNJ : 0008415 18.2016.4.02.0000 (2016.00.00.0084152) RELATOR : Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES AGRAVANTE : E.M.P LANDIM GOMES SERVIÇOS DE LIMPEZA LTDA EPP ADVOGADO : CARLOS ALEXANDRE DE AZEVEDO CAMPOS E OUTROS AGRAVADO : UNIAO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : Procurador da Fazenda Nacional ORIGEM : 01ª Vara Federal de Campos (00864466920164025103) 1 uma das situações excludentes. 6. Por se tratar de situação excludente, que já era ou deveria ser de conhecimento do contribuinte, é que a lei tratou o ato de exclusão como meramente declaratório, permitindo a retroação de seus efeitos à data de um mês após a ocorrência da circunstância ensejadora da exclusão. 7. No momento em que opta pela adesão ao sistema de recolhimento de tributos diferenciado pressupõese que o contribuinte tenha conhecimento das situações que impedem sua adesão ou permanência nesse regime. Assim, admitirse que o ato de exclusão em razão da ocorrência de uma das hipóteses que poderia ter sido comunicada ao fisco pelo próprio contribuinte apenas produza efeitos após a notificação da pessoa jurídica seria permitir que ela se beneficie da própria torpeza, mormente porque em nosso ordenamento jurídico não se admite descumprir o comando legal com base em alegação de seu desconhecimento. 8. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo Fl. 40DF CARF MF Processo nº 10845.724898/201431 Acórdão n.º 1003000.689 S1C0T3 Fl. 207 5 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. 9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (REsp 1124507/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 06/05/2010) A constitucionalidade das exclusões legais já foi reconhecida no julgamento da ADIN 16431, onde se estabeleceu que tais exclusões não afrontam o disposto no art.179, da Constituição da República, nem ao princípio constitucional da isonomia, ou qualquer outra de suas normas. Dessa forma, ainda que a Recorrente tenha enviado a DASN no prazo correto, era de seu conhecimento que, desde 01/01/2008, a mesma não preenchia os requisitos para se manter no Simples Nacional e, em razão disso, estaria submetida às regras e prazos das demais pessoas jurídicas. Em relação à figura da denúncia espontânea, contemplada no art.138 do CTN, frisese a sua inaplicabilidade ao fato, porque, juridicamente, só é possível haver denúncia espontânea de fato desconhecido pela autoridade, o que não é o caso do atraso na entrega da declaração, que se toma ostensivo com o decurso do prazo fixado para a sua entrega tempestiva. O STJ já se posicionou sobre o assunto e, em decisão unânime da 1ª Turma, o RE da Fazenda Nacional n° 246.963/PR (acórdão publicado em 05/06/2000 no Diário da Justiça da União DJUe): Tributário. Denúncia espontânea. Entrega com atraso de declaração de contribuições e tributos federais DCTF. 1. A entidade "denúncia espontânea” não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF. 2. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. 3. Recurso especial provido. Oportuno transcrever o partes do voto do relator, Min. José Delgado: A extemporaneidade na entrega de declaração do tributo é considerada como sendo o descumprimento, no prazo fixado pela norma, de uma atividade fiscal exigida do contribuinte. É regra de conduta formal que não se confunde com o não pagamento do tributo, nem com as multas decorrentes por tal procedimento. A responsabilidade de que trata o art. 138, do CTN, é de pura natureza tributária e tem sua vinculação voltada para as obrigações principais e acessórias àquelas vinculadas. .. As denominadas obrigações acessórias autônomas não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN Elas se impõem' como normas necessárias para que possa ser exercida a atividade administrativa fiscalizadora do tributo, sem qualquer laço com os efeitos de qualquer fato gerador do mesmo. A multa aplicada é em decorrência do poder de polícia exercido pela Fl. 41DF CARF MF Processo nº 10845.724898/201431 Acórdão n.º 1003000.689 S1C0T3 Fl. 208 6 administração pelo não cumprimento de regra de conduta imposta a uma determinada categoria de contribuinte. Não obstante os fundamentos acima expostos, o CARF também já possui posição consolidada sobre a questão, conforme se depreende da Súmula 49 deste Conselho: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Em suma, a exoneração da multa pelo atraso na entrega de declaração fundada na Denúncia espontânea não se aplica aos casos de multas decorrentes de descumprimento de obrigações acessórias. Isso se explica pelo fato da natureza da obrigação acessória, que é autônoma do tributo cobrado. Assim, quando se descumpre a obrigação acessória, nasce um direito autônomo à cobrança (art. 113, § 3°, do CTN). Em assim sucedendo, voto em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 42DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.721823/2017-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1402-000.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento diligência.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente e Relatora.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente).
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento diligência. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente e Relatora. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente).
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento diligência. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente e Relatora. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente). RELATÓRIO POLIS PROPAGANDA & MARKETING LTDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife/PE que, por unanimidade de votos, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 28/03/2017, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 28.335.897,38. Consta da decisão recorrida o seguinte relato e introdução de voto: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 21 82 3/ 20 17 -0 7 Fl. 2434DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 3 2 Tratase de autos de infração do Imposto sobre a Renda de Jurídica – IRPJ (fls. 02 a 37) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 39 a 73), lavrados para formalização e exigência de crédito tributário no montante de R$ 28.335.897,38. 2. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 75 a 110), o lançamento decorreu de omissão de receita de prestação de serviços para o mercado externo e de omissão de receita caracterizada por falta de comprovação da origem de recursos utilizados em depósitos bancários. 3. Arbitrouse o lucro. Na apuração da receita bruta (base para o arbitramento), computaramse os valores das notas fiscais emitidas pela Polis nos anos objeto da autuação. Adicionouse à base de cálculo as receitas financeiras auferidas nesses anos não oferecidas de forma espontâneas nas DIPJs de 2013 e 2014. 4. Qualificouse a multa (150%) quanto à omissão de receita de prestação de serviços para o mercado externo e a por falta de comprovação da origem dos recursos utilizados no depósito bancário do dia 13.11.2012. Os Srs. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura foram responsabilizados de forma solidária pelo crédito decorrente dessas infrações, motivo por que compõem o pólo passivo da obrigação. 5. A contribuinte e os responsáveis solidários apresentaram as impugnações das fls.1443 a 1483 (Polis Propaganda & Marketing), 1611 a 1666 (Mônica Regina Cunha Moura) e 1671 a 1726 (João Cerqueira de Santana Filho), contrapondo, em síntese: 5.1 Por equívoco, as receitas decorrentes das aplicações financeiras, apontadas como omitidas, não foram acrescidas à base de cálculo do IRPJ e da CSLL (lucro presumido), razão por que não se contestaria a infração. 5.2 Do montante de R$ 59.194.500,00, considerado como omissão de receita de prestação de serviços para o mercado externo, restaria apenas "uma diferença de R$ 3.124.904,46 a ser tributada". A fiscalização teria cobrado valores em duplicidade. Seria descabida a aplicação de "quaisquer multas sobre tributos já pagos; mais descabida ainda a aplicação de multa qualificada de 150%." 5.3 A receita de R$ 34.169.807,12, que integraria o montante de R$ 59.194.500,00, teria sido tributada no momento adequado, de modo que não haveria falar de postergação. 5.4 A fiscalização considerara adequadamente "a tributação da receita bruta decorrente da prestação de serviços no mercado doméstico". 5.5 Os tributos pagos pela Polis não teriam sido integralmente considerados no lançamento. 5.6 O arbitramento do lucro teria sido indevido. 5.7 Os Srs. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura não poderiam ser responsabilizados pelo crédito, pois que não existiria no processo "qualquer indicação de condutas ilícitas" que tenham sido praticadas por eles. O mero fato de ser sócio de uma sociedade, ainda que inadimplente, não poderia implicar responsabilização pessoal. 5.8 A responsabilização de sócio administrador, com fulcro no inciso III do art. 135 do CTN, implicaria lavratura de auto de infração em seu nome, haja vista que o dispositivo encerraria hipótese de substituição de responsabilidade tributária. De sorte Fl. 2435DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 4 3 que no caso em questão teria havido erro na determinação do sujeito passivo. Por ter caráter pessoal, a multa não poderia ser exigida do substituto tributário. Voto [...] Da omissão de receita de prestação de serviços para o mercado externo. 8. Intimada1 a comprovar a origem dos recursos utilizados no depósito bancário havido em sua conta corrente do Bradesco nº 22.6726, Agência 22101, no valor de R$34.169.807,12, contabilizada no Livro Razão, no dia 13.11.2012, a título de "adiantamento de prestação de serviço em Angola"2, a Polis trouxe à colação, em adição a outras informações e documentos (inclusive ordens de pagamento), dois contratos de prestação de serviços firmados com o MPLA Partido Político Movimento Popular Libertação de Angola3, que, além de não comprovarem a referida origem4, evidenciaram, após minuciosa análise, os valores ali pactuados não foram oferecidos à tributação5. 9. Contrapôsse nas impugnações que, como se vê, encerram mesmo teor , em essência, a Polis teria firmado, em 2012, dois contratos de prestação de serviços com o 1 Termo de intimação fiscal nº 1, de 07/05/2015, e Termo de reitimação Fiscal, de 20.05.2015. 2 pág. 55 do Livro Razão n° 09 3 Termo de Verificação Fiscal, fl. 104: 85. Os contratos apresentados representativos de prestação de serviços em Angola (Contrato 01/2012 e Contrato 02/2012) foram considerados aptos por esta fiscalização pois apesar de somente cópias apresentadas pelo contribuinte verificouse que em ambos constam selo de autenticidade de reconhecimento da assinatura do contratante pela Embaixada do Brasil em Luanda. As ordens de pagamentos oriundas do MPLA somente conferem indicativos de pagamentos, não sendo consideradas por esta fiscalização suficientes para embasar lançamento de ofício pois nelas não constam autenticidades verificadas pela Embaixada do Brasil em Angola, apesar das datas divergentes em relação a vinculação das mesmas as datas de faturamentos e pagamentos previstas nos contratos considerados válidos. 4 Termo de Verificação Fiscal, fl. 83 e 84: 23. Os fatos constatados depois de cumprida as solicitações dos Termo de Início de Fiscalização e do Termo de Intimação Fiscal n° 01 e Termo de Reintimação Fiscal n° 01, e análise dos livros e documentos apresentados: a) não foram apresentados documentos bancários (extratos bancários de contas correntes mantidas em instituições financeiras no exterior, cópias de transferências eletrônicas) e documentos complementares que comprovassem a origem do recurso creditado em conta corrente mantida no Bradesco, no dia 13/12/2012 no valor de R$ 34.169.807,12, que remete em histórico a Prestação de Serviços em Angola, como este valor foi levado a base de cálculo do IRPJ e da CSLL do 4° trimestre de apuração de 2013 com pagamentos correspondentes nas datas de vencimentos (31/01/2014), presumimos indícios de postergação de receitas, no caso de origens não conhecidas; b) foram canceladas Notas Fiscais relacionadas a esta Prestação de Serviços, com indícios de se referirem a um outro Contrato de Prestação de serviços não entregue a Fiscalização Federal; c) os dois contratos apresentados Contrato 01/2012 e Contrato 02/2012 com o intuito de apresentar legalidade ao ingresso de divisas acarreta indícios de omissão de receitas de prestação de serviços no exterior, pois os documentos bancários e complementares entre os contratos e o ingresso de recursos não foram disponibilizados; d) apresentação de ordem de pagamento emitida pelo MPLA no valor de USD 10.000.000,00 em 22/08/2012 que não faz parte do Contrato 01/2012 (duas ordens de pagamentos apresentadas) e nem do Contrato 02/2012 (data de assinatura do contrato é posterior a ordem de pagamento apresentada), revela indícios de omissão de receitas de prestação de serviços no exterior; e) não foi identificada na escrituração comercial de 2012 conta contábil representativa da movimentação financeira em conta corrente mantida em instituição financeira no exterior; f) no Livro Caixa de 2012 apresentado não consta a movimentação financeira de contas correntes mantidas pelo contribuinte em instituições financeiras no exterior e g) não foram identificados nos Livros Diário e Razão de 2012 contas contábeis relacionadas a todas as receitas, custos e despesas relativas a prestação de serviços no exterior. 5 Termo de Verificação Fiscal, fl: 104: O tratamento para fins fiscais dos Contrato 1/2012 e Contrato 2/2012 apresentados pelo contribuinte, recai em omissão de receitas de prestação de serviços no exterior, pois ambos fornecem elementos inequívocos das datas de faturamento e pagamento e não foram levados a apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Fl. 2436DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 5 4 MPLA: "um para a campanha presidencial em 2012, denominado 'Contrato 01' pelo r. Auditor Fiscal, e outro para a propaganda institucional do partido após o pleito eleitoral, denominado 'Contrato 02' pelo r. Auditor Fiscal". Ambos os contratos e os documentos a ele pertinentes "ordens de pagamento em Angola, contratos de câmbio e comprovantes bancários brasileiros" teriam sido apresentados espontaneamente à fiscalização. 10. A receita total auferida pela Pólis, em relação ao Contrato 01, teria sido de USD20.000.000,00 (vinte milhões de dólares americanos) e a receita do Contrato 02, de USD10.000.000,00 (dez milhões de dólares americanos). Teria sido oferecido à tributação o valor de USD 27.000.000,00; sendo que o montante de USD 17.000.000,00 corresponderia ao depósito de R$ 34.169.807,12 (câmbio de 2.01), e os restantes USD 10.000.000,00 corresponderiam ao depósito de R$ 21.899.788,42 (câmbio 2.19), efetuados no Banco Bradesco nos dias 13.11.2012 e 02.10.2013, respectivamente. 11. Esses valores estariam também consignados em "contratos de câmbio (Doc 4, anexo)", que, apesar de não serem minuciosos, seriam claros "em afirmar que a origem de ambos valores está em Angola", e que a Polis seria a própria remetente. 12. As supostas inconsistências apontadas entre o que foi estipulado nos contratos e os valores depositados no Bradesco, ou seja "divergências entre as datas contratuais e as datas de pagamento", diriam respeito a simples adiantamentos e atrasos nos pagamentos feitos pelo MPLA". 13. O extrato bancário da conta da Polis no Banco Sol (Angola) evidenciaria que às ordens de pagamentos do MPLA, apresentadas à fiscalização, seguirseiam os respectivos créditos e, em "ordem perfeitamente cronológica, as transferências para o Banco Bradesco". 14. Até 30.08.2012, todos os USD30.000.000,00, estipulados nos contratos, já haviam sido pagos; alguns em atraso, outros em adiantado. Mas o que "importa para às partes do contrato é que no final das contas o preço foi pago e os serviços foram prestados". 15. Por "equívoco", não fora oferecido à tributação o montante de "USD 3.000.000,00 (R$ 5.022.192,88) restante. Também por "equívoco" teria havido "a tributação a maior de R$ 1.897.288,42", o que teria acarretado uma "tributação líquida a menor de R$ 3.124.904,46". 16. Exceto por esses "equívocos", as receitas concernentes à prestação de serviços ao MPLA, "no valor total de R$ 56.069.595,54", teriam sido oferecidas à tributação. A "pretensão fiscal de tributação de mais de R$ 59.194.500,00" implicaria "parcial dupla tributação desse montante"6. 17. Não obstante o Sr. João Santana ter declarado à Justiça Federal (Ação Penal nº 501340559.2016.4.04.7000/PR), que o valor total da campanha do Sr. José Eduardo Santos para a presidência de Angola fora de USD 50.000.000,00 (cinquenta milhões de dólares americanos), o que revelou uma diferença de USD 20.000.000,00 (vinte 6 fl. 1464: 72. Com tal lançamento pretendese tributar além do devido. Para tanto, a Fiscalização: (i) julga que certas receitas constantes de seu extrato bancário e contabilidade não teriam origem, e que (ii) as receitas constantes do contrato MPLA teriam sido omitidas. Em verdade, tratase das mesmas receitas: a origem das receitas contabilizadas fundamentase nos contratos com o MPLA, de modo que não há omissão de receita. Admitir o oposto seri apermitir à Fisccalização atingir objetivo ilícito, a saber, a tributação de valores que apenas foram agenciados pela impugnante. Fl. 2437DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 6 5 milhões de dólares americanos) entre o preço total do serviço e o estipulado nos referidos contratos, a inconsistência seria justificável7, dado a "natureza do tipo de serviço que presta a Polis, a saber, o agenciamento para propaganda". Consoante a legislação brasileira (vide fls. 1445 e 1456), esse tipo de "custo externo" não integraria a receita bruta (base de apuração do lucro presumido) das empresas que fazem agenciamento de propaganda. [...] Da falta de comprovação da origem de recursos utilizados em depósitos bancários. 29. Por não se ter logrado comprovar a origem dos recursos utilizados nos já referidos depósitos (R$ 34.169.87,12, do dia 13.11.2012, e R$ 21.899.788,42, do dia 02.10.2013), foram eles caracterizados como omissão de receita, com suporte no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, e tributados a esse título. 30. Uma vez que se declarou e pagou o imposto e a contribuição relativos aos depósitos, não se apurou imposto no terceiro trimestre de 2013 (vide fl. 26). Considerouse entretanto houvera "postergação no pagamento" de parte do imposto e da contribuição, relativos ao 4º trimestre de apuração de 2012"8. 31. Contrapôsse na impugnação, em essência, os depósitos seriam decorrentes de pagamentos efetuados pelo MPLA em face de serviços prestados pela Polis, que restariam comprovados pelos contratos apresentados, pelas ordens de pagamento, contratos de câmbio etc. E que não teria havido postergação no pagamento do imposto, porquanto fizera o pagamento de forma espontânea. 7 fl. 1462: 64.Nessa ação, constam depoimentos do Sr. João Santana e da Sra. Mônica Moura, segundo os quais o custo total da campanha em Angola foi de USD 50.000.000,00. Notese, por oportuno que, no bojo daquela ação Penal, esse pagamento não serviu de base para apuração de outros ilícitos penais, menos ainda para condenações para lavagem de dinheiro ou corrupção. 65. Não foi dito, e não etve em questão, como esse custo de USD 50.000.000,00 é composto. Nos autos desta Fiscalização, a impugnante explicou ao rf. Auditor Fiscal que , desse total, apenas (i) USD 30.000.000,00 eram atribuíveis a si, como consta nos contratos com o MPLA apresentados. Outros USD 20.000.000,00 foram atribuídos a prestadores de serviços locais, da seguinte maneira: (ii) USD 15.000.000,00 à empresa angolana Orion Marketing, Publicidade e Produção S.A. ("Orion"), (iii) e USD 5.000.000,00 com outros fornecedores. Disso, notase que apenas USD 30.000.000,00 são atribuíveis à impugnante. 66. Em relação à Orion, a impugnante apresenta o contrato de prestação de serviços (Doc. 02). Nesse documento observase clarmente a natureza do contrato, observase que ee foi agenciado pela Pólis e o dever de a Polis repassar recursos para tal empresa no valor de USD 15.000.000,00. (...) 67. Esses valores foram pagos à Orion diretamente pelo MPLA, ou seja, sequer transitaram pela conta da impugnante junto ao Banco Sol. Essa conta bancária, como será discutido adiante, serviu de simples canal para recebimento da remuneração atribuível à impugnante e teve limitada existência. 68. Quanto aos demais custos da campanha, a Fiscalizada apresentou diversos documentos para comproválos, mas eles foram apenas limitadamente considerados no processo de auditoria fiscal. 8 Termo de Verificação Fiscal, fl. 102: 81. Na apuração efetuada pelo contribuinte, o crédito em conta no Bradesco em 13/11/2012 no valor de R$ 34.169.807,12 somente foi levado a base de cálculo no 4° trimestre de 2013. Na aplicação do art. 42, § 1º da Lei nº 9.430/96, a receita será considerada auferida no mês do crédito, logo em novembro de 2012. Como o valor apurado pelo contribuinte foi declarado e pago (no dia do vencimento em 31/01/2014), podemos dizer que ocorreu uma postergação no pagamento de parte do imposto de renda relativo ao 4° trimestre de apuração em 2012. Tal entendimento se aplica a CSLL. Os valores postergados de IRPJ e da CSLL constam dos respectivos Autos de Infração e foram considerados por seus valores líquidos, ou seja, apurado os valores referentes ao 4° trimestre de apuração 2013 (IRPJ e CSLL), subtraiu se os valores pagos (IRPJ e CSLL), levando os valores resultantes a deduzir os valores apurados a título de IRPJ e CSLL respectivamente do 4° trimestre de apuração em 2012. Fl. 2438DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 7 6 [...] Do arbitramento. 37. Consoante a impugnação, o arbitramento do lucro no anocalendário de 2012 teria sido indevido, porquanto "todas as transações" teriam sido escrituradas e tributadas. A falta de transcrição do extrato bancário de sua conta no Banco Sol de Angola, "referiu se a parte delimitada de suas transações, totalmente esclarecidas com base em outros documentos". Os valores constantes do extrato bancário não "apresentado durante a Fiscalização (mas agora apresentado)" teriam sido transportados para a conta bancária do Bradesco, totalmente escriturada. [...] 40. No tocante aos trimestres do anocalendário de 2013, o arbitramento se deu com fulcro nos incisos I e IV do art. 530 do RIR, de 1999, c/c o art. 13 da Lei nº 9.718, de 1998, alterado pelo art. 46 da Lei nº 10.637, de 2002, porquanto o contribuinte não poderia naquele ano ter optado pelo regime de lucro presumido, pois que no ano anterior optara indevidamente por essa forma de apuração do lucro. 41. O inconformismo da impugnante quanto a esses trimestres bate na mesma tecla de que os valores constantes dos contratos apresentados à fiscalização, na sua quase totalidade, teriam sido escriturados e oferecidos à tributação, argumento que, como visto, não cabe assentimento. [...] Da Dedução de IRRF 43. Consoante a impugnação, não teria sido deduzida no lançamento a totalidade dos tributos pagos pela empresa nos anos objeto da autuação (vide quadros das fls. 1476 e 1477). A fiscalização teria desconsiderado por completo o "IRRF pago sob o código 1708" e não teria levado em conta "o regime jurídicotributário peculiar à impugnante, uma agência de publicidade9." [...] Da Responsabilização dos Sócios. 50. Os Srs. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura foram responsabilizados pelo crédito decorrente das "infrações apuradas sujeitas às multas de ofício qualificadas de 150%, cometidas com excesso de poderes e infração de lei"10, com fundamento no inciso I do art. 124 e inciso III do art. 135 do CTN. 9 Termo de Verificação Fiscal, fl. 76: 6. Da análise das Notas Fiscais e Livro Razão n° 09 de 2012, quanto ao faturamento da pessoa jurídica, verificou se a necessidade de esclarecimentos relativos: a) cancelamentos de Notas Fiscais de valores elevados relacionadas a prestação de serviços em Angola de mesmo tomador: MPLA – Partido Político Movimento Popular Libertação de Angola; b) crédito em conta corrente no Banco Bradesco – Agência 22101 – conta 22.6726 no valor de R$ 34.169.807,12 contabilizado no dia 13/11/2012 a título de adiantamento de prestação de serviço em Angola, conforme pág. 55 do Livro Razão n° 09 e c) esclarecimentos sobre a DIRF 2012 onde o contribuinte aparece como declarante e beneficiário dos mesmos fatos informados. Observase ainda das Notas Fiscais apresentadas que todo o faturamento no Brasil no ano 2012 tem como tomadores de serviços o Partido dos Trabalhadores – PT, Eleição 2012 – Comitê Financeiro SP Único PT e Eleição 2012 Fernando Haddad Prefeito. 