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Numero do processo: 13602.000494/2007-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
IRPF – DENÚNCIA ESPONTÂNEA. No caso de infração formal
(inobservância de obrigação acessória), sem qualquer vínculo com o fato gerador de tributo, não se aplica o instituto da denuncia espontânea.
BASE DE CÁLCULO DA MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A base de cálculo da multa por atraso na entrega da Declaração de Ajuste Anual é o Imposto Devido, apurado antes da compensação com o tributo.
Numero da decisão: 2102-001.210
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR
provimento ao recurso.
Nome do relator: Francisco Marconi de Oliveira
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No caso de infração formal (inobservância de obrigação acessória), sem qualquer vínculo com o fato gerador de tributo, não se aplica o instituto da denuncia espontânea. BASE DE CÁLCULO DA MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A base de cálculo da multa por atraso na entrega da Declaração de Ajuste Anual é o Imposto Devido, apurado antes da compensação com o tributo. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) Rubens Maurício Carvalho – Presidente substituto (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira – Relator EDITADO EM: 30/03/2011 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rubens Maurício Carvalho (Presidente substituto), Núbia Matos Moura, Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Vanessa Pereira Rodrigues Domene e Francisco Marconi de Oliveira. Ausente justificadamente o Presidente, Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Assinado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, 31/03/2011 por RUBENS MAURICI O CARVALHO 2 Relatório O contribuinte acima identificado foi autuado, por meio de Notificação de Lançamento (fl. 7), em decorrência da entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda fora do prazo, referente ao exercício 2004, com aplicação da multa de R$ 7.088,31 (sete mil, oitenta e oito reais e trinta e um centavos). O contribuinte apresentou impugnação na primeira instância em 21 de novembro de 2007 (fls. 1 a 4) argumentando que: (i) entregou a declaração denunciando espontaneamente o atraso na entrega, e por força do artigo 138 do CTN não cabe aplicação de penalidade; (ii) como estudante, pensionista, não possui fonte de renda; (iii) que a multa foi lançada, mesmo com a retenção na fonte por órgão do governo federal (INSS); (iv) a autoridade administrativa optou pela forma mais severa de punir o contribuinte; (v) que não há base de cálculo para imposição da penalidade, pois se não há imposto a recolher, não se pode falar em multa de mora; e (vi) cita o entendimento da doutrina acerca dos efeitos da denúncia espontânea, juntando acórdão do Conselho de Contribuintes. Requer a liberação da restituição retida com as devidas atualizações por entender que a multa devida é a mínima, no valor de R$ 165,74. A 2ª Turma da DRJ/BHE decidiu, por unanimidade de votos, considerar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário. Em síntese, no voto o relator fez a seguinte fundamentação: a) A Lei nº 7.713, de 1988, no que se refere a incidência, prescreve que a tributação independe da denominação dos rendimentos; b) No exercício 2004 a Declaração de Ajuste Anual deveria ser entregue, conforme o disposto na Instrução Normativa nº 393, de 2 de fevereiro de 2004, até 30 de abril de 2004, e que o contribuinte se enquadra na condição de obrigatoriedade elencada no artigo 1º da referida IN. c) No caso da penalidade (obrigação acessória), convertida em principal, não se aplica a exclusão da responsabilidade pela denuncia espontânea. Cientificado do julgamento, o requerente interpôs recurso no dia 04 de junho de 2009 (fls. 29 e 30). O recorrente alega que entregou a declaração em atraso, mas de forma espontânea e, portanto, que se aplica a denuncia espontânea, conforme posicionamento já adotado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça. Cita os acórdãos CSRF/020.732, de 9/11/1998, 10243.211, de 17/07/1998, 20171.208, de 8/12/1997, 20168.995, de 7/2/1994. Afirma que os elementos que caracterizam a exclusão da multa estão presentes no caso em questão, saber: (i) comunicação formalizada à autoridade administrativa da existência da infração (declaração por exemplo); (ii) comunicação espontânea, isto é, não provocada por procedimento fiscal; e (iii) pagamento do tributo, dos juros e da correção monetária (imposto retido na fonte e compensado). Requer, por fim, que seja “recebido e provido o presente recurso, para que, por imperativo de direito e de justiça, seja afastada a multa inquinada”, devolvendose o valor compensado. É o relatório. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Assinado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, 31/03/2011 por RUBENS MAURICI O CARVALHO Processo nº 13602.000494/200770 Acórdão n.º 2102001.210 S2C1T2 Fl. 35 3 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira Declarase a tempestividade, uma vez que a contribuinte interpôs recurso voluntário no prazo regulamentar. Atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o recurso. A matéria em litígio envolve multa por atraso na entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2004. A obrigatoriedade da entrega da declaração está amparada na Lei nº 9.250, de 1995, conforme segue: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. art. 7º A pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário, e apresentar anualmente, até o último dia útil do mês de abril do ano calendário subseqüente, declaração de rendimentos em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal. A base legal para o lançamento da multa por atraso na entrega é determinada pelo art. 88 da Lei nº 8981, de 1995. Seu valor foi convertido em reais pelo art. 27 da Lei nº 9.532, de 1997, conforme abaixo transcrito: Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Art. 88. A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo fixado, sujeitará a pessoa física ou jurídica: I à multa de mora de um por cento ao mês ou fração sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago; (Vide Lei nº 9.532, de 1997) II à multa de duzentas Ufirs a oito mil Ufirs, no caso de declaração de que não resulte imposto devido. § 1º O valor mínimo a ser aplicado será: a) de duzentas Ufirs, para as pessoas físicas; b) de quinhentas Ufirs, para as pessoas jurídicas. (...) Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Art. 27. A multa a que se refere o inciso I do art. 88 da Lei nº 8.981, de 1995, é limitada a vinte por cento do imposto de renda devido, respeitado o valor mínimo de que trata o § 1º do referido art. 88, convertido em reais de acordo com o disposto no art. 30 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Assinado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, 31/03/2011 por RUBENS MAURICI O CARVALHO 4 A entrega da Declaração de Ajuste Anual é regulamentada por norma editada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme dispõe a Lei nº 9779, de 1999: Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999. Art.16.Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. De acordo com a legislação corrente, a falta de apresentação da declaração ou sua apresentação fora do prazo sujeita a pessoa física à multa. Os valores correspondente a 1% por mês de atraso ou fração sobre o imposto devido, ainda que integralmente pago, com limite máximo de 20% e valor mínimo previsto no §1o, alínea "a", do artigo 88 da Lei nº 8.981, de 1995, quantia que, convertida para reais, resulta em R$ 165,74. No exercício 2004 a Receita Federal editou a Instrução Normativa Instrução Normativa nº 393, de 2 de fevereiro de 2004, que dispõe sobre a obrigatoriedade da Declaração de Ajuste Anual para os contribuintes que auferiram rendimentos cuja soma foi superior a R$ 12.696,00 (doze mil, seiscentos e noventa e seis reais), conforme transcrito: Art. 1º Está obrigada a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda referente ao exercício de 2004 a pessoa física residente no Brasil, que no anocalendário de 2003: I recebeu rendimentos tributáveis na declaração, cuja soma foi superior a R$ 12.696,00 (doze mil, seiscentos e noventa e seis reais); [...] O requente declarou rendimentos no valor de R$ 156.739,84 (cento de cinquenta e seis mil, setecentos e trinta e nove reais e oitenta e quatro centavos), portanto superior ao limite estabelecido. Assim, De acordo com a legislação corrente, a falta de apresentação da declaração ou sua apresentação fora do prazo sujeita a pessoa física à multa. Os valores correspondente a 1% por mês de atraso ou fração sobre o imposto devido, com limite máximo de 20%, que, conforme cálculo constante da Notificação de Lançamento é: 1 Prazo legal para entrega da declaração (Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 7º) 30/4/2004 2 Data para a entrega da declaração (DAA fl. 14): 25/4/2007 3 – Número de meses em atraso (8 em 2004 + 12 em 2005 + 12 em 2006 + 4 em 2007) 36 meses 4 Limite máximo aplicável (art. 27 da Lei nº 9532/1997): 20%, 5 Valor do imposto devido na declaração: R$ 35.441,55 6 Valor da multa por atraso na entrega (20% de R$ 35.441,55): R$ 7.088,31 Fl. 4DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Assinado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, 31/03/2011 por RUBENS MAURICI O CARVALHO Processo nº 13602.000494/200770 Acórdão n.º 2102001.210 S2C1T2 Fl. 36 5 Não sustenta a argumentação da denuncia espontânea, pois o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem decidindo que, no caso de infração formal (inobservância de obrigação acessória), sem qualquer vínculo com o fato gerador de tributo, não se aplica o instituto, como registrados no RESP 246.960/RS, de 09/10/2001 e no ERESP n° 246.295/RS, de 18/06/2001. O entendimento desta Corte foi modificado em relação aos acórdão citados. Várias decisões administrativa, como no Acórdão CSRF/0103.767, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, sedimentaram que o instituto da denúncia espontânea não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de rendimentos, porquanto as responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138 do CTN. Somente é aplicável a multa mínima quando o valor calculado é inferior limite mínimo estipulado, conforme previsto no §1o, alínea "a", do artigo 88 da Lei nº 8.981, de 1995. Diante do exposto, conheço do recurso e voto no sentido de negarlhe provimento. (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira Relator Fl. 5DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Assinado digitalmente em 30/03/2011 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, 31/03/2011 por RUBENS MAURICI O CARVALHO
score : 1.0
Numero do processo: 16349.000410/2009-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 05 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed May 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. APRECIAÇÃO IMPOSSIBILIDADE.
Descabe ao Carf manifestarse,
originalmente, em relação à matéria
constitucional, como pressuposto a afastar a aplicação da lei.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL COFINS
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA E TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA.
PRODUTOS.
A tributação monofásica é específica e distinta da incidência não cumulativa,
que é geral, não havendo que se falar em créditos para a segunda decorrentes
de entradas sujeitas à primeira.
ALÍQUOTA ZERO E OUTRAS HIPÓTESES DESONERATIVAS.
MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. LEI No 11.033, DE 2004.
A manutenção de créditos, que não se confunde com exclusões da base de
cálculo, prevista na Lei no 11.033, de 2004, referese
às hipóteses
desonerativas criadas pela própria Lei e não alteram o regime de tributação
monofásico previsto em legislação anterior.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-000.949
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros
Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto apresentaram declaração de voto. Fez
sustentação oral em abril de 2011, pela recorrente, o Dr. Rodrigo da Rocha Costa, OAB/SP no
203.988. Esteve presente ao julgamento em maio de 2011 o Dr. Rodrigo da Rocha Costa,
OAB/SP no 203988.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
1.0 = *:*
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 MATÉRIA CONSTITUCIONAL. APRECIAÇÃO IMPOSSIBILIDADE. Descabe ao Carf manifestarse, originalmente, em relação à matéria constitucional, como pressuposto a afastar a aplicação da lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA E TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. PRODUTOS. A tributação monofásica é específica e distinta da incidência não cumulativa, que é geral, não havendo que se falar em créditos para a segunda decorrentes de entradas sujeitas à primeira. ALÍQUOTA ZERO E OUTRAS HIPÓTESES DESONERATIVAS. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. LEI No 11.033, DE 2004. A manutenção de créditos, que não se confunde com exclusões da base de cálculo, prevista na Lei no 11.033, de 2004, referese às hipóteses desonerativas criadas pela própria Lei e não alteram o regime de tributação monofásico previsto em legislação anterior. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto apresentaram declaração de voto. Fez sustentação oral em abril de 2011, pela recorrente, o Dr. Rodrigo da Rocha Costa, OAB/SP no 203.988. Esteve presente ao julgamento em maio de 2011 o Dr. Rodrigo da Rocha Costa, OAB/SP no 203988.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1967; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 98 1 97 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16349.000410/200904 Recurso nº 902.414 Voluntário Acórdão nº 330200.949 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de maio de 2011 Matéria Cofins Ressarcimento Recorrente AUTOSTAR COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 MATÉRIA CONSTITUCIONAL. APRECIAÇÃO IMPOSSIBILIDADE. Descabe ao Carf manifestarse, originalmente, em relação à matéria constitucional, como pressuposto a afastar a aplicação da lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA E TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. PRODUTOS. A tributação monofásica é específica e distinta da incidência não cumulativa, que é geral, não havendo que se falar em créditos para a segunda decorrentes de entradas sujeitas à primeira. ALÍQUOTA ZERO E OUTRAS HIPÓTESES DESONERATIVAS. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. LEI No 11.033, DE 2004. A manutenção de créditos, que não se confunde com exclusões da base de cálculo, prevista na Lei no 11.033, de 2004, referese às hipóteses desonerativas criadas pela própria Lei e não alteram o regime de tributação monofásico previsto em legislação anterior. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Os conselheiros Fl. 123DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 2 Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto apresentaram declaração de voto. Fez sustentação oral em abril de 2011, pela recorrente, o Dr. Rodrigo da Rocha Costa, OAB/SP no 203.988. Esteve presente ao julgamento em maio de 2011 o Dr. Rodrigo da Rocha Costa, OAB/SP no 203988. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Alan Fialho Gandra, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 57 a 77) apresentado em 26 de março de 20100 contra o Acórdão no 1624.068, de 26 de janeiro de 2010, da 6ª Turma da DRJ / SP1 (fls. 45 a 55), cientificado em 02 de março de 2010, que, relativamente a Declaração de Compensação sobre créditos de Cofins do primeiro trimestre de 2007, considerou improcedente a manifestação de inconformidade da Interessada, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CONCESSIONÁRIA DE VEÍCULOS. PEDIDO ELETRÔNICO DE RESSARCIMENTO. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS MONOFÁSICOS PARA REVENDA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A CRÉDITO. A aquisição de produtos monofásicos para revenda constitui exceção à regra geral da não cumulatividade, não gerando créditos por força da vedação contida no art. 3 , I, da lei nº 10.833/2003. Em razão disso, não se aplica a esses produtos — notadamente aos veículos automotores e autopeças comercializados pela recorrente — o art. 17 da lei nº 11.033/2004. DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Somente se reputa nulo o despacho decisório nas hipóteses previstas no art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. Não Fl. 124DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 3 compete ao julgador da esfera administrativa a análise de questões que versem sobre a constitucionalidade de norma legal regularmente editada. ANTINOMIA JURÍDICA. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE SOBRE O CRITÉRIO CRONOLÓGICO. Segundo a regra de interpretação contida no brocardo latino lex posterior generalis non derogat legi priori speciali, o princípio da especialidade sempre prevalece sobre o critério cronológico. Manifestação de Inconformidade Improcedente A Primeira Instância assim resumiu o litígio: 4. O processo em exame versa sobre pedido eletrônico de ressarcimento formulado nas fls. 1/2, relativo a supostos créditos de Cofins apurados no 1o trimestre de 2007. 5. Em despacho decisório de 26/05/2009 (fls. 6/8), a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO indeferiu o pleito, o que levou a recorrente a apresentar a manifestação de inconformidade anexa às fls. 13/33, cujo teor resumo a seguir. 5.1) Observa inicialmente que, com o advento da lei nº 10.485/2002, a receita proveniente da venda de veículos automotores passou a sujeitarse à incidência monofásica do Pis e da Cofins, recaindo sobre o montador ou importador a responsabilidade pelo recolhimento dessas contribuições. 5.2) Afirma que a lei nº 10.865/2004, ao alterar a lei nº 10.485/2002 — com reflexos nas leis nº 10.637/2002 (Pis) e nº 10.833/2003 (Cofins) — se por um lado reduziu a zero a alíquota de ambas as contribuições relativamente às receitas auferidas pelas concessionárias com a comercialização dos produtos sujeitos ao regime monofásico, por outro lado vetou o aproveitamento dos créditos correspondentes a essas operações. 5.3) Depreende daí que as alterações introduzidas pelas leis nº 10.485/2002 e nº 10.865/2004, a par de criar “exação muito superior ao usual” e vetar a não cumulatividade (regime a que faz jus), criaram “carga tributária além da capacidade contributiva do recorrente, em verdadeiro confisco tributário, exigência portanto inconstitucional”(fl. 16). 5.4) Ressalta que, procurando corrigir a distorção, o art. 17 da lei nº 11.033/2004, oriunda da MP nº 206/2004, autorizou de forma expressa o aproveitamento dos créditos vinculados a operações comerciais de venda realizadas com alíquota zero. 5.5) Alega que a Fazenda Pública, ao indeferir o pedido de ressarcimento, negou vigência ao referido dispositivo legal, “que alterou a Legislação atinente a espécie, negando coercitivamente o DIREITO do recorrente de utilizar seus créditos vinculados a suas vendas com alíquota ‘ZERO’, razão Fl. 125DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 4 do inconformismo que traz o recorrente a esta Delegacia de Julgamento” (fl. 17). 5.6) Passando a discorrer sobre o princípio da não cumulatividade, reafirma que o entendimento da DIORT a impede de exercer “DIREITO LÍQUIDO E CERTO de creditar se dos valores recolhidos nas fases anteriores, sob pena de ver se autuado e cobrado judicialmente” (fl. 20). 5.7) Invocando o art. 195 da Constituição Federal e alegando que o sistema monofásico de tributação teria instituído novo imposto sem amparo legal, assevera que a lei nº 10.865/2004, embora determine que a recorrente promova os fatos geradores relativos ao Pis e à Cofins, não lhe permite aproveitar os créditos advindos dos produtos a serem vendidos com alíquota zero. Acrescenta que tal vedação — sobre ser ilegal e inconstitucional — constitui grave ofensa aos ditames da lei nº 11.033/2004. 5.8) Afirmando que a exclusão das operações de venda com alíquota zero do regime não cumulativo implica tributação excessiva ou confisco e que o art. 17 da lei nº 11.033/2004 teria por objetivo precisamente afastar a ilegalidade e a inconstitucionalidade ínsitas a essa sistemática, declara que o indeferimento do pedido de ressarcimento representa “flagrante afronta ao princípio da capacidade contributiva, da isonomia, da estrita legalidade e o desrespeito a vinculação dos atos públicos” (fl. 29). 5.9) Assinala ainda que, em face da recusa do recorrido em atender à determinação legal, não lhe restou alternativa senão recorrer ao Poder Judiciário para que este determine que a Delegacia de Arrecadação de São Paulo respeite a lei, vale dizer, o art. 17 da lei nº 11.033/2004, reconhecendolhe o direito líquido e certo ao crédito vinculado. 5.10) Discorrendo ligeiramente acerca dos princípios da capacidade contributiva, da isonomia e da legalidade, afirma ser “ilegal e nula a exigência” (fl. 31), uma vez que a autoridade administrativa age em desacordo com a lei, que permite à recorrente aproveitar integralmente seu crédito vinculado, inclusive os créditos vinculados a vendas com alíquota zero. 5.11) Acrescenta que, ao afirmar que o pedido da requerente, fundado no art. 17 da lei nº 11.033/2004, não se aplica, excepcionalmente, à revenda de veículos e peças, o chefe da DIORT pretende “fazer legislação anterior modificar a posterior em absoluto descompasso com a Lei natural”(fl. 32). 