Busca Facetada
Turma- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Câmara (14,941)
- Terceira Seção De Julgame (14,941)
- PIS - ação fiscal (todas) (33)
- Finsocial -proc. que não (31)
- Simples- proc. que não ve (30)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (27)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (27)
- Cofins - ação fiscal (tod (26)
- Cofins- proc. que não ver (20)
- DCTF - Multa por atraso n (20)
- PIS - proc. que não vers (20)
- ITR - ação fiscal - outro (17)
- II/IE/IPIV - ação fiscal (16)
- ITR - notific./auto de in (14)
- Outros proc. que não vers (10)
- Finsocial- ação fiscal (t (8)
- II/IE/IPI- proc. que não (8)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (2,675)
- PAULO ROBERTO DUARTE MORE (1,968)
- HELCIO LAFETA REIS (1,921)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (1,349)
- PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA (822)
- MARCIO ROBSON COSTA (555)
- LEONARDO VINICIUS TOLEDO (553)
- Hélcio Lafetá Reis (489)
- TATIANA JOSEFOVICZ BELISA (399)
- LAERCIO CRUZ ULIANA JUNIO (345)
- MERCIA HELENA TRAJANO DAM (332)
- ANA CLARISSA MASUKO DOS S (256)
- CARLOS ALBERTO NASCIMENTO (256)
- DANIEL MARIZ GUDINO (252)
- MARCELO GIOVANI VIEIRA (249)
- 2019 (2,567)
- 2021 (2,432)
- 2018 (1,813)
- 2020 (1,610)
- 2023 (1,219)
- 2017 (1,129)
- 2024 (849)
- 2016 (612)
- 2022 (605)
- 2013 (372)
- 2014 (352)
- 2012 (333)
- 2009 (276)
- 2011 (259)
- 2025 (206)
- 2019 (2,467)
- 2021 (2,329)
- 2020 (1,830)
- 2018 (1,413)
- 2023 (1,264)
- 2017 (1,101)
- 2024 (973)
- 2022 (652)
- 2016 (639)
- 2025 (365)
- 2014 (356)
- 2015 (256)
- 2009 (250)
- 2013 (220)
- 2011 (109)
- os (14,898)
- de (14,894)
- membros (14,861)
- por (14,770)
- do (14,711)
- julgamento (14,518)
- votos (14,430)
- em (14,105)
- colegiado (14,044)
- presidente (13,858)
- participaram (13,845)
- e (13,808)
- conselheiros (13,726)
- unanimidade (12,870)
- oliveira (12,788)
Numero do processo: 18471.000102/2004-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998, 01/12/2000 a 31/12/2000, 01/06/2001 a 30/06/2001
PIS. DECADÊNCIA
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, de modo que devem ser aplicadas, sobre o prazo extintivo do direito do Fisco, as regras previstas no CTN.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3202-001.488
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Acompanhou o julgamento o advogado Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº. 26.345.
Nome do relator: Charles Mayer de Castro Souza
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998, 01/12/2000 a 31/12/2000, 01/06/2001 a 30/06/2001 PIS. DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, de modo que devem ser aplicadas, sobre o prazo extintivo do direito do Fisco, as regras previstas no CTN. Recurso voluntário provido em parte.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 18471.000102/2004-86
conteudo_id_s : 5704773
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3202-001.488
nome_arquivo_s : Decisao_18471000102200486.pdf
nome_relator_s : Charles Mayer de Castro Souza
nome_arquivo_pdf_s : 18471000102200486_5704773.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Acompanhou o julgamento o advogado Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº. 26.345.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
id : 6696361
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048944900046848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1695; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 326 1 325 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10945.720325/201329 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3202001.488 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2015 Matéria PIS. MULTA Recorrente DOCEPAR S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998, 01/12/2000 a 31/12/2000, 01/06/2001 a 30/06/2001 PIS. DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, de modo que devem ser aplicadas, sobre o prazo extintivo do direito do Fisco, as regras previstas no CTN. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. Acompanhou o julgamento o advogado Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº. 26.345. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama, Gilberto de Castro Moreira Junior e Thiago Moura de Albuquerque Alves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 03 25 /2 01 3- 29 Fl. 368DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração lavrado contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, referente aos períodos de apuração 01/98 a 12/98, 12/00 e 06/01, no valor total de R$ 886.041,55, incluídos multa proporcional e juros de mora. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: Trata o presente processo de auto de infração lavrado contra o contribuinte acima identificado, relativo à falta de recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS, abrangendo os períodos de apuração 01/98 a 12/98, 12/00 e 06/01 (fls. 206 a 213), no valor de R$ 317.271,28, com o acréscimo de multa de oficio de 75%, no valor de R$ 237.953,41, e juros de mora, calculados até 30/12/2003, no valor de R$ 330.816,86, totalizando um crédito tributário apurado de R$ 886.041,55, em decorrência de ação Fiscal levada a efeito pela DeficRJO, conforme Termo de Início de Fiscalização às fls. 30. • 2. No Termo de Verificação (fls. 205), o AFRF autuante informa, em resumo, que: • A empresa não recolheu o PIS referente ao ano de 1998, em virtude de ter contestado judicialmente o modo de apuração previsto na MP n° 1.212/95 e suas reedições; • A empresa impetrou o Mandado de Segurança n° 96.00085056 contra a referida legislação e obteve liminar determinando a apuração e pagamento do PIS sem as modificações trazidas por tais normas, ou seja, com base na LC n° 7/70; • Em 10/01/97 foi julgado o mérito e proferida sentença confirmando a liminar; • Sendo a empresa prestadora exclusiva de serviços, o PIS a ser recolhido seria de 5% sobre o imposto devido. Tendo em vista que, neste ano, ela apurou resultado negativo, não houve imposto devido e, consequentemente, nada foi pago; • Em 11/07/02 a decisão del a instância foi reformada pelo TRF 2allegião. A empresa apresentou agravo de instrumento, que até a presente data, ainda sem manifestação daquele Tribunal; • Às fls. 127 a 204 consta cópia do processo judicial e decisões correspondentes; • As bases de cálculo foram apuradas conforme demonstrativo de fls. 31, nos termos das normas aplicáveis. 3. O enquadramento legal da autuação foi: Lei Complementar n° 7/70; artigos 2°I, 3 0, 40, I a III, 8°4 e 9° da Medida Provisória n° 1.212/95 e suas reedições, convalidadas pela Lei n° 9.715/98; artigos 2°4, 3°, 4°, I a III, 8°4, 90 e 18 da Lei n° 9.715/98; artigos 2° e 3° da Lei n°9.718/98. Fl. 369DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10945.720325/201329 Acórdão n.º 3202001.488 S3C2T2 Fl. 327 3 4. Após tomar ciência da autuação em 28/01/2004 (fls. 206), a empresa autuada, • inconformada, apresentou a impugnação anexada às fls. 217 a 230 em 20/02/2004, com as alegações abaixo resumidas: 4.1. Com a declaração de inconstitucionalidade dos Decretos Leis n's 2.445/88 e 2.449/88, a empresa passou a recolher o PIS de acordo com a Lei Complementar n° 7/70; 4.2. Com a edição da Medida Provisória n° 1.212/95, a impugnante impetrou mandado de segurança, visando o recolhimento da contribuição nos termos da citada Lei Complementar; 4.3. Foi deferida liminar suspendendo 'a exigibilidade do crédito mediante depósito judicial, sendo que a empresa entendeu por bem não efetuar o depósito, proferindo o juizo despacho tornando a decisão sem efeito; 4.4. Foi proferida sentença concedendo a segurança pleiteada, tendo a Fazenda interposto recurso de apelação, provido pelo TRF2aRegião; 4.5. Após a oposição de embargos de declaração pela impugnante, aos quais foi negado provimento, e, posteriormente, recurso extraordinário, inadmitido, não restou à empresa outra alternativa senão a interposição de agravo de instrumento, de forma que a matéria fosse apreciada pelo STF; 4.6. O presente auto encontrase eivado de ilegalidades, pois, não obstante não assistir qualquer razão à Fiscalização, em hipótese alguma poderia a Fazenda Nacional efetuar o lançamento relativo a fatos geradores sobre os quais já se operou a decadência do direito de lançar, uma vez que os valores exigidos se referem ao ano de 1998, sendo que a impugnante somente foi notificada do auto em 28/01/04; 4.7. Ademais, ainda que os valores fossem devidos e não houvesse decaído o direito de a Fazenda lançar, em hipótese alguma poderia a Fiscalização efetuar a cobrança de multa punitiva, em razão de recolhimento menor do tributo efetuado sob amparo judicial; 4.8. A existência de ação judicial, em que se questiona o tributo, não possui o condão de autorizar a cobrança dos valores, sem que as autoridades fazendárias tenham efetuado o lançamento, nos termos do artigo 142 do CTN; 4.9. Assim, se durante o prazo decadencial a autoridade fiscal não efetuar o lançamento do tributo cuja exigibilidade esteja suspensa por ordem judicial, em hipótese alguma poderá o Fisco cobrar os valores em discussão, sob pena de incorrer em invasão de competência, uma vez que estarseia colocando nas mãos do Poder Judiciário o poder de lançar tributo, cuja competência é exclusiva da administração; Fl. 370DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 4.10. Ressaltese que a suspensão regulada pelo artigo 151 do CTN paralisa temporariamente o exercício efetivo do poder de execução, mas não suspende a prática do próprio ato administrativo de lançamento decorrente de atividade vinculada, obrigatória e necessária para evitar a decadência do poder de lançar; 4.11. A legitimidade da prática do ato de lançamento na pendência do período de suspensão da exigibilidade do crédito foi expressamente reconhecida pelo artigo 63 da Lei n° 9.430/96, sendo esse o entendimento do STJ e dos Conselhos de Contribuintes; 4.12. Com base em tais considerações e no fato de que, durante o período decadencial, a Fiscalização não efetuou o lançamento dos valores ora exigidos, restará inócua qualquer alegação das autoridades fiscais, no sentido de que estariam impedidas de realizar o lançamento; 4.13. No caso dos tributos lançados por homologação, caso do PIS, a Fazenda possui, nos termos do artigo 150, § 4° do CTN, o prazo, ininterrupto, de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, para constituir o crédito; 4.14. A pretensão da autoridade fazendária, no sentido de que o prazo decadencial seria de dez anos, carece de embasamento legal, pois insistem em aplicar conjuntamente o artigo 150, § 40 do CTN com o artigo 173, ambos do CTN, entendendo, equivocadamente, que, após transcorridos cinco anos do fato gerador, a Fazenda disporia de mais cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; 4.15. Nos termos do artigo 150 do CTN, o lançamento por homologação se dá no momento em que a autoridade administrativa, de forma expressa ou tácita, homologa a • atividade exercida pelo sujeito passivo, considerandose extinto o crédito; 4.16. Assim, não há como se aplicar a regra geral do artigo 173, pois não há como conceber que algo que tenha sido "definitivamente extinto" possa "renascer" sob a égide do artigo 173; 4.17. Confirmando tal entendimento, citamse doutrina e jurisprudência, judicial e administrativa; 4.18. Não cabe discorrer na presente defesa sobre as razões de mérito pelas quais o auto deve ser julgado improcedente, uma vez que tal discussão já foi entregue ao Poder Judiciário; 4.19. Protesta a impugnante, em homenagem ao princípio da verdade material, pela produção de quaisquer provas que se façam necessárias, requerendo a improcedência do lançamento. Fl. 371DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10945.720325/201329 Acórdão n.º 3202001.488 S3C2T2 Fl. 328 5 A 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de janeiro II julgou improcedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/RJII n.º 1314.611, de 15/12/2006 (fls. 274 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998, 01/12/2000 a 31/12/2000, 01/06/2001 a 30/06/2001 PIS DECADÊNCIA Tendo sido constituído o crédito tributário dentro do prazo de dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, não se caracteriza a decadência. IMPUGNAÇÃO PROVA A prova documental deve ser apresentada pelo contribuinte no momento da impugnação do lançamento. AÇÃO JUDICIAL CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE Não há que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito tributário, quando o provimento judicial obtido pelo sujeito passivo já havia sido reformado, favoravelmente à Fazenda Nacional, em data anterior ao início do procedimento Fiscal. Lançamento Procedente Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 288/300, por meio do qual, depois de relatar os fatos, apenas sustenta a extinção, pela decadência, do direito do Fisco. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O lançamento constitui crédito decorrente do PIS sobre valores devidos nos períodos de apuração de janeiro de dezembro de 1998, dezembro de 2000 e junho de 2001. A autuação se fundamentou na Medida Provisória nº 1.212, de 1995, e suas reedições, convalidadas pela Lei n° 9.715/98. Segundo consta dos autos, a Recorrente impetrou Mandado de Segurança, com pedido de liminar, visando obter provimento jurisdicional que lhe garantisse o seu direito a continuar a recolher a contribuição ao PIS nos termos da Lei Complementar n° 7, de 1970, sem se sujeitar a quaisquer atos de cobrança do tributo com fulcro na Medida Provisória n° 1.212, de 1995. Fl. 372DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 6 Embora tenha sido concedida a segurança, esta decisão restou modificada pelo TRF da 2ª Região, que deu provimento à apelação aviada pela Fazenda Nacional. Também negouse provimento aos embargos de declaração opostos pela Recorrente contra o acórdão prolatado pelo Tribunal, bem como posteriormente inadmitiuse o recurso extraordinário que interpôs. Após a apresentação de diversos recursos, os quais não alteraram a inadmissão do recurso extraordinário, a decisão do STF transitou em julgado em 13/10/2005. Em síntese, no momento em que iniciado o procedimento fiscal, a Recorrente não estava amparada por qualquer medida judicial. Assim, como já destacado pelo relator da decisão recorrida, não cabia o lançamento apenas para prevenir a decadência, uma que a aplicação do disposto no art. 63 da Lei nº 9.430, de 1996, reclama esteja suspensa a exigibilidade do crédito tributário. No recurso voluntário, debateuse apenas a extinção, pela decadência, do direito de lançar do Fisco, que não havia sido reconhecido pela instância de piso, ao fundamento de que a Lei n° 8.212, de 1991, em seu art. 45, definiu que o prazo decadencial das contribuições para a Seguridade Social seria de dez anos. Como cediço, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei 8.212 de 1991, em entendimento sumulado com a seguinte redação: Súmula Vinculante nº 8: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Sobre a matéria, devem ser observadas, portanto, as regras previstas no Código Tributário Nacional CTN. Analisados as informações encartadas nos autos, constatamos que não houve depósitos judiciais dos valores devidos (isso a própria Recorrente afirma em seu recurso), tampouco recolhimento de parte dos valores devidos. Assim, é de se aplicar o disposto no art. 173, I, do CTN, segundo o qual o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Nesse contexto, no momento em que a Recorrente foi cientificada do lançamento, o que ocorreu em 28/01/2004, já havia operado a decadência em relação aos períodos de apuração de janeiro a novembro de 1998 (quanto a este último, o termo a quo do prazo decadencial se iniciou no 1º dia útil de 1999, pois o lançamento já poderia ter sido efetuado em dezembro de 1998, de modo que se extinguiu no mesmo dia do ano de 2004). Com relação ao mês de dezembro de 1998, considerando que o lançamento só poderia ter sido efetuado a partir do mês de janeiro de 1999, a contagem do prazo decadencial se iniciou no 1º dia útil de 2000, encerrandose no mesmo dia de 2005, de sorte que, para o mês de dezembro de 1998 – e por maior razão para os meses de dezembro de 2000 e junho de 2001 –, é de se manter o lançamento. Fl. 373DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10945.720325/201329 Acórdão n.º 3202001.488 S3C2T2 Fl. 329 7 Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para manter o lançamento apenas quanto aos períodos de apuração de dezembro de 1998, dezembro de 2000 e junho de 2001. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 374DF CARF MF Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP31.0317.14099.MPUD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA em 24/03/2015 21:02:00. Documento autenticado digitalmente por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA em 24/03/2015. Documento assinado digitalmente por: IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA em 05/04/2015 e CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA em 24/03/2015. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 31/03/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP31.0317.14099.MPUD Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 18471.000102/2004-86. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 10711.729884/2012-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 20/08/2009
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66.
MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.575
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 20/08/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10711.729884/2012-67
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5718087
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.575
nome_arquivo_s : Decisao_10711729884201267.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10711729884201267_5718087.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6744477
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048946516951040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1785; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10711.729884/201267 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.575 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2017 Matéria OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA Recorrente CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 20/08/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 98 84 /2 01 2- 67 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10711.729884/201267 Acórdão n.º 3201002.575 S3C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A irregularidade identificada consta do tópico "Dos Fatos", parte da Descrição dos Fatos do Auto de Infração. Segundo o relatado, consistiu na prestação intempestiva de informação referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali indicado, o que acarretou no bloqueio automático do conhecimento no sistema Carga, conforme extrato anexado aos autos. Diante dos fatos apurados, a fiscalização entendeu configurada a infração tipificada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003, e aplicou a multa ali cominada. Não conformada com a exigência, a contribuinte apresentou Impugnação, cujos argumentos de defesa foram assim sintetizados pela DRJ: a) Princípio da razoabilidade. O atraso incorrido pela impugnante não causou embaraço ao controle aduaneiro, eis que as informações foram prestadas com suficiente antecedência da chegada do navio ao porto, o que comprova, também, o fato de a autuada não ter agido com intuito de cometer qualquer infração. Dessa forma, a aplicação de multa no presente caso ofende ao princípio da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. b) Bis in Idem. A impugnante foi penalizada mais de uma vez pela mesma conduta, uma vez que foram cobradas multas pelo atraso na entrega de informações referentes a cargas transportadas no mesmo navio/viagem, conforme processos administrativos indicados, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) nº 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento ou, subsidiariamente, que seja aplicado o entendimento de que só é cabível uma multa em relação a cada navio/viagem, excluindose as penalidades excedentes. A DRJ/Fortaleza julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo a exigência da penalidade nos termos do Acórdão 08033.452. No recurso voluntário foram repisadas as alegações trazidas na impugnação. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10711.729884/201267 Acórdão n.º 3201002.575 S3C2T1 Fl. 4 3 Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.523, de 21 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10711.724209/201241, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3201002.523): "Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno deste Conselho, apresento e relato o seguinte voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e considerando o tempestivo Recurso Voluntário, dele conheço. A alegação da fiscalização de 'Não Prestação de Informação sobre Carga Transportada' e a consequente aplicação de multa de R$ 5.000,00 prevista no Art. 107 do DL 37/66, em razão do descumprimento do prazo previsto na IN RFB 800/2007, Art. 22, ocorreu em razão da fiscalização ter constatado que o contribuinte era consignatário e deveria ter cumprido o prazo em no máximo até 29/07/09 às 07:58, sendo que desconsolidou o mercante agregado HBL de fls. 23 e 24 às 18:00 do mesmo dia 29. Conforme alegação de bis in idem do contribuinte em seu Recurso Voluntário, a autuação seria atrelada a dois outros autos de infração, Processos Administrativos de n°. 10711.724.250/201218 e 10711.724.251/201262, com os mesmos fatos e penalidade. Vencido no voto de diligência, para que fossem juntadas aos autos cópias dos mencionados processos e fosse verificada a possibilidade da duplicidade da pena, conforme Resolução por mim proposta na sessão de Janeiro deste ano, é certo que devo proceder à análise do mérito desta lide. Em que pese existir precedente favorável à situação do contribuinte, como o encontrado no Acórdão 3102001.988 deste Conselho, que determinou que a multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem, como fora consignado na autuação, não houve comprovação da existência de duplicidade ou do bis in idem, tampouco argumentos capazes de prejudicar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou 'que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos'. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10711.729884/201267 Acórdão n.º 3201002.575 S3C2T1 Fl. 5 4 Mas cópias dos Autos de Infração, um demonstrativo analítico, com os registros relativos às operações tratadas em cada processo apontado no recurso, não foram juntados pelo contribuinte. Esta situação (não juntada de documentos ou provas) diverge do previsto no Art. 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte. Restam prejudicados os demais argumentos do contribuinte, pois todos são decorrentes da alegação de bis in idem, exceto pela alegação de aplicação do princípio da razoabilidade, o que certamente teria valia porque é um princípio constitucional, contudo, está correta a fundamentação legal do lançamento, vigente e aplicável aos fatos narrados. O lançamento capitulou corretamente a multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do Decreto Lei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Assim, deve ser aplicada a multa prevista pela letra “e” do inciso IV, art. 107 do Decreto nº 37, isso é, no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Diante do exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para manter o lançamento em uma só multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)." Quanto à questão do bis in idem, da mesma forma que no caso do paradigma a contribuinte não juntou ao presente processo "cópias dos Autos de Infração, um demonstrativo analítico, com os registros relativos às operações tratadas em cada processo apontado no recurso". Não comprovada a ocorrência de duplicidade da exigência, não há como acolher o pleito de nulidade do presente lançamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16403.000078/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
EMBAROS DE DECLARAÇÃO. LAPSO MANIFESTO. PROSSEGUIMENTO DO JULGAMENTO.
