Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 16349.000204/2006-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.387
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 16349.000204/2006-43
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5894200
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-001.387
nome_arquivo_s : Decisao_16349000204200643.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO MINEIRO FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 16349000204200643_5894200.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7401674
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:25:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589411147776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1374; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 566 1 565 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16349.000204/200643 Recurso nº Resolução nº 3402001.387 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 26 de julho de 2018 Assunto Conversão em diligência Recorrente VOTORANTIM IND E COM LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Trata o presente processo de análise de pedido de ressarcimento inserto na PER 091204.1.5.015410, por meio da qual a Requerente pleiteia direito creditório fundado em crédito presumido oriundo da Lei nº 10.276/2001, com regulamentação dada pela IN SRF 69/2001, referente ao primeiro trimestre de 2004. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 49 .0 00 20 4/ 20 06 -4 3 Fl. 566DF CARF MF Processo nº 16349.000204/200643 Resolução nº 3402001.387 S3C4T2 Fl. 567 2 Em 21 de outubro de 2008, a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária – DERAT/SP exarou Despacho Decisório (fls.343 a 347), reconhecendo parcialmente o direito creditório pleiteado, por entender ter havido incorreções no cálculo efetuado pelo sujeito passivo, conforme apuração fiscal. A decisão recebeu a seguinte ementa: Cientificado da decisão, o sujeito passivo apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 471 a 474), alegando que no cálculo do custo de aquisição deveria ser adicionado o ICMS incidente nas aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos. Segundo seu entendimento, no cálculo fiscal foi tomado como base de cálculo do crédito presumido do IPI o valor contábil das aquisições de matérias primas, valor este que não inclui o ICMS. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG), em sessão de julgamento ocorrida em 27 de fevereiro de 2015, considerou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, e não reconheceu o direito creditório. Transcrevo a ementa do Acórdão 0956.965 (fls. 533 a 537) em sua integralidade: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. CÁLCULO. O crédito presumido devido ao contribuinte é calculado, em seu regime alternativo, nos termos do disposto nas Leis nº 9.363/96 e 10.276/2001. Não sendo detectada qualquer falha na trilha operacional seguida pelos agentes do Fisco Federal, é de se manter incólumes os valores finais deferidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 567DF CARF MF Processo nº 16349.000204/200643 Resolução nº 3402001.387 S3C4T2 Fl. 568 3 Inconformado com a decisão de primeira instância administrativa, o sujeito passivo apresentou seu Recurso Voluntário (fls.539 a 563), repisando as alegações trazidas na Manifestação de Inconformidade, no sentido que teria direito ao crédito incentivado de IPI que teve origem em recolhimentos do PIS e COFINS na aquisição de matériasprimas, produto intermediário e material de embalagem, para utilização no processo produtivo, considerando o ICMS embutido em tais custos, fazendo jus a diferença não homologada. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator. Ao examinar os argumentos trazidos pela Recorrente, em cotejo com as alegações da Autoridade Fiscal, entendo necessária a conversão do julgamento em diligência com vistas a aclarar a situação que passo a descrever. A recorrente alega que teria direito ao crédito incentivado de IPI que teve origem em recolhimentos do PIS e COFINS na aquisição de matériasprimas, produto intermediário e material de embalagem, para utilização no processo produtivo, considerando o ICMS embutido em tais custos, fazendo jus a diferença não homologada. Transcrevo excerto do Recurso Voluntário, com suas alegações e demonstrativos: Fl. 568DF CARF MF Processo nº 16349.000204/200643 Resolução nº 3402001.387 S3C4T2 Fl. 569 4 É incontroverso que o ICMS incidente nas aquisições de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem fazem parte da base de cálculo do crédito presumido, conforme expressa previsão regulamentar: Art. 14. Para efeito do cálculo do crédito presumido, o ICMS não será excluído dos custos de MP, de PI e de ME, bem assim os valores do frete e seguro, desde que cobrados ao adquirente. Dessa forma, não é possível aferir os valores apresentados pela recorrente, que confrontam com aqueles apurados pela Autoridade Fiscal, com base exclusivamente nos documentos acostados ao processo. Como o direito creditório deve ser apurado considerando o custo efetivo das matériasprimas, produto intermediário e material de embalagem utilizadas no processo produtivo, e há controvérsia nos valores apresentados, a situação fática deve ser aclarada pela unidade de origem, considerando os valores efetivos do custo conforme escrita contábil e fiscal do sujeito passivo. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 16349.000204/200643 Resolução nº 3402001.387 S3C4T2 Fl. 570 5 Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora (i) esclareça se considerou no cálculo do crédito presumido requerido pelo sujeito passivo os valores do custo efetivo das matériasprimas, produto intermediário e material de embalagem utilizadas no processo produtivo, considerando o ICMS que incidiu sobre tais aquisições; (ii) apresentar um demonstrativo com as informações extraídas da escrita fiscal e contábil do sujeito passivo com base no valor de custo, considerando o ICMS incidente nas aquisições, confrontando com os demonstrativos apresentados pela recorrente nos quadros às fls.543 a 544. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É como voto. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 570DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.727401/2014-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 25/07/2014
EXTRAVIO. MERCADORIA SOB CUSTÓDIA DO DEPÓSITÁRIO. VOLUMES RECEBIDOS SEM RESSALVA OU PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO DEPÓSITÁRIO.
Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria sob sua custódia, presumindo-se sua responsabilidade em caso de de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/07/2014
LANÇAMENTO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL.
Erro na identificação do sujeito passivo é matéria de ordem pública, não atingida pela preclusão. É vício material por atingir elementos constitutivos da obrigação tributária, devendo ser declarado nula a autuação.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.770
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para afastar a multa prevista no art. 704 do Decreto 6.759/09 e declarar nula a autuação, por vício material, quanto à solidarização da importadora, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 25/07/2014 EXTRAVIO. MERCADORIA SOB CUSTÓDIA DO DEPÓSITÁRIO. VOLUMES RECEBIDOS SEM RESSALVA OU PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO DEPÓSITÁRIO. Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria sob sua custódia, presumindo-se sua responsabilidade em caso de de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 25/07/2014 LANÇAMENTO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. Erro na identificação do sujeito passivo é matéria de ordem pública, não atingida pela preclusão. É vício material por atingir elementos constitutivos da obrigação tributária, devendo ser declarado nula a autuação. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11128.727401/2014-02
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5894078
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3301-004.770
nome_arquivo_s : Decisao_11128727401201402.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 11128727401201402_5894078.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para afastar a multa prevista no art. 704 do Decreto 6.759/09 e declarar nula a autuação, por vício material, quanto à solidarização da importadora, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
dt_sessao_tdt : Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7400473
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589455187968
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1557; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 679 1 678 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.727401/201402 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301004.770 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2018 Matéria EXTRAVIO Recorrente LOCALFRIO S.A. ARMAZENS GERAIS FRIGORIFICOS E QUIRIOS PRODUTOS QUIMICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 25/07/2014 EXTRAVIO. MERCADORIA SOB CUSTÓDIA DO DEPÓSITÁRIO. VOLUMES RECEBIDOS SEM RESSALVA OU PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO DEPÓSITÁRIO. Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria sob sua custódia, presumindose sua responsabilidade em caso de de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/07/2014 LANÇAMENTO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. Erro na identificação do sujeito passivo é matéria de ordem pública, não atingida pela preclusão. É vício material por atingir elementos constitutivos da obrigação tributária, devendo ser declarado nula a autuação. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para afastar a multa prevista no art. 704 do Decreto 6.759/09 e declarar nula a autuação, por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 74 01 /2 01 4- 02 Fl. 679DF CARF MF 2 vício material, quanto à solidarização da importadora, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0836.823, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante do acórdão recorrido, em parte: Trata o presente processo de autuação do Imposto de Importação, das contribuições sociais para o PIS e COFINS, além das multas correspondentes a 50% do imposto devido, e a 100% do valor aduaneiro, previstas nos artigos 702, inciso III, alínea “c”, e 704 do Regulamento Aduaneiro, no total de R$ [...] (fls. 100/132), em virtude de subtração do controle aduaneiro da União da totalidade da carga transportada mediante o contêiner MSKU5726291 importada pela empresa QUIRIOS PRODUTOS QUIMICOS LTDA., que foi substituída dentro do recinto alfandegado LOCALFRIO S. A ARMAZENS GERAIS FRIGORÍFICOS S/A por recipientes contendo água, sem valor comercial. Da Autuação Em síntese, conforme descrição dos fatos dos autos de infração (fls. 113/132), a Autoridade Fiscal concluiu que a totalidade da carga vinda do exterior no contêiner MSKU5726291 foi subtraída do controle aduaneiro da União, tendo sido substituída dentro do recinto alfandegado LOCALFRIO por recipientes contendo água, sem valor comercial, o que causou dano ao erário e prejuízo irreparável ao controle aduaneiro. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 680 3 A Fiscalização explicitou a logística de transferência de carga de procedência estrangeira pelo operador portuário do costado do navio para o recinto alfandegado LOCALFRIO sob jurisdição da Alfândega do Porto de Santos solicitada e paga pela importadora e consignatária da carga, a empresa QUIRIOS: O procedimento de saída do contêiner da área portuária deve ser feito mediante registro da Declaração de Transferência (DT), através de sistema informatizado de comunicação de dados denominado sistema DTE, e com a emissão da Guia de Movimentação de Contêiner de Importação – GMCI pelo recinto armazenador. Conforme estabelecido na Comunicação de Serviço/ALF/STS/GAB n° 15/99 e as alterações posteriores, o pedido de transferência de carga deve ser feito mediante registro, antes da atracação do navio, no sistema DTE pelo recinto alfandegado, com a anuência do consignatário, e com a emissão da GMCI pelo depositário. Portanto, em última análise, e como não poderia deixar de ser, é o próprio consignatário que autoriza a transferência da carga do local de descarga (faixa portuária) para o recinto alfandegado de sua escolha, tendo, previamente à chegada da carga, contratado os serviços de armazenagem com o recinto que melhor atenda suas necessidades.(grifei) Segundo informações do sistema DTE, o contêiner MSKU5726291 entrou efetivamente no recinto alfandegado LOCALFRIO, local escolhido pela importadora QUIRIOS para armazenamento da carga, em 30/05/2012, sendo que a remoção da referida unidade de carga do operador portuário para o mencionado recinto foi feita sob inteira responsabilidade do depositário LOCALFRIO. Em 29/08/2012, o depositário LOCALFRIO informou, consoante determina a legislação aduaneira, o abandono da carga importada pela Quirios, amparada pelo CE151205093022860, descrita nesse documento como: “800 DRUMS PHENOLSULFONIC ACID UN NO: 1803 CLASS NO: 8 CAS 98679”, peso declarado: 27.200kg, transportada no contêiner MSKU5726291. Em procedimento fiscal programado de apreensão de cargas abandonadas realizado em 29/12/2012, conforme relatado no Termo de Constatação nº 004/2013 (fls.05), foi observado que: • A suposta carga abandonada de ácido fenolsulfônico sob custódia do recinto “não possuía informação alguma em seus invólucros (identificação, composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc)”, fato considerado atípico para o tipo de carga declarada no conhecimento de transporte: produto químico denominado de Ácido Fenolsulfônico. • Exame laboratorial feito em amostras do produto depositado confirmou a suspeita de que o produto depositado não era o declarado Fl. 681DF CARF MF 4 no conhecimento de transporte, mas, sim água contendo sujidades (impurezas), conforme laudo de análise nº 1.580/12 (fls. 06/27). • No momento da conferência da carga pela Autoridade Aduaneira, a carga não mais se encontrava dentro do contêiner em que veio acondicionada do exterior, mas sim depositada no recinto alfandegado LOCALFRIO. Apesar do contrato de transporte ter sido househouse, ou seja, o contrato de transporte previa que a carga seria transportada dentro do contêiner (devidamente lacrado) até o estabelecimento do importador, a própria Quirios (por meio da empresa Portto Fortte) solicitou a desunitização (retirada da carga do contêiner) à empresa LOCALFRIO (fls. 35 e 48). • Inexistiam lacres nas bombonas da carga supostamente abandonada e que as tampas internas e externas dessas bombonas eram de fácil remoção e que os pesos variavam de 26 a 30 kg cada (fls. 05). Ressaltou ainda a autoridade fiscal autuante: • A existência de norma específica que exige informações sobre as características precisas e determinadas como natureza, composição, marca, contramarca e demais especificações para fins de perfeita identificação do produto declarado no conhecimento de transporte (ácido fenolsulfônico). • Que todos os intervenientes aduaneiros, na acepção da Lei nº 10.833/2003, reconhecem a violação a tais exigências legais como anomalia e atipicidade. E o depositário tem consciência dos riscos assumidos quando recebe cargas para guarda como fiel depositário com tais violações, e que lhe incumbe produzir provas excludentes de sua responsabilidade na constatação de tais ocorrências. • Que a omissão em relatar ocorrência dessa natureza às Autoridades Aduaneiras é indesculpável, obrigação derivada não somente da condição como colaboradores do órgão público que são, mas também de responsável direto pela importação (consignatário / importador), ou de responsável pelo armazenamento de cargas sob controle fiscal (depositário), nos termos da legislação aduaneira para, no momento do despacho aduaneiro, a RFB verificar a regularidade da operação de importação em todos os aspectos. • Que a conferência aduaneira implica necessariamente na análise da mercadoria sob diversos aspectos, incluindo aí a indicação nas embalagens as referências, tipo, marca, contramarca e peso líquido e outros dados, conforme previsto no art. 554 do Regulamento Aduaneiro • Que todos os procedimentos envolvendo a operação em análise, os fatos apurados, bem como o silêncio do importador em questões tidas importantes, assumem relevantes significados em prol da intenção de o importador (e o recinto) esconder a verdade sobre os fatos ou a realidade das coisas, mediante simulação. Fl. 682DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 681 5 • Que a desunitização (retirada da carga do contêiner) da carga normalmente ocorre nos seguintes casos: a) No momento de inspeção pelo órgão alfandegário para as cargas selecionadas para conferência física (canal vermelho); b) Quando contratado transporte marítimo em regime “housepier”, ou seja, a carga é retirada do contêiner no porto de destino para devolução do contêiner ao transportador. Neste caso a Receita Federal somente acompanha se houver interesse. Normalmente a operação ocorre sem presença fiscal, contudo há a obrigação acessória do recinto alfandegado de informar previamente a operação em sistema de controle de carga e também obrigação de registrar a operação por meio de imagens. • Que, no caso em questão, o recinto LOCALFRIO foi informado sobre a mudança de regime de transporte que inicialmente era “house to house” (entrega da carga dentro do contêiner no estabelecimento do importador) para “house to píer”, com pedido de desunitização da carga (fls. 48); • Que a LOCALFRIO informou que o representante da empresa solicitou a desunitização e se fez presente na sua efetivação, em 31/07/2012. Concluiu, assim, a Fiscalização que nesse exato instante existiam 800 bombonas de ácido fenolsulfônico, conforme consta do documento de importação e que indica a Quirios como consignatória (fls. 73). • Do contrário, ou seja, caso tivesse constatado que a carga não possuía nenhuma identificação nos volumes acerca de composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc, obrigatória em todos os volumes, nem mesmo do pictograma indicativo de ácido (Hazard Pictogram), de afixação obrigatória em todos os volumes desse tipo de produto, é evidente que o Importador (ou seu representante) teria comunicado imediatamente a RFB, e/ou solicitado devolução do bem ao embarcador, e/ou pedido para realização do procedimento previsto no artigo 10 da IN SRF 680/2006. • Que sempre que o importador é enganado ou furtado procura se resguardar de todas as maneiras a fim de acionar o seguro, nesses casos a Receita Federal é sempre chamada para apurar responsabilidades e identificar as mercadorias. • Que a LOCALFRIO registrou e comunicou à Alfândega do Porto de Santos apenas divergência na quantidade de volumes. Isso significa que a depositária notou apenas essa divergência na quantidade de volumes (2 bombonas a mais) no lote de 800 bombonas de ácido fenolsulfônico importados pela consignatária, mas a carga em si, era exatamente como descrita no documento de importação (CE ou BL – fls. 80 e 83), cuja cópia foi entregue a LOCALFRIO para possibilitar a remoção da carga para seu depósito. Ou seja, o recinto já sabia a natureza da carga por ocasião da desunitização. Fl. 683DF CARF MF 6 • Que não tem sentido o descarte de imagens referentes às cargas sem nenhuma identificação nas embalagens, em desobediência às normas específicas para o produto importado, o que chamaria atenção até mesmo de um leigo. • Que a importadora/consignatária da carga, a empresa QUIRIOS jamais respondeu à Intimação da Divisão de Vigilância e Controle Aduaneiro para informar as aquisições de produtos importados em 2012 e a data das entradas no estoque da empresa. • Que a Portto Fortte, CNPJ 07.970.045/000138 (representante da Quirios junto ao recinto LOCALFRIO), em atendimento à Intimação da Divisão de Vigilância e Controle Aduaneiro, informou que as operações de armazenagem e desunitização da carga realizadas pela LOCALFRIO foram solicitadas e pagas pela empresa QUIRIOS, e juntou os documentos comprobatórios de transferências dos valores (fls. 32/68). • Que a empresa QUIRIOS apesar de ter pago todos os custos de transporte e armazenagem da carga, nunca se manifestou a respeito do fato de a Aduana brasileira ter encontrado água no lugar do ácido importado, além dessa não ter o hábito de deixar mercadorias importadas ao abandono em recintos alfandegados. No período de janeiro/2012 a agosto/2013, em 48 importações, a QUIRIOS, apresentou média de 13 dias entre o desembarque da carga e o registro da respectiva DI. • Que essa foi a única operação para a qual a QUIRIOS solicitou mudança de regime de transporte de “house to house” para “house to píer”. No período de janeiro/2012 a agosto/2013 todos os 113 contêineres contendo carga importada, foram sem exceção entregues no estabelecimento do importador (regime house to house) e não houve nenhum pedido de desunitização da carga. • Que para a carga em tela, observase um comportamento completamente atípico: “ficou supostamente armazenada por cerca de 53 dias até que, então, a Quirios solicitou a desunitização da carga em 23/07/2012 e presenciou no 70º dia (09/08/12) de armazenamento, às 4:00 horas da manhã, a suposta desunitização, sem fazer qualquer tipo de ressalva quanto ao que foi retirado do contêiner: bombonas plásticas sem qualquer identificação ou qualquer relação com o produto importado e contendo somente água (fls.76 a 79, 3)”. Diante dos fatos e considerações acima expostos, concluiu a Fiscalização que não houve importação de água, mas sim, de 21 toneladas de bens e/ou mercadorias da China manifestados no conhecimento eletrônico e registrados na balança do operador e no recinto alfandegado (fls.2/4, 80/81), tendo o importador se furtado dos controles tributário e aduaneiro, simulando importação e abandono de recipientes. Para a colocação em prática da fraude detectada na qual ficou patente o conluio entre a importadora QUIRIOS e o recinto LOCALFRIO, segundo a Fiscalização, seria necessária a seguinte logística para a troca da carga: Fl. 684DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 682 7 1. Solicitação de desunitização da carga pela importadora QUIRIOS a LOCALFRIO; 2. Autorização de entrada de veículo transportando 800 bombonas de água no recinto alfandegado LOCALFRIO sem nenhum registro. 3. Desunitização da carga importada (ácido fenolsulfônico), na presença do importador, e sem a colocação de nenhum número de lote de armazenagem, pois essa carga será retirada do local alfandegado sem autorização e conhecimento da Receita Federal; 4. Retirada da mercadoria importada (declarada como acido fenolsulfônico) sem nenhum registro na Portaria. Os veículos que transportam 800 bombonas, pesando mais de 20 toneladas entram e saem do recinto alfandegado LOCALFRIO sem nenhum registro. 5. Os volumes contendo água são armazenados na LOCALFRIO como se fossem a carga importada de ácido fenolsulfônico recebendo número de lote (1868212) correspondente à carga que foi desunitizada do contêiner MSKU5726291 – LOCALFRIO; 6. A importadora QUIRIOS efetua os pagamentos pela operação de desunitização. 7. A importadora QUIRIOS abandona a carga no recinto LOCALFRIO, e ultrapassado o tempo limite de armazenagem, a Receita Federal é informada do abandono pelo recinto como se nenhuma irregularidade com a carga tivesse sido notada. As autoridades fiscais explicitam que: • A entrada e a permanência de cargas importadas em terminais alfandegados sob controle fiscal, nos termos da legislação aduaneira, é autorizada pela RFB, para impedir, dentre outros, a introdução clandestina de mercadorias, como a ora tratada. • O recinto alfandegado exerce as funções de movimentação e armazenamento de cargas importadas ou destinadas à exportação, por delegação da RFB, nos termos do art. 23 da Lei nº 12.815/2013, desde que cumpridas as exigências definidas nos normativos específicos, à época dos fatos, vigente a Portaria RFB nº 3.518/2011. Essas exigências objetivam a segurança e o controle das cargas armazenadas e movimentadas pelo estabelecimento alfandegado. Assim, a LOCALFRIO, na condição de recinto alfandegado, consoante o art. 9º do Regulamento Aduaneiro, apesar de obrigado a exercer total controle da carga importada sob sua custódia, colaborou com a operação de substituição da carga importada por água. Tal fraude desmonta todo o sistema de controle aduaneiro, facilitando não só o descaminho no caso em tela, mas possibilitando também, em tese, o contrabando de armas, munições, produtos nocivos saúde pública. Fl. 685DF CARF MF 8 No tocante à responsabilidade do depositário pelo pagamento dos tributos, entende a Fiscalização que, conforme o disposto nos artigos 662 e 105 do Regulamento Aduaneiro, o depositário responde pelo extravio de mercadoria sob sua custódia, que abrange toda e qualquer falta de mercadoria causada por seus prepostos ou funcionários, na dicção do art. 649 do RA, presumindose a responsabilidade do depositário pelos volumes recebidos sem ressalva ou protesto. Na apuração do valor aduaneiro da carga extraviada foi utilizado o valor constante da fatura apresentada pelo agente de cargas Portto Fortte (fls. 43) adicionado ao valor do frete informado no respectivo documento de transporte eletrônico (CE) às fls. 80/91, conforme o art. 665 do regulamento Aduaneiro. A taxa de câmbio utilizada na conversão de valores em moedas estrangeira foi a do dia do fato gerador, nos termos do art. 97 do Regulamento Aduaneiro. Tendo sido o fato gerador considerado ocorrido na data do lançamento, consoante determina o art. 73, inciso II, alínea “c”, do Regulamento Aduaneiro. Entende a fiscalização que a consignatária da carga, a empresa QUIRIOS PRODUTOS QUÍMICOS LTDA, CNPJ 60.776.788/000154, responde solidariamente pela presente autuação em virtude de apesar de ciente da chegada da carga, não tomou qualquer providência para o registro da DI, nem quanto à troca da carga, não atendeu à intimação da Receita Federal para prestação de informações sobre suas importações anteriores, e, presenciou a desunitização da carga (fls. 73), conforme informado pela LOCALFRIO, consoante disposições dos artigos. 264 do Código Civil, do 124 do CTN. Além do II, contribuições sociais para o PIS e Cofins, acompanhados dos devidos acréscimos legais, foram exigidas as multas de 100% sobre o valor aduaneiro da mercadoria prevista no art. 704 do Regulamento Aduaneiro, pela colocação em circulação no território nacional de mercadoria ingressada irregularmente no País e de 50% do Imposto devido pelo extravio da mercadoria, prevista no art. 702, inciso III, alínea “d”: • Enquadramento legal: o Art. 23 e seu § único c/c art. 112 do DecretoLei nº 37/66, regulamentados pelos art. 73, inc. II, alínea “c”, c/c art. 665 do Decreto nº 6.759/2009 (RA). Art. 24 do DecretoLei nº 37/66, regulamentado pelo art. 97 do RA. Inciso I, do § 3º do art.665. o Art. 106, inc. II, alínea “d” do DecretoLei nº 37/66, regulamentado pelo art. 702, inc. III, alínea “c” do Decreto n° 6.759/2009 (RA). o Art. 2º, inc. I e seu § 3º da Lei nº 4.502/64, com redação dada pelo art. 80 da Lei 10.833/2003. o Art. 3º, inc. I, § 1º e art. 4º, inc. II da Lei 10.865/04. Art. 6º, inc. IV da Lei nº 10.865/2004. Fl. 686DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 683 9 o Art. 83, inc. I da Lei n° 4.502/64, com redação dada pelo DecretoLei n° 400/68, regulamentado pelo art. 704 do Decreto n° 6.759/09 (RA). o Art. 60, inc. II e seu § único e art. 32, inc. II do DecretoLei nº 37/66, regulamentados pelos art. 649, inc. II c/c art. 662 e art. 104, inc. II do RA. Da Impugnação Cientificada por meio eletrônico em 03/10/2014 da exigência imposta (fls. 140), a LOCALFRIO apresentou em 21/10/2014, impugnação (fls. 141/165) e documentos (fls. 166/326), para aduzir, em síntese, o seguinte: [...] Diz a impugnante que a autuação formalizada neste processo não pode prosperar, pois não fraudou controles aduaneiros, nem tampouco agiu com dolo ou em conluio para subtrair mercadorias e que a lavratura do auto de infração viola princípios basilares do ordenamento jurídico. Preliminarmente, pede a suspensão do presente Auto de Infração até que seja decidido definitivamente o processo referente à cassação da habilitação para armazenagem de cargas (processo nº 11128.728160/2014 76), ou que, no mínimo, o presente processo e o referente à cassação sejam julgados em conjunto, para evitar decisões conflitantes, nos termos do art. 151, inciso III do CTN, em razão da autuação ter sido fundamentada na presunção da ocorrência de subtração de bens sob controle aduaneiro. [...] Argumenta que a Fiscalização não dispondo de provas, mas sim, de meios de prova (indícios), não poderia, num salto, presumir que o conteúdo das bombonas era ácido fenolsulfônico, pelo simples fato da impugnante ter deixado de alertar a Alfândega da ausência de “identificação, composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc.” nas embalagens das cargas. [...] Afirma que ao contrário do que foi relatado no auto de infração, a impugnante não é um “recinto alfandegado especializado em produtos químicos”, mas sim, em armazenagem frigorificada. E que efetuou o registro da IDFA – Identificação de Faltas e Avarias, consoante orientação da Comunicação de Serviço GAB nº 29/96 e alterações seguintes, ou seja, identificou genericamente as mercadorias e embalagens individualmente por item de BL e deixou de registrar as “marcas e contramarcas” porque inexistiam no próprio BL e na invoice apresentada pelo representante legal da QUIRIOS (fls. 43). Fl. 687DF CARF MF 10 A impugnante não tinha condições de suspeitar que o conteúdo das 800 bombonas era diverso ao descrito no BL, uma vez que as ações de controle aduaneiro da impugnante são adstritas ao plano documental, não tem qualquer ingerência sobre a análise laboratorial do conteúdo. Ressalta ainda que a tese de que a impugnante intencionalmente agiu para prejudicar o procedimento de identificação da mercadoria sob controle aduaneiro tem oposição no fato de a própria impugnante ter registrado a diferença de 5.690 kg a menor e o acréscimo de duas bombonas. A diferença de peso registrada a menor de 5.690 kg e o acréscimo de dois volumes é um forte indício de que dentro das bombonas originárias da China já não existia o produto químico acido fenolsulfônico, de densidade 1,337 kg/l, enquanto a da água é de 1,00 kg/l. Pois, por ser mais denso o produto químico, o acréscimo de duas bombonas acarretaria peso total a maior, o que não foi o caso. Alega ainda que o art. 564 do Decreto nº 6.759/2009 se aplica à conferência aduaneira, contexto diverso ao ato da desunitização, e não se aplica ao recinto alfandegado. E que também o art. 10 da IN SRF 680/06 não tem aplicação no caso concreto, uma vez que o mesmo tem como destinatário o importador e não o recinto alfandegado. Cita o abandono de outra carga importada (sodium silicofluoride) pela QUIRIOS também do fornecedor estrangeiro NANJING QIANXING CHEMICAL CO.LTD, acondicionada no contêiner MRKU69393877, para a qual não foi detectada falta ou acréscimo, mas que foi constatado que a mercadoria importada não correspondia à descrição constante da fatura comercial e do BL (fls. 42), para a qual não foi feita qualquer autuação. Entende enfraquecida, dessa forma, a alegação da Fiscalização, em razão da importadora QUIRIOS “não ter o hábito de abandonar cargas, desunitizálas ou deixálas por longo período em local alfandegado” (fls. 108), ainda mais que essa outra carga abandonada, que também foi desunitizada procede do mesmo exportador, NANJING QIANXING CHEMICAL CO., LTD. Nesse caso, o recinto alfandegado não registrou o IDFA para a carga declarada de sodium silicofluoride, pois, o que o recinto alfandegado presenciou fisicamente foram embalagens que correspondiam ao que estava especificado no BL, uma vez que o exame é apenas documental. Não foi autuada, portanto, em razão da carga efetivamente importada ter sido outra, diversa da indicada nos rótulos e BL. Conclui, que o fato do produto ser embalado com rótulo identificativo do conteúdo não assegura que o conteúdo seja o indicado. Acrescenta ainda que antes da desunitização ocorreu a inspeção da madeira industrializada por Fiscal Federal Agropecuário (fls. 51), da mesma forma que o conferente, reconferente e o encarregado do armazém da impugnante, ao abrirem o contêiner MSKU5726291 visualizaram a maioria das bombonas plásticas sem identificação do conteúdo, o que tinha era apenas identificação do importador, o nome QUIRIOS e o CNPJ, e a origem R.P.C. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 684 11 Por fim, que o indício apurado (ausência de alerta por parte do recinto alfandegado) não pode levar à presunção de que o conteúdo das 800 bombonas corresponda a acido fenolsulfônico e que a impugnante já sabia da natureza da carga por ocasião da desunitização (fls. 105). Assim, não podem ser exigidos tributos sobre mercadorias vindas do exterior, em que não se comprovou a ocorrência do fato gerador, ou seja, a entrada da mercadoria no território aduaneiro, nos termos do art. 72 do Decreto nº 6.759/2009, e do art. 3º, inciso I da Lei nº 10.865/04. No tocante à acusação de subtração de bens e mercadorias sob controle aduaneiro, também a fiscalização presumiu a sua ocorrência, a partir de um indício, ausência de alerta, quando constatou que a carga importada correspondia à água, presumiu a subtração do conteúdo declarado. Para chegar a essa conclusão, a Fiscalização teria se valido da condição de imputar delito de natureza criminal para exigir recolhimento de tributos. Alega que os conceitos de natureza eminentemente jurídicopenal não podem ser transpostos ao Direito Aduaneiro, sem que tenha ocorrido uma ampla instrução probatória. Que o conluio da impugnante com a empresa QUIRIOS deveria ser provado primeiramente, no âmbito penal, sob pena de expressa ofensa ao art. 5º, LVII, da CF/88. E que o silêncio da importadora ao notar na desunitização a falta de identificação do conteúdo da carga nas embalagens, não pode ser interpretado como mola para a sugerida “operação escandalosa”. Pois, antes era imprescindível a apuração das informações prestadas pelo representante legal do importador relacionada ao alegado corte abrupto de transações comerciais entre importador e exportador (fls. 34). Faz diversas indagações para mostrar a necessidade de apuração do alegado corte abrupto de transações comerciais entre importador e exportador, e protesta pela posterior juntada de prova documental em poder de terceiro, para que sejam trazidos ao presente processo todos os documentos apresentados pela empresa QUIRIOS nos autos do processo nº 11128.726158/201405, nos termos do art. 5º, XXXIII da CF/88 c/c art. 3º, inciso I, da Lei nº 12.527/2011. Reitera que nunca “entrou e saiu” qualquer bombona sem registro de seu recinto alfandegado, que as mercadorias vindas do exterior não correspondiam ao produto químico ácido fenolsulfônico, mas sim, à água, conforme demonstram os seguintes fatos: 1) após a desunitização do contêiner MSKU572.6291, este, antes mesmo de sua saída teve duas pesagens aos 09/08/2012, respectivamente: 5,620 kg às 16:33 e 7.850 kg, às 16:58, o que demonstra estar vazio, sem as "mais de 20 toneladas”. 2) inexiste irregularidade alguma quanto ao horário da realização da desunitização (04:00 h do dia 09/08/2012), de sorte que no mesmo dia e período foram realizadas, ao todo, 5 (cinco) desunitizações: 3 da Fl. 689DF CARF MF 12 Siemens, 1 da Hidroall e 1 da Quirios, sendo que no mês de agosto de 2012 tiveram 475 desunitizações, sendo 113 delas realizadas no período da noite: 3) quando do abandono informado à Alfândega do porto de Santos ocorrido aos 29/08/2012, a impugnante ainda dispunha das imagens (filmagens ou fotografias) do momento da desunitização ocorrida aos 09/08/2012, em respeito à Portaria RFB n° 3.518/2011, art. 17, §2° (manter os arquivos correspondentes pelo prazo mínimo de 90 dias). Logo, o Termo de Intimação da DIVIG n° T20.001975/09133202 de fl. 72, este sim, "não faz sentido”, de sorte que ocorrido somente em janeiro de 2014. A ausência das imagens requisitadas pela DIVIG não se deu por isolada neste período, mas sim, de todo o arquivo histórico anterior a abril de 2013, eis que a impugnante necessitou modernizar o sistema analógico pelo digital, por força até mesmo da exigência constante da Portaria n° 3.518/11 c/c art. 14,1 da Portaria ALF/STS n° 230/121. Ressalta ainda a impugnante que não teria motivos para essa suposta prática dolosa, e, por conseguinte para colocar em risco a sua concessão de alfandegamento, em razão dos 55 contêineres de produtos importados pela QUIRIOS no período de 2010 a 2014 destinados ao seu recinto alfandegado, apenas em um tenha sido constatada essa “troca de carga”, dada a irrelevância dos valores envolvidos, US$ 29.696,00, e da grande quantidade de pessoas envolvidas na operação, 15 (quinze), sem contar outros 20 (vinte) colaboradores que poderiam notar a operação atípica. Alega que o que ocorreu foi um “golpe” do exportador chinês, conforme demonstram documentos fornecidos pela empresa QUIRIOS à impugnante em resposta de 02/10/2014, à interpelação judicial de 01/10/2014. “Dentre os documentos fornecidos, consta troca de mensagens eletrônicas entre o representante legal da QUIRIOS e seu correspondente na China, datado do dia 15 de maio de 2012, cuja ordem foi para não nacionalizar as mercadorias importadas em função da fraude do exportador”. A empresa QUIRIOS, portanto, antes mesmo da chegada das mercadorias ao Brasil (30/05/2012), já sabia de antemão do “golpe do exportador chinês”, tendo também em sua defesa disponibilizada “extra autos à impugnante, afirmado que não se fez presente no ato de desunitização porque já sabia do golpe e não queria perder tempo com burocracia”. Por fim, pede: [...] Da conversão do julgamento em diligência Fl. 690DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 685 13 O presente julgamento foi convertido em diligência (Resolução DRJ/FOR 2ª Turma nº 08002.956 – fls. 332/334) para que a unidade de origem anexasse aos autos a documentação comprobatória da regular inserção do sujeito passivo solidário QUIRIOS PRODUTOS QUÍMICOS LTDA., CNPJ: 60.776.788/000154 no pólo passivo da presente autuação, caso inexistente, que fosse providenciada essa ciência ao sujeito passivo solidário da exigência fiscal e das peças e fundamentos que lhe amparam, nos termos do que dispõem os artigos 14, 15 e 23 do Decreto nº 70.2375/19722 e alterações posteriores. Manifestação do sujeito passivo LOCALFRIO [...] Do cumprimento da diligência [...] Impugnação do sujeito passivo QUIRIOS PRODUTOS QUÍMICOS, de 17/12/2015 Em 17/12/2015, a QUIRIOS PRODUTOS QUÍMICOS apresentou sua impugnação (fls. 361/382) e documentos (fls. 383/554), por meio de seu procurador (fls. 383/385). [...] a impugnante no que tange a "substituição" de mercadorias, em síntese: [...] • Que no caso dos autos a única penalidade que poderia ter lhe sido imposta seria a de perdimento por abandono das mercadorias prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976. • Que as diversas mensagens eletrônicas trocadas entre o Sr. Ricardo Pansa, Diretor da Impugnante, a Sra. Lúcia, a analista da Impugnante que tratava internamente, dos processos de importação, o Sr. Eduardo Lee, correspondente da Impugnante na China, e a Sra. Esther, representante da empresa exportadora da China, no período de 02/02/2012 a 15/05/2012, anexadas aos autos (Doc. 8 à Doc. 26), demonstram que a impugnante foi enganada pelo exportador chinês, que simulou o envio de ácido, enviando outro produto ou apenas água dentro do contêiner. [• Que em momento algum foi comprovada a participação ou interesse da Impugnante em fraudar e enganar a fiscalização, especialmente pelo bom histórico da sociedade junto as Autoridades Aduaneiras e pelo volume de exportação que ela realiza, o que contraria o art. 124 do CTN. • Que a Impugnante era a destinatária das mercadorias importadas do seu fornecedor chinês, no entanto como acima exposto, a Impugnante ao notar que estava sendo enganada pelo referido fornecedor, decidiu não Fl. 691DF CARF MF 14 concretizar a compra do Ácido, que ora foi substituído supostamente por água. • Que, de acordo com o art.660, do Decreto n° 6.759/2009, os tributos são exigidos dos responsáveis, elegendoos no parágrafo § 1º. • Que o artigo 393 do Código Civil, instituto de direito privado aplicável ao caso em tela é claro ao prescrever que devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior. • Que, nesse mesmo sentido, o Decreto n° 6.759/2009 dispôs expressamente em seu artigo 664 que a responsabilidade a que se refere o art. 660 pode ser excluída nas hipóteses de caso fortuito ou força maior. • Que é mister o reconhecimento do caso fortuito ou força maior no caso do presente auto, logo, a exclusão da responsabilidade acima, segundo diploma legal, abrange o transportador e o depositário, mas por analogia, pode ser estender a impugnante, visto que era imprevisível e inevitável ter conhecimento de que a carga enviada para a impugnante pelo seu fornecedor chinês era água, não obstante existissem indícios que somente poderiam ser comprovados após a chegada do material no Porto de Santos. • Que foi justamente diante desses indícios de fraude na exportação Chinesa, e na dificuldade de identificar a empresa exportadora e, ainda, realizar vistoria técnica no produto, a Impugnante, resolveu não nacionalizar a mercadoria e notificar o exportador da desistência da Carga (Doc. 26). E mais, não havendo pelo exportador Chinês ações no sentido de buscar o retorno da mercadoria para a China, deixar que a mesma fosse objeto da pena de perdimento por abandono. • Que a fim de evitar que os prejuízos com a operação aumentassem a Impugnante solicitou a desunitização da mercadoria do contêiner, com o claro objetivo de não ser compelida pela CIA Marítima a pagar custo de DEMURRAGE. • Que, embora, os custos de armazenagem da mercadoria, sejam de responsabilidade na RFB, com recursos do FUNDAF, no caso de mercadorias objeto da pena de perdimento, a Impugnante optou por realizar os pagamentos na alfândega a fim de evitar cobranças e pressões costumeiras dos terminais, junto aos seus representantes locais, como por exemplo, seu despachante aduaneiro. • Que, diante da farta documentação acostada ao presente Auto de Infração, especialmente pela ausência de representante da Impugnante no momento da desunitização da carga, não pode a Impugnante ser responsabilizada como devedora da obrigação tributária principal, visto que tal responsabilidade, não obstante a Impugnante seja a importadora, é exclusiva do recinto alfandegado que, como relatado pela própria Autoridade Fiscal, deveria exercer total controle da carga importada sob sua custódia, inclusive por se colaborador e ter autorização do poder público e receber autorização para o manuseio dessas mercadorias. Fl. 692DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 686 15 • Que tal responsabilidade só poderia recair sobre a ora Impugnante caso houvesse prova de (i) ter concorrido para a suposta fraude alegada pelas Autoridades Fiscais; e (ii) havendo prova de que tal pratica teria de fato ocorrido, o que NÃO OCORREU no caso em tela. [...] • Que não obstante exista relato das Autoridades Fiscais no sentido de que o representante da Impugnante se encontrava presente no momento da desunitização, tal fato não ficou comprovado nos autos e decorreu tão somente da declaração apresentada pelo recinto LOCALFRIO S.A ARMAZÉNS GERAIS nas fls. 73/74 juntada ao presente Auto de Infração. • Que tanto é assim, que no julgamento do Auto de Infração n° 0817800/26146/14, lavrado para cassação licença de importar da Impugnante, foi decidido que "o Boletim de Desunitização não faz prova da presença de nenhum representante da empresa QUIRIOS PRODUTOS QUÍMICOS LTDA, e essa é a alegação da impugnante. [...] • Que sob o ponto de vista técnico, outro fato que colabora para comprovar que não houve a suposta subtração é o fato de que conforme descrito no Auto de Infração, haviam 800 bombonas que, de acordo com a balança, o peso girava em torno de 21 toneladas, o que é correto tratandose de água, visto que sua densidade é de 1,0 g/ml. No entanto, tal peso seria diferente se o produto fosse o Ácido Fenolsulfônico adquirido pela Impugnante, visto que tal produto possui densidade de 1,35. Anexo o relatório da representante da Impugnante que confirma esta diferença (Doc. 29). • Que, se observadas as informações do despachante aduaneiro, da Impugnante, tais informações confirmam que houve divergência no peso da mercadoria desde a sua chegada no Terminal, e não após a movimentação de desova (doc. 30). Isto confirma que o produto que chegou no contêiner, CONSIDERANDO A DENSIDADE E O PESO, era algo diferente do Acido Fenolsulfônico, levandose a crê que o referido produto se tratava de água, conforme constatado posteriormente. • Que tal fato por si só demonstra que haviam irregularidades MATERIAIS na mercadoria, o que levou a Impugnante a DESISTIR DA OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO e, assim, a adotar a postura defensiva que foi adotada concluindose de forma clara que, NÃO EXISTE ou HOUVE QUALQUER CONLUIO ou SIMULAÇÃO da Impugnante com o Recinto Alfandegado para a suposta prática do delito de que é acusada (Doc. 04). • Que, ainda que inexistisse prova nos autos comprovando que a Impugnante teria sido enganada pelo seu fornecedor chinês e que supostamente, como pretende as Autoridades Fiscais, a carga teria sido trocada no interior do Recinto Alfandegado no Porto de Santos, não é possível a atribuição de responsabilidade solidária a Impugnante, vez que a carga estaria sob controle fiscal e a responsabilidade do Recinto Alfandegado Fl. 693DF CARF MF 16 e de seu fiel depositário, sendo sua a obrigação de manter em segurança todas as cargas que ali estão depositadas [...] (Grifos do original). O citado acórdão decidiu pela improcedência das impugnações, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 25/07/2014 PEDIDO DE SUSTENTAÇÃO ORAL NO ÂMBITO DA DELEGACIA DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. É descabido o requerimento de sustentação oral, no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, por absoluta ausência de previsão normativa na legislação que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. Nesta instância de julgamento a manifestação no processo administrativo somente se dará por escrito. DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. As solicitações de diligência ou perícia que sejam consideradas prescindíveis pela autoridade julgadora devem ser justificadamente indeferidas. PEDIDO DE ENCAMINHAMENTO DE PROVAS DESTE PROCESSO A OUTRO PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESCABIMENTO. O interessado tem pleno acesso ao processo administrativo e pode requisitar cópia do documento que lhe aprouver e solicitar a juntada em outro processo, conforme sua vontade, nos termos do art. 3º, incisos II e III, da Lei nº 9.784/1999. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 25/07/2014 MULTA. MERCADORIA DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. INTRODUÇÃO CLANDESTINA NO PAÍS. CONSUMO OU ENTREGA A CONSUMO. Aplicase a multa igual ao valor comercial da mercadoria aos que entregarem a consumo, ou consumirem, mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada de forma irregular ou fraudulentamente, prevista no artigo 83, inciso I, da Lei n.º 4.502/1964, com a redação dada pelo Decretolei nº 400/1968. EXTRAVIO. FATO GERADOR. Considerase ocorrido o desembaraço aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo extravio ou avaria venham a ser apurados pela autoridade fiscal. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 687 17 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/07/2014 EXTRAVIO. SUBTRAÇÃO DE CARGA. RESPONSABILIDADE. A responsabilidade pelo subtração de mercadoria sob controle aduaneiro, mediante substituição da carga importada por outra em recinto alfandegado, deixada ao abandono em recinto alfandegado é dos agentes que lhe deram causa. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte LOCALFRIO apresentou recurso voluntário, no qual, em síntese, aduz: preliminarmente, a conexão com o processo nº. 11128.726160/201476, que trata da cassação da habilitação para operar no comércio exterior; e, no mérito; ante a premissa de “subtração de mercadorias sob controle aduaneiro”, a autuação a equiparou ao extravio; que não houve entrada da mercadoria em território nacional; a violação princípios da legalidade e da tipicidade; e a aplicação do princípio da verdade material. Já o responsável solidário QUIRIOS, não apresentou recurso voluntário dentro do prazo regulamentar (Termo de Perempção às fls. 623). A recorrente junta PARECER CONCLUSIVO/DIANA/SRRF 08.ª RF nº 044/2016 (fl. 656 e seguintes), que conclui por afastar a "sanção administrativa de CANCELAMENTO ou CASSAÇÃO do registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação para movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, em virtude de prática de infração prevista na alínea “g”, do inciso III, do art. 76, da Lei n.º 10.833 – “ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, ou dele ocultar, a importação ou a exportação de bens ou de mercadorias.“, no curso do processo administrativo 11128.726160/201476. Reproduzo conclusão: Enfim, compulsandose os autos do presente processo, verificase que os argumentos colacionados no Auto de Infração com vistas a respaldar a tese de que as bombonas foram substituídas dentro do recinto da Localfrio, amparamse apenas em aspectos circunstanciais e, portanto, não são suficientes para se sustentar a imposição da penalidade aqui tratada. Remanescendo, pois, dúvidas acerca de ocorrências de fatos tais como descritas pela Fiscalização, incabível a aplicação da penalidade aqui proposta, motivo pelo qual propõese que seja conhecido o RECURSO e no mérito seja julgado PROCEDENTE, exonerando a LOCALFRIO S.A. ARMAZÉNS GERAIS FRIGORÍFICOS CNPJ n° 58.317.751/000205 , da penalidade de CASSAÇÃO decorrente da prática da infração capitulada na alínea “g”, do inciso III, do art. 76, da Lei n.