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Numero do processo: 13851.800347/2002-56
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: ANO-CALENDÁRIO:
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIRO. POSSIBILIDADE NA VIGÊNCIA DA SISTEMÁTICA ANTERIOR. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DE CINCO ANOS. APLICABILIDADE.
O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.
Numero da decisão: 1802-000.382
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso,nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
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Recorrente Cambuhy Agrícola Ltda. Recorrida DRJ - Ribeirão Preto. ANO-CALENDÁRIO: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIRO. POSSIBILIDADE NA VIGÊNCIA DA SISTEMÁTICA ANTERIOR. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DE CINCO ANOS. APLICABILIDADE. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento-ao-recurso,-nos-termos_do_relat6rio e voto que integram o presente julgado. • ------- ESTER MARQUES LINS 4,— OUSA - Presidente EDWAL CASONI DE P. Á - RNA` DES JUNIOR — Relator Processo n° 13851.800347/2002-56 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00-382 Fl. 2 EDITADO EM: 25 MA I 2013 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Ester Marques Lins de Sousa (Presidente de Turma), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Sergio Luiz Bezerra Presta (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior, João Francisco Bianco (Vice Presidente de Turma). Ausente justificadamente o conselheiro Leonardo Lobo de Almeida. Processo n° 13851.800347/2002-56 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00-382 Fl. 3 Relatório Trata-se Recurso Voluntário apresentado contra decisão proferida pela 5" Turma da DRJ de Ribeirão Preto/SP. Depreende-se dos autos em apreço, que em 30/09/1999, a contribuinte Brasil Warrant Representações e Participações Ltda., emitiu autorização (fl. 12) para que parte da sua restituição pleiteada no processo administrativo n° 13851.000228/99-61, fosse compensada com parcela do Imposto Territorial Rural do ano de 1999, devido pela ora recorrente. Após regular tramitação do processo, a Delegacia da Receita Federal em Araraquara/SP, remeteu à recorrente o Comunicado DRF/AQA/Sorat n° 557/2005 (fl. 14), cientificando-lhe do indeferimento do direito creditório da cedente (Brasil Warrant Representações e Participações Ltda.), e por decorrência, o débito indicado para compensação haveria de ser adimplido. Na mesma oportunidade (fl. 14) alertou-se à recorrente que eventual interposição de Manifestação de Inconformidade pela ora recorrente não teria o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário, e tão pouco seria processada. Insurgente, a contribuinte apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 16 — 27), instruída com os documentos de folhas 28 a 63, asseverando que o direito à apresentação da indigitada manifestação é decorrente de dispositivos legais e de uma matriz constitucional, e que a despeito de o crédito objeto da compensação em trato ser oriundo de terceiros, tal procedimento foi intentado na vigência de Instrução Normativa que assim assegurava. Relembrou que com a inovação no quadro legislativo vigente, trazida pela Lei n°1 0.637/2002s-pedidos de-compensação que-ainda_não_haviam_sido apreciados foram convertidos em declaração de compensação, pois o § 4° do artigo 74 da Lei n° 9.430/96 não faria qualquer diferenciação entre compensações de créditos próprios e aquelas que utilizam créditos de terceiros. Assim sendo — admitindo a modificação para "declaração de compensação" — afirmou a recorrente ser aplicável o § 5° do artigo 74 da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe conferiu a Lei n° 10.833/03, que fixa o prazo de cinco anos para que a autoridade administrativa homologue a compensação declarada pelo sujeito passivo, e que transposto o indigitado prazo sem que o Fisco se pronuncie, considera-se homologada a compensação. Afirmou ser essa a hipótese dos autos já que a compensação foi apresentada em 30 de setembro de 1999 (fl. 12) e o Comunicado — SORAT — foi recebido somente em 20 de junho de 2005, quando já se havia transcorrido o prazo apontado. A par dessas afirmações, a recorrente argumentou ter havido decadência do direito de o Fisco lançar o crédito tributário, bem como a prescrição para eventual ação executória. 401.111111`3 Processo n° 13851.800347/2002-56 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00-382 Fl. 4 Referida Manifestação de Inconformidade foi conhecida por força de determinação do Poder Judiciário (fls. 84 — 87) e a 5 a Turma da DRJ de Ribeirão Preto/SP, nos termos do acórdão e voto de folhas 119 a 126, indeferiu a solicitação, entendendo em síntese que a homologação tácita de que trata o § 5° do artigo 74 da Lei n° 9.430/96, não aproveita o terceiro em débito para com a Fazenda Nacional, ainda que o pedido tenha sido formulado quando havia previsão administrativa para tais compensações. Não se cogitaria falar, de igual forma, em decadência eis que o débito fora confessado no pedido de compensação, e também não haveria falar em prescrição porquanto suspenso o dito prazo até a definitividade da decisão administrativa. Cientificada (fl. 128), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 127 — • 145), insistindo na homologação tácita da compensação apresentada nos termos alhures relatados, e de igual forma no decaimento do direito de lançar ou prescrição do crédito tributário, fazendo argumentações quanto ao mérito da existência do crédito e pugnando por provimento. É o relatório. Processo n3 13851.800347/2002-56 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00-382 Fl. 5 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Femandes Junior, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, sendo imperioso o seu conhecimento. Com efeito, o pedido de compensação aqui discutido fora formulado quando vigorava o permissivo de encontro de contas de terceiro credor do Fisco, com contribuinte diverso daquela relação. Outra ressalva que necessariamente precisa ser feita, é que o mérito da existência, ou não, do direito creditório é completamente estranho aos presentes autos, de sorte que os reflexos no crédito do cedente impactam diretamente na compensação do cessionário. Tem razão a recorrente ao afirmar que com o advento da Lei n° 10.833/03, que instituiu a atual redação do § 50 do artigo 74 da Lei n° 9.430/96, o prazo para que o Fisco homologue as compensações declaradas será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação, observe-se, a propósito o teor do aludido dispositivo, litteris: Artigo 74. Caput omissis § 5°. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (.) Vê-se, portanto, que a inovação legislativa, impôs ao Fisco um prazo decadenciale,-por-conseguinte-- extintivo_do_seu_direito de averiguar o procedimento adotado pelo sujeito passivo. Mas, para o ocaso concreto o que se apresenta imperioso para perquirição, é saber se tal instituto é oponível às compensações apresentadas na sistemática anterior quando ainda se admitia compensação com créditos de terceiros e o procedimento era manifesto por via de "Pedido de Compensação". E nessa contextura, novamente milita em acertado postulado a recorrente, pois de fato, a Lei n° 10.637/02 acrescentou um dispositivo de eficácia transitória no § 40 do já referido artigo 74 da Lei n° 9.430/96, e o fez para estabelecer que os pedidos de compensação pendentes de análise, seriam considerados "declaração de compensação" para os fins do disposto naquele artigo, veja-se: Artigo 74. Caput omissis (.) § 4°. Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. Processo n° 13851.800347/2002-56 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00-382 Fl. 6 (.) Ora, se como dito as declarações de compensação tem prazo de homologação equivalente a cinco anos, e o pedidos de compensação pendentes de análise foram tidos e havidos como se declarações fossem, há perfeita subsunção dos fatos ao comando do já citado § 50, pouco importando se o crédito era ou não de terceiro. No caso concreto, com as ressalvas acima lançadas faz-se mister constar que de fato houve a homologação tácita da compensação pleiteada/declarada, haja vista que a manifestação do Fisco acerca do procedimento, se deu quando já transposto o prazo quinquenal de que dispunha para fazê-lo, observe-se que a compensação foi pleiteada em 30/09/1999, e o comunicado da não homologação fora cientificado à recorrente apenas em 20/06/2005. Por tais razões, conheço do Recurso Voluntário interposto, e voto no sentido de dar provimento ao recurso, reconhecendo a compensação nos limites do crédito reconhecido no processo n° 13851.000228/99-61. Sala das Sessões, 1- 11 de março de 2010. Edwal Casoni d; P. . - • -s Junior • 6 „ MINISTÉRIO DA FAZENDA S,,̀7*Zi4 ni\5-;'• CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 13851.800347/2002-56 • TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1802-00.382. Brasffla - DF, em 25 de maio de 2010 ose Roberto França Secretái6 da 2 Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: • Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 10715.000171/2010-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. REQUISITOS.
O dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da via recursal extrema consiste na interpretação divergente da mesma norma aplicada a fatos iguais ou semelhantes, o que implica a adoção de posicionamento distinto para a mesma matéria versada em hipóteses semelhantes na configuração dos fatos embasadores da questão jurídica. A dessemelhança nas circunstâncias fáticas sobre as quais se debruçam os acórdãos paragonados impede o estabelecimento de base de comparação para fins de dedução da divergência arguida.
Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido
Numero da decisão: 9303-003.903
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencidas as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran e Tatiana Midori Migiyama, que conheciam e davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. REQUISITOS. O dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da via recursal extrema consiste na interpretação divergente da mesma norma aplicada a fatos iguais ou semelhantes, o que implica a adoção de posicionamento distinto para a mesma matéria versada em hipóteses semelhantes na configuração dos fatos embasadores da questão jurídica. A dessemelhança nas circunstâncias fáticas sobre as quais se debruçam os acórdãos paragonados impede o estabelecimento de base de comparação para fins de dedução da divergência arguida. Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencidas as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran e Tatiana Midori Migiyama, que conheciam e davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1942; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF‐T3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10715.000171/201016 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303003.903 – 3ª Turma Sessão de 7 de junho de 2016 Matéria Multa por atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada Recorrente SOCIETE AIR FRANCE Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. REQUISITOS. O dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da via recursal extrema consiste na interpretação divergente da mesma norma aplicada a fatos iguais ou semelhantes, o que implica a adoção de posicionamento distinto para a mesma matéria versada em hipóteses semelhantes na configuração dos fatos embasadores da questão jurídica. A dessemelhança nas circunstâncias fáticas sobre as quais se debruçam os acórdãos paragonados impede o estabelecimento de base de comparação para fins de dedução da divergência arguida. Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencidas as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran e Tatiana Midori Migiyama, que conheciam e davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 01 71 /2 01 0- 16 Fl. 289DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000171/201016 Acórdão n.º 9303003.903 CSRF‐T3 Fl. 3 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3202000.986. Cientificada do acórdão mencionado o Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.901, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10715.001384/201065, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.901): "A maioria do Colegiado, ao investigar o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, entendeu não estarem todos presentes, fato que impossibilitou a análise do mérito. Compulsando o voto condutor da decisão recorrida, constatase que o Colegiado a quo entendeu não ser aplicável no presente caso o instituto da denúncia espontânea, uma vez que foi requerido pela recorrente quando da interposição do recurso. Na visão da turma julgadora essa não é uma matéria de ordem pública. No acórdão trazido a baila como paradigma, em momento algum foi decidido que a denuncia espontânea é matéria de ordem pública. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000171/201016 Acórdão n.º 9303003.903 CSRF‐T3 Fl. 4 3 É de meridiana obviedade que não há similitude fática entre as lides propostas no acórdão vergastado e no paradigma apresentado. Em se tratando de espécies díspares nos fatos embasadores da questão jurídica, não há como se estabelecer comparação e deduzir divergência. Neste sentido, reportome ao Acórdão nº CSRF/010.956, de 27/11/89: “Caracterizase a divergência de julgados, e justificase o apelo extremo, quando o recorrente apresenta as circunstâncias que assemelhem ou identifiquem os casos confrontados. Se a circunstância, fundamental na apreciação da divergência a nível do juízo de admissibilidade do recurso, é “tudo que modifica um fato em seu conceito sem lhe alterar a essência” ou que se “agrega a um fato sem alterálo substancialmente” (Magalhães Noronha, in Direito Penal, Saraiva, 1o vol., 1973, p. 248), não se toma conhecimento de recurso de divergência, quando no núcleo, a base, o centro nevrálgico da questão, dos acórdãos paradigmas, são díspares. Não se pode ter como acórdão paradigma enunciado geral, que somente confirma a legislação de regência, e assente em fatos que não coincidem com os do acórdão inquinado.” Com essas considerações, não conheço do recurso especial do sujeito passivo por falta de comprovação da divergência jurisprudencial." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não se conhece do recurso interposto pelo contribuinte, por falta de comprovação da divergência jurisprudencial. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 291DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002253/2003-98
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2001, 2002
Ementa: INSUFICIÊNCIA DO RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA.
MULTA DE OFICIO ISOLADA. INCIDÊNCIA. A falta ou o recolhimento a
menor de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido calculada sobre a base de cálculo estimada, acarreta a exigência de multa de oficio isolada sobre as diferenças verificadas.
APLICAÇÃO RETROATIVA DA MULTA MENOS GRAVOSA. A multa por falta de recolhimento da estimativa mensal, no percentual de 50%, de que trata o artigo 44, II, da Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007, sendo menos gravosa que a vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, aplica-se retroativamente, tendo em vista o disposto no artigo 106, II, "c" do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 1802-000.326
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Os conselheiros Natanael Vieira dos Santos, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e João Francisco Bianco votaram pelas conclusões
Matéria: Outras penalidades (ex.MULTAS DOI, etc)
Nome do relator: Ester Marques Lins de Sousa
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ementa_s : Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2001, 2002 Ementa: INSUFICIÊNCIA DO RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA DE OFICIO ISOLADA. INCIDÊNCIA. A falta ou o recolhimento a menor de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido calculada sobre a base de cálculo estimada, acarreta a exigência de multa de oficio isolada sobre as diferenças verificadas. APLICAÇÃO RETROATIVA DA MULTA MENOS GRAVOSA. A multa por falta de recolhimento da estimativa mensal, no percentual de 50%, de que trata o artigo 44, II, da Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007, sendo menos gravosa que a vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, aplica-se retroativamente, tendo em vista o disposto no artigo 106, II, "c" do Código Tributário Nacional.
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MINISTÉRIO DA FAZENDA ; CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS . PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 18471.002253/2003-98 Recurso ie 158209 Voluntário Acórdão n° 1802-00.326 — 2° Turma Especial Sessão de 25 de janeiro de 2010 Matéria CSLL Recorrente SIRIUS SISTEMAS DIGITAIS LTDA Recorrida 3a.Turma/DRJ/Rio de Janeiro/RJI Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2001, 2002 Ementa: INSUFICIÊNCIA DO RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA DE OFICIO ISOLADA. INCIDÊNCIA. A falta ou o recolhimento a menor de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido calculada sobre a base de cálculo estimada, acarreta a exigência de multa de oficio isolada sobre as diferenças verificadas. APLICAÇÃO RETROATIVA DA MULTA MENOS GRAVOSA. A multa por falta de recolhimento da estimativa mensal, no percentual de 50%, de que trata o artigo 44, II, da Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007, sendo menos gravosa que a vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, aplica-se retroativamente, tendo em vista o disposto no artigo 106, II, "c" do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Os conselheiros Natanael Vieira dos Santos, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e João Francisco Bianco votaram pelas conclusões. - ESTE U 8 LINS DE SOUSA — P • ente e Relatora EDITADO EM: 10 MAR 2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), José De Oliveira Ferraz Corrêa, Natanael Vieira dos Santos (Suplente Convocado), Nelso ICichel (Suplente Convocado), Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior e João Francisco Bianco (Vice Presidente da Turma). Ausente justificadamente o conselheiro Leonardo Lobo de Almeida. 2 Processo n° 18471.002253/2003-98 51-TE02 Acórdão n.°1802-00326 Fl. 2 Relatório Por economia processual e bem resumir a lide adoto o Relatório da decisão recorrida que transcrevo a seguir: Versa o presente processo sobre o Auto de Infração de fls. 218/222, lavrado pela DEFIC/R10, com ciência do interessado em 25/09/2003 (fls. 218), sendo exigida a multa isolada no valor de R$63.361,83. O lançamento foi efetuado em virtude de, em procedimento fiscal, ter sido constatada falta de pagamento da C511 sobre base de cálculo estimada, conforme planilhas de fls. 198/206. A fiscalização, no Termo de Constatação Fiscal (/7. 215), aponta que: não foi aplicada multa em relação ao mês de janeiro/2000, por ter havido a inclusão do débito no REF1S; a apuração pelo interessado dos valores referentes ao ano-calendário de 2001 foi • incorreta, uma vez que foram levados em conta balanços mensais e não os acumulados; "os valores devidos da CSLL-. • estimativa não foram compensados contabilmente com saldos existentes, nos meses de competência, conforme folhas do Razão (fis. 216/217)". O enquadramento legal se encontra no Auto de Infração. O interessado apresentou, em 20/10/2003, a impugnação de fls. 230/247. Na referida peça de defesa, alega, em síntese, que: - os dispositivos legais citados no Auto e Infração não se aplicam ao caso, já que foi glosada a compensação efetuada, ficando caracterizada a ilegalidade do ato; - possui um crédito de C51.1 paga a maior no valor original de R$21.566,62, em 31/12/1995, que teve origem na Declaração de Rendimentos; - a compensação do IRPJ e da C51! por estimativa foi efetuada na forma da legislação — art. 890, do R1R/1999; - o lançamento contábil da compensação foi efetuado, fora do mês, mas dentro do exercício (doc. 7). Encerra solicitando a anulação ou a desconstituição do lançamento. A empresa foi cientificada da decisão de primeiro grau proferida mediante o Acórdão n° 12-12.645, de 07/12/2006, DRI/Rio de Janeiro/RJI, conforme o Aviso de Recebimento (AR), fi.338-v, em 29.12.2006, e interpôs o recurso ao Conselho de Contribuintes, em 25/01/2007, fls.339/345. 3 Em seu apelo, a recorrente repete as alegações acima apresentadas na impugnação e ao final transcreve excertos de jurisprudência administrativa para balizar seu entendimento contra a aplicação da multa isolada. É o relatório. 4 Processo n°18471.002253/2003.98 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00326 Fl. 3 Voto Conselheira Relatora ESTER MARQUES LINS DE SOUSA O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70 235/72 dele conheço. Registre-se por primeiro, no que pese às referências a entendimentos proferidos em acórdãos no âmbito administrativo trazidas pelo Recorrente não vinculam os julgamentos nessa instância recursal, sendo alguns não pertinentes à matéria tratada nos autos. Portanto, respeito os posicionamentos colacionados mas não os adoto. O recorrente repetindo sua impugnação, alega não ter ocorrido falta de pagamento, em face de compensação das estimativas devidas com crédito de CSLL paga a maior, no valor original de R$21.566,62, em 31/12/1995, que teve origem na Declaração de Rendimentos. A recorrente alega também que o lançamento contábil da compensação foi efetuado, fora do mês, mas dentro do exercício, juntando os documentos de fls. 294/308 (doc. 7). Contrariando ao alegado, verifica-se no Termo de Constatação Fiscal (fl.215) "que os valores devidos da CSLL-estimativa não foram compensados contabilmente com saldos dito existentes, nos meses de competência, conforme folhas do Razão (fih. 216/217)". Tal como analisado na decisão recorrida (fl.333), à luz da documentação juntada pelo interessado (Livro Diário e Razão), verifica-se ter havido, em 02/01/2002, o registro de compensação da CSLL ref exercício anterior, no valor de R$12.142,43; e, em 02/01/2003, o registro de CSLL — exercício a compensar, no valor de R$48.884,63. Os registros acima referem-se aos valores apurados da CSLL em 31/12/2001 (Ficha 17 da DIPJ/2002, à fl. 17) e, da CSLL apurada em 31/12/2002 (Ficha 17 da DIPJ/2003, à fl. 25). De sorte que, os documentos juntados não comprovam ter havido compensação das estimativas indicadas nas planilhas de fls. 198/206, e, que serviram de base de cálculo para a aplicação da multa isolada. Como se vê, o contribuinte alega mas não consegue infirmar com provas o afirmado e documentado pela autoridade fiscal. Conforme consta na Descrição dos Fatos fl 219 o autor do procedimento, a partir da composição da base de cálculo da CSLL, fls.202/206, procedeu à apuração do débito do contribuinte, de modo a evidenciar as diferenças apuradas sobre as quais incidiram as multas isoladas relativas aos anos calendário de 2001 e 2002, conforme o Auto de Infração, fls.2181222. s A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, ao se referir à multa de oficio, assim dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: 1— de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II — cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n°4.502. de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § °As multas de que trata este artigo serão exigidas: I — juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; IV — isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art 2°, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano- calendário correspondente; (Grifos acrescidos) O art. 2° acima referenciado trata da obrigatoriedade do recolhimento mensal por estimativa, das empresas optantes pelo lucro real anual. A aplicação da multa isolada no auto de infração, deveu-se exatamente pela falta de recolhimento da CSLL mensal por estimativa, conforme se pode constatar na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (art.44, § 1°, inciso 1V, da Lei n°9.430/96), f1.219. Assim, correto o procedimento fiscal, que ao verificar a infração apura que o contribuinte recolheu a menor a CSLL sobre a base de cálculo estimada, em função de balanços de suspensão ou redução, lançando a multa isolada, urna vez que a autuada adotou procedimentos incorretos levando em conta balanços mensais e não balanços acumulados. Portanto, não há falar que "os dispositivos legais citados no Auto de Infração não se aplicam ao caso". A aplicação da multa é decorrente do simples fato de que o lançamento é efetuado ex officio, por iniciativa da autoridade lançadora e esta nada mais fez que aplicar a legislação vigente. Trata-se, como se viu, de penalidade regularmente instituída por lei, respeitando o princípio da reserva legal de que trata o art. 97, V, do CTN. É certo, que o art. 35 da Lei n° 8.981/95 prevê a suspensão do pagamento do IRPJ e também da CSLL por estimativa, verbis: Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que .._ç valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive 6 Processo n° 18471.002253/2003-98 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00.326 Fl. 4 adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. (grifei) § 1° Os balanços ou balanceies de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do ano-calendário. De acordo com art.35 da Lei n° 8981/95, combinado com o art.2° da Lei n° 9.430/96, a empresa poderá suspender ou reduzir o pagamento mensal por estimativa desde que demonstre mediante a elaboração de balanço ou balancete que o valor da CSLL pago por estimativa até o mês do balanço, é igual ou excede o valor da CSLL com base no lucro líquido (ajustado) do período em curso. Desnecessário, o recolhimento da antecipação da CSLL mensal sobre a base estimada se levantados os balanços ou balancetes de suspensão escriturados, no prazo legal, portanto, antes do início do procedimento fiscal. A falta ou o recolhimento a menor da CSLL calculada sobre a base de cálculo estimada, acarreta a exigência de multa de oficio isolada sobre as diferenças verificadas, não podendo a autoridade lançadora deixar de aplicá-la ao seu livre arbítrio, sob pena de, com isto, estar ultrapassando seus limites legais de competência. Por estes fundamentos é que o lançamento deve prosperar no concernente à aplicação da multa isolada sob análise, já que o lançamento tributário é rigidamente regrado pela lei, ou, no dizer do art. 3° do C1N, é "atividade administrativa plenamente vinculada". Assim, é que, a fiscalização não só pode como deve (por imposição legal) aplicar a multa isolada sobre a contribuição devida mensalmente — CSLL Estimativa - e não paga ou paga a menor, "ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente". Há que se fazer, contudo, reparo quanto ao percentual da multa isolada. À época do lançamento, o percentual da multa isolada devida pela falta do pagamento das estimativas, era de 75% ou, no caso de evidente intuito de fraude, de 150%, conforme previsto no art. 44 da Lei nà 9.430. Entretanto, com a edição da Medida Provisória n9 351, de 22 de janeiro de 2007, o referido dispositivo legal, foi alterado, reduzindo o percentual da multa isolada para 50%, passando a ter a seguinte redação (grifos acrescidos): Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: I- de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença (h imposto ou contribuição, nos casos de falta de pagamento ou 7 recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; 11- de cinqüenta por cento, exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na fortna do art. e da Lei tf 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaraçU de ajuste, no caso de pessoa fisica; b)na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. §120 percentual de multa de que trata o inciso 1 do caput será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei /12 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. •§220s percentuais de multa a que se referem o inciso 1 do caput e o § 12 serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: 1-prestar esclarecimentos; II- apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei n2 8.218, de 29 de agosto de 1991; III- apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. Sobre a aplicação da lei tributária que comina penalidade menos severa, dispõe o artigo 106, inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional — CTN: Art. 106 C7N - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 11- Tratando-se de ato não definitivamente julgado: 1-) c - quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua pratica. A multa por falta de recolhimento da estimativa mensal, no percentual de 50%, de que trata o artigo 44, II, da Lei n" 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007, sendo menos gravosa que a vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, aplica-se retroativamente, tendo em vista o disposto no artigo 106, II, "c" do Código Tributário Nacional. Por todo o exposto, voto no sentido de DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, de modo que, os valores sejam alterados, reduzindo o percentual da multa exigida isoladamente de 75 % para 50% qüenta por cento). Relatora • . A 8 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 18471.002253/2003-98 Recurso : 158209 Acórdão : 1802-00.326 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n°259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1802-00.326. Brasília - DF, em 10 de março de 2010 L osé Roberto F4rça--- SecretØt da 23 Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 10580.723657/2013-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO DE DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS. EXISTÊNCIA DE PREJUÍZO CONCRETO AO SUJEITO PASSIVO.
Declara-se nula a decisão de primeira instância, por cerceamento do direito de defesa, com retorno à origem dos autos para prolação de novo julgado, quando o acórdão recorrido deixa de avaliar os comprovantes de pagamento anexados pelo impugnante com a finalidade de contrapor-se à pretensão fiscal de glosa de despesas médicas, acarretando a conduta do julgador "a quo" prejuízo concreto ao sujeito passivo.
Decisão anulada
Numero da decisão: 2401-004.389
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar-lhe provimento para declarar a nulidade da decisão de primeira instância.
