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Numero do processo: 13827.000554/2004-77
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização.
COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica.
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA.
A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização.
ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO.
As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto.
NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores.
Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido.
DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3802-003.860
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte.
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REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo vêse que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 7. 00 05 54 /2 00 4- 77 Fl. 856DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 A nãocomprovação dos créditos, referentes à nãocumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência não cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fl. 857DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 857 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto – SP (fls. 776/782 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra despacho decisório que homologou parcialmente a Declaração de Compensação (Dcomp fls. 9/12), cujo crédito provém do saldo credor da contribuição da COFINS não cumulativos, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de junho de 2004. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp), a fls.9/12, cujo crédito provém do saldo credor da Cofins, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de junho/2004, no valor de R$ 427.851,12. A DRF/Bauru, por meio do despacho decisório de fls. 401/404, homologou parcialmente a compensação, reconhecendo o direito creditório no valor de R$ 380.007,53. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, de fls. 373/376, o crédito foi deferido parcialmente devido à glosa de vários itens relativos aos créditos apurados pela requerente, conforme descrito no citado termo. Cientificada do despacho decisório e inconformada com o deferimento parcial de seu pedido, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, às fls. 453/487, alegando, preliminarmente, duplicidade de autuação, porquanto em data anterior foi lavrado auto de infração sob as mesmas alegações, cuja verificação fiscal abrangeu os anos de 2004 e 2005, conforme documentos que anexa. Assim, tratarse ia da mesma exigência fiscal em razão de um mesmo fato. Ainda em preliminar, alega que “a inclusão, no auto de infração, de valores não devidos, face à parte da exigência estar abrangida pelo instituto da decadência ou em razão da glosa indevida...” “...retira do presente a liquidez e certeza, o que por si só torna nula a lavratura do auto de infração...” Prosseguindo, também em preliminar, argumenta que o despacho decisório e o termo de constatação seriam nulos porquanto não discriminam especificamente quais os produtos que não se enquadram como insumo, tampouco apresentam a motivação e a fundamentação legal das glosas, além de a fiscalização ter apontado no termo de constatação o descumprimento de vários artigos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que seriam totalmente inaplicáveis ao caso concreto. Fl. 858DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Assim, faltariam elementos essenciais ao ato administrativo, tais como, motivo, agente, objeto, forma, finalidade, resultando no cerceamento do direito de defesa e na nulidade do procedimento. Também discorre longamente sobre a motivação do ato administrativo, para concluir que a motivação que o ato deve conter tem que ser acessível ao destinatário, de modo que este prescinda de advogado ou especialista para exercer seu direito de defesa. Por fim, argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade. Quanto ao mérito, alega, em resumo, que o conceito de insumo para o PIS e Cofins não pode ser transposto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), pois a nãocumulatividade das contribuições sociais não se restringe às empresas industriais. Assim, insumo, no âmbito da nãocumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Ainda quanto ao mérito, repete as alegações preliminares quanto à ausência de discriminação e fundamentação das glosas, discorrendo brevemente sobre seu processo produtivo e o aproveitamento dos insumos que, segundo seu entendimento, gerariam direito ao crédito das contribuições. Quanto aos insumos, argumenta que a graxa foi indevidamente glosada, pois nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento das máquinas do processo produtivo, e, assim como este, deveria dar direito ao crédito, conforme entendimento da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio de Solução de Divergência que cita. O mesmo se aplica aos combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo, cujo aproveitamento do crédito está previsto na Lei nº 10.833, de 2003, na IN SRF nº 404, de 2004, e ainda em entendimento da Administração Tributária. Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. O mesmo se pode dizer em relação aos insumos utilizados para a produção de álcool carburante, ou seja, deveria haver o rateio entre os insumos utilizados na produção de álcool carburante, álcool para outros fins e açúcar. Fl. 859DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 858 5 Reclama também a recorrente que teria havido glosa indevida de créditos relativos a embalagens, haja vista que o acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização No que tange aos créditos relativos aos serviços prestados, argumenta, em resumo, que a legislação permite o desconto de tais créditos desde que utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços, e não somente aqueles aplicados diretamente na produção dos produtos, e ainda que a fiscalização não teria sido clara no embasamento da glosa. Em relação à glosa dos créditos referentes aos serviços que, segundo a fiscalização, a contribuinte não teria comprovado que não houve aumento da vida útil do bem em mais de um ano, alega que não há como fazer prova negativa e que houve inversão do ônus da prova já que a fiscalização é que teria que provar o que alegou para embasar a glosa. Quanto aos créditos oriundos do aluguel de máquinas e equipamentos, argúi que tais bens são utilizados tanto na movimentação da matériaprima, que geraria crédito, quanto no transporte e empilhamento de mercadorias, que não geraria crédito, assim a fiscalização deveria ter segregado proporcionalmente os créditos relativos a esse item. No tocante aos créditos relativos a arrendamento mercantil, argumenta que a fiscalização, apesar de não citar no termo de constatação nem no despacho decisório, glosou esse crédito sem maiores explicações. Alega também que para os créditos relativos a insumos adquiridos de pessoa jurídica foram utilizados os percentuais relativos ao crédito presumido, reduzindo assim o seu valor sem base legal ou justificativa. Por fim, argumenta que houve aplicação indevida de rateio do crédito em casos em que o crédito deveria ser integral, como nos serviços de ensacamento, marcação e manuseio de sacaria e em relação à levedura. Diante de tais alegações, que incluem a imputação de falta de clareza e de cerceamento do direito de defesa à decisão da autoridade a quo, considerando ainda que a recorrente cita itens que, de acordo com os autos, os respectivos créditos não teriam sido objeto de glosa e também tendo em vista que o termo de constatação, de fls. 77/80, contém apenas uma descrição vaga das glosas, pois não detalha os itens glosados acompanhados dos respectivos valores, o presente foi baixado em diligência à DRF para que os auditoresfiscais responsáveis discriminassem, por item, os valores dos créditos glosados, bem assim esclarecessem o porquê de cada glosa. Em atendimento à diligência foi expedido o Termo de Diligência, de fls.749/755, com os esclarecimentos solicitados. Fl. 860DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Ciente do termo acima, a requerente apresentou a manifestação de fls. 759/767, onde alega, em resumo, que as IN nºs 247, de 2002, e 404, de 2004, são ilegais, porquanto extrapolam o disposto nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, ao restringirem o conceito de insumo no âmbito da não cumulatividade. Repete ainda alegação da manifestação inicial no sentido de que o conceito de insumos para as contribuições sociais não é o mesmo que o aplicado no âmbito do IPI, se assemelhando mais aos conceitos utilizados no imposto de renda, abrangendo todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa, conforme decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e da Justiça, das quais transcreve partes. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. A nãocomprovação dos créditos, referentes à não cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporado diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito ao crédito no regime de incidência nãocumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo autuado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 861DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 859 7 Cientificada da referida decisão em 18/12/2012 (fls. 790), a interessada, em 15/01/2013 (data da transmissão de arquivos via sistema de validação e autenticação de arquivos digitais – fls. 792), apresentou o recurso voluntário de fls. 793/819, com as alegações resumidas abaixo: a) preliminarmente, argumenta que a questão não foi decidida com isenção, falta do princípio da motivação do ato administrativo, inconsistências dos dados, subjetivismo, demonstração da efetiva irregularidade, e ainda ausência, no Acórdão, de apreciação de todas as razões suscitadas, solicitando a nulidade da decisão DRJ, posto que cuidou ela de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade. Argumenta ofensa ao princípio da verdade material, ensejando que o lançamento de ofício, está irremediavelmente eivado de nulidade, portanto deve ser decretada a insubsistência do despacho decisório ora combatido. Cita jurisprudências administrativas e judiciais; b) quanto ao mérito, no que se refere aos tópicos abaixo relacionados, questiona o Fisco pelas glosas dos créditos, expressando seus argumentos para cada item, observandose que na maioria deles, houve por parte fiscalização algum tipo de restrição ao conceito de insumos: b.1 Da Definição de Insumos no Contexto da NãoCumulatividade; b.2 Dos Insumos Consumidos Pela Recorrente; b.3 Dos Produtos Lubrificantes (graxas); b.4 Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo; b.5 A Falta Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo; b.6 Os Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar; b.7 O Valor do Estoque de Abertura; b.8 Dos Serviços Tomados Pela Recorrente; b.9 Do Aluguel de Máquinas e Equipamentos; b.10 Do Leasing; Diante do exposto, requer que seja declarada a nulidade da decisão ora recorrida ou, se assim não entender, que seja dado provimento ao presente recurso em face da improcedência do feito fiscal e, como decorrência, ser com o reconhecido o direito creditório da Recorrente e a consequente homologação das compensações objeto do pleito. É o relatório. Voto Fl. 862DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Conselheiro Waldir Navarro Bezerra 1) Admissibilidade do recurso Quanto ao recurso voluntário, não consta, dos autos, claramente no documento, a data em que o mesmo foi protocolizado. Todavia, admito que o aludido recurso foi protocolizado em 15/01/2013, data em que foi recebido o arquivo digital da empresa segundo o correspondente recibo do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (fl. 792). Assim, considerando que o arquivo transmitido é identificado como “RECURSO VOLUNTÁRIO – PROCESSO 13827.000554/200477”, e que a unidade preparadora encaminhou o processo para este CARF, julgoo como tempestivo. No mais, o recurso voluntário preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. 2) Preliminar de Nulidade da decisão recorrida Alegou a recorrente a nulidade do Acórdão de primeira instancia, argumentando que teria havido a ausência de apreciação de todas as razões suscitadas e que a questão não foi decidida com isenção, havendo inconsistências dos dados, subjetivismo, não demonstração da efetiva irregularidade e porque o acórdão recorrido não se ateve aos aspectos fundamentais colocados à análise do julgador. Conclui alegando que a decisão em discussão cuidou de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade, proferindo, assim, decisão de natureza diversa da que foi demandada, sem a motivação e violando a garantia do recorrente e que o Termo de Diligência, em sua visão, nada acrescentou aos autos. A preliminar deve ser rejeitada, pois o acórdão recorrido escorouse no entendimento explícito no sentido de que as aquisições de insumos e dos serviços só geram créditos quando os bens e serviços são aplicados diretamente no produto em fabricação. Especificamente quanto a graxa, a decisão invocou e adotou a interpretação contida na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007 para negar o crédito pleiteado pelo contribuinte, o que atende ao disposto no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Portanto, verificase na decisão, que a DRJ detalhou todas as razões pelas quais resultou na improcedência da manifestação de inconformidade, não reconhecendo, como exposto, o direito creditório. Contudo, temos que observar que o julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem detalhar ao máximo seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Sendo resolvida a questão suscitada, com motivação explícita no Acórdão, não se tem por omisso o julgado. Em suma, os motivos de não reconhecer o direito creditório postulado, residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte e que nos presentes autos, não restou comprovada qualquer restrição ao direito de defesa da recorrente. Portanto, o contribuinte pode discordar do teor da decisão, mas não tem razão quanto à preliminar de nulidade, pois o acórdão recorrido está motivado e atende ao princípio da persuasão racional do julgador. Preliminar de nulidade rejeitada. Fl. 863DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 860 9 3) Ofensa ao Princípio da verdade material A recorrente argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade, conforme consta do item 44 do recurso voluntário: (...) “44 Temos, por conseqüência, que o lançamento de ofício vestibular está irremediavelmente eivado de nulidade, aliás, insanável. Isto posto, deve ser provida a manifestação de inconformidade ora interposta para o fim de ser decretada, ab initio, a insubsistência do despacho decisório ora combatido, conforme as preliminares acima alinhadas” (g.n). Frisese que o presente processo não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente a compensação apresentada via Dcomp, ou seja, análise de compensação entre créditos e débitos tributários. Notese que no acórdão da DRJ restou demonstrado com clareza essa questão. Observese: (...) Primeiramente, quanto às alegações preliminares de que haveria duplicidade de autuação, pois o período em questão já havia sido objeto de auto de infração, e que faltaria liquidez e certeza ao lançamento, cumpre esclarecer que a impugnante enganase, porquanto o presente não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente compensação apresentada via DComp. Assim, não há que se falar em duplicidade de lançamento, pois os procedimentos envolvidos são distintos, este processo, como acima explicado, tratase de análise de compensação entre créditos e débitos tributários e aquele, de constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício, tampouco a homologação parcial de Declaração de Compensação necessita de liquidez e certeza, requisitos estes exigidos para o lançamento do crédito tributário (...). Portanto, no que se refere às preliminares de insubsistência, também não se vislumbra a sua ocorrência, conforme pretende o contribuinte, eis que o despacho decisório, além de se revestir dos requisitos e formalidades necessários à sua constituição, nos termos da legislação de regência da matéria, está adequadamente caracterizado e motivado, de modo a justificar a não aceitação parcial do crédito alegado, como também, não ficou caracterizado cerceamento de defesa, uma vez que a recorrente foi regularmente intimada nos autos. Preliminar de insubsistência do despacho decisório rejeitada. 4) Do Mérito Como já exposto, a lide envolve discussão concernente à existência ou não de direito creditório referente ao regime de incidência nãocumulativa da COFINS de competência do mês de junho de 2004. A recorrente, cujo nome de fantasia é Destilaria Tonon, tem por objeto a fabricação de álcool nas suas diversas especificações, e a sua comercialização nos mercados interno e externo (exportação), podendo, em nome dela, serem praticados todas as operações, Fl. 864DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 principais e acessórias, relacionadas com tal atividade. Acrescentese que através do processamento da canadeaçúcar a destilaria produz álcool e açúcar. Consta dos autos que no anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo da COFINS para as receitas decorrentes da produção de açúcar, energia elétrica, levedura e da venda de créditos de carbono e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. O núcleo da questão em combate concentrase sobre a subsunção no conceito de insumos – bens ou serviços adquiridos, que geram direito aos créditos de PIS e da COFINS. É pertinente, portanto, que, antes do exame das questões fáticas objeto da controvérsia sejam feitas breves considerações acerca do referido regime de incidência, nas quais abordaremos, em conjunto, questões atinentes aos regimes da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, dada a similitude existente entre os mesmos. O regime de incidência nãocumulativa das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS foi instituído, respectivamente, pelas leis nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), e 10.833, de 29/12/2003 (conversão da medida Provisória no 135, de 2003), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade dessas contribuições – na mesma ordem – a partir de 1o de dezembro de 2002 e de 1o de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza, ainda, o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos dos artigos 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. O cálculo do crédito é realizado mediante a aplicação das mesmas alíquotas específicas para o PIS/Pasep e para a COFINS sobre referidos custos, despesas e encargos (vide artigo 3o, § 1o, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003). Referidas leis, em seus correspondentes artigo 3o, § 2o, fazem ressalvas ao direito de creditamento em tela. Assim, não dará direito a crédito o valor da mãodeobra paga a pessoa física (hipótese prevista originariamente nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003), bem como (e agora incluídas pela Lei 10.865/2004) as quantias despendidas na aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, e aqui (isenção), quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. Os créditos apurados deverão ser utilizados, prioritariamente, para a dedução do valor devido das correspondentes contribuições a recolher. No caso de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação, poderão tais créditos ser utilizados para a compensação com outros débitos da própria empresa, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. As leis instituidoras da nãocumulatividade admitem, ainda, o ressarcimento em dinheiro, caso não seja possível a utilização dos créditos para a dedução das contribuições a recolher até o final de cada trimestre do ano civil. A questão posta em exame nos autos diz respeito, justamente, à existência ou não de direito ao creditamento da COFINS nãocumulativo em vista da Fl. 865DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 861 11 aquisição de matériasprimas e de serviços utilizados no processo produtivo destinado à exportação. Com efeito, o inciso II do artigo 3o da Lei no 10.833/2003, bem como do correspondente preceito da Lei no 10.637 de 2002, prevê o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 4.1) Da definição de insumos no contexto da nãocumulatividade Sabese que essa questão é polêmica, mas uma análise mais detida da Lei nº 10.833/03 revela que o legislador não determinou que o significado do vocábulo “insumo” fosse buscado na legislação deste ou daquele tributo. Se não existe tal determinação, o intérprete deve atribuir ao vocábulo “insumo” um conteúdo semântico condizente com o contexto em que está inserido o art. 3º , II, da Lei nº 10.833/03. Nesse passo, distinguemse as não cumulatividade do IPI e do PIS/Cofins. No IPI a técnica utilizada é imposto contra imposto (art. 153, § 3º, II da CF/88). No PIS/Cofins, a técnica é base contra base (art. 195, § 12 da CF/88 e arts. 2º e 3º , § 1º da Lei nº 10.637/02 e 10.833/03). A recorrente aduz em seu recurso que: (...) “ao contrário do que ocorre na legislação do IPI, as leis que regulam o regime do PIS e da COFINS não cumulativos não delimitam o significado de insumo. No entanto, a Receita Federal, extrapolando sua competência, expediu as Instruções Normativas 247/02 e 404/04, que se amoldando a legislação do IPI, restringiu o significado de insumo para o PIS e a COFINS não cumulativos”. E segue defendendo que: (...) “Dessarte, devem ser considerados insumos os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção”. Ou seja, pelo entendimento da contribuinte, insumo, no âmbito da não cumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. No entanto, da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços, ou na fabricação de produtos destinados à venda, ou seja, ao processo de industrialização. Fl. 866DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 12 No regime nãocumulativo de PIS/Cofins, a Lei dispõe de maneira diferente da legislação do IPI, reconhecendo o crédito em relação à aquisição de “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” (art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). O legislador, como visto, vai além do âmbito da industrialização, utilizando termos mais amplos, referindose à produção ou fabricação de bens e, também, à prestação de serviços. O contexto em que ocorre a incidência de PIS/Cofins, apresenta como fato gerador a receita bruta ou faturamento, referindose, assim, a todo tipo e amplitude de atividade produtiva, não se limitando apenas à fase de industrialização. Desde o primeiro momento este Conselho recusou a pretensão de confinar o conceito de insumo aos mesmos critérios da legislação do IPI, conforme serve de exemplo o seguinte julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no qual foi negado provimento ao recurso do Procurador da Fazenda Nacional: CRÉDITO. RESSARCIMENTO, A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado Acórdão 9303001.035, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, j. 23/08/2010 Como vimos acima, concluímos que geram direito de crédito todos os insumos – bens ou serviços – que sejam aplicados na produção – de bens ou serviços –, cuja receita esteja sujeita à incidência sob o regime nãocumulativo. No entanto, não é toda e qualquer aquisição que gera direito de crédito, mas apenas aquelas que se enquadrem nas hipóteses de crédito previstas nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. São estas Leis a fonte primária de definição dos critérios para o direito de crédito. O entendimento deste Conselho, com efeito, é de que: “O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.637/02 e normalizado pela IN SRF n° 247/02, art. 66, § 5°, inciso I, na apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. (…) (Acórdão 330100.423, Processo Fl. 867DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 862 13 11080.003383/200483, Rel. Cons. Maurício Taveira e Silva, j. 03/02/2010). Assim, na busca de um conceito adequado para o vocábulo insumo, no âmbito das contribuições não cumulativas, a tendência da jurisprudência no CARF caminha no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, pois além de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/03, integrarem o custo de produção, esse critério oferece segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. Para definir o conceito de insumo no PIS e na COFINS não cumulativos é necessário constatar a essencialidade do bem ao processo produtivo do contribuinte. Assim, geram crédito do PIS e da COFINS não cumulativos somente as despesas com materiais considerados essenciais. Portanto, para decidir quanto ao direito ao crédito de PIS/Cofins não cumulativo é imprescindível que primeiro se confiram as características da atividade produtiva desenvolvida pela empresa para, então, analisar quais as aquisições que configuram insumo para os bens e serviços por ela produzidos. É com este enfoque que passaremos a examinar os argumentos apresentados pela Recorrente frente os elementos e constatações presentes nos autos. 4.2) Dos Insumos consumidos pela recorrente A recorrente discorre em seu recurso voluntário que no desenvolvimento de sua atividade produtiva, adquire diversas matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem e serviços que são empregados no processo de fabricação e comercialização de seus produtos. Dentre eles, aqueles arrolados nos demonstrativos de fls. 586 a 590 (Análise dos dados elaboradas pela fiscalização durante a ação fiscal), parte foram objeto de glosa e que no entender da recorrente, geram o direito ao crédito da COFINS. Ressalta que os produtos e serviços concorrem decisivamente para a obtenção do açúcar e do álcool, ou seja, inúmeros produtos e serviços que são adicionados ao caldo durante a decantação, fermentação, destilação (álcool) ou filtração, evaporação, cozimento centrifugação e secagem (açúcar) visando um só e único fim: o produto final industrializado. A defesa se limitou a fazer alegações genéricas em relação ao seu direito de tomar o crédito em relação a todos os custos e despesas necessários à manutenção da sua atividade, com base no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, mas não trouxe aos autos nenhum elemento hábil à comprovação de que os bens glosados nas planilhas (fls. 586 A 590), Fl. 868DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 14 se enquadram nos requisitos que garantem o direito de crédito com base no custo de aquisição do bem. O simples exame das referidas planilhas não permite ao julgador constatar que os bens ali discriminados se enquadram no conceito de insumo que vem sendo adotado por este colegiado. Alguns dos itens glosados definitivamente se verifica que não integram o custo de produção. Por outro lado, outros itens poderiam gerar o crédito das contribuições, como por exemplo produtos químicos, lubrificantes e combustíveis, se aplicados na produção; materiais de manutenção/reparos, desde que efetuados na fábrica ou em máquinas utilizadas diretamente na produção. Embora a Recorrente trouxe aos autos uma descrição do processo produtivo da empresa (Etapas do Processo Industrial e Fluxogramas fls. 506/521), por si só não permite ao julgador correlacionar os materiais glosados com as formas pelas quais são utilizados no referido processo produtivo. No caso sob análise, quanto aos elementos probatórios, tratase de processo de iniciativa do contribuinte, no qual ele compareceu perante a administração para pleitear o direito aos créditos da contribuição. Competelhe, portanto, o ônus de comprovar que o direito alegado é certo quanto à sua existência e líquido quanto ao valor solicitado. Não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, há que se manter as glosas consignadas nas planilhas de fls. 586/590. Ressaltese que para todos os itens glosados nos autos, a fiscalização elaborou uma Planilha denominada “Análise de dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 586/590), que contém a discriminação e identificação das despesas apresentadas pela Recorrente, as linhas do DACON, data e número da Nota Fiscal, insumos, serviços, produtos, fornecedores, valores, receitas, e a informação da manutenção do item ou a glosa efetuada pela fiscalização e seu motivo. Para tanto foi tomado a devida ciência da empresa. 4.3) Os Produtos Lubrificantes Graxa Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso voluntário que, (...) “quanto aos insumos, nas alegações para justificar o feito fiscal, a fiscalização referese expressamente às aquisições de graxa feitas pela Recorrente e glosa os créditos a ela relativo invocando a Solução de Divergência nº 12/07”. Tal contraditório se apresenta enfrentado, uma vez que nas planilhas demonstrativas das glosas (fl. 587) e no Termo de Diligência (fl. 750), onde no item “Lubrificantes” a fiscalização descreve a motivação do ato: glosa – graxa não é lubrificante, por definição da (ANP). A recorrente visando elucidar a questão no intento de elidir a glosa perpetrada pelo Fisco, reproduz várias conceituação do vocábulo “graxa”, pesquisado em abalizadas publicações linguísticas e técnicas (dicionários, sites, Wikipédia, etc.), visando conceituar o termo graxa, concluindo que a graxa nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento de máquinas, equipamentos, motores, etc. Isto porque, conforme definido na legislação (Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, II e § 2º; Lei nº 10.865, de 2004, art. 40) os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de Fl. 869DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 863 15 produção de bens e serviços geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Contribuição para a COFINS. No entanto, o Fisco em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 374), informa que: (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls.348 A 350”. Quando da elaboração do Termo de Diligência (fls. 750), a fiscalização relata que: (...) Lubrificantes foi glosada a nota fiscal de compra de graxa, em razão da Solução de Divergência Cosit 12/2007. O inciso II do artigo 3 o da Lei 10.833/03 prevê o desconto de créditos sobre lubrificantes, e conforme consta da citada Solução de Divergência, graxa não é lubrificante, em definição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Solução de Divergência 12 de 24 de outubro de 2007 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas (...). Como se nota, o Fisco escorouse na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007, que conclui que não são considerados insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o PISPasep e da Cofins, os materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas. No entanto, entendo que o produto graxa, no caso, tem a finalidade de preservar a integridade e o regular funcionamento das máquinas utilizadas na atividade produtiva e, portanto, atividade intrínseca ao processo produtivo da empresa. Não há atividade produtiva sem a constante preservação dos maquinários. O dicionário Wikipédia ao se referir ao vocábulo “graxa” dános o seguinte ensinamento: “Graxas são o nome genérico e popular dado a lubrificantes pastosos compostos (semi plásticos) ou de alta viscosidade, compostos de misturas de óleos lubrificantes minerais (de diversas viscosidades) e seus aditivos e especialmente do ponto de vista químico, sais de determinados ácidos graxos com cálcio, sódio, lítio, alumínio, bário e magnésio (geralmente chamados de sabão que em formam com os óleos de origem mineral uma emulsão, que atuam como agente espessador. Em tais formulações o óleo mineral entra como o verdadeiro lubrificante e o espessador, além de conferir a viscosidade à mistura, atua na retenção do óleo mineral” (g.n). Portanto, no que se refere ao produto graxa, devese reconhecer o direito de crédito do PIS e da COFINS, pois o art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 é expresso em reconhecer tal direito em relação às aquisições de combustíveis e lubrificantes, não havendo dúvida de que a graxa é um lubrificante e de que tem a sua aplicação como Fl. 870DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 16 lubrificante nos equipamentos e máquinas utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Com base nos conceitos acima, concluo, pois, pelo reconhecimento do direito de crédito na aquisição de graxa, glosado pelo Fisco conforme demonstrativo de fl. 587. 4.4) Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo Nos termos relatados nos autos, a Fiscalização glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Neste tópico específico, argumenta a recorrente em seu recurso voluntário no que se refere ao entendimento oficial concernente à apuração indevida de créditos sobre combustíveis e lubrificantes, alega a interessada que estes teriam sido efetivamente utilizados no processo produtivo, e que: (...) “Segundo a disposição expressa no art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.833/03, 22 e segundo, ainda, a disciplina contida no art. 66, inciso I, alínea ”b”, da Instrução Normativa SRF 247/02, geram direito a créditos do PIS os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços destinados à venda”. E segue, (...) “Esclarecendo o alcance da norma em comento, a Coordenação Geral do Sistema de Tributação – COSIT, expediu a Solução de Divergência nº 37/08, firmando o entendimento abaixo transcrito:”(...). Por outro lado, de acordo com o Termo de Constatação Fiscal (fls. 78), o Fisco relata que: (...) “A empresa também apresentou todas as notas fiscais de insumos que, no seu entender, dariam direito ao crédito de PIS não Cumulativo, além de notas fiscais de lubrificantes, comprovantes das despesas com energia elétrica, despesas de depreciação, despesas com armazenagem e frete nas vendas e despesas financeiras. Os demonstrativos elaborados pela empresa encontramse anexados às fls. 327 a 346. Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 348 a 350”. Observese que no Termo de Diligência, o Fisco descreve (fl. 750): (...) Lubrificantes foram glosadas as notas fiscais de compra de óleo utilizado em máquinas agrícolas e de graxa, em razão da Solução de Divergência Cosit 12/2007. O inciso II do artigo 3 o da Lei 10.833/03 prevê o desconto de créditos sobre lubrificantes, e conforme consta da citada Solução de Divergência, graxa não é lubrificante, em definição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 587), a fiscalização esclarece, na coluna especificada (L02) para os Lubrificantes, que tais créditos foram glosados e quais foram mantidos, no caso glosando as graxas, por não ser considerado lubrificantes e óleo trator, enquanto que os demais foram mantidos. Restando claro, portanto, que somente os bens e serviços utilizados de forma direta na produção da pessoa jurídica dão direito ao crédito das contribuições, devendo ser, Fl. 871DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 864 17 efetivamente, absorvidos no processo produtivo que constitui o objeto da sociedade empresária. De acordo com os dispositivos legais (arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003) já reproduzidos, é possível constatar que a lei prevê, de forma expressa, o direito de creditamento relativo a combustíveis e lubrificantes utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção de bens ou produtos destinados à venda. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos combustíveis adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados como óleo combustível para veículos, máquinas agrícolas, caminhões e tratores por não serem insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade”, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. No caso a fiscalização tomou a cautela de segregar as aquisições dos produtos dentre os quais foram aplicados ou não no processo produtivo da empresa. Podemos observar que, dos combustíveis adquiridos, que foram mantidos os créditos constam da relação da planilha denominada “análise dos dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 586/590). Relativamente à prova dos gastos efetuados com tais bens e serviços, há que se ressaltar que a Fiscalização, deixou consignado que teve acesso a toda a documentação apresentada pelo contribuinte, tendo glosado os créditos respectivos em razão da falta de sua vinculação entre os serviços serem considerados insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade. Por outro lado, a recorrente em seu recurso, não demonstrou, mediante apresentação de provas, que tais glosas foram indevidas, ou seja que tais aquisições foram objeto de aplicação no processo produtivo da requerente. Como é sabido, não podem descontar da contribuição para o PIS apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Diante disso, entendo que não assiste razão a recorrente, pois o fisco somente glosou aquisição de produtos (combustível e lubrificantes) cuja utilização se dava em veículos (veículos, máquinas agrícolas, tratores, caminhões) utilizados para fins diversos e não diretamente ligado ao processo produtivo da empresa, não podendo ser considerada na base de cálculo de créditos das contribuições sociais, pois tais dispêndios não estão diretamente atrelados ao processo produtivo, tão pouco podem ser considerados insumos, não atendendo, portanto, os requisitos do inciso II do art 3° das Leis 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Assim, não há como acolher os argumentos da recorrente no que diz respeito ao alegado direito de creditamento relativamente às glosas nas aquisições de lubrificantes. que não foram empregados no processo produtivo. Fl. 872DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 18 4.5) Falta de Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Argumenta a recorrente que no que se refere à glosa relativa aos insumos empregados no fabrico do álcool carburante (cumulativo), tampouco assiste razão à fiscalização. 4.5.1) Produtos Químicos utilizados Em seu recurso aduz que: (...) “A fiscalização glosou o crédito de vários produtos químicos que possuem emprego geral no processo produtivo, ou seja: são aplicados tanto na industrialização do álcool como do açúcar, conforme se vê na planilha – utilização anexada aos autos, sem a mínima preocupação em estabelecer o necessário e indispensável rateio proporcional para distinguir a quantidade destinada à produção do álcool e daquela destinada à produção do açúcar. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos produtos químicos adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados no tratamento de água, na limpeza de caldeiras, nas torres de resfriamento e os utilizados exclusivamente na fabricação de álcool, na premissa que o termo “insumo” refere se aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. Tal fato, consta quando o Fisco relata em seu Termo de Diligência (fls. 749/750) que glosou as compras de determinados produtos químicos: (...) Visando a esclarecer a analise feita na ação fiscal, complementamos as informações contidas no Termo de Constatação Fiscal de 29/06/2009 com as despesas glosadas pela fiscalização de acordo com as linhas da ficha 04 do DACON. Estão sendo anexadas fotocópias de notas fiscais de produtos químicos, lubrificantes, serviços, fretes, razões de contas contábeis, estoque de abertura, contratos de prestação de serviços, descritivos manutenção e demais elementos que serviram de base para as glosas. LINHA 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMO Neste item foram apresentadas notas fiscais de aquisição de produtos químicos, lubrificantes, embalagens e cana adquirida de pessoas jurídicas. Os produtos de utilização comum na produção do álcool e açúcar foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo do açúcar foram considerados sem aplicação do rateio. Produtos Químicos a fiscalização glosou as compras de produtos químicos que não são utilizados diretamente na produção do açúcar. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 586/590), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Produtos Químicos, que para algumas notas fiscais os créditos foram mantidos e outros foram glosados, assim motivados: glosa álcool e glosa – caldeira, mantido com rateio e mantido sem rateio. Portanto, não assiste razão a Recorrente, pois como se verifica no referido Termo, o Fisco informou ainda que os produtos de utilização comum na produção do álcool dos outros produtos Fl. 873DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 865 19 não cumulativos, como o açúcar e levedura, foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo dos produtos não cumulativos foram considerados sem aplicação do rateio. Em seu recurso voluntário, embora a recorrente tenha discorrido sobre os insumos consumidos por ela (produtos químicos), em momento algum demonstrou e provou que os bens cujos créditos foram glosados são consumidos no processo de fabricação de seus produtos. A configuração de insumo depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte. A falta desta demonstração impede o reconhecimento do direito de crédito. Com já relatado, como se trata de um pedido de interesse exclusivo da requerente, ressarcimento de contribuições sociais recolhidas, que implica renúncia por parte do ente tributante, o ônus da comprovação dos valores que compõem o crédito postulado é todo da requerente. Desta forma, a composição do valor do crédito pretendido, deve ser devidamente comprovada e explicitada, por parte de quem o postula, de modo a que não restem dúvidas quanto à natureza e montante das operações. Por outro lado, a recorrente em seu recurso, não demonstrou, mediante apresentação de provas, que tais glosas foram indevidas, ou seja que tais aquisições foram objeto de aplicação no processo produtivo da requerente. Assim, não podem descontar da contribuição para o PIS/Pasep apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Portanto, não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, correto as glosas de parte dos Produtos Químicos adquiridos pela Recorrente, conforme consta dos demonstrativos de fl. 586. 4.5.2) Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Neste mesmo tópico a Recorrente prossegue alegado em seu recurso que: (...) “Ainda seguindo este confuso raciocínio, em momento algum a fiscalização preocupouse em verificar se todo o álcool produzido teria sido, de fato, comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro) – CUMULATIVO ou se, como comprovadamente ocorreu, teria havido também a comercialização de álcool destinado a outros fins que não ao consumo como combustível e, portanto, NÃOCUMULATIVO. A par deste fato, a Recorrente apresentou cópias de inúmeras notas fiscais emitidas que comprovam cabalmente que a operação de venda por elas acobertadas referemse à venda de álcool etílico hidratado ou álcool etílico anidro destinados à utilização de diversos outros fins que não ao uso como combustível. As operações de vendas do álcool “Outros Fins“ foi igualmente comprovada através do registro contábil daquelas vendas no período de auditado, conforme espelhado nas folhas do Razão Analítico juntado aos autos. Fl. 874DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 20 A título de exemplo, listamos abaixo algumas notas fiscais, dentre aquelas já anexadas, que evidenciam, apenas pela singela leitura da razão social do destinatário da mercadoria, não se tratar de operação relativa à venda de álcool anidro ou hidratado para fins carburantes, já que a comercialização de álcool combustível somente é permitida, pela Agência Nacional de Petróleo ANP, para as distribuidoras por ela credenciadas. NF. 069210 – 08/06/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 070200 – 29/06/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 069632 – 17/06/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. NF. 070265 – 20/06/2004 – Cloroetil Solventes Acéticos S/A. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza da precariedade e subjetividade do trabalho realizado pela fiscalização que, por consequência atestam a incontestável nulidade da glosa efetuada”. No Termo de Constatação, verificase consignado que: (...) No anocalendário 2004, a empresa enquadravase no regime não cumulativo da COFINS para as receitas decorrentes da produção de açúcar e levedura e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. Sobre esse fato, foi mencionado pelo Fisco quando do Termo de Diligência, quando efetua analisa sobre o estoque de álcool: (...) Com relação ao estoque de álcool, temos no Livro de Produção Diária, a seguinte variação do estoque, porém, não há identificação do destino do produto, se é álcool carburante ou outros fins: (...). Com as informações contidas nos razões apresentados da venda de álcool outros fins e com as informações prestadas nos valores de venda dos diversos tipos de álcool temos o seguinte: (...). (...)Podemos concluir que houve venda de álcool para outros fins, porém, a empresa não apresentou elementos que pudessem definir o volume correto das vendas do álcool para fins não carburante para ser mantido o seu credito presumido do estoque de abertura, conforme solicitado no item 8, do Termo de Diligência Fiscal (...). A DRJ ao abordar a questão, não se pronunciou, mesmo considerando que tais argumentos estava contido na manifestação de inconformidade, conforme trecho do Acórdão recorrido, abaixo destacado (fl. 778): (...) Com relação ao estoque de abertura do álcool carburante, a contribuinte alega que a fiscalização glosou valores dos créditos a ele relativos e não estabeleceu o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime nãocumulativo), pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. Fl. 875DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 866 21 Pois bem, como é sabido, em que pese o exposto, na fase impugnatória do processo administrativo fiscal ainda há a possibilidade de a requerente aduzir provas aos autos, conforme disposto no § 4º, do art. 16 do PAF. No caso vertente, a interessada apresentou cópia de notas fiscais de venda de álcool para “Outros fins” (fls. 522 a 534), além de outros documentos, como cópia do livro Razão Analítico (fl. 535 a 540), o que comprovam documentalmente esse tipo de venda e podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para “Outros fins”, efetivamente comprovadas pela Recorrente, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. Verificase que, pelo exposto acima, que a decisão a quo não analisou as vendas de álcool para “Outros fins” efetivamente comprovadas através de documentação hábil juntadas aos autos (cópia de Notas Fiscais). Na linha do acima verificado, os respectivos valores de créditos devem ser ajustados pela Delegacia da RFB de origem. Quanto aos demais argumentos da recorrente, não podem ser considerados, tendo em vista que não foram acostados aos autos, mais provas hábeis contrária em sede de manifestação de inconformidade e tampouco nesta fase, objetivando comprovar o alegado pela Recorrente. Assim, temse que devem ser reconhecidos o direito pleiteado da Recorrente, concernente apenas para as Notas Fiscais de venda álcool “Outros fins” nºs 069210 (fl. 524), 069632 (fl. 533), 070200 (fl. 525), 070265 (fl. 534), emitidas no mês de junho de 2004, cujas cópias foram juntadas aos autos às fls. 524/525, 533/534. As mesmas, foram devidamente contabilizadas no Livro Razão Analítico, conforme extrato de fls. 535 a 540. Concluindo, temos que para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. 4.6) Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar Aduz a recorrente que: (...) “A glosa, de forma inexplicável, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Neste aspecto, diante da obviedade do direito ao creditamento, cremos desnecessária argumentação mais aprofundada acerca deste tema”. A fiscalização no seu Termo de Diligência (fls. 750/751) apresenta como fundamentação da glosa dessas aquisições pela seguinte motivação: Fl. 876DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 22 Embalagens Glosada a nota fiscal da Polikraft Sacos Multifol. Papel Ltda referente a aquisição de sacos para embalagens de levedura e as notas fiscais da Plast&Lona Comercial Ltda, aquisição de bigbag. O contribuinte ensaca seus produtos em embalagens retornáveis ou em sacas de 25 kgs, no caso do transporte da levedura e utiliza os bigbag para transporte do açúcar, que não atendem ao previsto na legislação. Ou seja, a empresa não utiliza as chamas "embalagens de apresentação", aceitas pela legislação como dando direito ao crédito, e sim as "embalagens de transporte". A embalagem de apresentação é aquela incorporada ao produto durante o processo de fabricação, há que se ter como tal aquela que é usualmente empregada para a venda do produto ao consumidor final e que contenha o produto em quantidades compatíveis com sua venda no varejo; e também podese ter como tal aquela que, apesar de conter quantidades maiores, contenham rótulos destinados exclusivamente ao propósito de promraser/Ou valorizar o produto; de outro lado, há que se ter como embalagens de transporte aquelas que se destinam apenas ao transporte dos produtos, por comportarem quantidades superiores às usualmente vendidas no varejo e não conterem indicações promocionais destinadas à valorização do produto (são, geralmente, latas, caixas, engradados, tambores, as sacas de 50 kgs, etc). Essas embalagens não fazem parte do processo produtivo, o produto é embalado após a produção. Fundamentação legal: art. 3 o , II, da Lei 10.637/2002 c/c o artigo 66,1, c/c §5°,I, da Instrução Normativa SRF n° 247/2002. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, verifico que, concernente ao material de embalagem específico para o açúcar, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles produtos por se tratarem de embalagens retornáveis, de transporte e não de apresentação, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 587), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L02 Embalagens, que tais notas fiscais os créditos foram glosados, assim motivados: glosa – não se agrega ao produto. No entanto, a recorrente alega que a glosa, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Como já frisado anteriormente sobre o conceito de insumos, a tendência é o acolhimento da interpretação que, sem se restringir às legislações do IPI e do IRPJ, busca a construção do conceito de insumo a partir de critérios próprios do PIS/Pasep e da Cofins. Insumo, nessa linha, abrangeria o custo de produção e, dependendo das particularidades do caso concreto, despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Feito esse registro, ingressando no exame do caso concreto, verificase que a fiscalização, consoante já destacado, não reconheceu o direito ao crédito relativo às aquisições de Embalagens (no caso sacaria), assentado nos seguintes fundamentos: Glosadas por se tratarem de embalagens de transporte e não de apresentação. A decisão recorrida, como se vê, foi além do conceito de insumo restrito de insumo das Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004. Aplicando diretamente as disposições do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), restringiu o direito ao crédito apenas às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. Tratase, porém, de interpretação que não tem respaldo na legislação, à medida que a IN SRF nº 247/2002, não opera com a distinção adotada pela decisão recorrida: Fl. 877DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 867 23 Art. 66. [...] § 5º Para os efeitos da alínea “b” do inciso I do caput, entende se como insumos: I – utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Neste caso, entendo que tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado. O Recorrente, portanto, mesmo considerando os critérios da IN SRF nº 247/2002 e ao conceito de insumo adotado pela jurisprudência do CARF, tem direito ao crédito relativo às aquisições de embalagens (sacaria – embalagem do açúcar). Por fim, afastada a interpretação restritiva adotada pela decisão recorrida, descabe a exigência de prova da venda dos materiais de embalagens com o produto ao consumidor final. 4.7) O Valor do Estoque de Abertura Descreve a recorrente em seu recurso, que: (...)A mesma indesculpável falha e condenável parcialidade está presente quando se verifica que foram glosados os valores de todo o estoque de abertura do álcool sem se proceder a necessária e inafastável proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante. Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza do precário trabalho realizado pela fiscalização e a conseqüente nulidade da glosa efetuada. Tais fatos revelam, além de ser de extrema fragilidade e arbitrariedade a verificação efetuada, que a fiscalização não tem observado in totum as regras da própria RFB, o que torna ainda mais marcante em todo o procedimento fiscal a opção pelo hipotético e pela presunção”. No referido Termo de Constatação (fl. 375), a fiscalização observa que: (...) O estoque de abertura a ser considerado para a COFINS foi diminuído de R$ 64.442,75 para R$ 9.584,96 com a glosa dos valores referentes a álcool carburante (estoque de produto acabado) e dos produtos químicos utilizados na produção do álcool carburante. Fl. 878DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 24 O fisco, ao elaborar o Termo de Diligência, informa que (fls. 380/381): PERCENTUAIS DE RATEIO COM B A S E NAS RECEITAS Conforme previsão contida na Lei nº 10.833/03 — artigos 6º (exportação) e 3º , § 8º , II (não cumulativas) os rateios tem a seguinte regra: "rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês." A fiscalização apurou, primeiramente, o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas no mês, e considerando a diferença para 100% como o percentual das receitas não cumulativas, mesmo valor utilizado pela Santa Cândida – 58,81%. O percentual de exportação foi obtido, pela fiscalização, como sendo o total das exportações de produtos não cumulativos (açúcar e levedura) dividido pelo total das receitas não cumulativas (descontandose as receitas cumulativas do total das receitas no mês) resultando em 71,65%, mesmo valor apurado pela emptresa. E segue informando (fl. 754): (...) Com relação ao estoque de álcool, temos no Livro de Produção Diária, a seguinte variação do estoque, porém, não há identificação do destino do produto, se é álcool carburante ou outros fins: (...). (...) Com as informações contidas nos razões apresentados da venda de álcool outros fins e com as informações prestadas nos valores de venda dos diversos tipos de álcool temos o seguinte: (...). (...) Podemos concluir que houve venda de álcool para outros fins, porém, a empresa não apresentou elementos que pudessem definir o volume correto das vendas do álcool para fins não carburante para ser mantido o seu credito presumido do estoque de abertura, conforme solicitado no item 8 do Termo de Diligência Fiscal. O mesmo ocorrendo com os produtos químicos em estoque utilizados na produção de álcool. Neste momento, assiste certa razão a recorrente, pois ao se analisar a questão da venda de álcool para “Outros fins”, no caso vertente, a interessada apresentou aos autos cópias das referidas notas fiscais (venda de álcool para “outros fins” nºs 069210 (fl. 524), 069632 (fl. 533), 070200 (fl. 525), 070265 (fl. 534), emitidas no mês de junho de 2004, cujas cópias foram juntadas aos autos às fls. 524/525, 533/534. As mesmas, foram devidamente contabilizadas no Livro Razão Analítico, conforme extrato de fls. 535 a 540, o que comprova as vendas e podem ser aceitas. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, as receitas relativas a vendas de álcool para outros fins são tributadas pela contribuição social (COFINS) no regime de incidência nãocumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção desse álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. Portanto, assiste razão a Recorrente, pois verificase que nem todo o álcool produzido teria sido comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro – regime cumulativo). Fl. 879DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 868 25 Desta forma, deverá ser reavaliado o estoque de abertura do álcool e proceder a reavaliação da necessária proporcionalidade entre o álcool carburante e o não carburante, conforme ficou descrito no Termo de Diligência (fls. 749/755 e demonstrativos (fl. 586/590). 4.8) Serviços Tomados Pela Recorrente Nos termos relatados neste processo, o Fisco glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso que: (...) “concluise que insumo , no contexto das regras desta não cumulatividade da contribuição ao PIS, comporta a contratação de serviços destinados a execução de outros serviços. Mais ainda, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02 e o art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.833/03, conjugados com as demais regras previstas nesta lei, autoriza nos a concluir que a expressão “serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” acolhe a possibilidade de haver a contratação de serviços para a execução de outros serviços, quaisquer que sejam, desde utilizados com o escopo final que é a obtenção do produto final industrializado. Resta, destarte evidenciado que não foi a preocupação da autoridade lançadora a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. Por derradeiro, cumpre esclarecer que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do Imposto de Rendas Pessoas Jurídicas, eis que se tratam de serviços que em sua essência e própria finalidade devem e foram lançados diretamente como custo de produção” (...). Como já abordado neste relatório, os §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/03 vedam o crédito da contribuição a COFINS e ao PIS se os bens e serviços forem adquiridos de pessoa física ou de pessoa jurídica não estabelecida no País. Desta forma, as exceções às regras de apropriação de créditos já estão claramente dispostas em tais parágrafos, cumprindo, assim, a função que lhes foi atribuída pela alínea “c ” do inciso III, do art. 11, da Lei Complementar nº 95/09. Verificase que no Termo de Constatação Fiscal (fls.374), consta que: (...) “As despesas com prestação de serviço com direito ao crédito do PIS não cumulativo estão disciplinadas pelo disposto na IN SRF 404/2004, art. 8º, inciso I, “'b". " b.1 " , § 4º , I. '"b". Foram objetos de glosa as despesas apresentadas pela empresa que não se enquadravam na definição supramencionada: "os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto"; neste caso, açúcar e outros produtos sujeitos ao regime não cumulativo do PIS. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 348 a 350”. Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação de açúcar e levedura, as que deveriam ter sido ativadas (vez Fl. 880DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 26 que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional. Também não procede as alegações da recorrente no que concerne que não houve a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. No Termo de Diligência (fls. 751/752) a fiscalização elaborou relatório bem detalhado no tópico “LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COM INSUMO”, onde descreve que, LINHA 3 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMO A fiscalização entendeu que a informação contida na linha 13Outros valores com direito à crédito deveria ser informada na linha 3 da ficha 4 do Dacon serviços utilizados como insumo, por se tratar de serviços prestados por pessoa jurídica. Portanto não houve glosa total do informado pela Santa Cândida na Linha 13 — Ficha 04, mas simplesmente a análise como sendo linha 3 da mesma ficha: (...). Seguindo o tópico, a fiscalização explicita no documento toda fundamentação e as base legal sobre os conceitos de insumos para fins de creditamento sobre tais bens e serviços, especificando as glosas efetuadas : (...) Com a base legal acima foram efetuadas as seguintes glosas: "não corresponde ao conceito de insumo" notas fiscais de serviços não relacionados com o processo produtivo, citados no anexo, como por exemplo leitura mensal, controle de pragas, assessoria técnica, locação de toalhas, conserto de rádio, copias de chaves, locomoção de motoristas. "NF não identifica se é custo ou despesa" notas fiscais com descrição genérica não sendo possível identificar se é despesa ou custo. "valor que deveria ser incorporado ao ativo" notas fiscais de reformas de equipamentos que deveriam ser ativadas em razão do aumento da vida útil do bem reparado. As partes e peças de reposição utilizadas em máquinas e equipamentos que respondam diretamente pela fabricação ou produção de bens destinados à venda, podem ser consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativas, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes da ação diretamente exercida no processo de fabricação do produto que está sendo produzido e desde que não estejam incorporadas ao ativo imobilizado da empresa. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, se verifica que, concernente aos materiais acima especificados, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles enquadrados no conceito do termo “insumo”, este quando referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 586/590), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para: L03 – Serviços Utilizados como insumo, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas estão assim motivadas: as que não corresponde ao conceito de insumo, valor que deveria ser incorporado ao ativo e nota fiscal não identificada se é custo ou despesas. Fl. 881DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 869 27 Quanto a alegação de que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do IRPJ, verificamos que a fiscalização relata em seu Termo de Constatação Fiscal que, (...) “Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação dos produtos de incidência nãocumulativa, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional”. Se as partes e peças adquiridas no caso, forem para máquinas ou equipamentos que estiverem no ativo imobilizado, deixarão de ser consideradas como insumos e poderão gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei n° 10.637/2002, art. 3º, Inciso VI, combinado com o seu § 1º, Inciso III, (c/ artigo 15 da Lei nº 10.833/2003). Desta forma, esses produtos que atuam diretamente em todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, que representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, devem ser capitalizados, consoante estabelece o art. 346 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/1999) . Verificase no Termo de Diligência que: (...) A Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos. Apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Da descrição verificase que as mesas alimentadoras, as esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da Safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Os ternos são compostos por castelo, bagaceira, cabeçotes, rolos e pentes. Nas notas fiscais de serviços não se verifica a aquisição ou instalação desses elementos anualmente. As notas fiscais de serviços glosadas referemse a soldas, frisamentos, aplicações de chapas inox, válvulas, hidrojateamento, recuperação de cilindros, desfibrilador, usinagem, etc, portanto são substituições de partes e peças que resultam em aumento da vida útil em mais de um ano, devendo ser ativadas. Também consideramos que devem ser ativados as notas fiscais de fornecimento de mão de obra de pedreiros, pintores e serviços de engenharia. Como se vê, consta do Termo de Diligência que a empresa Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos e ainda apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Verificase que as mesas alimentadoras, esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Assim, não procede as alegações da recorrente no que concerne não haver a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. A fiscalização elaborou um demonstrativo, detalhando que como regra foram glosados os serviços que não se enquadravam no conceito de insumo, ou seja, os serviços que não Fl. 882DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 28 quedaramse demonstrados que estavam diretamente ligados à produção dos produtos não cumulativos. Por outro lado, a recorrente em seu recurso, não demonstrou, mediante apresentação de provas, que tais glosas foram indevidas, ou seja que tais aquisições de serviços foram objeto de aplicação no processo produtivo da requerente. Portanto, correto as glosas de parte dos valores dos serviços tomados pela Recorrente. 4.9) Aluguel de Máquinas e Equipamentos Aduz a recorrente em seu recurso que: (...) “Segundo a dicção do Fisco, não geram direito a crédito o aluguel de máquinas, escavadeira ou guindaste, porque a Recorrente não demonstrou terem sido eles utilizados na fabricação do açúcar. A respeito há que se ter presente que a escavadeira é utilizada na tanto movimentação da matériaprima (canadeaçúcar), como no transporte e movimentação do açúcar em bruto. O mesmo se dá com o guindaste que faz a movimentação dos contêineres de açúcar, tanto no empilhamento e armazenagem quanto no carregamento nos veículos de transporte. É também utilizado na movimentação de peças e equipamentos pesados. Assim, ou se deveria reconhecer o direito ao crédito integral ou, ao menos, proporcional na hipótese de movimentação da matériaprima da qual deriva tanto o açúcar como o álcool. Tal questão foi dessa forma analisada pela fiscalização em seu Termo de Constatação Fiscal (fl. 375): (...) Também não geraram direito a crédito o aluguel de máquinas que não se enquadravam no disposto no art. 66, inciso II, i b" da IN 247/2002: "aluguel de prédios, máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa". Assim, não foram consideradas as Notas Fiscais referentes a aluguel de escavadeira, andaimes ou guindastes, máquinas que a empresa não demonstrou terem sido utilizadas na fabricação de açúcar e outros produtos com direito ao crédito da COFINS não cumulativo. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 348 a 350 (grifamos). O artigo 3º da Lei nº 10.833/03 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Porém, como se verifica no Termo de Diligência efetuado pela fiscalização (fls. 753), Linha 6 –Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, tais despesas que foram glosadas porque verificouse que tratam de locação de máquinas e equipamentos referente à atividade de construção civil da empresa: LINHA 6 DESPESAS DE ALUGUÉIS DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS LOCADOS DE PESSOAS JURÍDICAS O artigo 3 o da Lei 10.833/03 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. As despesas glosadas referemse á locação de retroescavadeira e guindaste de 20t., atividades de construção civil. Fl. 883DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 870 29 Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 588/589), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L06 – Aluguel de Máquinas e Equipamentos, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas efetuadas estão assim motivadas: não é atividade da empresa. No entanto, em seu recurso, a recorrente não faz provas nos autos de que tais despesas foram aplicados no processo produtivo. Portanto, os gastos com tais itens escapam do conceito de insumo e não geram crédito das contribuições sociais não cumulativas. Mantenhamse as glosas procedidas a esse título. 4.10) Do Leasing A empresa em seu recurso argumenta que: (...) “A Fiscalização, é omissa ao fato tanto no Despacho Decisório como no Termo de Verificação Fiscal, porém elaborou os demonstrativos e fichas do DACON de acordo com seu critério e entendimento, desprezando as informações prestadas anteriormente pela Recorrente no mesmo DACON relativamente aos créditos, oriundos de operações de arrendamento mercantil (leasing), que foram sumariamente glosados. Assim, no DACON elaborado pelo Fisco não constou sequer uma das aquisições de bens na modalidade de leasing, sendo que, na realidade existem várias no período examinado que, inexplicavelmente, foram desprezadas. Nada há no bojo dos autos que indique, especifique, ou sequer sugira o porque da glosa ou da omissão naquele DACON dos valores relativos aos contratos de leasing ignorados pelo Fisco. Não procede a alegação de omissão colocada pela recorrente, senão vejamos o que foi relatado sobre este tema no Termo de Constatação Fiscal (fl. 375): A partir de 01/05/2004 em virtude de alterações na Lei 10.833/2003, introduzidas pela Lei 10.865/2004, deixaram de dar direito a crédito: despesas financeiras, aquisições de máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados à venda anteriores a 01/05/2004. Portanto, os valores referentes a esses lançamentos foram glosados. E o Fisco segue informando no Relatório de Diligência (fl. 487): LINHA 7 – (...) (...) Não houve informação de despesas com arrendamento mercantil. Também nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 586 a 590), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L08 – Arrendamento Mercantil, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. Verificase que nenhuma informação sobre este tópico consta relacionada. Fl. 884DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 30 Portanto, no presente caso, não assiste razão a Recorrente, pois nenhuma glosa foi apontada pelo Fisco, conforme demonstrativo de fls. 586/590. Portanto, não conheço do recurso no que se refere as alegadas glosas dos valores do Leasing, por falta de interesse recursal. 5) Das provas Como já analisado neste voto, a fiscalização apurou glosas de bens e serviços. A recorrente, porém, com exceção relativo às vendas de álcool para outros fins efetivamente comprovadas pela Recorrente, não anexou aos autos as provas junto com suas manifestações contrárias aos outros itens glosados, o que acaba por ser um empecilho à comprovação de suas alegações. Não sendo possível a análise do vínculo entre as supostas determinações e os gastos que elas o teriam obrigado. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior do tributo, desse modo, afim de comprovar a existência do crédito alegado, a interessada deve instruir sua defesa, em especial a manifestação de inconformidade, com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art.15.A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art.16.A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)” No processo administrativo fiscal, assim como no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é de quem alega a sua existência, ou seja, do interessado, é assim que dispõe a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de1999 no seu artigo 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo37 desta Lei. No mesmo sentido os artigos 333 e 396 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973CPC: Art.333.O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.396. Compete à parte instruir a petição inicial (art.283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. Fl. 885DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13827.000554/200477 Acórdão n.º 3802003.860 S3TE02 Fl. 871 31 6) Da apresentação das provas O artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 em seu § 4º determina, ainda, o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” A análise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento correto a serem carreadas as provas a fim de substanciar os argumentos da Recorrente, qual seja, na manifestação de inconformidade, contudo, esta turma recursal tem firmado entendimento no sentido de admitir, excepcionalmente, a análise de provas trazidas em sede de recurso voluntário, quando estas não dependam de análise técnica aprofundada e sejam complementares às provas trazidas em Manifestação de Inconformidade, contudo, mesmo neste momento processual, não foram trazidas aos autos quaisquer outros documento que provassem que o sujeito passivo realizou gastos em decorrência das glosas de bens e serviços apurados pelo fisco, excetuandose a já comentada. 7) Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto da seguinte forma: a) não conhecer do recurso voluntário na parte concernente ao seguinte item: referente ao Leasing (item 4.10), por falta de interesse recursal. b) na parte conhecida, para: rejeitar as preliminares, e c) dar provimento, para reconhecer o direito do crédito calculado da COFINS não cumulativo calculado sobre os seguintes itens: da graxa (item 4.3), dos insumos utilizados nas vendas de álcool para “outros fins”, referente às notas fiscais comprovadas (item 4.5.2); das Embalagens (item 4.6), no ajuste do Valor do Estoque de Abertura (item 4.7), conforme o voto, e d) negar provimento em relação aos seguintes itens:, lubrificantes (item 4.4), produtos químicos (item 4.5.1) e dos serviços utilizados como insumos (item 4.8) e aluguel de Máquinas e Equipamentos (item 4.9), conforme voto. Fl. 886DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 32 Este julgado limitouse a reconhecer o direito em tese, ficando a quantificação do crédito, o cálculo e a homologação da compensação declarada a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator Fl. 887DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 11516.720030/2012-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Exercício: 2007, 2008, 2009
LANÇAMENTO DECORRENTE. PIS. COFINS. CSLL.
