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Numero do processo: 10410.003447/2006-66
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário: 2003, 2004
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Impõe-se sejam acolhidos os
embargos para retificar o Acórdão prolatado em que foi constatada a
omissão/contradição apontada ainda que alterados os efeitos dela decorrentes.
Numero da decisão: 1802-001.049
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, conferindo-lhes efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado nº 1802000.907
de 28/06/2011, e, negar provimento ao recurso voluntário, nos
termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003, 2004 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Impõe-se sejam acolhidos os embargos para retificar o Acórdão prolatado em que foi constatada a omissão/contradição apontada ainda que alterados os efeitos dela decorrentes.
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Impõese sejam acolhidos os embargos para retificar o Acórdão prolatado em que foi constatada a omissão/contradição apontada ainda que alterados os efeitos dela decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, conferindolhes efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado nº 1802000.907 de 28/06/2011, e, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marco Antonio Nunes Castilho, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 535DF CARF MF Impresso em 01/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no acórdão nº. 1802000.907, de 28/06/2011, opôs Embargos de Declaração, com fulcro no artigo 64, inciso I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) aprovado pela Portaria MF nº. 256 de 22/06/2009 e alterações posteriores. O acórdão foi recepcionado na Procuradoria da Fazenda Nacional, em 24/08/2011, considerandose intimada 30 (trinta) dias após (§§ 7º ao 9º, do art.23, do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 11.547, de 16/03/2007, D.O.U de 19/03/2007). Os embargos foram encaminhados ao CARF em 16/09/2011, portanto, dentro do prazo de 05 (cinco) dias fixado no § 1º do artigo 65 do RICARF). A conclusão do acórdão embargado foi no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir o valor de R$ 586,00 da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A embargante alega, no essencial, que no acórdão embargado que deu provimento parcial ao recurso do sujeito passivo, excluiuse da base de cálculo de apuração do IRPJ e CSLL (em julho de 2003) o valor de R$ 586,00 com suporte nas notas fiscais (fls.212 e 229, 215 e 226 e 265, mas não há correspondência entre a data de emissão das notas fiscais e a data a que se refere o valor de R$ 586,00 registrado na contabilidade do autuado em julho de 2003. Ao revés, as notas fiscais parecem se referir ao ano‑ calendário de 2004 e não ao ano‑ calendário de 2003, o que revela a existência de vício de omissão na decisão embargada pois essas circunstâncias não foram devidamente analisadas no voto condutor. Finalmente a embargante requer sejam os presentes embargos de declaração recebidos e acolhidos, a fim de sanar/retificar o vício acima apontado e prequestionar as matérias que não foram objeto de análise expressa pelo Colegiado. É o relatório. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 01/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10410.003447/200666 Acórdão n.º 1802001.049 S1TE02 Fl. 2 3 Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins de Sousa Os embargos foram apresentados, dentro do prazo de 05 (cinco) dias fixado no art.65 do RICARF, considerandose a intimação 30 (trinta) dias após (§§ 7º ao 9º, do art.23, do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 11.547, de 16/03/2007, D.O.U de 19/03/2007). Dele conheço. A conclusão do acórdão embargado foi no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir o valor de R$ 586,00 da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A embargante alega, no essencial, que no acórdão embargado que deu provimento parcial ao recurso do sujeito passivo, excluiuse da base de cálculo de apuração do IRPJ e CSLL (em julho de 2003) o valor de R$ 586,00 com suporte nas notas fiscais (fls.212 e 229, 215 e 226 e 265), mas não há correspondência entre a data de emissão das notas fiscais e a data a que se refere o valor de R$ 586,00 registrado na contabilidade do autuado em julho de 2003. Ao revés, as notas fiscais parecem se referir ao ano‑ calendário de 2004 e não ao ano‑ calendário de 2003, o que revela a existência de vício de omissão na decisão embargada pois essas circunstâncias não foram devidamente analisadas no voto condutor do acórdão. Revisando os autos, verificase que de fato apesar de as notas fiscais (fls.212 e 229, 215 e 226 e 265), referirse a recebimento de cartazes e tabelas de preços que, em tese, representam materiais que não integram o estoque de mercadorias do adquirente e não representam ingresso de receita, não há correspondência entre a data de emissão das ditas notas fiscais e a data a que se refere o valor de R$ 586,00 (demais receitas) registrado na contabilidade do autuado em julho de 2003, constante da planilha (fl.148) . Ou seja, para o mencionado valor não foram apresentadas, pelo contribuinte, notas fiscais correspondentes que demonstrassem tratarse de materiais que não integram o estoque de mercadorias do adquirente e não representam ingresso de receita da autuada. As Notas Fiscais aludidas dizem respeito ao ano calendário de 2004 e para o mencionado período de apuração não foi considerado pela fiscalização como receita tributável, recebimento de valor relativo a EVENTOS E MATERIAIS PROMOCIONAIS, conforme planilhas, fl.148/151. Assim, impõese sejam acolhidos os embargos para retificar o Acórdão prolatado em que foi constatada a omissão/contradição apontada ainda que alterados os efeitos dela decorrentes e ratificar os demais termos. Diante do exposto, voto no sentido de acolher os embargos de declaração interpostos, conferindolhe efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado 1802 000.907, de 28/06/2011, e, por conseqüência negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Fl. 537DF CARF MF Impresso em 01/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Ester Marques Lins de Sousa Fl. 538DF CARF MF Impresso em 01/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 11/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 10540.001242/2004-07
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2000, 2001
Ementa: MULTA ISOLADA. ANOS-CALENDÁRIO DE 1999 e 2000. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFICIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo, visto que ambas penalidades tiveram como base o valor das glosas efetivadas pela Fiscalização.
Recurso Especial do Procurador conhecido e não provido.
Numero da decisão: 9101-001.203
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negado
provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior e Henrique Pinheiro Torres.
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
Nome do relator: Antonio Carlos Guidoni Filho
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2000, 2001 Ementa: MULTA ISOLADA. ANOS-CALENDÁRIO DE 1999 e 2000. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFICIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo, visto que ambas penalidades tiveram como base o valor das glosas efetivadas pela Fiscalização. Recurso Especial do Procurador conhecido e não provido.
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Antonio Carlos Gui ni F L 1ho - Relator. CSRF-T1 Fl. I MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo n° 10540.001242/2004-07 Recurso n° 164.630 Especial do Procurador Acórdão n° 9101-001.203 — la Turma Sessão de 17 de outubro de 2011 Matéria IRPJ - Multa isolada - não recolhimento de tributo sobre bases estimadas Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SANTA MARTA S/A EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2000, 2001 Ementa: MULTA ISOLADA. ANOS-CALENDÁRIO DE 1999 e 2000. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFICIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo, visto que ambas penalidades tiveram como base o valor das glosas efetivadas pela Fiscalização. Recurso Especial do Procurador conhecido e não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negado provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior e Henrique Pinheiro Torres. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto), Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Antonio Carlos Guidoni Filho, Joao Carlos de Lima Junior, Alberto Pinto Souza Junior, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Valmir Sandri e Claudemir Rodrigues Malaquias. Relatório Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no art. 7°, inciso I do antigo Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria n. 147, de 25.06.2007, contra acórdão proferido pela Quinta Camara do Primeiro Conselho de Contribuintes, assim ementado: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL Exercício: 1997, 1998, 1999, 2000 Ementa: CSLL - 1/3 DA COFINS EFETIVAMENTE PAGA - COMPENSAÇÃO - Quando vigente, a lei autorizadora (Lei n° 9.718/98) e a norma que a complementou (Instrução Normativa SRF n° 006, de 1999) não permitiram compensações de um terço de COFINS que tivesse sido extinta em data posterior do pagamento da CSLL. DECADÊNCIA - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - Nos tributos submetidos ao denominado lançamento por homologação, expirado o prazo previsto no parágrafo 4° do art. 150 do CTN sem que a Administração Tributária se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. DECADÊNCIA - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - Declarada a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n° 8.212, de 1991, pelo Supremo Tribunal Federal (súmula vinculante n° 8 - DOU de 20 de junho de 2008), cancela-se o lançamento que não observou o prazo qüinqüenal previsto no Código Tributário Nacional. RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO - FALTA OU INSUFICIÊNCIA - LANÇAMENTO DE OFÍCIO - A falta de recolhimento do saldo da contribuição apurado no encerramento do período de apuração impõe o lançamento de oficio do montante correspondente, mormente na situação em que o débito não foi objeto de DCTF. MULTA ISOLADA - MULTA DE OFÍCIO - CUMULATIVIDADE - Afasta-se a multa isolada quando a sua aplicação cumulativa com a multa de lançamento de oficio implica em penalizag do do mesmo fato. 0 caso foi assim relatado pela Camara recorrida, verbis: SANTA MARTA S/A EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, já devidamente qualificada nestes autos, inconformada com a decisão da 2" Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador, Bahia, que manteve, em parte, os lançamentos tributários efetivados, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. 2 Processo ri° 10540.001242/2004-07 CSRE-T1 Acórdão ri.° 9101-001.203 Fl. Trata o processo de exigência de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL, relativa aos anos-calendário de 1997, 1998, 1999 e 2000, formalizadas em razão das seguintes imputações: 1) compensação da CSLL devida no ano-calendário de 1999 com valor superior a 1/3 da COFINS efetivamente paga durante o mesmo período. Foram efetuados recolhimentos a titulo de COFINS, no período de fevereiro a dezembro de 1999, no valor total de R$ 255.023,35. Assim, 1/3 da COFINS efetivamente paga corresponde a R$ 85.007,78. 0 contribuinte escriturou no Razão/Diário, na conta "1.02.09.02 - CSLL a Compensar", o valor total de R$ 203.993,89. Os valores registrados na referida conta foram utilizados na compensação da CSLL do ano- calendário de 1999, no valor de R$ 145.857,90 e também transferidos para a conta "1.2.08.01 - Antecipação da CSLL", cujos valores foram utilizados para a quitação da CSLL do ano- calendário de 2000, no valor de R$ 314.041,70. No "Demonstrativo de Verificação da Compensação de 1/3 da COFIAS" constam os valores da COFINS indevidamente utilizados para compensar a CSLL. Os valores eni excesso totalizam R$ 118.986,11; 2) valor devido a titulo de contribuição social, no ano- calendário de 1998, não declarado e nem recolhido. contribuinte apresentou as DCTF relativas ao 2° e 3° trimestres de 1998, declarando o total de R$ 35.796,45, mas não apresentou a DCTF em separado (Ajuste) e nem recolheu a CSLL anual decorrente do ajuste. Do confronto entre a CSLL declarada pela pessoa jurídica na DIPJ/I999, ano-calendário 1998, e a CSLL apurada com base na Demonstração de Resultados transcrita no livro Diário, devidamente ajustada conforme LAL UR, foram encontradas divergências. A diferença foi apurada na planilha "Demonstrativo de Apuração da CSLL", afl. 44, na qual estão registrados os valores informados na DIP] e os apurados através dos livros Diário e LALUR e dos pagamentos efetuados, conforme sistemas internos Receita Federal; 3) multa isolada pela falta de recolhimento mensal da CSLL incidente sobre base de cálculo estimada, nos meses de maio e junho de 1997, abril e novembro de 1998, outubro de 1999 e janeiro, março e maio de 2000. Constatou-se que a Contribuinte não apresentou DCTF para o ano-calendário de 1997, mas efetuou recolhimentos da CSLL por estimativa. Apresentou DCTF para os 2° e 3° trimestres do ano-calendário de 1998 e efetuou recolhimentos de estimativas da CSLL. Nos anos- calendário de 1999 e 2000, apresentou DCTF para todos os trimestres e efetuou recolhimentos da CSLL por estimativa. Nas DIPJ foi informado que a base de cálculo da CSLL por estimativa foi apurada em função da receita bruta e acréscimos. De acordo com as planilhas "Demonstrativo de Apuração da Base de Cálculo da CSLL", ás fls. 50, 52, 54, 58, 62 e 64, e "Demonstrativo da CSLL por Estimativa", às fls. 51, 53, 55, 59, 63 e 65, verificou-se que, em alguns meses de 1997 a 2000, a 3 Contribuinte declarou/recolheu com insuficiência a CSLL devida por estimativa. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação do feito fiscal (fls.243/305), por meio da qual ofereceu, em síntese, os seguintes argumentos: - que o valor de 1/3 da COFINS efetivamente paga correspondia a R$ 203.798 51 e não a R$ 85.007,78, corno demonstrado pela autoridade fiscal; - que a diferença teria ocorrido porque a Fiscalização levou em conta apenas os recolhimentos da COFINS via DARF (anexo 4), no valor de R$ 255.023,35, mas não considerou a compensação efetuada em junho de 1999, coin créditos de terceiros, através de Pedido de Compensação, no valor de R$ 356.372,19 (anexo 5); - que, recusada a compensação, ela foi objeto de recurso junto a Receita Federal, sem, no entanto, lograr êxito; - que, posteriormente, veio a recolher o tributo com os benefícios da Medida Provisória n° 66, conforme documentos anexos; - que essas operações haviam sido contabilizadas e figuravam nos livros examinados pelo fiscal (anexo 6), não procedendo, assim, a cobrança, uma vez que a obrigação foi devidamente satisfeita (anexo 7); - que, relativamente ao item 2 do Auto de Infração (falta de recolhimento da contribuição), a premissa em que se assentava o lançamento partiu do pressuposto da não entrega da DIPJ do ano de 1996, o que não seria verdade (anexo 7); - que a divergência apontada relativa a base de cálculo negativa da CSLL, no valor de R$ 35.750,92, ocorreu porque não foi levada em consideração a base negativa da CSLL do período- base de 1996; - que a diferença no recolhimento da CSLL paga por estimativa ocorreu porque não foi considerado o valor total de R$ 71.113,96, sendo que tal valor seria composto por R$ 48.948,78, conforme os documentos de arrecadação (anexo 8), enquanto o restante, de R$ 22.165,181 (anexo 9), se referiria a compensações efetuadas no período; - que a autoridade fiscal apenas considerou os recolhimentos via documentos de arrecadação, quando o correto seria o total de R$ 71.113,96; - que as multas de oficio isoladas pela insuficiência , no recolhimento das estimativas não procederiam, uma vez que os respectivos tributos foram devidamente recolhidos como comprovava a documentação juntada (anexo 11); A 2a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador, analisando o feito fiscal e a peça de defesa, decidiu, por meio, do Acórdão n° 15-14.042, de 22 de outubro de 2007, pela procedência parcial dos lançamentos, conforme ementa que ora transcrevemos. 4 Processo n° 10540.001242/2004-07 CSRF-Tl Acórdão n • 0 9101-001.203 Fl. 3 COMPENSAÇÃO DA CSLL COM 1/3 DA COFINS EFETIVAMENTE PAGA. Somente será passível de compensação a COFINS efetivamente paga até a data do pagamento da CSLL, nos termos da legislação de regência. FALTA DE DECLARAÇÃO/PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Comprovada a falta de declaração em DCTF da contribuição social devida, apurada com base nos assentamentos contábeis e fiscais da pessoa jurídica, cabe o lançamento de oficio, com as devidas correções, do montante não declarado e nem pago. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA DE OFICIO ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA, A insuficiência de recolhimento das estimativas mensais da contribuição social autoriza o lançamento de oficio da multa isolada, ressaltando-se, porém, que o percentual da penalidade deve ser reduzido para 50% (cinqüenta por cento), em obediência ao principio da retroatividade da lei mais benigna. Irresignada, a contribuinte apresentou o recurso de folhas 332/349, por meio do qual oferece argumentos contra os lançamentos formalizados no presente processo e contra o que esta sendo do tratado por meio do processo administrativo n° 10540.001239/2004-85. No que tange especificamente as imputações feitas pela autoridade fiscal no presente processo, sustenta a Recorrente: a) relativamente a glosa de compensação de CSLL com 1/3 da COFINS: - que comprovou-se o pagamento na defesa que se encontra ilios autos, extinguindo a glosa que tinha sido feita pela compensação de crédito com débitos de terceiros. b) relativamente a falta de recolhimento da CSLL: - que não foram consideradas pela Fiscalização as compensações efetuadas nos meses de janeiro e fevereiro de 1998, nos valores respectivos de R$ 13.079,66 e R$ 7.772,58, pois tais compensações não foram comprovadas por meio da apresentação da DCTF do primeiro trimestre de 1998, porém, conforme demonstrado na ficha 08 da DIPJ relativa ao período- base de 1997, foi apurado IRPJ pago a maior no valor de R$ 48.130,57, o que se comprovou com apresentação dos respectivos documentos de arrecadação; - que, em razão do fato descrito no item anterior, existe saldo suficiente para as compensações efetuadas em janeiro e fevereiro de 1998; 5 - que, se for considerada a nova base de cálculo negativa da CSLL (R$ 181.091,16) apurada pela Fiscalização, bem como as compensações efetuadas em janeiro de fevereiro de 1998, não haverá diferença de CSLL a ser recolhida. c) relativamente à multa isolada: - que a CSLL relativa ao ano-calendário de 1997 poderia ter sido lançada a partir de 1998; logo, segundo o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, a data do inicio do prazo decadência é 1° de janeiro de 1999 e a do término é 31 de dezembro de 2003. Como o lançamento foi cientificado em 03 de dezembro de 2004, a decadência já havia operado; - que as diferenças de CSLL apontadas em abril e novembro de 1998 foram geradas no auto de infração inicial porque foi utilizada base de calculo negativa da CSLL no valor de R$ 149.972,66, que foi reformulada para R$ 181.091,66; - que a diferença de CSLL apontada em outubro de 1999 foi gerada por conta de uma diferença na base de cálculo, porém, não há diferença a ser recolhida, o que poderá ser aferido por meio de diligência (adita que os documentos correspondentes ã comprovação são muito antigos, inexistindo, no caso, obrigatoriedade de guarda); - que as diferenças de CSLL apontadas em janeiro, março e maio de 2000, foram geradas em decorrência do cruzamento entre os valores registrados na DIPJ/2001 e os valores declarados nas respectivas DCTFs, conforme o seguinte quadro: Mês Valor Conforme DIPJ 2001 VALOR COMPENSADO COM CSLL DE ANOS ANTERIORES VALOR DECLARADO NA DCTF Jan/200 51.872,06 13.107,06 38.765,30 Margo/2000 34.917,69 10.715,86 24.201,83 Mai/2000 23.920,65 97,90 23.822,75 - que não foram consideradas pela Fiscalização as compensações acima demonstradas, pois tais compensações não foram comprovadas por meio da apresentação das respectivas DCTF; - que, como se viu anteriormente, em conformidade com o demonstrativo da ficha 30 da DIPJ relativa ao período-base de 1999, foi apurada CSLL paga a maior no valor de R$ 193.887,99, o que se comprovou com a apresentação dos respectivos documentos de arrecadação. A Recorrente, como já dissemos, traz, ainda, argumentos relacionados com os lançamentos tratados no processo administrativo n° 10540.001239/2004-85, que, por não ter pertinência com a matéria tratada nos presentes autos, deixo de relatar. o Relatório. 