10 Termo de Verificação Fiscal, fl. 109: 103. O Sr. João Cerqueira de Santana Filho, brasileiro, CPF: 059.802.24572, e a Sra. Mônica Regina Cunha Moura, CPF: 441.627.90515, constam como sócios e administradores/representantes da pessoa jurídica fiscalizada conforme Cláusula 3ª da Quinta Alteração Contratual com registro na Junta Comercial da Bahia sob o n° 96726731 em 04/01/2007. Concluímos que os sócios administradores/representantes da Pólis Propaganda & Marketing LTDA passam a responder pessoalmente pelo crédito tributário lançado no Auto de Infração do IRPJ e Fl. 2439DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 8 7 51. Nas impugnações eles contrapuseram, em essência, o mero fato de ser sócio de uma sociedade, ainda que inadimplente, não poderia implicar responsabilização pessoal; que não teria sido demonstrado eles teriam agido com excesso de poderes ou infração de lei; que teria havido erro na determinação do sujeito passivo e que a multa não poderia ser exigida do substituto tributário. [...] A Turma julgadora acolheu parcialmente estes argumentos aduzindo que: · ... temse por definitivamente constituído o crédito relativo à omissão de receitas financeiras (item 4.1), uma vez que, como relatado, os impugnantes reconhecem a procedência do lançamento quanto a essa infração. · Com referência à omissão de receita de prestação de serviços para o mercado externo, o contribuinte não logrou comprovar os valores dos referidos contratos são os mesmos depositados no Banco contratos. [...] todos os caminhos levam à conclusão de que os contratos, não obstante refletirem serviços pactuados entre a Polis e o MPLA, e portanto sujeitos à tributação, não se prestam à comprovação da origem dos referidos depósitos bancários. De sorte que correta foi a tributação dos valores dos serviços, neles acordados, a título de omissão de receita. · A qualificação da penalidade, contudo, não pode subsistir porque o motivo apresentado não induz de forma necessária, relativamente à omissão evidenciada nos referidos contratos, tenha a empresa agido no sentido de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador, ou excluir ou modificar suas características essenciais. [...] Não há nos autos nenhuma evidência de que, de alguma forma, a empresa tenhase utilizado de ardis para ocultar a ocorrência dos fatos geradores relativos às receitas consubstanciadas nos contratos; ao revés, há referência a contrato por prestação de serviços em Angola no histórico do registro contábil (Livro Diário) concernente ao depósito bancário do dia 02.10.2013 (fl.590), bem assim há referência à antecipação de pagamento por serviços prestados em Angola no histórico do registro contábil do depósito do dia 13.11.2012 (fl. 452). Ora, não se tenta ocultar aquilo que se registra em livro contábil. · Também não subsistem as exigências decorrentes da postergação de pagamento apontada para as receitas que, pertinentes ao 4º trimestre de 2012, foram reconhecidas, com pagamento dos tributos, no 3º trimestre de 2013, vez que tomam por partida a imputação de omissão de receitas com base no art. 42 da Lei nº 9.430/96 e, ao considerar que houvera postergação de parte do pagamento do imposto relativo ao depósito do dia 13.11.2012, o autuante se fia, de forma tácita, nos registros contábeis da Polis, em que resta consignado ele se trata de antecipação de pagamento por serviços prestados ao MPLA. Também por esse motivo, essa parte do lançamento não pode prosperar, pois que se se reconhece a origem dos recursos, não há presumirse omissão com fundamento no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. · O arbitramento deve ser mantido porque o lucro dos trimestres do ano calendário de 2012 foi arbitrado porquanto constatouse que apesar de o contribuinte manter conta corrente em instituição financeira no exterior não do Auto de Infração da CSLL com fundamentação nos arts 124, I e 135, III da Lei n° 5172/66 – CTN, evidentemente em relação as infrações apuradas sujeitas as multas de ofício qualificadas de 150%, cometidas com excesso de poderes e infração de lei. Fl. 2440DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 9 8 constaria de sua escrita nenhuma conta contábil refletindo a sua movimentação, particularidade que com efeito se amolda à hipótese da alínea "a" do inciso II do art. 530 do RIR, de 1999. · Com referência ao arbitramento no anocalendário 2013, considerando que os valores de receita omitidos no anocalendário de 2012, por si sós, superam R$48.000.000,00, com efeito não se poderia ter optado pelo lucro presumido no ano calendário de 2013. · Como visto, a tributação dos depósitos bancários restou indevida, de sorte que o adstrito questionamento fica sem sentido. Quanto ao IRRF, não há atrelar os valores dos sobreditos DARFs às receitas da prestação de serviços internos descritas nos anexos das fls. 111 e 112; ou melhor, não se trouxe à colação nenhum elemento a comprovar a retenção teria se dado em face do auferimento das receitas especificadas nos anexos, condição sine qua non à sua dedutibilidade. · A responsabilização dos sócios não pode subsistir porque o art. 124, I do CTN não diz com a responsabilização de sócios de direito e, quanto ao outro fundamento, o fato de os contratos firmados com o MPLA não comprovarem a origem dos depósitos bancários havidos no Bradesco, e evidenciarem que os valores por prestação de serviços, neles pactuados, tratase de receitas que não foram oferecidas à tributação, não implica os impugnantes tenham agido, relativamente à omissão, com excesso de poderes ou infração de lei, nos termos do inciso III do art. 135 do CTN. Ademais, sequer se pode dizer houve intenção de fraudar o fisco, por meio da prática de alguma das condutas previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 motivo inclusive por que neste voto entendeuse indevida a qualificação da multa. Em suma, a 3ª Turma de Julgamento da DRJ/Recife decidiu julgar procedente em parte a impugnação, para: I Considerar definitivo o crédito relativo às receitas financeiras, que deverá ser apartado para efeito de cobrança; II Exonerar o crédito relativo à falta da comprovação de origem de recursos utilizados em depósitos bancários, no montante de R$ 1.440.272,55 (principal), mantendose todo o restante do crédito formalizado; III Reduzir a multa de ofício relativa à omissão de receita por prestação de serviços no mercado externo para 75% e IV Excluir do pólo passivo da obrigação os Srs. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura. A exoneração do crédito tributário e da responsabilidade tributária foi submetida a reexame necessário. Em 17/11/2017, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 2085/2158), afirmandose cientificada mediante acesso ao documento no processo administrativo pelo próprio sistema eCAC em 20/10/2017, e pretendendo diminuir o valor da exigência fiscal, e garantir a não responsabilização dos sócios da contribuinte. Fl. 2441DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 10 9 A recorrente descreve o lançamento, observa inexistir controvérsia acerca das receitas tributáveis apontadas nos Anexos 1 (Demonstrativo Receita Bruta Conhecida Ano 2012, Ano 2013) e 2 (Demonstrativo de Aplicações Financeiras e Imposto de Renda Retido na Fonte). Quanto ao Anexo 3 (Demonstrativo em Conversão em Reais Receitas de Prestação de Serviços Exterior), assevera inexistir controvérsia de que esses valores devem ser tributados, ressalvado que: (i) tributou os valores em regime de caixa, ou seja, apenas quando lhes foram creditados sua conta corrente junto ao Banco Bradesco e (ii) deixou de tributar o total de R$ 3.124.692,88, pois abateu algumas despesas das receitas contratadas, o que não é permitido no regime do Lucro Presumido. As receitas referentes ao Anexo 3 corresponderiam aos valores de R$ 18.850.000,00 (30/04/2012), R$ 20.342.000,00 (30/06/2012), R$ 10.149.000,00 (30/09/2012) e R$ 9.853.500,00 (28/02/2013). Ao litígio acerca delas somamse os valores imputados a título de omissão de receita por presunção legal, em razão de depósitos bancários de origem não comprovada, imputada nos valores de R$ 34.169.807,12 (13/11/2012) e R$ 21.899.788,42 (02/10/2013). Durante o procedimento fiscal, a contribuinte teria esclarecido que os depósitos bancários em referência seriam recebimentos dos pagamentos discriminados no Anexo 03 advindos de dois contratos com seu cliente estrangeiro, o partido político angolano Movimento Popular de Libertação de Angola MPLA, mas somente em impugnação juntou seu extrato bancário junto ao Banco Sol, que até então não tinha localizado para apresentar. Com base nestes elementos e especialmente tendo em conta o "contrato 1", assevera que as receitas de 18.850.000,00 (30/04/2012) e R$ 20.342.000,00 (30/06/2012) corresponderiam ao depósito bancário de R$ 34.169.807,12 (13/11/2012), esclarecendo que a diferença de R$ 5.022.192,88 entre os valores implicou em pagamento a menor e decorre (i) da variação cambial usada pela d. Fiscalização e pela contribuinte e (ii) do equívoco de a contribuinte ter deduzido despesas de aproximados USD 3.000.095,96 dos valores a serem tributados. Esclarece que não nega ter deixado de oferecer à tributação a parcela de R$ 5.022.192,88. Já considerando o "contrato 2", correlaciona as receitas de R$ 10.149.000,00 (30/09/2012) e R$ 9.853.500,00 (28/02/2013) ao depósito bancário de R$ 21.899.788,42 (02/10/2013), esclarecendo que a diferença de R$ 1.897.288,42 entre os valores implicou pagamento a maior decorre da variação cambial usada pela d. Fiscalização e pela contribuinte. Conclui que as diferenças líquidas reduziram a base de cálculo dos tributos em R$ 3.124.692,88. Observa que a autoridade fiscal, apesar de não ter reconhecido a origem dos depósitos em referência, admitiu que o valor de R$ 34.169.807,12 foi oferecido à tributação em momento posterior, evidenciando postergação de pagamento. A DRJ notou a contradição nesta constatação e exonerou o crédito tributário lançado sobre os depósitos bancários, porém somente foi explícita para expurgar a exigência relativa ao valor de R$ 34.169.807,12, que corresponde ao saldo dos extratos bancários relacionados ao contrato 1. Possivelmente, assim agiu ante o fato de a Fiscalização ter se originado com especial atenção a esse numerário e porque a Fiscalização foi explícita quanto à tributação apenas desse valor (TVF fls. 1068). Nada obstante, a decisão da DRJ deve abranger também o outro valor de R$ 21.899.788,42, correspondente ao contrato 2,ao qual também se aplicou a Lei nº 9.430/1996, art. 42, assim como deve ser desqualificada a multa e os efeitos da aludida postergação de tributos. Fl. 2442DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 11 10 Ademais, caso se concorde com a decisão de 1ª instância, deveria serlhe dado os efeitos a que ela se presta, imputandose os pagamentos feitos pela contribuinte aos débitos julgados procedentes, algo que não foi feito adequadamente. Destaca, ainda, que ao anular a cobrança com base em depósitos bancários, a DRJ deixou de "apreciar as contraposições à postergação" do pagamento de tributos, e assim expõe as três consequências dessas decisões: 45. A primeira é que, como os valores dos contratos são superiores aos depósitos bancários, notase que a contribuinte equivocadamente deixou de tributar o equivalente a USD 3.000.095,96, relativo a despesas que não poderiam ter sido deduzidas da receita bruta nos regimes do Lucro Presumido ou do Lucro Arbitrado. 46. A segunda é que os efeitos da postergação devem cessar. O d. Auditor Fiscal havia realocado os valores de pagamentos entre períodos de apuração, mas a partir de então voltam a valer as datas dos pagamentos feitas pelo contribuinte. 47. A terceira é que os pagamentos feitos pelo contribuinte com base nos depósitos bancários devem ser aproveitados aos pagamentos exigidos com base nos contratos. Se isso não for feito, a contribuinte estará na injusta posição de ter pago indevidamente tributos sobre depósitos bancários, e ter deixado de pagar tributos sobre sua receita contratual. A recorrente informa que não questionará o arbitramento dos lucros por falta de escrituração dos registros bancários, apenas observando que não foi um erro intencional e que julgou ter cumprido adequadamente com suas obrigações ao tributar os valores recebidos do exterior, pois, em sua percepção, a conta bancária junto ao Banco Sol em Angola funcionava apenas como canal necessário para remeter os recursos ao Brasil, visto que o cliente MPLA não se dispôs a executar a transferência internacional por si mesmo. Na sequência, assim descreve o modo como pagou seus tributos sobre os depósitos bancários, reportandose aos recolhimentos de fls. 1891/1919: Fl. 2443DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 12 11 Defende a admissibilidade do DARF código 1708 de IRPJ, esclarecendo que as agências de publicidade devem recolher IRRF à alíquota de 1,5% sobre suas receitas. Tratase de hipótese de autorretenção, ou seja, a contribuinte e não a fonte pagadora recolhe o IRRF. Ao final do ano, a contribuinte envia os DARFs para a fonte, para que esta os informem em sua DIRF. Contudo, a contribuinte não tem como obrigar que a fonte preencha a DIRF adequadamente. É absurdo obrigar a contribuinte a pagar o IRRF em autorretenção, e só permitir seu uso se a fonte informar isso em sua DIRF. Os comprovantes de arrecadação estão juntados aos autos e é obrigação da Secretaria da Receita Federal do Brasil reconhecer os próprios comprovantes de arrecadação. Descreve as receitas que ensejaram o recolhimento do IRRF, observa que elas estão listadas no Anexo 01 do TVF, foram repetidas no lançamento e que os comprovantes de arrecadação constam dos autos. Neste contexto, afirma absurda a desconsideração do pagamento. Aplaude a exclusão da responsabilidade dos sócios porque a vontade da sociedade e seus sócios sempre foi a de tributar os valores recebidos do MPLA, a despeito dos equívocos verificados. E, pleiteando ajustes dos efeitos da decisão a seus próprios fundamentos, defende que a exoneração de R$ 1.440.272,55 (IRPJ) e de R$ 217.187,03 (CSLL) seja elevada para R$ 5.376.681,10 (IRPJ) e R$ 1.614.804,35 (CSLL), acrescidos de juros e multa reflexos. Isto porque os valores exonerados correspondem aos tributos apurados em face do depósito de R$ 34.169.807,12, desconsiderando outros efeitos decorrentes da tributação do lucro arbitrado, quais sejam: (i) a dedução de R$ 1.834.028,92 deve ficar livre para ser imputada a outros débitos; e (ii) a dedução de R$ 60.000,00 por trimestre da base de cálculo do adicional de 10% do IRPJ imputada ao depósito bancário deve ficar livre para ser imputada negativamente às demais receitas que competem ao 4º Trimestre de 2012. Com estes efeitos, a exoneração seria elevada para R$ 3.280.301,48 (IRPJ) e R$ 984.090,45 (CSLL). Quanto à exoneração correspondente ao depósito de R$ 21.899.788,42, a contribuinte relata os cálculos promovidos, destaca que a decisão é também a ele aplicável, mas ressalva que: 71. Concluise, portanto, que o crédito tributário e todos seus efeitos devem ser anulados. A Decisão da DRJ, contudo, foi explícita apenas em exonerar a parte do crédito tributário em aberto. Olvidouse, contudo, que a cobrança em aberto só não foi Fl. 2444DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 13 12 maior pois a Autoridade Fiscal a diminuiu por valores pagos pelo contribuinte. Isso é visto na parte “deduções” dos Autos de Infração. Ora, se a cobrança deve ser anulada, os créditos usados para pagar a exigência indevida devem ser devolvidos ao contribuinte, para que ele então possa imputálos à cobrança adequada! Expõe os passos para a correta exoneração da cobrança decidida pela DRJ, concernentes a (1) anular as cobranças sobre os depósitos bancários, (2) anular os efeitos da postergação tal como formulado pelo d. Auditor Fiscal, (3) reconhecer efeitos da postergação de modo adequado à Decisão da DRJ, (4) apurar o saldo a pagar, concluindo que o montante devido seguindo os fundamentos da Decisão da DRJ são, em valores principais, R$ 1.697.080,77 (IRPJ) e R$ 114.577,76 (CSLL). Sob o entendimento de que o trabalho que cabe às Autoridades Julgadoras está muito longe da ordem simplista formulada pela DRJ para se exonerar o crédito tributário de IRPJ de R$ 1.440.272,55 e o correspondente de CSLL, a contribuinte finaliza o recurso voluntário pleiteando: 1. A anulação do lançamento tributário, visto que há inexatidão irremediável na constituição do crédito tributário, consoante dispõe o CTN, arts. 142, art. 149, V. 2. Caso esse pedido não seja acolhido, pede que os fundamentos jurídicos da DRJ sejam acolhidos, mas que a quantificação do crédito tributário dele resultante se dê conforme exposto acima. Na sequência, para a hipótese de os Conselheiros decidirem reformar a Decisão da DRJ e acolherem o Recurso de Ofício, requer sejam conhecidas e providas as contrarrazões ao recurso de ofício, ao final assim sintetizadas: 192. Em vista do exposto a contribuinte pede que o lançamento seja anulado de modo que seu lucro seja arbitrado com base na receita bruta não conhecida, consoante os parâmetros de arbitramento específicos para essa situação. 193. Caso assim não se decida, pede então o seguinte: 1. Pede seja reconhecido que os valores dos depósitos bancários têm origem nas receitas contratuais com o MPLA, de modo que apenas os valores dos contratos sejam tributados, rechaçandose, pois, a cobrança com base nos depósitos bancários. 2. Também pede seja rechaçada a cobrança de tributos sobre os depósitos bancários, por não ser aplicável a presunção de omissão de receitas nos termos da Lei nº 9.430/1996, art. 42, dado que a contribuinte não omitiu tais valores de sua contabilidade, consoante proclamado na Decisão da DRJ. 3. Pede que os pagamentos de tributos com base nos depósitos bancários sejam aproveitados para pagamento da cobrança com base nas receitas contratuais. 4. Como resultado do cancelamento de tributos pedido, pede sejam cancelados os juros e multas deles decorrentes. 5. Em se acolhendo os pedidos acima pedese que a quantificação dos créditos tributários se dê em consonância com o exposto no Recurso Voluntário. 6. Pede seja rechaçada a multa de 150% que lhe é cobrada, restabelecendose a multa padrão de 75%, dado que as receitas contratuais com o MPLA foram devidamente Fl. 2445DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 14 13 registradas no momento em que a contribuinte contabilizou o recebimento desses contratos. 7. Caso assim não se entenda, pede então que a multa de 150% seja limitada a 100%, consoante precedente do STF e Regimento Interno do CARF, art. 62. 8. Pede seja declarado que não houve sonegação, fraude ou conluio e então extinta a Representação Fiscal para Fins Penais. Os responsáveis tributários João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura, depois de restar improfícuas as tentativas de ciência por via postal (fls. 2074/2075), foram cientificados da decisão de 1ª instância por editais desafixados em 22/11/2017 (fls. 2373/2374) e interpuseram recursos voluntário e contrarrazões ao recurso de ofício em 20/11/2018 (fls. 2205/2287 e 2290/2372), de idêntico teor. Em 30/07/2018 juntaram aos autos a procuração de seus patronos (fls. 2420/2425 e 2428/2433). As razões de recurso voluntário apresentadas pelos responsáveis tributários são as mesmas deduzidas pela contribuinte. Já nas contrarrazões ao recurso de ofício, além se suscitar os mesmos pontos apresentados pela contribuinte, os responsáveis questionam a imputação que lhes foi dirigida por inexistir no processo qualquer indicação de condutas ilícitas que tenham sido por ele praticadas, ou seja, porque a acusação decorreria do mero fato destes serem sócios administradores e representantes da Pólis. Discorrem sobre os requisitos expressos no art. 135, III do CTN e sobre a jurisprudência acerca do tema, observando que a própria DRJ, analisando o conjunto probatório, chegou à conclusão, à fl. 2058, de que o não oferecimento das receitas à tributação pela Pólis "não implica os impugnantes tenham agido, relativamente à omissão, com excesso de poderes ou infração de lei, nos termos do inciso III do art. 135 do CTN." Discordam da possibilidade de o mero fato de ser sócio de uma sociedade, ainda que inadimplente, implique na responsabilização pessoal, e defendem que a específica e precisa subsunção para conduta do tipo legal é mais do que fundamental, o que não aconteceu no presente caso. Acrescentam que o requisito de vinculação da obrigação jurídicotributária ao ato ilícito não tributário decorre do fato de que do ato ilícito não tributário deve nascer uma obrigação jurídica tributária, consoante se deduz dos arts. 128 e 135 do CTN. Transcrevem doutrina e jurisprudência administrativa, concluem que o terceiro (sócio, acionista ou administrador) que apenas age contrariando a lei, o mandato, o contrato social ou o estatuto e que desse agir surja uma obrigação jurídicotributária, tornase o responsável pelos tributos decorrentes da infração pratica, mas somente nesta hipótese, que não foi demonstrada nestes autos. Quanto à imputação com base no art. 124, I do CTN, argumentam que nesta hipótese é exigido que os solidários participem do fato jurídico tributário, isto é, que sejam contribuintes. Entendem evidente a ausência de critérios objetivos para qualquer forma de responsabilização, ainda mais pautandose no referido dispositivo legal, visto que os sócios não praticaram qualquer ato em nome ou em benefício próprio. Citam doutrina e destacam que a DRJ reconheceu que a imputação da responsabilidade foi indevida, especialmente na forma do art. 124 do CTN, esclarecendo que "o inciso I do art. 124 do CTN com efeito não diz com a responsabilização dos sócios de direito". Fl. 2446DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 15 14 Pedem, assim, que a decisão da DRJ seja mantida em relação à não responsabilização dos sócios pelo crédito tributário. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso voluntário e razões ao recurso de ofício (fls. 2380/2415). Com referência ao recurso voluntário, inicialmente destaca excertos da acusação fiscal que fundamentam a conclusão no sentido de que os valores previstos nos contratos 01/2012 e 02/2012 não correspondem aos montantes depositados na conta bancária de titularidade da contribuinte junto ao Bradesco. Destacando o comportamento da contribuinte durante o procedimento fiscal, assevera que ao deixar de apresentar os documentos solicitados pela autoridade fiscal, a contribuinte fez surgir dúvidas sobre a confiabilidade de seus registros contábeis e isso trouxe duas consequências: primeiro, a Fiscalização concluiu, acertadamente, que os valores previstos nos Contratos 01/2012 e 02/2012, não poderiam ser associados aos depósitos na conta de titularidade da contribuinte no Banco Bradesco – por falta de comprovação documental; segundo, a Fiscalização adotou o lucro arbitrado para realizar o lançamento, por entender que a contabilidade da contribuinte seria imprestável para identificar sua movimentação financeira, inclusive bancária. Nesse ponto, cumpre destacar que a contribuinte, em seu Recurso Voluntário, afirma que não questionará o arbitramento do lucro, reconhecendo que houve problemas em sua contabilidade (fl. 2226), o que reforça a percepção de que as conclusões da autoridade fiscal foram acertadas. Acrescenta que a contribuinte não apresentou extrato bancário ou documento que demonstrasse o fluxo financeiro da conta bancária mantida no Banco Sol, observando tratarse de mais um fato que corrobora a convicção da autoridade fiscal no sentido de que não é possível vincular os valores previstos nos Contratos 01/2012 e 02/2012 aos depósitos na conta da contribuinte no Banco Bradesco. Com efeito, se o principal argumento de defesa da contribuinte é que houve tributação em duplicidade dos mesmos recursos – sobre os pagamentos referentes aos Contratos 01/2012 e 02/2012 e sobre os valores depositados no Banco Bradesco –, caberia a ela demonstrar o equívoco cometido pela Fiscalização. Expondo o que entende ser a correta interpretação da decisão da DRJ, dado que a contribuinte tenta fazer parecer que a DRJ teria reconhecido a vinculação entre os Contratos 01/2012 e 02/2012 e os depósitos na conta corrente de sua titularidade no Banco Bradesco, a Procuradoria da Fazenda Nacional opõese à pretensão da contribuinte de que não haveria mais razão para se falar em postergação do lançamento, visto que a postergação foi reconhecida para a tributação das receitas dos depósitos bancários e, na visão da contribuinte, a DRJ exonerou essa parte do lançamento por ter admitido que deveria ser tributada apenas a receita advinda dos contratos. Daí o motivo para a recorrente alegar que devem cessar os efeitos da postergação, e assim pretender a imputação do IRPJ e da CSLL recolhidos em virtude das receitas dos depósitos bancários ao crédito exigido em decorrência da omissão de receitas de serviços prestados no exterior. Destacando a omissão, no recurso voluntário da transcrição do parágrafo 31 da decisão de 1ª instância, bem como de parte do parágrafo 32, firma o entendimento de que a decisão proferida pela turma julgadora de primeira instância é bastante clara: deve ser separar a acusação fiscal de omissão de receitas de serviços prestados no exterior e a acusação fiscal relativa a omissão de receitas por depósitos bancários de origem não comprovada. No tocante à primeira acusação fiscal, a premissa para manter a autuação de omissão de receitas de serviço no exterior é desvincular os depósitos bancários, na conta Fl. 2447DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 16 15 perante o Bradesco, dos valores previstos nos Contratos 01/2012 e 02/2012. Esse entendimento está expresso no parágrafo 32 da decisão da DRJ, quando o relator afirma que as contraposições da defesa “não merecem assentimento”. Ora, essas “contraposições da defesa” mencionadas no parágrafo 32 remetem ao parágrafo 31, no qual o relator do acórdão recorrido esclarece que as “contraposições” consistem na tese da contribuinte no sentido de que os depósitos na conta junto ao Banco Bradesco seriam decorrentes dos pagamentos previstos nos contratos firmados em Angola. Demonstrando que a DRJ apreciou especificamente a questão probatória referente à omissão de receitas de serviços prestados no exterior, a Procuradoria da Fazenda Nacional conclui que não há dúvidas de que a turma julgadora de primeira instância endossou a premissa inicial adotada pela Fiscalização, no sentido de que não restou comprovada a correlação entre os Contratos firmados em Angola e os depósitos bancários na conta da contribuinte junto ao Bradesco. Quanto ao segundo depósito bancário, ressalta que a DRJ não se manifestou, em nenhum momento, da forma indicada pela contribuinte, ou seja, no sentido de que haveria correspondência entre os depósitos bancários no Banco Bradesco e os pagamentos referentes aos contratos de prestação de serviço firmados em Angola. Essa premissa é fundamental para compreender a manutenção da autuação relativa a omissão de receitas de serviços prestados no exterior e a exoneração do crédito tributário referente aos depósitos bancários de origem não comprovada. Com efeito, ainda que os valores na conta junto ao Banco Bradesco tenham sido oferecidos à tributação, isso não afeta o lançamento de omissão de receitas de serviços prestados no exterior. Isso porque, não havendo vinculação entre os depósitos e os Contratos 01/2012 e 02/2012, caberia à contribuinte demonstrar que as quantias a que teria direito, em virtude destes contratos, foram oferecidos à tributação. Como não houve comprovação de que houve a pertinente tributação, foi correto o entendimento da DRJ em manter o lançamento nessa parte. Na sequência, frisando que a autoridade fiscal reconheceu a postergação apenas quanto ao lançamento decorrente de omissão de receitas por depósitos bancários de origem não comprovada, assevera que não há discussão sobre regime de caixa ou competência em relação ao lançamento de omissão de receitas de serviço prestado no exterior. A questão do reconhecimento das receitas em período distinto do que deveria ter sido feito (postergação) foi específico para o caso dos depósitos bancários de origem não comprovada. A contribuinte pretenderia causar confusão sobre o conteúdo da acusação fiscal com o propósito de atribuir a postergação reconhecida pela autoridade fiscal para o lançamento referente aos depósitos bancários de origem não comprovada para o lançamento relativos aos pagamentos advindos dos Contratos 01/2012 e 02/2012. Em seu entendimento, porém, essa pretensão da contribuinte parte da equivocada premissa de que a DRJ teria reconhecido a correlação entre os pagamentos decorrentes dos Contratos 01/2012 e 02/2012 e os depósitos na conta junto ao Banco Bradesco. Ocorre que, admitindose que foi indevida a exigência de IRPJ e CSLL por omissão de receitas de depósitos bancários de origem não comprovada, isso não significa que os pagamentos feitos pela contribuinte foram indevidos. Essa tese da recorrente não faz sentido. Defende que: O raciocínio desenvolvido pela recorrente se mostra confuso ou propositadamente voltado para confundir. A exoneração de IRPJ e CSLL concedida pela DRJ não gera direito a crédito compensáveis com o lançamento referente à omissão de receitas por Fl. 2448DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 17 16 serviços prestados no exterior. Primeiro porque a DRJ não atestou a existência de pagamentos indevidos, mas reconheceu que tais pagamentos seriam incompatíveis com o lançamento de IRPJ e CSLL com fundamento no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996. Em segundo lugar, há duas bases de incidência para o lançamento: omissão de receitas referentes a depósitos bancários de origem não comprovada e omissão de receitas por serviços prestados no exterior. Assim, mesmo que se entenda que o lançamento relativo aos depósitos bancários é indevida, isso não contamina o crédito tributário referente à omissão de receitas por serviços prestados no exterior. Portanto, todo o recálculo do lançamento, realizado pela contribuinte em seu Recurso Voluntário está fundamentado em uma interpretação equivocada tanto do lançamento quanto da decisão proferida pela DRJ, razão pela qual deve ser rechaçado. Por fim, importante salientar que não houve injusta tributação em duplicidade das mesmas receitas. Conforme explicado anteriormente, as receitas referentes aos depósitos bancários devem ser tributadas por terem composto a receita bruta da contribuinte nos períodos fiscalizados. Por seu turno, como não restou comprovada a correlação entre depósitos bancários no Banco Bradesco e os valores dos Contratos firmados em Angola, temse que não há provas sobre a tributação das receitas advindas dos aludidos contratos o que justifica o lançamento de IRPJ e CSLL por omissão de receitas. Para aceitar como válida a alegação da contribuinte, no sentido de que estaria sendo tributada a mesma receita duas vezes, terseia que acatar a sua premissa de que os valores depositados no Banco Bradesco têm como origem os Contratos 01/2012 e 02/2012. O problema é que não há prova dessa correlação, segundo o entendimento da Fiscalização e da DRJ. Além disso, novamente, cabe enfatizar que a exoneração do lançamento de omissão de receitas de depósitos bancário de origem não comprovada não afeta o crédito tributário referente às receitas omitidas em razão de serviços prestados no exterior. Diante de todo o exposto, mostrase que foi correto o entendimento da Fiscalização, confirmado pela DRJ, no sentido de que houve omissão de receitas relativas a serviços prestados no exterior. Registrando que são incontroversas a omissão de receitas financeiras e o cabimento do arbitramento, a Procuradoria da Fazenda Nacional também anota a ausência de questionamento acerca da opção da contribuinte pelo lucro presumido. Passando às razões do recurso de ofício, a Procuradoria da Fazenda Nacional defende o restabelecimento da multa qualificada, vez que a autoridade fiscal não fundamentou a qualificação da multa apenas pelo fato de ter havido omissão de receitas por serviços prestados no exterior. Com efeito, a Fiscalização apresentou, no Termo de Verificação Fiscal, outros elementos para qualificar a multa e responsabilizar pessoalmente os sócios. O primeiro elemento a ser destacado é a ausência de declaração da conta bancária de titularidade da contribuinte, mantida no Banco Sol, em Angola. Ao omitir a existência dessa conta bancária, a contribuinte conseguiu movimentar enormes quantias de dinheiro, no exterior, sem informar às autoridades brasileiras. Percebam, Srs. Conselheiros, que a informação sobre as contas no exterior não é de interesse apenas da Receita Federal do Brasil, para fins de lançamento de tributos. Com efeito, há a necessidade de prestar tais informações para que entidades como o BACEN, COAF e Polícia Federal possam atuar no controle de atividades financeiras e, igualmente, no combate e repressão a crimes, como o de lavagem de dinheiro e corrupção. Não é por acaso que o lançamento de omissão de receitas discutido no presente processo administrativo está associado a condutas reputadas ilícitas (crimes), as quais estão sendo Fl. 2449DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 18 17 investigadas pela Polícia Federal e são objeto de processos criminais no âmbito da Justiça Federal. Observa que a escolha por ocultar a existência da conta bancária em Angola já seria motivo suficiente para reconhecer a conduta dolosa da contribuinte, cujo objetivo era manter longe do conhecimento das autoridades brasileiras as transações realizadas no exterior, e acrescenta a constatação de falta de emissão de nota fiscal, relativa à prestação de serviço no exterior, ressaltando que mesmo admitindose válida a justificativa de que a não emissão decorreria da imunidade para as receitas decorrentes da exportação de serviços, o fato é que não há qualquer documento comercial atestando a regularidade da prestação de serviços em Angola. Ainda em suas palavras: Somese a isso os depoimentos prestados pelos sócios da contribuinte, o Sr. João Santana e a Sra. Mônica Moura, nos quais relatavam que receberam US$ 50 milhões pela prestação de serviço em Angola, mas somente registraram US$ 30 milhões. Os US$ 20 milhões restantes, conforme expressamente confessado pelos sócios da contribuinte, foram acertados por meio de “contratos de gaveta” e, portanto, não contabilizados nos livros contábeis e fiscais da contribuinte. Segundo a autoridade fiscal, tratase de forte indício de que houve sonegação fiscal de outros valores auferidos no exterior. Em que pese os US$ 20 milhões não serem objeto de exigência fiscal no presente processo administrativo, o fato é que realizar “contratos de gaveta” e não declarar o montante total contratado no exterior permite qualificar o comportamento da contribuinte como ilícito e voltado para práticas de sonegação fiscal. Ademais, considerando as diversas autuações fiscais existentes contra a contribuinte – as quais foram, inclusive, citadas pela recorrente em sua peça recursal (fls. 22532256) –, há que se concordar com a autoridade fazendária, quando afirma que “os sócios da pessoa jurídica fiscalizada, possuem ‘modus operandis’ em omitir informações das autoridades tributárias” (fl. 102). Com isso não se está pretendendo que a multa seja qualificada pela conduta da contribuinte e seus sócios analisadas em outros processos, mas apenas demonstrando que a ocultação de receitas examinada neste processo administrativo faz parte de um contexto, o qual evidencia a intenção consciente da contribuinte e seus sócios de omitir rendimentos auferidos no exterior. Implica dizer que a não contabilização da conta no Banco Sol, a falta de emissão de notas fiscais, os indícios de outros contratos não entregues à Fiscalização compõem um conjunto probatório que torna inquestionável a intenção da contribuinte de realizar sonegação fiscal. Nesse ponto, importante esclarecer que a alegação da recorrente, no sentido de que o Sr. João Santana e a Sra. Monica Moura foram absolvidos do crime de corrupção, no processo criminal que tramita na Justiça Federal, não afasta a existência do crime de sonegação fiscal. Aliás, pelo que consta dos depoimentos dos sócios da contribuinte, o crime de sonegação fiscal foi confessado no âmbito do processo criminal, o que explica o envio dos dados colhidos naquele processo para a Secretaria da Receita Federal, a fim de que este órgão pudesse apurar as fraudes fiscais e realizar os pertinentes lançamentos. Além do restabelecimento da multa qualificada, a Procuradoria da Fazenda Nacional também defende a imputação de responsabilidade aos sócios, mormente com base no art. 135, III do CTN, considerando especialmente a infração à lei que regulamenta o controle de atividades financeiras exercidas no exterior, consoante assim exposto: Fl. 2450DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 19 18 A leitura dos dispositivos acima transcritos escancara o desrespeito que a contribuinte e seus sócios tiveram pelo regime jurídico de controle de recursos em moeda estrangeira mantidos no exterior. Em primeiro lugar, cumpre destacar a regra prevista no § 2º do art. 1º da IN SRF nº 726, de 2007, a qual determina que a pessoa jurídica deverá manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, para evidenciar, destacadamente, os respectivos saldos e suas movimentações, independentemente do regime de apuração do imposto de renda adotado. Além de a contribuinte não ter registrado contabilmente a conta perante o Banco Sol e não ter transcrito ao Diário as movimentações relativas a esta conta bancária, convém lembrar que o Sr. João Santana confessou a existência de “contratos de gaveta”. Implica dizer que a contribuinte e seus sócios participaram de negociações no exterior totalmente à margem da contabilidade e do padrão esperado para operações lícitas e em conformidade com a legislação comercial e fiscal. Ademais, cabe notar que a declaração prevista no art. 8º da Lei nº 11.371, de 2006, foi regulamentada especificamente nos art. 5º, 6º e 7º da mencionada IN SRF, da seguinte forma: (a) o art. 5º reafirmou a obrigatoriedade da Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex); (b) o art. 6º exigiu que fossem inseridas na DEREX as informações sobre “a origem e utilização dos recursos relativos ao recebimento de exportações não ingressadas no Brasil”; e (c) o art. 7º determinou que a discriminação dos recursos fosse segregada por instituição financeira, devendo haver a identificação das contas bancárias e os respectivos procuradores, representantes ou agentes no exterior, responsáveis pela sua movimentação. Novamente, ressaltase que nada disso foi observado pela contribuinte e seus sócios, tendo em vista que a conta no Banco Sol (Angola) e a respetiva movimentação de recursos não foram declaradas ao Fisco. Aliás, não houve maiores esclarecimentos sobre a movimentação de recursos na referida conta bancária, seja por meio da DEREX ou nas respostas aos Termos de Intimação Fiscal emitidas pela autoridade fazendária. Isso deixa claro a postura da contribuinte e seus sócios de se limitarem a fornecer o mínimo de informações possível sobre as operações realizadas no exterior, o que reforça a convicção sobre a conduta de sonegação fiscal – que motivou a qualificação da multa. Destacando que a informação sobre as contas no exterior não é de interesse apenas da Receita Federal do Brasil, para fins de lançamento de tributos, dado que tais informações são fundamentais para que entidades, como COAF, possam atuar no controle de atividades financeiras e, igualmente, no combate e repressão a crimes, como o de lavagem de dinheiro e corrupção, questiona: Nessa perspectiva, a prerrogativa de solicitar informações bancárias e financeiras, conferida ao COAF, restaria esvaziada se não houvesse qualquer tipo de responsabilização para os sócios das pessoas jurídicas que, simplesmente, se “esquecem” de declarar valores mantidos no exterior. Reparem, Srs. Conselheiros, que a conduta dos sócios da contribuinte, o Sr. João Santana e a Sra. Mônica Moura, não se restringiu a deixar de contabilizar, no Livro Diário, a conta mantida no Banco Sol. Com efeito, há uma série de normas legais e infralegais que deixaram de ser cumpridas pelos referidos sócios. E qual teria sido o objetivo dos sócios ao desconsiderar normas de amplo conhecimento? Considerando o volume dos recursos movimentados no exterior, seria escusável o “esquecimento” dos sócios, Sr. João Santana e Sra. Mônica Moura, na qualidade de diretores da contribuinte? Claramente, a conduta dos sócios da contribuinte não constituiu mero “esquecimento”, ainda mais quando se considera o “modus operandi” ao qual faz referência a Fl. 2451DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 20 19 autoridade fiscal. As diversas autuações fiscais que recaem sobre o Sr. João Santana e a Sra. Mônica Moura evidenciam que, na qualidade de diretores da contribuinte – e de outras pessoas jurídicas pertencentes aos dois –, o Sr. João Santana e a Sra. Mônica Moura optaram por deliberadamente descumprir as normas contábeis, financeiras, fiscais e, inclusive, criminais. Finaliza, assim, também pleiteando a reforma da decisão proferida pela DRJ, na parte em que resolveu retirar a responsabilidade pessoal dos sócios, o Sr. João Santana e a Sra. Mônica Moura, vez que demonstrada a existência de ato praticados com infração à lei – várias normas, é bom frisar –, o que configura hipótese de responsabilidade pessoal dos sócios com poderes de direção, nos termos do inciso III do art. 135 do CTN. VOTO Conselheira Edeli Pereira Bessa Relatora As exigências veiculadas nestes autos correspondem a IRPJ e CSLL devidos nos anoscalendário 2012 e 2013, apurados mediante arbitramento dos lucros, vez que no ano calendário 2012 a escrituração do sujeito passivo apresentava vícios, erros ou deficiências que a tornavam imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária em especial a omissão acerca de conta bancária mantida no exterior , ao passo que no ano calendário 2013 o sujeito passivo optara indevidamente pelo lucro presumido, apesar de estar obrigado ao lucro real em razão de ter auferido receitas superiores a R$ 48.000.000,00 no ano calendário 2012. Os recorrentes não contestam o arbitramento dos lucros. O lucro tributável foi determinado tendo em conta as seguintes receitas: · Receita bruta na prestação de serviços em geral Mercado interno, demonstrada no Anexo 01 ao Termo de Verificação Fiscal, e submetida ao coeficiente de 38,4%; · Receitas de aplicações financeiras de renda fixa demonstradas no Anexo 02 ao Termo de Verificação Fiscal, adicionadas ao lucro arbitrado com a dedução do correspondente imposto de renda retido na fonte; · Omissão de receita presumida a partir de depósitos bancários de origem não comprovada verificados em 13/11/2012 (R$ 34.169.807,12) e 02/10/2013 (R$ 21.899.788,42), especialmente porque a contribuinte deixou de apresentar provas de que tais recursos teriam advindo da conta corrente mantida no Banco Sol em Angola, e também considerando a prática de omitir informações das autoridades tributárias e os indícios constatados de que existiriam outros contratos celebrados e não apresentados à Fiscalização. Foram descontados os efeitos da postergação do reconhecimento do crédito de R$ 34.169.807,12, pertinente ao 4º trimestre de 2012, para a apuração dos tributos devidos no 4º trimestre de 2013; e Fl. 2452DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 21 20 · Omissão de receitas da atividade, decorrentes de prestação de serviços no mercado externo (Angola), demonstradas no Anexo 03 ao Termo de Verificação Fiscal, correspondentes aos Contratos 1/2012 e 2/2012, nas datas e valores neles fixados, desconsideradas as ordens de pagamento oriundas do cliente porque não autenticadas pela Embaixada do Brasil em Angola, e observandose que notas fiscais correspondentes a tais serviços foram emitidas e canceladas, sem posterior nova emissão. Esclareçase que embora a autoridade lançadora indique, no Termo de Verificação Fiscal, que a receita bruta na prestação de serviços em geral auferida no mercado interno estaria demonstrada nos Anexos 01 e 02 ao Termo de Verificação Fiscal, as informações referentes aos anoscalendário 2012 e 2013 foram consignadas apenas no Anexo 01. Em consequência, as receitas de aplicações financeiras de renda fixa restaram demonstradas no Anexo 02, e não no Anexo 03, como descrito no Termo de Verificação Fiscal. O Anexo 03 ao Termo de Verificação Fiscal, por sua vez, evidencia os cálculos de conversão para reais das receitas de prestação de serviços no exterior omitidas pela contribuinte. Os recorrentes manifestam concordância com as receitas tributáveis apontadas nos Anexos 1 (Demonstrativo Receita Bruta Conhecida Ano 2012, Ano 2013) e 2 (Demonstrativo de Aplicações Financeiras e Imposto de Renda Retido na Fonte). Considerando que não está sendo questionada a tributação na sistemática do lucro arbitrado, e também tendo em conta que estas exigências não se sujeitaram a multa de ofício qualificada, os créditos tributários correspondentes restariam definitivamente constituídos, não fosse pelo requerimento do sujeito passivo de que fossem deduzidas as retenções na fonte recolhidas pela contribuinte, na condição de agência de propaganda e publicidade. A autoridade julgadora de 1ª instância indeferiu tal pedido sob seguintes fundamentos a seguir reproduzidos, com ajuste na numeração das notas de rodapé: Da Dedução de IRRF 43. Consoante a impugnação, não teria sido deduzida no lançamento a totalidade dos tributos pagos pela empresa nos anos objeto da autuação (vide quadros das fls. 1476 e 1477). A fiscalização teria desconsiderado por completo o "IRRF pago sob o código 1708" e não teria levado em conta "o regime jurídicotributário peculiar à impugnante, uma agência de publicidade11" 44. Não há acordar com a defesa. Depreendese dos quadros das fls. 1476 e 1477, a sua pretensão é para que se considere a correção do pagamento do imposto e da contribuição, relativa aos depósitos bancários, no quarto trimestre do anocalendário de 2013, e se deduza o IRRF consubstanciado nos DARFs das fls. 1557 a 1561. 11 Termo de Verificação Fiscal, fl. 76: 6. Da análise das Notas Fiscais e Livro Razão n° 09 de 2012, quanto ao faturamento da pessoa jurídica, verificou se a necessidade de esclarecimentos relativos: a) cancelamentos de Notas Fiscais de valores elevados relacionadas a prestação de serviços em Angola de mesmo tomador: MPLA – Partido Político Movimento Popular Libertação de Angola; b) crédito em conta corrente no Banco Bradesco – Agência 22101 – conta 22.6726 no valor de R$ 34.169.807,12 contabilizado no dia 13/11/2012 a título de adiantamento de prestação de serviço em Angola, conforme pág. 55 do Livro Razão n° 09 e c) esclarecimentos sobre a DIRF 2012 onde o contribuinte aparece como declarante e beneficiário dos mesmos fatos informados. Observase ainda das Notas Fiscais apresentadas que todo o faturamento no Brasil no ano 2012 tem como tomadores de serviços o Partido dos Trabalhadores – PT, Eleição 2012 – Comitê Financeiro SP Único PT e Eleição 2012 Fernando Haddad Prefeito. Fl. 2453DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 22 21 45. Como visto, a tributação dos depósitos bancários restou indevida, de sorte que o adstrito questionamento fica sem sentido. Quanto ao IRRF, não há atrelar os valores dos sobreditos DARFs às receitas da prestação de serviços internos descritas nos anexos das fls. 111 e 112; ou melhor, não se trouxe à colação nenhum elemento a comprovar a retenção teria se dado em face do auferimento das receitas especificadas nos anexos, condição sine qua non à sua dedutibilidade. 46. As agências de propaganda e publicidade, consoante art. 3º da IN SRF nº 123, de 20 de novembro de 199212, com efeito devem recolher o imposto por ordem e conta do anunciante. O recolhimento deve se dar até o último dia útil do 1º (primeiro) decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores (alínea do inciso I do art. 70 da Lei nº 11.196, de 2005), sob o código 8045. 47. Depois do recolhimento, devese fornecer ao anunciante, até 31 de janeiro de cada ano, documento comprobatório com indicação do valor do rendimento e do imposto de renda recolhido, relativo ao anocalendário anterior. As informações prestadas devem ser discriminadas na Declaração de Imposto de Renda na Fonte (Dirf) anual do anunciante. 13 48. Não se há fiar no alegado erro de preenchimento da DIRF, em que a interessada aparece como tomadora e beneficiária dos serviços ao mesmo tempo, para pressupor os pagamentos, sob o código 1708, se deram em face das receitas especificadas nos anexos. 49. De mais a mais, o pleito da interessada admitindose houvera erro no código dos DARFs apresentados, o que se faz para levar a cabo o argumento não prescinde da confecção de Redarf, cuja admissibilidade segue rito próprio, previsto na IN SRF nº 672, de 30 de agosto de 2006. Consta dos recursos voluntários o mesmo quadro demonstrativo apresentado em impugnação: 12 Art. 3o O imposto deverá ser recolhido pelas agências de propaganda, por ordem e conta do anunciante, até o décimo dia da quinzena subseqüente à da ocorrência do fato gerador. 