º 10.833/2003 (Grifos do original). Foime distribuído o presente processo para relatar e pautar. É o relatório. Fl. 695DF CARF MF 18 Voto Fl. 696DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 688 19 Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. Preliminar Aduz a recorrente, em sede de preliminar, "que existe uma nítida relação de conexão" entre o crédito tributário sob julgamento no presente processo "e a discussão promovida no âmbito do Processo Administrativo nº. 11128.726160/201476, o qual tinha como escopo a confirmação ou não da sanção restritiva de direito de cassação da habilitação para operar no comércio exterior fundamentada na alínea g), inciso III do art. 76 da Lei nº. 10.833 de 2003". Diz que, ao se discutir " em ambos os casos a responsabilidade do depositário" quanto as mercadorias, "não se pode admitir julgamentos contraditórios nesse caso" (grifos do original). Ao final de sua peça recursal, no capitulo de "PEDIDOS", a recorrente pugna pela vinculação dos processos e o sobrestamento do presente até o julgamento final do processo a baixa em diligência do presente processo 11128.726160/201476. Não assiste razão à recorrente. Como já colocou o acórdão de piso: O processo de aplicação da sanção administrativa, prevista no art. 76, inciso III, alínea “g” da Lei nº 10.833/2003, tem rito próprio estabelecido pelos §§ 9º a 14, do mesmo dispositivo, adiante transcritos, diverso ao rito do processo administrativo atinente à exigência do crédito tributário, regulado pelo Decreto nº 70.235/1972. O § 15 do art. 76 da Lei nº 10.833/2003, por sua vez, expressamente determina que a aplicação das sanções de que trata esse artigo não prejudica a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, se for o caso. [...] Art. 76. [...] § 15. As sanções previstas neste artigo não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso. (Grifouse) 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 697DF CARF MF 20 Ademais, não há previsão legal de sobrestamento de processo de exigência fiscal, dentro das normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal. Assim, quanto a preliminar, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Mérito Segundo o relatado, a consignatária da carga, QUIRIOS autorizou a transferência desta, do local de descarga, na faixa portuária, para o recinto alfandegado de sua eleição, a LOCALFRIO, tendo o contêiner MSKU5726291 efetivamente entrado neste recinto para armazenamento, em 30/05/2012. A dita remoção foi feita sob inteira responsabilidade do depositária. Em 29/08/2012, a LOCALFRIO informou, nos termos da legislação de regência, o abandono da carga. Em procedimento de apreensão de cargas abandonadas, que teve curso em 29/12/2012, consignado no Termo de Constatação nº 004/2013 (fls.05), consta que: • A suposta carga abandonada de ácido fenolsulfônico sob custódia do recinto “não possuía informação alguma em seus invólucros (identificação, composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc)”, fato considerado atípico para o tipo de carga declarada no conhecimento de transporte: produto químico denominado de Ácido Fenolsulfônico. • Exame laboratorial feito em amostras do produto depositado confirmou a suspeita de que o produto depositado não era o declarado no conhecimento de transporte, mas, sim água contendo sujidades (impurezas), conforme laudo de análise nº 1.580/12 [...] • No momento da conferência da carga pela Autoridade Aduaneira, a carga não mais se encontrava dentro do contêiner em que veio acondicionada do exterior, mas sim depositada no recinto alfandegado LOCALFRIO. Apesar do contrato de transporte ter sido househouse, ou seja, o contrato de transporte previa que a carga seria transportada dentro do contêiner (devidamente lacrado) até o estabelecimento do importador, a própria Quirios (por meio da empresa Portto Fortte) solicitou a desunitização (retirada da carga do contêiner) à empresa LOCALFRIO (fls. 35 e 48). • Inexistiam lacres nas bombonas da carga supostamente abandonada e que as tampas internas e externas dessas bombonas eram de fácil remoção e que os pesos variavam de 26 a 30 kg cada (fls. 05). Observa a fiscalização, que, em 31/07/2012, ocorreu a dita desunitização, requisitada por representante da QUIRIOS, que se fez presente na sua efetivação, segundo a LOCALFRIO, Em 10/08/2012, a depositária lavrou termo de IDENTIFICAÇÃO DE FALTAS E ACRÉSCIMOS (IDFA), dando conta da presença de 802 bombonas, com o Fl. 698DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 689 21 acréscimo de 2 delas em relação ao manifestado (fl. 79), constando carimbo da Alfândega do Porto de Santos, em 10/08/2012. Observei que, deste documento, constam como manifestadas 800 bombonas e desembarcados 800 sacos de papel, estes incompatíveis com o armazenamento de água. Registra a fiscalização que a carga não possuía nenhuma identificação nos volumes "acerca de composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc, obrigatória em todos os volumes, nem mesmo do pictograma indicativo de ácido (Hazard Pictogram), de afixação obrigatória em todos os volumes desse tipo de produto". Coloca que existe "norma específica que exige informações sobre as características precisas e determinadas como natureza, composição, marca, contramarca e Fl. 699DF CARF MF 22 demais especificações para fins de perfeita identificação do produto declarado no conhecimento de transporte". E acrescenta que " a omissão em relatar ocorrência dessa natureza às Autoridades Aduaneiras é indesculpável, obrigação derivada não somente da condição como colaboradores do órgão público que são, mas também de [...] responsável pelo armazenamento de cargas sob controle fiscal (depositário), nos termos da legislação aduaneira [...]". A recorrente LOCALFRIO argumenta que a Fiscalização não dispondo de provas, mas, tão somente, de indícios, não poderia presumir que o conteúdo das bombonas era ácido fenolsulfônico, pelo simples fato de a recorrente ter deixado de alertar a Alfândega a ausência de identificação, composição, fabricante, país de origem, peso, data de validade do produto, graus de risco, etc, nas embalagens das cargas. Afirma que "procedeu ao registro da IDFA – Identificação de Faltas e Avarias consoante orientação das Comunicações de Serviço GAB nº 29/96 e alterações seguintes". Aduz que: identificou de forma genérica as mercadorias e embalagens individualmente por item de BL e deixou de registrar as “marcas e contramarcas” justamente porque não existiam no próprio BL!!! Observese que na "PERFORMA INVOICE" referida pela recorrente (fl. 43) há menção sim a natureza da mercadoria, ainda que não houvesse indicação de “marca e contramarca”: O IDFA que lavrou a recorrente não deu conta do extravio, mas do acréscimo de dois volumes de bombonas. Supondo que, na desunitização lá estivessem as 800 bombonas, ainda assim deveria observar a depositária a falta de identificação de identificação do conteúdo dos volumes, no caso de produtos químicos, informação obrigatória que é, devendo ter alertado o controle aduaneiro, mediante protesto ou ressalva. Não o fazendo, não se pode valer de excludente da responsabilidade que a lei lhe atribui por extravio de carga sob a sua responsabilidade. Diz a LOCALFRIO que o representante da QUIRIOS assumiu inteira responsabilidade pela carga, quando solicitou a desunitização. Na fl. 48 consta a solicitação de desunitização da carga, por parte da PORTTO FORTTE LOGÍSTICA, com termo de assunção de responsabilidade quanto "a eventuais avarias. quando da desunitização" e "ainda, por faltas e acréscimos que possam ocorrer". Tal cláusula é acordo entre particulares, a qual não supera a atribuição de responsabilidade de que trata a Lei. A luz dos fatos exposto, presumese exigíveis do depositário os tributos relativos às mercadorias extraviadas, por ter sido constatado o extravio de mercadoria sob sua custódia, tendo os volumes sido recebidos sem ressalva ou sem protesto do extravio, nos termos do Decreto 6.759/09 (Regulamento Aduaneiro RA/09), art. 662, caput e parágrafo único, e 105, I (sendo extravio o definido no art. 649, II, do mesmo diploma): Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 690 23 Art. 662. Para efeitos fiscais, o depositário responde por extravio de mercadoria sob sua custódia. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) Parágrafo único. Presumese a responsabilidade do depositário no caso de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. [...] Art. 105. É responsável pelo imposto: [...] II o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 32, caput, inciso II, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 1988, art. 1º); ou (Grifouse). As contribuições Pis/Pasep e Cofins são exigìveis nos termos da Lei 10.865/04, artigos 1º, 3º, I, 4º, II e 6º. O extravio sob a responsabilidade da depósitário, além de imporlhe a obrigação de recolher tributos, faz aplicar também a multa do RA/09, art. 702, III, “c”, de 50% do "valor do imposto incidente sobre a importação da mercadoria". Além do exposto, a Fiscalização a depositária e a consignatária desfilam seuas teses quanto ao ocorrido: 1) Tese da Fiscalização: [...] a totalidade da carga vinda do exterior no contêiner [...] foi subtraída do controle aduaneiro da União, tendo sido substituída dentro do recinto alfandegado LOCALFRIO por recipientes contendo água, sem valor comercial, [...]. [...] não houve importação de água, mas sim, de 21 toneladas de bens e/ou mercadorias da China manifestados no conhecimento eletrônico e registrados na balança do operador e no recinto alfandegado [...], tendo o importador se furtado dos controles tributário e aduaneiro, simulando importação e abandono de recipientes. Traça, inclusive um roteiro do que teria ocorrido: Para a colocação em prática da fraude detectada na qual ficou patente o conluio entre a importadora QUIRIOS e o recinto LOCALFRIO, segundo a Fiscalização, seria necessária a seguinte logística para a troca da carga: 1. Solicitação de desunitização da carga pela importadora QUIRIOS a LOCALFRIO; Fl. 701DF CARF MF 24 2. Autorização de entrada de veículo transportando 800 bombonas de água no recinto alfandegado LOCALFRIO sem nenhum registro. 3. Desunitização da carga importada (ácido fenolsulfônico), na presença do importador, e sem a colocação de nenhum número de lote de armazenagem, pois essa carga será retirada do local alfandegado sem autorização e conhecimento da Receita Federal; 4. Retirada da mercadoria importada (declarada como acido fenolsulfônico) sem nenhum registro na Portaria. Os veículos que transportam 800 bombonas, pesando mais de 20 toneladas entram e saem do recinto alfandegado LOCALFRIO sem nenhum registro. 5. Os volumes contendo água são armazenados na LOCALFRIO como se fossem a carga importada de ácido fenolsulfônico recebendo número de lote (1868212) correspondente à carga que foi desunitizada do contêiner MSKU5726291 – LOCALFRIO; 6. A importadora QUIRIOS efetua os pagamentos pela operação de desunitização. 7. A importadora QUIRIOS abandona a carga no recinto LOCALFRIO, e ultrapassado o tempo limite de armazenagem, a Receita Federal é informada do abandono pelo recinto como se nenhuma irregularidade com a carga tivesse sido notada. 2) Tese da LOCALFRIO: [...] antes mesmo das mercadorias importadas chegarem ao Brasil (30/05/2012), a empresa QUIRIOS já sabia, de antemão, do “golpe do exportador chinês” e nada comunicou a fiscalização alfandegária, se dando ao luxo, inclusive, de sequer participar diretamente do ato de desunitização. 3) Tese da QUIRIOS: • Que as diversas mensagens eletrônicas trocadas entre o Sr. Ricardo Pansa, Diretor da Impugnante, a Sra. Lúcia, a analista da Impugnante que tratava internamente, dos processos de importação, o Sr. Eduardo Lee, correspondente da Impugnante na China, e a Sra. Esther, representante da empresa exportadora da China, no período de 02/02/2012 a 15/05/2012, anexadas aos autos [...], demonstram que a impugnante foi enganada pelo exportador chinês, que simulou o envio de ácido, enviando outro produto ou apenas água dentro do contêiner. E se justifica: • Que foi justamente diante desses indícios de fraude na exportação Chinesa, e na dificuldade de identificar a empresa exportadora e, ainda, realizar vistoria técnica no produto, a Impugnante, resolveu não nacionalizar a mercadoria e notificar o exportador da desistência da Carga (Doc. 26). E mais, não havendo pelo exportador Chinês ações no sentido de buscar o Fl. 702DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 691 25 retorno da mercadoria para a China, deixar que a mesma fosse objeto da pena de perdimento por abandono. [...] • Que sob o ponto de vista técnico, outro fato que colabora para comprovar que não houve a suposta subtração é o fato de que conforme descrito no Auto de Infração, haviam 800 bombonas que, de acordo com a balança, o peso girava em torno de 21 toneladas, o que é correto tratandose de água, visto que sua densidade é de 1,0 g/ml. No entanto, tal peso seria diferente se o produto fosse o Ácido Fenolsulfônico adquirido pela Impugnante, visto que tal produto possui densidade de 1,35. Anexo o relatório da representante da Impugnante que confirma esta diferença (Doc. 29). Sobre a depositária, afirma: • Que não obstante exista relato das Autoridades Fiscais no sentido de que o representante da Impugnante se encontrava presente no momento da desunitização, tal fato não ficou comprovado nos autos e decorreu tão somente da declaração apresentada pelo recinto LOCALFRIO S.A ARMAZÉNS GERAIS nas fls. 73/74 juntada ao presente Auto de Infração. Ao meu ver, o que resta demonstrado é que a QUIRIOS percebeu algo de errado com a carga ou já sabia de antemão, conforme relata, e nada fez, ocultando o fato da fiscalização, quando deveria informála até, em seu benefício, na questão do seguro. Entendo que a atitude da QUIRIOS ultrapassa a negligência. E nessa ocultação, pode até ter havido a participação consciente da LOCALFRIO ou de alguns de seus prepostos. Se adentrou o recinto da depositária água, ácido ou outro produto, entendo não ser possível determinar cabalmente, tão somente com o que consta dos autos. Assim, quanto à penalidade restante, a multa de 100% do "valor comercial da mercadoria", prevista no art. 704 do RA/09, entendo que a tese da fiscalização não está demonstrada, tratandose de mera suposição; não havendo portanto prova suficiente da prática prevista no tipo infracional: a entrega ao consumo ou consumo, “de mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação" A fiscalização coloca a consignatária da carga, QUIRIOS, como solidária na autuação, por entender que: apesar de ciente da chegada da carga, não tomou qualquer providência para o registro da DI, nem quanto à troca da carga, não atendeu à intimação da Receita Federal para prestação de informações sobre suas importações anteriores, e, presenciou a desunitização da carga (fls. 73), conforme informado pela LOCALFRIO, consoante disposições dos artigos. 264 do Código Civil, do 124 do CTN. Fl. 703DF CARF MF 26 A legislação que responsabilizou a depositária no caso do extravio, de forma presuntiva, nos termos do art. 662, caput e parágrafo único, não faz presumir solidarização da consignária. Ainda que esta não tenha juntado recurso voluntário, o erro na identificação do sujeito passivo é matéria de ordem pública, não atingida pela preclusão, como já decidiu este CARF (acórdão 2401003.554). Tal erro é vício material, por afetar elementos constitutivos da obrigação tributária, em consonância com o que tem decidido a Câmara Superior deste CARF (acórdãos 9101002.713 e 9303005.85). Assim, por vício material, deve ser declarado nula a autuação, nesse aspecto, nos termos dos artigos 61 do Decreto 70.235/72. A fiscalização também coloca "que não tem sentido o descarte de imagens referentes às cargas sem nenhuma identificação nas embalagens". Sobre esse ponto entendo razoáveis as explicações da LOCALFRIO: quando do abandono informado à Alfândega do porto de Santos ocorrido aos 29/08/2012, a impugnante ainda dispunha das imagens (filmagens ou fotografias) do momento da desunitização ocorrida aos 09/08/2012, em respeito à Portaria RFB n° 3.518/2011, art. 17, §2° (manter os arquivos correspondentes pelo prazo mínimo de 90 dias) [...] o Termo de Intimação da DIVIG n° T20.001975/09133202 de fl. 72, [...] o corrido somente em janeiro de 2014. A ausência das imagens requisitadas pela DIVIG não se deu por isolada neste período, mas sim, de todo o arquivo histórico anterior a abril de 2013, eis que a impugnante necessitou modernizar o sistema analógico pelo digital, por força até mesmo da exigência constante da Portaria n° 3.518/11 c/c art. 14,1 da Portaria ALF/STS n° 230/121. A recorrente LOCALFRIO socorrese da decisão no processo 11128.726160/201476 pela insubsistência da penalidade de cassação da habilitação para armazenar cargas sob o controle aduaneiro. A decisão proposta no presente voto está em consonância com a do dito processo de cassação, posto que no presente, como naquele, não se formou convicção acerca de substituição das bombonas dentro do recinto da depositária mediante ação ou omissão dolosa. A mesma recorrente aduz que, partindo da premissa de “subtração de mercadorias sob controle aduaneiro”, os auditores fiscais equipararam tal figura ao “extravio de mercadoria sob sua custódia”. Não é assim. O extravio de mercadoria sob custória do depositário sem ressalvas ou protesto obriga a exigência dos tributos e da multa do art. art. 702, III, “c”, sem que se demonstre subtração de mercadorias ou qualquer intuito doloso. A recorrente aduz não ter havido "sequer a entrada de mercadoria em território nacional, inexistindo, portanto, hipótese de incidência capaz de ensejar a cobrança do imposto de importação, quiçá então se falar em extravio de mercadorias sob a custódia da empresa Recorrente, de forma a justificar as multas". Não lhe assiste razão. O art. RA/09, art. 72, § 1º, assim estabelece "Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerase entrada no território aduaneiro a mercadoria que conste como importada e cujo extravio tenha sido verificado pela autoridade aduaneira". A recorrente alega violação aos princípios da legalidade e da tipicidade, quando não se ampara em provas, mas em indícios. Fl. 704DF CARF MF Processo nº 11128.727401/201402 Acórdão n.º 3301004.770 S3C3T1 Fl. 692 27 Traz o art. 97 do Código Tributário Nacional, pelo qual “somente a lei pode estabelecer a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas” (grifos do original). Certamente, mas no caso, a penalidade prevista no art. 702, II, "c" do RA/09, apenas reproduz os termos da Lei 37/66, art. 106, II, "d". Aduz a recorrente ser inadmissível "a exigência de um crédito tributário ou multa com fundamento apenas e tão somente em presunção". Não é assim. Para a aplicação da presunção legal, RA/09, art. 662, caput e parágrafo único, sob os ditames da Lei 8.010/13, basta a prova de que houve o extravio, que a mercadoria estava sob custódia da depositária e que não houve ressalva ou protesto quanto ao extravio, o que ocorreu no presente caso. A recorrente LOCALFRIO pugna pela aplicação do princípio da verdade material. Diz que a: A autoridade fiscal nunca deixou de ter como firme a perspectiva de que houve a subtração de mercadorias sob o controle aduaneiro, mesmo quando diretamente confrontada com a hipótese de que a mercadoria em questão sequer saiu de seu país de origem. Traz então a recorrente "a troca de mensagens eletrônicas do dia 15 de maio de 2012 entre o representante legal da empresa QUIRIOS e seu correspondente na China" na qual consta "ordem para não nacionalizar as mercadorias importadas em função da fraude do exportador" (grifos do original). Observese que, assim como este relator considerou não haver provas da substituição das mercadorias e da entrega ao consumo ou consumo da mercadoria, também entende que apenas esse email não tem força probrante suficiente para que se conclua que as bombonas já teriam vindo preenchidas com água e não ácido, desde a China, por fraude do exportador. Conclusão Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para afastar a multa prevista no art. 704 do Decreto 6.759/09 e declarar nula a autuação, por vício material, quanto à solidarização da importadora. (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Fl. 705DF CARF MF 28 Fl. 706DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000562/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006
PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉ-PROCESSUAL.INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA.
O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária e configura fase pré-processual.
O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo, nem lide.
O devido processo legal administrativo instaura-se a partir da pretensão resistida; a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (autos de infração) e dos quais o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência.
Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo (no caso processo administrativo), a partir da impugnação na primeira instância de julgamento.
Na fase processual, desde o início, foram e estão sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte e os sujeitos passivos solidários exerceram e continuam exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade o lançamento fiscal.
Os autos de infração foram lavrados por agente competente do fisco, com observância do art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto nº 70.235/72.
Não restando configurado vício que pudesse inquinar de nulidade o lançamento fiscal, rejeita-se a preliminar de nulidade suscitada.
SIGILO BANCÁRIO. ARTIGO 6º DA LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE.
O Pleno do Supremo Tribunal Federal, na Sessão de 24/02/2016, entendeu pela possibilidade de a Administração Tributária ter acesso aos dados bancários dos contribuintes, mesmo sem autorização judicial.
A decisão da Suprema Corte foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314-SP (repercussão geral).
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA (LEI Nº9.430/96,ART.42).OMISSÃODERECEITAS.PRESUNÇÃOLEGAL.INVERSÃODOÔNUSDAPROVA.
Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito, poupança e/ou investimento, junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fÍsica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Para imputação por presunção legal da infração omissão de receitas (fato probando) basta que o fisco comprove a ocorrência dos fatos indiciários: (i) falta de registro da movimentação financeira bancária na escrituração contábil/fiscal; (ii) existência de extratos bancários de conta corrente, em poder do fisco, cuja movimentação financeira bancária não foi registrada na escrituração; (iii) sujeito passivo, embora intimado e reintimado na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, deixou de comprovar a origem dos recursos ingressados a crédito em conta corrente bancária.
A partir desses fatos indiciários (fatos conhecidos) presume-se a ocorrência ou existência de omissão de receitas à margem da tributação (fato probando).
A presunção legal de omissão de receitas tem caráter relativo e inverte o ônus da prova.
O ônus probatório da não ocorrência do fato probando - omissão de receitas - é do sujeito passivo, que poderá afastá-la mediante produção de prova idônea, cabal.
Restando confirmado, comprovado, o valor tributável da infração imputada, mantém-se a infração imputada.
OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADAS. PROVA DIRETA. OPERAÇÃO DE COBRANÇA BANCÁRIA E DESCONTO DE CHEQUES/DUPLICATAS.
Restando demonstrada a omissão de receitas com prova direta, mantém-se a infração imputada.
RECEITA DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADA. OMISSÃO DE RECEITAS. DOLO. SONEGAÇÃO FISCAL. PROVA DIRETA. MULTA QUALIFICADA.
A prática reiterada da contribuinte de não registrar no livro Caixa sua movimentação financeira, deixar de emitir notas fiscais e declarar à Receita Federal do Brasil receitas em valor muito inferior ao que realmente auferiu, não deixa dúvida da intenção dolosa da contribuinte de ocultar o conhecimento por parte da Fazenda Nacional dos fatos gerados dos tributos e contribuições e, com isso, eximir-se do pagamento dos tributos, o que caracteriza intuito de sonegação, implicando na qualificação da multa de ofício.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARFnº 4).
São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Súmula CARF nº 5).
LANÇAMENTO REFLEXO: CSLL-SIMPLES, PIS-SIMPLES, COFINS -SIMPLES E INSS-SIMPLES.
Mantido o lançamento principal (IRPJ-Simples), mantém-se, também, os lançamento decorrentes pela intima relação de causa e efeito, inexistindo razão fática e jurídica para decidir diversamente.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA.
Respondem solidariamente com a empresa autuada pelos créditos tributários as pessoas que agiram com excesso de poderes e/ou infração à lei, nos termos do artigo 135, III, do CTN, bem assim aquelas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, I do CTN, somente naqueles créditos em foi comprovada a atuação dolosa, o que não ocorreu nos casos de omissão de receitas decorrentes de prova indireta, em que o lançamento foi presumido.
Numero da decisão: 1301-003.029
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso em relação à exigência do crédito tributário. No que diz respeito à responsabilidade tributária, por maioria de votos, dar-lhe provimento parcial para excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados em relação ao crédito tributário decorrente da infração de omissão de receitas com base em depósitos bancários sem comprovação de origem. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que negou provimento integralmente ao recurso. Designada a Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(assinado digitalmente)
Amelia Wakako Morishita Yamamoto - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15956.000562/2010-11
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5878649
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1301-003.029
nome_arquivo_s : Decisao_15956000562201011.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 15956000562201011_5878649.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso em relação à exigência do crédito tributário. No que diz respeito à responsabilidade tributária, por maioria de votos, dar-lhe provimento parcial para excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados em relação ao crédito tributário decorrente da infração de omissão de receitas com base em depósitos bancários sem comprovação de origem. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que negou provimento integralmente ao recurso. Designada a Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. (assinado digitalmente) Amelia Wakako Morishita Yamamoto - Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
id : 7360060
ano_sessao_s : 2018
ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2006 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉ-PROCESSUAL.INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária e configura fase pré-processual. O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo, nem lide. O devido processo legal administrativo instaura-se a partir da pretensão resistida; a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (autos de infração) e dos quais o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência. Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo (no caso processo administrativo), a partir da impugnação na primeira instância de julgamento. Na fase processual, desde o início, foram e estão sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte e os sujeitos passivos solidários exerceram e continuam exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade o lançamento fiscal. Os autos de infração foram lavrados por agente competente do fisco, com observância do art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Não restando configurado vício que pudesse inquinar de nulidade o lançamento fiscal, rejeita-se a preliminar de nulidade suscitada. SIGILO BANCÁRIO. ARTIGO 6º DA LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, na Sessão de 24/02/2016, entendeu pela possibilidade de a Administração Tributária ter acesso aos dados bancários dos contribuintes, mesmo sem autorização judicial. A decisão da Suprema Corte foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314-SP (repercussão geral). DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA (LEI Nº9.430/96,ART.42).OMISSÃODERECEITAS.PRESUNÇÃOLEGAL.INVERSÃODOÔNUSDAPROVA. Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito, poupança e/ou investimento, junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fÍsica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para imputação por presunção legal da infração omissão de receitas (fato probando) basta que o fisco comprove a ocorrência dos fatos indiciários: (i) falta de registro da movimentação financeira bancária na escrituração contábil/fiscal; (ii) existência de extratos bancários de conta corrente, em poder do fisco, cuja movimentação financeira bancária não foi registrada na escrituração; (iii) sujeito passivo, embora intimado e reintimado na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, deixou de comprovar a origem dos recursos ingressados a crédito em conta corrente bancária. A partir desses fatos indiciários (fatos conhecidos) presume-se a ocorrência ou existência de omissão de receitas à margem da tributação (fato probando). A presunção legal de omissão de receitas tem caráter relativo e inverte o ônus da prova. O ônus probatório da não ocorrência do fato probando - omissão de receitas - é do sujeito passivo, que poderá afastá-la mediante produção de prova idônea, cabal. Restando confirmado, comprovado, o valor tributável da infração imputada, mantém-se a infração imputada. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADAS. PROVA DIRETA. OPERAÇÃO DE COBRANÇA BANCÁRIA E DESCONTO DE CHEQUES/DUPLICATAS. Restando demonstrada a omissão de receitas com prova direta, mantém-se a infração imputada. RECEITA DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADA. OMISSÃO DE RECEITAS. DOLO. SONEGAÇÃO FISCAL. PROVA DIRETA. MULTA QUALIFICADA. A prática reiterada da contribuinte de não registrar no livro Caixa sua movimentação financeira, deixar de emitir notas fiscais e declarar à Receita Federal do Brasil receitas em valor muito inferior ao que realmente auferiu, não deixa dúvida da intenção dolosa da contribuinte de ocultar o conhecimento por parte da Fazenda Nacional dos fatos gerados dos tributos e contribuições e, com isso, eximir-se do pagamento dos tributos, o que caracteriza intuito de sonegação, implicando na qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARFnº 4). São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Súmula CARF nº 5). LANÇAMENTO REFLEXO: CSLL-SIMPLES, PIS-SIMPLES, COFINS -SIMPLES E INSS-SIMPLES. Mantido o lançamento principal (IRPJ-Simples), mantém-se, também, os lançamento decorrentes pela intima relação de causa e efeito, inexistindo razão fática e jurídica para decidir diversamente. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. Respondem solidariamente com a empresa autuada pelos créditos tributários as pessoas que agiram com excesso de poderes e/ou infração à lei, nos termos do artigo 135, III, do CTN, bem assim aquelas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, I do CTN, somente naqueles créditos em foi comprovada a atuação dolosa, o que não ocorreu nos casos de omissão de receitas decorrentes de prova indireta, em que o lançamento foi presumido.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:22:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589476159488
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 56; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2076; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.713 1 1.712 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15956.000562/201011 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.029 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2018 Matéria OMISSÃO DE RECEITAS Recorrente NOVO SÉCULO CONFECÇÕES LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉPROCESSUAL.INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária e configura fase préprocessual. O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo, nem lide. O devido processo legal administrativo instaurase a partir da pretensão resistida; a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (autos de infração) e dos quais o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência. Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo (no caso processo administrativo), a partir da impugnação na primeira instância de julgamento. Na fase processual, desde o início, foram e estão sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte e os sujeitos passivos solidários exerceram e continuam exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade o lançamento fiscal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 05 62 /2 01 0- 11 Fl. 1714DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.714 2 Os autos de infração foram lavrados por agente competente do fisco, com observância do art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Não restando configurado vício que pudesse inquinar de nulidade o lançamento fiscal, rejeitase a preliminar de nulidade suscitada. SIGILO BANCÁRIO. ARTIGO 6º DA LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, na Sessão de 24/02/2016, entendeu pela possibilidade de a Administração Tributária ter acesso aos dados bancários dos contribuintes, mesmo sem autorização judicial. A decisão da Suprema Corte foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314SP (repercussão geral). DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA (LEI Nº9.430/96,ART.42).OMISSÃODERECEITAS.PRESUNÇÃOLEGAL.INV ERSÃODOÔNUSDAPROVA. Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito, poupança e/ou investimento, junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fÍsica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para imputação por presunção legal da infração omissão de receitas (fato probando) basta que o fisco comprove a ocorrência dos fatos indiciários: (i) falta de registro da movimentação financeira bancária na escrituração contábil/fiscal; (ii) existência de extratos bancários de conta corrente, em poder do fisco, cuja movimentação financeira bancária não foi registrada na escrituração; (iii) sujeito passivo, embora intimado e reintimado na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, deixou de comprovar a origem dos recursos ingressados a crédito em conta corrente bancária. A partir desses fatos indiciários (fatos conhecidos) presumese a ocorrência ou existência de omissão de receitas à margem da tributação (fato probando). A presunção legal de omissão de receitas tem caráter relativo e inverte o ônus da prova. O ônus probatório da não ocorrência do fato probando omissão de receitas é do sujeito passivo, que poderá afastála mediante produção de prova idônea, cabal. Restando confirmado, comprovado, o valor tributável da infração imputada, mantémse a infração imputada. OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADAS. PROVA DIRETA. OPERAÇÃO DE COBRANÇA BANCÁRIA E DESCONTO DE CHEQUES/DUPLICATAS. Restando demonstrada a omissão de receitas com prova direta, mantémse a infração imputada. RECEITA DA ATIVIDADE NÃO ESCRITURADA. OMISSÃO DE RECEITAS. DOLO. SONEGAÇÃO FISCAL. PROVA DIRETA. MULTA QUALIFICADA. Fl. 1715DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.715 3 A prática reiterada da contribuinte de não registrar no livro Caixa sua movimentação financeira, deixar de emitir notas fiscais e declarar à Receita Federal do Brasil receitas em valor muito inferior ao que realmente auferiu, não deixa dúvida da intenção dolosa da contribuinte de ocultar o conhecimento por parte da Fazenda Nacional dos fatos gerados dos tributos e contribuições e, com isso, eximirse do pagamento dos tributos, o que caracteriza intuito de sonegação, implicando na qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARFnº 4). São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Súmula CARF nº 5). LANÇAMENTO REFLEXO: CSLLSIMPLES, PISSIMPLES, COFINS SIMPLES E INSSSIMPLES. Mantido o lançamento principal (IRPJSimples), mantémse, também, os lançamento decorrentes pela intima relação de causa e efeito, inexistindo razão fática e jurídica para decidir diversamente. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. Respondem solidariamente com a empresa autuada pelos créditos tributários as pessoas que agiram com excesso de poderes e/ou infração à lei, nos termos do artigo 135, III, do CTN, bem assim aquelas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, I do CTN, somente naqueles créditos em foi comprovada a atuação dolosa, o que não ocorreu nos casos de omissão de receitas decorrentes de prova indireta, em que o lançamento foi presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar provimento ao recurso em relação à exigência do crédito tributário. No que diz respeito à responsabilidade tributária, por maioria de votos, dar lhe provimento parcial para excluir a responsabilidade atribuída aos coobrigados em relação ao crédito tributário decorrente da infração de omissão de receitas com base em depósitos bancários sem comprovação de origem. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que negou provimento integralmente ao recurso. Designada a Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto para redigir o voto vencedor. Fl. 1716DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.716 4 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. (assinado digitalmente) Amelia Wakako Morishita Yamamoto Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1717DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.717 5 Relatório Tratase do Recurso Voluntário interposto, conjuntamente, pelo sujeito passivo NOVO SÉCULO CONFECÇÕES LTDA EPP e pelos responsáveis solidários (efls. 1654/1682) contra o Acórdão da 5ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto que, ao julgar manifestação de inconformidade improcedente, decidiu (efls. 1619/1640): a) manter integralmente os Autos de Infração do Simples Federal, ano calendário 2006; b) manter a sujeição passiva solidária dos Srs. Elias Aramiz Haddad (sócio administrador) e Aramiz Elias Haddad (procurador legal). Quantos aos fatos, consta dos autos: que, em 18/10/2010, em procedimento de fiscalização externa, a fiscalização da DRF/Ribeirão Preto lavrou Autos de Infração do Simples Federal (IRPJ Simples, CSLL Simples, PISSimples, Cofins Simples e Contribuição para Seguridade Social INSS Simples), anocalendário 2006, imputando as seguintes infrações (efls. 1480/1545): (...) 001 OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS (...) Enquadramento legal: Art. 24 da Lei 9.249/95, arts. 2º,§ 2º, 3º, § 1º, alínea "a", 5º, 7º, §1º, 18, da Lei 9.317/96; Art. 3º da Lei 9.732/98; Arts. 186, 188 e 189 do RIR/99. 002 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS. (...) Enquadramento legal: Art. 24 da Lei 9.249/95, arts. 2º,§ 2º, 3º, § 1º, alínea "a", 5º, 7º, §1º, 18, da Lei 9.317/96; art. 42 da Lei 9.430/96; Art. 3º da Lei 9.732/98; Arts. 186, 188 e 189 do RIR/99. (...) que, ainda, a descrição ou narrativa dos fatos, bem como demonstrativos do valor tributável das respectivas infrações, consta do Termo de Encerramento Fiscal (efls. 1556/1581), parte integrante do lançamento fiscal e que transcrevo a seguir: Fl. 1718DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.718 6 a) Infração 01 Omissão de Receitas. Receitas não Escrituradas. Receitas da Atividade. Prova Direta (art. 24 da Lei nº 9.249/95) (efls. 1571/1572): (...) AÇÃO FISCAL (...) 7 Em sua Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica SIMPLES PJSI 2007, ano calendário 2006, a fiscalizada declarou à Secretaria da Receita Federal do Brasil SRFB uma receita bruta anual de R$ 1.122.437,18 (...). 8 A fiscalizada escriturou em seu Livro de Registro de Saídas e no Livro de Registro e Apuração de ICMS, no ano de 2006, uma receita bruta de R$ 1.282.019,60 (...). (...) 10A microempresa e a empresa de pequeno porte estão dispensadas de escrituração comercial, ou seja, da escrituração do Livro Diário / Razão, desde que mantenham Livro Caixa com a escrituração de toda a sua movimentação financeira, inclusive a bancária. É o que preceitua o § 1 °, alínea "a" do artigo 7° da Lei n° 9.317 de 1996 e o artigo 190, Parágrafo único, inciso I do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Mas ao analisar o Livro Caixa apresentado pela fiscalizada, constatouse que o mesmo não contém nenhum lançamento referente às movimentações das suas contas bancárias, mesmo tendo movimentado mais de R$ 11 milhões em 5 contas bancárias diferentes durante o anocalendário de 2006. (...) 12 Os extratos bancários apresentados pela fiscalizada foram cotejados com o banco de dados da SRFB conforme dispõe a legislação vigente. Logo de plano, foi observado que havia várias entradas financeiras (créditos em contascorrentes bancárias), sendo que nenhuma delas foi escriturada no Livro Caixa. Esses créditos foram identificados e separados por instituição financeira. A fiscalização efetuou a conciliação entre as diversas contas da fiscalizada, a fim de se excluir, do total de créditos, operações referentes a transferências entre contas de mesma titularidade, estornos de cheques, devoluções e demais créditos que, na nossa análise, não se enquadravam como possíveis receitas provenientes da sua atividade comercial. Após esta análise, os demais créditos, no montante de R$ 9.366.973.30 (nove milhões, trezentos e sessenta e seis mil, novecentos e setenta e três reais e trinta centavos), foram relacionados na planilha "Demonstrativo dos Créditos Apurados" (fls. 645 a 656), documento anexo ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal n° 22/2010 (fls. 642 a 643), de 28/01/2010, tendo sido o contribuinte notificado no dia 03/02/2010. Por este Termo ficou Fl. 1719DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.719 7 a fiscalizada intimada a comprovar, no prazo de 10 (dez) dias, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados / depositados em suas contascorrentes bancárias, (...). (...) 12.3Diante do exposto, a fiscalizada foi intimada pela terceira vez a justificar, no prazo de 15 (quinze) dias, a origem dos créditos constantes em suas contascorrentes movimentadas no anocalendário de 2006 através do Termo de Reintimaçâo Fiscal n° 123/2010 (fls. 667 a 669), de 14/04/2010. Neste Termo, os créditos foram individualizados por tipo de operação e esta fiscalização encaminhou à fiscalizada, além da via em papel (fls. 671 a 684), um CD (compact disc) contendo essas informações em meio magnético, para facilitar sua compreensão. Do montante dos créditos relacionados, R$1.802.985,96 são decorrentes das operações de cobrança bancária efetuadas pelo contribuinte e R$ 3.849.193,26 são decorrentes das operações de desconto de cheques e/ou duplicatas; os demais créditos, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. As diferentes operações somadas atingem o montante de R$ 9.366.973,30 (nove milhões, trezentos e sessenta e seis mil, novecentos e setenta e três reais e trintacentavos). Decorrido o prazo solicitado, mais uma vez nada foi apresentado ou respondido a esta fiscalização. (...) 13Diante da recusa não justificada da fiscalizada em comprovar a origem dos créditos constantes em suas contas bancárias com a apresentação de relação das operações de desconto e de cobrança realizadas nas instituições financeiras nas quais manteve contacorrente no ano de 2006, apesar de intimada, reintimada e intimada pela terceira vez, tornouse indispensável a Requisição da Movimentação Financeira para a correta apuração da sua receita bruta. Assim, nos termos do disposto na Lei Complementar n° 105/2001, no Decreto 3.724/2001 e na forma da Lei 9.430/1996, procedemos à solicitação (fls. 694 a 703), junto às instituições financeiras, dos extratos detalhados das operações de cobrança, de desconto e dos depósitos creditados nas contas bancárias da fiscalizada no anocalendário de 2006. 14De posse destes extratos apresentados pelas instituições financeiras (fls. 704 a 1192), circularizamos, por amostragem, alguns de seus clientes para que os mesmos, ao responderem as respectivas intimações, apresentassem a esta fiscalização as notas fiscais originais emitidas pela fiscalizada em seu favor no ano de 2006, bem como os respectivos comprovantes de pagamento originais conforme relação constante em cada intimação. Essas intimações (fls. 1193 a 1291) tiveram a finalidade de verificar se havia notas fiscais "calçadas", ou seja, diferenças entre as notas fiscais da 1a via, de posse do cliente, e Fl. 1720DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.720 8 as da via fixa do talonário de notas apresentado pela fiscalizada,e se houve a prática de vendas sem a emissão da respectiva nota fiscal. 14.1 Dentre as empresas circularizadas, seu cliente TRIBO JEANS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÃO DE VESTUÁRIO LTDA EPP, CNPJ 04.437.624/000121, apresentou a esta fiscalização a nota fiscal de prestação de serviços n° 7763 (fls. 1268), emitida pela fiscalizada no dia 12/07/2006, com o valor de mão de obra de R$ 18.596,80. Apresentou também uma declaração da fiscalizada (fls. 1269) comprovando o recebimento deste valor, bem como a duplicata emitida e com quitação dada pela fiscalizada em nome da empresa circularizada no valor R$ 18.596,80 (fls. 1270). Mas ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que na nota fiscal n° 7763 (fls. 1271) consta um valor de mão de obra de R$ 596,80, valor este escriturado no Livro de Registro de Saídas (fls. 299), ou seja, R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) a menos do constante na nota fiscal apresentada por seu cliente. Este fato caracteriza a emissão de "nota calçada" 1 e a diferença de R$ 18.000,00 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 14.2 A empresa circularizada COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, CNPJ 07.080.684/000128, ao responder a Intimação Fiscal SEFIS n° 244/2010 (fls. 1196 a 1199), apresentou títulos de cobranças emitidos pelo Banco do Brasil S/A e Banco Bradesco S/A do ano calendário de 2006 (fls. 1203 a 1261), cuja soma atingiu o montante de R$ 121.963,61. Tais títulos trazem como cedente, ou seja, favorecido pelo título, a fiscalizada, e como sacado, ou seja, o devedor do título, a empresa circularizada. Ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que não há nenhuma emitida em nome da empresa COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 121.963,61, pago pela empresa circularizada à fiscalizada, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$ 121.963,61 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". Ressaltese que este valor integra o montante relacionado no item 12.3 deste Termo, referente às operações de cobrança bancária. 14.3 Após analisar as demais empresas circularizadas, não foram encontradas diferenças entre as notas fiscais apresentadas pelos clientes da fiscalizada e as notas fiscais fixas do talão, razão pela qual encontramse em anexo apenas as intimações endereçadas a estes clientes. Algumas intimações não foram incluídas no processo, pois seus respectivos avisos de recebimentos retornaram com o aviso de que houve mudança de endereço, não sendo possível obter êxito na coleta destas informações. Fl. 1721DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.721 9 15 Ao analisar os extratos detalhados apresentados pelas instituições financeiras conforme item 13 deste Termo, constatamos o que segue: 15.1 O extrato das operações de cobrança do ano de 2006 apresentado pelo Banco do Brasil (fls. 704 a 747) somente pode levar esta fiscalização a concluir que tais operações são provenientes da atividade comercial da fiscalizada, qual seja "a exploração do ramo de industrialização e confecções de artigos do vestuário, para terceiros e próprios, lavanderia industrial, serviços de acabamento em vestuários e comércio atacadista e varejista de artigos do vestuário em gerar, pois quase todas as pessoas jurídicas ali relacionadas possuem em sua razão social termos que denotam o ramo de suas atividades e, por conseguinte, sua relação comercial com a fiscalizada, tais como: CONFECÇÕES, TECIDOS, JEANS, MODAS, ROUPAS, TÊXTIL, FASHION. Portanto, a fiscalização conclui que a fiscalizada auferiu receitas de vendas perfeitamente identificadas a partir de suas operações de cobranças no montante de R$ 1.802.985,96 (um milhão, oitocentos e dois mil, novecentos e oitenta e cinco reais e noventa e seis centavos), conforme item 12.3 deste Termo. Esse crédito será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 15.2Foi entregue a esta fiscalização pelo Banco Santander S/A o extrato das operações de desconto de duplicatas realizadas no anocalendário de 2006 (fls. 748 a 831). O termo duplicata evidencia relação comercial entre as partes (...). Diante do exposto neste item e da transcrição legal a respeito do título de crédito duplicata, somado ao fato de que quase todas as pessoas jurídicas relacionadas no extrato apresentado possuem em sua razão social os termos exemplificados no item 15.1 acima, termos estes que denotam o ramo de suas atividades e, por conseguinte, sua relação comercial com a fiscalizada, esta fiscalização só pode concluir que tais operações são provenientes da atividade comercial da fiscalizada, pois a mesma auferiu receitas de vendas perfeitamente identificadas a partir de suas operações de desconto de cheques e duplicatas no montante de R$ 3.849.193,26 (três milhões, oitocentos e quarenta e nove mil, cento e noventa e três reais e vinte e seis centavos), conforme item 12.3 deste Termo. Tal crédito também será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 15.3O Banco do Brasil S/A apresentou uma Consulta Analítica Transferências Financeiras Interbancárias (fls. 707) na qual um depósito foi feito na contacorrente 7.7364, agência 13986 do Banco do Brasil, de titularidade da fiscalizada, pela empresa TAIARA MODAS LTDA, CNPJ04.329.683/000186, no dia 05/07/2006 e no valor de R$ 11.487,00. Mas ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que há apenas uma nota fiscal emitida em nome da empresa TAIARA MODAS LTDA, a qual diverge em data e valor do referido Fl. 1722DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.722 10 depósito, visto ter sido esta nota fiscal emitida no dia 06/12/2006 e com o valor de mão de obra de R$ 475,20. Diante deste fato,e por ser a empresa TAIARA MODAS LTDA cliente da fiscalizada, esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 11.487,00, depositado na conta da fiscalizada por sua cliente, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$11.487,00 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração"Receitas não Escrituradas". 15.4O Banco Bradesco S/A apresentou uma consulta Transferência Bancária Histórico Recebido (fls. 867) na qual um depósito foi feito na contacorrente 28444, agência 24139 do Banco Bradesco, de titularidade da fiscalizada, pela empresa SALEMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, CNPJ 07.232.068/000145, no dia 11/07/2006 e no valor de R$ 43.997,56. Analisandose as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que não há nenhuma emitida em nome da empresa SALEMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA. Diante do exposto neste item e também pela presença do termo "ROUPAS" em sua razão social que, de acordo com o item 15.1 acima, evidencia o ramo de sua atividade e, por conseguinte, caracteriza a relação comercial com a fiscalizada, esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 43.997,56, depositado na contacorrente da fiscalizada, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$ 43.997,56 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na Infração "Receitas não Escrituradas". 15.5O Banco Bradesco S/A entregou uma relação de cheques depositados na contacorrente dafiscalizada (fls. 871 a 960). A instituição financeira, ao responder solicitação desta fiscalização sobre aorigem destes cheques, revelou apenas os depositantes que eram correntistas do Banco Bradesco (fls.992 a 1192). Ao analisar os cadastros destes depositantes, constatamos se tratar, em sua maioria, depessoas jurídicas que possuem termos em sua razão social que, conforme exposto alhures no item 15.1acima, indicam sua atividade comercial e caracteriza sua condição de cliente da fiscalizada, razão pelaqual esta fiscalização só pode concluir que esses depósitos de cheques em sua contacorrente sópodem ser provenientes da atividade comercial da fiscalizada. (...) 25.1 Assim sendo, os valores creditados em suas contas correntes bancárias provenientes das operações de cobrança, das operações de desconto de cheques/duplicatas, da ocorrência de nota fiscal "calçada" e dos depósitos bancários efetuados conforme descritos nos itens 14.1, 14.2, 15.1, 15.2, 15.3 e 15.4, todos do presente Termo, foram lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas" e, por ter havido a intenção de sonegar receitas à Fl. 1723DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.723 11 SRFB, com a majoração da multa de ofício apurada para 150%, conforme segue: Competência AC 2006 Operações de Cobrança / Desconto Duplicatas Totais Depósitos Lançados nesta Infração Declarado em DIPJ/Simples / Livro de Registro de Saídas Receitas Não Escrituradas jan/06 433.919,9 0,00 55.925,6 377.994,36 fev/06 450.292,6 0,00 92.888,5 357.404,07 mar/06 511.389,3 0,00 179.800,2 331.589,14 abr/06 197.388,6 0,00 126.738,8 70.649,76 mai/06 573.877,3 0,00 108.510,2 465.367,08 jun/06 719.416,2 0,00 82.049,6 637.366,60 jul/06 263.790,8 73.484,5 64.574,0 272.701,41 ago/06 667.087,0 0,00 129.176,9 537.910,14 set/06 658.021,7 0,00 91.722,7 566.299,01 out/06 421.433,6 0,00 139.816,0 281.617,65 nov/06 261.662,1 0,00 67.688,9 193.973,15 dez/06 493.899,4 0,00 143.127,7 350.771,71 TOTAL 5.652.179,22 73.484,56 1.282.019,70 4.443.644,08 (...) 25.6 A receita bruta declarada pela fiscalizada à Secretaria da Receita Federal do Brasil foi devidamente deduzida dos valores tributáveis conforme demonstrado na tabela constante no item 25.1 acima. Ressaltese que a receita bruta declarada pela fiscalizada foi deduzida dos valores tributados com a multa de ofício majorada para 150% (...). (...) Infração 02 Omissão de Receitas. Depósitos Bancários não Escriturados: (...) Ação Fiscal (...) 16 Os demais valores creditados nas contas bancárias da fiscalizada, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08 (três milhões, setecentos e quatorze mil, setecentos e noventa e quatro reais e oito centavos), de acordo com o item 12.3 acima, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. 