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Numero do processo: 10920.001290/96-60
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2000
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2000
Ementa: IRPF - ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Não tendo o contribuinte logrado comprovar a origem dos recursos aptos a justificar o acréscimo patrimonial, lícito é o lançamento de ofício, mediante o arbitramento com base na renda presumida.
Recurso negado.
Numero da decisão: 104-17410
Nome do relator: José Pereira do Nascimento
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-08-11T12:46:32Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-08-11T12:46:32Z; Last-Modified: 2009-08-11T12:46:32Z; dcterms:modified: 2009-08-11T12:46:32Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-08-11T12:46:32Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-08-11T12:46:32Z; meta:save-date: 2009-08-11T12:46:32Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-08-11T12:46:32Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-08-11T12:46:32Z; created: 2009-08-11T12:46:32Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2009-08-11T12:46:32Z; pdf:charsPerPage: 1120; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-08-11T12:46:32Z | Conteúdo => ; MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Recurso n°. : 120.059 Matéria : IRPF — Exs.: 1993 e 1995 Recorrente : LINUS RUCKL Recorrida : DRJ em FLORIANÓPOLIS - SC Sessão de : 15 de março de 2000 Acórdão n°. : 104-17.410 IRPF - ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Não tendo o contribuinte logrado comprovar a origem dos recursos aptos a justificar o acréscimo patrimonial, licito é o lançamento de ofício, mediante o arbitramento com base na renda presumida. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por LINUS RUCKL. ACORDAM os membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. 1/4 /aLes LEILA RIA -CHERRER LEI' O PRESIDENTE 1. • - • 'DO • :CIMENTO RELATOR FORMALIZADO EM: 14 ABR 2000 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NELSON MALLMANN, MARIA CLÉLIA PEREIRA DE ANDRADE, ROBERTO VV1LLIAM GONÇALVES, ELIZABETO CARREIRO VARÃO, JOÃO LUÍS DE SOUZA PEREIRA e REMIS ALMEIDA ESTOL. J&% 1 .,51 ,?:•.. 9:2 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Acórdão n°. : 104-17.410 Recurso n°. : 120.059 Recorrente : LINUS RUCKL RELATÕRIO Foi lavrado contra o contribuinte acima mencionado, o Auto de Infração de fls. 103, para exigir-lhe o recolhimento do IRPF relativo aos exercícios de 1993 e 1995, ano calendário de 1992 e 1994, acrescido de encargos legais, em decorrência de acréscimo patrimonial a descoberto e omissão de ganho de capital obtido na alienação de bem imóvel, comforme demonstrativo de fls. 95. Mostrando seu inconformismo, apresenta o interessado a impugnação de fls. 108, alegando em síntese o seguinte: a)- que a fiscalização não considerou a venda do veículo Monza/88 por estarem ilegíveis as datas e valor da transação, tendo sido providenciadas novas cópias (fls. 112). Que a transferência desse veículo deu-se fora do exercício competente por extravio do documento, juntando para comprovação do alegado o documento de fls. 113. Que o produto da venda foi aplicado na aquisição da camioneta 89 pelo valor de Cz$ 75.000.000,00; b)- que por ocasião da venda da camioneta 89, foi feita a aquisição da camioneta ano 90 ocasionando valores a descoberto, porem, que foram aproveitados na compra do caminhão Mercedes Benz em fevereiro/94; c)- que não comprovou a venda do Veículo Pampa/90, porque o mesmo foi objeto de furto, ju amente com seus documentos, juntando a Comunicação de Furto de fls. 125, expedida peDelegacia de Furtos de Curitiba/PR em 19.01.95; I " 2 4. t" -z a . .9 MINISTÉRIO DA FAZENDA4, ,...• o -._,- -, t," PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES ?:.1.2:r.rf> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Acórdão n°. : 104-17.410 d)- que a venda do veículo acima descrito, possibilitou a aquisição do veículo Pampa/94; e)- que existe discordância nas datas constantes nos documentos de transferência pelo Detran, porque na época não era necessário o preenchimento dos mesmos, o que discorda também do próprio valor, devido às altas taxas inflacionárias da época; f)- que quanto ao veículo Mercedes Benz ano 77, existe discordância na informação do valor e datas de aquisição por Cz$ 16.000.000,00, porque este campo estava em branco, com assinatura e reconhecimento de firma ocorridas extemporaneamente, quando na realidade este pagamento ocorrera em abril/94 A decisão monocrática, julga procedente em parte o lançamento, para reduzir a multa de oficio para 75% e aplicar a I. N. SRF n.° 46/97. Cientificado da decisão em 12.03.98, protocolo o interessado em 09.04.98, o recurso de fls. 190/196, juntando comprovante do deferimento de liminar que o dispensa do depósito recursal previsto na M. P. n.° 1.621197 e alegando em síntese o seguinte: a)- que o mapa elaborado pelo auditor fiscal, concluindo pela °Variação patrimonial a descoberto' foi base do valor da notificação. Entretanto se considerarmos as vendas dos veículos na data da baixa e não do registro, referido mapa acusará Variação patrimonial coberta', ficando o contribuinte com patrimônio e renda compatíveis; b)- que na elaboração do mapa não foram considerados os valores líquidos .....(da atividade rural; 3 MINISTÉRIO DA FAZENDA .; pty.; PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290196-60 Acórdão n°. : 104-17.410 c)- que os documentos de registro dos veículos apenas comprovam que o registro foi realizado a posterior da venda; d)- que há indícios de que as vendas ocorreram efetivamente antes das datas dos registros; e)- que o 'Manual da Declaração de Ajuste Anual' orienta a baixar o bem na data da venda e não na data de registro; f)- que o contribuinte não pode ser responsabilizado por falta de registro, à época oportuna, pêlos terceiros compradores; g)- que o fluxo de caixa do Recorrente, nos anos de 92 e 94, se lançados corretamente as datas de vendas, e não de registro, apontarão variação patrimonial compatível com a renda declarada. É o Rela4'o. 4 „e b.” 4,, -;-. ri MINISTÉRIO DA FAZENDA -; Ciiin t. PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES ; :ii cif.: ;* QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Acórdão n°. : 104-17.410 VOTO Conselheiro JOSÉ PEREIRA DO NASCIMENTO, Relator O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Não há argüição de preliminares. As acusações contidas no Auto de Infração Vestibular, versam sobre acréscimo patrimonial a descoberto e ganho de capital. Com relação ao ganho de capital se presume haver o contribuinte concordado com o lançamento, tendo em vista que, não ofereceu qualquer contestação a respeito já na impugnação inicial, de sorte que, remanesce para discussão tão somente o acréscimo patrimonial a descoberto. Segundo se infere das razões de defesa, o valor apurado pela fiscalização e aqui questionados, se restringe a glosa de recursos oriundos de receitas auferidas relativas a atividade rural e venda de alguns veículos. Com relação aos rendimentos da atividade rural declarados pelo recorrente, observa este relator que, por estarem eles sujeitos à tributação mais benigna, indispensável se faz que se comprove documentalmente a efetividade de tais rendimentos, o que não ocorreu no vertente cas 5 e . r . ...4 b• al -• - . . MINISTÉRIO DA FAZENDA..0 ;.:. '10b," PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Acórdão n°. : 104-17.410 Aliás, o contribuinte ao responder a intimação n.° 135/96, declara às folhas 47 dos autos que não possui tais comprovantes, devido a venda Ter sido efetuada a particulares, agricultores da região, que não dispõe de documentação legal. Tal alegação não é suficiente para a aceitação de tais vendas, mesmo porque, caberia ao vendedor emitir as respetivas notas fiscais de produtor. Destarte, não assiste razão ao recorrente neste particular, por absoluta falta de comprovação da efetividade de auferimento de rendimentos na atividade rural. Quanto a alagada venda de veículos, cujos valores não foram considerados pela fiscalização para apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, entende este relator não assistir qualquer razão ao recorrente. Isto porque, segundo se colhe dos autos, pretende o recorrente que, para suprir o custo de aquisição de uma camioneta D20, ano 1989 ocorrida em 26.10.92, sejam utilizadas recursos oriundos da venda de um veículo Monza ano 88. Ocorre que, segundo se colhe dos documentos de fls. 112 e 214, o referido veículo só foi negociado em 21 de junho de 1993, portanto no exercício seguinte ao da aquisição da camioneta D20189. Diz também que com a venda da camioneta D20 Custon/90, adquiriu recursos para a aquisição do caminhão Mercedes BenzI77. Contudo, sequer informou nas respectivas declarações de renda, a venda da camioneta D20/89 t rrida em 93 (fls. 14), corno também não declarou a aquisição da 6 k • MINISTÉRIO DA FAZENDA P r:sk PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10920.001290/96-60 Acórdão n°. : 104-17.410 camioneta D20/90, ocorrida em 1992. O documento de fls. 217, nos da conta de que tal veículo foi vendido em 04 de abril de 1994, portanto após a aquisição do caminhão Mercedes Benz/77 ocorrida em 07 de fevereiro de mesmo ano. Por fim, temos a aquisição de um veículo Pampa GL/94, que teria originado o acréscimo patrimonial no mês de outubro de 1994, tendo o recorrente alegado que os recursos para tanto tiveram como origem a venda da Pampa U90, informando através do documento de fls, 125, que este teria sido furtado em 19.01.95. Ora, se a Pampa /94 foi adquirida em 20.10.94, conforme se colhe do documento de fls. 87 e se a Pampa/90 fora-lhe furtada em janeiro de 1995, não restam dúvidas no sentido de que, pelo menos no período que media outubro/94 a janeiro/95, ambos os veículos eram de sua propriedade. Destarte, as alegações do recorrente de que as transferências dos veículos vendidos foram realizadas pêlos compradores em datas posteriores a da efetiva venda, por si só não elidem as conclusões fiscais, mesmo porque, a prova documental supera qualquer outra, mormente quando se trata, como no presente caso, de simples alegações. Diante do exposto, e pelo que dos autos consta, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 15 de ma de 2000 ‘• • JOSÉ REIRA O NASCIM TO 7 Page 1 _0011000.PDF Page 1 _0011100.PDF Page 1 _0011200.PDF Page 1 _0011300.PDF Page 1 _0011400.PDF Page 1 _0011500.PDF Page 1
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Numero do processo: 10120.005197/2001-50
Turma: Quarta Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Nov 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996
PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-001.789
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial, devendo o pedido de restituição ser analisado pela DRF de origem.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Corintho Oliveira Machado, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo.
Matéria: PIS - proc. que não versem s/exigências de cred. Tributario
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial, devendo o pedido de restituição ser analisado pela DRF de origem. Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente Rodrigo Cardozo Miranda - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Corintho Oliveira Machado, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo.
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 51 97 /2 00 1- 50 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial, devendo o pedido de restituição ser analisado pela DRF de origem. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Corintho Oliveira Machado, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório Cuidase de recurso especial interposto BENSPAR S/A (antiga BENZENEX S/A ADUBOS E INSETICIDAS) (fls. 81 a 88) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 70 a 83 a 85) que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário da contribuinte. A presente hipótese trata de pedido de restituição, formulado em 21/10/2001, de parcelas pagas a título de contribuição para o Programa de Integração Social – PIS de outubro de 1995 a fevereiro de 1996 (fls. 01 a 03). Referida solicitação foi indeferida, inicialmente, através do r. Despacho Decisório de fls. 18 a 20, tendo sido apontado como razão de decidir o transcurso do prazo previsto no artigo 168, inciso I, do CTN. A ementa do v. acórdão ora recorrido é a seguinte: NORMAS PROCESSUAIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final é o dia em que se completa o qüinqüênio legal, contado a partir daquela data. Recurso negado. Irresignado, o contribuinte interpôs o recurso voluntário, colacionado arestos paradigmas e reiterando os termos da sua impugnação. É o relatório. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 10120.005197/200150 Acórdão n.º 9303001.789 CSRFT3 Fl. 101 3 Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. No tocante ao prazo para restituição de indébito, é de se destacar, inicialmente, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados “recursos repetitivos”. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando Fl. 109DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 4 lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: "Denominamse leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas. {nota: A questão da caracterização da lei interpretativa tem sido objeto de não pequenas divergências, na doutrina. Há a corrente que exige uma declaração expressa do próprio legislador (ou do órgão de que emana a norma interpretativa), afirmando ter a lei (ou a norma jurídica, que não se apresente como lei) caráter interpretativo. Tal é o entendimento da AFFOLTER (Das intertemporale Recht, vol. 22, System des deutschen bürgerlichen Uebergangsrechts, 1903, pág. 185), julgando necessária uma Auslegungsklausel, ao qual GABBA, que cita, nesse sentido, decisão de tribunal de Parma, (...) Compreensão também de VESCOVI (Intorno alla misura dello stipendio dovuto alle maestre insegnanti nelle scuole elementari maschili, in Giurisprudenza italiana, 1904, I, I, cols. 1191, 1204) e a que adere DUGUIT, para quem nunca se deve presumir ter a lei caráter interpretativo "os tribunais não podem reconhecer esse caráter a uma disposição legal, senão nos casos em que o legislador lho atribua expressamente" (Traité de droit constitutionnel, 3a ed., vol. 2o, 1928, pág. 280). Com o mesmo ponto de vista, o jurista pátrio PAULO DE LACERDA concede, entretanto, que seria exagero exigir que a declaração seja inseri da no corpo da própria lei não vendo motivo para desprezála se lançada no preâmbulo, ou feita noutra lei. Encarada a questão, do ponto de vista da lei interpretativa por determinação legal, outra indagação, que se apresenta, é saber se, manifestada a explícita declaração do legislador, dando caráter interpretativo, à lei, esta se deve reputar, por isso, interpretativa, sem possibilidade de análise, por ver se reúne requisitos intrínsecos, autorizando uma tal consideração. (...) ... SAVIGNY coloca a questão nos seus precisos termos, ensinando: "tratase unicamente de saber se o legislador fez, ou quis fazer uma lei interpretativa, e, não, se na opinião do juiz essa interpretação está conforme com a verdade" (System des heutigen romischen Rechts, vol. 8o, 1849, pág. 513). Mas, não é possível dar coerência a coisas, que são de si incoerentes, não se consegue conciliar o que é inconciliável. E, desde que a chamada interpretação autêntica é realmente incompatível com o conceito, com os requisitos da verdadeira interpretação (v., supra, a nota 55 ao n° 67), não admira que se procurem torcer as conseqüências inevitáveis, fatais de tese forçada, evitandose lhes os perigos. Compreendese, pois, que muitos autores não aceitem o rigor dos efeitos da imprópria interpretação. Há quem, como GABBA (Teoria delta retroattività delle leggi, 3a ed., vol. 1o, 1891, pág. 29), que invoca MAILHER DE CHASSAT (Traité de la rétroactivité des lois, vol. 1o, 1845, págs. 131 e 154), sendo seguido por LANDUCCI (Trattato storicoteorico pratico di diritto civile francese ed italiano, versione ampliata del Corso di diritto civile francese, secondo il metodo dello Zachariæ, di Aubry e Rau, vol. 1o e único, 1900, pág. 675) e DEGNI (L'interpretazione della legge, 2a ed., 1909, pág. 101), entenda que é de distinguir quando uma lei é declarada interpretativa, mas encerra, ao lado de artigos que apenas esclarecem, outros introduzido novidade, ou modificando Fl. 110DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 10120.005197/200150 Acórdão n.º 9303001.789 CSRFT3 Fl. 102 5 dispositivos da lei interpretada. PAULO DE LACERDA (loc. cit.) reconhece ao juiz competência para verificar se a lei é, na verdade, interpretativa, mas somente quando ela própria afirme que o é. LANDUCCI (nota 7 à pág. 674 do vol. cit.) é de prudência manifesta: "Se o legislador declarou interpretativa uma lei, devese, certo, negar tal caráter somente em casos extremos, quando seja absurdo ligála com a lei interpretada, quando nem mesmo se possa considerar a mais errada interpretação imaginável. A lei interpretativa, pois, permanece tal, ainda que errônea, mas, se de modo insuperável, que suplante a mais aguda conciliação, contrastar com a lei interpretada, desmente a própria declaração legislativa." Ademais, a doutrina do tema é pacífica no sentido de que: "Pouco importa que o legislador, para cobrir o atentado ao direito, que comete, dê à sua lei o caráter interpretativo. É um ato de hipocrisia, que não pode cobrir uma violação flagrante do direito" (Traité de droit constitutionnel, 3ª ed., vol. 2º, 1928, págs. 274275)." (Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho, in A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, Vol. I, 3a ed., págs. 294 a 296). 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que Fl. 111DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 6 ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça a chamada tese dos “cinco mais cinco”. O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62 A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.} Fl. 112DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 10120.005197/200150 Acórdão n.º 9303001.789 CSRFT3 Fl. 103 7 § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos e destaques nossos) Verificase, assim, que a referida decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, aplicandose a tese dos “cinco mais cinco”, e verificando se que o indébito é referente aos meses de outubro de 1995 a fevereiro de 1996, depreendese que o termo final para a formulação do pedido de restituição seria em 2005 e 2006, respectivamente. Como o pedido de restituição ora em apreço foi apresentado em 21/10/2001, considerando a tese dos “cinco mais cinco”, ele afigurase tempestivo. Por conseguinte, em face de todo o exposto, e com arrimo no artigo 62A do RICARF, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial a fim de que o para que o r. despacho decisório, mantido pela r. decisão ora recorrida, seja tornado sem efeito para que outro seja proferido, devendo o pedido de restituição ser analisado na sua plenitude, considerandose o respectivo pleito tempestivo. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 113DF CARF MF Impresso em 05/11/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/06/2013 por CLEIDE LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por OTA CILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 08/10/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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Numero do processo: 13974.000126/2003-70
Turma: Quarta Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Sep 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
IPI - RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO - CRÉDITO PRESUMIDO - DIREITO AO RESSARCIMENTO NÃO RECONHECIDO EM PROCESSO ANTECEDENTE COMPENSAÇÃO IMPOSSIBILIDADE..
Ante a inexistência, iliquidez e incerteza do valor do suposto crédito ressarciendo de IPI, já proclamada por decisão no processo administrativo de ressarcimento, inexiste o direito à sua compensação com débitos (vencidos ou vincendos), donde decorre que estes últimos devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7º e 8º do art. 74 da Lei nº 9430/96 (na redação dada pela Lei nº 10.833/03)
Não se justifica, a reforma da r. decisão recorrida, se tanto na fase instrutória, como na fase recursal, a Recorrente não apresentou nenhuma evidencia concreta e suficiente para descaracterizar a motivação invocada pela d. Fiscalização, para o indeferimento do direito creditório.
Numero da decisão: 3402-002.119
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
Presidente Substituto
FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA
Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo DEça (Relator), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Moraes Pereira (Substituto), João Carlos Cassuli Júnior, Leonardo Mussi da Silva (Suplente).
Nome do relator: FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 IPI - RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO - CRÉDITO PRESUMIDO - DIREITO AO RESSARCIMENTO NÃO RECONHECIDO EM PROCESSO ANTECEDENTE COMPENSAÇÃO IMPOSSIBILIDADE.. Ante a inexistência, iliquidez e incerteza do valor do suposto crédito ressarciendo de IPI, já proclamada por decisão no processo administrativo de ressarcimento, inexiste o direito à sua compensação com débitos (vencidos ou vincendos), donde decorre que estes últimos devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7º e 8º do art. 74 da Lei nº 9430/96 (na redação dada pela Lei nº 10.833/03) Não se justifica, a reforma da r. decisão recorrida, se tanto na fase instrutória, como na fase recursal, a Recorrente não apresentou nenhuma evidencia concreta e suficiente para descaracterizar a motivação invocada pela d. Fiscalização, para o indeferimento do direito creditório.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente Substituto FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo DEça (Relator), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Moraes Pereira (Substituto), João Carlos Cassuli Júnior, Leonardo Mussi da Silva (Suplente).
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Ante a inexistência, iliquidez e incerteza do valor do suposto crédito ressarciendo de IPI, já proclamada por decisão no processo administrativo de ressarcimento, inexiste o direito à sua compensação com débitos (vencidos ou vincendos), donde decorre que estes últimos devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7º e 8º do art. 74 da Lei nº 9430/96 (na redação dada pela Lei nº 10.833/03) Não se justifica, a reforma da r. decisão recorrida, se tanto na fase instrutória, como na fase recursal, a Recorrente não apresentou nenhuma evidencia concreta e suficiente para descaracterizar a motivação invocada pela d. Fiscalização, para o indeferimento do direito creditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente Substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 4. 00 01 26 /2 00 3- 70 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 2 FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Fernando Luiz da Gama Lobo D’Eça (Relator), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Moraes Pereira (Substituto), João Carlos Cassuli Júnior, Leonardo Mussi da Silva (Suplente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 45/64) contra o Acórdão DRJ/RPO nº 1416.127 de 21/06/07 constante de fls. 42/47 exarado pela 2ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto SP que, por unanimidade de votos, houve por bem “indeferir” a Manifestação de Inconformidade de fls. 15/30, mantendo o Despacho Decisório da SAORT da DRF de Joinvile SC (fls. 09/10) que à vista do Despacho decisório proferido no Processo nº 13974.00122/200391, deixou de homologar a declaração de compensação que visava compensar débitos de PIS no período de apuração de 01 a 12 de 2000, com supostos créditos presumidos de IPI ressarciendos referentes ao ano calendário de 2002. Por seu turno, a r. decisão de fls. 42/47 da 2ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto SP, houve por bem “indeferir” a Manifestação de Inconformidade de fls. 15/30, mantendo o Despacho Decisório da SAORT da DRF de Joinvile SC (fls. 09/10), aos fundamentos sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 DCOMP. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. Os valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas nãocontribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não integram o cálculo do crédito presumido por falta de previsão legal. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NT. Inexiste previsão legal para a inclusão de exportações de produtos NT, quanto à quantificação da receita de exportação para a determinação da base de cálculo do crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS. Na apuração da receita de exportação não devem ser incluídas as vendas para o exterior de produtos adquiridos de terceiros, que não tenham sofrido qualquer processo de industrialização. Solicitação Indeferida” Fl. 162DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 3 3 Nas razões de Recurso Voluntário (45/64) oportunamente apresentadas, a ora Recorrente sustenta a insubsistência da r. decisão recorrida tendo em vista que: a) que os referidos créditos ressarciendos de IPI seriam legítimos conforme reconhecido nas decisões do Poder Judiciário que cita. Submetido o recurso a julgamento, em sessão de 04/06/2009, através da Resolução nº 220200.035 (fls. 95/98) a C. 2ª Turma ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF, acolhendo proposta da ínclita Presidente e Relatora (Cons. Nayra Bastos Manatta), por unanimidade de votos converteu o julgamento em diligência, para que fossem tomadas as seguintes providências: a) anexar copia da decisão final proferida na esfera administrativa do processo n" 13974.000122/200391; b) verificar, diante da decisão final proferida naquele processo, se o credito porventura concedido naquele processo é capaz de fazer frente aos débitos constantes deste processo e objeto de compensação; c) elaborar demonstrativo de calculo, se for o caso de haver sido concedido algum direito creditório no processo acima mencionado; d) elaborar parecer conclusivo, anexando os documentos que se fizerem necessários para o deslinde da questão; e) dos resultados das averiguações, seja dado conhecimento ao sujeito passivo, para que, em querendo, manifestese sobre o mesmo no prazo de 30 (trinta) dias; f) após conclusão da diligência, retornassem os autos a esta Câmara, para julgamento. No atendimento à diligência solicitada, a SAORT da DRF de Joinvile – SC (constante de arquivo em PDF sem numeração de páginas do processo físico) certifica que: “Versa o presente processo sobre declaração de compensação, protocolada pelo contribuinte acima identificado na data de 29/04/2003 (fls. 03/05), por meio da qual informou a utilização de parte do crédito detalhado em pedido de ressarcimento anterior referente a credito presumido de IPI, pleiteado sob o processo nº 13974.000122/200391, no valor de R$ 11.709.724,94 na compensação de débitos de PIS (código 8109), períodos de apuração 01/2000, 02/2000 e 07/2000 a 12/2000, que perfazem, em valores originários, o montante de R$ 280.725,80. Após passar pelas instâncias administrativas de julgamento, o processo em questão aportou na Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a qual, através da Resolução n° 220200.035 Câmara/2ª Turma Ordinária, de 04 de junho de 2009 (tis. 99/102), por unanimidade de votos, converteu o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da Relatara, que a seguir transcrevese: "RELATÓRIO Trata o presente processo de declaração de compensação dos débitos confessados às fls. 01 com direito creditório que adviria do ressarcimento do crédito presumido do IPI pleiteado no processo n° 13974.000122/200391. A DRF de origem não homologou as compensações tendo em vista que o crédito pleiteado no processo acima mencionada foi indeferido pois foram glosadas naquele processo. as aquisições de pessoa física não contribuintes do PIS/PASEP e da Cofins, Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 4 bem como exportação de produtos não tributados ou adquiridos de terceiros. A contribuinte interpôs manifestação de inconformidade alegando em síntese: o processo nº 13974.000122/200391 ainda estava em discussão no contencioso administrativo razão pela qual o presente processo deveria ser juntado àquele: são ilegais as restrições feitas através de instruções normativos relativas às aquisições de insuetos de pessoa física e cooperativas: o crédito presumido é devido na exportação de mercadorias e não apenas de produtos industrializados, cindiume conceito dado pela Lei n° 9363/96 que instituiu o benefício: requer homologação das DCOMPs apresentadas. A DRJ indeferiu a solicitação, sob os argumentos de que o processo de ressarcimento foi julgado de maneira desfavorável ao contribuinte pela Quarta do Segundo Conselho de Contribuintes: é indevida a inclusão no cálculo do crédito presumido de IPI de aquisições de pessoa física, bem como que existe previsão legal para inclusão no cálculo do beneficio de exportação de produtos NT ou adquiridos de terceiros que não tenham sofrido qualquer industrialização. Cientificada a contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em síntese. as mesmas razões da inicial, acrescendo ainda as características da empresa que a colocam como “industrializadora” pois o fato dos produtos por ela fabricados serem NT na TIPI não significa que não sejam industrializados. mas sim que estes produtos não sofrem a incidência do IPI, e. mais ainda, a recorrente realiza beneficiamento dos produtos. 0 julgamento do recurso foi convertido em diligência para que fosse: Informado qual a situação do processo n" 13974.000122/2003 91 (se houve interposição de recurso especial. se este já foi definitivamente julgado esfera administrativa, e, se ()foi, anexar cópia da decisão final): Verificado diante da decisão final proferida naquele processo, se o crédito porventura concedido naquele processo é capaz de fizer frente aos débitos constantes deste processo e objeto de compensação: Elaborado demonstrativo de cálculo se for o caso de haver sido concedido algum direito creditório no processo acima mencionado: Elaborado parecer conclusivo, anexando os documentos que se fizerem necessários para o deslinde da questão. Em resposta à diligência proposta a autoridade fiscal informou que o processo acima mencionado encontrase no Conselho de Fl. 164DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 4 5 Contribuintes aguardando julgamento do recurso especial interposto. Cientificada do teor da diligência proposta a contribuinte solicita que se aguarde o julgamento definitivo, na esfera administrativa, do processo no qual se discute o direito creditório sob pena de decisões conflitantes. VOTO O recurso interposto encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. O processo versa sobre a não homologação de compensações dos débitos confessados à fls. 01 com direito creditório que pleiteado através do processo no 13974.000122/200391, relativo a ressarcimento do crédito presumido do IPI. O motivo da não homologação das compensações foi exatamente o fato de o direito creditório pleiteado no citado processo de ressarcimento haver sido indeferido. Ou seja, o motivo para que as compensações pleiteadas não fossem homologadas é a inexistência do direito creditório a fizer frente aos débitos. Por sua vez, o direito creditório em si é objeto de outro processo administrativo o de n° 13974.00012212003 91. Naquele processo é que se vai discutir o direito creditório. se for mantida a negação do direito creditório as compensações neste processo pleiteadas não podem ser homologadas. por outro lado, se o direito creditório for deferido à recorrente, as compensações aqui pleiteadas hão de ser homologadas até o limite do direito creditório reconhecido naquele processo, razão pela qual a sorte deste processo está intimamente ligada à sorte daquele outro. Restou confirmado que foi interposto recurso especial no processo de ressarcimento contra decisão proferida pela Quarta Câmara deste Segundo Conselho de Contribuintes que, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário interposto, ou seja, ainda não há decisão definitiva na esfera administrativa sobre o direito creditório usado nas compensações. Desta forma, diante dos fatos. e com esteio no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, somos pela transformação do presente voto em diligência. para que sejam tomadas as seguintes providências: Anexar cópia da decisão final proferida na esfera administrativa do processo nº 13974.0001227200391: Verificar. diante da decisão final proferida naquele processo se o crédito porventura concedido naquele processo é capaz de fazer frente aos débitos constantes deste processo e objeto de compensação: Fl. 165DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 6 Elaborar demonstrativo de cálculo, se for o caso de haver sido concedido algum direito creditório no processo acima mencionado: Elaborar parecer conclusivo. anexando os documentos que se fizerem necessários parar o deslinde da questão. Dos resultados das averiguações, seja dado conhecimento ao sujeito passivo, para que, em querendo. manifestese sobre o mesmo no prazo de 30 (trinta) dias. Após conclusão da diligência. retornem os autos a esta Câmara, para julgamento". É o relatório. Preliminarmente, cumpre esclarecer que, além do presente processo, foram enviados em diligência a esta SAORT outros três processos, todos na mesma situação, a saber: 13974.000124/200325, 13974.000125/200370 e 13974.000127/200314. Observase que, em atendimento à primeira das providências a serem tomadas consoante a diligência acima transcrita, a ARF/Mafra anexou ao processo os principais provimentos concernentes ao processo n" 13974.0001221200391, sendo de se destacar, relativamente a decisão final proferida, o acórdão n" 930300.682 (fls. 125/132) e o despacho n" 9303103 (fls, 134/135), ambos do CARF. À vista do acórdão n' 930300.682, da 3ª Turma do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de 02 de fevereiro de 2010 (fls. 125/132), constatase que o recurso especial do contribuinte restou provido, por maioria de votos, conforme se extrai de sua ementa e relatório, a seguir parcialmente transcrito: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2007 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE NÃO CONTRIBUINTES O incentivo corresponde a um crédito que é presumido, cujo valor deflui de fórmula estabelecida pela lei, a qual considera que é possível ter havido sucessivas incidências das duas contribuições, mas que. por se tratar de presunção “juris et de jure”: não exige nem admite prova ou contraprova de incidências ou não incidências, seja pelo Fisco, seja pelo contribuinte. Os valores correspondentes às aquisições de matériasprimas. produtos intermediários e material de embalagem de não contribuintes do PIS e da Cofins (pessoas físicas e cooperativas) podem compor a base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei n"9.363/96. Não cabe ao intérprete Jazer distinção nos casos em que a lei não o fez. Recurso Especial do Contribuinte Provido. [...] Fl. 166DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 5 7 Tratase de pedido de ressarcimento de crédito presumido do IPI a que se refere a Lei nº 9.363/1996. A matéria devolvida a este Colegiado cingese à questão da inclusão ou não na base de cálculo do crédito presumido dos valores pertinentes às aquisições de não contribuintes. O julgamento deste recurso tem como paradigma o Recurso nº 222.766. julgado na sessão imediatamente anterior a esta, sendolhe aplicada a mesma tese daquele julgado, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256. de 22 de junho de 2009. Este voto segue as disposições do § in fine., do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARI: aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Para tanto, resguardando o entendimento pessoal, adoto a tese do julgamento do Recurso nº 222.766. 'Aquisições de não contribuintes Tratase de análise de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte, no qual foi dado seguimento para análise da glosa de insumos que supostamente não tiveram incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins (pessoas físicas e cooperativas:. A controvérsia limitase à incidência do art. 1º da Lei nº 9.363, de 16/12/96, imposta pela Instrução Normativa SRF nº 23, de 13/03/1997, que reconhece o direito apenas para aquisições de pessoas jurídicas e pela Instrução Normativa SRF nº 103, de 30/12/1997, que excluem as cooperativas de produção. Em ambos os casos, o fundamento é o mesmo: o benefício do crédito presumido do IPI, para ressarcimento de PIS/PASEP e COFINS, somente será cabível quando nas aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem pelo produtor exportador houver incidência dessas contribuições sociais. [...] Muito embora o assunto já se encontre pacificado no âmbito desta E. Câmara Superior, conforme jurisprudência trazido pela interessada, não pela unanimidade de votos. Pertinente são as conclusões do respeitável doutrinador Ricardo Mariz de Oliveira em trabalho divulgado em 2000, quando o assunto era ainda polêmico. Para melhor clareza, peço vênia para reproduzir as suas conclusões como se minhas fossem: VII CONCLUSÃO: AS AQUISIÇÕES NÃO TRIBUTADAS INTEGRAM O CÁLCULO DO INCENTIVO, SENDO ILEGAIS AS INSTRUÇÕES NORMATIVAS FAZENDÁRIAS EM CONTRÁRIO De tudo se conclui que as aquisições de insumos que não tenham sofrido a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS também integram a determinação da base de cálculo do credito presumido a que alude a Lei nº. 9363. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 8 Isto porque, e em síntese: a expressão legal “Contribuições incidentes” não pode ser vinculada a cada operação de aquisição de insumos, pois tal vinculação não faz qualquer sentido lógico, além de impor condição a incidência sobre cada aquisição, isoladamente considerada de realização impossível, porque as contribuições não incidem na base de 5,37%, que é a porcentagem para cálculo do crédito presumido segundo a respectiva fórmula legal: seja pela literalidade da norma do art. 1º da Lei n. 9363, seja por sua consideração em conjunto com os demais dispositivos dessa mesma lei, especialmente com os que estatuem a fórmula de cálculo do crédito presumido. verificase que o alusão ao ressarcimento das contribuições incidentes somente pode ser referida a todas as incidências que possivelmente tenham ocorrido em qualquer anterior etapa do ciclo econômico do produto exportado e dos seus insumos; o incentivo corresponde a um crédito que é presumido, cujo valor deflui de fórmula estabelecida pela lei, a qual considera que é possível ter havido sucessivas incidências das duas contribuições, mas que, por se tratar de presunção 'juris et de jure', não exige nem admite prova ou contraprova de incidências ou não incidências, seja pelo fisco, seja pelo contribuinte; a fórmula legal de cálculo do incentivo manda considerar o valor total das aquisições de insumos, sem distinção entre as tributárias e as não tributadas; o crédito presumido é uma subvenção que Visa incrementar as exportações brasileiras, e não se confunde com restituição de contribuições, não havendo, assim, razão para exigir a incidência de contribuições para que uma aquisição de insumos seja integrada ao respectivo cálculo: o ressarcimento do crédito presumido em moeda corrente, é uma forma alternativa de pagamento da subvenção, sendo que ressarcimento significa provimento do incentivo em cobertura de parte das despesas de custeio, e não restituição de contribuições, também por isto sendo irrelevante ter ou não ter havido incidência sobre cada aquisição de instintos, isoladamente considerada; a prova da incidência e dos recolhimentos sobre cada aquisição de insumos era exigida pela legislação anterior, mas foi tacitamente revogada não podendo, pois, ser feita na vigência da nova lei, revogadora da anterior: o ressarcimento, por ser presumido e estimado na forma da lei, é referente às possíveis incidências das contribuições em todos as etapas anteriores à aquisição dos insumos e à exportação, os quais integram o custo do produto exportado; tudo isto é confirmado pelas regras de hermenêutica, que excluem interpretação pela literalidade da norma legal e a consideração de apenas um dispositivo isolado das demais normas da mesma lei e do ordenamento jurídico, que exigem Fl. 168DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 6 9 resultado derivado da interpretação que seja coerente com os objetivos da lei, que excluem resultado ilógico e de realização impossível, e que requerem o emprego de todos os métodos de exegese, notadamente o sistemático, o teleológico e o histórico; não obstante, mesmo a letra da lei comporta perfeitamente a interpretação no sentido de que não é necessária a incidência sobre a aquisição de insumos propriamente dita, referindose antes, às possíveis incidências em quaisquer outras operações que tenham onerado as aquisições dos insumos e o custo do produto exportado. Em vista disso tudo, concluise de modo inarredável que carecem de base legal o parágrafo 2º do art. 2º da Instrução Normativa nº 23/97 (que limita o crédito às aquisições feitas à pessoas jurídicas e que tenham sido tributadas) e o ali. 2° da Instrução Normativas SRF nº 103/97 (que exclui as aquisições, feitas ás cooperativas). Na verdade, o crédito presumido de IPI, por ser presumido, independe do valor que efetivamente tenha sido recolhido a título daquelas contribuições sobre as diversas fases de elaboração do produto vendido. Mesmo o inexpressivo pagamento de PIS/Pasep e Cofins em etapas anteriores não obstaria o direito ao crédito. Isto porque a lei, ao estabelecer a base de cálculo e o percentual, criou uma presunção absoluta juris et de jure. A dimensão mal da cadeia produtiva é irrelevante para O cálculo do beneficio. Por fim, noticiase que a jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, consolidada em suas duas turmas de direito público, reconhece o direito do interessado. [...]. Nos termos do voto paradigma transcrito linhas acima, dáse provimento ao recurso. Às fls. 134/135, foi anexada cópia do despacho nº 9303103, de 10 de maio de 2011, por intermédio do qual a ª Turma do CARF rejeitou os embargos de declaração interpostos pelo interessado, nos seguintes termos: "Tratase de embargos de declaração interposto pelo sujeito passivo, tempestivamente, contra o Acórdão 9303.00682. que deu provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. [...] A leitura da emento transcrita. bem como do inteiro teor do acórdão embargado (fls. 551/554) permite concluir que apenas essa matéria (aquisições de não contribuintes) foi levada à apreciação da instância superior. E isso em decorrência de o recurso especial interposto pelo contribuinte, fls. 475/489, ter se restringido a levantar a divergência jurisprudencial quanto a essa matéria (aquisições de não contribuintes). exclusivamente. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 10 Ocorreu, no caso que a decisão de segunda instância não analisou a questão atinente ao direito ao crédito presumido sobre exportação de produtos N/T por entender ter restado prejudicada essa análise. Todavia, a contribuinte não apresentou embargos contra a decisão da turma a quo (acórdão 20400,408fls. 464/470), tendo a mesma tornadose definitiva quanto a essa questão. E, como a decisão da DRJ havia negado o direito ao beneficio, por tratar o caso de exportação de produto N/T, essa foi a decisão que restou aplicável, Assim, não há como concordar com a embargaste quando alega ter ocorrido obscuridade e omissão na decisão ora embargada (acórdão proferido pela terceira turma da CSRF fls. 551/554). O acórdão embargado é claro e analisou, sem qualquer contradição, a única matéria que foi objeto do recurso especial interposto pela contribuinte. Ainda que se entenda que tenha ocorrido um erro no julgamento que terminou implicando em prejuízo para a contribuinte, tal erro ocorreu na decisão de segunda instância, que deixou de decidir sobre a questão relativa à exportação de produtos N/T. Entretanto, não há conto. em sede de embargos contra decisão proferido pela instância superior reparar equívocos cometidos em decisão de turma a quo. Com essas considerações, rejeito os embargos de declaração interpostos pelo sujeito passivo, por ausência de omissão, obscuridade ou contradição na decisão embargado". Cumpre ainda observar que, no intervalo entre as duas decisões acima transcritas – definitivas no âmbito do processo nº 13974.000122/200391 emitidas nas datas de 02/02/2010 e 10/05/2011, respectivamente, esta SAORT produziu, neste mesmo processo. cm 06/12/2010, a Informação Fiscal que se reproduz (anexada às fls. 559/560 do processo nº 13974.000122/200391): "A pessoa jurídica, em epígrafe, apresentou Pedido de Ressarcimento referente a créditos de IPI apurados ao longo do anocalendário de 2002, com fundamento na Lei nº 10.276/01. no montante de RS 11.709,724,94. Conforme Despacho Decisório de fls. 392395, houve o indeferimento total do pleito em virtude basicamente de não haver instintos para composição da base de cálculo do crédito presumido do IPI, bem como de não haver receita de exportação que atenda aos critérios estabelecidos na legislação para concessão do benefício. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, fls. 400416, insurgindose contra tal decisão. Por seu turno. a DRJ Porto Alegre prolatou o Acórdão nº 4.5402004, fls. 429437, indeferindo por completo o recurso interposto pelo contribuinte, cuja ementa in verbis: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados Período de Apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 7 11 Ementa: CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. I – PRODUTOS N/T. A exportação de produtos NT não gera direito ao crédito presumido do IPI, instituído para ressarcimento do PIS/Pasep e da Cofins . II – AQUISIÇÕES DE MATÉRIASPRIMAS DE PESSOAS FÍSICAS. O valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas, não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não se computa no cálculo do crédito presumido. Solicitação Indeferida. Diante disso. o contribuinte intetpôs o recurso voluntário de fls. 441460. No Acórdão nº 20400.408. fls. 464470, a 4ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes negou provimento ao recurso no que tange às aquisições de pessoas físicas. No entanto, entendeu como prejudicado o recurso no que tange aos produtos Não Tributados. e. por óbvio, não proveu o recurso nesta parte. Mais uma vez o contribuinte insurgiuse. apresentando o recurso especial de fls. 475489. A Câmara Superior de Recursos Fiscais prolatou o Acórdão nº 930300.682 3ª turma, fls. 551554. provendo o recurso especial em questão. Contudo. só garantiu ao contribuinte o direito de que as aquisições de não contribuintes do PIS e da Cofins compunham o base de cálculo do crédito presumido do IPI. Dessa feita, não obstante o contribuinte ter por provido seu recurso com relação às aquisições de pessoas físicas, não há decisão em seu favor no que atine às exportações de produtos não tributados. Com isso, NÃO HÁ DIREITO CREDITÓRIO A SER RECONHECIDO, uma vez que não há receitas de exportações a serem consideradas para a apuração do crédito presumido do IPI, uma vez que, como se apurou quando da análise fiscal que subsidiou o Despacho Decisório de fls. 392395, o contribuinte só exportou produtos NT. Ante o exposto, e tendo em vista a legislação pertinente. dêse continuidade aos procedimentos de cobrança alusivos às declarações de compensação da empresa em epígrafe. Em razão disso, os débitos em aberto no âmbito do processo n° 13974.0001221200391 foram encaminhados para inscrição cm divida ativa, a qual foi formalizada, em setembro de 2012, através das inscrições 91 2 12002 19870 e 91 6 12006 84121. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA 12 Assim sendo, é de se concluir pela inexistência de direito creditório a ser empregado nas compensações declaradas pelo contribuinte no âmbito do presente processo. Face ao disposto na Resolução nº 220200.035, da 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária do CARF, cientifiquese o contribuinte do presente despacho, para, "em querendo, manifestarse sobre o mesmo no prazo de 30 (trinta) dias. Findo este prazo, com ou sem resposta, retornem os autos à 2ª Câmara/ 2ª Turma Ordinária da 2ª Seção de Julgamento do CARF, para prosseguimento. Joinville, 25 de janeiro de 2013. assinatura digital Heloisa Beer Goldgaber AuditoraFiscal da RF13 Matr. 68.645” Através de r. Despacho de encaminhamento a d. Fiscalização certifica que “Devolvemos o presente processo ao CARF/MFDF, tendo em vista a diligência efetuada as folhas 138 a 147. Informamos que o interessado não se manifestou quanto a diligência.” É o relatório. Voto Conselheiro FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA, Relator O recurso reúne as condições de admissibilidade mas, no mérito não merece provimento. Realmente, a diligência solicitada, não contraditada pela ora Recorrente certifica que: “A Câmara Superior de Recursos Fiscais prolatou o Acórdão nº 930300.682 3ª turma, fls. 551554. provendo o recurso especial em questão. Contudo. só garantiu ao contribuinte o direito de que as aquisições de não contribuintes do PIS e da Cofins compunham o base de cálculo do crédito presumido do IPI. Dessa feita, não obstante o contribuinte ter por provido seu recurso com relação às aquisições de pessoas físicas, não há decisão em seu favor no que atine às exportações de produtos não tributados. Com isso, NÃO HÁ DIREITO CREDITÓRIO A SER RECONHECIDO, uma vez que não há receitas de exportações a serem consideradas para a apuração do crédito presumido do IPI, uma vez que, como se apurou quando da análise fiscal que Fl. 172DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA Processo nº 13974.000126/200370 Acórdão n.º 3402000.119 S3C4T2 Fl. 8 13 subsidiou o Despacho Decisório de fls. 392395, o contribuinte só exportou produtos NT. Ante o exposto, e tendo em vista a legislação pertinente. dêse continuidade aos procedimentos de cobrança alusivos às declarações de compensação da empresa em epígrafe. Em razão disso, os débitos em aberto no âmbito do processo n° 13974.0001221200391 foram encaminhados para inscrição cm divida ativa, a qual foi formalizada, em setembro de 2012, através das inscrições 91 2 12002 19870 e 91 6 12006 84121. Assim sendo, é de se concluir pela inexistência de direito creditório a ser empregado nas compensações declaradas pelo contribuinte no âmbito do presente processo”. Diante da inexistência, iliquidez e incerteza do valor do suposto crédito ressarciendo de IPI, já proclamada por decisão definitiva no processo administrativo de ressarcimento, inexiste o direito à sua compensação com débitos (vencidos ou vincendos), donde decorre que estes últimos devem ser cobrados através do procedimento previsto nos §§ 7º e 8º do art. 74 da Lei nº 9430/96 (na redação dada pela Lei nº 10.833/03) Assim não se justifica, a reforma da r. decisão recorrida, se tanto na fase instrutória, como na fase recursal, a Recorrente não apresentou nenhuma evidencia concreta e suficiente para descaracterizar a motivação invocada pela d. Fiscalização, para o indeferimento do direito creditório. Isto posto voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso, mantendo a r. decisão recorrida. É como voto. Sala das Sessões, em 23 de julho de 2013 FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Fl. 173DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 28/08/2013 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001868/00-06
Turma: Quarta Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Thu Jun 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995
PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final é o dia em que se completa o quinquênio legal, contado a partir daquela data.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-000.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, em: I) por unanimidade de votos, em negar provimento quanto à preliminar de não conhecimento do recurso especial suscitada durante a sustentação oral pelo advogado do sujeito passivo, Dr. Daniel Maya, OAB/SP nº 163.223; e II) quanto ao mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann, que negavam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: Relator
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995 PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final é o dia em que se completa o quinquênio legal, contado a partir daquela data. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, em: I) por unanimidade de votos, em negar provimento quanto à preliminar de não conhecimento do recurso especial suscitada durante a sustentação oral pelo advogado do sujeito passivo, Dr. Daniel Maya, OAB/SP nº 163.223; e II) quanto ao mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López e Susy Gomes Hoffmann, que negavam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 18 68 /0 0- 06 Fl. 488DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 489 2 Relatório Tratase de pedido de Restituição/Compensação de indébitos pertinentes a tributo supostamente pago a maior que o devido. A questão que se apresenta a debate cingese ao termo inicial para o sujeito passivo postular a repetição do alegado indébito. O julgamento deste recurso tem como paradigma o do Recursos nº 227.494, julgados na sessão imediatamente anterior a esta, sendolhe aplicada a mesma tese daquele julgado, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Em apertada síntese, este é o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O recurso merece ser conhecido por ser tempestivo e atender aos pressupostos de admissibilidade previstos no Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ao contrário do alegado pelo patrono da interessada, durante a sustentação oral, a recorrente apontou os dispositivos legais que teriam sido violados no acórdão recorrido. A teor do relatado, a questão devolvida a este Colegiado cingese a do termo inicial do prazo extintivo para repetição de indébito de tributos pagos a maior do que o devido. Nos termos do § 2º, in fine, do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, adoto a tese do julgamento do Recurso nº 227.494, paradigma para o caso em discussão. A Câmara recorrida afastou a prescrição e determinou o retorno dos autos ao órgão julgador de primeira instância para que fossem julgadas as demais questões de mérito. O representante da Fazenda Nacional pede o restabelecimento da decisão de primeira instância, por entender que o termo de início da contagem da prescrição para repetição de indébito é a extinção do crédito pelo pagamento, nos termos do art. 168, inc. I, do CTN. De imediato, passemos à controvérsia sobre a prescrição do direito pleiteado. Antes, porém, devo registrar que na elaboração deste voto, socorrime dos conhecimentos do Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, a quem, desde já agradeço pelos relevantes argumentos sobre a matéria, e peço licença para mais adiante, transcrever excerto do voto por ele Fl. 489DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 490 3 proferido no julgamento do Recurso Voluntário nº 133.010, na Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. É de bom alvitre esclarecer que, muito embora existam divergências doutrinárias quanto à natureza do prazo para repetição do indébito – se decadencial ou prescricional – para o deslinde da matéria em apreço, esse questionamento não apresenta qualquer relevância, razão pela qual não será aqui abordado. Até o advento da Lei Complementar nº 118, de 10 de fevereiro de 2005, a maioria esmagadora da doutrina e da jurisprudência de nossos tribunais, abalizadas em posicionamento consolidado no STJ, entendia que o critério correto para se contar o prazo prescricional de repetição de indébito era o da tese dos “cinco mais cinco anos”. Como é de todos sabido, a premissa dessa tese consistia em assumir que a extinção do crédito tributário só se daria quando da homologação do lançamento, fosse ela tácita ou expressa. Como o prazo para homologação é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, no caso da homologação tácita, somente após o decurso dos cinco anos se iniciaria o prazo prescricional para a postulação da restituição do valor indevidamente recolhido. Todavia, essa apascentada jurisprudência foi violentamente atacada com a publicação da Lei Complementar nº 118, em 10 de fevereiro de 2005. Predita lei, além de adaptar o Código Tributário Nacional à nova legislação falimentar, pretendeu reverter esse entendimento sobre a interpretação do inciso I do art. 168 do CTN, para tanto, em seu artigo 3º, assim dispôs: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art 150 da referida Lei. Ora, com esse dispositivo, ressurge no ordenamento jurídico contemporâneo de nosso País a interpretação autêntica. Tal dispositivo recebeu duras críticas da doutrina e, sobretudo, do STJ, que viu o entendimento, até então dominante nessa Corte guardiã da legislação federal, ser alterado por via legislativa direta. O escopo dessa lei era restabelecer o entendimento, que vigia no STF quando a Corte Maior detinha a função de tutor da legislação federal, segundo o qual a contagem do prazo prescricional para repetição de indébito, no caso de lançamento por homologação, se iniciaria a partir da data do pagamento. Apesar das críticas de abalizada doutrina, como por exemplo, Carlos Maximiliano, para quem o mecanismo por meio do qual o Legislador, de forma transversa, pretende substituirse às Fl. 490DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 491 4 funções do Juiz, vige no Supremo Tribunal Federal a concepção de que, em tese, a lei interpretativa é válida, desde que esta seja proveniente da mesma fonte legislativa do ato primitivo interpretado; que tenha a mesma hierarquia jurídica do comando jurídico originário; e que seus efeitos não prejudiquem o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito. A partir dessa lei, a questão, então, passou a ser a data a partir de quando se espraiem os efeitos da interpretação trazida em seu art. 3º. Se prospectiva ou retroativa. Isso porque o STJ e boa parte da doutrina entenderam que a eficácia operavase a partir de junho de 2005, enquanto o art. 4º da lei em comento determinou a aplicação retroativa, nos termos seguintes: Art. 4º. Esta lei entra em vigor em 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. A seu turno, esse dispositivo do CTN tem a seguinte dicção: Art 106. A lei aplicase ao ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; (...) De outro lado, os críticos da Lei Complementar nº 118/2005 alegam que a diretriz interpretativa da novel legislação, na realidade, modificou a força normativa da legislação anterior, ao menos em seu sentido até então, majoritariamente, extraído, por essa razão, a pretensa interpretação nela veiculada há de ser tratada como lei nova, e, como tal, deveria respeitar suas características, inclusive, a dos efeitos prospectivos. Assim, a “interpretação” dada ao art. 168 do CTN pelo art. 3º da novel lei complementar não poderia retroagir para alcançar fatos pretéritos, sob pena de violação dos princípios da não surpresa e da segurança jurídica, já que esse dispositivo legal alterou o entendimento consagrado há mais de uma década pelo STJ. Como arrimo dessas críticas, é comum a citação do julgamento da ADIN 605 MC, da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence, onde o STF decidiu: Se, no entanto, a título de lei interpretativa, a segunda lei extrapola da interpretação, é lei nova, que altera a lei antiga, modificandoa ou adicionandolhe normas inexistentes. E assim há de ser examinada. No âmbito judicial, o Superior Tribunal de Justiça, inicialmente, sem declarar formalmente a inconstitucionalidade do art. 4º dessa lei, decidiu, reiteradamente, por meio de sua 1º Seção, que a Lei Complementar nº 118/2005, no tocante ao art. 3º, somente entraria em vigor, em sua integralidade, à partir do mês de junho de 2005. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 492 5 Contra esse entendimento insurgiuse a Fazenda Nacional, que recorreu ao STF. Acolhido o recurso extraordinário apresentado pela Fazenda Nacional, o pleno da corte maior deu provimento ao RE 482.0901 SP, e determinou que o STJ observasse a reserva de plenário para afastar a aplicação do art. 4º dessa lei complementar. Aqui, peço licença para transcrever excerto do acórdão do STF, por ser emblemático ao deslinde da questão ora submetida a debate. EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ACÓRDÃO QUE AFASTA A INCIDÊNCIA DE NORMA FEDERAL. CAUSA DECIDIDA SOB CRITÉRIOS DIVERSOS ALEGADAMENTE EXTRAÍDOS DA CONSTITUIÇÃO. RESERVA DE PLENÁRIO. ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/2005, ARTS. 3º E 4º. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (LEI 5.172/1966), ART. 106, I. RETROAÇÃO DE NORMA AUTOINTITULADA INTERPRETATIVA. “Reputase declaratório de inconstitucionalidade o acórdão que embora sem o explicitar afasta a incidência da norma ordinária pertinente à lide para decidila sob critérios diversos alegadamente extraídos da Constituição” (RE 240.096, rel. min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ de 21.05.1999). Viola a reserva de Plenário (art. 97 da Constituição) acórdão prolatado por órgão fracionário em que há declaração parcial de inconstitucionalidade, sem amparo em anterior decisão proferida por Órgão Especial ou Plenário. Recurso extraordinário conhecido e provido, para devolver a matéria ao exame do Órgão Fracionário do Superior Tribunal de Justiça. ......................................................................................................... Brasília, 18 de junho de 2008. V O T O O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA (Relator): Inicialmente, enfatizo que a discussão travada neste recurso extraordinário se limita à argüida necessidade de submissão do exame incidental de inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/2005 ao Órgão Especial do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 97 da Constituição. Não se discute neste recurso extraordinário a constitucionalidade da norma que fixou a validade de uma única interpretação para a contagem do prazo prescricional para a restituição do indébito tributário. Registro também que o e. Superior Tribunal de Justiça, em outro recurso especial e após a submissão deste recurso extraordinário ao conhecimento e julgamento do Pleno, resolveu por submeter questão análoga ao respectivo Órgão Fl. 492DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 493 6 Especial, após decisão proferida pelo eminente Ministro Sepúlveda Pertence, nos autos do RE 486.888 {DJ de 31.08.2006). O referido precedente, firmado por ocasião do julgamento da Argüição de Inconstitucionalidade nos Embargos de Divergência no Recurso Especial 644.736 (rel. min. Teori Zavascki, DJ de 27.08.2007), foi assim ementado: “CONSTITUCIONAL.TRIBUTÁRIO.LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO, NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. LC 118/2005: NATUREZA MODIFICATIVA (E NÃO SIMPLESMENTE INTERPRETATIVA) DO SEU ARTIGO 3º. INCONSTITUCIONALIDADE DO SEU ART. 4º, NA PARTE QUE DETERMINA A APLICAÇÃO RETROATIVA. 1.Sobre o tema relacionado com a prescrição da ação de repetição de indébito tributário, a jurisprudência do STJ (1a Seção) é no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo de cinco anos,previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na datado recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação expressa ou tácita do lançamento.Segundo entende o Tribunal, para que o crédito se considere extinto, não basta o pagamento: é indispensável a homologação do lançamento, hipótese de extinção albergada pelo art. 156, VII, do CTN. Assim, somente a partir dessa homologação é que teria início o prazo previsto no art. 168, I. E, não havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo, na verdade, de dez anos a contar do fato gerador. 2.Esse entendimento, embora não tenha a adesão uniforme da doutrina e nem de todos os juizes, é o que legitimamente define o conteúdo e o sentido das normas que disciplinam a matéria, já que se trata do entendimento emanado do órgão do Poder Judiciário que tem a atribuição constitucional de interpretálas. 3.O art. 3º da LC 118/2005, a pretexto de interpretar esses mesmos enunciados, conferiulhes, na verdade, um sentido e um alcance diferente daquele dado pelo Judiciário. Ainda que defensável a f interpretação' dada, não há como negar que a Lei inovou no plano normativo, pois retirou das disposições interpretadas um dos seus sentidos possíveis, justamente aquele tido como correto pelo STJ, intérprete e guardião da legislação federal. 4.Assim, tratandose de preceito normativo modificativo, e não simplesmente interpretativo, o art. 3º da LC 118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência. 5.O artigo 4º, segunda parte, da LC 118/2005, que determina a aplicação retroativa do seu art. 3º, para alcançar inclusive fatos passados, ofende o princípio constitucional da autonomia e independência dos poderes (CF, art. 2º) e o da garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). Fl. 493DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 494 7 6.Argüição de inconstitucionalidade acolhida.” Passo ao exame do recurso. Esta é a redação dada aos arts. 3º e 4o da Lei Complementar 118/2005: “Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado/ quanto ao art. 3, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional.” Por sua vez, o art. 106, I, do Código Tributário Nacional tem a seguinte redação: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;” Discutese no recurso extraordinário se o acórdão recorrido violou a reserva de Plenário para declaração de inconstitucionalidade de lei (art. 97 da Constituição) na medida em que deixou de aplicar retroativamente o art. 3º da LC 118/2005, como determinam o art. 4º da mesma lei e o art. 106, I, do Código Tributário Nacional. Passo a examinar, então, a questão de fundo. Os arts. 3º e 4º da Lei Complementar 118/2 005 objetivam estabelecer, com eficácia retroativa, que a prescrição do direito do contribuinte à restituição do indébito tributário pertinente às exações sujeitas ao lançamento por homologação ocorre em cinco anos contados do pagamento antecipado. Na linha do art. 106, I, do Código Tributário Nacional, interpretado literalmente, a retroatividade de normas meramente interpretativas é irrestrita e, portanto, o disposto no art. 3º da LC 118/2005 também se aplica aos recolhimentos indevidos que se deram antes da publicação da referida lei complementar, independentemente da data de ajuizamento da respectiva ação judicial. Dito de outro modo, o art. 3º e o art. 106, I, do Código tributário Nacional não colocam qualquer limitação ao alcance retroativo da norma que estabelece como o prazo prescricional deverá ser computado. Anteriormente à publicação da LC 118/2005, o Superior Tribunal de Justiça firmara orientação segundo a qual o prazo para restituição do indébito tributário era de cinco anos, contados a partir da homologação do lançamento (art. 156, VII, Fl. 494DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 495 8 do CTN), que poderia ser expressa ou tácita. Como o prazo de que dispõe a autoridade fiscal para homologação é de cinco anos (art. 150, §§ 1º e 4º, do CTN), a prescrição do direito à restituição do indébito tributário poderia chegar a dez anos, contados do momento em que ocorria o fato gerador, se houvesse a homologação tácita do lançamento. O art. 3º da LC 118/2005, em um primeiro exame, busca superar o entendimento e firmar uma única possibilidade interpretativa para a contagem do prazo de prescrição de indébito relativo a tributo sujeito ao lançamento por homologação. (Destaquei). Para afastar a aplicação conjunta dos arts. 3º e 4º da Lei 118/2005 e do art. 106, I, do Código Tributário Nacional, assim limitando a retroação às ações ajuizadas após a entrada em vigência da lei complementar em questão, o acórdão recorrido invocou precedente da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (EREsp 327.043). 0 mencionado precedente, ainda não publicado, apoiase no principio constitucional da segurança jurídica, como se lê no registro feito pelo eminente relator do acórdão recorrido. Ministro Luiz Fux: “O acórdão embargado assentou que a Primeira Seção reconsolidou a jurisprudência desta Corte acerca da cognominada tese dos cinco mais cinco para a definição do termo a quo do prazo prescricional das ações de repetição/compensação de valores indevidamente recolhidos a titulo de tributo sujeito a lançamento por homologação, desde que ajuizadas até 09 de junho de 2005 (EREsp 327043/DF, Relator Ministro João Otávio de Noronha, julgado em 27.04.2005)”. A Lei Complementar 118/2005 não foi declarada inconstitucional pela Primeira Seção, tendo apenas sido limitada sua incidência às demandas ajuizadas após sua entrada em vigor (09 de junho de 2005), em homenagem, entre outros, ao princípio da segurança jurídica, consoante perfilhado no voto vista desta relatoria: “a Lei Complementar 118, de 09 de fevereiro de 2005, aplicase, tão somente, aos fatos geradores pretéritos ainda não submetidos ao crivo judicial, pelo que o novo regramento não é retroativo mercê de interpretativo. É que toda lei interpretativa, como toda lei, não pode retroagir. Outrossim, as lições de outrora coadunamse com as novas conquistas constitucionais, notadamente a segurança jurídica da qual é corolário a vedação à denominada “surpresa fiscal”. Na lúcida percepção dos doutrinadores, “Em todas essas normas, a Constituição Federal dá uma nota de previsibilidade e de proteção de expectativas legitimamente constituídas e que, por isso mesmo, não podem ser frustradas pelo exercício da atividade estatal.” (Humberto Ávila in Sistema Constitucional Tributário, 2 0 04, pág. 295 a 300) . (...) À mingua de prequestionamento por impossibilidade jurídica absoluta de engendrálo, e considerando que não há inconstitucionalidade nas leis interpretativas como decidiu em recentíssimo pronunciamento o Pretório Excelso, o preconizado na presente sugestão de decisão ao colegiado, sob o prisma institucional, Fl. 495DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 496 9 deixa incólume a jurisprudência do Tribunal ao ângulo da máxima tempus regit actum, permite o prosseguimento do julgamento dos feitos de acordo com a jurisprudência reinante, sem invalidar a vontade do legislador através suscitação de incidente de inconstitucionalidade de resultado moroso e duvidoso a afrontar a efetividade da prestação jurisdicional, mantendo hígida a norma com eficácia aos fatos pretéritos ainda não sujeitos à apreciação judicial, máxime porque o artigo 106 do CTN é de constitucionalidade induvidosa até então e ensejou a edição da LC 118/2005, constitucionalmente imune de vícios”. Ao deixar de aplicar os dispositivos em questão por risco de violação da segurança jurídica (principio constitucional), é inequívoco que o acórdão recorrido declaroulhes implícita e incidentalmente a inconstitucionalidade parcial. Vale dizer, como observou a Primeira Turma desta Corte por ocasião do julgamento do RE 24 0.096 (rei. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 21.05.1999), “reputase declaratório de inconstitucionalidade o acórdão que embora sem o explicitar afasta a incidência da norma ordinária pertinente à lide para decidila sob critérios diversos alegadamente extraídos da Constituição”. Portanto, ao invocar precedente da Seção, e não do Órgão Especial, para decidir pela inaplicabilidade de norma ordinária federal com base em disposição constitucional, entendo que o acórdão recorrido deixou de observar a necessária reserva de Plenário, nos termos do art, 97 da Constituição. Em sentido semelhante, registro as seguintes passagens do voto proferido pelo eminente Ministro Sepúlveda Pertence, por ocasião do julgamento de recente precedente (RE 544.246, rei. min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ de 08.06.2007): “A inaplicação dos dispositivo questionados da LC 118/05 a todos processos pendentes reclamava, pois, a declaração de sua inconstitucionalidade, ainda que parcial. Foi o que fez, na verdade, o acórdão recorrido. Não importa que o precedente invocado da Primeira Seção do Tribunal a quo, EREsp 328043 tenha declarado incidir a lei nova nas ações propostas a partir de sua vigência. O distinguo dada a irretroatividade irrestrita preceituada nos arts. 3º e 4º da LC 118/05 importou na declaração de inconstitucionalidade parcial deles, malgrado sem redução de texto. Estou, pois, em que, assim decidindo – com fundamento em precedente da Seção e não, do Órgão Especial o acórdão recorrido contrariou efetivamente a norma constitucional da “reserva de plenário”, do art. 97 da Lei Fundamental.” É como voto. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 497 10 Do exposto, conheço do recurso extraordinário e doulhe provimento, para que a matéria seja devolvida ao órgão fracionário do Superior Tribunal de Justiça, para que seja observado o art. 97 da Constituição. Da leitura do acórdão, dúvida não há que, segundo o Supremo Tribunal Federal, qualquer medida no sentido de afastar a aplicação de dispositivo de lei vigente, importa em controle incidental de inconstitucionalidade. Diante desse posicionamento da Corte Maior, o STJ, por sua corte especial, declarou a inconstitucionalidade da parte final do art. 4º da lei em comento, e, após isso, firmou o entendimento de que o disposto no art. 3º da citada lei somente produz efeitos sobre as ações de repetição que se referirem a indébitos pertinentes a fatos geradores ocorridos a partir de junho de 2005. Em outro giro, como bem destacou o Ministro Joaquim Barbosa no voto condutor do acórdão transcrito linhas acima, o art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005 pretendeu superar o entendimento vigente sobre o termo inicial da prescrição e firmar uma única possibilidade interpretativa para a contagem do prazo de prescrição de indébito relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação. Agora, se o art. 4º, que determinou a aplicação retroativa da interpretação trazida no art. 3º, padece de vício de inconstitucionalidade, não cabe a este Colegiado isto declarar, como será demonstrado a seguir. Para começar este tema, faremos um breve passeio na história do controle de constitucionalidade. O mundo conhece hoje, no dizer 1Cappelletti, dois grandes tipos de sistemas de controle da legitimidade constitucional das leis: O “sistema difuso”, isto é, aquele em que o poder de controle pertence a todos os órgãos judiciários de um dado ordenamento jurídico, que os exercitam incidentalmente, na ocasião da decisão das causas de sua competência; e O “sistema concentrado”, em que o poder de controle se concentra, ao contrário, em um único órgão judiciário. O primeiro deles, o difuso, é também conhecido como sistema de controle do tipo americano, em razão da percepção equivocada de alguns constitucionalistas de que esse sistema tenha sido inaugurado pelos norte americanos no famoso caso Marbury versus Madison, em 1803. O segundo, o concentrado, também pode ser denominado, agora com razão, de sistema austríaco de controle, ou ainda como sistema europeu, porquanto foi inaugurado na Constituição da Áustria de 1º de outubro de 1920, redigida com base em projeto elaborado pelo Mestre da Escola Jurídica de Viena, o grande Hans Kelsen. 