5.12) Rematando o arrazoado, requer que este órgão julgador lhe assegure o direito de apurar os débitos de Pis e Cofins vincendos mercê do aproveitamento dos créditos vinculados à compra de veículos “zero”, peças e acessórios, nos moldes do art. 17 da lei nº 11.033/2004, bem como a autorize, para determinar tais créditos, a aplicar as alíquotas de 1,65% para o Pis e 7,60% para a Cofins, segundo prevêem respectivamente as leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. Requer, em suma, a reforma do despacho decisório impugnado, bem como o Fl. 126DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 5 ressarcimento “dos valores relativos ao crédito vinculado de PIS e COFINS nos termos do art. 17 da Lei 11.033” (fl. 33). No recurso, a Interessada alegou que “vedação ao aproveitamento do crédito vinculado ao faturamento relativo aos bens vendidos com alíquota zero fere a o art. 17 da Lei 11.033/2004 além do principio da igualdade tributária.” Após esclarecer que, “Anteriormente já havia previsão legal, Lei 10.485/2002, que determinava que a exigências, relativas ao PIS e a Cofins, fossem recolhidas por expressa responsabilidade do montador ou importador, ao que se denominou recolhimento por substituição tributária, monofásico, no entendimento do Fisco”, acrescentou que, “Com a transformação das exações, razão do inconformismo, em tributos não cumulativos, a Lei 10.865/04, inovou, determinando que o recorrente (concessionário de veículos) promovesse o fato gerador das contribuições, contudo, determinou que o PIS e a Cofins fossem tributados a alíquota ‘0’, uma vez recolhidos, em porcentagem superior a usual, pelo importador ou montador.” De acordo com a Interessada, “[...] hodiernamente, de forma geral, a exigência quanto ao recolhimento das exações ao PIS e a COFINS é calculada pelo resultado dos custos e despesas subtraídos da receita a que deu origem [...]”. Na sequência, aborda a questão principal do litígio, esclarecendo o seguinte: Ocorre que a mesma Lei 10.865/04, alterou a Lei 10.485/02 com reflexo nas Leis 10.637/02 e 10.833/03, determinando a alíquota zero para a venda de carros zero e vetando o aproveitamento do crédito vinculado, o que leva ao recorrente sofrer tratamento desigual. Tal tratamento desigual ocorreria, no entendimento da Recorrente, pelo fato de não poder utilizar o crédito em relação ao que dispôs as Leis nos 10.865, de 2004, e 10.485, de 2002, que “vetou a não cumulatividade, ainda que determinando o calculo da alíquota do PIS e da COFINS em ‘zero’ criando carga tributária além da capacidade contributiva do recorrente, em verdadeiro confisco tributário, exigência portanto inconstitucional.” Entretanto, segundo a Interessada, somente a partir de agosto de 2004, com a Medida Provisória no 206, foi autorizado o aproveitamento dos créditos vinculados a operações de alíquota zero. A seguir, analisou o princípio da não cumulatividade, citando doutrina e jurisprudência, que lhe daria o direito de “de somar todas os custos e despesas, quaisquer que seja[m], desde que vinculados ao seu faturamento, e diminuir de seu faturamento ou receita, o resultado apurado é a base de cálculo dessas exações incluindo nos valores agregados como despesas vinculadas ao faturamento, aquelas relativas às vendas com alíquota ‘zero’, assim determina a Lei [no 11.033, de 2004]”. Defendeu a tese de que a tributação monofásica seria uma substituição tributária disfarçada e que, continuando a ser tributada sobre o faturamento por determinação constitucional “e ainda em parte pelo valor de venda do veículo ao concessionário”, haveria a “inegável instituição de novo imposto, sem amparo legal.” Analisou, então, a legislação e reafirmou que o entendimento da primeira instância afrontaria vários princípios constitucionais. Fl. 127DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 6 É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. A Interessada não repetiu no recurso as alegações sobre nulidade do despacho decisório, cabendo, portanto, apenas a análise do mérito da matéria. Pretende excluir da base de cálculo da contribuição não cumulativa os custos decorrentes de aquisição de produtos sujeitos à alíquota zero em face de sujeitaremse ao regime monofásico. Primeiramente, há que se esclarecer que a não cumulatividade não é uma regra geral constitucional. A simples consulta ao texto constitucional e suas alterações permite concluir que a não cumulatividade aplicarseia irrestritamente apenas aos tributos criados na competência residual da União (art. 154, I). Em relação aos tributos originalmente previstos na Constituição, apenas o ICMS e o IPI eram sujeitos à não cumulatividade, que, segundo José Souto Maior Borges, seria uma “simples regra” e não um princípio como pretendido pela maioria da doutrina (Teoria Geral da Isenção Tributária. 3ª ed. São Paulo: Editora Malheiro, 2001, ps. 3412). Portanto, a regra (ou, se se preferir, o princípio) constitucional da não cumulatividade simplesmente não se aplicava às contribuições sociais no texto original da Constituição. Com a Emenda Constitucional no 47, de 2005, a Constituição passou a prever, no art. 195, § 9º, a possibilidade de diferenciação de alíquota e base de cálculo. Entretanto, à vista de matéria constitucional, o Carf não pode deixar de afastar a aplicação de lei, conforme sua Súmula no 2 (Portaria Carf no 106, de 2009): Súmula Carf nº 2: O Carf não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, tal impossibilidade é reforçada pelas disposições do art. 62 do seu Regimento Interno (Portaria MF no 256, de 2009). Dessa forma, somente é possível, em sede do presente recurso voluntário, apreciar as alegações da Interessada em relação ao que determina a lei, uma vez que sua aplicação não pode ser afastada. Entretanto, antes cabe esclarecer que, em alguns pontos, as alegações da Interessada são contraditórias, como nos exemplos a seguir. 1. Violação à não cumulatividade Fl. 128DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 7 Parte dos produtos vendidos pela Interessada sujeitase ao regime monofásico, que, pelas próprias disposições legais, como se verá adiante, é um regime distinto do não cumulativo. Dessa forma, tratandose de um regime diverso, paralelo e específico de incidência da contribuição, não há como haver violação de regra aplicável a outro regime. 2. Violação ao princípio da isonomia Isonomia implica tratamento igual aos que estejam em igual situação. Portanto, não faz sentido argumentar violação à isonomia se a regra é aplicável não só à Recorrente como a todos os contribuintes que se encontram na mesma situação. 3. Violação à capacidade contributiva No caso em questão, não é possível violação à capacidade contributiva, uma vez que os produtos vendidos sujeitos à alíquota zero já foram tributados pelo regime monofásico anteriormente. Dessa forma, o valor da contribuição devida pela Recorrente, em relação a tais produtos, é zero. O que a Interessada pretende é, na realidade, ao incluir na dedução da base de cálculo da contribuição devida em relação aos demais produtos, reduzir a base de cálculo destes últimos, cuja contribuição devida nada tem a ver com daqueles. 4. Sugestão de bitributação Em suas alegações, a Interessada sugere aparentemente que estaria sujeita a duas tributações. De fato, está, mas, além de os produtos sujeitos à incidência monofásica não estarem sujeitos à incidência não cumulativa (inexiste bitributação), tais produtos sujeitamse à alíquota zero. De fato, para concluir que a forma de tributação por incidência monofásica seria tão injusta a ponto de exigir deduções das bases de cálculo do revendor, seria preciso demonstrar que o resultado dessa tributação, no geral, seria injustificadamente maior do que a dos demais produtos sujeitos à não cumulatividade, o que sequer foi abordado adequadamente pela Interessada. Feitas as observações acima, passase à análise da legislação. Conforme bem observado pela primeira instância, as leis que instituíram as contribuições não cumulativas previram expressamente que suas disposições não se aplicariam às receitas “decorrentes de saídas isentas da contribuição ou sujeitas à alíquota zero” e ainda aos casos de substituição tributária. Vale dizer, o regime de não cumulatividade é geral, enquanto que o regime de tributação concentrada ou monofásico é específico e apurado paralelamente àquele. O que se discute, a seguir, é a aplicação do art. 17 da Lei no 11.033, de 2004, ao caso dos autos: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota ‘0’ (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Tal dispositivo deve ser lido atentamente. Fl. 129DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 8 Em primeiro lugar, por que não é uma disposição legal generalista como pretende a Interessada. Vale dizer, não se aplica à toda a legislação de PIS/Pasep e Cofins, por dizer respeito somente às hipóteses previstas na própria lei, que trata do “Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária”. Nesse contexto, a própria lei prevê a incidência de “suspensão”, “isenção”, “não incidência” e especificamente de alíquota zero no art. 14, § 2º. Por isso, no art. 17, prevê a manutenção de créditos. Aí reside a segunda atenção que se deve ter ao ler o dispositivo, uma vez que, especificamente, prevê a “manutenção” dos créditos vinculados às vendas de produtos de alíquota zero. Vale dizer, não trata de exclusões de base de cálculo, mas de créditos que tenham sido escriturados e que, em função da incidência de alíquota zero e das demais hipóteses previstas na própria lei, poderiam ser objeto de uma eventual interpretação restritiva, como a que ocorre no IPI, quanto a seu aproveitamento. Então, a própria lei já previu, para que não houvesse dúvidas sobre a matéria, que a incidência das hipóteses desonerativas não implicaria glosa de créditos. Portanto, as alegações da Interessada fundamse em equívocos de interpretação da legislação, uma vez que as duas modalidades de apuração da contribuição coexistem mas não se comunicam. Por fim, observese que as referências posteriores da legislação ao referido dispositivo legal não têm o condão de estender sua abrangência. Na realidade, limitamse a regular o crédito do “Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária”, conforme esclarecido acima. À vista do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Declaração de Voto Conselheiro Gileno Gurjão Barreto Da atual possibilidade de tomada de créditos – Lei nº 11.727/08 Primeiramente, cabe relembrar que foi com o advento das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03 (conversões das MP’s nº 66/02 e nº 135/03) que as contribuições para o PIS/PASEP e COFINS passaram a ter como regime geral o sistema de nãocumulatividade, entretanto, esse dispositivo foi além da aplicação desse regime e também admitiu o direito de Fl. 130DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 9 descontar créditos calculados a partir das etapas anteriores de bens adquiridos para revenda, a saber, independentemente do sujeito detentor do crédito: “Art. 3º. Do valor apurado na forma do art. 2º, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em ralação a: I – bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) – nos incisos III e IV do § 3º do art. 1º desta Lei (...) (...)§ 2º Não dará direito a crédito o valor: I de mãodeobra paga a pessoa física; e II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Redação do § 2º dada pela Lei nº 10.865/04)(...) (...) § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9º O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8º, será aplicado consistentemente por todo o ano calendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal.(...)” “Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos art. 1 a 8. VII – as receitas decorrentes das operações: Fl. 131DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 10 a) referidas no inciso IV do § 3 do art. 1. b) sujeitas à substituição tributária da COFINS”. Tais dispositivos legais vedavam, entretanto, a tomada de crédito de PIS e COFINS pelas pessoas jurídicas revendedoras, nas operações de revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição fosse exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária e também em relação à venda de álcool para fins carburantes. No entanto, essa situação perdurou até a edição da Lei nº 10.865/04 que alterou consideravelmente as Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03. Aquela lei, dentre outras alterações, ampliou o regime não cumulativo para que esse alcançasse também as receitas sujeitas à incidência monofásica do PIS e da COFINS, manteve as alíquotas diferenciadas dispersas na legislação do PIS/COFINS, inseriu as alíneas a e b nos incisos I dos arts. 3º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 e por fim, alterou os parágrafos 2º dos arts. 3º das mencionadas leis, no sentido de indicar a impossibilidade da tomada de crédito relativamente a bens e serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Posteriormente, em 2004 ainda, foi adicionado à MP nº 206/04, posteriormente convertida na Lei nº 11.033, o art. 16 (quando da conversão passou a ser o art. 17) que tratava sobre a manutenção de créditos nas vendas efetuadas com isenção, alíquota zero, suspensão e nãoincidência do PIS e COFINS. Esse dispositivo veio assim redigido: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.(...)” Importantíssimo ressaltar que a partir desse momento, duas normas aparentemente contraditórias passaram a vigorar no ordenamento jurídico relativo às contribuições mencionadas. Porém, por regra geral de hermenêutica, norma específica sobrepõese à norma geral, e assim esses dispositivos deverão ser interpretados a partir da inserção do fato concreto à norma, dentro de suas especificidades. O dispositivo retro estendeu o alcance do direito de manutenção de crédito de PIS e COFINS, alcançando o vendedor, atacadista ou até mesmo varejista, que viesse a efetuar vendas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência do PIS e da COFINS como regra geral, exceto quanto a operação porventura estiver sob a égide de norma específica que disponha em contrário. Posteriormente, em janeiro de 2008, foi editada a MP nº 413, que resultou em sua conversão na Lei nº 11.727/08, cujo objetivo precípuo fora adotar medidas de natureza tributária destinadas a estimular os investimentos e a modernização do setor de turismo, reforçar o sistema de proteção tarifária brasileiro e estabelecer a incidência de forma concentrada da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS na produção e comercialização de álcool. Por meio dessa Medida Provisória, o Poder Executivo tentou inserir dispositivo alheio às operações inicialmente objeto da Medida, para obstar a tomada de créditos relativa às operações ora em comento, ao literalmente tentar aprovar o texto dos artigos 14 e 15 em que vedava a apropriação de créditos de PIS/COFINS sobre os custos, encargos e despesas relativos às vendas de produtos onde incidiam o regime monofásico, apropriação antes Fl. 132DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 11 permitida, por meio da inserção do § 14 ao art. 3º das Leis nº 10.637 e § 15 ao art. 3º da Lei nº 10.833/03: “Art. 14. Os arts. 2o e 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passam avigorar com a seguinte redação: .................................................................................... § 14. Excetuamse do disposto neste artigo os distribuidores e os comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos referidos no § 1o do art. 2o desta Lei, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicando a manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004.” (NR) Art. 15. Os arts. 2o e 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam avigorar com a seguinte redação: “Art. 2o .................................................................... (...).................................................................................. § 22. Excetuamse do disposto neste artigo os distribuidores e os comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos referidos no § 1o do art. 2o desta Lei, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicando a manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004.” (NR)” Tal pretensa vedação simplesmente foi retirada da MP nº 413 durante seu tramite legislativo, ao qual foram interpostas 185 emendas, de modo que sua conversão em lei (Lei nº 11.727/08) não contém tal vedação. Importante observar o reconhecimento pleno do direito ao crédito pela aplicação do art. 17 da lei nº 11.033/04. Outrossim, consideramos que a pretensa vedação à tomada dos créditos ora em discussão, prevista nos art. 3º, I, b, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 restou totalmente superada com a nova redação conferida ao art. 24 da mencionada Lei nº 11.727/08. Previu esse dispositivo a possibilidade de os revendedores de produtos monofásicos tomarem créditos sobre a aquisição de produtos sujeitos à alíquota monofásica, pelos mesmos valores aos quais elas foram destacadas na etapa anterior, litteris: “Art. 24. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, produtora ou fabricante dos produtos relacionados no § 1º do art. 2º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, pode descontar créditos relativos à aquisição desses produtos de outra pessoa jurídica importadora, produtora ou fabricante, para revenda no mercado interno ou para exportação. § 1º Os créditos de que trata o caput deste artigo correspondem aos valores da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidos pelo vendedor em decorrência da operação. Fl. 133DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO 12 § 2º Não se aplica às aquisições de que trata o caput deste artigo o disposto na alínea b do inciso I do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e na alínea b do inciso I do caput do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003.” Ademais, corrobora com todo esse entendimento o disposto no art. 16 da Lei nº 11.116/05, ao disciplinar a compensação e o ressarcimento de créditos de PIS e COFINS, referindose expressamente ao art. 17 da Lei nº 11.033/2004, sendo oportuna sua transcrição: “Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei.” Nesse sentido, o entendimento atual é de que há o direito de crédito para as pessoas jurídicas que auferem receitas de vendas de produtos sobre os quais incide a alíquota zero, em sendo intrínseca ao regime de nãocumulatividade o direito desse. Ademais, inexiste qualquer vedação legal, prevalecendo o direito subjetivo das pessoas jurídicas à compensação ou recuperação dos créditos, mediante a aplicação das alíquotas pertinentes ao regime não cumulativo, previsto no art. 16 da Lei nº 11.116/2005. Cabe ressaltar que em 15 de dezembro de 2008 foi publicada a Medida Provisória nº 451, tratandose de mais uma tentativa do Governo em restringir os créditos de PIS e COFINS das distribuidoras e varejistas que comercializam produtos monofásicos. Tal MP em seus artigos 8 e 9 retirava a possibilidade de descontar créditos de PIS e COFINS dos distribuidores, dos comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos (produzidos e importados), quanto aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas com a venda destes produtos. Dentre as 64 emendas apresentadas ressaltase a emenda supressiva número 09, apresentada pelo Deputado Eduardo Gomes, cuja justificativa: “Os artigos 8º e 9º da supracitada Medida Provisória inseriram novos parágrafos aos artigos 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, vedando aos distribuidores e aos comerciantes varejistas e atacadistas de produtos sujeitos às alíquotas monofásicas o reconhecimento de créditos de PIS e COFINS sobre fretes, armazenagem, aluguéis, energia elétrica, dentre outros. Frisese que dispositivos semelhantes haviam sido também incluídos quando da edição da Medida Provisória nº 413, de 03 de janeiro de 2008, tendo sido Fl. 134DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 16349.000410/200904 Acórdão n.º 330200.949 S3C3T2 Fl. 0 13 suprimidos pelo Legislativo Federal quando de sua votação para conversão da MP na Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008. As alterações previstas na MP 451 resultariam em injustificado aumento da PIS/COFINS incidente na gasolina, diesel e querosene de aviação, que tem toda a carga tributária concentrada de forma monofásica na refinaria. A vedação dos créditos de PIS/COFINS incidente sobre esses custos inerentes a comercialização destes combustíveis, caracterizase como aumento da carga tributária, com impactos nos preços, e prejuízos para os consumidores finais.” Em parecer proferido em plenário, o Deputadorelator Sr. João Leão votou pela admissibilidade da MP nº 451, acolhendo a emenda nº 09. Por conseguinte, apresentou o Projeto de Lei de Conversão nº 04/2009 como substitutivo à Medida Provisória nº 451/08, que altera a legislação tributária federal, e dá outras providências. Esse Projeto foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados em 07/04/2009 e convertida na Lei nº 11.945 em 05 de junho de 2009. Até que ocorra alguma alteração nos dispositivos retromencionados, entendemos que permanece o direito ao crédito sobre o qual discorremos. Nesse sentido, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário (Assinado digitalmente) Gileno Gurjão Barreto Fl. 135DF CARF MF Emitido em 19/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, 27/06/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, 07/07/2011 por GILENO GURJAO BARRETO
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Numero do processo: 15586.000511/2007-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2003
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2003
DEPÓSITO BANCÁRIO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Configuram omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou
de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o
titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove,
mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados
nestas operações.
