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Numero do processo: 10865.721165/2014-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2301-000.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo – Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos. Relatório e Voto Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Em 15/05/2014, foram lavrados dois autos de infração contra o Recorrente (DEBCAD nº 51.045.5590 e 51.045.5603) nos quais se exige o recolhimento de contribuições previdenciárias e consectários legais – inclusive multa isolada de 150% –, relativos aos períodos de apuração compreendidos entre 07/2012 a 12/2012, em virtude da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .7 21 16 5/ 20 14 -1 4 Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10865.721165/201414 Resolução nº 2301000.644 S2C3T1 Fl. 208 2 glosa da compensação realizada com supostos créditos oriundos de recolhimento supostamente indevido de contribuições previdenciárias para o risco de acidentes do trabalho – RAT, à alíquota maior, em períodos de apuração anteriores. Inconformado, o Recorrente apresentou impugnação, a qual foi julgada integralmente improcedente pela DRJ de Florianópolis/SC. Ainda irresignado, o Recorrente apresenta recurso voluntário a este CARF. Dentre as diversas matérias de defesa opostas contra o lançamento, mencionase agora uma nova informação, então desconhecida pela fiscalização e pela DRJ de Florianópolis/SC: a existência de ação judicial (processo nº 000343237.2012.4.03.6127) intentada pelo Recorrente em face da União Federal, relativa às compensações realizadas. Nas fls. 163164 dos presentes autos, o Recorrente afirma, de modo inédito, que: O Município ainda discute as compensações realizadas nas vias Administrativas em relação ao percentual do RAT nos autos do processo judicial n. 000343237.2012.4.03.6127, em trâmite pela cara da Justiça Federal de São João da Boa Vista, no qual inclusive determinouse a realização de exame pericial para verificação do enquadramento do Município. No entanto, não são apresentados outros detalhes nem cópia de peças processuais para a verificação da identidade entre os objetos da referida ação judicial e das autuações fiscais. O “site” da Justiça Federal (www.jfsp.jus.br/forunsfederais) confirma a existência da ação judicial distribuída pelo Recorrente em face da União perante a 1ª Vara Federal em São João da Boa Vista/SP, em 19/12/2012 (anteriormente, portanto da lavratura dos autos de infração, ocorrida em 15/05/2014) e o respectivo pé (autos conclusos ao juiz para despacho/decisão). Mas igualmente não dá acesso às peças processuais. Considerando que as informações contidas nas peças processuais ora requisitadas são essenciais para o conhecimento da extensão da lide, podendo influenciar total ou parcialmente o julgamento do recurso voluntário, esta turma deliberou, por meio da Resolução 2301000.614, de 15/06/2016, converter o julgamento em diligência para que o Recorrente juntasse as principais peças do processo judicial. Embora formalmente intimado (fls. 202), o Recorrente quedouse inerte. Dada a relevância da informação quanto ao conteúdo do processo judicial, proponho novamente converter o julgamento em diligência para que: (a) a unidade preparadora intime o Recorrente para que, no prazo de 30 dias, providencie a juntada de cópia das principais peças relativas ao processo nº 000343237.2012.4.03.6127, em trâmite perante a 1ª Vara Federal em São João da Boa Vista/SP, notadamente a petição inicial e documentos juntados, além de sentença e acórdãos, se houver; também é oportuno informar acerca da existência de pedido de tutela antecipada, bem como sobre a sua concessão ou não pelo MM. Juízo; Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10865.721165/201414 Resolução nº 2301000.644 S2C3T1 Fl. 209 3 (b) se o Requerente quedarse silente ou mesmo se cumprir parcialmente a intimação, que a unidade preparadora busque obter a informação solicitada diretamente junto ao Poder Judiciário. É como voto. Fábio Piovesan Bozza Relator Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.724262/2011-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 27/08/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO
PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF n° 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea
"e", do Decreto-Lei n° 37/66.
Numero da decisão: 3302-003.715
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao Recurso Voluntário.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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ementa_s : Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 27/08/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF n° 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei n° 37/66.
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INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF n° 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei n° 37/66. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Paulo Guilherme Dérouledè - Presidente. (assinatura digital) Lenisa Rodrigues Prado - Relatora. (assinatura digital) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado. Relatório Fl. 136DF CARF MF 2 Trata-se de auto de infração lavrado contra a contribuinte ora recorrente para a exigência de multa no valor de R$ 5.000,00. Consta na fundamentação registrada no auto de infração que foi descumprido o prazo de entrega de informações à Receita Federal do Brasil sobre a embarcação CALA PALENQUE, que chegou ao Brasil pelo porto do Rio de Janeiro em 20/10/2008. Cientificada sobre a autuação, a contribuinte apresentou suas razões de defesa em impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza, em acórdão assim ementado: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 27/08/2008 INFORMAÇÕES SOBRE VEÍCULO, OPERAÇÃO OU CARGA. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO. Até a entrada em vigor dos prazos estabelecidos no art. 22 da Instrução Normativa RFB n. 800/2007, as informações exigidas pela Aduana referentes ao transporte internacional de mercadorias, inclusive as de responsabilidade do agente de carga, deveriam ser prestadas antes da atracação ou desatracação da embarcação em porto no País. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÕES SOBRE CARGA TRANSPORTADA. MULTA. DELIMITAÇÃO DA INCIDÊNCIA. Em conformidade com o disposto no Ato Declaratório Executivo Corep n. 3, de 28/03/2008 (DOU 1/4/2008) a prestação intempestiva de dados sobre veículo, operação ou carga transportada é punida com multa específica que, em regra, é aplicável em relação a cada escala, manifesto, conhecimento ou item incluído ou retificado após o prazo para prestar a devida informação, independente da quantidade de campos alterados. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada com o julgamento, a contribuinte apresentou recurso voluntário, motivo pelo qual os autos ascenderam a este Conselho. Voto Conselheira Lenisa Rodrigues Prado Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10711.724262/2011-61 Acórdão n.º 3302-003.175 S3-C3T2 Fl. 137 3 Tendo em vista tratar-se de recurso voluntário tempestivo 1 e que contém todos os requisitos formais para seu conhecimento, submeto-o para julgamento por este colegiado. 1. Multiplicidade de multas impostas contra um único fato: A recorrente informa que o fato que originou a multa cobrada neste auto de infração é também objeto de outros que estão em tramitação neste Conselho 2 . Em todos os processos a multa foi exigida pelo atraso na entrega das informações sobre a embarcação CALA PALENQUE. Considerando que a conduta apenada é aquela descrita na alínea e do inciso IV do art. 107 do Decreto-Lei n. 37/1966 3 , a recorrente defende que a multa é devida por fato, e não por ato. Por esse motivo, alega, na hipótese dos autos, é devida apenas uma multa de R$ 5.000,00, já que foram intempestivas as informações sobre uma carga contida em um navio. E esclarece que essa conclusão advém da interpretação sistêmica da norma já mencionada, com aquela inserta no artigo 112, II, do Código Tributário Nacional, aliada ao que está capitulado na Solução de Consulta Interna SCI n. 8, de 14 de fevereiro de 2008, donde extrai: "(...) a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados (...) Em face do exposto conclui-se que (...) c) deve ser aplicada ao transportador uma única multa de R$ 5.000,00 uma vez que não ocorre o descumprimento da obrigação acessória de informar os dados de embarque, no Siscomex, não sendo determinante a quantidade de dados não informados". Da simples leitura do auto de infração percebe-se que o auditor fiscal reconhece estar diante de uma única ação, referente a um único C.E. - Mercante Agregado. Segue transcrição de trecho do auto de infração: "No entanto, a empresa CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA., procedeu a desconsolidação da carga informando o C.E. - Mercante Agregado (HBL) n. 1 A contribuinte foi cientificada sobre o teor do acórdão em 05/05/2015, conforme atesta o Termo de Registro de Mensagem de Ato Oficial na Caixa Postal DTE acostado à folha 88 dos autos eletrônicos e solicitou a juntada do recurso voluntário aos autos em 27/05/2015 (fl. 124 dos autos eletrônicos). 2 10711-724.057/2011-04; 10711-724.111 /2011-11; 10711-724.062/2011-17 e 10711-724.184 /2011-03. 3 Art. 107. Aplicam-se ainda as seguintes multas: IV - de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou agente de carga. Fl. 138DF CARF MF 4 130.805.202.287.926, somente no dia 27 de outubro de 2008, às 17:49.17 h, restando, portanto INTEMPESTIVA a informação, tendo sido gerado inclusive pelo sistema Carga um bloqueio automático com o status de 'INCLUSÃO DE CARGA APÓS O PRAZO OU ATRACAÇÃO' de forma imediata, conforme extrato do C.E. - Mercante nas folhas 21 a 22. Destaca-se por fim, o fato da informação no sistema Carga, no momento do desbloqueio por esta Alfândega do Porto do Rio de Janeiro/RJ, da sujeição à aplicação da multa prevista na alínea 'e' do inciso IV do art. 107 do Decreto-Lei 37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei n. 10.833/2003, para cada CE- Mercante constante na tabela acima. Destarte, configura-se penalidade punível com multa no valor de R$ 5.000,00, para cada informação prestada intempestivamente, com base na alínea 'e' do inciso IV do art. 107 do Decreto-Lei n. 37, de 18/11/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei n. 10.833, de 29/12/1003" 4 . (grifos nossos) Com efeito, na hipótese dos autos, em que a autuação se refere expressamente a um único ato infracional, não é possível a condenação em mais de uma multa, diante dos Princípios da Razoabilidade, Proporcionalidade e por ser decorrente da mais comezinha noção de justiça. Por esse motivo, a autuação fiscal exige, somente, a única importância de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e não outros valores, como leva a crer a defesa da contribuinte. 2. Sobre os prazos do art. 50 da IN RFB n. 800/2007 e dever de obediência. A recorrente argumenta que os prazos previstos no art. 50 da IN RFB n. 800/2007, com a redação conferida pela IN RFB n. 899/2008, só poderiam ser exigidos dos agentes de carga após 1º de abril de 2009. A norma excetuou a obrigatoriedade do transportador a cumprir os prazos no período que antecede 1º/4/2009 (parágrafo único do art. 50 da IN RFB 800/2007). Trago a conhecimento as palavras da contribuinte: "Dessa maneira, o art. 50 da IN RFB 800/2007, por ter conteúdo que trata de uma situação de caráter transitório deve ser interpretado de forma restritiva, assim como a exceção contemplada em seu parágrafo único, de maneira a ser aplicada tão-somente à figura do transportador em strictu sensu, não sendo admitida a interpretação extensiva, nos termos do que defendeu o órgão julgador na decisão ora combatida pela Recorrente". Sobre esse argumento, adoto os fundamentos apresentados pelo Conselheiro Walker Araújo, relator do Processo Administrativo n. 10711.006561/2010-30, em que era recorrente a própria Ceva Freight Management do Brasil Ltda: "O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, 4 Auto de Infração, fl. 11 dos autos eletrônicos. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10711.724262/2011-61 Acórdão n.º 3302-003.175 S3-C3T2 Fl. 138 5 alínea "e", do Decreto-Lei ° 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF n° 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que 'Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratando-se de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional'. Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do Decreto-Lei ° 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833/2003, que assim disciplina: (...) Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1°, do Decreto-Lei n° 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei n° 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei n° 10.833, de 29.12.2003) § 1 o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei n° 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF n° 800/2007, assim dispõem: Fl. 140DF CARF MF 6 Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I- as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II- as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; d)quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e III- as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § l o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2° As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4° O prazo previsto no inciso I do caput reduz-se a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. § 5° Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. § 6° Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10711.724262/2011-61 Acórdão n.º 3302-003.175 S3-C3T2 Fl. 139 7 saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB n° 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1° de abril de 2009. (Redação dadapelo(a) Instrução Normativa RFB n°899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I- a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II- as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1° de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1° de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destaca-se que o artigo 37, §1°, do Decreto-Lei n° 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei n° 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2°, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, argüindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço - que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar - distorce Fl. 142DF CARF MF 8 conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas"não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3°, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada" Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito". Diante do que foi exposto, nego provimento ao recurso voluntário, porque a exigência fiscal está de acordo com a legislação em vigência. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10711.724262/2011-61 Acórdão n.º 3302-003.175 S3-C3T2 Fl. 140 9 Fl. 144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.900008/2008-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA.
Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte.
Numero da decisão: 3302-003.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário.
Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA. Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário. Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 00 08 /2 00 8- 71 Fl. 409DF CARF MF 2 Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de processo advindo de manifestação de inconformidade, cujo relatório é transcrito partir do relatório da Resolução nº 3802000.365, Relator Solon Sehn, fls. 166/167: Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, com base nos fundamentos de fato e de direito resumidos na ementa a seguir transcrita (fls.138): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. O acórdão recorrido reconheceu que houve retificação da Dctf após o despacho decisório. Todavia, entendeu que a retificação não teria o condão de fundamentar o direito de crédito, razão pela qual indeferiu o pedido. O Recorrente, nas razões recursais de fls. 155 e ss., alega a existência de crédito capaz de fundamentar a compensação conforme Dcomp nº 03085.33259.141103.1.3.045855. Pleiteia o reconhecimento de um crédito original passível de compensação no valor de R$ 21.629,93 (fls. 46), relativo ao suposto pagamento a maior na competência março de 2002, cujo valor atualizado quando da transmissão seria de R$ 24.630,00 (fls. 05). Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10983.900008/200871 Acórdão n.º 3302003.728 S3C3T2 Fl. 3 3 Ainda no que concerne às razões recursais, a Recorrente expôs o seguinte, fls. 155/161: i) A partir do advento da Circular Bacen n° 3.068/2001, as instituições financeiras obrigaramse à atualização dos títulos e valores mobiliários de que fossem proprietárias, ajustados conforme a cotação de mercado (marcação a mercado); ii) No período acima citado, a Recorrente promoveu o oferecimento das receitas decorrentes dos ajustes positivos da marcação a mercado nas bases de cálculo do PASEP e da COFINS, rubrica 7.1.5.90.109, inseridas na receita bruta da empresa; iii) Ocorre que, posteriormente, observouse que o procedimento estaria em desconformidade com o art. 35 da Lei n° 10.637/2002, o qual previa considerar os ajustes da marcação a mercado somente quando da alienação dos títulos; iv) Assim, a Recorrente readequou a base de cálculo destas contribuições efetuandose a exclusão dos ajustes positivos a valor de mercado, conforme planilhas de apuração dos valores devidos, que foram acostadas à impugnação; v) O erro foi identificado e reprocessadas as bases de cálculo das referidas contribuições sociais, mas a empresa não retificou as declarações acessórias correspondentes (DIPJ e DCTF), evidenciandose incorretamente os débitos e créditos envolvidos. Apesar de não ter retificado a empresa transmitiu a DCOMP, objeto do processo administrativo em baila; vi) Em fevereiro/2008, a empresa foi cientificada a respeito do despacho decisório relativo à compensação declarada, no qual não foi reconhecida a suficiência do crédito a suportar o integral pagamento dos débitos declarados. Em decorrência, na manifestação de inconformidade da empresa, reconheceuse o equívoco consubstanciado na não retificação da DIPJ e DCTF respectivas, ao passo que foram comprovadas a correta apuração e contabilização dos tributos, juntandose, para tanto, planilhas de apuração e controle dos tributos, planilhas demonstrativas e atualização do crédito de pagamento a maior, razão contábil da conta 7.1.5.90.109; vii) Alega que o princípio da verdade material rege o processo administrativo e pleiteia pela nulidade da decisão de primeira instância, pois declarou a necessidade de retificação e o referido pedido foi ignorado pela DRJ/Florianópolis; viii) Colaciona uma série de precedentes, que demonstram que mesmo sem a retificação, se o contribuinte faz jus ao crédito, este deve ser deferido. O feito foi convertido em diligência nos seguintes termos, fls. 168: Devido às particularidades do caso concreto, sobretudo em razão do volume da escrituração fiscal e contábil de uma instituição bancária, entendese que o julgamento deve ser convertido em diligência, para que a unidade de origem informar, intimando o contribuinte se entender necessário: a) a diferença entre o valor recolhido aplicandose o regime de competência e o efetivamente devido quando da alienação do título (momento da ocorrência do fato gerador), na forma do art. 35 da Lei n° 10.637/2002; Fl. 411DF CARF MF 4 b) se houve pagamento de crédito tributário por ocasião da efetiva alienação dos títulos e valores mobiliários, instrumentos financeiros, derivativos e itens objeto de “hedge”, informando a data, valor e base de cálculo É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Preliminar 2.1. Princípio da verdade material e do pedido de nulidade da primeira instância A Recorrente alega que deve ser observado o princípio da verdade material, onde a realidade dos fatos deve prevalecer sobre a verdade formal. Ela alega que houve supressão de instância no julgamento por parte da DRJ/Florianópolis, uma vez que os documentos não foram analisados e que ficou afastado também o princípio do livre convencimento motivado do julgador. A decisão da DRJ/Florianópolis caminhou no sentido da impossibilidade de considerar a homologação da DCOMP, pois, no caso em análise, a retificação da DCTF ocorreu após o despacho decisório. Ora, tal foi o posicionamento do julgador, justamente, pela observância do princípio do livre convencimento motivado. Vide trecho da decisão abaixo, fls. 141: De se ressaltar, por fim, que não se discorda aqui de que, em regra, erros no preenchimento de declarações não podem se sobrepor à realidade dos fatos. Ocorre, porém, que é preciso diferenciar aquelas declarações que meramente “informam” algo à Administração Tributária, daquelas – como a DCTF – que para além do caráter informativo servem à conformação de situações jurídicas. Como acima se viu, os valores devidos declarados em DCTF têm o vigor de confissão de dívida, razão pela qual só se pode admitir sua retificação por parte do próprio contribuinte nas condições e prazos legalmente postos, não sendo lícito à autoridade fiscal produzir alterações de ofício no que foi declarado. Assim, mesmo concordandose com a posição de que erros formais não devem prevalecer sobre a verdade dos fatos, certo é que, do ponto de vista estrito da legislação tributária, a confissão de dívida, materializada pela declaração de débitos na DCTF, não pode ser tida como uma questão meramente formal. Não há, portanto, como acatar aqui as razões postas pela contribuinte. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10983.900008/200871 Acórdão n.º 3302003.728 S3C3T2 Fl. 4 5 Em face da demonstrada impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF, deixase de apreciar aqui as razões trazidas pela contribuinte com o fim de demonstrar a existência integral de seu crédito contra a Fazenda Nacional. É que independentemente da existência ou não desse crédito, ele não foi utilizado de forma regular no procedimento que aqui se discute ( o que não significa que tal eventual crédito possa ser utilizado em outro procedimento compensatório, posterior à retificação da DCTF, formalizado dentro do prazo legal de repetição). Nula seria a decisão, caso ela não tivesse enfrentando os argumentos, opostos pela contribuinte, o que não foi o caso. Portanto, improcedente o argumento de nulidade da decisão. 3. Mérito No mérito, o cerne da controvérsia cingese a duas questões. A primeira, diz respeito à impossibilidade de validar/homologar a compensação antes da retificação DCTF. A segunda, referese à falta de comprovação da parcela do crédito não reconhecido e utilizada na compensação não homologada. 3.1. Da impossibilidade da compensação Segundo o voto condutor do julgado recorrido, o motivo apresentado pela Turma de julgamento a quo, para manter a não homologação parcial da compensação em apreço, foi a “impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF”, baseada nos seguintes argumentos, in verbis, fls. 140 : No caso concreto que aqui se tem, a contribuinte, na data de apresentação da DCOMP, não havia retificado a DCTF, documento no qual, como é sabido, são declarados, com força de confissão de dívida, os valores dos tributos devidos. Assim, não se pode dizer que, naquele momento, tivesse existência jurídica o crédito contra a Fazenda Nacional alegado pela contribuinte, motivo pelo qual a não homologação promovida pela DRF/Joinville/SC foi correta. O fato de a contribuinte vir a, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, retificar formalmente a DCTF, não tem o efeito de validar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois, como se viu, a existência do indébito só teria se aperfeiçoado bem depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), ela só pode ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional); ora, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício, não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez, quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF. Fl. 413DF CARF MF 6 (grifos não constam no original) Os argumentos apresentados pela Recorrente não procedem, pois, embora a compensação tenha sido efetivada antes da entrega da DCTF retificadora, ocorrida no dia 11/8/2004, ao contrário do asseverado pelo nobre Relator do voto condutor do julgado recorrido, a dita DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório, que ocorreu no dia 28/2/2008, e o titular da unidade Receita Federal de origem reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado e homologou parcialmente a compensação declarada com base nos dados da referida DCTF retificadora, o que se constata mediante a comparação dos dados apresentados no Despacho Decisório de fls. 134 e com os dos dados apresentados nos extratos de fls. 175/177. Ora, se própria autoridade fiscal acatou a DCTF retificadora e com base nos dados nela apresentados procedeu a homologação parcial da compensação declarada, inequivocamente, este não foi o motivo da não homologação do parcial da compensação declarada. Da simples leitura do questionado Despacho Decisório, verificase que o real motivo da não homologação parcial da compensação foi a falta de comprovação da correspondente parcela do valor do crédito utilizado. Dessa forma, por também entender que o motivo da denegação parcial da compensação foi a falta de comprovação de parcela do direito creditório, afastase a alegada impossibilidade e passase a analisar os elementos as provas carreadas aos autos. 3.2. Do resultado da diligência A partir da análise da manifestação à informação fiscal por parte da Recorrente, verificase, a partir do resultado, que não há direito ao crédito, por ela pleiteado. Ela afirma que foi incluído a mais na base de cálculo referente à apuração dos ajustes positivos ao valor de mercado a quantia de R$ 3.327.681,87 fevereiro/2003. Posteriormente, afirma que foi apurado o valor de R$ 170.006,83 referente à contribuição para o PIS/Pasep, sendo que quando houve a correção pela exclusão do ajuste positivo, o valor devido seria de R$ 148.376,90, o que lhe renderia um crédito de R$ 21.629.93. A Recorrente somente juntou cópia dos balancetes, mas, em momento algum, fez, efetivamente, prova cabal da base de cálculo em questão, sendo que o ônus da prova lhe compete1. Diferente, portanto, é o contido no relatório de informação fiscal nº 780/2015/DIORT/DRF/BSB, fls. 360/361: 7. Em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal (fls. 175/177), confirmouse, em primeiro lugar, o pagamento no valor de R$ 98.207,57, tendo sido alocados R$ 87.333,42, restando R$ 10.874,45, sendo este valor vinculado à Dcomp sob análise, tudo isso em conformidade com o despacho decisório de nº de rastreamento 745558650, emitido em 14/02/2008 (fls. 134). 8. Ademais, notase a existência de duas DCTF para o período em análise (1º trimestre/2003): a original, entregue em 1 Lei nº 13.105 Código de Processo Civil Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10983.900008/200871 Acórdão n.º 3302003.728 S3C3T2 Fl. 5 7 12/05/2003; e a retificadora, entregue em 11/08/2004, após, portanto, a apresentação da presente Dcomp. Não obstante, o que importa observar acerca do crédito pleiteado é que o valor do débito confessado na DCTF retificadora não coincide com o valor apurado pela Interessada, conforme parágrafo 6, razão pela qual a compensação foi homologada parcialmente, dentro do limite do débito confessado. 9. Com o objetivo de subsidiar os trabalhos, de modo a confirmar ou refutar as alegações descritas no parágrafo 6 desta Informação, a Contribuinte foi intimada em 29/07/2015, conforme Termo de Intimação Fiscal nº 531/2015 (fls. 178/179), a apresentar documentos e informações nos termos requeridos pelo Carf. 10. Ocorre que em sua resposta (fls. 181/358) a Interessada limitouse a apresentar documentos e informações já juntados aos autos por ocasião da manifestação de inconformidade, com exceção do balancete geral analítico (fls. 306/321) que mostra apenas a conta, com valor respectivo, em que foi registrado o ajuste positivo ao valor de mercado. Cabe notar que os supostos balancetes de fls. 323/328 nada revelam, pois, não há identificação do período a que se referem. 11. No que diz respeito ao solicitado no item “b” do parágrafo 4 desta Informação, a de maio, junho, julho e agosto, todos de 2003. Entretanto, tratase de simples informação, sem que esteja acompanhada de elementos de prova. 12. Assim sendo, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo do PIS/Pasep efetivamente devido em fevereiro/2003, por meio de apresentação de documentação contábil idônea, nada se pode afirmar acerca da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (grifos não constam no original) Portanto, não há nos autos, nem posteriormente à diligência, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep efetivamente devida em fevereiro/2003. Diante da falta de prova, mantémse a decisão que indeferiu o pleito da Recorrente. 4. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso voluntário, rejeitando a preliminar arguida e, no mérito, indefiro o provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 415DF CARF MF 8 Fl. 416DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.722626/2013-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011
CISÃO, SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES
A sucessão de direitos e obrigações prevista na legislação societária e no Código Civil deve ser aplicada no campo tributário. E entre os direitos sucedidos, encontram-se o Registro Especial, necessário à aquisição de selos de controle, e o registro relativo ao enquadramento de bebidas, para fins de IPI.
SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE. ERRO NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO DO SALDO ESCRITURAL. NULIDADE
Há de se anular os lançamentos de IPI e da multa regulamentar, em razão de suposto excesso no estoque físico de selos. A autuante, para a validação do saldo escritural, computou as compras supostamente irregulares em duplicidade e não computou as baixas de selos adquiridos regularmente, derivadas de vendas de produtos.