1 M. CAPPELLETTI, O controle Judicial de Constitucionalidade das Leis no Direito Comparado, 2ª ed, Sergio Antônio Fabris Editor, Porto Alegre 1992, p 67 ss. Fl. 497DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 498 11 No Brasil, até a promulgação da Constituição da República de 1891, não existia qualquer controle Judicial de Constitucionalidade. Por influência do jacobinismo parlamentar francês e da idéia inglesa da supremacia do parlamento, o Constituinte de 1824 outorgou ao Poder Legislativo a atribuição de fazer leis, interpretálas, suspendêlas e revogálas, bem como velar na guarda da Constituição (art. 15, itens 8º e 9º). Nesse sistema, não havia lugar para o mais incipiente modelo de controle judicial de constitucionalidade. Consagravase, assim, o dogma da soberania do Parlamento. Com a adoção do regime republicano em 1889, os ventos da mudança também sopraram no sistema 2jurídico brasileiro, sobretudo, no que concerne ao papel a ser exercido pelo Poder Judiciário. A Constituição Republicana de 1891 adotou o sistema norte americano, defendido entusiasticamente por Rui Barbosa, personagem principal na elaboração da Carta. A Constituição de 1934 trouxe uma figura nova no controle brasileiro de constitucionalidade, a ADIn Interventiva, que deveria ser proposta pelo ProcuradorGeral da República, perante o Supremo Tribunal Federal, contra lei ou ato normativo estadual que violassem a Constituição Federal. Essa ADIn Interventiva inseriu no nosso ordenamento jurídico um tímido sistema de controle concentrado de constitucionalidade. A Emenda Constitucional nº 16, de 26 de novembro de 1965, inseriu, de forma clara, o controle concentrado, mas restrito às pessoas legitimadas a propor a ação de inconstitucionalidade. Somente com a Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 é que se consagrou, de forma ampla, o sistema de controle concentrado, também denominado sistema abstrato ou do tipo europeu. Desde então, o Brasil passou a conviver harmonicamente com os dois tipos de controle, o concentrado e o difuso. Deixemos de lado o sistema europeu, para voltarmos ao que, de fato, interessa ao nosso tema, o controle difuso, que, como dito linhas acima, alguns constitucionalistas apressados atribuíram sua origem à famosa decisão da Suprema Corte norte americana, prolatada em 1803, no caso Marbury versus Madison, cuja sentença foi redigida pelo juiz John Marshall, que fixou, por um lado, aquilo que ficou conhecido como a supremacia da constituição e, por outro, o poderdever dos juízes negarem aplicação às leis contrárias à constituição. Para se chegar àquela decisão, Marshall partiu do seguinte raciocínio: ou a constituição prepondera sobre os atos legislativos que com ela contrastam ou o Poder Legislativo pode mudála por meio de lei ordinária. Não há meio termo, asseverou o Chefe da Suprema Corte, ou a constituição é uma lei fundamental superior e não mutável por dispositivos ordinários, ou seja, é rígida; ou ela é colocada em pé de igualdade com os 2 O Decreto 848, de 11 de outubro de 1890, estabeleceu que, na guarda e aplicação da Constituição e das leis nacionais, a magistratura federal só interviria em espécie e por provocação da parte. Fl. 498DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 499 12 atos legislativos ordinários, portanto, flexível, e, por conseguinte, pode ser alterada sem qualquer entrave pelo Poder Legislativo. Todavia, se é correto a primeira alternativa, e assim concluiu Marshall, um ato do legislativo contrário à constituição não é lei, é nulo, é como se não existisse. Ao proclamar a prevalência da constituição sobre os demais atos legislativos e reconhecer o poder dos juízes de não aplicar as leis inconstitucionais, a Suprema Corte Americana não só inaugurou no mundo moderno o sistema judicial de controle de constitucionalidade, mas, sobretudo, rompeu com o dogma da supremacia do Poder Legislativo, que vige até hoje na Inglaterra e nos demais países que adotam constituições flexíveis. Os fundamentos da inovadora e corajosa decisão da Suprema Corte no caso Marbury versus Madison já haviam sido muito bem delineados por Alexander Hamilton em sua obraprima The Federalist, e partiu do seguinte raciocínio: a função de todos os juízes é a de interpretar as leis e aplicá las ao caso concreto submetido a seu julgamento; a regra básica de interpretação das leis determina que quando dois dispositivos legislativos estiverem contrastando entre si, deve o juiz aplicar a prevalente. Se ambas tiverem igual densidade normativa, devese valer dos critérios tradicionais, segundo os quais: lex posteriori derogat legi priori, lex specialis derogat legi generali, etc. Mas todos esses critérios são desnecessários quando o contraste dáse entre dispositivos de densidade normativa diversa, aí, o critério é o da lex superior derogat legi inferiori. Neste caso, a norma constitucional prevalecerá sempre sobre a lei ordinária, quando a constituição for rígida e não flexível. Do mesmo modo, a lei prevalecerá sempre sobre os decretos. De tudo o que foi exposto, a conclusão óbvia é no sentido de que todo e qualquer juiz, encontrandose no dever de decidir uma lide onde seja relevante ao caso uma lei ordinária que contrasta com a constituição, deve preservar a Carta Magna e não aplicar a norma de menor hierarquia. Vejamos agora como é dividido o controle de constitucionalidade no Brasil. Quanto ao momento de sua realização, o controle é dividido em preventivo e repressivo, o primeiro realizado durante o processo legislativo e, o segundo, após a entrada em vigor da lei. O preventivo é exercido, inicialmente, pelas Comissões de Constituição e Justiça do Poder Legislativo (art. 32, III, do Regimento Interno da Câmara Federal e art. 110 do Regimento Interno do Senado Federal, todos fundamentados no art. 58 da CF/88) e, posteriormente, pela participação do Chefe do Executivo no processo legislativo, quando poderá vetar a lei aprovada pelo Congresso Nacional por entendêla Fl. 499DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 500 13 inconstitucional, nos termos do art. 66, § 1º, da CF/88, denominado veto jurídico. Por sua vez, se o projeto de lei é de iniciativa do Poder Executivo, ou se se trata de Medida Provisória, há, ainda, além dos controles de constitucionalidade acima mencionados, o realizado previamente, no âmbito do Poder Executivo, pela Casa Civil da Presidência da República, por força do estatuído no art. 2º da Lei nº 9.649, de 27/05/1998, que assim dispõe: Art. 2º. À Casa Civil da Presidência da República compete assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no desempenho de suas atribuições, especialmente na coordenação e na integração das ações do governo, na verificação prévia da constitucionalidade e legalidade dos atos presidenciais, ... (grifo nosso). O repressivo, por sua vez, poderá se dar de maneira concentrada, por via de ação direta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade, competindo em ambos os casos, somente, ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar tais ações, conforme dispõe a alínea “a” do inciso I do art. 102 da Constituição Federal de 1988. Pode ainda o controle repressivo darse de forma difusa, ou seja, como incidente processual, no julgamento de casos concretos. Depois de tudo o que aqui foi dito, perguntase: podem os órgãos judicantes da administração afastar a aplicação de lei inconstitucional? podem esses órgãos afastar a aplicação de lei que entenderem inconstitucional ou incompatível com a constituição? A resposta à primeira pergunta é positiva, pois a lei inconstitucional, como bem asseverou Marshal, não é lei, é ato nulo. Por conseguinte, não obriga, não vincula ninguém. Já a resposta à segunda pergunta é negativa, pois da interpretação sistemática da Constituição Federal (especialmente dos seus arts. 97; 102, III, “a” e “c”; e 105, II, “a” e “b”), temse que a competência para realizar o controle difuso de constitucionalidade é exclusiva do Poder Judiciário e estendida a todos os seus componentes. Nesse sentido, valiosas são as palavras do exProcuradorGeral da República e Professor Titular da Universidade de Brasília, Dr. Inocêncio Mártires Coelho, conforme elucidativo artigo por ele publicado na Revista Jurídica Virtual (nº 13) da Presidência da República, do qual transcrevemos o seguinte trecho: ...Nessa linha de raciocínio que ousaríamos chamar fática, livre e realista e ainda acompanhando o pensamento do maior jurista do século XX, podese dizer, igualmente, que sem aquela declaração de incompatibilidade, proferida pelo órgão a tanto legitimado, nenhuma norma será reputada inconstitucional; Fl. 500DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 501 14 que onde a Constituição não atribuir a algum órgão, distinto do que produz as leis, a prerrogativa de aferirlhes a constitucionalidade, norma alguma poderá reputarse inconstitucional; e que, finalmente, enquanto não for anulada e nos limites em que o seja toda lei é simplesmente constitucional... (grifo nosso). Por tais razões, podese concluir, que, não tendo a Constituição Federal de 1998 dado competência a órgãos da administração para efetuarem o controle repressivo de constitucionalidade das leis, não podem seus órgãos judicantes afastar a aplicação de lei que julgarem inconstitucional, pois competência não tem quem quer, mas quem a teve atribuída pela Constituição. No mesmo sentido, é a lição de Lúcio Bittencourt3 a respeito da incompetência dos órgãos do Poder Executivo para afastar a aplicação de uma lei sob alegação de sua inconstitucionalidade: É princípio assente entre os autores, reproduzindo a orientação pacífica da jurisprudência, que milita sempre em favor dos atos do Congresso a presunção de constitucionalidade. É que ao Parlamento, tanto quanto ao Judiciário, cabe a interpretação do Texto constitucional, de sorte que, quando uma lei é posta em vigor, já o problema de sua conformidade com o Estatuto Político foi objeto de exame e apreciação, devendose presumir boa e válida a resolução adotada. (...) Oscar Saraiva entende que o julgamento da inconstitucionalidade é privativo do Judiciário, porque, se êste cabe, por fôrça de preceito expresso, a função em aprêço, nenhum dos outros podêres tem competência para exercêla 'sob pena de se confundirem as atribuições dêstes, o que a nossa Constituição veda, ao prescrever a sua separação e independência'. Não acolhemos, todavia, êsse entendimento do culto e esclarecido jurisconsulto, que se choca, aliás, com a opinião unânime dos doutôres. Damolhe razão, apenas quando nega aos funcionários administrativos competência para se recusar a aplicar uma lei sob alegação de sua inconstitucionalidade. É que a sanção presidencial afasta qualquer possível manifestação dos funcionários administrativos, que não dispõem do exercício do poder executivo. (sic) Desta feita, se o órgão administrativo deixa de aplicar lei vigente por considerála inconstitucional, não apenas invade a esfera de competência do Poder Judiciário como também fere de morte um dos princípios norteadores da administração pública, qual seja, o princípio da hierarquia, pois se está discordando do Chefe do Poder Executivo que, ao não vetar a lei, está reconhecendo sua constitucionalidade. 3 Bittencourt, Lúcio O Contrôle Jurisdicional da Constitucionalidade, Forense, 1968, 2º edição, págs.91 a 96. Fl. 501DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 502 15 Em face do exposto, parecenos equivocada a afirmação daqueles que pregam que se a administração é vinculada aos ditames da lei, muito mais será aos da Lei Maior, logo pode negar aplicação à lei manifestamente inconstitucional. Rotundo engano, pois, primeiro, milita a favor de todas as leis a presunção de constitucionalidade; segundo, mesmo sendo uma presunção juris tantum, só ao órgão legitimamente indicado pela Constituição Federal como competente para exercer o controle de constitucionalidade cabe desconstituir a presunção. Pertinente trazer à colação as conclusões de Lúcio Bittencourt sobre o tema, na obra já citada: A lei, enquanto não declarada pelos tribunais incompatível com a Constituição, é lei não se presume lei é para todos os efeitos. Submete ao seu império tôdas as relações jurídicas a que visa disciplinar e conserva plena e íntegra aquela fôrça formal que a torna irrefragável, segundo a expressão de Otto Mayer. Aliás, em relação à lei, ocorre ainda situação diversa da que se manifesta no tocante aos atos jurídicos públicos ou privados, e que reforça a idéia de sua eficácia enquanto não declarada por via jurisdicional. É que, em relação a ela, existe o princípio da obrigatoriedade, que constitui, dentro de qualquer doutrina de direito público, a garantia e a segurança da ordem jurídica. Sendo a lei obrigatória, por natureza e por definição, não seria possível facilitar a quem quer que fôsse furtarse a obedecerlhes os preceitos sob o pretexto de que a considera contrária à Carta Política. A lei, enquanto não declarada inoperante, não se presume válida: ela é válida, eficaz e obrigatória. (sic) Ainda sobre o tema, não menos valiosos são os ensinamentos do festejado constitucionalista Luís Roberto Barroso4: A presunção de constitucionalidade das leis encerra, naturalmente, uma presunção iuris tantum, que pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário do órgão jurisdicional competente. O princípio desempenha uma função pragmática indispensável na manutenção da imperatividade das normas jurídicas e, por via de conseqüência, na harmonia do sistema. O descumprimento ou nãoaplicação da lei, sob o fundamento de inconstitucionalidade, antes que o vício haja sido proclamado pelo órgão competente, sujeita a vontade insubmissa às sanções prescritas pelo ordenamento. Antes da decisão judicial, quem subtrairse à lei o fará por sua conta e risco. (grifo nosso). A meu sentir, é imperioso reconhecer que, no Direito brasileiro, o controle de constitucionalidade das leis em vigor é atribuição exclusiva do Poder Judiciário. Com isso, não sendo declarada a inconstitucionalidade pelo Jurisdicional, seja com efeitos erga omnes no controle concentrado de constitucionalidade, seja com 4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. São Paulo: ed. Saraiva, 3º edição, pp 170 e 171. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 503 16 efeito inter partes no controle difuso, a lei goza de presunção de constitucionalidade, e, por conseguinte, é válida e tem aplicação cogente em todo o território nacional. A declaração incidental de inconstitucionalidade de lei é ato de tamanha gravidade, que, desde a Constituição Federal de 1934, há exigência expressa de reserva de plenário para que os tribunais exerçam o controle difuso de constitucionalidade. Por essa regra, suscitado o incidente de inconstitucionalidade por um dos membros do tribunal, suspendese o julgamento do processo e remetese a questão incidental para o pleno ou órgão que o represente. A inconstitucionalidade somente será declarada por voto da maioria absoluta dos membros do tribunal (art. 97 da Seção I do Capítulo III Do Poder Judiciário do Título IV Das Organizações dos Poderes da CF/88). Essa exigência veio para uniformizar a interpretação constitucional no âmbito de cada tribunal. E como se processaria o incidente de inconstitucionalidade no processo administrativo, já que, diferentemente do que ocorre nos tribunais do Judiciário, nos administrativos não há a previsão para tal. Aliás, não poderia mesmo haver, pois, conforme já fartamente demonstrado, órgão nenhum da administração tem poderes para exercer o controle difuso de constitucionalidade. Ora, se para os tribunais do Judiciário é exigida a reserva de plenário, como então, querer que os órgãos judicantes da administração, por suas turmas ou Câmaras, possam exercer o controle de constitucionalidade. Se assim fosse possível, a esfera administrativa estaria investida de mais poder do que o próprio judiciário. E o que dizer, então, da impossibilidade de a Fazenda Nacional recorrer ao Supremo Tribunal Federal quando a instância administrativa julgar determinada lei inconstitucional, o que não ocorre quando o controle é feito no Judiciário. Vejase ao absurdo a que chegaríamos: se determinada lei fosse declarada inconstitucional em controle difuso, a questão, se as partes forem diligentes, iria ser decidida, em última instância, pelo STF. Agora reparem, se a inconstitucionalidade fosse apontada na esfera administrativa, a questão sequer chegaria a ser discutida no Judiciário, que dirá no Supremo Tribunal Federal. Com isso, a decisão administrativa teria mais força do que a de todos os outros órgãos do Poder Judiciário, à exceção do Supremo. Em outras palavras, em matéria de inconstitucionalidade, a Câmara Superior de Recursos Fiscais estaria alçada no mesmo patamar do STF, pois da decisão que declarasse alguma lei inconstitucional, assim como ocorre no STF, não caberia qualquer recurso. De tudo o que foi dito, resta concluir que falece aos órgãos judicantes da Administração competência para afastar a aplicação de lei ainda vigente. Missão atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário. Aliás, há disposição legal expressa no sentido de vedar este colegiado afastar aplicação de lei por vício de Fl. 503DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 504 17 inconstitucionalidade, salvo as exceções nele previstas, o que não é o caso dos autos. Vide art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.941/2009. A norma inserta nesse dispositivo do Processo Administrativo Fiscal foi reproduzida no art. 62 do atual regimento interno do CARF. Demais disso, cabe ressaltar que sobre essa matéria os antigos 1º, 2º e 3º Conselhos de Contribuintes sumularam o entendimento de falecer competência aos órgãos administrativos afastar a aplicação de lei por vício de inconstitucionalidade. Por outro lado, não me parece razoável o entendimento de parte da doutrina de que essa lei complementar não se aplicaria ao caso em discussão, pois a normatização da repetição de indébito é toda dada pelo CTN, mais especificamente, no art. 168, e o caso dos autos está amparado, justamente, nesse dispositivo, o qual recebeu a interpretação autêntica trazida pelo art. 3º da Lei complementar nº 118/2005. Aliás, há disposição legal expressa no sentido de vedar este colegiado afastar aplicação de lei por vício de inconstitucionalidade, salvo as exceções nele previstas, o que não é o caso dos autos. Vide art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.941/2009. A norma inserta nesse dispositivo do Processo Administrativo Fiscal foi reproduzida no art. 62 do atual regimento interno do CARF. Demais disso, cabe ressaltar que sobre essa matéria os antigos 1º, 2º e 3º Conselhos de Contribuintes sumularam o entendimento de falecer competência aos órgãos administrativos afastar a aplicação de lei por vício de inconstitucionalidade. Por outro lado, não me parece razoável o entendimento de parte da doutrina de que essa lei complementar não se aplicaria ao caso em discussão, pois a normatização da repetição de indébito é toda dada pelo CTN, mais especificamente, no art. 168, e o caso dos autos está amparado, justamente, nesse dispositivo, o qual recebeu a interpretação autêntica trazida pelo art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005. Ultrapassada a questão da inconstitucionalidade do art. 4º da Lei Complementar nº 118/2005, passase à análise do termo inicial da prescrição do direito de a reclamante repetir o indébito objeto destes autos. O direito à repetição de indébito é assegurado aos contribuintes no art. 1655do Código Tributário Nacional CTN. Todavia, como todo e qualquer direito, esse também tem prazo para ser exercido. 5 Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; Fl. 504DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 505 18 A Carta Política da República, de 1988, exigiu lei complementar para estabelecer normas gerais de prescrição e decadência tributários, conforme se vê da alínea “b” do inciso III do art. 146. Art. 146. Cabe à lei complementar: I .................................................................................................... III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) ..................................................................................................... b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; A lei com o status exigido pela Constituição para fixar as hipóteses de prescrição e decadência tributária, quer para a cobrança do débito quer para a devolução do indébito, como é de todos sabido, é a Lei nº 5.172/1966, alçada a categoria de Código Tributário Nacional, recepcionada pela Constituição como lei complementar. Para o caso aqui em debate interessa, apenas, essa última hipótese, a qual é tratada no art. 168 do Código, que estabelece o prazo de 05 anos para a repetição, contados da seguinte forma: I da data de extinção do crédito tributário nas hipóteses: a) de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; b) de erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; II da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória nas hipóteses: a) de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. A exegese desse artigo não deixa margem a dúvida de que o prazo prescricional para repetição de indébito é de 05 anos. A celeuma que se instaurou na doutrina, e também na jurisprudência gira em torno do termo inicial da contagem do Fl. 505DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 506 19 prazo. O art. 1686 fixa duas datas distintas, como não poderia deixar de ser, para hipóteses também distintas. A primeira data da extinção do crédito tributário – aplicase aos casos previstos nos incisos I e II do art. 165 do CTN; e a segunda – data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou judicial ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória, destinase, exclusivamente, às hipóteses enumeradas no inciso II do mencionado art. 165. A exegese, como todos sabem, é a arte de se extrair da norma o seu conteúdo por meio das técnicas de interpretação. Todavia, não pode ir além disso, ou seja, não pode extrair aquilo que não está na norma. O exegeta não pode criar, não pode inventar, tem que se ater ao comando normativo, sob pena de transformarse em legislador positivo, usurpando competência que não lhe foi dada. Em outro giro, a lei complementar fixou, numerus clausus, os eventos que servem como data do termo de início da contagem do prazo prescricional de repetição de indébito – a extinção do crédito tributário que se pretende repetir, e da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória – afora essas duas hipóteses, nenhum outro dispositivo legal versa sobre o termo inicial da prescrição para repetir o indébito. Assim, toda a engenharia jurídica e criativa utilizada para dar sustentação a outros marcos temporais da contagem desse prazo não encontra respaldo no arcabouço jurídico nacional. Aliás, é de se ressaltar que essas teses que criaram termos de início alternativos ao dado pelo CTN, não só carecem de amparo legal, como afrontam o ordenamento jurídico, in casu, a própria Constituição, art. 146, III, “b”, e o Código Tributário Nacional que detém o status normativo exigido na Carta Cidadã para disciplinar essa matéria. Nesse ponto, transcrevo excerto do voto do Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro7: Nessa linha, penso, portanto, que a inexistência de Lei em sentido formal ou material que apóie a jurisprudência administrativa da qual ora se diverge, faz com que a mesma entre em conflito com o princípio da legalidade, insculpido no art. 37 da Constituição Federal de 19888, na medida em que, uma vez afastada a regra jurídica formalmente vigente, simplesmente não existe outra de igual concretude para ser aplicada. 6 Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário. 7 julgamento do recurso voluntário nº 133.010, na Terceira Câmara do do Terceiro Conselho de Contribuintes. 8 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...” Fl. 506DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 507 20 Nesse ponto, não custa relembrar que, sob o ponto de vista da atuação da Administração Pública, onde inegavelmente está inserida este Colegiado, dito princípio assume feições diversas da prevista no art. 5o, II da CF de 19889, denominado Autonomia da Vontade. Diferentemente deste último, à Administração Pública só é permitido fazer aquilo que a lei (regra jurídica) prevê. Sobre esse aspecto, peço licença para trazer a lição de JJ Gomes Canotilho10, que assim esquadrinha os diferentes ângulos de atuação do princípio em discussão: “O princípio da legalidade postula dois princípios fundamentais: o princípio da supremacia ou prevalência da lei (Vorrang des Gesetzes) e o princípio da reserva de lei (Vorbehalt des Gesetzes). Estes princípios permanecem válidos, pois num Estado democráticoconstitucional a lei parlamentar é, ainda, a expressão privilegiada do princípio democrático (daí a sua supremacia) e o instrumento mais apropriado e seguro para definir os regimes de certas matérias, sobretudo dos direitos fundamentais e da vertebração democrática do Estado (daí a reserva de lei). De uma forma genérica, o princípio da supremacia da lei e o princípio da reserva de lei apontam para a vinculação jurídicoconstitucional do poder executivo (cfr., infra. fontes de direito e estruturas normativas)”. (grifei) Ou seja, como é cediço, o princípio da legalidade é o alicerce do Estado de Direito e, nessa condição, irradia seus efeitos sobre os demais valores defendidos no plano constitucional, inclusive sobre a Segurança Jurídica, invocado como fundamento para a decisão em debate. Nesse aspecto, recorro à lição de Sacha Calmon Navarro membro de corrente doutrinária contrária àquela que inspirou a prolação dos votos vencedores que, baseado na doutrina alemã11, pontifica: “O conceito de segurança jurídica é considerado conquista especial do Estado de Direito. Sua função é a de proteger o indivíduo de atos arbitrários do poder estatal, já que as intervenções do Estado nos direitos dos cidadãos podem ser muito pesadas e, às vezes, injustas. No entanto, se tais intervenções têm base em lei e visam o bemestar público, será preciso decidirse pela avaliação conjunta do interesse coletivo e do interesse do particular afetado para se aferir a juridicidade (conformação do direito) da medida estatal. Esse princípio é 9 “II ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” 10 Canotilho, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra, Portugal, Almedina, 2000, 7ª Edição, p. 256 11 STEIN Torstein, A Segurança Jurídica na Ordem Legal da República Federal da Alemanha, apud Navarro, Sacha Calmon, Reflexões Sobre o Artigo 3º da Lei Complementar 118. Segurança Jurídica e a BoaFé como Valores Constitucionais. As Leis Interpretativas no Direito Tributário Brasileiro. Disponível em http://www.sacha.adv.br/admin/arq_publica/bc7f621451b4f5df308a8e098112185d.pdf Fl. 507DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 508 21 freqüentemente denominado ‘princípio da proporcionalidade’...” (grifei). Poderseia então argumentar que a solução ora discutida seria então resultado do sopesamento entre os princípios constitucionais aparentemente conflitantes, mediante a redução da “força” do princípio da legalidade. Ocorre que essa solução só seria possível, penso, se os princípios constitucionais invocados possuissem o mesmo grau de concretude das normas cuja aplicação tem sido afastada. Ou seja, se os princípios em conflito pudessem ser traduzidos em regras jurídicas, passíveis de aplicação imediata, independente de lei complementar ou ordinária. Nesse ponto, é importante reforçar que, malgrado seu poder, que os torna aptos a, nas palavras de Paulo de Barros Carvalho12, informar e iluminar a compreensão de segmentos normativos, os princípios invocados, a bem da verdade, não são regras jurídicas, conforme a que precisa lição de Alexy, para quem os primeiros, enquanto “mandatos de otimização”13, assim se distinguem das últimas: “El punto decisivo para la distinción entre reglas y principios es que los principios son normas que ordenan que algo sea realizado en la mayor medida posible, dentro de las posibilidades jurídicas y reales existentes. Por lo tanto, los principios son mandatos de optmización, que están caracterizados por el hecho de que pueden ser cumplidos en diferente grado y que la medida debida de su cumplimiento no sólo depende de las posibilidades reales sino también de las jurídicas. El ámbito de las posibilidades jurídicas es determinado por los principios y reglas opuestos. En cambio, las regias son normas que sólo pueden ser cumplidas o no. Si una regla es válida, entonces de hacerse exactamente lo que el exige, ni más ni menos. Por lo tanto, las reglas contienen determinaciones en el ámbito de lo fáctica y jurídicamente posible. Esto significa que la diferencia entre reglas y principios es cualitativa y no de grado. Toda norma es o bien una regla o un principio” (grifei) Como esclarece José Afonso da Silva14, apesar de sempre vigentes, as normas principiológicas constitucionais normalmente não reúnem todos os elementos necessários para sua incidência direta. Às vezes, faltalhes o que Alexy definiu como “possibilidade jurídica”. Daí porque, desenvolveu o mestre paulista a clássica distinção entre normas de eficácia plena, contida e limitada: 12 Curso de direito tributário. 3ª edição, p.72 13 Teoria de los Derechos Fundamentales, apud Inocêncio Mártires Coelho. Interpretação Constitucional. Porto Alegre, 1997, Sérgio Antonio Fabris Editor, p. 85. 14Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 3ª. ed., São Paulo, Malheiros, 1998, p. 99: Fl. 508DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 509 22 “Quando essa regulamentação normativa é tal que se pode saber, com precisão, qual a conduta positiva ou negativa a seguir relativamente ao interesse descrito na norma, é possível afirmarse que está é completa e juridicamente dotada de plena eficácia”. Ainda sob o prisma da concretude, esclarecem Manuel Atienza e Juan Ruiz Manero15 que as regras: “constituem concreções relativas às circunstâncias genéricas que constituem suas condições de aplicação, derivadas do balanço entre os princípios relevantes em ditas circunstâncias. Estas concreções, constituídas pelas regras, pretendem ser concludentes e excluir, como base para adotar um curso de ação, a deliberação de seu destinatário sobre o balanço de razões aplicáveis ao caso. Esta pretensão, sem embargo, resulta em ocasiões falida: quando o resultado de aplicar a regra é inaceitável a luz dos princípios do sistema que determinam a justificação e o alcance da própria regra. Em tais casos, a pretensão concludente e excludente das regras fracassa e o ordenado ou permitido por elas alcança só um valor prima facie que se vê finalmente, uma vez consideradas todas as circunstâncias, afastado” Assim sendo, um princípio constitucional que não reúne os elementos condicionantes para sua eficácia plena não pode substituir a regra jurídica insculpida no CTN, no máximo, afastar sua aplicação por meio dos adequados instrumentos de controle da constitucionalidade, medida que foge à competência deste colegiado. Ou seja, se efetivamente fosse afastada a aplicação da norma, o resultado seria igualmente a improcedência do pedido, pois essa medida não faria surgir uma nova em seu lugar e, nessa condição, o tornaria carente de fundamento legal. Relembrese, o Decreto nº 20.910, de 1932 não pode servir de base para a concessão de restituição tributária. 2. Interpretação Conforme a Constituição Doutrinadores de peso, como Paulo Bonavides16, defendem a interpretação conforme a Constituição, como método de harmonização da norma infraconstitucional aos princípios constitucionais, pretendendo, ao que parece, conferir a essa técnica contornos de mera busca pelo verdadeiro sentido do texto da norma hierarquicamente inferior à Constituição. Ocorre que tal linha, que, ao que parece, tem sido seguida majoritariamente por este Colegiado, diverge daquela que tem sido adotada pelo Supremo Tribunal Federal, que firmou norte no sentido de que a interpretação conforme a Constituição, em 15 Ilícitos atípicos apud Decadência e Prescrição do Direito do Contribuinte e a LC 118: Entre Regras e Princípios, in Temas de Direito Público — Estudos em Homenagem ao Ministro José Augusto Delgado. Coordenação Cristiano Carvalho e Marcelo Magalhães Peixoto. Curitiba, 2005. Juruá, pp 149 a 178 16 Curso de direito constitucional, p. 518. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 510 23 verdade, corresponde a um método de controle da constitucionalidade, sentido igualmente atribuído por Celso Ribeiro Bastos17 e Jorge Miranda18. Tal convicção ganha força em função da leitura do parágrafo único, do art. 28, da Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, que assim disciplina os possíveis resultados da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade ou da Ação Declaratória de Constitucionalidade. Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. (grifei) Nesse sentido, trago à colação manifestação do Ministro Carlos Ayres Britto, em voto vista proferido em questão de ordem suscitada nos autos da ADPF no 54: “38. Em remate, a interpretação conforme não se exprime num típico exercício de hermenêutica, pois o típico exercício de hermenêutica se dá é num precedente contexto de serena aceitação da validade do dispositivo sobre que recai. Ela se inscreve é entre os mecanismos de controle de constitucionalidade, como exigência do sumo princípio da supremacia material da Constituição. Por isso que, já no citado segundo momento processual de sua aplicabilidade, ela é manejada como instrumento de sindicabilidade jurídica do ato público de menor escalão hierárquico. Por conseguinte, mecanismo pelo qual se afere tanto a validade formal quanto material de um modelo jurídicopositivo posto em cotejo com a Magna Carta.” Nesse diapasão, penso que falta competência legal a este Colegiado para, por meio da préfalada técnica, interferir no texto do Código Tributário como se encontra vigente ou afastar a sua aplicação a hipóteses que, sem a pretensa colisão com os princípios constitucionais invocados nos votos vencedores, se subsumiriam perfeitamente ao seu texto. Aliás, ainda que tivéssemos competência para tanto, a técnica da interpretação conforme, na lição de J.J. Gomes Canotilho19, não admite alteração do texto normativo. Leciona o autor: “...daqui se conclui que a interpretação conforme só permite a escolha entre dois ou mais sentidos possíveis da lei mas nunca a 17 Hermenêutica e interpretação constitucional, apud Sérgio Augusto Zampol Pavani. A Interpretação Conforme e Constituição e o Controle Difuso de Constitucionalidade. Estudos em Homenagem ao Ministro José Augusto Delgado. Coordenação Cristiano Carvalho e Marcelo Magalhães Peixoto. Curitiba, 2005. Juruá. pp. 581 a 599. 18 Manual de direito constitucional, tomo II, p. 267. A Interpretação Conforme e Constituição e o Controle Difuso de Constitucionalidade. Estudos em Homenagem ao Ministro José Augusto Delgado. Coordenação Cristiano Carvalho e Marcelo Magalhães Peixoto. Curitiba, 2005. Juruá. pp. 581 a 599. 19Op. cit., p. 1265/1266 Fl. 510DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 511 24 revisão de seu conteúdo. A interpretação conforme a constituição tem, assim, os seus limites na ‘letra e na clara vontade do legislador’, devendo ‘respeitar a economia da lei’ e não podendo traduzirse na ‘reconstrução’ de uma norma que não esteja devidamente explícita no texto”.(grifei) Nesse mesmo sentido, concluiu o Tribunal Pleno do STF, nos autos da ADI 3046/SP20: “III. Interpretação conforme a Constituição: técnica de controle de constitucionalidade que encontra o limite de sua utilização no raio das possibilidades hermenêuticas de extrair do texto uma significação normativa harmônica com a Constituição.” Importa ponderar, noutro giro, que nem a interpretação conforme nem qualquer outro método de controle da constitucionalidade admite que o intérprete inove em relação ao texto da lei, conforme deixou claro o Pretório Excelso na decisão proferida nos autos da Representação no 1.417721: “O princípio da interpretação conforme a Constituição (Verfassungskonforme Auslegung) é princípio que se situa no âmbito do controle da constitucionalidade e não apenas simples regra de interpretação. A aplicação desse princípio sofre, porém, restrições, uma vez que, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei em tese, o STF em sua função de Corte Constitucional atua como legislador negativo, mas não tem o poder de agir como legislador positivo para criar norma jurídica diversa da instituída pelo Poder Legislativo. Por isso, se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme à Constituição que implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo. (...) No caso, não se pode aplicar a interpretação conforme a Constituição por não se coadunar essa com a finalidade inequivocamente colimada pelo legislador, expressa literalmente no dispositivo em causa, e que dele ressalta pelos elementos da interpretação lógica.” (os grifos constam do original) Nessa linha, importa relembrar, que, como é cediço, no Regime Constitucional vigente, o “remédio” contra a omissão do legislador que ameace a efetividade dos direitos e garantias, não é a criação ou alteração do texto legal, por qualquer dos meios de controle da constitucionalidade, mas o Mandado de Injunção, 20 Relator Min. Sepúlveda Pertence (resp. pelo acórdão), DJ 28.05.2004. 21 Relator Min. Moreira Alves, DJ 15.04.1988. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 512 25 ex vi do art. 5º, caput, inciso VXXI e §1º22. Nem a Ação de Inconstitucionalidade por Omissão, definida no § 2o do art 103, tem o efeito positivo ou inovador aplicado no voto do qual se discorda. Não se vê, portanto, como, em sede de recurso voluntário, conciliar a pretensão do interessado e a aplicação da legislação como se encontra vigente. Todavia, devese reconhecer que, na jurisprudência dos antigos conselhos de contribuintes, proliferaramse teses e mais teses criando várias outras hipóteses de marco inicial da contagem desse prazo. Como exemplo, podese citar a data da publicação da resolução do Senado nos casos em que o indébito decorresse de lei declarada inconstitucional em controle difuso pelo STF; a data do dispositivo legal23, por meio do qual a administração teria reconhecido o direito de não mais se pagar o tributo inconstitucional; a tese do 5 mais 5 e por aí vai. Entretanto, com a edição da Lei Complementar nº 118, de 09/02/2005, cujo artigo 3º deu interpretação autêntica ao art. 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, estabelecendo que a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1º, da Lei nº 5.172/1966, o único entendimento possível é o trazido na novel lei complementar. Esclareçase, por oportuno, que em se tratando de norma expressamente interpretativa, deve ser obrigatoriamente aplicada aos casos não definitivamente julgados, por força do disposto no art. 106, I, do CTN. Aliás, não se pode olvidar que o entendimento segundo o qual o termo inicial da prescrição é a data da extinção do crédito tributário pelo pagamento era o adotado pelo STF antes de a competência para apreciar este tipo de matéria passar para o STJ. Aqui sobreleva citar as palavras do Ministro Marco Aurélio de Mello proferida na votação do RE acima transcrito: O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Presidente, diria mesmo que a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça foi surpresada com os embargos declaratórios e a veiculação da matéria, isso porque o caso não é simplesmente de aplicação da lei no tempo, mas, sim, de afastamento peremptório de preceito que revelou, ou melhor, explicitou mais ainda, se é que era preciso, o princípio segundo o qual a prescrição tem como termo inicial a data do nascimento da ação. E se afastou a Lei 22 LXXI concederseá mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 23 Pacificouse, noutro giro, o entendimento de que, independentemente da modalidade de controle da constitucionalidade, considerase como início da contagem do prazo prescricional a data da publicação da lei que dispense os agentes públicos de adotar providências tendentes à cobrança dos tributos declarados inconstitucionais. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 513 26 Complementar nº 118/2005, mais precisamente o artigo esclarecedor, artigo 4º, no que remeteu ao artigo 106, inciso I, do Código Tributário Nacional, que versa, justamente, a aplicação da lei a ato ou fato pretérito, em qualquer hipótese, quando seja expressamente para mim, ela foi simplesmente interpretativa interpretativa, excluída a aplicação de penalidade no caso de infração. Aqui estamos diante daquela situação concreta em que se dobrou o prazo alusivo à prescrição mediante uma interpretação inteligente, sem dúvida alguma, mas que, a meu ver, de início, não se coaduna com o que se contém no Código Tributário Nacional. Acompanho, integralmente, o relator no voto proferido, em situação que viria a ser apanhada pelo nosso verbete. Em outro giro, embora não concorde com a tese dos 5 + 5 adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, por entender que a homologação tem efeitos declaratórios, e, portanto, seus efeitos retroagem à data do pagamento,devese reconhecer que tal tese tem sua lógica, posto que, assim como o CTN, o termo inicial é a data da extinção do crédito tributário. A divergência reside na interpretação de quando se deu essa extinção. Aqui, ao contrário das demais teses adotadas para refutar o disposto no art. 168 do CTN, parte deste dispositivo e, como dito linhas acima, interpretao de forma a fixar quando se deu o evento da extinção do crédito tributário. Não se inventou nada, apenas se interpretou a lei. Interpretação esta, a meu sentir, não escorreita, já que diferenciada da que foi dada pelo legislador. De qualquer sorte, na interpretação do STJ, continua valendo o marco estabelecido no CTN, o que varia é o momento em que ele se deu, já nas teses outras, aqui combatida, o interprete buscou outro termo de início, sem qualquer pertinência com o estabelecido em lei. Gizese que nenhum tribunal pátrio abriga hoje em dia qualquer dessas teses inovadoras adotadas nos antigos Conselhos de Contribuintes, já que o STJ, a partir de novembro de 2005, espancou qualquer tese que não tivesse como marco temporal da prescrição a data da extinção do crédito tributário, e consolidou a posição de que a decretação da inconstitucionalidade pelo STF ou a edição de resolução do Senado não exercem qualquer influência sobre a contagem do prazo de prescrição. Vejamos: EREsp na 435.835 / SC SC 24: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LEI N° 7.787/89. COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO PRAZO. PRECEDENTES. 