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Numero do processo: 10950.000274/2005-36
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 16 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2002
ITR, EXCLUSÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL, ADA.. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO,
A despeito de ser obrigatória - desde o exercício 2001 - a apresentação do ADA ao lbama corno condição para a exclusão das áreas de reserva legal e preservação permanente para fins de tributação pelo ITR, a lei não estabelece um prazo para a sua apresentação, Assim, não pode este prazo ser estipulado
em Instrução Normativa, restringindo um direito do contribuinte.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-000.649
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso, nos termos voto da Relatora.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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PRAZO PARA APRESENTAÇÃO, A despeito de ser obrigatória - desde o exercício 2001 - a apresentação do ADA ao lbania corno condição para a exclusão das áreas de reserva legal e preservação permanente para fins de tributação pelo ITR, a lei não estabelece um prazo para a sua apresentação, Assim, não pode este prazo ser estipulado em Instrução Normativa, restringindo um direito do contribuinte. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos~esentes autos. ACORDAM os rnem,lVos do Coyegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, nos termos voto da Rejátora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Rubens Maurício Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira de Lima e Ewan Teles Aguiar, Relatório Em face da contribuinte acima identificada, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 39/44 para exigência do Imposto Territorial Rural (1TR) em razão da revisão da DITR entregue para o exercício de 2002. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, a autuação decorreu da glosa da área declarada como sendo de utilização limitada em razão da falta de comprovação da área do imóvel que se referia à utilização limitada, bem como em razão da falta de apresentação tempestiva do ADA. Foram alteradas as áreas declaradas pela contribuinte da seguinte fbrma: 2002 Declarado Considerado no lançamento Preservação Permanente 32,1 0,00 Utilização Limitada 166,6 0,00 Cientificada do lançamento, a Interessada apresentou a impugnação de fls. 47/58, por meio da qual alegou que a área de reserva legal declarada estava devidamente averbada junto à matrícula do imóvel em questão, corroborada ainda por laudo técnico apresentado à fiscalização, Discorreu sobre a legislação do ITR, e alegou que deveria ser aplicado na hipótese o disposto na MP 2166101, e não o disposto no art. 17-0 da Lei 10.165/00, Alegou ainda que firmara Termo de Responsabilidade de Conservação de Floresta com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, desde 1986, e que naquela ocasião o terreno ainda não havia sido desmembrado, sendo que a área de reserva legal foi devidamente averbada na matricula do imóvel (até então uno). O terreno foi então dividido entre ela e seus irmãos, tendo constado no desmembramento a responsabilidade de todos sobre a conservação da área de reserva legal já averbada. Reiterou a inexistência de lei que obrigasse à apresentação do ADA e colacionou jurisprudência sobre a matéria. Anexou à sua Impugnação os documentos relacionados às fls. 58. Na análise de tais alegações, os membros da DRI em Campo Grande decidiram pela integral manutenção do lançamento, ao entendimento de que a existência das áreas de reserva legal e preservação permanente não poderia ser comprovada sem a apresentação do ADA ao lbama, em obediência ao disposto no art. 17-0 da Lei 10.165/2000 (entenderam ainda que o requisito da averbação fora cumprido, já que esta constava em relação ao imóvel antes do desmembramento). Inconformada com tal decisão, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls.. 122/137, por meio do qual reitera os argumentos expostos em sede de impugnação. 2C\, Processo n° 10950000274/2005-36 52-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.649 Fl 2 Os autos então foram remetidos a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relator A contribuinte teve ciência da decisão recorrida em 18.04.2008, como atesta o AR de fis. 121. O Recurso Voluntário foi interposto em 16.05,2008 (dentro do prazo legal para tanto), e preenche os requisitos legais - por isso dele conheço. Conforme relatado, trata-se de lançamento para exigência de ITR em razão da glosa das áreas declaradas pela Recorrente como sendo de preservação permanente e de reserva legal. O que motivou a glosa foi a apresentação intempestiva do ADA bem como a falta de averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel. A decisão recorrida, porém, entendeu como preenchido o segundo requisito (da averbação), restando então o lançamento mantido somente em razão da apresentação intempestiva do ADA ao lbarna, De acordo com a defesa da Recorrente, a exigência de apresentação do ADA como condição para a exclusão das áreas de reserva legal e preservação permanente para fins de apuração do ITR não encontra amparo em lei, mas somente em Instruções Normativas, e por isso não poderia impedir a exclusão das mesmas em sua DITR. A decisão recorrida, por outro lado, justifica a exigência do referido Ato em razão do disposto no art. 17-0 da Lei 6,9.38/81 (cf. redação dada pela Lei 10.165/00), sustentando ainda que o prazo de 6 meses para sua apresentação encontra previsão legal na IN 60/2001, no que teria sido corroborada pelo Decreto 4.382/2002_ Há que se analisar então se é efetivamente necessária a apresentação do ADA para fins de exclusão das áreas de reserva legal e preservação permanente da tributação pelo ITR, e ainda qual seria o prazo legal para a sua apresentação nestes casos. No que diz respeito à exigência deste documento, é de se ressaltar que desde a edição da Lei n° 10.165/2000 — que acrescentou o art. 17-0 à Lei n° 6,938/81 - a obrigação de apresentação do ADA para fins de exclusão das áreas referidas do cálculo do ITR passou a ser veiculada em lei, e por isso mesmo exigível de todos os contribuintes, verbis: "Art. 17-0. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei n° 9,960, de 29 de ,janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria." (NR) 3 Sala das Sessões, em 16 de junho de 2010 f7, e,aWeF10 oberta de Azere b Ferreira Pagetti 1"-A A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA." (AC) "§ 1° A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." (NR) ) A referida norma, corno se vê, passou a determinar a obrigatoriedade de apresentação do ADA para fins de redução do valor devido a titulo de ITR, ou seja, para exclusão das áreas de reserva legal e utilização limitada. Dai porque a partir do exercício 2001 a apresentação do ADA é, de fato, um requisito para tal. No entanto, esta norma é silente no que diz respeito ao prazo para a apresentação do ADA. Sendo assim, é de se concluir que a sua apresentação ao lbama é obrigatória - a partir de 2001 - corno condição para a exclusão das áreas de reserva legal e preservação permanente da tributação pelo ITR, mas que o prazo para esta apresentação não deve necessariamente se dar dentro do tempo pretendido pelas autoridades fiscais (de 6 meses). Na hipótese em exame, a Recorrente trouxe aos autos cópia do ADA apresentado ao lbama em 30,03.2004, de forma que demonstrou ter atendido à exigência legal de apresentar tal documento. Diante de todo o exposto, é de se considerar como comprovada a existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, glosadas por meio do lançamento em exame. Por isso, VOTO no sentido de DAR provimento ao Recurso. 4
score : 1.0
Numero do processo: 10530.723316/2013-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEDUÇÃO PERMITIDA.
Somente os honorários advocatícios pagos no bojo de reclamatória trabalhista, relativamente à parte proporcional aos rendimentos tributáveis, são dedutíveis da base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF.
Numero da decisão: 9202-007.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
Patrícia da Silva - Relatora.
Mário Pereira de Pinho Filho - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEDUÇÃO PERMITIDA. Somente os honorários advocatícios pagos no bojo de reclamatória trabalhista, relativamente à parte proporcional aos rendimentos tributáveis, são dedutíveis da base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício. Patrícia da Silva - Relatora. Mário Pereira de Pinho Filho - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em exercício).
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEDUÇÃO PERMITIDA. Somente os honorários advocatícios pagos no bojo de reclamatória trabalhista, relativamente à parte proporcional aos rendimentos tributáveis, são dedutíveis da base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. Patrícia da Silva Relatora. Mário Pereira de Pinho Filho Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 33 16 /2 01 3- 61 Fl. 249DF CARF MF 2 Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, efls. 212/217, contra o acórdão nº 2402005.666, julgado na sessão do dia 08 de fevereiro de 2017 pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, que restou assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2010 REALIZAÇÃO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. PEDIDO INDEFERIDO. Considerase não formulado o pedido de realização de perícia ou diligência feito em desacordo com as normas que regulamentam a matéria. Desnecessária a realização de perícia ou diligência quando o julgador administrativo considerar que os elementos constantes dos autos são suficientes para o deslinde da controvérsia. EXECUÇÃO DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Não figura entre as competências do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF decidir sobre questões relacionadas à execução de decisão tomada no curso de Processo Administrativo Fiscal. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. É precluso o direito de recorrer de matérias não suscitadas na impugnação ou na decisão de primeira instância administrativa. INCIDÊNCIA DE IRPF SOBRE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO IMPROVIDO. Integram a base de cálculo do IRPF os juros e a correção monetária, inclusive os que resultarem de sentença judicial, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEDUÇÃO. REQUISITOS LEGAIS. Devem ser abatidas, dos rendimentos recebidos acumuladamente, integralmente as despesas com advogados, desde que relativas à ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, que tenham sido pagas pelo contribuinte e sem indenização. Interpretação literal da regra isentiva. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10530.723316/201361 Acórdão n.º 9202007.820 CSRFT2 Fl. 250 3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. RENDIMENTO SUJEITO A TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA. IRRF INDEDUTÍVEL NA DAA. Não é dedutível na Declaração de Ajuste Anual DAA a parcela do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF relativa a rendimentos sujeitos a tributação exclusiva, inclusive aquelas pagas a título de décimo terceiro salário. Recurso Voluntário Provido em Parte. Como descrito pela Câmara a quo: O contribuinte declarou erroneamente os valores recebidos decorrentes da Ação da Justiça Federal, conforme documentos apresentados após intimação fiscal. Foram considerados os alvarás de levantamentos do crédito e recolhimentos de tributos, planilhas de cálculos e demais informações fiscais. Somado ao valor líquido recebido em Alvará, adicionei o valor de IR retido e exclui da base de cálculo as custas judiciais recolhidas. O montante tributável bruto é o valor presente identificado. As deduções relativas às contribuições para entidade de previdência privada e FAPI, a dedução de incentivo e a contribuição previdenciária do empregado doméstico foram readequadas ao limite legal, conforme valor declarado e conforme o lançamento das infrações objeto da notificação. Intimada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, efls. 212/217, requerendo a reforma do acórdão, em relação a seguinte matéria: dedução honorários advocatícios. Apresenta como paradigma os acórdãos abaixo: Acórdão n.º 2202003.601 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 COMPENSAÇÃO DE IRRF. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. O imposto somente pode ser compensado na declaração de ajuste anual, quando comprovada a retenção por documentação hábil e idônea. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E PERICIAIS. DEDUÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS EM AÇÃO JUDICIAL. Os honorários advocatícios e periciais devem ser proporcionalizados conforme a natureza dos rendimentos recebidos, haja vista que somente a parcela correspondente aos rendimentos tributáveis poderá ser deduzida da base de cálculo do imposto de renda.” Fl. 251DF CARF MF 4 Acórdão n.º 2202003.284 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E PERICIAIS. DEDUÇÃO DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS EM AÇÃO JUDICIAL. Os honorários advocatícios e periciais devem ser proporcionalizados conforme a natureza dos rendimentos recebidos, haja vista que somente a parcela correspondente aos rendimentos tributáveis poderá ser deduzida da base de cálculo do imposto de renda. In casu, tendo em vista que o montante recebido no anocalendário em referência englobou apenas uma parcela isenta (FGTS) e uma parcela tributável sujeita ao ajuste anual, há que se calcular o percentual relativo a cada uma delas. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. COMPENSAÇÃO. Diante da informação prestada pela fonte pagadora em DIRF retificadora que evidencia um imposto de renda retido na fonte devalor inferior ao pleiteado pelo contribuinte na declaração de ajuste anual, é de se manter a glosa efetuada. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Recurso Voluntário Negado Conforme despacho de admissibilidade efls. 220/224, o Recurso foi admitido, conforme trecho transcrito abaixo: Os acórdãos relacionados como paradigmas foram proferidos por colegiados distintos daquele do acórdão recorrido e não foram reformados na CSRF até a presente data, prestandose, portanto, para o exame da divergência em relação à matéria suscitada. Da análise dos autos, para a divergência ora apresentada, verificase a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigmas, motivo pelo qual está configurada a divergência jurisprudencial apontada pela Fazenda Nacional. No acórdão recorrido, adotouse o entendimento de que os honorários advocatícios podem ser abatidos integralmente. Já os acórdãos paradigmas manifestam o posicionamento de que os valores pagos de honorários advocatícios devem ser proporcionalizados conforme os rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual. Segundo esse entendimento, somente a parcela correspondente aos rendimentos tributáveis poder ser deduzida da base de cálculo do imposto de renda. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10530.723316/201361 Acórdão n.º 9202007.820 CSRFT2 Fl. 251 5 CONCLUSÃO Com fundamento no RICARF, anexo II, artigos 67 e 68, concluo que restou demonstrada a divergência em relação à matéria dedução: honorários advocatícios (ACT 10.606.4088– IRPF – Ajuste/glosa. Dedução: honorários advocatícios). Pelo exposto, nos termos da Portaria MF nº 343, de 09/06/15, artigo 8º, proponho que seja DADO SEGUIMENTO ao pedido interposto pela PGFN. Intimado, o Contribuinte não apresentou Contrarrazões É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os requisitos pela o seu conhecimento, conforme despacho de admissibilidade efls. 220/224. Assim, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. A matéria em discussão é dedução honorários advocatícios. No tocante a dedução dos honorários advocatício, destaco o disposto no art. 12 da Lei nº 7.713/1988, vigente a época dos fatos: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. (GRIFEI) Com a revogação do art. 12, foi inserido o art. 12A na mesma norma, que manteve a possibilidade de dedução dos rendimentos recebidos acumuladamente as despesas com advogados, conforme §2º, nos seguintes termos: Art. 12A. Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Redação dada pela Lei nº 13.149, de 2015) § 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva Fl. 253DF CARF MF 6 resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 2º Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) (GRIFEI) Destacase que o legislador, conforme disposto no art. 12 da Lei nº 7.713/1988 autorizou que sejam abatidas, dos rendimentos recebidos acumuladamente, as despesas com a ação judicial, inclusive com advogados, que tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Nesse sentido, destaco o voto do Ilmo. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, referente ao Acórdão nº 9202003.608, proferido na sessão do dia 03 de março de 2015, que apresenta os seguintes fundamentos: Assim, conhecido o recurso exclusivamente quanto à matéria de dedução integral dos honorários advocatícios pagos, passo à análise de seu mérito. Entendo assistir razão ao recorrente quanto ao fato do dispositivo legal aplicável (art. 12 da Lei no 7.713, de 1988) não estabelecer qualquer restrição à dedução integral dos honorários advocatícios, ainda que se esteja diante de montante recebido que envolva rendimentos tributáveis e isentos ou não tributáveis, in verbis: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. A propósito ainda, considerando o conceito contábil de despesa como gasto despendido para o fim de obtenção de determinada receita (no caso, os rendimentos oriundos da ação), entendo como impossível poder se segregar, aqui, a parcela de despesa necessária ao recebimento dos rendimentos tributáveis daquela necessária à obtenção dos rendimentos não tributáveis, uma vez que o gasto com honorários é único para a obtenção simultânea de ambas as receitas. Vejase que, em determinadas hipóteses, o esforço despendido pelo patrono da causa em cada parcela (tributável/isenta ou não tributável) e, assim, os honorários cobrados/pagos, são completamente desproporcionais aos montantes a serem recebidos de cada uma das parcelas, incabível nesta hipótese a proporcionalização proposta pelo recorrido, que, ressaltese uma vez mais, também não possui amparo legal. Voto, assim, por dar provimento ao recurso especial do contribuinte nesta matéria, restabelecendose a dedução integral dos valores pagos a título de honorários advocatícios, no montante de R$ 122.477,37. Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10530.723316/201361 Acórdão n.º 9202007.820 CSRFT2 Fl. 252 7 Diante do exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente do recurso, exclusivamente quanto à dedução integral dos honorários advocatícios pagos, para, no mérito, dar provimento ao recurso especial do contribuinte quanto a esta matéria, restabelecendose a dedução integral dos valores pagos a título de honorários, no montante de R$ 122.477,37. Diante de todo exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, e no mérito em NEGARLHE provimento. Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Redator designado. Não obstante o bem fundamentado voto da i. Relatora, dele divirjo pelas razões de fato e de direito que exponho a seguir. Temse Recurso Especial da Fazenda Nacional, cuja matéria devolvida à apreciação desta Câmara Superior de Recursos Fiscais é a dedução de honorários advocatícios relativos a valores recebidos em decorrência de ação judicial. Entendeu o Colegiado a quo que tais despesas devem ser integralmente abatidas dos rendimentos recebidos acumuladamente. A esse respeito, o art. 56 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, estabelece: Art. 56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, poderá ser deduzido o valor das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). O Dispositivo acima não deixa dúvidas quanto à possibilidade de dedução das despesas despendidas com advogados, necessárias recebimento de rendimentos reclamados pela via judicial. Contudo, é da lógica da tributação pelo Imposto de Renda que a dedução de tais despesas se dê em relação aos rendimentos que estejam sujeitos à tributação. Assim, a norma legal insculpida no Regulamento do Imposto de Renda é no sentido de que, somente os honorários advocatícios pagos no bojo de reclamatória trabalhista, relativamente à parte proporcional aos rendimentos tributáveis, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF. Dessarte, reputo correto o entendimento exarado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, reproduzido no corpo do Recurso Especial, segundo o qual: Fl. 255DF CARF MF 8 De acordo com a norma colacionada, não há dúvida de que os honorários advocatícios necessários ao recebimento dos rendimentos, pagos ao advogado Orlando Oliveira (R$ 164.600,00), em conformidade com o Comprovante de Depósito em Conta Corrente em Dinheiro, acostado à folha 39 dos autos, devem ser deduzidos dos rendimentos tributáveis, porém proporcionalmente ao montante dos rendimentos tributáveis. Isso porque o parágrafo único do art. 56 autoriza a dedução das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, referindose, neste caso, aos rendimentos tributáveis. Isso por uma razão óbvia: não haveria sentido em falar dedução de valores não tributáveis, que não são submetidos à tributação, ou seja, dedução de rendimento que não entra no cômputo da base de cálculo do tributo. Em virtude disso, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento para restabelecer a decisão de primeira instância administrativa. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 256DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10325.001779/2008-37
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBRROGAÇÃO DO ART. 30, III DA LEI Nº 8.212/91 - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS - SENAR.
A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212/91, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), não foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852/MG. Desse modo, permanece a exação tributária.
A responsabilidade atribuída à pessoa jurídica adquirente, consumidora ou consignatária e ainda à cooperativa não está prevista apenas no §5º do Decreto nº 566/1992, mas também no inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212/91 cuja regulamentação se deu por meio do Decreto nº 3.048/99, cumprindo-se assim o princípio da legalidade previsto no art. 128 do CTN.