Subsistindo o lançamento principal sobre determinados fatos que restaram constituídos ou caracterizados, acompanham a mesma sorte os demais lançamentos decorrentes dos mesmos fatos.
INAPLICABILIDADE DE MULTA QUALIFICADA. ARBITRAMENTO DE LUCRO
Para a aplicação da multa disposta no art. 44, inciso I, e § 1°, da Lei n. 9.430/1996, faz-se necessário a comprovação do intuito de fraude.
Nos casos de aplicação da multa apenas pela falta de apresentação da escrituração contábil ou simples omissão na prestação de esclarecimentos, tais circunstâncias são supridas pelo arbitramento do lucro do contribuinte, sendo indevida a multa qualificada.
É inaplicável a responsabilização tributária de terceira pessoa, com fundamento no art. 124, do Código Tributário Nacional, se não ficou demonstrado sua vinculação com o fato gerador da obrigação tributária.
Do mesmo modo, não se aplica o art. 135, III, do Código Tributário Nacional se não comprovado que a obrigação tributária é resultante de atos praticados pelos sócios com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos.
Numero da decisão: 1302-001.535
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferido pelo relator. Vencido o conselheiro Eduardo de Andrade que negava provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARCIO RODRIGO FRIZZO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Eduardo de Andrade, Marcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Helio Eduardo de Paiva Araujo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva.
Nome do relator: MARCIO RODRIGO FRIZZO
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PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. No decorrer do processo administrativo fiscal, o julgador pode indeferir as diligências e perícias requeridas quando entendêlas desnecessárias para a solução da lide. REQUISIÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (RMF). NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL. INOCORRÊNCIA Preenchidos os requisitos legais trazidos pelo Decreto n° 3.724/2001 para obtenção das informações financeiras do contribuinte, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal por causa da existência de RMF. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIOGERENTE. É inaplicável a responsabilização tributária de terceira pessoa, com fundamento no art. 124, do Código Tributário Nacional, se não ficou demonstrado sua vinculação com o fato gerador da obrigação tributária. Do mesmo modo, não se aplica o art. 135, III, do Código Tributário Nacional se não comprovado que a obrigação tributária é resultante de atos praticados pelos sócios com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Exercício: 2007 EMPRESA AUTOMATICAMENTE CONSIDERADA INSCRITA NO SIMPLES NACIONAL. ART. 16, §4º, LC 123/2006. Não se considera inscrita automaticamente no SIMPLES Nacional a empresa que, mesmo inscrita no SIMPLES Federal, encontravase impedida de optar por aquele novo regime simplificado por alguma vedação da LC 123/2006, ainda mais quando a empresa entregou DCTF na qual declara a opção pelo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 00 30 /2 01 2- 94 Fl. 593DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 regime de tributação pelo lucro presumido, o que confirma a ciência de que estava impedida de se manter no regime simplificado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2007, 2008, 2009 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOCUMENTOS FISCAIS. POSSIBILIDADE. Quando o contribuinte é intimado diversas vezes para apresentar os livros e documentos fiscais e deixa de fazêlo, resta à autoridade fiscalizatória realizar o arbitramento do lucro em cumprimento ao art. 530, III, do RIR/99. INAPLICABILIDADE DE MULTA QUALIFICADA. ARBITRAMENTO DE LUCRO Para a aplicação da multa disposta no art. 44, inciso I, e § 1°, da Lei n. 9.430/1996, fazse necessário a comprovação do intuito de fraude. Nos casos de aplicação da multa apenas pela falta de apresentação da escrituração contábil ou simples omissão na prestação de esclarecimentos, tais circunstâncias são supridas pelo arbitramento do lucro do contribuinte, sendo indevida a multa qualificada. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 2007, 2008, 2009 LANÇAMENTO DECORRENTE. PIS. COFINS. CSLL. Subsistindo o lançamento principal sobre determinados fatos que restaram constituídos ou caracterizados, acompanham a mesma sorte os demais lançamentos decorrentes dos mesmos fatos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferido pelo relator. Vencido o conselheiro Eduardo de Andrade que negava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente. (assinado digitalmente) MARCIO RODRIGO FRIZZO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Eduardo de Andrade, Marcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Helio Eduardo de Paiva Araujo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 594 3 Relatório Tratase de recurso voluntário. A autuação (fls. 02/80) se deu a partir do cumprimento de Mandado de Procedimento Fiscal nº 09201000.2010.00697, expedido para fiscalização dos tributos federais referente ao período de 07/2007 a 12/2009, sendo constituídos créditos tributários de IRPJ (R$ 1.481.948,50), CSLL (R$ 508.850,68), PIS (R$ 115.103,65) e COFINS (R$ 531.247,16), totalizando R$ 2.637.149,99. Em resumo, na origem do presente processo administrativo, o AFRFB convenceuse pela ocorrência dos seguintes fatos, consoante narra o Termo de Verificação Fiscal (fl. 416/430): i) Que, por ocasião dos trabalhos de fiscalização operados pela autoridade da Receita Federal do Brasil, iniciados pelo TIPF de fls. 81/82, a recorrente foi intimada a apresentar à fiscalização documentos contábeis, fiscais e extratos atinentes às movimentações financeiras mantidas durante o período fiscalizado. ii) Que, tendo findado o prazo estipulado à apresentação da documentação, a recorrente não havia prestado a totalidade dos documentos solicitados, motivo pelo qual ocorreu nova intimação Termo de Constatação, Extensão e Intimação Fiscal n° 01, fls. 102/104 – sobre os mesmos documentos. iii) A intimação restou sem qualquer resposta, sendo que uma terceira intimação foi enviada pelo AFRFB – Termo de Constatação, Reintimação e Intimação Fiscal n° 02, fls. 105/108 – requerendo os mesmos documentos. Também não houve resposta a esta intimação. iv) Ante a ausência de respostas, que o AFRFB realizou Requisição de Movimentação Financeira (RMF) a diversas instituições bancárias, obtendo os extratos referentes às operações mantidas pela recorrente junto ao Banco do Brasil e ao Bradesco. v) De posse das informações bancárias referidas, o AFRFB intimou a recorrente a comprovar a origem das operações verificadas junto ao Banco do Brasil e Banco Bradesco, conforme se percebe do Termo de Intimação Fiscal n° 03 – fls. 109/156. vi) Não tendo a recorrente apresentado qualquer informação correlata às intimações realizadas, o AFRB lavrou o Auto de Infração em comento, constituindo o crédito tributário correspondente aos valores referentes ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, referente ao período de 07/2007 a 12/2009, pelo regime do lucro arbitrado, acrescidos de multa por lançamento de ofício qualificada e majorada, no montante de 225%, em virtude do enquadramento em hipóteses previstas em artigo 44, §§ 1° e 2° da Lei 9.430 de 1996. Fl. 595DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 vii) O AFRFB também entendeu que a empresa recorrente teria atuado em conluio com o seu sócio administrador, Sr. Henrique Alfredo Litman, na realização da conduta sonegadora, de forma a enquadrar hipótese de inclusão desse último no polo passivo como responsável solidário dos tributos cobrados, com base nos artigos 124 e 135, ambos do CTN. viii) O AFRFB ainda compreendeu que a recorrente teria praticado conduta ilícita atentatória à ordem tributária nacional prevista em artigos 1° e 2° da Lei 8.137 de 1990, bem como artigo 337A do Código Penal Brasileiro, sendo, por isso, lavrada Representação Fiscal para fins Penais. Encerrada a fiscalização, a recorrente teve ciência do auto de infração em 27/01/2012 (fl. 432/434). Na sequência, apresentou impugnação em 22/02/2012 (fl. 437/465), a qual foi julgada improcedente, nos termos da ementa do acórdão n° 1652.471, proferido pela 1º Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP (DRJ), que adiante segue transcrito (fl. 504/542): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/07/2007, 30/09/2007, 31/12/2007, 31/03/2008, 31/07/2008, 30/09/2008, 31/12/2008, 31/03/2009, 31/07/2009, 30/09/2009, 31/12/2009. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. APRECIAÇÃO PELO JULGADOR ADMINISTRATIVO. Não é competente o julgador administrativo para apreciar Representação Fiscal para Fins Penais, como ficou estabelecido na Súmula Vinculante CARF nº 28, verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais”. CIÊNCIA POR VIA POSTAL. SUFICIÊNCIA DE SUA ENTREGA NO DOMICÍLIO FISCAL. “É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário” (Enunciado nº 09 da Súmula do CARF). FISCALIZAÇÃO. ACESSO A INFORMAÇÕES FINANCEIRAS NA POSSE DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. LEI COMPLEMENTAR 105, DE 2001. RENITÊNCIA DE O CONTRIBUINTE APRESENTAR ELEMENTOS DE SUA ESCRITA CONTÁBILFISCAL. A Autoridade Tributária, com base na LC nº 105, de 2001, à vista de procedimento fiscal instaurado e presente a indispensabilidade do exame de informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, pode solicitar dessas últimas referidas informações, sem necessidade de interlocução do Contribuinte, o qual, inclusive e à exaustão, fora chamado a fazêlo, mas sem nada a adunar. MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS MAJORANTES DO ART. 44, § 2º, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. TAMBÉM, ART. 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Valorado o objeto sobre que intimado o Contribuinte, isso para a incidência do art. 42 da Lei Fl. 596DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 595 5 nº 9.430, de 1996 (não comprovação da origem dos recursos movimentados em conta corrente e/ou de investimento), não pode esse mesmo objeto, sem mais especificidade, ser valorado uma segunda vez para efeito de incidência, agora, de uma das hipóteses omissivas prestigiadas nos incisos do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. Não cabe conversão do julgamento em diligência quando o ponto de discórdia versa matéria de direito ou, ainda, mesmo que toque matéria de fato, esta já se encontre suficientemente esclarecida nos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/07/2007, 30/09/2007, 31/12/2007, 31/03/2008, 31/07/2008, 30/09/2008, 31/12/2008, 31/03/2009, 31/07/2009, 30/09/2009, 31/12/2009. DOLO. MULTA QUALIFICADA (150%). ATO ILÍCITO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SÓCIOADMINISTRADOR. Evidenciado um conjunto consistente de atos tendentes a impedir ou retardar, total ou parcialmente, excluir ou modificar o preciso conhecimento, ou a correta formação da matéria tributável, com prejuízo à Fazenda Pública, tal é exemplar de conduta dolosa que densifica a prática de ato ilícito prestigiado no art. 135, inciso III, do CTN. Nessa ordem de ideias, cabe a responsabilização solidária do sócioadministrador que, consciente e voluntariamente, dá cabo de referida conduta, tudo ainda sem prejuízo da qualificação da multa de ofício (150%), dada a especificidade do dolo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/07/2007, 30/09/2007, 31/12/2007, 31/03/2008, 31/07/2008, 30/09/2008, 31/12/2008, 31/03/2009, 31/07/2009, 30/09/2009, 31/12/2009. REGIME NÃO CUMULATIVO. LUCRO ARBITRADO. IMPOSSIBILIDADE. A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro arbitrado permanece sujeita ao regime cumulativo no que importa à Cofins. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/07/2007, 30/09/2007, 31/12/2007, 31/03/2008, 31/07/2008, 30/09/2008, 31/12/2008, 31/03/2009, 31/07/2009, 30/09/2009, 31/12/2009. REGIME NÃO CUMULATIVO. LUCRO ARBITRADO. IMPOSSIBILIDADE. A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro arbitrado permanece sujeita ao regime cumulativo no que importa à Contribuição ao PIS. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/07/2007, 30/09/2007, 31/12/2007, 31/03/2008, 31/07/2008, 30/09/2008, 31/12/2008, 31/03/2009, 31/07/2009, 30/09/2009, 31/12/2009. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. A existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados em tais operações, caracteriza a hipótese de omissão de receita. Presunção elevada à categoria legal. LANÇAMENTOS DECORRENTES. O decidido quanto à infração que, além de implicar o lançamento de IRPJ implica os lançamentos da contribuição para o Programa de Integração Social (Pis), da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também se aplica a estes outros lançamentos naquilo em que for cabível. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Intimada da decisão supratranscrita em 11/12/2013 (fl. 548), a recorrente apresentou, então, recurso voluntário 10/01/2014 (fl. 549/582), no qual ventila as seguintes razões, em resumo: i) A nulidade do Acórdão recorrido pelo suposto descumprimento do princípio da verdade material, posto que a DRJSP indeferiu o pedido de produção de prova pericial no sentido de comprovar a real natureza dos valores verificados nas movimentações bancárias fiscalizadas; ii) A invalidade do procedimento fiscal, na medida em que a autoridade fiscal não teria efetuado a intimação das recorrentes – pessoa jurídica e representante legal – acerca das requisições de movimentação financeira feitas às instituições financeiras; iii) Que a adesão da empresa recorrente ao SIMPLES Nacional teria plena eficácia jurídica, posto que se daria de maneira tácita, conforme disposição do §4°, do artigo 16, da Lei Complementar n° 123/2006, uma vez que estava inscrita no SIMPLES Federal; iv) Que no caso em tela não se permite a utilização do método de apuração do lucro arbitrado, posto que a empresa recorrente não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas em artigo 530 do Decreto 3.000 de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR); v) Que há recursos em sua conta bancária que não podem ser considerados como receitas e, tendo em vista o princípio da verdade material, deveria o AFRFB ter diligenciado sobre a natureza dos depósitos bancários; Fl. 598DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 596 7 vi) Que as multas aplicadas se mostram desconformes com a normativa nacional tributária, posto que agiram os recorrentes de boa fé, interpretando, pelo desconhecimento acerca da exclusão da empresa do sistema SIMPLES, que essa havia sido tacitamente inserida nessa modalidade de arrecadação; vii) A inexistência de responsabilidade solidária do representante legal da empresa recorrente, posto que não haveria no presente caso a constatação de que aquele teria procedido em alguma das hipóteses previstas nas normativas civil e tributária que ensejam a inclusão do sóciogerente no polo passivo da ação fiscal como responsável solidário. É o relatório. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 Voto Conselheiro Marcio Rodrigo Frizzo A recorrente foi cientificada do julgamento da DRJ em 11/12/2013 (fls. 548), apresentando seu recurso voluntário (fls. 549/582) em 13/01/2014 (fls. 591). Dessa forma, o recurso voluntário apresentado é tempestivo e apresenta todos os requisitos de admissibilidade, então dele conheço. 1. Da Inexistência de Nulidade do Acórdão Recorrido As recorrentes alegam que o Acórdão proferido pela DRJSP é nulo, pois negou pedido de realização de perícia nos extratos bancários da empresa recorrente a fim de verificar o que seria efetivamente receitas. Nesse sentido, no entanto, as alegações das recorrentes não merecem amparo, posto que seus extratos bancários solicitados por RMF, não apresentam qualquer ilegalidade. Cabia a Recorrente comprovar a origem dos recursos verificados, para desconstiuir a presunção legal (art. 42, Lei n.º 9.430/96). Salientase que a empresa recorrente foi repetidamente intimada a apresentar documentações à fiscalização, bem como prestar esclarecimentos quanto às movimentações financeiras averiguadas pelo AFRFB, mas não se manifestou. A presunção legal de omissão de receitas com fucro na movimentação financeira do contribuinte, na prática, inverte o ônus da prova, sendo que a recorrente deveria justificar e comprovar a origem dos recursos apontados pelo AFRFB em intimação (fls. 81/178). Notese que este Conselho já tem decidido no sentido de que a prova pericial não se mostra cabível em casos onde as provas juntadas pela autoridade fazendária se mostrar suficiente à constatação dos motivos determinantes da controvérsia em questão. Senão vejamos: DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA DE PRIMEIRO GRAU. MOTIVAÇÃO ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por afronta ao contraditório e ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau que, adequada e suficientemente fundamentada, indefere pedido de realização de diligência/perícia. (...) (CARF, Acórdão n. 3102002.268 do Processo n. 10954.000011/2003 25, Cons. Relator(a): JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO. Data da Sessão: 21/08/2014). IMPUGNAÇÃO. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à Fl. 600DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 597 9 adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia requerido. (...) (CARF, Acórdão n. 1803 002.366 do Processo n. 14774.000047/200973, Cons. Relator(a): SERGIO RODRIGUES MENDES. Data da Sessão: 24/09/2014). DILIGÊNCIA. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. A diligência não se presta para produzir provas de responsabilidade da parte. Tratandose da comprovação de origem de depósitos bancários, a prova deveria ser produzida pela parte, sendo desnecessária a realização de diligência. Ademais, a solicitação de diligência ou perícia deve obedecer ao disposto no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, competindo à autoridade julgadora indeferir aquelas que julgar prescindíveis. (...) (CARF, Acórdão n. 1301001.460 do Processo n. 13227.720579/201260, Cons. Relator(a): PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS. Data da Sessão: 08/04/2014). Dessa maneira, não procedem as alegações das recorrentes no que se refere a esse tópico, posto que o indeferimento de prova pericial se dera em conformidade com a melhor interpretação da legislação sobre o tema. 2. Da Falta de Previsão Legal para Ciência quanto à Expedição do RMF Em seguida, os recorrentes aduzem por suposta invalidade da Ação Fiscal ora em análise, em virtude de a autoridade administrativa fiscal não ter realizado a devida intimação dos sujeitos passivos quanto à expedição do RMF às instituições financeiras. Segundo os recorrentes, essa conduta teria afrontado certo dever de ciência, regente do procedimento fiscal. No entanto, mais uma vez se mostra desprovida de razão a arguição dos recorrentes, posto que, pela análise dos autos, não se verifica qualquer desvio do AFRFB no que se refere especificamente à questão da publicidade de seus atos no decorrer do expediente de fiscalização. Nesse sentido, devese notar que o AFRFB agiu com a devida diligência ao intimar, repetidas vezes, a empresa recorrente para que apresentasse a documentação necessária ao procedimento fiscal, inclusive sua documentação bancária, estando em total consonância com o disposto em § 2°, do artigo 4°, do Decreto 3.724/2001, que assim prescreve: [...] §2º. A RMF será precedida de intimação ao sujeito passivo para apresentação de informações sobre movimentação financeira, necessárias à execução do procedimento fiscal. No entanto, mesmo ante as intimações realizadas, a empresa recorrente mantevese inerte, sem se manifestar sobre os procedimentos ministrados pelo AFRFB. Por essa razão, descabido seria concluir pela improcedência dos atos do agente fiscal, especificamente no que se refere ao seu dever de dar ciência ao sujeito passivo sobre os atos de fiscalização por ele perpetrados, pelo que não se pode acolher os argumentos trazidos pelas partes recorrentes quanto a este tópico. Fl. 601DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 3. Da Inaplicabilidade do Art. 16, §4º, da LC 123/06 As recorrentes também alegam pela total eficácia da adesão da empresa Contribuinte ao SIMPLES Nacional, sustentando que a opção pela adesão ao SIMPLES Nacional teria se dado de maneira tácita por força do disposto em artigo 16, § 4°, da Lei Complementar n. 123/2006. Para melhor elucidar essa questão, peço vênia para transcrever o dispositivo citado: Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o ano calendário. [...] § 4º Serão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1º de julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar. Pela dicção do artigo transliterado, notase que, de fato, quando da transição de regime de tributação do SIMPLES Federal para o novo regime do chamado SIMPLES Nacional (criado pela LC 123/2006), a fim de conservar a continuidade das condições das quais desfrutavam as pessoas jurídicas inseridas sob essa sistemática de tributação, a normativa pertinente tratou de firmar o dispositivo pelo qual as empresas pertencentes ao primeiro modelo permanecessem, automaticamente, sob a égide do segundo, desde que não esbarrassem em impossibilidade impedimentos impostos pela lei. Por essa razão, posto que a empresa recorrente se via inserida na sistemática de tributação do SIMPLES Federal, alega que sua adesão ao SIMPLES Nacional teria se dado de maneira tácita, conforme disposição do artigo acima transliterado, pois não fora intimado de sua exclusão. No entanto, pela análise conjunta da documentação carreada pela DRJSP em fls. 475/503, fica evidente a incongruência das alegações dos recorrentes, posto que não há como conceber que esses realmente criam que a empresa autuada se encontrava sob a égide do SIMPLES Nacional. Isso porque, ainda que não demonstrada a ciência da empresa recorrente referente ao indeferimento do pedido de inclusão no SIMPLES Nacional, realizado em 31/07/2007 (fl. 477/479), essa não adimpliu com nenhuma obrigação acessória relacionada a essa sistemática, não apresentando nenhum Documento de Arrecadação (DAS) no período fiscalizado (20072009). Aliás, ao contrário, como se percebe das fls. 489 e ss., nesse mesmo período a empresa recorrente apresentou à RFB as respectivas DCTFs, onde declarava, em campo destinado à forma de tributação, a opção pelo regime do lucro presumido, a qual, frisese, se trata de sistemática totalmente incompatível com a prevista às empresas inscritas no SIMPLES Nacional. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 598 11 Ademais, da verificação das razões esposadas no recurso voluntário verifica se que a empresa recorrente tinha ciência da sua situação de inadimplência junto à Fazenda Municipal, o que impossibilitaria sua inscrição automática no SIMPLES Federal em vista da exceção prevista ao final do artigo 16, § 4°, da LC n. 123/2006, como se destaca (fls. 561): (...) Embora houvessem débitos vencidos e não pagos, até a data da inscrição tácita no regime unificado de arrecadação de tributos e contribuições devidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte ainda não havia sido formalizado o ato de exclusão da primeira recorrente (...) Dessa forma, por estarem as alegações das recorrentes flagrantemente inconsistentes com a situação fática verificada nos autos, não há como crer que a empresa recorrente de fato não tinha conhecimento do indeferimento do seu pedido de inclusão no SIMPLES Nacional, não sendo possível acolher suas alegações. 4. Do Arbitramento do Lucro Outrossim, as recorrentes sustentam a suposta impossibilidade de utilização da metodologia do arbitramento como técnica de cálculo dos tributos ora cobrados. Verificase dos autos (fls. 81/178) que a empresa recorrente foi repetidamente intimada a apresentar documentação contábil e fiscal pertinente aos exercícios fiscalizados para continuidade do procedimento fiscal, no entanto estes não foram apresentados. Em seu recurso voluntário a empresa recorrente admite a inexistência de qualquer escrituração contábil, como se destaca (fls. 562): (...) O que ocorreu foi que a primeira recorrente não possuía a escrituração contábil das pessoas jurídicas que apuram o imposto de renda pelo lucro real, em face de sua opção pelo sistema integrado de imposto e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte. Assim, mais uma vez não assiste razão aos recorrentes, posto que os incisos I e III, ambos do artigo 530, do RIR/1999, são suficientemente claros ao prescreverem a possibilidade de arbitramento do lucro em casos em que a empresa fiscalizada não apresenta sua documentação fiscal e contábil. Vejase: Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei 8.981, de 1995, art. 47, e Lei 9.430, de 1996, art. 1º): I. o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; [...] III. O contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; Fl. 603DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 12 Dessa maneira, não resta dúvida sobre a adequação da metodologia empregada pelo AFRFB quando do arbitramento do lucro para fins de apuração dos tributos cobrados. Ademais, não há que se falar em que a empresa recorrente estaria ainda inserida no regime simplificado, como já demonstrado no item 4 supra. Assim, também aqui se mostram totalmente desprovidos de razão os argumentos dos recorrentes, pelo que não merecem ser acolhidos. 5. Da multa Qualificada Segundo o TVF (426), houve a aplicação da multa qualificada sobre o lançamento tributário, nos seguintes termos: (...) a contribuinte fere diversos dispositivos da legislação brasileira, tanto a princípios fundamentais de contabilidade quanto legislação comercial e tributária como já citado. Devido à empresa não apresentar sua escrituração contábil e fiscal e com base no RIR/99 em seu art. 530, estamos constituindo de ofício os créditos tributários de IRPJ e CSLL, incidentes sobre o lucro arbitrado. (...) Os fatos narrados nesse item fica inquestionável o evidente conluio entre a pessoa jurídica e física envolvidas com o intuito de sonegação, como definido nos art.s 71, 72 e 73 Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964 (...) Assim sendo, a multa sobre os créditos tributários objeto deste procedimento fiscal será qualificada e agravada conforme impõe o art. 44, §§1º e 2º, da Lei 9.430/96 (redação dada pela Lei 11.448/2007, à alíquota de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento). Ainda segundo o TVF (fls. 428): (...) a contribuinte e as pessoas que praticaram os atos utilizaramse de meios para ocultar o fato gerador tributário, sendo assim, realizou a sonegação de tributos (...) Com relação à qualificação da multa, o §1º, do art. 44, da Lei n.