Sistemas: Acordãos
Busca:
mostrar execução da query
6545360 #
Numero do processo: 16327.720383/2011-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 9202-000.029
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento a fim de intimar a PGFN, assegurando-lhe o prazo para oferecer contrarrazões
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201607

camara_s : 2ª SEÇÃO

turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

numero_processo_s : 16327.720383/2011-54

conteudo_id_s : 5647962

dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 9202-000.029

nome_arquivo_s : Decisao_16327720383201154.pdf

nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA

nome_arquivo_pdf_s : 16327720383201154_5647962.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento a fim de intimar a PGFN, assegurando-lhe o prazo para oferecer contrarrazões

dt_sessao_tdt : Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016

id : 6545360

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:30 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048688976199680

conteudo_txt : Metadados => date: 2016-10-08T01:29:19Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: RESOLUÇÃO BANCO SANTANDER.pdf; xmp:CreatorTool: PDFCreator Version 1.4.2; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CARF; dcterms:created: 2016-10-08T01:29:19Z; Last-Modified: 2016-10-08T01:29:19Z; dcterms:modified: 2016-10-08T01:29:19Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: RESOLUÇÃO BANCO SANTANDER.pdf; xmpMM:DocumentID: uuid:232cbcf5-8f52-11e6-0000-55ef156dc2bf; Last-Save-Date: 2016-10-08T01:29:19Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDFCreator Version 1.4.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2016-10-08T01:29:19Z; meta:save-date: 2016-10-08T01:29:19Z; pdf:encrypted: true; dc:title: RESOLUÇÃO BANCO SANTANDER.pdf; modified: 2016-10-08T01:29:19Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CARF; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CARF; meta:author: CARF; dc:subject: ; meta:creation-date: 2016-10-08T01:29:19Z; created: 2016-10-08T01:29:19Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2016-10-08T01:29:19Z; pdf:charsPerPage: 1943; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CARF; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-10-08T01:29:19Z | Conteúdo => CSRF-T2 Fl. 1.459 1 1.458 CSRF-T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.720383/2011-54 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Resolução nº 9202-000.029 – 2ª Turma Data 20 de julho de 2016 Assunto CS - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Recorrentes BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento a fim de intimar a PGFN, assegurando-lhe o prazo para oferecer contrarrazões. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 20 38 3/ 20 11 -5 4 Fl. 1.459Fl. 1.459 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 20 38 3/ 20 11 -5 4 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador e do Contribuinte Especial do Procurador e do Contribuinte 2ª Turma2ª Turma julho de 2016 CS - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS CS - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL Fl. 1459DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 16327.720383/2011-54 Resolução nº 9202-000.029 CSRF-T2 Fl. 1.460 2 RELATÓRIO: Cuida-se de Recurso Especial do Procurador e do Contribuinte interpostos em face do Acórdão nº 2301-003.733, que restou assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2006 DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI 8.212/91. PRAZOS DECADENCIAIS DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência as disposições do Código Tributário Nacional. Incidência do artigo 150, § 4º do CTN pois se verificou durante o procedimento fiscalizatório os pagamentos efetuados, considerando, assim, a totalidade da folha de salários do sujeito passivo, efetuando-se o lançamento das diferenças encontradas, qual seja, a parte relativa à participação nos lucros e resultados. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. NECESSIDADE DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS INSERTAS NO ACORDO. O Acordo deve conter as regras claras e objetivas, ou seja, regras inequívocas, fáceis de entender pelo empregado e que se refiram ao mundo dos objetos. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ESCOLHA DE UM DOS PROCEDIMENTOS DO ART. 2º DA LEI 10.101/2000. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante de um dos procedimentos previstos no art. 2º da Lei 10.101/2000. A legislação, portanto, não prevê a aplicação conjunta dos procedimentos. DATAS DAS REUNIÕES PARA FIXAÇÃO DE METAS. No caso dos autos as reuniões para a fixação das metas realizadas em 02 de agosto de 2005 e 07 de julho de 2006 não se constituíram em novos planos de PLR, sendo mantido aquele originalmente fixado entre empregador e empregados, com a participação do sindicato, em 2001. PLR. PAGAMENTO DE VALORES SEM CUMPRIMENTO DE METAS. A legislação impõe alguns requisitos basilares para que os valores pagos a título de participação nos lucros não sejam tributados por meio das contribuições previdenciárias. Segundo o programa PLR fixado com os empregados a meta principal a ser alcançada seria a melhoria de satisfação do cliente, medida segundo um ranking divulgado pela Universidade de São Paulo, desde que a empresa ficasse entre as cinco primeiras, fato que não aconteceu. Fl. 1460DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 16327.720383/2011-54 Resolução nº 9202-000.029 CSRF-T2 Fl. 1.461 3 O pagamento de valores previstos em Acordo, desvinculados das metas estabelecidas não traduz, em pagamento de PLR abrangida pela Lei nº 10.101/00. LANÇAMENTOS REFERENTES FATOS GERADORES ANTERIORES A MP 449. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN. LIMITAÇÃO DA MULTA MORA APLICADA ATÉ 11/2008. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. No tocante à multa mora até 11/2008, esta deve ser limitada ao percentual previsto no art. 61 da lei 9.430/96, 20%. APLICAÇÃO DA MULTA DE 75% COMO MULTA MAIS BENÉFICA ATÉ 11/2008. AJUSTE QUE DEVE CONSIDERAR A MULTA DE MORA E MULTA POR INFRAÇÕES RELACIONADAS À GFIP. Em relação aos fatos geradores até 11/2008, nas competências nas quais a fiscalização aplicou a penalidade de 75% prevista no art. 44 da Lei 9.430/96 por concluir se tratar da multa mais benéfica quando comparada aplicação conjunta da multa de mora e da multa por infrações relacionadas a GFIP, deve ser mantida a penalidade equivalente à soma de: multa de mora limitada a 20% e multa mais benéfica quando comparada a multa do art. 32 com a multa do art. 32ª da Lei 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte. Na origem, trata-se de Autos de Infração por descumprimento de obrigações principais que têm por objeto contribuições previdenciárias destinadas: - ao custeio da Seguridade Social, cota patronal – DEBCAD 37.314.749-0; - ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, DEBCAD 37.314.749-0; - a terceiros – Salário Educação e Incra – incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados – DEBCAD 37.314.750- 3. No relatório fiscal, fls. 343, ficou consignado que o contribuinte deixou de cumprir os seguintes aspectos da Lei nº 10.101/2000: i) o acordo de PLR relativo ao exercício de 2006 foi assinado após transcorrido ¾ do período aquisitivo, em outubro/2006, o que não oportunizou aos empregados o conhecimento prévio das condições impostas no acordo; ii) as metas propostas no acordo não foram alcançadas, mas mesmo assim o benefício foi pago; iii) o plano que abrange os executivos não adotou regras claras e objetivas para o cumprimento das metas; iv) utilização de dois métodos para o pagamento de PLR – Convenção Coletiva e Acordo entre empresa e empregados. Diante da ausência de observância das regulamentações legais e contratuais do programa, a fiscalização entendeu que os valores foram pagos em caráter de gratificação, e não em participação nos lucros e resultados, razão pela qual o contribuinte deveria ter recolhido a devida contribuição social previdenciária. Não o fazendo, o Fisco procedeu ao lançamento dos créditos e das respectivas multas, nos moldes da legislação anterior à publicação da MP nº 449/2008, por ser a penalidade menos severa do que a multa de lançamento de ofício (75%). Fl. 1461DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 16327.720383/2011-54 Resolução nº 9202-000.029 CSRF-T2 Fl. 1.462 4 Contra a decisão da DRJ que não acolheu a impugnação do contribuinte, foi interposto Recurso Voluntário, tendo os membros do colegiado acordado o seguinte: I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 02/2006, anteriores a 03/2006, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento ao recurso, na questão das datas de reunião de fixação de metas; c) em negar provimento ao recurso, para manter no lançamento os pagamentos de valores previstos na Cláusula Terceira do Acordo firmado com a CONTEC; d) em dar provimento parcial ao recurso, para retificar a multa. III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da PLR, devido à ausência de regras claras e objetivas; b) em negar provimento ao recurso, na questão da existência de mais de um acordo; c) em dar provimento parcial ao recurso para, até 11/2008, nas competências que a fiscalização aplicou a penalidade de 75% (setenta e cinco pro cento), prevista no art. 44, da Lei 9.430/96, por concluir se tratar da multa mais benéfica quando comparada aplicação conjunta da multa de mora e da multa por infrações relacionadas à GFIP deve ser mantida a penalidade equivalente à soma de: *) multa de mora limitada a 20%; e *) multa mais benéfica quando comparada a multa do art. 32 com a multa do art. 32A da Lei 8.212/91; d) em negar provimento ao Recurso nas rubricas indenização e indenização especial; III) Por unanimidade de votos: a) em manter a multa na sucessora; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para, nas competências que a fiscalização aplicou somente a penalidade prevista na redação, vigente até 11/2008, do Art. 35 da Lei 8.212/1999, esta deve ser mantida, mas limitada ao determinado no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial apontando as seguintes divergências: 1ª) Inobservância de acordo prévio ao exercício – o acórdão recorrido sustenta que a Lei nº 10.101/2000 não estipula data limite para assinatura dos acordos de PLR, enquanto que o acórdão paradigma (2401-000.545) estabelece que o acordo deve ser sempre prévio ao exercício; 2ª) Retroatividade benigna da multa. Ao final, requereu a reforma do acórdão para que seja reestabelecido o crédito tributário em sua integralidade e, em relação à multa, que prevaleça a forma de cálculo em conformidade com a IN-SRF nº 1.027/2010. O Contribuinte apresentou contrarrazões sustentando que a formalização do instrumento no curso do exercício a que se refere não caracteriza violação à Lei nº 10.101/2000, pois o art. 2º, § 1º não condiciona a legitimidade da PLR a um programa de metas, resultados e prazos previamente pactuados e que os empregados tinham prévio conhecimento das regras, pois o PPR de 2006 era essencialmente idêntico ao de 2005. Argumentou, ainda, que a forma de cálculo da multa estipulada pela Fazenda Nacional viola o ordenamento jurídico, pois o cotejo é realizado entre multas de natureza totalmente distintas. Por sua vez, o Contribuinte interpôs Recurso Especial impugnando a decisão no tocante ao entendimento de utilização de critérios objetivos e claros nos instrumentos de formalização de acordo de PLR. Ao final, requereu a reforma do julgado para que os Autos de Infração sejam julgados totalmente improcedentes. A Fazenda Nacional não foi cientificada do recurso do contribuinte. É o relatório. Fl. 1462DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 16327.720383/2011-54 Resolução nº 9202-000.029 CSRF-T2 Fl. 1.463 5 VOTO Conselheira Patrícia da Silva - Relatora Ao analisar os autos constatei que a Fazenda Nacional, apesar de ser parte interessada, não foi intimada quanto ao acolhimento e prosseguimento dado ao Recuso Especial do Contribuinte Assim, para que seja oportunizada a oposição de contrarrazões, permitindo o exercício da ampla defesa, voto no sentido de que seja retirado de pauta o processo de pauta para saneamento, a fim de intimar a PGFN, assegurando-lhe o prazo para oferecer contrarrazões. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 1463DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por PATRICIA DA SILVA

score : 1.0
6500896 #
Numero do processo: 11128.001589/2005-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 24/09/2002 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO. MERO ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO. PROVIMENTO DO RECURSO SEM EFEITO INFRINGENTE. A ementa de um acórdão não deve retratar questão abordada no voto a título de obter dicta, devendo, em verdade, limitar-se a resumir apenas a ratio decidendi do julgado.
Numero da decisão: 3402-003.232
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração sem caráter modificativo para retificar a ementa do acórdão embargado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201608

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 24/09/2002 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO. MERO ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO. PROVIMENTO DO RECURSO SEM EFEITO INFRINGENTE. A ementa de um acórdão não deve retratar questão abordada no voto a título de obter dicta, devendo, em verdade, limitar-se a resumir apenas a ratio decidendi do julgado.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 11128.001589/2005-66

anomes_publicacao_s : 201609

conteudo_id_s : 5635548

dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 3402-003.232

nome_arquivo_s : Decisao_11128001589200566.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : DIEGO DINIZ RIBEIRO

nome_arquivo_pdf_s : 11128001589200566_5635548.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração sem caráter modificativo para retificar a ementa do acórdão embargado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.

dt_sessao_tdt : Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016

id : 6500896

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:33 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048688996122624

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1780; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T2  Fl. 242          1 241  S3­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11128.001589/2005­66  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3402­003.232  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  25 de agosto de 2016  Matéria  CIDE  Recorrente  PETRÓLEO BRASILEIRO S.A (PETROBRÁS)  Recorrida  UNIÃO    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Data do fato gerador: 24/09/2002  Ementa:  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO.  MERO ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO.  PROVIMENTO DO RECURSO SEM EFEITO INFRINGENTE.  A ementa de um acórdão não deve retratar questão abordada no voto a título  de  obter  dicta,  devendo,  em  verdade,  limitar­se  a  resumir  apenas  a  ratio  decidendi do julgado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os  embargos  de  declaração  sem  caráter  modificativo  para  retificar  a  ementa  do  acórdão  embargado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto  Antonio Carlos Atulim ­ Presidente.   Diego Diniz Ribeiro­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Antonio  Carlos  Atulim,  Jorge  Freire,  Diego  Diniz  Ribeiro,  Waldir  Navarro  Bezerra,  Thais  De  Laurentiis  Galkowicz,  Maria  Aparecida  Martins  de  Paula,  Maysa  de  Sá  Pittondo  Deligne  e  Carlos  Augusto Daniel Neto.  Relatório     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 15 89 /2 00 5- 66 Fl. 242DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM     2 1.  Por  bem  retratar  os  autos,  transcrevo  abaixo  o  relatório  do  acórdão  embargado, o qual adoto como meu nos seguintes termos:  Cuidas­se  de  recurso  voluntário  contra  acórdão  da  Segunda  Turma da DRJ São Paulo – SPO que por unanimidade de votos  considerou  procedente  o  lançamento  em  razão  de  ter  a  Recorrente em 07/12/2004 intimada a comprovar o recolhimento  da CIDE – combustível referente a importação constante à folha  03 (DI 02/08514494) e não comprovou.  Os  fundamentos  do  voto  condutor  do  acórdão  recorrido  estão  consubstanciados na ementa que transcrevo:    ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES    Data do fato gerador: 24/09/2002    DEVIDA A CIDE SOBRE OS GASES LIQUEFEITOS DE    PETRÓLEO: BUTANO E PROPANO.    A multa  pela  falta  de  recolhimento  deve  ser mantida,  uma    vez que apôs a publicação da IN 219/2002,  foi esclarecida,    sem  margem  a  dúvidas,  a  hipótese  de  ocorrência  do  fato    gerador no caso em questão. Sem que houvesse por parte do    contribuinte, o recolhimento do tributo devido.    Lançamento Procedente  Ciente  do  inteiro  teor  desse  acórdão,  recurso  voluntário  foi  interposto às folhas 72 a 91, onde resumidamente alega:    “Em  suma,  resta  induvidosa  a  nulidade  do  auto  de    infração  em  análise,  visto  que  se  fundamenta  em    instrução  normativa  absolutamente  ilegal,  que  excede  os    limites  impostos  pela  lei  10.336/01,  determinando  a    incidência  da  CIDE  sobre  gases  diversos  daqueles    previstos  no  texto  legal  e  prevê  retroatividade  de  seus    termos, o que se mostra vedado em nosso sistema.    Portanto,  no  caso  apresentado  não  houve  qualquer  ato    praticado  pela  empresa  que  fosse  contrário  às    determinações  legais  devendo  o  presente  Recurso    Voluntário  ser  totalmente  provido,  com  a  consequente    declaração  de  nulidade  do  auto  de  infração  em  questão,    dadas as ilegalidades apontadas.    Nestes  termos,  requer  seja  recebido,  conhecido  e    provido  o  presente  Recurso  Voluntário,  reformando­se  a    decisão  proferida  no  âmbito  da  DRJ,  para  determinar  a    insubsistência  do  Auto  de  Infração  lavrado,  bem  como    sendo  determinada  o  prosseguimento  dos  despachos    aduaneiros nas Dl n° 02/08514494, por ser medida de rigor.  (...).  2. Uma vez processado o citado Recuso Voluntário, a então turma julgadora  (3101), por unanimidade de votos, negou provimento ao Recuso Voluntário do contribuinte nos  seguintes termos:  Fl. 243DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11128.001589/2005­66  Acórdão n.º 3402­003.232  S3­C4T2  Fl. 243          3 ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  DE  INTERVENÇÃO  NO  DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE   Data do fato gerador: 24/09/2002  DEVIDA  A  CIDE  SOBRE  OS  GASES  LIQUEFEITOS  DE  PETRÓLEO: BUTANO E PROPANO  Incidência prevista na Lei n 10.336, de 19 de dezembro de 2001,  regulamentada pelas INs 107 e 219 de 2001.  INCOMPETÊNCIA  DO  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar­se  sobre  inconstitucionalidade  de  lei  tributária  Sumula n. 02.  TAXA DE JUROS SELIC  A  partir  de  1  de Abril  de  1995,  os  juros moratórios  incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema Especial  de Liquidação  e Custódia  SELIC para títulos federais Sumula n.04.  RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO.  3.  Devidamente  intimado  do  acórdão  n.  3101­001.576,  o  contribuinte  interpôs,  tempestivamente,  embargos  de  declaração,  tendo  por  escopo  sanar  suposta  contradição do referido acórdão com base nos seguintes fundamentos:    Fl. 244DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM     4 (...).      4.  Diante  do  término  do  mandato  da  então  Relatora  do  caso,  Conselheira  Valdete Aparecida Marinheiro, o presente processo foi redistribuído eletronicamente, cabendo  a mim a função de relatar os Embargos de Declaração interpostos pelo contribuinte.  5. É o relatório.  Voto             Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro  6.  O  recurso  em  julgamento  atende  os  pressupostos  formais  de  admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento.  7. Conforme exposto no relatório aqui desenvolvido, a Recorrente alega que  haveria suposta contradição no presente julgado, uma vez que a Recorrente teria aduzido como  causa  de  pedir  em  seu  Recurso Voluntário  a  ilegalidade  da  IN  SRF  n.  219/02  vis  a  vis  do  disposto no art. 3o., inciso V da lei n. 10.336/011. Ocorre que, ainda segundo o contribuinte, o                                                              1 "Art. 3o A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas pelos contribuintes  referidos no art. 2o, de  importação e de comercialização no mercado interno de:  (...).  V ­ gás liqüefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta; e  Fl. 245DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11128.001589/2005­66  Acórdão n.º 3402­003.232  S3­C4T2  Fl. 244          5 acórdão  embargado  teria,  de  forma  contraditória,  partido  do  pressuposto  que  no  Recurso  Voluntário  o  contribuinte  teria  pretensamente  adotado  como  causa  de  pedir  próxima  a  inconstitucionalidade da IN SRF n. 219/02 em face do disposto nos arts. 149 e 177, ambos da  Magna Lex, o que, por sua vez, teria suscitado a convocação da Súmula n. 02 deste Tribunal  Administrativo para a resolução do caso.  8.  De  fato,  a  simples  leitura  da  ementa  do  acórdão  embargado  poderia  precipitar a conclusão alcançada pela Embargante, ou seja, de que o fundamento do r. acórdão  recorrido  teria  sido  a  citada  súmula  pretoriana.  Todavia,  a  interpretação  de  uma  decisão  de  caráter  judicativo,  como  aquelas  desenvolvidas  por  este  Tribunal,  não  pode  ter  como  base  apenas  a  ementa de  um  julgado,  que  nada mais  é  do  que o  seu  resumo. Em verdade,  o  que  determina  referida  interpretação  é  o  voto  que  resolveu  a  demanda,  em  especial  a  ratio  decidendi dele extraída.  9. Partindo, pois, de tal premissa, insta desde já destacar que quando a então  Relatora  do  caso,  em  seu  voto,  fez  menção  à  Súmula  n.  02  deste  Tribunal  Administrativo  assim agiu a título de obter dicta e não a título de ratio decidendi. Tal questão fica ainda mais  claro  quando  se  faz  a  leitura  do voto  embargado  e  se  percebe  que  a  questão  levantada  pelo  contribuinte (ilegalidade da IN SRF n. 219/02 vis a vis do disposto no art. 3o., inciso V da lei n.  10.336/01) foi devidamente abordada e rechaçada pela decisão questionada. É o que se observa  dos seguintes trechos:  (...).  A IN/SRF 107, de 2001, a meu ver, não ampliou a incidência da  CIDE e nem modificou as suas alíquotas; apenas dispôs quanto  ao modo como os produtos devem ser informados na Declaração  de Importação­DI, no tocante à unidade de medida estatística e  aos  códigos  da  nomenclatura  Comum  do  Mercosul­NCM  que  devem ser utilizados, dentre outras normas de procedimento.  Quanto  a  IN/SRF  219,  de  2002,  complementando  a  IN/SRF  107,  informa  os  códigos  da  NCM  e  respectivas  unidades  de  medida  estatística  de  outras  mercadorias  classificadas  como  gás liquefeito de petróleo a serem indicados na DI.  Não  há  dúvidas  de  que  os  butanos  e  propanos  pertencem  ao  grupo “gás liquefeito de petróleo” de acordo com os seguintes  códigos da NCM:  “2711  GÁS  DE  PETRÓLEO  E  OUTROS  HIDROCARBONETOS GASOSOS  2711.1 Liquefeitos  2711.11.00 Gás natural  2711.12 Propano  2711.12.10 Bruto  2711.12.90 Outros                                                                                                                                                                                           (...)."  Fl. 246DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM     6 2711.13.00 Butanos  2711.14.00 Etileno, propileno, butileno e butadieno  2711.19 Outros  2711.19.10 Gás liquefeito de petróleo (GLP)  2711.19.90 Outros”  Verifica­se,  assim,  que  o  “gás  liquefeito  de  petróleo  e  outros  hidrocarbonetos gasosos, citados na posição 2711, constitui um  gênero do qual são espécies várias mercadorias, dentre elas, o  “gás  liquefeito  de  petróleo  (GLP),  a  que  se  refere  o  código  2711.19.10,  além  de  outras,  como  os  butanos  liquefeitos  (2711.13.00),  o  propano  bruto  (2711.12.10),  o  etileno  (2711.14.00) etc.  A Lei 10.336/01 abrange qualquer gás incluído dentro do grupo  “Gás Liquefeito de Petróleo, não apenas a mercadoria descrita  no  código  2711.19.10,  pois,  se  essa  fosse  a  intenção  do  legislador,  a  norma  legal  teria  feito  menção  expressa  à  sigla  “GLP” ou à expressão “gás de cozinha”.  (...) (grifos nosso).  10. Do trecho alhures transcrito é possível extrair que o acórdão embargado  não  faz  qualquer  menção  a  respeito  de  uma  eventual  inconstitucionalidade  da  IN  SRF  n.  219/02.  O  caso  é  julgado  levando  em  consideração  exatamente  a  causa  de  pedir  próxima  desenvolvida pela Recorrente, só que no sentido de rechaçá­la.  11.  Assim,  as  alegações  alhures  atestam  o  nítido  inconformismo  da  Embargante em relação ao mérito da decisão  embargada, bem como sua  intenção de obter a  reforma do julgado pela mesma instância em que foi proferido, para o que não se presta, como  regra, o recurso ora manejado.  12. Quando muito, o que se poderia alegar é a existência de um erro material  no julgado, haja vista constar na sua ementa menção a Súmula n. 02 deste Tribunal sem que tal  questão  conformasse,  no  caso  em  concreto,  o  comando  normativo  da  decisão  aqui  tratada.  Como já afirmado alhures a ementa é um resumo do que fora julgado. Logo, deve retratar, na  medida  do  possível,  a  ratio  decidendi  da  decisão  exarada  e  não manifestações  externadas  a  título de obter dicta, exatamente como ocorreu no presente caso em relação a já citada súmula  pretoriana.  13. Dessa  feita,  para  evitar  qualquer  outra  celeuma  em  relação  ao  acórdão  aqui  embargado,  reconheço  o  citado  erro  material,  devendo  a  ementa  do  presente  julgado  passar a ter a seguinte redação:  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  DE  INTERVENÇÃO  NO  DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE   Data do fato gerador: 24/09/2002  DEVIDA  A  CIDE  SOBRE  OS  GASES  LIQUEFEITOS  DE  PETRÓLEO: BUTANO E PROPANO  Incidência prevista na Lei n 10.336, de 19 de dezembro de 2001,  regulamentada pelas INs 107 e 219 de 2001.  Fl. 247DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11128.001589/2005­66  Acórdão n.º 3402­003.232  S3­C4T2  Fl. 245          7 TAXA DE JUROS SELIC  A  partir  de  1  de Abril  de  1995,  os  juros moratórios  incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema Especial  de Liquidação  e Custódia  SELIC para títulos federais Sumula n.04.  RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO.  Dispositivo  14. Ex positis, dou provimento aos presentes embargos de declaração, sem  caráter  infringente,  apenas para  reconhecer  a  existência do  erro material  aqui  apontado, de  modo que a ementa do acórdão recorrido passe a constar com a redação proposta no presente  voto.  15. É como voto.  Diego Diniz Ribeiro ­ Relator                                Fl. 248DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM

score : 1.0
6601254 #
Numero do processo: 19515.003894/2003-79
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2000 a 31/05/2000 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO - DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE - EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional - CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. Recurso Especial do Procurador negado.
Numero da decisão: 9303-004.364
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos (relator) e Andrada Marcio Canuto Natal, que lhe deram provimento com retorno dos autos à turma a quo. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos - Relator (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Redator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201611

camara_s : 3ª SEÇÃO

ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2000 a 31/05/2000 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO - DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE - EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional - CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. Recurso Especial do Procurador negado.

turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

dt_publicacao_tdt : Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017

numero_processo_s : 19515.003894/2003-79

anomes_publicacao_s : 201701

conteudo_id_s : 5669473

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017

numero_decisao_s : 9303-004.364

nome_arquivo_s : Decisao_19515003894200379.PDF

ano_publicacao_s : 2017

nome_relator_s : JULIO CESAR ALVES RAMOS

nome_arquivo_pdf_s : 19515003894200379_5669473.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos (relator) e Andrada Marcio Canuto Natal, que lhe deram provimento com retorno dos autos à turma a quo. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos - Relator (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Redator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.

dt_sessao_tdt : Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016

id : 6601254

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:55 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048688998219776

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1943; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T3  Fl. 2          1 1  CSRF­T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  19515.003894/2003­79  Recurso nº               Especial do Procurador  Acórdão nº  9303­004.364  –  3ª Turma   Sessão de  08 de novembro de 2016  Matéria  COFINS. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  ASTER PETRÓLEO    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Período de apuração: 01/02/2000 a 31/05/2000  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  REVISÃO  E  RETIFICAÇÃO  DE  OFÍCIO  ­  DE  LANÇAMENTO  E  DE  DÉBITO  CONFESSADO,  RESPECTIVAMENTE  ­  EM  SENTIDO  FAVORÁVEL  AO  CONTRIBUINTE.  CABIMENTO.  ESPECIFICIDADES.  A  revisão  de  ofício  de  lançamento  regularmente  notificado,  para  reduzir  o  crédito  tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito  tributário  não  extinto  e  indevido,  no  caso  de  ocorrer  uma  das  hipóteses  previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional ­  CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de  legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou  falta  funcional;  e  vício  formal  especial,  desde  que  a  matéria  não  esteja  submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de  apreciação destes.  Recurso Especial do Procurador negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do Recurso Especial  da  Fazenda Nacional  e,  no mérito,  por maioria  de  votos,  em  negar­lhe  provimento,  vencidos  os  conselheiros  Júlio  César  Alves  Ramos  (relator)  e  Andrada Marcio  Canuto Natal, que lhe deram provimento com retorno dos autos à turma a quo. Designado para  redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.  (assinado digitalmente)   Rodrigo da Costa Pôssas ­ Presidente em Exercício     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 38 94 /2 00 3- 79 Fl. 272DF CARF MF     2 (assinado digitalmente)  Júlio César Alves Ramos ­ Relator   (assinado digitalmente)  Charles Mayer de Castro Souza – Redator       Participaram  do  Julgamento  os  Conselheiros  Rodrigo  da  Costa  Possas  (Presidente  em  exercício),  Júlio  César  Alves  Ramos,  Tatiana  Midori  Migiyama,  Andrada  Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro  Souza, Vanessa Marini Cecconello.    Relatório  O imbróglio posto ao escrutínio deste colegiado está muito bem sintetizado  no despacho de admissibilidade, que peço vênia para transcrever:  Cuida­se  de  recurso  especial  de  divergência,  manejado  pela  Fazenda Nacional, com lastro no artigo 67 do Regimento Interno  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  –  RICARF,  aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, em face do acórdão no  340100.250,  de  17/09/2009,  que  deu  provimento  ao  recurso  voluntário  para  anular  lançamento  realizado  em  duplicidade,  que,  repetindo  autuação  anterior,  formalizada  em  processo  distinto  e ainda em julgamento, apenas alterou a  suspensão da  exigibilidade do crédito tributário e não impôs multa de ofício.  Contestando  a  decisão  proferida,  a  Fazenda  Nacional  indica  conflito  jurisprudencial  entre  colegiados,  apontando  como  paradigma  de  divergência  o  acórdão  203­10.172,  comprovado  pela  juntada  de  seu  inteiro  teor,  conforme  documento  de  fls.  198/204.  Esse o relatório.  O  recurso  especial  é  tempestivo  e  está  regularmente  formalizado.  A matéria controvertida foi objeto de debate na instância a quo,  de modo que resta atendido o requisito do prequestionamento.  O  caso  ora  examinado  é  deveras  singular,  ao  passo  que  há  imbricação entre o acórdão recorrido e o paradigma, sendo um  a extensão do outro.  Para melhor  esclarecer  a  situação  convém  um  breve  histórico  dos fatos.  Inicialmente  o  contribuinte  fora  lançado  pelo  tributo  devido,  com inflição de multa de ofício e juros moratórios, autuação esta  consubstanciada  no  processo  10875.003281/200297  (que  originou o julgado divergente – acórdão 203­10.172).  Fl. 273DF CARF MF Processo nº 19515.003894/2003­79  Acórdão n.º 9303­004.364  CSRF­T3  Fl. 3          3 Em  sede  impugnatória,  o  contribuinte  afirmou  que  estaria  amparado  em  medida  judicial  no  tocante  aos  meses  01/00  a  05/00, o que motivou a conversão do julgamento em diligência,  ainda  em  primeira  instância  administrativa.  Constatado  o  equívoco, a unidade de jurisdição lavrou outro auto de infração  (processo  19515.003894/200379)  englobando  aqueles  mesmos  períodos  de  apuração  (01/00  a  05/00),  porém,  com  a  exigibilidade suspensa e sem imposição de multa de ofício.  Diante  deste  panorama,  a  DRJ  Campinas/SP,  em  função  da  duplicidade  de  lançamento  e  para  evitar  cobrança  indevida,  exonerou,  no  processo  10875.003281/200297,  os  períodos  de  apuração  constituídos  nestes  autos  (19515.003894/200379)  e  recorreu de ofício desta decisão.  O  aresto  divergente  (203­10.172),  examinando  os  elementos  fáticos  do  processo,  concluiu  pela  correção  da  decisão  de  primeiro grau e negou provimento ao recurso de ofício.  Já a decisão ora questionada, partindo do pressuposto que, por  ocasião da decisão de primeira instância proferida no processo  10875.003281/2002­97,  havia  dois  lançamentos  envolvendo  os  mesmos fatos geradores, o correto seria a anulação do segundo  auto  de  infração,  albergado  no  presente  processo  (19515.003894/200379).  Ou  seja,  há  um  conflito  ímpar  entre  os  julgados  em  tela,  haja  vista  que,  cuidando  dos  mesmos  fatos  jurídicos  tributáveis,  o  acórdão  paradigma  (203­10.172),  ao  negar  provimento  ao  recurso  de  ofício,  entendeu  que  o  primeiro  auto  de  infração  deveria sofrer a exoneração, enquanto o acórdão ora recorrido  (340100.250)  reputou  que  o  lançamento  passível  de  anulação  seria  o  segundo,  de  sorte  que  o  crédito  tributário,  que  antes  estava  formalizado  em  duplicidade,  passou  a  estar  sem  formalização  alguma,  isto  é,  o  que  antes  abundava  passou  a  inexistir.  O  panorama  estampado  revela  uma  incontroversa  dissensão  e  demonstra  de  maneira  inigualável  os  riscos  de  se  julgar  processos conexos em assentadas distintas.  Cumpre acentuar, por oportuno, que, nada obstante a anotação  no  voto  condutor  que  o  acórdão  divergente  (203­10.172)  fora  julgado pelo mesmo colegiado, em verdade o aresto foi proferido  pela  então  Terceira  Câmara  do  Segundo  Conselho  de  Contribuintes,  enquanto  o  acórdão  recorrido  foi  julgado  pela  Primeira  Turma  Ordinária  da  Quarta  Câmara  do  Conselho  Administrativo de Recursos Fiscais, logo, colegiado distintos, de  maneira que não incide, na espécie, a vedação do art. 67, caput,  do RICARF.      Fl. 274DF CARF MF     4 Apesar  de  essas  terem  sido  as  palavras  do  despacho  decisório  que  assinei,  importa  trazer  aqui  o  trecho  do  acórdão  apontado  como  divergente  em  que  se  examinou  o  recurso  de  ofício. Disse  o  relator daquela  decisão,  consoante  transcrição  da própria Fazenda  Nacional ora recorrente:  RECURSO DE OFÍCIO — DUPLICIDADE DE COBRANÇA ­  EXCLUSÃO  Constatada,  pela  Instância  de  piso,  que  parte  do  débito  considerado  nesses  autos  fora  integrado  ao  REFIS,  segundo  evidenciado  pelo  documento  anexo  à  fl.  1.049,  inevitável  A  exclusão  do  valor  correspondente  da  cobrança  intentada  no  presente feito administrativo.  Desponta  correta,  pois,  a  conclusão  adotada  pelo  julgado  da  decisão de piso em tal pormenor, impendendo a este Colegiado  confirmá­la.  Em  síntese:  não  conheço,  pois,  do  recurso  voluntário  nos  pormenores citados ao longo deste voto, negando­lhe provimento  na  parte  conhecida  (conhecido  apenas  quanto  à  alegação  de  erro de direito). Nego provimento ao recurso de oficio formulado  à fl. 1.051.  Sala das Sessões, em 19 de maio de 2005.  CESAR PIANTAVIGNA  Sobre  tal  fundamentação  da  decisão  apresentada  como  paradigma,  há  um  claro equívoco na medida em que a decisão de primeiro grau naquele processo apenas acolheu  argumento de ingresso no Refis quanto ao mês de janeiro 2000 (e­ fls. 116 destes autos). Para  os meses de fevereiro a maio do mesmo ano, a fundamentação é tão­somente a duplicidade de  lançamentos (e­fls 113 destes autos).   Destarte,  como  está  redigida,  ou  a  decisão  apenas  negou  provimento  ao  recurso de ofício quanto àquele mês, restando omissa quanto aos demais. Ou negou a tudo, mas  sob premissa falsa.  Isso não obstante, a Fazenda Nacional não interpôs embargos de declaração  daquela decisão quanto a esse ponto. De sorte que a fundamentação do acórdão paradigma é  unicamente o ingresso no REFIS.   Houve  sim  embargos  neste,  contestando  a  conclusão  de  que  a  duplicidade  sempre  implicaria  a  nulidade  do  segundo  lançamento,  mesmo  que  a  nulidade  do  outro  já  houvesse sido proferida. Sobre eles, assim se pronunciou o dr. Emanuel Assis:  Trata­se  dos  Embargos  de  Declaração  de  fls.  183/185,  tempestivos  e  interpostos  pela  Procuradoria  da  Fazenda  Nacional no Acórdão n°3401­00.250 (fls. 177/180).  Alega  a  Embargante  othissão  no  julgado,  inicialmente  esclarecendo  que  o  lançamento  do  presente  processo  coincide  com  o  do  n°  10875.003281/2002­97,  Recurso  Voluntário  n°  227.638 (antes sob o n°1127.638, no Conselho de Contribuintes),  no qual foi cancelada em definitivo exigência constante também  destes  autos,  conforme  o  Acórdão  n°  203­10.172  (que  negou  provimento a  recurs'o de oficio, mantendo decisão da DRJ que  Fl. 275DF CARF MF Processo nº 19515.003894/2003­79  Acórdão n.º 9303­004.364  CSRF­T3  Fl. 4          5 cancelara  a  parcela  do  lançamento  do  processo  n°  10875.003281/2002­97  coincidente  com  o  auto  de  infração  destes autos).  Afirma o seguinte:  o  Conselho  ao  negar  provimento  ao  recurso  de  oficio  nos  autos 10875.003281/2002­97 confirmou em todos os termos a  decisão  da  DRJ  que  entendeu  ser  devido  o  lançamento  cobrado  nos  autos  deste  processo  19515.003894/2003­79,  motivo  pelo  qual  excluiu  "o  montante  relativo  ao  crédito  tributário com a exigibilidade suspensa" do processo original.  Da afirmação acima a Embargante deduz que, caso seja anulado  o presente  lançamento o período autuado ficará sem cobrança,  argüindo em seguida que "o fato de coexistir durante um tempo o  lançamento  em duplicidade, mas  não  existir  tal  situação  fática  no momento do julgamento do presente acórdão,  faz com que a  situação de  duplicidade  do  lançamento  deixe  de  existir, motivo  pelo  qual  o  acórdão  recorrido  é  omisso,  e  da  forma  como  se  encontrará, dará uma exoneração tributária ao contribuinte."  Ressalta que "o acórdão recorrido é omisso por não considerar  os fatos à época do julgamento, culminando em fatos geradores  sem  lançamento,  e  ainda  contraria  decisão  definitivamente  proferida por  este Conselho",  requerendo ao  final a alteração  do julgado, para manutenção do presente lançamento.  Data  vênia,  inexiste  a  omissão  apontada  porque  o  acórdão  embargado  considerou,  sim,  os  fatos  no.  momento  do  julgamento,  levando em conta a duplicidade de  lançamento e o  cancelamento  anterior.  A  questão  é  tratada  nos  seguintes  trechos do voto (negritos acrescentados).  A  Recorrente  requer  a  reunido  deste  processo  com  o  de  n°  10875.003281/2002­97, para julgamento conjunto. Todavia, o  recurso voluntário daquele, sob o n° 127638, já foi julgado em  19/05/2005  por  este  Colegiado,  que  na  ocasião  prolatou  o  Acórdão n°203­10.172.  Assim, a reunido para eventual julgamento conjunto é questão  superada.  A decisão recorrida, verificando a duplicidade de lançamento,  cancelou  naquele  a  parcela  objeto  do  presente  Auto  de  Infração.  O cancelamento corresponde exatamente :as parcelas lançadas  neste Auto de Infração ora julgado, nos meses de fevereiro a  maio de 2000  (no mês de  janeiro de 2004 a DRJ excluiu no  total  o  valor  lançamento,  em  virtude  de  parcelamento  no  Refis).  Este  novo  lançamento  foi  efetuado  em  09/02/2004,  enquanto  o  acórdão  da DRJ  naquele  lançamento  primitivo  é  datado de 24/03/2004 (ver cópia àsfis. 90/101 deste).  Fl. 276DF CARF MF     6 Atualmente  aquele  processo  (recurvo  voluntário  n°  127638)  encontra­se  na  CSRF,  aguardando  julgamento  de  recurso  especial interposto pelo contribuinte.  Como a decisão da DRJ no processo n° 10875.003281/2002­ 97  se  deu  em  24/03/2004,  após  a  lavratura  deste  Auto  ora  julgado,  e  como  o  cancelamento  parcial  daquele  lançamento  foi objeto de recurso de oficio, negado conforme o Acórdão n°  203­10.172,  prolatado  pela  Terceira  Câmara  do  Segundo  Conselho de Contribuintes em 19/05/2005, entre a ciência do  presente Auto  ao  contribuinte  e  19/05/2005  coexistiram dois  lançamentos em relação à parcela tributada conforme a Lei n°  9.718/98, nos períodos de apuração de 01/2000 a 05/2000: um  sem  exigibilidade  suspensa,  conforme  o  lançamento  inicial;  outro  com  a  suspensão  da  exigibilidade,  objeto  do  segundo  lançamento ora julgado.  (.)  Em face dessa igualdade o lançamento ora analisado deve ser  anulado.  O  contrário  implicaria  em  se  admitir  a  existência  concomitante de dois lançamentos idênticos, numa situação de  extrema  insegurança  jurídica  que  não  encontra  amparo  no  nosso sistema tributário.  Os  excertos  acima  negritados  evidenciam  que,  segundo  os  fundamentos  do  voto  do  acórdão  embargado,  cabe  anular  o  segundo  lançamento  porque  duas  exigências  iguais  existiram  concomitantemente.  A  Embargante,  opondo­se  à  interpretação  do  acórdão  embargado,'  dá  relevo  à  circunstância  de  que  no  momento do  julgamento do  segundo  lançamento pelo Conselho  de Contribuintes, o primeiro já havia sido cancelado pela DRJ,  em  decisão  reafirmada  pelo  mesmo  Conselho  conforme  o  Acórdão  n°  203­10.172.  Salvo  melhor  juizo,  a  argumentação  expendida  pela  ilustre  Embargante  parece  mais  adequada  a  eventual  recurso  especial  dirigido  à  Câmara  Superior  de  Recursos Fiscais.  Aqui,  nesta  via  estreita  dos  embargos  de  declaração,  não  deve  ser admitida.   Dessarte,  por  não  restar  caracterizada  a  omissão  indicada,  os  Embargos de Declaração não devem ser conhecidos.  É  o  meu  parecer,  que  submeto  à  douta  apreciação  do  Senhor  Presidente desta Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara  da Terceira Seção de Julgamento do CARF, nos termos .do art.  65, § 2°, do Anexo II da Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, que  aprovou  o  Regimento  Interno  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos Fiscais.  É o Relatório.  Voto Vencido  Fl. 277DF CARF MF Processo nº 19515.003894/2003­79  Acórdão n.º 9303­004.364  CSRF­T3  Fl. 5          7 Conselheiro Júlio César Alves Ramos ­ Relator.    O  relatório  restou  mais  longo  do  que  de  hábito  para  que  ficasse  bem  demonstrada a dificuldade quanto ao conhecimento do recurso.  É  que,  embora  tenha  eu  dito  no  despacho  que  assinei  estar  patente  a  divergência,  uma  análise  mais  detida  do  acórdão  paradigma  levanta  dúvida  quanto  a  isso.  Deveras,  ali,  equivocadamente,  negou­se  provimento  ao  recurso  tão­somente  explicitando  o  motivo  da  adesão  ao  REFIS.  Mas  está  claro  na  impugnação  apresentada  e  na  decisão  de  primeiro grau que isso somente ocorreu em relação ao mês de janeiro. Para os demais meses,  também está claro na decisão, a DRJ afastou o lançamento original por conta da lavratura do  segundo.  Embora  ela  não  se  tenha  pronunciado  quanto  a  este  último,  até  porque  veio  a  constituir outro processo, de sua conclusão depreende­se,  também sem dúvida, que, para ela,  DRJ Campinas era o segundo que deveria ser mantido.   Disso  resulta que  a  decisão  prolatada  pelo Conselho  ou  apresenta  omissão,  pela  não  apreciação  de  qual  dos  lançamentos  deveria  ser  mantido,  ou  contradição  se  se  entender que apenas se queria negar provimento quanto ao mês de janeiro.  O fato é que nenhuma das partes apresentou embargos, e, com isso, o que se  tem é um acórdão (já definitivo) que nega provimento integral ao recurso de ofício.  Entendi,  assim, não sem muitas dúvidas, que o  recurso  especial deveria  ser  conhecido, dado que o não provimento do recurso de ofício implica a manutenção da decisão  em sua inteireza. E como não há outra motivação para o afastamento dos meses de fevereiro  em diante, só se pode concluir que o colegiado ratificou o entendimento expresso pela DRJ de  que era o segundo lançamento que deveria ser mantido.  Conheci, por isso, do apelo fazendário.  E  no  que  tange  à  questão  de  saber  qual  dos  lançamentos  deveria  ter  sido  mantido pela DRJ, devo dizer que o meu entendimento é coincidente com o do dr. Emanuel: a  decisão de primeiro grau proferida no outro processo mostra­se de todo equivocada, pois é o  segundo  lançamento  (este)  que  não  encontrava  qualquer  fundamento  de  validade,  quando  efetuado, e assim deveria ser declarado. Isto é, partilho as razões daquele douto conselheiro,  com  quem  tive  o  prazer  de  conviver  neste  sodalício,  sobre  a  inadequação  do  lançamento  "suplementar" praticado.  Aliás, entendo que sequer era caso de nulidade mas de mera improcedência  desse segundo  lançamento, cabendo apenas o "decote" da multa  lançada no original sobre as  parcelas que estavam com exigibilidade suspensa por força de liminar.  Ouso dele divergir, no entanto, quando mantém  tal nulidade do  lançamento  deste  processo  mesmo  já  tendo  ocorrido  a  definitividade  da  decisão  que  considerou  improcedente o primeiro e correto este.  Acolho,  ao  contrário,  a  tese  da  Fazenda  Nacional  no  sentido  de  que,  no  momento em que se proferiu a decisão neste processo, as condições de nulidade do lançamento  nele estampado ­ a duplicidade com o outro ­ não mais existiam, sendo perfeitamente possível  Fl. 278DF CARF MF     8 convalidá­lo. De se registrar que ele atende a todos os requisitos do art. 142 do CTN, e 10 do  PAF, demonstrando de forma clara o crédito tributário em discussão e apontando com precisão  a  causa  suspensiva  de  sua  exigibilidade.  Intrinsecamente  ou  extrinsecamente,  pois,  ele  não  padece de qualquer nulidade; ela apenas se materializa em razão de o mesmo crédito já estar  constituído ­ em excesso ­ em processo distinto. Julgado nulo aquele, há de ser mantido este.  Com  tais  considerações,  dou  provimento  ao  recurso  da  Fazenda  Nacional  para afastar a nulidade pronunciada com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise  do mérito do lançamento.   É como voto.  (assinado digitalmente)  Júlio César Alves Ramos  Fl. 279DF CARF MF Processo nº 19515.003894/2003­79  Acórdão n.º 9303­004.364  CSRF­T3  Fl. 6          9 Voto Vencedor  Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator.  Com a devida vênia, divirjo do il. Relator.  Entendo que, de fato, o segundo auto de infração é nulo, pois não poderia ser  lavrado  para  substituir  o  primeiro,  enquanto  este  estivesse  sendo  discutido  na  esfera  administrativa.  Trata­se de uma  tentativa mal  sucedida de promover a  revisão de ofício do  lançamento. Contudo, é sabido, esta não pode ser realizada enquanto o litígio está submetido  aos  órgãos  que  integram  o Contencioso Administrativo.  Pode  ser  realizada  antes  ou  depois,  mas  nunca,  nunca  mesmo,  durante,  como  ocorreu  no  presente  caso,  entendimento  que  é,  a  propósito, compartilhado pela própria RFB:    NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  REVISÃO  E  RETIFICAÇÃO  DE  OFÍCIO  –  DE  LANÇAMENTO  E  DE  DÉBITO  CONFESSADO,  RESPECTIVAMENTE  –  EM  SENTIDO  FAVORÁVEL  AO  CONTRIBUINTE.  CABIMENTO.  ESPECIFICIDADES.   A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para  reduzir  o  crédito  tributário,  pode  ser  efetuada  pela  autoridade  administrativa  local  para  crédito  tributário  não  extinto  e  indevido,  no  caso  de  ocorrer  uma  das  hipóteses  previstas  nos  incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional –  CTN,  quais  sejam:  quando  a  lei  assim  o  determine,  aqui  incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem  pública;  erro  de  fato;  fraude  ou  falta  funcional;  e  vício  formal  especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos  de  julgamento  administrativo  ou  já  tenha  sido  objeto  de  apreciação destes.   A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para  reduzir  o  saldo  a  pagar  a  ser  encaminhado  à  Procuradoria­ Geral da Fazenda Nacional  – PGFN para  inscrição  na Dívida  Ativa,  pode  ser  efetuada  pela  autoridade  administrativa  local  para  crédito  tributário  não  extinto  e  indevido,  na  hipótese  da  ocorrência  de  erro  de  fato  no  preenchimento  da  declaração.  (Solução de Consulta COSIT Nº 8, DE 03 DE SETEMBRO DE  2014). (g.n.)    Portanto, a nulidade do segundo lançamento é patente, de modo que não pode  ser  convalidado  pelo  simples  fato  de  que,  noutro  processo  administrativo  (os  autos  jamais  deveriam  ter  caminhado  separados!),  o  primeiro  auto  de  infração  tenha  sido  erroneamente,  cancelado.  Fl. 280DF CARF MF     10 Forte  nessas  razões,  entendo  que  ao  recurso  especial  interposto  pela  Procuradoria deve­se negar provimento.  (assinado digitalmente)   Charles Mayer de Castro Souza                          Fl. 281DF CARF MF