Numero da decisão: 9202-007.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS SENAR. A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212/91, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), não foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852/MG. Desse modo, permanece a exação tributária. A responsabilidade atribuída à pessoa jurídica adquirente, consumidora ou consignatária e ainda à cooperativa não está prevista apenas no §5º do Decreto nº 566/1992, mas também no inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212/91 cuja regulamentação se deu por meio do Decreto nº 3.048/99, cumprindose assim o princípio da legalidade previsto no art. 128 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 00 17 79 /2 00 8- 37 Fl. 188DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo Relatório Tratase Auto de Infração (Debcad n° 37.198.1450) para cobrança de contribuições sociais destinadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, devidas por subrogação pelos adquirentes de produto rural de pessoa física, nos termos do artigo 6º da Lei nº 9528/97, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. O período de apuração abrange 01/2003 a 12/2004. A subrogação está fundamentada no art. 30, inciso III da Lei nº 8.212/91 (efls. 18). Nos termos do relatório fiscal (efls. 21 e seguintes) a infração foi assim resumida: 3DO OBJETO DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 3 . 1 0 objeto do lançamento são as contribuições previdenciárias não recolhidas, devidas a Receita Federal do BrasilRFB incidentes sobre a aquisição de produto rural, identificados pela aquisição de gado para abate de produtor rural pessoa física. 3.2 São contribuições devidas pela empresa na condição de sub rogada, destinadas a outras entidades (TERCEIROS)SENAR, apurada com alíquota de 0,20% 3.3 Foi emitido outro AIOP Debcad n° 37.198.1441, com o mesmo fato gerador e mesma base de cálculo para as contribuições destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho RAT e contribuições previdenciárias rurais. Após o trâmite processual, a 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária deu provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento haja vista declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no recurso extraordinário nº 363.852/MG. Acórdão 2401003.254 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 3 3 SUBROGAÇÃO NA PESSOA DO ADQUIRENTE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL POR PESSOAS FÍSICAS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. IMPROCEDÊNCIA Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n.º 363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras, deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições sociais exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física na condição de subrogado. Recurso Voluntário Provido. Intimada a Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, recurso especial. Citando como paradigmas os acórdãos 230201.599 e 2402001.724, a Recorrente assim resumiu a divergência: Observase que nos paradigmas, assim como no acórdão recorrido, tratavase da discussão a respeito da constitucionalidade das contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, incidentes sobre a receita bruta da comercialização da produção rural. Contudo, enquanto na decisão hostilizada concluiuse pela sua inconstitucionalidade, nos acórdãos paradigmas, refutouse tal argumentação, mantendose o lançamento, com base na Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98. Como se vê, os acórdãos paradigmas acima transcritos, ao tratarem de casos idênticos ao dos autos, adotaram entendimento diametralmente oposto ao firmado no acórdão recorrido. Nessas condições, demonstrada a divergência jurisprudencial diante dos acórdãos paradigmas em anexo, nos termos do art. 67 do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, afiguram se presentes os requisitos de admissibilidade do Recurso Especial. Contrarrazões do contribuinte juntada às fls. 155 e seguintes. Defende a recorrida a manutenção do acórdão sob o argumento de que a inconstitucionalidade do FUNRURAL declarada pelo RE 363.852/MG não teria sido superada com a edição da Emenda Constitucional nº 20/98 e Lei n° 10.256/2001. Faz considerações sobre o princípio da isonomia reiterando argumentos apresentados no seu Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Fl. 190DF CARF MF 4 Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso preenche os pressupostos formais e deve ser conhecido. Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra decisão proferida pela Turma a quo que cancelou o lançamento cujo objeto é exigência de contribuições sociais destinadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, devidas por subrogação pelos adquirentes de produto rural de pessoa física, nos termos do artigo 6º da Lei nº 9528/97, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. No entendimento do Colegiado a subrrogação prevista no art. 30, IV da Lei 8.212/91 foi declarada inconstitucional pelo STF no recurso extraordinário nº 363.852/MG. Importante destacar que o lançamento ora discutido abrange fatos geradores ocorridos já na vigência da nova redação dada pela Lei nº 10.526/2001 ao art. 6º da Lei nº 9.528/97 e, ao contrário do citado na decisão recorrida, a responsabilidade pelo recolhimento da referida contribuição foi atribuída à Autuada também com base no inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, conforme se verifica do auto de infração lavrado, e sobre tal dispositivo não há qualquer manifestação de inconstitucionalidade. Na verdade, há decisão do Supremo Tribunal Federal, sob a sistemática da Repercussão Geral, no RE nº 718.874/RS concluindo no sentido de ser constitucional, formal e materialmente, a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. O julgado recebeu a seguinte ementa: Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplicase, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2.A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 4 5 Neste cenário, e considerando que as contribuições do art. 25 também são recolhidas pelo adquirente por força do mesmo art. 30, III da Lei nº 8.212/91, dispositivo cuja validade nunca fora questionada, deve o acórdão recorrido ser revisto. No entendimento desta Conselheira, por meio do RE 363.852/MG, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, vício que ainda subsistiria, entretanto é notável que o presente lançamento não está baseado exclusivamente no mencionado inciso. A exigência ora discutida tem como fundamento também o inciso III do mesmo art. 30, o que por si só afastaria a argumentação de inconstitucionalidade suscitada, uma vez que sobre este dispositivo o STF não faz qualquer consideração. Vale destacar que o entendimento da maioria do Colegiado vai além, entendendo pela inexistência de qualquer vício/inconstitucionalidade sobre o art. 30, inciso IV da Lei nº 8.212/91. Por diversas vezes o tema já foi submetido a apreciação desta Câmara Superior. Recentemente, por meio do acórdão nº 9202007.280, o Colegiado, por unanimidade, entendeu pela legalidade da cobrança do SENAR e pela previsão de regra normativa para exigência da contribuição por subrrogação. As contribuições para terceiros se sujeitam aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios das contribuições estabelecidas pela Lei nº 8.212/1991 e das contribuições instituídas a título de substituição. A Conselheira Relatora, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, após discorrer acerca das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e sobre seu entendimento acerca da abrangência da inconstitucionalidade declarada pelo STF inclusive tratando sobre o inciso IV do art. 30 concluiu pela legalidade da cobrança. Pela relevância transcrevo parte do voto proferido: SENAR CONTRIBUIÇÃO SOBRE AQUISIÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL DE PESSOAS FÍSICAS ... A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. A contribuição sobre a comercialização da produção está descrita no art. 25 da Lei 8212/91: ... Quanto às contribuições destinadas ao Senar, as mesmas possuem previsão no art. 6º da Lei n 9.528 de 1997, nestas palavras: Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula Fl. 192DF CARF MF 6 dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) É de se destacar, também, o disposto nos artigos 2º e 3º da Lei n.º 11.457, de 16/03/2007, parcialmente reproduzidos a seguir. Art. 2º Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. (...) Art. 3º As atribuições de que trata o art. 2º desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. (...) § 2º O disposto no caput deste artigo abrangerá exclusivamente contribuições cuja base de cálculo seja a mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de Previdência Social ou instituídas sobre outras bases a título de substituição. § 3º As contribuições de que trata o caput deste artigo sujeitamse aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios daquelas referidas no art. 2º desta Lei, inclusive no que diz respeito à cobrança judicial. (...) (grifos nossos) Essas contribuições não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852, como citado pelo recorrente. Desse modo, permanece a exação tributária. Porém, tais contribuições eram recolhidas pelo substituto tributário e não pelos produtores rurais; a transferência da responsabilidade para os substitutos está prevista no art. 94 da Lei n 8.212, art. 3º da Medida Provisória n 222 de 2004, combinado com o art. 30, inciso IV da Lei n 8.212 de 1991. Assim, importante destacar que não mais paira qualquer duvida acerca da constitucionalidade aplicável ao caso, conforme veremos a seguir. Possibilidade de exigência via subrrogação. A subrogação descrita nesta NFLD está respaldada no que dispõe o art. 30, IV, da Lei 8.212/91, com redação da lei 9528/97: ... Sobre tais valores foi aplicada a alíquota de 0,1% até 12/2001 e 0,2% a partir de 01/2002, de acordo com o FPAS 744. A alíquota de contribuição devida ao SENAR foi alterada face nova redação dada pelo art. 3º da Lei 10.256/2001 no art. 6º da Lei 9.528/1997. "Art.6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 5 7 por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural." (NR) Lei 8315 Art. 3º § 3° A arrecadação da contribuição será feita juntamente com a Previdência Social e o seu produto será posto, de imediato, à disposição do Senar, para aplicação proporcional nas diferentes Unidades da Federação, de acordo com a correspondente arrecadação, deduzida a cota necessária às despesas de caráter geral. Com base no exposto, devidamente respaldado encontrarseia o trabalho da auditoria fiscal. O problema surge a partir do julgamento pelo STF o Recurso Extraordinário nº 363.852, cujo Plenário deu provimento ao recurso em acórdão com a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PRESSUPOSTO ESPECÍFICO – VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO – ANÁLISE – CONCLUSÃO – Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adora entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina – José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações (g.n.) ... Notase que o objeto do RE 363.852 referese à discussão da constitucionalidade dos dispositivos da Lei nº 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998. Portanto, decidiu o STF que a inovação da contribuição sobre comercialização de produção rural da pessoa física não encontrava respaldo na Carta Magna até a Emenda Constitucional 20/98, decidindo expressamente pela inconstitucionalidade acerca das Leis 8.540/92 e 9.528/97, razão pela qual compete a este Conselho, em observância ao art. 62A determinar a improcedência dos lançamento envolvendo períodos anteriores. ... Isto posto, com a entrada em vigor da Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98, passam a Fl. 194DF CARF MF 8 ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1% incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, nos termos assinalados no art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação que lhe foi introduzida pela Lei nº 10.256/2001. O caso ora sob análise, conforme acima destacamos, envolve contribuições para o período de 01/2008 a 08/2008, ou seja, em período integralmente coberto pela regência da Lei nº 10.256/2001, não havendo que se falar em inconstitucionalidade da exação, pois esta decorre diretamente da norma tributária inserida no ordenamento pelo diploma legal, e não sob as contribuições descritas nas leis nº 8.540/92 e 9.528/97, declaradas inconstitucionais pelo STF. Embora já se aplicasse esse entendimento, ao apreciar apressadamente a decisão do STF tevese a idéia de que a subrrogação descrita no art. 30, IV da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis nº 8.540/92 e 9.528/97, teria sido por derradeira também declarada inconstitucional, o que resultava na inviabilizando da utilização da sistemática de subrrogação nos casos de aquisição de produção rural de produtores rurais pessoas físicas. Todavia, essa possibilidade já foi por deveras superada nos mais diversos acórdãos deste conselho, de tribunais e por decisões posteriores do próprio STF. ... Quanto a este ponto, apreciando os diversos julgamentos realizados no âmbito do CARF, valhome de um especificamente, do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, datado de 18 de abril de 2013 – Acórdão 2302 02.445, da FRIGO VALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CARNES LTDA, que de forma fantástica analisou profundamente os efeitos das decisões dos tribunais sobre a sistemática da SUBRROGAÇÃO, determinando a procedência da autuação. O posicionamento referenciado no acórdão mostroume muito mais acertada, do que aquele até então por mim adotado, razão pela qual adotoo como razão de decidir, transcrevendo a parte pertinente abaixo: 3.1.4.DA SUBROGAÇÃO Por derradeiro, mas não menos importante, restanos apreciar a questão atávica à subrogação do adquirente, do consignatário ou da cooperativa pelo cumprimento das obrigações do empregador rural pessoa física e do segurado especial assentadas no art. 25 da Lei nº 8.212/91. Verificase no voto condutor acima revisitado, que a matéria atinente à subrogação em momento algum foi discutida no julgamento do Supremo Sodalício. Com efeito, o Supremo não se pronunciou acerca de nenhum vício de inconstitucionalidade a macular a subrogação, até porque esta foi expressamente prevista na própria Lex Excelsior. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 6 9 §7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) Assim proclamou o Min. Marco Aurélio, ad litteris et verbis: “Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Olhando com os olhos de ver, o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, “deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91”. Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992 Art. 1º A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com alterações nos seguintes dispositivos: Art. 12. ................................................... V ............................................. a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral garimpo , em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do país do domicílio; Art. 22. ....................................................................... Fl. 196DF CARF MF 10 §5º O disposto neste artigo não se aplica à pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 desta Lei. Art. 25. A contribuição da pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento de complementação das prestações por acidente de trabalho. §1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no "caput", poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. §2º A pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12, contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 desta Lei. §3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. §4º Não integra a base de cálculo dessa contribuição a produção rural destinada ao plantio ou reflorescimento, nem sobre o produto animal destinado a reprodução ou criação pecuária ou granjeira e a utilização como cobaias para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produtor e quem a utilize diretamente com essas finalidades, e no caso de produto vegetal, por pessoa ou entidade que, registrada no Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, se dedique ao comércio de sementes e mudas no País. § 5º (VETADO) (...) Art. 30. .................................................... IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam subrogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; X a pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25 desta Lei no prazo estabelecido no inciso III deste artigo, caso comercializem a sua produção no exterior ou, diretamente, no varejo, ao consumidor.” Ora, caros leitores, o fato de o art. 1º da Lei nº 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea ‘a’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91, nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do mesmo Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 7 11 inciso V acima citado para ‘c’, ‘d’ e ‘e’, respectivamente, sem qualquer modificação de texto. (...) E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate. (...) Aditese que o inciso IX do art. 93 da CF/88 determina, taxativamente, que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, aqui incluído por óbvio o STF, devem ser públicos, e fundamentadas todas as suas decisões, sob pena de nulidade. Ora ... No julgamento do RE 363.852/MG inexiste qualquer menção, ínfima que seja, a possíveis vícios de inconstitucionalidade na subrogação encartada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91. Aliás, o vocábulo “subrogação” assim como a referência ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91” somente são mencionados na conclusão do Acórdão, ocasião em que o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, e que é declarada inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97. Realmente, ao verificar o texto integral da decisão do Ministro Marco Aurélio no acórdão RE 363.852, o mesmo não adentrou, em momento algum a apreciação da inconstitucionalidade do art. 30, IV da lei 8212/91, o que ao meu ver, impede a extensão dos efeitos da inconstitucionalidade das contribuições instituídas lei 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, para as contribuições lançadas após a lei 10.256/2001. Todavia, não foi apenas esse fato mencionado no voto do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa, que me levou a alterar o posicionamento até então adotado. Senão vejamos, outro texto do acórdão que novamente adoto como razões de decidir: A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei nº 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). Fl. 198DF CARF MF 12 II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas, observado o disposto em regulamento: (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) É certo que o disposto no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91 já seria bastante e suficiente para impingir ao adquirente, consumidor, consignatário e à cooperativa o dever jurídico de recolher as contribuições incidentes sobre a comercialização de produção rural. Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, de maneira genérica, a sub rogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino “lex specialis derogat generali”. A cinco, porque o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG declara a “inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 8 13 pedido inicial”. Salta aos olhos que a sanatória da inconstitucionalidade vislumbrada pela Suprema Corte depende, tão somente, da promulgação de legislação nova, arrimada na EC n° 20/98, que institua a contribuição então viciada. Tais exigências houveramse por integralmente supridas com a promulgação da Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001, sob cuja égide ocorreram todos os fatos geradores contidos no presente lançamento tributário. (...) Avulta, de todo o exposto, que o provimento permeado no Acórdão do STF em tela visou a desobrigar o recorrente do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, ou do seu recolhimento por subrogação, não por defeito jurídico no instituto da subrogação, mas, sim, por vício de inconstitucionalidade da própria exação em si considerada. ... Ademais a obrigação legal de arrecadar as contribuições descritas no art. 25 não encontra respaldo apenas no art. 30, IV da lei 8212/91, mas também na obrigação legal esculpida no inciso III do mesmo artigo: “III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) (grifos nossos) ... Conforme destacado no trecho do inciso III, a lei remeteu a regulamento a instituição da sistemática, para que a empresa adquirente promova o recolhimento da contribuição prevista no art. 25 da lei 8212/91. Na função de regulamentar não apenas o inciso III, mas inúmeros outros pontos da lei 8212/91, foi editado o Decreto nº 3.048/1999, aprovando o Regulamento da Previdência Social, ainda hoje em vigor, cujos artigos 200, 200A e 216 instituíram a obrigação acessória da empresa adquirente, consumidora, consignatária ou da cooperativa, na condição de subrogada, a arrecadar, mediante desconto e a recolher as contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta oriunda da comercialização da produção devidas pelo produtor rural pessoa física e pelo segurado especial. Senão vejamos: Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art. 200. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam o inciso I do art. 201 e o art. 202, e a do segurado especial, incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, é de: (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) I dois por cento para a seguridade social; e II zero vírgula um por cento para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Fl. 200DF CARF MF 14 (...) §4º Considerase receita bruta o valor recebido ou creditado pela comercialização da produção, assim entendida a operação de venda ou consignação. §5º Integram a produção, para os efeitos dos incisos I e II do caput, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, socagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem e torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. (...) §7º A contribuição de que trata este artigo será recolhida: I Pela empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa, que ficam subrogadas no cumprimento das obrigações do produtor rural pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e do segurado especial, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com estes ou com intermediário pessoa física, exceto nos casos do inciso III; (grifos nossos) II pela pessoa física não produtor rural, que fica subrogada no cumprimento das obrigações do produtor rural pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e do segurado especial, quando adquire produção para venda, no varejo, a consumidor pessoa física; ou III pela pessoa física de que trata alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e pelo segurado especial, caso comercializem sua produção com adquirente domiciliado no exterior, diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial. §8º O produtor rural pessoa física continua obrigado a arrecadar e recolher ao Instituto Nacional do Seguro Social a contribuição do segurado empregado e do trabalhador avulso a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, nos mesmos prazos e segundo as mesmas normas aplicadas às empresas em geral. Art. 200A. Equiparase ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores rurais, na condição de empregados, para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) §1º O documento de que trata o caput deverá conter a identificação de cada produtor, seu endereço pessoal e o de sua propriedade rural, bem como o respectivo registro no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ou informações relativas à parceria, arrendamento ou equivalente e à matrícula no INSS de cada um dos produtores rurais. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) §2º O consórcio deverá ser matriculado no INSS, na forma por este estabelecida, em nome do empregador a quem hajam sido outorgados os mencionados poderes.(Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) Art. 200B. As contribuições de que tratam o inciso I do art. 201 e o art. 202, bem como a devida ao Serviço Nacional Rural, são substituídas, em relação à remuneração paga, devida ou creditada ao trabalhador rural contratado pelo consórcio simplificado de produtores rurais de que trata o art. 200A, pela contribuição dos respectivos produtores rurais. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 9 15 Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: I A empresa é obrigada a: (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 200 no prazo referido na alínea "b" do inciso I, no mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção rural, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediário pessoa física; (grifos nossos) IV o produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 200 no prazo referido na alínea "b" do inciso I, no mês subsequente ao da operação de venda, caso comercializem a sua produção com adquirente domiciliado no exterior, diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial; V o produtor rural pessoa física é obrigado a recolher a contribuição de que trata o inciso II do caput do art. 201 no prazo referido na alínea "b" do inciso I; (Revogado pelo Decreto nº 3.452/2000) (...) §5º O desconto da contribuição e da consignação legalmente determinado sempre se presumirá feito, oportuna e regularmente, pela empresa, pelo empregador doméstico, pelo adquirente, consignatário e cooperativa a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegarem qualquer omissão para se eximirem do recolhimento, ficando os mesmos diretamente responsáveis pelas importâncias que deixarem de descontar ou tiverem descontado em desacordo com este Regulamento. Assim, considerando que a imputação fiscal também se baseia no art. 30, inciso III da Lei nº 8.212/91 e no art. 216 do Decreto nº 3.048/99, dispositivos que prevêem expressamente a cobrança e a responsabilidade do adquirente pelo recolhimento da contribuição devida pelo produtor rural, e considerando que, como dito, as contribuições para terceiros se sujeitam aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios das contribuições estabelecidas pela Lei nº 8.212/1991, devese afastar a inconstitucionalidade arguida. Importante destacar que o recurso voluntário, além da tese ora enfrentada, apresenta como linha de defesa outras fundamentações que não foram apreciadas pelo Colegiado recorrido, entre elas a própria discussão acerca da aplicação do princípio da isonomia trazida em sede de contrarrazões. Diante do exposto, dou provimento ao recurso, com retorno dos autos à Câmara de origem para análise das demais questões postas no Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 202DF CARF MF 16 Fl. 203DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000086/2005-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri May 14 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
Ementa: ITR. EXERCÍCIO 2000. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO ART. 173, I, DO CTN.
A regra de incidência prevista na lei é que define a modalidade do lançamento, sendo irrelevante a existência, ou não, de pagamento. O lançamento do imposto é por homologação e se aperfeiçoa em primeiro de janeiro do exercício. Para esse tipo de lançamento, o qüinqüênio do prazo decadencial tem seu inicio na data do fato gerador, na forma do art. 150, § 4º, do CTN, exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando tem aplicação o art, 173, I, do CTN.
BENFEITORIAS. COMPROVAÇÃO COM LAUDO TÉCNICO E COM NOTAS FISCAIS,
Comprovadas as inversões referentes as benfeitorias por notas fiscais e laudos técnicos, deve-se restabelecer o valor glosado, implicando na redução respectiva do valor da terra nua tributável.
PASTAGENS. UTILIZAÇÃO NA ATIVIDADE PRIMARIA, ÁREA UTILIZADA POR COMODATÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA,
Não basta simplesmente alegar, sem nada provar, que pretensas áreas de pastagens glosadas eram utilizadas por terceiros comodatários. É necessário comprovar a utilização da área de pastagens na atividade primaria, para dai aumentar o grau de utilização da propriedade, com fruição de uma alíquota
do 1TR mais benigna.