Maria Cleci Coti Martins - Presidente Substituta
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Theodoro Vicente Agostinho e Miriam Denise Xavier Lazarini.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO DE DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS. EXISTÊNCIA DE PREJUÍZO CONCRETO AO SUJEITO PASSIVO. Declara-se nula a decisão de primeira instância, por cerceamento do direito de defesa, com retorno à origem dos autos para prolação de novo julgado, quando o acórdão recorrido deixa de avaliar os comprovantes de pagamento anexados pelo impugnante com a finalidade de contrapor-se à pretensão fiscal de glosa de despesas médicas, acarretando a conduta do julgador "a quo" prejuízo concreto ao sujeito passivo. Decisão anulada
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DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente MARIA CONCEIÇÃO BARBOSA COELHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO DE DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS. EXISTÊNCIA DE PREJUÍZO CONCRETO AO SUJEITO PASSIVO. Declarase nula a decisão de primeira instância, por cerceamento do direito de defesa, com retorno à origem dos autos para prolação de novo julgado, quando o acórdão recorrido deixa de avaliar os comprovantes de pagamento anexados pelo impugnante com a finalidade de contraporse à pretensão fiscal de glosa de despesas médicas, acarretando a conduta do julgador "a quo" prejuízo concreto ao sujeito passivo. Decisão anulada Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento para declarar a nulidade da decisão de primeira instância. Maria Cleci Coti Martins Presidente Substituta Cleberson Alex Friess Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 36 57 /2 01 3- 41 Fl. 73DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 74 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Theodoro Vicente Agostinho e Miriam Denise Xavier Lazarini. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 75 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR), cujo dispositivo tratou de considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1533.797 (fls. 50/52): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 DEDUÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE. Todas as deduções pleiteadas na declaração de ajuste estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. O restabelecimento só será possível quando comprovada documentalmente a dedução glosada. Impugnação Improcedente 2. Em face do contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 2011/724117114932815, relativa ao anocalendário 2010, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que foram apuradas deduções indevidas de despesas médicas no valor de R$ 4.030,01 (fls. 6/12). 2.1 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. 3. Cientificada da notificação por via postal em 26/3/2013, às fls. 13, a contribuinte impugnou a exigência fiscal, reconhecendo parcialmente o débito (fls. 2). 4. Intimada em 30/10/2013, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 53/55, a recorrente apresentou recurso voluntário no dia 25/11/2013 (fls. 56/59). 4.1 De forma preliminar, a contribuinte expõe que recebeu a Notificação de Lançamento nº 2011/675759860650208, a qual foi impugnada sob o nº 2011/40000006290, ocasião em que foram anexados todos os comprovantes de pagamento do plano de saúde da Sul América. 4.2 Posteriormente, tomou conhecimento do cancelamento dessa 1ª notificação, recebendo uma 2ª Notificação de Lançamento, sob o nº 2011/724117114932815, porém relativa ao mesmo crédito tributário. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 76 4 4.3 Orientada pela supervisão da malha fiscal, contestou esta última Notificação de Lançamento sob o nº 2011/724117114932815, conforme impugnação nº 2011/40000006858, requerendo na petição a juntada da documentação comprobatória já apresentada com a primeira autuação. 4.4 Entretanto, mais uma vez, os documentos apresentados pela contribuinte foram ignorados, pois o acórdão recorrido indeferiu seu pleito de restabelecimento das deduções médicas sob a justificativa de que "(...) não acostou ao processo um único documento para comprovar tal informação (...)". 4.5 Desse modo, pede a anulação da 2ª notificação, com retorno à primeira instância para julgamento da impugnação inicial, a qual está devidamente instrumentalizada com documentos necessários à defesa da contribuinte. 4.6 Eventualmente, na hipótese de não acolhimento da questão preliminar, aduz que os documentos comprobatórios apresentados anteriormente são suficientes para a improcedência do lançamento fiscal (fls. 61/69). É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 77 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Preliminar Falta de apreciação de elementos de prova 6. Como palavras inaugurais, verifico que não há exigência simultânea de dois créditos tributários sobre o mesmo fato gerador. 6.1 Não desconhece a recorrente que a 1ª Notificação de Lançamento, cadastrada sob o nº 2011/675759860650208, foi cancelada no âmbito da unidade da RFB responsável pelo lançamento, passando a exigência fiscal para a Notificação de Lançamento nº 2011/724117114932815, ora sob apreciação. 6.2 No tocante ao crédito tributário exigido na Notificação de Lançamento nº 2011/724117114932815, deverá ser respeitado o devido processo legal, com observância de princípios e regras atinentes ao processo administrativo fiscal. 7. Nesse passo, assiste razão à recorrente quando afirma que a decisão de piso deixou de apreciar os documentos apresentados por ocasião da defesa administrativa. 7.1 De fato, na fase de impugnação, mencionou a existência de documentos anexados ao processo de impugnação sob o nº 2011/40000006290, referente à 1ª Notificação de Lançamento nº 2011/675759860650208, a qual faz parte do Processo nº 10580.721753/201355 (fls. 2 e 5). 7.2 Por sua vez, previamente ao julgamento em primeira instância, a unidade preparadora da RFB informou, às fls. 49, a vinculação a estes autos do aludido Processo nº 10580.721753/201355, por se tratar de mesmo assunto, conforme requerimento do contribuinte. 7.3 Nada obstante, a decisão recorrida, mesmo demonstrando conhecimento da alegação da contribuinte de haver prova acostada ao processo relativo à Notificação de Lançamento nº 2011/675759860650208, concluiu que a impugnante não juntou um único documento para comprovar suas afirmações. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 78 6 7.4 Para melhor visualização do conteúdo da decisão de piso, reproduzo trechos do Acórdão nº 1533.797: Relatório (...) Alega que refez os cálculos apurando a diferença restando o Imposto Suplementar no valor de R$ 110,84, visto que os pagamentos efetuados, conforme documentos acostados ao processo referente a notificação de lançamento nº 2011/675759860650208. (fls. 51) (...) Voto (...) Embora a contribuinte alegue em sua impugnação que o valor despendido com o plano de saúde Sul América foi de R$ 3.627,00, e não R$ 4.030,01, conforme havia informado em sua DAA, não acostou ao processo um único documento para comprovar tal informação, devendo ser mantida a glosa. (fls. 52) (...) 8. A omissão do julgador na apreciação de elementos de prova trazidos pelo sujeito passivo ao processo administrativo, quando da apresentação da impugnação, configura negativa de prestação jurisdicional, acarretando cerceamento de defesa decorrente da falta de análise de argumentos essenciais quanto à matéria controvertida, em flagrante prejuízo concreto à parte. 9. Por outro lado, quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveita a declaração de nulidade do ato administrativo, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato (art. 59, § 3º, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 10. Entretanto, o estágio atual de instrução dos autos não contribui para tal medida de economia processual, dado inexistir certeza de uma decisão integralmente favorável à recorrente. 11. É que, sem prejuízo de avaliação percuciente e definitiva a respeito da necessidade de elementos adicionais de convicção para o deslinde da controvérsia, verifico que os documentos carreados pela recorrente inicialmente ao Processo nº 10580.721753/201355 (fls. 4/14), posteriormente juntados também a este processo na fase recursal (fls. 61/69), indicam a realização pelo Sr. Aurelino de Jesus Santana de alguns dos pagamentos das despesas médicas glosadas pela fiscalização, mediante débito em sua conta corrente, nada esclarecendo as petições interpostas se o responsável pelo pagamento integra a entidade familiar ou se houve transferência de recursos, devidamente comprovado, por parte do contribuinte. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10580.723657/201341 Acórdão n.º 2401004.389 S2C4T1 Fl. 79 7 12. Tornase inviável, portanto, a apreciação da matéria controvertida em sede recursal, antes da prévia manifestação da autoridade "a quo" sobre os comprovantes de pagamento anexados pelo contribuinte. 12.1 Tal providência, além de prestigiar o duplo grau de jurisdição no âmbito do contencioso administrativo, possibilitará ao contribuinte, caso lhe seja novamente desfavorável a decisão de primeira instância, a interposição de recurso voluntário com os eventuais acréscimos de provas documentais pertinentes à comprovação do que vem alegando. 13. Exposto assim, é mister anular o processo a partir da decisão de primeira instância, para que outra seja proferida, apreciando, dessa vez, os comprovantes de pagamento referentes ao plano de saúde da Sul América. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para DARLHE PROVIMENTO, declarando a nulidade da decisão de primeira instância, com retorno dos autos à instância de origem para prolação de nova decisão, com vistas à apreciação de todas as questões ventiladas na impugnação do sujeito passivo, incluindo os comprovantes de pagamento referentes ao plano de saúde da Sul América. É como voto. Cleberson Alex Friess Fl. 79DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
score : 1.0
Numero do processo: 12267.000190/2007-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN.
O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte.
No caso de lançamento decorrente da classificação de Contribuinte como entidade não imune à contribuição previdenciária é de se presumir pela inexistência de pagamento do respectivo tributo. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN.
Numero da decisão: 9202-004.572
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. No caso de lançamento decorrente da classificação de Contribuinte como entidade não imune à contribuição previdenciária é de se presumir pela inexistência de pagamento do respectivo tributo. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. No caso de lançamento decorrente da classificação de Contribuinte como entidade não imune à contribuição previdenciária é de se presumir pela inexistência de pagamento do respectivo tributo. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, devese aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 7. 00 01 90 /2 00 7- 06 Fl. 824DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 825 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Conforme sintetizado pelo relatório de fls. 675, tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – (NFLD nº 37.058.8258) na qual são exigidas contribuições patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, bem como as contribuições destinadas a outras entidades e fundos paraestatais (Terceiros). Exigência relativa ao período de 01/2001 à 13/2001. Segundo o Relatório Fiscal, tratase originalmente de lançamento preventivo da decadência lavrado para acautelar as contribuições patronais devidas pela notificada (quota patronal), em face da propositura, pelo Ministério Público Federal, da Ação Civil Pública nº 2006.34.00.037.6573, junto à Seção Judiciária do Distrito Federal e distribuída à 4ª Vara Federal, cujo objeto consistia na obtenção da declaração judicial de que a Faculdades Católicas não seria uma entidade beneficente de assistência social, nos termos do art. 195, §7º da CRF/88. Intimado pessoalmente em 11/12/2007 (fls. 441), o Contribuinte apresentou impugnação de fls. 583/624 alegando, resumidamente, ter cumprido os requisitos para isenção das contribuições previdenciárias, direito adquirido, ato jurídico perfeito e decadência. A DRJ entendendo haver nos autos comprovação de pagamento antecipado de contribuições previdenciárias (quota segurados) pelo sujeito passivo ao longo de todo o período fiscalizado, aplicou o art. 150, §4º do CTN e julgou extinto o crédito tributário pela decadência (fls. 673/678). Contra decisão houve a apresentação de Recurso de Ofício. O Colegiado a quo deu provimento parcial ao recurso para reconhecer, nos termos do voto vencedor, a decadência de parte do crédito tributário pela aplicação do art. 173, I do CTN. O Relator do voto vencedor adotou a tese que considera pagamento parcial o relativo à remuneração não oferecida como base de cálculo da tributação, independentemente de o contribuinte ter efetuado recolhimento em relação a outras parcelas remuneratórias. O acórdão nº 2402003572 da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 Fl. 825DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 826 3 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. Recurso de Ofício Provido em Parte. Recurso especial do Contribuinte juntado às fls. 739/750 onde argumenta ter havido recolhimento parcial do tributo capaz de atrair a aplicação do art. 150,§ 4º do CTN, pois segundo interpretação devem ser considerados como antecipação de pagamentos valores pagos a outros segurados. Foram apresentadas contrarrazões (fls. 812/821). Nas palavras da Procuradoria: para o exame da ocorrência de pagamento antecipado parcial, para os fins ora colimados, afigurase óbvia a necessidade de se verificar se o contribuinte pagou parte do débito tributário objeto de cobrança, e não daqueles afetos a outros fatos. Requer a manutenção do julgado. É o relatório. Fl. 826DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 827 4 Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Não há considerações a serem feitas acerca do despacho de admissibilidade, devendo o recurso ser conhecido. No que tange ao reconhecimento da decadência, lembramos que o lançamento tem como função prevenir decadência de contribuições patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, bem como as contribuições destinadas a outras entidades e fundos paraestatais (Terceiros) incidentes sobre os valores pagos por entidade sem fins lucrativos aos segurados que lhe prestaram serviços. A NFLD compreende o período de 01/2001 à 13/2001. Contribuinte foi intimado pessoalmente em 11/12/2007. Discutese por meio do presente recurso se haveria nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, do tributo cobrado. Tal discussão é relevante na medida em que, após exaustivo debate, a jurisprudência se posicionou no sentido de para aqueles tributos classificados na modalidade de lançamento por homologação o prazo decadencial aplicável é o do art. 150, §4º do CTN, salvo nas hipóteses em que o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, ou se restar comprovado que não ocorreu a antecipação de pagamento. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN referese ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte, nas palavras do Ministro Luiz Fux: "Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito". Referido julgado recebeu a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 827DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 828 5 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) A doutrina se manifestava neste mesmo sentido, valendo citar o posicionamento da Doutora Christiane Mendonça, no artigo intitulado "Decadência e Prescrição em Matéria Tributária", publicado livro Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho, editora Forense: Nos lançamentos por homologação o prazo de cinco anos é contado da data da ocorrência do fato gerador, art. 150, §4º. Fl. 828DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 829 6 Ocorre que quando o contribuinte não cumpre o seu dever de produzir a norma individual e concreta e de pagar tributo, compete à autoridade administrativa, segundo art. 149, IV do CTN efetuar o lançamento de ofício. Dessa forma, consideramos apressada a afirmação genérica que sempre que for lançamento por homologação o prazo será contado a partir da ocorrência do fato gerador, pois não é sempre, dependerá se houve ou não pagamento antecipado. Caso não haja o pagamento antecipado, não há o que se homologar e, portanto, caberá ao Fisco promover o lançamento de ofício, submetendose ao prazo do art. 173, I do CTN. Nesse sentido, explica Sacha Colmon Navarro Coelho: "A solução do dia primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado aplicase ainda aos impostos sujeitos a homologação do pagamento na hipótese de não ter ocorrido pagamento antecipado... Se tal não houve, não há o que se homologar." Também a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no mesmo sentido de que na hipótese de ausência de pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário segue a regra do art. 173, I do CTN, contandose os cinco a anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido efetuado. Destacase que tendo o REsp nº 973.733/SC sido julgado sob a sistemática do Recurso Repetitivo deve este Conselho, por força do art. 62, §2º do seu Regimento Interno, reproduzir tal entendimento em seus julgados. Ocorre que, embora não haja mais dúvidas de que para se considerar a data do fato gerador como termo inicial da decadência é necessário verificar acerca da ocorrência de antecipação do pagamento do tributo, permanece sob debate qual seria a abrangência do termo 'pagamento' adotado por aquele Tribunal Superior. Em outras palavras, quais pagamentos realizados pelo contribuinte devem ser considerados para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN? No que tange as contribuições previdenciárias entendo que a resposta já foi construída por este Conselho quando da edição da Súmula CARF nº 99, que dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Embora a referida Súmula não seja aplicada ao caso pois a mesma contempla lançamento cujo objeto é cobrança da Contribuição Social incidente sobre pagamentos de salários tidos como indiretos o entendimento ali exposto é compatível com o caso em questão. Fl. 829DF CARF MF Processo nº 12267.000190/200706 Acórdão n.º 9202004.572 CSRFT2 Fl. 830 7 Assim, a verificação da ocorrência de pagamento para fins de atração da regra o art. 150, §4º do CTN deve se dar pela análise de ter o contribuinte recolhido ao longo do período autuado contribuição previdenciária decorrente do mesmo fato gerador objeto do lançamento, ainda que os respectivos recolhimentos não se refiram propriamente aos fatos cujas hipóteses de incidência tenham sido questionadas pela fiscalização. Devese entender por 'mesmo fato gerador' as hipóteses de incidência que possuem identidade entre os critérios que compõem a respectiva regra matriz de incidência, ou seja, tributo previsto no mesmo dispositivo legal com coincidência de sujeito passivo e base de cálculo, ainda que esta última não tenha sido quantificada corretamente. No presente caso, conforme esclarecido ao longo do processo e afirmado pela própria Recorrente, pelo fato de esta se intitular entidade imune por obvio que não ocorreu o recolhimento das contribuições sociais quota patronal nos termos em que previsto no art. 22 da Lei nº 8.212/91 ora lançado. O que o Contribuinte afirma é que houve recolhimento na modalidade de retenção da contribuição social devida pelos segurados que lhe prestaram serviço, ou seja, recolhimento do tributo cujo fato gerador está descrito no art. 20 da mesma lei. No entender dessa Relatora o pagamento realizado com base no art. 20 da Lei nº 8.212/91 (parte segurado) não se aproveita para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN haja vista que o lançamento visa a cobrança da contribuição prevista no art. 22, da mesma lei. Diante do exposto, conheço do recurso para no mérito negarlhe provimento, mantendose o acórdão proferido pela e. Câmara a quo, em face da correta aplicação do art. 173, I, do CTN para contagem da decadência. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 830DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.900907/2008-10
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.003
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 09 07 /2 00 8- 10 Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801005.002, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 168DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900907/200810 Acórdão n.º 9303004.003 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10830.720005/2013-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2003 a 31/12/2006
ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS. COFINS. ISENÇÃO.
São isentas da Cofins as receitas relativas às atividades próprias das entidades, sem fins lucrativos, que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado.
Considera-se rendas relacionadas à finalidade essencial da entidade sem fins lucrativos, não sujeitas a cobrança da Cofins, quando estas forem destinadas ao atendimento da finalidade essencial da entidade, independentemente de sua natureza.
Numero da decisão: 9303-004.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Luiz Augusto do Couto Chagas, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/2003 a 31/12/2006 ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS. COFINS. ISENÇÃO. São isentas da Cofins as receitas relativas às atividades próprias das entidades, sem fins lucrativos, que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado. Considera-se rendas relacionadas à finalidade essencial da entidade sem fins lucrativos, não sujeitas a cobrança da Cofins, quando estas forem destinadas ao atendimento da finalidade essencial da entidade, independentemente de sua natureza.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Luiz Augusto do Couto Chagas, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
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COFINS. ISENÇÃO. São isentas da Cofins as receitas relativas às atividades próprias das entidades, sem fins lucrativos, que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado. Considerase rendas relacionadas à finalidade essencial da entidade sem fins lucrativos, não sujeitas a cobrança da Cofins, quando estas forem destinadas ao atendimento da finalidade essencial da entidade, independentemente de sua natureza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 00 05 /2 01 3- 66 Fl. 900DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Luiz Augusto do Couto Chagas, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3402002.552, da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário. O Colegiado, assim, decidiu – consignando acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2003 a 31/12/2006 COFINS ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS CONCEITO DE RECEITA PRÓPRIA ISENÇÃO ART. 14, INC. X DA MP Nº 2.15835/01; ART. 46, INC. II DO DECRETO Nº 4.524/02; IN/SRF nº 247/02. O critério legal objetivamente estabelecido para efeitos da isenção de impostos e contribuições federais concedida “intuitu personae” às “instituições” e “associações civis” sem fins lucrativos (art. 14, incs. I e II do CTN; art. 12, § 2º, alíneas “b” e § 3º da Lei nº 9.532/97), vinculase fundamentalmente à aplicação e destinação final (e não à produção) dos recursos financeiros por elas obtidos no desempenho de suas atividades institucionais. Ao alterar o critério legalmente estabelecido para a concessão da isenção (vinculado à aplicação e destinação final dos recursos financeiros por ela obtidos no desempenho de suas atividades; cf. Fl. 901DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 901 3 art.14, incs. I e II do CTN; art. 12, § 2º, alíneas “b” e § 3º da Lei nº 9.532/97), através de critério não previsto em lei (critério da produção das receitas), a IN/SRF nº 247/02 incide em manifesta ilegalidade por violação ao disposto nos arts. 96, 99 e 100 do CTN Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, requerendo a reforma do acórdão recorrido, alegando, em síntese, que receitas contraprestacionais auferidas pela entidade não estão isentas da Cofins, nos termos do art. 47, § 2º, da IN SRF 247/02 e art. 111, inciso II, do CTN. O apelo fazendário foi admitido nos termos do Despacho às fls. 856/858. Contrarrazões ao Recurso Especial foram apresentadas pelo sujeito passivo, trazendo, entre outros, que: · O caráter contraprestacional das receitas auferidas não pode ser tomado como fator de exclusão da regra de isenção, uma vez que os serviços específicos prestados pela entidade devem ser remunerados, destinandose os recursos à manutenção de seus fins institucionais; · Conforme decisão do STF – RE 585.235/MG que declarou inconstitucional o alargamento da base de cálculo promovido pelo art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, a Cofins deve incidir apenas sobre o faturamento, e não sobre toda a receita bruta – o que, de pronto, exclui as receitas autuadas do campo de incidência da referida contribuição. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama relatora Fl. 902DF CARF MF 4 Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, é de se conhecêlo, considerando ser tempestivo e por atender aos requisitos de admissibilidade, eis que a divergência apontada foi descrita adequadamente no Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Recordando, a controvérsia trazida em Recurso pela Fazenda Nacional se refere à divergência suscitada quanto ao entendimento de que as receitas de cunho contraprestacional decorrentes da prestação de serviços constituem receita própria da entidade, o que, para a Fazenda, não representa a melhor interpretação dos comandos do art. 195, § 7º da Constituição Federal, art. 47, § 2º da IN SRF no 247/2002 e arts. 13, III e 14, X da Medida Provisória 2.15835/2001. Para comprovar a divergência, a Fazenda Nacional apresentou os Acórdãos CSRF nº 3401002.021 e nº 340300.737, como paradigmas. O que, depreendendose da leitura das ementas e votos dos acórdãos, é de se atestar a divergência dos entendimentos, eis que a decisão recorrida considerou ilegal a restrição veiculada pela IN 247/02, no sentido de expurgar da isenção prevista em lei as receitas contraprestacionais. Enquanto, os acórdãos indicados como paradigma de divergência, expressam, ainda que resultantes de julgamento por voto de qualidade, de que não se aplica a isenção a atividades contraprestacionais, sendo legítima a disciplina estabelecida na norma infralegal. Ventiladas tais considerações e passando a discorrer sobre o cerne da lide, importante recordar o que segue: · O Estatuto Social datado de 28/11/2007 traz que o sujeito passivo é uma Fundação autorizada por Lei, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com autonomia patrimonial, administrativa e financeira, tendo como objetivo primordial e permanente de preservar a capacidade em pesquisa e desenvolvimento em telecomunicações existente no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telecomunicações Brasileiras S/A – TELEBRÁS, conforme previsto na Lei n. 9472 de 16 de julho de 1997, fornecendo soluções científicas e Fl. 903DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 902 5 tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento, progresso e bem estar da sociedade brasileira; · as receitas objeto de discussão são as decorrentes de Convênios e Contratos realizados com diversas empresas privadas ou não, que comprovadamente têm por objeto os serviços inseridos no mister institucional do sujeito passivo qual seja, de desenvolvimento e pesquisas científicas e projetos nas diversas áreas de influência, tais como Licenciamento de uso de software, implantação, suporte, atualização e manutenção de sistemas, Serviços de Testes laboratoriais, consultorias diversas, Análises, Configuração, Projetos de Gestão, Projetos de Energia Elétrica, Projetos de Segurança, Royalties e Locação de imóveis. Continuando, para desenvolvimento de meu entendimento, é de se insurgir que a MP 2.15835/01, prevê a mencionada isenção para a Cofins em seu art. 13, inciso IV c/c art. 14, inciso X (Grifos meus): "Art. 13. A contribuição para o PIS/Pasep será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: [..] IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; [..]” “Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da Cofins as receitas: [...] X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art 13. [...]” Fl. 904DF CARF MF 6 É de se considerar ainda que, nos termos do art. 14, inciso X, da MP 2.15835/01, ficam isentas da Cofins as receitas “relativas” às atividades próprias das instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei 9.532, de 1997. Cabe discorrer sobre o significado e alcance do termo “relativas” contemplado no referido dispositivo, pois, não obstante eu entender de forma extensiva para fins de aplicação da isenção da Cofins às receitas auferidas pelas entidades, a Fazenda Nacional entende que se deve observar – para fins de isenção da referida contribuição, o disposto no art. 47, § 2º, da IN SRF 247/02, in verbis (Grifos Meus): “Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: [...] II São isentas da COFINS em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. [...] §2º. Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembleia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais.” Notase que, de acordo com a norma infralegal, somente se caracterizam como receitas de atividades próprias para fins de fruição da isenção da Cofins as receitas auferidas pela entidade em caráter gratuito, isto é, receitas cujo recebimento não se dá por contraprestação diretamente oferecida pela associação. Vê se, assim, que se trata de interpretação bastante restritiva. Não obstante à interpretação restritiva dada pela autoridade fazendária desse termo “relativas” constante do mencionado dispositivo, entendo que o referido termo deve ser interpretado de forma harmônica com a finalidade da entidade, com o intuito de não obstaculizar ou interferir na finalidade dessa entidade junto à sociedade. Fl. 905DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 903 7 Eis que tais entidades possuem um propósito social importante, preservar a capacidade em pesquisa e desenvolvimento em telecomunicações existente no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telecomunicações Brasileiras S/A – TELEBRÁS. O que se torna importante não restringir a interpretação do termo “relativas” que, por sua vez, poderá direcionar a um entendimento mais condizente à sociedade – qual seja, de que haverá isenção da Cofins sobre todas as receitas auferidas pelas entidades, desde que os recursos registrados como receitas venham a ser aplicadas em suas atividades próprias para as quais foram constituídas. Sendo assim, é de se notar que há duas vertentes interpretativas: · A interpretação excessivamente restritiva trazida pelo art. 47, § 2º, da IN SRF 247/02; e · A interpretação extensiva que traz que toda e qualquer receita da entidade, desde que os recursos tenham sidos aplicados na consecução de seus objetivos estatutários, são isentas da Cofins. A meu sentir, considerando o fim social da entidade ora em debate – que está vinculado ao interesse público, direcionome à interpretação mais extensiva, pois independentemente de a entidade exercer as atividades já descritas, não vejo aí nenhuma óbice de se aplicar a isenção da Cofins sobre as receitas auferidas por ela, independentemente de serem provenientes de doações ou de contraprestações de serviços, desde que os recursos provenientes dessas atividades não sejam aplicadas em finalidade destoante da que foi instituída para essa entidade e desde que ainda a entidade observe os requisitos descritos no art. 14 do CTN – quais sejam: · Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; · Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; Fl. 906DF CARF MF 8 · Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Sendo assim, importante constar que o sujeito passivo não é sociedade empresária, pois não explora, tampouco presta serviço de caráter empresarial, isto é, com objetivo de auferir lucros para serem distribuídos a seus associados ou administradores – não interferindo de per si na concorrência de mercado. O que entendo que seria nesse sentido que deveríamos ainda interpretar o art. 14, inciso I, do CTN. Eis que tal enunciado deixa claro que tais entidades não devem distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas a seus associados – devendo aplicar inteiramente no cumprimento de suas atividades – diferentemente de uma sociedade empresária que, por sua vez, tem intuito lucrativo e concorrencial de mercado. A atual legislação concorrencial dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações de ordem econômica, sendo orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa aos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico, com o objetivo de preservar os mecanismos do mercado. De acordo com o Dicionário Michaelis, concorrência é a “pretensão de mais de uma pessoa à mesma coisa”, é a “competição”, é a “rivalidade entre os produtores ou entre negociantes, fabricantes ou empresários”. Portanto, a expressão contém a ideia de disputa entre agentes econômicos num espaço ou lugar – esse seria o mercado. Ensina Isabel Vaz (Apud: PEREIRA, Marco Antônio Marcondes. Concorrência desleal por meio da publicidade. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001.p. 5): “A concorrência é um fenômeno complexo e um dos seus pressupostos essenciais é a liberdade, para que os agentes econômicos façam o melhor uso de sua capacidade intelectual e organizem da melhor maneira possível os Fl. 907DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 904 9 fatores de produção de bens ou de prestação de serviços, de modo a obter produtos de boa qualidade e a oferecêlos no mercado a preços atraentes”. Sendo assim, para que haja concorrência é preciso que empreendedores disputem uma mesma clientela de um mercado. Por isso, há trâmites regulamentares que devem ser observados quando há pretensão de alterações societárias entre empresas que atuam na mesma atipicidade e já possuem clientelas preferenciais e segmentadas no mercado. Proveitoso, assim, trazer que há várias regras a serem observadas na constituição de sociedades, para fins de se reprimir a concorrência desleal, por exemplo: · Proteção ao fundo de comércio; · Aviamento; · Proteção da atividade empresarial; · Tutela da clientela; · Defesa do patrimônio alheio; · Tutela do direito de da personalidade, respeito à moral profissional, usos e costumes do comércio. O legislador, por conseguinte, delimitou que o fundamento da repressão à concorrência desleal é o respeito ao uso honesto na atividade empresária, ou seja, a observância das regras aceitas no mercado como próprias da concorrência, sujeitas ao conceito aberto de correção profissional, isto é, de boafé que deve nortear os competidores entre si, e frente aos consumidores. Concorrência desleal, portanto, é aquele em que são usados meios ou métodos desleais, que mesmo não sendo delituosos, possibilitam aos prejudicados por seu emprego a reparação civil. Constatase que tais entidades não podem desviar suas rendas para distribuir aos seus associados e ser um participante do mercado – com o intuito de Fl. 908DF CARF MF 10 concorrer com outras sociedades, pois não interfere na concorrência do mercado ao prestar serviços e aplicar as rendas dessa contraprestação em sua atividade própria. Para a entidade, devese lhe impor o dever de aplicar os rendimentos na manutenção dos seus objetivos institucionais. A entidade não deve ter como intuito a busca de lucro, mas o cumprimento de sua finalidade a qual foi instituída; para tanto, devese gerir de forma responsável, buscando resultados positivos superávit. Assegurando a aplicação desse superávit em suas finalidades, dado sua ausência de capacidade contributiva, em função do múnus público assumido. Frisese que a realização de atividade remunerada voltada para a manutenção das finalidades estatutárias da entidade beneficente de assistência social não se confunde com a hipótese de incidência definida para o fato imponível da Cofins. Para melhor elucidar meu entendimento, transcrevo o voto vista do Ministro Dr. Moreira Alves emitido no âmbito do julgamento do RE 636.941/RS: “Do exame dos autos verifico que, entre os objetivos institucionais do recorrente, se encontram o da execução de medidas que contribuam para o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade através de uma ação educativa, bem como o de realizações educativas e culturais que visem à valorização do homem. Nesse objetivos, enquadrase, a meu ver, a atividade em causa, que não se limita aos comerciários e às suas famílias. Por outro, lado, observo que essa atividade não tem intuito lucrativo, uma vez que se destina à manutenção da entidade, e não à sua distribuição para os diretores dela. Ademais, no regulamento dessa entidade figura, entre as rendas que constituem seus recursos, as oriundas de prestação de serviços. Tenho, assim, que estão preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 14 do CTN para que a imunidade de que goza o recorrente abarque a atividade em causa.” Fl. 909DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 905 11 Nesse sentido, também, importante lembrar o Acórdão do STF referente ao julgamento do RE 237718/SP, assim ementado: “Imunidade tributária do patrimônio das instituições de assistência social (CF, art. 150, VI, c): sua aplicabilidade de modo a preexcluir a incidência do IPTU sobre imóvel de propriedade da entidade imune, ainda quando alugado a terceiro, sempre que a renda dos aluguéis seja aplicada em suas finalidades institucionais.” O Ministrorelator, Dr. Sepúlveda Pertence, em seu voto, assim delimita o conflito: “Tudo está em saber se a circunstância de o terreno estar locado a terceiro, que o explora como estacionamento de automóveis, elide a imunidade tributária do patrimônio da entidade de benemerência social (no caso, Província dos Capuchinhos de São Paulo). “ Depreendeu o nobre Ministro que renda relacionada às finalidades essenciais da pessoa jurídica seria não necessariamente aquela oriunda da prática de suas atividades essenciais, mas a que, qualquer que fosse a sua origem, a entidade destinasse à consecução e ao desenvolvimento de suas finalidades – para aos quais foi instituída. Sob esta leitura, abstraise completamente da procedência da receita para focalizar tãosomente a sua aplicação que, de acordo com o STF, há de ser na perseguição dos objetivos estatutários da entidade. Continuando, é de citar também o art. 12, §3º, da própria Lei nº 9.532/97 (Grifos Meus): “Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais”. Fl. 910DF CARF MF 12 Refletese a interpretação teleológica das normas, de modo a maximizarlhes o potencial de efetividade, como garantia ou estimulo à concretização dos valores sociais que inspiram limitações ao poder de tributar. O que me resta entender que o termo “relativas” do enunciado em questão atémse à destinação das rendas da entidade, e não à natureza destas independentemente da natureza da renda, sendo esta destinada ao atendimento da finalidade essencial da entidade. Nessa senda, cabe trazer ainda que o STJ, recentemente, na apreciação do REsp 1.353.111 – RS, em sede de repetitivo, apreciou e definiu o conceito de receitas relativas às atividades próprias das entidades sem fins lucrativos para fins de gozo da isenção prevista no art. 14, inciso X, da MP 2.15835/01 – sendo publicada a a seguinte ementa (Grifos Meus): “EMENTA PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços Fl. 911DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 906 13 outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. [...] 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. ACÓRDÃO Fl. 912DF CARF MF 14 Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento: "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." As Sras. Ministras Assusete Magalhães (votovista) e Regina Helena Costa e os Srs. Ministros Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Humberto Martins. Brasília (DF), 23 de setembro de 2015. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator” Portanto, nos termos da referida decisão, temse que as receitas das atividades próprias são todas as receitas que têm como titular (recebedor) a entidade e que se destinem à manutenção de suas atividades. Assim, desinteressa discutir a denominação ou a classificação contábil das receitas, mas sim considerar que todos os recursos recebidos propiciariam ao custeio das suas atividades essenciais. Em vista de todo o exposto, tenho que ficam isentas da Cofins, por força da legislação de regência da matéria lançada, as receitas decorrentes de Convênios e Contratos realizados com diversas empresas privadas ou não, que comprovadamente têm por objeto os serviços inseridos no mister institucional da Recorrente qual seja, de desenvolvimento e pesquisas científicas e projetos nas diversas áreas de influência, como Licenciamento de uso de software, implantação, suporte, atualização e manutenção de sistemas, Serviços de Testes laboratoriais, consultorias diversas, Análises, Configuração, Projetos de Gestão, Projetos de Energia Elétrica, Projetos de Segurança, Royalties, Locação de imóveis cursos, desde que sejam aplicadas para o cumprimento de sua finalidade essencial. Fl. 913DF CARF MF Processo nº 10830.720005/201366 Acórdão n.º 9303004.338 CSRFT3 Fl. 907 15 Ante todo o exposto, conheço os motivos do sujeito passivo, uma vez entender que tais atividades encontram respaldo em suas finalidades essenciais – ora, não vejo necessidade que o sujeito passivo exaurisse, de forma clausulada, todas as formas pelas quais devesse o ente desenvolver suas atividades de forma a atender seus fins gerais, desde que não atuem diretamente no mercado com conotação específica no direito econômico, desta forma, finalisticamente, buscando o lucro. Pode até resultar em lucro determinada operação, mas este não é seu fim, e, caso haja lucro, este não pode ser distribuído, devendo ser aplicado em suas atividades instituídas com a entidade. Em vista de todo o exposto, o voto por conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e negarlhe provimento. É como voto. Tatiana Midori Migiyama Fl. 914DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.005545/2005-58
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano calendário: 2001
Ementa: MPF — NULIDADE - O MPF - Mandado de Procedimento Fiscal é
mero instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte, não implicando nulidade dos procedimentos as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento.