13 Instrução Normativa SRF nº 577, de 2005: Art. 15. Os rendimentos e o respectivo imposto de renda na fonte devem ser informados na Dirf: (...) II do anunciante que tenha pago a agências de propaganda importâncias relativas à prestação de serviços de propaganda e publicidade. Art. 16. As pessoas jurídicas que tenham recebido as importâncias de que trata o art. 15 devem fornecer às pessoas jurídicas que as tenham pago, até 31 de janeiro do ano subseqüente àquele a que se referir a Dirf, documento comprobatório com indicação do valor das importâncias pagas e do respectivo imposto de renda recolhido, relativos ao anocalendário anterior. Fl. 2454DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 23 22 Embora mencionem que esta demonstração se refere aos tributos pagos sobre depósitos bancários, os recorrentes, mais à frente, asseveram que as receitas que ensejaram os recolhimentos do IRRF estão listadas no Anexo 01 do Termo de Verificação Fiscal e integram o lançamento. Observando que os comprovantes de arrecadação constam dos autos, e que é obrigação da Receita Federal do Brasil reconhecêlos, os recorrentes esclarecem que as agências de publicidade devem recolher IRRF à alíquota de 1,5% sobre suas receitas. Tratase de hipótese de autorretenção, ou seja, a contribuinte e não a fonte pagadora recolhe o IRRF. Ao final do ano, a contribuinte envia os DARFs para a fonte, para que esta os informem em sua DIRF. Contudo, a contribuinte não tem como obrigar que a fonte preencha a DIRF adequadamente. É absurdo obrigar a contribuinte a pagar o IRRF em autorretenção, e só permitir seu uso se a fonte informar isso em sua DIRF. O exame da DIPJ originalmente apresentada para o anocalendário 2012 evidencia que apenas retenções de R$ 6.000,00 foram deduzidas no 1º trimestre/2012 (fls. 1327/1350). Já no lançamento, embora promovendo o arbitramento dos lucros a partir das receitas declaradas no 1º trimestre/2012, no valor de R$ 400.000,00, a autoridade lançadora admitiu como dedução, apenas, o IRPJ a pagar de R$ 20.000,00 (apurado depois da dedução de R$ 6.000,00 em face do IRPJ reconhecido como devido de R$ 26.000,00), acrescido do IRRF sobre os rendimentos de aplicações financeiras, demonstrados no Anexo 02 do Termo de Verificação Fiscal, no total de R$ 792,29 para o 1º trimestre de 2012. Já com referência ao 2º e 3º trimestres de 2012, embora a contribuinte não os tenha deduzido na apuração original do IRPJ devido, observase que todos os DARF de fls. 1557/1561, juntados à impugnação, apresentam as mesmas características e seus valores guardam correspondência com o esperado em razão da aplicação de 1,5% sobre as receitas declaradas no período. De fato, o recolhimento de R$ 6.000,00 corresponde a 1,5% da receita declarada no 1º trimestre de 2012 (R$ 400.000,00) e os recolhimentos do 3º trimestre de 2012, que totalizam R$ 75.000,00, correspondem a 1,5% da receita declarada de R$ 5.000.000,00. Apenas o recolhimento de R$ 2.250,00, no 2º trimestre de 2012, não guarda exata correspondência, mas ainda assim não supera o que seria esperado em razão da receita declarada de R$ 300.000,00. Neste contexto, é possível que os recolhimentos em questão se refiram, de fato, a retenções recolhidas pela agência de publicidade, razão pela qual o presente voto é no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência para que se verifique junto à escrituração do Fl. 2455DF CARF MF Processo nº 10580.721823/201707 Resolução nº 1402000.856 S1C4T2 Fl. 24 23 sujeito passivo se, de fato, não há outros débitos que poderiam justificar o recolhimento sob o código 1708, ou outras evidências que não permitam admitir tais recolhimentos como retenções passíveis de dedução nos três primeiros trimestres de 2012, atestando, também, a disponibilidade de tais recolhimentos junto aos sistemas de controle da Receita Federal. Ao final dos trabalhos a autoridade fiscal deve produzir relatório circunstanciado, descrevendo suas análises e conclusões daí resultantes, dele cientificando a interessada, com reabertura de prazo de 30 (trinta) dias para complementação de suas razões de defesa. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa – Relatora Fl. 2456DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.944983/2013-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.557
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa, cumulado com compensação de débitos próprios. O pedido foi indeferido pela unidade de origem e não foram homologadas as compensações vinculadas. Irresignada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, onde afirma que houve erros graves nas planilhas elaboradas pela fiscalização, contesta as glosas efetuadas e defende a legitimidade de seu pleito. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 07039.488. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 44 98 3/ 20 13 -1 4 Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 10880.944983/201314 Resolução nº 3201001.557 S3C2T1 Fl. 3 2 Inconformada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, o recurso voluntário ora em apreço, por meio do qual alega, em síntese que: As glosas sobre as aquisições de sebo bovino e crédito presumido foram objeto de contestação em processo administrativo próprio, e o pleito já foi lá deferido; O acórdão discutido deixou de se manifestar sobre a oposição a determinadas glosas, de tal sorte que deve ser anulado; Não se justificam as glosas mantidas em relação aos itens especificados na reclamação.; Deve incidir taxa Selic sobre o ressarcimento. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.553, de 29 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.944979/201348, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.553): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso deve ser conhecido. A Recorrente apresentou pedido de ressarcimento da Cofins referente ao 1º trimestre 2012 (origem na receita de mercado externo). Indeferido, apresentou manifestação de inconformidade, ao final considerada improcedente pela DRJ (antes de proferido o acórdão recorrido, em face dos argumentos de defesa, a DRJ baixou os autos em diligência, mediante mero despacho. A Informação Fiscal de fls. 1242 e ss. manteve, no entanto, o indeferimento de todo o valor pleiteado). Noticiam os autos que há muitos outros processos do mesmo Recorrente, tratando da mesma matéria: pedidos de ressarcimento. E vemos, também, que, para o mesmo período de apuração, há diferentes processos, pleiteando, separadamente, créditos de PIS/Cofins, com origem em operações do mercado interno, mercado externo e crédito presumido. Nesse contexto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade preparadora reúna todos os processos do mesmo período (mercado interno, mercado externo e crédito presumido), tanto de PIS como de Cofins, ainda que em algum deles já tenha decisão transitado em julgado." Fl. 1362DF CARF MF Processo nº 10880.944983/201314 Resolução nº 3201001.557 S3C2T1 Fl. 4 3 Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora reúna todos os processos do mesmo período (mercado interno, mercado externo e crédito presumido), tanto de PIS como de Cofins, ainda que em algum deles já tenha decisão transitado em julgado. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1363DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.914794/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.887
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
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DILIGÊNCIA. Recorrente BLUE ANGELS SEGURANCA PRIVADA E TRANSPOR Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Declaração de Compensação na qual a empresa declara a existência de crédito de PIS recolhido a maior. Uma vez que o valor do crédito declarado teria sido utilizado para quitar o valor do PIS do período, foi transmitido despacho decisório eletrônico não homologando a compensação declarada. Inconformada, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade alegando que, em conformidade com a DIPJ do período, o valor devido de PIS para o período em análise foi inferior ao valor recolhido em DARF. A defesa apresentada foi negada por ausência de provas do crédito. Intimada desta decisão, a empresa apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, no qual complementaria as informações apresentadas com documentos que respaldariam seu direito ao crédito e os valores declarados na DIPJ, que estariam corretos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 14 79 4/ 20 08 -4 1 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 3 2 É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3402001.875, de 23 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.907293/200817, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.874): "O Recurso Voluntário é tempestivo e merece ser conhecido. Considerando as informações acostadas aos autos na Manifestação de Inconformidade e no Recurso Voluntário, entendo que há elementos que apontam para uma possível existência de direito creditório em favor do contribuinte sendo necessário, contudo, levantamento documental adicional para confirmar os fatos depreendidos destes autos. Senão vejamos. Como se depreende do Pedido de Compensação formulado, o crédito seria decorrente do pagamento a maior em DARF de PIS, de R$ 15.395,32 que, como indicado no pedido, seria relativo ao código de receita 6912 (PIS NÃO CUMULATIVO LEI 10.637/02). Contudo, observase que o DARF anexado aos autos, à efl. 101, do valor indicado no PER/DCOMP, tem o código de receita 8109 (PIS FATURAMENTO): Vejamse que o DARF traz como informação o valor da base de cálculo de R$ 931.231,75, alcançando um valor de PIS devido de R$ 15.365,32 pela aplicação de uma alíquota de 1,65%. Contudo, como indicado em seu contrato social, anexado aos autos (efl. 15) e na DIPJ 2003 retificadora (efl. 111), a Recorrente é pessoa jurídica que se dedica a atividade de transporte de valores, vigilância e segurança privada. Vejamos pela cláusula terceira do contrato social da pessoa jurídica (efl. 15): Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 4 3 Essas atividades são referenciadas no art. 10 da Lei n.º 7.102/1983 e expressamente excepcionadas da apuração do PIS pela sistemática não cumulativa, na forma do art. 8º, I, da Lei n.º 10.637/2002: Lei n.º 10.637/2002 "Art. 8o Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 6o: I – as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6o, 8o e 9o do art. 3o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998 (parágrafos introduzidos pela Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001), e Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983;" (grifei) Lei n.º 7.102/1983 "Art. 10. São considerados como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de: (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994) I proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994) II realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)" (grifei) A manutenção do regime cumulativo para as pessoas jurídicas que se dedicam ao menos a uma das atividade identificadas na Lei n.º 7.102/1983 é indicada na solução de consulta COSIT n.º 345/2017: "14. Em face do exposto, concluise que: • a pessoa jurídica que realizar ao menos uma das atividades referidas na Lei nº 7.102, de 1983, com alterações, estará excluída do regime não cumulativo e terá todas as suas receitas sujeitas a cumulatividade da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, submetendose às alíquotas de 3% (três por cento) e 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), respectivamente; • considerase serviço de segurança, conforme o art. 10, II, da Lei nº 7.102, de 1983, com alterações, o monitoramento à distância de veículos de carga." Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 5 4 Portanto, a Recorrente, como empresa de segurança privada e vigilância está sujeita ao recolhimento do PIS na sistemática cumulativa (DARF no código de receita 8109) e não na sistemática não cumulativa da Lei n.º 10.637/2002 (DARF no código de receita 6912). Pela planilha acostada aos autos às efl. 100, a empresa busca evidenciar que a sistemática que teria adotado para apurar o valor de PIS devido em dezembro/2002 de R$ 15.395,32, na base de cálculo informada no DARF de R$ 931.231,75, foi a sistemática não cumulativa, ainda que tenha recolhido com o código DARF correto (8109). Vejamos o teor da planilha da efl. 100. Cumpre vislumbrar que o valor de faturamento indicado na planilha é o mesmo indicado na DIPJ retificadora apresentada. A empresa procedeu com as exclusões previstas para a sistemática não cumulativa e aplicou a alíquota de 1,65%. Contudo, sujeita à sistemática cumulativa, bastaria aplicar a alíquota de 0,65% sobre a receita bruta aferida, em conformidade com a Lei n.º 9.718/98. E essa foi a sistemática adotada na DIPJ 2003, na qual a Recorrente informa as receitas aferidas no campo "BASE DE CÁLCULO DA Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 6 5 CONTRIBUIÇÃO PIS/PASEP FATURAMENTO", alcançando um valor de PIS devido de R$ 6.146,95 pela aplicação da alíquota da sistemática Cumulativa (0,65%), sobre a base de cálculo por ela informada (R$ 945.683,97). Vejamos o teor da DIPJ 2003 retificadora do mês de dezembro/2002 (efl. 139) Assim, vislumbrase que a documentação acostada pela empresa aos autos aponta uma possível existência de equívoco cometido quando da edificação do valor de PIS devido na competência de dezembro/2002, apurando pela sistemática não cumulativa (com a aplicação da alíquota de 1,65%) e não pela sistemática cumulativa a qual se sujeita. Em seu pedido de compensação, a empresa aparentemente buscou evidenciar o equívoco cometido ao indicar que o crédito seria decorrente de DARF com o código de receita da sistemática não cumulativa (6912). Contudo, observase que constam dos autos apenas planilha elaborada pela empresa e a DIPJ retificadora apresentada após o recebimento do despacho decisório. Não obstante esteja claro o equívoco cometido, não é possível identificar se o valor de PIS a pagar indicado na DIPJ retificadora está correto, sendo certo que não constam dos autos DACON do período, DCTF do período e documentos contábeis que respaldam os valores declarados. Ora, como bem salientado pela Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz no Acórdão 3402005.034 "este Conselho possui pacífica jurisprudência, tanto nas turmas ordinárias (e.g. Acórdãos 3801004.289, 3801004.079, 3803003.964) como na Câmara Superior de Recursos Fiscais (e.g. Acórdão 9303005.519), no sentido de que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do crédito quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original". No presente caso, o erro cometido pelo sujeito passivo pode ser evidenciado pela planilha e pelo DARF acostado aos autos não sendo possível, contudo, atestar o direito creditório sem o respaldo das informações na documentação fiscal e contábil. Para confirmar a efetiva existência de recolhimento à maior, essencial que seja confirmado se o valor indicado de PIS devido na DIPJ retificadora (R$ 6.146,95) está correto para que seja confirmada o pagamento indevido originário de R$ 9.248,37, informado na DCOMP objeto do presente processo (R$ 9.218,37 efl. 8). Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 7 6 Diante dessas considerações, à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/721, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (DERAT São Paulo/SP): (i) intime a Recorrente para apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar o crédito tomado pelo contribuinte informado em sua DIPJ retificadora (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal, DACON do período, DCTF do período e outros documentos que considerar pertinentes). Importante que sejam anexados aos autos a DIPJ, o DACON e a DCTF originais, com os esclarecimentos pela empresa de quais informações foram modificadas na apuração do PIS devido no mês (comparação entre a declaração original e a declaração retificadora). (ii) elaborar relatório fiscal conclusivo considerando os documentos e esclarecimentos apresentados, informando se os dados trazidos pelo contribuinte na DIPJ retificadora estão de acordo com sua contabilidade, veiculando análise quanto à validade do crédito informado pelo contribuinte e a possibilidade de seu reconhecimento no presente processo. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal de origem: (i) intime a Recorrente para apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar o crédito tomado pelo contribuinte informado em sua DIPJ retificadora (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal, DACON do período, DCTF do período e outros documentos que considerar pertinentes). Importante que sejam anexados aos autos a DIPJ, o DACON e a DCTF originais, com os esclarecimentos pela empresa de quais informações foram modificadas na apuração do PIS devido no mês (comparação entre a declaração original e a declaração retificadora). (ii) elaborar relatório fiscal conclusivo considerando os documentos e esclarecimentos apresentados, informando se os dados trazidos pelo contribuinte na DIPJ retificadora estão de acordo com sua contabilidade, veiculando análise quanto à validade do crédito informado pelo contribuinte e a possibilidade de seu reconhecimento no presente processo. 1 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10880.914794/200841 Resolução nº 3402001.887 S3C4T2 Fl. 8 7 Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra. Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.720090/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.902
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que entendia pela desnecessidade da diligência. Os Conselheiros Pedro Sousa Bispo e Waldir Navarro Bezerra acompanharam a diligência sem a indicação da cooperação sugerida no item (iv) da diligência.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que entendia pela desnecessidade da diligência. Os Conselheiros Pedro Sousa Bispo e Waldir Navarro Bezerra acompanharam a diligência sem a indicação da cooperação sugerida no item (iv) da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório 1. Tratase de Pedido de Ressarcimento, relativo a crédito de contribuição não cumulativa. 2. Em suma, estamos diante da conhecida discussão a respeito do conceito de insumo para fins de incidência de PIS e COFINS, a qual gravita em torno de uma postura mais restritiva por parte da Receita Federal do Brasil, o que se dá com fundamento nas INs n.s 247/02 e 404/04, bem como de uma visão mais ampla por parte dos contribuintes, que atrelam o conceito de insumo a ideia de despesa dedutível, nos termos da legislação do Imposto sobre a Renda. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .7 20 09 0/ 20 10 -1 1 Fl. 1346DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 3 2 3. Partindo do sobredito pressuposto, ou seja, de que insumo para fins de crédito de PIS e COFINS é aquele conceito estrito e aproximado da legislação do IPI (matériaprima, produto intermediário e material de embalagem) diretamente empregados na fase de industrialização, a fiscalização admitiu apenas parte dos créditos vindicados pela recorrente. 4. Devidamente intimado, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade em que, após discorrer acerca da metodologia que entende pertinente para o creditamento de PIS e COFINS, refutou as glosas perpetradas pela fiscalização. 5. Uma vez processada, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ de Ribeirão Preto. 6. Diante de tal situação, o contribuinte interpôs o recurso voluntário em análise, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de manifestação de inconformidade. 7. Não obstante, em janeiro de 2019, a recorrente apresentou a petição em que requisitou o julgamento do processo em epígrafe com outros vários processos do mesmo contribuinte e que deveriam ser aqui reunidos em razão de uma conexão. 8. É o relatório. Resolução Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3402001.890, de 23 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 11080.001078/201003, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi, em parte, contrária ao meu entendimento pessoal, pois entendi desnecessário o encaminhamento do item "iv" da diligência. Todavia, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Portanto, transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3402001.890): "I. Preliminarmente: da reunião dos processos indicados pelo contribuinte 9. Conforme já destacado alhures, o contribuinte pede a reunião de vários processos com o aqui tratado para que sejam julgados conjuntamente, o que faz ao fundamento da conexão entre tais casos. Os processos que o contribuinte pretende ver julgados em conjunto são os seguintes: Fl. 1347DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 4 3 10. Importante destacar que os processos acima listados já se encontram para julgamento desta Turma julgadora, por intermédio do mecanismo da repetitividade, capitulado no art. 47, § 1º do RICARF. Para ser mais preciso, foram formados 03 (três) lotes de paradigmas, tendo como recursos paradigmas o presente processo, bem como os autos n. 11080.720182/201173 e 11080.906181/201386. Este último processo está sob relatoria da I. Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, enquanto que os demais estão sob a minha relatoria. 11. Não obstante, conforme se observa da petição do contribuinte (fls. 890/893), o objetivo primordial com esta reunião seria o de evitar decisões materialmente contraditórias para casos análogos, de modo a garantir uma unicidade de tratamento e, por conseguinte, uma segurança jurídica de índole material. 12. Nesse sentido, é possível afirmar que, como os 03 lotes de processo estão sujeitos ao julgamento da mesmíssima Turma julgadora, a pretensão do contribuinte, ainda que por uma via transversa, foi atingida, motivo pelo qual é desnecessária a reunião de tais processos paradigmáticos em face de um único Relator. II. Da conversão do presente julgamento em diligência 13. Conforme se observa dos autos, a questão não é nova neste Tribunal. Tratase de infindável discussão de creditamento de PIS e COFINS e do conceito legal de insumo. Durante muito tempo esta questão foi indevidamente discutida em um altiplano normativo, na medida em que a autoridade fiscal pautava suas manifestações com base no disposto na Instrução Normativa RFB nº 404, de 12 de março de 2004. Em suma, a autoridade fiscal e a Delegacia de Julgamento partem da premissa de que para serem considerados insumos os itens devem ser aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação do bem, aplicando, pois, conceito de insumo similar àquele desenvolvido no Parecer Normativo CST nº 65, de 30 de outubro de 1979. 14. Acontece que o conceito de insumo admitido por este Tribunal denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica Fl. 1348DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 5 4 como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Neste mesmo diapasão foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em recente julgado de caráter vinculante (REsp n. 1.221.170, julgado sob o rito de recursos repetitivos), cuja ementa segue abaixo transcrita: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Fl. 1349DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 6 5 15. Destacase o voto da Ministra Regina Helena Costa, que considerou os seguintes conceitos de essencialidade ou relevância da despesa, que deve ser seguido por este Conselho: Essencialidade – considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. 16. Diante deste quadro, é prudente que os processos administrativos envolvendo créditos referentes a nãocumulatividade do PIS ou da Cofins sejam analisados casuisticamente, considerando cada item relacionado como “insumos” e o seu envolvimento no processo produtivo (critério de pertinência), para então definir a possibilidade de aproveitamento ou não do crédito pretendido. 17. Assim, retornando aos autos, tenho que este processo não se encontra em condições de receber um justo julgamento, de forma que deve o mesmo retornar à autoridade preparadora para que intime o contribuinte a esclarecer o que segue, inclusive com a apresentação de laudo técnico a provar suas assertivas: (i) precisar a participação dos seguintes itens glosados e que foram objeto de recurso voluntário e que se entendeu não restar enquadrado no conceito de insumo para fins do processo produtivo da empresa: (a) combustíveis, lubrificantes e gás (fls. 136/212); (b) materiais auxiliares de consumo; (c) uniformes, inclusive precisando a sua submissão a eventuais exigências trabalhistas ou sanitárias; e, por fim, (d) controle de pragas. 