Numero da decisão: 1102-000.496
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: João Otávio Oppermann Thomé
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Recorrente CAPIXABA DE PRODUTOS QUIMICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 DEPÓSITO BANCÁRIO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configuram omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nestas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Documento assinado digitalmente. Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator. Fl. 395DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Assinado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, 10/08/2011 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 15586.000511/200740 Acórdão n.º 110200.496 S1C1T2 Fl. 305 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, João Carlos de Lima Júnior, João Otávio Oppermann Thomé, Silvana Rescigno Guerra Barretto, Leonardo de Andrade Couto, e Manoel Mota Fonseca. Relatório Contra a empresa acima qualificada foram lavrados Autos de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, perfazendo um crédito tributário no montante de R$ 11.659.596,46, aí já incluídos os juros de mora e a multa de ofício de 75%. A ação fiscal foi motivada pela verificação de aparente inconsistência entre os valores da movimentação financeira, obtidos com base nas informações prestadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB pelas instituições financeiras, e os valores da receita declarada à RFB em sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ .Por meio do Termo de Início de Fiscalização de 21.12.2006 (fls. 4/5), a fiscalizada foi intimada a apresentar, entre outros elementos, os livros de sua escrituração comercial e fiscal, relativos ao ano calendário 2003, e os extratos bancários de todas as suas contas bancárias neste mesmo período. Em 16.01.2007, o contribuinte apresentou cópia autenticada dos atos constitutivos e alterações posteriores, e dos pedidos de extratos às instituições financeiras Banco Alvorada S/A, Banco BCN S/A, e Banco Rural S/A, além de cópia das publicações no jornal Diário de São Paulo, referente ao extravio de todos os documentos fiscais e contábeis da empresa, relativos aos amos de 2000, 2001, 2002 e 2003. Posteriormente, apresentou à fiscalização os extratos bancários solicitados. Por meio do Termo de Intimação de fls. 188 a 203, a contribuinte foi intimada a comprovar, com documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos ingressados nas contas bancárias de titularidade da pessoa jurídica mantidas naquelas instituições, cujos créditos foram discriminados em planilha anexa. Em 24.07.2007, a contribuinte solicitou prorrogação de 20 dias para atendimento da intimação, que lhe foi concedido, entretanto, passado o prazo, não respondeu à intimação. A contribuinte foi então autuada com base na presunção de omissão de receita prevista no artigo 42 da lei nº 9.430, de 1996. Em virtude da falta de apresentação de sua escrituração comercial e fiscal, ou sequer o Livro Caixa, teve o seu lucro submetido ao arbitramento, sendo considerada como receita conhecida a receita por ela declarada em sua DIPJ, e como omissão de receita a diferença entre esta e a soma dos depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. Do valor do imposto de renda assim apurado, foi deduzido o valor Fl. 396DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Assinado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, 10/08/2011 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 15586.000511/200740 Acórdão n.º 110200.496 S1C1T2 Fl. 306 3 apurado pelo contribuinte em sua declaração na qual utilizara a forma de tributação pelo lucro presumido. Inconformada, a empresa apresentou impugnação, às fls. 265 a 271, contrapondo, em síntese, o seguinte. O auto de infração é nulo porque o artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, inova o rol das presunções, sendo tal presunção inadequada como meio de prova, urna vez que entre os depósitos bancários e a omissão de receita não há urna correlação lógica segura e direta, que não deixe dúvidas. A movimentação bancária não corporifica fato gerador do imposto de renda. Para usar uma linguagem econômica, depósito bancário é estoque e não fluxo, e não sendo fluxo não tipifica renda. Juridicamente, só o fluxo tem a conotação de acréscimo patrimonial. Cita jurisprudências administrativas e judiciais, que são uníssonas neste sentido. Não restou comprovado o nexo de causalidade entre o depósito e o fato que represente a omissão de rendimentos, pois que é imprescindível que seja comprovada a utilização dos valores depositados como renda consumida, evidenciando sinais de riqueza. No caso em tela, com a aparência de “sinais exteriores de riqueza” o fisco lavrou o Auto de Infração e arbitrou o lucro sob a forma estipulada no art. 27 inciso I da Lei 9.430/96. A 5ª Turma da DRJ Rio de Janeiro I – RJ decidiu a lide por meio do Acórdão 1218.346, fls. 282 a 288, mantendo integralmente o lançamento efetuado, conforme ementa a seguir transcrita: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO LEGAL. A Lei n.° 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de receitas a partir da existência de créditos bancários de origem não comprovada. IRPJ. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS FISCAIS. ALEGAÇÃO DE EXTRAVIO. Rejeitase a alegação de extravio, como causa excludente do arbitramento, quando a empresa deixa de comunicar o fato, em tempo hábil, à Secretaria da Receita Federal (art. 210, §1°, do RIR/1994), não envidando, ademais, qualquer esforço no sentido de reconstituir sua escrita. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2003 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA. Subsistindo a matéria tributária que gerou o lançamento de IRRI, objeto do processo matriz, igual sorte colhe o que tenha sido formalizado por mera decorrência daquele.” Fl. 397DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Assinado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, 10/08/2011 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 15586.000511/200740 Acórdão n.º 110200.496 S1C1T2 Fl. 307 4 Cientificada desta decisão em 25.03.2008, conforme AR de fls. 295, e com ela inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 11.04.2008, fls. 296 a 302, no qual reprisa os mesmos argumentos já expostos por ocasião da inicial. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Com relação à alegação de nulidade do auto de infração, por inadequação da presunção aplicada aos fatos, cumpre observar que, nos termos do artigo 59 do Decreto nº 70.235/72 – PAF, que rege o processo administrativo fiscal, somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nenhuma destas circunstâncias ocorreu no caso concreto. Afastadas as preliminares, passo ao mérito. Alega a recorrente que os depósitos bancários, por si só, não constituem fato gerador do imposto de renda, nem mesmo após o advento da Lei nº 9.430/96, e que teria de ficar caracterizado o nexo causal entre o depósito e o fato que representa omissão de rendimentos, mediante prova cabal e robusta de que ele foi utilizado como renda consumida. Não lhe assiste razão. Se tal raciocínio podia ser considerado válido enquanto vigente o artigo 6º, § 5º, da Lei nº 8.021/1990, com base no qual, aliás, firmouse a jurisprudência invocada pela recorrente, esta realidade foi diametralmente alterada com a revogação daquele dispositivo pela Lei nº 9.430/96, cujo artigo 42 estabeleceu o seguinte, verbis: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Nesta nova realidade erigida pelo legislador à condição de presunção legal, a caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um depósito bancário, isoladamente considerada, mas sim pela falta de esclarecimentos da origem dos numerários depositados. Ou seja, há uma correlação lógica estabelecida pelo legislador entre o fato conhecido (ser beneficiado com um depósito bancário sem demonstração de sua origem) e o fato desconhecido (auferir rendimentos), e é esta correlação que dá fundamento à presunção legal em comento, de que o dinheiro surgido na conta bancária, sem qualquer justificativa, provém de receitas ou rendimentos omitidos. Fl. 398DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Assinado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, 10/08/2011 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 15586.000511/200740 Acórdão n.º 110200.496 S1C1T2 Fl. 308 5 Tratase, como é cediço, de presunção legal relativa, i.e., que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe apenas provar o fato indiciário, definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. No entanto, regularmente intimada, a recorrente poderia ter afastado a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados em sua contacorrente, mas não o fez, aliás, simplesmente silenciou a respeito. Deste modo, restou perfeitamente caracterizada a omissão de receitas perpetrada pela recorrente, a qual foi corretamente tributada pelo lucro arbitrado, tendo em vista a falta de apresentação ao fisco de sua escrituração contábil e fiscal, e o noticiado extravio de todos os documentos fiscais e contábeis da empresa, relativos ao período fiscalizado. Pelo exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 399DF CARF MF Emitido em 16/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Assinado digitalmente em 08/08/2011 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, 10/08/2011 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO
score : 1.0
Numero do processo: 13971.002135/2005-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO CSLL
Ano calendário: 2000, 2001, 2002 e 2003
COOPERATIVA. ATOS COOPERATIVOS E NÃOCOOPERATIVOS.
TRIBUTAÇÃO. Confirmada a prática de atos tidos como cooperativos, na forma descrita na Lei nº 5.764/71, não configura hipótese de incidência da CSLL sobre tais atos; caracterizando-se,
conseqüentemente, indevida a cobrança perpetrada pelas autoridades autuantes.
Recurso Voluntário provido.
Numero da decisão: 1402-000.558
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Junior que negava provimento ao recurso. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
Nome do relator: ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
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ATOS COOPERATIVOS E NÃOCOOPERATIVOS. TRIBUTAÇÃO. Confirmada a prática de atos tidos como cooperativos, na forma descrita na Lei nº 5.764/71, não configura hipótese de incidência da CSLL sobre tais atos; caracterizandose, conseqüentemente, indevida a cobrança perpetrada pelas autoridades autuantes. Recurso Voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Junior que negava provimento ao recurso. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Carlos Pelá Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Jaci de Assis Junior, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 156DF CARF MF Emitido em 20/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/11/2011 por CARLOS PELA Processo nº 13971.002135/200597 Acórdão n.º 140200558 S1C4T2 Fl. 2 2 Relatório COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUARIA DO VALE DO ITAJAI, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF), recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa. Tratase de Mandado de Procedimento Fiscal nº 09.2.04.002005002452, em que ficou constatado que a Recorrente, excluía, sistematicamente, da base de cálculo da CSLL a totalidade dos valores relativos ao Resultado Operacional dos atos cooperativos. Além disso, a fiscalização faz ajustes nos saldos de base de cálculo negativa da CSLL de que a cooperativa dispunha em 31.12.2003. A contribuinte apresentou impugnação (fls. 52 a 60) em que pleiteia a isenção tributária de todos os valores tidos como "atos cooperativos" no período objeto do lançamento, fundamentando seu pleito no artigo 79 da Lei nº 5.764/71. A DRJ/FNS entendeu por bem manter o Auto de Infração, alegando que somente à partir de 1º/01/2005 entrou em vigor a disposição isencional do art. 39 da Lei nº 10.865/2004. Nos períodos anteriores a esse, a incidência da CSLL sobre atos cooperativos e nãocooperativos estaria justificada pela Solução de Consulta SRRF/ 4ª RF/DISIT nº 39, de 16/09/2002, disposições das INSRF nº 198/88 revogada pela INSRF nº 390/2004 (art. 6º), bem como "Perguntas e Respostas" da Receita Federal na Internet, relativas ao anocalendário de 2004. Em razão do julgamento da DRJ/FNS foram retificados os lançamentos, para correção dos valores apurados como base de cálculo já que teriam sido indevidamente compensados com base de cálculo negativa da CSLL. Inconformada, a Contribuinte apresenta Recurso Voluntário, em que repisa os argumentos utilizados na sua Impugnação, além de trazer à colação vasta doutrina e jurisprudência sobre a matéria. É o Relatório. Fl. 157DF CARF MF Emitido em 20/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/11/2011 por CARLOS PELA Processo nº 13971.002135/200597 Acórdão n.º 140200558 S1C4T2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Pelá, Relator A incidência da Contribuição Social Sobre o Lucro, CSLL, sobre atos cooperativos, traduz, em essência, a controvérsia destes autos. Nada obstante os argumentos da decisão recorrida, entendo que não existe base legal para cobrança de CSLL sobre os resultados das operações de cooperativas com cooperados. Pelo contrário, entendo que a Lei das Sociedades Cooperativas (Lei nº 5.764/71, art. 79) deixa claro que os atos tipicamente cooperativos por não implicarem em operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produtos ou mercadorias, não geram faturamento, bem assim não produzem lucro para a sociedade, porquanto o resultado positivo decorrente dos seus atos pertence exclusivamente a cada um dos cooperados. Nesse passo, o resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas decorrentes de atos cooperativos, ordinariamente denominados de "sobras", não podem ser confundidos com lucro e não integram a base de cálculo da CSLL. Cumpre esclarecer também que o ato cooperativo é aquele praticado pela cooperativa e seus cooperados ou entre as cooperativas entre si. Ou seja, para a caracterização do ato cooperativo é necessária a presença de um associado (cliente ou prestador de serviços) em uma das extremidades da relação negocial. Confirmada a prática de atos tidos como cooperativos, na forma descrita na Lei nº 5.764/71, não configura hipótese de incidência da CSLL sobre tais atos; caracterizando se, conseqüentemente, indevida a cobrança perpetrada pelas autoridades autuantes. Esse é o entendimento pacífico deste Conselho. Vide os acórdãos 10191.487 no dou de 09.12.97, 10703.813 no DOU de 10.02.98, 10192.790 no DOU de 16.02.00, 103 19.974 no dou 280599, 10705.702 no DOU 26.11.99 e 10805.997 no DOU de 18.05.00, 10517.222, 10517.193 e 10517.179 todos no DOU de 06.03.2009, 10517.026 e 10516.989 no DOU de 05.03.09, 10709.461 no DOU de 02.03.09, 10323.618 no DOU de 12.11.08, 103 22.777 no DOU de 21.02.07; e, ainda, acórdãos do CSRF: 910100.308 no dou de 25.08.09, 40105.874 no DOU de 25.06.08, 40105.645 no DOU de 27.03.07, 0104.381 no DOU de 07.03.05. No mais, o Superior Tribunal de Justiça, apenas interpretando a Lei nº 5.764/71, firmou posicionamento de que os atos tipicamente cooperativos não sofrem a incidência de CSLL: DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO ATO COOPERATIVO – LEI Nº – ISENÇÃO. 1. A não incidência da CSLL, nos termos da jurisprudência dominante do STJ, em casos de cooperativas, restringese a atos cooperados praticados exclusivamente entre a cooperativa e seus associados. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp Fl. 158DF CARF MF Emitido em 20/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/11/2011 por CARLOS PELA Processo nº 13971.002135/200597 Acórdão n.º 140200558 S1C4T2 Fl. 4 4 1190066/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/06/2010, DJe 28/06/2010) SOCIEDADE COOPERATIVA DE CRÉDITO. CSLL. ISENÇÃO SOBRE OS ATOS TIPICAMENTE COOPERATIVOS. LEI 8.212/91. SÚMULA VINCULANTE Nº 10/STF. INAPLICABILIDADE. I Os atos tipicamente cooperativos por não implicarem em operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produtos ou mercadorias, conforme a Lei das Sociedades Cooperativas (Lei nº 5.764/71), não geram faturamento, bem assim não produzem lucro para a sociedade, porquanto o resultado positivo decorrente dos seus atos pertence exclusivamente a cada um dos cooperados. Em face de tais peculiaridades, os atos das cooperativas de crédito, ressalvado o disposto nos artigos 86 e 87 da Lei nº 5.5764/71, não sofrem incidência tributária, inclusive de CSLL. Precedentes: AgRg no REsp nº 749.345/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de 08/08/2005; AgRg no REsp nº 650.656/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 17/12/2004; REsp nº 573.393/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 28/06/2004 e AgRg nos EDcl no Ag nº 980.095/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe de 29/09/2008. (...) III Agravo Regimental improvido. (AgRg no REsp 1057481/CE, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2008, DJe 19/11/2008) Esclareçase, entretanto, que a nãoincidência da CSLL, nos termos da jurisprudência dominante do STJ, em casos de cooperativas, restringese a atos cooperativos praticados exclusivamente entre a cooperativa e seus associados. Nada impede que as cooperativas realizem negócios com terceiros não cooperados, desde que observados seus objetivos sociais e disposições legais. Nessa hipótese, contudo, existe previsão expressa na Lei nº 5.764/71 dispondo que os negócios praticados pela cooperativa com terceiros não são considerados atos cooperativos e devem ser tributados (arts. 86 e 87). In casu, não está demonstrado nos autos que a fiscalização tenha qualquer dúvida de que os atos tidos como cooperativos pela contribuinte não fossem, de fato, atos cooperativos. Sendo assim, sobre estes valores não pode incidir a contribuição. Logo, diante de tal delineamento fático, é de se concluir que a prática de atos cooperativos, realizados na forma descrita na Lei nº 5.764/71, não configura hipótese de incidência da CSLL sobre tais atos. Posto isso, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para considerar correta a exclusão, da base de cálculo da CSLL, dos valores relativos ao Resultado Operacional dos atos cooperados, cabendo à Unidade de Origem a recomposição das bases de cálculo negativas dos anos anteriores. (assinado digitalmente) Carlos Pelá Fl. 159DF CARF MF Emitido em 20/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/11/2011 por CARLOS PELA
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Numero do processo: 10831.013186/2004-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 05 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu May 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 21/11/1999
CARGA MANIFESTADA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Tendo o recorrente logrado comprovar que não houve falta de mercadoria, mas mero erro de preenchimento do MANTRA (Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do trânsito e do Armazenamento), não pode prevalecer o lançamento impugnado.
