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Numero do processo: 10768.100390/2007-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SIMPLES NACIONAL
Ano-calendário: 2007
PEDIDO DE INCLUSÃO. MEIO INADEQUADO.
O pedido de opção pelo Simples Nacional, para o ano de 2007, devia ser realizado por meio da internet no período de 01/07/2007 a 20/08/2007. Incabível a discussão administrativa das pendências eventualmente existências se a contribuinte não formaliza sua opção na forma prevista na legislação.
Numero da decisão: 1101-000.717
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR
PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Edeli Pereira Bessa
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MEIO INADEQUADO. O pedido de opção pelo Simples Nacional, para o ano de 2007, devia ser realizado por meio da internet no período de 01/07/2007 a 20/08/2007. Incabível a discussão administrativa das pendências eventualmente existências se a contribuinte não formaliza sua opção na forma prevista na legislação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma), José Ricardo da Silva (vicepresidente), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro e Nara Cristina Takeda Taga. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10768.100390/200783 Acórdão n.º 110100.717 S1C1T1 Fl. 63 2 Relatório ACADEMIA DE GINÁSTICA MONTEIRO ÁVILA LTDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de JaneiroI que, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que indeferiu sua solicitação de inclusão no SIMPLES NACIONAL. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade (fl.23 a 25) contra decisão (fl.20) que indeferiu Pedido de Inclusão no Simples Nacional, com ciência ao contribuinte em 05/11/2009 ( FLS.21 verso ). O interessado solicitou em 20/08/2007, conforme documento de fls.01/02, por meio do presente processo, a inclusão no Simples Nacional, alegando, em síntese, para isso que ficou impedido de migrar de forma automática para o Simples Nacional, devido a modificação interna do sistema de cadastro da Receita Federal do Brasil, que passou a exigir a modificação da natureza jurídica do estabelecimento e de suas atividades principal e secundárias; e que a atividade de academia de ginástica, que já era seu objeto social anteriormente, não resultaria em prejuízo do pedido. Em parecer às fls.20, a DICAT/DERAT/RJO indeferiu o pleito sob a motivação, em síntese, de que: A opção pelo Simples Nacional deveria ser feita pela internet, de acordo com o artigo 7° da Resolução CGSN n°4 de 30/05/2007. Excepcionalmente para o ano de 2007, o interessado poderia ter solicitado a opção pelo Simples Nacional até 20/08/2007, produzindo os efeitos a partir de 01/07/2007. O interessado não fez a opção para 2007 tempestivamente. Insatisfeito com a decisão da DICAT, o interessado apresentou, em 27/11/2009 (fls.23 a 25), manifestação de inconformidade contra a mesma, alegando, em síntese, que: fora cientificada, em 30/08/2003, de sua exclusão do antigo SIMPLES FEDERAL, pelo ADE 446112, de 07 de agosto de 2003, que teve como motivo da exclusão "OUTRAS ATIVIDADE DESPORTIVAS", sendo que, em 15/03/2007, a mesma Receita diz que a exclusão se dá pelo fato da impugnante exercer atividade de "FISIOTERAPIA", que embora constasse de seu contrato social à época, a mesma nunca tinha sido exercida pela impugnante; pela explicação acima, o ato de exclusão encontravase viciado em seu motivo, já que no mesmo deveria constar todos os motivos da exclusão do referido sistema, o que caracteriza cerceamento do direito de defesa; não pode migrar para o Simples Nacional por pendências impeditivas administrativas, segundo informação obtida no site da Receita Federal; que sua exclusão do Simples Federal é atualmente objeto de apreciação junto a 10° Vara Federal — seção do Rio de Janeiro. É o relatório. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10768.100390/200783 Acórdão n.º 110100.717 S1C1T1 Fl. 64 3 A Turma julgadora rejeitou estes argumentos aduzindo que: • A impugnante não pode migrar para o SIMPLES NACIONAL, pelo fato de não estar inclusa no SIMPLES FEDERAL, a época da mudança dos regimes, uma vez que foi excluída deste último pelo ADE 446112 de 07/08/2003. Matéria que não integra a presente lide. • Em tais condições, deveria ter formalizado sua opção na forma dos art. 7o e 17 da Resolução CGSN nº 4/2007, inexistindo registro deste sentido na consulta juntada à fl. 37. • Embora o impugnante tenha solicitado sua inclusão por meio do presente processo em 20/07/2007, a legislação definia a Internet como meio para tanto. Cientificada da decisão de primeira instância em 19/03/2010 (fl. 43), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 14/04/2010 (fls. 45), no qual defende que formalizou sua opção antes do prazo final de 20/08/2007, independentemente de ter sido apresentada de forma diversa da exigida no art. 7o da Resolução CGSN nº 4/2007. A migração automática dependia da regularização de pendências, decorrentes do ato de exclusão, que conforme alegado anteriormente encontravase viciado em seu motivo, sendo portanto nulo. Como referido ato não foi cancelado pela Administração, foram geradas exigências de apresentação de DIPJ e DCTF sob a forma de lucro presumido para períodos anteriores a 2007, conduta que, se praticada, implicaria de pronto ao contribuinte renunciar ao de seu direito de defesa que é algo previsto constitucionalmente, além de reconhecer como legal um ato viciado da administração e por fim fazer declarações fiscais diversas das declarações SIMPLES já entregues para os períodos exigidos pela Receita Federal, além de gerar débitos não reconhecidos pelo mesmo. E acrescenta: d — Esclarece ainda a requerente que a existência de pendências em 14/03/2008, são decorrentes do ato de exclusão do SIMPLES ora questionado judicialmente, pois tal situação tem impedido o contribuinte cumprir as suas obrigações acessórias, e deixandoo num limbo fiscal, já que se fizer as declarações exigidas implicará na renúncia tácita da sua defesa em relação a exclusão do SIMPLES da Lei 9.317/96. Outrossim cumpre ainda informar que devido ao fato de ainda não ter migrado para o SIMPLES NACIONAL, bem como não ter havido uma decisão quanto a sua exclusão do SIMPLES, Lei 9.317/96 a requerente não tem podido entregar as suas declarações fiscais, dos anos de 2007, 2008, 2009. Tendo em vista que a diante da impossibilidade de reconhecer e praticar os atos exigidos pela administração para que o requerente possa ter reconhecido o seu pedidos de inclusão no SIMPLES NACIONAL, já que de pronto tais atos criariam para o contribuinte uma situação insustentável do ponto de vista fiscal e financeiro, além da inviabilização do próprio negócio. Requer portanto o contribuinte que seja reconhecida a sua opção pelo SIMPLES NACIONAL de forma administrativa, conforme requerido no processo em epígrafe, para que a mesma possa por enfim transmitir as declarações que encontramse pendentes. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10768.100390/200783 Acórdão n.º 110100.717 S1C1T1 Fl. 65 4 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA O litígio presente nestes autos tem como cerne a forma de opção voluntária pelo SIMPLES Nacional em 2007. A contribuinte formalizou a petição de fls. 01/02, neste sentido, em 20/08/2007, mas afirma a autoridade administrativa competente que a opção deveria ter sido formalizada pela Internet. A contribuinte reconhece sua anterior exclusão do SIMPLES Federal e que não contestara administrativamente tal ato, o qual resultou em pendências impeditivas à migração automática para o SIMPLES Nacional. Em sua manifestação de inconformidade, noticia a existência de ação judicial, aparentemente proposta apenas em 2009, para questionamento da anterior exclusão do SIMPLES Federal. Documentos de fls. 15 e 18 evidenciam que somente foi formalizada opção via Internet em 25/01/2008, e ainda assim o pedido foi indeferido em razão de pendências não resolvidas. O detalhamento de fl. 19 indica a existência de débitos previdenciários e não previdenciários perante a Receita Federal do Brasil. A Resolução CGSN n°4, de 30/05/2007, posteriormente alterada pela Resolução CGSN nº 19, de 13/08/2007, assim dispos: Art. 7° A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. § 1° A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 3o deste artigo e observado o disposto no § 3o do art. 21. [...] Art. 17. Excepcionalmente, para o anocalendário de 2007, a opção a que se refere o art. 7o poderá ser realizada do primeiro dia útil de julho de 2007 até 20 de agosto de 2007, produzindo efeitos a partir de 1o de julho de 2007. Se a contribuinte tivesse observado o que determinou a norma, seria possível, aqui, discutir as pendências que lá se apresentaram, inviabilizando sua adesão ao SIMPLES Nacional. Mas, da forma como procedeu, não há acusação a ser aqui debatida. Inútil cogitar das exigências que lhe seriam feitas em razão da definitividade, no âmbito administrativo, de anterior ato que a excluiu do SIMPLES Federal, pois não se sabe se outras pendências no âmbito estadual, municipal, ou mesmo previdenciário, subsistiriam a inviabilizar sua admissão no SIMPLES Nacional. A exigência legal de que a opção se desse pela Internet objetivava, justamente, a verificação informatizada dos requisitos previstos na legislação de cada um dos entes federativos envolvidos no deferimento da opção. Ao proceder como previsto, dentro do prazo legal, a contribuinte teria conhecimento das eventuais pendências impeditivas existentes, Fl. 73DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10768.100390/200783 Acórdão n.º 110100.717 S1C1T1 Fl. 66 5 de modo a poder solucionálas, a fim de ter confirmada sua opção pelo regime especial para o anocalendário de 2007, ou questionálas administrativamente. Aqui, porém, a contribuinte não observou a norma, e apresentou petição apenas à Receita Federal para que lhe fosse permitido o ingresso no SIMPLES Nacional. Correta, portanto, a decisão que indeferiu tal pedido por inadequação do meio utilizado. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 74DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10768.100390/200783 Acórdão n.º 110100.717 S1C1T1 Fl. 67 6 Fl. 75DF CARF MF Impresso em 08/05/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 22/04/2012 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por VALMAR FONSECA DE MENEZES
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Numero do processo: 13657.000803/2007-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2008
RECURSO PEREMPTO.
A perempção impede a apreciação do recurso pelo Colegiado. Cientificada da decisão de primeira instância, a interessada apresentou recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a destempo, ou seja, transcorridos mais de trinta dias daquela data. Ofensa ao art. 33 do Decreto nº 70.235/1972.
Numero da decisão: 1301-000.798
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, não conhecer do
recurso voluntário, por intempestivo.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1558; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 114 1 113 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13657.000803/200776 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 130100.798 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de janeiro de 2012 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente E.A.E.& CONTÁBIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2008 RECURSO PEREMPTO. A perempção impede a apreciação do recurso pelo Colegiado. Cientificada da decisão de primeira instância, a interessada apresentou recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a destempo, ou seja, transcorridos mais de trinta dias daquela data. Ofensa ao art. 33 do Decreto nº 70.235/1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Diniz Raposo e Silva e Alberto Pinto Souza Junior. Relatório Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 06/02/2012 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13657.000803/200776 Acórdão n.º 130100.798 S1C3T1 Fl. 115 2 E.A.E & CONTÁBIL LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 0926.424, de 08/10/2009, da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório que vedou a inclusão retroativa do contribuinte por constatar a existência de débitos junto ao INSS, sem exigibilidade suspensa e não regularizados até 20/8/2007. O indeferimento inicial deuse em razão de atividade econômica vedada, em 16/7/2007 (folha 16). Houve Ato Declaratório Executivo SRF/VAR 11/2008, excluindo o interessado da opção efetuada em 2008 que a incluiu com efeitos a partir de 1/1/2008 (folha 38). A ciência ao contribuinte do despacho decisório foi dada em 14/4/2008 (folha 44). O interessado insurgiuse contra a decisão, alegando o seguinte: • Que solicitou a alteração do cadastro de pessoas jurídicas em 28/6/2007 e que a Resolução CGSN 19/2007 não impunha que se refizesse o pedido de opção (folha 46); • Que retirou certidão negativa de débitos relativos às contribuições sociais previdenciárias em 8/5/2008, em razão de ter débitos liquidados assim que tomou ciência de sua existência, em conformidade com o referido despacho (folha 47); • Entende que tal oportunidade decorre da possibilidade do contraditório. Pede, ao fim, o deferimento da opção ao Simples Nacional retroativamente a 1/7/2007. A 5ª Turma da DRJ em Juiz de Fora/MG analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 0926.424, de 08/10/2009 (fls. 88/89), consideroua improcedente com a seguinte ementa: Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2007 OPÇÃO RETROATIVA. EXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO À OPÇÃO. Constatado que o solicitante incide em hipótese de vedação ao enquadramento, tornase incabível seu pedido de inclusão retroativa ao Simples Nacional. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 06/02/2012 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13657.000803/200776 Acórdão n.º 130100.798 S1C3T1 Fl. 116 3 Ciente da decisão de primeira instância em 06/11/2009, conforme Aviso de Recebimento à fl. 91, a contribuinte apresentou recurso voluntário datado de 11/02/2010, mas com carimbo de recepção à folha 96 indicando seu recebimento em 11/01/2010. No recurso interposto (fls. 96/98), após historiar os fatos e seu direito, por sua ótica, a interessada conclui como segue: Em vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência, a improcedência da forma encontrada no sistema da RFB, no ATO ADMINISTRATIVO de 19/01/2010 14:47:13, que pelo qual foi cumprido pelo período todo, sem considerar a opção pelo Simples Nacional realizada em 24/01/2008, que pelo qual desejamos que fosse acolhido o presente recurso para o fim de assim ser DEFERIDO o PEDIDO DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL SOLICITADO EM 24/01/2008, como consta o deferimento da mesma (cópia anexa). É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator A primeira questão a ser enfrentada é quanto à tempestividade ou não do recurso voluntário apresentado. Compulsando os autos, verifico que, para dar ciência à impugnante da decisão de primeira instância, valeuse a Autoridade Administrativa da via postal. À fl. 91 encontro aviso de recebimento com data de recebimento 06/11/2009, sextafeira. Fora de dúvidas, portanto, que essa é a data a ser considerada para fins de ciência. Ao ser entregue a correspondência no endereço cadastral do contribuinte ocorreu a regular ciência da decisão de primeira instância, nos termos do art. 23, inciso II, do Decreto n° 70.235/1972, a seguir transcrito: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 06/02/2012 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13657.000803/200776 Acórdão n.º 130100.798 S1C3T1 Fl. 117 4 II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] Acerca dos prazos recursais, assim dispõe o Decreto n° 70.235/1972: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. [...] Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; [...] A contagem do prazo recursal deve iniciar no primeiro dia útil seguinte à data de ciência, 06/11/2009. O marco inicial deve ser a segundafeira seguinte, dia 09/11/2009, e o prazo recursal esgotouse com o decurso de trinta dias, em 08/12/2009, terçafeira, tornando definitiva, no âmbito administrativo, a decisão de primeira instância. O recurso voluntário (protocolo de recepção à fl. 96) apresentado em 11/01/2010, segundafeira, é intempestivo, e não deve ser conhecido por este colegiado. Em seu recurso voluntário, a interessada não se manifesta quanto a esse ponto. À fl. 93 encontro despacho da Autoridade Preparadora, datado de 19/01/2010, no qual é atestado que não houve recurso até aquela data. À fl. 113 encontro novo despacho da Autoridade Preparadora, este datado de 23/02/2010, no qual se admite que “pode, em tese, ter ocorrido equivoco quanto à data constante do protocolo (carimbo) de fl. 96, que indica 11/jan/2010, em razão de que a peça recursal está datada de 11/02/2010 (fl. 98). Corrobora tal assertiva o fato de que a referida peça recursal faz menção a fato ocorrido em 19/01/2010”. Observo que, em qualquer hipótese, quer tenha sido apresentado em 11/01/2010 (como indica o protocolo) quer em 11/02/2010 (como indica a data em que subscrito), a intempestividade do recurso é patente. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 06/02/2012 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13657.000803/200776 Acórdão n.º 130100.798 S1C3T1 Fl. 118 5 Diante disso, meu voto é no sentido de não conhecer do recurso voluntário, eis que interposto fora do prazo legal. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 5DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 06/02/2012 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 13410.000089/2002-02
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 20 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Wed Oct 20 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 1998
ITR. PROPRIEDADE. POSSE. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
O assentamento de terceiros promovido para assentamento de comunidade desapropriada para fins de construção de represa hidrelétrica titulariza os novos possuidores para aquisição originária do direito de propriedade. A posse regular do imóvel toma o posseiro sujeito passivo do imposto sobre o imóvel rural, com preterição sobre o antigo proprietário.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.217
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - valor terra nua
Nome do relator: Julio Cesar Vieira Gomes