score : 1.0
6482341 #
Numero do processo: 14041.001227/2008-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 16 00:00:00 UTC 2010
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2004 RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do Recurso Voluntário protocolizado após o prazo de trinta dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, nos termos dos artigos 5o e 33 do Decreto n° 70.235/72. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DO LUCRO REAL. Uma vez que o lucro real é a base de cálculo do imposto de renda, sua recomposição é imprescindível quando apurado prejuízo fiscal no período objeto de lançamento de ofício. A alíquota não pode ser aplicada diretamente sobre o valor tributável da infração. OMISSÃO DE RECEITAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE DECLARAÇÕES. A simples divergência de valores entre as declarações DIPJ e Dacon não caracteriza hipótese de omissão de receitas, não havendo base legal para tanto. ATIVO FISCAL DIFERIDO. EXCLUSÃO DA RECEITA LANÇADA COMO CONTRAPARTIDA DO ATIVO. Se o reconhecimento contábil do valor do Ativo Fiscal Diferido decorrente de prejuízos fiscais ou bases de cálculo negativas da CSLL tiver como contrapartida conta de receita, esta poderá ser excluída do lucro líquido para fins de determinação do lucro real. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. CSLL. PIS/PASEP. COFINS. OMISSÃO DE RECEITAS. Uma vez que os lançamentos de CSLL, PIS e Cofins são reflexos do lançamento de IRPJ quanto à matéria omissão de receitas, o decidido para este lançamento também se lhes aplica.
Numero da decisão: 1102-000.362
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e NÃO CONHECER do recurso voluntário, por intempestivo, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: JOÃO OTAVIO OPPERMANN THOMÉ

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
materia_s : IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)

dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201012

camara_s : Primeira Câmara

ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2004 RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do Recurso Voluntário protocolizado após o prazo de trinta dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, nos termos dos artigos 5o e 33 do Decreto n° 70.235/72. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DO LUCRO REAL. Uma vez que o lucro real é a base de cálculo do imposto de renda, sua recomposição é imprescindível quando apurado prejuízo fiscal no período objeto de lançamento de ofício. A alíquota não pode ser aplicada diretamente sobre o valor tributável da infração. OMISSÃO DE RECEITAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE DECLARAÇÕES. A simples divergência de valores entre as declarações DIPJ e Dacon não caracteriza hipótese de omissão de receitas, não havendo base legal para tanto. ATIVO FISCAL DIFERIDO. EXCLUSÃO DA RECEITA LANÇADA COMO CONTRAPARTIDA DO ATIVO. Se o reconhecimento contábil do valor do Ativo Fiscal Diferido decorrente de prejuízos fiscais ou bases de cálculo negativas da CSLL tiver como contrapartida conta de receita, esta poderá ser excluída do lucro líquido para fins de determinação do lucro real. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. CSLL. PIS/PASEP. COFINS. OMISSÃO DE RECEITAS. Uma vez que os lançamentos de CSLL, PIS e Cofins são reflexos do lançamento de IRPJ quanto à matéria omissão de receitas, o decidido para este lançamento também se lhes aplica.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção

numero_processo_s : 14041.001227/2008-66

conteudo_id_s : 5629481

dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 01 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 1102-000.362

nome_arquivo_s : Decisao_14041001227200866.pdf

nome_relator_s : JOÃO OTAVIO OPPERMANN THOMÉ

nome_arquivo_pdf_s : 14041001227200866_5629481.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e NÃO CONHECER do recurso voluntário, por intempestivo, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.

dt_sessao_tdt : Thu Dec 16 00:00:00 UTC 2010

id : 6482341

ano_sessao_s : 2010

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:03 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

conteudo_txt : Metadados => date: 2015-08-11T14:21:41Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; xmp:CreatorTool: Xerox WorkCentre 5755; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-08-10T15:50:09Z; Last-Modified: 2015-08-11T14:21:41Z; dcterms:modified: 2015-08-11T14:21:41Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:569daadd-e1fc-4c6e-90d5-4e8ace2825ce; Last-Save-Date: 2015-08-11T14:21:41Z; pdf:docinfo:creator_tool: Xerox WorkCentre 5755; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-08-11T14:21:41Z; meta:save-date: 2015-08-11T14:21:41Z; pdf:encrypted: false; modified: 2015-08-11T14:21:41Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-08-10T15:50:09Z; created: 2015-08-10T15:50:09Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; Creation-Date: 2015-08-10T15:50:09Z; pdf:charsPerPage: 0; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Xerox WorkCentre 5755; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Xerox WorkCentre 5755; pdf:docinfo:created: 2015-08-10T15:50:09Z | Conteúdo =>

_version_ : 1713048689005559808

score : 1.0
6485644 #
Numero do processo: 15504.721725/2013-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA RFB. PRIMAZIA DA REALIDADE DOS FATOS SOBRE A FORMA DOS ATOS. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO CTN. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos estabelecidos em lei ordinária. CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização da condição de segurado empregado. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. AUTO DE INFRAÇÃO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ART. 35-A DA LEI Nº 8.212/91. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, aplica-se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430/96. ESTAGIÁRIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE. BOLSA DE COMPLEMENTAÇÃO EDUCACIONAL. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Figura como hipótese de não incidência de contribuição previdenciária o pagamento feito a estagiário, a título de bolsa de complementação educacional, quando efetuado nos exatos termos da Lei n° 6.494/77. Assentado que, nos termos da lei, nos serviços prestados por estagiários remunerados encontram-se presentes todos os elementos caracterizadores da condição de segurado empregado, recai sobre o sujeito passivo o ônus de demonstrar a ocorrência e a fiel observância dos termos e condições estatuídas na Lei n° 6.494/77 para que se possa desfrutar do benefício da renúncia fiscal ora em debate. A não comprovação de que o Aluno esteja frequentando cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de educação especial, bem como da interveniência da instituição de ensino na celebração do Termo de Compromisso entre o estudante e a parte concedente, excluem do campo da não incidência tributária prevista no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 as importâncias pagas a título de bolsa de complementação educacional de estagiário. VALE COMBUSTÍVEL. PAGAMENTO HABITUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA DESPESA EM PROVEITO DO EMPREGADOR. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Incide contribuição previdenciária sobre pagamentos efetuados com habitualidade a segurado empregado, a título de “vale combustível”, sem a comprovação de utilização do veículo próprio a serviço e proveito do empregador. ISENÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. REEMBOLSO ÓCULOS. AUXÍLIO FARMÁCIA. OBSERVÂNCIA DOS PRECEITOS LEGAIS. POSSIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA. As disposições legais sobre a isenção de contribuições previdenciárias nas hipóteses de reembolso óculos e auxílio farmácia condicionam o benefício à extensão à totalidade de empregados e dirigentes. O fato da interpretação da outorga de isenção ter de ser literal (artigo 111 do CTN) não implica a desconsideração de seu verdadeiro sentido. Se uma norma isentiva visa incentivar a concessão de um benefício de cunho social, o que se impede é a sua concessão de forma individualizada ou discriminatória. In casu, o benefício se estendeu a todos os funcionários de uma filial, não havendo restrições ou discriminações, observando o que dispõe a alínea "q" do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/90. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, (i) Por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário quanto aos levantamentos relativos à caracterização de segurados empregados. Vencidos os Conselheiros RAYD SANTANA FERREIRA, THEODORO VICENTE AGOSTINHO, LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA e CARLOS ALEXANDRE TORTATO, que davam provimento ao Recurso Voluntário quanto a esta matéria, por considerarem não caracterizada a subordinação jurídica. (ii) Por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para excluir o levantamento relativo ao "reembolso óculos e auxílio farmácia". Vencidos o Relator e as Conselheiras MARIA CLECI COTI MARTINS e MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI. O Conselheiro THEODORO VICENTE AGOSTINHO fará o voto vencedor. (iii) Por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para que o valor da penalidade pecuniária aplicada mediante o Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.351.984-2, CFL 68, seja recalculado, tomando-se em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Vencidos os Conselheiros MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI e ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI. André Luís Mársico Lombardi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. Theodoro Vicente Agostinho, Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201604

camara_s : Quarta Câmara

turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 15504.721725/2013-64

anomes_publicacao_s : 201609

conteudo_id_s : 5630726

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 2401-004.286

nome_arquivo_s : Decisao_15504721725201364.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : ARLINDO DA COSTA E SILVA

nome_arquivo_pdf_s : 15504721725201364_5630726.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, (i) Por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário quanto aos levantamentos relativos à caracterização de segurados empregados. Vencidos os Conselheiros RAYD SANTANA FERREIRA, THEODORO VICENTE AGOSTINHO, LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA e CARLOS ALEXANDRE TORTATO, que davam provimento ao Recurso Voluntário quanto a esta matéria, por considerarem não caracterizada a subordinação jurídica. (ii) Por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para excluir o levantamento relativo ao "reembolso óculos e auxílio farmácia". Vencidos o Relator e as Conselheiras MARIA CLECI COTI MARTINS e MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI. O Conselheiro THEODORO VICENTE AGOSTINHO fará o voto vencedor. (iii) Por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para que o valor da penalidade pecuniária aplicada mediante o Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.351.984-2, CFL 68, seja recalculado, tomando-se em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Vencidos os Conselheiros MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI e ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI. André Luís Mársico Lombardi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. Theodoro Vicente Agostinho, Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.

dt_sessao_tdt : Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016

id : 6485644

ano_sessao_s : 2016

ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA RFB. PRIMAZIA DA REALIDADE DOS FATOS SOBRE A FORMA DOS ATOS. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO CTN. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos estabelecidos em lei ordinária. CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização da condição de segurado empregado. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. AUTO DE INFRAÇÃO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ART. 35-A DA LEI Nº 8.212/91. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, aplica-se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430/96. ESTAGIÁRIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE. BOLSA DE COMPLEMENTAÇÃO EDUCACIONAL. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Figura como hipótese de não incidência de contribuição previdenciária o pagamento feito a estagiário, a título de bolsa de complementação educacional, quando efetuado nos exatos termos da Lei n° 6.494/77. Assentado que, nos termos da lei, nos serviços prestados por estagiários remunerados encontram-se presentes todos os elementos caracterizadores da condição de segurado empregado, recai sobre o sujeito passivo o ônus de demonstrar a ocorrência e a fiel observância dos termos e condições estatuídas na Lei n° 6.494/77 para que se possa desfrutar do benefício da renúncia fiscal ora em debate. A não comprovação de que o Aluno esteja frequentando cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de educação especial, bem como da interveniência da instituição de ensino na celebração do Termo de Compromisso entre o estudante e a parte concedente, excluem do campo da não incidência tributária prevista no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 as importâncias pagas a título de bolsa de complementação educacional de estagiário. VALE COMBUSTÍVEL. PAGAMENTO HABITUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA DESPESA EM PROVEITO DO EMPREGADOR. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Incide contribuição previdenciária sobre pagamentos efetuados com habitualidade a segurado empregado, a título de “vale combustível”, sem a comprovação de utilização do veículo próprio a serviço e proveito do empregador. ISENÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. REEMBOLSO ÓCULOS. AUXÍLIO FARMÁCIA. OBSERVÂNCIA DOS PRECEITOS LEGAIS. POSSIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA. As disposições legais sobre a isenção de contribuições previdenciárias nas hipóteses de reembolso óculos e auxílio farmácia condicionam o benefício à extensão à totalidade de empregados e dirigentes. O fato da interpretação da outorga de isenção ter de ser literal (artigo 111 do CTN) não implica a desconsideração de seu verdadeiro sentido. Se uma norma isentiva visa incentivar a concessão de um benefício de cunho social, o que se impede é a sua concessão de forma individualizada ou discriminatória. In casu, o benefício se estendeu a todos os funcionários de uma filial, não havendo restrições ou discriminações, observando o que dispõe a alínea "q" do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/90. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido. Recurso Voluntário Provido em Parte

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:07 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689034919936