JUROS SELIC — MATÉRIA SUMULADA
Súmula n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006).
Súmula I° CC n° 4: À partir de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006).
Numero da decisão: 1802-000.372
Decisão: Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso, nos temos do relatório e eine integram o presente julgado.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Ester Marques Lins de Sousa
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ementa_s : Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano calendário: 2001 Ementa: MPF — NULIDADE - O MPF - Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte, não implicando nulidade dos procedimentos as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. JUROS SELIC — MATÉRIA SUMULADA Súmula n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Súmula I° CC n° 4: À partir de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006).
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conteudo_txt : Metadados => date: 2010-05-03T12:41:18Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-05-03T12:41:18Z; Last-Modified: 2010-05-03T12:41:18Z; dcterms:modified: 2010-05-03T12:41:18Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2010-05-03T12:41:18Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-05-03T12:41:18Z; meta:save-date: 2010-05-03T12:41:18Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-05-03T12:41:18Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-05-03T12:41:18Z; created: 2010-05-03T12:41:18Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2010-05-03T12:41:18Z; pdf:charsPerPage: 1601; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-05-03T12:41:18Z | Conteúdo => S1-TE02 Fl. I MINISTÉRIO DA FAZENDA ' -` CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 19647.005545/2005-58 Recurso n° 158.190 Voluntário Acórdão n° 1802-00.372 — 2" Turma Especial Sessão de 11 de março de 2010 Matéria SIMPLES Recorrente DISTAC DISTRIBUIDORA E ATACADISTA COMÉRCIO LTDA Recorrida 4a.Tumia/DRJ/Recife/PE Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano calendário: 2001 Ementa: MPF — NULIDADE - O MPF - Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo e de infoimação ao contribuinte, não implicando nulidade dos procedimentos as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. JUROS SELIC — MATÉRIA SUMULADA Súmula n°2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Súmula I° CC n° 4: Á partir de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos temos do relatório e eine integram o presente julgado. ESTER-MARQ LIN E SOUSA — Presi terirtelatora. EDITADO EM: .08 AE3R 2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), João Francisco Bianco (Vice-Presidente), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso ICichel, Sérgio Luiz Bezerra Presta(suplente convocado) e Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior 2 Processo n°19647.00554512005-58 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00372 Fl. 2 Relatório Trata o processo de lançamentos decorrentes do SIMPLES, referentes ao ano calendário de 2001, em que se exige o Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ, PIS, CSLL Cofins e Contribuição para a Seguridade Social (INSS), no montante de R$ 96.934,39, acrescidos de multa de oficio de 75% e juros de mora calculados até 29/04/2005. Por economia processual e bem resumir a lide adoto parte do Relatório da decisão recorrida (fis.2021203) que transcrevo a seguir: Os referidos autos de infração são decorrentes de ação fiscal efetuada junto à contribuinte, na qual a fiscalização constatou infrações à legislação do SIMPLES (imposto e contribuições componentes) amplamente descritas no Termo de Verificação Fiscal, às fis. 47 a 52, cujos enquadramentos legais encontram- se discriminados nos autos de infração, que passam a integrar a presente decisão corno se aqui transcritos fossem. As irregularidades constatadas e suas conseqüências podem ser assim resumidas: DIFERENÇA DE BASE DE CÁLCULO E INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Apurou a fiscalização diferença no valor da receita bruta escriturados nos livros fiscais e contábeis e os valores declarados espontaneamente a Secretaria da Receita Federal, no ano calendário de 2001. Decorrente da constatação de diferença de base de cálculo foi apurada também a insuficiência de recolhimento, tendo em vista a mudança dos percentuais das aliquotas. Os valores apurados pela fiscalização estão demonstrados à fl. 53. Ressalta a autuante que a empresa foi excluída do Simples a partir de 01/01/2002, conforme Ato Declaratório Executivo n°34 no DOU de 06/05/2005. Devidamente notificada, e não se conformando com o procedimento fiscal, a contribuinte apresentou, tempestivamente, as suas razões de defesa, às fls. 178/192, na qual questiona os autos de infração, alegando em síntese o seguinte: - refere-se à criação, a partir da Portaria Secretaria da Receita Federal n° 1.265/1999, do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF que passou a ser a ordem emitida pela administração e indispensável para a instauração do procedimento fiscal. Afirma que no presente caso a administração deixou de anexar ao processo a prorrogação do prazo para continuidade da fiscalização, apesar de haver o registro eletrônico desta prorrogação. Assim, considera a contribuinte extinto o Mandado de Procedimento Fiscal - MPF no dia 04/01/2005. Continua sua impugnação argumentando no sentido de demonstrara invalidade do procedimento fiscal frente ao descumprimento das 3 normas de emissão de prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF. - Segue sua impugnação alegando que a exclusão da empresa do Simples através do Ato Declaratório Executivo n° 34 de 20/04/2005 fere frontalmente o principio da publicidade, pois foi apenas cientificado no dia da apresentação dos autos de infração. - alega a contribuinte acerca da aplicação da Taxa SELIC como juros de mora em matéria tributária, contestando sua aplicação. Ao final requer a improcedência dos autos de infração do presente processo e ajuntada posterior de provas. A empresa foi cientificada da decisão de primeiro grau proferida mediante o Acórdão no 11-16.820, de 29/09/2006, fls.201/207, DRliftecife/PE, conforme o Aviso de Recebimento (AR), fl.211, em 28/12/2006, e interpôs o recurso ao Conselho de Contribuintes, em 26/01/2007, lis 215/225, que em síntese, repete os mesmos argumentos expendidos na impugnação. A recorrente afirma que, não se pode admitir, uma decisão de primeira instância, que mantém um lançamento tributário, cujas regras para sua constituição, criadas por ato legal do Secretário da Receita Federal, relativas à execução e procedimentos de auditorias fiscais, deixaram de ser observadas, sob o argumento de que o Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo.Alega que, a decisão de primeiro grau não levou em consideração as normas vigentes quanto ao Mandado de Procedimento Fiscal - MPF como condição de procedibilidade para o lançamento tributário. Também manifesta sua inconformidade em razão da autoridade julgadora não haver apreciado suas considerações em tomo de sua exclusão do Simples, tendo apenas afirmado que a recorrente deveria apresentar sua irresignação no Processo n° 19647.003978/2005-79. Em seguida discorda da aplicação da taxa selic aos juros moratórios por entender que, pela sua natureza rernuneratória, não cabem, na relação jurídico-tributária, sendo somente possível nos termos do art.161 do CTN, a aplicação dos juros moratórios na cobrança dos créditos tributários. A recorrente discorre às fls.222/223 acerca da juntada de documentos em momento posterior ao da impugnação. Ao fim requer o acolhimento do presente recurso, e, julgada improcedente a parte remanescente do Auto de Infração do Imposto de Renda Retido na Fonte. É o relatório. 4 Processo n° 19647.00554512005-58 51-TE02 Acórdão n.° 1802-00372 Fl. 3 Voto Conselheira Relatora ESTER MARQUES LINS DE SOUSA O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235172, dele conheço. De inicio, a recorrente alega que, a decisão de primeiro grau não levou em consideração as normas vigentes quanto ao Mandado de Procedimento Fiscal - MPF como condição de procedibilidade para o lançamento tributário. Nesse assunto, adoto o entendimento dos que laboram na tese de que o MPF- _ _ Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte, não implicando nulidade dos procedimentos as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. Preliminar rejeitada No tocante ao processo de exclusão do contribuinte do sistema de tributação (Simples), a que alude a recorrente, não merece reparo à decisão recorrida, em verdade, tal matéria não pertence a esse âmbito processual. No presente processo os autos de infração foram lavrados para exigir o IRPJ e contribuições no sistema Simples, por infração à Lei n° 9.317/1996 (Simples), portanto, matéria distinta do processo de exclusão do Simples que se dá por ato administrativo declaratorio posterior que admite contraditório especifico. Consta da decisão recorrida que tal discussão é parte do processo próprio de n° 19647.003978/2005-79. Assim, nada há que ser discutido sobre o processo de exclusão do Simples nos presentes autos. Quanto aos juros selic, dos quais se insurge a recorrente, vale registrar que a exigência decorre de expressa disposição legal, não cabendo aos órgãos do Poder Executivo deixar de aplicá-la, encontrando óbice, inclusive nas Súmulas n° 2 e 4 deste E. Conselho Administrativo, verbis: Súmula 1°CC n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes Mio é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Súmula 1° CC n° 4: A partir de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais. (DOU. Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006) 5 No que diz respeito aos aspectos materiais do fato gerador, ou seja, acerca da diferença da base de cálculo e Suficiência de recolhimento do SIMPLES a recorrente nada alega, apenas discorre às fis.2221223 acerca da juntada de documentos em momento posterior ao da impugnação, porém nada trouxe aos autos a ser analisado na fase recursal. Ao fim a recorrente requer seja, julgada improcedente a pane remanescente do Auto de Infração do Imposto de Renda Retido na Fonte. O referido pedido não tem qualquer propósito, tal conclusão não decorre da narração dos fatos, o que por si só se considera inepto. Diante do exposto, voto no entido de negar provimento ao recurso. - • .. n - . - 6
score : 1.0
Numero do processo: 10480.908677/2012-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.297
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DCOMP. Recorrente MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 77 /2 01 2- 38 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF/Recife emitiu o Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou que os créditos em questão seriam "relativos a pagamentos a maior ou indevidos de PIS ou COFINS", originados "da retificação dos DACON da empresa, após a realização de auditoria interna", onde teria sido constatado que diversos créditos, oriundos das contribuições PIS e COFINS não cumulativas, não teriam sido contabilizados. Afirmou que realizou a retificação de suas DACON para, posteriormente, apresentar as respectivas PER/DComp. Assim, sustenta que os créditos oriundos dos alegados indébitos estariam plenamente demonstrados nos DACON retificadores entregues eletronicamente à SRF, o que dispensaria a juntada desta demonstração ao processo, conforme determinaria o Art. 37 da Lei 9.784/99. Ao final, alegou que o erro de não ter retificado tempestivamente suas DCTF´s não implica na inexistência de seus créditos. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 03059.571, cuja ementa segue transcrita, na parte essencial: APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 68DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário a contribuinte traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório estaria demonstrada no DACON, e que os valores que originaram os pagamentos a maior e retenções já estariam na base de dados da SRF. Neste ponto, aduz que não lhe foi dada oportunidade de conversão do julgamento em diligência, nem teria sido intimada a juntar novas provas, o que teria prejudicado seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Por tudo isto, alega, preliminarmente, que teria havido cerceamento de seu direito de defesa, solicitando a anulação da decisão da DRJ; b) reclama que bastaria uma simples comparação dos DACON com os valores recolhidos pela empresa para verificar a procedência do direito pleiteado, alegando que o parágrafo único do Art. 26 do Decreto 7.574/2011 determina que a prova da inveracidade dos fatos registrados caberia à autoridade fiscal. Desta forma, estaria se impondo um ônus injustificado ao contribuinte; c) reclama, ainda, que não teria havido uma recusa fundamentada acerca do pedido de produção de prova posterior, conforme determinaria o Art. 39, par. único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo. Portanto, a decisão recorrida deveria ser anulada, conforme determinaria o Art. 53 do mesmo diploma legal. Neste sentido, sustenta que as diretrizes da verdade material devem ser observadas pelos agentes da administração e transcreve ementas de julgados que ilustram seus argumentos; d) solicita, ao final, a anulação da decisão recorrida por violações aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, informalidade e verdade material. Pede, ainda, que após a anulação da decisão da DRJ seja reconhecido seu direito creditório com a conseqüente homologação das compensações declaradas, ou seja o julgamento convertido em diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.265, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10480.908649/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.265): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 43 a 52 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Brasília/4ª Turma, nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 5 4 O recorrente invoca, preliminarmente, o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. No caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação do DACON para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Novamente, agora já em sede de recurso voluntário, o interessado não aportou aos autos qualquer documentação probatória, limitandose a bradar contra alegadas violações à princípios constitucionais e também a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF, que portanto não haveria necessidade da juntada de quaisquer outros documentos e ainda, que caso tais informações se revelassem insuficientes, deveria ter sido solicitada a realização de diligência. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 6 5 Conforme bem apontou a decisão da DRJ, a declaração do contribuinte em DCTF constituise em confissão de dívida, o que confere liquidez e certeza à obrigação tributária. No atual momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação seria imprescindível uma cabal demonstração na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, da alegada diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, uma vez que a juntada das provas aos autos dever ser praticada no tempo certo, sob pena de preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. Conforme o § 4º do art. 16 do PAF, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 7 6 Contudo, no caso desses autos, o recorrente sequer se preocupou em trazer oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC). Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação oportuna de documentos contábeis e/ou fiscais capazes de efetivamente demonstrar que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não teria atingido o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e no DACON retificador, de caráter meramente informativo. Como o contribuinte sequer procurou juntar aos autos qualquer tipo de documentação na intenção de demonstrar que efetivamente seria titular do alegado direito creditório, eventuais créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública ficam sem a devida comprovação de sua certeza e liquidez, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Restam, portanto, descabidas as demais alegações quanto às supostas violações à ampla defesa, bem como aos demais princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e informalidade. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908677/201238 Acórdão n.º 3201002.297 S3C2T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10665.000787/94-58
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 1997
Ementa: IPI — I) INCENTIVO À SIDERURGIA - LEI n° 7.554/86: Os depósitos
correspondentes aos créditos realizados a título de incentivo, apurados e efetuados na forma da lei, não estavam submetidos à conversão para o BTN Fiscal (BTNF), por não possuírem a natureza de "débitos com a Fazenda Nacional". II) MULTA REGULAMENTAR (art. 365, II, RIPI/82): Inaplicabilidade de qualquer tipo de apreçamento ou atualização monetária, do cometimento até a lavratura do auto de infração, quando as infrações forem anterior à edição da MP n. 492, de 05.05.94 (Lei n. 9.064/95). III) EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS: Se foram apreendidos nos termos do art. 218, RIPI/82 e considerados como prova preconstituída (Portaria/MF n. 187/93), destinados a comprovar a existência de um ato jurídico (originais de depósitos bancários feitos para pagamento das mercadorias), devem ser trazidos aos autos, ainda que por cópias, sendo que a apreensão deve ser reduzida a termo e ser minudente sobre todos elementos que possam identificar o rol dos documentos que ficaram retidos na repartição fiscal
(espécie, data, valor, etc.). IV) SIMULAÇÃO DO ATO JURÍDICO:
Mediante a emissão de notas fiscais que não correspondem à saída efetiva de mercadorias para a prova da simulação, é certo, bastam presunções e indícios. Tais presunções e indícios devem, entretanto ser graves e precisos, sem o que não poderão fundamentar seu convencimento. Só, pois, os indícios e circunstâncias convergentes e veementes têm valor de prova a
autorizar o reconhecimento de que se trata de operação simulada. V) NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS: Sendo de emissão de empresas que não
operavam no endereço indicado, a princípio, pode-se suspeitar que eram inexistentes de fato e ensejaria a aplicação da multa prevista no art. 365, II, RIPI182; sendo afastada a denúncia fiscal se o adquirente logra comprovar, com documentação hábil e idônea, que recebeu as mercadorias e pagou regularmente as aquisições através de instituições financeiras (Portaria/MF n.
187/93). VI) ATOS DECLARATÓRIOS E SÚMULAS: Operações
ocorridas anteriormente à edição dos mesmos que divulgou tal condição. As aquisições de mercadorias de empresas, que, posteriormente, foram declaradas inidôneas, não alcança os fatos ocorridos anteriormente à edição dos atos administrativos. Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 202-09.210
Decisão: ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes, por maioria de votos: 1) em rejeitar a preliminar de diligência. Vencidos os Conselheiros Marcos Vinícius Neder de Lima e José de Almeida Coelho; II) quanto ao mérito, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir as parcelas indicadas no voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcos Vinícius Neder de Lima, Antonio Carlos Bueno Ribeiro e Tarásio Campelo Borges, quanto ao item 2. E no item 3 votaram apenas pela
exclusão da atualização dos valores das mercadorias exigidas na multa do art. 365, II do RIPI182. O Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, apresentou declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o patrono Dr. Lino de Azevedo Mesquita.