Comprovado o lapso manifesto que impedia o prosseguimento do julgamento, cabe a admissibilidade dos embargos com efeitos infringentes para prosseguimento do julgamento.
VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EXIGÊNCIA DE PROVA.
Não pode ser aceito para julgamento a simples alegação sem a demonstração da existência ou da veracidade daquilo alegado.
DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO.
Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
Não há que se cogitar em nulidade do lançamento de ofício quando, no decorrer da fase litigiosa do procedimento administrativo é dada ao contribuinte a possibilidade de exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa.
COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO.
O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
Embargos Providos
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.636
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios, com efeitos infringentes, para negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cleber Magalhães, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 EMBAROS DE DECLARAÇÃO. LAPSO MANIFESTO. PROSSEGUIMENTO DO JULGAMENTO. Comprovado o lapso manifesto que impedia o prosseguimento do julgamento, cabe a admissibilidade dos embargos com efeitos infringentes para prosseguimento do julgamento. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EXIGÊNCIA DE PROVA. Não pode ser aceito para julgamento a simples alegação sem a demonstração da existência ou da veracidade daquilo alegado. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Não há que se cogitar em nulidade do lançamento de ofício quando, no decorrer da fase litigiosa do procedimento administrativo é dada ao contribuinte a possibilidade de exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa. COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO. O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Embargos Providos Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16403.000078/2007-14
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5716591
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.636
nome_arquivo_s : Decisao_16403000078200714.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16403000078200714_5716591.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios, com efeitos infringentes, para negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cleber Magalhães, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6740333
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048947227885568
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1726; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 492 1 491 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16403.000078/200714 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3201002.636 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de março de 2017 Matéria PIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida PREIMEIRA TURMA ORDINÁRIA DA SEGUNDA CÂMARA DA TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 EMBAROS DE DECLARAÇÃO. LAPSO MANIFESTO. PROSSEGUIMENTO DO JULGAMENTO. Comprovado o lapso manifesto que impedia o prosseguimento do julgamento, cabe a admissibilidade dos embargos com efeitos infringentes para prosseguimento do julgamento. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EXIGÊNCIA DE PROVA. Não pode ser aceito para julgamento a simples alegação sem a demonstração da existência ou da veracidade daquilo alegado. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Não se justifica a diligência para apurar informações quando os documentos e fatos constantes do processo são suficientes para convencimento do julgador. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 40 3. 00 00 78 /2 00 7- 14 Fl. 493DF CARF MF 2 Não há que se cogitar em nulidade do lançamento de ofício quando, no decorrer da fase litigiosa do procedimento administrativo é dada ao contribuinte a possibilidade de exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa. COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO. O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Embargos Providos Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios, com efeitos infringentes, para negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cleber Magalhães, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo. Relatório Cuidase de embargos de declaração, interposto pelo Conselheiro Relator e pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em face do Acórdão nº 3102002.046, que possui a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PRELIMINAR NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Confirmada a apresentação de manifestação sobre resultado da diligência fiscal que não foi analisado pela decisão da primeira instância, confirmase o cerceamento do direito de defesa, Fl. 494DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 493 3 devendo ser realizado novo julgamento considerando a manifestação apresentada sobre o resultado da diligência fiscal determinado pela autoridade a quo. Recurso Voluntário Provido em Parte As razões do embargo do conselheiro relator, foram assim detalhadas no recurso: i) Na seção do dia 23/02/2016 foram julgados diversos processos da empresa International Paper que tratavam de fatos conexos referentes a pedidos de compensação; ii) Durante o julgamento desta Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara foi verificado que a Delegacia de Julgamento, antes de proferir o seu julgamento, determinou a realização de diligência e que as conclusões finais do trabalho fiscal fossem cientificadas ao contribuinte para sua manifestação; iii) O contribuinte, cientificado do resultado da diligência, apresentou a competente manifestação questionando os resultados da diligência, entretanto, a DRJ ao proferir o seu julgamento considerou que o contribuinte não tinha apresentado manifestação sobre a diligência fiscal; iv) Tendo em vista que o contribuinte, antes do julgamento do recurso voluntário, comprovou a apresentação das contrarrazões à diligência. A decisão no Acórdão nº 3201 002.045 foi no sentido de anular a decisão da primeira instância para que nova decisão fosse proferida, considerando as contrarrazões apresentados pelo contribuinte. v) Entretanto, durante a formalização dos votos, foi identificado que no presente processo, as contrarrazões do contribuinte foram juntadas aos autos como manifestação de inconformidade e foram conhecidas pela DRJ; vi) O julgamento do presente acórdão partiu da premissa que a DRJ não tinha recebido a manifestação da contribuinte. Portanto, resta comprovado o equívoco no julgamento. Os embargos da Procuradoria da Fazenda Nacional caminharam no mesmo sentido dos embargos do Conselheiro Relator, reafirmando a omissão no julgado, quanto ao conhecimento da Delegacia de Julgamento das contrarrazões de diligência apresentados pelo Contribuinte. Os embargos foram admitidos diante da comprovação do lapso manifesto para sanar o equivoco cometido no julgamento, que de forma equivocada, considerou que a DRJ não teve conhecimento da manifestação apresentada pelo contribuinte. Consultando os autos, verificouse que as contrarrazões apresentadas pelo contribuinte foram juntados aos autos como manifestação de inconformidade. Diante da admissibilidade dos embargos, que determinam a apreciação do recurso voluntário, considerando a manifestação da Recorrente sobre as conclusões da Fl. 495DF CARF MF 4 diligência, fazse necessário esclarecer toda a lide e neste caminho transcrevo a seguir, o relatório da primeira instância, com as devidas adições, que muito bem relatou os fatos. "Trata o processo de contestação contra indeferimento de pedido eletrônico de ressarcimento, de PIS/Pasep Não Cumulativo Exportação do 3º trimestre de 2005, no valor de R$ 339.645,58 (Per nº 00459.19317.211206.1.1.088617), cumulado com declaração de compensação (Dcomp nº 21623.26127.211206.1.3.087800), visando a extinção de débitos próprios (IRPJ código 236201 do PA 11/2006). A DRF em Ponta Grossa, por meio do Despacho Decisório nº 363/2008, datado de 09/05/2008, indeferiu o ressarcimento pleiteado e, em conseqüência, não homologou as compensações vinculadas ao pretendido crédito, motivado pela não entrega de documentos comprobatórios que permitissem a análise do direito creditório pleiteado. Cientificada do Despacho Decisório, em 15/05/2008, a interessada, por intermédio de seu procurador legalmente habilitado, ingressou com Manifestação de Inconformidade, a seguir sintetizada. Esclarece que, dentre outras atividades, industrializa e comercializa, no mercado interno, papel sujeito à alíquota zero de PIS e Cofins, com o que acumularia créditos decorrentes da aquisição de insumos utilizados e consumidos em seu processo produtivo; comenta que o fisco a intimou a apresentar uma série de documentos (intimação fiscal n.º 202/2008), porém, em face do excessivo volume de documentos requeridos, solicitou dilação de prazo de mais 20 dias para cumprir a exigência fiscal, o qual foi parcialmente deferido com a concessão de 10 dias (Comunicado n.º 426/2008); sustenta que não obstante essa prorrogação do prazo, ainda assim não teria tido tempo suficiente para apresentar a ‘longa’ lista de documentação e na forma estabelecida pela intimação fiscal; em razão disso, foi solicitada novo prazo de atendimento, mas o fisco emitiu o despacho decisório não reconhecendo o seu direito creditório. Destacando a necessidade de a administração pública obedecer aos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da ampla defesa e do contraditório, alega que, no caso, o tempo concedido pela autoridade a quo foi exíguo, em face do volume de documentos solicitados. Dizendo que não se negou a atender a requisição do fisco, apenas pediu um tempo maior para atendê la, entende não ser razoável e tampouco proporcional o fisco negar o pedido de dilação do prazo e simplesmente indeferir seu pedido de ressarcimento e não homologar as declarações de compensação. Diz, ainda, que os livros obrigatórios sempre estiveram à disposição da autoridade fiscal. Na sequência, ressalta os princípios constitucionais do direito a ampla defesa e da nãoprivação de seus bens, fazendo citação da jurisprudência e da doutrina, argumentando que o indeferimento de seu pleito, estaria ligado a fato cuja natureza é fundamental para a correta aplicação do direito, ou seja, verificação se as aquisições de insumos e bens aplicados no processo de fabricação do papel sujeito à alíquota zero no mercado interno gerariam direito ao crédito de PIS e de Cofins, e entendendo que teria havido flagrante desrespeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, posto que lhe teria sido negado Fl. 496DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 494 5 o direito à compensação pretendida sob o frágil argumento da não entrega de documentação para o fisco no prazo estipulado em intimação. Insiste que o alegado direito de crédito decorre da comprovação de fato relacionado à utilização de insumos e demais bens no processo produtivo de papel sujeito à alíquota zero, e, assim, para decidir sobre a eventual existência desse direito, seria obrigatório o fisco entrar em contato direto com o fato a ser provado. Suscita a realização de perícia, alegando que a mesma seria imprescindível para comprovar seu direito de crédito de PIS e Cofins, decorrente de aquisições de insumos e demais bens utilizados na fabricação de papel sujeito à alíquota zero; indicando, para tanto, perito e formulando diversos quesitos. Por fim, pede que seja julgada totalmente procedente sua manifestação de inconformidade e requer a juntada de CDRom que diz conter toda a documentação solicitada pelo fisco. Quando da análise do processo por esta 3ª Turma/DRJ/Curitiba, tendo em vista a juntada de mídia na manifestação de inconformidade, que, segundo alega, conteria as informações necessárias à comprovação de seu direito creditório, devolveuse o processo à unidade de origem para que se verificasse ser a documentação assim apresentada suficiente para a análise da eventual existência do crédito reclamado, ciência à interessada dos trabalhos realizados, reabertura de prazo para apresentação de eventuais contrarrazões e, posteriormente, reenvio para este órgão julgador. Por sua vez, a Seção de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ponta Grossa (Safis/DRF/PTG) expediu intimação n.º 19/2010 e n.º 24/2010 para que a interessada apresentasse a documentação necessária para a adequada averiguação do alegado direito creditório, com solicitação pela contribuinte e autorização de prazo adicional para o cumprimento da exigência; novo pedido de dilação de prazo, devido a dificuldades na obtenção das informações solicitadas; após, reintimação fiscal, de n.º 227/2010, volta a interpelar a interessada para, no prazo de cinco dias úteis, cumprir as precitadas intimações, de nºs 19 e 24, com novo pedido de dilação de prazo por parte da contribuinte. Em resposta ao último pedido de dilação de prazo, foi emitido o Comunicado nº 03/2010, indeferindo a solicitação e comunicando o encaminhamento dos autos à DRJ em Curitiba para julgamento. Juntamente, foi lavrada Informação Fiscal pela Safis/DRF/PTG, noticiando brevemente os fatos havidos no processo, enfatizando as várias oportunidades dadas à contribuinte para a adequada instrução do processo e, ao final, concluindo pela impossibilidade de se verificar a consistência do crédito pleiteado. A manifestação de inconformidade foi então analisada por esta 3ª Turma da DRJ em Curitiba/PR, que, por meio do Acórdão n.º 27.576, de 28 de julho de 2010, decidiu por rejeitar as preliminares arguidas, indeferir o pedido de perícia e manter o não reconhecimento do pedido de ressarcimento, bem como a não homologação da declaração de compensação. Fl. 497DF CARF MF 6 Inconformada, a interessada interpôs o recurso voluntário, no qual requereu: (a) a declaração da nulidade do acórdão da DRJ/CTA, por afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa na diligência fiscal; (b) o reconhecimento do direito de crédito de Cofins pretendido e a homologação das compensações a ele vinculadas; (c) seja reconsiderado o indeferimento do pedido de perícia, para a interessada poder demonstrar a efetividade de seus créditos. O recurso interposto foi apreciado pela Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cujos membros, por meio do Acórdão n.º 310201.164, em sessão havida em 02/06/2011, por unanimidade de votos, acataram o argumento da interessada de que a decisão de primeira instância “é lastreada em documentos juntados aos autos pela DRF/PTG após o protocolo da Manifestação de Inconformidade apresentada pela Recorrente e sem a sua devida cientificação” e acordaram em “acolher a preliminar de nulidade da decisão da DRJ por cerceamento do direito de defesa, determinando o retorno dos autos a DRF para proferir a intimação da recorrente da informação fiscal de fls. 140/142.” Comunicada a interessada, em 15/10/2012, desse julgado, bem como da Informação Fiscal da DRF/PTG/Safis, foi ressalvado o seu direito à manifestação de inconformidade a ser apresentada à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, na parte que lhe for desfavorável. Em 25/10/2012, apresentou contestação, argüindo que a diligência não foi cumprida na forma determinada pela DRJ, o que teria prejudicado seu direito ao crédito, com manifesto cerceamento ao direito de defesa; fala que como o trabalho fiscal não teria cumprido o papel de informar a autoridade julgadora sobre o crédito a que diz ter direito, a mencionada diligência deveria ser declarada nula, com a consequente determinação de uma efetiva apuração do direito creditório. No item “2. Diligência efetuada não responde ao que foi solicitado pela DRJ/Curitiba”, diz que, em razão de diligência solicitada pela DRJ/CTA, a DRF/PTG intimoua apresentar uma série de documentos fiscais e contábeis, mas que, devido ao grande volume dos documentos então solicitados, teve dificuldades em atender à totalidade da intimação, trazendo aos autos, no entanto, em meio magnético (CD) os seguintes elementos: 1. lançamentos contábeis, 2. saldos mensais, 3. plano de contas e 4. centro de custos. Acrescenta que, na sequência, o órgão fiscal efetuou nova intimação requerendo os arquivos em formato digital validado por leiaute estabelecido pela RFB, para o que requereu novo prazo; no entanto, para sua surpresa, no curso dessa verificação, fala que ‘sem qualquer aceno sobre o direito creditório’ a diligência foi encerrada, com o retorno do processo à DRJ/Curitiba. Prossegue, dizendo que ao final dos trabalhos de diligência, agora franqueada para contestação, o auditor fiscal emitiu a seguinte conclusão: “Tendo em vista as considerações supra, ha que se considerar a impossibilidade de verificar o quantum do crédito pleiteado pelo contribuinte, tendo em vista as inconsistências na documentação apresentada até o momento e a falta da documentação restante. Destarte, proponho o encaminhamento para a DRJ Curitiba Fl. 498DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 495 7 para prosseguimento.”, a qual considera equivocada, fora do escopo determinado pela DRJ/CTA, uma vez que não foi realizada a análise solicitada, isso porque: “a missão de verificar os documentos apresentados não foi realizada, pois o que deveria ser o resultado da análise da diligência com a elaboração dos demonstrativos do crédito resumese a noticia dos documentos apresentados.”, o que demonstraria que não houve qualquer trabalho sobre os documentos que apresentou, não acreditando que de seus lançamentos contábeis ‘não seja possível identificar nenhum valor que componha o crédito postulado’, revelando que a diligência teria se acomodado com a falta de alguns documentos para negar todo o direito creditório. Agrega que a precitada diligência tinha como pressuposto verificar todo e qualquer elemento que pudesse sustentar o direito creditório, tanto é assim que o pedido de perícia só teria sido indeferido sob o argumento de que tal diligência supriria a necessidade de averiguação por profissional habilitado. Conclui esse tópico dizendo: “Desta forma, concluíse imprestável o trabalho realizado que macula a decisão ora combatido por estar baseado em conclusão equivocada.”. Sob o título “3. Do direito ao crédito da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins”, argumenta que se o fisco tivesse examinado os documentos que embasam seu direito creditório, constataria que o crédito de Cofins requerido é legítimo, posto que teria origem na aquisição de insumos e bens aplicados em seu processo de fabricação de papel, conforme previsão do art. 3º, II da Lei nº 10.833, de 2003, e que estaria demonstrado em planilhas anexas; diz que o acumulo dos créditos ora debatidos decorreria de seu vínculo às operações que realiza, cujas receitas para fins de apuração do PIS e da Cofins, possuem imunidade assegurada pelo art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal de 1988, e confirmada no art. 6º, I, da Lei nº 10.833, de 2003; assim, diz que tais créditos não seriam consumidos na sistemática da não cumulatividade da Cofins, pela inexistência de débitos a lhes serem contrapostos. Menciona julgado do então Segundo Conselho de Contribuintes que admitiria, como insumo gerador de crédito do PIS e da Cofins, todo e qualquer custo, gasto ou despesa vinculados ao produto ou serviço vendido, pedindo que tal tratamento seja dados aos créditos que apropriou e informou em DACON, sendo que relativamente ao 3º trimestre de 2004, apresenta o seguinte demonstrativo: Tabela a fl. 320. Reafirma que mesmo não tendo tido tempo hábil para fornecer as informações na forma requerida (arquivos magnéticos), as mesmas sempre estiveram disponíveis, por outros meios, tais como os livros de entrada, que a RFB poderia acessar para análise; acrescenta, em face dos documentos então apresentados, ser impossível não haver condições de identificar algum crédito da Cofins, dentre os que pleiteou, o que demonstraria a ação extremada da nãohomologação da integralidade dos créditos objeto do presente processo. Fl. 499DF CARF MF 8 No título “4. Da comprovação do direito ao crédito de Cofins em sede de recurso – laudo que atesta o crédito”, reitera que não se negou a atender a intimação fiscal, tendo pedido apenas um tempo maior para cumprila, ressalvando que seus livros de entrada, obrigatórios para apuração dos créditos, sempre estiveram à disposição do fisco, e, assim, em respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, requer que o seu direito creditório possa ser analisado, insistindo em afirmar que o seu direito ao crédito reside na utilização efetiva de insumos e demais bens no processo produtivo de papel, o que ocasionou o acúmulo do crédito de PIS objeto dos pedidos de ressarcimento e de compensações realizadas posteriormente." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 DECISÃO ANULADA PELO CARF. Cabe proferir novo acórdão atinente a processo cuja decisão de primeira instância foi anulada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Se o conhecimento dos atos processuais pela contribuinte e o seu direito de resposta se encontrou plenamente assegurado, não se configura o cerceamento do direito de defesa. PEDIDOS DE RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. No âmbito de pedido de ressarcimento, é ônus da interessada a comprovação minuciosa da existência do direito creditório; não havendo atendido de forma satisfatória intimação para apresentação de provas quanto ao direito alegado, cabível ao fisco o indeferimento de seu pleito. PEDIDO DE PERÍCIA. É prescindível o pedido de perícia que vise a comprovação de créditos da pessoa jurídica, quando se tratar de matéria que não exige conhecimento técnico específico diferente da análise que deve ser realizada pela autoridade administrativa competente para o reconhecimento do crédito, ainda mais quando envolver a falta de apresentação de provas e informações quanto aos valores dos créditos pleiteados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.” Cientificada, a empresa interpôs recurso voluntário onde repisa as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, alegando preliminarmente, a nulidade da decisão, visto que a diligência determinada pela Delegacia de Julgamento deveria verificar a documentação anexada ao processos, sendo assim, seria obrigatório a autoridade responsável pela diligência, elaborar demonstrativos sobre o direito creditório e apontar quais débitos poderiam ser homologados. Entretanto, a autoridade fiscal intimou a Recorrente a apresentar uma série de documentos fiscais e contábeis que não foram entregues, o que determinou o encerramento da diligência, concluindo pela impossibilidade de verificar o direito creditório, em razão das inconsistência na documentação apresentada e a falta do restante dos documentos. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 496 9 Alega a Recorrente que a diligência determinada pela DRJ não foi insatisfatória, pois não realizou a análise que lhe foi imposta, que resumese na notícia dos documentos apresentados e não a exigência de novos documentos. A diligência fiscal não realizou nenhum trabalho sobre os documentos apresentados, não sendo crível que a partir dos lançamentos contábeis não seja possível identificar nenhum valor que componha o crédito pleiteado. Nos termos informados pela Fiscalização, inconsistência tem significado totalmente distinto de imprestável, ou seja, pequenas inconsistência na documentação, não poderiam culminar com o indeferimento total dos créditos pleiteados. Prossegue a Recorrente afirmando que sempre deixou à disposição da fiscalização os documentos fiscais e contábeis que deram origem aos créditos pleiteados, além de ter solicitado a realização de perícia para que fosse comprovada a existência do direito ao crédito. Assim, para reforçar seu argumento, a recorrente anexou ao processo o levantamento realizado por empresa independente, que demonstra a existência do saldo credor com base na compensação, juntando ainda, em conjunto com o relatório, planilhas em Excel com o resultado dessa análise e os elementos utilizados para o cálculo. No que tange ao pedido de perícia, a autoridade julgadora de forma arbitrária, decidiu por indeferir o pedido sob a alegação que somente poderia ser admitido, se restasse provado ser desnecessária à apuração dos fatos, o que não é o caso, eis que a perícia se mostra necessária para a comprovação do direito creditório da Recorrente. Quanto ao mérito do direito creditório, alega o recurso que caso o trabalho fiscal de diligência tivesse seguido o determinado pela Delegacia de Julgamento e examinado os documentos que embasam o direito creditório e que estavam a disposição da Fiscalização, seria constatado que o crédito de PIS/Pasep requerido é legítimo, pois, cabe a autoridade fiscal o poderdever de averiguar se houve o cumprimento das regras contidas nas normas jurídico tributárias e levantar todos os elementos fáticos existentes para formação de sua convicção. Por fim, alega a Recorrente que a alteração nos valores tidos como devidos, previamente informados em DCTF, DACON e DIPJ, somente poderia ocorrer com a edição de ato administrativo de ofício, ou seja, fazse necessário o lançamento fiscal e não poderia ser realizado no presente processo que trata de pedido de compensação. Quando do julgamento do recurso voluntário, foi trazido aos autos pela Recorrente, a comprovação da entrega de manifestação sobre o resultado da diligência fiscal determinado pela Delegacia de Julgamento (fls. 401 a 447), que segundo suas alegações não foi apreciado por aquela autoridade julgadora, o que ensejaria o cerceamento do direito de defesa. Ao apreciar o recurso voluntário esta turma decidiu no Acórdão nº 3201 002.046, na sessão do dia 23/02/2016, por anular a decisão da primeira instância, determinando a realização de um novo julgamento, baseado na ausência de conhecimento pela DRJ sobre a manifestação sobre a diligência apresentada pela Recorrente. Ao formalizar o julgamento o Conselheiro Relator do Acórdão identificou que a DRJ teve ciência da manifestação sobre a diligência apresentada pela Recorrente e manifestouse sobre esta matéria no seu julgado. O Conselheiro Relator diante da existência de lapso manifesto no acórdão, apresentou embargos declaratórios e no mesmo caminho também Fl. 501DF CARF MF 10 a Procuradoria da Fazenda Nacional. Os embargos foram admitidos para sanar o equivoco no acórdão, conforme já detalhado neste relatório É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Consultando os autos e o acórdão embargado é possível comprovar a existência da omissão alegada pelo Conselheiro Relator e pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Assim, fazse necessário o prosseguimento do julgamento a partir da nova informação que confirma o conhecimento da DRJ da manifestação sobre a diligência apresentada pela Recorrente (efls. 284 a 294). O recurso é voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. Inicialmente, por tratar de questão preliminar, merece análise, a alegação que a diligência determinada pela DRJ não poderia exigir novos documentos e se ater unicamente aqueles constantes dos autos, entendo não assistir razão ao recurso. A determinação da autoridade de primeira instância para a realização da diligência ocorreu com o intuito de verificar se os documentos apresentados pela Recorrente eram suficiente para comprovar o direito creditório, conforme consta do trecho abaixo, extraído da decisão que determinou a diligência. (fl. 116) Assim, tendo em vista que a interessada teria, em principio, trazido aos autos os elementos que o órgão originariamente competente entendeu faltarem para análise originária dos créditos de PIS Não Cumulativo Exportação, relativos ao 3º trimestre de 2004, entendese ser necessário o retorno do processo à DRF/Ponta Grossa, para que seja verificado se a documentação apresentada pela interessada é, de fato, suficiente para a análise da eventual existência do crédito reclamado, bem como, em caso afirmativo, que seja feita a preparação de demonstrativos que indiquem o eventual montante possível de ressarcimento, bem como quais débitos fiscais indicados nas declarações de compensação poderiam ser homologados. A Fiscalização já tinha se pronunciado quanto a falta de comprovação do direito creditório, quando da elaboração do despacho decisório e no momento em que foi realizar a diligência determinada pela DRJ, intimou a Recorrente para a entrega de documentos que não constavam do processo, por obvio, que atendendo o escopo da diligência, que era a comprovação dos créditos pleiteados. As intimações realizadas não fogem a diligência da DRJ, mas, atendem de forma plena a solicitação da autoridade de piso. A busca da verdade material, resta plenamente atendida pela Fiscalização, que ao intimar a Recorrente a apresentar os Fl. 502DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 497 11 documentos que embasariam seus créditos, nada fez além de atender o objetivo da diligência determinada pela DRJ. O despacho da DRJ que determinou a diligência, não limitou a autoridade fiscal a análise unicamente dos documentos constantes dos autos, que tratavase de verificar se os documentos eram suficientes para comprovar o direito creditório. A Fiscalização entendendo que os documentos constantes do processo não eram suficientes, utilizando das suas prerrogativas legais, intimou a Recorrente a apresentar os documentos e informações que julgou necessárias a comprovar o direito creditório, não existindo nenhuma ilegalidade no procedimento adotado pela autoridade fiscal. Quanto ao trabalho fiscal, fazse necessário transcrever o trecho abaixo, retirado do termo de diligência fiscal. (fls. 146 a 147) Iniciandose a verificação das planilhas, contatouse inconsistências nos valores totais com os apurados em DACON. Em relação ao memoriais de cálculo, não ocorreu o detalhamento da origem dos créditos informados, principalmente no que se refere as rubricas referentes ao ativo imobilizado, depreciação e a rubrica "Outros". Em decorrência destes fatos, foram efetuadas as Intimações Fiscais fls 19/2010 e 24/2010. Na primeira intimação, foram solicitados os arquivos digitais previstos na Instrução Normativa SRF n° 86/2001 e detalhados no Ato Declaratório Executivo COFIS n° 15 de 23/10/2001. ... Na Intimação Fiscal n° 24/2010 foi solicitado o detalhamento dos créditos de depreciação, ativo imobilizado e os informados como "Outros". Para ambas As Intimações Fiscais foi concedido o prazo de 20(vinte dias), tendo sido cientificados em 25/01/2010 e 02/02/2010 respectivamente. Em 04/02/2010 foi protocolado na Agência da Receita Federal de Ibaiti o pedido de dilação de prazo em 20(vinte dias) para o atendimento das Intimações Fiscais, pedido este atendido. Em 12/03/2010 foi recepcionado por esta DRF, parte dos arquivos, quais sejam: Lançamentos contábeis (item 4.1.1 da ADE n° 15/2001), saldos mensais(item 4.1.2), Plano de contas(item 4.9.2) e centro de custos(item 4.9.3). No entanto, foram encontradas inconsistências, fato este informado via contato telefônico ao contribuinte. Em 12/03/2010, o interessado protocolou novamente um pedido de dilação de prazo em 15(quinze dias) para a Intimação Fiscal n° 24/2010. Sem que fossem apresentados os documentos solicitados, mesmo com as prorrogações, efetuouse a re intimação, tendo sido cientificado em 27/04/2010, para a apresentação em 5(cinco) dias úteis. Novamente o contribuinte requereu dilação do prazo, afirmando como PRAZO DEFINITIVO até o dia 14/05/2010. No prazo afirmado como final pelo contribuinte, o mesmo apresentou um novo pedido de dilação de prazo em 30(trinta) dias na agência de Ibaiti, este indeferido e comunicado ao contribuinte. Fl. 503DF CARF MF 12 Verificase do termo da diligência, que a primeira intimação para apresentação de documentos e informações foi em 25/01/2010 e a primeira entrega de parte dos documentos ocorreram em 12/03/2010, sendo informado ao contribuinte, a existência de inconsistências na documentação apresentada, foi concedido novo prazo e após sucessivos pedidos de prorrogação, concedido o prazo final de 14/05/2010 e mesmo assim, sem solucionar as pendências a Recorrente apresenta novo pedido de prorrogação de prazo de 30 (trinta) dias, que não foi concedido ao contribuinte, sendo esta decisão comunicada a Recorrente e consequentemente finalizada a diligência com o envio do relatório à DRJ. O processo foi julgado na primeira instância e em sede de recurso voluntário o CARF decidiu anular a decisão, determinando que fosse dado ciência do relatório fiscal de diligência ao contribuinte e franqueado o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação acerca das informações apuradas na diligência, conforme pode ser verificado no trecho abaixo, extraído do Acórdão nº 310201.164, de 02/06/2011, de relatoria do Conselheiro Alvaro Arthur Lopes de Almeida Filho. Ora, alegado documento é na verdade a informação fiscal através da qual a DRF/PTG apresenta um relato detalhado de todo o procedimento adotado para obtenção dos documentos que comprovam o direito a ressarcimento, especificando as intimações, pedidos de prorrogação e os prazos concedidos, concluindo que não foi possível identificar o quantum do crédito pleiteado, em razão da fala de documentação e pela inconsistências daquelas que foram apresentadas. Percebese que a recorrente deveria ter sido intimada das informações contidas no aludido "documento novo", até porque esta foi a determinação da DRJ ao proferir o despacho de fls. 111. ... Pelas razões, conheço do recurso voluntário, para acolher a preliminar de nulidade da decisão da DRJ por cerceamento do direito de defesa, determinando o retorno dos autos a DRF para proferir a intimação da recorrente da informação fiscal de fls. 140/142. Em cumprimento a decisão do CARF, a Recorrente foi cientificada do Relatório Fiscal de Diligência em 27/09/2012, sendo concedido o prazo de 30 (trinta) dias para manifestarse sobre as conclusões da diligência. A Recorrente apresentou sua manifestação alegando que a diligência determinada pela DRJ não foi cumprida, sendo que, o Auditor Fiscal não verificou os documentos apresentados, que mesmo parcialmente poderiam confirmar o direito creditório da Recorrente. Os autos seguiram para a Delegacia de Julgamento, que proferiu nova decisão, com base na diligência, negando o direito creditório por falta de comprovação documental. O histórico dos fatos, mostra que o prazo final concedido pela Fiscalização para apresentação de esclarecimento no procedimento de diligência determinada pela DRJ ocorreu em 14/05/2010. A Recorrente, cientificada da conclusão da segunda diligência, desta Fl. 504DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 498 13 feita determinada pelo CARF, em 08/08/2012, mais de dois anos após a ciência do prazo final para da primeira diligência alega que a Fiscalização não realizou a diligência e que existiriram documentos suficientes para apuração do crédito pleiteado pela Recorrente. Não vislumbro, como mudar a decisão da primeira instância, pois, a diligência não foi superficial como quer fazer crer a Recorrente, foi um trabalho detalhado, em que foram indicados pela Autoridade Fiscal os documentos a serem apresentados, sendo concedido diversos prorrogações de prazo. Os arquivos digitais, por exemplo, em que a legislação prevê um prazo de 20 (vinte) dias para sua apresentação, após diversos pedidos de prorrogação concedidos pela Fiscalização, que ao final concederam o prazo de 109 (cento e nove) dias não produziram os documentos digitais necessários para análise dos créditos. O relatório de diligência fiscal aponta o prazo concedido para apresentação dos arquivos digitais. Dentro do principio do contraditório e ampla defesa, foi concedido ao contribuinte um período extenso, através de sucessivas prorrogações e uma reintimação, sem que no entanto fossem apresentados os documentos solicitados. No que se refere aos arquivos digitais formatados conforme a ADE n°15/2001, cabe frisar que a IN n°86/2001 estabelece 20(vinte) dias para a apresentação, mas no entanto apôs 109(cento e nove) dias, apenas alguns itens, com inconsistências, foram apresentados. Entendo que a decisão da autoridade de piso não merece nenhum reparo. Quanto a necessidade de esclarecimentos por perícia técnica que foi solicitada pela Recorrente, não vejo a necessidade de tal instrumento processual. Os esclarecimentos periciais são necessários, quando o julgador não detém o conhecimento técnico necessário para analisar as informações trazidas aos autos, o que não ocorre no presente caso em que as informações são todas de origem contábil e fiscal, matérias que os julgadores da primeira e da segunda instância possuem conhecimento técnico para realizar o julgamento. Com relação ao mérito da lide, a recorrente teceu apenas argumentos genéricos, alegando que a auditoria foi superficial e não realizou as auditorias necessárias, entretanto não aponta os erros do trabalho tampouco esclarece as inconsistências levantadas durante o trabalho fiscal. A diligência realizada pela Autoridade Fiscal apontou os problemas identificados nos documentos apresentados e comunicou as inconsistências e sua interferência para o deferimento do pleito da Recorrente, conforme pode ser verificado nos diversos termos de intimação e prorrogação de prazo, onde consta o trabalho da auditoria e confirma que a Recorrente foi informada dos problemas, tanto assim que consta de um dos seus pedidos de prorrogação, a afirmação que está providenciando os documentos necessários e providenciará a correção dos problemas para o prosseguimento da diligência. “INTERNATIONAL PAPER COMERCIO DE PAPEL E PARTICIPAÇÕES ARAPOTI LTDA, pessoa jurídica de direito privado,com sede na rua Telémaco Carneiro, 669, na cidade de Arapoti, inscrita no CM'," sob o numero 52.736.949/000158, por seu representante ao final assinado, em atendimento ao Termo de Intimação 019/2010, apresentar as seguintes Fl. 505DF CARF MF 14 informações, listadas abaixo entregues através do cdR/DVDR etiquetado, sendo vejamos: 1. Lançamentos Contábeis; 2. Saldos mensais; 3. Plano de contas; 4. Centro de custos; Entretanto, apesar de todos os esforços desta contribuinte, devido ao grande volume de informações solicitadas o prazo concedido não foi suficiente para reunir todos as informações solicitadas pelo Sr. Fiscal. Diante disso, fica renovado o nosso compromisso de que serão apresentadas todas as informações e documentos solicitados. Diante disso, solicitamos ao Sr. Fiscal que todos os demais documentos e informações faltantes possam ser entregues juntamente com os documentos relacionados à Intimação 024/2010, ou seja, dia 15/03/10, ou, sendo possível,antecipadamente.: ... A simples observação dos procedimentos adotados pelo autoridade fiscal durante a diligência, demonstra o detalhamento do trabalho realizado, em que a Recorrente foi cientificada dos problemas na documentação que inviabilizavam o trabalho de verificação dos créditos. Considerando todo o prazo decorrido, desde a diligência em 2010 até a ciência do relatório da diligência, após a decisão do CARF que ocorreu em 2012, sendo a Recorrente cientificada do relatório da auditoria e com o prazo de 30 (trinta) dias, não apresentou nenhum esclarecimento ou documento que pudessem solucionar os problemas apontados na diligência. A Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância que manteve o despacho decisório por falta de comprovação documental e apresentou seu recurso voluntário, ou seja, cientificada da diligência fiscal e já com o conhecimento das conclusões da Fiscalização e da decisão da primeira instância, apresentou seu recurso voluntário trazendo em linhas gerais, as mesmas alegações já apresentadas na sua primeira impugnação e não trouxe nenhum questionamento objetivo que pudesse levantar qualquer dúvida quanto as conclusões do trabalho fiscal, novamente se resumiu a questões preliminares e quanto ao mérito, reafirma que a obrigação de buscar as provas quanto ao seu direito creditório seria da Receita Federal. A observação do procedimento adotado pela Fiscalização mostra que foi dado conhecimento à Recorrente das alegações e das conclusões da Fiscalização para não homologar os pedidos de compensação. Não pode prosperar, a alegação que o trabalho foi superficial e não buscou a comprovação efetiva dos créditos. A fiscalização atuou de forma diligente e dentro dos procedimentos legais. A recorrente, apesar de todo o tempo decorrido, não apresentou os documento ou esclarecimentos necessários para levantar dúvidas sobre a decisão de não homologação do pedido de compensação. A exigência de liquidez e certeza dos créditos sempre foi condição sine qua non, para a compensação. Autorizar a compensação com créditos pendentes de certeza e liquidez é inaplicável. A comprovação dos créditos pleiteados necessita de prova clara e inconteste. No caso em tela, o contribuinte alega a existência do indébito tributário, sem apresentar provas a comprovar as suas alegações. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 16403.000078/200714 Acórdão n.º 3201002.636 S3C2T1 Fl. 499 15 A autoridade fiscal tem o ônus da comprovação dos fatos quando da realização do lançamento tributário. Entretanto, estamos tratando de caso diverso. O despacho foi motivado por falta de comprovação do crédito alegado pela Recorrente. A modificação da decisão recorrida, somente poderia ocorrer com a comprovação da existência do crédito. A simples alegação sem a apresentação de documentação comprobatória não é suficiente para alterar o despacho decisório que não homologou o pedido de compensação, muito menos, obrigar a Fiscalização da Receita Federal que promova a busca das provas necessárias à comprovação do direito creditório pleiteado pelo contribuinte. Analisando a situação da necessidade da prova, lembro a lição de Humberto Teodoro Júnior. “Não há um dever de provar, nem à parte contraria assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, de modo que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados dos quais depende a existência de um direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional. Isto porque, segundo máxima antiga, fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente.” 1 Por fim, consta do recurso, a alegação que os procedimentos de julgamento e as conclusões da fiscalização estariam ferindo princípios constitucionais. Quando a esta matéria, este colegiado não pode se manifestar, diante da emissão da súmula nº 2 do CARF, publicada no DOU de 22/12/2009, que veda o pronunciamento sobre constitucionalidade de lei tributária. “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Assim, comprovado que a DRJ teve conhecimento da manifestação da diligência, entendo que não pode prosperar as alegações do recurso voluntário devendo ser mantido integralmente o despacho decisório. Diante do exposto voto no sentido de conhecer e acolher os embargos, com efeitos infringentes, para alterar o voto vencedor do Acórdão 3102002.046 e negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira 1 Huberto Teodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, 41ª ed., v. I, p. 387. Fl. 507DF CARF MF 16 Fl. 508DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.910118/2010-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.492
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente.
(assinado com certificado digital)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.910118/2010-00
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5706527
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.492
nome_arquivo_s : Decisao_11080910118201000.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11080910118201000_5706527.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6700893
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048947639975936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.910118/201000 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201000.492 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente THYSSENKRUPP ELEVADORES SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 01 18 /2 01 0- 00 Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 09054.956, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG), em apreciação de DCOMP eletrônica transmitida com objetivo de compensar débitos nela apontados com créditos oriundos de pagamento indevido. Por economia processual, utilizarseá o relatório da autoridade recorrida no que interessa ao exame dos autos em apreço: "A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório referente à DCOMP acima identificada, onde ficou constatada a improcedência do crédito original nela informado, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração nãocumulativo o total das receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 3 Regularmente cientificada da não homologação, a contribuinte protocolou suas razões de defesa alegando, em resumo, que: (...) Como ficará exaustivamente demonstrado ao longo da presente manifestação de inconformidade, o direito creditório da REQUERENTE decorre do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade nãocumulativa. A atividade de instalação de elevadores realizada REQUERENTE tem a natureza de obra de construção civil, o que já foi declarado pelo Poder Judiciário no passado, e as receitas decorrentes da mesma estão sujeitas ao PIS/COFINS na modalidade cumulativa, nos termos do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/03, que se aplica às duas contribuições (cfr. inciso V do artigo 15). Qualquer pagamento realizado a outro título reputase indevido e, portanto, é passível de compensação nos termos do artigo 74 da Lei n° 9.430/96. (...) O direito creditório da REQUERENTE decorre (i) da natureza do serviço prestado (obra de construção civil), o que se verifica pela aplicação da legislação do PIS/COFINS combinada com a legislação do IPI; (ii) da sujeição das receitas decorrentes dessa atividade à sistemática cumulativa do PIS/COFINS; e (iii) do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade não cumulativa. O Despacho Decisório, para não reconhecer o direito creditório em discussão, recorre à primeira consulta fiscal formulada pela REQUERENTE (Consulta SSRF08/Disit n° 446/2007) e invoca o conceito de industrialização presente na legislação do IPI para concluir que o serviço de instalação não tem a natureza de serviço de construção civil. Data máxima vênia, o Despacho Decisório não merece prosperar: · em preliminar, porque afronta e contradiz decisão judicial transitada em julgado na Ação Ordinária n° 88.00.03357 1, movida pela REQUERENTE, a qual declarou que o IPI não incide sobre o preço dos serviços decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores, haja visto que tais serviços não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil; · no mérito, porque: (i) as atividades de instalação de elevadores não se caracterizam como operação de industrialização, na modalidade de montagem, mas sim como obra de construção civil; (ii) a legislação do PIS/COFINS é silente quanto à definição do que se deva compreender por "obras de construção civil"; (iii) o Código Civil considera bem imóvel tudo quanto se incorporar ao solo, natural ou artificialmente; (iv) a Instrução Normativa RFB N n° 971/093, "considera (... ) obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo"; (v) os elevadores fabricados e instalados pela REQUERENTE são incorporados às edificações, o que caracteriza o serviço de instalação como uma verdadeira obra de construção civil; (vi) a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito Fl. 374DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 4 privado, a teor do disposto pelos artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional. (...) O Despacho Decisório, ao não reconhecer o crédito compensado pela REQUERENTE e deixar de homologar a compensação declarada, com base nos mesmos fundamentos da Solução de Consulta SRRF08/DISIT n° 446/2007 (os serviços prestados pela REQUERENTE decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores consistiriam em suposta industrialização, na modalidade montagem), vai de encontro à coisa julgada, devendo, por isso, ser reformado. Como há declaração judicial no sentido de que os serviços prestados pela REQUERENTE — de instalação de elevadores não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil, obviamente que a Administração Tributária Federal deve respeitar o julgado, interpretando a legislação de regência nos termos da decisão passada em julgado, levando em consideração o seu conteúdo. (...) Ao assim proceder, interpretando o conceito de industrialização (montagem) da legislação de IPI de forma diametralmente oposta àquela que lhe foi conferida pela decisão passada em julgado, a União Federal, por meio de seus agentes, adota comportamento nitidamente contraditório e incompatível com interpretação da legislação tributária. (...) Nesse passo, cumpre destacar que o "principio da moralidade obriga que a Administração Pública, no desempenho das atividades por meio de seus agentes, atue de forma ética", sob pena de ser considerado ilegítimo o ato administrativo que deixa de observar tal mandamento. O E. Supremo Tribunal Federal, a propósito, em diversas oportunidades confirmou que a Administração Pública está subordinada ao Princípio da Moralidade, como se pode verificar, exemplificativamente, do acórdão que segue (...) Assim sendo, independentemente da anulação da Solução de Consulta SRRF10/DISIT n° 104/2008, que se deu por questões formais, o reconhecimento do direito creditório da REQUERENTE e a homologação da compensação declarada decorrem da interpretação do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/2003, que tem de ser harmoniosa com o que decidiu o Poder Judiciário nos autos Ação Ordinária n° 88.00.033571/RS, transitada em julgado desde 08/05/1997. (...)" Após exame da Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: COMPENSAÇÃO. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 5 A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo. NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra no despacho decisório qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. COISA JULGADA. A decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este CARF, reiterando a existência do direito creditório postulado. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.448, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11080.729874/201349, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3201002.448): "O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. (...) A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 6 Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 7 Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). Fl. 378DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 8 O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: Art.100. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento expresso na respectiva solução, a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que ocorrerem após ser dada ciência ao consulente ou após a sua publicação na imprensa oficial (Lei no 9.430, de 1996, art. 48, § 12). Parágrafo único. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em solução de consulta, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 9 Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisandose que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO ISERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1Serviços de construção 1.0131Outros serviços de instalação 1.0131.10.00Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11080.910118/201000 Acórdão n.º 3201000.492 S3C2T1 Fl. 0 10 constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado." Apenas uma observação, que em nada afeta o resultado do julgamento do presente processo: não há que se falar em exonerar o crédito tributário lançado, uma vez que tanto o processo paradigma quanto o presente tratam de PER/DCOMP. Assim, a consequência do provimento ao recurso é o reconhecimento do direito creditório postulado pela Contribuinte, com a homologação da compensação declarada. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 381DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10907.001342/2008-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 11/06/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva.