1.Está uniforme na Ia Seção do STJ que, no caso de lançamento tributário por homologação e havendo silêncio do Fisco, o prazo 24 Relator (para o acórdão): Ministro José Delgado, julgado em 24/03/2004, publicado no DJ de 04/06/2007; Fl. 513DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 514 27 decadencial só se inicia após decorridos 5 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador, acrescidos de mais um qüinqüênio, a partir da homologação tácita do lançamento. Estando o tributo em tela sujeito a lançamento por homologação, aplicamse a decadência e a prescrição nos moldes acima delineados. 2.Não há que se falar em prazo prescricional a contar da declaração de inconstitucionalidade pelo STF ou da Resolução do Senado. A pretensão foi formulada no prazo concebido pela jurisprudência desta Casa Julgadora como admissível, visto que a ação não está alcançada pela prescrição, nem o direito pela decadência. Aplicase, assim, o prazo prescricional nos molde sem que pacificado pelo STJ, id est, a corrente dos cinco mais cinco. AgRg no REsp 852086 / RJ25: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. ADMINISTRADORES E AUTÔNOMOS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO. I Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo prescricional para se pleitear a compensação ou a restituição do crédito tributário somente se opera quando decorridos cinco anos da ocorrência do fato gerador, acrescidos de mais cinco anos, contados a partir da homologação tácita, em nada influenciando o termo inicial da prescrição, a declaração de inconstitucionalidade da exação, pelo STF, seja em controle difuso ou concentrado, conforme restou decidido no julgamento dos EREsp n° 435.835/SC, Rei. p/ acórdão Min. JOSÉ DELGADO, julgado em 24/03/2004. REsp 841652 / PR 26: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. COFINS.PRESCRIÇÃO. SOCIEDADE CIVIL. ISENÇÃO. ACÓRDÃO VERGASTADO.ENFOQUE EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF. Nos tributos lançados por homologação, o prazo para a propositura da ação de repetição de indébito será de dez anos a contar do fato gerador, se a homologação for tácita (tese dos "cinco mais cinco"), e de cinco anos a contar da homologação, se expressa. Precedentes. O Tribunal a quo negou a pretensão recursal sob enfoque eminentemente constitucional, cujo reexame é da competência exclusiva do STF. Recurso especial conhecido em parte e improvido. De outro modo não poderia ser, pois ao se deslocar o prazo de prescrição da data da extinção do crédito tributário para 25 Relator: Ministro Castro Meira, julgado em 17/05/2007, publicado no DJ de 29.05.2007. 26 Relator: Ministro Castro Meira, julgado em 17/05/2007, publicado no DJ de 29.05.2007. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 515 28 qualquer outra data, estarseia criando direito novo, totalmente incompatível com o CTN, e também, com o art. 146 da Constituição da República. Impõese ressaltar que o interprete não pode dar à norma um alcance maior do que a ela o legislador não deu, sob pena de se transformar o ato de interpretar em ato de legislar. Aquele, da alçada do aplicador da lei; esse, com exclusividade, da do legislador. Sobre a tese do termo de início ser deslocado da extinção do crédito tributário, para a data da publicação da resolução do Senado que retirou do mundo jurídico a lei declarada inconstitucional pelo STF, devese esclarecer que ela encontra se totalmente desvinculada da jurisprudência de nossos tribunais, bem como da boa doutrina, como se pode ver a seguir. Regina Maria Macedo Nery Ferrari27, apoiada na doutrina de Oswaldo Aranha Bandeira de Melo28, leciona que a Resolução Senatorial que dá efeitos erga omnes à decisão do STF que declara a inconstitucionalidade de lei teria efeito constitutivo e, nessa condição, somente após a publicação surtiria efeitos para as partes que não integraram o litígio. O Conselheiro Luis Marcelo, no aludido voto proferido na Terceira Câmara do Terceiro Conselho, aduz que um dos efeitos que pode ser afastado de plano é o da imprescritibilidade, característica própria da ADI e das demais ações de cunho declaratório. Todavia, depois da suspensão efetuada pelo Senado, perde a lei ou ato normativo sua eficácia; perde sua executoriedade, vale dizer, a sua revogação, e, a partir daí, não mais pode ser considerada em vigor. Ora, parecenos claro, dentro de tal colocação de idéias, que só a partir dessa suspensão é que a lei perde a eficácia, o que nos leva a admitir seu caráter constitutivo. A lei até tal momento existiu e, portanto, obrigou, criou direitos, deveres, com toda sua carga de obrigatoriedade, e só a partir do ato do Senado é que ela vai passar a não obrigar mais, já que, enquanto tal providência não se concretizar, pode o próprio Supremo, que decidiu sobre sua invalidade, alterar seu entendimento, conforme manifestação dos próprios ministros do Supremo, em voto proferido na decisão do Mandado de Segurança 16.512, de maio de 1966. Assim sendo, não estão com a razão aqueles que consideram ter efeito retroativo a suspensão pelo Senado, pois, se não podemos negar o caráter normativo de tal ato, o mesmo, embora não se confunda com a revogação, opera como ela, já que retira, por disposição constitucional, a eficácia da lei ou ato normativo tido por inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. 27 Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2004, 5ª ed., p. 205. 28 A Teoria das Constituições Rígidas, apud Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2004, 5ª ed. Fl. 515DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 516 29 José Afonso da Silva29, apoiado em doutrinadores da envergadura de Pontes de Miranda, Alfredo Buzaid e Themístocles Brandão Cavalcanti, esclarece que: O problema deve ser decidido, pois, considerandose dois aspectos. No que tange ao caso concreto, a declaração surte efeitos ex tunc, isto é, fulmina a relação jurídica fundada na lei inconstitucional desde o seu nascimento. No entanto, a lei continua eficaz e aplicável, até que o Senado suspenda sua executoriedade; essa manifestação do Senado, que não revoga nem anula a lei, mas simplesmente lhe retira a eficácia, só tem efeitos, daí por diante, ex nunc. Pois, até então, a lei existiu. Se existiu, foi aplicada, revelou eficácia, produziu validamente seus efeitos. O Ministro Teori Albino Zavascki30, em obra dedicada ao tema, citado no voto do Conselheiro Luis Marcelo, estabelece limites temporais para o poder vinculativo advindo da Resolução Senatorial, a saber: Em qualquer caso, o efeito vinculante da declaração de inconstitucionalidade é, sob o aspecto temporal, logicamente posterior ao efeito da inconstitucionalidade em si: esta é ex tunc, desde a edição da norma; aquele só é vinculante a partir do ato do qual decorre, que é superveniente à norma inconstitucional [Essa linha de entendimento norteou o acórdão do Supremo Tribunal Federal no Recurso em Mandado de Segurança 17.976, Relator Min. Amaral Santos (julgamento de 13.09.68), em cujo voto está dito que 'a suspensão da vigência da lei por inconstitucionalidade torna sem efeito os atos praticados sob o império da lei inconstitucional. Contudo, a nulidade da decisão transitada em julgado só pode ser declarada por via de ação rescisória'. Esclareceu o Min. Eloy da Rocha, na oportunidade, que 'a suspensão da execução da lei, pelo Senado, tem efeito ex nunc']. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça31, sobre o tema, firmouse no seguinte sentido: REsp nº 547.744/MG32: Como a ADIN é imprescritível, todas as ações que tiverem por objeto direitos subjetivos decorrentes de lei cuja constitucionalidade ainda não foi apreciada, ficariam sujeitas à reabertura do prazo de prescrição, por tempo indefinido. Assim, disseminariase a imprescritibilidade no direito, tornando os direitos subjetivos instáveis até que a constitucionalidade da lei 29 Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo. Malheiros, 1994, 10ª ed., p. 57. 30 Eficácia das Sentenças na Jurisdição Constitucional. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2001, pp. 81101 31 jurisprudência trazida à colação no voto proferido pelo Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, no voto proferido no julgamento do Recurso Voluntário nº 133.010, da Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. 32 Publicado no DJ de 09/12/2003, Relator: Ministro Luiz Fux. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 517 30 seja objeto de controle pelo STF. Ocorre que, se a decadência e a prescrição perdessem o seu efeito operante diante do controle direto de constitucionalidade, então todos os direitos subjetivos tornarseiam imprescritíveis. A decadência e a prescrição rompem o processo de positivação do direito, determinando a imutabilidade dos direitos subjetivos protegidos pelos seus efeitos, estabilizando as relações jurídicas, independentemente de ulterior controle de constitucionalidade da lei. (grifei) O acórdão em ADIN que declarar a inconstitucionalidade da lei tributária serve de fundamento para configurar juridicamente o conceito de pagamento indevido, proporcionando a repetição do débito do Fisco somente se pleiteada tempestivamente em face dos prazos de decadência e prescrição: a decisão em controle direto não tem o efeito de reabrir os prazos de decadência e prescrição. Descabe, portanto, justificar que, com o trânsito em julgado do acórdão do STF, a reabertura do prazo de prescrição se dá em razão do princípio da actio nata. Tratase de petição de princípio: significa sobrepor como premissa a conclusão que se pretende. O acórdão em ADIN não faz surgir novo direito de ação ainda não desconstituído pela ação do tempo no direito. Respeitados os limites do controle da constitucionalidade e da imprescritibilidade da ADIN, os prazos de prescrição do direito do contribuinte ao débito do Fisco permanecem regulados pelas três regras que construímos a partir dos dispositivos do CTN. (grifei) O Ministro Teori Albino Zavascki, em declaração de voto proferida nos autos EREsp n° 423.994/MG33, entendeu que: Em suma, não há como afirmar que a declaração de inconstitucionalidade, notadamente quando formulada em controle difuso, importe, no plano da norma, qualquer efeito extintivo ou modificativo. A norma permanece nula, como sempre foi. Também nenhum efeito dessa espécie ocorre no plano das relações jurídicas individuais (salvo, evidentemente, a que envolve as partes diretamente vinculadas à ação individual proposta). Mas, mesmo havendo sentença de inconstitucionalidade proferida em ação de controle concentrado, as relações jurídicas individuais formadas inconstitucionalmente (como, v. g., o pagamento de um tributo inconstitucional), não são diretamente atingidas pela declaração e muito menos desfeitas de modo automático. A seu turno, o Ministro Gilmar Ferreira Mendes34, sobre os efeitos desconstitutivos da sentença proferida em sede de controle da constitucionalidade, pondera: Não se está a negar caráter de princípio constitucional ao princípio da nulidade da lei inconstitucional. Entendese, porém, 33 Publicado no DJ de 05/04/2004. 34 Jurisdicão Constitucional. Brasilia. Forense. 2005, 5ª edição, pp. 333 e 334. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 518 31 que tal princípio não poderá ser aplicado nos casos em que se revelar absolutamente inidôneo para a finalidade perseguida (casos de omissão; exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade), bem como nas hipóteses em que a sua aplicação pudesse trazer danos para o próprio sistema jurídico constitucional (grave ameaça à segurança jurídica). (...) Acentuese, desde logo, que, no direito brasileiro, jamais se aceitou a idéia de que a nulidade da lei importaria na eventual nulidade de todos os atos que com base nela viessem a ser praticados. Embora a ordem jurídica brasileira não disponha de preceitos semelhantes aos constantes do § 79 da Lei do Bundesverfassungsgericht que prescreve a intangibilidade dos atos não mais suscetíveis de impugnação, não se deve supor que a declaração de inconstitucionalidade afete todos os atos praticados com fundamento na lei inconstitucional. Embora o nosso ordenamento não contenha regra expressa sobre o assunto e se aceite, genericamente, a idéia de que o ato fundado em lei inconstitucional está eivado, igualmente, de iliceidade concedese proteção ao ato singular, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, procedendose à diferenciação entre o efeito da decisão no plano normativo (Normebene) e no plano do ato singular (Einzelaktebene) mediante a utilização das chama das fórmulas de preclusão. De qualquer sorte, os atos praticados com base na lei inconstitucional que não mais se afigurem suscetíveis de revisão não são afetados pela declaração de inconstitucionalidade. (os grifos não constam do original) Nesse mesmo sentido é a doutrina de JJ Canotilho35: Pode também entenderse que os limites à retroactividade se encontram na definitiva consolidação de situações, actos, relações, negócios a que se referia a norma declarada inconstitucional. Se as questões de facto ou de direito regulados pela norma julgada inconstitucional se encontram definitivamente encerradas porque sobre elas incidiu caso julgado judicial, porque se perdeu um direito por prescrição ou caducidade, porque o acto se tornou inimpugnável, porque a relação se extinguiu com o cumprimento da obrigação, então a dedução de inconstitucionalidade, com a conseqüente nulidade ipso jure, não perturba, através da sua eficácia retroactiva, esta vasta gama de situações ou relações consolidadas. Como bem asseverou o Conselheiro Luis Marcelo, no voto já citado linhas acima: (...) um exemplo claro da aplicação das chamadas normas de preclusão pode ser extraído da decisão proferida nos autos do 35 Canotilho, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, apud Jurisdição Constitucional. Brasília. Forense. 2005, 5ª edição, p. 388. Fl. 518DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 519 32 Resp nº 686.05836 MG, em que se discutia o cabimento de ação rescisória em face da decretação da inconstitucionalidade de lei que fundamentou a sentença: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EFICÁCIA TEMPORAL DA COISA JULGADA. DESCONSTITUIÇÃO DOS EFEITOS PRETÉRITOS DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, TENDO EM VISTA A POSTERIOR DECLARAÇÃO PELO STF, EM CONTROLE DIFUSO, DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI EM QUE SE FUNDA. IMPRESCINDIBILIDADE DA AÇÃO RESCISÓRIA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DAS NORMAS PELO SENADO FEDERAL. MODIFICAÇÃO NO ESTADO DE DIREITO QUE FAZ CESSAR, DESDE A EDIÇÃO DA RESOLUÇÃO, AUTOMATICAMENTE, A FORÇA VINCULANTE DO PROVIMENTO JURISDICIONAL. (...) 4. Em nosso sistema, as decisões tomadas em controle difuso de constitucionalidade, ainda que pelo STF, limitam sua força vinculante às partes envolvidas no litígio. Não afetam, por isso, de forma automática, como decorrência de sua simples prolação, eventuais sentenças transitadas em julgado em sentido contrário, para cuja desconstituição é indispensável o ajuizamento de ação rescisória. 5. A edição de Resolução do Senado Federal suspendendo a execução das normas declaradas inconstitucionais, contudo, confere à decisão in concreto efeitos erga omnes, universalizando o reconhecimento estatal da inconstitucionalidade do preceito normativo, e acarretando, a partir de seu advento, mudança no estado de direito capaz de sustar a eficácia vinculante da coisa julgada, submetida, nas relações jurídicas de trato sucessivo, à cláusula rebus sic stantibus. 6. No caso concreto, temse ação ordinária por meio da qual se busca desconstituir os efeitos pretéritos da aplicação do art. 3º, I, da Lei 7.787∕89, emanados de sentença transitada em julgado, invocando a posterior declaração de sua inconstitucionalidade pelo STF em controle difuso. Uma vez esgotado, porém, o prazo para a propositura da ação rescisória, tal intento é inviável.(grifei) Conclui o ilustre Conselheiro: (...) ainda que se discutam os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, tornouse pacífico na jurisprudência da Corte Constitucional, que a reclamada nulidade só atinge o ato que ainda encontra condições de ser revisto, o que não ocorre, v.g. com aquele atingido pela prescrição. Como prova de tais 36 Relator designado: Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 19/10/2006, publicado no DJ de 16/11/2006. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 520 33 conclusões, o reconhecido constitucionalista, cita voto proferido pelo Ministro Rodrigues Alckmin, nos autos do RE 86.05637: Não contendo a ordem jurídica brasileira disciplina geral sobre o direitodever de revogar ou anular os atos administrativos ou sobre o prazo dentro do qual isso possa ocorrer afigurase difícil afirmar, com segurança, o dever do Poder Público de anular todos os atos praticados com base na lei inconstitucional. É certo que, por analogia, poderseia cogitar da aplicação dos prazos prescricionais a essa situação, de modo que seria admissível o dever de a Administração proceder à revisão apenas dos atos ainda suscetíveis de impugnação na via judicial. Releva ainda mencionar a posição do Ministro Teori Zavascki, em voto proferido no EREsp n° 423.994/MG38: O caso dos autos é paradigmático, porque põe em confronto duas orientações do STJ, adotadas há muito tempo, mas que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, se mostram incompatíveis, expondo a fragilidade dos fundamentos que as sustentam. Tal fragilidade reside, segundo penso, na circunstância de terem, ambas, se assentado sobre bases que desconsideram inteiramente um princípio universal em matéria de prescrição: o princípio da actio nata, segundo o qual a prescrição se inicia com o nascimento da pretensão ou da ação (Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, Bookseller Editora, 2.000, p. 332). Realmente, ocorrendo o pagamento indevido, nasce desde logo o direito a haver a repetição do respectivo valor, e, se for o caso, a pretensão e a correspondente ação para a sua tutela jurisdicional. Direito, pretensão e ação são incondicionados, não estando subordinados a qualquer ato do Fisco ou a decurso de tempo.(grifei) (...) Por tais razões, não se pode justificar, do ponto de vista constitucional, a orientação segundo a qual, relativamente à repetição de tributos inconstitucionais, o prazo prescricional somente corre a partir da data da decisão do STF que declara a sua inconstitucionalidade. Isso significaria, conforme já se disse, atribuir eficácia constitutiva àquela declaração. Significaria, também, atrelar o início do prazo prescricional não a um termo (= fato futuro e certo), mas a uma condição (= fato futuro e incerto). Não haveria termo a quo do prazo, e sim condição suspensiva. Isso equivale a eliminar a própria existência do prazo prescricional de cinco anos previsto no art. 168 do CTN, já que, sem termo "a quo", o termo "ad quem" será indeterminado. O prazo prescricional será incerto, aleatório e eventual, já que, se ninguém tomar a iniciativa de provocar jurisdicionalmente a declaração de inconstitucionalidade, não estará em curso prazo prescricional algum, mesmo que o 37 DJ 01/07/1977. 38 Julgado em 08/10/2003, publicado no DJ de 05/04/2004. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 521 34 recolhimento do tributo indevido tenha ocorrido há cinco, dez ou vinte anos. Em palestra proferida no XX CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO TRIBUTÁRIO, publicada na revista RDT da Malheiros, o Professor e Doutor Eurico de Santi, com a costumeira maestria, demonstra que a prescrição para repetir tributo tem como termo inicial a data da extinção do crédito tributário pelo pagamento. Com a palavra o mestre de Santi: 3. Desafios da interpretação I, “o início do caos”: a origem da tese dos 10 anos IR, IPI, ICMS, ISS, IPVA etc, demais contribuições e outros tributos, sujeitos ao lançamento por homologação, sempre tiveram suas leis discutidas e os respectivos indébitos reconhecidos em nome do princípio da legalidade, mas sempre sujeitos ao limite temporal desse controle da legalidade, balizado pela regra de prescrição do direito à repetição do indébito, cujo prazo desde a CF67 foi de 5 anos, contados do momento pagamento indevido. Assim foi recepcionada na CF/88, a regra do Art. 168 do CTN: “O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: (...) I – nas hipóteses do inciso I (“pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável”) e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário”. Sendo que, por quase trinta anos, doutrina e jurisprudência foram uníssonas no entendimento de que o dies a quo deste prazo é o momento do pagamento indevido, i.é, a data da extinção do crédito: a regra parecia tão clara que sequer se falava de interpretação (tampouco em “tese”), passavamse 5 anos e, simplesmente, “ocorria” a prescrição do direito de repetir o indébito (por exemplo, no TIT, decadência e prescrição sequer precisavam de paradigmas, no recurso especial). Tudo começou com o reconhecimento, pelo STF, da inconstitucionalidade do Art. 10, primeira parte, do Decretolei nº 2.288/86, que instituiu o controvertido empréstimo compulsório sobre consumo de combustíveis, justamente, depois de esgotado o prazo para propositura da ação de repetição do indébito deste tributo – i.é, cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário ex vi do Art. 168, I, do CTN. Deveras, o simples fato era que havia ocorrido a prescrição: bastava aplicar, então, a clara regra prevista no Art. 168 do CTN. É por isso que as regras de prescrição elegem em seus suportes facticos o tempo, o tempo é um fator objetivo e indiscutível: todos tendem a concordar com os dias do calendário e com os ponteiros do relógio: assim, pela legalidade da prescrição, a tipicidade do tempo realiza a segurança jurídica em detrimento da própria legalidade do tributo. Fl. 521DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 522 35 Além disso, convenhamos, tratavase de um tributo irrelevante, contingente e provisório: o empréstimo compulsório sobre combustíveis. Que, alías, enquanto empréstimo, mesmo passado o prazo de ação para questionar o indébito tributário, ensejaria, simplesmente, a exigência do cumprimento de sua claúsula de restituição, tal qual prevista na lei instituidora: novamente, bastava aplicar a lei. 4. Ruptura da legalidade: a sede de fazer justiça! Mas a sede de “justiça” foi maior. Assim, em nome da luta pela reparação da ilegalidade do empréstimo compulsório, corrompeuse sistemicamente, a legalidade da regra de prescrição, disciplinada na própria Constituição ex vi do Art. 146, III, “c”. A partir daí, os prazos de decadência e prescrição, que tem na segurança jurídica sua única razão de existir servindo como técnicas de limitação do próprio princípio da legalidade encontraramse modificados por mera tese. Assim, sem a devida lei complementar e mediante mera e contingente interpretação, alterouse o prazo de prescrição de praticamente todos nossos tributos federais, estaduais e municipais. Tudo, decorrência de uma criativa e sedutora tese que clamava por “Justiça”. E o STJ fez sua justiça salomônica: tese de 10 para cá, tese de 10 para lá. E todos nós ficamos no meio! Até hoje incertos do prazo, mas sempre certos que somos sempre nós, contribuintes, que pagamos a conta. Não lutamos contra gigantes abstratos, o Estado é um moinho concreto que se alimenta do nosso trabalho: é nosso dinheiro que entra; e bem ou mal, é nosso dinheiro que sai para prover o numerário para as restituições de indébito pleiteadas. E se a carga tributária aumenta, é, também, porque alguém tem que pagar mais, para que outros, ou os mesmos, possam restituir mais. Assim, corrompendose a legalidade em nome da legalidade, mas em absurdo desrespeito a segurança jurídica, o termo inicial do prazo deixou de ser o “pagamento antecipado” e passou a ser o momento da homologação tácita ou expressa desse pagamento, sob a alegação de que a extinção do crédito só se realiza com a ulterior homologação do pagamento, ex vi do Art. 156, VII do CTN. Firmouse, assim, a denominada tese dos dez anos, conforme o seguinte acórdão do STJ: Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 43.9955/RS Relator: Min. Cesar Asfor Rocha EMENTA: Tributário – Empréstimo Compulsório sobre a aquisição de combustíveis – DecretoLei nº 2.288/86 – Restituição Decadência – Prescrição – Inocorrência. Consoante entendimento fixado pela egrégia Primeira Seção, sendo o empréstimo compulsório sobre a aquisição de combustíveis sujeito a lançamento por homologação, à falta Fl. 522DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 523 36 deste, o prazo decadencial só começa a fluir após o decurso de cinco anos da ocorrência do fato gerador, somados de mais cinco anos, contados estes da homologação tácita do lançamento. Por sua vez, o prazo prescricional tem como termo inicial a data da declaração de inconstitucionalidade da Lei em que se fundamentou o gravame.”(DJ: 24/04/1995) 5. Restaurando a legalidade: dura lex, lex sed A efetivação do princípio da legalidade exige o respeito a sua tríplice dimensão: irretroatividade, reserva legal e tipicidade. A tese dos dez anos fere, num só golpe, estas três perspectivas: (i) corrompeu a irretroatividade, criando, projetando e introduzindo, no passado, novo critério legal de prescrição (como o efeito que agora se pretende com a LC 118, só que, aqui, mediante lei); (ii) desrespeitou, flagrantemente, a reserva legal, arrostando matéria de lei para a discrionariedade do Poder Judiciário, ignorando o princípio da separação dos Poderes; e (iii) afrontou a tipicidade do Art. 168, fundamental nas regras de decadência e prescrição, sobrepondo à clareza objetiva do critério da regra posta, a incerta subjetividade de valores contingentes. A legalidade se realiza no ato de aplicação, mas não muda. O artigo 168 sempre esteve lá, da mesma forma, e a LC 118 em nada o alterou. O prazo legal sempre foi, e continua sendo, de 5 anos a contar do pagamento antecipado: primeiro, porque pagamento antecipado não significa pagamento provisório à espera de seus efeitos, mas pagamento efetivo, realizado antes e independentemente de ato de lançamento; segundo, porque se interpretou o “sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento” de forma equivocada como se fosse, necessariamente, uma condição suspensiva que desloca o efeito do pagamento para a data da homologação39. Ocorre que o Art. 150 § 1º referese a “condição resolutiva” que, como tal, não impede a plena eficácia do pagamento antecipado que equivale, assim, para todos os efeitos à data da extinção do crédito tributário, no caso dos tributos sujeitos ao Art. 150 do CTN. Desta forma, é a data efetiva em que o contribuinte recolhe o valor, a título de tributo, que haverá de funcionar como dies a quo do prazo de prescrição. Em suma, legalmente, o contribuinte sempre gozou de cinco anos para pleitear o débito do Fisco, e nunca dez. 6. Concluindo: legalidade e as decisões judiciais HERBERT HART40, analisando a definitividade e a infalibilidade das decisões dos tribunais superiores, faz uma instigante 39 LUCIANO AMARO aponta a impropriedade técnica de o CTN dirigir a homologação como condição resolutiva: “Ora, os sinais aí estão trocados. Ou se deveria prever, como condição resolutória, a negativa de homologação (de tal sorte que, implementada essa negativa, a extinção restaria resolvida) ou teria de definirse, como condição suspensiva, a homologação (no sentido de que a extinção ficaria suspensa até o implemento da homologação). Direito tributário brasileiro, p. 344 40 O conceito de direito, p. 1556 Fl. 523DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 524 37 analogia com os jogos em que, num primeiro momento, não há a figura do juiz, mas que, quando instituído, funcionará como marcador oficial dos pontos e cujas decisões serão definitivas. Explica que nesse tipo de sistema passa a ocorrer um novo tipo de interação entre os actantes do jogo, que deixam de opinar sobre a pontuação ou sobre as regras do jogo, porque as determinações do marcador oficial são indisputáveis e definitivas. E continua: Não difere dessa situação os julgados do STJ (“marcador oficial”) com relação às regras do termo inicial do prazo de prescrição do direito ao indébito: é certo que a autoridade e a definitividade das decisões do STJ são inquestionáveis. Contudo, como ensina HERBERT HART41: “‘O resultado é o que o marcador diz que é’ não é uma regra de marcação: é uma regra que atribui autoridade e definitividade à aplicação por ele em casos concretos da regra de pontuação”. Não é a legalidade: é o simples efeito concreto da coisa julgada. Remanesce, assim, o seguinte problema, como diz o legendário titular da Cadeira de Jurisprudência da Universidade de Oxford: “o fato de as decisões oficiais em descompasso com a regra de jogo serem aceitas não significa que o jogo de críquete ou de basebol já não esteja a jogarse; por outro lado, se estas distorções forem freqüentes ou se o juiz repudiar a regra do jogo positivada, há que chegar um ponto em que, ou os jogadores não aceitam mais as determinações destoantes do marcador ou, se o fazem, o jogo vem a alterarse; já não é críquete ou basebol que se joga, mas “o jogo do Juiz” 42. Enfim, a partir do direito e da aplicação efetiva da legalidade, continuamos entendendo, como aliás vimos defendendo desde 23 de maio de 2000, que nunca coube falar em prazo de 10 anos: nem antes, nem depois da tese dos 10 anos; nem antes, nem depois da LC 118. Em suma, o prazo de prescrição no CTN e o direito continuam os mesmos: tudo não passou de um pesadelo e, agora, o dia está amanhecendo, há luz, e todos nós, acordados, podemos nos dar conta deste simples fato: os tribunais interpretam a lei, podendo até alterar sua eficácia legal, mas não alteram a lei... Outro ponto que clama por refutar a tese adotada no acórdão recorrido é o da total inversão da finalidade da prescrição. Explico: esse instituto extintivo do direito de ação, oriundo do direito civil, tem por escopo estabilizar as relações jurídicas e contribuir para a estabilidade social, na medida em que impede que conflitos jurídicos se perpetuem no tempo e passe de uma geração para outra. 41 O conceito de direito, p. 1569. 42 Tradução livre do original: The concept of law, Oxford university Press, 1961. Fl. 524DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 525 38 A tese adotada no acórdão recorrido, simplesmente, mantém a possibilidade de conflitos extintos em um passado distante sejam ressuscitados e venham assombrar a geração presente ou futura. Tomese, por exemplo, o caso da Lei nº 4.502/1964 – lei básica do IPI – que prevê a incidência desse tributo sobre produtos das indústrias gráficas. O Judiciário, sistematicamente, vem decidindo em sentido contrário, que sobre tais produtos incide apenas ISS, e não o imposto federal. A prevalecer a tese esposada no acórdão recorrido, se a União vier a editar qualquer ato dispensando a fiscalização de lançar o IPI sobre esses produtos, o prazo de prescrição do tributo pago desde 1964 seria reaberto, a partir desse ato, que passaria a ser o termo inicial da prescrição. Com isso, poderseia repetir eventuais indébitos relativos a tributos ocorridos no longínquo ano do golpe militar, ou seja, meio século depois. Tal fato acarretaria ônus insuportável aos cofres públicos, de tal monta que, a geração sobrevivente dos anos de chumbo sucumbiria ao caos financeiro decorrente dessa canhestra engenharia jurídica inventada para legitimar, ao arrepio da lei e da constituição, a devolução de um tributo pago por uma geração, que, aliás, dele se beneficiou. Por derradeiro, transcrevo excerto do voto do Luis Marcelo para refutar a tese que defende a renúncia da Fazenda Pública à prescrição. Outro ponto da matéria sob exame que foi objeto de análise pelo Superior Tribunal de Justiça, é a definição dos efeitos do ato governamental que, a teor do artigo 18 da Lei 10.522/2002, resultado de sucessivas conversões da Medida Provisória 1.110, de 1995, que dispensa a adoção de medidas tendentes à cobrança administrativa ou judicial dos tributos declarados inconstitucionais. Conforme já foi dito, este colegiado tem equiparado esses atos à confissão de indébito, capaz de interromper ou de caracterizar renúncia à prescrição que, nesses casos, militaria em favor da Fazenda Pública. Mais uma vez, peço vênia a meus pares para discordar de mais um dos pontos em que se baseia a tese vencedora ora contestada. Em primeiro lugar, penso, estribado na doutrina de Pontes de Miranda43, que é impossível estender, por analogia, as hipóteses de interrupção da prescrição taxativamente expressas na legislação tributária. Por outro lado, independentemente da indisponibilidade dos bens públicos, admitindo, apenas para argumentar, que os interesses em testilha fossem privados, é cediço que, nos termos 43 Tratado de direito privado, apud Eurico Marcos Diniz de Santi. Decadência e Prescrição do Direito do Contribuinte e a LC 118: Entre Regras e Princípios, in Temas de Direito Público — Estudos em Homenagem ao Ministro José Augusto Delgado. Coordenação Cristiano Carvalho e Marcelo Magalhães Peixoto. Curitiba. Juruá, 2005, pp 149 a 178. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 526 39 da Lei nº 10.406, de 2002 (Novo Código Civil), o ato de renúncia44 deve ser interpretado restritivamente e que a renúncia tácita à prescrição somente se opera pela prática de atos incompatíveis com esse fato preclusivo45. Dessa forma, não consigo enxergar nos atos em questão os efeitos vislumbrados nos votos vencedores. Ao meu ver, no caso da medida provisória nº 1.110, de 1995, que, após sucessivas reedições, foi convertida na Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, esse raciocínio ganha ainda mais força dada a ressalva expressa contida no § 3º do seu art. 1846. Nesse aspecto, transcrevo trecho do voto vencedor do Recurso Especial no 747.09147 “Sem razão, contudo. Em nosso sistema, considerado o princípio da indisponibilidade dos bens públicos, está assentado o entendimento de que a renúncia à prescrição já consumada em favor da Fazenda Pública não pode ser simplesmente tácita, daí porque, segundo orientação já antiga do próprio STF, é “incensurável a tese de que a renúncia da prescrição em favor da Fazenda Pública só possa fazerse por lei” (RE 80.153∕SP, Segunda Turma, Min. Leitão de Abreu, 13.10.1976). A doutrina posicionase em igual sentido: “O Poder Público pode renunciar a direito próprio, mas esse ato de liberalidade não pode ser praticado discricionariamente, dependendo de lei que o autorize. A renúncia tem caráter abdicativo e em se tratando de ato de renúncia por parte da Administração depende sempre de lei autorizadora, porque importa no despojamento de bens ou direitos que extravasam dos poderes comuns do administrador público” (NOBRE JUNIOR, Edilson Pereira. Prescrição: decretação de ofício em favor da Fazenda Pública in Revista Forense 345∕35). “A administração, uma vez consumado o prazo prescricional, não pode satisfazer o direito prescrito, salvo autorização legislativa, vez que isso importaria em liberalidade com o patrimônio público, que o executor da lei só pode praticar por determinação da própria lei” (CARVALHO, Selma Drumond. Aplicabilidade das normas sobre prescrição à Fazenda Pública in Informativo Jurídico Consulex, Volume 14, nº 40, página 11). No presente caso, o art. 18 da Lei 10.522∕2002 simplesmente dispensou “a constituição de créditos da Fazenda Nacional, a inscrição como Dívida Ativa da União e o ajuizamento da respectiva execução fiscal” relativamente à quota de 44Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretamse estritamente. 45Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. 46§ 3º O disposto neste artigo não implicará restituição ex officio de quantia paga. 47 Relator: Ministro Teori Albino Zavascki, publicado no DJ de 06/02/2006 Fl. 526DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13811.001868/0006 Acórdão n.º 9303000.681 CSRFT3 Fl. 527 40 contribuição para exportação para o café. Nada dispôs sobre renúncia a prescrição. Pelo contrário, em seu §3º expressamente dispôs que a dispensa nela prevista não autorizava a restituição ex officio de quantias já pagas. Portanto, além de não fazer menção alguma à renúncia à prescrição, a lei deixou claro que não abria mão, espontaneamente, dos valores já recebidos, muito menos, portanto, dos valores já recebidos e insuscetíveis de lhe serem exigidos por via judicial, quando consumada a prescrição. Em outras palavras: não houve renúncia alguma, nem expressa e nem tácita, mas, ao contrário, houve a clara e expressa manifestação no sentido de não abrir mão dos valores já recebidos. Diante do exposto e considerando que no caso em análise o pedido foi protocolado após o transcurso do prazo quinquenal, contado a partir da extinção do crédito tributário pelo pagamento, é de reconhecerse que o direito à repetição pleiteado nestes autos foi alcançado pela prescrição. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 527DF CARF MF Impresso em 11/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 23/05/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 13805.000845/95-61
Turma: Quarta Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Aug 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/1992 a 31/12/1994
Ementa:
COFINS. BASE DE CÁLCULO. EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. SUBCONTRATAÇÃO.
O que define determinado dispêndio como verdadeiro repasse ou mero custo é a relação jurídica mantida com o terceiro. Há repasse quando o terceiro mantém relação jurídica direta com o cliente - com a fonte pagadora -, e o contratado atua como mandatário deste perante o terceiro no ato de pagamento; neste caso, a quantia entregue pelo cliente ao contratado pertencerá desde sempre ao patrimônio do terceiro, e o contratado a receberá do cliente com a obrigação congênita de entregá-la ao verdadeiro titular.
Agora, se a relação jurídica com o terceiro é contracenada pelo próprio contratado, não haverá repasse, mas simples subcontratação. Neste caso, a subcontratação atenderá a um interesse do contratado, o qual, por conveniência ou necessidade, prefere contar com o auxílio de outrem para adimplir uma obrigação sua assumida com o seu cliente.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3403-002.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Roberto Duarte Batista. OAB/SP nº 132.248.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Marcos Tranchesi Ortiz Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim.
Nome do relator: MARCOS TRANCHESI ORTIZ
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/1992 a 31/12/1994 Ementa: COFINS. BASE DE CÁLCULO. EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. SUBCONTRATAÇÃO. O que define determinado dispêndio como verdadeiro repasse ou mero custo é a relação jurídica mantida com o terceiro. Há repasse quando o terceiro mantém relação jurídica direta com o cliente - com a fonte pagadora -, e o contratado atua como mandatário deste perante o terceiro no ato de pagamento; neste caso, a quantia entregue pelo cliente ao contratado pertencerá desde sempre ao patrimônio do terceiro, e o contratado a receberá do cliente com a obrigação congênita de entregá-la ao verdadeiro titular. Agora, se a relação jurídica com o terceiro é contracenada pelo próprio contratado, não haverá repasse, mas simples subcontratação. Neste caso, a subcontratação atenderá a um interesse do contratado, o qual, por conveniência ou necessidade, prefere contar com o auxílio de outrem para adimplir uma obrigação sua assumida com o seu cliente. Recurso voluntário negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Roberto Duarte Batista. OAB/SP nº 132.248. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim.
