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Numero do processo: 13830.722494/2014-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2010, 2011
TERMO DE ARROLAMENTO DE BENS
Não se confunde o arrolamento de bens para seguimento de recurso
voluntário, declarado inconstitucional pelo STF, com o arrolamento previsto nos art. 60 e 60-A da lei 9.532/97.
LANÇAMENTO. ITR. NULIDADE
A autuação fiscal relativa ao imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não está relacionada a penalidades por infrações ambientais, mas apenas ao descumprimento por parte do contribuinte dos requisitos legais relacionados à apuração do tributo devido.
ÁREA DE ÁREA DE RESERVA LEGAL.
É procedente a glosa da Área de Reserva Legal declarada que não tenha sido averbada à margem da matrícula no Registro de Imóveis na data do fato gerador.
VALOR DA TERRA NUA. SIPT
Não tendo sido apresentado pelo contribuinte laudo técnico que ampare os valores declarados, é correto o procedimento fiscal que arbitre o Valor da Terra Nua com base no Sistema de Preços de Terras desenvolvido pela Receita Federal do Brasil para este fim.
ÁREA UTILIZADA PELA ATIVIDADE RURAL
Comprovada nos autos, deve ser restabelecida a área glosada.
Numero da decisão: 2201-003.377
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso de ofício e, rejeitando as preliminares arguidas, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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LANÇAMENTO. ITR. NULIDADE A autuação fiscal relativa ao imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não está relacionada a penalidades por infrações ambientais, mas apenas ao descumprimento por parte do contribuinte dos requisitos legais relacionados à apuração do tributo devido. ÁREA DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. É procedente a glosa da Área de Reserva Legal declarada que não tenha sido averbada à margem da matrícula no Registro de Imóveis na data do fato gerador. VALOR DA TERRA NUA. SIPT Não tendo sido apresentado pelo contribuinte laudo técnico que ampare os valores declarados, é correto o procedimento fiscal que arbitre o Valor da Terra Nua com base no Sistema de Preços de Terras desenvolvido pela Receita Federal do Brasil para este fim. ÁREA UTILIZADA PELA ATIVIDADE RURAL Comprovada nos autos, deve ser restabelecida a área glosada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS De Ofício e Voluntário 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária janeiro de 2017 janeiro de 2017 J I B AGROPECUÁRIA LTDA - EPP J I B AGROPECUÁRIA LTDA - EPP FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 431DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, rejeitando as preliminares arguidas, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 03/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório O presente processo trata do Auto de Infração de fl. 143 a 154, pelo qual a Autoridade Fiscal lançou crédito tributário relativo a Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural no valor originário de R$ 9.469.467,69, com Multa de Ofício de R$ 7.102.100,77 e juros de mora de R$ 3.150.040,90 (calculados até 11/2014), perfazendo o total apurado de R$ 19.721.609,36. O lançamento é relativo aos exercícios de 2010 e 2011 e o imóvel rural em questão está identificado na Receita Federal do Brasil pelo nome de Fazenda São Miguel, cadastrado sob o número 1.342740-7. Atesta a Fiscalização na Descrição dos Fatos de fl. 145/149 que, estando o contribuinte regulamente intimado, apresentou uma série de documentos, em 21 de julho de 2014, e solicitou prorrogação do prazo, no que foi atendido, mas não apresentou quaisquer documentos adicionais. A partir daí, detalhando especificamente as características do Laudo de Avaliação apresentado, a Autoridade Fiscal apresenta suas conclusões sobre a análise da documentação apresentada, as quais podem ser assim resumidas: - que os Laudos de Avaliação apresentados limitaram-se a repetir os valores informados pelo contribuinte em suas DITR, não apresentando os rigores científicos mínimos previstos na NBR 14.653, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, o que levou ao arbitramento do Valor da Terra Nua - VTN a partir das informações contidas no Sistema de Preços de Terras - SIPT; - que os mesmos Laudos não se prestaram à comprovar as áreas exatas utilizadas com produtos vegetais e com pastagens, já que o autor do Laudo comenta sobre implantação de pastagens mecanizadas mas não a quantifica, o que levou à desconsideração da área declarada como sendo utilizadas com produtos vegetais (316,9 ha em 2010 e 468,5 ha em 2011). Ademais, foram desconsideradas as áreas utilizadas com pastagens (3.438,5 ha em 2010 e 3.286,9 ha em 2011. - que a Área de Reserva legal - ARL declarada de 1.005,7 ha não consta averbada à margem da matrícula do imóvel, razão pela qual foi glosada; Fl. 432DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 432 3 - que a Área de Preservação Permanente - APP declarada de 229,6 ha foi aceita pela fiscalização, por constar do Ato Declaratório Ambiental; - que as constatações acima foram levadas ao conhecimento do contribuinte, para que pudesse apresentar outros elementos, mas sem resposta; Ciente do lançamento em 21 de novembro de 2014, fl 157, o contribuinte apresentou a impugnação de fl. 160/170, em 10 de dezembro de 2014, a qual foi julgada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF, cujas conclusões encontram-se expressas no Acórdão de fl. 333 a 359, acatado por unanimidade pela Turma de Julgamento, e que foi objeto de Recurso de Ofício, nos seguintes termos: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar argüida e no mérito considerar procedente em parte a impugnação referente ao lançamento consubstanciado no Auto de Infração/anexos de fls. 142/154, dos exercícios de 2010 e 2011, para acatar uma área de pastagens de 3.755,4 ha, igualmente, nos dois exercícios, com redução do imposto suplementar apurado pela fiscalização, de R$4.263.197,11 para R$622.226,96, em 2010 e de R$5.206.270,58 para R$756.192,33, em 2011, acarretando uma redução do ITR suplementar total de R$9.469.467,69 para R$1.378.419,29, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Submeta-se à apreciação do Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, conforme art. 34 do Decreto nº 70.235/1972 e Portaria MF nº 03/2008, por força de recurso necessário, também, previsto no art. 70 do Decreto nº 7.574/2011, ressaltando que, enquanto não decidido o recurso de ofício, a presente Decisão não se torna definitiva. As conclusões expressas no voto condutor acompanharam os tópicos descritos na peça impugnatória e podem ser assim resumidas: Da Nulidade do Lançamento fl. 340 O impugnante alega que o Auto de Infração teria sido lavrado em desacordo com a lei, ferindo o princípio da legalidade, da proporcionalidade, da justiça fiscal e praticando abuso de poder para tributar indevidamente o imóvel. (...) Enfim, é preciso deixar registrado que nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, depois de formalizada a exigência fiscal, mediante a emissão do competente Auto de Infração, cabe ao Contribuinte, caso discorde do lançamento, contestá-lo por meio da apresentação tempestiva da sua impugnação, devidamente motivada e acompanhada dos documentos que possuir, para fazer prova a seu favor. Assim, contendo o Auto de Infração os requisitos legais estabelecidos no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, que rege o Processo Administrativo Fiscal, especialmente no que diz respeito à descrição dos fatos e ao enquadramento legal das matérias tributadas e tendo o contribuinte, após ter tomado Fl. 433DF CARF MF 4 ciência do Auto de Infração, protocolado a sua respectiva impugnação, dentro do prazo previsto, não há que se falar em nulidade do lançamento. Quanto à declaração de nulidade do lançamento, enfatiza-se que o caso em exame não se enquadra nas hipóteses de nulidade previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972 - PAF, como visto, sendo incabível sua declaração, por não se vislumbrar qualquer vício capaz de invalidar o procedimento administrativo adotado. Desta forma, não prospera a preliminar de nulidade arguida pelo impugnante, passando à análise de mérito. Das Áreas Ambientais. Da Área de Reserva Legal fl 346 (...) No presente caso, o contribuinte não comprovou nos autos a averbação, mesmo que intempestiva, de qualquer área gravada à margem da matrícula do imóvel como de reserva legal. Desta forma, não cabe excluir a área de reserva legal de 1.005,7 ha declarada nos exercícios 2010 e 2011, para efeitos de exclusão de tributação, mantendo-se a glosa dessa área efetuada pela fiscalização nos dois exercícios. (...) Das Áreas Utilizadas pela Atividade Rural (Produtos Vegetais e Pastagens), fl. 351 (...) Pois bem, consta nos autos, para ano de 2009 (exercício 2010), o Demonstrativo do Movimento de Gado, da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda/SP, às fls. 80, relativo ao imóvel do presente processo, que o estoque inicial era de 5.551 cabeças de gado e o estoque final de 5.984, o que permite apurar uma média para esse ano de 5.767 cabeças de gado. Quanto ao ano de 2010 (exercício 2011), também, consta o Demonstrativo do Movimento de Gado, da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda/SP, às fls. 93, relativo ao imóvel do presente processo, que o estoque inicial era de 5.984 cabeças de gado e o estoque final de 5.239, o que permite apurar uma média para esse ano de 5.611 cabeças de gado. (...) Assim, cabe acatar uma área de pastagens de 3.755,4 ha, igualmente, em 2010 e em 2011, que é resultado da soma das área de pastagens de 3.438,5 ha, em 2010, e de produtos vegetais (forrageira de corte) de 316,9 ha, em 2010, e da soma das áreas de pastagens de 3.286,9 ha, em 2011, e de produtos vegetais (forrageira de corte) de 468,5 ha, em 2011, com base em documentação hábil. Do Valor da Terra Nua (VTN) - Subavaliação fl. 353. (...)Em síntese, não tendo sido apresentado o documento como exigido para comprovar os Valores da Terra da Nua, conforme descrito na intimação inicial, às fls. 02/04, cabia à Autoridade Fiscal arbitrar os VTN considerando a subavalição dos valores declarados, nos dois exercícios, efetuando de ofício o lançamento do imposto suplementar apurado, acrescido das cominações legais, sob pena de responsabilidade funcional. (...) Fl. 434DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 433 5 No caso, a Autoridade Fiscal não acatou, para comprovar os VTN, os Laudos de Avaliação, doc. de fls. 16/19 (2010) e de fls. 20/23 (2011), elaborados pelo Engenheiro Agrônomo Júlio Vieira de Araújo,em 16.06.2014, com cópia de ART de fls. 24, contudo, nos quais são indicados VTN iguais aos declarados, por não atender a integralidade das normas da ABNT NBR 14.653-3, para um Laudo com fundamentação e grau de precisão II, como se depreende da “Descrição dos Fatos”, às fls. 146. (...) Portanto, o Laudo, para cada exercício, é por demais sucinto, podendo ser enquadrado como um Parecer Técnico, mas não como Laudo de Avaliação, classificado, pelo menos, com Grau de fundamentação I, quando o que se exige é Grau II de fundamentação e precisão. (...) Assim sendo, entendo que deva ser mantida a tributação do imóvel com base no VTN de R$22.442.132,64 (R$4.462,81/ha), em 2010 e de R$27.429.295,58 (R$5.454,55/ha), em 2011, arbitrados pela fiscalização com base no SIPT. Do Arrolamento de Bens e Direitos fl. 356 O impugnante se insurge contra a lavratura do Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, alegando que seria inconstitucional. (...) Como se pode constatar no art. 233 anteriormente transcrito, cabe a este órgão apenas o julgamento da determinação e da exigência de crédito tributário, apurado pela fiscalização e objeto de lançamento de ofício. (...) Assim, a competência para decidir sobre arrolamento de bens e direitos para acompanhamento do patrimônio suscetível de ser indicado como garantia de crédito tributário é do titular da unidade da RFB de domicílio tributário do sujeito passivo, não cabendo pronunciamento desta instância julgadora quanto a esta matéria. Diante do exposto, não se toma conhecimento deste tópico da impugnação. Ciente do Acórdão da DRJ em 16 de abril de 2015, fl. 366 ainda inconformado, o contribuinte apresentou, em 15 de maio de 2015, o Recurso Voluntário de fl. 367 a 380, no qual elencou as razões e fundamentos legais que entende amparar o pedido de reforma total da decisão que manteve parcialmente o lançamento, a quais serão tratadas no decorrer do voto a seguir. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Em razão de ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Fl. 435DF CARF MF 6 EM SEDE PRELIMINAR Da Inconstitucionalidade do termo de arrolamento de bens; O contribuinte questiona a legalidade do Termo de Arrolamento de Bens lavrado pela autoridade fiscal, alegando que a jurisprudência é pacífica quanto à inconstitucionalidade do arrolamento de bens e direitos para discussão administrativa de crédito tributário, tanto em primeira quanto em segunda instância. Para fundamentar seus argumentos, cita a Súmula Vinculante 28 do STF, segundo a qual é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. É nítido que o contribuinte confunde dois institutos diversos, o que levou ao arrolamento durante o procedimento fiscal, o qual tem amparo nos art. 64 e 64A da Lei 9.532/97 e que constitui um instrumento administrativo de garantia do crédito tributário, com o arrolamento previsto no § 3º do art. 33 do Decreto 70.235/92, que funcionava como uma garantia de instância e que, este sim, foi declarado inconstitucional na Adin nº 1.976-7. Portanto, o arrolamento questionado pelo contribuinte é matéria expressamente prevista em lei e não configura exigência para seguimento do presente Recurso Voluntário. Assim, como muito bem pontuado pela Delegacia de Julgamento, caso o contribuinte discorde do mesmo, deverá formalizar sua manifestação junto ao Delegado da Receita Federal do Brasil do domicílio do contribuinte em questão. Desta forma, rejeito a preliminar de nulidade. Da incompetência do Agente Fiscal da Delegacia da Receita Federal em questão de ordem ambiental e do desconhecimento da legislação ambiental O contribuinte elenca as atribuições do Ministério da Fazenda para afirmar que o Auditor responsável pelo lançamento não tem competência para tratar de questões de ordem ambiental, tampouco para lavrar autos de infração por supostas irregularidades ambientais do imóvel rural. Afirma que a Declaração de ITR é assinada como expressão da verdade, somente podendo ser considerada inverídica mediante verificação "in loco", através de perícia de engenheiro agrônomo ou florestal. Alega, ainda, que, em razão de alterações legais, com eficácia a partir de 2013, existe uma carência de 20 anos para recomposição da Reserva Legal e que, portanto, quem cumpriu as exigências do órgão ambiental e apresentou regularmente o ADA e vem cumprindo o Projeto de Recuperação, não tem irregularidade ambiental, restando, a partir da criação do Cadastro Ambiental Rural, facultativa a averbação das áreas em comento à margem da matrícula do registro do imóvel. Por fim, sustenta que o Agente Fiscal e o Julgador de 1ª Instância desconhecem a legislação ambiental e não têm competência para tratar de tais matérias, razão pela qual entende improcedente a autuação. Ora, os argumentos do contribuinte não guardam relação lógica com o que se discute no processo. Não há nos autos quaisquer elementos que evidenciem penalidade pelo descumprimento da legislação ambiental. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 434 7 O que há é um procedimento fiscal tendente a verificar a ocorrência de infrações à legislação tributária, neste caso em particular a relacionada ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, tributo federal sob administração da Receita Federal do Brasil, cujo lançamento compete, por reserva legal, privativamente, ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, tudo nos termos do art. 142 da Lei 5.172/66 (CTN) c/c a alínea "a" do inciso I, da Lei nº 10.593/2002. Neste sentido, o papel da Autoridade Fiscal é fazer o cotejo entre as previsões legais e normativas relacionadas ao fato gerador com os aspectos fáticos identificados no decorrer do procedimento fiscal. De fato, não compete, por exemplo, a um Auditor-Fiscal atestar a regularidade da conduta do contribuinte no manejo de suas áreas de florestas, mas é sim matéria de interesse do fisco federal saber se uma área de preservação excluída do campo de incidência do tributo cumpriu os requisitos da legislação tributária para fazer jus a tal benesse. Assim, rejeito a presente preliminar de nulidade, sendo certo que os aspectos de mérito relacionado às Áreas de Preservação Permanente e de Utilização limitada serão, oportunamente, tratados pela presente decisão. DO MÉRITO Do Valor da Terra Nua Após algumas considerações acerca da evolução histórica da legislação que trata do VTN até a publicação da Lei 9.393/1996, o contribuinte conclui que o mesmo é obtido indiretamente, pela exclusão do valor das benfeitorias do valor total do imóvel. Afirma, por conta de sua leitura dos § 1º e 2º do art. 8º da Lei 9.393/96, que o valor da terra nua declarado reflete o preço de mercado das terras em primeiro de janeiro de cada ano, sendo considerado auto-avaliação. Assim, uma vez respeitado o valor mínimo do tributo citado no § 2º do art. 11 do mesmo diploma, fica descaracterizada a subavaliação. do valor da terra pelo contribuinte. Continua sua argumentação afirmando que a lei estabelece que o valor declarado pelo proprietário rural é aquele considerado preço de mercado da terra nua, independentemente de qualquer tabela de preços de terras ou afins.(item 18, fl. 373). E que o artigo 14 da referida lei só teria aplicabilidade em caso de falta de entrega de DIAT ou DIAC, de prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas e de subavaliações de que resulte lançamento de imposto inferior ao mínimo. Afirma que 148 do CTN permite arbitramento apenas quando não mereçam fé as declarações ou esclarecimentos prestados, sendo necessário para tal o efetivo conhecimento do que é o valor correto, ou quando está o imóvel subavaliado. Aduz que são necessários critérios objetivos para afastar os valores declarados, sem os quais o arbitramento efetuado pela Receita macula o Princípio da Legalidade, impondo-se sua anulação. Por fim, questiona a legislação que criou o SIPT, cita algumas considerações doutrinárias e afirma que a fixação de base de cálculo somente pode ser objeto de lei; questiona que o VTN foi apurado sem excluir as benfeitorias existentes e cita alguns precedentes deste Conselho para pleitear o cancelamento do tributo lançado, por configurarem ofensa é lei e às Constituição Federal. Fl. 437DF CARF MF 8 Resumidas as considerações expressas na peça recursal, vejamos a fundamentação legal para desconsideração do valor da terra nua declarado pelo contribuinte: Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua - VTN correspondente ao imóvel. § 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto-avaliação da terra nua a preço de mercado. (...) Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. A partir de tal previsão legal, foi aprovado o Sistema de Preços de Terras - SIPT, o qual é alimentado com os valores de terras recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas. O recorrente faz algumas interpretações das normas acima citadas que não se mostram compatíveis com aspectos lógicos e gramaticais do texto. Entende que a lei estabelece que o valor declarado pelo proprietário rural é aquele considerado preço de mercado da terra nua, independentemente de qualquer tabela de preços de terras ou afins, Ora, não se pode imaginar que, apenas por constituir auto-avaliação, uma vez declarado pelo contribuinte, este seja considerado o valor de mercado. Esse raciocínio nos afastaria do conceito de valor de mercado que, em poucas palavras, seria o preço que poderia ser alcançado na venda de um bem qualquer, o qual, naturalmente, sofre influências de fatores externos, como concorrência, oferta e procura, liquidez da economia, etc. É a partir da definição desse valor que o contribuinte deveria iniciar a elaboração de sua DITR. Após, bastaria apurar o valor das benfeitorias, excluindo-o do valor total do imóvel para se chegar ao Valor da Terra Nua. Inviável, ainda, entender que o valor declarado só pudesse ser desconsiderado se o tributo apurado ficasse abaixo do mínimo legalmente definido. Não existe tal valor a partir do qual a Receita Federal buscaria comprovar as informações declaradas. O que há é uma previsão legal de que, em nenhuma hipótese, o valor do Imposto devido será menor que R$ 10,00 (§ 2º do art. 11, da Lei 9.393/1996). Fl. 438DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 435 9 Há situações em que imóveis com características muito semelhantes apresentam valores de mercado muito diferentes. Em situações com estas, a auto-avaliação evitaria que a carga tributária incidente sobre um fosse mais pesada do que a do outro. Objetivando alcançar maior justiça fiscal, é que a norma legal trouxe mais liberdade para o proprietário rural, abrindo a possibilidade de avaliação regular do seu imóvel para que o tributo incida sobre uma base cada vez mais próxima da realidade particular de sua propriedade. Contudo, ao mesmo tempo em que a norma dá liberdade ao sujeito passivo, impõe o dever de acompanhar o mercado imobiliário, ano a ano, para apurar o valor total de sua propriedade e de suas benfeitorias para, ao fim, chegar ao VTN a ser declarado. Por outro lado, assim como não se pode conceber que o proprietário do imóvel declare um valor de VTN calculado sem qualquer critério, não é possível que este pretenda comprovar valor declarado com a apresentação de um laudo de avaliação que não atenda aos requisitos mínimos exigidos para documentos dessa natureza. Não basta que o laudo tenha sido elaborado por um profissional habilitado, com a devida anotação de responsabilidade técnica, se suas conclusões se resumem a confirmar, quatro anos após o fato gerador, o que o contribuinte declarou, centavo por centavo. O que vejo abaixo, não me parece uma avaliação (excerto de fl. 18): Diante do documento apresentado, a Fiscalização não teve outra alternativa que não a de arbitrar o VTN a partir das informações contidas em sistemas para este fim desenvolvido, o Sistema de Preços de Terras - SIPT, que apura a média dos valores de terra nua obtidos das Secretarias de Agriculturas e entidades correlatas e os Valores de Terra Nua informados por contribuintes em suas DITR, sendo certo que tal apuração tem amparo legal e se dá considerando as diferentes regiões do país, não estando contaminada por valor de benfeitorias. Ademais, a Portaria SRF 447/2002 em nada macula o Princípio da Legalidade como afirmado pelo Recorrente. Tal diploma não fixa a base de cálculo do tributo e nem poderia fazê-lo por ser matéria reservada à lei, nos termos do art. 97 do CTN. A Base de Cálculo do ITR está claramente prevista nos artigos 10 e 11 da Lei 9.393/93. Já a Portaria em comento foi editada para dar publicidade ao sistema instituído para dar suporte aos procedimentos de ofício expressamente previstos no art. 14 da mesma Lei 9.393/96. Assim, nego provimento ao Recurso Voluntário nesta parte, por entender correta a DRJ ao manter o arbitramento do VTN efetuado com base no SIPT, já que o documento apresentado não se mostrou adequado para contrapor as razões do lançamento. Fl. 439DF CARF MF 10 Da Preservação Permanente e da Reserva Legal como áreas não tributáveis. Afirma o contribuinte que o Agente Fiscal usou "dois pesos e duas medidas" na análise das áreas não tributáveis do imóvel rural em tela, pois aceitou a APP de 229,6, que constava em ADA, e glosou a ARL que, também, constava em ADA, sob argumento de que a mesma não estaria averbada à margem da matrícula do registro do imóvel. Comenta que, em 2002, já teria sido intimada pela Receita, quando forneceu todas as informações e não sofreu lançamento suplementar. Alega que existe jurisprudência sobre a necessidade de comparecimento da Receita no local para apurar a existência ou não das referidas áreas, uma vez que as declarações tanto do ITR quanto do ADA são expressões da verdade até prova em contrário. Continua seu recurso afirmando que possui projeto de recuperação de áreas degradadas protocolado junto ao IBAMA e que, com a sanção do novo Código Florestal em 2012, o registro da área de reserva legal no Cadastro Ambiental Rural não mais necessita estar averbado no Cartório de Registro de Imóveis. Sustenta que o imóvel sempre cumpriu a legislação ambiental e que, nos termos dos Códigos Florestais atual e anterior, protocolada a documentação exigida para análise da localização da ARL, não poderia ser imputada qualquer sanção administrativa por qualquer órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA em razão da não formalização da ARL, razão pela qual declarava a Reserva, pois entendia estar cumprindo carência ambiental, motivo que ensejou a não tributação suplementar no exercício de 2000. Inicialmente, cumpre destacar que, conforme se verifica na lei 6.938/90, a Receita Federal do Brasil não integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, razão pela qual não se aplica ao presente a alegada carência ambiental. Mister consignar que o tributo não se presta apenas a prover o Estado de recursos para financiar suas atividades, sendo rotineiramente utilizado com função diversa, seja objetivando melhor distribuição de renda, seja atuando na defesa da indústria nacional, seja fomentando o desenvolvimento de uma região ou seguimento econômico, seja desestimulando o consumo de produtos nocivos, etc. No caso do ITR, é evidente a utilização do tributo como instrumento de política ambiental, estimulando a preservação ou recuperação da fauna e da flora em contrapartida a uma redução do valor devido a título de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Contudo, ao mesmo tempo em que desonera o contribuinte, a legislação impõe requisitos para gozo de tais benefícios, os quais variam de acordo com a natureza de cada hipótese de exclusão do campo de incidência do tributo e das limitações que cada situação impõe ao direito de propriedade. Assim, ainda que de acordo com a natureza de cada tributo a atividade fiscal precise se valer conceitos e princípios contidos fora do âmbito restrito do Direito Tributário, é fato que, considerando a limitação de competência da RFB, a quem não compete fiscalizar o cumprimento da legislação ambiental, resta à Autoridade Fiscal, no uso de suas atribuições, verificar o cumprimento por parte dos contribuintes dos requisitos fixados pela legislação para definição do correto valor do tributo. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 436 11 Neste sentido, julgo sem fundamento o entendimento do contribuinte sobre a necessidade do comparecimento do Agente Fiscal ao local para constatar a existência, por exemplo, de uma ARL ou APP. Afinal, como o próprio requerente afirma, tal servidor não tem conhecimentos específicos sobre o tema e não tem competência legal para tal atribuição. O que interessa ao Fisco, como dito acima, é a verificação do cumprimento da legislação tributária, em particular para identificar infrações que justifiquem a necessidade de constituição do crédito tributário de ofício e para, indiretamente, fomentar o cumprimento espontâneo da legislação tributária, seja pela geração de um sentimento de risco de ser fiscalizado, seja pelo estímulo à consciência da importância da função social do tributo Há de se ressaltar que, em termos tributários, a regra é a incidência do tributo, sendo as isenções exceções que devem ser provadas por quem delas aproveita. Assim, para fins de APP e ARF, não precisa a Receita Federal comprovar a falsidade das informações prestadas em DITR, já que, neste caso, são exclusões da base de cálculo do tributo alegadas pelo contribuinte. Neste sentido, importante ressaltar alguns dos termos da legislação que rege a isenção relativa às áreas de preservação permanente e de reserva legal, naturalmente em vigência na época do fato gerador: Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á: (...) II - área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Grifou-se. Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:(...) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. Grifou-se. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 Fl. 441DF CARF MF 12 Art. 17-O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (...) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. Grifou-se. IN SRF 256, de 11 de dezembro de 2002 Art. 9º Área tributável é a área total do imóvel rural, excluídas as áreas: I - de preservação permanente; II - de reserva legal; (...) § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I - ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), observada a legislação pertinente; (...) Art. 11. São áreas de reserva legal aquelas cuja vegetação não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos. § 1º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas a que se refere o caput devem estar averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, na data de ocorrência do respectivo fato gerador. A análise dos trechos normativos acima não deixa dúvidas de que a averbação da ARL à margem da matricula no registro de imóvel é obrigatória, não bastando unicamente a informação em Ato Declaratório Ambiental. Diferentemente do que ocorre com as Áreas de Preservação Permanente, cujo tratamento pela legislação se mostra menos rigoroso, não havendo previsão para tal averbação. Portanto, não identifico a alegada utilização pelo Agente Fiscal de dois pesos e duas medidas, já que as APP somente precisam ser declaradas ao IBAMA por meio de ADA, o que foi devidamente comprovado. Já a ARL, além de declaração em ADA, que foi Fl. 442DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 437 13 comprovada, precisaria, também, estar averbada à margem da matrícula do registro do imóvel na data da ocorrência do fato gerador, o que não ficou demonstrado pelo contribuinte. Por fim, em particular pela exigência contida no art. 144 da Lei 5.172/66 (CTN), o lançamento deve se reportar à data da ocorrência do fato gerador, regendo-se pela lei então vigente, razão pela qual as alegações que tomam como base o novo Código Florestal, não mudam o cenário que levou ao lançamento em discussão. Assim, nego provimento ao Recurso Voluntário nessa parte, por entender pertinente a exigência de averbação da ARL à margem da matrícula do imóvel o registro de imóveis. Da alíquota abusiva e ilegal utilizada pelo Agente Fiscal para elevar deforma absurda o Imposto Territorial Rural. O recorrente manifesta sua discordância em relação à alíquota apurada de 20% quando, no seu entendimento, o correto seria 0,45%. Aduz que mesmo com a manutenção da glosa das áreas reserva legal, considerando os rebanho ajustado de animais de médio e grande porte, a área de pastagens calculada seria maior que a área total do imóvel, o que levaria a um índice de produtividade maior que 100%, o que, em cotejo com a tabela prevista pela Lei 9.393/96 para imóveis maiores que 5000 ha, levaria a uma alíquota de ITR de 0,45%. Inicialmente, cumpre destacar que a definição da alíquota é uma resultante do termos da Lei 9.393/96, que considera para este fim uma relação direta entre o tamanho do imóvel o seu grau de utilização, não havendo amparo legal para que, de forma isolada, possamos tratar a questão da alíquota aplicada. Não obstante, vê-se que a alegação do contribuinte não se mostra matéria isolada, estando vinculada ao entendimento de que ao seu imóvel deveria ser atribuído um grau de utilização superior 100%, em razão da área calculada de pastagem em relação à área total do imóvel. A análise das conclusões da Decisão de 1ª instância, em particular dos quadros de fl. 358 a 359, evidencia que a alíquota considerada adequada pelo Acórdão foi de 3%, resultante do deferimento do pleito em relação reconhecimento das áreas utilizadas com pastagens, o que teria elevado o grau de utilização considerado no lançamento fiscal de "zero" para 78,9% em ambos os exercícios discutidos (2010 e 2011). Considerando que houve Recurso de Ofício da Delegacia de Julgamento, a partir daqui, as considerações do presente voto avaliarão os Recursos Voluntário e de Ofício conjuntamente. O Demonstrativo de Movimento de Gado emitido pela Secretaria de Estado dos negócios da Fazenda do Governo de São Paulo e acostado às fl. 80 a 106 é documento hábil à comprovação do rebanho da Fazenda São Miguel no decorrer dos anos de 2010 e 2011. De fato, a área ocupada por pastagens calculada a partir do cotejo do rebanho médio(5.767 para 2010 e 5.611 para 2011) com o índice de lotação por zona pecuária para o município de Pompéia/SP (anexo I da IN 256/2002), 0,70, aponta para um valor superior à área total do imóvel. Fl. 443DF CARF MF 14 Dispõe o Decreto 4.382, de 19 de setembro de 2002: Da Área Servida de Pastagem Art. 24. Para fins do disposto no inciso II do art. 18, área servida de pastagem é aquela ocupada por pastos naturais, melhorados ou plantados e por forrageiras de corte que tenha, efetivamente, sido utilizada para alimentação de animais de grande e médio porte, observados os índices de lotação por zona de pecuária, estabelecidos em ato da Secretaria da Receita Federal, ouvido o Conselho Nacional de Política Agrícola (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 1º, inciso V, alínea "b", e § 3º). Parágrafo único. Estão dispensados da aplicação dos índices de lotação por zona de pecuária os imóveis rurais com área inferior a (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 3º): I - mil hectares, se localizados em municípios compreendidos na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato- grossense; II - quinhentos hectares, se localizados em municípios compreendidos no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - duzentos hectares, se localizados em qualquer outro município. Art. 25. Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considera-se área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação por zona de pecuária. Os valores declarados de área ocupada por pastagens e por produtos vegetais montam 3.755,40 ha, para ambos os exercícios. Assim, considerando que, nos termos da legislação, deve ser considerada área servida por pastagens a menor entre a declarada e a calculada a partir do quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação, deve-se ser restabelecida a Área Utilizada pela Atividade Rural, recalculando-se o grau de utilização do imóvel e a alíquota. Assim, corretas as conclusões e cálculos expostos na Decisão de 1ª Instância, razão pela qual, nesta parte, nego provimento ao Recurso de Ofício e dou provimento parcial ao Recurso Voluntário para restabelecer à Área Utilizada pela Atividade Rural para 3.755,40 ha para ambos os exercícios, resultando em um Grau de Utilização de 78,9, o qual aplicado à tabela de alíquotas de que trata o art. 11 da lei 9.393/96, importa uma alíquota de ITR 3,0% Decisão: Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais acima expostos, voto por negar provimento aos Recursos Voluntários e de Ofício, mantendo integralmente o decidido em 1ª Instância. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator Fl. 444DF CARF MF Processo nº 13830.722494/2014-60 Acórdão n.º 2201-003.377 S2-C2T1 Fl. 438 15 Fl. 445DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.011288/2003-72
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003
LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO NA FASE LITIGIOSA.
O lançamento pode ser corrigido, com cancelamento total ou parcial da exigência indevida, em decorrência das impugnações e recursos regularmente interpostos pelo sujeito passivo.
LANÇAMENTO. REVISÃO DE OFÍCIO. FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE.
A revisão do lançamento, nos termos em que delineada no art. 149 do CTN, não pode ser realizada enquanto o litígio estiver submetido aos órgãos que integram o Contencioso Administrativo.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003
EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. IMUNIDADE.
A receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação é imune à incidência da contribuição para o PIS.
REGIME DE APURAÇÃO. MP Nº 2.158-35/2001. OPÇÃO.
Tendo feito a opção de que trata o § 1º do art. 30 da MP nº 2.158-35/2001, as variações monetárias deverão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência.
Recurso Especial da PFN conhecido e improvido.
Recurso Especial da contribuinte conhecido e provido em parte.
Numero da decisão: 9303-004.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para excluir a variação cambial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003 LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO NA FASE LITIGIOSA. O lançamento pode ser corrigido, com cancelamento total ou parcial da exigência indevida, em decorrência das impugnações e recursos regularmente interpostos pelo sujeito passivo. LANÇAMENTO. REVISÃO DE OFÍCIO. FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE. A revisão do lançamento, nos termos em que delineada no art. 149 do CTN, não pode ser realizada enquanto o litígio estiver submetido aos órgãos que integram o Contencioso Administrativo. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003 EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. IMUNIDADE. A receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação é imune à incidência da contribuição para o PIS. REGIME DE APURAÇÃO. MP Nº 2.158-35/2001. OPÇÃO. Tendo feito a opção de que trata o § 1º do art. 30 da MP nº 2.158-35/2001, as variações monetárias deverão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. Recurso Especial da PFN conhecido e improvido. Recurso Especial da contribuinte conhecido e provido em parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para excluir a variação cambial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
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MULTA Recorrente FAZENDA NACIONAL E COPESUL COMPANHIA PETROQUÍMICA DO SUL Interessado FAZENDA NACIONAL E COPESUL COMPANHIA PETROQUÍMICA DO SUL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003 LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO NA FASE LITIGIOSA. O lançamento pode ser corrigido, com cancelamento total ou parcial da exigência indevida, em decorrência das impugnações e recursos regularmente interpostos pelo sujeito passivo. LANÇAMENTO. REVISÃO DE OFÍCIO. FASE LITIGIOSA. IMPOSSIBILIDADE. A revisão do lançamento, nos termos em que delineada no art. 149 do CTN, não pode ser realizada enquanto o litígio estiver submetido aos órgãos que integram o Contencioso Administrativo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003 EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. IMUNIDADE. A receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação é imune à incidência da contribuição para o PIS. REGIME DE APURAÇÃO. MP Nº 2.15835/2001. OPÇÃO. Tendo feito a opção de que trata o § 1º do art. 30 da MP nº 2.15835/2001, as variações monetárias deverão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. Recurso Especial da PFN conhecido e improvido. Recurso Especial da contribuinte conhecido e provido em parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 01 12 88 /2 00 3- 72 Fl. 974DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento parcial para excluir a variação cambial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência interpostos tempestivamente pela Fazenda Nacional e pela contribuinte contra o Acórdão nº 20403.353, de 05/08/2008, proferido pela 4ª Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 30/09/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. VÍCIO FORMAL. NULIDADE. O lançamento relativo aos mesmos fatos geradores decorrente de diligência determinada pela instância julgadora, após a apresentação da impugnação do lançamento anterior, caracteriza revisão de oficio do lançamento em hipótese não abrigada pelo art. 149 do CTN, configurandose vicio formal que requer sua nulidade. PIS. RECEITAS FINANCEIRAS. VARIAÇÃO CAMBIAL. REGIME DE COMPETÊNCIA. Na hipótese de escrituração contábil segundo o regime de competência, as receitas decorrentes da variação cambial devem compor a base de cálculo do PIS do período de apuração em que Fl. 975DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 975 3 forem apropriadas contabilmente, independentemente da liquidação das operações correspondentes. VARIAÇÃO CAMBIAL. RECEITAS. CRITÉRIO DE APURAÇÃO. As receitas decorrentes de variação cambial são apuradas pelo saldo dos créditos e débitos nas contas de variação cambial ocorridos no período mensal de apuração do tributo. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO CAMBIAL. DATA DE EMBARQUE. Na hipótese de receita obtida com exportação de mercadoria, somente a partir da data de embarque dos bens para o exterior, tal receita configura ganho decorrente de variação cambial. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. SÚMULA N° 3. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a Unido decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais. Recurso voluntário provido em parte. No Recurso Especial que apresentou, a Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN pleiteia a reforma parcial do decisum, com fundamento no art. 7º, inciso I, do Regimento Interno da CSRF (aprovado pela Portaria MF nº 152, de 2007), alegando que a legislação tributária foi violada e que a decisão está em confronto com as provas carreadas aos autos. Diz que o voto vencedor do acórdão recorrido anulou o lançamento complementar, ao argumento de que o auto de infração seria resultado de revisão de oficio de lançamento em hipótese não prevista no art. 149 do CTN, que, contudo, foi lavrado em conformidade com o disposto no § 3º do art. 18 do PAF. Ademais, não se teria provado qualquer prejuízo à defesa. Em apoio à tese, reproduz ementas dos Acórdãos nº CSRF/0202.301, 10808499 e outros. No Recurso Especial apresentado pela contribuinte, sustentase que o lançamento deve ser líquido e certo, que a variação cambial só se configura como receita tributável no momento da liquidação da operação e que as receitas de variações cambiais ativas vinculadas a operações de exportação sejam consideradas imunes ao PIS/Cofins. Os dissídios jurisprudenciais seriam comprovados em relação ao que decidido nos Acórdãos nº 10707369, 20178721 e 340300.141, respectivamente. As contrarrazões apresentadas pela PFN encontramse às fls. 952/969. Não há contrarrazões da contribuinte. E o exame de admissibilidade do recurso apresentado pela contribuinte encontrase às fls. 947/950. O exame de admissibilidade do recurso interposto pela PFN, às fls. 713/714. É o Relatório. Fl. 976DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que, de fato, o recurso especial aviado pela PFN deve ser conhecido. É o que se passa a demonstrar. Primeiramente, há que se registrar, a título de esclarecimento, que, ao apreciar a impugnação apresentada pela contribuinte, a DRJ baixou os autos em diligência (Resolução DRJ/POA nº 88, de 05 de fevereiro de 2004; fls. 213 e ss.), a fim de que a unidade de origem efetuasse um novo lançamento, mas apenas quanto a uma parte dos períodos de apuração objeto dos autos (dezembro de 2002 a junho de 2003; a autuação, todavia, vai até setembro de 2003), visto que constatara haver “falta de fundamentação legal correta (Lei 10.637/2002) e a alíquota aplicável” (fl. 215). Eis os parágrafos em que o relator fundamentou a nulidade de parte do auto de infração: Após a elaboração do lançamento "complementar", a DRJ julgou o litígio, rejeitando a preliminar e considerando procedente o lançamento originário, “retificado/agravado parcialmente pelo Auto de Infração Complementar” (fl. 438). Apresentado o recurso voluntário, a Quarta Câmara do então Conselho de Contribuinte, por maioria de votos, rejeitou a preliminar de nulidade da decisão proferida pela DRJ e, no mérito, deu provimento parcial ao recurso, para declarar, por vício formal, a nulidade do segundo lançamento e para determinar que a receita de variação cambial fosse calculada a partir da data do embarque. Entendeu a Câmara que o lançamento "complementar" consubstanciou hipótese de revisão não prevista no art. 149 do CTN. É como consta no último parágrafo em que a relatora tratou da matéria: Fl. 977DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 976 5 Pelas razões até aqui expostas, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração por ausência de critério uniforme na determinação da base de cálculo do tributo, entretanto, acolho a preliminar relativa a duplicidade de lançamento e voto pelo cancelamento do auto de infração lavrado por determinação da DRJ/POA, por vicio formal, uma vez que é resultado de revisão de oficio de lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo (vicio formal) em hipótese não prevista no art. 149 do CTN. Entretanto, a PFN sustenta, no recurso especial, que esta decisão contrariou a legislação tributária, precisamente os arts. 18, 59 e 60 do Decreto n° 70.235, de 1972, e arts. 2°, parágrafo único, inciso IX, e 22 da Lei n° 9.784, de 1999, que têm a seguinte redação: Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Lei nº 9.784, de 1999: Fl. 978DF CARF MF 6 Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; (...) Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. Em síntese, a PFN entende que a causa nulidade do acórdão recorrido não se encontra prevista na legislação (também não haveria a comprovação do prejuízo), bem como que esta decisão confrontou o princípio da instrumentalidade das formas. Antes de prosseguir, cabe ressaltar que o recurso especial da PFN foi apresentado com fundamento no art. 7º, Inciso I, do Anexo II da Portaria MF nº 152, de 2007, quando há decisão não unânime de Câmara (como no caso), contrária à lei (é o que se sustenta ter ocorrido) ou à evidência da prova. Pois bem. De logo, observamos que o procedimento adotado pela DRJ foi, de fato, uma tentativa mal sucedida de promover a revisão de ofício do lançamento. Contudo, é sabido, esta não pode ser realizada enquanto o litígio está submetido aos órgãos que integram o Contencioso Administrativo. Pode ser realizada antes ou depois, mas nunca, nunca mesmo, durante, como ocorreu no presente caso, entendimento que é, a propósito, compartilhado pela própria RFB: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade Fl. 979DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 977 7 administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. (Solução de Consulta COSIT Nº 8, DE 03 DE SETEMBRO DE 2014). (g.n.) Não obstante fale em revisão para reduzir o crédito tributário, é evidente que o óbice ao final ressaltado na Solução de Consulta Cosit nº 8, de 2014 ("desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes", vale para todos os casos: não se pode revisar (mas apenas complementar, enquanto não decaído o direito do Fisco) os lançamentos já submetidos à apreciação das esferas que integram o Contencioso Administrativo. O próprio acórdão da decisão proferida pela DRJ não deixa margens a questionamentos: a intenção foi promover a revisão do lançamento, tanto que, a despeito do vício que maculava o primeiro, este foi considerado procedente, mas com a retificação do posterior (quanto aos períodos de dezembro de 2002 a junho de 2003). Confirase: Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os membros da 2ª Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de cancelamento ou redução de alíquota do Auto de Infração Complementar, de fl.215, e JULGAR PROCEDENTE o lançamento, contido no Auto de Infração, de fl.06, retificado/agravado parcialmente pelo Auto de Infração Complementar, de fl.215, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Votaram com o relator os julgadores Ana Cristina Schneider Martins, José Dario Barcellos Pujol e Zilda Maria Araújo Ribeiro Alvares. Ocorre que, além do óbice referido na Solução de Consulta COSIT nº 8, de 2014, há ainda o fato de que o chamado "lançamento complementar" alterou, na substância, o lançamento que inaugurou o presente processo, tanto que a modificação implementada foi a alteração, pura e simples, do regime de apuração do PIS de cumulativo para não cumulativo. Aqui, importa sublinhar, não se trata da permissão, prevista no § 3º do art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, para que, no caso de constatadas incorreções, omissões ou inexatidões em exames posteriores, perícias ou diligências, a autoridade administrativa lavre auto de infração complementar, devolvendo, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à Fl. 980DF CARF MF 8 matéria modificada, como seria o caso em que, durante a realização de uma diligência, a fiscalização percebesse que deixou de autuar determinado período de apuração, ou que, num outro período qualquer, lançou valor inferior ao devido. Há, porém, que acrescer um outro argumento, desta feita, acreditamos, absolutamente definitivo. É que, ao determinar a realização de novo lançamento quanto aos períodos de apuração de dezembro de 2002 a junho de 2003 (Resolução DRJ/POA nº 88, de 2004; fls. 213 e ss.), a DRJ não se atentou para o fato de que o auto de infração de fls. 8/11, ou seja, o auto que principia o presente feito, já consubstanciava lançamento cuja elaboração a mesma unidade julgadora determinara por meio do Acórdão DRJ/POA nº 3.168, de 18 de dezembro de 2003 (é o que nos parece; fls. 181 e ss.), que foi proferido nos autos de outro processo administrativo, o de nº 11080.009462/200317, já julgado por esta mesma CSRF, que negou provimento, por unanimidade, ao recurso especial interposto pela PFN, decisão que, no entanto, foi objeto de embargos de declaração ainda não apreciados. A seguir, a síntese dos acontecimentos: a) Processo nº 11080.009462/200317 (Já julgado pela CSRF, que negou provimento ao RESP da PFN, no qual só se tratou da inclusão, na base de cálculo do PIS, das receitas financeiras; pendente de julgamento de Embargos de Declaração) 1º auto de infração de PIS (fls. 111 e ss.): crédito de R$ 30.769.670,06 (data da lavratura: 24/09/2003) Períodos de apuração: fev/99 a jun/2003. No período de dez/2002 a jun/2003, a base de cálculo é a seguinte (mesmos valores do AI lavrado em 18/03/2004; último auto de infração): Acórdão DRJ/POA nº 3.168, de 18 de dezembro de 2003 (fls. 181 e ss.): julgou procedente em parte a impugnação, anulando a autuação apenas quanto ao período de dez/2002 a jun/2003 (regime de apuração do PIS neste período estava errado) e determinando que se fizesse um outro lançamento para o mesmo período, agora com fundamento na Lei nº 10.637, de 2002, pois se tinha lançado com base no regime cumulativo (alíquota de 0,65%): Fl. 981DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 978 9 b) Processo nº 11080.011288/200372 (o presente processo administrativo): 2º auto de infração de PIS (fls. 8 e ss.): crédito de R$ 15.957.016,96 (data da lavratura: 25/11/2003) Períodos de apuração: dez/2002 a set/2003 Relatório da Fiscalização diz que: a) De dez/2002 a jun/2003: cobrouse a diferença de alíquota de 0,65% a 1,65% (ou seja, 1%), porque, no processo nº 11080.009462/200317, cobrouse apenas 0,65%; b) De jul a set/2003: diferenças de base de cálculo constatadas na diligência (aplicada a alíquota do regime não cumulativo: 1,65%). Fl. 982DF CARF MF 10 Resolução DRJ/POA nº 88, de 05 de fevereiro de 2004 (fls. 213 e ss.): determinou que se refizesse o “lançamento do período de dezembro de 2002 a junho de 2003 sob a égide da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002” (o mesmo que já havia sido feito e que principia o presente feito!!!). Confirase: 3º auto de infração de PIS (fls. 218 e ss.): Valor de R$ 21.722.616,83 (data da lavratura: 18/03/2004) Períodos de apuração: dez/2002 a jun/2003. No campo Descrição dos Fatos do auto de infração se diz o seguinte: “...os lançamentos do crédito tributário constantes dos processos nº 11080.009462/200317 e 11080.011288/200372 (é sobre a nulidade deste que recai o RESP!), foram julgados nulos”. Fl. 983DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 979 11 No Relatório da Fiscalização anexo ao auto de infração: Em resumo, existem três autos de infração de PIS: um primeiro, que é objeto do processo nº 11080.009462/200317, foi anulado em parte (apenas quanto aos períodos de apuração de dezembro de 2002 a junho de 2003); um segundo, que traz um erro grave, pois cobrou, quanto ao mesmo período de dezembro de 2002 a junho de 2003, apenas a diferença de um por cento, como se o primeiro lançamento tivesse sido mantido e o PIS tivesse sido lançado no regime não cumulativo – o mesmo regime que, aliás, foi utilizado, também nele, na apuração dos valores devidos nos períodos de julho a setembro de 2003; e, finalmente, um terceiro, substituindo o segundo, só lavrado porque a DRJ equivocadamente (é o que supomos!) entendeu que o segundo auto de infração havia sido anulado (ou talvez ainda não lavrado!). Os equívocos, portanto, são inúmeros: aplicação de regime de apuração errado (primeiro lançamento, em parte); novo lançamento cobrando apenas a diferença de Fl. 984DF CARF MF 12 alíquota, quando parte do anterior havia sido cancelado; e, por fim, a lavratura de um terceiro lançamento, que, a nosso sentir, refletiu uma mera tentativa de saneamento do