Numero da decisão: 3201-002.593
Decisão: Recurso Voluntário Não Conhecido
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de voto não se conheceu do recurso voluntário, em razão da intempestividade.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
José Luiz Feistauer de Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 11/06/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10907.001342/2008-52
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5718103
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.593
nome_arquivo_s : Decisao_10907001342200852.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10907001342200852_5718103.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de voto não se conheceu do recurso voluntário, em razão da intempestividade. Winderley Morais Pereira - Presidente. José Luiz Feistauer de Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6744493
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048948472545280
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1414; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10907.001342/200852 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.593 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2017 Matéria AUTO DE INFRACAO ADUANEIROADUANA Recorrente SEATRADE SERV. POT. E LOGISTICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 11/06/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de voto não se conheceu do recurso voluntário, em razão da intempestividade. Winderley Morais Pereira Presidente. José Luiz Feistauer de Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 13 42 /2 00 8- 52 Fl. 120DF CARF MF 2 Por bem descrever a matéria e os fatos abordados neste processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que serviu de base para a Decisão Recorrida: Trata o presente processo de auto de infração por não prestação de informação sobre carga transportada no prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil e de embaraço à ação da fiscalização. Valor total da autuação R$ 20.000,00 (fls. 0112). Seguem as alegações da fiscalização aduaneira. A empresa deixou de prestar informação relativas A associação do conhecimento eletrônico (CE) n° 160805055733813 ao manifesto eletrônico n° 1608500670519 em virtude de transbordo ou baldeação e prestou no sistema informação de consignatário divergente da constante na documentação original para os CEs n° 160805045720395, 16080555734542 e 160805043479909. A forma e o prazo para a prestação da informação são estabelecidos nos arts. 22 e 50 da IN RFB n° 800/2007. A empresa é autuada conforme o artigo 45 da IN RFB n° 800/2007 e 107, inciso IV, alínea 'e', do DecretoLei n° 37/1966 com a redação dada pela Lei n° 10.833/2003. A empresa também incorreu na penalidade de embaraço A fiscalização uma vez que prestou informação divergente da constante na documentação original e com isso dificultou a ação da fiscalização aduaneira na determinação do controle apropriado (análise de risco). Intimada a empresa autuada (fl. 35), ingressou a mesma com a impugnação de fls. 3656. Seguem as alegações da empresa. Preliminarmente, alega a nulidade do auto de infração em face de descrição incompleta dos fatos e disposição legal infringida não especificada. Não é possível obter os elementos que indiquem o porquê da autuação e nem mesmo os dispositivos legais especificamente infringidos. A fiscalização não indicou o prazo e a forma estabelecido pela RFB. Solicita a nulidade da autuação. Um suposto erro de informação no Siscomex Carga não pode ser considerado embaraço à fiscalização, mesmo porque o auto de infração foi lavrado no mesmo dia em que teria ocorrido a alegada infração (11/06/08). Para que esteja configura o embaraço A fiscalização é necessária a existência de prévia atividade fiscal em andamento. Não houve, em relação A carga objeto do CE n° 160805573813, qualquer operação de baldeio ou transbordo. O CE sempre esteve vinculado a um mesmo manifesto: 1608500670519. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10907.001342/200852 Acórdão n.º 3201002.593 S3C2T1 Fl. 3 3 Conforme artigo 50 da IN n° 800/2007, os prazos somente são exigíveis a partir de 01/01/2009. Solicita a aplicação do artigo 100 face às respostas contidas no site da própria Receita Federal. Solicita o cancelamento do auto de infração. A folha 78, encaminhouse o processo para julgamento e informouse a tempestividade da impugnação. É o relatório. A decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a impugnação, excluindo a multa por embaraço à fiscalização aduaneira. A apresentação da ementa desta decisão estava dispensada, por se tratar de acórdão resultante de julgamento de processo fiscal de valor inferior R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), na forma do artigo 1°, inciso I, da Portaria SRF n° 1.364, de 10 de novembro de 2004. Inconformado com a decisão, o recorrente apresentou o presente recurso voluntário, no qual reitera parte dos argumentos colacionados em sua defesa inaugural, mencionando ainda, quanto à tempestividade do mesmo, o que segue (grifo no original): "a Recorrente foi cientificada do resultada da impugnação em 16/07/09, tendo como termo final a data de 15/05/09. Portanto, o presente recurso é tempestivo por tratarse do primeiro dia útil seguinte ao termo final." (sic) É o relatório. Voto Conselheiro Relator José Luiz Feistauer de Oliveira Admissibilidade do Recurso Conforme AR anexado à efl. 97, a data da ciência do Ofício SARAC/ALF/PGA n° 413/2009, efl. 95, que encaminhou o Acórdão da DRJ de Florianópolis/SC, ocorreu em 15/07/2009, uma quartafeira. A contagem do prazo de trinta dias para interposição do recurso teve início no dia seguinte, em 16/07/2009 (quintafeira) e encerrouse em 14/08/2009, uma sextafeira. Contudo, o Recurso Voluntário foi apresentado apenas em 17/08/2009, vide o carimbo de recebimento constante da efl. 98, revelandose, pois, intempestivo. Neste sentido, entendo que resta prejudicada a análise das demais razões de mérito contidas na peça recursal. De acordo com o trecho transcrito no relatório, o contribuinte cometeu um equívoco quando abordou a questão relativa à tempestividade. Ao calcular a data limite para Fl. 122DF CARF MF 4 apresentação de seu Recurso Voluntário, considerou que foi cientificado do resultado da impugnação em 16/07/2009, quando os elementos presentes nos autos revelam claramente que a ciência, na verdade, ocorreu em 15/07/2009. Esta data pode ser confirmada através da cópia do AR anexada à efl. 97 e também pelo histórico do objeto obtido do sítio dos Correios na internet, vide cópia na efl. 110, existindo ainda o despacho emitido pela Alfândega do Porto de ParanaguáPR, efl. 111, datado de 26/08/2009, que alerta para a extemporaneidade da peça recursal. Pelo acima delineado, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, em face de sua intempestividade. José Luiz Feistauer de Oliveira Relator Fl. 123DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000900/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004
COFINS. DECADÊNCIA.
Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE.
Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, torna-se inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguir-se que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE PERDAS COM TÍTULOS DE RENDA FIXA OU VARIÁVEL.
A legislação permite a dedução com títulos de renda fixa ou variável. A operação com derivativos, ainda que entendida como ativo financeiro ou mesmo valor mobiliário, não se enquadra no conceito de título.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
Numero da decisão: 3201-002.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de decadência. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cássio Schappo e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Nos termos do § 5º do art. 58 do Anexo II do RICARF/2015, na redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim votou apenas a matéria que restou não votada na assentada anterior (pedido subsidiário: caracterização da perda com títulos de renda fixa e variável ).
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relator.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Fizeram sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Leandro Cabral e Silva, OAB/SP nº 234687 e, pela Fazenda Nacional, o procurador Frederico Souza Barroso.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 COFINS. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, torna-se inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguir-se que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável. PEDIDO SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE PERDAS COM TÍTULOS DE RENDA FIXA OU VARIÁVEL. A legislação permite a dedução com títulos de renda fixa ou variável. A operação com derivativos, ainda que entendida como ativo financeiro ou mesmo valor mobiliário, não se enquadra no conceito de título. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.000900/2009-51
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5707800
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.227
nome_arquivo_s : Decisao_16327000900200951.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
nome_arquivo_pdf_s : 16327000900200951_5707800.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de decadência. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cássio Schappo e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Nos termos do § 5º do art. 58 do Anexo II do RICARF/2015, na redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim votou apenas a matéria que restou não votada na assentada anterior (pedido subsidiário: caracterização da perda com títulos de renda fixa e variável ). CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fizeram sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Leandro Cabral e Silva, OAB/SP nº 234687 e, pela Fazenda Nacional, o procurador Frederico Souza Barroso.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6704516
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949618638848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1890; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 878 1 877 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.000900/200951 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.227 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2016 Matéria COFINS Recorrente ING BANK N.V. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 COFINS. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, tornase inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguirse que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável. PEDIDO SUBSIDIÁRIO. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DE PERDAS COM TÍTULOS DE RENDA FIXA OU VARIÁVEL. A legislação permite a dedução com títulos de renda fixa ou variável. A operação com derivativos, ainda que entendida como ativo financeiro ou mesmo valor mobiliário, não se enquadra no conceito de título. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 09 00 /2 00 9- 51 Fl. 878DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 879 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de decadência. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora. No mérito, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cássio Schappo e Tatiana Josefovicz Belisário, relatora, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. Nos termos do § 5º do art. 58 do Anexo II do RICARF/2015, na redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim votou apenas a matéria que restou não votada na assentada anterior (pedido subsidiário: caracterização da perda com títulos de renda fixa e variável ). CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Fizeram sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Leandro Cabral e Silva, OAB/SP nº 234687 e, pela Fazenda Nacional, o procurador Frederico Souza Barroso. Relatório Trago como relatório aquele apresentado pelo acórdão de fls. 782/794: 1. DA AUTUAÇÃO Trata o presente processo de auto de infração (fls. 324 a 331), lavrado em procedimento de fiscalização, para a constituição de créditos tributários de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins dos períodos de apuração referentes aos meses de agosto a dezembro de 2004, relativamente à glosa de perdas em operações com derivativos não caracterizadas como hedge. No termo de verificação fiscal (fls. 295 a 323), relata a fiscalização que a contribuinte em epígrafe é uma sociedade estrangeira que exerce a atividade econômica de banco comercial, estando sujeita à incidência de Cofins nos termos da Lei nº 9.718/98. A fiscalização informa que a contribuinte deduziu perdas em operações com derivativos objeto de hedge na apuração da Fl. 879DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 880 3 Cofins (ficha 26B da DIPJ). Acrescenta que, intimada a justificar as deduções, a contribuinte respondeu que se tratava de perdas em operações de hedge do saldo do patrimônio líquido. Alega a fiscalização que uma operação, para que seja qualificada como hedge contábil, deve atender aos requisitos previstos no art. 5º da Circular Bacen nº 3.082/2002. Além disso, o reconhecimento da variação do ativo objeto de hedge deve ocorrer no mesmo momento da variação do ativo instrumento de hedge, de modo que se compensem num intervalo de 80% a 125%. Argumenta a fiscalização que, no presente caso, a contribuinte reconhece que não é possível vincular as operações efetuadas com o intuito de proteção às variações dos ativos ou passivos que se pretende proteger. A fiscalização sustenta que o hedge do patrimônio líquido alegado pela contribuinte não encontra amparo na legislação brasileira. Acrescenta que o patrimônio líquido é estipulado em moeda corrente do país, não havendo previsão legal de sua atualização por índices de correção monetária ou cambial. Alega ainda que a contribuinte não aufere receitas com a variação cambial de seu patrimônio líquido, não havendo razão para se excluir a perda com operações com derivativos na base de cálculo da Cofins. Informa a fiscalização que a contribuinte impetrou, em 07/06/2005, o Mandado de Segurança nº 2005.61.00.0105878, com o objetivo de afastar a exigência da Cofins com base na Lei nº 9.718/98 ou de pelo menos recolher a contribuição apenas sobre as receitas decorrentes da prestação de serviços. Acrescenta que a sentença denegou a segurança e que o recurso de apelação foi recebido apenas no efeito devolutivo. Assim, conclui a fiscalização que, na data da autuação, o crédito tributário não estava com sua exigibilidade suspensa, devendo ser lançada a contribuição e a multa de ofício. Ante o exposto, foi lavrado auto de infração para a exigência dos seguintes valores (fls. 324 a 331): Fl. 880DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 881 4 2. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada da autuação em 31/08/2009 (fls. 330), a contribuinte apresentou, em 30/09/2009, a impugnação de fls. 340 a 359, acompanhada dos documentos de fls. 360 a 476, na qual apresenta os argumentos sintetizados a seguir. 2.1. Do cabimento da impugnação De início, a contribuinte ressalta o cabimento da impugnação, alegando que não há concomitância com o mandado de segurança nº 2005.61.00.0105878. Sustenta que referida ação judicial tem por escopo a impossibilidade de exigência da Cofins com base na Lei nº 9.718/98, ao passo que a presente impugnação trata da natureza das operações de swap com fins de hedge, não havendo identidade de objeto entre as discussões travadas nos âmbitos judicial e administrativo. Ressalta, todavia, que a concessão da segurança, reconhecendo a incidência tributária somente sobre o faturamento, tornaria insubsistente a exigência ora impugnada. 2.2. Da decadência A impugnante alega que teve ciência do auto de infração em 03/09/2009, data em que já havia ocorrido a decadência em relação à Cofins do mês de agosto/2004, devendo ser julgado improcedente o lançamento relativo a esse período. 2.3. Das operações realizadas pela impugnante e de sua finalidade de hedge A impugnante alega que se considera como hedge qualquer operação que tenha como objetivo a proteção do patrimônio das variações cambiais e oscilações de índices, buscando assim a estabilidade patrimonial. Acrescenta que é legítima a operação de hedge do patrimônio líquido, conquanto busque tãosomente a proteção deste, a fim de evitar uma perda futura decorrente dos riscos do negócio por esta realizado ou de alterações do mercado financeiro. A impugnante ressalta que é instituição financeira com natureza jurídica de sociedade estrangeira, sendo que o sócio domiciliado no exterior detém 100% do capital. Argumenta que, por essa razão, seu patrimônio líquido foi considerado como uma obrigação em moeda estrangeira para fins de constituição de proteção contra flutuações das taxas de câmbio. Acrescenta que, nos termos da Circular Bacen nº 2.894/99 e de autorização específica do Banco Central (Doc. 06, fls. 472 a 476), seu patrimônio líquido era considerado como obrigação componente das exposições vendidas em moeda estrangeira, fazendo parte do conjunto de ativos e passivo, que eram gerenciados dentro dos limites de exposição global de riscos definidos pela administração. Fl. 881DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 882 5 Sustenta que efetuou o hedge de uma exposição líquida de carteiras ativas e passivas, haja vista que o gerenciamento de riscos era feito de forma global e não por operação individual. A impugnante alega que a efetividade e a contabilização do hedge realizado no presente caso não se enquadra na Circular Bacen nº 3.082/2002, pois tal norma se destina às operações consideradas de forma isolada. Acrescenta que essa norma disciplina a contabilização de determinadas operações de hedge com derivativos, mas não veda ou proíbe outras formas de realização, razão pela qual não pode servir de base para a presente autuação, devendo ser verificada a efetividade da operação e sua natureza protetora. Argumenta que a comprovação da existência de uma operação de hedge ocorre com a constatação de sua efetividade, que reside na inexistência de perda do objeto protegido ou de ganho com o instrumento utilizado para proteção. A impugnante argumenta que a fiscalização reconhece a efetividade da operação de hedge realizada, tendoa desqualificado por não se adequar aos ditames contábeis da Circular Bacen nº 3.082/2002, que, no seu entender, é inaplicável ao caso. Assim, a impugnante requer seja julgada improcedente a autuação. 2.4. Da possibilidade de se efetuar as deduções como perdas com títulos de renda variável Ad argumentandum, caso não sejam acolhidos os argumentos apresentados anteriormente, alega a impugnante que as operações com derivativos se caracterizam como títulos de renda variável, podendo as perdas serem excluídas nos termos do art. 3º, §6º, I, ‘d’, da Lei nº 9.718/98. Sustenta que o impedimento à dedução das perdas em comento constitui ofensa ao princípio da isonomia, visto que as demais contribuintes que realizaram operações em mercados futuros de bolsa no mesmo período puderam proceder a tal dedução. 2.5. Do pedido Ante o exposto, requer o conhecimento e o provimento da impugnação para que sejam julgados improcedentes os valores lançados na presente autuação. 2.6. Dos documentos juntados à impugnação A impugnante apresentou, juntamente com a impugnação, os documentos de fls. 360 a 476, consistentes em: Docs. 01 e 02 – cópias autenticadas da procuração, dos atos societários e do documento de identificação dos advogados que subscrevem a impugnação; Doc. 03 – cópia do auto de infração e do termo de verificação fiscal; Fl. 882DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 883 6 Doc. 04 – cópia da petição inicial do mandado de segurança nº 2005.61.00.0105878; Doc. 05 – cópia de Darf relativo ao pagamento de Cofins de agosto/2004; Doc. 06 – cópia de correspondência entregue ao Bacen em 10/11/99, cópia do ofício Deorf/Cofin I – 2000/153 e cópia da ata da reunião da diretoria executiva realizada em 03/11/99. É o relatório. A DRJ assim decidiu a questão posta: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2004, 30/09/2004, 31/10/2004, 30/11/2004, 31/12/2004 PROCESSO JUDICIAL E IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA. A propositura de ação judicial importa em renúncia à discussão na via administrativa da matéria levada à apreciação do Poder Judiciário. Deve ser conhecida a impugnação em relação à matéria não discutida no processo judicial. COFINS. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do sujeito passivo, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador. COFINS. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. Não tendo sido comprovado que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, tornase inadmissível a exclusão de eventuais perdas delas decorrentes na apuração da base de cálculo da Cofins, descabendo, ainda, arguirse que, não sendo caso de tal hipótese, tais operações poderiam ser consideradas, para fins de exclusão, como aplicações em títulos de renda variável. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em sede de Recurso Voluntário, aduz a Recorrente que: Fl. 883DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 884 7 A PGFN apresentou Contrarrazões ao Recurso Voluntário, argumentando que (i) não ocorreu a decadência relativamente ao mês de agosto de 2004; (ii) que no curso da ação fiscal, a autoridade autuante verificou que as operações realizadas pelo fiscalizado não poderiam ser caracterizadas como hedge; e, ainda (iii) defende a incidência dos juros de mora sobre a multa aplicada. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Para melhor exame, passo à análise de cada um dos pontos apresentados pela Recorrente. (i) Decadência relativa ao mês de agosto de 2004 nos termos do art. 150, §4º do CTN. Quanto à decadência, alega a Recorrente: Pois bem. No caso concreto, já está chancelada a necessidade de aplicação do art. 150, §4º do CTN para fins de contagem do prazo decadencial, uma vez que, pelo Auto de Infração em análise, efetuouse o lançamento de crédito tributário decorrente de recolhimento a menor da COFINS. Fl. 884DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 885 8 Pelo exame dos autos, notase que a ciência do contribuinte acerca do Auto de Infração ocorreu em 31 de agosto de 2009, como se constata à fl. 321 dos autos: Logo, num primeiro momento, poderseia afirmar que, como o prazo para a constituição do crédito tributário relativo à agosto de 2004 findou em agosto de 2009, e a intimação do contribuinte ocorreu exatamente em agosto de 2009, não haveria falar em ocorrência da decadência. Ocorre que, como se constata às fl. 333 e 334 dos Autos, após a intimação do contribuinte acerca da autuação, a Fiscalização procedeu à duas retificações do Termo de Verificação Fiscal, dos quais foi intimado o Recorrente apenas em 01/09/2009 e 03/09/2009. Logo, podese afirmar, com segurança, que o lançamento fiscal ora combatido apenas se aperfeiçoou em 03/09/2009, data, portanto, a ser considerada como marco interruptivo do prazo decadencial, devendo ser declarados extintos o lançamento relativo aos fatos geradores ocorridos em agosto de 2004. (ii) Natureza das operações como derivativos Hedge Inicialmente, cumpre esclarecer que a matéria em debate já foi analisada por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos autos do Processo nº 16327.000935/200990, Acórdão nº 3403003.325, da 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, Sessão de 15 de outubro de 2014, ocasião na qual se discutiu a dedutibilidade das mesmas despesas ora analisadas, contudo, na base de cálculo da contribuição ao PIS. Como se verifica do resultado do julgamento, a matéria foi assaz controvertida: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a incidência de juros sobre a multa de lançamento de ofício. Vencido o Relator, quanto aos juros de mora sobre a multa de ofício e o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista, que deu provimento integral. Designado para a redação do voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos Atulim. O Conselheiro Ivan Allegretti fez declaração de voto. O voto vencedor foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2004 Fl. 885DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 886 9 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2004 BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DE PERDAS EM OPERAÇÕES DE HEDGE. À míngua de comprovação que as operações com derivativos tiveram finalidade de hedge, glosase a indevida exclusão das respectivas perdas na apuração da base de cálculo da Contribuição. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Assim, não obstante o respeito à decisão recorrida, ainda pendente de definição por parte da Câmara Superior de Recursos Fiscais desse CARF, o tema merece cuidadosa análise por parte desta Turma Julgadora, notadamente em face da ampla divergência verificada naquela oportunidade. Pois bem. Como já delineado pela decisão Recorrida, pela Recorrente em seu Recurso Voluntário e pela PGFN em suas contrarrazões, o cerne da questão está em definir se as operações realizadas pelo contribuinte podem ou não ser enquadradas dentro do conceito de hedge. Isso porque, uma vez chancelado que as despesas contabilizadas pela Recorrente correspondem à dedução de perdas com ativos financeiros em operações destinadas à hedge, será permitida a sua dedução da base de cálculo da Cofins, conforme previsão do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (redação original, vigente até edição da Lei nº 12.973/2014) (...) §6º Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5º, poderão excluir ou deduzir: I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/215835.htm art2 (...) Fl. 886DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 887 10 e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge;http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/215835.htm art2 Num primeiro argumento, de acordo com a decisão proferida pela DRJ, a operação realizada pela Recorrente não poderia ser caracterizada como hedge. A Fiscalização / DRJ afirma que, para que determinada operação possa ser caracterizada como hedge, deverá, necessariamente, obedecer ao disposto da Circular Bacen nº 3.082/2002. Por outro lado, defende a Recorrente que a referida Circular não se presta a definir o conceito de hedge, mas, sim, a determinar critérios para a contabilização de determinadas operações de hedge por ela regulamentadas, sem que se destine a esgotar o conceito de hedge. A Recorrente de fato afirma que, as operações ora em exame, não foram contabilizadas da forma preconizada pela Circular Bacen nº 3.082/2002 por não se destinarem à cobertura de uma operação específica, mas ao gerenciamento de um risco global: Ou seja, a meu ver, seria inócuo discorrer acerca dos requisitos estabelecidos na Circular Bacen nº 3.082/2002, assim como verificar se a Recorrente cumpriu ou não tais requisitos. É incontroverso que, especificamente quanto à operação ora examinada, a Recorrente não atendeu à tais requisitos normativos. Assim, nesse primeiro aspecto em exame, o questionamento que se coloca é: toda e qualquer operação de hedge, para ser assim considerada, deverá atender aos requisitos elencados na Circular Bacen nº 3.082/2002? Com efeito, entendo que assiste razão à Recorrente quando afirma que a referida Circular Bacen nº 3.082/2002 não tem o propósito de definir, conceituar ou mesmo limitar aquilo que se entende por operação de hedge. A citada norma, conforme sua ementa, tem por objetivo estabelecer e consolidar "critérios para registro e avaliação contábil de instrumentos financeiros derivativos". Estabelece seu artigo 1º: Fl. 887DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 888 11 Art. 1º Estabelecer que as operações com instrumentos financeiros derivativos realizadas por conta própria pelas instituições financeiras, demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e administradoras de consórcios devem ser registradas observados os seguintes procedimentos: Ademais, norma infralegal não pode limitar ou condicionar aquilo que a lei não limitou ou condicionou. Uma vez verificada a existência de uma operação de hegde, as despesas geradas serão passíveis de dedução, independentemente de eventuais exigências trazidas por normas infralegais. Conforme previsão do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001, transcrito acima, as instituições financeiras poderão deduzir, na determinação da base de cálculo da COFINS, as "perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge".http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2158 35.htm art2 A norma legal não conceitua o que vem a ser a chamada operação de hedge, ou, ainda, não limita quais operações de hedge (concluindo pela existência de mais de uma modalidade) serão admitidas como geradoras de despesas passíveis de dedução na apuração da COFINS. Assim, consoante interpretação literal da referida norma, toda e qualquer perda com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge, quando realizadas por instituição financeira, será passível de dedução. Vale salientar que o próprio legislador, quando pretendeu limitar ou condicionar as operações de hedge para fins de permitir a sua exclusão na apuração do contribuinte, o fez expressamente, como se verifica na Lei nº 8.981/95, que trata da apuração do Imposto de Renda: Art. 77. O regime de tributação previsto neste Capítulo não se aplica aos rendimentos ou ganhos líquidos: V em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsa de valores, de mercadoria e de futuros ou no mercado de balcão. § 1º Para efeito do disposto no inciso V, consideramse de cobertura (hedge) as operações destinadas, exclusivamente, à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas, quando o objeto do contrato negociado: a) estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica; b) destinarse à proteção de direitos ou obrigações da pessoa jurídica. § 2º O Poder Executivo poderá definir requisitos adicionais para a caracterização das operações de que trata o parágrafo anterior, bem como estabelecer procedimentos para registro e apuração dos ajustes diários incorridos nessas operações. Fl. 888DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 889 12 Logo, de início, afasto o entendimento contido no acórdão recorrido no sentido de que as despesas deduzidas pela Recorrente não seriam decorrentes de operações de hedge por não terem sido atendidos (e de fato não foram) os requisitos previstos na Circular Bacen nº 3.082/2002. A redação do art. 3º, §6º, I, ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001 não permite qualquer limitação promovida por ato infralegal. Superada tal questão, surge o segundo aspecto da controvérsia instaurada. Qual seria, então, o conceito de operação de hedge adotado pela legislação para fins de autorizar a dedução das despesas correspondentes? Em tradução literal, o vocábulo inglês "hedge" pode ser entendido como salvaguarda, proteção. É exatamente desse modo que se estruturam os contratos de hedge, como uma operação que tem por finalidade proteger o valor de um ativo contra uma possível redução de seu valor numa data futura ou, ainda, assegurar o preço de uma dívida a ser paga no futuro. No caso presente, o ativo assegurado está mensurado em dólar. No "Glossário Completo" disponibilizado pelo Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=1670&idioma=P&idpai=GLOSSARIO), encontramse as seguintes definições: Hedge Operações realizadas com o objetivo de obter proteção contra o risco de variações de taxas de juros, de paridade entre moedas e do preço de mercadorias. A regulamentação sobre operações de proteção (hedge) negociadas no exterior pode ser consultada no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais. Hedge cambial Proteção contra variações da taxa de câmbio. As variações da taxa de câmbio, tanto negativas quanto positivas, podem afetar a posição dos agentes econômicos, dependendo de sua exposição (ativa ou passiva). A proteção pode se processar por meio da troca de fluxos de caixa via operações de swap ou outros derivativos de câmbio, compra ou venda de ativos referenciados em câmbio, etc. Assim, o hedge contra variação cambial é entendido como um contrato de salvaguarda de uma determinada obrigação assumida em face da flutuação no valor da moeda. Quando determinado agente assume, no Brasil, uma obrigação calculada em moeda estrangeira, com vencimento futuro, no momento do pagamento poderá ou lucrar com eventual desvalorização da moeda estrangeira, ou suportar prejuízo caso ocorra a valorização. Aquele devedor que não deseja assumir riscos, realiza a cobertura hedge da referida operação, por meio da qual um terceiro assume o risco da operação, suportando ou o lucro ou o prejuízo decorrente da variação cambial. Assim, qual seria a obrigação que a Recorrente busca resguardar com a operação de hedge analisada? Fl. 889DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 890 13 Em detalhado Relatório Fiscal de fls. 293 e seguintes dos autos, a Fiscalização apresenta as definições e os esclarecimentos apresentados pela própria Recorrente no curso da ação fiscal. Trago os seguintes trechos de maior relevância, com destaques: 7. Em 05/09/2007, o contribuinte foi intimado a identificar as operações com instrumentos financeiros derivativos destinados a hedge, vigentes no ano de 2004, de acordo com o detalhamento constante da referida intimação; (..) 10. Em 08/09/2008, o contribuinte foi intimado a demonstrar que o excesso de despesa no mercado futuro informado na linha 17 das fichas 22 e 26 da DIPJ teria sido em operações de hedge; 11. Em 02/10/2008, o contribuinte atende a intimação, e menciona no item 11 a apresentação de uma planilha em que relaciona o histórico das operações de hedge pactuadas que identifica como DOC.6; 12. Em 16/01/2009, o contribuinte informa que os derivativos elencados no DOC. 6 têm como finalidade reduzir a exposição de posições proprietárias da Instituição a riscos de mercado, decorrentes de flutuações nas taxas de juros, câmbio e preços dos ativos financeiros respectivos, ou ainda para atender necessidades de hedge de clientes; 13. Em 23/03/2009, o contribuinte complementa a explicação do DOC. 6 nos seguintes termos: a. "Quanto ao questionamento relativo aos valores apresentados no quadro `Histórico do Hedge das posições patrimoniais indexadas em USD', informamos que mesmo tendo sido demonstrado no respectivo quadro diferenças mínimas entre as posições ativas e passivas indexadas a moeda estrangeira (US dólares), os efeitos contábeis registrados em contas de resultados do período de 2004 foram relevantes devido ao fato do Patrimônio Líquido do ING Bank ter sido considerado como uma obrigação em moeda estrangeira para fins de constituição de proteção contra flutuações das taxas de câmbio "; b. "Em decorrência do disposto acima, com a desvalorização sofrida na taxa de conversão de dólares por Reais durante o mesmo período de 2004, além do fato de que o Patrimônio líquido não sofre contabilmente nenhuma atualização cambial, foram verificadas perdas contábeis com derivativos cambiais neste mesmo período "; c. `Adicionalmente, devemos destacar que o procedimento mencionado acima, ou seja, hedge do saldo de Patrimônio líquido do ING Bank, foi realizado em consonância com o estabelecido na Circular n° 2.894/99 e alterações posteriores, a qual determinava que o valor correspondente a participações de investimentos estrangeiros no Patrimônio da Instituição Financeira poderia ser considerado como exposição vendida em moeda estrangeira. Fl. 890DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 891 14 Tal opção foi deliberada em reunião de diretoria do ING Bank (DOC.5) e aprovada posteriormente pelo Banco Central do Brasil (Doc. 6) "; d. "A composição analítica, com indicação das contas COSIF respectivas, dos ativos e passivos indexados em US dólares existentes no mês de janeiro de 2004, conforme disposto no DOC. 04, está sendo apresentada no Doc. 7 ". 14. Em 17/07/2009, o contribuinte tomou ciência da Intimação de 14/07/2009 que solicitou entre outras coisas em seu item F: identificar quais foram os instrumentos de hedge utilizados para proteger o Patrimônio líquido, demonstrar seus resultados e a efetividade do hedge, assim como identificar no razão os respectivos registros contábeis da receita e da despesa relativo aos meses do período de 2004; 15. Em 24/07/2009, o contribuinte responde nos seguintes termos: a. Primeiramente, cumprenos informar que, conforme autorização específica do Banco Central do Brasil, datada de 19 de julho de 1999, e baseada na Circular n° 2.894/99, 100% do Patrimônio Líquido do ING Bank era considerado como obrigação componente das "exposições vendidas em moeda estrangeira "; b. De acordo com o exposto acima, o saldo do Patrimônio Líquido do ING Bank fazia parte do conjunto de ativos e passivos que atendiam as necessidades de clientes ou decorrentes de operações por conta própria, que não observaram os critérios de proteção estabelecidos na Circular n° 3.082/2002 e regulamentações supervenientes, motivo pelo qual eram gerenciados dentro dos limites de "exposição global de riscos" definido pela Administração; c. Objetivando reduzir os riscos decorrentes de variações de taxas de câmbio eram feitos acompanhamentos dos acréscimos e decréscimos da exposição global de riscos de moedas, decorrentes de vencimentos e/ou contratações de operações sujeitas à variação cambial, para que fossem contratados instrumentos financeiros derivativos objetivando manter o saldo da exposição global de riscos dentro dos limites estabelecidos pela Administração; d. Diante de todo o apresentado anteriormente, podemos afirmar que não é possível segregar as operações com instrumentos financeiros derivativos que poderiam ser classificados como "instrumentos de hedge " do Patrimônio Líquido uma vez que o mesmo fazia parte de uma exposição global, sujeitas a variações constantes de saldo, e que em nenhum momento foi tratado deforma isolada para a contratação do seu respectivo "hedge "; Em síntese: a operação de hedge realizada pela Recorrente visava dar cobertura à variação cambial não de uma operação específica, delimitada, mas de seu próprio Fl. 891DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 892 15 patrimônio líquido, considerado como obrigação em moeda estrangeira, ou "exposições vendidas em moeda estrangeira", nos termos de autorização específica do Banco Central do Brasil, datada de 19 de julho de 1999, e baseada na Circular n° 2.894/99. As obrigações que a Recorrente visava resguardar eram aquelas existentes em face dos seus próprios sócios estrangeiros, que investiram o capital social na sociedade constituída no Brasil. O ponto nodal da questão diz respeito ao fato de, na modalidade de hedge realizada pela Recorrente, não ser possível individualizar uma única obrigação à qual se pretenda garantir. Como esclarece a Recorrente, jamais houve um instrumento específico de hedge vinculado à cobertura da variação cambial do PL, uma vez que "o saldo do Patrimônio Líquido do ING Bank fazia parte do conjunto de ativos e passivos que atendiam as necessidades de clientes ou decorrentes de operações por conta própria". Isso porque, ainda nas palavras da Recorrente, esta é uma modalidade de hedge global, prática regularmente praticada no mercado internacional. Com efeito, o conceito de hedge não é jurídico, é um conceito extraído da prática comercial, econômica, e que, uma vez absorvido pela legislação tributária, não pode ser deturpado pelo intérprete. Assim, na busca de tal conceituação, alcançamos trabalho intitulado "Aspectos do hedge accounting não implementados no Brasil", publicado pela RAUSP Revista de Administração publicada pelo Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (R.Adm., São Paulo, v.42, n.4, p.511523, out./nov./dez. 2007), que traz excelente lição: 3. HEDGE 3.1. Conceito e características Conceituase hedge como uma estratégia defensiva que busca evitar o risco provocado pela variação de preços e taxas em determinadas posições assumidas ou futuras, mediante a compensação entre os resultados produzidos pelos itens objetos e os instrumentos financeiros utilizados na proteção. Fazse importante observar que, ao evitar a perda, o hedge também anula a possibilidade de ganho, sendo seu objetivo econômico a transferência dos riscos inerentes às operações para outro agente com posição oposta. Quanto às características, as operações de hedge diferenciam se das demais operações realizadas com títulos e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos. A distinção está na obrigatoriedade do reconhecimento simultâneo da receita e da despesa geradas em ativos e passivos protegidos e nos instrumentos financeiros derivativos designados para a proteção. Esse mecanismo consiste na aplicação do princípio da confrontação da receita com a despesa, no qual o conceito norteador do registro contábil reside na premissa de atribuir o Fl. 892DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 893 16 mesmo critério ao item protegido e ao instrumento de hedge, ou seja, os dois dançam de forma sincronizada, com ganhos e perdas em resultado ou em patrimônio líquido, procurando anularse mutuamente. Com vistas a limitar as operações que podem ser reconhecidas, mensuradas e contabilizadas como hedge, o IAS 39 (FASB, 2001) classifica o hedge, para fins contábeis, como a destinação de um derivativo para compensar, total ou parcialmente, eventuais mudanças no valor justo ou nos fluxos futuros de caixa do item objeto de hedge. Para as instituições financeiras no Brasil, a Circular 3.082 (BCB, 2002a, p.3) entende por hedge: • “[...] a designação de um ou mais instrumentos financeiros derivativos com o objetivo de compensar, no todo ou em parte, os riscos decorrentes da exposição às variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa de qualquer ativo, passivo, compromisso ou transação futura prevista, registrado contabilmente ou não, ou ainda grupos ou partes desses itens com características similares e cuja resposta ao risco objeto de hedge ocorra de modo semelhante”. Especialmente no que diz respeito ao Hedge global, ou macrohedge: 4. EVOLUÇÃO DO HEDGE ACCOUNTING Em função dos fatos apresentados e da constante evolução nos mercados financeiros, a normalização do hedge accounting, em nível internacional, tem sido aprimorada para ampliar sua aplicabilidade pelas entidades que utilizam derivativos em suas operações de hedge. Entre tais aprimoramentos, destacase o macro hedge. 4.1. Macro hedge Com a publicação do Amendment ao IAS 39, em março de 2004, tratando do Fair Value Accounting for a Portfolio Hedge of Interest Rate Risk, o IASB reconheceu o procedimento denominado como macro hedge, ou seja, o hedge de taxa de juros para uma exposição líquida de carteiras ativas e passivas. Esse novo tipo de hedge de exposições líquidas de carteiras ativas e passivas tem sido demandado há bastante tempo pelo mercado financeiro internacional, haja vista que o gerenciamento de riscos em instituições financeiras ocorre de forma global e não por operação individual. O risco em instituições financeiras deve ser avaliado de forma conjunta, compreendendo toda a carteira de ativos e passivos e os descasamentos tratados com base na exposição líquida. Como isso é senso comum, tanto do mercado quanto dos órgãos de regulação, o motivo pelo qual o procedimento não foi antes implantado gira em torno da complexidade em estabelecer critérios objetivos para selecionar ativos e passivos que possam ser designados para compor os itens objetos de hedge, definir as Fl. 893DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 894 17 características dos instrumentos de hedge, mensurar os itens designados periodicamente e avaliar a efetividade. Fazse interessante destacar também que o debate em torno do macro hedge permeou a fase de elaboração do pronunciamento SFAS 133 (FASB, 1998), havendo informações sobre essa questão no próprio pronunciamento(3). Enquanto os defensores do macro hedge sustentavam que ele era a mais efetiva e eficiente forma de administrar riscos em uma entidade, o FASB concluiu naquele momento que era difícil alocar os ganhos e perdas do instrumento de proteção em um grupo de itens protegidos, com características e com respostas a riscos diferentes. Certamente, todos esses aspectos contribuíram para postergar a autorização para utilização do procedimento. O IAS 39 (IASB, 2001), por sua vez, passou a permitir a utilização dos mesmos critérios aplicados ao hedge de valor justo ou ao hedge de taxa de juros de uma carteira, correspondendo o item protegido ao montante dos ativos e passivos designados, em substituição à designação de um ativo ou passivo específico. Com isso, o macro hedge buscou justamente proteger o montante líquido no lugar de um item especifico, sendo necessário, entretanto, designar os ativos e passivos que o compõem. O ganho ou a perda atribuídos ao item protegido será reconhecido em uma rubrica específica dentro do ativo ou do passivo, respectivamente. O pronunciamento menciona o risco de prépagamento (prepayment risk) como uma das principais dificuldades para a estruturação do macro hedge, haja vista a potencial ineficácia existente quando os itens objetos de hedge podem ser pagos ou recebidos antes dos prazos de vencimento, sem a correspondente possibilidade no instrumento derivativo. Para estruturar um macro hedge, as seguintes etapas devem ser realizadas: • identificar a carteira (portfolio) a ser protegida, podendo ser um ativo, um passivo, um compromisso firme, uma transação prevista ou um investimento líquido em entidade no exterior ou um conjunto desses itens com riscos semelhantes. É possível inclusive agrupar ativos e passivos; • segregar os pacotes a serem protegidos por maturidade esperada de vencimentos. Os itens objeto de hedge apresentam prazos originais de vencimento, contudo, para fins de operacionalização do macro hedge, os itens devem ser segregados de acordo com as expectativas reais de pagamento e recebimento, as quais podem variar de acordo com as taxas de mercado vigentes, avaliação do histórico e outras informações disponíveis; Fl. 894DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 895 18 • designar o montante dos itens a serem protegidos em moeda, não sendo permitido informar apenas o valor líquido; • designar o risco que está sendo protegido, ou seja, a exposição a taxa de juros; • designar os instrumentos financeiros derivativos de proteção (swap, por exemplo). A identificação do derivativo servirá de proteção às variações nos itens protegidos; • mensurar e registrar as mudanças no valor justo dos itens protegidos. O reconhecimento deve ser em resultado com contrapartida em uma única linha do ativo ou do passivo, próximo aos itens protegidos. As mudanças no valor dos itens protegidos não devem ser alocadas a um item individual; • mensurar e registrar as mudanças no valor justo dos instrumentos de hedge. O reconhecimento em resultado com contrapartida no ativo ou no passivo, registrandose um valor a receber ou a pagar correspondente à variação do instrumento derivativo; • reconhecer a ineficácia no resultado, assim como a diferença entre a mudança no valor justo do item protegido e no derivativo. Assim, temse que, no âmbito internacional, a operação de macrohedge é considerada uma modalidade nova de hedge. E, por imposição do mercado, que cada vez mais passou a se valor de tal sistemática, foi incorporada às Normas Internacionais de Contabilidade, especificamente a IAS 39. Nesse aspecto, é cediço que, nos últimos anos, o Brasil vem buscando adequar as práticas comerciais realizadas no mercado interno àquelas realizadas no mercado internacional. Assim, observase a conversão das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais. No âmbito do Sistema Financeiro Nacional, conforme Comunicado 14.259, de 10 de março de 2006, o Banco Central do Brasil, considerando o "acelerado processo de globalização da economia, as quais impõem a necessidade de promover a convergência de normas de contabilidade e de auditoria em nível internacional, tendo em conta as condições, peculiaridades e o estágio de desenvolvimento do mercado brasileiro, decidiu pela elaboração das seguintes ações": "1. Determinar, no âmbito do Banco Central do Brasil, o desenvolvimento de ação específica, a ser concluída até 31 de dezembro de 2006, com o objetivo de identificar as necessidades de convergência às normas internacionais de contabilidade e às normas internacionais de auditoria, promulgadas, respectivamente, pelo IASB e pela IFAC, aplicáveis às instituições financeiras. 