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PROPRIEDADE. POSSE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. O assentamento de terceiros promovido para assentamento de comunidade desapropriada para fins de construção de represa hidrelétrica titulariza os novos possuidores para aquisição originária do direito de propriedade. A posse regular do imóvel toma o posseiro sujeito passivo do imposto sobre o imóvel rural, corn preterição sobre o antigo proprietario. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Carlo to — Presidente Julio elator EDITADO EM: CI 7 DEL 2 l10 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Bafeto (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Caio Marcos Candid°, Gonçalo Bonet Allage, Julio César Vieira Gomes, Manoel Arruda Coelho Júnior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Trata-se de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra Acórdão no qual se deu provimento ao recurso voluntário, tendo sido acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do proprietário sem posse. 0 acórdão restou assim ementado, relatado e fundamentado: ITR ILEGITIMIDADE DO SUJEITO PASSIVO A imissão prévia na posse, de forma consensual, com animus domini, em cumprimento a disposição de lei especifica (Decreto 11 0 93,238/86) que declarou de utilidade pública e interesse social, para fins de desapropriação pela Companhia Hidroelétrica do Sao Francisco — CHESF, areas de terras situadas nos Estados de Pernambuco e Bahia, destinadas a Projetos. Especiais de II rigagão e necessárias ao reassentamento de parte da população a set atingida pelo Reservatório de Papal-lea, as margens do tio São Francisco, nos estados de Pernambuco e da Bahia, seguida da transferéncia da titula,-idade dos imóveis, em razão do parcelamento da área desapropriada, qualifica os imitidos na posse pi évia como sujeitos passivos do ITR. SUJEITO PASSIVO. São contribuintes do Imposto Territorial Rural o proprietário do imóvel, o titular de seu dominio útil, ou o seu possuidor a qualquer titulo (ar t. 31 do CTIV c/c o art. 40 do Lei n°9.393 de 19/12/96) POSSE JUSTA. E justa a posse que não for violenta clandestina ou precária. RECURSO PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos ACORDAM os Membros da Primeira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso vohaucirio, Ira .forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Impugnando a autuação, a Companhia Hidroelétrica do são Francisco — CHESF,' sociedade de economia mista federal, concessionária de serviços públicos de energia elétrica, argiiiu que foi autorizada a promover, corn recursos próprios, a desapropriação de areas de terms e benfeitorias na forma do Decreto n° 93.238/86, que declarou de utilidade pública e 2 Processo 13410 000089/2002-02 CSRE-T2 Acárdao n." 9202-01.217 Fl 2 interesse social, as mencionadas áreas • de term e respectivas benfeitorias situadas nos Estados de Pernambuco e da Bahia, destinadas especilicamente a Projetos Especiais de Irrigação e necessárias ao reassentamento de parte da população a sei- atingida pelo Reservatório de Daparica, no Rio Sao Francisco, nos Estados acima citados, as famílias transferidas (reassentada.$) para lotes agrícolas obtiveram a titulação do domínio, passando a ser possuidoras desde 1987/1988, com animus domini, no Projeto CARAIBAS, conforme o registro de transferências já apresentados Delegacia da Receita Federal de Petrofina através do processo n° 10480.010519/2001-93, em que a autuada postulou o reconhecimento da não incidência do ITR (Ver doe 13 anexo). demais disso, a autuada não expropriou tetras para seu uso ou exploração própria, limitando-se a atuar no projeto como um ponto de transição, ou seja, adquiriu terras para compor os projetos, procedeu ao parcelamento e incontinenti repassou os lotes e quotas condominiais á posse e, progressivamente, ao domínio dos relocados, Pot-Wino indevida a imputação contra a impugnante, por falta de recolhimento de ITR198. A decisão a quo informa que o procedimento expropriatório compreende duas fases, quais sejam a) declaratória — na qual se decreta o imóvel de utilidade pública ou de interesse social, configurando o interesse em desapropriar e, b)executória — é a fase da desapropriação propriamente dita (executária), amigável ou judicialmente, na qual o Poder Público tem o prazo de até cinco anos contado da data de edição do decreto que declarou a utilidade pública ou dois alias contado da data que declarou o interesse social Expirados esses prazos, sem inicio da fase executória, o decreto perde sua validade, pela decadência e assevera que: as escrituras públicas de doação foram efetivadas no curso dos anos calendários de 2000, 2001 ou 2002, portanto após ocorrência do fato gerador. Noticiam os autos que no decorrer dos anos de. 1987 e 1988, foram os reassentados emitidos na posse, em áreas localizadas nos limites dos respectivos lotes agrícolas e moradias, antes do enchimento pleno do reservatório. Todavia, as escrituras públicas de doação -somente . foram outorgadas a partir do ano de 2000, em razão das providências jurídicas e exigências de outros órgãos como a definição e plotagem de área de reserva legal, por pat-te do INCRA, a 3 provação de projeto de loteamento das agro vilas pelas prefeituras e pelo INCRA, e a locação de recursos para implantação de toda infra estrutura de energia, água, estradas, escolas, hospital e etc. Fato que não tent o condão de descaracterizar o cum; imento not inativo contidos no texto legal supramencionado cuja finalidade precipita foi a desapropria cão de áreas particulares para fins de imissão de posse e reassentamento da população desalojada, nos termos do Decreto n° 93.238/86 Portanto, comprovada inequivocamente a imissão previa da posse de forma justa e legal, e a tranVer•ência da propriedade plena em data posterior, configura-se a ilegitimidade passiva na relação juridico tributária que se discute. Ex positis, conheço do recurso aviado eis que preenche os requisitos necessários et sua admissibilidade, e voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, em razão de ilegitimidade passiva de parte, haja vista a eleição equivocada da sujeição passiva por parte da autoridade lançadora. A Fazenda Nacional sustenta que: Ocorre que a jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes diverge diametrahnente desse entendimento. COM *it°, a Terceira Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes tem manifestado o entendimento segundo o qual o 1TR e devido por qualquer dos sujeitos vinculados ao imóvel rural em nina das modalidades listadas no art. 31 do CTN Nesse ponto, importante transcrever as ementas dos seguintes julgados, oriundos da Terceira Ctintat a do Terceiro Conselho de Contribuintes (cópias anexas): 1TR/90. ) 2. (...) 3. SUJEITO PASSIVO DO ITR É facultado à Receita Federal exigir o ITR do proprietário do imóvel, do titular de seu domínio útil ou do possuidor a qualquer titulo, sem beneficio de trident. Enquanto não cancelado o registro imobiliário referente ao imóvel rural, ele continua produzindo efeitos legais para cobrança do tributo. Recurso voluntário desprovido." (Acórdão 303-30496, Terceira Ciimar a do Tei ceiro Conselho de Contribuintes, Relator Conselheiro Paulo Assis,f16/10/2002 — gr 'fa o s) A CT', no art 153, VI, atribuiu competência à União para instituir o imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), nestes termos • "Art. 153 Compete it União instituir impostos solne: 4 Processo If 13410 000089/2002-02 AcenAdo n 9202-01,217 VI - propriedade territorial rural." (sem grifo no original) Da leitura do referido dispositivo constitucional, já se percebe que a intenção do constituinte foi a de atribuir competência tributária a Unido para exigir imposto de quem .fosse proprietário de imóvel em área rural. Em consomincia com o preceito constitucional indicado, o CTN, em seas arts 29 e 31, determinou que. "Art. .29. 0 imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio átil ou a posse de imóvel por natureza, como def inido na lei civil, localização jóia da zona urbana do Município." "W -t. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer titulo," Da mesma maneira, o art, 49 da Lei n2 9 393/96 define quem ê o sujeito passivo do ITR. - "Art. 4° Contribuinte do 1TR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. " Em nível constitucional, o art. 1.53, VI, da CF, elegeu o proprietário de imóvel territorial rural como o contribuinte por excelência do ITR. Com efeito, a eleição desse sujeito passivo demonstra que a propriedade de uni imóvel rural, como regra, revela maio,- capacidade contributiva que o titular de seu dominio útil ou o seu possuidor cr qualquer titulo. Por sua vez, o art. 49, 6Ç39, II, da IN/SRF n2 256/2002, define o contribuinte do ITR em caso de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito privado delegatá ria ou COI7CeSSiOnátia de serviço público, como acontece no caso em apreço: o expropriante, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir da imissão prévia ou provisória na posse ou da transferência ou incorporação do imóvel rural ao seu patrimônio. Essa imissão previa ou provisória na posse ê do ex-propriante e não dos reassentados, como quer fazer crer o acórdão recorrido. A corroborar esse entendimento, imprescindível transcrever trecho do voto condutor do acórdão 303-31546, Relatora Nand Gama, que apreciou o recurso voluntário 122.548, interposto junto a Terceira &imam do Terceiro Conselho de Contribuintes' "Com o fito de elucidar' a questão, cito o artigo 29 do CTiV, que, com propriedade, dispõe que 'o imposto, de competência da CSRF-T2 Fl 3 sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município,' Conc. pois, do exame desse artigo e do artigo 30 supra referido que o 1TR é devido por qualquer das pessoas que se prendam ao imóvel rural, em uma das modalidades listadas no dispositivo legal acima citado. Portanto, o Fisco pode exigir o tributo de qualquer • uma delas, quer se ache vinculada ao imóvel rural como proprietário pleno, como nu-proprietário, como posseiro ou, ainda, como simples detentor" (negrito acrescentado pela União) O contribuinte apresentou contra-razões ao recurso especial reiterando suas razões recursais e ainda que: Em impugnação, qfirmou a Chesf em sua defesa que a área em questão tinha por finalidade o reassentamento de colonos que foram expropriados na época da construção do reservatôtio de Itaparica, não utilizando a Chesf a terra paia seu proveito, não detendo, portanto, sua posse. Com relação à divergéncia suscitada pela Fazenda Nacional, comprova-se pelos julgados' abaixo colacionados, das três câmaras do Terceiro Conselho de Contribuintes, que a matéria está pacificada, no sentido da ilegitimidade passiva da Chest com rela cão ao pagamento do ITR nas &ens destinadas aos projetos de reassentamento, consoante ocorre com o 'Projeto Caraíbas", objeto da presente lide. É.; o relatório. Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Comprovada a contrariedade e atendidos os demais pressupostos de admissibilidade passo ao voto. Portanto, vê-se que a discussão cinge-se à seguinte questão: pode ou não o fisco cobrar o IIR do proprietário quando, comprovadamente, não exerce a posse direta, esta atribuida a terceiros por assentamento de posseiros através de ato do poder público? Inicialmente, deve ser esclarecido um fato: a imissão na posse teria sido antes ou após a ocorrência do fato gerador? A resposta se encontra no próprio acórdão, fls, 561, onde se afirma que: Por tanto, no caso sub- Mice, foi a recorrente autorizada, por delegação do poder publico a promover a desapropriação de propriedades rurais privadas, com a destinação única e exclusiva de reassentar trabalhadores turais, em sua maioria formada por famílias nummosas e extremamente pobres, em Ivies, agi ovilas e cotas condominiais, com caracteri.sticas de um verdadeiro assentamento agrário em atendimento aos princípios de justiça social 6 Processo n" 13410 00008912002-02 Acárdilo n " 9202-01117 CSRF-T2 Fl A implanta cão do projeto Caraíbas, em z comento, exigiu o envolvimento institucional do Ministério de Minas e Energia, da Companhia de Desenvolvimento do Vale do Silo Francisco (CODE VASP), da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), dos Governos do Estado de Pernambuco e da Bahia, conforme se depreende da Portaria n° 207 de 26/08/81, editada pela presidência cio INCRA e do convênio assinado em 21 de outubro de 1982, pelos entes acima mencionados. Noticiam os autos que no decorrer dos anos de 1987 e 1988, foram os reassentados emitidos na posse, cut áreas localizadas nos limites dos respectivos lotes agrícolas e moradias, antes do enchimento pleno do reservatório. Superada essa matéria de fato, segue-se o exame da questão de direito que envolve a legitimidade passiva. Assim dispõe o Código Tributário Nacional - CTN, Lei n° 5.172/1966: Art. 29. 0 imposto, de competência da Unido, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel por natureza, conto definido na lei civil, localizado fora da z.ona urbana do Município. • Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu dominio útil, ou o seu possuidor a qualquer titulo Pretende o recorrente que se reconheça o direito de se constituir o crédito relativo ao 1TR de quaisquer das pessoas indicadas no artigo 31 do CTN como contribuintes do imposto. Por essa tese, o fisco poderia eleger de quem o cobraria. Com a devida vênia à douta Procuradoria, não é essa a leitura que faço. Explico. A Constituição Federal atribuiu à. União competência tributária para instituir imposto sobre a propriedade territorial rural, isto 6, sobre o hem imóvel localizado em área rural. A expressão propriedade empregada pelo constituinte não deve ser interpretada restritivamente para alcançar apenas Aquele que detenha o vincula jurídico de propriedsde sobre a coisa. Assim fosse, tanto o artigo .31 do CTN como o artigo 4 0 da Lei n° 9.393/96 padeceriam de inconstitucionalidade na parte que atribui responsabilidade àquele que detém o domínio ail ou a posse do imóvel: Art, 1.53. Compete a Unido instituir impostos sobre: VI propriedade territorial rural; Prosseguindo, para que se possa atribuir deliberadamente responsabilidade tributária a mais de um sujeito passivo, excluindo os demais ou atribuindo-a conjuntamente, devemos verificar se aplicável o instituto da responsabilidade solidária. Assim definida no CTN: Art. 124. Silo solidariamente obrigadas • 7 I - as pessoas que tenham interesse comum na situa geio que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. E pacifico que proprietário e posseiro não possuem interesse em comum no imóvel; ao contrário, o direito de um exclui o do outro, Corn relação a responsabilidade solidária dita legitima, aquela que decorre diretamente da vontade legislativa, não encontro no ordenamento jurídico, a começar pelo Capitulo V do CTN, qualquer regra de atribuição da solidariedade no presente caso: CAI:47'UL° V Responsabilidade Tributái ia SEÇÃO 1 Disposição Geral Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capitulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo credito tributário a terceira pessoa, vinculada ao s fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráto supletivo do czunprimento total ou parcial da referida obrigação Portanto, não havendo regra jurídica atributiva do direito de o fisco eleger livremente o contribuinte, dentre aqueles indicados no artigo 31 do CTN, o tributo deverá ser cobrado daquele que melhor exerce os poderes sobre o bem imóvel: Art. 1.228 0 proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reave-la do poder de quem quer que injustamente a passim ou detenha. Há, ainda, urna peculiaridade no presente caso que o distingue de outros mais comuns: a imissão na posse e posterior titularização dos imóveis As famílias são fases de um processo de prestação de um serviço público.. Para a construção da hidrelétrica 6 necessária a desapropriação das famílias que ocupam imóveis na Area a ser alagada que devem posteriormente serem assentadas em outra area da regido . A interessada, embora criada corno sociedade de economia mista para geração de energia elétrica, não dispôs do imóvel para atividades econômicas, exerceu seu papel como entidade pública ao lado de outras entidades e órgãos públicos. Ainda que venha posteriormente se beneficiar economicamente com a comercialização para as empresas distribuidoras, a infra-estrutura para a produção de energia elétrica também demanda investimentos públicos e os custos corn desapropriaçôes são assumidos pelo orçamento do Estado, Ern razão do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial, Julio‘\1:e1"" reira Gomes 8
score : 1.0
Numero do processo: 16707.001264/2002-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/02/1998 a 30/06/2001
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE.
É legítima a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União
decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil com base na taxa Selic.
MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador,
cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa de ofício, nos
moldes da legislação que a instituiu.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.401
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. É legítima a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa Selic. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa de ofício, nos moldes da legislação que a instituiu. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 29/01/2012 Fl. 209DF CARF MF Impresso em 31/01/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Helio Eduardo de Paiva Araújo e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Contra a empresa JAF AGRO PECUÁRIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA foi lavrado auto de infração para exigir o pagamento de PIS, relativo a períodos de apuração ocorridos entre 06/1997 e 06/2001, tendo em vista que a Fiscalização constatou que a interessada pagou ou declarou à RFB valores menores do que os apurados com base na sua escrita fiscal e contábil. Não se conformando, a empresa interessada insurgese contra a exigência fiscal, conforme impugnação à fl. 171, alegando a inconstitucionalidade da cobrança de juros de mora pela taxa Selic e que o valor da multa de ofício é excessivo. Não contesta o valor do principal. A DRJ em Recife PE manteve o lançamento, nos termos do Acórdão no 12.178, de 13/05/2005, cuja ementa apresenta o seguinte teor: Ementa: MULTA DE OFÍCIO. A multa a ser aplicada em procedimento exofficio é aquela prevista nas normas válidas e vigentes à época de constituição do respectivo crédito tributário, não havendo como imputar o caráter confiscatório à penalidade aplicada de conformidade com a legislação regente da espécie. JUROS DE MORA. Na imposição de juros de mora devese aplicar a legislação que rege a matéria. JUROS DE MORA / TAXA SUPERIOR A UM POR CENTO AO MÊS. POSSIBILIDADE. É válida a imposição de juros de mora à taxa superior a 1% (um por cento) ao mês, quando há previsão legal nesse sentido. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Ciente da decisão de primeira instância em 24/06/2005, fl. 193, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 27/07/2005, renovando os argumentos da ilegitimidade da cobrança dos juros de mora pela taxa Selic e do caráter confiscatório da multa de ofício. Na forma regimental, o recurso voluntário foi a mim distribuído. É o Relatório. Voto Fl. 210DF CARF MF Impresso em 31/01/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16707.001264/200233 Acórdão n.º 330201.401 S3C3T2 Fl. 205 3 Conselheiro Walber José da Silva, relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais preceitos legais e, portanto, dele se conhece. Como relatado, contra a recorrente foi lavrado auto de infração de PIS em razão da falta de pagamento ou declaração em DCTF da exação, conforme registro nos livros contábeis e fiscais. Na impugnação e no recurso voluntário a empresa contesta a cobrança dos juros de mora com base na taxa Selic e, também, a multa de ofício, que entende confiscatória. Sem razão a recorrente. Com relação à utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, o CARF firmou entendimento de que a mesma é cabível, a teor da Súmula CARF no 4 (DOU de 22/12/2009) abaixo reproduzida: Súmula CARF no 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ainda sobre a utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, na sessão do dia 18/05/2011, o Pleno do STF julgou o RE 582.461, cujas matérias questionadas foram reconhecidas como de repercussão geral. Nesse julgamento o STF reconheceu legítima a incidência da taxa Selic como índice de atualização dos débitos tributários pagos em atraso. Tal decisão é de aplicação obrigatório por parte deste CARF, nos termos do art. 62A do seu Regimento Interno. Com relação à multa de ofício lançada, não cabe à autoridade administrativa, por absoluta falta de competência, conhecer as alegações relativas ao seu caráter confiscatório (exorbitante), a teor dos arts. 97 e 102 da CF/88. Os juízos quanto ao princípio do nãoconfisco tributário e da proporcionalidade da reprimenda em relação à falta têm como destinatário imediato o legislador ordinário e não autoridade administrativa. Estando o percentual da multa fixado em lei, cabe à Administração apenas velar pelo seu fiel cumprimento. No caso em tela, a multa de ofício aplicada foi a prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/961. No mais, com fulcro no art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19992, adoto e ratifico os fundamentos do acórdão de primeira instância. Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. 1 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). 2 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 31/01/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 (assinado Digitalmente) Walber José da Silva Fl. 212DF CARF MF Impresso em 31/01/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 16349.000482/2007-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 13 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Feb 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ECONOMIA
PROCESSUAL, CELERIDADE, MOTIVAÇÃO, MORALIDADE Fiscalização
previamente realizada por unidade da Receita Federal
tecnicamente capaz de fiscalizar o contribuinte não pode ser sumariamente
ignorada pela autoridade competente para proferir despacho decisório,
especialmente se não houver qualquer fundamento ou motivação para tanto.
PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL EFICIÊNCIA
E VERDADE MATERIAL Documentos
não apresentados
pelo contribuinte, mas de posse da Receita Federal, devem ser analisados pela
Delegacia competente, em privilégio do princípio da verdade material.