16.1 Com o intuito de comprovar que alguns destes créditos não são oriundos das suas atividades comercias, a fiscalizada apresentou documento (fls. 1323 a 1324) datado de 10/09/2010 contendo cópias de cheques (fls. 1325 a 1368) a ele anexadas. Segundo a fiscalizada,"(...) tratase de títulos depositados repetidas vezes em suas contas correntes, porque devolvidos sem compensação, gerando movimento fictício de valores, posto que lançados em conta como crédito, por várias oportunidades, sem que o crédito fosse efetivo (...)". Por se tratar apenas de Fl. 1724DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.724 12 fotocópias tiradas do anverso de vários cheques, esta fiscalização solicitou à fiscalizada que apresentasse os documentos originais para poder analisálos por completo. Os cheques foram entregues a esta fiscalização e cópias do seu anverso e verso foram tiradas e se encontram anexadas às fls. 1369 a 1424. Mais uma vez, ao analisar os emitentes dessas ordens de pagamento constatamos se tratar, em sua maioria, de pessoas jurídicas que possuem termos em sua razão social que, conforme exposto no item 15.1 deste Termo, indicam sua atividade comercial e sua condição de cliente da fiscalizada, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que era comum a fiscalizada receber o pagamento referente a sua prestação de serviço através de cheques depositados em sua contacorrente. 16.2 Os cheques que contêm em seu anverso o carimbo de cruzamento do banco, que indica que o mesmo foi depositado, e o carimbo de "documento devolvido" em seu verso, foram excluídos. Documentos sem o carimbo de cruzamento da instituição financeira não foram considerados, visto que não foram depositados. Os cheques depositados com apenas um carimbo de devolução, com a respectiva data do fato, foram excluídos na competência da ocorrência da devolução; os documentos que apresentam dois carimbos de indicação de devolução foram considerados duas vezes, nas competências da ocorrência dos estornos, conforme tabela constante do item 17 deste Termo. Os títulos que foram devolvidos no anocalendário de 2005 não foram considerados, pois este período não foi abrangido pela presente ação fiscal. 17 Os valores abaixo relacionados foram apurados levandose em consideração os itens 14.1, 15.3, 15.4 e 16.2, todos deste Termo, de acordo com o parágrafo 1o, art. 42 da Lei n° 9.430/96 e considerados por esta fiscalização como base de cálculo para se chegar aos tributos devidos conforme segue: Competência AC 2006 Depósitos / Créditos Bancários Cheques Excluídos Depósitos Lançados em outra Infração Depósitos / Créditos Bancários não Escriturados ¡an/06 332.937,31 17.574,00 0,00 315.363,3 fev/06 153.618,20 21.986,00 0,00 131.632,2 Mar/06 521.392,73 13.057,00 0,00 508.335,7 abr/06 430.856,70 8.188,00 0,00 422.668,7 Mai/06 205.788,15 11.578,00 0,00 194.210,1 ¡un/06 146.117,97 26.034,68 0,00 120.083,2 ¡ul/06 435.753,95 49.281,31 73.484,56 312.988,0 8 Ago/06 333.329,77 8.959,50 0,00 324.370,2 set/06 453.255,51 17.000,00 0,00 436.255,5 1 out/06 301.499,07 21.703,60 0,00 279.795,4 Nov/06 176.923,65 24.118,00 0,00 152.805,6 Dez/06 223.321,07 0,00 0,00 223.321,0 TOTAL 3.714.794,08 219.480,09 73.484,56 3.421.829,43 17.1 Os montantes que figuram na coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS" foram obtidos através da análise da Fl. 1725DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.725 13 movimentação financeira proveniente das instituições financeiras com as quais a fiscalizada mantinha contacorrente bancária no anocalendário de 2006. Foram somados, mensalmente, os créditos / depósitos constantes nestas contas correntes, originários principalmente de depósitos e transferências recebidos, sendo que tais valores podem ser conferidos na planilha "Demonstrativo dos Créditos Apurados" (fls. 645 a 656), individualizados na planilha 03 (fls. 677 a 684), e "Demonstrativo Mensal dos Créditos Apurados Depósitos e Transferências Recebidos" (fls. 1508 a 1509). 17.2 Os montantes constantes na coluna "CHEQUES EXCLUÍDOS" correspondem aos documentos apresentados pela fiscalizada e considerados por esta fiscalização como valores a serem excluídos da base de cálculo apurada na presente ação fiscal, conforme item 16.2 deste Termo. 17.3 O montante excluído desta infração, apresentado na coluna "DEPÓSITOS LANÇADOS EM OUTRA INFRAÇÃO", corresponde ao somatório dos valores constantes nos itens 14.1,15.3 e 15.4 deste Termo que, conforme descrito nos referidos itens, são depósitos feitos nas contascorrentes da fiscalizada que serão lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 17.4 Os valores constantes da coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS", obtidos através da subtração dos montantes da coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS" pelas colunas "CHEQUES EXCLUÍDOS" e "DEPÓSITOS LANÇADOS EM OUTRA INFRAÇÃO", foram lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas" por presunção legal na infração "DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS", haja vista que o contribuinte não comprovou a origem e a natureza da totalidade dos créditos encontrados em suas contas bancárias a fim de descaracterizar que esses valores eram oriundos de sua atividade comercial. (...) que para a infração omissão de receitas da atividade omissão de receitas não escrituradas o fisco imputou a multa qualificada de 150%; que para a infração omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada o fisco aplicou a multa de 75%. Sujeição passiva solidária imputada aos Srs. Elias Aramiz Haddad (sócio administrador), arts. 135, III, e 137, I, CTN, e Aramiz Elias Haddad (procurador administrador), também, arts. 135, III e 137, I, CTN, conforme Termos de Sujeição Passiva Solidária (efls. 1552/1553 e 1554/1555). Crédito tributário lançado de ofício: Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.726 14 O crédito tributário (autos de infração do Simples Federal fls. 1480/1545), anocalendário 2006, perfaz o montante de R$ 2.774.403,27, na data do lavratura dos autos de infração, assim especificado por exação fiscal: Autos de Infração Principal Juros de mora (calculados até 30/09/2010) Multa de ofício Total IRPJSimples 74.783,67 32.768,80 88.121,68 195.674,15 PISSimples 54.738,76 23.989,29 64.469,32 143.197,37 CSLL Simples 74.783,67 32.768,80 88.121,68 195.674,15 Cofins Simples 219.818,26 96.352,30 259.044,69 575.215,25 Contrib. Seg. Social INSS Simples 636.186,58 278.819,33 749.636,44 1.664.642,35 Total 2.774.403,27 Ciente do lançamento fiscal, o sujeito passivo e os responsáveis solidários apresentaram Manifestação de Inconformidade, cujas razões foram assim resumidas no relatório da decisão a quo (efls. 1619/1640), in verbis: (...) 2. Da impugnação. Cientificada dos autos de infração em 25/10/2010, a empresa, por meio de seu procurador legalmente constituído, Dr. Artur Barbosa Parra, apresentou a impugnação de fls. 1543/1566 alegando, preliminarmente, o seguinte: que sempre agiu com transparência e solicitude, apresentando, espontaneamente, as notas fiscais, os livros, os extratos bancários, contratos de abertura de créditos, de forma que nunca deixou de atender às intimações e nunca houve qualquer desatenção da autuada; que a fiscalização requisitou e obteve os extratos bancários, o que já contaminou de nulidade absoluta todo o procedimento fiscal posto tratarse de prova ilícita, já que não foi autorizada por decisão judicial; que a fiscalização intimou pessoas jurídicas, exigindolhes informações, sem que a autuada pudesse participar, constituindo, segundo alegou, meio ilícito e arbitrário de arregimentar indícios contra o contribuinte, e acrescentou que, caso tivesse ouvido a autuada, teria ela certamente esclarecido que a divergência entre a 1 a via da nota fiscal emitida para a Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.727 15 empresa TRIBO JEANS e a via fixa no talão teria decorrido de simples erro de preenchimento, bem assim teria esclarecido a ausência de nota fiscal em nome da empresa COCONUT. que o levantamento fiscal foi feito por amostragem, o que não se sustenta com o princípio da legalidade tributária estrita e da materialidade do fato gerador. Quanto ao mérito alegou, em síntese, o seguinte: que as infrações apontadas pelo fisco não ocorreram porque inexistiu omissão de receita, ou de renda, ou de faturamento, ou de pagamento de salários, ou de lucro, ou de acréscimo patrimonial, nem houve levantamento válido de tais eventos por parte do autuante, sendo que depósito bancário, por si só, não constitui fato gerador do imposto de renda, nem de contribuições, conforme entendimento do Conselho de Contribuintes; que não cabe a multa aplicada porque não ficou provado, nem existiu o dolo; que não se justifica a sujeição passiva solidária porque não se demonstrou a intenção ou autuação pessoal de qualquer dos acusados, tendente a ocultar negócios ou negar valores recebidos pela autuada; que a aplicação da taxa Selic é incompatível com o Código Tributário Nacional e com a Constituição Federal. (...). Na sessão de 11/02/2011, a 5ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto julgou a impugnação improcedente, ou seja, decidiu: a) manter integralmente os Autos de Infração do Simples Federal, ano calendário 2006; b) manter a sujeição passiva solidária dos Srs. Elias Aramiz Haddad (sócio administrador) e Aramiz Elias Haddad (procurador). A propósito, transcrevo a ementa e parte dispositiva desse acórdão da DRJ/Ribeirão Preto, in verbis: (...) ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. VIOLAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.728 16 Não cabe ao órgão administrativo apreciar arguição de legalidade ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária, caso o lançamento esteja constituído em estrita observância aos requisitos legais aplicáveis e revestido de suas formalidades essenciais. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Tributase como omissão de receita os depósitos efetuados em conta bancária, cuja origem dos recursos depositados não tenha sido comprovada pelo contribuinte mediante apresentação de documentação hábil e idônea, nos termos do art. 42 da Lei 9.430, de 27/12/1996. Os valores dos depósitos cuja origem houver sido comprovada e que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. APLICABILIDADE. A prática reiterada da contribuinte de não registrar no livro Caixa sua movimentação financeira, deixar de emitir notas fiscais e declarar à Receita Federal do Brasil receitas em valor muito inferior ao que realmente auferiu, não deixa dúvida da intenção dolosa da contribuinte de ocultar o conhecimento por parte da Fazenda Pública dos fatos gerados dos tributos e contribuições e, com isso, eximirse do pagamento dos tributos, o que caracteriza evidente intuito de sonegação, implicando na qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.(^Súmula l° CC n.° 4) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA TRIBUTÁRIA. Responde solidariamente com a empresa autuada pelos créditos tributários os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado que agiram com excesso de poderes e/ou infração à lei, nos termos do artigo 135, III, do CTN. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Acordam os membros da 5a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (...) Fl. 1729DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.729 17 Cientes dessa decisão em 24/02/2011 (quintafeira), por via postal, Aviso de Recebimento AR (efls. 1641/1652), a pessoa jurídica NOVO SÉCULO CONFECÇÕES LTDA EPP e os responsáveis solidários apresentaram conjuntamente Recurso Voluntário, em 28/03/2011 segunda feira (efls. 1654/1682), cujas razões em síntese são as seguintes: 1 Preliminar de nulidade do lançamento fiscal: que o fisco obteve acesso aos dados de movimentação financeira bancária sem autorização judicial e que, por conseguinte, as provas foram obtidas ilicitamente, contaminando, assim, o lançamento tributário de nulidade absoluta; que se rebela contra o fato do procedimento de fiscalização circularização de clientes ter sido realizado no interesse exclusivo do fisco, não se permitindo durante a investigação fiscal ao contribuinte contestar ou acompanhar os passos da investigação (circularização de terceiros); que os levantamentos, isso muito grave, foram efetuados por critério de amostragem; que isso não se coaduna com a materialidade do fato gerador e com o princípio da estrita legalidade. 2 Quanto ao mérito: que não há previsão constitucional de extratos bancários ou movimentação financeira em conta bancária configurar fato gerador de tributo; que as infrações imputadas não ocorreram, pois inexistiu omissão de renda ou receitas ou de pagamentos; que nem houve levantamento ou procedimento de fiscalização válido por parte dos fisco; que, em relação aos recorrentes, não restou comprovado acréscimo patrimonial; que o trânsito de valores (depósitos) pelo sistema bancário ou financeiro não significa excedente, acréscimo ou receita ou faturamento; que há necessidade do fisco comprovar o acréscimo patrimonial; que isso não foi demonstrado pela fiscalização; logo, o lançamento fiscal é insubsistente, pois inaplicáveis os dispositivos legais mencionados nos autos de infração; que a exigência de tributo com base na presunção legal do art. 42 da Lei 9.430/96 é arbitrária; que a movimentação financeira bancária é meramente escritural e superposta; que o fisco não demonstrou a ocorrência do fato gerador dos tributos do Simples; Fl. 1730DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.730 18 que não cabe ao fisco suspeitar ou presumir fato gerador de tributo, sob pena de ruir o sistema constitucional de tributação e da proteção do contribuinte contra a sanha arrecadatória do Estado; que, em defesa de sua tese, citou precedentes do CARF (Acórdão nº 104 12.775 e 10186.129). Citou ainda entendimentos dos Tribunais Pátrios; que os autos, portanto, no mérito estão inviabilizados; que a multa imputada (qualificada), fincada no suposto dolo de sonegação, não restou comprovada ou demonstrada; que, também, não se justifica a sujeição passiva solidária, pois não se demonstrou intenção ou atuação pessoal; que, por fim, contesta a aplicação da taxa Selic na cobrança de tributos. por envolver na sua composição juros de mora e multa, situação incompatível com o CTN e com a Constituição Federal. Por fim, antes esses argumentos já resumidos, a recorrente: a) preliminarmente, pediu a nulidade dos autos de infração e do procedimento de fiscalização, pois decorreu de colheita de prova ilícita, sem autorização judicial (quebra ilegal do sigilo bancário, sem ordem judicial); que efetuada a intimação de terceiros, circularização, sem a presença ou participação do contribuinte fiscalizado; b) no mérito: que seja declarada a insubsistência dos autos de infração, pela inocorrência de fatos geradores dos tributos do Simples Federal (imputação de fatos estranhos à ocorrência de fato gerador, por meio de presunções ou ilações injustificáveis); pela não aplicação da taxa Selic na cobrança de tributos, por envolver juros de mora e multa, extrapolando os índices fixados pela Lei Complementar e pela constituição; que os autos de infração são improcedentes, pois, sendo empresa do Simples, não se sujeita ao regime geral de tributação e não é obrigada a escrituração completa. A proposta de exclusão do Simples deve ser tratada em procedimento específico, com efeito a partir do 1º dia do ano seguinte ao excesso de receita bruta para permanecer nesse regime de tributação simplificado e favorecido. É o relatório. Fl. 1731DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.731 19 Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel, Relator. O Recurso Voluntário apresentado, conjuntamente, pelo sujeito passivo NOVO SÉCULO CONFECÇÕES LTDA EPP e pelos responsáveis solidários Srs. Elias Aramiz Haddad (sócio administrador) e Aramiz Elias Haddad (procurador administrador, vide declaração na efls. 153/154), é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Por isso, tomo conhecimento do recurso. O objeto da lide é o crédito tributário dos autos de infração do Simples Federal, anocalendário 2006, em face das seguintes infrações imputadas pelo fisco: a) omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas (Lei 9.249/95, art. 24 c/c Lei 9.317/96). Valor tributável: R$ 4.443.644,08; b) omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada (Lei 9.430/96, art. 42 c/c Lei 9.317/96). Valor tributável: R$ 3.421.829,43. Vale dizer, no anocalendário 2006 o fisco apurou receita bruta no valor de R$ 9.147.493,21, mas a contribuinte escriturara apenas R$ 1.282.019,60. Exigência dos tributos do Simples apenas sobre a diferença tributável de R$ 7.865.473,51 = (R$ 4.443.644,08 + R$ 3.421.829,43)., conforme infrações já identificadas acima. De imediato, passo a analisar a preliminar de nulidade do lançamento fiscal suscitada pelos recorrentes. 1 PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL: Os recorrentes alegam: que o fisco obteve acesso aos dados e informações de movimentação financeira bancária sem autorização judicial (transferência direta das instituições bancárias ao fisco, mediante expedição de RMF) e que, por conseguinte, as provas teriam sido obtidas ilicitamente pela quebra ilegal do sigilo bancário, contaminando, assim, o lançamento tributário de nulidade absoluta; Fl. 1732DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.732 20 que pelo fato do procedimento de fiscalização ter sido realizado no interesse exclusivo do fisco, não permitindo durante a investigação fiscal ao contribuinte contestar ou acompanhar a circularização de clientes, implicou prejuízo à defesa; que, ademais, os levantamentos, isso muito grave, foram efetuados por critério de amostragem; que isso não se coaduna com a materialidade do fato gerador e com o princípio da estrita legalidade. Rechaço de plano a preliminar de nulidade suscitada, pois totalmente infundada, ou seja, totalmente fora de propósito. a) quanto ao acesso do fisco aos dados de movimentação financeira bancária (transferência direta dos dados bancários das instituições financeiras para o fisco, mediante Requisição de Movimentação Financeira RMF): Primeiro, os extratos bancários foram fornecidos pela própria recorrente, conforme consta do Termo de Encerramento fiscal (efls.1571/1572), in verbis: (...) 12 Os extratos bancários apresentados pela fiscalizada foram cotejados com o banco de dados da SRFB conforme dispõe a legislação vigente. Logo de plano, foi observado que havia várias entradas financeiras (créditos em contascorrentes bancárias), sendo que nenhuma delas foi escriturada no Livro Caixa. Esses créditos foram identificados e separados por instituição financeira. A fiscalização efetuou a conciliação entre as diversas contas da fiscalizada, a fim de se excluir, do total de créditos, operações referentes a transferências entre contas de mesma titularidade, estornos de cheques, devoluções e demais créditos que, na nossa análise, não se enquadravam como possíveis receitas provenientes da sua atividade comercial. Após esta análise, os demais créditos, no montante de R$ 9.366.973,30 (...), foram relacionados na planilha "Demonstrativo dos Créditos Apurados" (fls. 645 a 656), documento anexo ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal n° 22/2010 (fls. 642 a 643), de 28/01/2010, tendo sido o contribuinte notificado no dia 03/02/2010. Por este Termo ficou a fiscalizada intimada a comprovar, no prazo de 10 (dez) dias, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados / depositados em suas contascorrentes bancárias, (...). (...) 12.3Diante do exposto, a fiscalizada foi intimada pela terceira vez a justificar, no prazo de 15 (quinze) dias, a origem dos créditos constantes em suas contascorrentes movimentadas no anocalendário de 2006 através do Termo de Reintimaçâo Fiscal n° 123/2010 (fls. 667 a 669), de 14/04/2010. Neste Termo, os créditos foram individualizados por tipo de operação e esta fiscalização encaminhou à fiscalizada, além da via em papel (fls. 671 a 684), um CD (compact disc) contendo essas informações em meio magnético, para facilitar sua compreensão. Do montante dos créditos relacionados, R$ 1.802.985,96 são Fl. 1733DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.733 21 decorrentes das operações de cobrança bancária efetuadas pelo contribuinte e R$ 3.849.193,26 são decorrentes das operações de desconto de cheques e/ou duplicatas; os demais créditos, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. As diferentes operações somadas atingem o montante de R$ 9.366.973,30 (...). Decorrido o prazo solicitado, mais uma vez nada foi apresentado ou respondido a esta fiscalização. (...) 13Diante da recusa não justificada da fiscalizada em comprovar a origem dos créditos constantes em suas contas bancárias com a apresentação de relação das operações de desconto e de cobrança realizadas nas instituições financeiras nas quais manteve contacorrente no ano de 2006, apesar de intimada, reintimada e intimada pela terceira vez, tornouse indispensável a Requisição da Movimentação Financeira para a correta apuração da sua receita bruta. Assim, nos termos do disposto na Lei Complementar n° 105/2001, no Decreto 3.724/2001 e na forma da Lei 9.430/1996, procedemos à solicitação (fls. 694 a 703), junto às instituições financeiras, dos extratos detalhados das operações de cobrança, de desconto e dos depósitos creditados nas contas bancárias da fiscalizada no anocalendário de 2006. 14De posse destes extratos apresentados pelas instituições financeiras (fls. 704 a 1192), circularizamos, por amostragem, alguns de seus clientes para que os mesmos, ao responderem as respectivas intimações, apresentassem a esta fiscalização as notas fiscais originais emitidas pela fiscalizada em seu favor no ano de 2006, bem como os respectivos comprovantes de pagamento originais conforme relação constante em cada intimação. Essas intimações (fls. 1193 a 1291) tiveram a finalidade de verificar se havia notas fiscais "calçadas", ou seja, diferenças entre as notas fiscais da 1a via, de posse do cliente, e as da via fixa do talonário de notas apresentado pela fiscalizada, e se houve a prática de vendas sem a emissão da respectiva nota fiscal. (...) Como demonstrado, os extratos bancários de contas correntes foram apresentados pela própria recorrente, quanto anocalendário 2006, período objeto da autuação. Embora intimada e reintimada a contribuinte para comprovar a origem dos depósitos a crédito em suas contas correntes bancárias e não o fazendo, o fisco, ainda assim, percebeu ou constatou que no montante não escriturado de depósitos bancários ingressados nas contas correntes de R$ 9.366.973,30 (apurado com base nos extratos bancários fornecidos pela própria recorrente), havia valores, que embora não escriturados, teriam origem na atividade da empresa, e que outras parcelas não teriam origem na atividade da empresa, ou seja: a) R$ 1.802.985,96 são decorrentes das operações de cobrança bancária efetuadas pelo contribuinte; Fl. 1734DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.734 22 b) R$ 3.849.193,26 são decorrentes das operações de desconto de cheques e/ou duplicatas; e, c) os demais créditos, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. Então, o fisco para segregar as infrações nos valores citados, ou seja, imputar infração omissão de receitas da atividade da empresa com base em prova direta (art. 24 da Lei 9.249/95) e imputar omissão de receitas depósitos bancário sem origem comprovada aplicação da presunção legal (art. 42 da Lei 9.430/96), necessitava, por prudência, da confirmação de que as operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas se referiam a vendas da atividade desempenhada pela empresa. Por isso, da expedição da RMF que, em suma, pelas informações prestadas pelos Bancos, confirmou que as receitas de que tratam as operações de cobrança bancária e das operações de desconto de cheques e/ou duplicatas são, realmente, receitas decorrentes da atividade da empresa. Por último, cabe frisar: que o acesso direto do fisco, sem ordem judicial, aos dados de movimentação financeira bancária está disciplinado na legislação de regência (LC 105/2001, art. 6º; Decreto nº 3.724/2001, art. 5º; e Lei nº 10.174/2001; que a transferência de dados e informações financeiras bancárias pelas instituições financeiras ao fisco deuse na forma da legislação de regência citada; que, no caso, o fisco expediu a RMF, nos termos da legislação de regência, e as instituições financeiras apresentaram cópia dos documentos de operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas, ou seja, extratos bancários detalhados. Quanto à pretensa ilegalidade da legislação de regência do acesso direto do fisco aos dados de movimentação financeira, sem ordem judicial, não procede a irresignação dos recorrentes. Recentemente, o Pleno do Supremo Tribunal Federal STF, na decisão de 24/02/2016, no RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314SP, Repercussão Geral, Relator Ministro Edson Fachin, declarou constitucional a legislação de regência que permite acesso direto do fisco aos dados de movimentação financeira dos contribuintes, conforme ementa do Acórdão que transcrevo, in verbis: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.735 23 tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Destarte, a legislação de regência do acesso direto do fisco aos dados e informações de movimentação financeira bancária, mediante RMF dirigida às instituições bancárias, sem ordem judicial, foi declarada constitucional pelo Pleno do STF, na sessão de 24/02/2016. Fl. 1736DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.736 24 Portanto, o Supremo Tribunal federal concluiu importantíssimo julgado no qual considerou constitucional o art. 6º da Lei LC 105/2001 que permite o acesso do fisco aos dados bancários dos contribuintes mesmo sem autorização judicial. O STF entendeu que esse repasse das informações dos bancos para o fisco não pode ser chamado de quebra de sigilo bancário, pois as informações são passadas, transfe ridas para o fisco em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa na Administração Tribu tária. Por conseguinte, o que ocorre é uma tramitação sigilosa entre os bancos e o fisco e, por não ser acessível a terceiros, não pode ser considerado violação do sigilo. Os fundamentos considerados pelo STF na declaração de constitucionalidade do art. 6º da LC 105/2001: (...) a) o sigilo bancário não é absoluto e deve ceder espaço ao princípio da moralidade nas hipóteses em que transações bancárias indiquem ilicitudes; b) prática prevista na LC 105/2001 é comum em vários países desenvolvidos e a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo questionado seria um retrocesso diante dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para combater ilícitos como a lavagem de dinheiro e evasão de divisas e para coibir práticas de organizações criminosas; c) a identificação de patrimônio, rendimentos e atividades econômicas do contribuinte pela administração tributária dá efetividade ao princípio da capacidade contributiva, que, por sua vez, sofre riscos quando se restringem as hipóteses que autorizam seu acesso às transações bancárias dos contribuintes; d) a LC 105/2001 não viola a CF/88. Isso porque o legislador não estabeleceu requisitos objetivos para requisição de informação pela administração tributária às instituições financeiras e exigiu que, quando essas informações chegassem ao Fisco, ali mantivessem o dever de sigilo. Com efeito, o parágrafo único do art. 6º preconiza que o resulta do dos exames, as informações e os documentos deverão ser conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Assim, não há ofensa a intimidade ou qualquer outro direito fundamental, pois a LC 105/2001 não permite a quebra de sigilo bancário", mas sim a transferência desse sigilo dos bancos ao Fisco; e) o art. 6º da LC 105/2001 é taxativo e razoável ao facultar o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras somente se houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Fl. 1737DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.737 25 (...) A decisão da Suprema Corte foi proferida no julgamento das ADIs 2390, 2386, 2397 e 2859 e do RE 601.314SP (repercussão geral). No caso, os extratos bancários detalhados de movimentação financeira bancária do sujeito passivo NOVO SÉCULO CONFECÇÕES LTDA EPP repassados pela instituições financeiras diretamente ao fisco, por solicitação via RMF, sem ordem judicial, são provas hábeis,válidas e eficiazes. Diante do exposto, diversamente do alegado pelos recorrentes, as provas (cópias de documentos de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas, extratos bancários detalhados) foram colhidas legalmente pelo fisco junto às instituições financeiras. Não há vício algum no lançamento fiscal que o pudesse macular ou inquinar de nulidade por conta da colheita de provas (extratos bancários). b) atinente ao fato do procedimento de fiscalização ter sido realizado no interesse exclusivo do fisco, não permitindo durante a investigação fiscal ao contribuinte contestar ou acompanhar os passos da investigação (circularização de clientes): Aqui, também, os recorrentes não têm melhor sorte. Durante o procedimento de fiscalização, o fisco intimou diversas vezes a pessoa jurídica autuada a comprovar a origem, de cada um dos depósitos a crédito em suas contas correntes bancárias (intimação com demonstrativo individualizado de cada depósito a credito em suas contas correntes bancárias) na forma do art. 42 da Lei 9.430/96 (inversão do ônus da prova), porém não se desincumbiuse do seu ônus probatório. Como já explicado alhures, apesar da contribuinte não ter comprovado a origem dos depósitos em suas contas correntes bancárias, ainda assim o fisco apurou que parte desses depósitos tinham origem na atividade da autuada de vendas (operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas), mas para tanto, por prudência, entendeu que antes de imputar a infração omissão de receitas da atividade com base em prova direta (art. 24 da Lei 9.249/96) necessitava de confirmação dessas operações, mediante cópia dos documentos dessas operações, obtidos junto aos Bancos, mediante expedição da RMF. No caso, a circularização de clientes da autuada, por amostragem, a partir dos dados e documentos fornecidos pelos Bancos, ficou restrita e foi no sentido de apurar se houve vendas sem emissão de nota fiscal ou com emissão de nota fiscal "calçada", em relação às vendas de que tratam as operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas. Assim, diversamente do alegado pelos recorrentes, a base de cálculo (valor tributável) das infrações imputadas deuse: a) omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas (Lei 9.249/95, art. 24 c/c Lei 9.317/96). Valor tributável: R$ 4.443.644,08 com base nas vendas de que tratam as operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas; Fl. 1738DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.738 26 b) omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada (Lei 9.430/96, art. 42 c/c Lei 9.317/96). Valor tributável: R$ 3.421.829,43 com base nos extratos bancários, depósitos de origem não comprovada. Ainda, como é sabido, a fase litigiosa instaurase com o oferecimento da impugnação, após ciência do lançamento de ofício. Assim, não cabe objetar cerceamento do direito defesa na fase pré processual. Antes da ciência dos autos de infração não há lide, nem processo. Não há imputação de fato, ou acusação de infração tributária. Fase préprocessual. Os cânones constitucionais da ampla defesa e do contraditório aplicamse na fase processual (processos administrativo e judicial), e não na fase préprocessual (procedimento de fiscalização de colheita, reunião de provas) que tem caráter de investigação, vale dizer, que tem natureza inquisitória. A circularização de clientes da pessoa jurídica autuada é atividade de investigação de interesse exclusivo do fisco, nos moldes do inquérito policial, ato de investigação, colheita, reunião de provas dos fatos investigados, procedimento de natureza inquisitorial. Portanto, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa na fase pré processual. Destarte, não tem plausibilidade jurídica a objeção dos recorrentes de que teria ocorrido cerceamento do direito de defesa na faseprocessual, pois o fisco, antes da ciência dos autos de infração, não teria dado oportunidade da contribuinte acompanhar a investigação fiscal (circularização de clientes) e defenderse das informações prestadas e documentos fornecidos pelos clientes circularizados, tudo na fase de investigação fiscal. Ora, a faseprocessual não é banhada pelos princípios do contraditório e da ampla, pois ainda, como dito, inexistente acusação formal, ainda inexistente processo, e ainda inexistente lide que surge com a impugnação (pretensão resistida), apresentada após ciência da acusação fiscal (autos de infração). Assim, o local próprio para defesa, após ciência da acusação formal, é processo administrativo fiscal, o devido processo legal administrativo, banhado pelos princípios da ampla defesa e do contraditório. No caso, desde a primeira instância de julgamento (oferecimento de impugnação pelos recorrentes aos autos de infração), estão sendo assegurados aos recorrentes (acusados) o devido processo legal administrativo, o contraditório e a ampla defesa, e os recorrentes têm exercido e vêm exercendo, plenamente, o contraditório e a ampla defesa, aduzindo, suscitando preliminar, e questionando matéria de mérito. Assim, como já dito, não tem plausibilidade jurídica a alegação de vício no lançamento fiscal, por conta do fato do procedimento de fiscalização ter sido realizado no interesse exclusivo do fisco (colheita de provas), não informando durante a investigação fiscal os passos da investigação (circularização de clientes). Fl. 1739DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.739 27 É da natureza do procedimento de fiscalização ser inquisitório, ato de interesses exclusivo do fisco para colheita, reunião de provas dos fatos investigados. Portanto, não há vício algum no lançamento fiscal, por conta do procedimento fiscal de investigação ter de caráter inquisitório. c) ademais, no que concerne à circularização de clientes da autuada: Aqui, também, a pretensão dos recorrentes é descabida. Quanto à técnica de fiscalização por amostragem, consta do Termo de Encerramento fiscal o contexto que ela foi utilizada ou aplicada (efls. 1556/1581). No caso, serviu para apuração de "nota calçada" e "venda sem nota" em relação a alguns dos clientes da fiscalizada circularizados, quanto às operações de cobrança bancária e de operações de desconto de cheques/duplicatas. As diferenças tributáveis apuradas, assim, compõem a infração omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas. (...) IV AÇÃO FISCAL (...) 9 Da análise das Notas Fiscais de Saídas apresentadas pela fiscalizada, esta fiscalização circularizou, por amostragem, seis dentre seus clientes, sendo os mesmos intimados a apresentar uma relação das notas fiscais emitidas pela fiscalizada em seu favor no ano de 2006, bem como os respectivos comprovantes de pagamento. As intimações tiveram a finalidade de verificar se havia diferença entre as notas fiscais da 1a via, de posse do cliente, e as da via fixa do talonário de notas apresentado pela fiscalizada. Após esta análise, não foram encontradas diferenças entre as vias, razão pela qual encontramse em anexo apenas as intimações e as respectivas respostas dos clientes (fls. 623 a 641). 9.1 Algumas intimações não foram incluídas no processo, pois seus respectivos avisos de recebimentos retornaram com o aviso de que houve mudança de endereço, não sendo possível obter êxito na coleta destas informações. (...) 14.1 Dentre as empresas circularizadas, seu cliente TRIBO JEANS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÃO DE VESTUÁRIO LTDA EPP, CNPJ 04.437.624/000121, apresentou a esta fiscalização a nota fiscal de prestação de serviços n° 7763 (fls. 1268), emitida pela fiscalizada no dia 12/07/2006, com o valor de mão de obra de R$ 18.596,80. Apresentou também uma declaração da fiscalizada (fls. 1269) comprovando o recebimento deste valor, bem como a duplicata emitida e com quitação dada pela fiscalizada em nome da Fl. 1740DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.740 28 empresa circularizada no valor R$ 18.596,80 (fls. 1270). Mas ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que na nota fiscal n° 7763 (fls. 1271) consta um valor de mão de obra de R$ 596,80, valor este escriturado no Livro de Registro de Saídas (fls. 299), ou seja, R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) a menos do constante na nota fiscal apresentada por seu cliente. Este fato caracteriza a emissão de "nota calçada" 1 e a diferença de R$ 18.000,00 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 14.2 A empresa circularizada COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, CNPJ 07.080.684/000128, ao responder a Intimação Fiscal SEFIS n° 244/2010 (fls. 1196 a 1199), apresentou títulos de cobranças emitidos pelo Banco do Brasil S/A e Banco Bradesco S/A do ano calendário de 2006 (fls. 1203 a 1261), cuja soma atingiu o montante de R$ 121.963,61. Tais títulos trazem como cedente, ou seja, favorecido pelo título, a fiscalizada, e como sacado, ou seja, o devedor do titulo, a empresa circularizada. Ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que não há nenhuma emitida em nome da empresa COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 121.963,61, pago pela empresa circularizada à fiscalizada, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$ 121.963,61 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". Ressaltese que este valor integra o montante relacionado no item 12.3 deste Termo, referente às operações de cobrança bancária. Após analisar as demais empresas circularizadas, não foram encontradas diferenças entre as notas fiscais apresentadas pelos clientes da fiscalizada e as notas fiscais fixas do talão, razão pela qual encontramse em anexo apenas as intimações endereçadas a estes clientes. Algumas intimações não foram incluídas no processo, pois seus respectivos avisos de recebimentos retornaram com o aviso de que houve mudança de endereço, não sendo possível obter êxito na coleta destas informações. (...) Como visto, a fiscalização por amostragem "circularização de clientes" da fiscalizada restringiuse (serviu apenas) à apuração de venda, com nota fiscal calçada, de R$ 18.000,00 para o cliente TRIBO JEANS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÃO DE VESTUÁRIO LTDA EPP e venda sem nota fiscal para o cliente COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, no valor R$ 121.963,61 (existência de título de descontado no Banco, porém sem emissão de nota fiscal na escrituração). Os citados valores compõem a infração omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas. Fl. 1741DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.741 29 Portanto, não houve extrapolação de base de cálculo ou valor tributável, por amostragem, quanto às infrações imputadas. Houve apenas "circularização de alguns clientes", por amostragem, para verificação se as operações de venda de que tratam as cobranças bancárias e as operações de desconto de cheques/duplicatas foram ou não acobertadas com nota fiscal. Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar de nulidade pela inexistência de vício que pudesse macular ou inquinar o lançamento fiscal de nulidade, pois: a) não houve quebra ilegal do sigilo bancário. O acesso direto do fisco aos dados e informações de movimentação financeira bancária, via emissão de RMF, deuse com amparo na legislação de regência vigente, declarada constitucional pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal STF. Provas colhidas pelo fisco hábeis, válidas e eficazes; b) não há que se falar cerceamento do direito defesa durante o procedimento de fiscalização (colheita de provas), pois tratase de procedimento de natureza inquisitória, realizado no interesse exclusivo do fisco (apuração de provas quanto aos fatos, infrações, de relevância tributária); c) não houve imputação de infrações, base de cálculo ou valor tributável (extrapolação) por amostragem. Houve mera "circularização de clientes" da autuada, por amostragem, que implicou, em algumas dessas operações analisadas ou investigadas, a constatação de "nota fiscal calçada" e "venda sem nota fiscal), cujos valores compõem a infração omissão de receitas receitas não escrituradas. 2 Quanto ao mérito: 2.1 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS E DE ORIGEM NÃO COMPROVADA: Os recorrentes alegam: que não há previsão constitucional de extratos bancários ou movimentação financeira em conta bancária configurar fato gerador de tributo; que as infrações imputadas não ocorreram, pois inexistiu omissão de renda ou receitas ou de pagamentos; que nem houve levantamento ou procedimento de fiscalização válido por parte dos autuantes; que, em relação aos recorrentes, não restou comprovada acréscimo patrimonial; que o trânsito de valores (depósitos) pelo sistema bancário ou financeiro não significa excedente, acréscimo ou receita ou faturamento; que há necessidade do fisco comprovar o acréscimo patrimonial; que isso não foi demonstrado pela fiscalização; logo, o lançamento fiscal é insubsistente, pois inaplicáveis os dispositivos legais mencionados nos autos de infração; Fl. 1742DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.742 30 que a exigência de tributo com base na presunção legal do art. 42 da Lei 9.430/96 é arbitrária; que a movimentação financeira bancária é meramente escritural e superposta; que o fisco não demonstrou a ocorrência do fato gerador dos tributos do Simples; que não cabe ao fisco suspeitar ou presumir fato gerador de tributo, sob pena de ruir o sistema constitucional de tributação e da proteção do contribuinte contra a sanha arrecadatória do Estado; que, em defesa de sua tese, citou precedentes do CARF (Acórdão nº 104 12.775 e 10186.129). Citou ainda entendimentos dos Tribunais Pátrios; que os autos de infração, portanto, no mérito estão inviabilizados. Não procede a irresignação dos recorrentes. A contribuinte foi intimada e reintimada, durante o procedimento de fiscalização, a comprovar a origem dos depósitos individualizados em suas contas correntes bancárias, quanto ao anocalendário 2006, conforme art. 42 da Lei 9.430/96, porém ficou silente, deixou passar em branco o prazo dado pela fiscalização, conforme Termo de Constatação Fiscal nº 22, de 2010, e relação anexa de depósitos individualizados por operação (data e valor), por banco e conta corrente (efls. 643/657), Termo de Reintimação Fiscal nº 102, de 2010 (efls. 660/662) e Termo de Reitimação Fiscal nº 123, de 2010 (efls. 668/685). Consta do Termo de Encerramento de Ação Fiscal, in verbis: (...) 7 Em sua Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica SIMPLES PJSI 2007, ano calendário 2006, a fiscalizada declarou à Secretaria da Receita Federal do Brasil SRFB uma receita bruta anual de R$ 1.122.437,18 (um milhão, cento e vinte e dois mil, quatrocentos e trinta e sete reais e dezoito centavos), valor este INCOMPATÍVEL com sua movimentação financeira, pois de acordo com o banco de dados da SRFB, sua movimentação financeira durante o ano de 2006 foi de R$ 11.552.301,89 (onze milhões, quinhentos e cinquenta e dois mil, trezentos e um reais e oitenta e nove centavos) nos seguintes Bancos, a saber: (...) 8 A fiscalizada escriturou em seu Livro de Registro de Saídas e no Livro de Registro e Apuração de ICMS, no ano de 2006, uma receita bruta de R$ 1.282.019,60 (um milhão, duzentos e oitenta e dois mil, dezenove reais e sessenta centavos), que é compatível com a receita bruta declarada à SRFB, conforme item anterior, compatível com as notas fiscais de prestação de serviço apresentadas pelo contribuinte e compatível com as receitas de serviços prestados escrituradas no Livro Caixa, mas, no entanto. Fl. 1743DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.743 31 INCOMPATÍVEL com a movimentação financeira conforme tabela acima. (...) 10A microempresa e a empresa de pequeno porte estão dispensadas de escrituração comercial,ou seja, da escrituração do Livro Diário / Razão, desde que mantenham Livro Caixa com a escrituração de toda a sua movimentação financeira, inclusive a bancária. É o que preceitua o § 1 °,alínea "a" do artigo 7° da Lei n° 9.317 de 1996 e o artigo 190, Parágrafo único, inciso I do Regulamentodo Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Mas ao analisar o Livro Caixa apresentado pela fiscalizada, constatouse que o mesmo não contém nenhum lançamento referente às movimentações das suas contas bancárias, mesmo tendo movimentado mais de R$ 11 milhões em 5 contas bancárias diferentes durante o anocalendário de 2006. 10.1 Devido a este fato que comprova que a escrituração contábil foi efetuada de forma parcial, a fiscalizada foi intimada a apresentar os extratos das contas correntes bancárias movimentadas nas instituições financeiras no anocalendário de 2006 através do Termo de Início do Procedimento Fiscal (fls. 156 a 157). Tais extratos, neste caso, se tornaram imprescindíveis para a correta apuração dos tributos federais. 11De posse dos extratos bancários apresentados pela fiscalizada (fls. 468 a 620), esta fiscalização analisouos e confrontouos com o Livro Caixa, também apresentado por ela, e concluiu que a escrituração constante no Livro Caixa, conta "CAIXA" n° 1.10.1.01, apresenta inconsistências graves, tais como: (...) 11.2.1Após a elaboração da tabela acima, foram verificados os extratos das contascorrentes bancárias com a finalidade de encontrar valores creditados a título de empréstimos. Feito isso, somente dois depósitos desta natureza foram encontrados na conta corrente 77364, agência 13986 do Banco do Brasil, ambos feitos no dia 01/12/2006, nos valores de R$ 45.000,00 e R$ 5.000,00, que por sinal não estavam escriturados no Livro Caixa. Esses quantitativos estão muito aquém dos valores que ingressaram na conta "CAIXA" a título de empréstimo durante o ano de 2006 (R$ 660.500,00). 11.2.2Por este motivo, a fiscalizada foi intimada através do Termo de Intimação Fiscal SEFIS n°296/2010 (fls. 1293 a 1295), de 30/07/2010, a apresentar, no prazo de 05 (cinco) dias, comprovantes dos empréstimos, hábeis e idôneos, tais como contratos e documentos bancários que demonstrem o ingresso dos recursos e seus respectivos pagamentos, coincidentes em datas e valores, conforme tabela constante do item 11.2 deste Termo e de acordo com os valores escriturados em seu Livro Caixa. Fl. 1744DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.744 32 11.2.3Em resposta (fls. 1297 a 1301), no dia 09/08/2010, a fiscalizada apresentou documento no qual solicitou prazo maior para atender a intimação. Assim se expressou: "No tocante à exigência propriamente dita, conforme posto no termo de intimação, é possível esclarecer, no ínfimo prazo concedido, que as questionadas operações de empréstimo foram escrituradas em forma cumulativa, porque resultante do constante uso e cobertura de limites de crédito bancário concedidos ao contribuinte, em que o crédito é usado, amortizado, reutilizado, amortizado, reutilizado e coberto, em sucessivas operações. Não há contratos específicos das operações individualmente consideradas, exatamente pela modalidade da concessão dos créditos e pela dinâmica da sua utilização. A empresa já solicitou dos bancos os contratos referentes aos limites de crédito do período, para brevíssima entrega à fiscalização." Meras alegações sem a apresentação de documentos hábeis e idôneos não fazem prova em favor da fiscalizada. Conforme relatado no Termo de Intimação Fiscal SEFIS n° 296/2010, item 2, foram verificados os extratos das contas correntes bancárias apresentados pela fiscalizada com o intuito de encontrar valores creditados a titulo de empréstimos, contudo somente dois lançamentos de depósitos desta natureza foram encontrados na conta corrente 77364, agência 13986 do Banco do Brasil, ambos feitos no dia 01/12/2006, nos valores de R$ 45.000,00 e R$ 5.000,00, quantitativos estes muito inferiores aos valores que ingressaram na conta "CAIXA" durante o ano de 2006, que foi R$ 660.500,00. Notese também que não foi entregue a esta fiscalização nenhum protocolo bancário comprovando a alegada solicitação dos referidos contratos às instituições financeiras. Consta que esses documentos embasaram a escrituração contábil do contribuinte no anocalendário de 2006, portanto, deveriam estar disponíveis para análise da fiscalização desde 2006, razão pela qual o prazo de 05 (cinco) dias para localizar trinta papéis, no máximo, entende esta fiscalização ser mais do que suficiente. Ressaltese que até a data do fechamento deste Termo nada foi apresentado neste sentido pela fiscalizada. 11.2.4 Diante do acima exposto, a fiscalizada foi reintimada através do Termo de Reintimação Fiscal SEFIS n° 324/2010 (fls. 1302 a 1305) a apresentar, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, comprovantes dos empréstimos tomados Em resposta (fls. 1307 a 1310), no dia 23/08/2010 a fiscalizada apresentou documento no qual assim afirmou: "(...) não há contratos específicos das operações individualmente consideradas, exatamente pela modalidade da concessão dos créditos e pela dinâmica da sua utilização (...) os contratos concessivos de abertura de crédito estão anexos (...) documentos anexos, confirmatórios de que as operações de empréstimo, embora não escrituradas de forma individualizada, existiram e tiveram lançamento cumulativo (...)". Fl. 1745DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.745 33 Os documentos apresentados em anexo pela fiscalizada (fls. 1311 a 1322) não comprovam a existência dos referidos empréstimos, uma vez que são contratos que apenas fazem menção da disponibilidade de capital de giro para uso da fiscalizada, não tendo esta apresentado, conforme intimações provenientes desta fiscalização, documentos que demonstrem o ingresso dos recursos e seus respectivos pagamentos, coincidentes em datas e valores, conforme tabela constante do item 11.2 deste Termo e de acordo com os valores escriturados em seu Livro Caixa. Se estes documentos comprobatórios de fato existissem, seria do interesse da fiscalizada apresentálos, uma vez que implicariam a retirada dos valores obtidos como empréstimos da base de cálculo apurada nesta fiscalização, tornando o crédito tributário apurado menor. Mais uma vez a fiscalizada apenas fez alegações desacompanhadas de documentos hábeis e idôneos, tais como contratos e documentos bancários, que demonstrassem o ingresso dos recursos e seus respectivos pagamentos, coincidentes em datas e valores. Este fato, portanto, evidencia a tentativa da fiscalizada de evitar saldo credor na Conta Caixa por ter havido omissão de receitas. O Acórdão n° 10808.368 do 1° Conselho de Contribuinte (hoje chamado Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), 8a Câmara, publicado no Diário Oficial da União em 11/01/2007, sobre o tema assim se pronunciou: "SALDO CREDOR DE CAIXA EXCLUSÃO DE EMPRÉSTIMOS DE TERCEIROS Não comprovada a efetiva entrega de suprimento de numerário supostamente realizado por terceiros, cabível a recomposição do saldo da Conta Caixa com a exclusão de tais valores e a tributação como omissão de receitas do saldo credor apurado." (grifos nossos). 12 Os extratos bancários apresentados pela fiscalizada foram cotejados com o banco de dados da SRFB conforme dispõe a legislação vigente. Logo de plano, foi observado que havia várias entradas financeiras (créditos em contascorrentes bancárias), sendo que nenhuma delas foi escriturada no Livro Caixa. Esses créditos foram identificados e separados por instituição financeira. A fiscalização efetuou a conciliação entre as diversas contas da fiscalizada, a fim de se excluir, do total de créditos, operações referentes a transferências entre contas de mesma titularidade, estornos de cheques, devoluções e demais créditos que, na nossa análise, não se enquadravam como possíveis receitas provenientes da sua atividade comercial. Após esta análise, os demais créditos, no montante de R$ 9.366.973.30 (nove milhões, trezentos e sessenta e seis mil, novecentos e setenta e três reais e trinta centavos), foram relacionados na planilha "Demonstrativo dos Créditos Apurados" (fls. 645 a 656), documento anexo ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal n° 22/2010 (fls. 642 a 643), de 28/01/2010, tendo sido o contribuinte notificado no dia 03/02/2010. Por este Termo ficou a fiscalizada intimada a comprovar, no prazo de 10 (dez) dias, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados / depositados em suas contascorrentes bancárias, de Fl. 1746DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.746 34 forma a descaracterizar que foi oriunda das atividades comercias praticadas pela fiscalizada. (...) 