Numero da decisão: 3201-000.689
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário.
Matéria: II/IE/IPIV - ação fiscal - insufiência apuração/recolhimento
Nome do relator: Marcelo Ribeiro Nogueira
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RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Tendo o recorrente logrado comprovar que não houve falta de mercadoria, mas mero erro de preenchimento do MANTRA (Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do trânsito e do Armazenamento), não pode prevalecer o lançamento impugnado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMANDO Presidente MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA Relator Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Luis Eduardo Garrossino Barbieri e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausente justificadamente o Conselheiro Daniel Mariz Gudino. Esteve presente a Procuradora da Fazenda Nacional. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM 2 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado para cobrança Imposto sobre a Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, PIS/PASEP, COFINS, e multa do artº 106, inciso I, alínea “d” do DecretoLei nº 37/66 regulamentado pelo art. 521, inciso II, alínea “d”, do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 91.030/85. Ficou constatado o não armazenamento da seguinte carga no armazém de importação da alfândega do aeroporto internacional de Viracopos. 1) 01 (um) volume, peso 177,500 Kg, sob o Termo de Entrada nº 990058689, de 21/11/1999, com o documento de carga MAWB 020 9730 2951 HAWB 91119030, no vôo GEC8264. O documento de carga supracitado foi devidamente informado pelo contribuinte no Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento – MANTRA, instituído pela IN SRF nº 102/94. O disposto no artº 4º, caput e incisos, art. 6º , caput e incisos e art. 8º da IN SRF nº 102/94, determina que: “As informações sobre carga consolidada procedente do exterior ou de trânsito aduaneiro serão prestadas pelo desconsolidador de carga até duas horas após o registro de chegada do veículo transportador” (grifou), logo, o transportador poderia ter solicitado a exclusão do documento de carga supracitado, dentro do prazo previsto, caso esse documento tivesse sido informado errônea ou indevidamente, e não o fazendo, a carga foi, para todos os efeitos legais, considerada manifestada junto a unidade da SRF da Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos. Destacou ainda a fiscalização: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Consoante o art. 72, § 1º do Decreto 4.543/2002 (DecretoLei nº 37/66, artº 1º, § 2º, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.472/88, art 1º), é considerada como entrada no território aduaneiro a mercadoria constante de manifesto, cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira, devendose considerar, por presunção legal, ocorrido o fato gerador do imposto de importação. Constatada a falta dos volumes manifestados, pelo confronto do manifesto de carga com os registros de descarga, passa a ser exigido, nos termos do art. 60, parágrafo único do DecretoLei nº 37/66, art. 105, inciso II (DecretoLei nº 37/66, art. 32, inciso I, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.472/1988, art. 1º) c/c os artigos 72 e 73, inciso II, alínea “c”, todos do Decreto Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM Processo nº 10831.013186/200470 Acórdão n.º 3201000.689 S3C2T1 Fl. 2 3 4.543/2002, o imposto de importação referente à(s) mercadoria(s) faltante(s), acompanhado da multa prevista no artigo 628, inciso III, alínea “d”, com inteligência dos artigos 602 (Decretolei n 37/66, art. 94), a 604, inciso IV, todos do mesmo Decreto. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Consoante o art. 2°, § 3º da Lei 4.502/64, com redação dada apelo art. 80 da Lei 10.832/03, considerarseá ocorrido o respectivo desembaraço aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo extravio venha a ser apurado pela autoridade fiscal. Constatada a falta dos volumes manifestados, pelo confronto do manifesto de carga com os registros de descarga, passa a ser exigido, nos termos do art. 60, parágrafo único do DecretoLei nº 37/66, o imposto sobre produtos industrializados que incidiria sobre as mercadorias faltante quando de seu desembaraço aduaneiro. PIS/PASEP E COFINS Consoante art. 3, § 1º da Lei 10.865/04, para efeito de incidência das contribuições socais PIS/PASEP e COFINS, consideramse entrados no território nacional os bens que constem como tendo sido importados e cujo extravio venha a ser apurado pela administração aduaneira. Dispõe ainda o artº 4º, inciso II da mesma Lei, que para efeito de cálculo das contribuições, considerase ocorrido o fato gerador no dia do lançamento correspondente crédito tributário, quando se tratar de bens constantes de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo extravio for apurado pela autoridade aduaneira. Constatada a falta dos volumes manifestados, pelo confronto do manifesto de carga com os registros de descarga, passam a ser exigidas, nos termos do art. 60, parágrafo único do Decretolei nº 37/66 c/c o art. 6º, inciso II da Lei 10.865/04, as contribuições sociais PIS/PASEP e COFINS, que incidiriam sobre as mercadorias faltantes na data do registro da declaração de importação. A fiscalização juntou como elementos e prova, extratos obtidos do sistema MANTRA relativos ao documento de carga, cópia das intimações lavradas contra o contribuinte em que solicitam esclarecimentos sobre volumes extraviados, cópias das respostas das referidas intimações, nas quais não são apresentadas provas excludentes de sua responsabilidade pelo extravio apurado. Destacou a fiscalização que, tendo em vista a impossibilidade de identificação e valoração da mercadoria importada e cujo extravio foi apurado, para fins de determinação dos tributos arbitrouse a base de cálculo do imposto de importação em valor Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM 4 equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas, a título definitivo e pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas, no 1º semestre de 2004, pela empresa ROBERT BOSCH LIMITADA, CNPJ nº 45.990.181/000189, informada pelo transportador aéreo como sendo a consignatária das mercadorias acobertadas pelo documento de carga em tela, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais, acrescida de 2 (duas) vezes o correspondente desvio padrão estatístico, nos termos do artigo 67, caput e § 1º da Lei nº 10.833/2003. Ciente do Auto de Infração, o contribuinte impugnou o lançamento, fls. 35/41, alegando que: este volume de carga, especificamente, pesava 177,50 kilogramas, e fora devidamente registrado sob o Termo de Entrada nº 990058689. Conforme constatase com a singela análise do extrato do SISCOMEX – MANTRA IMPORTAÇÃO (doc. 01), o termo de abertura do registro de chegada destas cargas deuse em 21 de novembro de 1999, tendo as mesmas por procedência o Aeroporto Internacional de Frankfurt, na Alemanha, e como destino, o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas; todavia, apesar de não constar o registro de armazenagem (vinculação) do mencionado volume de carga, não podese ter, como verdade absoluta, que o mesmo não fora atracado e devidamente desembaraçado junto a Aduana do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas; a Impugnante fará prova de que o volume de carga tido como “extraviado”, fora devidamente desembaraçado pela consignatária da mercadoria (empresa ROBERT BOSCH LTDA., inscrita no CNPJ/MF sob o nº 45.990.181/000189), em consonância a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos; por questões de otimização, a IMPUGNANTE, ao realizar o trânsito de importação das mercadorias amparadas pelo conhecimento aéreo MAWB nº 020 9730 2951, acondicionou, a este, 106 (cento e seis) volumes de cargas; entretanto, ao registrar os dados correlatos as mercadorias que estriam sujeitas ao trânsito de importação , a IMPUGNANTE, erroneamente, inseriu mais um volume de carga, constante no WAWB nº 91119030, o qual, na pratica, não faria parte daquele transporte; assim, a Impugnante, certificandose do equívoco cometido, imediatamente providenciou a importação do questionado volume de carga em vôo posterior, o qual fora devidamente manifestado em outro conhecimento aéreo (máster) – MAWB nº 042.9864 4081, tendo tais mercadorias chegado oficialmente ao aeródromo de Viracopos em 25 de novembro de 1999; com base na análise da documentação anexa (doc. 02), comprovase, claramente, que estas mercadorias, ao contrário do disposto pela autoridade autuante, foram devidamente atracadas junto aos armazéns alfandegados da Aduana, sendo Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM Processo nº 10831.013186/200470 Acórdão n.º 3201000.689 S3C2T1 Fl. 3 5 posteriormente visadas pela própria Inspetoria local, e, ao final, entregues a empresa consignatária; todos estes fatos ocorreram a posteriore, mais especificamente no dia 30 de novembro de 1999, e tiveram por base a Declaração de Importação de n° 99/10316277, registrada no sistema integrado da Secretaria da Receita Federal (doc. 02); com isso, ilidida está a presunção de que o volume de carga, amparado pelo conhecimento aéreo AWB nº 91119030, tenha sido extraviado pela IMPUGNANTE, na medida em que há prova robusta de que tais mercadorias foram regularmente desembaraçadas junto a Alfândega do Aeroporto de Viracopos, em Campinas; as operações de importação realizadas pela IMPUGNANTE deuse em ato anterior à vigência da norma (lei) que fundamentara toda a cobrança fiscal, sendo, por certo, inteiramente impertinente (nula) a presente imposição legal; as operações de importação foram realizadas no anobase de 1999 quando nem se cogitava a existência e, muito menos, a vigência da Lei nº 10.865, de 2004; no caso sob análise, ocorridos em finais do anobase de 1999, não havia (existia) as circunstâncias materiais (fato gerador) necessárias para que se produzisse os efeitos que lhes são próprios (artigo 116, I, C.T.N); não havia norma (legal) que previsse a incidência das contribuições nas operações de importação; requer seja anulado o lançamento dos créditos tributários impugnados, em sua integralidade, em razão de ter sido devidamente comprovado que o volume de carga amparado no conhecimento aéreo MAWB nº 020 9730 2951 HAWB 91119030, e devidamente registrado sob o Termo de Entrada nº 99005868 9, fora posteriormente atracado e desembaraçado junto as dependências da própria Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, tendose como suporte a Declaração de Importação nº 99/10316277, emitida em nome da consignatária das mercadorias. BOSCH LTDA., inscrita no CNPJ/MF Nº 45.990.181/000189); caberá a insigne autoridade julgadora apreciar, ao revés, a aplicação do caso in concreto tendose por base a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores constituídos nos Autos de Infração anexos, situação em que, por certo, não havia previsão legal para a incidência das contribuições nas operações de importação realizadas no País; necessário, também, que seja anulado (ou retificado) o lançamento originário em relação a cobrança do Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados, de modo que seja averiguado se há, com o exame da legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, a possibilidade de existir crédito tributário suplementar. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM 6 A decisão recorrida recebeu de seus julgadores a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 21/11/1999 CARGA MANIFESTADA. Para todos os efeitos legais, a carga será considerada manifestada junto à unidade local da SRF quando ocorrer, no MANTRA (Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do trânsito e do Armazenamento) o registro de chegada de veículo procedente do exterior, relativamente à carga previamente informada (Artº 6º, inciso I, da IN 102/94). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA O manifesto será submetido a conferência final para apuração de responsabilidade por eventuais diferenças quanto a falta ou acréscimo de mercadoria. A responsabilidade pelos tributos apurados em relação ao extravio de mercadoria será de quem lhe tenha dado causa. PIS/COFINS o Artº 150, III, “a”, proíbe a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da lei que os houver instituído ou aumentado. Lançamento procedente em parte. O contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua peça de impugnação. Os autos foram enviados ao antigo Terceiro Conselho de Contribuintes e fui designado como relator do presente recurso voluntário, na forma regimental. Tendo sido criado o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pela Medida Provisória nº 449, de 03 de dezembro de 2008, e mantida a competência deste Conselheiro para atuar como relator no julgamento deste processo, na forma da Portaria nº 41, de 15 de fevereiro de 2009, requisitei a inclusão em pauta para julgamento deste recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira Relator O recurso atende aos requisitos legais, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM Processo nº 10831.013186/200470 Acórdão n.º 3201000.689 S3C2T1 Fl. 4 7 A alegação da recorrente é que, por erro do agente de carga, o HAWB nº 91119030 foi incluído no MAWB nº 020 9730 2951, datado de 18.11.1999, do qual não faria parte, em seu recurso e em sua impugnação, apresentou cópia do MAWB nº 042 9864 4081, alegando que o HAWB nº 9119030 foi importado através daquele Máster, sendo desembaraçado pela DI nº 99/10316277. A decisão de primeira instância valorou a prova da seguinte forma, verbis: Juntou para tanto o MAWB nº 042.9864 4081, como prova. Entretanto, a única relação entre estes documentos é: l volume/peso 177,50 Kg. Destaquese que, anteriormente ao Auto de Infração, intimada a prestar esclarecimentos sobre esta carga, INTIMAÇÃO CFM nº 90/2003, fls. 23, a interessada se manifestou através do expediente de fls. 25, onde claramente afirmou: “AWB020/97302951/HAWB9111930 – Carga nunca chegou em Viracopos.” Portanto, o que temos de concreto é que o volume constante do HAWB nº 91119030 foi devidamente informado pelo contribuinte no Sistema Integrado de Gerência do Manifesto do Trânsito e do Armazenamento – MANTRA. A interessada deveria ter solicitado a exclusão dos documentos de carga supracitados, dentro do prazo previsto, 2 horas, caso esse documento tivesse sido informado indevidamente; desse modo, para todos os efeitos legais, a carga foi considerada manifestada junto à unidade da Secretaria da Receita Federal – Alfândega de Viracopos. Discordo desta valoração da prova produzida pela recorrente, isto porque diferentemente do que consta da decisão recorrida, entendo que há vários indícios nos autos, quais sejam: 1 – a cópia da tela do SISCOMEX – Mantra Importação (fls. 48) traz a informação que vincula o HAWB nº 9111903 ao MAWB nº 042 9864 4081, indica como consignatário Robert Bosch Ltda., informa tratarse de um único volume com o peso de 177,500kg; 2 – a cópia da tela do SISCOMEX – Mantra Importação (fls. 48) traz a informação que vincula o HAWB nº 9111903 ao MAWB nº 020 9730 2951, indica como consignatário Bosch Ltda., informa tratarse de um único volume com o peso de 177,500kg; Fl. 7DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM 8 3 todos os 106 volumes do MAWB nº 020 9730 2951 tem como consignatário a empresa BCE Cargo Ltda. e o único volume incluído naquele Máster destinado a outra pessoa foi exatamente o que consta como faltante; e 4 – Nos dados complementares do registro da DI nº 99/10316277 (fls. 44) consta expressa referência ao MAWB nº 9111903 ao HAWB nº 042 9864 4081. Diante destas evidências pareceme que o recorrente conseguiu comprovar que não houve a importação das mercadorias consideradas faltantes, portanto, VOTO por conhecer do recurso para darlhe provimento. Marcelo Ribeiro Nogueira Relator Fl. 8DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 18/10/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDE S ARM
score : 1.0
Numero do processo: 10435.001867/2002-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 21 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Feb 21 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001
MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS DO IRPJ E CSLL RECOLHIDAS A MENOR.
Por expressa disposição legal, é legítima a exigência de multa isolada da pessoa jurídica que tenha optado pelo pagamento mensal do IRPJ e da CSLL, apurada sobre base de cálculo estimada, que deixar de fazê-lo ou fazê-lo em montante inferior ao devido, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal no ano-calendário
correspondente.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. A legislação tributária aplica-se a ato ou fato pretérito, não definitivamente
julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Numero da decisão: 1202-000.480
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido(a)s o(a) Conselheiro(a) Nereida Miranda Finamore Horta e Orlando José Gomes Bueno. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo.