feito, substituindo o segundo. Enfim, se há decisão contrária à lei, decerto não é da Câmara baixa que entendeu que o último lançamento – o terceiro! – constituiu, na verdade, hipótese de revisão – do segundo! – não autorizada pelo art. 149 do CTN. Com a sua lavratura, não se visou complementar o segundo, mas substituílo, quando a DRF já não tinha mais competência para fazêlo, porquanto o litígio estava entregue à DRJ. Em conclusão, é de se negar provimento ao recurso especial da PFN. Passamos à análise do recurso interposto pela contribuinte. Sustenta que o lançamento deve ser líquido e certo, que a variação cambial só se configura como receita tributável no momento da liquidação da operação e que as receitas de variações cambiais ativas vinculadas a operações de exportação sejam consideradas imunes ao PIS/Cofins. Os dissídios jurisprudenciais, como já antecipamos, estariam comprovados em relação ao que decidido nos Acórdãos nº 10707369, 20178721 e 340300.141, respectivamente. No concernente ao primeiro tema, asseverou a relatora do acórdão recorrido: Inicialmente, sobre a preliminar de nulidade por ausência de liquidez e certeza dos lançamentos decorrente da inobservância de critério uniforme na apuração das bases de cálculo, não vislumbro mácula no lançamento capaz de acarretar a nulidade da peça fiscal, pois qualquer que seja a explicação para as diversas formas de apuração da base de cálculo: erro da fiscalização, interpretação da legislação ou quejandos, estáse diante de procedimento, equivocado ou não, que traz implicações apenas no aspecto quantitativo da exigência tributária que, no âmbito do processo de determinação e exigência do crédito tributário, pode ser corrigido, com cancelamento total ou parcial da exigência indevida, em decorrência das impugnações e recursos regularmente interpostos pelo sujeito passivo, conforme art. 145, inc. I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966— Código Tributário Nacional (CTN). (g.n.) Aponta o contribuinte divergência de interpretação do que decidido pelo antigo Conselho de Contribuintes, no Acórdão nº 10707369, de 16/10/2003, assim ementado: CRÉDITO TRIBUTÁRIO LIQUIDEZ E CERTEZA O lançamento tributário deve ser líquido e certo. Não se pode aceitar que a fase litigiosa se transforme num exercício continuado de identificação de erros e acertos nos cálculos da auditoria fiscal e do julgamento de primeiro grau. A divergência é, com efeito, patente. Enquanto no acórdão recorrido entendeuse que os erros atinentes aos aspectos de natureza quantitativa do lançamento poderiam ser corrigidos na fase litigiosa, no paradigma adotouse a tese oposta. Admitido, no ponto, o recurso, constatamos, porém, que o acórdão paradigma surpreendentemente desconsiderou o art. 145 do CTN, o qual prevê a alterabilidade do lançamento em face de recursos ou da iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos Fl. 985DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 980 13 termos em que permitida pelo art. 149 do mesmo Código. Desconsiderar essa possibilidade, para além de afastar a aplicação de norma legal plenamente vigente, é acreditar que existem apenas duas únicas possibilidades de desfecho no Contencioso Administrativo: procedência ou improcedência do lançamento, consequência natural da tese. Por isso, embora, no ponto, conhecido, é de se negar provimento ao recurso especial da contribuinte. Passamos a enfrentar o segundo e o terceiro temas encartados no mesmo recurso – momento da contabilização da receita decorrente da variação cambial e a sua imunidade constitucional à incidência da contribuição, temas que, uma vez comprovado o dissídio jurisprudencial, também foram devolvidos a este colegiado. Como já é de conhecimento geral, a receita decorrente da variação cambial obtida nas operações de exportação é imune ao PIS/Cofins, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário – RE nº 627815/PR, julgado sob a sistemática de repercussão geral, sendo, portanto, de aplicação obrigatória por este Colegiado, nos termos do art. 62 do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF/2015). Confirase a ementa do julgado: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, diretamente associado aos negócios realizados em moeda estrangeira. Consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços, pois todas as transações com residentes no exterior pressupõem a efetivação de uma operação cambial, consistente na troca de moedas. III – O legislador constituinte ao contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de exportação” conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras do negócio jurídico de compra e venda internacional. A intenção plasmada na Carta Política é a de desonerar as exportações por completo, a fim de que as empresas brasileiras não sejam coagidas a exportarem os tributos que, de outra forma, onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto. IV Consideramse receitas decorrentes de exportação as receitas das variações cambiais ativas, a atrair a aplicação da regra de imunidade e afastar a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. V Assenta esta Suprema Corte, ao exame do leading case, a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente Fl. 986DF CARF MF 14 da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos. VI Ausência de afronta aos arts. 149, § 2º, I, e 150, § 6º, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (STF, rel. Min. Rosa Weber, RE nº 627815 / PR, DJe 30/09/2013). (g.n.) Consequentemente, os valores correspondentes à variação cambial obtida nas operações de exportação de produtos devem ser subtraídos da base de cálculo da contribuição lançada. O lançamento, contudo, a esta matéria não se resume. Conforme registrado no Relatório da Atividade Fiscal de fls. 12/14, também decorre da não tributação do resultado das receitas decorrentes de variação cambial ativa sobre contas de variações cambiais sobre obrigações e da dedução, das contas de receitas financeiras, de valores sem origem definida. Vejam: a) Não oferece a tributação, a totalidade das variações cambiais sobre os direitos. b) Não oferece à tributação o resultado das receitas com as variações cambiais ativas sobre as contas de variações cambiais sobre obrigações. c) Deduz da base de cálculo do PIS, das contas de receitas financeiras, 7501.5000, 7501.7000, 7503.2500, 7503.4000, 7504.6000, 7509.0000 e 7509.0100, em determinados meses, valores sem origem, fazendo com que a base de cálculo do PIS, seja inferior a real. Assim, considerando a inclusão do resultado das receitas com variações cambiais ativas sobre as contas de variações cambiais sobre obrigações e as deduções havidas em determinadas contas de receitas financeiras, foram elaboradas as seguintes Planilhas da Base de Cálculo do PIS e da COFINS, em relação aos períodos: É, portanto, necessário apreciar o momento da contabilização da receita com origem na variação cambial, que, segundo defende a contribuinte, só se configura como receita tributável no momento da liquidação da operação. Todavia, como bem exposto no voto condutor do acórdão recorrido e nas contrarrazões ao seu recurso, a norma legal permitia ao contribuinte escolher o regime de tributação das variações cambiais. Caso optasse pelo regime de competência, se afigurava mensalmente necessária a atualização de seus direitos e de suas obrigações, a fim de se apurar o resultado correspondente. Caso a opção fosse pelo regime de caixa, apenas na liquidação da operação é que as receitas de variação cambial seriam oferecidas à tributação. É o que preconiza o art. 30 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de Fl. 987DF CARF MF Processo nº 11080.011288/200372 Acórdão n.º 9303004.605 CSRFT3 Fl. 981 15 renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1° À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. § 2° A opção prevista no § 1º aplicarseá a todo o ano calendário. § 3o No caso de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias, em anoscalendário subseqüentes, para efeito de determinação da base de cálculo dos tributos e das contribuições, serão observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal. § 4o A partir do anocalendário de 2011: (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) I o direito de efetuar a opção pelo regime de competência de que trata o § 1o somente poderá ser exercido no mês de janeiro; e (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) II o direito de alterar o regime adotado na forma do inciso I, no decorrer do anocalendário, é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio.(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 5o Considerase elevada oscilação da taxa de câmbio, para efeito de aplicação do inciso II do § 4o, aquela superior a percentual determinado pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) (Vide Decreto nº 8.451, de 2015) § 6o A opção ou sua alteração, efetuada na forma do § 4o, deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal do Brasil: (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) I no mês de janeiro de cada anocalendário, no caso do inciso I do § 4o; ou (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) II no mês posterior ao de sua ocorrência, no caso do inciso II do § 4o. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 7o A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinará o disposto no § 6o. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) Art. 31. Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS poderá ser excluída a parcela das receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, submetida à tributação, segundo o regime de competência, relativa a períodos compreendidos no ano calendário de 1999, excedente ao valor da variação monetária Fl. 988DF CARF MF 16 efetivamente realizada, ainda que a operação correspondente já tenha sido liquidada. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase à determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro devidos pelas pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado. (grifamos) No presente caso, tendo a contribuinte optado pelo regime de competência, não há como apurar o resultado da variação cambial pelo regime de caixa. Tais receitas integram a base de cálculo do tributo no período de apuração em que se verificar a variação cambial, independentemente da liquidação da operação correspondente. Ante o exposto, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. No que se refere ao recurso especial interposto pela contribuinte, conheçoo e, no mérito, doulhe parcial provimento, apenas para excluir da base de cálculo do PIS, em face da imunidade constitucional, a receita decorrente da variação cambial auferida em face das operações de exportação. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 989DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.907544/2009-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2002
COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO STF. A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006.
COMPENSAÇÃO. EXTENSÃO ADMINISTRATIVA DE DECISÕES JUDICIAIS. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 62 do RICARF, deve ser estendido aos casos concretos a interpretação vertida no RE nº 357.950/RS, por força do que restou decidido no RE nº 585.235/MG.
PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. Não se reconhece o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte, quando o valor solicitado não foi ratificado pelo Fisco em atendimento à solicitação de diligência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO STF. A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. COMPENSAÇÃO. EXTENSÃO ADMINISTRATIVA DE DECISÕES JUDICIAIS. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 62 do RICARF, deve ser estendido aos casos concretos a interpretação vertida no RE nº 357.950/RS, por força do que restou decidido no RE nº 585.235/MG. PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. Não se reconhece o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte, quando o valor solicitado não foi ratificado pelo Fisco em atendimento à solicitação de diligência. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 75 44 /2 00 9- 72 Fl. 108DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução nº 3803 000.319, depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Belchior Melo de Santos, antes de ser a mim redistribuído pelo fato de o Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados desta 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo. Esta Contribuinte transmitiu a Declaração de Compensação DComp nº 40108.73175.180907.1.7.041187, em que utilizou como crédito pagamento indevido de Cofins relativa ao período de apuração setembro de 2002, no valor de R$ 47.573,34. Por meio do Despacho Decisório eletrônico de fl. 18/21, a DRF/Joaçaba não homologou a compensação por ter identificado que o pagamento correspondente ao DARF indicado na DComp encontravase integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em manifestação de inconformidade apresentada, fls. 2/7 a Recorrente esclareceu que extinguira o débito de Cofins, conforme declarado em DCTF, através do Darf informado no PER/DCOMP, e alegou que, por conta da posterior declaração de inconstitucionalidade do art.3°, § 1°, da lei n° 9.718/98, passou a possuir o crédito contra a Fazenda decorrente das contribuições que incidiram sobre as receitas financeiras, o qual, atualizado pela Taxa Selic, foi utilizado no PER/DCOMP em questão. Afirmou que em razão de no sistema da RFB o Darf recolhido estar vinculado ao débito mencionado, neste incluída a parcela referente as receitas financeiras, o crédito não foi localizado, todavia, ele existe e o direito de compensálo é garantido pela legislação. Alega que em razão de no sistema da RFB o Darf recolhido estar vinculado ao débito mencionado, neste incluída a parcela referente as receitas financeiras, o crédito não foi localizado, todavia, ele existe e o direito de compensálo é garantido pela legislação. Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis, fls. 25/28, considerou que: a) a inconstitucionalidade do artigo 3° da Lei n.° 9.718/98, apesar de ter sido prolatada pelo Plenário daquela Corte, o foi em sede de recurso extraordinário, cujos efeitos são restritos às partes integrantes da ação. Por não ter o Senado Federal expedido Resolução para retirar a vigência do dispositivo legal, não há eficácia erga omnes, não podendo os agentes públicos estender os efeitos dessa decisão para todos os contribuintes; b) a compensação do crédito alegado só poderia ser efetivada se a Recorrente tivesse identificado o crédito informado em DComp como decorrente de ação judicial Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10925.907544/200972 Acórdão n.º 3402004.096 S3C4T2 Fl. 109 3 transitada em julgado, indicando o número do respectivo processo judicial, para fins da oportuna análise, pela DRF, da pertinência e existência do crédito; c) o crédito contra a Fazenda Nacional que o sujeito passivo entende possuir e do qual pretende se utilizar para quitar o débito indicado deve estar corretamente identificado a fim de viabilizar sua exata pretensão; d) não é permitido em sede de análise de manifestação de inconformidade contra decisão que indeferiu o pleito do contribuinte, conceder crédito diverso do pedido, como também não o é à autoridade administrativa, que detém a competência para originariamente analisar pleitos desta natureza, no caso, a DRF; e) a compensação em questão, nos termos em que foi formalizada, de fato não poderia ter sido homologada pela DRF com base no argumento de que possui crédito disponível mas não o informado na DComp, e tampouco o poderia em sede de contencioso, por restar inexistente o crédito oferecido; f) em verificando que a Recorrente ter cometido algum erro de declaração, cabialhe têlo corrigido em tempo hábil, a fim de se assegurar que a análise de seu pleito fosse realizada de fato sobre o direito creditório que acreditava possuir. A Delegacia de Julgamento em Florianópolis (SC), proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. ANALISE DO CRÉDITO. LIMITE A análise do pedido de compensação formulado pelo contribuinte/pleiteante limitase ao escopo do que consta na DCOMP, não sendo permitido a autoridade administrativa conceder crédito diverso do pedido. Cientificada da decisão em 28/11/2011 (fl. 32), irresignada, apresentou em 15/12/2011, o recurso voluntário de fls. 33/37, em que, reiterou os exatos termos da manifestação de inconformidade. O processo digitalizado, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. Em 27/06/2013, os membros da extinta 3ª Turma Especial/3ª Sejul, reconhecem o bom direito da Recorrente (declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins), no entanto resolvem converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para fins de apuração da correta composição das bases cálculo, conforme Resolução nº 3801000.319, nos seguintes termos (fls. 48/53): "(...) Observo, à fl. 21 destes autos, que o despacho decisório não foi precedido de intimação eletrônica para que a Contribuinte tivesse ciência da integral alocação do DARF indicado como originário do crédito, procedimento ocorrente em inúmeras situações que apontavam para a inconsistência das informações prestadas na DComp e as constantes dos registros da RFB. A Fl. 110DF CARF MF 4 providência permitiria à Contribuinte esclarecer o fundamento do pagamento indevido e, com isso, suscitar o tratamento manual da DComp" (...). "(...) Por essas razões, entendo que o processo deve ainda ser instruído com a apresentação, pela Contribuinte, de demonstrativo de suas receitas que correspondam ao conceito de faturamento, com destaque das receitas financeiras, do decorrente valor da contribuição devida e do indébito, acompanhado dos respectivos registros contábeis que justifiquem as exclusões. Em vista do exposto, nos termos do art. 18, I, do Anexo I, do Regimento Interno do CARF, veiculado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, voto por converter o julgamento em diligência, para que a DRF/Joaçaba intime a Contribuinte à apresentação de planilha e os registros contábeis que confirmem a apuração do crédito feita pela Contribuinte e se é suficiente para extinguir o débito por ela compensado. Após a apuração, dêse ciência à Contribuinte para que se manifeste no prazo de 30 dias, nos termos do art. 35, I, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, retornando, em seguida, os autos a este CARF". Os autos, então, foram encaminhados à DRF em Joaçaba (SC), para cumprimento da referida Resolução. Visando o atendimento da diligência solicitada, a fiscalização intimou a RENAR a apresentar demonstrativo de suas receitas, segregadas entre aquelas que correspondam ao conceito de faturamento e aquelas correspondentes a receitas financeiras ou outras receitas, acompanhados dos respectivos registros fiscais e contábeis comprobatórios. Após a conclusão dos trabalhos, o Fisco prolatou a Informação Fiscal de fls. 97/101 e intimou a Recorrente para ciência da Resolução do CARF, bem como, do resultado constante na Informação Fiscal dela decorrente. Decorrido o prazo constante na intimação, não consta dos autos manifestação da interessada, conforme se observa no Despacho da DRF à fl. 105: "1 Devidamente cientificada da IF, no prazo dado à empresa, 30 (trinta) dias contados da ciência, a mesma não se manifestou". Assim, após serem cumpridos todos os dispositivos da Resolução nº 3803 000.319, o processo retornou a este CARF e foi sorteado para este Conselheiro para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, relator. Como já analisado na Resolução o recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomase conhecimento. 1. Do direito Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10925.907544/200972 Acórdão n.º 3402004.096 S3C4T2 Fl. 110 5 A questão posta em discussão cingese ao direito ao crédito de COFINS pago com base no art. 3º, § 1, da Lei n° 9.718, de 1998, que foram posteriormente declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme muito bem asseverado pela Resolução nº 3803000.319, a Lei nº 9.718/98, conversão da Medida Provisória nº 1.724/98, estendeu o conceito de faturamento, base de cálculo das contribuições PIS e COFINS, definindoo no §1º do art. 3º como "receita bruta" da pessoa jurídica, e esta seria “a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”. Ocorre, todavia, que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390.840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/PR, do Ministro Ilmar Galvão, pacificou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à Cofins, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. No mais, o STF, no julgamento do RE nº 585.235, publicado no DJ nº 227 do dia 28/11/2008, julgado no qual havia sido aplicada a repercussão geral da matéria em exame, reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Neste sentido, há de se observar o artigo 62, II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, que dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral. Além do mais, em consonância com o entendimento da Excelsa Corte, a Lei º 11.941/09 revogou expressamente o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Desta forma, é incontroverso o bom direito da recorrente em relação aos recolhimentos à título de COFINS nos períodos de apuração apontados nos pedidos de restituição, tendo em vista que esse litígio administrativo tem como objeto principal a restituição de contribuição paga a maior com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS). 2. Da comprovação dos créditos Em que pese o direito da Recorrente, do exame dos elementos comprobatórios, foi constatado pela decisão a quo, que no caso vertente, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar a correta composição da base de cálculo da contribuição da COFINS e eventuais pagamentos a maior. No entanto, por força da Resolução nº 3803000.319, este processo foi convertido em diligência, para que a Delegacia de origem (DRF em Joaçaba SC), "(...) intime a Contribuinte à apresentação de planilha e os registros contábeis que confirmem a apuração do crédito feita pela Contribuinte e se é suficiente para extinguir o débito por ela compensado. Após a apuração, dêse ciência à Contribuinte para que se manifeste no prazo de 30 dias, nos termos do art. 35, I, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, retornando, em seguida, os autos a este CARF". Fl. 112DF CARF MF 6 O Fisco cumprindo as determinações deste CARF, realizou as diligências necessárias, intimando a Recorrente a apresentar informações e documentos fiscais/contábeis, bem como ao final, elaborou a Informação Fiscal de fls. 97/101 e procedeu ciência do resultado a interessada, oferecendolhe prazo para sua manifestação, o que não ocorreu. Ao final dos trabalhos, assim conclui a fiscalização, conforme demonstrado nos principais trechos abaixo reproduzidos: "(...) A segunda intimação foi atendida em 16/09/2015 (fls. 91/95), “Arquivo NãoPaginável – CD –Resposta à intimação” (fl. 96). Porém, novamente, a interessada apresentou apenas planilha de apuração da contribuição e o correspondente Darf de recolhimento, desacompanhados dos respectivos registros contábeis e demais documentos hábeis comprobatórios necessários para a validação da apuração realizada pela contribuinte". "(...) Em que pese a interessada ter apresentado planilha em que demonstra crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de Cofins, com valor compatível com o utilizado em DComp, entendemos não ser possível atribuir ao crédito demonstrado os atributos de certeza e liquidez, uma vez que não foram apresentados quaisquer registros contábeis ou outros documentos hábeis comprobatórios suficientes para dar suporte à demonstração do crédito pleiteado". "(...) No caso, com base nos elementos apresentados, somente ficou comprovado o recolhimento da Cofins no valor de R$ 57.804,47, mas não foram comprovadas as receitas, em especial as financeiras, que compuseram a base de cálculo desse débito". "(...) Ressaltamos, por oportuno, que a interessada foi intimada, por duas vezes, a apresentar os documentos necessários à apuração do crédito, mas não atendeu totalmente as solicitações. Desse modo, portanto, caberia inclusive o arquivamento do processo, conforme previsto no art. 40 da Lei nº 9.784, de 1999: "Conclusão: Em razão de todo o exposto, finalizamos a presente diligência concluindo que o direito creditório postulado na DCOMP nº 40108.73175.180907.1.7.04 1187, tem valor igual a 0 (zero), haja vista que, após ser intimada (por duas vezes) a apresentar os elementos de prova necessários, a interessada não logrou êxito em comprovar a certeza e a liquidez do crédito que opôs contra a Fazenda Nacional" (grifei). Concluída a diligência, a Recorrente foi devidamente intimada do resultado e não se manifestou, conforme confirma o Despacho da DRF à fl. 105. Pois bem. Como se observa no Relatório da fiscalização, a planilha apresentada pela Recorrente estava desacompanhada de qualquer registro contábil e demais documentos comprobatórios. Diante disso, foi novamente intimada, mediante Termo de Intimação Fiscal SAORT/DRF/JOASC nº 243/2015 (fls. 86/87), para apresentar demonstrativo de suas receitas, segregadas entre aquelas que correspondam ao conceito de faturamento e aquelas correspondentes a receitas financeiras, acompanhado dos respectivos registros contábeis e documentos hábeis comprobatórios. Ao final o Fisco concluiu que o direito creditório postulado na DCOMP nº 40108.73175.180907.1.7.041187, tem valor igual a 0 (zero), haja vista que, após ser intimada (por duas vezes) a apresentar os elementos de prova necessários, a interessada não logrou êxito em comprovar a certeza e a liquidez do crédito que opôs contra a Fazenda Nacional. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10925.907544/200972 Acórdão n.º 3402004.096 S3C4T2 Fl. 111 7 Como é condição indispensável à compensação de tributos, a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN), e uma vez não comprovada nos autos a existência de direito creditório líquido e certo da Recorrente contra a Fazenda Pública passível de compensação, não há o que ser reconsiderado na decisão dada pela autoridade administrativa. 3. Conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário apresentado, não reconhecendo o direito ao crédito requerido na DCOMP, nos exatos termos como restou consignado no Relatório Fiscal de Diligência prolatada pelo Fisco. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.911982/2009-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008
APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil-fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior.