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BASE DE CÁLCULO. EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. SUBCONTRATAÇÃO. O que define determinado dispêndio como verdadeiro repasse ou mero custo é a relação jurídica mantida com o terceiro. Há repasse quando o terceiro mantém relação jurídica direta com o cliente com a “fonte pagadora” , e o contratado atua como mandatário deste perante o terceiro no ato de pagamento; neste caso, a quantia entregue pelo cliente ao contratado pertencerá desde sempre ao patrimônio do terceiro, e o contratado a receberá do cliente com a obrigação congênita de entregála ao verdadeiro titular. Agora, se a relação jurídica com o terceiro é contracenada pelo próprio contratado, não haverá repasse, mas simples subcontratação. Neste caso, a subcontratação atenderá a um interesse do contratado, o qual, por conveniência ou necessidade, prefere contar com o auxílio de outrem para adimplir uma obrigação sua assumida com o seu cliente. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Roberto Duarte Batista. OAB/SP nº 132.248. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 5. 00 08 45 /9 5- 61 Fl. 2825DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 2 (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim. Relatório Cuidase de auto de infração (fls. 172/178) lavrado em 21 de fevereiro de 1995, para lançamento de créditos da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins relativos ao período de maio de 1992 a dezembro de 1994, não declarados em DCTF e apurados em auditora a partir do Livro de Registro de Notas Fiscais de Serviços da recorrente. A recorrente impugnou o lançamento (fls. 180/200) arguindo: (a) imunidade recíproca: (a1) desfruta de imunidade recíproca a impostos, uma vez que é entidade paraestatal prestadora de serviço público; (a2) a Cofins é exação enquadrável como imposto; e (a3) sua imunidade é objeto da ação judicial declaratória nº 93.00097512, havendo litispendência em relação a esse argumento; (b) nãotributação de repasses: (b1) sua atividade é de mero gerenciamento e fiscalização de obras de diversos órgãos públicos, contratadas juntos a diversas construtoras; (b2) no âmbito de tais atividades de gerenciamento, incumbelhe efetuar os pagamentos devidos pelo “dono da obra” – os órgãos públicos – às construtoras; (b3) para tanto, emite contra os órgãos públicos nota fiscal de serviço no exato valor a ser repassado às construtoras (fls. 513/1656), o mesmo valor da nota fiscal de serviço que a construtora lhe emite; (b4) tão logo recebe o numerário, repassao imediata e integralmente aos seus verdadeiros titulares, as construtoras; (b5) sua remuneração pelo serviço de gerenciamento da obra consiste em uma “taxa de administração”, normalmente uma porcentagem do valor repassado às Fl. 2826DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13805.000845/9561 Acórdão n.º 3403002.295 S3C4T3 Fl. 11 3 construtoras, a qual, normalmente, era objeto de outra nota fiscal de serviços emitida por ela aos donos da obra; (b6) o valor da taxa de administração era reconhecido como faturamento seu, devidamente declarado em DCTF – e integralmente depositado em juízo nos autos da medida cautelar nº 93.00061313, preparatória da ação declaratória referida acima (fls. 1704/1749); (b7) a base de cálculo da autuação consiste precisamente dos valores repassados às construtoras, que não configuram seu faturamento ou receita, mas mero trânsito de numerário por sua contabilidade. Em 10 de outubro de 1996, a DRJ/São PauloSP proferiu uma inusitada decisão (fls. 1658/1660) em que: (a) não conheceu da impugnação relativamente ao crédito tributário principal lançado, em razão da concomitância do argumento de imunidade na ação judicial nº 93.00097512, declarandoo “devidamente constituído na esfera administrativa”; e (b) sobrestou o julgamento da impugnação relativamente à multa de ofício, devendo o mesmo ser retomado após o encerramento da ação judicial relativa à imunidade. Em 1º de dezembro de 1999, a recorrente trouxe aos autos documentos comprovando que as referidas ações cautelar e declaratória transitaram em julgado em 17 de outubro de 1997, com sentença de improcedência. Em 27 de abril de 2001, a DRJ/CuritibaPR, então, retomou o julgamento sobrestado pela DRJ/São PauloSP, e manteve a multa de ofício lançada, porém reduzindoa de 100% para 75%, em atenção à nova legislação mais benigna ao contribuinte (fls. 1861/1866). Sobreveio recurso voluntário em 11 de setembro de 2002 (fls. 1873/1886), no qual deduziuse: (a) prescrição do crédito tributário principal, que já estaria definitivamente constituído desde outubro de 1996 (quando do julgamento pela DRJ/São PauloSP), portanto há mais de 5 anos, sem ajuizamento de execução fiscal respectiva; e (b) intributabilidade de meros ingressos pela Cofins, nos termos já deduzidos na impugnação. O recurso tardou mais de cinco anos para subir ao então Conselho de Contribuintes, em razão de controvérsia sobre a exigibilidade de depósito recursal, dirimida afinal em mandado de segurança impetrado pela recorrente. Nesse ínterim, o crédito chegou a ser inscrito em dívida ativa e a execução fiscal chegou a ser ajuizada, sendo posteriormente encerrada sem julgamento de mérito, após a decisão mandamental que determinou o processamento do recurso voluntário ao Conselho (fls. 2103/2682). Em 3 de junho de 2009, a 2ª Turma da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF finalmente julgou o recurso (fls. 2683/2688) e anulou o processo a partir da decisão da DRJ/São Paulo, por entender que a renúncia administrativa decorrente da ação judicial nº 93.00097512 alcançava apenas o argumento de imunidade recíproca, e não o argumento relativo aos “repasses”; para aquela turma julgadora, ao estender os efeitos da renúncia Fl. 2827DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 4 administrativa também ao argumentos dos repasses, recusandose a apreciálo, a DRJ/São Paulo cerceou o direito de defesa da recorrente. Por isso, mesmo inexistindo argumento nesse sentido no voluntário, o CARF entendeu por reconhecer de ofício essa nulidade. Os autos, então, retornaram à DRJ/São PauloSP para novo julgamento da impugnação – apresentada no longínquo março de 1995 (fls. 180/200). Em 3 de março de 2011, a delegacia negou provimento à impugnação, entendendo que: (a) o argumento de imunidade recíproca estava prejudicado, ante a coisa julgada formada nos autos da ação judicial nº 93.00097512; e (b) os valores repassados às construtoras integram a base tributável da recorrente, pois configuram custos da sua atividade, irrelevantes à base de cálculo da Cofins. Interpôsse novo recurso voluntário (fls. 2742/1784) aos mesmos argumentos de (i) prescrição e (ii) não tributação de meros repasses. Eis o relatório. Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz O novo voluntário interposto pela recorrente atende às formalidades aplicáveis, inclusive quanto à tempestividade, motivo pelo qual dele se conhece. 1 Prescrição. O argumento de prescrição deduzido no voluntário tem por premissa que o crédito tributário foi constituído definitivamente em outubro de 1996, quando da decisão irrecorrível da DRJ/São PauloSP que não conheceu do primeiro recurso voluntário interposto, tudo isso conforme – é forçoso reconhecer – consignou expressamente aquela mesma decisão (fls. 1658/1660). Naquela data, então, teria passado a fluir o prazo prescricional quinquenal segundo o art. 174 do CTN, o qual viria a expirar em outubro de 2001. Curioso notar que, para sustentar o argumento, a recorrente refuta teses que a princípio lhe favoreceriam. Diz, por exemplo, que a concomitância entre os contenciosos administrativo e judicial era mesmo total, uma vez que a pretensão de imunidade, por desonerála completamente do pagamento da Cofins, abrangia a pretensão menor da impugnação administrativa, cujo objeto era a desoneração parcial da contribuição (fls. 2755/2756). Pondera, ainda, que a decisão inicial da DRJ/São Paulo não lhe cerceou o direito de defesa (fl. 2759). Ao respaldar a decisão inicial da DRJ – postura aparentemente inusitada –, teve a recorrente o propósito óbvio de definir a data de sua prolação como a data de constituição definitiva do crédito, apostando assim “todas as suas fichas” na hipótese de prescrição. Fl. 2828DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13805.000845/9561 Acórdão n.º 3403002.295 S3C4T3 Fl. 12 5 Consigno aqui, muito rapidamente, meu entendimento pessoal em tudo concordante com o v. acórdão do CARF que anulou a decisão primeira da DRJ/São PauloSP, a meu ver teratológica por ao menos dois motivos: em primeiro lugar, porque ignorou o argumento relativo aos repasses, absolutamente distinto do argumento de imunidade; em segundo lugar, porque julgou o feito “em doses homeopáticas”, cindindoo em dois atos e momentos diferentes, procedimento que não se admite no processo administrativo. O acerto ou erro da decisão anulatória proferida pelo CARF, contudo, agora pouco importa. E não importa porque, evidentemente, não é esta a decisão recorrida, mas sim a segunda decisão da DRJ/São PauloSP. A anulação da primeira decisão da DRJ é premissa deste julgamento de agora. É um fato consumado. Contra ela, a recorrente poderia haver oportunamente interposto recurso especial à Câmara Superior, se lograsse atender os requisitos de admissibilidade; também poderia, ou poderá, ir a juízo. O que não cabe é reabrir essa discussão aqui, pois essa Turma obviamente não é instância revisora de decisão de outra Turma do mesmo Tribunal. Esse claríssimo equívoco de perspectiva fica muito evidenciado no próprio capítulo do voluntário dedicado à tese de prescrição, no qual a recorrente em nenhum momento se refere à decisão recorrida, mas única e diretamente à decisão do CARF. Chega a concluir que “não deve subsistir a decisão do Conselho de Contribuintes, porque esta sim, encontrase eivada de vício” (fl. 2762). O fato objetivo é que a decisão da DRJ/São Paulo proferida em outubro de 1996 está, hoje, anulada, o que significa dizer que não produziu nenhum efeito jurídico, entre eles o efeito, nela expressamente anunciado, de constituir definitivamente o crédito tributário objeto deste processo. Se é assim, inviável resta a tese de prescrição, que aqui fica rejeitada. 2 Pagamento às Construtoras: Repasse ou Subcontratação? Sem nos prolongarmos com incursões doutrinárias sobre tema tão profícuo em debates, adotamos o conceito de receita de Mariz de Oliveira:“é um acréscimo de direito que não acarrete qualquer prestação para o adquirente desse direito, pendente de cumprimento por ele; ou, ainda, receita é um acréscimo de direito para o respectivo adquirente que não atribua a terceiro qualquer direito contra o adquirente daquele primeiro direito” (A problemática das receitas de terceiros perante as bases de cálculo da contribuição ao Pis e da Cofins. Direito Tributário Atual, vol. 17. São Paulo: IBDT/Dialética, 2003. p. 70) O critério que definirá, como receita, um valor que transita pelas mãos da pessoa jurídica é a sua estabilização – leiase, estabilização jurídica, não econômica – no patrimônio desta. Se o recurso ingressa no patrimônio do possuidor em caráter definitivo, será receita. E se essa receita decorrer da venda de mercadoria ou da prestação de serviços, será – à luz da Lei Complementar nº 70/91 – faturamento. Isso significa que o simples ingresso de numerário em posse da pessoa jurídica não é faturamento, não é sequer receita. Faturamento é espécie de receita, que por sua Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 6 vez é espécie de ingresso. Todo faturamento é receita, e toda receita é ingresso, mas a recíproca não é verdadeira: nem todo ingresso é receita. Essa hermenêutica, muito bem exposta no voluntário, é assim sintetizada por José Antonio Minatel: “Nem todo ingresso tem natureza de receita, sendo imprescindível para qualificálo o caráter de definitividade da quantia ingressada, o que não acontece com valores só transitados pelo patrimônio da pessoa jurídica, pois são por ela recebidos sob condição, ou seja, sob regime jurídico, o qual (...) não lhe outorga definitiva titularidade, pelo fato de os recursos adentrarem o patrimônio carregando simultânea obrigação de igual natureza” (Conteúdo do conceito de receita. São Paulo: MP, 2005. p. 100). E, se o numerário transitado não configurar faturamento (na disciplina da LC nº 70/91) ou, ao menos, receita (na atual disciplina da Lei nº 10.833/03), não integrará a base de cálculo da Cofins. Caso típico de ingresso alheio à espécie receita é aquele recebido com a obrigação congênita de entregar a um terceiro, que seja o seu verdadeiro titular. No jargão comercial, são os “repasses”. Os repasses configuram situação de nãoincidência da Cofins, estão desde sempre alheios ao âmbito possível de incidência da norma impositiva. Por isso, aliás, ao contrário do que se passa com as isenções, não necessitam de norma expressa que os retirem do campo de incidência da exação. O art. 3º, §2º, inciso III da Lei nº 9.718/98, que excluía os repasses da base de cálculo da Cofins, era, pois, norma “pedagógica” que apenas consignava, às expressas, uma nãoincidência. Sua revogação pela MP nº 2.15835, então, não modificou o status legal da matéria. A constatação é de Mariz de Oliveira: “Esse dispositivo manifestava explicitamente uma norma de não incidência das contribuições, (...) Em vista disso, a revogação do inciso II do §2º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, pela atual Medida Provisória nº 2.15835, não afeta a intributabilidade dos meros ingressos ou entradas que devam ser transferidos à pessoa que detenha a titularidade do direito aos mesmos”. (op. cit. p. 94) É preciso, contudo, não confundir repasses com custos da pessoa jurídica contribuinte, sob o risco de converter a base de cálculo da Cofins, de receita, em lucro. Ao obrigarse, perante um cliente, à entrega de uma mercadoria ou à prestação de um serviço, o contratado pode, e comumente o faz, delegar a terceiro parcela, ou mesmo a totalidade, dos esforços necessários ao cumprimento da prestação assumida. É natural que, do valor recebido do cliente, o contratado use “imediatamente” uma parcela para pagar o terceiro que contribuiu com o cumprimento da prestação. Terseá, nessa hipótese, subcontratação, e não verdadeiro repasse, sendo que o valor pago pelo contratado ao subcontratado representará grandeza influente na sua lucratividade, mas não no montante total de receita auferida. Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13805.000845/9561 Acórdão n.º 3403002.295 S3C4T3 Fl. 13 7 O que a meu ver define determinado dispêndio como verdadeiro repasse ou mero custo é a relação jurídica mantida com o terceiro. Há repasse quando o terceiro mantém relação jurídica direta com o cliente – com a “fonte pagadora” –, e o contratado atua como mandatário deste perante o terceiro no ato de pagamento; neste caso, a quantia entregue pelo cliente ao contratado pertencerá desde sempre ao patrimônio do terceiro, e o contratado a receberá do cliente com a obrigação congênita de entregála ao verdadeiro titular. Agora, se a relação jurídica com o terceiro é contracenada pelo próprio contratado, não haverá repasse, mas simples subcontratação. Neste caso, a subcontratação atenderá a um interesse do contratado, o qual, por conveniência ou necessidade, prefere contar com o auxílio de outrem para adimplir uma obrigação sua assumida com o seu cliente. Sob essas premissas, analisemos o caso concreto. A recorrente sustenta que presta, aos diversos órgãos públicos contratantes, serviços de fiscalização e gerenciamento de obras de construção civil (engenharia consultiva), e não serviços de construção civil propriamente. Tratamse, com efeito, de realidades bastantes distintas, tanto que captadas em itens distintos da Lei Complementar nº 116/03, disciplinadora do Imposto Sobre Serviços – ISS da competência municipal: “7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos; 7.19 – Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo” Em princípio, o serviço de acompanhamento de obras não envolve, para o prestador, a obrigação de efetuar, em nome do “dono da obra”, os pagamentos aos empreiteiros e demais fornecedores do empreendimento. Nada impede, contudo, que tal incumbência seja adicionalmente prevista no contrato entre as partes, afinal os pagamentos no segmento de construção civil são comumente feitos à medida em que a obra evolui, e é a empresa fiscalizadora quem afere o andamento da obra através das chamadas “medições”. É, assim, perfeitamente possível, e até esperado, que a obrigação de efetuar os pagamentos seja atribuída contratualmente à fiscalizadora da obra. Enfim, o serviço de engenharia consultiva de fiscalização de obra não se desnatura em havendo pacto concomitante estipulando que a contratada irá receber da contratante os valores a serem, ato contínuo, entregues aos empreiteiros credores. O que é, a meu ver, fundamental para assegurar e manter esse objeto contratual é que haja relação jurídica direta entre o empreiteiro e o dono da obra. Afinal, o dono da obra é, obviamente, contratante de uma obra de construção civil, então alguém precisa prestarlhe (a ele, necessariamente) esse serviço; se o prestador não é a empresa fiscalizadora, eis que essa apenas fiscaliza a obra, então há de ser o empreiteiro, que se obriga diretamente perante o dono da obra. Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 8 Pois bem. Para demonstrar os contornos da relação jurídica mantida com seus clientes, a recorrente trouxe aos autos um contrato celebrado com o “Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – HCFMUSP”, uma autarquia estadual paulista (fls. 2065/2077). Segundo sua Cláusula Primeira, incumbe à recorrente “a elaboração dos estudos preliminares inclusive de localização, projetos básicos, projetos executivos, orçamentos detalhados, especificações, cronogramas físicofinanceiros, memoriais descritivos e contratação de todas as obras e serviços relativos às edificações”. A cláusula parece definir que a recorrente não será a empreiteira, cabendolhe apenas atribuições de engenharia consultiva, mas não esclarece em nome de quem a obra será contratada com terceiros, se em nome da própria recorrente ou do HCFMUSP. O parágrafo primeiro da mesma cláusula, a seu turno, incumbe a recorrente de “executar os serviços de ampliação, reforma, instalações de equipamentos e outros, em prédios novos ou já existentes”, o que já significa que a recorrente terá, sim, ao menos em alguma medida, atribuições de engenharia construtiva propriamente. A Cláusula Quarta do contrato dispõe que “após a elaboração dos projetos executivos e a aprovação pelo HCFMUSP, [a CPOS] contratará sua execução”, e o respectivo parágrafo primeiro estipula caber à recorrente “além da contratação da obra ou serviço, a fiscalização de sua execução”. Finalmente, a cláusula sexta dispõe que “o HCFMUSP responsabilizase pelo efetivo pagamento das medições realizadas e reajustes devidos ao executor de obra ou serviço, comparecendo como interveniente anuindo às cláusulas e condições estabelecidas [pelo CPOS]”. As Cláusulas Quarta e Sexta, reconheçase, favorecem a tese recursal, pois sugerem que as atribuições contratuais da recorrente serão (i) representar o cliente na contratação da empreiteira e (ii) fiscalizar a atuação da empreiteira. Trouxe, ainda, a recorrente, o contrato celebrado com a construtora “Método Engenharia S.A.” cujo objeto é justamente a execução da obra do HCFMUSP. E este documento, a meu ver, desdiz completamente a relação jurídica que se vislumbrava no contrato entre recorrente e HCFMUSP. Isso porque, ao contrário do que se imaginava a partir da leitura daquele primeiro contrato, neste a empreitada foi contratada direta e exclusivamente pela recorrente, e não pelo HCFMUSP. Em desacordo com a Cláusula Sexta do contrato com a recorrente, o HCFMUSP não comparece no contrato com a Método sequer na condição de interveniente. A relação jurídica com a empreiteira executora é, assim, estabelecida com a recorrente, e não com o seu cliente. A construtora não guarda nenhuma relação e, por conseguinte, nenhuma pretensão em relação ao HCFMUSP. Se a recorrente porventura não lhe paga, nem por isso poderá cobrar do HCFMUSP; e, se o HCFMUSP não pagar à recorrente, ainda poderá cobrar normalmente desta o preço dos serviços prestados, a demonstrar a completa autonomia entre as parêmias contratuais “HCFMUSP x Recorrente” e “Recorrente x Método”. Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13805.000845/9561 Acórdão n.º 3403002.295 S3C4T3 Fl. 14 9 Ora, se a Método não presta serviços de construção civil ao HCFMUSP, quem os presta? Alguém há de prestar, afinal o HCFMUSP é o dono da obra, o proprietário do prédio erguido! Essa posição é ocupada, então, forçosamente, pela recorrente, o que faz da construtora mera subcontratada sua. A contratação da construtora atende, pois, ao interesse jurídico da recorrente, que assim entendeu conveniente proceder para adimplir a obrigação assumida com o seu cliente. É verdade que os valores pagos pela recorrente à Método equivalem precisamente aos valores pagos pelo HCFMUSP à recorrente. Para cada nota fiscal de valor $X emitida pela Método contra a recorrente, há uma nota fiscal de mesmo valor $X emitida pela recorrente contra o HCFMUSP (fls. 1896/2063). Há, inclusive, comprovantes bancários dos respectivos pagamentos, a afastar qualquer cogitação de simulação. Isso, contudo, não basta. Isso apenas demonstra que, na mensuração do preço do seu serviço, a recorrente mensurou corretamente o seu custo, de modo a manter a margem de lucro desejada. Enfim, o contrato entre a recorrente e a empreiteira levame a concluir que a sua relação com o HCFMUSP é de empreitada, e não de mera fiscalização de obra. Consigne, por oportuno, que do objeto social da recorrente também consta a atividade de construção civil (fl. 2121). Agora, mesmo no âmbito de uma relação de empreitada, é, ainda assim, possível caracterizar a relação entre empreiteiro e subempreiteiro como de repasse. Tratase da chamada “empreitada por administração”, na qual o empreiteiro assume a obrigação de erguer a obra, porém todos os insumos, pessoais e materiais, para tanto necessários sãolhe contratados, adquiridos e fornecidos pelo dono da obra contratante. Portanto, para que se pudesse subsumir o caso da recorrente ao regime de empreitada por administração, seria igualmente necessário que a contratação da empreiteira fosse realizada em nome do HCFMUSP ou, no mínimo, com a anuência deste, o que, como se viu, não ocorreu aqui. Registro, finalmente, que o contrato celebrado com o HCFMUSP foi o único juntado pela recorrente para revelar a natureza da relação jurídica mantida com todos os seus clientes. Da lista de fls. 241/284, constam mais de 40 órgãos públicos contratantes no período autuado. A meu ver, um único exemplo não pode ser considerado amostragem bastante para assegurar, com segurança, o regime de contratação de outras quarenta hipóteses. Por isso, mesmo que se entendesse que a relação com “Recorrente x HCFMUSP x Método” caracterizasse repasse, seria o caso de prover parcialmente o recurso para excluir da base tributada apenas as receitas relativas a esta relação contratual. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso. É como voto. Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 10 (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 2834DF CARF MF Impresso em 01/08/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 24/07/20 13 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/07/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ
score : 1.0
Numero do processo: 13830.000098/97-80
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2000
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2000
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO - Preventa a jurisdição e prorrogada a competência da autoridade lançadora, primeira a conhecer da exigência tributária. Compete à autoridade que jurisdiciona o domicílio fiscal do contribuinte o julgamento de controvérsia tributária.
IRPF - ATIVIDADE RURAL - RECEITAS - Adiantamentos recebidos por conta de entrega futura de produto agrícola somente são considerados receita na data de efetiva entrega deste.
IRPF - FINANCIAMENTOS AGRÍCOLAS - Constituem disponibilidades do sujeito passivo, inclusive no levantamento de fluxo de caixa para apuração de eventual aumento patrimonial a descoberto, valores advindos de financiamentos agrícolas.
IRPF - AUMENTO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Na apuração de eventual acréscimo patrimonial a descoberto devem ser levadas em conta todas as disponibilidades do sujeito passivo até a data do evento, inclusive rendimentos tributáveis, não tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte, mesmo aqueles do cônjuge quanto a bens comuns ao casal, destes descontáveis, previamente, aumentos patrimoniais próprios.
Recurso provido.
Numero da decisão: 104-17408
Nome do relator: Roberto William Gonçalves
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Compete à autoridade que jurisdiciona o domicílio fiscal do contribuinte o julgamento de controvérsia tributária IRPF - ATIVIDADE RURAL — RECEITAS - Adiantamentos recebidos por conta de entrega futura de produto agrícola somente são considerados receita na data de efetiva entrega deste. IRPF - FINANCIAMENTOS AGRÍCOLAS - Constituem disponibilidades do sujeito passivo, inclusive no levantamento de fluxo de caixa para apuração de eventual aumento patrimonial a descoberto, valores advindos de financiamentos agrícolas. IRPF - AUMENTO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Na apuração de eventual acréscimo patrimonial a descoberto devem ser levadas em conta todas as disponibilidades do sujeito passivo até a data do evento, inclusive rendimentos tributáveis, não tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte, mesmo aqueles do cônjuge quanto a bens comuns ao casal, destes descontáveis, previamente, aumentos patrimoniais próprios. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por MÁRCIO MESQUITA SERVA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. LEI--viaMtçfrc: IA MARIA S HERRER LEITÃO PRESIDENTE ... MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES : QUARTA CÂMARA ‘Processo n°. 13830.000098/97-80 Acórdão n°. \ 04-17.408 n NIPinpOO0,', vy lo. 4 , „,di Adt ROBERTO WILLIAM GONÇALVES '"-... RELATOR FORMALIZADO EM: i 2 MAI MIO Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NELSON MALLMANN, MARIA CLÉLIA PEREIRA DE ANDRADE, JOSÉ PEREIRA DO NASCIMENTO, ELIZABETO CARREIRO VARÃO, JOÃO LUIS DE SOUZA PEREIRA e REMIS ALMEIDA ESTOL. 2 .4 • . MINISTÉRIO DA FAZENDA -;t;,kt PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Recurso n°. : 120.177 Recorrente : MÁRCIO MESQUITA SERVA RELATÓRIO Inconformado com a decisão do Delegado da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto, SP, que considerou parcialmente procedente a exação de fls. 01, o contribuinte em epígrafe, nos autos identificado, recorre a este Colegiado. Trata-se de exigência de ofício do imposto de renda de pessoa física, atinente aos exercícios de 1994 a 1996, fundada nos seguintes elementos: 1.-ano calendário de 1994: omissão de receita da atividade rural; 2.-anos calendários de 1993 e 1995, aumentos patrimoniais a descoberto, apurados de acordo com as planilhas de fls. 448/453; 3.-ganhos de capital na alienação de bens/ direitos, efetuados em 03/92 e 10/92. Alega a fiscalização haver o contribuinte omitido, como receita, o adiantamento constante da NF n° 129234, R$ 21.538,62, equivalentes a 35.435,51 UFIR, fls. 10, 234 e 280. E conseqüência, o valor apurado foi incluído entre as receitas declaradas da atividade rur.,1111k n,%.;;11‘ 3 .. , e k*..... z• ...; MINISTÉRIO DA FAZENDA ....: i PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES " ::=1347:: QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Quanto aos aumentos patrimoniais a descoberto, apurados nos meses de 01/93, 02/93, 01/95, 05/95, 06/95, 09/95 e 12/95, sem anexar planilhas demonstrativas, alega terem sido considerados, como recursos, os rendimentos tributáveis e de aplicações financeiras, do autuado, do cônjuge e de dependentes, distribuídos mensalmente conforme DIRFs, ou ao longo de 12 meses, bem como saldos bancários, dívidas comprovadas e alienações de bens, ainda que não declaradas. No tocante aos gastos foram consideradas todas as receitas e despesas da atividade rural, excluídos os empréstimos de custeio agrícola, sob o argumento de que não poderiam ser utilizados para justificar variação patrimonial estranha à atividade, por traduzirem, na hipótese, infração à legislação penal, fls. 14. Ao impugnar o feito, em petição ao Delegado da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, SP, jurisdição de seu domicílio fiscal, o contribuinte alega da nulidade da autuação quanto à atividade rural, dado o enquadramento legal genérico, artigos 1° a 23da Lei n° 8.023/90, face ao artigo 10, IV, da Decreto n° 70.235/72 e Acórdãos n°s. 101-89307/96,101-88329/96 e 101-90931/97, todos deste Primeiro Conselho de Contribuintes, a respeito da especificidade do correto enquadramento legal, sob pena de restrição do direito de defesa. Quanto aos aumentos patrimoniais a descoberto, carece de detalhamento a apuração da matéria tributável para identificação dos recursos e aplicações utilizados; há imprecisões flagrantes na pretensão fiscal, inclusive não utilização de saldos bancários de períodos anteriores e presunções de pagamentos não fundadas em elementos concretos, o que contraria a jurisprudência formalizada em diversos Acórdãos transcritos na impugna o. 4 MINISTÉRIO DA FAZENDA - P PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTESr. ;ISTL. QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/9740 Acórdão n°. : 104-17.408 Finalmente, quanto aos ganhos de capital, avoca a decadência, ao amparo dos artigos 798, § 2°, 817 e 897, todos do RIR/94 e artigo 21, § 1°, da Lei n° 8.981/95. Porquanto, em 17.11.97 estaria extinto o direito de a Fazenda Pública exigir imposto sobre eventual ganho de capital ocorrido em 03/92 e 10/92. Em despacho de 16.06.98, fls. 397, que aprovou o Relatório de fls. 396, a autoridade recorrida determina a elaboração de Quadro Demonstrativo das aplicações e recursos, mês a mês, considerados para apuração da variação patrimonial, conforme descritos às lis. 14 e 16 da autuação, bem como especificados os artigos da Lei n° 8.023/90 que forma infringidos, reabrindo-se para à impugnação. Entregues cópias das planilhas de fls. 400/405 e do Termo de Diligência de fls. 406, que indica infração os artigos 3°, III, e 4° da Lei n° 8023/90, o contribuinte alega desconhecer o Relatório e despacho mencionados no aludido termo. Em conseqüência, não saberia exatamente a que se destinariam as planilhas. O que caraterizaria cerceamento do direito de defesa. Em relação à atividade rural alega haver arbitramento o rendimento da atividade para efeitos tributários, não havendo sentido em dizer-se de não existência de escrituração contábil e/ou não escrituração correta de receitas de despesas. A DRJ/SP se considera incompetente para apreciação do feito, dado que lavrado na jurisdição da DRF/Marilia/SP, jurisdicionada pela DRJ/Ribeirão Preto/SP. Esta determina a realização de novas diligências para juntada da Declaração de Rendimentos da cônjuge e reabertura de novo prazo impugnatório, fls. 42 LSI 1/2, 5 e • I. -a .4 MINISTÉRIO DA FAZENDA .;;k: k PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Em nova manifestação o sujeito passivo alega da nulidade do julgamento se proferido pela DRJ/Ribeirão Preto, fundado no artigo 59, II, do Decreto n° 70.235/72 e Acórdão n° 107-2.576197, deste Colegiado. Razão porque omite-se acerca do mérito da matéria até que se defina a competência para julgamento da questão. Em novo despacho, a DRJ/Ribeirão Preto/SP determina a realização de novas diligências, nos exatos termos propostos pela DRJ/SP, fls. 396/397. Isto é, de serem juntados Quadro Demonstrativo da apuração da variação patrimonial, mês a mês, e especificados os artigos infringidos da Lei n° 8.023/90, reabrindo-se o prazo impugnatório, fls. 447. Em Terceiro aditamento à impugnação o sujeito passivo reitera a incompetência da DRJ/Ribeirão Preto/SP para apreciar o feito, o que tomará nula sua decisão face à jurisprudência do Conselho de Contribuintes; requer seja o conflito de competência dirimido pelo Conselho. Ao apreciar a matéria a autoridade singular, no caso, a DRJ/Ribeirão Preto/SP, em preliminar, se considera competente, dado que a autuação foi lavrada na jurisdição da DEF/Marilia/SP, sua jurisdicionada, Porquanto, na forma do Decreto n° 70.235112 e Lei n° 8748/93, a exigência tributária por parte de servidor de jurisdição diversa da do domicílio tributário do contribuinte, previne a jurisdição e prorroga a competência d autoridade que dela primeiro conhecer. No méritos,. nsidera que o lançamento atinente a ganhos de capital não procede face à decadênciilbi 6 .. .41 L -4 -• . .- MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Quanto à atividade rural, não havendo o contribuinte se manifestado acerca das divergências apuradas pelo fisco em relação aos valores declarados, mantém o lançamento. Igualmente, em relação aos aumentos patrimoniais a descoberto, conforme apurados nas planilhas de fls. 450 e 453, sob o argumento de se tratar de renda presumida desembolsos financeiros em patamar superior à entrada de recursos, fls. 459. Finalmente, para efeitos da incidência de juros moratórios, determina a aplicação da Instrução Normativa n° 46/97. Na peça recursal, após historiar a impugnação e seus aditamentos, o contribuinte reitera, no mérito, a argumentação impugnatória, inclusive quanto a lapsos, incorreções e presunções que alicerçariam o levantamento fiscal. Instada a se manifestar, a P.F.N. pugna pela manutenção do decisório recorrido. É o Relatório 7 y .•; MINISTÉRIO DA FAZENDA r .•,%. PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CAMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 VOTO Conselheiro ROBERTO WILLIAM GONÇALVES, Relator Tomo conhecimento do recurso, dado atender às condições de sua admissibilidade. Em preliminar, equivoca-se a autoridade "a quo" quanto à competência para decidir controvérsia tributária. Inequivocamente, o artigo 9°, § 3°, do Decreto n° 70.235/72, assim renumerado pelo artigo 1° da Lei n° 8748193, de prevenção da competência e prorrogação jurisdicional da autoridade que primeiro conhecer da exigência tributária, diz respeito à própria autoridade lançadora, a primeira a conhecer da exigência por ela mesma formalizada. Mencione-se que o § 3°, em comento expressamente se referencia ao § 2° do mesmo dispositivo processual. Isto é o lançamento é válido mesmo que formalizado por servidor competente de jurisdição diversa daquela do domicilio tributário do sujeito passivo. Para que sua validade seja inquestionavelmente assegurada o § 3° garante a prevenção da jurisdição e a prorrogação da competência para o local de verificação da falta. Este Conselho de Contribuintes, aliás, já se manifestou sobre a matéria, conforme Acórdão n° 107-Z576/97, "verbis": PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RITO PROCESSUAL. Nos termos do artigo 9° do Decreto n° 70.235/72, é o local de verificação da lia 8 c44,„ rá MINISTÉRIO DA FAZENDA V> PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 1 QUARTA CAMARA Processo n°. : 13830.000098197-80 Acórdão n°. : 104-17.408 que dá competência. Todavia, cabe à autoridade que jurisdiciona o domicílio fiscal o julgamento da controvérsia? Assim, em preliminar, nulo o julgamento recorrido, dada a jurisdição fiscal do contribuinte junto à DRF/SP, jurisdicionada pela DRJ/SP. Entretanto, face ao artigo 59, § 3°, do Decreto n° 70.235/72, introduzido pelo artigo 1° da Lei n° 8.748193, supero a preliminar acima, pelas razões de mérito a seguir. Ocioso mencionar que a determinação e exigência de créditos tributários em favor da União se pauta pelos inafastáveis pressupostos da legalidade objetiva e da verdade material. Assim, no tocante à omissão de rendimentos da atividade rural, alegada pela fiscalização, relativamente ao ano calendário de 1994, inequívoco os equívocos materiais e legais em que incorreu a autuação. Primeiro, pela troca de valores: aqueles declarados pelo contribuinte como receitas, em UFIR, foram considerados despesa, na autuação fiscal E, as despesas, receitas, fls. 10 e 234. Segundo, na NF 129234, emitida em 07.01.95, correspondente à aquisição de leite, de produção do contribuinte, pela Cooperativa dos Produtores de Leite em Alta Paulista, consta, dentre os descontos o adiantamento de R$21.538,62, equivalentes a 35.435.51 UFIR. Exatamente igual àquele adicionado pela fiscalização às despesas da atividade rural, denominadas °receitas, para efeito de apuração da base de cálculo, portanto, da diferença tributável, visto .ue o contribuinte optou pelo arbitramento do rendimento tributável, conforme fls. 234. 4st MINISTÉRIO DA FAZENDA ;V> PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098/97-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Ora, o RIR/94, artigo 66, § 2°, explicita que adiantamentos de recursos financeiros por conta de entrega futura de produtos agrícolas somente serão considerados receitas no más da efetiva entrega do produto. Portanto, falece de materialidade e de legalidade a pretensão fiscal. No que respeita aos aumentos patrimoniais a descoberto, ressalte-se, em preliminar, a contradição do levantamento fiscal, relativamente à atividade agrícola. Isto é, faz integrar, no fluxo de caixa, todas as receitas e despesas da atividade rural. Ao mesmo tempo, rejeita, liminarmente, recursos advindos de financiamentos de custeio agrícola, sob o argumento de que operações estranhas à sua finalidade ensejaria punição na área do direito penal, fls. 14 e 16. Ora, evidentemente que empréstimos e financiamentos de atividade rural e seus respectivos pagamentos, a exemplo das fls. 350/358, por sem sombra de dúvidas integram, necessariamente, o fluxo de caixa do sujeito passivo, quer na atividade rural, quer em outras atividades. De outro lado, se o desvio dos recursos financiados sujeitam o tomador a eventual penalidade criminal, tal penalidde nada tem a ver com a ótica tributária. Aliás, esta mesma penalidade não tem o condão de sustentar qualquer negativa de disponibilidades de recursos advindos de financiamentos agrícolas. Assim, ainda que, desviada sua destinação, inquestionavelmente compõem, como recursos, o fluxo de caixa do sujeito passivo. Ocioso mejicionar, m in casu m, que o pressuposto de qualquer exigência tributária é o fato material. io .. a4k MINISTÉRIO DA FAZENDA. s. ffi10/ !Ni!: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098197-80 Acórdão n°. : 104-17.408 No ano calendário de 1993, quanto ao documento de fls. 29, embora o contribuinte tenha atendido à intimação de fls. 26, e apresentado, mês a mês, os rendimentos tributáveis, de tributação exclusiva, isentos e não tributáveis, inclusive da cônjuge, não foram acostados tais documentos aos autos. Os únicos documentos acostados relativamente a tais valores são as DIRFs de fls. 40/43. Assim, quanto aos dois últimos, difícil comprovar quais seus valores efetivos e se integraram, ou não, como recursos, na apuração dos aumentos patrimoniais, ainda que sob a titulação de rendimentos de aplicações financeiras. Outrossim, considerou-se como despesa a simples soma de cheques compensados nos meses de 02/93, independentemente de suas destinações. O que leva a três distintas situações, não solucionáveis, por carecem de documentos as apropriações: se para pagamentos de despesas do sujeito passivo não computadas em outros gastos, se destinados ao pagamento de despesas computadas em outros itens do demonstrativo, ou, se meras transferências bancárias, visto que o contribuinte possuía contas correntes em oito distintas instituições financeiras, fls. 29, 36, 39 e 40/43. Na mesma linha de procedimentos, no ano calendário de 1995, embora conste da autuação fiscal terem sido considerados, como recursos, os rendimentos também do cônjuge, fls. 15, e a autoridade recorrida tenha determinado que, na montagem do demonstrativo do fluxo de caixa do contribuinte fossem levados em conta os todos itens considerados como recursos e aplicações listados na autuação, fls. 447, tais rendimentos, embora mencionados como recursos na apuração do eventual aumento patrimonial, não constaram do fluxo da caixa de fls. 451/453. Mencione-se, por oportuno, terem sidos acostadas aos autos as declarações de rendimentos do cônjuge, fls. 421 e 423/439, $ inclusive aquela relativa ao exercício de 1996, ano calendário de 1995. 11 -. -4 - ... MINISTÉRIO DA FAZENDA v / . i• -•nk PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 13830.000098197-80 Acórdão n°. : 104-17.408 Também os pagamentos de a leasing* foram estimados pela fiscalização, com base no contrato e seus anexos, de fls. 199/205, dado que o contribuinte não apresentou os comprovantes respectivos, conforme fls. 207. Ora, na busca da verdade material, a própria instituição financiadora poderia ser intimada à comprovação dos pagamentos, datas e respectivos valores. O que afastaria, liminarmente, qualquer estimativa de desembolso. Ante, pois, as fragilidades materiais dos fundamentos da exigência, tendo em vista o disposto nos artigos 112, II, 142 e 173, § único, todos do C.T.N. e em face aos pressupostos do processo administrativo fiscal, antes mencionados, dou provimento ao recurso. ' l\ . :s Se- " re 'S — D , em 15 de março de 2000 L A a , 1 ‘ I r rár ROBERTO WILLIAM GONÇALVES 12 Page 1 _0009100.PDF Page 1 _0009200.PDF Page 1 _0009300.PDF Page 1 _0009400.PDF Page 1 _0009500.PDF Page 1 _0009600.PDF Page 1 _0009700.PDF Page 1 _0009800.PDF Page 1 _0009900.PDF Page 1 _0010000.PDF Page 1 _0010100.PDF Page 1
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Numero do processo: 10120.004419/96-71
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Fri Feb 26 00:00:00 UTC 1999
Data da publicação: Fri Feb 26 00:00:00 UTC 1999
Ementa: RECURSO INTEMPESTIVO - É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal; não se toma conhecimento do recurso intempestivo.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 104-16919
Decisão: NÃO CONHECIDO POR UNANIMIDADE
Nome do relator: Maria Clélia Pereira de Andrade
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Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por ANA CAVALCANTE NEVES. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, por intempestivo, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. "-- LEILZ,. MARIA SCHERRER LEITÃO PRESIDENTE SCN. - RIA LÉLIA PEREIRA D ' 49 Ne - :DE RELATORA FORMALIZADO EM: 19 Mn 1999 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NELSON MALLMANN, ROBERTO WILLIAM GONÇALVES, JOSÉ PEREIRA DO NASCIMENTO, ELIZABETO CARREIRO VARÃO, JOAO LUÍS DE SOUZA PEREIRA e REMIS ALMEIDA ESTOL. i g.nir MINISTÉRIO DA FAZENDA ”g; iat PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '-;:.:Nrv-r,,t> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10120.004419/96-71 Acórdão n°. : 104-16.919 Recurso n°. : 118.203 Recorrente : ANA CAVALCANTE NEVES RELATÓRIO ANA CAVALCANTE NEVES, jurisdicionada pela DRF em BRASÍLIA — DF, foi notificada, fls. 21 a 23, do crédito tributário referente a multa por atraso na entrega de suas declarações de rendimentos dos exercícios de 1993 a 1996. Irresignada, a interessada apresentou impugnação tempestiva, alegando em síntese: - que através da notificação n° 6.000.609, foi intimada a pagar a multa por atraso na entrega da declaração a qual também foi lançada na notificação n° 20001; - tendo ocorrido duplicidade de lançamento, não concordou em efetuar o pagamento por motivo de dúvida; - requer a espontaneidade na entrega de suas declarações de rendimentos, para que seja reduzido o valor do crédito tributário. Às fls. 32/35, consta a decisão da autoridade singular que analisou as alegadas razões de defesa da impugnante, mencionando a legislação aplicável ao caso em tela, e mandou cancelar a cobrança da multa constante da notificação eletrônica de fls. 27, 4;- 2 Ne Stt MINISTÉRIO DA FAZENDA sPizr-•.‘r PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 'afts..% QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10120.004419/96-71 Acórdão n°. : 104-16.919 Após justificar suas razões de decidir, deferiu em parte a peça impugnatória e manteve o lançamento consubstanciado na notificação de fls. 21 a 239/ ,rt Termo de perempção à fls. 39. É o Relatório. • 3 Pez eRga £4x4Viti. MINISTÉRIO DA FAZENDA te_i-Ls:iitt,: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10120.004419/96-71 Acórdão n°. : 104-16.919 VOTO Conselheira MARIA CLÉLIA PEREIRA DE ANDRADE, Relatora Após análise dos documentos apensos aos autos, tendo em vista que o recurso foi apresentado fora do prazo regulamentar, à luz do artigo 33 do Decreto n° 70.235/72, que estatui: "Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão." A contribuinte tomou ciência da decisão singular em 28.11.97, conforme faz certo o "AR" de fls. 37. O recurso da interessada foi protocolizado em 16 de janeiro de 1998, • conforme carimbo de fls. 38, logo, a destempo. Por tais motivos, voto para que não se conheça do recurso, por intempestivo, devendo ser mantida a decisão da autoridade julgadora de primeiro grau. Sala das Sessões - DF, em 26 de fevereiro de 1999 e. MARIA CLÉLIA PEREIRA DE ANDRADE 4 Pec _ Page 1 _0015800.PDF Page 1 _0015900.PDF Page 1 _0016000.PDF Page 1
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Numero do processo: 10215.000699/2005-69
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Apr 22 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Tue Apr 22 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000
RECURSO DE OFÍCIO - A partir da Portaria MF nº 03, de 2008, o novo valor de alçada, para fins de recurso de ofício, é de R$ 1.000.000,00, o qual deve ser aplicado aos recursos pendentes de julgamento.
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO - Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto nº. 70.235, de 1972, e não se identificando qualquer outro vício insanável, não há que se falar em nulidade, quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem, quer do documento que formalizou a exigência fiscal.
PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA - Devem ser indeferidos os pedidos de diligência e perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
PAGAMENTO EFETUADO SEM COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO OU CAUSA - ARTIGO 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995 - CARACTERIZAÇÃO - A pessoa jurídica que efetuar a entrega de recursos a terceiros ou sócios, acionistas ou titulares, contabilizados ou não, cuja operação ou causa não comprove mediante documentos hábeis e idôneos, sujeitar-se-á à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, a título de pagamento sem causa, nos termos do art. 61, § 2º, da Lei nº 8.981, de 1995.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA - UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS INIDÔNEOS - EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE - A utilização, por parte do sujeito passivo, de documentos inidôneos caracteriza o intuito de fraude e legitima a exasperação da penalidade, nos termos do art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996.