12.3Diante do exposto, a fiscalizada foi intimada pela terceira vez a justificar, no prazo de 15(quinze) dias, a origem dos créditos constantes em suas contascorrentes movimentadas no anocalendário de 2006 através do Termo de Reintimaçâo Fiscal n° 123/2010 (fls. 667 a 669), de 14/04/2010.Neste Termo, os créditos foram individualizados por tipo de operação e esta fiscalização encaminhou à fiscalizada, além da via em papel (fls. 671 a 684), um CD (compact disc) contendo essas informações em meio magnético, para facilitar sua compreensão. Do montante dos créditos relacionados, R$1.802.985,96 são decorrentes das operações de cobrança bancária efetuadas pelo contribuinte e R$3.849.193,26 são decorrentes das operações de desconto de cheques e/ou duplicatas; os demais créditos, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. As diferentes operações somadas atingem o montante de R$9.366.973,30 (nove milhões, trezentos e sessenta e seis mil, novecentos e setenta e três reais e trinta centavos). Decorrido o prazo solicitado, mais uma vez nada foi apresentado ou respondido a esta fiscalização. 12.4No dia 07/05/2010, a fiscalizada apresentou novos protocolos de solicitação de detalhamento dos extratos bancários junto às instituições financeiras nas quais ele mantinha contascorrentes no ano de2006 (fls. 685 a 693). A apresentação destes protocolos não justifica o fato de a fiscalizada postergar indefinidamente a entrega dos documentos solicitados durante a ação fiscal, os quais são simples relações de cheques e de duplicatas encaminhadas às instituições financeiras para desconto e/ou cobrança, produzidas pela própria fiscalizada. Destaquese que a primeira intimação que solicitou a justificativa da origem dos valores creditados/depositados em suas contascorrentes aconteceu há mais de 3 (três) meses da data de recebimento dos referidos protocolos e esta fiscalização entende que o prazo dado já foi mais do que suficiente. Ressaltese que até o presente momento nenhuma relação foi apresentada, mesmo que de forma parcial, e essas relações são indispensáveis para a realização de um mínimo controle financeiro em qualquer empresa, haja vista que não é cabível admitir que a fiscalizada entregue cheques e duplicatas para desconto e/ou cobrança sem sequer relacioná los. 12.5A obtenção da relação dos cheques e das duplicatas entregue aos bancos, bem como da relação dos depósitos efetuados nas contascorrentes da fiscalizada é imprescindível para a correta apuração dos tributos federais, uma vez que somente com tais documentos será possível identificar se os Fl. 1747DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.747 35 valores creditados e/ou depositados em suas contascorrentes são originários de sua atividade comercial, uma vez que não há escrituração da movimentação bancária no Livro Caixa apresentado pela fiscalizada. 13Diante da recusa não justificada da fiscalizada em comprovar a origem dos créditos constantes em suas contas bancárias com a apresentação de relação das operações de desconto e de cobrança realizadas nas instituições financeiras nas quais manteve contacorrente no ano de 2006, apesar de intimada, reintimada e intimada pela terceira vez, tornouse indispensável a Requisição da Movimentação Financeira para a correta apuração da sua receita bruta. Assim, nos termos do disposto na Lei Complementar n° 105/2001, no Decreto 3.724/2001 e na forma da Lei 9.430/1996,procedemos à solicitação (fls. 694 a 703), junto às instituições financeiras, dos extratos detalhados dasoperações de cobrança, de desconto e dos depósitos creditados nas contas bancárias da fiscalizada noanocalendário de 2006. 14De posse destes extratos apresentados pelas instituições financeiras (fls. 704 a 1192), circularizamos, por amostragem, alguns de seus clientes para que os mesmos, ao responderem as respectivas intimações, apresentassem a esta fiscalização as notas fiscais originais emitidas pela fiscalizada em seu favor no ano de 2006, bem como os respectivos comprovantes de pagamento originais conforme relação constante em cada intimação. Essas intimações (fls. 1193 a 1291)tiveram a finalidade de verificar se havia notas fiscais "calçadas", ou seja, diferenças entre as notas fiscais da 1a via, de posse do cliente, e as da via fixa do talonário de notas apresentado pela fiscalizada,e se houve a prática de vendas sem a emissão da respectiva nota fiscal. 14.1 Dentre as empresas circularizadas, seu cliente TRIBO JEANS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÃO DE VESTUÁRIO LTDA EPP, CNPJ 04.437.624/000121, apresentou a esta fiscalização a nota fiscal de prestação de serviços n° 7763 (fls. 1268), emitida pela fiscalizada no dia 12/07/2006, com o valor de mão de obra de R$ 18.596,80. Apresentou também uma declaração da fiscalizada (fls. 1269) comprovando o recebimento deste valor, bem como a duplicata emitida e com quitação dada pela fiscalizada em nome da empresa circularizada no valor R$ 18.596,80 (fls. 1270). Mas ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que na nota fiscal n° 7763 (fls. 1271) consta um valor de mão de obra de R$ 596,80, valor este escriturado no Livro de Registro de Saídas (fls. 299), ou seja, R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) a menos do constante na nota fiscal apresentada por seu cliente. Este fato caracteriza a emissão de "nota calçada" 1 e a diferença de R$ 18.000,00 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". Fl. 1748DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.748 36 14.2 A empresa circularizada COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, CNPJ 07.080.684/000128, ao responder a Intimação Fiscal SEFIS n° 244/2010 (fls. 1196 a 1199), apresentou títulos de cobranças emitidos pelo Banco do Brasil S/A e Banco Bradesco S/A do ano calendário de 2006 (fls. 1203 a 1261), cuja soma atingiu o montante de R$ 121.963,61. Tais títulos trazem como cedente, ou seja, favorecido pelo título, a fiscalizada, e como sacado, ou seja, o devedor do titulo, a empresa circularizada. Ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que não há nenhuma emitida em nome da empresa COCONUT REPUBLIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 121.963,61, pago pela empresa circularizada à fiscalizada, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$ 121.963,61 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". Ressaltese que este valor integra o montante relacionado no item 12.3 deste Termo, referente às operações de cobrança bancária. Após analisar as demais empresas circularizadas, não foram encontradas diferenças entre as notas fiscais apresentadas pelos clientes da fiscalizada e as notas fiscais fixas do talão, razão pela qual encontramse em anexo apenas as intimações endereçadas a estes clientes. Algumas intimações não foram incluídas no processo, pois seus respectivos avisos de recebimentos retornaram com o aviso de que houve mudança de endereço, não sendo possível obter êxito na coleta destas informações. 15 Ao analisar os extratos detalhados apresentados pelas instituições financeiras conforme item 13 deste Termo, constatamos o que segue: 15.1 O extrato das operações de cobrança do ano de 2006 apresentado pelo Banco do Brasil (fls. 704 a 747) somente pode levar esta fiscalização a concluir que tais operações são provenientes da atividade comercial da fiscalizada, qual seja "a exploração do ramo de industrialização e confecções de artigos do vestuário, para terceiros e próprios, lavanderia industrial, serviços de acabamento em vestuários e comércio atacadista e varejista de artigos do vestuário em gerar, pois quase todas as pessoas jurídicas ali relacionadas possuem em sua razão social termos que denotam o ramo de suas atividades e, por conseguinte, sua relação comercial com a fiscalizada, tais como: CONFECÇÕES, TECIDOS, JEANS, MODAS, ROUPAS, TÊXTIL, FASHION. Portanto, a fiscalização conclui que a fiscalizada auferiu receitas de vendas perfeitamente identificadas a partir de suas operações de cobranças no montante de R$ 1.802.985,96 (um milhão, oitocentos e dois mil, novecentos e oitenta e cinco reais e noventa e seis centavos), conforme item 12.3 deste Termo. Esse crédito será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". Fl. 1749DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.749 37 15.2Foi entregue a esta fiscalização pelo Banco Santander S/A o extrato das operações de desconto de duplicatas realizadas no anocalendário de 2006 (tis. 748 a 831). O termo duplicata evidencia relação comercial entre as partes, pois é uma espécie de titulo de crédito que constitui o instrumento deprova do contrato de compra e venda ou de prestação de serviços e, neste último caso, este documento comercial é título emitido pela empresa prestadora de serviços para cobrança dos serviços prestados. A Lei das Duplicatas Lei n° 5.474/68 assim definiu esse titulo de crédito em seus artigos 1o e 2°: (...). Diante do exposto neste item e da transcrição legal a respeito do título de crédito duplicata, somado ao fato de que quase todas as pessoas jurídicas relacionadas no extrato apresentado possuem em sua razão social os termos exemplificados no item 15.1 acima, termos estes que denotam o ramo de suas atividades e, por conseguinte, sua relação comercial com a fiscalizada, esta fiscalização só pode concluir que tais operações são provenientes da atividade comercial da fiscalizada, pois a mesma auferiu receitas de vendas perfeitamente identificadas a partir de suas operações de desconto de cheques e duplicatas no montante de R$ 3.849.193,26 (três milhões, oitocentos e quarenta e nove mil, cento e noventa e três reais e vinte e seis centavos), conforme item 12.3 deste Termo. Tal crédito também será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 15.3O Banco do Brasil S/A apresentou uma Consulta Analítica Transferências Financeiras Interbancárias (tis. 707) na qual um depósito foi feito na contacorrente 7.7364, agência 13986 do Banco do Brasil, de titularidade da fiscalizada, pela empresa TAIARA MODAS LTDA, CNPJ04.329.683/000186, no dia 05/07/2006 e no valor de R$ 11.487,00. Mas ao analisar as notas fiscais apresentadas pela fiscalizada, constatamos que há apenas uma nota fiscal emitida em nome da empresa TAIARA MODAS LTDA, a qual diverge em data e valor do referido depósito, visto ter sido esta nota fiscal emitida no dia 06/12/2006 e com o valor de mão de obra de R$ 475,20. Diante deste fato,e por ser a empresa TAIARA MODAS LTDA cliente da fiscalizada, esta fiscalização só pode concluir que o valor de R$ 11.487,00, depositado na conta da fiscalizada por sua cliente, é proveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, o montante de R$11.487,00 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração"Receitas não Escrituradas". 15.4O Banco Bradesco S/A apresentou uma consulta Transferência Bancária Histórico Recebido(fls. 867) na qual um depósito foi feito na contacorrente 28444, agência 24139 do Banco Bradesco, de titularidade da fiscalizada, pela empresa SALEMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA,CNPJ 07.232.068/000145, no dia 11/07/2006 e no valor de R$ 43.997,56. Analisandose as notas fiscaisapresentadas pela fiscalizada, constatamos que não há nenhuma emitida em nome da empresaSALEMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE Fl. 1750DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.750 38 ROUPAS LTDA. Diante do exposto neste item e também pelapresença do termo "ROUPAS" em sua razão social que, de acordo com o item 15.1 acima, evidencia oramo de sua atividade e, por conseguinte, caracteriza a relação comercial com a fiscalizada, estafiscalização só pode concluir que o valor de R$ 43.997,56, depositado na contacorrente da fiscalizada, éproveniente de prestações de serviços efetuados sem emissão de notas fiscais. Portanto, omontante de R$ 43.997,56 será objeto de lançamento dentro da rubrica "Omissão de Receitas", naInfração "Receitas não Escrituradas". 15.5O Banco Bradesco S/A entregou uma relação de cheques depositados na contacorrente dafiscalizada (fls. 871 a 960). A instituição financeira, ao responder solicitação desta fiscalização sobre aorigem destes cheques, revelou apenas os depositantes que eram correntistas do Banco Bradesco (fls.992 a 1192). Ao analisar os cadastros destes depositantes, constatamos se tratar, em sua maioria, de pessoas jurídicas que possuem termos em sua razão social que, conforme exposto alhures no item 15.1acima, indicam sua atividade comercial e caracteriza sua condição de cliente da fiscalizada, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que esses depósitos de cheques em sua contacorrente só podem ser provenientes da atividade comercial da fiscalizada. 16 Os demais valores creditados nas contas bancárias da fiscalizada, que perfazem um montante de R$ 3.714.794,08 (três milhões, setecentos e quatorze mil, setecentos e noventa e quatro reais e oito centavos), de acordo com o item 12.3 acima, são originários principalmente de depósitos e transferências recebidos. 16.1 Com o intuito de comprovar que alguns destes créditos não são oriundos das suas atividades comercias, a fiscalizada apresentou documento (fls. 1323 a 1324) datado de10/09/2010 contendo cópias de cheques (fls. 1325 a 1368) a ele anexadas. Segundo a fiscalizada,"(...) tratase de títulos depositados repetidas vezes em suas contas correntes, porque devolvidos sem compensação, gerando movimento fictício de valores, posto que lançados em conta como crédito, por várias oportunidades, sem que o crédito fosse efetivo (...)". Por se tratar apenas de fotocópias tiradas do anverso de vários cheques, esta fiscalização solicitou à fiscalizada que apresentasse os documentos originais para poder analisálos por completo. Os cheques foram entregues a esta fiscalização e cópias do seu anverso e verso foram tiradas e se encontram anexadas às fls. 1369 a 1424. Mais uma vez, ao analisar os emitentes dessas ordens de pagamento constatamos se tratar, em sua maioria, de pessoas jurídicas que possuem termos em sua razão social que, conforme exposto no item 15.1 deste Termo, indicam sua atividade comercial e sua condição de cliente da fiscalizada, razão pela qual esta fiscalização só pode concluir que era comum a fiscalizada receber o pagamento referente a sua prestação de serviço através de cheques depositados em sua contacorrente. Fl. 1751DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.751 39 16.2 Os cheques que contêm em seu anverso o carimbo de cruzamento do banco, que indica que o mesmo foi depositado, e o carimbo de "documento devolvido" em seu verso, foram excluídos. Documentos sem o carimbo de cruzamento da instituição financeira não foram considerados, visto que não foram depositados. Os cheques depositados com apenas um carimbo de devolução, com a respectiva data do fato, foram excluídos na competência da ocorrência da devolução; os documentos que apresentam dois carimbos de indicação de devolução foram considerados duas vezes, nas competências da ocorrência dos estornos, conforme tabela constante do item 17 deste Termo. Os títulos que foram devolvidos no anocalendário de 2005 não foram considerados, pois este período não foi abrangido pela presente ação fiscal. 17 Os valores abaixo relacionados foram apurados levandose em consideração os itens 14.1, 15.3, 15.4 e 16.2, todos deste Termo, de acordo com o parágrafo 1o, art. 42 da Lei n° 9.430/96 e considerados por esta fiscalização como base de cálculo para se chegar aos tributos devidos conforme segue: Competência AC 2006 Depósitos / Créditos Bancários Cheques Excluídos Depósitos Lançados em outra Infração Depósitos / Créditos Bancários não Escriturados ¡an/06 332.937,31 17.574,00 0,00 315.363,31 fev/06 153.618,20 21.986,00 0,00 131.632,20 Mar/06 521.392,73 13.057,00 0,00 508.335,73 abr/06 430.856,70 8.188,00 0,00 422.668,70 Mai/06 205.788,15 11.578,00 0,00 194.210,15 ¡un/06 146.117,97 26.034,68 0,00 120.083,29 jul/06 435.753,95 49.281,31 73.484,56 312.988,08 Ago/06 333.329,77 8.959,50 0,00 324.370,27 set/06 453.255,51 17.000,00 0,00 436.255,51 out/06 301.499,07 21.703,60 0,00 279.795,47 Nov/06 176.923,65 24.118,00 0,00 152.805,65 Dez/06 223.321,07 0,00 0,00 223.321,07 TOTAL 3.714.794,08 219.480,09 73.484,56 3.421.829,43 17.1 Os montantes que figuram na coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS" foram obtidos através da análise da movimentação financeira proveniente das instituições financeiras com as quais a fiscalizada mantinha contacorrente bancária no anocalendário de 2006. Foram somados, mensalmente, os créditos / depósitos constantes nestas contas correntes, originários principalmente de depósitos e transferências recebidos, sendo que tais valores podem ser conferidos na planilha "Demonstrativo dos Créditos Apurados" (fls. 645 a 656), individualizados na planilha 03 (fls. 677 a 684), e "Demonstrativo Mensal dos Créditos Apurados Depósitos e Transferências Recebidos" (fls. 1508 a 1509). 17.2 Os montantes constantes na coluna "CHEQUES EXCLUÍDOS" correspondem aos documentos apresentados pela Fl. 1752DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.752 40 fiscalizada e considerados por esta fiscalização como valores a serem excluídos da base de cálculo apurada na presente ação fiscal, conforme item 16.2 deste Termo. 17.3 O montante excluído desta infração, apresentado na coluna "DEPÓSITOS LANÇADOS EM OUTRA INFRAÇÃO", corresponde ao somatório dos valores constantes nos itens 14.1,15.3 e 15.4 deste Termo que, conforme descrito nos referidos itens, são depósitos feitos nas contascorrentes da fiscalizada que serão lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas". 17.4 Os valores constantes da coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS", obtidos através da subtração dos montantes da coluna "DEPÓSITOS / CRÉDITOS BANCÁRIOS" pelas colunas "CHEQUES EXCLUÍDOS" e "DEPÓSITOS LANÇADOS EM OUTRA INFRAÇÃO", foram lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas" por presunção legal na infração "DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS", haja vista que o contribuinte não comprovou a origem e a natureza da totalidade dos créditos encontrados em suas contas bancárias a fim de descaracterizar que esses valores eram oriundos de sua atividade comercial. 18A receita bruta declarada pela fiscalizada à Secretaria da Receita Federal do Brasil foi devidamente deduzida dos valores tributáveis conforme demonstrado na tabela constante no item 25.6 do presente Termo. (...) Como visto na transcrição acima, não procede a mera alegação dos recorrentes de que: a) valores repetidos e sobrepostos deixam de ser expurgados do valor tributável; b) valores de empréstimos bancários ("crédito rotativo), utilização e reutilização de valores, não foram expurgados. Consta do Termo de Encerramento da Ação Fiscal: (...) 11.2 Há lançamentos a título de "Empréstimos Bancários a Pagar", conta n° 2.10.4.06, escriturados tanto a Débito como a Crédito na conta "Caixa" n° 1.10.1.01, representando entradas e saídas de valores do caixa, respectivamente, conforme tabela abaixo: DATA Empréstimos Bancários a Pagar (Débito) Empréstimos Bancários a Pagar (Crédito) 02/01/2006 12.500,00 05/01/2006 12.000,00 Fl. 1753DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.753 41 09/01/2006 82.500,00 31/01/2006 16.000,00 07/02/2006 10.000,00 09/02/2006 50.000,00 16/02/2006 20.000,00 09/03/2006 30.000,00 31/03/2006 50.000,00 04/04/2006 30.000,00 07/04/2006 41.000,00 30/04/2006 30.000,00 01/05/2006 4.000,00 09/05/2006 40.000,00 31/05/2006 24.000,00 21/06/2006 50.000,00 07/07/2006 38.500,00 20/07/2006 40.000,00 09/08/2006 35.000.00 31/08/2006 25.000,00 07/09/2006 65.000,00 30/09/2006 20.000,00 05/10/2006 20.000,00 31/10/2006 19.000,00 09/11/2006 120.000,00 08/12/2006 20.000,00 TOTAL 660.500,00 144.000,00 11.2.1 Após a elaboração da tabela acima, foram verificados os extratos das contascorrentes bancárias com a finalidade de encontrar valores creditados a título de empréstimos. Feito isso, somente dois depósitos desta natureza foram encontrados na conta corrente 77364, agência 13986 do Banco do Brasil, ambos feitos no dia 01/12/2006, nos valores de R$ 45.000,00 e R$ 5.000,00, que por sinal não estavam escriturados no Livro Caixa. Esses quantitativos estão muito aquém dos valores que ingressaram na conta "CAIXA" a titulo de empréstimo durante o ano de 2006 (R$ 660.500,00). (...) A própria recorrente reconheceu a impossibilidade de comprovação da origem dos recursos, operação por operação, conforme exige a legislação (art. 42 da Lei 9.430/96), quanto assim prestou informação à fiscalização conforme Termo de Encerramento de Ação Fiscal, in verbis: (...) Em resposta (fls. 1307 a 1310), no dia 23/08/2010 a fiscalizada apresentou documento no qual assim afirmou: "(...) não há contratos específicos das operações individualmente Fl. 1754DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.754 42 consideradas, exatamente pela modalidade da concessão dos créditos e pela dinâmica da sua utilização (...) os contratos concessivos de abertura de crédito estão anexos (...) documentos anexos, confirmatórios de que as operações de empréstimo, embora não escrituradas de forma individualizada, existiram e tiveram lançamento cumulativo (...)". Os documentos apresentados em anexo pela fiscalizada (fls. 1311 a 1322) não comprovam a existência dos referidos empréstimos, uma vez que são contratos que apenas fazem menção da disponibilidade de capital de giro para uso da fiscalizada, não tendo esta apresentado, conforme intimações provenientes desta fiscalização, documentos que demonstrem o ingresso dos recursos e seus respectivos pagamentos, coincidentes em datas e valores, conforme tabela constante do item 11.2 deste Termo e de acordo com os valores escriturados em seu Livro Caixa. Se estes documentos comprobatórios de fato existissem, seria do interesse da fiscalizada apresentálos, uma vez que implicariam a retirada dos valores obtidos como empréstimos da base de cálculo apurada nesta fiscalização, tornando o crédito tributário apurado menor. Mais uma vez a fiscalizada apenas fez alegações desacompanhadas de documentos hábeis e idôneos, tais como contratos e documentos bancários, que demonstrassem o ingresso dos recursos e seus respectivos pagamentos, coincidentes em datas e valores. Este fato, portanto, evidencia a tentativa da fiscalizada de evitar saldo credor na Conta Caixa por ter havido omissão de receitas. (...) Como demonstrado, após todas as exclusões efetuadas pela fiscalização na forma legislação de regência, o valor tributável da infração omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada perfaz o montante de R$ 3.421.829,43. Assim, diversamente do entendimento da contribuinte, a infração omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada está devidamente demonstrada pelo fisco, nos autos. Intimada, diversas vezes, a contribuinte a comprovar a origem dos depósitos em suas contas correntes bancários não o fez. Por isso, o fisco, por presunção legal, então, imputou a infração Omissão de Receitas Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada (Lei nº 9.43 0/96, art. 42). O ônus da prova de que não houve omissão de receitas é da recorrente sim, pois o art. 42 da Lei nº 9.430/96 encerra uma presunção legal relativa, que tem a função de inverter o ônus probatório. Fl. 1755DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.755 43 No caso de presunção legal, o ônus probatório, por conseguinte, não é de quem acusa a existência de infração tributária, mais sim do acusado que deverá fazer prova de que não cometeu a omissão de receitas. Para fisco compete, apenas, comprovar a existência de depósitos bancários não registrados na escrituração contábil/fiscal e de origem não comprovada, com lastro em extratos bancários (prova indiciária) da presunção de omissão de receitas. Vale dizer, o fisco pode presumir a omissão de receitas (depósitos bancários de origem não comprovada), quando a contribuinte, regularmente intimada, não comprove através de documentos hábeis e idôneos a origem dos depósitos a crédito em suas contas bancárias, uma vez que não mais se aplica a Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos e, também, não se aplicam os precedentes jurisprudenciais invocados, pois calcados em legislação revogada. Isto porque existem duas realidades distintas no que se refere ao uso da movimentação financeira bancária para a caracterização da omissão de receitas, sendo uma com base no art. 6°, § 5°, da Lei nº 8.021/1990 (dispositivo revogado pela Lei n. 9.430/96), e a outra com base no art. 42 da Lei n° 9.430/1996, vejamos: Lei n° 8.021/1990: "Art. 6º. O lançamento de oficio, além dos casos já especificados em lei, farseá arbitrandose os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. (...) § 5º O arbitramento poderá ainda ser efetuado com base em depósitos ou aplicações realizadas junto a instituições financeiras, quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações." [revogado] Lei n° 9.430/1996 : "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantido junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regular mente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Com base nos dispositivos acima transcritos, verificase que o que distingue uma realidade da outra é que a partir de 01/01/1997 entrada em vigor da Lei n° 9.430/96 a existência de depósitos não escriturados ou de origem não comprovada tornouse uma nova hipótese legal de presunção de omissão de receitas, que veio a se juntar às outras já exis tentes no ordenamento jurídico, sendo que, a partir daí, atenuouse a carga probatória atribuída ao fisco, que precisa apenas demonstrar a existência de depósitos bancários não escriturados ou de origem não comprovada, mediante extratos bancários, para satisfazer o onus probandi a seu cargo. Fl. 1756DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.756 44 Antes, tal previsão legal para depósitos bancários inexistia e, com isso, o fisco necessitava, nos estritos termos do art. 6°, caput, e § 5°, da Lei n° 8.021/1990, não ape nas constatar a existência dos depósitos bancários, mas estabelecer uma conexão, um nexo cau sal, entre tais depósitos e alguma exteriorização de riqueza, renda consumida e/ou operação concreta do sujeito passivo que pudesse dar ensejo à omissão de receitas. O fato é que, após a edição da Lei n° 9.430/1996, a movimentação bancária mantida ao largo da escrituração contábil da empresa ou sem comprovação da origem, presumese realizada com valores omitidos à tributação, salvo prova em contrário, e não mais se aplicando, portanto, o entendimento exarado na Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos. Para fatos geradores a partir de 1°/01/1997, no tocante à omissão de rendimentos/receitas com base em depósitos bancários de origem não comprovada, tem vigência única e plenamente o art. 42 da Lei n°9.430196. Esse diploma legal, como já dito alhures, encerra presunção legal que implica inversão do ônus da prova. O ônus da prova de que não houve omissão de receitas/rendimentos é da contribuinte. Não há que se falar em necessidade de comprovação de sinais exteriores de riqueza ou prova do consumo da renda para tributar depósitos bancários de origem não comprovada pelo contribuinte, conforme matéria já sumulada por este Egrégio Conselho Administrativo, in verbis: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Como demonstrado, o depósito bancário de origem não comprovada é rendimento tributável, por presunção legal. Esse entendimento encontrase, também, pacificado no âmbito deste Conselho de Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, cujos precedentes transcrevo (ementas de julgamento), in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantidos junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.(Acórdão nº 108 09.836, sessão de 05 de fevereiro de 2009, Relatora Valéria Cabral Géo Verçoza). ASSUNTO: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Ano calendário: 2002 a 2004. Ementa: IRPJ — DEPÓSITOS Fl. 1757DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.757 45 BANCÁRIOS — OMISSÃO DE RECEITAS PRESUNÇÃO LEGAL Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.(Acórdão nº 101 97.116, sessão de 05 de fevereiro de 2009, Relator Valmir Sandri). ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE — SIMPLES Exercício: 2003, 2004. Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA—PROCEDÊNCIA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA PRESUNÇÃO LEGAL Em se tratando de presunção legal, cabe ao Fisco a prova do fato indiciário. Ao contribuinte incumbe provar que o fato indiciário não leva, em seu caso concreto, ao fato presumido por lei. Esse ônus não pode ser transferido pelo contribuinte à Administração Tributária.(Acórdão nº 105 17.369, sessão de 17 de dezembro de 2008, Relator Waldir Veiga Rocha). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF. Exercício. 2000, 2001, 2002. OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI N° 9.430, DE 1996. A presunção legal de omissão de receitas, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários.(Acórdão nº 10249.393, sessão de 06 de novembro de 2008. Relatora Núbia Matos Moura). Assunto: SIMPLES NACIONAL. EXERCÍCIO: 2004, 2005 Ementa: PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE Fl. 1758DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.758 46 ORIGEM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, DE 1996. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. (Acórdão nº 19500.088, sessão 09 de dezembro de 2008, Relator Benedicto Celso Benicio Junior). Apenas a título de argumentação, não há conflito entre o art. 42 da Lei n° 9.430/96, que presume como rendimento omitido os valores creditados em conta de depósitos para os quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprove sua origem, e os arts. 43 e 44 do Código Tributário Nacional que definem o fato gerador do imposto de renda – IR e o conceito de renda e a Constituição Federal. Ainda, apenas para argumentar, eventual antinomia entre as normas citadas somente poderia ser resolvido no âmbito de declaração de inconstitucionalidade das normas pelo Poder Judiciário, falecendo competência ao CARF para tanto, conforme matéria já sumulada: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconsti tucionalidade de lei tributária. Na fase de fiscalização, como já demonstrado, a contribuinte, embora intimada diversas vezes a comprovar a origem dos depósitos bancários, não se desincumbiu desse ônus probatório para afastar a omissão de receitas. Já na fase processual, tanto na primeira instância de julgamento, quanto nesta fase recursal, o sujeito passivo, também, não produziu provas idôneas, hábeis, para afastar essa infração. A contribuinte não produziu prova alguma, hábil e idônea, para afastar a omissão de receitas por presunção legal. Portanto, deve ser mantida a infração imputada “OMISSÃO DE RECEITAS – DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Não há reparo a fazer na decisão recorrida. 22. OMISSÃO DE RECEITAS DA ATIVIDADE. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS: Fl. 1759DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.759 47 Esta infração foi imputada com base em prova direta (Lei 9.249/95, art. 24, c/ c Lei 9.317/96). Consta do Termo de Encerramento de Ação Fiscal, in verbis: (...) 25.1 Assim sendo, os valores creditados em suas contas correntes bancárias provenientes das operações de cobrança, das operações de desconto de cheques / duplicatas, da ocorrência de nota fiscal "calçada" e dos depósitos bancários efetuados conforme descritos nos itens 14.1, 14.2, 15.1, 15.2, 15.3 e 15.4, todos do presente Termo, foram lançados dentro da rubrica "Omissão de Receitas", na infração "Receitas não Escrituradas" (...). Competência AC 2006 Operações de Cobrança / Desconto Duplicatas Totais Depósitos Lançados nesta Infração Declarado em PJSI SIMPLES/Livro de Registro de Safdas Omissão de Receitas da Atividade Receitas não Escrituradas Jan/06 433.919,96 0,00 55.925,60 377.994,36 fev/06 450.292,65 0,00 92.888,58 357.404,07 mar/06 511.389,38 0,00 179.800,24 331.589,14 Abr/06 197.388,64 0,00 126.738,88 70.649,76 mai/06 573.877,34 0,00 108.510,26 465.367,08 Jun/06 719.416,29 0,00 82.049,69 637.366,60 iul/06 263.790,86 73.484,56 64.574,01 272.701,41 Ago/06 667.087,06 0,00 129.176,92 537.910,14 Set/06 658.021,79 0,00 91.722,78 566.299,01 Out/06 421.433,69 0,00 139.816,04 281.617,65 Nov/06 261.662,13 0,00 67.688,98 193.973,15 Dez/06 493.899,43 0,00 143.127,72 350.771,71 TOTAL 5.652.179,22 73.484,56 1.282.019,70 4.443.644,08 Portanto, do montante das receitas da atividade não escrituradas (operações de cobrança bancária e operações de desconto de duplicatas/cheques) R$ 5.652.179,22, ainda a adição do valor de R$ 73.484,56 (vendas com nota fiscal calçada e vendas sem nota fiscal), subtraídas as receitas declaradas ao fisco (declaração do Simples 2007, anocalendário 2006) R$ 1.282.019,70, obtémse a diferença de receitas omitidas não escrituradas da atividade, valor R$ 4.443.644,08. A infração deve ser mantida, pois restou demonstrada, comprovada pelo fisco com base em prova direta, nos presentes autos. 2.3. MULTA QUALIFICADA (150%): O fisco imputou a multa qualificada, apenas, para a infração omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas com base em prova direta (Lei 9.249/96, art. 24 c/c Lei 9.317/96). Argumentam os recorrentes: Fl. 1760DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.760 48 que a multa imputada (qualificada), fincada no suposto dolo de sonegação não restou comprovada ou demonstrada nos autos. que, se houvesse dolo de sonegação, ou qualquer ilícito, farseiam as operações em dinheiro, e não pela rota bancária. Não procede a irresignação dos recorrentes. Consta do Termo de Encerramento Fiscal, in verbis: (...) 24 Demonstrouse ao longo dos autos e pelos recortes legais acima em destaque que a fiscalizada cometeu, em tese, crime contra a ordem tributária, incorrendo na prática de sonegação fiscal ao omitir das apurações mensais da tributação para o SIMPLES mais de 80% (oitenta por cento, conforme item 26 deste Termo) das receitas auferidas em cada um dos doze meses do ano calendário de 2006 com a intenção dolosa de se manter enquadrada neste regime simplificado e favorecido de tributação. A linha de sonegação adotada pela fiscalizada foi prestar serviços sem emissão de notas fiscais, sendo afastada a possibilidade de que a omissão praticada tenha ocorrido por erro, uma vez que a conduta de omissão de receitas, aue implicou a apuração e o recolhimento a menor da contribuição para o SIMPLES foi reiterada, pois foi observada em todos os meses do ano de 2006 e confirmada pela apresentação da DIPJ / SIMPLES de 2007 referente ao anocalendàrio de 2006. (...) 26 Diante dos fatos e provas materiais, a fiscalização concluiu que a fiscalizada auferiu, no ano de 2006, receita bruta (diferença omitida) no montante de R$ 7.865.473,51 (sete milhões, oitocentos e sessenta e cinco mil, quatrocentos e setenta e três reais e cinquenta e um centavos) e, tendo em vista que a FISCALIZADA EMITIU, NO ANOCALENDÁRIO DE 2006, APENAS CERCA DE 16% (dezesseis por cento) DESTE VALOR EM NOTAS FISCAIS. A DIFERENÇA ENTRE A RECEITA APURADA PELA FISCALIZAÇÃO E A DECLARADA PELA FISCALIZADA À SRFB. COMPATÍVEL COM AS NOTAS FISCAIS EMITIDAS. SÓ PERMITE CONCLUIR QUE SE TRATA DE SERVIÇOS PRESTADOS EFETUADOS SEM EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS. (...) Por tudo que foi exposto, deve ser mantida a qualificação da multa. 2.4 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA: Fl. 1761DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.761 49 O fisco imputou sujeição passiva solidária (arts. 135, III, e 137, I, CTN) aos srs. Elias Aramiz Haddad (sócioadministrador) e Aramiz Elias Haddad (procurador administrador), conforme Termo de Encerramento fiscal que transcrevo, nessa parte, in verbis: (...) Sr Elias Aramiz Haddad, CPF 193.911.54859, sócio administrador da fiscalizada, pela prática de sonegação fiscal (por omissão de receitas em declaração de informações fiscais à SRFB e falta de emissão de documentos fiscais). Esta prática contraria a lei e é definida por esta como crime contra a ordem tributária, conforme dispõem os artigos 135, III e 137, I, todos da Lei ne 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional); e, Sr Aramiz Elias Haddad. CPF 703.891.28872. procurador da fiscalizada, pela prática de sonegação fiscal (por omissão de receitas em declaração de informações fiscais à SRFB e falta de emissão de documentos fiscais). Esta prática contraria a lei e é definida por esta como crime contra a ordem tributária, conforme dispõem os artigos 135, III e 137,1, todos da Lei rfi 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). (...) 35Em razão do exposto (...), foram lavrados os Termos de Sujeição Passiva Solidária em nome do Sr Elias Aramiz Haddad, CPF 193.911.54859 e do Sr Aramiz Elias Haddad,CPF 703.891.28872, para que possam exercer normalmente o direito de defesa, garantido pela Constituição Federal. Os Termos de Sujeição Passiva estão anexados às fls.1510 a 1513 (...) Os recorrentes, nas razões do recurso, alegaram, entretanto, que não se justifica a sujeição passiva solidária, pois não se demonstrou intenção ou atuação pessoal dos imputados. Diversamente do alegado pelos recorrentes, o fisco sobejamente demonstrou que a autuada: a) omitiu receitas ao efetuar prestação de serviços sem a devida emissão de notas fiscais (vendas sem nota fiscal), e ainda mediante emissão de nota fiscal com valor divergente entre a 1a via e a via fixa do talão (nota fiscal "calçada); b) declarou à SRFB a receita bruta da atividade de R$ 1.282.019,70 e emitiu notas fiscais apenas desse valor, enquanto que a fiscalização apurou uma receita bruta da atividade de R$ 5.652.179,22 apenas para uma das infrações imputadas, referente aos créditos provenientes das prestações de serviço depositados nas suas contas correntes bancárias por intermédio de operações de cobrança e de descontos de duplicatas ou chegues (infração omissão de receitas da atividade receitas não escrituradas, prova direta, art. 24 da Lei i9.249/96, c/c Lei 9317/96, valor R$ 4.443.644,08; Fl. 1762DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.762 50 c) omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada (Lei 9.430/96, art. 42 c/c Lei 9.317/96), valor tributável: R$ 3.421.829,43; d) a fiscalização apurou, portanto, que a fiscalizada omitiu, no ano de 2006, diferença de receita bruta no montante de R$ 7.865.473,51 (já descontada a receita informada na declaração do Simples); e) declarou à SRFB, no anocalendário de 2006, receita bruta apenas 16% (dezesseis por cento) do valor total; f) o Contador Ricardo Augusto Zanela da Fonseca, responsável pela escrituração contábil da fiscalizada, foi intimado a prestar esclarecimentos através do Termo de Intimação Fiscal SEFIS n° 336/2010 (fls. 1425 a 1428), e declarou por escrito à fiscalização, em 16/09/2010, que só escriturou vendas a vista e escriturou os empréstimos sem lastro em documentos para evitar "estouro de caixa" (efl. 1472/1473), in verbis: (...) Em resposta ao termo de intimação fiscal SEFIS n° 336/2010, eu Ricardo Augusto Zanela da Fonseca, contabilista devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade CRC sob n° 1SP244688/04, venho, respeitosamente e no prazo legal, interpor os seguintes argumentos em resposta às questões formuladas no referido SEFIS: No tocante a escrituração fiscal entregue a Vsa., baseouse a mesma em documentos fiscais apresentados pela empresa NOVO SÉCULO CONFECÇÕES, tais como notas fiscais de serviços, notas fiscais de compras, guias de impostos e contribuições pagas, recibos de holerites pagos entre outros documentos. No que se refere às questões 1, 2 e 3 do SEFIS, não reconheço os valores nelas expressas, valores estes levantados e calculados pelo setor de fiscalização, pois nós da contabilidade nunca tivemos acesso a movimentação bancária da referida empresa, e tais valores em questão nunca foram vistos pela minha pessoa, por isso, não posso responder sobre valores desconhecidos. Ao me referir que não tive acesso as informações bancarias da empresa, me refiro não ter acesso também as operações de cobranças bancárias e ou operações de descontos de cheques e ou duplicatas, ou de quaisquer operações financeiras a que se referem às questões 1, 2 e 3 da SEFIS, pois como é de se observar, minha escrituração baseouse na informação de que os recebimentos dos serviços prestados eram feitos a vista e em dinheiro baseado em valores expressos nos documentos fiscais, bem como os pagamentos de despesas efetuados, independendo de documentos hábeis para a comprovação destes mesmos já que as operações eram descritas como sendo "a vista". Quanto a tomada de decisões da empresa no item 1 e 3 do SEFIS, não sou competente para o mesmo, pois para a contabilidade só compete escriturar as informações a mim endereçadas em contexto comprovado ou obvio, e para sanar duvida sobre tomada de decisão, recomendo o questionamento a Fl. 1763DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.763 51 seus representantes legais, sócios registrados em contrato social e seus administradores para sanar suas duvidas. No que se refere à questão 4 do SEFIS dos valores de empréstimos bancários a pagar lançados a credito e a debito na escrituração apresentada, informo que os mesmos não são provenientes de conciliação bancária. Partiram das informações prestadas pela empresa de que quando os valores de caixa eram insuficientes para o pagamento das despesas, recorriam aos créditos de cheque especial para a cobertura das mesmas despesas e logo que recomposto o caixa, eram devolvidos os créditos ao banco, considerados, mesmo que sem comprovação de documentos bancários para tanto, porem só escriturados por prevenção ao "estouro de caixa" e pela existência obvia de lógica nas operações descritas, uma vez que paga a despesa, houve credito para o mesmo pagamento, e se, o credito não era proveniente de operações de faturamento, pode ser de operações de contrações de empréstimos junto a bancos, em contrato de cheque especial, sendo uma forma de contrato de empréstimo deve ser considerado como tal, o que originou a nomenclatura de "empréstimos a pegar", demonstrados nos livros apresentados. Sabendo que ao que se refere à contabilidade e ao tópico das questões apresentadas na SEFIS pertencente, considero sanadas as duvidas. Me coloco a disposição deste setor, para auxilio do dirimir de futuras outras duvidas, no clareio da minha colaboração do contexto contábil. (...) g) os empréstimos bancários escriturados na contabilidade não restaram comprovados, foram utilizados como artifício para evitar "estouro de caixa" ou saldo credor de caixa (não constam dos extratos bancários); que isso confirma conduta de vendas sem nota fiscal; h) a conduta de omissão de receitas repetiuse também em outros anos (nos anoscalendário 2005, 2007 e 2008 embora não objeto dos presentes autos), mas essas informações estão consignadas no Termo de Encerramento Fiscal, a título de argumentação, ilustração); i) embora tendo extrapolado no anocalendário 2006 o limite de receita bruta para continuar no Simples, assim mesmo a autuada fez opção, ilegalmente, para continuar no Simples em 2007 e seguinte; j) no anocalendário de 2006, a autuada era administrada pelos sócios Sra Marie Elias Haddad, CPF 283.989.09846 e o Sr Elias Aramiz Haddad, CPF 193.911.548 59, contudo, nos livros fiscais e contábeis consta apenas o nome do sócio Sr Elias Aramiz Haddad como responsável pelos dados neles inseridos; k) apesar do Sr Aramiz Elias Haddad, CPF 703.891.28872, ter se retirado da sociedade em 01/03/2001 (fls. 10 a 13), ele continua a exercer poder decisório na Fl. 1764DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.764 52 fiscalizada, conforme descrito na procuração que lhe assegurou amplos poderes administrativos (fls. 04 a 05) e de acordo com suas declarações dadas a esta fiscalização em 28/08/2009, constantes no Termo de Declarações e Esclarecimentos (fls. 152 a 153), in verbis: (...) TERMO DE DECLARAÇÕES E ESCLARECIMENTOS (...) Atendendo determinação contida no Mandado de Procedimento Fiscal Diligência n° 08109002009011657, comparecemos no estabelecimento da contribuinte acima identificada, onde foram prestadas as declarações e esclarecimentos, abaixo, pelo Sr. Aramiz Elias Haddad. Após ter sido identificado através do RG n° 8.363.6778 SSP/SP, CPF n° 703.891.28872, foram prestadas pelo Senhor ARAMIZ ELIAS HADDAD, as seguintes declarações e esclarecimentos, em resposta às perguntas formuladas pelos AFRFB signatários deste Termo: DECLARAÇÕES: 1 Perguntado ao declarante qual a função na contribuinte acima identificada, foi respondido que é procurador, pelo menos desde o ano calendário de 2006, e que exerce todas as funções de administrador, ou seja, compras, vendas, admissão de funcionários, movimenta contas correntes bancárias quando necessário, etc. 2 Perguntado ao declarante quais são as atividades da empresa Novo Século Confeções LtdaEPP, CNPJ 04.191.828/000125, foi respondido que trabalha com vestuário, especificamente calças jeans, porém, não comercializa, apenas presta serviços a terceiros, para diversas pessoas de São PauloSP. Tais serviços são: recebe as calças já confeccionadas, em seguida as mesmas são lavadas, passadas, e algumas são bordadas, algumas são etiquetadas, algumas são rasgadas, lixadas, e também tem máquinas que fazem dobras, enrugados ou amassados permanenentes. Em seguida as calças são devolvidas à mesma pessoa que as confeccionou. 3 Perguntado ao declarante quantos funcionários trabalham, hoje, nesta empresa, foi respondido que em torno de 100, 110 ou 120, e que no final do ano pode variar dependendo dos pedidos. 4 Perguntado quais máquinas utiliza na referida empresa, o declarante respondeu que tem passadeiras a vapor, máquinas de lavar, máquinas de secar, máquinas de bordar e máquinas de enrugar ou amassar permanente. 5 Perguntado ao declarante se haveria declarações ou esclarecimentos adicionais, foi respondido que não. E, por ser a expressão da verdade, firma a presente declaração de sua livre e espontânea vontade. (...) Fl. 1765DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.765 53 l) cabe concluir que o procurador Sr. Aramiz Elias Haddad, juntamente com o sócioadministrador Sr Elias Aramiz Haddad, são os responsáveis pela conduta da fiscalizada de omitir receitas â SRFB com o intuito de recolher menos tributos ao fisco federal e de permanecer enquadrada no SIMPLES, desrespeitando o que preceitua a Lei n° 9.317/96. Ambos atuaram com poder de gestão, anocalendário 2006. Assim, quanto ao crédito tributário decorrente das infrações imputadas, restou caracterizada a sujeição passiva solidária do: Sr Elias Aramiz Haddad. CPF 193.911.54859. sócio administrador da fiscalizada, pela prática de sonegação fiscal (por omissão de receitas em declaração de informações fiscais à SRFB e falta de emissão de documentos fiscais). Esta prática contraria a lei e é definida por esta como crime contra a ordem tributária, conforme dispõem os artigos 135, III e 137, I, todos da Lei ne 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional); e Sr Aramiz Elias Haddad. CPF 703.891.28872. procurador da fiscalizada, pela prática de sonegação fiscal (por omissão de receitas em declaração de informações fiscais à SRFB e falta de emissão de documentos fiscais). Esta prática contraria a lei e é definida por esta como crime contra a ordem tributária, conforme dispõem os artigos 135, III e 137,1, todos da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). (...) Os precedentes jurisprudenciais do CARF, também, são nesse sentido: Ementa(s: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2010, 2011 ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR DE FATO. ART. 135, III. CABIMENTO. NATUREZA DA RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR. EXCLUSÃO DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE.A jurisprudência deste Conselho é firme no sentido de que a responsabilidade dos sócios, gerentes ou administradores (sejam formais ou de fato), prevista no art. 135, III é solidária e não exclui do pólo passivo a pessoa jurídica administrada. Sendo notória a ascendência do sujeito apontado como o administrador de fato das empresas pertencentes ao seu grupo familiar revela se indiscutivelmente este que era o responsável de fato pela gestão dos negócios da empresa indicada no pólo passivo da autuação. (...). (Acórdão 1302002.549 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 20/02/2018, Relator e Presidente Luiz Tadeu Matosinho Machado). NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM.Configurado o interesse comum nas situações que constituem o fato gerador dos tributos, pela prova de existência de identificação entre o responsável solidário e a contribuinte, resta caracterizada a Fl. 1766DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.766 54 sujeição passiva solidária nos termos do art. 124, I, c/c art. 135, III, ambos do CTN. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135 DO CTN. No caso de outorga de procuração com poderes plenos e ilimitados de administração e gerência, cumulado com a interposição de pessoas (“laranjas”) para induzir as autoridades fiscais a erro, cabível a imputação de responsabilidade tributária aos administradores e sócios de fato da pessoa jurídica, nos termos do art. 135 do CTN. (Acórdão nº 1102001.320–1ª Câmara/2ªTurma Ordinária, Sessão de 24/03/2015, Relator João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III. DOLO. PODERES DE GERÊNCIA. Os administradores são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, desde que cabalmente provado o dolo. (Acórdão nº 3301003.159–3ªCâmara/1ªTurma Ordinária, Sessão de 27/01/2017, Relatora Semíramis de Oliveira Duro). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CABIMENTO. Os administradores, mandatários, prepostos e empregados são responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, bem assim as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.(Acórdão nº 1302001.962–3ª Câmara/2ªTurma Ordinária, Sessão de 11/08/2016, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa Redator designado) Portanto, devese manter a sujeição passiva solidária dos Srs. Aramiz Elias Haddad e Elias Aramiz Haddad, conforme restou mantida pela decisão recorrida. 2.5 JUROS DE MORA. TAXA SELIC. MATÉRIA SUMULADA. Contestam, por fim, os recorrentes a exigência tributária com aplicação dos juros de mora Taxa Selic; que a aplicação da taxa Selic na cobrança de tributos. por envolver na sua composição juros de mora e multa, situação incompatível com o CTN e com a Constituição Federal, deve ser afastada sua aplicação. Sem delongas, a aplicação dos juros de mora Taxa Selic na cobrança de crédito tributário é pacífica na jurisprudência dos tribunais e também neste CARF, inclusive a matéria é objeto das Súmulas CARF nºs 04 e 05, cujos verbetes transcrevo, in verbis: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 1767DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.767 55 Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Assim, devese manter a aplicação dos juros de mora Taxa SELIC na cobrança de tributos federais, pagos a destempo (pagamento após o prazo de vencimento). 2.6 LANÇAMENTO REFLEXO: CSLLSIMPLES, PISSIMPLES, COFINSSIMPLES E INSSSIMPLES. Mantido o lançamento principal (IRPJSimples), mantémse, também, os lançamento decorrentes pela intima relação de causa e efeito, inexistindo razão fática e jurídica para decidir diversamente. Por tudo que foi exposto, voto para rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, apresentado conjuntamente, pelo sujeito passivo e pelos responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 1768DF CARF MF Processo nº 15956.000562/201011 Acórdão n.º 1301003.029 S1C3T1 Fl. 1.768 56 Voto Vencedor Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Redatora Designada. No que tange à responsabilidade tributária, entendeu o Colegiado que naquele caso em que o lançamento se deu através da prova indireta, ou seja, mediante presunção legal, nos termos do art. 42, da Lei 9.430/96, não há que se falar em responsabilidade solidária. Ora, se o lançamento foi efetuado mediante a aplicação da presunção, não vejo como persistir a responsabilidade tributária, nos termos do art. 124, I e 135, III, do CTN, já que não se verificou ou mesmo comprovouse a atuação dessas pessoas na ocorrência do fato gerador, uma vez que a prova obtida fora a indireta. Ademais, o próprio dolo, que qualifica a multa, nestes casos, foi afastada, ou sequer foi aplicada nesses casos. Assim, há de se afastar a responsabilidade tributária para o caso em que a base do lançamento foi a presunção legal. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 1769DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720239/2016-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2011
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO.