18. Ato contínuo, deverá a fiscalização (ii) efetuar descritivo minucioso do referido processo produtivo, a fim de que sejam constatados o emprego dos referidos bens e direitos, aquilatando sua participação em relação ao produto final. 19. Ao efetuar estas constatações, solicito que a autoridade preparadora (e exclusivamente ela) (iii) elabore um parecer conclusivo que possibilite identificar cada dispêndio elencado, para fins de uma análise jurídica deste Colegiado quanto à participação de cada bem ou direito no processo produtivo do contribuinte em questão. Fl. 1350DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 7 6 20. O referido parecer deverá também ser elaborado na forma de uma planilha que segregue os bens considerados pela recorrente sob os seguintes critérios: (a) pertinência ou não ao processo produtivo da empresa; (b) vida útil estimada (consumo imediato, menos de um ano, mais de um ano); (c) contato direto com o produto em fabricação; (d) agregação ao produto final. 21. Por fim, antes ainda da devolução deste processo para este Tribunal, (iv) sugerese que o contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional promovam uma reunião, a luz do precedente repetitivo do STJ (REsp n. 1.221.170), e do laudo técnico que será preparado e apresentado à unidade de origem e, ainda, em razão da Nota explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF1, para que cooperem2 com a atividade judicativa atipicamente exercida por este Tribunal indicando, por conseguinte, quais glosas que as partes entendem como adequadas ao conceito de insumo vinculado pelo STJ e quais entendem como devidas em razão de uma extrapolação deste conceito. 22. Concluída a diligência, (v) o recorrente deverá ser intimado para que facultativamente apresente manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 23. Não obstante, independentemente da efetividade da reunião aqui mencionada e antes do retorno dos autos para este Tribunal, (vi) a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada a se manifestar a respeito da diligência perpetrada, bem como dos laudos acostados nos autos, isso em relação a eventuais glosas que permanecerão em discussão." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. 1 "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2" 2 Nos termos do que dispõe o art. 6o do CPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora intime o contribuinte a esclarecer o que segue, inclusive com a apresentação de laudo técnico a provar suas assertivas: (i) precisar a participação dos seguintes itens glosados e que foram objeto de recurso voluntário e que se entendeu não restar enquadrado no conceito de insumo para fins do processo produtivo da empresa: (a) combustíveis, lubrificantes e gás; (b) materiais auxiliares de consumo; (c) uniformes, inclusive precisando a sua submissão a eventuais exigências trabalhistas ou sanitárias; e, por fim, (d) controle de pragas. Ato contínuo, deverá a fiscalização: (ii) efetuar descritivo minucioso do referido processo produtivo, a fim de que sejam constatados o emprego dos referidos bens e direitos, aquilatando sua participação em relação ao produto final. Ao efetuar estas constatações, a autoridade preparadora (e exclusivamente ela) deverá: (iii) elabore um parecer conclusivo que possibilite identificar cada dispêndio elencado, para fins de uma análise jurídica deste Colegiado quanto à participação de cada bem ou direito no processo produtivo do contribuinte em questão. O referido parecer deverá também ser elaborado na forma de uma planilha que segregue os bens considerados pela recorrente sob os seguintes critérios: (a) pertinência ou não ao processo produtivo da empresa; (b) vida útil estimada (consumo imediato, menos de um ano, mais de um ano); (c) contato direto com o produto em fabricação; (d) agregação ao produto final. Por fim, antes ainda da devolução deste processo para este Tribunal: (iv) sugerese que o contribuinte e a Procuradoria da Fazenda Nacional promovam uma reunião, a luz do precedente repetitivo do STJ (REsp n. 1.221.170), e do laudo técnico que será preparado e apresentado à unidade de origem e, ainda, em razão da Nota explicativa SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF3, para que cooperem4 com a atividade 3 "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2" 4 Nos termos do que dispõe o art. 6o do CPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 11080.720090/201011 Resolução nº 3402001.902 S3C4T2 Fl. 9 8 judicativa atipicamente exercida por este Tribunal indicando, por conseguinte, quais glosas que as partes entendem como adequadas ao conceito de insumo vinculado pelo STJ e quais entendem como devidas em razão de uma extrapolação deste conceito. Concluída a diligência: (v) o recorrente deverá ser intimado para que facultativamente apresente manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. Não obstante, independentemente da efetividade da reunião aqui mencionada e antes do retorno dos autos para este Tribunal: (vi) a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada a se manifestar a respeito da diligência perpetrada, bem como dos laudos acostados nos autos, isso em relação a eventuais glosas que permanecerão em discussão. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 1353DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.913482/2009-32
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1001-001.170
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Sergio Abelson- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sergio Abelson (presidente), Andrea Machado Millan e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Sergio Abelson Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sergio Abelson (presidente), Andrea Machado Millan e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 91 34 82 /2 00 9- 32 Fl. 63DF CARF MF 2 Trata o presente processo de recurso voluntário, contra o acórdão número 15 0820.737, da 3ª Turma da DRJ/FOR, que considerou improcedente a manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório (fl 6), da Delegacia da Receita Federal em Fortaleza (DRF/FORTALEZA), que concluiu pela não homologação da compensação declarada na PER/DCOMP n° 29367.48331.280208.1.7.041620. Transcrevo, a seguir o relatório: O Contribuinte supraqualificado foi cientificado do Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal em Fortaleza (DRF/FORTALEZA), através do qual o Titular da Unidade de Jurisdição do Sujeito Passivo, após apreciar o PER/DCOMP com TIPO DE CRÉDITO, relativo a Pagamento Indevido ou a Maior, referente ao anocalendário de 2005, com débitos do Interessado, e dados ali discriminados, concluiu pela não homologação da compensação declarada no citado PER/DCOMP. Tal indeferimento se deveu às razões a seguir descritas: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP identificado, localizouse pagamento relacionado conforme Quadro do citado Despacho Decisório, mas integralmente utilizado para quitação de débitos do Contribuinte, do que não restou crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Inconformado com o indeferimento total de seu Pleito, do qual tomara ciência em 21.10.2009, fls. 07, 34, apresentou o Contribuinte Manifestação de Inconformidade em 19.11.2009, fls. 08/12, 34, requerendo que fosse reconhecido o seu direito creditório e homologada a compensação declarada, alegando em síntese: Em 29.06.2005, o Requerente entregou a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2005 (cópias do recibo e ficha anexos), informando para o quarto trimestre de 2004, Ficha 12A linha 20 IMPOSTO DE RENDA A PAGAR o valor de R$20.833,81. Ocorre que o imposto devido fora informado incorretamente na DCTF do 4° trimestre de 2004, já que foi preenchido o valor de R$125.596,78, valor este pago em 3 (três) quotas, sendo a primeira em 31.01.2005, no valor de R$ 41.865,59, a segunda, no mesmo valor, em 28.02.2005 e, em 31.03.2005, a terceira e última, no valor de R$41.865,60 (DARFs anexos). Após análises e verificações, foi detectado o erro cometido e o Requerente procedeu, em 24.06.2005, à retificação das DCTFs relativas ao 4° trimestre de 2004, e ao mês de março de 2005, conforme cópias dos recibos e folhas anexas, informando os valores corretos. Porém em 23.09.2005, o Requerente teve que proceder a nova retificação da DCTF do mês de março de 2005 para regularizar débitos relativos à COFINS e ao PIS, incorrendo novamente em erro ao informar o IRPJ devido no 4° trimestre de 2004, bem como o pagamento das respectivas quotas, baseandose na DCTF original. Essa sucessão de erros fez com que a Secretaria da Receita Federal considerasse como imposto de renda devido no 4° trimestre de 2004 o valor de R$ 125.596,78 e não o valor correto de R$ 20.833,81, declarado na DIPJ 2005 e, consequentemente, não homologasse a compensação efetuada alegando a inexistência do crédito informado. 1 i A DCTF retificadora apresentada pelo Requerente em 23.09.2005, indiscutivelmente, tem o condão de constituir o crédito relativo aos impostos e Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10380.913482/200932 Acórdão n.º 1001001.170 S1C0T1 Fl. 3 3 contribuição declarados, mas não pode estar acima da verdade material, quando esta, comprovadamente, refletir outra realidade. O Fisco não pode ignorar o verdadeiro lucro experimentado pelo Requerente bem como o respectivo IRPJ devido em função desse lucro, regularmente apurado na DIPJ 2005 e corretamente informado na DCTF do 4° trimestre de 2004. A jurisprudência do Conselho de Contribuintes, ao se manifestar sobre a matéria, prezou pela verdade material em prejuízo dos rigores burocráticos, fls. 11. Ademais, para enriquecer as suas alegações, o Manifestante traz à baila trecho do voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Sr. Nelson Mallmann, que conclui que erros ou equívocos não têm, perante a legislação tributária, o condão de transformar se em fatos geradores de impostos. Isto posto, sendo o valor da 1a quota do imposto de renda relativo ao 4° trimestre de 2004 no valor de R$ 6.944,60 e tendo recolhido o valor R$ 41.865,59, resta claro e cristalino que o Requerente possui um crédito original equivalente a R$ 34.920,99, que atualizado pela taxa SEL1C até 28.02.2008 (data da entrega do PER/DCOMP), perfaz valor suficiente para liquidação do débito compensado de R$ 22.694,56. Cientificada em 12/05/2011 (fl 48), a recorrente apresentou o recurso voluntário em 10/06/2011 (fl 49) Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. Em seu recurso, a recorrente, em resumo, argumenta: · O IRPJ relativo ao 4° trimestre/2004, foi declarado na DCTF do 4° trimestre 2004 no valor de R$ 20.833,81 a ser pago em quotas. Na DCTF do mês de março/2005, na pasta "trimestre anterior" foi consignado como débito do trimestre anterior o valor incorreto de R$ 125.596,78 e relacionado os créditos vinculados (DARFs). · Há, portanto, duas declarações conflitantes entre si, desta forma não basta simplesmente escolher das duas a de maior valor, cabe apurar qual estaria correta. · A fim de demonstrar que o valor declarado na DCTF do 4° trimestre 2004 era o correto, a Requerente juntou aos autos cópia da DIPJ de 2005, onde o IRPJ apurado é de R$ 20.833,81. Porém a decisão proferida alega que a DIPJ tem caráter meramente informativo , não tendo o condão de modificar a confissão do débito declarado em DCTF e, ainda, que não havia sido juntada prova cabal que o imposto apurado na DIPJ estava correto. Fl. 65DF CARF MF 4 · A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, além de levar ao conhecimento da fiscalização as informações econômicofiscais, prestase, também, a demonstrar a regular apuração do lucro experimentado pelo contribuinte, bem como, os respectivos impostos e contribuições devidos em função desse lucro. · Convém salientar que a DIPJ goza da presunção de veracidade, somente elidida com prova em contrário. · De outra banda, se e a DCTF que possui o condão de constituição do débito, qual DCTF devemos considerar? A do 4° trimestre 2004 onde o imposto apurado e declarado é de R$ 20.833,81 ou a de março/2005 onde estão consignadas as quotas pagas e o valor do imposto declarado é de 125.596,78 ? · A Administração Fiscal certamente considerou a do mês de março/2005, já que e ela que relaciona os créditos vinculados. Porém a resposta correta deve ser aquela que expressa realmente a verdade. · O Fisco não pode ignorar o verdadeiro lucro experimentado pela Requerente bem como o respectivo IRPJ devido em função desse lucro, regularmente apurado na DIPJ de 2.005. · Assim, sendo o valor correto da 1a quota do imposto de renda relativo ao 4° trimestre de 2.004, o valor de R$ 6.944,60 e tendo recolhido o valor R$ 41.865,59, resta claro e cristalino que a Requerente possui um crédito original equivalente a R$ 34.920,99 que atualizado pela taxa Selic, até 28.02.2008 ( data da entrega da PER/DCOMP), perfaz, valor suficiente para liquidação do débito compensado no valor de R$ 22.694,56 . Conclui, pedindo que seja reformada a decisão da DRJ. Entendo como correta a decisão da DRJ, e peço a devida vênia para a ela aderir, com base no artigo 50, da Lei 9.784/99 e parágrafo 3°, ao artigo 57, do RICARF, a qual transcrevo, parcialmente: Enquanto a DCTF constitui confissão de dívidas tributárias e instrumento hábil para inscrição na Dívida Ativa da União, como se viu acima, é também pacífico que a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ apresenta um perfil diferente, revelandose como mero banco de informações à disposição da Receita Federal, para o planejamento de suas ações, seja sobre um Contribuinte especificamente ou até mesmo com base nos dados agregados relativamente aos diversos segmentos das atividades econômicas. Criada por meio da Instrução Normativa SRF 127, de 30.10.1998, todas as normas referentes à DIPJ revelam esse caráter meramente informativo do instrumento. Aliás, não há no plano normativo tributário federal qualquer menção a controle de débitos por meio das DIPJ. Bem apropriadamente, o nome da Declaração já expõe o seu objetivo de coletar dados econômicofiscais, conforme se observa nos arts. 1° e 2° da citada norma: Instrução Normativa SRF 127, de 30.10.1998: "Art. 1° Fica instituída a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIP.J Art. 2° A partir do anocalendário de 1999, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar, Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10380.913482/200932 Acórdão n.º 1001001.170 S1C0T1 Fl. 4 5 anualmente, até o último dia útil do mês de setembro, a DIPJ, centralizada pela matriz." Demonstrada a diferença fundamental entre a DCTF e a DIPJ, fica fácil compreender que o Fisco deve, para fins de apurar eventual direito creditório alegado pelo Sujeito Passivo, observar as informações postadas pelo Contribuinte na DCTF, a qual constitui confissão de dívida, efeito jurídico extremamente relevante para a relação FiscoContribuinte. No presente caso, por ocasião da análise do PER/DCOMP , não foi confirmada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza (DRF/FOR) a existência do direito creditório, na quantia pleiteada pelo Interessado, porque o valor do pagamento recolhido mediante o DARF citado estava utilizado para quitar o débito confessado pelo próprio Contribuinte em sua DCTF entregue à RFB. Desse modo, não se pode atribuir defeito ao Despacho Decisório, uma vez que o próprio Sujeito Passivo havia confessado o débito, cuja liquidação o Fisco promoveu utilizando o valor do pagamento realizado por meio do DARF. Até aí, as informações prestadas pelo Contribuinte foram tratadas eletronicamente, ou seja, o Fisco realizou procedimentos de conferência sobre as informações prestadas pelo próprio Interessado, do que resultou a emissão do Despacho Decisório. Com relação ao citado Despacho Decisório que ensejou o conflito em exame, o Manifestante, ao tomar ciência do conteúdo resolutório, limitouse a mencionar DIPJ e DCTFs, desacompanhadas de documentos probantes, com o fim de garantir o direito creditório pleiteado. Por tal motivo, foram anexos pelo Relator deste Acórdão extratos relativos à DIPJ e às DCTFs, fls. 35/38, em que se constata que descabe o valor de R$ 20.833,81 alegado pelo Contribuinte, pois prevalece o que foi confessado pela DCTF, com data de recepção em 23.09.2005, fls. 37, ou seja, R$ 125.596,78, fls. 38. Vale destacar: não foi realizado o esforço probatório necessário no sentido de demonstrar a veracidade das argumentações apresentadas; não foi apresentado nenhum Livro Contábil ou Livro Fiscal que demonstrasse a procedência das alegações acerca do valor do débito. No processo administrativo que se aprecia, o que não se pode negar é que, instaurado o contraditório, o Interessado teve a oportunidade de demonstrar a veracidade de todas as informações acerca do direito alegado. Todavia, o fato é que não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar o direito alegado. Assim, entendo que não há, na Manifestação de Inconformidade em exame, suporte material capaz de estabelecer o elo entre o conteúdo argumentativo da Defesa e as circunstâncias fáticas que teriam, levado à origem do direito creditório alegado pelo Contribuinte. Outrossim, tendo em vista a necessidade de liquidez e certeza do direito de crédito utilizado em compensação, conforme exige o art. 170 da Lei 5.172, de 25.10.1966 Código Tributário Nacional (CTN), resta reconhecer que o Manifestante não demonstrou ser credor da Fazenda Nacional. Não há nos autos prova robusta de que efetuara recolhimento a maior ou indevido, pois não provou que o débito era originalmente inferior ao efetivamente declarado e pago por meio de DARF. Ademais, é de se observar que a alegação do direito perseguido, desacompanhada de elementos probantes, capazes de evidenciar que o valor do débito em DIM seria menor do que aquele efetivamente confessado em DCTF e recolhido à época, constitui mera manifestação de vontade de o Contribuinte alterar o valor do citado débito que constou da mencionada DCTF. Por conclusão, não há Fl. 67DF CARF MF 6 provas da existência do erro material (pagamento indevido ou a maior) no recolhimento do DARF, como pretende o Defendente. Assim, a Administração Fiscal está impedida de deferir o Pleito de compensação do crédito que o Sujeito Passivo argumentou possuir contra a Fazenda Nacional, por não possuir o alegado crédito os atributos de certeza e liquidez, sem os quais o correspondente débito não pode ser extinto, "ex vi" da determinação contida no art. 170 do • Código Tributário Nacional (CTN): "Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Deste modo, como não foi demonstrado cabalmente o direito creditório do Manifestante, e portanto não foi comprovado haver crédito líquido e certo que compensasse os débitos da Empresa, descabe o deferimento do PER/DCOMP que fora objeto do Despacho Decisório que se examinou. Quanto ao argumento da Defesa de que erros ou equívocos não teriam o condão de transformarse em fatos geradores de impostos, cabe salientar que os eventuais erros ou equívocos somente serão desconsiderados quando a alegação da Defesa de que teria cometido um mero equívoco for devidamente comprovada com documentos hábeis e idôneos, sem o que descabe tal alegação, ressaltado outrossim o que dispõe o § 4° do art. 16 do Decreto 70.235, de 06.03.1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF), a seguir transcrito: "§ 4° A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força • maior; (Incluído pela Lei n'9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei n'9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei '9.532, de 1997)" Deduzse portanto, rigorosamente de acordo com a Legislação Aplicável ao assunto apreciado, que o Contribuinte não dispõe de crédito líquido e certo, requisito indispensável para que seu Pleito de compensação seja acatado. No que concerne à jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, citado pela Defesa, há de se dizer, apenas, que se considera simples exemplificação da tese defendida pelo Manifestante/Impugnante, uma vez que não se constitui em normas complementares para o Despacho/Autuação ora apreciado, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional (CTN) e, portanto, não vincula as decisões desta Instância Julgadora, restringindose aos casos julgados e às partes inseridas no processo de que resultou a Decisão, consoante o disposto no Parecer Normativo CST 390/71: Quanto aos argumentos de Ilustres Conselheiros e/ou Juristas que estariam contrários ao Despacho/Lançamento verificado, observase que a Autoridade Administrativa não tem competência para apreciar alegações de descabimento de norma legitimamente inserida na legislação tributária, tais como os atos constantes do citado Documento analisado. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10380.913482/200932 Acórdão n.º 1001001.170 S1C0T1 Fl. 5 7 para discussões dessa natureza. E inócuo, então, suscitar tais alegações na Esfera Administrativa, pois a Autoridade Fiscal deve cumprir as determinações legais e normativas de forma plenamente vinculada, não podendo, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar as normas dos atos, cuja validade está sendo questionada, em observância ao art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN). A recorrente, no caso, admite um erro no preenchimento da DCTF que é reconhecidamente, uma confissão de dívida. Portanto, somente com a sua retificação é que é possível à Receita Federal reconhecer o novo débito, se e quando for o caso. Já a DIPJ tem o cunho apenas informativo. A este respeito, temos a súmula 92 do CARF: Súmula CARF nº 92 A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. A alteração das informações prestadas na DCTF, nas hipóteses em que admitida, é efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração original, devendo dela constar não somente as informações retificadas, mas todas as informações que a compõem. A DCTF retificadora tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e serve para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados, conforme dispõe o artigo 9°, parágrafo 1°, da IN 255/2002 (vigente à época da ocorrência do fato gerador): Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. Tal fato foi corroborado através do item 3 do Parecer Normativo COSIT n° 2/2015: 3 É possível o reconhecimento do crédito com base em provas ou indícios sem a retificação da DCTF? Não. A DCTF é confissão de dívida, portanto sua retificação é imprescindível para o reconhecimento do crédito. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). A divergência entre os valores informados na DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento do pedido. Consequentemente, não se trata de "escolher", como afirma a recorrente. Ela própria confessou seus débitos e o Fisco nada mais fez além de considerálos para fins de análise da compensação e decidiu de acordo com o que consta em seus sistemas. Fl. 69DF CARF MF 8 Assim, nego provimento ao presente recurso. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 70DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.001494/2006-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 28 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2002
ITR. SUJEITO PASSIVO.
São contribuintes do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer titulo de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem beneficio de ordem, de qualquer deles.
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, §1°, da Lei n.° 6.938/81.
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ÁREA DE RESERVA LEGAL.
A partir do exercício de 2.002, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observando-se a função social da propriedade e os critérios previstos no 4º do art. 16 do Código Florestal.
A averbação da área de reserva legal a margem da matricula do imóvel é, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto.
Hipótese em que a Recorrente comprovou documentalmente a existência da área de reserva legal por meio da averbação com base em Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2101-000.604
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em
REJEITAR a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, em DAR provimento PARCIAL ao recurso. para excluir da base de cálculo do ITR a Área de reserva legal de 11.325,619 ha, nos termos do voto do Relator.