6 Processo no 10540.001242/2004-07 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-001.203 Fl. 4 No que interessa a essa instância recursal, o acórdão afastou a exigência de multa isolada imposta por não recolhimento de tributo sobre bases estimadas mensais, sob o fundamento de que não seria cabível a cobrança de tal penalidade concomitantemente com a multa de oficio cobrada em conjunto com o tributo devido ao final do ano-calendário correspondente. Em seu recurso especial (fls.575/582), sustenta a Fazenda Nacional contrariedade do acórdão recorrido ao art. 44, §1°, IV, da Lei 9.430/96. Alega, com fundamento no referido dispositivo, que a multa isolada é devida em função do não pagamento do tributo devido pelo regime de estimativa, ainda que o contribuinte tenha apurado, ao final do período, prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa. Afirma que as infrações apenadas pela chamada "multa de oficio" e pela "multa isolada" são distintas, uma vez que a multa de oficio decorre do não pagamento de tributo pelo contribuinte, enquanto a multa isolada decorre do descumprimento do regime de estimativa. Nesse sentido, conclui que as multas de oficio e isolada não decorrem da mesma infração e, portanto, não incidem sobre a mesma base de cálculo. Tratam-se de multas inteiramente diversas, previstas em lei, e que não configuram bis in idem, como entendido nela e. Camara a quo. Com base nesses fundamentos, pede o provimento do recurso especial para restabelecer a multa isolada aplicada concomitantemente com a multa de oficio. 0 recurso especial foi admitido pelo Sr. Presidente da 3a Camara da 1a Seção do CARF por meio do Despacho n. 098/2010 (fls.585/586), ante a configuração, em tese, da alegada contrariedade à lei. 0 Contribuinte apresentou contra-razões. É o relatório. 7 Voto Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, Relator 0 Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (fls.575/582) é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Esta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais já possui entendimento consolidado a respeito da legitimidade da exigência de multa isolada na hipótese de não recolhimento tempestivo de tributos apurados sob o regime de estimativa mensal. Conforme disposto em tais precedentes, a exigência da multa de lançamento de oficio isolada, sobre diferenças de CSLL não recolhidas mensalmente, somente se justifica se operada no curso do próprio ano-calendário ou, se após o seu encerramento, constatar-se a falta de recolhimento ou recolhimento a menor do tributo apurado ao final por conta da insuficiência das estimativas recolhidas. Veja-se, nesse sentido, ementas de v. acórdãos proferidos pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, verbis: Número do Recurso: 105-139794 Turma: PRIMEIRA TURMA Número do Processo: 10680.005834/2003-12 Tipo do Recurso: RECURSO DO PROCURADOR Matéria: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL/LL Recorrente: FAZENDA NACIONAL Interessado(a): CONSTRUTORA LIDERANÇA LTDA. Data da Sessão: 04/12/2006 09:30:00 Relator(a): Marcos Vinícius Neder de Lima Acórdão: CSRF/01-05.552 Decisão: NPM - NEGADO PROVIMENTO POR MAIORIA Texto da Decisão: Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros José Henrique Longo e Manoel Antonio Gadelha Dias que deram provimento parcial ao recurso para restabelecer a multa isolada nos anos de 2001 e 2002. Fez sustentação oral a advogada da contribuinte Dra. Sandra Maria Dias Nunes, OAB/MG n 96284 Ementa: CSLL — MULTA ISOLADA POR _ FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — TRIBUTO APURADO INFERIOR AO VALOR CALCULADO POR ESTIMATIVA. 0 artigo 44 da Lei n°9.430/96 determina que a multa de oficio seja calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, grandeza que não se confunde coin o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. Na apuração do lucro real anual, o tributo devido pelo contribuinte só é conhecido ao final do período de apuração quando ocorre a aquisição de renda pelo contribuinte - fato gerador do Imposto sobre a Renda. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando o valor do cálculo estimado ultrapassa o tributo devido na 8 Processo n° 10540.001242/2004-07 CSRF-T I Acórdão n.° 9101-001.203 Fl. 5 escrita fiscal ao final do exercício. (.) Recurso Especial Negado. No mesmo sentido: Número do Recurso: 1(18-133 750 Turma: PRIMEIRA TURMA Número do Processo: 10665.001042/99-48 Tipo do Recurso: RECURSO DE DIVERGÊNCIA Matéria: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LIQUIDO Recorrente: TRANCID TRANSPORTE COLETIVO DA CIDADE DE DIVINÓPOLIS LTDA. Interessado(a): FAZENDA NACIONAL Data da Sessão: 2 7/03/2007 15:30:00 Relator(a): Marcos Vinícius Neder de Lima Acórdão: CSRF/01-05.652 Decisão: DPM - DAR PROVIMENTO POR MAIORIA Texto da Decisão: Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Mário Junqueira Franco Junior e Manoel Antônio Gadelha Dias que deram provimento ao recurso, para reduzir o percentual da multa isolada para 50%. Ementa: CSLL — MULTA ISOLADA — FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — O artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde corn o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O tributo devido pelo contribuinte surge quando é o lucro apurado em 31 de dezembro de cada ano. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a empresa recolhe, ao longo do ano, valor superior ao apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. Recurso especial provido." (grifamos). No mesmo sentido: Número do Recurso: 107-133806 Turma: PRIMEIRA TURMA Número do Processo: 10140.001362/2002-47 Tipo do Recurso: RECURSO DE DIVERGÊNCIA Matéria: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO Recorrente: AGROPASTORIL CONSTRUTORA E EMPREENDIMENTOS SÃO JORGE LTDA. Interessado(a): FAZENDA NACIONAL Data da Sessão: 04/12/2006 15:30:00 Relator(a): José Henrique Longo Acórdão: CSRF/01-05.578 9 Decisão: DPM - DAR PROVIMENTO POR MAIORIA Texto da Decisão: Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros José Henrique Longo (Relator) e Manoel Antonio Gadelha Dias que negaram provimento aa, recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Dorival Padovan. Ementa: RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA - MULTA ISOLADA LANÇAMENTO DEPOIS DE ENCERRADO 0 ANO CALENDÁRIO: Encerrado o período anual da apuração, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência efetivamente devida, apurada com base no balanço anual, revelando-se improcedente a cominação de multa, mormente se o contribuinte optou, antes da ação fiscal, em incluir a referida no REFIS." (grifamos). No mesmo sentido: Número do Recurso: 103-124946 Turma: PRIMEIRA TURMA Número do Processo: 10280.009389/99-26 Tipo do Recurso: RECURSO DO PROCURADOR Matéria: IRPJ Recorrente: FAZENDA NACIONAL Interessado(a): E YAMADA S.A. - COMÉRCIO E INDÚSTRL4 Data da Sessão: 05/12/2005 09:30:00 Relator (a): José Carlos Passuello Acórdão: CSRF/01-05.327 Decisão: NPM - NEGADO PROVIMENTO POR MAIORIA Texto da Decisão: Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros José Henrique Longo e Manoel Antonio Gadelha Dias que deram provimento ao recurso. Ementa: IRPJ — RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA — MULTA ISOLADA — LANÇAMENTO DEPOIS DE ENCERRADO 0 ANO-CALENDÁRIO: Encerrado o período anual de apuração do imposto de renda, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência do imposto efetivamente devido, apurado com base no lucro real, em declaração de rendimentos apresentada tempestivamente, revelando-se improcedente a cominação de multa sobre eventuais diferenças se o imposto recolhido antecipadamente superou o efetivamente devido. Recurso especial negado. Também é entendimento assente em seara administrativa o de que é ilegítima a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ sobre bases estimadas e da multa de oficio lançada conjuntamente com o montante principal do imposto quando ambas tiverem por base o mesmo fato apurado em procedimento fiscal. Verbis: "MULTA ISOLADA E MULTA DE OFICIO - CONCOMITÂNCIA - MESMA BASE DE CÁLCULO - A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1°, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996) e da multa de oficio (incisos I e 10 Processo n° 10540.001242/2004-07 Acórdão n.° 9101-001.203 II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legitima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. Recurso especial negado. (Processo n. 10510.000679/2002-19, Recurso n. 106- 131314, Ac. CSRF/01-04.987, Primeira Turma, Relator: Leila Maria Scherrer Leitão, 15/06/2004) No mesmo sentido: ACÓRDÃO 9202-00.869 Camara Superior de Recursos Fiscais — CSRF Processo n° 14041,000780/2005-39 Recurso n° 151.136 Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão n° 9202-00.1369 - 2a. Turma da 2a. Camara Sessão de 11 de maio de 2010 Data de publicação: 11/05/2010 Matéria IRPF Recorrentes FAZENDA NACIONAL e MARIA BER.NADETE ROCHA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 (..) MULTA ISOLADA E MULTA DE OFICIO - CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CALCULO. A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legitima quando incide sobre uma mesma base de calculo (Acórdão CSRF n° 01-04.987 de 15/06/2004). Recurso especial da Fazenda Nacional não conhecido e do Contribuinte conhecido e negado." (grifamos). No mesmo sentido: "Acórdão n°40105675 Processo 10670001429200336 Camara Superior de Recursos Fiscais. I" Turma Data 11/06/2007 Ementa PENALIDADE - MULTA ISOLADA - LANÇAMENTO DE OFICIO FALTA DE RECOLHIMENTO - PAGAMENTO POR ESTIMATIVA. Não comporta a cobrança de multa isolada por falta de recolhimento de tributo por estimativa concomitante C0111 a multa de lançamento de oficio, ambas CSRF-T1 Fl. 6 II calculadas sobre os mesmos valores apurados em procedimento fiscal. Não pode ser base de cálculo valor que não integra a base de calculo do tributo que deveria ser calculado por estimativa. Recurso especial negado." (grifamos). No mesmo sentido: "Acórdão n°40105875 Processo 10384000638200479 Camara Superior de Recursos Fiscais. la Turma Data 23/06/2008 Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: MULTA ISOLADA - FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA - 0 artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. 0 tributo devido pelo contribuinte surge quando é o lucro apurado em 31 de dezembro de cada ano. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao imposto apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA - Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. 0 bem jurídico mais importante seen dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano-calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso especial negado." (grifamos). No mesmo sentido: "ACÓRDÃO 9101-00.634 Camara Superior de Recursos Fiscais - CSRF — la Turma da 1°. Câmara Processo n° 10930.005174/200.3-72 Recurso n° 157.960 Especial do Procurador Sessão de 06 de julho de 2010 Data de publicação: 06/07/2010 Matéria CONTRIBUIÇÃO SOCIAL/LL 1 2 k . oni Filho /7 Antonio C Processo n° 10540.001242/2004-07 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-001.203 Fl. 7 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado HYDRONORTH S/A Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL Ano-calendário: 2000, 2001 Ementa: ESTIMATIVA MENSAL. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. A multa isolada constante no art. 44 da Lei n° 9.430/96 tem como objetivo obrigar o sujeito passivo ao recolhimento mensal de antecipações de um possível imposto de renda e contribuição devidos ao final do ano-calendário, de modo que a penalidade somente se justifica quando cobrada durante aquele ano- calendário. Ao final do exercício, desaparece a base imponivel daquela penalidade (antecipações), surgindo urna nova base, que corresponde a contribuição efetivamente apurada, cabendo tão-somente a cobrança da multa de oficio, que é devida caso a contribuição não seja paga no seu vencimento e apurada ex- officio. E se inexiste saldo de contribuição a pagar, sequer a_ base de cálculo da multa de oficio persistirá." (grifamos). Do exame dos autos verifica-se que houve lançamento para constituição de crédito de CSLL acrescido de multa de oficio em relação aos anos-calendário de 1999 e 2000, bem como de multa isolada em relação a este mesmo período por conta da falta de recolhimento da CSLL apurada sobre bases estimadas nos meses de outubro de 1999 e janeiro, março e maio de 2000. Nesse sentido, considerando-se a concomitância entre as penalidades de oficio e isolada em referidos anos-calendários, é de rigor o afastamento das multas isoladas aplicadas sobre as mesmas bases das multas de oficio, de acordo com o precedentes jurisprudenciais acima citados. Por tais fundamentos, oriento meu voto no sentido de conhecer do recurso especial interposto pela Fazenda acional para, no mérito, negar-lhe provimento. Sala das Ses de outubro de 2011. 13
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Numero do processo: 10980.011013/2005-94
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF.
Exercício: 2000.
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO, AO RESPECTIVO PRAZO DECADENCIAL, DO ARTIGO 150, PARÁGRAFO 4º. DO CTN. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STJ PROFERIDA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, se houve pagamento antecipado, o respectivo prazo decadencial é regido pelo artigo 150, parágrafo 4º. do CTN, nos termos do entendimento pacificado pelo STJ, em julgamento de recurso especial, sob o rito de recurso repetitivo, tendo em
vista o previsto no artigo 62-A do Regimento Interno do CARF.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.613
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: SUSY GOMES HOFFMANN
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Exercício: 2000. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO, AO RESPECTIVO PRAZO DECADENCIAL, DO ARTIGO 150, PARÁGRAFO 4º. DO CTN. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STJ PROFERIDA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, se houve pagamento antecipado, o respectivo prazo decadencial é regido pelo artigo 150, parágrafo 4º. do CTN, nos termos do entendimento pacificado pelo STJ, em julgamento de recurso especial, sob o rito de recurso repetitivo, tendo em vista o previsto no artigo 62A do Regimento Interno do CARF. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Fl. 202DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10980.011013/200594 Acórdão n.º 920201.613 CSRFT2 Fl. 2 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann – Relatora EDITADO EM: 31/05/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, com base em contrariedade à legislação tributária. O contribuinte apresentou impugnação às fls. 01/07. A Delegacia da Receita da Federal de Julgamento deu procedência ao lançamento, nos termos da seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2000 Ementa: PROVA. DOCUMENTOS PARTICULARES PROVENIENTES DO ESTRANGEIRO. REQUISITOS. Os documentos particulares produzidos no estrangeiro devem estar vertidos para o vernáculo e registrados no Cartório de Registro de Títulos e Documentos para produzir efeitos nas repartições federais (Lei 6015/73, art. 129, §6°). PROVA. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS E RETENÇÃO DO IMPOSTO PERCEBIDOS DE FONTE NO EXTERIOR. A comprovação de rendimentos provenientes do exterior, e da eventual retenção de imposto, devem ser feitas por documento oficial emitido pelo órgão governamental pertinente do país de onde eles provenham. GLOSA. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR. RESIDENTE. TRABALHO ASSALARIADO. PAGAMENTO NO EXTERIOR. Fl. 203DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10980.011013/200594 Acórdão n.º 920201.613 CSRFT2 Fl. 3 3 Pagamentos feitos no exterior a residente, em razão de trabalho assalariado aqui prestados, pois o contribuinte residiu durante todo o período no Brasil, não é hipótese de rendimento produzido no exterior, não ensejando compensação de imposto pago no estrangeiro. Lançamento Procedente. O contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 98/110). A antiga Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, às fls. 119/139, deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Eis a ementa do julgado: “DECADÊNCIA AJUSTE ANUAL LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO Sendo a tributação das pessoas físicas sujeita a ajuste na declaração anual e independentemente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, hipótese em que o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos, contados de 31 de dezembro de cada anocalendário questionado”. A Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração (fls. 142/143), os quais restaram rejeitados (146/148). A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial, com base em contrariedade à legislação tributária (fls. 149/158). Preliminarmente, alegou a intempestividade da impugnação apresentada pelo contribuinte. No mérito, sustentou a tese de que, não havendo recolhimento antecipado do tributo, em princípio sujeito a lançamento por homologação, em razão de declaração inexata, devese aplicar o artigo 173, inciso I, em relação ao prazo decadencial para que o fisco constitua o respectivo crédito tributário. Deuse seguimento parcial ao recurso, para a discussão relativa apenas à decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário em questão. Em reexame de admissibilidade do recurso especial (fls. 171/172), em face de agravo interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, deuse seguimento ao recurso especial em sua totalidade. O contribuinte apresentou suas contrarazões às fls. 175/187 dos autos. Fl. 204DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10980.011013/200594 Acórdão n.º 920201.613 CSRFT2 Fl. 4 4 Voto Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Relatora O presente recurso especial é tempestivo. Primeiramente, não tomo conhecimento da preliminar de intempestividade da impugnação argüida pela recorrente. Com efeito, a questão da tempestividade da impugnação não foi tratada nem na decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento nem no acórdão proferido pelo Conselho de Contribuintes. Tampouco foi suscitada pela Procuradoria da Fazenda Nacional anteriormente à interposição do recurso especial em análise. Desta forma, temse que a matéria não foi prequestionada, não pode ser objeto, pela primeira vez, de discussão no âmbito do recurso especial perante esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão que se destina, fundamentalmente, à uniformização da jurisprudência administrativa fiscal federal. No mérito, por outro lado, o recurso preenche os demais requisitos de admissibilidade, pois que o recorrente logrou demonstrar a divergência jurisprudencial suscitada. A discussão referese ao artigo de regência do prazo decadencial nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Ocorre que contrariamente ao que afirma a Recorrente, houve pagamento antecipado parcial do IRPF. O entendimento desta relatora sempre foi no sentido de que, nos termos do artigo 150, parágrafo 4o., do CTN o que se homologa é a atividade do contribuinte e não o pagamento, de tal forma que, para o julgamento, não interessava a ocorrência ou não do pagamento. Conforme recente alteração do Regimento Interno do CARF, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Diante disso, temse que o STJ já enfrentou o tema objeto do presente recurso especial, julgandoo sob o rito dos recursos repetitivos, no seguinte sentido: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, Fl. 205DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10980.011013/200594 Acórdão n.º 920201.613 CSRFT2 Fl. 5 5 DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. Fl. 206DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10980.011013/200594 Acórdão n.º 920201.613 CSRFT2 Fl. 6 6 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Desta forma, é de se ter que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial será regido pelo artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, no caso de não ter havido o pagamento antecipado do tributo por parte do contribuinte e que será regido pelo artigo 150, parágrafo 4º, no caso da ocorrência do pagamento antecipado. Assim prevaleceu o entendimento segundo o qual o que se homologa é o pagamento. Como efeito prático da adoção do julgamento do STJ em recurso repetitivo, está que para os casos de Imposto sobre a Renda, o entendimento é que o prazo decadencial, neste caso em que houve o pagamento antecipado, começou a fluir na data da ocorrência do fato gerador 31.12.1999. Desta feita o prazo decadencial terminou em 31/12/2004. A cientificação do Auto de Infração ocorreu em 02/09/2005, de tal maneira, que sob a égide deste entendimento, ocorreu a decadência. Diante do exposto, adotando o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, por força do disposto no artigo 62A do regimento interno, que neste caso, pelas conclusões se equipara ao meu entendimento pessoal, nego provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann Fl. 207DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SUSY GOMES HOFFMANN, 06/06/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 37311.000957/2005-75
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon May 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIOES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS
Período de apuração: 01/04/1996 a 31/08/1998
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
De acordo com o principio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vicio formal se este não causar prejuízo.
Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso,necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto n° 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal.
Não obstante a existência de vicio formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo.
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
No caso dos autos, verifica-se que o lançamento decorre da responsabilidade solidária entre contratante e contratado.
Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdenciárias - a cargo da empresa - incidentes sobre a remuneração dos segurados do Regime Geral da Previdência Social - RGPS devem ser apreciadas como um todo.
Os documentos constantes nos autos impossibilitam concluir acerca da ausência de antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias por parte do sujeito passivo.
A regra do art. 150, § 4º, do CTN trata-se de regra especifica a ser aplicada a tributo sujeito ao lançamento por homologação, que prefere à regra geral prevista no art. 173, do CTN.
Ou seja, para que se aplique a regra do art. 173, I do CTN, em detrimento a regra do art. 150, § 4º deve os fisco comprovar a ocorrência de uma das seguintes situações; (i) Ocorrência de dolo, fraude ou simulação; ou (ii) que não houve antecipação do pagamento. O que não ocorreu no presente caso.
Na data em que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 08/10/2003, os fatos geradores contemplados no presente lançamento, entre as competências 04/1996 e 08/1998, encontravam-se fulminados pela decadência.
Recurso Especial Negado.
Numero da decisão: 9202-001.542
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Francisco Assis de Oliveira Júnior, Marcelo Oliveira e Henrique Pinheiro Torres.
Nome do relator: Elias Sampaio Freire
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ementa_s : CONTRIBUIOES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Período de apuração: 01/04/1996 a 31/08/1998 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. De acordo com o principio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vicio formal se este não causar prejuízo. Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso,necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto n° 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Não obstante a existência de vicio formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. No caso dos autos, verifica-se que o lançamento decorre da responsabilidade solidária entre contratante e contratado. Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdenciárias - a cargo da empresa - incidentes sobre a remuneração dos segurados do Regime Geral da Previdência Social - RGPS devem ser apreciadas como um todo. Os documentos constantes nos autos impossibilitam concluir acerca da ausência de antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias por parte do sujeito passivo. A regra do art. 150, § 4º, do CTN trata-se de regra especifica a ser aplicada a tributo sujeito ao lançamento por homologação, que prefere à regra geral prevista no art. 173, do CTN. Ou seja, para que se aplique a regra do art. 173, I do CTN, em detrimento a regra do art. 150, § 4º deve os fisco comprovar a ocorrência de uma das seguintes situações; (i) Ocorrência de dolo, fraude ou simulação; ou (ii) que não houve antecipação do pagamento. O que não ocorreu no presente caso. Na data em que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 08/10/2003, os fatos geradores contemplados no presente lançamento, entre as competências 04/1996 e 08/1998, encontravam-se fulminados pela decadência. Recurso Especial Negado.
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Di CAR1-: MINP7Ttk:, if) DA FAZENDA COE HO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 'CAMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Procx ii 37311.000957/2005-75 culo 241.931 Especial do Procurador n° 9202-01.542 — 2 Turma ,S6sio de 09 de maio de 2011 /Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIARIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ROCA BRASIL LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIOES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Período de apuração: 01/04/1996 a 31/08/1998 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. De acordo com o principio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vicio formal se este não causar prejuízo. Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto n° 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Não obstante a existência de vicio formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. No caso dos autos, verifica-se que o lançamento decorre da responsabilidade solidária entre contratante e contratado. Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdencidrias - a cargo da empresa - incidentes sobre a remuneração dos segurados do Regime Geral da Previdência Social - RGPS devem ser apreciadas como um todo. Os documentos constantes nos autos impossibilitam concluir acerca da ausência de antecipação de pagamento de contribuições previdencidrias por parte do sujeito passivo. A regra do art. 150, § 40, do CTN trata-se de regra especifica a ser aplicada a tributo sujeito ao lançamento por homologação, que prefere à regra geral fl previstano art..173, do_CTN. „ - Autcoli:;ado . 3/2C1 1 • ;. .i., (;)SO DA .SiLVi. pso rí 01/01291 I por CARE' MI; Fl. 186 Ou seja, para que se aplique a regra do art. 173, I do CTN, em detrimento a regra do art. 150, §: deve os fisco comprovar a ocorrência de uma das seguintes situações; (i) Ocorrência de dolo, fraude ou simulação; ou (ii) que não houve antecipN.ão Lio pagamento. 0 que não ocorreu no presente caso. Na data ctil 4,4' o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 08/10/201, c: fatos geradores contemplados no presente lançamento, entre as cot-one-Lams 04/1996 e 08/1998, encontravam-se fulminados pela decadênci4. ; 'Recurso Especial Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Francisco Assis de Oliveira Júnior, Marcelo Oliveira e Henrique Pinheiro Torres. Henrique Pinheiro Torres — Presidente-Substituto (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire — Relator (Assinado digitalmente) EDITADO EM: 24/05/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente — Substituto), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos, Manoel Coelho Arruda Junior, Alexandre Naoki Nishioka, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 206- 00.106, proferido pela antiga Sexta Camara do 2° CC em 20/11/2007 (fls. 118/125), interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de divergência à Camara Superior de Recursos Fiscais (fls. 130/136). A decisão recorrida, por unanimidade de votos, anulou a NFLD por vicio formal. Segue abaixo sua ementa: "PREVIDENCIÁRIO — CUSTEIO —DECADÊNCIA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL —LANÇAMENTO ARBITRADO. A Previdência Social possui o prazo de dez anos para constituir seus créditos. Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade de dispositivo legal no Asind e:0 rn ií ero r' • „ dir4itab1; 6rfl 24 1Cif,7 rn 0110V2:;1 I ¡,;; F RAN C.:; C(;;SEVCC C. 2 CARL' NV Fl. 137 Processo n°37311.000957/2005-75 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.542 Fl. 2 âmbito adi:;;I:.s.rativo. Para que o crédito tributário seja consuido . com base na responsabilidade solidária e seu valor aferiao e:;1 40% do salário de contribuição contido ern nota cat de serviço/fatura, é necessário que o fundamento legal que cloriza o arbitramento por aferição indireta esteja devidamente i inalado no relatório de Fundamentos Legais do Débito. .Processo Anulado." Em seu recurso, a recorrente afirma que, enquanto o acórdão a quo entendeu como son& imprescindível a expressa previsão do fundamento legal para a validade do os acórdãos paradigmas entendem que tal vicio formal não conduz à nulidade do ,lar:yamento, por cerceamento do direito de defesa, uma vez que não causou prejuízo A defesa do contribuinte recorrido. Ressalta que no presente caso sequer há vicio formal no lançamento, uma vez que a autoridade fiscal, ciente da imprecisão na fundamentação legal no RF, providenciou imediatamente sua complementação/retificação. Frisa que, na impugnação do contribuinte, não há qualquer menção a cerceamento do direito de defesa por incorreção de dispositivo legal, de maneira que houve preclusão de matéria. Ao final, requer o conhecimento e provimento do presente recurso. Nos termos do Despacho n.° 206-281/2008 (fls. 141/143), foi dado seguimento ao pedido em análise. 0 contribuinte ofereceu, tempestivamente, contra-razões As fls. 163/167. Argumenta que o recurso especial não tem como prevalecer, pois é requisito essencial da notificação de lançamento a menção à disposição legal, cuja ausência acarreta vicio formal e, consequentemente, a nulidade do ato. Pondera que, em razão do principio da eventualidade e da economia processual, a decadência (afastada pelo acórdão objeto o recurso especial) poderia ser reconhecida de oficio em sede deste recurso especial, uma vez que a Súmula Vinculante do STF n° 8/2008 reconheceu expressamente a inconstitucionalidade do prazo decadencial de 10 (dez) anos previstos no artigo 45, da Lei n° 8.212/1991. Ao final, requer seja negado provimento ao recurso especial da PGFN ou ao menos que seja reconhecida a decadência. Eis o breve relatório. " - :7,12)11 fo° aiAS 2 6742/2 ..' 0',:'.,SI2(*,1 I FV<A H. l $S Voto Conselliti3/4 o Es Sampaio Freire, Relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conheciment o. questão controvertida posta à apreciação diz respeito à declaração de nulidade dó , lançamento em decorrência da ausência da expressa fundamentação legal do arbitramento Procedido. No passado, por diversas vezes me manifestei pela nulidade de lançamentos fiscais que não apresentassem a expressa menção ao arbitramento. Ands, este entendimento encontrava-se consolidado no âmbito das câmaras com competência para julgar os processos administrativos fiscais referentes às contribuições previdencidrias, desde que esta competência era exercida no âmbito do Conselho de Recursos da Previdência Social — CRPS, que aprovou o enunciado n° 29: "Nos casos de levantamento por arbitramento, a exigência do fundamento legal que ampara tal procedimento, seja no relatório Fundamentos Legais do Débito - FLD ou no Relatório Fiscal - REFISC garante o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, não gerando a nulidade do lançamento" Entretanto, a jurisprudência firmada no âmbito do CARF, no sentido de que não há nulidade sem prejuízo me fez reavaliar a questão. 0 seguinte precedente ilustra o entendimento dominante no CARF: NULIDADE - ENQUADRAMENTO LEGAL - Deve ser rejeitado o pedido de nulidade do auto de infração fundado na deficiência de enquadramento legal, quando os elementos contidos em termo, expressamente referido como parte integrante e indissociável da peça acusatória, e utilizado pela própria Impugnante em sua defesa, supre suficientemente falha porventura ocorrida. Se não há prejuízo para a defesa e o ato cumpriu sua finalidade, o enquadramento legal da exigência, ainda que incompleto, não enseja a decretação de sua nulidade. 0 cerceamento do direito de defesa deve se verificar concretamente, e não apenas ern tese. 0 exame da impugnação evidencia a correta percepção do conteúdo e da motivação do lançamento.(Acórdao 108-07651 da 8a Camara do 1° Conselho de Contribuintes, Relatora: conselheira Karem Jureidi:,i Dias de Mello Peixoto) Modernamente, o direito processual, inclusive o administrativo fiscal, tem como primado a efetividade da tutela dos direitos assegurados, adotando a vertente de instrumentalidade do processo à. persecução do direito material deduzido. As formalidades desmotivadas foram substituidas pela instrumentalidade e busca da eficiência na prestação j urisdicional. Ada Pellegrini Grinover sustenta que "a decretação da nulidade implica perda YÇ444.404, ,',4arOPKI: 1 9.§a9. -ju iz :PartgsP,A9F19 1:4zPa prestação A 2 '(2'..)11 VA 4 Impreoso 0=15')U2i 11. 189 Processo n°37311.000957/2005-75 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.542 Fl. 3 jurisdicional almejada,. io razoável, dessa forma, que a simples possibilidade de prejuízo dê lugar A ap!'.- aç'J.: da sanção; o dano deve ser concreto e efetivamente demonstrado em cada situação." I: Arma, ainda, a referida autora que "o principio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestre do sistema de nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processual ; . repsentam tão-somente um instrumento para a correta aplicação do direito; sendo assint .. a desobediência a formalidades estabelecidas pelo legislador só deve conduzir ao reoniiento da invalidade do ato quando a própria finalidade pela qual a forma foi iusitufda estiver comprometida". 2 As formas do processo são meios para alcance da tutela jurisdicional. Caso a tutela jurisdicional pretendida seja alcançada, mesmo em detrimento das formas legalmente exigidas, não há nulidade. De acordo com o principio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vicio formal se este não causar prejuízo. Ou seja, podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto n° 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Assim sendo, em atendimento ao principio do pas de nullité sans grief, a invalidade processual há de ser entendida como uma sanção que somente será aplicada caso se constate a presença do binômio defeito e prejuízo, devendo o último ser entendido como obstáculo ao alcance da finalidade do ato processual. Isto 6, não há de ser declarada a nulidade de ato processual se este não causa prejuízo a alguém, já que o processo, como meio de pacificação dos conflitos sociais, nada mais é do que o instrumento para efetivação do direito. Marcos Neder e Maria Teresa Martinez Lopez, citando Ada Pellegrini Grinover lecionam: "Assim, antes de se anular o ato processual, é preciso examinar a possibilidade de se aproveitar o ato realizado, eliminando-se ou superando-se o vicio que, sobre ele, pesa. Para Ada Pellegrini Grinover, "a decretação da nulidade implica perda da atividade processual já realizada, transtornos ao juiz e ás partes e demora na prestação jurisdicional almejada, não sendo razoável, dessa forma, que a simples possibilidade de prejuízo dê lugar a aplicação da sanção; o dano deve ser concreto e efetivamente demonstrado em cada situação". Com efeito, é do ponto de vista prático, anular-se ou se decretar a nulidade de um ato, não tendo havido prejuízo da parte. Afirma, ainda, a renomada autora que "o princípio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestre do sistema das nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processuais representam tão- somente um instrumento para a correta aplicação do direito; sendo assim, a desobediência a formalidades estabelecidas pelo 1 Ada Pellegrini Grinover e outros; As Nulidades no Processo Penal; São Paulo, p. 26. 2 27/2011 r:,-)r SAW-V" > :1..rEiRC) 01101;l2,01 D1' C/ 11. 190 legislador só deve conduzir ao reconhecimento da invalidade do ato quando a própria',"1:::,1idade pela qual a forma foi instituída estiver comprometid„ Co,3 efeito, a atipicidade do ato não conduz necessar:a:;:c aJ pronunciamento de sua nulidade. Se o ato defeittios; :1,1caiiçou os fins postos pelo sistema, sem que se verifique pri:infzo partes e ao sistema de modo que o torne inaceitcivci. etc deve permanecer valido. Sao atos ineram ente irregkAires ,-!ue não sofreram a sanção de ineficácia. Nessa linha, a w..'dade não deve ser declarada em todos os casos em o 1 julgador se defronta com vicio formal no ato de lançaniento, só nos casos em que esta configurado prejuízo as p;-rtes ou ao sistema processual." Destarte, não obstante a existência de vicio formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua cielesal Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo. Entretanto, é certo que, em sessão de 12 de junho de 2008, o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal editou o seguinte enunciado da súmula vinculante n° 8, publicada no Diário da Justiça e no Diário Oficial da União, nos termos do § 4° do art. 2° da Lei n° 11.417/2006, em 20 de junho de 2008: "Súmula vinculante no 8 - Sao inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decreto-Lei n°1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário." Portanto, dada a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n° 8.212/9, há de se definir o termo inicial do prazo decadencial das contribuições previdencidrias nos termos em que dispõe o Código Tributário Nacional — CTN. No que diz respeito A. decadência dos tributos lançados por homologação temos o Recurso Especial n° 973.733 - SC (2007/0176994-0), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, assim ementado: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÊRSIA, ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE 0 FISCO CONSTITUIR 0 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, ,sç 4°, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. I. 0 prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de oficio) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte aquele ern que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministrq Luíz Eux, - julgado em.28.11,-2007,DJ 25,02.2008,1AgRg 24f05/7011 pc: ICG DA DVA 6 Imr,r2oso em P1ICC/2011 per FRA:\':2C(..: ) JO Processo n°37311.000957/2005-75 Acórdâo n.° 9202-01.542 FL 191 CSRF-T2 Fl. 4 nos ERE,sp 2,1 ( .758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, jzilgcdó 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Ref 7JJjj.0 Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). '2 que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de oficio, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3' ed., Max Limonad, Sao Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. 0 dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "prirneiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte a ocorrência do fato imponivel, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativo/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, sS' 4°, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3 " ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10' ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3' ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponiveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de oficio substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. 0 Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.° 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B A:ps e 543-C da n° de 11, janeiro de 1973, Código„de Processo Civil, deverão ser 42")512011 ;•;v.,:‘,"os: 7 11. 192 reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF" (Art. 62-A do anexo II). Em suma, ine,i'rtk:e a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do coatriixtinte, o termo inicial sell: (a) o Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o 1atiçameato poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART, 173, I); (b) o Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, AWL 150, 4°). , No ::aso dos autos, verifica-se que o lançamento decorre da responsabilidade solidária entre contriltante e contratado. Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previLencidrias - a cargo da empresa - incidentes sobre a remuneração dos segurados do Regime Geral da Previdência Social - RGPS devem ser apreciadas como um todo. Segregando- se, entretanto, a contribuição a cargo do próprio segurado e as contribuições para terceiros. Os documentos constantes nos autos impossibilitam concluir acerca da ausência de antecipação de pagamento de contribuições previdencidrias por parte do sujeito passivo. A regra do art. 150, § 4°, do CTN trata-se de regra especifica a ser aplicada a tributo sujeito ao lançamento por homologação, que prefere A. regra geral prevista no art. 173, I do CTN. Ou seja, para que se aplique a regra do art. 173, I do CTN, em detrimento a regra do art. 150, § 4°, deve os fisco comprovar a ocorrência de uma das seguintes situações: (i) ocorrência de dolo, fraude ou simulação; ou (ii) que não houve antecipação do pagamento. 0 que não ocorreu no presente caso. Assim, na data em que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 08/10/2003, os fatos geradores contemplados no presente lançamento, entre as competências 04/1996 e 08/1998, encontravam-se fulminados pela decadência. Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. in-presso Elias Sampaio Freire (Assinado digitalmente) - ic,6,52.r;11 pr)r 5,', 53 , 25)71 24,q.)5/20'. AL, 8 DF ',ARF MI FL 193 Processo n°37311.000957/2005-75 CSRF-T2 Acórddo n.° 9202-01.542 Fl. 5 ikosinclo A,lien1R;ado 24if;512V: por AFf. ) : ,..,.;:1)Als4ï1") .:',`¡ 10 DA VINT', hoprcs: e.rn )1r.)Gt2;:11
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Numero do processo: 13603.002396/2004-14
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1999
ITR. ÁREAS DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTALADA.
EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001.
DESNECESSIDADE. SÚMULA.
De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção
do ITR relativamente às áreas de utilização limitada até o exercício 2000, inclusive.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL.
Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratando-se as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.551
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1732; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1 1 0 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13603.002396/200414 Recurso nº 334.865 Especial do Procurador Acórdão nº 920201.551 – 2ª Turma Sessão de 10 de maio de 2011 Matéria ITR Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A MBR ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1999 ITR. ÁREAS DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTALADA. EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001. DESNECESSIDADE. SÚMULA. De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de utilização limitada até o exercício 2000, inclusive. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratandose as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 2 Henrique Pinheiro Torres – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator (Assinado digitalmente) EDITADO EM: 13/05/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Relatório MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A MBR, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 22/06/2005, exigindo lhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 1999, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda da Serrinha”, localizado no município de Brumadinho/MG, cadastrado na RFB sob o nº 5454651 6, conforme peça inaugural do feito, às fls. 02/07, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Brasília/DF, Acórdão n° 15.325/2005, às fls. 98/104, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 1ª Câmara, em 24/05/2007, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DA CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30133.938, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR Exercício: 1999 Ementa: Perícia. Desnecessidade. Não há necessidade de se realizar perícia a fim de apurar a existência de áreas ambientalmente protegidas, conquanto a própria fiscalização admite a existência de tais áreas, tornandose incontroversa a declaração firmada pela contribuinte recorrente. Discutirseá, pois, a necessidade tãosomente formal de apresentação tempestiva de ADA. Imóvel cravado em área de Proteção Ambiental e Preservação Permanente. Decreto juntado aos autos. Exclusão da obrigação tributária. Desnecessidade de Ato Declaratório Ambiental tempestivo por ausência, à época da ocorrência do fato gerador, Fl. 2DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 13603.002396/200414 Acórdão n.º 920201.551 CSRFT2 Fl. 2 3 de lei impondo prazo para cumprimento de tal obrigação. Isenção reconhecida. Aplicabilidade da Medida Provisória n° 2.16667, de 24 de agosto de 2001. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 166/177, com arrimo no artigo 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 30238.832, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, porquanto comprovada a divergência argüida. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência das áreas de utilização limitada (interesse ecológico) para fins de não incidência do ITR, depende de protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Contrapõese ao entendimento da Câmara recorrida, aduzindo para tanto que as áreas de utilização limitada são aquelas definidas pelo Código Florestal em seu artigo 16 e que, para serem consideradas como tal não bastam apenas “existir” no mundo fático, mas devem “existir” também no mundo jurídico quando reconhecidas pelo IBAMA a partir da requisição do ADA, mormente quando referida exigência decorre da legislação de regência, mais precisamente a Lei nº 4.771/65, que deverá ser interpretada literalmente, com arrimo no artigo 111 do Códex Tributário. Defende que para comprovação das referidas áreas, não se pode prescindir do Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado junto ao IBAMA, no prazo estipulado na legislação. Infere que a Receita Federal do Brasil já se manifestou por diversas oportunidades a propósito do assunto, firmando o entendimento de que a não incidência de ITR sobre as áreas de utilização limitada está condicionada ao reconhecimento como tal por parte do Poder Público, por intermédio do ADA, devendo existir em cada imóvel informação específica da parte reservada, como estabelecem as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que a contribuinte procedeu à protocolização tempestiva do requerimento do ADA, impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da então 1ª Câmara do Terceiro Conselho, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Fl. 3DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 4 Nacional, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, necessidade do requerimento atempado do ADA relativamente às áreas de utilização limitada, para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 1409.134865/2008, às fls. 200/205. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, a contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 210/220, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 1ª Câmara do então Terceiro Conselho de Contribuintes a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado no Acórdão nº 30238.832, ora adotado como paradigma, impõe que a comprovação da existência das áreas de utilização limitada, para fins de não incidência do ITR, depende de prévio protocolo do requerimento do Ato Declaratório Ambiental – ADA, dentro dos seis meses subseqüentes à entrega da DITR, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência do requerimento tempestivo do ADA para efeito da benesse isentiva a Câmara recorrida contrariou as normas insertas no Código Florestal Nacional (Lei nº 4.771/65 e atualizações), bem como as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a respeito da exigência do requerimento atempado do Ato Declaratório Ambiental – ADA relativamente às áreas de utilização limitada, dentro do prazo legal, para fruição da não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 13603.002396/200414 Acórdão n.º 920201.551 CSRFT2 Fl. 3 5 Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas à utilização limitada. Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 6 Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de utilização limitada decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa de áreas de utilização limitada, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Mais a mais, com arrimo no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Entrementes, afora entendimento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de utilização limitada, o que se vislumbra na hipótese dos autos (exercício 1999). Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou a Súmula n° 41, contemplando o tema e rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda nos presentes autos, senão vejamos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica, vigente à época, não condiciona a isenção em comento à protocolização tempestiva do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos Fl. 6DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 13603.002396/200414 Acórdão n.º 920201.551 CSRFT2 Fl. 4 7 expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela então 1ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Assinado digitalmente) Fl. 7DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 20/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/05/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 19/05/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES
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Numero do processo: 10680.010374/2007-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Data do Fato Gerador: 27/04/2007
AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES.
Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de GFIP com omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias.
PERÍCIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO.
A perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo-lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis.
Considera-se não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO.
IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO.
No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal.
AUTO DE INFRAÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA. REQUISITOS ESSENCIAIS.
Constituem-se requisitos essenciais para a concessão do benefício da relevação da multa, previstos no §1º do art. 291 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, ser o infrator primário, não ter incorrido em circunstância agravante e ter efetivamente corrigido a
falta até o termo final do prazo para impugnação
GRATIFICAÇÃO. NATUREZA REMUNERATÓRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
Integra o conceito jurídico de salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive sob a forma de utilidades. O conceito jurídico de Salário de contribuição aviado no
art. 28 da Lei nº 8.212/91 em momento algum vincula a natureza jurídica das parcelas integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias à habitualidade de seu recebimento. Sendo a natureza da verba auferida qualificada juridicamente como gratificação de desempenho, basta para a sua sujeição à tributação previdenciária o seu mero recebimento pelo segurado
obrigatório do RGPS, mesmo que tal pagamento tenha ocorrido uma única vez no histórico funcional do beneficiário.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
Recurso Voluntário Provido em parte.
Numero da decisão: 2302-001.517
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF,
por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, para na parte conhecida, conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições introduzidas pela Medida Provisória nº 449/2008, mais precisamente, o art. 32A, inciso II da Lei nº 8.212/91, que na conversão na Lei nº 11.941/2009 foi renumerado para o art. 32A,
inciso I da Lei nº 8.212/91.
Nome do relator: Arlindo da Costa e Silva
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ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do Fato Gerador: 27/04/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de GFIP com omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. PERÍCIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO. A perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo-lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Considera-se não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. AUTO DE INFRAÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA. REQUISITOS ESSENCIAIS. Constituem-se requisitos essenciais para a concessão do benefício da relevação da multa, previstos no §1º do art. 291 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, ser o infrator primário, não ter incorrido em circunstância agravante e ter efetivamente corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação GRATIFICAÇÃO. NATUREZA REMUNERATÓRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Integra o conceito jurídico de salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive sob a forma de utilidades. O conceito jurídico de Salário de contribuição aviado no art. 28 da Lei nº 8.212/91 em momento algum vincula a natureza jurídica das parcelas integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias à habitualidade de seu recebimento. Sendo a natureza da verba auferida qualificada juridicamente como gratificação de desempenho, basta para a sua sujeição à tributação previdenciária o seu mero recebimento pelo segurado obrigatório do RGPS, mesmo que tal pagamento tenha ocorrido uma única vez no histórico funcional do beneficiário. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso Voluntário Provido em parte.
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CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de GFIP com omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. PERÍCIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO. A perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Considerase não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. AUTO DE INFRAÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA. REQUISITOS ESSENCIAIS. Constituemse requisitos essenciais para a concessão do benefício da relevação da multa, previstos no §1º do art. 291 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, ser o infrator primário, não ter incorrido em circunstância agravante e ter efetivamente corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 GRATIFICAÇÃO. NATUREZA REMUNERATÓRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Integra o conceito jurídico de salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive sob a forma de utilidades. O conceito jurídico de Salário de contribuição aviado no art. 28 da Lei nº 8.212/91 em momento algum vincula a natureza jurídica das parcelas integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias à habitualidade de seu recebimento. Sendo a natureza da verba auferida qualificada juridicamente como gratificação de desempenho, basta para a sua sujeição à tributação previdenciária o seu mero recebimento pelo segurado obrigatório do RGPS, mesmo que tal pagamento tenha ocorrido uma única vez no histórico funcional do beneficiário. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso Voluntário Provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, para na parte conhecida, conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições introduzidas pela Medida Provisória nº 449/2008, mais precisamente, o art. 32A, inciso II da Lei nº 8.212/91, que na conversão na Lei nº 11.941/2009 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei nº 8.212/91. Marco André Ramos Vieira Presidente. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 100 3 Relatório Período de apuração: 01/2002 a 01/2006. Data de lavratura do Auto de Infração : 27/04/2007. Data da Ciência do Auto de Infração : 02/05/2007. Tratase de auto de infração decorrente do descumprimento de obrigações acessórias previstas no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, lavrado em desfavor do Recorrente em virtude de esta ter deixado de informar em GFIP os pagamentos efetuados a seus segurados empregados, através do cartão SPIRIT CARD, no período de 04/2003 a 01/2004, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 11/12. CFL 68 Apresentar a empresa GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural) – Art. 284, II na redação do Dec.4.729, de 09/06/2003. A multa aplicada corresponde a 100% do valor das contribuições previdenciárias devidas e não declaradas em GFIP, relativas aos fatos geradores descritos no parágrafo precedente, apurados pela fiscalização, consoante critério pormenorizado no Relatório Fiscal de Aplicação da Multa a fls. 12/13. Irresignado com a autuação, o autuado apresentou impugnação administrativa, a fls. 27/38. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG lavrou Decisão Administrativa aviada no Acórdão a fls. 48/53, julgando procedente a autuação, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 21/07/2008, conforme Aviso de Recebimento a fl. 58. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 71/79, deduzindo seu inconformismo em argumentação desenvolvida nos termos que se vos seguem: • Requer a realização de prova pericial; Fl. 104DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 • Que houve imposição em duplicidade de penalidade em razão de descumprimento de obrigação acessória; • Que há inconsistência na apuração do valor da multa; • Que a multa deve ser relevada eis que, ainda que de forma implícita, a Recorrente atendeu à intimação; Ao fim, requer a invalidação do lançamento ou, ainda, a relevação da multa aplicada. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 101 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 21/07/2008. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 20 de agosto do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO Alega o Recorrente ter havido imposição em duplicidade de penalidade em razão de descumprimento de obrigação acessória. Aduz que o §5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91 impôsse ao Recorrente multa que poderia chegar a valor equivalente àquilo que seria o lançamento principal e acréscimos. Argumenta ainda haver inconsistências na apuração do valor da multa, uma vez que não há no Auto de Infração qualquer demonstração de como e porque se chegou a tal valor, o que torna nulo o lançamento. Compulsando a impugnação à NFLD em julgamento, verificamos que a alegações acima postadas inovam o Processo Administrativo Fiscal ora em apreciação. Tais matérias não foram, nem mesmo indiretamente, aventadas pelo impugnante em sede de defesa administrativa em face do lançamento tributário que ora se discute. Os alicerces do Processo Administrativo Fiscal encontramse fincados no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, cujo art. 16, III estipula que a impugnação deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em plena sintonia com tal preceito normativo processual, o art. 17 dispõe de forma hialina que a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante será considerada legalmente como não impugnada. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Fl. 106DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) As disposições inscritas no art. 17 do Dec. nº 70.235/72 espelham, no Processo Administrativo Fiscal, o princípio processual da impugnação específica retratado no art. 302 do Código de Processo Civil, assim redigido: Código de Processo Civil Art. 302. Cabe também ao réu manifestarse precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumemse verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Deflui da normatividade jurídica inserida pelos comandos insculpidos no Decreto nº 70.235/72 e no Código de Processo Civil, na interpretação conjunta autorizada pelo art. 108 do CTN, que o impugnante carrega como fardo processual o ônus da impugnação específica, a ser levada a efeito no momento processual apropriado, in casu, no prazo de defesa assinalado expressamente no Auto de Infração, observadas as condições de contorno assentadas no relatório intitulado IPC – Instruções para o Contribuinte. Nessa perspectiva, a matéria específica não expressamente impugnada em sede de defesa administrativa será considerada como verdadeira, precluindo processualmente a oportunidade de impugnação ulterior, não podendo ser alegada em grau de recurso. Salientese que as diretivas ora enunciadas não conflitam com as normas perfiladas no art. 473 do CPC, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, a qual exclui das partes a faculdade discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito já se operou a preclusão. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 102 7 De outro eito, cumpre esclarecer, eis que pertinente, que o Recurso Voluntário consubstanciase num instituto processual a ser manejado para expressar, no curso do processo, a inconformidade do sucumbente em face de decisão proferida pelo órgão julgador a quo que lhe tenha sido desfavorável, buscando reformála. Não exige o dispêndio de energias intelectuais no exame da legislação em abstrato a conclusão de que o recurso pressupõe a existência de uma decisão precedente, dimanada por um órgão julgador postado em posição processual hierarquicamente inferior. Assim, não havendo a decisão guerreada se manifestado sob determinada questão do lançamento, eis que não expressamente impugnada pelo sujeito passivo, não há que se falar em reforma do julgado em relação a tal questão, eis que a respeito dela nada consta no acórdão hostilizado. É gravitar em torno do nada. Nesse contexto, à luz do que emana, com extrema clareza, do Direito Positivo, permeado pelos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, que todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. Além disso, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, as matérias não expressamente contestadas pelo impugnante em sede de defesa ao lançamento tributário são juridicamente consideradas como não impugnadas, não se instaurando qualquer litígio em relação a elas, sendo processualmente inaceitável que o Recorrente as resgate das cinzas para inaugurar, em segunda instância, um novo front de inconformismo em face do lançamento que se opera. O conhecimento de questões inovadoras, não levadas antes ao conhecimento do Órgão Julgador Primário, representaria, por parte desta Corte, negativa de vigência ao preceito insculpido no art. 17 do Decreto nº 70.235/72, provimento este que somente poderia emergir do plenário do Poder Judiciário. Por tais razões, as matérias abordadas nos primeiros parágrafos deste tópico, não poderão ser conhecidas por este Colegiado. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. 2. DAS QUESTÕES PRELIMINARES AO MÉRITO. 2.1. DA PROVA PERICIAL. O Recorrente focaliza ainda sua inconformidade no fato de não ser deferida a produção de prova pericial requerida na impugnação, o quê constituiria a seu sentir cerceamento de defesa. Razão não lhe assiste. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 A legislação tributária que rege o Processo Administrativo Fiscal aponta que o foro apropriado para a contradita aos termos do lançamento concentrase na fase processual da impugnação, cujo oferecimento instaura a fase litigiosa do procedimento. Os artigos 15, 16 e 18 do Decreto nº 70.235/72 estipulam que a impugnação tem que ser formalizada com os documentos em que se fundamentar a defesa do impugnante, devendo mencionar o correspondente instrumento de bloqueio, as perícias pretendidas, expostos obrigatoriamente os motivos que as justifiquem, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito indicado, sob pena de o pedido de perícia ser tido como não formulado. DECRETO nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Impende observar, ademais, que os efeitos fixados no §1º do art. 16 do precitado decreto não se sujeitam ao jugo da discricionariedade da autoridade fazendária. Eles decorrem ex lege, não tendo o legislador infraconstitucional facultado alternativas à administração tributária. Dessarte, considerando que o recorrente, em sua impugnação, apenas formulou pedido de perícia sem observar os requisitos essenciais fixados no inciso IV do art. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 103 9 16 supra, imperiosa é a incidência do preceito inscrito no §1º do supra transcrito dispositivo legal, impondose que seja considerado como não formulado o aventado pedido de perícia. Por outro viés, cumpre ressaltar, de molde a nocautear qualquer dúvida, que a perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a solução da controvérsia objeto do litígio. Nesse panorama, a produção de prova pericial revelase apropriada e útil somente nos casos em que a verdade material não puder ser alcançada de outra forma mais célere e simples. Por tal razão, as autoridades a quem incumbe o julgamento do feito frequentemente indeferem solicitações de diligência ou perícias sob o fundamento de que as informações requeridas pelo contribuinte não serem necessárias à solução do litígio ou já estarem elucidadas, por meios, nos documentos acostados aos autos. Estatisticamente, constatase que grande parte dos requerimentos de perícia aviados no processo administrativo fiscal versa sobre o exame de situações fáticas, cujo teor já é do conhecimento do auditor fiscal no momento da formalização do lançamento, eis que sindicado e esclarecido durante todo o curso da ação fiscal. Diante desse quadro, o reexame de tais informações por outro especialista somente se revelaria necessário se ainda perdurassem dúvidas quanto ao convencimento da autoridade julgadora quanto às matérias de fato a serem consideradas no julgamento do processo. Não por outro motivo, ao fixar as regras básicas para a impugnação administrativa, o citado Decreto nº 70.235/72 outorgou à autoridade julgadora de primeira instância a faculdade de indeferir as perícias requeridas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Por óbvio, nada impede que o contribuinte venha aos autos demonstrar a questão que se queira discutir no levantamento fiscal, e o motivo pelo qual a prova não possa ser trazida diretamente aos autos, já que os julgadores administrativos têm, como requisito para o exercício de suas funções, o conhecimento da matéria tributária. Nada obstante, a palavra final acerca da conveniência e oportunidade da produção da prova pericial caberá sempre à autoridade julgadora, a teor do preceito inscrito caput do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. Nesse contexto, mesmo que fossem atendidos os requisitos essenciais previstos na norma positiva acima desfiada, o que de fato não ocorreu, é facultado à autoridade julgadora de primeira instância indeferir as perícias que considerar prescindíveis ou impraticáveis. No caso presente, a ação fiscal visava a apurar Salário de Contribuição contido nos cartões magnéticos SPIRIT CARD, com créditos disponíveis em valores monetários, os quais poderiam ser utilizados para a aquisição de produtos e serviços em rede conveniada ou segues. Os créditos nos cartões eram feitos conforme relação de beneficiários e valores informados pela tomadora. Malgrado haja sido intimada, a Recorrente não apresentou as notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa Spirit Incentivo & Fidelização Ltda, tampouco as relações discriminativas dos "beneficiários" dos cartões SPIRIT CARD. Nessas circunstâncias, o §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91 estatui que a recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação ou mesmo a sua apresentação deficiente, Fl. 110DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 constituise motivo justo, bastante, suficiente e determinante para a inscrição de ofício, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias reputadas devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. (...) §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita FederalDRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) (...) §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) Com efeito, a estrutura normativa dos tributos em geral aponta no sentido de que a base de cálculo, em princípio, deve ser apurada com base em documentos do Sujeito Passivo que registrem, de forma precisa, os montantes pecuniários correspondentes a cada hipótese de incidência prevista nas leis de regência correspondentes. Excepcionalmente, nas ocasiões em que o conhecimento fiel dos montantes acima referidos não for viável, o ordenamento jurídico admite o emprego da aferição indireta. No caso presente, diante da não apresentação dos documentos solicitados mediante TIAD, outra alternativa não se abriu à fiscalização que não apurar o montante devido por aferição indireta da base de cálculo, autorizada que estava pelo permissivo legal encartado nos §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91, transferindo para a empresa o ônus da prova em contrário. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 104 11 Citese por relevante que no procedimento de apuração da matéria tributável por arbitramento, valese a Autoridade Fiscal de outros elementos de sindicância que não aqueles documentos assinalados pela lei como adequados ao registro lapidado dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, tais como as folhas de pagamento, GFIP e os Livros Fiscais. Tais elementos podem ser os mais diversos, como, a título meramente ilustrativo, RPA, notas fiscais de serviço, Custo Unitário Básico da construção civil, valor de mercado de utilidades recebidas por segurados, custo de mão de obra empregada em serviços de construção civil, dentre outros. Nessa perspectiva, conforme expressamente estatuído na lei, não concordando o sujeito passivo com o valor aferido pela Autoridade Lançadora, competelhe, ante a refigurada distribuição do ônus da prova, que lhe é avesso, demonstrar por meios idôneos que tal montante não condiz com a realidade. Nada obstante, nas oportunidades em que teve de se pronunciar, formalmente, nos autos, a empresa limitouse a verter alegações repousadas no vazio, apoiandose única e exclusivamente na fugacidade e efemeridade das palavras, visto não se encontrarem cortejadas por qualquer indício de prova matéria, em eloquente exercício de retórica, tão somente, não logrando se desincumbir, dessarte, do ônus que lhe era avesso, nem, tampouco ilidir o lançamento que lhe fora infligida pela fiscalização previdenciária. Inexiste, pois, qualquer vício na formalização do débito a amparar a alegação de cerceamento de defesa erguida pelo Recorrente. Vencidas as preliminares, passamos à análise do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre, de plano, assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente contestadas pelo Recorrente, as quais se presumirão verdadeiras. 3.1. DA RELEVAÇÃO DA MULTA Pondera o Recorrente que a multa deve ser relevada eis que, ainda que de forma implícita, a empresa atendeu à intimação. Não procede. Conforme já salientado alhures, a Lei nº 8.212/91 foi editada com o propósito de disciplinar a organização da Seguridade Social, bem como o seu Plano de Custeio, mediante a instituição de obrigações tributárias ditas principais e acessórias, na estruturação engendrada pelo art. 113 do CTN. No que pertine aos deveres tributários adjetivos, estabeleceu o art. 92 da Lei de Custeio da Seguridade Social que a infração de qualquer dispositivo dessa Lei, para a qual não houver penalidade expressamente cominada, sujeitará o responsável ao pagamento de Fl. 112DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 penalidade pecuniária, de caráter variável em função da gravidade da infração, conforme dispuser o seu regulamento. Ao tratar das circunstâncias atenuantes da infração, no capítulo reservado às infrações, o Regulamento da Previdência Social, por seu art. 291, estabeleceu que a multa aplicada por infração à legislação previdenciária poderia ser relevada se o infrator, no prazo de impugnação, houvesse corrigido a falta e formulasse pedido para tanto, desde que satisfizesse, cumulativamente, as condições de ser infrator primário e não ter incorrido em nenhuma circunstância agravante. Regulamento da Previdência Social Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 1º de fevereiro de 2007) §1º A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 1º de fevereiro de 2007) §2º O disposto no parágrafo anterior não se aplica à multa prevista no art. 286 e nos casos em que a multa decorrer de falta ou insuficiência de recolhimento tempestivo de contribuições ou outras importâncias devidas nos termos deste Regulamento. §3º A autoridade que atenuar ou relevar multa recorrerá de ofício para a autoridade hierarquicamente superior, de acordo com o disposto no art. 366. As diretivas enunciadas no Regulamento da Previdência Social não discrepam daquelas dispostas na Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005, sob cuja égide se deu a autuação em apreço, cujo art. 656 dispõe que haverá relevação da multa, ainda que não contestada a infração, se o infrator for primário; não houver incorrido em circunstância agravante; formular pedido para tanto no prazo de impugnação e, antes de escoado esse mesmo prazo, houver corrigido a falta que deu ensejo à autuação. Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005. Art. 656. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação do Auto de Infração. (Redação dada pela IN SRP nº 23, de 30/04/2007) §1º A multa será relevada, ainda que não contestada a infração, se o infrator: I formular pedido dentro do prazo de defesa e comprovar a correção da falta no prazo referido no caput; (Redação dada pela IN SRP Nº 6, DE 11/08/2005) II for primário; e III não tiver incorrido em circunstância agravante. Constatase que, entre os requisitos essenciais elencados pelo RPS para a relevação da multa, está a necessidade de a empresa ter corrigido a falta até o termo final do prazo de impugnação do Auto de Infração. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 105 13 Verificase, no entanto, que a empresa não logrou corrigir, nem mesmo de forma parcial, as informações relativas aos fatos geradores discutidos no presente processo, mediante a inserção, em GFIP retificadoras, das remunerações efetuadas a seus segurados empregados, através do cartão SPIRIT CARD, no período de 04/2003 a 01/2004. Nas oportunidades que teve de se manifestar nos autos do processo, o Recorrente não honrou produzir as provas necessárias à elisão do lançamento tributário que ora se edifica. Limitouse a deduzir e contrapor alegações vazias, desprovidas de esteio em indício de prova material, apoiandose única e exclusivamente na fugacidade e efemeridade das palavras, em eloquente exercício de retórica, tão somente, gravitando ao redor dos reais motivos ensejadores da presente autuação. Nessa esteira, não logrou o Recorrente acostar aos autos qualquer indício de prova material idônea de que a infração motivadora da presente autuação houvesse sido efetivamente corrigida no prazo assentado em lei. Optou, a seu risco, por exortar asserções totalmente alheias aos fundamentos do presente lançamento, as quais se mostraram insuficientes para elidir a imputação que lhe fora infligida pela fiscalização previdenciária, não obtendo sucesso, assim, em desincumbirse do encargo que lhe pesava e se lhe mostrava contrário. Por tais motivos, a relevação pretendida pelo Recorrente não lhe pode ser agraciada, em virtude da carência de requisitos essenciais. 3.2. DA RETROATIVIDADE BENIGNA Urge, de plano, ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato Fl. 114DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente, como assim demonstra acreditar o Recorrente. O principio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 115DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 106 15 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do artigo 32 da Lei n º 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei n º 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu artigo 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22 de abril de 2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 16 § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Mostrase flagrante que a citada IN RFN nº 1.027/2010 extrapolou os limites da lei, inovando o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessória, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Fl. 117DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 107 17 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. È mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas Fl. 118DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 18 decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído Fl. 119DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10680.010374/200760 Acórdão n.º 230201.517 S2C3T2 Fl. 108 19 pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, extrapola os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo a penalidade ser recalculada tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, inserido pela Medida Provisória nº 449/2008, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. É como voto. Arlindo da Costa e Silva Fl. 120DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 20 Fl. 121DF CARF MF Impresso em 05/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 13794.000034/2008-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO.
IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO.
No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. REMUNERAÇÃO.
Subsumem-se no conceito de Salário de Contribuição do segurado
contribuinte individual sócio de pessoa jurídica tributada pelo regime do lucro presumido os valores pagos a título de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício, correspondentes à parcela que exceder o limite legal de isenção, quando não
restar comprovado que o lucro contábil foi maior que o montante distribuído.
SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRO LABORE. SALÁRIO
DE CONTRIBUIÇÃO.
Constitui fato gerador da contribuição previdenciária os valores pagos a título de pro labore aos sócios da empresa, na qualidade de segurados contribuintes individuais, ficando a empresa obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados dessa categoria a seu serviço, descontando-as das respectivas
remunerações, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo.
PRODUÇÃO DE PROVAS. MOMENTO PRÓPRIO. PRECLUSÃO
A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária,
sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo.
RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE.
O benefício da retroatividade benigna encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN somente é de ser observado quando uma nova lei cominar a uma determinada infração tributária uma penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração em realce.
O art. 32-A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, somente se aplica às hipóteses de Auto de Infração por descumprimento de obrigação tributária acessória consistente na não entrega de GFIP ou da entrega desse documento com informações incorretas ou omissas, mas, não, no caso de
falta de recolhimento de tributo obrigação tributária principal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-001.310
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF,
por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso, para, na parte conhecida, lhe negar provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Arlindo da Costa e Silva
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. REMUNERAÇÃO. Subsumem-se no conceito de Salário de Contribuição do segurado contribuinte individual sócio de pessoa jurídica tributada pelo regime do lucro presumido os valores pagos a título de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício, correspondentes à parcela que exceder o limite legal de isenção, quando não restar comprovado que o lucro contábil foi maior que o montante distribuído. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRO LABORE. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Constitui fato gerador da contribuição previdenciária os valores pagos a título de pro labore aos sócios da empresa, na qualidade de segurados contribuintes individuais, ficando a empresa obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados dessa categoria a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo. PRODUÇÃO DE PROVAS. MOMENTO PRÓPRIO. PRECLUSÃO A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária, sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. O benefício da retroatividade benigna encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN somente é de ser observado quando uma nova lei cominar a uma determinada infração tributária uma penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração em realce. O art. 32-A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, somente se aplica às hipóteses de Auto de Infração por descumprimento de obrigação tributária acessória consistente na não entrega de GFIP ou da entrega desse documento com informações incorretas ou omissas, mas, não, no caso de falta de recolhimento de tributo obrigação tributária principal. Recurso Voluntário Negado.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. REMUNERAÇÃO. Subsumemse no conceito de Salário de Contribuição do segurado contribuinte individual sócio de pessoa jurídica tributada pelo regime do lucro presumido os valores pagos a título de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício, correspondentes à parcela que exceder o limite legal de isenção, quando não restar comprovado que o lucro contábil foi maior que o montante distribuído. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRO LABORE. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Constitui fato gerador da contribuição previdenciária os valores pagos a título de pro labore aos sócios da empresa, na qualidade de segurados contribuintes individuais, ficando a empresa obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados dessa categoria a seu serviço, descontandoas das respectivas remunerações, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo. PRODUÇÃO DE PROVAS. MOMENTO PRÓPRIO. PRECLUSÃO. Fl. 270DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária, sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. O benefício da retroatividade benigna encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN somente é de ser observado quando uma nova lei cominar a uma determinada infração tributária uma penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração em realce. O art. 32A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, somente se aplica às hipóteses de Auto de Infração por descumprimento de obrigação tributária acessória consistente na não entrega de GFIP ou da entrega desse documento com informações incorretas ou omissas, mas, não, no caso de falta de recolhimento de tributo obrigação tributária principal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso, para, na parte conhecida, lhe negar provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. MARCO ANDRÉ RAMOS VIEIRA Presidente. ARLINDO DA COSTA E SILVA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Wilson Antonio de Souza Correa e Arlindo da Costa e Silva. Ausência momentânea: Manoel Coelho Arruda Junior. Relatório Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Data da lavratura da NFLD : 12/11/2008. Data da Ciência da NFLD : 19/11/2008. Fl. 271DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 661 3 Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da empresa em epígrafe, consistente em contribuições previdenciárias destinadas ao custei da Seguridade Social, a cargo da empresa, incidentes sobre os valores pagos aos sócios, a título de Distribuição de Lucros, que, por haverem sido concedidos em desacordo com a legislação, foram considerados como remuneração passível de incidência de contribuição previdenciária para todos os fins, conforme descrito no Relatório Fiscal, a fls. 33/40. Informa a Autoridade Lançadora que "...o sujeito passivo, optante pelo regime de tributação pelo lucro presumido, não possui escrituração contábil regular, não elabora demonstrações contábeis, distribuiu valores a título de lucros mensalmente, antecipando seu pagamento do trimestre correspondente a tais valores superaram o limite estabelecido na legislação que dispensa a necessidade de comprovação de sua existência. O próprio sujeito passivo reconheceu não elaborar a escrituração contábil e as demonstrações contábeis regulares, que visem, dentre outros, a apuração do resultado do exercício, demonstrando a existência de lucro/prejuízo contábil. Tal reconhecimento ocorreu na própria forma de tratar os valores excedentes ao limite com isenção, visto que houve retenção e recolhimento do Imposto de Renda sobre as parcelas referidas, fato este dispensável, caso fosse possível comprovar lucro contábil acima do limite de isenção, o que permitiria que a parcela do lucro assim demonstrada ficasse também isenta." Complementa asseverando que os valores dos denominados "lucros distribuídos" excedentes àqueles dispensados de comprovação (lucro isento), serão considerados como rendimentos pagos aos sócios, sobre os quais incidirá a contribuição previdenciária a cargo da empresa na forma definida no art. 22, inciso III, da Lei n° 8.212/91 e no §1° do inciso II, do art. 201 do Regulamento da Previdência Social. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 144/174, acompanhada dos documentos a fls. 175/605. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ lavrou Decisão Administrativa a fls. 607/613, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 02 de junho de 2009, conforme Aviso de Recebimento – AR, a fl. 616. Inconformada com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 618/655, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: • Que a Lei nº 8.212/91 é inconstitucional, eis que as contribuições sociais objeto do lançamento deveriam ter sido instituídas mediante Lei Complementar, e não por lei ordinária; • Que a fundamentação legal do Auto de Infração não se mostra compatível com a sistemática constitucional adotada em nosso país, tendo em vista que se baseou em regulamento do INSS e, também, em Lei Ordinária e não em Lei Complementar, como determina a Carta Magna; • Que o auditor fiscal não examinou o principal documento da empresa, qual seja, o Livro Caixa, posto que não o assinalou no campo descrição do Fl. 272DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 procedimento fiscal, o que invalidaria a ação fiscal. Aduz que, "Sempre que pode o Senhor AFRFB deixa de mencionar o termo Livro Caixa, procurando mostrar que a empresaimpugnante não comprovou a elaboração e a escrituração contábil e as demonstrações contábeis regulares, que visem, dentre outros, a existência de lucro/prejuízo." • Que a Recorrente cumpriu rigorosamente toda a legislação aplicável à matéria e demonstrou via registros contábeis, de acordo com as leis comerciais, que o lucro contábil é maior que o lucro presumido. • Que a Recorrente procedeu à distribuição de lucros aos seus sócios. Onde está a infração em distribuir lucros antecipadamente, quando se tem todos os registros contábeis nos termos da legislação comercial? Recibos de Distribuição de Lucros e aluguéis; • Requer a realização de todas as provas permitidas em direito, mormente a pericial; • Que a multa de mora de 30% do principal tem natureza de confisco; • Requer a incidência da retroatividade benigna para fazer incidir o art. 32 A da Lei nº 8.212/91, inserido pela MP nº 449/2008; Ao fim requer a declaração da insubsistência da presente autuação. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 02/06/2009. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 02 de julho do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO Pondera o Recorrente que a Lei nº 8.212/91 é inconstitucional, eis que as contribuições sociais objeto do lançamento deveriam ter sido instituídas mediante Lei Fl. 273DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 662 5 Complementar, e não por lei ordinária. Aduz que a fundamentação legal do Auto de Infração não se mostra compatível com a sistemática constitucional adotada em nosso país, tendo em vista que se baseou em regulamento do INSS e, também, em Lei Ordinária e não em Lei Complementar, como determina a Carta Magna. De outro canto, assevera ainda o Recorrente que a multa de 30% sobre o principal tem natureza de confisco. Compulsando a impugnação ao Auto de Infração em julgamento, verificamos que as alegações acima postadas inovam o Processo Administrativo Fiscal ora em apreciação. Tais matérias não foram, nem mesmo indiretamente, aventadas pelo impugnante em sede de defesa administrativa em face do lançamento tributário que ora se discute. Os alicerces do Processo Administrativo Fiscal encontramse fincados no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, cujo art. 16, III estipula que a impugnação deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em plena sintonia com tal preceito normativo processual, o art. 17 dispõe, de forma hialina, que a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante será considerada legalmente como não impugnada. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) As disposições inscritas no art. 17 do Dec. nº 70.235/72 espelham, no Processo Administrativo Fiscal, o princípio processual da impugnação específica retratado no art. 302 do Código de Processo Civil, assim redigido: Código de Processo Civil Fl. 274DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 Art. 302. Cabe também ao réu manifestarse precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumemse verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Deflui da normatividade jurídica inserida pelos comandos insculpidos no Decreto nº 70.235/72 e no Código de Processo Civil, na interpretação conjunta autorizada pelo art. 108 do CTN, que o impugnante carrega como fardo processual o ônus da impugnação específica, a ser levada a efeito no momento processual apropriado, in casu, no prazo de defesa assinalado expressamente no Auto de Infração, observadas as condições de contorno assentadas no relatório intitulado IPC – Instruções para o Contribuinte, a fls. 2/3. Nessa perspectiva, a matéria específica não expressamente impugnada em sede de defesa administrativa será considerada como verdadeira, precluindo processualmente a oportunidade de impugnação ulterior, não podendo ser alegada em grau de recurso. Salientese que as diretivas ora enunciadas não conflitam com as normas perfiladas no art. 473 do CPC, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, a qual exclui das partes a faculdade discutir, no curso do processo, as questões já decididas, ou a cujo respeito já se operou a preclusão. De outro eito, cumpre esclarecer, eis que pertinente, que o Recurso Voluntário consubstanciase num instituto processual a ser manejado para expressar, no curso do processo, a inconformidade do sucumbente em face de decisão proferida pelo órgão julgador a quo que lhe tenha sido desfavorável, buscando reformála. Não exige o dispêndio de energias intelectuais no exame da legislação em abstrato a conclusão de que o recurso pressupõe a existência de uma decisão precedente, dimanada por um órgão julgador postado em posição processual hierarquicamente inferior. Nesse contexto, à luz do que emana, com extrema clareza, do Direito Positivo, permeado pelos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, que todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. O conhecimento de questões inovadoras, não levadas antes ao conhecimento do Órgão Julgador Primário, representaria, por parte desta Corte, negativa de vigência ao preceito insculpido no art. 17 do Decreto nº 70.235/72, provimento este que somente poderia emergir do plenário do Poder Judiciário. Por tais razões, a matéria abordada nos primeiros dois parágrafos deste tópico, não poderão ser conhecidas por este Colegiado. Fl. 275DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 663 7 Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, deste conheço parcialmente. Passamos então ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre, de plano, assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente contestadas pelo Recorrente, as quais se presumirão verdadeiras. 2.1. DA ANÁLISE DO LIVRO CAIXA. O Recorrente concentra seu inconformismo na alegação de que o livro caixa, em seu entender, o principal documento da empresa, não foi examinado pelo auditor fiscal notificante, circunstância que invalidaria a ação fiscal. Aduz que, "Sempre que pode o Senhor AFRFB deixa de mencionar o termo Livro Caixa, procurando mostrar que a empresa impugnante não comprovou a elaboração e a escrituração contábil e as demonstrações contábeis regulares, que visem, dentre outros, a existência de lucro/prejuízo." As alegações acima esposadas são totalmente descabidas e divorciadas das provas dos autos. A relação de documentos examinados constantes no Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal é meramente exemplificativa, jamais exaustiva, de molde que o fato de não constar no citado termo o livro caixa como documento examinado, não significa, de modo algum, que tal elemento da contabilidade não tenha sido analisado pela fiscalização, como assim acredita piamente o Recorrente. Ademais, a instrução do Processo Administrativo Fiscal é constituída não somente pelo TEPF, mas por toda uma pletora documental consubstanciada em termos específicos, discriminativos, mandados de procedimentos, termos de autuação e uma miríade de relatórios de fiscalização, dentre os quais, o Relatório Fiscal da Infração, a fls. 33/40. A propósito, estampado se encontra logo na pagina 01 do Relatório Fiscal da Infração, em seu item 4, a informação segura de haver sido examinado não somente o Livro Caixa, como, também, o Registro de inventário e o DIPJ do ano base de 2004. Consigna, a esse teor o auditor fiscal notificante que tais documentos foram solicitados e examinados. No mesmo sentido, registra a Autoridade Lançadora no item 05 do Relatório Fiscal da Infração que “Da análise empreendida, verificouse que, durante todo o ano de 2004, mês a mês, o sujeito passivo procedeu à distribuição de lucros aos seus sócios conforme tabela abaixo, que consolida, sob o regime de competência, as informações obtidas do Livro Caixa e recibos apresentados”. Os grifos não constam do original. Fl. 276DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 De modo a espancar qualquer dúvida ainda renitente, o item 21 do Relatório Fiscal assinala os principais documentos verificados no decorrer da ação fiscal relacionados ao lançamento tributário ora em apreciação, dentre os quais, o livro caixa, reiterandose que tal relação é meramente exemplificativa, nunca exaustiva. 21. Documentação verificada no decorrer da Ação Fiscal, relacionada a esta lavratura: I. Guias de Recolhimento à Previdência Social — GPS, abrangendo o período fiscalizado. II. Recibos de pagamento de pro labore e lucro aos sócios e demonstrativos de cálculo mensal do lucro presumido elaborado pela empresa. III. Livro Caixa. IV. DIPJ ano base 2004. Não são merecedores de acolhida, portanto, os argumentos perfilados pelo Recorrente de que a autoridade fiscal não teria examinado o seu Livro Caixa, com fundamento, tão somente, no fato de o box relativo a tal documento não se encontrar marcado no TEPF. Nesse particular, registrese, que o próprio Recorrente reconheceu, em diversas oportunidades, ter o agente fiscal informado, de forma clara e expressa, ter efetivamente examinado os livros fiscais em debate. “É fato que o Senhor AFRF percebeu que o Livro Caixa da empresaimpugnante contém todos os registros contábeis integrantes do Livro Razão, Livro Diário, Balanço e DRE”. Tal omissão, registrese, dado o caráter exemplificativo do rol em realce, não tem o condão de inquinar de nulidade todo o procedimento fiscal, a teor do art. 60 do Decreto nº 70.235/72, eis que não representou qualquer prejuízo à defesa do sujeito passivo. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. §1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. §2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. §3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 277DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 664 9 2.1. DOS FATOS GERADORES – DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. Alega o Recorrente ter cumprido rigorosamente toda a legislação aplicável à matéria e demonstrou via registros contábeis, de acordo com as leis comerciais, que o lucro contábil é maior que o lucro presumido. Confirma, outrossim, ter procedido à distribuição antecipada de lucros aos sócios, questionando onde estaria a infração em distribuir lucros antecipadamente, quando se tem todos os registros contábeis nos termos da legislação comercial, recibos de Distribuição de Lucros e aluguéis. Razão não lhe assiste. A vexata quaestio sobre a qual se funda a lide em debate reside na subsunção ou não dos valores pagos aos sócios, a título de Distribuição de Lucros, concedidos em desacordo com a legislação, ao conceito legal de Salário de Contribuição, para os fins exclusivos de incidência de contribuições previdenciárias. O art. 195, I da Constituição Federal determina que a Seguridade Social seja custeada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos oriundos, dentre outras fontes, das contribuições sociais a cargo da empresa incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 278DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em realce não é mais o salário, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, pelos lançamentos efetuados em favor do trabalhador e todas as parcelas a este devidas em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Em reforço a tal abrangência, de modo a espancar qualquer dúvida ainda renitente a cerca da real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque, o legislador constituinte fez questão de consignar no texto constitucional, de forma até pleonástica, que as contribuições previdenciárias incidiriam não somente a folha de salários como também sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência da base de incidência das contribuições previdenciárias aos ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) No plano infraconstitucional, a disciplina da matéria em relevo foi confiada à Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual instituiu o Plano de Custeio da Seguridade Social, consubstanciado nas contribuições sociais a cargo da empresa e dos segurados obrigatórios do RGPS, nos limites traçados pela CF/88. Envolto na ordem jurídica realçada nas linhas precedentes, o inciso III do art. 22 da citada lei de custeio da Seguridade Social estatuiu como encargo da empresa a contribuição social de 20 % incidente sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços. Conceituase legalmente como Salário de Contribuição dos segurados contribuintes individuais base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo da empresa a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo legal, a teor do art. 28, III da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Fl. 279DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 665 11 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o §5º. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro durante o mês, a qualquer título, em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria. Imerso nessa ordem constitucional, o §5º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, publicado para conferir o detalhamento necessário à efetiva aplicação da norma legal in comentum, assim iluminou o caminho direcionado à precisa apuração das contribuições previdenciárias a cargo da empresa, dispondo que o lucro distribuído ao segurado empresário estará subsumido ao conceito jurídico de Salário de Contribuição quando não houver a perfeita discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho e a proveniente do capital social ou quando se tratar de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art. 201 – A contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, é de: (...) II vinte por cento sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual; (Redação dada pelo Decreto nº 3.265/99) (...) §5º ..... ......... I ................. II os valores totais pagos ou creditados aos sócios, ainda que a título de antecipação de lucro da pessoa jurídica, quando não houver discriminação entre a remuneração decorrente do Fl. 280DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 trabalho e a proveniente do capital social ou tratarse de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício. Trocando em miúdos, podemos resumir que incidirá contribuição previdenciária sobre os valores distribuídos aos sócios a título de lucros em duas situações distintas: a) Quando não houver discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho e a proveniente do capital social; b) Quando se tratar de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício. O caso sub examine não se subsume à hipótese elencada na primeira parte do inciso II do §5º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, eis que o Livro Caixa realiza menção discriminada das parcelas pagas aos sócios sob o rótulo de pro labore e àquelas vertidas a título de distribuição de lucros. Ao caso, no entanto, incide as disposições estampadas na parte final do referido dispositivo legislativo, eis que tal distribuição se configura como adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício. Tal compreensão decorre do fato de tais parcelas serem concedidas mensalmente aos sócios, conforme lançamentos no livro caixa, enquanto que a cláusula oitava do Contrato Social, consolidado após a 5ª alteração contratual, sob cuja égide sucederamse os fatos geradores em apreço, previa apenas a apuração do resultado e distribuição destes ao término de cada exercício social, em 31 de dezembro de cada ano. Depurando os dispositivos legais acima revisitados, o §6º do art. 77 da Instrução Normativa INSS nº 100/2003 estatuiu que o valor a ser distribuído a título de antecipação de lucro pode ser previamente apurado mediante a elaboração de balancetes contábeis mensais, devendo, nesta hipótese, ser observado que, se a demonstração de resultado final do exercício evidenciar uma apuração de lucro inferior ao montante distribuído, a diferença será considerada remuneração aos sócios. Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18/12/2003 Art. 77. ...... (...) §5º .... I ....... II os valores totais pagos ou creditados aos sócios, ainda que a título de antecipação de lucro da pessoa jurídica, quando não houver discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho e a proveniente do capital social, ou tratarse de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício ou quando a contabilidade for apresentada de forma deficiente. §6º Para fins do disposto no inciso II do §5º, o valor a ser distribuído a título de antecipação de lucro poderá ser Fl. 281DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 666 13 previamente apurado mediante a elaboração de balancetes contábeis mensais, devendo, nesta hipótese, ser observado que, se a demonstração de resultado final do exercício evidenciar uma apuração de lucro inferior ao montante distribuído, a diferença será considerada remuneração aos sócios.” Dessarte, no que se refere à tributação da contribuição previdenciária patronal do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o contribuinte optante pelo lucro presumido ou arbitrado deve ter o cuidado de manter a escrituração contábil regular, tendo em vista as disposições legislativas introduzidas pelo §5º, inciso II do art. 201 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003. Assim, com o advento do Decreto nº 4.729/2003, o adiantamento de lucros ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício passou a ser base de contribuição previdenciária. Melhor explicando: para as empresas distribuírem lucros aos sócios, sem incidência de contribuição previdenciária, precisarão elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, demonstrando com isso que possuem lucros suficientes para distribuição, evitando configuraremse como antecipação. Para as empresas que adotam apenas o livro Caixa, escrituração mínima exigida das optantes pelo lucro presumido e Simples Nacional, o lucro distribuído com isenção encontra limites na legislação de regência das sistemáticas simplificadas de tributação, o qual não poderá ser superior ao valor da base de cálculo do imposto de renda, subtraída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica. A eventual parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou ao titular (empresário) da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado, a título de lucros distribuídos, ainda que por conta de períodobase não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, somente se excluirá da tributação se a empresa demonstrar, mediante escrituração contábil, feita com observância da lei comercial, digase, através de Livro Diário, Demonstrativo do Resultado do Exercício, e balanço patrimonial, dentre outros, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo regime do lucro presumido, conforme assim estipula o inciso II do §2º do art. 48 da IN SRF nº 93/97. Mas não é só. Há outras condicionantes: Na hipótese tratada no parágrafo anterior, o eventual montante distribuído que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputado aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. Além disso, inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos da legislação de regência, conforme estatuído no art. 48, §3º da IN SRF nº 93/97. Instrução Normativa SRF Nº 093, de 24 de Dezembro de 1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. Fl. 282DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 §1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. §2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. (grifos nossos) §3º A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de períodobase não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. §4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 1995. §5º A isenção de que trata o "caput" não abrange os valores pagos a outro título, tais como "pro labore", aluguéis e serviços prestados. §6º A isenção de que trata este artigo somente se aplica em relação aos lucros e dividendos distribuídos por conta de lucros apurados no encerramento de períodobase ocorrido a partir do mês de janeiro de 1996. §7º O disposto no §3º não abrange a distribuição do lucro presumido ou arbitrado conforme o inciso I do §2º, após o encerramento do trimestre correspondente. §8º Ressalvado o disposto no inciso I do §2º, a distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos que não tenham sido apurados em balanço sujeitase à incidência do imposto de renda na forma prevista no §4º. No caso presente, a fiscalização demonstrou, através dos demonstrativos e memórias de cálculo expostos no Relatório Fiscal a fls. 33/40, que o montante distribuído a título de lucros excedeu ao limite legal imposto pela lei. Apurou, também, que o sujeito passivo, optante pelo regime de tributação pelo lucro presumido, possui apenas o Livro Caixa, não possuindo escrituração contábil feita com observância da lei comercial e que não elabora demonstrações contábeis tampouco balancetes, distribuiu valores a título de lucros mensalmente, antecipando seu pagamento do Fl. 283DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 667 15 exercício correspondente e tais valores superaram o limite estabelecido na legislação que dispensa a necessidade de comprovação de sua existência. Registrese ter o próprio Recorrente admitido não elaborar a escrituração contábil e as demonstrações contábeis regulares, fato que inviabiliza a apuração do resultado do exercício, demonstrativo esse indispensável à comprovação da existência de lucro/prejuízo contábil. Tal reconhecimento manifestouse até na própria forma com que a empresa tratou tributariamente os valores excedentes ao limite com isenção, haja vista ter o Recorrente efetuado a devida retenção e recolhimento de Imposto de Renda sobre as parcelas em apreço, providência essa que seria dispensável caso fosse possível comprovar lucro contábil acima do limite de isenção, o que permitiria que a parcela do lucro assim demonstrada ficasse igualmente isenta de tributação. Diante do quadro fático/jurídico retratado em cores vivas nos parágrafos antecedentes, revelase inafastável a incidência do preceito inscrito no §6º do art. 77 da IN INSS/DC nº 100/2003, qualificandose dessarte como remuneração dos sócios a diferença entre o montante efetivamente distribuído e o limite máximo de isenção legal. Nesse sentido, já se posicionou a CoordenaçãoGeral de Tributação da RFB, conforme se depreende das Soluções de Consulta nº 46/2010 e nº 76/2010 adiante ementadas. Solução de Consulta n. 46, de 24 de maio de 2010 – DOU de 14.06.2010 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ementa: Distribuição de Lucros aos Sócios. Não Incidência. O sócio cotista que receba prólabore é segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte individual, havendo incidência de contribuição previdenciária sobre o pró labore por ele recebido. Não incide a contribuição previdenciária sobre os lucros distribuídos aos sócios quando houver discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho (prólabore) e a proveniente do capital social (lucro) e tratarse de resultado já apurado por meio de demonstração do resultado do exercício. DRE. (grifos nossos) Estão abrangidos pela não incidência os lucros distribuídos aos sócios de forma desproporcional à sua participação no capital social, desde que tal distribuição esteja devidamente estipulada pelas partes no contrato social, em conformidade com a legislação societária. Solução de Consulta nº 76, de 3 de setembro de 2010 ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias EMENTA: SOCIEDADE EMPRESÁRIA. LUCRO DISTRIBUÍDO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. Os valores pagos aos sócios de sociedade empresária a título de lucro ou de antecipação de lucro não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária se houver escrituração contábil regular por meio dos livros Diário Fl. 284DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 16 e Razão, com discriminação da remuneração decorrente do trabalho e da proveniente do capital social, independentemente do regime de tributação adotado pelo contribuinte. (grifos nossos) DISPOSITIVOS LEGAIS: Constituição Federal, art. 195, I, "a"; Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto Nº 3.048/1999, art. 201, §§ 1º e 5º, art. 225, II e § 13; Instrução Normativa RFB Nº 971/ 2009, art. 57, II, e §§ 5º e 6º. Não procedem pois os argumentos expendidos pela empresa de que houvera cumprido “rigorosamente toda a legislação aplicável a matéria e demonstrou via registros contábeis de acordo com as leis comerciais que o lucro contábil é maior que o lucro presumido”. A uma, eis que a lei determina não somente a escrituração de livros fiscais, mas, igualmente, a elaboração de demonstrativos contábeis e balanços fiscais, documentos estes indispensáveis à apuração do lucro contábil. A duas, em virtude de a empresa não ter logrado demonstrar, nem mesmo indiretamente, qual o montante do seu lucro contábil, tampouco que este haja excedido o lucro presumido. Nesse particular, nas oportunidades procedimentais que teve para se manifestar nos autos, o Recorrente limitouse a transcrever excertos do Relatório Fiscal da Infração e a proferir impropérios direcionados à atuação da fiscalização, como se os procedimentos adotados pela autoridade fiscal houvessem exsurgidos, unicamente, do incondicionado talante do agente e, não, em decorrência da estrita observância aos procedimentos de fiscalização fixados na legislação de regência, e da natureza plenamente vinculada do seu dever de ofício, não lhe atribuindo a lei qualquer discricionariedade para decidir sobre a conveniência e oportunidade de se apurar ou não os fatos jurígenos tributários efetivamente ocorridos sob a responsabilidade do sujeito passivo em apreço. Nesse contexto, mesmo ciente de que o lançamento em apreço teve como elemento motivador a falta de comprovação, mediante demonstrativos contábeis, de que o lucro contábil suplantava pecuniariamente o lucro presumido, o Recorrente quedouse inerte no sentido de suprir a falta em destaque, restringindose, em sua extensa manifestação, a afirmar que mantém “registros contábeis de acordo com as leis comerciais, capaz de provar que o Lucro Contábil é maior que Lucro Presumido” (sic), sem, no entanto, realizar tal comprovação. Não logrou, dessarte, o Recorrente se desincumbir do ônus que se lhe apresentava contrário, nem obteve sucesso, tampouco, em ilidir o lançamento tributário que ora se escultura. 2.2. DA PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL Requer a realização de todas as provas permitidas em direito, mormente a pericial. Tal pedido não pode ser atendido. Fl. 285DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 668 17 A legislação tributária que rege o Processo Administrativo Fiscal aponta que o foro apropriado para a contradita aos termos do lançamento concentrase na fase processual da impugnação, cujo oferecimento instaura a fase litigiosa do procedimento. No âmbito do Ministério da Previdência Social a disciplina do rito processual em tela, à época da lavratura da NFLD em estudo, restou a cargo da Portaria MPS n° 520, de 19 de maio de 2004, cujo art. 9º assinala, categoricamente, que o instrumento de bloqueio deve consignar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de instruir a peça de defesa com todas as provas documentais, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em seu parágrafo primeiro. Portaria MPS n° 520, de 19 de maio de 2004. Art. 9 A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (grifos nossos) IV as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito. §1° A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (grifos nossos) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos §2º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (grifos nossos) §3º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pelo Conselho de Recursos da Previdência Social. §4º A matéria de fato, se impertinente, será apreciada pela autoridade competente por meio de Despacho ou nas contrarrazões, se houver recurso. §5º A decisão deverá ser reformada quando a matéria de fato for pertinente. §6º Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. (grifos nossos) Fl. 286DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 18 §7º As provas documentais, quando em cópias, deverão ser autenticadas, por servidor da Previdência Social, mediante conferência com os originais ou em cartório. §8º Em caso de discussão judicial que tenha relação com os fatos geradores incluídos em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito ou Auto de Infração, o contribuinte deverá juntar cópia da petição inicial, do agravo, da liminar, da tutela antecipada, da sentença e do acórdão proferidos. Registrese, a título de mera reflexão, se que os preceptivos encartados na norma de regência aqui enunciada não se contrapõem às normas estampadas no Decreto nº 70.235/72, que hoje rege o Processo Administrativo Fiscal nas ordens do Ministério da Fazenda, antes, sendo, destas, espelho. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) §2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) §3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) Fl. 287DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 13794.000034/200812 Acórdão n.º 230201.310 S2‐C3T2 Fl. 669 19 a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) §5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) §6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) Avulta, nesse panorama jurídico, que o Recorrente não tem que protestar pela produção de provas documentais e/ou periciais no processo administrativo, mas, sim, produzi las. De acordo com os princípios basilares do direito processual, incumbe ao autor o ônus de comprovar os fatos constitutivos do Direito por si alegado, e à parte adversa, a prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tem o Recorrente, por disposição legal, que produzir as provas de seu direito, de forma concentrada, já em sede de impugnação, colacionadas juntamente na peça de defesa, sob pena de preclusão. 2.3. DA RETROATIVIDADE BENIGNA O Recorrente requer a incidência da retroatividade benigna para fazer incidir o art. 32A da Lei nº 8.212/91, inserido pela MP nº 449/2008. Fl. 288DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 20 O benefício da retroatividade benigna encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN é de ser observado sempre que uma nova lei cominar a uma determinada infração tributária uma penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração em realce. Ocorre que o art. 32A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, somente se aplica às hipóteses de Auto de Infração por descumprimento de obrigação tributária acessória consistente na não entrega de GFIP ou da entrega desse documento com informações incorretas ou omissas, mas, não, no caso de falta de recolhimento de tributo – obrigação tributária principal. Da análise de tudo o quanto se considerou no presente julgado, podese asselar categoricamente que a decisão de primeira instância não demanda, alfim, qualquer reparo. 3. CONCLUSÃO Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva Fl. 289DF CARF MF Emitido em 19/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/08/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/08/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000158/2009-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2004
Ementa: ISENÇÃO. QUESTÃO PREJUDICIAL. ATO CANCELATÓRIO.
RECONHECIMENTO DO DIREITO PELO CARF.
O presente lançamento foi lavrado em virtude de a autuada ter a isenção cancelada por meio do ato administrativo.
Acontece que o recurso relativo ao Cancelamento da isenção foi julgado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF. Nesse julgamento, aquela Turma entendeu estarem presentes os requisitos para que a autuada usufruísse do benefício fiscal.
Uma vez que o mérito já foi analisado, se tornando definitivo, não cabe a reapreciação por esta Turma. Em virtude de o Ato Cancelatório ser uma questão prejudicial para o presente julgamento, cabe apenas conhecer do resultado e aplica-lo.
Assim, tendo a autuada direito à isenção de contribuição previdenciária, não caberia o lançamento fiscal relativamente à cota patronal, bem como a relativa a Terceiros (outras entidades).
Numero da decisão: 2302-001.477
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda
Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em conceder provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Marco André Ramos Vieira
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Recorrente ASSOCIACAO PARANAENSE DE CULTURA Recorrida DRJ CURITIBA PR Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2004 Ementa: ISENÇÃO. QUESTÃO PREJUDICIAL. ATO CANCELATÓRIO. RECONHECIMENTO DO DIREITO PELO CARF. O presente lançamento foi lavrado em virtude de a autuada ter a isenção cancelada por meio do ato administrativo. Acontece que o recurso relativo ao Cancelamento da isenção foi julgado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF. Nesse julgamento, aquela Turma entendeu estarem presentes os requisitos para que a autuada usufruísse do benefício fiscal. Uma vez que o mérito já foi analisado, se tornando definitivo, não cabe a reapreciação por esta Turma. Em virtude de o Ato Cancelatório ser uma questão prejudicial para o presente julgamento, cabe apenas conhecer do resultado e aplicalo. Assim, tendo a autuada direito à isenção de contribuição previdenciária, não caberia o lançamento fiscal relativamente à cota patronal, bem como a relativa a Terceiros (outras entidades). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em conceder provimento ao recurso, nos termos do relatorio e voto que integram o presente julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Fl. 1DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Manoel Coelho Arruda Júnior e Eduardo Augusto Marcondes de Freitas. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 12268.000158/200974 Acórdão n.º 230201.477 S2C3T2 Fl. 366 3 Relatório A presente NFLD tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa, incluindo a relativa aos Terceiros, cujos valores foram declarados em GFIP e ou constaram em folhas de pagamento, referente ao período compreendido entre as competências fevereiro a dezembro de 2004, fls. 160 a 163. Segundo a fiscalização o lançamento foi motivado pelo processo n° 35183.004286/200761, no qual o contribuinte teve cancelada a isenção das contribuições devidas à previdência social e daquelas devidas a Terceiros. Não conformado com a notificação, foi apresentada defesa pela sociedade entidade, fls. 185 a 288. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba exarou a Decisão, que confirmou a procedência do lançamento, fls. 315 a 321. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso, conforme fls. 325 a 339. Em síntese, a recorrente em seu recurso alega o seguinte: • O Ato Cancelatório da isenção foi anulado pelo CARF; • A recorrente possui direito à imunidade; • O lançamento não poderia contemplar encargos moratórios; • Não houve afronta ao CTN; • Requerendo provimento ao recurso interposto. Não foram apresentadas contrarrazões pelo órgão fazendário. É o relato suficiente. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 364. Pressuposto superado, passo ao exame das questões prejudiciais ao mérito. O presente lançamento foi lavrado em virtude de a autuada ter a isenção cancelada por meio do ato administrativo. Nesse sentido é expresso o despacho à fl. 179, nestas palavas: Ressalvo que este lançamento fiscal foi efetuado, neste momento, exclusivamente para PREVENIR A DECADÊNCIA, que tomou se próxima em função da edição da súmula vinculante n° 8 do Supremo Tribunal Federal, e que, portanto, não é exigível enquanto pendente de decisão recurso administrativo, formulado pela empresa ora autuada, relativo ao ato cancelatório de isenção n° 0001/2007, que encontrase no Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda(processo n° 35183.004286/200761). Acontece que o recurso relativo ao Cancelamento da isenção foi julgado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF, conforme cópias às fls. 340 a 350. Nesse julgamento, aquela Turma entendeu estarem presentes os requisitos para que a autuada usufruísse do benefício fiscal. Desse acórdão não foi interposto recurso pela Procuradoria da Fazenda Nacional, fl. 351; e assim a decisão se tornou definitiva para a Administração Tributária. Uma vez que o mérito já foi analisado, se tornando definitivo, não cabe a reapreciação por esta Turma. Em virtude de o Ato Cancelatório ser uma questão prejudicial para o presente julgamento, cabe apenas conhecer do resultado e aplicalo. Assim, tendo a autuada direito à isenção de contribuição previdenciária, não caberia o lançamento fiscal relativamente à cota patronal, bem como a relativa a Terceiros (outras entidades). Deve ser reformada a decisão de primeira instância para reconhecer a isenção da cota patronal. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário, para no mérito CONCEDERLHE PROVIMENTO. Marco André Ramos Vieira Fl. 4DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 12268.000158/200974 Acórdão n.º 230201.477 S2C3T2 Fl. 367 5 Fl. 5DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10980.010912/2004-99
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda Pessoa Física IRPF
Ano-calendário: 1999
IRPF. OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. NÃO COMPROVADA. PRESUÇÃO LEGAL MANTIDA.
A presunção legal de omissão de rendimentos/receitas edificada com base em depósitos bancários, na forma prescrita no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, impõe ao contribuinte comprovar a origem dos recursos transitados em suas contas bancárias, sob pena de tributação naquela roupagem, sobretudo quando as justificativas ofertadas pelo autuado foram devidamente refutadas pela fiscalização a partir da intimação dos “depositantes” que sequer
confirmaram as operações ou mesmo conhecer o beneficiado.