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, o que logrou êxito demonstrar, parcialmente, após diligência efetuada.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado foi parcialmente comprovado.
PER. DIREITO CREDITÓRIO. PARTE INCONTROVERSA.
É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte, limitado ao valor ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à solicitação de diligência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-004.105
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Esteve presente ao julgamento o Dr. Matheus Lyon, OAB/DF nº 52.552.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, o que logrou êxito demonstrar, parcialmente, após diligência efetuada. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado foi parcialmente comprovado. PER. DIREITO CREDITÓRIO. PARTE INCONTROVERSA. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte, limitado ao valor ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à solicitação de diligência. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 91 19 82 /2 00 9- 09 Fl. 424DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento o Dr. Matheus Lyon, OAB/DF nº 52.552. Relatório O presente processo trata de Declaração de Compensação DCOMP, transmitida eletronicamente, de suposto crédito de COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, a ser compensada com débitos de outros tributos federais. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, prolatada pela DRJ em Brasília (DF) no Acórdão nº 0345.484, de 20/10/2011, que transcrevo a seguir: Tratase o presente processo da Declaração de Compensação (DCOMP) de nº 29009.13564.201008.1.3.047059, transmitida eletronicamente em 20/10/2008, com base em créditos relativos à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins. A contribuinte declarou no PER/DCOMP a existência de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, cujo DARF apresenta as seguintes características: (...). A partir das características do DARF foi identificado pelos sistemas da RFB, que o referido DARF, na verdade, havia sido utilizado integralmente para pagamento de outro débito, de modo que não existia crédito disponível para efetuar a compensação solicitada pela contribuinte no PER/DCOMP objeto da atual lide. Utilização dos pagamentos encontrados para o DARF discriminado no PER/DCOMP: (...). Assim, em 7/10/2009, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 3), cuja decisão não homologou a compensação dos débitos confessados por inexistência de crédito. O valor do Fl. 425DF CARF MF Processo nº 10120.911982/200909 Acórdão n.º 3402004.105 S3C4T2 Fl. 415 3 principal correspondente aos débitos informados é de R$ 211.364,03. Cientificado, via postal, dessa decisão em 20/10/2009 (fl. 28), bem como da cobrança dos débitos confessados na Dcomp, o sujeito passivo apresentou em 18/11/2009, manifestação de inconformidade à fl. 2, acrescida de documentação anexa. A contribuinte contesta a decisão proferida no Despacho Decisório, esclarecendo que, o crédito original declarado no presente PER/Dcomp encontrase devidamente retificado na DCTF. Informa o mês de referência da DCTF, a data da entrega da declaração e o número do recibo. É o relatório A Delegacia de Julgamento em Brasília (DF) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 426DF CARF MF 4 Em 16/12/2011, a Recorrente foi intimada do Acórdão da DRJ (fl. 70). Inconformada com a decisão da autoridade julgadora administrativa, em 13/01/2014, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, onde aduz em apertada síntese que (fls. 73/82): (i) houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual o débito não foi identificado pela SRFB. Em vista desse erro, a Recorrente procedeu à retificação da DCTF e informou à autoridade administrativa (quando da manifestação da inconformidade). Entende que com esta informação, à época, já era suficiente para a solução da questão, uma vez que foi em razão da não localização do crédito no sistema que a compensação foi indeferida (pelo despacho decisório eletrônico); (ii) a decisão recorrida reconheceu que a não homologação da compensação teve como fundamento o fato de a DCTF não indicar a existência do crédito, todavia, os julgadores de primeira instância entenderam que além da declaração retificadora, a Recorrente deveria comprovar, com base em sua escrituração contábil, a ocorrência dos fatos alegados na DCTF retificadora; (iii) embora entenda desnecessária a apresentação dessas novas provas, com a intenção de solucionar o litígio juntou aos autos os documentos fiscais contábeis que deram supedâneo à retificadora da DCTF e que justificam o crédito pleiteado. E, deste modo, requer a realização de diligência caso entendase necessário ao esclarecimento acerca do crédito compensado; (iv) não há nenhum impedimento para a apresentação de DCTF retificadora, ou prazo determinado na legislação para a apresentação da retificadora, desde que respeitado o limite temporal de 5 anos, aplicável a todas obrigações acessórias; (v) a retificação da DCTF esvazia o Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação apresentada e justifica a sua modificação, uma vez que no seu entender não resta mais dúvida acerca da existência de valores passíveis de compensação; (vi) por fim, requer seja dado provimento ao Recurso Voluntário apresentado para reformar o acórdão recorrido. O processo digitalizado, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. Em 24/07/2013, os membros da 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara/3ª Sejul, enntendem que há razoável dúvida quanto à certeza e liquidez dos alegados direitos aos créditos que a Recorrente pretende compensar. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para a Recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, resolvem converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3202000.123, nos seguintes termos (fls. 300/304): "(...) Em face do acima exposto, nos termos dos artigos 18 e 29 do Decreto n° 70.235/72, proponho a realização de diligência para que a autoridade fiscal da DRF Goiânia proceda à análise da documentação apresentada pela Recorrente em seu Recurso Voluntário, bem como intime a interessada para apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos que entenda necessários, a critério da fiscalização, com vistas a esclarecer e comprovar a existência dos supostos créditos suscetíveis de serem utilizados na compensação de tributos. Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10120.911982/200909 Acórdão n.º 3402004.105 S3C4T2 Fl. 416 5 Desta forma, os autos devem retornar à repartição de origem Delegacia da Receita Federal em Goiânia para realização da diligência solicitada. Ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal da DRF – Goiânia deverá elaborar Relatório Conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestando se sobre a existência de crédito líquido e certo suscetível de ser utilizado pela Recorrente na Declaração de Compensação apresentada. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Os autos, então, foram encaminhados à DRF em Goiânia (GO), para cumprimento da referida Resolução. Visando o atendimento da diligência solicitada, a fiscalização, após a Intimação da Recorrente e a conclusão dos trabalhos, prolatou a Informação Fiscal de fls. 400/403. Conforme consta no item 11 da referida Informação Fiscal (fl. 358), o Fisco consignou que: "(...) 16. Diante de todo exposto, concluo que há saldo credor parcial no montante de R$ 73.057,18, insuficiente para a homologação total da Declaração de Compensação de nº 29009.13564.201008.1.3.047059". Assim, após serem cumpridos todos os dispositivos da Resolução 3202 000.123, processo retornou a este CARF e foi sorteado para este Conselheiro para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, relator. Como já analisado na Resolução o recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomase conhecimento. 1. Do direito A recorrente utilizou em Declarações de Compensação (DCOMP) o pagamento do tributo COFINS, código de receita 5856, apurado em Junho de 2008, arrecadado em 17/07/2008, no valor originário de R$ 214.440,11. Compulsandose os autos, verificase que a questão posta em discussão, é que o pedido de compensação feito pela Recorrente foi indeferido por meio de Despacho Decisório eletrônico, em decorrência da “inexistência de crédito”. A Recorrente apresentou DCTF retificadora, informando este fato quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade. Entretanto, o acórdão recorrido manteve o indeferimento do pedido de compensação sob o argumento de que a interessada não apresentou qualquer elemento contábil demonstrando que teria havido pagamento a maior ou indevido e, Fl. 428DF CARF MF 6 deste modo, a Recorrente não comprovou a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação. Portanto, o fundamento da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante (escrituração contábil fiscal) que corroborase as informações apresentadas na DCTF retificadora. Em suas razões recursais, a Recorrente, quando da apresentação do Recurso Voluntário, afirma que houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual apresentou a retificadora da DCTF, sendo que este fato foi informado à autoridade administrativa e, no seu entender, seria suficiente para a solução do litígio (uma vez que o fundamento do Despacho Decisório seria apenas a inexistência de débito). Como o acórdão recorrido proferido pela DRJ/Brasília indeferiu sua manifestação de inconformidade, agora pela falta de apresentação de documentação probante que demonstrasse o seu direito, a Recorrente apresentou vários documentos, que entende serem suficientes para a devida comprovação do direito à compensação solicitada e requer a realização de diligência para o esclarecimento acerca do crédito compensado. Como é cediço, é condição indispensável à compensação de tributos a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN). Necessário, neste sentido, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos, o que pode ser demonstrados com base na análise da documentação contábil fiscal do contribuinte. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para a Recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, o presente julgamento foi convertido em diligência (Resolução nº 3202000.123), com vistas a esclarecer e comprovar a existência dos supostos créditos suscetíveis de serem utilizados na compensação de tributos. A DRF de Goiânia, cumprindo os termos da Resolução, proferiu a Informação Fiscal, apresentado as seguintes informações: "(...) 06. O código de receita 5856 trata da incidência da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins NãoCumulativa. Em consulta ao Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (Dacon), constatei as alterações em destaque: (...). 07. Por meio do Termo de Intimação Fiscal Seort nº 99/2015 (fl. 275), a contribuinte foi compelida a se manifestar sobre as alterações destacadas acima. 08. Em resposta à intimação, apresentou planilha de aquisições de mercadorias oriundas do exterior, bem como notas fiscais de entrada. 09. Na planilha da contribuinte, na coluna CV, apura o valor da Cofins. O somatório da Cofins apurada perfaz o montante de R$ 655.158,73. Fl. 429DF CARF MF Processo nº 10120.911982/200909 Acórdão n.º 3402004.105 S3C4T2 Fl. 417 7 10. Em consulta as informações extraídas do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), verifiquei que os nºs das Declarações de Importação indicadas nas notas fiscais apresentadas estão compatíveis com as informações extraídas do Siscomex. 11. Constatei ainda que os valores de Pis/Cofins indicados nas notas fiscais são compatíveis com os valores do Siscomex. Os valores da coluna CV (planilha apresentada pela contribuinte) estão compatíveis com os valores indicados nas notas fiscais apresentadas. 12. Nos termos do §1º, artigo 15, da Lei 10.865/04, há direito ao crédito de Pis/Cofins em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços. 13. Sendo assim, serão considerados os valores apurados para as notas fiscais apresentadas. O valor da Cofins confirmado foi de R$ 655.158,73. 14. Em consulta aos sistemas da RFB, não foi identificada nenhuma retenção da Cofins para o mês de junho de 2008. 15. A reconstituição do Dacon fica assim:(...). Conclusão 16. Diante de todo exposto, concluo que há saldo credor parcial no montante de R$ 73.057,18, insuficiente para a homologação total da Declaração de Compensação de nº 29009.13564.201008.1.3.047059. 17. Encaminho à EAT6 para cientificar a contribuinte desta informação, ressalvandolhe o direito de apresentar manifestação no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência e posterior encaminhamento ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais". Através da Comunicação nº 1.256/2015 (fls. 405/407) a Recorrente foi cientificado do teor da Informação Fiscal (Relatório de Diligência Fiscal) de fls. 400/403. Assim, transcorrido o prazo para apresentação de manifestação, o que não foi efetuado pela Recorrente, os autos retornaram a este CARF para prosseguimento do julgamento. Conforme já dito, é necessário, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos pleiteados no processo, o que NÃO pode ser confirmados em sua totalidade, uma vez que restou demonstrado que há saldo credor disponível para utilização nesta compensação no montante de R$ 73.057,18. Como é condição indispensável à compensação de tributos, a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN), e uma vez comprovada nos autos a existência PARCIAL de direito creditório líquido e certo da Recorrente contra a Fazenda Pública passível de compensação, há que ser reconsiderado a decisão dada pela autoridade administrativa e reconhecer o saldo credor no valor de R$ 73.057,18, nos exatos termos como restou consignado na Informação Fiscal de Diligência prolatada pelo Fisco (fl. 403). Fl. 430DF CARF MF 8 Conclusão Pelos fundamentos acima expostos, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário apresentado, concluindo que há saldo credor no montante de R$ R$ 73.057,18, para a Declaração de Compensação de nº 29009.13564.201008.1.3.047059. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 431DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720089/2014-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
CAPITALIZAÇÕES - CUSTO DO INVESTIMENTO - GANHO DE CAPITAL
No custo do investimento para fins de determinação do ganho de capital, devem ser incorporados todos os valores empregados pelo investidor para obter e manter a participação na sociedade investida, inclusive as capitalizações posteriores à aquisição.
Numero da decisão: 1401-001.780
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto.