Matéria: ITR - ação fiscal (AF) - valoração da terra nua
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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Câmara / 1' Turma Ordinária Sessão de 28 de julho de 2010 Matéria ITR - Imunidade Recorrente MGI - MINAS GERAIS PARTICIPAÇÕES S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2002 ITR. SUJEITO PASSIVO. Sao contribuintes do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer titulo de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem beneficio de ordem, de qualquer deles. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ISENÇÃO. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei m° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, §1°, da Lei n.° 6.938/81. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. AREA DE RESERVA LEGAL. A partir do exercício de 2.002, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observando-se a função social da propriedade e os critérios previstos no OP do art. 16 do Código Florestal. A averbação da area de reserva legal a margem da matricula do imóvel 6, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto . Hipótese em que a Recorrente comprovou documentalmente a existência da area de reserva legal por meio da averbação corn base em Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta. Recurso parcialmente provido. tkflexandr Fernande MARCOS CAED1 esiden • Qi., 1,-) pr. .../j ALE NDRE NAOKI NISH KA - Relator FORMALIZADO EM: O JAIN 2011 Participaram do julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Naoki Nishioka, Ana Neyle Olímpio Holanda, José Raimundo Tosta Santos, Odrnir e Gonçalo Bonet Allage. Relatón Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, em DAR provimento PARCIAL ao recurs. para excluir da base de cálculo do ITR a Area de reserva legal de 11.325,619 ha, nos termos d• voto do Relator. Trata-se de recurso voluntário (fls. 199/215) interposto em 18 de março de 2008 (fl. 16), contra o acórdão de fls. 182/194, do qual a Recorrente teve ciência em 28 de fevereiro de 2008 (fl. 198), proferido pela 1" Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julga ento em Brasilia (DF), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração ce fls. 54/60, lavrado em 13 de novembro de 2006 (ciência em 17 de novembro, fl. 67), em, 'de da falta de recolhimento do imposto sobre a propriedade territorial rural, verificada no exercício de 2002. O acórdão recorrido teve a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOST() SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2002 DA PRELIMINAR DE NULIDADE — IMUNIDADE — SUB-ROGAÇÃO Na alienaçlio de imóvel rural para pessoa juridica imune não se aplica a sub- rogação legalmente prevista, continuando, o alienante, i ser responsável pelo crédito tributário lançado em seu nome. DO SUJEITO PASSIVO DO 1TR. 2 Process() n° 10670.00149412006-12 S2-C1T1 Acorciao n 2101-00.604 - Fl 220 a. -a São contribuintes do Imposto Territorial Rural o proprietário, o possuidor ou o detentor a qualquer titulo de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem beneficio de ordem, de qualquer deles. DAS ÁREAS DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. As Areas de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do 1TR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado ou, pelo menos, que seja comprovada a protocolização, ern tempo hábil, do requerimento do competente ADA. DA REVISÃO DO VTN ARBITRADO PELA FISCALIZAÇÃO. Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, exige-se a apresentação de Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, em consonância com a legislação tributária, e demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preços da época do fato gerador do imposto (1°/01/2002). DA MULTA LANÇADA (75%). Apurado imposto suplementar em procedimento de fiscalização, no caso de informação incorreta na declaração ITR, cabe exigi-lo juntamente corn a multa lançada, aplicada aos demais tributos. Lançamento Procedente" (fls. 182/183). Não se conformando, a Recorrente interpôs o recurso voluntário de fls. 199/215, pedindo a reforma do acórdão recorrido, para exonerar o crédito tributário. o relatório. oto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O r-\ recurso preenche seus requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele onheço. Preliminarmente, no tocante ao sujeito passivo do ITR, importante verificar ue o imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência da Unido, na forma do art, 53, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário aCional, ora trazido A. baila, in verbis: "Art. 29. 0 imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município." guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a Unido promulgou a ei Federal n.° 9,393/96, que, na esteira do estatuido pelo art, 29 do CTN, instituiu, em seu art. como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel oi natureza, localizado fora da zona urbana do município" . 3 Assim, são contribuintes do Imposto Territorial Rural, nos termos dos artigos 31 do C'T'1 e 40. da Lei 9.393/1996, o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer titulo de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem beneficio de ordem, de qualquer deles. Sustenta a Recorrente que, em 2004, o imóvel foi alienado ao Estado de Minas Gerais, motivo pelo qual seria aplicável o artigo 130 do CTN, de acordo com o qual a responsab ilidade pelo pagamento do tributo seria exclusiva do novo adquirente. que o novo imobiliári es, Ocorre, todavia, que a melhor exegese do artigo 130 do CTN é no sentido de titular do bem, que o adquire sem comprovação da quitação dos tributos orna-se responsável solidário pelo débito. Tribunal Nesse sentido, aliás, o posicionamento que vem sendo adotado pelo Superior e justiça, consoante se depreende do seguinte julgado, in verbis: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ITR. ALIENAÇÃO DO IMÓVEL. RESPONSABILIDADE SOLIDARIA DO ADQUIRENTE. PRESCRIÇÃO CITAÇÃO DO ANTIGO PROPRIETÁRIO , INTERRUPÇÃO. 1. Hipótese ern que se discute a cobrança de ITR relativo ao exercício de 1986 com relação a imóvel alienado para o agravante em 1989. A Execução foi iniciada com a citação do alienante em 1990. um dos Recorrent 2. 0 fato gerador ocorreu quando o vendedor era proprietário do imóvel, o que o torna contribuinte do ITR, 0 novo titular do bern, que o adquire sem comprovação de recolhimento dos tributos imobiliários, torna-se responsável solidário pelo débito, nos termos do art. 130 do CTN. ' 3. A citação do contribuinte (alienante do imóvel) interrompe a prescrição com relação ao responsável solidário (adquirente), nos termos do art. 125, III, do CTN. Precedente da Segunda Turma. 4„ Agravo Regimental não provido." (S'Ij, 2a. Turma, AgRg no REsp 643 846/CE, Rel , Ministro Herman Benjamin, julgado em 28/04/2009, DIe 17/06/2009) Assim, perde relevância a discussão acerca da IN 256/2002, utilizada como damentos de decidir do v. acórdão recorrido, sendo devida a exigência do ITR da , em relação ao exercício em que era proprietária do imóvel rural. Convém ressaltar que, não obstante a importância do projeto em que a Recorrent está envolvida, que salta aos olhos, fato é que não pode este órgão criar isenções, imunidades ou reduções de base de cálculo sem amparo em lei. Nesse sentido, cita-se o próprio documento elaborado pela Recorrente que expressamente aduz que "Por razbes que nos escapam, a Lei Federal le 8.847, de 28.01.94, qUe dispb» sobre o referido ITR, não previu enquadramento especial para o caso em tela, 44tão somente a redução do valor do imposto nos casos de calamidade pública (art. 44 sen cão dos imóveis rurais oriundos de Programa de reforma Agrária 4jci em (art. 8`2", artigos posteriormente revogados pela Lei n.° 9.393/1996, a qual também qUalquer enquadramento especial As terras do imóvel em discussão. admitindo 13) e al exPloraça no previ I Processo n° 10670.001494/2006-12 S2-C1T1 Ac6rdfio n " 2101-00.604 - Fl 221 Sendo assim, resta evidente que as terras do imóvel da Recorrente, em que pesem as alegações de serem imprestáveis para a utilização, são tributáveis pelo ITR, em razão de não existir dispositivo expresso de lei dizendo o contrário. Se isso não bastasse, a Recorrente não é beneficiária de nenhuma das hipóteses da imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, da Constituição Federal. No que se refere às areas de preservação permanente e de reserva legal, sendo recorrente a matéria no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), cumpre tecer alguns breves esclarecimentos antes de adentrar na questão especificamente debatida nestes autos. De fato, como é cediço, o imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência da Unido, na forma do art, 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: "Art. 29. 0 imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tern como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município" A guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.° 9,393/96, que, na esteira do estatuido pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art, ,1°, como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel or natureza, localizado fora da zona urbana do município". Sem adentrar especificamente na discussão a respeito da eventual ampliação IdO conceito de propriedade albergado pela Constituição Federal pelo disposto nos artigos citados, ao incluírem como fato gerador do ITR o domínio útil e a posse (ctun animus domini), terna que não releva na análise do presente recurso, verifica-se que não há qualquer discussão a respeito da incidência do tributo no que toca as áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. Com efeito, muito embora em tais Areas a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental espeCífica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se , ,sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art, 5 0 da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5 0, XIII, da CF). Nesse sentido, consoante salienta Gilmar Mendes (et. al,), possui o legislador uma relativa liberdade para conformação do direito de propriedade, devendo preservar, contudo, "o ;video essencial do direito de propriedade, constituído pela utilidade privada e, .1 undamentalmente, pelo poder de disposição. A vincula ção social da propriedade, que legitima çr' , a imposição de restrições, não pode ir ao ponto de colocá-la, única e e:xlusivamente, a serviço \ • do Estado ou da comunidade." (MENDES, Gilmar Ferreira (et. al.). Curso de direito I constitucional. 4a ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 483). No que atine h regulação ambiental, deste modo, verifica-se que a legislação,U muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal corno previstas pela legislação cilia.. 5 incidenci de calcul Com fundamento no exposto, não versaado os autos sobre hipótese de não- do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base do rriz, dispôs a Lei Federal n. ° 9393/96, ern seu art. 10, o seguinte: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior, § I ° Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-A: 11 [—] - Area tributável, a Area total do imóvel menos as Areas: de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei no 7.803, de 18 de julho de 1989" (grifei). Havendo referido dispositivo legal feito expressa referência a conceitos desenvolv dos em outro ramo do Direito, mais especificamente no que toca h seara ambiental, ; oportuno e faz recorrer ao arcabouço legislativo desenvolvido neste campo especifico, na forma ind cada pelo art. 109 do CTN, para o fim de compreender, satisfatoriamente, o que se entende pr areas de preservação permanente e de reserva legal, estabelecidas como hipótese de isença dc: ITR (redução do correspondente aspecto quantitativo). A respeito especificamente da chamada "Area de preservação permanente" põe o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: "Art.. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo so efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura minima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de lar gut a; 2 - de 50 (cinquenta ) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; (APP), d Resoluçõ 6 Processo n° 10670.001494/2006-12 S2-CITI Acórdão n." 2101-00.604 - F1 Tr) e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, coma fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único.. No caso de areas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se- a o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.. Art. 3° Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formal faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor cientifico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário a vida das populações silvicolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente so sera admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2° As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei," Verifica-se, A luz do que se extrai dos artigos em referência, que a legislação considera como área de preservação permanente, trazendo a baila a lição de Edis Milaré, as !florestas e demais formas de vegetação que não podem ser removidas, tendo em vista a sua lo&ilização e a sua função ecológica" (MIJARE, Edis. Direito do ambiente: doutrina, 'ttrisprudencia, glossário. 5' ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 691). Vale notar, nesse sentido, que nas Areas de preservação permanente, consoante esclarece o disposto pelo §1° do art 3°, citado supra, não há qualquer possibilidade de supressão das florestas, apenas excetuada tal regra nos casos de execução de obras, planos, tividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. 7 Não e confunde com a Lea de preservação permanente, no entanto, a chamada ea de reserva legal, ou reserva florestal legal, cujos contornos são estabelecidos igualmente pelo Código Florestal, mais especificamente em seu art. 16, que, na redação vigente, i o 6, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.166-67/2001, assim dispõe: "Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em Area de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação especifica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a titulo de reserva legal, no mínimo: I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em Area de floresta localizada na Amazônia Legal; ri - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra Area, desde que esteja localizada na mesma rnicrobacia, e seja averbada nos termos do § 7" deste artigo; ill - vinte por cento, na propriedade rural situada em Area de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do Pais; e IV - vinte por cento, na propriedade rural em Area de campos gerais localizada em n qualquer região do Pais. § 1a 0 percentual de reserva legal na propriedade situada em Area de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os indices contidos nos incisos I e II deste artigo. § 2' A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3' deste artigo, sem prejuízo das demais legislações especificas. § 3 Para cumprimento da manutenção ou compensação da Area de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas § zta A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal' ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o plano diretor municipal; III - o zonearnento ecológico-econômico; IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e V - a proximidade com outra Reserva Legal, Area de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra Area legalmente protegida. § 5" 0 Poder Executivo, se for. indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE e pelo Zonearnento Agricola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: a 9 Processo n° 10670 001494/2006-12 Acordinj ri.' 2101-00.604 - S2-CIT1 Fl. 223 1 - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluidas, em qualquer caso, as Areas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e II - ampliar as areas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos indices previstos neste Código, em todo o território nacional. § é Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das areas relativas A. vegetação nativa existente em area de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas areas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em area de preservação permanente e reserva legal exceder a: I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do Pais; e III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "h" e "c" do inciso Ido § 2" do art. 1. § 7a 0 regime de uso da area de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § § 8' A area de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinacão, nos casos de transmissão, a qualquer titulo, de desmembramento ou de retificação da area, com as exceções previstas neste Código. § 9' A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, fumado pelo possuidor corn o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de titulo executivo e contendo, no mínimo, a localização da • reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos, (.-.) Art. 44. 0 proprietário ou possuidor de imóvel rural com area de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em . extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, HI e IV do art. 16, ressalvado o \- disposto nos seus §§ 5' e 6, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente: - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da area total necessária á sua compiementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiontal estadual competente; II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e III - compensar a reserva legal por outra Area equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento, § l Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental estadual competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar. § 2 A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo com critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA, § 3' A regeneração de que trata o inciso II sera autorizada, pelo órgão ambiental estadual competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o isolamento da Area. § 4n Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma micro-bacia hidrográfica, deve o órgão ambiental estadual competente aplicar o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a Area escolhida para compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes estabelecidas no inciso rn § 5a A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à aprovação pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento de area sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o art. 44-B. (...)" 0 Código Florestal estabelece, em sua essência, como lembra MILARE, a idéia de aisciplinar a supressão tanto das florestas e demais formas de vegetação nativa, excetuadals as Leas de preservação permanente, vistas anteriormente, como, igualmente, das florestas Mo 1 sujeitas ao regime de utilização limitada, ou já objeto de legislação especifica (MIL ' , Edis. op. cit. p. 702). supressa propried delimit= 702). Nesse sentido, lembra o referido ambientalista que "ao permitir tal [de florestas] determina que se mantenha obrigatoriamente uma parte da de rural coin cobertura florestal ou com outra forma de vegetação nativa", o, assim, "a porção a ser constituída como Reserva da Floresta Legar' (Op. cit. p. A reserva florestal legal, portanto, sendo um percentual determinado por lei para a pr servacao da vegetação nativa do imóvel rural, constitui, como afirma Paulo de Bessa Antunes, independ estando, (ANTUN Superior Tribunais Areas de explicit tuna obrigação que recai diretamente sabre o proprietário do imóvel, ntemente de sua pessoa ou da forma pela qual tenha adquirido a propriedade", ssim, "umbilicalmente ligada à própria coisa, permanecendo aderida ao bon" S, Paulo de Bessa. Poder Judiciário e reserva legal: análise de recentes decisões do ribunal de Justiça. In: Revista de Direito Ambiental n.° 21. São Paulo: Revista dos 2001, 120). luz do exposto, verifica-se que as restrições ambientais, tanto nos casos de preservação permanente, como naqueles em que ha reserva legal, decorrem, ente, da ocorrência ou verificação, in loco, dos pressupostos legais apontados pela l a legislação, inexistindo, portanto, qualquer discricionariedade por parte do proprietário ou agente público. Nesse passo, consoante se extrai da legislação ambiental trazida A baila, não há a exigência, para o cumprimento das normas relativas As areas de preservação permanente, de qualquer ato público que as constitua, mas, apenas e tão-somente, da ocorrência das hipóteses legais previstas pelo Código Florestal, bem como pelos demais atos normativos primários que disponham sobre o tema. Em relação A reserva legal, entendo que a averbação A. margem da matricula do imóvel, corn a devida vênia daqueles que entendem de forma diversa, não tem natureza constitutiva, mas simplesmente declaratória, tendo em vista que, excetuadas as hipóteses especificamente mencionadas na legislação, a observância do percentual de 20% previsto ern lei independe de qualquer averbação, estando apenas sujeita A. aprovação da sua localização por órgão ambiental estadual competente após o exercício de 2002, ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, na forma do §4 0 do 16 da Lei n.° 4.771/65 (tendo em vista a redação dada pela Medida Provisória no 2.166- 67, de 2001). Nesse sentido, oportuno afirmar que, muito embora a legislação preveja a necessidade de averbação da reserva legal, de acordo com o que dispõe o §8° do art. 16 da Lei n.°) 4.771/65, a sanção decorrente da falta de averbação da area de reserva legal, prevista pelo art. 55 do Decreto n.° 6.514/2008, encontra-se atualmente prorrogada para 2011, de acordo com o que estatui o Decreto Federal n.° 7.029/2009, razão pela qual se infere que a legislação concedeu um período de adaptação aos proprietários, a fim de que possam cumprir referida determinação legal, deixando de cominar-lhes qualquer penalidade em decorrência da falta de , averbação de referida area. Por tais razões, especialmente por entender que a observância dos percentuais fixados em lei para exploração de area rural decorre de normas de ordem pública, qti le não podem ser afastadas pelo contribuinte pelo simples fato de que não procedeu este A 'Competente averbação, tenho para mim que esta última possui caráter nitidamente declaratório, sendo necessária para conferir publicidade ao gravame fixado que, como. já se verberou . 1 oportunamente, decorre diretamente da legislação ambiental. , , Além da desnecessidade de averbação, para o fim especifico de constituir as areas de reserva florestal legal, igualmente não havia, até o exercício de 2000, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim 'de reduzir a base de cálculo do 1TR. Nesse sentido, alias, dispunha o art. 17-0, da Lei Federal n.° 6,938/81, corn a redação que lhe foi conferida pela Lei n. 9,960/2000, o seguinte: "Art. 17-0 Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, corn base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão recolher ao lhama 10% (dez por cento) do valor auferidc corno redução do referido Imposto, a titulo de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistorie (AC) "§ I' A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é opcional." Por esta razão, portanto, isto 6, por inexistir qualquer fundamento legal para a entrega tempestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de calculo 1 I II Processo 110 10670.00149412006-12 S2-C1T1 Accildfio 2i01-06,604 Fl. 224 prevista ppla legislação atinente ao ITR, a 2' Tufma da Camara Superior de Recursos Fiscais aprovou a seguinte súmula, extraída do texto da Portaria n.° 106/2009: "A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo MAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000," fundamen o advento 6.938/81, previsão 1 §1°, da L Proprieda Pois bem. Muito embora inexistisse, ate o exercício de 2000, qualquer o para a exigência da entrega do ADA corno requisito para a fruição da isenção, corn da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterou-se a redação do §1 0 do art. 17-0 da Lei n.° we passou a vigorar da seguinte forma: "Art 17-0. (. ) § la A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Assim, a partir do exercício de 2001, a exigência do ADA passou a ter gal com a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, i n.° 6.938/81, para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a e Territorial Rural. tepipestiv partir da s meios de Entendo tal alteração na legislação da seguinte forma: o ADA, apresentado mente, tem a função de inverter o ônus da prova, passando este a ser do Fisco a a entrega. Caso não ocorra a entrega do ADA, pode o contribuinte se valer de outros rova visando à fruição da redução da base de cálculo. • Nesse sentido, no que toca à demonstração da existência efetiva das Leas em referencia o próprio "Manual de Perguntas e Respostas" editado pelo IBAMA, em resposta a pergunta 40 ("Que documentação pode ser exigida para comprovar a existência das areas de interesse biental?"), estabelece a possibilidade de apresentação dos seguintes documentos: Ato Declaratório Ambiental — ADA e o comprovante da entrega do mesmo; *. Ato do Poder Público declarando as florestas e denials formas de vegetação natural corno Area de Preservação Permanente, conforme dispõe o Código Florestal em seu artigo 3.; • Laudo técnico emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica — ART, que especifique e discrimine as Areas de Interesse Ambiental (Area de Preservação Permanente; Area de Reserva Legal; Reserva Particular do Patrimônio Natural; Area de Declarado Interesse Ecológico; Area de Servidão Florestal ou Ambiental; Areas Cobertas por Floresta Nativa; Areas Alagadas para fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas); • Laudo de vistoria técnica do Ibama relativo A área de interesse ambiental; • Certidão do Ibama ou de outro órgão de preservação ambiental (órgdo ambiental estadual) referente As Areas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada; • Certidão de registro ou cópia da matricula do imóvel com averbação da Area de Reserva Legal; 12 1 Sala das Sessões-DF, em 28 de julho Jé 2010 Alexandre Naolci Nishro ca Processo a' 10670001494/2006-12 Acórdão n 2101-00.604 S2-C1T1 Fl 223 • Termo de Responsabilidade de Averbação da Area de Reserva Legal (TRARL) ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC); • Declaração de interesse ecológico de area imprestável, bem como, de Areas de proteção dos ecossistemas (Ato do Órgão competente, federal ou estadual — Ato do Poder Público — para areas de declarado interesse ecológico): Se houver ulna área no imóvel rural que sirva para a protegão dos. ecossistemas e que não seja titil para a agricultura ou pecuária, pode ser solicitada ao órgão ambiental federal ou estadual a vistoria e a declaração daquela como uma Area de Interesse Ecológico. • Certidão de registro ou copia da matricula do imóvel corn averbação da Area de Servidão Florestal; • Portaria do lbama de reconhecimento da Area de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)." Pode-se concluir, portanto, que a própria Administração Pública, que não pode venire contra .factum proprium, entende que tanto o ADA como a averbação da reserva legal tam efeito meramente declaratório, não sendo os únicos documentos comprobatórios das 'Areas de preservação permanente e de reserva legal, o que remete a solução da controvérsia, nas hipóteses em que ausentes a apresentação do referido ADA ou a averbação da reserva legal, A. análise de cada caso concreto. Em relação à reserva legal, esta está sujeita A aprovação da sua localização por órgão ambiental estadual competente após o exercício de 2002, ou, Mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente ill'abilitada, na forma do §4 ° do art. 16 da Lei n. ° 4.771/65 (tendo em vista a redação dada pela Medida Provisória n° 2.166-67, de 2001). No presente caso, apesar de a Recorrente não ter trazido aos autos nenhum Laudo Técnico, verifica-se das matriculas juntadas aos autos (fls. 32/53) que houve a devida aterbação das Areas de reserva legal, com base em Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta datado de 19 de julho de 1999, da seguinte forma: 1.775,71,60 ha (IL 43); 115.415,14,10 ha (fl. 46), 3.134,76,20 ha (fl. 49). Dessa forma, restou devidamente comprovada a área de reserva legal de 11.325,6190 ha, a qual deve ser considerada para fins de cálculo do ITR lançado. Com relação à multa de oficio de 75%, a mesma possui previsão legal, não havendo que se confundir a multa moratória de 20% com a decorrente do lançamento de oficio, de tal sorte que o recurso deve ser improvido quanto a este aspecto. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de AFASTAR a preliminar e, no mérito, DAR PARCIAL provimento ao recurso, para que seja considerada como de utilização limitada a Area de reserva legal devidamente averbada de 11325,6190 ha. 13
score : 1.0
Numero do processo: 13971.721576/2016-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014
ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARF. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO. PENALIDADE. DOLO. PREJUÍZO. IRRELEVÂNCIA.
As penalidades tributárias relacionadas às obrigações acessórias devem ser impostas caso verificada a conduta infracional descrita em lei, independentemente da intenção do contribuinte ou da extensão dos efeitos do ato, nos termos do artigo 136 do Código Tributário Nacional (CTN).
ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDAS. AUSÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA.
O artigo 112 do CTN tem por pressuposto de incidência a presença de dúvidas de natureza fática acerca da infração praticada pelo contribuinte, o que não se verifica no caso concreto.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. CORREÇÃO POSTERIOR À ATUAÇÃO DO FISCO. IRRELEVÂNCIA.
O fato de o sujeito passivo, posteriormente à atuação do Fisco, suprir a apresentação de informações inexatas, incompletas ou a omissão de informações em obrigação acessória não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista na legislação.
ECD. EFD-CONTRIBUIÇÕES. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO POR OUTROS MEIOS. IRRELEVÂNCIA.
O artigo 57 da MP nº 2.158-35/2001 não prevê redução da penalidade caso o contribuinte preste as informações a serem declaradas em ECD e em EFD-Contribuições por outros meios (declarações ou demonstrativos, por exemplo). A Dacon, por conter informações consolidadas, não se presta a substituir, nem mesmo em parte, a EFD-Contribuições.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. MULTA. BASE DE CÁLCULO. TOTAL DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS.
Nos termos do inciso III do artigo 57 da MP nº 2.158-35/2001, com a redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013, a base de cálculo da multa pelo cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas corresponde ao valor do total das transações comerciais e operações financeiras do sujeito passivo que padecem do vício, não havendo distinção a ser feita entre as transações de saídas ou entradas de bens e serviços.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.
Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ao desenvolvimento da lide, devendo serem afastados os pedidos que não apresentam este desígnio.