Nome do relator: Nereida de Miranda Finamore Horta
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ESTIMATIVAS DO IRPJ E CSLL RECOLHIDAS A MENOR. Por expressa disposição legal, é legítima a exigência de multa isolada da pessoa jurídica que tenha optado pelo pagamento mensal do IRPJ e da CSLL, apurada sobre base de cálculo estimada, que deixar de fazêlo ou fazêlo em montante inferior ao devido, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal no ano calendário correspondente. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. A legislação tributária aplicase a ato ou fato pretérito, não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido(a)s o(a) Conselheiro(a) Nereida Miranda Finamore Horta e Orlando José Gomes Bueno. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Presidente. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta Relatora. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Donassolo, Jaci de Assis Junior, Valéria Cabral Geo Verçoza, Flávio Vilela Campos, Nereida de Miranda Finamore Horta e Orlando José Gonçalves Bueno. Relatório Tratamse os Autos de exigência de multa isolada sobre o não recolhimento das antecipações mensais de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, relativos aos anoscalendários de 1997 a 2001, na importância de R$ 295.119,30 e R$ 117.598,61, respectivamente. Essas antecipações foram consideradas devidas com base na receita bruta e outras receitas, ou como disposto no Relatório de Auditoria com base em estimativas mensais (fls. 347). O fundamento legal dos lançamentos foram: Para o IRPJ os artigos 2°, 43, 44, §1°, inciso IV, da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996; e artigos. 222, 843, e 957, parágrafo único, inciso IV, do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 RIR/1999. Para a CSLL artigo 44, §1°, inciso IV, da Lei n° 9.430, de 1996. Em sua Impugnação, a recorrente: contestou a legalidade da base de incidência das multas aplicadas, uma vez que não houve falta de recolhimento de IRPJ e CSLL; alegou que a única justificativa para a autuação é um mero equívoco formal, decorrente provavelmente de alguma falha nos registros fisco/contábeis da recorrente, fato que não consta convenientemente esclarecido, cerceando seu direito de defesa alegou que como os lançamentos em questão dizem respeito à aplicação exclusiva de penalidade, caberia, no caso, valerse do artigo. 112 do Código Tributário Nacional – CTN, alegou que a multa isolada aplicada é incompatível com qualquer noção de Justiça, com qualquer princípio moral, violando claramente o preâmbulo da Constituição Federal de 1988. argumentou que mantém a escrituração da contabilidade regular e que apresentou regularmente as declarações de rendimentos, demonstrando com transparência a apuração do IRPJ e da CSLL devidos. concluiu que, após encerrado o anocalendário, não mais prevalece a aplicação de multa isolada prevista no artigo 44, §1°, inciso IV da Lei n° 9.430, de 1996, e que deveria verificar as outras normas que lhe dão complementação e cita o artigo 35, da Lei n° 8.981/1995, artigo 230 do RIR/99, a Instrução Normativa n° 93, de 24 de dezembro de 1997. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 3 3 alegou que como não se pode exigir parcela adicional de IRPJ como poder seia exigir alguma penalidade sobre essas antecipações.. Logo, tratase de multa punitiva. citou decisões administrativas e doutrina sobre o caso. Ao final, solicitou que: sejam acolhidas as preliminares suscitadas, anulando totalmente a exigência, nos termos do artigo 59, inciso II, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972 e alterações. seja ofertada a interpretação que mais favorecer a recorrente com base no disposto no artigo 112 do CTN. aceitasse o seu protesto por juntada posterior de provas, e todos os outros meios de provas em direito permitidas, bem como perícia, diligência. Em seu Acórdão de nº 0217.879, a DRJ julgou procedente em parte a autuação, como segue: sobre a nulidade do Auto de Infração, com base no artigo 59, II, do Decreto n° 70.235/1972, pela alegação de preterição do direito de defesa, entende que não cabe razão à recorrente, pois o enquadramento legal às fls. 09 e 16, os demonstrativos 32/41 anexos, as partes integrantes do Auto de Infração, bem como o descrito no item 2.1.1.2 do Relatório de Auditoria (fls. 347/348), foram devidamente cientificados em 6/12/2002 e permitem a identificação da abrangência da exigência fiscal com base no artigo 44, §1°, inciso IV da Lei n° 9.430/1996. indefere o pedido de produção de provas, perícia e diligência, uma vez que os fatos tributáveis foram evidenciados e são suficientes e, portanto, não há necessidade de adicionar algum conhecimento especial de técnico ou de diligência e/ou perícia. esclarece que as autoridades administrativas não são competentes para dizer sobre inconstitucionalidade da lei que introduziu a multa isolada; sobre a multa isolada, esclarece que foi aplicada tendo em vista que a obrigação principal, isto é, a antecipação, não foi recolhida, aplicandose, assim, o artigo 44, § 1°, IV, da Lei n° 9.430 de 1996, o qual não faz qualquer restrição ao momento da aplicação da multa pela falta de recolhimento ou o recolhimento a menor por estimativa. Essa mesma orientação está disposta na Instrução Normativa n° 93/1997. entende que o percentual de multa é de 50% sobre o valor não recolhido, com base no artigo 106 do CTN, pelo Princípio da Retroatividade Benigna. A recorrente foi cientificada da decisão em 23 de junho de 2008 (conforme AR constante na fl. 411) e apresentou seu Recurso Voluntário tempestivamente, reiterando os argumentos levantados na Impugnação, declinando apenas dos argumentos feitos em preliminar (nulidade do Auto de Infração e Cerceamento de Defesa). É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 4 4 Voto Vencido Conselheira Nereida de Miranda Finamore Horta, Relatora. O Recurso Voluntário apresentado preenche as condições de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Como disposto no relatório, tratamse os Autos de aplicação de multa isolada sobre a insuficiência de recolhimento de antecipações de IRPJ e CSLL nos anoscalendários de 1997 a 2001. A autoridade lançadora verificou, através das declarações apresentadas pela recorrente, que as antecipações calculadas com base na estimativa (receita bruta e outras receitas) não estavam conforme os valores recolhidos (fls 347 – Relatório de Auditoria). Constatada a diferença que resultou em recolhimento a menor, aplicou a multa com base no artigo 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9430/1996, in verbis: “Art 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: .................. IV – isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente” Como citado pela recorrente, temos várias decisões desse colegiado concordando com a não aplicação dessa multa de ofício isolada sobre a insuficiência de CSLL e IRPJ devidos com base nas antecipações mensais ou bases estimadas. Para esse meu voto valhome do racional descrito no voto proferido pelo relator Conselheiro Marcos Vinicius Neder de Lima, no Acórdão nº0105.875, na sessão de 25 de junho de 2008, da Câmara Superior de Recursos Fiscais. No seu voto, o relator pondera, inicialmente, que, com a edição desse artigo 44 retrotranscrito, esse Conselho de Contribuintes vem tecendo grandes debates sobre a aplicação dessas sanções previstas. Esclareceu que alguns tem o entendimento de que deve ser Fl. 4DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 5 5 aplicada a multa isolada em todos os casos que não houver recolhimento da estimativa, a fim de assegurar a efetividade do regime da estimativa e preservar o interesse público. No seu voto, o relator diz que: “Por força da segurança jurídica, a interpretação de normas que imponham penalidades deve ser atenta ao que dispõe os textos normativos e esses oferecem limites à construção de sentidos.” Continuando, o artigo 44, parágrafo 1º, inciso IV, da Lei nº 9430/96, dispõe que está sujeito à aplicação da multa de 75% quando, apesar de estar sujeito ao recolhimento do IRPJ e CSLL com base na estimativa, não faz esse recolhimento ou faz a menor, sem acréscimo de multa. Por outro lado, o artigo 35, parágrafo 2º da Lei nº 8981/95, o qual dispõe que o recolhimento por estimativa está dispensado se, através de balanços ou balancetes mensais, estiver provado que o valor já recolhido anteriormente for maior que o devido calculado com base no lucro real do período. Ou seja, caso fique comprovado que o recolhimento feito com base no lucro real sobre determinado período está maior ou igual ao tributo devido, o contribuinte está dispensado do recolhimento com base estimada. Devese ter em mente que o tributo só se torna devido ao final do ano calendário, por isso o recolhimento antecipado tem que é coincidente com o devido ao final do anocalendário. “Assim, caso a pessoa jurídica não promova o correspondente recolhimento da estimativa nos meses próprios do respectivo anocalendário e não apresente os balancetes de suspensão no curso do período ainda que tenha experimentado prejuízo ou base de cálculo negativa ficará sujeita à multa isolada de que trata o art. 44 da Lei n° 9.430/96. A lei estabelece uma presunção de que o valor calculado de forma presumida (estimada) coincide com o tributo que será devido ao final do período, partindo da constatação de que a estimativa não foi recolhida e de omissão do sujeito passivo em apresentar os balanços ou balancetes. Esse não é caso, contudo, da empresa que, após o término do anocalendário correspondente, apresenta o balanço final do período ao invés de balancetes ou balanços de suspensão. Nesse caso, a exigência da norma sancionadora para que se comprove a inexistência de tributo é atendida. Vale dizer, após o encerramento do período, o balanço final (de dezembro) é que balizará a pertinência do exigido sob a forma de estimativa, pois esse acumula todos os meses do próprio anocalendário. Nesse momento, ocorre juridicamente o fato gerador do tributo e podese conhecer o valor devido pelo contribuinte. Se não há tributo devido, tampouco há base de cálculo para se apurar o valor da penalidade. Não há porque se obrigar o contribuinte a antecipar o que não é devido e forçálo a pedir restituição Fl. 5DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 6 6 posteriormente. Daí concluir que o balanço final é prova suficiente para afastar a multa isolada por falta de recolhimento da estimativa Resta examinar, então, qual seria a hipótese em que, na presença de prejuízo fiscal, se deveria aplicar a multa isolada. Nesse caso, a interpretação sistemática dos dois enunciados prescritivos dispostos no mesmo artigo aqui comentados (caput e § 1°, inciso IV, do art. 44) conduz ao entendimento de que o procedimento fiscal e a aplicação da penalidade devem obrigatoriamente ocorrer no curso do anocalendário, pois a conduta objetivada pela norma (dever de antecipar o tributo) é descumprida e, nesse momento, o efetivo resultado do exercício não está evidenciado mediante balancetes. Assim, em virtude da inobservância da pessoa jurídica dos dispositivos legais reitores, o agente fiscal não tem como aferir a situação fiscal corrente do contribuinte. O legislador concede a fiscalização, durante o transcorrer do períodobase, o poder de presumir que o valor apurado de forma estimada a partir da receita da empresa coincide com o tributo devido, desde que demonstrada a omissão do dever probatório atribuído pela lei ao contribuinte. Essa presunção legal da existência de tributo não poderia ser desfeita após a aplicação da multa de lançamento de oficio pela posterior apresentação de balanço na fase de defesa administrativa, pois tornaria o arbitramento do tributo sob base estimada condicional.. Chegamos, portanto, a poucas, mas importantes conclusões: 1. as penalidades, além da obediência genérica ao princípio da legalidade, devem também atender a exigência de objetividade, identificando com clareza e precisão, os elementos definidores da conduta delituosa. 2. a adoção de bases de cálculo e percentuais idênticos em duas normas sancionadoras faz pressupor a identidade do critério material dessas normas; 3. tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3° do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obrigação jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos; Fl. 6DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 7 7 4. a base de cálculo predita no artigo 44 da Lei n°9.430/96 referese à multa pela falta de pagamento de tributo; 5. o tributo devido ao final do exercício e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício; 6. não será devida estimativa caso inexista tributo devido no encerramento do exercício; 7. os balanços ou balanceies mensais são os meios de prova exigidos pelo Direito, para que o contribuinte demonstre a inexistência de tributo devido e a dispensa do recolhimento da estimativa. 8. após o final do exercício, o balanço de encerramento e o tributo apurado devem ser considerados para fins de cálculo da multa isolada; 9. antes do final do exercício, o fisco pode considerar para fins de aplicação de multa isolada o valor estimado calculado a partir da receita da empresa, desde que a inexistência de tributo não esteja comprovada por balanços ou balanceies mensais. 10. não se pode aplicar a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas e exigir a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício.” No caso sob análise,o relatório indica que não foram recolhidas antecipações de IRPJ e de CSLL durante os anoscalendários de 1997 a 2001, o que resultou em exigência de multa equivalente a 75% sobre a insuficiência de recolhimento. Todavia, ao final desses anoscalendários, a recorrente cumpriu com o recolhimento da totalidade dos tributos devidos, não estando, portanto, no meu entender, sujeita à aplicação da multa em comento tanto para o IRPJ como para a CSLL. Com a conclusão acima, restou prejudicada a análise da redução da multa de 75% para 50%, com base na nova redação dada ao artigo 44, inciso I pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, bem como do disposto no artigo 112 do CTN aventado pela recorrente., por acrescidos). Por todo o exposto, o meu voto é por dar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta Fl. 7DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 8 8 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Redator Designado. Em que pese os valiosos argumentos apresentados pela ilustre relatora, peço vênia para discordar do seu entendimento em relação à aplicação da multa de ofício isolada pelo recolhimento a menor das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL nos anoscalendários de 1997 a 2001. Em seu recurso, a recorrente contesta, em síntese, a legalidade da aplicação da multa isolada, uma vez que os recolhimentos definitivos do IRPJ e da CSLL foram feitos quando do ajuste definitivo de apuração do imposto e da contribuição ao final do ano calendário. A respeito do recolhimento das estimativas mensais do IRPJ ao longo do ano calendário, cabe dizer que o mesmo deve ser feito obrigatoriamente pelo contribuinte que optou pela forma de tributação com base no lucro real, nos termos do art. 2º da Lei n° 9.430, de 1996, abaixo transcrito para melhor clareza: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1oe 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei n" 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Uma vez que a obrigação de recolhimento das estimativas mensais não foi cumprida de acordo com o que determina o dispositivo legal acima transcrito, a mesma Lei nº 9.430, de 1996, nos seus artigos 43 e 44 e alterações, estabelecem a imposição de uma penalidade isolada para coibir a prática do não pagamento dessa estimativa, conforme redação dos dispositivos que se transcreve: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente à multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Multas de Lançamento de Oficio Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) Fl. 8DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 9 9 II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei na 11.488, de 15 de junho de 2007) (Grifei). Dessa forma, estando o contribuinte sujeito à apuração com base no lucro real e tendo optado pelo pagamento do IRPJ, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada e deixando de recolher o imposto de renda, sem demonstrar que não era devido, por meio de balancetes de suspensão ou de redução, ocorre a subsunção do fato à norma legal estabelecida nos arts. 43 e 44 acima transcritos, que deve ser aplicada e cumprida integralmente pelas autoridades administrativas. Sobre esse último aspecto, cabe dizer que a atividade do lançamento tributário é vinculada ao texto da lei, e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional pelo seu descumprimento, nos termos no art. 142 do Código Tributário Nacional. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Não cabe à autoridade administrativa usar do poder discricionário para aplicação da norma regulamente inserida no ordenamento jurídico. Ocorrido o fato e estando ele perfeitamente enquadrado no dispositivo legal, a autoridade deve obrigatoriamente aplicar a lei ao caso concreto. O julgamento administrativo está estruturado como uma atividade de controle interno dos atos praticados pela administração tributária, sob o prisma da legalidade e da legitimidade. Os dispositivos da lei que exigem a cobrança da multa isolada (penalidade) não podem ser negados pelo Tribunal Administrativo, a quem não cabe substituir o legislador. Ademais, registrese que é mais do que razoável se admitir a existência de uma penalidade para desencorajar os contribuintes a não cumprirem a obrigação de pagar corretamente os seus tributos, sob pena de se estabelecer uma desigualdade com aqueles contribuintes que cumprem suas obrigações tributárias nos prazos legais, de cujos recursos financeiros depende o Estado para poder funcionar e que os aguarda no momento certo para o cumprimento de suas obrigações orçamentárias. Salientese que a apuração de prejuízo fiscal ao final do anocalendário, em nada altera os fundamentos acima expostos. O raciocínio aplicado ao IRPJ se estende à CSLL, face ao disposto no art. 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995, ao dispor que aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração estabelecidas para o IRPJ. Por outro lado, em razão da aplicação do princípio da retroatividade benigna, previsto no art. 106, II, "c", do CTN, fica reduzido o percentual de aplicação da multa isolada Fl. 9DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT Processo nº 10435.001867/200204 Acórdão n.º 120200.480 S1C2T2 Fl. 10 10 para 50%, incidente sobre o valor não recolhido, tendo em vista a nova redação dada ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996 pela Lei n° 11.488, de 15 de dezembro de 2007. De acordo com o exposto, é de se manter a exigência da multa isolada pelo recolhimento a menor das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, devendo ser negado provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 10DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Assinado digitalmente em 11/05/2011 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, 11/05/2011 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORT
score : 1.0
Numero do processo: 10680.005374/2005-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTO INDUSTRIALIZADOS IPI
Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003,
31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004
DIF PAPEL
IMUNE. MULTA POR ATRASO. OBRIGAÇÃO
ACESSÓRIA CRIADA PELA RFB. PENALIDADE APLICÁVEL. ERRO
DE CAPITULAÇÃO LEGAL.