º 9.430/96, aplicado ao caso em análise, prevê o agravamento da multa, nos seguintes termos: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) (grifo não original) Fl. 604DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 599 13 Logo, é conclusão lógica de que o AFRFB qualificou a multa de ofício, com fundamento no art. 44, §1º, da Lei n.º 9.430/96, pois a empresa recorrente não apresentou sua documentação contábil, bem como não justificou a origem dos recursos que ingressaram em suas contas bancárias, mesmo intimada, entendendo o fiscal caraterizado o conluio entre os sócios para dolosamente sonegar impostos. Entretanto, em que pese a fundamentação do AFRFB, entendo que não deve ser mantida a multa qualificada pois, como se denota do mesmo trecho do TVF supracitado, houve o arbitramento do lucro da recorrente sobre o mesmo fundamento da multa qualificada, qual seja, falta de apresentação da escrituração contábil da recorrente. Temse que a tributação pelo regime do Lucro Arbitrado, por si mesmo, já pune de certa forma o contribuinte, justamente por arbitrar um lucro que a empresa obteve em determinado período, o que costuma ser maior do que se verificaria pelo regime de tributação do Lucro Real ou do Lucro Presumido. Com efeito, o cálculo do lançamento tributário feito sobre o lucro arbitrado é deveras superior do que se fosse feito em relação ao lucro real da empresa, cuja aferição não foi possível pela declaração de imprestabilidade da contabilidade da recorrente. Logo, aplicar a multa qualificada em caso de lucro arbitrado é, de certa forma, punir o contribuinte em duplicidade, pelo que esta não deve persistir por ser caso de incidência de lucro arbitrado. O arbitramento tem natureza sancionatória àqueles contribuintes que não apresentam sua documentação fiscal ou contábil, não prestam os esclarecimentos solicitados pelo auditor fiscal ou deixam de atender as obrigações acessórias previstas na legislação, pelo que estes mesmos motivos não podem ensejar a qualificação da multa. Ou seja, no presente caso, uma vez que a falta de apresentação da escrituração contábil da recorrente motivou o arbitramento dos seus lucros, estes mesmos fatos não podem servir de fundamento para qualificação da multa de ofício aplicada, ou haveria dupla penalização do contribuinte, uma vez que a tributação pelo lucro arbitrado já aumenta a carga tributária. Dessa forma, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para afastar a multa qualificada, a fim de incidir apenas a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) sobre todo o lançamento tributário. 6. Da Responsabilidade Solidária do Representante Legal da Empresa Por fim, ainda cumpre apreciar sobre a responsabilidade solidária atribuída pela autoridade fiscal da RFB ao sócio administrador da empresa recorrente, Sr. Enrique Alfredo Litman – o qual ora figura como segundo recorrente. Nesse sentido, importa recobrar que a inclusão do mesmo no polo passivo do presente processo administrativo fiscal se deu em virtude da constatação de suposto conluio da pessoa física e a empresa autuada nos atos de sonegação enquadrados em artigo 71 da Lei 4.502 de 1964. Por essa interpretação, o AFRFB entendeu pela extensão da responsabilidade tributária ao sócio gerente, com base nos artigos 124 e 135 do Código Tributário Nacional. Fl. 605DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 14 Nesse ponto, cabe salientar que, muito embora se perceba que o AFRFB também se valeu das disposições do artigo 50 do Código Civil Brasileiro na fundamentação tecida em Termo de Verificação de fls. 418/430, de pronto se conclui que tal preceito não se mostra aplicável ao presente caso, em virtude da especialidade inerente ao CTN, o qual já prevê as hipóteses próprias de responsabilização de terceiros pelos atos da pessoa jurídica fiscalizada. Também que o artigo 50 do C.C. é lei ordinária, e não serve para regular normas de responsabilidade tributária, nos exatos termos do Art. 146, III, da C.F.: Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: Além disso, apenas a título de menção, ainda que assim não o fosse, não é cabível a analogia intentada pelo AFRFB no sentido de que a mera utilização de bem de propriedade do sócio administrador para fins de garantir dívida contraída pela pessoa jurídica, por si só, poderia caracterizar a confusão patrimonial prevista no artigo 50 do CC, posto que a desconsideração de que trata o artigo referido se dedica ao combate de práticas tendentes a resultados fraudulentos contra credores, o que não se verifica no caso do oferecimento de bem dos sócios para a garantia de dívidas da empresa. Feita essa breve menção, passase ao fundamento de direito tributário esposado pelo AFRFB, onde, em que pese o reconhecimento da prática prevista pelo dispositivo legal acima mencionado para fins de qualificação da multa de ofício aplicada – conforme já tratado em item 2.5 do presente voto – não há como sustentar que, no presente caso, tenha ocorrido conduta passível de enquadramento das hipóteses de responsabilização dos artigos 124 e 135 do CTN. Dito isso, a fim de garantir a maior clareza e coesão da fundamentação nesse tópico, peço vênia para encarar em separado cada uma das hipóteses de responsabilização utilizadas pelo AFRFB e tratadas pelo CTN – arts. 124 e 135. 6.1. Das Hipóteses de Responsabilização do artigo 124 do CTN No que se refere ao artigo 124, prescreve o Código Tributário Nacional: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Dessa forma, temse que o dispositivo trata das pessoas que são responsáveis solidários em razão do “interesse comum”. Consoante entendimento que vem sendo adotado, exigese que a situação que consubstancia o fato gerador do tributo seja praticada pelos sujeitos cuja solidariedade se pretende atribuir. Exemplificando os casos de interesse comum, Leandro Paulsen afirma que “têm interesse comum aqueles que figuram conjuntamente como contribuintes, como os coproprietários de um imóvel relativamente ao IPTU ou à taxa de recolhimento de lixo”. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 600 15 (PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 5ª ed. rev., atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013. p. 166). Mutatis mutandis, é o entendimento aplicado nos casos de empresas sobrepostas (mesma atividade, mesmo endereço, mesma finalidade, praticantes do mesmo fato gerador), ou seja, empresas que se escondem uma atrás da outra, o que não se confunde com o conceito amplo de “mesmo grupo econômico”, como demonstra o seguinte julgado: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência do STJ entende que existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. (...) (STJ. AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011). No mesmo caminho trilhou o Superior Tribunal de Justiça no julgado abaixo, em que o então Min. Luiz Fux, fundamentandose em doutrina abalizada, discorre sobre o termo “interesse comum”, observese: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA (LETRAS FINANCEIRAS DO TESOURO). AUSÊNCIA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. RECUSA. POSSIBILIDADE. MENOR ONEROSIDADE. ART. 620 DO CPC. SÚMULA 7/STJ. LEGITIMIDADE PASSIVA. EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. (...) 6. Deveras, o instituto da solidariedade vem previsto no art. 124 do CTN, verbis: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei." 7. Conquanto a expressão "interesse comum" encarte um conceito indeterminado, é mister procederse a uma interpretação sistemática das normas tributárias, de modo a alcançar a ratio essendi do referido dispositivo legal. Nesse diapasão, temse que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas solidariamente obrigadas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato imponível. Isto porque feriria a lógica jurídicotributária a integração, no polo passivo da relação jurídica, de alguém que não tenha tido qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação. 8. Segundo doutrina abalizada, in verbis: "... o interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo da solidariedade. Em nenhuma dessas circunstâncias cogitou o legislador desse elo que aproxima os participantes do fato, o que ratifica a Fl. 607DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 16 precariedade do método preconizado pelo inc. I do art 124 do Código. Vale sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributado, como, por exemplo, na incidência do IPTU, em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo imóvel. Tratandose, porém, de ocorrências em que o fato se consubstancie pela presença de pessoas em posições contrapostas, com objetivos antagônicos, a solidariedade vai instalarse entre sujeitos que estiveram no mesmo polo da relação, se e somente se for esse o lado escolhido pela lei para receber o impacto jurídico da exação. É o que se dá no imposto de transmissão de imóveis, quando dois ou mais são os compradores; no ICMS, sempre que dois ou mais forem os comerciantes vendedores; no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador." (Paulo de Barros Carvalho, in Curso de Direito Tributário, Ed. Saraiva, 8ª ed., 1996, p. 220) (...) (STJ. REsp 859.616/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/09/2007, DJ 15/10/2007, p. 240) (grifo não original) Retornando ao caso dos autos, foram lavrados autos de infração de CSLL, PIS/Pasep, Cofins e IRPJ em razão de constatado enquadramento da pessoa jurídica autuada em prática de omissão de receita. Como se sabe, esses tributos possuem como fato gerador, de modo geral, o lucro e o faturamento (receita bruta). Entendo que o recorrente, pessoa física, ainda que possa ter alguma responsabilidade pelas irregularidades desvendadas pelos agentes fiscais, jamais poderia participar da realização dos fatos geradores acima mencionados, daí a impossibilidade de considerálo como responsável solidário. Assim, voto pelo afastamento do art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional. 6.2. Das Hipóteses de Responsabilização do artigo 135 do CTN O relatório fiscal fundamenta ainda a inclusão de diretores e/ou sócios gerentes como corresponsáveis pelo crédito tributário, fundamentandose no que dispõe o art. 124, e 135, ambos do CTN. Aduz o AFRFB que, malgrado o direito brasileiro distinguir a personalidade jurídica da pessoa jurídica e a pessoa física de seus sócios, no caso concreto haveria abuso dessa personalidade jurídica da empresa, da forma como reprime o art. 50, do CC, nos seguintes termos (fls. 422): Os fatos descritos nesse relatório fiscal demonstram claramente o abuso da personalidade jurídica. A empresa adquiriu um empréstimo de Barigui S/A – Crédito, Financiamento e Investimento em 08/02/2011 no valor de R$ 540.747,13, fl. 381, e deu em garantia o bem dos sócios Enrique e Francisca, desta forma, misturando o patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica. Outro empréstimo adquirido para a pessoa jurídica e com a garantia do imóvel da pessoa física foi em 20/03/2007 com a destinação dos recursos para a pousada no valor de R$ 160.000,00. O imóvel em questão é o local de prestação de serviços da pessoa jurídica. Entretanto, o entendimento ora delineado merece reparos. Fl. 608DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 601 17 A priori, não há qualquer irregularidade no fato de um sócio administrator oferecer como garantia de empréstimos da pessoa jurídica, bem imóvel de sua propriedade. Seria necessária a comprovação de que o imóvel do sócio, pessoa física, teria sido adquirido com recursos financeiros retirados ilicitamente da pessoa jurídica que contraíra o empréstimo por ele garantido. Alternativamente, seria necessário comprovar que os recursos financeiros decorrentes dos empréstimos obtidos em nome da pessoa jurídica, teriam sido destinados para proveito próprio dos sócios, administradores desta empresa. Ou ainda, a aquisição de um imóvel por pessoa física em nome próprio, com recursos financeiros da pessoa jurídica da qual seja sócio, ou consumir em proveito próprio recursos financeiros da pessoa jurídica, prima facie constituiria manifesto excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Uma vez comprovadas estas circunstâncias, concordaria plenamente com a aplicação do disposto no art. 135, III, do CTN, que, aliás, me parece ter sido positivado justamente para reprimir estas circunstâncias, senão vejamos: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Mas no caso dos autos, segundo narra o próprio termo de verificação fiscal, um dos empréstimos no valor de R$ 160.000,00 teria sido destinado à própria pousada. É dizer, o empréstimo foi regularmente revertido para a pessoa jurídica, motivo pelo qual a conclusão que se impõe é de que definitivamente estaria comprovada a distinção patrimonial entre pessoas física e jurídica. O fato de o imóvel em que a pessoa jurídica é estabelecida comercialmente pertencer a um de seus sócios também não constitui qualquer ilícito Inobstante, segundo a matrícula do referido imóvel de propriedade da pessoa física, ele teria sido adquirido em 28/04/1998 (fls. R2, fls. 379), e, ainda assim, por meio de contrato de permuta com outro imóvel de propriedade da pessoa física. Nesse sentido, é entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça que para aplicação do art. 135, do CTN, é necessário a comprovação de que os sócios agiram dolosamente e com excesso de poder quanto à infração do Estatuto ou da Lei, como se destaca: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. NOME DO SÓCIO CONSTANTE DA CDA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO AFASTADA PELAS Fl. 609DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 18 INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. MERO INADIMPLEMENTO. QUESTÃO ATRELADA AO REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Consoante a pacífica jurisprudência deste Tribunal, em tese, permitese o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio gerente, cujo nome consta do título, desde que ele tenha agido com excesso de poderes, infração à lei ou estatuto, contrato social, ou na hipótese de dissolução irregular da empresa, não se incluindo o simples inadimplemento da obrigação tributária (art. 135 do CTN). (STJ. AgRg no AREsp 329592/RN. Rel. Min. Og Fernandes. DJe de 18/12/2013). (...) 2. A responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN não é objetiva. Desse modo, para haver o redirecionamento da execução fiscal, e seus consectários legais, para o sóciogerente da empresa, deve ficar demonstrado que este agiu com excesso de poderes ou infringiu a lei ou o estatuto, na hipótese de dissolução irregular da empresa. (...) (STJ. AgRg no AREsp 294214/RN. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe de 06/12/2013) TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SÓCIOGERENTE. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE. ART. 134, VII, DO CTN. FUNDAMENTO INATACADO. SÚMULA 283/STF. (...). 2. Quanto à alegação de que teria ocorrido dissolução irregular da sociedade, a ensejar a responsabilização dos sócios nos termos do art. 134, VII, do CTN, convém destacar que o aresto recorrido afastou a incidência desse dispositivo legal sob o argumento de que a sociedade por quotas de responsabilidade limitada não se constitui numa sociedade de pessoas. 3. O recorrente, na via especial, não teceu qualquer consideração sobre a aplicabilidade deste dispositivo legal às sociedades limitadas que não se enquadrem como sociedades de pessoas. Aplicabilidade da Súmula 283/STF. 4. Restou asseverado pelo Tribunal a quo que não foi demonstrado o cometimento pelo sóciogerente de ato praticado com excesso de poderes ou infração de lei ou contrato social. 5. Os sócios (diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica) são responsáveis, por substituição, nos termos do art. 135, III, do CTN, somente pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias, quando se comprova a prática de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou de infração de lei, contrato social ou estatutos. 6. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos modificativos. (STJ, 2ª Turma. Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 14/12/2004). (grifos não originais). Por estas razões, me parece restar comprovada a perfeita distinção entre o patrimônio das pessoas físicas do sócio e da pessoa jurídica, de modo que a responsabilidade tributária no presente caso deve ser afastada. Assim, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, nos termos da fundamentação aqui exposta. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11516.720030/201294 Acórdão n.º 1302001.535 S1C3T2 Fl. 602 19 7. Da Conclusão Ante ao exposto, voto dar parcial provimento ao recurso voluntário, para afastar a responsabilidade do sócio, bem como diminuir a multa de 150% para 75% (uma vez que a multa majorada já foi extinta na instância anterior), nos termos do relatório e voto. (assinado digitalmente) Marcio Rodrigo Frizzo Relator Fl. 611DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 11474.000027/2007-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 26 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2005
AUXÍLIO TRANSPORTE EM PECUNIA - IMPOSSIBILIDADE -INCIDÊNCIA
A contribuição previdenciária sobre parcela paga a título de Vale-Transporte é devida se não forem observadas as disposições da lei n° 7.418/85 e do Decreto n° 95.427/87
PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR - BENEFÍCIO OFERECIDO DE FORMA DIFERENCIADA - IMPOSSIBILIDADE -INCIDÊNCIA
Integra o salário de contribuição os valores das contribuições efetivamente pagos pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, que não esteja disponibilizado de forma igualitária todos os seus empregados e dirigentes
SUBSÍDIO NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS - INCIDÊNCIA
O Subsídio na aquisição de produtos da empresa fornecido pela mesma aos segurados empregados integra o salário de contribuição por representar acréscimo patrimonial do empregado e não haver previsão legal afastando a incidência de contribuição previdenciária sobre tais valores.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS - DESCONFORMIDADE COM A LEI -INCIDÊNCIA
Haverá incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos título de participação dos lucros ou resultados efetuados em desacordo com disposição legal.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO
Numero da decisão: 2402-000.750
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso no que tange as contribuições apuradas pelo pagamento de transportes em pecúnia e aos valores de compras de material produzidos pela recorrente, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto, Lourenço Ferreira do Prado e Maria da Glória Faria. II) Por unanimidade de votos: a) no mérito, em negar provimento ao recurso no que tange às demais contribuições apuradas, nos termos do voto da relatora.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: ANA MARIA BANDEIRA
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Numero do processo: 13639.720325/2011-19
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
À falta de um conjunto forte de indícios nos autos capaz de ensejar dúvidas quanto à idoneidade das declarações e recibos de pagamento firmados pelos profissionais da área da saúde, há que se restabelecer as deduções de despesas médicas pleiteadas pelo contribuinte.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 2802-003.213
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jaci de Assis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, Vinicius Magni Verçosa, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: JACI DE ASSIS JUNIOR
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COMPROVAÇÃO. À falta de um conjunto forte de indícios nos autos capaz de ensejar dúvidas quanto à idoneidade das declarações e recibos de pagamento firmados pelos profissionais da área da saúde, há que se restabelecer as deduções de despesas médicas pleiteadas pelo contribuinte. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, Vinicius Magni Verçosa, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 63 9. 72 03 25 /2 01 1- 19 Fl. 73DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Tratase de recurso voluntário, fls. 47 a 63, interposto contra o Acórdão nº 0937.633, proferido pela 4ª Turma da DRJ/JFA, fls. 36 a 43, que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte contra a Notificação de Lançamento, fls. 21 a 26, que glosou a dedução de despesas médicas no valor de R$15.300,00 (quinze mil e trezentos reais) sob o seguinte fundamento: A contribuinte incidiu em malha fiscal no parâmetro Despesas médicas, sendo intimado através do Termo de Intimação Fiscal nº 2010/064731211211292 emitido eletronicamente em 14/02/2011, para apresentar os documentos nele relacionados. 2 . Intimado a apresentar os documentos bancários, solicitados através do Termo de Intimação Fiscal 409/2011, de 28/06/2011: cópias de cheques nominais micro filmados, extratos bancários em que constem saques com compatibilidade de datas e valores, ordens de pagamentos ou transferÊncias eletrônicas, que pudessem comprovar o real pagamento das despesas médicas declaradas para: Marilia de Pádua Dornelas Correa, R$1.900,00Mauro Carvalho Ramos Filho, R$6.900,00, e Frederico Martins Cecchi, R$6.500,00, e a efetiva prestação dos serviços, a contribuinte não apresentou os documentos solicitados. 3. Do exposto no item 2 acima, os valores declarados serão glosados da DIRPF, ano calendário 2009, nos termos do§ 1º do art. 73 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), e do Acórdão 10244.658, de 21/03/2001, da 2º Câmara do Conselho de Contribuintes do MF, onde consta que o documento por si só não autoriza a dedução, mormente quando não há prova efetiva de que os serviços foram prestados. Examinando a impugnação e os documentos que a instruíram a autoridade julgadora de primeira instância não acatou a documentação apresentada pelo contribuinte às fls. 7 a 20, ao argumento de que “Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, não basta a disponibilidade de simples recibos, sem vinculálos ao pagamento realizado, mormente quanto tal aspecto foi objeto de intimação por parte da autoridade lançadora”. Cientificado dessa decisão em 21/11/2011, o contribuinte interpôs recurso voluntário em 21/12/2011, fls. 47 a 63, alegando, em síntese, que: está comprovado que os procedimentos foram realizados, mediante recibos apresentados; referidos recibos são prova idônea, conforme admitido pela legislação e pelo Conselho de Contribuintes; a RFB não diligenciou com intuito de provar a veracidade dos recibos emitidos pelos profissionais; tampouco estes foram ouvidos no intuito de ratificarem os pagamentos recebidos e cruzadas as respectivas informações por eles prestadas em suas declarações de rendimentos; nem todos os rendimentos recebidos transitaram por conta corrente bancária; Fl. 74DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 13639.720325/201119 Acórdão n.º 2802003.213 S2TE02 Fl. 74 3 a fazenda não aprofundou na averiguação dos fatos, ferindo o princípio da legalidade, da ampla defesa e do contraditório; está provado que os pagamentos destinaram a tratamento de saúde e atendem os requisitos legais previstos em lei, impõese o cancelamento da glosa realizada pelo Fisco. É o relatório. Voto Conselheiro Jaci de Assis Junior, Relator O recurso foi tempestivamente apresentado e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O presente litígio se limita ao lançamento da glosa da dedução de despesas médicas. Verificase que a contribuinte instruiu sua impugnação com os documentos de fls. 8 a 14 e 18 e 19. De seu exame, a decisão recorrida concluiu que: Em princípio, portanto, admitemse como provas de pagamentos os recibos fornecidos, desde que, obviamente, atendam em todos os seus aspectos aos requisitos de formalidade exigidos na legislação que trata da matéria. Todavia, repisese, pode a autoridade fiscal, visando formar sua convicção, exigir outros meios complementares de provas, em relação a todas ou a algumas despesas declaradas, o que foi feito pela Fiscalização, quando se intimou o(a) interessado(a) a comprovar, também, a efetividade do pagamento das despesas médicas declaradas (mediante, por exemplo, cópias de cheques nominais microfilmados, extratos bancários, ordens de pagamentos, transferências eletrônicas, dentre outros), no montante de R$15.300,00, aos profissionais Marília de Pádua Dornelas Corrêa (médica – R$ 1.900,00), Mauro Carvalho Ramos Filho (dentista – R$ 6.900,00) e Frederico Martins Vechi (fisioterapeuta – R$ 6.500,00), de acordo com o Termo de Intimação Fiscal nº 409/2011, o que a contribuinte não logrou fazer, conforme minuciosamente registrado na Descrição dos Fatos de fls. 23/24. E assim permanece na fase impugnatória, haja vista que a requerente se reporta apenas aos mesmos documentos já analisados pela autoridade fiscal e rejeitados para a comprovação exigida. Observese que o exame de casos dessa natureza este Colegiado tem reiteradamente decidido que os recibos e declarações emitidos por profissionais legalmente habilitados que atendam às formalidade legais são hábeis a comprovar as deduções pleiteadas. Também ficou pacificado nesses julgamentos que, a decisão sobre a dedutibilidade ou não da despesa médica merece análise caso a caso, consoante os elementos trazidos aos autos, tanto Fl. 75DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 pelo fisco como pelo contribuinte, os quais serão decisivos para a formação da livre convicção do julgador, tendo como ponto de partida a imputação feita no lançamento. Em que pese esse esforço da autoridade julgadora de primeira instância em manter a exigência tributária, convém observar que concorre a favor da Recorrente o fato de sequer terem sido apontados nos autos indícios veementes de que a documentação apresentada pela contribuinte se configuraria inidônea. Portanto, à falta de um conjunto forte de indícios nos autos capaz de ensejar dúvidas quanto à idoneidade das declarações e recibos de pagamento firmados pelos profissionais da área da saúde, há que se restabelecer a dedução das despesas médicas glosadas pela Notificação de Lançamento. Voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Fl. 76DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 15504.020567/2009-45
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2403-000.274
Decisão:
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência.