DESCONTOS INCONDICIONAIS. INCIDÊNCIA DE IPI. DECISÃO STJ COM REPERCUSSÃO GERAL
Deve ser aplicada a decisão do STJ, em sede de repercussão geral, e afastar da incidência do IPI os descontos incondicionais, concedidos sob a forma de bonificações em mercadorias.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3301-003.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 CISÃO, SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES A sucessão de direitos e obrigações prevista na legislação societária e no Código Civil deve ser aplicada no campo tributário. E entre os direitos sucedidos, encontramse o Registro Especial, necessário à aquisição de selos de controle, e o registro relativo ao enquadramento de bebidas, para fins de IPI. SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE. ERRO NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO DO SALDO ESCRITURAL. NULIDADE Há de se anular os lançamentos de IPI e da multa regulamentar, em razão de suposto excesso no estoque físico de selos. A autuante, para a validação do saldo escritural, computou as compras supostamente irregulares em duplicidade e não computou as baixas de selos adquiridos regularmente, derivadas de vendas de produtos. DESCONTOS INCONDICIONAIS. INCIDÊNCIA DE IPI. DECISÃO STJ COM REPERCUSSÃO GERAL Deve ser aplicada a decisão do STJ, em sede de repercussão geral, e afastar da incidência do IPI os descontos incondicionais, concedidos sob a forma de bonificações em mercadorias. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 26 26 /2 01 3- 25 Fl. 3143DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 11 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 3144DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "AUTOS DE INFRAÇÃO Com fulcro no Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI/2010), aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, consoante capitulação legal consignada às fls. 12 e 16, foi lavrado o auto de infração à fl. 08, em 30/12/2013, para exigir R$ 821.237,48 de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 169.889,30 de juros de mora calculados até 31/12/2013 e R$ 1.231.856,22 de multa proporcional ao valor do imposto, o que representa o crédito tributário parcialmente consolidado de R$ 2.222.983,00. Na mesma data, também foi lavrado o auto de infração à fl. 22 para exigir R$ 2.294.653,36 de multa regulamentar, conforme o enquadramento legal às fls. 27 e 28. O crédito tributário total consolidado é no montante de R$ 4.515.636,36 (fl. 02). Consoante as descrições dos fatos, às fls. 09/16 e 23/28, foi constatado o seguinte: a) IPI não lançado em virtude de enquadramento incorreto em classes de valores, nos meses de abril a julho e outubro de 2011; b) saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle, e, conseqüentemente, sem lançamento do imposto, em razão de excesso no estoque físico de selos de controle verificado em 31 de outubro de 2011; c) multa regulamentar relativa às saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle em virtude do excesso no estoque físico de selos de controle apurado em 31/10/2011; d) multa regulamentar relativa ao emprego ou posse de selos de controle legítimos de terceiro, ou seja, não adquiridos diretamente da repartição fornecedora, referente aos fatos geradores de 31/03/2011, 01/04/2011, 15/04/2011, 02/05/2011 e 17/05/2011. No relatório fiscal, às fls. 32/119, há o que segue, de forma resumida, mas abrangente quanto ao conteúdo. Todos os termos lavrados no decorrer da ação fiscal estão discriminados, de forma cronológica, no quadro sinótico às fls. 45/62. Sumário do relatório fiscal às fls. 44 e 45. OBSERVAÇÕES PRELIMINARES, AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS E REGISTRO ESPECIAL A empresa Vinhos Duelo Ltda., CNPJ nº 86.549.425/000170, foi submetida a cisão parcial em março de 2011 e passou a ser chamada de Bebidas Duelo Ltda. Com a cisão parcial, uma parte do patrimônio foi transferida à empresa Vinhos Duelo do Sul, CNPJ nº 12.678.989/000176 (posteriormente denominada “Vinhos Duelo Ltda.”, conforme alteração contratual de 02/07/2012), e outra parte à empresa Bebidas Florete Ltda., CNPJ nº 12.679.101/000110 (a epigrafada, doravante denominada FLORETE, situada à Av. Marechal Castelo Branco, Pinheiro Preto, SC). Em 27/10/2011, a FLORETE, por meio do respectivo sócioadministrador, informou à RFB (documento carreado aos autos) que possuía selos de controle Fl. 3145DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 13 4 adquiridos de outra empresa, com a pretensão de efetuar a devolução desses selos. Os selos de controle haviam sido adquiridos em nome de Vinhos Duelo Ltda. e transferidos para a FLORETE, em virtude da sobredita cisão parcial. É vedada a posse de selos de controle de terceiros (RIPI/2010, arts. 315, 316 e 585, II), sendo cabível a apreensão e destruição destes e a não aceitação de devolução (RIPI/2010, arts. 315 e § único; 316, IV e § 2º; 585, II e § 1º). A devolução de selos, com ressarcimento dos valores, somente é prevista no caso de selos em situação regular. Portanto, para a apuração dos fatos foi realizada diligência fiscal, transformada mais tarde em fiscalização. A FLORETE havia sido constituída em 18/10/2010 (data de registro na JUCESC de contrato social firmado em 23/08/2010), ou seja, algum tempo antes de incorporar parte do patrimônio de outra empresa (cisão com registro na JUCESC em 28/03/2011). A concessão do Registro Especial de Bebidas deve ser providenciada para cada estabelecimento distinto (IN SRF nº 504, de 2005, art. 2º, § 1º), o que dá direito à aquisição de selos de controle (IN SRF nº 504, de 3 de fevereiro de 2005, art. 21). Na ausência do Registro Especial próprio, a FLORETE adquiriu selos de controle da empresa cindida (Vinhos Duelo Ltda., CNPJ nº 86.549.425/000170). Somente em junho de 2011 (ADE DRF/JOA nº 62, de 01/07/2011), a FLORETE obteve o Registro Especial de Bebidas e passou a adquirir selos de controle diretamente da repartição fiscal, conforme extrato do Sistema de Administração de Selos de Controle (SELECON). Em 03/06/2011, a empresa dera baixa em alguns selos de terceiros no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle; contudo, em 27/10/2011, mediante a referida comunicação, informou a RFB acerca da existência de um saldo de selos adquiridos de terceiros, com pedido de devolução destes. A transferência de selos de terceiros aconteceu por ocasião da cisão (março de 2011) e nos dois meses subseqüentes (abril e maio). A transferência de selos de controle somente é prevista entre estabelecimentos de uma mesma empresa, com autorização prévia da RFB (com diligência fiscal específica). Todos os selos de controle apreendidos em ação fiscal e destruídos (333.172 unidades), haviam sido adquiridos na Receita Federal do Brasil em nome de terceiro, vale dizer, empresa diversa da fiscalizada (RIPI/2010, IV), de acordo com extrato do sistema SELECON. Há a previsão de penalidade para tal circunstância, nos termos do RIPI/2010, art. 585, II. Foi possível, ademais, reconstituir a quantidade de selos adquirida irregularmente de terceiro desde o evento sucessório até junho de 2011 (total de 830.357 selos de controle), o que implica a imposição de multa regulamentar. Consoante a Instrução Normativa SRF nº 504, de 2005, que dispõe sobre registro especial referente a bebidas alcoólicas e aos respectivos selos de controle, o registro especial do estabelecimento produtor, engarrafador, atacadista ou importador (art. 2º, § 1º), vinculase à pessoa jurídica requerente e não somente a um conjunto de instalações e equipamentos industriais (art. 4º), sendo que, mesmo um importador de bebidas alcoólicas, sem instalações industriais, deve apresentar informações concernentes à pessoa jurídica para a concessão do registro especial. O número do CNPJ é um dos requisitos para o pedido de registro (art. 4º, I). Inexiste previsão normativa, ademais, para que um registro especial seja estendido a outros estabelecimentos, inclusive no caso de sucessão, tendo a empresa sucessora que efetuar o pedido de registro especial. O registro especial é precípuo de um Fl. 3146DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 14 5 estabelecimento e não pode ser utilizado por outro. Na hipótese de cisão parcial há a transferência de parcela dos bens e direitos patrimoniais, porém não há a transferência de registro especial, tampouco dos enquadramentos das bebidas nas classes de valores. Numa cisão/incorporação, conforme a legislação tributária, nem tudo se transfere automaticamente de uma empresa cindida à incorporadora. A falta de inscrição no registro especial impede o exercício das atividades da empresa de bebidas (produtor, engarrafador, atacadista ou importador), sendo a concessão do registro especial conditio sine qua non para o fornecimento de selos de controle pela repartição fiscal (IN SRF nº 504, de 2005, arts. 2º, caput, e 21). No art. 33, § 2º, da IN SRF nº 504, de 2005, como já aduzido anteriormente, há apenas a previsão de transferência de selos de controle entre estabelecimentos de uma mesma firma “mediante prévia autorização da unidade fornecedora”, sendo que as convenções particulares não têm o condão de influir na seara tributária (CTN, art. 123; RIPI/2010, art. 23). Do relatório fiscal: “Analisando a Instrução Normativa SRF n° 504, de 2005, pode se constatar que quem apresenta o requerimento do Registro Especial é a Pessoa Jurídica (a Empresa que possui o estabelecimento a receber o registro especial), conforme Caput do art. 3° dessa instrução, mas o pedido deve ser apresentado pela Pessoa Jurídica à DRF do domicílio fiscal do estabelecimento indicado para receber o registro especial, conforme art. 4°, pois, a concessão do registro é por estabelecimento (podendo ser a Matriz ou qualquer uma das filiais da pessoa jurídica requerente), conforme § 1° do art. 20 da citada legislação. Ou seja, o registro especial é concedido para o Contribuinte autônomo do IPI (o Contribuinte detentor de um CNPJ específico). Porém não é um mero conjunto de equipamentos ou um endereço isolado que recebe o registro. O estabelecimento a receber o registro especial está vinculado a uma determinada Pessoa Jurídica, isto é, vinculado à pessoa jurídica requerente, pois, a concessão do Registro Especial está condicionada também à regularidade cadastral e fiscal da Pessoa Jurídica requerente, bem como regularidade de seus sócios e de outros a ela vinculados, conforme art. 5° da IN SRF 504, de 2005. E a Delegacia da Receita Federal, antes de conceder o registro a um estabelecimento vinculado a uma pessoa jurídica determinada, deve fazer análise da referida regularidade em relação a essa pessoa jurídica. Observandose as exigências e condições estabelecidas referentes ao Registro Especial, podese concluir também que não há autorização para que o uso do registro especial concedido a um estabelecimento de uma empresa seja transferido para outra empresa, mesmo que essa outra pessoa jurídica tenha adquirido equipamentos e/ou instalações do Estabelecimento que era detentor do registro especial, e ainda que o endereço de atuação da nova empresa seja no mesmo local anteriormente ocupado pelo Estabelecimento que era possuidor de registro. Fl. 3147DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 15 6 Diante disso, e considerando a necessidade das referidas verificações pela DRF é indispensável que, quando um estabelecimento detentor de registro especial transfere suas instalações a outra empresa, a empresa adquirente das instalações solicite à RFB um novo registro específico onde o estabelecimento estará vinculado à essa nova pessoa jurídica (Cada CNPJ identifica um distinto contribuinte autônomo do IPI, um estabelecimento específico e vinculado a uma determinada pessoa jurídica). Por isso, a empresa BEBIDAS FLORETE LTDA., ao adquirir as instalações industriais de Vinhos Duelo Ltda (Atual Bebidas Duelo Ltda), necessitou providenciar junto à Receita Federal o Registro Especial referente ao seu estabelecimento industrial de CNP3 n° 12.679.101/000110, para exercer suas atividades industriais de forma regular (cuja concessão foi efetivada através do ADE DRF/JOA no 62, de 01/06/2011 está juntada no Processo Administrativo Fiscal). A existência de ADE concedendo Registro Especial referente a um estabelecimento específico (o qual está obrigatoriamente vinculado a uma pessoa jurídica específica, possuindo CNPJ específico) é condição para que o estabelecimento industrial possa exercer suas atividades industriais bem como condição para adquirir selos de controle na repartição da Receita Federal do Brasil, conforme disposto no art. 2° combinadamente com o art. 21 da referida instrução normativa. Vejamos: “Art. 2° Os produtores, engarrafadores (....), estão obrigados à inscrição no registro especial (...), não podendo exercer suas atividades sem prévia satisfação dessa exigência. § 1° A concessão do registro especial darseá por estabelecimento, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, e será específico para: ................................................................. Art. 3° O registro especial será concedido (...), a requerimento da pessoa jurídica interessada que deverá atender aos seguintes requisitos: ................................................................. Art. 21. O fornecimento de selo de controle será condicionado à concessão do registro especial de que trata o art. 2°.” O relativo rigor com relação às formalidades referentes ao Registro Especial e ao Selo de Controle de bebidas alcoólicas tem como objetivo salvaguardar o interesse público, por facilitar a fiscalização e o controle do cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes que operacionalizam tais produtos. O selo, tal qual o Registro Especial, tem a finalidade de controle e foram instituídas na Legislação Tributária formalidade e Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 16 7 cautelas próprias visando defender o interesse do Estado (Vide art. 46 da Lei nº 4.502. de 1964). Por isso, reiteramos ao Contribuinte que até a transferência de selos entre estabelecimentos de uma MESMA EMPRESA, depende de atendimentos a certos requisitos e condições, conforme determina a legislação tributária aplicável. E um dos requisitos exigidos pela Legislação Tributária PARA OCORRER TRANSFERÊNCIA REGULAR DE SELOS É A EXISTÊNCIA DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO FORMAL EMITIDA PELA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL. Porém, conforme já citamos antes, não há na legislação tributária nenhuma previsão autorizando a transferência de selos entre estabelecimentos de empresas distintas, não há previsão para transferência de selos entre estabelecimentos de pessoas jurídicas diferentes (Vide IN SRF 504/2005, arts. 33 a 35). Citamos aqui o §2° do art. 33 da IN SRF no 504, de 2005, que fala sobre a transferência de selos no caso de um estabelecimento deixar de fabricar produtos: “§ 2° Na hipótese do inciso I, o estabelecimento poderá, mediante prévia autorização da unidade fornecedora, transferir os selos que possuir em estoque para outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica.” A referida autorização formalizada é emitida pela Delegacia da Receita Federal após verificação do atendimento dos requisitos necessários previstos na legislação, sendo cabível prévia diligência feita por AuditorFiscal para verificação o estado dos selos e a sua quantidade antes da autorização de transferência. Essa diligência para verificação seria precedida de pedido do Estabelecimento interessado sobre autorização de transferência de selo. Não foi encontrado na DRF Joaçaba/SC nenhum requerimento das empresas envolvidas, solicitando autorização para transferência de selo de controle entre elas, e, mesmo que tivesse sido tal documento apresentado, não seria possível conceder autorização, tendo em vista a legislação aplicável já amplamente mencionada neste Relatório vedar tal pretensão. Por oportuno, repetimos ainda aqui que, nos termos da legislação tributária (Art. 23 do Decreto 7.212/2010 – RIPI), “As convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento do imposto, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição do sujeito passivo das obrigações correspondentes (Lei n° 5.172, de 1966, art. 123).” O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos que é balizado por dispositivos como os arts. 24, § único, e 384 do RIPI/2010. Cada estabelecimento é identificado por um número distinto de CNPJ, ainda que da mesma firma. No âmbito do IPI, mesmo estabelecimentos diferentes de uma mesma empresa são considerados “terceiros” em relação a um estabelecimento específico da empresa. Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 17 8 Aduz a autoridade fiscal: “A Lei n° 5.172, de 1966, esclarece que, para fins do imposto sobre produtos industrializados – IPI, cada estabelecimento é considerado um contribuinte distinto e autônomo. Transcrevemos a seguir o Parágrafo único do art. 24 do Decreto 7.212, de 2010 (Regulamento do IPI – RIPI/2010): “Considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (Lei n° 5.172, de 1966, art. 51, parágrafo único).” No Código Civil (Lei 10.406, de 2002), em seu art. 1.142, consta o seguinte significado para estabelecimento: “Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” De acordo com a legislação tributária (Vide IN RFB no 1.183/2011 referente ao CNPJ – Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas), a Pessoa Jurídica deve cadastrar cada um de seus estabelecimentos no sistema CNPJ administrado pela Receita Federal do Brasil, sendo concedido um número de CNPJ distinto para cada estabelecimento. Esse cadastramento CNPJ facilita a identificação de cada contribuinte do IPI, individualmente, pois o número identificador do CNPJ é composto por duas partes essenciais, que revelam qual é a pessoa jurídica e qual é o estabelecimento (se é estabelecimento Matriz ou estabelecimento Filial). A primeira parte numérica desse identificador do Contribuinte indica a entidade ou empresa que exerce atividades no estabelecimento; Já a segunda parte do número identificador do Contribuinte referese ao Estabelecimento, referese ao complexo de bens organizado, o qual está vinculado a um local onde a entidade exerce atividades e/ou armazena suas mercadorias, e indica o número do estabelecimento, que pode ser a Matriz ou uma das filiais da empresa, conforme informado no Cadastro. Para fins do Imposto sobre Produtos Industrializados, acordo com o RIPI/2010, art. 384, “Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, agência, depósito ou qualquer outro, manterá o seu próprio documentário, vedada, sob qualquer pretexto, a sua centralização, ainda que no estabelecimento matriz (Lei n° 4.502, de 1964, art. 57).” Portanto, da análise dos referidos dispositivos, temse que o Contribuinte autônomo industrializador (RIPI/2010, art. 24, parágrafo único) está vinculado a duas características que estão interligadas e se complementam: Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 18 9 a) – está vinculado a um “Estabelecimento” (que pode ser entendido como sendo “todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa...”, conforme art. 1.142 do Código Civil); e b) – está vinculado a um industrial, ou seja, vinculado a uma pessoa, a uma empresa, que exerce no estabelecimento as atividades de industrialização, pois, de acordo com o mencionado artigo do Código Civil de 2002, o estabelecimento está vinculado a uma empresa (Pessoa Jurídica), a um empresário ou a uma sociedade empresária (“Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”, conforme art. 1.142 da Lei nº 10.406, de 2002). Dessa forma, a despeito da terminologia adotada na legislação, fica evidenciado que cada estabelecimento industrial é considerado como sendo um contribuinte autônomo para fins da legislação do IPI e é identificado por um CNPJ específico, possuindo um complexo de bens organizado (vinculado a um local/endereço) além de estar vinculado a uma pessoa jurídica que exerce industrialização ali. O identificador essencial do Contribuinte do IPI é o número do CNPJ (e não o nome citado na razão social nem tão pouco seria suficiente citar apenas um endereço ou local para identificar um Contribuinte), pois o número do CNPJ é que reflete as características fundamentais que identificam o Contribuinte autônomo do IPI (identificam a pessoa jurídica e identifica o local da atividade industrial, o estabelecimento Matriz/filial). Assim, direitos e obrigações específicos de um contribuinte autônomo (CNPJ específico) não se confundem com os direitos e obrigações de outro contribuinte autônomo (outro CNPJ). No caso de cisão parcial, embora algumas máquinas, bens e equipamentos possam ser transferidos a uma empresa sucessora, o número do CNPJ do estabelecimento da cindida não é objeto de transferência a quem adquiriu a parcela do patrimônio, pois cada estabelecimento da empresa incorporadora possui um CNPJ próprio diferente do CNPJ de cada um dos estabelecimentos da empresa cindida. Lembramos ainda que o CNPJ do estabelecimento de uma empresa cindida pode inclusive continuar a existir, alterandose o endereço correspondente, caso a Pessoa Jurídica cindida parcialmente continue a manter atividades vinculados ao referido CNPJ em outro local (que foi o que ocorreu com a Matriz da empresa Cindida, a qual continuou a existir e mudou se para outra Jurisdição). A existência dessa possibilidade de mudança de razão social de uma pessoa jurídica ajuda a esclarecer que o identificador de um Contribuinte autônomo do IPI é o seu CNPJ e que o estabelecimento industrial de uma empresa (com determinado CNPJ) não pode ser confundido com o estabelecimento industrial de outra empresa (de CNPJ diferente), mesmo no caso de cisão parcial. Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 19 10 Esse conceito sobre a autonomia de cada Contribuinte/Estabelecimento para fins de IPI, inclusive com respeito ao Registro Especial de Bebidas e à aquisição e posse de selos de controle, ambos administrados pela Receita Federal, bem como no que se refere a enquadramento de bebidas, mesmo no caso de cisão parcial, conforme análise da legislação deixa claro,é relevante para compreensão dos lançamentos de ofício efetuados neste Trabalho Fiscal”. (destaques do original) No Termo de Intimação Fiscal (TIF) nº 348, de 10/08/2012, ficaram registradas as quantidades de selos de controle adquiridos de terceiros e apreendidos/destruídos (333.172 unidades cuja verificação e contagem foi acompanhada por representante da empresa) e de selos adquiridos regularmente existentes em 31/10/2011 no estoque físico (430.346 unidades). Os produtos selados foram retidos para verificação durante a diligência fiscal de 31/10/2011. Os produtos com selos regulares foram liberados e os produtos com selos adquiridos de terceiro foram liberados após a retirada/destruição dos selos em situação irregular. A discordância do sujeito passivo em relação ao TIF nº 348 não foi concernente à quantidade de selos apurados, mas se restringiu ao fato de o Fisco ter considerado irregular a aquisição de selos de terceiros. Foi encetado também um levantamento para estabelecer a quantidade total de selos adquiridos irregularmente pela FLORETE, desde 31/03/2011 até a data da auditoria (31/10/2011), com a finalidade de calcular as multas regulamentares (RIPI/2010, art. 585, I e II) e o imposto referente à diferença no estoque de selo. A empresa teve ciência do extrato SELECON, com informações sobre todos os selos de controle, no Termo de Início de Fiscalização, e, em resposta, manifestou concordância. A quantidade de selos soltos, adquiridos irregularmente, de 31/03/2011 a 17/05/2011, conforme documentação/declarações/livros, foi de 830.357 unidades. A transferência de produtos já selados para outra empresa (em virtude de evento sucessório – transferência patrimonial de produtos – ou simplesmente para revenda) não configura irregularidade, somente a transferência de selos soltos. ENQUADRAMENTO DE BEBIDAS As bebidas e os selos de controle têm códigos internos (fls. 74 e 75). Para cada bebida, com código interno distinto, inclusive para efeito de apuração do valor da multa regulamentar, foi calculado o preço médio ponderado em relação ao período de 01/04/2011 a 31/10/2011 (fls. 75 e 76), a despeito da apresentação de tabela de preços pela impugnante. O enquadramento provisório e o enquadramento estabelecido por Ato Declaratório Executivo (no caso, o ADE DRFB/JOA nº 70, expedido em 1º de julho de 2011, com efeitos a partir de 16/07/2011) estão discriminados na planilha às fls. 76 e 77. O enquadramento das bebidas alcoólicas nas classes de valores é fixado em Ato Declaratório Executivo (ADE) e é específico para o estabelecimento peticionário. Antes da prolação do ADE, o enquadramento deve ser empreendido de maneira provisória, nos termos do RIPI/2010, art. 210, § 8º, de acordo com a tabela Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 20 11 constante do art. 209 (a maior classe de valores para cada faixa de capacidade do recipiente do produto). O ADE é válido apenas para os produtos nele especificados. Para produtos não discriminados no ADE, é aplicável o referido enquadramento provisório. A relação de produtos do Ato Declaratório Executivo DRF/JOA nº 70, de 1º de julho de 2011, aplicável a fatos geradores ocorridos a partir de 16/07/2011, encontrase transcrita às fls. 78 e 79. A tabela para determinação do valor do IPI para cada classe de valor, reproduzida às fls. 79 e 80, corresponde àquela da Nota Complementar NC (223) da TIPI/2006, aprovada pelo Decreto nº 6.006, de 28 de dezembro de 2006, e com a redação dada pelo Decreto nº 6.588, de 1º de outubro de 2008. No que concerne ao período examinado (abril a outubro de 2011) não houve a edição de nenhum outro ADE, além do já citado. No referido período, é aplicável o enquadramento provisório para os produtos que não figuram no ADE DRF/JOA nº 70, de 1º de julho de 2011. Houve uma diferença de IPI apurada em virtude da diferença de classes de valores considerando o enquadramento provisório e o enquadramento utilizado pelo sujeito passivo. O destaque a menor do imposto nas notas fiscais de saída de bebidas alcoólicas ocorreu até 15/07/2011, data anterior à de entrada em vigor do sobredito ADE. Nas planilhas de quantidades de bebidas sem lançamento e de diferenças entre o IPI destacado na nota fiscal e o IPI correto, não foram computadas as saídas a título de revenda e para exportação. As planilhas “CÁLCULO DA DIFERENÇA DE IPI” e “RESUMO DAS DIFERENÇAS ENTRE IPI DESTACADO NA NOTA FISCAL PELO CONTRIBUINTE E O IPI CORRETO CALCULADO PELO FISCO” foram anexadas ao libelo impositivo. Resumos transcritos às fls. 103/106. Aduz a autoridade fazendária no relatório fiscal: “Para cada produto, nos períodos em que tenha sido detectado pelo Fisco diferença de lançamento do IPI (vide planilhas já mencionadas), são apresentados no sistema esafira a data do fato gerador e a quantidade de lançamento correspondente, obtendose ao final dos cálculos uma diferença de IPI para lançamento de ofício igual a R$ 685.524,72 (seiscentos e oitenta e cinco mil, quinhentos e vinte e quatro reais e setenta e dois centavos), conforme Demonstrativos elaborados pelo Fisco, ficando cabível ainda a aplicação da multa de ofício. Esclarecemos que a Quantidade de lançamento citada no Auto de Infração, para cada mês ou fato gerador, quando o produto for igual ou menor que mil mililitros, é a própria quantidade de recipientes que saíram do Estabelecimento (conforme notas fiscais emitidas), para o produto considerado, em cada período em que tenha sido encontrada alguma diferença de IPI. Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 21 12 Porém, quando se referir a um produto acondicionado em recipiente de capacidade superior a mil mililitros, a quantidade de lançamento citada no Auto de Infração elaborado através do sistema Esafira é igual à quantidade de recipientes do produto multiplicada pela capacidade em litros do recipiente, tendo em vista a necessidade de adequação do cálculo do IPI ao disposto no § 9° do art. 210 do RIPI/2010 (Decreto n° 7.212, de 2010), onde determina que o cálculo do IPI para recipientes dessa capacidade deve ser feito proporcionalmente ao que for estabelecido no enquadramento para o recipiente de capacidade de mil mililitros (Lei n° 7.798. de 1989. Nota do seu Anexo I)”. MULTA REGULAMENTAR – RECEPÇÃO/POSSE DE SELO DE CONTROLE ADQUIRIDO DE OUTRA EMPRESA. Do relatório fiscal: “Conforme já mencionado na introdução deste Relatório Fiscal, item “1” (Descrição dos fatos e observações preliminares) e nas observações feitas nos textos do Auto de Infração referente a essa infração, bem como de acordo com os livros e documentos apresentados ao Fisco pelo Contribuinte, ficou assumido por ele e comprovado nos autos que Bebidas Florete Ltda recebeu de outra empresa (de Vinhos Duelo Ltda) transferência e posse de selos de controle, durante os meses de março, abril e maio de 2011. Nos termos da legislação tributária já citada e comentada, não é possível transferência de selo de controle entre empresas distintas, nem mesmo no caso de cisão parcial e incorporação, considerando que a finalidade do Registro Especial e do Selo é o Controle, visando salvaguardar o interesse da Administração tributária em benefício da sociedade. A possibilidade existente para transferência de selos seria apenas entre estabelecimentos de uma mesma empresa, e mesmo assim, desde que atendidas as condições e certas situações previstas na legislação tributária pertinente. Portanto, apesar de a empresa apresentar entendimento de que a referida transferência, inclusive após a data da cisão, estaria correta, a legislação tributária não apóia tal interpretação. Portanto tal situação implica na aplicação da multa regulamentar prevista no art. 585, inciso II, do RIPI/2010, referente à totalidade dos selos adquiridos e possuídos de forma irregular. Contribuinte Fiscalizado, apresentou uma tabela contendo relação de “Estoque de selos transferidos” correspondentes à transferência de selos ocorrida em 31/10/2011, de Vinhos Duelo Ltda para Bebidas, assinada pelo Responsável Legal de Bebidas Florete Ltda (Vide Tabela inicialmente apresentada – Seqüencial de juntada “12a”). Posteriormente Contribuinte apresentou nova tabela retificando alguns números referente a selos utilizados em Vinhos bem como Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 22 13 incluiu selos do tipo/cor “Bebida Alcoólica Cinza” que foram localizados posteriormente no Estabelecimento e que também haviam sido transferidos por Vinhos Duelo Ltda, conforme já era mencionado no Livro de Registro de Inventário de Bebidas Florete Ltda, no seu levantamento referente a 31/03/2011 (Vide cópia do livro de Inventário juntado no processo administrativo fiscal, bem como a tabela retificada – Seqüencial “12b”). Contribuinte também apresentou Tabelas contendo “Estoque de Produtos Acabados Transferidos” em “31/03/2011” (Vide Seqüencial “11a”), sendo uma assinada pelo Responsável Legal de Vinhos Duelo Ltda e outra, semelhante, com os mesmos quantitativos, assinada pelo Responsável Legal de Bebidas Florete Ltda, citando quais selos teriam sido aplicados em alguns desses recipientes. Posteriormente, Contribuinte retificou alguns dados referente tabela anterior e apresentou nova tabela retificada (vide Seqüencial “11b”). De acordo com os referidos documentos apresentados pelo Contribuinte, e confirmados no Livro de Registro de Inventário, para a data de 31/03/2011, Vinhos Duelo Ltda transferiu de seu estoque para Bebidas Florete Ltda, 430.357 selos soltos, não aplicados em produtos do estoque transferido. O total de selo citado no Livro de Inventário para a referida data foi de 636.889, mas, como pode ser verificado no mesmo livro e nas tabelas apresentadas pelo Contribuinte, os produtos engarrafados sujeitos a selo que foram transferidos selados foi de 206.532. Assim sendo, 636.889 menos 206.532 resulta 430.357 selos soltos transferidos irregularmente. Vejamos:” Quadro demonstrativo à fl. 81. “Considerando informação no livro de Selo do Contribuinte, as entradas ocorridas a partir de 1/4/2011 e antes de 03/06/2011, recebidas de Vinhos Duelo Ltda, foram 400.000 selos. Somados aos 430.357 selos soltos adquiridos irregularmente em 31/03/2011, o total de selos irregulares possuídos por Bebidas Florete Ltda foi de 830.537. A primeira aquisição regular de selo na RFB pela Bebidas Florete Ltda foi em 03/06/2011, conforme extrato SELECON. As aquisições efetuadas a partir de1/4/2011 e anteriores a essa data – as quais foram citadas como entrada no Livro de Registro de Entrada e Saída de selo de Controle de Bebidas Florete Ltda (Vide Cópia do referido livro que foi juntada no processo administrativo fiscal) – foram feitas em nome de terceiro (Vinhos Duelo Ltda) e transferidas irregularmente à Bebidas Florete Ltda. O Total, portanto, de selos soltos (não aplicados) irregularmente recebidos foi de 830.357 unidades, conforme a seguir tabelamos:” Quadro demonstrativo à fl. 82. “Vide Seqüencial de juntada “4b” – ANEXO 02 do Relatório Fiscal – “Selos adquiridos diretamente na RFB por Bebidas Florete Ltda”. Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 23 14 A aquisição/posse irregular de 830.357 selos por Bebidas Florete Ltda resultou na multa regulamentar do art. 585, inciso II, do RIPI/2010, correspondente a essa quantidade, de R$ 1,00 por unidade. Esclarecemos que, apesar de ser comprovado, conforme análise do Livro de Inventários e outros documentos do Contribuinte que foram recebidos irregularmente no Estabelecimento 830.357 selos de terceiro soltos, foi escriturado por ele no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle dessa empresa entrada irregular de 830.321, pelo que essa foi a quantidade glosada daquele livro para fins de se calcular o correto saldo escriturado para a data de 31/10/2011, para posterior apuração da diferença no estoque físico de selo (Conforme consta mencionado também na tabela retificada apresentada pelo Contribuinte – Seqüencial “12b”). Lembramos ainda que foram apreendidos pela Fiscalização ainda na posse do Contribuinte, diversos selos de terceiros, conforme pode ser confirmado na leitura dos diversos termos assinados pelo Fisco e pelo Contribuinte, juntados no processo administrativo fiscal. A conferência de tais selos foram (sic) feitas comparativamente à numeração mencionada no extrato SELECON, sendo constatado que eram realmente selo de terceiro. Alguns desses selos apreendidos foram juntados, a título de exemplo, no “Termo de Constatação Fiscal Referente Amostra de Selos de Controle apreendidos pela Fiscalização na posse de Bebidas Florete Ltda” (Vide tal documento juntado no processo administrativo fiscal – Seqüência “4e”, sendo que uma via/cópia está sendo entregue ao Contribuinte em anexo a este Relatório). No Termo de Intimação Fiscal no 348, de 10/08/2012, é apresentado um resumo tanto dos selos que estavam regulares no estoque físico do Contribuinte, bem como dos selos considerados irregulares (apreendidos/destruídos). O total de selos de terceiros apreendidos para destruição durante a Fiscalização foi igual a 333.172 unidades, enquanto que os selos próprios/regulares foi igual a 430.346 unidades. Transcrevemos abaixo o conteúdo dessa tabelas e observações existentes no referido Termo de Intimação Fiscal:” Conforme o demonstrativo à fl. 83, 321.489 selos de outra empresa, soltos, com posse irregular pela FLORETE, foram apreendidos mediante a lavratura do termo TA03, de 31/10/2011 (77.417 selos tipo/cor “bebida alcoólica/cinza” foram apreendidos posteriormente, em 21/06/2012, pelo termo TA05). Quanto aos selos aplicados em bebidas engarrafadas apreendidas na mesma data com os termos TA 01 e TA02: a) dos 432 selos tipo/cor “bebida alcoólica azul marinho” apreendidos pelo termo TA01, item A, apenas 29 estavam regulares e foram liberados posteriormente (termo TL01, de 21/06/2012); 403 selos estavam irregularmente na posse da FLORETE (adquiridos de outra empresa); b) dos selos tipo/cor “bebida alcoólica verde” aplicados em bebidas apreendidas por meio dos termos TA 01 e TA02, 15.636 estavam regulares (bebidas apreendidas referidas no item A do TA 01, liberadas com os selos em 21/06/2012, com o TL01) e 11.280 estavam Fl. 3156DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 24 15 irregulares (conforme item B do TA01 e TA02; TL01, de 21/06/2012, e TL02, de 22/12/2011). O total de selos de controle encontrados em situação regular em 31/10/2001 foi de 430.346 unidades, consoante o demonstrativo à fl. 84. “Como já demonstrado, a verificação da numeração dos selos adquiridos irregularmente pela Bebidas Florete Ltda no período de 1/4/2011 a 02/06/2011 citados no “Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle” dessa empresa (antes da obtenção do Registro Especial de Bebidas e primeira aquisição de selos da referida empresa na RFB) comparativamente à numeração e data de aquisição citadas no extrato SELECON levam à clara conclusão de que tais selos não foram adquiridos diretamente na RFB por Bebidas Florete Ltda. Quanto aos selos de controle soltos recebidos de Vinhos Duelo Ltda pela Bebidas Florete Ltda, já foi comprovado também que foram transferidos sem autorização da Legislação Tributária. Foi constatado ainda pelo Fisco na presença de representante do Contribuinte, conforme termos de apreensão e termos de liberação lavrados e juntados nos autos, contendo assinatura do Fisco e do Responsável Legal do Contribuinte, que os selos soltos ou aplicados que permaneceram apreendidos para destruição não haviam sido adquiridos na Receita Federal do Brasil em nome do CNP3 12.678.989/000176. Contribuinte Fiscalizado, através de seu responsável Legal, concordou com a informações citadas nos termos Fiscais. Lembramos ainda que, de acordo com o § 4 do art. 585 do RIPI/2010 (Decreto Lei nº 1.593, de 1977, art. 33, § 3°, e Lei nº 10.637, de 2002, art. 52), que discrimina as penalidades para as irregularidades pertinentes ao selo de controle, é considerado irregular a totalidade selos contidos no lote onde os selos irregulares foram encontrados. Portanto, conforme já exposto e comprovado nos autos, em harmonia com os livros e documentos apresentados pelo Contribuinte, foram recebidos irregularmente no Estabelecimento Bebidas Florete Ltda 830.357 selos de terceiro soltos”. (g. m.) EXCESSO DE SELOS NO ESTOQUE FÍSICO: SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO E MULTA REGULAMENTAR Do relatório fiscal: “Esclarecemos que, apesar de ser comprovado – conforme análise do Livro de Inventário e outros documentos do Contribuinte – que foram recebidos irregularmente por Bebidas Florete Ltda em data anterior a 03/06/2011, no Estabelecimento, 830.357 selos de terceiro soltos (Conforme já demonstrado no item “VII” deste Relatório Fiscal), a escrituração do Contribuinte no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle dessa empresa constou como entrada irregular apenas Fl. 3157DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 25 16 830.321 unidades. Por isso, essa foi a quantidade glosada naquele livro para fins de se calcular o correto saldo escriturado referente à data de 31/10/2011, para posterior apuração da diferença no estoque físico de selo. Conforme pode ser constatado no livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle autenticado na JUCESC (Vide cópia juntada no processo administrativo fiscal – item seqüencial “14b”), o Contribuinte, após regularizar sua situação pertinente ao Registro Especial de Bebidas e adquirir pela primeira vez, em 03/06/2011, selos diretamente na RFB, ele registrou em seu livro, para a referida data, para cada tipo/cor de selo, baixa correspondente ao saldo de selos de terceiros que haviam sido adquiridos por Bebidas Florete Ltda irregularmente (Tais selos são os mencionados em sua correspondência de 27/10/2011, já mencionada neste Relatório e juntada no Processo). Considerando que no dia em que foi iniciada a auditoria no Contribuinte, em 31/10/2011, foram encontrados mais alguns selos de terceiros naquele estabelecimento, além dos selos apresentados inicialmente para devolução/apreensão (Vide no processo administrativo fiscal os diversos termos de apreensão, liberação e/ou constatação, que foram juntados, bem como os resumos citados pelo Fisco em termos de Intimação fiscal), o Contribuinte registrou baixa complementar referente à data de 31/10/2011 em seu livro de selo. As baixas pertinentes a tais selos de terceiro ainda em sua posse (e apreendidos pelo Fisco) foram registradas pelo Contribuinte na coluna de saída do seu Livro autenticado referente a “Entrada e Saída do Selo de Controle” são as seguintes:” No demonstrativo às fls. 86 e 87, a baixa registrada no livro de selos pela FLORETE: 244.072 unidades. “O Fisco, ao recalcular o saldo escritural, efetuando glosa dos registros de entrada de selo que foram consideradas irregulares (830.321 unidades, conforme já esclarecido neste Relatório Fiscal), levou em conta também os registros de saídas nesse livro a título de baixas efetuadas pelo Contribuinte pertinente a selos de terceiros (Conforme tabela acima apresentada: 244.072 unidades), de forma a ter um resultado correto, sem efetuar dupla redução. Portanto, para se obter o saldo escritural ajustado referente à data de 31/10/2011, a quantidade do saldo informado pelo Contribuinte em seu livro autenticado pela Jucesc, referente a cada tipo/cor de selo, teve uma redução igual à diferença entre a glosa fiscal das entradas irregulares registradas e a quantidade já baixada pelo Contribuinte. Veja o demonstrativo desse cálculo na tabela abaixo:” Cálculo do saldo final ajustado no livro de entrada e saída do selo de controle referente a 31/10/2011 ( 58.152 unidades), de acordo com o demonstrativo à fl. 88. Fl. 3158DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 26 17 “Os saldos negativos em cada tipo cor de selo significam que saíram mais produtos (com emissão de notafiscal) do que a quantidade de selos regularmente entrada no estabelecimento, ou seja, as diferenças negativas significam que a quantidade ali apurada referese a produtos saídos do Estabelecimento com emissão de notafiscal mas sem a aplicação de selo (ou com aplicação de selo de terceiro, que, nos termos da legislação aplicável, é considerado também como produto sem selo). A somatória total , considerando todos os tipos/selos de controle, resulta num resultado negativo de 58.152 unidades. Porém, cada tipo/cor de selo deve ser considerado separadamente. Por oportuno, informamos constatação fiscal de que o Contribuinte, ao elaborar o novo livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle para fins de encaminhálo à JUCESC para autenticar, cometeu falhas – omissões referentes a algumas entradas referentes a devoluções recebidas. Ou seja, esqueceu de informar ali dados referentes a entrada de selos decorrentes de “Devoluções de Vendas de produção do estabelecimento”, código 2201, as quais haviam sido mencionadas adequadamente nas folhas/cópias contendo Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle (rubricadas) apresentadas ao Fisco em 31/10/2011, antes de o Contribuinte refazer e complementar os Registros do livro para fins de autenticação na JUCESC. Porém, apesar de não ficarem registradas no referido livro autenticado pela JUCESC os dados referentes a entradas decorrentes de recebimento de produtos/selos devolvidos, constatouse que a quantidade dessas entradas em devolução foram consideradas de forma implícita pelo Contribuinte nesse livro autenticado quando calculou e informou o saldo inicial de cada mês seguinte ao mês em que ocorreram as entradas a título de devolução. A título de exemplo, citamos que o livro autenticado não informa os 24 selos do tipo/cor “Aguardente – Laranja” que entraram no estabelecimento em 07/04/2011 (nota fiscal no 7.577, série 1, corresponde ao emitente ALM – COM. DE ALIM. E HORTIFRUTI GRANJ. LTDA, CNPJ 10.875.026/000137), sendo que o saldo final do mês de abril/2011 informado naquele livro foi 114.356 selos, não considerando aí as devoluções ocorridas. Entretanto, constatase que o saldo inicial do mês seguinte – isto é, maio/2011 – a quantidade ali informada foi 114.380, que é diferente do saldo final do mês anterior. Ou seja, embora não registrada explicitamente a quantidade de selos recebidos em devolução no mês de abril/2011, nem consideradas pelo Contribuinte no cálculo do saldo final desse mês, a referida entrada por devolução foi considerada (implicitamente) no cálculo e informação do saldo inicial do mês de maio/2011. Pois, 114.356 (saldo final de abril/2011 lá Fl. 3159DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 27 18 informado) acrescido de 24 (selos recebidos em devolução, embora não discriminados) resultam exatamente a quantidade de 114.380, que foi a informada no livro como sendo o saldo inicial de maio/2011. Diante disso, apesar do equívoco/falha do Contribuinte ao refazer o Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle, não houve prejuízo para fins de apuração do saldo final em 31/10/2011 de cada tipo/cor de selo. Pois, nesse saldo final em 31/10/2011 informado pelo Contribuinte no livro autenticado também está considerando adequadamente no seu cálculo a quantidade referente a devoluções ocorridas. Por isso, constatamos que o saldo final de 31/10/2011 mencionado no livro autenticado para cada tipo/cor de selo não foi prejudicada em decorrência da referida omissão e, atendendose o disposto no art. 299 do RIPI/2010 (Decreto no 7.212, de 15/06/2010), foram consideradas como entrada regular as devoluções recebidas de produtos (mencionadas no livro não autenticado apresentado anteriormente ao Fisco, ainda que não citados no novo livro autenticado pela JUCESC). Assim, sendo, nos cálculos pelo Fisco para fins de apuração do saldo ajustado do Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle, partiuse do saldo escritural de 31/10/2011 informado naquele livro autenticado e efetuandose glosa fiscal em relação a algumas entradas irregulares de selos soltos (não aplicados) adquiridos de terceiros (adquiridos de outra empresa) e ajustes necessários para se obter ao final o saldo escritural ajustado. A auditoria de estoque de selos consiste na comparação do saldo escritural com o estoque físico de selos, apurandose, dessa forma, a diferença existente para cada tipo/cor de selo. A quantidade de selo existente Estoque físico menos a quantidade do saldo escriturai resulta na diferença total de selo. O estoque físico de selo consta no termo de Constatação lavrado em 31/03/2011 (TC04) acrescido de outros selos regularmente adquiridos, conforme constatação feita posteriormente, tendo em vista que alguns dos produtos selados que haviam sido apreendidos em 31/10/2011 para verificação, foram considerados, após análise, como possuindo selagem regular e liberados (Termo de Liberação TL01, de 21/06/2012). Vide no Termo de Intimação Fiscal no 348, de 10/08/2012, resumo dos “SELOS (SOLTOS + APLICADOS) CUJA POSSE, EM 31/10/2011 ESTAVA REGULAR”. Naquele Termo é esclarecido com detalhes quais, dentre os selos apreendidos para verificação, foram considerados irregulares e quais os considerados regulares. O total de selos, cuja posse estava regular, conforme tabela citada no referido TIF no 348, abaixo transcrita, foi de 430.346 unidades:” Fl. 3160DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 28 19 Demonstrativo às fls. 90 e 91. “Ao fazermos a comparação entre o estoque físico de selo regular encontrado no Estabelecimento em 31/10/2011 com o saldo escritural ajustado referente à mesma data, encontramos um excesso no estoque físico de selo, considerando a totalidade dos tipos e cores de selo, igual a 488.498 unidades”. Demonstrativo à fl. 91. “A conta referente ao total da diferença no estoque de selos é a seguinte: 430.346 – ()158.152 = 430.346 + 58.152 = 488.498 Ou seja, houve um excesso no estoque físico, comparativamente ao saldo escritural ajustado num total de 488.498 unidades, que, nos termos da legislação aplicável, caracteriza saída de produtos sem selo, implicando na necessidade do lançamento de ofício do IPI, bem como na aplicação da multa regulamentar correspondente à falta de selo no produto que saiu sem o selo (vide artigos 300, inciso II, e 301, do RIPI/2010): 'Art. 300. Apuradas diferenças no estoque do selo, caracterizam se, nas quantidades correspondentes: (...) II o excesso, como saída de produtos sem aplicação do selo (Lei nº 4.502. de 1964. art. 46, § 3º. Alínea “b”, e DecretoLei nº 34, de 1966, art 2º, alteração 12ª). Art. 301. Nas hipóteses previstas no art. 300, será cobrado o imposto sobre as diferenças apuradas, sem prejuízo das sanções e outros encargos exigíveis (Lei n” 4.502 de 1964. art. 46. § 4°. E DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2°, alteração 12ª). Parágrafo único. No caso de produto de diferentes preços, desde que não seja possível identificar o preço do produto, o imposto será calculado com base no de valor mais elevado (Lei n° 4.502. de 1964. art. 46 § 4º. E DecretoLei nº 34, de 1966. art. 2º, alteração 12ª).' Porém, cada tipo/cor de selo é usado em diversos produtos e, a princípio, qualquer desses produtos poderiam ter saído sem o selo, não sendo possível precisar qual deles exatamente foi o produto que saiu sem o selo. Diante dessa situação, e de acordo com a legislação aplicável, devese adotar como produto saído, para fins de cálculo do IPI e da multa regulamentar a serem lançados de ofício, o produto de maior valor entre os diversos cabíveis a cada tipo/cor de selo”. Considerando os diversos tipos/cores de selos de controle e o preço médio para cada produto calculado no período de 01/04/2011 a 31/04/2011 (conforme já referido alhures), foi elaborada a planilha às fls. 94 e 95 com os valores para apuração do imposto devido (não lançado em virtude do excesso de selo no estoque) e da multa regulamentar. Fl. 3161DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 29 20 No demonstrativo às fls. 96 e 97 consta a apuração do IPI devido (R$ 135.712,76) e da multa regulamentar (R$ 1.463.319,76). QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO E REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS A reiteração da conduta não é explicada por mero erro e caracteriza o dolo. A sonegação e a fraude são circunstâncias qualificativas previstas na legislação e foram observadas na conduta do sujeito passivo no tocante a todas as infrações relatadas. Portanto, a multa de ofício aplicável, no caso, é a de 150% (duplicação da multa básica). Transcrição parcial do relatório fiscal: “Considerando que o primeiro ADE concedendo enquadramento para o Estabelecimento inscrito no CNPJ sob o nº 12.678.989/000176 foi emitido pela DRF/JOA sob o n° 70, de 2011, com efeitos apenas a partir de 16/07/2011, o IPI calculado e destacado nas notas fiscais referentes à comercialização de seus produtos antes da referida data deveria ter sido feito utilizando o enquadramento provisório, conforme previsto no § 8° do art. 210 do Regulamento do IPI (Decreto 7.212, de 15/06/2010). Porém, essa Fiscalização constatou que o Contribuinte mencionado utilizou em suas operações, desde 1/4/2011, um enquadramento de valor menor que o estabelecido na legislação, destacando em suas notasfiscais de saída IPI menor que o devido. Analisandose os fatos descritos por esta Fiscalização em linhas anteriores, podese concluir que o Contribuinte de CNPJ n° 12.679.101/000110 (Bebidas Florete Ltda) reiteradamente, por mais de um período mensal de apuração, calculou o IPI referente a seus produtos de forma contrária ao determinado na legislação tributária, utilizando enquadramento em classe incorreta, e lançando/destacando IPI também em valor inferior ao que seria devido, ou seja, Contribuinte inseriu informação incorreta em documentos fiscais, reduzindo indevidamente o valor do imposto. (...) Contribuinte também apresentou a este Fisco arquivo em meio magnético no formato do Sistema SINTEGRA, contendo dados das notas fiscais, o que possibilitou uma análise mais facilitada dos dados das notasfiscais, possibilitou uma análise eletrônica. Utilizando o sistema da RFB denominado CONTÁGIL, acessamos os dados do referido arquivo e constatamos que os valores totais mensais referentes às saídas daquele arquivo são semelhantes aos valores totais mensais informadas no Livro de “Registro de Saídas” acima. Por isso, consideramos cabível utilizar os dados desse arquivo referente ao SINTEGRA para os cálculos deste Fisco, cujo resultado foi apresentado em planilhas que estão sendo entregues ao Contribuinte em anexo a este Relatório. Fl. 3162DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 30 21 Constatamos, portanto, na análise fiscal, que os valores de IPI das notasfiscais de saída (com valor menor que o devido) do Contribuinte foram informados no Livro de “Registro de Saídas”, cujo totais mensais (contendo a referida irregularidade no valor do IPI) foram transferidos para o Livro de “Registro e Apuração do IPI” (LRAIPI) do Contribuinte, conforme transcrevemos abaixo:” Planilha à fl. 108. “Os valores mensais acima contidas no Livro de Registro e Apuração do IPI estão iguais aos totais mensais obtidos nos livros “Registro de Entradas” e “Registro de Saídas”. Os três livros foram apresentados a este Fisco em cópias impressas, assinadas pelo Contador e Responsável legal, e juntadas ao processo. Os saldos devedores mensais contidos no livro “Registro e Apuração do IPI” ficaram, portanto, com valores menores que os devidos Por sua vez, sendo constatado que o saldo apurado de IPI foi exatamente o informado em DCTF pelo Contribuinte (Vide tabela de cálculo apresentadas atrás), concluise que o valor declarado está também a menor que o devido (Veja no processo administrativo fiscal um extrato do sistema DCTF, contendo débitos apurados de IPI declarados pelo Contribuinte Fiscalizado). Esse comportamento reiterado do Contribuinte, conforme descrito acima, com destaque de IPI nas notas fiscais menor que o devido, assim como escrituração também incorreta nos livros fiscais, evidencia, em tese, a determinação da empresa, através de seus representantes, de reduzir indevidamente o montante de IPI recolhido. Não há como imaginar que se trataram de meros erros cometidos no preenchimento das notasfiscais ou na escrituração contábil/fiscal. O estabelecimento informou, sem amparo legal ou judicial, nas notas fiscais de saída, o IPI em valor menor que o corretamente devido, bem como transferiu para os livros de “Registro de Saídas” e “Registro de Apuração do IPI” valores mensais menores que o devido, gerando saldo devedor a menor. Essa conduta pode ser considerada, em tese, fraude, mencionada no art. 72 da Lei n° 4.502. de 1964. O Fato do Contribuinte informar à RFB mediante DCTF valores de IPI menores que o devido, pode ser considerada, em tese, sonegação, mencionada no art. 71 da Lei no 4.502. de 1964”. Presente, em tese, crime contra a ordem tributária, foi formalizada representação fiscal para fins penais (processo nº 10925.722627/201370). SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA Por força do CTN, arts. 124 e 135, foi lavrado termo de sujeição passiva solidária em relação ao sócio Gilmar Natalino de Costa, CPF nº 435.232.77000, único com função de administração da sociedade empresária em questão. Fl. 3163DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 31 22 Do relatório fiscal, excerto de interesse: “O Código Tributário Nacional, em seu art. 124, fala também sobre a solidariedade e menciona quem são obrigados solidariamente. Vejamos: “Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Nota: como exemplo de pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (solidariedade de fato): 3 pessoas coproprietárias de um imóvel, em relação ao IPTU. II – as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.” O mesmo Código ainda prescreve: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes: IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I – as pessoas referidas no artiao anterior: Fl. 3164DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 32 23 II – os mandatários, prepostos e empregados; III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Em análise do art. 134, percebese que o administrador de uma empresa é um administrador de bens de terceiro, tendo em vista que a pessoa física do Administrador, mesmo quando ele é um sócio da Pessoa jurídica, ele é uma pessoa distinta da empresa, não devendo fazer confusão ou identificação entre a Pessoa Jurídica administrada e a Pessoa Física do Administrador. E nessa situação, poderia ocorrer uma responsabilização subsidiária do Administrador, o qual passaria a responder solidariamente com a Pessoa Jurídica, no caso de ficar impossível a exigência da Pessoa Jurídica o cumprimento da obrigação principal. Entretanto, no caso do Sr. Gilmar Natalino de Costa, poderia ainda ser feita a capitulação da responsabilidade/solidariedade no art. 135 do CTN, pois, além de ser Administrador de bens de terceiro (art. 135, I, considerando o inciso III do art. 134), também ele pode ser considerado o Diretor/gerente/Representante de uma Pessoa Jurídica de direito privado, pois, inclusive, conforme determinado no Contrato Social, foi denominado Diretor (Art. 135, III), e, nessa condição, tendo o poder de mando, praticou/permitiu atos de infração de lei, ou seja, praticou/permitiu as infrações já mencionadas neste Relatório Fiscal as quais geraram os Autos de Infração lavrados. E, estando, portanto, a figura do sócioadministrador contemplado na designação da lei, nos termos do art. 135, aplicase a tal situação também o art. 124, inciso II e seu parágrafo único, não comportando benefício de ordem. Não bastasse as capitulações acima, em decorrência de o Sr. Gilmar Natalino de Costa ser um Administrador/Diretor, temos que levar em conta ainda que o ele não é um simples Administrador/Diretor, ele é ao mesmo tempo um sócio, e, portanto, nessa condição de sócioadministrador, tinha interesse comum e também o poder de mandar na empresa autuada Bebidas Florete Ltda. E, assim sendo, qualquer benefício ou vantagem decorrente das ilicitudes praticadas na empresa seriam também a seu favor, inclusive, o maior beneficiado dentre os sócios, pois era e é o que possuiu a quantidade maior de quotas em relação aos demais sócios, conforme se constata no Contrato Social e em suas alterações e no extrato do sistema Radar, anexados ao processo administrativo fiscal. Assim sendo, concluise que é cabível aplicar ao Sr. Gilmar Natalino de Costa. CPF n° 435.232.77000, a responsabilidade solidária correspondente ao art. 124, inciso I, bem como o art. 124, II, não lhe cabendo o benefício de ordem, parágrafo único do art. 124, além da responsabilidade decorrente do art. 135, todos do CTN, e, por conseqüência, a referida pessoa física fica solidariamente obrigada ao pagamento dos créditos tributários Fl. 3165DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 33 24 lavrados nos autos de infração contidos no processo administrativo fiscal n° 10925.722626/2014325. Ainda que tenha sido citado no Termo de Sujeição Passiva Solidária, referente ao Sr. Gilmar Natalino de Costa, os artigos 124 e 135 do CTN, esclarecemos que cada um desses artigos – isoladamente – ampara a aplicação da Sujeição Passiva Solidária ao SócioAdministrador. Ou seja, foi citado no referido Termo mais de um motivo (ou dispositivo legal) para amparar a sujeição passiva solidária, mas ressaltamos que cada dispositivo legal (art. 124 ou o art. 135 do CTN),. ainda que aplicado isoladamente, seria suficiente para amparar a referida sujeição passiva solidária, pelo que bastaria, portanto, por exemplo, considerar apenas o art. 124 (e mais especificamente o seu inciso I, considerando o interesse comum existente) para fins de embasar o Termo de Sujeição Passiva para o Sócio Administrador”. ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS Finalmente, com supedâneo na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, arts. 64 e 64A, e na IN RFB nº 1.171, de 7 de julho de 2011, art. 6º (crédito tributário maior que 30% do patrimônio conhecido e superior a R$ 2.000.000,00), foram formalizados processos de arrolamento de bens da pessoa jurídica (processo nº 10925.722629/201369) e da pessoas física (sócioadministrador da empresa) e respectivo cônjuge (processo nº 10925.722650/201364). CIÊNCIA E IMPUGNAÇÃO A empresa tomou ciência da exação em 07/01/2014, por intermédio do representante legal (diretor). Em 06/02/2014, insubmissa, a contribuinte apresentou a impugnação às fls. 1.803/1.912, subscrita pelos patronos da pessoa jurídica qualificados nas procurações às fls. 1.922/2.116, em que resume os pontos principais da autuação, faz alusão a outros processos administrativos fiscais sobre a mesma matéria e aduz, as seguintes razões de defesa acerca da imposição fiscal em tela, conforme resumo elaborado pela própria impugnante: “a) Indevida desconsideração dos efeitos da cisão/incorporação – as alegações do Fisco são teratológicas e negam o óbvio: o estabelecimento industrial (situado à Av. Mar. Castelo Branco) sempre foi o mesmo, tendo apenas transposto a INCORPORADORA (CNPJ nº 12.679.101/00010). Com a operação societária, a “Bebidas Florete Ltda.” sucedeu o estabelecimento fabril em todos os direitos e obrigações (estoques, bens, produtos, funcionários, inclusive nos registros, enquadramentos de produtos e selos de controle de bebidas). A alteração do registro perante o CNPJ é requisito cadastral irrelevante à solução da presente contenda, pois a inscrição serve como mero número identificador de cadastro, que não confere personalidade jurídica a uma entidade e não tem o condão de criar ou modificar relações jurídicas (arts. 985 e 1.142 do CC/2002, Consulta Fiscal da RFB n° 225/2012, AC n° 2006.83.00.0026908 do TRF da 5ª e Resp n° 242.721/SC, no STJ). Pelo que, as condutas da empresa autuante não se Fl. 3166DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 34 25 amoldam aos tipos infracionais elencados pela Administração Fazendária: c) Inocorrência da Infração 0002 (Auto de Infração de IPI): a autoridade fiscalizadora entende que equivale à venda de produtos sem selo a saída de produto utilizando selagem “adquirida de terceiros”. Todavia, não houve na hipótese vertente “posse, recebimento ou aquisição de selos de controle de terceiro”, mas, face à incorporação, utilização pelo estabelecimento de seus próprios selos (bens corpóreos) legítimos (procedimento respaldado pela legislação de regência). O estabelecimento produtor fiscalizado (situado à Av. Mar. Castelo Branco) sempre foi o titular e o detentor de legitimidade para possuir e utilizar os selos, mesmo em face dos efeitos da cisão. Pelo que, com fulcro nos selos referidos e nas notas fiscais emitidas, todo valor devido a título de IPI foi devida e tempestivamente pago pela empresa Impugnante. Inclusive, após o procedimento de cisão/incorporação, a Impugnante espontaneamente devolveu à Receita Federal do Brasil o montante de Selos de Controle soltos que havia sucedido na incorporação do estabelecimento industrial da Av. Mar. Castelo Branco e não havia aplicado em produtos (sucedidos ou produzidos no instante seguinte à cisão), circunstância que denota a boafé da empresa; II. Inocorrência da Infração 0001 (Auto de Infração de IPI): o Auditor Autuante desconsiderou indevidamente o enquadramento concedido aos produtos do estabelecimento sucedido (Av. Marechal Castelo Branco), para fins de tributação do IPI. O pedido de enquadramento, nos moldes do art. 210, § 8° do Regulamento do IPI (Dec. N° 7.212/2010), deve ser formulado (e endereçado ao Ministério da Fazenda) sempre que houver a confecção de novos produtos, nunca antes objeto dessa classificação. Enquanto o Ministro da Fazenda não expedir Ato Declaratório determinando a pertinente categorização, a tributação do IPI deve se dar segundo o “enquadramento provisório” do art. 209 do Decreto n° 7.212/2010, calculado segundo a maior classe de valores. Não é o caso dos autos: com o procedimento de cisão/incorporação não houve modificação do estabelecimento industrial e dos produtos fabricados, que já estavam devidamente enquadrados em suas respectivas classes (tanto é que com a superveniência do Ato Declaratório o número de cadastro do estabelecimento fabril e a classe dos produtos comercializados permaneceram inalterados). No caso, bastava simples alteração cadastral, desnecessário novo pedido. O novo pedido foi feito por indução da própria Autoridade Fiscal b) Indevida conclusão de “excesso no estoque físico de selos”, representado pelos selos adquiridos pela Bebidas Florete Ltda. com o Registro Especial que identificava o estabelecimento da Av. Mar. Castelo Branco como a ela vinculado (CNPJ n° 12.679.101/000110), concedido à Impugnante em junho/2011 (ADE n° 62/2011). Além de glosar aqueles supostamente recebidos de terceiros (sucedidos integralmente pela Impugnante com a incorporação), incluiu no cálculo para apuração de Fl. 3167DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 35 26 eventual “excesso de estoque” aqueles que reputou explicitamente como aquisição legal e correta. Esses últimos selos referiamse a vendas futuras, que aguardavam o engarrafamento das respectivas bebidas. c) Indevida cobrança de valores que não compõem a base de cálculo do IPI, como é o caso das bonificações (que não contribuem para a formação do preço da operação); d) Erro na apuração do imposto supostamente devido e nulidade do lançamento: mesmo que houvesse algum valor a título de IPI a ser exigido da Impugnante, não merece prosperar o lançamento fiscal na forma como se apresenta, ante a ausência de aplicação da redução prevista no art. 210, § 3° do Decreto n° 7.212/2010 (RIPI/2010) e no art. 9°, I e II da IN/RFB nº 866/2008 para as aguardentes de cana e vinhos comuns; e) Dúplice apenamento da mesma “infração”: o Auditor Fiscal penaliza duas vezes a Impugnante pela conjecturada prática da seguinte infração: efetuar “saída de bebidas sem estarem seladas, caracterizadas por excesso verificado no estoque físico de selos de controle” (Infração 0002 do Auto de IPI e Infração 0001 do Auto de Outras Multas Administradas pela RFB). f) Inexigibilidade das multas qualificadas e violação à vedação do confisco: além de aplicar penalidade qualificada (150%) sem que se comprovasse, no caso concreto, a ocorrência das infrações e das situações qualificadoras (atos fraudulentos, de sonegação ou falsificação documental), a autoridade fazendária exige multas aviltantes e confiscatórias, aplicadas justamente com o propósito de suplantar o patrimônio da empresa e atingir a esfera patrimonial dos sócios. O ultraje e a desproporção fazendárias são evidentes: mais de 76% da importância integral da exigência fiscal (R$ 4.515.636,36) corresponde às multas impostas, que totalizam o montante de R$ 3.526.509,58. g) Improcedência da responsabilidade tributária solidária automática e imotivadamente imputada ao sócio diretor da empresa Impugnante, Sr. Gilmar Natalino Nery De Costa: primeiramente, é preciso ter em mente que o art. 135 do CTN é inaplicável às exigências de multas punitivas, que não se transferem a terceiros por solidariedade, sendo exigível tão somente do sujeito ativo do ato infracional. De todo modo, o Fiscal não comprovou (porque de fato não ocorreram) quaisquer atos praticados dolosamente pelo sócio administrador em excesso de poder, infração à lei ou ao contrato social que pudesse ensejar sua responsabilização (pelo suposto imposto calculado) nos termos do art. 135 do CTN. Ademais, o STJ e o STF possuem entendimento consolidado no sentido de que a responsabilidade do art. 135 do CTN é subsidiária, pessoal e indireta: requer estrito enquadramento ao tipo legal (Rext/STF n° 562.276/PR, Súmula/STJ n° 430, Repetitivo/STJ n° 1.101.728/SP, Embargos de Divergência no Resp n° 174.532/PR)”. Fl. 3168DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 36 27 Por derradeiro, requerem os impugnantes que a impugnação seja julgada procedente, com o cancelamento do auto de infração, em face da argumentação aduzida; que seja anulado e extinto o Termo de Sujeição Passiva Solidária; e que, em prol dos princípios da ampla defesa, efetividade e economia processual, quaisquer intimações sejam lavradas em nome do subscritor da impugnação, mandatário do sujeito passivo, por via postal ou pessoalmente, no endereço constante do mandato." A impugnação foi julgada improcedente e o crédito tributário lançado foi integralmente mantido. O Acórdão n° 1452.519, de 30 de julho de 2014, foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 SUCESSÃO EMPRESARIAL. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS. REGISTRO ESPECIAL. ENQUADRAMENTO EM CLASSES DE VALORES. SELOS DE CONTROLE ADQUIRIDOS DIRETAMENTE DA RFB. Se houver sucessão empresarial, como cisão e incorporação, com alteração de número de inscrição de CNPJ, ainda que o endereço continue o mesmo, é o caso de estabelecimentos distintos, nos termos do princípio da autonomia de estabelecimentos; o estabelecimento sucessor deve providenciar a inscrição no registro especial para atividade de industrialização de bebidas alcoólicas, o enquadramento correto nas classes de valores previstas na legislação, sendo os produtos também sujeitos a selos de controle próprios, ou seja, adquiridos diretamente da repartição fiscal de jurisdição. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO. BEBIDAS ALCOÓLICAS. ENQUADRAMENTO DE CLASSE DE VALORES INCORRETO. Cobrase o imposto devido se o sujeito passivo deixar de aplicar enquadramento provisório de classes de valores nas saídas de bebidas do estabelecimento industrial, antes ou depois da concessão de registro especial específico. MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS. DOLO. Infligese a penalidade pecuniária duplicada (150%) em relação ao patamar básico, presentes uma ou mais circunstâncias qualificativas previstas na legislação, como a sonegação e a fraude, indicadoras da existência de dolo na atuação do sujeito passivo. FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO. SELOS DE CONTROLE. EXCESSO NO ESTOQUE FÍSICO. SAÍDAS DE BEBIDAS ALCOÓLICAS SEM SELO. SAÍDAS À MARGEM DA ESCRITURAÇÃO FISCAL. Fl. 3169DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 37 28 Cobrase o imposto não lançado nas saídas de bebidas alcoólicas sem selo de controle, decorrente do excesso de selos na aferição do respectivo estoque físico, o que corresponde à saída de produtos sem a emissão de notas fiscais. MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS. DOLO. EXCESSO NO ESTOQUE FÍSICO DE SELOS DE CONTROLE PRÓPRIOS. Das saídas de bebidas alcoólicas sem selo de controle e sem a emissão de notas fiscais, em virtude do excesso de selos de controle próprios (adquiridos regularmente na repartição fiscal) no respectivo estoque físico auditado, decorre a inflição da penalidade pecuniária duplicada (150%) em relação ao patamar básico, presentes uma ou mais circunstâncias qualificativas previstas na legislação, como a sonegação e a fraude, indicadoras da existência de dolo na atuação do sujeito passivo. MULTA REGULAMENTAR. POSSE DE SELOS DE CONTROLE ADQUIRIDOS DE TERCEIROS. EXCESSO DE SELOS DE CONTROLE PRÓPRIOS NO ESTOQUE FÍSICO AUDITADO. É infligida a multa regulamentar, consoante cominação legal, se o sujeito passivo for pilhado na posse de selos de controle de terceiros e se for constatado, em determinada data, o excesso na auditoria do estoque físico de selos de controle próprios, ou seja, adquiridos regularmente pelo sujeito passivo. CUMULAÇÃO DE PENAS. PREVISÃO LEGAL. Sendo infrações distintas, há previsão legal para a imposição concomitante de duas sanções pelos atos ilícitos tributários, no caso, a multa de ofício e a multa regulamentar. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. A vedação ao confisco pela Constituição Federal, assim como a necessidade de observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu, sendo o princípio da estrita legalidade o paradigma de atuação no âmbito da Administração Tributária. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PRESENÇA DE INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO FÁTICA. PRÁTICA DE INFRAÇÃO DE LEI. Há sujeição passiva solidária se estiver configurado que as pessoas, jurídica e física, no caso, possuam interesse comum na situação que consubstancie o fato gerador da obrigação Fl. 3170DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 38 29 tributária principal; além disso, sendo a pessoa física sócio administrador da empresa, que esta tenha praticado infração de lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 INTIMAÇÕES. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. As intimações, para ciência, devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte e o responsável solidário, em peça única, interpuseram recurso voluntário, em que, basicamente, repetem os argumentos contidos na impugnação, os quais foram sumariados pelo relator da decisão de primeira instância e acima transcritos. Adicionalmente, carrearam aos autos documento, por meio do qual noticiam que a 3° Turma Ordinária, da 4° Câmara, da 3° Seção, em sessão do dia 29 de janeiro de 2015, proferiu o Acórdão n° 3403003.534, em processo que, em seu entender, tem teor idêntico ao presente, dando provimento parcial ao recurso voluntário. Citada contenda envolveu a empresa Vinhos Duelo Ltda., que vem a ser uma das pessoas jurídicas constituídas com versão de patrimônio da Vinhos Duelo Ltda. (após o evento, alterou sua razão social para Bebidas Duelo Ltda.). É o relatório. Fl. 3171DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 39 30 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Foi lavrado auto de infração para a cobrança de (fl. 2): R$ 821.237,48, de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 169.889,30, de juros de mora, R$ 1.231.856,22, de multa de ofício qualificada (150%), e de R$ 2.294.653,36, de multa regulamentar, totalizando R$ 4.515.636,36. Foram identificadas as seguintes infrações (fls. 9 a 16): i) Incorreção no enquadramento fiscal de bebidas, nos meses de abril a julho e outubro de 2011, que gerou insuficiência de pagamento de IPI. ii) Posse ou emprego irregular de selos de controle, o que acarretou na aplicação da multa regulamentar prevista no inciso I do art. 585 do Decreto n° 7.212/2010. iii) Saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle, e, conseqüentemente, sem lançamento do imposto, em razão de excesso no estoque físico de selos de controle verificado em 31 de outubro de 2011. Esta infração é punida com a multa regulamentar prevista no inciso II do art. 585 do RIPI/2010. Foi atribuída responsabilidade solidária ao Sr. Gilmar Natalino de Costa. Com base na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, artigos. 64 e 64A, e na IN RFB nº 1.171, de 7 de julho de 2011, art. 6º (crédito tributário maior que 30% do patrimônio conhecido e superior a R$ 2.000.000,00), foram formalizados processos de arrolamento de bens da pessoa jurídica (processo nº 10925.722629/201369) e da pessoas física (sócioadministrador da empresa) e respectivo cônjuge (processo nº 10925.722650/201364). No relatório, foi apresentado extenso e detalhado relato sobre os fatos e fundamentos que levaram à autuação, bem como as alegações aduzidas pela Recorrente na impugnação, basicamente as mesmas da peça recursal. Em linhas gerais, a autuação é decorrente do fato de o Fisco ter entendido que a sucessão de direitos e deveres, prevista nas legislações societária e civil, não dá amparo à transferência: a) do estoque de selos de controle de IPI existentes no estabelecimento incorporado pela Recorrente, na data do evento; b) do Registro Especial para aquisição de selos; e c) do registro concernente ao enquadramento das bebidas para fins de IPI. Fazse mister, portanto, em primeiro lugar, analisarmos os conceitos jurídicos de cisão, incorporação e sucessão de direitos e obrigações (âmbito societário) e algumas implicações legais, notadamente no campo tributário. Fl. 3172DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 40 31 I) CISÃO, COM VERSÃO DE PATRIMÔNIO EM OUTRA PESSOA JURÍDICA SUCESSÃO UNIVERSAL Até 28/03/2011, a empresa Vinhos Duelo Ltda. possuía três estabelecimentos: Matriz (Av. Marechal Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC), Filial 1 (Linha Santo Isidro, Interior, Pinheiro Preto/SC) e Filia 2 (Rodovia Mário Covas, n° 112, Coqueiros, Belém/PA). Naquela data, a Vinhos Duelo Ltda. foi cindida. Continuou operando no estabelecimento em que situavase a Filial 2, sob nova razão social, Bebidas Duelo Ltda.. Os acervos da Matriz e Filial 1, neles compreendidos os bens corpóreos e incorpóreos (ex: estoque de bebidas e selos soltos, imóvel, máquinas e equipamentos, registros em órgãos públicos, marcas, fundo de comércio etc.) foram vertidos, respectivamente, em duas empresas preexistentes: a Bebidas Florete Ltda. (Recorrente) e a Vinhos Duelo do Sul Ltda.. Tais alterações encontramse nos atos societários que suportam as operações, notadamente nos itens 14.02 e 15 do "Protocolo de Intenção da Cisão Parcial da Empresa Vinhos Duelo Ltda. e de Absorção do Patrimônio Cindido" (fls. 2.050 e 2.051): (. . .) (. . .)" Destaquese que os atos societários foram registrados na JUCESC, em 28/03/2011 (fls. 1.409 e 1.411 e 1.412), produzindo efeitos contra terceiros, nos termos do inciso I do art. 1° da Lei n° 8.934/1994 (Lei dos Registros Públicos) e art. 1.154 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). Foram também efetuadas as devidas alterações no cadastro da RFB (CNPJ), com a concessão de novo registro para o estabelecimento. Fl. 3173DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 41 32 Os efeitos societários e patrimoniais da cisão, com incorporação de patrimônio em sociedade preexistente, estão previstos nos artigos 227 e 229 da Lei n° 6.404/1976 e 1.116 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). Lei n° 6.404/1976 Cisão Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindose a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindose o seu capital, se parcial a versão. § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. (. . .) § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227). (. . .)" "Incorporação Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (. . .) Código Civil "Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprovála, na forma estabelecida para os respectivos tipos." (g.n.)" Segundo a Professora Maria Helena Diniz (Dicionário Jurídico, 2° Ed. São Paulo, 2005, volume 4, página 549), por sucessão, entendese "(. . .) 3. Na linguagem jurídica: (. . .) b) sequência de pessoas que se substituem; c) seguimento; (. . .) g) substituição; (. . .). Direito Comercial: (. . .) b) efeito produzido pelas operações de incorporação, fusão ou cisão, em que direitos e obrigações relativos a um produto ou conjunto do produtos são transferidos, em caráter singular ou universal, de uma pessoa jurídica para outra. (g.n.)" Fl. 3174DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 42 33 De posse do conceito jurídico de sucessão, é possível então interpretar os artigos da Lei n° 6.404/1976, acima reproduzidos. Em uma operação de cisão, com incorporação do patrimônio cindido por outra pessoa jurídica, a sociedade receptora do acervo vertido substitui a sociedade cindida na condição de titular dos direitos e obrigações relacionados ao patrimônio transferido. Não resta dúvida de que o instituto da sucessão não se confunde com o da compra e venda, previsto em outro dispositivo legal (art. 481 do Código Civil). É provável que, antes da partilha do acervo, entre os sócios, tenha havido operações de compra e venda de quotas de capital, para que cada um passasse a deter o número de quotas de capital representativo do patrimônio que seria vertido para sua empresa. Mas, de forma, alguma, houve venda de ativos da empresa, tais como, de imóveis, estoques, selos soltos, máquinas e equipamentos etc.. Perscrutamos o conceito jurídico de sucessão, posto que, como fruto das aludidas operações societárias, a Recorrente sucedeu a sociedade cindida em "direitos e obrigações". E o que nos importa neste segundo momento é a abrangência do significado do vocábulo "direitos", de acordo com a legislação societária e o Código Civil. Quando a Lei n° 6.404/1976 fala em "direitos", referese a bens corpóreos e incorpóreos, a saber: " Lei n° 6.404/1976 Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; (. . .) IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (. . .) VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) (. . .) (g.n.)" Consta nos atos societários (vide excerto acima reproduzido) que foi vertido para a Recorrente o estabelecimento localizado na Av. Mar Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC, nele compreendidos todos os direitos e obrigações correlatas. O conceito de estabelecimento encontrase no art. 1.142 do Código Civil: Fl. 3175DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 43 34 "Art. 1.142. Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária." Segundo a doutrina contemporânea, estabelecimento é sinônimo de fundo de comércio. E a amplitude deste conceito merece redobrada atenção desta Turma. A obra "Código Civil Comentado" (página 1.1165, 6° Ed., São Paulo: Saraiva, 2008) elaborada sob a coordenação da Professora Regina Beatriz Tavares da Silva, traz o seguinte comentário acerca do art. 1.142 do Código Civil: "Elogiável a distinção a que procedeu o Código entre empresa e estabelecimento, mostrando que este corriqueiramente designado por fundo de comércio nada mais é do que a projeção patrimonial daquela, constituindo um conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos, unidos pela vontade e determinação de seu titular que é o empresário." Sobre fundo de comércio, novamente recorro àquela obra da Professora Maria Helena Diniz (volume 2, páginas 719 e 720): "(. . .) 3. Conjunto de direitos e bens mobiliários (clientela, nome empresarial, insígnia, patente de invenção, marca de fábrica, mercadorias etc.) pertencentes ao empresário e à sociedade empresária, que lhe possibilita realizar suas atividades econômicas organizadas, voltadas à produção ou circulação de bens e serviços. (. . .)." Por fim, vejamos ainda precedente do Superior Tribunal de Justiça (STJ): "ADMINISTRATIVO DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA INDENIZAÇÃO FUNDO DE COMÉRCIO JUROS COMPENSATÓRIOS JUROS MORATÓRIOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A jurisprudência desta Corte consolidouse no sentido de incluir na indenização de empresa expropriada o valor do fundo de comércio. 2. O fundo de comércio é considerado patrimônio incorpóreo, sendo composto de bens como nome comercial, ponto comercial e aviamento, entendendose como tal a aptidão que tem a empresa de produzir lucros. 3. A empresa que esteja temporariamente paralisada ou com problemas fiscais, tal como intervenção estatal, não está despida do seu patrimônio incorpóreo, o qual oscila de valor, a depender do estágio de sua credibilidade no mercado. Situação devidamente sopesada pelo Tribunal de origem que adotou o arbitramento feito pelo perito, estimando o fundo de comércio em 1/3 (um terço) do patrimônio líquido ajustado a 31/05/1985. (...) 7. Recurso especial da União provido em parte." (REsp 704726/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/2005, DJ 06/03/2006, p. 329) (grifos nossos) .)" Fl. 3176DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 44 35 Pelas legislações societária e civil e os precedente e doutrina reunidos, temos que estabelecimento, ou fundo de comércio, é conjunto dos ativos corpóreos (imóvel, estoques e tributos a compensar relacionados, máquinas e equipamentos etc.) e incorpóreos (marcas, licenças, registros nas autoridades competentes etc.) necessários à consecução dos objetivos sociais e obtenção de lucro. Em princípio, todos os elementos essenciais ao desenvolvimento das atividades produtivas. Em síntese, até este ponto, temos que, em operações de cisão, com versão de patrimônio em outra pessoa jurídica, esta última sucede, ou melhor, substitui a sociedade cindida na condição de titular dos direitos e obrigações relacionados ao patrimônio vertido. E, por direitos, entendamos como todos os bens corpóreos e incorpóreos necessários à manutenção das atividades produtivas do estabelecimento transferido, fonte produtora de receitas. E como estes conceitos são aplicados, no âmbito tributário? Cumpre reproduzir o art. 109 do CTN: " Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários." Sobre o artigo 109 acima transcrito, comentou o Professor Ruy Barbosa Nogueira (Curso de Direito Tributário, 4° Ed., Ed. Saraiva, 1995, página 104): "(. . .) quando as categorias de Direito Privado estejam apenas referidas na lei tributária, o intérprete há de ingressar no Direito Privado para bem compreendêlas, porque neste caso elas continuam sendo institutos, conceitos e formas de puro Direito Privado, porque não foram alteradas pelo Direito Tributário, mas incorporadas sem alteração e portanto vinculantes dentro deste." O Direito Tributário é silente, no que tange à sucessão de "direitos", em casos de incorporação, fusão e cisão. No art. 132 do CTN, dispõe exclusivamente sobre a sucessão de tributos devidos. Portanto, podemos desde já concluir que o conceito de sucessão de "direitos e obrigações", presente na legislação societária e no Código Civil, são plenamente aplicáveis no campo do direito tributário. A título ilustrativo, vale mencionar a Solução de Consulta Disit/SRRF08 nº102, de 23 de abril de 2012, em que o Fisco admite que a sucessora compense ativo representativo de tributos pagos a maior pela sucedida, mencionando, inclusive, como um de seus fundamentos, os artigos 227 e 229 da lei n° 6.404/1976, acima transcritos: " Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário SUCESSÃO POR CISÃO PARCIAL SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS A MAIOR OU INDEVIDOS. Não há qualquer óbice ao aproveitamento dos créditos decorrentes de pagamentos a maior ou indevidos de titularidade da sucedida através de compensação, pela sucessora, de quaisquer débitos próprios relativos a tributos administrados por esta RFB, excetuadas as contribuições previdenciárias e as contribuições recolhidas para Fl. 3177DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 45 36 outras entidades ou fundo, ressalvada, porém, a hipótese de inexistência de outro propósito negocial além da economia tributária. Dispositivos Legais: Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, arts. 227 e 229; Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 165, inciso I e art. 170; Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 74; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, arts. 2º. inciso I, 3º., § 8º. e 34" E, por meio do Solução de Consulta Cosit nº 62, de 21 de fevereiro de 2014, também reconhece a amplitude do conceito de "direitos" acima explanada. Permite a transferência de titularidade de projeto aprovado, para fruição de benefícios fiscais, da sucedida para a sucessora. E, igualmente crucial para a presente contenda, confere caráter meramente declaratório aos atos da RFB que formalizam a transferência de titularidade do projeto, ao reconhecer que os efeitos do reconhecimento retroagem à data do requerimento: "ASSUNTO: Normas de administração Tributária EMENTA: REPENEC. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE DO PROJETO POR INCORPORAÇÃO. HABILITAÇÃO E CO HABILITAÇÃO. VALIDADE DOS ADEs. O benefício fiscal do REPENEC pode ser transferido por sucessão, em virtude de incorporação do projeto habilitado, mediante requerimento à Delegacia da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o estabelecimento matriz, desde que observados os limites e as condições fixados na legislação. O Ato Declaratório Executivo (ADE) emitido à pessoa jurídica objeto de incorporação deve ser alterado a fim de fazer constar como beneficiário a sociedade incorporadora. Os ADEs de co habilitação permanecem válidos, devendo essa informação ser consignada no ADE de transferência do regime por sucessão. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 11.434, de 2006, IN RFB nº 1.074, de 2010 ASSUNTO: Normas gerais de direito tributário EMENTA: REGISTRO DOS ATOS CONSTITUTIVOS. VALIDADE. EFEITO RETROATIVO. Os efeitos do registro dos atos constitutivos da empresa retroagem à data de assinatura dos atos, observado o prazo de apresentação estabelecido pelo artigo 36 da Lei nº 8.934, de 1994. Encerro o tópico, reiterando que, a meu ver, o conceito de "sucessão de direitos", extraído do Direito Privado, emanado dos dispositivos da legislação societária e do Código Civil anteriormente mencionados, devem ser adotados no âmbito do direito tributário. II) "INFRAÇÃO N° 1: IPI NÃO LANÇADO BEBIDA DA LEI N° 7;798/1989 / SAÍDA DE PRODUTO SEM LANÇAMENTO DE IPI INOBSERVÂNCIA DE ALÍQUOTA ESPECÍFICA DE IPI" (FLS 9 A 12) Fl. 3178DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 46 37 Nos meses de abril a junho e outubro de 2011, foram vendidas bebidas alcoólicas, com adoção do enquadramento fiscal que havia sido conferido aos produtos, quando produzidos pela empresa Vinhos Duelo Ltda. empresa sucedida, da qual foi vertido o patrimônio com o qual foi constituída a Recorrente, Bebidas Florete Ltda.. Segundo a autuante, a sucessão prevista na legislação societária e no Código Civil não abrange o enquadramento de bebidas alcoólicas, para fins de IPI. Entende que, após a cisão, surgiu um estabelecimento distinto, com novo CNPJ e obrigatoriedade de obter novo enquadramento. Naquele período, o contribuinte ainda não possuía Ato Declaratório Executivo (ADE) específico, deferindo o enquadramento fiscal de seus produtos, o que somente ocorreu com a publicação do ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, que produziu efeitos a partir de 16/7/2011. Com efeito, mesmo após a edição daquele ato, foram identificadas diferenças de IPI no mês de outubro de 2001, relativas a produtos que não haviam sido incluídos no citado ADE/DRF/JOA n° 70/2011. De acordo com o § 8° do art. 209 do Decreto n° 7.212/2010 RIPI/2010, enquanto não editado ato do Ministério da Fazenda, deve ser adotado enquadramento provisório, na maior classe de valores, observadas as classes por tamanho do recipiente. Assim, apurou diferenças de IPI, que foram lançadas com acréscimo de multa de ofício qualificada (150%) e juros Selic. A DRJ corroborou os argumentos da DRF. Por seu turno, a Recorrente sustenta, em síntese, que: poderia utilizar o enquadramento outrora concedido à empresa Vinhos Duelo Ltda., pois a sucedeu em direitos e obrigações, por força da cisão daquela empresa, seguida de incorporação de parte de seu patrimônio pela Recorrente; não houve interrupção das atividades do estabelecimento transferido pelos eventos de cisão e incorporação de patrimônio; não obstante o citado no item anterior, por cautela, em maio de 2011, requereu à RFB que fosse publicado novo ADE, com o enquadramento de seus produtos o que, apesar de sua insistência, somente teria ocorrido em 01/07/2011, com produção de efeitos a partir de 16/07/2011; em relação ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, com efeitos a partir de 16/07/2011, destaca que, caso fosse necessário novo enquadramento, apenas oito produtos tiveram seus enquadramentos modificados e, deste grupo, apenas um é tributado pelo IPI, o que geraria uma diferença irrisória de IPI não recolhido (R$ 381,60); a própria decisão recorrida reconhece que os novos enquadramentos baixados pelo ADE/DRF/JOA n° 70 eram iguais aos anteriormente válidos para a aempresa cindida; os artigos 209 e 210 do RIPI/2010 exigem novo enquadramento para produtos novos, o que não foi o caso; e Fl. 3179DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 47 38 apesar de considerar legítima a aquisição de bens selados, aplicou o enquadramento provisório para as bebidas seladas, recebidas da cindida (17.300 caixas). A meu ver, a incorporação do estabelecimento localizado na Av. Mar Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC pela Recorrente deve ser vista de um modo muito mais abrangente do que uma simples integração de um estabelecimento e seus bens corpóreos. Os sócios decidiram cindir o negócio de indústria e comércio de bebidas alcoólicas que era desenvolvido pela Vinhos Duelo Ltda. em três novos negócios. E quando digo negócio, refirome a todos os direitos e obrigações relacionados a cada uma das três partes em que se dividiu, e, notadamente, ao fundo de comércio. E, como já expus, entendo como fundo de comércio todos os bens corpóreos e incorpóreos, tudo aquilo que era necessário para que o negócio continuasse a operar normalmente. Incluise, portanto, não somente o imóvel e os estoques, máquinas e equipamentos, porém também todos os registros necessários ao seu regular funcionamento. E, dentre eles, o registro das bebidas outrora obtido na RFB, que declara seu enquadramento para fins de IPI. Observese que tal registro determina o valor do IPI, que é adicionado ao preço. Impacta de forma determinante os negócios. Não poderia a Recorrente, durante o período entre o pedido de alteração e a concessão do novo registro, simplesmente, alterar o preço tradicionalmente praticado com os clientes, por uma mera formalidade fiscal. Qual seria a implicação disto para os negócios? Perda de mercado, talvez. Ou a sugestão alternativa seria a de, temporariamente, parar de vender? E os compromissos com fornecedores, clientes, empregados e o próprio Fisco? Não se está aqui declarando a desnecessidade da alteração cadastral, a qual, com efeito, foi requerida e obtida pelo contribuinte. Estáse, tão somente, colocandoa em um plano inferior ao da continuidade plena do empreendimento. E dando ao novo registro obtido uma conotação declaratória e não constitutiva. Por fim, chamo a atenção dos Conselheiros para decisão de grande relevância para o presente caso. A discussão é idêntica e envolve a empresa Vinhos Duelo Ltda. (antiga Vinhos Duelo do Sul Ltda.), uma das sociedades constituídas como resultado da cisão da Vinhos Duelo Ltda.. Tratase do Acórdão n° 3403003.354, proferido em sessão de 29 de janeiro de 2015, em que por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário, no que concerne à utilização pela sucessora do enquadramento para fins de IPI outrora concedido para a sucedida. Até a conclusão do presente voto, constava do sítio virtual do CARF que o processo ainda se encontra nesta corte administrativa, pendente julgamento de embargos de declaração. Reproduzo a parte da ementa que interessa para o presente tópico: "ENQUADRAMENTO DE PRODUTOS. ADE. CISÃO. INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO. O contribuinte que incorpora parte do patrimônio vertido em decorrência de processo de cisão, sem interrupção do processo de industrialização dos mesmos produtos, tem assegurado o Fl. 3180DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 48 39 direito de uso do enquadramento dos produtos concedidos ao estabelecimento da empresa cindida, desde que não haja modificação do preço dos produtos, não se tratando de hipótese para utilização do enquadramento provisório." Com base no acima exposto, concluo, votando pelo cancelamento do crédito tributário lançado de ofício, relativo à diferença de IPI existente entre os valores constantes das Classes de valores adotadas pela Recorrente, presentes do registro originalmente concedido à sociedade cindida e depois ratificado pelo próprio Fisco, quando da concessão do registro em nome da Recorrente, e os adotados pela autuante, que eram os valores máximos da tabela. III) NECESSIDADE DE OBTENÇÃO DE NOVO REGISTRO ESPECIAL e LEGITIMIDADE DOS SELOS TRANSFERIDOS OU ADQUIRIDOS DA EMPRESA SUCEDIDA Em 28/03/2011, 430.321 selos de controle foram transferidos para a Recorrente, por força das comentadas operações societárias. Nos meses de abril a junho de 2011, outros 400.000 foram adquiridos em repartição da RFB, porém com uso do Registro Especial da sucedida, Vinhos Duelo Ltda., totalizando 830.321. Em 29/10/2010 foi requerido pela Recorrente novo Registro Especial, o qual somente foi concedido em 03/06/2011. A partir desta data, passou a adquirir selos em seu próprio nome. Em 27/10/2011, a Recorrente comunicou formalmente possuir estoque de selos que não se encontravam em seu nome, com a intenção de devolvêlos. A RFB considerou que a comunicação fora intempestiva e não mais caberia sua devolução, porém sua apreensão, para destruição. A iniciativa do contribuinte acabou por deflagrar um processo de fiscalização, o qual, entre outras implicações, resultou na destruição de um estoque de 333.712 unidades. A fiscalização alegou que cada estabelecimento é um contribuinte distinto e autônomo. Que o Registro Especial para aquisição de selos é concedido ao estabelecimento. Que, todavia, o estabelecimento não é um mero conjunto de bens, existentes em um endereço. É necessário que esteja vinculado a um pessoa jurídica. Sendo assim, quando há transferência da titularidade do estabelecimento, há necessidade de se requerer novo Registro Especial. Destaca que o Registro Especial não se transfere de uma pessoa jurídica para outra por sucessão, derivada de cisão, seguida de incorporação. Nesta linha, concluiu que os selos transferidos da cindida para a Recorrente (430.357) e os adquiridos em nome daquela pessoa jurídica (400.000) foram comprados irregularmente (art. 315 do RIPI/2010). Foi aplicada a multa regulamentar prevista no inciso II do art. 585 do RIPI, equivalente a R$ 1,00 por selo adquirido irregularmente (total de R$ 830.357,00). Analiso especificamente a cobrança desta multa no tópico seguinte. A obrigatoriedade de obtenção do Registro Especial para funcionamento e aquisição de selos de controle das bebidas alcoólicas produzidas e comercializadas pela Recorrente, classificadas no Capítulo 22 da TIPI, está prevista no art. 284 do RIPI/2010 e nos artigos 2°, 3° e 21 da IN SRF n° 504/2005. Reproduzo este último, abaixo: Fl. 3181DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 49 40 "Art. 2º Os produtores, engarrafadores, cooperativas de produtores, estabelecimentos comerciais atacadistas e importadores dos produtos a que se refere esta Instrução Normativa estão obrigados à inscrição no registro especial instituído pelo art. 1º do Decretolei nº 1.593, de 1977, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, não podendo exercer suas atividades sem prévia satisfação dessa exigência. § 1º A concessão do registro especial darseá por estabelecimento, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, e será específico para: (. . .) Art. 3º O registro especial será concedido pelo Delegado da Delegacia da Receita Federal (DRF) ou da Delegacia da Receita Federal de Fiscalização (Defic), em cuja jurisdição estiver domiciliado o estabelecimento, mediante expedição de Ato Declaratório Executivo (ADE), a requerimento da pessoa jurídica interessada que deverá atender aos seguintes requisitos: (. . .) Art. 21. O fornecimento de selo de controle será condicionado à concessão do registro especial de que trata o art. 2º." (g.n.) No tópico I, discorri longamente acerca dos efeitos da sucessão de bens e direitos, derivadas da cisão da empresa Vinhos Duelo Ltda. e versão de parte de seu patrimônio na Recorrente. Em suma, expus que é sucessora de todos os bens corpóreos e incorpóreos necessários à continuidade das atividades operacionais, neles incluídos, indubitavelmente, por imprescindíveis que eram, os registros obtidos pela sucedida na RFB: enquadramento das bebidas para fins de cálculo do IPI, tratado no item precedente, e o Registro Especial, necessário para a aquisição de selos de controle. Sobre o Registro Especial concedido à Recorrente em 03/06/2011 (ADE DRF/JOA n° 62/2011), assim como o ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, que dispôs sobre o enquadramento fiscal para fins de IPI das bebidas, entendo que teve caráter meramente declaratório e não constitutivo. Portanto, dou provimento às alegações da recorrente, no que concerne à legitimidade da transferência de selos de controle da empresa sucedida e das aquisições destes, com a utilização do Registro Especial que estava em nome daquela sociedade. Como consequência direta do reconhecimento da legitimidade de tais operações, deve ser cancelada a multa regulamentar aplicada, no montante de R$ 830.357,00, que tinha como fundamento o inciso II do art. 508 do RIPI/2010. Não obstante ter decido, em questão idêntica, em sentido oposto ao que acabei de explanar, tenho o dever de remeterme, novamente, ao Acórdão n° 3403003.354, proferido em sessão de 29 de janeiro de 2015. Pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto ao direito à utilização dos selos transferidos da sucedida para a sucessora, a saber (trecho da decisão aplicável ao presente tópico): Fl. 3182DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 50 41 "(. . .) pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto: (. . .) b) ao direito à utilização dos selos transferidos da sucedida para a sucessora.(. . .)" IV) SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE A fiscalização auditou o saldo de selos de controle de 31/10/2011, registrado no Livro de Entradas e Saídas de Selo de Controle. Encontrou saldo negativo, isto é, excesso de selos de controle, de 488.498. Nos termos do art. 300 do RIPI/2010, caracterizase como saída de produtos sem aplicação de selo o excesso de selos de controle. E, com base no art. 301, cobrou IPI sobre as saídas cursadas sem selos de controle, com multa de ofício agravada (150%) e juros Selic. E no inciso I do art. 585, multa regulamentar, igual ao valor comercial dos produtos saídos sem selo de controle, não inferior a R$ 1.000,00. Em sua defesa, a Recorrente aponta erros nos cálculos da fiscalização e conclui que não houve excesso de selos em estoque. Nas fls. 85 a 101, constam os elementos utilizados pelo Fisco. E, com base neles, entendo que assiste razão à Recorrente. Na fl. 90, o agente fiscal detalha o trabalho realizado: Na fl.88, apresenta o seguinte quadro: Fl. 3183DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 51 42 Nas fls 90 a 92, acresce ao saldo negativo de 58.152 a quantidade de selos adquiridos regularmente, no montante de 430.346. Chega, assim, ao excesso de 488.498. No cálculo da fiscalização, verificase duas imperfeições que o fulminam. Nas fls. 86 e 87, consta que o montante de 244.072 (vide tabela acima) consiste no saldo de 03/06/2011 de selos de controle supostamente adquiridos irregularmente. Ora, se se trata de SALDO, então, nele, obviamente, já se encontravam computadas todas as ENTRADAS e saídas de selos irregulares. Portanto, não haveria que se deduzir do saldo escritural de 31/10/2011 (528.097 vide tabela acima) os montantes de 430.321 e 400.000, representativos das ENTRADAS supostamente irregulares de selos. Portanto, o volume de entradas (total de 830.321) foi computado duas vezes no processo de validação. A segunda imperfeição diz respeito às operações com selos consideradas como regulares, pois efetuadas após a obtenção do Registro especial, em 03/06/2011. Agiu corretamente a fiscalização, quando computou as compras regulares, no montante total de 430.346. Entretanto, por outro lado, não computou as baixas, por vendas ocorridas nos meses de junho a outubro de 2011. Na hipótese de não terem sido registradas vendas naquele período, o que pareceme pouco provável, uma vez que a empresa se encontrava em operação, tal informação deveria constar no Relatório Fiscal. Fl. 3184DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 52 43 Por oportuno, registro que a Recorrente, na peça recursal (fl. 3.033), afirma que houve vendas. Com base acima exposto, concluo que houve erro no processo de validação do saldo escritural de selos de controle de 31/10/2011. Portanto, voto por considerar nulos os correspondentes lançamentos do IPI, acrescido de multa de ofício qualificada e juros Selic, no total de R$ 362.638,06, e da multa regulamentar, de R$ 1.464.296,36. V) TRIBUTAÇÃO PELO IPI DE BONIFICAÇÕES Apesar de não ter sido expressamente mencionado no Relatório Fiscal, a Recorrente alega que houve lançamento de ofício de IPI sobre saídas de mercadorias dadas a clientes como bonificação. Explica tratarse, na verdade, de "estratégia comercial para vender mais e superar concorrentes". "Ao invés de ofertar diferença monetária no produto, a Recorrente opta por entregar um número maior de produtos do que aquele pedido pelo cliente, sem cobrar por eles." Nesta linha, aduz que os valores não devem ser tributados pelo IPI "por não integrarem o valor da operação previsto no art. 47 do CTN." Tratavase, portanto, de descontos concedidos, incondicionalmente. E aduz que não o Fisco não poderia ter efetuado tal lançamento, pois haveria discussão judicial sobre o tema, com identidade de objeto e partes, consubstanciada no processo n° 2009.72.03.0002768, distribuído perante a Vara Federal Única da Subseção Judiciária de Joaçaba/SC. O processo estaria sobrestado no TRF 4° Região, aguardando julgamento do tema pelo STF, em sede de repercussão geral. A ação judicial teria sido originalmente proposta pela Vinhos Duelo Ltda., porém, com a cisão, seguida de incorporação, a representação processual teria sido regularizada, passando a Recorrente a ocupar o polo ativo da ação. Citados argumentos foram incluídos na impugnação e rechaçados pela DRJ. Consignou que a aludida ação judicial é de pessoa jurídica diversa, inexistindo identidade entre as partes. No mérito, entende que as bonificações, na verdade, equivalem a descontos, os quais integram valor tributável para fins de IPI (inciso II do caput e § 3° do art. 190 do RIPI/2010). A ação judicial consta dos autos. No pedido realmente consta a discussão em tela. Contudo, não se encontra nos autos despacho, deferindo a transferência do polo ativo da referida ação judicial. Assim, entendo que não haveria fundamento para votar pelo não conhecimento da matéria, por concomitância (Súmula CARF n° 1). Não obstante, é importante mencionar que, em consulta ao sítio virtual do TRF 4° Região, verifiquei que, em 14/04/2015, houve trânsito em julgado de decisão favorável à Vinhos duelo Ltda., em razão de o STF ter declarado inconstitucional a incidência do IPI sobre descontos incondicionais (leading case: RE 567.935). Apesar de não haver evidências documentais de que a Recorrente figura no polo ativo da referida decisão judicial, a decisão do STF, em sede de repercussão geral, deve ser seguida por este colegiado, nos termos do § 2° do art. 53 do RICARF. Fl. 3185DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 53 44 Assim, voto dar provimento ao recurso voluntário, no que concerne à não incidência do IPI sobre as bonificações. CONCLUSÃO Voto pelo provimento do recurso voluntário e exoneração do crédito tributário. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Fl. 3186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.901223/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Exercício: 2006
COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo.