(assinado digitalmente)
ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO, AURORA TOMAZINI DE CARVALHO.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto. (assinado digitalmente) ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente. (assinado digitalmente) GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO, AURORA TOMAZINI DE CARVALHO.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto. (assinado digitalmente) ANTONIO BEZERRA NETO Presidente. (assinado digitalmente) GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO, AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 00 89 /2 01 4- 46 Fl. 1711DF CARF MF 2 Relatório Em relação às peças iniciais de acusação e defesa, sirvome do relatório da autoridade a quo: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte identificada, autorizada pelo Mandado de Procedimento FiscalFiscalização nº 07.1.85.002011008215, foram lavrados os autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. 2. Os referidos autos de infração foram segregados da seguinte forma: (...) 3. Assim, conforme quadro acima, o presente processo trata apenas de auto de infração de IRPJ, referente à exclusão indevida de parcelas de amortização de ágio. Auto de infração de IRPJ 4. O auto de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 0002, 1341 a 1345 e 1405) exige o recolhimento de R$ 7.187.123,96 de imposto, R$ 5.390.342,97 a título de multa de lançamento de ofício de 75% e R$ 2.021.019,26 de juros de mora, totalizando R$ 14.598.486,19. 5. O lançamento fiscal, com base no lucro real anual, nos termos dos arts. 904 e 926 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999), decorre das infrações a seguir elencadas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 1319 a 1335). 6. Em relação à compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL acima do limite legal de 30%, conforme já mencionado, não faz parte destes autos, pois pertence ao processo de nº 16682.720088/201400. 7. De outra parte, a fiscalização apurou que a empresa “... DISTEL HOLDING S.A., na ocasião de sua extinção e incorporação à GLOBO COMUNICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES S/A em 31/12/2010, excluiu do lucro real, a título de ágios amortizados na realização do investimento, o montante de R$ 120.052.091,89”. 8. Após questionamento sobre a origem do valor, a contribuinte esclareceu que “... tal exclusão teve como fundamento o art. 426 do RIR/99, que determina qual é (sic) composição do valor contábil para efeito de ganho ou perda de capital na alienação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo patrimônio líquido”. Fl. 1712DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.711 3 9. Nesse sentido, a autoridade fiscal destaca que “... de acordo com referido dispositivo legal, o valor contábil, para efeito de ganho ou a perda de capital na alienação de investimento em coligada ou controlada, avaliado pelo patrimônio líquido, compõese da soma algébrica do valor do patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte (inciso I), do ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte (inciso II), e da provisão para perdas que tiver sido computada, como dedução, na determinação do lucro real (inciso III)”. 10. Assim, a fiscalização verificou que “... os R$ 120.052.091,89, excluídos da apuração do lucro real em 31/12/2010, na realidade, subdividiamse em duas parcelas – uma de R$ 41.069.279,70 e outra de R$ 78.982.812,20 , correspondendo, respectivamente, aos ágios amortizados em relação aos investimentos da DISTEL HOLDING S.A. na DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA e da DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA na SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA”. 11. Para uma melhor compreensão dos fatos, foi destacado o seguinte: • “Em 15/07/2008, a DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES S.A., que detinha uma participação de 25,90% na SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA, foi extinta por cisão total e incorporada, nas proporções de 60,06% e 39,94%, à DISTEL HOLDING S.A e à GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A., respectivamente. A partir dessa reorganização societária, a DISTEL obteve uma participação de 15,56% na SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA;” • “Pouco antes de ser extinta e incorporada à GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A. em 31/10/2010 (sic), a DISTEL HOLDING S.A alienou, em 16/12/2010, sua participação no investimento na SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA.” Nota: a data correta da cisão/incorporação é 31/12/2010. 12. Entretanto, foram consideradas para efeito de ganho de capital na alienação do investimento que DISTEL HOLDING S.A. detinha de SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA, tanto a parcela de R$ 78.982.812,20 (ágio amortizado pela DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA referente ao investimento na SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA) quanto a parcela no valor de R$ 41.069.279,70 (ágio amortizado pela DISTEL HOLDING S.A. referente ao investimento na DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA). 13. Nesse ponto, esclarece a fiscalização que “... deverseia considerar, na composição do valor contábil para efeito de ganho de capital, apenas a parcela de R$ 78.982.812,20, correspondente ao ágio amortizado em relação ao investimento da DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA na SKY BRASIL Fl. 1713DF CARF MF 4 SERVIÇOS LTDA, e, de modo algum, a parcela de R$ 41.069.279,70, correspondente ao ágio amortizado em relação ao investimento da DISTEL HOLDING S.A. na DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA”. 14. Desse modo, a autoridade fiscal considerou que a exclusão do valor de R$ 41.069.270,70 não se enquadra em nenhuma das hipóteses admitidas pelo art. 250 do Regulamento do Imposto de Renda/1999. 15. Assim, do total excluído da apuração do lucro real em 31/12/2010 referente a ágios amortizados na realização do investimento, foi glosado, por ser considerado como exclusão indevida, a parcela de 41.069.279,70, referente ao ágio amortizado em relação ao investimento da DISTEL HOLDING S.A. na DTH COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA. Impugnação ao lançamento de IRPJ 16. Pessoalmente intimada em 11/02/2014 (fl. 1335), a interessada, por intermédio de seus representantes legais (mandatos às fls 1434 e 1435), apresentou, em 12/03/2014, a tempestiva impugnação de fls 1409 a 1432, instruída com os documentos de fls 1470 a 1574, cujo teor é sintetizado a seguir: a) A impugnante inicia sua defesa, em seu item “2”, tecendo comentários e esclarecimentos sobre os fatos e o auto de infração. Nesse sentido, afirma que “...no períodobase encerrado em 31.12.2010, DISTEL HOLDING S.A. (“DISTEL”) foi extinta por incorporação pela IMPUGNANTE, que, à época, detinha a totalidade de seu capital social. Com a referida incorporação, a IMPUGNANTE sucedeu DISTEL em todos os direitos e obrigações nos termos do art. 227 da Lei nº 6.404, de 15.12.1976 (Lei das Sociedades por Ações – LSA)”. b) Sobre os ágios amortizados na apuração do lucro real no anocalendário 2010, informa que decorreram dos seguintes fatos: (i) “DISTEL detinha participação indireta em SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA. (“SKY”) por meio de DTH COMÉRCIO S.A. (“DTH”).” (ii) “tanto os investimentos de DISTEL em DTH quanto os de DTH em SKY foram adquiridos por montante superior aos correspondentes valores de patrimônio líquido contábil (“PLC”); assim, por ocasião das referidas aquisições e em decorrência da aplicação do método de equivalência patrimonial (“MEP”), o custo de aquisição de DTH e SKY foi desdobrado entre PLC e ágio fundamentado em perspectivas de rentabilidade futura;” (iii) “considerando que o único ativo relevante de DTH consistia na participação societária em SKY (DOC. 02), o ágio registrado na contabilidade de DISTEL referente ao investimento em DTH estava atrelado às perspectivas de rentabilidade futura de investimentos indiretos em SKY (vide relatório de Avaliação Econômicofinanceira encomendado por DISTEL e DTH e elaborado por Fl. 1714DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.712 5 CONSEF – Consultoria Econômico Financeira S/C Ltda. – DOC. 03);” (iv) “DISTEL e DTH passaram a amortizar os referidos ágios periodicamente, para fins exclusivamente contábeis;” (v) “em 15.07.2008, DTH foi extinta em razão de cisão total tendo parte do seu patrimônio sido incorporado pela IMPUGNANTE (39,94%) e parte, pela DISTEL (60,06%). Como conseqüência, a IMPUGNANTE e DISTEL passaram a deter participação societária direta em SKY nas proporções de 10,34% e 15,56%, respectivamente e o ágio antes vinculado ao investimento em DTH passou a estar vinculado ao investimento em SKY;” (vi) “em 16.12.2010, DISTEL alienou seus investimentos em SKY e, pouco tempo depois, em 31.12.2010, foi incorporada pela IMPUGNANTE.” d) Ao transcrever parte do Termo de Verificação Fiscal, na qual a fiscalização justifica a infração, a empresa argumenta que “Depreendese, portanto, que a fiscalização entende que o ágio registrado por DISTEL, referente aos investimentos em DTH, deveria ter sido fiscalmente deduzido, à razão de 20% ao ano, a partir da incorporação, por DISTEL, da parcela patrimonial cindida de DHT, ocorrida em 2008, e não baixado integralmente por ocasião da alienação de SKY, ocorrida em 2010. Ou seja, segundo a fiscalização, com a incorporação da parcela cindida de DTH em DISTEL, o respectivo ágio desgarraria do investimento e se converteria em um ativo diferido (atualmente ativo intangível) de DISTEL, ao invés de vincularse à participação societária em SKY”. e) “O AUTO não questiona a origem, quantificação, fundamento econômico do ágio, nem tampouco a possibilidade de seu aproveitamento fiscal; o AUTO questiona apenas o cômputo integral de parte do ágio (a parcela amortizada do ágio que estava vinculado (sic) ao investimento de SKY para fins de apuração de ganho de capital auferido no períodobase encerrado em 31.12.2010.” f) No item “3” da impugnação, a fiscalizada tece suas argumentações referentes à dedutibilidade do ágio. Nesse sentido, inicia conceituando ágio e deságio mencionando a Lei das S/As (nº 6.404/76) e do DecretoLei nº 1.598/77, os procedimentos contábeis e fiscais, antes e depois do advento desses diplomas legais, e seus efeitos sobre o lucro da pessoa jurídica. g) Comenta também que “...os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10.12.1997, deixam claro que a junção de empresas, mediante processos de incorporação, fusão ou cisão, com eliminação de participações societárias existentes entre empresas envolvidas, tem o tratamento de liquidação de investimentos...”. Fl. 1715DF CARF MF 6 h) “Na identificação dos fundamentos do ágio há que se observar os princípios de contabilidade geralmente aceitos e podese dizer que existe ágio cujo fundamento econômico está relacionado a bem(ns) do ativo da controlada ou coligada e ágio cujo pagamento é justificado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações da empresa, os quais a tornam mais ou menos rentável. ... A par dos ágios antes tratados, há os que não têm fundamento econômico, os quais, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (‘CVM’), devem ser baixados de imediato”, conforme sua interpretação do art. 14 da Instrução CVM nº 247, de 27/03/96. i) Continua sua defesa discorrendo sobre as diferentes origens de ágio sobre o investimento previstas no art. 20 do Decretolei nº 1.598/77 e apresenta exemplo sobre o assunto (itens 3.10 a 3.23). j) Volta mencionar o art. 14 da Instrução CVM nº 247/96, argumentado que “A diferença entre o ágio referido no § 1º e no § 2º do art. 14 da Instrução CVM nº 247/96 é que um deles se vincula a ativos e outro a um conjunto patrimonial. Em ambos os casos – ainda que por motivos diversos – o ágio justificase em razão da diferença entre o valor de mercado e o valor contábil de itens patrimoniais. Para que se desgarre da participação societária, quer num caso, quer no outro, é necessário que tais itens patrimoniais se incorporem ao patrimônio da Investidora.” k) “No caso concreto, parcela do ágio de DISTEL vinculado aos seus investimentos indiretos em SKY já havia sido amortizada na contabilidade da empresa, mas tal situação em nada altera as conclusões acima descritas. Como o único ativo de DTH era sua participação em SKY, com a incorporação da sua parcela cindida de DTH, o ágio vinculado aos seus investimentos em SKY – tendo ou não expressão contábil – passou a vincularse diretamente aos investimentos em SKY.” l) “Ou seja, sob a perspectiva de DISTEL, a incorporação de DTH, simplesmente transformou em direto o investimento que antes detinha indiretamente em SKY. Essa mera substituição de investimentos não autoriza o aproveitamento fiscal integral do ágio amortizado ou sequer seu aproveitamento na forma como equivocadamente entende a fiscalização.” m) Comenta também sobre o ágio justificado com base na mais valia de um ativo específico, assim como, exemplifica as operações que devem ser efetuadas nesse caso (itens 3.28 e 3.29). Da mesma forma tece comentários sobre o ativo diferido e a diferenciação entre custos e despesas (itens 3.34 a 3.37). n) “Em síntese, para que o ágio pago na aquisição do investimento em DTH se transformasse em ativo diferido, cuja amortização fosse capaz de gerar encargos dedutíveis, nos termos da Lei nº 9.532/97, terseia que sustentar que parte do valor empregado por DISTEL na aquisição de DTH (a parte correspondente ao ágio) não teria qualquer relação com os investimentos em SKY, o que, indiscutivelmente, não é o caso.” Fl. 1716DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.713 7 o) “Ademais, como se observa do art. 426 do RIR, o ágio vinculado a investimentos avaliados pelo MEP integra o valor contábil do investimento a que se refere. Assim, suponhase que, logo após a incorporação da parcela cindida de DTH por DISTEL, as ações de SKY (que substituíram as ações de DTH, em razão de sua incorporação) fossem vendidas exatamente pelo mesmo preço pago por DISTEL pelas ações de DTH. Caso o ágio houvesse sido transferido para seus investimentos em SKY (como procedeu a IMPUGNANTE), nenhum tributo seria devido; se transformasse em um ativo diferido, continuaria sendo amortizado à razão de 20% ao ano e DISTEL auferiria ganho de capital. Que lógica haveria nisso? DISTEL teria recebido exatamente a mesma importância paga pelas ações da DTH e, apesar disso, auferiria ganho de capital.” p) “Em termos contábeis, restaria caracterizada a mesma distorção. DISTEL teria auferido ganho de capital no exercício em que ocorrida a venda de SKY e poderia até mesmo distribui lo como dividendos, continuando com um ativo diferido a amortizar sem auferir receitas com as quais esse ativo pudesse ser amortizado.” q) “Em suma, para que a amortização do ágio vinculado aos investimentos de DISTEL em DTH produzisse efeitos fiscais, seria necessário que DTH, além de holding de SKY, fosse empresa operacional e que o ágio existente em DISTEL estivesse atrelado ao segmento operacional de DTH, e não às perspectivas de rentabilidade do conjunto de bens, direitos e obrigações existente em SKY. Como não foi esse o caso, com a cisão de DTH e incorporação da parcela de DTH em DISTEL, o ágio vinculado aos investimentos de DTH em DISTEL passou a vincularse aos investimentos em SKY e, como acima, o produto da amortização do ágio relativo não poderia ser computado no lucro real.” r) Subsidiariamente, a empresa alega que “Mesmo que se admitisse estar correto o entendimento da fiscalização de que, por força da legislação vigente em 31.12.2007, o ágio registrado por DISTEL e vinculado aos investimentos desta em DTH, ainda que fundamentado na perspectiva de rentabilidade futura da SKY, teria se transformado em um ativo diferido de DISTEL quando da incorporação da parcela cindida de DTH – o que se faz apenas a título de argumentação – ainda assim o saldo de tal ágio deveria ser integralmente baixado quando da alienação de SKY”. s) “Com efeito, nesse caso, o ágio em questão deveria produzir efeitos fiscais a partir da incorporação, por DISTEL, da parcela cindida em DTH, à razão de 20% ao ano, já que, como visto, o mesmo teria se convertido em um ativo diferido em DISTEL. Todavia, com a alienação de SKY, não haveria mais a possibilidade de geração de receita que permitisse a recuperação do referido ágio, razão por que ele deveria ser integralmente baixado.” Fl. 1717DF CARF MF 8 t) “Na medida em que se transforma em um ativo diferido, o montante do ágio passa a ter tratamento idêntico ao dos custos, encargos ou despesas capazes de contribuir para a formação dos resultados de mais de um exercício.” Nesse sentido, cita os arts. 324 e 327 do RIR/99. u) “Vêse que, para as hipóteses de capital aplicado na aquisição de direitos (cuja existência ou exercício tenha duração limitada) ou de bens (cuja utilização, pelo contribuinte, tenha prazo legal ou contratualmente limitado), o RIR é expresso em estabelecer que “se a existência ou o exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo no período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem” (§ 3º do art. 324).” v) “Ainda que o referido § 3º do art. 324 do RIR não se refira a custos, encargos ou despesas que contribuam para formação de resultado de mais de um períodobase, quando eles não correspondem à aquisição de bem ou direito específico, com prazo de amortização vinculado à sua própria existência, tal norma é plenamente aplicável aos custos, encargos ou despesas em geral registrados no ativo diferido, neles compreendido o ativo diferido em que se converte o ágio fundamentado em perspectivas de rentabilidade, nos termos do art. 1º, inciso II da IN nº 11/99 e o art. 6º, inciso III, da Instrução CVM nº 319/99.” w) A empresa aborda também as hipóteses de contabilização e amortização do ativo diferido. x) “É verdade que, a prevalecer o entendimento da fiscalização, uma parcela do ágio em questão deveria ter sido amortizada nos anoscalendário de 2008 e 2009, anteriores à alienação de SKY.” y) “Considerando que DISTEL não apurou lucro tributável nesses períodosbase, o fato de ela não ter procedido à referida amortização não teria importado no pagamento a maior de IRPJ naqueles períodosbase.” z) “Não obstante, caso tivesse procedido à referida amortização, como defende a fiscalização, DISTEL teria apurado um saldo maior de prejuízos fiscais que, em razão do MS nº 2011.51.01.009100, poderia ser integralmente compensado com ganho de capital apurado na venda de SKY, produzindo efeitos idênticos ao da baixa integral do ágio no período base de 2010.” aa) “Em suma, a baixa integral do ágio não produziu quaisquer efeitos fiscais diversos daqueles que seriam obtidos com seu cômputo no lucro real do período entre a incorporação da parcela cindida de DTH em DISTEL e a alienação de SKY.” bb) Por fim, requer a impugnante que o auto seja julgado totalmente improcedente. Da decisão de primeiro grau Fl. 1718DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.714 9 A decisão recorrida (fls. 1580 a 1607) negou provimento à defesa após uma minudenciada análise fática, cujos principais pontos indicamos abaixo: a) traçou uma linha do tempo dos acontecimentos, segundo a qual: a1. Em 1998, DISTEL apurou ágio em DTH; a.2. No mesmo ano até 2008, amortiza o ágio, mas o reverte no LALUR; a.3. Em 1999, a DTH apura ágio em SKY; a.4. No mesmo ano até 2008, amortiza o ágio, mas o reverte no LALUR; a.5. Em 15/07/2008, DTH foi extinta por cisão total e incorporada à DISTEL e à Globo; a.6. Em 16/12/2010, DISTEL alienou sua participação em SKY; a.7. Em 31/12/2010, DISTEL foi incorporada à Globo. b) apresentou o esquema da linha temporal: Fl. 1719DF CARF MF 10 c) demonstrou que o Ágio DTH foi formado em duas oportunidades: em 15/12/1997, por uma alteração de contrato social, no valor de R$ 200.545,51; e em 31/07/1999, por outra alteração em contrato social, no valor de R$ 59.503.771,82. Ou seja, quase todo o ágio foi formado em 1999. d) demonstrou que o valor de R$ 41.069.279,70 corresponde à parcela já amortizada contabilmente do ágio de R$ 59.503.771,82. e) demonstrou que o valor do Ágio SKY foi formado por meio de várias operações societárias e que somou R$ 114.354.402,76 e que a parcela amortizada foi de R$ 78.982.812,20. f) concluiu que não seria possível comprovar que o Ágio DTH decorreria do investimento de DTH em SKY, dentre outras razões, porque na época da formação do Ágio DTH, apenas uma pequena parcela do Ágio SKY havia sido formado. Do recurso voluntário O sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 1.616 a 1.640, mediante reiterou (aliás, em boa parte, literalmente) as razões aduzidas na impugnação, mas dedicou parte da sua peça a contestar os fundamentos da decisão. Abaixo, reproduzo trecho do recurso que bem sintetiza as razões apresentadas pela defesa contra a decisão de primeiro grau: Das contrarazões Fl. 1720DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.715 11 A D. Procuradoria apresentou contrarazões recursais às fls. 16811700, mediante as quais teceu as seguintes considerações. Principia por uma explanação acerca dos fatos que originaram os ágios denominados pela Procuradoria por "Ágio DTH" e "Ágio SKY". Ao analisar a composição do "Ágio DTH", a Procuradoria concluiu que não haveria indicações, nos registros contábeis, do seu fundamento econômico. Argumenta ainda que há distinções entre o "Ágio DTH" e o "Ágio SKY", que não permitem identificar um com o outro. Nas suas palavras: A contribuinte retoma em, seu Recurso Voluntário, a tese de que o “Ágio DTH” deveria ser transformado em “Ágio SKY”, em virtude da cisão e incorporação da DTH COMÉRCIO, efetivada em 15/07/2008. (...) O problema da tese da contribuinte é que ela não comprovou o suposto vínculo do “Ágio DTH” com o investimento detido na SKY BRASIL, o que fundamentaria a pretendida transformação do “Ágio DTH” em “Ágio SKY”. Ao contrário, limitase a dizer que a DTH COMÉRCIO era holding não operacional e que, portanto, o ágio pago pela DISTEL HOLDING somente poderia dizer respeito ao valor de rentabilidade futura da SKY BRASIL. Isso fica explícito no trecho acima transcrito, no qual a recorrente sustenta a existência da relação entre o “Ágio DTH” e a rentabilidade futura da SKY BRASIL. Entretanto, a autoridade fiscal e a turma julgadora de primeira instância deixaram evidente que não poderia haver a confusão entre os ágios, da forma como defende a contribuinte. Isso porque faltaria, justamente, a comprovação de que a DISTEL HOLDING teria adquirido um investimento pautado na rentabilidade futura da SKY BRASIL. Em seguida, contesta o laudo apresentado pela defesa para fazer a vinculação do "Ágio DTH" com a rentabilidade futura da SKY. Abaixo, reproduzo os principais trechos das contrarazões: No intuito de se desincumbir do seu ônus, a contribuinte oferece à autoridade fiscal um laudo datado de 01/07/2000. (...) Por certo, o laudo trazido pelo contribuinte não serve para justificar o fundamento econômico do “Ágio DTH” como sendo a rentabilidade futura da SKY BRASIL. Como o laudo não foi elaborado à época em que o ágio teria sido pago (maisespecificamente, antes do pagamento), esse documento não pode ser aceito para a finalidade pretendida pela contribuinte. Isso porque o fundamento, razão ou justificativa econômica – que levam ao Fl. 1721DF CARF MF 12 surgimento de um ágio – devem ser entendidos como o elemento volitivo que faz uma empresa adquirir a participação societária de outra. O fundamento econômico, assim, não é um simples documento, mas sim a vontade real que fez parte do negócio firmado. A rentabilidade futura, por exemplo, traduz o interesse da empresa adquirente de auferir no futuro a rentabilidade que será distribuída pelo investimento adquirido. Ademais, a anterioridade do laudo econômico ao pagamento do ágio também decorre de uma questão de ordem lógica. E prossegue: Nesse ponto, cabe ainda relembrar que a operação que originou o “Ágio DTH” consistiu em um aumento de capital da DTH COMÉRCIO, cujo patrimônio líquido encontravase negativo antes da capitalização. Assim, a DISTEL HOLDING (à época GLOBO CABO) somente registrou o ágio nessa operação em virtude da diferença entre o valor aportado na DTH COMÉRCIO e o patrimônio líquido negativo desta pessoa jurídica. Naquela oportunidade, conforme demonstrado acima, não havia qualquer indicação ou menção no sentido de que o ágio estava sendo pago por causa da SKY BRASIL. Mais precisamente, no momento em que houve a capitalização da DTH COMÉRCIO, em 31/08/1999, não existia sequer estudo demonstrando a rentabilidade futura da SKY BRASIL. Portanto, somente é possível afirmar que o “Ágio DTH” surgiu em um processo de saneamento do patrimônio líquido negativo da DTH COMÉRCIO, sendo que a contribuinte não apresentou, em nenhum momento, provas que atrelassem o “Ágio DTH” ao investimento detido na SKY BRASIL. Subsidiariamente ainda aduz que: (...) ainda que se admita a possibilidade de incluir o “Ágio DTH” no valor contábil da SKY BRASIL, não se pode aceitar a integralidade do ágio proveniente da capitalização da DTH COMÉRCIO, ocorrida em 31/08/1999. Isso porque, de acordo com os dados apresentado acima, a DISTEL HOLDING não levou em consideração a alteração na participação societária da DTH COMÉRCIO no momento de registrar o ágio. Nessa perspectiva, somente poderia ser aceito como válido os valores de ágio que refletissem exatamente a aquisição de investimento, vale dizer, a nova participação societária que teria sido adquirida pela GLOBO CABO (antiga DISTEL HOLDING), em virtude da integralização do aumento de capital da DTH COMÉRCIO. É o relatório do essencial. Fl. 1722DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.716 13 Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Apesar das longas peças que se seguiram após a lavratura do auto de infração (a impugnação, a decisão da DRJ, o recurso voluntário e as contrarazões), o termo de verificação fiscal (fls. 1.3191.335) é bem conciso e retrata com precisão os fatos e o direito que a autoridade fiscal entendeu pertinente à espécie. O referido termo é composto por 17 (dezessete) laudas, a maioria das quais a autoridade fiscal usa para descrever os passos que adotou durante a fiscalização, bem como para descrever infração que não foi lavrada no presente feito. A acusação aqui contraditada está integralmente nas seguintes passagens: Fl. 1723DF CARF MF 14 (Seguiramse dois quadros com a demonstração numérica dos dois ágios) Fl. 1724DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.717 15 Em termos ainda mais sintéticos, DISTEL possuía um investimento em DTH com ágio (ÁGIO DTH) e DTH possuía um investimento em SKY também com ágio (ÁGIO SKY). Houve extinção da DTH por cisão total e DISTEL absorveu parte do patrimônio de DTH, inclusive parte do ÁGIO SKY. A princípio, devemos aplicar as disposições previstas no art. 386 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3000/99), uma vez que versa justamente sobre "Tratamento Tributário do Ágio ou Deságio nos Casos de Incorporação, Fusão ou Cisão": Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha Fl. 1725DF CARF MF 16 participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso I do § 2º do artigo anterior, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do § 2º do artigo anterior, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 1º). § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 2º): I o ágio em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; II o deságio em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 3º): I será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; II poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.718 17 tributos ou contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 4º). § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 5º). § 6º O disposto neste artigo aplicase, inclusive, quando (Lei nº 9.532, de 1997, art. 8º): I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor do patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. § 7º Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2º deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado (Lei nº 9.718, de 1998, art. 11). O referido artigo e seus subdispositivos fazem referência ao art. 385, que trata justamente da formação do ágio: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Fl. 1727DF CARF MF 18 § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 3º). No "custo de aquisição" a ser desdobrado em "valor pelo PL" e "ágio/deságio", devem ser incorporados todos os valores empregados pelo investidor para obter e manter a participação na sociedade investida, o que, no meu entender, se aplica às capitalizações posteriormente feitas à aquisição. Entendimento diverso levaria à conclusão de que esse valor poderia ser, de pronto, revertido para contas de resultado. De todo modo, a substância do ÁGIO DTH não foi questionada pela fiscalização, mas sim a sua apropriação contra o resultado, no caso, para fins de quantificar o ganho de capital. O tratamento tributário é definido pela natureza desse ágio. Nesse caso, não há que se perquirir uma comunicação entre os dois ágios, mas sim a vinculação do ÁGIO DTH com o investimento em SKY. Se o ÁGIO DTH decorre do investimento em SKY, deverá compor o seu custo para fins de apuração do ganho de capital. Se decorre de outras razões, deve seguir o tratamento próprio da respectiva razão. Seria uma rentabilidade futura e assim deveria ser amortizado em cinco anos? Mas qual, se DTH não era uma sociedade operacional e a única operacional acabava de ser alienada? Seria um bem, um intangível ou algum outro fundamento econômico? Mas qual? É bem verdade que o ônus de comprovar a natureza jurídica do ágio é do particular, mas essa prova não pode ser sacramental. Não pode ser exclusivamente um laudo específico elaborado previamente à data da aquisição do investimento. Afinal, como mesmo aduzido pela d. Procuradoria, compõem a sua formação posteriores aportes de capital, e para cada um desses aportes seria necessário um laudo prévio? A DISTEL não poderia aportar em DTH justamente porque ela continuava com interesses nessa sociedade em razão da sua participação em SKY? Seria necessário um laudo que atestasse o valor do ágio em face da rentabilidade futura de SKY? Na verdade, pela formação do ágio, muito provavelmente, o valor da rentabilidade futura de SKY não iria corresponder aos totais de aportes, pois estes foram feitos ao longo do tempo. Conforme consta inclusive das contrarazões da d. Procuradoria, este ágio foi composto por três valores, formados em três operações distintas, que se distribuíram no tempo. Não há como o total deles corresponder a um valor específico de rentabilidade futura num único instante temporal. Aliás, o próprio laudo (e não vejo motivos para duvidar da sua consistência técnica) apresentado pela defesa traz uma larga margem para o valor do negócio avaliado em 01/07/2000, isto é, de R$ 669.000.000,00 a R$ 1.399.000,00 (fl. 1537). O relevante para fins de aferição do custo a ser considerado na determinação do ganho de capital é saber se tais valores foram pagos/aportados em DTH e que compuseram o ÁGIO DTH, com a extinção de DTH guardam relação com o investimento em SKY e para tal basta perquirir a existência de uma outra razão econômica. Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 16682.720089/201446 Acórdão n.º 1401001.780 S1C4T1 Fl. 1.719 19 Não há, nos autos, sequer suspeita de qualquer outra razão econômica para o ÁGIO DTH. Pelo contrário, conforme o documento de fls. 1471, o ativo de DTH era composto quase que exclusivamente pelo investimento de SKY. Logo, na sua extinção, o ágio só poderia ser atribuído ao custo do seu único ativo, qual seja, o investimento em SKY. Aliás, me chamou a atenção também o fato de o Ágio DTH original corresponder ao total de R$ 59 milhões (isso pode ser visto na própria decisão da DRJ). Os R$ 41 milhões são relativos ao valor já amortizado contabilmente e revertido para fins fiscais. Se a apropriação do ÁGIO DTH ao custo do investimento fosse indevida, deveria o ágio ter sido glosado no seu montante integral de R$ 59 milhões e não apenas o valor dos R$ 41 milhões, que já haviam sido amortizados para fins contábeis, mas não fiscais. Ora, por que foi aceita a parcela não amortizada do ágio, mas não aquela que havia sido amortizada apenas com efeitos contábeis? Não há lógica nisso. Aparentame que a própria autoridade fiscal não compreendeu por completo as operações que repercutiram no custo da participação alienada. Tudo converge para a conclusão de que a razão econômica do ágio era o investimento em SKY. Logo, uma vez alienado, o seu custo, inclusive o ágio (valor, aliás, que só surge em razão da avaliação pelo patrimônio líquido), deve ser integralmente considerado para fins de apreciação do ganho de capital. Voto, pois, por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Fl. 1729DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.007832/2003-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998
Embargos. Omissão. Natureza do vício que levou ao reconhecimento da nulidade.