Recurso de ofício não conhecido.
Preliminares rejeitadas.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 104-23.100
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do Recurso de Oficio, por perda de objeto, REJEITAR as preliminares argüidas pela Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRF- ação fiscal- ñ retenção/recolhim. (rend.trib.exclusiva)
Nome do relator: Heloísa Guarita Souza
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2000 RECURSO DE OFÍCIO - A partir da Portaria MF nº 03, de 2008, o novo valor de alçada, para fins de recurso de ofício, é de R$ 1.000.000,00, o qual deve ser aplicado aos recursos pendentes de julgamento. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO - Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto nº. 70.235, de 1972, e não se identificando qualquer outro vício insanável, não há que se falar em nulidade, quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem, quer do documento que formalizou a exigência fiscal. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA - Devem ser indeferidos os pedidos de diligência e perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. PAGAMENTO EFETUADO SEM COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO OU CAUSA - ARTIGO 61 DA LEI Nº 8.981, DE 1995 - CARACTERIZAÇÃO - A pessoa jurídica que efetuar a entrega de recursos a terceiros ou sócios, acionistas ou titulares, contabilizados ou não, cuja operação ou causa não comprove mediante documentos hábeis e idôneos, sujeitar-se-á à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, a título de pagamento sem causa, nos termos do art. 61, § 2º, da Lei nº 8.981, de 1995. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA - UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS INIDÔNEOS - EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE - A utilização, por parte do sujeito passivo, de documentos inidôneos caracteriza o intuito de fraude e legitima a exasperação da penalidade, nos termos do art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996. Recurso de ofício não conhecido. Preliminares rejeitadas. Recurso voluntário negado.
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I ";•4 t• • • 3-j. MINISTÉRIO DA FAZENDA \4, PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n° 10215.000699/2005-69 Recurso n° 156.105 De Oficio e Voluntário Matéria IRF Acórdão n° 104-23.100 Sessão de 22 de abril de 2008 Recorrentes P TUFtMA/DRJ-BELÉM/PA e AGROPECUÁRIA RIO FLORES S.A. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Ano-calendário: 2000 RECURSO DE OFÍCIO - A partir da Portaria MF n° 03, de 2008, o novo valor de alçada, para fins de recurso de oficio, é de R$ 1.000.000,00, o qual deve ser aplicado aos recursos pendentes de julgamento. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO - Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto n°. 70.235, de 1972, e não se identificando qualquer outro vício insanável, não há que se falar em nulidade, quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem, quer do documento que formalizou a exigência fiscal. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA - Devem ser indeferidos os pedidos de diligência e perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. PAGAMENTO EFETUADO SEM COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO OU CAUSA - ARTIGO 61 DA LEI N° 8.981, DE 1995 - CARACTERIZAÇÃO - A pessoa jurídica que efetuar a entrega de recursos a terceiros ou sócios, acionistas ou titulares, contabilizados ou não, cuja operação ou causa não comprove mediante documentos hábeis e idôneos, sujeitar-se-á à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, a título de pagamento sem causa, nos termos do art. 61, § 2°, da Lei n° 8.981, de 1995. 1)-)•-• SI / Processo n° 10215.000699/2005-69 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 2 MULTA DE OFICIO QUALIFICADA - UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS INIDÔNEOS - EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE - A utilização, por parte do sujeito passivo, de documentos inidôneos caracteriza o intuito de fraude e legitima a exasperação da penalidade, nos termos do art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996. Recurso de oficio não conhecido. Preliminares rejeitadas. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso de oficio e voluntário interposto pela 1 3 TURMA /DRJ-BELÉM/PA e AGROPECUÁRIA RIO FLORES S.A. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do Recurso de Oficio, por perda de objeto, REJEITAR as preliminares argüidas pela Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Pas-Co, »Ltb-À—a .(41.549_ /MARIA HELENA COTTA CARDO ZÕ Presidente 14((üLOÍSA.CGUA TA SOU A 15-- Relatora FORMALIZADO EM: 06 JUN 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Antonio Lopo Martinez, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. 2 Processo n ° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 3 Relatório Trata-se de auto de infração (fls. 2351/2377) lavrado contra a contribuinte AGROPECUÁRIA RIO FLORES S.A., CNPJ//vfF n°. 02.652.68710001-75, para exigir crédito tributário de IRF, no montante total de R$ 8.815.033,27, em 12.12.2005, caracterizando falta de recolhimento de Imposto de Renda na Fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados (item 1, do auto de infração) e pagamentos sem causa ou relativos a operações não comprovadas (item 2), no ano-calendário de 2000. A multa de oficio lançada está qualificada, para 150%. O fundamento legal da exigência está estribado no artigo 61, caput e parágrafo primeiro, da Lei n° 8981, de 1995. Relatório de Fiscalização, de fls. 2378/2450, descreve pormenorizadamente os procedimentos de fiscalização, os fatos verificados e as conclusões obtidas. A fiscalização levada a efeito teve a seguinte justificativa inicial (fls. 2378/2379): "No ano-calendário de 2000 foram desenvolvidos, por esta Delegacia, trabalhos de auditoria sobre empresas com projetos aprovados pela extinta SUDAM, financiados com recursos do FINAM. O resultado foi a comprovação de desvio na aplicação do dinheiro público pela totalidade das empresas auditadas. Tais recursos deveriam ter sido aplicados em investimentos fixos nas empresas beneficiadas (máquinas e equipamentos, veículos, imóveis, etc), entretanto, foram parar em contas correntes de terceiros (pessoas físicas e jurídicas), a maioria envolvida no esquema fraudulento, que não forneciam bens ou serviços em contrapartida, sendo tal fraude acobertada com documentos falsos (notas fiscais, recibos e contratos, etc) emitidos pelas própria beneficiadas. Dentre elas encontra-se a AGROPECUARIA RIO FLORES S.A. que, segundo o relatório conclusivo da auditoria realizada sobre a mesma, apresentou desvio de recursos. A empresa efetuou pagamentos a terceiros (pessoas físicas e beneficiários não identificados) sem reter e recolher o imposto de renda na fonte, sendo que, conforme fls. 06, a fiscalizada não apresentou Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica para o ano-calendário de 2000 (exercício de 2001), ano da fiscalização." Às fls. 2438/2444, consta demonstrativo individualizado dos pagamentos considerados como sem causa ou de operação não comprovada, e, às fls. 2444/2450, está o demonstrativo dos pagamentos considerados como a beneficiários não identificados. Foi lavrado Termo de Sujeição Passiva Solidária n° 825/2005 (fls. 2470/2472), com fundamento nos artigos 121, inciso II, 124, inciso I e 125, inciso I, todos do Código Tributário Nacional, considerando-se como sujeito passivo solidário o Sr. Vanderlei Polia, CPF/MF n° 206.858.742-49, procurador da empresa, pelos seguintes motivos: "Além do exposto acima, após circularizarmos os fornecedores de mercadorias/prestadores de serviços da fiscalizada (conforme tópico 5 — CIRCULARIZAÇÃO DOS FORNECEDORES DE MERCADORIAS/PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS — ITENS 5.1, 5.2 E 5.3), obtivemos como resposta a identificação pelos próprios circularizados 4f Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 4 de que a Agropecuária Rio Flores S.A apresentou notas fiscais inidôneas. Houve portanto, a apresentação de notas fiscais inidôrteas pela fiscalizada à SUDAM como prova de aplicação dos recursos no Projeto, visando, com isso, obter novas liberações do FINAM. Tendo em vista que o Sr. Vanderlei Polia, CPF 206.858.742-49 é procurador da Agropecuária Rio Flores S/A, CNPJ 02.652.687/0001- 75, participou de todas as Atas de Assembléia, após a transformação da empresa de Lida para Sociedade Anônima (posto que para receber recursos do FINAM tem-se como requisito ser S/A) e recebeu cheques nominais da fiscalizada, sendo intimado regularmente pela fiscalização, como beneficiário de tais cheques sem responder às intimações. Além disso, assinava cheques em nome da empresa." Desse Termo, o sujeito passivo solidário tomou ciência pessoal em 08.02.2006 (fls. 2469). Regularmente intimado, em 12.12.2005 (fls. 2351), a contribuinte apresentou sua impugnação, em 23.12.2005 (fls. 2473/2497), cujos principais argumentos estão fielmente sintetizados pelo relatório do acórdão de primeira instância, o qual adoto, nessa parte: MÉRITO. OUTROS RENDIMENTOS. I) que "Como pode existir Outros Rendimentos, se a Impugnante está em fase de Implantação? Os valores que recebeu foram todos a titulo de financiamento liberado pela SUDAM, via Banco da Amazônia e empréstimos de terceiros para justificar Recurso Próprio exigido pela SUDAM, que serviu de Integralização no Capital Social e em seguida devolvido as seguintes pessoas..."; PAGAMEIVTO SEM CAUSA. 2) que "Não pode afirmar o Auditor Fiscal que a impugnante efetuou pagamento sem causa, uma vez que o projeto foi Implantado e pago seus fornecedores, com os valores dos recursos recebidos via Banco da Amazônia, liberado pela SUDAM. Não pode alegar o Auditor Fiscal que a Impugnante efetuou pagamentos sem causa, quando ele mesmo identifica vários BENEFICIÁRIOS -folhas 17 a 48 - 50 a 55 - 59 a 65, dando causa ao pagamento"; 3) que "Faltou interesse de agir do Auditor Fiscal, quando provocado por várias vezes através do artigo 37 da Lei 9.784/99, a requerer as informações junto a UGFIM (documentos acostados), não procedeu, cerceando o direito de ampla defesa, haja vista que seus documentos foram apreendidos no escritório do Contador em Belém pela Policia Federal, mandado de busca e apreensão, direcionado ao contador, sem que a Impugnante tivesse oportunidade de receber cópia para comprovar"; 4) que "Diante da falta de espirito público, requer a lmpugnante que seja notificada a UGFIM - Unidade de Gerenciamento dos Fundos de Investimento - UGFIM - Núcleo Regional de Belém, avenida Almirante , t, Ir; I Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 5 Barroso n°426, Marco - Bloco A, 3° andar. Cep - 66.090-900 - Belém - Pará, artigo 37 e 38 da Lei 9.784/99, para fornecer cópia do Laudo Técnico que promoveu recentemente para comprovar que a Impugnante Implantou o Projeto, com recurso público, uma vez que os Auditores do órgão e do Banco da Amazônia, estiveram em SETEMBRO DE 2055, vistoriando, para fornecer o Certificado de Implantação, procedimento que deveria ter sido realizado pelo Auditor Fiscal e não fez"; CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. 5) que "No caso inexiste nexo causal da exigência do Imposto Retido na Fonte, pois a obrigação não nasceu, considerando que o fato gerador não ocorreu. Fere ainda em relação ao responsável, o princípio da isonomia, da capacidade contributiva, uma vez que a lmpugnante em fase de Implantação não entrou em atividade, não produziu, como pode assumir uma absurda responsabilidade, com alegação de que os PAGAMENTOS FORAM SEM CAUSA, quando o próprio Auditor Fiscal, identificou os beneficiários, onde vários deles, já sofreram Auto de Infração e se não identificou a causa é porque se omitiu, já que foi provocado a investigar "in loco" a implantação do projeto"; 6) que "Os acórdãos mencionados, servem para situação de beneficiários não identificados, não é o caso da lmpugnante, que o próprio Auditor Fiscal, Identificou nas folhas n°17 a 48 - 50 a 55 - 59 a 65 e para contestar, existe vários acórdãos a favor da impugnante, que determina que se não foi retido o imposto e fiscalizado dentro do exercício, o responsável é o beneficiário, uma vez que ao declarar pagou no resultado de sua Declaração de Imposto de Renda"; 7) que "A alegação do auditor Fiscal de que a Impugmante teria efetuado pagamento sem causa, anexo A, folhas 59 a 65 do Relatório Fiscal, não procede sem antes ter sido intimado os beneficiários identificados, o Auditor Fiscal, embora tenha realizado um trabalho fiscal detalhado, beneficiou a Impugnante, quando individualizou nos Quadros Demonstrativos os Beneficiários dos Cheques e não promoveu_ nenhuma intimação para constatar a operação, deveria esgotar todos os recursos que dispõe para exigir os beneficiários às justificativas, mas não exigiu, preferiu o caminho mais curto, autuar a Impugnante"; 8) que "Quanto à identificação dos beneficiários, que supõe a Autoridade Fiscal, de que houve pagamento sem causa, não pode prosperar, uma vez que a Impugnante já havia justificado que toda documentação havia sido apreendida pela Polícia Federal no escritório da Contadora e Requereu junto ao Auditor Fiscal, artigo 37 da Lei 9.784/99, cópias dos documentos junto a UGFIM e que fossem também intimados os Beneficiários dos Cheques para justificar cada operação"; 9)que "O Auditor fiscal, mesmo identificando os beneficiários, deveria ter promovido Vistoria "in loco", no projeto, para constatar a implantação, se omitiu, preferindo autuar por Pagamento sem Causa, mesmo possuindo a Causa, conforme Laudo Técnico e Balanço de Abertura"; ifjP Processo n° 10215.00069912005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 6 10) que "É importante ressaltar, que a maioria dos beneficiários identificados, não foram intimados a justificar os valores recebidos, permaneceu a fiscalização surda e muda, prejudicando a Impugnante em sua defesa"; 11) que "Quem pode afirmar que as empresas identificadas, forneceram Notas Fiscais Inidôneas, e se foi a Impugnante que apresentou a SUDAM, quando outros elementos podem confirmar que foi a contadora que inseriu as Notas Fiscais, para não aparecer o pagamento de seus honorários, já que não estão escrituradas nos Livros Diários: Razão e Registro de Entradas de Mercadorias"; 12) que "A Impugnante não conhece e nunca teve relacionamento comercial e profissional com as empresas identificadas como sua fornecedora. O Ministério Público Federal, em sua denúncia, alega a existência de fabricação de notas fiscais inidôneas por parte da Contadora Maria Auxiliadora e neste ato, requer a Impugnante a desconsideração das Notas Fiscais, até porque o Auditor Fiscal não provou que as notas estão contabilizadas e se foram pagas com valores da conta caixa e bancos, pois não provou com cheque e nem com os saldos das contas acima que os pagamentos foram realizados por ela"; 13) que "É importante ressaltar que nota fiscal não é comprovante de pagamento, é um documento para acompanhar a mercadoria, portanto, seu valor não pode servir como pagamento para deduzir saldo de caixa, já que nem contabilizadas as notas fiscais identificadas foram, uma vez que o Auditor Fiscal não comprovou a escrituração"; 14) que "diante da situação, requer do Nobre Julgador, diligência junto ao Banco da Amazônia S/A - agência Macapá, para que sejam identificados os beneficiários dos cheques e intimados a esclarecer - Polícia Federal Belém, para apresentar cópia do Mandado de Busca e Apreensão dos documentos contábeis da Impugnante, e UDFIM em Belém, para apresentar cópias do Diário e dos documentos que justificam os pagamentos com os cheques emitidos, já que provocado, o Auditor Fiscal silenciou"; 15) que "Ficou configurado que o Auditor fiscal TRIBUTOU POR MERA SUPOSIÇÃO, já que Financiamento de órgão público e empréstimos de terceiros e pagamentos a Beneficiário Identificado, não podem servir como fato gerador para Imposto de Renda. O que é defeso ao fisco e só caracteriza, dessa maneira, uma inadmissível e legal voracidade fiscalista que tributa sem ter prova inequívoca do rendimento (fato gerador), já que não levou em consideração que todos os pagamentos através de cheques, foram identificados"; DILIGÊNCIA. 16)que "A diligência é importante meio, para que a Impugnante possa esclarecer o que alega, haja vista que o Auditor Fiscal não atendeu os pedidos e vai servir constatar que existem os Beneficiários dos cheques e que as Notas Fiscais inidôneas, não fizeram pane do conjunto de investimento e não deram causa a redução do saldo de caixa e bancos, já que foram inseridas pela contadora apenas para justificar seus honorários ou facilitar seu trabalho frente a contabilidade da Impugnante, já que a Impugnante declara, que não realizou nenhuma (IP Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 7 operação comercial com as citada empresas no Relatório Fiscal do Auditor Fiscal"; JURISPRUDÊNCIA. 17) que "Transcrevemos na integra a decisão do Conselho de Contribuintes, que favoreceu a Empresa AGROINDUSTRIAL BELA VISTA S A pelo mesmo fato, PAGAMENTOS EFETUADOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. RECEBIDO EM 05.12.2005"; Examinando tais argumentos, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belém, por intermédio da sua P Turma, à unanimidade de votos, considerou o lançamento parcialmente procedente, excluindo-se da exigência os valores correspondentes aos beneficiários dos cheques emitidos que estão identificados na tabela às folhas 2444 a 2450, entendendo que, havendo a identificação do beneficiário, em cheques emitidos pelo contribuinte, não cabe a autuação por consideração de que o beneficiário não está identificado (fls. 2525). Trata-se do acórdão tf 01-06718, de 21.08.2006, cuja ementa bem esclarece os fundamentos da decisão (fls. 2519/2532): "Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2000 PAGAMENTOS. BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO - Há que se reconhecer a improcedência da exação decorrente de pagamentos a beneficiário não identificado quando as provas acostadas aos autos confirmam a identificação do mesmo; que pode ser o próprio emitente do cheque que serviu de base para a autuação. IRRF. PAGAMEIVTO SEM CAUSA OU OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA - Mister a legitimação da exação que teve como suporte pagamentos para os quais o sujeito passivo, regularmente intimado e reintimado, não comprova a operação ou a sua causa. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - Rejeita-se a preliminar de cerceamento do direito de defesa se os argumentos apresentados referem-se à atividade do lançamento precedente à lavratura do auto de infração; quando não existe acusação, necessidade de defesa ou o cerceamento desta. QUALIFICAÇÃO DA MULTA - Mantém-se a qualificação da multa de oficio para 150% quando há nos autos comprovantes do desvio de recursos públicos utilizando-se de expediente no qual o dolo especifico é evidente. LEI Ar 9.784, DE 1999. APLICAÇÃO NO PAD - O processo administrativo fiscal tem rito próprio, regendo-se pelas disposições emanadas do Decreto n° 70.235, de 1972; aplicando-se a ele apenas subsidiariamente a Lei n°9.784, de 1999. PRINCiP10 DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA - Não cabe à autoridade julgadora a apreciação dos efeitos sociais e econômicos da ação fiscal, tendo em vista que a vedação contida no art. 150, inciso Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 8 IV, da Constituição Federal sobre a utilização de tributo com efeito de confisco, é dirigida ao legislador, e não ao aplicador da lei. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA - Devem ser indeferidos os pedidos de diligência e perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Lançamento Procedente em Parte." Da parte cancelada do crédito tributário, foi interposto Recurso de Oficio (fls. 2520). Intimado por AR, em 19.10.2006 (fls. 2537), o contribuinte interpôs seu recurso voluntário em 17.11.2006 (fls. 2539/2557), acompanhado dos documentos de fls. 2558/2591, em que repisa as mesmas razões já desenvolvidas na fase impugnatória, reiterando, igualmente, o seu pedido de realização de perícia. Arrolamento de bens, para fins de garantia recursal, foi formalizado por meio do processo administrativo-fiscal n° 10215.720043/2006-47. É o Relatório. • Processo n ° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 9 Voto Conselheira HELOÍSA GUARITA SOUZA, Relatora O recurso é tempestivo e preenche o seu pressuposto de admissibilidade, pois está acompanhado do arrolamento de bens. Dele, então, tomo conhecimento. Há, também, recurso de oficio, relativamente à parcela do crédito tributário cancelada em primeira instância, concernente aos pagamentos em que o beneficiário estava identificado, interposto com fundamento na Portaria MF n°375, de 07.12.2001. O lançamento foi feito sob o pressuposto de que houvera pagamentos feitos a beneficiários não identificados e pagamentos sem causa, cada qual individualmente identificados, conforme constatações apresentadas em extenso Termo de Verificação Fiscal, aplicando-se o disposto no artigo 61, da Lei n°8981/1995, que prevê a incidência do IRF sobre uma base de cálculo reajustada. Além disso, a multa de oficio foi qualificada, para 150%. Concomitantemente à lavratura do auto de infração, foi formalizado Termo de Sujeição Passiva Solidária do Sr. Vanderlei Polia, com fundamento legal nos artigos 124, inciso II, 124, inciso I, e 125, I, todos do Código Tributário Nacional. Ainda prefacialmente, registre-se que, em momento algum, coloca-se em dúvida a implementação do projeto que resultou no empreendimento em questão. O ponto está na forma pela qual os recursos públicos, do FINAM, liberados pela SUDAM, foram usados. De se levar em conta, também, que, à época dos fatos autuados, a Recorrente estava em fase pré-operacional, de implantação, sendo, sob essa ótica, perfeitamente cabível o lançamento de oficio, com fundamento no artigo 61, da Lei n°8981/95. 1. Do RECURSO DE OFÍCIO: O valor do crédito tributário cancelado em primeira instância, considerando-se o valor do imposto mais a multa, importa em R$ 999.453,63. Esse valor está abaixo do novo limite de alçada, de R$ 1.000.000,00, fixado pela Portaria MF n° 3, de 03.01.2008 (DOU de 07.01.2008), superveniente, portanto, à data de interposição deste recurso de oficio. Por se tratar de regia de cunho processual, e por ser mais benéfica ao contribuinte, deve ser aplicada aos casos pendentes de julgamento. Logo, estando abaixo desse novo valor, resta sem objeto o presente recurso, razão pela qual não o conheço, consolidando-se o resultado de primeira instância, quanto a essa parte. 2. Do RECURSO VOLUNTÁRIO: O contribuinte, na realidade, nada de novo trouxe com seu recurso voluntário, constituindo-se praticamente nas mesmas razões impugnatórias. Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 10 Como aspecto preliminar, reporta-se ele a suposto vicio formal que identificaria a nulidade do auto de infração e insiste na necessidade de se proceder à diligência "haja vista que o Julgador não atendeu ao pedido que serviria para constatar que existem os beneficiários dos cheques e que as notas fiscais inidóneas não foram inseridas pela Recorrente e não fizeram parte do conjunto de investimento e não deram causa a redução do saldo de caixa e bancos, já que foram inseridas pela contadora apenas para justificar seus honorários ou facilitar seu trabalho frente à contabilidade da Recorrente, já que declara que não realizou nenhuma operação comercial com as citadas empresas apontadas no Relatório Fiscal do Auditor Fiscal." (fls. 2551 - razões de recurso) Entendo que a questão da nulidade do auto de infração, tecnicamente, de preliminar não se trata, confundindo-se com o mérito, pois o seu fundamento está na inocorrência da materialidade do fato gerador. Ou seja, sustenta o Contribuinte que as hipóteses legais de pagamento sem causa e de pagamento a beneficiário não identificado não teriam ocorrido de fato e concretamente. Essa conclusão, se assim for, está intrinsecamente ligada ao mérito em si da exigência, isto é, saber se ocorreram ou não pagamentos sem causa e a beneficiário não identificado, não estando entre as situações ensejadoras da nulidade do auto de infração (artigo 10, c/c artigo 59, do Decreto n°70.235/72), mas, sim, da sua improcedência. Quanto ao pedido de diligência, inclusive calcado na Lei n° 9.784/99, entendo-o, tal qual a autoridade de primeira instância, desnecessário. Esse processo tem mais de 2.500 folhas, estando toda a matéria probante, hábil e suficiente para o seu exame, acostada aos autos. O contribuinte teve diversas oportunidades de se manifestar, trazendo os autos todos os elementos que entendesse pertinentes. Porém, muitas vezes, nem mesmo atendeu às intimações fiscais, inclusive aquelas relativas à apresentação de seus Livros Fiscais e Contábeis (conforme descrito no Relatório Fiscal, fls. 2383/2388). Além disso, registre-se que, no ano de 2000, a contribuinte nem mesmo entregou a sua Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Da mesma forma, os beneficiários identificados, relativamente às operações consideradas sem causa, foram, todos eles, ouvidos, estando as suas justificativas constantes do Relatório de Fiscalização (fls. 2419/2429). O fato de constar ou não de sua contabilidade, os pagamentos autuados, nesse momento, é irrelevante, frente à circunstância de terem sido os documentos que os lastrearam (notas fiscais, cheques, etc) apresentados à SUDAM, pelos sócios da Recorrente (vide informação constante às fls. 2381, do Relatório Fiscal) para fins de liberação de recursos financeiros, o que, efetivamente, aconteceu. Portanto, considerando que todas as provas necessárias ao convencimento do julgador já constam dos autos, rejeito o pedido de diligência. No mérito, a exigência está calcada sobre os pagamentos tidos como sem causa, e sobre os pagamentos em que, de fato, não há a identificação do beneficiário, já que todos aqueles em que houve a identificação do beneficiário (incluindo a própria contribuinte) já foram cancelados em primeira instância. O seu fundamento legal é o artigo 61, da Lei n°8.981, de 1995, cujo conteúdo vale a pena relembrar: "Art. 61. Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% (trinta e cinco por cento), todo pagamento efetuado pela pessoa jurídica a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1° A incidência prevista no caput aplica-se, também aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a 111 1 . . Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 11 operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2°, do art. 74 da lei n°8.383, de 1991. § 2° Considera-se vencido o imposto de renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3° O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual incidirá o imposto." O dispositivo legal é claro ao prever duas hipóteses autônomas que justificam a incidência do IRF à aliquota de 35%: 1'. Pagamentos a beneficiários não identificados; r. Pagamentos sem causa ou cuja operação não for comprovada. Em ambas as situações, a questão se resolve por meio de prova, a cargo do contribuinte, o qual deve demonstrar e/ou justificar, faticamente, quem são os beneficiários dos pagamentos realizados ou a causa do pagamento feito. A propósito, essa questão - do ônus da prova - foi detalhada e precisamente analisada pelo Conselheiro Nelson Mallmann, no Acórdão 104-21.091, de 20.10.2005, cujas conclusões eu adoto integralmente e considero parte integrante desse voto: "Não tenho dúvidas, que a responsabilidade pela apresentação das provas do alegado compete ao contribuinte que praticou a irregularidade fiscal. Como também é de se observar que no âmbito da teoria geral da prova, nenhuma dúvida há de que o ônus probante, em princípio, cabe a quem alega determinado fato. Mas algumas aferições complementares, por vezes, devem ser feitas, a fim de que se tenha, em cada caso concreto, a correta atribuição do ônus da prova. Em não raros casos tal atribuição do ônus da prova resulta na exigência de produção de prova negativa, consistente na comprovação de que algo não ocorreu, coisa que, à evidência, não é admitida tanto pelo direito quanto pelo bom senso. Afinal, como comprovar o não recebimento de um rendimento? Como evidenciar que um contrato não foi firmado? Enfim, como demonstrar que algo não ocorreu? Não se pode esquecer que o direito tributário é dos ramos jurídicos mais afeitos a concretude, à materialidade dos fatos, e menos à sua exteriorização formal (exemplo disso é que mesmos os rendimentos oriundos de atividades ilícitas são tributáveis). Nesse sentido, é de suma importância ressaltar o conceito de provas no âmbito do processo administrativo tributário. Com efeito, entende-se como prova todos os meios de demonstrar a existência (ou inexistência) de um fato jurídico ou, ainda, de fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. • Não há, no processo administrativo tributário, disposições específicas quanto aos meios de prova admitidos, sendo de rigor, portanto, o uso subsidiário do Código de Processo Civil, que dispõe: • • Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 F1s. 12 'Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou defesa.' Da mera leitura deste dispositivo legal, depreende-se que no curso de um processo, judicial ou administrativo, todas as provas legais devem ser consideradas pelo julgador como elemento de formação de seu convencimento, visando à solução legal e justa da divergência entre as partes. Assim, tendo em vista a mais renomada doutrina, assim como dominante jurisprudência administrativa e judicial a respeito da questão vê-se que o processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu à hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de recurso do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independentemente até mesmo do que foi alegado. A jurisprudência deste Primeiro Conselho de Contribuintes é clara a respeito do ónus da prova. Pretender a inversão do ónus da prova, como formalizado na peça recursal, agride não só a legislação, como a própria racionalidade. Assim, se de um lado, o contribuinte tem o dever de declarar, cabe a este, não à administração, a prova do declarado. De outro lado, se o declarado não existe, cabe a glosa pelo fisco. O mesmo vale quanto à formação das demais provas, as mesmas devem ser claras, não permitindo dúvidas na formação de juízo do julgador. Ora, não é lícito obrigar-se a Fazenda Nacional a substituir o particular no fornecimento da prova que a este competia." No caso concreto, o Contribuinte, desde a fase da fiscalização, não conseguiu se desincumbir satisfatoriamente desse dever. A Fiscalização, ao contrário, fundamentou-se em diligências realizadas e que resultaram na não comprovação efetiva das operações. A esse propósito, vejam-se todos os fatos descritos no item 7.1. do Relatório de Fiscalização, fls. 2415 a 2429, dos autos, designado como "Beneficiários intimados com sucesso, que enviaram carta-resposta, mas apresentaram justificativa não acompanhada de documentação comprobatária e confirmadora da existência de transação comercial". Desse relatório, constata-se que NENHUM dos beneficiários diligenciados, apesar de confirmar a transação comercial realizada com o Recorrente, conseguiu comprovar a sua efetividade, seja com UM documento comercial, contábil, financeiro, enfim, com QUALQUER ELEMENTO que, ao menos, indiciasse a realização concreta e efetiva daquele negócio. Nesse ponto, cabe registrar que não é verdadeira a afirmação do Recorrente quando diz que não houve intimação dos beneficiários para justificar os valores recebidos. Os pagamentos a beneficiários não identificados que restaram são aqueles que, de fato, não houve tal identificação, conforme relação constante às fls. 2444/2450, amoldando- se perfeitamente na letra do artigo 61, caput, supra-transcrito. li • e . Processo n.° 10215.000699/2005-69 Acórdão n.° 104-23.100 Fls. 13 Por fim, no que diz respeito à multa qualificada, por tudo o que já foi aqui visto e por todos os elementos que dos autos consta, contra os quais o Recorrente não conseguiu se sobrepor, tenho para mim que está configurada a hipótese de evidente intuito de fraude a autorizar a imposição da multa qualificada. Além do mais, os autos demonstram que os procedimentos da Empresa foram reiterados e constantes, sendo diversas as operações aqui questionadas, não se tratando de situações isoladas e esporádicas. Corroborando essa conclusão, tem-se o fato de Distractos Distribuidora de Tratores e Peças Ltda, J. G. Faria Machado e Reginaldo Shigueru Komatsu, supostos emissores de notas fiscais apresentadas pelo Contribuinte à SUDAM, terem afirmado nunca terem mantido relações comerciais com o Recorrente, apresentando, inclusive, as verdadeiras notas fiscais emitidas, caracterizando-se, assim, a utilização de notas fiscais falsas pelo Contribuinte. Ante ao exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso de oficio e negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões - DF, em 22 e abril de 2008 @A:LLfi lsOÍSA-GUA A SOU A ?tr-- Page 1 _0046000.PDF Page 1 _0046100.PDF Page 1 _0046200.PDF Page 1 _0046300.PDF Page 1 _0046400.PDF Page 1 _0046500.PDF Page 1 _0046600.PDF Page 1 _0046700.PDF Page 1 _0046800.PDF Page 1 _0046900.PDF Page 1 _0047000.PDF Page 1 _0047100.PDF Page 1
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Numero do processo: 10166.015609/2002-14
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 26 00:00:00 UTC 2005
Data da publicação: Wed Jan 26 00:00:00 UTC 2005
Ementa: QUEBRA - SIGILO BANCÁRIO - VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO - INFORMAÇÕES BANCÁRIAS - Lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial.
OMISSÃO - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - ORIGEM NÃO COMPROVADA - LEI Nº. 9.430, DE 1996, ART. 42 - Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantidos junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA - As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS - INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS - Os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, em face da inexistência de previsão constitucional.
TRIBUTO NÃO RECOLHIDO - MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA EXIGIDA JUNTAMENTE COM O TRIBUTO - CARÁTER CONFISCATÓRIO - A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto sujeita o contribuinte aos encargos legais correspondentes. Válida a aplicação da penalidade prevista no inciso I, do art. 44, da Lei n°. 9.430, de 1996. Sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco.
ACRÉSCIMOS LEGAIS - JUROS - O crédito tributário não integralmente pago no vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente.
Preliminar de nulidade rejeitada.
Recurso negado.
Numero da decisão: 104-20.415
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento, por quebra de sigilo bancário e, no mérito, pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros José Pereira do Nascimento, Meigan Sack Rodrigues, Oscar Luiz Mendonça de Aguiar e Remis Almeida Estol que provêem parcialmente o recurso
para que os valores dos depósitos lançados no mês anterior constituam origem para os lançados no mês subseqüente.
Nome do relator: Nelson Mallmann
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ementa_s : QUEBRA - SIGILO BANCÁRIO - VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO - INFORMAÇÕES BANCÁRIAS - Lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - ORIGEM NÃO COMPROVADA - LEI Nº. 9.430, DE 1996, ART. 42 - Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantidos junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA - As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS - INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS - Os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, em face da inexistência de previsão constitucional. TRIBUTO NÃO RECOLHIDO - MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA EXIGIDA JUNTAMENTE COM O TRIBUTO - CARÁTER CONFISCATÓRIO - A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto sujeita o contribuinte aos encargos legais correspondentes. Válida a aplicação da penalidade prevista no inciso I, do art. 44, da Lei n°. 9.430, de 1996. Sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco. ACRÉSCIMOS LEGAIS - JUROS - O crédito tributário não integralmente pago no vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente. Preliminar de nulidade rejeitada. Recurso negado.