Numero da decisão: 1301-002.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ARRENDAMENTO MERCANTIL) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2006 COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 12 23 /2 00 9- 90 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 191 2 SANTANDER LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL (nova denominação de REAL LEASING S.A. ARRENDAMENTO MERCANTIL), já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito, em parte. Trata o presente processo da declaração de compensação nº 05439.733286.291105.1.3.04.5516, de pagamento de IRPJ, código de receita 2319, relativo a fevereiro de 2005, no valor de R$ 1.188.143,38, com débito de CSLL relativo ao mês de março do mesmo ano calendário. Em 16/02/2009 (fls. 15) foi emitido despacho decisório que não homologou a compensação declarada com base nos seguintes fundamentos: “Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 277.176,97 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (1RPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período.” Reproduzo quadro do despacho decisório em que são demonstradas as características do pagamento utilizado como direito creditório: A contribuinte protocolou manifestação de inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, o seguinte: [...] Em resposta à intimação1 a impugnante alega o seguinte (fls. 41/49): a) Na competência de fevereiro/2005, o cálculo do IRPJ mensal foi efetuado com base no Balanço/Balancete Suspensão ou Redução, conforme DIPJ/2006. b) O que ensejou o recolhimento a maior do DARF foi a ausência do cômputo das exclusões das Provisões com Perdas em Opções para Incentivos Fiscais 1 Diligência determinada pelo Julgador em primeira instância Resolução nº 16.000.306, fls. 30/33. Nota do Relator de segunda instância. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 192 3 (Permanente/Investimento e Adições Temporárias) que foram adicionadas (oferecidas à tributação) no ano calendário de 2004 e 2005, conforme Parte A (págs. 23 e 25 do LALUR). c) De acordo com o LALUR: i) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais IR – conta interna 1886000050047678000761348 – foi adicionada no Lucro Real apurado no ano calendário de 2004, pelo valor de R$ 1.218.635,62 e continuou a ser adicionado em fev/2005, ao invés de ser excluído da apuração mensal do IRPJ (cálculo original); ii) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais – conta interna 213990060065331566529002 – foi escriturado na Parte B do Lalur do ano calendário de 2004 e adicionado e excluído da apuração do IRPJ mensal em fev/2005, pelo valor de R$ 1.230.364,49. d) Juntamos a presente, cópia das Fichas 9 e 12 da DIPJ/2006, apuração da base de cálculo do IRPJ fev/2005 e o balancete CADOC – Bacen 4010 de fev/2005. Assim que o balancete analítico e o Lalur completo do ano calendário 2005 forem emitidos, eles serão juntados ao presente PAF. A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante o Acórdão nº 1653.985, de 02/01/2014 (fls. 128/133), indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Ciente da decisão de primeira instância em 28/01/2014, conforme documento de fl. 138, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário em 11/02/2014 (registro de recepção à fl. 157, razões de recurso às fls. 158/165), mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: No que se refere ao entendimento do acórdão recorrido de que não estaria provada a correção da modificação da base de cálculo da estimativa de IRPJ em fev/2005, a recorrente afirma o valor probatório do balancete de fls. 72/82 dos autos, que seria documento oficial da recorrente, exigido pelo Banco Central do Brasil. Acrescenta que: No presente caso, a receita originada da reversão da provisão de opções por incentivos fiscais, no valor de R$ 1.218.635,62 está devidamente registrado no Balancete CADOC 4010 de Fevereiro/2005 (fls. 72/82 do PAF). Isto porque no Saldo de R$ 522.272,41 da Conta 1.8.8.60.005, como evidencia o Razão Analítico do mês (Fev/2005), é composto por duas movimentações: (i) uma despesa de constituição de provisão, no valor de R$ 1.740.908,03; e (ii) uma receita de reversão da provisão em questão, no valor de R$ 1.218.635,62. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 193 4 Está, portanto, comprovado o registro da receita de R$ 1.218.635,62 em Fev/2005, demonstrandose a regularidade da exclusão desta receita da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mensal (apurados por balanço de suspensão ou redução), visto que já tinha sido tributada pelo IRPJ e CSLL quando adicionadas ao lucro real do anocalendário 2004. A recorrente tem, assim, por comprovado o indébito de R$ 277.176,96 levado à compensação ora discutida. Em adição aos argumentos acima, a recorrente lembra que IRPJ e CSLL pagos mensalmente por estimativa, seja por balanço seja por percentual da receita bruta, são meras antecipações do tributo devido no final do período de apuração anual. E prossegue (grifos no original): No presente caso, embora tenha recolhido uma estimativa de IRPJ (2319) de Fev/2005 no valor de R$ 1.188.143,38 (DARF de fl. 15), a Recorrente informou em sua DIPJ 2006 (AC 2005) ter feito neste mesmo mês um pagamento de apenas R$ 910.866,42 (Ficha 11, linha 12 da Discriminação de Fevereiro – fls. 26 do ePAF). Ao proceder desta forma, reconhecendo expressamente ter realizado um recolhimento a maior a título de estimativa, a Recorrente deixou de computar o recolhimento de R$ 277.176,96 (diferença entre o valor pago e o declarado) no saldo de IRPJ pago no encerramento do anocalendário de 2005 (Linha 12 da Ficha 12B da DIPJ 2006/2005), reduzindo o Saldo Negativo de IRPJ apurado no encerramento do anocalendário. Isto porque a Recorrente, após calcular a base de cálculo mensal (Fev/2005) mediante levantamento de balanço (art. 35 da Lei nº 8.981/95), a Recorrente constatou que não havia excluído da base de cálculo a receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, uma vez que já tinha sido adicionada ao lucro real à época da sua constituição, conforme determina a legislação. [...] Além disso, tanto a DCTF Retificadora/Ativa referente a Fev/2005 quanto o IRPJ apurado no encerramento do AnoCalendário 2005 foram devidamente homologadas pela Receita Federal do Brasil, não havendo o que se falar, neste momento, em comprovação da regularidade da base de cálculo (seja da estimativa mensal seja da base anual) do IRPJ apurado pela Recorrente. No entender da recorrente, a decisão a quo teria contrariado disposições basilares atinentes ao fato gerador e à base de cálculo do IRPJ, considerando que estimativas mensais representariam fatos geradores independentes da apuração anual. Colaciona jurisprudência administrativa no sentido da impossibilidade de lançamento de estimativas após o encerramento do período de apuração. A interessada acrescenta que, na pior das hipóteses (pedido subsidiário), o crédito de R$ 277.176,96 deveria ser acolhido como parte do saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2005, extinguindose por compensação os débitos da DCOMP até o limite do crédito disponível. Em outra linha argumentativa, a recorrente protesta que o acórdão recorrido teria ido além da verificação objetiva da existência do pagamento indevido/a maior, Fl. 193DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 194 5 condicionando a validação da compensação à comprovação dos motivos pelos quais o débito informado na DCTF era inferior ao valor do DARF pago. Ao assim agir, a DRJ teria extrapolado sua competência e invadido a competência da DEINF (lavrar lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte). O acórdão recorrido padeceria de vício insanável, por ter sido praticado por pessoa incompetente. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Gira a lide em torno do alegado direito creditório, a ser utilizado em compensação tributária, no montante de R$ 277.176,96, correspondente à diferença entre o valor recolhido em DARF (R$ 1.188.143,38, fl. 17) e o valor da estimativa mensal de IRPJ do mês de fevereiro de 2005. Sustenta a recorrente que o valor correto da estimativa seria R$ 910.866,42. Por outro lado, o total originalmente declarado em DCTF foi de exatos R$ 1.188.143,38, posteriormente retificado para R$ 910.866,42. A questão em discussão, como se vê, é qual seria o correto valor da estimativa de IRPJ de fevereiro de 2005. Inicialmente, foi negada homologação à compensação declarada, ao fundamento de que estimativas somente poderiam ser objeto de aproveitamento ao final do anocalendário, por ocasião do ajuste anual. Não se procedeu, naquele momento, a qualquer análise mais aprofundada do direito creditório, sendo a preliminar suficiente para a decisão então tomada. Essa preliminar foi superada já em primeira instância. A questão é atualmente pacífica, tanto no âmbito da Receita Federal quanto neste CARF, cabendo lembrar a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Nesta fase processual, não há mais qualquer litígio a esse respeito. No entanto, superada a questão preliminar ainda em primeira instância, a autoridade julgadora a quo avançou na análise do direito creditório, o que entendo correto. O reconhecimento do direito creditório para fins de homologação impõe o exame minucioso por parte da autoridade administrativa, não residindo aí qualquer nulidade. Ao contrário do que sustenta a recorrente, o que o julgador de primeira instância buscou, superada a preliminar, foi a comprovação da alegação de que teria havido erro na apuração da estimativa, a caracterizar pagamento a maior do que o devido. Não se trata, em absoluto, de lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte, em invasão de competência de outro órgão da Receita Federal. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 195 6 A realização de diligência evidenciou a origem da diferença entre o valor do IRPJ originalmente apurado pela contribuinte (R$ 1.188.143,38) e aquele a seguir tido por ela própria como correto (R$ 910.866,42). Tratase, supostamente, da falta de exclusão da receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, anteriormente adicionada ao lucro real à época de sua constituição. Ao descobrir o erro, a contribuinte teria promovido a devida retificação, com a exclusão do valor de R$ 1.218.635,62 da base de cálculo do IRPJ, conduzindo à diferença, para menos, no valor de estimativa a recolher. A decisão de primeira instância considerou insuficientes os documentos até então juntados aos autos, e indeferiu a manifestação de inconformidade. Confirase o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido (fl. 132): As provisões controladas na parte B do Lalur podem ser excluídas do lucro líquido para fins de determinação do lucro real quando forem revertidas contabilmente. Não há prova nos autos de que a provisão constituída (em 2003 ou 2004) tenha sido revertida em fevereiro de 2005. Para demonstrar a reversão da provisão, e consequentemente o registro contábil de uma receita a ser excluída do lucro líquido, bastaria anexar a escrituração contábil e fiscal relativa ao mês de fevereiro de 2005. Somente a escrituração contábil e fiscal é documento hábil a demonstrar a legitimidade da exclusão pretendida pela contribuinte. Em sede recursal, a recorrente reitera a correção de seu procedimento e faz juntar novo balancete, mais detalhado, com o que tem por comprovado o direito creditório pleiteado. Compulsando os autos, encontro, às fls. 83 e segs. cópias do LALUR do ano calendário 2004. À fl. 87, correspondente à parte A do Lalur, ajustes de dez/2004, verificase uma adição no valor de R$ 1.218.635,62, com o histórico Provisão p/ Perdas Opções Inc. Fiscais Ir relativo ao Ano Calendário de 2004, lançado na conta cosif/conta interna/item 188600050047678000761348. Ainda na parte A, à fl. 89 essa adição integra a apuração do lucro real em dez/2004. À fl. 106 encontro a folha correspondente da parte B, evidenciando que uma parte (R$ 106.699,07) do montante adicionado veio de 2003 e uma outra parte R$ 1.123.665,42) veio de 2004. O balancete geral de dez/2004 (fls. 114 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Não obstante, ainda que não tenha sido localizada nos autos a comprovação de que esse valor tenha constituído uma despesa no anocalendário 2004, admitase que se trate de despesa com provisão indedutível adicionada em 2004, quando de sua constituição. Alega a recorrente, desde a manifestação de inconformidade, que a provisão teria sido revertida contabilmente em fevereiro/2005. Essa reversão contábil implicaria um lançamento a crédito do resultado (receita), que poderia nesse momento ser excluído para fins de apuração do lucro real. O balancete geral de fev/2005 (fls. 72 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, não traz qualquer modificação em comparação com o balancete de dez/2004, Fl. 195DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 196 7 anteriormente mencionado: apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Foi diante disso que o julgador a quo considerou esses documentos insuficientes a comprovar a reversão contábil da provisão em questão. Esclareçase que não se tratou de negar fé a esse balancete, como parece ter compreendido a recorrente, mas sim de sua imprestabilidade para os fins propostos. Com o recurso voluntário, a interessada junta (fls. 179 e segs.) um balancete mais detalhado para o mês de fevereiro/2005, contendo saldo inicial, total de débitos, total de créditos e saldo final. A recorrente entende que, com isso, seria possível aferir a regularidade da exclusão por ela pretendida. O novo documento, apesar de mais detalhado, não conduz a conclusão diferente daquela esposada pelo julgador de primeira instância. Senão vejamos. À fl. 180, é possível verificar que a conta 1.8.8.60.005 (com o mesmo saldo anterior de R$522.272,41) é composta por duas subcontas, a saber: cód. 761347, que apresenta saldos inicial e final R$1.740.908,03; e cód. 761348, que apresenta saldos inicial e final R$1.218.535,52. A soma algébrica dos saldos das subcontas conduz ao saldo da conta principal. Mas, a exemplo da conta principal, também as duas subcontas apresentam total de débitos e total de créditos no período iguais a zero, ou seja, não há qualquer prova de que tenham sido movimentadas nesse mês. Em particular, não há prova de que tenha sido revertida contabilmente a provisão aqui discutida, cuja contrapartida seria, em tese, a crédito do resultado contábil. Com isso, permanece a impossibilidade de sua exclusão, para fins de apuração da base de cálculo da estimativa de IRPJ no mês de fevereiro. Tendo sido a estimativa de fevereiro de 2005 apurada originalmente (antes das retificações) e paga na forma prevista na legislação pertinente, não se há de reconhecer que a retificação pretendida pela interessada, sem a comprovação de sua regularidade, possa fazer surgir um pretenso indébito por pagamento a maior de estimativa mensal passível de compensação. Finalmente, cumpre acrescentar que não cabe falar em homologação de estimativas nem de DCTF. O que se homologa é o tributo devido ao final do período de apuração. E não há, nestes autos, qualquer notícia acerca do IRPJ apurado ao final do ano calendário 2005, a menos da cópia de algumas fichas da DIPJ, acostadas pela própria interessada às fl. 64/69, nem é aqui que se discute um eventual direito creditório decorrente de saldo negativo apurado naquele ano. Por esse mesmo motivo, o pedido subsidiário da interessada (acolhimento do crédito de R$ 277.176,96 como parte do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2005) se revela impossível de ser atendido. Tal pedido somente faria sentido no processo em que estivesse sendo analisado esse hipotético saldo negativo. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 196DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 197 8 Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002129/2005-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2001
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM
IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. FATO GERADOR.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 – vinculante.)
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO.
Todos os cotilulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009).
Se os cotitulares da conta bancária apresentarem declaração em conjunto, a falta de intimação de um deles não impõe a aplicação da Súmula ou o rateio proporcional dos depósitos lançados entre eles. No caso, mantém-se, na íntegra, o lançamento efetuado contra um dos cotilulares, sob o argumento que a intimação do sujeito passivo autuado aproveitou aos demais cotitulares
que apresentam declaração em conjunto com ele.
DOCUMENTOS HÁBEIS COMPROVAM A ORIGEM DE RENDIMENTOS. EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO.
Depósitos bancários sem identificação podem ser comprovados mediante a apresentação de documentos hábeis que esclareçam sua origem.
Numero da decisão: 2301-004.715
Decisão: acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não reconhecer a decadência do crédito tributário; (b) pelo voto de qualidade, não ser o caso de aplicação da Súmula CARF 29, por tratar-se de caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em conjunto pelo contribuinte e sua cônjuge; vencidos a relatora e os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Amílcar Barca Texeira Júnior e (c) por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora; vencida, na questão, a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira.
Designada para redigir o voto vencedor na questão do item “b” a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira.
J
Nome do relator: GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 – vinculante.) OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. Todos os cotilulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009). Se os cotitulares da conta bancária apresentarem declaração em conjunto, a falta de intimação de um deles não impõe a aplicação da Súmula ou o rateio proporcional dos depósitos lançados entre eles. No caso, mantém-se, na íntegra, o lançamento efetuado contra um dos cotilulares, sob o argumento que a intimação do sujeito passivo autuado aproveitou aos demais cotitulares que apresentam declaração em conjunto com ele. DOCUMENTOS HÁBEIS COMPROVAM A ORIGEM DE RENDIMENTOS. EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO. Depósitos bancários sem identificação podem ser comprovados mediante a apresentação de documentos hábeis que esclareçam sua origem.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-02-01T19:35:09Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Rogério Marcondes com voto vencedor; xmp:CreatorTool: PDFCreator Version 0.9.6; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: 49660381034; dcterms:created: 2017-02-01T19:35:09Z; Last-Modified: 2017-02-01T19:35:09Z; dcterms:modified: 2017-02-01T19:35:09Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Rogério Marcondes com voto vencedor; xmpMM:DocumentID: 0b865a01-eb11-11e6-0000-7b15ed9506d9; Last-Save-Date: 2017-02-01T19:35:09Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDFCreator Version 0.9.6; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2017-02-01T19:35:09Z; meta:save-date: 2017-02-01T19:35:09Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Rogério Marcondes com voto vencedor; modified: 2017-02-01T19:35:09Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: 49660381034; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: 49660381034; meta:author: 49660381034; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-02-01T19:35:09Z; created: 2017-02-01T19:35:09Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2017-02-01T19:35:09Z; pdf:charsPerPage: 1978; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: 49660381034; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-02-01T19:35:09Z | Conteúdo => S2-C3T1 Fl. 2 1 1 S2-C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.002129/2005-94 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301-004.715 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de junho de 2016 Matéria OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrente ROGERIO MARCONDES DE CARVALHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: I MPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 – vinculante.) OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. Todos os cotitulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009). Se os cotilulares da conta bancária apresentarem declaração em conjunto, a falta de intimação de um deles não impõe a aplicação da Súmula ou o rateio proporcional dos depósitos lançados entre eles. No caso, mantém-se, na íntegra, o lançamento efetuado contra um dos cotilulares, sob o argumento que a intimação do sujeito passivo autuado aproveitou aos demais cotitulares que apresentam declaração em conjunto com ele. DOCUMENTOS HÁBEIS COMPROVAM A ORIGEM DE RENDIMENTOS. EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO. Depósitos bancários sem identificação podem ser comprovados mediante a apresentação de documentos hábeis que esclareçam sua origem. Fl. 385DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não reconhecer a decadência do crédito tributário; (b) pelo voto de qualidade, não ser o caso de aplicação da Súmula CARF 29, por tratar-se de caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em conjunto pelo contribuinte e sua cônjuge; vencidos a relatora e os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Amílcar Barca Texeira Júnior e (c) por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora; vencida, na questão, a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira. Designada para redigir o voto vencedor na questão do item “b” a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e redator ad hoc. GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES - Relatora. EDITADO EM: 01/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente). Relatório Em 15/12/2005, foi lavrado o Auto de Infração, MPF n° 0719000/01243/05, na descrição dos fatos e enquadramentos legais, referido procedimento descreve: "Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, efetuamos o presente Lançamento de oficio, nos termos do art. 926 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda 1999), tendo em vista que foram apuradas as infração(6es) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou de investimento, mantida(s) em instituição(ões) financeira(s), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, que é parte integrante deste auto de infração." Fl. 386DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 3 3 Supostos fatos geradores abraçam o período de 31/01/2000 a 31/10/2000. Foram lançadas multas de ofício no percentual de 75% . Para relatório, peço licença e transcrevo partes do relatório da DRJ, verbis: Contra o contribuinte precitado foi lavrado o auto de infração às fls. 122 a 128 e 130, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2001, ano-calendário 2000, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 225.824,54, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados até novembro de 2005, totalizando crédito tributário no valor de R$578.991,53. Entendeu a DRJ que o lançamento decorrera da tributação de rendimentos tidos como omitidos, provenientes de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantidos em instituições financeiras, cuja origem de recursos utilizados, supostamente, não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea no total de R$836.889,24 (fl. 126). Para embasar a decisão, utilizou-se como enquadramento legal, entre outros, nos dispositivos art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e 4° da Lei n° 9.481, de lp de agosto de 1997. O Contribuinte foi cientificado da decisão em 22/12/2005 (fl. 129), apresentando impugnação em 19/01/2006, às fls. 132 a 144. Instruiu a impugnação com farta documentação, juntada às fls. 145 a 196, alegando, em síntese, que: • A exigência é nula de pleno direito; • Ocorreu a decadência do direito de lançar; • O lançamento foi realizado exclusivamente em face de depósitos junto ao Unibanco, apurado de forma incorreta pela autoridade lançadora, eis que não consegue individualizar com clareza a base de cálculo, já que não se sabe se é conta de depósito ou investimento e muito menos em relação a qual (is) instituição (cões); • Não recebeu a intimação lavrado em 27/09/2005, ao contrário do que é afirmado no Termo de Constatação Fiscal, o que dá ensejo à re-aquisição da espontaneidade para retificação da Declaração de Ajuste Anual; • As movimentações financeiras decorrem de "dinheiro em espécie", patrimônio declarado em períodos anteriores e acumulado ao longo de anos de trabalho como auditor do Banco Central e Diretor e Vice-Presidente da Sul América Seguros, bem como depósitos efetuados por Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez, residente em Buenos Aires, para aquisição de Fl. 387DF CARF MF 4 apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro — RJ, tendo em vista adiantamento, conforme comprova a escritura colacionada, lavrada em 30/05/2000. Referido imóvel foi pago integralmente com cheques nos valores de R$ 183.000,00, R$ 265.000,00, R$ 14.400,00, R$ 15.600,00 e R$ 361.800,00. Boa parte desse valor, que ultrapassa R$ 855.000,00, foi depositada antecipadamente em conta-corrente e o saldo foi declarado com empréstimos recebidos (R$ 288.200,00); • O lançamento contempla valores de reiteradas aplicações financeiras, tendo por base o mesmo capital. Também foi feito em bases anuais, o que contraria a legislação de regência; • O valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag". Em fls. 163, item 18 da discriminação da declaração de bens e direitos da Declaração de Ajuste Anual, verifica-se a declaração de numerários em poder do contribuinte no valor de R$587.000,00 (quinhentos e oitenta e sete mil reais). Em fls. 170/175, está acostada instrumento particular de compra e venda por escritura pública, lavrado em 30 de maio de 2000, perante o Cartório do 7 3 Oficio de Notas da cidade do Rio de Janeiro, comparecendo como outorgante JAIME MONTEIRO VAZ FERREIRA e, como outorgante, ZOLFANG ALFONSO GUERRERO NUAEZ, naquele ato representado por Rogério Marcondes de Carvalho, tendo como objeto a aquisição de imóvel constituído do apartamento 801, do Bloco 2, situado na Av. Sernambetiba, n°. 3.800, pelo valor de R$650.000,00 (SEISCENTOS E CINQUENTA MIL REAIS), inteiramente recebido naquele ato, sendo R$23.200,00 em moeda corrente, R$361.800,00, através do cheque n° 301.158, Banco 409, agência 0906, e R$265.000,00, através do cheque n°000.075, Banco 479, agência 0002. Em fls 166, está acostado informe de rendimento do ano calendário 2000, demonstrando que a conta era conjunta, cujo co-titulares são Rosa Lúcia Galiza Marcondes de Carvalho e Luciana Galiza Marcondes de Carvalho. O mesmo se deu nas informações prestadas pelo UNIBANCO. Não foram encontrados nos autos a intimação das co-titulares. Em sua decisão, a DRJ traz as afirmações que ora transcrevemos: "Depósitos bancários se apresentam, num primeiro momento, como simples indicio da existência de omissão de rendimentos. Entretanto, esse indicio se transforma em elemento de prova da omissão de rendimentos, quando o contribuinte, tendo a oportunidade de comprovar a origem dos recursos aplicados em tais depósitos, se nega a fazê-lo, ou não o faz satisfatoriamente. A Lei n° 9 430, de 1996, com as alterações introduzidas pelo art. 4° da Lei n° 9.481, de 1997, e pelo art. 58 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, assim dispõe, acerca dos depósitos bancários: "Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 388DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 4 5 investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1 O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de calculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas previstas na legislação vigente a época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais). (..) § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares." A lei transcrita estabeleceu uma presunção de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular de conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. As presunções legais, também chamadas presunções jurídicas, dividem-se em absolutas (juris et jure) e relativas (juris tantum). Denomina-se presunção juris et jure aquela que, por expressa determinação de lei, não admite prova em contrário nem impugnação; diz-se que a presunção é juris tantum quando a Fl. 389DF CARF MF 6 norma legal é formulada de tal maneira que a verdade enunciada pode ser elidida pela prova de sua irrealidade. Conclui-se, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Caberia, portanto, ao contribuinte apresentar justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Corroborando com tal entendimento, nos ensina José Luiz Bulhões Pedreira in "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas", JUSTEC - RJ - 1979 - pág. 806: "O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume, cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso." A presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata-se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Alega o interessado que as movimentações financeiras decorrem de "dinheiro em espécie", patrimônio declarado em períodos anteriores e acumulado ao longo de anos de trabalho como auditor do Banco Central e Diretor e Vice-Presidente da Sul América Seguros, bem como depósitos efetuados por Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez, residente em Buenos Aires, para aquisição de apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro — RJ, tendo em vista adiantamento, conforme comprova a escritura colacionada, lavrada em 30/05/2000. Referido imóvel, segundo o interessado, foi pago integralmente com cheques nos valores de R$ 183.000,00, R$ 265.000,00, R$ 14.400,00, R$ 15.600,00 e R$ 361.800,00. Ainda de acordo com o requerente, boa parte desse valor, que ultrapassa R$ 855.000,00, foi depositada antecipadamente em conta-corrente e o saldo foi declarado com empréstimos recebidos (R$ 288.200,00). Não obstante, registre- se que o autuado não declarou ern tempo hábil o suposto empréstimo e adiantamento recebido de Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez e também não carreou aos autos nenhum documento que certifique a existência de tal adiantamento, tais como contrato de mutuo, transferência de recursos, etc. Compulsando os documentos que acompanham a impugnação não se localiza nenhum documento que comprove essa alegação. A respeito da alegação de que o valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag", o trânsito dessa quantia pelo Unibanco não foi demonstrado. Conforme observado pela autoridade lançadora, os depósitos considerados não foram efetuados em espécie, conforme se verifica da mera leitura dos extratos. É o relatório. Fl. 390DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Conheço do recurso por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade. Inicio o voto tecendo breve relato acerca do princípio constitucional da ampla defesa. Considerando que a natureza humana, per si, é inconformista, o princípio da ampla defesa remonta de eras longínquas. Neste norte, o contraditório implica no direito supremo das partes de serem ouvidas nos autos. O processo é marcado pela bilateralidade da manifestação dos litigantes. Essa regra de equilíbrio decorre do denominado princípio da igualdade das partes, tão importante para o embate processual quanto qualquer um dos demais princípios orientadores do processo. Ao abraçar o princípio da ampla defesa e contraditório como princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil/1988, amplamente resguardado pelos costumes da humanidade, o faço por entender que em análise aos autos, as co-titulares das conta correntes que fundamentam o Auto de Infração, em momento algum foram chamadas ao processo para apresentarem suas defesas. Isto posto, entendo aplicável a SUMULA CARF n°29: Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. No Mérito entendo: Da Decadência Em que pese as alegações do Recorrente, não lhe assiste razão. Resta pacificado por este Conselho em Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE) que "o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário." Considerando que o fato gerador que fundamenta o AI são do exercício de 2000; considerando que o AI foi lavrado em 15/12/2005; considerando que o Recorrente foi cientificado do AI em 22/12/2005, não é possível aplicar a decadência, vez que os fatos geradores de omissão de rendimentos apurados à partir de depósito bancário, dá-se no dia 31 de dezembro de ano calendário, in casu, 31/12/2005. Da Verossimilhança das Alegações e Dos Documentos Hábeis juntados Fl. 391DF CARF MF 8 Em que pese a DRJ afirmar que o Recorrente não logrou êxito em comprovar a origem dos depósitos bancários, analisando profundamente os autos, não é esse nosso entendimento. Vejam que o Recorrente trouxe aos autos documentos públicos, lavrados em serventias de notas, confirmando suas alegações e a origem dos depósitos. Ainda, os extratos bancários demonstram o nexo causal das alegações do Recorrente e dos documentos que instruem a defesa. Ainda, no mesmo norte, a DRJ afirma que " a respeito da alegação de que o valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag", o trânsito dessa quantia pelo Unibanco não foi demonstrado. Conforme observado pela autoridade lançadora, os depósitos considerados não foram efetuados em espécie, conforme se verifica da mera leitura dos extratos."(grifamos) Especificamente nesta afirmação, transcrevo trecho de decisão prolatada em Recurso Ordinário, perante a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, autos sob o n° 0002534-40.2010.5.01.0283 - RO, a qual entendemos corroborarem para a elucidação dos fatos, vejamos: "No seu petitório de fl. 166, a reclamante requereu fosse oficiado o banco depositário (Unibanco), para que este informasse a origem das transferências para a sua conta - “depósitos interag”, o que foi deferido à fl. 170. Em resposta ao ofício da Secretaria da Vara, às fls. 176/177, o banco depositário Itaú-Unibanco informou que os créditos efetuados na conta nº 44425-7, agência 1628, de titularidade da reclamante são provenientes de depósito de salário tendo como fonte pagadora a empresa Tinyshop Calçados Ltda. Esclareceu que os depósitos nomeados de “inter agências” foram efetuados em dinheiro partindo da agência nº 0325, para a conta nº 44425-7, agência 1628, sendo que por serem em dinheiro os depósitos não puderam ter seus depositários identificados em razão de não se obter os dados de quem efetua o depósito."(grifamos) Por todo o exposto entendemos que o Recorrente comprovou a origem dos depósitos bancários apresentando justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Conclusão Diante do exposto tenho que o Recurso aviado encontra-se em consonância com a legislação processual, razão pela qual dele conheço, sendo que voto, preliminarmente, pela aplicação da SÚMULA CARF 29, vez que as co-titulares não foram intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento, anulando o Auto de Infração. Afasto a decadência pelos fundamentada na Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE). Fl. 392DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 6 9 No mérito, JULGO POR DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, cancelando o AI, por entender que o Recorrente logrou êxito ao comprovar a origem dos depósitos bancários apresentando justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Voto Vencedor Conselheiro João Bellini Júnior, relator designado ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato da conselheira responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazê-lo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Peço vênia à Relatora para discordar do posicionamento dela no tocante ao julgamento de questão preliminar ao mérito do lançamento tributário, qual seja, a aplicação da Súmula CARF nº 29 (Vinculante), que assim dispõe: “Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” A relatora do Voto Vencido, nesse particular, manifestou-se pela aplicação do enunciado de Súmula acima que prevê a nulidade do lançamento fiscal caso não sejam intimados todos os cotitulares das contas bancárias a fim de comprovar a origem dos depósitos, na fase anterior à lavratura do auto de infração. Ocorre que, a despeito de uma das contas correntes autuada (c/c nº 103493-1, ag. nº 0906, do Unibanco) ser conjunta com o cônjuge, a Srª Rosa L. G. M. de Carvalho (vide e-fl. 94), está demonstrado nos autos que houve apresentação de Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física – DIRPF do exercício 2001 em conjunto pelo casal (e-fls. 08/09). Em casos semelhantes, veja-se trecho do voto da Relatora no acórdão nº 9202-003.742 da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a seguir: “A matéria é objeto da Súmula CARF n° 29 (Vinculante), de 08/12/2009: ‘Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE) : Todos os cotilulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase Fl. 393DF CARF MF 10 que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.’ Na aplicação desta súmula, devem ser observados dois aspectos: - quando a súmula especifica que os cotitulares devem ser intimados, obviamente ela se refere aos casos de conta conjunta em que a lei determina a divisão proporcional dos depósitos (§ 6 o do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996), até porque a súmula não faz lei, e sim torna mais prática e célere a aplicação da lei; - a “nulidade do lançamento” referida na súmula deve ser interpretada como “exclusão, da base de cálculo, dos depósitos relativos a conta-conjunta, cujos cotitulares declarem em separado e não tenham sido intimados”; com efeito, em nenhum dos acórdãos que deram suporte a esta súmula se promoveu a declaração de nulidade do lançamento, mas tão-somente a exclusão dos respectivos depósitos.” Com as considerações feitas na transcrição acima, verifica-se que, no caso ora em julgamento, o Contribuinte apresentou declaração em conjunto com a outra cotilular da conta bancária mantida no Unibanco, razão pela qual não se deve proferir a nulidade do lançamento, nem tampouco a exclusão proporcional dos depósitos havidos na conta conjunta. Em casos como este, mister se inferir que a intimação feita ao Contribuinte aproveita o cônjuge/cotitular, vez que os rendimentos, bens e despesas são declarados de forma única pelo casal. Assim, o lançamento deve ser mantido, na íntegra, em relação ao Contribuinte, que é um dos cotilulares da conta bancária conjunta e que apresentou DIRPF em seu nome, com a inclusão do cônjuge/cotitular como dependente e a indicação de declaração em conjunto. Por tal razão, voto no sentido de considerar que o lançamento de oficio foi feito em estrita observância ao art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996 e à Súmula CARF nº 29 (Vinculante). Assim votou a conselheira na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Redator ad hoc para o voto vencedor Fl. 394DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12267.000307/2008-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2001 a 31/12/2005
FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA.
Para o lançamento de contribuição previdenciária, a Secretaria da Receita Federal do Brasil possui competência para a caracterização da condição de segurado empregado sempre que presentes os elementos do vínculo empregatício: subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade e onerosidade.
DECADÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I.
DESCARACTERIZAÇÃO DO VINCULO PACTUADO. RELAÇÃO DE EMPREGO. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL SOBRE A FORMA.
Presentes os pressupostos da relação de emprego entre a empresa contratante e a pessoa física prestadora de serviços, dissimulada como pessoa jurídica, deve ser considerado o vínculo laborai do obreiro com o tomador dos serviços, fundamentação: artigos 12, I, "a" e 33 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 229, §2° do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/99, com a alteração do Decreto n° 3.265/99.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.922
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário, para rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a decadência das competências 05/2001 a 11/2001 (inclusive) e 13º salário/2011, nos termos do voto do relator. Votaram pelas conclusões os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto.