Identificada a omissão da decisão embargada quanto à identificação da natureza do vício que acarretou o reconhecimento da nulidade do auto de infração em tela, se material ou formal, tal vício há de ser sanado.
Acórdão que passa a ter validade com o seguinte teor:
auto de infração eletrônico. nulidade. alteração dos fundamentos de fato no julgamento de segunda instância. vício material.
Se o auto de infração toma como pressuposto de fato a inexistência do processo judicial indicado pelo contribuinte na DCTF ("Proc jud não comprovad"), e o contribuinte demonstra a existência deste processo, deve-se reconhecer a nulidade do lançamento por vício material, face à absoluta falta de amparo fático. Não há como se manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento.
Embargos acolhidos sem efeitos infringentes, para fins de sanar a omissão apontada, esclarecendo-se que se está diante de vício material.
Numero da decisão: 3301-003.197
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos opostos.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 Embargos. Omissão. Natureza do vício que levou ao reconhecimento da nulidade. Identificada a omissão da decisão embargada quanto à identificação da natureza do vício que acarretou o reconhecimento da nulidade do auto de infração em tela, se material ou formal, tal vício há de ser sanado. Acórdão que passa a ter validade com o seguinte teor: auto de infração eletrônico. nulidade. alteração dos fundamentos de fato no julgamento de segunda instância. vício material. Se o auto de infração toma como pressuposto de fato a inexistência do processo judicial indicado pelo contribuinte na DCTF ("Proc jud não comprovad"), e o contribuinte demonstra a existência deste processo, deve-se reconhecer a nulidade do lançamento por vício material, face à absoluta falta de amparo fático. Não há como se manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento. Embargos acolhidos sem efeitos infringentes, para fins de sanar a omissão apontada, esclarecendo-se que se está diante de vício material.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos opostos. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1825; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 406 1 405 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.007832/200375 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3301003.197 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2017 Matéria Nulidade do auto de infração Embargante COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA COPEL Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 EMBARGOS. OMISSÃO. NATUREZA DO VÍCIO QUE LEVOU AO RECONHECIMENTO DA NULIDADE. Identificada a omissão da decisão embargada quanto à identificação da natureza do vício que acarretou o reconhecimento da nulidade do auto de infração em tela, se material ou formal, tal vício há de ser sanado. Acórdão que passa a ter validade com o seguinte teor: AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. NULIDADE. ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DE FATO NO JULGAMENTO DE SEGUNDA INSTÂNCIA. VÍCIO MATERIAL. Se o auto de infração toma como pressuposto de fato a inexistência do processo judicial indicado pelo contribuinte na DCTF ("Proc jud não comprovad"), e o contribuinte demonstra a existência deste processo, devese reconhecer a nulidade do lançamento por vício material, face à absoluta falta de amparo fático. Não há como se manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento. Embargos acolhidos sem efeitos infringentes, para fins de sanar a omissão apontada, esclarecendose que se está diante de vício material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos opostos. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 78 32 /2 00 3- 75 Fl. 406DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente). Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10980.007832/200375 Acórdão n.º 3301003.197 S3C3T1 Fl. 407 3 Relatório O auto de infração em questão (fls. 190 a 201 dos presentes autos) foi lavrado por suposta "falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata", tendo constado do "Anexo I Demonstrativo dos créditos vinculados não confirmados", que os créditos vinculados, informados como decorrentes de "Exigibilidade Suspensa", com base no Processo nº 95.00142740, não foram confirmados sob a ocorrência "Proc jud não comprovad" (vide fl. 195 dos autos). Ou seja, o auto de infração em deslinde foi lavrado sob o fundamento de que o contribuinte não teria comprovado a existência do processo judicial em tela, através do qual teria restado suspensa a exigibilidade do crédito tributário. Ao analisar o caso, a DRJ em Curitiba/PR, entendeu por negar provimento à Impugnação do contribuinte, em decisão não unânime que restou assim consignada: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 Ementa: ATIVIDADE DE LANÇAMENTO. OBRIGATORIEDADE. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, fazendose necessária sempre que presentes os pressupostos legais, não lhe obstando a existência de ação judicial e de depósitos. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. APLICAÇÃO. LEGALIDADE. São aplicáveis no lançamento fiscal, por falta de recolhimento, a multa de oficio e os juros de mora previstos em lei, ainda que em face da existência de depósitos judiciais. Lançamento Procedente Em seu voto, fundamentou o Relator de primeira instância administrativa no sentido de que o depósito judicial realizado pelo contribuinte em ação judicial o fiscal confirmou a realização de depósito do montante integral quanto aos meses de janeiro e março a dezembro de 1998, tendo informado que o depósito relativo ao mês de fevereiro de 1998 teria sido insuficiente para cobrir a integralidade do débito correspondente a tal período não teria o condão de impedir o lançamento tributário nem a cobrança de multa e acréscimos legais relacionados, pois seria apenas causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Concluiu que, em tal cenário, apenas a conversão em renda teria o condão de extinguir o crédito tributário, nos moldes do que dispõe o art. 156, VI do CTN. É importante mencionar que constou da referida decisão declaração de voto do julgador Jorge Frederico Cardoso de Menezes, por meio do qual discordou em parte do voto vencedor, tendo votado pela "PROCEDÊNCIA EM PARTE do lançamento, no sentido de cancelar a exigência de PIS/PASEP, relativa aos meses de janeiro e de março a dezembro de 1998, bem assim respectivas multas lançadas de oficio e juros moratórios, mantendo, todavia, a exigência de PIS/PASEP, concernente ao mês de fevereiro de 1998, bem assim respectiva multa lançada de oficio e juros de mora". Fl. 408DF CARF MF 4 Insatisfeito com o teor do acórdão prevalente, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário por meio do qual alegou, resumidamente: (i) que houve equívoco na decisão recorrida, uma vez que esta analisou equivocadamente os fatos, tendo deixado de observar que, no momento da lavratura do auto de infração (17/06/2003), o crédito tributário em baila já havia sido extinto pela conversão em renda, realizada quatro anos antes da lavratura do auto de infração (20/10/1999); (ii) que a pendência existente no processo judicial trata de competências diferentes das que são objeto deste auto de infração, pelo que a conversão dos valores realizada no processo judicial teria se dado de forma a extinguir integralmente o crédito tributário objeto desta lide, e não parcialmente, como entendeu a DRJ. Ato contínuo, foi proferida em 05 de dezembro de 2006 decisão através da qual o Recurso Voluntário deixou de ser conhecido por inexistência de bens ou depósito recursal (condição à época necessária para a interposição do referido recurso). Face a tal decisão, o contribuinte interpôs Recurso Especial, por meio do qual ressaltou que a exigência de depósito recursal ou arrolamento de bens seria inconstitucional, conforme declarado pelo STF na ADIN 1976, além de a referida decisão divergir de outras proferidas pelo CARF. Ao analisar tal recurso, a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais determinou o retorno dos autos à Turma de Julgamento deste Conselho, para que apreciasse o Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Ao analisar o referido Recurso Voluntário, este Conselho entendeu por provêlo, para fins de declarar nulo o auto de infração em epígrafe em sua integralidade, diante da ausência de suporte fático para a sua fundamentação (existência de processo judicial devidamente comprovada pelo contribuinte). A referida decisão restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. NULIDADE. ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DE FATO NO JULGAMENTO DE SEGUNDA INSTÂNCIA. Se o auto de infração toma como pressuposto de fato a inexistência do processo judicial indicado pelo contribuinte na DCTF ("Proc jud não comprovad"), e o contribuinte demonstra a existência deste processo, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento. Recurso Voluntário Provido. A Fazenda Nacional, então, opôs embargos declaratórios, indicando a existência de omissão no julgado no que concerne à natureza do vício que teria levado ao reconhecimento da nulidade do auto de infração, se material ou formal. Uma vez admitidos os embargos declaratórios opostos, vieramme os autos conclusos para decisão. É o relatório. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10980.007832/200375 Acórdão n.º 3301003.197 S3C3T1 Fl. 408 5 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Conforme restou consignado na decisão embargada, uma vez que o auto de infração em tela fora lavrado sob o fundamento de que haveria "Proc jud não comprovad", e que a existência deste processo restou comprovada pelo contribuinte, deveria ser reconhecida a nulidade do auto de infração em relevo. Esta conclusão, inclusive, restou fundamentada nas decisões deste Conselho ali colacionadas e ora reproduzidas: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/1998 a 30/06/1998, 01/10/1998 a 31/12/1998 AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. NULIDADE. ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DE FATO NO JULGAMENTO DE SEGUNDA INSTÂNCIA. Se a autuação toma como pressuposto de fato a inexistência do processo judicial indicado pelo contribuinte na DCTF (proc jud de outro CNPJ), e o contribuinte demonstra a existência desse processo, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento. Teoria dos motivos determinantes. (Processo n. 10183.004152/2003 95, Acórdão n. 3803000.332 publicada em 16/09/2015). *** Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO NULIDADE FALSIDADE DO MOTIVO. REVISÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DE FATO NO JULGAMENTO DE SEGUNDA INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Se a autuação toma como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial em nome do contribuinte, e o contribuinte demonstra a existência desta ação, bem como que figura no pólo ativo, e, inexistindo revisão de lançamento a tempo, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles especificamente indicados no lançamento. Teoria dos motivos determinantes. (Processo n. 13976.000003/200238, Acórdão n. 3803006.921 publicada em 18/03/2015). Nesse contexto, esta Turma de Julgamento, quando do julgamento do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, entendeu por julgar nulo o auto de infração combatido em sua integralidade, diante da ausência de suporte fático para a sua fundamentação (existência de processo judicial devidamente comprovada pelo contribuinte). Nesta oportunidade, ao analisar o conteúdo dos embargos declaratórios opostos, verifico que, de fato, houve omissão do julgado no que concerne à indicação expressa da natureza do vício que maculou o auto de infração em tela, se material ou formal. Tal omissão, portanto, deverá ser sanada nesta oportunidade. Com base na análise dos fundamentos da decisão em comento, contudo, não resta dúvidas que se está diante de uma nulidade por vício material. Isso porque, o vício identificado (erro na fundamentação do auto de infração) representa um completo erro de Fl. 410DF CARF MF 6 subsunção do fato à fundamentação indicada na autuação (não há que se falar em inexistência de processo judicial), o que acarreta a configuração de vício material. Ou seja, no caso dos autos, está diante de vício nitidamente insanável, face à completa insubsistência da fundamentação constante do auto de infração lavrado. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisão deste Conselho proferida nos autos do Processo n. 11075.720472/201277, em que restou reconhecida o vício material, em razão de erro na fundamentação de auto de infração: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 05/01/2009 a 16/12/2011 NULIDADES. LANÇAMENTO DE OFÍCIO CALCADO NA DESQUALIFICAÇÃO DE CERTIFICADOS DE ORIGEM DA MERCADORIA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. VÍCIO MATERIAL. A utilização, como fundamento do auto de infração, de ato declaratório executivo expedido ao cabo do processo de investigação de origem no qual a Administração Tributária não especifica os fatos e as razões que conduziram à desqualificação dos certificados de origem eiva o auto de infração de nulidade insanável, por vício material, rendendo ensejo à decretação de sua nulidade por cerceamento do direito de defesa. Recurso voluntário provido. (Acórdão 3402003.700, Relator Antonio Carlos Atulim, 15/12/2016). (Grifos apostos). Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Embargos Declaratórios opostos pela Fazenda Nacional, sem efeitos infringentes, tão somente para fins de, sanando a omissão apontada, esclarecer que a nulidade do auto de infração em comento decorre de vício material. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 411DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.912467/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
TRIBUTO PAGO A MAIOR PELO CONTRIBUINTE. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO MEDIANTE DILIGÊNCIA FISCAL. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (DÉBITO DO CONTRIBUINTE).
Restando evidente que houve erro no preenchimento da DCTF, relativamente a informação acerca de crédito, e comprovada (por meio de diligência fiscal) a efetiva existência do crédito do contribuinte, é evidente o direito creditório do contribuinte, exatamente conforme alegado em suas DCOMPs.
Numero da decisão: 2201-003.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
EDITADO EM: 12/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator. EDITADO EM: 12/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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COMPENSAÇÃO Recorrente FUNDACAO DOS ECONOMIARIOS FEDERAIS FUNCEF Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 TRIBUTO PAGO A MAIOR PELO CONTRIBUINTE. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO MEDIANTE DILIGÊNCIA FISCAL. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (DÉBITO DO CONTRIBUINTE). Restando evidente que houve erro no preenchimento da DCTF, relativamente a informação acerca de crédito, e comprovada (por meio de diligência fiscal) a efetiva existência do crédito do contribuinte, é evidente o direito creditório do contribuinte, exatamente conforme alegado em suas DCOMPs. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. EDITADO EM: 12/04/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 91 24 67 /2 00 9- 10 Fl. 521DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 518 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Cuidase de processo administrativo em que se discute a não homologação da DCOMP 20981.43634.300707.1.3.042255, transmitida em 28/05/2007, com crédito de IRRF relativo referente ao 2º Decêndio/Dez/2006, apontado pela RECORRENTE no valor de R$ 106.115,21 (fls. 37/42). A RECORRENTE utiliza o mesmo crédito de IRRF acima especificado nas DCOMPs 12019.43414.130307.1.3.048135 e 01346.01081.280507.1.3.047950, apresentadas em 13/03/2007 e 30/07/2007, objeto dos processos nº 10166.911349/200986 e nº 10166.912459/200965, respectivamente. O valor objeto de cada DCOMP pode ser conferido através da seguinte tabela: Tendo em vista que todas as DCOMPs utilizam o mesmo crédito de IRRF apontado pelo RECORRENTE, os três processos foram analisados em conjunto e encontramse apensos. O processo nº 10166.911349/200986 foi objeto de apreciação por esta Turma julgadora em 06/11/2014, sob a relatoria do Conselheiro Eduardo Tadeu Farah. Em razão disso, adoto o relatório elaborado na ocasião: “Trata o presente processo de Declaração de Compensação, relativa a débito de IRRF – 3º Decêndio/Dez/2006, com crédito de pagamento a maior de IRRF – Rendimento do Trabalho Assalariado – Código 0561, referente ao 2º Decêndio/Dez/2006. Cientificada da nãohomologação da compensação, a interessada apresentou, tempestivamente, Manifestação de Inconformidade, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: ‘O fisco supôs a inexistência do crédito pelo simples cruzamento automatizado, matemático e linear, entre o valor do crédito declarado na Dcdmp débito declarado na Dctf, em comparação ao valor recolhido via Darf; Deveria ter havido uma prévia intimação para a regularização da incongruência identificada pelo sistema, e apenas na ausência de explicação, promover a recusa da homologação, sob pena de configurar violação ao princípio do devido processo legal e da ampla defesa, exigindose a anulação da decisão impugnada; Fl. 522DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 519 3 Assim, a motivação da decisão que negou a homologação não corresponde aos dados atualizados da Dctf, corrigidos por meio de Dctfretificadora, validamente transmitida, não esbarrando em nenhum dos impedimentos estabelecidas na instrução normativa, não havendo razão para se recusar os efeitos que lhe são inerentes anteriormente à notificação (ciência do Despacho Decisório); A verdade é que, de fato, houve recolhimento a maior que o devido, porque foram indevidamente incluídos na base de cálculo da retenção determinados valores relativos aos assistidos listados no anexo, conforme doc. 5. Requer, então, seja proferida outra decisão, considerando os dados atualizados da DCTF, ou então seja anulada a decisão por ofensa ao devido processo legal e à ampla defesa; Requer, ainda, que sejam julgados em conjunto as manifestações de inconformidade relativas às Dcomp 12019.43414.130.307.1.3.048135, 20981.43634.300707.1.3.042255 e 01346.01081.280507.1.3.047950, tendo me vista que utilizam o mesmo crédito e se referem à mesma Dcomp inicial.’ A 4ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou improcedente Manifestação de Inconformidade apresentada, consoante a ementa abaixo transcrita: ‘Se é facultado ao sujeito passivo apresentar inconformidade contra a não homologação da compensaç1 decisão que julgar improcedente a inconformidade, obedecendo processual administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. Compensação Pagamento a Maior Impossibilidade Liquidez e Certeza do Crédito do Sujeito Passivo – Credite Inexistente. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que compensação somente pode ser autorizada nas condições estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Direito Creditório Não Reconhecido’ Intimada da decisão de primeira instância em 17/05/2011 (fl. 251), a contribuinte apresenta Recurso Voluntário em 30/05/2011 (fl. 253/265), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Manifestação de Inconformidade.” Na oportunidade, a Turma Julgadora reconheceu que houve erro no preenchimento da DCTF pela RECORRENTE e que tal fato não foi observado quando proferido o Despacho Decisório, por meio do qual a autoridade administrativa não homologou a compensação, sob o argumento de que não haveria crédito disponível, tendo como base a DCTF original apresentada, e não a retificadora. Neste sentido, ponderou que não seria possível impedir a contribuinte de realizar a quitação dos débitos em razão da existência de erro já corrigido (inteiro teor do acórdão às fls. 270/274). Assim, foi dado provimento ao recurso voluntário para determinar o retorno dos autos à DRF de origem, para análise da DCTF Retificadora (fls. 44/50). O acórdão proferido na ocasião teve a seguinte ementa: Fl. 523DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 520 4 “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Não é nulo acórdão de primeira instância que analisou a integralidade dos elementos processuais e apreciou todos os argumentos impugnatórios suscitados pelo contribuinte. DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. DESPACHO DECISÓRIO. REANÁLISE. CABIMENTO. Restando patente a ocorrência de erro no preenchimento da DCTF, relativamente a informação acerca de crédito, cabível a reanálise de Despacho Decisório, nos moldes do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, levandose em consideração no encontro de contas a DCTF Retificadora.” A Fazenda Nacional, ciente do acórdão, não interpôs recurso (fl. 276). Quando da reanálise do caso, a DRF de origem emitiu a Informação Fiscal de fls. 286/287, abaixo transcrita em síntese: “(...) 5. DCTF's período dezembro de 2006 e DARF Através de consultas à DCTF retificadora/ativa 100.2006.2009.1850323121 recepcionada em 01/10/2009 e à DCTF original/cancelada 100.2006.2007.1820154004 recepcionada em 03/02/2007, é possível verificar que: • O valor total devido a título de IRRF – Código de Receita – 0561 – 2º Dec/Dez/2006 foi reduzido de R$12.468.789,28 para R$ 12.362.674,07, resultando em uma diferença de valor de R$ 106.115,21(fls. 283 – 285); • O DARF de valor R$ 11.594.014,11 teve sua utilização total reduzida para R$ 11.487.898,90, resultando em uma diferença de valor no montante de R$ 106.115,21 (fls. 283 – 285). • O pagamento no valor de R$11.594.014,11 foi confirmado, sendo que, do valor total recolhido, o montante de R$ 11.487.898,90 encontrase alocado a débito de IRRF, código de receita 056103, período de apuração 2º Dec/Dez/2006, declarado em DCTF Retificadora /Ativa de nº 100.2006.2009.1850323121 (fls. 283 – 285). • A diferença de valor no montante de R$ 106.115,21 encontrase reservada conforme tabela abaixo fls. 283 – 285. DCOMP PROCESSO Valor reservado no Sief 12019.43414.130307.1.3.048135 10166.911.349/200986 01346.01081.280507.1.3.047950 10166.912.459/200965 R$ 24.357,39 20981.43634.300707.1.3.042255 10166.912.467/200910 R$ 81.757,82 Total R$ 106.115,21 6. Apuração do crédito informado Levandose em consideração, para o encontro de contas a DCTF retificadora e, de acordo com as informações disponibilizadas nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, foi possível identificar um crédito original no valor de R$ 106.115,21. (...)” Fl. 524DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 521 5 Após a reanálise do pedido de compensação com base na DCTF retificadora, o presente processo retornou ao CARF para prosseguimento e análise do Recurso Voluntário. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Do reconhecimento do direito creditório após reanálise do caso com base na DCTF retificadora. Entendo que o caso não comporta maiores digressões. Esta turma julgadora (embora com composição distinta), quando da apreciação do presente processo em 06/11/2014 reconheceu o erro da RECORRENTE no preenchimento da DCTF, relativamente a informação acerca de crédito. Assim, decidiu por determinar a reanálise do caso, dessa vez levandose em consideração no encontro de contas a DCTF Retificadora. Tal decisão não foi objeto de recurso, conforme petição de fl. 276 da Fazenda Nacional. Portanto, encontrase superada a questão envolvendo o reconhecimento de erro da RECORRENTE no preenchimento da DCTF. Consequentemente, foi proferida Informação Fiscal de fls. 286/287 em que a autoridade fiscal identifica um crédito original no valor de R$ 106.115,21 relativo a IRRF (código de receita 056103) do período de apuração 2º Dec/Dez/2006, declarado em DCTF Retificadora /Ativa de nº 100.2006.2009.1850323121, exatamente conforme alegado pela RECORRENTE em suas DCOMPs. Importante ressaltar que o montante de R$ 106.115,21 representa o valor original do crédito da RECORRENTE. No entanto, na mesma Informação Fiscal é revelado que do crédito encontrase reservada conforme tabela abaixo: DCOMP PROCESSO Valor reservado no Sief 12019.43414.130307.1.3.048135 10166.911.349/200986 01346.01081.280507.1.3.047950 10166.912.459/200965 R$ 24.357,39 20981.43634.300707.1.3.042255 10166.912.467/200910 R$ 81.757,82 Total R$ 106.115,21 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 522 6 É de se estranhar a informação acima relativa ao valor reservado do crédito apurado pela RECORRENTE. Primeiro porque justamente a DCOMP inicialmente apresentada pela RECORRENTE (12019.43414.130307.1.3.048135, objeto do processo 10166.911.349/200986) não possui nenhum valor reservado do crédito. Ademais, é de se estranhar os valores acima reservados no Sief, uma vez que o montante dos débitos objeto das DCOMPs 01346.01081.280507.1.3.047950 e 20981.43634.300707.1.3.042255 são bem menores do que os valores reservados para elas no Sief, conforme abaixo: As informações acima são facilmente extraídas das DCOMPs, cujas informações colaciono abaixo: DCOMP 12019.43414.130307.1.3.048135, apresentada em 13/03/2007 (fls. 37/41 do processo nº 10166.911.349/200986) DCOMP 20981.43634.300707.1.3.042255, apresentada em 28/05/2007 (fls. 37/41 do processo nº 10166.912.467/200910) DCOMP 01346.01081.280507.1.3.047950, apresentada em 30/07/2007 (fls. 36/40 do processo nº 10166.912.459/200965): Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10166.912467/200910 Acórdão n.º 2201003.519 S2C2T1 Fl. 523 7 Conforme acima exposto, não se vislumbra a necessidade de reservar a totalidade do crédito de R$ 106.115,21 (valor original do crédito da RECORRENTE) para os débitos objeto das DCOMPs 01346.01081.280507.1.3.047950 e 20981.43634.300707.1.3.04 2255, cujos valores originários são R$ 83,48 e R$ 55.318,72, respectivamente. Portanto, verifico que o crédito de IRRF apurado pela RECORRENTE, relativo ao 2º Decêndio/Dez/2006, possui o valor originário de R$ 106.115,21. Conclusão Em razão do exporto, voto no sentido de julgar DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório da RECORRENTE. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 527DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.900041/2010-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 31/03/2007
FONTES PAGADORAS. DILIGÊNCIA.