Recurso parcialmente provido,
Numero da decisão: 2102-000.639
Decisão: ACORDAM os Membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar e no mérito em DAR parcial provimento ao que a decadência extinguiu o credito tributário do exercício 2000 e para restabelecer o valor declarado das benfeitorias (R$ 360.000,00), nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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EXERCÍCIO 2000. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 40, DO CTN. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO ART. 173, I, DO CTN. A regra de incidência prevista na lei é que define a modalidade do lançamento, sendo irrelevante a existência, ou não, de pagamento. lançamento do imposto é por homologação e se aperfeiçoa em primeiro de janeiro do exercício. Para esse tipo de lançamento, o qüinqüênio do prazo deculencial tern seu inicio na data do fato gerador, na forma do art. 150, § 4', do CTN, exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando tem aplicação o art, 173, I, do CTN. BENFEITORIAS. COMPROVAÇÃO COM LAUDO TÉCNICO E COM NOTAS FISCAIS, Comprovadas as inversões referentes as benfeitorias por notas fiscais e laudos técnicos, deve-se restabelecer o valor glosado, implicando na redução respectiva do valor da terra nua tributável. PASTAGENS. UTILIZAÇÃO NA ATIVIDADE PRIMARIA, AREA UTILIZADA POR COMODATÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA, Não basta simplesmente alegar, sem nada provar, que pretensas areas de pastagens glosadas eram utilizadas por terceiros comodatários. É necessário comprovar a utilização da area de pastagens na atividade primaria, para dai aumentar o grau de utilização da propriedade, coin fruição de uma aliquota do 1TR mais benigna. Recurso parcialmente provido, ACORDA REJEITAR a preliminar e que a decadência extin declarado das benfeitor Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em to, em DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer to tributário do exsrcicio 2000 e para restabelecer o valor 00,00), nos term do voto do Relator. ES CAMPOS - Relator e Presidente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Part a do presente julgamento os Conselheiros Nilbia de Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Rubens Mauricio Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Roberta de Azeredo Feneira Pagetti e Giovanni Christian Nunes Campos Relatório Em face do contribuinte Companhia Paraiba de Cimento Portland, CNPJ/MF n° 10.804.300/0001-87, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 09/12/2005, auto de infração (fls. 03 a 12), com ciência postal ern 16/12/2005, a partir de ação fiscal iniciada em 11/04/2005 (11. 33). Abaixo, discrimina-se o credito tributário constituído pelo auto de infração antes informado, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do credito: IMPOSTO R$ 94.640,00 MULTA DE OFICIO de 75% R$ 70.980,00 Conforme os demonstrativos de apuração do ITR lançado (fls. 06 a 10), referentes as DITR-exercício 2000 a 2004, do imóvel rural NIRF 1.769.249-0, denominado Cia Paraiba de Cimento Portland, localizado no município do Conde (PB), Area total de 154,1ha, vê-se que a autoridade fiscal tomou as seguintes providencias: • exercício 2000 - glosa integral das Areas ocupadas corn benfeitorias (3,0ha), com pastagens (111,011a), dos valores das benfeitorias (R$360.000,00) e das culturas/pastagens/florestas (R$60.000,00); 2 Compulsando os autos, verifica-se ajuntada dos seguintes documentos: e oficio da lavra do Sr. Aluisio Bonavides Barros, antigo proprietário do imóvel auditado, comunicando ao DRF de Joao Pessoa a alienação Processo n° 14751 000086/2005-13 S2-C1T2 AcOrao n ° 2102-00.639 Fl 269 • exercício 2001 — glosa integral das áreas ocupadas corn benfeitorias (3,0ha), utilizadas na atividade primária (111,1ha) e do valor das culturas/pastagens/florestas (R$60.000,00). Neste exercício não houve declaração do valor das benfeitorias; • exercício 2002 - glosa integral das Areas ocupadas corn benfeitorias (3,0ha), corn pastagens (111,1ha) e do valor das benfeitorias (R$360,000,00). Neste exercício não houve declaração do valor das culturas/pastagens/florestas; o exercício 2003 - glosa integral da Lea ocupada corn pastagens (111,1ha) e do valor das benfeitorias (R$360.000,00)„ Neste exercício não houve declaração do valor das culturas/pastagens/florestas ou da área ocupada com benfeitorias; • exercício 2004 - glosa integral das áreas ocupadas corn benfeitorias (3,0ha), corn pastagens (111,1ha) e do valor das benfeitorias (R$360.000,00), Neste exercício não houve declaração do valor das culturas/pastagens/florestas. Lendo o Termo de Verificação Fiscal que encerrou o procedimento de autuação (fls. 13 a 21), vê-se que o valor das benfeitorias (R$360,000,00) foi glosado em decorrência de a autoridade fiscal não ter ficado convencida de que a comprovação das inversões acostadas aos autos tivessem sido feitas na propriedade auditada (fls, 19, 94 a 120, 140 e 141), já que as notas fiscais respectivas tam como localidade de prestação de serviço a Fazenda de Caxitu, nome diverso do atual imóvel, isto aliado ao fato de o contribuinte ter outros imóveis no município do Conde — PB (Granjas Santo António e Nossa Senhora de Lourdes — fls. 138 e 139), na localidade denominada de Caxitu. Eis a motivação textual da autoridade (fl. 20 — destaques do original): o "Conclui-se que as notas fiscais poderiam refei ir-se a qualquer dos imóveis, já que tanto a Granja de Santo Antônio. e a Granjas Nossa Senhora de Lourdes se localizam no município do: Conde, em local, também, denominado Caxitu."; • "Ademais a informação prestada pela contribuinte referente propriedade em questão lls, 145, de "nossa intenção na época era utilizá-la como exploração de minerais, cujo projeto permanece aguardando o momento para ser posto em prática", nos leva a crer que os serviços referentes ás notas fiscais apresentadas, pela contribuinte, não teriam sido prestados na propriedade en: questão e que os documentos apresentados no decorrei- deste procedimento de fiscalização não foram suficientes para nos convencer do contrário, tendo sido desconsiderados, portanto, o valor que fora lançado nas D1TR's do período de 2000 a 2004, a titulo de benfeitorias" . do imóvel para o contribuinte aqui fiscalizado, desde 19/04/2000, e pedindo a baixa no cadastro do 1TR do imóvel denominado Fazenda São Bento da Vila. 0 oficio veio secundado com urna cópia da escritura pública de compra e venda respectiva (fIs. 22 a 25); • DITRs dos exercícios 2000 a 2004, originais, apresentadas em 26/04/2005, no curso da presente ação fiscal, nas quais o contribuinte não informou nenhuma área corno utilizada com benfeitorias e na atividade primaria, informando, outrossim, um valor de benfeitorias de RS 360,000,00 (fls. 34 a 55); • DITRs retificadoras dos exercícios 2000 a 2004, transmitidas em 16/05/2005, com as informações que foram auditadas (fls. 56 a 84); • Laudo técnico subscrito pelo Engenheiro José Teotônio Dantas Leite, CREA 5.374/PB, atestando as inversões executadas no imóvel denominado Fazenda Caxitu (Antiga Sao Bento da Villa), secundado pelas notas fiscais comprobatórias das inversões (fls. 89 a 121); • Certificado de Cadastro de Imóvel Rural —CCIR da propriedade São Bento da Vila, emitido pelo Incra (fls. 128 e 129), 0 contribuinte asseverou que tal propriedade é chamada de Fazenda Caxitn (nome fantasia), em decorrência da localidade onde se encontra no município do Conde (PB). Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida A Delegacia da Receita Federal de Julgamento. A la Turma de Julgamento da DM-Recife (PE), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão de fls. 164 a 170, consubstanciada no Acórdão n° 11-22.087, de 28 de abril de 2008. 0 contribuinte foi intimado da decisão a quo ern 06/06/2008 (fl. 173). In esignado, interpôs recurso voluntário em 04/07/2008 (fl. 176). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: • I. "Quanto as pastagens, estas existem, em sua forma nativa, totalizando 111,1 hectares, sendo utilizadas por terceiros, para alimentação de bovinos, de forma gratuita, tal qual comodato, sem, entretanto, haver qualquer contrato por escrito firmado entre as panes Para provar suas alega cães sobre as pastagens, a Recorrente requereu a realização de perícia no local, mas não fbi deferida, fato esse que caracteriza cerceamento ao amplo direito de defesa" (fl. 186, in fine); o prazo decadencial para o imposto lançado deve ser contado na forma do art, 150, § 4°, do CTN, com qüinqüênio decadencial contado a partir do fato gerador, o que, no presente caso, implica em considerar caduco o fato gerador de 1a/01/2000, já que a ciência do lançamento somente se aperfeiçoou em 16/12/2005, mais de um lustro após o fato tributário; 4 5 Processo n° 14751 000086/2005-13 S2-C1T2 Acórdlio n ° 2102-00,639 Fl 270 Ill, o contribuinte comprovou as inverses (benfeitorias) no imóvel auditado, conforme Laudo Técnico apresentado por profissional competente. Para desconsiderar o Laudo Técnico, mister a produção de prova contrária equivalente, ou seja, decorrente de vistoria in loco, o que não aconteceu no caso vertente. "Por outro lado, pelo que consta do referido Laudo Técnico, não existe nenhuma confusão entre o imóvel Fazenda Sao Bento da Vila e os demais imóveis situados também na região denominada CAelaTU, porque todas as benfeitorias foram devidamente identificadas como tendo sido implantadas na Fazenda São Bento da Vila. As notas fiscais de fls, 95/115 e 119/120, emitidas em nome da COMPANHIA PARA'. 11/1 DE CIMENTO PORTLAND — CIMEPAR, proprietária do imóvel sob análise, só poderiam ter o endereço da sede da Recorrente, porque esta é a responsável pelos pagamentos das faturas, visto que o imóvel Fazenda São Bento da Vila não realiza receita algunza e por esse motivo as faturas não poderiam ter seu CNPJ e endereço, visto que quem comprou os serviços e as benfeitorias realizadas .foi o estabelecimento sede, para implantação no estabelecimento rural supta. Não esta correto desconsiderar o Laudo Técnico por deduções de que estando as faturas em nome da Recorrente e com o endereço de sua sede, não teriam as benfeitorias sido realizadas na Fazenda Sao Bento da Vila. Essa ilação está desprovida de prova que possa contradizer o laudo Técnico" (fl. 186). Este recurso voluntário compôs o lote n° 04, sorteado para este relator na sessão pública da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção do CARP de 02/12/2009. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declara-se a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 06/06/2008 (fl. 173), sexta-feira, e interpôs o recurso voluntário em 04/07/2008 (fl. 176), dentro do trintidio legal, este que teve seu termo final em 04/07/2008, sexta-feira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passa-se a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Agora, passa-se à defesa do item I do relatório (cerceamento do direito de defesa do então impugnante em decorrência do indeferimento da perícia para confrontar a glosa da Lea de pastagens). Aqui o recorrente não fez qualquer prova de que as pastagens serviam para alimentação de gado de terceiros, em regime de comodato. Tratou-se de mera alegação, destituída de qualquer prova, o que impede o deferimento da pretensão recursal. Quanto a tese de cerceamento do direito de defesa em decorrência do indeferimento da prova pericial para provar o seu direito, também não pode ser acatada, já que o contribuinte deveria ter acostado toda a prova na impugnação, não havendo qualquer necessidade de dilação probatória adicional, pois a prova da utilização das pastagens poderia ser feita com declaração dos beneficiários, Laudo Técnico de Uso do Solo ou qualquer outra que comprovasse a utilização das pastagens na atividade primária. Ora, tais provas não foram produzidas, e o pedido de perícia é meramente procrastinatório e, assim, andou bem a decisão recorrida ao indeferir o pedido de perícia do então impugnante. Aqui, igualmente, indefere-se a conversão do feito ern diligência, e mantem- se a glosa das pastagens, já que restou não comprovada a utilização das pastagens na atividade primária. Passa-se a apreciar a defesa do item II do relatório (decadência). Deve-se anotar que o fator gerador do ITR se aperfeiçoa em 1° de janeiro de cada ano, consubstanciado na propriedade, no domínio útil ou na posse de imóvel localizado fora da zona urbana, na forma do art. 1 0, eaput, da Lei n° 9.393/96, verbis: Art, I" 0 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do municipio, em 1° de janeiro de cada ano No caso destes autos, o lançamento do primeiro fato gerador versa sobre o 1TR do exercício 2000, cujo fato gerador se aperfeiçoou em 1°/01/2000 (fls. 05 e 06). IA o contribuinte foi cientificado do lançamento em 16/12/2005 (fl. 148), a qual teve origem na revisãoi na DITR/2000, que havia originalmente apurado um imposto devido de R$ 2,632,00 (fl. 06). Após as glosas perpétiadas pela fiscalização, apurou-se novo ITR devido, acrescido de multa de oficio de 75% (fl. 10), com auto de infração datado de 09/12/2005 (fl. 03). A lei é que define a modalidade do lançamento ao que o tributo se amolda, fato de haver pagamento não altera a natureza do lançamento. 0 lançamento por homologação, independentemente de haver ou não pagamento, amolda-se ao prazo decadencial do art. 150, § 40, do Código Tributário Nacional CTN, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando incide a regra decadencial do art 173, I, dp CTN. 0 art. 10 da Lei n° 9.393/96 não deixa qualquer dúvida que o lançamento do ITR é por homologação, como se pode ver pela estrita dicção legal, verbis: Art 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração trilnitciria, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a hornologacão posteilor, Sendo lançamento por homologação, o prazo decadencial amolda-se ao estatuído no art. 150, § 4°, do CTN, contado a partir do fato gerador, ou, se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, incide a regra decadencial do art. 173, I, do CTN. . No caso aqui em debate, como já dito, o fato gerador do ITR/2000 se aperfeiçoou em 1°/01/2000, e o qüinqüênio decadencial se finou em 31/12/2004, contado na forma do art. 150, § 4 0, do ci-N, já que o contribuinte foi apenado com a multa ordinária de oficio de 75%, ou seja, não restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o que faria incidir a regra do art. 173, I, do CTN. Assim, como o contribuinte foi cientificado da 6 Nocesso n0 14751.000086/2005-13 S2-C1T2 Acendffo n.° 2102-00.639 Fl. 271 autuação em 16/12/2005 (ft 148), forçoso reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário lançado do ITR-exercicio 2000, Deve-se ressalta que o entendimento acima era comungado no âmbito do Terceiro Conselho de Contribuintes, então competente para apreciar as controvérsias da legislação do TTR, corno se poder ver pelos arestos abaixo: Acórdão n° 301-34.789, sessão de 15/10/2008, unânime, relator o Conselheiro Luiz Roberto DOIlliIMO: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2000 ITR. MODALIDADE DE LANÇAMENTO. DECADÊNCIA - A partir do exercício de 1997, a modalidade de lançamento do o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural passou a ser por homologação. RECURSO VOLUNTAIO PROVIDO. Acórdão n° 303-35233, sessão de 24/04/2008, por maioria, relator o Conselheiro Nilton Luiz Burial!: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - 1T]? Exercício. 1999 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO O direito de constituição do crédito tributário pertencente a Fazenda Nacional, relativo aos lançamentos por homologação, como é o caso do ITR, decai no prazo de 5 anos contados da data da ocorréncia do fato gemdoi Inteligência do artigo 150, § 4" do CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO Acórdão 303-35414, sessão de 19/06/2008, por maioria, relator o Conselheiro Hero/des Bahr Neto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício..' 1997 ITR197. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, DECADÊNCIA DAS ÁREAS DE PASTAGEM O prazo decadencial do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário, na hipótese dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, éregido pelo art. 150, § 4', do Código Tributário Nacional (CTN), ou seja, será de 5 (cinco) anos a* contar da ocorrência do fato gerador, o qual, a partir da vigência da Lei n° 9,393, de 19 de dezembro de 1996, se perfaz em 1"de janeiro de cada am. SUSPENSÃO DO RECURSO DE OFICIO ATE JULGAMENTO, PELA AUTORIDADE DE PRIMEIRA INSTANCIA, DOS PONTOS IMPUGNADOS PELA DEFESA, PERTINENTES ÁS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RECURSO DE OFICIO PROVIDO EM PARTE Acórdão n° 392-00008, sessão de 23/09/2008, por maioria, relator o Conselheiro Francisco Eduardo Orcioli Pires e Albuquerque Pizzolante: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - 1TR Exercício.: 1999 DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CREDITO TRIBUTÁRIO - INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART 150, § 4', DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. Area lindeira a reserva ecológica - limitação à sua utilização económica que promana de disposição legal, Apresentação do ato declaratório ambiental quando da declaração do imposta pelo contribuinte - desnecessidade. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. Assim se deve reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do exercício 2000. Agora, passa-se à defesa do item III (glosa do valor das benfeitorias). Aqui assiste razão ao recorrente. Explica-se. Na fase que antecedeu à autuação, o contribuinte acostou aos autos ura Laudo Técnico que demonstrava as inversões (benfeitorias) na propriedade auditada, secundado pelas notas fiscais respectivas (fls. 88 a 121), atendendo a uma intimação da autoridade fiscal (II. 85 a 87). 0 Laudo acima foi arrostado pela autoridade fiscal ao argumento de que o contribuinte teria outras propriedades na localidade denominada Caxitu, onde também se localizava o imóvel auditado, e os dispêndios poderiam ter sido empregados nos outros imóveis. Ora, no momento em que a autoridade fiscal exigiu um Laudo Técnico comprobatório das benfeitorias, não poderia simplesmente arrostá-lo ao argumento de que o contribuinte tem outras propriedades na localidade de nome Caxitu, no município do Conde (PB), até porque, neste caso, obrigatoriamente deveria ter qualificado a multa de oficio, já que este processo administrativo fiscal estaria eivado de provas com falsidade ideológica (Laudo Técnico e notas fiscais), ao se atestar a realização de dispendios em propriedades rurais outras, com o fito de reduzir o imposto devido. Ora, a autoridade não qualificou a multa de oficio, nem tampouco asseverou que o contribuinte tivesse incorrido em qualquer conduta fraudulenta da espécie. Aqui se deve observar que o ônus de acusar é da autoridade fiscal, devendo fazer prova iniludível das infrações fiscais, não sendo possível manter uma acusação fiscal, quando a autoridade assevera que os dispêndios das notas fiscais "poderiam" ter sido utilizados em outros imóveis e que a falta de utilização da propriedade na exploração de minerais "nos leva a crer que os serviços referentes as notas . fiscais apresentadas, pela contribuinte, não teriam sido prestados na propriedade enz questão", como se vê no Termo de Encerramento da Ação Fiscal., Tais afirmações estão contaminadas por dúvidas e incertezas, o que não se coaduna com a posição de um órgão acusador, que tem o dever de constituir o credito tributário pelo lançamento, na forma do art. 142 do crN, definindo claramente a matéria tributável. Havendo dúvida, a regra é resolvê-la ern favor do contribuinte, pela inteligência do art. 112 do CTN, e II:do o contrario, como ocorreu com a presente questão. Ademais, as notas fiscais NF juntadas indicam que os dispêndios foram executados na Fazenda denominada Caxitu, localidade onde se encontra o imóvel auditado, em período logo após a aquisição da propriedade, levada a efeito em 19/04/2000, como se pode ver pelas datas de emissão das NF's, fato corroborado pelo Laudo Técnico subscrito pelo Engenheiro Jose Teotônio Dantas Leite, o que fortalece a tese do contribuinte. E plausível o entendimento de que o contribuinte adquiriu o imóvel e fez investimentos para prepará-lo para exploração da atividade mineral, situação em linha com as atividades de um fabricante de cimento, corno o fiscalizado. Com as considerações acima, deve-se restabelecer o valor das benfeitorias (R$ 360.000,00), com a competente redução no valor da terra nua. Giovanni Chri ampos Processo no 14751.000086/2005-13 S2 - C1T2 Ac6rd[io n ° 2102 -00.639 Fl 272 Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR a preliminar e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso hecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do exercício 2000 e ra restabele er o valor declarado das benfeitorias (R$ .360.000,00), corn a devida reçIiio do valor da . rra nua tributável. Sala s Sessões, e J de aio de 2010 9
score : 1.0
Numero do processo: 10976.000670/2009-07
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 28/10/2009
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE.
A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estender-se a cursos de graduação ou pós-graduação.
OBRIGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACESSÓRIA VINCULADA A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP.