Carlos Alberto Mees Stringari Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues.
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
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Carlos Alberto Mees Stringari – Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 20 56 7/ 20 09 -4 5 Fl. 6459DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.020567/200945 Resolução nº 2403000.274 S2C4T3 Fl. 6.460 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente MUNICÍPIO DE NOVA LIMA PREFEITURA MUNICIPAL contra Acórdão nº 0229.424 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG que julgou procedente a autuação por descumprimento de: Auto de Infração de Obrigação Acessória AIOA nº 37.229.8729 (CFL30) com valor consolidado de R$ 1.329,18; nas competências 01/2004 a 12/2004. Conforme o Relatório Fiscal da Infração, o Auto de Infração nº. 37.229.8729, Código de Fundamentação Legal – CFL 30 foi lavrado pela Fiscalização contra a Recorrente pois a empresa deixou de preparar folha de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a contribuintes individuais, de acordo com os padrões e normas estabelecidas pela Administração Tributária, no período de 01/2004 a 12/2004. Conforme o Relatório Fiscal, a Recorrente: 3. Durante a ação fiscal, durante a análise dos empenhos e das liquidações contábeis, constatouse que o MUNICÍPIO DE NOVA LIMA PREFEITURA MUNICIPAL remunerou contribuintes individuais no exercício de 2004 sem, no entanto incluir tais segurados em suas folhas de pagamentos, o que constitui infração ao disposto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inc. I, combinado com art. 225, inc. I e § 9°, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06.05.99 com as respectivas alterações.A multa a ser aplicada tem enquadramento legal na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 92 e 102 e Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, art. 283, inc. I, alínea "a" e art. 373. 5. O demonstrativo nominal das remunerações dos contribuintes individuais citadas no presente relatório encontramse no ANEXO I e cópias de amostragem das folhas de pagamento apresentadas encontramse no ANEXO Ill do Auto de Infração DEBCAD n° 37.229.8680, que tramita apenso ao presente processo. Não foi relatada circunstância atenuante e nem foi configurada circunstância agravante. Houve portanto o descumprimento da obrigação legal acessória, conforme previsto na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, I, combinado com art. 225, I e § 9º, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999. Fl. 6460DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.020567/200945 Resolução nº 2403000.274 S2C4T3 Fl. 6.461 3 A multa a ser aplicada tem enquadramento legal na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 92 e 102 e Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, art. 283, inc. I, alínea "a" e art. 373. O valor da Multa aplicada foi de R$ 1.329,18, conforme Portaria Interministerial MPS/MF N° 48, de 12 de Fevereiro de 2009 DOU de 13/02/2009. O período objeto do auto de infração conforme o Relatório Fiscal é de 01/2004 a 12/2004. A Recorrente teve ciência do auto de infração em 28.12.2009, conforme fls. 01. A Recorrente apresentou Impugnação, conforme o Relatório da decisão de primeira instância: Na impugnação de fls. 19/21 o contribuinte alegou que todos os valores que geraram algum crédito foram apurados pela fiscalização, notificados e não impugnados e, assim, deixa de existir a penalidade aplicada. Alega que corrigiu as faltas, conforme recibos das GFIP em anexo e solicita o cancelamento da autuação. A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, nos termos do Acórdão nº 0229.424 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG, conforme Ementa a seguir: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 INFRAÇÃO. FOLHA DE PAGAMENTO. Constitui infração à legislação previdenciária deixar o contribuinte de preparar folhas de pagamentos das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acórdão Acordam os membros da 6' Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, em considerar a impugnação improcedente, mantendo a multa exigida no Auto de Infração Al n" 37.229.8729. Intimese para pagamento da multa no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário à 2 a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, em igual prazo, conforme facultado pelo artigo 33 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações. Fl. 6461DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.020567/200945 Resolução nº 2403000.274 S2C4T3 Fl. 6.462 4 Encaminhese à Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem para cientificar o contribuinte do inteiro teor deste Acórdão e demais providências. Inconformada com a decisão de primeira instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera as argumentações deduzidas em sede de Impugnação: (i) Alega que todos os valores que geraram algum crédito foram apurados pela fiscalização, notificados e não impugnados e, assim, deixa de existir a penalidade aplicada. (ii) As retificações foram feitas de acordo com a Lei 9.528/1997, onde cita que as informações prestadas incorretamente devem ser corrigidas por meio do próprio SEFIP a partir de 01/12/2005, conforme estabelecido no capítulo V do Manual da GFIP aprovado pela IN MPS/SRP 09/2005 e pela Circular Caixa 370/2005. (iii) Alega que corrigiu as faltas, conforme recibos das GFIP em anexo e solicita o cancelamento da autuação. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 6462DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.020567/200945 Resolução nº 2403000.274 S2C4T3 Fl. 6.463 5 VOTO Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos. DAS PRELIMINARES DA AUTUAÇÃO FISCAL Tratase de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente MUNICÍPIO DE NOVA LIMA PREFEITURA MUNICIPAL contra Acórdão nº 0229.424 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG que julgou procedente a autuação por descumprimento de: Auto de Infração de Obrigação Acessória AIOA nº 37.229.8729 (CFL30) com valor consolidado de R$ 1.329,18; nas competências 01/2004 a 12/2004. Conforme o Relatório Fiscal da Infração, o Auto de Infração nº. 37.229.8729, Código de Fundamentação Legal – CFL 30 foi lavrado pela Fiscalização contra a Recorrente pois a empresa deixou de preparar folha de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a contribuintes individuais, de acordo com os padrões e normas estabelecidas pela Administração Tributária, no período de 01/2004 a 12/2004. O período objeto do auto de infração conforme o Relatório Fiscal é de 01/2004 a 12/2004. A Recorrente teve ciência do auto de infração em 28.12.2009, conforme fls. 01. Observase que a Recorrente apresentou, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, o argumento de que não recorreu no processo principal (AIOP nº 37.229.8680 parte Empresa) e que corrigiu as faltas que originaram a presente autuação e solicita o cancelamento da autuação. Em relação à relevação e/ou atenuação da multa aplicada, devese observar a legislação aplicável à época dos fatos geradores (com fundamento no art. 150, III, a, CRFB/1988 c/c art. 105, CTN), a qual encontrase disciplinada no art. 291, § 1º, Decreto 3.048/1999: Art.291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até a decisão da autoridade julgadora competente. Fl. 6463DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.020567/200945 Resolução nº 2403000.274 S2C4T3 Fl. 6.464 6 §1º A multa será relevada, mediante pedido dentro do prazo de defesa, ainda que não contestada a infração, se o infrator for primário, tiver corrigido a falta e não tiver ocorrido nenhuma circunstância agravante. DA NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA FISCAL Desta forma, considerandose os princípios da celeridade, efetividade e segurança jurídica, surge a necessidade de se verificar se o conjunto de provas documentais apresentadas pela Recorrente em sede de Impugnação e em sede de Recurso Voluntário tem o condão de corrigir a falta que originou a autuação. CONCLUSÃO CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do Recorrente informe: (i) Se o conjunto de provas documentais apresentadas pelo contribuinte em sede de Impugnação e em sede de Recurso Voluntário corrigem totalmente a falta que ensejou a autuação fiscal; (ii) Em quais competências o contribuinte corrigiu a falta que ensejou a presente autuação; (iii) Em quais competências o contribuinte não corrigiu as faltas que ensejaram a presente autuação; (iv) Considerandose o art. 291, § 1º, Decreto 3.048/1999, se o contribuinte corrigiu a falta que ensejou a presente autuação fiscal. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 6464DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 10850.905395/2011-42
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
PEDIDO RESSARCIMENTO. CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE COMBUSTÍVEL. REGIME DE TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. COMERCIANTE VAREJISTA
EXCLUÍDO DA TRIBUTAÇÃO. INDEFERIMENTO.
No regime monofásico de tributação não há previsão de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, haja vista que a incidência efetiva-se uma única vez, portanto, sem previsão de fato gerador futuro e presumido, como ocorre no regime de substituição tributária para frente.
A partir de 01/07/2000, o regime de tributação da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS incidente sobre os combustíveis incluídos o óleo diesel, passou a ser realizado em uma única fase (incidência monofásica), concentrado nas receitas de vendas realizadas pelas refinarias, ficando exoneradas as receitas auferidas nas etapas seguintes por distribuidoras e varejistas, que passaram a ser submetidas ao regime de alíquota zero.
Dessa forma, após a vigência do regime monofásico de incidência, não há previsão legal para o pedido de ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS incidente sobre a venda de óleo diesel do distribuidor para o comerciante varejista.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Antônio Elmo Gomes Queiroz. OAB/PE nº 23.878. Antecipado o julgamento para o período matutino a pedido do recorrente.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE COMBUSTÍVEL. REGIME DE TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. COMERCIANTE VAREJISTA EXCLUÍDO DA TRIBUTAÇÃO. INDEFERIMENTO. No regime monofásico de tributação não há previsão de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, haja vista que a incidência efetivase uma única vez, portanto, sem previsão de fato gerador futuro e presumido, como ocorre no regime de substituição tributária para frente. A partir de 01/07/2000, o regime de tributação da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS incidente sobre os combustíveis incluídos o óleo diesel, passou a ser realizado em uma única fase (incidência monofásica), concentrado nas receitas de vendas realizadas pelas refinarias, ficando exoneradas as receitas auferidas nas etapas seguintes por distribuidoras e varejistas, que passaram a ser submetidas ao regime de alíquota zero. Dessa forma, após a vigência do regime monofásico de incidência, não há previsão legal para o pedido de ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS incidente sobre a venda de óleo diesel do distribuidor para o comerciante varejista. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 53 95 /2 01 1- 42 Fl. 136DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 12 2 julgado. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Antônio Elmo Gomes Queiroz. OAB/PE nº 23.878. Antecipado o julgamento para o período matutino a pedido do recorrente. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 13 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo, contra o acórdão exarado pela 2ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Ribeirão Preto (DRJ/RPO), na Sessão de Julgamento do dia 25 de março de 2013, em que foi julgada a improcedência da manifestação de inconformidade, deixado de conhecer o direito creditório sobre aquisição de combustíveis. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciado Pedido de Ressarcimento (PER/DCOMP), por intermédio da qual o contribuinte pretende ver ressarcido crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo, concernente a PIS/PASEP (PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO – MERCADO INTERNO), período de apuração: 1º trimestre de 2008. Por meio de despacho decisório de fl. 5, com fundamento na informação fiscal de fls. 46/48, constatouse que o interessado apurou créditos relativos às aquisições de óleo diesel para pleitear ressarcimento junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), considerando as suas saídas com alíquota zero. O pedido do contribuinte foi indeferido, pois apesar do produto sair com alíquota zero, à tributação do PIS/PASEP, referente ao óleo diesel, ocorre de forma concentrada (incidência monofásica) no produtor ou importador, não havendo previsão legal da possibilidade de manutenção de créditos na aquisição pelo distribuidor ou revendedor atacadista ou revendedor varejista. Diante disso, como não foi constatado o auferimento de receitas não tributadas no mercado interno, passíveis de ressarcimento, o despacho decisório concluiu que o interessado não tem direito ao ressarcimento pleiteado. Regularmente cientificado do Despacho Decisório em 14/5/2012 (fl. 6), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade de fls. 07/38. Contudo, como se observa da Manifestação de Inconformidade de fls. 07/38, as folhas 10 a 16 da peça impugnatória não foram juntadas aos autos. A fim de evitar qualquer prejuízo ao contribuinte, juntouse cópia dessas folhas (fls. 49/55), extraídas da manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente no processo, cujo conteúdo é idêntico. Assim, insurgindose contra o teor do despacho decisório de fl. 5, acompanhado de Informação Fiscal, o contribuinte alega, em síntese, que: a) por entender ter direito ao crédito de PIS/COFINS nãocumulativo, em relação aos produtos que adquiriu, pleiteou o seu ressarcimento; b) não pleiteou direito ao creditamento sobre álcool, gás liquefeito ou natural ou biodiesel, mas apenas ao creditamento na aquisição de gasolina A e óleo Fl. 138DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 14 4 diesel, doravante englobados pelo termo combustível; c) as normas devem ser interpretadas sistematicamente sob pena de desvirtuamento da ordem jurídica, sendo desejo expresso do legislador que não existisse mais qualquer vedação ao creditamento pretendido como forma de dar efetividade à não cumulatividade; d) a contribuinte está obrigatoriamente sob a incidência das leis da nãocumulatividade, nos termos da Lei nº 10.637/2002 (PIS não cumulativo) e da Lei nº 10.833/2003 (COFINS não cumulativa), já que não se enquadra nas exceções; e) é de se consignar que os distribuidores já constaram expressamente como jungidos à comutatividade, mas houve uma mutação na redação original que instituiu como substituto a refinaria e substituídos os distribuidores; f) a Lei nº 9.990/00 retirou a distribuidora da incidência; g) há ainda uma menção residual aos distribuidores de combustíveis, mas totalmente esvaziada, pois já não existe mais a substituição tributária aventada; h) há norma latente para os distribuidores enquanto substitutos, mas não há como contribuintes diretos, pois não estão mais na comutatividade; i) quem se encontra em limbo tributário são os produtores não os distribuidores, já que passaram a ser submetidos às chamadas alíquotas diferenciadas; j) essa mixórdia se refere a “produtor” e “importador”, não arrastando para a balbúrdia os “distribuidores”; k) a legislação da cumulatividade não se destina à contribuinte já que os distribuidores, que apuram resultados para o imposto sobre a renda pelo lucro real, foram postos compulsoriamente na não cumulatividade; l) cita os artigos que foram apresentados como fundamento para vedação definitiva dos créditos aqui discutidos; m) na cadeia produtiva de combustíveis, as distribuidoras estão em uma etapa que está sob a incidência da legislação do PIS/COFINS nãocumulativos e, para completar os critérios da regramatriz de incidência, já tinha ficado estabelecido que os distribuidores operariam com alíquota zero, conforme MP nº 2.15835/01; n) é descabido confundir alíquota zero com não incidência, pois são fenômenos distintos; o) quando a lei estabelece a tributação dita monofásica, ela expressamente coloca a incidência em uma única fase que não se confunde com a nãocumulatividade que pressupõe a tributação em várias fases mesmo que em uma ou alguma delas a incidência se dê à alíquota zero; p) nesse caso, não há direito a creditamento para outras fases, porque o resto da cadeia está fora do campo de incidência do tributo, uma vez que a tributação ficou inteiramente concentrada em um único contribuinte, independente da sistemática dos demais elos da cadeia produtiva. Nestes específicos casos, descabe falar em cumulatividade ou nãocumulatividade. Todavia, se incidir, ainda que com alíquota zero, não é o caso de tributação monofásica, o que não ocorreu com os combustíveis aqui discutidos: gasolina A e Diesel; q) é constrangedora a frequência com que se repete, até em atos regulamentares inferiores, que os combustíveis estão sob o sistema de monofásica, porém não há tributação monofásica justamente porque todos estão submetidos à incidência da tributação das Fl. 139DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 15 5 citadas contribuições (alíquota zero); r) por meio da MP nº 206, publicada e vigente em 09/08/2004, surgiu o artigo 16, que virou o artigo 17, quando convertida na Lei nº 11.033/2004, criando condições para a plena nãocumulatividade no que tange ao PIS/COFINS, como expresso na Exposição de Motivos da referida MP; s) a MP que introduziu o artigo 17 é norma politemática; t) a Lei nº 11.116/2005 veio para dar maior efetividade ao creditamento como instrumento da não cumulatividade; u) a autoridade administrativa usou o argumento equivocado para negar o direito da empresa, citando as disposições da IN SRF nº 594/2005, que teria expressamente introduzido a vedação, e mais, com efeito retroativo. No Estado Democrático de Direito, as limitações e restrições ao agir dos contribuintes somente podem estar previstas em lei; v) pela normatização do PIS/COFINS nãocumulativos, o método escolhido pelo legislador foi o indireto subtrativo, ou seja, independe de quanto foi, ou sequer se houve, tributação na cadeia anterior, ou se o elo anterior estava no regime da não cumulatividade, pois se baseia somente em incidência da alíquota base sobre as aquisições, independente se a aquisição seja decorrente de creditamento sobre etapas não tributadas, ou tributadas com alíquota diferente; x) em 03/01/2008, foi editada a MP nº 413, que alterou o permissivo de creditamento das leis da nãocumulatividade, porém tal dispositivo não foi aprovado; y) após toda a exposição, transcreve as seguintes premissas: 1) se a contribuinte é distribuidora de combustíveis; 2) se a contribuinte é tributada pelo Lucro Real (regime nãocumulativo para o PIS/COFINS); 3) o único instrumento com poderes para criar restrições é a lei; 4) existe norma que previu expressamente que a contribuinte deveria tributar o PIS/COFINS com alíquota zero sobre seu faturamento, e não em monofásica ou não incidência; 5) o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 prevê expressamente que todos os contribuintes da nãocumulatividade, mesmo que faturem com alíquota zero, podem creditarse de PIS/COFINS; 6) a Lei nº 11.033/2004 é politemática; 7) o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 fez foi dotar de mais garantias a previsão do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 8) sempre se ressalva, nas novas normas, o que fica ainda regulado em outra norma anterior, o que não aconteceu com a possibilidade de creditamento para a contribuinte, sendo certo que normas infralegais não tem tal condão; 9) o creditamento é coerente com a técnica de nãocumulatividade empregada no PIS/COFINS, em consonância com a prescrição constitucional; 10) o Poder Executivo, via medida provisória, tentou restaurar a vedação ao creditamento, mas por intuitiva inconstitucionalidade, não foi mantida no ordenamento jurídico; z) repisese, creditamento sobre a aquisição de Gasolina A e óleo Diesel, como consta de seu pedido. Ao final, requer a procedência da Manifestação de Inconformidade para o fim de se deferir o creditamento pretendido e homologado a compensação efetuada. É o relatório. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 16 6 A DRJ de Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, conforme pode ser conferido pela ementa do acórdão, abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DERIVADOS DE PETRÓLEO. COMBUSTÍVEIS. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS. SISTEMÁTICA DA NÃOCUMULATIVIDADE DO PIS/PASEP. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não há direito a creditamento de PIS/PASEP relativos às operações de distribuição e varejo de combustíveis, realizadas à alíquota zero, com base na sistemática da nãocumulatividade. É incontroverso que a Lei nº 9.990/2000 fixou a incidência monofásica do PIS/PASEP e da COFINS sobre combustíveis derivados de petróleo, permanecendo concentrada na produção e importação a incidência do tributo, inviabilizando, por esse motivo, o creditamento pretendido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, aludindo os mesmos argumentos trazidos em sede de Manifestação de Inconformidade. É o sucinto relatório. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 17 7 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A Recorrente pleiteou o ressarcimento dos valores atualizados da Contribuição para o PIS/PASEP supostamente incidente sobre aquisição de gasolina A e óleo diesel. Não obstante tenha entendimento vencido sobre o tema, e por alterar o meu entendimento, passo a adotar as razões do voto do Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, ilustre colega de sessão, em julgamento pretérito sobre a mesma matéria, consolidado no Acórdão n. 3801002.958. As operações comerciais com os combustíveis derivados de petróleo, realizamse em três etapas bem definidas e distintas, a saber: as refinarias, as distribuidoras e os varejistas. Historicamente as receitas decorrentes da venda desses produtos ocorreram de forma concentrada e simplificada, inicialmente na modalidade de substituição tributária para frente e posteriormente sob a forma de tributação monofásica. Sob a forma de substituição tributária, enquanto vigente, a incidência do PIS e COFINS se deu da seguinte forma: a) até 31/01/1999, concentrada nas distribuidoras, na condição de contribuintes substitutas dos varejistas: em relação à COFINS, esta sistemática foi adotada desde a instituição desta contribuição pela Lei Complementar n.º 70, de 1991 (art. 4º); no que tange à Contribuição para o PIS/PASEP, ela foi introduzida a partir da vigência da MP n.º 1.212, de 1995 (art. 6º), convertida na Lei n.º 9.715, de 1998; e, b) no período de 01/02/1999 a 30/06/2000, concentrada nas refinarias, na condição de contribuintes substitutas das distribuidoras e dos varejistas: com o advento da Lei n.º 9.718, de 1998 (art. 4º), foi unificada a legislação sobre a forma incidência das duas Contribuições sobre as receitas das vendas de combustíveis. Nesta nova forma de substituição, as refinarias foram indicadas como contribuintes substitutas no lugar das distribuidoras eleitas na sistemática anterior. Nesse modelo adotouse o modelo de substituição tributária para frente, com a definição das refinarias como contribuintes substitutas das distribuidoras e varejistas. No caso de não ocorrer a venda na última fase da cadeia comercialização, foi assegurado ao consumidor final, contribuinte substituído, o ressarcimento dos valores das Contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS. Esse entendimento foi expresso no art. 6º da Instrução Normativa SRF n.º 6, de 29 de janeiro de 1999, a seguir transcrito: Fl. 142DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 18 8 Art. 6º. Fica assegurado ao consumidor final, pessoa jurídica, o ressarcimento dos valores das contribuições referidas no artigo anterior, correspondentes à incidência na venda a varejo, na hipótese de aquisição de gasolina automotiva ou óleo diesel, diretamente à distribuidora. § 1º Para efeito do ressarcimento a que se refere este artigo, a distribuidora deverá informar, destacadamente, na nota fiscal de sua emissão, a base de cálculo do valor a ser ressarcido. § 2° A base de cálculo de que trata o parágrafo anterior será determinada mediante a aplicação, sobre o preço de venda da refinaria, calculado na forma do parágrafo único do art. 2°, multiplicado por dois inteiros e dois décimos. §2º A base de cálculo de que trata o parágrafo anterior será determinada mediante a aplicação, sobre o preço de venda da refinaria, calculado na forma do parágrafo único do art. 2º,multiplicado por dois inteiros e dois décimos ou por um inteiro e oitenta e oito décimos, no caso de aquisição de gasolina automotiva ou de óleo diesel, respectivamente. (Redação dada pela IN SRF n.º 24/99, de 25/02/1999) § 3º O valor de cada contribuição, a ser ressarcido, será obtido mediante aplicação da alíquota respectiva sobre a base de cálculo referida no parágrafo anterior. § 4º O ressarcimento de que trata este artigo darseá mediante compensação ou restituição, observadas as normas estabelecidas na Instrução Normativa SRF n.º 21, de 10 de março de 1997, vedada a aplicação do disposto nos arts. 7°a 14 desta Instrução Normativa. Os artigos 2º e 43 da Medida Provisória n.º 1.99115, de 2000 aboliu a sistemática de substituição tributária, substituindoa pelo regime de tributação monofásica, na origem, ou seja, na refinaria de petróleo, em conformidade com o previsto no art. 149, § 4º, da CF/1988, assim expresso: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Nessa sistemática as refinarias passaram a recolher na condição de contribuinte de fato e direito, deixando a categoria de contribuintes substitutos dos demais, distribuidoras e os varejistas, intervenientes nas etapas de comercialização seguintes. As receitas das distribuidoras e dos varejistas provenientes das vendas desses produtos ficaram Fl. 143DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 19 9 excluídas do pagamento das referidas Contribuições, que se tornou definitivo com a reprodução no inciso I do art. 42 da MP n.º 2.15835, de 24 agosto de 2001, assim expresso: Art.42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: Igasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; A tributação das refinarias, das distribuidoras e varejistas passou a ser realizada de forma autônoma sob a sistemática monofásica, não havendo mais a figura da antecipação do que seria devido nas etapas subsequentes. Os pagamentos passam a ser considerados definitivos, independentemente de qual seja o desfecho que venham ter os fatos geradores posteriores à aquisição dos produtos nas refinarias. A MP n.º 1.99115, de 2000 extinguiu o citado regime de substituição tributária aplicável às duas Contribuições, determinando a tributação em uma única fase (monofásica). Como conseqüência o regime monofásico de tributação não previu a possibilidade de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, em face de sua incidência única e definitiva. Sustenta o contribuinte o direito ao crédito relativo às aquisições dos referidos produtos junto ao fabricante, conforme expressamente reconhecido no artigo 17 da Lei n.º 11.033, de 2004. Em mudança de posicionamento entendo que não assiste razão a Recorrente. A sistemática legal não fundamenta tal entendimento, assim vejamos: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Entendo pela possibilidade de manutenção de créditos exclusivamente quanto aqueles calculados sobre custos, encargos e despesas que tenham antes sofrido a tributação das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, segundo sistemática da nãocumulatividade. Igualmente, com base no artigo 3º, inciso I, alínea “b”, da Lei n.º 10.637, de 2002 é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aquisições de derivados de petróleo. A referência normativa à “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” às operações de vendas com isenção, alíquota zero ou não incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, se dirige unicamente aos créditos relativos aos custos, encargos e despesas legalmente admitidas. Por outro lado, a alínea “b” do I inciso do art. 3º da Lei n.º 10.637, de 2002, e da Lei n.º 10.833, de 2003, veda a utilização de crédito relativo às aquisições dos produtos revendidos cuja receita está sujeita aos regimes especiais de tributação, dentre eles o monofásico. Cabe esclarecer que a própria exposição de motivos da MP 66/2002, convertida na Lei n.º 10.637/2002 ressaltou a especificidade desses regimes especiais, da seguinte forma: Fl. 144DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10850.905395/201142 Acórdão n.º 3801004.158 S3TE01 Fl. 20 10 8. Sem prejuízo de convivência harmoniosa com a incidência não cumulativa do PIS/PASEP, foram excluídas do modelo, em vista de suas especificidades, as cooperativas, as empresas optantes pelo Simples ou pelo regime de tributação do lucro presumido, as instituições financeiras e os contribuintes tributados em regime monofásico ou de substituição tributária. Assim, não estando a receita de venda de tais produtos sujeita ao regime de incidência nãocumulativa e submetida à alíquota zero não há que se cogitar direito a crédito por ausência de expressa determinação legal. Por outro lado, entendo pela existência de restrição para os créditos de produtos adquiridos para revenda. Em face do exposto, encaminho o voto para NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É assim que voto. Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator Fl. 145DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 30/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 10920.907154/2012-48
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2006 a 31/08/2006
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO.
Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA.
A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-002.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 71 54 /2 01 2- 48 Fl. 50DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório O processo iniciouse com Pedido de RestituiçãoPER, apresentado pela contribuinte, ora recorrente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinvile, SC, indeferiu o pedido, com fundamento em que o valor recolhido por DARF, indicado como origem do crédito contra a Fazenda Nacional, havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição solicitada. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, aduzindo que os créditos pleiteados referirseiam a pagamentos a maior da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes da inclusão do ICMS na base de cálculo destas contribuições. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido.” Fl. 51DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 4 3 Ciente da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual assevera que não há previsão legal para exigir a retificação de DCTF como condição para a restituição e pede que seja afastada esta exigência e enfrentados os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Afirma ser indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, mas não apresenta argumentos que sustentem esta afirmação. Não há nos autos nenhum documento ou livro fiscal ou contábil nem DCTF retificadora. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade para julgamento nesta turma especial. Sobre a nulidade da decisão de primeira instância. No acórdão recorrido, a DRJ/Florianópolis decidiu com base no entendimento de que se não foi retificada a DCTF, não ficou comprovado pagamento indevido ou a maior, logo, não há que se falar em crédito líquido e certo e, por isso, correto o indeferimento do pedido de restituição. Está claro, desde o despacho decisório, que a contribuinte não comprovou existência de pagamento indevido ou a maior, pois o pagamento informado no pedido de restituição referiuse a tributo lançado em DCTF não retificada, logo, tributo devido. Não apresentadas provas em contrário, os valores informados na DCTF devem ser considerados verdadeiros. Tal entendimento é semelhante ao que justifica a decisão proposta neste voto, conforme se vê adiante. No voto condutor do acórdão da unidade de primeira instância, afirmouse que apenas com a retificação da DCTF a contribuinte teria crédito contra a Fazenda e que a retificação somente produziria efeitos em relação a pedido de restituição apresentado posteriormente a ela. Apesar de este entendimento divergir do que entendem várias turmas do CARF, que admitem que a retificação da DCTF pode surtir efeitos em relação a pedidos de restituição anteriores à sua transmissão, não se pode assentar que a decisão da DRJ possa ser anulada. Ainda que se entenda prescindível a retificação da DCTF, o fundamento de que o pagamento indevido ou a maior não foi comprovado persiste e é suficiente para manter o indeferimento do pedido de restituição, de modo que o despacho decisório e a decisão recorrida estão fundamentados e permitiram à contribuinte o contraditório e a ampla defesa. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 5 4 Sobre o direito de crédito e sua liquidez e certeza O processo se iniciou com pedido de restituição da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de PI/Pasep. A RFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pela própria contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte, referente a tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, porque a DCTF, nos termos do art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984, é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, não restando crédito disponível a ser restituído. Com base nisto, o pedido foi indeferido. O fundamento legal está expresso em seu quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”, no qual consta o artigo 165 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN). Estando o pagamento totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum. Assim, não foi atendido o art. 165 do CTN, que diz que a contribuinte tem direito à restituição de tributo nos casos de: cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido; erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; reforma, anulação revogação ou rescisão de decisão condenatória. Caberia à interessada provar o direito à restituição, à luz do art. 333 do Código de Processo Civil (CPC), aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe a quem alega fato constitutivo de direito. Até o momento do protocolo do recurso voluntário, a contribuinte não apresentou documentos que comprovassem erro na DCTF, nem comprovou ocorrência de alguma das hipóteses previstas no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, que permitiriam apresentação destes documentos em momento posterior. Cito. “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 53DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 6 5 b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Ao contrário da decisão recorrida, várias decisões proferidas pelo CARF admitiram a retificação de DCTF posterior à ciência do despacho decisório. Porém, no âmbito desta turma, esta admissão ocorre somente quando a DCTF retificadora é acompanhada da prova de erro na DCTF retificada, por meio da escrituração e dos documentos fiscais e contábeis. Apenas assim se pode afirmar que o crédito pleiteado existe e é dotado de certeza e liquidez. Vejase a ementa do acórdão 380100.190, de 22/05/2012, relatado pelo Conselheiro Flávio de Castro Pontes, em que se assentou que a contribuinte deveria comprovar a origem do direito de crédito: “Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. A simples retificação de DCTF não é elemento de prova suficiente para aferir a liquidez e certeza do direito creditório. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. A compensação não pode ser homologada quando o sujeito passivo não comprova a origem de seu direito creditório. Recurso Voluntário Negado.” Da 2ª Turma Especial, da 3ª Seção de Julgamento, são exemplos do mesmo entendimento os Acórdãos 3802001.290, de 25/09/2012, relatado pelo Conselheiro José Fernandes do Nascimento, e 3802001.593, de 27/02/2013, relatado pelo Conselheiro Francisco José Barroso Rios, cujas ementas, com grifos meus, são as seguintes: Acórdão nº 3802001.290: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO NA FASE RECURSAL. DECISÃO NÃO HOMOLOGATÓRIA MANTIDA. Na ausência da comprovação da certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório, deve ser mantida a Fl. 54DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 7 6 decisão recorrida que não homologou a compensação declarada pelo mesmo motivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE DE NOVO ARGUMENTO DE DEFESA. MANUTENÇÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. ALTERAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade, por mudança de motivação, a decisão de primeiro grau que rejeita novo argumento defesa suscitado na manifestação de inconformidade e mantém a não homologação da compensação declarada, por da ausência de comprovação do crédito utilizado, mesmo motivo apresentado no contestado Despacho Decisório. DILIGÊNCIA. REALIZAÇÃO PARA JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL EM PODER DO REQUERENTE. DESNECESSIDADE. Não se justifica a realização de diligência para juntada de prova documental em poder do próprio requerente que, sem a demonstração de qualquer impedimento, não foi carreada aos autos nas duas oportunidades em que exercitado o direito de defesa. Recurso Voluntário Negado.. Acórdão nº 3802001.593: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2004 COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM Fl. 55DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 8 7 VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento.” A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento tem o mesmo entendimento, conforme se vê no acórdão nº. 3402001.668, de 15/02/2012, cuja ementa é: “Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE Data do fato gerador: 15/07/2005 NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTO LEGAL. Em sendo verificado que tanto o ato de indeferimento da compensação quanto a decisão recorrida apresentam os fundamentos legais que sustentam a prolação do ato administrativo, não ocasionando cerceamento do direito de defesa do contribuinte, não há que se decretar a nulidade da decisão administrativa. Igualmente não incorre em nulidade a decisão que deixa de intimar o contribuinte a apresentar seus próprios documentos contábeis e fiscais para comprovar fato que sustenta seu direito ao indébito tributário. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. PROVA DA EXISTÊNCIA, SUFICIÊNCIA E LEGITIMIDADE DO CRÉDITO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Não se homologa a compensação pleiteada pelo contribuinte quando este deixa de produzir prova, através de meios idôneos e capazes, de que o pagamento legitimador do crédito utilizado na compensação tenha sido efetuado indevidamente ou em valor maior que o devido, não bastando a retificação da DCTF como prova do suposto indébito.” O direito de crédito deve ser provado e apenas créditos líquidos e certos podem ser compensados. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907154/201248 Acórdão n.º 3801002.687 S3TE01 Fl. 9 8 Isto vale tanto para compensação com débitos do contribuinte quanto para restituição de pagamento de tributo indevido ou maior que o devido. Não é possível restituir valor referente a pagamento de tributo indevido ou maior que devido se este valor não é líquido e certo. No presente caso, não há prova de que houve pagamento indevido, nem de que o direito de crédito alegado equivale à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre valores de ICMS. Por isso, não é necessário discutir a questão de mérito sobre a incidência da contribuição social sobre valores pagos a título de ICMS. Conclusão Pelo exposto, tendo em vista não ter sido provado pagamento de tributo indevido ou maior que o devido, com fundamento nos artigos 165 do CTN e 333 do CPC, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o despacho decisório que não reconheceu o direito de crédito e indeferiu o pedido de restituição. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator Fl. 57DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 11065.100830/2009-44
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2008
DACON. MULTA POR ATRASO.
A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-004.270
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antonio Borges..
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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MULTA POR ATRASO. A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antonio Borges.. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 08 30 /2 00 9- 44 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). Fl. 104DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100830/200944 Acórdão n.º 3801004.270 S3TE01 Fl. 104 3 Relatório Versa o presente processo sobre lançamento tributário (auto de infração) consubstanciado na notificação de lançamento de multa por atraso na entrega do Dacon. A contribuinte apresentou impugnação alegando ser irrazoável a punição da contribuinte de forma quantitativamente igual à descumpridores da obrigação principal. Que não houve por dolo de sua parte, cabendo, no seu entendimento, ser aplicada a sanção no valor mínimo, especialmente porque o atraso ocorreu em virtude das constantes alterações nas orientações e sistemas do Fisco e da insegurança causada em contribuintes cumpridores das normas, como é o seu caso e por conta de intermitências no sistema. Apontou, ainda, argumentos acerca da inadequação da punição em relação ao prejuízo do fisco. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a improcedente a impugnação com base na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2008 DACON MULTA POR ATRASO A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, após o prazo previsto pela legislação tributária, ainda que o contribuinte o faça espontaneamente, autoriza o lançamento da multa por atraso correspondente. DACON. ENTREGA FORA DO PRAZO. MULTA. CONGESTIONAMENTO. PROBLEMA TÉCNICO. INTERMITÊNCIA. EXCEÇÕES. PROVA. Eventual problema intermitente de congestionamento no sistema ocorrido no último dia de entrega de declaração resolvese com sucessivas tentativas de transmissão, pois quando há indisponibilidade permanente no sistema de recepção, a própria Administração reconhece tal fato. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Apresenta a Recorrente o presente recurso voluntário reprisando as alegações da impugnação. É o que importa relatar. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 4 Voto Vencido Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. A multa pelo atraso na entrega do Dacon estava positivada no art. 7º da Lei n.º 10.426/2002, in verbis: Art. 7º. sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica D1PJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRE e Demonstrativo de Apuração de contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei 11.051, de 2004) (...) III de 2% (dois por cento) ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3 deste artigo; e (Redação dada pela Lei no 11.051, de 2004) (...) § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de oficio; II – a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei n.º 9.317, de 1996; Fl. 106DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100830/200944 Acórdão n.º 3801004.270 S3TE01 Fl. 105 5 II R$500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. ...” (grifei) A própria Recorrente afirma na impugnação e no recurso que entregou as DACON’s em datas diversas da estipulada pela legislação vigente na época. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, por meio de Instrução Normativa n.º 1.441/2014, publicada no DOU de 21.1.2014, extinguiu o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON). Extinta a DACON extinguemse igualmente as suas penalidades. Nos termos do art. 106 do CTN a legislação deve ser aplicada a ato ou fato pretérito quando o processo não tenha se encerrado e quando a conduta deixe de ser considerada infracional, não implique em falta de pagamento do tributo e não decorra de ato fraudulento, expressandose do seguinte modo: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que é o que ocorreu no presente processo. Sobre esse tema cito a lição de Luciano Amaro, assim expressa (Direito Tributário, 12ª Ed., 2006, Ed. Saraiva, fls. 202/203): Já em matéria de sanção as infrações tributárias (recordese que sanção de ato ilícito não se confunde com tributo, nem é compreendida no conceito deste), o Código Tributário Nacional, inspirado no direito penal, manda aplicar retroativamente a lei nova, quando mais favorável ao acusado do que a lei vigente à época da ocorrência do fato. Prevalece, pois, a lei mais branda (lex mitior). Diz o Código Tributário Nacional que a lei se aplica a ato ou fato pretérito, "tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática" (art. 106,II). Nas alíneas a e c temos a clara aplicação da retroatividade benigna: se a lei nova não mais pune certo ato, que deixou de ser considerado infração (OU se o sanciona com penalidade mais branda), ela retroage em benefício do acusado, eximindo Fl. 107DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 6 o de pena (ou sujeitandoo a penalidade menos severa que tenha criado). É óbvio que, se a lei nova agravar a punição, ela não retroage. (destaquei). Portanto, em matéria de penalidade pelo descumprimento da legislação tributária a regra é a retroatividade da lei mais benigna. No caso em questão, considerando que a Lei não manteve a penalidade pelo atraso na entrega da DACON tenho que é premente a aplicação do disposto no art. 106 do CTN e o cancelamento do lançamento. Nesse sentido, julgo procedente o presente recurso voluntário. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 108DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100830/200944 Acórdão n.º 3801004.270 S3TE01 Fl. 106 7 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar. Muito embora a Instrução Normativa RFB Nº 1441, de 20 de janeiro de 2014 tenha extinto o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), os lançamentos efetuados para cobrança da multa pela sua apresentação a destempo constituem atos perfeitos segundo a norma vigente à data em que foram elaborados. A IN RFB 1.441/2014 extingue apenas o DACON relativo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014 e ressalva que a apresentação de Dacon, original ou retificador, relativo a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2013, deverá ser efetuada com a utilização das versões anteriores do programa gerador, ou seja, ela não isenta a apresentação da DACON para períodos anteriores, como é o caso, mantendose a penalidade pelo atraso na sua entrega, não cabendo, assim, a alegada retroatividade da lei mais benigna prevista no art. 106 do CTN. Quanto as alegações de violação a princípios constitucionais é defeso a esse Conselho questionar a validade da norma legal devidamente inserida no ordenamento jurídico nacional e pontuo ainda que a alegação de inconstitucionalidade de lei é objeto da abaixo transcrita súmula n° 2 do CARF, de observância obrigatória por parte de seus membros, por força do disposto no art. 72, caput, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009: Súmula CARF nº 2 (D.O.U de 22/12/2009, Seção 1) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Nesse sentido, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 109DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10320.003449/2009-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2006
INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO. ADESÃO AO PROUNI. ISENÇÃO FISCAL MANTIDA NA AUSÊNCIA DE CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. DEMAIS MATÉRIAS PREJUDICADAS.
Ainda que a adesão ao PROUNI implique, para a instituição de educação, na necessidade de apurar o lucro da exploração com vistas a separar o resultado beneficiado pela isenção daquele sujeito à incidência tributária; descabe a revogação dessa isenção como decorrência da não apuração do lucro, quando provado que no período fiscalizado não há receitas sem o benefício da isenção Prouni, mormente na ausência de crime contra a ordem tributária.
Em conseqüência resta prejudicada a análise das demais matérias provenientes destas receitas.
Numero da decisão: 1301-001.675
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator.
(assinado digitalmente)
Valmar Fonseca de Menezes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005, 2006 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO. ADESÃO AO PROUNI. ISENÇÃO FISCAL MANTIDA NA AUSÊNCIA DE CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. DEMAIS MATÉRIAS PREJUDICADAS. Ainda que a adesão ao PROUNI implique, para a instituição de educação, na necessidade de apurar o lucro da exploração com vistas a separar o resultado beneficiado pela isenção daquele sujeito à incidência tributária; descabe a revogação dessa isenção como decorrência da não apuração do lucro, quando provado que no período fiscalizado não há receitas sem o benefício da isenção Prouni, mormente na ausência de crime contra a ordem tributária. Em conseqüência resta prejudicada a análise das demais matérias provenientes destas receitas.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
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ADESÃO AO PROUNI. ISENÇÃO FISCAL MANTIDA NA AUSÊNCIA DE CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. DEMAIS MATÉRIAS PREJUDICADAS. Ainda que a adesão ao PROUNI implique, para a instituição de educação, na necessidade de apurar o lucro da exploração com vistas a separar o resultado beneficiado pela isenção daquele sujeito à incidência tributária; descabe a revogação dessa isenção como decorrência da não apuração do lucro, quando provado que no período fiscalizado não há receitas sem o benefício da isenção Prouni, mormente na ausência de crime contra a ordem tributária. Em conseqüência resta prejudicada a análise das demais matérias provenientes destas receitas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 00 34 49 /2 00 9- 15 Fl. 2462DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 2 Fl. 2463DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10320.003449/200915 Acórdão n.º 1301001.675 S1C3T1 Fl. 12 3 Relatório Trata o presente processo de auto de infração de IRPJ no montante de R$ 5.479.808,34 (já incluído multa de ofício qualificada 150% no montante de R$ 2.801.887,71 e juros calculados até 30/09/2009 de R$ 809.995,48) decorrentes de omissão de receitas e de falta de recolhimento/insuficiência de tributos, relativos aos anos calendário de 2005 e 2006, em face da suspensão da contribuinte da isenção programa Prouni. Conforme se depreende dos autos, foi inicialmente instaurado procedimento de fiscalização em razão da existência de indício de movimentação financeira incompatível com a renda declarada, ocasião em foram identificados fatos relevantes apontados no Termo de Constatação: Inicialmente a ação fiscal foi delimitada para o ano calendário de 2005, onde observei: Que o contribuinte apresentou DIPJ na forma do Lucro Presumido; Que a DIPJ acima referida foi apresentada quase na sua totalidade com os campos "zerados" notadamente os relativos a apuração dos tributos federais; Que o contribuinte apresentou DCTF semestrais sem quaisquer débitos, ou seja com os campos "zerados"; Que também apresentou DACON relativa a todos trimestres com os campos “zerados”; Que no Livro Registro de Apuração de ISS (RAISS) constam escrituradas receitas na ordem de R$ 12.837.477,07; Que não formalizou a opção pelo Lucro Presumido considerando não haver sido localizado nenhum pagamento no código específico (2089) e conforme o já relatado não houve declaração em DCTF, motivo pelo qual foi intimado a apresentar toda a documentação contábil relativa ao Lucro Real Trimestral conforme o artigo 13 da Lei n° 8.541/92 e artigo 1° da Lei n° 9.430/96, o que atendeu prontamente; Que na contabilidade apresentada o contribuinte reconheceu a receita escriturada no RAISS acima citado. Posteriormente a Ação Fiscal foi estendida ao Ano Calendário de 2006, considerando: Que o contribuinte cometeu os mesmos erros relatados para o ano calendário de 2005 no tocante a DIPJ, DCTF e DACON; Que foi detectado o agravante do mesmo ter apresentado a DIPJ original pelo Lucro Real Anual com os campos "zerados" em 27.06.2007, cujo ND é 0930926 e em 28.01.2007 retificoua declarandose como ISENTO DO IRPJ, conforme DIPJ de ND n° 1480507; Que foi constatado no Livro RAISS receitas escrituradas no montante de R$ 13.332.747,83 (2006). O contribuinte ao declarar para a Fazenda Nacional por dois anos calendários consecutivos valores "zerados" prestou declaração falsa, pois constatei que tanto em 2005 e 2006 a mesma possuía faturamento considerável e com tal procedimento suprimiu e/ou reduziu tributos, ficando incursa aos ditames da Lei n° 8.137/90. Ressaltese que no ano calendário de Fl. 2464DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 4 2006 o mesmo não satisfeito em apresentar declarações "zeradas” apresentou DIPJ retificadora para ISENTO apesar de ter faturado no período o montante de R$ 13.332.747,83. Cientificada pessoalmente do referido termo (fl. 8), a empresa fez juntar os documentos de fls. 91/98, e anexos, em que apresenta suas explicações. Após a devida análise, externada na Informação Fiscal de fls. 326/330, a Delegacia"da Receita Federal do Brasil em. São Luís (DRF/SLS) entendeu que era devida a suspensão da referida isenção, fazendo publicar o referido Ato Declaratório Executivo DRF/SLS 30, de 27/08/2009, com fundamento na IN/SRF 456/24004,.em razão do descumprimento das obrigações previstas no § 2° do art. 1o. e art. 3o. da mesma instrução normativa, bem como pela prática de atos que configuram, em tese, crime contra a ordem tributária. Os mesmos fatos que ensejaram a suspensão da isenção também ensejaram a qualificação da multa de ofício (150%). O lançamento de IRPJ alcança a omissão de receitas da filial, a omissão de presumida pela não comprovação dos depósitos bancários e a glosa de despesas operacionais. Os lançamentos de CSLL, PIS e COFINS alcançam apenas a omissão de receitas presumida pela não comprovação dos depósitos bancários; O lançamento para exigir CSLL sobre a omissão de receitas da filial e sobre a glosa de despesas operacionais encontrase formalizado no processo 10320.003447/200918; Os lançamentos para exigir PIS e COFINS sobre a omissão de receitas da filial encontramse formalizados no processo 10320.003448/200962. Na impugnação, em resumo, alega: O profissional contratado pelo impugnante para realizar a contabilidade da empresa, em 2005, enfrentou dificuldades em lidar com a isenção recémcriada pela Medida Provisória n° 213/2004. Ele dirigiuse, incontáveis vezes, à Receita Federal do Brasil para obter esclarecimentos, mas não logrou um posicionamento consolidado, razão pela qual optou, à revelia do impugnante, em apresentar as declarações incompletas, tempestivamente, e retificálas posteriormente. Esse procedimento teve a intenção tãosomente de evitar o descumprimento das obrigações acessórias, sem causar qualquer dano ao erário, considerando a situação de isento do impugnante Contudo por erro as retificações não foram realizadas. 2. Esse erro não admite o dolo, necessário para a configuração de crime, apontado no Ato Declaratório. O dolo é afastado pelo fato do impugnante ter apresentado os valores corretos na declaração retificadora do ano calendário de 2006, embora tenha errado em optar pela declaração de isento, alem de ter apresentado os valores corretos nas declarações dos anos calendários de 2007 e 2008, após a contratação de outro profissional da contabilidade. Também afasta o dolo .o fato do impugnante ter devidamente escriturado toda a sua movimentação contábil. Há jurisprudência do STF entendendo que o crime contra a ordem tributária verificase apenas se houver o resultado material, supressão ou redução do tributo, o que não ocorreu neste caso. A IN SRF 695 de 14 de dezembro de 2006, dá ao contribuinte a oportunidade, após intimação da SRF, de corrigir ou suprir a omissão da DCTF, mas não foi dada essa oportunidade ao impugnante. Fl. 2465DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10320.003449/200915 Acórdão n.º 1301001.675 S1C3T1 Fl. 13 5 Houve. apenas o descumprimento, de uma obrigação acessória. A perda da isenção seria uma sanção drástica que feriria de morte os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, dada a discrepância existente entre a falta cometida e a dimensão da penalidade. Vale .ressaltar que a finalidade do Prouni (concessão de bolsas de estudo) está sendo fielmente cumprida, conforme pode ser comprovado através dos assentamentos carreados. Todas as receitas do impugnante são alcançadas pela isenção do Prouni, não havendo necessidade de segregação de receitas, conforme determina o artigo 1o. e 2o. da IN SRF 456 de 2004. Tal fato foi constatado por empresa contratada para apuração do fato, conforme laudo técnico anexado. ... Os referidos depósitos bancários para serem considerados receita tributável é necessário que seja comprovada a utilização dos valores depositados como receita ou renda consumida. Ou seja, mesmo após o advento da Lei 9.430/96 os depósitos bancários, não constitui, por si só, fato gerador do imposto de renda. A multa de 150% aplicada representa a utilização da tributação com efeito confiscatório. A DRJ FORTALEZA (CE) decidiu a matéria através do Acórdão 0819.452, de 30 de novembro de 2010, julgando procedente em parte a impugnação, tendo sido lavrada a seguinte ementa. ASSUNTO:NORMAS GERIAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano 'calendário: 2005, 2006 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. Não comprovada pela fiscalização a existência de dolo, descabe a multa qualificada de 150%, impondose a aplicação da multa de 75%. JUROS DEMORA. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. Já foi pacificado, na esfera administrativa, que, a partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006 CONFISCO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Não cabe ao órgão ,administrativo de julgamento a discussão de constitucionalidade de lei, que está devidamente fundamentando o lançamento tributário, salvo quando ela já tenha sido declarada inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal. É o relatório. Fl. 2466DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 6 Voto Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas Como visto do relatório que antecede este voto, trata o presente processo do lançamento de IRPJ e reflexos sobre a omissão de receitas presumida pela não comprovação dos depósitos bancários e glosa de despesas operacionais. A peça recursal envolve os quatro processos citados no relatório, e repete as argumentações iniciais (impugnação), aduzindo como fato novo e precedente específico os fundamentos do Acórdão 1402001.156, Sessão de 08/agosto/2012, citandoo como paradigma ao seu caso concreto (suspensão da isenção Prouni). Ressaltese que a presente lide encontrase relacionada diretamente com a matéria julgada nesta mesma sessão, no processo n° 10320.001356/200948, qual seja: suspensão da isenção de tributos da recorrente, anos calendário de 2005 e 2006, ambos relatados por este Conselheiro, o qual conclui encaminhando seu voto no sentido de cancelar a suspensão da isenção em questão. Neste passo, prosseguirei minha análise no pressuposto, em tese, do restabelecimento da isenção dos tributos a que se refere. Digo isto, pois muitos dos argumentos trazidos pela recorrente dizem respeito ao mérito analisado naquele processo (n° 10320.001356/200948). No presente processo, a ora recorrente da mesma forma que na impugnação, não questiona a omissão de receitas da sua filial em Imperatriz e, também, não questiona a glosa das despesas escrituradas. Por outro lado, traz sua irresignação sobre a omissão de receitas presumida pela existência de depósitos bancários não comprovados, a qualificação da multa de ofício (150%) e a utilização da Taxa Selic para o calculo dos juros moratórios. O recurso voluntário é tempestivo e assente em lei. Dele conheço. Passo a análise de cada item contestado, após o que analisarei o Recurso de Ofício. 1. RECEITAS TRIBUTÁVEIS Extraise do Termo de Encerramento Fiscal (fls. 42): “A perda do benefício fiscal aqui analisado acarretou ao sujeito passivo as seguintes conseqüências: a) Tributação de todas as receitas advindas da prestação de serviços educacionais como contribuinte normal sem quaisquer isenções para o IRPJ, CSLL, PIS e COFINS; b) Qualificação da multa de ofício para l50%(cento e cinqüenta por cento) em face de comprovação do crime contra ordem tributária nos termos do Inciso II, artigo 44 da Lei n° 9.430/96 e conseqüente Representação Fiscal para Fins Penais a ser remetida ao Ministério Público obedecendo à legislação em vigor.” Fl. 2467DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10320.003449/200915 Acórdão n.º 1301001.675 S1C3T1 Fl. 14 7 Constatase do auto de infração (fls. 07 a 10) que os valores tributáveis que o compõe são decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada; falta de recolhimento/insuficiência de tributos e glosa de despesas. Acontece que a legislação pertinente, de que trata a isenção em exame (Prouni), determina que a mesma (isenção) recairá sobre o lucro para o IRPJ e CSLL e sobre a receita auferida decorrentes da atividade de ensino superior para o PIS e COFINS (art. 8o. § 1o.). Portanto, subsistindo a isenção analisada nesta sessão de julgamento no processo n° 10320.001356/200948, levandose em consideração que toda receita da contribuinte é incentivada (provém da atividade de ensino superior), no caso, não há matéria tributável. Com efeito, resta prejudicada de análise os demais itens (MULTA DE OFICIO QUALIFICADA e TAXA SELIC NO CÁLCULO DOS JUROS), inclusive quanto ao Recurso de Ofício que decorreu da exoneração pela DRJ/FORTALEZA (CE) relativa a desqualificação da multa do patamar de 150% para 75%. Concluindo e diante de tudo o quanto exposto voto por DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, visto que cancelada a suspensão da isenção em causa no julgado do processo n° 10320.001356/200948 (nesta mesma sessão). (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator Fl. 2468DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 07/ 10/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000688/2004-89
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Exercício:2000,2001,2002,2003,2004
LANÇAMENTO DECORRENTE.