Imperiosa a anulação de decisão que deixa de analisar a existência do crédito
pleiteado, sob a alegação de inexistência de documentos, quando os mesmos
estão de posse da Receita Federal, pois apresentados em fiscalização prévia
acerca do mesmo crédito, e de mesmo período.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-001.419
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira
SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso
voluntário, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ECONOMIA PROCESSUAL, CELERIDADE, MOTIVAÇÃO, MORALIDADE Fiscalização previamente realizada por unidade da Receita Federal tecnicamente capaz de fiscalizar o contribuinte não pode ser sumariamente ignorada pela autoridade competente para proferir despacho decisório, especialmente se não houver qualquer fundamento ou motivação para tanto. PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL EFICIÊNCIA E VERDADE MATERIAL Documentos não apresentados pelo contribuinte, mas de posse da Receita Federal, devem ser analisados pela Delegacia competente, em privilégio do princípio da verdade material. Imperiosa a anulação de decisão que deixa de analisar a existência do crédito pleiteado, sob a alegação de inexistência de documentos, quando os mesmos estão de posse da Receita Federal, pois apresentados em fiscalização prévia acerca do mesmo crédito, e de mesmo período. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ECONOMIA PROCESSUAL, CELERIDADE, MOTIVAÇÃO, MORALIDADE Fiscalização previamente realizada por unidade da Receita Federal tecnicamente capaz de fiscalizar o contribuinte não pode ser sumariamente ignorada pela autoridade competente para proferir despacho decisório, especialmente se não houver qualquer fundamento ou motivação para tanto. PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL EFICIÊNCIA E VERDADE MATERIAL Documentos não apresentados pelo contribuinte, mas de posse da Receita Federal, devem ser analisados pela Delegacia competente, em privilégio do princípio da verdade material. Imperiosa a anulação de decisão que deixa de analisar a existência do crédito pleiteado, sob a alegação de inexistência de documentos, quando os mesmos estão de posse da Receita Federal, pois apresentados em fiscalização prévia acerca do mesmo crédito, e de mesmo período. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fl. 514DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 515 2 WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Fabiola Cassiano Keramidas e Alexandre Gomes. Ausente o conselheiro Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento de IPI (fls.01), relativo a créditos apurados no 1º Trimestre de 2002, protocolado pela ora Recorrente em 17/05/02, bem como correspondentes Pedidos de Compensação. O pedido de ressarcimento foi protocolado em nome do estabelecimento matriz da Recorrente, no valor total de R$ 1.113.350,00, consolidando créditos apurados por diversos estabelecimentos da pessoa jurídica. Avaliase, ainda, Pedido de Compensação (16349.000499/200339), efetuada no montante de R$1.692,59. Após a apresentação do referido Pedido de Ressarcimento, encontramse apensados aqui alguns documentos relacionados a um processo de fiscalização que foi realizado pela autoridade fiscal, para verificação da existência do crédito em questão. Dentre tais documentos consta um Termo de Informação Fiscal (fls. 30/32), expedido em 30/03/05, relativo à fiscalização realizada e elaborado pela autoridade fiscal, no qual os agentes fiscais se posicionaram pela existência e regularidade dos créditos pleiteados pela Recorrente no Pedido de Ressarcimento de IPI originário (fls. 01). A autoridade fiscal opinou, portanto, pelo reconhecimento do crédito objeto do pedido de ressarcimento. Na sequência, há nos autos despacho determinando o encaminhamento do processo para a DERAT, “para providências de alçada, quanto ao direito creditório” (fls. 34), em 23/08/06. Em 23/11/07, sobreveio despacho da DERAT (fls.41/42) determinando o encaminhamento dos autos para a DRFAraçatuba, para análise do crédito de IPI, em razão da jurisdição daquela delegacia sobre a filial que apurou os créditos pleiteados. Após uma série de despachos de encaminhamento, consta dos autos foram distribuídos para agente fiscal que em 26/12/2007 abriu nova fiscalização (Termos de Início de Fiscalização – fls. 47/54). Na ocasião o Fisco solicitou à Recorrente, novamente, a Fl. 515DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 516 3 apresentação de diversos documentos relativos ao período de Janeiro/99 a Junho/04, que comprovariam a origem do crédito pleiteado (1º Trimestre de 2002). A Recorrente informa que não poderia promover a apresentação de tais documentos, pois aqueles relacionados ao período de 01/99 a 12/02 teriam sido incinerados, e os relativos ao período de 01/03 a 06/04 foram requeridos por autoridade estadual, para fiscalização (fls. 56). Seguemse diversos termos emitidos pela autoridade fiscal e petições apresentadas pela Recorrente, nos quais são retratados um processo de fiscalização, que culmina com um Termo de Encerramento Parcial de Fiscalização (fls. 142/147), em que a autoridade fiscal atesta que a fiscalização foi encerrada, sem análise do mérito do Pedido de Ressarcimento, por ausência de documentos. Conclui, portanto, pelo indeferimento do pedido. O Despacho Decisório (fls. 158/159), exarado em 19/05/08, acatou as conclusões deste segundo Relatório de Informação Fiscal e não reconheceu o crédito apurado pela filial de Aguaí, no valor de R$ 1.691,59, assim como não homologou a compensação realizada no mesmo montante. Em suma, o fundamento apresentado pela fiscalização, para indeferir o crédito e não homologar a compensação foi a não apresentação dos documentos solicitados, que permitiriam a análise da liquidez e certeza dos créditos pleiteados. Intimado acerca do Despacho Decisório proferido a Recorrente apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 174/199), onde apresenta os seguintes argumentos: nulidade do despacho decisório que indeferiu o ressarcimento e não homologou as compensações, pois exarado por autoridade incompetente, na medida em que seria competente para manifestarse a autoridade com jurisdição sobre o estabelecimento que apurou o crédito, neste caso, o estabelecimento matriz – pois à época da apuração dos créditos a legislação determinava que a apuração se daria de forma centralizada no estabelecimento matriz, tendo assim agido a Recorrente; nulidade da segunda fiscalização e do despacho decisório, ambos derivados da DRF de Limeira, pois a autorização para nova fiscalização partiu de autoridade incompetente – seria o Delegado da DERAT/SP (jurisdição da matriz) e não o Delegado de Limeira – bem com porque é incompetente a autoridade fiscal que exarou o Despacho Decisório, já que o mesmo deveria ter sido expedido pelo Delegado e não por agente fiscal; nulidade do Despacho Decisório por ter desconsiderado o relatório e conclusões da primeira fiscalização realizada, em que foram analisados todos os documentos que embasam o direito creditório da Recorrente, conforme reconhecido pela própria autoridade fiscal; nulidade do Despacho Decisório por ter se baseado em nova fiscalização que não foi autorizada por Portaria expedida pelo Delegado da Receita Federal, como determina a jurisprudência administrativa anexada; nulidade do Despacho Decisório porque a fiscalização em que se baseou foi além do que autorizou a representação fiscal que deu origem ao desmembramento dos processos administrativos; Fl. 516DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 517 4 nulidade do Despacho Decisório porque a fiscalização que o fundamenta desconsiderou toda documentação anteriormente apresentada pela Recorrente, que estava anexada aos autos daquele processo originário, bem como o relatório e conclusões da fiscalização anteriormente realizada; nulidade do Despacho Decisório porque o procedimento adotado não respeitou a norma que estabelece a necessária intimação do contribuinte para manifestar se sobre a fase de instrução do processo, após seu término (art. 44 da Lei nº 9.784/99); nulidade do Despacho Decisório porque a fundamentação apresentada para negar o direito ao crédito e não homologar a compensação – inexistência de documentos – não possui previsão legal. Vale dizer, só é possível afastar o direito ao crédito se comprovado que o mesmo não existe, fundamento este que não pode ser aplicado ao presente caso, considerando que equipe de fiscalização da Receita Federal atestou a existência do crédito em questão; nulidade do Despacho Decisório por erro em sua fundamentação já que a alegada “inexistência de documentos comprobatórios do crédito” é inverídica, na medida em que a própria Receita Federal, por meio de outros agentes, atestou não só a existência da documentação, como a legalidade do crédito, em fiscalização e relatórios prévios; nulidade do Despacho Decisório por cerceamento do direito de defesa já que não informa ao contribuinte porque desconsiderou a fiscalização anteriormente realizada, bem como os documentos analisados e cujas cópias foram juntados ao processo administrativo originário; nulidade do Despacho Decisório por ofensa à verdade material, na medida em que os documentos foram anteriormente apresentados, analisados, bem como foi comprovada pela própria autoridade fiscal a existência do crédito sob análise; nulidade do Despacho Decisório por conta da precariedade da fiscalização realizada, que não considerou a documentação anteriormente analisada, bem como não conferiu prazo razoável para que o contribuinte apresentasse a vasta documentação requerida. Ademais, não foram respeitados os princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade, na medida em que depois de passados mais de 05 anos da data da apresentação dos documentos comprobatórios do crédito foi requerida, novamente, a apresentação dos mesmos documentos; no mérito, não merece prosperar o Despacho porque (i) não poderia ter havido desmembramento dos processos, pois o crédito foi apurado em conformidade com a legislação vigente à época, centralizadamente pelo estabelecimento matriz; (ii) deveria ter sido considerada a fiscalização (e seu resultado) realizados anteriormente por autoridade competente; (iii) ainda que se desmembre os processos por filiais, o direito creditório originouse da matriz (pois esta o apurou em conformidade com a legislação vigente), devendo a Delegacia de São Paulo analisar sua procedência; (iv) caso entendase que a autoridade competente é a Delegacia de Limeira, esta deve promover novo julgamento, considerando os documentos que foram analisados e anexados aos autos originais, bem como o relatório de fiscalização correspondente àquela Fl. 517DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 518 5 primeira fiscalização realizada; (v) alguns dos documentos que comprovam a origem do crédito foram localizados e estão disponíveis para perícia/análise, devendo também ser considerados; (vi) em relação à guarda de documentos, estes devem permanecer pelo prazo decadência dos tributos, ou seja, cinco anos da data do fato gerador, o que, no presente caso, seria em 2006, ou seja, antes da segunda fiscalização; e (vii) a correção dos créditos pleiteados, pela Taxa SELIC; finaliza com pedido de diligencia fiscal e perícia não apenas dos documentos acostados no processo originário – em que foi fiscalizado o crédito em discussão, como também na documentação remanescente, que ainda está em poder da empresa e foi localizada; requer, por fim, (i) o cancelamento do Despacho Decisório e reconhecimento do direito creditório da Recorrente, com a correspondente homologação da compensação pleiteada; ou (ii) ao menos o reconhecimento do direito ao crédito atribuído à filial, com base no relatório da primeira fiscalização realizada (DIFIS/SP). Alternativamente, se entender não ser competente para analisar o pedido de ressarcimento requer que a DRJ (iii) reconheça a competência da DEFIS/SP para analisar o direito creditório de modo unificado ou, ainda que entenda que a DRFLimeira seria competente para a análise em tela, (iv) que cancele o Despacho Decisório, para que o mesmo somente seja exarado após analisada a documentação que comprova a existência do crédito, analisada e anexada pelo primeiro procedimento fiscalizatório realizado. Por fim, a Recorrente acostou à sua defesa uma série de documentos que foram apresentados à fiscalização realizada anteriormente, e que compunham o processo original nº 13804.003093/200291, que tratava do pedido de ressarcimento de créditos apurados no 1º Trimestre de 2001 (Livro Registro do IPI, Livro de Entradas e Saídas, Notas Fiscais de entradas/aquisições, planilhas e registros, dentre outros – fls. 216 /413). Após analisar as razões trazidas na impugnação, a Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto – DRJ/RPO, proferiu o acórdão (fls. 415/430), por meio do qual indeferiu o pleito da Recorrente, em especial por entender que não foi apresentada documentação comprobatória do crédito pleiteado. Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls.434/461), por meio do qual reiterou os argumentos trazidos em sua impugnação. Na sequência vieram os autos para decisão. É o relatório. Voto Fl. 518DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 519 6 Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O Recurso é tempestivo, e preenche os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Entendo que o fato basilar destes autos é o de que a Receita Federal promoveu a fiscalização necessária à constatação da existência e regularidade dos créditos objeto do pedido de ressarcimento, ocasião na qual teriam sido apresentados todos os documentos solicitados pelos agentes fiscais. O procedimento de fiscalização culminou, naquela ocasião, com o reconhecimento do direito creditório no montante pleiteado (R$ 1.113.350,00), conforme Termo de Informação Fiscal constante, inclusive, destes autos (fls. 30/32). Aos olhos da Recorrente aquela fiscalização promovida – mesmo sem ter sido proferido o despacho decisório foi válida, completa e adequada o que justificou, em sua compreensão, após passados 5 anos, incinerar os documentos que já haviam sido apresentados para a fiscalização. Por outro giro, após três anos da análise dos documentos, foi realizado o desmembramento do processo em diversos autos (correspondentes aos diversos estabelecimentos geradores de créditos), e a Delegacia de Araçatuba entendeu por bem abrir nova fiscalização para avaliar mais uma vez os créditos pleiteados. Instalada a celeuma. A análise técnica realizada por agente administrativo incompetente territorialmente pode/deve ser considerada pela autoridade administrativa quando de sua decisão? A questão faz toda a diferença pois, estes são os únicos documentos comprobatórios do crédito da Recorrente. A questão da competência para exarar Despacho Decisório sobre o crédito gerado pelas filiais pareceme, portanto, secundária diante da questão de que a Receita Federal – e, portanto, a DRFAraçatuba – tinha acesso aos documentos solicitados à Recorrente, os quais comprovariam a existência do crédito pleiteado, não obstante a decisão proferida afirme que tais documentos não existiriam. Inicialmente, vale destacar que a legislação estabelece que a autoridade fiscal de jurisdição sobre o estabelecimento gerador do crédito é competente para proferir o Despacho Decisório sobre os valores pleiteados. Assim, nada impede que a análise técnica (fiscalização) dos créditos seja realizada por outra unidade da Receita Federal – desde que, claro, a autoridade administrativa fiscalizadora tenha habilidades e conhecimento técnico para proceder à análise do crédito base de IPI. Neste aspecto existe uma diferença entre competência de análise técnica (material) e competência para proferir o Despacho Decisório (territorial). Significa dizer que, a princípio, a coleta e análise dos documentos, bem como o relatório fiscal retratando fiscalização ampla e detalhada realizada por outra unidade da Receita (competente materialmente para realizar tal fiscalização), podem (e devem) ser considerados para fundamentar o Despacho Decisório a ser proferido por outra unidade (aquele competente, de acordo com a jurisdição territorial), tomando por base a análise realizada, e as conclusões então apresentadas. Ou seja, o fato da competência para exarar o Despacho Decisório ser estabelecida de acordo com o território, não inibe a possibilidade de que tal decisão se Fl. 519DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 520 7 baseie em fiscalização promovida por outra unidade da Receita Federal. Pelo contrário, entendo que tendo existido tal fiscalização, e não havendo nenhum fundamento razoável e expresso para desconsiderála, o procedimento fiscalizatório deve ser considerado, até por uma questão de economia processual, celeridade e eficiência. Assim, embora o relatório da fiscalização não seja vinculante (apesar de via de regra o Despacho Decisório adotar as conclusões da fiscalização, por razões óbvias, já que é na fiscalização que se dá a análise aprofundada dos documentos), ele tem de ser considerado, assim como os documentos que o embasaram, quando for exarado o Despacho Decisório. E, ainda que este seja de competência de uma determinada unidade da Receita Federal, nada impede que esta decisão seja balizada na fiscalização realizada por outra unidade, que possui habilidade técnica para tanto. Ressalvada, claro, a manifestação fundamentada e expressa de não serem consideradas as conclusões e análises realizadas o que, todavia, não é o caso dos autos. Daí que, na realidade, a questão da competência para verificação da regularidade do crédito, parece tornarse secundária se analisarmos questão preliminar que se refere aos princípios que devem nortear a atuação da administração pública, e do processo administrativo, relacionados à economia processual, à celeridade e eficiência dos procedimentos fiscalizatórios e, até mesmo, à moralidade do agente público. Isto é, independentemente de qual unidade da Receita Federal detém a competência para verificar a existência do crédito pleiteado pela Recorrente, não há dúvidas de que foi realizado um longo procedimento fiscalizatório, no qual aparentemente e de acordo com Parecer Fiscal, foram apresentados todos os documentos requeridos pela autoridade administrativa. Pelas informações trazidas aos autos, tais documentos não apenas ficaram à disposição do Fisco, como suas cópias instruíram o processo administrativo que foi aberto para verificação da regularidade do crédito pleiteado – do qual parcela é objeto destes autos. Cumpre ressaltar que por ocasião da primeira fiscalização realizada pela Receita Federal – em 2005 – quanto aos créditos ora sob análise, teriam sido requeridos (e obtidos) pela autoridade fazendária exatamente os mesmos documentos que vieram a ser solicitados, novamente, ao Recorrente, em 2008. Ou seja, não se trata de novos documentos, ou documentos que porventura não tivessem sido anteriormente apresentados pelo Recorrente ou analisados pelo Fisco. Pelo contrário, tratase exatamente da mesma documentação (Livro Registro de IPI, Livros de Entrada e Saída, Notas Fiscais de entrada/aquisição de produtos, dentre outros) que não apenas foi regularmente apresentada pela Recorrente, como foi detalhadamente analisada pelo Fisco, de modo que fundamentou o relatório da fiscalização – o qual, atestou a regularidade do crédito pleiteado. Vale notar que a DRJ Araçatuba não indeferiu o pedido da Recorrente por ter entendido, por exemplo, que os documentos apresentados anteriormente (à primeira fiscalização) seriam inconclusivos ou insuficientes. Também não apontou pontos eventualmente obscuros do relatório de fiscalização, nem qualquer outra razão relativa à necessidade de nova análise, ou de análise mais aprofundada daqueles documentos. Apenas presumiu que a remessa dos autos àquela Delegacia significava a determinação de revisão da fiscalização realizada. Ademais, simplesmente intimou o contribuinte a apresentar toda documentação novamente – sem qualquer justificativa expressa, considerando que a documentação já estava de posse da Receita Federal. Ou seja, a DRF Araçatuba desconsiderou Fl. 520DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 521 8 a existência, de uma fiscalização prévia para verificação dos créditos em comento, na qual a documentação requerida já teria sido apresentada e, portanto, constava de processo administrativo da Receita Federal. Importante dizer, ainda, que com isso não estou validando o comportamento da Recorrente de incinerar os documentos relativos ao crédito pleiteado. É sim dever do contribuinte guardar todos os documentos que fundamentam seu crédito até o final do processo administrativo. Até porque, sem estes documentos, se a decisão definitiva do procedimento administrativo lhe for contrária, o contribuinte não poderá usufruir seu direito de levar a decisão do Conselho para o âmbito judicial, por meio de uma ação anulatória. Logo, não tem realmente sentido incinerar documentos que baseiam pedido de ressarcimento ainda não definitivamente julgado. Todavia, de idêntica forma, não é admissível que a Receita Federal deixe de aceitar provas que foram analisadas por um de seus agentes só porque aquele agente não teria competência territorial para a análise. O que importa, no caso, para a análise do crédito, é a competência material. Tratase de ato anulável, não nulo. Aparentemente, a DRF Araçatuba agiu sem a devida atenção (ignorando os procedimentos anteriormente realizados), pois ainda que entendesse ser necessário iniciar uma fiscalização integral e completa daqueles valores, desconsiderou o fato de que, mesmo sem a apresentação dos documentos pela Recorrente, poderia promover a verificação da documentação, vez que esta integra processo administrativo (prévio) da Receita Federal. Ocorre que, além de equivocarse gravemente, a DRF ofendeu frontalmente o princípio da economia processual, bem como o da celeridade e da eficiência, que devem nortear a atuação do ente público. Tendo ocorrido uma fiscalização prévia por uma unidade da Receita Federal, este procedimento deveria ter sido considerado. Afinal, todas as unidades da Receita Federal fazem parte de um mesmo organismo, e sua atuação não pode jamais ser ignorada. Além disso, não é demais destacar que a falta de competência a que nos referimos aqui é meramente territorial e não material. Isto é, sem qualquer sombra de dúvidas a DIFIS/SP é unidade competente, no que se refere ao necessário conhecimento técnico e procedimental, para promover uma fiscalização de créditos de IPI, como estes ora sob análise. Portanto, seu trabalho deve ser respeitado e considerado pelas demais unidades da Receita Federal, de modo que qualquer questionamento quanto aos procedimentos adotados (sua adequação material, em especial), devem ser devidamente fundamentados. A este respeito, importa destacar que a Lei nº 9.784/99 – que rege o processo administrativo federal – estabelece (em seu artigo 2º) que os atos da administração pública serão realizados com observância dos princípios da motivação, razoabilidade, moralidade e eficiência. Desta forma, a desconsideração da fiscalização previamente realizada pela própria Receita Federal, e por órgão competente, somente poderia ser admitida se fosse motivada, o que não ocorreu no caso em apreço. Há, também, desrespeito à razoabilidade, no presente caso. Afinal, existindo fiscalização prévia, por órgão da própria administração tributária federal, que possui habilidades técnicas para tanto, tais procedimentos deveriam ter sido considerados, mormente Fl. 521DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 522 9 se a documentação em questão não mais está sob a guarda do contribuinte, mas a cópia se encontra sob a guarda da própria Receita Federal! Agrava a presente situação o fato de que o fundamento utilizado no Despacho Decisório para indeferir o pleito da Recorrente, qual seja, de que “Tendo em vista que as notas fiscais, bem como os livros fiscais, não foram apresentados, não se pode concluir que os créditos são líquidos e certos.” O princípio da verdade material rege a atuação da administração pública. É determinação basilar, que tem de ser respeitada, sopesandose, inclusive, sua aplicação em detrimento de outros princípios. Afinal, a finalidade principal do processo administrativo tributário é buscar a verdade dos fatos, que pode ser mais adequada e facilmente alcançada na esfera administrativa, pois se trata de instância onde há maior competência e habilidade técnica, para analisar e constatar a realidade dos fatos, diante de documentos que retratam as operações realizadas pelos contribuintes. No presente caso, em especial, é de se assumir, pelos fatos descritos nos autos, que a Recorrente apresentou a documentação comprobatória do crédito pleiteado à primeira fiscalização. E, na hipótese de estarse seguindo o procedimentos regulares da Receita Federal, não haveria razão para a total desconsideração da análise dos documentos. Frisese que é de meu entendimento que os agentes administrativos podem sim ter dúvidas quanto ao crédito, reanalisar documentos, discordar de conclusões de outros agentes. Mas não foi isso o que aconteceu in casu. Ademais, é a própria lei que permite ao contribuinte requerer a consideração dos documentos já apresentados, conforme disposição contida na Lei n 9.784/99, verbis: “Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, a obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.” Do dispositivo em destaque constatase que, se os documentos necessários à instrução do processo estão sob a guarda da Receita Federal, estes devem ser considerados, analisados e o contribuinte, por sua vez, não pode ser penalizado por não têlos disponibilizado. Asseverase que, no presente caso, os fatos apresentados levam a crer que o dispositivo legal citado se aplica. Ademais, referida Lei estabelece, ainda, que além do órgão competente para instrução do processo ser obrigado a fazer constar dos autos os dados necessários para decisão do caso (e, no caso sob analise, repisese, tais documentos já estariam no processo administrativo nº 13804.003093/200291), a instrução processual, na parte que exige a participação do contribuinte interessado, será realizada da forma menos onerosa para ele, verbis: “Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 523 10 § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizarse do modo menos oneroso para estes.” Neste aspecto, a administração pública – de posse dos documentos – não pode prejudicar a instrução processual sob o argumento de não apresentação em duplicidade de documentação que está sob sua guarda. Se assim é, a DRF Araçatuba deveria ter determinado a juntada a estes autos, dos documentos que já haviam sido coletados, aparentemente os mesmos cuja apresentação foi requerida da Recorrente. Logo, por todo exposto, entendo que agiu mal a DRF Araçatuba ao deixar de analisar a documentação que poderia comprovar a existência e regularidade dos créditos objeto destes autos, na medida em que tais documentos, embora não pudessem mais ser apresentados pela Recorrente, estavam de posse da administração tributária – tendo, inclusive, já sido objeto de análise conclusiva por outra unidade da Receita Federal, habilitada do ponto de vista material, para realizar fiscalizações. Ao ignorar tais documentos a DRF Araçatuba agiu em ofensa a diversos princípios que regem não apenas a atuação da administração pública – economia processual, eficiência, celeridade, moralidade, motivação – como princípios que orientam o próprio processo administrativo federal. Descumpriu o papel a ser desenvolvido na fase instrutória e não apenas onerou, como deliberadamente e sem qualquer fundamento, prejudicou a Recorrente. Entendo, portanto, que deve ser anulado o Despacho Decisório proferido pela DRF Araçatuba, para que esta promova a análise conclusiva da documentação anteriormente apresentada pela Recorrente, que comprova a regularidade do crédito pleiteado nos autos, e que está sob a guarda da Receita Federal, pois integrante do processo administrativo nº 11610.020230/200201 (que originou os presentes autos) assim como, neste momento, já faz parte destes autos, pois trazida pela Recorrente em sua Impugnação. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, decidindo pela anulação do Despacho Decisório (fls. 158/159), e determinado que a DRF Araçatuba se manifeste a respeito da documentação comprobatória da origem do crédito pleiteado (seja aquela constante no processo nº 11610.020230/200201, como aquela agora constante destes autos – fls. 216 /413), para que possa opinar conclusivamente, exarando decisão de mérito, sobre a existência e regularidade do crédito, tendo em vista que os documentos existem, estão na posse da Receita Federal e, portanto,devem ser avaliados. É como voto. Sala das Sessões, em 13 de fevereiro de 2012 (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 523DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16349.000482/200781 Acórdão n.º 330201.419 S3C3T2 Fl. 524 11 Fl. 524DF CARF MF Impresso em 10/04/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 27/03/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 10510.003469/2007-89
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INOCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 173, I, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA
OBRIGATÓRIA.
Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, inexistindo a ocorrência de pagamento, impõe-se a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte ao que poderia ser efetuado o lançamento, nos termos do artigo 173, inciso I, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do
instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62-A, o qual estabelece a observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos Resp n° 973.733/SC.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-001.975
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INOCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 173, I, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, inexistindo a ocorrência de pagamento, impõese a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte ao que poderia ser efetuado o lançamento, nos termos do artigo 173, inciso I, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62A, o qual estabelece a observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos Resp n° 973.733/SC. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 24/02/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado) Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório JOSÉ AMÉRICO LIMA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 06/09/2007, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, em relação aos anoscalendário 2001 a 2004, conforme peça inaugural do feito, às fls. 04/12, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário a então Terceira Seção de Julgamento do CARF contra Decisão da 3a Turma da DRJ em Salvador/BA, consubstanciada no Acórdão nº 1514.063/2007, às fls. 273/276, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 2a Turma Ordinária da 4a Câmara, em 07/05/2009, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 340200.084, sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 NORMA PROCESSUAL RECURSO DE OFÍCIO LIMITE Por se tratar de norma de natureza processual, o limite para interposição de recurso de oficio estabelecido por norma mais recente aplicase às situações pendentes. IRPF DECADÊNCIA Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratandose de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de Fl. 2DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. Processo nº 10510.003469/200789 Acórdão n.º 920201.975 CSRFT2 Fl. 355 3 dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador. Com a qualificação da multa, a contagem do prazo decadencial deslocase para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (arts. 173, I e 150, § 4°, do CTN). PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA DESCABIMENTO Descabe o pedido de diligência quando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção. As perícias devem limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Recurso de Oficio não conhecido. Preliminar de decadência acolhida. Recurso voluntário negado.” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 335/341, com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, conforme se extrai dos Acórdãos nºs 20402.061 e 20402.663, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência arguida. Sustenta que a jurisprudência deste Colegiado, corroborada pelo entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, impõe que a aplicação do prazo decadencial inserido no artigo 150, § 4º, do CTN, pressupõe a antecipação de pagamento, ainda que parcialmente. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. 4 Contrapõese ao Acórdão recorrido, por entender que o artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, estaria dispondo sobre prazo para o ato de “homologação” de um procedimento do contribuinte, e não sobre o prazo para lançamento. Assevera que inexistindo recolhimento, ou seja, antecipação de pagamento, não há o que se homologar, não estando o lançamento de ofício previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, no artigo 173, inciso I, daquele Diploma legal, conforme doutrina transcrita na peça recursal. Em defesa de sua pretensão, infere que adotandose o artigo 173, inciso I, do CTN, o prazo decadencial começaria a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. In casu, para o fato gerador ocorrido no ano calendário de 2001, o lançamento somente poderia ser efetuado em 2002, fazendo com que o início do prazo decadencial fosse para o dia 1º de janeiro de 2003, findandose em 01/01/2008. Na hipótese dos autos, constituído o crédito tributário em 06/09/2007, dentro do prazo decadencial inserido no artigo 173, inciso I, do CTN, não há se falar em decadência da exigência fiscal, sobretudo por não ter havido antecipação do pagamento, mediante lançamento por homologação. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial do Procurador, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado nos paradigmas, Acórdãos nºs 20402.061 e 20402.663, conforme Despacho nº 220200.029/2010, às fls. 345/348. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, o contribuinte não ofereceu suas contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF a divergência suscitada conheço do Recurso Especial da Procuradoria e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, o contribuinte fora autuado, com arrimo no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, em virtude da falta de comprovação da origem de depósitos bancários realizados em conta de sua titularidade. Por sua vez, ao analisar o caso, a Câmara recorrida achou por bem rechaçar em parte a pretensão fiscal, mantendo o afastamento da multa qualificada, aplicando, por conseguinte, o prazo decadencial insculpido no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, restando decaído parte do crédito tributário (anocalendário 2001). Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, aduzindo, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram a Fl. 4DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. Processo nº 10510.003469/200789 Acórdão n.º 920201.975 CSRFT2 Fl. 356 5 jurisprudência deste Colegiado e, bem assim, do Superior Tribunal de Justiça a propósito da matéria, a qual exige a existência de recolhimentos, ou seja, a antecipação de pagamento, para que se aplique o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, impondo sejam levados a efeito os ditames do artigo 173, inciso I, uma vez que inexistindo autolançamento do autuado, com antecipação de pagamento, não há o que se homologar. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional merece acolhimento. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido, inobstante as sempre bem fundamentadas razões de direito do ilustre Conselheiro relator, apresentase em descompasso com o entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, especialmente nos autos de Recurso Repetitivo, de observância obrigatória por este Colegiado, como passaremos a demonstrar. A ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, utilizou como fundamento à sua empreitada o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual contempla a caracterização de omissão de rendimentos e/ou receitas com base em depósitos bancários de origem não comprovada, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. [...]” Afora a vasta discussão a respeito do tema, o certo é que após a edição do Diploma legal encimado, especialmente em seu artigo 42, a movimentação bancária dos contribuintes, pessoa física ou jurídica, passou a ser presumidamente considerada omissão de rendimentos ou de receitas se aqueles não comprovassem a origem dos recursos transitados em suas contas correntes. Entrementes, a presunção legal encimada não afastou totalmente a celeuma que permeia a tributação de depósitos bancários de origem não comprovada. Com efeito, uma vez consolidado o entendimento suso mencionado, a controvérsia centrouse no prazo decadencial a ser aplicado nestes casos. Destarte, enquanto parte da jurisprudência defende que o fato gerador de aludido imposto se perfaz mensalmente, na medida em que ocorrem os depósitos, entendimento compartilhado por este Conselheiro, outra banda dos julgadores administrativos firmou o posicionamento de que o fato gerador do imposto de renda pessoa física, sobretudo tratandose de depósitos bancários de origem não comprovada, é complexivo, findandose no dia 31 de dezembro de cada anocalendário, submetendose, assim, a posterior ajuste anual, por meio da DIRPF. Aliás, referida matéria fora objeto de proposta de Súmula, que veio a ser aprovada pelo Pleno da CSRF, em Sessão realizada em 08/12/2009, afastando definitivamente qualquer discussão quanto ao assunto, conforme se extrai do seguinte Enunciado: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. 6 “O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário.” Ultrapassada e afastada a questão do fato gerador mensal para os casos de omissão de rendimentos, caracterizada com base em depósitos bancários de origem não comprovada, tendo em vista que as Súmulas do CARF são de observância obrigatória pelos julgadores deste Colegiado, nos termos do artigo 72, § 4 º do Regimento Interno, a querela não se findou, passando a se fixar no dispositivo legal a ser aplicado no prazo decadencial, artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do CTN, dependendo ou não de antecipação de pagamento. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando o Imposto sobre a Renda de Pessoas Físicas IRPF sujeito ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos submetidos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das Fl. 6DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. Processo nº 10510.003469/200789 Acórdão n.º 920201.975 CSRFT2 Fl. 357 7 informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que apurar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Esta, aliás, é a tese que prevaleceu na última reunião do Conselho Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que o Imposto de Renda Pessoa Física deve observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O Fl. 7DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. 8 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial Fl. 8DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. Processo nº 10510.003469/200789 Acórdão n.º 920201.975 CSRFT2 Fl. 358 9 qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento no Imposto de Renda Pessoa Física, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela inexistência de antecipação de pagamento relativamente ao anocalendário 2001, consoante se infere da Declaração de Ajuste Anual Simplificada – 2002, às fls. 42/43, de onde se extrai que o contribuinte não declarou qualquer rendimento tributável e, por conseguinte, não apurou imposto a pagar. Na esteira dessas considerações, não se vislumbra a ocorrência de recolhimentos – antecipação de pagamento , fato relevante para a aplicação do instituto da decadência, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar, é de se restabelecer a ordem legal no sentido de aplicar o prazo decadencial inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito tributário em 06/09/2007, com a devida ciência do contribuinte constante do Aviso de RecebimentoAR, de fl. 136, a exigência fiscal não se encontra fulminada pela decadência, impondo a manutenção do feito, na forma pleiteada pela recorrente. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com a jurisprudência consolidada nos Tribunais Superiores e de observância obrigatória por este Colegiado, VOTO NO SENTIDO DE DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado. 10 Fl. 10DF CARF MF Impresso em 09/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI não encontrado., Assinado digitalmente e m 04/04/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 28/02/2012 por 87862719115 - NI n ão encontrado.
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Numero do processo: 35344.000526/2007-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/08/2006
JUROS/SELIC
As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC,
nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91.
Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais.
EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA.
É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-001.548
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da segunda
SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Wilson Antônio de Souza Correa.