Numero da decisão: 1302-003.563
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório. O conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca votou pelas conclusões do relator quanto à exclusão do ICMS da base de cálculo da receita.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARF. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO. PENALIDADE. DOLO. PREJUÍZO. IRRELEVÂNCIA. As penalidades tributárias relacionadas às obrigações acessórias devem ser impostas caso verificada a conduta infracional descrita em lei, independentemente da intenção do contribuinte ou da extensão dos efeitos do ato, nos termos do artigo 136 do Código Tributário Nacional (CTN). ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDAS. AUSÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. O artigo 112 do CTN tem por pressuposto de incidência a presença de dúvidas de natureza fática acerca da infração praticada pelo contribuinte, o que não se verifica no caso concreto. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. CORREÇÃO POSTERIOR À ATUAÇÃO DO FISCO. IRRELEVÂNCIA. O fato de o sujeito passivo, posteriormente à atuação do Fisco, suprir a apresentação de informações inexatas, incompletas ou a omissão de informações em obrigação acessória não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista na legislação. ECD. EFD-CONTRIBUIÇÕES. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO POR OUTROS MEIOS. IRRELEVÂNCIA. O artigo 57 da MP nº 2.158-35/2001 não prevê redução da penalidade caso o contribuinte preste as informações a serem declaradas em ECD e em EFD-Contribuições por outros meios (declarações ou demonstrativos, por exemplo). A Dacon, por conter informações consolidadas, não se presta a substituir, nem mesmo em parte, a EFD-Contribuições. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. MULTA. BASE DE CÁLCULO. TOTAL DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS. Nos termos do inciso III do artigo 57 da MP nº 2.158-35/2001, com a redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013, a base de cálculo da multa pelo cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas corresponde ao valor do total das transações comerciais e operações financeiras do sujeito passivo que padecem do vício, não havendo distinção a ser feita entre as transações de saídas ou entradas de bens e serviços. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ao desenvolvimento da lide, devendo serem afastados os pedidos que não apresentam este desígnio.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório. O conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca votou pelas conclusões do relator quanto à exclusão do ICMS da base de cálculo da receita. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARF. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO. PENALIDADE. DOLO. PREJUÍZO. IRRELEVÂNCIA. As penalidades tributárias relacionadas às obrigações acessórias devem ser impostas caso verificada a conduta infracional descrita em lei, independentemente da intenção do contribuinte ou da extensão dos efeitos do ato, nos termos do artigo 136 do Código Tributário Nacional (CTN). ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDAS. AUSÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. O artigo 112 do CTN tem por pressuposto de incidência a presença de dúvidas de natureza fática acerca da infração praticada pelo contribuinte, o que não se verifica no caso concreto. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. CORREÇÃO POSTERIOR À ATUAÇÃO DO FISCO. IRRELEVÂNCIA. O fato de o sujeito passivo, posteriormente à atuação do Fisco, suprir a apresentação de informações inexatas, incompletas ou a omissão de informações em obrigação acessória não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista na legislação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 15 76 /2 01 6- 44 Fl. 582DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 583 2 ECD. EFDCONTRIBUIÇÕES. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO POR OUTROS MEIOS. IRRELEVÂNCIA. O artigo 57 da MP nº 2.15835/2001 não prevê redução da penalidade caso o contribuinte preste as informações a serem declaradas em ECD e em EFD Contribuições por outros meios (declarações ou demonstrativos, por exemplo). A Dacon, por conter informações consolidadas, não se presta a substituir, nem mesmo em parte, a EFDContribuições. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMITIDAS. MULTA. BASE DE CÁLCULO. TOTAL DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS. Nos termos do inciso III do artigo 57 da MP nº 2.15835/2001, com a redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013, a base de cálculo da multa pelo cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas corresponde ao valor do total das transações comerciais e operações financeiras do sujeito passivo que padecem do vício, não havendo distinção a ser feita entre as transações de saídas ou entradas de bens e serviços. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ao desenvolvimento da lide, devendo serem afastados os pedidos que não apresentam este desígnio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório. O conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca votou pelas conclusões do relator quanto à exclusão do ICMS da base de cálculo da receita. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo. Fl. 583DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 584 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em relação ao Acórdão nº 1464.136, proferido pela 15ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP (fls. 485 a 519), que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2012, 2013, 2014, 2015 MULTA REGULAMENTAR. ARTIGO 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº2.15835/2001. OMISSÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA. FIXAÇÃO DO PRAZO DE ENTREGA. Aplicase a penalidade estabelecida para a entrega de declaração com omissão prevista no inciso III do artigo 57 da MP nº2.15835/2001 quando o contribuinte entregar EFD Contribuições zeradas. A multa deve ser imposta pelo Fisco mesmo que a impugnante tenha corrigido a falta depois de intimada pelo AuditorFiscal. O prazo para o cumprimento das obrigações acessórias é fixado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). PENALIDADE. DOLO. PREJUÍZO. As penalidades tributárias devem ser impostas caso verificada a conduta infracional descrita em lei, independentemente da intenção do contribuinte ou da extensão dos efeitos do ato, nos termos do artigo 136 do Código Tributário Nacional (CTN). ECD. EFDCONTRIBUIÇÕES. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO POR OUTROS MEIOS. O artigo 57 da MP nº2.15835/2001 não prevê redução da penalidade caso o contribuinte preste as informações a serem declaradas em ECD e em EFDContribuições por outros meios (declarações ou demonstrativos, por exemplo). A Dacon, por conter informações consolidadas, não se presta a substituir, nem mesmo em parte, a EDFContribuições. MULTA REGULAMENTAR. INCISO III DO ARTIGO 57 DA MP Nº2.15835/2001. DECLARAÇÕES ZERADAS. A entrega de declaração zerada deve ser penalizada com a multa prevista no inciso III do artigo 57 da MP nº2.15835/2001. A conduta infratora representa entrega de declaração com informações omitidas, não podendo ser equiparada à não entrega de declaração. ARTIGO 112 DO CTN. INCIDÊNCIA. Fl. 584DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 585 4 O artigo 112 do CTN tem por pressuposto de incidência a presença de dúvidas de natureza fática acerca da infração praticada pelo contribuinte, o que não se verifica no caso concreto. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Não compete ao julgador administrativo decidir acerca de arguição de inconstitucionalidade de lei. DILIGÊNCIA FISCAL. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferido o pedido de diligência formulado pela impugnante que se revelar desnecessária para a solução da lide administrativa. BASES DE CÁLCULO. MULTA. Nos termos do inciso III do artigo 57 da MP nº2.15835/2001 com redação dada pela Lei nº12.766, de 2012, a base de cálculo da multa corresponde ao valor do faturamento auferido no mês anterior ao da entrega da declaração (EFDContribuições e ECD), assim entendido como a receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços. Nos termos do inciso III do artigo 57 da MP nº2.15835/2001 com redação dada pela Lei nº12.873, de 2013, a base de cálculo da multa corresponde ao valor das transações comerciais e operações financeiras da empresa." O presente processo decorre de Auto de Infração relativo a multas por apresentação da Escrituração Contábil Digital (ECD) relativa ao ano de 2012, com informações inexatas, incompletas ou omitidas, e da Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição Previdenciária sobre a Receita (EFDContribuições), em relação aos anos de 2012 a 2014, com informações incompletas e omitidas (fls. 02 a 10). Conforme o Relatório Fiscal de fls. 11 a 27, durante procedimento de auditoria junto à Recorrente, "foi constatado que a ECD de 2012 possuía erros e as EFD – Contribuições estavam com os dados zerados e incompletos", ensejando a aplicação da multa prevista no art. 57, incisos II e III, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. As divergências apuradas na ECD foram detalhadas no referido Relatório. Na Impugnação de fls. 64 a 89, o sujeito passivo: (i) em relação às EFDContribuições, reconhece que, originalmente, apresentouas sem nenhum dado, mas que tal fato não se enquadraria nas condutas apontadas no art. 57, inciso III, da MP nº 2.15835, de 2001, uma vez que a hipótese legal se destinaria a punir "quem quer enganar o Fisco, omitindo ou alterando informações específicas"; (ii) sustenta que não entregou arquivos "com informações inexatas, incompletas ou omitidas", mas "sem qualquer informação", conduta análoga à infração de não cumprir a obrigação acessória, penalizada de forma menos gravosa; Fl. 585DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 586 5 (iii) atribui a responsabilidade pela entrega das referidas EFDContribuições, exclusivamente, a um exfuncionário; (iv) argumenta que, tão logo tomou ciência dos fatos, promoveu à entrega dos arquivos digitais com as informações necessárias e dispensou o referido funcionário, de modo que não pode ser punido com penalidade mais gravosa que aquela prevista para quem não entrega os respectivos arquivos digitais; (v) alega que a penalidade do art. 57, inciso III, alínea "a", da MP nº 2.158 35, de 2001, se destina ao contribuinte que age com o intuito deliberado de esconder informações do Fisco; (vi) em relação à conta contábil nº 2102010007 da ECF, sustenta que "problemas operacionais geraram lançamentos em duplicidade, que, assim que foram detectados, restaram sanados pela empresa"; (vii) não tendo havido objetivo doloso de esconder, do Fisco, fatos geradores, a única infração punível seria o inadimplemento do tributo; (viii) aduz que a multa prevista no referido dispositivo legal somente é aplicável quando o contribuinte, regularmente intimado, presta as informações solicitadas pelo Fisco de maneira incompleta, incorreta ou omitida, o que não teria ocorrido, no caso; (ix) argumenta que a maior parte das informações que deveriam constar da ECD e da EFDContribuições já haviam sido regularmente prestadas pela empresa, por meio de outras declarações entregues à Receita Federal, o que deveria levar ao cancelamento das multas ou, pelo menos, à dedução da base de cálculo das informações já prestadas; (x) suscita a ausência de prejuízo para a fiscalização e a ausência de lei prevendo o prazo para entrega das declarações digitais (apenas Instruções Normativas), o que feriria o princípio constitucional da legalidade e o princípio da legalidade estrita, aplicável no âmbito tributário; (xi) defende a atipicidade da conduta, uma vez que o art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, não previa, anteriormente às alterações promovidas pela Lei nº 12.766, de 2012, e após a modificação trazida pela Lei nº 12.873, de 2013, penalidade para a "apresentação de arquivos digitais com informação omitida, inexata ou incompleta"; (xii) pugna pela aplicação do art. 112 do CTN; (xiii) alega que o valor das penalidades impostas são abusivos, o que violaria dispositivos constitucionais; (xiv) suscita a existência de erros na base de cálculo adotada para a determinação das multas aplicadas, posto que teria incluído valores que não se caracterizariam como faturamento ou transações comerciais; (xv) finaliza, invocando a realização de diligência, para a qual indica quesitos. Fl. 586DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 587 6 A decisão de primeira instância, ante o disposto no art. 136 do CTN, considera que a intenção do agente e a extensão dos efeitos não é relevante para a apuração das responsabilidade pelas infrações cometidas pelo sujeito passivo, de modo que não lhe socorre a alegação de que não teria havido conduta dolosa de sua parte. Registra que o arquivo entregue "zerado, do mesmo modo que o arquivo com algumas informações inexatas, incompletas ou omitidas, traz prejuízo à descoberta da verdade, sendo perfeitamente aceitável que as duas condutas tenham sua punição prevista na mesma norma jurídica". Distingue, ainda, a entrega do arquivo "zerado" da omissão na entrega do arquivo, posto que esta, diferentemente daquela, é facilmente constatada pelo Fisco, sem a necessidade de exame do conteúdo do arquivo. Os julgadores a quo entenderam que inexiste exigência legal de prévia intimação para a imposição das penalidades em análise, o que somente seria aplicável aos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Decidiram, igualmente, que o art. 113, §2º do CTN, e o art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, delegaram à legislação tributária e à Secretaria da Receita Federal, respectivamente, a criação de obrigações acessórias, reservando a cominação das penalidades à lei, conforme art. 97, inciso V, do CTN, em observância ao art. 5º, inciso II, da Constituição Federal. Assim, seria legítimo o prazo fixado para o cumprimento das obrigações acessórias, e a penalidade imposta, no caso da sua inobservância. Segundo o Acórdão contestado, o pedido para que sejam deduzidas da base de cálculo das multas aplicadas, informações já prestadas ao Fisco, por meio de outras declarações, não possui suporte normativo. Além disso, as informações prestadas na EFD Contribuições e na ECD não se confundem com aquelas informadas, de modo consolidado, nos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais (Dacon) e na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Considerou, portanto, desnecessária a realização de diligência para a solução da lide. Quanto à alegação de desproporcionalidade entre a conduta e a penalidade, na linha do já citado, manifestou o entendimento de que a conduta de apresentar declarações "zeradas" deve ser punida mais severamente que a simples omissão. Em relação à argumentação de inexistência de prejuízo, registrou que a autuação pelo descumprimento de obrigação acessória prescinde de tal requisito, na linha do determinado pelo art. 113, §3º, do CTN. Ainda assim, apontou os prejuízos advindos da entrega de arquivos "zerados", como já exposto, os quais não são elididos pela entrega de declaração retificadora, após iniciada a ação fiscal. No que diz respeito à arguição de atipicidade da conduta, decidiu que todas as redações do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, previam penalidade aplicável a qualquer declaração prestada à Receita Federal, incluindo a ECD e a EFDContribuições entregues com informações omitidas, inexatas ou incompletas. Pontuou, ainda, não ser aplicável ao caso os Fl. 587DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 588 7 arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, os quais se destinam à hipótese de ausência de entrega de escrituração digital requerida em intimação lavrada durante ação fiscal. Considerou a decisão, ademais, que inexiste qualquer dúvida capaz de fazer incidir o art. 112 do CTN. Em relação à alegação de abusividade da multa, registrou que o debate acerca da violação a princípios constitucionais escapa à competência do julgador administrativo. Finalmente, quanto aos supostos erros na apuração da base de cálculo das penalidades, reconheceu o Acórdão que as multas aplicadas com base no art. 57, na redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, devem incidir apenas sobre os valores das receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços, de modo que equivocada a autoridade fiscal ao incluir no cálculo as outras receitas auferidas pelo sujeito passivo. Já para as multas impostas com base na redação do mencionado dispositivo conferida pela Lei nº 12.873, de 2013, concluíram os julgadores que o termo "transações comerciais" não contempla apenas as receitas de vendas de mercadorias e serviços, mas todas as transações comerciais realizadas pela pessoa jurídica, independentemente, se de saída ou entrada de mercadorias. Não obstante, reconheceu o equívoco da autoridade fiscal ao incluir na base de cálculo das penalidades os valores dos blocos F e M da EFDContribuições. Cientificado da decisão de primeira instância, o sujeito passivo apresentou o Recurso Voluntário de fls. 530 a 558, no qual repete as alegações trazidas na Impugnação, rebatendo, em alguns pontos, o entendimento da autoridade julgadora a quo, conforme se detalhará em seguida, quando da análise da peça recursal. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator I. Da admissibilidade do Recurso O sujeito passivo foi cientificado, por via postal, em 21 de fevereiro de 2017 (fls. 526/527), tendo apresentado Recurso Voluntário em 23 de março de 2017 dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O Recurso é assinado por integrante da Diretoria da pessoa jurídica, com poderes para a representar. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, inciso VI, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Isto posto, o Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, pelo que deve ser conhecido. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 589 8 II. Da legislação aplicável Como relatado, as multas impostas à Recorrente tem por fundamento legal o art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Como o referido dispositivo passou por alterações legislativas, importa analisar, a princípio, a consequência disso em relação aos fatos geradores relacionados à autuação sob exame. Originariamente, o referido dispositivo possuía a seguinte redação: "Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento." O art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, por sua vez, é, desde sempre, assim redigido: "Art.16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável." Constatase que o dispositivo do art. 57, em sua redação original era uma regra geral, aplicável a qualquer obrigação acessória relativa aos impostos e contribuições administrados pela Receita Federal, desde que inexistente regra específica. É essa a conclusão do Parecer Normativo RFB nº 3, de 2013: "2.1. A multa tinha um escopo genérico: quando não houvesse nenhuma específica, ela seria aplicada a quaisquer situações que decorressem do descumprimento de uma obrigação acessória." A Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012, conferiu nova redação ao art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, conforme abaixo: "Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões será intimado para apresentálos ou para prestar esclarecimentos nos Fl. 589DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 590 9 prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas:(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012)" Vejase que a nova redação é expressa na aplicação da referida multa à escrituração digital, razão pela qual surge a dúvida, suscitada pelo Recorrente, sobre a relação do dispositivo na redação original com os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218 de 1991, na redação conferida pela mesma MP nº 2.15835, de 2001: "Art.11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pela prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §1ºA Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §2ºFicam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pela Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §3ºA Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. .(Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §4ºOs atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pela Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; IImulta de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IIImulta equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos Fl. 590DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 591 10 e sistemas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Parágrafo único.Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001)" A atenta leitura dos dispositivos, contudo, permite a constatação de que as normas tratam de elementos materiais distintos. Enquanto o art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, trata de obrigações acessórias instituídas com base no art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999; os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, cuidam dos arquivos e "sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal" utilizados pelos contribuintes. Pensando na escrituração comercial do sujeito passivo, este utilizará determinado sistema para tal propósito e, sobre o próprio sistema e seus arquivos, incidirá a obrigação acessória e penalidade de que tratam os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. O mesmo sujeito passivo, contudo, por força de normas distintas estará obrigado a apresentar a ECD e a EFDContribuições. É possível (até provável) que o mesmo sistema utilizado para a escrituração comercial se valha dos dados nele inseridos para gerar tais obrigações acessórias. Contudo, a penalidade aplicável às hipóteses de descumprimento ou cumprimento em desacordo com as normas aplicáveis a estas obrigações será aquela do art. 57 da MP nº 2.158 35, de 2001. Assim, desde logo, devese rechaçar a tese do sujeito passivo de que, antes da edição da Lei nº 12.766, de 2012, o art. 57 não poderia ser o fundamento para a aplicação de penalidades relativas à ECD e à EFDContribuições. Como bem distingue o, já referido, Parecer Normativo RFB nº 3, de 2013: "4.4. Na literalidade do disposto na Lei nº 12.766, de 2012, a multa é para aqueles sujeitos, quaisquer que sejam, que não apresentem ou o façam incorreta ou intempestivamente declaração, demonstrativo ou escrituração digital. Eles não apresentam, mas possuem a escrituração eletrônica. Já a Lei nº 8.218, de 1991, é para aquelas pessoas jurídicas que nem mantêm os arquivos digitais e sistemas à disposição da fiscalização de maneira contínua. Objetivamente a infração ocorre (seu “fato gerador”) com a não apresentação, apresentação incorreta ou intempestiva, mas os elementos materiais são distintos. 4.5. Caso a Fiscalização comprove que a pessoa jurídica não apresentou o demonstrativo ou escrituração digital por não ter escriturado e, concomitantemente, não mantém os arquivos à disposição de maneira contínua à RFB, tal conduta se amolda no aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991." Por isso, aquele Parecer concluiu que a nova redação conferida ao art. 57 não revogou os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Fl. 591DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 592 11 O mesmo raciocínio se aplica ao atual texto do art. 57, dado pela Lei nº 12.873, de 2013: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) I por apresentação extemporânea:(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) c) R$ 100,00 (cem reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas:(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta;(Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento).(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) Fl. 592DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 593 12 § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput.(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 3o A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício.(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) § 4o Na hipótese de pessoa jurídica de direito público, serão aplicadas as multas previstas na alínea a do inciso I, no inciso II e na alínea b do inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)" A única consequência, portanto, das alterações legislativas será aquela já aplicada pela autoridade fiscal no lançamento: a incidência da norma mais benéfica entre a vigente à época dos fatos geradores e a posteriormente editada, conforme art. 106, inciso II, alínea "c" do CTN. Esclarecido tal ponto, passemos à análise das demais razões recursais. III. Da incidência da norma ao caso concreto A Recorrente defende que o fato de haver apresentado as EFDContribuições "zeradas", ou seja, sem nenhum dado, exceto aqueles de natureza cadastral, não teria incidido na hipótese prevista no art. 57, inciso III, da MP nº 2.15835, de 2001. A tese não se sustenta, porém. O fato de o sujeito passivo haver apresentado as EFDContribuições sem conteúdo é exatamente uma das hipóteses previstas para a incidência da multa de que trata a referida norma: "apresentar com (...) omissões"; "cumprir com (...) omissões". Cumprir a obrigação "sem qualquer informação", obviamente, é fazêlo com omissões (no caso, a omissão total de informações). Ao contrário do defendido, tal fato não é o mesmo que a omissão na entrega da EFDContribuições. Não fosse assim, não haveria razão para a norma fazer a distinção, inclusive, em relação à penalidade aplicável. O sujeito passivo tenta, ainda, atrelar a imposição da sanção à intenção do agente, o que, como acertadamente esclareceu o Acórdão recorrido contraria o art. 136 do CTN: "Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato." Fl. 593DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 594 13 Em nenhum instante, a norma que fundamenta o lançamento faz a vinculação entre as condutas penalizadas e a intenção do sujeito passivo. A multa é aplicada a quem não cumpre a obrigação ou a cumpre com incorreções ou omissões, independentemente das motivações que levaram a isto. Não é relevante, também, para a aplicação da sanção, o fato alegado pela Recorrente de que o exclusivo responsável pelas condutas penalizadas seria um exfuncionário; e que, tão logo tomou conhecimento das omissões, providenciou o fornecimento das informações necessárias. Ora, o responsável pelo cumprimento da obrigação a ele imposta é o contribuinte. O fato de o descumprimento supostamente se dar por culpa de terceiros por ele contratados não o isenta de sofrer as sanções previstas na legislação. Apenas o confere, civilmente, o direito de acionar o culpado pelos prejuízos eventualmente sofridos. Na mesma linha, a alegação de que as incorreções detectadas na conta contábil 2102010007 da ECD decorreram de lançamentos em duplicidade provocados por problemas operacionais, também não socorre a Recorrente. As razões para a ocorrência das incorreções não é relevante para a aplicação da sanção. Basta que se detecte que a obrigação foi cumprida com informações incorretas. De outra parte, o fato de a Recorrente, posteriormente à atuação do Fisco, suprir as omissões ou corrigir as informações não tem o condão de afastar a incidência da norma, que ocorreu em momento prévio. O fato punível é a conduta praticada, infração puramente formal, independentemente, portanto, de ter havido posterior correção. IV. Da necessidade de prévia intimação do contribuinte A Recorrente sustenta que "a multa do art. 57, III, “a” da MP nº 2158 35/2001 é prevista tãosomente para o caso da empresa que, regularmente intimada, presta as informações solicitadas pelo Fisco de maneira incompleta, incorreta ou omitida". A afirmação da Recorrente não é verídica. Se é fato que o caput do art. 57 prevê, desde a redação conferida pela Lei nº 12.766, de 2012, a intimação do sujeito passivo para o cumprimento da obrigação ou para a prestação de esclarecimentos, a multa prevista no seu inciso III (diferentemente daquela prevista no inciso II) não é dependente de tal intimação, mas apenas do cumprimento da obrigação com informações inexatas, incompletas ou omitidas. No caso sob análise, a autoridade fiscal, ante a constatação de que as EFD Contribuições apresentadas voluntariamente pelo sujeito passivo estavam "zeradas", até o intimou para a apresentação de novas declarações, assim como o fez em relação à ECD apresentada com incorreções. Tal fato, contudo, somente teria relevância, no caso de descumprimento, para a aplicação da multa prevista no inciso II do art. 57, ou de novo cumprimento com omissões ou incorreções, para a aplicação da multa prevista no inciso III. O fato de o sujeito passivo haver atendido às intimações suprindo os vícios constatados somente o eximiu de nova sanção. Fl. 594DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 595 14 A multa aplicada, porém, decorre das omissões constatadas nas EFD originais e das incorreções contidas na ECD original, as quais, independentemente de intimação, já eram suficientes para a incidência da norma. A jurisprudência trazida pela própria Recorrente corrobora tal entendimento, quando, tratando do art. 12 da Lei nº 8.218, de 1991, mostra que a penalidade prevista no inciso II daquele dispositivo se vincula a uma prévia intimação. Exatamente como o inciso II do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. A penalidade do inciso III somente se relacionará à Intimação, caso o sujeito passivo, em atendimento a esta, cumpra a obrigação com omissões ou incorreções. Não é verídico, ainda, que a referida sanção somente é aplicável "para os casos em que o contribuinte apresenta suas 'declarações', no curso do procedimento fiscalizatório é intimado a prestar informações sobre determinado lançamento, mas não o faz ou faz com incorreções". Como já esclarecido, a penalidade do inciso III tanto se aplica a esta hipótese quanto ao cumprimento espontâneo com os vícios previstos na norma. A Recorrente, por fim, tenta indevidamente converter os poderes da Administração Tributária previstos nos arts. 195 a 197 do CTN, em deveres essenciais que deveriam ter sido cumpridos, como requisito sine qua non, para a aplicação da multa sob análise. Os dispositivos não possuem qualquer disposição mandatória aplicável ao caso e as razões já expendidas são suficientes para afastar a tese do sujeito passivo. V. Das informações prestadas anteriormente ao Fisco A Recorrente procura, ainda, se desvencilhar das penalidades a ela imposta com a alegação de que as informações omitidas nas declarações que embasaram a aplicação das sanções já teriam sido prestadas à Administração Tributária, por meio de outras declarações (a exemplo dos Dacon). Neste tópico, cabe repetir, inicialmente, as razões de decidir utilizadas pelo Acórdão recorrido, as quais adoto como minhas: "Sobre esta questão, em primeiro lugar, devese salientar que o pedido formulado pela contribuinte não encontra suporte normativo, porquanto o artigo 57 da MP nº 2.15835/2001, que estabelece a penalidade em litígio, não prevê qualquer espécie de abatimento da multa em função de eventual conhecimento, por parte da RFB, das informações que deixaram de ser prestadas. Ademais, as informações prestadas por meio da EFD Contribuições não se confundem com as prestadas nas Dacon. Enquanto que, na EFD, são declarados, em detalhes, todos os fatos geradores das contribuições sociais, na Dacon são declaradas informações consolidadas, totalizadas mensalmente. Por mais pormenorizada que seja a Dacon, jamais se atingirá o grau de pormenorização previsto para a EFDContribuições. Fl. 595DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 596 15 Ora, na realidade, a Dacon é uma declaração que representa a consolidação das informações prestadas em EFDContribuições. Tanto que, em 2014, quando a nova obrigação tributária já estava devidamente instituída, testada e utilizada, foi possível retirarse a Dacon do rol de declarações prestadas pelos contribuintes. Considerando que as informações representadas na Dacon são as consolidações das prestadas em EFDContribuições, não há como se aceitar que a entrega da Dacon, de alguma forma, satisfizesse parte da necessidade de transmitir a EFD Contribuições. Embora sejam documentos que versem sobre os mesmos tributos, não são intercambiáveis. A reflexão supra acerca da relação Dacon x EFDContribuições é aplicável à relação Dipj x ECD, ou seja, declaração de consolidação não atende parte do dever de entregar declaração detalhada. Quanto a eventual apresentação de “memórias de cálculo” durante a ação fiscal, tal procedimento em nada socorre a impugnante, uma vez que a penalidade em questão não pressupõe o desatendimento à intimação fiscal, conforme já discutido no presente voto. Por conseguinte, tendo sido entregue EFDContribuições com informações inexatas, incompletas ou omitidas no prazo fixado pela legislação, a penalidade é medida que se impõe, mesmo que as informações faltantes tenham sido oferecidas durante a ação fiscal." Com absoluta correção a decisão contestada e o primeiro motivo já seria suficiente para afastar a alegação do sujeito passivo: a inexistência de qualquer previsão legal, para que se deduza da base de cálculo da multa qualquer informação já prestada pelo sujeito passivo, por outro meio. A penalidade leva em consideração a omissão contida por meio da respectiva declaração, não importando se, de outro modo, o sujeito passivo levou ao conhecimento do Fisco as informações ali omitidas ou prestadas com incorreções. O fato de as informações prestadas pela Recorrente nos Dacon e na DIPJ serem consolidados e não pormenorizados como exigidos na ECD e na EFDContribuições é apenas um reforço à, já suficiente, razão para rejeitar a tese do sujeito passivo. Assim, de nada adianta a Recorrente alegar que apresentou memórias de cálculos com informações pormenorizadas. A legislação exige que tais informações estejam nas citadas declarações e pune a omissão ou a incorreção nelas cometida. Mantémse, portanto, em mais este ponto da decisão recorrida, rejeitandose igualmente o requerimento de diligência, posto que absolutamente desnecessária, uma vez que pretende provar algo que não exime a Recorrente das multas aplicadas. Fl. 596DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 597 16 VI. Da ausência de prejuízos à fiscalização Em linha com a, já rejeitada, alegação de que teria adotado as providências para suprir as incorreções e omissões constatadas, a Recorrente sustenta que as omissões e incorreções cometidas não teria trazido prejuízo ao Fisco. Ora, como já visto no art. 136 do CTN, "(...) a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe (...) da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato". Tratase, repito de infração meramente formal: uma vez praticado o ato previsto na legislação, aplicase a sanção. Correta a decisão recorrida, portanto, ao registrar que a autuação independe de prova de prejuízo ao Fisco. De fato, não há qualquer vinculação neste sentido na norma legal que estipula a penalidade. A decisão administrativa isolada trazida no Recurso, para fundamentar a alegação, não possui qualquer efeito vinculante e decorre de conclusão a que chegaram (por maioria) os julgadores administrativos que a proferiram, dentro do seu livre convencimento, acerca da não subsunção do fato ocorrido à norma legal, uma vez que o sujeito passivo teria esclarecido a incorreção constatada. Com a devida vênia, considero inexistir qualquer fundamento legal para que os atos praticados pelo sujeito passivo, após a constatação da infração, possam afastar a aplicação da sanção prevista. Ao contrário do que argui a Recorrente, quanto à possibilidade de retificação, apenas a atuação da Recorrente, previamente à constatação do Fisco poderia lhe eximir da penalidade. Por esta razão, nego provimento ao Recurso Voluntário em mais este aspecto. VII. Da fixação do prazo para a entrega das declarações Para a Recorrente, "somente lei (em sentido estrito) pode criar obrigação tributária (principal e acessória) e tratar de penalidades relativas aos tributos (art. 97 do CTN e arts. 5º, II e 150, I, da CF)", de modo que seria ilegítima a fixação, por meio de instrução normativa, do prazo para cumprimento de obrigações acessórias. A alegação do sujeito passivo, porém, desconsidera que a lei (em sentido estrito), a saber o já transcrito art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, estabeleceu a competência da Secretaria da Receita Federal para "dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável". Neste sentido, ao contrário do sustentado, não há nada de ilegítimo no fato de que o prazo para a apresentação das obrigações acessórias envolvidas no caso sob análise foi fixado por meio de Instruções Normativas editadas pelo órgão a quem a norma legal atribuiu tal competência. Fl. 597DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 598 17 De outra banda, como também já exposto, a estipulação das sanções aplicadas foi realizada por meio de leis (em sentido estrito), cumprindo plenamente os requisitos invocados pela Recorrente. VIII. Da desproporcionalidade entre penalidades e condutas A alegação da Recorrente é que teria sido fixada para a apresentação com omissões ou incorreções das declarações (inciso III do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001) uma penalidade mais gravosa que para conduta mais grave de não atender a intimação para o cumprimento de obrigação acessória ou prestação de esclarecimentos (inciso II do referido dispositivo legal). Cabe, mais uma vez, dar razão ao Acórdão combatido. A conduta praticada pelo sujeito passivo de apresentar a declaração "zerada" ou com inexatidões é de muito mais difícil detecção do que aquela de se omitir no cumprimento da obrigação acessória, merecendo, deste modo, a reprimenda mais rigorosa. A lógica apresentada pela Recorrente para fundamentar a sua argumentação é totalmente invertida e não merece prosperar. De toda sorte, entendo que, estando as penalidades estipuladas na legislação, não caberia a este julgador a competência para aplicálas em desconformidade com a previsão legal. IX. Da aplicação do art. 112 do CTN A Recorrente invoca a aplicação em seu favor do art. 112 do CTN, in verbis: "Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação." (Destacouse) Não fica claro na peça recursal em qual situação tratada pelo citado dispositivo o sujeito passivo se entende enquadrado. Eis as suas razões: "107. Conforme restou demonstrado, a Recorrente prontamente esclareceu e sanou as supostas incorreções e omissões dos lançamentos/operações apontadas pelo Fisco em sua escrituração digital. Frisase que, após tais procedimentos, a autoridade lançadora não questionou tais informações. De mais a mais, restou clara a boafé da empresa em todo o processo de fiscalização, não prejudicando em nada o dever de investigar da autoridade notificante." Fl. 598DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 599 18 Nenhuma relação há entre os argumentos da Recorrente (já enfrentados em outras alegações, neste voto) e o dispositivo em análise, que se volta para situações em que existam dúvidas quanto aos fatos detalhados nos seus incisos. No caso sob julgamento, contudo, não há qualquer dúvida acerca de qualquer elemento relacionado com a infração cometida pelo sujeito passivo e a penalidade a ele aplicável, em decorrência da conduta praticada. X. Da inconstitucionalidade das multas aplicadas No seu Recurso, o sujeito passivo aduz que as penalidades a ele aplicadas violariam vários princípios constitucionais. Como já reconhecido pelo julgador de primeira instância, a apreciação acerca da constitucionalidade da norma que embasou as multas impostas nos presentes autos escapa à competência do julgador administrativo. Tal fato, inclusive, é objeto da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Não pode ser acatada ainda a alegação da Recorrente de que não busca a declaração da inconstitucionalidade da norma, mas o reconhecimento da inconstitucionalidade da penalidade. Ora, tendo a sanção sido aplicada em estrita observância à legislação vigente, a única forma de reconhecer eventual inconstitucionalidade daquela seria exatamente acolhendo a alegação da inconstitucionalidade da norma que a embasou. As multas exigidas da Recorrente não surgem por si só. São decorrência da aplicação da lei que a prevê. Por fim, ao contrário do sustentado da Recorrente, não há qualquer decisão com efeitos erga omnes por parte do Supremo Tribunal Federal que reconheça a inconstitucionalidade aventada. Por tais razões, deixase de apreciar a existência ou não das alegações do sujeito passivo. XI. Da base de cálculo da multa, nos termos da Lei nº 12.766, de 2012 O Acórdão recorrido acatou a argumentação da Recorrente quanto a tal matéria, na medida em que reconheceu que as multas aplicadas com base no art. 57 da Lei nº 2.15835, de 2001, na redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, devem incidir apenas sobre os valores das receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços, de modo que equivocada a autoridade fiscal ao incluir no cálculo as outras receitas auferidas pelo sujeito passivo. Não obstante, no Recurso Voluntário, alegase que ainda "persistem na base de cálculo da multa, valores que não decorrem de vendas de mercadorias e serviços, como é o caso, por exemplo, do ICMS incidente nas respectivas operações". Fl. 599DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 600 19 A leitura da decisão revela que o julgador reduziu a base de cálculo da multa à soma dos valores consignados nas linhas 01 e 07 da Ficha 07A do Dacon ("Receita de Vendas de Bens e Serviços Alíquota de 1,65%" e "Receita sem Incidência da Contribuição Exportação", respectivamente) e em parte daqueles informados na linha 04 da mesma Ficha, conforme discriminados na EFDContribuições ("Vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM"). É fora de dúvidas, portanto, que tais receitas correspondem à base de cálculo estipulada no inciso III do citado art. 57 "receita decorrente de vendas de mercadorias e serviços". Inexiste qualquer norma legal que determine ou possibilite a exclusão de tais montantes dos valores de ICMS que compuseram a receita de vendas. Mesmo a hipótese de a Recorrente estar se referindo à decisão do STF no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706 não tem qualquer efeito sobre o caso. Primeiro, porque não há decisão definitiva com trânsito em julgado naqueles autos; depois, porque o tema ali discutido é a base de cálculo para a incidência da Cofins e da Contribuição ao PIS/Pasep. A Recorrente, a par disso, não discrimina qualquer outro valor que entende não deva compor a base de cálculo da penalidade. Não deve prosperar, desta forma, o Recurso Voluntário, em mais este ponto. XII. Da base de cálculo da multa, nos termos da Lei nº 12.873, de 2013 A decisão recorrida também acatou, parcialmente, as alegações da Recorrente quanto a tal matéria, de modo que reconheceu que as multas aplicadas com base no art. 57 da Lei nº 2.15835, de 2001, na redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013, não devem incidir sobre os valores contidos nos Blocos F e M da EFDContribuições, já que estes, a princípio, não tratam de operações comerciais ou financeiras. A Recorrente, contudo, busca, por meio do Recurso Voluntário, que toda a sua tese de defesa seja acatada. Ou seja, que a base de cálculo da multa em questão considere apenas os valores que representes geração de receitas. Entendo que a matéria foi adequadamente apreciada pelo julgador a quo, de forma que peço vênia para transcrever trecho do Acórdão combatido, o qual adoto como parte da minha própria fundamentação: "No que tange às penalidades calculadas em função da Lei nº 12.873, de 2013, argumentou a impugnante que a Fiscalização não teria observado a base de cálculo de apuração da multa, qual seja, valor das transações comerciais da empresa. Defendeu que tais operações são aquelas geradoras de receitas, conforme “resposta à pergunta 11, do item “EFD contribuições”, do manual Perguntas e Repostas DIPJ 2014” e concluiu que estaria equivocado o AuditorFiscal o qual entendeu que a referida base de cálculo resultaria da “a soma dos valores absolutos das informações inexatas (erros a débito e a crédito devem ser somados e não compensados)”. Fl. 600DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 601 20 Antes de decidir a questão suscitada pela impugnante, transcrevo a redação do artigo 57 da MP nº 2.15835/2001 dada pela Lei nº 12.873, de 2013: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) (...) III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) A resposta citada pela contribuinte está transcrita abaixo (http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declarac oesedemonstrativos/dipjdeclaracao deinformacoes economicofiscaisdapj/respostas 2014/capitulo_xxvii_efdcontribuicoes2014.pdf/view): Fl. 601DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 602 21 Lendo com atenção o excerto supra, percebese a RFB, ao responder a indagação dos contribuintes, estava preocupada em esclarecer quais são as operações de saída de mercadorias que deveriam ser consideradas “transações comerciais”. Dentre as operações desta natureza, seriam transações comerciais aquelas geradoras de receitas. Acerca do termo “transação”, ensina De Plácido e Silva: TRANSAÇÃO. Do latim transactio, de transigere (transigir), exprimindo a ação de transigir, tem. em conceito gramatical, o sentido de pacto, convenção, ajuste, em virtude do qual as pessoas realizam um contrato, ou promovem uma negociação. Neste aspecto, pois, numa significação vulgar, geralmente adotada na terminologia mercantil, a transação importa no negócio, na operação, ou no ato de comércio, pelo qual se realize uma compra ou uma venda, ou se cumpre um desconto bancário, uma caução de títulos, ou um mútuo mercantil. Vêse, assim que o conceito de “transações comerciais” são se limita às operações de saída de mercadorias geradoras de receitas. Por serem acordos ou ajustes de natureza comercial envolvendo duas ou mais pessoas, as aquisições de mercadorias ou insumos de outras empresas também devem ser enquadradas como transações comerciais. Consequentemente, está correto o procedimento fiscal de incluir, no cômputo do cálculo da multa, os valores dos Documentos Fiscais informados nos Blocos A/C/D, independentemente de se tratar de notas fiscais de saída ou de entrada." De fato, a expressão utilizada pelo legislador não restringe qual a natureza das "transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário". O que é relevante, isso sim, é que a multa incida sobre cada uma das transações omitidas ou informadas com inexatidão ou incompletude, pouco importando se correspondem a transações de saída ou de entrada, já que a obrigação acessória abrange transações destas duas naturezas, todas elas importantes para o conhecimento do Fisco, portanto. Fl. 602DF CARF MF Processo nº 13971.721576/201644 Acórdão n.º 1302003.563 S1C3T2 Fl. 603 22 XIII. Conclusão Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 603DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000445/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
NÃO CONFISCO. MULTA DE OFÍCIO. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF N. 2.
Não se toma conhecimento da alegação de que a multa de ofício seria confiscatória, eis que verificar a eventual existência de confisco seria equivalente a reconhecer a inconstitucionalidade da norma que prevê a incidência da multa, o que é vedado a este Conselho Administrativo, conforme prescreve a Súmula CARF nº 2.
JUROS DE MORA. SELIC. LEGITIMIDADE. SÚMULA CARF N. 4.
O CTN, ao estabelecer em seu art. 161, §1º, a taxa de juros de mora ao percentual de 1% ao mês, o faz em caráter supletivo, deixando à lei a possibilidade de dispor de modo diverso. A incidência da taxa Selic tem previsão legal nos arts. 61, caput e §3° e art. 5º, §3º da Lei nº 9.430/96 e no art. 13 da Lei nº 9.065/95.
A legitimidade da taxa Selic como juros moratórios dos débitos tributários está pacificada no CARF pelo enunciado da Súmula CARF nº 4.
Recurso voluntário negado na parte conhecida
Numero da decisão: 3402-006.430
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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MULTA DE OFÍCIO. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF N. 2. Não se toma conhecimento da alegação de que a multa de ofício seria confiscatória, eis que verificar a eventual existência de confisco seria equivalente a reconhecer a inconstitucionalidade da norma que prevê a incidência da multa, o que é vedado a este Conselho Administrativo, conforme prescreve a Súmula CARF nº 2. JUROS DE MORA. SELIC. LEGITIMIDADE. SÚMULA CARF N. 4. O CTN, ao estabelecer em seu art. 161, §1º, a taxa de juros de mora ao percentual de 1% ao mês, o faz em caráter supletivo, deixando à lei a possibilidade de dispor de modo diverso. A incidência da taxa Selic tem previsão legal nos arts. 61, caput e §3° e art. 5º, §3º da Lei nº 9.430/96 e no art. 13 da Lei nº 9.065/95. A legitimidade da taxa Selic como juros moratórios dos débitos tributários está pacificada no CARF pelo enunciado da Súmula CARF nº 4. Recurso voluntário negado na parte conhecida Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 04 45 /2 00 9- 64 Fl. 1882DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora que julgou improcedente a impugnação da contribuinte. Versam os autos sobre Autos de Infração de Cofins e de PIS referentes a fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2005 em decorrência da apuração de falta/insuficiência de recolhimento dessas contribuições, nos montantes totais consolidados de R$1.552.433,66 e R$337.041,39, respectivamente, atualizados até 30/09/2009. A autuação deuse sob os seguintes fatos e fundamentos, conforme consta no Termo de Constatação de Irregularidades: (...) O contribuinte para justificar as origens dos depósitos e créditos efetuados em suas contas correntes bancárias, apresentou os livros Diários de n° 10 (janeiro a junho/2005) e no 11 (julho a dezembro/2006), devidamente escriturados e Autenticados na JUCESP sob n° 82603 em 28/04/2006 e n' 88891 em 01/06/2006 respectivamente e o livro RAZÃO, bem como disponibilizou a essa auditoria, os documentos que deram origem movimentação financeira, e sua escrituração. Por amostragem, na qual considerouse ás operações de valores mais expressivos, verificase existir compatibilidade entre a escrituração contábil e os extratos de movimentação financeira. O contribuinte elaborou a Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica do ano exercício de 2006, ano calendário de 2005, com respectivos balancetes de Suspensão, de conformidade com a escrituração contida nos seus livros Diário de n° 10 e 11, apurando prejuízo contábil. O contribuinte não apresentou a DACON, relativamente a cada um dos quatro trimestres de 2005, sendo assim apurada a falta de declaração e de recolhimento da COFINS e da Contribuição ao PIS. Contribuinte não informou nas respectivas DCTFs apresentadas os valores devidos da COFINS e da Contribuição ao P1S, apurados e demonstrados nas DACONs elaboradas pelo contribuinte. 2 MATÉRIA TRIBUTÁVEL FALTA DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS e COFINS. Contribuição devida ao PIS e COFINS, em decorrência da apuração pelo regime da nãocumulatividade, demonstradas e apuradas nas DACONs, não informada pelo contribuinte em DCTF e não recolhida. O valor mensal da contribuição devida e acima descrita será utilizado para a constituição do crédito tributário de oficio, mediante a lavratura do competente Auto de Infração. (...) 4 BASE DE CÁLCULO O crédito tributário a ser cobrado de ofício mediante a lavratura do competente Auto de Infração, será o valor da contribuição demonstrada e apurada na DACON, como segue: Fl. 1883DF CARF MF Processo nº 16095.000445/200964 Acórdão n.º 3402006.430 S3C4T2 Fl. 1.883 3 (...) A interessada apresentou impugnação, alegando, em síntese: metodologia inapropriada empregada na apuração de valores, caráter confiscatório da multa de ofício e ilegalidade da taxa Selic. A Delegacia de Julgamento não acolheu as razões da impugnante, sob os seguintes argumentos principais: A alegação de que a "ausência de entrega de documentos não pode por si só configurar a presunção de crédito em favor da Receita Federal", não encontra fundamento fático, tendo em vista que os Autos de Infração foram lavrados em virtude da constatação de falta de recolhimento das contribuições. Nos termos da Súmula nº 4 do CARF, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela RFB são devidos, no período de inadimplência, à taxa Selic acumulada mensalmente. A vedação ao confisco inserta na Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Cientificada dessa decisão em 22/02/2016, a interessada interpôs o recurso voluntário em 22/03/2016, sustentando, em síntese: a) decadência em face de o débito não ter sido inscrito na dívida ativa no prazo de 5 anos; b) nulidade dos autos de infração tendo em vista que não houve recolhimento a menor das contribuições e que se constatou a compatibilidade entre a escrituração contábil e os extratos de movimentação financeira; c) confiscatoriedade da multa de ofício; e d) necessidade de substituição da taxa Selic pelos juros previstos no art. 161 do CTN. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Quanto à alegação de que a multa de ofício seria confiscatória e, portanto, inconstitucional, dela não se pode tomar conhecimento. No caso, verificar a eventual existência de confisco seria equivalente a reconhecer a inconstitucionalidade da norma que prevê a incidência da multa, o que é vedado a este Conselho Administrativo. No âmbito do processo administrativo fiscal, por força do caput do art. 59 do Decreto no 7.574/2011, é expressamente vedado afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as situações descritas no parágrafo único desse dispositivo, in casu, não caracterizadas. O entendimento no sentido de que descabe ao julgador administrativo examinar alegação de inconstitucionalidade consta, inclusive, da Súmula no 2 do CARF com o seguinte enunciado: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Assim, não se conhece da parte do recurso relativa à alegação de confiscatoriedade da multa de ofício. Fl. 1884DF CARF MF 4 A parte restante do recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade e dela se toma conhecimento. Não tendo havido recolhimento das contribuições de PIS/Cofins nos períodos de apuração, a contagem do prazo de decadência dáse de acordo com a norma veiculada pelo art. 173, I do CTN, do que a recorrente nem discorda, no entanto, tal prazo não é para a Administração Tributária inscrever o débito em dívida ativa, mas para constituir o crédito tributário pelo lançamento. No caso, os lançamentos relativos às contribuições de PIS/Cofins referemse a períodos de apuração do ano de 2005 e, portanto, em 13/10/2009, quando foi dada ciência à contribuinte dos autos de infração, ainda não havia se configurado a decadência do direito do Fisco de efetuar o lançamento, nos termos do art. 173, I do CTN. A preliminar de nulidade dos autos de infração suscitada pela recorrente também não prospera. Não obstante a fiscalização tenha constatado, por amostragem, compatibilidade entre a escrituração contábil e os extratos de movimentação financeira da contribuinte, apurou também que houve falta declaração e de recolhimento das contribuições de PIS/Cofins, vez que ela não tinha entregue os Dacon's relativos aos quatro trimestres de 2005, nem tampouco informado, nas DCTF's transmitidas para o período, os valores devidos dessas contribuições. Razão também não há para se rejeitar a metodologia utilizada para a apuração dos valores das contribuições lançados, vez que a fiscalização extraiu os dados constantes nos Dacons elaborados pela própria contribuinte, apresentados no procedimento fiscal. O princípio do não confisco é uma limitação imposta pela Constituição Federal ao legislador ordinário, não podendo este último instituir tributo que tenha efeito confiscatório, e, ainda assim, caso ele o faça, pode a pessoa prejudicada socorrerse no Poder Judiciário, que poderá resguardar o princípio no controle difuso ou concentrado de constitucionalidade das leis. À Administração Tributária, sujeita ao princípio da legalidade, incumbe a fiel execução da lei. Por fim, maior sorte não assiste à recorrente quanto às alegações relativas à taxa Selic. A incidência da taxa Selic está legalmente prevista no art. 61, caput e §3° e no art. 5º, §3º da Lei nº 9.430/96 e no art. 13 da Lei nº 9.065/95. Como também esclarece Leandro Paulsen1, "Não vislumbramos nenhuma inconstitucionalidade na taxa SELIC. Tem ela base legal e pode ser exigida pelo Fisco. O CTN, embora, em seu art. 161, §1º, refira a taxa de 1% ao mês, o faz em caráter supletivo, deixando, expressamente à lei a possibilidade de dispor de modo diverso. Não estabelece a taxa de 1% como limite, mas como taxa supletiva. A Lei nº 9.065/95 determinou a aplicação da taxa SELIC como juros moratórios e inexiste inconstitucionalidade nisso. (...)". Ademais, a questão da legitimidade da taxa Selic como juros moratórios dos débitos tributários está pacificada neste CARF na Súmula abaixo, de aplicação obrigatória por seus membros: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal 1 PAULSEN, Leandro. Direito Tributário – Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e Jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 1072. Fl. 1885DF CARF MF Processo nº 16095.000445/200964 Acórdão n.º 3402006.430 S3C4T2 Fl. 1.884 5 são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, pelo exposto, voto no sentido de conhecer em parte o recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Fl. 1886DF CARF MF
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