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OMISSÃO - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - ORIGEM NÃO COMPROVADA - LEI N°. 9.430, DE 1996, ART. 42 - Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantidos junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA - As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão- somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS - INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS - Os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, em face da inexistência de previsão constitucional. TRIBUTO NÃO RECOLHIDO - MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA EXIGIDA JUNTAMENTE COM O TRIBUTO - CARÁTER CONFISCATÓRIO - A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto sujeita o contribuinte aos encargos legais correspondentes. Válida a aplicação da penalidade prevista no inciso I, do art. 44, da Lei n°. 9.430, de 1996. Sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o principio de vedação ao confisco, %.;"aez,•,. z.s.22.-X.-• MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 ACRÉSCIMOS LEGAIS - JUROS - O crédito tributário não integralmente pago no vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente. Preliminar de nulidade rejeitada. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por MARCOS ANTÔNIO GRATÂO. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento, por quebra de sigilo bancário e, no mérito, pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros José Pereira do Nascimento, Meigan Sack Rodrigues, Oscar Luiz Mendonça de Aguiar e Remis Almeida Estol que provêem parcialmente o recurso para que os valores dos depósitos lançados no mês anterior constituam origem para os lançados no mês subseqüente. LEILA MARIA SCHERRER LEITÃO PRESIDENTE #j",..i..9 N. á0/ •ri • sUMANN r LAT 0-- FORMALIZA90 EM: a 5 FEV 23" 2 „ple ;-.V• MINISTÉRIO DA FAZENDA -.;P: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '3z-2;z4: 1” QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA e MARIA BEATRIZ ANDRADE DE CARVALHO. 3 MINISTÉRIO DA FAZENDA.4. s',/zzi-a PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Recurso n°. : 138.487 Recorrente : MARCOS ANTÔNIO GRATÃO RELATÓRIO MARCOS ANTÔNIO GRATÀO, contribuinte inscrito no CPF sob o n. ° 132.095.311-53, com domicilio fiscal na cidade de Brasília, Distrito Federal, a SDN Conjunto A — Sala 6028 (Conjunto Nacional), Asa Norte, jurisdicionado a DRF em Brasília - DF, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 233/245, prolatada pela Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Brasília - DF, recorre a este Primeiro Conselho de Contribuintes pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 632/648. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, em 28/10/02, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física de fls. 07/14, com ciência em 30/10/02, exigindo-se o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 104.818,85 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de imposto de renda pessoa física, acrescidos da multa de lançamento de oficio normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo exercício de 1999, correspondente ao ano-calendário de 1998. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de Imposto de Renda, onde a autoridade lançadora constatou omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regulamente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas 4 -.:jyr:; .n MINISTÉRIO DA FAZENDA er.;7,7:_tr PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 operações. Infração capitulada no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996; artigo 4° da Lei n° 9.481, de 1997 e artigo 21 da Lei n°9.532, de 1997. O Auditor-Fiscal da Receita Federal, responsável pela constituição do crédito tributário, esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal de fls. 15/17, entre outros, os seguintes aspectos: - que a presente fiscalização teve inicio em 05/08/02, com ciência do Termo de Inicio de Ação Fiscal, através do qual foram solicitados, dentre outros documentos, os extratos bancários referentes à movimentação financeira junto a todas as instituições financeiras em que o contribuinte manteve, em 1998, a titularidade/responsabilidade por conta de depósito, investimentos e similares; - que foi solicitada, através do Termo de Intimação datado de 11/09/02, a comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de crédito efetuadas em suas contas-correntes, indicadas nas planilhas anexadas ao referido termo. Em resposta, o contribuinte se limitou a apresentar algumas cópias de comprovantes de depósitos em dinheiro que segundo ele, teriam sido efetuadas pelo mesmo e seriam oriundos de valores em espécie que estariam sob a sua posse e estavam demonstrados em sua declaração de bens da declaração de imposto de renda do ano-calendário de 1998. Porém, não apresentou mais nenhum outro elemento que comprovasse que os R$ 20.000,00 de redução em sua declaração (de R$ 100.000,00 em 1997 para R$ 80.000,00 em 1998) teriam sido a origem dos referidos depósitos. Para o restante dos créditos, não foi apresentado comprovante algum, a não ser por alguns créditos indicados na planilha apresentada como sendo originários de empréstimos, todavia, nenhum outro elemento que corroborasse tal alegação foi entregue; 5 4C49 V4,. MINISTÉRIO DA FAZENDA ii,P.:"76f PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 - que em relação aos recibos que comprovariam recebimentos de pessoa s físicas apresentados em resposta ao Termo de Início de Ação Fiscal, podemos constatar que os mesmos não coincidem nem em datas e nem em valores em relação aos créditos bancários efetuados; - que não tendo sido comprovada a origem dos recursos utilizados nas operações de crédito, mediante documentação hábil e idônea, considera-se omissão de rendimentos os valores creditados em suas contas-correntes sem a devida comprovação e assim, de acordo com o que reza o artigo 42 da Lei n° 9.430/96, foi efetuado o lançamento. Em sua peça innpugnatória de fls. 122/166, apresentada, tempestivamente, em 29/11/02, o autuado se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida a impugnação para tornar insubsistente o auto de infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: - que no processo, embora o autuante não declare expressamente ter sido quebrado o sigilo bancário do contribuinte, observa-se que, mesmo antes de solicitar formalmente a este último à apresentação de sua documentação referente a depósitos junto a instituições financeiras, já dispunha o Auditor-Fiscal dos correspondentes dados; - que a fiscalização em causa certamente baseou-se em valores inferidos a partir do recolhimento da CPMF, sendo público e notório o programa desencadeado pela Secretaria da Receita Federal quanto ao ano-calendário de 1998; - que o fato é que o contribuinte, em momento algum ao longo do período de fiscalização, foi cientificado da violação prévia do seu sigilo bancário; 6 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 - que foi revelado verbalmente pelo Auditor Fiscal responsável, que o procedimento fiscal instaurado contra o impugnante teve como ponto de partida dados obtidos pelo Fisco a partir do recolhimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira — CPMF; - que quando a União instituiu a CPMF, por intermédio da Lei n° 9.3111, de 24 de outubro de 1996, o parágrafo segundo do art. 11 desse diploma legal estabeleceu uma obrigação acessória para as instituições financeiras, qual seja, prestar à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, condições e nos prazos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda; - que a autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por simples presunção, utilizando-se do artificio introduzido pela Lei Complementar n° 105/2000, obteve informações preliminares e, ainda, desconsiderando a seu bel-prazer os esclarecimentos prestados pelo contribuinte, optou em constituir crédito tributário contra o impugnante com base em depósitos bancários; - que o contribuinte já trouxe aos autos explicações mais do que suficientes sobre os depósitos efetuados em suas contas bancárias. O que o Fisco pretende fazer, e está fazendo, é simplesmente ignorar qualquer justificativa lógica, racional e amparada em documentos, da real finalidade dos depósitos e tributá-los como se os mesmos fossem espécies de "rendimento omitido"; - que é curioso constatar que, enquanto o Fisco inverte o ônus da prova e — usando o seu imenso poder obtém fácil e administrativamente as informações bancárias dos contribuintes, estes se deparam com a enorme morosidade, a burocracia, o desinteresse dos bancos em fornecer cópias dos cheques e outros documentos que transitaram pelas 7 `-e . - MINISTÉRIO DA FAZENDA Or PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 contas-corrrentes dos interessados, a fim de permitir-lhes reavivar a memória e identificar com clareza a que se referem os registros dos extratos bancários; - que na sua atividade como profissional liberal, o impugnante recebe inúmeros cheques de clientes, inclusive para pagamentos parcelado (os conhecidos cheques pré-datados). Esses recebimentos foram devidamente escriturados em livro-caixa e não foram questionados pela fiscalização, que o examinou e devolveu — consoante o atesta o Termo de Devolução que faz parte integrante do processo administrativo; - que muitos desses cheques foram sacados em dinheiro e outros depositados diretamente em conta-corrente, porém nem sempre o total do depósito é facilmente identificável para confronto com os comprovantes, pois um único depósito pode ser a somatória de vários cheques; - que o impugnante pede vênia para juntar à defesa cópia, em duplicata, da folha de continuação do auto de infração, onde consta a relação de depósitos que, segundo a Fiscalização, não teriam sido comprovados. As anotações em cor vermelha correspondem a depósitos comprovados mediante recibos que são neste momento apensados à defesa. Pela confrontação entre esses e os depósitos, torna-se perfeitamente identificável a correlação entre os mesmos, ficando mais do que comprovada a origem, totalizando R$ 15.527,00; - que os itens grafados em cor preta correspondem a depósitos oriundos de Notas Fiscais emitidas pela pessoa jurídica Clínica Odontológica Gratão S/C da qual o impugnante é sócio juntamente com sua esposa. Essas notas encontram-se devidamente contabilizadas na pessoa jurídica em causa e oferecidos à tributação. O que houve, nessa situação, foi um simples repasse financeiro para o sócio, transação bastante comum na área 8 tirW44 MINISTÉRIO DA FAZENDA• PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 de prestação de serviços relativo ao exercício de profissão legalmente regulamentada (odontologia); - que os itens grafados em cor azul correspondem a depósitos efetuados em dinheiro, que totalizam R$ 17.633,28 e refere-se a ingressos oriundos igualmente da atividade do autuado. Esses recursos têm origem perfeitamente demonstrada, pois foram devidamente declarados e tributados; - que, além disso, a evolução patrimonial do contribuinte, ao longo dos anos, também devidamente informada à Secretaria da Receita Federal no campo da declaração de bens do exercício de 1998, ano-base de 1998 atesta que o mesmo amealhou quantia significativa em dinheiro que, em 1997, representava o montante de R$ 100.000,00. Parte desse valor foi objeto de movimentação financeira em 1998; - que improcedente o lançamento do imposto, também o será o lançamento de qualquer penalidade, aí incluída a multa de ofício, eis que a sorte do acessório acompanha a do principal, não havendo fundamento à pretensão fazendária em submeter o contribuinte a qualquer tipo de sanção tributária; - que, concernente aos juros de mora, cabe observar que, ao proceder à determinação do "quantum" pretensamente devido pelo impugnante, conforme se constata no Auto de Infração ora contestado, a fiscalização aplicou como critério do cálculo dos juros moratórios a taxa SELIC. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, a Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Brasília - DF, decide julgar parcialmente procedente o lançamento mantendo em parte o crédito tributário lançado, com base, em síntese, nas seguintes considerações: 9 4P,Wc,44 MINISTÉRIO DA FAZENDAur. PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 - que inicialmente, cabe evidenciar que não há nos autos qualquer documento que corrobore a tese da defesa no sentido de que a fiscalização tenha tido origem em dados obtidos a partir da CPMF. A Receita Federal dispõe de vários dados a respeito dos contribuintes, obtidos a partir das Declarações de Rendimentos anuais, Declarações de Imposto Retido na Fonte, Imposto sobre Operações Financeiras, Informações sobre operações com imóveis fornecidas por cartórios e imobiliárias, aquisições de veículos novos, etc., além da CPMF propriamente dita. A escolha de determinados contribuintes para que sejam fiscalizados pode decorrer da análise de qualquer um desses dados e do confronto destes com a Declaração de Rendimentos do interessado; - que independentemente do motivo que deu origem à fiscalização, o interessado somente será cientificado das investigações anteriores à autuação se for do interesse da Receita Federal, pois, a fase processual da relação fisco-contribuinte inicia-se com a impugnação tempestiva do lançamento e se caracteriza pelo conflito de interesses submetido à Administração; - que vale enfatizar que não houve quebra ilegal de sigilo bancário, uma vez que os extratos de contas correntes que serviram de base para autuação foram espontaneamente apresentados pelo interessado. Não há nos autos qualquer documento que tenha sido fornecido por terceiros, nem correspondência emitida pela Receita Federal cujos destinatários sejam instituições bancárias ou financeiras. Todos os documentos foram apresentados pelo próprio sujeito passivo, com total observância dos procedimentos legais; - que, quanto à violação ao art. 5°, XXXVI, da Constituição Federal, cumpre a repetir que não há nada nos autos que nos permita afirmar que a fiscalização do contribuinte teve origem em dados extraídos do recolhimento de CPMF, perdendo sentido as argumentações de que a Lei Complementar n° 105 e o Decreto n°3.724, ambos de 2001, 10 Jr;oâs MINISTÉRIO DA FAZENDA '-d'Y'c'tÁ PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '1/2&5:-.74> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 não poderiam ser utilizados para alcançar fatos geradores ocorridos antes do início das respectivas vigências; - que, entretanto, apenas para argumentar, ainda que estivesse claro que a fiscalização do interessado tenha sido detonada a partir da análise da CPMF, o que não se depreende dos autos, no entendimento desta DRJ/BSB, é incabível falar-se que a Lei Complementar n° 105, de 2001 e o Decreto n°3.724, de 2001, vigentes a partir de 2001, não poderiam ser utilizados para fiscalizar exercícios anteriores à sua vigência, devido ao principio da irretroatividade da lei, posto que esse princípio é atinente aos aspectos materiais do lançamento, não alcançando os procedimentos de fiscalização ou de formalização da respectiva exigência; - que em relação aos aspectos formais ou simplesmente procedimentais, a legislação a ser utilizada é a vigente na data do lançamento, pois para o critério de fiscalização, em se tratando dos aspectos formais do lançamento — em que pese à menção contrária, por parte do impugnante, à utilização do art. 144 do CTN como argumento em favor do fisco — o sistema tributário segue a regra da retroatividade das leis, previsto no referido artigo, § 1°, - por meio do art. 42, a Lei n° 9.430, de 1996, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente independentemente da constatação direta de dispêndios ou acréscimo patrimonial que era exigida pela legislação anterior. Não comprovada a origem dos recursos aportados na conta corrente do sujeito passivo, tem o fiscal o poder/dever de autuar como omissão de rendimentos o valor dos depósitos bancários recebidos. Nem poderia ser de outro modo ante a vinculação legal decorrente do Principio da Legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente tão-somente a inquestionável observância do novo diploma; 11 ae;;..q MINISTÉRIO DA FAZENDA'47;4St e 4, .Y irtir PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 - que não basta, para justificar os depósitos, que a renda do contribuinte seja compatível com a movimentação financeira apurada, sendo necessária à vinculação de cada depósito a uma operação realizada, por meio de documentos hábeis e idôneos, com coincidência de datas e valores. A dificuldade em obter documentação para defesa não afeta a SRF, pois a presunção de omissão de rendimentos criada pela Lei n° 9.430, de 1996 inverte o ônus da prova, cometendo ao contribuinte a comprovação dos depósitos; - que foram trazidos aos autos, na impugnação, originais de recibos emitidos pelo sujeito passivo e cópias de notas fiscais emitidas pela Clínica Odontológica Gratão S/C, relacionando os valores ali contidos com os constantes em depósitos injustificados, conforme documento de fls. 168/172. Cópias desses recibos já haviam sido apresentados à fiscalização e constam do processo às fls. 22/26, não tendo sido acatados para justificar depósitos por não coincidirem em datas e valores com os mesmos, conforme explicação constante do Termo de Verificação Fiscal de fl. 16; - que se consultando o Termo de Retenção de Documentos (fl. 20), verifica- se que a fiscalização teve acesso ao livro caixa do interessado, juntamente com outros documentos, não tendo efetuado glosa de despesas lançadas ou comentários sobre eventual falta de escrituração dos recibos apresentados, assim, tais recibos serão considerados como verdadeiros. Da mesma forma, notas fiscais são considerados documentos hábeis para comprovar realização de serviços e recebimento de pagamentos; - que, por conseguinte, os documentos apresentados serão acatados para justificar depósitos efetuados na conta corrente do interessado, uma vez que coincidem em datas e valores com os comprovantes de depósitos apresentados e com os valores tributados, conforme planilha anexa, no total de R$ 35.882,00; 12 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 44‘à-;-!-,;"). QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 - que cabe à fiscalização verificar a conveniência de reabrir a fiscalização do contribuinte para apurar eventuais omissões de rendimentos decorrentes das receitas comprovadas nesta fase processual; - que não há como aceitar os argumentos do impugnante no que tange aos depósitos que afirma terem sido efetuados em dinheiro, uma vez que não há nos autos provas de suas alegações que sejam compatíveis com a legislação de regência, que exige que comprovação da origem dos recursos seja feita mediante documentação hábil e idônea. Não é suficiente dizer que parte da movimentação financeira ocorrida em suas contas correntes teria origem no seu patrimônio, amealhado no decorrer de anos de serviço duro; - que o interessado não questiona, explicitamente, a aplicação de multa de oficio, limitando-se a afirmar haver demonstrado, à exaustão, a improcedência do lançamento, o que acarretaria a improcedência de qualquer penalidade, aí incluída a multa de oficio, dado que o acessório acompanha o principal. Utilizando o mesmo raciocínio, mantido parte do lançamento, mantém-se, proporcionalmente, a aplicação da multa de ofício; - que sobre uma suposta inconstitucionalidade da utilização da taxa Selic como juros de mora convém lembrar que questões relativas à constitucionalidade de leis, cuja vigência e aplicabilidade não foram "erga omines" atacadas pelo judiciário, não são apreciadas nesta esfera administrativa, que se limita a cumprir as determinações legais. A ementa da decisão que consubstancia os fundamentos da Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Brasília - DF, é a seguinte: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 13 .;k3r4*". "P` izr:i MINISTÉRIO DA FAZENDAv PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES t-.25 QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. Antes da lavratura de auto de infração, não há que se falar em violação ao princípio do contraditório, já que a oportunidade de contradizer o fisco é prevista em lei para a fase do contencioso administrativo, que se inicia com a impugnação do lançamento. SIGILO BANCÁRIO — PROVAS FORNECIDAS PELO INTERESSADO. Não há que se falar em quebra ilegal de sigilo bancário quando as provas que embasaram a autuação foram fornecidas pelo próprio interessado. Ementa: DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97 a Lei n° 9.430/96 no seu art. 42 autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS DE MORA — TAXA SELIC. É cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora. A partir de 01/04/1995 os juros de mora serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SEM. Lançamento Procedente em Parte?. Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 21/10/03, conforme Termo constante às fls. 247/249, o recorrente interpôs, tempestivamente (20/11/03), o recurso voluntário de fls. 252/295, instruído pelos documentos de fls. 296/298, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nos mesmos argumentos apresentados na fase impugnatória. 14 -4. MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Consta às fls. 296/297 a Relação de Bens e Direitos para Arrolamento objetivando o seguimento ao recurso administrativo, sem exigência do prévio depósito de 30% a que alude o art. 10, da Lei n. ° 9.639, de 25/05/98, que alterou o art. 126, da Lei n° 8.213/91, com a redação dada pela Lei n°9.528/97. É o Relatório. 15 41-0fik'4; --‘ 1; -'4‘ MINISTÉRIO DA FAZENDA 'ffig.tir PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES a;ic, 22*.:> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 VOTO Conselheiro NELSON MALLMANN, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Câmara. Da análise dos autos do processo se verifica que a motivação inicial para instaurar o procedimento fiscal foi à revisão da Declaração de Ajuste Anual, relativo ao exercício de 1999, onde a autoridade lançadora solicitou ao contribuinte fiscalizado, entre outros documentos, os extratos bancários referentes à movimentação bancária relativa ao ano-calendário de 1998 (fls. 18). Posteriormente, em razão ao atendimento da solicitação pelo contribuinte, a autoridade lançadora através da análise destes extratos apurou a omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito, mantida em instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações já na vigência do artigo 42, da Lei 9.430, de 1996. Em sua defesa o suplicante apresenta uma série de argumentos sobre a ilegalidade da fiscalização; da impossibilidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001 e da impossibilidade da quebra de sigilo bancário, bem como razões de mérito sobre lançamentos efetuados sobre depósitos bancários. 16 MINISTÉRIO DA FAZENDA r PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Desta forma, a discussão neste colegiado se prende a preliminar de nulidade do lançamento argüida pelo suplicante por entender que houve ilegalidade na quebra do sigilo bancário e, no mérito, a discussão se prende sobre o artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, que prevê a possibilidade de se efetuar lançamentos tributários por presunção de omissão de rendimentos, tendo por base os depósitos bancários de origem não comprovada. Quanto a preliminar de nulidade do lançamento argüida pelo suplicante, sob o entendimento de que tenha ocorrido ofensa aos princípios constitucionais do devido processo legal, entendendo que a autoridade lançadora feriu diversos princípios fundamentais, quais sejam: utilização da Lei Complementar n° 105, de 2001, para solicitar extratos bancários do suplicante em data anterior a sua vigência e quebra do sigilo bancário de forma incorreta, o aspecto divergente estaria no entendimento que o suplicante tem de que o lançamento não pode prosperar em razão de que as provas fiscais teriam sido obtidas por autoridades fazendárias através de procedimentos inteiramente ilícitos, já que entende que ocorreu uma solicitação indevida dos extratos bancários, ou seja, houve a quebra do sigilo bancário de forma retroativa (ano de 1998), baseado na Lei Complementar n° 105, de 2001. Inicialmente, é de se esclarecer que não há nos autos qualquer documento que corrobore a tese da defesa no sentido de que a fiscalização tenha tido origem em dados obtidos a partir da CPMF. Da mesma forma, é de se enfatizar que não houve quebra ilegal de sigilo bancário, uma vez que os extratos de contas correntes que serviram de base para autuação foram espontaneamente apresentados pelo interessado. Não há nos autos qualquer documento que tenha sido fornecido por terceiros, nem correspondência emitida pela Receita Federal cujos destinatários sejam instituições bancárias ou financeiras. Todos os 17 MINISTÉRIO DA FAZENDA ";;;;:t PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 documentos foram apresentados pelo próprio sujeito passivo, com total observância dos procedimentos legais. Assim, cumpre a repetir que não há nada nos autos que nos permita afirmar que a fiscalização do contribuinte teve origem em dados extraídos do recolhimento de CPMF, perdendo sentido as argumentações de que a Lei Complementar n° 105 e o Decreto n° 3.724, ambos de 2001, não poderiam ser utilizados para alcançar fatos geradores ocorridos antes do início das respectivas vigências. Entretanto, para que no futuro não se alegue cerceamento do direito de defesa, a mesma será analisada. Este relator entende que se deva rejeitar a preliminar argüida, pelas razões abaixo expostas. Não há dúvidas, que toda a controvérsia de fato resume-se na discussão do sigilo de informações no Mercado Financeiro e de Capitais, ou seja, sigilo bancário. O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n° 4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n°8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. 18 40'4'43, MINISTÉRIO DA FAZENDA no,S7r4it; PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não tenho dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possa praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, X e XII, da CF: Inexistência. (...). 19 ..4k5:121/4:44. c.r.?;:i MINISTÉRIO DA FAZENDA jr t PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.01560912002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 I — A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ-897/DF, rel. Min. Francisco Rezek, j. em 23.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n° 4.595, de 1964: "Art. 38 — As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juizo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles Ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2° O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2° e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do 20 4,sts,7,4 MINISTÉRIO DA FAZENDA qffin71; PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4.1."NV QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5° Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6° O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente? Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderão eximir- se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja , Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). 21 n , 11. MINISTÉRIO DA FAZENDA it2e.tz:;:-; 4 PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES r=4"erk-ba> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 50 e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas físicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei n.° 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 1970 Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: 22 - MINISTÉRIO DA FAZENDA _nrs.,,": PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES a4a,14:: QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n.° 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n.° 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: "Art. 70 - A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n.° 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no § 1° do art. 7°." 23 MINISTÉRIO DA FAZENDA L:eb PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTESaess,., QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei n.° 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei n.° 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5° e 6° que: - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6° - O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente? 24 MINISTÉRIO DA FAZENDA l'fritz-. " PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Agora sob o comando da Lei Complementar n.° 105, de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I — a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II — o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III — o fornecimento das informações de que trata o § 2° do art. 11 da Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV — a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V — a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI — a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 40, 50, 6°, 7° e 9° desta Lei Complementar. (-..) Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames 25 MS; MINISTÉRIO DA FAZENDA kf PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revoga-se o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.". Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é cristalino na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, 1a. Edição, 1984, pág. 746: 26 W. MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao princípio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. 27 "--iv•-;"1.-- MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES nktr> QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Ora, é sabido que a matéria relativa à aplicação da lei no tempo pelo lançamento, é regulada no art. 144 e parágrafos da Lei n°5.172, de 1966— CTN, que diz: "Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1° Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros." Nesta hipótese, a tese é de que a Lei Complementar n° 105, de 2001, não poderia retroagir, já que não tem natureza procedimental e sim dispõe de conteúdo material, cuja aplicação retroativa é vedada pelo disposto nos artigos 105, 106 e 144, "caput", do CTN. Ora, é sabido que as leis de procedimento, como o é a Lei Complementar n° 105, de 2001, são aplicáveis ao processo no estado em que se encontra, já que a mesma não é lei tributária, ou seja, não é uma lei cuja natureza jurídica seja estabelecer qualquer matéria tributável. Indiscutivelmente é sabido que o "caput" do art. 144 do CTN se refere à regra de direito material, ou seja, regula o ato administrativo do lançamento em seu conteúdo substancial, enquanto que os seus parágrafos contém solução aplicável ao procedimento fiscal, processo ou aspecto formal do lançamento. É evidente que o § 1° do art. 144 do CTN, regula matéria diferente de seu "caput", nota-se que consagra a regra da aplicação imediata da legislação vigente ao tempo 28 41tit.Si MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES .;ItS/111 QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 do lançamento, quando tenha instituído novos critérios de apuração ou de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. Nesse diapasão, o tributarista Jose Souto Maior Borges, em sua obra "Lançamento Tributário" - 2° edição, Malheiros Editores Ltda. — ao tratar do direito intertemporal e lançamento, assim preleciona: "Lançamento está, aí, no art. 144, caput, no sentido de ato do lançamento. O vocábulo é, no Código Tributário Nacional, plurissignificativo. Ora é referido ao ato, ora ao procedimento que o antecede. Diversamente, já no seu § 1° o art. 144 reporta-se ao procedimento administrativo de lançamento. A este se aplica, ao contrário, a legislação que posteriormente à data do fato jurídico tributário tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas ou outorgando ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. O art. 144, § 1°, disciplina o procedimento administrativo do lançamento, em contraposição ao caput desse dispositivo, que se aplica ao ato de lançamento. Duas realidades normativas diversas e submetidas, por isso mesmo, a disciplina jurídica nitidamente diferenciada no Código Tributário Nacional. Ao ato de lançamento aplica-se, em qualquer hipótese, a legislação contemporânea do fato jurídico tributário. Ao procedimento de lançamento, todavia, aplica-se legislação que, se confrontada temporalmente com o fato jurídico tributário, venha posteriormente e estabelecer as alterações estipuladas no § 1° do art. 144. Se não sobrevier ao fato jurídico — enquanto in fieri o procedimento de lançamento — legislação nova, aplicar-se-lhe-á também a legislação coetânea à data do fato jurídico tributário." Da mesma forma, existem julgados no âmbito do Poder Judiciário que respaldam o entendimento anteriormente citado, conforme se pode constatar nas decisões abaixo transcritas: 29 wit;,i:::írt MINISTÉRIO DA FAZENDA ttifrzfi:t PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 11'=--MiN't QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Sentença proferida pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região, nos autos de Agravo de Instrumento n° 2001.04.01.045127-8/SC, da qual se faz necessário à transcrição da ementa do julgado: "TRIBUTÁRIO. REPASSE DE DADOS RELATIVOS A CPMF PARA FINS DE FISCALIZAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. SIGILO BANCÁRIO. O acesso da autoridade fiscal a dados relativos à movimentação financeira dos contribuintes, no bojo de procedimento fiscal regularmente instaurado, não afronta, a priori, os direitos e garantias individuais de inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas e de inviolabilidade do sigilo de dados, assegurados no art. 5°, incisos X e XII da CF/88, conforme entendimento sedimentado no tribunal. No plano infraconstitucional, a legislação prevê o repasse de informações relativas a operações bancárias pela instituição financeira à autoridade fazendária, bem como a possibilidade de utilização dessas informações para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a imposto e contribuições e para lançamento do crédito tributário porventura existente (Lei 8.021/90, Lei 9.311/96, Lei 10.174/2001, Lei Complementar 105/2001). As disposições da Lei n°10.174/2001 relativas à utilização das informações da CPMF para fins de instauração de procedimento fiscal relacionado a outros tributos não se restringem a fatos geradores ocorridos posteriormente à edição da lei, pois, nos termos do art. 144, § 1°, do CTN, aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas." Sentença proferida pela 1° Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, nos autos de Agravo de Instrumento n° 2002.04.01.003040-O/PR, da qual se faz necessário à transcrição da ementa do julgado: "TRIBUTÁRIO. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. LCP n° 105/01. procedimento de fiscalização. Quebra de sigilo. lnocorrência. 1. a Lei 10.174/01, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311, permitindo o cruzamento de informações relativas a CPMF para a constituição de crédito tributário pertinente a outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, disciplina o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos econômicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir de janeiro 2001 poderão valer- 30 -•••-• MINISTÉRIO DA FAZENDAort '50fill;.4" PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 se dessa informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos, (CTN art. 144, § 1°). Trata-se de aplicação imediata da norma, não se podendo falar em retroatividade. 2. O art. 6° da Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentada pelo Decreto n° 3.724/01, autoriza a autoridade fiscal a requisitar informações acerca da movimentação financeira do contribuinte, desde que já instaurado o procedimento de fiscalização e o exame dos documentos sejam indispensáveis à instrução, preservando o caráter sigiloso da informação. 3. O acesso à informação junto a instituições financeiras, para fins de apuração de ilícito fiscal, não configura ofensa ao princípio da inviolabilidade do sigilo bancário, desde que cumpridas as formalidades exigidas pela Lei Complementar n° 105/01 e pelo Decreto n° 3.724/01 ". Recentemente, a questão em debate já foi objeto de exame pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o qual tende por firmar jurisprudência de que a regra do artigo 6° da Lei Complementar n° 105, de 2001 é de natureza procedimental (CTN, art. 144, I), de sorte que nada impede a autoridade fiscal dela se servir para obter informações bancárias pretéritas de contribuintes sob fiscalização. A titulo de exemplo, veja-se o teor do acórdão da Primeira Turma do aludido tribunal, proferido em 02/12/03 no julgamento do Recurso Especial n° 506.232 — PR (Diário da Justiça de 16/02/04 — p. 00211): "EMENTA TRIBUTÁRIO. NORMAS DE CARÁTER PROCEDIMENTAL. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL. UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DA ARRECADAÇÃO DA CPMF PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO REFERENTE A OUTROS TRIBUITOS. RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1° DO CTN. 1. O resguardo de informações bancárias era regido, ao tempo dos fatos que permeiam a presente demanda (ano de 1998), pela Lei 4.595/64, reguladora do Sistema Financeiro Nacional, e que foi recepcionada pelo art. 192 da Constituição Federal com força de lei complementar, ante a ausência de norma regulamentadora desse dispositivo, até o advento da Lei Complementar 105/2001. 31 MINISTÉRIO DA FAZENDANwk itr--;k• PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 2. O art. 38 da Lei 4.595/64, revogado pela Lei Complementar 105/2001, previa a possibilidade de quebra do sigilo bancário apenas por decisão judicial. 3. Com o advento da Lei n° 9.311/96, que instituiu a CPMF, as instituições financeiras responsáveis pela retenção da referida contribuição, ficaram obrigadas a prestar à Secretaria da Receita Federal informações a respeito da identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações bancárias, sendo vedado, a teor do que preceituava o § 3° do art. 11 da mencionada lei, a utilização dessas informações para a constituição de crédito referente a outros tributos. 4. A possibilidade de quebra do sigilo bancário também foi objeto de alteração legislativa, levada a efeito pela Lei Complementar 105/2001, cujo art 6° dispõe: "Art. 6 As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente." 5.A teor do que dispõe o art. 144, § 1° do Código Tributário Nacional, as leis tributárias procedimentais ou formais têm aplicação imediata, ao passo que as leis de natureza material só alcançam fatos geradores ocorridos durante a sua vigência. 6. Norma que permite a utilização de informações bancárias para fins de apuração e constituição de crédito tributário, por envergar natureza procedimental, tem aplicação imediata, alcançando mesmo fatos pretéritos. 7.A exegese do art. 144, § 1° do Código Tributário Nacional, considerada a natureza formal da norma que permite o cruzamento de dados referentes à arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos, conduz à conclusão da possibilidade da aplicação dos artigos 6° da Lei Complementar 105/2001 e 1° da Lei 10.174/2001 ao ato de lançamento de tributos cujo fato gerador se verificou em exercício anterior à vigência dos citados diplomas legais, desde que a constituição do crédito em si não esteja alcançada pela decadência. 32 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 8. Inexiste direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, máxime porque, enquanto não extinto o crédito tributário a Autoridade Fiscal tem o dever vinculativo do lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal. 9. Recurso Especial provido.". Em síntese é de se concluir, que as leis que regulam os aspectos formais do lançamento têm aplicação imediata, ou seja, passam a regular a atividade de lançamento na data em que o ato é exercido, ainda que a lei tenha vigência posterior à ocorrência da obrigação. Essa compreensão é perfeitamente válida para as leis que tenham instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, visando à ampliação de poderes de investigação das autoridades fiscais. É de se concluir, que na situação analisada, com a entrada em vigor da Lei Complementar n° 105, de 2001, foi facultado à autoridade fiscalizadora obter diretamente das instituições, sem necessidade de ordem judicial, extratos de contas bancárias e outros documentos de contribuintes submetidos à fiscalização, inclusive de períodos pretéritos à edição da aludida lei. Como também, nesta linha de pensamento argumentativo, não há que se falar em ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido, para contestar a aplicação da Lei Complementar n° 105, de 2001, uma vez que esses institutos não alcançam normas de caráter adjetivo, externas aos aspectos concernentes do fato gerador, e que visam à melhoria dos processos de fiscalização e apuração, como é o caso dos dispositivos legais combatidos. Quanto à matéria de mérito em discussão o recorrente alega, em síntese, a falta de previsão legal para embasar lançamentos tendo por base tributável depósitos bancários, já que no seu entender a movimentação financeira somente pode ser utilizada 33 MINISTÉRIO DA FAZENDA te.j.W0' PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 para o cômputo da base de cálculo do IR quando aliada a sinais exteriores de riqueza, e no caso em questão, pela inexistência de indícios de acréscimo patrimonial, o fisco não poderia ter utilizado a movimentação financeira como meio de arbitramento do imposto, por total inexistência do respectivo fato imponivel. Ora, ao contrário do pretendido pela defesa, o legislador federal pela redação do inciso XXI, do artigo 88, da Lei n° 9.430, de 1996, excluiu expressamente da ordem jurídica o § 50 do artigo 6°, da Lei n° 8.021, de 1990, até porque o artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, não deu nova redação ao referido parágrafo, bem como soterrou de vez o malfadado artigo 9° do Decreto-lei n° 2.471, de 1988. Desta forma, a partir dos fatos geradores de 01/01/97, quando se tratar de lançamentos tendo por base valores constantes em extratos bancários, não há como se falar em Lei n° 8.021, de 1990, ou Decreto-lei n° 2.471, de 1988, já que os mesmos não produzem mais seus efeitos legais. É notório, que no passado os lançamentos de crédito tributário baseado exclusivamente em cheques emitidos, depósitos bancários e/ou de extratos bancários, sempre tiveram sérias restrições, seja na esfera administrativa, seja no judiciário. Para por um fim nestas discussões o legislador introduziu o artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, caracterizando como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantido junto à instituição financeira, em relação as quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, estipulando limites de valores para a sua aplicação, ou seja, estipulou que não devem ser considerados créditos de valor individual igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais. Apesar das restrições, no passado, com relação aos lançamentos de crédito tributário baseado exclusivamente depósitos bancários (extratos bancários), como já exposto 34 —e% r. MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 no item inicial deste voto, não posso deixar de concordar com a decisão singular, que a partir do ano de 1997, com o advento da Lei n. 9.430, de 1996, existe o permissivo legal para tributação de depósitos bancários não justificados como se "omissão de rendimentos" fossem. Como se vê, a lei instituiu uma presunção legal de omissão de rendimentos. É conclusivo que a razão está com a decisão de Primeira Instância, já que no nosso sistema tributário tem o princípio da legalidade como elemento fundamental para que flore o fato gerador de uma obrigação tributária, ou seja, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Seria por demais mencionar, que a Lei Complementar não pode ser conflitada ou contraditada por legislação ordinária. E que, ante o princípio da reserva legal (CTN, art. 97), e o pressuposto da estrita legalidade, insito em qualquer processo de determinação e exigência de crédito tributário em favor da Fazenda Nacional, insustentável o procedimento administrativo que, ao arrepio do objetivo, finalidade e alcance de dispositivo legal, imponha ou venha impor exação. Assim, o fornecimento e manutenção da segurança jurídica pelo Estado de Direito no campo dos tributos assume posição fundamental, razão pela qual o princípio da Legalidade se configura como uma reserva absoluta de lei, de modo que para efeitos de criação ou majoração de tributo é indispensável que a lei tributária exista e encerre todos os elementos da obrigação tributária. A Administração Tributária está reservado pela lei o direito de questionar a matéria, mediante processo regular, mas sem sobra de dúvida deve se atrelar à lei existente. Com efeito, a convergência do fato imponível à hipótese de incidência descrita em lei deve ser analisada à luz dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada, 35 MINISTÉRIO DA FAZENDA stin 14t- PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 que demandam interpretação estrita. Da combinação de ambos os princípios, resulta que os fatos erigidos, em tese, como suporte de obrigações tributárias, somente se irradiam sobre as situações concretas ocorridas no universo dos fenômenos, quando vierem descritos em lei e corresponderem estritamente a esta descrição. Como a obrigação tributária é uma obrigação ex lege, e como não há lugar para atividade discricionária ou arbitrária da administração que está vinculada à lei, deve-se sempre procurar a verdade real à cerca da imputação, desde que a obrigação tributária esteja prevista em lei. Não basta a probalidade da existência de um fato para dizer-se haver ou não haver obrigação tributária. Neste aspecto, apesar das intermináveis discussões, não pode prosperar os argumentos do recorrente, já que o ônus da prova em contrário é sua, sendo a legislação de regência cristalina, conforme o transcrito abaixo: Lei n.° 9.430. de 27 de dezembro de 1996: "Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 36 - MINISTÉRIO DA FAZENDA: ,Ifrztl,t," PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 I — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4° Tratando-se de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira?. Lei n.° 9.481. de 13 de agosto de 1997: "Art. 4° Os valores a que se refere o inciso II do § 30 do art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente? Lei n.