O lançamento de Cofins sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência principal de IRPJ.
EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS.
Somente podem ser excluídas da receita que configura a base de cálculo da Cofins: (a) as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, (b) as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, (c) a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente; e (d) a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação.
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1803-002.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Exercício:2000,2001,2002,2003,2004 LANÇAMENTO DECORRENTE. O lançamento de Cofins sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência principal de IRPJ. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. Somente podem ser excluídas da receita que configura a base de cálculo da Cofins: (a) as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, (b) as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, (c) a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente; e (d) a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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O lançamento de Cofins sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência principal de IRPJ. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. Somente podem ser excluídas da receita que configura a base de cálculo da Cofins: (a) as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, (b) as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, (c) a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente; e (d) a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 06 88 /2 00 4- 89 Fl. 802DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 818 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 5868 com a exigência do crédito tributário no valor de R$75.392,37 a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), juros de mora e multa de ofício proporcional no período de dezembro dos anoscalendário de 1999 a setembro de 2003, tendo em vista apuração da falta de recolhimento pela diferença averiguada mediante o cotejo entre os valores declarados à RFB no Livro Razão, fls. R$ 2539 e aqueles informados no Livro de Registro de Apuração de ISS, fl. 51. Em conformidade com Termo de Verificação Fiscal, fls. 5357: Tratase de contribuinte constituído sob a forma jurídica de Sociedade Cooperativa, classificado de cooperativa de trabalho, com atuação no segmento da atividade econômica de prestação de serviços, consoante dados cadastrais registrados na SRF. Através de Ação Civil Pública [nº 0001461/00] movida pela Procuradoria Regional do Trabalho da 1º Região, junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, acatado como procedente o pleito, nos moldes do pedido do Ministério Público [...], que considerou, em resumo, tratarse na verdade de uma fachada de cooperativa, para realização de tarefas com relação de dependência e que recrutar, intermediar e alocar no mercado de trabalho qualquer tipo de mão de obra é agenciamento e comercialização de trabalho. O despacho de fls. 69 exarado no processo administrativo MF n ° 18471.000447/200278, [...] , solicitou fosse elaborado Auto de Infração do IRPJ, com exigibilidade suspensa, para que se aguarde o pronunciamento do Poder Judiciário sobre o assunto, resguardando o direito da Fazenda no caso de confirmação da sentença de 1ª instância. [...] A pessoa jurídica devidamente intimada, em 20/05/2004, para esclarecer, por escrito, quanto as diferenças apuradas por esta fiscalização, relativo a valores devidos, débitos declarados e créditos apurados de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, nos anoscalendário de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003 e a informar, por escrito, anexando cópias, se no caso de questionamento judicial, tenha obtido sentença favorável, antecipação de tutela ou liminar, apresentou os esclarecimentos [...]. Fl. 803DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 819 3 Lavramos, também, Auto de Infração de PIS e Cofins, para os anoscalendário de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003, tendo em vista o Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada, já que a pessoa jurídica declarou o PIS e Cofins sobre valor menor do que o apurado pela fiscalização. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 77 do Decreto Lei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, art. 149 do Código Tributário Nacional, art. 1º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, art. 2º, art. 3º e art. 8º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 e art. 2º, art. 3º, art. 10, art. 22 e art. 51 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002. O lançamento de Cofins é decorrente da exigência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) formalizada no processo nº 18471.000686/200490, que se encontra com o regular julgamento do litígio instaurado em segunda instância de acordo com o Acórdão 2ª TE/2ª Câmara/1ª SJ nº 180200.095, de 28.07.2009, fls. 756762. Observese que esses autos encontramse com Recurso Especial oposto pela Recorrente ainda não analisado, nos termos do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, conforme informações constantes no eprocesso. Cientificada, a Recorrente apresenta a impugnação, fls. 8598, com as alegações abaixo sintetizadas. Faz um relato sobre a ação fiscal e sobre a apresentação tempestiva da peça de defesa. Especificamente em relação a Cofins, a Recorrente suscita que: A Impugnante foi autuada pelo fato da autoridade fiscal ter apurado diferença entre o valor escriturado e o declarado/pago, através de verificações obrigatórias. Ocorre que, para o levantamento dos valores devidos, a autoridade fiscal se valeu do livro de apuração do ISS. Entretanto, considerou como receita dos serviços, os valores constantes da coluna "Movimento Econômico Tributável" e também da coluna "Movimento Econômico Isento ou não Tributável". A planilha anexa mostra na coluna (1) Receita, os valores lançados no Livro de Apuração do ISS nas colunas relativas aos movimentos tributáveis e isentos ou não tributáveis. Na coluna (5) Produção estão os valores que, para fins do ISS, correspondem aos movimentos tributáveis constituídos pelos valores cobrados pela prestação dos serviços. Como se pode observar, na coluna (10) DCTF, estão lançados os valores informados na DCTF os quais correspondem aos valores relativos à base tributável, havendo diferença apenas no mês de dezembro/99 cujo valor foi apresentado na DCTF a menor em R$ 2.708,57. Cabe informar que a referida DCTF está sendo devidamente retificada. Com isso, fica claro que não há diferença a tributar conforme consta do auto de infração lavrado pela autoridade fiscal. A diferença tributada pela AGENTE, conforme demonstrado no levantamento Anexo, referese tão somente às NF's de reembolso de despesas diretas aos Fl. 804DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 820 4 Cooperados, demonstradas na coluna "Movimento Econômico Isento ou não Tributável" do Livro de ISS, e não "Produção dos Cooperados", as quais foram lançadas integralmente na coluna "Movimento Econômico Tributável". Ademais, entende a Impugnante não haver incidência tributária da COFINS sobre os atos cooperativos das sociedades cooperativas, pelos seguintes motivos: As sociedades cooperativas estão protegidas pela Constituição Federal pelo disposto no artigo 146 [...]. Esse tratamento ao ato cooperativo foi dado pelo artigo 6° da Lei Complementar n° 70/91 [...]. Ocorre que, o mencionado inciso I do artigo 6° foi revogado pelo artigo 93, II, a da Medida Provisória reeditada com o n° 2.15835/01. Quanto a essa revogação, a instituição da COFINS poderia ter sido feita por lei ordinária, porque não é matéria de lei complementar, mas nem por isso poderia dizerse que a lei ordinária pode revogar o inciso I do artigo 6° da Lei Complementar n° 70/91. Se esse inciso teve por base o artigo 146 da Constituição Federal, é matéria de Lei Complementar, não podendo ser revogado por lei ordinária. Ainda que se viesse a admitir a revogação do inciso I do artigo 6° da Lei Complementar n° 70/91, ainda assim os atos cooperativos não estão sujeitos à incidência da COFINS. Isso porque o artigo 79 da Lei n° 5.764/71 dispõe que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Se o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, a revogação do inciso I do artigo 6° da Lei Complementar n° 70/91 não altera a não incidência da COFINS sobre os atos cooperativos. O parágrafo único do artigo 79 da Lei n° 5.764/71 não está revogado e, se tivesse sido revogado, essa revogação teria efeito inclusive para o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. [...] Como se observa os tribunais tem concedido decisões liminares em mandados de segurança para declarar a inexistência de relação jurídicotributária que obrigue as impetrantes a recolher a COFINS sobre os atos cooperativos próprios de suas finalidades, assim entendido como aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, para a consecução de seus objetivos sociais. Decisão como essa possuía a impugnante concedida pelo juízo da 15 Vara Federal em mandado de segurança Processo n° 2000.51.01.0072650. A impetrante desistiu da ação judicial por conta do cadastramento no PAES para efetuar o pagamento de eventuais débitos que porventura venham a restar de responsabilidade da Impugnante. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante todo o exposto requer a impugnante: Fl. 805DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 821 5 a) o julgamento conjunto dos autos relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, PIS e a Cofins; b) declaração de insubsistência dos autos de infração objeto desta defesa, devendo ser, por conseguinte, cancelados pelos motivos sobejamente demonstrados nas razões acima, por ser de direito [...]. Está registrado como ementa do Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/RJO II/RJ nº 1322.926, de 23.12.2008, fls. 171183: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS [...] PROVA DOCUMENTAL Cabe ao impugnante trazer nas suas alegações os motivos de fato e de direito, os pontos de discordância bem como todos os elementos de prova que dêem a elas força probante, nos termos dos art. 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72. Lançamento Procedente Notificada em 17.08.2009, fl. 185, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 16.09.2009, antecipadamente, fls. 188196, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que o recurso voluntário é apresentado regularmente e suscita que: Da atividade exercida pela recorrente. Do conceito do ato cooperativo. Para melhor entendimento da atividade desempenhada pela recorrente, cabe conceituar o ato cooperativo próprio daquela e sua forma de tributação. O ato cooperativo é ato jurídico pleno e autônomo e vem, em nosso Ordenamento Jurídico, tratado pela Lei n° 5.764/71, no seu artigo 79 [...]. As sociedades cooperativas, visando cumprir suas finalidades sociais, praticam várias atividades com seus associados e também com terceiros. Por conseqüência, verificase a importância da conceituação e definição do ato cooperativo, haja vista as implicações daí decorrentes, inclusive na esfera tributária. Pela análise do ato cooperativo, notamos que as operações realizadas pela sociedade cooperativa são classificadas, [...], em puras e mistas. As operações puras seriam aquelas realizadas no âmbito interno da sociedade quando participantes somente a cooperativa e o sócio. Já as operações mistas seriam aquelas realizadas entre a cooperativa, o sócio e o terceiro não associado. Importante salientar que se deve afastar de plano a leitura estrita do dispositivo acima transcrito (artigo 79), já que totalmente alheio à amplitude do princípio constitucional do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo [...]. Isto porque o referido artigo classifica como ato não cooperativo aquele do qual participa um ente não cooperativo. Legal e doutrinariamente, entendemos como terceiro aquele que poderia ser cooperado e não o é, atuando na mesma atividade prescrita como objeto da sociedade. Fl. 806DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 822 6 Tendo em vista que a finalidade da cooperativa é de prestar serviços ao seu associado, concluise que a definição do ato cooperativo envolve, necessária e obrigatoriamente, o objeto social da cooperativa e inclui, ou não, de forma direta, a pessoa do associado. [...] Vincularse a natureza do ato ao elemento subjetivo (ato realizado entre cooperativa e associado) não pode, a nosso sentir, ser considerada válida diante do Ordenamento Jurídico atual e diante dos princípios constitucionais norteadores da legislação infraconstitucional porquanto o elemento característico do ato cooperativo é o seu objeto, o seu conteúdo. Corresponde ao ato pelo qual uma pluralidade de pessoas reúnese para coordenação de sua atividade comum, e não quais pessoas (associados) se reúnem para a realização de um fim comum. Tributação do ato cooperativo Dentro desse contexto, as operações realizadas pelas cooperativas não estão imunes, mas a Constituição Federal exigiu qualificação complementar à lei que estabeleça normas gerais para o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, tal como expressamente delimitado na alínea 'c' do inciso III do artigo 146 [...]. Na ausência da lei qualificada que avance na normatização para além do estabelecido de forma incipiente na lei n° 5.764/71, é necessário um breve comentário sobre o escopo jurídico assumido pelo ato cooperativo para situálo à luz dos demais princípios tributários constitucionais pertinentes. A correta aplicação das normas de apoio ao cooperativismo e do adequado tratamento tributário a este está intrinsecamente ligada aos princípios tributários constitucionais da igualdade (artigo 150, inciso II) e da capacidade contributiva (artigo 145, § 10). Podemos afirmar que uma das dimensões de consubstanciação do princípio da igualdade tributária é a observância da capacidade contributiva do sujeito passivo da relação tributária. No que tange ao ato cooperativo e seu adequado tratamento tributário, dois aspectos são fundamentais: a desigualdade entre as cooperativas e as sociedades comerciais e uma ausência relativa de capacidade contributiva das cooperativas. [...]. Para apontar a ausência relativa da capacidade contributiva da sociedade cooperativa, pelo ingresso oriundo da prática do ato cooperativo, basta informar o artigo 80 da lei n° 5.764/71: tratase unicamente de rateio de suas despesas, na proporção da fruição pelos associados dos serviços disponibilizados pela cooperativa. Com base ria ausência da capacidade contributiva da cooperativa, já foi comum a afirmação de que não havia incidência de tributos sobre o ato cooperativo. Ocorre que a consideração de capacidade econômica do contribuinte (artigo 145, § 1°, CF) não é um elemento absolutamente impeditivo da tributação. Não há, portanto, imunidade do ato cooperativo. Verificase, pois, que o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo deve ser exteriorizado da seguinte forma: a) que, considerando o disposto no artigo 174, § 2°, da própria Constituição, que trata sobre o apoio e estímulo ao cooperativismo, o ato cooperativo deve receber Fl. 807DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 823 7 tratamento nunca mais oneroso do que aquele dado às sociedades de capital, preferencialmente mais benéfico, por meio de bases de cálculo ou alíquotas menores, ou mesmo por isenções ou por normas extrafiscais; b) que a natureza do ato cooperativo, não havendo intenção de exploração de atividade lucrativa, foge da incidência de tributos, cujo fato gerador tenha tais características. [...] Desta forma, o conceito posto no r. acórdão (conceito de ato cooperativo puro) não pode servir de supedâneo para o entendimento da questão de tributação das cooperativas de trabalho. Não pode, além disso, o acórdão descaracterizar os atos próprios da recorrente como se atos cooperativos não fossem, apenas considerandose o elemento subjetivo do mesmo. Incabível, portanto, determinarse a tributação da ora recorrente utilizandose como base o conceito puro do ato próprio de suas finalidades. Da inexistência de pressuposto material de incidência da COFINS. Verificase, ao delinear o ato cooperativo, que elementos como "faturamento", "receita bruta" ou "receita" não se coadunam com a operacionalização de uma sociedade cooperativa, tal qual a recorrente. Sendo a recorrente uma sociedade especial que existe com único fito de presta serviços aos sócios, quaisquer dos atos praticados não representam receita ou faturamento da pessoa jurídica, e sim dos sócios que dela participam. O caráter não lucrativo das cooperativas é requisito inerente ao regime jurídico para elas proposto, decorrente de exigência contida Lei n° 5.764/71. [...] Assim, ausente está um dos elementos necessários à imposição da COFINS, qual seja a existência de receita como pessoa jurídica. Assim, não há adequação do fato à hipótese, não havendo subsunção. Das rubricas lançadas pela autuante como base de cálculo. O cerne da questão cingese na utilização das rubricas lançadas no Livro de Apuração do ISS Imposto sobre Serviços como base para a tributação da Cofins. Para a apuração da base imponível da Cofins, a fiscal autuante utilizou rubricas denominadas "Movimento Econômico Tributável" e "Movimento Econômico Isento ou Não Tributável". A tributação incidiu tãosomente nas notas fiscais de reembolso de despesas diretas aos cooperados, todas demonstradas como movimento econômico isento ou não tributável, ou seja, que não podem sofrer a incidência da Cofins. Para demonstrar o alegado, apresentase aqui demonstrativo [...] com todos os valores apontados pela autuante, bem como cópias de todas as notas fiscais [...] relativas aos montantes apresentados, com fito de explicitar que os valores apontados concernem à reembolso de despesas e, portanto, não tributáveis. Da ação judicial em curso. Fl. 808DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 824 8 Por fim, informa a recorrente que possui ação judicial em curso, onde há discussão da incidência da COFINS sobre os atos próprios da finalidade da recorrente. Tal ação já se encontra em julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial e, mais recentemente, preparado para julgamento do recurso extraordinário interposto pela União Federal — Fazenda Pública Nacional [...]. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Concluise, portanto, que a autuação não possui qualquer embasamento fático ou jurídico que a mantenha, seja pela comprovação contábil de que os atos tidos como tributáveis, efetivamente não o são; seja pela mais abalisada jurisprudência dos Tribunais Superiores ao se explicitar sem qualquer resquício de dúvida que os atos cooperativos não geram faturamento ou receita para a sociedade cooperativa, o que se traduz na nãoincidência pura e simples da COFINS. Ante o exposto, requer dignese Vs. Sas. a acolher o presente recurso para que seja julgada improcedente a presente ação fiscal, anulandose o débito fiscal ali contido. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. O lançamento não poderia ter sido formalizado. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica. Estes atos administrativos não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao Fl. 809DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 825 9 devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. O Auto de Infração foi lavrado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Assim, estes atos contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente discorda do crédito tributário de Cofins constituído pelo lançamento de ofício. O lançamento de Cofins é decorrente da exigência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) formalizada no processo principal nº 18471.000686/200490, que se encontra com o regular julgamento do litígio instaurado em segunda instância de acordo com o Acórdão 2ª TE/2ª Câmara/1ª SJ nº 180200.095, de 28.07.2009, fls. 756762: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. [...] Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 213 — 219), apresentado pela contribuinte acima qualificada por verificado inconformismo com a decisão proferida pela 7ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro — RJ (fls. 205 — 210). Versam os autos acerca de lançamento de IRPJ decorrente de ação fiscal, cujo Termo de Verificação está encartado às folhas 74 e 75, extraindose de lá que a recorrente é contribuinte constituída sob a forma jurídica de sociedade cooperativa, classificada de cooperativa de trabalho, atuando na prestação de serviços. Relatanos ainda, o mesmo Termo de Verificação, que por meio de Ação Civil Publica movida pela Procuradoria Regional do Trabalho da ia Região, perante o Tribunal Regional do Trabalho da ia Região, sendo a dita ação julgada procedente em primeira instância (fls. 178 — 204), considerouse a ora recorrente, em síntese, como cooperativa de fachada', prestandose a realizar tarefas com relação de dependência, assentando que agenciamento, intermediação, recrutamento e alocação no mercado de trabalho de qualquer tipo de mão de obra equivale à comercialização do trabalho. 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. Fl. 810DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 826 10 Em razão do exposto, solicitouse fosse elaborado Auto de Infração do IRPJ, com exigibilidade suspensa (fl. 73), para que se aguarde o pronunciamento do Poder Judiciário sobre o assunto (trânsito em julgado), resguardando o direito da Fazenda no caso de confirmação da sentença. Mencionase nas constatações do agente autuante, que examinando a DIPJ da recorrente nos anos calendário de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003, observouse que a contribuinte em questão não declara nem recolhe IRPJ e CSLL. Menciona na sequência as informações e esclarecimentos solicitados da recorrente, e que em 08/06/2004, compareceram os auditores na cooperativa referida, e no confronto dos valores declarados pela recorrente, referentes a receitas de serviços, com o livro de apuração do ISS, constataram declaração de valores menores do que os escriturados (fl. 67), lavrandose em razão disso, o Auto de Infração (fls. 78 — 79), para formalização do débito de IRPJ referente aos anos calendário de 1999, 2000 e 2001, com exigibilidade suspensa, até o trânsito em julgado da Ação Civil Pública, processo n°. Ação Civil Pública 0001461, tendo em vista que a contribuinte apresentou Recurso Ordinário ao egrégio Tribunal Regional do Trabalho da l a Região. Foram igualmente lançados os reflexos na CSLL, PIS e COFINS, contudo, nos autos em questão cuidase apenas do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. Com a ressalva acima, é bom relembrar que após cientificarse do lançamento em 08 de julho de 2004, a recorrente apresentou sua Impugnação (fls. 98 — 111), trazendo defesa para todos os tributos lançados em decorrência da aludida Ação Civil Pública formalizados em outros processos administrativos, impondonos, considerar suas alegações no tocante ao IRPJ; tratado pela recorrente no item II — Mérito, "a" Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Sustentou que a sentença que deu origem à autuação, prolatada nos autos do processo de n°. 1.461/2000, que tramitou pela 18ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro — RJ, não transitara em julgado, uma vez que se interpusera Recurso Ordinário, pendente de Julgamento pela 2ª Turma do TRT da 1ª Região. Ademais disso, em relação ao interesse tributário propriamente dito, alegou que a sentença, objetada em grau de recurso, revestiuse do chamado efeito ex nunc, e não retroativo à data da constituição da associação ora recorrente, bastando para tanto, no seu entender, a leitura dos três últimos dispositivos da decisão em questão (fls. 178 — 204). Diante disso, sustenta que os lançamentos de IRPJ, com fatos geradores apontados em 31/12/1999, 2000 e 2001, não podem respaldarse na referida decisão judicial. Ademais disso, a recorrente teria sido autuada por ter apresentado resultados positivos nos anos calendário de 1999 a 2001, sejam eles relativos às operações com associados ou não, com fundamento no artigo 250 do RIR/99. Argumentou, portanto, que o fundamento da autuação é descabido, porquanto os resultados das cooperativas só podem ser tributados quando tiverem origem em atos não cooperativos, relembrando a sistemática das [benesses] tributárias de que gozam as cooperativas. Requereu ao fim, fosse julgado improcedente o lançamento. Pleito, que a propósito, não encontrou guarida nos termos do acórdão e voto de folhas 207 — 210, sede na qual se afirmou não haver reparos a serem feitos na fundamentação da Fl. 811DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 827 11 autuação, posto, que de fato foi apurado lucro liquido nos anos calendário de 1999, 2000 e 2001, conforme DIPJ, nos valores de R$ 1.295,72 (Ficha 07 A — Linha 53 — fl. 13), R$21.565,27 (Ficha 06 A — Linha 55— fl. 19) e R$37.315,58 (Ficha 06 A — Linha 55 — fl. 25), respectivamente, e, a despeito tais valores foram indevidamente excluídos na apuração do lucro real, ferindo a legislação apontada no auto de infração. De mais a mais, no tocante à alegação da recorrente de que a sentença exarada em 09/04/2001, teria se revestido de efeitos para o futuro, entendeu a eminente Turma Julgadora não ter procedência tais afirmativas, posto que a sentença considerou a recorrente eivada de vícios desde sua constituição, considerando que esta jamais se traduziu em cooperativa. Quanto aos demais argumentos da recorrente, respeitantes às atividade propriamente ditas, bem como os resultados dela decorrentes, entendeu trataremse de objeto a ser discutido no seio da Ação Civil Pública e recursos dela decorrente, posto que em apreciação pelo Poder Judiciário, atendendose ao princípio da unicidade da jurisdição contido no artigo 5°, XXXV, da Constituição Federal, cabendo à instância administrativa acatar o provimento judicial, razões pelas quais, julgouse procedente a autuação. Cientificada da decisão em 16/07/2007 (fl. 212 verso), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 14/08/2007 (fls. 213 — 219, por meio do qual reitera os argumentos já relatados, requerendo provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Relator O recurso é tempestivo e dotado das demais condições e admissibilidade, motivo pelo qual, dele tomo conhecimento. A questão proposta, como alhures relatado, circunscrevese ao lançamento do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas atinente aos anos calendário de 1999, 2000 e 2001, isso, em decorrência de Ação Fiscal deflagrada por ordem do Juízo da 18ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, quando do julgamento da Ação Civil Pública, autuada sob o número 1.461/2000 e movida contra a Recorrente pelo Ministério Público do Trabalho, cuja cópia da sentença está encartada às folhas 178 a 204. Traçado esse panorama, necessário consignarse, sem prejuízo do satisfatório relatório lançado acima, o que dispôs em linha gerais a sentença proferida na Ação Civil Pública, e nesse mister é inafastável a lembrança de que a Recorrente é pessoa jurídica constituída sob o forma de Sociedade Cooperativa de Trabalho, e como tal, foi requerida pelo Ministério Público do Trabalho, que após desenvolver Inquérito Civil concluiu que a Recorrente consistiase em Cooperativa criada para burlar a sistemática da legislação trabalhista. A matéria foi cotejada e apreciada pelo Poder Judiciário, culminando com a prolação de sentença que julgou procedente o pleito do órgão Ministerial, determinando em seu bojo fosse oficiada a Receita Federal (fl. 203 tópico: DOS OFÍCIOS — item 2). Em atendimento à disposição judicial, foi oficiada a Receita Federal do Brasil para que tomasse as medidas cabíveis frente às irregularidades apuradas no seio da referida Ação Civil Pública, e por haver a contribuinte apresentado o recurso pertinente perante o Poder Judiciário, portanto, pendente de solução definitiva o Fl. 812DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 828 12 motivo desencadeador da atividade fiscal e por conseguinte do lançamento, foi determinado (fl. 73) que se concluísse a fiscalização, e, em sendo o caso, lavrassem se os autos de infração com a exigibilidade suspensa até que sobreviesse o trânsito em julgado da decisão judicial confirmando ou negando as tais infrações perpetradas pela contribuinte. E assim ocorreu com o Auto de Infração de folhas 78 e 79, ou seja, com as conclusões atingidas no bojo da Ação Civil Pública, perquiriuse na documentação contábil/fiscal da Recorrente se havia ocorrência de algum fato gerador e se este, era eventualmente passível de ser tributado nos moldes da legislação de regência. Reportandome às razões lançadas pela contribuinte em sua peça recursal (fls. 213 — 219), depreendo que esta assevera que o deslinde meritório da tão falada Ação Civil Pública não atingiu status definitivo de decisão irrecorrível, ademais disso, não haveria interesse tributário do Fisco para lançamento com fatos geradores ocorridos em 1999, 2000 e 2001, conquanto a sentença não haveria determinado em sua parte dispositiva a perda da natureza jurídica da cooperativa recorrente desde sua formação, não conferindo assim, efeitos retroativos, não sendo legítimo ao Fisco lançar tributos nos períodos em que a recorrente funcionou como cooperativa, não bastasse isso, a autuação levou em conta as operações realizadas com associados, e que tais resultados gozam da não incidência do IRPJ, nos termos do artigo 182 do RIR199. Anotese por oportuno, quanto a ocorrência ou não do trânsito em julgado da sentença proferida na Ação Civil Pública, ser desinteressante tal perquirição para que se investigue a procedência do lançamento, porquanto o auto de infração se prestou a prevenir eventualmente o decaimento do direito do Fisco lançar posteriormente o imposto pertinente. O que se tem na espécie, é provimento jurisdicional que a despeito de pender do duplo grau de jurisdição irradiou seus efeitos, dando ciência ao Fisco que a Recorrente embora nominada de cooperativa de trabalho, não o era de fato. Com isso é necessário convir com fins meramente conjecturais, para que a tal sentença não irradiasse seus efeitos, a contribuinte precisaria se valer das vias processuais cabíveis, e se assim procedeu, lhe cumpria também, noticiar nesses autos se a segunda instância determinou que o Fisco se abstivesse de lançar eventuais créditos tributários, mister do qual a recorrente não se desincumbiu, nada carreou aos autos acerca do mencionado Recurso Ordinário interposto contra a sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública nesse fim específico. Ao tomar conhecimento dos fatos descritos, e aliás, muito bem descritos na sentença, o Fisco ficou absolutamente adstrito à apuração e verificação da situação tributária da contribuinte, posto que lhe fora noticiado que a Recorrente, sedizente cooperativa gozava da benesse tributária do artigo 182 do RIR/99 quando na realidade de cooperativa não se tratava, não restando margem de discricionariedade à autoridade administrativa, para verificando fatos geradores lançálos ou não, tal vinculação como cediço decorre de expressa disposição contida no artigo 142, parágrafo único do CTN, [...]