Nome do relator: Adriana Sato
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Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. Recurso Voluntário Negado Fl. 1DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da segunda SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por maioria foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Wilson Antônio de Souza Correa. Ausência momentânea: Eduardo Augusto Marcondes. Marco André Ramos Vieira Presidente Adriana Sato Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros . Marco André Ramos Vieira (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas, Manoel Coelho Arruda Junior e Adriana Sato Fl. 2DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 590 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito lavrada em 10/11/2006, cuja ciência da recorrente ocorreu na mesma data. De acordo com o relatório Fiscal de fls. 55/80 restou provado o emprego de simulação na atuação da pessoa jurídica Indústria e Comércio Mafferson Ltda EPP, revelando se o claro objetivo do sujeito passivo burlar a legislação previdenciária. Conseqüentemente consideramse, para fins de lançamento de contribuições previdenciárias, como empregados do sujeito passivo aqueles trabalhadores formalmente registrados nas pessoas jurídicas Dopp Comércio e Serviços em Artigos do Vestuário e Acessórios Ltda EPP e Sidertex Indústria e Comércio do Vestuário Ltda EPP. A unicidade da empresa Indústria e Comércio Mafferson Ltda fica patente por estar constituída por três seções ou unidades de produção: Duas destas unidades estão estabelecidas em Criciúma, no bairro São Luiz, na avenida Santos Dumont, em prédios contíguos que possuem a mesma numeração (nc's 1665 e 1665B) e a terceira funciona desde janeiro/2005 na cidade de Siderópolis, na avenida Porfirio Feltrin, 20, no centro de Siderópolis. Tratase de uma mesma empresa — Indústria e Comércio Mafferson Ltda, explorando idêntica atividade econômica (confecção e comércio de roupas em jeans da marca Dopping), sob administração do mesmo empregador, porém formalmente partilhada ou fracionada em mais outras duas — DOPP e SIDERTEX. Cediço expediente para fracionar empresas e conseqüentemente a folha de pagamento de salários dos empregados com vistas 5 obtenção indevida de tratamento tributário simplificado e favorecido instituído pela Lei do SIMPLES. Estas assertivas básicas foram comprovadas através: a) Unicidade da empresa; b) Gestão empresarial atípica; c) Ações trabalhistas; d) Verificação física; e) Os vínculos empregaticios, massa salarial e faturamento; f) Demonstrações contábeis — 0 patrimônio, as receitas e as despesas; g) Terceirização de atividade fim — Vedação legal; h) Reunião com o sujeito passivo. A Recorrente apresentou impugnação tempestiva, alegando em síntese: invasão da competência do Poder Judiciário; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 da incompetência da fiscalização para com o simples; erro de identificação do sujeito passivo por não ter sido demonstrada a responsabilidade da Requerente para com as empresas DOPP e SIDERTEX; da ilegalidade e da inconstitucionalidade do artigo 229, parágrafo 2 do Decreto 3048/99; nulidade do ato fiscal por ausência de motivação; seja, ainda, afastada a responsabilização da Requerente pela apuração realizada referente a empresa SIDERTEX, especialmente por falta de argumentos que possam subsidiar qualquer evidência em desfavor da requerente, devendose igualmente declarar, nessa parte, a nulidade da NFLD; abatimento dos valores recolhidos pelo SIMPLES das empresas DOPP e SIDERTEX caso seja conhecido como devido o valor apurado; INCRA; SELIC. A DN julgou o lançamento procedente, e, inconformada a Recorrente interpôs recurso voluntário, com as mesmas alegações da impugnação, incluindo somente o que arrolou bens em substituição ao depósito recursal. A DRP apresentou contra razões. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 591 5 Voto Conselheiro Adriana Sato, Relator Sendo tempestivo CONHEÇO DO RECURSO e passo a análise das questões suscitadas. Quanto ao depósito recursal para garantia de instância, tal pressuposto não é mais exigido por este Colegiado em obediência ao Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. De acordo com o previsto no parágrafo único do art. 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria n ° 256/2009 do Ministério da Fazenda, no julgamento de recurso voluntário ou de ofício, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Não se aplicando aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo, que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; O STF já se posicionou no julgamento do Recurso Extraordinário n ° 389383, transitado em julgado, pela inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 126 da Lei n ° 8.212. Os fatos geradores, as bases de cálculo, as contribuições devidas, os períodos a que se referem e os dispositivos legais do débito foram devidamente demonstrados na NFLD possibilitando a completa compreensão da exigência lançada. O lançamento constitutivo do crédito previdenciário observou o disposto no artigo 142 da Lei n° 5.172/66 Código Tributário Nacional e os pressupostos estabelecidos no artigo 37 da Lei n° 8.212/91, abaixo transcritos: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Lei n°8.212/91 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de beneficio reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 No que tange a alegação de que não existe vinculo real entre os trabalhadores formalmente vinculados as "empresas" DOPP e SIDERTEX com a Recorrente (MAFFERSON), e de que essas "empresas" não foram criadas de maneira simulada, única e exclusivamente para gozo irregular dos benefícios do SIMPLES, carecem completamente de razão. A aplicação do principio da primazia da realidade, ao contrário do que afirma a Recorrente, foi corretamente efetuada pelos Auditores Fiscais e encontrase perfeitamente fundamentada no relatório fiscal de fls. 55/80. Anteriormente a constituição das "empresas" DOPP e SIDERTEX, a sociedade empresária INDUSTRIA E COMÉRCIO MAFFERSON LTDA. Já explorava, com empregados próprios, as mesmas atividades econômicas que constam no objeto social da DOPP e da SIDERTEX. Porém, tendo em vista a publicação da Lei n° 9.317/1996, que instituiu o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES, os proprietários da INDUSTRIA E COMÉRCIO MAFFERSON LTDA. criaram uma estratégia para beneficiarse irregularmente do SIMPLES. Os proprietários da sociedade empresária INDÚSTRIA E COMÉRCIO MAFFERSON LTDA., visando, de acordo com o relatório fiscal de fls. 55/80, gozar irregularmente do SIMPLES e, conseqüentemente, deixar de pagar contribuições previdenciárias devidas, criaram, diretamente ou por meio de familiares, as sociedades empresárias DOPP e SIDERTEX, para assumir atividades até então exploradas diretamente pela Recorrente. Essas empresas recém criadas (DOPP e SIDERTEX), por sua vez, para completar a estratégia, inscreveramse irregularmente no SIMPLES, infringindo a vedação prevista no inciso XVII, do artigo 90, da Lei n° 9.317/1996, in verbis: Art. 9 0 Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: XVII que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica, salvo em relação aos eventos ocorridos antes da vigência desta Lei; (..) A Recorrente visando gozar indevidamente dos benefícios do SIMPLES, terceirizou irregularmente, por meio de empresas interpostas criadas exclusivamente para tal fim, mãodeobra de sua atividadefim e desrespeitou frontalmente o Enunciado 331, do Tribunal Superior do Trabalho, que preceitua: N° 331 Contrato de prestação de serviços. Legalidade – Inciso IV alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000 I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vinculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei n° 6.019, de 03.01.1974). II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vinculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, Fl. 6DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 592 7 da CF/1988). Ill Não forma vinculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei n° 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do titulo executivo judicial (art. 71 da Lei n° 8.666, de 21.06.1993). A irregularidade constatada na Recorrente motivou a descaracterização da relação formal existente e considerou, para efeitos de lançamento tributário, a relação real entre a Recorrente e os trabalhadores registrados nas empresas DOPP e SIDERTEX. Tal procedimento encontrase amparado no §2°, do artigo 229, do Regulamento da Previdência Social (Decreto n° 3.048/1999) e no inciso VII, do artigo 149, do Código Tributário Nacional: Art. 229. (..) § 2=' Se o AuditorFiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 92, deverá desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto n° 3.265, de 29.11.99) (...) Art. 149. 0 lançamento é efetuado e revisto de oficio pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (..) VII — quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em beneficio daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; (..) Os AuditoresFiscais responsáveis pela fiscalização de contribuições previdenciárias, ao contrário do que alega a Recorrente, têm competência para reconhecer relação de emprego para fins de fiscalização, arrecadação e lançamento de contribuições previdenciárias devidas no tocante a trabalhador que presta serviços à empresa. Admitirse o contrário seria esvaziar inteiramente a obrigatoriedade e eficácia das normas previdenciárias e de filiação dos segurados, deixando a questão ao arbítrio, interesses e conveniências das empresa e dos trabalhadores. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 O relatório fiscal de fls. 55/80 deixa claro que as empresas DOPP e SIDERTEX possuem existência meramente no plano formal. Essa conclusão foi obtida com base nas seguintes constatações: a) identidade de dirigentes/proprietários: Conforme demonstra o relatório fiscal de fls. 55/80, as "empresas" DOPP e SIDERTEX foram criadas por familiares do Sr. Jefferson Zappelini, proprietário da INDÚSTRIA E COMÉRCIO MAFFERSON LTDA. Mesmo sendo SócioAdministrador da Recorrente o Sr. Jefferson Zappelini é o administrador real da DOPP desde a sua criação e consta formalmente em tal posição desde 04/2003. Também é o administrador real da SIDERTEX, embora conste formalmente em tal posição, apenas no período de 01/2005 a 05/2006. Em junho/2006, sua esposa (Dalila ReginaIda da Rosa Zappelini) e sua cunhada (Christina Nuernberg Zappelini), passam a figurar, formalmente, como administradoras da SIDERTEX. A conduta dos sócios e administradores das empresas deixa evidente, que a DOPP, assim como a SIDERTEX, não possuem gerencia administrativa autônoma e a pessoa que efetivamente comanda a três empresas (MAFFERSON, DOPP e SIDERTEX), de maneira conjunta, é o Sr. Jefferson Zappelini. Outra prova da administração conjunta inconteste foi o fato dos documentos da "empresa" DOPP estarem guardados, conforme descrito no relatório fiscal de fls. 55/80, na sede da Recorrente. b) uso de espaço físico e equipamentos cedidos pela Notificada: Além de explorar atividades fins da Recorrente que eram anteriormente realizadas pela própria, a "empresa" DOPP explora suas atividades, de acordo com o relatório fiscal de fls. 55/80, no mesmo endereço da Recorrente. E, por sua vez a SIDERTEX, conforme aponta o relatório fiscal de fls. 55/80, além de explorar atividades fins da Recorrente, funciona em pavilhão cuja a locação foi viablizada pelo Sr. Jefferson Zappelini. Seu parque fabril, conforme o citado relatório, é de propriedade da Recorrente e foi gratuitamente cedido. c) exclusividade: A "empresa" SIDERTEX presta serviços, desde sua criação, conforme demonstra o relatório fiscal de fls. 55/80, exclusivamente para a Recorrente: Convém destacar que o trabalho realizado na Sidertex é voltado exclusivamente para o sujeito passivo. ) A sociedade formalmente denominada Sidertex Indústria e Comércio do Vestuário Ltda., nada mais é que um setor de costura, uma extensão do sujeito passivo. Toda a produção da Sidertex é repassada exclusivamente para a Indústria e Comércio Mafferson Ltda. 0 balanço patrimonial da Sidertex, referente o exercício de 2005 confirma o fato de que a receita é proveniente dos serviços de facção exclusivamente prestados para o sujeito passivo enquanto as despesas referemse basicamente aos encargos com a folha de pagamento. d) comunhão administrativa e funcional: Fl. 8DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 593 9 Vários trabalhadores (como Sandra Regina Milanez Marcelo, Silvério Buss, Jucenir Ugioni, Dedier Alexandre Haag e Júnior Lourenço) vinculados formalmente a apenas uma das empresas (MAFFERSON, DOPP ou SIDERTEX),praticam, de acordo com o relatório fiscal de fls. 55/80, atos administrativos em nome das demais, comprovando verdadeira comunhão funcional e administrativa. A competência da Justiça do Trabalho não exclui a do Instituto de exercer suas funções de fiscalização sobre o cumprimento ou não das normas de proteção ao Trabalho, inclusive o direito à previdência social." (trecho do voto emitido pelo Relator Min. Garcia Vieira no julgamento do REsp 236279/RJ – Recurso Especia11999/00981057 na 1a Turma do STJ DJ 20.03.2000. p. 48). É licito à Previdência Social pesquisar a relação de trabalho para encontrar, na sua verdadeira configuração, a relação de emprego e cobrar a contribuição legalmente devida, pois a cogência das normas de ordem pública impede que se adote regime jurídico apenas formalmente, para frustar os objetivos nelas perseguidos, quando a prática da relação jurídica de direito material indica tratarse de relação de emprego. Quanto ao argumento de que não foram considerados os pagamentos realizados pelas empresas DOPP e SIDERTEX a titulo do Simples, não assiste razão a Recorrente. O pagamento destinado ao Simples independe do número de funcionários registrados, sendo um percentual da receita bruta mensal acumulada. Assim, com zero ou cem empregados, o percentual à Previdência é o mesmo, e, desse modo, não cabe devolução ou compensação dos valores pagos pelas empresas DOPP e SIDERTEX. A contribuição ao INCRA não alcança exclusivamente a produção rural, conforme sua lei de instituição, que relaciona atividades industriais que podem ser desenvolvidas tanto no meio rural como nas regiões urbanas: DECRETOLEI Nº 1.146, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1970. Consolida os dispositivos sôbre as contribuições criadas pela Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955 e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item II, da Constituição, DECRETA: Art 1º As contribuições criadas pela Lei nº 2.613, de 23 de setembro 1955, mantidas nos têrmos dêste DecretoLei, são devidas de acôrdo com o artigo 6º do DecretoLei nº 582, de 15 de maio de 1969, e com o artigo 2º do DecretoLei nº 1.110, de 9 julho de 1970: I Ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA: 1 as contribuições de que tratam os artigos 2º e 5º dêste DecretoLei; Fl. 9DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 2 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o art. 3º dêste Decretolei. II Ao Fundo de Assistência do Trabalhador Rural FUNRURAL, 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o artigo 3º dêste Decretolei. Art 2º A contribuição instituída no " caput " do artigo 6º da Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955, é reduzida para 2,5% (dois e meio por cento), a partir de 1º de janeiro de 1971, sendo devida sôbre a soma da fôlha mensal dos salários de contribuição previdenciária dos seus empregados pelas pessoas naturais e jurídicas, inclusive cooperativa, que exerçam as atividades abaixo enumeradas: I Indústria de canadeaçúcar; II Indústria de laticínios; III Indústria de beneficiamento de chá e de mate; IV Indústria da uva; V Indústria de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de algodão; VI Indústria de beneficiamento de cereais; VII Indústria de beneficiamento de café; VIII Indústria de extração de madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; IX Matadouros ou abatedouros de animais de quaisquer espécies e charqueadas. Nesse sentido é o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL E INCRA EMPRESA URBANA LEGALIDADE ORIENTAÇÃO DESTA PRIMEIRA SEÇÃO, SEGUINDO A JURISPRUDÊNCIA DO STF RECURSO NÃO ADMITIDO SÚMULA 168/STJ AGRAVO REGIMENTAL AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA MERA REPETIÇÃO DAS RAZÕES DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA IRRESIGNAÇÃO MANIFESTAMENTE INFUNDADA RECURSO NÃO CONHECIDO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. Nos termos da orientação desta Primeira Seção e do Supremo Tribunal Federal, é legítimo o recolhimento da contribuição social para o FUNRURAL e INCRA pelas empresas urbanas. Considerando que o acórdão embargado corroborou esse entendimento, correta é a aplicação da Súmula 168 desta Corte Superior. 2. Não tendo a agravante rebatido especificamente os fundamentos da decisão recorrida, limitandose a reproduzir as Fl. 10DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 594 11 razões oferecidas nos embargos de divergência, é inviável o conhecimento do recurso. 3. Tratandose de agravo interno manifestamente infundado, impõese a condenação da agravante ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, nos termos do art. 557, § 2º, do Código de Processo Civil. 4. Agravo interno não conhecido, com aplicação de multa. (AgRg nos EREsp 530802/GO. Primeira Seção. Relatora Ministra DENISE ARRUDA. Julgamento 13/04/2005. DJ 09/05/2005, p. 291) (sem grifos no original) No tocante à taxa SELIC, cumpre asseverar que sobre o principal apurado e não recolhido, incidem os juros moratórios, aplicados conforme determina o artigo 34 da Lei 8.212/91: “... As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, a que se refere o artigo 13, da Lei n.º 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.” O art. 161 do CTN prescreve que os juros de mora serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No caso das contribuições em tela, há lei dispondo de modo diverso, ou seja, o aludido art. 34 da Lei 8.212/91 dispõe que sobre as contribuições em questão incide a Taxa SELIC. Portanto, está correta a aplicação da referida taxa a título de juros, perfeitamente utilizável como índice a ser aplicado às contribuições em questão, recolhidas com atraso, objetivando recompor os valores devidos. Ainda, quanto à admissibilidade da utilização da taxa SELIC, ressaltamos que o Segundo Conselho, do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, aprovou na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicada no D.O.U. de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28 a Súmula 3, que dita: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. E, com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, tal súmula foi consolidada na Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Fl. 11DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por sua vez, de conformidade com o artigo 35, da Lei 8.212/91, vigente à época do lançamento, a contribuição social previdenciária está sujeita à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso Não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme prevê o artigo citado. Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência haveria violação ao principio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com suas obrigações fiscais. O art. 35 da Lei n ° 8.212/1991 dispõe, nestas palavras: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99) I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). Fl. 12DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 35344.000526/200768 Acórdão n.º 2302001.548 S2C3T2 Fl. 595 13 b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). § 1º Nas hipóteses de parcelamento ou de reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o Caput e seus incisos. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.876/99). Por todo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Adriana Sato Fl. 13DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 Fl. 14DF CARF MF Impresso em 21/06/2012 por ATANAGILDO BARBOSA DE OLIVEIRA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2012 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 12/03/2012 por ADR IANA SATO, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10510.003832/2009-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2006
ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.
A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97.
SALÁRIO INDIRETO EDUCAÇÃO.
Incidem contribuições previdenciárias sobre a remuneração atribuída ao empregado em desacordo com as previsões de não incidência contidas no § 9º do art. 28 da Lei 8.212/91.
Os pagamentos efetuados pela recorrente aos seus empregados para o custeio de ensino superior são verbas passíveis de incidência contributiva previdenciária.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS.
Os valores pagos ou creditados, a título de participação nos lucros e resultado em desconformidade com os requisitos legais, integram a base de incidência contributiva previdenciária.
ESTÁGIO REGULAR
A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, não integra o salário de contribuição.
COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRATANTE. CONTRIBUINTE.
Incidem contribuições previdenciárias na prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho.
RETENÇÃO.
O contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de serviços e recolher a importância retida, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei n.º 9.711/98.
RETENÇÃO OPTANTE SIMPLES A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido.
MULTA MORATÓRIA
A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente
o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-001.858
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria, em conceder provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Deve ser excluída a parcela relativa aos estagiários, bem como a multa deve ser calculada considerando as disposições do art. 35 da Lei n. 8212 de 1991 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Vencidos os Conselheiros Jhonatas Ribeiro da Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior que entenderam não incidir contribuição sobre as parcelas relativas a abono, educação, PLR.