Tendo as questões relacionadas à incidência dos tributos sido decididas nos lançamentos das obrigações principais, o Auto de Infração pela omissão de fatos geradores em GFIP segue a mesma sorte.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Súmula CARF nº 119, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-007.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para aplicação da Súmula CARF nº 119, vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Redator Designado
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício), Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 28/10/2009 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE. A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estender-se a cursos de graduação ou pós-graduação. OBRIGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACESSÓRIA VINCULADA A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Tendo as questões relacionadas à incidência dos tributos sido decididas nos lançamentos das obrigações principais, o Auto de Infração pela omissão de fatos geradores em GFIP segue a mesma sorte. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Súmula CARF nº 119, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para aplicação da Súmula CARF nº 119, vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício), Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE. A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estenderse a cursos de graduação ou pósgraduação. OBRIGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACESSÓRIA VINCULADA A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Tendo as questões relacionadas à incidência dos tributos sido decididas nos lançamentos das obrigações principais, o Auto de Infração pela omissão de fatos geradores em GFIP segue a mesma sorte. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Súmula CARF nº 119, se mais benéfico para o sujeito passivo. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 06 70 /2 00 9- 07 Fl. 192DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para aplicação da Súmula CARF nº 119, vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício), Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (obrigação acessória), DEBCAD 37.238.4242, totalizando R$ 159.501,60 e consolidada em 28/10/2009, por a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, referentes ao período de apuração de 01/2005 a 12/2005. Ressaltese que o processo está apensado ao principal 10976.000684/2009 12. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG julgado a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 24/01/2013, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803002.011 (efls. 98/107) com o seguinte resultado: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para que as verbas referentes aos pagamentos à educação superior (graduação e pósgraduação) sejam excluídas da presente autuação e, após, que seja efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 3 3 I, da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. A comparação darseá no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009.” O acórdão encontra se assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 28/10/2009 BOLSAS DE ESTUDO DE GRADUAÇÃO E PÓSGRADUAÇÃO. BASE DE CÁLCULO.INAPLICABILIDADE O pagamento de bolsas de estudo de graduação e pósgraduação a todos os empregados e dirigentes, enquadrase na exceção legal prevista na alínea “t”do § 9° do art. 28 da lei 8.212/91, não se constituindo em salário de contribuição. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. Apresentar a empresa GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, constitui infração à legislação previdenciária. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE O artigo 32 da lei 8.212/91 foi alterado pela lei 11.941/09, traduzindo penalidade, em tese, mais benéfica ao contribuinte, a qual deve ser aplicada, consoante art. 106, II “c”, do CTN, se mais favorável. Deve ser efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, I, da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 24/07/2013 (fl. 1.108 do processo principal 10976.000684/200912) para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs tempestivamente, em 03/09/2013, Recurso Especial (efls. 108/123). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação ao cálculo da multa e quanto à incidência de contribuições previdenciárias sobre verbas relativas ao custeio de ensino superior. Vejamos trechos da argumentação pela aplicabilidade do Art. 35A da lei 8.212/91: [...] Nessa linha, constatase que antes das inovações da MP nº 449/2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941/2009, o lançamento do principal era realizado separadamente, em NFLD, incidindo a multa de mora prevista no artigo 35, II da Lei nº 8.212/91, além da lavratura do auto de infração, com base no artigo 32 da Lei nº 8.212/91 (multa isolada). Fl. 194DF CARF MF 4 Com o advento da MP nº 449/2008, instituiuse uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essencial a análise de pelo menos dois dispositivos: artigo 32A e artigo 35A, ambos da Lei nº 8.212/91. [...] Tratase de preceito normativo destinado unicamente a penalizar o contribuinte que deixa de informar em GFIP dados relacionados a fatos geradores de contribuições previdenciárias, nos termos do art. 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91. O atual regramento não criou maiores inovações aos preceitos do antigo art. 32 da Lei nº 8.212/91, exceto no que tange ao percentual máximo da multa que, agora, passou a ser de 20% (vinte por cento). Assim, a infração antes penalizada por meio do art. 32, passou a ser enquadrada no art. 32A, com a multa reduzida. [...] Concluindo sua argumentação, a PGFN expõe que o cálculo da multa deve seguir a comparação entre os seguintes valores para aferição da multa mais benéfica: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. E, entendendo a representante da Fazenda Nacional, que foi a forma seguida no lançamento em tela, defende a manutenção do auto de infração. No que tange a incidência de contribuições previdenciárias sobre valores pagos em forma de bolsa de estudos em curso superior aos empregados, a recorrente defende que tais valores deveriam integrar o saláriodecontribuição. Alega o previsto no art. 28 da Lei nº 8.212/91, onde para o segurado empregado, todos os rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluso os ganhos habituais sob a forma de utilidades, devem ser entendidos como saláriodecontribuição. Traz ainda a exceção a compor o saláriodecontribuição, expressa no parágrafo 9º, do mesmo art. 28 da Lei nº 8.212/91: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;” (Com os grifos do original.) Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 4 5 Alega ainda que cursos de graduação e de pósgraduação não estariam elencados no disposto no parágrafo 9º acima e que, assim, deveriam compor o saláriode contribuição, por se constituirem em ganhos habituais ofertados sob a forma de utilidades. Finaliza sua argumentação nesse quesito, alegando pela literalidade dos dispositivos legais que caracterizam os ganhos em tela como integrantes do saláriode contribuição, citando o art. 195, parágrafo 11 da Constituição Federal, vejamos: A prova mais robusta de que a verba para efeito previdenciário não coincide com a verba para incidência de direitos trabalhistas, é fornecida pela própria Constituição Federal. Conforme o art. 195, § 11 da Carta Magna, os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Desse modo, pela singela leitura do texto constitucional é possível afirmar que para efeitos previdenciários foi alargado o conceito de salário. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 30/11/2016 (efls. 168/172), levandose em consideração como paradigmas o Acórdão nº 2401002.472 e o Acórdão nº 230201.177. A recorrente, em suas alegações finais, requer que o recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido, para a manutenção integral do lançamento. Cientificado do Acórdão nº 2803002.011, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o RESP da PGFN, em 18/01/2017 (efl. 1.159 do processo principal 10976.000684/200912), o contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 180/191) em 06/02/2017, portanto, intempestivamente, conforme carimbo de protocolo (efl. 154). É o relatório. Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 168. Não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Destacase, apenas, que por serem intempestivas as contrarrazões as mesmas não serão apreciadas. Do mérito Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo, bem como, em relação ao mérito, resumidamente, a reforma do acórdão recorrido em relação à incidência de contribuições previdenciárias sobre valores pagos em forma de bolsa de estudos em curso superior aos empregados. Fl. 196DF CARF MF 6 Bolsas de estudo de nível superior e pósgraduação Contudo, antes de apreciarmos o mérito da matéria, entendo pertinente trazer a legislação que trata da questão, para que se identifique a correta forma de interpretála. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado, entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) (g.n.) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, é necessário uma análise dos termos em que foi concedida, a fim de verificar a procedência ou não do lançamento nessa questão. Primeiro, vejamos os fundamentos do lançamento quanto ao fato gerador ora sob análise, resumidos no Relatório Fiscal às folhas 26/30: 1. Em ação fiscal realizada na empresa acima identificada, conforme Mandado de Procedimento Fiscal MPF número 0611000.2009.00136 de 09/04/2009, foi constatado que a mesma apresentou o documento a que se refere a Lei nº 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso IV, parágrafo terceiro, acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997 GFIP, com dados não Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 5 7 correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. (...) ...Por meio de tal exame a fiscalização constatou que a autuada pagou remunerações a segurados contribuintes individuais e a segurados empregados e não declarou tais remunerações em GFIP, conforme demonstrado por meio de planilhas anexadas a relatório fiscal acima citado e a seguir discriminadas:....f) planilha 10 denominada "FACULDADE PARA EMPREGADOS.... A planilha 10, também extraída da contabilidade conta nº 4297, contém pagamentos totais ou parciais de despesas com faculdades para parte dos segurados empregados, na mesma a fiscalização os valores líquidos, conforme o caso, para o cálculo das remunerações, ou seja, foram deduzidos quando ocorreram, dos valores totais, os referentes aos reenbolsos de responsabilidade dos empregados. Para que esse benefícios não integre o saláriodecontribuição, é necessária a observação dos seguintes requisitos: que os valores não sejam pagos em substituição à parcela salarial; que sejam extensivos a todos os empregados e dirigentes da empresa e que digam respeito somente a despesas com educação que estejam amparadas na legislação. (g.n.) Embora tenha me filiado à tese da autoridade fiscal no passado, no sentido de que a educação superior não estaria abrangida no dispositivo acima transcrito, revisitando o texto da Lei de Diretrizes Básicas da Educação, Lei 9394/1996 e analisando o texto original do art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, não vejo a impossibilidade de se interpretar a educação superior como uma forma de capacitação ou mesmo qualificação profissional. No caso, desde que a educação proporcionada seja vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, possível a sua exclusão do conceito de salário de contribuição, desde que cumpridos os demais requisitos legais, quais sejam: extensível a todos os empregados. Notese que não estou com isso afastando toda e qualquer fornecimento de auxílio educação de curso superior do conceito de salário de contribuição, mas tão somente, abrindo a possibilidade de interpretação de que essa modalidade de curso esteja amparada na exclusão prevista no art. 28, §º, "t" da lei 8212/90 desde que cumprido os requisitos ali expostos, mas precisamente: “e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; No caso, pode o auditor promover o lançamento sobre essa rubrica, mas deve a autoridade fiscal ou identificar que o curso superior não possuía qualquer relação com as atividades desenvolvidas na empresa, ou tão somente, não era extensível a todos os dirigentes e empregados, caso entendo ser aplícavel ao presente lançamento. Fl. 198DF CARF MF 8 Pela transcrição dos trechos do relatório fiscal, é possível vislumbrar que além de se tratar de curso superior, o benefício era concedido a apenas uma parte dos empregados, violando o requisito de que deveria alcançar todos os empregados e dirigentes; razão pela qual, devese dar razão à da Fazenda Nacional, dando provimento ao seu recurso especial. Aplicação da multa Retroatividade benigna A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 6 9 mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Fl. 200DF CARF MF 10 Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 7 11 lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a Fl. 202DF CARF MF 12 obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 8 13 para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso, quanto à essa questão, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Notese que todo esse entendimento foi acatado pelo CARF ao editar a súmula nª 119, não havendo mais o que se discutir a respeito, senão vejamos o texto da súmula: Súmula CARF nº 119 No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de Fl. 204DF CARF MF 14 declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referir se a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para restabelecer a multa no que tange às contribuições incidentes sobre os valores de bolsas de estudos de cursos superiores por não serem extensivas a todos os empregados e dirigentes, bem como, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a súmula CARF nº 119. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Voto Vencedor Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Redator. De início, ressalvase que minha divergência em relação ao voto da Ilustre Relatora restringese ao alcance da isenção em relação ao plano educacional oferecido pela empresa e seus reflexos na multa por falta de informações de fatos geradores de contribuições sociais em GFIP. A respeito da aplicação da retroatividade benigna, acompanho integralmente o juízo veiculado no voto vencido. Por outro lado, importa esclarecer que meu entendimento acerca da incidência de contribuições previdenciárias sobre valores relativos a planos educacionais coincide com o esposado no voto da i. Relatora. Contudo, analisandose as especificidades do caso concreto, a minha compreensão com relação a essa matéria é de que autuação fiscal pautouse tãosomente na hipótese de a isenção prevista na legislação previdenciária não alcançar planos que visem a educação superior nas modalidades de graduação e pósgraduação. Acrescentese que nesta mesma sessão foram julgados os recursos especiais relativos aos processos de obrigações principais (Processo nº 10976.000684/200912 e nº 10976.000677/200911), tendo este Colegiado decidido por afastar a incidência de Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10976.000670/200907 Acórdão n.º 9202007.676 CSRFT2 Fl. 9 15 contribuições sobre os valores relativos ao plano educacional custeado pelo sujeito passivo, conforme ementa comum a ambos os julgados, reproduzida a seguir: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE. A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estenderse a cursos em nível de graduação ou pósgraduação. De acordo com o entendimento consolidado neste Colegiado, em se tratando de Auto de Infração por descumprimento da obrigação de não registrar fatos geradores de contribuições previdenciárias em GFIP, em decorrência de lançamento de tributos considerados devidos pelo Fisco, o resultado do julgamento da penalidade por descumprimento da obrigação acessória deve acompanhar o desfecho do processo administrativo pertinente à(s) autuação(ões) conectada(s) às obrigações principais Dessarte, como restaram afastados os lançamentos das obrigações principais, na parte relacionada ao plano educacional, entendo pela manutenção da decisão recorrida, que excluiu da base cálculo da multa os valores relacionados a referido plano. Conclusão Em virtude disso, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe parcial provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 206DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.728381/2012-02
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006, 2007, 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTA PESSOA. SIMULAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO.
A utilização de interposta pessoa com o fim de dissimular a ocorrência do fato gerador, alterando-lhe as características, configura evidente intuito de fraude a ensejar a qualificação da multa de ofício.
Numero da decisão: 9202-007.688
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho e Maria Helena Cotta Cardozo. No mérito, por voto de qualidade, acordam em dar provimento ao recurso, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(Assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTA PESSOA. SIMULAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. A utilização de interposta pessoa com o fim de dissimular a ocorrência do fato gerador, alterandolhe as características, configura evidente intuito de fraude a ensejar a qualificação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho e Maria Helena Cotta Cardozo. No mérito, por voto de qualidade, acordam em dar provimento ao recurso, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 83 81 /2 01 2- 02 Fl. 764DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2202004.087, proferido pela 2ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase auto de infração de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF de fls. 561/565, do qual fazem parte os demonstrativos de apuração de fls. 566/573, o demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 574, o termo de verificação e de encerramento de ação fiscal de fls. 498/560, o termo de encerramento de fl. 575 e os demais documentos e demonstrativos constantes dos autos, que lhe exige o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 3.658.279,15, sendo R$ 1.258.542,23 de imposto e R$ 1.887.813,35 de multas de ofício de 75% e 150%, além de R$ 511.923,57 de juros de mora calculados até 11/2012. O lançamento, consoante descrição dos fatos e enquadramentos legais de fls. 563/565, apurou omissões de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, com vínculo empregatício, de R$ 468.207,05, R$ 1.610.493,23 e R$ 1.701.092,99, nos anoscalendário de 2006 a 2008, respectivamente, e sem vínculo empregatício, de R$ 865.385,58, no anocalendário de 2008. O Contribuinte apresentou a impugnação, às fls. 583/597. A DRJ/SDR, às fls. 602/611, julgou pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o crédito tributário na forma originalmente lançado. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 620/629. A 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara de Julgamento da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 645/667, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. A Decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007, 2008 Ementa: TREINADOR DE FUTEBOL. DIREITO DE USO DE IMAGEM. CONTRATO DESPORTIVO. NATUREZA SALARIAL. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 10980.728381/201202 Acórdão n.º 9202007.688 CSRFT2 Fl. 10 3 Os valores fixos e mensais pagos ao contribuinte, treinador de futebol, através de empresa constituída para esse fim, não pode ser considerado como retribuição pelo direito de uso de imagem de forma a não integrar os rendimentos tributáveis do contribuinte, se constatado que a remuneração paga pela licença seja mera contrapartida do trabalho do treinador, incidindo, no caso, o imposto de renda na pessoa física sobre tais rendimentos. MULTA QUALIFICADA. REQUISITOS. ASPECTO SUBJETIVO DO INFRATOR. AUSÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA ESPECÍFICA. A qualificação da multa não pode atingir aqueles casos em que o sujeito passivo age de acordo com as suas convicções, demonstrando o seu procedimento, visto que resta evidente a falta de intenção de iludir, em nada impedindo a Fiscalização de apurar os fatos e de firmar seu convencimento. Às fls. 669/672, a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração, os quais restaram rejeitados às fls. 675/679. Às fls. 681/693, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, arguindo divergência jurisprudencial acerca das seguintes matérias: 1. IRRF PRECLUSÃO. Alega que a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF excluiu a qualificação da multa, mesmo sem qualquer tipo de questionamento expresso do sujeito passivo sobre assunto na impugnação. O contribuinte, na impugnação, se limitou a arguir sobre a possibilidade de exploração do direito de imagem pela pessoa jurídica, silenciou sobre a multa no percentual de 150%. Portanto, a e. Turma a quo divergiu do entendimento de outras Câmaras do Conselho, que proibiram a apreciação da multa, matéria que não é de ordem pública, quando não foi tempestivamente e expressamente questionada na impugnação. 2. IRRF – MULTA QUALIFICADA. As situações fáticas analisadas são exatamente as mesmas. Contudo, acórdãos, recorrido e paradigmas, discordaram somente em relação à qualificação da multa. Enquanto, o primeiro reduziu a multa para 75%, sustentando que nesses casos não há intenção de iludir o fisco, pois o contribuinte somente está agindo de acordo com suas convicções. Os últimos mantiveram o percentual de 150%, defendendo que a realização de operações envolvendo empresas com o propósito de dissimular o recebimento de remuneração por serviços prestados por pessoa física, caracteriza, sim, a simulação e, consequentemente, o evidente intuito de fraude, ensejador do aumento da penalidade. Ao realizar o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, às fls. 696/707, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, DEU PARCIAL SEGUIMENTO ao recurso, concluindo restar demonstrada a divergência de interpretação SOMENTE em relação à: desqualificação da multa de ofício. A Fazenda, às fls. 709/712, interpôs Agravo, objetivando a reforma do despacho de admissibilidade, restando PROVIDO, conforme decisão de fls. 715/720. Cientificado à fl. 726, o Contribuinte apresentou Contrarrazões, às fls. 729/736, alegando, preliminarmente, ausência de comprovação de divergência jurisprudencial e, no mérito, reiterando os argumentos sobre ausência de fraude fiscal. É o relatório. Fl. 766DF CARF MF 4 Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase auto de infração de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF de fls. 561/565, do qual fazem parte os demonstrativos de apuração de fls. 566/573, o demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 574, o termo de verificação e de encerramento de ação fiscal de fls. 498/560, o termo de encerramento de fl. 575 e os demais documentos e demonstrativos constantes dos autos, que lhe exige o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 3.658.279,15, sendo R$ 1.258.542,23 de imposto e R$ 1.887.813,35 de multas de ofício de 75% e 150%, além de R$ 511.923,57 de juros de mora calculados até 11/2012. O lançamento, consoante descrição dos fatos e enquadramentos legais de fls. 563/565, apurou omissões de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, com vínculo empregatício, de R$ 468.207,05, R$ 1.610.493,23 e R$ 1.701.092,99, nos anoscalendário de 2006 a 2008, respectivamente, e sem vínculo empregatício, de R$ 865.385,58, no anocalendário de 2008. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a seguinte divergência: desqualificação da multa de ofício e preclusão. DO CONHECIMENTO Adoto as razões do despacho de agravo como razões para conhecimento do recurso especial no tocante a este tópico. 