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 92; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2382; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T1  Fl. 19.971          1  19.970  S2­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  15504.721725/2013­64  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2401­004.286  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  13 de abril de 2016  Matéria  Contribuições Sociais Previdenciárias ­ AIOP   Recorrente  LEME ENGENHARIA LTDA.  Recorrida  FAZENDA  NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008  CARACTERIZAÇÃO  DA  CONDIÇÃO  DE  SEGURADO  EMPREGADO.  COMPETÊNCIA  DA  RFB.  PRIMAZIA  DA  REALIDADE  DOS  FATOS  SOBRE A FORMA DOS ATOS. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO  CTN.  A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos  praticados  com  a  finalidade  de  dissimular  a  ocorrência  do  fato  gerador  do  tributo  ou  a  natureza  dos  elementos  constitutivos  da  obrigação  tributária,  observados os procedimentos estabelecidos em lei ordinária.  CARACTERIZAÇÃO  DA  CONDIÇÃO  DE  SEGURADO  EMPREGADO.  SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA.  Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a  forma,  sendo  necessária  e  suficiente  a  subsunção  do  fato  à  hipótese  legal  prevista no art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91 para que se opere a  caracterização da condição de segurado empregado.  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS  OU  RESULTADOS  PAGA  EM  DESACORDO  COM  A  LEI.  SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.  Os  valores  auferidos  por  segurados  obrigatórios  do  RGPS  a  título  de  participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados  em  desconformidade  com  a  lei  específica,  integram  o  conceito  jurídico  de  Salário  de  Contribuição  para  todos  os  fins  previstos  na  Lei  de  Custeio  da  Seguridade Social.  AUTO DE  INFRAÇÃO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO DE  OBRIGAÇÃO  PRINCIPAL  FORMALIZADA  MEDIANTE  LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ART. 35­A DA LEI Nº 8.212/91.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 17 25 /2 01 3- 64 Fl. 19987DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     2  As multas  decorrentes  do  descumprimento  de obrigação  tributária  principal  foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação  ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35­A à Lei nº 8.212/91.   Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições sociais previstas  nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das  contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a  outras  entidades  e  fundos,  não  pagos  nos  prazos  previstos  em  legislação,  aplica­se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430/96.  ESTAGIÁRIO.  FALTA  DE  COMPROVAÇÃO  DE  REGULARIDADE.  BOLSA  DE  COMPLEMENTAÇÃO  EDUCACIONAL.  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  Figura  como  hipótese  de  não  incidência  de  contribuição  previdenciária  o  pagamento  feito  a  estagiário,  a  título  de  bolsa  de  complementação  educacional, quando efetuado nos exatos termos da Lei n° 6.494/77.  Assentado  que,  nos  termos  da  lei,  nos  serviços  prestados  por  estagiários  remunerados encontram­se presentes todos os elementos caracterizadores da  condição  de  segurado  empregado,  recai  sobre  o  sujeito  passivo  o  ônus  de  demonstrar  a  ocorrência  e  a  fiel  observância  dos  termos  e  condições  estatuídas  na  Lei  n°  6.494/77  para  que  se  possa  desfrutar  do  benefício  da  renúncia fiscal ora em debate.  A não comprovação de que o Aluno esteja frequentando cursos de educação  superior,  de  ensino  médio,  de  educação  profissional  de  nível  médio  ou  superior  ou  escolas  de  educação  especial,  bem  como  da  interveniência  da  instituição  de  ensino  na  celebração  do  Termo  de  Compromisso  entre  o  estudante  e  a  parte  concedente,  excluem  do  campo  da  não  incidência  tributária prevista no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 as importâncias pagas  a título de bolsa de complementação educacional de estagiário.  VALE  COMBUSTÍVEL.  PAGAMENTO  HABITUAL.  NÃO  COMPROVAÇÃO DA  DESPESA  EM  PROVEITO  DO  EMPREGADOR.  SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.   Incide  contribuição  previdenciária  sobre  pagamentos  efetuados  com  habitualidade  a  segurado  empregado,  a  título  de  “vale  combustível”,  sem  a  comprovação  de  utilização  do  veículo  próprio  a  serviço  e  proveito  do  empregador.  ISENÇÕES  DE  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  REEMBOLSO  ÓCULOS.  AUXÍLIO  FARMÁCIA.  OBSERVÂNCIA  DOS  PRECEITOS  LEGAIS. POSSIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA.  As  disposições  legais  sobre  a  isenção  de  contribuições  previdenciárias  nas  hipóteses de reembolso óculos e auxílio farmácia condicionam o benefício à  extensão à totalidade de empregados e dirigentes. O fato da interpretação da  outorga  de  isenção  ter  de  ser  literal  (artigo  111  do  CTN)  não  implica  a  desconsideração  de  seu  verdadeiro  sentido.  Se  uma  norma  isentiva  visa  incentivar a concessão de um benefício de cunho social, o que se impede é a  sua concessão de forma individualizada ou discriminatória.   In  casu,  o  benefício  se  estendeu  a  todos  os  funcionários  de  uma  filial,  não  havendo restrições ou discriminações, observando o que dispõe a alínea "q"  do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/90.  AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91.  Fl. 19988DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.972          3  Constitui  infração às disposições  inscritas no  inciso  IV do art. 32 da Lei n°  8212/91  a  entrega  de  GFIP  com  dados  não  correspondentes  aos  fatos  geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases  de  cálculo,  seja  em  relação  às  informações  que  alterem  o  valor  das  contribuições,  ou  do  valor  que  seria  devido  se  não  houvesse  isenção  (Entidade  Beneficente)  ou  substituição  (SIMPLES,  Clube  de  Futebol,  produção  rural),  sujeitando  o  infrator  à  multa  prevista  na  legislação  previdenciária.  AUTO DE  INFRAÇÃO. GFIP.  CFL  68. ART.  32­A DA LEI Nº  8212/91.  RETROATIVIDADE BENIGNA.  As  multas  decorrentes  de  entrega  de  GFIP  com  incorreções  ou  omissões  foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o  art. 32­A à Lei nº 8.212/91.   Incidência  da  retroatividade benigna  encartada no  art.  106,  II,  ‘c’  do CTN,  sempre que a norma posterior cominar ao  infrator penalidade menos severa  que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.  AUTO DE  INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO  DE  OFÍCIO.  PENALIDADE  PELO  DESCUMPRIMENTO.  PRINCÍPIO  TEMPUS REGIT ACTUM.  As multas  decorrentes  do  descumprimento  de obrigação  tributária  principal  foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação  ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35­A à Lei nº 8.212/91.   Na  hipótese  de  lançamento  de  ofício,  por  representar  a  novel  legislação  encartada no art. 35­A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um  tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento  da  respectiva  execução  fiscal,  hipótese de  a  legislação  superveniente  impor  multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio  tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação  pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data  de ocorrência do fato gerador não adimplido.  Recurso Voluntário Provido em Parte      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    ACORDAM  os membros  da  1ª  TO/4ª  CÂMARA/2ª  SEJUL/CARF/MF/DF,  por  unanimidade  de  votos,  em CONHECER  do  Recurso Voluntário  para,  no mérito,  (i)  Por  voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário quanto aos levantamentos  relativos  à  caracterização  de  segurados  empregados.  Vencidos  os  Conselheiros  RAYD  SANTANA  FERREIRA,  THEODORO  VICENTE  AGOSTINHO,  LUCIANA  MATOS  PEREIRA  BARBOSA  e  CARLOS  ALEXANDRE  TORTATO,  que  davam  provimento  ao  Recurso Voluntário quanto a esta matéria, por considerarem não caracterizada a subordinação  jurídica.  (ii)  Por  maioria  de  votos,  DAR  PROVIMENTO  PARCIAL  ao  Recurso  Voluntário  para  excluir  o  levantamento  relativo  ao  "reembolso  óculos  e  auxílio  farmácia".  Vencidos  o  Relator  e  as  Conselheiras MARIA CLECI  COTI MARTINS  e MIRIAM DENISE XAVIER  LAZARINI. O Conselheiro THEODORO VICENTE AGOSTINHO fará o voto vencedor. (iii)  Fl. 19989DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     4  Por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para que o valor  da  penalidade  pecuniária  aplicada  mediante  o  Auto  de  Infração  de  Obrigação  Acessória  nº  37.351.984­2, CFL 68,  seja  recalculado,  tomando­se em consideração as disposições  inscritas  no  inciso  I  do  art.  32­A  da  Lei  nº  8.212/91,  na  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941/2009,  se  e  somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção  ao  princípio  da  retroatividade  benigna  prevista  no  art.  106,  II,  ‘c’,  do  CTN.  Vencidos  os  Conselheiros  MIRIAM  DENISE  XAVIER  LAZARINI  e  ANDRÉ  LUÍS  MÁRSICO  LOMBARDI.    André Luís Mársico Lombardi – Presidente de Turma.     Arlindo da Costa e Silva ­ Relator.    Theodoro Vicente Agostinho, Redator Designado.    Participaram da  sessão  de  julgamento  os Conselheiros: André Luís Mársico  Lombardi  (Presidente  de Turma), Maria Cleci Coti Martins,  Luciana Matos Pereira Barbosa,  Miriam Denise Xavier  Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd  Santana  Ferreira,  Theodoro  Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.      Fl. 19990DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.973          5    Relatório  Período de lançamento do débito: 01/01/2008 a 31/12/2008  Data de lavratura dos Autos de Infração: 01/03/2013  Data da ciência dos Autos de Infração: 08/03/2013    Tem­se em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de  1ª  Instância proferida pela DRJ em Belo Horizonte/MG que julgou procedente em parte a  impugnação  oferecida  pelo  sujeito  passivo  do  crédito  tributário  lançado  por  intermédio  dos  Autos  de  Infração  de  Obrigação  Principal  nº  37.351.985­0  e  37.351.986­9,  consistentes  em  contribuições  sociais  previdenciárias  a  cargo  da  empresa,  destinadas  ao  custeio da Seguridade Social,  ao  financiamento dos  benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos  ambientais  do  trabalho,  e  a Outras Entidades  e Fundos,  incidentes  sobre os valores pagos  a  segurados  empregados  a  título  de  participação  nos  lucros,  porém  pagos  em  desacordo  com  a  lei  específica  de  regência, Abono salarial pago em setembro/2009, cartão combustível, despesas de farmácia e reembolso  de  óculos  e  a  pessoas  físicas  que  prestaram  serviços  à  empresa  com  todos  os  requisitos  da  figura  do  segurado  empregado,  porém,  indevidamente  tidos  pela  empresa  como  segurados  contribuintes  empresários  de  pretensas  pessoas  jurídicas  contratadas,  conforme  descrito  no  relatório  fiscal  de  fls.  53/155.  De  acordo  com  a  Resenha  Fiscal,  as  obrigações  tributárias  exigidas  nos  Autos  de  Infração  de Obrigação  Principal  nº  37.351.985­0  e  37.351.986­9  tem  por  fatos  geradores  os  seguintes  Fatos Jurígenos Tributários:   ·  Abono  salarial  pago  em  setembro  de  2009  aos  empregados  da  filial  33.633.561/0005­00,  conforme  previsto  em  Convenção  Coletiva  de  Trabalho  2008/2009 celebrado entre SENGE/SC e a LEME;   ·  Cartão  ecx  combustível,  em  valores  fixos,  fornecidos  no  período  01/2008  a  01/2009, a Dejair Soares Porto e Carlos Roberto de Oliveira;   ·  PLR paga a segurados empregados em desacordo com a Lei nº 10.101/2000;   ·  Despesas  de  farmácia  e  reembolso  de  óculos  pagos  apenas  a  empregados  da  filial Florianópolis;   ·  Bolsas de estágio pagas sem o termo de compromisso no mês de competência  da prestação de serviços;  ·  Valores pagos a pessoas físicas que prestaram serviços à empresa com todos os  requisitos da figura do segurado empregado, porém, indevidamente tidos como  segurados contribuintes empresários de pretensas pessoas jurídicas contratadas.    Fl. 19991DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     6  Integra  ainda  o  presente  lançamento  o  crédito  tributário  lançado  por  intermédio  do  Auto  de  Infração  de  Obrigação  Acessória  nº  37.351.984­2,  Código  de  Fundamentação  Legal  nº  68,  lavrado em decorrência do descumprimento de obrigação acessória prevista no  inciso  IV do art. 32 da  Lei de Custeio da Seguridade Social.  CFL ­68  Apresentar  a  empresa  GFIP/GRFP  com  dados  não  correspondentes  aos  fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação  às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das  contribuições,  ou  do  valor  que  seria  devido  se  não  houvesse  isenção  (Entidade  Beneficente)  ou  substituição  (SIMPLES,  Clube  de  Futebol,  produção rural) – Art. 284, II na redação do Dec. 4.729, de 09/06/2003.    O  contribuinte  deixou  de  informar  nas GFIP  referentes  ao  período  de  apuração  suso  indicado  os  fatos  geradores  acima  descritos,  infringindo,  assim,  o  disposto  no  artigo  32,  IV  da  Lei  8.212/91, com redação dada pela Lei 9.528/97.     Irresignado  com  o  supracitado  lançamento  tributário,  o  Sujeito  Passivo  ofereceu  impugnação administrativa a fls. 8645/8650, 8673/8722 e 9286/9335.  A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG lavrou  Decisão  Administrativa  textualizada  no  Acórdão  nº  02­46.450  ­6ª  Turma  da  DRJ/BHE,  a  fls.  14916/14947,  julgando procedente em parte o lançamento tributário, para dele fazer excluir, somente e  tão  somente,  a  parcela  paga  a  título  de  abono  único,  na  competência  setembro/2009,  e  ratificando  o  crédito tributário remanescente na forma consignada no Discriminativo Analítico do Débito Retificado ­ DADR  a  fls.  14948/14981,  recalculando,  em  virtude  de  tal  exclusão,  a  penalidade  pecuniária  a  ser  aplicada mediante o Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.351.984­2.  O  Sujeito  Passivo  foi  cientificado  da  decisão  de  1ª  Instância  no  dia  22/08/2013,  conforme Aviso de Recebimento a fl. 14988.  Inconformado  com  a  decisão  exarada  pelo  órgão  administrativo  julgador  a  quo,  o  Sujeito  Passivo  interpôs  Recurso  Voluntário  a  fls.  14989/15052,  respaldando  sua  contrariedade  em  argumentação desenvolvida nos seguintes termos:   ·  Ilegalidade da caracterização dos sócios das empresas contratadas como empregados  da  Recorrente.  Aduz  que  a  desconsideração  da  personalidade  jurídica  dessas  empresas  ofende  ao  regime  de  tributação  instituído  pelo  art.  129  da  Lei  nº  11.196/2005;   ·  Ilegalidade do lançamento por vício substancial na composição da base de cálculo.  Aduz que o lançamento é nulo por ausência de fundamento legal do arbitramento;   ·  Inexistência de simulação e vínculo empregatício;   ·  Inexistência  de  subordinação.  As  pessoas  jurídicas  desempenham  os  trabalhos  contratados com independência e autonomia técnica;   ·  Inexistência de eventualidade (sic);   ·  Não  incidência  de  contribuição  previdenciária  sobre  os  valores  pagos  a  título  de  PLR;   Fl. 19992DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.974          7  ·  Não incidência de contribuição previdenciária sobre os vales­combustível fornecidos  em forma de cartão, uma vez que houve comprovação de despesas;   ·  Não incidência de contribuição previdenciária sobre reembolso de valores referentes  a  aquisição  de  óculos  e  ao  auxílio  farmácia,  pois  não  possuem  natureza  remuneratória;   ·  Não incidência de contribuição previdenciária sobre a bolsa de estágio;   ·  Que a multa moratória deve ser reduzida ao percentual de 20%;   ·  Invalidade de multa isolada pelo descumprimento de obrigação acessória;   ·  Erro  na  apuração  da  base  de  cálculo  no  mês  de  abril/2008  referente  ao  estabelecimento CNPJ nº 33.633.861/0001­87;     Ao fim, requer a desconstituição dos lançamentos tributários em questão.    O julgamento houve­se por convertido em diligência, para que a Autoridade Fazendária  se  pronunciasse  a  respeito  de  diferenças  de  base  de  cálculo  verificada  na  competência  04/2008,  no  estabelecimento CNPJ nº 33.633.561/0001­87, e sobre as  lacunas existentes na folha 54/432 do Anexo  CE  2008,  a  fl.  296,  conforme  Resolução  nº  2302­000.291  ­  3ª  Câmara  /  2ª  Turma  Ordinária,  a  fls.  19904/19909.  Em  atendimento  à  diligência  suso  mencionada,  o  Fisco  se  manifestou  a  fls.  19926/19950.  Devidamente cientificada do resultado da Diligência Fiscal em apreço, em 28/08/2014,  a Autuada se manifestou formalmente nos Autos a fls. 19954/19966.    Relatados sumariamente os fatos relevantes.  Fl. 19993DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     8    Voto Vencido  Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator.     1.   DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE   1.1.   DA TEMPESTIVIDADE  O  sujeito  passivo  foi  valida  e  eficazmente  cientificado  da  decisão  recorrida  em  22/08/2013. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 19/09/2013, há que se reconhecer a  tempestividade do recurso interposto.  Presentes  os  demais  requisitos  de  admissibilidade  do  Recurso  Voluntário,  dele  conheço.    2.   DAS PRELIMINARES  2.1.   DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA  Defende  o Recorrente  a  impossibilidade  de  se  desconsiderar  a  personalidade  jurídica  das empresas prestadoras de serviços intelectuais para fins tributários, sob pena de ofensa ao art. 129 da  Lei 11.196/05.  Mas  não  há  no  presente  lançamento  qualquer  procedimento  de  desconsideração  da  personalidade  jurídica  das  empresas  prestadoras  de  serviços.  De  maneira  alguma.  A  personalidade  jurídica de tais empresas permanece hígida, produzindo todos os efeitos que lhe são de estilo, tal como  no momento de sua constituição.  O  que  há,  de  fato,  no  presente  caso,  é  a  caracterização  da  condição  de  segurado  empregado  de  pessoas  físicas  laborando  para  a  empresa  autuada  sob  condições  reais  de  não  eventualidade,  pessoalidade,  subordinação  jurídica  e  onerosidade,  disfarçada  e  encoberta  por  um  falacioso formalismo de Pessoa Jurídica.    Não se deve olvidar que, tal qual no ramo do Direito do Trabalho, aplica­se igualmente  no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade dos fatos sobre a Forma Jurídica dos atos,  o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições efetivamente levadas a efeito  numa  determinada  relação  jurídica  e  as  forma  dos  atos  jurídicos  hipoteticamente  concebidos  em  seus  registros  e  idealizados  para  a  sua  execução,  prevalecerá  a  realidade  dos  fatos  em  detrimento  da  formalidade  dos  atos.  Havendo  discordância  entre  o  que  ocorre  na  prática  e  o  que  está  expresso  em  assentamentos públicos, documentos ou acordos, prevalecerá a realidade dos fatos. A pedra de toque não  é a qualificação contratual ou a concepção idealizada dos atos, mas a natureza das funções exercidas em  concreto.   No dizer de Américo Plá Rodrigues: “em matéria de trabalho importa o que ocorre na  prática, mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou expressa,  Fl. 19994DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.975          9  ou aquilo que conste  em documentos,  formulários e  instrumentos de controle. Ou seja, o princípio da  primazia  da  realidade  significa  que,  em  caso  de  discordância  entre  o  que  ocorre  na  prática  e  o  que  emerge de documentos ou acordos, deve­se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno  dos fatos”.  Em  trabalho  primoroso,  Mauricio  Godinho  Delgado  leciona  que  “No  Direito  do  Trabalho  deve­se  pesquisar,  preferentemente,  a  prática  concreta  efetivada  ao  longo  da  prestação  de  serviços,  independentemente da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva relação  jurídica.  A  prática  habitual  –  na  qualidade  de  uso  ­altera  o  contrato  pactuado,  gerando  direitos  e  obrigações  novos  às  partes  contratantes,  respeitada  a  fronteira  da  inalterabilidade  contratual  lesiva”  (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 2ª ed. São Paulo: LTr, 2003, p.207) .  No  caso  sub  examine,  o  auditor  fiscal  acusou  a  presença  ostensiva  dos  elementos  caracterizadores  da  relação  de  segurado  empregado,  consubstanciados  na  prestação  de  serviço  de  natureza  urbana  a  empresa,  em  caráter  intuitu  personae,  de  natureza  não  eventual,  sob  subordinação  jurídica do contratado pessoa física ao contratante e mediante remuneração pelos serviços prestados.  Nessa  esteira,  uma  vez  constatada  prestação  remunerada  de  serviços  à  empresa  por  pessoa  física  na  condição  de  segurado  empregado,  a  Fiscalização,  por  força  da  natureza  plenamente  vinculada  do  seu  dever  de  ofício,  e  com  fulcro  no  art.  37  da  Lei  de  Custeio  da  Seguridade  Social,  verificado  o  não­recolhimento  total  ou  parcial  das  contribuições  previdenciárias  decorrentes  de  tal  prestação laboral, lavrou o competente auto de infração ora em debate.  Assim,  com  fundamento no permissivo  encartado no Parágrafo Único do  art.  116 do  CTN, e mediante os procedimentos estabelecidos na Lei Ordinária nº 8.212/91, procederam os Auditores  Fiscais  à  desconsideração  substancial  dos  atos  ou  negócios  jurídicos  praticados  com  a  finalidade  de  dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação  tributária, mas não da personalidade jurídica das empresas prestadoras.   Anote­se  que  na  formalização  do  presente  lançamento,  houve­se  por  operada,  tão  somente,  a  desconsideração  substancial  dos  atos  simulados,  mas  não  a  desconstituição  formal  desses  atos,  os  quais  permanecem  produzindo  os  seus  efeitos  típicos  no  mundo  jurídico.  O  permissivo  estampado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN apenas desconsiderou, para fins exclusivamente de  constituição do crédito previdenciário, os efeitos  jurídicos dos atos  simulados, na seara previdenciária,  sem, no entanto, desconstituí­los.   Em  outras  palavras:  Apesar  de  os  contratos  de  prestação  de  serviços  haverem  sido  FORMALMENTE  celebrados  com  pessoas  jurídicas,  a  prestação  dos  serviços  contratados  se  deu  MATERIALMENTE sob os mantos  caracterizadores da  relação de  segurado empregado. Diante  desse  quadro,  a  norma  tributária  que  aflui  do  Parágrafo  Único  do  art.  116  do  CTN  opera  como  se,  juridicamente, tais contratos formais não produzissem os efeitos que lhe são típicos, exclusivamente, para  os fins da tributação previdenciária ora em debate, porém, mantendo­se hígidos,  todavia, para todos os  demais fins, inclusive para os fins da Lei nº 11.196/05.  Registre­se,  por  relevante,  que  a  administração  tributária  federal  não  se  encontra  jungida à obtenção prévia de declaração administrativa ou judicial definitiva de nulidade de atos jurídicos  simulados  como condição de procedibilidade para  a  tributação da  real  operação ocorrida,  visto que os  atos simulados são ineficazes perante o Fisco, conforme dessai do preceito inscrito no art. 118 do CTN:  Código Tributário Nacional ­CTN   Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo­se:  Fl. 19995DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     10  I  –  da  validade  jurídica  dos  atos  efetivamente  praticados  pelos  contribuintes,  responsáveis,  ou  terceiros,  bem  como  da  natureza  do  seu  objeto ou dos seus efeitos;   II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.    Por tais razões, para os fins exclusivos do presente lançamento, revela­se desnecessária  a desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços intelectuais. A situação  jurídica de tais empresas perante o Ordenamento Jurídico permanece inalterada, malgrado o lançamento  ora em debate.  O fundamento do lançamento em questão, reitere­se, assenta­se na efetiva existência de  vínculo  de  segurado  empregado  (Instituto  de  Direito  Previdenciário),  revelado  pela  constatação  da  presença de todos os elementos caracterizadores de tal qualificação jurídica previstos no inciso I do art.  12  da  Lei  nº  8.212/91,  circunstância  que  sujeita  a  Autuada  e  os  segurados  em  apreço  às  obrigações  previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social.  Não se deve olvidar que inexiste impedimento legal para que uma mesma pessoa física  seja sócia de uma empresa prestadora de serviços intelectuais e, concomitantemente, mantenha múltiplos  e  legítimos  vínculos  empregatícios  com  diversas  outras  empresas.  Decerto,  a  condição  de  segurado  empregado não exige exclusividade com a empresa sujeito passivo da obrigação tributária, de molde que  um  mesmo  trabalhador  pode  estar  vinculado  previdenciariamente,  nessa  condição,  a  duas  ou  mais  empresas, e ser segurado contribuinte individual em relação a uma outra empresa distinta da primeira, e  assim por diante ...  No caso, com fulcro no princípio da primazia da realidade sobre a forma, a Fiscalização  constatou  a  existência  de  vínculo material  de  segurado  empregado  entre  os  trabalhadores  em  tela  e  a  Autuada,  bem  como  a  ocorrência  de  fatos  geradores,  em  relação  aos  quais  não  houve  o  correto  recolhimento  das  contribuições  previdenciárias  correspondentes,  e  procedeu  ao  lançamento  das  contribuições  previdenciárias  decorrentes  desse  vínculo  previdenciário,  tudo  em  conformidade  com os  ditames legais, no exercício da atividade plenamente vinculada que lhe é típica, sem promover qualquer  vínculo  trabalhista  (Instituto  de Direito  do  Trabalho)  entre  os  trabalhadores  em  tela  e  a Autuada,  ora  Recorrente.  Por  tais  razões,  rejeito  a preliminar de desconsideração da personalidade  jurídica das  empresas prestadoras de serviços.    Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito.    3.   DO MÉRITO  Cumpre  de  plano  assentar  que  não  serão  objeto  de  apreciação  por  este  Colegiado  as  matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras,  assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas  pelo  sujeito passivo  em  seu  instrumento de Recurso Voluntário,  as quais  se presumirão  como  anuídas  pela Parte.  Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de  fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu  Fl. 19996DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.976          11  louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por  este  Conselho,  assim  como  as  questões  arguidas  exclusivamente  nesta  instância  recursal,  antes  não  oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª  Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do  Decreto nº 70.235/72.    3.1.  DA CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO   O Recorrente alega inexistência de simulação e de vínculo empregatício, assim como a  inexistência de subordinação, uma vez que as pessoas  jurídicas desempenham os  trabalhos contratados  com independência e autonomia técnica.  Sem razão, contudo.    Argumenta, igualmente, a inexistência de eventualidade (sic).  Aqui,  com  razão.  Não  há  eventualidade.  Os  serviços  prestados  tinham  natureza  não  eventual.  Em  primeiro  lugar,  há  que  se  deixar  claro  que  o  presente  caso  não  trata  da  caracterização de vínculo empregatício (instituto de Direito do Trabalho), mas, sim, da caracterização da  condição de segurado empregado (instituto de Direito Previdenciário) e do lançamento das contribuições  previdenciárias  devidas  pela  empresa  em  decorrência  da  prestação  remunerada  de  serviços  por  tais  trabalhadores à Autuada.  Muito  embora  semelhantes  em  alguns  pequenos  aspectos,  as  legislações  trabalhista  e  previdenciária não se confundem. Tendo como assentada  tal premissa,  fácil é perceber que o segurado  obrigatório do Regime Geral de Previdência Social ­RGPS qualificado com “segurado empregado” não  é  aquele  definido  no  art.  3º  da  Consolidação  das  Leis  do  Trabalho  ­CLT,  mas,  sim,  a  pessoa  física  especificamente  conceituada para  fins previdenciários no  inciso  I do art.  12 da Lei nº 8.212, de 24 de  julho de 1991, em seguimentos rememorados a seguir para facilitar a compreensão da questão posta em  debate.  Consolidação das Leis do Trabalho ­CLT   Art. 3º Considera­se empregado toda pessoa física que prestar serviços de  natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante  salário.  Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à  condição  de  trabalhador,  nem  entre  o  trabalho  intelectual,  técnico  e  manual.    Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  12.  São  segurados  obrigatórios  da  Previdência  Social  as  seguintes  pessoas físicas:   I ­ como empregado:   a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em  caráter  não  eventual,  sob  sua  subordinação  e  mediante  remuneração,  inclusive como diretor empregado;  Fl. 19997DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     12  b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em  legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória  de  substituição  de  pessoal  regular  e  permanente  ou  a  acréscimo  extraordinário de serviços de outras empresas;  c)  o  brasileiro  ou  estrangeiro  domiciliado  e  contratado  no  Brasil  para  trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no  exterior;   d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição  consular  de  carreira  estrangeira  e  a  órgãos  a  ela  subordinados,  ou  a  membros  dessas  missões  e  repartições,  excluídos  o  não  brasileiro  sem  residência  permanente  no Brasil  e  o  brasileiro  amparado  pela  legislação  previdenciária  do  país  da  respectiva  missão  diplomática  ou  repartição  consular;  e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos  oficiais  brasileiros  ou  internacionais  dos  quais  o  Brasil  seja  membro  efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma  da legislação vigente do país do domicílio;   f)  o  brasileiro  ou  estrangeiro  domiciliado  e  contratado  no  Brasil  para  trabalhar  como  empregado  em  empresa  domiciliada  no  exterior,  cuja  maioria  do  capital  votante  pertença  a  empresa  brasileira  de  capital  nacional;   g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo  com  a  União,  Autarquias,  inclusive  em  regime  especial,  e  Fundações  Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° 8.647, de 13.4.93)   i)  o  empregado  de  organismo  oficial  internacional  ou  estrangeiro  em  funcionamento  no  Brasil,  salvo  quando  coberto  por  regime  próprio  de  previdência social; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).  j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que  não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº  10.887, de 2004).    II  ­  como  empregado  doméstico:  aquele  que  presta  serviço  de  natureza  contínua  a  pessoa  ou  família,  no  âmbito  residencial  desta,  em  atividades  sem fins lucrativos;    Olhando  com  os  olhos  de  ver,  avulta  que  os  conceitos  de  “empregado”  e  “segurado  empregado”  presentes  nas  legislações  trabalhista  e  previdenciária,  respectivamente,  são  plenamente  distintos.  Esta  qualifica  como  “segurado  empregado”  não  somente  os  trabalhadores  tipificados  como  “empregados”  na  CLT,  mas,  também,  outras  categorias  de  laboristas.  De  outro  eito,  determinadas  categorias  de  trabalhadores  tidas  como  “empregados”  pela  CLT  podem  não  ser  qualificadas  como  segurados empregados para os fins colimados pela lei de custeio da Seguridade Social.  Exemplo emblemático do que acabamos de expor é o caso dos empregados domésticos.  Malgrado  este  trabalhador  seja  qualificado  como  empregado  pela  Consolidação  Laboral,  para  a  Seguridade Social,  tal segurado não  integra a categoria de “segurado empregado”, art. 12,  I da Lei nº  8.212/91, mas,  sim,  a de  “segurado empregado doméstico”, art.  12,  II  da Lei nº 8.212/91, uma classe  absolutamente distinta da de “segurado empregado”, com regras de tributação distintas e completamente  diversas daquelas aplicáveis aos “segurados empregados”.  Fl. 19998DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.977          13  Dessarte, mostra­se irrelevante para fins de custeio da seguridade social o conceito de  “empregado”  estampado na Consolidação das Leis do Trabalho. Prevalecerá,  sempre,  para  tais  fins,  a  conformação dos segurados obrigatórios abrigada nos incisos do art. 12 da Lei nº 8.212/91.  Portanto,  para  os  fins  do  custeio  da  Seguridade  Social,  serão  qualificados  como  segurados empregados, e nessa qualidade se subordinando empregador e segurados às normas encartadas  na Lei nº 8.212/91, as pessoas físicas que prestarem serviços de natureza urbana ou rural à empresa, aqui  incluídos os órgãos públicos por  força do art. 15 da Lei nº 8.212/91, em caráter não eventual,  sob sua  subordinação jurídica e mediante remuneração.  Conforme já salientado anteriormente, vigora no Direito Previdenciário o Princípio da  Primazia da Realidade sobre a Forma, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das  condições ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a  realidade  dos  fatos.  Havendo  discordância  entre  o  que  ocorre  na  prática  e  o  que  está  expresso  em  assentamentos públicos,  documentos ou  acordos,  prevalece a  realidade dos  fatos. O que  conta não é a  qualificação contratual, mas a natureza das funções exercidas em concreto.   No  caso  sub  examine,  o  auditor  fiscal  acusou  a  presença  ostensiva  dos  elementos  caracterizadores  da  relação  de  segurado  empregado  (reitere­se,  não  a  de  vínculo  empregatício,  que  é  irrelevante  ao  caso),  consubstanciados  na  prestação  de  serviço  de  natureza  urbana  ao  Recorrente,  em  caráter  não  eventual,  sob  subordinação  jurídica  do  contratado  pessoa  física  ao  contratante  e mediante  remuneração.  O episódio em pauta é um caso típico de relação jurídica conhecida no mercado pelo  neologismo  “pejotização”  (sem  qualquer  viés  pejorativo),  em  que  profissionais  especializados  são  levados  a  constituir  pessoas  jurídicas  para  prestar  serviços  a  empresas,  não  numa  relação  formal  de  pessoa jurídica x pessoa jurídica, mas substancialmente mediante uma relação fática em estão presentes a  pessoalidade, a não eventualidade do serviço, a subordinação jurídica e, obviamente, a onerosidade.  Na  estrutura  de  tal  mecanismo,  formalmente  a  empresa  contrata  uma  outra  pessoa  jurídica, porém, na realidade dos fatos, quem efetivamente presta o serviço remunerado é o “pejotizado”,  isto é, a pessoa física do sócio da pessoa jurídica artificialmente contratada, de maneira não eventual, sob  subordinação jurídica e em caráter intuitu personae.  A  não  eventualidade  encontra­se  patente  no  prolongado  período  em  que  os  obreiros  prestaram  serviços  ao Recorrente,  sendo  que  alguns  contratos  são  assinados  por  prazo  indeterminado,  combinado  com  a  espécie  de  serviços  prestados,  os  quais  são  inerentes  ao  atuar  típico  da  empresa  Autuada.   Pode­se  perceber  a  não  eventualidade,  ainda,  no  elevado  volume  de  operações  contínuas  e  de  rotina,  originárias  desta  relação  entre  a  Leme  e  seus  contratados  PJ,  comprovadas  em  diversos contratos acostados por amostragem nos diversos anexos ao Relatório Fiscal.  Ademais,  a  sindicância  da  não  eventualidade  se  apura  mais  em  razão  da  atividade  realizada pelo tomador do que pelo prazo de vigência do contrato. Nessas circunstâncias, sendo o serviço  contratado  uma  necessidade  contínua  da  empresa,  eis  que  inerente  à  sua  atividade  econômica,  ou  essencial  ao  desempenho  satisfatório  do  objeto  social  da  pessoa  jurídica,  caracterizada  estará  a  não  eventualidade do serviço, independentemente do prazo em que cada serviço seja contratado.  No  caso  em  litígio,  a  não  eventualidade  diz  espeito  à  contratação  de  serviços  relacionados com a atividade fim da Autuada e à natureza do trabalho desenvolvido pelo profissional em  Fl. 19999DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     14  relação à natureza do trabalho a que a Autuada se propõe executar em favor de seus clientes, bem como à  necessidade permanente dessas categorias de profissionais especializados para a realização de seu objeto  social.   É  importante  destacar  que  a  Leme  Engenharia  Ltda  tem  por  objeto  a  prestação  de  serviços de engenharia consultiva, compreendendo a atividade de consultoria; a elaboração de estudos e  projetos; o gerenciamento de projetos; o gerenciamento de obras e o gerenciamento de empreendimentos.   Os  contratados  PJ  caracterizados  como  segurados  empregados  pela  Fiscalização  inserem­se na dinâmica regular da Leme, que necessita do trabalho por eles desempenhado para atender  às múltiplas demandas inerentes ao seu objetivo social e aos contratos celebrados com os seus clientes.   O próprio Recorrente reconhece que inexiste eventualidade.  O  quadro  a  fls.  58/59  relacionado  os  contratos  vigentes  no  período  do  procedimento  fiscal  nos  quais  a  Leme  Engenharia  atua,  estando  especificados  a  descrição  sumária  dos  serviços  contratados, os tomadores dos serviços, os períodos de vigência e os valores do contrato.  Avulta  da  estrutura  de  cargos  e  salários  da  empresa,  detalhada  no  Catálogo  de  Remuneração  e  Cargos,  a  fl.  57,  que  as  atividades  desenvolvidas  pelos  profissionais  denominados  informalmente  no  mercado  como  “Pejotizados”,  assim  entendidos  os  profissionais  pessoas  físicas  indevidamente  contratados  como Pessoas  Jurídicas,  se  enquadram perfeitamente nos níveis  da  carreira  técnica  apresentada  pela  Leme  Engenharia  Ltda,  sendo  inviável  o  seu  funcionamento  regular  sem  os  mencionados trabalhadores, circunstância que denota a natureza não eventual dos serviços contratados.  A Fiscalização apurou e demonstrou que diversos profissionais com vínculo societário,  que  prestam  serviços  através  de  pessoas  jurídicas,  exercem  funções  na  estrutura  hierárquica  da  Leme  Engenharia,  conforme  quadro  demonstrativo  a  fls.  61/63,  que  os  arrola  nominalmente  por  cargo  e  respectiva pessoa jurídica contratada.  A  pessoalidade  tem  sua  caracterização  realçada  no  fato  de  as  pessoas  jurídicas  contratadas atuarem, unicamente, por intermédio das pessoas físicas dos seus sócios.  A pessoalidade se revela notória pela presença de “Pejotizados” exercendo funções na  estrutura organizacional da Leme Engenharia, conforme arrolado no discriminativo a fls. 61/63, onde a  Fiscalização  selecionou,  exemplificativamente,  mais  de  35  empresas  PJ  em  que  seus  sócios  administradores  integram o quadro da estrutura da Autuada, sendo que a relação completa, contendo a  descrição dos cargos/funções por eles exercidos e,  inclusive, os nomes dos profissionais e seu superior  imediato, consistem em anexo a este processo, e, podem ser identificados pela empresa que emitiram as  notas fiscais e pelos títulos das funções/cargos exercidos.  O atributo da pessoalidade, bem como o da onerosidade, é reforçado pela constatação  de que profissionais contratados através de pessoas jurídicas recebem pagamentos a título de participação  nos  lucros  e  resultados  da  empresa,  conforme  quadro  demonstrativo  a  fls.  63/66,  extraído  da  conta  contábil  2.1.08.08.000001  –  “PARTICIPACAO  RESULTADOS  GERAL  ­ANO  ANTERIOR”,  que  revela  que  os  pagamentos  se  deram  no mesmo  período  e  nos  mesmos  percentuais  pagos  aos  demais  empregados da Autuada, cabendo ressaltar que a rubrica em questão é inerente à prestação de serviços  mediante vínculo empregatício, consoante se extrai dos termos estatuídos na Lei nº 10.101/2000.  A Fiscalização apurou e demonstrou que diversos profissionais com vínculo societário,  que  prestam  serviços  através  de  pessoas  jurídicas,  exercem  funções  na  estrutura  hierárquica  da  Leme  Engenharia,  conforme  quadro  demonstrativo  a  fls.  61/63,  que  os  arrola  nominalmente  por  cargo  e  respectiva pessoa jurídica contratada.  Fl. 20000DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.978          15  De  acordo  com  as  informações  fornecidas  pela  Leme  Engenharia  à  Associação  Brasileira de Consultores de Engenharia, em 15/06/2012, a empresa conta em seu quadro com pessoal,  com vínculo societário (Pejotizados) e empregatício, com 372 técnicos de nível superior, 324 técnicos de  nível médio, 37 funcionários administrativos, perfazendo um total de 733 trabalhadores. Tal informação  evidencia que a Autuada declara à Associação Brasileira de Consultores de Engenharia os Pejotizados  como  profissionais  integrantes  do  seu  quadro  técnico,  fato  que  revela  que  a  Autuada  não  contrata  a  pessoa jurídica, mas, sim, o profissional pessoa física sócio da pessoa jurídica.  As  provas  dos  autos  revelam  que  a  prestação  dos  serviços  pelos  “Pejotizados”  à  Autuada ostenta natureza intuitu personae, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de  convicção  que  possa  desaguar  na  ilação  de  que  tais  trabalhadores,  ao  seu  alvedrio  único,  exclusivo  e  próprio,  e  sem qualquer  ingerência  da  empresa  autuada,  pudessem  se  fazer  substituir,  na  execução  do  serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação.   No caso em tela, observa­se que as Pessoas Jurídicas Prestadoras de Serviços  foram  constituídas,  em  regra,  sem  estrutura  operacional  e  sem  empregados,  e  contratados  pela  Autuada  exclusivamente para atender, por intermédio dos próprios sócios e de acordo com as suas especialidades  técnicas,  às  necessidades  específicas  dos  serviços  contratados  pela  Leme  Engenharia  perante  seus  clientes, circunstância que caracteriza a pessoalidade na relação entre os “Pejotizados” e a Recorrente.  Corrobora,  insofismavelmente,  a  natureza  intuitu  personae  dos  serviços  pactuados,  a  circunstância  de  os  contratos  conterem  cláusulas  e  anexos  onde  constam,  expressamente,  o  nome  do  profissional credenciado para a prestação dos serviços contratados. Ora, se os serviços fossem prestados  por  pessoa  jurídica,  o  foco  nuclear  do  contrato  seria  a  prestação  do  serviço  de  per  se  considerado,  independentemente do profissional que o iria executar.  As  provas  dos  autos  não  deixam  dúvida  de  que  os  serviços  executados  pelos  “Pejotizados”  não  são  prestados  em  favor  direto  da  Autuada, mas,  sim,  aos  clientes  da  Autuada,  no  cumprimento  dos  contratos  com  terceiros  por  ela  pactuados,  contingência  que  revela  a  alteralidade  na  prestação de tais serviços pelos “Pejotizados”, quintessência supralegal dos atributos caracterizadores da  relação jurídica de segurado empregado. Estes, ao prestarem seus serviços aos clientes da Recorrente, o  fazem não em seu nome, mas em nome da Autuada.  Avulta  das  circunstâncias  do  caso  que  o  risco  da  atividade  econômica  é  integral  da  Leme  Engenharia  que,  além  do  encargo  de  captar  no  mercado  propostas  para  a  prestação  dos  seus  serviços de engenharia consultiva, contrata e remunera trabalhadores “Pejotizados” para a prestação de  tais  serviços  aos  seus  clientes,  e  assume  toda  a  responsabilidade  perante  estes  terceiros  pelos  serviços  prestados,  respondendo  tais  trabalhadores,  quando  muito,  de  maneira  regressiva,  e  tão  somente  nas  hipóteses  em  que  atuarem  com  dolo  ou  culpa,  como  sói  ocorrer  nas  típicas  relações  jurídicas  patrão­ empregado.  Dessarte, também sob esse prisma, a condição de empregador da Leme Engenharia se  revela emblemática, eis que o art. 2º da CLT qualifica com empregador a empresa individual ou coletiva  que,  assumindo  os  riscos  da  atividade  econômica,  admite,  assalaria  e  dirige  a  prestação  pessoal  de  serviço.  No que pertine  à  subordinação,  esta  tem que ser  averiguada  em seu  aspecto  jurídico,  não  apenas  no  hierárquico  ou  técnico. O  conceito  geral  de  subordinação  foi  elaborado  levando­se  em  consideração  a  evolução  social  do  trabalho,  com  sua  consequente  democratização,  passando  da  escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade das partes.  Fl. 20001DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     16  Sob  tal  prisma,  revela­se  inconteste que a  subordinação  jurídica  é  intrínseca a  toda  a  prestação remunerada de serviços por pessoa física, seja a empresas, seja a outras pessoas físicas.   A subordinação jurídica configura­se como o elemento da relação contratual na qual a  pessoa  física  contratada  sujeita  o  exercício  de  suas  atividades  laborais  à  vontade  do  contratante,  em  contrapartida à  remuneração paga por este àquele.  Irradia de maneira nítida da subordinação  jurídica a  identificação de quem manda e de quem obedece; de quem remunera e de quem é remunerado, de quem  determina  o  que  fazer,  como,  quando  e  quanto  e  de  quem  executa  o  serviço  de  acordo  com  o  parametrizado.  Podemos  identificar no conceito de subordinação  jurídica duas vestes de uma mesma  nudez: De um lado,  figura a  faculdade do contratante de utilizar­se da força de  trabalho do contratado  pessoa  física  como um  dos  fatores  da  produção,  sempre  no  interesse  do  empreendimento  cujos  riscos  assumiu,  e  do  outro,  a  obrigação  do  empregado  de  sujeitar  a  execução  do  seu  serviço  à  direção  do  empregador,  no  poder  de  ordenar  o  que  fazer  e  como  fazê­lo,  dentro  dos  fins  a  que  este  se  propõe  a  alcançar, em contrapartida à remuneração que irá auferir.  Para Gomes  e  Gottschalk  (in Curso  de  direito  do  trabalho,  Rio  de  Janeiro,  Forense,  2005, pag. 134),  “todo contrato gera o que denomina de  estado de  subordinação do empregado, pois  este deve sujeitar­se aos critérios diretivos do empregador, suas disposições quanto ao tempo, modo e  lugar da prestação do trabalho, bem como aos métodos de execução e modalidade próprios da empresa,  da indústria e do comércio”.  À  vista  dos  ensinamentos  colhidos  na  melhor  doutrina,  vislumbra­se  que  a  subordinação jurídica conforma­se como um estado de sujeição em que se coloca o trabalhador, por sua  livre e espontânea vontade, diante do empregador, em virtude de um contrato de  trabalho pelo qual ao  contratante é dado o poder de dirigir a força de trabalho do empregado, seja manual ou intelectual, em  troca de uma contraprestação remuneratória.  Dessarte,  havendo  prestação  remunerada  de  serviços  por  pessoa  física,  por  mais  autonomia  que  tenha  o  contratado  na  condução  do  serviço  a  ser  prestado,  presente  sempre  estará,  em  menor ou maior grau, a subordinação jurídica do contratado ao contratante.   Não procede  a  alegação  de  inexistência de  subordinação  pelo  fato  de  as  pessoas  dos  sócios  desempenharem  os  trabalhos  para  os  quais  foram  contratados  com  independência  e  autonomia  técnica.   Ora ... se a DHL Express contrata, mediante vínculo formal de emprego, o ex­piloto de  Fórmula  1  Nelson  Piquet  para  realizar  as  entregas  das  mercadorias  mais  valiosas  encomendadas  à  empresa, irá o Recorrente dizer que não há subordinação, e consequentemente relação de emprego, pelo  fato  de  o  renomado  piloto  desempenhar  os  trabalhos  para  o  qual  foi  contratado  com  independência  e  autonomia técnica ?  Por óbvio que há subordinação. A subordinação é jurídica e não técnica !   Com  efeito,  o  Tricampeão mundial  tem  que  prestar  o  seu  serviço  de  acordo  com  as  diretrizes,  prazos  e  condições  estabelecidos no  contrato de  trabalho. Tanto  assim, que se o Piquet não  atender  aos  prazos,  ou  desrespeitar  as  normas  de  trânsito  e  os  limites  de  velocidade  na  condução  do  veículo de entrega, a DHL pode demiti­lo por justa causa, por insubordinação, contratando em seu lugar  o Rubinho.    Fl. 20002DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.979          17  No  caso  ora  em  apreciação,  os  profissionais  “Pejotizados”  são  contratados  pela  Autuada para a prestação de serviços de engenharia diretamente aos clientes da Leme Engenharia e em  nome desta, devendo cumprir rigorosamente os termos pactuados no contrato celebrado entre a Leme e o  Cliente da vez. Exsurge de tal situação que o profissional contratado deve observância estrita àquilo que  a Leme pactuou com o seu cliente.  Nessa  vertente,  mesmo  que  eventualmente  possa  existir  alguma  flexibilidade  na  realização do serviço, este já se encontra delimitado pelas condições de contorno pactuadas pela Autuada  e  seus  clientes,  circunstância  que  denota,  insofismavelmente,  a  subordinação  do  Contratado  PJ  às  determinações  e  vontade  da  Leme  Engenharia.  Dessarte,  mesmo  que  o  “Pejotizado”  venha  a  propor  modificações no projeto ou no serviço a  ser prestado ao cliente da Autuada e  tais modificações  sejam  efetivamente acatadas, estas dependem da anuência prévia da Recorrente e de seu respectivo cliente.   No caso em pauta, a Fiscalização arrolou a fls. 66/149 extenso e minucioso relatório no  qual  descreve,  de  maneira  detalhada,  em  cada  contrato  de  profissionais  mediante  pessoa  jurídica,  os  elementos  de  convicção  que  corroboram  a  presença  marcante  e  ostensiva  de  todos  os  atributos  conformadores da relação de segurado empregado.  Revela­se  assim,  uma  vez  mais,  o  atributo  da  alteralidade,  na  medida  em  que,  na  realidade dos fatos, o “Pejotizado” não atua em nome próprio, mas, sim, como  longa manus da Leme  Engenharia.  Não se extrai das provas e circunstâncias do caso qualquer indício de que as pretensas  pessoas  jurídicas  prestadoras  de  serviços  possuíssem  de  per  se  os  meios  financeiros  e  materiais  necessários e  indispensáveis para a realização dos serviços que lhes eram confiados. Tudo dependia da  Leme Engenharia.  Não  foram  juntados  ao  processo  documentos  que  comprovassem  que  as  supostas  pessoas jurídicas realmente existissem, e que não se tratavam de simples “empresas de fachada”. Não há  provas de que  as  supostas pessoas  jurídicas  tivessem sede própria  e capital,  secretária, papel,  conta de  luz, água,  independência  financeira, prestação de serviços a variados clientes, etc, etc.. Aliás, quanto a  este último aspecto (prestação de serviços a vários clientes), avulta o fato de a maioria das notas fiscais  constantes  dos  autos,  emitidas  pelas  supostas  prestadoras  de  serviços,  terem  numeração  sequencial  apontando para prestação de serviços exclusivos ao Recorrente.    Como visto, a subordinação se revela às escancaras com o tomador em foco, que detém  todo o poder de chefia, de comando de como, o quê, quando, onde e quanto do serviço será executado,  além do poder de controle sobre o serviço realizado.   As circunstâncias e as provas acostadas pela Fiscalização aos autos bem demonstram o  modus operandi da Organização em tela. A Leme Engenharia celebra contrato de prestação de serviços  de  engenharia  consultiva  com  algum  cliente  captado  no  mercado  e  necessita  contratar  profissional  especializado para a efetiva execução do serviço contratado. Busca no mercado de trabalho o profissional  que melhor atende às suas necessidades, mas só o contrata se for na condição de pessoa jurídica. Diante  de tal quadro, ou o profissional se ajusta ao requerido e cria sua própria pessoa jurídica, atuando sozinho  ou  em  conjunto  com  algum  sócio  na  mesma  condição,  ou  se  sujeita  a  permanecer  no  ostracismo  no  mercado de trabalho.  Fl. 20003DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     18  A Fiscalização apurou que os ”Profissionais PJ” possuem em comum características  que deixam claro que as  respectivas pessoas  jurídicas  foram criadas, ou adaptadas mediante alterações  contratuais, para atenderem ao modelo de contratação de empregados implementado pela Leme.   Os contratados como ”Profissionais PJ” são, na verdade, profissionais pessoas físicas  que,  em  caráter  não  eventual,  executam  pessoalmente  os  trabalhos  contratados,  visando  a  atender  as  atividades  normais  da  Autuada,  relacionadas  diretamente  com  os  fins  do  empreendimento  econômico  desta, tendo que atender a todos os comandos e controles empreendidos pela Contratante.  A  onerosidade,  por  derradeiro,  foi  apurada  diretamente  dos  valores  pagos  através  de  notas fiscais de prestação de serviços, emitidas pelas pessoas jurídicas nas quais participam como sócios  administradores  ou  apenas  como  sócios  os  profissionais  pessoas  físicas  contratados  pela  Autuada,  corroborados  pelos  valores  de  remuneração  consignados  nos  contratos  de  prestação  de  serviços  correspondentes.  A  apuração  do  salário  de  contribuição  das  pessoas  físicas  ora  consideradas  como  segurados empregados, se deu por aferição indireta, com base nos valores das Notas Fiscais, com esteio  no preceito inscrito nos §§ 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212/91.  Não  procede  a  alegação  de  que  os  valores  pagos  mensalmente  às  pessoas  jurídicas  consultoras  varia  consideravelmente,  o  que  descaracteriza  a  relação  empregatícia  pretendida  pela  Fiscalização.  ...  e  desde  quando  exige  a  lei  que  todos  os  empregados  de  uma  empresa  têm  que  receber a mesma remuneração pela prestação de serviços diferentes ??? O que caracteriza a  relação de  segurado empregado é a prestação remunerada de serviços por pessoa física à empresa, sob o manto da  pessoalidade,  não  eventualidade  e  subordinação,  independentemente  de  quanto  seja  a  remuneração  auferida, sendo irrelevante a variabilidade dos salários auferidos pelos empregados.   Nesse panorama, muito embora os assentamentos contratuais  formais  apontem para a  celebração  de  contrato  de  prestação  de  serviços  com  pessoas  jurídicas,  as  condições  reais  em  que  os  serviços  contratados  foram  efetivamente  prestados  ao  Recorrente  subsumem­se  à  hipótese  genérica  e  abstrata  das  de  segurado  empregado  estabelecida  no  inciso  I  do  art.  12  da  Lei  nº  8.212/91,  eis  que  presentes todos os ingredientes atávicos à receita típica de segurado empregado.  Ante tal quadratura, a fiscalização constatou a existência dos elementos qualificadores  da citada condição de segurado empregados existente entre o Recorrente e as pessoas físicas dos sócios  das pessoas jurídicas contratadas, importando na submissão de contratante e prestador de serviços, estes  na  qualidade  de  segurado  empregado,  às  obrigações  fixadas  na  aludida Lei  de Custeio  da Seguridade  Social.   A  atuação  fiscal  acima  abordada  encontra  lastro  jurídico  nas  disposições  inscritas  no  Parágrafo  Único  do  art.  116  do  Código  Tributário  Nacional,  que  confere  à  Autoridade  Notificante  a  competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a  ocorrência do fato gerador tributário ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.  Código Tributário Nacional ­ CTN   Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera­se ocorrido o fato  gerador e existentes os seus efeitos:  I ­ tratando­se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem  as  circunstâncias  materiais  necessárias  a  que  produza  os  efeitos  que  normalmente lhe são próprios;  II  ­  tratando­se  de  situação  jurídica,  desde  o  momento  em  que  esteja  definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.  Fl. 20004DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.980          19  Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou  negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência  do  fato  gerador  do  tributo  ou  a  natureza  dos  elementos  constitutivos  da  obrigação  tributária,  observados  os  procedimentos  a  serem  estabelecidos  em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)    Merece ser destacado que a jurisprudência do STJ não nega auto aplicabilidade à norma  antielisiva  assentada  no  Parágrafo  Único  do  art.  116  do  CTN,  conforme  se  depreende  dos  seguintes  julgados, de cujas ementas, transcrevemos os excertos a seguir:  “AREsp 323.808­SC  Rel. Min. Humberto Martins  DJe: 27/05/2013    EMENTA:  PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO  CTN.  INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. AUTO­APLICABILIDADE.  AUSÊNCIA  DE  PREQUESTIONAMENTO.  SÚMULA  211/STJ.  NÃO­ ALEGAÇÃO  DE  VIOLAÇÃO  DO  ART.  535  DO  CPC.  AGRAVO  CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.    [...]  O  caso  da  empresa  de  vigilância  é  perfeitamente  análogo:  as  câmaras  são  parte  do  equipamento  que  é  utilizado  pela  sociedade Patrimonial  Segurança  Ltda. para a prestação do serviço de segurança, que é a sua atividade fim. As  filmadoras  ou  sensores  de movimento  que  sejam  instaladas  na  residência  do  contratante ­ sem que este as adquira ­ integram o custo do serviço. (situação  diversa ocorreria se houvesse venda dos bens, caso em que a transferência de  titularidade  do  bem  ensejaria  a  incidência  do  ICMS.  Não  e,  entretanto,  o  caso).  Ao  destacar  do  valor  do  serviço  uma  quantia  correspondente  a  aluguel  dos  bens  utilizados,  a  apelada  incorreu  em  prática  coibida  pelo  artigo  116,  parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que dispõe:  “A  autoridade  administrativa  poderá  desconsiderar  atos  ou  negócios  jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato  gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação  tributária,  observados  os  procedimentos  a  serem  estabelecidos  em  lei  ordinária”.    