Nome do relator: Jose cabral Garofano
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SIDERÚRGICA PAINS Recorrida : DRJ em Belo Horizonte - MG IPI — I) INCENTIVO À SIDERURGIA - LEI n° 7.554/86: Os depósitos correspondentes aos créditos realizados a título de incentivo, apurados e efetuados na forma da lei, não estavam submetidos à conversão para o BTN Fiscal (BTNF), por não possuírem a natureza de "débitos com a Fazenda Nacional". II) MULTA REGULAMENTAR (art. 365, ' II, RIPI/82): Inaplicabilidade de qualquer tipo de apreçamento ou atualização monetária, do cometimento até a lavratura do auto de infração, quando as infrações forem anterior à edição da MP n. 492, de 05.05.94 (Lei n. 9.064/95). III) EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS: Se foram apreendidos nos termos do art. 218, RIPI/82 e considerados como prova preconstituída (Portaria/MF n. 187/93), destinados a comprovar a existência de um ato jurídiCo (originais de depósitos bancários feitos para pagamento das mercadorias), devem ser trazidos aos autos, ainda que por cópias, sendo que a apreensão deve ser reduzida a termo e ser minudente sobre todos elementos que possam identificar o rol dos documentos que ficaram retidos na repartição fiscal (espécie, data, valor, etc.). IV) SIMULAÇÃO DO ATO JURÍDICO: Mediante a emissão de notas fiscais que não correspondem à saída efetiva de mercadorias para a prova da simulação, é certo, bastam presunções e indícios. Tais presunções e indícios devem, entretanto ser graves e precisos, sem o que não poderão fundamentar seu convencimento. Só, pois, os indícios e circunstâncias convergentes e veementes têm valor de prova a autorizar o reconhecimento de que se trata de operação simulada. V) NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS: Sendo de emissão de empresas que não operavam no endereço indicado, a princípio, pode-se suspeitar que eram inexistentes de fato e ensejaria a aplicação da multa prevista no art. 365, II, RIPI182; sendo afastada a denúncia fiscal se o adquirente logra comprovar, com documentação hábil e idônea, que recebeu as mercadorias e pagou regularmente as aquisições através de instituições financeiras (Portaria/MF n. 187/93). VI) ATOS DECLARATÓRIOS E SÚMULAS: Operações ocorridas anteriormente à edição dos mesmos que divulgou tal condição. As aquisições de mercadorias de empresas, que, posteriorMente, foram declaradas inidôneas, não alcança os fatos ocorridos anteriormente à edição dos atos administrativos. Recurso provido em parte. 1 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: CIA. SIDERÚRGICA PAINS. 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por maioria de votos: 1) em rejeitar a preliminar de diligência. Vencidos os Conselheiros Marcos Vinícius Neder de Lima e José de Almeida Coelho; II) quanto ao mérito, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir as parcelas indicadas no voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcos Vinícius Neder de Lima, Antonio Carlos Bueno Ribeiro e Tarásio Campelo Borges, quanto ao item 2. E no item 3 votaram apenas pela exclusão da atualização dos valores das mercadorias exigidas na multa do art. 365, II do RIPI182. O Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, apresentou declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o patrono Dr. Lino de Azevedo Mesquita. Sala das Sessões - 14 de maio de 1997 "t) ar inícius Neder de Lima Pre . idente José Cabral 4.fano Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helvio Escovedo Barcellos, Oswaldo Tancredo de Oliveira e Antonio Sinhiti Myasava. Fclb/mas-fran 2 0 ° MINISTÉRIO DA FAZENDA 'NWN SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Recurso : 100.046 Recorrente : CIA. SIDERÚRGICA PAINS RELATÓRIO Tendo em vista a extensão, natureza das acusações fiscais e a alentada petição impugnativa --- muito embora leia à integra em plenário o 1 TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL (fls.74/105 do vol. 1/16) e parte da Impugnação (fls. 5.106/5.317 do vol. XVI/16) --- por objetividade adoto neste julgado o bem elaborado relatório da decisão recorrida, assim como seus fundamentos denegatórios, na parte que é objeto deste apelo (fls. 1.060/1.088 do vol. 111/16): "Trata o presente processo de Auto de Infração' (AI) lavrado contra o estabelecimento industrial, em epígrafe, com a exigência de um crédito tributário no valor de (..), correspondentes a Imposto sobre Produtos Industrializados, juros, multa proporcional e multa regulamentar; pelos motivos a seguir descritos: 1) Não recolhimento, recolhimento a menor; 1.1. Houve atraso nos recolhimentos, ao Banco do Brasil, dos valores referentes aos Produtos Industrializados (IPA nas seguintes quinzenas: a) 1" de novembro/90 b) 1" e 2" de janeiro/91 c) 1" e 2" de fevereiro/91 e d) 1" de março/91. 1.2. Nas quinzenas 2" de abril/90 até a 2" de dezembro/90, exceto a 1" novembro/90, o estabelecimento em pauta recolheu a Menor o IPI devido, pelo fato de não ter efetuado a conversão para o BTN-f (..) do saldo a recolher nos períodos de apuração acima, conforme determinava o art 1°, inciso I da Lei n°8.021, de 04/04/90. 1.3. Na 2" quinzena de abril/90 houve recolhimento do IPI a menor, por não ter sido efetivada a correta indexação do imposto pela legislação citada no subitem 1.2. 3 MINISTÉRIO DA FAZENDA 41' SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES n Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 1.4. O enquadramento legal mencionado para cada um dos subitens anteriores foi: (.) 2. O estabelecimento autuado não recolheu o IPI devido ou o recolheu a menor, por ter se utilizado de créditos indevidos referentes a notas-fiscais falsailinidõneas emitidas por empresas inexistentes de fato e/ou de direito, que não correspondem às efetivas saídas de produtos de estabelecimento emitente, conforme descrição no item 5 ido Termo de Verificação Fiscal. 2.1 (...) 3. Emissão ou utilização de nota-fiscal: O estabelecimento recebeu, utilizou e registrou em proveito próprio notas fiscais falsas/inidõneas que não correspondem à saída efetiva dos produtos nelas descritos, dos estabelecimentos emitentes, conforme relato no item 5 do Termo de Verificação Fiscal, sujeitando-se assim à penalidade prevista no art. 365, II do RIPI/82 3.1 (...) 4. (..) (-) 8. O contribuinte reduziu o montante de tributos e contribuições a recolher, relativos aos períodos de 1989 a 1993, apropriando-se indevidamente de créditos de IPI correspondentes à aquisição de matérias-primas, as quais seriam utilizadas na industrialização de seus produtos, mediante o recebimento, utilização e registro em seus livros fiscais e contábeis, de notas-fiscais que não correspondem à saída efetiva das mercadorias descritas nos documentos fiscais dos estabelecimentos emitentes. 8.1 Em seguida, foram apontados os estabelecimentos que emitiram os documentos considerados falsos, bem como os motivos pelos quais os mesmos foram assim reputados. 8. 1. 1 Emitente: - SIFER LTDA CGC: 22.939.781/0001-30 4 IL) , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Documentos - 19 Notas-Fiscais, série A, n"s 001, 284 a 001309, no período de 03/01/89 a 14/10/89, cujo demonstrativo encontra-se às fls. 438 e cópias das notas-fiscais às fls. 439/479, do anexo 2 e, ainda, os documentos às fls. 319 a 324. Motivos - Empresa inexistente de fato e de direito sem estabelecimento no endereço indicado nas notas-fiscais, cajá logradouro é inexistente, sem inscrição no CGC e no cadastro da Prefeitura Municipal de Sete Lagoas-MG. Através do Ato Declaratório n° 01.672.110-00098, da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, foram declarados inidôneos todos os documentos fiscais emitidos, por se tratar de empresa fictícia. Foram apreendidos, juntamente com as referidas 'notas fiscais, diversas etiquetas de balança, as quais registram Sici Trevo Ltda - CGC 25.412.495/0001-97, ao invés da SIFER LTDA, emitente das notas-fiscais, sendo que o autuado não logrou apresentar os esclarecimentos solicitados no Termo de Intimação de 01/02/94. Foram glosados os créditos do IPI no valor total de (..) e mais os custos de produção no valor de (.), conforme demonstrativo de fls. 234. 8.1.2 Emitente - FERRO VELHO GUIMARÃES LTDA. CGC: 18310.656/0001-83 Documentos: 44 notas fiscais, série A, es 000.001a 000.046, emitidas entre 19/02/91 a 29/05/91, relacionadas às fls. 480/1 e cópias juntadas às fls. 482 a 536 do Anexo 2. Motivos: - Empresa inexistente de fato e de direito, sem estabelecimento no endereço indicado nas notas fiscais, cujo número 420 é inexistente na rua Quatorze em Cláudio-MG, e sem inscrição no CGC do MF, bem como sem registro na junta Comercial do Estado de MG. Por meio do Ato Declaratório n° 03.223.110-00255, de 23/07/92, da Secretaria da Fazenda do Estado de minas Gerais, todos os documentos fiscais emitidos por este estabelecimento foram declarados inidôneos, por se tratar de empresa fictícia. 5 QL , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Foram glosados os créditos do IPI, correspondentes às mencionadas notas fiscais no valor de (..) e mais os custos de produção no valor de (.), conforme demonstrativo de fls. 235/6. 8.1.3. Emitente: - FERRO VELHO COM E IND. MATILDE LTDA. CGC: 24.554.493/0001-21 Documentos: 86 NF, série A, les 000.001 e 000.100, emitidas entre 20/12/90 e 02/05/91, relacionadas às fls. 537 a 539 e cópias às fls. 540 a 680 do Anexo 2, conforme documentos acostados às fls. 331/7. Motivos: - Empresa inexistente de fato e de direito sem estabelecimento no endereço indicado nas notas fiscais, cujo número do imóvel é inexistente na rua Brasília em Perdigão/MG, e sem inscrição no CGC do MF, bem como sem registro na Junta Comercial do Estado de MG. Através do Ato Declaratório n° 03.223.110-00170, de 03/07/91, todos os documentos fiscais emitidos, foram declarados inidâneos por se tratar de empresas fictícias. Foram glosados os créditos do IPI, correspondentes às mencionadas NF, no valor de (.) e os custos de produção, nos valores totais de (.) e (.), em 1990 e 1991, conforme demonstrativo de fls. 237/9. 8.1.4. Emitente: - FERROS E METAIS PROGRESSO LTDA. CGC: 16. 618. 498/0001-90 Documentos: - 17 NF, série B, es 006.953 e 006.97,6, emitidas entre 13/11/89 e 18/01/90, cujo demonstrativo consta às fls. 681 e cópias às fls. 682 a 707 do Anexo 2 e documentos de fls. 338 a 402. Motivos: Todas as NF utilizadas pelo contribuinte são notas paralelas, impressas la imitação fraudulenta de outras regulares, estas últimas anexadas às fls. 373/392. Essas NF paralelas foram detalhadatnente comparadas às NF autorizadas pelo Ato Declaratório n° 13.602.118-00220, de 17/12/92, expedido pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, que declarou a inidoneidade dos mesmos. 6 Çjv • A.-1 MINISTÉRIO DA FAZENDA MO:37,F,; SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Em diligência processada junto ao estabelecimento emitente, constatou-se que o mesmo não possui em seus livros fiscais qualquer registro de operação com o estabelecimento autuado ( Cia. Siri Pains ). O Sr. Maurilio Cassio de Souza, sócio da empresa no período em que foram emitidas as referidas notas fiscais paralelas, afirmou que as atividades da empresa estavam paralisadas, inclusive sem estabelecimento. Disse também que jamais comercializou ferro gusa e sucata de gusa, nem mesmo vendeu qualquer mercadoria para a Cia Siderúrgica Pains, não sendo responsável pelas NF paralelas apreendidas. Os dados, relativos à impressão das referidas NF, não foram impressos pela empresa Textos Artes Gráficas Ltda., segundo afirmou o sócio Rubens Ferreira da Silva. Por estes motivos foram glosados os créditos do IPI no montante de (..) e os custos de produção nos valores de (..) e (..) e, 1989 e 1990, respectivamente, conforme demonstrativos delis. 240. 8.1. 5 1 Emitente: - DISTRIBUIDORA FERROMINAS LTDA. CGC: 25.483.330/0001-06 Documentos: - 72 NF, série única, numeração entre 000.297 e 000.396, entre 09/01/91 a 04/02/91, relacionadas às fls. 708 e 709 e cópias às fls. 710 a 793 do Anexo 2 e documentos às fls. 403 a 423. Motivos: - Empresa inexistente, sem estabelecimento no endereço declarado, com CGC suspenso, data de abertura em 18/11/88, conforme cadastro no Ministério da Fazenda, porém omissa desde o exercício de 1989 e sem cadastro junto à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/MG. 1 Foram declarados initlôneos, pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, através do Ato Declaratório 13.602.116-00042, de 30/07/90, em decorrência do encerramento irregular das atividades, todos os documentos emitidos a partir de 03/01/89, bem como por não terem sido autorizadas as NF, série única, de números 000.001 à 000. 100, as quais registram em seus rodapés a autorização n° 06.200.120/89-96, de 03/01/89, conforme comunicado no Minas Gerais de 14/12/90. 7 0 V_ • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Conforme declaração do sócio da empresa, Sr. Welington Matos, a firma não comercializou ferro gusa ou teve qualquer contato comercial com a Cia. Siderúrgica Pains, não tendo recebido as importâncias a que se referem as NF em questão, as quais, afirma, inclusive, desconhecer. Continua dizendo que a firma jamais funcionou efetivamente, permanecendo paralisada até o presente. E que não possui nenhum documento da mesma, pois estes teriam sido roubados. Os dados relativos à impressão das NF, exigidos pelo art. 242, XV do RIPI/82 não são considerados, por inexistir as AIDEs 062.00120/89-96 e 062.00120/90-96, bem como por não ter sido localizada a empresa GRAFISUL LTDA., que teria imprimido essas NE Por isto, foram glosados, os créditos do IPI, em l um montante de (.) e os custos de 1991, no valor total (..), conforme demonstrativo de fls. 241/2 8. 1. 6. Emitente: - METALDUR LTDA. CGC: 25.512.310/0001-16 Documentos: - 1.464 NF fatura, série única, numeração 000.488 a 02.584, emitidas entre 29/04/92 a 20/07/93, relacionadas às fls. 794 a 826 e cópias às fls. 827 a 2.471 dos Anexos 3 a 6, e documentos de fls. 424 a 4990. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento no endereço indicado nas NF, n° 874 da rua Ouro Preto, BII/MG, onde funciona uma Clínica Conveniada com a L.B.A ., desde 1992, enquanto que o endereço do depósito, rua João da Mata, 220, bairro Praia- Contagem/MG, há somente a residência da Sra. Jane M Soares. Foram declarados inidâneos, pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, através do Ato Declaratório n° 13062.114-00171, de 15/12/92, publicado no Minas Gerais de 10/07/93, todos os documentos fiscais emitidos a partir de 01/07/92, em decorrência do encerramento irregular de atividades e da inexistência de fato do estabelecimento. O sócio majoritário da empresa, Sr. Hermes Avelino Guerra, declarou que quando estava desempregado entrou como sócio da empresa, assinando todos os documentos em branco, a pedido de um outro sócio que não sabe identificar ao certo. 8 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Os dados relativos à impressão das NF de numeração 000851 em diante não foram aceitos, por terem sido utilizados os números de Autorizações de outras empresas, conforme relação às fls. 424/429. As empresas Editora Macedo Ltda., Gráfica Júnior Ltda. e Gráfica Fernão Jader Lida, que constam como responsáveis pela impressão de diversas NF, são inexistentes. Em resposta ao Termo de Intimação de 01/02/94, registra-se que a conta n° 5643-9 do Bradesco, ag. Itaúna em nome da empresa, cópias às fls. 4619 a 4679, conforme cartões de autógrafos apresentados pelo banco em 26/04/94, tem como responsáveis pela movimentação da conta corrente as Sras. Maria da Glória de Faria e Suzana Lopes Mendes e, na qualidade de procurador, o Sr. Paulo Ernesto Coelho de Araújo, CPF n° 535.41Z316-72, enquanto que os sócios responsáveis pela mesma são, conforme alteração contratual datada de 13/08/92, os Srs. Hermes Avelino Guerra e José Martins da Silva Lara. Ocorre porém que a data da abertura da conta é de 11/03/92. Por estes motivos foram glosados os créditos de i lPI no valor total de (.) e os custos de produção nos valores totais de (..) e (..) em 1991 e 1992, conforme demonstrativo de fls. 243 a 275. 8. 1. 7. Emitente: -SIDERMETAL IND. COM DE FERRO E AÇO LTDA. CGC: 25.351.990/0001-33 Documentos: - 481 NF fatura, série única, numeração entre 001.809 e 002.500, emitidas entre 05/02/91 e 05/09/91, conforme documento de fls. 491 a 519. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento no endereço declarado. No local encontra-se estabelecida' uma outra empresa, ou seja a SIDERBRASIL LTDA.. Empresa com o CGC suspenso e omissa desde o exercício de 1991, ano-base de 1990. Foram declarados inidõneos , pela Secretaria dá Estado da Fazenda de MG, através do Ato Declaratório n° 13.067.066-00035, de 09/06/92, todos os documentos fiscais emitidos por ela a partir de 10/09/90, em decorrência do encerramento irregular das suas atividades 9 41%, MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4\iegà" Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 (documentos de fls. 492 a 497). Em 13/11/91 foi publicado cancelamento de sua inscrição estadual. Em 10/10/90 registrou-se na JUCMG a VIII alteração de contrato social da firma, que tratava de transferência da sociedade para outros dois sócios. Em diligência efetuada junto à Gráfica Santa Maria Ltda. constatou-se que as NF de n's 002.151 a 002.500 não foram ' ali impressas, enquanto que as de les 001809 a 002100 eram notas residuais utilizadas após desativação da empresa, embora devidamente autorizadas pelo órgão estadual quando da impressão. Em resposta ao Termo de Intimação, datado de 18/02/94, o contribuinte apresentou os recibos de depósito na conta COrlente n° 5443- 7, do Bradesco, Ag. Itaúna/MG, em nome da empresa, cópias às fls. 4684 a 4715. Conforme cartão de autógrafos apresentado pelo banco, a titularidade da conta é de um sócio que havia se retirado da sociedade em 10/10/1990, embora consta que a referida conta tenha sido aberta em 27/02/91. O contribuinte apresentou, ainda, as duplicatas (cópias às fls. 4680 a 4683) emitidas pelo Sr. Welington de Matos, o mesma responsável pela empresa Distribuidora Ferro Minas Ltda., a qual está citada no item 8.1.5, anterior. O crédito do IPI glosado foi de (..) e a glosa dos custos correspondem a (..), em 1991, conforme demonstrativos de fls. 276 a 286. 8. 1. 8. Emitente: - PARNAMA COMERCIAL LTDA. CGC: 41.853.508/0001-10 Documentos : - 244 NF, série única, numeração entre 000.001 e 000.247, emitidas entre 18/06/92 e 15/12/92, relacionadas às fls. 3078 a 3083 e cópias às fls. 3084 a 3379 do anexo 8. Motivos: - Empresa aberta em 07/04/92 e baixada em 04/10/93, sendo o distrato social datado de 12/12/92, quando por declaração de seu contador, Sr. José Augusto Ferreira, deu-se o encerramento de suas atividades. 10 64° MINISTÉRIO DA FAZENDA ,W40'nr?) .S.W4 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Não há como se comprovar as operações entre a Cia. SUL Pains e a empresa Parnaíba Comercial Ltda. uma vez que, conforme declarou o contador acima identificado, "toda a documentação ( fiscal e contábil ) foi entregue ao sócio Elias Andrade que no momento encontra- se em lugar incerto e não sabido". O mesmo contador afirmou que foram realizadas operações de venda para o autuado, porém, de pequeno valor. As NF de res 000.001 a 000.050 são notas paralelas, impressas à imitação fraudulenta de outras regulares, conforme detalhadamente comparadas no Ato Declaratório n° 13.062.114.00173; de 21/01/93, expedido pela Secretaria de Estado da Fazenda. Quanto às NF 000.051 a 000.100, não obstante serem aquelas autorizadas pela referida Secretaria foram quitadas contra recibo nas duplicatas cujas cópias estão às fls. 4716 a 4833, sendo que as assinaturas apostas nos carimbos "recebemos "não correspondem à assinatura do Sr. Edgar de Freitas. As outras notas fiscais utilizadas, números 000.1 , 01 a 000.247, emitidas entre 08/09/92 e 15/12/92, não foram autorizadas pelo órgão estadual competente, e, ainda, a gráfica Lima, CGC 21.484.501/0001-42, que consta como responsável pela impressão daqueles, é inexistente Por isto foram glosados os créditos de IPI no valor de (..), no período de 18/06/92 a 15/12/92 e mais os custos de produção, no ano de 1992, no valor de (..), conforme demonstrativos de fls. 287 a I 292. 8.1.9. Emitente: - SOCIEDADE COMERCIAL JATOBÁ CG C: 25.617.127/0001-85127/0001-85 Documentos: - 173 NF fatura, série única, numeração entre 000.063 a 000.273, emissão entre 25/09/88 e 27/12/90, relacionadas às fls. 3.380 a 3.384 e cópias às 3.385 a 3.613 do Anexo 9, e documentos de fls. 549a 587. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento no endereço declarado a partir de 20/12/1989 (docs. de fls. 550 a 551), cujo número 275 inexiste na rua Dom João dos Santos, bairro Industrial em Belo Horizonte-MG, e com CGC suspenso, data de abertura em 20/02/89, conforme cadastro no Ministério da Fazenda, poi-án omissa desde o exercício de 1990. 11 MINISTÉRIO DA FAZENDA ,M3r# SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Foram lavrados três Atos Declaratórios expedidos pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, os números 13.062.112-00202 e 13.062.112-00203, ambos de 06/04/92, declarando inidõneas as NF fatura, série única, números 000.151 a 000.250, AIDF 03142590 DT - SRF - METROP. BH em 08/90, divergentes, das NF autorizadas e as NF fatura, série única, números 000.251 a 000.400, AIDF 062492-90 DT - SRF METROP. Em 21/12/90, todas impressas sem a devida autorização, e o Ato Declaratório de n°13.062.112-00212, declarando inidõneos todos os documentos fiscais emitidos a partir de 01/09/91 em decorrência do encerramento irregular de atividades e da inexistência de fato do estabelecimento, conforme docs. de fls. 556 a 557 e 492 a 493. O Sr. Edgar de Freitas, CPF: 049.704.736-34, também sócio desta empresa no período de 28/02/89 a 21/12/89, informou que, de comum acordo com seu sócio, Sr. Dirceu da Silva Braga, transferiu a empresa para o Sr. Constantino Rodrigues da Silva 'em 20/12/89, conforme alteração contratual em anexo (fls. 569/71) e que este último levou consigo todos os documentos da empresa. E que este senhor não foi localizado em nenhum dos endereços declarados à JUCMG e à SRF. O Sr. Dirceu da Silva Braga confirmou a transferência da empresa, afirmando desconhecer a localização atual do mencionado Sr. Constantino, mas que no período de sua gerência na firma, entre 13/02/89 e 20/12/89, mandou imprimir somente 03 talões de NF faturá, série única, numeradas de 000.001 a 000.150, tendo se utilizado de menos da metade destas notas fiscais na data da transferência da firma e que, nesse período, realizou apenas duas transações comerciais com a Cia. Pains, tendo-lhe vendido somente 50 toneladas de ferro irregular, conforme itens 1 a 30 do Termo de fls. 575. O Sr. Edgar de Freitas confirmou, posteriormente, que foram apenas duas as operações de venda para o contribuinte em questão. Foram utilizadas pelo autuado, no período de 25/09/89 a 23/11/89 as NF fatura, série única de n's 000.063 a 000.150 e, no período de 24/11/89 a 19/12/89, as NF fatura, série única, de es 000.151 a 000.1 76, estas últimas impressas sem a devida AIDF. O mesmo Sr. Dirceu não reconheceu as NF como de emissão da firma, porque jamais comercializou volume tão grande em um curto espaço de tempo, nem tampouco possuía recursos financeiros para a aquisição desse volume de mercadoria, conforme item 5 do Termo de fls. 575. Quanto às demais NF fatura utilizadas pelo contribuinte, n's 000.177 a 000. 273, série única, emitidas de 20/12/89 a 27/12/90, as quais 12 . - • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 não foram autorizadas pelo órg ão do Estado, não foram considerados os seus dados, quais sejam, 3 blocos 50x6 de 000.150 a 000.300, AIDF 06- 304. 186-DT-DRF-Metropolitana BH em - 01/09/89. Em 20/08/90, a Fazenda Estadual expediu a última AIDF para a Sociedade Comercial Jatobá, com o número 062314250090, quando autorizou a impressão das NF fatura, série única, de es 000.151 a 000.250. As duplicatas apresentadas pelo contribuinte à titulo de comprovação de pagamento, encontram-se assinadas pelo Sr. Edgar de Freitas, que também assina as duplicatas emitidas pela empresa LELUAM - MERCANTIL FERROSOS E METAIS e por terceiro não identificado que, além de assinar pelas empresas JATOBÁ E LELUAM também assina diversas duplicatas emitidas pela empresa - CHAPAÇO MATOZINHOS LTDA. (ver subitem 8.1.12). Foram assim glosados os créditos de IPI relativos às NF mencionadas, no valores de (.) em 1989; (.) entre janeiro/90 e a 1" quinzena de março/90 e, ainda, (..) entre a 2" quinzena março/90 e dezembro/90. Igualmente foram glosados os custos de produção nos valores totais de (..) e (..), em 1989 e 1990, respectivamente, conforme demonstrativos de fls. 293 a 29Z 8.1.10. Emitente: VASCONFER COMÉRCIO INDÚSTRIA LTDA. CGC: 17.445.735/0001-21 Documentos: - 139 NF, série B, numeração entre 047.352 e 047.495, emissão entre 13/09/90 e 22/09/90, relacionadas às fls. 3614 a 3617 e cópias às fls. 3618 a 3775 do Anexo 9, e ainda os documentos de fls. 588/614. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento em nenhum dos endereços declarados, não possuindo ',Alvará de localização junto à Prefeitura de Belo Horizonte. Empresa com CGC suspenso e omissa a partir do exercício de 1990, ano-base de 1989. Através do Ato Declaratório n" 13.062.119-00029, de 04/11/91, todos os documentos fiscais emitidos a partir de 01/03/90, em decorrência do encerramento irregular de atividades da empresa, conforme documentos de fls. 590/3. 13 - o MINISTÉRIO DA FAZENDA ,7(Wo SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Os dados relativos à impressão de todas as NF, utilizadas pelo contribuinte, não são considerados válidos, pelo fato de não terem sido impressos na Papiro Indústria Gráfica Ltda, de acordo com a declaração do sócio Sr. Fernando Antônio Alvim. Em resposta ao Termo de Intimação de 18/02/94, o contribuinte apresentou os recibos de depósitos na conta corrente n° 5358- 9 do Bradesco, aberta na Agência de Itaúna-MG em 17/09/90, pelo Sr. Edgar de Freitas, em nome de Vasconfer Com. Ind. Ltda., CGC n° 17.445.735/0001-21. Intimado o banco não localizou os documentos utilizados para a abertura desta conta. Conforme Termo de Declaração de fls. 613/614, o Sr. Edgar de Freitas não teve participação como sócio, nem como empregado da Vasconfer Com. e Ind Ltda., e não confirmou o funcionamento ou a existência da mesma. Apesar disto, abriu aquela conta corrente supra, a pedido de um tal Sr. Emílio, do qual não sabe o sobrenome nem a localização atual, assinando diversos cheques em branco, mediante a promessa de pagamento de uma comissão percentual sobre os valores dos cheques a serem emitidos. Declarou também que esteve com o Sr. Juraci Elias de Paula uma única vez, na época da abertura da conta corrente, quando este lhe deu a procuração para movimentação dessa conta, não tendo mais notícia do paradeiro do Sr. Juraci. De acordo, com isto, foram glosados os créditos do IPI relativos às citadas NF no valor de (..) e os custos de produção no valor de (..), no exercício de 1990, conforme demonstrativo de fls. 298 a 301. 8. 1.11 Emitente: FERBRASIL COMÉRCIO DE FERRO ! CG C: 17.164.641/0001-8464 1/0001-84 Documentos : 95 NF, série B, n° 001.651 a 001.955, emitidas entre 11/01/89 e 31/05/89, relacionadas às fls. 3776 a 3778 e cópias às fls. 3779 a 3924 do Anexo 10, e ainda os documentos às fls. 615 a 630. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento à Av. José Faria da Rocha, n° 1660, onde se encontra instalada, desde 12/05/89, a empresa Isomecânica Usinagem Ltda. Em diligência realizada à Praça Dr. Augusto Gonçalves n° 418, sala 305, em Itaúna-MG, 14 O • , MINISTÉRIO DA FAZENDA ilt"fjg SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 endereço constante da carta de correção expedida pela Cia Siderúrgica Pains para a citada empresa em 31/05/89, constatou-se tratar-se de sala utilizada como estabelecimento da empresa AGS Comércio Indústria Ltda. CGC: 25.796.913/0001-97, constituída pelos Srs. Paulo Ernesto Coelho de Araújo e Ismar Moreira de Oliveira, conforme contrato social apresentado e ocupada por este último desde 1987. Empresa com CGC suspenso e omissa a partir do exercício de 19889, ano-base de 1988. Através do Ato Declaratório n° 13.186.11-00047, de 20/02/90, expedido pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, foram declarados inidôneos todos os documentos fiscais emitidos pela empresa a partir de 01/06/88, em decorrência de encerramento irregular de atividades, da inexistência de estabelecimento e de suspensão ou baixa ex-ofício de inscrição. Não foram localizados os sócios da empresa. Assim, foram glosados os créditos do IPI nos valores de (..) da 1" quinzena de janeiro/89 e (.) entre a 2" quinzena de janeiro e a 2" quinzena de maio de 1989 e também os custos de produção no valor total de (..), em 19889, conforme demonstrativos de fls. 302 a 304.' 8.1.12. Emitente: - CHAPAÇO MATOZINHOS LTDA. CGC: 25.504.424/0001-14 Documentos: - 64 NF, série B, res entre 000.002 a 000.138, emitidas entre 28/02/89 e 21/09/89 relacionadas às fls. 3925 a 3926 e cópias às fls. 3927 a 4025 do Anexo 10 e documentos de fls. 631 a 641. Motivos: - Empresa inexistente de fato, que jamais possuiu estabelecimento declarado ou no endereço constante das NOtas Fiscais. Empresa com CGC suspenso, data de abertura 01/12/88, porém omissa desde o exercício de 1989, ano-base de 1988. Através do Ato Declaratório n°13.493.060-00006, de 08/04/91, expedido pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG, todos os documentos fiscais emitidos pela empresa foram declarados inidôneos, em decorrência do encerramento irregular de atividades, da inexistência do estabelecimento e da suspensão ou baixa de oficio de inscrição. 15 o o MINISTÉRIO DA FAZENDA Ji SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 O autuado apresentou, ainda, duplicatas com cópias às fls. 4940 a 4948, emitidas pela empresa, diversas delas assinadas pelo Sr. Paulo Ernesto Coelho de Araújo, o mesmo responsável pela movimentação da conta corrente aberta em nome da Metaldur Ltda., conforme subitem 8.1.6. Foram então glosados os créditos_do IPI relativos àquelas notas-fiscais no valor de (..) e também os custos de produção no valor total de (..), em 1989, conforme demonstrativo de fls. 305 a 306. 8.1.13. Emitente: - CARLOS ROBERTO TEIXEIRA - COFERMINAS CGC: 25. 870. 577/0001-85 Documentos: - 129 NF, série B, n° 000.001 a 000.136, emissão entre 04/09/90 e 19/07/91, relacionadas às fls. 4026 a 4029 e i cópias às fls. 4030 a 4188 do Anexo 10, e ainda os documentos de fls. 643 a 656. Motivos: - Empresa inexistente fato, sem estabelecimento à rua Erotides Mendes, em Pará de minas/MG. Está ela com CGC suspenso e omissa a partir do exercício de 1992, ano-base/91. Os dados relativos à impressão das citadas NF nãO são aceitos, por terem sido as mesmas declaradas inidôneas pela Secretaria de Estado da Fazenda de MG por meio do Ato Declaratório 03.471.060-00036, de 13/11/91, por terem sido impressas sem a devida autorização. Também foram declaradas inidâneas as NF autorizadas, série B, de n°s 000.007 a 000.050, e série E, de n's 000.008 a 000.050, através do Ato Declaratório 03.471.060-00037, de 13/11/91, em decorrência do encerramento irregular de atividades, da inexistência de fato do estabelecimento e da suspensão ou baixa ex-oficio de inscrição. Por isto, foram glosados os créditos de IPI, relativos às referidas NF, no período de 04/09/90 a 19/07/91, cujo valor é (..) e também os custos de produção nos valores totais de (..) e (.), l em 1990 e 1991, respectivamente, conforme demonstrativos de fls. 307/310. 8.1.14. Emitente: PROSIDER PRODUTOS SIDERÚRGICOS LTDA. 16 • MINISTÉRIO DA FAZENDA 0,Arg,„ SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 CGC: 22.492.649/0001-00 Documentos: - 28 NF fatura, série única, n''s 000.582 a 000.613, emissão entre 08/01/90 e 13/03/90, relacionadas às fls. 4189 e cópias às fls. 4190 a 4218, do Anexo 11, e ainda os documentos de fls. 657 a 664. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento à Praça Dr. Augusto Gonçalves, n° 146, sala 1008, em Itaána/MG. Está com CGC, suspenso e omissa a partir do exercício de 1988, ano-base de 1987. Os dados relativos à impressão destas NF não são considerados válidos, pelo fato da Secretaria de Estado da Fazenda de MG, através do Ato Declaratório n° 03.338.060-00014, de 02/09/91, ter declarado a inidoneidade daquelas, por terem sido impressas sem a devida autorização. Por isto, foram glosados os créditos de IPI relativos às citadas NF, no período de 08/01/90 a 13/3/90, relacionadas, no valor total de (..) e também os custos de produção no valor total de (..), em 1990, conforme demonstrativo de fls. 311. 8.1.15. Emitente:- LELUAM - MERCANTIL DE FERROSOS E METAIS LTDA. CGC: 25.263.302/0001-83 Documentos: - 199 NF, série B, les 000.543 1 e 000.750, emissão entre 07/01/91 e 19/08/91, relacionadas às fls. 4219 a 4223 e cópias às fls. 4224 a 4463 do Anexo 11 e, ainda, os documentos de fls. 665 a681. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento no endereço declarado ou no endereço constante das cartas 'de correção expedidas pela Cia Sid Pains, ou seja, Av. Olinto Meireles, n°1529, onde se encontram instaladas uma lanchonete e uma oficina (empresa individual), e nem tampouco à Rua Guia Lobo, 260, onde 'se encontra instalada uma empresa de transportes, ambos os endereços em Belo Horizonte. 17 . • r MINISTÉRIO DA FAZENDA eN0705, SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 7 Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Empresa com CGC suspenso e omissa a partir do exercício de 1990, ano-base de 1989 e, ainda, sem Alvará de Localização junto à Prefeitura de Belo Horizonte-MG. Por meio do Ato Declaratório n°13062.112-00209, de 02/06/92 da Secretaria de Estado da Fazenda de MG, formam declarados inidôneos todos os documentos fiscais emitidos pela empresa, em decorrência do encerramento irregular das atividades, da inexistência de fato do estabelecimento e da suspensão ou baixa de oficio de inscrição. Não foram também localizados os sócios da empresa Por isto, foram glosados os créditos de IPI relativos às mencionadas NF, no período de 07/01/91 a 19/08/91, no valor total de (..) e também os custos de produção no valor total de (.) em 1991, conforme demonstrativos de fls. 312 a 316. 8.1.16 Emitente: - SUFERMO LTDA. CGC: 23. 919. 244/0001-78 Documentos: - 17 NF, série B, n° 000.232 e 000.248, emissão entre 09/01/90 e 26/01/90, relacionados às fls. 4464 e cópias às fls. 4465 a 4482 do Anexo 11, e ainda os documentos de fis. 682 a 690. I Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento à Rua Antônio de Castro Sá, n° 545, onde há uma residência. Conforme declaração da Prefeitura de Sete Lagoas-MG (fls. 690) a empresa, apesar de inscrita em seu cadastro Imobiliário, não foi mais encontrada nesse endereço. Empresa com CGC suspenso, data de abertura 02/02/88, porém omissa a partir do exercício de 1989, ano-base de 1988. I Foram declarados inidôneos todos os documentos fiscais emitidos pela empresa a partir de 01/08/89, por meio do Ato Declaratório n° 01.672.110-00099, de 22/09/92 da Secretaria de Estado da Fazenda de MG, por motivo de encerramento irregular de atividades, da inexistência de fato do estabelecimento e da suspensão ou baixa, de ofício, da inscrição. 18 • 40:k MINISTÉRIO DA FAZENDA, <N;f40 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Não foi localizada a sócia da empresa Sra. Terezinha Valadares do Nascimento. Por isto, foram glosados os créditos de IPI, relativos àquelas NF, no valor total de (..), no período de 09/01/90 a 26/01/90, bem como os custos de produção total no valor de (.) em 1990, conforme demonstrativo de fls. 317. 8.1.17 Emitente: - METALOESTE LTDA. CGC: 20.178.596/000-21 Documentos: -14 NF, série B, te's 000.438 a 000.476, emitidas entre 08/02/90 e 23/07/90, relacionadas às fls. 4483 e cópias às fls. 4511 do Anexo 11 e, ainda, os documentos de fls. 691 a 700. Motivos: - Empresa inexistente de fato, sem estabelecimento à Rua Caio Motini, n° 450, em Divinópolis/MG. A mesma está com CGC suspenso e omissa nos exercícios de 1987 e 1989 em diante Por meio do Ato Declaratório n° 03.223.110-0278, de 14/09/92, da Secretaria de Estado de Fazenda de MG, foram declarados inidôneos todos os documentos fiscais emitidos pela empresa; a partir de 01/02/90, em decorrência do encerramento irregular de atividades, da inexistência de fato do estabelecimento e da suspensão ou baixa, de ofício, de inscrição.. Assim, foram glosados os créditos do IPI, no período de 08/02/90 a 23/07/90, no valor total de (.) e também os custos de produção no valor total de (.) em 1990, conforme demonstrativo de fls. 318. (.) Inconformado o impugnante, após breve relato do feito fiscal, reconhece as falhas apontadas no subitem 1.1 e 4, para a seguir se contrapor quanto aos demais itens do Auto de Infração em tela., Ainda no que diz respeito ao subitem 1.1 refez os cálculos para excluir da exigência as parcelas relativas à aplicação da TRD a qual está sendo contestada na peça impugn ativa. Desta forma apurou um débito na ordem de 154.968,81 UFIR's que corresponde em 16/11/94 a R$ 99. 613,95. Porém, ressalva • 19 _ • , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 que, conforme pode ser observado, através dos anexos da peça fiscal no Demonstrativo de Créditos a compensar, o D.D. AFTN atribui ao impugn ante a liberação de ressarcimento de IPI, feito em sua época própria, até então liberado, para compensação com os débitos do presente AI-IPI, correspondente aos seguintes períodos e valores que totaliza: Assim, o valor total de 200.635,78 UFIR, corresponderá a R$ 128.968,67, tomando-se a UFIR Diária no valor de 0,6428, que desde já, o impugn ante propugna pela sua compensação ao débito reconhecido de R$ 99.613,95, correspondente ao subitem 1.1 do presente AI, restando, ainda, a seu favor a importância de R$ 29.354,72, em virtude de que os demais itens do presente AI, à exceção do item 4, estão sendo objeto de contestação a seguir No que pertine ao subitem 1.2 diz que a autoridade fiscal reconhece que ele, impugnante, efetuou tempestivamente oI depósito do incentivo no Banco do Brasil, contudo, por não tê-lo indexado pela BTNf julga que o depósito se deu em menor valor. No seu entendimento o recolhimento do incentivo da siderurgia sem a indexação pelo BTNf não fere nenhuma norma relativa ao referido incentivo que, por ter regulaç'do própria, foge as regras de indexação do IPI, não estando sujeito à imposição de multas relativas às 1 infrações do tributo em questão. Continua dizendo que se trata de um incentivo ao incremento da produção, constituindo-se em um crédito de IPI de importância igual a 95% da diferença, em cada período de apuração, entre o imposto devido pelas saídas de produtos incentivados e o pago pelas matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridas para o emprego na industrialização e acondicionamento dos mesmos produtos (art. 1° da Lei n° 7.554/86). I Prossegue, fazendo um relato acerca do incentivo de que trata a Lei n° Z554/86 e menciona textos de um tributarista que é utilizado para sustentação de sua tese. Diz que a natureza jurídica do incentivo é um negócio jurídico público, com evidente característica comutativa e exteriorizado através de 20 1 1.)v • AV( MINISTÉRIO DA FAZENDA /s CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 ato negocia! de aprovação, restando evidenciado, tratar-se de incentivo de natureza financeira. E para que dúvidas não permaneçam, pede vênia para transcrever o art. 2°, e ll 1° da Lei n° Z554/86, para dizer que o valor do incentivo é determinado pelo art. 10 da referida Lei, não devendo este ser confundido com o valor do IPL O que a lei determina é que se observem os prazos relativos ao imposto, mas, em momento algum, altera o valor do incentivo ou determina que ele deva ser indexado. Alega, igualmente, que não procede o argumento da fiscalização, sustentado na Lei n° 8.012/90, pois o que se discute é a correção pelo BTNf Cita a seguir mais um texto de um tributarista em seu favor. Assim, julga ser improcedente a ação fiscal quanto à exigência da correção pelo BTNf, com argumento de que isto se 'constitui em flagrante inconstüucionalidade. Por outro lado, diz serem infundadas as alegações do D.D. AFTN quanto aos itens 2 e 3 do Auto de Infração (AI) que ora se refuta, com relação ao item 2 porque a base em alegação e versões trazidas no Termo de Verificação, pretende responsabilizar o impugnante por atos que, se ilegais, foram praticados por terceiros, e com relaçc-4 ao item 3, pelo abusividade da multa que foi aplicada por atos praticados pelo defen dente. Em primeiro lugar, esclarece o impugnante que no período, compreendido entre janeiro e outubro de 1989, decaiu o de proceder o lançamento, por força do disposto no art. 150, ,¢ ,fr do Código Tributário Nacional (CT1V), eis que, com relação ao referido período, transcorreram mais de 5 (cinco) anos, razão pela qual deve ser excluído da exigência fiscaL No mérito, não houve qualquer redução do IPI à recolher, como quer fazer crer o Sr. Auditor, relativamente aos anos 'de 1989 a 1993, por apropriação de crédito indevido de IPI, relativámente às aquisições de matéria-prima, mediante o recebimento, utilização e registro em livros fiscais e contábeis, de notas fiscais que não correspondem à saída efetiva nelas descritas dos estabelecimentos emitentes. Neste particular argúi o impugn ante que nas operações relatadas é TERCEIRO DE BOA FÉ, não podendo, em qualquer hipótese 21 dkj • MINISTÉRIO DA FAZENDA 7)i SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 ser responsabilizado por obrigações daqueles fornecedores que agiram em desarmonia com as normas fiscais. De mais a mais, o Fisco se baseia, para autuar o impugn ante, em versões e fatos que implicam na responsabilização de terceiros e não dele próprio, tendo referidos fatos e versões, embasamento em declarações ou abertura de contas bancárias levadas a efeito pelos fornecedores ou seus responsáveis, cabendo ao Fisco apurar. Diz também que compete à instituição financeira e ao Banco Central do Brasil, verificar a exatidão dos dados apresentados por quem pretenda abrir uma conta corrente. Em terceiro lugar, cabe à Receita Federal, se comprovada a utilização indevida ou escusa de contas correntes notificar os responsáveis, situação em que não Se encontra o impugnante. Aduz, mais, que as notas fiscais em discussão revestem-se de todas as exigências legais intrínsecas e extrínsecas previstas no art. 231 do Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto n° 87.981, de 23/12/82, não contendo omissão, nem tampouco declarações inexatas, estando corretamente preenchidas sem emendas e/ou rasuras e observando os demais requisitos regulamentares. Cita a Portaria n° 187, de 26/04/93 (DOU de 28/04/93) a qual impõe ao Fisco a vigilância dos contribuintes, organizando Cadastro das empresas consideradas inidõneas (art. 99 e não ao Defendelite que não tinha conhecimento de qualquer ato declaratório por parte do Fisco Federal. E, ainda, que as operações praticadas acontceram em períodos anteriores às publicações (estas do Fisco Estadual) que tornaram públicas as declarações de inidoneidade dos fornecedores indicados pelo AFT1V. Consigna, ainda, que as referidas notas-fiscais contém todos os requisitos exigidos e citam como prova o documento divulgado pela Secretaria da Receita Federal (cópia às fis. 5140). E mais, que o AFTN não logrou comprovar a participação do impugn ante para a prática dos atos que aduz no Termo de Verificação. No que diz respeito ao mencionado Termo, diz que é de abundante em versões que, quando muito, poderiam induzir a 'conclusão 22 . • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 de que os fornecedores devessem ser autuados, nunca, porém, o Impugn ante, eis que, conforme já referido, é terceiro de boa-fé. Merece pois, ser reforçado que na hipótese de lançamento de tributos o ônus da prova incumbe a quem alega, ou seja, ao Fisco. E, para afastar quaisquer dúvidas que ainda possam perdurar e, em face do que dispõe o art. 4° da Portaria n°187/93, acosta a esta peça impugnatótia os seguintes documentos (anexos n°01 a 17): a)prova do ingresso das mercadorias em seu estabelecimento, através das respectivas notas fiscais, carimbos de recebimento nelas apostos e tíquetes de balança; b)prova dos pagamentos efetuados aos fornecedores, através de cópias dos cheques, procedimento usualmente adotado pela empresa, e não questionado pelo Fisco, e quitação constante das próprias notas- fiscais e/ou duplicatas: e, O por derradeiro, prova cabalmente a regularidade das operações, o fato de que os argumentos que dão suporte as ',resmas, estão devidamente lançados nos livros fiscais do Impugnante que,' se entender cabível, poderá o Fisco constatar através de diligências. Alega, ainda, que dado o número acentuado de períodos e do volume, e à exiguidade de tempo para se manifestar, poderá faltar algum deles mas que, desde já, requer a sua juntada, caso a autoridade julgadora assim entenda necessário. Em seguida, reporta-se novamente à Portaria 187/93, em especial o seu art. 90 e faz um longo arrazoado citando opinião de juristas e vários acórdãos de Tribunais de Justiça Estaduais favoráveis' à sua tese. Por fim, invoca o disposto no art. 137 do CTN o qual dispõe que a responsabilidade pela infração é pessoal, ou seja, do próprio agente, na hipótese, os fornecedores ou os indivíduos com eles envolvido, e não, como pretende o Senhor Auditor, imputar injusta e infundadamente ao adquirente de boa-fé. (-) Menciona também Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais e afirma, por último, que estão sendo cobrados dois tipos de juros, ou seja, a TRD mais 1% ao mês de juros. 23 0 • , MINISTÉRIO DA FAZENDA jj'.#1041 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 FUNDAMENTOS LEGAIS Por outro lado, o art. 252 e seus incisos, do mesmo regulamento, diz que será considerada sem valor, para efeitos fiscais e servirá apenas de prova em favor do fisco, a Nota-Fiscal que não satisfazer as exigências dos incisos I, II, IV, V, VI, e VII do art. 242, não indicar, dentre os requisitos dos incisos VIII, X, XI e XII do art. 242, os elementos necessários à identificação dos produtos e ao cálculo do imposto, ou não contiver a declaração referida no inciso VIII do art. 244. Quanto ao aspecto relativo à decadência apresentada pela defesa, cabe salientar que a homologação do lançamento 'efetuado nos termos do art 56 do RIPI/82 será considerada como válida se após 5 (cinco) anos da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária caso a autoridade administrativa não se tenha pronunciado, ressalvados os casos de ocorrência de dolo, fraude ou simulacâ'o (art. 150, 4°, das Leis n°5.172 e art. 58, parágrafo único do RIPI/82). No caso presente foram detectados indícios de simulação, tendo sido formalizado um processo de representação fiscal para fins penais (Processo n° 10665.000788/94 -11), conforme informação de fls. 5321. No que diz respeito ao subitem 1.1 (atraso no recolhimento) e ao item 4 (créditos indevidos por errônea classificação fiscal), que o contribuinte diz concordar com a autoridade fiscal, temos aPonderar o seguinte: a) não procede o argumento do autuado que faz ele jus a um crédito no valor de R$ 29.354,72, após a dedução de R$ 99.613,95 lançados no AI, uma vez que referido crédito é resultante do aproveitamento de três pedidos de ressarcimento formulados por ele junto à DRF em Divinópolis, a quem compete examiná-los em primeira análise nos termos do art. 1°X da Portaria n°4.980, de 04/10/94 (DOU 07/10/94). Logo, não cabe a esta DRJ manifestar-se com relação a fatos' estranhos ao objeto do AI. Assim, o valor corresponde aos créditos citados, R$ 99.613,95, por seu inadiplemento, fica mantido em sua totalidade; (-) 24 10 J MINISTÉRIO DA FAZENDA, SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 O reclamante, entende, também, que seria correto adotar a TR como remuneração e não como correção monetária até então pelo BTN/BTNF. (.) Já na parte relativa aos subitens 1.2 1 1.3 ( recolhimento a menor por falta de indexação pelo BTNf dos depósitos inacabados), temos a ponderar que a Lei n° 7.799/89, em seus arts. 64, 65, 67, e 69, e a Lei n° 8.012, de 04/04/90, art. 1 0, inciso I, determinavam que, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1° de abril de 1990, far-se-ia a conversão em BTN fiscal do valor do IPI no primeiro dia da quinzena subsequente àquela em que tivesse ocorrido o fato gerador. Tal regra ficou suspensa a partir de 01/01/91 pela Lei n° 8.177/91, tendo sido restabelecida em 01/01/92, pela Lei n° 8.383/91, que instituiu a UFIR (Unidade Fiscal de Referência). Embora alegue o reclamante que as quantias depositadas têm natureza de créditos incentivados, as mesmas são oriundas da Legislação do IPI, devendo guardar consonância com as suas regras. Pois, em caso contrário, o depósito efetivado passa a ser crédito tributário a favor da União, como imposto não pago. Assim, não procede o argumento de que os valores não devessem sofrer correção do BTNf, pois as Leis vigentes àquelas épocas assim o determinavam. Em não atualizando o depósito pela variação do BTNf, ocorreria a situação de não estar sendo aproveitado o incentivo em sua totalidade, fato este não admitido pela legislação de regência, conforme orientação contida no Parecer Normativo CST n° 20/78 (DOU de 28/03/78). De outra parte, passamos agora examinar a ileclamação quanto aos itens 2 e 3 da peça impugnatória (fls. 16 a 21). Se não bastasse a constatação da inexistência de 15 dos 17 estabelecimentos fornecedores, emitentes dos documentos e as declarações de inidoneidade de 16 deles, pela competente autoridade estadual, que o impugnante alega ser terceiro de boa-fé, temos a considerar alguns depoimentos que confirmam a denúncia fiscal, tais como: (.) 25 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES _ Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Quanto à solicitação de perícia, julgamos t ser a mesma desnecessária, haja vista que o interessado não formulou nenhum quesito e as declarações dos responsáveis pelas empresas retro descritas comprovam a impossibilidade das efetivas transações comerciais, entre o reclamante e cada uma daquelas empresas, cujos créditos foram glosados. Da mesma forma, os argumentos de que não foram seguidas as normas constantes da Portaria MF 187/93 (DOU de 28/04/93), também são improcedentes, uma vez que esta Portaria, apesar de ter como finalidade o resguardo dos direitos da União e de terceiros, não tem o condão de obstar a ação do fisco quando ausente a prévia declaração de inidoneidade de alguma empresa." Em suas razões de recurso (fls. 1.095/1.161 do vol. 111116) Sustenta vários argumentos de defesa já oferecidos na petição impugnativa, sendo que neste apelo levanta duas preliminares prejudiciais ao julgamento do mérito. A primeira, é de nulidade da !, intimação da decisão recorrida, uma vez que houve mudança no número do processo relativo ao IPI, de forma unilateral, e só seria válido se do procedimento administrativo fosse dada Prévia ciência à autuada, da mencionada alteração. A segunda, é de cerceamento de seu direito de defesa, vez que a decisão recorrida não apreciou suas provas e negou seu direito à produção de prova pericial e, mais, indeferiu a realização de diligências, no que pertine à verificação dos pagamentos efetivados em recebimento das mercadorias constantes das notas fiscais impugnadas pelo Fisco. Quanto à parcela exigida no item 1.1 do Auto de Infração, que entendeu ser devida, também deveria ser compensado a seu favor a quantia que está sendo Pleiteada em processo de ressarcimento junto à DRF. Uma vez que o ressarcimento e o débito reconhecido correspondem ao mesmo tributo (IPI), nada impede que a DRJ faça a compensação, por força do disposto no art. 156, inciso, II, do CTN. No que respeita aos itens 1.2 e 1.3 repisa argumentos apresentados na impugnação, agora trazendo cópia do acórdão n° 202-07.776 (Recurso n° 97.265) --- juntado às fls. 1.120/1.126, no qual a recorrente é ela própria --- que recebeu a seguinte ementa: IPI - INCENTIVO À SIDERURGIA - Lei n° 7.554/86: I) os depósitos correspondentes aos créditos realizados á título de incentivo, apurados e efetuados na forma da lei, não estavam submetidos à conversão para o BTN Fiscal (BTNF), por não possuírem a natureza de débitos com a Fazenda Nacional; II) a não efetivação dos depósitos no prazo estipulado em lei implica ma perda do direito ao incentivo e torna exigível o imposto:..." 26 fk, A;-1` n MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Já quanto aos itens 2 e 3 do Auto de Infração, diz não haver uma prova ao menos de que as infrações tenham sido por ela cometidas. Existem indícios de prova com relação às fornecedoras, mas, não pode a recorrente e nem a lei autoriza, que lhe' seja atribuída responsabilidade pelas infrações. É dever da autoridade fiscal a busca da verdade Material O Fisco não pode transferir ao particular seu dever jurídico de investigação em busca da verdade material quanto à cobrança de tributos. Mesmo assim a recorrente tem se esmerado na busca da verdade material e, por seu lado, o Fisco tem fechados seus olhos para a mesma, vez que não realizou os levantamentos que era seu trabalho e, mais, deixou de apreciar a farta prova e argumentação trazida à impugnação. Ao deixar de observar a legislação de regência (Portaria/MF n j 187/93), no respeita a declaração de inidoneidade das vendedoras e seus documentos fiscais, não há como negar a nulidade da denúncia fiscal. Ao negar a vigência e aplicação aos comandos contidos na citada Portaria, para efeitos de declarar inidoneidade das empresas e seus documentos, o AI fica contaminado pela falta de procedimentos impostos por lei. A alegação de que a Fazenda Nacional se louvou em prova emiirestada pelo Fisco Estadual não torna válido o procedimento fiscal. Todos os Atos Declaratórios que deram publicidade à inidoneidade das vendedoras são posteriores a todas operações comerciais realizadas com a apelante e, ainda, por si só, este procedimento --- utilização de prova emprestada --- é afastado pelo Conselho de Contribuintes, como faz certo a ementa do Acórdão n. 105-05.229/91, que transcreve. Cita também o Acórdão n. 103-08.674. Assevera que muitas notas fiscais passaram por postos da fiscalização estadual, a mesma que expediu os atos que declararam a inidoneidade invocada: pelo Fisco Federal. Se o pessoal preparado da Fazenda Estadual não notou qualquer irregularidade nas notas fiscais, como se pode pretender que pessoas que não possuem a mesma 4ualificação identificassem os alegados vícios nos documentos. Já no seu estabelecimento, nas horas de pico, chega a passar uni veículo de carga a cada 20 segundos, o que pode ser comprovado em simples diligência. Por isto, não há como se pretender que seus funcionários procedam ao controle de formalidades intrínsecas de documentos fiscais, aliás, o que é atribuição exclusiva do Fisco. Inverídica a informação da decisão recorrida de que das 17 empresas, 15 são inexistentes. O próprio Termo de Verificação desautoriza esta assertiva, uma vez que reconhece a assistência de contas correntes fantasma e emissões de notas fiscais paralelas, tudo isto de empresas formalmente constituídas. Nenhuma prova produzida conduz à conclusão de que a apelante sabia das irregularidades ou delas tirava proveito. Salienta-se que a constatação de inexistência ocorreu muito tempo após a efetivação dos negócios. 