Andrea Brose Adolfo - Presidente Substituta
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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COMPETÊNCIA. Para o lançamento de contribuição previdenciária, a Secretaria da Receita Federal do Brasil possui competência para a caracterização da condição de segurado empregado sempre que presentes os elementos do vínculo empregatício: subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade e onerosidade. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. DESCARACTERIZAÇÃO DO VINCULO PACTUADO. RELAÇÃO DE EMPREGO. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL SOBRE A FORMA. Presentes os pressupostos da relação de emprego entre a empresa contratante e a pessoa física prestadora de serviços, dissimulada como pessoa jurídica, deve ser considerado o vínculo laborai do obreiro com o tomador dos serviços, fundamentação: artigos 12, I, "a" e 33 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 229, §2° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/99, com a alteração do Decreto n° 3.265/99. Recurso Voluntário Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 7. 00 03 07 /2 00 8- 24 Fl. 325DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário, para rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a decadência das competências 05/2001 a 11/2001 (inclusive) e 13º salário/2011, nos termos do voto do relator. Votaram pelas conclusões os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto. Andrea Brose Adolfo Presidente Substituta Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 326 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente a autuação fiscal lavrada com ciência em 08/03/2007 para constituição de crédito tributário de contribuição previdenciária sobre remunerações a segurado empregado, assim caracterizado pela fiscalização em razão da suposta presença das características da relação de emprego. Segue transcrição de trechos da decisão recorrida: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. Verificada a prestação de serviços por segurados que preenchem os requisitos do art. 12, inciso I, alínea “a” da Lei 8.212/91, não importando qual tenha sido a forma de contratação, é competente o auditor fiscal do INSS para lançar as contribuições devidas e incidentes sobre a remuneração paga. O contrato de trabalho, sendo um contrato realidade, não está vinculado ao aspecto formal, eis que prevalecem as circunstâncias reais em que são prestados os serviços. LANÇAMENTO PROCEDENTE ... 2. De acordo com o relatório fiscal, de fls. 50/55, o levantamento tem origem na caracterização como empregado do segurado GUSTAVO CARVALHO COTA considerado pela notificada como microempresário, por verificados os requisitos da relação de emprego, definidos no art. 12, inciso I, alínea “a”, da Lei 8212/91 c/c art. 3° da CLT. Acrescenta o autor do lançamento que D segurado é sócio gerente responsável da empresa GUST COMÉRCIO E SERVIÇOS DE INFORMATICA LTDA, tendo emitido ininterruptamente, no período de 05/01 a 12/05, mensalmente e em ordem seqüencial notas fiscais de prestação de serviços em informática, caracterizando o trabalho exclusivo e habitual, bem como sua natureza não eventual e diretamente ligada à atividade fim da empresa. Ressalta, ainda, a autoridade lançadora que o vínculo foi reconhecido pela empresa pelo fato de o segurado receber parcela de remuneração pertinente apenas aos segurados empregados (premium card) e cumprir jornada de trabalho com horário fixado estabelecida em contrato, recebendo horas normais e extras, assim como ajuda de custo faculdade, alimentação e transporte. 3. O lançamento foi efetuado em 08/03/2007, dentro do lapso temporal determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° O9352474F00, de fls. 40 , e seus complementares, de fls. 41/43, compatível com os períodos de fiscalização e apuração do crédito, com a devida ciência do contribuinte. Fl. 327DF CARF MF 4 Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde se reiteram as alegações trazidas na impugnação: Do prazo decadencial de acordo com o art. 173, do CTN, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito extinguese em cinco anos, não sendo aplicável o prazo decadencial previsto no art. 45 da Lei 8212/91, pois o art. 146, III, da Constituição Federal exige lei complementar para veiculação de normas gerais, em especial quanto à prescrição e decadência, reproduzindo doutrina e jurisprudência em favor de sua tese; . não poderiam ter sido lançados os valores relativos às competências 08/01 a 12/01, em razão da decadência, devendo ser excluídos da NFLD, acrescidos de multa e juros; ... O débito lançado é nulo, pois a autoridade administrativa, além de ter agido desprovida de amparo legal, excedeu as atribuições que lhe são conferidas, invadindo a competência constitucionalmente assegurada à Justiça do Trabalho para desconsiderar a personalidade jurídica de empresas prestadoras, legalmente contratadas, e presumir o vínculo entre os sócios e a empresa contratante; Houve cerceamento de defesa, uma vez que, na esfera judicial, teria a autuada instrumentos mais amplos e eficaz e para se defender, reproduzindo o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal; O lançamento de débito vultoso, sem o contraditório e ampla defesa judiciais, afigurase procedimento assaz arbitrário; Os débitos foram lançados de modo unilateral e parcial, ressaltando que a presunção do art. 204 do CTN não dispensa a autoridade lançadora de apurar os fatos que entende serem tributáveis, com a diligência necessária para sua aferição. A existência de relação de emprego não deve ser meramente presumida, mas a autoridade fiscal usou somente suas presunções para descaracterizar os contratos de prestação de serviço; A desconsideração da personalidade jurídica só poderá ser aplicada quando estiver efetivamente comprovada a dissimulação, o que não foi demonstrado na NFLD; A possibilidade de desconsideração de atos ou negócios jurídicos foi introduzida através da Lei Complementar 104/2001 (parágrafo único do art. 116) como medida antielisiva, tornando imprescindível a adoção, pelos agentes fiscais, dos procedimentos que ainda serão estabelecidos em lei ordinária, reproduzindo jurisprudência em favor de sua tese; A teor do art. 150, III, da Constituição Federal e considerando o principio da irretroatividade da lei, ainda que aguardada a lei ordinária, esta não poderá alcançar a presente NFLD, sendo totalmente nulo o débito lançado; Fl. 328DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 327 5 O presidente Lula aprovou a Lei 11.457, de 16 de março de 2007, inobstante ter vetado a emenda 3, sendo que o fato de ter sido esta aprovada pelo Congresso demonstra a grande polemica na qual está inserida esta questão, podendo ainda ser derrubado o veto presidencial; indicando a concordância de que na regulamentação do artigo 116 do CTN não pode ser violado o Principio da Separação dos Poderes, concluindose que a autoridade administrativa não goza de atribuições para desconsideração da personalidade jurídica. Avaliar a legalidade de uma contratação não é da alçada do Fisco, sendo ínsita à sua atividade, tãosomente, a apreciação do denominado mérito administrativo, ou seja a valoração sobre a conveniência e oportunidade do ato, mas não a legalidade ou ilegalidade dos mesmos; A pessoa jurídica contratada foi constituída legalmente, não havendo vedação para sua contratação, cabendo exclusivamente às partes, nos termos do art. 170, IV, da Constituição da República, deliberar acerca do regime tributário aplicável, ou seja, optar entre a CLT e a mera prestação de serviços, não podendo ser imposto o regime celetista a toda relação de trabalho; Não houve ocultação ou fraude a qualquer tipo de vínculo empregatício, já que a única relação existente foi a de prestação de serviços, que possui conteúdo de obrigação de fazer, portanto, sem natureza trabalhista, restrita ao âmbito civil contratual; Como o ramo de informática é altamente dinâmico, surge a necessidade de se contratar prestadores de serviço para o desenvolvimento de programas e projetos específicos e determinados, que não se incluem nas atividades normais da empresa; A fiscalização não informa e nem tampouco comprova qual seria o tipo de atividade desenvolvida pela prestadora de serviços e, mesmo que se trate de atividadefim semelhante à desenvolvida pela impugnante, tal fato não é suficiente para caracterizar a relação de emprego, transcrevendo jurisprudência sobre a matéria; A documentação anexa é inidônea a ensejar o vínculo, já que os serviços não se revestem das características inerentes ao contrato de trabalho, por serem não pessoais, esporádicos, não exclusivos e não subordinados, não havendo também pessoalidade, já que a prestadora não é pessoa física; A autoridade administrativa não comprovou a habituaiidade e exclusividade da prestação de serviços, bem como a dependência, do que decorre não ter sido provada a relação de emprego; Durante todo o procedimento fiscal em momento algum a empresa se recusou ou sonegou qualquer informação ou Fl. 329DF CARF MF 6 documento, mas, ao contrário, disponibilizou equipe para atendimento à fiscalização, o que torna descabida a adoção do método de aferição indireta, com fundamento neo art. 33, §§3° e 6° da Lei nº 8.212/91 reproduzido na defesa; Deve ser aplicado o art. 112 do CTN, que objetiva proteger o contribuinte, não podendo prosperar a exigência fiscal diante da ausência de elementos e provas suficientes de convicção da ocorrência do fato gerador, devendo ser considerada improcedente a presente Notificação. É o Relatório. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 328 7 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Preliminares O procedimento da fiscalização e formalização da autuação cumpriram todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, Fl. 331DF CARF MF 8 no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou todas as alegações do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos de regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Quanto à competência do auditorfiscal para a caracterização da condição segurado empregado para fins de lançamento da contribuição previdenciária, a matéria foi julgada neste CARF através de outros processos do mesmo recorrente e originados da mesma fiscalização. Como precedente, assim, cito o processo nº 35582.002130/200742, in verbis: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2005 Fl. 332DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 329 9 Ementa: PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. TERCEIRIZAÇÃO. SIMULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. SEGURADO EMPREGADO. I – A fiscalização da SRP tem poderes para declarar a existência de pacto laborai onde o contribuinte entendia ou simulava não, haver, devendo apenas ter a cautela de demonstrar de forma inequívoca a existência dos seus elementos peculiares. II – Exposta à situação fática, e verificado que há a presença de vinculo empregatício em suposta prestação por pessoa jurídica, correto é o lançamento de oficio. III – A legalidade formal na constituição das empresas, contratadas pela Notificada, não se sobrepõe à ilegalidade na prestação dos serviços propriamente ditos, que como visto mascaravam a presença dos elementos da relação de labor. IV A liberdade constitucional de contratar, não permite a adoção de meios evasivos, objetivando a fuga da tributação imposta a todos. Recurso Voluntário Negado ... Nesse diapasão, insta mencionar que ao considerar um pacto laborai onde o contribuinte entendia ou simulava não haver, a fiscalização da Secretária da Receita Previdenciária — SRP, não está a invadir a competência outorgada à Justiça do Trabalho, na medida em que sua ação não está voltada para fins relacionados ao direito trabalhista, ma sim ao cumprimento fiel e irrestrito da legislação previdenciária, e encontra respaldo egal no § 2° do artigo 229 do Dec. N° 3.048/99, que assim giza: Art. 229: (omissis). §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso 1 do caput do art. 92, deverá desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. E de fato existe regra de competência nesse sentido prevista no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, com nova redação dada pelo Decreto n° 3.265, de 29 de novembro de 1999, que assim dispõe: art. 229 (...) §2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Fl. 333DF CARF MF 10 Portanto, no presente caso não se trata propriamente de aplicação da cláusula geral antielesiva prevista no artigo 116 Parágrafo único do CTN, o que implicaria para todos os fins a desconsideração da personalidade jurídica das supostas empresas interpostas entre o recorrente e as pessoas físicas; o que não é o caso. Pontualmente, tratase da constatação de uma situação real que prevalece sobre a forma e que, para fins de tratamento tributário, a relação jurídica com o recorrente é direta e pessoal das pessoas físicas e não das pessoas jurídicas interpostas: art. 116 (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Assim, o entendimento deve ser aqui reproduzido. A preliminar suscitada não merece acolhida. Passamos a examinar o mérito. Decadência Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: Fl. 334DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 330 11 “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Assim sendo, independente de meu entendimento pessoal sobre a matéria, manifestado em meus votos anteriores, inclinome à tese jurídica na Súmula Vinculante n° 08. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplicar ao caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, I do CTN que transfere o termo a quo de contagem para o exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido Fl. 335DF CARF MF 12 constituído. Também atribuiu status de repetitivos a todos os processos que se encontram tramitando sobre a matéria. E, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a decisão deve ser reproduzida nas turmas deste Conselho. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando o presente caso, deve ser aplicada a regra do artigo 173, I do CTN. Constatase através do documento apresentado pela fiscalização sob o título de discriminativo analítico do débito que não houve pagamento parcial em relação ao segurado empregado objeto do lançamento e que a fiscalização encaminhou ao ministério público federal representação fiscal para fins penais. Assim, deve ser acolhida a preliminar de decadência para exclusão dos valores relativos aos meses 01/05/2001 a 30/11/2001 e o décimo terceiro salário do mesmo ano. Como a obrigação de pagamento da contribuição relativa ao mês de dezembro tem vencimento no ano seguinte, o termo quo é 01/01/2003, logo ainda não decaída. No mérito A comprovação da dissimulação pelo recorrente e conseqüente caracterização da condição de segurado empregado fundamentase nos seguintes elementos: a) formalmente, o segurado era sócio gerente de uma interposta empresa prestadora de serviços de natureza afim ao objeto social do recorrente; b) a suposta empresa prestadora de serviços emitia mensal, exclusiva e seqüencialmente notas fiscais; c) o recorrente admitiu o segurado como empregado formalmente registrado, mas continuou pagamento os valores acima do piso salarial através das notas fiscais; d) o segurado percebia participação nos lucros ou resultados juntamente com os segurados formalmente inscritos como empregados da recorrente; e) pagamentos a título de Horas Extras, Ajuda de Custo, Participação nos Lucros, Pagamento de Mensalidade de Universidade, Alimentação e Transporte; f) a suposta pessoa jurídica também emitia notas fiscais para formalizar pagamentos a outros segurados sem vínculo com ela ou com o recorrente. A verdade material aponta para uma realidade que prevalece sobre o vínculo formal pactuado: o segurado é empregado da recorrente e prestava serviços de informática necessário à consecução do objeto social do empregador, cumprimento o horário de trabalho tal como os demais empregados. O fato de emitir notas fiscais exclusiva e seqüencialmente afasta a interposta pessoa jurídica do conceito de empresa. Isto porque o artigo 15 da Lei nº 8.212/91 coloca o risco econômico como elemento central do conceito. De outra forma, não haveria a autonomia necessária para que se constitua um ente independente da personalidade de seus sócios: Fl. 336DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 331 13 Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Reforça essa conclusão o fato de que as supostas pessoas jurídicas prestam todos os seus serviços ao recorrente somente através dos sócios gerentes, de forma pessoal. Isso comprova pessoalidade e subordinação. Em todo o período o segurado se submetia ao cumprimento do horário de trabalho e o serviço era prestado diretamente por ele, que inclusive percebia verbas próprias de segurados empregados. Ainda que seja suficiente para considerar a condição de segurado empregado em decorrência da dissimulação de uma situação real através de uma "arquitetura" formal artificial, o TST tem limitado a terceirização de vários segmentos sob o argumento da invalidade da contratação de serviços relacionados às atividades inerentes do contratante. Nesse sentido a Súmula 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). Por fim, o vínculo foi reconhecido pela empresa quando o segurado foi registrado como funcionário da empresa. Face o exposto, os serviços contratados por intermédio da pessoa jurídica visavam apenas dissimular pagamentos a pessoas físicas. Por tudo, voto pelo provimento parcial ao recurso voluntário quanto à decadência de parte do período lançado. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 337DF CARF MF 14 Fl. 338DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.900049/2008-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA.
Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte.
Numero da decisão: 3302-003.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário.
Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. AUSÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA. Nos casos em que a existência do indébito, incluído em declaração de compensação, está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, deve ocorrer prova inequívoca por parte do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Na votação realizada no mês de janeiro, por unanimidade de votos, foi rejeitada a alegação de impedimento dos conselheiros fazendários e a preliminar de nulidade do crédito tributário. Por maioria de votos, na Reunião de março de 2017, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa prado, que convertiam o julgamento em diligência. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 00 49 /2 00 8- 67 Fl. 433DF CARF MF 2 Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de processo, advindo de manifestação de inconformidade, cujo relatório é transcrito partir do relatório da Resolução nº 3802000.371, Relator Solon Sehn, fls. 166/167: Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, com base nos fundamentos de fato e de direito resumidos na ementa a seguir transcrita (fls.138): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. O acórdão recorrido reconheceu que houve retificação da Dctf após o despacho decisório. Todavia, entendeu que a retificação não teria o condão de fundamentar o direito de crédito, razão pela qual indeferiu o pedido. O Recorrente, nas razões recursais de fls. 155 e ss., alega a existência de crédito capaz de fundamentar a compensação conforme Dcomp nº 26491.54613.101103.1.3.041884. Pleiteia o reconhecimento de um crédito original passível de compensação no valor de R$ Confirmar Valor (fls. 37) (sic), relativo ao suposto pagamento a maior na competência setembro de 2002, cujo valor atualizado quando da transmissão seria de R$ 1.784,60 (fls. 04). É o Relatório. Fl. 434DF CARF MF Processo nº 10983.900049/200867 Acórdão n.º 3302003.733 S3C3T2 Fl. 3 3 decisório relativo à compensação declarada, no qual não foi reconhecida a suficiência do crédito a suportar o integral Ainda no que concerne às razões recursais, a Recorrente expôs o seguinte, fls. 155/161: i) A partir do advento da Circular Bacen n° 3.068/2001, as instituições financeiras obrigaramse na atualização dos Títulos e Valores Mobiliários de que fossem proprietárias, ajustados conforme a cotação de mercado (marcação a mercado); ii) No período acima citado, a Recorrente promoveu o oferecimento das receitas decorrentes dos ajustes positivos da marcação a mercado nas bases de cálculo do PASEP e da COFINS, rubrica 7.1.5.90.109, inseridas na receita bruta da empresa; iii) Ocorre que, posteriormente, observouse que o procedimento estaria em desconformidade com o art. 35 da Lei n° 10.637/2002, o qual previa considerar os ajustes da marcação a mercado somente quando da alienação dos títulos; iv) Assim, a Recorrente readequou a base de cálculo destas contribuições efetuandose a exclusão dos ajustes positivos a valor de mercado, conforme planilhas de apuração dos valores devidos, que foram acostadas à impugnação; v) O erro foi identificado e reprocessadas as bases de cálculo das referidas contribuições sociais, mas a empresa não retificou as declarações acessórias correspondentes (DIPJ e DCTF), evidenciandose incorretamente os débitos e créditos envolvidos. Apesar de não ter retificado a empresa transmitiu a DCOMP, objeto do processo administrativo em baila; vi) Em fevereiro/2008, a empresa foi cientificada a respeito do despacho pagamento dos débitos declarados. Em decorrência, na manifestação de inconformidade da empresa, reconheceuse o equívoco consubstanciado na não retificação da DIPJ e DCTF respectivas, ao passo que foram comprovadas a correta apuração e contabilização dos tributos, juntandose, para tanto, planilhas de apuração e controle dos tributos, planilhas demonstrativas e atualização do crédito de pagamento a maior, razão contábil da conta 7.1.5.90.109; vii) Alega que o princípio da verdade material rege o processo administrativo e pleiteia pela nulidade da decisão de primeira instância, pois declarou a necessidade de retificação e o referido pedido foi ignorado pela DRJ/Florianópolis; viii) Colaciona uma série de precedentes, que demonstram que mesmo sem a retificação, se o contribuinte faz jus ao crédito, este deve ser deferido. O feito foi convertido em diligência nos seguintes termos, fls. 168: Devido às particularidades do caso concreto, sobretudo em razão do volume da escrituração fiscal e contábil de uma instituição bancária, entendese que o julgamento deve ser convertido em diligência, para que a unidade de origem informar, intimando o contribuinte se entender necessário: a) a diferença entre o valor recolhido aplicandose o regime de competência e o efetivamente devido quando da alienação do título (momento da ocorrência do fato gerador), na forma do art. 35 da Lei n° 10.637/2002; Fl. 435DF CARF MF 4 b) se houve pagamento de crédito tributário por ocasião da efetiva alienação dos títulos e valores mobiliários, instrumentos financeiros, derivativos e itens objeto de “hedge”, informando a data, valor e base de cálculo. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Preliminar 2.1. Princípio da verdade material e do pedido de nulidade da primeira instância A Recorrente alega que deve ser observado o princípio da verdade material, onde a realidade dos fatos deve prevalecer sobre a verdade formal. Ela alega que houve supressão de instância no julgamento por parte da DRJ/Florianópolis, uma vez que os documentos não foram analisados e que ficou afastado também o princípio do livre convencimento motivado do julgador. A decisão da DRJ/Florianópolis caminhou no sentido da impossibilidade de considerar a homologação da DCOMP, pois, no caso em análise, a retificação da DCTF ocorreu após o despacho decisório. Ora, tal foi o posicionamento do julgador, justamente, pela observância do princípio do livre convencimento motivado. Vide trecho da decisão abaixo, fls. 141: De se ressaltar, por fim, que não se discorda aqui de que, em regra, erros no preenchimento de declarações não podem se sobrepor à realidade dos fatos. Ocorre, porém, que é preciso diferenciar aquelas declarações que meramente “informam” algo à Administração Tributária, daquelas – como a DCTF – que para além do caráter informativo servem à conformação de situações jurídicas. Como acima se viu, os valores devidos declarados em DCTF têm o vigor de confissão de dívida, razão pela qual só se pode admitir sua retificação por parte do próprio contribuinte nas condições e prazos legalmente postos, não sendo lícito à autoridade fiscal produzir alterações de ofício no que foi declarado. Assim, mesmo concordandose com a posição de que erros formais não devem prevalecer sobre a verdade dos fatos, certo é que, do ponto de vista estrito da legislação tributária, a confissão de dívida, materializada pela declaração de débitos na DCTF, não pode ser tida como uma questão meramente formal. Não há, portanto, como acatar aqui as razões postas pela contribuinte. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 10983.900049/200867 Acórdão n.º 3302003.733 S3C3T2 Fl. 4 5 Em face da demonstrada impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF, deixase de apreciar aqui as razões trazidas pela contribuinte com o fim de demonstrar a existência integral de seu crédito contra a Fazenda Nacional. É que independentemente da existência ou não desse crédito, ele não foi utilizado de forma regular no procedimento que aqui se discute ( o que não significa que tal eventual crédito possa ser utilizado em outro procedimento compensatório, posterior à retificação da DCTF, formalizado dentro do prazo legal de repetição). Nula seria a decisão, caso ela não tivesse enfrentando os argumentos, opostos pela contribuinte, o que não foi o caso. Portanto, improcedente o argumento de nulidade da decisão. 3. Mérito No mérito, o cerne da controvérsia cingese a duas questões. A primeira, diz respeito à impossibilidade de validar/homologar a compensação antes da retificação DCTF. A segunda, referese à falta de comprovação da parcela do crédito não reconhecido e utilizada na compensação não homologada. 3.1. Da impossibilidade da compensação Segundo o voto condutor do julgado recorrido, o motivo apresentado pela Turma de julgamento a quo, para manter a não homologação parcial da compensação em apreço, foi a “impossibilidade de validar a compensação efetuada antes da retificação da DCTF”, baseada nos seguintes argumentos, in verbis, fls. 140: No caso concreto que aqui se tem, a contribuinte, na data de apresentação da DCOMP, não havia retificado a DCTF, documento no qual, como é sabido, são declarados, com força de confissão de dívida, os valores dos tributos devidos. Assim, não se pode dizer que, naquele momento, tivesse existência jurídica o crédito contra a Fazenda Nacional alegado pela contribuinte, motivo pelo qual a não homologação promovida pela DRF/Joinville/SC foi correta. O fato de a contribuinte vir a, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, retificar formalmente a DCTF, não tem o efeito de validar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois, como se viu, a existência do indébito só teria se aperfeiçoado bem depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), ela só pode ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional); ora, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício, não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez, quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF. Fl. 437DF CARF MF 6 (grifos não constam no original) Os argumentos apresentados pela Recorrente não procedem, pois, embora a compensação tenha sido efetivada antes da entrega da DCTF retificadora, ocorrida no dia 03/08/2004, ao contrário do asseverado pelo nobre Relator do voto condutor do julgado recorrido, a dita DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório, que ocorreu no dia 28/2/2008, e o titular da unidade Receita Federal de origem não reconheceu o direito creditório pleiteado e não homologou a compensação declarada com base nos dados da referida DCTF retificadora, o que se constata mediante a comparação dos dados apresentados no Despacho Decisório de fls. 134 e com os dos dados apresentados nos extratos de fls. 175/178. Da simples leitura do questionado Despacho Decisório, verificase que o real motivo da não homologação da compensação foi a falta de comprovação da correspondente parcela do valor do crédito utilizado. Dessa forma, por também entender que o motivo da denegação da compensação foi a falta de comprovação de parcela do direito creditório, afastase a alegada impossibilidade e passase a analisar os elementos as provas carreadas aos autos. 3.2. Do resultado da diligência A partir da análise da manifestação à informação fiscal por parte da Recorrente, verificase, a partir do resultado, que não há direito ao crédito, por ela pleiteado. Ela afirma que foi incluído a mais na base de cálculo referente à apuração dos ajustes positivos ao valor de mercado a quantia de R$ 651.364,90 setembro/2002. Posteriormente, afirma que foi apurado o valor de R$ 329.272,10 referente à contribuição para o PIS/Pasep, sendo que, quando houve a correção pela exclusão do ajuste positivo, o valor devido seria de R$ 325.038,23, o que lhe renderia um crédito de R$ 4.233,87. A Recorrente somente juntou cópia dos balancetes, mas, em momento algum, fez, efetivamente, prova cabal da base de cálculo em questão, sendo que o ônus da prova lhe compete1. Diferente, portanto, é o contido no relatório de informação fiscal nº 780/2015/DIORT/DRF/BSB, fls. 362/363: 7. Em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal (fls. 175/179), confirmouse, em primeiro lugar, um único pagamento no valor de R$ 321.297,18, na data de arrecadação informada na Dcomp (15/10/2002). Tal pagamento foi alocado ao respectivo débito declarado em DCTF. 8. Ademais, notase a existência de três DCTF para o período em análise (3º trimestre/2002): a original, entregue em 04/11/2002; e duas retificadoras, uma cancelada e outra ativa, ambas entregues em 03/08/2004, após, portanto, a apresentação da presente Dcomp. Não obstante, o que importa observar acerca do crédito pleiteado é que o valor do débito confessado na DCTF ativa não coincide com o valor apurado pela Interessada, conforme parágrafo 6, razão pela qual a compensação não foi homologada, por inexistência de crédito. 1 Lei nº 13.105 Código de Processo Civil Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 10983.900049/200867 Acórdão n.º 3302003.733 S3C3T2 Fl. 5 7 Notese que, do débito confessado na DCTF ativa, parte foi quitado por meio de pagamento e parte por meio de compensação. 9. Com o objetivo de subsidiar os trabalhos, de modo a confirmar ou refutar as alegações descritas no parágrafo 6 desta Informação, a Contribuinte foi intimada em 29/07/2015, conforme Termo de Intimação Fiscal nº 531/2015 (fls. 180/181), a apresentar documentos e informações nos termos requeridos pelo Carf. 10. Ocorre que em sua resposta (fls. 183/360) a Interessada limitouse a apresentar documentos e informações já juntados aos autos por ocasião da manifestação de inconformidade, com exceção do balancete geral analítico (fls. 309/323) que mostra apenas a conta, com valor respectivo, em que foi registrado o ajuste positivo ao valor de mercado. Cabe notar que os supostos balancetes de fls. 325/338 nada revelam, pois, não há identificação do período a que se referem. 11. No que diz respeito ao solicitado no item “b” do parágrafo 4 desta Informação, a Interessada apresentou a planilha de fls. 185, informando que houve alienação de títulos nos meses de maio, junho, julho e agosto, todos de 2003. Entretanto, tratase de simples informação, sem que esteja acompanhada de elementos de prova. 12. Assim sendo, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo do PIS/Pasep efetivamente devido em setembro/2002, por meio de apresentação de documentação contábil idônea, nada se pode afirmar acerca da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (grifos não constam no original) Portanto, não há nos autos, nem posteriormente à diligência, tendo em vista que não foram devidamente comprovados os valores referidos no parágrafo 6, em especial a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep efetivamente devida em setembro/2002. Diante da falta de prova, mantémse a decisão que indeferiu o pleito da Recorrente. 4. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso voluntário, rejeitando a preliminar arguida e, no mérito, indefiro o provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 439DF CARF MF 8 Fl. 440DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.900360/2008-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
RESTITUIÇÃO - INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA E DE DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO PERQUIRIR DIREITO CREDITÓRIO
O evento da decadência veda as atividades inerentes ao ato de lançamento, no que toca à verificação da ocorrência do fato gerador, à determinação da matéria tributável, ao cálculo do montante do tributo devido, etc.
Deste modo, realmente não há que se pensar em adição de receitas omitidas, glosa de despesas, alteração em coeficientes de apuração ou alíquota, etc.
Mas o que se discute especificamente neste processo é a legitimidade do indébito a ser restituído/compensado, e, para isso, considero perfeitamente possível averiguar a efetiva ocorrência dos pagamentos que o geraram, notadamente pelo fato do Fisco está dentro do quinquídio legal para análise do pedido de compensação formulado pelo contribuinte, nos termos do §5º, do art.74 da Lei n.º 9.430/96.
COMPENSAÇÃO - ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO
Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal.
IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVA MENSAL. RECONHECIMENTO COMO SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE
As estimativas mensais, quer calculadas sobre base estimada, quer a partir de balanços ou balancetes de suspensão ou redução, não são extintivas do crédito tributário, vez que constituem mera antecipação do tributo a ser apurado ao final do ano-calendário.
Dessa forma, sendo mera antecipação, não há que se falar em pagamento indevido ou a maior passível de repetição. Assim, trataremos o presente caso como compensação de saldo negativo do IRPJ, pois o mero erro formal do Contribuinte em indicar nos PER/DCOMP os recolhimentos individuais de estimativa em vez de indicar o saldo negativo formado pelo conjunto destas mesmas estimativas, não é fator impeditivo do reconhecimento do seu direito creditório como tal (saldo negativo), razão pela qual também há que se negar a incidência de juros de mora a partir do pagamento indevido, mas sim a partir de 1 de janeiro de 2002.