Indefere-se pedido de diligência a ser realizada junto a fontes pagadora, considerado injustificado.
PETIÇÃO. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS
Inócua a petição para posterior juntada de documentos comprobatórios, se não foram após julgamento de 1ª instância e se não estão presentes as condições previstas nas alíneas do parágrafo 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, que o justifiquem.
PROVAS. ANÁLISE.
Descabe reconhecer crédito adicional de Saldo Negativo de IRPJ decorrente de retenções na fonte, se os documentos comprobatórios apresentados não o comprovam.
Numero da decisão: 1201-001.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da Relatora, vencido o Conselheiro Luis Henrique, que lhe dava parcial provimento.
Fez sustentação oral o Dr. Vitor Negreiros Feitosa, OAB/SP 246.837.
(documento assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EVA MARIA LOS- Relator.
EDITADO EM: 02/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Declarou-se impedido o conselheiro José Roberto Adelino. Ausente o conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado.
Nome do relator: EVA MARIA LOS
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DILIGÊNCIA. Indeferese pedido de diligência a ser realizada junto a fontes pagadora, considerado injustificado. PETIÇÃO. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS Inócua a petição para posterior juntada de documentos comprobatórios, se não foram após julgamento de 1ª instância e se não estão presentes as condições previstas nas alíneas do parágrafo 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, que o justifiquem. PROVAS. ANÁLISE. Descabe reconhecer crédito adicional de Saldo Negativo de IRPJ decorrente de retenções na fonte, se os documentos comprobatórios apresentados não o comprovam. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da Relatora, vencido o Conselheiro Luis Henrique, que lhe dava parcial provimento. Fez sustentação oral o Dr. Vitor Negreiros Feitosa, OAB/SP 246.837. (documento assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (documento assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 00 41 /2 01 0- 21 Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 3 2 EVA MARIA LOS Relator. EDITADO EM: 02/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Declarouse impedido o conselheiro José Roberto Adelino. Ausente o conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado. Relatório Trata o processo da Declaração de Compensação PER/DComp nº 14835.49476.310108.1.3.026498, págs. 263/268, em que o contribuinte requer o crédito de R$2.827.360,78 de Saldo Negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ do período de apuração 1º trim/2007, para compensação de débitos. 2. O Despacho Decisório págs. 270/173, reconheceu o crédito de SN IRPJ de R$2.625.307,60 e homologou em parte a PER/Dcomp, restando saldo devedor de R$220.743,10, exigido com multa e juros de mora; o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de págs. 2/12, em relação à qual a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belo Horizonte DRJ/BHE emitiu o Acórdão nº 0247.796, de 28 de agosto de 2013, págs. 281/287, reconhecendo o direito creditório adicional de R$165.042,66 e a homologação de compensação até este limite. 3. Cientificado em 21/02/2014, o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 21/03/2014, o recurso voluntário de págs. 298/310. 4. Que haja vista não ter sido reconhecido totalmente o crédito requerido, porque parte das retenções de IR na fonte não foi reconhecida, relata que apresentou sua Manifestação de Inconformidade demonstrando que i) ocorreu a retenção de IRRF pelas fontes pagadoras o que comprova a legitimidade dos créditos utilizados, independentemente das declarações/informações prestadas pelas empresas retentoras, consoante remansosa jurisprudência administrativa sobre a matéria; (ii) o Sr. Agente Fiscal, glosou parcialidade dos créditos pleiteados sem a análise exauriente da documentação fiscal da Recorrente, que comprova a retenção de IRRF e o cumprimento da obrigação tributária pela mesma; e (iii) em qualquer das hipóteses, pela regularidade dos procedimentos da Recorrente, esta não pode ser responsabilizada por inconsistências nas informações e nos pagamentos processados pelas fontes pagadoras, restando intocável do IRRF apropriado. 5. Advoga que, contrariamente ao decidido pela DRJ, i) os documentos que apresentou comprovam o crédito; ii) são imprescindíveis diligências nas fonte pagadoras, a fim de identificar as razões das divergências entre os documentos da recorrente e os registros da RFB, sob pena de violar os princípios do devido processo legal e verdade material. 6. Como o SN IRPJ pleiteado se originou de retenções pelas fontes pagadoras, reclama que a Autoridade Fiscal não analisou as informações contábeis, livros fiscais e documentos, que acosta, a fim de verificar os valores retidos. 7. Assevera que os débitos do PER/Dcomp estão extintos pela compensação. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 4 3 8. Ao desconsiderar os documentos que a Recorrente apresentou e ao indeferir o pedido de posterior juntada de provas, o Acórdão violou os princípios da ampla defesa e devido processo legal; por isso, reitera o pedido de produção de provas, caso o entendimento do relator seja de que as apresentadas não são hábeis para provar as retenções. 9. Assevera que o pedido de diligência não significa transferir o ônus da comprovação à Autoridade Administrativa e requer a reforma do Acórdão, nesse sentido, deferindose a realização 10. Diz que a verdade real dos fatos prepondera sobre potenciais irregularidades formais prestadas pelas fontes pagadoras, que não possuem o condão de afastar direito líquido e certo do contribuinte, assegurado pela legislação vigente e a Receita Federal do Brasil possui o dever de averiguar materialmente os fatos ocorridos, não podendo se amparar em circunstâncias formais ou fatores alheios e especulativos para determinar a inexistência do crédito declarado em PER/OCOMP, quiçá limitarse a cruzar dados eletronicamente como meio de exaurir os requisitos inerentes à compensação prevista no artigo 74, da Lei n° 9.430/96. 11. Transcreve textos e jurisprudência do CARF. 12. Assevera que não se trata de situação de inexistência do crédito declarado, mas sim de meros desencontros dos lançamentos contábeis efetuados pela Recorrente o das declarações prestadas pelas fontes pagadoras, que inviabilizariam a comprovação do saldo credor em questão, por força de desvios perpetrados no processamento eletrônico das declarações apresentadas à Autoridade Fiscal possivelmente por equívocos das próprias fontes pagadoras, que não pode se sobrepor a real apuração contábil da Recorrente. 13. Mas que Douta Autoridade Fiscal pretende, de maneira ilegal, não exercer com a devida diligência e cuidado o seu dever de fiscalizar as empresas retentoras e as respectivas declarações/recolhimentos efetuados pelas mesmas, transferindo à Recorrente a obrigatoriedade de demonstrar o cumprimento de obrigações tributárias de terceiros; mas tal atitude viola frontalmente os princípios da verdade material. 14. Dessa forma, necessário se faz reconhecer o direito aos créditos pleiteados. Voto Conselheiro Relator Eva Maria Los 15. À pág. 272, foram listadas no DD, as retenções de IRRF não confirmadas nos registros da RFB; e à pág. 287, retenções de IRRF adicionais reconhecidas pela DRJ: Despacho Decisório Acórdão DRJ CNPJ da Fonte Pagadora Código de Receita Valor PER/DCOMP Valor Confirmado Valor Não Confirmado Valor confirmado 00.394.429/005927 6190 149.321,55 00.000.000/303500 3251 1.907,29 634,56 1.272,73 00.394.429/003045 6147 95.160,42 59.422,64 35.737.78 Fl. 325DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 5 4 00.394.429/007202 6190 49,321,55 0,00 149.321,55 00.394.429/011650 6147 15.721,11 0,00 15.721,11 00.394.429/011650 8767 15.721,11 Total 262.110,37 60.057,20 202.053,17 165.042,66 6147 PRODUTOS RETENÇÃO EM PAGAMENTOS POR ÓRGÃO PÚBLICO IRPJ (var); CSLL 1%; Cofins 3%; PIS 0,65% 6190 SERVIÇOS RETENÇÃO EM PAGAMENTO POR ÓRGÃO PÚBLICO IRPJ (var); CSLL 1%; Cofins 3%; PIS 0,65% 8767 MEDICAMENTO ADQUIR DISTRIB/VAREJRET ORG PUBL IRPJ 1,2% ; CSLL 1% 1 Documentos, análise. 16. A Recorrente pleiteia que se analisem os documentos que acostou que assevera comprovarem o crédito que requer. Tais documentos foram apresentados junto com a impugnação e estão às págs. 23/260: a. págs. 23/26 listagem Notas Fiscais faturas emitidas para: i. CNPJ 00.394.429/11650 Ministério da Aeronáutica Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo, com retenção de 1% de CSLL; ii. CNPJ 00.394.429/007202 Ministério da Aeronáutica Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas, com retenção de 1% de CSLL; iii. CNPJ 00.394.429/003045 Ministério da Aeronáutica Diretoria de Material de Aeronáutica, com retenção de 1% de CSLL; b. pág. 27 registro interno de lançamentos de recebimentos, da empresa c. págs. 28/227 cópias de Notas Fiscais de Prestação de Serviços: i. para CNPJ 00.394.429/005927 Comando da Aeronáutica, Equipamento e Apoio de Brasilia, que não consta do quadro supra, , em confronto com registros internos de recebimentos/compensação; ii. para o CNPJ 00.394.429/003045, do quadro, contendo a anotação: "Reter 2,20% de IR e CSLL conf. art. 6º da Lei nº 9.430/96": 1. porém a maioria referente a outros períodos (por exemplo, 08/11/2006pág. 51/56, 01/11/2006, 13/11/2006, 15/11/2006, 25/08/2006, 30/08/2006, 09/11/2006, 10/11/2006, 14/06/2006 pág. 86, 08/12/2006pág. 104, 28/12/2006pág. 148, págs. 102/10305/01/2007), e não ao 1º trim/2007; 2. referentes ao 1º trimestre de 2007, somente as notas fiscais de págs. 112/119, 127, 128/130, 131/132, 133/147, 155/194, 202 e 206/227, que totalizaram a receita bruta de R$1.336.281,06, o que corresponderia à retenção de R$16.035,37 de IRRF; planilha detalhando as notas fiscais, datas, nºs e valores: Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 6 5 pág. data nº NF valor Bruto 112 17/01/2007 832355 17.817,50 113/114 17/01/2007 832359 955,88 115 17/01/2007 832360 63.211,49 116 17/01/2007 832362 2.384,76 117 17/01/2007 832363 3.410,55 118 17/01/2007 832366 2.245,88 R 18/01/2007 832846 1.036,05 128/129 10/01/2007 828558 10.400,40 130 11/01/2007 828829 2.156,62 131/132 05/02/2007 841087 13.938,53 133 12/01/2007 829312 67.883,53 134 12/01/2007 829324 316,96 135 12/01/2007 829359 48.779,10 136 12/01/2007 829360 13.593,46 137 15/01/2007 830173 1.137,60 138 15/01/2007 830174 2.575,49 139/141 08/01/2007 826376 77.991,06 142 08/01/2007 826583 5.419,41 143 08/01/2007 826881 203.050,26 144 09/01/2007 827366 33.254,43 145 09/01/2007 827367 3.566,53 146 09/01/2007 827373 3.190,03 147 09/01/2007 827692 107.485,18 155 03/01/2007 823187 29.658,01 156/157 03/01/2007 823188 6.737,12 158 03/01/2007 823815 61.239,61 159/160 17/01/2007 823744 111,35 161/162 19/01/2007 833416 43.185,90 163/164 19/01/2007 833684 43.218,91 165/166 19/01/2007 833685 96.180,94 167/167, 189/190 06/02/2007 841850 4.952,60 169/170, 191/192 06/02/2007 841951 1.104,50 171/172 19/01/2007 833569 5.515,23 173/174 22/01/2007 834449 1.510,82 175/176 22/01/2007 834452 4.128,32 177/178 22/01/2007 834476 96.180,94 179/180 22/01/2007 834477 2.266,23 181/182 22/01/2007 834478 1.099,41 183/184 23/01/2007 834976 16.082,88 185/186 23/01/2007 835001 60.530,48 187/188 23/01/2007 835048 365,70 193/194 06/02/2007 841852 7.217,76 202, 206 07/02/2007 842633 1.855,14 207/208 07/02/2007 842647 1.892,70 209/210 17/01/2007 832742 3.877,24 211 17/01/2007 832743 5.150,98 212/213 22/01/2017 835299 21.443,67 214/215 22/01/2017 835300 66.694,84 Fl. 327DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 7 6 216/217 31/01/2007 839058 6.574,96 218/219 31/01/2007 839059 2.618,23 220/221 31/01/2007 839061 27.495,10 222/223 31/01/2007 839062 2.902,30 224/225 31/01/2007 839063 687,64 226/227 31/01/2007 739064 25.425,36 IRRF Total 1.333.705,57 16.004,47 d. págs. 230/260 Registro de Saídas/Registro de Serviços Prestados, onde constam as notas fiscais . 17. Dos elementos apresentados: i. listagem Notas Fiscais faturas emitidas, mesmo especificando "Reter 2,20% de IR e CSLL conf. art. 6º da Lei nº 9.430/96", não comprova que a retenção efetivamente tivesse ocorrido, dado que a informação da fonte pagadora é divergente; ii. registro interno de lançamentos de recebimentos, da empresa se a empresa tivesse apresentado as Notas Fiscais, com o valor bruto, e correlacionassecom os correspondentes ingressos dos pagamentos (comprovados em extratos bancários) nos valores líquidos das retenções, poderia comprovar as retenções que alega, mas não o fez; iii. cópias de Notas Fiscais de Prestação de Serviços como relatado, apenas parte se refere ao período em análise, 1º trim/2007 e a empresa, cujo IRRF foi reconhecido apenas em parte, CNPJ 00.394.429/003045, as Notas Fiscais correspondem a IRRF de R$16.035,37; no entanto, a interessada requereu R$95.160,42, dos quais, foram confirmados R$59.422,64 portanto, nenhuma retenção a mais foi confirmada. iv. Registro de Saídas/Registro de Serviços Prestados, confirma as notas fiscais emitidas mas não a retenção. 2 Pedido de diligências nas fontes pagadoras. 18. Tivesse a interessada apresentado elementos como as Notas Fiscais, com o valor bruto, correlacionadas com os correspondentes ingressos dos pagamentos (comprovados em extratos bancários) nos valores líquidos das retenções, mesmo que uma amostragem, haveria motivo para deferir diligência, para confirmar a retenção e não informação em DIRF. 19. Em não existindo tal indício, descabe à Administração executar diligências relativas a provas que cabe ao contribuinte apresentar. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação Fl. 328DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 8 7 profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) 3 Pedido de produção de provas. 20. Reitera o pedido de produção de provas, caso o entendimento do relator seja de que as apresentadas não são hábeis para provar as retenções. 21. Observese que a petição foi apresentada na impugnação e repetida no recurso voluntário, sem apresentação de novas provas, apesar de o Acórdão DRJ ter considerado que eram insuficientes. 22. O Decreto nº 70.235, de 1972, disciplinou a questão nos seguintes termos: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º o A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. 23. Verificase que nenhuma das circunstâncias mencionadas está presente. Voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Fl. 329DF CARF MF Processo nº 13884.900041/201021 Acórdão n.º 1201001.567 S1C2T1 Fl. 9 8 Relator Eva Maria Los Relator Fl. 330DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.004691/2003-53
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 1999
LUCRO INFLACIONÁRIO. CISÃO PARCIAL. PERCENTUAL DE
VERSÃO DO ATIVO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO.
Comprovado o percentual de versão do ativo permanente decorrente de
operação de cisão parcial ocorrida anteriormente ao ano-calendário objeto da realização do lucro inflacionário procedida pela fiscalização, deve, esse percentual, ser considerado nos correspondentes cálculos.