27 . . MINISTÉRIO DA FAZENDA j:Ne01 . SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Ainda mais, a recorrente mantinha contato com o Fisco Estadual e este lhe informava quais os estabelecimentos que considerava inidôneos, conforme comprova com os documentos ora juntados às fls. 1.153/1.159. A ingenuidade da decisão recorrida é notória, uma vez que pretende acusar a recorrente tomando como base declarações e depoimentos de pessoas citada na denúncia fiscal. Pessoas estas diretamente envolvidas com a empresas declaradas inidôneas pelo Fisco Estadual e que, com certeza, seriam as executoras das ações consideradas como fraudulentas e simuladas. Na mais claro que ao prestarem ditos depoimentos, aquelas pessoas tiveram a intenção de omitirem sua torpeza e se escusaram da prática de referidas ações, o que é de se aceitar, porque ninguém é obrigado a confessar seus atos. É o direto de silêncio que a CF/88 assegura aos acusados, bem como a negativa de autoria é a técnica mais primitiva de defesa. Diz que a decisão recorrida deixou a apreciar a farta documentação juntada à impugnação, constituída por dossiês das 17 empresas --- constituídos em forma de anexos --- que contém para cada uma: a) ORDEM DE COMPRA EM NOME DO FORNECEDOR; b) NOTAS FISCAIS QUE DERAM SUPORTE À OPERAÇÃO; c) TÍQUETES DE BALANÇA, COM NUMERAÇÃO ELETRÔNICA, PROVA IRREFUTÁVEL DA REAL ENTRADA DA MERCADORIA e d) CHEQUE NOMINATIVO OU ORDEM DE PAGAMENTO BANCÁRIA DIRETAMENTE AO FORNECEDOR, DE ACORDO COM A RAZÃO SOCIAL CONSIGNADA NA NOTA FISCAL. Uma vez comprovado o efetivo ingresso das mercadorias no estabelecimento industrial, a recorrente passa a demonstrar que as mesmas foram incorporadas à Produção e, por conseqüência, os produtos finais saíram tributados pelo IPI, em se tratando de operações de venda no mercado interno ou albergadas pela imunidade fiscal, quando destinados à exportação. Como prova de que as mercadorias efetivamente entraram no estabelecimento, anexa cópias das Fichas de Registro de Controle de Produção e Estoque - Mod. 3, onde foram devidamente lançadas as notas fiscais sob exame e, onde se verifica que as mercadorias nelas descritas foram incorporadas à produção (fls.1.125/1.152). Pelo fato de a decisão recorrida não ter apreciado esta prova e, ainda, ter indeferido o pedido de perícia, protesta pela oportuna juntada de laudo técnico a ser elaborado por profissional ou instituição devidamente qualificados. A seguir, passa a comprovar que todos os Atos Declaratórioà do Fisco Estadual foram expedidos após a efetivação dos negócios entre a recorrente a á empresas tidas como inidôneas. Em particular, quanto ao fato de a conta corrente da empresa Metaldur Ltda. ter sido aberta por duas mulheres e ser movimentada por terceiro procurador, trata-se de fato estranho à recorrente. O Banco Central é o órgão competente para fiscalizar bancos. É com 28 'Li- MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 espanto que a recorrente se vê acusada por não saber quem abriu e quem estava autorizado a movimentar a conta bancária, como se fosse de sua competência fiscalizar contas correntes de terceiros junto às instituições financeiras. Pede seja reconhecido que se operou a decadência no período de janeiro a outubro/89, nos termos do artigo 150, § 4 0, CTN, uma vez que restou incomprovado a ocorrência de dolo, fraude e simulação. Além de sustentar serem legítimos os créditos do IPI, passa, na mesma linha, a atacar a aplicação da multa prevista no artigo 365, II, RIPI/82. Questiona o fato de que a fiscalização para aplicar a multa, utilizou o valor comercial das mercadorias a não o valor contido nas notas fiscais, sendo este que seria o certo. Neste sentido, desenvolve seu raciocínio chegando à conclusão de que se mantida a exigência, esta seria de no máximo 3.944.852,85 UFIRs e não de 9.144.721,79 UFIRs, como quer a fiscalização. Como orientação jurisprudencial dos Tribunais Judiciários, traz l e transcreve a ementa de cinco arestos, dos quais seleciona-se três, como exemplo, a título de' notícia para os Senhores Conselheiros: "ICM - AQUISIÇÃO DE MERCADORIA - FIRAIA INIDÔNEA - DECLARAÇÃO - AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO - EFEITO in casu', se publicada a inidoneidade da vendedora anteri iormente à negociação mencionada no AIIM, a execução poderia ;prosseguir. Ademais, o perito oficial, às fls. 110/111, disse que as notas fiscais emitidas pela vendedora à executada possuem, no verso, Carimbo de recebimento da respectiva importância. Acresce-se, ainda, que as mercadorias foram revendidas, o que foi documentado, inclusive com o lançamento do ICM, conforme fls. 106.3 - Destarte, cabe ao Fisco cobrar da vendedora o imposto que for devido. Ante a ausência de publicação da declaração de inidoneidade da vendedora, não há que se penalizar a aqui apelada (Ac. Da 16a C. Civ. do TJ SP mv - AC 175.883-2/9- Rel Designado Des. Nelson Schiesari -j. 14.04.92 - Apte. Fazenda do Estado de São Paulo; Apda.: Abatedoura TremeMbé Ltda.; Recte. - Juízo 'ex officio'- ementa I0B, por transcrição parcial)." "EXECUÇÃO FISCAL - AUTO DE INFRAÇÃO E MULTA. FIRIVIA DECLARADA INIDÔNEA. Este Tribunal tem decidido que a inidoneidade de empresa emitente de documento fiscal, inscrita na repartição competente, só produz efeito após sua declaração publicada, presumindo-se até então aboa-fé de 29 • MINISTÉRIO DA FAZENDA "';'IttsY,N"-„ SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 quem lhe adquira mercadorias, acompanhada de documentação formalmente regular. (TJ SP - Ac. Unem. De 29.12.88. AP. 132.309-2 - Rel. Des. Salles Penteado - Fazenda Estadual x comercial Cerelux Lida)" "ICM - Operação interestadual - Aquisição de mercadoria - Nota fiscal irregular - Boa-fé do adquirente - Direito ao crédito Imposto sobre circulação de mercadorias. Crédito referente a aquisição de mercadorias - Inexistência do remetente indicado na nota fiscal - Glosa do crédito utilizado e exigência de multa - Inadmissibilidade - Fraude de que o contribuinte não Participava - Prova, nos autos, da efetiva entrada das mercadorias no território paranaense, através da emissão das notas fiscais de controle de entrada física das mesmas - Sentença confirmada Recursos, voluntário e de oficio, improvidos. Por eventual irregularidade verificada nas notas fiscais, da qual não se provou o prévio conhecimento da empresa contribuinte, quanto mais sua participação, não é possível exigir-lhe, por suposta infração fiscal, o valor do ICM e a elevada multa de 50% do valor das sacas de café". (Ac'. Un. Da 412 C.Civ. TJ/PR - AC e RN 1.120-89 - Rel. Des. Ronald lAccioly - j. 20.12.89 - Rende.: Juiz de Direito; Apte.: Fazenda Pública do Estado do Paraná; Apda.: Rosafé - Comércio de Café e Cereais Ltda. - DJ PR 03.04.90, p. 05)" Por fim, volta a insistir pela inaplicabilidade da TRD, a título de juros de mora, no período anterior a 01 de agosto/91. Transcreve ementa do Acórdão CSRF/01-1.733, de 17.09.94. Nas contra-razões do Sr. Procurador da Fazenda Nacional (fls.1.164/1.165 do vol. 111116), como matéria preliminar, sustenta que se torna inviável o conhecimento do recurso voluntário, uma vez que os signatários do mesmo não têm poderes para praticar o ato processual --- sem ser em conjunto com o Dr. Augusto de Oliveira Santana. Não há nos autos substabelecimento para os signatários, ainda mais porque como reza o mandato válido e regular na forma da lei civil (fls. 1.094 e 1.119 - volume 111/16), que em qualquer caso, deveria ser assinado em conjunto com o Dr. Augusto de Oliveira Santana. Quanto ao mérito, diz que andou bem a decisão recorrida ao /apreciar o litígio e o apelo interposto é expediente meramente protelatório e, ainda, que eventuais novos questionamentos deverão ser desconsiderados. Como lhe faculta o artigo 17, § 50 do Regimento Interno do Segundo Conselho de Contribuintes, aprovado pela Portaria/MF n. 538, de 17.07.92 e alterações 30 tJ- MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 introduzidas pela Portaria/MF n. 260, de 24.10.95, o sujeito passivo requereu juntada de documentos, conforme petição de fls. 1.169/1.170 - vol. 111116. Na petição volta a insistir que provou ter consultado o Fisco Estadual sobre a situação fiscal de algumas de suas fornecedoras que "muito depois da Consulta e da realização das operações comerciais com a Recorrente, indevidamente colocadas sob suspeita, vieram a ser declaradas inidõneas justamente por Ato Declaratório desse mesmo Fisco Estadual." (grifo do original). Tendo sido negado seu pedido de diligências ou perícias para dirimir qualquer dúvida sobre a efetividade dos pagamentos e entrada das mercadorias no estabelecimento, nesta oportunidade junta, por amostragem, cópias de cheques (já anteriormente arrolados mediante decalque) emitidos a favor das fornecedoras. Assevera que os pagamentos que não foram efetuados através de cheques, o foram via ordem ou depósito bancário, conforme a fiscalização teve oportunidade de comprovar através de retenção de documentos, sendo que os últimos (ordens ou depósitos bancários) não estão acostados aos autos e nem foram devolvidos à apelante até a presente data. Os documentos indicam sua sistemática adotada para pagamento das fornecedoras, isto é: eram efetuados através de cheques nominativos a favor da beneficiada --- cruzados em preto --- e nos demais casos os pagamento foram realizados mediante crédito bancário (depósito, ordens de pagamento ou DOC). Sustenta que a fiscalização laborou com meras suposições para formalizar a presente exigência, porquanto deixou de realizar qualquer levantamento fisico de estoques, consumo, produção, ou saídas de produtos do seu estabelecimento, que pudesse Comprovar a acusação que as matérias-primas não foram incorporadas ao processo produtivo, ao contrário, a amostragem do Livro Modelo 3 comprovou a materialidade das operações discutidas. Junta cópia da procuração que relaciona os outorgados para 'assinar pela empresa, datada de 15.02.96, e cópias dos microfilmes dos cheques nominativos entregues às fornecedoras, às fls. 1.171/1.174 e 1.175/1.312, respectivamente. Com base no mesmo dispositivo do RISCC, às fls. 1.315 do vol. 111116 o Sr. Procurador se manifesta nos autos e, de plano, diz que tendo em vista à apuração da verdade material, não se opõe ao requerimento de juntada das mencionadas cópias dos documentos. Contudo, destaca que a juntada não será de nenhuma valia, na possibilidade de acolhimento, por este Colegiado, da preliminar levantada nas contra-razões constante às fls. 1.164/1.165 do vol. 111/16. É o relatório. 31 ..Á . • • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR JOSÉ CABRAL GAROFANO O recurso voluntário foi manifestado dentro do prazo legal. Dele conheço por tempestivo. Do Sr. Procurador da Fazenda Nacional. A preliminar de não 1, conhecimento do apelo por insuficiência de assinatura de procurador habilitado na petição, uma vez que inexiste nos autos substabelecimento a um dos advogados e o outro só poderia assinar em conjunto com o Dr. Augusto de Oliveira Santana, como previsto na procuração juntada às fls. 5.129 do vol. XVI/16. Quem assina a petição de recurso são os Drs. Antônio Teles de Oliveira e Marcos Antônio Biondo, sendo que o primeiro consta do citado mandato de procuração. Em primeiro lugar, este Conselho já decidiu que tal falta não é vício insanável e que possa fulminar o direito do contribuinte de ver seu apelo apreciado pelo Colegiado. O fato de um dos procuradores assinar isoladamente não prejudicou o direito de litigar do outorgante e isto não pode ser evidenciado como inépcia da petição de recurso. Aliás, salvaguardando direitos do constituinte o CPC, em seu artigo 38, determina que existindo instrumento de procuração que preenche todos os seus aspectos formais, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito a que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Da detida leitura da petição de recurso, o profissional habilitado , (fls. 5.129 - vol.III/16) ainda que tenha assinado sem o primeiro procurador e conjuntamente com outro advogado que não tenha recebido o substabelecimento - não praticou qualquer um dos atos de poder especiais previstos no artigo 38 do CPC, mesmo que indiretamente ou forma subentendida. Em segundo lugar, por não se vislumbrar qualquer prejuízo aos direitos do sujeito passivo, se houvesse necessidade, no entender deste Colegiado, deveria o dito procurador ser intimado a suprir a falta e não simplesmente, aí sim, em prejuízo do outorgante, declarar pela nulidade da peça recursal. Se visto por outro ângulo, o ato praticado pelos advogados visou garantir o prazo para apelar, assim como além de sustentareM razões já oferecidas na petição impugnativa, laboraram com zelo profissional na defesa dos interesses da mandatária. Em terceiro lugar, por serem profissionais devidamente inscritos na OAB (MG e RS), na eventualidade de agirem de forma irresponsável ou desidiosa, se fosse o caso, deveriam os mesmos responderem pelos seus atos junto a seus órgãos de classe, nos ' termos da Lei n. 8.906, de 04.07.94 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - 32 „ MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES ( Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 OAB), se porventura ocorresse representação do outorgante. Ainda, isto só poderia ser de iniciativa do outorgante, personalíssimo. Em quarto lugar, e por fim, se falta existisse, a mesma foi sanada com a juntada da Escritura Pública de Procuração (fls. 1.171/1.175 do vol. 111/16), anexa à petição de fls.1.169/1.170 do vol. 111116, onde constam expressamente os nomes dos advogados que subscritam o apelo e os poderes a eles conferidos. Sendo o Instrumento Público datado de 15.02.96 --- com vigência até 20.03.97 --- e o apelo interposto em 30.08.96, em momento algum os procuradores praticaram qualquer ato processual sem a cobertura da competente outorga do sujeito passivo. Preliminar de invalidade do recurso voluntário não acolhida. De plano, é de se notar a ocorrência de uma impropriedade na apuração do quantum de uma parcela do crédito tributário constituído por lançamento de oficio --- na parte relativa à multa regulamentar, no montante equivalente a 9.144.721,79 UF1Rs. Como demonstrado às fls. 229 do vol. 1/16, o autuante tomou como base 19.375,51 ton e 35.005,66 ton de ferro lingotado e gusa irregular, respectivamente, multiplicando cada quantidade pelo valor comercial de mercado, à época da lavratura do Auto de Infração, e depois dividiu por R$ 0,6207 (valor da UF1R em 09/94), chegando assim ao montante devido em UFIR pelo descumprimento do comando integrante da norrna contida no artigo 365, inciso II, RIPI182. É jurisprudência pacífica neste Conselho de Contribuintes que o, lançamento de multa punitiva (regulamentar), por ilícito fiscal, não podia ter o mesmo tratamento tributário dado a imposto omitido ou declarado e não-recolhido; e suas multas aplicáveis quando integram os chamados consectáiios legais. Aqui estamos tratando de apenação por prática descrita no artigo 365, II, R1131182. O comando legal contido no dispositivo está impregnado de dolo e fraude fiscal, diferentemente daquelas situações que se referem a retardamento ou omissão no pagamento de tributos. Os fatos geradores do IPI são aqueles contidos no artigo 46 do ,CTN e 30, incisos, RIPI182 e, com eles são calculadas as multas moratórias cabíveis por qualquer hipótese de atraso. Por outro lado, não se pode confundir aquela multa, consectário legal do tributo, proporcional, com a multa regulamentar apontada no artigo 365, caput, do R11)1/82 - "incorrerão na multa igual ao valor da mercadoria” - que se refere, indiretamente, ao perdimento da mercadoria, uma vez que a multa é igual ao seu valor. 33 - • ' MINISTÉRIO DA FAZENDA 1 j5ffigy SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Até a edição da MP n. 492, de 05.05.94 (que após várias reedições foi convertida na Lei n. 9.064/95), era defeso ao Fisco, neste tipo de autuação, arbitrar valores presentes aos produtos descritos nas notas fiscais impugnadas, por apreçamento a valores correntes no mercado e, através do resultado obtido, determinar o montante do lançamento fiscal em UFIR. Cabia à autoridade autuante limitar-se a exigir a multa pelos mesmos valores constantes - históricos e originais - nas notas fiscais indigitadas e qualquer outro método adotado para atualização dos preços das mercadorias era impróprio, por falta de previsão legal. No presente caso, tendo os fatos geradores ocorridos - prática ilícita - anteriormente à edição da MP. 492/94, a multa regulamentar só poderia ser exigida por seu valor nominal e constante nas notas fiscais tidas como inidôneas, sem qualquer tipo de atualização monetária ou apreçamento da mercadoria. Precedentes nas três Câmaras deste Conselho, como dá conta, por exemplo, o Acórdão n. 202-04.410/91. Quanto à exigência relativa ao item 1.1 da denúncia fiscal, que l embora não litigada pelo sujeito passivo, diz que gostaria fosse concedida a devida compensação, no valor de R$ 29.354,72 --- vez que a Fazenda Nacional reconheceu o valor como seu direito ao ressarcimento de créditos --- entendo que não pode ser atendida a pretensão. Concilio meu juízo com a decisão recorrida. Como visto, o aludido crédito é produto do aproveitamento de outros pedidos de ressarcimento requeridos junto à DRF/Divinópolis, órgão incumbido de examinar o pleito, não se encontrando o mesmo na esfera da DRJ que procedeu a apreciação deste feito fiscal. Os pedidos de ressarcimento são formulados em processos autônomos, com rito e instâncias administrativas diferentes daqueled procedimentos que se' referem à constituição de crédito tributário por lançamento de oficio, como no presente caso Muito embora se justificasse o pedido da recorrente, por ser uma forma de desburocratizar o procedimento administrativo, os processos de ressarcimento são apreciados por autoridades fazendárias e repartições fiscais diferentes daquelas que têm competência para julgar.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n. 8.748/93. A exigência contida nos item 1.2 do Auto de Infração, representa matéria já conhecida deste Colegiado. Ao julgar o Recurso n. 97.265, em 24.05.95, o Sr. Conselheiro- Relator lançou suas razões de decidir no voto do Acórdão n. 202-07.776 --- provido nesta parte por unanimidade de votos --- que merecem ser reproduzidas: "No que concerne à acusação de depósito a menor dos valores referentes ao incentivo fiscal à siderurgia criado pela Lei n° 7.559/86, nos períodos de apuração indicados no Auto de Infração, devido a sua conversão para o BTN Fiscal (BINF), o que importaria na perda 34 1 I . • MINISTÉRIO DA FAZENDA OW,)1) SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 do direito ao incentivo dessa diferença com o conseqüente recolhimento da importância correspondente como IPI, entendo com razão a Recorrente. Isto porque os artigos 61, 65, 67 e 69 da Lei n° Z 793/89 e artigo 1°, I, da Lei n°8.012/90 se referem exclusivamente à atualização monetária de débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadados pela União. Assim, como os depósitos em exame corresponderam exatamente aos créditos realizados a titulo de incentivo, apurados nos termos do art. 1° da Lei n° 7.554/86, e foram efetuados dentro do prazo estipulado no 11 1 °, do art. 2° desta mesma lei, não há como caracterizá-lo como 'débitos para com a Fazenda Nacional', de sorte a submetê-los aos dispositivos citados, nos quais o Fisco pretendeu suportar a acusação em foco." No que diz respeito à denúncia descrita no item 1.3 da acusação fiscal, relativo ao recolhimento da 2 quinzena de abril de 1990, sem a indexação do saldo devedor, conforme já foi decido em outros julgados, tenho em que, sendo a recorrente, como entende a administração fiscal, mero arrecadador do imposto que lançara nas notas fiscais de saída, não lhe pode ser atribuída obrigação de recolher, corrigidos monetariamente, valores que ainda irá receber dos destinatários das notas fiscais e adquirentes dos produtos. Todavia, trata-se de exigência expressa na lei (Lei n. 8.021/90). E, como este Conselho vem reiteradamente se pronunciando no sentido de não lhe competir o julgamento da constitucionalidàde das leis, como seria o caso, voto, quanto a este item, pela procedência da denúncia. Considero desnecessário maiores comentários sobre a inaplicabilidade da TRD, a título de juros de mora, no período anterior a 01.08.91, porque é decisão Unânime em todas as Câmaras dos três Conselhos de Contribuintes, inclusive com pronunciamento da CSRF no Acórdão n. 01-01.773, de 17.10.94. Quanto à matéria de fundo, tanto já falei, tanto já escrevi sobre ela, que cada vez mais me convenço de que a inexistência de fato das empresas vendedoras, no ls endereços indicados nas notas fiscais, não é razão bastante e suficiente para se afirmar que as operações de venda das mercadorias nelas discriminadas, também inexistiram na realidade e que foram atos jurídicos simulados. Se as empresas vendedoras, à época das transações mercantis, não foram encontradas nos endereços indicados, a princípio, os negócios ficam sob a suspeita de que não aconteceram na realidade e suas notas fiscais também não poderiam ser utilizadas para qualquer efeito fiscal, vez que sobre elas recai a presunção de serem inidôneas. 35 „ • 4; MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 • Acórdão : 202-09.210 Por outro lado, se a adquirente das mercadorias, terceiro de boa-fé, comprova com documentos hábeis e idôneos que tomou todos os cuidados necessários que se exige nas transações comerciais, comprovando o recebimento das mercadorias, através de registros próprios, e o efetivo pagamento das mesmas, por meio de cheques nominativos ou depósitos nas contas correntes das vendedoras, mantidas junto a instituições financeiras, é de se aceitar a efetividade das operações comerciais. Além da documentação juntada aos autos --- que comprovam a asseveração de que ditas empresas-vendedoras nunca funcionaram de fato ou se o fizeram já não mais se encontravam nos endereços apontados à data dos trabalhos fiscais --- a fiscalização cerrou sua convicção no fato de que para todas empresas havia publicação de Atos Declaratórios da Fazenda Estadual, que davam pela inidoneidade das mesmas, a partir das datas' indicadas nos citados pronunciamentos administrativos do Fisco do Estado de Minas Gerais. Pim- sua vez, em sentido contrário, no recurso voluntário, a apelante sustenta que todos os Atos‘ Declaratórios que dão pela inidoneidade das notas fiscais são posteriores às transações comerciais que se discutem neste processo administrativo, logo, os mesmos não têm o condão de retroagir para impugnar negócios que efetivamente ocorreram. No que respeita aos termos dos Atos Declaratórios, sempre os considerei sob a devida cautela, na medida em que entendo seus efeitos devem reportar-se tão-somente após à publicação oficial do procedimento da Fazenda Estadual. Mesmo entendimento se aplica às Súmulas e Atos Declaratórios expedidos pela Secretaria da Receita Federal, previstos na Portaria/MF n. 187/93. 1 A Terceira Câmara deste Conselho de Contribuintes, como ' dá conta o Acórdão n. 203-00.636, de 25.08.93, já se pronunciou sobre a extensão da eficácia das Súmulas que divulgam a inidoneidade de empresas: - AQUISIÇÕES DE MERCADORIAS DE FIRMAS CONSIDERADAS INIDONEAS - Operações ocorridas anteriormente à edição da Súmula que divulgou tal condição. As aquisições de mercadorias de empresas, que, posteriormente, foi declarada inidõnea, não alcança os fatos ocorridos anteriormente à edição, por Delegacia da Receita Federal, de 'Súmula de documentos tributariamente ineficazes', salvo quando comprovado, especificamente, quanto às respectivas operações. Na espécie vertente, além de tal aspecto, a Recorrente trouxe aos autos documentos cadastrais, contratuais, bancários e contábeis que confirmam a realização das operações a que se referem as notas fiscais elencadas como inidõneas na peça basilar do processo. Recurso Provido.” Recentemente se pronunciou a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n. 78.637-SP-(95/0056960-4), em 06 de maio de 1996. Do aresto considero importante transcrever partes do Relatório e Voto do ilustre Ministro 36 • k ' MINISTÉRIO DA FAZENDA 0;(*)> SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 JOSÉ DELGADO, que demonstram a similitude entre a matéria nele tratada e o objeto deste apelo: " Fundou-se o venerando acórdão no fato de que, na época do ato negocia!, que originou o questionado creditamento, a empresa com a qual a Recorrente contratou era inexistente no mundo comercial, visto que anotado o anterior encerramento de suas atividades, em processo de baixa lemalmente formalizado. Alega a Recorrente, para sustentar o Especial interposto, que (f1.85): 'O crédito tributário regularmente inscrito goza de Presunção de liquidez e certeza, presunção esta juris tantum', relativa, que pode ser ilidida por prova pericial cabal a cargo do sujeito passivo. A recorrente, com os embargos requereu pela realização das seguintes provas: a) requisição do procedimento administrativo que veiculou a constituição do pretenso crédito tributário; b) requisição da cópia DECA da firma vendedora, através da qual iria demonstrar que a mesma se encontrava inscrita na repartição fiscal; c) requisição da autorização para impressão do talonário fiscal concedida pelo fisco à firma vendedora; d) requisição de cópia do ato administrativo que declarou a inidoneidade da inscrição da firma vendedora, bem como cópia do Diário Oficial que publicou este ato administrativo. Tais provas, eram, e continuam sendo, essenciais ao exercício da ampla e plena defesa, pois através delas a recorrente iria, como irá, provar a legitimidade do seu crédito. O v. acórdão recorrido afirmou que' tais provas eram desnecessárias, vez que aquelas acostadas junto ao administrativo eram suficientes para o deslinde da `quaestio". Essa argumentação da Recorrente não se compatibiliza com os fundamentos postos no acórdão recorrido que, ao meu pensar, examinou exaustivamente o litígio e concluiu pela desnecessidade das provas requeridas, inclusive a pericial, nos termos seguintes (tls. 66/70):, (.)' 37 • .• • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 A empresa Comércio de Transportes de Carnes Novo Hamburgo Ltda., era ao tempo da emissão da duplicata que gerou o crédito glosado pelo fisco, inexistente no mundo comercial, visto que anotado o anterior encerramento de suas atividades, em processo de baixa legalmente formalizado (fis.40/42 do apenso). Trata-se, portanto de ato negocial inexistente, nulo 'por envolver aproveitamento de documentos contábeis de firma extinta, o que prejudica o direito ao creditamento autorizado em respeito ao prilícípio da não cumulatividade. Evidente que está o contribuinte de boa-fé a salvo do estorno do crédito indevido, desde que infirme a presunção de ineficácia da operação mercantil, revelando a realidade da subjacente relação jurídica, por meio das provas admitidas em direito, o que, em princípio, constitui absoluta incursão probatória. (.) É certo que a embargante alegou que fez pagamento através de um cheque ao portador emitido por um sócio da empresa, descontando na boca do caixa e sem qualquer vinculação com a nota fiscal e de uma duplicata, do valor remanescente, descontada mediante endosso bancário. Também alegou que suportou o encargo tributário decorrente da aquisição das mercadorias. Aí terminou de confessar a fraude, permitindo que diligências posteriores verificassem que jamais foram contabilizados os valores informados, o que revela a inexistência da operação mercantil corporificada pela nota fiscal n° 290. (-) Os demais documentos que seriam indispensáveis ao esclarecimento da matéria, estão nos autos e são oficiais, conduzindo a certeza' de que o estado de inidoneidade da empresa carioca precedeu ao uso da I nota fiscal que gerou o crédito de ICM impugnado. A ineficácia da operação de venda de mercadorias por empresa Idesativada, de fato e de direito, na espécie é de tal forma aparente que dispensa a publicidade da declaração de inidoneidade posterior, dado 'importante para revelar a inconsistência dos termos da defesa. 