Numero da decisão: 1302-002.029
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de decadência suscitada, e, no mérito, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Rogério Aparecido Gil, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 RESTITUIÇÃO INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA E DE DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO PERQUIRIR DIREITO CREDITÓRIO O evento da decadência veda as atividades inerentes ao ato de lançamento, no que toca à verificação da ocorrência do fato gerador, à determinação da matéria tributável, ao cálculo do montante do tributo devido, etc. Deste modo, realmente não há que se pensar em adição de receitas omitidas, glosa de despesas, alteração em coeficientes de apuração ou alíquota, etc. Mas o que se discute especificamente neste processo é a legitimidade do indébito a ser restituído/compensado, e, para isso, considero perfeitamente possível averiguar a efetiva ocorrência dos pagamentos que o geraram, notadamente pelo fato do Fisco está dentro do quinquídio legal para análise do pedido de compensação formulado pelo contribuinte, nos termos do §5º, do art.74 da Lei n.º 9.430/96. COMPENSAÇÃO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVA MENSAL. RECONHECIMENTO COMO SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE As estimativas mensais, quer calculadas sobre base estimada, quer a partir de balanços ou balancetes de suspensão ou redução, não são extintivas do crédito tributário, vez que constituem mera antecipação do tributo a ser apurado ao final do anocalendário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 03 60 /2 00 8- 52 Fl. 3293DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.294 2 Dessa forma, sendo mera antecipação, não há que se falar em pagamento indevido ou a maior passível de repetição. Assim, trataremos o presente caso como compensação de saldo negativo do IRPJ, pois o mero erro formal do Contribuinte em indicar nos PER/DCOMP os recolhimentos individuais de estimativa em vez de indicar o saldo negativo formado pelo conjunto destas mesmas estimativas, não é fator impeditivo do reconhecimento do seu direito creditório como tal (saldo negativo), razão pela qual também há que se negar a incidência de juros de mora a partir do pagamento indevido, mas sim a partir de 1 de janeiro de 2002. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de decadência suscitada, e, no mérito, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. (assinado digitalmente) MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Rogério Aparecido Gil, Júlio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Por bem sintetizar o processo, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto SP a seguir transcrito: Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciada Declaração de Compensação Fl. 3294DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.295 3 (PER/DCOMP), por intermédio da qual a contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (IRPJ estimativa, código de arrecadação 2362), concernente ao período de apuração 08/2001. Por despacho decisório, não foi reconhecido direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologada a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que os pagamentos informados foram integralmente utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, de acordo com suas próprias razões: que seria nulo o despacho decisório recorrido por ausência de fundamentação e motivação do indeferimento do pedido, com afronta a dispositivos legais e constitucionais; que os dados sobre o alegado crédito foram devidamente informados em PER/DCOMP, não havendo razão para o indeferimento do pedido sob alegação de que os valores são inexistentes; que os dados sobre o alegado crédito foram devidamente informados em PER/DCOMP, não havendo razão para o indeferimento do pedido sob alegação de que os valores são inexistentes; que caberia as autoridades fiscais diligenciar junto à empresa para averiguar os valores informados em PER/DCOMP, em observância ao Fl. 3295DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.296 4 princípio da verdade material e as disposições constitucionais que regem a administração pública; que “a simples declaração da existência de um crédito a ser restituído e/ou compensado com outros débitos administrados pela Receita Federal já é suficiente para que a fiscalização federal utilize todos os meios hábeis para comprovar a veracidade do pedido do contribuinte, em especial a comprovação da existência de um crédito tributário”; Ao final requer seja julgada procedente a Manifestação de Inconformidade, anulando o despacho decisório recorrido e restabelecidas as compensações efetuadas. Como mencionado, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP manteve a negativa em relação à compensação, na conformidade da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 3296DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.297 5 Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em sua decisão, a Delegacia de Julgamento afirmou que as estimativas mensais não poderiam caracterizar pagamento a maior passível de compensação, dada a sua natureza de mera antecipação. Contudo, entendeu que deveria examinar eventual apuração, pela Contribuinte, de saldo negativo de IRPJ no período em questão (2001), já que este poderia indicar a existência de crédito líquido e certo passível de compensação. Nesse contexto, fez uma série de considerações e enumerou requisitos para a caracterização de saldo negativo a ser restituído/compensado, firmando que a Contribuinte não havia apresentado qualquer documentação em sua peça impugnatória. Inconformada com a decisão de primeira instância administrativa, da qual tomou ciência em 28/07/2010, a Contribuinte apresentou em 26/08/2010 o recurso voluntário de fls. 48 a 65, com os argumentos abaixo: Fl. 3297DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.298 6 DOS FATOS Em virtude das antecipações efetuadas a título de imposto de renda durante o anocalendário 2001, ao final do exercício a Recorrente apurou saldo negativo de IRPJ, razão pela qual decidiu solicitar a restituição/compensação dos valores pagos a maior, por meio da transmissão de diversas Declarações de Compensação utilizando o indigitado crédito (Doc. 03); DA PROVA Inicialmente, importante destacar a necessidade do conhecimento dos documentos acostados ao presente recurso voluntário que atestam a legitimidade do crédito proveniente da apuração de saldo negativo de IRPJ no exercício de 2001 (Doc. 04 – DARF´s; Doc. 05 DIPJ/2001; e Doc. 06 LALUR/2001), em obediência ao princípio da verdade material que norteia o procedimento administrativo fiscal federal; É imperioso o conhecimento do presente recurso voluntário e a análise dos argumentos expostos, que indubitavelmente acarretarão no reconhecimento integral dos créditos de IRPJ e, por consectário, na extinção dos débitos compensados; Ainda que a existência do crédito não tenha sido comprovada quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, em razão da necessidade de se observar o princípio da verdade material, a Recorrente pode fazêlo neste momento sem prejuízos; DO DIREITO Fl. 3298DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.299 7 DO CRÉDITO PLEITEADO A Recorrente adotava a sistemática de apuração do IRPJ por estimativa mensal, tendo efetuado pagamentos estimados no decorrer do ano calendário de 2001 (vide doc. 04) e, com o fechamento de seu balanço contábil, verificou o pagamento a maior do referido tributo, gerando, desta forma, o denominado saldo negativo (vide doc. 05); Referida sistemática encontra respaldo no artigo 6°, § 1°, inciso II, da Lei n° 9.430/96; Da análise dos documentos fiscais acostados pela Recorrente é possível constatar a apuração do saldo negativo de IRPJ no importe de R$ 140.283,14 vide doc. 05 DIPJ/2001), sendo certo que esse crédito é suficiente para liquidar o débito debatido no presente procedimento administrativo, bem como todos os demais débitos extintos com a utilização do referido saldo negativo através da transmissão de PER/DCOMP's; A Recorrente possuía um crédito no valor de R$ 140.283,14, o qual foi corretamente utilizado para quitar débitos administrados pela Receita Federal do Brasil; Inclusive, remanesceu em favor do Recorrente saldo credor de R$ 40.887,18, mesmo após ter efetuado as compensações supra mencionadas; Em que pese a Recorrente tenha informado nas PER/DCOMP's o valor dos recolhimentos por estimativa, e não o saldo negativo, é certo que esse procedimento não fulmina a existência do seu crédito tributário; Fl. 3299DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.300 8 Da análise dos documentos fiscais acostados ao recurso, e principalmente da DIPJ/2001 e das guias DARF´s, é visível que todos os recolhimentos mensais por estimativa (vide docs. 04 e 05) geraram recolhimentos a maior, os quais são passíveis de compensação; O crédito utilizado pela Recorrente é líquido e certo, não havendo razão para a manutenção do indeferimento da presente compensação, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional e artigo 74 da Lei n° 9.430/96; Diante da comprovação da existência do saldo negativo de IRPJ através da DIPJ anocalendário 2001, não obstante o preenchimento do PER/DCOMP tenha sido efetuado com o valor do IRPJ recolhido por estimativa, não há razão para o não reconhecimento do direito creditório pleiteado; Um simples vício formal não tem o condão de extinguir o direito da Recorrente, mesmo porque a Receita Federal do Brasil, através de seu banco de dados, tem como verificar os valores efetivamente recolhidos a título de IRPJ; A D. Autoridade Julgadora, por ter todas as informações em seu sistema, poderia ter verificado a sua existência, ou ter intimado a Recorrente a apresentar documentos capazes de comprovar o crédito, não podendo simplesmente indeferir o pleito da Recorrente; A simples ocorrência de erro formal não macula a existência do crédito apurado em decorrência dos recolhimentos a maior efetuados pela Recorrente no anocalendário de 2001 a título de IRPJ; Fl. 3300DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.301 9 Tendo em vista que no caso em tela o crédito pleiteado decorre de recolhimentos efetuados a maior, devidamente comprovados através do saldo negativo apurado no anocalendário 2001 (vide docs. 04 e 05), e compensados dentro do prazo legal, é de rigor o reconhecimento do direito creditório pleiteado pela Recorrente, com a consequente extinção do débito compensado; DA DECADÊNCIA Cabe destacar, ainda, que no caso em tela o crédito de IRPJ apurado no anocalendário 2001 não pode ser objeto de questionamento por parte das autoridades fiscais, em razão da decadência; O saldo negativo apurado em 2001 foi homologado tacitamente em 2007, extinguindose o direito do Fisco de discutir o crédito compensado, nos termos do artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional; Sendo o IRPJ um tributo sujeito ao lançamento por homologação, o contribuinte apura o valor do tributo, o declara e efetua o pagamento do montante que considera devido, sendo certo que no caso em discussão, a Recorrente ao invés de apurar saldo devedor de IRPJ, no final do exercício de 2001, apurou crédito, o qual foi devidamente discriminado na DIPJ ano calendário 2001; Assim, caberia ao Fisco o dever de fiscalizar os procedimentos adotados pelo contribuinte, e realizar o lançamento das eventuais diferenças apuradas dentro do quinquídio legal; Fl. 3301DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.302 10 Uma vez que o saldo negativo apurado pela Recorrente nunca foi alvo de contestação pela D. Autoridade Fiscal, é certo que as informações declaradas na DIPJ do anocalendário 2001 encontramse homologados, ainda que tacitamente; O saldo negativo apurado pela Recorrente no ano de 2001 foi tacitamente homologado em 2007, com a consequente ausência do direito da D. Autoridade Fiscal em discordar da compensação efetuada pela Recorrente; A decisão administrativa proferida em 24/04/2008 é manifestamente extemporânea, haja vista que o ano de 2007 o saldo negativo de IRPJ não era mais passível de glosa por parte da D Autoridade Fiscal. Exatamente nesse sentido é a jurisprudência firmada por este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (decisões transcritas); E nem que se diga que a DIPJ retificadora, transmitida em 08/03/2004, tenha alterado o marco inicial para o decurso do prazo decadencial, haja vista que, como consabido, o prazo decadencial não é interrompido ou suspenso. Além disso, a referida declaração não alterou a composição do saldo negativo apurado originalmente no anocalendário de 2001; Contandose o prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, a apuração do saldo negativo referente ao ano de 2001, utilizado para a quitação de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, foi tacitamente homologado no ano de 2007, motivo pelo qual, mais uma vez, devem ser reconhecidas como legítimas as compensações efetuadas pela Recorrente; Fl. 3302DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.303 11 DO PEDIDO A Recorrente solicita seja o presente recurso conhecido e provido para que seja reconhecido o direito creditório pleiteado, bem como para que sejam homologadas as compensações efetuadas. Vindo os autos para julgamento por este Egrégio Conselho, o mesmo foi convertido em diligência para esclarecer os seguintes pontos (180/190), litteris: É necessário que os autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal em Limeira/SP, para que aquela unidade: 1) junte aos autos cópia integral da DIPJ do anocalendário de 2001; 2) verifique e informe: a base de cálculo e o respectivo IRPJ no anocalendário de 2001; o valor das estimativas recolhidas referentes a 2001; o valor das retenções sofridas a título deste imposto no mesmo período; as receitas relativas a estas retenções, averiguando se elas foram computadas pela Contribuinte na base de cálculo do imposto; 3) apresente relatório circunstanciado esclarecendo se há saldo negativo de IRPJ a ser restituído/compensado, e qual o seu valor; 4) cientifique a Contribuinte deste relatório, para que ela possa se manifestar no prazo de 30 dias. Fl. 3303DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.304 12 Baixado os autos em diligência, foi produzido relatório circunstanciado pela Delegacia da Receita Federal de Limeira/SP, aduzindo, resumidamente, o seguinte (fls. 3258/3262): 2 O valor do saldo negativo de IRPJ é de R$ 140.283,14, mas o crédito utilizado pelo contribuinte para compensação limitouse ao valor do pagamento, esclarecendo que não foi utilizado o pagamento de R$ 106,87, feito para o mês de maio de 2001: 3 Não há previsão legal para restituição de ofício. Portanto o crédito original a ser reconhecido na totalidade dos processos não pode ser superior a R$ 94.185,13. Intimada do relatório de diligência, a recorrente pleiteia que seja homologada a sua PERDCOMP tendo em visto o reconhecimento na integralidade do valor do seu saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 140.283,14. É o relatório. Fl. 3304DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.305 13 Voto Conselheiro MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA O presente Recurso Voluntário foi apresentado em conformidade com o que dispõe o art. 33, do Decreto 70.235/72, portanto, dele conheço. Quanto ao argumento da decadência trazido pela recorrente, entendemos que não é aplicável ao caso vertente. É certo que após o transcurso do prazo decadencial, não pode o Fisco realizar procedimento fiscal visando modificar a base de cálculo do tributo, seja para exigir débitos, ou para reverter/reduzir prejuízo fiscal. O evento da decadência veda as atividades inerentes ao ato de lançamento, no que toca à verificação da ocorrência do fato gerador, à determinação da matéria tributável, ao cálculo do montante do tributo devido, etc. Deste modo, realmente não há que se pensar em adição de receitas omitidas, glosa de despesas, alteração em coeficientes de apuração ou alíquota, etc. Mas o que se discute especificamente neste processo é a legitimidade do indébito a ser restituído/compensado, e, para isso, considero perfeitamente possível averiguar a efetiva ocorrência dos pagamentos que o geraram, notadamente pelo fato do Fisco está dentro do quinquídio legal para análise do pedido de compensação formulado pelo contribuinte, nos termos do §5º, do art.74 da Lei n.º 9.430/96. Por isso a alegação de decadência não tem o efeito pretendido pela recorrente, no sentido de justificar uma restituição automática do alegado direito creditório. Superada essa questão, passamos a análise do mérito propriamente dito. Compulsando a PERDCOMP (35945.22590.150404.1.3.042002) objeto da presente lide, observase que o contribuinte pleiteou a compensação de seu débito tributário com crédito decorrente de pagamento indevido ou maior de IRPJ referente a estimativa do mês de agosto de 2001, senão vejamos: Fl. 3305DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.306 14 Fl. 3306DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.307 15 O despacho decisório não reconheceu o direito creditório da recorrente pelo seguinte motivo (fls.7): Fl. 3307DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.308 16 Pela legislação relativa à apuração do imposto de renda (IRPJ), para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real, temse que os pagamentos efetuados pela contribuinte no decorrer dos meses do ano civil são recolhimentos por estimativa, configurando antecipações do tributo devido no final do período anual de apuração. Ou seja, a interessada, porquanto fez a opção prevista no artigo 2° da Lei n° 9.430/96, fica obrigada aos recolhimentos mensais por estimativa, com base na receita bruta, devendo, ao final do anocalendário, proceder a apuração do tributo devido, sendo autorizada a dedução dos valores anteriormente recolhidos por estimativa, para efeitos de determinação do tributo a pagar. Da leitura do texto legal podese inferir que o lucro real, deve ser apurado trimestralmente, como regra, e que a apuração anual é uma alternativa que, para seu exercício requer pagamentos mensais por estimativa nos termos dos artigos 222, 223, 228 a 230 do RIR/99. Assim, a pessoa jurídica, ao optar pela apuração do imposto de renda com base no lucro real anual, poderá suspender ou reduzir o pagamento do tributo devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do tributo, calculado com base no lucro real do período em curso. O levantamento de balanços ou balancetes mensais equivale ao próprio ajuste efetuado entre o mês de janeiro e o mês de levantamento do balanço ou balancete. O tributo calculado com base no lucro real daquele período (janeiro ao mês de levantamento do balanço) será comparado com todo o tributo recolhido sobre as operações de janeiro até mês anterior ao do levantamento do balanço ou balancete. Se a soma dos pagamentos efetuados for maior que o tributo devido apurado com base no balanço ou balancete, a empresa não terá que pagar o tributo relativo ao mês de levantamento do balanço. Se o tributo apurado no balanço ou balancete for maior, a empresa deverá pagar a diferença. Fl. 3308DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.309 17 Portanto, as estimativas mensais, quer calculadas sobre base estimada, quer a partir de balanços ou balancetes de suspensão ou redução, não são extintivas do crédito tributário, vez que constituem mera antecipação do tributo a ser apurado ao final do ano calendário. Dessa forma, sendo mera antecipação, não há que se falar em pagamento indevido ou a maior passível de repetição. Assim, trataremos o presente caso como compensação de saldo negativo do IRPJ, pois o mero erro formal do Contribuinte indicar nos PER/DCOMP os recolhimentos individuais de estimativa em vez de indicar o saldo negativo formado pelo conjunto destas mesmas estimativas, não é fator impeditivo do reconhecimento do seu direito creditório como tal (saldo negativo), razão pela qual também há que se negar a incidência de juros de mora a partir do pagamento indevido, mas sim a partir de 1 de janeiro de 2002. Passando a análise do mérito do caso em apreço, o pedido formalizado em PER/DCOMP tem por objeto o crédito do tipo "pagamento indevido ou a maior" de IRPJ estimativa mensal de agosto de 2001, código de arrecadação 2362. O relatório de diligência ao analisar de forma pormenorizada o cálculo do Imposto de Renda por estimativa no anocalendário de 2001 afirmou o seguinte: 3 No anocalendário de 2001, o contribuinte apurou os seguintes valores de IRPJ devido por estimativa: Fl. 3309DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.310 18 Fl. 3310DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.311 19 O total de imposto de renda retido na fonte deduzido na apuração do imposto de renda devido por estimativa é de R$ 26.432,29 e para validar o saldo negativo apurado, o contribuinte teria que ter sofrido retenção no valor total de R$ 45.991,14 e ter oferecido a receita correspondente à tributação. A retenção feita pela fonte pagadora Bradesco já comprova a retenção deduzida bem como o valor oferecido à tributação. Assim, o valor do saldo negativo de IRPJ confirmado é de R$ 140.283,14. (...) Fl. 3311DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.312 20 Diante da análise pormenorizada efetuada pela unidade preparadora, não restam dúvidas quanto ao direito creditório do contribuinte. Contudo, andou bem a unidade preparadora ao chamar a atenção deste colegiado que o contribuinte não pleiteou a compensação do seu saldo negativo de IRPJ (R$ 140.283,14), mas sim do pagamento indevido ou a maior por ele pleiteado em suas DCOMP´s, totalizando a quantia de R$ 94.185,13, isto é, o seu direito creditório está limitado a tal montante. Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR a preliminar de decadência suscitada, e, no mérito em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, reconhecendo a compensação efetivada como saldo negativo do IRPJ até o limite do seu direito creditório que totaliza a quantia original de R$ 94.185,13, conforme tabela abaixo enumerada, incidindo correção monetária a partir de 1 de janeiro de 2002. É como voto. Fl. 3312DF CARF MF Processo nº 10865.900360/200852 Acórdão n.º 1302002.029 S1C3T2 Fl. 3.313 21 MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA Relator Fl. 3313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.001676/2010-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009
MULTA POR CESSÃO DO NOME. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA COMPROVADA. RESPONSABILIDADE DO IMPORTADOR. POSSIBILIDADE.
É devida a aplicação da multa de 10% (dez por cento) do valor da operação de importação se comprova a interposição fraudulenta e que o importador ostensivo cedeu o nome, com vista à ocultação do real comprador das mercadorias importadas.
MULTA POR OMISSÃO DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIA À DETERMINAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADUANEIRO. FALTA DE INFORMAÇÃO DO CNPJ NO CAMPO PRÓPRIO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO (DI). CABIMENTO.
A ausência da informação do número de inscrição no CNPJ do suposto encomendante predeterminado no campo próprio da DI descaracteriza a operação de importação por encomenda e altera o procedimento de controle aduaneiro apropriado a real operação de importação, circunstância que configura a prática da correspondente infração.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009
MANADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). DESCUMPRIMENTO DO PRAZO EMISSÃO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Eventual irregularidade do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não se constitui hipótese legal de nulidade do auto de infração, quando este atende todos os requisitos estabelecidos no art. 142 do CTN e no art. 10 do Decreto 70.235/1972.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.724
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009 MULTA POR CESSÃO DO NOME. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA COMPROVADA. RESPONSABILIDADE DO IMPORTADOR. POSSIBILIDADE. É devida a aplicação da multa de 10% (dez por cento) do valor da operação de importação se comprova a interposição fraudulenta e que o importador ostensivo cedeu o nome, com vista à ocultação do real comprador das mercadorias importadas. MULTA POR OMISSÃO DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIA À DETERMINAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADUANEIRO. FALTA DE INFORMAÇÃO DO CNPJ NO CAMPO PRÓPRIO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO (DI). CABIMENTO. A ausência da informação do número de inscrição no CNPJ do suposto encomendante predeterminado no campo próprio da DI descaracteriza a operação de importação por encomenda e altera o procedimento de controle aduaneiro apropriado a real operação de importação, circunstância que configura a prática da correspondente infração. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009 MANADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). DESCUMPRIMENTO DO PRAZO EMISSÃO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Eventual irregularidade do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não se constitui hipótese legal de nulidade do auto de infração, quando este atende todos os requisitos estabelecidos no art. 142 do CTN e no art. 10 do Decreto 70.235/1972. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 16 76 /2 01 0- 72 Fl. 544DF CARF MF 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório que integra a decisão de primeiro grau, que segue integralmente transcrito: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 772.114,92 referente a multa por prestação de forma inexata de informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial (R$ 4.042,82), multa por cessão do nome da pessoa jurídica com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários (R$ 50.405,44) e multa por entregar a consumo ou consumir mercadoria de procedência estrangeira importada irregular ou fraudulentamente (R$ 717.666,66). Depreendese do “Termo de verificação fiscal e de descrição dos fatos” que é parte integrante do auto de infração que: A importadora “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” registrou as Declarações de Importação n° 09/12572021, n° 09/14902584, n° 09/15428193 e 09/1734943 6, no período entre 17/09/2009 e 08/12/2009, declarando ser a importadora e adquirente das mercadorias por elas amparadas. Apenas no campo destinado a “Dados complementares” a interessada registrava que as importações tinham por encomendante a empresa “Têxtil Fine Ltda”. Os documentos que instruíram os despachos de importação traziam como adquirente a “Têxtil Fine Ltda”. A “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” registrou as Declarações de Importação sem apor no campo próprio o nome da adquirente das mercadorias, conforme determina a legislação, em especial a Lei n° 11.281/2006 e a Instrução Normativa SRF n° 634/2006, pelo fato de a adquirente “Têxtil Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 631 3 Fine Ltda” estar impedida de importar por ter atingido o limite para o qual havia sido habilitada (habilitação simplificada para atuação no comércio exterior em valor de pequena monta, prevista na Instrução Normativa SRF n° 650/2006). No período no qual o limite para realizar importações ainda não havia sido atingido, a “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” registrava as operações de importação na modalidade por conta e ordem da “Têxtil Fine Ltda”. Atingido o limite, as operações passaram a ser registradas como se a “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” fosse a importadora e adquirente das mercadorias, ocultando a informação de que a real adquirente era a “Têxtil Fine Ltda”. Depois que a “Têxtil Fine Ltda” se habilitou como exclusivamente encomendante, as operações voltaram a informar que ela era a adquirente das mercadorias. A simulação realizada propiciou a burla do controle aduaneiro da capacidade econômica da adquirente das mercadorias. A “Têxtil Fine Ltda” antecipava os recursos referentes às importações que a “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” registrou como sendo por sua própria conta, ou seja, os recursos utilizados nas operações provinham da “Têxtil Fine Ltda”. Posteriormente a “D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” realizava os lançamentos contábeis para ajustálos à modalidade de importação declarada. A “Têxtil Fine Ltda” apresentou, inclusive, cópia de recibo emitido por corretora de seguros, no qual assume o pagamento do seguro internacional das mercadorias. A simulação constatada determina a apreensão das mercadorias para a aplicação da pena de perdimento, nos termos do Decreto lei n° 1.455/1976, com as alterações da Lei n° 10.637/2002, regulamentada pelo artigo 689, inciso XXII, do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n° 6.759/2009. Entretanto, em razão de as mercadoria terem sido entregues a consumo, por ser a penalidade mais específica aplicável, em face da impossibilidade material da aplicação da pena de perdimento, foi lavrada a multa equivalente ao valor comercial das mercadorias, prevista no artigo 704 do mesmo Regulamento Aduaneiro. A “omissão ou prestação de forma inexata ou incompleta de informação de natureza aduaneiratributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, qual seja, as informações estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para inclusão em campo próprio da DI, para a descrição detalhada da operação, da identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador e adquirente (comprador), por NCM (mercadorias com classificação fiscal distintas)” determinou a infração punível com a multa lavrada equivalente a um por cento do valar aduaneiro das mercadorias, prevista no artigo 84, inciso I, da Fl. 546DF CARF MF 4 Medida Provisória n° 2.15835/2001 c/c com os artigos 69 e 81, inciso IV, da Lei n° 10.833/2003. Também foi lavrada a “multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários”, prevista no artigo 33 da Lei n° 1 1.488/2007. Regularmente cientificadas por via postal (AR's fl. 310v), não consta dos autos que a interessada “Têxtil Fine Ltda” tenha apresentado impugnação. A interessada “D A & Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda” apresentou a impugnação tempestiva de folhas 315 a 354, com os documentos de folhas 355 a 418 anexados, na qual defende que: A fiscalização foi promovida de forma ilegal, pois perdurou por nove meses e envolveu indevidamente Declarações de Importação já desembaraçadas que não eram o escopo da investigação. Não há que se falar em ocultação do real importador ou cessão do nome da pessoa jurídica, pois a Impugnante jamais tentou ocultar o verdadeiro adquirente da pessoa jurídica em questão, qual seja, a empresa Têxtil Fine. Ao contrário, praticou todos os atos necessários para que a operação de importação ocorresse de forma transparente para a Receita Federal. Não houve ocultação do adquirente, sendo que todos os documentos inclusive aqueles apresentados para o despacho aduaneiro (pedidos, faturas invoice e comerciais, conhecimentos de carga, packing lists) informam que as importações têm como adquirente das mercadorias a “Têxtil Fine Ltda”. “Antes mesmo de iniciar as operações por encomenda, a Impugnante e a empresa Encomendante firmaram “Contrato de Importação por Encomenda”, solicitando a vinculação dos CNPJs das duas empresas na Receita Federal, ocasião na qual foi apresentado uma via do seguinte contrato (doc. Anexo): ...” O importador não omitiu o CNPJ do encomendante no campo “adquirente por conta e ordem” da DI (como quer fazer crer a autoridade fiscalizadora), mas sim, foi impedido de incluílo em razão de um problema operacional pelo Siscomex. Isso porque, ao incluir o CNPJ do encomendante no campo do adquirente por conta e ordem, o sistema analisa o limite de importações do adquirente. Todavia, na modalidade “por encomenda” os reclusos empregados e o limite a ser analisado é o do importador, não do encomendante. A IN SRF n° 634/06 determina que o CNPJ do encomendante deve ser informado “em campo próprio”. Todavia, como até hoje não há “campo próprio”, o parágrafo único de seu artigo 3° recomendou que se indique o CNPJ do encomendante no campo do adquirente “por conta e ordem” e no campo “informações complementares” que se trata de uma importação “por encomenda”. Essa situação acabou por gerar problemas de ordem operacional para o importador, como dito. Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 632 5 Restou demonstrado que o importador estava impedido operacionalmente pelo sistema de indicar o CNPJ do encomendante no campo do adquirente por conta e ordem. Todavia não houve descumprimento do parágrafo único do artigo 3° da IN SRF 634/06, pois foram tomadas “todas as providências legais necessárias para operacionalização da importação para encomendante prédeterminado, quais sejam: formulou contrato de importação por encomenda com a Têxtil Fine; vinculou o referido contrato na Receita Federal deixando cristalina a operação que iria se realizar, e, por fim; Informou no campo “Informações Complementares” da DI se tratar de importação por encomenda,...” A empresa D & A agiu na mais absoluta boafé, sendo que a não informação do CNPJ do encomendante no campo “adquirente por conta e ordem” da DI poderia ser, no máximo, tratada como mero equívoco, mas muito longe de se caracterizar fraude ou simulação do negócio que queria praticar, qual seja, a própria importação na modalidade “por encomenda”. O erro poderia ser sanado com mera retificação da DI, cumulada, se fosse o caso, com a multa por infração ao controle administrativo aduaneiro, nos termos do art. 711, § 1°, I, do Regulamento Aduaneiro. Não houve nenhum intuito doloso ou fraude, pois os documentos que deveriam ser analisados pela fiscalização juntamente com os dados da Declaração de Importação, no procedimento de conferência aduaneira, sempre deixaram evidente que a adquirente das mercadorias era a empresa “Têxtil Fine Ltda”. A norma exige apenas que o encomendante seja habilitado no Radar. Todavia, diferentemente do que entende a fiscalização, não há a exigência de que a habilitação seja na modalidade de “exclusivamente por encomenda”, pois não há menção específica a qualquer das modalidades. Como o limite a ser verificado é o do importador e não do encomendante, não havia qualquer restrição à realização das importações na modalidade por encomenda. Análise da IN SRF n° 650/06, artigo 2° leva à conclusão que, das submodalidades de habilitação simplificada, apenas aquela que se refere a comércio exterior de pequena monta é que apresenta limitações quanto a valores a serem importados. Portanto, “não pode prosperar qualquer alegação da autoridade fiscal no sentido de que o encomendante estaria “Impedido” de realizar a presente operação por ter seu “limite tomado”, pois quando se tratar de importação por encomenda, não há o que se falar em “limite” de importação para o encomendante, mas tão somente para o importador ostensivo.” No presente caso, a encomendante já havia utilizado seu limite para realizar importações próprias ou por sua conta e ordem. Todavia essa situação não lhe impedia de realizar importações por encomenda. Fl. 548DF CARF MF 6 A importação por encomenda se caracteriza pela aquisição de mercadorias importadas no mercado interno, sendo que essas mercadorias já vêm com o comprador prédeterminado quando sai do exterior. Assim, o encomendante é equiparado a industrial e se sujeita à tributação do IPI como constatou a fiscalização quando da análise das notas fiscais de saída, nas quais o imposto foi destacado e recolhido, não havendo nenhum lançamento por parte da fiscalização. A lei que criou essa modalidade de importação, Lei n° 11.281/2006, também não estabeleceu nenhuma restrição ou limite para as importações por encomenda. Apenas ressalvou que, caso os valores da encomenda sejam incompatíveis com o patrimônio líquido do encomendante, a Receita federal do Brasil pode exigir garantias para a liberação das mercadorias, ou seja, não há impedimento para a importação, apenas eventual exigência de garantia para entrega da mercadoria importada. A fiscalização confunde “lançamentos e pagamentos realizados em processos que as importações foram realmente realizadas na modalidade “por conta e ordem”, com os do processo de importação realizados na modalidade “por encomenda”.” (...) “Por estas razões, restam especificamente impugnados todas as conclusões acerca os lançamentos contábeis apresentados no relatório do Auto de Infração, devendo ser considerados os documentos anexos para a apuração dessas importações.” (sic) A Lei n° 11.281/2006 “nao impediu o importador de receber “sinal” ou “adiantamento” de seus clientes. O requisito legal necessário é que o importador possua “recursos próprios” (art. 11, § 3°), ou seja, “capacidade econômicofinanceira” para suportar a importação, o que é muito diferente.” A lei não ode interferir nas práticas comerciais normais, tal como receber sinal ou antecipação de pagamento. E caso isso ocorresse se estaria diante de uma inconstitucionalidade por contrariar o disposto no art. 1° e art. l70 da Constituição Federal. Ademais a D &A possuía plena capacidade de importação, pois à época dos fatos a estimativa para importações era da ordem de U$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil dólares), ou seja, é uma empresa fortemente consolidada no ramo do comércio exterior, longe de poder ser considerada “empresa laranja”, “empresa fantasma” ou “empresa de fachada”. Portanto, para se saber se as importações foram realizadas com recursos próprios do importador, devese se indagar se “caso não houvessem pagamentos antecipados a importadora teria conseguido realizar a operação?” Em nenhum momento a fiscalização investigou a capacidade financeira da importadora. “Em momento algum a autoridade fiscalizadora consegue comprovar, eficazmente, que foram feitos adiantamentos para a realização das importações, pois os valores remetidos à importadora tratamse de pagamentos por operações já realizadas e não adiantamentos.” Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 633 7 Pelas razões expostas há que se “concluir pela descaracterização das infrações aplicadas, principalmente quanto à pena de perdimento por ocultação do encomendante da operação, vez que, de fato, não houve qualquer ocultação, muito menos intuito doloso ou tentativa de fraude ou simulação.” Há nulidade por falta de competência da Autoridade Fiscal e pela inexistência de MPFF específico para revisão aduaneira. A fiscalização teve nítido caráter externo e envolveu Declarações de Importação já desembaraçadas, fatos que obrigam a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal específico. O desatendimento à exigência determina a nulidade do procedimento, por vício formal, nos termos do artigo 59 do Decreto 70.235/1972. Houve abuso do poder fiscalizatório, pois o prazo de conclusão do procedimento fiscal foi excessivo, chegando a 268 dias, quando não deveria ultrapassar 90 dias e, se fosse o caso, ser prorrogado por, no máximo mais 90 dias caso houvesse justificativa. Portanto o auto de infração é nulo por vício formal. Há incorreta adequação fática ao enquadramento legal, pois a fiscalização concluiu que as mercadorias deveriam ser apreendidas, porém, presumindo que tenham sido consumidas aplicou a multa do artigo 704 do Regulamento Aduaneiro. Todavia tal multa somente é aplicável para as mercadorias que entram no País sem que tenham sido submetidas aos controles aduaneiros, ou seja, ocultas, sem submissão ao despacho aduaneiro, o que não é caso, pois todas as mercadorias foram devidamente amparadas em Declarações de Importação. E ainda que se admitisse a adequação fática ao artigo 704, seu parágrafo único exclui expressamente sua aplicação “quando houver tipificação mais específica no Regulamento Aduaneiro”. Portanto, se a própria fiscalização concluiu que caberia a apreensão das mercadorias para aplicação da pena de perdimento, a multa em referência não poderia ser aplicada. Dessa forma, há erra na penalidade aplicável, fato que determina a nulidade do auto de infração sem resolução do mérito. O consumo das mercadorias foi presumido pela fiscalização, ou seja, não houve comprovação dessa alegação. Portanto, a multa não pode ser aplicada, devendo, também por este motivo, ser anulado o auto de infração. Há ilegitimidade passiva, pois a pena de perdimento é sanção que visa punir o real adquirente da mercadoria e não o importador ostensivo. Por outro lado, o adquirente não pode responder pela multa prevista no artigo 33 da Lei n° 11.488/2007. A fundamentação legal para aplicação da multa de 10% é nula, pois a fiscalização descreve que houve cessão de nome para operações de exportação, quando, em verdade não foi realizada nenhuma operação de exportação, mas unicamente importações. Fl. 550DF CARF MF 8 Ademais fundamenta a penalidade em dispositivo que trata de perdimento de moeda, completamente estranho aos fatos. Assim, por total desrespeito ao princípio da legalidade e da ampla defesa, tendo em vista o evidente erro/ausência na fundamentação legal aplicada é nula a autuação. Todas as características das operações demonstram que se tratam de operações de importação na modalidade por encomenda, nos termos da Lei n° 11.281/2006, sendo as mercadorias de propriedade do importador, conforme preconiza o Ato Declaratório Normativo n° 7/2002, e posteriormente revendidas ao encomendante prédeterminado. Não houve ocultação do adquirente, tendo o importador plena capacidade financeira para suportar as operações que realizou. No máximo houve irregularidades meramente formais que não determinariam a aplicação da pena de perdimento. É aplicável ao caso o disposto no artigo 102 do Decretolei n° 37/1966, pois o importador declarou voluntariamente, em todos os documentos, que se tratava de importação por encomenda. Todos os tributos foram devidamente recolhidos, portanto aplicável a relevação da pena de perdimento preceituada no artigo 737 do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 7.659/2009). Aplicável também o disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional, para aplicar unicamente, se for o caso, a multa prevista no artigo 711 do Regulamento Aduaneiro. A multa lavrada, prevista no artigo 704 do Regulamento Aduaneiro se refere ao valor comercial das mercadoria se foi calculada pela fiscalização com base nos valores da notas fiscais de saída. Todavia, ao caso se aplicaria, em tese, a conversão da pena de perdimento, prevista no parágrafo 1° do artigo 689 do RA, que equivale ao valor aduaneiro das mercadorias e não do valor das notas fiscais de saída. Requer sejam acatadas as preliminares de nulidade do auto de infração, no mérito seja cancelado o auto de infração. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 466/481), em que, por unanimidade de votos, o lançamento foi considerado procedente em parte e exonerado o crédito tributário no valor de R$ 717.666,66, referente à multa regulamentar do IPI por entregar a consumo ou consumir mercadoria de procedência estrangeira importada irregular ou fraudulentamente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009 NORMAS PROCESSUAIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. IRREGULARIDADES. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Eventual irregularidade do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não se constitui hipótese legal de nulidade do lançamento. Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 634 9 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 17/09/2009 a 08/12/2009 INFRAÇÃO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS A NORMA. PENALIDADE. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à norma que a tipifica, sem o que é impossibilitada a aplicação de penalidade. IMPOSTO. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, é responsável solidário pelo imposto de importação e responde conjunta ou isoladamente pela infração. A autuada D&A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda., doravante denominada D&A, foi cientificada da decisão de primeira instância em 11/2/2011, (fls. 484/487) e a responsável solidária Têxtil Fine Ltda., doravante denominada Têxtil Fine, foi cientificada em 22/2/2011 (fls. 489/490), mas não apresentou recurso voluntário. Em 14/3/2011, a autuada D&A apresentou o recurso voluntário de fls. 491/465, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória quanto à preliminar de nulidade do auto de infração e às questões de mérito remanescentes. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. Os recursos interpostos são tempestivos e preenchem os demais requisitos de admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Nos recursos em apreço foram apresentadas razões de defesa sobre questões preliminares e de mérito. Da Preliminar de Nulidade da Autuação. A recorrente D&A alegou nulidade da autuação por ausência de MPFF específico para o procedimento de revisão aduaneira de natureza externa, uma vez a fiscalização lavrou incontáveis intimações fiscais contra várias outras empresas, com o fito de juntar elementos probatórios até então não disponíveis no âmbito da RFB. Sem razão a recorrente, pois, de acordo com extrato de fl. 465 e em conformidade com o disposto na Portaria RFB 11.371/2007, no procedimento fiscal em tela o referido MPFF foi emitido em 19/4/2010 e prorrogado a sua validade até 16/10/2010. Também fica demonstrado que não procede a alegação de que o referido documento fora emitido somente em agosto de 2010. Fl. 552DF CARF MF 10 Entretanto, embora o procedimento de revisão aduaneira tenha se iniciado no dia 10/11/2009, com a ciência da recorrente no Termo de Início de Fiscalização de fl. 32, portanto, antes da expedição do referido MPFF, no dia 6/8/2010, na data da lavratura dos autos infração colacionados aos autos, o referido documento encontravase com seu prazo de validade em dia. Acontece que essa irregularidade, de natureza meramente procedimental, não tem o efeito de acarretar nulidade de toda a investigação anteriormente realizada pela fiscalização e tampouco da autuação em apreço, conforme alegou a recorrente, porque o simples atraso na emissão do MPF não representa vício formal insanável apto a acarretar a declaração de nulidade da autuação, haja vista que o referido documento, quando ainda exigido a sua emissão, tinha por finalidade o controle e a transparência da atividade de fiscalização. Sabidamente, o atraso na emissão do MPF, por falta de previsão legal, não implica nulidade da autuação, haja vista que essa suposta irregularidade não se enquadra em nenhuma das hipótese de nulidade prevista no art. 59 do PAF. A uma, porque o atraso na emissão do referido documento, evidentemente, não resultou em cerceamento do direito de defesa da recorrente. A duas, porque o descumprimento dessa formalidade não implica nulidade do lançamento por incompetência da autoridade lançadora, matéria que se encontra, expressamente, definida em lei. Com efeito, dispõe o art. 142 do CTN, que compete privativamente a autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento. Da mesma forma, no âmbito dos tributos federais, determina o art. 10 do PAF, que o auto de infração deve ser lavrado por servidor competente. E no que tange aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), tal competência foi atribuída ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), conforme expressamente estabelecido no art. 6º da Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2002, com a redação dada pelo art. 9º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. Por essas razões, fica demonstrado que o descumprimento de aspectos formais atinentes à expedição ou expedição a destempo do MPF não tem o condão de macular a higidez do auto de infração lavrado por autoridade fiscal competente, com estrita observância do disposto no art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto 70.235/1972. No mesmo sentido, o entendimento esposado em inúmeros julgados deste Conselho, a exemplo dos acórdãos nº 1802001.864, de 09/10/2013; 2403002.571, de 15/04/2014; 3102001.669, de 27/11/2012; e 3401002.564, de 23/04/2014, e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), tal como explicitado no acórdão CSRF/0105.558, cuja ementa segue transcrita: MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 – NULIDADE – O desrespeito à previsão de indicação no MPFF de período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como conseqüência a nulidade do ato. (CARF. CSRF. 1ª Turma. Ac. CSRF/0105.558, de 4/12/2006, Rel. Cons. José Henrique Longo) Em suma, eventual inobservância de algum requisito ou condição atinente à expedição, validade e prorrogação do MPF, por se tratar de exigência instituída por ato Fl. 553DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 635 11 normativo de natureza infralegal, destinado ao planejamento e controle da atividade fiscal, certamente, não contamina o auto de infração com vício formal insanável que acarrete a sua nulidade, especialmente, quando o procedimento foi realizado com observância aos ditames do art. 142 do CTN e do art. 10 do PAF. No caso em questão, com a emissão do MPFF, ainda que posterior ao início do procedimento fiscal, e o cumprimento integral dos requisitos estabelecidos no art. 142 do CTN e no art. 10 do Decreto 70.235/1972, induvidosamente, não há que se falar em mácula na autuação de modo conspurcar a sua legitimidade. Com base nessas considerações, rejeitase as alegações de nulidade do auto de infração suscitadas pela recorrente. Das Questões de Mérito. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal e de Descrição dos Fatos de fls. 286/314, as autuadas foram impostas as seguintes penalidades: a) multa de igual ao valor comercial da mercadoria, por importação irregular (simulação de importação por conta própria) de mercadoria entregue a consumo, capitulada no art. 704 do Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009 (Decreto 6.759/2009); b) multa de 10% (dez por cento) do valor da operação, por cessão do nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, capitulada no art. 727 do RA/2009; e c) multa de 1% (um por cento) do valor aduaneiro da mercadoria pela omissão e prestação de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativo tributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, estabelecida no art. 711, III, do RA/2009. No julgamento de primeira instância, o Colegiado afastou aplicação da primeira penalidade, capitulada no art. 704 do RA/2009, sob o argumento de que a tipificação específica da infração e respectiva penalidade seria no § 1º do artigo 689 do RA/2009 e não no artigo 704 do RA/2009, como procedera a fiscalização. Entretanto, como não foi submetida a recurso de oficio, por estar abaixo do limite de alçado o valor do crédito exonerado, a decisão que cancelou a referida multa deve ser considerada definitiva na esfera administrava, nos termos do parágrafo único do artigo 421 do Decreto 70.235/1972. Em face dessa circunstância, no presente julgamento, cabe analisar apenas as controvérsias remanescentes, referentes à aplicação da segunda e terceira penalidades, o que será feito nos tópicos a seguir. 1 "Art. 42. São definitivas as decisões: [...] Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de oficio." Fl. 554DF CARF MF 12 Da multa de 10% (dez por cento) do valor da operação por cessão do nome. Antes de analisar a legalidade da aplicação da referida multa, é imprescindível definir se, no caso em tela, houve ou não a prática da infração por interposição fraudulenta nas referidas operações de importação. Essa questão deve ser definida previamente, porque a infração por cessão do nome somente ficará configurada se comprovado o efetivo acobertamento do real interveniente ou beneficiário nas referidas operações de importação, conforme definido no art. 727 do RA/20092, que tem a seguinte redação, in verbis: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000, 00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (grifos não originais) De acordo com o Termo de Verificação Fiscal colacionado aos autos (fls. 286/314), o motivo da aplicação da segunda penalidade foi a apuração da prática, pela importadora D&A, da infração caracterizada pela cessão do nome, para fim de acobertar a responsável solidária Têxtil Fine, mediante simulação de operações de importação por encomenda, realizadas em nome desta última. Para a fiscalização, o modus operandi adotado pela autuada D&A consistia em registrar a DI em nome próprio e incluir apenas no campo de “Dados complementares” a informação de que a operação era realizada “para encomendante prédeterminado”. Ao assim proceder, inequivocamente, a recorrente burlava os critérios de controle estabelecidos no Siscomex, pois, para fins de análise fiscal, não eram levados em consideração pelo sistema os dados e os limites de valores de importação exigidos da real adquirente das mercadorias, no caso, a responsável solidária Têxtil Fine. De outra parte, a recorrente alegou que não cometera a referida infração, porque não realizara operação de importação simulada por conta e ordem da responsável solidária Têxtil Fine, mas sim operação de importação por encomenda em nome da referida empresa, uma vez que: a) a encomendante da mercadoria fora identificada de forma completa e detalhada, incluindo o endereço completo, em todos os documentos utilizados na instrução do despacho aduaneiro de importação, inclusive no campo destinado aos dados complementares da própria DI; b) não omitira, de forma intencional, o CNPJ da encomendante no campo da DI destinado ao “adquirente por conta e ordem”, mas porque fora impedida, em razão de um problema operacional no Siscomex, porém, tal irregularidade, no máximo, deveria ser tratada como mero equívoco e não como fraude ou simulação de importação “por encomenda”; e 2 A matriz legal do referido preceito regulamentar é o art. 33 da Lei 11.488/2007. Fl. 555DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 636 13 c) a lei e a regulamentação infralegal não estabeleciam limites para a importação por encomenda nem impediam o importador de receber “sinal” ou “adiantamentos” de seus clientes. Com base no exposto, fica evidenciado que o cerne da controvérsia gira em torno da definição do tipo de importação que foi efetivamente realizada pela recorrente. Especificamente, se as referenciadas operações de importação atenderam os requisitos atinentes à operação de importação por encomenda, conforme defendido pela recorrente, ou não atenderam tais requisitos e, da forma como realizada, tratam de operação por conta e ordem da responsável solidária, realizada de forma dissimulada, conforme entendera a fiscalização. E caso se confirme o entendimento da fiscalização, resta ainda saber se tais operações de importação enquadramse como operação de importação por conta própria simulada, mediante a ocultação do real adquirente e importadora das mercadorias, no caso, a pessoa jurídica Têxtil Fine. Para esse desiderato, previamente, cabe definir se as operações em comento atendem, simultaneamente, os requisitos formais e materiais determinados para a operação de importação por encomenda. Em conformidade com o disposto no art. 11, § 1º, da Lei 11.281/2006, os requisitos formais da operação de importação por encomenda foram estabelecidos na Instrução Normativa SRF 634/2006. Além de outros requisitos de natureza procedimental, em razão da pertinência com a controvérsia em apreço, cabe analisar os requisitos que se encontram estabelecidos no art. 3º da referida IN, que segue transcrito: Art. 2º O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia vinculação do importador por encomenda ao encomendante, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). § 1º Para fins da vinculação a que se refere o caput, o encomendante deverá apresentar à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando: I nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); e II prazo ou operações para os quais o importador foi contratado. § 2º As modificações das informações referidas no § 1ºdeverão ser comunicadas pela mesma forma nele prevista. § 3º Para fins do disposto no caput, o encomendante deverá estar habilitado nos termos da IN SRF nº 455, de 5 de outubro de 2004. Art. 3º O importador por encomenda, ao registrar DI, deverá informar, em campo próprio, o número de inscrição do encomendante no CNPJ. Fl. 556DF CARF MF 14 Parágrafo único. Enquanto não estiver disponível o campo próprio da DI a que se refere o caput, o importador por encomenda deverá utilizar o campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem da ficha "Importador" e indicar no campo "Informações Complementares" que se trata de importação por encomenda. (grifos não originais) O primeiro preceito normativo exige, previamente ao registro da Declaração de Importação (DI), que o importador esteja vinculado ao encomendante no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), o que não ocorreu no caso em tela, conforme asseverado pela própria recorrente. E para que houvesse tal vinculação era imprescindível que o encomendante tivesse apresentado, perante a unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando (i) nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e (ii) o prazo e operações para os quais o importador foi contratado, o que também não ocorreu, haja vista que não foi apresentado a prova de que tal requerimento tenha sido formalizado. Enquanto que o segundo preceito normativo estabelece que o importador por encomenda informe, em campo próprio da DI, o número de inscrição do encomendante no CNPJ, porém, enquanto não disponível no sistema campo específico para essa modalidade de importação, a determinação era que fosse utilizado o campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem de terceiro, contido na ficha “Importador” e indicado no campo “Informações Complementares” a informação de que se tratava de operação de importação por encomenda. No caso em tela, não há controvérsia de que a exigência, atinente à informação do tipo de operação de importação, foi adequadamente cumprida, mas que a exigência, relativa a informação do número de inscrição no CNPJ, foi descumprida. Segundo alegou a recorrente, a omissão dessa informação fora motivada por problema de natureza operacional no Siscomex, pois, ao informar, no referido campo, o número de inscrição no CNPJ da suposta encomendante da mercadoria, o sistema não permitia o registro da DI, por duas razões: a) havia se esgotado o limite de valor de importação, atribuído a suposta encomendante, relativo ao regime de habilitação simplificada, para prática de atos no Siscomex, previsto no art. 2º da Instrução Normativa SRF 650/2006; e b) a referida pessoa jurídica não estava habilitada no Siscomex como encomendante predeterminada, nos termos do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa SRF 634/2006. Assim, com base nas justificativas apresentadas pela própria recorrente, inferese que o problema por ela relatado, obviamente, não era de natureza operacional (falha de funcionamento do sistema), mas vinculado à operacionalização das rotinas internas de controle do sistema, introduzida com vistas a assegurar o controle administrativo e aduaneiro das importações, em especial, a idoneidade e a capacidade econômicofinanceira do encomendante. Portanto, em vez de problema operacional, o empecilho suscitado pela recorrente, na verdade, confirma a eficácia das rotinas de controle introduzidas no Siscomex, com fim de evitar que fosse o ultrapassado o limite de valor das importações fixado para o importador por encomenda. Por essa razão, temse por descabida a alegação apresentada pela recorrente. Por conseguinte, temse por confirmado o descumprimento da exigência concernente à omissão da informação do número de inscrição do CNPJ da encomendante, requisito formal essencial para fim de definição da operação de importação por encomenda. Fl. 557DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 637 15 Não se pode olvidar, ademais, que tais formalidades visam assegurar o cumprimento dos preceitos legais que estendem ao encomendante as condições de sujeição passiva e responsabilidade tributária, razão pela qual a identificação do encomendante tanto no Siscomex quanto na DI revestese de condição imprescindível, para o regular processamento da operação de importação deste jaez. De outro modo, se a operação de importação por encomenda for realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos em ato normativo expedido pela RFB, expressamente, dispõe o § 2º do art. 113 da Lei 11.281/2006, que, por presunção, a respectiva operação de importação deve ser considerada por conta e ordem de terceiros. Por sua vez, o aspecto material da operação de importação por encomenda, extraise do art. 11 da Lei 11.281/2006. Com base nesse preceito legal, definese que a operação de importação por encomenda como aquela em que o importador adquire as mercadorias no exterior com recursos próprios, promove o despacho aduaneiro em seu próprio nome, efetua o pagamento de todas as despesas relativas ao desembaraço da mercadoria com recursos próprios e, por fim, revende as mercadorias desembaraçadas ao encomendante que lhe foi previamente vinculado por contrato e no Siscomex (encomendante predeterminado). Por força dessas características, chegase a conclusão que não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos financeiros do encomendante, ainda que parcialmente, conforme expressamente determina o parágrafo único do art. 1º da Instrução Normativa SRF 634/2006, a seguir transcrito: Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. (grifos não originais) Nos autos, há elementos probatórios adequados e suficientes que confirmam que a recorrente descumpriu o requisito formal, concernente à falta de informado do número do CNPJ da encomendante no campo próprio da DI, conforme anteriormente demonstrado. No que tange ao descumprimento do requisito material, atinente à antecipação de recursos financeiros para o pagamento dos dispêndios relativos às referidas importações, a recorrente alegou que, ainda que se entendesse não ser possível tal antecipação, nos autos, não restara comprovado que houve pagamentos antecipados nas supostas operações de importação por encomenda. Segundo a recorrente, na tentativa de demonstrar a ocorrência de pagamentos antecipados, concernentes às referidas operações de importação, a fiscalização 3 "Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1º A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2º A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001." Fl. 558DF CARF MF 16 confundira “lançamentos e pagamentos realizados em processos que as importações ocorreram na modalidade ‘por conta e ordem’, com os quatro processos de importação realizados na modalidade ‘por encomenda’”, haja vista que a recorrente, anteriormente, já havia realizado importações por conta e ordem da empresa Têxtil Fine. Não procede a alegação da recorrente, pois, diferentemente do alegado, a fiscalização teve o cuidado de apresentar, separadamente, a análise das transferências de recursos atinentes às duas modalidades de importação realizadas pela responsável solidária Têxtil Fine. De fato, no subitem 3.1 do citado Termo de Verificação Fiscal (fls. 294/299) foram explicitadas as transferências de recursos referentes às importações por conta e ordem da Têxtil Fine, em que constou o seu número de inscrição no CNPJ no campo próprio da DI. Da mesma forma, no subitem 3.2 do citado Termo de Verificação Fiscal (fls. 299/307), com base nos documentos contábeis e fiscais fornecidos pelas próprias autuadas, foram apresentadas detalhadamente às transferências, por meio de contacorrente bancária, de recursos financeiros da responsável solidária Têxtil Fine para a recorrente D&A, com discriminação dos valores recebidos nas datas coincidentes ou anteriores aos pagamentos dos encargos das importações realizados pela importadora D&A. Tais depósitos confirmam que os recursos empregados nas referidas operações de importação pela recorrente D&A eram provenientes da suposta encomendante Têxtil Fine. E diante dessa comprovação, deixa de ter relevância a alegação da recorrente de que possuía plena capacidade financeira para arcar com os custos decorrentes das citadas importações, pois o aspecto central para o deslinde da controvérsia em comento consiste em saber de quem era titularidade dos recursos financeiros empregados na liquidação dos encargos financeiros inerentes às respectivas operações de importação. E com base nos demonstrativos elaborados pela fiscalização, corroborado por documentação adequada coligida aos autos, não remanesce qualquer dúvida quanto ao fato de que, para o custeio das referidas operações, tais recursos foram, parcial ou totalmente, fornecidos pela responsável solidária Têxtil Fine. Pelas mesmas razões, a capacidade financeira da suposta encomendante também deixa ter relevância para o deslinde do caso em tela, o que torna desnecessária a análise da situação financeira desta última, conforme pretensão da recorrente. Ainda em relação a esse ponto da lide, cabe ressaltar que, além de não comprovar o alegado, a recorrente afirma na peça recursal que os valores depositados em sua contacorrente bancária representavam “uma parte do valor da operação (compra)” antecipada pela suposta encomendante, pois, a depender do cliente, havia "necessidade de uma análise comercial da operação e a possibilidade de concessão de crédito para a operação ou da exigência de pagamento antecipado (sinal) como garantia da transação comercial". Essa alegação em nada contribui para defesa da recorrente, ao contrário, confirma a alegação da fiscalização de que a pessoa jurídica Têxtil Fine antecipava os recursos referentes às importações que a D & A registrou como sendo por sua própria conta. Em suma, a referida alegação ratifica que os recursos, totais ou parciais, utilizados nas referidas operações de importação provinham da responsável solidária Têxtil Fine. E a comprovação da transferência dos recursos financeiros do real importador (Têxtil Fine) para o importador aparente (D&A) implica (i) presunção da operação de importação por conta e ordem de terceiro, nos termos do art. 274 da Lei 10.637/2002, e (ii) a qualificação do fornecedor dos recursos financeiros como o real importador e beneficiário da operação de importação. 4 "Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001." Fl. 559DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 638 17 Em suma, chegase a conclusão que, seja sob o aspecto material, seja sob o aspecto formal, as operações de importação realizadas pela recorrente, por presunção legal, foram realizadas por conta e ordem da responsável solidária Têxtil Fine. Assim, uma vez definida que, por presunção, as respectivas operações de importação foram realizadas por conta e ordem da responsável solidária Têxtil Fine, cabe analisar se a recorrente cumpriu os requisitos da modalidade de importação por conta e ordem de terceiros. Sabidamente, a operação de importação por conta e ordem de terceiros5 é aquela em que a pessoa jurídica contratante (adquirente da mercadoria) compra a mercadoria no exterior com recursos próprios, mas quem realiza o procedimento de despacho aduaneiro de importação da mercadoria é a pessoa jurídica contratada (importadora por conta e ordem de terceiro), que atua como mera prestadora de serviços de importação de mercadorias estrangeiras, podendo, eventualmente, prestar serviços de cotação de preços e intermediação comercial. Para que seja considerada regular, em consonância com a remissão estabelecida no art. 80 da Medida Provisória 2.15835/2001, essa modalidade de operação de importação deverá atender os requisitos e condições estabelecidos nos arts. 2º a 3º da Instrução Normativa SRF 225/2002, a seguir transcritos: Art. 2º A pessoa jurídica que contratar empresa para operar por sua conta e ordem deverá apresentar cópia do contrato firmado entre as partes para a prestação dos serviços, caracterizando a natureza de sua vinculação, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz. Parágrafo único. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado ficará condicionado à sua prévia habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. Art. 3º O importador, pessoa jurídica contratada, devidamente identificado na DI, deverá indicar, em campo próprio desse documento, o número de inscrição do adquirente no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). § 1º O conhecimento de carga correspondente deverá estar consignado ou endossado ao importador, configurando o direito à realização do despacho aduaneiro e à retirada das mercadorias do recinto alfandegado. § 2º A fatura comercial deverá identificar o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada com o vendedor ou transmitente das mercadorias" A propósito desses requisitos, cabe esclarecer que o disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF 7/2002 trata da definição das importações efetuadas por conta 5 Essa modalidade de importação foi introduzida no ordenamento jurídico do País por meio da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, vigente a partir de 27 de agosto de 2001, data da sua publicação. Os aspectos tributários, de responsabilidade tributária e por infração a legislação aduaneira e os requisitos formais da dita operação encontramse estabelecidos nos arts. 77 a 81 da referida MP. Fl. 560DF CARF MF 18 e ordem de terceiros, para fins definição da forma de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, e não dos requisitos da operação de importação por encomenda, como alegado pela recorrente. Por conseguinte, o disposto no referido Ato não se aplica ao caso em tela. Há que se ressaltar ainda que, uma vez descaracterizada, por presunção legal, a operação de importação por encomenda, em razão do descumprimento de requisitos formais e materiais, evidentemente, essa circunstância não pode ser relevada em razão de: (i) toda a documentação utilizada na instrução do despacho aduaneiro de importação indicar a responsável solidária Têxtil Fine como "encomendante" da mercadoria, (ii) constar do campo "Dados complementares" das DI a informação referente à identificação do encomendante e da própria modalidade de importação, (iii) o contrato de vinculação entre importador e encomendante, exigido no § 1º do art. 2º da Instrução Normativa SRF 634/2006, ter sido apresentado perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e (iv) a importadora e a encomendante estarem habilitadas a realizar operações de importação, ainda que o limite estabelecido para a encomendante realizar operações por conta própria ou por sua conta e ordem. Além disso, essas circunstâncias somente contribuíram para corroborar a boa fé da recorrente se ela não houvesse burlado a sistemática de controle do Siscomex e registrado a operação de importação sob a modalidade de importação por “conta própria” simulada ou importação por conta e ordem de terceiro dissimulada, mediante a ocultação do real comprador das mercadorias importadas nas respectivas DI. Do sopesamento de todas essas circunstâncias, resta a convicção de que a conduta atribuída à recorrente subsumese perfeitamente à infração por dano ao Erário, definida no art. 23, V, do Decretolei 1.455/1976, e sancionada com a pena de perdimento da mercadoria ou multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, nos termos do citado art. 23, §§ 1º e 3º, a seguir transcritos: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. [...] § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. [...] (grifos não originais) Assim, demonstrada que as operações de importação foram realizadas sob a modalidade de importação por conta própria simulada ou importação por conta de terceiro dissimulada, consequentemente, a conduta atribuída à recorrente também se enquadra na hipótese da infração descrita no art. 33 da Lei 11.488/2007, ou seja, de acordo com os Fl. 561DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 639 19 elementos coligidos aos autos também resta demonstrado que a recorrente cedeu seu nome, com vistas ao acobertamento da real compradora das mercadorias importadas, no caso, a responsável solidária Têxtil Fine. A recorrente alegou ainda que houve desrespeito ao princípio da legalidade e da ampla defesa, em razão do evidente erro/ausência de fundamentação legal da multa em apreço, pois tanto a descrição dos fatos como o enquadramento legal levavam a situação completamente estranha aos fatos. Sem razão a recorrente, pois, embora a fiscalização tenha citado, no enquadramento legal da infração (fl. 285), alguns preceitos regulamentares não relacionados diretamente com a tipificação da questionada infração, verificase que o art. 727 do RA/2009, bem como a sua matriz legal, o art. 33 da Lei 11.488/2007, foram expressamente consignados. Além disso, compulsando as robustas peças defensivas colacionadas aos autos verificase que, ao contrário do alegado, não restou evidenciado qualquer prejuízo ao direito de defesa da recorrente, uma vez que ela demonstrou perfeito conhecimento das imputações que lhe foram feitas e delas defendeuse adequadamente. Por fim, a recorrente alegou que, nos autos do processo nº 10920.005216/200980, proferido na data do acórdão recorrido, o Colegiado a quo, por meio do acórdão nº 0722.909, com base no voto da lavra do mesmo Relator, decidiu afastar a aplicação da multa em apreço, fixada no art. 33 da Lei 11.488/2007. Mais uma vez, não procede a alegação da recorrente. De fato, o referido julgado afastou a aplicação da multa em apreço, porém as circunstâncias fáticas nele retratadas foram distintas das que aqui foram apuradas e comprovadas pela fiscalização. Naquele processo, as declaradas operações de importação por encomenda não foram descaracterizadas pelo Colegiado julgador, porque, segundo o voto condutor do julgado, não houve comprovação de que os recursos nelas empregados tivessem provindo da adquirente das mercadorias. Com efeito, a única irregularidade apurada e comprovada no âmbito do citado processo foi a falta de indicação do número de inscrição no CNPJ da encomendante da mercadorias e essa circunstância foi relevada pelo Colegiado julgador de primeiro grau ante a demonstração dos fatos que infirmavam a ocultação do adquirente/comprador, mediante fraude ou simulação, conforme entendera a fiscalização. Para corroborar o asseverado, segue transcrito os excertos relevantes extraídos do voto condutor do citado julgado: Por outro lado, o simples fato de a identificação do encomendante não ter sido aposta no campo devido das Declarações de Importação, por si só, não caracteriza a infração prevista no inciso XXII do artigo 689 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 6.759/2009, pois no presente caso não se pode afirmar que houve ocultação do comprador ou adquirente das mercadorias. Os fatos que levam a essa conclusão são os seguintes: A informação referente à identificação do encomendante e da própria modalidade de importação foi devidamente registrada no campo de "Dados complementares" das Declarações de Importação; Fl. 562DF CARF MF 20 Os documentos que ampararam as importações trazem com clareza a identificação do adquirente das mercadorias, no caso o encomendante; As interessadas apresentaram, perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil, o contrato que firmaram para fins de vinculação do importador ao encomendante; A importadora e a encomendante estavam habilitadas a realizar operações de importação, ainda que o limite estabelecido para a encomendante realizar operações por conta própria ou por sua conta e ordem houvesse sido ultrapassado; e principalmente, As operações não foram descaracterizadas como tendo sido realizadas na modalidade de importação para revenda a encomendante predeterminado, pois não se comprovou que os recursos nelas empregados tenham provindo da adquirente das mercadorias. As impugnantes trazem ainda aos autos documentos que amparam sua alegação de que, em tempo muito anterior ao da efetivação das importações autuadas, foi solicitada a habilitação ordinária da empresa encomendante que, todavia, não foi processada a tempo pela unidade competente. Desse fato, aliado ao histórico de importações que a própria fiscalização demonstrou, se depreende que não houve intenção de ocultar a adquirente das mercadorias, mas sim necessidade de se alterar a modalidade de importação em razão do impedimento operacional. O que se conclui, portanto, é que não houve ocultação do adquirente/comprador, mediante fraude ou simulação, e portanto não restou caracterizada a infração imputada às interessadas e prevista no inciso XXII do artigo 689 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n° 6.759/2009, não sendo portanto aplicável a pena de perdimento ou sua conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. (grifos não originais) Ainda em relação ao referido processo, cabe ainda registrar que, de acordo relatório encartado no citado acórdão, a própria fiscalização asseverou que os "pagamentos pelas mercadorias foram realizadas pela 'Tecnoblu Importadora e Exportadora de Acessórios Têxteis Ltda' em datas posteriores à emissão das notas fiscais de saída da 'D & A Comércio Serviços Importação e Exportação Ltda'". Ou seja, sob o aspecto material, as operações importação atendiam as exigência legais estabelecidas para a modalidade de importação por encomenda. Por todas essas considerações, chegase a conclusão que, no caso em tela, a recorrente praticou a conduta concernente a cessão do nome com vista ao conbertamento do real comprador das mercadorias importadas, por conseguinte, devida a aplicação da multa de 10% (dez por cento) do valor da operação, conforme proposto pela fiscalização. Da multa de 1% (um por cento) por omissão de informação. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 640 21 A fiscalização enquadrou a infração e a penalidade em apreço no art. 69, §§ 1º e 2º, I, da Lei 10.833/2003, combinado com o disposto no art. 84 da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1º A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar deforma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2º As informações referidas no § 1º, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: I identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação; importador/exportador; adquirente (comprador)/ fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; [...] (grifos não originais) Medida Provisória 2.15835/2001: Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. § 1º 0 valor da multa prevista neste artigo será de RS 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2º A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. De acordo com a descrição dos fatos consignada no referido Termo de Verificação Fiscal (fl. 314), a não inclusão, no campo próprio das DI, do número do CNPJ da compradora da mercadoria configurava não prestação de informações de natureza Fl. 564DF CARF MF 22 administrativotributária ou comercial, estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, necessária à determinação do procedimento aduaneiro apropriado. Por sua vez, a recorrente alegou que não descumprira a referida obrigação, estabelecida no parágrafo único do art. 3º da Instrução Normativa SRF 634/2006, uma vez que tomara todas as providências legais necessárias para a correta operacionalização da importação por encomenda, quais sejam: "verificou haver a habilitação no RADAR de ambas as empresas; formulou contrato de importação por encomenda com a TÊXTIL FINE; vinculou o referido contrato na Receita Federal deixando cristalina a operação que iria se realizar, e, por fim; Informou no campo 'Informações CompIementares' da DI se tratar de importação por encomenda". Sem a razão a recorrente. Como a prestação referida informação era de suma importância com vistas à determinação do apropriado procedimento de controle aduaneiro a ser adotado em relação as referidas operações de importação. No caso, como fora prestada a referida informação, o Siscomex qualificou as citadas operações como sendo de importação por conta própria, excluindoas dos controles inerentes à operação de importação por conta e ordem de terceiros ou por encomenda. Também não procede a alegação da recorrente de que a multa em questão era inaplicável, porque na suposta omissão não houve culpa e muito menos dolo, mas sim erro decorrente de falha operacional do Siscomex, posto que, sabidamente, a responsabilidade por infração à norma da legislação aduaneira independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, conforme estatuído no art. 946, § 2º, do Decretolei 37/1966. Com base nessas considerações, rejeitase às alegações da recorrente e mantémse a multa aplicada, uma vez que demonstrada que a prática da conduta imputada à recorrente enquadrase perfeitamente na hipótese da infração definida nos referidos preceitos legais. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 6 "Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato." Fl. 565DF CARF MF Processo nº 10920.001676/201072 Acórdão n.º 3302003.724 S3C3T2 Fl. 641 23 Fl. 566DF CARF MF
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