Numero da decisão: 1803-000.684
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao Recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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(SUCESSORA DE ITATIAIA SEGUROS S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999 LUCRO INFLACIONÁRIO. CISÃO PARCIAL. PERCENTUAL DE VERSÃO DO ATIVO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. Comprovado o percentual de versão do ativo permanente decorrente de operação de cisão parcial ocorrida anteriormente ao ano-calendário objeto da realização do lucro inflacionário procedida pela fiscalização, deve, esse percentual, ser considerado nos correspondentes cálculos. Fl. 995DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes - Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Walter Adolfo Maresch, Marcelo Fonseca Vicentini, Sérgio Rodrigues Mendes e Luciano Inocêncio dos Santos. Fl. 996DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 10768.004691/2003-53 Acórdão n.º 1803-00.684 S1-TE03 Fl. 364 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido, na parte ainda objeto de litígio (fls. 328 a 330): Do lançamento O presente processo tem origem no auto de infração de fls. 48/51, lavrado pela Deinf/Rio de Janeiro-RJ em 22/05/2003, por meio do qual está sendo exigido o crédito tributário de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica-IRPJ, no valor de R$ 25.769,86, sem acréscimo da multa de oficio, conforme Nota COFIS/DINOL n° 2000/00043 (fls. 175/178), uma vez que a matéria apurada corresponde ao período de 01/01/1998 a 30/06/1998 da empresa Itatiaia Seguros S/A., CNPJ n° 33.057.431/001-43, incorporada pela interessada acima qualificada em 30/06/1998. O valor tributável decorre das seguintes irregularidades apuradas: [...]. 002. Adições não computadas na apuração do lucro real. Lucro inflacionário realizado — realização mínima. Falta de realização integral do saldo de lucro Inflacionário acumulado existente em 30/06/1998, da Itatiaia Seguros S/A., por força de sua incorporação pela interessada naquele período-base, conforme determina o art. 7° da Lei n° 9.065/1995, então no valor de R$ 158.185,25, conforme constante no Sistema de Acompanhamento do Prejuízo e Lucro Inflacionário-SAPLI de fls. 81/85 e descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 41/47. [...]. Da Impugnação [...]. Impugna o item 002, alegando, em síntese, que o lucro inflacionário, consignado no SAPLI, em abril de 2003, no valor de CR$ 4.901.358,00, estaria errado por não considerar que, em março de 1993, a empresa sucedida Itatiaia Seguros S/A. (antes denominada Boavista Itatiaia Companhia de Seguros) havia sido cindida parcialmente, vertendo 64 % do seu Ativo Permanente no patrimônio da Microalgas S.A., realizando, naquele momento, 64 % do seu lucro inflacionário acumulado, por força do art. 35 da Lei 8.541/1992, consolidado no art. 420, § 1°, do RIR/1980, que transcreve. Admite que a sucedida não transcreveu os valores de tal realização na sua Declaração de Ajuste Anual do ano de 1993, no item 02 do quadro 03 do anexo 7 e no item 03 do quadro 14 do Formulário I, correspondentes ao Lucro Inflacionário Realizado, mas que tal circunstância não autoriza desconsiderá-los devidamente realizados. Demonstra supostas realizações do Lucro Inflacionário existentes no Livro de Apuração do Lucro Real-LALUR da Itatiaia, onde o mesmo teria sido realizado Fl. 997DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES 4 mediante compensação direta com os saldos de prejuízos compensáveis do ano calendário de 1992 (fls. 256) e do mês de março de 1993 (fls. 257), alertando que, em maio de 1993, a Itatiaia realizou as parcelas do lucro inflacionário acumulado remanescentes de CR$ 723.698.676 e 114.022.029, recolhendo os impostos sobre elas incidentes também em maio de 1993, conforme DARFs que deixa de juntar, por não ter logrado localizá-los entre os documentos provenientes da Itatiaia, pedindo diligência para que tais pagamentos sejam localizados nos arquivos desta Secretaria. Resume afirmando que, em maio de 1993, a Itatiaia não mais possuía qualquer saldo de lucro inflacionário acumulado, e prossegue evocando que, mesmo que as parcelas não tivessem sido realizadas até aquela data, imperioso seria reconhecer que estaria extinto, por decadência, o direito da fazenda pública de exigi- los em 23/05/2003, quando então transcorridos 10 anos. Encerra pedindo seja exonerada inteiramente a exigência tributária em litígio. Da Diligência Considerando que a interessada protestou que o saldo remanescente no SAPLI, que embasou a autuação, equivocadamente decorreria somente de não ter sido considerado que, em março de 1993, a empresa sucedida, Itatiaia Seguros S/A., teria vertido 64 % de seu ativo permanente para a empresa Microalgas S/A. (observando que, na peça impugnatória, a interessada faz menção a março de 1993 como data da cisão, enquanto os documentos por ela acostados fazem referência ao mês de maio do mesmo ano como sendo o da ocorrência da Cisão), e em face da falta de documentos nos autos que propiciassem a certeza e precisão dos fatos relatados na peça impugnatória, com fundamento no artigo 29 do Decreto n° 70.235/1972, às fls. 269/270 o julgamento foi convertido em diligência para que fosse esclarecido: A exata data da cisão parcial da Itatiaia Seguros S/A. no ano de 1993; e, O efetivo percentual de seu ativo, sujeito a correção monetária, vertido na ocasião. Após intimada e reintimada pela Deinf/RJ, a interessada somente apresentou cópias de documentos já juntados aos autos que nada esclareciam e planilha, inicialmente sem assinatura do responsável, sem autenticação pela empresa e sem acompanhamento de documentação oficial hábil que demonstrasse a origem/veracidade dos valores transcritos, documentação esta que a interessada afirma não ter logrado êxito em localizar. Diante disso, a Deinf, em seu relatório de fls. 353 a 357, conclui que a data da cisão foi 21 de maio de 1993, data da Assembléia Geral Extraordinária que a determinou. Quanto ao percentual de realização do Ativo Permanente, que a interessada, na peça impugnatória, afirma ser de 64 % e que, nas respostas à diligência, ajusta para 66,75 % (juntando planilha de fl. 349 para justificar tal montante), a Diligência nada conclui, por falta de documentação e comprovação das variações ocorridas no Ativo Permanente da Itatiaia, e em face da dificuldade de obtenção de dados da mesma através da interessada, que, em muitos momentos, se contradiz. A decisão da instância a quo foi assim ementada, na parte ainda objeto de litígio (fls. 326 e 327): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999 Fl. 998DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 10768.004691/2003-53 Acórdão n.º 1803-00.684 S1-TE03 Fl. 365 5 [...]. LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO INTEGRAL OBRIGATÓRIA NA INCORPORAÇÃO. Quando de sua incorporação, a pessoa jurídica deve realizar integralmente o seu saldo de lucro inflacionário então existente. LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO PROPORCIONAL NA CISÃO PARCIAL. Para se considerar a realização obrigatória de lucro inflacionário oriunda de cisão parcial é imprescindível a correta apuração e comprovação dos valores de ativos sujeitos à correção monetária vertidos na ocasião. LUCRO INFLACIONÁRIO. COMPENSAÇÃO DIRETA COM PREJUÍZOS ACUMULADOS. INAPLICABILIDADE. Inexiste previsão legal que permita a compensação direta do lucro inflacionário acumulado com prejuízos fiscais, mormente quando tal compensação se daria em exercício cujo direito de retificação da Declaração já estaria expirado. [...]. Lançamento Procedente em Parte Cientificada da referida decisão em 20/02/2009, uma sexta-feira (fls. 345), a tempo, em 24/03/2009, apresenta a interessada Recurso de fls. 348 a 358, instruído com os documentos de fls. 359 e 360, nele argumentando, em síntese: a) que, em março de 1993, a sua sucedida Itatiaia Seguros S/A. (antes denominada Boavista Itatiaia Companhia de Seguros), havia sido cindida parcialmente, vertendo parte do seu ativo permanente no patrimônio da Microalgas S/A. (Microalgas); b) que, assim, está equivocado o valor de CR$ 4.901.358, consignado no Sapli, relativo ao lucro inflacionário acumulado em 1993, ao desconsiderar essa cisão parcial, uma vez que tal fato implicou na realização, naquele momento, de exatos 66,75 % do lucro inflacionário acumulado até então, por força do art. 35 da Lei nº 8.541, de 1992, consolidado no § 1º do art. 420 do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 85.450/80 (RIR/80); c) que o percentual do ativo permanente vertido no patrimônio da Microalgas está devidamente comprovado; d) que a parte "b" do Lalur comprova a realização daquele lucro inflacionário mediante compensação com prejuízos fiscais acumulados, e a mera falta de transcrição na DIPJ respectiva não autoriza desconsiderar o aludido fato; e) que a realização decorrente da cisão parcial em 1993, por determinação legal, é automática, não podendo a Fazenda Pública proceder ao Fl. 999DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES 6 lançamento de ofício quanto à parcela do lucro inflacionário compulsoriamente realizada nessa ocasião; e f) que, comprovada a cisão parcial da incorporada da Recorrente com versão de parte do seu ativo permanente no patrimônio de outra empresa, não pode ser abstraído esse fato para, como foi feito no auto de infração, transportar a correspondente parcela do saldo do lucro inflacionário acumulado até o ano-calendário de 1998 e, somente então, tributá-la, simplesmente porque, nesta data, ela não mais existia, realizada que foi naquela ocasião, repita-se, de maneira automática, por determinação legal. Em mesa para julgamento. Fl. 1000DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 10768.004691/2003-53 Acórdão n.º 1803-00.684 S1-TE03 Fl. 366 7 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Constou da decisão recorrida o seguinte (fls. 331): Ocorre que, após sucessivas tentativas desta Delegacia de Julgamento, com base nos documentos acostados aos autos, e da Delegacia de Instituições Financeiras-DEINF, durante a sua Diligência Fiscal, não ficou elucidado, quão menos comprovado, pela interessada e pelos documentos acostados aos autos, o efetivo percentual do ativo permanente sujeito a correção monetária que foi vertido para a empresa Microalgas S/A., quando da cisão parcial da Itatiaia em maio de 1993. Contudo, vê-se de fls. 232 e 314 do presente processo o seguinte documento (Termo de Justificação arquivado na Junta Comercial do Rio de Janeiro - Jucerja em 29/11/1994 - Anexo 1 - Acervo Líquido Cindido): Fl. 1001DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES 8 Já de fls. 235 e 316 foi juntado o seguinte documento (Laudo de Avaliação do Patrimônio Líquido Contábil arquivado na Jucerja em 29/11/1994): [...]. Da divisão do valor do Ativo Permanente constante do Balanço Patrimonial de Cisão em 31 de março de 1993 (CR$ 235.867.943.129,14) pelo montante do Ativo Permanente componente do Laudo de Avaliação da empresa na mesma data (CR$ 353.372.882.840,36) obtém-se o percentual vertido de 66,75 %, mesmo índice reclamado pela Recorrente em sua Defesa. Por outro lado, tratando-se de documentos devidamente registrados no órgão para tanto competente (Junta Comercial do Rio de Janeiro - Jucerja) anteriormente à presente ação fiscal, não vislumbra este relator como possam vir a ser rejeitados, sob o singelo argumento do fiscal diligenciante de não mais possuir a sucessora (por incorporação) os lançamentos contábeis e fiscais referentes àquelas operações (fls. 355 e 357). Veja-se que, se dúvida houvesse quanto aos valores acima apontados, deveria o fiscal diligenciante ter verificado, para confronto, as Declarações de Imposto de Renda das Fl. 1002DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 10768.004691/2003-53 Acórdão n.º 1803-00.684 S1-TE03 Fl. 367 9 Pessoas Jurídicas (Dirpj) do exercício de 1993, antes e depois da cisão, constantes dos arquivos e dos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), não se limitando apenas a exigir que a Recorrente as apresentasse (fls. 346). Como decorrência da admissão do percentual de realização do lucro inflacionário de 66,75 % no mês de março de 1993, resulta que o saldo de lucro inflacionário a realizar nos períodos seguintes se reduz a menos da metade, acabando por se exaurir por completo no mês de dezembro de 1994, mês em que o percentual de realização calculado montou a 98, 2191 % (realização de R$ 6.930.880) e que, com essa redução do mês de março de 1993, passa a ultrapassar os 100 %, conforme segue (fls. 323): Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 1003DF CARF MF Emitido em 23/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 19/11/2010 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 22/11/2010 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
score : 1.0
Numero do processo: 10675.000946/2007-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 20/08/2014
PIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. RETENÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA.
As alegações de retenção na fonte, desacompanhadas de elementos comprobatórios que as lastreiem, não são hábeis para desconstituir o lançamento formalizado em razão da falta de recolhimento do tributo devido.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 20/08/2014
COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. RETENÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA.
As alegações de retenção na fonte, desacompanhadas de elementos comprobatórios que as lastreiem, não são hábeis para desconstituir o lançamento formalizado em razão da falta de recolhimento do tributo devido.
Numero da decisão: 3401-003.460
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, negou-se provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que votava pela conversão em diligência.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 20/08/2014 PIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. RETENÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. As alegações de retenção na fonte, desacompanhadas de elementos comprobatórios que as lastreiem, não são hábeis para desconstituir o lançamento formalizado em razão da falta de recolhimento do tributo devido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 20/08/2014 COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. RETENÇÃO. CARÊNCIA PROBATÓRIA. As alegações de retenção na fonte, desacompanhadas de elementos comprobatórios que as lastreiem, não são hábeis para desconstituir o lançamento formalizado em razão da falta de recolhimento do tributo devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, negouse provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que votava pela conversão em diligência. ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 09 46 /2 00 7- 71 Fl. 585DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente). Relatório 1. Tratase de Autos de Infração, lavrados em virtude da constatação de débitos de PIS, situado às fls. 224 a 233, no valor histórico de R$ 28.294,98, e de Cofins, situado às fls. 234 a 241, no valor histórico de R$ 57.745,23, apurados entre os anoscalendário 2002 a 2003. 2. Os autos de infração foram lavrados em decorrência da falta de recolhimento, uma vez que discrepam os valores efetivamente devidos dos valores declarados e pagos, em conformidade com excerto extraído da fl. 235: "Confrontando as receitas de vendas de mercadorias e receitas financeiras decorrentes de descontos obtidos, registradas nos livros Diário e Razão Analítico (fls. 06 a 48), correspondentes aos anos de 2002 e 2003, com as receitas declaradas na (...) DIPJ (...) 2002 (fls. 73 a 84) e 2003 (fls. 139 a 150), constatamos que os valores registrados na contabilidade são superiores aos valores declarados, conforme demonstrado em planilhas de fls. 206 e 207". 3. Em 31/05/2007, a contribuinte, ora recorrente, cientificada do auto de infração, apresentou impugnação, situada às fls. 250 a 289. 4. Em 03/06/2009, a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) prolatou o Acórdão nº 0924.240, situado às fls. 537 a 542, sob a relatoria do AuditorFiscal Luiz Venancio Guida, conhecendo da impugnação para julgála parcialmente procedente, a fim de: (i) exonerar a contribuinte dos valores principais e dos acréscimos legais do PIS e da COFINS, de R$ 1.027,97 e R$ 4.747,89, respectivamente, em razão da decadência; e (ii) exigir da contribuinte os valores principais remanescentes de PIS e de COFINS, de R$ 10.612,11 e R$ 18.634,55 respectivamente, além dos encargos legais, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assumo: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003 DECADÊNCIA. Não tendo havido dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial para lançamento relativo ao PIS e à COFINS é de cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador, nos termos do parágrafo 4° do artigo 150 do CTN, em razão da publicação da súmula vinculante n° 8 do STF e do Fl. 586DF CARF MF Processo nº 10675.000946/200771 Acórdão n.º 3401003.460 S3C4T1 Fl. 987 3 disposto no Parecer PGFN/CAT n° 1.617, de 2008, uma vez que houve pagamento. FALTA DE RECOLHIMENTO. Constata a falta de recolhimento do PIS e da COFINS, sem que os elementos de prova passivos pudessem elidir o feito fiscal, há que se manter o lançamento. 5. A contribuinte, intimada da decisão via aviso postal em 24/08/2009, em conformidade com aviso de recebimento situado à fl. 546, interpôs, em 16/09/2009, conforme carimbo dos correios de fl. 579, recurso voluntário, situado às fls. 547 a 578, no qual alegou, em síntese, que a falta de recolhimento não existiu, de forma a acreditar a discrepância apontada pela autoridade fiscal a "(...) erros de preenchimento de declaração, onde o contador esqueceu de informar PIS e Cofins retidos quando do pagamento do 11º Batalhão de Engenharia de Construção", o que ensejou, no entendimento da recorrente, "(...) apenas falha na apresentação da declaração, e não supressão de impostos". É o relatório. Voto Conselheiro Relator Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. 7. Não há recurso de ofício por se tratar de valor inferior ao mínimo estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, vigente à época da prolação do acórdão recorrido. 8. Passase, portanto, unicamente à análise do argumento defendido pela contribuinte nas razões de seu recurso, no sentido de que o auto de infração não merece prosperar em virtude de se tratar de erro de declaração: "Como se vê, por todo o esposado, não existe toda a falta de pagamento levantada pela fiscalização, vez que ocorreu essa diferença em razão do contador da empresa não lançar as deduções que realizou com relação à COFINS retida pelo 11° Batalhão de Engenharia de Construção, os quais foram acima explicitados. Tratase de erro de informação, talvez por desconhecimento de como proceder nesse caso, mas não de supressão de Fl. 587DF CARF MF 4 tributos, devendo ser reformado o lançamento, sendo retirados os valores acima mencionados" (seleção e grifos nossos). 9. É preceito consabido que a constatação do mero equívoco na declaração, na condição de erro de fato, desde que comprovada por outros meios probatórios que importem aclarar as circunstâncias do caso concreto, possibilita ao aplicador declarar os efeitos tributários dos fatos efetivamente praticados. 10. No entanto, o que se verifica no presente caso é que a contribuinte alega ter deixado de reconhecer a retenção de valores referentes às contribuições sociais realizados pelo 11° Batalhão de Engenharia de Construção. Tratase, portanto, de unidade do Comando do Exército Brasileiro, sediada em Araguari/MG e, neste sentido, aplicase a regra de incidência na fonte do art. 64 da Lei nº 9.430/1996: Lei nº 9.430/1996 Art. 64. Os pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, estão sujeitos à incidência, na fonte, do imposto sobre a renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para seguridade social COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP. 11. Correto, portanto, o desdobramento realizado pelo julgador de primeira instância administrativa no seguinte trecho: Tendo em vista o disposto no artigo acima foi editada a IN/SRF/STN/SFC n° 23/2001, dispondo em seu preâmbulo “sobre a retenção de tributos e contribuições nos pagamentos efetuados a pessoas jurídicas por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal"; artigos abaixo transcritos: Art. 5º Os valores retidos na forma deste ato poderão ser compensados, pelo contribuinte, com o imposto e contribuições de mesma espécie, devidos relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. Parágrafo único. O valor a ser compensado, correspondente ao IRPJ e a cada espécie de contribuição social, será determinado pelo próprio contribuinte mediante a aplicação, sobre o valor da fatura, da alíquota respectiva, constante das colunas 02, 03, 04 ou 05 da Tabela de Retenção (Anexo I) Art. 28. O órgão ou a entidade que efetuar a retenção deverá fornecer, à pessoa jurídica beneficiária do pagamento, comprovante anual da retenção, até o dia 28 de fevereiro do ano subseqüente, informando, relativamente a cada mês em que houver sido efetuado o pagamento, conforme modelo constante do Anexo VII: I o código de retençao; II a natureza do rendimento; III o valor pago, assim entendido o valor antes de efetuada a retenção; IV o valor retido. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 10675.000946/200771 Acórdão n.º 3401003.460 S3C4T1 Fl. 988 5 (...). § 19 O comprovante anual de que trata este artigo poderá ser disponibilizado, à pessoa jurídica beneficiária do pagamento, que possua endereço eletrônico, por meio da Internet. § 29 Como forma alternativa de comprovação da retenção, poderá o órgão ou a entidade fornecer ao beneficiário do pagamento cópia impressa do Darf, desde que este contenha, no campo destinado a observações, o valor pago, correspondente ao fornecimento dos bens ou da prestação dos serviços. § 39 Anualmente, até o dia 28 de fevereiro do ano subseqüente, os órgãos ou as entidades que efetuarem a retenção de que trata esta Instrução Normativa deverão apresentar, à unidade local da SRF, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), nela discriminando, mensalmente, o somatório dos valores pagos e o total retido, por contribuinte e por código de recolhimento. Embora a IN/SRF/STN/SFC n° 294/2003 (DOU de 03/04/2003) tenha revogado aquela outra, o mesmo assunto foi prontamente normatizado pela IN/SRF n° 306/2003 (DOU de 03/04/2003). E o foi com identidade de numeração e de conteúdo ante aqueles artigos, vigente no período correspondente aos lançamentos. Nesse sentido, a par do fato de que a retenção corresponde exatamente à aplicação de determinadas alíquotas sobre suas bases de cálculo sem que haja sobra de créditos os extratos de fls. 298303 não se identificam nem com o único comprovante anual de retenção, nem com a forma alternativa prevista na legislação acima declinada, tanto que emitidos com mais de uma informação para os mesmos anoscalendário" (seleção e grifos nossos). 12. Assim, não havendo correspondência entre os extratos de fls. 300 a 305 (apontadas, pelo excerto acima, pela numeração do processo físico como fls. 298 a 303) com os valores alegados pela contribuinte, e diante da ausência do meio alternativo de comprovação, i.e., a cópia da guia Darf de pagamento do valor correspondente à retenção, permanece hígida a acusação fiscal, não devendo prosperar a alegação da contribuinte em virtude de carência probatória que fundamente o seu direito. 13. Especificamente quanto ao PIS, argumenta a contribuinte que, durante o mês de dezembro de 2002, não foram consideradas também os créditos oriundos das "compras do mês" (sic): Fl. 589DF CARF MF 6 "(...) no mês de dezembro de 2002, quando a empresa optou pela forma não cumulativa do recolhimento do PIS, o agente não considerou o crédito oriundo das compras do mês" (seleção e grifos nossos). 14. Contudo, com relação a este argumento, como bem se apercebeu o julgador de primeira instância administrativa, a autoridade fiscal não descuidou do creditamento de PIS referente ao mês de dezembro de 2002, tendo inclusive se manifestado expressamente a este respeito na descrição dos fatos e fundamentos legais que acompanha e integra o auto de infração ora combalido, o que dispensa, inclusive, a necessidade de realização de diligência: "(...) no ano de 2002 foram mantidas em relação aos meses de julho, outubro e novembro, as deduções do PIS apurado após a reconstituição da base de cálculo, a título de PIS retido por Órgão Público, conforme constante da DIPJ apresentada pelo contribuinte (fls. 79, 82 e 83). Foram mantidos também a partir da vigência da não comutatividade do PIS (dezembro de 2002), os descontos de créditos da contribuição declarados pelo contribuinte em (...) DACON (fls. 170 a 193) e (...) DIPJ (fls. 127 a 138)". 15. Diante do exposto, e com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, julgar improcedente o recurso voluntário interposto, devendo a autoridade fiscal prosseguir na cobrança dos valores devidos. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 590DF CARF MF
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