A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito.
Numero da decisão: 1401-002.650
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Letícia Domingues Costa Braga- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliviera Barbosa e Cláudio de Andrade Camerano.
Nome do relator: LETICIA DOMINGUES COSTA BRAGA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201806
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2011 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO. A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 16561.720239/2016-50
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5879193
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-002.650
nome_arquivo_s : Decisao_16561720239201650.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LETICIA DOMINGUES COSTA BRAGA
nome_arquivo_pdf_s : 16561720239201650_5879193.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliviera Barbosa e Cláudio de Andrade Camerano.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
id : 7362258
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:22:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589508665344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1501; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 1.344 1 1.343 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720239/201650 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1401002.650 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de junho de 2018 Matéria IMPOSTO DE RENDA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S/A nova denominação de ELEKTRO REDES S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2011 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO ORGANIZAÇÃO. A desqualificação de planejamento em que há auto organização societária procede se o motivo não for predominantemente fiscal, ainda que determinado negócio jurídico vise a redução da carga tributária, conquanto que se apóie em razões de ordem empresarial, destituídas de abuso de direito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliviera Barbosa e Cláudio de Andrade Camerano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 02 39 /2 01 6- 50 Fl. 1344DF CARF MF 2 Relatório Adoto como relatório, aquele da decisão de primeira instância, complementandoo a seguir: Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte em referência por meio dos quais se exigem IRPJ e CSLL no valor total de R$ 1.205.431.443,38 (= 886.346.649,55 + 319.084.793,83), incluídos a multa de ofício de 75% e os juros de mora consolidados em 19/12/2016. Os fatos que motivaram as autuações foram contextualizados no “Termo de Verificação Fiscal – IRPJ e Reflexos” (TVF) de fls. 14/54, cujo teor é relatado a seguir. A Autoridade Fiscal inicia o TVF, descrevendo as atividades desenvolvidas pela contribuinte autuada. DESCRIÇÃO DOS FATOS Prossegue, discorrendo acerca do Termo de Distribuição do Procedimento Fiscal e dos trabalhos fiscais, relatando as intimações realizadas bem como as respostas prestadas pela contribuinte. Expõe, também, as operações societárias realizadas nos anos de 2011 e 2013 bem como a geração e amortização de ágios, os quais não foram objeto da autuação. Segundo informa a Fiscalização, a Elektro integrava o grupo AEI, cuja estrutura em 07/2009 está representada no diagrama abaixo: A respeito das empresas indicadas no diagrama acima, informase: Fl. 1345DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.345 3 » AEI PD e AEI Investments são pessoas jurídicas domiciliadas nas Ilhas Cayman, com sedes registradas na caixa mesma postal (PO BOX 1350, The Huntlaw Building Fort Street), cujo primeiro vínculo foi registrado na RFB em 07/2003; » AEI Finance é pessoa jurídica cuja sede é a mesma das duas empresas anteriormente descritas, cujo primeiro vínculo foi registrado na RFB em 07/2004, com alterações no nome empresarial de Enron Brazil Power Holdings IV Limited para Prisma Energy Brazil Finance Ltd e por fim AEI Brazil Finance Ltd. » A_E_I é pessoa jurídica domiciliada nas Índias Ocidentais – British West Indies, com sede em 75 Fort Street, PO BOX 190, cujo primeiro vínculo foi registrado na RFB em 06/2005; » AEI Power é outra pessoa jurídica domiciliada nas Ilhas Cayman com sede em Clifton Street 75 Fort Street, PO BOX 190, cujo primeiro vínculo foi registrado na RFB em 06/2005; » AEI Investimentos é pessoa jurídica domiciliada no Brasil com sede na Rua Ary Antenor de Souza, 321, sala 2M, Jardim Nova América, Campinas – SP; » ETB é pessoa jurídica domiciliada no Brasil com sede na Rua Ary Antenor de Souza, 321, sala 2K, Jardim Nova América, Campinas – SP; » EPC é pessoa jurídica domiciliada no Brasil com sede na Rua Ary Antenor de Souza, 321, sala 2J, Jardim Nova América, Campinas – SP. Novas operações societárias foram realizadas no ano de 2011: » em 28/02/2011, a EPC incorporou a AEI Investimentos e a ETB; Fl. 1346DF CARF MF 4 » em 29/03/2011, AEI PD, AEI Investments, A_E_I e AEI Power transferiram suas quotas para AEI COOPERATIEF (sociedade holandesa), que se tornou única sócia da EPC; » em 27/04/2011, foi formalizada alteração do capital social da EPC, com a transferência de 990.312.028 quotas para Iberdrola Energia do Brasil Ltda. (sociedade brasileira) e 1 quota para Mario Jose RuizTagle Larrain. Fl. 1347DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.346 5 Por fim, em 27/06/2012, a EPC foi incorporada pela Elektro, tornandose sucessora da EPC, por incorporação: Fl. 1348DF CARF MF 6 Sobre a aquisição da Elektro pelo grupo AEI, em 2006, a Elektro divulgou os seguintes fatos relevantes: Conforme informado através dos fatos relevantes veiculados nos dias 25 de maio de 2006 e 11 de setembro de 2006, a Ashmore Energy International Limited (AEI) adquiriu 100% das ações da controladora indireta da Elektro, Prisma Energy International Inc. (Prisma Energy), até então subsidiária integral da Enron Corp. Em uma primeira etapa, concluída em 25 de maio de 2006, a AEI adquiriu uma participação acionária minoritária de 49% da Prisma Energy, incluindo uma participação de 24,26% das ações com direito a voto. Numa segunda etapa, no dia 7 de setembro de 2006, foi concluída a aquisição do restante das ações de emissão da Prisma Energy pela AEI, que somente ocorreu após a obtenção dos consentimentos e aprovações necessários, incluindo, no Brasil, a aprovação da ANEEL, BNDES e agentes repassadores de linhas de financiamento do BNDES. Nas demonstrações de 2007 da Elektro, constou que “a AEI (nova razão social da Ashmore Energy International) é a controladora indireta da Sociedade, com 99,68% de participação no capital total”. Nas notas explicativas às demonstrações do ano de 2010 constou: Em 19 de janeiro de 2011 o Controlador indireto AEI, sociedade constituída e existente de acordo com as leis das Ilhas Cayman (“AEI”), celebrou o Contrato de Compra de Ações (o “Contrato”) com Iberdrola Energia do Brasil Ltda.,sociedade limitada constituída e existente de acordo com as leis da República Federativa do Brasil (“Iberdrola”), por meio do qual, tão logo cumpridas determinadas condições precedentes estabelecidas no Contrato, bem como obtidas as aprovações regulatórias necessárias, aí incluída a aprovação prévia pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a AEI deverá alienar à Iberdrola a totalidade das ações da Elektro por ela direta ou indiretamente detidas, representativas de 99,68% do capital social e 99,97% do capital votante da Sociedade. (...) Visando maior eficiência e simplificação da cadeia societária, com o alinhamento dos interesses dos sócios em uma única pessoa jurídica, em março de 2011 foram protocolados junto a JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo), os atos societários em que as holdings brasileiras, acionistas diretas detentoras de ações ordinárias da Elektro, ETB – Energia Total do Brasil Ltda. e AEI Investimentos Energéticos Ltda., serão incorporadas pela holding brasileira EPC – Empresa Paranaense Comercializadora Ltda., também acionista direta detentora de ações ordinárias da Elektro. VENDA DAS AÇÕES DA ELEKTRO Na sequência, a Fiscalização analisa o contrato de compra e venda de ações da ELEKTRO firmado entre A_E_I e IBERDROLA ENERGIA. Inicia, transcrevendo excerto Fl. 1349DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.347 7 de requisição formulada perante a Secretaria Interna de Direito Econômico do Ministério da Justiça: Em 19 de janeiro de 2011, a Iberdrola Brasil celebrou o Contrato de Compra de Ações (“Contrato”) com a AEI, acionista controladora indireta da Elektro, por meio do qual, tão logo cumpridas determinadas condições precedentes estabelecidas no Contrato, bem como obtidas as aprovações regulatórias necessárias, aí incluída a aprovação prévia pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a AEI deverá alienar para a Iberdrola Brasil a totalidade das ações da Elektro por ela indiretamente detidas, representativas de 99,68% (noventa e nove vírgula sessenta e oito por cento) do seu capital social e 99,97% (noventa e nove vírgula noventa e sete por cento) do seu capital votante. Atualmente, a participação da AEI na Elektro é detida, diretamente, por quatro empresas holdings: AEI Brazil Finance Ltd (34,45%), ETB – Energia Total do Brasil Ltda (31,22%), EPC – Empresa Paranaense Comercializadora Ltda (30,61%) e AEI Investimentos Energéticos Ltda (3,4%). Na sequência, descreve a reorganização societária prevista no próprio contrato: i. A_E_I faria com que suas subsidiárias diretas ou indiretas formassem a cooperativa holandesa, a AEI COOPERATIEF. Essa cooperativa se tornaria subsidiária integral direta ou indiretamente de A_E_I; ii. ETB e AEI INVESTIMENTOS seriam incorporadas por EPC; iii. A_E_I contribuiria para a cooperativa com as ações da EPC por ela diretamente detidas; iv. A_E_I faria com que AEI POWER, AEI PD e AEI INVESTMENTS contribuíssem para a essa cooperativa com suas ações da EPC por elas diretamente detidas; v. A_E_I faria com que AEI FINANCE contribuísse para a cooperativa com as ações da ELEKTRO; vi. Todas as ações da EPC e da ELEKTRO passariam a ser detidas direta ou indiretamente pela cooperativa. Ato contínuo, a cooperativa transferiria as ações para a IBERDROLA ENERGIA. Especificamente sobre o procedimento de incorporação da ETB e da AEI Investimentos pela EPC, detalha: Para tanto, o capital social da EPC foi aumentado pelo valor do patrimônio de cada uma das incorporadas, descontado o valor do investimento detido por ETB. Foram canceladas as quotas da EPC detidas por ETB. O capital social da EPC passou a ser de R$ 990.312.029,00, dividido em Fl. 1350DF CARF MF 8 990.312.029 quotas de R$ 1,00 cada, distribuídas entre AEI PD (210.947.930 quotas), AEI INVESTMENTS (1.227.641 quotas), A_E_I (392.621.906 quotas) e AEI POWER (385.514.552 quotas). Acerca da transferência das quotas para a AEI Cooperatief, relata: » consta na 20ª alteração contratual da EPC que as sócias se retiram da sociedade, cedendo e transferindo suas quotas para AEI Brazil Holdings Cooperatief U.A.; » a cessão e transferência das quotas da Cooperatief para a Iberdrola Energia (990.312.028 quotas) e para Mário José RuizTagle Larrain (1 quota) constam na 21ª alteração contratual da EPC assinada em 27/04/2011. Ainda em 27/04/2011, “foi assinada ata de reunião de sócios da EPC (agora IBERDROLA ENERGIA e MARIO JOSÉ RUIZTAGLE LARRAIN), formalizando a venda de todas as quotas da ELEKTRO para IBERDROLA BRASIL S.A”. Em 30/05/2012, “é aprovada, pela IBERDROLA ENERGIA, a incorporação da EPC por ELEKTRO”. Além disso, a Iberdrola do Brasil foi cindida, sendo que parte dela foi incorporada pela Elektro, a qual acabou adquirindo o ágio que a Iberdrola havia pagado na aquisição da Elektro (controle direto e indireto). O excerto abaixo foi extraído do TVF (fls. 18), o qual por sua vez reproduz informação prestada pela fiscalizada: Em janeiro de 2011, o antigo acionista da Elektro alienou seu investimento à Iberdrola do Brasil, que adquiriu o equivalente a 99,68% do capital da Elektro pelo valor total de US$ 2.400.000.000,00. A participação adquirida pela Iberdrola do Brasil era composta pela aquisição direta de 34,45% do capital da Elektro e 100% das ações da EPC, que detinha participação equivalente a 65,23% do capital da Elektro, totalizando 99,68%. Considerando que o custo de aquisição do investimento superou o valor de patrimônio líquido do investimento na Elektro, a Iberdrola do Brasil registrou ágio, que foi fundamentado na rentabilidade futura da Elektro nos termos das avaliações realizadas internamente pela Iberdrola do Brasil. Em 2012, os acionistas da Iberdrola do Brasil determinaram que fosse implementada uma reorganização societária dos investimentos no Brasil com o objetivo de alinhálos com as diretrizes de governança corporativa adotadas pelo Grupo Iberdrola ao redor do mundo. Dentre os diversos atos societários implementados no contexto dessa reorganização societária com os objetivos acima mencionados, merecem destaque para responder ao Termo de Intimação a incorporação da EPC pela Elektro e a cisão parcial da Iberdrola do Brasil seguida da incorporação do acervo cindido pela Elektro. Como resultado dessas operações societárias, o ágio pago pela Iberdrola do Brasil na aquisição da Elektro passou a ser amortizado para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, conforme Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.348 9 autorizado pelos artigos 385 e 386 do Regulamento do Imposto de Renda. QUALIFICAÇÃO DA OPERAÇÃO No que tange ao presente tópico, transcrevoo integralmente: O problema da qualificação é central em qualquer raciocínio jurídico. Dizer se um fato A ou B é, juridicamente, um negócio X ou Y é justamente o ato mais importante de predicação jurídica e é determinante para o resultado da decisão. O caso em questão não requer qualquer verificação de propósito negocial das operações adotadas pelo contribuinte, mas sim do correto enquadramento dos atos praticados, à luz do ordenamento jurídico. A fiscalizada enquadra a operação como a aquisição, pela IBERDROLA ENERGIA, de ações da ELEKTRO, detidas pela AEI COOPERATIEF direta ou indiretamente. Partindo dessa visão, reteve na fonte o imposto de renda oriundo do ganho de capital gerado na transação, obtido – conforme a fiscalizada – pela AEI COOPERATIEF, sociedade localizada na Holanda. A base de cálculo foi apurada pela diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição. O valor de alienação, pelos cálculos da fiscalizada, foi o de USD 2,4 bilhões, que corresponde a R$ 3.773.280.000,00 (R$1,5722/USD 1,00), pela cotação do dólar americano para venda de 20 de abril de 2011, 2º dia útil imediatamente anterior à data da contratação das operações de câmbio. O custo de aquisição, por sua vez, foi considerado como o valor do investimento registrado no Banco Central (Registro Declaratório Eletrônico de Investimento Externo Direto – RDEIED), totalizando R$ 2.555.597.142,11 Assim, por ocasião da operação, valeramse os envolvidos da previsão dos arts. 17 e 18 da Lei 9.249/95 c/c o art. 685 do Regulamento do Imposto de Renda, tributando na fonte os ganhos de capital auferidos por residentes ou domiciliados no exterior. Para o cálculo do custo de aquisição, considerouse o art. 26, §4º, I, da Instrução Normativa RFB 208/2002. Porém, conforme já exposto, o que se constata é que: De acordo com as demonstrações financeiras publicadas pela ELEKTRO aos acionistas, ao menos desde 2000 as ações da ELEKTRO são detidas, em sua maioria, por pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil (AEI INVESTIMENTOS, ETB e EPC); Apenas em 2005 é admitida pessoa jurídica domiciliada no exterior (AEI FINANCE), subscrevendo 34,45% do capital social; Dessa maneira, foi apresentada sua DIPJ relativa ao anocalendário 2010, constando um capital subscrito de domiciliados e residentes no País de R$ 624.358.473,32 e um capital subscrito por domiciliados e residentes no exterior de R$ 328.133.476,82. Analisandose a transação, o objeto do contrato é a transferência de propriedade das ações da ELEKTRO. À compradora IBERDROLA ENERGIA interessava a aquisição da ELEKTRO. Tanto é que o ágio contabilizado, de R$ 2.027.764.333,59, é calculado em relação ao patrimônio líquido dessa sociedade, sendo por ela amortizado depois de reorganização societária; Fl. 1352DF CARF MF 10 Não poderia ser diferente, tamanha a relevância da ELEKTRO: à época da requisição efetuada à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, a ELEKTRO era “responsável pela distribuição de energia elétrica para 5 (cinco) cidades do Estado do Mato Grosso do Sul e outras 223 (duzentas e vinte e três) cidades do estado de São Paulo); Assim, mesmo sendo o contrato assinado pela controladora de EPC, ETB e AEI INVESTIMENTOS, a transação envolvia a transmissão de direitos que, até a data de assinatura, eram dessas sociedades; A_E_I, dessa maneira, como controladora indireta de EPC, ETB e AEI INVESTIMENTOS, age na qualidade de representante destas sociedades; A disponibilidade jurídica da contrapartida à transferência do objeto do contrato é, assim, de ETB, AEI INVESTIMENTOS, EPC e AEI FINANCE. Da mesma forma, o ganho de capital obtido com a transação; O imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica OU jurídica da renda. E esta era de ETB, AEI INVESTIMENTOS, EPC e AEI FINANCE, detentoras da ELEKTRO; A constituição da AEI COOPERATIEF só se deu para permitir o estabelecimento da transação em moeda estrangeira, e a transferência dos valores para o exterior. Desse modo, os valores transferidos a essa sociedade correspondem a uma cessão de direitos efetuada pelas efetivas detentoras da ELEKTRO; O pagamento em data posterior não desnatura o ganho obtido por EPC, ETB, AEI INVESTIMENTOS e AEI FINANCE. Reiterase, esse pagamento seria mera transferência de recursos financeiros, mas o que se tributa é a disponibilidade jurídica; As condições suspensivas acima citadas (incorporação de ETB e AEI INVESTIMENTOS por EPC e constituição da cooperativa), possuem o condão de somente aperfeiçoar o negócio jurídico, deslocando o momento de ocorrência do fato gerador. Contudo, não tem o poder de transmudar o efetivo responsável pela obrigação tributária; A mudança da responsabilidade ocorre com as reorganizações societárias promovidas posteriormente; Com a incorporação de ETB e AEI INVESTIMENTOS, EPC fica, por sucessão, responsável tributária pelo ganho de capital auferido por ETB e AEI INVESTIMENTOS; Na mesma esteira, a EPC é transferida ao grupo comprador com todos os seus encargos tributários. Posteriormente, com a incorporação por ELEKTRO, essa sociedade passa a ser responsável por sucessão, tudo nos termos do art. 132 do Código Tributário Nacional; Certamente será questionada o encargo assumido pelo grupo comprador. Contudo, o crédito tributário independe da intenção do agente. Fato é que a disponibilidade jurídica da renda foi de EPC, ETB e AEI INVESTIMENTOS, sendo a ELEKTRO responsável por sucessão; O ganho de capital obtido por EPC, ETB e AEI INVESTIMENTOS, diferentemente do obtido por AEI FINANCE, submetese às regras de tributação de pessoas jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil, com base no valor contábil do bem; Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.349 11 A parcela alienada pelas pessoas jurídicas no Brasil correspondeu a 65,23% do capital social da ELEKTRO. Já o valor contábil é dependente da relevância do investimento para cada pessoa jurídica, pela disposição do art. 248 da Lei 6.404/76 c/c art. 67, XI, do DL 1.598/77; Pela composição acionária da ELEKTRO, apenas ETB (31,22% do capital) e EPC (30,61%) estariam obrigadas à avaliação pelo patrimônio líquido. Porém, verificase que AEI INVESTIMENTOS também utiliza esse método, pois reconhece resultados de equivalência patrimonial em suas DIPJs; Assim, da DIPJ AC 2010 da ELEKTRO e de suas informações financeiras divulgadas aos acionistas extraise que seu patrimônio líquido à época da transação era de R$ 1.368.066.887,53. Logo, 65,23% do valor contábil do patrimônio da ELEKTRO corresponde a R$ 892.390.030,73; Ao mesmo valor se chega da consulta da ficha 62 (participação permanente em controladas ou coligadas) das DIPJs de ETB, EPC e AEI INVESTIMENTOS; Com isso, o ganho de capital obtido por ETB, EPC e AEI INVESTIMENTOS é alcançado mediante a diferença entre o valor de alienação (R$ 2.459.619.541,10) e o valor contábil do investimento (R$ 892.390.030,73), o que leva ao cálculo de um ganho de R$ 1.567.229.510,37; Considerando que o ganho foi obtido por ETB, EPC e AEI INVESTIMENTOS, bem como a ordem sucessória com uma primeira incorporação em 2011 da ETB e AEI INVESTIMENTOS pela EPC partiuse, para fins de cálculo do adicional de imposto, do lucro antes da compensação de prejuízos da EPC, no anocalendário de 2011; Sendo as sociedades brasileiras sujeitas ao lucro real, o ganho é computado como receita não operacional; Assim, o ganho com a alienação das ações da ELEKTRO é computado como elemento positivo no cálculo da renda que, porém, somente será conhecida ao final do período, quando forem somados os elementos positivos e subtraídos os elementos negativos; O produto da venda de ativo não é renda, mas receita bruta não operacional. A renda resulta da diferença entre as receitas de vendas e os custos ou perdas necessárias à produção dos bens vendidos, consistindo no lucro líquido tributável; Por fim, observese então que, considerada a alienação como feita pelos efetivos detentores da ELEKTRO, ou seja, EPC, ETB, AEI INVESTIMENTOS e AEI FINANCE, o crédito constituído por meio de auto de infração diz respeito somente ao ganho de capital obtido por EPC, ETB e AEI INVESTIMENTOS, admitindose como recolhido o imposto sobre o ganho obtido pela AEI FINANCE, retido na fonte. A tributação teve for fundamentos jurídicos os artigos 431 e 1162 do Código Tributário Nacional bem como o artigo 313 do DecretoLei nº 1.598, de 1977. Da impugnação Fl. 1354DF CARF MF 12 Cientificada da autuação em 20/12/2016 (fls. 945), a contribuinte ofereceu sua impugnação em 17/01/2017 (fls. 1272), a qual foi juntada a fls. 949/991. Sintetiza os fundamentos do lançamento fiscal e enfatiza que, em momento algum, foram questionados o propósito negocial e a substância econômica dos atos praticados. Aponta que o único fundamento da exação fiscal foi “o correto enquadramento dos atos praticados, à luz do ordenamento jurídico” relativamente ao contrato de Compra e Venda de Ações, firmado entre AEI (vendedora) e Iberdrola Energia (compradora), por meio do qual a Elektro foi adquirida direta e indiretamente. Argui que o dispositivo legal violado seria o artigo 31 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, pois a Fiscalização entendeu que “o negócio jurídico objeto do Contrato teria implicado o reconhecimento de ganho de capital pelas Holdings Brasileiras, muito embora elas jamais tenham alienado qualquer participação societária e não tenham recebido quaisquer valores no contexto da operação, ignorando ainda que a EPC foi objeto da venda, teve suas quotas transferidas em razão do Contrato e continuou exercendo o papel de controladora direta da Impugnante por um ano após a sua aquisição pela Iberdrola Energia”. Argumenta que não pode ser atribuída a condição de partes às holdings brasileiras, as quais integraram a operação como objeto do negócio jurídico. Considera contraditório o procedimento fiscal de não apontar qualquer vício ou defeito dos atos jurídicos praticados ao mesmo tempo em que “afirma que o objeto do Contrato não foi aquele consignado no documento, qual seja, a venda de participação societária na EPC e na Impugnante detida pela AEI Cooperatief”. Na sequência, apresenta o histórico de investimentos na Elektron, expondo o cenário de 2006 no qual se deu a transmissão do seu controle indireto à AEI pelo Grupo Enron, o qual se consolidou consoante o diagrama abaixo: Fl. 1355DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.350 13 Cinco anos depois, em razão da crise econômica mundial, a AEI realizou desinvestimentos em mercados emergentes. “De acordo com informações públicas divulgadas ao mercado (doc. 04), a decisão de liquidar o investimento no Brasil na Impugnante não foi isolada, tendo a AEI na mesma época decidido vender participações relevantes, direta e indiretamente, em outras nove empresas operacionais no exterior, quais sejam (i) Peru: AEI Peru Holdings Ltd., detentora de 60% da Cálidda – Gas Natural de Lima y Callao S.A. e 50% da Luz del Sur ; (ii) Colômbia: AEI Promigas Ltd, AEI Promigas Holdings Ltd. e AEI Promigas Investments Ltd que detém 52,13% da Promigas; (iii) Chile: 50% da Chilquinta Energía S.A. Lloca; (iv) Panamá: 51% da ENSA; (v) El Salvador: 86.41% da DelSur; (vi) Argentina: 90% da EDEN S.A. e 77,1% da Empresa Distribuidora Elétrica Regional S.A. – EMDERSA; além de (vii) Polônia: 100% da ENS”. Com isso, foram angariados US$ 4.8 bilhões, os quais foram utilizados na gestão do seu endividamento. Por este motivo, foi convencionado o pagamento de um único preço em moeda estrangeira pelos ativos (EPC e Elektro), a ser pago no exterior, inexistindo “qualquer razão econômica ou negocial para que a venda do controle acionário direto da Impugnante fosse realizada pelas Holdings Brasileiras tal como desejado pela autoridade lançadora no presente lançamento”. Fl. 1356DF CARF MF 14 Pondera que, com o objetivo de simplificar a estrutura societária, “o Contrato previu, como condição precedente na Seção 8.1 (d), que o controle acionário da Impugnante passaria por um processo de reorganização envolvendo basicamente três passos”: 29. O primeiro, ocorrido em 28.02.2011, envolveu a incorporação da AEI Investimentos e da ETB pela EPC. No segundo, ocorrido em 29.03.2011, a AEI Brazil PD Holdings Ltd., AEI Brazil Power Investments Ltd., AEI e AEI Brazil Power Holdings Ltd., controladores da EPC no exterior, transferiram as suas quotas na sociedade brasileira para a AEI Cooperatief, que passou a deter 100% do capital da EPC, sendo a controladora indireta da Impugnante com 65,23% do capital. 30. Por fim, a AEI Finance transferiu à AEI Cooperatief a totalidade da participação direta detida na Impugnante, correspondente a 34,45% do capital, resultando na consolidação da participação societária direta e indireta da Impugnante na AEI Cooperatief ilustrada no organograma abaixo: Concluída a reestruturação, o negócio foi submetido à apreciação da ANEEL. Por fim, a aquisição pela Iberdrola Energia resultou na nova estrutura societária abaixo ilustrada: Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.351 15 A aquisição de bens localizados no Brasil pertencentes a pessoa jurídica domiciliada no exterior fez incidir o disposto no artigo 26 da Lei nº 10.833, de 2003. Por este motivo, reteve e recolheu o IRRF sobre o ganho de capital, consoante tabela abaixo: Informa que procurou realizar uma oferta pública de aquisição de ações, nos termos do artigo 254A4 da Lei nº 6.404, de 1976. No entanto, em vista do reduzido número de ações a serem adquiridas, tal formalidade foi dispensada pela CVM. Passado mais de um ano da aquisição da EPC, aprovouse a incorporação da EPC pela Elektro, o que foi autorizado pela ANEEL. Neste ínterim, “a EPC exerceu o papel de controladora direta da Impugnante, recebendo remuneração pelo capital investido e participando dos atos praticados por sua investida”. Fl. 1358DF CARF MF 16 Conclui: 44. Os fatos descritos acima evidenciam a inconsistência do raciocínio fiscal, que qualifica a venda de participação direta e do controle acionário indireto da Impugnante por acionista no exterior como se fosse a venda direta de ações da Impugnante pelas Holdings Brasileiras. 45. Além de contrariar as disposições do Contrato e os atos efetivamente praticados e desejados pelas partes, ao assim proceder a autoridade lançadora ignora que a EPC, como uma das alegadas vendedoras do investimento na Impugnante, não só teve suas quotas transferidas à Iberdrola Energia (doc. 09) como permaneceu como controladora direta da Impugnante por um ano após esse ato translativo de propriedade, tendo participado das deliberações societárias e recebido o pagamento de dividendos e JCP, esses últimos rigorosamente tributados. (...) 48. Os fatos descritos acima evidenciam, por si só, a inconsistência do raciocínio fiscal, visto que recusou reconhecimento à produção de efeitos do Contrato como negócio jurídico existente, válido e eficaz para exigir tributação sobre a venda de ações da Impugnante diretamente pelas Holdings Brasileiras, o que representa mero ato fictício que jamais se realizou. 49. Vêse, pois, que, mesmo após fiscalização de quase dois anos, a autoridade lançadora não logrou identificar nenhum vício no negócio jurídico realizado, tanto é que sequer aplicou a multa qualificada, mas ainda assim realizou o seu “reenquadramento” de forma absolutamente desmotivada. Prossegue, enfatizando que a própria Autoridade Fiscal reconheceu que as operações societárias realizadas são legítimas, não existindo qualquer planejamento tributário abusivo a ser apreciado por este colegiado. Lembra que é companhia de capital aberto e concessionária de serviço público, o que a submete ao controle de órgãos estatais e à avaliação dos analistas de mercado, instituições financeiras, credores e concorrentes. Quanto ao mérito, argui que, no lançamento fiscal, é necessário se proceder com a subsunção do fato à norma, demonstrando que “o fato jurídico tributável se” amolda “integralmente à descrição prescrita” na norma. Para tanto, devem ser observados os institutos de Direito Privado, nos termos dos artigos 109 a 110 do CTN. Neste sentido, defende que a Autoridade Lançadora não pode desconsiderar os institutos privados, requalificando fatos desmotivadamente. A requalificação, a seu ver, apenas estará autorizada quando os atos jurídicos foram praticados com dolo, fraude, simulação ou abusos que pretendam dissimilar a ocorrência do fato gerador. Todavia, no caso concreto, tais vícios não estariam presentes. Discorre sobre o contrato de compra e venda e sobre seus elementos essenciais, quais sejam, partes, a coisa e o preço: Fl. 1359DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.352 17 78. É indubitável que esses três elementos estão presentes no Contrato, que teve como partes a AEI, como vendedora, e a Iberdrola Energia, como compradora. Ambas, no exercício das suas vontades, consentiram pela compra e venda da coisa (Seção 1.2 do Contrato)27, representada pela totalidade da participação na EPC e na Impugnante, mediante pagamento do preço acordado de US$ 2.400.000.000,00 (Seção 2.1 do Contrato). Questiona: “como as Holdings Brasileiras poderiam ter figurado como vendedoras do investimento na Impugnante, se essas sociedades não eram partes do Contrato, nem tampouco receberam o preço pago pela Iberdrola Energia?”. Repisa argumentos de que as holdings brasileiras seriam objeto do contrato, não partes. Argui: 81. É por isso mesmo que a autoridade lançadora tenta construir que o valor pago à AEI Cooperatief corresponderia a uma “cessão de direitos” pelas “efetivas detentoras” da Impugnante. No entanto, esse raciocínio fiscal é facilmente infirmado pela própria realidade dos fatos. 82. O pagamento do preço pela à AEI Cooperatief justificouse pela sua posição como proprietária das participações societárias alienadas no país. Tratouse efetivamente do recebimento do preço por quem tinha direito e jamais como cessionário de direitos, isto é, como parte do negócio jurídico. A alegação de cessão de direitos pelas Holdings Brasileiras não tem qualquer amparo fático ou jurídico, violando igualmente a lógica do negócio realizado. (...) 87. Percebese, assim, que o Contrato teve por efeito transferir participações em sociedades brasileiras à Iberdrola Energia, mediante pagamento do preço à AEI Cooperatief, caracterizando ato de alienação do investimento por parte desse investidor estrangeiro. 88. Isso porque, o ato de alienar tem como acepção de base a transferência da propriedade de determinada coisa a outrem, esclarecendo Pontes de Miranda que alienar é tornar de outrem, passar a mãos alheias. A alienação supõe alguém que a adquira. (...) 90. O objeto do Controle foi a alienação de ações representativas de 34,45% do capital da Impugnante e da totalidade das quotas da EPC. A título dessas participações, foi exercida a faculdade de delas dispor nos termos do 1.228 do Código Civil, alienando tais participações à Iberdrola Energia. Protesta: Fl. 1360DF CARF MF 18 94. Não há nos presentes autos qualquer fundamento ou evidência que infirme esse enquadramento. Não há nada que autorize a interpretação adotada pela autoridade lançadora no sentido de que a compra e venda teria ocorrido entre as Holdings Brasileiras, como vendedoras, e a Iberdrola Energia, como compradora, representando essa construção ato jurídico fictício, que jamais ocorreu, o que revela, por si só, a inconsistência do presente lançamento e a necessidade do seu cancelamento integral. Sustenta, assim, que a Fiscalização incorreu em erro de direito, ou seja, erro no critério jurídico utilizado, sendo o dispositivo legal invocado pela Fiscalização (artigo 315 do DecretoLei nº 1598, de 1977) inaplicável ao caso vertente. Requer, por conseguinte, que seja reconhecida a invalidade do lançamento fiscal. Na continuação, a impugnante procura distinguir a “aquisição de controle acionário direto e indireto”, sustentando que a criação de holdings pode ser realizada dentro da esfera de liberdade econômica e da livre iniciativa, sobretudo quando os riscos do negócio são segregados para maior proteção do investidor. Lembra que os institutos do controle direto e indireto estão previstos nos incisos I e II do artigo 10986 do Código Civil e no§ 2º do artigo 2437 da Lei nº 6.404, de 1976. Assevera: 114. Em suma, controla uma sociedade aquele que detém o poder de comandála,é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, tendo preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores, podendo definir as linhas básicas de sua atuação. 115. Percebese, assim, que é totalmente equivocada a frágil afirmação contida no TVF de que “analisandose a transação, o objeto do contrato é a transferência de propriedade das ações da ELEKTRO. À compradora IBERDROLA ENERGIA interessava a aquisição da ELEKTRO”. 116. Isso porque, sob a perspectiva da Iberdrola Energia e do ponto de vista prático, não havia qualquer distinção quanto à aquisição do controle direto da Impugnante desde já, isto é, passando a ser proprietária das suas ações, conforme ficção jurídica criada pela autoridade lançadora ao afirmar que teria ocorrido a venda pelas Holdings Brasileiras, ou o controle indireto por meio da aquisição da EPC com participação indireta de 65,23% do capital total votante da Impugnante. 117. Em ambos os cenários, haveria, sem qualquer distinção, a predominância da Iberdrola Energia sobre os votos nas assembléias gerais da Impugnante, podendo eleger a maioria dos administradores e utilizar esse efetivo do poder de controle para influir sobre as atividades da companhia. 118. Ou seja, não é possível afirmar que o objeto do Contrato era a transferência de propriedade de ações da Impugnante ou somente aquisição de suas ações, mas sim efetivamente adquirir o seu controle societário independentemente da modalidade. O Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.353 19 objetivo da Iberdrola Energia com a realização do negócio era a obtenção do controle acionário da Impugnante. Transcreve excerto do pronunciamento do colegiado da CVM sobre a transação em tela: De volta ao caso concreto, ressaltamos tratarse de uma OPA por alienação indireta de controle, que não prevê quórum de sucesso, nem futuro pagamento adicional aos acionistas objeto que aderirem à oferta, e tão pouco a obrigação de a Ofertante “adquirir as ações em circulação remanescentes, pelo prazo de 3 (três) meses, contados da data da realização do leilão, pelo preço final do leilão de OPA, atualizado até a data do efetivo pagamento”, “caso venha a adquirir mais de 2/3 (dois terços) das ações” objeto, conforme prevê o § 2º do art. 10 da Instrução CVM 361 (put). Segue, argumentando sobre a ausência de questionamentos a respeito da legitimidade das operações societárias realizadas e salienta que não houve fato jurídico que materializasse acréscimo patrimonial das holdings brasileiras. Traz o alerta de Marco Aurélio Greco: No presente momento da experiência tributária brasileira sobre o tema, estamos perante o risco de sair de um ‘tudo é permitido’ para um ‘tudo é proibido’! (...) A existência de menor carga tributária como resultante de certa operação não é, em si mesma, elemento único nem decisivo para seu enquadramento. Assim, também, o atendimento a determinada forma jurídica não é, por si, um escudo do contribuinte (não basta para protegêlo), mas, se a forma por si não o resguardar, ela também isoladamente não deve condenálo (não se pode singelamente desprezála). Por isso, ressalto a necessidade de proceder a um exame abrangente e ponderado das circunstâncias de cada caso, de modo a evitar os excessos da sedução que um novo modelo teórico tem e a apriorística demonização das formas jurídicas. Sobre a necessidade de se demonstrar o vício do negócio jurídico, transcreve excerto do voto do Conselheiro Alberto Pinto de Souza Junior no acórdão 1302 001.293 (sessão de 12/02/2014): O julgamento no âmbito do CARF é de cognição restrita. O próprio regimento e a Súmula nº 2 já vedam qualquer juízo de constitucionalidade de lei. Na verdade, isso decorre do fato de que a atividade dos colegiados do CARF não passa de mero controle de legalidade dos lançamentos tributários. Assim, ou se demonstra que a operação está maculada por alguma patologia jurídica ou ela é lícita e a ela devemos dar os efeitos que lhe são próprios segundo a legislação tributária. Argumenta que, no acórdão CARF n° 1302001.610, o Tribunal Administrativo adotou a mesma tese: Fl. 1362DF CARF MF 20 REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA. MOTIVAÇÃO UNICAMENTE TRIBUTÁRIA NÃO VERIFICADA. AUSÊNCIA DE SIMULAÇÃO. POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO DO CAMINHO MENOS ONEROSO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Restou comprovado nos autos que a reorganização societária levada a efeito pela fiscalizada teve como finalidade principal a concentração de atividades em uma única entidade, sendo certo que essa reorganização ocorreu de fato e de direito. Presente a motivação empresarial extratributária, não se cuidando de atos ou negócios simulados ou de outra forma viciados, e havendo múltiplos caminhos que conduzissem ao resultado pretendido, não se pode desconsiderar aquele adotado pelo contribuinte ao único pretexto de se tratar do menos oneroso sob o aspecto tributário. Repisa os argumentos de que havia propósito negocial para que o pagamento à AEI fosse realizado no exterior e pergunta se ela estaria obrigada a escolher a alternativa que resultasse em maior tributação. Assevera que o capital investido na Elektro e na EPC pode ser enquadrado como estrangeiro, o que lhe confere certas garantias e proteções, especialmente quanto à possibilidade de remessa para fora do país. Ademais, deve ser dado a ele tratamento isonômico em relação ao capital de residentes, conforme prescreve a Lei nº 4.131, de 1962. Sustenta que o lançamento fiscal age contrariamente à citada lei, pois desconsidera os registros no Bacen e atenta contra o livre fluxo de capitais. No próximo tópico de sua impugnação, passa a discutir o conceito de ganho de capital e de disponibilidade econômica e jurídica da renda. Defende que, para que esteja presente o ganho de capital previsto no artigo 31 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, é necessário que tenha sido realizado um “ato jurídico de alienação com a realização da renda por quem tenha alienado”, o que não teria acontecido no caso em tela, posto que a EPC permaneceu como proprietária das ações da Elektro, recebendo JCP e dividendos. Informa que, em 31/12/2011 e em 14/05/2012, os balanços patrimoniais da EPC registram a sua participação acionária na Elektro (doc. 11), o que também é indicado nas DIPJ entregues (doc. 10). Subsidiariamente, protesta contra: (a) a ausência de dedução do IRRF já recolhido no total de R$ 182.652.428,68, implicando nulidade do lançamento; (b) a desconsideração a “variação positiva no valor do seu patrimônio líquido entre dezembro de 2010 e março de 2011 de R$ 1.368.066.887,53 para R$ 1.516.504.000,00, conforme informado no balanço patrimonial (...) referente ao 1º trimestre de 2011”, deixando, também, de sopesar o ágio registrado pelas holdings brasileiras em afronta ao artigos 426 do RIR; (c) desconsideração do saldo de prejuízos existente nas holdings brasileiras; Reclama contra a incidência de juros moratórios sobre a multa. Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.354 21 Protesta “pela produção de todas as provas admitidas, especialmente a realização de diligências e a juntada de outros documentos, assim como pela oportuna sustentação oral de suas razões de defesa”. Quando do julgamento na DRJ, a decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA NO PAÍS. PESSOA JURÍDICA ALIENANTE DOMICILIADA NO EXTERIOR. REGRAS DE CUSTO DE AQUISIÇÃO. APORTES DE CAPITAL PELA INVESTIDORA. Para apuração do ganho de capital auferido pelas pessoas jurídicas não residentes, na alienação de participação societária de investidas no Brasil, adquiridas por pessoa jurídica residente País, aplicamse as mesmas regras que disciplinam a tributação de pessoas físicas, nos termos do artigo 26 da Lei nº 9.249, de 1995. PERSONALIDADE JURÍDICA. FORMA E SUBSTÂNCIA. Inexistindo vícios no negócio jurídico praticado nem constatação de planejamento tributário abusivo, o Fisco deve respeitar as formas e os institutos do Direito Privado adotados pelo contribuinte. PEDIDO POR JUNTADA DE PROVAS. Indeferese o pedido para juntada de provas após o oferecimento da manifestação de inconformidade, em observância ao disposto no artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, principalmente se a interessada não informou quais elementos almeja apresentar e o que pretende especificamente provar com eles. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Em se tratando de exigência reflexa que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão dos lançamentos decorrentes. SESSÃO DE JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. A legislação que rege o processo administrativo tributário federal não prevê que as partes possam oferecer sustentação oral na sessão de julgamento da DRJ. Fl. 1364DF CARF MF 22 Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Vieram esses autos a julgamento por força do Recurso de ofício, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235/72. Voto Conselheira Letícia Domingues Costa Braga Relatora O Recurso de ofício tem valor muito acima da alçada estipulada na Portaria MF nº 63/17 e dele conheço. O processo administrativo pretende a cobrança de IRPJ e CSLL no ano calendário de 2011, acrescido de multa de 75%. Entendeu a autoridade fiscal ter a recorrida deixado de contabilizar ganho de capital apurado na alienação de investimento pelo valor do Patrimônio Líquido gerando uma redução indevida no lucro sujeito à tributação. A operação em tela cuida da aquisição pela Iberdrola Energia do Brasil Ltda. da Elektro Eletricidade e Serviços S/A. da compra de participação direta detida pela AEI Brazil Holdings Cooperatief U.A e indireta da EPC Empresa Comercializadora Ltda. A operação teve como partes a AEI, na condição de vendedora e a Iberdrola na condição de compradora. Como se tratava de aquisição de bens localizados no Brasil da alienante pessoa jurídica domiciliada no exterior (AEI Cooperatief), a Iberdrola Energia, na qualidade de adquirente residente no país, reteve e recolheu Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre o ganho de capital auferido na venda desses bens pelo residente no exterior no total de R$182.652.428,68 (cento e oitenta e dois milhões, seiscentos e cinquenta e dois mil, quatrocentos e vinte e oito reais e sessenta e oito centavos). A autoridade fiscal, apesar de não ter apontado quaisquer vícios e ilicitudes nos atos jurídicos praticados, atribuiu às sociedade brasileiras, que em momento anterior detiveram a participação na sociedade recorrida, como alienantes no negócio jurídico analisado e que deveria ter sido atribuído a essas tal ganho de capital. Como a AEI investimentos e a ETB (holdings a que foram atribuídos o ganho de capital) foram incorporadas pela EPC em 28/02/2011 e esta última incorporada pela recorrida em 27/06/2012, lavrouse o auto em face da Elektro na qualidade de sucessora das holdings brasileiras. A fundamentação da autuação é única e exclusivamente sobre reenquadramento de fatos sem que houvesse quaisquer questionamentos sobre a acusação de planejamento tributário abusivo, falta de propósito negocial ou substância econômica. É fato que o sistema jurídico brasileiro resguarda a liberdade empresarial para organização dos negócios que possibilitem a economia lícita de tributos. Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 16561.720239/201650 Acórdão n.º 1401002.650 S1C4T1 Fl. 1.355 23 Por outro lado, apenas seria possível a requalificação dos fatos se houvesse abuso de forma, permitindo o afastamento da formalidade para fazer prevalecer a substância. O que ocorreu no presente caso foi a venda de uma empresa no Brasil que pertencia a uma das maiores empresas de energia americana de energia, Enron, para uma das maiores multinacionais de energia, a espanhola Iberdrola. A autoridade fiscal reconheceu que as operações societárias realizadas são legítimas, não existido qualquer planejamento abusivo a ser apreciado por esse colegiado. A recorrida é cia de capital aberto e concessionária de serviço público, o que a submete ao controle dos órgãos estatais e à avaliação dos analistas de mercado, instituições financeiras, credores e concorrentes. Revelase que toda a operação foi realizada em conformidade com todo o arcabouço jurídico brasileiro e que não existe falta de propósito negocial, pois não estaria a recorrente obrigada a escolher a alternativa que resultasse a maior tributação. Isso porque, ao mesmo tempo em que o contribuinte não pode se esquivar das obrigações tributárias, utilizandose de fraudes e simulações, também não lhe pode ser exigido que pague mais tributos do que legalmente exigido. Os cidadãos e as empresas são, perante a lei, contribuintes e não devotos do Estado, a ponto de pagarem mais impostos quando existe opção menos onerosa. Assim, considerando que a Fiscalização não fundamentou o ganho de capital em vícios quer dos negócios jurídicos praticados quer das operações societárias realizadas, deve ser mantida a decisão primeva, sendo improcedente a tributação sobre o ganho de capital auferido pelas empresas EPC, ATB e AEI investimentos. Do Aspecto temporal da disponibilidade da renda Para grande parte da doutrina brasileira, a disponibilidade econômica deve ser entendida como disponibilidade financeira, ou seja, quando do recebimento efetivo do valor classificado como renda, em outra palavras, aquele momento em que se pode dispor, de direito e de fato, material e diretamente, da riqueza livre e desembaraçada. Detendose apenas ao aspecto temporal de materialização da renda, que é o que importa para a análise do caso concreto entendese que o conceito de realização de renda confundese com a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica, sendo tida como o momento segundo o qual existirá o aspecto patrimonial. O contrato analisado pela fiscalização é um contrato complexo que estabelece à vendedora não apenas a compelir a cessão das ações da Elektro e da EPC, mas também a de realizar uma série de operações societárias para a preparação da cessão dessas ações. Não obstante, no contrato de compra e venda de ações tenha sido estabelecida uma data de fechamento é evidente que ele dependeria de uma série de procedimentos prévios não equiparáveis à simples fixação de um prazo para pagamento. Fl. 1366DF CARF MF 24 Assim, não parece possível que a disponibilidade da renda tenha ocorrido no momento que o contrato foi assinado, pois há uma série de atos societários a serem concretizados, de cuja a realização depende a transferência das ações. Portanto, entendo que o negócio jurídico de compra e venda está sujeita às condições estabelecidas contratualmente. Nesse sentido, em decorrência do aspecto temporal ora proposto, qual seja, de o fato gerador somente ocorrer quando das condições estabelecidas no contrato, não é possível aceitar que as empresas ETB e AEI investimentos tenham auferido qualquer rendimento pois a ocorrência do fato gerador depende da incorporação dessas empresas pela EPC, sendo que elas não mais existiam quando incidiu a tributação. Da CSLL Quanto à tributação reflexa, tratandose se exigências decorrentes dos mesmos fatos que ensejaram o lançamento principal de IRPJ, aplicase a ela a mesma orientação decisória. Conclusão Pelo acima exposto, nego provimento ao recurso de ofício exonerando o crédito tributário. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Fl. 1367DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.929000/2008-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/04/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA.