Antes da edição da Medida Provisória nº 451/2008, o atraso na apresentação
de DIF Papel
Imune ensejava a aplicação da multa prevista no art. 507 do
RIPI/2002 e não a prevista do art. 505, também do RIPI/02.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3302-000.880
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os
Conselheiros José Antonio Francisco (Relator) e Alan Fialho Gandra. Designado o Conselheiro
Gileno Gurjão Barreto para redigir o voto vencedor.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTO INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004 DIF PAPEL IMUNE. MULTA POR ATRASO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CRIADA PELA RFB. PENALIDADE APLICÁVEL. ERRO DE CAPITULAÇÃO LEGAL. Antes da edição da Medida Provisória nº 451/2008, o atraso na apresentação de DIF Papel Imune ensejava a aplicação da multa prevista no art. 507 do RIPI/2002 e não a prevista do art. 505, também do RIPI/02. Recurso Voluntário Provido
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTO INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004 DIF PAPEL IMUNE. MULTA POR ATRASO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CRIADA PELA RFB. PENALIDADE APLICÁVEL. ERRO DE CAPITULAÇÃO LEGAL. Antes da edição da Medida Provisória nº 451/2008, o atraso na apresentação de DIF Papel Imune ensejava a aplicação da multa prevista no art. 507 do RIPI/2002 e não a prevista do art. 505, também do RIPI/02. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros José Antonio Francisco (Relator) e Alan Fialho Gandra. Designado o Conselheiro Gileno Gurjão Barreto para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Fl. 142DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 126 2 (Assinado digitalmente) Gileno Gurjão Barreto Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Andrea Medrado Darzé, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 90 a 108) apresentado em 20 de março de 2009 contra o Acórdão no 0921.275, de 16 de outubro de 2008, da 3ª Turma da DRJ/JFA (fls. 55 a 63), cientificado em 19 de março de 2009, que, relativamente a auto de infração de IPI Multa dos períodos de julho de 2002 a julho de 2004, considerou procedente o lançamento, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2002, 2003, 2004 DIFPAPEL IMUNE. FALTA OU ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A nãoapresentação, ou a apresentação da DIFPapel Imune após os prazos estabelecidos para a entrega dessa declaração, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no art. 57 da MP nº 2.15834, de 2001, e reedição. Lançamento Procedente O auto de infração foi lavrado em 06 de maio de 2005, de acordo com o termo de fl. 6. A Primeira Instância assim resumiu o litígio: Tratase de auto de infração para exigência da multa regulamentar no valor de R$1.110.000,00, lavrado em decorrência da constatação de ausência na entrega da Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIFPapel Imune). O lançamento foi amparado nos dispositivos legais relacionados na descrição dos fatos e enquadramento legal do auto de infração, merecendo destaque a Instrução Normativa (IN) SRF nº 71, de 2001, bem como o art. 57 da Medida Provisória (MP) nº 2.15834, de 2001, e reedições, matriz legal do art. 505 do Decreto nº 4.544, de 2002 (RIPI/02). Cientificada do lançamento de ofício pela via postal em 06/05/2005 (fl. 24), a autuada, por meio do procurador constituído pelo instrumento de fl. 35, apresentou em 03/06/2005 Fl. 143DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 127 3 sua impugnação de fls. 27/33, na qual solicitou a improcedência da autuação sob os argumentos, em síntese, de que: a sociedade constituíra uma filial para operar com atividades gráficas, tendo, inclusive, obtido o registro especial para operar com papel imune, que foi publicado em 07/03/2002 (cópia à fl. 44). Porém, tal filial encerrara definitivamente suas atividades em abril/2002, tendo emitido sua última nota fiscal de prestação de serviços, nº 3887, em 1º de abril de 2002 e, após, desmantelado sua estrutura física e requerido sua baixa perante o Município de Belo Horizonte, baixa esta que, entretanto, só foi concedida em julho de 2003; “não se poderia exigir da empresa o cumprimento de obrigação que, ainda que autônoma, depende, de fato, da existência física e jurídica do estabelecimento, existência esta, essencial para tipificar a obrigação contida na IN 71/01. Cumpre apenas anotar que a empresa não promoveu a alteração em seu contrato social, nem tampouco deu baixa na JUCEMG ou mesmo no CNPJ quanto à sua filial porquanto a impugnante ainda está a quitar débitos seus incluídos no REFIS (...). Enquanto não quitar definitivamente suas dívidas para com a União, a empresa impugnante não conseguirá promover a baixa de seu CNPJ. De toda sorte, o que importa é que a empresa deixou de exercer qualquer atividade já em abril 2002, sendo absolutamente despropositada e ilegal a aplicação da penalidade ora impugnada. Nos períodos fiscalizados e exigidos pelo fisco não existia mais qualquer atividade que pudesse, de qualquer forma, atrair para o impugnante o dever de cumprir obrigação estampada na IN 71/02”; assinala a realização de diligência pela autoridade julgadora caso entenda necessário para maiores esclarecimentos, tendo indicando perito e relacionado quesitos; a delegação dada pelo art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, para a Receita Federal criar obrigações acessórias, dentre elas a de entrega da DIFPapel Imune, nos termos do art. 10 da IN SRF nº 71, de 2001, ofendia a legalidade e a separação de poderes, sendo inconstitucional, porquanto tal função era privativa da lei, não podendo ter sido feita por ato administrativo infralegal; a aplicação da multa em pauta era absurda, pois na não refletia “a extensão do ato a que pretende punir, na medida em que não foi frustrado objetivo maior da União Federal: o recolhimento do imposto devido”, além do que, multa não podia ser utilizada como meio de arrecadação alternativo; o valor exigido implicava o arruinamento da empresa e ofendia os princípios constitucionais da razoabilidade, da proporcionalidade e do nãoconfisco; o auto de infração devia ser cancelado ou, ao menos, reduzido para que a penalidade aplicada ficasse condizente com os princípios constitucionais da proporcionalidade e da Fl. 144DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 128 4 razoabilidade, bem como ao disposto no art. 150, § 4º, da Constituição Federal de 1988. No recurso, a Interessada alegou ter havido cerceamento de defesa, pela impossibilidade de produção de provas em relação a ter suas atividades encerradas em abril de 2002, sem nunca ter operado com papel imune. A seguir, alegou que a instituição da multa teria sido efetuada por meio de delegação legislativa inconstitucional. Ademais, a aplicação da multa implicaria violação dos princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. Finalmente, a disposição que preveria a multa seria ambígua, admitindo a interpretação de que seria devido o valor especificado para cada mês referente à DIF e não as meses em atraso. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. Em relação aos aspectos preliminares de validade da autuação, com fundamento do art. 50, § 1º, da Lei no 9.784, de 1999, adoto os fundamentos do acórdão de primeira instância, uma vez que a DIF deve ser apresentada ainda que a empresa encontrese inativa. Não há, assim, que se falar em cerceamento de defesa, uma vez que a alegação da Interessada é irrelevante ao caso. Quanto ao mérito, primeiramente, há que se diferenciar “prazo de apresentação de declaração” de “prazo de cumprimento de intimação”. O primeiro está previsto na lei em relação a cada período de apuração e é imutável. Na falta de cumprimento da obrigação acessória (apresentação da declaração no prazo legal), a legislação prevê que a Fiscalização intime o sujeito passivo a cumprila em determinado prazo, mas tal intimação não altera o prazo legal inicial para cumprimento da obrigação. A intimação, no caso, é resultado de uma autorização legal que dota o Fisco de um meio para fazer o contribuinte cumprir a lei. Caso o contribuinte cumpra a obrigação no prazo da intimação, terá apenas direito à redução da multa, conforme expressamente previsto na lei. Esse é único efeito do cumprimento do prazo de intimação, que não substitui o prazo legal inicial. Caso descumpra a intimação, o contribuinte perde o direito à redução. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 129 5 Quanto às matérias constitucionais, é preciso esclarecer que o art. 62 do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, dispõe o seguinte: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Dessa forma, se o STF já houver se pronunciado definitivamente pelo seu plenário a respeito da inconstitucionalidade de lei, o parágrafo único, I, do artigo acima citado permite que a aplicação da lei seja afastada. Nesse contexto, conforme Súmula nº 2 do Carf, aprovada pela Portaria Carf no 106, de 2009, “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Entretanto, merecem justificativa algumas das questões levantadas pela Interessada no recurso. No tocante à legislação, saber se o legislador ultrapassou os limites constitucionais de razoabilidade, ao instituir os percentuais das multas representa questão de controle constitucional do devido processo legal substantivo. Vejase a respeito parte da ementa de decisão do Supremo Tribunal Federal pronunciada no exame da medida cautelar requerida na ADC nº 1.063/DF: SUBSTANTIVE DUE PROCESS OF LAW E FUNÇÃO LEGISLATIVA: A cláusula do devido processo legal objeto de expressa proclamação pelo art. 5º, LIV, da Constituição deve ser entendida, na abrangência de sua noção conceitual, não só sob o aspecto meramente formal, que impõe restrições de caráter ritual à atuação do Poder Público, mas, sobretudo, em sua dimensão material, que atua como decisivo obstáculo à edição de atos legislativos de conteúdo arbitrário. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 130 6 A essência do substantive due process of law reside na necessidade de proteger os direitos e as liberdades das pessoas contra qualquer modalidade de legislação que se revele opressiva ou destituída do necessário coeficiente de razoabilidade. Isso significa, dentro da perspectiva da extensão da teoria do desvio de poder ao plano das atividades legislativas do Estado, que este não dispõe da competência para legislar ilimitadamente, de forma imoderada e irresponsável, gerando, com o seu comportamento institucional, situações normativas de absoluta distorção e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o desempenho da função estatal. O magistério doutrinário de CAIO TÁCITO. Observância, pelas normas legais impugnadas, da cláusula constitucional do substantive due process of law. Obviamente, o controle do ato legislativo, nesses termos, não poderia ser efetuado no âmbito de processo administrativo. No tocante à criação de declarações por meio de instruções normativas, a Lei nº 9.779, de 1999, art. 16, atribuiu competência à Receita Federal para dispor sobre obrigações acessórias: Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. A MP nº 2.15835, de 2001, art. 57, previu a multa em questão. A legalidade da criação da declaração e da aplicação da multa é clara. Diz o mencionado dispositivo: Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. A Lei é clara ao determinar a aplicação da multa “por mêscalendário”. Dessa forma, para cada mêscalendário, a multa é acrescida em cinco mil Reais. A multa é única, fixada em função do número de mesescalendário em atraso. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 131 7 Outra questão seria considerar inconstitucionais os arts. 16 e 57 supracitados e, por via de consequência, inexigível ou excessiva a multa, o que, juntamente com as alegações de violação dos princípios da vedação ao Confisco, da razoabilidade e da proporcionalidade não poderia ser deliberado, por se tratar de matéria constitucional. Em relação à aplicação das disposições do Regulamento do IPI, considerando que houvesse penalidade específica no RIPI, se a Lei nº 9.779, de 1999, e a MP nº 2.15835, de 2001, fossem gerais, então elas não revogariam a lei especial, conforme a antiga lei de introdução ao Código Civil. Entretanto, essa revogação não ocorreria se a lei geral ou especial não criassem dispositivo “a par dos já existentes”. Assim, seria preciso saber duas coisas: se as disposições da Lei nº 9.779, de 1999, foram efetuadas “a par” das já existentes (se a obrigação acessória a que se referiu é de outra natureza daquelas previstas no RIPI), e se houve intenção de revogar as disposições anteriores. Entretanto, as “informações adicionais” não correspondem à DIF, que é uma declaração específica para o controle de circulação e consumo de papel imune e, assim, não se enquadra na regra específica do RIPI. Tomando as disposições do Ripi/2002 (Decreto nº4.544, de 27 de dezembro de 2002), dispõe o seguinte o art. 368: Art. 368. Os documentos de declaração do imposto e de prestação de informações adicionais serão apresentados pelos contribuintes, de acordo com as instruções expedidas pela SRF. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito (Decretolei nº 2.124, de 1984, art. 5º, § 1º). § 2º As diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativas ao imposto, serão objeto de lançamento de ofício (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 90). Verificase, portanto, que a “declaração do imposto” é documento relativo aos valores apurados do imposto e sujeito ao disposto no § 1° do citado artigo. Já o documento “de prestação de informações adicionais” referese a outras informações a serem definidas em instruções da Receita Federal. Entretanto, tratase de um único documento que tem caráter geral dentro da legislação do IPI. Portanto, a DIF não poderia ser criada por autorização do citado art. 368. Já as obrigações acessórias previstas no art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, podem ter caráter geral ou específico. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 132 8 Em outras palavras, a DIF somente poderia ter sido instituída com base na Lei n. 9779, porque o regulamento regula apenas a “prestação de informações adicionais”. Além disso, as disposições do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, são claras em estabelecer uma única multa cujo valor é calculado pelo número de meses em atraso na apresentação da declaração. Não se trata, portanto, de várias multas aplicadas cumulativamente, como defendeu o voto vencido de primeira instância. Entretanto, a Lei n. 11.945, de 2009, reduziu a multa, conforme seus §§ 4º e 5º: Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1º A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2º O disposto no § 1º deste artigo aplicase também para efeito do disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2º do art. 2º e no § 15 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8º da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004. § 3º Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4º O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3o deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das Fl. 149DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 133 9 operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5º Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4o deste artigo será reduzida à metade. Dessa forma, aplicando o princípio da retroatividade benigna (CTN, art. 106, II, c), voto por dar provimento parcial ao recurso, para reduzir a multa aplicada ao valor de R$ 5.000,00 para cada DIF apresentada em atraso. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Voto Vencedor Conselheiro Gileno Gurjão Barreto, Redator Designado A respeito da matéria em julgamento, esta Turma posicionouse pela não aplicação, à DIF Papel Imune, das disposições do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, nos termos dos fundamentos abaixo reproduzidos contidos no voto do Conselheiro Walber José da Silva, no recurso voluntário 877058: Como relatado, contra a recorrente foi lavrado auto de infração de multa regulamentar pela entrega, com atraso, de DIF – Papel Imune, instituída pela IN SRF no 71/2001, que em seu art. 12 assim estabelece: “Art. 12. A não apresentação da DIF Papel Imune, nos prazos estabelecidos no artigo anterior, enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 57 da Medida Provisória no 2.158 34, de 27 de julho de 2001.” Em sua defesa, o recorrente alega, basicamente, que a multa remanescente é a prevista na MP 2.158/01, no valor de R$ 1.500,00 e não a prevista na Lei nº 11.945/09. Com razão em parte, a recorrente. É inquestionável que a RFB está autorizada a instituir obrigações acessórias do IPI (art. 16 da Lei no 9.779/99, matriz legal do art. 212 do RIPI/2002). A instituição de penalidade, no entanto, é privativa de lei, mesmo na hipótese das obrigações acessórias serem criadas pela RFB. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 134 10 Quanto à multa pelo atraso na entrega da DIF – Papel Imune, entendo que o art. 12 da IN SRF no 71/2001 está equivocado ao aplicar a penalidade do art. 57 da Medida Provisória no 2.158 35/2001 no caso de atraso de entrega de declaração regularmente instituída no âmbito da legislação do IPI. Para uma melhor clareza, transcrevo o art. 57, acima citado: “Art.57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: “I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados.” (grifei) Verificase que a obrigação a que alude o art. 16 da Lei no 9.779/99 referese a todo e qualquer imposto ou contribuição administrado pela RFB e a penalidade do art. 57, I, da Medida Provisória no 2.15835/2001 aplicase, em tese, a todo e qualquer descumprimento de fornecimento de informações e esclarecimentos solicitados pelos agentes do Fisco ou pela RFB. Ocorre que na legislação do IPI existe uma penalidade pela falta da apresentação de declaração do imposto e de prestação de informação, na forma das instruções expedidas pela RFB. Falo dos arts. 212, 368, 506, 507 e 508, todos do RIPI/02, que abaixo se reproduz, junto com os arts. 505, 509 e 510, também relacionados ao tema. “Art. 212. A SRF poderá dispor sobre as obrigações acessórias relativas ao imposto, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável (Lei nº 9.779, de 1999, art.16). “(...) “Art. 368. Os documentos de declaração do imposto e de prestação de informações adicionais serão apresentados pelos contribuintes, de acordo com as instruções expedidas pela SRF. “§ 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito (Decretolei nº 2.124, de 1984, art. 5º, § 1º). “§ 2º As diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativas ao imposto, serão objeto de lançamento de ofício ( Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 90).” (...) Fl. 151DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 135 11 “Art. 505. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 212 acarretará a aplicação da multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por mêscalendário, aos contribuintes que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 57). “Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante Pelo SIMPLES, a multa de que trata o caput será reduzida em setenta por cento (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art.57, parágrafo único).” “Art. 506. O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de nãoapresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitarseá às seguintes multas ( Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, art. 7º ): “I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso I) ; “II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF ou na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso II); e III – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso III). “§ 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I e II do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 1º). “§ 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º): “I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º, inciso I) ; e II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º, inciso II). Fl. 152DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 136 12 “§ 3º A multa mínima a ser aplicada será de (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º): “I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996 (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º, inciso I); e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º,inciso II). “§ 4º Considerarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela SRF (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 4º). “§ 5º Na hipótese do § 4º , o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contado da ciência da intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos § 1º a § 3º (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 5º).” “Art. 507. Serão punidos com a multa de R$ 31,65 (trinta e um reais e sessenta e cinco centavos), aplicável a cada falta, os contribuintes que deixarem de apresentar, no prazo estabelecido, o documento de prestação de informações a que se refere o art. 368 (Decretolei nº 1.680, de 1979, art. 4º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). (grifei) “Parágrafo único. As disposições do caput aplicamse exclusivamente aos contribuintes do imposto não sujeitos ao disposto no art. 506.” “Art. 508. As infrações para as quais não se estabeleçam, neste Regulamento, penas proporcionais ao valor do imposto ou do produto, pena de perdimento da mercadoria ou outra específica, serão punidas com a multa básica de R$ 21,90 (vinte e um reais e noventa centavos) (Lei nº 4.502, de 1964, art. 84, Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 24ª, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).” “Art. 509. A inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo será punida com a multa estabelecida no art. 508, se outra maior não estiver prevista neste Regulamento.” “Art. 510. Em nenhum caso a multa aplicada poderá ser inferior à prevista nos arts. 508 e 509 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 86, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 25ª).” Notese que no RIPI/02, o art. 212 está no Capítulo I do Título VIII, que trata das disposições preliminares das obrigações acessórias. Por sua vez, o art. 368 está na Subseção IV, da Seção II (dos documentos fiscais), do Capítulo IX (do documentário fiscal), também do Título III (das obrigações acessórias), que trata dos documentos de declaração e de prestação de informações. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 137 13 Estes dois dispositivos, e as respectivas penalidades a eles vinculadas, tratam de obrigação acessória instituída pela RFB, sendo que o art. 368 trata especificamente de declaração de informação e o art. 212 trata de toda e qualquer modalidade de obrigação acessória. Existindo legislação específica no RIPI/02, entendo que esta deve prevalecer sobre a legislação que alcança toda e qualquer obrigação acessória vinculada a qualquer imposto ou contribuição administrado pela RFB. Entendo que a DIF Papel Imune classificase como um documento de prestação de informação a que se refere o art. 368 do RIPI/2002 (como o era a DIPI) e, conseqüentemente, ao descumprimento de sua apresentação aplicase a penalidade prevista no art. 507 do RIPI/2002, acima transcrito, e não a penalidade do art. 505, reproduzido no art. 12 da IN SRF no 71/2001. Em conclusão, entendo que o fundamento da multa aplicada ao caso concreto é o art. 507 e não o art. 505, ambos do RIPI/2002, sendo, portanto, improcedente o lançamento por enquadramento legal equivocado e exigência de penalidade diversa da aplicável à espécie, merecendo ser cancelado de ofício. Devo esclarecer, também, que o § 4o, do art. 1o, da Medida Provisória no 451, de 15/12/20081, estabeleceu uma multa específica para a apresentação fora do prazo da DIF Papel Imune e para erro no seu preenchimento. Tal dispositivo, no meu entendimento, não significa redução da penalidade para a referida infração fiscal. Ao contrário, houve um agravamento da multa antes prevista para o referido delito fiscal. Pelas razões acima expostas, ficou provado que também não procede o argumento da recorrente de que aplicase ao caso as 1 Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil, a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição; e II adquirir o papel a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. (. . .) § 3º Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4º O nãocumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3º sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), independentemente da sanção prevista no inciso I, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5º Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4º será reduzida à metade. Fl. 154DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO Processo nº 10680.005374/200586 Acórdão n.º 330200.880 S3C3T2 Fl. 138 14 disposições do art. 57 da MP 2.158/01 que, aliás, não prevê limite de valor da multa ali prevista, como entende a recorrente. Deve, portanto, o lançamento ser cancelado de ofício por está contaminado de vício material. Acrescentese que a Lei no 11.945, de 2009, na realidade, criou uma nova multa específica para o caso e não reduziu uma multa anteriormente existente. Dessa forma, voto por dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Gileno Gurjão Barreto Fl. 155DF CARF MF Impresso em 02/02/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 21/12/20 11 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 29/01/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO
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Numero do processo: 10730.005954/2006-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Feb 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário:2002
Ementa:
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996.
Os depósitos bancários, por si só, não refletem a existência de lucro.
Entretanto, por força do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações.
CONTABILIDADE QUE NÃO REGISTRA A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO CONFERE CREDIBILIDADE AOS REGISTROS CONTÁBEIS. CONTABILIDADE DESCLASSIFICADA. ARBITRADO O LUCRO.
Não se pode conferir credibilidade à contabilidade quando materialmente se verifica que ela não reflete a realidade das operações comerciais e bancárias realizadas pela empresa.
Não é regular a contabilidade que deixa de registrar a maior parte das transações realizadas pelo contribuinte, ainda que formalmente correta.
Nos casos em que a contabilidade da empresa não registrar a real
movimentação financeira, com receita declarada em percentual muito aquém daquela apurada pela fiscalização, deverá a autoridade fiscal proceder o arbitramento do lucro, ainda que a pessoa jurídica seja tributada com base no lucro real.