Nome do relator: Liege Lacroix Thomasi
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2006 ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. SALÁRIO INDIRETO EDUCAÇÃO. Incidem contribuições previdenciárias sobre a remuneração atribuída ao empregado em desacordo com as previsões de não incidência contidas no § 9º do art. 28 da Lei 8.212/91. Os pagamentos efetuados pela recorrente aos seus empregados para o custeio de ensino superior são verbas passíveis de incidência contributiva previdenciária. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. Os valores pagos ou creditados, a título de participação nos lucros e resultado em desconformidade com os requisitos legais, integram a base de incidência contributiva previdenciária. ESTÁGIO REGULAR A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, não integra o salário de contribuição. COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRATANTE. CONTRIBUINTE. Incidem contribuições previdenciárias na prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho. RETENÇÃO. O contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de serviços e recolher a importância retida, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei n.º 9.711/98. RETENÇÃO OPTANTE SIMPLES A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido. MULTA MORATÓRIA A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. Recurso Voluntário Provido em Parte
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Empresas em Geral Cooperativas Recorrente BANCO DO ESTADO DE SERGIPE S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2006 ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. SALÁRIO INDIRETO EDUCAÇÃO. Incidem contribuições previdenciárias sobre a remuneração atribuída ao empregado em desacordo com as previsões de não incidência contidas no § 9º do art. 28 da Lei 8.212/91. Os pagamentos efetuados pela recorrente aos seus empregados para o custeio de ensino superior são verbas passíveis de incidência contributiva previdenciária. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. Os valores pagos ou creditados, a título de participação nos lucros e resultado em desconformidade com os requisitos legais, integram a base de incidência contributiva previdenciária. ESTÁGIO REGULAR A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, não integra o salário de contribuição. COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRATANTE. CONTRIBUINTE. Incidem contribuições previdenciárias na prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho. Fl. 951DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 RETENÇÃO. O contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de serviços e recolher a importância retida, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei n.º 9.711/98. RETENÇÃO OPTANTE SIMPLES A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido. MULTA MORATÓRIA A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em conceder provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Deve ser excluída a parcela relativa aos estagiários, bem como a multa deve ser calculada considerando as disposições do art. 35 da Lei n. 8212 de 1991 para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008. Vencidos os Conselheiros Jhonatas Ribeiro da Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior que entenderam não incidir contribuição sobre as parcelas relativas a abono, educação, PLR. Marco Andre Ramos Vieira Presidente. Liege Lacroix Thomasi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Andre Ramos vieira (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Jhonatas Ribeiro da Silva, Manoel Coelho Arruda Junior, Adriana Sato. Fl. 952DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 2 3 Relatório Trata o presente Auto de Infração de Obrigações Principais, lavrado em 09/11/2009 e cientificado ao sujeito passivo em 16/11/2009, de contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre valores pagos aos segurados empregados a título de Participação nos Lucros e Resultados, abono, bolsas de estudo, estágio e ressarcimento de despesas com academias de ginástica, aluguel e condomínios de diretores, sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviço, relativamente aos serviços prestados por cooperados através de cooperativas de trabalho e relativas à retenção de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviço com cessão de mão de obra. O crédito abrange o período de 01/2005 a 02/2006. O relatório fiscal de fls. 33/45, traz que os levantamentos presentes no crédito lançado são: Levantamento ABN – referente à remuneração paga aos segurados apurada na folha de pagamento sob a rubrica 1045 Abono Levantamento AFN – atinente a valores ressarcidos aos empregados em decorrência de despesas efetuadas com atividades físicas; Levantamento BEN – referente à remuneração indireta, bolsa de estudo, em desacordo com as hipóteses de não incidência; Levantamento CPH – referente aos serviços prestados através de cooperativa de trabalho; Levantamento ESE – referente aos serviços prestados pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe, sujeitos à retenção de 11% Levantamento ETD e ETP referente à remuneração paga a estagiários considerados segurados empregados; Levantamento FDC referente aos serviços prestados pela Fundação Dom Cabral, sujeitos à retenção de 11% Levantamento MDN – referentes às despesas com moradia, mudança, aluguel e condomínio de diretores; Levantamento P26, PA2 e PM2 – referente aos valores pagos a título de PLR em desacordo com a legislação; Levantamento RDN – referente a valores constantes das folhas de pagamento aos diretores na rubrica 8005, diferença salarial; Levantamento RTE – referente aos serviços prestados pela Rádio Táxi Sergipe Ltda., sujeitos à retenção de 11% Fl. 953DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Na impugnação o autuado renunciou à parte do lançamento fiscal – Levantamento AFN, parte do Levantamento MDN e parte do levantamento RDN, em vista da adesão ao parcelamento instituído pela Lei n.º 11.941/2009. Acórdão de fls.662/666, julgou o lançamento procedente em parte para excluir do lançamento os valores relativos a ajuda de custo, que se constituiu em parcela única em decorrência da mudança de local de trabalho do diretor André Tavares Andrade. Foram emitidos os termos de desmembramento e transferência, TEDE e TETRA, respectivamente, para que a parte incontroversa pudesse ter seguimento em separado, permanecendo neste auto de infração apenas as rubricas impugnadas pelo contribuinte. Ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso, onde alega em apertada síntese: a) que não foi observado pelo Fisco a solidariedade entre as prestadoras de serviço e a recorrente, tampouco que uma das empresas é inscrita no SIMPLES , não podendo sofrer retenção; b) que o abono não é tributado por ser pago uma única vez ao ano; c) que a bolsa estudo não integra o salário de contribuição, porque todos os empregados podem pleiteála, desde que não estejam sofrendo punição disciplinar; d) que a CLT retira qualquer gasto com educação da base contributiva; e) que não incide contribuição sobre bolsa estágio, que na época do lançamento estava em vigor a Lei n.º 6494/77, só revogada em 2008, as 4 horas diárias não podem ser aplicadas ao caso, os estagiários desenvolviam atividades conforme a formação de cada um, todos os compromissos de estágio foram submetidos ao crivo das respectivas instituições de ensino, que chancelaram os termos firmados; f) que os critérios para a distribuição dos lucros encontram se detalhadamente previstos nos “Programas de Moedas” e nos acordos coletivos e o pagamento referente a mais de duas parcelas se dá por conta de complementação. Requer o provimento do recurso para reformar o Acórdão e julgar improcedente o Auto de Infração. É o relatório. Fl. 954DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 3 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. Após a renúncia ao contencioso, pelo contribuinte, de determinados levantamentos e da exclusão da verba referente a ajuda de custo devido a mudança de local de trabalho efetuada pelo Acórdão de primeira instância, restam neste Auto de Infração de Obrigação Principal, as contribuições patronais incidentes sobre valores pagos aos segurados empregados a título de abono, bolsaestágio, bolsaeducação e participação nos lucros e resultados. E as incidentes sobre os valores pagos sobre os serviços prestados por intermédio de cooperativa de trabalho e a retenção de 11%, incidente sobre as notas fiscais de prestação de serviço com cessão de mão de obra. No que tange aos abonos pagos por liberalidade do empregador ou previstos em acordos ou convenções coletivas, a Constituição Federal, em seu art. 201, parágrafo 4º – hoje transformado no parágrafo 11º desse mesmo artigo pela Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998 – determina, expressamente: Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. [sem grifos no original] A Lei Orgânica da Seguridade Social, Lei nº 8.212/91, em consonância com a norma constitucional supratranscrita, assim define saláriodecontribuição, para fins de incidência de contribuições à seguridade social: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (sem grifos no original) [...] Frente à disciplina legal supra, denotase que o fato gerador do tributo em tela está presente no conceito de remuneração, ou seja, todo o plexo de contraprestações efetivadas pelo empregador ao empregado, com o intuito de retribuir o serviço prestado, não Fl. 955DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 sendo relevante o título jurídico utilizado para realizar o pagamento, isto é, o nome da verba não possui relevância, mas sim se, no caso concreto, o montante despendido tem intuito de retribuir o trabalho. De outra parte, a Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os benefícios da Previdência Social, em seu art. 29 toma o saláriodecontribuição como base para o cálculo do valor do salário de benefício. Conforme previsto no § 6º do art. 150 da Constituição Federal, somente a Lei pode instituir isenções. Assim, o § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 dispõe que não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28 da mesma Lei. O § 9º do art. 28 da Lei n° 8.212/91 enumera, exaustivamente, as parcelas que não integram o saláriode contribuição.Verificase que a legislação aplicável à espécie determina, em um primeiro momento, a regra geral de incidência das contribuições previdenciárias sobre a remuneração total do empregado, inclusive sobre os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Somente em um segundo momento é que são definidas, de forma expressa e exaustiva, porquanto excepcionais, as hipóteses de nãoincidência das contribuições destinadas à Seguridade Social. Nesse contexto, os denominados abonos são verbas passíveis de incidência previdenciária, na medida em que, conceitualmente, tratamse de adiantamentos salariais, conforme nos ensina o doutrinador laboral da atualidade, Maurício Godinho Delgado: Retomado o conceito próprio do abono, como antecipação salarial efetuada pelo empregador ao empregado, tornase inquestionável sua natureza jurídica, como salário (art. 457, § 1º). A jurisprudência foi além, contudo: firmouse no sentido de conferir à parcela todos os efeitos próprios ao salário básico – o que significa que prevalece no Direito brasileiro o entendimento de que o abono, depois de concedido, não pode ser retirado do contrato pelo empregador. (Maurício Godinho Delgado, 2003, p. 729) Como bem ressaltado na doutrina retro, a Consolidação das Leis do Trabalho CLT elenca como integrante da remuneração os abonos, in verbis: Art. 457. Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.§ 1º Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador. (sem grifos no original) Cumpre salientar que o fato de a negociação coletiva mencionar que os abonos concedidos possuem natureza indenizatória, não tem o condão de alterar a natureza jurídica da verba, tendo em vista que o art. 457 da CLT e o art. 22, I, da Lei n.º 8.212/91, são normas cogentes não sendo possível afastar a sua aplicação em razão de um acordo ou convenção coletiva. Outro não é o entendimento do Colendo TST acerca da indisponibilidade do art. 457 da CLT, vejamos: TST mantém natureza salarial de produtividade na Brasil Telecom Fl. 956DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 4 7 Embora a Constituição Federal assegure a validade dos acordos coletivos, estes são limitados nas normas de ordem pública, onde não há margem para livre manifestação das partes. Com este entendimento, a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento a recurso de revista da Brasil Telecom contra decisão que a condenou à integração da “verba produtividade” ao salário, com pagamento de diferenças nas verbas rescisórias. A condenação foi definida em primeiro grau e mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Rio Grande do Sul). O Regional entendeu que o adicional deve incidir sobre a remuneração do empregado por ter “nítida natureza salarial’, embora a “verba produtividade” tenha sido instituída no acordo coletivo com natureza indenizatória. O ministro José Simpliciano Fernandes, relator do processo, ressaltou que o objeto da controvérsia estava em definir se é possível que as partes, por meio de acordo coletivo, atribuam natureza indenizatória a uma parcela que, por suas características, ostente naturalmente caráter salarial. "No caso, o TRT considerou demonstrada a natureza salarial”, afirmou o relator. “Assim, em que pese o acordo coletivo que a institui ter determinado sua não incorporação ao salário, conforme o artigo 457, § 1º, da CLT, temse por devida sua integração”. Ao proferir seu voto durante a sessão de julgamento, o ministro afirmou que as partes não podem, ainda que por acordo coletivo, definir natureza diversa à verba, porque com isso estariam burlando preceito de ordem pública, uma vez que implicaria isenção das contribuições fiscais e previdenciárias às quais as partes estariam obrigadas, por força de lei." (RR 44809/20029000400.5) Vale ressaltar que, embora possa ocorrer a hipótese de validação trabalhista de negociação coletiva que atribua natureza jurídica diversa aos abonos, as contribuições previdenciárias são tributos, portanto, sujeitas à regência do CTN, cabendo mencionar o art. 123: Art.123 Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Portanto, diante das normas expostas, inferese que os contratos firmados entre as partes, inclusive os coletivos, não possuem força vinculante para o Fisco, pois os mesmos só criam regras válidas para as partes e não para um terceiro, no caso, a Previdência Social, principalmente em face do princípio da indisponibilidade do crédito tributário. A Medida Provisória nº 1.5869, de 21/05/1998, publicada no D.O.U. de 22/05/1998, reeditada até a MP nº 1.66315, convertida na Lei n° 9.711, de 20/11/1998, acrescentou o item "7" à alínea "e" do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, assim dispondo: Art. 28 (...) Fl. 957DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 § 9º Não integram o salário de contribuição: (...) e) as importâncias: (...) 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (sem grifos no original) Da leitura deste dispositivo, verificase que a partir de 22/05/1998 os abonos expressamente desvinculados do salário, isto é, apenas quando uma lei que cria algum abono específico e o desvincule expressamente do salário é que realmente pode se considerar alterada a natureza jurídica da parcela em cheque. O Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto nº 3.265/99 à alínea "j" do inciso V do § 9º do art. 214, explicita e ratifica esta interpretação ao reportarse aos "abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei". Destarte, como restou firmado pelo Egrégio TST, na decisão acima transcrita, e na regulamentação feita pelo art. 214, § 9º, inciso V, alínea “j”, do Dec. 3.048/99, bem como em face da regra de interpretação restritiva prevista no art. 111, inciso II, do CTN, apenas Lei pode conceder isenção previdenciária a algum abono. Os abonos pagos por liberalidade do empregador não estão dentre as parcelas excluídas do saláriodecontribuição previdenciário definidas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, de modo que desde a edição da Lei nº 8.212/91 os abonos pagos pelo empregador aos seus empregados, seja por sua liberalidade ou por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho sofrem incidência de contribuições à seguridade social. No que se refere aos estagiários considerados como empregados, faço as seguintes considerações. O contrato de estágio, que é regido pela Lei nº 6.494/77 e pelo Decreto nº 87.497/82, abrange apenas os alunos regularmente matriculados e com freqüência, comprovada em cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de educação especial. A legislação que rege a matéria sofreu a seguinte evolução: LEI No 6.494, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1977 DE 01/1996 ATÉ 27/11/1998 Art. 1º § 1º os alunos a que se refere o caput deste artigo devem, comprovadamente, estar freqüentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de educação especial.(Redação dada pela Lei nº 8.859, de 23.3.1994) A PARTIR DE 27/11/1998 Art. 1º "§ 1o Os alunos a que se refere o caput deste artigo devem, comprovadamente, estar freqüentando cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de educação especial." (NR) Fl. 958DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 5 9 Redação inicialmente atribuída pela Medida Provisória nº 1.7094, de 1998, constando a última reedição na Medida Provisória n° 2.16441/01, atualmente em vigor por força do art. 2° da Emenda Constitucional n° 32/01. Portanto, ainda antes do advento da Medida Provisória nº 1.7094, de 1998 (atualmente: Medida Provisória n° 2.16441/01, em vigor por força do art. 2° da Emenda Constitucional n° 32/01), é autorizado o estágio de alunos cursando o ensino médio, conforme art. 1º do Decreto 87.497/82, in verbis: “ARTIGO 1º. O estágio curricular de estudantes regularmente matriculados e com freqüência efetiva nos cursos vinculados ao ensino oficial e particular, em nível superior e de 2o. grau regular e supletivo, obedecerá às presentes normas”. Ademais, as atividades exercidas podem não ser correlatas com o que estagiário estuda na escola, desde que o estágio cumpra função socializante. Nesse sentido é o conceito de estágio curricular do Decreto 87.497/82: ARTIGO 2º. Considerase estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino. Portanto, quanto a este aspecto, entendo que o mesmo não bastaria para desqualificar o estágio, já que o próprio fisco afirma que a realização do estágio se deu mediante termo de compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente, com interveniência obrigatória da instituição de ensino, de acordo com o disposto na Lei 6.494/77 Também foram apresentados os instrumentos jurídicos celebrados com as instituições de ensino, nos quais estavam acordadas todas as condições de realização dos estágios (Decreto n° 87.497/82, art. 5°), restando comprovado que os estagiários eram estudantes regularmente matriculados e freqüentando efetivamente um dos cursos citados no § 1° do art. 1° da Lei no 6.494/77. Quanto ao descumprimento da jornada diária máxima de quatro horas trazida pela resolução CNE/CEB n.º 1, de 21/01/2004, DOU de 04/02/2004, com efeito, restou comprovado que os estagiários perfaziam a jornada de seis horas diárias. Entretanto, entendo que tal descumprimento da Resolução editada pelo Conselho Nacional de Educação, não basta para desconfigurar a relação havida de estágio para configurála como relação de emprego, já que cumpridos os demais requisitos expostos pela Lei n.º 6.494/77, vigente à época dos fatos geradores e que dispunha, no artigo 5º: Art. 5º A jornada de atividade em estágio, a ser cumprida pelo estudante, deverá compatibilizarse com o seu horário escolar e com o horário da parte em que venha a ocorrer o estágio. Parágrafo único. Nos períodos de férias escolares, a jornada de estágio será estabelecida de comum acordo entre o estagiário e Fl. 959DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 a parte concedente do estágio, sempre com interveniência da instituição de ensino. Assim, entendo que a parcela paga a título de estágio, está abarcada pelo disposto na letra do parágrafo 9º, do artigo 28, da Lei n.º 8.212/91: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) (...) i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; Outro ponto a ser abordado é a concessão de bolsas de estudo para os segurados empregados destinadas ao custeio de despesas com cursos de graduação, mestrado e de línguas estrangeiras. A questão de mérito reside no fato dos valores pagos para custear o ensino superior e de línguas integrar ou não a remuneração dos segurados empregados da recorrente. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, e já citado em parágrafos anteriores, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) A matéria de ordem tributária é de interesse público, por isso é a lei que determina as hipóteses em que valores pagos aos empregados não integram o salário de contribuição, ficando isentos da incidência de contribuições sociais. A retribuição em virtude de um contrato de trabalho está no campo de incidência de contribuições sociais, mas existem parcelas que, apesar de estarem no campo de incidência, não se sujeitam às contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, nestas palavras: Art. 28 (...) Fl. 960DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 6 11 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10/12/97, e de 6 a 9 acrescentados pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de ServiçoFGTS; 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; 8. recebidas a título de licençaprêmio indenizada; 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, Fl. 961DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; l) o abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos Fl. 962DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 7 13 de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) A verba relativa ao ensino superior não está fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias, prevista no art. 28, § 9º, “t” da Lei n ° 8.212/1991, pois o que não integra o salário de contribuição é o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que assim dispõe: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Como se pode depreender da análise do art. 21 acima transcrito, a educação superior não se confunde com a básica. O curso de capacitação profissional também não se confunde com curso de nível superior, pois se assim não o fosse, não haveria necessidade de o legislador fazer distinção entre educação básica e superior para fins de incidência de contribuição previdenciária. Concluise portanto, que curso de capacitação profissional pode ser qualquer um relacionado às atividades da empresa que não envolvam um curso de nível superior. A interpretação para exclusão de parcelas da base de cálculo é literal. A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário e, desse modo, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o Código Tributário Nacional em seu artigo 111, I, nestas palavras: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Portanto, onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de violarse os princípios da reserva legal e da isonomia. Caso o legislador tivesse desejado excluir da incidência de contribuições Fl. 963DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 previdenciárias a parcela referente ao plano de ensino superior teria feito remissão expressa na legislação previdenciária, o que não ocorreu. A Lei n ° 10.243/2001 alterou a CLT, mas não interferiu na legislação previdenciária, pois esta é específica. O art. 458 referese ao salário para efeitos trabalhistas, para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de saláriodecontribuição, com definição própria e possuindo parcelas integrantes e não integrantes. As parcelas não integrantes estão elencadas exaustivamente no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, conforme já referido. Ademais a Constituição Federal, em seu art. 201, parágrafo 4º – hoje transformado no parágrafo 11º desse mesmo artigo pela Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998 – determina, expressamente: Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. [sem grifos no original] De acordo com a disposição constitucional, "todos os ganhos habituais”, à qual a lei acrescenta “sob a forma de utilidades”, integram o saláriodecontribuição. Significa dizer que, além dos pagamentos diretos, abrange também os salários indiretos (utilidades ou salário in natura), não importando a forma ou título. O salário, para todos os efeitos legais, inclui alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. No caso em tela, o oferecimento de ensino superior, mestrados e cursos de línguas estrangeiras aos funcionários é sem dúvida uma vantagem para estes, sem a qual para alcançála teriam que arcar com o respectivo ônus. É indubitável que a concessão do benefício amplia o patrimônio do trabalhador, já que o mesmo não despende dos valores para custear o seu ensino. Ao contrário do que afirma a recorrente, a verba paga a título de educação superior possui natureza remuneratória. Tal ganho ingressou na expectativa dos segurados empregados em decorrência do contrato de trabalho e da prestação de serviços à recorrente, sendo portanto uma verba paga pelo trabalho e não para o trabalho. Como visto, é despicienda a análise de extensão a todos os segurados da empresa, pois a verba relativa a ensino superior integrará em qualquer hipótese o saláriode contribuição. Estando portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, no período objeto do presente lançamento, conforme já analisado, deve persistir o lançamento. A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. A PLR é um direito constitucional do trabalhador: CF/88: Fl. 964DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 8 15 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Da análise do texto constitucional se conclui que a PLR é um direito do trabalhador, que não depende, somente, da existência de lucro, mas, também, da obtenção de um resultado; a PLR não se constitui em remuneração, desde que paga ou creditada conforme definido em lei. Em 1991, a Lei n.