Com  razão,  assim,  a  Procuradoria  do  Município,  ao  afirmar  que:  "A  obrigação  da  apelada  consiste  em  prestar  um  serviço  de  vigilância,  uma  obrigação de fazer portanto, sendo a denominação de 'locação de equipamento  eletrônico' dada pela apelada uma  forma de dissimular a ocorrência do  fato  gerador, que é a prestação do serviço" (fl. 217).  Nesse  contexto,  merece  acolhida  o  recurso  para  se  julgar  improcedente  a  demanda.  [...]"    Fl. 20005DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     20  No mesmo  sentido, o Agravo Regimental  no RECURSO ESPECIAL Nº 1.070.292 –  RS, da Relatoria do Ministro Humberto Martins:     AgRg no REsp 1.070.292 ­ RS  Rel. Min. Humberto Martins  DJe: 23/11/2010    EMENTA:   TRIBUTÁRIO.  COMPLEMENTAÇÃO  DE  APOSENTADORIA  VINCENDA.  PERCEPÇÃO  PAGA  MEDIANTE  TRANSAÇÃO  EM  DEMANDA  TRABALHISTA.  VERBA  DE  NATUREZA  NÃO  INDENIZATÓRIA.  INCIDÊNCIA  DE  IMPOSTO  DE  RENDA.  POSSIBILIDADE.  AGRAVO  REGIMENTAL PROVIDO.    [...]    Note­se  que  o  montante  pago  teve  por  fim  o  cumprimento  de  prestações  vincendas, ou seja, a partir de agosto de 1996. Isto deve ser frisado para que  não se invoque a isenção anteriormente prevista no artigo 6º da Lei 7.713/88,  mas que foi revogada pela Lei 9.250/95. Cabe, ainda, asseverar que o tópico  do  acordo,  afirmando  a  natureza  indenizatória  do  montante  pago,  nenhum  efeito  opera  para  o  fisco. O  reconhecimento  da  natureza  indenizatória  de  determinada verba se impõe quando for possível constatar que aquela visava  à recomposição de uma perda patrimonial, e não pela mera denominação de  indenizatória  (parágrafo  único  do  artigo  116  do  CTN:  A  autoridade  administrativa  poderá  desconsiderar  atos  ou  negócios  jurídicos  praticados  com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a  natureza dos elementos  constitutivos da obrigação  tributária,  observados os  procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária).   Trata­se, no caso, de aplicação da Teoria da Interpretação Econômica do Fato  Gerador. A hipótese dos autos  caracteriza a aquisição de disponibilidade de  renda, assim entendido o produto do trabalho, nos exatos termos do art. 43 do  CTN. Bem por isso, tal verba está sujeita à incidência de imposto de renda.   [...]    Ainda, nesse sentido, REsp nº 1.363.920 ­ SC ­ Rel. Min. Og Fernandes, DJe: 24/10/2013.    Por outro viés, ainda que se admita que o preceito instalado no Parágrafo Único do art.  116  do CTN  demande  regulamentação  procedimental  via  lei  ordinária,  nada  impede  que  se  recorra  a  procedimentos já previstos em leis ordinárias já integrantes do Ordenamento Jurídico Pátrio. Trata­se da  realização  de  um  princípio  jurídico,  consistente  na  recepção  de  leis  já  vigentes  e  eficazes,  bastante  consagrado  no Ordenamento  Pátrio, máxime  no  ramo  do Direito  Tributário,  que  permite  que  uma  lei  ordinária em sua origem seja recepcionada com status de Lei Complementar, uma vez que suas normas,  por  força  da  CF/88,  só  possam  ser  revogadas  ou  alteradas  mediante  um  Diploma  Normativo  dessa  natureza.  A  realização  do  princípio  da Recepção  das  Leis  permite  a  convivência  de  normas jurídicas vigentes no Ordenamento Jurídico anterior com o Direito Positivo atual, desde que  com este  guardem perfeita  harmonia.  Por este princípio,  todas as  leis do Direito anterior que não se  Fl. 20006DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.981          21  chocam com o Direito atual são por este Direito recepcionadas, eliminando­se, assim, a necessidade  de  se  regular  por  inteiro  toda  a  estrutura  legislativa.  Seria,  em  verdade,  ilógico  que  leis  anteriores,  cujo conteúdo permanece inalterado em face da nova Ordem Jurídica, tivessem que ser recriadas para  continuarem a estabelecer normas jurídicas de conduta da Sociedade.  Pela ótica de tal princípio, quando se cria uma nova estrutura normativa, o conjunto de  normas jurídicas pré­existente, no que não conflite materialmente com o Direito Anterior, permanece em  vigor  e  produzindo  os  efeitos  que  lhe  são  típicos,  sendo  automaticamente  aceita  a  pela  nova  Ordem  Jurídica,  qualquer  que  tenha  sido  o  processo  de  sua  elaboração  originária,  desde  que  conforme  ao  previsto na época de sua elaboração, pois, não o sendo, a invalidade já teria atingido a legislação pretérita  desde o seu nascedouro.   A  consagração  de  tal  princípio  jurídico  na  seara  tributária  encontra  amparo  na  Jurisprudência  dos  Tribunais  Superiores,  mormente  no  Superior  Tribunal  de  Justiça,  conforme  se  depreende dos seguintes julgados:  REsp nº 1.427.949 ­ SC   Rel. Min. Mauro Campbell Marques  DJe: 02/04/2014    EMENTA:  PROCESSUAL  CIVIL.  TRIBUTÁRIO.  VIOLAÇÃO  AO  ART.  535,  DO  CPC.  ALEGAÇÕES  GENÉRICAS.  SÚMULA  N.  284/STF.  PARCELAMENTO. REFIS. EXCLUSÃO. SIMULAÇÃO. EMPRESA INATIVA.  PARCELA ÍNFIMA. ART. 5º, II E XI, DA LEI N. 9.964/2000. FUNDAMENTO  SUFICIENTE  INATACADO  (SÚMULA  Nº  283/STF).  AUSÊNCIA  DE  PREQUESTIONAMENTO  (SÚMULA  N.  282/STF).  IMPOSSIBILIDADE  DE  REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICA (SÚMULA Nº 7/STJ). RECURSO ESPECIAL  A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. ART. 557, CAPUT, CPC.    DECISÃO   [...]  Em outras palavras, a simulação da existência das empresas foi ato de abuso  de  direito,  e,  destarte,  plenamente  válidos  e  legais  os  atos  de  exclusão  do  REFIS e CNPJ, com fulcro no art. 5º, XI, da Lei nº 9.964/2000, e o art. 81 da  Lei nº 9.430/1996.  Lícito o procedimento de inativação do CNPJ das empresas, por força do art.  81 da Lei nº 9.964/2000, in verbis (e­STJ fls.9734/9739):    Ao contrário do que defende a autora, a declaração de inaptidão do CNPJ foi  fundamentado  no  artigo  80  e  81  da  Lei  nº  9.430,  de  1996,  diante  de  inexistência  de  fato,  e  não  no  artigo  116,  parágrafo  único,  do  Código  Tributário Nacional.  Além  de  diversos  aspectos  fáticos  e  concretos  a  seguir  analisados,  a  Administração  Tributária  fundamentou  a  inaptidão  também  na  existência  de  simulação (art. 167 do Código Civil), mas, destaco:  não somente na simulação.  [...]  Ainda  que  se  considere  que,  no  caso  concreto,  incidiria  o  artigo  116,  parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que, por sua vez, remete a  procedimentos estabelecidos em lei ordinária, tais procedimentos (relativos à  declaração de inaptidão) já se encontram previstos nos próprios artigos 81 e  82, ambos da Lei nº 9.430/96, c/c o artigo 5º da Lei nº 5.614, de 5 de outubro  de 1970, e a Instrução Normativa nº 568, de 8 de setembro de 2005.  [...]   Fl. 20007DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     22  (grifos nossos)     No mesmo sentido, REsp nº 1.427.233/SC, DJe de 01/04/2014.    No  caso  em  estudo,  mediante  os  procedimentos  estabelecidos  na  Lei  Ordinária  nº  8.212/91, foram desconsiderados substancialmente os atos ou negócios jurídicos praticados pelos atores  do esquema acima descortinado, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador  do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.  Nesse quadro, a lei ordinária nº 8.212/91 qualifica como segurado empregado a pessoa  física  que  presta  serviço  de  natureza  urbana  ou  rural  à  empresa,  em  caráter  não  eventual,  sob  sua  subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado, e como segurado contribuinte  individual, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou  mais empresas, sem relação de emprego.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  12.  São  segurados  obrigatórios  da  Previdência  Social  as  seguintes  pessoas físicas:   I ­ como empregado:   a) aquele  que  presta  serviço  de  natureza  urbana ou  rural  à  empresa,  em  caráter  não  eventual,  sob  sua  subordinação  e  mediante  remuneração,  inclusive como diretor empregado;  b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em  legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória  de  substituição  de  pessoal  regular  e  permanente  ou  a  acréscimo  extraordinário de serviços de outras empresas;  (...)    V ­ como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99).  (...)  g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a  uma  ou  mais  empresas,  sem  relação  de  emprego;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.876/99).  (...)    O mesmo Diploma Legal acima invocado estabelece obrigações tributárias principal e  acessórias  às  empresas,  decorrentes  da  prestação  de  serviços  que  lhe  forem  fornecidos  por  segurados  empregados e por segurados contribuintes individuais, assim dispondo:   Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,  além do disposto no art. 23, é de:   I  ­  vinte  por  cento  sobre  o  total  das  remunerações  pagas,  devidas  ou  creditadas a qualquer  título,  durante o mês,  aos  segurados  empregados e  trabalhadores  avulsos  que  lhe  prestem  serviços,  destinadas  a  retribuir  o  trabalho, qualquer que  seja a  sua  forma,  inclusive as gorjetas,  os ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes  de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços  efetivamente  prestados,  quer  pelo  tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da  Fl. 20008DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.982          23  lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho  ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99).  II ­ para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº  8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de  incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do  trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer  do  mês,  aos  segurados  empregados  e  trabalhadores  avulsos:  (Redação  dada pela Lei nº 9.732/98).  a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o  risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;   b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante  esse risco seja considerado médio;   c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante  esse risco seja considerado grave.   III ­ vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a  qualquer  título,  no  decorrer  do  mês,  aos  segurados  contribuintes  individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876/99).     No  que  pertine  a  procedimentos  e  competências,  o  art.  33  da  Lei  de  Custeio  da  Seguridade  Social  outorgou  à  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  a  competência  para  planejar,  executar,  acompanhar  e  avaliar  as  atividades  relativas  à  tributação,  à  fiscalização,  à  arrecadação,  à  cobrança  e  ao  recolhimento  das  contribuições  sociais  previdenciárias,  das  contribuições  incidentes  a  título de substituição e das devidas a outras entidades e  fundos, atribuindo aos  seus auditores  fiscais a  prerrogativa  de  examinar  a  contabilidade  das  empresas,  ficando  obrigados  a  prestar  todos  os  esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das  contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  33.  À  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  compete  planejar,  executar,  acompanhar  e  avaliar  as  atividades  relativas  à  tributação,  à  fiscalização,  à  arrecadação,  à  cobrança  e  ao  recolhimento  das  contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das  contribuições  incidentes  a  título  de  substituição  e  das  devidas  a  outras  entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009).  §1o  É  prerrogativa  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil,  por  intermédio dos Auditores­Fiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da  contabilidade  das  empresas,  ficando  obrigados  a  prestar  todos  os  esclarecimentos  e  informações  solicitados  o  segurado  e  os  terceiros  responsáveis  pelo  recolhimento  das  contribuições  previdenciárias  e  das  contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei  nº 11.941/2009).  §2o  A  empresa,  o  segurado  da  Previdência  Social,  o  serventuário  da  Justiça,  o  síndico  ou  seu  representante,  o  comissário  e  o  liquidante  de  empresa  em  liquidação  judicial  ou  extrajudicial  são  obrigados  a  exibir  todos os documentos e  livros  relacionados com as contribuições previstas  nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).  §3o  Ocorrendo  recusa  ou  sonegação  de  qualquer  documento  ou  informação,  ou  sua  apresentação  deficiente,  a  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  pode,  sem  prejuízo  da  penalidade  cabível,  lançar  de  ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009).  Fl. 20009DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     24  §4o  Na  falta  de  prova  regular  e  formalizada  pelo  sujeito  passivo,  o  montante  dos  salários  pagos  pela  execução  de  obra  de  construção  civil  pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional  à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da  Receita  Federal  do  Brasil,  cabendo  ao  proprietário,  dono  da  obra,  condômino  da  unidade  imobiliária  ou  empresa  corresponsável  o  ônus  da  prova em contrário. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009).  §5º O desconto  de  contribuição  e  de  consignação  legalmente  autorizadas  sempre  se  presume  feito  oportuna  e  regularmente  pela  empresa  a  isso  obrigada,  não  lhe  sendo  lícito  alegar  omissão  para  se  eximir  do  recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou  de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei.   §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento  da  empresa,  a  fiscalização  constatar  que  a  contabilidade  não  registra  o  movimento  real  de  remuneração  dos  segurados  a  seu  serviço,  do  faturamento  e  do  lucro,  serão  apuradas,  por  aferição  indireta,  as  contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em  contrário.   §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de  débito,  auto­de­infração,  confissão  ou  documento  declaratório  de  valores  devidos  e  não  recolhidos  apresentado  pelo  contribuinte.  (Parágrafo  acrescentado pela Lei nº 9.528/97).     Ainda em relação a procedimentos, o art. 37 da lei ordinária ora em realce estatuiu o  poder/dever da fiscalização de  lavrar ex officio a competente notificação de débito, com discriminação  clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se  referem, sempre  que constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  37.  Constatado  o  atraso  total  ou  parcial  no  recolhimento  de  contribuições  tratadas  nesta  Lei,  ou  em  caso  de  falta  de  pagamento  de  benefício  reembolsado,  a  fiscalização  lavrará  notificação  de  débito,  com  discriminação  clara  e  precisa  dos  fatos  geradores,  das  contribuições  devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento.  §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo  de  15  (quinze)  dias  para  apresentar  defesa,  observado  o  disposto  em  regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98).   §2º  Por  ocasião  da  notificação  de  débito  ou,  quando  for  o  caso,  da  inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social ­ INSS, a  fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito  passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no  que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de  10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98).     Conforme  assinalado  no  Parágrafo  Único  do  art.  116  do  CTN,  é  prerrogativa  da  autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de  dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação  tributária. Para o mesmo norte aponta a regra trabalhista fixada no art. 9º do Decreto­Lei nº 5.452, de 1º  de maio de 1943 – CLT ao dispor que “Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de  desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. Tratam­se  de normas  antielisivas,  visando ao  combate  à  fraude à  lei,  com  fundamento no primado da  substância  sobre a forma.  Fl. 20010DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.983          25  A desconsideração do ato ou do negócio jurídico praticado visa apenas a reaproximar a  qualificação  jurídica,  do  verdadeiro  conteúdo  material  do  ato  decorrente  do  desenho  da  hipótese  de  incidência. Assim, a norma antielisiva mune a administração tributária com o poder/dever de proceder à  requalificação jurídica formal da relação, fazendo­a coincidir com a realidade substancial.  Investido  em  tal  poder,  o  Fisco  pode  prescindir  das  aparências  do  ato  simulado  e  determinar a obrigação tributária segundo a realidade oculta, sem necessidade de declarar a nulidade do  ato jurídico aparente.  Diante  da  pletora  probatória  acostada  aos  autos,  firma­se  a  convicção  quanto  à  real  situação  dos  trabalhadores  mencionados,  os  quais  se  ajustam  taylor  made  à  categoria  de  segurado  empregado, visto que presentes todos os pressupostos elencados no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91,  circunstância que deságua,  como consequência  inafastável,  na observância compulsória das normas de  custeio inscritas no supracitado diploma legal.   Dessarte,  conforme  determinado  no  art.  37  do mesmo  Pergaminho  Legal  aludido  no  parágrafo precedente, constatado o não recolhimento total ou parcial das contribuições tratadas na Lei de  Custeio da Seguridade Social, a fiscalização tem por dever de ofício, plenamente vinculado, que lavrar o  competente Auto de Infração de Obrigação Principal, como assim sucedeu­se no caso presente.  As  constatações  empreendidas  in  loco  pela  Fiscalização  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do Brasil  não  deixam  dúvidas: A  contratação  fraudulenta  de  profissionais  especializados  pela  Leme Engenharia  para  a  execução,  em  nome  desta,  das  obrigações  pactuadas  em  contrato  perante  os  clientes da Leme, no desenvolvimento da atividade fim desta.   A fraude se dava pela criação de Pessoas Jurídicas (PJ) pelos trabalhadores, de maneira  a mascarar a relação previdenciária de segurado empregado, mediante a celebração de contratos civis de  prestação  de  serviços  técnicos  pelos  sócios  das  citadas  pessoas  jurídicas,  restando  presentes,  todavia,  todos  os  pressupostos  de  fato  e  de Direito  caracterizadores  do  vínculo  previdenciário  na  condição  de  segurado  empregado,  com  trabalho  executado  de  maneira  não  eventual,  por  pessoa  física,  com  pessoalidade, subordinação e onerosidade.  Nas últimas duas décadas, passou­se a observar neste País, uma tendência, capitaneada  por  grandes  empresas,  máxime  as  de  comunicação  e  as  de  consultoria  técnica,  de  se  exigir  que  seus  empregados  se  transformem  em  empresa  individual  ou  pessoa  jurídica  para  contratá­los  como  prestadores  de  serviços,  com  o  fito  de  esquivar­se  do  recolhimento  de  encargos  trabalhistas  e  previdenciários, sob o rótulo de “planejamento tributário”. Nessa nova arquitetura, o ex empregado, ao  constituir  sua  própria  empresa  individual  ou  pessoa  jurídica  e,  nessa  condição,  assim  ser  contratado,  deixa  de  ser  empregado  da  contratante  e  passa  a  ser  um  mero  prestador  de  serviços,  mas  continua  cumprindo horário, recebendo ordens e exercendo as mesmas atividades de antes, nas dependências do  contratante ou nas de terceiros. O mesmo ocorre com os demais trabalhadores disponíveis no mercado.  Como consequência  imediata dessa mudança de  status  (de pessoa física e empregado  para pessoa jurídica e prestador de serviços), o trabalhador assim contratado perde os direitos trabalhistas  e  previdenciários  assentados  na CLT  e  na  Lei  nº  8.213/91,  respectivamente,  enquanto  que  a  empresa  contratante, por seu turno, além de poder contar com a prestação ininterrupta de serviços pelos 12 meses  do ano ­pessoa  jurídica não  tem direito a férias  ­,  se exclui dos encargos  trabalhistas e previdenciários  inerentes à relação de emprego e à condição de segurado empregado.  Fl. 20011DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     26  A fiscalização Trabalhista,  em sua atividade de  rotina, ao  se deparar com semelhante  burla  à  legislação do  trabalho,  tem a  competência de promover  ex officio  a  desconstituição da  aludida  irregularidade, com fulcro nos artigos 3º e 9º da CLT, restaurando­se o statu quo ante.   De forma semelhante, mas vinho de outra pipa, a fiscalização previdenciária, diante de  situação concreta nas circunstâncias acima delineadas, com esteio no princípio da Primazia da Realidade,  identificando  estarem  presentes  os  elementos  caracterizadores  da  condição  de  segurado  empregado,  impõe  a  incidência  dos  preceitos  estatuídos  na  Lei  nº  8.212/91  associados  a  tal  condição,  desconsiderando,  para  fins meramente  tributários,  o  contrato  formal  celebrado  pelo  contratante  com  a  pessoa  jurídica  prestadora  de  serviços,  fazendo  prevalecer,  repise­se,  para  fins  unicamente  previdenciários, os efeitos da condição de segurado empregado verificada no caso concreto.  A atuação fiscal acima abordada encontra lastro jurídico nas disposições encaixadas no  Parágrafo  Único  do  art.  116  do  Código  Tributário  Nacional,  que  confere  à  Autoridade  Notificante  a  competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a  ocorrência do fato gerador tributário.   Código Tributário Nacional ­CTN   Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera­se ocorrido o fato  gerador e existentes os seus efeitos:  I  ­  tratando­se  de  situação  de  fato,  desde  o  momento  em  que  o  se  verifiquem  as  circunstâncias  materiais  necessárias  a  que  produza  os  efeitos que normalmente lhe são próprios; (grifos nossos)   II  ­  tratando­se  de  situação  jurídica,  desde  o  momento  em  que  esteja  definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.  Parágrafo  único. A autoridade  administrativa  poderá  desconsiderar  atos  ou  negócios  jurídicos  praticados  com  a  finalidade  de  dissimular  a  ocorrência  do  fato  gerador  do  tributo  ou  a  natureza  dos  elementos  constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem  estabelecidos em lei ordinária. (grifos nossos)     O  desvirtuamento  dos  direitos  trabalhistas  e  previdenciários  tratado  nos  parágrafos  precedentes ganhou notoriedade na mídia com a celeuma que cercou a, assim denominada, Emenda 3, a  qual,  se  aprovada,  impediria  a  fiscalização do Trabalho de  coibir  situações  fraudulentas desse  jaez,  na  medida em que tal atribuição passaria a ser da competência exclusiva da Justiça do Trabalho, a qual, por  seu turno, exige como condição sine qua non a provocação do prejudicado, diga­se, o trabalhador.   Nesse contexto, o trabalhador, agora prestador de serviço pessoa jurídica, dificilmente  irá questionar semelhante transgressão nos Tribunais Trabalhistas, eis que, ao buscar o acessório, incorre  no risco de perder o principal ­o trabalho.  As  conclusões  pautadas  nos  parágrafos  precedentes  não  discrepam  das  vigílias  assentadas  no  Enunciado  nº  331  do  Tribunal  Superior  do  Trabalho,  o  qual  impõe,  na  contratação  de  trabalhadores  por  interposta  pessoa,  o  estabelecimento  de  vínculo  do  obreiro  diretamente  com  o  contratante, tomador dos serviços.  Enunciado nº 331 do TST  Contrato de Prestação de Serviços ­ Legalidade  I  ­  A  contratação  de  trabalhadores  por  empresa  interposta  é  ilegal,  formando­se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no  caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). (grifos nossos)   Fl. 20012DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.984          27  II  ­ A contratação irregular de  trabalhador, mediante empresa  interposta,  não  gera  vínculo  de  emprego  com  os  órgãos  da  administração  pública  direta,  indireta  ou  fundacional  (art.  37,  II,  da  CF/1988).  (Revisão  do  Enunciado nº 256 ­ TST)  III  ­  Não  forma  vínculo  de  emprego  com  o  tomador  a  contratação  de  serviços  de  vigilância  (Lei  nº  7.102,  de  20­06­1983),  de  conservação  e  limpeza,  bem  como  a  de  serviços  especializados  ligados  à  atividade­meio  do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.  IV  ­  O  inadimplemento  das  obrigações  trabalhistas,  por  parte  do  empregador,  implica  a  responsabilidade  subsidiária  do  tomador  dos  serviços,  quanto  àquelas  obrigações,  inclusive  quanto  aos  órgãos  da  administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas  públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado  da  relação processual e  constem também do  título  executivo  judicial  (art.  71  da  Lei  nº  8.666,  de  21.06.1993).  (Alterado  pela  Res.  96/2000,  DJ  18.09.2000)    Encontram­se presentes, portanto, os elementos essenciais caracterizadores da condição  de  segurado  empregado  insculpidos  no  art.  12,  I  da  Lei  nº  8.212/91,  fato  que  deságua,  como  consequência inafastável, na observância das normas de custeio inscritas no supracitado diploma legal.  Nesse  cenário,  dúvidas  não  mais  existem  de  que  o  Recorrente  se  utilizou  de  formas  irregulares  de  contratação de profissionais, quiçá para esquivar­se dos rigores dos encargos tributários e trabalhistas.  Com efeito, nada impede que um trabalhador mantenha, concomitantemente, múltiplos  e  legítimos  vínculos  empregatícios  com  diversas  empresas,  sem  que  isso  represente  qualquer  irregularidade.  A  condição  de  segurado  empregado  não  exige  exclusividade  com  o  empresa  sujeito  passivo  da  obrigação  tributária,  de  molde  que  um  mesmo  trabalhador  pode  estar  vinculado  previdenciariamente, nessa condição, a duas ou mais empresas, ou ser operar como segurado contribuinte  individual em relação a outra distinta da primeira, e assim por diante ...  Registre­se,  por  relevante,  que o  lançamento das  contribuições  sociais ora  em  exame  não tem o condão de estabelecer qualquer vínculo empregatício entre os trabalhadores em destaque e a  empresa  recorrente. Tampouco detém o  auditor  fiscal  notificante  competência  para  tanto. A questão  é  meramente  tributária  não  irradiando  qualquer  espécie  de  efeito  sobre  a  esfera  trabalhista  da  empresa  notificada.   A fiscalização  tão somente constatou a ocorrência de fatos geradores,  em relação aos  quais  não  houve  o  correto  recolhimento  das  contribuições  previdenciárias  correspondentes,  e,  em  conformidade com os ditames  legais, no  exercício da atividade plenamente vinculada que  lhe é  típica,  procedeu  ao  lançamento  das  exações  devidas  pelo  Sujeito  Passivo,  sem  promover  qualquer  vínculo  trabalhista entre os trabalhadores e o Recorrente.    Assentado que os serviços prestados à Autuada pelos profissionais “Pejotizados” ora  em  debate  se  deu  com  a  presença  ostensiva  de  todos  os  elementos  caracterizadores  da  condição  de  segurado empregado previstos no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, revela­se obrigatória, em relação  a tais segurados, a observância de todas as obrigações previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social,  tanto pela empresa como pelos segurados em questão.  Fl. 20013DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     28  Nessa vertente,  o  art.  32 da  citada  lei  de  custeio da Seguridade Social  estatuiu  como  obrigação  acessória  da  empresa  o  lançamento mensal,  em  títulos  próprios  da  contabilidade,  de  forma  descriminada,  de  todos  os  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  o  montante  das  quantias  descontadas dos segurados, as contribuições a cargo da empresa, bem como os totais por esta recolhidos.  Impôs também ao sujeito passivo o dever instrumental de elaborar folhas de pagamento  das remunerações pagas ou creditadas a  todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e  normas estabelecidos pela legislação tributária.   Além disso,  determinou que o  contribuinte  informasse, mensamente, mediante GFIP,  todos  os  dados  relacionados  a  todos  os  fatos  geradores  de  contribuição  previdenciária,  e  outras  informações do interesse do INSS.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 32. A empresa é também obrigada a:   I ­preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a  todos  os  segurados  a  seu  serviço,  de  acordo  com  os  padrões  e  normas  estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social;   II ­lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma  discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das  quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;   (...)  IV­informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social­INSS, por  intermédio  de  documento  a  ser  definido  em  regulamento,  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuição  previdenciária  e  outras  informações  de  interesse  do  INSS.  (Inciso  acrescentado  pela  Lei  nº  9.528/97)    No que pertine à elaboração das folhas de pagamento, ouvimos em alto e bom som das  normas assentadas no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, que a folha  de pagamento deve ser elaborada mensalmente, de forma coletiva por estabelecimento da empresa, por  obra  de  construção  civil  e  por  tomador  de  serviços,  com  a  correspondente  totalização,  devendo,  necessariamente,  discriminar  o  nome  dos  segurados,  indicando  cargo,  função  ou  serviço  prestado;  agrupar  os  segurados  por  categoria,  assim  entendido:  segurado  empregado,  trabalhador  avulso,  contribuinte  individual;  destacar  o  nome  das  seguradas  em  gozo  de  salário­maternidade;  destacar  as  parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais e indicar o número de quotas  de salário­família atribuídas a cada segurado empregado ou trabalhador avulso.  No que toca à GFIP, exige a lei que em tal documento sejam declarados mensamente  pelo  empregador,  dentre  outras  informações,  os  dados  cadastrais  do  empregador/contribuinte,  dos  trabalhadores  e  tomadores/obras;  as Bases de  incidência do FGTS e das  contribuições previdenciárias,  compreendendo o total das remunerações dos trabalhadores, a comercialização da produção, a receita de  espetáculos  desportivos/patrocínio,  o  pagamento  a  cooperativa  de  trabalho,  a  movimentação  de  trabalhadores  (afastamentos  e  retornos),  salário­família  e  salário­maternidade,  compensação  de  contribuições previdenciárias, assim como retenção de 11% sobre nota fiscal/fatura, exposição a agentes  nocivos/múltiplos vínculos, valor da contribuição do segurado, nas situações em que não for calculado  pelo SEFIP  (múltiplos vínculos/múltiplas  fontes,  trabalhador avulso), valor das  faturas emitidas para o  tomador, dentre tantas outras previstas no Manual da GFIP.    Fl. 20014DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.985          29  De outro canto, mas ária de outra ópera, a lei ordena que sejam lançados mensalmente  em  títulos  próprios  da  contabilidade,  de  forma  discriminada,  todos  os  fatos  geradores  de  todas  as  contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos.  Mostra­se auspicioso destacar que a contabilidade  tem como uma de suas  finalidades  assegurar  o  controle  do  patrimônio  e  fornecer  as  informações  sobre  a  composição  e  variações  patrimoniais, bem como o resultado das atividades econômicas envolvidas, visando a atender, de forma  uniforme,  às  exigências  das  leis  e  regulamentos  dos  órgãos  públicos.  Na  atualidade  ela  cumpre,  igualmente, o papel de instrumento gerencial, que se utiliza de um sistema de informações para registrar  as  operações  da  organização,  elaborar  e  interpretar  relatórios  que mensurem  os  resultados,  e  fornecer  informações necessárias à tomada de decisões no processo de gestão, planejamento, execução e controle.  Contudo, a razão maior para a uniformização dos princípios gerais da contabilidade é a  configuração de um sistema de  informações  tributárias,  através do qual o  fisco possa  sindicar os  fatos  geradores  ocorridos  e  apurar  os  tributos  devidos,  fiscalizar  a  regularidade  do  seu  recolhimento,  para,  assim, traçar as diretrizes da política tributária.  Registre­se, por relevante, que os registros contábeis devem ser feitos de modo preciso,  com  esteio  em  documentação  idônea,  a  qual  deve  ser  conservada  em  ordem,  enquanto  não  prescritas  eventuais ações que lhes sejam pertinentes, bem como a escrituração, correspondência e demais papéis  relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar  sua situação patrimonial, a teor do art. 4º do Decreto­Lei nº 486, de 3 de março de 1969.   Engana­se  aquele  que  acredita  serem  os  livros  contábeis  exigíveis  apenas  pela  legislação  comercial.  A  legislação  Tributária  é  aquela  que  mais  impõe  modulações  e  padrões  aos  lançamentos contábeis e à estruturação e  formalização dos  livros, não sendo por outro motivo  também  conhecidos  como  “Livros  Fiscais”.  No  tocante  à  escrituração  contábil,  a  não  observância  das  formalidades  exigidas  pela  legislação  tributária  sujeita  o  contribuinte  ao  pagamento  de  penalidades  pecuniárias a lhe serem impostas mediante o competente Auto de Infração.  No  âmbito  das  contribuições  sociais  previdenciárias,  a  Lei  nº  8.212/91  atribuiu  à  fiscalização previdenciária a prerrogativa de examinar toda a contabilidade da empresa, não podendo lhe  ser oposta qualquer disposição legal excludente ou limitativa do direito de examinar os livros, arquivos,  documentos ou papéis comerciais ou fiscais.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  33. Ao  Instituto Nacional do Seguro Social –  INSS compete arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas alíneas  a,  b  e  c  do  parágrafo  único  do  art.  11,  bem como as  contribuições  incidentes  a  título  de  substituição;  e  à  Secretaria  da  Receita  Federal  –  SRF  compete  arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas  alíneas  ‘d’  e  ‘e’  do  parágrafo  único  do  art.  11,  cabendo  a  ambos  os  órgãos,  na  esfera  de  sua  competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas  legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001).    §1º  É  prerrogativa  do  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social­INSS  e  do  Departamento  da  Receita  Federal­DRF  o  exame  da  contabilidade  da  empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do  Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos  os esclarecimentos e informações solicitados. (grifos nossos)   Fl. 20015DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     30  §2º  A  empresa,  o  servidor  de  órgãos  públicos  da  administração  direta  e  indireta,  o  segurado  da  Previdência  Social,  o  serventuário  da  Justiça,  o  síndico  ou  seu  representante,  o  comissário  e  o  liquidante  de  empresa  em  liquidação  judicial  ou  extrajudicial  são  obrigados  a  exibir  todos  os  documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei.  §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação,  ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social­INSS e  o Departamento da Receita Federal­DRF podem, sem prejuízo da penalidade  cabível,  inscrever  de  ofício  importância  que  reputarem  devida,  cabendo  à  empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário.  (...)  §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da  empresa,  a  fiscalização  constatar  que  a  contabilidade  não  registra  o  movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e  do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente  devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.   (...)    Saliente­se que as diretivas ora enunciadas não discrepam dos mandamentos encartados  no Código Tributário Nacional ­CTN, cujo art. 195 aponta, inflexivelmente, para o mesmo norte.  Código Tributário Nacional ­CTN   Art.  195.  Para  os  efeitos  da  legislação  tributária,  não  têm  aplicação  quaisquer  disposições  legais  excludentes  ou  limitativas  do  direito  de  examinar  mercadorias,  livros,  arquivos,  documentos,  papéis  e  efeitos  comerciais  ou  fiscais,  dos  comerciantes  industriais  ou  produtores,  ou  da  obrigação destes de exibi­los.  Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e  os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que  ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que  se refiram.    Avulta nesse panorama que  as prestações  adjetivas ordenadas na  legislação  tributária  têm por finalidade precípua permitir à fiscalização a sindicância ágil, segura e integral dos fatos jurígenos  tributários  ocorridos  nas  dependências  jurídicas  do  sujeito  passivo,  motivo  pelo  qual  se  exige  que  a  escrituração seja:  a)  Mensal, em razão do critério de apuração das contribuições previdenciárias ser por  competência.  b)  Em  títulos  próprios,  que  propicie  uma  fácil  e  rápida  identificação  pelos  agentes  fiscais  das  contas  contábeis  onde  se  encontram  registrados  os  fatos  geradores  de  contribuições previdenciárias.  c)  De forma discriminada, de molde a se identificar as rubricas integrantes da base de  incidência das contribuições previdenciárias, eis que, a cada uma delas corresponde  uma alíquota própria a ser empregada no cômputo da contribuição devida.  d)  Que  individualize  o  montante  das  quantias  descontadas  dos  segurados,  as  contribuições  a  cargo  da  empresa,  bem  como  os  totais  por  esta  recolhidos,  de  maneira que a fiscalização possa verificar a correcção das importâncias descontadas  Fl. 20016DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.986          31  dos segurados e os montantes a cargo destes e os devidos pela empresa vertidos aos  cofres públicos.    Não  é  demasia  enaltecer  que  a  elaboração  de  folha de  pagamento  nos moldes  acima  descritos, a declaração em GFIP de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias e o registro  dessas  informações  na  contabilidade  não  se  configuram  faculdades  da  empresa, mas,  sim,  obrigações  tributárias  acessórias  a  ela  imposta  diretamente,  com  a  força  de  império  da  lei  formal,  gerada  nas  Conchas Opostas do Congresso Nacional, segundo o trâmite gestacional plasmado nos artigos 61 a 69 da  nossa Lei Soberana.  Não  se  deve  perder  de  vista,  igualmente,  que  as  folhas  de  pagamento,  a  GFIP  e  os  livros  contábeis  equiparam­se  a  documentos  públicos  e  que  o  seu  preenchimento  com  informações  incorretas  ou  omissas  constitui­se  crime  de  falsidade  ideológica,  na  forma  prevista  no Decreto­Lei  nº  2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal Brasileiro.  Decreto­Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal  Falsificação de documento público  Art.  297  ­  Falsificar,  no  todo  ou  em  parte,  documento  público,  ou  alterar  documento público verdadeiro:  Pena ­ reclusão, de dois a seis anos, e multa.  §1º ­ Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo­se do  cargo, aumenta­se a pena de sexta parte.  §2º ­ Para os efeitos penais, equiparam­se a documento público o emanado  de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as  ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.  (grifos nossos)   §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei  nº 9.983/2000)  I  ­  na  folha  de  pagamento  ou  em  documento  de  informações  que  seja  destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua  a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000)  II  ­  na  Carteira  de  Trabalho  e  Previdência  Social  do  empregado  ou  em  documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração  falsa  ou  diversa  da  que  deveria  ter  sido  escrita;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000)  III ­ em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado  com  as  obrigações  da  empresa  perante  a  previdência  social,  declaração  falsa  ou  diversa  da  que  deveria  ter  constado.  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000) (grifos nossos)   §4º Nas mesmas penas  incorre quem omite, nos documentos mencionados  no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência  do  contrato  de  trabalho  ou  de  prestação  de  serviços.  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000) (grifos nossos)     Falsidade ideológica  Art. 299 ­ Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele  devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da  que  devia  ser  escrita,  com  o  fim  de  prejudicar  direito,  criar  obrigação  ou  alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (grifos nossos)   Fl. 20017DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     32  Pena  ­  reclusão, de um a cinco anos, e multa,  se o documento  é público, e  reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.  Parágrafo  único  ­  Se  o  agente  é  funcionário  público,  e  comete  o  crime  prevalecendo­se  do  cargo,  ou  se  a  falsificação  ou  alteração  é  de  assentamento de registro civil, aumenta­se a pena de sexta parte.    Com efeito, a estrutura normativa dos tributos em geral aponta no sentido de que a sua  base  de  cálculo,  em  princípio,  deve  ser  apurada  com  base  em  documentos  do  Sujeito  Passivo  que  registrem,  de  forma  precisa,  os  montantes  pecuniários  correspondentes  a  cada  hipótese  de  incidência  prevista nas leis de regência correspondentes. Para tanto, no caso das contribuições previdenciárias, exige  o  art.  32  da  Lei  de  Custeio  da  Seguridade  Social  que  a  empresa,  mensalmente,  elabore  folhas  de  pagamento,  lance  em  títulos  próprios  de  sua  contabilidade  todos  os  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  informe  ao  Fisco  Federal,  mediante  GFIP,  todos  os  citados  fatos  geradores  e  outras  informações de interesse do INSS, etc.  Excepcionalmente,  nas  ocasiões  em  que  o  conhecimento  fiel  dos  fatos  geradores  ocorridos  na  empresa,  pelo  exame  dos  documentos  acima  referidos,  não  for  viável,  o  ordenamento  jurídico admite o emprego meios indiretos para a apuração da base de cálculo das contribuições sociais  devidas.  No  caso  em  exame,  dentre  muitas  outras  irregularidades  apontadas,  a  Fiscalização  constatou que a empresa autuada não incluiu nas suas folhas de pagamento todas as remunerações pagas  ou  creditadas  a  todos  os  segurados  a  seu  serviço;  não  lançou, mês  a mês,  em  títulos  próprios  de  sua  contabilidade, de forma discriminada, todos os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias,  tampouco  declarou  nas  GFIP  correspondentes  todos  os  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuição previdenciária ocorridos sob sua responsabilidade tributária, porquanto não se houveram por  considerados os segurados empregados da Recorrente, por esta  irregularmente contratadas sob o manto  formal de pessoa jurídica.  De  outro  canto,  pelas  mesmas  razões,  as  provas  e  circunstâncias  do  caso  em  tela  revelam que a contabilidade da Autuada não registrava o movimento real de remuneração dos segurados  a seu serviço.  A  não  observância  das  obrigações  tributárias  exigidas  pela  legislação  de  regência  frustrou os objetivos da lei, prejudicando a atuação ágil e eficiente dos agentes do Fisco, que se viram  impelidos  a  despender  uma  energia  investigatória  suplementar  na  apuração  dos  fatos  geradores  em  realce, não somente nos documentos suso destacados, mas, igualmente, em outras fontes de informação,  tais como Recibos de Pagamento a Autônomos, notas fiscais de prestação de serviços, contratos, etc.  Nessas circunstâncias, a apresentação deficiente de qualquer documento ou informação  assim  como  a  constatação,  pelo  exame  da  escrituração  contábil  ou  de  qualquer  outro  documento  da  empresa, de que a contabilidade não registrou o movimento real das remunerações dos segurados a seu  serviço,  configuram­se motivo  justo,  bastante,  suficiente  e  determinante  para  a  apuração,  por  aferição  indireta, das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em  contrário, a teor do permissivo legal encartado nos parágrafos 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212/91.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991  Art.  33. Ao  Instituto Nacional do Seguro Social –  INSS compete arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as  contribuições  incidentes  a  título  de  substituição;  e  à  Secretaria  da  Receita  Federal  –  SRF  compete  arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  Fl. 20018DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.987          33  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas  alíneas  ‘d’  e  ‘e’  do  parágrafo  único  do  art.  11,  cabendo  a  ambos  os  órgãos,  na  esfera  de  sua  competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas  legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001).  §1º  É  prerrogativa  do  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social­INSS  e  do  Departamento  da  Receita  Federal­DRF  o  exame  da  contabilidade  da  empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do  Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos  os esclarecimentos e informações solicitados.  (...)  §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação,  ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social­INSS e  o Departamento da Receita Federal­DRF podem, sem prejuízo da penalidade  cabível,  inscrever  de  ofício  importância  que  reputarem  devida,  cabendo  à  empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (grifos nossos)   (...)  §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da  empresa,  a  fiscalização  constatar  que  a  contabilidade  não  registra  o  movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento  e  do  lucro,  serão  apuradas,  por  aferição  indireta,  as  contribuições  efetivamente  devidas,  cabendo  à  empresa  o  ônus  da  prova  em  contrário.  (grifos nossos)     Não procede, portanto,  a  alegação de que não  estão presentes  os pressupostos para  a  utilização da aferição indireta;  Diante  desse  quadro,  o  convencimento  do  auditor  fiscal  acerca  da  existência  dissimulada da relação previdenciária em litígio decorreu dos elementos de convicção elucidativamente  descritos  no  Relatório  Fiscal,  corroborados  pelos  elementos  de  prova  acostados  aos  autos,  de  onde  dimana  a  persuasão  de  que  os  sócios  das  pessoas  jurídicas  em  apreço  prestavam  serviços  na  empresa  autuada na condição de segurado empregados, nos termos do art. 12, I, ‘a’, in fine, da Lei nº 8.212/91.  Na  sequência,  ante  a  inexistência  de  documentos  específicos  de  onde  pudesse  ser  extraída,  diretamente  e  com  confiabilidade,  a  matéria  tributável,  houve­se  a  base  de  cálculo  das  contribuições  em  realce  apuradas  por  arbitramento,  com  fulcro  dos  §§  3º  e  6º  do  art.  33  da  Lei  nº  8.212/91,  a  partir  das  informações  contidas  nas  Notas  Fiscais  de  serviço,  contratos  de  prestação  de  serviços, folhas de medição de serviços.  No  procedimento  de  apuração  da  matéria  tributável  por  arbitramento,  vale­se  a  Autoridade Fiscal de outros elementos de sindicância que não aqueles documentos assinalados pela  lei  como adequados ao registro lapidado dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, tais como as  folhas de pagamento, GFIP e os Livros Fiscais.  Tais elementos podem ser os mais diversos. Alguns dos critérios de aferição indireta a  serem  empregados  pela  Fiscalização,  nas  hipóteses  autorizadas  pela  lei,  encontram­se  positivados  na  legislação  previdenciária,  ostentando  natureza  meramente  procedimental  interna,  não  interferindo,  de  maneira alguma, extra muros, eis que não vinculam nem impõem obrigações, de qualquer espécie, aos  Contribuintes.  A  abrangência  de  seus  comandos,  advirta­se,  restringe­se,  tão  somente,  ao  critério  de  apuração indireta das bases de cálculo de contribuições previdenciárias, nada mais.  Fl. 20019DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     34  Em  outros  casos,  como  se  deu  ocorrer  no  presente,  a  Fiscalização  tem  que  buscar  outros  parâmetros  de  aferição,  os  mais  diversos  e  imagináveis  possíveis,  de  molde  a  construir  hipoteticamente  o  arcabouço  substancial  da  matéria  tributável,  tendo  por  alicerce,  muitas  vezes,  tão  somente, o princípio da razoabilidade.   No  caso  em  apreciação,  considerando  que  os  serviços  são  prestados  à  Recorrente  unicamente pela pessoa  física dos  sócios  e não  pela pessoa  jurídica  correspondente;  considerando que  tais serviços foram prestados sob o manto da condição de segurado empregado, e considerando que os  valores  consignados  nas  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços  em  tela  são  representativos  da  contraprestação remuneratória pelos serviços prestados à Recorrente pelas pessoas físicas caracterizadas  pela  Fiscalização  como  segurados  empregados  da  Autuada,  se  nos  afigura  correta  a  parametrização  adotada  pelos  Agentes  Fiscais  no  dimensionamento  da  base  de  cálculo  do  lançamento  em  questão,  cabendo ao Sujeito Passivo o ônus da prova em contrário, a teor do §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91.  Não  procede,  portanto,  a  alegação  de  que  não  poderia  a  autoridade  fiscal  ter  considerado como remuneração o total dos valores constantes das notas fiscais de prestação de serviços,  mas apenas os valores pagos aos sócios a título de pro labore ou de distribuição de lucros.  Como muito  bem  observou  a  DRJ/BHE,  “Não  há  nenhum  indicio  que  as  pretensas  pessoas jurídicas prestadoras de serviços possuam meios financeiros e materiais para a realização dos  respectivos  serviços. Não  foram  juntados ao processo documentos que comprovassem que as  supostas  pessoas  jurídicas  realmente  existem,  que  não  se  tratam  de  simples  “empresas  de  fachada”.  Não  há  provas de que as supostas pessoas jurídicas tenham sede própria e capital, secretária, papel, conta de  luz, água, independência financeira, prestação de serviços a variados clientes, etc, etc.. Aliás, quanto a  este último aspecto (prestação de serviços a vários clientes), nos chamou a atenção o fato de a maioria  das  notas  fiscais  constantes  dos  autos,  emitidas  pelas  supostas  prestadoras  de  serviços,  terem  numeração sequencial apontando para prestação de serviços exclusivos ao sujeito passivo”.  Reitere­se  que  inexiste  qualquer  óbice  a  que  sócios  de  pessoas  jurídicas  prestem  serviços  a outras  empresas na  condição de  segurados  empregados. Nessa  relação  jurídica específica,  a  tributação  previdenciária  irá  incidir  sobre  o  total  das  remunerações  pagas,  devidas  ou  creditadas  a  qualquer  título pela  empresa  contratante,  durante o mês,  aos  segurados  empregados que  lhe prestaram  serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes  de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços efetivamente prestados, quer pelo  tempo à disposição do empregador ou  tomador de serviços,  nos termos do art. 22, I da Lei nº 8.212/91.  Não procede, igualmente, a alegação de que deveriam ser excluídos da base de cálculo  os  valores  de  tributos  retidos  nas  notas  fiscais.  Tais  retenções,  no  dizer  do  Recorrente,  referem­se  exclusivamente ao Imposto de Renda, CSLL, COFINS e PIS/PASEP. Tais retenções não são dedutíveis  dos  montantes  lançados  a  título  de  contribuições  previdenciárias.  A  todo  saber,  a  única  retenção  dedutível é a retenção de 11% incidente sobre o valor bruto das notas fiscais de serviço a que se refere o  art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98. Se de fato houve alguma retenção de  11%, esta deveria ter sido demonstrada e provada pelo Recorrente, ante a inversão do ônus da prova.   Ora, nos  termos do art. 22,  I, da Lei nº 8.212/91, a contribuição a cargo da empresa,  destinada  à Seguridade Social,  é  de vinte por  cento  sobre  o  total  das  remunerações  pagas,  devidas  ou  creditadas a qualquer  título, durante o mês, aos  segurados empregados e  trabalhadores avulsos que  lhe  prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os  ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos  serviços efetivamente prestados, quer pelo  tempo à disposição do empregador ou  tomador de serviços,  nos  termos  da  lei  ou  do  contrato  ou,  ainda,  de  convenção  ou  acordo  coletivo  de  trabalho  ou  sentença  normativa, além da  contribuição para o  financiamento dos benefícios  concedidos em razão do grau de  Fl. 20020DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.988          35  incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho prevista no inciso II  do mesmo dispositivo legal.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  22.  A  contribuição  a  cargo  da  empresa,  destinada  à  Seguridade  Social,  além do disposto no art. 23, é de:   I ­ vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas  a qualquer  título, durante o mês, aos  segurados empregados e  trabalhadores  avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o  trabalho, qualquer  que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes  de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador  ou  tomador  de  serviços,  nos  termos  da  lei  ou  do  contrato  ou,  ainda,  de  convenção  ou  acordo  coletivo  de  trabalho  ou  sentença  normativa.  (Redação  dada pela Lei nº 9.876/99).  II  ­  para  o  financiamento  do  benefício  previsto  nos  arts.  57  e  58  da  Lei  no  8.213,  de  24  de  julho  de  1991,  e  daqueles  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência  de  incapacidade  laborativa  decorrente  dos  riscos  ambientais  do  trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do  mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela  Lei nº 9.732/98)  a)  1%  (um  por  cento)  para  as  empresas  em  cuja  atividade  preponderante  o  risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;   b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse  risco seja considerado médio;   c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse  risco seja considerado grave.     III  ­  vinte  por  cento  sobre  o  total  das  remunerações  pagas  ou  creditadas  a  qualquer  título,  no  decorrer  do mês,  aos  segurados  contribuintes  individuais  que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876/99).     Envolta  em  tal  singularidade,  observadas  as  considerações  acima  expendidas,  a  Fiscalização  dimensionou,  por  arbitramento,  a  matéria  tributável,  lançando  de  ofício  como  salário  de  contribuição dos segurados empregados, os valores extraídos das notas fiscais emitidas em face da Leme  Engenharia  pelos  sócios  das  pessoas  jurídicas  contratadas,  caracterizados  pela  Fiscalização  como  segurados  empregados  da  Recorrente.  Tais  valores  de  salários  de  contribuição  encontram­se  analiticamente  indicados por competência  e  individualizados por  segurado empregado no Anexo a  fls.  243/458.  Nessa perspectiva, conforme expressamente estatuído na lei, não concordando o sujeito  passivo com o valor aferido pela Autoridade Lançadora, compete­lhe, ante a refigurada distribuição do  ônus da prova, que lhe é avesso, demonstrar por meios idôneos que tais montantes não são condizentes  com a realidade.  Tivesse  a  empresa  cumprido,  com  o  devido  rigor,  as  obrigações  acessórias  impostas  pela legislação, os fatos geradores teriam sido apurados diretamente nas folhas de pagamento, nas GFIP  ou na escrituração contábil. Mas assim não ocorreu. A não observância das formalidades exigidas pela  legislação  tributária  quebrou  o mecanismo  idealizado  pelo  legislador  ordinário  para  a  apuração  ágil  e  precisa  dos  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  obrigando  os  agentes  fiscais  a  investigar  Fl. 20021DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     36  uma miríade de outros documentos e títulos diversos e genéricos da contabilidade, para a captação dos  fatos jurígenos tributários de sua competência, no cumprimento efetivo do seu dever de ofício.  Diante do que se coligiu até o momento, restou visível a procedência do procedimento  levado a cabo pela Autoridade Fiscal.  Diante da pletora probatória acostada aos autos,  firma­se a convicção de que os  fatos  trazidos pela fiscalização não deixaram dúvida quanto à real situação dos trabalhadores mencionados, os  quais  se  ajustam  taylor  made  na  categoria  de  segurados  empregados,  visto  que  presentes  todos  os  pressupostos elencados no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91.  Como  resultado,  nesse  específico  particular,  subsistem  inabaladas  as  obrigações  tributárias destacadas no AIOP em apreço, o qual não demanda reparos.    3.2.  DA PLR, BOLSA DE ESTÁGIO, VALE­COMBUSTÍVEL E AUXÍLIO FARMÁCIA.  Alega  o  Recorrente  não  haver  incidência  de  contribuição  previdenciária  sobre  os  valores pagos a título de PLR, nem sobre os valores pagos a título de bolsa de estágio.  Argumenta  inexistir  incidência  de  contribuição  previdenciária  sobre  os  vales­ combustível fornecidos em forma de cartão, uma vez que houve comprovação de despesas, assim como  sobre o reembolso de valores referentes à aquisição de óculos e ao auxílio farmácia, pois não possuem  natureza remuneratória.    Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que  a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de  serviços  efetivamente  prestados  pelos  empregados.  A  retidão  de  tal  concepção  poderia  até  ter  sua  primazia aferida ao tempo da promulgação do Decreto­Lei nº 5.452/43 (nos idos de 1943), que aprovou a  Consolidação das Leis do Trabalho. Hoje, não mais.  CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO ­CLT   Art. 457 ­ Compreendem­se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além  do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as  gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953)  §1º  ­  Integram  o  salário  não  só  a  importância  fixa  estipulada,  como  também  as  comissões,  percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.  (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953)  §2º ­ Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que  não excedam de 50%  (cinquenta por  cento) do  salário percebido pelo empregado.  (Redação  dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953)  §3º  ­  Considera­se  gorjeta  não  só  a  importância  espontaneamente  dada  pelo  cliente  ao  empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas  contas,  a  qualquer  título,  e  destinada  a  distribuição  aos  empregados.  (Redação  dada  pelo  Decreto­lei nº 229, de 28.2.1967)    Art. 458  ­ Além do pagamento  em dinheiro, compreende­se no  salário,  para  todos os  efeitos  legais,  a alimentação, habitação,  vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa,  por  forca do contrato ou do costume,  fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum  será permitido o pagamento  com bebidas  alcoólicas ou drogas nocivas.  (Redação dada pelo  Decreto­lei nº 229, de 28.2.1967)  Fl. 20022DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.989          37  §1º  Os  valores  atribuídos  às  prestações  "in  natura"  deverão  ser  justos  e  razoáveis,  não  podendo  exceder,  em  cada  caso,  os  dos  percentuais  das  parcelas  componentes  do  salário­ mínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decreto­lei nº 229, de 28.2.1967)  § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes  utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  I  –  vestuários,  equipamentos  e  outros  acessórios  fornecidos  aos  empregados  e  utilizados  no  local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  II  –  educação,  em  estabelecimento  de  ensino  próprio  ou  de  terceiros,  compreendendo  os  valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela  Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou  não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro­ saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)  §3º ­A habitação e a alimentação fornecidas como salário­utilidade deverão atender aos fins a  que  se  destinam e  não  poderão  exceder,  respectivamente,  a  25%  (vinte  e  cinco  por  cento) e  20% (vinte por cento) do salário­contratual. (Incluído pela Lei nº 8.860, de 24.3.1994)  §4º ­Tratando­se de habitação coletiva, o valor do salário­utilidade a ela correspondente será  obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de coabitantes, vedada, em  qualquer  hipótese,  a  utilização  da  mesma  unidade  residencial  por  mais  de  uma  família.  (Incluído pela Lei nº 8.860/94)    Todavia,  como  bem  professava  Heráclito  de  Ephesus,  há  500  anos  antes  de  Cristo,  Nada  existe  de  permanente  a  não  ser  a  eterna  propensão  à  mudança. O mundo  evolui,  as  relações  jurídicas  se  transformam,  acompanhando...,  os  conceitos  evolvem­se... Nesse  compasso,  a  exegese das  normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A  sucessiva  evolução  na  interpretação  das  normas  já  positivadas  ajustam­nas  à  nova  realidade mundial,  resgatando­lhes  o  alcance  visado  pelo  legislador,  mantendo  dessarte  o  ordenamento  jurídico  sempre  espelhado às feições do mundo real.  Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas  recebidas  pelo  trabalhador  em  razão  direta  e  unívoca  do  trabalho  por  ele  prestado  ao  empregador.  Se  assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e  outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória,  já que não representam contraprestação por serviços executados pelo obreiro.  Paralelamente,  as  relações  de  trabalho  hoje  estabelecidas  tornaram­se  por  demais  complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de exclusividade e de imagem,  novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não  o  suor  e  o  vigor  dos  músculos.  Esses  ilustrativos,  dentre  tantos  outros  exemplos,  tornaram  o  ancião  conceito jurídico de remuneração totalmente démodé.   Antenada  a  tantas  transformações,  a  doutrina  mais  balizada  passou  a  interpretar  remuneração  não  como  a  contraprestação  pelos  serviços  efetivamente  prestados  pelo  empregado, mas  sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho.   Fl. 20023DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     38  Com  efeito,  o  liame  jurídico  estabelecido  entre  empregador  e  empregado  segue  os  contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal,  podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu  labor,  também  a  sua  imagem,  o  seu  não  labor  nas  empresas  concorrentes,  a  sua  disponibilidade,  sua  credibilidade  no  mercado,  ceteris  paribus.  Já  o  contratante,  por  seu  turno,  em  contrapartida,  pode  oferecer  não  só  o  salário  stricto  sensu  como  também  uma  série  de  vantagens  diretas,  indiretas,  em  utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo  de  mera  liberalidade,  todas  elas  ostentam,  em  sua  essência,  uma  nota  contraprestativa.  Todas  elas  colimam,  inequivocamente,  oferecer um  atrativo  financeiro/econômico para que o obreiro  estabeleça  e  mantenha vínculo jurídico com o empregador.   Por esse novo prisma,  todas aquelas  rubricas citadas no parágrafo precedente figuram  abraçadas  pelo  conceito  amplo  de  remuneração,  eis  que  se  consubstanciam  acréscimos  patrimoniais  auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito  embora  não  representem  contrapartida  direta  pelo  trabalho  realizado.  Nesse  sentido,  o  magistério  de  Amauri Mascaro Nascimento:  “Fatores  diversos multiplicaram  as  formas  de  pagamento  no  contrato  de  trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do salário­base há modos  diversificados  de  remuneração  do  empregado,  cuja  variedade  de  denominações não desnatura a sua natureza salarial ...  (...)  Salário  é  o  conjunto  de  percepções  econômicas  devidas  pelo  empregador  ao  empregado não  só  como contraprestação pelo  trabalho, mas,  também,  pelos  períodos  em  que  estiver  à  disposição  daquele  aguardando  ordens,  pelos  descansos  remunerados,  pelas  interrupções  do  contrato  de  trabalho  ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho,  LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005.    Registre­se,  por  relevante,  que  o  entendimento  a  respeito  do  alcance  do  termo  “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele  conceito antiquado presente na CLT.   O  baluarte  desse  novo  entendimento  tem  sua  pedra  fundamental  fincada  na  própria  Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece:  Constituição Federal de 1988   Art.  195.  A  seguridade  social  será  financiada  por  toda  a  sociedade,  de  forma direta e indireta, nos  termos da lei, mediante recursos provenientes  dos  orçamentos  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios, e das seguintes contribuições sociais:   I ­ do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da  lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de  1998)  a)  a  folha  de  salários  e  demais  rendimentos  do  trabalho  pagos  ou  creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo  sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de  1998) (grifos nossos)     Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em  realce  não  é  mais  o  salário,  mas,  sim,  a  “folha  de  salários”,  propositadamente  no  plural,  a  qual  é  composta,  segundo  a  mais  autorizada  doutrina,  por  todos  os  lançamentos  efetuados  em  favor  do  Fl. 20024DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.990          39  trabalhador em contraprestação direta pelo  trabalho efetivo prestado à empresa, acrescido dos “demais  rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,  mesmo  sem  vínculo  empregatício”,  parcela  esta  que  abraça  todas  as  demais  rubricas  devidas  ao  trabalhador  em  decorrência  do  contrato  de  trabalho,  de  molde  que,  toda  e  qualquer  espécie  de  contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontram­se  abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição.  Nessa  perspectiva,  todo  e  qualquer  lançamento  a  conta  de  despesa  da  empresa  representativa  de  rubrica  paga,  devida  ou  creditada  a  segurado  obrigatório  do  RGPS,  que  tiver  por  motivação e origem o trabalho realizado pela pessoa física em favor do Contribuinte, ostentará natureza  jurídica remuneratória, e como tal, base de cálculo das contribuições previdenciárias.   Na prática, inexiste dificuldade em tal discernimento. Basta hipoteticamente suprimir o  trabalho  realizado  pela  pessoa  física  na  consecução  do  objeto  social  da  sociedade. A  importância  que  deixar de ser vertida a essa pessoa corresponderá, assim, à parcela do trabalho que o obreiro dedicou à  empresa. Ao revés, a fração que ainda for devida à pessoa, independentemente do eventual labor físico  ou intelectual por ela realizado, representará mera liberalidade do empregador.  Como  visto,  o  próprio  Legislador  Constituinte  honrou  deixar  consignado  no  Texto  Constitucional  a  real  amplitude  da  base  de  incidência  da  contribuição  social  em  destaque:  as  contribuições  previdenciárias  incidem  não  somente  a  “folha  de  salários”,  como  também,  sobre  os  “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste  serviço, mesmo sem vínculo empregatício”.  Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo  201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência do conceito de salário (Instituto de Direito do  Trabalho) para abraçar os ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título.  Constituição Federal de 1988   Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,  de caráter contributivo e de  filiação obrigatória, observados critérios que  preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei,  a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)  (...)  §11.  Os  ganhos  habituais  do  empregado,  a  qualquer  título,  serão  incorporados  ao  salário  para  efeito  de  contribuição  previdenciária  e  consequente  repercussão  em  benefícios,  nos  casos  e  na  forma  da  lei.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)    Assim,  a  contar  da  EC  n°  20/98,  todas  as  verbas  recebidas  com  habitualidade  pelo  empregado, qualquer que seja a sua origem e título, passam a integrar, por força de norma constitucional,  o conceito jurídico de SALÁRIO (Instituto de Direito do Trabalho) e, nessa condição, passam a compor  obrigatoriamente o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (Instituto de Direito Previdenciário) do segurado, se  sujeitando  compulsoriamente  à  incidência  de  contribuição  previdenciária  e  repercutindo  no  benefício  previdenciário do empregado.  Nesse sentido caminha a jurisprudência trabalhista conforme de depreende do seguinte  julgado:  TRT­7 ­ Recurso Ordinário:   Fl. 20025DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     40  Processo: RECORD 53007520095070011 CE 0005300­7520095070011   Relator(a):DULCINA DE HOLANDA PALHANO   Órgão Julgador: TURMA 2  Publicação: 22/03/2010 DEJT  RECURSO  DA  RECLAMANTE  CTVA  ­NATUREZA  SALARIAL  ­ CONTRIBUIÇÃO A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.  A  parcela  CTVA,  paga  habitualmente  e  com  destinação  a  servir  de  compromisso aos ganhos mensais do empregado, detém natureza salarial,  devendo  integrar  a  remuneração  para  todos  os  fins,  inclusive  para  o  cálculo da contribuição a entidade de previdência privada.   RECURSO  DO  RECLAMADO  CEF  ­CTVA.  Com  efeito,  se  referidas  gratificações  são  pagas  com  habitualidade  se  incorporam  ao  patrimônio  jurídico  do  reclamante,  de  forma  definitiva,  compondo  sua  remuneração  para todos os efeitos. Atente­se que a natureza de tal verba não mais será  de  "gratificação"  mas  sim  de  "Adicional  Compensatório  de  Perda  de  Função"    A norma constitucional acima citada não exclui da  tributação, de maneira alguma, as  rubricas  recebidas  em  espécie  de  forma  eventual.  A  todo  ver,  a  norma  constitucional  em  questão  fez  incorporar  ao  SALÁRIO  (instituto  de  direito  do  trabalho)  todos  os  ganhos  habituais  do  empregado,  a  qualquer título. Ocorre, contudo, que o conceito de SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (instituto de direito  previdenciário) é muito mais amplo que o conceito trabalhista mencionado, compreendendo não somente  o  SALÁRIO  (instituto  de  direito  do  trabalho),  mas,  também,  os  INCENTIVOS  SALARIAIS,  assim  como os BENEFÍCIOS.  Assim, as verbas auferidas de forma eventual podem se classificar, conforme o caso, ou  como  incentivos  salariais  ou  como  benefícios.  Em  ambos  os  casos,  porém,  integram  o  conceito  de  Salário  de  Contribuição,  nos  termos  e  na  abrangência  do  art.  28  da  Lei  nº  8.212/91,  observadas  as  excepcionalidades contidas em seu §9º.  Leinº8.212,de24 de julho de 1991  Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:   I  ­  para  o  empregado  e  trabalhador  avulso:  a  remuneração  auferida  em  uma  ou  mais  empresas,  assim  entendida  a  totalidade  dos  rendimentos  pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a  retribuir o  trabalho, qualquer que seja a sua  forma,  inclusive as gorjetas,  os  ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes  de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços  efetivamente  prestados,  quer  pelo  tempo  à  disposição  do  empregador  ou  tomador  de  serviços  nos  termos  da  lei  ou  do  contrato  ou,  ainda,  de  convenção  ou  acordo  coletivo  de  trabalho ou  sentença normativa;  (Redação dada pela  Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos)  II ­ para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de  Trabalho  e  Previdência  Social,  observadas  as  normas  a  serem  estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e  do valor da remuneração;  III  ­  para  o  contribuinte  individual:  a  remuneração  auferida  em  uma  ou  mais  empresas  ou  pelo  exercício  de  sua  atividade  por  conta  própria,  durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação  dada pela Lei nº 9.876, de 1999).  Fl. 20026DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.991          41  IV  ­  para  o  segurado  facultativo: o  valor  por  ele  declarado,  observado o  limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).    Note­se  que  o  conceito  jurídico  de  Salário  de  contribuição,  base  de  incidência  das  contribuições  previdenciárias,  foi  estruturado  de molde  a  abraçar  toda  e  qualquer  verba  recebida  pelo  obreiro,  a  qualquer  título,  em  decorrência  não  somente  dos  serviços  efetivamente  prestados,  mas  também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato  de trabalho.  Advirta­se que o termo “remunerações” encontra­se empregado no caput do transcrito  art.  28  em  seu  sentido  amplo,  abarcando  todos  os  componentes  atomizados  que  integram  a  contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Em verdade, até mesmo  a remuneração referente ao tempo ocioso em que o empregado permanecer à disposição do empregador  não escapa da amplitude do conceito de salário de contribuição.  Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade  dos  enunciados  normativos  supratranscritos,  eis  que  o  texto  legal  revela­se  cristalino  ao  estabelecer,  como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”.  Nesses termos, compreendem­se no conceito legal de remuneração os três componentes  do gênero, assim especificados pela doutrina:  1­  Remuneração  Básica  –  Também  denominada  “Verbas  de  natureza  Salarial”.  Refere­se à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua  força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira  regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora.   2­  Incentivos  Salariais  ­São  programas  desenhados  para  recompensar  funcionários  com  bom  desempenho. Os  incentivos  são  concedidos  sob  diversas  formas,  como  bônus,  gratificações,  prêmios,  participação  nos  resultados  a  título  de  recompensa  por resultados alcançados, dentre outros.   3­  Benefícios  ­Quase  sempre  denominados  como  “remuneração  indireta”.  Muitas  empresas,  além  de  ter  uma  política  de  tabela  de  salários,  oferecem  uma  série  de  benefícios  ora  em  pecúnia,  ora  na  forma  de  utilidades  ou  “in  natura”,  que  culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor  da  utilidade  recebida,  seja  pela  despesa  que  o  profissional  deixa  de  desembolsar  diretamente.    Nesse novel cenário, a  regra primária  importa na  tributação de  toda e qualquer verba  paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do  campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade  encontra­se estatuída no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância,  transcrevemos em sua integralidade:  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:   (...)  Fl. 20027DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     42  §9º  Não  integram  o  salário­de­contribuição  para  os  fins  desta  Lei,  exclusivamente:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)  (grifos  nossos)  a) Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o  salário­maternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).   b) As ajudas de  custo e o adicional mensal  recebidos pelo aeronauta nos  termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;   c)  A  parcela  "in  natura"  recebida  de  acordo  com  os  programas  de  alimentação  aprovados  pelo  Ministério  do  Trabalho  e  da  Previdência  Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976;  d)  As  importâncias  recebidas  a  título  de  férias  indenizadas  e  respectivo  adicional  constitucional,  inclusive  o  valor  correspondente  à  dobra  da  remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do  Trabalho ­CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).   e) As importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei  nº 9.528, de 10.12.97)   1. Previstas no  inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais  Transitórias;   2. Relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de  1988,  do  empregado  não  optante  pelo  Fundo  de  Garantia  do  Tempo  de  Serviço ­FGTS;   3. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;   4. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889,  de 8 de junho de 1973;   5. Recebidas a título de incentivo à demissão;  6. Recebidas  a  título de abono de  férias na  forma dos arts.  143 e 144 da  CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  7.  Recebidas  a  título  de  ganhos  eventuais  e  os  abonos  expressamente  desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).   8. Recebidas a título de licença­prêmio indenizada; (Redação dada pela Lei  nº 9.711, de 1998).  9. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238,  de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  f)  A  parcela  recebida  a  título  de  vale­transporte,  na  forma  da  legislação  própria;   g)  A  ajuda  de  custo,  em  parcela  única,  recebida  exclusivamente  em  decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do  art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).  h) As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por  cento) da remuneração mensal;   i) A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional  de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro  de 1977;   j) A participação nos  lucros ou  resultados da  empresa, quando paga ou  creditada de acordo com lei específica; (grifos nossos)   l)  O  abono  do  Programa  de  Integração  Social­PIS  e  do  Programa  de  Assistência ao Servidor Público­PASEP;  (Alínea acrescentada pela Lei nº  9.528, de 10.12.97)   m)  Os  valores  correspondentes  a  transporte,  alimentação  e  habitação  fornecidos  pela  empresa  ao  empregado  contratado  para  trabalhar  em  localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que,  por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas  Fl. 20028DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.992          43  de  proteção  estabelecidas  pelo  Ministério  do  Trabalho;  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)  n) A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor  do  auxílio­doença,  desde  que  este  direito  seja  extensivo  à  totalidade  dos  empregados  da  empresa;  (Alínea  acrescentada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)  o)  As  parcelas  destinadas  à  assistência  ao  trabalhador  da  agroindústria  canavieira,  de  que  trata  o  art.  36  da  Lei  nº  4.870, de  1º  de  dezembro  de  1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).  p)  O  valor  das  contribuições  efetivamente  pago  pela  pessoa  jurídica  relativo  a  programa  de  previdência  complementar,  aberto  ou  fechado,  desde  que  disponível  à  totalidade  de  seus  empregados  e  dirigentes,  observados,  no  que  couberem,  os  arts.  9º  e  468  da  CLT;  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)  q)  O  valor  relativo  à  assistência  prestada  por  serviço  médico  ou  odontológico,  próprio  da  empresa  ou  por  ela  conveniado,  inclusive  o  reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos,  despesas  médico­hospitalares  e  outras  similares,  desde  que  a  cobertura  abranja  a  totalidade  dos  empregados  e  dirigentes  da  empresa;  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   r) O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios  fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação  dos  respectivos  serviços;  (Alínea  acrescentada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)   s)  O  ressarcimento  de  despesas  pelo  uso  de  veículo  do  empregado  e  o  reembolso  creche  pago  em  conformidade  com  a  legislação  trabalhista,  observado  o  limite  máximo  de  seis  anos  de  idade,  quando  devidamente  comprovadas  as  despesas  realizadas;  (Alínea  acrescentada  pela  Lei  nº  9.528, de 10.12.97)   t) O  valor  relativo  a  plano  educacional  que  vise  à  educação  básica,  nos  termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de  capacitação  e  qualificação  profissionais  vinculados  às  atividades  desenvolvidas pela  empresa, desde que não  seja utilizado em  substituição  de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso  ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  u) A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao  adolescente até quatorze anos de  idade, de acordo com o disposto no art.  64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº  9.528, de 10.12.97)   v)  Os  valores  recebidos  em  decorrência  da  cessão  de  direitos  autorais;  (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   x)  O  valor  da  multa  prevista  no  §8º  do  art.  477  da  CLT.  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)       3.2.1.  DA PLR  Contextualizado nesses termos o quadro jurídico­normativo aplicável ao caso­espécie,  visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até  o momento  foi apreciado, verificamos que a alínea  ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatui, de  forma  expressa,  que  não  integram  o  Salário  de  contribuição,  as  importâncias  recebidas  a  título  de  Fl. 20029DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     44  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa,  quando  paga  ou  creditada  de  acordo  com  lei  específica.  O  Programa  de  Participação  nos  Lucros  ou Resultados  ­PLR  consubstancia­se  numa  ferramenta  de  gestão  que  visa  ao  alinhamento  das  estratégias  organizacionais  com  as  atitudes  e  desempenho  dos  empregados  dentro  do  ambiente  de  trabalho.  Trata­se  de  um  instrumento  gerencial  bastante utilizado pelas empresas, mundialmente disseminado, que auxilia no cumprimento das metas e  diretrizes  das  organizações,  permitindo  uma  maior  participação  e  empenho  dos  empregados  na  produtividade  da  empresa,  além  do  seu  esforço  ordinário  decorrente  do  contrato  de  trabalho,  proporcionando, dessarte, atração, retenção, motivação e comprometimento dos funcionários na busca de  melhores resultados empresariais.  Constitui­se  a  PLR  num  tipo  de  remuneração  variável  a  ser  oferecida  àqueles  que  efetivamente  colaboram  na  obtenção  de  lucros  e/ou  no  atingimento  das  metas  pré­estabelecidas  pelo  empregador.  Trata­se  de  um  Direito  Social  de  matriz  constitucional,  tendo  o  Constituinte  Originário,  taxativamente,  outorgado  à  lei  ordinária  a  competência  para  a  estipulação  dos  parâmetros  legais  da  conformação do Direito dos trabalhadores, in verbis:  Constituição Federal de 1988   Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que  visem à melhoria de sua condição social:   (...)  XI ­ participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração,  e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido  em lei.     Sendo um instrumento de integração capital­trabalho e de estímulo à produtividade das  empresas,  busca­se  por  meio  da  regra  imunizante  e  da  consequente  redução  da  carga  tributária  proporcionar vantagens competitivas às empresas que, regularmente, implementam mecanismos efetivos  de integração e participação de seus empregados, sem que, com isso, haja substituição da remuneração  devida. Decorre daí a norma de desvinculação do pagamento a titulo de PLR da remuneração em geral.   A Participação nos Lucros é norma constitucional de eficácia  limitada. Nesse  sentido  dispõe o Parecer CJ/MPAS nº 547, de 03 de maio de 1996, aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS,  ad litteris et verbis:   (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação  dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode  ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da  Silva, como de eficácia  limitada, ou seja,  aquela que depende "da  emissão  de  uma  normatividade  futura,  em  que  o  legislador  ordinário, integrando­lhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê  capacidade  de  execução  em  termos  de  regulamentação  daqueles  interesses".  (Aplicabilidade das  normas  constitucionais,  São Paulo,  Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos)    Tais  diretivas  não  atritam  com  entendimento  esposado  no  Parecer  CJ/MPAS  nº  1.748/99, cujo teor transcrevemos na sequência:   DIREITO  CONSTITUCIONAL  E  PREVIDENCIÁRIO  ­TRABALHADOR  ­ PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS  ­ART. 7º  ,  INC. XI DA CONSTITUIÇÃO  Fl. 20030DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.993          45  DA  REPÚBLICA  ­POSSIBILIDADE  DE  INCIDÊNCIA  DE  CONTRIBUIÇÃO SOCIAL.   1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de 1988, que estende  aos  trabalhadores  o  direito  a  participação  nos  lucros  desvinculado  da  remuneração é de eficácia limitada.   2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426  estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de  dezembro  de  1994,  passou  a  ser  lícito  o  pagamento  da  participação  nos  lucros na forma do texto constitucional.   3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da  regulamentação ou  em desacordo  com  essa  norma,  integra  o  conceito  de  remuneração para os fins de incidência da contribuição social.  (...)  7.  No  entanto,  o  direito  a  participação  dos  lucros,  sem  vinculação  à  remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de  lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito.  8.  Necessita,  portanto,  de  regulamentação  para  definir  a  forma  e  os  critérios  de  pagamento  da  participação  nos  lucros,  com  a  finalidade  precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela.  9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794,  29  de  dezembro  de  1994,  que  dispõe  sobre  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  ou  resultados  das  empresas  e  dá  outras  providências, hoje reeditada sob o nº 1.769­56, de 8 de abril de 1999.  10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos,  passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da  remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá  se atender os requisitos pré estabelecidos.  11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção  nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo  suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI,  da  Constituição  da  República,  referente  a  participação  nos  lucros  dos  trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da  medida provisória regulamentadora.  12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou:   O  mandado  de  injunção  pretende  o  reconhecimento  da  omissão  do  Congresso Nacional  em  regulamentar  o  dispositivo  que  garante  o  direito  dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art.  7º,  inc.  IX, da CF), concedendo­se a ordem para efeito de  implementar in  concreto  o  pagamento  de  tais  verbas,  sem  prejuízo  dos  valores  correspondentes à remuneração.  Tendo  em  vista  a  continuação  da  transcrição  a  edição,  superveniente  ao  julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136,  de  26  de  setembro  de  1995,  que  dispõe  sobre  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa  e  dá  outras  providências,  verifica­se  a  perda  do  objeto  desta  impetração,  a  partir  da  possibilidade de os  trabalhadores,  que  se achem nas  condições previstas  na  norma  constitucional  invocada,  terem  garantida  a  participação  nos  lucros e nos resultados da empresa. (grifei)  14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de  regulamentação  da  norma  constitucional  (art.  7º,  inc.  XI),  ficando  o  pagamento  da  participação  nos  lucros  e  sua  desvinculação  da  Fl. 20031DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     46  remuneração,  sujeitas  as  regras  e  critérios  estabelecidos  pela  Medida  Provisória.  15.  No  caso  concreto,  as  parcelas  referem­se  a  períodos  anteriores  a  regulamentação  do  dispositivo  constitucional,  em  que  o Banco  do Brasil,  sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de  participação nos lucros.  16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração,  pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era  aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos)    Tratando­se de norma constitucional de eficácia limitada, esta depende da integração de  documento  normativo  editado  pelo  órgão  legislativo  competente  para  que  suas  disposições  possam  produzir os efeitos jurídicos colimados pelo Constituinte.   Tal  matéria  já  foi  bater  às  portas  da  Suprema  Corte,  cuja  Segunda  Turma,  no  julgamento  do  Agravo  Regimental  no  Agravo  Regimental  no  Recurso  Extraordinário  n°  505.597,  pacificou o entendimento que deve prevalecer nas situações desse jaez.  EMENTA:  AGRAVO  REGIMENTAL  NO  AGRAVO  REGIMENTAL  NO  RECURSO  EXTRAORDINÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA  SOBRE  A  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS.  ART.  7º,  XI,  DA  CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. MP 794/94.   Com a  superveniência da MP n. 794/94,  sucessivamente  reeditada,  foram  implementadas  as  condições  indispensáveis  ao  exercício  do  direito  à  participação dos trabalhadores no lucro das empresas [é o que extrai dos  votos  proferidos  no  julgamento  do MI  n.  102,  Redator  para  o  acórdão  o  Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02].   Embora  o  artigo  7º,  XI,  da  CB/88,  assegure  o  direito  dos  empregados  àquela  participação  e  desvincule  essa  parcela  da  remuneração,  o  seu  exercício  não  prescinde  de  lei  disciplinadora  que  defina  o  modo  e  os  limites de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício,  seja  para  fins  tributários,  seja  para  fins  de  incidência  de  contribuição  previdenciária. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.  (grifos nossos)     Na mesma linha de entendimento:  RE 398.284 / RJ   Rel. Min. MENEZES DIREITO   Órgão Julgador: Primeira Turma  DJe de 19­12­2008    Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da Constituição Federal. Necessidade de  lei para o exercício desse direito.   1. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da Constituição Federal  começa  com  a  edição  da  lei  prevista  no  dispositivo  para  regulamentá­lo,  diante da imperativa necessidade de integração.   2. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data  em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo.   3. Recurso extraordinário conhecido e provido.  Fl. 20032DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.994          47    Deflui  dos  termos  dos  julgados  suso  transcritos  que  o  exercício  do  direito  social  em  debate  sujeita­se  às  disposições  estabelecidas  na  lei  disciplinadora,  à  qual  foi  confiada  a  definição  do  modo  e  dos  limites  de  sua  participação,  bem  como  do  caráter  jurídico  desse  benefício,  seja  para  fins  tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária.  Atente­se,  por  relevante,  que  o  direito  social  estampado  no  inciso  XI  do  art.  7º  da  CF/88 é dirigido à classe de  trabalhadores que laboram mediante o vínculo  jurídico de uma relação de  emprego, não abraçando as pessoas físicas que, assumindo o risco da atividade econômica, exercem por  conta própria, determinada atividade profissional de natureza urbana, como é o caso dos Diretores não  empregados e demais segurados contribuintes individuais, eis que entre estes e as respectivas empresas  não se formaliza vínculo empregatício.  Das disposições plasmadas no caput do art. 2º do Diploma Legal acima desfiado ergue­ se  como  fato  incontroverso  que  o  direito  social  objeto  de  regulamentação  abarca,  tão  somente,  os  empregados  da  empresa,  assim  compreendidos  os  trabalhadores  vinculados  mediante  um  liame  empregatício com a entidade empresarial em questão, não irradiando efeitos sobre as demais categorias  de obreiros, aqui incluídos os segurados contribuintes individuais.  A assertiva ora alinhada encontra amparo,  igualmente, nas disposições  insculpidas no  §4º do art. 218 de nossa Lei Soberana, cuja norma de caráter programático prevê o apoio e estímulo às  empresas que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,  participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.   Constituição Federal de 1988   Art. 218 ­ O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a  pesquisa e a capacitação tecnológicas.  (...)  §4°  A  lei  apoiará  e  estimulará  as  empresas  que  invistam  em  pesquisa,  criação  de  tecnologia  adequada  ao País,  formação  e  aperfeiçoamento  de  seus  recursos  humanos  e  que  pratiquem  sistemas  de  remuneração  que  assegurem  ao  empregado,  desvinculada  do  salário,  participação  nos  ganhos econômicos  resultantes da produtividade de  seu  trabalho.  (grifos  nossos)     Com efeito, a Lei nº 8.212/1991, em obediência ao preceito constitucional em testilha,  honrou materializar na alínea “j” do §9º do seu art. 28 a hipótese de não incidência tributária assinalada  no  inciso  XI,  in  fine,  do  art.  7º  da  CF/88,  excluindo  do  campo  de  tributação  das  contribuições  previdenciárias  as  importâncias pagas, creditadas ou devidas  a  título de PLR,  sempre que  estas verbas  forem pagas de acordo com a lei própria de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000, como assim prevê a  Norma Matriz.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 28 – (...)  §9º Não integram o salário­de­contribuição:   (...)  j)  a  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa,  quando  paga  ou  creditada de acordo com lei específica.   Fl. 20033DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     48    Relembrando,  a  edição  da  Medida  Provisória  nº  794/94  veio  ao  atendimento  do  comando constitucional em tela,  introduzindo no Ordenamento Jurídico os primeiros  traços definidores  do direito social ora em debate, vindo a sofrer, ao longo do tempo, em suas reedições e renumerações,  um  volume  pouco  expressivo  de  modificações  legislativas,  até  a  sua  definitiva  conversão  na  Lei  nº  10.101/2000.  Lei nº 10.101 de 19 de dezembro de 2000  Art.1o  Esta  Lei  regula  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  ou  resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o  trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI,  da Constituição.  Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  mediante  um  dos  procedimentos  a  seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifos nossos)   I  ­  comissão  escolhida  pelas  partes,  integrada,  também,  por  um  representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;  II ­ convenção ou acordo coletivo. (grifos nossos)   §1º  Dos  instrumentos  decorrentes  da  negociação  deverão  constar  regras  claras  e  objetivas  quanto  à  fixação  dos  direitos  substantivos  da  participação e das regras adjetivas,  inclusive mecanismos de aferição das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo  ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:  I ­índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;  II ­programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.  §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical  dos trabalhadores.  (...)  Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a  remuneração  devida  a  qualquer  empregado,  nem  constitui  base  de  incidência  de  qualquer  encargo  trabalhista,  não  se  lhe  aplicando  o  princípio da habitualidade.  §1o Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir  como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos  lucros  ou  resultados,  nos  termos  da  presente  Lei,  dentro  do  próprio  exercício de sua constituição.  §2o  É  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa  em  periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo  ano civil.  §3o  Todos  os  pagamentos  efetuados  em  decorrência  de  planos  de  participação  nos  lucros  ou  resultados,  mantidos  espontaneamente  pela  empresa,  poderão  ser  compensados  com  as  obrigações  decorrentes  de  acordos ou convenções coletivas de  trabalho atinentes à participação nos  lucros ou resultados.  §4o A periodicidade semestral mínima referida no §2o poderá ser alterada  pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais  impactos nas receitas tributárias.  §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em  separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do  imposto  de  renda  devido  na  declaração  de  rendimentos  da  pessoa  física,  Fl. 20034DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.995          49  competindo  à  pessoa  jurídica  a  responsabilidade  pela  retenção  e  pelo  recolhimento do imposto.  Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados  da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizar­se dos seguintes  mecanismos de solução do litígio:  I – Mediação;  II – Arbitragem de ofertas finais.  §1º  Considera­se  arbitragem  de  ofertas  finais  aquela  que  o  árbitro  deve  restringir­se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por  uma das partes.  §2º  O  mediador  ou  o  árbitro  será  escolhido  de  comum  acordo  entre  as  partes.  §3º  Firmado  o  compromisso  arbitral,  não  será  admitida  a  desistência  unilateral de qualquer das partes.  §4º  O  laudo  arbitral  terá  força  normativa  independentemente  de  homologação judicial.    Colhemos dos princípios idealizadores da rubrica em pauta, que a verba paga a título de  PLR  tem  por  espírito  e  essência  de  sua  instituição  servir  como  um  instrumento  de  incentivo  à  produtividade  dos  trabalhadores  e,  consequentemente,  da  empresa, mediante  o  pagamento  de  um  plus  remuneratório, além do salário e dos demais benefícios devidos ao trabalhador, como forma de estimular  o empregado a  ter um rendimento operacional que exceda ao desempenho ordinário que  lhe é exigido  habitualmente como decorrência comum, inerente e direta do contrato de trabalho.  O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, de maneira clara e objetiva, um  fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela  promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR.   Nos termos do §1º, in fine, do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, tal fim extraordinário pode  ser  estabelecido  como  um  índice  de  produtividade,  de  qualidade  da  produção  ou  de  lucratividade  da  empresa. Pode, igualmente, ser traduzido por um programa de metas, de resultados ou de prazos, ou por  qualquer uma outra ferramenta gerencial que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a  produzir mais  e melhor  do  que  aquele  desempenho  ordinário  que  ele  vinha  apresentando  cotidiana  e  rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho.   Assim:  ·  O  desempenho  regular,  rotineiro  e  ordinário  do  trabalhador  decorrente  do  compromisso  laboral  pactuado  no  contrato  de  trabalho  é  remunerado  mediante  salário;  ·  O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de  excelência  fixados  previamente pela  empresa  que  excedam aos  resultados  comuns  ou  históricos,  é  remunerado  mediante  participação  dos  empregados  nos  lucros  e  resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas.     Fl. 20035DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     50  Realiza­se, assim, a integração Capital vs Trabalho: A empresa ganha com o aumento  da  produtividade,  qualidade,  lucratividade,  volume  de  produção,  prazos,  etc.  O  trabalhador  ganha  também, mediante o auferimento do plus remuneratório consubstanciado na PLR.  Conforme dessai  dos  incisos  I  e  II  do  §1º  do  art.  2º  da Lei  nº  10.101/2000,  optou  o  legislador infraconstitucional por não engessar na Lei os fins excepcionais a serem almejados nos planos  de  incentivo  à  produtividade,  delegando  às  próprias  empresas  a  prerrogativa  de  estabelecer  nos  seus  planos de PLR os objetivos que melhor de adequem à realidade e às características intrínsecas de cada  pessoa jurídica.  Dentre  tais  fins  extraordinários,  elencou  a  lei,  exemplificativamente,  dentre  outros  possíveis e viáveis, os seguintes critérios e condições:  ·  Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;  ·  Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.    Mas não  se  iludam,  caros  leitores. Muito  embora  a  legislação  infraconstitucional não  obrigue a empresa a seguir este ou aquele objetivo excepcional determinado, a existência e delimitação  clara  e  precisa,  no  plano  de  PLR,  de  um  fim  extraordinário  específico  a  ser  atingido  pelo  quadro  funcional da Entidade é mandatória e indispensável para a caracterização da PLR legal.    Assim,  mesmo  que  a  empresa  decline  de  optar  por  qualquer  um  dos  critérios  ilustrativamente  descritos  nos  incisos  I  e  II  do  §1º  do  art.  2º  da  Lei  nº  10.101/2000,  ela  tem  que,  necessariamente, descrever em detalhes, e de maneira prévia, um objetivo extraordinário específico a ser  almejado  pelo  seu  corpo  funcional  na  consecução  e  realização  do  plano  de  participação  nos  lucros  e  resultados  da  empresa,  sob  pena  de  descaracterização  da  PLR  legal.  Almeja  com  isso  a  Lei  um  comprometimento  efetivo  dos  empregados  no  sentido  de  oferecer  uma  dedicação,  um  cuidado  e  um  empenho de excelência, superior ao ordinário, usual, rotineiro e cotidiano, na busca pela consecução dos  objetivos fixados no acordo e na obtenção do direito subjetivo estipulado no plano.  Isso  porque,  conforme  já  salientado,  qualquer  verba  paga  em  razão  do  desempenho  regular, rotineiro e ordinário do trabalhador, decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de  trabalho,  tem natureza  jurídica de  salário,  remuneração direta  e  inescusável pelo  labor  comum e usual  oferecido  cotidianamente  pelo  trabalhador  à  empresa  e,  nessas  condições,  base  de  cálculo  das  contribuições previdenciárias.  Dessarte, sem o estabelecimento prévio no plano de PLR de um objetivo especial, que  incentive  e  alavanque  a  produtividade,  a  ser  atingido  pelo  operariado,  o  qual,  se  atingido  satisfatoriamente,  tem  o  condão  de  premiar  os  trabalhadores  que  efetivamente  envidaram  esforços  supranormais na  sua  consecução, o plano de PLR  recai na  tábula  rasa do  trabalho comum,  rotineiro  e  ordinário, o qual é remunerado mediante salário, sofrendo a incidência, assim, das obrigações previstas  na Lei de Custeio da Seguridade Social.  O pagamento de verba com o rótulo de PLR Legal em retribuição ao trabalho comum,  ordinário,  usual  e  cotidiano  do  empregado,  desconectado  a  qualquer  incentivo  à  produtividade,  é  expressamente  vedado  pela  Lei  nº  10.101/2000,  cujo  art.  3º  obsta  o  pagamento  de  tal  rubrica  em  substituição ou complementação à remuneração devida a qualquer empregado.  As  regras  claras  e  objetivas  quanto  ao  direito  substantivo  referem­se  ao  direito  dos  trabalhadores  de  conhecerem,  previamente,  no  corpo  do  próprio  instrumento  de  negociação,  o  quanto  irão receber a depender do lucro auferido pelo empregador se os objetivos forem cumpridos, o que terá  Fl. 20036DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.996          51  que fazer para receber tal quantia e como irá recebê­la. Quanto às regras adjetivas, deve o trabalhador ter  ciência dos mecanismos de aferição de seu desempenho, de como aferi­lo em determinado momento e  situação, das metas e índices de produtividade a serem alcançados e o que falta para alcançá­los, etc.  A inexistência de tais regras, de forma clara e objetiva, no instrumento de negociação,  implica a sua estipulação e avaliação dos trabalhadores por ato unilateral do empregador, circunstância  que colide com o objetivo almejado pelo legislador.   A  exigência  de  regras  claras  e  objetivas  justifica­se  como  forma  de  inviabilizar  a  discriminação de empregados e de se consumar a própria finalidade do instituto criado. Sendo o resultado  finalístico almejado pela norma o fomento da produtividade da mão de obra, nada mais compreensível e  pertinente que os empregados tenham o real conhecimento da exata dimensão do direito a eles concedido  e do esforço e dedicação que eles devem empreender para alcançá­lo.  Mas  a  Lei  não  se  contenta  só  com  a  explicitação  dos  direitos  objetivos  dos  trabalhadores. Ela exige que o instrumento de acordo coletivo especifique os critérios e procedimentos a  serem seguidos para a mensuração do quanto do acordado já se houve por cumprido, bem como para a  aferição de quanto cada empregado já contribuiu para o alcance das metas propostas.  Com  efeito,  exige  a  Lei  n°  10.101/00  que  do  acordo  constem  os  “mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado",  de  modo  a  assegurar  aos  empregados a transparência nas informações por parte da empresa, o fornecimento dos dados necessários  à definição das metas, a adoção de indicadores de produtividade, qualidade ou lucratividade que sejam  compreendidos por todos, a possibilidade de fiscalização do regular cumprimento das regras pactuadas e  o acompanhamento progressivo da constituição do direito em debate por parte do empregado.   Da  pena  de  Sergio  Pinto  Martins  (in  Participação  dos  Empregados  nos  Lucros  das  Empresas, Editora Atlas, 2009, pág. 150) já se escreveu:   "Os  critérios  da  participação  nos  resultados  não  poderão  ficar  sujeitos  apenas a condições subjetivas, mas objetivas, determinadas, para que todos  as possam conhecer e para que não haja dúvida posteriormente sobre se o  empregado atingiu o resultado almejado pela empresa".     Exsurge  a  todo  ver  que  a  regulamentação  legal  pauta­se  no  desígnio  da  proteção  do  trabalhador  para  que  sua  participação  nos  lucros  seja  concreta,  justa  e  impessoal.  Os  sindicatos  envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º da Lei de regência,  têm liberdade para fixarem os  critérios  e  condições  para  a  participação  do  trabalhador  nos  lucros  e  resultados.  Visa  o  Legislador  Ordinário a  impedir que condições ou critérios  subjetivos obstem a participação dos  trabalhadores nos  lucros ou resultados ou que a empresa utilize a rubrica em foco como forma dissimulada de remuneração,  o que é expressamente vedado pelo art. 3º do Diploma Legal Regulador.   Assim, devem as regras conformadoras do direito em palco ser claras e objetivas para  que os critérios e condições possam ser aferidos objetivamente, de modo que o obreiro possa exigir do  empregador  o  seu  efetivo  cumprimento,  eis  que,  alcançados  os  termos  assentados  no  acordo,  o  trabalhador  passa  a  ser  titular  do  direito  subjetivo  ao  recebimento  da  importância  a  que  faz  jus.  Concretiza­se, dessarte, a integração entre o capital e o trabalho e o incentivo à produtividade tão visados  pela lei.  Fl. 20037DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     52  Em primoroso trabalho doutrinário, Kertzman e Cyrino (KERTZMAN, Ivan e CYRINO,  Sinésio.  In  Salário  de  contribuição;  Salvador,  Editora  Jus  Podivm,  2ª  edição,  2010)  realçaram  as  notas  características da hipótese de não incidência de contribuições previdenciárias ora em trato: “A exigência  de regras claras é uma forma de impossibilitar a discriminação dos empregados e de alcançar a própria  finalidade  do  instituto  criado.  Se  o  objetivo  é  estimular  a  produtividade  dos  empregados,  nada mais  correto do que se exigir que estes tenham conhecimento das regras do benefício proposto, pois, se assim  não fosse, não seria possível a promoção de um esforço adicional para alcançar a meta estabelecida, e o  programa seria apenas uma forma de remuneração disfarçada”.   A lei exige que nos instrumentos decorrentes da negociação constem as regras adjetivas  do  plano  de  PLR,  inclusive mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, para que o  trabalhador possa  saber,  de  antemão,  como ele  será  avaliado e como  será apurado o  cumprimento das  metas  previamente  estabelecidas,  não  se  contentando  a  Lei  com  a  mera  divulgação,  a  posteriori,  na  internet  ou  em  outro  meio  qualquer  de  comunicação  da  empresa,  da  consolidação  dos  resultados  alcançados.  A  Lei  exige  um  olhar  prospectivo,  proativo,  de  natureza  dinâmica,  antecipando  de  maneira  clara  e precisa  qual  será  efetivamente o mecanismo de  avaliação  dos  trabalhadores  quanto  às  metas  estabelecidas  e  de  qual  será  o  critério  e  metodologia  de  apuração  do  cumprimento  das  metas  estabelecidas no acordo. Não se  satisfaz com a mera postura estática,  retrospectiva, de apenas medir e  relatar os resultados alcançados.  Alerte­se que a estipulação de metas e a divulgação estática dos resultados alcançados  no  final  do  período  de  apuração  não  se  confundem  com  descrição  dos  mecanismos  de  aferição  das  informações pertinentes ao cumprimento do acordado. A Lei nº 10.101/2000 exige ambas. Não se basta  só com a primeira.  De  outro  eito,  decorre  por  dedução  lógica  e,  principalmente,  pelas  disposições  expressas na  lei,  que a  definição  e  formalização em documento próprio  das  condições de  contorno do  plano de PLR têm que estar concluídas e tornadas públicas aos empregados previamente ao período de  apuração dos objetivos pactuados entre as partes, de maneira que o trabalhador tenha o perfeito e exato  conhecimento  daquilo  que  precisa  fazer,  de  como  precisa  fazer,  do  quanto  e  quando  precisa  fazer,  de  como serão mensurados e avaliados os objetivos estabelecidos pela empresa e de como o empregado será  avaliado pela empresa para fazer  jus ao ganho patrimonial especificamente consignado e prometido na  negociação coletiva – REGRAS CLARAS E OBJETIVAS.  Tendo por finalidade a norma em tela a integração entre capital e trabalho e o ganho de  produtividade, exige a lei a negociação prévia entre empresa e os empregados, mediante acordo coletivo  ou  comissão  de  trabalhadores,  da  qual  resulte  clareza  e objetividade  das  condições  a  serem  satisfeitas  (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direito substantivo).   Deve ser enaltecido que o instrumento de acordo celebrado não figura como mera peça  decorativa  na  indigitada  lei  específica,  mas,  sim,  como  documento  formal  para  o  registro  dos  fins  extraordinários  a  serem  alcançados  pelo  corpo  funcional  da  empresa,  das  regras  claras  e  objetivas  referentes  aos  direitos  substantivos  dos  empregados,  ou  seja,  do  incentivo  contraprestacional  que  irão  auferir caso atinjam os objetivos do plano, e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das  informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência  e prazos para revisão do acordo.  Tendo a PLR a  finalidade de  incentivar o  trabalhador a  realizar e oferecer à empresa  um  plus  de  produtividade  que  exceda  ao  resultado  rotineiro  e  ordinário  decorrente  do  contrato  de  trabalho,  avulta que  acordo  tem que  ser  assinado antes do  início do período de apuração, para  que os  Fl. 20038DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.997          53  trabalhadores saibam, com precisão, o quê, como, quando, quanto precisam fazer, para auferir o ganho  patrimonial que lhes é prometido por intermédio do plano ajustado.  Ante do início do período de apuração necessitam ter o claro e preciso conhecimento de  quanto e quando  irão ganhar, sob que forma, e como serão avaliados, para poderem decidir se vale ou  não a pena se empenhar de maneira excessiva à ordinária e comum. São as tais das REGRAS CLARAS  E OBJETIVAS quanto aos direitos substantivos dos trabalhadores.  O espirito da lei pauta­se na transparência, conhecimento e registro documental prévio  dos direitos subjetivos dos trabalhadores na participação nos lucros e resultados da empresa, bem como  das  condições  e  dos  fins  excepcionais  que  deverão  de  ser  atingidos  com  o  empenho  incentivado  pelo  plano, para a consecução de tal ganho patrimonial.   Deflui  da  simbiose  dos  fundamentos  jurídicos  e  principiológicos  dimanados  dos  dispositivos  legais  ora  revisitados  que  as  comissões  eleitas  para  costurar  os  termos  do  plano  de  PLR  sejam integradas, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria, e que o  instrumento  de  negociação  celebrado  entre  patrões  e  empregados  seja  arquivado  PREVIAMENTE  na  respectiva  entidade  sindical,  como  forma  de  garantia  dos  direitos  dos  trabalhadores,  porquanto  os  sindicatos  ostentam,  como  uma  de  suas  principais  funções,  a  defesa  dos  interesses  econômicos,  profissionais, sociais e políticos dos seus associados.  A Lei nº 10.101/2000 não se satisfaz com o mero convite ou carta de convocação aos  sindicatos. Ela exige a participação efetiva dos sindicatos na mesa de negociações!  A eventual  escusa dos  sindicatos de participar da  celebração do plano de PLR não é  excludente da exigência estatuída no Diploma Legal ora em foco, uma vez que o Ordenamento Jurídico  prevê caminhos alternativos de sanatória de tal ausência, fixados no art. 616 da Consolidação das Leis do  Trabalho, ad litteris et verbis:  Consolidação das Leis do Trabalho   Art.  616  ­  Os  Sindicatos  representativos  de  categorias  econômicas  ou  profissionais  e  as  empresas,  inclusive  as  que  não  tenham  representação  sindical,  quando  provocados,  não  podem  recusar­se  à  negociação  coletiva.  (Redação dada pelo Decreto­lei nº 229/67)  §1º  Verificando­se  recusa  à  negociação  coletiva,  cabe  aos  Sindicatos  ou  empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, ao Departamento  Nacional  do  Trabalho  ou  aos  órgãos  regionais  do Ministério  do  Trabalho  e  Previdência Social, para convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas  recalcitrantes. (Incluído pelo Decreto­lei nº 229/67)  §2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento  às  convocações  feitas  pelo  Departamento  Nacional  do  Trabalho  ou  órgãos  regionais  do Ministério  de Trabalho  e Previdência  Social,  ou  se malograr a  negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a  instauração de dissídio coletivo. (Incluído pelo Decreto­lei nº 229/67)  §3º Havendo  convenção,  acordo  ou  sentença  normativa  em  vigor,  o  dissídio  coletivo  deverá  ser  instaurado  dentro  dos  60  (sessenta)  dias  anteriores  ao  respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia  imediato a esse termo. (Redação dada pelo Decreto­lei nº 424/69)  §4º  Nenhum  processo  de  dissídio  coletivo  de  natureza  econômica  será  admitido  sem  antes  se  esgotarem  as  medidas  relativas  à  formalização  da  Convenção ou Acordo correspondente. (Incluído pelo Decreto­lei nº 229/67)    Fl. 20039DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     54  Nessa  esteira,  não  atendendo  os  sindicatos  à  convocação  levada  a  efeito  pela  Recorrente, deve esta dar ciência do fato ao órgão responsável do Ministério do Trabalho, ou ao órgão  governamental  competente  que  lhe  faça  as  vezes,  para  que  proceda  à  convocação  compulsória  dos  Sindicatos recalcitrantes.   