2. A partir de referido diagnóstico, serão editados normativos objetivando a adoção de procedimentos para a elaboração e publicação de demonstrações contábeis consolidadas em consonância com os pronunciamentos do IASB a partir de 31 de Fl. 895DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 896 19 dezembro de 2010, bem como a observância das normas editadas pela IFAC para a prestação de serviços de auditoria independente no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. 3. Dentro do horizonte do projeto, inclusive na fase de diagnóstico, o Banco Central do Brasil, a exemplo do que já vem desenvolvendo nos últimos anos, adotará os procedimentos necessários para atingir os objetivos de convergência, de modo a que as normas para a implementação em 2010 sejam editadas com a maior brevidade possível. 4. O Banco Central do Brasil promoverá o acompanhamento contínuo das normas editadas pelo IASB e pela IFAC, de modo a garantir que, uma vez obtida a convergência, essa seja mantida. No que tange, portanto, à IAS 39, o diagnóstico de convergência do Banco Central do Brasil foi assim elaborado: 1. Introdução O IAS 39 Financial Instruments: Recognition and Measurement estabelece procedimentos para a contabilização e evidenciação de operações realizadas com instrumentos financeiros, dentre eles, os derivativos. Define, ainda, procedimentos contábeis específicos para o registro de operações de hedge (proteção) feitas com a utilização de derivativos ou outro instrumento financeiro. Tais procedimentos são conhecidos como hedge accounting e estão regulados no SFN por meio da Circular 3.082, de 2002. A versão do IAS 39 utilizada neste diagnóstico foi publicada em 31 de dezembro de 2005. 2. Descrição sucinta da norma internacional vinculada ao Hedge Accounting Os parágrafos do IAS 39 relacionados ao hedge accounting definem e qualificam os itens que podem ser instrumento ou objeto de hedge. São conceituados e detalhados os tipos de hedge accounting, bem como definido quando deve ser implementado/descontinuado cada tipo. De maneira geral, todos derivativos podem ser utilizados como instrumentos de hedge. Outros instrumentos financeiros só podem ser utilizados em uma operação de hedge de risco de variação cambial. Pode ser utilizada uma parte ou a totalidade do instrumento de hedge na operação de proteção. No entanto, não é permitida a utilização de um instrumento de hedge apenas durante uma parcela de sua vida útil. Um único instrumento de proteção pode ser utilizado para mais de um tipo de risco, desde que seja possível identificar claramente cada um dos riscos protegidos, calcular a eficácia do hedge e comprovar a sua vinculação com cada risco específico. É possivel ainda, usar dois ou mais Fl. 896DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 897 20 instrumentos de hedge ou parcelas dos mesmos em uma operação de hedge, exceto quando estes instrumentos resultarem em uma posição lançada em uma opção, pois, segundo o pronunciamento, a perda potencial em uma opção vendida pode ser significativamente superior ao ganho potencial do item protegido. Os itens objeto de hedge podem ser um ativo ou um grupo de ativos ou passivos reconhecidos, compromissos firmes não reconhecidos, transações previstas que sejam altamente prováveis ou investimentos líquidos no exterior. Instrumentos financeiros mantidos até o vencimento só podem ser objeto de hedge de risco cambial ou de risco de crédito. Se o item coberto for um ativo ou um passivo financeiro, a operação de hedge pode ser feita para uma parcela de seu valor justo ou de seus fluxos de caixa, desde que seja mensurada a eficácia do hedge. Um conjunto de ativos e passivos pode ser objeto de hedge de risco de taxa de juros (operação conhecida como macro hedge ou hedge global). No entanto, a operação de proteção não pode ser feita a partir de uma posição líquida de ativos e passivos. Para fins de hedge, a entidade deve designar uma parte específica de ativos ou uma parte específica de passivos como item objeto de hedge. Ativos ou passivos semelhantes podem ser agrupados em uma operação de hedge desde que a proteção seja feita para um mesmo risco e desde que as variações individuais de cada item protegido sejam proporcionais às variações ocorridas em todo o grupo. Segundo o pronunciamento, as operações de hedge podem ser de 3 tipos: I fair value hedge: é a proteção de uma exposição a mudanças no valor justo de um ativo ou de parte dele, de um passivo reconhecido, ou de um compromisso firme não reconhecido, que seja atribuível a um risco em particular e que possa afetar o resultado; II cash flow hedge: é a proteção de uma exposição a variações no fluxo de caixa que possa ser atribuível a um risco específico associado a um ativo ou passivo reconhecido ou a uma transação projetada que seja altamente provável; III hedge of a net investiment in a foreign operation: é a proteção de um investimento líquido em uma unidade operacional estrangeira, como definido no IAS 21 The Effects os Changes in Foreign Exchange Rates. Uma operação de proteção só se qualifica para fins de hedge accounting se: I No início da operação for feita a designação do instrumento de proteção e dos itens protegidos, com base em documentação comprobatória; e Fl. 897DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 898 21 II O hedge previsto deve ser altamente eficaz durante todo o período da proteção e deve haver mecanismos de confirmação de tal eficácia; e III No cash flow hedge, a transação prevista deve ser altamente provável. No fair value hedge, a parcela eficaz do ajuste decorrente das variações no valor do instrumento de proteção deve ser contabilizada no resultado paralelamente ao registro das variações no valor do item objeto de hedge. Se o item objeto de hedge for um conjunto de ativos ou passivos, a contrapartida do registro em resultado deve ser registrada, no balanço, em rubrica diferente da conta que registra os itens cobertos. No cash flow hedge, a parcela eficaz do ajuste decorrente das variações no valor do instrumento de proteção deve ser contabilizada no Patrimônio Líquido (PL) até que ocorra o fluxo de caixa objeto da proteção, quando então deve ser transferida para resultado. O hedge of a net investment in a foreign operation deve ser contabilizado como um cash flow hedge. Em qualquer modalidade de hedge, a parcela ineficaz da proteção deve ser contabilizada imediatamente no resultado. Uma operação de hedge, independentemente da modalidade, deve ser descontinuada quando forem verificadas quaisquer das seguintes situações: I O instrumento de hedge expira, termina, é exercido ou vendido; II O hedge deixa de atender os critérios para qualificação da operação; III A entidade cancela a operação de hedge; ou IV No caso do cash flow hedge, a transação prevista não ocorra. 3. Normas aplicáveis às instituições financeiras A regulamentação sobre o tema figura nas Circulares BCB 3.082, de 30 de janeiro de 2002, 3.129, de 27 de junho de 2002, 3.150, de 11 de setembro de 2002 e na CartaCircular 3.023, de 11 de junho de 2002, e consolidadas nos Cosif 1.4 e 1.22. De maneira geral, as normas emanadas do Banco Central aplicáveis as operações de hedge accounting se encontram alinhadas às normas internacionais, mesmo porque tais normas foram baseadas no Financial Accounting Statement (FAS) 133 do FASB e na própria norma internacional. No entanto, a norma nacional se apresenta mais restritiva pois define que só os instrumentos financeiros derivativos podem ser utilizados em operações de hedge. Fl. 898DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 899 22 Observase, ainda, que a norma local utiliza a expressão ‘valor de mercado’, como referência para instrumentos financeiros derivativos, em detrimento à terminologia ‘valor justo’ (fair value), presente nas normas internacionais. Os critérios de qualificação e designação dos itens de proteção e dos itens protegidos são observados, não havendo, no entanto, a definição para situações específicas como, por exemplo, a relativa a montagem de operações de hedge envolvendo instrumentos financeiros derivativos mantidos até o vencimento. As operações de hedge são de 2 tipos: I Hedge de risco de mercado: equivalentes as operações de fair value hedge; e II Hedge de fluxo de caixa: equivalentes as operações de cash flow hedge. A norma nacional não prevê a categoria de hedge of a net investiment in a foreign operation. Não prevê, ainda, o macro hedge, permitido na norma internacional, mesmo que de forma limitada. Um ponto a destacar, é que as normas locais, ao contrário da norma internacional, permitem que um derivativo utilizado em uma operação de hedge não seja marcado a mercado nas seguinte situações: I Quando estiver vinculado a uma operação de captação ou aplicação, observadas as condições definidas na Circular 3.150, de 2002; e II Quando for utilizado para a proteção de um título classificado na categoria ‘Mantido até o Vencimento’, conforme a Circular 3.129, de 2002. Tais procedimentos ferem um requisito básico das normas internacionais, que são consensuais ao definirem que a única informação válida, para fins de registro de um instrumento financeiro derivativo, é seu valor justo. Fora do SFN, não existem normas definindo o tratamento contábil das operações de hedge accounting 4. Diagnóstico Do exposto, podese concluir que existem algumas divergências entre as normas brasileiras aplicáveis às instituições financeiras e o IAS 39 no que tange ao hedge accounting. No entanto, tais diferenças não são avaliadas como críticas. Para que ocorra a harmonização, é necessária, em linhas gerais, a realização dos seguintes ajustes na regulamentação local: a utilização da expressão ‘valor justo’, em substituição a ‘valor de mercado’, a definição da categoria de hedge para investimentos líquidos no exterior, o macro hedge e a adequação do tratamento dado aos Fl. 899DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 900 23 derivativos utilizados em operações de hedge de títulos mantidos até o vencimento. Logo, é o próprio Banco Central do Brasil que reconhece a prática, no âmbito internacional, do chamado hedge global, regulamentado pela IAS 39. E mais, reconhece que tal modalidade não foi ainda contemplada na normatização interna (fato, inclusive, que reforça a não aplicação da Circular Bacen nº 3.082/2002 ao caso concreto). Respaldada, portanto, pela doutrina especializada, pela normatização contábil internacional e, primordialmente, por estudo elaborado pelo Banco Central do Brasil, tenho como forçoso concluir pela existência, no mercado nacional e internacional, da modalidade de hedge global, tal como a realizada pela Recorrente. E mais, é o órgão nacional regulamentador do mercado financeiro que reconhece a deficiência na normatização pátria no que diz respeito ao acolhimento de prática financeira do mercado nacional. Tal deficiência regulatória, contudo, não inviabiliza que tais negócios jurídicos venham a ser praticados internamente. Não há qualquer vedação, legal ou regulatória, que impeça a utilização do chamado hedge global pelas instituições financeiras que operam no país. Assim, entendo que, como dito, inexistindo na Lei nº 9.718/98 qualquer limitação quanto à modalidade de hedge para as quais se permite a dedução das despesas incorridas, e, reconhecida a existência do chamado hedge global no âmbito do mercado internacional, não vejo como chancelar a glosa efetuada pela Fiscalização. (iv) Pedido subsidiário "POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DAS PERDAS COM BASE NA ALÍNEA 'D', DO INCISO I, DO §6º, DO ARTIGO 3º LEI Nº 9.718/98" Alternativamente, na hipótese de as operações ora examinadas não serem entendidas como hedge por este colegiado, a Recorrente postula pela possibilidade de sua caracterização como sendo operações com títulos de renda variável, para fins de enquadramento na hipótese de dedução estabelecida pela alínea "d", do inciso I, do §6º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98: Art. 3oO faturamento a que se refere o art. 2ocompreende a receita bruta de que trata oart. 12 do DecretoLei no1.598, de 26 de dezembro de 1977. (...) §6oNa determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no§ 1odo art. 22 da Lei no8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: Ino caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: Fl. 900DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 901 24 (...) d)perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações Muito embora, conforme exposto no presente voto, esta Relatora defenda o entendimento de que as operações realizadas pelo Recorrente devem, efetivamente, ser entendidas como hedge e, desse modo, enquadradas na alínea "e", do inciso I, do §6º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, em face das discussões havidas neste colegiado por ocasião do julgamento, fazse necessária a manifestação acerca do presente pedido subsidiário. Passase, portanto, ao exame do pleito. De acordo com o acórdão Recorrido, "no presente caso, o objeto do lançamento foram exclusões de perdas em operações com derivativos, ativos estes que não estão na categoria de títulos de renda variável", concluindo, portanto, que "não restaram caracterizados nem o objetivo de hedge de tais operações, para seu enquadramento na alínea ‘e’, do inciso I, do § 6º, do art. 3º, da Lei 9.718/98, nem os requisitos de títulos para serem enquadradas na alínea ‘d’ do referido comando legal". De acordo com a fundamentação utilizada pela decisão recorrida, após discorrer acerca de normativos expedidos pela CVM Comissão de Valores Mobiliários, "os ativos financeiros seriam gênero e títulos seriam espécie. Por consequência, todo título seria ativo financeiro, mas nem todo ativo financeiro seria título." Afirma, ainda, que, embora a operação realizada pela Recorrente possa ser entendida como um ativo financeiro, "não ostentam os atributos anteriormente referidos dos títulos, de cartularidade, literalidade e autonomia, que lhes permitam fácil circulação, visto que são direcionados ao atendimento de interesses financeiros específicos a duas pessoas jurídicas, em determinadas condições e para determinado período de tempo." Por outro lado, o Recorrente aduz que, ainda que não se admita a modalidade de hedge, é certo se tratar a operação examinada de uma operação com derivativos. Tais operações com derivativos, por sua vez, são contratos de ativos financeiros. Até então, portanto, há identidade com a conceituação trazida pela DRJ: está se, indubitavelmente, diante de um ativo financeiro. Todavia, a contribuinte defende que as operações com derivativos são, assim como as ações, valores mobiliários, afirmando, por conseguinte, que devem ser incluídas no conceito de "títulos de renda fixa e variável". Com a devida vênia às fundamentadas razões apresentadas pelo contribuinte, alinhome ao entendimento externado pela DRJ, notadamente em face das limitações interpretativas impostas à esta julgadora. Com efeito, ainda que se entenda que as operações com derivativos são ativos financeiros da "espécie" valores mobiliários, não vejo como têlos na condição de "títulos" de valores mobiliários, tal como definido na norma legal. Ainda que reconheça a existência de grande discussão doutrinária acerca dos conceitos de "valores mobiliários" e "títulos mobiliários" se seriam estas expressões sinônimas ou não, é certo que, na legislação brasileira, a despeito da ausência de conceituação legal expressa (a exemplo do que se verifica relativamente ao hedge), tais termos vêm sendo usados Fl. 901DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 902 25 de forma distinta, segregada. Logo, uma vez que a Lei nº 9.718/98 utiliza a terminologia restrita de "títulos", não vejo como interpretála no sentido de "valores mobiliários". Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao pedido subsidiário formulado pela Recorrente. (v) Juros de mora sobre multa No que se refere à incidência dos juros sobre a multa de mora aplicada, alio me inteiramente ao entendimento vencedor no citado Processo nº 16327.000935/200990, Acórdão nº 3403003.325, que passo a transcrever: Divirjo do Relator quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. Já defendi a impossibilidade dessa incidência no voto condutor do Acórdão nº 002.367, de 24 de julho de 2013, que a seguir transcrevo: (...) O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula nº 4 do CARF: “Súmula CARF n° 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “ débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2 / O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” (grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: Fl. 902DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 903 26 “ os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis” . A Lei nº 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: “ Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “ débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002: “ Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal –Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Fl. 903DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 904 27 Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia –Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “ débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é “ créditos” . Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob pena de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, na linha que já vem sendo adotada por esta Turma. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, reconhecendo, para efeitos de execução do presente acórdão pela unidade local, que não incidem juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Com essas considerações, divirjo do ilustre relator e voto por que se dê provimento ao recurso quanto a esta matéria. Pelo exposto, voto por dar DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para cancelar a totalidade da exigência fiscal fundamentada na glosa de despesas relativas à realização de operação de hedge global da recorrente. No que tange ao pedido subsidiário formulado pela Recorrente, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário relativamente à possibilidade de dedução das despesas em operações com derivativos na alínea ‘e’, do inciso I, do § 6º, do art. 3º, da Lei 9.718/98. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Em que pese a profundidade da análise efetuada pela ilustre relatora em seu voto, a maioria dos conselheiros desta Turma divergiu de seu entendimento em relação a três Fl. 904DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 905 28 questões, quais sejam: a decadência de parte do lançamento; a possibilidade de exclusão da base de cálculo da Cofins de despesas relativas à realização de operação de hedge global da recorrente; e a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. Em relação à alegação de decadência, esta Turma entendeu que o sujeito passivo tomou ciência do auto de infração em 31/08/2009, não ocorrendo, desta forma, a decadência do crédito tributário referente ao período de apuração agosto de 2004. O entendimento decorre da análise das provas anexadas aos autos. O sujeito passivo tomou ciência do auto de infração na modalidade pessoal, em 31/08/2009, conforme demonstra documento de fls. 321 deste processo. Os documentos de fls. 333 e 334 deste processo correspondem a retificações mínimas no lançamento foram alterados uma data (de 23/03/2009 para 27/03/2009) e o código de um item do quadro despesas de derivativos (de 8.1.5.50.11.28 para 8.1.5.50.11.85.22) que não tem o condão de descaracterizar a data original da ciência do auto de infração. Tais informações não modificam os fatos descritos no auto de infração, nem interferem a solução do litígio. No que tange ao mérito propriamente dito, entendeu esta Turma pela impossibilidade da dedução da base de cálculo da Cofins das perdas com ativos financeiros em operações denominadas hedge global, devido a hipótese não estar prevista na legislação pátria. A operação em tela não se encontra prevista nem pela Circular Bacen nº 3.082/2002, que regulamente e discrimina as operações com instrumentos financeiros derivativos realizadas pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, nem por qualquer outra norma de direito interno, não podendo ser enquadrada como hedge à luz do direito interno. O artigo 3º, §6º, inciso I, alínea ‘e’ da Lei nº 9.718/98, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001, prevê a dedução da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins das perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge. Já o artigo 5º da citada Circular Bacen nº 3.082/2002 estabelece as condições para que as operações com instrumentos financeiros derivativos possam ser consideradas como destinadas a hedge. O dispositivo tem a seguinte redação: Art. 5º.As operações com instrumentos financeiros derivativos destinadas a "hedge" nos termos dos arts. 3º e 4º devem atender, cumulativamente, às seguintes condições: I possuir identificação documental do risco objeto de "hedge", com informação detalhada sobre a operação, destacados o processo de gerenciamento de risco e a metodologia utilizada na avaliação da efetividade do "hedge" desde a concepção da operação; Fl. 905DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 906 29 II comprovar a efetividade do "hedge" desde a concepção e no decorrer da operação, com indicação de que as variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa do instrumento de "hedge" compensam as variações no valor de mercado ou no fluxo de caixa do item objeto de "hedge" num intervalo entre 80% (oitenta por cento) e 125% (cento e vinte e cinco por cento); III prever a necessidade de renovação ou de contratação de nova operação no caso daquelas em que o instrumento financeiro derivativo apresente vencimento anterior ao do item objeto de"hedge"; IV demonstrar, no caso dos compromissos ou transações futuras objeto de "hedge" de fluxo de caixa, elevada probabilidade de ocorrência e comprovar que tal exposição a variações no fluxo de caixa pode afetar o resultado da instituição; V não ter como contraparte empresa integrante do consolidado econômicofinanceiro, observado o disposto nos arts. 3º e 18 da Resolução 2.723, de 31 de maio de 2000, alterada pela Resolução 2.743, de 28 de junho de 2000. Parágrafo único. O não atendimento, a qualquer tempo, das exigências previstas neste artigo implica observância dos critérios previstos no art. 2º e imediata transferência, ao resultado do período, no caso do "hedge" de fluxo de caixa, dos valores referentes à operação registrados em conta destacada do patrimônio líquido, na forma do art. 4º, inciso II. Do exposto, extraise que uma operação com derivativos com a finalidade de hedge deve estar necessariamente relacionada ao ativo ou passivo que se quer proteger. O reconhecimento contábil do resultado com derivativos destinados a hedge deve ser feito no mesmo período de reconhecimento do item que está sendo protegido; ocorrendo a compensação entre receitas e despesas. A operação denominada hedge global, praticada pela recorrente, visava a proteção do patrimônio líquido da recorrente, sem identificar os itens do ativo ou passivo objetos do hedge. Desta forma, as operações ora sob análise não podem ser consideradas como sendo destinadas a hedge, o que impede a dedução das perdas na apuração da base de cálculo da Cofins. Por fim, em relação à incidência da Selic sobre as multas aplicadas, entende a Turma ser devida a Taxa Selic nos cálculos dos débitos dos contribuintes para com a Fazenda Pública Federal, independente de tratarse de obrigação principal decorrente da ocorrência de fato gerador ou decorrente da aplicação de penalidade pecuniária. A obrigação tributária principal, de acordo com o §1º do artigo 113 do CTN surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária, e extingue se com o crédito dela decorrente. Fl. 906DF CARF MF Processo nº 16327.000900/200951 Acórdão n.º 3201002.227 S3C2T1 Fl. 907 30 O artigo 139 do CTN dispõe ainda que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Do exposto, concluise que o crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária, visto que ambos constituem a obrigação tributária, a qual tem a mesma natureza do crédito a ela correspondente. O artigo 161 do CTN, por sua vez, estabelece que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora, sem fazer nenhuma restrição ao crédito tributário decorrente de penalidade pecuniária. Além destes dispositivos, destacase ainda o artigo 43 da Lei nº. 9.430/96, que assim dispõe: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da análise dos dispositivos citados, resta claro que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Desta forma, com base neste entendimento, foi negado provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto redator designado Fl. 907DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002665/2004-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Exercício: 1999 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA
A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 3201-001.752
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Exercício: 1999 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 19515.002665/2004-18
conteudo_id_s : 5705388
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-001.752
nome_arquivo_s : Decisao_19515002665200418.pdf
nome_relator_s : Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo
nome_arquivo_pdf_s : 19515002665200418_5705388.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
id : 6697882
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949631221760
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-09-30T14:38:39Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-09-30T14:38:25Z; Last-Modified: 2014-09-30T14:38:39Z; dcterms:modified: 2014-09-30T14:38:39Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:d619334c-2d13-4469-be34-1b79d5c68e1d; Last-Save-Date: 2014-09-30T14:38:39Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-09-30T14:38:39Z; meta:save-date: 2014-09-30T14:38:39Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-09-30T14:38:39Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-09-30T14:38:25Z; created: 2014-09-30T14:38:25Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2014-09-30T14:38:25Z; pdf:charsPerPage: 1725; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-09-30T14:38:25Z | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 93 1 92 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002081/200612 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.752 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de setembro de 2014 Matéria PIS E COFINS Recorrente EDWARDS LIFESCIENCES MACCHI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 1999 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa não integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, que reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98. Aplicação do art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 20 81 /2 00 6- 12 Fl. 624DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño . Relatório Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de PIS e Cofins, decorrente da não inclusão na base de cálculo das contribuições, dos valores decorrentes de variações cambiais. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Contra o contribuinte foram lavrados autos de infração de ajustes das bases de cálculo do Imposto de Renda (folhas 403/404) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (folhas 414/415) e de exigência das contribuições para o Programa de Integração Social (folhas 407/408), no valor de R$ 62.565,27, e para o Financiamento da Seguridade Social (folhas 411/412), no valor de R$ 280.705,67, neste dois últimos casos a exigência é acrescida da multa de ofício de 75% e juros de mora calculados pela taxa Selic. No Termo de Verificação Fiscal (folhas 381/385) é dito que os autos de infração decorrem da constatação de omissão de receitas financeiras, caracterizada pela contabilização de variação cambial ativa a menor e variação cambial passiva a maior verificada nas contas de empréstimo de pessoas jurídicas ligadas com sede no exterior: Baxter World TradeS. A. Bélgica — e Baxter — Uruguai. Além disso, o contribuinte também realizou operações de exportações e importações com empresas vinculadas, cujas entradas e saídas de divisas geraram variações monetárias em função da taxa de câmbio, que foram incluídos na determinação do lucro operacional. Ocorre que no confronto entre os valores apurados pelo contribuinte e pela fiscalização foram encontradas diferenças em razão da taxa de câmbio utilizada pelo contribuinte, que se valeu da taxa média do mês para reconhecer a variação cambial mensal dos empréstimos e no encerramento do balanço, em 31 de dezembro, utilizou a cotação do dia 30 de dezembro. O contribuinte apurou o Lucro Real Anual, com determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido com base em Balanço de suspensão ou redução do imposto. Nesse caso, as atualizações de créditos ou obrigações em moeda estrangeiras devem ser efetuadas mensalmente, utilizandose a taxa de compra e venda disponíveis no SISBACEN no último dia de cada mês. Às folhas 386/389 encontrase o demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta de Clientes. Às folhas 390/391 encontrase o demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta Fornecedores. Às folhas 392/393 encontrase o Fl. 625DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 19515.002081/200612 Acórdão n.º 3201001.752 S3C2T1 Fl. 94 3 demonstrativo do cálculo da variação cambial da conta Empréstimos e Juros. Às folhas 394/397 encontrase o demonstrativo dos ajustes do Lucro Líquido. À folha 398 o demonstrativo das bases de cálculo do PIS e da COFINS, originadas da variação cambial e, por último, às folhas 399/402 encontramse os demonstrativos de redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. O contribuinte apresenta a impugnação de folhas 429/440, subscrita por procurador devidamente habilitado e instruída com os documentos de folhas 441/550, dizendo que possuiu elevado estoque de saldo negativo da base de cálculo da CSLL e de prejuízos fiscais, embora não concordando com o ajuste proposto, não tratará de questões relativas ao IRPJ e CSLL, ficando a discussão restrita aos créditos tributários indevidamente constituídos a título de PIS e COFINS. Alega que o PIS e a COFINS não podem incidir sobre receitas financeiras decorrentes de variações cambiais ativas e/ou passivas, uma vez que o critério material da hipótese de incidência dessas contribuições é o faturamento, assim entendido como as receitas exclusivamente auferidas com a venda de mercadorias e a prestação de serviços. Nessa linha, o conceito de faturamento adotado pela Lei n° 9.718, de 1998, adotado como base para a exigência fiscal, não poderá prevalecer, pois esse conceito não pode ser ampliado a ponto de incidir sobre quaisquer ingressos que não guardem pertinência com a venda de mercadorias ou a prestação de serviço, conforme disposição do artigo 110 do Código Tributário Nacional, segundo o qual a legislação tributária não pode alargar conceitos e formas de Direito Privado. Continua, dizendo que a exigência do PIS sobre outras receitas que não estejam enquadradas no conceito de faturamento dependeria de promulgação de emenda constitucional que alterasse a materialidade do tributo prevista no artigo 239 da Constituição Federal e, no caso da COFINS, contraria as determinações do artigo 195 inciso I da Constituição Federal,vigente à época, sendo certo, ainda, que a EC n° 20, de 15 de dezembro de 1998, não é fundamento de validade para a Lei n°9.718, de 1998. Por fim, caso não sejam considerados esses argumentos, o que admite apenas para argumentar, entende que o PIS e a COFINS somente poderiam ter suas sistemáticas de tributação alteradas por leis complementares, dado o princípio da hierarquia das leis. O impugnante se insurge, também, contra a cobrança da multa de ofício, pelo seu caráter confiscatório, e dos juros de mora calculados pela taxa Selic, por não ter sido criada para fins tributários e não possuir caráter moratório. Por último, requer que se dê provimento à impugnação para cancelamento dos autos de infração e, na hipótese de não ser Fl. 626DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 acolhido o pedido, requer que ao menos seja cancelada a abusiva multa de ofício e afastado o cômputo dos juros de mora com base na taxa Selic. A argumentação o impugnante é lastreada em jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. A competência para o julgamento deste processo foi transferida à esta DRJ pela Portaria RFB n° 10.795, de 03 de agosto de 2007. Resumidamente, esse é o relatório. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa integra a base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA A variação cambial ativa integra a base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/01/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 30/11/1999, 31/12/1999 APLICAÇÃO DE NORMA LEGALMENTE EDITADA Não cabe à instância administrativa afastar a aplicação de norma legal vigente e que tenha sido legalmente editada. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO No lançamento de ofício de crédito tributário é cabível a aplicação da multa de 75%. JUROS DE MORA Na cobrança de crédito tributário em atraso é cabível a exigência de juros de mora com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Fl. 627DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 19515.002081/200612 Acórdão n.º 3201001.752 S3C2T1 Fl. 95 5 Lançamento Procedente Na decisão recorrida, em síntese, entendeuse que, com fulcro no artigo 9o da Lei n° 9.718, de 1998, determinava que as variações monetárias positivas, decorrentes da taxa de câmbio, fossem consideradas como receitas financeiras e, como tais, integrariam a receita bruta da pessoa jurídica, sujeitandose à incidência do PIS e da Cofins. Em relação à multa de ofício, há previsão legal no artigo 44, inciso I da Lei n° 9.430, de 1996, e os juros de mora, encontra previsão no artigo 84 da Lei n° 8.981, de 1995, em combinação com o artigo 13 da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995. No recurso voluntário apresentado, reitera os argumentos iniciais, acrescendo a Recorrente que autoridades administrativas têm competência para deixar de aplicar, em casos concretos, normas ilegais e/ou inconstitucionais que estejam sendo utilizadas para a constituição de crédito tributário, especialmente em hipótese como a dos autos, em que se busca aplicar dispositivo de lei cuja inconstitucionalidade já foi declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Conforme se depreende dos autos, inicialmente deve se destacar que o objeto do presente recurso voluntário é questão de direito, ou seja a inclusão ou não das receitas decorrentes da variação cambial nas bases de cálculo do PIS e da Cofins, em vista do disposto no art. 9o da Lei n. 9718/1998, não havendo controvérsias em relação à sistemática utilizada pela fiscalização para o cálculo das variações cambiais. Ademais, consta que houve expressa manifestação da Recorrente de concordância em relação aos autos de infração do IRPJ e da CSLL. Como bem ressaltou a Recorrente, o cerne do litígio é a definição de “faturamento” para efeitos de composição da base de cálculo do PIS e da Cofins, nos termos da Lei n. 9718/98. Destarte, a Lei Complementar 70/91 prevê, em seu artigo 2º, que a Cofins “incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, ao passo que a Lei 9.718/98, a qual alargou a base de cálculo tanto da Cofins quanto da contribuição para o PIS para considerar, em seu artigo 3º, §1º que a receita bruta seria a totalidade das receitas auferidas pela pessoa, incluindose, por conseguinte, as decorrentes de variações cambiais. Fl. 628DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 O Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o incidente de inconstitucionalidade força do entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários n°s 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, em que se reconheceu a inconstitucionalidade da exigência do PIS e da COFINS, na vigência da Lei n° 9.718/98, declarandose o referido artigo 3º, §1º da Lei 9.718/98, inconstitucional, por haver um indevido alargamento da base de cálculo das contribuições. Nesse contexto, considerandose o entendimento sedimentado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, deve ser o seu acatamento em sede de processo administrativo fiscal, por força do disposto no art.62, parágrafo único, inciso I do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, como, inclusive, já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, como se depreende da ementa a seguir transcrita, do Acórdão n. 930301.930: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999 COFINS. RECEITAS ORIUNDAS DE VARIAÇÕES CAMBIAIS. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO EM MOMENTO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 10.833/03. Cabe aos membros do CARF afastarem a aplicação de dispositivo de lei que tenha sido declarado inconstitucional em sessão plenária de julgamento no STF, como foi o caso do artigo 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, declarado inconstitucional no julgamento do RE 390.840. Antes da vigência da Lei 10.833/03 a Cofins apenas incidia sobre as receitas oriundas do exercício do objeto social da empresa, conforme disposição do artigo 2º da LC 70/91. Apenas após a vigência da Lei 10.833/03 é que a Cofins passou a incidir sobre a totalidade de receitas auferidas pela empresa, inclusive aquelas oriundas de variação cambial. Tendo o auto de infração sido lavrado em momento anterior à vigência da Lei 10.833/03, mister se faz considerar como base de cálculo da Cofins aquela prevista no artigo 2º da LC 70/91. Recurso Especial do Procurador Negado. Em face do exposto, dou provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 629DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/10/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 12466.003452/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/10/2003, 22/10/2003, 30/10/2003, 10/11/2003, 17/11/2003, 19/11/2003, 26/11/2003, 01/12/2003
RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO. VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017.
O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido.
SÚMULA CARF Nº 103
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Numero da decisão: 3201-002.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Turma, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/10/2003, 22/10/2003, 30/10/2003, 10/11/2003, 17/11/2003, 19/11/2003, 26/11/2003, 01/12/2003 RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO. VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017. O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido. SÚMULA CARF Nº 103 Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12466.003452/2008-11
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5717533
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.740
nome_arquivo_s : Decisao_12466003452200811.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
nome_arquivo_pdf_s : 12466003452200811_5717533.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Turma, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6744325
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949683650560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1585; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 531 1 530 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.003452/200811 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3201002.740 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria IPI Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DARCK TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/10/2003, 22/10/2003, 30/10/2003, 10/11/2003, 17/11/2003, 19/11/2003, 26/11/2003, 01/12/2003 RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO. VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017. O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido. SÚMULA CARF Nº 103 Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Turma, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 34 52 /2 00 8- 11 Fl. 531DF CARF MF 2 Relatório Dada a existência de questão preliminar atinente à admissibilidade do Recurso, fazse breve relatório. Tratase de Recurso de Ofício em face do acórdão nº 0721.421, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) que anulou o lançamento tributário pela constatação de vício formal, além de julgar improcedente o lançamento de multa O valor exonerado foi de R$ 1.277.027,48 (um milhão, duzentos e setenta e sete mil, vinte e sete reais e quarenta e oito centavos). Os autos foram remetidos a este CARF por via de Recurso de Ofício (fl. 529 eprocesso) e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Existe questão prejudicial a ser apreciada quanto ao juízo de admissibilidade do presente Recurso de Ofício. Conforme Relatório do acórdão recorrido, o valor do crédito tributário exonerado foi de R$ 1.277.027,48 (fl. 512 eprocesso): Versa o presente processo sobre Auto de Infração (fls. OI a 112) lavrado contra a empresa em epígrafe, com vistas à constituição de credito tributario. no valor total de R$ 1.277.027,48 (um milhão, duzentos e setenta e sete mil, vinte e sete reais e quarenta e oito centavos), referente à falta de recolhimento de Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescidos de multa qualificada lançada de oficio proporcional a 150% dos valores não recolhidos e juros moratórios, além de multa por infração administrativa ao controle das imponações, em razão de subfaturamento, equivalente a 100% sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação 'ou entre o preço declarado e o preço arbitrado. Para o cabimento do recurso de ofício, a decisão que exonera o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa deve suplantar o limite de alçada da autoridade judicante, que, neste caso, foi recentemente redefinido pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017: Fl. 532DF CARF MF Processo nº 12466.003452/200811 Acórdão n.º 3201002.740 S3C2T1 Fl. 532 3 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Acrescentase, por oportuno, o enunciado da Súmula CARF nº 103: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Assim, considerando que no presente caso o valor exonerado foi inferior ao limite de alçada redefinido pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017, voto pelo NÃO CONHECIMENTO do Recurso de Ofício. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 533DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13983.000272/2004-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.844
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo-
Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: . Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cleber Magalhaes, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13983.000272/2004-77
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5717471
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-000.844
nome_arquivo_s : Decisao_13983000272200477.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 13983000272200477_5717471.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: . Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cleber Magalhaes, Tatiana Josefovicz Belisario.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6744263
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949768585216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1660; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 93 1 92 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13983.000272/200477 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.844 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 30 de março de 2017 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente SADIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: . Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cleber Magalhaes, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Referese o presente processo a pedido de compensação de Cofins, relativo ao 3o trimestre de 2004. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, referente ao segundo trimestre de 2004, decorrentes das operações com o mercado externo do interessado anteriormente identificado, apurados sob o regime da nãocumulatividade da mencionada Contribuição, no valor de R$37.712.929,76, a ser compensado, conforme declaração de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 83 .0 00 27 2/ 20 04 -7 7 Fl. 841DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 94 2 compensação (Dcomp) às fls. 02, 06, 08/09, 11, 14, 16/17, 19, 21, 29, 31, 33, 35, 38/39, 41, 43, 45, 47, 49, 51, 53, 55, 57, 59, 61, 65, 67, 69, 71, 73, 75, 77, 79, 81 e 83, com débitos de diversos tributos e contribuições federais. Após a análise do direito creditório do interessado pela autoridade administrativa local (DRF/Joaçaba/SC), foi exarado o Despacho Decisório n° 249/2005 (fls. 608/650), que concluiu pelo reconhecimento apenas parcial do crédito postulado, no valor de R$ 26.629.847,95, sob os seguintes fundamentos: após efetuadas verificações, por amostragem, constatouse que as receitas de exportação e operacional, informadas no Livro Registro de Saída de Mercadorias, e constantes dos arquivos magnéticos enviados pela empresa em resposta a intimações contra ela formuladas, coincidem com os valores informados nos demonstrativos e planilhas de cálculo; também em relação à aquisição de mercadorias, matérias prima, insumos e custos, despesas e os encargos vinculados às receitas retromencionadas que geram direito a crédito, encontramse as citadas aquisições escrituradas no Livro Registro de Entrada de Mercadorias e nos livros contábeis (Razão), constantes dos arquivos magnéticos encaminhados pelo interessado; entretanto, nas amostragens examinadas, foram detectadas algumas divergências de valores, discriminadas a seguir: I Bens Utilizados como Insumos/Comprovação há divergências entre os valores informados nas linhas 2, 3, 4, 7 e 13 da Ficha 06 do Dacon (v. fls. 208/214) e os valores comprovados pelos arquivos magnéticos enviados pela empresa em resposta a intimações (fls. 23/24) contra ela formuladas, contemplando a relação de notas fiscais de aquisição, utilizadas no cálculo do crédito da COFINS não cumulativa no trimestre (que se referem às aquisições de materiais e de serviços de pessoas jurídicas, de pessoas fisicas, de cooperativas, e os gastos com fretes de materiais pagos a pessoas fisicas, pessoas jurídicas e cooperativas), e cujos montantes encontramse sintetizados no "Resumo" de fls. 203/204, divergências essas, respectivamente, nos valores de R$31.765.172,49, R$ 69.973.969,13 e R$ 23.049.565,77, para os meses de abril, maio e junho de 2004; II Despesas Financeiras relativamente aos créditos da COFINS não cumulativa, apropriados sobre "despesas financeiras", a análise dos registros do livro Razão às contas "3670201Desp.Financeiras Contratos de Financiamentos", e "3670210Desp.FinanceirasI0E Comissões s/Financiamentos", evidenciou a apropriação de valores que não se caracterizam como receitas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos, conceituadas no art. 374 do RIR/99 (Decreto n° 3.000/99), a exemplo de: reembolso de pagamento a Oficio de Notas; despesas com repasse de custo — IOF de cartão de crédito corporativo, etc, sendo, portanto, passíveis de glosa os valores de R$ 2.680,00 e R$ 2.227,03,respectivamente, para os meses de abril e junho de 2004; III Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas e a Cooperativas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos examinandose os arquivos magnéticos, constatouse que o Fl. 842DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 95 3 interessado apropriou como insumo, sob o título "Aquisições de Materiais/Pessoa Jurídica" e "Aquisições de Materiais/Cooperativa", desembolsos que não se caracterizam como insumos utilizados nos produtos, tais como: doações à Apae, Prefeituras, Associações, etc; pagamentos relativos a despesas gerais ou de consumo (livraria, gastos com informática, etc.); gastos