º 8.212 institui o plano de custeio da Seguridade Social e no art. 28, define a base de cálculo das contribuições previdenciárias, dispondo, inclusive, sobre parcelas isentas. Lei 8.212/1991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: ... j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Também a lei de custeio, como a Constituição, reafirma a necessidade de obediência a uma legislação para que a PLR não seja conceituada como remuneração, e, portanto, fora do alcance da incidência contributiva previdenciária. Em 29/12/1994 surge a legislação específica, qual seja a Medida Provisória 794, que dispôs sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa. Assim, a PLR integra a remuneração, até 29/12/94. Após essa data, com o surgimento da legislação específica, a MP 794, não tem mais natureza jurídica salarial, desde que paga em conformidade com as disposições contidas na MP. Fl. 965DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 16 A MP 794 sofreu diversas reedições, convertendose, finalmente, na Lei nº 10.101, de 18/12/2000. Essa legislação surge como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, pois faz com que o empresariado tenha redução em sua carga tributária, já que há a previsão de isenção dessas parcelas para incidência de contribuição previdenciária e a parcela de PLR, para efeito de apuração do lucro real, poderá ser deduzida como despesa operacional; permite que os trabalhadores obtenham maiores ganhos e incentiva a produtividade, já que sua obtenção depende de um resultado almejado pelas empresas. A Lei 10.101/200 prevê várias exigências e vedações, que a PLR deve seguir para estar de acordo com sua lei específica e obter os efeitos previstos. Art.1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art.2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: Icomissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; IIconvenção ou acordo coletivo. §1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: Iíndices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; IIprogramas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. §2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art.3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou Fl. 966DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 9 17 resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. §3o Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. ... Assim, para a PLR ser paga de acordo com a legislação específica deve, cumulativamente: a) Resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo coletivo; b) Do resultado dessa negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos e quanto à fixação das regras adjetivas, onde deverão constar, nas regras, mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado; periodicidade da distribuição; período de vigência e prazos para revisão do acordo; c) O resultado da negociação deve ser arquivado na entidade sindical dos trabalhadores; d) Não substituir, nem complementar a remuneração devida a qualquer empregado; e) Ser paga em periodicidade superior a um semestre civil, ou, no máximo, em duas vezes no mesmo ano civil; f) Por fim, a legislação determina formas de resolução de impasses quanto a PLR: a mediação ou a arbitragem de ofertas finais. Portanto, as finalidades da lei são integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade. Deve haver uma negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores: clareza e objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa: Como se vê, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros seja justa. Não há regras detalhadas na lei sobre as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do Fl. 967DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 18 trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. É de se notar que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Real para considerar os valores integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A autoridade fiscal, no uso de suas prerrogativas, tem o ônus de comprovar a dissimulação do sujeito passivo, verbis: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. No caso em exame não restou demonstrado pela recorrente que os valores pagos aos segurados empregados se revestiram das características e cumpriram os pressupostos legais exigíveis para ser efetivamente parcelas pagas a título de participação nos lucros ou resultados, devendo, assim integrar o salário de contribuição. Da análise dos documentos constantes dos autos, se pode ver que as Convenções Coletivas de Trabalho apresentadas pela recorrente, estabeleceram a participação nos lucros e fixaram um valor mínimo e máximo de pagamento, mas o valor a ser recebido por cada segurado é determinado pelo Programa de Premiação por Atingimento e Superação de Metas, também chamado de Programa das Moedas, que se encontra descrito no relatório fiscal, fls.30/40. O referido programa foi aprovado na reunião da diretoria executiva em 14/02/2002 e regulamentado pela Resolução de 09/07/2002 e nele se basearam as Convenções Coletivas de 2004 e 2005, que pretendem respaldar o pagamento de PLR. Ocorre que não consta dos autos quais seriam essas metas. Também, não há qualquer documento que comprove a existência de metas a serem atingidas e se os segurados tinham conhecimento das mesmas; Desta forma, pela análise dos documentos examinados se conclui que os pagamentos efetuados a título de PLR em 2005 e 2006, não estão adequados à legislação, pois as Convenções Coletivas tomaram como base para o pagamento de PLR, critérios firmados apenas pela recorrente em período bastante anterior aos pagamentos, em 2002, regras unilaterais, relativas à quantificação de percentuais a serem pagos, sem que tenha se vislumbrado qualquer tipo de negociação entre as partes envolvidas, nem qualquer evidência de que os segurados tivessem conhecimento prévio das metas a serem atingidas. De acordo com o expresso na legislação pátria o pagamento de valores a segurados empregados desvinculados do salário, a título de “Participação nos Lucros e Resultados” pressupõe que deve ser apurado o lucro ou o resultado do exercício e que o trabalhador tenha alcançado a meta, o parâmetro previamente pactuado pelas partes (empresa, empregados), para fazer jus ao pagamento do valor estipulado e também quantificado previamente. No caso em tela, não ficou demonstrada a existência de um programa de metas a Fl. 968DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 10 19 serem atingidas pelos segurados. O referido “programa de moedas” fixa os percentuais a serem auferidos se as metas forem atingidas, mas quais são estas metas? Não há qualquer prova nos autos de que os trabalhadores tiveram conhecimento das metas estabelecidas. A recorrente não trouxe nenhum elemento que demonstrasse que os segurados estivessem cientes de que resultados a empresa almejava e do que precisavam realizar para alcançálos. Assim, frente a realidade fática encontrada pela fiscalização, correto foi o procedimento de lançar o crédito referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos a título de PLR, porque tais pagamentos não obedeceram aos preceitos legais de que dos acordos deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos e quanto à fixação das regras adjetivas, ou seja, devem estar evidenciados os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado e estabelecidas as metas a serem atingidas. Por derradeiro, a recorrente pauta suas razões na impossibilidade constitucional de considerar a PLR como verba salarial. Com efeito a Constituição Federal desvinculou totalmente a rubrica do salário, desde que seja efetivamente considerada Participação nos Lucros e Resultados. Aí reside o ponto chave, os valores pagos aos segurados empregados na forma da Lei n.º 10.101/2000, realmente não integram o salário conforme disposição constitucional. Todavia, nos casos em que valores são pagos a título de PLR, mas não se revestem das características necessárias para tanto, o fisco tem o dever e a prerrogativa de levantar tais valores como salário integrante da base contributiva previdenciária. No caso em questão, pelo exame dos documentos apresentados, não restou demonstrado que os valores pagos aos segurados empregados se revestiram das características e cumpriram os pressupostos legais exigíveis para ser efetivamente parcelas pagas a título de participação nos lucros ou resultados, devendo, assim integrar o salário de contribuição. Quanto às contribuições relativas aos valores pagos pelos serviços prestados por cooperados através de cooperativa de trabalho, a mesma está determinada em Lei. Lei 8.212/1991: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: ... IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. As notas fiscais juntadas aos autos comprovam a prestação de serviço, que se subsume à determinação legal retrotranscrita, não havendo reparos a fazer no levantamento. O Relatório Fiscal de fls. 33/45 informa que a recorrente contratou serviços executados mediante cessão de mãodeobra, deixando, porém, de reter 11% (onze por cento) do valor bruto das notas fiscais de prestação de serviços, para recolhimento subseqüente ao da emissão das notas fiscais, em nome das empresas cedentes de mãodeobra. Fl. 969DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 20 A recorrente insurgese contra o levantamento para dizer da sua nulidade, já que o Fisco não considerou a solidariedade no recolhimento da retenção, todavia, não lhe assiste qualquer razão. A Lei nº 9.711/98 em seu artigo 23 alterou a redação do artigo 31 da Lei nº 8.212/91, estabelecendo uma nova modalidade de substituição tributária, ao determinar que os tomadores de serviço efetuem a retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto do pagamento referente à prestação de serviço efetuado com cessão de mãodeobra. A partir de 1º de fevereiro de 1999, com a nova redação do art. 31 da Lei nº 8.212/91, alterouse a natureza jurídica da relação entre o INSS e a empresa tomadora de serviços com cessão de mãodeobra, deixando de existir a solidariedade, criandose a substituição tributária estribada no art. 128 do CTN. O artigo 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, obriga diretamente o contratante dos serviços a efetuar a retenção, determinando a observação do disposto no artigo 33, § 5º, in verbis: “Art. 33. “Omissis” ... § 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei”. Ademais, com a nova redação do artigo 31 da Lei nº 8.212/91, dada pela Lei nº 9.711/98, não há mais que se falar em responsabilidade solidária ou subsidiária, como apontado pelo defendente, pois se estabeleceu nova sistemática de tributação quando da contratação de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, restando reconhecida a legalidade e constitucionalidade desta norma pelo Supremo Tribunal Federal, conforme ementa transcrita abaixo: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL: SEGURIDADE. RETENÇÃO DE 11% SOBRE O VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU DA FATURA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Lei 8.212/91, art. 31, com a redação da Lei 9.711/98. I. Empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra: obrigação de reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia 2 do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra: inocorrência de ofensa ao disposto no art. 150, § 7º, art. 150, IV, art. 195, § 4º, art. 154, I, e art. 148. II. R.E. conhecido e improvido (RE 393946/MG Rel: Min. CARLOS VELLOSO, DJ 01/04/2005) O Superior Tribunal de Justiça pronunciouse, em relação à matéria, no mesmo sentido: "116020647 – PREVIDENCIÁRIO – CONTRIBUIÇÃO – EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – LEI Nº 9.711/98 – Fl. 970DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 11 21 1. Nova redação do art. 31 da Lei nº 8.212/91 pela Lei nº 9.711/98, não alterou a fonte de custeio, nem elegeu novo contribuinte. 2. A alteração foi apenas da sistemática de recolhimento, continuando a contribuição previdenciária a ser calculada pela folha de salário, tendo como contribuinte de direito a empresa prestadora do serviço de mãodeobra. 3. A nova sistemática impôs ao contribuinte de fato a responsabilidade pela retenção de parte da contribuição, para futura compensação, quando do cálculo do devido. 4. Sistemática que se harmoniza com o disposto no art. 128 do CTN. 5. Recurso Especial provido. (STJ – RESP 433814 – SP – 2ª T. – Relª Min. Eliana Calmon – DJU 19.12.2002) 16014676 – TRIBUTÁRIO – RECURSO ESPECIAL – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS – ART. 31, DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DA LEI Nº 9.711/98 – NOVA SISTEMÁTICA DE ARRECADAÇÃO MAIS COMPLEXA, SEM AFETAÇÃO DAS BASES LEGAIS DA ENTIDADE TRIBUTÁRIA MATERIAL DA EXAÇÃO – 1. A Lei nº 9.711, de 20/11/1999, que alterou o art. 31, da Lei nº 8.212/1991, não criou qualquer nova contribuição sobre o faturamento, nem alterou a alíquota, nem a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. 2. A determinação do mencionado artigo 31 configura, apenas, uma técnica de arrecadação da contribuição previdenciária, colocando as empresas tomadoras de serviço como responsáveis tributários pela forma de substituição tributária. 3. O procedimento a ser adotado não viola qualquer disposição legal, haja vista que, apenas, obriga a empresa contratante de serviços a reter da empresa contratada, em benefício da previdência social, o percentual de 11% sobre o valor dos serviços constantes da nota fiscal ou fatura, a título de contribuição previdenciária, em face dos encargos de Lei decorrentes da contratação de pessoal. 4. A prestadora dos serviços, isto é, a empresa contratada, que sofreu a retenção, procede, no mês de competência, a uma simples operação aritmética: De posse do valor devido a título de contribuição previdenciária incidente sobre a folha de pagamento, diminuirá deste valor o que foi retido pela tomadora de serviços; se o valor devido a título de contribuição previdenciária for menor, recolhe, ao GRPS, o montante devedor respectivo, se o valor retido for maior do que o devido, no mês de competência, requererá a restituição do seu saldo credor. 5. O que a Lei criou foi, apenas, uma nova sistemática de arrecadação, embora mais complexa para o contribuinte, porém, sem afetar as bases legais da entidade tributária material da contribuição previdenciária. 6. Recurso não provido. (STJ – RESP 439155 – MG – 1ª T. – Rel. Min. José Delgado – DJU 23.09.2002) Assim, a retenção de 11% sobre o total da fatura ou nota fiscal de prestação de serviços mediante empreitada ou cessão de mãodeobra consiste em antecipação de Fl. 971DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 22 recolhimento, feita pelo tomador do serviço em nome do prestador. Caso a empresa contratante não efetue a retenção, assumirá este ônus. Entendese como cessão de mãodeobra, para os fins da Lei nº 8.212/91, conforme §3º do seu art. 31, “a colocação a disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação”. Por colocação à disposição da empresa contratante entendese a cessão do trabalhador, em caráter não eventual, submetendoo às ordens do contratante, respeitados os limites do contrato. Dependências de terceiros são aquelas indicadas pela empresa contratante, desde que não sejam as suas próprias e que não pertençam à empresa prestadora dos serviços. E, por fim, serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, de natureza repetitiva, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores. Difere da relação de emprego, pois não há pessoalidade da mãodeobra cedida, conforme entendimento de Fábio Zambitte: “A cessão de mãodeobra diz respeito à disponibilidade de mãodeobra, de força de trabalho. Não há obrigação da contratada de fornecer determinada pessoa, mas sim alguma pessoa. Ou seja, não há pessoalidade dos obreiros cedidos”. (Ibrahim, Fábio Zambitte, A Retenção de 11% sobre a Mãode Obra, 2000, p. 55) Empreitada, por sua vez, é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por preço ajustado, com ou sem fornecimento de material ou de equipamentos, que podem ou não ser utilizados, realizada nas dependências da empresa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo como objeto um fim específico ou um resultado pretendido. Fábio Zambitte entende que na empreitada tem presença da independência funcional: “O trabalho do empreiteiro não é subordinado. A direção e fiscalização da obra ou da tarefa cabe ao empreiteiro, e não ao contratante. Isto não impede o dono da obra de, eventualmente, fiscalizar a obra, para verificar se esta progride a contento. Entretanto, não lhe é lícito assumir o controle da empreitada sem o rompimento contratual”. (Ibrahim, Fábio Zambitte, A Retenção de 11% sobre a MãodeObra, 2000, p. 51) O que diferencia, em síntese, a cessão de mãodeobra da empreitada é a colocação de segurados à disposição do tomador, o que se verifica através da forma de contratação dos serviços, isto é, da maneira como se dá a contratação. Se o objeto do contrato forem pessoas, segurados da Previdência Social, tratase de uma cessão de mãodeobra. Se o objeto do contrato for um serviço, um resultado acabado, tratase de uma empreitada. A distinção entre ambas é relevante, já que todos os serviços relacionados no Regulamento da Previdência Social são sujeitos à retenção quando contratados mediante cessão de mãodeobra, mas somente os elencados nos incisos I a V sofrem retenção quando prestados mediante empreitada (art. 219, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99). Fl. 972DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 12 23 Ressaltase que o rol dos serviços relacionados no referido dispositivo é exaustivo, ou seja, a retenção não ocorrerá nos serviços não relacionados na lista, ainda que sejam prestados mediante cessão de mãodeobra. Conforme verificado pela fiscalização, os serviços contratados pela autuada, além de estarem previstos no rol exaustivo do art. 219, § 2º, do RPS, enquadramse à definição de cessão de mãodeobra, conforme prescreve o art. 31, § 3º, da Lei 8.212/91, cujos contratos juntados aos autos permitem ver da permanência de segurados à disposição da tomadora. A alegação de que as empresas optantes pelo SIMPLES não podem sofrer retenção quando prestarem serviços por cessão de mãodeobra não procede, primeiro porque nem a lei nem o regulamento dispensam essas empresas da retenção, segundo porque recolhem contribuições incidentes sobre a folha de serviços, precisamente as contribuições descontadas dos segurados empregados e contribuintes individuais. Logo, há contribuição, cujo recolhimento deve ser antecipado, por meio do instituto da retenção. Além disso, de acordo com a alínea f do inciso XII do art. 9 da Lei n. 9.317/96, a pessoa jurídica que realiza operações relativas à locação de mãodeobra nem poderia optar pelo SIMPLES. Essa vedação também está prevista no inciso XII do art. 17 da Lei Complementar n. 123/06 (SIMPLES NACIONAL). Todavia, considerando a previsão do art. 118 do Código Tributário Nacional de que “a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos”, a empresa optante pelo SIMPLES que presta serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido. Embora a Instrução Normativa INSS/DC 08/2000, tenha, a partir de janeiro de 2000, considerando o custobenefício da retenção, dispensado as empresas optantes pelo SIMPLES da obrigatoriedade da retenção, a partir de setembro de 2002, com a edição da Instrução Normativa INSS/DC 70/2002, por meio do art. 147, cuja redação foi dada pela Instrução Normativa INSS/DC 80/2002, essa retenção passou a ser novamente exigida: INSS/DC 08/2000 Considerando o custobenefício da retenção sobre os serviços prestados pelas empresas optantes pelo SIMPLES, de acordo com o disposto no art. 54 da Lei 8.212/91, resolve: Art. 1º A retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, executados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada de mãodeobra na forma do disposto no art. 31 da Lei 8.212/91, com a nova redação dada pela Lei nº 9.711/98 e o Decreto nº. 3.048/99, não será efetuada quando os serviços forem executados por empresas optantes pelo SIMPLES nos termos da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1.996. IN INSS/DC 70/2002, na redação da IN INSS/DC 80/2002 Fl. 973DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 24 Art. 147. No período de 1º de janeiro de 2000 até o dia anterior à vigência desta Instrução Normativa, a empresa optante pelo SIMPLES não está sujeita à retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo emitido, quando prestar serviços executados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, na forma do disposto no art. 31 da Lei 8.212, de 1991. (Redação dada Instrução Normativa INSS/DC nº 080, de 27.08.2002). Tal determinação também vigorou através do art. 151 da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003 e, à época dos fatos geradores, o faz por meio do art. 142 da Instrução Normativa SRP nº 03/2005, in verbis: “Art. 142. A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de agosto de 2002”. Assim, apenas no período compreendido entre 01/01/2000 a 31/08/2002, as empresas optantes pelo SIMPLES não estiveram sujeitas à retenção de onze por cento sobre o valor bruto das notas fiscais, faturas ou recibos na prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, conforme disposições contidas na IN/INSS/DC nº 08, de 24 de janeiro de 2000, revogada pela IN/INSS/DC nº 70, de 10 de maio de 2002. As normas regulamentares, portanto, não deixam dúvida quanto ao fato de que as prestadoras de serviços optantes pelo SIMPLES estão sujeitas à retenção quando a prestação de serviços envolver cessão de mãodeobra ou empreitada, na forma da legislação. No que tange a aplicação da multa. tenho o entendimento, que à luz da legislação vigente, as multas devem ser aplicadas de forma isolada, conforme o caso, por descumprimento de obrigação principal ou de obrigação acessória, da forma mais benéfica ao contribuinte, de acordo com o disposto no artigo 106, do Código Tributário Nacional. Embora, em algumas vezes, a obrigação acessória descumprida esteja diretamente ligada à obrigação principal, isto não significa que sejam únicas para aplicação de multa conjunta. Pelo contrário, uma subsiste sem a outra e mesmo não havendo crédito a ser lançado, é obrigatória a lavratura de auto de infração se houve o descumprimento de obrigação acessória. As condutas são tipificadas em lei, com penalidades específicas e aplicação isolada. O art. 44 da Lei n º 9.430/96, traz que a multa de ofício de 75% incidirá sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento , de falta de declaração e nos de declaração inexata. Portanto, está claro que as três condutas não precisam ocorrer simultaneamente para ser aplicada a multa: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Fl. 974DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 10510.003832/200928 Acórdão n.º 230201.858 S2C3T2 Fl. 13 25 Quando o contribuinte tiver recolhido os valores devidos antes da ação fiscal, não será aplicada a multa de 75% prevista no art. 44 da Lei n º 9.430; porém, se apesar do pagamento não tiver declarado em GFIP, é possível a aplicação da multa isolada do art. 32A da Lei n º 8.212, justamente por se tratar de condutas distintas. Se o contribuinte tiver declarado em GFIP não se aplica a multa do art. 44 da Lei n º 9.430, sendo aplicável somente a multa moratória do art. 61 da Lei n º 9430, pois os débitos já estão confessados e devidamente constituídos, sendo prescindível o lançamento. A multa do art. 44 da Lei n º 9.430 somente se aplica nos lançamentos de ofício. Desse modo, se o contribuinte tiver declarado em GFIP, mas não tiver pago, o art. 44 da Lei 9.430 não é aplicado pelo motivo de o contribuinte não ter recolhido, mas ter declarado.Neste caso, não se aplica o art. 44 em função de não haver lançamento de ofício, pois o crédito já está constituído pelo termo de confissão que é a GFIP. E nas hipóteses em que o contribuinte não tiver recolhido e não tiver declarado em GFIP, há duas condutas distintas: por não recolher o tributo e ser realizado o lançamento de ofício, aplicase a multa de 75%; e por não ter declarado em GFIP a multa prevista no art. 32A da Lei n º 8.212. Conforme já foi dito, a multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A. Pelo exposto, é de fácil constatação que as condutas de não recolher ou pagar o tributo e não declarar em GFIP não estão tipificadas no mesmo artigo de lei, no caso o art. 44 da Lei nº 9.430/96. A lei ao tipificar essas infrações, inclusive em dispositivos distintos, demonstra estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem e tampouco são excludentes. Por todo o exposto, Voto pelo provimento parcial do recurso para excluir do crédito lançado o levantamento relativo à bolsa estágio, devendo a multa ser aplicada na forma do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época dos fatos geradores. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 975DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por LUZILMAR XIMENES MESQUITA MATOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 02/07/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10950.003587/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/10/2008
PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUÇÃO RURAL. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA STF. DECISÃO PLENÁRIA TRANSITADA EM JULGADO. OBSERVÂNCIA. POSSIBILIDADE. ARTIGO 62 DO
RICARF.