O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.532
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.915297/2008-61, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/04/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolando-se em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.929000/2008-44
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5880611
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.532
nome_arquivo_s : Decisao_10880929000200844.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10880929000200844_5880611.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.915297/2008-61, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
dt_sessao_tdt : Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7364260
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:22:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589516005376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1487; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.929000/200844 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.532 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria DCOMP Recorrente JS DISTRIBUIDORA DE PECAS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/04/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, convolandose em definitiva a decisão de primeira instância administrativa exarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.915297/200861, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 90 00 /2 00 8- 44 Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10880.929000/200844 Acórdão n.º 3302005.532 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal da Administração Tributária em São Paulo/SP pela não homologação da compensação declarada, fazendoo com base na constatação da inexistência do crédito informado, uma vez que o valor recolhido já havia sido integralmente utilizado para extinção do débito relativo ao período de apuração a que se referia, não restando crédito disponível para compensação dos valores informados na Dcomp. Inconformada com a não homologação da compensação, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que os valores referentes ao período foram recolhidos a maior gerando direito a compensar, sendo que os dados da DCTF foram corrigidos posteriormente por meio de DCTF retificadora, sendo os débitos devidamente compensados, requerendo o acolhimento da manifestação de inconformidade e homologação da compensação declarada. A decisão de primeira instância foi pelo não provimento da manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16031.394. Após ciência ao acórdão de primeira instância apresentou o recurso voluntário , sem argüições preliminares, no que concerne à tempestividade. É o relatório. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10880.929000/200844 Acórdão n.º 3302005.532 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.517, de 24 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.915297/200861, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.517): "Examinando os elementos componentes dos autos, constato que a ciência da decisão recorrida efetuouse por via postal em 17/06/2011, sexta feira, com o Aviso de Recebimento AR de fl. 108. O recurso voluntário, por seu turno, foi protocolado em 21/07/2011 (fl. 53), quintafeira. Procedendo à contagem do prazo recursal na forma dos arts. 5º e 23 do Decreto nº 70.235/72, verifico que o prazo legal de 30 (trinta) dias esgotouse em 19/07/2011, na terçafeira anterior, ao do protocolo recursal, em 21/07/2011. Nesta senda, inobservado o prazo estipulado pelo art. 33 do já referido Decreto nº 70.235/72, resta indiscutível a intempestividade da peça interposta. Em face de todo o exposto, considerando que a peça não atende a requisito essencial de admissibilidade, a tempestividade, voto por não conhecê la." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo restou configurada a intempestividade do Recurso Voluntário não atendendo a requisito essencial de admissibilidade. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000220/2007-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Exercício: 2006
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. CONFIRMAÇÃO DOCUMENTAL POSTERIOR.
Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se os documentos apresentados em sede de impugnação confirmam que os valores creditados em conta corrente decorrem de vendas, e a interessada não comprova que estas já teriam sido oferecidas à tributação,
a presunção legal de omissão de receitas resta confirmada, não constituindo tal situação em qualquer mudança no critério jurídico do lançamento.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2006
SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
A responsabilidade tributária de que trata o art. 135 do CTN é também atribuída aos administradores e mandatários da sociedade,
independentemente de sua condição de sócios ou não, desde que comprovado que tenham exorbitado de suas atribuições estatutárias ou dos limites legais e que dos atos assim praticados tenham resultado obrigações tributárias. No caso concreto, quando comprovado que as pessoas indicadas como responsáveis solidários praticou atos de gestão da empresa e o efetivo exercício dos amplos poderes de administração que lhes foram outorgados, tendo, inclusive, obtidos nessa condição, proveitos próprios, deve ser mantida a responsabilidade imputada a essas pessoas.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2006
PERÍCIA. DESNECESSIDADE. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA.
A perícia não se constitui em direito subjetivo do autuado, cabendo ao julgador, se considerá-la desnecessária, indeferir motivadamente o pedido.Tal é a situação dos autos, em que a prova a ser produzida é de natureza documental, a cargo do interessado. Não há, pois, a nulidade argüida na decisão de primeira instância. Pelo mesmo fundamento, rejeita-se também o pedido em sede recursal.
Numero da decisão: 1301-000.835
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e do responsável tributário, Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e, por maioria, negar provimento ao recurso da responsável tributária, Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. Vencidos os conselheiros Waldir Rocha e Carlos Jenier.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Valmir Sandri
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201203
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. CONFIRMAÇÃO DOCUMENTAL POSTERIOR. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se os documentos apresentados em sede de impugnação confirmam que os valores creditados em conta corrente decorrem de vendas, e a interessada não comprova que estas já teriam sido oferecidas à tributação, a presunção legal de omissão de receitas resta confirmada, não constituindo tal situação em qualquer mudança no critério jurídico do lançamento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. A responsabilidade tributária de que trata o art. 135 do CTN é também atribuída aos administradores e mandatários da sociedade, independentemente de sua condição de sócios ou não, desde que comprovado que tenham exorbitado de suas atribuições estatutárias ou dos limites legais e que dos atos assim praticados tenham resultado obrigações tributárias. No caso concreto, quando comprovado que as pessoas indicadas como responsáveis solidários praticou atos de gestão da empresa e o efetivo exercício dos amplos poderes de administração que lhes foram outorgados, tendo, inclusive, obtidos nessa condição, proveitos próprios, deve ser mantida a responsabilidade imputada a essas pessoas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2006 PERÍCIA. DESNECESSIDADE. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA. A perícia não se constitui em direito subjetivo do autuado, cabendo ao julgador, se considerá-la desnecessária, indeferir motivadamente o pedido.Tal é a situação dos autos, em que a prova a ser produzida é de natureza documental, a cargo do interessado. Não há, pois, a nulidade argüida na decisão de primeira instância. Pelo mesmo fundamento, rejeita-se também o pedido em sede recursal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 14751.000220/2007-30
conteudo_id_s : 5888648
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1301-000.835
nome_arquivo_s : Decisao_14751000220200730.pdf
nome_relator_s : Valmir Sandri
nome_arquivo_pdf_s : 14751000220200730_5888648.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e do responsável tributário, Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e, por maioria, negar provimento ao recurso da responsável tributária, Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. Vencidos os conselheiros Waldir Rocha e Carlos Jenier.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
id : 7382745
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:23:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589517053952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2330; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.493 1 1.492 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14751.000220/200730 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 130100.835 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2012 Matéria SIMPLES Recorrente VANDIR GUEDES BEZERRA (contribuinte), JAISVALDO GUEDES FERREIRA (responsável tributário) e ALEXANDRA RODRIGUES DA SILVA (responsável tributária) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. CONFIRMAÇÃO DOCUMENTAL POSTERIOR. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se os documentos apresentados em sede de impugnação confirmam que os valores creditados em contacorrente decorrem de vendas, e a interessada não comprova que estas já teriam sido oferecidas à tributação, a presunção legal de omissão de receitas resta confirmada, não constituindo tal situação em qualquer mudança no critério jurídico do lançamento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. A responsabilidade tributária de que trata o art. 135 do CTN é também atribuída aos administradores e mandatários da sociedade, independentemente de sua condição de sócios ou não, desde que comprovado que tenham exorbitado de suas atribuições estatutárias ou dos limites legais e que dos atos assim praticados tenham resultado obrigações tributárias. No caso concreto, quando comprovado que as pessoas indicadas como responsáveis solidários praticou atos de gestão da empresa e o efetivo exercício dos amplos poderes de administração que lhes foram outorgados, Fl. 1DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.494 2 tendo, inclusive, obtidos nessa condição, proveitos próprios, deve ser mantida a responsabilidade imputada a essas pessoas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2006 PERÍCIA. DESNECESSIDADE. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA. A perícia não se constitui em direito subjetivo do autuado, cabendo ao julgador, se considerála desnecessária, indeferir motivadamente o pedido. Tal é a situação dos autos, em que a prova a ser produzida é de natureza documental, a cargo do interessado. Não há, pois, a nulidade argüida na decisão de primeira instância. Pelo mesmo fundamento, rejeitase também o pedido em sede recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, negar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e do responsável tributário, Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e, por maioria, negar provimento ao recurso da responsável tributária, Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. Vencidos os conselheiros Waldir Rocha e Carlos Jenier. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior – Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Relator (assinado digitalmente) Valmir Sandri – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Alberto Pinto Souza Junior. Relatório VANDIR GUEDES BEZERRA (contribuinte), JAISVALDO GUEDES FERREIRA (responsável tributário) e ALEXANDRA RODRIGUES DA SILVA (responsável tributária), já qualificados nestes autos, inconformados com o Acórdão n° 1122.868, de 27/06/2008, da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE, recorrem voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.495 3 Trata o presente processo de autos de infração, lavrados em 16/05/2007 (ciência em 23/05/2007, fl. 07), para constituição de crédito tributário referente aos tributos integrantes do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, quais sejam, Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) (fl. 06), Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS) (fl. 15), Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) (fl. 24), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) (fl. 33), e Contribuição para Seguridade Social (INSS) (fl. 42), acrescidos de multa de ofício de 75%, além de juros de mora, perfazendo o crédito tributário de R$ 887.695,72, tudo relativo ao anocalendário 2005, conforme demonstrativo consolidado de fl. 05. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. Os referidos autos de infração são decorrentes do procedimento de fiscalização efetuado junto à contribuinte, no qual a fiscalização constatou infrações à legislação do SIMPLES. Consta do Termo de Verificação Fiscal, fls.1077/1120 que a contribuinte havia optado pelo SIMPLES na condição de microempresa e auferiu, no decorrer do ano calendário de 2005, receita bruta superior ao limite para permanência como microempresa no sistema simplificado, sendo excluída do SIMPLES a partir do ano calendário de 2006. A autuada foi selecionada pela fiscalização em face de apresentar movimentação financeira incompatível com a receita declarada. A mesma tem como atividade principal o comércio a varejo de automóveis, camionetas e utilitários usados. Diante da análise da receita auferida através dos depósitos bancários de origem não comprovada (demonstrativo fl. 989), e as receitas de vendas por consignação escrituradas nos livros fiscais e Notas Fiscais, excluindo as receitas de vendas de veículos escrituradas no Livro Caixa, confrontando com as receitas declaradas na PJSI do ano calendário de 2005, foi verificada a existência de omissão de receita, consolidada no “Demonstrativo”, fl.990. Assim, a fiscalização procedeu à autuação apontando as seguintes irregularidades: 1) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS, nos meses de janeiro a dezembro de 2005, resultante da análise dos extratos bancários fornecidos pela contribuinte, consoante demonstrativos às fls. 950 a 985, consolidada no demonstrativo de fl. 989. Dos depósitos bancários de origem não comprovada, foram excluídos os valores declarados na PJSI e o total de vendas de veículos escrituradas no Livro Caixa de acordo com a legislação de regência. Foram também consideradas como receitas auferidas as receitas decorrentes das vendas por consignação constantes nas Notas Fiscais e nos Livros Fiscais, consoante demonstrativo à fl. 990. Sobre as bases de cálculo apuradas foram determinados os impostos e contribuições do SIMPLES (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS E INSS), aplicandose a alíquota apropriada a cada período de apuração; 2) INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO, dos meses de julho a dezembro de 2005, dos impostos e contribuições do SIMPLES (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e INSS), decorrente da diferença apurada relativa à utilização de percentual inferior ao efetivamente aplicável sobre a receita bruta declarada na PJSI/2006. Consoante “Termo de Verificação Fiscal”, fls. 1101/1121, a fiscalização constatou que o Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e a Sra Alexandra Rodrigues da Silva “têm interesse comum nos fatos geradores das obrigações tributárias nascidas a partir das relações comerciais desenvolvidas pela empresa fiscalizada, Fl. 3DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.496 4 configurando, portanto, a solidariedade no crédito tributário da obrigação principal, conforme estabelece o inciso I, art. 124, e incisos III, do art.135, do Código Tributário Nacional”(sic). Resultando na Lavratura do Termo de Responsabilidade Tributária, às fls. 1075 e 1076, tendo os mesmos sidos cientificados dos autos de infração em lide como Responsáveis Solidários. Contra a contribuinte consta o processo nº 14751.000221/200784 de Representação Fiscal para Fins Penais. Devidamente notificada, e não se conformando com o procedimento fiscal, a contribuinte apresentou, tempestivamente, a sua peça impugnatória, às fls.1126/1162, assinada por Vandir Guedes Bezerra, Jaisvaldo Guedes Ferreira e Alexandra Rodrigues da Silva, na qual questiona integralmente os autos de infração, apresentando seus argumentos de defesa, abaixo descritos sucintamente. I Da ilegitimidade passiva dos contribuintes pessoas físicas. A impugnante se insurge contra a sujeição passiva imputada às pessoas físicas do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e da Sra. Alexandra Rodrigues da Silva alegando que, em face de a empresa possuir endereço certo e patrimônio significativo capaz de suportar a exigência fiscal imposta, a fiscalização não poderia “perseguir qualquer pessoa, que não a pessoa jurídica em questão, sobretudo quando inobservados os pressupostos legais para tal responsabilização”(sic). Afirma a impugnante que, de acordo com o disposto nos artigos 134 e 135 do CTN que regulam a solidariedade tributária, a mesma se encontra limitada à pessoa física do sócio que tenha, comprovadamente, agido com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos, e quando haja impossibilidade de se exigir o cumprimento da obrigação pela própria pessoa jurídica. Assevera ainda que a responsabilidade do sócio, quando possível a sua imputação, será subsidiária e não solidária, isto é, ao credor não é dado o direito de executar o sócio antes de executar os bens da sociedade. Sobre o assunto transcreve o entendimento do Jurista Élcio Reis (às fls. 1131/1132). Diante das razões apresentadas acima, a impugnante afirma que no caso em lide não existe qualquer pressuposto legal que autorize a responsabilização dos diretores, sócios etc., em especial dos impugnantes (Sr. Jaisvaldo e Sra Alexandra), por dívida fiscal da empresa autuada, “a ponto de incluílos de plano no pólo passivo da autuação fiscal, seja porque tais contribuintes nem de longe são sócios da empresa Vandir Guedes Bezerra, ora autuada e, assim, não são responsáveis pelos eventuais débitos contraídos por ela, ou mesmo porque, ainda que o fossem, ‘ad argumentandum tantum’, no presente caso não se constata nenhuma das hipóteses previstas em lei em que os sócios da pessoa jurídica supostamente devedora poderiam ser responsabilizados pelo crédito”(sic) A impugnante alega que não restou comprovado nos autos a intervenção dos impugnantes (Sr. Jaisvaldo e Sra Alexandra) em algum ato, ou sua responsabilidade por alguma omissão que resultasse o lançamento em lide. Assevera ainda que, para se incluir o Sr. Jaisvaldo e a Sra Alexandra no pólo passivo da exigência fiscal seria necessário que o fisco obtivesse declaração eficaz de responsabilidade dos mesmos mediante prévio “procedimento judicial de cognição com obtenção de sentença condenatória transitada em julgado. Somente aí poderseia considerar tais contribuintes como coresponsáveis pelo crédito”(sic). Fl. 4DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.497 5 Sobre o assunto a impugnante transcreve, às fls. 1134 a 1136 os entendimentos doutrinários dos professores Élcio Reis e Humberto Theodoro Júnior, e às fls.1137 a 1140, Ementas de julgados do STJ. Concluindo a impugnante alega que a inclusão dos impugnantes Sr. Jaisvaldo e a Sra Alexandra no pólo passivo da obrigação tributária afronta às normas que regulamentam a matéria, especialmente os artigos 134 e 135 do CTN e à Norma Constitucional que garante o devido processo legal nas instâncias administrativa e judicial, consistindose em grave vício de forma e conteúdo. Portanto, requer a exclusão dos impugnantes do pólo passivo dos autos de infração em lide. II Preliminar de realização de perícia. A impugnante alega que, apesar de ter disponibilizado toda a sua documentação fiscal e contábil, a fiscalização, afastandose completamente do exame dos fatos demonstrados através de documentação hábil e idônea, preferiu comodamente optar por lançar omissão de receita com base em pretensa movimentação bancária de origem não comprovada, o que denotaria uma precariedade do lançamento. Portanto, alegando a ausência plena de apreciação dos atos e fatos ensejadores da pretendida omissão de receitas, “sobretudo de provas produzidas a propósito das operações efetivamente realizadas, disponibilidades financeiras demonstradas pela contribuinte e outros fatos incontroversos rejeitados pela fiscalização”(sic), a impugnante requer a realização de perícia nos termos do artigo 17 do Decreto nº 70.235/72, indicando como perito o Sr. José Roberto Gomes Cavalcanti e formulando os seguintes quesitos: 1) Por ocasião da prestação de esclarecimentos, a contribuinte forneceu planilha, comprovando circunstanciadamente a origem dos depósitos bancários objeto de tributação pelo fisco, informando a instituição financeira financiadora do veículo, o número do contrato, o comprador financiado, o veículo, nº do chassi, o valor financiado, etc...Há dúvidas quanto às informações ali consignadas? 2) sabendose que o contrato de financiamento apenas interessa às partes envolvidas, financiador e financiado, com a juntada dos documentos fornecidos pela própria instituição financeira (relatórios HSBC, Santander e Itaú, Borderô do Lojista Banco Panamericano e Efetivação de Proposta de Crédito ABN AMRO BANK) há diferença entre esses documentos e as informações prestadas pela contribuinte em planilhas ? 3) Uma vez confirmadas as operações e os depósitos relativos aos pagamentos dos veículos, realizados pelas próprias instituições financeiras na conta da contribuinte, resta alguma dúvida quanto a origem dos valores objeto do lançamento realizado pelo fiscal autuante? 4) Os contratos de financiamento realizados pelas financeiras são legítimos, capazes de comprovar a origem dos depósitos bancários? 5) Há efetivamente contemporaneidade entre os contratos e os depósitos? Fl. 5DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.498 6 6) Há alguma irregularidade que comprometa as operações de financiamento dos veículos indicados pela contribuinte? 7) Considerando os quesitos formulados para efeito de perícia, no conjunto, há dúvidas sobre a origem, contemporaneidade e efetiva realização dos depósitos objeto da pretendida omissão de receita? III Razões de direito. Neste item a impugnante se insurge contra a autuação alegando ter a fiscalização se utilizado de presunção, sem estar amparado em elementos seguros de prova capazes de justificar a exigência. A impugnante discorre, às fls. 1145 a 1155, acerca dos seguintes assuntos: a) lançamento de ofício; b) limitações constitucionais ao poder de tributar; c) presunções; e d) lançamento com base em depósitos bancários. Transcrevendo entendimentos doutrinários e jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Concluindo a impugnante alega que “a simples movimentação bancária não se presta a justificar exigência do imposto de renda, por não se constituir disponibilidade econômica, fonte nascedoura do fato gerador do imposto.”(sic) IV Do mérito. Quanto ao mérito a impugnante alega que a fiscalização não levou em consideração os esclarecimentos prestados e as provas produzidas para cada fato apontado como omissão de receita, pelo fato de a contribuinte não ter juntado os contratos de financiamentos, apesar de constar as demais indicações, quais sejam: a instituição financeira; financiador; número do contrato; o veículo objeto do financiamento; o seu adquirente; valor e o número do Chassi. Assevera a impugnante que o contrato diz respeito à instituição financeira e seu financiado, não tendo o contribuinte acesso a este, ressaltando que a fiscalização, em caso de dúvida poderia ter confirmado junto às instituições financeiras ou até mesmo ao DETRAN. Em sua defesa a impugnante anexa às fls. 1166/1422, Relatórios dos Bancos HSBS, Santander e Itaú, Borderô do Lojista Banco Panamericano e Efetivação de diversas propostas de Crédito fornecidas pelo ABN AMRO BANK, com os quais afirma afastar qualquer dúvida quanto à origem dos valores depositados em suas contas correntes. Diante da documentação acostada aos autos, e das alegações anteriormente apresentadas, a impugnante requer a exclusão dos valores comprovados da omissão de receita imputada. V Tributação Reflexas – SIMPLES. (PIS, COFINS, CSLL E INSS). A impugnante requer que os argumentos de fato e de direito apresentados sejam levados a efeito igualmente nos autos de infração concernentes aos tributos PIS, COFINS, CSLL E INSS, reflexivos ao presente lançamento fiscal. Sobre a decisão prolatada no processo principal ser projetada nos decorrentes face a íntima relação de causa e efeito, transcreve às fls. 1160 a 1161 ementas de decisões do Conselho de Contribuintes. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.499 7 VI Do pedido. Diante das razões apresentadas a impugnante requer: a) seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva dos contribuintes Jaisvaldo Guedes Ferreira e Alexandra Rodrigues da Silva; b) como preliminar, seja acatado o pedido de realização de perícia, na forma pretendida; c) no mérito, ad argumentandum tantum, seja deferida a sua impugnação; d) que igualmente seja deferida a impugnação em relação aos processos decorrentes, da a íntima relação de causa e efeito. A 4ª Turma da DRJ em Recife/PE analisou a impugnação apresentada pelo contribuinte e responsáveis e, por via do Acórdão nº 1122.868, de 27/06/2008 (fls. 1424/1440), considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples Anocalendário: 2005 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Os valores creditados em contas bancárias cuja origem não foi comprovada com documentação hábil e idônea se enquadram na presunção legal de omissão de receitas. Não logrando a contribuinte demonstrar que o numerário creditado não é receita tributável ou que já foi oferecido à tributação há de se considerar a omissão de receita lançada. O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 21/07/2008, conforme Aviso de Recebimento à fl. 1495. Não encontro nos autos prova de que os responsáveis tributários tenham sido cientificados da decisão de primeira instância. Não obstante, em 20/08/2008 (carimbo de recepção à folha 1447) foi apresentado recurso voluntário em conjunto, subscrito por VANDIR GUEDES BEZERRA (contribuinte), JAISVALDO GUEDES FERREIRA (responsável tributário) e ALEXANDRA RODRIGUES DA SILVA (responsável tributária). Cumpre ressaltar que o Sr. Jaisvaldo não Fl. 7DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.500 8 assinou ao final da peça recursal (fl. 1491), muito embora seu nome ali conste, ao lado das demais pessoas referidas. A assinatura do Sr. Jaisvaldo consta no requerimento (fl. 1447) que encaminha o recurso voluntário. No recurso interposto (fls. 1448/1491), após historiar o ocorrido, por sua ótica, e de afirmar a tempestividade do recurso, os recorrentes repetem, com as mesmas palavras, a preliminar de ilegitimidade passiva do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e Sra. Alexandra Rodrigues da Silva, apontados como responsáveis tributários. Neste ponto, a partir da fl. 1463, os recorrentes acrescentam outra incongruência/ilegalidade, por sua ótica, que teria sido incorrida pela autoridade lançadora. É que o Sr. Jaisvaldo e a Sra. Alexandra possuiriam procurações da empresa a partir de 31/03/2006, conforme reconhecido no item 7.7 do Termo de Verificação Fiscal, enquanto os autos exigem tributos relativos ao ano de 2005. Descaberia, portanto, qualquer responsabilização sob pena de afronta aos arts. 134, 135 e 144 do CTN. Ainda, as autoridades lançadora e julgadora não teriam levado em consideração o contrato de mútuo entre a pessoa jurídica autuada e o Sr. Jaisvaldo, que justificaria os valores repassados pela primeira ao segundo. A seguir, ainda em preliminares, os recorrentes argúem a nulidade da decisão recorrida, a qual teria indeferido seu pedido de perícia sem sequer analisálo. Tal fato seria obstáculo ao seu direito de plena defesa, a motivar a nulidade suscitada. Na hipótese de não reconhecimento da nulidade invocada, a recorrente reitera, com as mesmas palavras, o pedido de realização de perícia “com o fito de comprovar sua regularidade fiscal, afastando a presunção legal de omissão de receitas a partir de depósitos bancários de origem não comprovada”. Indica seu perito e enumera os quesitos a serem respondidos. Sob o título “razões de direito”, os interessados repetem os argumentos da peça impugnatória. Sob o título “do mérito”, além de repetir os argumentos anteriores, no sentido de que a origem dos depósitos estaria comprovada, os recorrentes aduzem que teria havido mudança de critério jurídico introduzida pelo julgador recorrido. Sustentam que a autoridade julgadora em primeira instância teria reconhecido que a documentação apresentada pelos então impugnantes comprovaria a origem de sua movimentação bancária, e transcreve excerto do voto condutor do acórdão. Não obstante, a decisão teria sido pela manutenção da autuação. Afirmam os recorrentes que “[...] o presente lançamento decorre da presunção legal de omissão de receitas com base em depósito bancários de origem não comprovada. Assim, uma vez comprovada a origem da movimentação bancária, não pode subsistir o lançamento, eis que fora justamente a suposta não comprovação da sua origem que ensejou a autuação”. A decisão combatida teria, por sua ótica, incorrido em mudança no critério jurídico na apuração do crédito tributário. Diante disso, o lançamento não poderia subsistir. Os interessados estendem seus argumentos aos lançamentos reflexos, e concluem requerendo o que segue: a) Seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva dos contribuintes JAISVALDO GUEDES FERREIRA e ALEXANDRA RODRIGUES DA SILVA; Fl. 8DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.501 9 b) Ainda em sede de preliminar, seja decretada a nulidade da decisão recorrida, e/ou acatado o pedido de realização de perícia, na forma pretendida; c) No mérito, ad argumentandum tantum, ainda que não sejam acolhidas as preliminares de ilegitimidade passiva e realização de perícia, seja deferido o seu recurso voluntário, em homenagem ao Direito e como medida da mais elevada JUSTIÇA; d) Igualmente seja deferido o recurso voluntário em relação aos processos decorrentes (PIS, COFINS, CSLL e INSS), dada a íntima relação de causa e efeito. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso, apresentado conjuntamente por VANDIR GUEDES BEZERRA (contribuinte), JAISVALDO GUEDES FERREIRA (responsável tributário) e ALEXANDRA RODRIGUES DA SILVA (responsável tributária), é tempestivo, e dele conheço. Ressalto que entendo perfeitamente superável, como de fato supero, a falta da ciência da decisão de primeira instância aos responsáveis tributários, diante de seu comparecimento tempestivo aos autos para interpor o competente recurso voluntário. Da mesma forma, a ausência da assinatura do Sr. Jaisvaldo na peça recursal não deve ser tida como óbice ao conhecimento de suas razões, especialmente em face do fato de que o mesmo Sr. Jaisvaldo assinou o requerimento que encaminha o recurso. O princípio que garante o direito à ampla defesa e ao contraditório assim o impõe. Inicialmente, a preliminar de nulidade da decisão recorrida, com base na rejeição do pedido de perícia, não merece acolhida. Como bem lecionam Neder e López1: [...] A prova pericial mostrase útil somente quando não se puder encontrar a verdade de outra forma mais simples. [...] Na verdade, grande parte dos requerimentos de perícia no processo administrativo fiscal versa sobre o exame de dados constantes da escrita fiscal do contribuinte, cujo teor já é do conhecimento do auditorfiscal antes da lavratura do auto de infração. Apenas seria necessário o reexame por outro especialista se bem demonstrada a questão que se queira discutir no levantamento fiscal, e o motivo pelo qual a prova não possa ser trazida diretamente aos autos, já que os julgadores administrativos têm, como requisito para o exercício de suas funções, o conhecimento da matéria tributária. [...] a perícia não se constitui em direito subjetivo do autuado, cabendo ao julgador, se, justificadamente, entendêla desnecessária, não acolher o pedido formulado pelo interessado. A perícia é prova de caráter especial, cabível nos casos em que a interpretação dos fatos demande juízo técnico”. 1 NEDER, Marcos Vinicius, e LÓPEZ, Maria Teresa Martínez. Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado. 2ª ed. São Paulo: Dialética, 2004, pp. 242, 243 e 260. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.502 10 No caso vertente, em que se trata de omissão de receitas, apurada com base em presunção legal, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 é expresso ao determinar que cabe ao sujeito passivo, devidamente intimado, comprovar com documentos hábeis e idôneos a origem dos valores creditados/depositados em suas contas bancárias. Ou seja, cabe ao contribuinte, titular da movimentação financeira, fazer prova de que os depósitos bancários têm como origem receitas já oferecidas à tributação ou, por outra vertente, são créditos que por sua natureza não constituem receitas. Em qualquer caso, a prova é de natureza documental, a ser produzida e trazida aos autos com base na escrita contábil e fiscal da interessada e/ou nos documentos que embasaram cada operação, revelandose prescindível a perícia solicitada. Rejeito, pois, a preliminar de nulidade da decisão recorrida por cerceamento ao direito à ampla defesa e, com o mesmo fundamento, rejeito também o pedido de perícia, reiterado em sede de recurso. De se observar que a rejeição do pedido de perícia não implica, em absoluto, que os documentos acostados aos autos pelos interessados não serão analisados, o que será feito mais adiante, neste voto. Quanto à autuação, em si, sob o título “razões de direito”, os recorrentes combatem a aplicação da presunção de omissão de receitas, alegando, em apertadíssima conclusão, que “a simples movimentação bancária não se presta a justificar exigência do imposto de renda, por não se constituir disponibilidade econômica, fonte nascedoura do fato gerador do imposto”. Importante ressaltar que a acusação trata de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430, com a redação dada pela Lei n° 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; [...] Tratase, como é cediço, de presunção relativa, que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe provar o fato indiciário, definido na Fl. 10DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.503 11 lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. No entanto, regularmente intimada, a recorrente poderia afastar a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados em suas contascorrentes. Suas razões recursais não trazem qualquer novidade em relação àquelas trazidas em sede de impugnação, as quais já foram adequada e fundamentadamente refutadas pela decisão recorrida. Quanto ao direito, ou seja, quanto à aplicação da presunção legal, à inversão do ônus da prova e à caracterização das receitas omitidas, portanto, não faço qualquer reparo ao quanto decidido em primeira instância. Resta prosseguir na análise das questões de fato suscitadas, a fim de verificar se os documentos apresentados pelos interessados permitem alguma conclusão diferente. E também aqui melhor sorte não lhes assiste. A extensa documentação apresentada ainda durante o procedimento de fiscalização foi exaustiva e minuciosamente analisada pelo Fisco, daí resultando que, da movimentação bancária sujeita a comprovação, foram excluídos valores, por exemplo, a título de movimentações entre contas de mesma titularidade, resgates de aplicações financeiras, cheques devolvidos e estornos de créditos. Também preocupouse o AuditorFiscal com as vendas de veículos recebidas em consignação, sujeitas a tributação diferenciada nos termos do art. 5º da Lei nº 9.716/1998. As receitas comprovadamente auferidas com essas vendas, além de escrituradas em conformidade com as determinações legais, foram excluídas do total tributável (fls. 986 e 990), mantidas tão somente as margens de lucro bruto, nos termos da legislação de regência. Finalmente, foram excluídos os montantes já declarados como receitas na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica. Esse procedimento foi detalhado no Termo de Verificação Fiscal e analisado em detalhe pela Autoridade Julgadora a quo, ao que não faço reparos. Os documentos apresentados em fase de impugnação tão somente fazem reforçar a ocorrência de receitas omitidas. Com efeito, os bancos e financeiras, ao atestar a existência de financiamentos para a venda de veículos a pessoas físicas, financiamentos estes creditados na conta corrente da interessada, nada mais fazem do que confirmar a existência de receitas não escrituradas nem oferecidas à tributação, visto que os valores financiados, por certo, integram o total das vendas. A quantificação do montante a tributar, feita no momento do lançamento com base em presunção legal, revelase assim confirmada. Não cabe cogitar, como pretende a recorrente, de mudança no critério jurídico do lançamento. A acusação fiscal é, desde o início, de receitas omitidas. Tão somente a quantificação se fez com base na presunção estabelecida em lei, por depósitos bancários para os quais a interessada deixou de apresentar documentos hábeis. Se esses documentos vieram a ser apresentados após o lançamento, sua análise confirma que os valores creditados em contacorrente decorrem de receitas, e a interessada não comprova que estas já teriam sido oferecidas à tributação, o lançamento se mantém por seus próprios méritos, e ainda mais hígido, confirmadas agora as omissões de receitas. Afinal, cumpre registrar que a obrigação de escriturar e de guardar todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração está prevista na legislação Fl. 11DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.504 12 fiscal, e aplicase, com pequenas variações, aos contribuintes tributados com base no lucro real, presumido ou mesmo optantes pelo SIMPLES (situação da recorrente). Ao descumprir essa obrigação, a interessada queda sem meios hábeis para a comprovação que lhe cabe. Não tendo a contribuinte qualquer cautela em documentar adequadamente os fatos, ficam por sua conta e risco as conseqüências de tal negligência. No caso, a conseqüência é a aplicação da presunção legal de omissão de receitas, nos estritos termos da lei, conforme anteriormente mencionado. Finalmente, devem ser apreciados os argumentos do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e sua esposa, Sra. Alexandra Rodrigues da Silva, contra a responsabilidade tributária que lhes foi imputada no ato do lançamento, com fulcro nos arts. 124, I, e 135, III, ambos da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN). Ainda sem entrar no mérito da responsabilidade imputada, entendo que agiu corretamente o Fisco ao, com base nos elementos de que dispunha e nos fatos que apurou, lavrar os Termos de Sujeição Passiva Solidária e trazer para o polo passivo da relação jurídico tributária as pessoas físicas que considerou responsáveis tributários. O art. 142 do CTN assim dispõe (grifo não consta do original): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Observese que a obrigação de constituir o crédito tributário pelo lançamento, imposta à autoridade administrativa, tem como um de seus aspectos a identificação do sujeito passivo. O mesmo diploma legal, em seu artigo 121, caracteriza o sujeito passivo da obrigação tributária como gênero, do qual define duas espécies: o contribuinte e o responsável. Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Desta forma, repito, andou bem o Fisco ao relacionar no polo passivo não apenas o contribuinte (a empresa individual, equiparada a pessoa jurídica, Vandir Guedes Bezerra), mas também aqueles sobre os quais entendeu recair a responsabilidade tributária. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.505 13 Diante disso, não se pode acolher a tese dos recorrentes, de que somente mediante prévio “procedimento judicial de cognição com obtenção de sentença condenatória transitada em julgado” seria possível considerálos como coresponsáveis pelo crédito tributário. A responsabilização em sede administrativa faz parte da atividade vinculada e obrigatória do lançamento, sem prejuízo de que aqueles que se sentirem prejudicados possam recorrer ao Poder Judiciário em defesa de seus direitos. Quanto à legitimidade daqueles tidos como responsáveis para intervir no processo administrativo, entendo que essa legitimidade em tudo se equipara àquela reconhecida ao contribuinte. O impugnante em primeira instância, ou o recorrente em segunda instância, é aquele contra quem foi lavrado o auto de infração, de quem se exigiu o pagamento do crédito tributário constituído ou, se inconformado, a reclamação correspondente. Em outras palavras, é tanto o contribuinte quanto o responsável. Negar àquele apontado como responsável a possibilidade de aduzir provas e razões contrárias não apenas à sua responsabilização, mas também contra o lançamento, em si, constituiria grave equívoco e causa de nulidade, por cercear o direito ao contraditório e à ampla defesa, garantido pela Constituição Federal. Na esteira desse raciocínio, e por não tratar especificamente do assunto o Decreto nº 70.235/1972, considero plenamente aplicáveis as disposições dos arts. 9º e 58 da Lei nº 9.784/1999: Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo: I pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação; II aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; [...] Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: I os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; [...] No mesmo sentido já se manifestou a douta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, no Parecer/PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009, do qual transcrevo os excertos abaixo: [...] 96. A conseqüência jurídica principal da conclusão de que o administrador que comete ato ilícito, no exercício da gerência, responde solidariamente com a pessoa jurídica pelo crédito tributário, sem benefício de ordem, é a de que ele, nesse caso, deve ser considerado “sujeito passivo” e “devedor” para efeito de aplicação da legislação tributária em geral. É ele “sujeito passivo” porque, por força do art. 121, parágrafo único, II, do CTN, todo responsável é sujeito passivo tributário. É ele Fl. 13DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.506 14 “devedor” em razão de que a pretensão do Fisco para com ele é exigível independentemente da solvabilidade da pessoa jurídica. 97. Assim, o responsável solidário pode sofrer, individualmente, auto de infração, com forte no art. 142 do CTN, sendo, nesse ato, declarado o ato ilícito que praticou o administrador no exercício da gerência e imputada a responsabilidade a esse infrator. Sendo, porém, sua responsabilidade autônoma da obrigação do contribuinte quanto ao nascimento e à natureza, não está obrigada a Administração Tributária a declarar sua responsabilidade ao mesmo tempo em que constitui o crédito tributário de que é devedora a pessoa jurídica. A responsabilidade do terceiro pode ser declarada a qualquer tempo, na esfera administrativa ou judicial, desde que subsista a obrigação do contribuinte. [...] 102. Noutros termos, podemos afirmar que o responsável pode participar do processo administrativo fiscal em que se discute o crédito tributário na posição de terceiro interessado; tratase de faculdade sua. Não é obrigatória, porém, sua presença e sequer sua intimação para tanto, justamente porque ele, no PAF em questão, é meramente terceiro interessado. Distintamente, em processo administrativo em que se apura sua responsabilidade “pessoal” decorrente de ato ilícito, sua presença é indispensável, obviamente. Passo, então, a apreciar os argumentos dos recorrentes, pessoas físicas, acerca da responsabilidade tributária que lhes foi imputada. Alegam os interessados que a responsabilidade dos sócios seria subsidiária, quando a própria empresa não cumprisse as obrigações. E, quanto à responsabilidade pessoal, esta seria limitada aos casos em que a obrigação tributária tenha decorrido de atos praticados comprovadamente pelo sócio, com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, hipótese não vislumbrada nos autos, seja porque os tidos como responsáveis não são sócios, seja porque inexistiria prova de qualquer intervenção sua por ação ou omissão em atos que dessem causa ao pretenso crédito tributário. Quanto à natureza da responsabilidade imputada, se solidária (como entende o Fisco), subsidiária ou pessoal (com exclusão do contribuinte do polo passivo), muito se tem discutido. Com a devida vênia dos que pensam em contrário, filiome à corrente que defende que a responsabilidade de que trata o art. 135 do CTN possui o atributo da solidariedade. Nesse sentido, encontro apoio na doutrina a seguir transcrita: A lei diz que são pessoalmente responsáveis, mas não diz que sejam as únicas. A exclusão da responsabilidade, a nosso ver, teria que ser expressa. Com efeito, a responsabilidade do contribuinte decorre de sua condição de sujeito passivo direto da relação obrigacional tributária. Independe de disposição legal que expressamente a estabeleça. Assim, em se tratando de responsabilidade inerente à própria condição de contribuinte, não é razoável admitirse que desapareça sem que a lei o diga expressamente. Isto, aliás, e o que se depreende do disposto no art. 128 do Código Tributário Nacional [...]2. E mais: 2 MACHADO. Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 30ª ed. Malheiros, 2009, p.161. Citado por PAULSEN, Leandro, in Direito Tributário. Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010, p. 971. Fl. 14DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.507 15 A concepção de responsabilidade por ato ilícito exclui o caráter de subsidiariedade da obrigação do infrator. Este deve responder imediatamente por sua infração, independentemente da suficiência do patrimônio da pessoa jurídica. Eis o sentido de estar expresso no caput do art. 135 do CTN que são ‘pessoalmente responsáveis’ os administradores infratores da lei. Dessa forma, deve ser excluída a tese da responsabilidade subsidiária em sentido próprio. [...] A tese da responsabilidade subsidiária – em sentido próprio – peca por ler implícito no art. 135 do CTN a condição de ‘impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte’ (pessoa jurídica), condição esta que está expressa somente no art. 134... [...] Por sua vez, a tese da responsabilidade por substituição, pessoal e exclusiva, peca por prever implícito no art. 135 do CTN a desoneração da pessoa jurídica contribuinte, coisa que não está dita nem insinuada nesse dispositivo legal. A desoneração do contribuinte não pode ocorrer por obra de mera interpretação extensiva; demanda, rigorosamente, norma expressa nesse sentido. Logo, não havendo qualquer preceito que afaste o dever da pessoa jurídica de pagar o crédito tributário, continua ela com este dever, sem óbice para a exigência de pagamento também do terceiro responsável. 3 Sustentam os recorrentes que não restaria comprovada nos autos a intervenção das pessoas físicas (Sr. Jaisvaldo e Sra. Alexandra) em algum ato, ou sua responsabilidade por alguma omissão de que resultasse o lançamento em lide. Não é o que ocorre. O que o Fisco buscou demonstrar nos autos foi o interesse comum nas situações que constituem o fato gerador das obrigações tributárias e, além disto, a prática concreta de atos que permitem afirmar que, além de procuradores, as pessoas físicas atuavam como administradores, possuindo e exercendo poderes para a tomada de decisão na empresa fiscalizada e se beneficiando com os resultados auferidos. Daí a responsabilidade solidária imputada, nos termos dos arts. 124 e 135 do CTN, verbis: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; [...] Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. As circunstâncias que, no entender do Fisco, confirmado em primeira instância, ensejaram a responsabilização tributária ora discutida foram minuciosamente descritas no item 7 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 1101/1115), e foram sintetizadas pelo julgador em primeira instância, no trecho que a seguir transcrevo: 3 LOPES, Anselmo Henrique Cordeiro. A responsabilidade tributária dos administradores. RFDT 36/155, nov dez/08. Citado por PAULSEN, Leandro, in Direito Tributário. Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010, p. 971. Fl. 15DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.508 16 que a assinatura contida no Registro da empresa Vandir Guedes Bezerra como firma individual na Junta Comercial da Paraíba não corresponde à do Sr. Vandir Guedes Bezerra, consoante Laudo do Departamento de Polícia Federal nº 100/2007 SETEC/SR/PB, fls. 923/926; segundo depoimento do Sr. Vandir Guedes Bezerra, constantes dos autos, este no início de 2006, foi com a Sra Alexandra Rodrigues em um cartório na avenida Epitácio Pessoa onde assinou sem ler vários documentos, afirmando ainda ter pouca leitura, sabendo apenas assinar o seu nome, não chegando a concluir o curso primário; Sr. Vandir Guedes Bezerra afirmou ser primo do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira; que a empresa autuada mantinha como Procuradores desde 31/03/2006, o Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e a Sra Alexandra Rodrigues da Silva, consoante Procuração lavrada pelo Cartório de 5º Ofício Notas CNPJ 08.323.172/00108, fls. 66 e 66v, na qual concede poderes a ambos para representar a empresa perante quaisquer repartições federais e municipais, bem assim movimentar contas correntes junto às instituições financeiras oficiais e privadas; que o Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira, casado com a Sra Alexandra Rodrigues da Silva, utilizou recursos oriundos de conta bancária da empresa para aquisição de imóvel, consoante documentos de fls. 996 a 1059; que a Sra. Alexandra Rodrigues da Silva utilizou recursos oriundos de conta bancária da empresa para pagamento de Fundo Gerador de Benefício Individual “Vida e Previdência”, consoante documentos anexos às fls. 997 a 998 e 1054; a fiscalização, analisando a capacidade econômica de cada participante na pessoa jurídica autuada, constatou que “de fato quem tem bens (móveis e imóveis), aufere renda, se beneficiou da movimentação financeira foram os procuradores da empresa fiscalizada, visto que o dono de direito, Sr. Vandir Guedes Bezerra, nem possui renda nem possui bens”(sic) Anexando a documentação comprobatória, consoante Termo de Verificação Fiscal, fls. 1104/1107; consta dos autos, às fls. 892/898, fotos comparativas dos imóveis residenciais pertencentes ao titular constante dos registros cadastrais da autuada, e dos mandatários, Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira e a Sra Alexandra Rodrigues da Silva, restando demonstrado que os mandatários é que detêm a capacidade financeira compatível com a movimentação bancária da autuada. Os poderes atribuídos aos procuradores não são aqueles comuns aos mandatários. As quatro procurações que constam dos autos, às fls. 1060/1063v, lhe conferem “amplos e ilimitados poderes para representála junto a quaisquer instituições bancária pública ou privada, inclusive Banco do Brasil S/A, Banco do Estado da Paraíba S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Real, Caixa Econômica Federal, podendo abrir e movimentar contas de depósitos, poupança e empréstimos, solicitar informações de saldos de contas credoras e ou devedoras, extratos, emitir e endossar cheques, retirar talões de cheques, fazer recadastramento, contrair empréstimos, dar bens moveis e imóveis em garantia da dívida, assinar contratos de compromissos, preencher e assinar formulários e guias, fazer requerimentos, petições, declarações, receber e dar quitação, prestar declarações, apresentar, juntar e desentranhar documentos, constituir procurador com poderes gerais para o foro [...]”, podendo, ainda, “requerer, recorrer, ajustar, praticar, assinar em nome da outorgante, juntar, desentranhar, retirar, apresentar e assinar documentos exigidos, formular Fl. 16DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.509 17 requerimentos, petições, efetuar pagamentos e recebimentos, participar de concorrências e licitações, apresentar, assinar e rubricar propostas, carta convite, orçamentos; planilhas de preços, assinar contratos de venda, fornecimento de mercadorias e/ou produtos, ajustar cláusulas e condições,receber quantias em nome e/ou através de cheques nominativos a outorgante, passar recibos, dar e aceitar quitação, emitir e receber correspondências, encomendas e/ou quaisquer remessas postais, admitir, advertir, suspender e demitir empregados, assinar carteiras de trabalho da Previdência Social, folhas de pagamento, abrir, movimentar e encerrar contas bancárias, assinar, emitir e endossar cheques, usar veículos da empresa, autorizar contas de depósito, autorizar cobrança, utilizar o crédito aberto na forma e condições, solicitar talonários, saldos e extratos, fazer depósitos e retiradas, firmar e assinar contratos e outros instrumentos bancários, receber, passar recibo e dar quitação, efetuar transferencias/pagamentos, por qualquer meio, autorizar debito em conta relativo a operações, retirar cheques devolvidos, endossar cheques, requisitar e receber cartão eletrônico, movimentar conta corrente com cartão eletrônico, sustar/contraordenar cheques, cancelar cheques, baixar cheques, efetuar resgates/aplicações financeiras, efetuar saques conta corrente e/ou poupança, cadastrar, alterar e desbloquear senhas, firmar e assinar contratos e outros instrumentos bancários, e ainda nomear e constituir advogado para o foro em geral”. Tais poderes são típicos, não de meros mandatários, a quem se conferem poderes específicos e sujeitos à prestação de contas, mas daqueles que exercem de fato poderes de mando e administração da empresa. Ressalto, ainda, que os instrumentos de mandato datam de 10/01/2003 (fl. 1060), 25/01/2005 (fl. 1061), 19/12/2003 (fl. 1062) e 18/05/2005 (fl. 1063), abrangendo, portanto, todo anocalendário 2005, objeto de autuação. Revelamse, então, improcedentes as alegações dos recorrentes, de que o Sr. Jaisvaldo e a Sra. Alexandra somente possuiriam procurações da empresa a partir de 31/03/2006. Esse instrumento de mandato, que consta por cópia às fls. 66/66v, foi juntado aos autos pelo Fisco como prova de que, durante o procedimento de fiscalização, essas pessoas dispunham de poderes para receber e atender às intimações e demais termos. O efetivo exercício, pelo Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira, dos poderes outorgados se encontra também fartamente documentado. O exame dos autos revela a multiplicidade de documentos assinados pelo procurador, demonstrando quem de fato estava à frente dos negócios. Confiramse, a título exemplificativo, as fls. 406, 408, 413, 417, 434, 488, 576, entre numerosas outras. Até mesmo o nome de fantasia adotado, Jota Ferreira Veículos, milita nesse sentido. Ao contrário, não se encontra um único documento assinado pelo titular de direito, Sr. Vandir Guedes Bezerra, à exceção dos instrumentos de mandato sobre os quais já se discorreu. Não bastasse a interposição de pessoa, dos atos de gestão praticados pelo Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira por certo decorreu a volumosa omissão de receitas, cabendo lembrar que a conta bancária mantida junto ao Bradesco, não escriturada, representava 98% do total movimentado junto aos bancos, e que a conta junto ao Itaú, representativa dos 2% restantes, foi escriturada de forma incompleta. Finalmente, o benefício financeiro obtido igualmente se encontra configurado e comprovado. O Fisco assim descreve a aquisição de um imóvel, com recursos da empresa, em nome do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira (fls. 1114/1115): Chama a atenção [...] 