° 10.637. de 30 de dezembro de 2002: "Art. 58. O art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 5° e 6°: "M. 42. (...). § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares."? 37 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 41-021P QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Instrução Normativa SRF n° 246, 20 de novembro de 2002: Dispõe sobre a tributação dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira em relação aos quais o contribuinte pessoa física, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos. Art. 1° Considera-se omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos o contribuinte, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea. § 1° Quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 2° Caracterizada a omissão de rendimentos decorrente de créditos em conta de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos dos titulares tenha sido apresentada em separado, o valor dos rendimentos é imputado a cada titular mediante divisão do total dos rendimentos pela quantidade de titulares. Art. 2° Os rendimentos omitidos serão considerados recebidos no mês em que for efetuado o crédito pela instituição financeira. Art. 3° Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, os créditos serão analisados individualizadamente. § 1° Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o somatório desses créditos não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), dentro do ano- calendário. § 2° Os créditos decorrentes de transferência entre contas de mesmo titular não serão considerados para efeito de determinação dos rendimentos omitidos." 38 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Da interpretação dos dispositivos legais acima transcritos podemos afirmar que para a determinação da omissão de rendimentos na pessoa física, a fiscalização deverá proceder a uma análise preliminar dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, onde se observará os seguintes critérios: I — não serão considerados os créditos em conta de depósito ou investimento decorrentes de transferências de outras contas de titularidade da própria pessoa física sob fiscalização; II — os créditos serão analisados individualizadamente, ou seja, a análise dos créditos deverá ser procedida de forma individual (um por um); III — nesta análise não serão considerados os créditos de valor igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais (com a exclusão das transferências entre contas do mesmo titular); IV — todos os créditos de valor superior a doze mil reais integrarão a análise individual, exceto os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física fiscalizada; V — no caso de contas em conjunto cuja declaração de rendimentos tenham sido apresentadas em separado, os lançamentos de constituição de créditos tributários efetuados a partir da entrada em vigor da Lei n° 10.637, de 2002, ou seja, a partir 31/12/02, deverão obedecer ao critério de divisão do total da omissão de rendimentos apurada pela quantidade de titulares; 39 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES ';;W:">• QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 VI — quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento; VII — os rendimentos omitidos, de origem não comprovada, serão apurados no mês em que forem recebidos e estarão sujeitos, com multa de oficio, na declaração de ajuste anual, conforme tabela progressiva vigente à época. Pode-se concluir, ainda, que: I - na pessoa jurídica os créditos serão analisados de forma individual, com exclusão apenas dos valores relativos a transferências entre as suas próprias contas bancárias, não sendo aplicável o limite individual de crédito igual ou inferior a doze mil reais e oitenta mil reais no ano-calendário; II — caracteriza omissão de receita ou rendimento, desde que obedecidos os critérios acima relacionados, todos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações, desde que regularmente intimada a prestar esclarecimentos e comprovações; III — na pessoa física a única hipótese de anistia de valores é a existência de créditos não comprovados que individualmente não sejam superiores a doze mil reais, limitado ao somatório, dentro do ano-calendário, a oitenta mil reais; IV — na hipótese de créditos que individualmente superem o limite de doze mil reais, sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante 40 MINISTÉRIO DA FAZENDAw472 F!" PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 apresentação de documentação hábil e idônea, que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas especificas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; V — na hipótese de créditos não comprovados que individualmente não superem o limite de doze mil reais, entretanto, estes créditos superam, dentro do ano- calendário, o limite de oitenta mil reais, todos os créditos sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas especificas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; VI - os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos; VII - para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o somatório desses créditos não comprovados não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00, dentro do ano-calendário. Como se vê, nos dispositivos legais retromencionados, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos. Não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, tem-se a autorização legal para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos 41 • inkt -'4`";.-. . fYr: MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 depositados traduzem rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Faz-se necessário mencionar, que a presunção criada pela Lei n° 9.430, de 1996, é uma presunção relativa, passível de prova em contrário, ou seja, está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do contribuinte, em instituições bancárias. A simples prova em contrário, ônus que cabe ao contribuinte, faz desaparecer a presunção de omissão de rendimentos. Por outro lado, a falta de justificação faz nascer à obrigação do contribuinte para com a Fazenda Nacional de pagar o tributo com os devidos acréscimos previstos na legislação de regência, já que a principal obrigação em matéria tributária é o recolhimento do valor correspondente ao tributo na data aprazada. A falta de recolhimento no vencimento acarreta em novas obrigações de juros e multa que se convertem também em obrigação principal. Assim, desde que o procedimento fiscal esteja lastreado nas condições imposta pelo permissivo legal, entendo que seja do recorrente o ônus de provar a origem dos recursos depositados em sua conta corrente, ou seja, de provar que há depósitos, devidamente especificados, que representam aquisição de disponibilidade financeira não tributável o que já foi tributado. Desta forma, para que se proceda à exclusão da base de cálculo de algum valor considerado, indevidamente, pela fiscalização, se faz necessário que o contribuinte apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo. É evidente, que depósitos bancários de origem não comprovada se traduzem em renda presumida, por presunção legal "juris tantum". Isto é, ante o fato material constatado, qual seja depósitos/créditos em conta bancária, sobre os quais o contribuinte, devidamente intimado, não apresentou comprovação de origem, a legislação ordinária autoriza a presunção de renda relativamente a tais valores (Lei n° 9.430/96, art. 42). 42 - =45 "14 MINISTÉRIO DA FAZENDA: ,s'fr-Lizs,k PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Indiscutivelmente, esta presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados. Pelo exame dos autos se verifica que o recorrente, embora intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em suas contas bancárias, muito pouco esclareceu de fato. Não há dúvidas, que a Lei n° 9.430, de 1996, definiu, portanto, que os depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do ano-calendário de 1997, caracterizam omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, estando, por conseguinte, sujeitos à tributação pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 3 0 , § 4°, da Lei n° 7.713, de 1988. Ora, no presente processo, a constituição do crédito tributário decorreu em face de o contribuinte não ter provado com documentação hábil ou idônea a origem dos recursos que dariam respaldo aos referidos depósitos/créditos, dando ensejo à omissão de receita ou rendimento (Lei n° 9.430/1996, art. 42) e, refletindo, conseqüentemente, na lavratura do instrumento de autuação em causa. Ademais, à luz da Lei n° 9.430, de 1996, cabe ao suplicante, demonstrar o nexo causal entre os depósitos existentes e o beneficio que tais créditos tenham lhe trazido, pois somente ele pode discriminar que recursos já foram tributados e quais se derivam de meras transferências entre contas. Em outras palavras, como destacado nas citadas lei, cabe a ele comprovar a origem de tais depósitos bancários de forma tão substancial quanto o é a presunção legal autorizadora do lançamento. 43 :af-k MINISTÉRIO DA FAZENDA teis---,ssk PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Além do mais, é cristalino na legislação de regência (§ 3° do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996), a necessidade de identificação individualizada dos depósitos, sendo necessário coincidir valor, data e até mesmo depositante, com os respectivos documentos probantes, não podendo ser tratadas de forma genérica e nem por médias. A legislação é bastante clara, quando determina que a pessoa física está obrigada a guardar os documentos das operações ocorridas ao logo do ano-calendário, até que se expire o direito de a Fazenda Nacional realizar ações fiscais relativas ao período, ou seja, até que ocorra a decadência do direito de lançar, significando com isto dizer que o contribuinte tem que ter um mínimo de controle de suas transações, para possíveis futuras solicitações de comprovação, ainda mais em se tratando de depósitos de quantias vultosas. Nos autos ficou evidenciado, através de indícios e provas, que o suplicante recebeu os valores questionados neste auto de infração. Sendo que neste caso está clara a existência de indícios de omissão de rendimentos, situação que se inverte o ônus da prova do fisco para o sujeito passivo. Isto é, ao invés de a Fazenda Pública ter de provar que o recorrente possuía fontes de recursos para receber estes valores ou que os valores são outros, já que a base arbitrada não corresponderia ao valor real recebido, competirá ao suplicante produzir a prova da improcedência da presunção, ou seja, que os valores recebidos estão lastreados em documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores. Ora, o efeito da presunção "juris tantum" é de inversão do ônus da prova. Portanto, cabia ao sujeito passivo, se o quisesse, apresentar provas de origem de tais rendimentos presumidos. Oportunidade que lhe foi proporcionada tanto durante o procedimento administrativo, através de intimação, como na impugnação, quer na fase ora recursal. Nada foi acostado que afastasse a presunção legal autorizada. 44 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 È cristalino a redação da legislação pertinente ao assunto, ou seja, é transparente que o artigo 42 da Lei n°9.430, de 1996, definiu que os depósitos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, razão pela qual não há que se estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita, ou mesmo restringir a hipótese fática à ocorrência de variação patrimonial ou a indícios de sinais exteriores de riqueza, como previa a Lei n° 8.021, de 1990. Não tenho dúvidas, que a responsabilidade pela apresentação das provas do alegado compete ao contribuinte que praticou a irregularidade fiscal. Como também é de se observar que no âmbito da teoria geral da prova, nenhuma dúvida há de que o ônus probante, em princípio, cabe a quem alega determinado fato. Mas algumas aferições complementares, por vezes, devem ser feitas, a fim de que se tenha, em cada caso concreto, a correta atribuição do ônus da prova. Em não raros casos tal atribuição do ônus da prova resulta na exigência de produção de prova negativa, consistente na comprovação de que algo não ocorreu, coisa que, à evidência, não é admitida tanto pelo direito quanto pelo bom senso. Afinal, como comprovar o não recebimento de um rendimento? Como evidenciar que um contrato não foi firmado? Enfim, como demonstrar que algo não ocorreu? Não se pode esquecer que o direito tributário é dos ramos jurídicos mais afeitos a concretude, à materialidade dos fatos, e menos à sua exteriorização formal (exemplo disso é que mesmos os rendimentos oriundos de atividades ilícitas são tributáveis). 45 «Pf,g‘&4 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Nesse sentido, é de suma importância ressaltar o conceito de provas no âmbito do processo administrativo tributário. Com efeito, entende-se como prova todos os meios de demonstrar a existência (ou inexistência) de um fato jurídico ou, ainda, de fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Não há, no processo administrativo tributário, disposições específicas quanto aos meios de prova admitidos, sendo de rigor, portanto, o uso subsidiário do Código de Processo Civil, que dispõe: "Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou defesa." Da mera leitura deste dispositivo legal, depreende-se que no curso de um processo, judicial ou administrativo, todas as provas legais devem ser consideradas pelo julgador como elemento de formação de seu convencimento, visando à solução legal e justa da divergência entre as partes. Assim, tendo em vista a mais renomada doutrina, assim como a iterativa jurisprudência administrativa e judicial a respeito da questão vê-se que o processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu à hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de recurso do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independentemente até mesmo do que foi alegado. Diz-se isto tudo porque no caso dos autos, o suplicante reitera o entendimento de que a responsabilidade pelo ônus da prova seria da autoridade lançadora, sob o argumento de que a legislação de regência não determina que seu beneficiário faça 46 MINISTÉRIO DA FAZENDA '4,L271.1.;.'it PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 um verdadeiro trabalho auditorial para apontar individualmente a oportunidade e o respectivo evento originário da quantia que transitoriamente lhe resta afeta à movimentação bancária. Ora, não há motivo para que a autoridade lançadora deva produzir provas a favor do contribuinte, porquanto basta a apresentação de provas documentais que comprovem o alegado. Provas estas passíveis de serem providenciadas pelo interessado junto aos estabelecimentos bancários, mediante apresentação de cópias dos cheques compensados e/ou documentos bancários com identificação nominal dos depósitos/pagamentos realizados. A jurisprudência deste Primeiro Conselho de Contribuintes é clara a respeito do ônus da prova. Pretender a inversão do ónus da prova, como formalizado na peça recursal, agride não só a legislação, como a própria racionalidade. Assim, se de um lado, o contribuinte tem o dever de declarar, cabe a este, não à administração, a prova do declarado. De outro lado, se o declarado não existe, cabe a glosa pelo fisco. O mesmo vale quanto à formação das demais provas, as mesmas devem ser claras, não permitindo dúvidas na formação de juízo do julgador. Ora, não é lícito obrigar-se a Fazenda Nacional a substituir o particular no fornecimento da prova que a este competia. Teve o suplicante, seja na fase fiscalizatória, fase impugnatória ou na fase recursal, oportunidade de exibir documentos que comprovem as alegações apresentadas. Ao se recusar ou se omitir à produção dessa prova, em qualquer fase do processo, a presunção "júris tantum" acima referida, necessariamente, transmuda-se em presunção lure et de jure", suficiente, portanto, para o embasamento legal da tributação, eis que plenamente configurado o fato gerador. 47 • 0.4 t: 144 MINISTÉRIO DA FAZENDAf '"7:4t PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES -'z'Yinet>',-t4 sr:: QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Em resumo, na hipótese em litígio, a Fazenda Pública tem a possibilidade de exigir o imposto de renda com base na presunção legal e a prova para infirmar tal presunção há de ser produzida pelo contribuinte que é a pessoa interessada para tanto. Caberia, sim, ao suplicante, em nome da verdade material, contestar os valores lançados, apresentando as suas contra razões, porém, calcadas em provas concretas, e não, simplesmente, ficar argumentando, sem a demonstração do vínculo existente, num universo de contradições, para pretender derrubar a presunção legal apresentada pelo fisco, já que o dever da guarda dos contratos e documentário das operações, juntamente com a informação dos valores pagos/recebidos é do próprio suplicante, não há como transferir para a autoridade lançadora tal ônus. Em resumo, na hipótese em litígio, a Fazenda Pública tem a possibilidade de exigir o imposto de renda com base na presunção legal e a prova para infirmar tal presunção há de ser produzida pelo contribuinte que é a pessoa interessada para tanto. Para concluir, é de se mencionar que é equivocado o entendimento do suplicante sobre a aplicação da penalidade e dos acréscimos legais, pelas razões alinhavadas a seguir. Entende-se como procedimento fiscal à ação fiscal para apuração de infrações e que se concretize com a lavratura do ato cabível, assim considerado o termo de inicio de fiscalização, termo de apreensão, auto de infração, notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de suas funções inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles tomar conhecimento pela intimação. 48 C:49 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES •)*512.: QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 Os atos que formalizam o inicio do procedimento fiscal encontram-se elencados no artigo 7° do Decreto n.° 70.235/72. Em sintonia com o disposto no artigo 138, parágrafo único do CTN, esses atos têm o condão de excluir a espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a ser verificadas. Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não exclui suas responsabilidades, sujeitando-os às penalidades próprias dos procedimentos de oficio. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e toma ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização. Ressalte-se, com efeito, que o emprego da alternativa "ou" na redação dada pelo legislador ao artigo 138, do CTN, denota que não apenas a medida de fiscalização tem o condão de constituir-se em marco inicial da ação fiscal, mas, também, consoante reza o mencionado dispositivo legal, "qualquer procedimento administrativo" relacionado com a infração é fato deflagrador do processo administrativo tributário e da conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na forma do parágrafo 2°, do art. 7 0, do Dec. n° 70.235/72. O entendimento aqui esposado é doutrina consagrada, conforme ensina o mestre FABIO FANUCCHI em "Prática de Direito Tributário", pág. 220: "O processo contencioso administrativo terá inicio por uma das seguintes formas: 1. pedido de esclarecimentos sobre situação juridico-tributária do sujeito passivo, através de intimação a esse; 49 MINISTÉRIO DA FAZENDA r*: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 2. representação ou denúncia de agente fiscal ou terceiro, a respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo à assunção de responsabilidades tributárias; 3 - autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular perante a legislação tributária; 4. inconformismo expressamente manifestado pelo sujeito passivo, insurgindo-se ele contra lançamento efetuado. A representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da intimação para esclarecimentos, sendo peças iniciais do processo que irá se estender até a solução final, através de uma decisão que as julguem procedentes ou improcedentes, com os efeitos naturais que possam produzir tais conclusões." No mesmo sentido, transcrevo comentário de A.A. CONTREIRAS DE CARVALHO em "Processo Administrativo Tributário", r Edição, págs. 88/89 e 90, tratando de Atos e Termos Processuais: "Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários. São atos processuais os que se realizam conforme as regras do processo, visando dar existência à relação jurídico-processual. Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas em razão de outro processo, do qual depende. No processo administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros: a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a notificação.... Mas, retomando a nossa referência aos atos processuais, é de assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada, privativamente, por agentes fiscais, em fiscalização externa, já no que concerne às faltas apuradas em serviço interno da Repartição fiscal, a peça que as documenta é a representação. Note-se que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal ...". Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a penalidade aplicável, a sua ausência implicará na invalidade do lançamento. Assim, a falta 7 50 MINISTÉRIO DA FAZENDA ii-zr-L1/41f:- PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES e.: QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. Desta forma, é perfeitamente válida a aplicação da penalidade prevista no art. 44, I, da Lei n° 9.430/96. Sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco. Assim, a multa de 75% é devida, no lançamento de ofício, em face da infração às regras instituídas pela legislação fiscal, não declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150, IV da CF, não conflitando com o estatuído no art. 5°, XXII da CF, que se refere à garantia do direito de propriedade. Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência. Da mesma forma, não vejo como se poderia acolher o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da taxa SELIC aplicada como juros de mora sobre o débito exigido no presente processo com base na Lei n.° 9.065, de 20/06/95, que instituiu no seu bojo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Federais (SELIC). É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Quarta Câmara, que quanto à discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais, os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, face à inexistência de previsão constitucional. 51 ao, e à:, MINISTÉRIO DA FAZENDAwk.w•:". PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 No sistema jurídico brasileiro, somente o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, através dos chamados controle incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade. No caso de lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle seria mesmo incabível, por ilógico, pois se o Chefe Supremo da Administração Federal já fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a lei, não seria razoável que subordinados, na escala hierárquica administrativa, considerasse inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional. Exercendo a jurisdição no limite de sua competência, o julgador administrativo não pode nunca ferir o princípio de ampla defesa, já que esta só pode ser apreciada no foro próprio. A ser verdadeiro que o Poder Executivo deva inaplicar lei que entenda inconstitucional, maior insegurança teriam os cidadãos, por ficarem à mercê do alvedrio do Executivo. O poder Executivo haverá de cumprir o que emana da lei, ainda que materialmente possa ela ser inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo afasta - sob o ponto de vista formal - a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no seu âmbito intemo. Se assim entendesse, o chefe de Governo veta-la-ia, nos termos do artigo 66, § 1° da Constituição. Rejeitado o veto, ao teor do § 40 do mesmo artigo constitucional, promulgue-a ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza, não podendo ficar exposta ao capricho ou á conveniência do Poder Executivo. Faculta-se-lhe, tão-somente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a decisão, continuará o Poder Executivo a lhe dar 52 n .'1 ' MINISTÉRIO DA FAZENDA Lt '4W PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. 104-20.415 execução. Imagine-se se assim não fosse, facultando-se ao Poder Executivo, através de seus diversos departamentos, desconhecer a norma legislativa ou simplesmente negar-lhe executoriedade por entendê-la, unilateralmente, inconstitucional. A evolução do direito, como quer a suplicante, não deve pôr em risco toda uma construção sistêmica baseada na independência e na harmonia dos Poderes, e em cujos princípios repousa o estado democrático. Não se deve a pretexto de negar validade a uma lei pretensamente inconstitucional, praticar-se inconstitucionalidade ainda maior, consubstanciada no exercício de competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder. Desta forma, entendo que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente, tal qual consta do lançamento do crédito tributário. Para ampliar e melhorar as argumentações do presente voto, não posso deixar de citar o entendimento, na matéria, do Ex-Conselheiro Roberto William Gonçalves, ex-nobre colega desta Quarta Câmara, exposto no acórdão n° 104-18.222 de sua lavra, donde destaco alguns fundamentos: "Quanto a SELIC, quer por sua origem, quer por sua natureza, quer por suas componentes, quer por suas finalidades especificas, todos não a coadunam com o conceito de juros moratórios a que se reporta o artigo 161 do CTN. Este Relator, em outras oportunidades, igualmente já se manifestou acerca de tais impropriedades, na mesma linha do STJ. No caso, entretanto, há duas questões fundamentais: a primeira trata-se de decisório sobre incidente de inconstitucionalidade em tomo da aplicação da 53 4:1474 MINISTÉRIO DA FAZENDA t1:4 PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n°. : 10166.015609/2002-14 Acórdão n°. : 104-20.415 taxa SELIC para fins tributários. Matéria, portanto, ainda objeto de apreciação pelo STF, na forma do artigo 102, I, a e III, b, da Carta Constitucional de 1988. A segunda é que, se a taxa SELIC não pode ser integrada no conceito de juros moratórias, exceto "fortiori legis", impõe-se solucionar os dois lados da equação: se ao Estado for vedado utilizar-se da SELIC para cobrança de exações em mora, igualmente não lhe poderá ser legalmente imposta a restituição de indébitos tributários adicionados da mesma taxa SELIC, como mora. Assim, não se pode excluir a SELIC no âmbito tributário apenas na ótica do Estado credor. Sob pena de inequívoco desequilíbrio financeiro nas relações fisco/contribuinte. Do exposto impõe-se concluir que, até que disposição legal, ou decisão judicial definitiva, reconheça das impropriedades da SELIC no contexto do artigo 161 do CTN, e deste a retire, sua permanência se torna objetiva não só para preservação do equilíbrio financeiro de créditos/débitos tributários, como em respeito à constitucional isonomia tributária, prescrita no artigo 150, II, da Carta de 1988, sejam os contribuintes credores, sejam devedores da União." Desta forma, a matéria se encontra longamente debatida no processo, sendo despiciendo maiores considerações, razão pela qual, estou convicto que a farta documentação carreada aos autos não só evidencia como comprova de forma inequívoca a falta de comprovação dos depósitos bancários creditados em nome do suplicante. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, negar provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 26 de janeiro de 2005 781 17, 'N 54 Page 1 _0020600.PDF Page 1 _0020700.PDF Page 1 _0020800.PDF Page 1 _0020900.PDF Page 1 _0021000.PDF Page 1 _0021100.PDF Page 1 _0021200.PDF Page 1 _0021300.PDF Page 1 _0021400.PDF Page 1 _0021500.PDF Page 1 _0021600.PDF Page 1 _0021700.PDF Page 1 _0021800.PDF Page 1 _0021900.PDF Page 1 _0022000.PDF Page 1 _0022100.PDF Page 1 _0022200.PDF Page 1 _0022300.PDF Page 1 _0022400.PDF Page 1 _0022500.PDF Page 1 _0022600.PDF Page 1 _0022700.PDF Page 1 _0022800.PDF Page 1 _0022900.PDF Page 1 _0023000.PDF Page 1 _0023100.PDF Page 1 _0023200.PDF Page 1 _0023300.PDF Page 1 _0023400.PDF Page 1 _0023500.PDF Page 1 _0023600.PDF Page 1 _0023700.PDF Page 1 _0023800.PDF Page 1 _0023900.PDF Page 1 _0024000.PDF Page 1 _0024100.PDF Page 1 _0024200.PDF Page 1 _0024300.PDF Page 1 _0024400.PDF Page 1 _0024500.PDF Page 1 _0024600.PDF Page 1 _0024700.PDF Page 1 _0024800.PDF Page 1 _0024900.PDF Page 1 _0025000.PDF Page 1 _0025100.PDF Page 1 _0025200.PDF Page 1 _0025300.PDF Page 1 _0025400.PDF Page 1 _0025500.PDF Page 1 _0025600.PDF Page 1 _0025700.PDF Page 1 _0025800.PDF Page 1
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Numero do processo: 10140.001558/2003-12
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000, 2001, 2002
GANHO DE CAPITAL - IMÓVEL RURAL - BENFEITORIAS - No cálculo do ganho de capital quando da venda de imóvel rural, o valor correspondente às benfeitorias somente pode ser deduzido do preço total quando restar comprovada a sua existência e respectivo custo, considerado como despesas da atividade rural e indicado, destacadamente, no Demonstrativo da Atividade Rural.
Recurso negado.
Numero da decisão: 104-22.969
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal (AF) - ganho de capital ou renda variavel
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2000, 2001, 2002 GANHO DE CAPITAL - IMÓVEL RURAL - BENFEITORIAS - No cálculo do ganho de capital quando da venda de imóvel rural, o valor correspondente às benfeitorias somente pode ser deduzido do preço total quando restar comprovada a sua existência e respectivo custo, considerado como despesas da atividade rural e indicado, destacadamente, no Demonstrativo da Atividade Rural. Recurso negado.
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MINISTÉRIO DA FAZENDA -1, PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n" 10140.001558/2003-12 Recurso n" 154.495 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-22.969 Sessão de 23 de janeiro de 2008 Recorrente TEREZA CRISTINA CORREIA DA COSTA DIAS Recorrida 2'. TURMA/DRJ-CAMPO GRANDE/MS Assumi): IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício. 2000, 2001, 2002 GANHO DE CAPITAL - IMÓVEL RURAL - BENFEITORIAS - No cálculo do ganho de capital quando da venda de imóvel rural, o valor correspondente às benfeitorias somente pode ser deduzido do preço total quando restar comprovada a sua existência e respectivo custo, considerado como despesas da atividade rural e indicado, destacadamente, no Demonstrativo da Atividade Rural. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por TEREZA CRISTINA CORREIA DA COSTA DIAS. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. OfeCAttikkkfcCe-A IA IlL11. Presidente itro i InV TTON' It O RINEZ Relator 1 Processo n° 10140.001558/2003-12 MI/C04 I Acórdão n.• 104-22.969 Fls. 2 FORMALIZADO EM: 02 JUL 2008 1 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Gustavo Lian Haddad, Renato Coelho Borelli )),,,((Suplente Convocado) e Remis Almeida Estol. y 2 Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO1C04 Acórdão n.° 10422.989 Fls. 3 Relatório 1 - Contra a contribuinte TEREZA CRISTINA CORREIA DA COSTA DIAS, previamente qualificada em decorrência de ação fiscal autorizada pelo Mandado de Procedimento Fiscal-Fiscalização n° 01.4.01.00-2003-00028-5 (fls. 01), foi lavrado, em 27/06/2003, o auto de infração de Imposto de Renda Pessoa Física-IRPF de fls. 03/10, que exige o recolhimento de R$ 31.945,36 a título de imposto, R$ 23.959,01 a título de multa de lançamento de oficio e R$ 15.986,25 a título de juros de mora, calculados até 30/05/2003. 2 - O lançamento fiscal refere-se a omissão de ganho de capital obtido na alienação de 9.808 ha e 3.886 m2, da Fazenda São Pedro do Piquirí, sendo que o total era de 11.976,5 ha, e sua parte no imóvel era de 25%, conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) (fls. 04/06). 3 - Regularmente cientificada do lançamento em 30/06/2003 (fls. 03), não se conformando com o lançamento, a interessada, tempestivamente, apresentou, em 30/07/2003, a impugnação de fls. 76/85, instruída com os documentos de fls. 86/313, alegando: - preliminarmente, a nulidade da autuação por inexatidão nos demonstrativos de cálculo da apuração do ganho de capital e do imposto correspondente, uma vez que nas DIRPF dos exercícios de 2000, 2001 e 2002, as parcelas recebidas foram incluídas como receitas da exploração da atividade rural e, por conseqüência, foram tributadas nas respectivas declarações, e os valores pagos do imposto deveriam ter sido excluídos no levantamento fiscal. - que para a nulidade do lançamento ocorreria por cerceamento do direito de defesa. - que o auditor fiscal ignorou totalmente as benfeitorias existentes no imóvel vendido, por não constar no formal de partilha, separadamente, os valores da terra nua e das benfeitorias; - que inúmeras benfeitorias foram feitas após a partilha ocorrida no processo de inventário, conforme será demonstrado adiante; - que o imóvel vendido, durante vários anos, teve sua área total explorada pela Sra. Maria Manoelita Alves de Lima Coma da Costa, mãe da impugnante e dos demais condôminos, os quais à ela o cederam em comodato; - que em área de terras contígua, fazendo divisa com a Fazenda São Pedro do Piquiri 1 situa-se a Fazenda Urumbamba, de propriedade de mesma Sra. Manoelita e seus filhos, no caso, inclusive a impugnante; - que em razão desse fato - por serem áreas contíguas - as benfeitorias que foram feitas no imóvel vendido, foram incluídas e declaradas nas DIRPF da Sra. Manoelita como sendo benfeitorias da Fazenda Urumbamba, muito embora feitas na Fazenda São Pedro do Piquiri I; 3 Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-22.969 Fls. 4 - que é necessário ainda esclarecer desde logo que uma pane da referida Fazenda Urumbamba foi partilhada no mesmo processo de inventário do qual resultou a Fazenda São Pedro do Piquiri I; - que quanto ao mérito, alegou, resumidamente, que: O lançamento foi fundamentado nas seguintes infrações: - que a Fazenda Urumbamba constou de várias declarações apresentadas pela Sra. Manoelita - vide declarações do exercício 1996 e seguintes - e estava cadastrada no Mera sob n° 908 029 009 172-8; - que para a implantação dessas benfeitorias houve a necessidade de serem buscados financiamentos junto a instituições financeiras, posto que, para a exploração pecuária em grande escala eram indispensáveis. Exatamente por isso, nas declarações de 1RPF da Sra. Maria Manoelita, constaram a existência de inúmeras dívidas, que foram depois objeto de securitização (vide cópias das declarações do IRPF ano-base 1995 a 1999); - que foi em razão das benfeitorias realizadas que a Sr Maria Manoelita conseguiu desenvolver a cria, recria e engorda de gado bovino, em número expressivo. Isso pode ser notado nas Declarações Anuais do Produtor Rural, denominadas como DAP, por ela apresentadas (vide cópias das DAPs); - que nas DAPs dos anos 1995 a 1999, consta os seguintes estoques de gado em 31 de dezembro de cada ano: 14.437 cabeças em 1995; 13.119 cabeças em 1996; 7.438 cabeças em 1997; 3.521 cabeças em 1998 e 3.570 cabeças em 1999 (vide cópia das DAPs). Seria na verdade impossível manter um rebanho de gado bovino nas quantidades aqui mencionadas, sem a realização de benfeitorias, entre essas, a formação de pastagens, cercas, açudes e outras benfeitorias; - que entende a impugnante que o relevante é o fato da existência efetiva de benfeitorias e não exclusivamente a inclusão e indicação de seus valores na declaração de rendimentos. Por essa razão, deveria o Autor do procedimento fiscal vistoriar o imóvel para constatar a existência ou não de benfeitorias. Esse deveria ser sempre um procedimento preliminar por pane do Fisco, pois, ao contrário, estará sempre agindo por mera presunção e formalismo; - que a existência de benfeitorias constou no DIA 7' - Documento de Informação e Apuração do ITR exercício de 1999, documento esse entregue à Receita Federal. No referido documento como valor total das benfeitorias e culturas no referido documento constou R$ 2.516.670,00 (dois milhões, quinhentos e dezesseis mil, seiscentos e setenta reais). Esse documento mereceria ser também considerado, pois, é informação prestada passível de constatação de veracidade ou não. Conseqüentemente, se antes da alienação as informações e valores constantes do DIA T não foram impugnados pelo Fisco, os valores das benfeitorias não poderiam ser totalmente ignorados; - que no DIA 7' do Exercício de 1998, página 03/05, entregue em 12/11/1998, já constavam esses mesmos valores de benfeitorias/culturas e terra nua; 4 Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO 1/C04 Acórdão n.° 104-22.989 Fls. 5 - resta provado que o documento que contém essas informações foi elaborado e entregue à Receita Federal antes da alienação que deu causa à exigência em discussão, o qual indica que do valor total do imóvel 33,33 % se refere à terra nua, e, 66,67 % correspondem às benfeitorias existentes; portanto, o valor das benfeitorias deve ser considerado como resultado da atividade agropecuária. A exclusão dos valores correspondentes às benfeitorias para apuração de ganho de capital a ser apurado na venda de imóvel rural, tem sido admitida pelo Primeiro Conselho de Contribuintes em seus julgamentos, conforme ementa que transcreve; -para confirmar os dados constantes do ITR. Exercício 1999- ano-base 1998, basta examinar a matrícula n° 4796 - do CRI de Pedro Gomes/MS - R. 4796, de 09 de fevereiro de 2000, que transcreve e indica que o valor da terra nua que corresponde ao excesso de 2.005,4104 hectares existente no imóvel, foi vendido pelo Terrasul (órgão Oficial de Terras do Estado de Mato Grosso do Sul), pelo preço de R$ 152.511,46 ou seja, à razão de R$ 76,05 por hectare; portanto, até inferior ao valor da terra nua constante da escritura de venda que deu causa à exigência (inferior inclusive ao custo declarado e considerado na apuração do ganho pelo autuante). Esse fato demonstra que o valor atribuído à terra nua na escritura pública de venda do imóvel pela impugnante, corresponde efetivamente ao seu real valor; - como se sabe e tem sido admitido nos julgamentos do Primeiro Conselho de Contribuintes, as escrituras públicas merecem fé pública, só podendo ser desconsiderados seus valores mediante robusta prova. Logo, não a que se falar em ganho de capital; - considerando-se ainda as afirmações do Autor do procedimento fiscal, vale lembrar que este afirmou que ... "por meio do Oficio n° 29/2003 a Superintendência Regional de Mato Grosso do Sul do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária —declarou que o valor das benfeitorias do imóvel rural em tela representa somente 20% a 30% de seu valor total". Ora, ainda que aqui se admita a informação prestada à fiscalização pelo INCRA - informação essa que aqui apenas se admite "ad argumentandum tantum" - não poderia o autuante ignorar totalmente as benfeitorias e deixar de considerar seus valores, ainda que pelos índices informados pelo INCRA, muito embora se saiba que a partir do momento em que há execução de benfeitorias (qualquer espécie), agrega-se ao valor da terra nua outros custos correspondentes, que ao longo do tempo, todos nós sabemos, é muito maior que o valor original (custo de aquisição da terra nua); - noutro aspecto, cabe dizer que, uma simples informação do INCRA, desacompanhada de laudo técnico, representa cerceamento de defesa, fato esse que não pode ser desconsiderado; - o fato de a impugnante ter solicitado dilação de mais dez dias para apresentação de documentos e solicitado a informação quanto ao período dos gastos em benfeitorias que deveriam ser comprovados, não pode ser interpretado como pedido evidentemente protelatório com afirmou o autuante. No Termo de Início de Fiscalização foram 5 1 Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-22.989 Fls. 6 solicitados diversos documentos, os quais não puderam ser reunidos de imediato apesar dos esforços da impugnante. Nada de anormal existiu no pedido de dilação de prazo para sua apresentação. Quanto à solicitação dos períodos de comprovação exigidos, era direito da impugnante conhecê-los. 4 - A autoridade recorrida, ao examinar o pleito, decidiu, por unanimidade, pela procedência do lançamento, através do Acórdão-9.988 - 2a Turma da DRJ/CGE, de 14/07/2006, segundo os seguintes argumentos: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999, 2000, 2001 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. Tendo o auto de infração sido lavrado por servidor competente, com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento e. existentes no instrumento os elementos necessários para que o contribuinte exerça o direito do contraditório e da ampla defesa, afastam-se as preliminares de nulidade argüidas. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1999, 2000, 2001 Ementa: GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL. BENFEITORIAS. É devido imposto de renda quando o valor de venda do bem superar seu custo de aquisição corrigido, conforme previsto na legislação tributária. Para o cálculo do ganho de capital na venda de imóvel rural o valor correspondente às benfeitorias só será excluído do preço total recebido se restar comprovada sua existência, seu custo, que foram consideradas despesas da atividade rural e que foram indicados, destacadamente, em Bens da Atividade Rural do Demonstrativo da Atividade Rural, situação em que o valor correspondente à sua venda deve ser tributado na atividade rural. 5 - Devidamente cientificado dessa decisão em 07/08/2006, ingressa a contribuinte com tempestivo recurso voluntário em 06/09/2006, de fls. 344/356, onde ratifica os argumentos apresentados na impugnação. Reiterando como preliminar a decadência do lançamento, apresentando diversos acórdãos para respaldar a sua tese. No mérito reafirma que na realidade não ocorreu qualquer ganho de capital, uma vez que na verdade o valor de aquisição considerado é flagrantemente inferior ao valor de mercado. As razões contidas na impugnação é acrescentado: - no acórdão recorrido não foi feita a revisão dos cálculos do imposto, deduzindo-se pelo menos os valores tributados nas declarações dos exercícios de 2000 a 2002, relativos a parcelas recebidas e incluídas como receitas da exploração da atividade rural; - assim, as incorreções de cálculo justificam o acolhimento da preliminar argüida na impugnação; y6 Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-22.969 Fls. 7 - o fato de as benfeitorias não estarem especificadas no formal de partilha não justifica a tributação por presunção, já que consta dos autos robusta prova documental de que elas existem; É o Relatório. 7 Processo n° 10140.00155812003-12 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.969 Fls. 8 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O processo trata sobre a apuração de ganho de capital apurado pela diferença entre o valor de alienação em reais e o respectivo custo de aquisição em reais. A contribuinte alega que o valor referente às benfeitorias deve ser apartado do valor total do imóvel rural e considerado como receita da atividade rural, não integrando o valor da terra nua no cálculo do ganho de capital na alienação de imóvel rural. Preliminarmente, cabe observar que não há que se considerar decadente o lançamento pois o mesmo foi cientificado a contribuinte em 30/06/2003, e o lançamento se refere aos exercício 2000, 2001 e 2002. As alegações da impugnante de que muitas das benfeitorias já existiam no imóvel desde a sua aquisição (por herança), e que, após a aquisição, outras foram efetuadas no imóvel, mas declaradas incorretamente não podem ser acatadas porque a impugnante não trouxe aos autos documentos comprobatórios das suas alegações. Urge registrar que o custo das benfeitorias e outros investimentos efetuados no imóvel rural constituem despesas para fins de apuração do resultado da atividade rural. O procedimento está respaldado no parágrafo único do art. 17 da IN SRF n° 31, de 22/05/1996, cuja dicção é a seguinte: Art. 17 (.) Parágrafo único. Considera-se terra nua o imóvel rural despojado das construções, instalações e melhoramentos, das culturas permanentes, das árvores de florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas, que se classificam como investimentos (benfeitorias) e que tiverem sido deduzidos como despesa de custeio na apuração da determinação da base de cálculo do imposto da atividade rural. A aceitação dos custos das benfeitorias pela legislação tributária está condicionada à comprovação através de documentação hábil e idônea, não se admitindo o uso de custos estimados, ainda que baseados em laudos e certidões. A averbação, em cartório, de benfeitoria em imóveis, mesmo baseada em laudo, não dispensa a guarda da documentação que deu origem aos custos pelo prazo concedido à Fazenda Pública para rever e, se for o caso, homologar o lançamento. I I I Processo n° 10140.001558/2003-12 CCO I /CO4 Acórdão n.° 10422.969 Fls. 9 Também não fez o Recorrente, embora tenha alegado, qualquer comprovação em relação ao custo efetivo de eventuais benfeitorias que pudessem integrar o custo de aquisição. Deve se ressaltar que tal comprovação é necessária na medida em que o valor das benfeitorias pode ter sido utilizada pelo Recorrente como despesa de custeio da atividade rural, hipótese em que não integra o custo do bem para fins de apuração de ganho de capital. Acrescente-se, por pertinente, que apesar dos fundamentos contidos na decisão recorrida, mormente em relação à ausência de conjunto probatório a permitir que a contribuinte apartasse as benfeitorias do valor total do imóvel, o recurso voluntário limita-se a reprisar as razões contidas na impugnação, já devidamente rebatidas no acórdão de primeira instância. Deste modo, só resta reiterar e adotar os fundamentos da decisão recorrida, acrescentando que, no caso em apreço, não se trata de comprovação da existência de benfeitorias, mas sim da comprovação do cumprimento dos requisitos necessários ao aproveitamento da tributação favorecida, o que implicaria no registro, como despesas de custeio, no respectivo mês, do valor das benfeitorias, o que não foi feito no presente caso. Finalmente, quanto à alegação de que não foram deduzidos os valores tributados nas declarações dos exercícios de 2000, 2001 e 2002, relativos a parcelas recebidas e supostamente incluídas como receitas da exploração da atividade rural, ainda que houvesse prova da alegada inclusão, trata-se de opção feita pela própria contribuinte, a quem compete arcar com as eventuais conseqüências. Assim com as presentes considerações, encaminho o meu voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. Sala das Sessões - DF, em 23 de janeiro de 2008 ÁTO; III'LlIPãARTINEZ 9
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