Na esteira da jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal, especialmente nos autos do Recurso Extraordinário n° 363.852/MG, uma vez decretada à inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, atualizada pela Lei n° 9.528/97, os quais contemplam as
contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização de produtos rurais adquiridos de pessoas físicas, exigidas por subrogação da empresa adquirente, impõe-se reconhecer a improcedência de lançamentos escorados naquelas malfadadas normas, o que se vislumbra na hipótese dos autos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-002.296
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, dar
provimento ao recurso.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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CONTRIBUIÇÃO SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUÇÃO RURAL. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA STF. DECISÃO PLENÁRIA TRANSITADA EM JULGADO. OBSERVÂNCIA. POSSIBILIDADE. ARTIGO 62 DO RICARF. Na esteira da jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal, especialmente nos autos do Recurso Extraordinário n° 363.852/MG, uma vez decretada à inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, atualizada pela Lei n° 9.528/97, os quais contemplam as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização de produtos rurais adquiridos de pessoas físicas, exigidas por subrogação da empresa adquirente, impõese reconhecer a improcedência de lançamentos escorados naquelas malfadadas normas, o que se vislumbra na hipótese dos autos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 474DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE 2 ACORDAM os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire – Presidente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares , Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE Processo nº 10950.003587/201011 Acórdão n.º 2401002.296 S2C4T1 Fl. 254 3 Relatório INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SUBPRODUTOS DE BOVINOS ALECRIM, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 5a Turma da DRJ em Curitiba/PR, Acórdão nº 0630.193/2011, às fls. 237/244, que julgou procedente o lançamento fiscal referente às contribuições sociais devidas pela empresa ao INSS, na condição de sub rogada, correspondentes à contribuição sobre a produção rural (art. 25, inciso I, Lei nº 8.212/91) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – SAT (art. 25, inciso II, Lei nº 8.212/91), incidentes sobre o valor da comercialização de produtos rurais, adquiridos junto a pessoas físicas, em relação ao período de 06/2005 a 11/2005, 02/2006 a 02/2008 e 10/2008, conforme Relatório Fiscal, às fls. 180/196. Tratase de Auto de Infração (antiga – NFLD), lavrado em 14/07/2010, contra a contribuinte acima identificada, constituindose crédito no valor de R$ 2.896.837,45 (Dois milhões, oitocentos e noventa e seis mil, oitocentos e trinta e sete reais e quarenta e cinco centavos). Inconformada com a Decisão recorrida, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às fls. 248/251, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Preliminarmente, pugna pela decretação da nulidade do lançamento, por entender que o fiscal autuante, no decorrer da ação fiscal, deixou de cientificar os demais sócios da empresa para se manifestarem a propósito dos esclarecimentos requeridos, o fazendo tão somente por ocasião da lavratura da autuação, chamandoos a responder pelo crédito previdenciário na condição de solidários. Insurgese contra a exigência consubstanciada na peça vestibular do procedimento, sob o argumento de que não recolheu e nem declarou a contribuição em questão porque não as descontou dos produtores rurais na ocasião da compra dos produtos agropecuários, ou seja, não tinha como recolher tais valores porque não reteve os mesmos, por imposição dos próprios produtores rurais, razão pela qual a causa da autuação deveria ser a ausência de retenção dos tributos ora exigidos, mas, não, a falta de recolhimento. Acrescenta que os produtores rurais pessoas físicas, fornecedores dos produtos rurais adquiridos pela contribuinte, também deveriam ser chamados a responder solidariamente pelo crédito tributário em comento, sobretudo em virtude de terem se beneficiado com o não recolhimento das contribuições previdenciárias ora lançadas. Opõese à exigência, por subrogação, das contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produtos rurais, alegando ser ilegal e/ou inconstitucional sua cobrança, fundamentada no artigo 25, inciso I e II, da Lei nº 8.212/91, como restou decidido pelo STF, nos autos do RE nº 363.852. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE 4 Argúi a inconstitucionalidade da TAXA SELIC, aduzindo para tanto, entre outros motivos, que sua instituição decorreu de resolução do Banco Central, e não por lei, não podendo, dessa forma, ser utilizada em matéria tributária, por desrespeitar o Princípio da Legalidade. Defende, ainda, tratarse referida taxa de juros remuneratórios, o que a torna ilegal e inconstitucional. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE Processo nº 10950.003587/201011 Acórdão n.º 2401002.296 S2C4T1 Fl. 255 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo a análise das alegações recursais. Em suas razões de recurso, pretende a recorrente a reforma da decisão recorrida, a qual manteve a exigência fiscal em sua plenitude, aduzindo, em síntese, que as contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produtos rurais, fundamentada no artigo 25, inciso I e II, da Lei nº 8.212/91, encontramse inquinadas de vícios de inconstitucionalidade, como restou decidido pelo STF, nos autos do RE nº 363.852, devendo ser decretada a insubsistência do feito. Acrescenta razões periféricas a propósito da sua pretensa desobrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias ora exigidas, opondose ao lançamento fiscal em epígrafe, as quais deixaremos de abordar em virtude de conferir razão à recorrente em relação à inconstitucionalidade da presente exação, nos termos da jurisprudência consolidada pelo Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a lavratura do Auto de Infração deveuse a constatação de contribuições previdenciárias devidas pela notificada ao INSS, na condição de subrogada, incidentes sobre o valor da comercialização de produtos rurais, adquiridos junto a pessoas físicas, em relação ao período de 06/2005 a 11/2005, 02/2006 a 02/2008 e 10/2008. Destarte, os artigos 25 e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, determinam que, por substituição tributária, a empresa adquirente de produtos rurais de pessoas físicas ficará subrogada nas obrigações tributárias daqueles produtores, devendo reter e repassar ao INSS os tributos por eles devidos, in verbis: “Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97 § 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. [...] Fl. 478DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE 6 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 8.620, de 5/1/93) [...] IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97)” De conformidade com os dispositivos encimados, as contribuições previdenciárias dos produtores rurais pessoas físicas, incidente sobre a comercialização da produção rural, por substituição tributária, foram subrogadas passando a obrigação de retenção e recolhimento a ser do adquirente daqueles produtos. Ocorre que, após discussões a propósito da matéria, o Supremo Tribunal Federal entendeu por bem decretar a inconstitucionalidade da exigência fiscal em comento, nos autos do Recurso Extraordinário n° 363.852/MG, senão vejamos: “Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu e deu provimento ao recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência. Em seguida, o Relator apresentou petição da União no sentido de modular os efeitos da decisão, que foi rejeitadta por maioria, vencida a Senhora Ministra Ellen Gracie. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, licenciado, o Senhor Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada anterior. Plenário, 03.02.2010.” Em verdade, entendeu o STF que as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização de produtos rurais se apresentam como nova fonte de custeio da Seguridade Social, exigindo, por conseguinte, a edição de Lei Complementar para sua instituição, com esteio no artigo 195, § 4°, da Constituição Federal, o que não se vislumbra na hipótese vertente, tendo em vista que foram contempladas via Lei Ordinária. Nesse sentido, declarouse a inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada pela Lei n° 9.528/97. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE Processo nº 10950.003587/201011 Acórdão n.º 2401002.296 S2C4T1 Fl. 256 7 Nessa toada, estando a presente exigência fiscal escorada em dispositivos legais declarados inconstitucionais, mormente em relação à forma de cobrança por substituição tributária (subrogação), ainda que se pretenda inferir que após a edição da Lei n° 10.256/2001 passou a encontrar amparo na Constituição Federal, imperioso reconhecer a improcedência do feito na linha do decisório definitivo exarado pelo STF, conforme possibilita o artigo 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou [...]” A jurisprudência administrativa, aliás, vem reconhecendo a insubsistência das contribuições previdenciárias cobradas da empresa, por subrogação, incidentes sobre a comercialização de produtos rurais com pessoas físicas, consoante se infere do Acórdão n° 240101.969, da lavra do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, exarado nos autos do processo administrativo n° 14098.000199/200812, de onde peço vênia para transcrever ementa e excerto do voto e adotar como razões de decidir, in verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2003 a 30/11/2006 SUBROGAÇÃO NA PESSOA DO ADQUIRENTE DAS CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL POR PESSOAS FÍSICAS E SEGURADOS ESPECIAIS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. IMPROCEDÊNCIA Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n. 363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras, deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições previdenciárias exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física e do segurado especial na condição de subrogado. [...] VOTO [...] Aplicação do Recurso Extraordinário RE n. 863.352/MG No RE em questão discutiuse a constitucionalidade da exigência de contribuição social prevista no art. 25, I, da Lei n. 8.212/1991, com redação dada pela Lei n. 8.540/1992. Ali a empresa recorrente, adquirente de produtos rurais de produtores pessoas físicas, não concordando com a exação suscitou ofensa Fl. 480DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE 8 do dispositivo atacado aos art. 195, e §§ 4. e 8. , 154, I e 146, III, todos da Constituição Federal. O Pretório Excelso deu provimento ao RE, conforme abaixo: [...] Contra essa decisão a Procuradoria da Fazenda Nacional manejou embargos de declaração, os quais foram rejeitados pela Corte, nos seguintes termos: A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acórdão os Ministros do Supremo Tribunal Federal em rejeitar os embargos de declaração o recurso extraordinário, nos termos do voto do relator e por unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Cezar Peluzo, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Brasília, 17 de março de 2011. Uma vez não caber mais recurso contra o RE em tela e tendo o mesmo contado com a manifestação do Plenário da Corte, deve o referido julgado ser observado nos julgamentos do CARF, nos termos do que dispõe o inciso I do art. 62 do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF n. 256/2009, assim redigido: [...] Verifico então que tendo o crédito em questão sido edificado sobre a legislação declarada inconstitucional, em decisão plenária, pelo STF, entendo que o mesmo não deve prosperar, devendo ser decretado o seu cancelamento. E não me convenço de que os pressupostos para a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo atualmente já estejam superados pelo fato da questão ter sido contemplada pela Lei n.º 10.256/2001, esta editada já sob a égide da Emenda Constitucional n. 20/1998. É que a subrogação do adquirente nas obrigações do empregador rural pessoa física e do segurado especial pelo recolhimento das contribuições sobre a receita bruta da comercialização foi objeto da declaração de inconstitucionalidade uma vez que introduzida pelo art. 1. da Lei n. 8.540/1992, ao dar redação ao inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Eis os textos desde a redação original até a que vige atualmente: [...] Percebase que quando a decisão faz menção ao dispositivo declarado inconstitucional ela reportase também às atualizações legais trazidas ao ordenamento pela Lei n. 9.528/1997, posto que essas são anteriores a edição da EC n. 20/1998. Assim, considerando que o inciso IV do art. 30, da Lei n. 8.212/1991, não foi alterado pela Lei n. 10.256/2001, a Fl. 481DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE Processo nº 10950.003587/201011 Acórdão n.º 2401002.296 S2C4T1 Fl. 257 9 declaração de inconstitucionalidade o atingiu, não podendo subsistir o crédito tributário arrimado nesse dispositivo. [...]” Neste contexto, impõese acolher a pretensão da contribuinte no sentido da inconstitucionalidade das contribuições previdenciárias ora exigidas, incidentes sobre a comercialização da produção rural adquirida de pessoas físicas, na esteira da jurisprudência de nossos Tribunais Superiores e adotada neste Egrégio Colegiado. Por todo o exposto, estando a NFLD sub examine em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO E DARLHE PROVIMENTO, para afastar a exigência fiscal relativa à subrogação na aquisição de produtos rurais de pessoas físicas, pelas razões de fato e de direito encimadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 482DF CARF MF Impresso em 27/03/2012 por MARIA MADALENA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por ELIAS SAMPAIO FREI RE
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Numero do processo: 11128.009225/98-80
Turma: Terceira Turma Superior
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Sep 27 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Tue Sep 28 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II
Data do fato gerador: 18/02/1997, 07/08/1997
Multa de Ofício. Art. 44, I, da Lei n° 9.430/96. Cabimento.
A multa de ofício é cabível quando o pagamento do débito ocorre após o lançamento do crédito tributário respectivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-001.164
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso especial.
Nome do relator: NANCI GAMA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 18/02/1997, 07/08/1997 Multa de Ofício. Art. 44, I, da Lei n° 9.430/96. Cabimento. A multa de ofício é cabível quando o pagamento do débito ocorre após o lançamento do crédito tributário respectivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Henrique Pinheiro Torres Presidente Substituto Nanci Gama Relatora EDITADO EM: 23/02/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Luis Marcelo Guerra de Castro, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, José Adão Vitorino de Morais, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 16/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/02/2011 por CLEUZA TAKAFUJI Assinado digitalmente em 11/03/2011 por NANCI GAMA, 16/03/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 2 Relatório Tratase de recurso especial, interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 5°, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em face do acórdão 30332.071, exarado pela Colenda 3º Câmara do Egrégio 3º Conselho de Contribuintes, que deu provimento ao recurso voluntário para afastar a multa de ofício prevista no artigo 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96. O contribuinte foi intimado a apresentar Documentos de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) originais, devido o procedimento de fiscalização que constatou que os valores relativos ao Imposto de Importação e Imposto sobre Produto Industrializado, por ele declarados como pagos, não possuíam o correspondente recolhimento no Sistema de Controle de Arrecadação de Receitas Federais. Atendida a solicitação, o contribuinte remeteu tais documentos à instituição bancária arrecadadora para que essa informasse se as chancelas de autenticação bancária apostas nos DARFs foram realizadas em máquina autenticadora daquela instituição. Em resposta, o banco informou que o agente arrecadador não reconheceu como autênticas as chancelas mecânicas apostas no DARFs. Face ao exposto, a fiscalização concluiu que o contribuinte incorreu em falsa declaração e utilização de documento falso, através de DARFs contendo autenticação mecânica falsa. Em razão disso, lançouse o crédito tributário referente aos tributos que deixaram de ser recolhidos, juros moratórios e multas previstas nos artigos 44, II, da Lei 9.430/96 e 80, II, da Lei 4.502/64, com redação dada pelo artigo 45 da Lei 9.430/96. A DRJ, por sua vez, desclassificou a multa agravada, por não haver comprovação da ação ou omissão dolosa por parte do contribuinte que qualifique evidente intuito de sonegação, fraude ou conluio, segundo o disposto nos artigos. 71, 72, 73 da Lei nº 4.502/64. Com efeito, referido acórdão da DRJ (fls. 281/290) ao desclassificar a multa de ofício agravada para a prevista no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96, reduziu o percentual daquela para 75%. Esclarece ainda a referida decisão que o contribuinte parcelou o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados, acrescido de juros e multa de mora, persistindo o seu inconformismo no que respeita a multa de ofício, mesmo após a sua desclassificação. O acórdão recorrido por maioria de votos deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte para afastar a multa do artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96 por entender, conforme consta às fls. 393/404, que o contribuinte ao promover o pagamento do débito por meio do parcelamento, no qual foram incluídos juros e multa de mora, não poderia ser penalizado com a multa de ofício por falta de pagamento, tal como prevista no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96. Em seu recurso especial a Procuradoria da Fazenda Nacional sustenta o cabimento da multa prevista no artigo 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, reconhecendo, por conseguinte, a inaplicabilidade da multa agravada. O contribuinte, regularmente intimado, apresentou suas contra razões ao recurso especial da Fazenda Nacional, requerendo a manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 16/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/02/2011 por CLEUZA TAKAFUJI Assinado digitalmente em 11/03/2011 por NANCI GAMA, 16/03/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11128.009225/9880 Acórdão n.º 930301.164 CSRFT3 Fl. 459 3 Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora O recurso é tempestivo e dele conheço por entender que se encontram preenchidos os requisitos para sua admissibilidade. Inicialmente, cabe registrar que quando do julgamento na Terceira Câmara do extinto Terceiro Conselho de Contribuintes, quando prolatado o acórdão ora recorrido, acompanhei o voto do ilustre relator pelas conclusões por entender, á época, que a multa agravada não poderia ser desclassificada pela autoridade julgadora, sob pena de exercício regular de sua função, eis que ao assim proceder estaria invadindo a competência dos agentes autuantes e, por conseguinte, inovando o lançamento. Como já me manifestei neste Plenário revi minha posição, tendo inclusive exposto os fundamentos de meu posicionamento no voto que prolatei ao analisar o Recurso 303128.236, admitindo, portanto, a desclassificação da multa em questão, cujo trecho passo a transcrever: “Como acima delimitado, a controvérsia cingese a analisar se a multa aplicada em razão da fraude constatada, deve ser exonerada em razão da não identificação da sua autoria, ou desclassificada para 75% (setenta e cinco por cento), diante do fato inegável de que tributo lançado em face do contribuinte não foi recolhido. É evidente que as multas previstas nos artigos 44, II, e 45, II, da Lei n° 9.430/93, no montante de 150% sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição, compreende a falta de pagamento ou recolhimento do tributo, de que trata o inciso I dos referidos artigos, distinguindose daquela tão somente pelo fato infrator – não pagamento ou recolhimento do tributo – ter sido efetivado com evidente intuito de fraude. Assim, sendo certo que não se pode aplicar a multa prevista no inciso II, eis que não se conhece o autor da fraude, certo é também que, se o contribuinte não se desonerou da obrigação de recolher o tributo, este deve pagálo com a multa do inciso I, que penaliza a falta de pagamento ou recolhimento do tributo, após o seu vencimento. O fato de o percentual da multa prevista ser distinto não acarreta a conclusão de que se tratam de condutas infratoras distintas. Vejase que não se está aqui negando que, em se tratando de penalidade de infração à legislação tributária, a correta descrição do fato e a acertada capitulação legal constituem os requisitos primeiros e essenciais para se reputar válida a cobrança, O que se verifica na questão em exame é que a conduta infratora do não pagamento ou recolhimento do tributo também está compreendida no inciso II, distinguindose este do inciso I somente em razão do fato infrator comportar evidente intuito de fraude.” Fl. 3DF CARF MF Emitido em 16/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/02/2011 por CLEUZA TAKAFUJI Assinado digitalmente em 11/03/2011 por NANCI GAMA, 16/03/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 4 Feito esse esclarecimento, no que respeita ao afastamento da multa de acordo com as razões do voto vencedor da decisão recorrida, no sentido de que o contribuinte não pode ser penalizado com a multa de ofício de 75%, eis que requereu o parcelamento do débito, com a inclusão de juros e multa de mora, ouso discordar do ilustre Conselheiro Relator pela exclusiva razão de que o parcelamento foi efetuado após a impugnação do auto de infração objeto deste processo. Não resta dúvida de que se o parcelamento fosse anterior ao auto de infração, por decorrência lógica, não caberia a multa de ofício por falta de pagamento do tributo. Mas não é o caso dos autos. Ante o exporto, voto por dar provimento ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. Nanci Gama Fl. 4DF CARF MF Emitido em 16/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/02/2011 por CLEUZA TAKAFUJI Assinado digitalmente em 11/03/2011 por NANCI GAMA, 16/03/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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