02 (dois) cheques n° 0009097 e 00013483 da conta corrente n° 5310, Agência n° 1729 do Banco Bradesco, pertencente à empresa Fl. 17DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.510 18 (folhas 1008 a 1011), cujo favorecido é o procurador Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira, e que segundo justificativa oferecida trata de Contrato de Mútuo. Depois a contribuinte apresentou cópias de 02 (dois) contratos de mútuo (folha 1069 a 1074), celebrados em 25 de janeiro de 2007 e 06 de junho de 2007 e somente registrados em cartório no dia 18 de maio de 20074. No verso dos cheques mencionados, consta a destinação dos mesmos nas importâncias de R$ 100.000,00 (cem mil reais) e R$ 98.000,00 (noventa e oito mil reais), referente à compra de 01 (um) imóvel ao Sr. Urenildo Farias da Cunha (casa — localizada a Av. Manoel Morais, 655, Manaira — João Pessoa/PB). Diante disso, solicitouse ao Cartório Monteiro da Franca — Serviço Notarial do 5° Oficio a cópia da escritura de compra e venda do referido imóvel, conforme folha 1055 a 1057. Em seguida, o cartório encaminhou a aludida escritura (folha 1058 a 1059), comprovando a aquisição do imóvel. Isso comprova que o procurador utilizou recursos da empresa para aquisição do citado imóvel, beneficiandose de dinheiro da empresa em proveito próprio. Vale ressaltar que este bem imóvel não foi declarado na Declaração de Ajuste Anual de pessoa física do anocalendário de 2005, consoante folhas 1064 a 1068. Os recorrentes reclamam que as autoridades lançadora e julgadora não teriam levado em consideração o contrato de mútuo entre a pessoa jurídica autuada e o Sr. Jaisvaldo, que justificariam os valores repassados pela primeira ao segundo. No entanto, conforme exposto, tais contratos de mútuo apenas confirmam o que os cheques já de antes comprovavam, ou seja, que o Sr. Jaisvaldo recebeu recursos da empresa. Não há qualquer comprovação de que o alegado mútuo, com vencimento em 31 de dezembro de 2008, tenha sido quitado, nem indicação de que a suposta mutuante tivesse a intenção de cobrar a dívida, desde que se tratava de documentos estritamente particulares, não levados a registro perante órgãos públicos nem sequer contabilizados. Ainda, nem a alegada mutuante nem o alegado mutuário declararam a operação em suas declarações de rendimentos. Diante de todo o exposto, rejeito os argumentos em contrário e considero correta a sujeição passiva solidária atribuída ao Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira. No que tange à Sra. Alexandra Rodrigues da Silva, cônjuge do Sr. Jaisvaldo Guedes Ferreira, encontro nos autos as procurações públicas de fls. 1060/1063v, já anteriormente referidas, mas não encontro prova de que tais poderes tenham sido efetivamente exercidos, ao menos no anocalendário autuado. O fato de que os poderes lhe foram outorgados não implica, por si só, a prática de atos de gestão da empresa. Acerca da afirmação do Fisco que de teria auferido benefícios financeiros a partir dos recursos sonegados pela pessoa jurídica e que, com isso, estaria demonstrado o “interesse comum”, suficiente para caracterizar a responsabilidade tributária solidária, com fulcro no art. 124, I, do CTN, o exame dos autos revela, inicialmente, os quatro pagamentos de previdência privada, realizados entre setembro e dezembro de 2005, totalizando R$ 2.745,02 (vide fls. 997/998 e 1054). Além disto, não se há de negar o maior e mais expressivo benefício representado pelo imóvel anteriormente referido (escritura às fls. 1058/1059), adquirido conjuntamente pela Sra. Alexandra e seu cônjuge Sr. Jaisvaldo com recursos da empresa. No entanto, já me manifestei em situações anteriores no 4 Cumpre esclarecer que as datas que constam dos documentos são, respectivamente, 25 de janeiro de 2005 e 06 de junho de 2005, e que tais documentos nunca foram levados a registro em cartório. Tão somente consta um reconhecimento de firma, por semelhança, em 18 de maio de 2007. Fl. 18DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.511 19 sentido de que tenho o art. 124, I, isoladamente, por insuficiente para atribuir responsabilidade, sendo necessário que houvesse, adicionalmente, a comprovação da prática de atos de gestão, o que não encontro no presente caso. Diante disso, e à míngua de maiores evidências, entendo que deve ser afastada a responsabilidade tributária solidária imputada à Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. Por todo o exposto, em conclusão, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, acolher, em parte, os argumentos atinentes à sujeição passiva para afastar a responsabilidade tributária imputada à Sra. Alexandra Rodrigues da Silva e, no mais, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 19DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.512 20 Voto Vencedor Valmir Sandri, Redator Designado. Com a devida vênia do Nobre Relator do presente recurso, ouso discordar de seu bem fundamentado voto, tão somente em relação ao afastamento da responsabilidade tributária solidária imputada a Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. Restou sobejamente comprovado pela fiscalização que o Sr. Vandir Guedes Bezerra não é o verdadeiro dono da empresa individual, mas interposta pessoa, e que os verdadeiros donos são o Sr. Jaisvaldo e a Sra. Alexandra, que tinham procuração para praticar todos os atos de mando e administração da empresa. É fato que a multiplicidade de documentos assinados pelo Sr. Jaisvaldo demonstram que ele de fato estava à frente dos negócios. Contudo, isso não permite afirmar que a Sra. Alexandra não exerceu os poderes que lhe foram outorgados. Vejase que, legitimada pela procuração que lhe outorgava amplos poderes de administração e mando, a Sra. Alexandra, no anocalendário autuado, utilizou recursos da conta bancária da empresa para pagamento de Fundo Gerador de Benefício Individual “Vida e Previdência”, consoante documentos anexos às fls. 997 a 998 e 1054. É certo que a movimentação de conta bancária, por si só, não autoriza concluir pelo exercício de ato de mando, administração e gestão. Mas fazêlo em proveito pessoal, e com base em procuração que confere poderes não de meros mandatários, mas de verdadeiros gestores, impossibilitam afirmar que não se tratava de ato de mando, mas de ato sujeito à prestação de conta. Assim, o conjunto probatório coligido demonstra que: (a) o Sr.Vandir é interposta pessoa, e que os verdadeiros donos da empresa são o Sr. Jaisvaldo e sua esposa, a Sra. Alexandra, aos quais o Sr. Vandir outorgou procurações com amplos poderes de mando, administração e gerência; (b) embora os elementos dos autos indiquem que o Sr. Jaisvaldo estava à frente da gerência, tanto ele como a Sra. Alexandra exerceram poderes com base nas procurações que lhes foram outorgadas; (c) ambos auferiram benefícios financeiros a partir dos recursos sonegados pela pessoa jurídica, demonstrado o “interesse comum” que os coloca na condição de responsáveis solidários, com fulcro no art. 124, I, do CTN. Essas minhas razões para manter a responsabilidade solidária d Sra. Alexandra Rodrigues da Silva. (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri Redator para o voto vencedor. Fl. 20DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI Processo nº 14751.000220/200730 Acórdão n.º 130100.835 S1C3T1 Fl. 1.513 21 Fl. 21DF CARF MF Impresso em 09/07/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por VA LMIR SANDRI
score : 1.0
Numero do processo: 15956.720009/2011-80
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2007
SIMPLES NACIONAL. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE AO ATO DE EXCLUSÃO. EFEITO SUSPENSIVO.
A impugnação do ato de exclusão do Simples Nacional tem efeito suspensivo, razão pela qual o lançamento de ofício que teve tal ato de exclusão como premissa necessária terá caráter preventivo, e, portanto, estará com a exigibilidade suspensa.
SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. INTERPOSTAS PESSOAS.
A pessoa jurídica que é constituída por interpostas pessoas, encobrindo quem são os verdadeiros sócios, não tem o direito de permanecer inscrita no regime do Simples Nacional.
Numero da decisão: 1003-000.041
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2007 SIMPLES NACIONAL. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE AO ATO DE EXCLUSÃO. EFEITO SUSPENSIVO. A impugnação do ato de exclusão do Simples Nacional tem efeito suspensivo, razão pela qual o lançamento de ofício que teve tal ato de exclusão como premissa necessária terá caráter preventivo, e, portanto, estará com a exigibilidade suspensa. SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. INTERPOSTAS PESSOAS. A pessoa jurídica que é constituída por interpostas pessoas, encobrindo quem são os verdadeiros sócios, não tem o direito de permanecer inscrita no regime do Simples Nacional.
turma_s : Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15956.720009/2011-80
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5893882
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1003-000.041
nome_arquivo_s : Decisao_15956720009201180.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : SERGIO ABELSON
nome_arquivo_pdf_s : 15956720009201180_5893882.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
id : 7399240
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589553754112
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-08-07T01:50:18Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-08-07T01:50:18Z; Last-Modified: 2018-08-07T01:50:18Z; dcterms:modified: 2018-08-07T01:50:18Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-08-07T01:50:18Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-08-07T01:50:18Z; meta:save-date: 2018-08-07T01:50:18Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-08-07T01:50:18Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-08-07T01:50:18Z; created: 2018-08-07T01:50:18Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2018-08-07T01:50:18Z; pdf:charsPerPage: 1524; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-08-07T01:50:18Z | Conteúdo => S1C0T3 Fl. 96 1 95 S1C0T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15956.720009/201180 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1003000.041 – Turma Extraordinária / 3ª Turma Sessão de 03 de julho de 2018 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente LS COMÉRCIO DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2007 SIMPLES NACIONAL. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE AO ATO DE EXCLUSÃO. EFEITO SUSPENSIVO. A impugnação do ato de exclusão do Simples Nacional tem efeito suspensivo, razão pela qual o lançamento de ofício que teve tal ato de exclusão como premissa necessária terá caráter preventivo, e, portanto, estará com a exigibilidade suspensa. SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. INTERPOSTAS PESSOAS. A pessoa jurídica que é constituída por interpostas pessoas, encobrindo quem são os verdadeiros sócios, não tem o direito de permanecer inscrita no regime do Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 72 00 09 /2 01 1- 80 Fl. 96DF CARF MF Processo nº 15956.720009/201180 Acórdão n.º 1003000.041 S1C0T3 Fl. 97 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão de primeira instância que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o Ato Declaratório Executivo nº 61, de 28 de março de 2011, da DRF Ribeirão Preto SP, o qual determinou a exclusão da empresa do Simples Nacional a partir de 01/07/2007, com fundamento na disposição contida no inciso IV do art. 29 da Lei Complementar nº 123/2006, tendo em vista sua constituição através de interpostas pessoas. A exclusão decorre de procedimentos fiscais concomitantes na recorrente e em mais duas empresas nas quais a autoridade fiscal constatou haver coincidências e conexões relativas à atividade econômica, composição societária, localização, funcionamento, constituição de representantes e vínculos empregatícios, levando à conclusão de que a fiscalizada foi constituída através de interpostas pessoas com a finalidade de reduzir os encargos previdenciários da empresa SERGERAL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA, conforme minuciosamente relatado na "Representação Fiscal Desenquadramento do 'Simples'" constante do presente processo. A recorrente, inicialmente e ao final, protesta pela sustentação oral de suas razões, com prévia intimação do advogado informando a data em que se realizará o julgamento; pede que todas as intimações e/ou notificações sejam feitas exclusivamente ao advogado que nomeia, "sob pena de nulidade", conforme jurisprudência que menciona e, em síntese, alega: I Que a exclusão se apóia [na Representação Fiscal contida] no presente processo [às folhas 03 a 12], que a acusa de ser mera simulação empresarial, com finalidade de reduzir encargos previdenciários da empresa SERGERAL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA, o que não é verdade; II Que os elementos em que se embasa a fiscalização, como composição de quadro societário, localização, procurações e mão de obra, por si sós não podem levar a tal conclusão; III Que requereu, e requer, suspensão dos efeitos até a decisão administrativa definitiva (CTN, art. 151, III e art. 4º, § 3º e § 3ºA da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007) e o cancelamento do referido ADE, já que o trabalho fiscal foi eivado de nulidade, "pois se embasou única e exclusivamente em análises e intromissões dos fatos da vida privada, extraindo conclusões que não deveriam ser realizadas pelos agentes administrativos, por se tratarem de meras presunções e indevidas modificações da realidade apresentada", desrespeitando o princípio da entidade e a autonomia inerentes às pessoas jurídicas, concluindo por meio de provas indiretas pela simulação por interposta pessoa, excluindo a contribuinte do Simples Nacional; IV Que não ocorreu a simulação por interposta pessoa, sendo a recorrente independente em relação à empresa SERGERAL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA, pois, se houvesse realmente a simulação de vontade na constituição das citadas empresas, seria ilógico e até estúpido o fato de serem formadas apenas por parentes, em localidades próximas e Fl. 97DF CARF MF Processo nº 15956.720009/201180 Acórdão n.º 1003000.041 S1C0T3 Fl. 98 3 com a outorga de procuração entre eles, visto que todos os atos são de conhecimento público e, por isto, de fácil constatação pelo fisco; valeriase de um "laranja" ou "testa de ferro" para encobrir os reais destinatários de direito, o que não ocorre no caso concreto, visto que, na realidade, a família resolveu se dividir para explorar atividades complementares, sendo os próprios sócios os que adquirem e exercem os direitos emanados do cumprimento dos respectivos objetos sociais; V Que o fato de haver parentesco entre os sócios das duas empresas e ambas se situarem em localidades próximas não podem levar à suposição fiscal de que formam uma única pessoa jurídica, em respeito ao princípio da entidade; VI Que as atividades das duas empresas não são idênticas, nem o objeto social (citando informações obtidas perante à Junta Comercial do Estado de São Paulo JUCESP), apesar de atuarem no mesmo mercado, sendo que a SERGERAL atua em grandes obras e industrialização/comércio de máquinas e equipamentos pesados, enquanto a LS, ora recorrente, realiza pequenos serviços, venda de bens e equipamentos menores, tendo a família se separado para realizar atividades complementares, explorando independentemente duas atividades conexas; VII Que não há qualquer impedimento legal à indicação mútua de mão de obra entre as duas empresas. É o relatório. Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. Inicialmente, em relação ao requerimento da recorrente para suspensão dos efeitos do ADE até a decisão administrativa definitiva, com fundamento no art. 151, III do CTN e art. 4º, § 3º e § 3ºA da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007, cabe registrar que a instauração do contencioso administrativo, de fato, suspende os efeitos da exclusão do Simples Nacional, bem como da exigibilidade dos créditos tributários eventualmente constituídos. O § 3ºA da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007, aplicável aos fatos, à época, e com base no art. 39 da LC nº 123, de 2006, diz que, na hipótese de a ME ou EPP impugnar o ADE, este se tornará efetivo quando a decisão definitiva for desfavorável ao contribuinte, observandose, quanto aos efeitos da exclusão, o disposto em seu art. 6º, que elenca os períodos de exclusão que constam dos próprios ADE. Em outras palavras, determina que os efeitos da exclusão se produzem imediatamente à publicação do Ato, relativamente aos períodos ali mencionados, mas ficam condicionados, para se tornarem efetivos, à decisão administrativa definitiva desfavorável à contribuinte. Isto inclui o direito da Fazenda de lançar de ofício eventuais valores decorrentes da exclusão (objeto, relativamente ao Simples Federal, da Súmula CARF nº 77: "A possibilidade de discussão administrativa do Ato Declaratório Executivo (ADE) de exclusão do Simples não impede o lançamento de ofício dos créditos tributários devidos em face da exclusão."), os quais, na hipótese de instauração do contencioso administrativo a esta relativo, terão sua exigibilidade suspensa até que se torne definitiva a Fl. 98DF CARF MF Processo nº 15956.720009/201180 Acórdão n.º 1003000.041 S1C0T3 Fl. 99 4 decisão administrativa que a mantém. Este entendimento é corroborado pela SCI Cosit nº 18, de 30 de julho de 2014: Solução de Consulta Interna nº 18 Cosit Data 30 de julho de 2014 Origem DRF/DIVINOPÓLIS Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ementa: Com base no art. 39 da Lei Complementar (LC) nº 123, de 14 de dezembro de 2006, a manifestação de inconformidade interposta em âmbito federal contra a exclusão do Simples Nacional se enquadra no conceito de recurso administrativo admissível pelas leis reguladoras do processo tributário administrativo a que se refere o inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional(CTN). Nos termos do § 3º do art. 75 da Resolução Comitê Gestor do Simples Nacional (RCGSN) nº 94, de 29 de novembro de 2011, a impugnação do ato de exclusão do Simples Nacional tem efeito suspensivo, razão pela qual o lançamento de ofício que teve tal ato de exclusão como premissa necessária terá caráter preventivo, e, portanto, estará com a exigibilidade suspensa. Dispositivos Legais: art. 151, inciso III, do CTN; art. 39 da LC nº 123, de 2006; art. 75, § 3º do da RCGSN nº 94, de 2011. Quanto às alegações de nulidade, cabe lembrar que, no âmbito do PAF, conforme seus art. 59 a 61, são nulas as decisões proferidas por pessoa incompetente, ou com preterição do direito de defesa, sendo que irregularidades, incorreções e omissões que nestes motivos não se enquadrem sequer serão objeto de saneamento, quando não influírem na solução do litígio. No que se refere ao procedimento fiscal que ensejou a exclusão, não se vislumbra que qualquer dos fatos alegados pala contribuinte se relacione com as mencionadas hipóteses legais. No mérito, observase que o AuditorFiscal responsável pelo procedimento fiscal que culminou na representação para exclusão do Simples Nacional, para embasar sua conclusão de que a contribuinte e a empresa SERGERAL constituiriam, de fato, uma única unidade empresarial, relatou fatos concernentes a coincidências e conexões relativas à atividade econômica das empresas fiscalizadas, sua composição societária, localização, funcionamento, constituição de representantes e vínculos empregatícios, os quais, em nenhum momento, foram contestados pela recorrente, que argumenta no sentido de afastar a consideração de tais fatos como indícios da unicidade alegada pela fiscalização. Em primeiro lugar, a recorrente alega que as atividades econômicas das empresas objeto da fiscalização que ensejou a exclusão não são idênticas, nem seu objeto social, citando informações obtidas perante à Junta Comercial do Estado de São Paulo JUCESP que não constam de nenhum documento do processo. O contrato social da recorrente, constante dos autos, menciona o objeto social como “comércio de produtos siderúrgicos, instalação, reparação e manutenção de outras máquinas e equipamentos de uso específico e a Fl. 99DF CARF MF Processo nº 15956.720009/201180 Acórdão n.º 1003000.041 S1C0T3 Fl. 100 5 prestação de serviços em geral”, o mesmo objeto da empresa SERGERAL conforme a Representação Fiscal, o que não foi contestado pela recorrente. Os vários indícios ou circunstâncias apontados pela fiscalização são rechaçados pela contribuinte como insuficientes para caracterizar a infração apontada. De fato, isoladamente, a existência de sócios pertencentes ao mesmo núcleo familiar, as atividades econômicas semelhantes, complementares ou até idênticas, a localização contígua ou a contratação mútua de empregados dispensados das outras empresas em questão não constituem, por si, infrações à lei. No entanto, o conjunto destas circunstâncias toma nova dimensão quando associado à existência de documentos de representação que alienaram o poder de comendo da recorrente para os sócios gerentes da SERGERAL, fato que, incontestavelmente, representa uma transferência de comando e revela a ausência da alegada autonomia mútua das empresas. Outra circunstância reveladora é o atendimento da fiscalização na sede da SERGERAL e por linha telefônica desta, por empregado registrado na terceira empresa objeto da fiscalização, e o fornecimento, por este, da documentação referente à três empresas fiscalizadas, incluindo a LS. Desta forma, os elementos trazidos pela fiscalização, em conjunto, reforçam a percepção de que a existência autônoma da recorrente não se revela efetivo pelos fatos, não se vislumbrando outra razão para a separação formal entre as empresas que não reduzir a incidência de tributos, constituindo provas indiretas, as quais são típicas da constatação deste tipo de arranjo simulatório, no qual as operações se revestem de aparente legalidade, mas apresentam conexões que conduzem a um resultado que a norma busca evitar. Fica caracterizada, portanto, a constituição da empresa através de interpostas pessoas, tendo em vista todas as circunstâncias apontadas, e pelo fato dos verdadeiros comandantes da empresa, por procuração, não corresponderem aos sócios formais. Por fim, quanto ao protesto por sustentação oral e intimações dirigidas ao advogado, é importante informar à contribuinte que eventual sustentação oral deve ser requerida nos moldes determinados pelo art. 61A, § 2º, do RICARF, e que as intimações se processarão de acordo com o previsto no art. 23 do PAF. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 100DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10813.000749/2010-26
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2009
EXCLUSÃO DE OFÍCIO. COMERCIALIZAÇÃO DE MERCADORIAS OBJETO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO.
A exclusão de ofício da pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional dá-se quando houver comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva.
Numero da decisão: 1003-000.127
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201808
ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2009 EXCLUSÃO DE OFÍCIO. COMERCIALIZAÇÃO DE MERCADORIAS OBJETO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. A exclusão de ofício da pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional dá-se quando houver comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva.
turma_s : Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10813.000749/2010-26
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5894777
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1003-000.127
nome_arquivo_s : Decisao_10813000749201026.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CARMEN FERREIRA SARAIVA
nome_arquivo_pdf_s : 10813000749201026_5894777.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
id : 7403794
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:25:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589562142720
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1434; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T3 Fl. 71 1 70 S1C0T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10813.000749/201026 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1003000.127 – Turma Extraordinária / 3ª Turma Sessão de 09 de agosto de 2018 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente ROSARIA LAURIANO SILVEIRA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2009 EXCLUSÃO DE OFÍCIO. COMERCIALIZAÇÃO DE MERCADORIAS OBJETO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. A exclusão de ofício da pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional dáse quando houver comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório A Recorrente optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional foi excluída de ofício pelo Ato Declaratório Executivo DRF/RPO/SP nº 72, de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 3. 00 07 49 /2 01 0- 26 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 72 2 18.04.2011, fl. 22, com efeitos a partir de 01.05.2009, com base nos fundamentos de fato e de direito indicados: O Delegado da Receita Federal do Brasil de Ribeirão PretoSP, no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso VII do art. 29 da Lei Complementar n° 123 de 14 de dezembro de 2006 e no § 1° do art. 4'^ da Resolução CGSN n^ 15, de 23 de julho de 2007 e do que consta no Processo Administrativo n° 10813.000749/201026, determina: 1 A exclusão da empresa ROSARIA LAURIANO SILVEIRA ME, CNPJ n° 04.378.538/000195, situada na Avenida Major Novaes, n" 1.869, Sorocabano, Jaboticabal/SP do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional, tendo em vista a constatação de comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/05/2009. 3 Poderá a empresa, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste ADE, manifestarse por escrito, sua inconformidade relativamente ao procedimento acima, ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. (grifos acrescentados) Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação. Está registrado nos excertos da ementa e do voto condutor do Acórdão da 9ª Turma/DRJ/RPO/SP nº 1440.846, de 20.04.2013, efls. 3436: SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. COMERCIALIZAÇÃO DE MERCADORIA OBJETO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. A comercialização de mercadoria objeto de contrabando ou descaminho constitui motivo para exclusão de ofício da empresa do Simples Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Notificada em 05.04.2013, efl. 41, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 06.05.2013, efls. 4968, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. II O Direito II. 1 PRELIMINARES II.1.1 DA INÉPCIA DA INICIAL: Com o devido respeito, mas a inicial (fls. 01) REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL, descreve os fatos de forma Incompleta e inconsistente diante dos princípios constitucionais [...]. Embora se entrelaçando esta preliminar com a matéria de mérito, está claro que em momento algum ficou provado que houve comercialização dos referidos maços de cigarros; até porque, quando da realização de diligências da polícia o recorrente não se encontrava em seu estabelecimento comercial consoante se denota do B.O, pois, quem acabou sendo supostamente "averiguada" foi Zélio Silveira esposo da recorrente (que sequer assinou qualquer documento de fls. 05/06). Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 73 3 Aliás, o B.O. e o histórico nele inserido não se presta a produzir prova alguma em se considerando a natureza do suposto ilícito citado na inicial ou seja, comercializar mercadorias... Apenas diz que em vistoria em bares desta cidade, lograram êxito em apreender no local dos fatos, 12 maços de cigarros da marca Eight e 01 da marca TE os quais foram encontrados desacompanhados da correspondente nota fiscal e com indícios de falsificação dos selos. Estranhamente, mas importante se verificar que o laudo pericial n. 1397/08??? às fls.08, diz claramente no primeiro quesito que o material se apresenta devidamente embalados e sem indícios de violação. PORTANTO, há uma dissonância entre o que consta do B.O que diz (...) "com indícios de falsificação dos selos". [...] Ora Excelências, se o núcleo do artigo 29, inciso VII da Lei Complementar n. 123/2006 utiliza o verbo comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho, como se pode afirmar que "ficou demonstrada a ocorrência de fatos que configuram infração punível com a exclusão do SIMPLES NACIONAL? Com o princípio do [...] "aquilo que não consta dos autos não está no mundo jurídico" temos que no caso em tela, a petição inicial está inapta a produzir seus efeitos no mundo jurídico, pois da narração dos fatos não decorre logicamente a conclusão; pois sequer ficou demonstrada a comercialização e tampouco a figura do artigo 288 do código penal (contrabando ou descaminho) porque não houve qualquer tipo de investigação que levasse ao enquadramento legal acima citado. Diante de tal fato outra não pode ser a decisão se não acolher imediatamente a preliminar da inépcia da inicial, como forma da mais lídima justiça. II.1.2 DA CARÊNCIA DE AÇÃO: [...] Assim sendo, faltando ao presente procedimento qualquer uma das condições de ação o feito deverá ser julgado improcedente e, no caso, arquivado, por ser de justiça. [...] II. 2MÉRITO Terminada a fase de instrução e sendo o recorrente intimado a fazer o presente recurso, no mérito é importante também deixar claro que o presente procedimento administrativo não deve prosperar pelos motivos a seguir: 1. O auto de infração e termo de apreensão e guarda em nome da requerida e seu esposo não pode prevalecer haja vista que o auditor apenas fez cumprir o que constava do B.O e seus agregados tais como auto de exibição e apreensão, laudo pericial, etc; porém, o fato é que a REVELIA também neste aspecto, se deu de forma nula, pois a pratica de comercialização não ficou comprovada. 2. Também não ficou comprovada a citada falta da correspondente nota fiscal, pois, os cigarros apreendidos pertenciam à pessoa física do esposo da recorrente ZILDO SILVEIRA que infelizmente é fumante. Sendo assim, comprou os cigarros para seu uso pessoal tanto que no citado B.O sequer informam onde os cigarros foram apreendidos, ou seja, se em exposição para venda, sob algum móvel, etc. [...] NÃO HÁ ESPECIFICAÇÃO AINDA DE QUALQUER DANO AO ERÁRIO; assim sendo, COMPROVADAMENTE NÃO HÁ COMO IMPOR À REQUERIDA TANTO O PERDIMENTO DOS CIGARROS BEM COMO E PRINCIPALMENTE A EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 74 4 3. O laudo pericial de fls. 07 e seguintes também é falho ao apontar que os cigarros apreendidos são de origem do Paraguai. E por quê? Achase isso por conta da selagem e supostamente a marca; porém não houve exame técnico específico para se saber o 'D.N.A' do fumo existente em seu interior e que se pode eficaz e facilmente separar aquilo que é fabricado no Brasil e no Paraguai. 4. É também de se observar que na remessa n. 108/2009 (fls. 10) há uma demonstração de tentativa de colocar todos em uma só lista (rotulagem) da prática ilícita que neste caso não ocorreu, ou seja, assim querem de forma uníssona impor a todos ali citados como membros de uma grande organização sonegadora de impostos e de crimes hediondos. É um absurdo total. Absurdo porque se realmente os fatos ocorreram deveria ser melhor apurado, ouvindose os investigadores, a suposta (o) averiguada (o) sobre os fatos, de onde efetivamente vieram os cigarros, se estavam expostos à venda ou se era para uso próprio, quem vendeu, etc. Rosária (recorrente) não sabe de quem comprou os cigarros. O fato de ser encontrado os cigarros no "local dos fatos" por si não induz a ninguém dizer que estava sendo comercializado, mormente porque esse aspecto não ficou devidamente apurado nos autos. 5. O processo (mesmo que administrativo) é para andar e não retroceder ou andar sem apurar. No caso, apenas e tão somente documentos sem valor algum que vieram da Policia Judiciária de Jaboticabal e mais nada, foram utilizados por este R. órgão e está sendo o suficiente para apreender, impor perdimento e o pior, impor a exclusão do SIMPLES NACIONAL TOTALMENTE SEM PROVA ALGUMA. 6. [...] Por si já seria motivo para impor fim e arquivamento aos AR. (s) sem adentrar no que fora exposto ao longo deste recurso [...] 9. [...] VERDADE SABIDA OU PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA [...] Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Concernente ao pedido expõe que: ** À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do processo administrativo em tela, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso com suas preliminares para o fim de assim ser decidido, cancelandose o ato declaratório de exclusão do SIMPLES NACIONAL e seus reflexos, ou seja, eventuais débitos fiscais, apreensão, perdimento do bem, etc. Pedido de arquivamento. ** Aguardase ser devidamente intimado da decisão para os devidos fins de direito. É o Relatório. Voto Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 75 5 Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, observado o disposto no § 3A do art. 4º da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007, em relação aos efeitos da exclusão de ofício. A Recorrente discorda do procedimento fiscal. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido pertinente ao cumprimento das obrigações tributárias, principal e acessória, aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte relativo aos impostos e às contribuições estabelecido em cumprimento ao que determina no inciso X do art. 170 e no art. 179 da Constituição Federal de 1988 pode ser usufruído desde que as condições legais sejam preenchidas. Com o escopo de implementar esses princípios constitucionais foi editada a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional. O Simples Nacional está regulamentado pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). A opção do sujeito passivo deve ser manifestada por meio da internet até o último dia útil do janeiro sendo irretratável para todo anocalendário oportunidade em que presta declaração quanto ao nãoenquadramento nas vedações legais. A exclusão por comunicação decorrente de opção ou de obrigatoriedade é feita pela internet. Atinente à questão está literalmente firmado na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] VII comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho; [...] Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, darseá: [...] II obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou [...] Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: [...] II na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Complementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva; [...] Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte excluídas do Simples Nacional sujeitarseão, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 76 6 Cabe esclarecer que a opção pelo Simples é um direito da pessoa jurídica que preenche todos os requisitos legais. Porém a optante deve comunicar obrigatoriamente a sua exclusão à RFB, por meio do Portal do Simples Nacional na internet, quando incorrer em hipótese legal de vedação. Verificada a falta de informação espontânea, há exclusão de ofício mediante emissão do termo de exclusão do Simples Nacional pela autoridade competente, sob pena de responsabilidade funcional, devendo ser observadas as determinações do processo administrativo fiscal1. A exclusão de ofício da pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional dáse quando houver comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva (inciso VII do art. 29 e inciso II do art. 30 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006). Podese entender que a prática de contrabando consiste na importação ou exportação de mercadoria proibida, atentando contra a saúde pública e administração pública. Por sua vez, a prática de descaminho é a ilusão do pagamento do tributo de mercadoria permitida, ofendendo a ordem tributária2. Porém, está pacificado no Supremo Tribunal Federal que "Não há razão para discriminação entre contrabando e descaminho, [...], quando o art. 334 do C.P. os considera sinônimas". 3 As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais4. O princípio da legalidade estabelece que a atuação administrativa que decorre da aplicação da lei de ofício, de modo que deve ser feito o que a lei determina, pois sua atividade é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (art. 37 da Constituição Federal e art. 142 do Código Tributário Nacional). A legislação de regência da matéria determina as consequências da exclusão do Simples Nacional, no sentido de que a pessoa jurídica sujeitase a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas e art. 32 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006). 1 Fundamentação legal: art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, art. 29, art. 33 e art. 39 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, Resolução CGSN nº 15 de 23 de julho de 2007 e art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. 2 BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p.386. 3 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em HC nº 35341/DF. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Relator: Ministro Antônio Martins Vilas Boas. Julgado em: 18 out. 1957. Publicado no DJ em: 12 dez.1957. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28CONTRABANDO+E+DESCAMIN HO%29&pagina=10&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/zg2uqbk>. Acesso em 05 jul. 2018. 4 Fundamentação legal: art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 77 7 Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Consta na Representação Fiscal para Exclusão do Simples Nacional, fl. 01 02, cujos fundamentos são adotadas nessa segunda instância de julgamento: Introdução Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto, Lavrado o Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guardai Fiscal (AITAGF) n° EFA00035/2010, constante do ..processo administrativo n° 10813 000747/201037, ficou demonstrada a ocorrência de fatos que configuram infração punível com á exclusão do Simples Nacional, nos termos do inciso VII do art. 29 da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006. [...] Descrição Dos fatos Caracterizadores Do Ilícito Conforme descrito no AITAGF supramencionado, houve apreensão efetuada pela Polícia Civil do Estado de São, Paulo, de cigarros estrangeiros, objeto de contrabando, no estabelecimento comercial da interessada, no endereço e na data constante do boletim de ocorrência anexo. (grifos acrescentados) O conjunto probatório produzido nos autos corroboram a conduta da Recorrente de comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho, quais sejam, cigarros de procedência estrangeira, conforme Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal n° EFA000035/2010, Ofício n° 1015/2009, Boletim de Ocorrência n° 328/2009, Auto de Exibição e Apreensão e Laudo, fls. 0310. Especificamente no que se refere ao Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal n° EFA000035/2010 temse que houve "Apreensão de cigarros, ou charutos ou fumo de procedência estrangeira por encontrarse desprovida de documentação comprobatória de sua introdução regular no País." Assim, este procedimento foi formalizado no processo 10813.000747/201037 e segue rito próprio e especial previsto no DecretoLei nº 1.455, de 07 de abril de 1976, DecretoLei nº 399, de 30 de dezembro de 1968, Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009 e DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Restou comprovado que houve apreensão, efetuada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, de cigarros estrangeiros, objeto de contrabando ou descaminho, no estabelecimento comercial da Recorrente, fato que conformase com atividade mercantil destes produtos. Demonstrado que a mercadoria foi apreendida no estabelecimento comercial da Recorrente ressai nítida a sua condição de sujeito passivo da obrigação tributária e evidencia o caráter comercial da atividade, independentemente da quantidade de itens e o modo como estão expostos à venda. Ademais, a instância judiciária penal é independente da instância administrativa. 5 Por conseguinte, há autonomia entre o trânsito em julgado da decisão judicial relativa ao crime de contrabando ou descaminho e a verificação de circunstância legal de exclusão do Simples Nacional na esfera administrativatributária. 5 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em RHC nº 33136/PR. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Relator: Ministro Nelson Hungria. Julgado em: 09 jun 1954. Publicado no DJ em: 19 set. 1954. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28CONTRABANDO+E+DESCAMIN HO%29&pagina=11&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/zg2uqbk>. Acesso em 05 jul. 2018. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 78 8 Especificamente sobre o princípio da insignificância, temse que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada esta na perspectiva de seu caráter material 6. Vale transcrever excertos de ementas de orientações firmadas no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que firmaram o entendimento no sentido de que a importação não autorizada de cigarros constitui o crime de contrabando ou descaminho, insuscetível de aplicação do princípio da insignificância: 2. Este Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a introdução clandestina de cigarros, em território nacional, em desconformidade com as normas de regência, configura o delito de contrabando, ao qual não se aplica o princípio da insignificância, por tutelar interesses que transbordam a mera elisão fiscal. 7 2. Esta Corte de Justiça vem entendendo, em regra, que a importação de mercadorias de proibição relativa, como cigarros ou medicamentos, configura crime de contrabando. 8 4. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, o crime de contrabando de cigarros não comporta aplicação do princípio da insignificância, haja vista o elevado grau de reprovabilidade da conduta, que ofende a saúde e a segurança públicas. 9 1. Nos termos da pacífica orientação da Terceira Seção desta Corte, a importação não autorizada de cigarros constitui o crime de contrabando, insuscetível de aplicação do princípio da insignificância. 10 6 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em Habeas Corpus nº 98.152/MG. Órgão Julgador: Segunda Turma. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgado em 19 mai.2009. Publicado no DJe em 05 jun. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2898152%29&pagina=5&base=baseAc ordaos&url=http://tinyurl.com/ybhv4wnta>. Acesso em 05 jun. 2018. 7 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em AgRg no AREsp nº 1116451/MT. Órgão Julgador: Sexta Turma. Relator: Ministro Nefi Cordeiro. Julgado em: 19 abr. 2018. Publicado no DJe em: 02 mai. 2018. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. 8 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em AgRg no AREsp nº 1706471/PR. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Ministro Joem Ilan Paciornik. Julgado em: 20.mar. 2018. Publicado no DJe em: 04.abr. 2018. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. 9 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em AgRg no AREsp nº 1226987?RJ. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. Julgado em: 20.mar. 2018. Publicado no DJe em: 02 abr. 2018. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. 10 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em AgRg no AREsp nº 1706397/RS. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. Julgado em: 20.fev. 2018. Publicado no DJe em: 28.fev. 2018. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 79 9 2. Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, não se aplica o princípio da insignificância ao contrabando de cigarros. Tal entendimento decorre do fato de a conduta não apenas implicar lesão ao erário e à atividade arrecadatória do Estado, como na hipótese de descaminho. De fato, outros bens jurídicos são tutelados pela norma penal, notadamente a saúde pública, a moralidade administrativa e a ordem pública. 11 É assente na jurisprudência desta Corte que o trancamento de ação penal ou de inquérito policial, em sede de habeas corpus, constitui medida excepcional, somente admitida quando restar demonstrado, sem a necessidade de exame do conjunto fático probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade ou a ausência de indícios suficientes da autoria ou prova da materialidade. Precedentes. Consoante já assentado pelo Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância deve ser analisado em correlação com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Direito Penal, no sentido de excluir ou afastar a própria tipicidade da conduta, examinada em seu caráter material, observandose, ainda, a presença dos seguintes vetores: (I) mínima ofensividade da conduta do agente; (II) ausência total de periculosidade social da ação; (III) ínfimo grau de reprovabilidade do comportamento e (IV) inexpressividade da lesão jurídica ocasionada (HC n. 84.412/SP, de relatoria do Ministro Celso de Mello, DJU 19/4/2004). Na espécie, inferese que o acórdão recorrido encontrase alinhado à jurisprudência desta Corte, no sentido de que a introdução de cigarros em território nacional é sujeita a proibição relativa, sendo que a sua prática, fora dos moldes expressamente previstos em lei, constitui o delito de contrabando, o qual inviabiliza a incidência do princípio da insignificância. Isto porque o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, pois visa a proteger o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional, bem como resguardar a saúde pública. 12 1. A tipicidade penal não pode ser percebida como exame formal de subsunção de fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade é necessária análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso, para verificação da ocorrência de lesão grave e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. 2. 11 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em RHCnº 89755/RS. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Ministro Ribeiro Dantas. Julgado em: 05 out.2017. Publicado no DJe em: 11.out. 2017. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. 12 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão em RHC nº 82276/RS. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. Julgado em: 20 jun. 2017. Publicado no DJe em: 30 jun.2017. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=contrabando+e+insignific%E2ncia+e+cigarro&&b=AC OR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em 05 jul. 2018. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 80 10 Impossibilidade de incidência, no contrabando ou descaminho de cigarros, do princípio da insignificância. 13 1. O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que, além do valor material, os bens jurídicos que o ordenamento jurídico busca tutelar são os valores éticosjurídicos e a saúde pública. Precedentes: HC 120550, Primeira Turma, Relator Min. Roberto Barroso, DJe 13/02/2014; ARE 924.284 AgR, Segunda Turma, Relator Min. Gilmar Mendes, DJe 25/11/2015, HC 125847 AgR, Primeira Turma, Relator Min. Rosa Weber, DJe 26/05/2015, HC 119.596, Segunda Turma, Relator: Min. Cármen Lúcia, DJe 26/03/2014. 14 O ato declaratório executivo foi lavrado por servidor competente que verificando a ocorrência da causa de vedação emitiu o ato revestido das formalidades legais com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprilo ou impugnálo no prazo legal. A notificação do ato administrativo, em regra, pode ser efetivada pessoalmente, por via postal ou por meio eletrônico (art. 23 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). Assim a intimação do ato administrativo está regular, pois foi efetivada observando as determinações legais. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Assim, estes atos contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. Consta no Acórdão da 9ª Turma/DRJ/RPO/SP nº 1440.846, de 20.04.2013, efls. 3436, cujos fundamentos de fato e direito são acolhidos de plano nessa segunda instância de julgamento (art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999): Procedendo à análise dos argumentos apresentados pela defesa, observase a inexistência de elementos aptos a alterar a exclusão procedida pelo Ato Declaratório Executivo DRF/RPO/SP nº 072, emitido pelo Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto. De acordo com a cópia do boletim de ocorrência anexada às fls. 06 dos autos, as autoridades policiais, em diligência junto ao estabelecimento comercial em questão, localizaram 12 maços de cigarro da marca Eight e 1 maço de cigarro da marca TE, desacompanhados da correspondente nota fiscal. Submetidos os maços em questão à perícia, constatouse que os mesmos tratamse efetivamente de cigarros de origem estrangeira, mais precisamente do Paraguai (fls. 08/09). Cópia do processo nº 10813.000747/201037, relativo ao auto de infração com apreensão de mercadoria demonstra a efetiva aplicação da pena de perdimento das mercadorias apreendidas diante da ausência de comprovação de sua importação regular. 13 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em RHC nº 131205/MG. Órgão Julgador: Segunda Turma. Relator: Ministra Cármen Lúcia. Julgado em: 06 set. 2016. Publicado no DJe em: 22 set. 2016. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28CONTRABANDO+E+DESCAMIN HO%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/zg2uqbk>. Acesso em 05 jul. 2018. 14 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em HC nº 129382/PR. Órgão Julgador: Primeira Turma. Relator: Ministro Luiz Fux. Julgado em: 23 ago. 2016. Publicado no DJe em: 16 set. 2016. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28CONTRABANDO+E+DESCAMIN HO%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/zg2uqbk>. Acesso em 05 jul. 2018. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 81 11 O contribuinte apresenta manifestação de inconformidade argumentando não se tratar de produto de contrabando, mas sim de mercadoria adquirida sem comprovante. Ocorre que o assunto já foi objeto de decisão nos autos do processo acima mencionado, constando decisão definitiva reconhecendo a efetiva prática da infração denominada ‘dano ao erário, com a conseqüente aplicação da pena de perdimento em decisão administrativa definitiva. Nesse sentido, deve ser esclarecido que a simples aquisição de produtos de origem estrangeira sem a devida comprovação de sua introdução irregular no país, fato expressamente reconhecido pelo contribuinte, representa o descaminho que determinou o perdimento das mercadorias em comento. O artigo 334 do Código Penal, ao determinar a pena para os crimes de contrabando e descaminho, utilizado no presente apenas para fins conceituais já que o presente processo não é destinado à averiguação de responsabilidade criminal [...]. Assim, com fundamento nos motivos acima expostos, considerando a efetiva ocorrência da condição excludente prevista no artigo 29, VII da Lei Complementar nº 123/2006, deve ser mantida a exclusão processada pelo Ato Declaratório Executivo impugnado. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes foram observadas. Ademais os atos administrativos estão motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos decidam recursos administrativos, nos termos legais. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício, que foi regularmente analisado pela autoridade de primeira instância. Ademais, a decisão administrativa não precisa enfrentar todos os argumentos trazidos na peça recursal sobre a mesma matéria, principalmente quando os fundamentos expressamente adotados são suficientes para afastar a pretensão da Recorrente e arrimar juridicamente o posicionamento adotado. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes foram observadas 15. O enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando a decisão motivada de forma explícita, clara e congruente. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca s demonstrar de quaisquer inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo constantes nos dados informados à RFB ou ainda quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência (149 do Código Tributário Nacional). Por essa razão a Recorrente foi corretamente excluída de ofício pelo Ato Declaratório Executivo DRF/RPO/SP nº 72, de 18.04.2011, fl. 22, com efeitos a partir de 01.05.2009. A ilação designada na peça recursal destacase como improcedente. 15 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007, art 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2001, art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10813.000749/201026 Acórdão n.º 1003000.127 S1C0T3 Fl. 82 12 As circunstâncias de caráter privado não podem ser consideradas, pois "a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato", salvo disposição de lei em contrário (art. 136 do Código Tributário Nacional). No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional. Atinente aos princípios constitucionais, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade16. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de julho de 2015). Em assim sucedendo, voto em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 16 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF e Súmula CARF nº 2. Fl. 82DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.725012/2017-68
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/OU POR ESCRITURA PÚBLICA. COABITAÇÃO.