Dessarte,  sem  a  presença  de  um  representante  indicado  pelo  sindicato  da  respectiva  categoria  e  enquanto  não  se  promover  o  efetivo  arquivamento  do  instrumento  de  acordo  celebrado  na  entidade  sindical  dos  trabalhadores,  irregular,  incompleta  e  em  desacordo  com  a  Lei  nº  10.101/2000  estará a negociação entre patrões e empregados, circunstância que exclui  toda e qualquer verba paga a  título de PLR do campo de não incidência tributária delimitado na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº  8.212/91.    É de se enaltecer que muita vez uma determinada empresa celebra espontaneamente um  acordo particular de PLR com os seus empregados e, na sequência, um eventual acordo ou convenção  coletiva de trabalho estipula um benefício à categoria, atinente à participação nos lucros ou resultados,  diverso daquele que foi fixado no acordo particular acima citado.  Nestas hipóteses específicas, a lei estatuiu como faculdade da empresa a compensação  dos pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos  espontaneamente pela  empresa,  com as obrigações decorrentes de  acordos ou  convenções  coletivas de  trabalho  atinentes  à  participação  nos  lucros  ou  resultados,  de  maneira  que  o  trabalhador  receba,  no  mínimo,  aquele  que  for  mais  vantajoso,  e  que  o  empregador  não  seja  obrigado  a  pagar  ambos,  simultaneamente.    Cumpre  observar  que,  nos  termos  do  art.  111,  II,  do  CTN,  deve­se  emprestar  interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a  norma  tributária há pouco citada, para se excluir da regra de  incidência é necessária a fiel observância  dos termos da norma de exceção,  tanto assim que as parcelas  integrantes do supra­aludido §9º, quando  pagas ou creditadas  em desacordo com a  legislação pertinente, passam a  integrar  a base de cálculo da  contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis.  Código Tributário Nacional ­ CTN   Art.  111.  Interpreta­se  literalmente  a  legislação  tributária  que  disponha  sobre:  I ­ suspensão ou exclusão do crédito tributário;   II ­ outorga de isenção;    Dado  à  exegese  restritiva  exigida  pelo  CTN,  somente  serão  extirpadas  da  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias  as  verbas  pagas  sob  o  rótulo  de  participação  nos  lucros  e  resultados  (PLR)  que  forem  pagas  ou  creditadas  a  segurados  empregados,  e  em  estreita  e  inafastável  consonância  com  a  lei  específica  que  rege  o  benefício  em  pauta.  Do  contrário,  não.  Permanecerão  qualificadas como Salário de Contribuição.  Diante dos aludidos dispositivos, deflui que o efeito sublime da desoneração prevista na  alínea  ‘j’  do  §9º  do  art.  28  da Lei  de Custeio  da  Seguridade  Social  somente  toma  vulto  na  exclusiva  condição  de  as  verbas  pagas  ou  creditadas  a  título  de  participação  nos  lucros  e  resultados  atenderem  cumulativamente aos seguintes requisitos:  Fl. 20040DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.998          55  ·  A verba paga a título de participação nos lucros e resultados da empresa tem que ser  representativa de um plano gerencial de incentivo à produtividade, consoante art. 1º  da Lei nº 10.101/2000.  ·  O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e  objetiva,  um  fim  extraordinário  a  ser  alcançado  pelo  desempenho  emproado  do  trabalhador,  estimulado  que  está  pela  promessa  de  um  ganho  adicional  remuneratório consistente na PLR, de maneira que, efetivamente, encoraje, deflagre  e  estimule  o  trabalhador  a  produzir  mais  e  melhor  do  que  aquele  desempenho  ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e  rotineiramente, decorrente do seu  compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho.   Ø  O  desempenho  regular,  rotineiro  e  ordinário  do  trabalhador  decorrente  do  compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante  salário;  Ø  O  desempenho  extraordinário  e  túmido  do  trabalhador,  visando  a  atingir  objetivos  de  excelência  fixados  previamente  pela  empresa  que  excedam  aos  resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos  lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações  coletivas.   ·  Tem  que  resultar  de  negociação  formal  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  por  comissão escolhida pelas partes,  integrada, obrigatoriamente, por um representante  indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou de convenção/acordo coletivo;  ·  Das negociações suso citadas, deverão resultar instrumentos formais que registrem o  plano  de  incentivo  à  produtividade  adotado  pela  empresa,  os  objetivos  a  serem  alcançados  na  execução  de  tal  plano,  as  regras  claras  e  objetivas  definidoras  dos  direitos substantivos dos trabalhadores, bem como a regras adjetivas, abarcando os  mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado,  periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo,  etc.  ·  A  negociação  entre  empresa  e  trabalhadores  tem  que  ser  concluída  e  assinada  previamente  ao  período  de  execução  do  plano,  de modo  que  os  empregados  dele  participem com a perfeita e exata noção do que, do quanto, do quando e do como  fazer  para  o  atingimento  dos  objetivos  pactuados,  do  quanto  receberão  pelo  seu  sucesso, e de como serão avaliados para fazerem jus à PLR prometida;   ·  O  instrumento  formal  resultante  do  acordo  em  realce  tem  que  ser  arquivado  previamente na entidade sindical dos trabalhadores;  ·  A  PLR  não  pode  substituir,  tampouco  complementar  a  remuneração  devida  a  qualquer empregado;  ·  A PLR não pode ser distribuída em periodicidade  inferior a um semestre civil, ou  mais de duas vezes no mesmo ano civil;    Fl. 20041DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     56  No  caso  em  apreço,  apurou  a  Fiscalização  que  o  acordo  de  PLR  que  versa  sobre  a  participação  nos  resultados  relativos  ao  exercício  de  2007  foi  assinado  em  25  de  junho  de  2008  e  o  acordo que versa sobre a PLR do exercício de 2008 houve­se por homologado em 29 de maio de 2009.  Aqui,  os  trabalhadores  adentraram  o  período  de  apuração  de metas  sem  saber  o  que  precisavam  fazer,  como  precisavam  fazer,  quanto  e  quando  precisavam  fazer  para  obter  o  direito  subjetivo a um ganho patrimonial que também não sabiam de quanto era, ou mesmo sequer se haveria  algum.  Além disso, ficaram às escuras os trabalhadores a respeito dos critérios e parâmetros de  avaliação  do  seu  desempenho  supranormal  dedicado  à  consecução  dos  fins  extraordinários  almejados  pela  empresa,  que  também,  já  iniciado  o  período  de  apuração,  ainda  não  haviam  sido  estipulados,  tampouco os elementos de aferição do cumprimento do acordado.  Em outras palavras: A empresa conduziu a elaboração do seu plano de PLR exatamente  na contramão do que prescreve a Lei nº 10.101/2000, que exige negociação prévia entre a empresa e seus  empregados, que os  fins extraordinários a serem alcançados pelos  trabalhadores  seja especificado com  regras claras e objetivas nos  instrumentos de acordo celebrado, o qual deve mencionar,  igualmente, os  mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo.  Conforme  já  salientado  alhures,  o  espirito  da  lei  pauta­se  na  transparência,  conhecimento e registro documental prévio dos direitos subjetivos dos trabalhadores na participação nos  lucros  e  resultados  da  empresa,  bem  como  das  condições  e  dos  fins  excepcionais  que  deverão  de  ser  atingidos com o empenho incentivado pelo plano, para a consecução de um ganho patrimonial.   No  caso  em  foco,  tudo  transcorreu  na  penumbra  em  todo  o  período  de  apuração  e  avaliação.  Assim,  o  trabalhador  ingressou  no  período  de  incentivo,  já  desincentivado,  pois  não  possuía qualquer instrumento formal assinado pelo empregador apto a lhe informar e assegurar se teria  ou não direito à participação nos resultados; Qual seria o resultado econômico de tal participação; Como  se daria  a apuração  e  a mensuração de  tal  resultado; O que  ele  trabalhador  já havia  realizado e  o que  ainda necessitaria produzir para auferir o direito subjetivo aos resultados da empresa, dentre outras tantas  incertezas, em total arrepio aos princípios norteadores que animam a Lei nº 10.101/2000.  Ou seja: Quando a Recorrente celebrou o plano de PLR, ela  já sabia há muito  tempo  qual havia sido o resultado e o lucro por ela alcançado.  Que  integração  Capital  vs  Trabalho  se  obtém  com  tal  Acordo  ?  Que  incentivo  à  produtividade dessai de tal plano ?    Mas não é só. Há mais. Diz o Acordo de 2007, verbis:  “Cláusula  Primeira  –  Participação  nos  Lucros  e  ou  Resultados  ­  A  LEME  ENGENHARIA  LTDA  se  propõe  a  efetivar  pagamento  da  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  e  resultados  da  empresa,  apurados  no  período  de  Janeiro de 2007 a Dezembro de 2007.   Parágrafo  Único  ­  Critérios  de  participação  nos  lucros  e  resultados.  O  montante total a distribuir, definido pelo acionista em função dos resultados  atingidos no período, será distribuído proporcionalmente aos salários, a todos  os trabalhadores.   Fl. 20042DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 19.999          57  Cláusula Segunda – Vigência e Abrangência ­O Presente acordo, relativo tão  somente  ao  exercício  de  2007,  tem  vigência  de  um  ano  a  partir  de  sua  assinatura e abrange todos os trabalhadores da LEME ENGENHARIA LTDA ­ ESCRITÓRIO DE BELO HORIZONTE ­MG, sendo certo que os pagamentos  decorrentes do presente acordo não são compensáveis a nenhum título.   E, por estarem assim certos e ajustados, firmam o presente em 5 (cinco) vias  de  igual  forma  e  teor,  comprometendo­se  a  empresa  promover  o  arquivo  no  Ministério do Trabalho.”    A  indefinição de parâmetros é visível no parágrafo único da Cláusula primeira acima  transcrita, que trata dos critérios da participação. São lacônicos os critérios e objetivos a serem atingidos,  inexistindo qualquer definição acerca dos resultados a serem almejados pelos empregados, muito menos  a especificação dos direitos substantivos a que farão jus os trabalhadores.  O montante a distribuir seria definido unilateralmente pela empresa e, mesmo assim,  em função dos resultados atingidos no período, os quais já eram conhecidos no momento da assinatura  do  acordo.  Afinal,  quais  seriam  os  resultados  a  serem  atingidos  pelos  empregados  para  que  estes  tivessem direito a participação nesses resultados? O plano não diz.  Adite­se que quando o acordo de 2007 foi assinado (25/06/2008) o período de apuração  já havia se exaurido integralmente.  Ou seja: Quando a Recorrente celebrou o plano de PLR, ela  já sabia há muito  tempo  qual havia sido o resultado e o lucro por ela alcançado.    Por outro lado, não se encontra previsto no acordo qualquer critério ou mecanismo de  acompanhamento do desempenho que possibilite aos empregados avaliar se as metas foram atingidas, ou  mesmo que existiram metas.   De outro giro, o montante a distribuir seria repartido proporcionalmente ao salário dos  trabalhadores,  inexistindo  qualquer  relação  com  a  produtividade  ou  a  eficiência  do  empregado.  Se  produziu pouco ou se produziu muito, é irrelevante. Se operou com substantiva eficiência ou se com total  desmazelo, é indiferente. Tais parâmetros não influenciam o quantum que cada trabalhador irá receber a  esse título. Onde estará o incentivo à produtividade exigido pela Lei ? Perdeu­se no caminho !  Como  demonstrado,  nas  cláusulas  dos  Acordos  Coletivos  acima  citados  inexiste  qualquer  parâmetro  de  referência,  o  mínimo  que  seja,  que  represente  uma  meta,  um  objetivo  extraordinário, um resultado a ser atingido pela empresa para que o trabalhador, a contar de então, passe  a  fazer  jus  aos  lucros/resultados  da  empresa,  tampouco  rabisca  traços  dos  direitos  substantivos  dos  trabalhadores.  Os  trabalhadores  percorreram  o  período  de  apuração  e  avaliação  sem  ter  a  mínima  noção do que precisavam  fazer,  do quanto precisavam produzir,  do  como essa produção  tinha que  ser  executada. De quando a produção tinha que estar concluída, de quais resultados excepcionais precisavam  ser alcançados, de qual seria o seu ganho patrimonial caso tais resultados fossem atingidos, se teria ou  não direito a algum ganho patrimonial, de como seriam avaliados, etc. etc. etc.  REGRAS CLARAS E OBJETIVAS ? PARA QUE ?  Fl. 20043DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     58    Assim,  tendo em vista que no  acordo não constam  regras  claras  e objetivas quanto  à  fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  não  há  como  entender  que  a  verba  paga  a  titulo  PARTICIPACAO RESULTADOS GERAL  ­ ANO ANTERIOR  possua  as  características  que  a  enquadre na categoria almejada.   Além disso,  não  foram  apresentados os  acordos  coletivos que pudessem  respaldar os  pagamentos  efetuados pela Autuada  a  título de PLR aos  empregados das Filiais  Florianópolis – CNPJ  33.633.561/0005­00, Brasília CNPJ 33.633.561/0004­20, Rio de Janeiro CNPJ 33.633.561/0006­91, Pará  CNPJ 33.633.561/0011­59, referentes ao desempenho do exercício de 2007 com pagamento em 2008.     Por tais razões, os valores pagos foram considerados como Salário de Contribuição, nos  termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/1991. E diga o Relatório Fiscal:  “Considerando que não foram comprovadas as exigências apresentadas na Lei  10.101/2000, que dá a verba escriturada na conta contábil 2.1.08.08.000001 –  “PARTICIPACAO RESULTADOS GERAL ­ANO ANTERIOR” a possibilidade  de enquadra­la na categoria almejada, a rubrica em questão  foi considerada  fato gerador das contribuições previdenciárias e das destinadas aos terceiros.  Os  valores  pagos  encontram­se  detalhamentos  no  anexo  PL,  sendo  pago  a  titulo  de  participação  nos  resultados  um  percentual  de  40%  (quarenta  por  cento) sobre o salário base do empregado”.    Tais acordos, portanto, não se prestam como instrumento de integração entre o capital e  o trabalho, muito menos como elemento de incentivo à produtividade, como assim exige o art. 1º da Lei  nº 10.101/2000.  Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000   Art.  1o  Esta  Lei  regula  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa  como  instrumento  de  integração  entre  o  capital  e  o  trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da  Constituição. (grifos nossos)     Assim,  a  empresa  fugiu  ao  abrigo da  legislação  que  rege o direito  social  previsto no  inciso XI  do  art.  7º  da CF/88,  uma vez  que  efetuou  apagamentos  sob  o  rótulo  de PLR,  sem,  todavia,  atender aos requisitos da lei específica de regência do beneficio em pauta.  O  pagamento  de  tais  verbas,  nas  condições  em  que  se  consumaram,  não  possui  as  premissas  básicas  conformadoras  da  Participação  nos  Lucros  ou  Resultados  assentadas  na  Carta  de  1988.  Ora, o pagamento de verbas, a título de PLR, pagas em ampla desconformidade com as  normas  tributárias  fixadas  na  Lei  nº  10.101/2000  transmuda  a  natureza  jurídica  da  constitucional  Participação nos Lucros ou Resultados para mero prêmio, o qual não se encontra abraçado pela hipótese  de não incidência tributária prevista Lex Excelsior.   Frustram­se  então  os  objetivos  da  lei,  que  tem  como  inspiração  maior  o  fomento  à  produtividade.  Fl. 20044DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.000          59  Ao  não  atender  aos  requisitos  impostos  pela  Lei  nº  10.101/2000,  fugiu  a  verba  em  questão  da  proteção  do  manto  da  não  incidência  prevista  na  alínea  ‘j’  do  §9º  do  art.  28  da  Lei  nº  8.212/91,  sujeitando­se  a  importância  paga  sob  o  rótulo  de  participação  nos  lucros  às  obrigações  tributárias fincadas na Lei de Custeio da Seguridade Social,   A inobservância à aplicação de lei representaria, por parte deste Colegiado, negativa de  vigência aos preceitos inseridos no inciso XI do art. 7º da CF/88 e nas Leis nº 8.212/91 e 10.101/2000,  providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário.  Estando, portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo  dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, nas circunstâncias ora  analisado, deve persistir o lançamento ora em debate.     3.2.2.  DA BOLSA DE ESTAGIO  A alínea ‘i’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatui, de forma expressa, não integrar  o Salário  de  contribuição  a  importância  recebida  a  título  de bolsa de  complementação  educacional  de  estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494/77.  No caso ora em foco, estatui o Diploma Normativo em realce que a parcela recebida a  título de bolsa de complementação educacional de estagiário somente será excluída da base de incidência  das  contribuições  previdenciárias  caso  seja  paga  na  forma  da Lei  nº  6.494/77,  a  qual  dispõe  sobre  os  estágios  de  estudantes  de  estabelecimento  de  ensino  superior  e  ensino  profissionalizante  do  2º Grau  e  Supletivo, assim dispondo quanto ao seu tema nuclear que, para serem considerados como estagiários, os  alunos devem,  comprovadamente,  estar  frequentando cursos de nível  superior,  profissionalizante de 2º  grau, ou escolas de educação especial.  Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977  Art. 1º As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração  Pública  e  as  Instituições  de  Ensino  podem  aceitar,  como  estagiários,  os  alunos regularmente matriculados em cursos vinculados ao ensino público  e particular.  §1º  Os  alunos  a  que  se  refere  o  "caput"  deste  artigo  devem,  comprovadamente,  estar  frequentando  cursos  de  nível  superior,  profissionalizante  de  2º  grau,  ou  escolas  de  educação  especial.  (grifos  nossos)   §2º  O  estágio  somente  poderá  verificar­se  em  unidades  que  tenham  condições  de  proporcionar  experiência  prática  na  linha  de  formação  do  estagiário,  devendo  o  aluno  estar  em  condições  de  realizar  o  estágio,  segundo o disposto na regulamentação da presente Lei.  §3º  Os  estágios  devem  propiciar  a  complementação  do  ensino  e  da  aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em  conformidade com os currículos, programas e calendários escolares.    Art. 4º O estágio não cria  vínculo  empregatício de qualquer natureza  e o  estagiário  poderá  receber  bolsa,  ou  outra  forma  de  contraprestação  que  venha  a  ser  acordada,  ressalvado  o  que  dispuser  a  legislação  previdenciária, devendo o estudante, em qualquer hipótese, estar segurado  contra acidentes pessoais. (grifos nossos)     Fl. 20045DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     60  Nesse  particular,  dispõe  o  Regulamento  da  citada  lei  que  o  instrumento  jurídico  necessário à caracterização e definição do estagio curricular seja periodicamente reexaminado.  Decreto nº 87.497, de 18 de agosto de 1982  art. 5º para caracterização e definição do estágio curricular é necessária,  entre  a  instituição  de  ensino  e  pessoas  jurídicas  de  direito  público  e  privado,  a  existência  de  instrumento  jurídico,  periodicamente  reexaminado,  onde  estarão  acordadas  todas  as  condições  de  realização  daquele estágio, inclusive transferência de recursos à instituição de ensino,  quando for o caso.    Art.  6º  A  realização  do  estágio  curricular,  por  parte  de  estudante,  não  acarretará vínculo empregatício de qualquer natureza.  §1º O Termo de Compromisso será celebrado entre o estudante e a parte  concedente da oportunidade do estágio curricular, com a interveniência da  instituição  de  ensino,  e constituirá  comprovante  exigível  pela  autoridade  competente, da inexistência de vínculo empregatício. (grifos nossos)     De acordo com a legislação de regência, a caracterização de estagio curricular depende  da  celebração  de Termo  de Compromisso  entre  o Estudante  e  o Concedente,  com  a  interveniência  da  Instituição  de  Ensino,  o  qual  termo  constituirá  comprovante  exigível  da  inexistência  de  vínculo  empregatício.  Com  efeito,  é  através  do  reexame  periódico  do  citado  instrumento  jurídico  que  as  autoridades  competentes,  dentre  as  quais  os  auditores  fiscais  federais,  podem  sindicar  se  a  relação  jurídica  estabelecida  inicialmente  entre  estagiário  e  as  empresas  continuam  atendendo  aos  requisitos  essenciais da  inexistência de vínculo empregatício, ou, no caso da legislação previdenciária, se o valor  auferido  pelo  estagiário  ainda  reúne  as  condições  indispensáveis  para  se  subsumir  à  hipótese  de  não  incidência prevista na alínea “i” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91.  Merece ser enaltecido que a Lei nº 6.494/77 houve­se por expressamente revogada pelo  art. 22 da Lei nº 11.788/2008, cujo art. 3º  reprisou as disposições aviadas no art. 4º da Lei despejada,  mantendo, sem solução de continuidade, as exigências fixadas no Diploma Legal anterior.  Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008.  Art.  3o  O  estágio,  tanto  na  hipótese  do  §1o  do  art.  2o  desta  Lei  quanto  na  prevista  no  §2o  do  mesmo  dispositivo,  não  cria  vínculo  empregatício  de  qualquer natureza, observados os seguintes requisitos:   I  –  matrícula  e  frequência  regular  do  educando  em  curso  de  educação  superior, de  educação profissional,  de  ensino médio,  da  educação especial e  nos  anos  finais  do  ensino  fundamental,  na  modalidade  profissional  da  educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino;   II  –  celebração  de  termo  de  compromisso  entre  o  educando,  a  parte  concedente do estágio e a instituição de ensino;   III  –  compatibilidade  entre  as  atividades  desenvolvidas  no  estágio  e  aquelas  previstas no termo de compromisso.   §1o  O  estágio,  como  ato  educativo  escolar  supervisionado,  deverá  ter  acompanhamento efetivo pelo professor orientador da  instituição de ensino e  por  supervisor  da  parte  concedente,  comprovado  por  vistos  nos  relatórios  referidos no inciso IV do caput do art. 7o desta Lei e por menção de aprovação  final.   §2o O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer  obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego  Fl. 20046DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.001          61  do  educando  com  a  parte  concedente  do  estágio  para  todos  os  fins  da  legislação trabalhista e previdenciária. (grifos nossos)     Em consonância com o regime jurídico ora vigente, a caracterização de inexistência de  vínculo empregatício entre o estagiário e a empresa depende do adimplemento cumulativo dos seguintes  requisitos essenciais:  §  Comprovação de matrícula e frequência regular do educando em curso de educação  superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos  finais do ensino  fundamental, na modalidade profissional da educação de  jovens e  adultos e atestados pela instituição de ensino;   §  Comprovação  da  celebração  de  termo  de  compromisso  entre  o  educando,  a  parte  concedente do estágio e a instituição de ensino;   §  Comprovação  da  compatibilidade  entre  as  atividades  desenvolvidas  no  estágio  e  aquelas previstas no termo de compromisso;  §  Comprovação do acompanhamento  efetivo pelo professor orientador da  instituição  de  ensino  e  por  supervisor  da  parte  concedente, mediante  vistos  nos  relatórios  de  atividades  do  educando,  apresentados  periodicamente  em  prazo  não  superior  a  6  (seis) meses, e por menção de aprovação final.    De acordo com o §2º do art. 4º da Lei nº 11.788/2008, o descumprimento de qualquer  dos requisitos acima elencados ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza  vínculo  de  emprego  do  educando  com  a  parte  concedente  do  estágio  para  todos  os  fins  da  legislação  trabalhista e previdenciária.   No presente caso, a Fiscalização constatou a existência de estágios sem os respectivos  termos de compromisso e sem a indispensável interveniência da Instituição de Ensino na qual o estudante  supostamente  estaria  matriculado.  Além  disso,  apurou  a  prestação  de  serviços  por  estagiários  em  competências posteriores àquela de expiração prevista no contrato de estágio.  As  situações  mencionadas  desclassificam  a  relação  de  estágio,  convertendo­a  em  relação de emprego, por força do preceito inscrito no §2º do art. 3º da Lei nº 11.788/2008.  Nessa  prumada,  a  Fiscalização,  considerando  que  a  empresa  não  apresentou  alguns  contratos de estágio ou os apresentou não acobertando todas as competências em que se deu a relação de  trabalho,  qualificou  os  valores  pagos  a  título  de  bolsa  de  estágio  como  salário  de  contribuição  de  segurados empregados, base de incidência das contribuições previdenciárias.  Tais segurados encontram­se arrolados nos anexos EI e EV, a fls. 681/686.  Os  relatórios  e  avaliações  apresentados  pelo  Recorrente  não  supre  a  exigência  de  comprovação  do  Termo  de  Compromisso  firmado  entre  o  estagiário,  o  concedente  de  estágio  e  a  instituição de ensino.  Fl. 20047DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     62  O  §2º  do  art.  3º  da  Lei  nº  11.788/2008  é  taxativo  e  inflexível  ao  estatuir  que  o  descumprimento de qualquer dos requisitos previstos em seus incisos, ou de qualquer obrigação contida  no  termo  de  compromisso,  caracteriza  vínculo  de  emprego  do  educando  com  a  parte  concedente  do  estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.    Registre­se que os termos de compromisso acostados aos autos pela Impugnante ou se  referem  a  estagiários  ou  a  competências  não  incluídos  no  lançamento,  ou  encontram­se  desacompanhados  dos  comprovantes  de  matrícula/frequência  regular  do  estagiário  nos  cursos  correspondentes, não preenchendo, dessarte, a totalidade das exigências legais necessárias à desoneração  pretendida.    3.2.3.  DO VALE COMBUSTÍVEL   A alínea ‘s’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatui que não  integra o Salário de  contribuição  a  importância  recebida  a  título  de  ressarcimento  de  despesas  pelo  uso  de  veículo  do  empregado, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas.  Os  valores  apurados  pela  Fiscalização  foram  escriturados  na  conta  contábil  4.02.01.04.07 – “DESPESAS COM VEICULOS”, tendo como contrapartida a conta 2.1.01.01.000001 ­  FORNECEDORES  ou  diretamente  na  conta  2.1.01.01.000001  –  “FORNECEDORES”  e  como  contrapartida  “BRADESCO S/A  –  BH”  nos  lançamentos  em  que  não  houve  o  trânsito  pela  conta  de  despesas  4.02.01.04.07  –  “DESPESAS  COM  VEICULOS”.  Consta  no  histórico  tratar­se  de  “PAGAMENTO NF 123599­/1 ECX CARD PROCESSADORA DE CARTÕES S/A CONF. CHEQUE  23244” (lançamento efetuado em 11/01/2008).     Merece ser enaltecido de plano que a hipótese de não  incidência ora em realce versa  sobre ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado, quando devidamente comprovadas  as despesas realizadas.  Nessa vertente, para se por a salvo da incidência tributária, é necessária a comprovação  das despesas em tela, a demonstração de que o veículo a que se referem as despesas seja de propriedade  do empregado beneficiado, e que a verba despendida a tal título tenha natureza de ressarcimento.  Tais  demonstrações  são  indispensáveis,  porquanto  o  ressarcimento  de  despesas  tem  como  objetivo  fundamental  a  recomposição  do  patrimônio  inercial  do  empregado,  desfalcado  pelos  gastos  despendidos  com  o  uso  de  veículo  próprio,  combustíveis  e  manutenção,  utilizados  no  cumprimento das atribuições inerentes ao seu cargo, em favor e interesse da empresa.  Como  muito  propriamente  pontuou  o  Órgão  Julgador  de  1ª  Instância,  “para  que  a  verba  direcionada  a  gastos  com  combustível  deixe  de  ter  as  naturezas  salariais,  configurando­se  “ressarcimento”/“reembolso”/“indenização”, é necessário que reste demonstrado, não só a realização  da  despesa,  mas,  também,  que  se  destina  a  recompor  o  patrimônio  do  trabalhador  por  um  gasto  indevidamente por ele suportado, ou seja, que se trata de despesas eventuais que o empregado teve na  utilização do veículo para a execução de serviços externos relacionados aos assuntos da empresa, que o  veículo estava sendo utilizado na prestação de serviços a interesse do empregador”.   Os documentos acostados pelo Impugnante a fls. 9117/9157 falham absolutamente em  seu  mister  de  demonstrar  os  atributos  acima  elencados.  Tais  documentos  não  indicam,  sequer,  a  que  veículo se refere, muito menos que tal veículo seja da propriedade do empregado beneficiário.  Fl. 20048DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.002          63  Além disso, inexiste qualquer indício de prova material de que tais despesas refiram­se  a  ressarcimento  de  dispêndios  realizados  pelo  empregado,  na  utilização  de  veículo  próprio,  para  a  realização de trabalho de interesse da empresa.  Ao contrário, as comunicações via e­mail acostado a fls. 9126/9127 demonstram que a  rubrica paga a título auxílio combustível e reembolso KM era manipulada para compor a remuneração do  empregado, “para não impactar e aumentar muito o salário CLT dele”.    Diante de tal quadro, ante a carência de demonstração e comprovação de que o veículo  a que se referem as despesas é de propriedade do empregado beneficiado, e que a verba despendida a tal  título  tem natureza de  ressarcimento, não há como deixar de atribuir a  tais  importâncias a natureza de  salário utilidade, o qual, sendo pago com habitualidade, como assim se revela o caso presente, se agrega  ao salário do empregado, por força de norma constitucional inscrita no §11 do art. 201 da CF/88.  Constituição Federal de 1988   Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de  caráter  contributivo  e  de  filiação  obrigatória,  observados  critérios  que  preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98)  (...)  §11.  Os  ganhos  habituais  do  empregado,  a  qualquer  título,  serão  incorporados  ao  salário  para  efeito  de  contribuição  previdenciária  e  consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído  pela Emenda Constitucional nº 20/98) (grifos nossos)     No caso presente, não restou demonstrada a natureza de ressarcimento da verba paga  sob  o  rótulo  de  auxílio­combustível,  nem mesmo que o  veículo  era  de  propriedade do  beneficiário  da  rubrica.  Ao  contrário,  os  Cartões  ECX  combustível  foram  fornecidos  em  valores  fixos,  tão  somente no período 01/2008 a 01/2009, a Dejair Soares Porto e Carlos Roberto de Oliveira.  Deve ser enaltecido ainda que, mesmo nos casos em que reste demonstrada a natureza  indenizatória  do  auxílio­combustível,  se  tal  verba  for  paga  com  habitualidade  ao  beneficiário,  esta  também  passa  a  integrar  o  conceito  de  Salário  de  Contribuição,  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias, como assim tem se posicionado a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.   AgRg no REsp 1197757 / ES  Rel. Min. Humberto Martins  Órgão Julgador: T2 ­ SEGUNDA TURMA  DJe de 13/10/2010    TRIBUTÁRIO.  PROCESSUAL  CIVIL.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS.  REEMBOLSO  POR  USO  DE  VEÍCULO  PRÓPRIO.  OMISSÃO  EXISTENTE.  VIOLAÇÃO  DO  ART.  535  DO  CPC.  RETORNO DOS AUTOS.  1.  A  teor  da  jurisprudência  desta  Corte,  somente  a  existência  de  omissão  relevante  à  solução  da  controvérsia,  não  sanada  pelo  Acórdão  recorrido,  Fl. 20049DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     64  caracteriza a violação do art. 535 do CPC, o que de fato ocorreu na hipótese  em apreço.  2.  A  isenção  tributária  sobre  os  valores  pagos  a  título  de  participação  nos  lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora; no caso,  a Medida Provisória 794/94 e a Lei nº 10.101/00, e também o art. 28, § 9º, "j",  da Lei nº 8.212/91, possuem regulamentação idêntica.  3. Descumpridas as exigências legais, as quantias pagas pela empresa a seus  empregados  ostentam  a  natureza  de  remuneração,  passíveis,  pois,  de  serem  tributadas.  4. Sobre o auxílio­quilometragem, a contribuição previdenciária só incidirá se  caracterizada a sua habitualidade, pois as verbas pagas por ressarcimento de  despesas  por  utilização  de  veículo  próprio  na  prestação  de  serviços  a  interesse  do  empregador  têm  natureza  indenizatória.  Precedentes.  (grifos  nossos)   5.  Omisso  o  Tribunal  de  origem  quanto  à  observância  dos  requisitos  estabelecidos  na  Medida  Provisória  794/94  e  na  Lei  nº  10.101/00,  como  também quanto à habitualidade do uso do veículo próprio, apesar da oposição  de embargos de declaração. Caracterizada a violação do art. 535 do CPC.  Agravo regimental improvido.    Não  merece  reparos,  pois,  nesse  específico  particular,  o  lançamento  em  debate  e  a  Decisão de Primeira Instância Administrativa.    3.2.4.   DO REEMBOLSO ÓCULOS E DO AUXÍLIO FARMÁCIA   A alínea ‘q’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 dispõe que não integra o Salário de  Contribuição  o  valor  relativo  à  assistência  prestada  por  serviço  médico  ou  odontológico,  próprio  da  empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos  ortopédicos, despesas médico­hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade  dos empregados e dirigentes da empresa.  Os  valores  auferidos  por  segurados  obrigatórios  do  RGPS,  da  empresa,  a  título  de  reembolso  óculos  e  auxílio  farmácia  decorrem  de  seus  contratos  de  trabalho  e  se  destinam  a  cobrir  despesas  pessoais  desses  trabalhadores  ou  de  seus  familiares,  representando  a  todo  sentir  um  ganho  patrimonial  recebido  pelo  trabalho,  e  não  para  o  trabalho,  inexistindo  dúvidas  quanto  à  natureza  remuneratória da citada verba.  Ocorre  que,  por  razões  de  política  social,  o  legislador  ordinário  resolveu  instituir  hipótese  de  não  incidência  tributária  ao  valor  relativo  à  assistência  prestada  por  serviço  médico  ou  odontológico,  próprio  da  empresa  ou  por  ela  conveniado,  inclusive  o  reembolso  de  despesas  com  medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico­hospitalares e outras similares, desde que  a cobertura de tal benefício abrangesse a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.  O art. 15 da Lei de Custeio da Seguridade Social conceitua como empresa, para os fins  das  obrigações  nela  previstas,  não  somente  a  firma  individual  ou  sociedade  que  assume  o  risco  de  atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, como também os órgãos e entidades da  administração pública direta,  indireta e  fundacional,  a ela  se  equiparando o contribuinte  individual em  relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer  natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 15. Considera­se:   Fl. 20050DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.003          65  I ­ empresa ­ a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade  econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e  entidades da administração pública direta, indireta e fundacional;   II ­ empregador doméstico ­ a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem  finalidade lucrativa, empregado doméstico.   Parágrafo  único.  Equipara­se  a  empresa,  para  os  efeitos  desta  Lei,  o  contribuinte  individual  em  relação  a  segurado  que  lhe  presta  serviço,  bem  como  a  cooperativa,  a  associação  ou  entidade  de  qualquer  natureza  ou  finalidade,  a  missão  diplomática  e  a  repartição  consular  de  carreira  estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99).    No caso presente, o benefício em tela favorecia,  tão somente, os empregados da filial  Florianópolis, não alcançando os empregados dos demais estabelecimentos da empresa.  Não  resta  dúvida  que  a  vantagem  concedida  aos  empregados  do  estabelecimento  de  Florianópolis tem caráter assistencial, contudo o propósito magnífico da exoneração tributária somente é  atingido quando tal assistencialismo abarca todos os empregados da empresa como um todo, nos termos  da alínea ‘q’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, e não apenas os funcionários lotados em um único e  determinado estabelecimento da pessoa jurídica, em flagrante discriminação dos demais.  Não  procede  a  alegação  do  Recorrente  de  que  para  fins  previdenciários,  o  termo  empresa deve ser compreendido como estabelecimento em razão da Súmula 351 do STJ.  STJ Súmula nº 351  A  alíquota  de  contribuição  para  o  Seguro  de Acidente  do  Trabalho  (SAT)  é  aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo  seu CNPJ, ou pelo grau de  risco da atividade preponderante quando houver  apenas um registro.    O  verbete  assentado  na  citada  súmula  nº  351  tem  sua  aplicabilidade,  somente  e  tão  somente,  na  aferição  do  grau  de  risco  de  acidente  de  trabalho,  para  fins  da  definição  da  alíquota  da  contribuição destinada ao  financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de  incidência de  incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, o que não é o caso dos autos.  Relembre­se que o art. 111,  II, do CTN exige que se empreste  interpretação literal às  normas que concedam outorga de isenção, de sorte que, onde o legislador ordinário, podendo fazê­lo, não  dispôs  de  forma  expressa,  não  pode  o  operador  da  lei  elastecer  a  interpretação  e  o  alcance  da  norma  isentiva, sob pena de violação aos princípios da reserva legal e da isonomia.    Nesse diapasão, dado à exegese restritiva exigida pelo CTN, somente serão extirpadas  da base de cálculo das contribuições previdenciárias as verbas pagas sob o rótulo de reembolso óculos e  auxílio  farmácia  quando  tal  benefício  for  extensivo  a  todos  os  empregados  e  dirigentes  de  todos  os  estabelecimentos  da  empresa.  Do  contrário,  não.  Permanecerão  qualificadas  como  Salário  de  Contribuição.  Inexiste, portanto, em relação a  rubrica ora em pauta,  arestas a aparar no  lançamento  em debate, tampouco na Decisão de Primeira Instância Administrativa.  Fl. 20051DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     66    3.3.   DA MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.  Alega o Recorrente que a multa de mora máxima que poderia ser aplicada é de 20%.  Não !  O art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 estatui que os  débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo  único  do  art.  11  desta  Lei,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas  a  terceiros,  assim  entendidas  outras  entidades  e  fundos,  não  pagos  nos  prazos  previstos  em  legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430/96.  Ocorre,  todavia, que, na sequência, o art. 35­A da citada Lei nº 8.212/91,  introduzido  pela  MP  nº  449/2008,  convertida  na  Lei  nº  11.941/2009,  dispôs  de  maneira  expressa  que  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições  referidas  no  art.  35  acima  mencionado,  aplica­se  o  disposto no art. 44 da Lei no 9.430/96.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  35.  Os  débitos  com  a  União  decorrentes  das  contribuições  sociais  previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das  contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a  terceiros,  assim  entendidas  outras  entidades  e  fundos,  não  pagos  nos  prazos  previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e  juros de mora,  nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação  dada pela Lei nº 11.941/2009).    Art.  35­A.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições  referidas no art. 35 desta Lei, aplica­se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430,  de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).    O  caso  ora  em  apreciação  se  amolda  ao  que  a  doutrina  usualmente  denomina  por  Conflito  Aparente  de  Normas,  que  se  configura  no  fenômeno  jurídico  caracterizado  pela  existência  simultânea  de  duas  ou  mais  normas  tributárias  incidentes,  em  tese,  sobre  o  mesmo  fato  jurígeno  tributário.  Assim,  há  um  conflito,  pois  mais  de  uma  norma  pretende  regular  o  fato.  Diz­se,  também,  aparente, porque apenas uma norma é a aplicável à hipótese retratada.  Nessa  perspectiva,  através  da  aplicação  dos  princípios  que  solucionam  o  conflito  aparente de normas é possível obter a solução para cada caso concreto, considerando que, tais princípios  afastam  as  normas  aparentemente  incidentes  à  espécie,  e  individualizam  as  normas  tributárias  efetivamente aplicáveis ao episódio, evitando o chamando bis in idem.  Autores  de  nomeada  têm  exortado  que  o  Princípio  da  Especialidade  (Lex  specialis  derogat generali) é o mais importante dos princípios utilizados para sanar o conflito aparente de normas,  culminando  no  extremo  de  asserir  quer  os  demais  princípios  somente  devem  ser  lembrados  quando  o  Princípio da Especialidade não resolver satisfatoriamente os conflitos.  Para  tanto,  a norma  especial  deve possuir  todos os  elementos  da norma geral  e mais  alguns, classificados como ‘especializantes’, representativos de uma especificação mais apurada do fato  gerador da obrigação tributária principal ou acessória, ou de penalidade aplicável ao descumprimento de  tais obrigações.   Fl. 20052DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.004          67  Assim, de acordo com o princípio da especialidade, o fato espécie deve ser subjugado à  norma tributária que contiver, em sua hipótese de incidência, as condições de contorno que o retratarem  com  maior  fidedignidade.  Dessarte,  a  norma  tributária  especial  derroga  a  lei  geral  naquele  caso  específico.  O princípio da especialidade possui uma característica que o distingue dos demais:  a  prevalência da norma especial sobre a geral se estabelece  in abstracto, pela comparação das definições  abstratas  contidas  nas  normas,  enquanto  os  demais  critérios  de  solução  de  conflitos  demandam  um  confronto em concreto das leis que descrevem o mesmo fato.  A  hipótese  ora  em  debate  trata  da  aplicação  de  penalidade  pecuniária  pelo  descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício.  O  art.  35  da  Lei  nº  8.212/91  trata  da  imposição  de  penalidade  pecuniária  pelo  recolhimento em atraso das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do  art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras  entidades e fundos.  Já  o  art.  35­A  da mesma  lei  trata  igualmente  da  imposição  de  penalidade  pecuniária  pelo  recolhimento  em  atraso  das  contribuições  sociais  previstas  nas  alíneas  ‘a’,  ‘b’  e  ‘c’  do  parágrafo  único  do  art.  11  desta  Lei,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas a outras entidades e fundos, porém trás em seu bojo uma especializante que a norma do art. 35  citado  no  parágrafo  anterior  não  comporta,  qual  seja,  ser  uma  norma  específica  para  os  casos  de  lançamento de ofício, como assim se revela o caso presente.  Nessa prumada, no caso ora em exame, a norma contida no art. 35­A da Lei nº 8.212/91  se apresenta como norma especial em relação àquela carreada pela art. 35 da mesma lei, que, no caso, se  revela como a norma geral.  Assim, tratando­se o presente caso de lançamento de ofício, como de fato se trata, deve  ser  aplicada  a  norma  tributária  inscrita  no  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91,  na  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941/2009, o qual remete ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, que prevê a aplicação de multa de 75% (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento ou recolhimento.  Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996   Art.  44. Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas  as  seguintes  multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  I  ­ de 75%  (setenta e cinco por cento)  sobre a  totalidade ou diferença de  imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei  nº 11.488/2007)  II ­ de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do  pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que  deixar  de  ser  efetuado,  ainda  que  não  tenha  sido  apurado  imposto  a  pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela  Lei nº 11.488/2007)  b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que  tenha  sido apurado prejuízo  fiscal ou base de  cálculo negativa para a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­calendário  Fl. 20053DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     68  correspondente,  no  caso  de  pessoa  jurídica.  (Incluída  pela  Lei  nº  11.488/2007)  §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será  duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de  novembro  de  1964,  independentemente  de  outras  penalidades  administrativas  ou  criminais  cabíveis.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.488/2007)   I ­(revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   II ­(revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   III ­(revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   IV ­(revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   V  ­(revogado  pela  Lei  nº  9.716,  de  26  de  novembro  de  1998).  (Redação  dada pela Lei nº 11.488/2007)  §2o Os percentuais de multa a que se  referem o  inciso  I do caput e o §1o  deste  artigo  serão  aumentados  de metade,  nos  casos  de  não  atendimento  pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada  pela Lei nº 11.488/2007)  I  ­  prestar  esclarecimentos;  (Renumerado  da  alínea  "a",  pela  Lei  nº  11.488/2007)  II ­ apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei  no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova  redação pela Lei nº 11.488/2007)  III  ­  apresentar  a  documentação  técnica  de  que  trata  o  art.  38  desta Lei.  (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007)  §3º Aplicam­se às multas de que trata este artigo as reduções previstas no  art.  6º  da  Lei  nº  8.218,  de  29  de  agosto  de  1991,  e  no  art.  60  da  Lei  nº  8.383, de 30 de dezembro de 1991.  §4º As disposições deste artigo aplicam­se, inclusive, aos contribuintes que  derem  causa  a  ressarcimento  indevido  de  tributo  ou  contribuição  decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal.    Art.  61.  Os  débitos  para  com  a  União,  decorrentes  de  tributos  e  contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos  geradores  ocorrerem  a  partir  de  1º  de  janeiro  de  1997,  não  pagos  nos  prazos  previstos  na  legislação  específica,  serão  acrescidos  de  multa  de  mora,  calculada  à  taxa  de  trinta  e  três  centésimos  por  cento,  por  dia  de  atraso.  §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia  subsequente  ao  do  vencimento  do  prazo  previsto  para  o  pagamento  do  tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento.  §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento.  §3º  Sobre  os  débitos  a  que  se  refere  este  artigo  incidirão  juros  de mora  calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia  do  mês  subsequente  ao  vencimento  do  prazo  até  o  mês  anterior  ao  do  pagamento e de um por cento no mês de pagamento.     Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964   Art. 71.  Sonegação é  toda ação ou omissão dolosa  tendente a  impedir ou  retardar,  total  ou  parcialmente,  o  conhecimento  por  parte  da  autoridade  fazendária:   I  ­  da  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal,  sua  natureza ou circunstâncias materiais;   Fl. 20054DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.005          69  II  ­  das  condições  pessoais  de  contribuinte,  suscetíveis  de  afetar  a  obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.     Art.  72.  Fraude  é  toda  ação  ou  omissão  dolosa  tendente  a  impedir  ou  retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação  tributária  principal,  ou  a  excluir  ou  modificar  as  suas  características  essenciais,  de  modo  a  reduzir  o  montante  do  imposto  devido  a  evitar  ou  diferir o seu pagamento.     Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou  jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.     Tal discrimen encontra­se tão claramente consignado na legislação tributária que até o  organismo cognitivo mais  rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro,  com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a  cada hipótese de incidência:    IF lançamento de ofício THEN art. 35­A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela  Lei nº 11.941/2009.   ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009.     Traduzindo­se do “computês” para o “juridiquês”, tratando­se de lançamento de ofício,  incide  o  regime  jurídico  consignado  no  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91.  Ao  revés,  em  todas  as  demais  hipóteses de recolhimento de contribuições previdenciárias em atraso, aplica­se o regramento assinalado  no art. 35 desse mesmo diploma legal, ambos com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009.  Com  efeito,  as  normas  jurídicas  que  disciplinavam  a  cominação  de  penalidades  pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas  pela  Medida  Provisória  nº  449/2008,  posteriormente  convertida  na  Lei  nº  11.941/2009.  Tais  modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator  no  caso  do  recolhimento  espontâneo  a  destempo  pelo  Obrigado,  porém,  mais  severas  para  o  sujeito  passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas.   Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009,  revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com  a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do  art.  11  da  Lei  nº  8.212/91,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas  a  terceiros,  assim  entendidas  outras  entidades  e  fundos,  não  pagos  nos  prazos  previstos  em  legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96.  Mas  não  parou  por  aí.  Na  sequência  da  lapidação  legislativa,  a mencionada Medida  Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social  o  art.  35­A que  fixou, nos  casos de  lançamento  de ofício,  a  aplicação de penalidade pecuniária,  então  batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição,  verbis:  Fl. 20055DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     70  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  35.  Os  débitos  com  a  União  decorrentes  das  contribuições  sociais  previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos  nos  prazos  previstos  em  legislação,  serão  acrescidos  de multa  de mora  e  juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de  1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009).    Art.  35­A.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições  referidas  no  art.  35  desta  Lei,  aplica­se  o  disposto  no  art.  44  da  Lei  no  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.941/2009).    Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996   Art.  44. Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas  as  seguintes  multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  I  ­ de 75%  (setenta e cinco por cento)  sobre a  totalidade ou diferença de  imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei  nº 11.488/2007)  II ­ de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do  pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que  deixar  de  ser  efetuado,  ainda  que  não  tenha  sido  apurado  imposto  a  pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela  Lei nº 11.488/2007)  b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que  tenha  sido apurado prejuízo  fiscal ou base de  cálculo negativa para a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­calendário  correspondente,  no  caso  de  pessoa  jurídica.  (Incluída  pela  Lei  nº  11.488/2007)  §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será  duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de  novembro  de  1964,  independentemente  de  outras  penalidades  administrativas  ou  criminais  cabíveis.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.488/2007)   I ­ (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   II ­ (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   III ­ (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   IV ­ (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)   V  ­  (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998).  (Redação  dada pela Lei nº 11.488/2007)  §2o Os percentuais de multa a que se  referem o  inciso  I do caput e o §1o  deste  artigo  serão  aumentados  de metade,  nos  casos  de  não  atendimento  pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada  pela Lei nº 11.488/2007)  I  ­  prestar  esclarecimentos;  (Renumerado  da  alínea  "a",  pela  Lei  nº  11.488/2007)  II ­ apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei  no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova  redação pela Lei nº 11.488/2007)  Fl. 20056DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.006          71  III  ­  apresentar  a  documentação  técnica  de  que  trata  o  art.  38  desta Lei.  (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007)  §3º Aplicam­se às multas de que trata este artigo as reduções previstas no  art.  6º  da  Lei  nº  8.218,  de  29  de  agosto  de  1991,  e  no  art.  60  da  Lei  nº  8.383, de 30 de dezembro de 1991.  §4º As disposições deste artigo aplicam­se, inclusive, aos contribuintes que  derem  causa  a  ressarcimento  indevido  de  tributo  ou  contribuição  decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal.    Art.  61.  Os  débitos  para  com  a  União,  decorrentes  de  tributos  e  contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos  geradores  ocorrerem  a  partir  de  1º  de  janeiro  de  1997,  não  pagos  nos  prazos  previstos  na  legislação  específica,  serão  acrescidos  de  multa  de  mora,  calculada  à  taxa  de  trinta  e  três  centésimos  por  cento,  por  dia  de  atraso.  §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia  subsequente  ao  do  vencimento  do  prazo  previsto  para  o  pagamento  do  tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento.  §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento.  §3º  Sobre  os  débitos  a  que  se  refere  este  artigo  incidirão  juros  de mora  calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia  do  mês  subsequente  ao  vencimento  do  prazo  até  o  mês  anterior  ao  do  pagamento e de um por cento no mês de pagamento.     Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964   Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar,  total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária:   I ­ da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza  ou circunstâncias materiais;   II  ­  das  condições  pessoais  de  contribuinte,  suscetíveis  de  afetar  a  obrigação  tributária principal ou o crédito tributário correspondente.     Art.  72.  Fraude  é  toda  ação  ou  omissão  dolosa  tendente  a  impedir  ou  retardar,  total  ou  parcialmente,  a  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a  reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.     Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas,  visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.     Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de  obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas  hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias que, antes da metamorfose legislativa  promovida pela MP nº 449/2008, encontravam­se acomodados em um mesmo dispositivo legal, cite­se,  incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, nessa ordem, agora se encontram dispostos em separado, diga­ se, nos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96, respectivamente, por força dos preceitos inscritos nos art. 35 e  35­A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009.  Nesse  novo  regime  legislativo,  a  instrução  de  seletividade  invocada  anteriormente  passa a ser informada de acordo com o seguinte comando:  Fl. 20057DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     72    IF lançamento de ofício THEN art. 35­A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela  Lei nº 11.941/2009.   ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009.     Diante de  tal  cenário,  a  contar da vigência da MP nº 449/2008,  a parcela  referente  à  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada  mediante  lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art.  35­A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a  incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa  de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.   Por  outro  viés,  em  se  tratando  de  recolhimento  a  destempo  de  contribuições  previdenciárias  não  resultante  de  lançamento  de  ofício,  o  montante  relativo  à  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  tributária  principal  há  que  ser  dimensionalizado  em  conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº  449/2008  e  convertida  na Lei  nº  11.941/2009,  que  estatui multa,  aqui  também denominada  “multa  de  mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.  Não  demanda  áurea  mestria  perceber  que  o  nomem  iuris  consignado  na  legislação  previdenciária  para  a  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu  a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da  Fazenda  houve­se  por  batizada  com  a  singela  denominação  de  “multa  de  ofício”,  art.  44  da  Lei  no  9.430/96  c.c.  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91,  incluído  pela MP  nº  449/2008. Mas  não  se  iludam,  caros  leitores  !  