O artigo 24, da Lei nº 9.249, de 1996, deve ser aplicado em conjunto com o artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995. O artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995, ao usar a expressão de que o lucro será arbitrado, nos casos que especifica, não confere faculdade à autoridade fiscal, mas sim comando impositivo quanto à
forma de tributação.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 1402-000.456
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos,em dar provimento parcial ao recurso para reduzir a base de cálculo do IRPJ e da CSLL para o montante correspondente a 9,6% da receita total (contabilizada acrescida da omitida). Vencida a Conselheira Albertina Silva Santos de Lima, que não reduzia a base de cálculo. Ausente momentaneamente o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário:2002 Ementa: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Os depósitos bancários, por si só, não refletem a existência de lucro. Entretanto, por força do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. CONTABILIDADE QUE NÃO REGISTRA A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO CONFERE CREDIBILIDADE AOS REGISTROS CONTÁBEIS. CONTABILIDADE DESCLASSIFICADA. ARBITRADO O LUCRO. Não se pode conferir credibilidade à contabilidade quando materialmente se verifica que ela não reflete a realidade das operações comerciais e bancárias realizadas pela empresa. Não é regular a contabilidade que deixa de registrar a maior parte das transações realizadas pelo contribuinte, ainda que formalmente correta. Nos casos em que a contabilidade da empresa não registrar a real movimentação financeira, com receita declarada em percentual muito aquém daquela apurada pela fiscalização, deverá a autoridade fiscal proceder o arbitramento do lucro, ainda que a pessoa jurídica seja tributada com base no lucro real. O artigo 24, da Lei nº 9.249, de 1996, deve ser aplicado em conjunto com o artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995. O artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995, ao usar a expressão de que o lucro será arbitrado, nos casos que especifica, não confere faculdade à autoridade fiscal, mas sim comando impositivo quanto à forma de tributação. Recurso parcialmente provido.
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PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Os depósitos bancários, por si só, não refletem a existência de lucro. Entretanto, por força do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. CONTABILIDADE QUE NÃO REGISTRA A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO CONFERE CREDIBILIDADE AOS REGISTROS CONTÁBEIS. CONTABILIDADE DESCLASSIFICADA. ARBITRADO O LUCRO. Não se pode conferir credibilidade à contabilidade quando materialmente se verifica que ela não reflete a realidade das operações comerciais e bancárias realizadas pela empresa. Não é regular a contabilidade que deixa de registrar a maior parte das transações realizadas pelo contribuinte, ainda que formalmente correta. Nos casos em que a contabilidade da empresa não registrar a real movimentação financeira, com receita declarada em percentual muito aquém daquela apurada pela fiscalização, deverá a autoridade fiscal proceder o arbitramento do lucro, ainda que a pessoa jurídica seja tributada com base no lucro real. O artigo 24, da Lei nº 9.249, de 1996, deve ser aplicado em conjunto com o artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995. O artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995, ao Fl. 204DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 2 2 usar a expressão de que o lucro será arbitrado, nos casos que especifica, não confere faculdade à autoridade fiscal, mas sim comando impositivo quanto à forma de tributação. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para reduzir a base de cálculo do IRPJ e da CSLL para o montante correspondente a 9,6% da receita total (contabilizada acrescida da omitida). Vencida a Conselheira Albertina Silva Santos de Lima, que não reduzia a base de cálculo. Ausente momentaneamente o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Albertina Silva Santos de Lima (presidente da turma), Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (vicepresidente), Antonio José Praga de Souza, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Viviani Aparecida Bacchmi e Moises Giacomelli Nunes da Silva. Fl. 205DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de autos de infração de fls. 05/41, para cobrança do IRPJ e tributações reflexas de PIS, CSLL e COFINS, do anocalendário de 2002, exigindose o crédito tributário de R$ 7.374.349,97, em razão da constatação de omissão de receita caracterizada por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. Conforme se verifica no documento de fl. 257, a contribuinte tem como atividade econômica o comércio atacadista de mercadorias. De acordo com o que apurou a autoridade fiscal (fls. 13/21), no ano calendário 2002, a autuada movimentou em suas contas bancárias a quantia corresponde a R$ 9.027.296,60 e declarou receita de apenas R$ 981.503,60. Os demonstrativos foram organizados a partir de extratos das contas da interessada junto aos Bancos Itaú (fls. 159/213) e Sudameris (fls. 122 a 158). Da base de cálculo dos depósitos bancários não justificados, a fiscalização subtraiu os valores declarados, conforme quadro abaixo, evitando exigir tributos de receita já oferecia à tributação (fls. 06, 28 e 34). Ano 2002 Bancos (R$) Valor Declarado(R$) Omissão de Receita (R$) 1º. Trim. 2.937.903,15 286.375,50 2.651.527,65 2º. Trim. 183.119,81 272.330,10 1.910.789,71 3º. Trim. 2.331.788,92 214.900,00 2.116.888,92 4º. Trim. 1.574.484,49 207.898,00 1.366.586,49 Por ter a autuada, no ano de 2002, optado pelo lucro real, os valores provenientes da omissão de rendimentos como depósito bancário, foram exigidos, em sua integralidade, como sendo lucro líquido. À fl. 09, a contribuinte postulou a dedução, para efeitos de tributação, da quantia de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),, relativa aos empréstimos contraídos junto ao banco Sudameris em 09/01/2002, 10/06/2002 e 09/09/2002, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), cada parcela. Da mesma forma, apresentou o faturamento, mês a mês, referente ao anocalendário de 2002, conforme quadro abaixo, pedindo que estes valores não fossem incluídos na base tributável. Fl. 206DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 4 4 FATURAMENTO DO ANO DE 2002 JANEIRO 98.400,50 JULHO 79.560,00 FEVEREIRO 101.080,00 AGOSTO 77.885,00 MARÇO 86.895,00 SETEMBRO 57.455,00 ABRIL 86.205,00 OUTUBRO 57.005,00 MAIO 105.231,60 NOVEMBRO 73.730,00 JUNHO 80.893,50 DEZEMBRO 77.163,00 Total da receita declarada no anocalendário 981.503,60 Os resumos das movimentações financeiras constam da planilha de fl. 13, e estão individualizados às fls. 14 a 20, onde possuem como histórico “operação de desconto”, “depósito em cheque”, “doc. recebido” e “TED”. Não identifiquei nenhum depósito feito em dinheiro. Quanto ao PIS e à COFINS, a autoridade fiscal fez lançamento com critério temporal trimestral, e não mensal. Cientificada do lançamento em 22/09/2006 (fls. 05, 27, 33 e 39), a autuada apresentou impugnação em 19/10/2006 (fls. 220/223), acompanhada dos documentos de fls. 224/227, alegando, em síntese: a) que não foram deduzidos para efeito de tributação os créditos do banco Sudameris, no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),, relativo a empréstimos efetuados em 09/01/2002, 10/06/2002 e 09/09/2002, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), cada; b) que não foram deduzidos os valores correspondentes às despesas necessárias para obtenção da receita omitida, tais como pagamentos com fornecedores, encargos trabalhistas e fiscais, folha de pagamento ou quaisquer outros tipos de despesas; c) que há discrepância entre o valor apurado com base nos critérios do lucro arbitrado, que chega a mais de 1000% (mil por cento); d) que o fato gerador do imposto de renda não pode ser estabelecido por presunção. A DRJ de origem (fls. 685/711), pelo voto de qualidade, julgou procedente em parte o lançamento, para considerar devido o IRPJ, no valor de R$ 1.990.029,87, a CSLL, no valor de R$ 724.121,30, o PIS, no valor de R$ 15.398,04, a COFINS, no valor de R$ 71.067,84, montantes estes acrescidos de multa de oficio de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Vencidos os julgadores Marcia Hartt Pereira da Silva – AFRFB, e Júlio César Magalhães Herédia – AFRFB, que julgaram improcedentes os lançamentos relativos ao PIS e à COFINS, exigidos com base na apuração trimestral. Ausente, justificadamente, a julgadora Maria de Fátima Nogueira de Carvalho. Em relação ao PIS e à COFINS, decidido pelo voto de qualidade, a DRJ retificou os valores para considerar a receita omitida somente nos meses de março, junho, setembro e dezembro, conforme especifica à fl. 283, em trecho do acórdão que segue transcrito: Fl. 207DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 5 5 “DOS LANÇAMENTOS DECORRENTES PIS E COFINS: Constatase, da análise dos Autos de Infração, que somente foram lançados os períodos de apuração 31/03/2002, 30/06/2002, 30/09/2002 e 31/12/2002 (fl. 30 e 31). Verificase, ainda, que houve equívoco na base tributável apurada, uma vez foram lançadas, nos períodos de apuração anteriormente citados (meses de março, junho, setembro e dezembro), as receitas omitidas apuradas nos 1°, 2°, 3° e 4° Trimestres, respectivamente. Deste modo, retificandose os valores autuados, apurase o crédito tributário a seguir discriminado, a partir de tabela elaborada pela fiscalização relativa aos depósitos bancários (fl. 13) e DIPJ 2003/2002 apresentada pela interessada (fl. 42/95): PIS Mês Total dos Depósitos Bancários Receita Declarada Receita Omitida Alíquota (%) Valor a Recolher 03/2002 R$ 747.200,84 R$ 86.895,00 R$ 660.305,84 0,65 R$ 4.291,99 06/2002 R$ 678.879,59 R$ 80.893,50 R$ 597.986,09 0,65 R$ 3.886,91 09/2002 R$ 655.223,58 R$ 57.455,00 R$ 597.768,58 0,65 R$ 3.885,50 12/2002 R$ 590.030,30 R$ 77.163,00 R$ 512.867,30 0,65 R$ 3.333,64 TOTAL R$ 15.398,04 COFINS Mês Total dos Depósitos Bancários Receita Declarada Receita Omitida Alíquota (%) Valor a Recolher 03/2002 R$ 747.200,84 R$ 86.895,00 R$ 660.305,84 3,00 R$ 19.809,18 06/2002 R$ 678.879,59 R$ 80.893,50 R$ 597.986,09 3,00 R$ 17.939,58 09/2002 R$ 655.223,58 R$ 57.455,00 R$ 597.768,58 3,00 R$17.933,06 12/2002 R$ 590.030,30 R$ 77.163,00 R$ 512.867,30 3,00 R$15.386,02 TOTAL R$ 71.067,84 Esclareçase que, embora tenha sido apurada omissão de receitas em todos os meses do anocalendário de 2002, mantêmse somente os valores anteriormente retificados relativos aos períodos de apuração autuados, observandose o princípio de que a autoridade julgadora não pode agravar o lançamento.” Intimada em 08/12/2008 (fl. 245), a contribuinte interpôs recurso em 06/01/2009 (fls. 246/251), reiterando os argumentos dos itens a, b, c e d, expostos na impugnação. Alegou, ainda, que “fundamenta suas razões de recurso no fato de que dois auditores votaram pela improcedência dos lançamentos relativos ao PIS e à COFINS; por ter sido decido por voto de qualidade; ter sido verificado que houve equívoco na base tributária apurada; e ainda, no presente caso, não ocorreu o fato gerador nos valores indicados para os Fl. 208DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 6 6 impostos arbitrados, visto que não configurou a omissão de receita, bem como, que não auferiu o lucro por ela encontrado, como faz crer no auto do procedimento fiscalizador”. É o relatório. Fl. 209DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 7 7 Voto Conselheiro Relator Moises Giacomelli Nunes da Silva O recurso é tempestivo, na conformidade do prazo estabelecido pelo artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 06 de março de 1972, foi interposto por parte legítima, está devidamente fundamentado e preenche os requisitos de admissibilidade. Assim, conheçoo e passo ao exame da matéria. Da alegação de que não foram deduzidos para efeito de tributação os créditos do banco Sudameris, no valor de R$ 300.000,00 Não prospera a alegação da recorrente quando afirma que foi incluído na base de cálculo R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), creditados em três parcelas de R$ 100.000,00 (cem mil reais) cada uma, em sua conta bancária junto ao banco Sudameris, no montante de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Nos demonstrativos de fls. 19/20, alusivos à movimentação financeira da recorrente, não consta o valor do crédito de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) correspondentes aos créditos ocorridos em 09/01/2002, 10/06/2002 e 09/09/2002, nos valores de R$ 100.000,00 (cem mil reais), cada, oriundos de empréstimo bancário. Assim, por não integrar a base de cálculo da exigência, negase provimento ao pedido de exclusão do valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Das questões relacionada os PIS e à COFINS Iniciei minha proposta de voto junto ao colegiado com a impressão de que, em relação ao PIS e à COFINS, a melhor aplicação do direito estaria nos votos vencidos que cancelavam as referidas exigências, por erro no critério de apuração. Observei na ocasião que, além do critério pessoal que diz respeito aos sujeitos ativo e passivo, e do critério quantitativo que diz respeito à base de cálculo e alíquota, a norma de incidência tributária contém o critério material que é o fato descrito sobre o qual irá incidir a norma; o critério temporal que delimita o lapso de tempo ou o momento de incidência da norma, e o critério espacial que tem por finalidade definir e delimitar o espaço territorial de incidência. Asseverei, na ocasião, que o lançamento de ofício do crédito tributário constituise no ato pelo qual a autoridade fiscal competente identifica os elementos previstos na regra de incidência tributária e, com base neles, constitui determinado crédito tributário. Fl. 210DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 8 8 O artigo 2º, da Lei complementar nº 70, de 1991, elegeu o critério mensal para exigência do PIS e da COFINS. Esta mesma norma também definiu o critério quantitativo como sendo todas as receitas auferidas durante o mês. No caso em tela, na minha análise inicial, a autoridade fiscal não podia eleger critério temporal ou base de cálculo diferente daquela escolhida pelo legislador. Ao assim proceder, estava a elaborar procedimento administrativo que não é apto para constituir o crédito tributário. Nas hipóteses em que se está diante de procedimento administrativo que não constituiu o crédito tributário de forma válida, quer porque não observou o aspecto temporal ou adotou critério material diverso daquele previsto pelo legislador ou, ainda, fez exigência em face de quem não tem legitimidade para figurar como sujeito passivo, não pode a autoridade julgadora, ao apreciar impugnação apresentada, alterar o critério temporal reduzindoo ou ampliando. Ao assim proceder, modificando, inclusive, a base de cálculo, temse procedimento que não está julgando o lançamento anteriormente realizado, mas sim fazendo um novo lançamento, o que é inadmissível, pois quem lança não julga e quem julga não tem legitimidade para fazer lançamento de crédito fiscal. O aspecto temporal da base de cálculo do PIS e da COFINS, à luz do artigo 2º, da Lei Complementar nº 70, de 1991, é mensal. A base de cálculo também é mensal. Assim, não subsiste o lançamento que adota aspecto temporal e base de cálculo trimestral para o PIS e COFINS. Apesar dos fundamentos acima referidos, entendeu o colegiado que é necessário distinguir os casos em que a base de cálculo é constituída por situações que se estendem por mais de um mês, como é o caso do imposto de renda, daquelas hipóteses em que a base de cálculo é mensal e a autoridade fiscal, por erro, adota aspecto temporal trimestral. No entender do colegiado, nestes casos, cabe ao órgão julgador limitar a exigência para o período previsto em lei, extirpando do lançamento o excesso cometido pela autoridade fiscal. No caso dos autos, a autoridade fiscal somou as receitas dos meses de janeiro, fevereiro e março, e considerou o fato gerador ocorrido no mês de março, compondo a base de cálculo com a receita do trimestre. Nestas situações, à luz da douta maioria, à qual eu, reservando meu entendimento pessoal, a segui para evitar a necessidade de designação de outrem para fazer o voto vencedor, deve prevalecer o lançamento com base de cálculo limitada às receitas do mês em que se fez a exigência. O mesmo raciocínio foi aplicado em relação aos meses de junho, setembro e dezembro. Da alegação de que o fato gerador do imposto de renda não pode ser estabelecido por presunção Os depósitos bancários, por si só, não refletem a existência de lucro. Entretanto, por força do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 211DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 9 9 A caracterização da omissão de receita e da consequente caracterização do fato gerador do fato gerador do imposto de renda, não se dá pela constatação de depósito bancário, considerado isoladamente. A presunção de omissão de receita, nestes casos, está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos valores depositados em contas bancárias. O fato gerador do imposto de renda não está vinculado ao mero crédito efetuado na conta bancária, pois, se o valor tiver por origem transferência de outra conta do mesmo titular, ou a alienação de bens do patrimônio do contribuinte, não cabe falar em receita caracterizada por depósito bancário de origem não comprovada. No caso do artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996, se está diante de presunção e, sobre o tema, por oportuno, trago lições de Moacir Amaral dos Santos, Ramponi, Clóvis Bevilaquá, citado pelo primeiro, e Pontes de Miranda. Moacir Amaral dos Santos1, citando Clóvis Bevilácqua, que em notas ao artigo 136, do CTN, define presunção como “a ilação que se tira de um fato conhecido para provar a existência de outro desconhecido” e RAMPONI, que define presunções como “hipóteses que correspondem, provavelmente, ou seja na maior parte dos casos, à verdade”, tem a presunção como uma atividade do pensamento em que graças a um fato certo, “raciocinandose com aquilo que frequentemente acontece, chegase ao fato desconhecido, isto é, presumese o fato desconhecido.” Prossegue o autor: “Decorre daí que, da dedução presuntiva, geralmente chegase a conclusões que são mais ou menos seguras conforme as circunstâncias especiais ou particulares de cada hipótese. Vale dizer que, mais propriamente do que certeza, a presunção estabelece probabilidade, maior ou menor, quanto à existência ou inexistência do fato probando. Mas em se tratando de probabilidade que tem por fundamento um princípio derivado da ordem natural das coisas, isto é, do que comumente acontece, e, pois, suficientemente alicerçada para satisfazer convicção judicial quanto à existência ou inexistência, do fato presumido. Presumese, quer dizer, o fato presumido resulta daquilo que na maior parte dos casos corresponde à verdade.” Tal presunção autoriza a convicção judicial porque ao fato presumido se pode opor prova em contrário. .... Em suma, o que é provavelmente segundo o ordinariamente acontece é suficiente para o juízo de um fato, desde que o contrário não seja provado.” Para Pontes de Miranda2, presunções são fatos que podem ser verdadeiros ou falsos, mas o legislador os têm como verdadeiros e divide as presunções em iuris et de iure (absolutas) e iuris tantum (relativas). As presunções absolutas, na lição deste autor, são irrefragáveis, nenhuma prova contrária se admite; quando, em vez disso, a presunção for iuris tantum, cabe a prova em contrário. Para este autor: “Na presunção legal, absoluta, temse A, que pode não ser, como se fosse, ou A, que pode ser, como se não fosse. Na 1 SANTOS, Moacir Amaral, Prova Judiciária no Cível e Comercial, 2ª. Ed. – Vol. V, São Paulo, 1955, pág. 348. 