1. PRECLUSÃO Quanto ao momento processual para insurgência quanto a multa qualificada não há que se falar de preclusão. O Contribuinte deve demonstrar sua irresignação quanto aos fatos por meio da impugnação, mas não está impedido de detalhálo melhor ao longo dos autos. Isso por que quem alega “o mais” implicitamente também está requerendo o menos, independente de pedido subsidiário específico, no sentido de que, tendo sido impugnado o lançamento na sua totalidade, por não entender o Contribuinte ter incidido em ilícito tributário, por consequência, entendese que este não concorda com a penalidade a ela aplicada, o que se adequa ao art. 16 do Essa mesma conclusão não se aplicaria, caso tratássemos no mérito de multa agravada. Fl. 767DF CARF MF Processo nº 10980.728381/201202 Acórdão n.º 9202007.688 CSRFT2 Fl. 11 5 2. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO Na decisão recorrida o colegiado considerou que o Contribuinte logrou êxito em se eximir da qualificadora nos seguintes termos: É nesse ponto que não concordo com o posicionamento adotado pela autoridade autuante, pois, embora concorde ser equivocada a leitura feita pelo contribuinte de que poderia tributar seus rendimentos na pessoa jurídica, não consigo identificar a intenção dolosa de fraudar, mesmo que considerássemos que a intenção final fosse a diminuição do imposto a ser pago. O procedimento adotado pelo contribuinte não se deu de forma ardilosa, inclusive houve a emissão de notas fiscais. A qualificação da multa não pode atingir aqueles casos em que o sujeito passivo age de acordo com as suas convicções, demonstrando o seu procedimento, visto que resta evidente a falta de intenção de iludir, em nada impedindo a Fiscalização de apurar os fatos e de firmar seu convencimento. Não há dúvidas de que a multa é um tipo de penalidade. É sanção imposta ao autor de um ato ilícito, consistente na agressão a um bem jurídico tutelado pelo Estado. Deste modo, temse que as multas fiscais, a despeito sanções, medidas repressivas a uma conduta reprovável, isto é, o não recolhimento de tributos. Tais multas, têm nítido escopo de impor castigo e repreensão ao devedor e, também, um evidente caráter pedagógico e inibitório do não pagamento dos tributos. Nesta medida, a qualificação de multas, por representar não só uma sanção ao descumprimento do dever de pagar o tributo, mas também uma repressão a uma conduta fraudulenta, com intuito claramente penal, não pode ser aplicada livremente pelo fisco, pois este deverá motivar a efetiva e clara conduta reiterada do Contribuinte. Ou seja, entendeu a autoridade lançadora que o contribuinte prestou informações ao fisco, em sua Declaração de Ajuste Anual e em resposta à intimação, divergente de dados levantados pela fiscalização com intuito de reduzir o seu imposto de renda, e que mesmo tendo lhe sido ofertado prazo para correção e defesa não logrou êxito em comprovar a inexistência do crédito em favor da Receita Federal. Todavia, tendo havido a imputação do débito e realizada a defesa por parte do contribuinte cabe a autoridade lançadora considerar ou desconsiderar os dados e provas apresentadas (matéria de prova), e desconsiderandoas constituir o lançamento do crédito tributário respectivo a titulo de omissão de rendimentos, o que para o relator a quo, que eu concordo, caracteriza irregularidade simples penalizada pela aplicação da multa de lançamento de ofício normal de 75%, já que a irregularidade apontada jamais seria motivo para qualificação da multa, já que ausente conduta material bastante para a sua caracterização, sem se levar em conta que o presente lançamento foi efetuado por presunção de omissão de rendimentos (depósitos bancários não justificados). Ou seja, o suplicante não conseguiu provar que os recursos depositados/movimentados já foram tributados ou que não eram tributáveis, razão pela qual a autoridade fiscal, por dever de oficio, deve desconsiderar as alegações apresentadas e não Fl. 768DF CARF MF 6 considerálos como depósitos bancários com origem justificada e adicionálos a base de cálculo tributável no anocalendário questionado. Já a aplicação da multa de lançamento de ofício qualificada, decorrente do art. 44, § 1º, da Lei n° 9.430, de 1996, deve obedecer toda cautela possível e ser aplicada, tão somente, nos casos em que ficar nitidamente caracterizado o evidente intuito de fraude, respeitando assim o princípio da legalidade e a vontade do legislador. Uma vez que a literalidade do dispositivo legal ressaltou expressamente que para que a multa de lançamento de ofício se transforme de 75% em 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude. Este mandamento se encontra no inciso II do artigo 957 do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999. Ou seja, para que ocorra a incidência da hipótese prevista no dispositivo legal referendado, é necessário que esteja perfeitamente caracterizado o evidente intuito de fraude. Para tanto, se faz necessário sempre ter em mente o princípio de direito de que a “fraude não se presume”, devem existir, sempre, dentro do processo, provas evidentes do intuito de fraude. Como se vê o art. 957, II, do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999, que representa a matriz da multa qualificada, reportase aos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502/64, que prevêem o intuito de se reduzir, impedir ou retardar, total ou parcialmente, o pagamento de uma obrigação tributária, ou simplesmente, ocultála. Pensar diferente levaria a ideia de que toda omissão de rendimentos, ou que a simples reiteração em anos subsequentes seriam caso de aplicação de multa qualificada, e se assim fosse, o próprio dispositivo legal deveria trazer essa previsão, contudo não o fez, justamente por que a simples realização da conduta “omissão de rendimentos” não caracteriza o intuito de fraudar. A qualificação da multa, nestes casos, importaria em equiparar uma prática identificada de omissão de rendimentos por presunção legal, aos fatos delituosos mais ofensivos à ordem legal, nos quais o agente sabe estar praticando o delito e o deseja, a exemplo: da adulteração de comprovantes, da nota fiscal inidônea, movimentação de conta bancária em nome fictício, movimentação bancária em nome de terceiro (“laranja”), movimentação bancária em nome de pessoas já falecidas, da falsificação documental, do documento a título gracioso, da falsidade ideológica, da nota fiscal calçada, das notas fiscais de empresas inexistentes (notas frias), das notas fiscais paralelas, do subfaturamento na exportação (evasão de divisas), do superfaturamento na importação (evasão de divisas), etc. E aqui peço vênia para me utilizar dos exemplos utilizados pelo relator do Acórdão 210201.296, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, o qual exemplifica que "não se pode reconhecer na simples omissão de rendimentos, a exemplo de omissão no registro de compras, omissão no registro de vendas, passivo fictício, passivo não comprovado, saldo credor de caixa, suprimento de numerário não comprovado, acréscimo patrimonial a descoberto ou créditos bancários cuja origem não foi comprovada, tratarse de rendimentos já tributadas ou não tributáveis, embora clara a sua tributação, que justifique a imposição de multa qualificada". Isso ocorre por uma resposta muito simples. É porque existe a presunção de omissão de rendimentos, por isso, é evidente a tributação, mas não existe a prova da evidente intenção de sonegar ou fraudar. O motivo da falta de tributação é diverso. Pode ter sido, omissão proposital, equívoco, lapso, negligência, e até mesmo desorganização, etc. Fl. 769DF CARF MF Processo nº 10980.728381/201202 Acórdão n.º 9202007.688 CSRFT2 Fl. 12 7 Se a premissa da autoridade fiscal lançadora fosse verdadeira, ou seja, que a simples omissão de rendimentos; a exemplo da simples declaração inexata de rendimentos; da classificação indevida de rendimentos na Declaração de Ajuste Anual; da falta de inclusão de algum valor / bem / direito na Declaração de Bens ou Direitos, da inclusão indevida de algum valor / bem / direito na Declaração de Bens ou Direitos, da simples glosa de despesas por falta de comprovação ou da falta de declaração de algum rendimento recebido, através de crédito em conta bancária, pelo contribuinte, daria por si só, margem para a aplicação da multa qualificada, não haveria a hipótese de aplicação da multa de ofício normal, ou seja, deveria ser aplicada a multa qualificada em todas as infrações tributárias, a exemplo de: passivo fictício, saldo credor de caixa, declaração inexata, falta de contabilização de renda, omissão de rendimentos relativo ganho de capital, depósitos bancários não justificados, acréscimo patrimonial a descoberto, rendimento recebido e não declarado e glosa de despesas, etc. O intuito de fraudar referido não é todo e qualquer intuito, tão somente por ser intuito, e mesmo intuito de fraudar, mas há que ser intuito de fraudar que seja evidente, pois, quando a lei se reporta à evidente intuito de fraude é óbvio que a palavra intuito não está em lugar de pensamento, pois ninguém conseguirá penetrar no pensamento de seu semelhante. A palavra intuito, pelo contrário, supõe a intenção manifestada exteriormente, já que pelas ações se pode chegar ao pensamento de alguém. Há certas ações que, por si só, já denotam ter o seu autor pretendido proceder, desta ou daquela forma, para alcançar, tal ou qual, finalidade. Intuito é, pois, sinônimo de intenção, isto é, aquilo que se deseja, aquilo que se tem em vista ao agir. Considero que o intuito de fraude aparece de forma clarividente em casos de adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc. É de se ressaltar, que não basta que atividade seja ilícita para se aplicar à multa qualificada, deve haver o evidente intuito de fraude, também não basta que a conduta seja reiterada, já que a tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Na hipótese dos autos, observase que o Contribuinte não teve evidente intuito de fraude, não utilizou documentos falsos, embora tenha omitido rendimentos não o fez por meio de fraude. A matéria de direito de imagem não é pacífica no tribunal, motivo pelo qual repisase, não acho correto ser utilizada para qualificar a multa matéria controvertida no tribunal. Assim, considerando que a presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64 (SÚMULACARF 14) mesmo que reiterada, conforte jurisprudência pacífica deste tribunal, não há que se falar em qualificação da multa de ofício. Fl. 770DF CARF MF 8 É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Voto Vencedor Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado Divergi do voto da Relatora quanto à configuração, no caso, da situação ensejadora da qualificação da multa. Entendeu a Relatora que não restou comprovado nos autos o evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, como exige o art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1.996. De modo diverso, penso que restou caracterizado sim, o evidente intuito de fraude. Conforme minuciosa descrição feita pela Autuação, o contribuinte lançou mão de interposta pessoa para, mediante simulação, descaracterizar a ocorrência do fato gerador do imposto e reduzir o montante tributável. Com efeito, embora contratado como treinador de clubes de futebol para prestar serviço personalíssimo, o contribuinte valeuse de empresa para receber parte de sua remuneração na forma de supostos direitos de imagem. O Relatório Fiscal trás farta e minuciosa descrição da conduta do contribuinte que se utiliza de empresas às quais alega ter cedido direito de exploração de imagem, transfere para estas parte da remuneração pela sua atividade de treinador de time de futebol. O Relatório fiscal resume essa conduta a qual classifica como simulação nos seguintes termos: O que se depreende dos fatos é uma total desconformidade entre a realidade, uma vez que há a contratação com a pessoa física para a prestação de trabalho e cessão dos direitos de imagem e uso do nome profissional da mesma e a manifestação de vontade declarada com a contratação com a pessoa jurídica da cessão dos direitos de imagem e uso do nome profissional de um de seus sócios, configurando a perfeita subsunção dos fatos à hipótese legal prevista nos incisos I e II do art. 167 do CCB, transcrito. Daí, concluiu a Fiscalização pela qualificação da multa de ofício, que justificou da seguinte maneira: A qualificação da multa de ofício se deu a partir da caracterização da intenção fraudulenta mdo contribuinte de mascarar a natureza de seus rendimentos, mediante simulação em conluio com as fontes pagadoras de tais mrendimentos através mda utilização de interposta pessoa jurídica com o único objetivo de intermediar o recebimento de remuneração pelo uso de sua imagem no exercício da função de técnico de futebol, sendo que tal prática de evasão fiscal beneficiou ambos os contratantes, com a redução, com a redução do ônus tributário. De fato, conforme definido nos incisos I e II do art. 167, do Código Civil Brasileiro, há simulação sempre que o negócio jurídico praticado for mera aparência, com o Fl. 771DF CARF MF Processo nº 10980.728381/201202 Acórdão n.º 9202007.688 CSRFT2 Fl. 13 9 objetivo de dissimular o negócio verdadeiramente praticado. E foi isso que constatou a Fiscalização neste caso: o de que os contratos firmados entre o contribuinte e as empresas para a cessão de direito de imagem e entre essas e os clubes seus empregados eram mera aparência de negócio, com o claro propósito de alterar as características do fato gerador. E a situação enquadrase, perfeitamente na tipificação do art. 72 da Lei nº 4.502, de 1.964. Confirase: Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Não é certo, portanto, falarse em simples omissão de rendimentos. Houve omissão de rendimentos a qual o contribuinte procurou dissimulou mediante artifício doloso. O Acórdão Recorrido manteve a exigência do imposto, porém afastou a multa de ofício, sob o fundamento de que o contribuinte ao agir com agiu o fez sem malícia, sem o propósito de iludir. E é contra isso que se insurgiu a Fazenda Nacional e, por tudo que foi dito acima, lhe assiste razão. Ante o exposto, também conheço do recurso, mas, no mérito, divergindo da Relatório, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 772DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000206/2009-64
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2005
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES EM MEIO DIGITAL. LEI APLICÁVEL.
Incabível a aplicação de lei geral (Lei nº 8.218, de 1991) quando há lei específica regulando a mesma conduta (Lei nº 8.212, de 1991), conforme o princípio da lex specialis derrogat lex generalis.
Numero da decisão: 9202-007.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente, momentaneamente, a conselheira Patrícia da Silva.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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DESCUMPRIMENTO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES EM MEIO DIGITAL. LEI APLICÁVEL. Incabível a aplicação de lei geral (Lei nº 8.218, de 1991) quando há lei específica regulando a mesma conduta (Lei nº 8.212, de 1991), conforme o princípio da lex specialis derrogat lex generalis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente, momentaneamente, a conselheira Patrícia da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 02 06 /2 00 9- 64 Fl. 352DF CARF MF 2 O presente processo trata do Debcad 37.005.2676 (AI 21), lavrado em razão de deixar a empresa de atender à forma estabelecida pela RFB de apresentação de arquivos com informações em meio digital, correspondentes aos registros de seus negócios e atividades econômicas ou financeiras, livros ou documentos de natureza contábil e fiscal, no período de 07/2004 a 12/2005, conforme Relatório Fiscal de fls. 22 a 27. Em sessão plenária de 12/03/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 280301.380 (efls. 137 a 146), assim ementado: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2005 ARQUIVOS DIGITAIS. ENTREGA COM INFORMAÇÕES INCORRETAS OU COM OMISSÕES. INFRAÇÃO. CONFIGURAÇÃO. A entrega de arquivos e sistemas de informações em meio digital, com informações incorretas ou com omissões, caracteriza infração à legislação tributária federal, consoante artigo 11, §§3º e 4º, da Lei nº 8.218/91. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto vista vencedor Conselheiro Oseas Coimbra Junior. Vencido(a)s o(a) Conselheiro(a) Gustavo Vettorato." Cientificada do acórdão em 30/08/2012 (AR Aviso de Recebimento de e fls. 151), a Contribuinte opôs, em 04/09/2012 (carimbo de efls. 186), os Embargos de Declaração de efls. 152 a 187, rejeitados conforme despacho de 07/03/2013 (efls. 191/192). Intimada da rejeição dos Embargos em 27/06/2013 (AR de efls. fls. 199), a Contribuinte interpôs, em 11/07/2013 (carimbo de efls. 201), o Recurso Especial de efls. 201 a 316, com fundamento nos artigos 64, II, e 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a legislação aplicável, no caso de ausência de apresentação de arquivos digitais, na forma estabelecida pela RFB, relacionados às Contribuições Previdenciárias. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 30/01/2017 (efls. 342 a 345). Em seu apelo, a Contribuinte apresenta as seguintes alegações: o presente processo decorre da exigência da autoridade fiscal, de multa punitiva calçada no suposto descumprimento de apresentação de arquivos digitais em leiaute MANAD, com valor calculado de acordo com o artigo 12, inciso I, da Lei nº 8.218, de 1991; o acórdão recorrido deixou de acolher a tese suscitada pela Recorrente, por entender que a multa estabelecida na Lei nº 8.218, de 1991, se amolda com maior precisão à infração supostamente cometida no presente caso; Fl. 353DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 353 3 contudo, o dispositivo legal eleito para aplicação da multa está equivocado, na medida em que se desconsiderou a existência de norma específica, no âmbito previdenciário, versando sobre a matéria, qual seja, o artigo 283, II, "b", do Decreto nº 3.048, de 1999; a Lei nº 8.218, de 1991, além de não ser aplicável, trata das Contribuições de modo geral, devendo a norma específica se sobressair em relação à norma geral; além disso, há de se ressaltar que a multa aplicada pela autoridade fiscal, a saber, art. 12, inciso I, da Lei nº 8.218, de 1991, advém da edição da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, cujo teor dispõe, essencialmente, sobre as contribuições ao PIS e COFINS, haja vista, inclusive, que leva em consideração, para fins de apuração da penalidade, a receita bruta da empresa; assim, é jurídica e logicamente inadmissível que a multa veiculada em norma mais ampla, genérica e alheia ao caso concreto seja capaz de suprimir a legislação específica à infração em questão. Ao final, a Contribuinte pede que seja conhecido e provido o recurso, anulandose o lançamento ou, ao menos, recalculandose a multa. O processo foi encaminhado à PGFN em 08/03/2017 (Despacho de Encaminhamento de efls. 346) e, em 17/03/2017 (Despacho de Encaminhamento de efls. 351), foram oferecidas as Contrarrazões de efls. 347 a 350, contendo os seguintes argumentos: o caso dos autos trata da obrigação tributária acessória, prevista na Lei nº 8.218, de 1991, que determina que algumas entidades devem manter à disposição da Receita Federal do Brasil sua escrituração contábil eletrônica, tratandose de uma obrigação de fazer criada em 1991; o descumprimento dessa obrigação de fazer, a princípio, não acarreta penalidade, sendo esta prevista para o descumprimento de uma segunda obrigação de fazer, que é a de apresentar os arquivos que deveriam ser mantidos pelo Contribuinte à disposição do Fisco, presumindo a lei que o Contribuinte que não apresenta os arquivos a tempo, não os mantinha à disposição do fisco, ou os mantinha fora do formato padrão; embora intimado a apresentar arquivos contábeis e folhas de pagamento em meio digital no formato “MANAD” Manual Normativo de Arquivos Digitais, o Contribuinte apresentou os arquivos solicitados com erros e omissões; por não apresentar os arquivos no formato exigido pela Receita Federal no prazo fixado, o Contribuinte infringiu o disposto no art. 11, §§ 3º e 4º, da Lei nº 8.218, de 1991, razão pela qual tornase plenamente cabível a exigência da penalidade imposta pela Fiscalização, nos moldes do art. 12, I, da mesma lei; diferentemente do consignado pelo Contribuinte, o Auto de Infração está corretamente fundamentado nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, que trata especificamente da apresentação dos arquivos digitais, hipótese dos presentes autos, enquanto o art. 32, III, embora inserido na lei de regência da Previdência Social, trata de forma geral sobre a apresentação de informações cadastrais, financeiras e contábeis; Fl. 354DF CARF MF 4 verificase, portanto, a precisão da Fiscalização ao se valer de legislação específica para fundamentar Auto de Infração quanto ao descumprimento de obrigação relativa à apresentação de documentos em forma digital. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja negado provimento ao recurso. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase do Debcad 37.005.2676 (AI21), lavrado em razão de deixar a empresa de atender à forma estabelecida pela RFB de apresentação de arquivos com informações em meio digital, correspondentes aos registros de seus negócios e atividades econômicas ou financeiras, livros ou documentos de natureza contábil e fiscal, no período de 07/2004 a 12/2005, conforme Relatório Fiscal de fls. 22 a 27. No acórdão recorrido negouse provimento ao Recurso Voluntário, ao argumento de que estaria correta a aplicação do disposto na Lei 8.218, de 1991, por tratarse de norma legal específica. A Contribuinte, por sua vez, pugna pela nulidade do lançamento, visto que deveria ter sido aplicada a Lei nº 8.212, de 1991. A impossibilidade de aplicação da Lei nº 8.218, de 1991, nos casos de ausência de apresentação de arquivos digitais, na forma estabelecida pela RFB, relacionados às Contribuições Previdenciárias, foi tratada com propriedade no Acórdão nº 2402003.737, de 17/09/2013, da lavra do Ilustre Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, cujos fundamentos adoto como minhas razões de decidir e a seguir reproduzo: "Constatase, no Relatório Fiscal, que o presente auto de infração foi lavrado em virtude da Recorrente não ter atendido a forma estabelecida pela RFB para apresentação de informações em meio digital. De acordo com o item VII do Relatório Fiscal, a conduta infratora da Recorrente foi caracterizada em virtude do desatendimento dos padrões estabelecidos no formato do MANAD, infringindo a regra prevista no art. 11, §§ 3º e 4º da Lei 8.218/1991, nos seguintes termos: '1. Embora intimada a apresentar informações Contábeis e das Folhas de Pagamentos em meio digital no formato "MANAD", conforme Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF datado de 18/03/2011, e os Termos de Intimação Fiscal números 001 de 06/05/2011, número 002 de 15/06/2011, número 003 de 03/08/2011 e número 004 de 28/09/2011, todos anexos, a empresa acima identificada, apresentou os arquivos Contábeis em 10/10/2011 em formato PDF, portanto, em desacordo com a forma em que deviam ser apresentados os registros e respectivos arquivos, conforme o leiaute exigível à época da ocorrência dos fatos geradores, solicitado no formato "MANAD", relativamente ao período de 01/2007 a 12/2008. Ainda, conforme item 02 do Protocolo n. 2674 de 10/10/2011, a autuada, declara que Fl. 355DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 354 5 apresenta arquivos digitais contábeis no formato "MANAD", porém, conforme podemos observar no Recibo destes arquivos, também anexados no mesmo protocolo pela autuada, que tais arquivos estão na verdade no formato "PDF". 2. A contribuinte utiliza sistema eletrônico de processamento de dados, e, quanto aos arquivos relativos às Folhas de Pagamentos, foram apresentadas ao fisco, em 26/09/2011, no formato solicitado pelos Termos, ou seja, "MANAD". 