38 • , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 A embargante não agiu de boa-fé, pois deixou de pagar o preço correspondente, concorrendo para a ficção comercial que lhe proporcionou vantagem fiscal indevida, pelo que não terá nenhuma influência para as conseqüências do ilícito a demora da publicação da 'portaria que considerou inidôneos os documentos fiscais da extinta firma. i (.) E, quanto ao mérito, era de rigor a improcedência dos embargos, dada a robusta prova realizada a confirmar o indevido creditamento do ICM, através de operação simulada, com uso de documentos fiscais de firma extinta, sem correspondente escrituração fiscal .' "(grifos e destaques na transcrição) Como lido, ressalta notório que para confirmar a decisão estampada no acórdão recorrido, o Sr. Ministro escudou sua convicção no fato de a então apelante ter realizado ato negocial simulado, uma vez que a empresa emitente da nota fiscal havia sido anteriormente à emissão da nota fiscal, extinta por procedimento administrativo de baixa legalmente formalizado, pela Secretaria da Fazenda Estadual. Ainda mais, que a recebedora da nota fiscal não procedeu a devida contabilização da aludida operação comercial, bem como, o mais importante, não comprovou o efetivo pagamento à "vendedora" da dita mercadoria. Por isto concluiu que inexistiu no campo real a operação mercantil e seriam ilegítimos os créditos do ICM. No decisório transcrito ficou tão evidente o intuito de fraude, que a publicação oficial do cancelamento da matricula fiscal passou a ser irrelevante, porquanto as provas carreadas aos autos, por si sós, eram suficientes para atestar a simulação do ato jurídico. A adquirente nada provou no sentido material da existência das mercadorias e efetivos pagamentos à "vendedora". Neste caso, como diz a recorrente, não ter o Poder de Polícia no S moldes da Fazenda Pública para investigar ou promover fiscalização em outras empresas, dirigidas à apuração de possíveis condutas irregulares, neste particular, deve-se aqui concordar com a mesma, uma vez que isto só é facultado ao Estado através de seus órgãos competentes. As notas fiscais e registros cadastrais em repartições públicas, por si sós, não provam as declarações neles contidas, cabendo às partes produzirem suas provas, conforme seus interesses, contra ou a favor das ditas declarações; na forma de que dispõem subsidiariamente o artigo 332 c/c o 368, parágrafo único, ambos do Código de Processo Civil- CPC. Lançada sobre a recorrente a acusação de ter-se beneficiado de ilícitos fiscais praticados pelas empresas indigitadas --- asseveração supedaneada em provas' materiais produzidas pelo Fisco --- por ter recebido e registrado notas fiscais de firmas inexistentes de 39 ' • MINISTÉRIO DA FAZENDA Ë¥.); SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 fato, coube à denunciada produzir suas provas de ter agido bona lide, como leciona o insigne doutrinador WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO: "Da prova e sua classificação - Sem dúvida, prima este instituto pela sua grande importância, porquanto, nas provas geralmente se apoia toda a força do juízo. Quem não consegue provar, dizia MASCARO, é como quem nada tem. Aquilo que não se pode provar equivale, ao que não existe. Não poder ser provado, ou não ser, correspondem à mesma coisa. Parece preferível, por isso a definição de Clóvis, segundo o qual 'prova é o conjunto de meios empreendidos para demonstrar legalmente a existência de um ato jurídico.' Se quisermos ser mais concisos, reproduziríamos a definição de CUNHA GONÇALVES para quem prova é a demonstração da verdade de um fato"- Curso de Direito Civil, Ed. Saraiva/1° vol. 27 ed., 1.988, pág. 245. Também há decisões do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo --- como consta da petição de recurso (fls. 1.116/1.117 do vol. 111/16) e tiveram de suas ementas transcritas no relatório deste julgado --- no sentido de que devem ser admitidos como legítimos os créditos do ICM destacados em notas fiscais emitidas por empresas tidas como inidôneas, se os atos negociais eram anteriores à oficial publicação da declaração que passou a recair sobre elas. Agora, no caso em tela --- que em momento algum, diga-se de passagem, demonstra aparência de atos negociais simulados --- a fiscalização sustenta sua a lcusação nos precisos termos (como se lê no Termo de Verificação Fiscal às fls. 84 do vol. 1116), escrevendo: "5- O contribuinte REDUZIU O MONTANTE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES A RECOLHER relativos aos anos de 1989 a 1993, apropriando-se indevidamente de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados relativos a matérias-primas adquiridas para emprego na industrialização de produtos de sua fabricação, bem como a is custos de produção de bens fabricados, MEDIANTE O RECEBIMENTO, UTILIZAÇÃO E REGISTRO EM SEUS LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS, DE NOTAS FISCAIS QUE NÃO CORRESPONDEM À SAÍDA EFETIVA DAS MERCADORIAS NELAS DESCRITAS DOS ESTABELECIMENTOS EMITENTES. Embora intimado a comprovar, através dos competentes Termos anexos a este, o efetivo fornecimento de mercadorias pelas empresas emitentes das notas fiscais, tanto sob o aspecto financeiro (pagamento) como quanto à 40 v` • MINISTÉRIO DA FAZENDA„ .*Z SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 efetividade do ingresso das mercadorias, identificando os responsáveis pelo seu fornecimento e por sua comercialização, o contribuinte não logrou fazê-lo, limitando-se a apresentar cópias contábeis de cheques anotados como usados para os respectivos pagamentos, consolidados nos demonstrativos de fls. 4.512 a 4.578, e as duplicatas emitidas por aquelas mesmas empresas, além daqueles documentos esPecificamente considerados nos itens 5.6.5, 5. Z6 e. 5.10.6, abaixo." (grifos na transcrição) Contudo, na mesma data da lavratura do Auto de Infração (13.10.94), como atesta o TERMO DE APREENSÃO DE DOCUMENTOS (fls. 852 do vol. 111116), o Sr. AFTN foi textual: "No exercício de minhas funções de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional e nos termos dos artigo 955 do RIR/94 e 218 do RIPI/82, 1 nesta data e local efetuei, para fins de exames e diligências, a apreensão das primeiras vias das duplicatas e recibos de depósitos bancários, com cópias anexas a este Termo, apresentadas em resposta aos nossos Termos de Intimação de 01/02/94, 07/02/94, 18/02/94, 01/03/94 e 24/03/94 referentes' às seguintes empresas: 1) Ferro Velho Guimarães 2) Distribuidora Ferro Minas Ltda 3) Metaldur Ltda 4) Sidermetal Ind E Com. de Ferro e Aço Lida 5) Parnaíba Comercial Ltda 6) Sociedade Comercial Jatobá Ltda 7) Vascofer Com. Ind Ltda 8) Chapaço Matozinhos Ltda 9) Carlos Roberto Teixeira - Coferminas Nesta oportunidade, devolvemos, à excec'do daqueles apreendidos através deste Termo, todos os outros documentos ..." (grifos na transcrição) Se foram apreendidos recibos de depósitos bancários que favoreCiam àquelas empresas, é certeza que os mesmos existiam e se destinavam a comprovar pagamentos pelas aquisições das mercadorias constantes nas notas fiscais. Uma vez apreendidos pela 41 IÇ . • MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES v`,1171:0 Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 fiscalização, vejo que os mesmos constituíam prova do pagamento, justamente uma daquelas comprovações que o autuante asseverou não existirem. É certo que o comando do artigo 218 do RIPI/82, faculta à fiscalização da Fazenda Nacional proceder à apreensão de qualquer elemento do documentário fiscal do estabelecimento, mas tal procedimento deve ser reduzido a termo, onde conste, discriminadamente, o rol de documentos apreendidos, por sua natureza, data, valor e outras informações que possibilitem reconhecê-los a qualquer tempo. Os recibos de depósitos bancários eram elementos de prova da contribuinte --- nos termos da lei (Portaria/MF n. 187/93) necessários e hábeis para comprovar o pagamento das mercadorias e a ocorrência de custos de produção --- e não poderiam ser simplesmente apreendidos em termo genérico. A prova milita a favor da autuada e a mesma não está discriminada nos autos, nem por cópia ou relação. Nesta altura, não se sabe o que e em que quantidade de documentos foram apreendidos e retidos pela fiscalização da Fazenda Nacional, que como insistido', era a prova do sujeito passivo, prevista em lei, da ocorrência de desembolso pela aquisição das matérias- primas. Já BENTHAM (in Taité des Preuves Judiciaires, Liv. 1°, Tít. Vl e Liv. 4 0, Cap. 1) fez interessante classificação das provas diretas e indiretas; mas seu maior mérito constituiu em haver distinguido as provas preconstituídas e as casuais. Provas preconstituídas são a obra do legislador, que as institui ou ordena por previdência. São dadas 'para que, de futuro, não se levantem dúvidas em torno da realidade de um fato, de uma obrigação de qualquer ato jurídico, ou ainda de uma simples proposição. Nos expresso á termos da Portaria/MF n. 187/93 os comprovantes de pagamentos (originais dos depósitos bancários) eram a acima referida prova preconstituída, que se prestava a confirmar a 'alegação de materialidade dos atos negociais, isto é: o efetivo pagamento pela coisa recebida. I, Não constitui ato ilícito o praticado pela fiscalização no exercício regular de um direito reconhecido (artigo 218, RIPI/82). O próprio ordenamento jurídico se l incumbe de fixar a exata extensão dos direitos concedidos. Teve CÍCERO a intuição --- sobre o abuso do direito --- quando afirmou: "Summum jus summa injuria". Contudo, em momento algum o ato da fiscalização pode ser aceito como sido praticado com o objetivo de prejudicar a contribuinte; tão-somente deixou aquela de observar o direito desta, de ver sua prova apreciada, visando prima facie salvaguardar os interesses da Fazenda Pública. Julgo que não teve o autuante a manifesta intenção de ilaquear a parte contrária, por não ter reduzido a escrito os documentos apreendidos. Da já citada petição que requereu a juntada de documentos e procuração e, ainda, serviu para prestar outros esclarecimentos, por amostragem, a recorrente traz cópias dos alguns cheques emitidos, cruzados em preto, e depósitos bancários a favor das seguintes empresas: 42 MINISTÉRIO DA FAZENDA , SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 1) Metaldur Ltda. 2) Sidermetal Inci e Com. de Ferro e Aço Ltda. 3) Parnaíba Comercial Jatobá Ltda. 4) Sociedade Comercial Jatobá Ltda. 5) Vascofer - Comércio e Indústria Ltda. 6) Sifer Ltda. 7) Ferro Velho Guimarães Ltda. 8) Ferros e Metais Progresso Ltda. 9) Ferbrasil - Comércio de Ferro Ltda. 10) Prosider - Produtos Siderúrgicos Ltda. 11) Distribuidora Ferro Minas Ltda. 12)Ferro Velho Com. e Ind Matilde Ltda. 13) Chapaço Matozinhos Ltda. 14) Coferminas - Carlos Roberto Teixeira 15) Leluam - Mercantil de Ferrosos e Metais Ltda. 16)Metaloeste Ltda. A rigor, deve-se também considerar a dificuldade em se conseguir junto aos bancos os microfilmes dos cheques emitidos para pagamentos das aquisições, isto porque se passaram muitos anos e as instituições financeiras só estão obrigadas a conservar e deixar à disposição do Fisco os documentos que ainda não foram atingidos pelo prazo decadencial de cinco anos (Lei n. 4.502/64, arts. 56 e 58 e Decreto-lei n. 486/69, art. 4°). No caso sob exame há pagamentos desde 1988 e o Auto de Infração é de outubro/1994. Como documentos anexados ao apelo, a autuada trouxe aos autos consultas que fez junto à Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais (cf. fls. 1.153/1.159 do vol. 1H11 6) sponte propria, uma vez que não tenho noticia de lei federal ou estadual que a 43 I ' MINISTÉRIO DA FAZENDA '1!,ü SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 obrigasse a tal procedimento --- pedindo a confirmação daquele órgão sobre várias empresas- fornecedoras. Uma consulta, respondida em 30.04.91 (fls.1.155 do vol. IIV16) dá como regularmente inscritas as empresas Carlos Roberto Teixeira, Distribuidora Ferro Minas Ltda. e Leluan Mercantil de Fer. e Met. Ltda. No mesmo expediente o fisco estadual informa que inexiste inscrição da empresa Ferro Velho Matilde Ltda. Contudo é de se destacar que a consulta foi 'protocoliza& em 28.01.91 e só foi respondida em 30.04.91. Entendo que os negócios das empresas não podem esperar tanto tempo para serem realizados --- três meses --- para receberem tal atestado, o qual, repisa-se, foi provocado voluntariamente pela contribuinte. O que causa estranheza é o fato das empresas tidas como regularmente inscritas, em 30.04.91, foram objeto de posteriores publicações de declarações de inidoneidade, com seus efeitos retroagindo a períodos anteriores à data da resposta da própria consulta. Voltando à empresa Ferro Velho Matilde Ltda., os negócios foram realizados entre 20.12.90 a 02.05.91 e o Ato Declaratório foi emitido em 03.07.91. Logo, não houve transação comercial com a referida empresa após a ciência do expediente do fisco estadual, uma vez que quase coincidentes a data da resposta da consulta (30.04.91) com a emissão da última nota fiscal (02.05.91), assim como foram anteriores à data da emissão do referido Ato. O pronunciamento da Fazenda Estadual autorizou a continuidade dos negócios da recorrente com as empresas Carlos Roberto Teixeira - Coferminas (de 04.09.90 a 19.07.91) e Distribuidora Ferro Minas Ltda. (de 07.01.91 a 04.06.91), assim como chancelou as aquisições verificadas anteriormente com a empresa Distribuidora Ferro Minas Ltda. (de 09.01.91 a 04.02.91) Já na outra carta-consulta (fls. 1.156/1.157 do vol. 111/16), de 24.04.90, a recorrente arrolou 26 empresas. Em sua resposta o fisco estadual, de 23.05.90, informa as "Firmas remularmente inscritas no cadastro de contribuintes do Estado co,,).,Microfichas de 27/11/89." (fls.1.158/1.159 do vol. 111/16); sendo que dentre as 21 que estavam ativas, à época, encontram-se as empresas Sociedade Comercial Jatobá Ltda. e Prosider - Prod Siderúrgicos Ltda. Como visto, na resposta datada de 23.05.90 a Fazenda Estadual louvou-se nas microfichas de 27.11.89. Assim, para fornecer informações que deveriam ser 'atualizadas sobre contribuintes, o próprio Fisco Estadual está defasado em 4 meses e, depois, como pode atestar retroativamente a inidoneidade de seus contribuintes, se o destempo já está contido em seus próprios registros cadastrais. Vale verificar que as emissões fiscais da Comercial Jatobá Ltda são do período compreendido entre 08.01.90 a 13.06.90 --- o que foi autorizado pela resposta do 44 h . . MINISTÉRIO DA FAZENDA - 14110 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 fisco estadual a continuar com as transações comerciais --- e o Ato Declaratório foi emitido em 02.09.91. No mesmo confronto, as notas fiscais da Prosider Produtos Siderúrgicos Ltda. são de 08.01.90 a 13.03.90, assim, atos praticados anteriormente à ciência da consulta, que além de tudo dava pela regularidade da empresa consultada. Como já dito, aceito os Atos Declaratórios com a devida cautela, precisamente pelo fato de a ocorrência destes tipos de desencontros de informações fornecidas pelo próprio Fisco, que nunca podem militar contra os contribuintes, ainda mais serem utilizados para fazer juízo de culpa de quem quer que seja, muito menos para supedanear a acusação de cometimento de fraude. A Fazenda Impositiva não pode se servir de Atos Declaratórios para desdizer informações oficiais prestadas aos contribuintes e, depois, assacar sobre os mesmos a pecha de fraudadores do erário público. Sobre os pagamentos efetuados às empresas-vendedoras, cabe n ressaltar que às fls. 4.512 a 4.578 do vol. XV/16 consta relação dos cheques emitidos a todas elas, por: nota fiscal, emissão, valor, data do pagamento, número do cheque e banco. Este levantamento não mereceu qualquer menção sobre sua efetividade nos fundamentos denegatórioS da decisão recorrida. Sinto que a autoridade fazendária deveria, ainda que por amostra, determinar por diligência o rastreamento de alguns cheques de todas empresas ao invés de apenas aceitar o trabalho que a fiscalização efetuou sobre as empresas Metaldur Ltda., Sidebiusil Lida e Vasconfer Com. e Ind Ltda. Aliás, sobre estas três empresas que tiveram suas contas- correntes levantadas, a fiscalização da Fazenda Nacional concluiu serem irregulares e movimentadas por terceiros que não eram seus representantes legais, chegando até a estabelecer vínculo entre os supostos infratores. Nada restou comprovado que ditos responsáveis pelos delitos fiscais tivessem qualquer participação na administração 'da apelante, bem como que esta tenha se beneficiado dos valores recebidos através de cheques nominativos ou depósitos em conta-corrente que efetuou pelas aquisições das matérias-primas. A recorrente não poderia conhecer aquilo sobre o que não tinha acesso ou lhe era defeso conhecer, se os próprios bancos não souberam esclarecer as dúvida á levantadas pela fiscalização --- inclusive sobre a documentação das pessoas que movimentavam as referidas contas bancárias e não possuírem em seus cadastros os documentos exigidos pelo BACEN --- muito menos poderia exigir-se que outro particular pudesse atestar ou desconfiar da inidoneidade das mesmas. O sigilo bancário é garantido pela Constituição Federal e as exceções para sua quebra não se aplicam às pessoas de direito privado. O que causa estranheza é que as empresas, tidas como inexistentes de fato, movimentassem regularmente suas consideráveis contas bancárias, com recebimento de depósitos ou cheques nominativos em grande número e saques dos mesmos, sem' que sobre elas, até então, recaísse a pecha de inidôneas pelas instituições financeiras ou 13ACEN. A fiscalização deveria apurar quem eram os verdadeiros responsáveis pelas transações bancárias 45 h nn MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 e beneficiados pela movimentação bancária em nome de tais empresas, bem como, como já afirmado, procederem para todas as empresas o rastreamento dos cheques emitidos ou depósitos efetuados pela recorrente. Não tenho dúvidas que este procedimento levaria a fiscalização aos verdadeiros beneficiados pelos ilícitos fiscais e mentores intelectuais dos atos inquinados de inidôneos. Cui Prodest ? A quem aproveitaria? [ Pergunta que se costuma formular para insinuar que o provável autor de um ato criminoso é a pessoa que dele tira proveito]. Os pagamentos regularmente feitos pelas compras militam a favor da recorrente. Não é do bom direito que alguém pague pelo que não recebeu ou não deve, ainda mais no considerável volume de compras que a fiscalização acusa de irreal. Ê a presunção juris tantum, relativa, que aceita prova em contrário, só que nesta altura era ônus processual da Fazenda Impositiva, para demonstrar que os pagamentos dos custos inocorreram e os créditos básicos do IPI eram ilegítimos. Da detida leitura do Termo de Verificação Fiscal (fls. 74/104 do , vol. 1116) --- para os casos em que o autuante aprofundou suas investigações e por conseqüência chegou a algumas pessoas ligadas às empresas-vendedoras --- depreende-se que alguns 'depoimentos foram tomados como verdade absoluta, de pessoas diretamente vinculadas aos negócios, dados com o único expediente de eximir sua participação, escudando suas palavras em eyasivas, para não responder pelos ilícitos, transferindo as acusações para os ombros da recorrente. A decisão recorrida, como transcritos seus fundamentos, dá relevância aos y3 depoimentos de tais pessoas --- os quais militavam contra contribuinte e foram aceitos como prova --- sem, contudo, dar o mesmo valor à argumentação do sujeito passivo. PESCATORE (in La Lógica Dei Diritto, Cap. XV) dá a razão filosófica da necessidade prática por via da qual quem alega a verdade de um fato como fundamento e condição jurídica de 'seu intento, deve ministrar a prova respectiva; as declarações de uma e outra parte se equivalem e devem ser tratadas no mesmo pé de igualdade; só depois de comprovada, dar-se-á preferência a uma ou outra declaração. A outra prova que o Fisco sustenta que o sujeito passivo deixou de constituir foi a do efetivo ingresso das mercadorias em seu estabelecimento. Contudo, não vejo assim. Quando de sua impugnação ao feito fiscal a autuada juntou, para todas notas fiscais impugnadas, os comprovantes de pesagem de sua balança eletrônica, que apresentam os elementos necessários para estabelecer o vínculo entre as mercadorias descritas e aquelas que foram recepcionadas no pátio industrial. O l cotejo das notas fiscais, comprovantes da balança eletrônica e pagamentos, que fiz por pequena amostra, demonstra a efetividade dos negócios. Mesmo que esta prova tenha sido constituída por alentada documentação, também neste particular, nos fundamentos denegatórios a decisão recorrida não destinou • 46 , 111-1 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 sequer uma linha sobre o ponto controverso, limitando-se a concluir no final do decisório (fls.1.087 do vol. 111116): "Quanto à solicitação de perícia, julgamos ser a mesma desnecessária, haja vista que o interessado não formulou nenhum quesito e as declarações dos responsáveis pelas empresas retro descritas comprovam a impossibilidade das efetivas transações comerciais, entre o reclamante e cada uma daquelas empresas, cujos créditos foram glosados. Da mesma forma, os argumentos de que não foram se2uidas as normas constantes da Portaria MF 187/93 (DOU de 28/04/93), também são improcedentes, uma vez que esta Portaria, apesar de ter como finalidade o resguardo dos direitos da União e de terceiros, não tem o condão de obstar a ação do fisco quando ausente a prévia declaração de inidoneidade de alguma empresa." (grifos na transcrição) Também anexa à impugnação há demonstrativo detalhado de entrada da mercadoria no estabelecimento industrial da recorrente. Ainda mais, há cópias d'as Fichas de Registro de Controle de Produção e Estoque - Modelo 3, que voltaram a ser juntadas, como amostra, com a interposição do recurso voluntário (fls. 1.128/1.129 do vol. II1/16), e demais documentos que informam a movimentação das matérias-primas no estabelecimento (fls. 1.132/1.152 do vol. 111116). Na denúncia fiscal o autuante elaborou quadro demonstrativo sintético que informa, por empresa, os totais das mercadorias discriminadas nas notas fiscais que foram objeto das transações comerciais questionadas (fls.229 do vol. 1116). Como se' lê, o total movimentado foi a expressiva quantidade de 54.381,17 ton (ferro lingotado = 19.375,51 ton e ferro gusa irregular = 35.005, 66 ton). Os dois tipos de ferro são matérias-primas indispensáveis à produção do aço, pelo que sem elas a recorrente não reuniria condições para industrializar o correspondente volume de produtos finais destinados à venda. A hipótese da saída das mercadorias dos estabelecimentos emitentes das notas ficais se aplica, por exemplo, quando a mercadoria tenha de sair de um armazém geral em que a empresa fornecedora emitira o documento --- com ou sem destaque do IPI --- e o armazém geral emitirá outra nota fiscal para acompanhar a mercadoria até o adquirente. Mas, se, como pressupôs o autuante, as matérias-primas não saíram diretamente do espaço fisico onde se situa o estabelecimento emitente, mas de outro lado, a falta dessa anotação não autoriza a presunção de inexistência do estabelecimento emitente. É que as normas regulamentares do IPI não exigem que as mercadorias devam sair obrigatoriamente do local fisico onde se situa o estabelecimento emitente ou que 47 n 11 , MINISTÉRIO DA FAZENDA ;;F,j':0AZV' SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES ‘.• Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 empresas possuam estabelecimento autônomo para armazenamento de suas mercadorias, nem proíbe que as mercadorias sejam apanhadas pela empresa emitente das notas fiscais em estabelecimentos de terceiros, por ocasião de sua venda, pois não é de se imaginar que empresas com estabelecimentos situados em andares de edificios, por exemplo, possam neles ter espaço para armazenamento de suas mercadorias de comércio. Verifica-se que a grande maioria das notas fiscais foram emitidas por empresas comerciais, logo, não consideradas contribuintes do IPI e sem destaque do imposto (crédito). E tanto isso é certo, que os incisos VIII e IX do art. 245 do RIP1182, dispõem: "VIII - quando os produtos não saírem do estabelecimento emitente da nota fiscal, a data da efetiva saída será posta, no local desta, pela própria firma emitente da Nota-Fiscal por quem estiver autorizado afazer a entrega; IX - verificada a hipótese do inciso anterior, o estabelecimento emitente da Nota-Fiscal declarará, na via ou cópia da Nota em seu poder; a data em que o produto tiver efetivamente saído do local da entrega." A expressão estabelecimento emitente contida no inciso VII do artigo 244 do RIPI182, assim como no do artigo 365, inciso II, tem o sentido de empresa. O que a lei penaliza, e de forma exasperante, é a descrição de Mercadorias em nota fiscal que não corresponda a uma efetiva saída das mesmas da empresa emitente, isto é, que não sejam de produção e/ou de comércio desta. Em outras palavras, a emissão de nota fiscal graciosa ou simulada: Como acima exposto, não há qualquer obrigação de que as Mercadorias vendidas por qualquer empresa comercial saiam da sede das mesmas. Elas podem, sem afrontar a lei, adquiri-las em qualquer "fonte" e entregá-las diretamente à empresa adquirenie, sem que as normas do Regulamento do 1PI sejam desatendidas. Não há, pois, como se pressupor, só por este motivo, que essas aquisições caracterizem indício de simulação. Ademais, a recorrente é beneficiária do incentivo previsto na Lei n. 7.554, de 10.12.86, que dava direito a ela a se creditar de 95% do IPI a recolher no período em questão. Não vislumbro um motivo plausível pelo qual iria a recorrente proceder às operações simuladas com largo custo, sem que obtivesse qualquer beneficio direto. Acresce que, a simulação como ato de enganar e propósito de lesar o Fisco analogamente com o que ocorre com o dolo, a fraude e os atos de má fé em geral, para que se prove por indícios, estes hão de ser fortes e convergentes no sentido de evidenciar a simulação. 