. Quanto ao argumento da Recorrente de que a fiscalização não levou em conta as operações realizadas com cooperados, porquanto não segregou os valores quando do lançamento, este não prospera, haja visto, que o sustentáculo da exigência fiscal é justamente o fato de a Recorrente não ser cooperativa, de modo que não pode gozar de atributos próprios de tais entes. Fl. 813DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 829 13 Como também não prosperam as razões que dão conta de que a sentença não desconstituiu a personalidade jurídica da Recorrente, toda a fundamentação da aludia decisão é tendente a demonstrar que a Recorrente desde sua constituição se prestou unicamente a driblar a legislação trabalhista e por via de conseqüência a fiscal. Pelas razões acima expostas, é de rigor negarse provimento ao Recurso Voluntário, mantendose a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. (grifos acrescentados) Cabe informar que a mencionada Ação Civil Pública nº 1461200001801 013, com nova numeração de 014610103.2000.5.01.0018, reunida aos autos de nº 0146100.18.2000.5.01.0018 que tramita no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, encontrase na situação “ativo” e com a seguinte decisão, fls. 773814: 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO ORDINÁRIO, em que são partes, COOPERATIVA MULTIPROFISSIONAL DE SERVIÇOS LTDA. COOPMULTSERV, como recorrente, e MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, como recorrido. Por decisão proferida em 09.04.2001, a MMª 18ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro julgou procedente em parte o pedido formulado pelo Ministério Público do Trabalho na ação civil pública ajuizada em face de Cooperativa Multiprofissional de Serviços Ltda. CoopMultserv, para “determinar que o réu abstenhase imediatamente de recrutar, intermediar ou alocar trabalhadores na forma do que autorizam os artigos 11 e 12 da Lei nº 7.347/85" e “advertir o réu que o não cumprimento do presente decreto judicial importará em crime de desobediência (Código Penal, art. 330), cuja prisão se fará na pessoa do responsável, sem prejuízo de outras sanções” (v. fls. 457/483 dos autos da ação civil pública). Além disso, “pelo não cumprimento da presente decisão” foi a ré condenada “... ao pagamento da pena pecuniária de R$ 1.000,00 (...), por dia ...”. Inconformada, a ré interpõe recurso ordinário (v. peça de fls. 486/521), ao qual o d. Juízo de origem nega seguimento, “... em razão de não se ter efetuado o depósito recursal, não sendo licito ao recorrente dele se olvidar, ainda que se trate de ação civil pública” (v. fls. 523 dos autos da ação civil pública). A ré interpõe agravo de instrumento, ao qual esta 2ª Turma, por acórdão prolatado em 24.10.2002, dá provimento, “para determinar o destrancamento do recurso” (v. fls. 329/332 destes autos). Contrarazões, pelo Ministério Público do Trabalho, às fls. 348/367 (destes autos). [...] VOTO [...] Para esta ação civil pública, interessa verificar a real natureza da atividade desenvolvida pela Cooperativa ré (o que se extrai dos elementos obtidos no “procedimento investigatório). 2 Disponível em: <http://consulta.trtrio.gov.br/portal/downloadArquivoPdf.do?sqDocumento=9499212>. Acesso em 10 jul.2014. Disponível em: <http://consulta.trtrio.gov.br/portal/processoListar.do;jsessionid=7f00000130d621311595ef9e49fea5d7f07ddfc12 4bf.e3uMb3eNbxaOe34MbNyTahuKc3b0n6jAmljGr5XDqQLvpAe>. Acesso em 19 jul.2014 Fl. 814DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 830 14 Justamente porque "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se destina, e às exigências do bem comum" (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil), forçoso seria acolher o pedido formulado na ação civil pública, impedindo que a Cooperativa ré continue a “recrutar, intermediar ou alocar trabalhadores”. Do contrário, a Cooperativa ré, que frauda a lei, se beneficiaria dessa fraude. O art. 174, § 2º, da Constituição da República visa a proteger as autênticas cooperativas; não empresas de prestação de serviços que adotam a forma de "cooperativas" simplesmente para escapar de seus encargos trabalhistas, previdenciários e tributários situação em que se enquadra a primeira reclamada. Todos esses fatores, em síntese, determinam que se negue provimento ao recurso ordinário interposto pela Cooperativa ré (mantendose inalterada a r. sentença recorrida). CONCLUSÃO Pelo exposto, conheço do recurso ordinário interposto pela Coopmultiserv Cooperativa Multiprofissional de Serviços, mas a ele nego provimento. ACORDAM os Desembargadores que compõem a Segunda Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela Coopmultiserv Cooperativa Multiprofissional de Serviços, mas a ele negar provimento. Sala de Sessões, 09 de dezembro de 2009. DESEMBARGADOR ROQUE LUCARELLI DATTOLI Relator O lançamento de Cofins sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento desse feito acompanhe aquele que foi dado à exigência principal de IRPJ, formalizada no processo principal nº 18471.000686/2004903. Observese que esse processo encontrase com Recurso Especial oposto pela Recorrente ainda não analisado, nos termos do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, conforme informações constantes no eprocesso. No presente caso, devese aterse ao julgamento do litígio de IRPJ formalizado no processo principal, em que restou caracterizada, de forma clara, precisa e congruente, que a Recorrente não tem natureza jurídica de uma sociedade cooperativa, nos termos da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e assim sujeitase às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Por essa razão não tem cabimento o reexame nessa segunda instância de julgamento dos argumentos pertinente trazidos pela Recorrente, já que foram abordados no julgamento do litígio de IRPJ, tendo em vista o nexo causal evidenciado entre as exigências. É admissível, tãosomente, analisar as alegações diferenciadas sobre a incidência da Cofins sobre os atos não cooperados apurados no presente feito fiscal decorrente 3 Fundamentação legal: art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 815DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 831 15 da constatação da falta de recolhimento pela diferença averiguada mediante o cotejo entre os valores declarados à RFB no Livro Razão e aqueles informados no Livro de Registro de Apuração de ISS. Verificase que a própria Recorrente afirma na peça impugnatória, que “desistiu da ação judicial por conta do cadastramento no PAES para efetuar o pagamento de eventuais débitos que porventura venham a restar de responsabilidade da Impugnante”. Entretanto, em sede recursal, diferentemente, afirma “que possui ação judicial em curso, onde há discussão da incidência da Cofins sobre os atos próprios da finalidade da Recorrente”. Inicialmente cabe esclarecer que a garantia da inafastabilidade da jurisdição prevê que a lei não pode excluir lesão ou ameaça a direito da apreciação do Poder Judiciário, como também não pode prejudicar a coisa julgada, entendida como a imutabilidade dos efeitos da decisão judicial decorrente do esgotamento dos recursos eventualmente cabíveis. Nesse sentido, a decisão definitiva exarada em processo administrativo fiscal não tem força de coisa julgada, dada a sua suscetibilidade de revisão pelo Poder Judiciário. Por esta razão, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial4, de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 1. Na Apelação em Mandado de Segurança nº 2000.51.01.0072650, que tramita no Tribunal Regional Federal da 2º Região consta a seguinte decisão de segundo grau, que tratou inclusive da base de cálculo da Cofins, fls. 681691: EMENTA TRIBUTÁRIO — LEI COMPLEMENTAR 70/91 — MP 1858/99 —COOPERATIVA — DISTINÇÃO DE ATOS COOPERATIVOS E NÃO COOPERATIVOS AUSÊNCIA DE FATURAMENTO E LUCRO NÃO INCIDÊNCIA DE COFINS. As cooperativas quando praticam atos cooperativos (art. 79 da Lei n° 5764/71) não geram receita nem faturamento não incidindo, assim, a COFINS. Nos atos cooperativos há uma nãoincidência e não uma isenção, de forma que a MP 1858/99 em nada alterou a sistemática adotada quanto às cooperativas não contribuírem para a COFINS. Apelação e remessa necessária improvidas. ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas: Decidem os membros da 3a Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2a Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso e à remessa necessária, nos termos do voto da Relatora. Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2006. TANTA HEINE 4 Fundamentação legal: inciso XXXV e inciso XXXVI do art. 5º da Constituição Federal, art. 78 do Regimento Interno do CARF e Súmula CARF nº1. Fl. 816DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 832 16 Desembargadora Federal Relatora [...] RELATÓRIO Tratase de mandado de segurança, com pedido de medida liminar, visando a não efetuar o recolhimento da COFINS e PIS sobre os atos cooperativos próprios das finalidades da Impetrante. O pedido de liminar foi indeferido (fls. 199). O Ministério Público opinou pela denegação da segurança (fls. 219/226). A sentença concedeu a segurança (fls. 228/236) de forma que foi afastado o recolhimento da COFINS. A União Federal/Fazenda Nacional apelou (fls. 239/252) dissertando sobre a ausência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Após, defende a constitucionalidade da Lei n°9718/98. Às fls. 254/267, as contrarazões da apelação. Opinou o Ministério Público, oficiando nesta Corte, pelo provimento do recurso (fls. 274/281). É o relatório. VOTO Tratase de apelação em mandado de segurança onde se pleiteia a não incidência de COFINS e PIS sobre os atos cooperativos próprios da Impetrante. O apelo não merece ser provido. A questão cingese em saber se o art. 6°, inc. I da Lei Complementar n° 70/91 poderia ter sido revogado pelo art. 23, inc. II, a) da MP 1858/99, de forma a que os atos cooperativos próprios deixem de ser isentos. As cooperativas praticam atos, atos que lhes são próprios — os chamados atos cooperativos — , assim definidos no art. 79 da Lei n° 5764/71. Por exclusão, temse os atos não cooperativos, como sendo os praticados por toda e qualquer pessoa jurídica. Seriam aqueles praticados entre as cooperativas e as pessoas físicas ou jurídicas não associadas, sendo estes atos de nítida feição mercantil. É importante que se diferenciem, isto porque quando a cooperativa pratica atos a ela inerentes não há que se falar em lucro. Tanto os resultados positivos quanto os negativos são partilhados por quem a integra. Contudo, o ato que não é cooperativo se sujeita às disposições estabelecidas no art. 86 e art. 87 da referida Lei e, por gerar receita e faturamento sendo nítida a sua natureza mercantil, deve ser levado a uma conta específica denominada "Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social" de modo a que se permita o cálculo para a incidência de tributos. Assim, visto que os atos cooperativos não geram receita nem faturamento para a sociedade cooperativa, cuidase, em verdade, de uma nãoincidência e não de uma norma de isenção. Já os atos não cooperativos, os praticados com não associados, geram receita à sociedade, servindo, desta forma, de base de cálculo à tributação. . Fl. 817DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 833 17 Desta forma, a revogação do inc. I do art. 6° da LC 70/91 em nada alterou a sistemática anterior. Ademais, não se admite a alteração dos conceitos de direito privado em matéria tributária (inteligência do art. 110 do CTN). Como não há faturamento nem lucro, não há a incidência das exações em discussão. [...] Assim, verificase que o entendimento sufragado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça é o de que não há que se falar em tributação dos atos cooperativos propriamente ditos. Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa necessária, mantendose a sentença proferida, de forma que não incida COFINS sobre os atos cooperativos próprios da Impetrante. a Recorrente interpôs REsp nº 1051773/RJ junto ao Superior Tribunal de Justiça. Na Certidão do Superior Tribunal de Justiça, fls. 765770, restou informado que: [...] em 31 de Março de 2009, DECISÃO DO MINISTRO VICE PRESIDENTE DETERMINANDO O SOBRESTAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO AGUARDANDO PUBLICAÇÃO (PREVISTA PARA 02/04/2009) PETIÇÃO Nº 29122/2009 (RECURSO EXTRAORDINÁRIO); em 31 de Março de 2009, PROCESSO SOBRESTADO EM ATENDIMENTO AO ART. 543B, § 1º DO CPC (PROCESSO COM A MESMA CONTROVÉRSIA: RESP 695052). Vale ressaltar que a matéria é objeto do tema nº 536 “Incidência de COFINS, PIS e CSLL sobre o produto de ato cooperado ou cooperativo” tratado no Recurso Extraordinário com Repercussão Geral nº 672215 se encontra na fase “Conclusos ao Relator”, Ministro Roberto Barroso desde 16.08.20135. Temse que somente as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática prevista no art. 543 B do Código de Processo Civil (CPC), devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF6. Tem cabimento assim examinar os argumentos diferenciados constantes no recurso voluntário. As sociedades cooperativas em geral estão reguladas pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas. Estando as sociedades cooperativas sujeitas à tributação pelo IRPJ quando auferirem resultados positivos em atos não cooperativos e, devendo destacar em sua escrituração contábil as receitas, os custos, despesas e encargos relativos a esses atos, ou seja, operações realizadas com não associados, concluise que, nesses casos, as cooperativas devem possuir todos os livros contábeis e fiscais exigidos das outras pessoas jurídicas. 5 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4198556&numero Processo=672215&classeProcesso=RE&numeroTema=536>. Acesso em 19 jul.2014. 6 Fundamentação legal: art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Fl. 818DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 834 18 Denominamse atos cooperativos aqueles praticados entre a cooperativa e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para consecução dos objetivos sociais. Nas cooperativa de trabalho, considerase atos cooperados os serviços prestados pelas cooperativas diretamente aos associados na organização e administração dos interesses comuns ligados à atividade profissional, tais como os que buscam a captação de clientela; a oferta pública ou particular dos serviços dos associados; a cobrança e recebimento de honorários; o registro, controle e distribuição periódica dos honorários recebidos; a apuração e cobrança das despesas da sociedade, mediante rateio na proporção direta da fruição dos serviços pelos associados; cobertura de eventuais prejuízos com recursos provenientes do Fundo de Reserva e, supletivamente, mediante rateio, entre os associados, na razão direta dos serviços usufruídos. Os atos nãocooperativos são aqueles que importam em operação com terceiros não associados. São exemplos, dentre outros, os seguintes: (a) de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais; e (b) a contratação de bens e serviços de terceiros não associados. As sociedades cooperativas devem contabilizar em separado os resultados das operações com não associados, de forma a permitir o cálculo de tributos. Os resultados das operações com não associados devem ser levados à conta do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social e serão contabilizados em separado, de modo a permitir cálculo para incidência de tributos. Outrossim, o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 14 de agosto de 2001, dispõe que os valores excluídos da base de cálculo do PIS e da Cofins, relativos às operações com os associados, deverão ser contabilizados destacadamente, pela cooperativa, devendo tais operações ser comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com identificação do adquirente, de seu valor, da espécie de bem ou mercadoria e das quantidades vendidas. A Cofins tem como fato gerador o auferimento de receita pela pessoa jurídica de direito privado inclusive as a ela equiparadas pela legislação do IRPJ7. As receitas auferidas pelas sociedades cooperativas de trabalho, em decorrência de serviços executados por seus associados, não podem ser excluídas da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep. Podem ser excluídos os valores correspondentes: (a) às vendas canceladas, descontos incondicionais concedidos, IPI e o valor do ICMS quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; 7 Fundamentação legal: art. 1º da Lei Complementar 70, de 30 de dezembro de 1991, art. 2º da Lei nº 9.715, de 25 de novembro de 1998, art. 2º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, art. 1º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 1º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Fl. 819DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 835 19 (b) às reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (c) às receitas decorrentes da venda de bens do ativo permanente; e (d) às Sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, no montante destinado a formação dos Fundos de Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971 8. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. O lançamento fundamentase na incidência da Cofins sobre os valores apurados a partir da constatação da falta de recolhimento pela diferença averiguada, fl. 57, mediante o cotejo entre os valores declarados à RFB no Livro Razão, fls. R$ 2539 e aqueles informados no Livro de Registro de Apuração de ISS, fl. 51, que são contestados na peça recursal pela apresentação da Notas Fiscais de Serviços, fls. 198678, em conformidade com a Tabela 1. Tabela 1 – Diferença entre os valores constantes no Auto de Infração e aqueles constantes nas Notas Fiscais de Serviços apresentadas no recurso voluntário nos anos calendário de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003 Período Mês/Ano (A) Auto de Infração Receita Prestação Serviço Livro ISS Fl. 51 R$ (B) Auto de Infração Outras Receitas R$ (C) Auto de Infração Receita Prestação Serviço RFB Livro Razão Fls. 2539 R$ (D) Auto de Infração Diferença Receitas Livro de ISS e Livro Razão R$ (E) Recurso Voluntário Valores das Notas Fiscais Fls. 198678 R$ (F) Diferença Auto de Infração e Notas Fiscais R$ G = (F – E) Dez/1999 145.656,12 0,00 133.651,16 12.004,96 21.634,00 9.629,04 Abr/2000 480.141,68 0,00 460.694,54 19.447,14 20.259,78 812,64 Mai/2000 212.507,76 0,00 185.400,02 27.107,74 28.182,72 1.074,98 Jun/2000 293.737,63 0,00 272.566,54 21.171,09 22.180,66 1.009,57 Jul/2000 269.502,63 0,00 256.407,52 13.095,11 18.124,51 5.029,40 Ago/2000 340.335,91 0,00 318.089,26 22.246,65 23.406,68 1.160,03 Set/2000 365.965,95 0,00 345.394,23 20.571,72 25.030,48 4.458,76 Out/2000 437.550,70 0,00 392.213,41 45.337,29 42.672,40 (2.664,89) Dez/2000 722.233,79 0,00 634.168,69 88.065,10 73.446,80 (14.618,30) Fev/2001 635.501,56 0,00 584.639,36 50.862,20 64.846,20 13.984,00 Mar/2001 886.396,78 0,00 831.591,09 54.805,69 71.040,30 16.234,61 Abr/2001 1.389.317,44 0,00 1.293.981,84 95.335,60 69.680,05 (25.655,55) 8 Fundamentação legal: art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, art. 2º da Medida Provisória nº 2.158 35, de 14 de agosto de 2001 e art. 1º da Lei nº 10.676, de 22 de maio de 2003. Fl. 820DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 836 20 Mai/2001 481.161,52 0,00 465.138,50 16.023,02 73.782,41 57.759,39 Jun/2001 1.491.142,47 0,00 1.432.240,31 58.902,16 76.134,82 17.232,66 Ago/2001 993.025,10 0,00 920.726,85 72.298,25 56.903,09 (15.395,16) Set/2001 1.008.516,46 0,00 961.568,81 46.947,65 54.548,61 7.600,96 Out/2001 1.073.150,53 0,00 997.876,64 75.273,89 58.927,10 (16.346,79) Nov/2001 987.494,21 3.436,55 918.685,93 72.244,83 52.694,49 (19.550,34) Dez/2001 1.355.277,95 2.509,75 1.282.136,49 75.651,21 92.086,18 16.434,97 Jan/2002 856.777,94 3.600,27 820.678,26 39.699,95 45.504,95 5.805,00 Fev/2002 834.326,62 3.107,00 799.229,15 38.204,47 40.542,12 2.337,65 Mar/2002 815.945,35 3.972,39 781.284,15 38.633,59 34.661,56 (3.972,03) Abr/2002 852.944,63 3.947,63 817.703,98 39.188,28 34.602,19 (4.586,09) Mai/2002 705.350,80 0,00 680.762,08 24.588,72 25.354,88 766,16 Jun/2002 637.757,2 0,00 622.140,33 15.616,87 13.851,04 (1.765,83) Ago/2002 535.031,82 304,32 535.031,82 304,32 3.713,66 3.409,34 Set/2002 544.693,90 8.822,17 542.332,29 11.183,78 2.361,61 (8.822,17) Out/2002 538.176,16 2.223,64 536.232,10 4.167,70 1.944,06 (2.223,64) Nov/2002 29.732,50 0,00 28.007,72 1.724,78 1.721,78 (3,00) Dez/2002 1.073.495,46 5.126,67 1.071.982,39 6.639,74 1.513,09 (5.126,65) Jan/2003 18.473,15 2.801,01 17.232,82 4.041,34 1.240,53 (2.800,81) Fev/2003 22.451,14 0,00 21.250,48 1.200,66 1.200,66 0,00 Abr/2003 3.725,74 0,00 3.594,54 131,20 131,20 0,00 Mai/2003 3.854,88 0,00 3.719,13 135,75 135,75 0,00 Jun/2003 1.163,74 0,00 1.122,76 40,98 40,98 0,00 Jul//2003 1.272,62 0,00 1.227,81 44,81 44,81 0,00 Ago/2003 1.187,54 0,00 1.145,76 41,78 41,82 0,04 Set/2003 4.298,48 0,00 4.147,11 151,37 13,73 (137,64) Em relação ao argumento da Recorrente de que de que “para a apuração da base imponível [foram utilizadas tãosomente as] rubricas denominadas "Movimento Econômico Tributável" e "Movimento Econômico Isento ou Não Tributável" e que “a tributação incidiu tãosomente nas notas fiscais de reembolso de despesas diretas aos cooperados, todas demonstradas como movimento econômico isento ou não tributável, ou seja, que não podem sofrer a incidência da Cofins”, tem cabimento ressaltar que: (a) os autos foram instruídos somente uma Planilha elaborada pela Recorrente com o somatórios dos valores, mês a mês, constantes no Livro de Registro de Apuração de ISS, fl. 51, cujos valores foram utilizados como base para a ação fiscal; (b) os autos foram instruídos com os valores informados à RFB registrados no Livro Razão fls. 2539 apresentado pela Recorrente, cujos valores foram utilizados como base para a ação fiscal; (c) os autos não estão instruídos com as cópias do Livro de Registro de Apuração de ISS; (d) os autos não estão instruídos com as cópias de todas Notas Fiscais de Serviço que serviram de base para apuração dos somatórios constantes na Planilha de fl. 51; e (d) na fase recursal a Recorrente apresenta, uma a uma, tãosomente, as Notas Fiscais Serviço – Reembolso de Despesas que serviram de “reembolso de despesas diretas aos cooperados” com as discriminações relativas a reembolso de Pis, de Cofins, de ISS, de “benefício”, de “descontos alimentação” e de “desconto transporte” fls. 198678. Fl. 821DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 837 21 No presente processo não restou evidenciado se as referidas Notas Fiscais de Serviço – Reembolso de Despesas, fls. 198678, estavam escrituradas ou não no Livro de Registro de Apuração de ISS, como redutoras ou não, quando da apresentação da Planilha elaborada pela Recorrente com os somatórios dos valores, mês a mês, constantes no Livro de Registro de Apuração de ISS, fl. 51. Essas rubricas, ademais, não se identificam com aquelas previstas na legislação de regência passíveis de exclusão da receita que configura a base de cálculo da Cofins pela cooperativa de trabalho: (a) as vendas canceladas, descontos incondicionais concedidos, IPI e o valor do ICMS quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, (b) as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, (c) o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, as receitas decorrentes da venda de bens do ativo permanente e (d) as Sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, no montante destinado a formação dos Fundos de Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e Social. Aplicando o provimento jurisdicional decorrente da Ação Civil Pública nº 014610103.2000.5.01.0018, que desconsiderou a Recorrente como cooperativa, ainda assim o crédito tributário constituído pelo lançamento de ofício está correto, como a seguir demonstrado. A Lei nº 9.718, de 28 de novembro de 1998 Art.1° Esta Lei aplicase no âmbito da legislação tributária federal, relativamente às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, de que tratam o art. 239 da Constituição e a Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, ao Imposto sobre a Renda e ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativos a Títulos ou Valores Mobiliários IOF. Art.2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 627, de 2013) [...] §2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Fl. 822DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 838 22 Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; [...] IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. V a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. Reiterese que não restou comprovado nos autos se as referidas Notas Fiscais de Serviço – Reembolso de Despesas, fls. 198678, estavam escrituradas ou não no Livro de Registro de Apuração de ISS, como redutoras ou não, quando da apresentação da Planilha elaborada pela Recorrente com os somatórios dos valores, mês a mês, constantes no Livro de Registro de Apuração de ISS, fl. 51. Essas rubricas, da mesma forma, não se identificam com aquelas previstas na legislação de regência passíveis de exclusão da receita que configura a base de cálculo da Cofins: (a) as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, (b) as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, (c) a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente; e (d) a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. A Recorrente discorda da utilização pelas autoridades fiscais dos dados constantes no Livro de Registro de Apuração de ISS. Temse que “as declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários” 9. A Fiscalização tem o direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos10. São também passíveis de exame os documentos do sujeito passivo, mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, encontrados no local da verificação, que tenham relação direta ou indireta com a atividade por ele exercida11. Assim as informações constantes no 9 Fundamentação legal: art. 219 do Código Civil. 10 Fundamentação legal: art. 195 do Código Tributário Nacional. 11 Fundamentação legal: art. 34 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 823DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 839 23 Livro de Registro de Apuração de ISS são hábeis e idôneas para serem utilizadas pela Fazenda Nacional. Não foram produzidos no processo um conjunto probatório robusto o suficiente para contrapor o Auto de Infração, de modo que o conjunto probatório já produzido evidencia que o procedimento de ofício está correto. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso12. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade13. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 12 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 13 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 824DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 18471.000688/200489 Acórdão n.º 1803002.312 S1TE03 Fl. 840 24 Fl. 825DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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