3. Agindo desta forma, quanto aos arquivos digitais entregues em PDF, a empresa acima identificada infringiu o Art. 11, §§ 3º e 4º da Lei n. 8.218, de 29/08/1991. RELATÓRIO FISCAL DA APLICAÇÃO DA MULTA 1. A multa será aplicada em conformidade ao Art. 12, inciso I e parágrafo único da Lei n. 8218, de 29/08/1991. 2. O valor da multa aplicada, será R$ 137.357,09 , que corresponde a 0,5% (meio por cento) do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período de 01/2007 a 12/2008. Para aplicação de multa neste CFL, considerase a receita bruta do ano calendário em que as operações foram realizadas (Lei nº 8.218/1991, art. 12, parágrafo único).' Como se pode ver na aludida regra do art. 11, §§ 3º e 4º da Lei 8.218/1991, esta estabelece os procedimentos para apresentação dos referidos arquivos digitais, nos padrões estabelecidos, respectivamente, nas versões 1.0.0.1 e 1.0.0.2 do Manad. Não há dúvidas de que os referidos atos normativos encontram respaldo no art. 32, inc. III, da Lei 8.212/1991 e art. 8º da Lei 10.666/2003, que assim especificam: Lei 8.212/1991: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Lei 10.666/2003: Art. 8º A empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados para o registro de negócios e atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária é obrigada a arquivar e conservar, devidamente certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em meio digital ou assemelhado, durante dez anos, à disposição da fiscalização. Como é cediço, nos termos do art. 92 da Lei 8.212/1991, a infração a qualquer dispositivo da Lei 8.212/1991, para a qual Fl. 356DF CARF MF 6 não haja penalidade expressamente cominada, será verificada na forma que dispuser o Regulamento da Previdência Social (RPS). Nesse sentido, assim prevê o art. 283, inc. II, alínea 'j', do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99: 'Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862, de 2003) (...) II. a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: (...) j) deixar a empresa, o servidor de órgão público da administração direta e indireta, o segurado da previdência social, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial, o síndico ou seu representante, o comissário ou o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial, de exibir os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas neste Regulamento ou apresentálos sem atender às formalidades legais exigidas ou contendo informação diversa da realidade ou, ainda, com omissão de informação verdadeira; (...)' (...) Constatase, portanto, que no âmbito das contribuições previdenciárias, há penalidade específica para a apresentação de documentos que não atendem as formalidades exigidas. Entretanto, em que pese a fiscalização ter apurado que as informações apresentadas pela Recorrente estavam em desconformidade com os padrões estabelecidos na regra do art. 11, §§ 3º e 4º da Lei 8.218/1991, com a redação dada pela MP nº 2.15835/2001, tendo sido calculada com base no art. 12, inc. II e parágrafo único, da Lei 8.218/91, que assim prescrevem: “Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. .(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 357DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 355 7 § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001)” “Art. 12. A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: (...) II. multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) (...) Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001)” Ocorre que tal fundamento legal advém da edição da Medida Provisória nº 2.15835/01, que dispõe, essencialmente, sobre a 'legislação das Contribuições para a Seguridade Social COFINS, para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e do Imposto sobre a Renda'. No meu entender, tal dispositivo é nitidamente voltado para fins de regulamentação do PIS e da COFINS (e seus deveres instrumentais), haja vista que leva em consideração, para fins de apuração da penalidade, a receita bruta da empresa, bem como 'o anocalendário em que as operações foram realizadas' Assim, não há qualquer razão em se aplicar a referida legislação quando se está tratando sobre contribuição previdenciária (e respectivos deveres instrumentais), tendo em vista que esta possui regra de incidência totalmente dissociada do PIS e da COFINS, além do fato de que, como dito acima, possui legislação específica. Em vista disso, entendese que este lançamento adotou fundamento legal equivocado, situação que implica no descumprimento do art. 142 do CTN, na mesma linha do entendimento proferido no julgamento do PAF nº 10860.720741/201103, Acórdão nº 2402003.076, Sessão de 18/09/2012, Unânime, cujo trecho da ementa transcrevo a seguir: '(...) APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES MAGNÉTICAS EM DESCONFORMIDADE COM AS NORMAS ESTABELECIDAS PELA RFB. MULTA CALCULADA COM BASE NA LEI Nº 8.218/91. FUNDAMENTO LEGAL EQUIVOCADO. IMPOSSIBILIDADE. Não há qualquer razão em se aplicar o art. 12, inc. I, da Lei nº 8.218/91 (que trata essencialmente sobre PIS e COFINS), quando se está tratando de contribuições previdenciárias (e respectivos deveres instrumentais), tendo em vista que estas possuem legislação específica. (...)” Fl. 358DF CARF MF 8 Observase ainda que outra Turma deste C. Conselho, na análise de situação semelhante a dos presentes autos, envolvendo auto de infração lançado com fulcro no art. 11 da Lei 8.218/91, e aplicação da multa prevista no art. 12, inc. II, dessa mesma lei, pelo descumprimento da apresentação de arquivos digitais na forma do leiaute previsto no Manad, assim também se manifestou: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. MULTA ISOLADA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ERRO DE CAPITULAÇÃO DA INFRAÇÃO. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE. Havendo antinomia, aplicase a norma especial. Devendo, por conseguinte, ser anulado o Auto de Infração capitulado com base na norma geral. Processo Anulado.” (PAF nº 10510.003148/200946, Acórdão 2403001.194, 2ª Seção, 4ª Câmara, 3ª Turma Ordinária, Cons. Rel. Marcelo Magalhães Peixoto, Sessão de 17/04/2012) Desse modo, entendo que o lançamento objeto do presente auto de infração deve ser anulado por vício material, por incorrer em erro na capitulação da infração apontada. Nesse tocante, importa esclarecer que quando a fiscalização não observa na sua atividade os elementos intrínsecos do lançamento, ela certamente estará infringindo a disposição legal pertinente, importando na existência de um vício material. (...) Vejase, assim, que a ocorrência do vício material está diretamente ligada com a deformidade do conteúdo do lançamento, que acaba por exigir indevidamente tributos do sujeito passivo, em ofensa, inclusive, ao princípio da legalidade, situação inaceitável nas relações do fisco com o contribuinte. Assim, como o equívoco realizado pela autoridade tributária alterou substancialmente os elementos do lançamento, ocasionando a exigência de um tributo apurado utilizando critérios diferentes daqueles que seriam corretos, deve ser anulada a presente autuação por vício material. Por fim, face a nulidade integral da presente autuação, deixo de analisar os demais argumentos trazidos pela Recorrente, conforme já esclarecido no início deste voto. Quanto à jurisprudência, esta corrobora o entendimento esposado no presente voto, conforme a seguir: Acórdão nº 2403001.194, de 17/04/2012 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 359DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 356 9 Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. MULTA ISOLADA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ERRO DE CAPITULAÇÃO DA INFRAÇÃO. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE. Havendo antinomia, aplicase a norma especial. Devendo, por conseguinte, ser anulado o Auto de Infração capitulado com base na norma geral. Processo Anulado" Acórdão nº 2402003.076, de 18/09/2012 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 (...) APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES MAGNÉTICAS EM DESCONFORMIDADE COM AS NORMAS ESTABELECIDAS PELA RFB. MULTA CALCULADA COM BASE NA LEI Nº 8.218/91. FUNDAMENTO LEGAL EQUIVOCADO. IMPOSSIBILIDADE. Não há qualquer razão em se aplicar o art. 12, inc. I, da Lei nº 8.218/91 (que trata essencialmente sobre PIS e COFINS), quando se está tratando de contribuições previdenciárias (e respectivos deveres instrumentais), tendo em vista que estas possuem legislação específica. (...)" Acórdão n° 240102.941, de 13/03/2013 "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS CONTÁBEIS EM MEIO DIGITAL. INFORMAÇÕES RELATIVAS AO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. LEGISLAÇÃO A SER APLICÁVEL. LEI 8.212/91. ART. 112 DO CTN. INFRAÇÃO AO ART. 33, 2o DA LEI 8.212/91. A não apresentação da documentação contábil em formato digital enseja infração ao disposto no art. 33, 2o da Lei 8.212/91, único dispositivo legal que deve ser aplicado no caso da exigência de informações acerca do cumprimento das obrigações relativas às contribuições previdenciárias. O dispositivo em comento se traduz em lei especial a ser aplicada no caso da inobservância da legislação previdenciária, que expressamente determina a obrigação do contribuinte em apresentar as informações em meio digital de acordo com os manuais e determinações impostas pela legislação ou mesmo apresentação de documentos. Impossibilidade da aplicação da multa do artigo 12, inciso I e parágrafo único da Lei 8.218/91. Inteligência do art. 112 do CTN e do princípio da lex specialis derrogat lex generalis. Fl. 360DF CARF MF 10 Recurso Voluntário Provido." Acórdão nº 2402003.573, de 15/05/2013 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES MAGNÉTICAS EM DESCONFORMIDADE COM AS NORMAS ESTABELECIDAS PELA RFB. MULTA CALCULADA COM BASE NA LEI Nº 8.218/91. FUNDAMENTO LEGAL EQUIVOCADO. IMPOSSIBILIDADE. Não há qualquer razão em se aplicar a multa prevista no art. 12, inc. II, da Lei nº 8.218/91 (que trata essencialmente sobre PIS e COFINS), quando se está tratando de contribuições previdenciárias (e respectivos deveres instrumentais), tendo em vista que estas possuem legislação específica. Recurso Voluntário Provido." Acórdão nº 2301003.919, de 19/02/2014 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/09/2006 a 30/09/2010 AUTO DE INFRAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS CONTÁBEIS EM MEIO DIGITAL. INOBSERVÂNCIA DOS PADRÕES ESTIPULADOS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A apresentação da documentação contábil em formato digital em desacordo com os padrões estipulados pela SRFB enseja infração ao disposto no art. 32, III, da Lei 8.212/91. Acórdão 2402004.439, de 27/01/2016 Ementa "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARQUIVO DIGITAL. Fl. 361DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 357 11 Constitui infração à legislação tributária as omissões e incorreções em dados digitais pela pessoa jurídica que utilize sistemas eletrônicos para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escrituração de livros ou para elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal. É observado o princípio da especialidade quando aplicada a legislação do tributo a que se refere a informação em meio digital." Voto "A fiscalização aplicou a multa na forma do art. 12, inciso II e parágrafo único da Lei n° 8.218, de 29/08/1991. Contudo, entendo não ser essa a regra aplicável à época às contribuições previdenciárias que possuíam norma específica para esse tipo de infração. Como se vê, a Lei nº 8.218/91 editada anteriormente à criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil tem por objeto tributos que adotam como base de cálculo a receita bruta, daí também ter sido esse o critério para a fixação da multa: (...) Para a sistemática das contribuições previdenciárias, vigia à época dos fatos o artigo 33, parágrafos 2º e 3º da Lei nº 8.212/91, combinado com o Artigo 225, §22 do regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99: (...) Dessa forma, a multa tal como aplicada é improcedente, já que foi calculada pela regra geral no art. 12, inciso II e parágrafo único da Lei n° 8.218, de 29/08/1991." Acórdão 9202007.155, de 30/08/2018 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARQUIVOS DIGITAIS. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES EM MEIO DIGITAL EM DESCONFORMIDADE COM NORMAS ESTIPULADAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL EQUIVOCADA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. O Recurso Especial de Divergência somente poderá ser conhecido quando caracterizado que perante situações fáticas similares os colegiados adotaram decisões diversas em relação a uma mesma legislação. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES MAGNÉTICAS EM DESCONFORMIDADE COM AS NORMAS ESTABELECIDAS PELA RFB. MULTA Fl. 362DF CARF MF 12 CALCULADA COM BASE NA LEI 8.218/1991. FUNDAMENTO LEGAL EQUIVOCADO. IMPOSSIBILIDADE. Não há espaço jurídico para a aplicação da multa prevista no art. 12, inciso II, da Lei 8.218/1991, que trata essencialmente sobre PIS e COFINS, quando se está tratando de contribuições previdenciárias, e respectivos deveres instrumentais, já que estas possuem legislação específica no que tange ao descumprimento de obrigação acessória." Acórdão 2402006.660, de 03/10/2018 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1996 a 30/12/2006 (...) OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÕES EM MEIO DIGITAL DE ACORDO COM O LEIAUTE. PRESTAÇÃO DEFICIENTE. PENALIDADE. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NULIDADE. ARTIGO 12, II, DA LEI 8.218/91. Deixar de apresentar informações em meio digital de acordo com o leiaute previsto no manual normativo de arquivos digitais constitui infração aos dispositivos da legislação previdenciária. A adoção de dispositivo diverso (art. 12, II, da Lei 8.218/91) constitui causa de nulidade de auto de infração. In casu há uma falha grave na fundamentação jurídica para a lavratura do auto de infração. O auto foi lavrado com o Código de Fundamentação Legal (CFL) “22”, ao invés do Código CFL “35”, que determina corretamente a aplicação da penalidade constante no inciso III do artigo 32 da Lei 8.212/91. O art. 112 do CTN assevera que a penalidade aplicada deverá ser aquela mais favorável ao acusado quando houver dúvida sobre a capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato ou, ainda, quanto à natureza ou extensão dos seus efeitos." Assim, o Auto de Infração há que ser considerado improcedente, por erro na aplicação de penalidade com base em lei geral (Lei nº 8.218, de 1991) quando há lei específica regulando a mesma conduta (Lei nº 8.212, de 1991), o que fere o princípio da lex specialis derrogat lex generalis. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 363DF CARF MF Processo nº 15956.000206/200964 Acórdão n.º 9202007.929 CSRFT2 Fl. 358 13 Fl. 364DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.004126/2006-18
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2002
Ementa: ITR, AREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DA ÁREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). ADA APRESENTADO EXTEMPORANEAMENTE. CONDIÇÕES
IMPLEMENTADAS PARA EXCLUSÃO DA AREA DE RESERVA LEGAL DA ÁREA TRIBUTÁVEL PELO ITR.
A averbação cartorária da Área de reserva legal é condição imperativa para fruição da benesse em face do ITR, sempre lembrando a relevância extra fiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das Áreas protegidas ambientalmente, neste ultimo caso avultando a obrigatoriedade do registro cartorário, condição especial para
proteção da Área de reserva legal. Entretanto, havendo tempestiva averbação da Área do imóvel rural no cartório de registro de imóveis, a apresentação do ADA extemporâneo não tem o condão de afastar a fruição da benesse legal.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2102-000.499
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento PARCIAL ao recurso, ara considerar a área de 12.487,5 hectares como de utilização limitada, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: RUBENS MAURÍCIO CARVALHO
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 Ementa: ITR, AREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DA ÁREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). ADA APRESENTADO EXTEMPORANEAMENTE. CONDIÇÕES IMPLEMENTADAS PARA EXCLUSÃO DA AREA DE RESERVA LEGAL DA ÁREA TRIBUTÁVEL PELO ITR. A averbação cartorária da Área de reserva legal é condição imperativa para fruição da benesse em face do ITR, sempre lembrando a relevância extra fiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das Áreas protegidas ambientalmente, neste ultimo caso avultando a obrigatoriedade do registro cartorário, condição especial para proteção da Área de reserva legal. Entretanto, havendo tempestiva averbação da Área do imóvel rural no cartório de registro de imóveis, a apresentação do ADA extemporâneo não tem o condão de afastar a fruição da benesse legal. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2011-08-24T13:57:55Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 7; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2011-08-24T13:57:55Z; Last-Modified: 2011-08-24T13:57:55Z; dcterms:modified: 2011-08-24T13:57:55Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:24484bd3-3099-4303-8bc3-3ea6871bf22d; Last-Save-Date: 2011-08-24T13:57:55Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2011-08-24T13:57:55Z; meta:save-date: 2011-08-24T13:57:55Z; pdf:encrypted: false; modified: 2011-08-24T13:57:55Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2011-08-24T13:57:55Z; created: 2011-08-24T13:57:55Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; Creation-Date: 2011-08-24T13:57:55Z; pdf:charsPerPage: 1604; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2011-08-24T13:57:55Z | Conteúdo => ‘s Gi • vanni Christi residente S2-C1T2 Fl. 275 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 1018.3.004126/2006-18 Recurso n° 344.449 Voluntário Acórdão n° 2102 -00.499 — 1° Câmara / 2' Turma Ordinária Sessão de 10 de março de 2010 Matéria ITR Recorrente RURAL AGROINVEST Recorrida FAZENDA NACONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 Ementa: ITR, AREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DA AREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). ADA APRESENTADO EXTEMPORANEAMENTE. CONDIÇÕES IMPLEMENTADAS PARA EXCLUSÃO DA AREA DE RESERVA LEGAL DA ÁREA TRIBUTÁVEL PELO ITR. A averbação cartorária da Area de reserva legal é condição imperativa para fruição da benesse em face do ITR, sempre lembrando a relevância extrafiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das Areas protegidas ambientalmente, neste ultimo caso avultando a obrigatoriedade do registro cartorário, condição especial para proteção da Area de reserva legal. Entretanto, havendo tempestiva averbação da Area do imóvel rural no cartório de registro de imóveis, a apresentação do ADA extemporâneo não tem o condão de afastar a fruição da benesse legal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os kl.embros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao re,curfo, ara considerar a Area de 12.487,5 hectares como de utilização limitada, nos termos do vot do elator. Rub ns Mauricio Carvalhlator EDITADO EM: 01/12/2010 Presentes os Conselheiros Nfibia de Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Rubens Maurício Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira de Lima, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Trata o presente processo de autuação do ITR decorrente de retificação de oficio. Os valores declarados, retificados de oficio e julgados na DRJ seguiram o seguinte histórico: ITR 2002 Declarado, fl. 2 Retificação de oficio Acórdão DRJ, fl. 23 03 - Area de Utilização Limitada 15.204,3 ha 0,0 ha 0,0 ha Para descrever a sucessão dos fatos deste processo até o julgamento na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), adoto o relatório do acórdão de fls. 235 a 244 da instância a quo, in verbis: Exige-se da interessada o pagamento do crédito tributário lançado ern procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, relativamente ao ITR, aos juros de mora e a multa por informação inexata na Declaração do IIR DIAC/DIAT12002, no valor total de R$ 2.091128,98, referente ao imóvel rural com Número na Receita Federal — N1RF 0.645,.219-1, com area total de 27.782,011a, denominado: Fazenda Tratex, localizado no município de Colider — MT, conforme Auto de Infração — AI de fls. 01 a 09 cuja descrição dos fatos e enquadramentos legais constam das fls. 03, 06 e 07. 2. Inicialmente, com a finalidade de viabilizar a análise dos dados declarados, especialmente as Areas isentas; de exploração extrativa e o Valor da Terra Nua — VTN, a interessada foi intimada a apresentar, com base na legislação pertinente detalhada no Termo de Intimação, fls. 16 a 18, diversos documentos.. Alguns desses foram: Certidão ou Matrícula atualizada do imóvel, constando todas as averbações dos últimos 10 anos; relativamente as Areas de Utilização Limitada, documentos que enquadrem como de Area de Reserva Legal — ARL, Reserva Particular do Patrimônio Natural — RPPN ou Area Imprestável para atividade produtiva, declarada de interesse ecológico, tais corno portarias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — 1BAMA; Ato Declaratório Ambiental — ADA, protocolado no IBAMA dentro do prazo legal para o exercício em foco; para comprovação da Area Utilizada com Atividade Extrativa: Plano de Manejo Florestal Sustentado PIVIFS, acompanhado do documento de aprovação ou autorização de exploração emitido pelo IBAMA; para o VTN foi solicitado laudo técnico, elaborado por profissional habilitado, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica — ART, com atenção aos requisitos das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, demonstrando os métodos de avaliação e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel, com Grau 2 de fundamentação minima. Foi informado, inclusive, que a não apresentação ou apresentação incorreta propiciará o lançamento de oficio do VIN, conforme a legislação, substituindo-se o valor informado na DIM pelo VTN constante do Sistema de Preços de Term da Secretaria da Receita Federal — STPT. 3. Cm a carta de fl. 20 foi encaminhada a documentação de fls. 21 a 169, composta por: cópia de documentos de identificação da interessada e de seus 2 Processo n° 10183.004126/2006-18 S2-C1T2 Acórdao n ° 2102-00.499 Fl. 276 diretores; matriculas atualizadas do imóvel; autorizações de PMFS; declaração de venda de produtos do PMFS; recibo do ADA/2006; Laudo Técnico de Vistoria quantificando Area de Preservação Permanente — APP e ARL, entre outros. 4. Da analise da documentação consta averbação parcial da ARL na matricula, 12 487,5ha ern vez de 15 204,3ha; a data de entrega do ADA ao IBAMA, 14/10/2006, é intempestiva para o exercício em foco, 2002; bem como não houve apresentação de Laudo de Avaliação habit para comprovar o VTN declarado. 5. Com essas constatações, especialmente ADA intempestivo e falta de laudo de avaliação, foi procedida a glosa da Area de Utilização Limitada — AUL, relativa ARL, e modificado o VTN de acordo com a os valores constantes da tabela do SIPT, bem como demais alterações conseqüentes. As lazões de fato e de direito foram expostas pela autoridade lançadora para proceder as alterações. Apurado o crédito tributário foi lavrado o Al, cuja ciência, de acordo com o Aviso de Recebimento — AR de fl. 170, datado pelo destinatário, foi dada a interessada em 10/11/2006, sexta-feira. 