48 - • MINISTÉRIO DA FAZENDA ON#14) SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Este Conselho de Contribuintes por sua ia Câmara já decidiu à unanimidade de seus membros, pelo Acórdão n° 59.452, de 23.09.80, cuja ementa é a seguinte, verbis: "IPI - Simulação de operações, mediante a emissão de notas-fiscais que não correspondem à saída efetiva de mercadorias para a prova da simulação, é certo, bastam presunções e indícios. Tais presunções e indícios devem, entretanto ser graves e precisos, sem o que não poderão fundamentar sem convencimento. Só, pois, os indícios e circunstâncias convergentes e veementes têm valor de prova a 'autorizar o reconhecimento de que se trata de operação simulada." Há fundamentação do voto constante da ementa acima, quanto à emissão de nota fiscal sobre a qual a fiscalização sustentou que não corresponde a uma saída efetiva dos produtos nelas descritas do estabelecimento. Ou seja, de que a operação caracterizava-se como simulação. Assim está escrito: "É, pois, ilícito fiscal e criminal, que na sua imputação deve ficar plenamente demonstrado. Impõe-se assim, ao imputador, caracterizar e comprovar todos os pressupostos do ilícito. Não basta alegar sem qualquer indício de prova. É certo, que a simulação, como aliás, o dolo, a fraude e, em geral, os atos de má-fé, pode ser provada por indícios e circunstâncias. No' entanto, os indícios e presunções não podem ser degredados a meras conjunturas, quando idôneos, em tese, a configurar a ilicitude cometida pelos que operam à maneira do camaleão, para burlar a lei e lesar I o fisco. É necessário que os indícios e presunções se baseiem em fatos de que se possa tirar uma conclusão positiva da existência da simulação. Destarte, a prova de simulação, ainda que feita por indícios ou circunstâncias, nas condições já expostas, deve ser completa, segura, porque se restar dúvida de que o ato pode ser verdadeiro e exprime a vontade real das partes, deve preferir-se esta interpretação e rejeitar a que leva a anular ou a variar os efeitos do negócio." (grifos na transcrição) Na esteira dos trabalhos, para comprovar a acusação de forma irrespondível, deveria a fiscalização comprovar que a expressiva quantidade de matéria-prima (54.381,17 ton) na realidade não entrou no estabelecimento industrial da apelante. Isto só poderia ser feito através de uma auditoria de produção, uma vez que, se não restasse comprovado que ditos insumos foram aplicados na produção de aço ou não estavam em estoque, aí sim, neste particular, ensejaria a evidência da simulação do ato jurídico. 49 11' MINISTÉRIO DA FAZENDA Wazzgy SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 No meu sentir, julgo que a recorrente fez prova cabal da entrada das mercadorias em seu estabelecimento e dos efetivos desembolsos dos pagamentos à data em que as empresas emitiram as referidas notas fiscais, pela emissão de cheques nominativos ou depósitos bancários, já exaustivamente comentados acima. Quando a lei impõe certa forma para determinado ato, este não pode provar-se senão quando obedecida a forma prefixada. Neste e noutros casos de forma especial, não se admite prova do ato jurídico através de outros meios, ainda que qualificados, como a confissão ou depoimento de terceiros vinculados ao mesmo ato. Já sustentei que os comandos legais da Portaria/MF n. 187, de 26 de abril de 1.993, foram dirigidos exclusivamente à fiscalização para a apuração de ilícitos desta natureza, e os procedimentos administrativos contidos no citado normativo passaram a ser ônus processual da fiscalização. Isto quer dizer que a norma legal impõe no seu artigo 4° - "Sempre que, no decorrer da ação fiscal, forem encontrados documentos emitidos em nome das pessoas jurídicas referidas no art. 3°, o contribuinte sob fiscalização deverá Ser intimado para comprovar o efetivo pagamento e recebimento dos bens, direitos, mercadorias ou da prestação de serviços, sob pena de: ...II) ter glosado o crédito fiscal originário de documento inidõneo;... " Assim, muito embora a fiscalização tenha intimado o sujeito passivo a comprovar a efetividade de todas as aquisições e seus respectivos pagamentos; no que foi atendida, deixou de aprofundar suas investigações para concluir no sentido de ocorrência de simulação dos atos negociais, pelo único fato da inexistência das empresas-vendedoras nos endereços indicados, o que foi confirmado pela edição dos Atos Declaratórios. Como já asseverei no início deste julgado, muitas vezes já me pronunciei sobre esta matéria, e considero de bom-tom transcrever as ementas de três arestos --- existentes entre vários --- que consubstanciam meu posicionamento: "IPI - NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. MULTA DO ART. 365, II, RIPU82.Comprovada a inexistência de empresas emitentes deve ser mantida a denúncia fiscal, mas se o adquirente tomou os cuidados que lhe competia e eram possíveis na condução dos negócios - restou comprovada a entrada das mercadorias e os pagamentos foram feitos através de cheques nominativos e em instituições financeiras e, ainda, incomprovado o conluio, descabe aplicação da penalidade Aplicação do disposto no art. 112 do CT1V. Recurso provido" (Ac. 202-07.078, de 21.09.94) "IPI - NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. Sendo de emissão de empresas comprovadamente inexistentes de fato à época das transações, enseja aplicação da multa prevista no artigo 365, inciso II, do RIPI/82, só sendo afastada a denúncia fiscal se o contribuinte logra comprovar ter recebido 50 1 1 IP MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 as mercadorias e pagas através de terceiros (liquidações através de instituições financeiras. ... Recurso parcialmente provido" (Ac. 202- 07.198, de 20.10.94) "IPI - NOTAS FISCAIS 1NIDÓ. NEAS - Sendo de emissão de empresas, comprovadamente, inexistentes de fato à época das transações, enseja aplicação da multa prevista no artigo 365, inciso II, do RIPI182, só sendo afastada a denúncia fiscal se o contribuinte logra comprovar ter recebido as mercadorias e pago regularmente, através de terceiros' (instituições• financeiras). Portaria Ministerial nr. 187, de 26.04.93. Recurso provido" (Ac. 202-07.383, de 31.03.95) Esta é a jurisprudência dominante e atual das três Câmaras do Segundo Conselho de Contribuintes. Agora, deve-se ter em conta que o que há algum tempo já era jurisprudência pacífica do Segundo Conselho de Contribuintes --- é considerada idônea a nota fiscal de fornecimento de mercadoria se o adquirente logra comprovar, com documentação hábil e idônea, o efetivo ingresso das mesma em seu estabelecimento e pagou a aquisição através de instituições financeiras --- com a edição Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, este entendimento deixou de ser discutível, uma vez que a Fazenda Nacional ainda verri entendendo que a inexistência da empresa no endereço indicado na nota fiscal, por si só, já 'autorizava à conclusão de que a transação comercial inexistiu de fato. O artigo 80 e seus §§ tratam da suspensão do cadastro do CGC e o procedimento administrativo levado a efeito no sentido de declarar a situação irregular de tais empresas, bem como a relação das mesmas que estará à disposição dos demais contribuintes, tornando assim pública a condição de empresas inaptas. Em seguida, no artigo 81, dispõe sobre a declaração de empresa inapta que é aquela que deixa de entregar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais exercícios e não for localizada no endereço informado à SRF, assim como daquela que não exista de fato. Já o artigo 82, diz que além da hipóteses de inidoneidade dos documentos previstos na legislação, os terceiros que receberem tais documentos não poderão se beneficiar dos efeitos fiscais produzidos pelo documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no CGC tenha sido declarada inapta. O parágrafo único do artigo 82 é que consolida, agora no texto da lei, o entendimento do Segundo Conselho de Contribuintes, que expressamente dispõe: "Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços 51 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA -41*.LSejiUN SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 1 Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços" Assim, doravante, fica consignado em lei que a inexistência de fato de atividade comercial no endereço informado na nota fiscal da emitente, à época dos negócios, não é razão bastante e suficiente para se declarar a inidoneidade da operação, se o adquirente de boa-fé comprovar a efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias. Ainda que os efeitos da Lei n. 9.430/96 não tenha o condão de retroagir, porque foi editada após a lavratura deste Auto de Infração, a norma contida no comando ínsito no parágrafo único do artigo 82, como uma luva na mão de seu dono, vem agasalhar a tese jurisprudencial pacífica do Segundo Conselho de Contribuintes. Minha conclusão é de que devem ser considerados legítimos o créditos do IPI destacados nas notas fiscais inquinadas de inidôneas pela fiscalização da Fazenda Nacional, porquanto restaram comprovadas as transações comerciais, pelo pagamento dos títulos junto à instituições financeiras (cheques nominativos cruzados em preto e/ou depósitos bancários) e a efetiva entrada das matérias-primas no estabelecimento industrial da apelante. Não apreciadas as preliminares levantadas pelo sujeito passivo, em razão da decisão de mérito. Pelo fio do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para excluir da exigência originária os itens 1.2, 2 e 3 e ainda, Os encargos da TRD cobrados a título de juros de mora no período anterior a 01.08.91, sobre o item 1.3. Sala das Sessões, em 14 de maio de 1997 JOSÉ CABRAL e :F ANO 52 I , MINISTÉRIO DA FAZENDA, SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 DECLARAÇÃO DE VOTO DO CONSELHEIRO MARCOS VINICIUS NEDER DE LIMA Trata o presente processo de exigência fiscal por falta de recolhimento de IPI, tendo sido apuradas as seguintes infrações: 1. Recolhimento a menor do incentivo a Siderurgia; 2. Uso de crédito de IPI mediante utilização de notas fiscais falsas/inidôneas; 3. Emissão ou Utilização de notas fiscais irregulares; 4. Falta de cumprimento de obrigação acessória. Examinarei neste voto, tão-somente, as infrações elencadas nos r. itens 2 e 3, por entender que o provimento parcial por maioria ao recurso relativo a estas infrações, a meu ver, merece reparos. O ilustre Conselheiro defende ser indevida a glosa dos créditos de IPI relativos aos produtos adquiridos pela recorrente junto a fornecedores declarados inidôneos pelo Fisco, por entender que: "a inexistência de fato das empresas vendedoras, nOis endereços indicados nas notas fiscais, não é razão bastante e suficiente para se afirmar que as operações de venda das mercadorias nelas discriminadas também inexistiram na realidade e que foram atos jurídicos simulados. (...) a adquirente das mercadorias , terceiro de boa-fé, comprova com documentos hábeis e idôneos que tomou todos os cuidados necessários que se exige nas transações comerciais, comprovando o recebimento das mercadorias, através de registros próprios, e o efetivo pagamento das mesmas, por meio de cheques nominativos ou depósitos nas contas correntes das vendedoras, mantidas junto a instituições financeiras, é de ise aceitar a efetividade das operações comerciais." Verifica-se, portanto, que as razões de decidir do julgador circunscrevem-se a alegação de boa-fé da adquirente, ora recorrente, quando da realização das 1 operações comerciais. De igual forma, a própria apelante, em sua defesa, também não questiona as provas apresentadas pelo Fisco, limitando-se a afirmar que as mercadorias adquiridas foram recebidas e pagas por ela e que desconhecia a situação fiscal das empresas vendedoras. De fato, os elementos de prova que instruem o processo são muito convincentes neste sentido, os documentos, os minuciosos relatórios de trabalho, declarações a termo dos sócios, as diversas averiguações, diligências efetuadas, e as pesquisas junto ao sistema de recuperação de cadastro dos Órgãos Públicos envolvidos (doc. de fis 319/700) demonstram que as empresas emitentes das notas fiscais foram constituídas apenas de direito, não existiam à época da transação comercial. Tanto é assim que todas foram consideradas 53 I I ") MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : • 202-09.210 formalmente inidôneas, mediante publicação dos Atos Declaratórios da Fazenda Estadual do Estado de Minas Gerais. Sendo assim, cabe neste formular a seguinte indagação: a quem aproveitaria burlar a ação do fisco? (Cui Prodest ?) Que beneficios estariam sendo prOpiciados aos mentores da utilização de documentos marginais ao comércio legalizado, ou seja, a emissão de notas fiscais frias, obtidas por meios de artificios dolosos e inverídicos? Na tentativa de dar reposta satisfatória a esta questão, não pode ser afastada a possibilidade da recorrente ser a mentora de tal fraude, eis que foi diretamente beneficiada com a utilização de tais créditos, como ficou demonstrado em seu recurso quando pleiteia, às fls. 1099, a seguinte compensação: "a quitação se deu em virtude da Recori-ente possuir créditos, junto à Receita Federal, à título de ressarcimento de IPI (Beneficio' de Insumos incorporados à produtos exportados)". Resta claro, portanto, que os créditos objeto desta lide não só foram mantidos em sua escrita fiscal como também podem ter sido Utilizados em pedidos de ressarcimento como créditos incentivados. O ilustre Conselheiro Celso Alves Feitosa muito bem tratou a dificil questão das notas frias em voto de sua lavra, no Acórdão 101-81505, da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em tudo similar ao caso em comento, a saber: "Ora, no exercício de uma atividade social, as operações entre empresas, em regra, é precedido de cuidados mínimos, sendo incontestável a necessidade de se conhecer os estabelecimentos, locais de funcionamento etc. As partes, nos seu dia-a-dia entram em contato, definem pedido, estabele icem preços, cobram, devolvem, pagam, telefonam. Estes acontecimentos deixam rastros indeléveis, pois grande parte realizados pela forma escrita. Em que pese algumas vezes as empresas compradoras não saibam precisamente as condições fiscais de suas fornecedoras, e nemi isso seria exigível, irregularidades são exceção. A regra é a existência dos estabelecimentos vendedores, suas regularidades comerciais, a identificação precisa das pessoas responsáveis pelo trato das operações, enquanto pagamentos se aconteçam pelo sistema bancário." Estou com tal entendimento. A alegação de irresponsabilidade da l recorrente por desinformação a respeito dos fornecedores dos quais adquiriu mercadorias porlargo tempo, período de 1989 a 1993, em valores vultuosos e quantidades expressivas, é, a meu ver, inaceitável. Como se isso não bastasse, o exame dos documentos trazidos a colação pela recorrente, que embasariam a alegação de as aquisições de matéria-prima foram efetivamente 54 1 • , MINISTÉRIO DA FAZENDA L .a j42:0&351' „ SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 pagas e que ingressaram na empresa não se prestam para este fim, como procurarei demonstrar. De fato, a contribuinte apresentou duplicatas e alguns depósitos bancários de transações durante a fiscalização, acrescentando, posteriormente, após a interposição do recurso, nova documentação complementar. Tal documentação refere-se a cópias de cheques, de dificil leitura e compreensão, sem nenhuma autenticação tanto oficial quanto da instituição financeira onde foram obtidas. Ora, se o Conselheiro-relator utilizou tais provas como suficientes para comprovar a veracidade das operações, seria no mínimo aconselhável que se verificasse a autenticidade de tais documentos, que não foram apreciados nem pelo Fisco e nem pela autoridade julgadora. É certo que o artigo 17 do Decreto n° 70.235, com nova redação dada pelo artigo 1° da Lei n° 8.748/93, restringiu o prazo de juntadas de provas durante a tramitação do processo para até a fase de interposição do recurso voluntário, contudo a jurisprudência desta casa se consolidou no sentido de que provas possam ser anexadas após a interposição do recurso. Entretanto, a autoridade fazendária não poderia ter deixado de examinar os argumentos relacionados com os documentos anexados às fls. 1169/1312, sob pena de caracterizar cerceamento do direito ao contraditório, especialmente, numa matéria controvertida como a dos autos que versa sobre nota fria. A questão da legalidade de tais provas, preocupou este julgador, tanto assim que votou no sentido de converter o julgamento do recurso em diligência, para que se intimasse a recorrente a fazer provas, apresentando os originais destes documentos bancários. Entretanto, diante da negativa do ilustre relator, parcela majoritária do Colegiado entendeu por não realizá-la. Oportuna e escorreita, a este propósito, a lição de Vicente Greco Filhol: "Quanto às cópias fotográficas, xerográficas etc., valem como certidões, desde que o escrivão reconheça a sua conformidade com o original, tendo, no caso de documento particular, o mesmo valor probante do original. (...) As cópias provam como os originais, ou seja, os fatos que delas emanam são considerados da mesma maneira. Todavia, a cópia não substitui o original se é o próprio documento que produz efeitos juridiCos."(Grifo meu) Por outro lado, mesmo que se ultrapasse a dúvida pertinente a legitimidade de tais provas, não estariam de igual forma comprovadas as aludidas operações. O exame mais Direito Processual Civil Brasileiro, 2° vol., lia ed., ed. Saraiva, p. 229 55 I 5-/ MINISTÉRIO DA FAZENDA •5,'"nM‘VP,V. SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES _ Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 detalhado dos documentos apresentados e o confronto, em datas e valores, com os demonstrativos de pagamentos (fls. 4512/4578), nos leva às seguintes constatações: 1. as duplicatas apresentadas pela apelante não foram assinadas e datadas pelo devedor, requisitos de natureza formal essenciais para vâidade destes títulos (Lei 5474/68, art. 2°, § 1°, IX). Ressalte-se, ainda, que nenhuma destas duplicatas foi descontada em instituição financeira, contendo somente a quitação manual no anverso, sem identificação do signatário 2. as cópias dos referidos depósitos bancários apresentadas referem-se somente a três empresas fornecedoras (Metaldur Ltda, Siderfnetal Ltda. e Vasconfer Ltda.), trazendo como única identificação do depositante a sigla C. S.P. 3. as cópias de cheques, apresentados após a fase recursal, abraingem apenas menos de 5% das aludidas operações, como demonstrado a seguir: • Empresa SIFER Ltda. - 6 cheques de pagamento no valor de NCz$ 30.526,30, correspondendo a 6 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 19 notas fiscais no valor de NCz$ 70.004,30 (fls. 234); • Empresa FERBRASIL Ltda - 5 cheques de pagamento no valor de NCz$ 10.376,80, correspondendo a 7 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 95 notas fiscais no valor de NCz$ 122.990,58; • Empresa VASCOFER Ltda - 3 cheques de pagamento no vialor de Cr$ 1.032.000,00, correspondendo a 8 notas fiscais (2 cheques não identificados), enquanto no Auto de Infração constam 139 notas fiscais no valor de Cr$ 13.891.677,40; • Empresa LELUAM MERC. DE FERRO E METAIS Ltda. - 7 cheques de pagamento no valor de Cr$ 3.418.596,00, correspondendo a 8 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 199 notas fiscais no valor de Cr$ 62.867.308,84; • Empresa METALDUR Ltda. - 5 cheques de pagamento no valor de Cr$ 3.251.217.798,00, correspondendo a 23 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 1.464 notas fiscais no valor de Cr$ 60.012.429.058,19 (fls. 243/274); • Empresa FERRO VELHO MATILDE Ltda. - 4 cheques de pagamento no valor de Cr$ 996.247,97, correspondendo a 5 notas fiscais (9 cheques não identificados), enquanto no Auto de Infração constam 86 notas fiscais no valor de Cr$ 18.361.483,12 (fls. 237/239); 56 . - MINISTÉRIO DA FAZENDA .4)5, SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 • Empresa FERRO E METAIS PROGRESSO Ltda. - 3 cheques de pagamento no valor de NCz$ 31.479,25, correspondendo a 3 notas fiscais (2 cheques não identificados), enquanto no Auto de Infração constam 17 notas fiscais no valor de NCz$ 214.626,19 (fls. 240); • Empresa PARNAÍBA COM. Ltda. - 3 cheques de pagamento no valor de Cr$ 386.063.000,00, correspondendo a 18 notas fiscais (2 cheques não identificados), enquanto no Auto de Infração constam 244 notas fiscais no valor de Cr$ 2.209.214.920,00 (fls. 287/293); • Empresa SlDERMETAL Ltda. - 5 cheques de pagamento no 'valor de Cr$ 8.826.369,76, correspondendo a 21 notas fiscais, enquanto! no Auto de Infração constam 481 notas fiscais no valor de Cr$ 186.431.574,78 (fls. 276/286); • Empresa DISTRIB. DE FERRO MINAS Ltda. - 4 cheques de pagamento no valor de Cr$ 6.088.779,31, correspondendo a 17 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 72 notas fiscais no valor de Cr$ 19.214.467,71 (fls. 241/242); • Empresa COFERMINAS Ltda. - 4 cheques de pagamento no valor de Cr$ 2.388.939,30, correspondendo a 4 notas fiscais (1 tcheque não identificado), enquanto no Auto de Infração constam 129 notas fiscais no valor de Cr$ 31.655.386,81 (fls. 307/309); • Empresa SOC. COM JATOBÁ Ltda. - 4 cheques de pagamento no valor de Cr$ 429.750,00, correspondendo a 4 notas fiscais (2 cheques não identificados), enquanto no Auto de Infração constam 173 notas fiscais no valor de Cr$ 648.126.126,00 (fls. 293/296); 1 • Empresa METALOESTE Ltda. - 5 cheques de pagamento no valor de NCz$ 161.474,50, correspondendo a 5 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 1.4 notas fiscais no valor de Cr$ 570.150,10 (fls. 318); • Empresa PROSIDER Ltda. - 5 cheques de pagamento no valcir de NCz$ 116.654,10, correspondendo a 5 notas fiscais, enquanto nci Auto de Infração constam 28 notas fiscais no valor de NCz$ 705.773,51 (fls. 311); • Empresa CHAPACO MATOSINHOS Ltda. - 4 cheques de pagamento no valor de NCz$ 12.327,62, correspondendo a 4 notas fiscais, enquanto no Auto de Infração constam 64 notas fiscais no valor de Cr$ 203.172,21 (fls 305/306); 57 . j _ MINISTÉRIO DA FAZENDA jr;*35 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 • Em suma, das 3288 notas fiscais indicadas no Auto de Infração somente 138 tiveram cópias de cheques de pagamento anexadas, correspondendo a comprovação de apenas 4,19% delas. Sendo assim, o conjunto de cheques de pagamento apresentados, mesmo que aceita a sua legitimidade, comprova parte irrisória da acusação, restando cerca de 95% das notas frias indicadas pelo Fisco no Auto de Infração sem comprovação adequada do pagamento. Esta comprovação incompleta, segundo entende o Conselheiro-relator, está plenamente justificada, haja vista os autuantes terem apreendido recibos de depósito no decorrer da fiscalização e não os listarem em termo próprio (fls. 852 do vol 111116). Assim se pronunciou o julgador: "Se foram apreendidos recibos de depósitos bancários que favoreciam àquelas empresas, é certeza que os mesmos existiam e se destinavam a comprovar pagamentos pelas aquisições das mercadorias constantes nas notas fiscais. Uma vez apreendidos pela fiscalização, vejo que os mesmos constituíam prova de pagamento, justamente uma daquelas comprovações que o autuante asseverou não existirem." A nosso sentir, o ínclito julgador pressupõe que os recibos se extraviaram nesta ocasião, não podendo a recorrente apresentá-los como prova da legitimidade da operação. Ocorre, entretanto, que em nenhum momento a apelante alegou tal fato, tanto na impugnação quanto no recurso não há qualquer referência a não devolução de documentos apreendidos pela fiscalização. Em sua impugnação, fls. 5121, a contribuinte restringe-se a afirmar que não os apresentou por falta de tempo útil, nos seguintes termos, verbis: "Salienta a defendente que olvidou todos os esforços e recursos de que dispõe para juntar cópias de todos os documentos relativos a iodas notas fiscais discriminadas no Termo de Verificação. Nada obstante, alguns poucos, em virtude de documentos, do grande número de períodos envolvidos e da exigüidade do tempo, não puderam ser neste momento anexados." Ora, se porventura os documentos não tivessem sido devolvidos pela fiscalização em perfeita ordem, como quer fazer crer o ilustre julgador, não teria a recorrente alegado tal fato para justificar a não comprovação dos pagamentos? O uso do raciocínio mais elementar nos diria que sim. Daí, a nosso ver, somente podemos inferir que tais documentos bancários foram regularmente devolvidos e não o oposto. Neste sentido, entendo que o juiz não pode atuar como parte, trazendo novas teses que justifiquem a inércia da contribuinte em comprovar os fatos alegados. Dormientibus non socurrit jus ("o direito não socorre aos que dormem"). 58 5-;-` MINISTÉRIO DA FAZENDA jr4OZ:)5' SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 Ada Pellegrini Grinover, eminente processualista, em sua obra Teoria Geral do Processo2, demonstra a importância de se observar o princípio da inércia nos órgãos jurisdicionais: "O princípio é de inegável sentido liberal, porque a cada um dos sujeitos envolvidos no conflito sub judice é que deve caber o primeiro e mais relevante juízo sobre a conveniência ou inconveniência de demonstrar a veracidade dos fatos alegados." Além disso, a exigência de especificação de quantidade, espécie, natureza e condições de documentos retidos pela fiscalização somente foi estabelecida pelo artigo 35 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, sendo, desta forma, posterior ao lançamento sob comento. É cediço que ao julgador cabe aplicar a lei como a lide se encontra, não podendo retroagir os efeitos de tal norma procedimental à fato pretérito. Só nos resta examinar, por fim, a alegação do efetivo ingresso das mercadorias no estabelecimento industrial da recorrente. Neste sentido, foram trazidos à colação cópias de tíquetes de pesagem dos veículos no estabelecimento industrial da recorrente. A valoração destes documentos de prova é relativa, porquanto foram produzidos pela parte interessada, não possuem sua emissão controlada por nenhum órgão público e podem ser emitidos a qualquer tempo. Além disso, estes controles não identificam em seu bojo as operações aqui tratadas, não sendo possível estabelecer a vinculação com os respectivos documentos fiscais, uma vez que não há no tíquete nem a indicação da nota fiscal a que corresponde a mercadoria pesada e nem o veículo de transporte que estaria ingressando na empresa. Neste passo, portanto, chegamos a poucas, mas importantes conclusões, assim sintetizadas: 1. o Fisco elaborou diligências necessárias para provar, como provou, que as empresas emitentes das notas fiscais não existiam à época da transação comercial; 2. a inidoneidade dos documentos fiscais emitidos por tais empresas foi formalizada pela publicação de Atos Declaratórios da Fazenda Estadual; 3. a recorrente não contesta as provas trazidas pelo Fisco com relação à inexistência de fato das empresas fornecedoras, alegando apenas ter sido terceiro de boa-fé nesta transação e que efetivamente pagou e recebeu as mercadorias; 4. a empresa, nesse período, pleiteou ressarcimento em espécie de créditos incorporados a produtos exportados, sendo, desta forma, diretamente beneficiada pela fraude de que é acusada; 2 Teoria Geral do Processo, Ada Pellegrini Grinover, 13 ed, Malheiros Editores, p. 133 59 " MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10665.000787/94-58 Acórdão : 202-09.210 5. a apelante negociou com estes fornecedores, adquirindo mercadorias por largo tempo, de 1989 a 1993, em valores vultuosos e quantidades expressivas, sendo inaceitável a alegação de desconhecia da inexistência de fato destas empresas; 6. não há provas suficientes dos pagamentos alegados, os documentos particulares trazidos pela apelante não são originais, tratam-se de simples cópias xerográficas de dificil leitura e de idoneidade questionável; as duplicatas apresentadas não foram assinadas e nem datadas pelo devedor; os depósitos bancários referem-se a somente três empresas e não há identificação do depositante neles; as cópias de cheques, juntadas após o recurso, referem-se a apenas 5% das notas fiscais indicadas no Auto de Infração; 7. a recorrente não logrou comprovar o efetivo ingresso das mercadorias em seu estabelecimento, não há vinculação entre os tiquetes de pesagem e os documentos fiscais que compõe a exigência. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso quanto aos itens 2 e 3 do Auto de Infração e acompanho o entendimento do voto vencedor nos demais itens. Sala das Sessões em , de maio de 1997 iCà CIUS NEDER DE LIMA 60
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