2 MIRANDA, Pontes, Comentários ao Código de Processo Civil, vol. IV, pág. 234, Ed. Forense, 1974. Fl. 212DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 10 10 presunção iuris tantum, e não de iure, temse A, que pode não ser, como se fosse, ou A, que pode ser, como se não fosse, admitindose prova em contrário. A presunção mista é a presunção legal relativa, se contra ela se admite a prova em contrário a, ou a ou b.” .... “A presunção simplifica a prova, porque a dispensa a respeito do que se presume. Se ela apenas inverte o ônus da prova, a indução, que a lei contém, pode ser ilidida in concreto e in hypothesi”. Fixados o conceito de presunção, tenho que o depósito bancário feito em conta corrente ou de investimento do contribuinte, dentro da correlação natural dos fatos, no caso de pessoa jurídica, pressupõe a existência de receita e, se assim o é, estamos diante de uma presunção legal, cabendo ao interessado fazer prova em contrário, o que, no caso em concreto, a exceção dos R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), excluídos da base de cálculo pela própria fiscalização, não se desincumbiu a recorrente de trazer provas aos autos de que tais valores eram oriundos de receita já tributável ou de outras fontes que não a do exercício da atividade comercial da empresa. Das demais questões relacionadas ao mérito Qual a credibilidade que merece a contabilidade de uma empresa que declara receitas no valor de R$ 981.503,60 e se apura depósitos bancários de origem não comprovada no valor de 9.027.296,60? Não se pode conferir credibilidade à contabilidade, só porque ela preenche os requisitos formais, quando materialmente se verifica que ela não reflete a realidade da empresa. O artigo 47, II, da Lei nº 8.981, de 1997, determina que o lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: “II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou ...” No caso dos autos, a apuração feita pela autoridade fiscal demonstrou que a recorrente teve receita presumida, caracterizada por depósitos bancários, no valor de R$ 9.027.296,60, registrando em sua contabilidade apenas R$ 981.503,60. A constatação feita pelo Fisco revela que a escrituração da recorrente não permite identificar a efetiva movimentação financeira, incidindo o disposto no artigo 47, II, a, da Lei nº 8.981, de 1995 e artigos 529 e 530, do Regulamento do Imposto de Renda, que nestas situações determinam que o lucro deve ser arbitrado. O arbitramento do lucro não é faculdade concedida pela lei, mas sim imposição. O artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995, não usa a expressão poderá, mas sim será arbitrado. Constatada fraude que não identifica a efetiva a movimentação financeira, a Fl. 213DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 11 11 autoridade fiscal, mesmo para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, deve arbitrar o valor da receita. Na hipótese presente, foi declarada receita no valor de R$ 981.503,60. Verificando a movimentação financeira, a autoridade fiscal encontrou depósitos bancários provenientes da troca de títulos no valor de R$ 9.027.296,60, sem que estes valores constassem da conta banco ou do livrocaixa da recorrente. Tal fato demonstra, de forma inquestionável, que a contabilidade apresentada pela recorrente não atendia aos requisitos especificados nos incisos I e II, do artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1997. Entendese por contabilidade, na forma da lei, aquela que registra integralmente e não pequena parte das operações comerciais e transações bancárias. Desta forma, sendo a empresa comercial, com receita omitida, caracterizada pelos depósitos bancários no valor de R$ 9.027.296,60, sobre este valor, deve se exigir tributo com base no lucro arbitrado, feito à luz do disposto no artigo 532, combinado com o artigo 518, ambos do Regulamento do Imposto de Renda. O artigo 243, da Lei nº 9.249, de 1996, deve ser aplicado em conjunto com o artigo 474, da Lei nº 8.981, de 1995. Nos casos em que a contabilidade da empresa não registra a real movimentação financeira, com receita declarada em percentual muito aquém daquela apurada pela fiscalização, deverá a autoridade fiscal proceder o arbitramento do lucro. Não é regular a contabilidade que deixa de registrar a maior parte das transações realizadas pelo contribuinte. O artigo 47, da Lei nº 8.981, de 1995, ao usar o comando de que o lucro será arbitrado nos casos que especifica, não confere faculdade à autoridade fiscal, mas sim comando impositivo quanto à forma de tributação. 3 Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. § 1º. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. § 2º. O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, da Contribuição para o PIS/Pasep e das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 11.941, de 27.05.2009, DOU 28.05.2009, conversão da Medida Provisória nº 449, de 03.12.2008, DOU 04.12.2008). 4 Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o DecretoLei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou Fl. 214DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 10730.005954/200611 Acórdão n.º 140200.456 S1C4T2 Fl. 12 12 ISSO POSTO, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso, para reduzir a base de cálculo do IRPJ e da CSLL para o montante correspondente a 9,6% do total da receita caracterizada pela soma dos depósitos bancários (R$ 9.027.296,60). É o voto. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Fl. 215DF CARF MF Emitido em 16/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 14/03/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 16/03/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 14/03/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001983/2003-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1999
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
Numero da decisão: 2102-001.057
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, NÃO CONHECER do recurso, por intempestividade.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
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INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, NÃO CONHECER do recurso, por intempestividade. Giovanni Christian Nunes Campos – Presidente Núbia Matos Moura – Relatora EDITADO EM: 23/02/2011 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Rubens Maurício Carvalho e Vanessa Pereira Rodrigues Domene. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA Assinado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA, 25/02/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES C AMPO 2 Relatório Contra JOSÉ DE CASTRO BIGI foi lavrado Auto de Infração, fls. 104/108, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativo ao anocalendário 1998, exercício 1999, no valor total de R$ 63.896,46, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 31/03/2003. A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal, fls. 98, foi omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 112/135, que foi devidamente apreciada pela autoridade julgadora de primeira instância, conforme Acórdão DRJ/CGE nº 0412.265, de 13/07/2007, fls. 213/223. O lançamento foi julgado, por unanimidade de votos, procedente em parte, excluindose da tributação os depósitos individuais inferiores a R$ 12.000,00, que somados atingiram a quantia de R$ 65.772,37, de modo que permanece tributado apenas um depósito, no valor de R$ 37.000,00. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 25/07/2008, Aviso de Recebimento (AR), fls. 229, o contribuinte apresentou, em 08/09/2008, recurso voluntário, fls. 231/232, trazendo as seguintes alegações: 1. O presente processo administrativo versa acerca de suposta omissão de rendimentos detectada a partir de depósito bancário no valor de R$ 37.000,00 (trinta e sete mil reais), efetuado em 28.10.1998 na conta corrente n.° 276626 de titularidade do Recorrente, no Banco Bradesco. 2. Ocorre que, conforme alegado em Impugnação apresentada, muitos depósitos efetuados na mencionada conta bancária se originaram de transferências de outras contas bancárias do próprio Impugnante ou de seus dependentes, correspondendo a simples transferência de valores sem que fosse caracterizada a auferição de receitas por parte do Recorrente, descaracterizandose, assim, a ocorrência de fato gerador de IRPF. 3. Porém, tendo em vista a total desconsideração das alegações apresentadas pelo Recorrente, fazse necessária, para a correta aferição dos fatos efetivamente ocorridos, seja diligenciado junto ao Banco Bradesco para que a instituição bancária na qual ocorreu a movimentação dos valores possa apresentar os documentos pertinentes comprobatórios dos fatos alegados, demonstrandose a impossibilidade de se efetuar tais cobranças. 4. Somente o fato de existirem depósitos bancários em contas corrente de titularidade do Recorrente não basta para que este seja autuado, sendo responsabilizado por depósitos judiciais que nem sequer foram realizados para o seu proveito. A mera movimentação bancária não caracteriza a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, sendo imprescindível caracterizarse o aumento patrimonial do contribuinte. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA Assinado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA, 25/02/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES C AMPO Processo nº 19515.001983/200381 Acórdão n.º 210201.057 S2C1T2 Fl. 237 3 5. Ademais, vale ressaltar a total ilegalidade do Auto de Infração lavrado já que não se permite o lançamento de Imposto de Renda baseandose pura e simplesmente em movimentações bancárias, conforme se verifica a partir do julgado abaixo transcrito: (...) 6. Sendo assim, tendo em vista o fato de a fiscalização ter lavrado o Auto de Infração impugnado portando somente as informações referentes à movimentação bancária do Recorrente, sem sequer verificar a fonte de todas as transferências bancárias efetuadas na mencionada conta corrente, possuindo, portanto, não se pode falar em cobrança de supostas omissões de receitas. Caso a fiscalização entenda que se trata de rendimentos não declarados, cabe a ela comprovar que se trata disso, haja vista que as informações a partir das quais foram tiradas todas as conclusões acerca das transferências bancárias não são suficientes para caracterizar fatos geradores de Imposto de Renda. 7. Diante do exposto, pleiteia o Recorrente pela total procedência do presente Recurso Voluntário, reformandose a r. decisão ora recorrida, a fim de que se afaste integralmente a cobrança dos valores supostamente devidos a título de Imposto de Renda, tendo em vista não se tratar de rendimentos recebidos pelo Recorrente. É o Relatório. Voto Conselheira Núbia Matos Moura O prazo estipulado na legislação para apresentação de recurso voluntário é de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, conforme disposição expressa do art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. Como se colhe dos autos, o contribuinte tomou ciência da decisão de primeira instância em 25/07/2008, conforme Aviso de Recebimento (AR), fls. 229. Por sua vez, o recurso somente foi apresentado em 08/09/2008, fls. 231, depois de já ultrapassado o prazo de 30 dias do recebimento da decisão de primeira instância. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA Assinado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA, 25/02/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES C AMPO 4 É forçoso concluir, portanto, pela intempestividade do recurso o que torna definitiva, na esfera administrativa, a decisão de primeira instância, nos termos do art. 42, I do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 42. São definitivas as decisões: I – de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; Ante o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo. Núbia Matos Moura Relatora Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA Assinado digitalmente em 23/02/2011 por NUBIA MATOS MOURA, 25/02/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES C AMPO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.002170/2008-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF
Exercício: 2004
DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. DEFICIÊNCIAS DAS NOTAS FISCAIS SUPRIDA POR DECLARAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇO.
Tendo sido supridas as deficiências das Notas Fiscais por meio de declaração do prestador de serviço, deve ser restabelecida a dedução das despesas.
Numero da decisão: 2201-000.960
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade dar provimento ao
recurso para restabelecer a dedução de despesa médica no montante de R$ 8.638,50 para o ano-calendário 2004. Ausente, justificadamente, a Conselheira Janaína Mesquita Lourenço de
Souza.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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GLOSA. DEFICIÊNCIAS DAS NOTAS FISCAIS SUPRIDA POR DECLARAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇO. Tendo sido supridas as deficiências das Notas Fiscais por meio de declaração do prestador de serviço, deve ser restabelecida a dedução das despesas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade dar provimento ao recurso para restabelecer a dedução de despesa médica no montante de R$ 8.638,50 para o ano calendário 2004. Ausente, justificadamente, a Conselheira Janaína Mesquita Lourenço de Souza. (Assinado Digitalmente) Francisco Assis de Oliveira Júnior Presidente. (Assinado Digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Eduardo Tadeu Farah, Guilherme Barranco de Souza, Gustavo Lian Haddad e Francisco Assis de Oliveira Júnior (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Janaína Mesquita Lourenço de Souza. Fl. 66DF CARF MF Emitido em 19/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 18/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls. 08/11, referente ao anocalendário 2004, no valor total de R$ 5.466,23, calculados até 29/02/2008. A fiscalização, por meio de revisão da Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, apurou deduções indevidas a título de despesas médicas. Cientificado do lançamento, o autuado apresentou Impugnação, requerendo a anulação da Notificação de Lançamento, alegando ser o lançamento insubsistente, posto que a dedução da despesa médica foi de fato efetuada tendo como base as notas fiscais de prestação de serviços emitidas por Centro Médico Indaiatuba S/C Limitada, conforme documentos juntados às fls. 21/32. A 10ª Turma da DRJ – São Paulo/SP II julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se cogita a nulidade processual, nem a nulidade do ato administrativo de lançamento quando o lançamento de ofício atende aos requisitos legais e os autos não apresentam as causas apontadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/1.972. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. O direito à dedução de despesas é condicionado à comprovação da efetividade dos serviços prestados, bem como dos correspondentes pagamentos. Cabe ao contribuinte, mediante apresentação de meios probatórios consistentes, comprovar a efetividade da despesa médica para afastar a glosa. Intimado da decisão de primeira instância em 20/10/2009 (fl. 52), Francisco Carlos Ruiz apresenta Recurso Voluntário, sustentando, essencialmente, que, verbis: Em primeiro lugar, é mister observar que em nenhum momento o auditor fiscal apontou nulidades nos "recibos", que de fato, e como constam do processo, são Notas Fiscais, para que os mesmos fossem considerados imprestáveis tal como prevê a legislação específica. Observese que se houvesse qualquer indicação de que a glosa era justamente porque os documentos não foram considerados válidos, porque faltavamlhe maiores detalhes, por lei, exigíveis, tal circunstância teria sido reparada com o fornecimento de maiores informações ou declarações mais específicas relacionadas aos mesmos, o que se faz, através deste recurso, com declarações dos responsáveis pela emissão das referidas notas fiscais (documentos anexos 01). Ora, a definição de prontuário médico é "o conjunto de documentos padronizados, ordenados e concisos, destinados ao Fl. 67DF CARF MF Emitido em 19/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 18/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10830.002170/200875 Acórdão n.º 220100.960 S2C2T1 Fl. 2 3 registro de todas as informações referentes aos cuidados médicos e paramédicos prestados ao paciente." Logo, o que pretendem os auditores fiscais são a apresentação de verdadeiros prontuários médicos, o que é proibido por lei, até para operadoras de saúde, conforme Parecer do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) Além disso, o Código de Ética Médica (CEM), lei federal, prescreve em seus artigos 1.1 e 108, o seguinte, SOBRE TAIS DOCUMENTOS: É vedado ao médico: (...) Artigo 108 Facilitar manuseio e conhecimento dos prontuários, papeletas e demais folhas de observações médicas sujeitas ao segredo profissional, por pessoas não obrigadas ao mesmo compromisso. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Segundo se colhe dos autos, o lançamento é decorrente de glosas de despesas médicas. A autoridade fiscal fundamentou a glosa, alegando “... a não apresentação de documentos que comprovassem o gasto”. (fl. 09) Pois bem, de fato, compulsando as Notas Fiscais de Prestação de Serviços de fls. 21/32, constatase que as mesmas não satisfazem os requisitos previstos na Lei, como bem demonstrou a decisão de primeira instância. Ocorre que, na fase recursal, o contribuinte apresenta declaração do prestador de serviço indicando o nome do paciente, a especificação do procedimento, bem como atestando a veracidade das Notas Fiscais emitidas (fl. 60). Fundamentalmente, declara o diretor clínico do Centro Médico Indaiatuba, que: Eu, Fábio Felippo Bacco, proprietário de Diretor Clínico do Centro Médico Indaiatuba S/C Limitada, CNPJ 71.752.687/000160, Inscr. Munic 1099720, RG 9569.1306, CPF 025.067.71808, domiciliado à Rua Liberato Scarton, 129, Chácaras Areal, lndaiatuba — SP, declaro que as notas fiscais de n° 1268, 1290, 1304, 1322 1337, 1358, 1392, 1419, 1439, 1471, 1508, 1547, referentes ao ano de 2003, são verdadeiras e correspondem a tratamento psicológico realizado pelo Sr. Francisco Carlos Ruiz em minha Clinica, havendo pago os Fl. 68DF CARF MF Emitido em 19/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 18/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH 4 valores apontados nas respectivas notas. Declaro ainda que as notas fiscais emitidas foram efetiva e legalmente contabilizadas pelo Centro Médico de Indaiatuba S/C Limitada. Portanto, analisando o documento supra verificase que o mesmo supre a deficiência originalmente apresentada, bem como indica a pessoa que recebeu o tratamento médico e, que no caso, é o próprio contribuinte. Ressaltese que não há como questionar a apresentação desta declaração nesta fase processual, posto que alínea “a” do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, ressalva a impossibilidade de apresentação da prova no momento oportuno. Com efeito, como a produção de tal prova exigiria contato com o referido profissional é plausível a sua apresentação juntamente com o Recurso Voluntário. Frisese, também, que o recorrente possuiu no período do lançamento rendimento bruto da ordem de R$ 142.639,45 e a fiscalização efetuou a glosa do valor de R$ 8.638,50, relativa às Notas Fiscais de Prestação de Serviços emitidas pelo Centro Médico Indaiatuba S/C Limitada. Destarte, suprida a falta apontada, não mais subsiste a razão da glosa e, consequentemente, as deduções devem ser restabelecidas. Ante ao exposto, voto por DAR provimento ao recurso para restabelecer a dedução de despesa médica no montante de R$ 8.638,50. (Assinado Digitalmente) Eduardo Tadeu Farah MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Fl. 69DF CARF MF Emitido em 19/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 18/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10830.002170/200875 Acórdão n.º 220100.960 S2C2T1 Fl. 3 5 Processo nº: 10830.002170/200875 Recurso nº: 511.408 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovados pela Portaria Ministerial nº 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto a Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão nº 220100.960. Brasília/DF, 09 de fevereiro de 2011 ______________________________________ FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JUNIOR Presidente da Segunda Câmara / Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: (......) Apenas com ciência (......) Com Recurso Especial (......) Com Embargos de Declaração Data da ciência: _______/_______/_________ Procurador(a) da Fazenda Nacional Fl. 70DF CARF MF Emitido em 19/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 18/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 03/03/2011 por EDUARDO TADEU FARAH
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