6. Ern 11/12/2006, segunda-feira, foi apresentada impugnação, fls. 172 a 187, na qual, após informar ser parcial a impugnação; tratar: I — DA TEMPESTIVLDADE da mesma; II — DOS FATOS até aqui conhecidos, tais como as informações constantes de sua declaração, objetos de modificação e; IH — DO AUTO DE INFRAÇÃO, mencionando as razões de fato e de difeito do lançamento, reproduzindo, inclusive, partes da descrição feita pela autoridade lançadora, a interessada argumentou, em síntese, o seguinte: 6.1. Sob o titulo IV — DO RECONHECIMENTO DE PARTE DOS VALORES LANÇADOS, subdividindo-o em guano itens tratou da glosa total dos 15.204,3ha de AUL, em virtude do ADA intempestivo; da alteração do VTN corn base no SIPT. Reconheceu que estava incorreta parte da AUL, relativamente a 2,716,8ha de ARL, bem como acolheu o VTN lançado. Com base nisso elaborou demonstrativo de calculo apurando R$ 15.367,53 de ITR e R$ 32.027,47 de crédito tributário, incluindo juros e multa, que diz haver recolhido conforme comprovante anexo. No ultimo sub-item tratou da discordância da glosa da ARL além dos 2.716,8ha, por encontrar-se averbada 12.487,51ra no registro de imóveis em momento anterior ocorrência do fato gerador, conforme mencionado pelo próprio fiscal, sendo essa area utilizada em seu cálculo de imposto recolhido. 6.2. Em V — DO DIREITO subdividindo, também, em vários itens, reiterou a questão da glosa da totalidade da AUL declarada, apesar de constar de averbação. Citou legislação que trata do ITR, lei n° 9,393/1996, especificamente a parte que trata das areas a serem excluídas da tributação, bem como da lei n° 4.771/1965, o Código Florestal, na parte relativa a ARL. , 6.3. Afirmando que restrição de 20,0% da propriedade como ARL não poderá compor a area tributável pelo ITR, independentemente de averbação no registro de imóvel, e reproduzindo jurisprudência do Conselho de Contribuinte que considera a ARL, mesmo sem averbação e/ou ADA, e trata da necessidade de laudo hábil no questionarnento de VIN, entre outros, disse que a falta do ADA, assim como de averbação, poderia, quando muito, caracterizar urn mero descumprimento de obrigação acessória, nunca o fundamento legal válido para a glosa da ARL. 6,4. Na seqüência tratou, reiteradamente, da averbação da ARL apesar de não necessária; da efetiva existência das Areas em foco; da validade da declaração dessa existência, reproduzindo dispositivo legal que trata da dispensa de previa comprovação do declarado; da validade do ADA apresentado; da não existência de respaldo legal para o prazo de entrega do ADA constante em Instrução Normativa da Receita Federal, e diz que a mesma fere o principio da legalidade, assegurado 3 pela Constituição Federal, reproduzindo, inclusive, jurisprudência do Conselho de Contribuinte sobre o tema; bem corno tratou de outros meios de comprovar a existência da AUL, 6,5. Ern VI — DO PEDIDO, pelo exposto requereu seja julgada procedente a defesa, para que seja declarada a nulidade da glosa levada a efeito pela Autoridade Administrativa Fiscal, relativa h AUL, tendo em vista os vários fundamentos de fato e de direito ora invocados, acolhendo-se, conseqüentemente, os valores ora recoil-lidos. 7. Na IL 188 relacionou a documentação que acompanhou a impugnação, juntados das ifs. 189 a 225, composta por: Procuração, cópia do Estatuto Social, da Ata de eleição da diretoria, de documentos de identificação dos diretores e procuradores, da matricula do imóvel, do ADA, do laudo técnico de vistoria, do comprovante de recolhimento do crédito tributário apurado pela interessada, entre outros. 8. E o relatório. Considerando esses fatos, as alegações da impugnação e demais documentos que compõem estes autos, o órgão julgador de primeiro grau, ao apreciar o litígio, em votação unânime, não acatou as preliminares argüidas e no mérito, considerou procedente o lançamento, mantendo o crédito consignado no auto de infração, pela falta de previsão legal, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2002 Preservação Permanente - Reserva Legal Para que a Área de Preservação Permanente APP seja isenta, aláni de constar de laudo técnico especificando cm quais artigos da legislação se enquadram, é necessário seu reconhecimento mediante o Ato Declara tório Ambiental - ADA, cujo requerimento deve ser protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - MAMA, ern até seis meses após o prazo final para entrega da Declaração do ITR Da mesma . forma as Áreas de Utilização Limitada - AUL, como a Area de Reserva Legal - ARL, necessitam do ADA no prazo legal para sua isenção, além de estarem averbadas na matricula do imóvel até a data da ocorrência do fato gerador, Isenção Por determinação legal, a legislação tributária para concessão de beneficio fiscal inter preta-se literalmente, assim, se não atendidos os requisitos legais para a isenção, a mesma não deve ser concedida. Importante registrar que em sede primeira instância não houve questionamento do VIN aplicado no lançamento, com base no Sipt, tornando a matéria não impugnada. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, de fls. 251 a 266, defendendo que seja considerada a Area de Reserva Legal independente do Ato Declaratório Ambiental (ADA), conforme comprovam os documentos anexos, quais sejam laudos, mapa de satélite e averbação na matricula do imóvel. Registra ainda que mesmo sendo desnecessário para a sua causa, há o protocolo de ADA no ano de 2006 que supriria a exigência da administração tributária. 4 Process() n° 10183 00412612006-18 S2-C1T2 Acórao n 2102-00.499 FL 277 Observamos que foi alocado pagamento parcial, transferindo este valor deste processo para o processo 10280.720045/2009-03, o montante de R$ 15.367,53, remanescendo um valor do crédito tributário principal de R$ 835,809,32, conforme fls. 27.3/274 . Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o para julgamento de segunda instância administrativa. O REL ATÓRIO. Voto Conselheiro Rubens Mauricio Carvalho. ADMISSIBILIDADE O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. ATO DECLARATORIO AMBIENTAL. (ADA). TEMPESTIVIDADE DA ENTREGA. Da análise' da descrição dos fatos da autuação, verificamos que a motivação principal da glosa da Area isenta que culminou no lançamento, foi a extemporaneidade na apresentação do ADA tempestivo para as Area de utilização limitada e subsidiariamente a fiscalização indicou à fl. 06 que a averbação na matricula do imóvel da Area de Reserva Legal era apenas parcial. Em relação a tempestividade apresentação do ADA, essa questão foi objeto de estudo recente nessa Turma, Recurso 142.454, pelo Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, cujo conteúdo se amoldando corn perfeição ao caso em debate, corno fundamento para nossa decisão, verbis: A controvérsia centra-se na necessidade, ou não, da apresentação do ADA como condição para fruição de redução no cálculo do ITR a pagar ern Area de reserva legal. Antes de tudo, apesar de a presente controvérsia somente versar sobre a apresentação do ADA para comprovar a área de reserva legal, aqui se fará apontamentos sobre as controvérsias referentes às Areas de reserva legal e de preservação permanente, enfocando a apresentação do ADA, para ambas as Areas, e para a averbação cartorária da Area de reserva legal, já que se trata de assuntos, ern regra, interligados, carecedores de um tratamento similar, já que ambas são utilizadas para reduzir a Area total do imóvel, apurando-se a Area efetivamente a ser tributada. Trata-se de controvérsia tormentosa no âmbito da jurisdição administrativa e até no seio judicial, com decisões ora exigindo os aspectos formais acima (ADA e averbação cartorária), ora afastando-os, em alguns momentos suprindo-os com laudos técnicos e outras provas, e até, na Area de reserva legal, nada exigindo simplesmente utilizando, na redução do IIR devido, os percentuais abstratos de Areas de reserva legal previstos no Código Florestal (Lei n° 4.771/65) 5 Primeiramente, aprecia-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, interprete máximo da lei federal brasileira. A Primeira Turma do ST1 julgou o REsp 1.125..632/PR, na sessão de 20/08/2009, relator o Ministro Benedito Gonçalves, unânime, onde há um razoável apanhado da jurisprudência dessa Superior Corte. Eis a ementa desse julgado: PROCESSUAL CIVIL TRIBUTÁRIO , RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. 1TR BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO OU DE ATO DECLARA TÓRIO DO MAMA. INCLUSÃO DA AREA DE RESERVA LEGAL ANTE A AUSÊNCIA DE AVERBAciro. 1. Não viola o art. 535 do CPC', tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentagdo suficiente pata decidir de modo integral a controvérsia. 2. 0 art. 2° do Código Florestal prevê que as áreas de preservação permanente assim o são por simples disposição leal, independente de qualquer ato do Poder Executivo on do proprietário peril cara clerizadão. Assim, há óbice I it incidência do tributo sabre áreas de preservação permanente, sendo inexiel»el a prévia comprovação da averbação destas na matricula do inuivel ou a existência de ato declaratório do IBAMA qual, no presente caso, ocorreu em 24/11/2003). 3. Ademais, a orientação das Turmas que integrant a Primeira Seção desta Corte firmou-se no sentido de que "o Imposto Territorial Rural - ITR é tributo sujeito a lançamento por homolo a ão tie nos termos da Lei 9.393/1996 ermite a exclusão da sua base de cálculo de área de preservação permanente, sem necessidade de Ato Declaratário Ambiental do IBAMA" (REsp 665,123/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 5.2 2007), 4. Ao contrario da área de preservação permanente, para a área de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averba cão na matricida do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preserva cão destinada ez reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel á que se poderia sabei; com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art.. 16, § 8", do Código Florestal, o que não aconteceu no caso em análise. 5. Recurso especial parcialmente provido, para anular o acórdão recorrido e restabelecer a sentença de Primeiro Grau de fls. 139-145, inclusive quanto aos ônus sticumbenciais. (grifou-se) Acima se entendeu que seria desnecessária a averbação ou o ADA para a Area de preservação permanente. Na jurisprudência do STJ transparece claramente a desnecessidade do ADA para fazer frente a qualquer beneficio no âmbito do ITR, De outra banda, exigiu-se a averbação da area de reserva legal na matricula do imóvel como condição para fruição da redução do ITR_ 6 Processo n" 10183.004126/2006-18 S2-CIT2 Acórdão a° 2102-00.499 Fl 278 No caso do ADA, no leading case acima referido (REsp 665.123/PR, relatora a Ministra Eliana Calmon), ye-se que se trata da exigência do ADA instituído pela Instrução Normativa SRF n° 67/97, não se fazendo menção à exigência do ADA trazida pelo art. 17-0, § 1°, da Lei if 6.938/81, na redação dada pela Lei n° 10.165/2000, Entretanto, deve-se anotar que esse julgado também utilizou como fundamento para rechaçar a necessidade do ADA o art. 10, § 7 0, da Lei n° 9.393/96, na redação dada pela MP 2,166/67-2001, assim vazado: .f 7" A declaração para fim de isenção do ITR relativa as áreas de que tratam as alíneas 'a' e 'd' do inciso II, § I, deste artigo, não está sujeito à prévia comprova cão por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, rein prejuízo de outras sanções aplicáveis Assim, considerando que o STJ apreciou a exigência do ADA instituída pela IN SRF no 67/97, não se fazendo menção ao art, 17-0, § 1°, da Lei n°6.938/81, tem- se fundada dúvida se essa jurisprudência tem higidez para ser aplicada para períodos posteriores a 2001, quando incidiu a regra da Lei if 10.165/2000, já que a o art, 10, § 70, da Lei n° 9.393/96 não afasta a apresentação do ADA, mas apenas assevera que o contribuinte pode declarar as Areas de preservação permanente e de utilização limitada sem qualquer comprovação prévia, como sucede corn qualquer declaração de tributo sujeito ao lançamento por homologação, como o próprio ITR. Porém, intimado o contribuinte a fazer a prova da existência das areas isentas, deve fazê-lo, sob pena de glosa, como ocorre com qualquer revisão de declaração, sendo certo que há um comando legal expresso no art. 17-0, § 1°, da Lei if 6.938/81 que exige a utilização do ADA para fruição de beneficio no âmbito do 1TR, sendo desan -azoado imaginar que a redação do art. 10, § 7 0, da Lei if 9.393/96, que versa sobre a natureza homologatória da informação das areas isentas, possa ter revogado o comando da Lei n° 6,938/81, Porem, ainda no âmbito do STY, a dúvida aumenta com a controvérsia referente à averbação da reserva legal, A mesma Primeira Turma do STJ julgou o Resp n° I.060.886/PR, na sessão de 1°/12/2009, relator o Ministro Luiz Fux, quando asseverou que a falta de averbação da reserva legal na matricula do imóvel ou a averbação a destempo, não 6, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção no âmbito do 1TR, em votação unânime, ou seja, em manifesto confronto com o REsp 1.125.632/PR, também unânime, que determinou a obrigatoriedade da averbação da reserva legal no cartório de registro de imóvel par a fruição do beneficio no âmbito do ITR, ressaltando que essa última decisão não qualquer menção h decisão pretérita da mesma Turma. Para tanto, veja-se o excerto da ementa do Resp n° 1.060.886/PR, verbis: Consectariamente, decidiu com acerto o acórdão a quo ao firmar entendimento no sentido de que "A falta de averbaçâo da área de reserva legal na matricula do imóvel, ou a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei le 4,771/1965. Reconhece-se o direito subtração do limite minimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei n° 4.771/1965, relativo à área 7 de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a protegão legal sobre tal área ". Porem, se há ddvidas no âmbito da jurisprudência do ST1, tal situação não é amainada pelo que ocorre no âmbito da jurisprudência administrativa, como abaixo se demonstrará A jurisprudência do Terceiro Conselho de Contribuintes, então competente para apreciar as controvérsias no seio do 1TR, era oscilante nos pontos acima discutidos, ora exigindo a averbação da reserva legal e o ADA para as areas de utilização limitada e preservação permanente, ora afastando-os (averbação e ADA), as vezes se contentando com laudos técnicos e outros documentos para comprovarem as Areas isentas, em votações com diversos votos vencidos ou decididas por voto de qualidade, a demonstrar a vacilação jurisprudencial e a fundada controvérsia que cerca a matéria. Abaixo, breve apanhado da jurisprudência do 'Terceiro Conselho de Contribuintes, para exercícios posteriores ao ITR/2001, em decisões prolatadas no ano de 2008: 1. área de reserva legal averbada no cartório de registro de imóveis, sem necessidade do ADA - Acórdão n° 301-34,779, sessão de 15/10/2008, por voto de qualidade; 2. exigência de averbação da Area de reserva legal somente a partir do Decreto n° 4.382/2002 (Regulamento do 'TR) — Acórdão n° 301-34459, sessão de 20/05/2008, unânime; 3. Area de reserva legal reconhecida a partir de documentos outros, privilegiando a busca da verdade material — Acórdão n° 301-34475, sessão de 20/05/1998, unânime; Acórdão no 302-39586, sessão de 19/06/2008, por maioria; Acórdão n° 391-00031, sessão de 21/10/2008, por maioria (acatando também laudo técnico para comprovar a existência de Area de preservação permanente); 4. Area de reserva legal averbada no cartório de registro de imóveis e desnecessidade do ADA para comprovar a Area de preservação permanente - Acórdão no 303-35543, sessão de 13/08/2008, Or maioria; 5. falta do ADA, pot. si só, não afasta a redução do 1TR no tocante as Leas de preservação permanente e reserva legal; ausência de averbação cartorária da reserva legal, por si só, também não afasta a benesse legal — Acórdão n° 303-35421, sessão de 19/06/2008, por maioria; Acórdão n° 303-35734, sessão de 16/10/2008, pox maioria; 6. pela desnecessidade do ADA para comprovação das áreas de reserva legal e de preservação permanente Acórdão no 303-35546, sessão de 13/08/2008, por maioria; Acórdão n°303-35351, sessão de 20/05/2008, por maioria; 7, comprovação das areas de utilização limitada e de preservação permanente sem depender de ADA tempestivo Acórdão n° 302-39391, sessão de 24/04/2008, pox maioria; Acórdão n° 303-35736, sessão de 16/10/2008, por maioria; 8, áreas de reserva legal e de preservação permanente competentemente averbadas e ADA extemporâneo reconhecidas para reduzir o IrR devido — Acórdão no 301-34686, sessão de 13/08/2008, unânime (também com laudo Processo n° 10183.004126 12006-18 S2-C11-2 AcOrdeio n.° 2102-00.499 Fl. 279 técnico); Acórdão n° 301-34632, sessão de 10/08/2008, unânime (somente Area de reserva legal); Acórdão n° 303-35540, sessão de 13/08/2008, por voto de qualidade (decidiu-se pela exigência de averbação para a Area de reserva legal e ADA a qualquer tempo para a Area de preservação permanente - dissídio apenas no tocante A averbação da Area de reserva legal); 9. Area de reserva legal averbada extemporaneamente e Area de preservação permanente reconhecida por laudo técnico - Acórdão n° 301-34788, sessão de 15/10/2008, por voto de qualidade (os vencidos exigiam o ADA para os exercícios posteriores a 2001); 10. exigência de ADA para reconhecimento das Areas de preservação permanente e de reserva legal - Acórdão IV 301-34354, sessão de 26/03/2008, por maioria; Acórdão n° 302-40049, sessão de 10/12/2008, por voto de qualidade (somente area de reserva legal); Acórdão n° 302-39865, sessão de 15/10/2008, por voto de qualidade; Acórdão no 302-39728, sessão de 13/0812008, por voto de qualidade; Acórdão n° 391-00001, sessão de 23/09/2008, unânime (ainda a averbação da reserva legal par) supre a ausência do ADA); 11. comprovação de Area de utilização limitada (reserva legal) e de preservação permanente a depender de ADA e de averbação cartorária tempestivos - Acórdão n° 302-39244, sessão de 29/01/2008, por maioria; Acórdão.n° 302- 39866, sessão de 15/08/2008, por voto de qualidade; Acórdão n° 303-35538, sessão de 13/08/2008, por voto de qualidade; Acórdão n° 303-35645, sessão de 11/09/2008, por voto de qualidade; Acórdão n° 393-00083, sessão de 19/11/2008, por voto de qualidade. Tentando fazer urn resumo dos posicionamentos acima, separando as Areas de reserva legal e de Preservaçao permanente, tem-se: • Area de reserva legal - necessidade de averbação cartorária, sem ADA (precedentes da 1' e 3' Camara do Terceiro Conselheiro de Contribuintes); averbação após a publicação do Decreto n° 4,382/2002 (1° Camara); reconhecimento da area por laudos técnicos (1', 2', 3' Câmaras e 3° TE); desnecessidade de ADA (3" Câmara); aceitação de ADA intempestivo (2° e 3" Câmaras); averbação cartorária e ADA intempestivos (1 e 3° Câmaras); averbação cartorária intempestiva (1° Camara); necessidade de ADA (1', 2° e 1' TE); averbação e ADA tempestivos (2", 3' e 3' TE); • Area de preservação permanente - Sem necessidade do ADA (precedente da 3° Camara); ADA intempestivo (precedentes 1", 2' e 3' Câmaras); comprovação com laudos (1' Camara) e necessidade de ADA tempestivo (1', 2a e la TE). Da jurisprudência acima, claramente não se extrai qualquer posição consolidada, quer no tocante A averbação cartorária para a Area de reserva legal (há precedentes de todas as Câmaras com reconhecimento da Area de reserva legal a partir de laudos técnicos), quer no tocante A exigência do ADA para comprovação das Areas de preservação permanente e de reserva legal, sendo certo que as posições mais formais, com exigência do ADA, para ambas as Areas, e da averbação para a Area de reserva legal são tomadas, em regra, por voto de qualidade (vide item 11, acima). 9 Longe de tecer quaisquer criticas A jurisprudência do Terceiro Conselhos de Contribuintes, aqui se reconhece a funda controvérsia no tocante As exigências do ADA e da averbação cartorária para reconhecimento dos beneficios isentivos no âmbito do 1TR, ressaltando que o próprio Superior Tribunal de Justiça tem também vacilado na solução dessas controvérsias, a uma afastando a exigência do ADA a partir de legislação infralegaijá superada pelo art. 17-O, § 1 0, da Lei n° 6.938/81, na redação dada pela Lei n° 10.165/2000; a duas, pela controvérsia no tocante A averbação cartorária da reserva legal, com a Primeira Turma dessa Superior Corte prolatando decisões divergentes, por unanimidade, em um mesmo semestre, sem qualquer ressalva A posição pretérita. Sem apoio na jurisprudência, quer do Terceiro Conselho de Contribuintes, quer do Superior Tribunal de Justiça, passa-se a definir um posicionamento sobre a controvérsia referente As Areas de reserva legal e de preservação permanente . A area tributável para fins do ITR exclui as areas de preservação pennanente e de reserva legal, de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas ambientais, comprovadamente imprestáveis para os fins do setor primário, as Areas de servidão florestal ou ambiental e, mais recentemente, cobertas por florestas nativas e alagadas por reservatórios hidrelétricos, como se pode ver no art. 10, § 1°, Il, "a" a "f", da Lei n° 9,393/96, verbis: Art. 10_ A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, stileitando-se a homologação posterior_ ,§ 1" Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-6: I - omissis; - área tributável, a área total do imóvel, mezzos as áreas: a) de preservagdo permanente e de reserva legal, previstas na Lei n" 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n" 7,803, de 18 de/ullzo de 1989; b) de interesse ecológico para a protegão dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadanzente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuciria, granjeira, aqiiicola ou florestal, declaradas de interesse ecológico nzediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;(Redação dada pela Lei n" 11.428, de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração,('ncluido pela Lei a' 11.428, de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público, (India° pela Lei n" 11.727, de 2008) lo Processo n° 10183.004126/2006-18 S2-C1T2 Ae6rd5o n.