O valor pago a título de Pensão Alimentícia, decorrente de fixação por escritura pública, pode ser dedutível para efeito de apuração da base de cálculo do imposto de renda. A continuidade da coabitação não impede o direito a dedução.
Numero da decisão: 2002-000.250
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Fábia Marcília Ferreira Campêlo.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201807
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2013 DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/OU POR ESCRITURA PÚBLICA. COABITAÇÃO. O valor pago a título de Pensão Alimentícia, decorrente de fixação por escritura pública, pode ser dedutível para efeito de apuração da base de cálculo do imposto de renda. A continuidade da coabitação não impede o direito a dedução.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10166.725012/2017-68
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5892622
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2002-000.250
nome_arquivo_s : Decisao_10166725012201768.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : VIRGILIO CANSINO GIL
nome_arquivo_pdf_s : 10166725012201768_5892622.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Fábia Marcília Ferreira Campêlo.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7394179
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589567385600
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-08-14T19:56:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-08-14T19:56:17Z; Last-Modified: 2018-08-14T19:56:17Z; dcterms:modified: 2018-08-14T19:56:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:ce58b089-2148-4d3d-ba2b-dca57eda3f69; Last-Save-Date: 2018-08-14T19:56:17Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-08-14T19:56:17Z; meta:save-date: 2018-08-14T19:56:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-08-14T19:56:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-08-14T19:56:17Z; created: 2018-08-14T19:56:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2018-08-14T19:56:17Z; pdf:charsPerPage: 1219; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-08-14T19:56:17Z | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 2 1 1 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.725012/201768 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.250 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 26 de julho de 2018 Matéria IRPF Recorrente CLAUDIMIRO FERREIRA DOS SANTOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2013 DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/OU POR ESCRITURA PÚBLICA. COABITAÇÃO. O valor pago a título de Pensão Alimentícia, decorrente de fixação por escritura pública, pode ser dedutível para efeito de apuração da base de cálculo do imposto de renda. A continuidade da coabitação não impede o direito a dedução. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 50 12 /2 01 7- 68 Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Fábia Marcília Ferreira Campêlo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls.102/113) contra decisão de primeira instância (fls.79/92), que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da r. DRJ, que assim diz: Em desfavor do contribuinte, acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento nº 2014/006341598401707 (fls. 67/70), relativamente ao anocalendário de 2013, na qual foi apurado o saldo de Imposto a Pagar de R$ 6.914,28, conforme demonstrativo abaixo: “(...) (...)”. (Imagem copiada da Notificação de Lançamento) DEDUÇÃO INDEVIDA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/ OU POR ESCRITURA PUBLICA. A fiscalização procedeu ao lançamento de ofício con forme disposto: “(...) Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 4 3 (...)”. (Imagem copiada da Notificação de Lançamento) Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 5 4 Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 6 5 Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 7 6 Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 8 7 O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento: DEDUÇÕES. INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/OU POR ESCRITURA PÚBLICA. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 9 8 O valor pago a título de Pensão Alimentícia, somente pode ser dedutível para efeito de apuração da base cálculo do imposto de renda, quando devidamente comprovado. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, não possuindo competência para afastar normas mediante apreciação de sua validade ou constitucionalidade. RENDIMENTOS AUFERIDOS POR PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. Deve ser reconhecido o direito à isenção do imposto de renda sobre proventos de aposentadoria, quando o beneficiário é portador de moléstia grave especificada em lei e exista comprovação por meio de Laudo Pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando as alegações da impugnação, requerendo o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço (fl.115). O contribuinte foi notificado em 29/08/2017 (fl.99); Recurso Voluntário protocolado em 02/10/2017 (fl.115), assinado por procurador legalmente constituído (fls.16/17). Tem razão o contribuinte. É possível deduzir os valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais, conforme prevê o artigo 78 do RIR/99. Apesar de não constar expressamente no artigo suso citado, temse como fonte legal para a dedução de pensão alimentícia o divórcio ou a separação consensual realizada através de escritura pública, conforme previsão do artigo 733 do CPC, registrandose que a escritura não depende de homologação judicial (§1º). Dito isto, o julgador primeiro constatou que “a Lei é clara ao determinar que somente será dedutível da base de cálculo do imposto de renda a pensão alimentícia concedida por determinação judicial, acordo homologado judicialmente ou por escritura pública. No presente caso, tal premissa restou comprovada.”, porém, em extenso arrazoado manteve a exigência fiscal de glosa simplesmente por entender que houve fraude nos termos da escritura pública pois o alimentante coabita com a alimentada. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10166.725012/201768 Acórdão n.º 2002000.250 S2C0T2 Fl. 10 9 Com a máxima vênia, a sociedade conjugal não pode ser vista de maneira tão pobre apenas sob o ponto de vista da coabitação, pois a sociedade conjugal envolve uma série de requisitos objetivos e principalmente subjetivos que superam em muito a simples coabitação. Um exemplo disso é que dois amigos podem decidir morar juntos, dividir o aluguel, o condomínio, a despesa com a casa, a compra no supermercado e nem por isso poderão ser considerados em sociedade conjugal. O contribuinte provou que se separou consensualmente de sua exmulher em 15/10/2009, conforme escritura pública (fls. 28/30) lavrada perante o 2º Tabelião de Notas e Protestos de Brasília no Distrito Federal, que definiu em sua cláusula sexta a pensão alimentícia a ser paga a sua exmulher. Provou o contribuinte que a pensão é deduzida na fonte pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (fl. 41). Diante das provas colacionadas, é obrigação reconhecer o direito a dedução e expungir a glosa realizada. A alegação genérica de inconstitucionalidade da lei tributária em relação a pensão alimentícia, bem como do reconhecimento de isenção do contribuinte em decorrência de doença, restam prejudicadas em face da declaração de insubsistência da acusação fiscal. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito dáse provimento para cancelar o lançamento fiscal em sua integralidade. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 125DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15540.720380/2013-95
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 17/12/2012
MULTA. ARQUIVOS DIGITAIS. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA OU COM INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE. MENOS GRAVOSA.
A luz do art. 106 do CTN, às infrações tributárias pendentes de decisão definitiva, assim como no direito penal, aplica-se a lei intermediária que, posteriormente à data da infração, estabeleça penalidade mais benéfica à contribuinte, mesmo que essa lei já não esteja mais em vigor por ocasião da sua aplicação. Assim, deve ser observado o disposto no artigo 57 da Medida Provisória nº. 2.158-35/01, com redação atribuída pela Lei n.º 12.766/12, afastando-se os artigos 11 e 12 da Lei n.º 8.212/91, que comina pena mais severa ao Contribuinte que apresentou arquivo magnético com incorreção nas informações ou perdeu o prazo para apresentação dos mesmos.
Numero da decisão: 9303-006.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201806
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 17/12/2012 MULTA. ARQUIVOS DIGITAIS. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA OU COM INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE. MENOS GRAVOSA. A luz do art. 106 do CTN, às infrações tributárias pendentes de decisão definitiva, assim como no direito penal, aplica-se a lei intermediária que, posteriormente à data da infração, estabeleça penalidade mais benéfica à contribuinte, mesmo que essa lei já não esteja mais em vigor por ocasião da sua aplicação. Assim, deve ser observado o disposto no artigo 57 da Medida Provisória nº. 2.158-35/01, com redação atribuída pela Lei n.º 12.766/12, afastando-se os artigos 11 e 12 da Lei n.º 8.212/91, que comina pena mais severa ao Contribuinte que apresentou arquivo magnético com incorreção nas informações ou perdeu o prazo para apresentação dos mesmos.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15540.720380/2013-95
anomes_publicacao_s : 201808
conteudo_id_s : 5891805
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.873
nome_arquivo_s : Decisao_15540720380201395.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
nome_arquivo_pdf_s : 15540720380201395_5891805.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
id : 7390956
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:24:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050589584162816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1520; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 168 1 167 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15540.720380/201395 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303006.873 – 3ª Turma Sessão de 12 de junho de 2018 Matéria PENALIDADE TRIBUTÁRIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BRASIL KIRIN BEBIDAS LTDA. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 17/12/2012 MULTA. ARQUIVOS DIGITAIS. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA OU COM INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE. MENOS GRAVOSA. A luz do art. 106 do CTN, às infrações tributárias pendentes de decisão definitiva, assim como no direito penal, aplicase a lei intermediária que, posteriormente à data da infração, estabeleça penalidade mais benéfica à contribuinte, mesmo que essa lei já não esteja mais em vigor por ocasião da sua aplicação. Assim, deve ser observado o disposto no artigo 57 da Medida Provisória nº. 2.15835/01, com redação atribuída pela Lei n.º 12.766/12, afastandose os artigos 11 e 12 da Lei n.º 8.212/91, que comina pena mais severa ao Contribuinte que apresentou arquivo magnético com incorreção nas informações ou perdeu o prazo para apresentação dos mesmos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 03 80 /2 01 3- 95 Fl. 890DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 169 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão n.º 3402003.069, de 17 de maio de 2016 (fls. 818 a 828 do processo eletrônico), proferido Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que por maioria de votos, deu provimento parcial para, em face da retroatividade benigna do art. 57, II da Medida Provisória n.º 2.15835/2001 na redação dada Lei n.º 12.766/2012, reduzir o valor da multa ao montante de R$12.000,00 (doze mil reais). A discussão dos presentes autos tem origem no auto de infração lavrado contra o Contribuinte, visando a exigência de multa no valor de R$12.934.968,42, por não ter sido cumprido o prazo estabelecido para a apresentação de arquivos magnéticos, nos termos dos arts. 11 e 12, inciso III da Lei n.º 8.218/91, com a redação data pelo art. 72 da Medida Provisória n.º 2.15835/2001. Regularmente cientificado, o Contribuinte apresentou impugnação, aduzindo, em síntese, que: importante observar que o auto de infração foi lavrado após um longo período de fiscalização, no qual atendeu diversas intimações, demonstrando sempre sua disposição em esclarecer todos os questionamentos do fisco e a apresentar todos os documentos solicitados; Fl. 891DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 170 3 o arquivo “4.6.1 Arquivo de insumos relacionados” é impossível de validar e a autoridade fiscal requereu em todas as intimações a validação dos documentos através do sistema SVA; a Receita Federal tem acesso através do SICOBE aos dados solicitados no item a.12) (lista técnica dos insumos); estava impossibilitada de enviar o arquivo na forma solicitada e como a RFB poderia através de seu próprio sistema acessar a lista técnica dos insumos, entendeu não haver qualquer omissão de sua parte; conforme documento em anexo, a equipe de suporte do SVA respondeu taxativamente que o arquivo de insumos relacionados não é validado pelo SVA, pois a RFB não disponibiliza validador para esse arquivo; apesar de a autoridade fiscal não ter possibilitado o envio dos arquivos solicitados em outro forma, conforme documento em anexo, requereu que pudesse juntar o referido arquivo em PDF; a multa aplicada se mostra desproporcional, pois não obteve qualquer vantagem e não causou qualquer prejuízo ao fisco; a multa não atende ao princípio da proporcionalidade. A 12ª Turma da DRJ/RPO julgou improcedente a impugnação apresentada pelo Contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, o Colegiado por maioria de votos, deu provimento parcial para, em face da retroatividade benigna do art. 57, II da Medida Provisória nº. 2.15835/2001 na redação dada Lei nº 12.766/2012, reduzir o valor da multa ao montante de R$12.000,00 (doze mil reais), conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 17/12/2012 Ementa: MULTA. ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL. INTIMAÇÃO. NÃO ATENDIMENTO. PENALIDADE. MENOS GRAVOSA. LEI INTERMEDIÁRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Relativamente às infrações tributárias pendentes de decisão definitiva, assim como no direito penal, aplicase a lei intermediária que, Fl. 892DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 171 4 posteriormente à data da infração, estabeleça penalidade mais benéfica à contribuinte, mesmo que essa lei já não esteja mais em vigor por ocasião da sua aplicação. Recurso Voluntário provido em parte A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 830 a 863) em face do acordão recorrido que deu provimento parcial ao recurso do Contribuinte, a divergência suscitada pela Fazenda Nacional diz respeito à inaplicabilidade da penalidade do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, às infrações à obrigação de entrega de arquivos magnéticos. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, a Fazenda Nacional apresentou como paradigmas os acórdãos de números 1302001.272 e 1302001.218. A comprovação dos julgados firmouse pela transcrição dos acórdãos paradigmas no corpo da peça recursal. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de fls. 865 a 868. O Contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 874 a 886 manifestando pelo não provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É o relatório em síntese. Voto Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Da Admissibilidade O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso conforme despacho de fls. fls. 865 a 868. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 172 5 Do Mérito A questão trazida a debate em Recurso Especial versa sobre à possibilidade de retroação da legislação menos severa em termos de penalidade. O feito foi assim julgado pela turma ordinária em maio de 2016, onde os membros do colegiado, por maioria de votos, deu provimento parcial ao Recurso do Contribuinte, in verbis: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 17/12/2012 Ementa: MULTA. ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL. INTIMAÇÃO. NÃO ATENDIMENTO. PENALIDADE. MENOS GRAVOSA. LEI INTERMEDIÁRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Relativamente às infrações tributárias pendentes de decisão definitiva, assim como no direito penal, aplicase a lei intermediária que, posteriormente à data da infração, estabeleça penalidade mais benéfica à contribuinte, mesmo que essa lei já não esteja mais em vigor por ocasião da sua aplicação. Recurso Voluntário provido em parte Entendo que a luz do art. 106 do CTN, devese afastar a aplicabilidade da norma jurídica posterior desfavorável ao Contribuinte, devendo ser observado o disposto no artigo 57 da Medida Provisória nº. 2.15835/2001, com redação atribuída pela Lei n.º 12.766/2012, afastandose os artigos 11 e 12 da Lei n.º 8.212/1991, que comina pena mais severa ao Contribuinte, pelos seguintes motivos: Antes mesmo de adentrar no mérito, vale ressaltar que analisando a justificativa da Medida Provisória n.º 575/2012, para introduzir o artigo 8º a Lei n.º 12.766/2012 e que teve origem na Emenda n.º 65, foi a seguinte: “A emenda ora apresentada visa aperfeiçoar algumas penalidades previstas na legislação tributária, tornando as mais razoáveis e suprimindo lacuna ainda existente. Verificase que um dos objetivos buscados é o de que a Fl. 894DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 173 6 aplicação das sanções tributárias leve em consideração o porte do contribuinte e garanta um tratamento mais equânime e justo a todos.” E mais, na justificativa constante no Parecer Final, com a redação alterada da Emenda n.º 65, e que figurava como art. 9º do Projeto de lei de conversão da Medida Provisória n.º 575/2012, era: “Quanto à primeira alteração, é preciso reduzir o desarrazoado valor de R$ 5.000,00 ao mês hoje exigido das pessoas jurídicas, qualquer que seja seu porte, que entreguem com atraso declaração, demonstrativo ou escrituração digital cuja criação foi delegada à RFB pelo art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999. A redação proposta ao art. 57 da Medida Provisória nº 2.158 35, de 24 de agosto de 2001, aperfeiçoada pela Emenda nº 65, conforma os valores da multa ao princípio da proporcionalidade.” Agora adentro no mérito, o auto de infração teve por base a Lei n.º 8.218, de 29 de agosto de 1991, que assim dispõe: Art.11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §1ºA Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) (...) §3ºA Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 895DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 174 7 §4ºOs atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas; III multa equivalente a Cr$ 30.000,00, por dia de atraso, até o máximo de trinta dias, aos que não cumprirem o prazo estabelecido pelo Departamento da Receita Federal ou diretamente pelo AuditorFiscal, para apresentação dos arquivos e sistemas. Parágrafo único. O prazo de apresentação de que trata o inciso III deste artigo será de, no mínimo, vinte dias, que poderá ser prorrogado por igual período pela autoridade solicitante, emdespacho fundamentado, atendendo a requerimento circunstanciado e por escrito da pessoa jurídica. II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) (grifos meus) Fl. 896DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 175 8 A imposição de penalidade no âmbito do direito tributário está pautada pela regra da tipicidade cerrada. A multa imposta pela Fiscalização ao Contribuinte tem como fundamento a falta ou atraso na entrega dos arquivos: “não cumprir o prazo estabelecido para apresentação de arquivos e sistemas” ou, em termos mais simples, apresentar fora do prazo, em atraso, as informações pretendidas. As penalidades por falta de apresentação de arquivos digitais sofreu significativa alteração com a edição da Lei n.º 12.766/2012, que alterou o art. 57 da Medida Provisória n.º 2.15835/2001 e posteriormente com a edição da Lei n.º 12.873/2013, que promoveu nova alteração no art. 57 da Medida Provisória n.º 2.15835/2001. Este artigo tratava de penalidades aplicadas por descumprimento de obrigações acessórias e não tratava até o advindo destas alterações, penalidades por problemas na apresentação de arquivos em meio magnético. Entretanto, com as alterações promovidas pela Lei n.º 12.766/2012 foram incluídos penalidades a serem aplicadas em razão da não apresentação da escrituração digital. Segue a transcrição do art. 57 da Medida Provisória n.º 2.15835/2001 com suas devidas alterações: Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Fl. 897DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 176 9 Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões será intimado para apresentálos ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) I por apresentação extemporânea: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido; (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro real ou tenham optado pelo autoarbitramento; (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) Fl. 898DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 177 10 c) R$ 100,00 (cem reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) II por não atendimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos, nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, que nunca serão inferiores a 45 (quarenta e cinco) dias: R$ l.000,00 (mil reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) III por apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital com informações inexatas, incompletas ou omitidas: 0,2% (dois décimos por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega da declaração, demonstrativo ou escrituração equivocada, assim entendido como a receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) Fl. 899DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 178 11 § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento). (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 3o A multa prevista no inciso I será reduzida à metade, quando a declaração, demonstrativo ou escrituração digital for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 3o A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) § 4o Na hipótese de pessoa jurídica de direito público, serão aplicadas as multas previstas na alínea a do inciso I, no inciso II e na alínea b do inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) O art. 16 da Lei 9.779/99 referido na norma dispõe que: “Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável.” Verificase que o regime jurídico das penalidades aplicadas por descumprimento de obrigação tributária acessória foi sensivelmente alterado. Até então, antes da edição da Lei n.º 12.766/2012, não geravam conflitos ou dúvidas quanto a sua aplicabilidade em relação aos do art. 11 e 12 da Lei nº. 8.218/91. Todavia após a nova redação dada pela Lei n.º 12.766/2012 passou a gerar dúvidas no âmbito da RFB. Fl. 900DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 179 12 Diante disto, foi publicado o Parecer Normativo RFB n.º 3, de 10 de junho de 2013 que cuidou de analisar as consequências da nova redação do art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, dada pela Lei n.º 12.766/2012, em relação a atos inerentes da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), principalmente concernentes à fiscalização e ao controle do crédito tributário, e assim concluiu: “"4.1. O legislador poderia ter dado nova redação ao art. 72 da MP nº215835, de 2001, o qual deu a atual redação dos arts. 11 e 12 da Lei n.º 8.218, de 29 de agosto de 1991, em vez de ter alterado o art. 57 da MP. Se não o fez, chegase à conclusão que tais dispositivos continuam vigentes, com exceção das situações de incompatibilidade com o novo art. 57. Isso tendo em vista o critério cronológico, já que eles têm o mesmo grau hierárquico e são normas específicas. Analisamse de forma comparada, portanto, os elementos do atual art. 57 da MP nº 215835, de 2001, com os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991; 4.2. No elemento pessoal, o sujeito passivo da Lei nº 8.218, de 1991, é a pessoa jurídica que utiliza sistema eletrônico de processamento de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal. Já a multa da Lei n.º12.766, de 2012, não possui delimitação. É apenas o sujeito passivo, ou seja, qualquer um cuja conduta contrária ao direito enseje a sanção. 4.4. Na literalidade do disposto na Lei nº 12.766, de 2012, a multa é para aqueles sujeitos, quaisquer que sejam, que não apresentem ou o façam incorreta ou intempestivamente declaração, demonstrativo ou escrituração digital. Eles não apresentam, mas possuem a escrituração eletrônica. Já a Lei nº 8.218, de 1991, é para aquelas pessoas jurídicas que nem mantêm os arquivos digitais e sistemas à disposição da fiscalização de maneira contínua. Objetivamente a infração ocorre (seu “fato gerador”) com a não apresentação, apresentação incorreta ou intempestiva, mas os elementos materiais são distintos. 4.5. Caso a Fiscalização comprove que a pessoa jurídica não apresentou o demonstrativo ou escrituração digital por não ter escriturado e, concomitantemente, não mantém os arquivos à disposição de maneira Fl. 901DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 180 13 contínua à RFB, tal conduta se amolda no aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Ressaltese que a falta de existência de comprovação da falta de escrituração digital de maneira contínua quando seja obrigatória (caso da Escrituração Contábil Digital (ECD), por exemplo) deve ser demonstrada e comprovada. 4.6. Na situação do item 4.5, é importante que a aplicação da multa prevista nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, se coadune com a distinção dos aspectos materiais dela em relação ao novo art. 57 da MP nº 215835, de 2001. A simples não apresentação de documentos sem a comprovação de que faltou a escrituração não pode gerar a multa mais gravosa, mas sim a geral de que trata o novo art. 57 da MP nº 215835, de 2001. Havendo dúvidas quanto a esse fato ou não se conseguindo comproválo, aplicase a multa mais benéfica da Lei nº 12.766, de 2012, em decorrência do que determina o art. 112, inciso II, da Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional (CTN).” (grifei) (...) Conclusão 10. Em conclusão: a) O aspecto material do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, na redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, é deixar de apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital; b) O aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, é deixar de escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal quando exigido o sistema de processamento eletrônico, motivo pelo qual continua em vigência; c) A comprovação da ocorrência do aspecto material da multa dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, deve ser feita de forma inequívoca. A simples não apresentação de arquivo, demonstrativo ou escrituração digital sem outras provas que comprovem que a escrituração não ocorreu se amolda ao aspecto material do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. O mero indício sem a comprovação da falta da escrituração digital enseja a aplicação do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, em respeito ao art. 112, inciso II, do CTN; (...) Fl. 902DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 181 14 n) A multa nova mais benéfica retroage para alcançar atos não definitivamente julgados, nos termos do art. 106, inciso II, alíneas “a” e “c”, do CTN. o) A multa de que trata o inciso I do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, é por atraso na entrega da declaração, demonstrativo ou escrituração digital. Não bastasse, notese que a distinção das tipificações efetuada pelo Parecer Normativo RFB nº 3/13, conforme analisado acima, deixou de ter sentido com a publicação, em 24 de outubro de 2013, da Lei n.º 12.873/2013, a qual alterou novamente a redação do art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Veja se: “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)” Com o advento da referida Lei n.º 12.873/2013, o tipo a ser penalizado não é mais “deixar de apresentar”, mas “deixar de cumprir as obrigações acessórias”, a qual é uma tipificação mais ampla do que a anterior. Após a publicação da Lei n.º 12.873/2013, a Receita Federal enfrentou novamente a matéria no Parecer Cosit nº 3, de 28 de agosto de 2015, em que foram discutidas as questões aqui colocadas, especificamente as penalidades referentes a escrituração digital. Transcrevo abaixo trecho do Parecer que esclarece a penalidade a ser aplicada para os fatos geradores anteriores a edição da Lei nº 12.766/2012. Fl. 903DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 182 15 "6. Dessa forma, sem prejuízo da aplicação do entendimento fixado no Parecer Normativo RFB nº 3, de 10 de junho de 2013, para as infrações cometidas no período de vigência da redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, ou seja, até 24 de outubro de 2013, com observância do princípio “tempus regit actum” (art. 6º do DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro Lindb), e sem olvidar a aplicação do art. 106, II, do Código Tributário Nacional, devem ser feitas as seguintes considerações em decorrência da nova redação do art. 57 da Medida Provisória (MP) nº2.15835, de 2001, tendose em vista, ainda, a atualização de várias normas infralegais já adotadas pela Receita Federal do Brasil, em consonância com esta mais recente alteração legal: (...) 7. Em conclusão: a) Permanece hígido o entendimento fixado no Parecer Normativo RFB nº 3, de 10 de junho de 2013, para as infrações cometidas no período de vigência da redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, ou seja, até 24 de outubro de 2013, observada a aplicação do art. art. 106, II, do Código Tributário Nacional, quando cabível; Verificase que a Posição do Parecer COSIT nº 3/2015 caminhou no sentido de manter as posições definidas no Parecer RFB nº 3/2013, com aplicação da retroatividade benigna, prevista no art. 106 do CTN, em razão da multa prevista no art. 57, III, da Medida Provisória nº 2.15835, com a redação da Lei nº 12.766/2012 ser menos gravosa que a multa aplicada com base no art. 12, II, da Lei nº 8.218/91. Não há que se distinguir, a conduta de “deixar de apresentar” e a conduta de “não manter os arquivos”, para fins de aplicação da retroatividade benigna, pois a tipificação dada pela Lei n.º 12.783/2013 é “deixar e cumprir as obrigações acessórias”, o que incluiu tanto a conduta de não apresentar os documentos, quanto a conduta de não manter os arquivos à disposição. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 183 16 Também não há como se distinguir as obrigações acessórias de que tratam o art. 16 da Lei n.º 9.779/99 da escrituração digital (arquivos magnéticos) objeto de regulamentação pela Lei n.º 8.218/91. É incontroverso que a realização e manutenção de escrituração digital são espécies do gênero “obrigações acessórias”, cuja base legal é o citado art. 16 da Lei n.º 9.779/99. Tratase de entendimento positivado pelo próprio legislador federal, por meio da citada Lei n.º 12.766/2012, que alterou o art. 57 da Medida Provisória n.º 215835/2001. Vale ainda citar a solução de consulta interna Cosit nº 14, de 05 de julho de 2012, que tem o entendimento que devese aplicar a retroatividade benigna nos caso de penalidade menos severa, senão vejamos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTÁRIA. LEI NOVA, PENALIDADES MENOS SEVERA, ACORDO DE PARCELAMENTO DE DÉBITO CELEBRADO ANTES DE SUA EDIÇÃO. APLICABILIDADE, EXCETO EM RELAÇÃO A CRÉDITO EXTINTO PELO PAGAMENTO DE PARCELAS. Lei nova que comine penalidade menos severa do que a aplicada a débito tributário objeto de parcelamento aplicase a acordos celebrados antes de sua edição, por força do disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 do CTN. Lei nova que comine penalidade menos severa do que a aplicada a débito tributário objeto de parcelamento não se aplica às parcelas já liquidadas, porquanto extinto, ainda que parcialmente, o crédito tributário a elas correspondente, por força do art. 156, I, do CTN. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional. Esse mesmo entendimento vem sendo adotado pelos Tribunais Superiores, como se observa dos julgados assim sintetizados: Fl. 905DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 184 17 TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. MULTA. DESCUMPRIMENTO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ENTREGA COM ATRASO. ARTIGO 57 DA MP 2.15835/2001. RETROATIVIDADE. LEI MAIS BENIGNA. LEI Nº 12.766/2012. APLICABILIDADE 1. O artigo 57 da MP nº 2.15835/2001 previu a aplicação da multa de R$ 5.000,00 para a hipótese de informações ou esclarecimentos que devam ser fornecidos no prazo estabelecido, incidindo para cada mês/calendário omitido. A multa aplicada no caso deveria limitarse ao valor de R$ 5.000,00, não podendo esse valor incidir para cada mês de atraso, porque tal interpretação, além de não encontrar respaldo semântico ou sistemático, vai de encontro ao art. 112 do CTN. 2. O artigo 106 do CTN admite a retroatividade, em favor do contribuinte, da lei mais benigna, nos casos não definitivamente julgados, multa reduzida para R$1.500,00, nos termos da Lei nº 12.766/2012 (art. 8º). (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº 500124079.2013.404.7001, 2ª TURMA, Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 17/02/2014) "TRIBUTÁRIO REDUÇÃO DA MULTA EXECUÇÃO FISCAL NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADA APLICABILIDADE. O artigo 106 do CTN admite a retroatividade, em favor do contribuinte, da lei mais benigna, nos casos não definitivamente julgados. Recurso provido." (Resp 243188/RS, Relator Ministro Garcia Vieira, DJ de 24042000, p. 41). "TRIBUTÁRIO ART. 106, II, "C", DO CTN RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE POSSIBILIDADE. O CTN, por ter status de Lei Complementar, ao não distinguir os casos de aplicabilidade da lei mais benéfica ao contribuinte, afasta a interpretação literal presente no art. 35, da Lei 8.212/91, que determina a redução do percentual alusivo à multa incidente pelo não recolhimento do tributo, no caso, de 60% para 40%. A redução aplicase aos fatos futuros e pretéritos por força do princípio da retroatividade da lex mitior consagrado na Lei (art. 106, CTN), na jurisprudência predominante e na doutrina O Superior Tribunal de Justiça tem afirmado a possibilidade de retroatividade de lei que Fl. 906DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 185 18 beneficia o contribuinte. Precedentes. Recurso não conhecido." (Resp 330967/SP, Relator Ministro Luiz Fux, DJ de 04/03/2002, p.198). PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. DIFPAPEL IMUNE. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. NORMA TRIBUTÁRIA SUPERVENIENTE DE CARÁTER PUNITIVO, PORÉM MAIS BENIGNA. ART. 106 DO CTN. RETROATIVIDADE. I Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplicase o Código de Processo Civil de 2015. II É pacífico nesta Corte o entendimento segundo o qual a superveniência de lei tributária punitiva mais benéfica retroage para alcançar fatos pretéritos, a teor do disposto no art. 106 do CTN, posicionamento esse aplicável ao inadimplemento de obrigação acessória (DIFPapel Imune). Precedentes. III A Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a decisão recorrida. IV Agravo Interno improvido. (AgInt nos EDcl no REsp 1371305/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/10/2016, DJe 25/10/2016) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTA MORATÓRIA. PERCENTUAL. ARTS. 35 DA LEI N. 8.212/91, E 35A, INCLUÍDO PELA LEI N. 11.941/09. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA POSTERIOR ESTABELECENDO PENALIDADE MAIS GRAVOSA. APLICAÇÃO DA Fl. 907DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 186 19 DISPOSIÇÃO LEGAL ANTERIOR, MAIS BENÉFICA, A TEOR DO DISPOSTO NO ART. 106, II, C, DO CTN. I Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplicase o Código de Processo Civil de 1973. II In casu, controvertese acerca do percentual de multa moratória aplicável ao lançamento de ofício após a alteração do art. 35 da Lei n. 8.212/91 pela Lei n. 11.941/09 que, ao incluir o art. 35A naquele diploma normativo, determinou a observância do parâmetro mais gravoso do art. 44 da Lei n. 9.430/96, qual seja, de 75% (setenta e cinco por cento). III Esta Corte possui entendimento segundo o qual deve ser observado o percentual original da multa moratória previsto no art. 35 da Lei n. 8.212/91, porquanto as ulteriores disposições do art. 35A cominam penalidade mais severa, autorizando a aplicação do preceito anterior, mais benéfico, a teor do disposto no art. 106, II, c, do CTN. Precedentes. IV Recurso Especial provido. (REsp 1585929/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe 26/04/2016) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ATO DEFINITIVAMENTE JULGADO. ARTS. 111 DO CTN E 515 DO CPC. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. ART. 106, II, DO CTN. LEI BENÉFICA. RETROATIVIDADE NA ESFERA JUDICIAL. 1. Não se conhece da suposta violação quando o recorrente indica o dispositivo legal que teria sido vulnerado sem fundamentar a irresignação. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não se considera ato definitivamente julgado a cobrança do tributo impugnada por embargos à execução. 3. A expressão "ato definitivamente julgado" constante do inciso II do art. 106 não se limita à esfera administrativa, alcança os atos assim Fl. 908DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 187 20 considerados no âmbito judicial. Precedentes: REsp 218.895/RS, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 11.10.1999; Resp 183.994/SP, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 15.05.2000; REsp 216.912/RS, Rel. Min. MiltonLuiz Pereira, DJ 25.03.2002. 4. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (Resp 981.251/RS, Rel. Ministro Castro Meira, DJ 08/11/2007). TRIBUTÁRIO. MULTA. REDUÇÃO. LEI MAIS BENIGNA. A expressão "ato não definitivamente julgado" constante do artigo 106, II, letra "c", do Código Tributário Nacional alcança o âmbito administrativo e também o judicial; constitui, portanto, ato não definitivamente julgado o lançamento fiscal impugnado por meio de embargos do devedor em execução fiscal. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, conhecendo se do recurso especial e dandolhe provimento. (EDcl no REsp 181878/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/1999, DJ 22/03/1999, p. 176) Por fim, o CARF ao analisar a questão tem decidido que o art. 57, II da Medida Provisória nº. 2.15835/2001 deve ser aplicado retroativamente, por força do art. 106, II do CTN. Vejase: Acórdão nº 1103000.844 “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2005, 2006, 2007 MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS DIGITAIS. Comprovado, quanto ao anocalendário 2005, que o contribuinte apresentou à fiscalização arquivo digital de livro auxiliar contábil, não se sustenta a penalidade com fundamento na falta de entrega. Recurso de ofício negado. Por força do art.106, II, c, do Código Tributário Nacional, aplicase retroativamente o disposto no art.57, II, da Medida Provisória nº 2.15835/01, com a redação conferida pelo art.8º da Lei nº 12.766/12, na hipótese de falta de apresentação de livros em formato digital (arquivos digitais).” (grifei) Fl. 909DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 188 21 Acórdão nº 1102001.106 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2007 MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS. Comprovado que o contribuinte possuía escrituração digital, mas deixou de apresentar à fiscalização o arquivo magnético solicitado, devese aplicar a penalidade prescrita no art.57, II, da Medida Provisória nº 2.15835/ 01. é de aplicar a multa prevista no não se sustenta a penalidade com fundamento na falta de entrega. Recurso de ofício negado. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INTELIGÊNCIA DO ART. 106, II, “c”, do CTN . Por força do art. 106, II, c, do Código Tributário Nacional, aplicasse retroativamente o disposto no art.57 da Lei nº 12.873, de 2013, para aplicar a multa de R$ 500,00 por mêscalendário do exercício fiscalizado de 2007, na hipótese de falta de apresentação de arquivos digitais. Acórdão nº 1102001.281 Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 2011 Ementa: DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. Rejeitase preliminar de decisão de primeira instância que enfrenta todos os argumentos de defesa aduzidos pelo contribuinte. LANÇAMENTO. NULIDADE. Não é nulo o lançamento que atende aos requisitos formais previstos na legislação de regência. MULTA REGULAMENTAR. AUSÊNCIA DE ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS. Por força do art.106, II, c, do Código Tributário Nacional, aplicase retroativamente o disposto no art. 57, II, da Medida Provisória nº 2.15835/01, com a redação conferida pelo art.8º da Lei nº 12.873/13, na Fl. 910DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 189 22 hipótese de falta de apresentação de arquivos digitais requeridos pela Fiscalização. Recurso voluntário provido em parte Acórdão nº 1801002.193 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário:2009, 2010 DIMOB. APLICAÇÃO ALTERAÇÕES LEI Nº 12.766/12. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. A lei aplicasse a ato ou fato pretérito, em se tratando de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (artigo 106, inciso II, alínea 'c', do CTN). Acórdão nº 1802002.179 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2006, 2007 MULTA PECUNIÁRIA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS DIMOB. INFRAÇÃO FORMAL. MATRIZ LEGAL DA PENALIDADE MP N° 2.15835/ 2001 (ART. 57, I). REDUÇÃO DA PENALIDADE PELA LEI Nº 12.766/2012 (ART. 8º). RETROATIVIDADE BENÍGNA. A multa pecuniária aplicada em concreto, por descumprimento de prazo atinente à Dimob, está prevista, cominada, no art. 57, I, da MP 2.15835/ 2001. Redução da multa por lei ulterior ao lançamento fiscal e tratandose de ato administrativo ainda não definitivamente julgado, aplicase a lex mitior, inteligência do art. 106, II, “c”, do CTN (princípio da retroatividade da lei superveniente que comina penalidade mais branda para a infração apenada). Acórdão nº 3201001.954 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 911DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 190 23 Data do fato gerador: 31/12/2008 ARQUIVOS MAGNÉTICOS. EXAME. DECADÊNCIA. O prazo para a Fazenda Pública fiscalizar os arquivos magnéticos é o prazo previsto no art. 173 do CTN , extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I do CTN. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPFMandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS COM OMISSÕES E/OU INCORREÇÕES. FATO GERADOR ANTERIOR À 24/10/2013. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 57, III DA MP 2.15835/ 2001, EM ATENDIMENTO A RETROATIVIDADE BENÍGNA DO ART. 106 DO CTN. PARECER RFB Nº 3/2013. PARECER COSIT Nº 3/2015. Comprovado que o contribuinte possuía escrituração digital para o ano de 2008, mas apresentou a escrituração com omissões e/ou incorreções, devese aplicar a penalidade prescrita no art.57, III, da art. 57, III, da MP nº 2.15835, com a redação da Lei nº 12.766/2012. A multa prevista para a apresentação de arquivos digitais com erros e/ou inconsistências para os fatos geradores até a data de 24/10/2013 é aquela prevista no art. 57, III, da MP nº 2.15835, com a redação da Lei nº 12.766/2012 por ser menos gravosa que a multa aplicada com base no art. 12, II, da Lei nº 8.218/91. Fl. 912DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 191 24 Esta posição consta do item 4.4 do Parecer RFB nº 3/2013, com aplicação da retroatividade benigna, prevista no art. 106 do CTN. Posição confirmada no item 6 do Parecer COSIT nº 3/2015. Acórdão nº 1201001.419 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 ARQUIVOS DIGITAIS. ATRASO NA APRESENTAÇÃO. MULTA REGULAMENTAR. RETROATIVIDADE BENIGNA. A teor do disposto no art. 106, II, "c", do CTN, deve ser aplicada retroativamente a multa estabelecida no art. 57, II, da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, por ser mais benéfica do que aquela imposta com base no art. 12, III, da Lei nº 8.218/1991 para a mesma situação jurídica, qual seja, a apresentação em atraso de arquivos em meio digital. Processo nº 10314.728318/201563 Acórdão nº 1201001.922 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 24/11/2015 MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS. Por força do art. 106, II, c, do Código Tributário Nacional CTN, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, aplicase retroativamente o disposto no art. 57, I, da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, com a redação conferida pelo art. 8º da Lei nº 12.766, de27 de dezembro de 2012, devido ao atraso na entrega de arquivos digitais requeridos pela Fiscalização. Acórdão nº 1201001.418 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS EM MEIO DIGITAL. MULTA REGULAMENTAR. ART 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, II, "c", DO CTN. Fl. 913DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 192 25 Por instituir penalidade menos gravosa do que aquela estabelecida nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218/91, o art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.873/2013, retroage para regular os ilícitos praticados pelo sujeito passivo durante a vigência da lei antiga. Ademais, vale ressaltar que o Contribuinte não conseguiu enviar os arquivos por ser impossível, pois o arquivo “4.6.1 Arquivo de insumos relacionados” é impossível de validar através do sistema SVA e diante disto, estava impossibilitada de enviar o arquivo na forma solicitada e como a RFB poderia através de seu próprio sistema acessar a lista técnica dos insumos, entendeu não haver qualquer omissão de sua parte. Ademais, a equipe de suporte do SVA respondeu taxativamente que o arquivo de insumos relacionados não é validado pelo SVA, pois a RFB não disponibiliza validador para esse arquivo. Assim considerando que a multa anteriormente lançada, prevista no inciso III do art. 12 da Lei nº. 8.218/91 é mais gravosa que a nova multa prevista no art. 57, II, da Medida Provisória n.º 2.15835, de 2001, com redação dada pela Lei n.º 12.766/2012, deve esta (nova multa) ser aplicada ao presente processo, conforme art. 106, inciso II, alíneas “a” e “c”, do CTN. Art. 106 A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. Assim, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 914DF CARF MF Processo nº 15540.720380/201395 Acórdão n.º 9303006.873 CSRFT3 Fl. 193 26 Fl. 915DF CARF MF
score : 1.0