Malgrado  a  diversidade  de  rótulos,  as  suas  naturezas  jurídicas  são  idênticas:  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada mediante  lançamento  de  ofício.  No  que  pertine  à  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal não  incluída  em  lançamento de ofício,  o  título designativo  adotado por  ambas  as  legislações  acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”.  Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico  instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa  para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que  o regramento anterior previsto no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99  (de 24% a 50%), não havendo que se falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna  prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, durante a fase do contencioso administrativo.  Código Tributário Nacional   Art. 106. A lei aplica­se a ato ou fato pretérito:   I ­ em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a  aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;  II ­ tratando­se de ato não definitivamente julgado:  a) quando deixe de defini­lo como infração;  b) quando deixe de  tratá­lo como contrário a qualquer exigência de ação  ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em  falta de pagamento de tributo;  Fl. 20058DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.007          73  c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente  ao tempo da sua prática.    Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento  de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008,  encontrava­se disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Contudo, após o advento da MP nº  449/2008,  a  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada  mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35­A da Lei nº 8.212/91, incluído  pela citada MP nº 449/2008.  Não é cabível, portanto, efetuar­se o cotejo de “multa de mora”  (art. 35,  II da Lei nº  8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Lei nº 8.212/91,  com a redação dada pela MP nº 449/2008), pois estar­se­ia, assim, promovendo a comparação de nomem  iuris  com  nomem  iuris  (multa  de  mora)  e  não  de  institutos  de  mesma  natureza  jurídica  (penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada mediante  lançamento  de  ofício).  Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, a  qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu,  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada  mediante  lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967).   Reitere­se que não se presta o preceito  inscrito no art. 106,  II,  ‘c’ do CTN para fazer  incidir  retroativamente  penalidade  menos  severa  cominada  a  uma  infração  mais  branda  para  uma  transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só  pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e  diversas.  Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação  dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96 só se presta para punir o descumprimento de  obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício.  Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento  de  ofício,  tanto  a  legislação  revogada  (art.  35,  II  da Lei  nº  8.212/91,  com a  redação  dada  pela Lei  nº  9.876/99),  quanto  a  legislação  superveniente  (art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91,  incluído  pela  MP  nº  449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser  aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio  jurídico  lex specialis derogat generali,  aplicável na solução de conflito aparente de normas.  Nessa  perspectiva,  nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  o  cotejamento  de  normas  tributárias para  fins  específicos de  incidência da  retroatividade benigna prevista no  art.  106,  II,  ‘c’ do  CTN  somente  pode  ser  efetivado,  exclusivamente,  entre  a  norma  assentada  no  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35,  II  da  Lei  nº  8.212/91,  com  a  redação  dada  pela  Lei  nº  9.876/99,  uma  vez  que  estas  tratam,  especificamente,  de  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica.  Fl. 20059DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     74  Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratando­se o vertente caso de lançamento  de  ofício  de  contribuições  previdenciárias,  o  atraso  objetivo  no  recolhimento  de  tais  exações  pode  ser  apenado de duas formas distintas, a saber:  a)  Tratando­se de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De  acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que  implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35, II da Lei nº 8.212/91,  com  a  redação  dada  pela  Lei  nº  9.876/99,  na  razão  variável  de  24%  a  50%,  enquanto não inscrito em dívida ativa.  b)  Tratando­se de  fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De  acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a  inserção do art. 35­A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa  na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou  conluio, em que tal percentual é duplicado.    Assim,  em  relação  aos  fatos  geradores  ocorridos  nas  competências  anteriores  a  dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas  revela que a multa de mora  aplicada nos termos do art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se  mostrará  menos  gravoso  ao  contribuinte  do  que  a  multa  de  ofício  prevista  no  art.  35­A  do  mesmo  Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº  11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator.  Dessarte,  para  os  fatos  geradores  ocorridos  até  a  competência  novembro/2008,  inclusive,  o  cálculo  da  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada mediante  lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos  inscritos  no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99.  Ao  revés,  para  os  fatos  geradores  ocorridos  a  partir  da  competência  dezembro/2008,  inclusive,  a  penalidade  pecuniária  decorrente  do  descumprimento  de  obrigação  principal  formalizada  mediante  lançamento de ofício deve ser  calculada consoante a  regra estampada no art. 35­A da Lei nº  8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009.    3.4.  DA MULTA POR INFRAÇÃO A OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – AI CFL 68  O  Recorrente  alega  invalidade  de  multa  isolada  pelo  descumprimento  de  obrigação  acessória;  Sem razão, data máxima vênia.    No capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou  à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de  legislação  tributária,  especialmente sobre as obrigações tributárias, dentre outras.  Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988   Art. 146. Cabe à lei complementar:  (...)  Fl. 20060DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.008          75  III  ­  estabelecer  normas  gerais  em  matéria  de  legislação  tributária,  especialmente sobre:  (...)  b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;    Nessa  vertente,  no  exercício  da  competência  que  lhe  foi  outorgada  pelo Constituinte  Originário,  o  CTN  honrou  prescrever,  com  propriedade,  a  distinção  entre  as  duas  modalidades  de  obrigações tributárias, ad litteris et verbis:   Código Tributário Nacional ­ CTN   Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.  §1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por  objeto  o  pagamento  de  tributo  ou  penalidade  pecuniária  e  extingue­se  juntamente com o crédito dela decorrente.  §2º  A  obrigação  acessória  decorre  da  legislação  tributária  e  tem  por  objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da  arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (grifos nossos)   §3º  A  obrigação  acessória,  pelo  simples  fato  da  sua  inobservância,  converte­se  em  obrigação  principal  relativamente  à  penalidade  pecuniária. (grifos nossos)     As obrigações acessórias, consoante os termos do Diploma Tributário, consubstanciam­ se  deveres  de  natureza  instrumental,  consistentes  em  um  fazer,  não  fazer  ou  permitir,  fixados  na  legislação tributária, na abrangência do art. 96 do CTN, em proveito do interesse da administração fiscal  no que tange à arrecadação e à fiscalização de tributos.  No  plano  infraconstitucional,  no  que  pertine  às  contribuições  previdenciárias,  a  disciplina da matéria em relevo ficou a cargo da Lei nº 8.212/91, a qual  fez  inserir na Ordem Jurídica  Nacional  uma  diversidade  de  obrigações  acessórias,  criadas  no  interesse  da  arrecadação  ou  da  fiscalização das contribuições previdenciárias, sem transpor os umbrais limitativos erguidos pelo CTN.   Envolto no ordenamento realçado nas linhas precedentes, os artigos 32 e 33 da citada  lei  de  custeio  da  Seguridade  Social  estabeleceram  uma  série  de  obrigações  instrumentais  a  serem  observadas  pela  empresa,  dentre  elas,  a  obrigação  instrumental  positiva  de  informar  mensalmente  ao  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social  ­  INSS,  por  intermédio  da  Guia  de  Recolhimento  do  FGTS  e  Informações  à  Previdência  Social  ­  GFIP,  todos  os  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, além do dever jurídico de exibir  ao Fisco todos os livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias, bem como o de  prestar  todas  as  informações  cadastrais,  financeiras  e  contábeis  do  seu  interesse,  na  forma  por  ele  estabelecida, e os esclarecimentos necessários à fiscalização.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 32. A empresa é também obrigada a:   (...)  IV­ informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social­INSS, por  intermédio  de  documento  a  ser  definido  em  regulamento,  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuição  previdenciária  e  outras  Fl. 20061DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     76  informações  de  interesse  do  INSS.  (Inciso  acrescentado  pela  Lei  nº  9.528/97)    Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como  as  contribuições  incidentes  a  título  de  substituição;  e  à  Secretaria  da  Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas  alíneas  ‘d’  e  ‘e’  do  parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua  competência,  promover  a  respectiva  cobrança  e  aplicar  as  sanções  previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001).  §1º  É  prerrogativa  do  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social­INSS  e  do  Departamento  da  Receita  Federal­DRF  o  exame  da  contabilidade  da  empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do  Código  Comercial,  ficando  obrigados  a  empresa  e  o  segurado  a  prestar  todos os esclarecimentos e informações solicitados.  §2º A  empresa,  o  servidor  de  órgãos  públicos  da  administração  direta  e  indireta,  o  segurado  da  Previdência  Social,  o  serventuário  da  Justiça,  o  síndico  ou  seu  representante,  o  comissário  e  o  liquidante  de  empresa  em  liquidação  judicial  ou  extrajudicial  são  obrigados  a  exibir  todos  os  documentos  e  livros  relacionados  com  as  contribuições  previstas  nesta  Lei. (grifos nossos)     Tal  obrigação  acessória  evidencia­se  como  contínua,  não  se  extinguindo  com a mera  apresentação do documento em  tela nos meses anteriores. Em assim sendo, a entrega da GFIP  em um  determinado  mês  não  exime  nem  dispensa  o  obrigado  a  efetuar  a  mesma  entrega  na  competência  seguinte,  ainda  que  as  informações  a  serem  declaradas  sejam  exatamente  as  mesmas  informadas  na  declaração do mês anterior.  Outro  não  é  o Direito  positivado  no ART.  225,  IV,  do Regulamento  da  Previdência  Social ­ RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.  Regulamento da Previdência Social.  Art. 225. A empresa é também obrigada a:  (...)  IV­  informar  mensalmente  ao  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social,  por  intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de  Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida,  dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e  outras informações de interesse daquele Instituto;    Não se mostra demasiado enaltecer que o dever instrumental de informar mensalmente  nas GFIP todos os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias e de outras informações de  interesse da Autarquia Previdenciária Federal não se revela como uma faculdade da empresa, mas, sim,  uma obrigação  tributária  a  ela  imposta  diretamente,  com a  força  de  império  da  lei  formal,  gerada nas  Conchas Opostas do Congresso Nacional, segundo o trâmite gestacional plasmado nos artigos 61 a 69 da  nossa Lei Soberana.  Fl. 20062DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.009          77  Não  se  deve  perder  de  vista,  igualmente,  que  as  GFIP  equiparam­se  a  documentos  públicos  e  que  o  seu  preenchimento  com  informações  incorretas  ou  omissas  constitui­se  crime  de  falsidade  ideológica,  na  forma prevista no Decreto­Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código  Penal Brasileiro.  Decreto­Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal  Falsificação de documento público  Art.  297  ­  Falsificar,  no  todo  ou  em  parte,  documento  público,  ou  alterar  documento público verdadeiro:  Pena ­ reclusão, de dois a seis anos, e multa.  §1º ­ Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo­se do  cargo, aumenta­se a pena de sexta parte.  §2º ­ Para os efeitos penais, equiparam­se a documento público o emanado  de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as  ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.  (grifos nossos)   §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei  nº 9.983/2000)  I  ­  na  folha  de  pagamento  ou  em  documento  de  informações  que  seja  destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua  a  qualidade  de  segurado  obrigatório;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000)  (grifos nossos)   II  ­  na  Carteira  de  Trabalho  e  Previdência  Social  do  empregado  ou  em  documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração  falsa  ou  diversa  da  que  deveria  ter  sido  escrita;  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000)  III  ­  em documento contábil ou  em qualquer outro documento  relacionado  com  as  obrigações  da  empresa  perante  a  previdência  social,  declaração  falsa  ou  diversa  da  que  deveria  ter  constado.  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000) (grifos nossos)   §4º Nas mesmas penas  incorre quem omite, nos documentos mencionados  no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência  do  contrato  de  trabalho  ou  de  prestação  de  serviços.  (Incluído  pela  Lei  nº  9.983/2000) (grifos nossos)     Falsidade ideológica  Art. 299 ­ Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele  devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da  que  devia  ser  escrita,  com  o  fim  de  prejudicar  direito,  criar  obrigação  ou  alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (grifos nossos)   Pena  ­  reclusão, de um a cinco anos, e multa,  se o documento  é público, e  reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.  Parágrafo  único  ­  Se  o  agente  é  funcionário  público,  e  comete  o  crime  prevalecendo­se  do  cargo,  ou  se  a  falsificação  ou  alteração  é  de  assentamento de registro civil, aumenta­se a pena de sexta parte.    Merece  ser  citado  que,  das  disposições  insculpidas  no  §3º  do  art.  113  do  codex  tributário emerge a natureza objetiva do Auto de Infração de Obrigação Acessória, na medida em que o  Fl. 20063DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     78  simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para  a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária.   Tal compreensão caminha no mesmo compasso das disposições expressas no art. 136  do  reverenciado  código  tributário,  o  qual  declara  que  a  responsabilidade  por  infrações  à  legislação  tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos  efeitos  do  ato,  revelando  assim,  através  de  uma  outra  lente,  o  caráter  objetivo  e  independente  da  imputação em realce.   Código Tributário Nacional ­ CTN   Art.  136.  Salvo  disposição  de  lei  em  contrário,  a  responsabilidade  por  infrações da  legislação  tributária  independe da  intenção do agente ou do  responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.    Dessarte, nos termos da lei, ainda que não tenha ocorrido a obrigação principal ou esta,  mesmo tendo ocorrido, já tenha sido adimplida, tais fatos não são suficientes para afastar a observância  e/ou os efeitos das obrigações acessórias correlatas impostas pela legislação tributária.   No  caso  em  exame,  exsurge  das  provas  e  circunstâncias  descritas  nos  autos  que  a  empresa  autuada  deixou  de  informar  em  suas  GFIP  os  valores  relativos  aos  pagamentos  realizados  a  título de PLR efetuados em desacordo com a Lei nº 10.101/2000; pagamentos a título de bolsa de estágio  em desacordo com a Lei nº 6.494/77 e Lei nº 11.788/2008; pagamento de auxílio farmácia e reembolso  óculos  não  extensivo  a  todos  os  empregados  da  empresa  e  pagamento  de  vales­combustível  sem  comprovação da natureza de ressarcimento e de que o veículo pertencia ao empregado beneficiado.  Restou demonstrado que os pagamentos das rubricas acima indicadas, na forma e nas  circunstâncias em que foram realizados, não se subsumiam a nenhuma das hipóteses de não incidência de  contribuições previdenciárias previstas no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, e por tal razão, todas essas  verbas  são  consideradas  como  parcelas  integrantes  do  conceito  jurídico  de  Salário  de  Contribuição.  Como  consequência  inafastável,  por  força  de  lei  formal,  tais  importâncias  e  os  correspondentes  fatos  geradores, deveriam ter sido declarados nas GFIP correspondentes e não o foram. Daí a procedência do  Auto de Infração de Obrigação Acessória em realce.    A  conduta  omissiva  assim  perpetrada  pelo  sujeito  passivo  representou  ofensa  ao  dispositivo legal encartado no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 225, IV do Regulamento da  Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99.  Almejando brindar a máxima efetividade à obrigação acessória ora ilustrada, o §5º do  art. 32 do Pergaminho Legal em foco, na redação dada pela Lei nº 9.528/97, aviou norma sancionatória,  prevendo  a  punição  do  obrigado,  em  caso  de  entrega  de  GFIP  contendo  incorreções  ou  omissões  relacionadas  a  fatos  geradores  de  contribuições  previdenciárias,  mediante  a  inflição  de  pena  administrativa  correspondente  à multa  de  cem  por  cento  do  valor  devido  relativo  à  contribuição  não  declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do mesmo dispositivo legal.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art. 32. A empresa é também obrigada a:   (...)  IV­ informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social­INSS, por  intermédio  de  documento  a  ser  definido  em  regulamento,  dados  relacionados  aos  fatos  geradores  de  contribuição  previdenciária  e  outras  Fl. 20064DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.010          79  informações  de  interesse  do  INSS.  (Inciso  acrescentado  pela  Lei  nº  9.528/97)  (...)  §4º  A  não  apresentação  do  documento  previsto  no  inciso  IV,  independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à  pena  administrativa  correspondente  a  multa  variável  equivalente  a  um  multiplicador  sobre  o  valor  mínimo  previsto  no  art.  92,  em  função  do  número  de  segurados,  conforme  quadro  abaixo:  (Parágrafo  e  tabela  acrescentados pela Lei nº 9.528/97).     0 a 5 segurados  1/2 valor mínimo  6 a 15 segurados  1 x o valor mínimo  16 a 50 segurados  2 x o valor mínimo  51 a 100 segurados  5 x o valor mínimo  101 a 500 segurados  10 x o valor mínimo  501 a 1000 segurados  20 x o valor mínimo  1001 a 5000 segurados  35 x o valor mínimo  acima de 5000 segurados  50 x o valor mínimo    §5º  A  apresentação  do  documento  com  dados  não  correspondentes  aos  fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à  multa  de  cem  por  cento  do  valor  devido  relativo  à  contribuição  não  declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo  acrescentado pela Lei nº 9.528/97).   (...)  §11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do  cumprimento  das  obrigações  de  que  trata  este  artigo  devem  ficar  arquivados  na  empresa  até  que  ocorra  a  prescrição  relativa  aos  créditos  decorrentes  das  operações  a  que  se  refiram.  (Redação dada pela Medida  Provisória nº 449/2008)     No mesmo  sentido,  assim  dispõem  os  artigos  225,  IV  e  284,  II  do  Regulamento  da  Previdência Social ­ RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.  Regulamento da Previdência Social.  Art. 225. A empresa é também obrigada a:  (...)  IV­informar  mensalmente  ao  Instituto  Nacional  do  Seguro  Social,  por  intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de  Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida,  dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e  outras informações de interesse daquele Instituto;    Art. 284. A infração ao disposto no inciso IV do caput do art. 225 sujeitará  o responsável às seguintes penalidades administrativas:  (...)  Fl. 20065DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     80  II­  cem por  cento  do  valor  devido  relativo  à  contribuição  não  declarada,  limitada  aos  valores  previstos  no  inciso  I,  pela  apresentação  da Guia  de  Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à  Previdência  Social  com  dados  não  correspondentes  aos  fatos  geradores,  seja  em relação às bases de  cálculo,  seja  em  relação às  informações que  alterem  o  valor  das  contribuições,  ou  do  valor  que  seria  devido  se  não  houvesse  isenção  ou  substituição,  quando  se  tratar  de  infração  cometida  por pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social em  gozo  de  isenção  das  contribuições  previdenciárias  ou  por  empresa  cujas  contribuições  incidentes  sobre os  respectivos  fatos geradores  tenham sido  substituídas por outras; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003)     Art.  373.  Os  valores  expressos  em  moeda  corrente  referidos  neste  Regulamento,  exceto  aqueles  referidos  no  art.  288,  são  reajustados  nas  mesmas épocas  e com os mesmos  índices utilizados para o  reajustamento  dos benefícios de prestação continuada da previdência social.    Assentada  que  a  obrigação  de  prestar  informações  mediante  GFIP  se  renova  mensalmente,  dessume­se  de  forma  hialina  que  cada  apresentação  de GFIP  com  omissões/incorreções  representa  uma  infração  independente,  a  qual  sofrerá  a  punição  prevista  na  lei  de  forma  isolada  das  demais.  Assim,  ainda  que  a  sanção  a  todas  as  infrações  representativas  de  cada  uma  das  competências  apuradas pela  fiscalização  seja  lançada mediante um único Auto de  Infração, o valor da  multa a ser estipulada para cada infração (competência) tem que ser calculada individualmente mediante  a aplicação, na íntegra, da memória de cálculo estabelecida no §5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91 e, ao fim,  devidamente somadas.  É de sabença universal que inexiste neste Globo economia forte o suficiente capaz de  manter sua Moeda Corrente a salvo da corrosão imposta pela inflação. Ante a iminência de tal fenômeno  econômico, pautou por bem o Legislador Ordinário prover o texto legal com um mecanismo arquitetado  adrede, visando a minimizar os efeitos devastadores de tal ocorrência.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  102.  Os  valores  expressos  em  moeda  corrente  nesta  Lei  serão  reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o  reajustamento  dos  benefícios  de  prestação  continuada  da  Previdência  Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.187­13, de 2001).  §1º O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art.  32­A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).    Revela­se auspicioso salientar que o CTN não inclui em sua reserva legal a atualização  do valor monetário das bases de cálculo das contribuições previdenciárias,  as quais não se qualificam,  por  expressa  disposição  legal,  como  majoração  de  tributos.  Nessa  perspectiva,  autoriza  o  Codex  Tributário  que  a  atualização  monetária  possa  ser  levada  a  efeito  por  qualquer  outro  instrumento  normativo aquilatado no conceito de legislação tributária estatuído no art. 100 do Pergaminho Tributário  em realce.  Código Tributário Nacional ­ CTN   Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:  I ­ a instituição de tributos, ou a sua extinção;  Fl. 20066DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.011          81  II  ­  a  majoração  de  tributos,  ou  sua  redução,  ressalvado  o  disposto  nos  artigos 21, 26, 39, 57 e 65;  III  ­  a  definição  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal,  ressalvado  o  disposto  no  inciso  I  do  §  3º  do  artigo  52,  e  do  seu  sujeito  passivo;  IV ­ a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o  disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;  V  ­  a  cominação  de  penalidades  para  as  ações  ou  omissões  contrárias  a  seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;  VI ­ as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários,  ou de dispensa ou redução de penalidades.  §  1º  Equipara­se  à  majoração  do  tributo  a  modificação  da  sua  base  de  cálculo, que importe em torná­lo mais oneroso.  § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso  II  deste  artigo,  a  atualização  do  valor  monetário  da  respectiva  base  de  cálculo.    Art.  100.  São  normas  complementares  das  leis,  dos  tratados  e  das  convenções internacionais e dos decretos:  I ­ os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;  II  ­  as  decisões  dos  órgãos  singulares  ou  coletivos  de  jurisdição  administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;  III  ­  as  práticas  reiteradamente  observadas  pelas  autoridades  administrativas;  IV  ­  os  convênios  que  entre  si  celebrem  a  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal e os Municípios.   Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a  imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do  valor monetário da base de cálculo do tributo.    Na hipótese  ora  tratada,  os  índices  utilizados  para  o  reajustamento  dos  benefícios  de  prestação  continuada  da  Previdência  Social  são  estabelecidos,  anualmente,  pelo  Ministério  da  Previdência Social, mediante Portaria expedida pelo Sr. Ministro de Estado, no exercício das atribuições  que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal.  Constituição Federal de 1988   Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores  de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.  Parágrafo  único.  Compete  ao  Ministro  de  Estado,  além  de  outras  atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:  (...)  II ­ expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;    No  caso  em  apreço,  o  valor  mínimo  acima  referido  acima  foi  atualizado  pela  PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 015, de 10 de janeiro de 2013, DOU de 11/01/2013.    Fl. 20067DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     82  Procedente, portanto, o lançamento tributário levado ora a cabo pela Autoridade Fiscal  Fazendária.    3.4.1.  DA RETROATIVIDADE BENIGNA    Mudam­se os tempos, mudam­se as vontades,   Muda­se o ser, muda­se a confiança;   Todo o mundo é composto de mudança,   Tomando sempre novas qualidades.    Continuamente vemos novidades,   Diferentes em tudo da esperança;   Do mal ficam as magoas na lembrança,  E do bem (se algum houve) as saudades.    O tempo cobre o chão de verde manto,  Que já cuberto foi de neve fria,   E enfim converte em choro o doce canto.    E, afora este mudar­se cada dia,   Outra mudança faz de mor espanto,  Que não se muda já como soia.  Luís de Camões      Malgrado não haja sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de  ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária aplicada à  infração em exame, em honra ao preceito encartado no art. 106, II, ‘c’ do CTN.  Urge, de plano, ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit  actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é  regido  pela  lei  vigente  à  data  de  ocorrência  do  fato  gerador,  ainda  que  posteriormente modificada  ou  revogada.  Código Tributário Nacional ­ CTN   Art. 144. O lançamento reporta­se à data da ocorrência do fato gerador da  obrigação  e  rege­se  pela  lei  então  vigente,  ainda  que  posteriormente  modificada ou revogada.  §1º Aplica­se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência  do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração  ou  processos  de  fiscalização,  ampliado  os  poderes  de  investigação  das  autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou  privilégios,  exceto,  neste  último  caso,  para  o  efeito  de  atribuir  responsabilidade tributária a terceiros.  §2º  O  disposto  neste  artigo  não  se  aplica  aos  impostos  lançados  por  períodos certos de  tempo, desde que a respectiva  lei  fixe expressamente a  data em que o fato gerador se considera ocorrido.  Fl. 20068DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.012          83    Nessa  perspectiva,  dispõe  o  código  tributário,  ad  litteram,  que  o  fato  de  a  norma  tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não  se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente.  O  princípio  jurídico  suso  invocado,  no  entanto,  não  é  absoluto,  sendo  excepcionado  pela  superveniência  de  lei  nova,  nas  estritas  hipóteses  em  que  o  ato  jurídico  tributário,  ainda  não  definitivamente  julgado,  deixar  de  ser  definido  como  infração  ou  deixar  de  ser  considerado  como  contrário  a qualquer  exigência de  ação ou omissão, desde que não  tenha  sido  fraudulento  e não  tenha  implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade  menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.  Ocorre,  no  entanto,  que  as  normas  jurídicas  que  disciplinavam  a  cominação  de  penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas  pela Lei  nº  11.941/2009,  produto  da  conversão  da Medida  Provisória  nº  449/2008.  Tais modificações  legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas  então derrogadas.   Nesse panorama, a supracitada Lei  federal  revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº  8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32­A, ad litteris et verbis:  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  32­A.  O  contribuinte  que  deixar  de  apresentar  a  declaração  de  que  trata  o  inciso  IV  do  caput  do  art.  32  desta Lei  no  prazo  fixado ou  que a  apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentá­la ou a  prestar esclarecimentos e sujeitar­se­á às  seguintes multas:  (Incluído pela  Lei nº 11.941/2009).  I  –  de  R$  20,00  (vinte  reais)  para  cada  grupo  de  10  (dez)  informações  incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009)   II – de 2% (dois por cento) ao mês­calendário ou fração, incidentes sobre o  montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no  caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a  20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído  pela Lei nº 11.941/2009)  (grifos nossos)   §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste  artigo,  será  considerado como  termo  inicial  o dia  seguinte ao  término do  prazo  fixado  para  entrega  da  declaração  e  como  termo  final  a  data  da  efetiva  entrega  ou,  no  caso  de  não  apresentação,  a  data  da  lavratura  do  auto  de  infração  ou  da  notificação  de  lançamento.  (Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas  serão reduzidas:  (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).  I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes  de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009).  II  –  a  75%  (setenta  e  cinco  por  cento),  se  houver  apresentação  da  declaração  no  prazo  fixado  em  intimação.  (Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  §3  A  multa  mínima  a  ser  aplicada  será  de:  (Incluído  pela  Lei  nº  11.941/2009).  Fl. 20069DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     84  I – R$ 200,00 (duzentos reais),  tratando­se de omissão de declaração sem  ocorrência de  fatos geradores de  contribuição previdenciária; e  (Incluído  pela Lei nº 11.941/2009).  II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº  11.941/2009).    Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não  correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do  valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art.  32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009,  convertida na Lei nº 11.941/2009,  alterou  a  memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada  grupo  de  dez  informações  incorretas  ou  omissas,  mantendo  inalterada  a  tipificação  legal  da  conduta  punível.  A  multa  acima  delineada  será  aplicada  ao  infrator  independentemente  de  este  ter  promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I  do  art.  32­A  acima  transcrito,  fato  que  demonstra  tratar­se  a  ora  discutida  imputação,  de  penalidade  administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim,  a sua mera inobservância consubstancia­se infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em  atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN.  A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a  IN RFB nº 1.027/2010, que assim  dispôs em seu art. 4º:  Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010  Art.  4º  A  Instrução  Normativa  RFB  nº  971,  de  2009,  passa  a  vigorar  acrescida do art. 476­A:  Art. 476­A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores  ocorridos:  I ­ até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais  benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei  nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação  entre os seguintes valores:  a)  somatório  das  multas  aplicadas  por  descumprimento  de  obrigação  principal,  nos  moldes  do  art.  35  da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  em  sua  redação  anterior  à  Lei  nº  11.941,  de  2009,  e  das  aplicadas  pelo  descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º  do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº  11.941, de 2009; e  b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35­A da Lei nº 8.212, de  1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009.    II ­ a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicam­se as multas previstas  no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996.  §  1º  Caso  as multas  previstas  nos  §§  4º,  5º  e  6º  do  art.  32  da  Lei  nº  8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de  2009,  tenham  sido  aplicadas  isoladamente,  sem  a  imposição  de  penalidade  pecuniária  pelo  descumprimento  de  obrigação  principal,  deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32­A da  Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009.  Fl. 20070DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.013          85  §2º  A  comparação  de  que  trata  este  artigo  não  será  feita  no  caso  de  entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não  havia antes penalidade prevista.    Óbvio  está  que  os  dispositivos  selecionados  encartados  na  IN  RFN  nº  1.027/2010  extravasaram  o  campo  reservado  pela  CF/88  à  atuação  dos  órgãos  administrativos,  que  não  podem  ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento  jurídico.  Para  os  fatos  geradores  ocorridos  antes  da  vigência  da  MP  nº  449/2008,  não  vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e  com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar  tal  somatório  com  o  valor  da  multa  calculada  segundo  a  metodologia  descrita  no  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator.   Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a  penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data  de  ocorrência  dos  fatos  geradores  e  a  penalidade  pecuniária  prevista  na  novel  legislação  pelo  descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de  lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré.   A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno, pois, como  já  afirmado  alhures,  trata­se  de  obrigação  acessória  que  é  absolutamente  independente  de  qualquer  obrigação principal.  Note­se que o princípio  tempus  regit  actum  somente  será  afastado quando a  lei  nova  cominar  ao  FATO  PRETÉRITO,  in  casu,  o  descumprimento  de  determinada  obrigação  acessória,  penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do  CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas  aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo  descumprimento  de  obrigações  acessórias,  nos moldes  dos  §§  4º,  5º  e  6º  do  art.  32,  ambos  da  Lei  nº  8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do  art. 35­A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que  nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a  comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476­A da IN  RFB  nº  971/2009  e  o  valor  da  penalidade  prevista  na  alínea  ‘b’  do  inciso  I  do  mesmo  dispositivo  legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica.  De  outro  eito, mas  trigo  de  outra  safra,  o  art.  97  do CTN  estatui  que  somente  a  lei  formal  pode  dispor  sobre  a  cominação  de  penalidades  para  as  ações  ou  omissões  contrárias  a  seus  dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa  ou redução de penalidades.  Código Tributário Nacional ­ CTN   Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:  I ­ a instituição de tributos, ou a sua extinção;  II  ­  a  majoração  de  tributos,  ou  sua  redução,  ressalvado  o  disposto  nos  artigos 21, 26, 39, 57 e 65;  Fl. 20071DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     86  III  ­  a  definição  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal,  ressalvado  o  disposto  no  inciso  I  do  §3º  do  artigo  52,  e  do  seu  sujeito  passivo;  IV ­ a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o  disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;  V  ­  a  cominação  de  penalidades  para  as  ações  ou  omissões  contrárias  a  seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;  VI ­ as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários,  ou de dispensa ou redução de penalidades.    Art. 106. A lei aplica­se a ato ou fato pretérito:  I ­ em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a  aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;  II ­ tratando­se de ato não definitivamente julgado:  a) quando deixe de defini­lo como infração;  b) quando deixe de  tratá­lo como contrário a qualquer exigência de ação  ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em  falta de pagamento de tributo;  c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente  ao tempo da sua prática.    Mostra­se flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476­A da Instrução Normativa  RFB nº 971/2009, acrescentado pela  IN RFB nº 1.027/2010,  é  tendente  a excluir,  sem previsão  de  lei  formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a  multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal  hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106,  II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa,  uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória.  Há  que  se  reconhecer  que  as  penalidades  acima  apontadas  são  autônomas  e  independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice­versa. Nesse  contexto,  não  se  trata  de  retroatividade  da  lei  mais  benéfica,  mas,  sim,  de  dispensa  de  penalidade  pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da  lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN.   É  mister  ainda  destacar  que  o  art.  35­A  da  Lei  nº  8.212/91,  incluído  pela  Medida  Provisória  nº  449/2008,  apenas  se  refere  ao  lançamento  de  ofício  das  contribuições  previdenciárias  previstas  nas  alíneas  ‘a’,  ‘b’  e  ‘c’  do  parágrafo  único  do  art.  11  dessa mesma  Lei,  das  contribuições  instituídas  a  título  de  substituição  e  das  contribuições  devidas  a  outras  entidades  e  fundos,  não  produzindo  qualquer  menção  às  penalidades  administrativas  decorrentes  do  descumprimento  de  obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96.  Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991   Art.  35­A.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício  relativos  às  contribuições  referidas  no  art.  35  desta  Lei,  aplica­se  o  disposto  no  art.  44  da  Lei  no  9.430, de 27 de dezembro de 1996.     Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996   Fl. 20072DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.014          87  Art.  44. Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas  as  seguintes  multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  I  ­ de 75%  (setenta e cinco por cento)  sobre a  totalidade ou diferença de  imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei  nº 11.488/2007)  II ­ de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do  pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007)  a)  na  forma  do  art.  8o  da  Lei  no  7.713,  de  22  de  dezembro  de  1988,  que  deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar  na  declaração  de  ajuste,  no  caso  de  pessoa  física;  (Incluída  pela  Lei  nº  11.488/2007)  b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha  sido  apurado  prejuízo  fiscal  ou  base  de  cálculo  negativa  para  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  no  ano­calendário  correspondente,  no  caso  de  pessoa  jurídica.  (Incluída  pela  Lei  nº  11.488/2007)  § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será  duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de  novembro  de  1964,  independentemente  de  outras  penalidades  administrativas  ou  criminais  cabíveis.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.488/2007)  (...)  § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o  deste  artigo  serão  aumentados  de metade,  nos  casos  de  não  atendimento  pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada  pela Lei nº 11.488/2007)   I  ­  prestar  esclarecimentos;  (Renumerado  da  alínea  "a",  pela  Lei  nº  11.488/2007)   II ­ apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da  Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com  nova redação pela Lei nº 11.488/2007)   III ­ apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei.  (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007)  §3º Aplicam­se às multas de que trata este artigo as reduções previstas no  art.  6º  da  Lei  nº  8.218,  de  29  de  agosto  de  1991,  e  no  art.  60  da  Lei  nº  8.383, de 30 de dezembro de 1991.  §4º As disposições deste artigo aplicam­se, inclusive, aos contribuintes que  derem  causa  a  ressarcimento  indevido  de  tributo  ou  contribuição  decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal.    Assim, em virtude da  total  independência e autonomia entre as obrigações  tributárias  principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35­A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008,  não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento  de  obrigação  acessória  associada  às  Guias  de  Recolhimento  do  FGTS  e  Informações  à  Previdência  Social.  Uma  vez  que  a  penalidade  pelo  descumprimento  de  obrigação  acessória  encontra­se  prevista  em  lei,  somente  o  Poder  Legislativo  dispõe  de  competência  para  dela  dispor.  A  legislação  Fl. 20073DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     88  complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro,  não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura  na  hierarquia  do  ordenamento  jurídico,  in  casu,  a  lei  formal,  e  assim  extrapolar  os  limites  de  sua  competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições  insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito.   Vislumbra­se  inaplicável,  portanto,  a  referida  IN  RFB  nº  1.027/2010,  por  ser  flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que  o  sujeito  passivo  haja  promovido,  tempestivamente,  o  exato  recolhimento  do  tributo  correspondente,  conforme assentado no art. 32­A da Lei nº 8.212/91.   Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010,  por representar a novel legislação encartada no art. 32­A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte,  verifica­se a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser  observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na  forma prevista no art. 32­A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa  que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração.  Assim,  tratando­se  o  presente  caso  de  hipótese  de  entrega  de  GFIP  contendo  informações  incorretas  ou  com  omissão  de  informações,  deverá  ser  aplicada  a  penalidade  prevista  no  inciso I do art. 32­A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se  esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente.    3.5. DA BASE DE CALCULO  O  Recorrente  alega  a  existência  de  erro  na  apuração  da  base  de  cálculo  no  mês  de  abril/2008 referente ao estabelecimento CNPJ nº 33.633.861/0001­87.  Aduz que o Demonstrativo de Débito acusa como base de cálculo do mês de abril/2008  o montante de R$ 571.665,76 , enquanto que o Anexo CE 2008, onde a Fiscalização relacionou as notas  fiscais  cujos  pagamentos  compuseram  a  base  de  cálculo  das  contribuições  lançadas  acusam  um  somatório de R$ 490.491,50.  Compulsando  os  autos,  verificou­se  que  o  Anexo  CE  2008  era  composto  por  432  folhas,  nas  quais  foram  apresentados,  na  forma  de  planilha,  de maneira  contínua  e  sem  intervalos,  os  registros das notas fiscais colhidas pela Fiscalização, discriminadas por CNPJ do tomador, competência,  sócio da PJ prestador do serviço, a empresa contratada e seu CNPJ, o número da nota fiscal e seu valor,  bem como a descrição dos serviços prestados.  Ocorre  que  na  folha  54/432  do  Anexo  CE  2008,  a  fl.  296,  restaram  integralmente  apagados sete registros de lançamento de notas fiscais, e parcialmente um único registro.  Compulsando os autos, foi possível localizar a nota fiscal referente ao serviço prestado  pela  empresa  Hidrocon  Consultoria  de  Recursos  Hídricos  ltda,  ao  estabelecimento  CNPJ  33.633.561/0001­87, na competência 04/2008, no valor de R$ 25.200,00.  No  entanto,  dado  ao  elevado  número  de  documentos  que  integram  o  vertente  lançamento,  a  procura  pelas  demais  notas  fiscais,  sem  qualquer  indicação  do  prestador  do  serviço,  representaria procurar uma agulha no palheiro.  Por tais razões, o julgamento foi convertido em diligência, para que a Fiscalização se  pronunciasse de maneira conclusiva a respeito da diferença de base de cálculo verificada na competência  Fl. 20074DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.015          89  04/2008, no estabelecimento CNPJ 33.633.561/0001­87, e sobre as lacunas existentes na folha 54/432 do  Anexo CE 2008, a fl. 296.  Em resposta à diligência fiscal acima requerida, a Fiscalização informou que os valores  registrados nos levantamentos em apreço estavam corretos, e que havia ocorrido uma falha na conversão  do Anexo CE para o formato .PDF, sendo que a conversão da página especificada foi apenas parcial.  Em complemento, a Fiscalização reencaminhou para ciência do Recorrente o ANEXO  CE ABRIL­2008, a fls. 19926/19949, visando a sanar as dúvidas que por ventura ainda persistam.  É de se notar, todavia, que na delimitação do cabeçalho do Discriminativo Informativo  a fls. 19926/19949, o operador do sistema, por equivoco involuntário, incluiu na cabeceira não apenas a  denominação  do  órgão  público  fazendário,  como  também,  a  primeira  linha  de  dados  da  Planilha,  referente  ao  trabalhado  prestado  pela  Pessoa  Física  Alberto  José  Fernandes,  por  intermédio  da  PVB  Engenharia e Consultoria ltda, CNPJ 08.777.362/0001/03, na competência abril/2008, NF nº 10, no valor  de 6.350,00.  Tal  multiplicidade  de  informação  exposta  em  um  discriminativo  de  natureza  meramente informativa não macula, de maneira nenhuma, a certeza e a exigibilidade da autuação, uma  vez  que  o  levantamento  se  deu  com  base  nas  notas  fiscais  angariadas  durante  os  procedimentos  de  Fiscalização.  Aliás,  o  próprio  Recorrente  reconhece  que  tal  informação  encontra­se  repetida  no  discriminativo  informativo  em  realce  e  que  tal  fato  gerador  houve­se  por  lançado  uma  única  vez,  inexistindo multiplicidade de lançamento.     Da  análise  de  tudo  o  quanto  se  considerou  no  presente  julgado,  pode­se  asselar  categoricamente que a decisão de primeira instância não demanda, alfim, qualquer reparo.     4.   CONCLUSÃO:  Pelos motivos  expendidos, CONHEÇO do  recurso  voluntário  para,  no mérito, DAR­ LHE  PROVIMENTO  PARCIAL,  tão  somente  para  que  o  valor  da  penalidade  pecuniária  aplicada  mediante  o  Auto  de  Infração  de  Obrigação  Acessória  nº  37.351.984­2,  CFL  68,  seja  recalculado,  tomando­se  em  consideração  as  disposições  inscritas  no  inciso  I  do  art.  32­A  da  Lei  nº  8.212/91,  na  redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos  gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do  CTN.    É como voto.    Arlindo da Costa e Silva, Relator.    Fl. 20075DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     90  Voto Vencedor  Conselheiro Theodoro Vicente Agostinho.  Não  obstante  as  sempre  bem  fundamentadas  razões  do  ilustre  Conselheiro  Relator,  peço  vênia  para  manifestar  entendimento  divergente,  por  vislumbrar  na  hipótese  vertente  conclusão  diversa  da  adotada  pelo  nobre  julgador,  quanto  o  posicionamento  ao  reembolso  óculos  e  auxílio  farmácia,  devendo  ser  afastada  a  incidência  das  contribuições  previdenciárias, como passaremos a demonstrar.  A  Recorrente  argumenta  que  o  reembolso  óculos  e  auxílio  farmácia  não  sofrem  incidência  de  contribuição  por  não  ter  natureza  remuneratória,  mas  nítida  natureza  assistencial, sendo que o fato das verbas serem disponibilizadas apenas para os empregados do  estabelecimento de Florianópolis não é suficiente para afastar a aplicação do art. 28, § 9º, “q”,  da  Lei  8.212/1991.  Afirma  ainda  que  o  termo  empresa  deve  ser  compreendido  como  estabelecimento em razão do precedente vinculante consubstanciado na Súmula 351 do STJ  O artigo 28 da Lei n° 8.212/91, ao definir o salário­de­contribuição para cada  classe  de  segurado  da  Previdência  Social,  estabelece  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias. Em seu parágrafo 9°, temos diversas regras de não incidência lato sensu (ou de  não  incidência stricto  sensu e de  isenção). A alínea "q" do  referido parágrafo estabelece que  não  integra  o  salário­de­contribuição  "o  valor  relativo  à  assistência  prestada  por  serviço  médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de  despesas  com medicamentos,  óculos,  aparelhos  ortopédicos,  despesas médico­hospitalares  e  outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da  empresa."  Baseado  no  referido  dispositivo,  a  recorrente  deixou  de  recolher  as  respectivas  contribuições  previdenciárias. A  autoridade  fiscal  não  adotou  o  entendimento  da  recorrente em razão de os benefícios de reembolso óculos e auxílio farmácia só abarcarem os  funcionários da filial de Florianópolis.  Conforme se depreende dos documentos acostados aos autos, a cobertura do  fornecimento de óculos e do auxílio farmácia abrangeu a totalidade dos segurados da unidade  de Florianópolis. Sendo assim, a maioria do Colegiado não vislumbrou o descumprimento da  regra prevista no art. 28, § 9º, “q”, da Lei 8.212/1991, neste aspecto não incidirá contribuição  previdenciária  sobre:  “o  valor  relativo  à  assistência  prestada  por  serviço  médico  ou  odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado,  inclusive o reembolso de despesas  com  medicamentos,  óculos,  aparelhos  ortopédicos,  despesas  médicohospitalares  e  outras  similares,  desde  que  a  cobertura  abranja  a  totalidade  dos  empregados  e  dirigentes  da  empresa”.  O que se indaga, então, é se a extensão à totalidade dos empregados requerida  pela  lei  para  o  reconhecimento  da  incidência  da  regra  isencional  deve  ser  tomada  em  seu  sentido  vulgar,  ou  seja,  qualquer  trabalhador  excluído  faz  com  que  a  totalidade  dos  complementos  sejam  tidos  como  salário  de  contribuição  ou  se  pode  haver  um  critério  de  discriminação  para  empregados  em  situações  excepcionais  e  devidamente  consentâneas  com  outras disposições da legislação social.  Neste  diapasão,  não  há  que  se  falar  em  incidência  das  contribuições  previdenciárias,  uma  vez  que  todos  os  funcionários  da  unidade  de  Florianópolis  foram  Fl. 20076DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO Processo nº 15504.721725/2013­64  Acórdão n.º 2401­004.286  S2­C4T1  Fl. 20.016          91  abrangidos pelos benefícios, diferentemente  se apenas algum grupo de  funcionários  tivessem  essa regalia.  Se  do  ponto  de  vista  da  legislação  social  a  situação  está  plenamente  justificada,  sob a ótica  tributária­previdenciária,  há uma questão a  ser  enfrentada,  referente a  compreensão que se  tem do artigo 111 do CTN, que estipula que a outorga  legal de  isenção  deve  ser  interpretada  literalmente.  Ou  seja,  estabelece  um  tipo  restritivo  de  interpretação,  vedando,  assim,  a  aplicação  dos  critérios  hermenêuticos  de  integração  da  norma,  como  a  analogia  e  a  equidade.  Com  isso,  todavia,  não  se  deve  entender  que  a  interpretação  jurídica  fique presa à literalidade. Lembrando Celso Ribeiro Bastos, na situação do artigo 111 do CTN,  a  interpretação  não  se  detém  na  interpretação  literal  ou  gramatical,  embora  deva  por  esta  começar.  Assim,  em  que  pese  a  restrição  à  ampliação  do  alcance  da  norma  isentiva,  não  é  defeso  requerer  o  seu  verdadeiro  sentido,  segundo  os  demais métodos  tradicionais  de  interpretação  do  direito,  em  especial  o  sistemático  e  teleológico.  Assim,  toma­se  o  termo  "literal"  apenas  como  a  indicação  de  uma  interpretação  "restritiva",  vale  dizer,  a  opção  pela  conclusão de menor abrangência da disposição legal.  Partindo da  categorização das  isenções  em  técnicas  ­  que  têm por  função a  definição  do  próprio  campo  de  incidência  ­  e  em  próprias  (ou  de  subvenção)  ­  que  têm  por  intuito dar um tratamento diferenciado a determinado grupo de situações ­, temos que a isenção  referida  é  própria  ou  de  subvenção  e,  assim,  objetiva  servir  de  instrumento  de  intervenção  estatal  por  meio  de  uma  norma  tributária  indutora,  no  caso,  de  concessão  de  determinado  benefício a um grupo dos trabalhadores.  Se é uma norma indutora que visa incentivar a concessão da complementação  ao valor do  reembolso óculos  e auxílio  farmácia como um benefícios de cunho social, o  seu  limite  ­  e  a que  incide  a  limitação  do  artigo  111  do CTN  ­  é que  o  benefício  não  possa  ser  individualizado  ou  discriminatório.  Seria  individualizado  se  pago  casuisticamente  e  configuraria  situação  discriminatória  se  o  tratamento  desigual  fosse  entre  iguais.  Nessas  situações,  o  benefício  perde  o  seu  cunho  social  e  passa  a  constituir  apenas  um  diferencial  contratual de determinados  trabalhadores, não  tendo o Estado qualquer  intenção de estimulá­ los.  Por  fim,  lembro  que  assim  como  o  dispositivo  se  refere  "à  totalidade  dos  empregados da empresa", o caput do artigo 5° da CF, ao estabelecer expressamente o princípio  da igualdade, determina que "todos são iguais perante a lei" e nem por isso deixamos de aplicar  a definição aristotélica de igualdade,  ratificada por Rui Barbosa: “A igualdade consiste  tratar  igualmente os  iguais e desigualmente os desiguais”. Há enorme diferença entre se interpretar  literalmente/restritivamente (artigo 111 do CTN) e se tomar tudo "ao pé da letra".  Portanto,  pela  razão  invocada  pela  fiscalização  e  mesmo  diante  dos  respeitáveis  argumentos  do  Relator,  ouso  discordar  para  afirmar  que  não  vislumbro  descumprimento da condição para o gozo da isenção contida na alínea "q" do parágrafo 9° do  artigo 28 da Lei n° 8.212/91, devendo, assim, as rubricas serem excluídas do lançamento.  Por  todo  o  exposto,  estando  o  Auto  de  Infração,  sub  examine,  em  parcial  dissonância  com  as  normas  legais  que  regulamentam  a  matéria,  VOTO NO  SENTIDO  DE  CONHECER  DO  RECURSO  VOLUNTÁRIO,  e,  no  mérito,  DAR­LHE  PROVIMENTO,  Fl. 20077DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO     92  decretando  a  improcedência  do  lançamento  no  tocante  as  rubricas  "reembolso  óculos"  e  "auxílio farmácia", pelas razões de fato e de direito acima esposadas.  É como voto.    Theodoro Vicente Agostinho.                  Fl. 20078DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por THEODORO VICENTE AGOSTINHO