Recurso especial provido
Numero da decisão: 9202-001.352
Decisão: Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar
provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Gonçalo Bonet Allage, Manoel Coelho arruda Junior, Gustavo Lian Haddad e Susy Gomes Hoffmann.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
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OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. NÃO COMPROVADA. PRESUÇÃO LEGAL MANTIDA. A presunção legal de omissão de rendimentos/receitas edificada com base em depósitos bancários, na forma prescrita no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, impõe ao contribuinte comprovar a origem dos recursos transitados em suas contas bancárias, sob pena de tributação naquela roupagem, sobretudo quando as justificativas ofertadas pelo autuado foram devidamente refutadas pela fiscalização a partir da intimação dos “depositantes” que sequer confirmaram as operações ou mesmo conhecer o beneficiado. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Gonçalo Bonet Allage, Manoel Coelho arruda Junior, Gustavo Lian Haddad e Susy Gomes Hoffmann. Caio Marcos Candido – PresidenteSubstituto Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: Fl. 1DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Caio Marcos Candido Carlos (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (Conselheiro convocado), Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório RONALD THADEU RAVEDUTTI, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 21/12/2004, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, em relação ao anocalendário 1999, conforme peça inaugural do feito, às fls. 134/143, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Primeiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 4a Turma da DRJ em Curitiba/PR, consubstanciada no Acórdão nº 8.452/2005, às fls. 167/173, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 4ª Câmara, em 07/12/2006, por maioria de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 104 22.121, sintetizados na seguinte ementa: “OMISSÃO DE RENDIMENTOS LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO Devem ser excluídos da autuação os depósitos de origem comprovada. MULTA DE OFÍCIO INCONSTITUCIONALIDADE O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n°. 2). JUROS DE MORA SELIC A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, á taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n°. 4). Recurso parcialmente provido.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 219/230, com arrimo no artigo 7º, inciso I, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado a legislação de regência, especialmente o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, bem como prova constante dos autos, impondo seja conhecida sua peça recursal, uma vez demonstrada à observância aos pressupostos regimentais. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10980.010912/200499 Acórdão n.º 920201.352 CSRFT2 Fl. 2 3 A fazer prevalecer seu entendimento, assevera que a Câmara recorrida, ao acolher em parte o pleito do contribuinte, equiparou o reconhecimento da origem dos recursos depositados na conta corrente do autuado, assim determinada pelo artigo 42 da Lei 9.430/96, à mera condição de identificação formal do depositante, o que não pode subsistir. Sustenta que o dispositivo legal retro, ao revés do que decidido no Acórdão recorrido, exige a comprovação da origem mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, sendo que a Lei em nada se refere à mera identificação do depositante como forma de elidir a presunção legal a favor do fisco, mormente se tratando de caso no qual aludida providência distanciase da prova documental apta a respaldar a demonstração da verdadeira origem dos recursos empregados. Contrapõese ao Acórdão atacado, mais precisamente quanto aos depósitos cuja origem fora considerada comprovada, tendo sido excluídos da base de calculo do IRPF, aduzindo para tanto que: 1) o depósito de R$ 32.000,00, efetuado via DOC na conta do autuado pelo Sr. José Sebastião Espínola, devidamente intimado, afirmou, conforme documento de fls. 99 dos autos, não conhecer o recorrido, e que teria recebido orientações de seu cliente, a empresa (......), no sentido de que a importância de R$ 30.000,00 fosse depositada na conta corrente do autuado, de número 104.4293, o que comprova a imprestabilidade do DOC como prova de origem do depósito, em virtude de não haver coincidência de valores entre a transferência e o depósito, muito menos dos números da conta corrente do favorecido, não possuindo nenhum documento que possa provar o alegado. 2) o depósito no valor de R$ 40.000,00, datado de 16/04/1999, efetuado por WILMINGTON DO BRASIL SERV PROJ DÊS LTDA, a qual, intimada na pessoa de sua representante legal, a Sra. Rosângela, informou não saber prestar qualquer informação sobre a operação, eis que sequer tem conhecimento da existência de fato de tal empresa, porquanto fora vitimada pela ação de terceiros estelionatários que utilizaram indevidamente seus documentos pessoais furtados, trazendo aos autos o boletim de ocorrência. (fls. 113) 3) A propósito do depósito de R$ 22.624,08, datado de 15/04/1999, realizado por NENE PNEUS SRL, o representante legal informou que a empresa fora liquidada extrajudicialmente, em 20/12/1994, e não mais exerceu atividades a partir daquela data, conforme certidão de cancelamento juntada aos autos (fls. 93), concluindo que se nos depósitos constou o CNPJ da NENE, assim o fora procedido por terceiros sem qualquer autorização, pois não é a autora dos depósitos e não conhece o autuado ou qualquer finalidade que justifique o creditamento dos valores em sua conta corrente. 4) O depósito de R$ 50.000,00, datado de 13/04/99, e o depósito de R$ 25.000,00, de 20/04/1999, efetuados, respectivamente por SM DISTR PORD FARM e COMS LTDA AS e MARIA CRISTINA CESAR VIZACO também devem ser mantidos já que não houve qualquer manifestação sobre as intimações enviadas. Arremata, argumentando que o entendimento da Câmara recorrida malfere o artigo 42 da Lei n° 9.430/96, bem como o principio da verdade material, tendo em vista confrontar com todo o conjunto probatório colacionado nos autos. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 4 Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 4ª Câmara do 1º Conselho, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido, em tese, contrariou a legislação tributária, especialmente o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, bem como evidência de prova, conforme Despacho nº 104242/2008, às fls. 237/238. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, o contribuinte não ofereceu suas contrarrazões, consoante informações constantes dos documentos de fls. 244/248. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da então 4ª Câmara do 1º Conselho a contrariedade à lei suscitada, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, o contribuinte fora autuado, com arrimo no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, em virtude da falta de comprovação da origem de depósitos bancários realizados em 04/01/1999 a 31/03/1999, na conta corrente conjunta n° 0463659, Agência 138, do Banco Banestado S/A. Assim, não tendo o contribuinte justificado a origem dos recursos transitados em aludida conta bancária, o fiscal autuante os caracterizou como rendimentos omitidos da tributação, lavrando a presente autuação. Por sua vez, ao analisar o caso, a Câmara recorrida achou por bem rechaçar em parte a pretensão fiscal, sob o argumento de ser inaplicável a presunção legal contemplada no artigo 42 da Lei nº 9.430/96 quando os recursos transitados em conta bancária decorrem de operações via TED, DOC, etc, com a identificação clara do depositante e, por conseguinte, da origem do depósito, impondo seja procedido, eventualmente, o lançamento tributandose como rendimentos recebidos de pessoas físicas ou jurídicas. Dessa forma, o Colegiado recorrido, à sua maioria, reduziu a base de cálculo da omissão de rendimentos do anocalendário 1999 para R$ 151.294,84, em face da exclusão dos seguintes depósitos, com as respectivas datas: 1) R$ 61.735,00 – 12/01/1999; 2) R$ 32.000,00 – 15/04/1999; 3) R$ 40.000,00 – 19/04/1999; 4) R$ 22.624,08 – 16/041999; 5) R$ 50.000,00 – 14/04/1999; 6) R$ 25.000,00 – 22/04/1999; Fl. 4DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10980.010912/200499 Acórdão n.º 920201.352 CSRFT2 Fl. 3 5 Restou vencida, a Conselheira Maria Beatriz Andrade de Carvalho, que somente excluía o depósito de R$ R$ 61.735,00 – 12/01/1999, reduzindo a base de cálculo ao valor de R$ 236.106,88, o qual não fora objeto de contestação pela Procuradoria, que se insurgiu somente em relação aos depósitos acima elencados. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, aduzindo, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram os preceitos contidos no artigo 42 da Lei nº 9.430/96 e, bem assim, provas constantes dos autos, tendo em vista que os documentos juntados ao processo são suficientemente capazes de sustentar a exigência fiscal em comento. Defende que o dispositivo legal retro exige a comprovação da origem mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, não contemplando a mera identificação do depositante como forma de elidir a presunção legal a favor do fisco. Em defesa de sua pretensão, opõese ao entendimento levado a efeito pela Câmara recorrida, mais precisamente quanto aos depósitos cuja origem fora considerada comprovada, tendo sido excluídos da base de calculo do IRPF, alegando para tanto que a autoridade lançadora intimou todos os “depositantes”, identificados no DOC’s, os quais negaram qualquer vinculação com o contribuinte, ou mesmo que o conhecia, não tendo conhecimento, inclusive, da razão do depósito. Consoante se infere dos elementos que instruem o processo, concluise que o pleito da Fazenda Nacional merece acolhimento, por espelhar a melhor interpretação a propósito do tema, encontrando guarida na legislação de regência, como passaremos a demonstrar. Com efeito, a ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, utilizou como fundamento à sua empreitada o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual estabelece a caracterização de omissão de rendimentos e/ou receitas com base em depósitos bancários de origem não comprovada, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. [...]” Afora a vasta discussão a propósito da matéria, o certo é que após a edição do Diploma legal encimado, especialmente em seu artigo 42, a movimentação bancária dos contribuintes, pessoa física ou jurídica, passou a ser presumidamente considerada omissão de rendimentos ou de receitas se aqueles não comprovassem a origem dos recursos transitados em suas contas correntes. Tratase, pois, da conhecida presunção legal – júris, que desdobrase, ensinam os doutrinadores, em presunções "juris et de jure" e "juris tantum". As primeiras não admitem prova em contrário, são verdades indiscutíveis por força de lei. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 6 Por sua vez, as presunções "juris tantum" (presunções discutíveis), fato conhecido induz à veracidade de outro, até a prova em contrário. Elas recuam diante da comprovação contrária ao presumido. Serve de bom exemplo a presunção de liquidez certa da dívida inscrita, que pode ser ilidida por prova inequívoca, insculpida no artigo 204 e parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Partindo dessas premissas, é o contribuinte o responsável na produção da prova tendente a afastar a tributação que sobre determinado depósito lhe vier a ser imposta pelo Fisco. E, o êxito nesta empreitada, depende da comprovação da origem dos recursos transitados nas contas bancárias, origem esta, ressaltese, sem objetiva e clara definição em Lei, seja no sentido restrito, de ser entendida como a mera identificação do depositante dos valores, seja no sentido amplo, com a necessidade de comprovação do negócio jurídico válido e lícito que ensejou o direito ao recebimento da quantia depositada em contas correntes, discussão que não será objeto do presente julgamento, a qual entendemos por despicienda diante das provas materiais produzidas nos autos por ambas as partes. Da análise das alegações objeto do recurso especial manejado pela Fazenda Nacional, concluise que a discussão sob exame não repousa necessariamente em determinar se a apresentação de DOC ou TED, com a identificação do depositante ou daquele que efetuou a transferência, tem por si só o condão de afastar a presunção legal do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, para fins de comprovação da origem de depósitos bancários efetuados em conta corrente de pessoa física ou jurídica. Em verdade, o que importa, no caso dos autos, é saber se os DOC’s apresentados pelo autuado, diante das demais provas produzidas quando da ação fiscal, se prestam a refutar a presunção contemplada naquela norma legal. Destarte, mesmo vislumbrando que o Acórdão recorrido entendeu que a apresentação de DOC’s, nos quais seja devidamente identificado o depositante de valores em conta corrente do contribuinte fiscalizado, afasta os preceitos do artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temos que a matéria a ser analisada no presente recurso especial se fixa em demonstrar que, no caso em concreto, a prova produzida nos autos não fora suficientemente hábil e idônea, capaz de rechaçar a pretensão fiscal, o que ensejou a expressa violação a artigo de Lei e a decisão contrária a prova inserta no processo, na forma sustentada pela Fazenda Nacional. Assim, impõese a análise da presente demanda, de maneira a reconhecer ou não as justificativas do contribuinte objetivando afastar a presunção legal utilizada pelo Fisco como fundamento da imposição da tributação dos depósitos. De início, conforme reconhecido pelo Acórdão recorrido, possuindo o sujeito passivo prova mais robusta do que o fisco (presunção), acerca da origem dos recursos depositados em sua conta, este não merece ser autuado pela falta do recolhimento do IRPF sobre tais recursos, uma vez que, tratandose de lançamento baseado em presunção legal, a existência de prova material e justificativas apresentadas pelo contribuinte sobre a origem dos depósitos enseja, em homenagem ao princípio da verdade material, a necessidade de seu acatamento, sobretudo em razão de que, em favor da Fazenda, apenas subsiste uma situação presumida, ou seja, que não possui amparo em fatos ou documentos concretos. Em outras palavras, a documentação apresentada pelo contribuinte, no mínimo, tem que ser considerada como princípio de prova que, na pior das hipóteses, possui maior valor probatório que a simples presunção que suporta o lançamento fiscal. Os DOC’s e/ou TED’s, portanto, caso inexistente nos autos qualquer outra prova que ensejasse entendimento contrário, poderia pesar em favor do contribuinte, Fl. 6DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10980.010912/200499 Acórdão n.º 920201.352 CSRFT2 Fl. 4 7 corroborando suas justificativas acerca da origem dos depósitos, caracterizandose, assim, como provas, a princípio, idôneas e suficientes a fazer recuar o preceito do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, notadamente em razão de toda presunção, mesmo a legal, se afastar perante a existência de prova material demonstrando que a realidade fática, em verdade, é diferente da presumida. Neste sentido, a conclusão sobre a origem dos recursos somente pode ser tomada diante das peculiaridades de cada caso em concreto. Por seu turno, ao analisar detidamente o presente processo constatamos que a conclusão aventada no Acórdão guerreado, com a devida vênia, não é a melhor a ser aplicada, senão vejamos. A fiscalização, escorada no seu poderdever de lançar o imposto devido, adotou todas as providências que estavam ao seu alcance para demonstrar que as provas trazidas aos autos pelo contribuinte mereciam ser desconsideradas, no intuito de justificar a adoção da presunção do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Para tanto, intimou todos os indicados como depositantes nos DOC’s para confirmar as justificativas apresentadas pelo contribuinte em sede de fiscalização e na própria impugnação. As respostas encartadas nos autos, longe de sustentar as alegações do recorrido, ao revés, fizeram prova a favor do fisco de que a documentação, ou seja, os DOC’s apresentados, e as alegações do contribuinte não mereciam prosperar. Com efeito, restou cabalmente demonstrado que nenhuma das pessoas identificadas como depositantes conhecia o autuado ou sabia dizer a razão do depósito efetuado, sendo que, em um dos casos, constatou tratarse de depósitos originados de empresas que sequer existiam ou estavam em funcionamento, não havendo, pois, possibilidade jurídica da realização da transferência, situações estas que geram fundada dúvida sobre a origem de tais recursos. Como se observa, não se trata de simples tributação com base em omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada em que o fiscal autuante tão somente não acolhe as alegações do contribuinte sem qualquer motivação fática. Ao contrário, em face das justificativas apresentadas pelo autuado, a autoridade lançadora entendeu por bem intimar os “depositantes” a confirmarem tais operações, os quais refutaram as argumentações do sujeito passivo (Termo de Verificação Fiscal, às fls. 139), nos seguintes termos: “[...] 1) José Sebastião Espíndola, que respondeu que foi orientado pelo Sr Adalberto Tavares de Almeida, procurador/responsável pela empresa Nenê Pneus SRL, que o contratou para recuperar crédito existente dessa empresa junto ao Sr Mauri Bueno, a efetuar o depósito do referido crédito na contacorrente n° 104.4293, agência Murici (138), do Banco Banestado. Esclareceu que não conhece o favorecido dessa conta e que não possui documentação comprobatória dessa transação; 2) Rosângela Aparecida Gimenez, responsável legal pela empresa Wilmington do Brasil Serv. Proj. e Desenv. Ltda, que se Fl. 7DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 8 encontra inapta nos sistemas informatizados da SRF, que respondeu não ser responsável por essa empresa, da qual nunca participou, e que registrou um boletim de ocorrência policial para averiguação de estelionato, não podendo, portanto, prestar qualquer informação a respeito da operação bancária realizada pela empresa; 3) Selsi Dotti, responsável legal pela empresa Nenê Pneus Ltda, que se encontra cancelada nos sistemas informatizados da SRF, que respondeu que a empresa não conhece o contribuinte fiscalizado nem é autora dos depósitos efetuados em seu nome, tampouco conhece a finalidade dos referidos créditos; 4) Cil Comércio de Informática Ltda, que respondeu que o referido depósito foi efetuado na contacorrente acima identificada por ordem da empresa KGT Com. Imp. Ltda empresa não localizada, para liquidação da Nota Fiscal n° 1489; 5) Clóvis Ribeiro Veiga, responsável legal pela empresa Credisul Factoring Fomento Mercantil Ltda, que se encontra cancelada nos sistemas informatizados da SRF, que respondeu que jamais realizou qualquer operação com o Sr Ronald Thadeu Ravedutti e desconhece a referida operação de crédito a seu favor; [...]” Verificase, que não foi um caso isolado, ou melhor, exclusivamente um “depositante” que negou a existência de qualquer vínculo com o autuado, mas todos aqueles constantes dos DOC’s considerados pelo decisum recorrido, o que reforça sobremaneira a tese da Procuradoria, no sentido de que, de fato, o contribuinte não comprovou a origem dos recursos movimentados em sua conta corrente. Neste ponto, alias, mister registrar que o contribuinte em momento algum preocupouse em contestar/combater ou mesmo comentar as manifestações trazidas aos autos pelas pessoas físicas ou jurídicas encimadas, que no interesse da fiscalização, forneceram informações sobre os depósitos efetuados, quedandose inerte sobre o assunto, seja em sua impugnação, seja no recurso voluntário. Tais fatos nos leva a concluir pela impossibilidade de aceite dos DOC’s para fins de elisão da presunção levada a efeito no lançamento em epígrafe, tendo em vista que, neste caso, não se caracterizaram como prova idônea da origem dos recursos depositados em contacorrente, em quaisquer das teses eventualmente defendidas, mormente em razão da comprovação de realidade fática diversa da defendida pelo autuado. Dessa forma, a fiscalização, em observância ao disposto no artigo 142 do CTN, de forma clara e precisa, demonstrou, também mediante prova documental, que as justificativas ofertadas pelo contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários não eram idôneas, de sorte que a tributação, nos termos daquele dispositivo legal, merece prosperar, uma vez que o autuado não logrou êxito em desincumbirse de sua obrigação legal. Na esteira desse entendimento, inexistindo outras provas capazes de comprovar a origem dos recursos transitados nas contas bancárias do contribuinte, não merece ser acolhida a sua pretensão, impondo seja restabelecida a tributação procedida nos depósitos acima elencados. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 10980.010912/200499 Acórdão n.º 920201.352 CSRFT2 Fl. 5 9 Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA E DARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 9DF CARF MF Emitido em 24/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 23/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO
score : 1.0
Numero do processo: 13807.004914/2003-67
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples
Exercício: 2002
RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. Não se conhece do recurso especial quando a tese adotada no acórdão recorrido é objeto de
súmula do CARF (Súmula nº 57).
Numero da decisão: 9101-000.996
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
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INADMISSIBILIDADE. Não se conhece do recurso especial quando a tese adotada no acórdão recorrido é objeto de súmula do CARF (Súmula nº 57). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Francisco Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Alberto Pinto Souza Júnior, Karem Jureidini Dias, Claudemir Rodrigues Malaquias, Antônio Carlos Guidoni Filho, Viviane Vidal Wagner, Valmir Sandri e Susy Gomes Hoffmann. Fl. 188DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER 2 Relatório Tratase de recurso especial em face de acórdão no 30134.583, prolatado pela antiga Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, em procedimento decorrente de solicitação de inclusão retroativa no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples. O indeferimento do pedido se deu com fundamento no exercício de atividade vedada, correspondente a “serviços de instalação, reparação e manutenção de outras máquinas e equipamentos de uso geral”, que teria caracterizado a situação excludente prevista no art. 9o, inciso XIII, da Lei nº 9.317/96, pela equiparação com a prestação de serviços de engenharia ou assemelhados (Decisão Dicat nº 937/2004, às fls. 40). A Câmara a quo, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: INCLUSÃO NO SIMPLES. Serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática. Desnecessidade de profissional habilitado. Atividade não vedada, consoante o disposto no inciso IX do § 1° do artigo 17 da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006, cuja aplicação retroativa se dá com fundamento no artigo 106 do CIN. Inconformada, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial com fulcro no art. 7º, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais vigente à época, alegando divergência jurisprudencial (i) na interpretação do art. 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317/96, quanto à atividade de manutenção de máquinas em geral, que seria a verdadeira atividade do contribuinte e (ii) na aplicação retroativa da nova legislação. Em contrarrazões, defende o contribuinte que a execução dos serviços de instalação e manutenção de máquinas não exige profissional legalmente habilitado. É o relatório. Fl. 189DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER Processo nº 13807.004914/200367 Acórdão n.º 9101000996 CSRFT1 Fl. 2 3 Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner, Relatora O objeto do recurso especial da Fazenda Nacional cingese à tese da vedação à opção pela sistemática do Simples de pessoa jurídica que realize atividade de instalação e manutenção de máquinas e equipamentos, por considerar ser esta atividade equiparada aos serviços profissionais de engenheiro ou assemelhados. A Lei nº 9.317/96 estabeleceu as regras determinantes ao enquadramento no Simples, determinando, em seu art. 9º, que ficava impedida de optar pelo Simples a pessoa jurídica: XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; (Vide Lei 10.034, de 24.10.2000) A evolução legislativa, com a criação do Simples Nacional pela Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006, que veio substituir o Simples Federal da Lei nº 9.317/96, trouxe a regra explícita, incluída pela Lei Complementar nº 128, de 18.12.2008, de que os “serviços de instalação, de reparos e de manutenção em geral” não vedam a opção, ao contrário dos serviços de engenharia, que continuam vedados. A questão já foi suficientemente debatida no âmbito deste tribunal administrativo, tendose concluído que a atividade de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos não é alcançada pelo inciso XIII do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, pois não equivale, via de regra, a serviços profissionais de engenheiro ou assemelhado. Em que pese alguns julgados terem aplicado a novel legislação de forma retroativa, com a atração do art. 106 do CTN, a interpretação prevalecente tratou de buscar a própria natureza da atividade em comparação com as atividades típicas de profissional engenheiro. Com isso, a discussão sobre a retroatividade da legislação perdeu a relevância. A pacificação da jurisprudência culminou com a edição da Súmula CARF nº 57, aprovada na sessão do Pleno de 29.11.2010, verbis: Fl. 190DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER 4 A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Em razão da vinculação do colegiado aos enunciados aprovados pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos termos do art. 72, §4o, do Anexo II da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF, verificase, no caso, a situação prevista no art. 67, §2º, do mesmo regimento, a impedir o conhecimento do recurso manejado pela Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 191DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 20/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER
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