efetuados com assistência médica de funcionários e/ou diretores, decorrentes de convênio com a Unimed; pagamentos à própria contribuinte (Sadia); importações efetuadas (Sadia Chile S/A), os quais não são passíveis de crédito, por não se constituírem em "insumos" aplicados às mercadorias produzidas, mas simples despesa administrativa, ou por se constituírem em material/mãodeobra da própria contribuinte (os valores glosados são de, respectivamente, R$ 211.798,12, R$ 596.941,15, e R$ 143.901,56, para os meses de abril, maio e junho de 2004); IV Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos ainda da análise dos arquivos magnéticos, devem ser glosadas as aquisições de materiais, conforme notas fiscais emitidas por algumas pessoas jurídicas que não foram localizadas no sistema de registro da SRF, não possuindo CNPJ; ou que, embora tenha sido localizado o registro da pessoa jurídica (CNPJ válido), tais pessoas jurídicas não apresentaram movimento (declaração de inativa); ou que se encontram extintas por encerramento — liquidação voluntária (CNPJ cancelado); ou que não se constituem em estabelecimento comercial, a exemplo de condomínio, entidades associativas, etc (v. documentos de fls. 277/330), reputando se como inidôneo, portanto, o documentário fiscal emitido, não dando suporte ao crédito das matériasprimas, dada a inexistência fática do suposto fornecedor; de se notar, ainda, que o referido documentário aponta para número muito baixo, pondoos sob suspeição (os valores glosados correspondem a R$ 3.189.598,55, R$ 5.559.433,10, e R$ 2.161.239,68, respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004); V — Despesas com Energia Elétrica— confrontandose os valores 411 registrados no Dacon, Ficha 06, Linha 03, relativa a despesas com energia elétrica, verificase a ocorrência de cômputo de valor superior ao efetivamente comprovado e registrado nos relatórios eletrônicos encaminhados (a partir dos valores registrados no Livro Registro de Entrada de Mercadorias para os CFOP 1252/1253/2252), correspondendo o valor glosado a R$ 1.153.495,85, igualmente para os meses de abril, maio e junho de 2004; VI Despesas que não se constituem em Insumo— do total informado na linha "Aquisições de Serviços — Pessoas Jurídicas" no "Resumo" de fl. 04 (R$ 33.154.094,41, R$ 28.198.044,36 e R$ 27.810.492,20, respectivamente, para os meses de abril, maio junho de 2004), devem ainda ser glosados, respectivamente, os valores que se referem a: despesas médicas (Anexo 1); despesas de assessoria, planejamento e consultoria (Anexo 2); despesas com segurança, vigilância e limpeza (Anexo 3); despesas com telecomunicações (Anexo 4); despesas ativáveis em construções (Anexo 5); despesas de viagem e locomoção (Anexo 6); despesas de conservação e manutenção 111, (Anexo 7) e despesas diversas (Anexo 8), tais como com encadernações, locação de Fl. 843DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 96 4 veículos, serviços de limpeza de veículo/reparo de pneus, serviço de guincho, chapeação e pintura de veículo, serviços de locução de rádio, serviços de sinalização, tinta automotiva, restaurantes, refeições, lanches, panificadora, casas de carne, de peixes, com supermercados, bebidas, suprimentos de informática, confecção de chaves e fotografias e imagens, brindes e mudanças, joalheria, decoração e lojas de vestuário, sindicatos (Anexos 1 a 8, fls. 331/607), uma vez que somente podem ser considerados como insumos os bens ou serviços intrinsicamente vinculados à produção dos serviços ou à fabricação dos bens, ou seja, quando aplicados ou consumidos diretamente na produção dos bens ou na produção dos serviços, sendo que, nos casos de desembolsos com gastos em construções que devem ser ativados, representados por projetos e mãodeobra na construção de instalações, ampliações ou reformas, efetuados a construtoras e empreiteiras, e de "despesas com manutenção de máquinas e equipamentos", dos quais resultem aumento de vida útil superior a um ano, como tais gastos contribuem para mais do que um exercício, devem os mesmos, segundo atécnica contábil, serem ativados para futura depreciação (os valores glosados correspondem a R$ 3.329.495,96, R$ 3.060.615,38, e R$ 2.707.447,54, respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004); VII Crédito Presumido/Agroindústria o contribuinte informou, quando efetuada a intimação n° 12.435 (no processo fiscal n° 13983.000101/200448, que se refere a créditos do PIS nãocumulativo referente ao primeiro trimestre de 2003), que os valores constantes dos seus registros eletrônicos correspondentes a "Aquisições de Materiais — Pessoa Física" compõem o "Crédito Presumido/Agroindústria", sendo que, na planilha ("Resumo") de fls. 203/204, as aquisições de bens e serviços de pessoas físicas (informadas nas linhas "Aquisições de Materiais — Pessoa Física" e "Aquisições Serviços — Pessoa Física", v. fls. 203/204) somadas para o mês de abril de 2004, e após a aplicação da alíquota de 6,08%, para fins de determinação do "Crédito Presumido/Agroindústria", de que trata o art. 3°, §§ 5° e 6°, da Lei n° 10.833/2003, perfazem um valor ligeiramente inferior, devendo ser objeto de glosa, portanto, o valor de R$ 180,27 do referido crédito presumido para o mês de abril de 2004; além disso, analisandose os registros constantes do arquivo magnético "Aquisição Material/Pessoa Física", constatouse que foram computados valores desembolsados a entidade de ensino, não se tratando, portanto, de pagamento de bens e serviços a pessoa física, contrariando, assim, o disposto no § 5° do art. 3°, da Lei n° 10.833/2003, sendo passível de glosa o valor de R$ 33.171,14; Considerandose as glosas acima descritas, a autoridade administrativa local promoveu, então, nova apuração dos créditos da COFINS nãocumulativa supostamente existentes em favor do interessado, utilizandose, em relação às aquisições, custos e despesas vinculados às operações de exportação, que dão origem aos créditos passíveis de ressarcimento/compensação, o percentual das receitas de exportação em relação à receita bruta total da empresa, e, portanto, do método do rateio proporcional (cf. art. 3°, parágrafo único, da IN SRF n° 387/2004) eleito pelo interessado (conforme resposta da empresa à fl. 84), após o quê concluiuse pelo reconhecimento apenas parcial do crédito postulado, no valor de R$ 26.629.847,95. Fl. 844DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 97 5 Cientificado da decisão, em 29/07/2005 (v. fl. 650), o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 19/08/2005 (fls. 652/657), e documentos anexos de fls. 658/681 (procuração, fl. 658; atas e estatuto social, fls. 659/661; planilha e Darf, fls. 662/663;planilha, fls. 664/665; cartão do CNPJ e comprovantes de inscrição e de situação cadastral de diversos fornecedores, fls. 666/681), alegando, em síntese, que: a) a empresa concorda parcialmente com a glosa implementada, sendo que, nos termos da planilha em anexo (fl. 662), reconhece que procede a glosa no valor total de R$ 986.084,44, tanto que apresenta o comprovante de recolhimento do citado valor, com os acréscimos legais devidos (cf. Darf de fl. 663), e, portanto, tudo o que era incontroverso foi já no que se refere à glosa de bens utilizados como insumos (item I do despacho decisório), o fisco não considerou, conforme planilha à fl. 662, o somatório das despesas financeiras a que correspondem os valores glosados (de R$ 31.765.172,49, R$ 69.973.969,13 e R$ 23.049.565,77, 1 respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004), despesas financeiras essas que devem compor (cf. linha 13 do Dacon já entregue) a apuração dos créditos a serem compensados pela empresa, de acordo com o art. 3 0, V, da Lei n° 10.833, de 29/12/2003; c) quanto às demais despesas financeiras, com serviços e outros gastos ( a que se referem os itens II, III, VI, e a glosa no valor de R$ 33.171,14 do item VII do despacho decisório), o impugnante acata a glosa confirmada pela autoridade julgadora, eis que a interpretação legal quanto à questão esteve sujeita a modificações em matérias de consultas, razão pela qual informa, desde já, que o valor será recolhido, conforme acima noticiado; d) os créditos relativos às pessoas citadas como "cancelados", "liquidados", "SIMPLES" e "inativo" (cf. item IV do despacho decisório) devem ser utilizados pela empresa à mesma razão de 80% (oitenta por cento), tendo 1 41) em vista o "Crédito Presumido/Agroindústria" a que alude o art. 3 0, §§ 1 50, e 6°, I, da Lei n° 10.833/2003, e, também em relação às pessoas jurídicas consideradas "inexistentes" ou "inativas", como o recorrente comprova a situação regular das mesmas perante o fisco federal (cf. comprovantes de inscrição e de situação cadastral de diversos fornecedores, fls. 666/681), há direito a crédito à razão máxima de 100% (cem por cento); e) quanto à glosa de créditos advindos de contas de energia elétrica, a diferença apurada referese à utilização (pela empresa) das despesas de todas as filiais (cf. art. 3 0, III, da Lei n° 10.833/2003), enquanto o fisco, considerou apenas as unidades produtivas no seu cálculo (o que se observa na consideração apenas dos CFOP 's 1252, 1253 e 2252),restando considerar as demais unidades comerciais, conforme demonstrado através do Livro Fiscal anexado (fls. 664/665); f) face ao exposto, levando em consideração a parte recolhida (guia Darf à fl. 663) e a parte restante integralmente impugnada, requer o impugnante a reforma do despacho decisório, deferindose a restituição dos créditos da COFINS nãocumulativa, após o Fl. 845DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 98 6 afastamento das glosas contestadas e a homologação da compensação implementada. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TIRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO DE CRÉDITOS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS. Quando não devidamente comprovadas, as despesas com a aquisição de bens, supostamente utilizados como insumos no processo produtivo da empresa, não ensejam a apuração de créditos da COFINS, segundo o regime nãocumulativo da contribuição. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. É cabível a glosa do valor apropriado a título do crédito presumido, apurado pelas pessoas jurídicas que produzem mercadorias de origem animal ou vegetal, superior àquele que decorre das aquisições efetivamente comprovadas pela empresa. ENERGIA ELÉTRICA. Não prescinde de comprovação por documentos hábeis e idôneos a identificação dos valores da energia elétrica adquirida pelos estabelecimentos da pessoa jurídica, para fins de apropriação de créditos da COFINS segundo o regime da nãocumulatividade. COFINS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como não impugnada a matéria não contestada expressamente pelo contribuinte. Solicitação Indeferida Em sede de recurso voluntário, foram reiterados os argumentos iniciais. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Verificase que o pedido de ressarcimento referese a diversos itens, quase todos tendo sido negados por questões atinentes à prova dos créditos alegados. Com relação ao item "Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos", a glosa nos valores Fl. 846DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 99 7 de R$ 3.189.598,55, R$ 5.559.433,10, e R$ 2.161.239,68 referemse a aquisições junto a "pessoas jurídicas" que não possuem registro no CNPJ, ou ainda que, muito embora possuam CNPJ, não apresentaram movimento no período (apresentaram declaração de inatividade); que se encontram extintas por liquidação voluntária (CNPJ cancelado); que não se constituem em estabelecimento comercial (condomínios, entidades associativas, etc), conforme documentos às fls. 277/330. Na decisão recorrida afirmase que "a autoridade fiscal, em relação a tais aquisições junto a pessoas jurídicas, constatou a existência de diversas compras, consideradas na base de cálculo de créditos da COFINS nãocumulativa, que não se deram junto a pessoas jurídicas, mas sim a pessoas físicas, ou, ainda, junto a empresas inativas, baixadas, canceladas, que não se constituem em estabelecimento comercial, etc (a relação completa de tais "entes" encontrase discriminada no despacho decisório às fls. 617/638), e, por conta disto, glosou as aquisições correspondentes, para efeitos de apropriações de créditos da COFINS segundo a sistemática da nãocumulatividade, considerando inidôneo, como já visto, o documentário fiscal correspondente." Com relação a essas aquisições, diz a Recorrente o creditamento da "COFINS nãocumulativa" deve ser mantido em homenagem ao princípio da boafé, vez que a Recorrente adquiriu bens e serviços de pessoas jurídicas que emitiram, inclusive, nota fiscal para albergar a operação de circulação de mercadorias. Nesse sentido, afirma, no recurso voluntário: A Recorrente adotou todas as medidas que dispunha para verificar a idoneidade e regularidade das pessoas jurídicas com a qual negociava (a título de exemplo verifiquese o cadastro CNPJ regular juntados às fls. 668, 674, 675, 676, 677, 678, 679, 680 e 683) o que comprova a sua total boafé e a exime de qualquer culpa e/ou responsabilidade no que pertine à eventual irregularidade da empresas e/ou documentos expedidos por elas, não devendo ter glosado qualquer crédito de COFINS gerados das operações efetivamente realizadas, uma vez que decorrentes de operações tidas como corretas e pautadas, como dito, na boafé da Recorrente. Nesse ponto, vale notar que ao se compulsar as fls. citadas pela Recorrente, verificase que , por exemplo, às fls. 672, consta o CNPJ da "Avicultura Céu Azul", com situação constante como "ativa". Às fls. 634 a 636, das tabelas que acompanham o despacho decisório, consta a relação de diversas notas fiscais emitidas, supostamente, pela mesma empresa, que mencionam "CNPJ inexistente". Considerandose que referidas CNPJ das empresas relacionadas, que a Recorrente, traz, segundo ela, por amostragem, a comprovação da regularidade cadastral dessas empresas, e que o motivo da glosa foi, precisamente, a sua suposta inidoneidade, surge a dúvida, que impede a formação do convencimento para o adequado julgamento da controvérsia. Em face do exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência, para a verificação dos CNPJs das tabelas referenciadas, bem como, o refazimento dos cálculos, se for o caso, concedendose o prazo para que a Recorrente manifestese no prazo de 30 dias, prorrogáveis uma única vez, para que, querendo, manifestese. Após, retornem os autos para o prosseguimento do julgamento. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 100 8 (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 848DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.910117/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.491
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente.
(assinado com certificado digital)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsume-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.910117/2010-57
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5706526
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-002.491
nome_arquivo_s : Decisao_11080910117201057.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11080910117201057_5706526.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6700891
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048950089449472
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.910117/201057 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201000.491 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente THYSSENKRUPP ELEVADORES SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira votou pelas conclusões. Vencidos os Conselheiros José Luiz Feistauer de Oliveira, que votou por serem as operações da Recorrente enquadradas no regime de apuração cumulativa e o Conselheiro Winderley Morais Pereira, que votou por não ser possível a discussão administrativa no CARF de matéria com solução de consulta exarada pela Receita Federal, cuja consulente seja a própria Recorrente. (assinado com certificado digital) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 01 17 /2 01 0- 57 Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Mércia Helena Trajano D'Amorim; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 09054.955, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG), em apreciação de DCOMP eletrônica transmitida com objetivo de compensar débitos nela apontados com créditos oriundos de pagamento indevido. Por economia processual, utilizarseá o relatório da autoridade recorrida no que interessa ao exame dos autos em apreço: "A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório referente à DCOMP acima identificada, onde ficou constatada a improcedência do crédito original nela informado, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração nãocumulativo o total das receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 3 Regularmente cientificada da não homologação, a contribuinte protocolou suas razões de defesa alegando, em resumo, que: (...) Como ficará exaustivamente demonstrado ao longo da presente manifestação de inconformidade, o direito creditório da REQUERENTE decorre do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade nãocumulativa. A atividade de instalação de elevadores realizada REQUERENTE tem a natureza de obra de construção civil, o que já foi declarado pelo Poder Judiciário no passado, e as receitas decorrentes da mesma estão sujeitas ao PIS/COFINS na modalidade cumulativa, nos termos do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/03, que se aplica às duas contribuições (cfr. inciso V do artigo 15). Qualquer pagamento realizado a outro título reputase indevido e, portanto, é passível de compensação nos termos do artigo 74 da Lei n° 9.430/96. (...) O direito creditório da REQUERENTE decorre (i) da natureza do serviço prestado (obra de construção civil), o que se verifica pela aplicação da legislação do PIS/COFINS combinada com a legislação do IPI; (ii) da sujeição das receitas decorrentes dessa atividade à sistemática cumulativa do PIS/COFINS; e (iii) do pagamento indevido do PIS/COFINS na modalidade não cumulativa. O Despacho Decisório, para não reconhecer o direito creditório em discussão, recorre à primeira consulta fiscal formulada pela REQUERENTE (Consulta SSRF08/Disit n° 446/2007) e invoca o conceito de industrialização presente na legislação do IPI para concluir que o serviço de instalação não tem a natureza de serviço de construção civil. Data máxima vênia, o Despacho Decisório não merece prosperar: · em preliminar, porque afronta e contradiz decisão judicial transitada em julgado na Ação Ordinária n° 88.00.03357 1, movida pela REQUERENTE, a qual declarou que o IPI não incide sobre o preço dos serviços decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores, haja visto que tais serviços não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil; · no mérito, porque: (i) as atividades de instalação de elevadores não se caracterizam como operação de industrialização, na modalidade de montagem, mas sim como obra de construção civil; (ii) a legislação do PIS/COFINS é silente quanto à definição do que se deva compreender por "obras de construção civil"; (iii) o Código Civil considera bem imóvel tudo quanto se incorporar ao solo, natural ou artificialmente; (iv) a Instrução Normativa RFB N n° 971/093, "considera (... ) obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo"; (v) os elevadores fabricados e instalados pela REQUERENTE são incorporados às edificações, o que caracteriza o serviço de instalação como uma verdadeira obra de construção civil; (vi) a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 4 privado, a teor do disposto pelos artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional. (...) O Despacho Decisório, ao não reconhecer o crédito compensado pela REQUERENTE e deixar de homologar a compensação declarada, com base nos mesmos fundamentos da Solução de Consulta SRRF08/DISIT n° 446/2007 (os serviços prestados pela REQUERENTE decorrentes da realização de obras de instalação de elevadores consistiriam em suposta industrialização, na modalidade montagem), vai de encontro à coisa julgada, devendo, por isso, ser reformado. Como há declaração judicial no sentido de que os serviços prestados pela REQUERENTE — de instalação de elevadores não consubstanciam operação de industrialização, na modalidade montagem, mas sim obra de construção civil, obviamente que a Administração Tributária Federal deve respeitar o julgado, interpretando a legislação de regência nos termos da decisão passada em julgado, levando em consideração o seu conteúdo. (...) Ao assim proceder, interpretando o conceito de industrialização (montagem) da legislação de IPI de forma diametralmente oposta àquela que lhe foi conferida pela decisão passada em julgado, a União Federal, por meio de seus agentes, adota comportamento nitidamente contraditório e incompatível com interpretação da legislação tributária. (...) Nesse passo, cumpre destacar que o "principio da moralidade obriga que a Administração Pública, no desempenho das atividades por meio de seus agentes, atue de forma ética", sob pena de ser considerado ilegítimo o ato administrativo que deixa de observar tal mandamento. O E. Supremo Tribunal Federal, a propósito, em diversas oportunidades confirmou que a Administração Pública está subordinada ao Princípio da Moralidade, como se pode verificar, exemplificativamente, do acórdão que segue (...) Assim sendo, independentemente da anulação da Solução de Consulta SRRF10/DISIT n° 104/2008, que se deu por questões formais, o reconhecimento do direito creditório da REQUERENTE e a homologação da compensação declarada decorrem da interpretação do inciso XX do artigo 10 da Lei n° 10.833/2003, que tem de ser harmoniosa com o que decidiu o Poder Judiciário nos autos Ação Ordinária n° 88.00.033571/RS, transitada em julgado desde 08/05/1997. (...)" Após exame da Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: COMPENSAÇÃO. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 5 A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo. NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra no despacho decisório qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. COISA JULGADA. A decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este CARF, reiterando a existência do direito creditório postulado. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.448, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 11080.729874/201349, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3201002.448): "O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. (...) A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 6 Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 7 Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). Fl. 386DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 8 O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: Art.100. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento expresso na respectiva solução, a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que ocorrerem após ser dada ciência ao consulente ou após a sua publicação na imprensa oficial (Lei no 9.430, de 1996, art. 48, § 12). Parágrafo único. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em solução de consulta, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 9 Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisandose que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO ISERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1Serviços de construção 1.0131Outros serviços de instalação 1.0131.10.00Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal Fl. 388DF CARF MF Processo nº 11080.910117/201057 Acórdão n.º 3201000.491 S3C2T1 Fl. 0 10 constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado." Apenas uma observação, que em nada afeta o resultado do julgamento do presente processo: não há que se falar em exonerar o crédito tributário lançado, uma vez que tanto o processo paradigma quanto o presente tratam de PER/DCOMP. Assim, a consequência do provimento ao recurso é o reconhecimento do direito creditório postulado pela Contribuinte, com a homologação da compensação declarada. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0