° 2102-00.499 Fl. 280 Claramente vê-se que as Areas de interesse ambiental ou imprestáveis para os fins do setor primário estão excluídas da incidência do ITR, sendo certo que esse imposto somente incide sobre as Areas aproveitáveis, geradoras de renda agrícola, pecuária e extrativista. O nó górdio é definir quais os requisitos para que seja considerada uma área de reserva legal ou de preservação permanente para fins de fruição da isenção no âmbito do ITR. Especificamente, a Area de preservação permanente é aquela coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo genic° de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (art 1°, § 2°, II, do Código Florestal), incluindo aqui as florestas e demais formas de vegetação natural ao longo das margens dos rios e cursos d'águas, ao redor de reservatórios naturais ou artificiais d'água, nas nascentes, no topo de morros, montes, montanhas e serras, nas restingas, nas bordas dos tabuleiros ou chapadas e em altitude superior a 1.800 metros (art. 2°, "a" a "h", do Código Florestal). .1d a reserva legal 6 a Area localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, A conservação e reabilitação dos processos ecológicos, conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (art. 1°, § 2°, III, do Código Florestal), sendo certo que o Código Florestal, no art. 16, especifica os percentuais mínimos da propriedade rural afetada A reserva legal, nas diversas regiões do pais, determinando, ainda, que tal reserva seja averbada margem da inscrição de matricula do imóvel. Partindo do principio que o ITR incide sobre a Area aproveitável da propriedade (Area tributável menos a Area de benfeitorias), geradora de renda agrícola, pecuária ou extrativista, parece-me claro que o contribuinte somente pode se beneficiar do favor legal tributário se de fato existir essas Areas de utilização limitada, ou seja, caso não haja Area de reserva legal ou a area de preservação permanente esteja sendo utilizada indevidamente em atividades agrícolas, extrativista ou pecuárias diretas, afastar-se-ia a isenção legal. De outra banda, existindo tais Areas, o contribuinte pode se beneficiar do favor legal. Entretanto, para a fruição da isenção, pode a lei exigir o cumprimento de requisitos formais, além dos substanciais. Como exemplo disso, para isenção do IRPF, não basta o contribuinte portar umas das moléstias constantes no art. 6", XIV, da Lei no 7,713/88, mas deve comprová-las mediante uni laudo pericial emitido por serviço médico oficial, na forma do art. 30 da Lei n° 9.250/95. Ainda, o art. 4°, V, da Lei n° 8.661/1993 determina que o contribuinte detentor de urn PDTI pode ter um crédito de 50% do IRRF incidente sobre as remessas para o exterior, a titulo de royalties, de assistência técnica ou cientifica e de serviços especializados, previstos em contratos de transferência de tecnologia averbados no termos do Código de Propriedade Industrial, ou seja, não basta ter um contrato de transferência de tecnologia, mas se deve averbá-lo no INPI, como manda o art. 230 do Código de Propriedade Industrial (Lei n° 9.279/96), para fruição do beneficio legal. Agora, passa-se a verificar a existência de requisitos formais para fruição do beneficio no âmbito do ITR para as áreas de preservação permanente e reserva legal. Em relação à área de reserva legal, assim versa o art. 10, § 1°, II, "a", da Lei n° 9.393/96, verbis: Art 10, A apuração e o pagamento do 1TR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da 11 administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior.. I' Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-6,- I- Omissis; - área tributável, a area total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n" 4.771, de 15 de setembro de 1965, corn a redação dada pela Lei n" 7.803, de 18 dc/ui/so de 1989; A Lei tributária assevera que a area de reserva legal, prevista no Código Florestal (Lei n° 4,771/65), pode ser excluída da Lea tributável, Id no art. 16 da Lei n° 4.771/65 definem-se os percentuais de cobertura florestal a titulo de reserva legal que devem ser preservados nas diferentes regiões do pais e determina que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer titulo, de desmembramento ou de retificação da Area. A questão que logo se aventa é sobre a obrigatoriedade de averbação da reserva legal para fruição do beneficio no âmbito do ITR, já que a Lei no 9.393/96 assevera a exclusão da Area de reserva legal, porém remetendo-a ao Código Florestal, não havendo, especificamente, uma obrigação de averbação na Lei tributária. Quanta à obrigatoriedade da averbação da area de reserva legal, em sentido lato, parece que não há qualquer dúvida, pois inclusive há norma editada pelo Poder Executivo, com supedâneo na Lei n° 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais), que considera tal comportamento uma infração administrativa, com aplicação de multas pecuniárias, conforme art. 55 do Decreto n° 6.514/2008, sendo certo que o Poder Judiciário vem ratificando a obrigatoriedade da averbação da reserva legal, como se pode ver no REsp 927,979 — MG, julgado pela Primeira Turma em 31/05/2007, relator o Ministro Francisco Falcão, unânime, assim ementado: DIREITO AMBIENTAL. ARTS, 16 E 44 DA LEI N" 4.771/65, MATRICULA DO IMÓVEL. AVERBAÇÃO DE AREA DE RESERVA FLORESTAL,NECESSIDADE, I - A questão controvertida refere-se à interpretação dos arts 16 e 44 da Lei n. 4.771/65 (Código Florestal), urna vez que, pela exegese firnzada pelo aresto recorrido, os novos proprietários de imóveis- rurais foram dispensados de averbar reserva legal forestal na matricula do imóvel. li - "Essa legislação, ao determinar a separação de parte das propriedades rurais para constituição da reserva forestal legal, resultou de uma feliz e necessária consciência ecológica que vem tomando corpo na sociedade em razão dos efeitos dos desastres naturais ocorridos ao longo do tempo, resultado da degradação do meio ambiente efetuada sem limites pelo homem. Tais conseqüências nefastas, paulatinamente, levam conscientização de que os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras" (RMS n" 18.30I/MG, Rei. Min JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 03/10/2005), 12 Processo n0 10183.004126/2006-18 S2-C1T2 Ac&No a° 2102-00.499 Fl. 281 III - Inviável o afastamento da averba cão preconizada pelos artigos 16 e 44 da Lei n°4.771/65 (Código Florestal), sob pena de esvaziamento do conteúdo da Lei A averba cão da reserva legal, a margem da inscrição da matricula da propriedade, conseqüência imediata do preceito normativo e está colocada entre as medidas neCessririas à proteção do meio ambiente, previstas tanto no Código Florestal como na Legislação extravagante. 1V -Recurso Especial provido, (grifou-se) Na linha acima, não se pode deixar de fazer unia leitura combinada das Leis O 9.393/96 e 4.771/65, devendo ser reconhecido que a obrigatoriedade da averbação da reserva legal transcende em muito o direito tributário, sendo uma medida de garantia de preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, para as atuais e futuras gerações, conforme insculpido no art. 225 da Constituição Federal. Ora se averbação da reserva legal chega a ser objeto de multa pecuniária administrativa específica, parece desarrazoado deferir o beneficio tributário sem o cumprimento dessa medida, quando a própria Lei n° 9.393/96 defere a exclusão da Area de reserva legal, prevista no Código Florestal, ou seja, parece-me que com as condicionantes da legislação ambiental. Entretanto, apesar de obrigatória a averbação cartorária da area de reserva legal, aqui não me filio àqueles que exigem obrigatoriamente a averbação em momento prévio ao fato gerador, de maneira peremptória, já que, havendo uma área de reserva legal preservada e comprovada por laudos técnicos ou termos do poder público, mesmo com averbação posterior ao fato gerador, não me parece razoável arrostar o beneficio tributário, quando se sabe que áreas ambientais preservadas levam longo tempo para sua recomposição, ou seja, uma área averbada e comprovada em exercício posterior, certamente existia nos exercícios logo precedentes, como redutora da area total do imóvel passível de tributação, não podendo ter sido utilizada diretamente nas atividades agrícolas, pecuárias ou extrativistas. Ademais, nem a Lei tributária nem o Código Florestal definem a data de averbação, como condicionante A isenção do ITR. Esclarecida a posição desse relator no tocante à averbação da area de reserva legal, passa-se a apreciar a necessidade do ADA para fruição do beneficio tributário. Essa questão não oferece qualquer dúvida, já que o art. 17-0, § 1°, da Lei n° 6.938/81 (A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória) é expresso quanto à exigência do ADA para fruição de beneficio no âmbito do ITR, com vigência em relação aos exercícios posteriores a 2001, inclusive, e como já antecipado neste voto, não se compreende como o art. 10, § 7 0, da Lei n° 9.393/96 (na redação dada pela MP n° 2.166-67/2001), que versa sobre aspectos homologatórios da declaração das Areas de utilização limitada, poderia ter revogado tacitamente o art, 17-0, § 1°, da Lei n° 6.938/81. Mais uma vez, entretanto, como a Lei n° 6.938/81 não fixou prazo para apresentação do ADA, parece descabida a exigência da apresentação do ADA contemporâneo ao fato gerador do rrR, sendo certo apenas que o sujeito passivo deve apresentar o ADA, mesmo extemporâneo, desde que haja prova outras da existência da Area de preservação permanente (ou de reserva legal). Explanada a posição deste relator sobre as controvérsias referentes ao ADA para as Areas de utilização limitada e de preservação permanente e sobre a averbação 13 cartorária da Area de reserva legal, passa-se a apreciar o caso concreto aqui em discussão , O imóvel rural denominado Fazenda Boaventura teve requerida a averbação de sua Area de reserva legal junto A matricula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Novo Aripuanã (AM) em 30/06/2000 (fl. 62) Ainda, há cópia do pedido do ADA, de 17/08/2006 (fl. 63), extemporâneo, considerando o fato gerador do exereicio em debate (2001) Considerando as razões expostas nos parágrafos precedentes, a aver bação tempestiva da Area da reserva legal e o ADA intempestivo da mesma Area implementam as condições para fruição da benesse tributária no âmbito do IIR, sendo descabida a glosa perpetrada pela autoridade fiscal, geradora do auto de inflação em debate, quando o lançamento se ancorou apenas na formalidade da ausência da apresentação do ADA tempestivo. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. ANÁLISE DO OBJETO DO PROCESSO Da explanação supra, conclui-se ser fundamental para que se possa conceder a isenção do ITR, a apresentação do ADA, porém, sem a necessidade de ser entregue no prazo de 6 meses na data de entrega da DITR. Contudo, fundamental que haja a averbação na matricula do imóvel quando tratar-se de Area de Reserva Legal. Diante disso, considerando que a própria autoridade fiscal indicou à fl. 06 da autuação a existência de a averbação na matricula do imóvel de área de Reserva Legal no valor de 12.487,50 e que no ADA de fi. 47 entregue em 14/10/2006, aponta para a Reserva Legal o mesmo montante, concluo que essa área, nesse montante parcial deve ser restabelecido como área isenta. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO PELO PROVIMENTO PARCIAL IDO RECURSO, para que se procedam as seguintes retificações: 1TR 2002 Declarado, IL 2 Acórdão Carl 02 - Area de Utilização Limitada 15.204,3 ha 12.487,5 ha Assim, ern função dessas duas retificações, determino que sejam refeitos os devidos cálculos da area utilizada do imóvel, Grau de Utilização, alíquota aplicável, Valor da Terra Nua Tributável e, finalmente, o valor do ITR devido para os exercícios 2002. Rub ns amicio CarvalliolSelator 14
score : 1.0
Numero do processo: 14041.000387/2007-15
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 26/07/2007
RETROATIVIDADE BENIGNA. NÃO ENTREGA DE GFIP. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
Em se tratando de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória pela falta de entrega de GFIP, tendo o lançamento de obrigação principal da competência respectiva sido fulminado em virtude de decadência, a retroatividade benigna deve ser aplicada a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32-A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009.
Numero da decisão: 9202-007.900
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a Conselheira Ana Paula Fernandes.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 26/07/2007 RETROATIVIDADE BENIGNA. NÃO ENTREGA DE GFIP. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. Em se tratando de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória pela falta de entrega de GFIP, tendo o lançamento de obrigação principal da competência respectiva sido fulminado em virtude de decadência, a retroatividade benigna deve ser aplicada a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32-A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a Conselheira Ana Paula Fernandes.
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NÃO ENTREGA DE GFIP. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. Em se tratando de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória pela falta de entrega de GFIP, tendo o lançamento de obrigação principal da competência respectiva sido fulminado em virtude de decadência, a retroatividade benigna deve ser aplicada a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a Conselheira Ana Paula Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 03 87 /2 00 7- 15 Fl. 105DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Acessória, Debcad 37.097.1477, em razão de a empresa ter deixado de apresentar Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP, especificamente para a competência 03/2002. Consoante Termo de Encerramento da Auditoria Fiscal – TEAF (fl. 14), no mesmo procedimento fiscal foram efetuados os lançamentos de obrigações principais discriminados a seguir: · Processo nº 14041.000424/200787 (Debcad n° 37.050.1683) – relativo a contribuições destinadas a Seguridade Social (segurados empregados e empresa, incluindo às destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho) e destinadas a outras entidades (FNDE/SalárioEducação, INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE); · Processo nº 14041.000385/200718 (Debcad n° 37.050.1691) – retenção de 11% sobre o valor de serviços prestados por pessoa jurídica; e · Processo nº 14041.000386/200762 (Debcad n° 37.097.1493) – retenção de 11% sobre o valor de serviços prestados por pessoa jurídica (apropriação indébito) Ao deslinde da controvérsia importa somente as informações relacionadas ao Processo nº 14041.000424/200787, visto que os demais não têm relação com a informação de remuneração de segurados da Previdência Social em GFIP, que é objeto do presente lançamento. De se esclarecer que o Processo nº 14041.000424/200787 conta com decisão definitiva na esfera administrativa, tendo sido reconhecida a decadência do lançamento em relação às competências até 05/2002 pelo Acórdão nº 2803002.130, de 21/02/2013, integrado pelo Acórdão de Embargos nº 2803002.298, de 18/04/2018. Com relação ao presente processo temse que, em sessão plenária de 28/07/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230201.215 (fls. 45/52), assim ementado: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 26/06/2007 Ementa: RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, sendo benéfica para o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 14041.000387/200715 Acórdão n.º 9202007.900 CSRFT2 Fl. 3 3 Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. O processo foi encaminhado à PGFN em 16/09/2011 (Despacho de fl. 53) e, em 17/10/2011, foram apresentados embargos de declaração de fls. 54/57 (despacho de fl. 58). Informada do resultado da análise de seus aclaratórios em 22/03/2012 (fl. 62) a Fazenda Nacional, em 29/03/2012, interpôs o Recurso Especial de fls. 63/65 (Despacho de Encaminhamento de fl. 96), fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Apresenta como paradigmas os acórdãos nº 240100.127 e nº 240201.059, cujas ementas, no que concerne à matéria em debate, transcrevese a seguir, juntamente com os trechos destacados na peça recursal: Acórdão nº 240100.127 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO – INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória, a empresa apresentar a GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE MAIS FAVORÁVEL PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA – APLICAÇÃO Na superveniência de legislação que se revele mais favorável ao contribuinte no caso da aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, aplicase o princípio da retroatividade benigna da lei aos casos não definitivamente julgados, conforme estabelece o CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. [...] Fl. 107DF CARF MF 4 Entretanto, no que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da recente Medida provisória nº 449/2008. A citada MP alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionada a GFIP. Para tanto, a MP 449/2008, inseriu o art. 32‑ A, o qual dispõe o seguinte: [...] Entretanto, a MP 449/2008, também acrescentou o art. 35‑ A que dispõe o seguinte: Art. 35‑ A – Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplica‑ se o disposto no art. 44 da Lei 9.430, de 1006.’ O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I ‑ de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;’ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado. Acórdão nº 240201.059 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pela extinto Conselho de Contribuintes, correto o manejo dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado, LEGISLAÇÃO POSTERIOR, MULTA MAIS FAVORÁVEL. APLICAÇÃO. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. EMBARGOS ACOLHIDOS. [...] ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos propostos, para rerratificar o acórdão proferido, a fim de que se determine que a multa seja recalculada, se mais benéfico à recorrente, de acordo com o art. 32‑ A da Lei nº 8.212/91, no caso de ter havido total recolhimento, e não tendo este ocorrido ou ocorrido de forma parcial que o recálculo da multa seja feito acordo com o I, Art, 44, 1 da Lei nº 9.430/96 (Art. 35‑ A, Lei 8.212/91), deduzindo‑ se a multa dos lançamentos correlatos, nos termos do voto do relator. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 14041.000387/200715 Acórdão n.º 9202007.900 CSRFT2 Fl. 4 5 A Fazenda Nacional requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A da Lei nº 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 262/2014, datado de 26/03/2014 (fls. 97/99). Cientificado do acórdão de recurso voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 13/01/2015 (fl. 102), o Contribuinte não apresentou manifestação. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O Recurso Especial é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. O lançamento decorre de Auto de Infração em razão de a empresa ter apresentado GFIP para as competências 03/2002. No mesmo procedimento fiscal foi exigida multa por descumprimento de obrigações principais, bem como por descumprimento da obrigação acessória consistente na falta de entrega da declaração. Importa ressaltar que, com relação ao processo de obrigações principais foi reconhecida a decadência em relação às competências até 05/2002. Em virtude disso, no caso em tela, para a competência a que se refere o lançamento, 03/2002, remanesce tão somente o lançamento de obrigação acessória. A solução do litígio passa pelo exame da alínea “c” do inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional CTN, que dispõe: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II – tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (Grifouse) Fl. 109DF CARF MF 6 À época da infração que deu azo ao lançamento que ora se discute, o caput, o inciso IV e § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991 tinham a seguinte redação: Art. 32. A empresa é também obrigada a: [...] IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS.(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). [...] § 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo Com a edição da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, a sistemática de aplicação da multa sofreu profundas alterações, passando a estar prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/1991, nos seguintes termos: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).(Vide Lei nº 13.097, de 2015)(Vide Lei nº 13.097, de 2015) I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3odeste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3odeste artigo, as multas serão reduzidas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 110DF CARF MF Processo nº 14041.000387/200715 Acórdão n.º 9202007.900 CSRFT2 Fl. 5 7 I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II–R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). De se repisar que embora o presente Auto de Infração tenha sido lavrado conjuntamente com a autuação relativa às obrigações principais, para a competência nele abrangida o lançamento pela falta de recolhimento do tributo foi afastado em virtude da decadência e, nesse caso, a retroatividade benigna deve ser aplicada sem levar em consideração a multa de ofício decorrente do não pagamento da exigência tributária, isto é, a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212/1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12269.001838/2010-39
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2007 a 30/11/2008
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA.
No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Súmula CARF nº 119)
Numero da decisão: 9202-007.954
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2007 a 30/11/2008 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Súmula CARF nº 119)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Súmula CARF nº 119) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 18 38 /2 01 0- 39 Fl. 393DF CARF MF 2 Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 12269.001837/201094 37.294.3349 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 12269.001838/201039 37.294.3357 (Seg. C.I.) Obrig. Principal Recurso Especial 12269.001839/201083 37.294.3365 (Terceiros) Obrig. Principal Execução Fiscal 12269.001840/201016 37.251.3107 (AI 77) Obrig. Acessória Execução Fiscal 12269.001841/201052 37.251.3115 (AI 91) Obrig. Acessória Execução Fiscal 12269.001843/201041 37.251.3123 (AI 78) Obrig. Acessória Execução Fiscal 12269.001844/201096 37.251.3131 (AI 22) Obrig. Acessória Execução Fiscal 12269.001845/201031 37.251.3140 (AI 68) Obrig. Acessória Execução Fiscal O presente processo trata do Auto de Infração de Obrigação Principal, Debcad 37.294.3357, referente às Contribuições Previdenciárias descontadas pela empresa e não recolhidas, devidas pelos segurados contribuintes individuais, incidentes sobre os valores a eles pagos não declarados em GFIP, no período de 05/2007 a 11/2008, conforme Relatório Fiscal de fls. 11/12. Em sessão plenária de 15/05/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803002.356 (efls. 358 a 362), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2007 a 30/11/2008 PEDIDO DE PARCELAMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO DE ADESÃO. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA RECURSAL.CONTINUIDADE DO PROCESSAMENTO ADMINISTRATIVO. Não demonstrado a regular adesão ao parcelamento legal REFIS, tampouco acostado pedido de desistência do respectivo recurso, deve o mesmo seguir com o processamento perante este Colegiado. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE. APLICABILIDADE SOMENTE SE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. Os valores da multas referentes a descumprimento de obrigação principal foram alterados pela MP 449/08, de 03.12.2008, convertida na lei n º 11.941/09. Assim sendo, o valor da multa Fl. 394DF CARF MF Processo nº 12269.001838/201039 Acórdão n.º 9202007.954 CSRFT2 Fl. 394 3 nas competências anteriores a 11/2008, inclusive, deve ser calculado segundo o art. 35 da lei 8.212/91, na redação anterior a lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para se determinar o resultado mais favorável ao contribuinte Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do relator, para que o valor da multa aplicada até a competência 11/2008 seja calculado segundo o art. 35 da lei 8.212/91, na redação anterior a lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para se determinar o resultado mais favorável ao contribuinte. A comparação darseá no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte e, na inexistência destes, no momento do ajuizamento da execução fiscal, conforme art.2º. da portaria conjunta RFB/PGFN no. 14, de 04.12.2009." O processo foi encaminhado à PGFN em 03/06/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 657 do processo principal) e, em 04/06/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 363 a 374 (Despacho de Encaminhamento de efls. 678 do processo principal). O apelo está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesse passo, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; ou b) multa aplicada de ofício, nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 28/08/2017 (efls. 383 a 386). Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (efls. 390 a 392). Voto Fl. 395DF CARF MF 4 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase do Debcad 37.294.3357, referente às Contribuições Previdenciárias descontadas pela empresa e não recolhidas, devidas pelos segurados contribuintes individuais, incidentes sobre os valores a eles pagos não declarados em GFIP, no período de 05/2007 a 11/2008, conforme Relatório Fiscal de fls. 11/12. No que tange à penalidade, no caso do acórdão recorrido determinouse o recálculo da multa de acordo com o disposto no art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, na redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que se verifique, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Conforme o quadro demonstrativo constante do relatório, no mesmo procedimento fiscal foi exigida a presente multa por descumprimento de obrigação principal, bem como multa por descumprimento de obrigação acessória por falta de declaração em GFIP, portanto a retroatividade benigna deve ser aplicada em conformidade com a Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 14, de 2009, e a Súmula CARF nº 119: "Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 396DF CARF MF
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