score : 1.0
6544415 #
Numero do processo: 10680.910369/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INEXISTENTE. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não se homologa compensação formalizada por meio de declaração que indique crédito inexistente.
Numero da decisão: 1301-002.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (Relator), que votava pela conversão em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Roberto Silva Junior. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201609

camara_s : Terceira Câmara

ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INEXISTENTE. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não se homologa compensação formalizada por meio de declaração que indique crédito inexistente.

turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 10680.910369/2009-11

anomes_publicacao_s : 201610

conteudo_id_s : 5647863

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 1301-002.137

nome_arquivo_s : Decisao_10680910369200911.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA

nome_arquivo_pdf_s : 10680910369200911_5647863.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (Relator), que votava pela conversão em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Roberto Silva Junior. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.

dt_sessao_tdt : Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016

id : 6544415

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:28 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689084203008

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1849; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C3T1  Fl. 100          1 99  S1­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10680.910369/2009­11  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  1301­002.137  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  15 de setembro de 2016  Matéria  PER/DCOMP ­ COMPENSAÇÃO  Recorrente  OURO PRETO TURISMO RECEPTIVO LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ­ CSLL  Ano­calendário: 2005  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  CRÉDITO  INEXISTENTE.  NÃO HOMOLOGAÇÃO.  Não  se  homologa  compensação  formalizada  por  meio  de  declaração  que  indique crédito inexistente.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM  os  membros  do  Colegiado,  por  maioria  de  votos,  NEGAR  provimento  ao  recurso  voluntário,  vencido  o  Conselheiro  José  Eduardo  Dornelas  Souza  (Relator), que votava pela conversão em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o  Conselheiro Roberto Silva Junior.    (assinado digitalmente)  Waldir Veiga Rocha ­ Presidente.    (assinado digitalmente)  José Eduardo Dornelas Souza ­ Relator.    (assinado digitalmente)  Roberto Silva Junior ­ Redator designado.    Participaram do presente  julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa,  José  Eduardo  Dornelas  Souza,  Roberto  Silva  Junior,  Marcos  Paulo  Leme  Brisola  Caseiro,  Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 03 69 /2 00 9- 11 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 101          2     Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  pelo  contribuinte  acima  identificado contra o acórdão 02­35.478, proferido pela 2ª Turma da DRJ/BHE, na sessão de  11 de outubro de 2011, que, ao apreciar a Manifestação de  Inconformidade apresentada pelo  contribuinte,  entendeu,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  a  preliminar  de  nulidade  e  não  reconhecer o direito creditório.  Pelo  Despacho  Decisório,  eletrônico,  de  fls. 9,  a  Per/Dcomp  foi  sumariamente  considerada  improcedente  e  não  homologada  a  compensação,  por  tratar­se  de  inexistência de pagamento indevido ou a maior.  A  empresa  manifestou­se  contrariamente  ao  despacho  denegatório  argumentando  que  cometeu  o  equívoco  de  solicitar  restituição  de  estimativas  mensais  de  tributos,  quando  deveria  ter  solicitado  saldo  negativo  de  CSLL  apurado  ao  final  do  ano­ calendário.  Critica o Despacho Eletrônico  por  extremamente  sucinto  e  por  não  ter  tido  oportunidade  de,  antes  de  emitido,  consertar  o  erro material  de  preenchimento,  em  apertada  síntese.  A manifestante juntou diversos documentos, tais como a Per/Dcomp, DCTF,  DIPJ e outros para corroborar o que sustenta.  Saliento  que  a  autoridade  preparadora  não  trouxe  quaisquer  informações  a  respeito das DCTF entregues originalmente pela manifestante.  De  igual  forma,  antes  da  emissão  do  Despacho  Decisório  não  consta  do  processo que a declarante foi intimada a apresentar a contabilidade completa para analisar­se a  procedência do pedido.   Às fls. 19 a 25, a 2ª Turma da DRJ/BHE proferiu o Acórdão nº 02­35.478,  entendendo,  por  unanimidade  de votos,  rejeitar  a  preliminar de  nulidade  e não  reconhecer o  direito creditório, por tratar­se de pedidos de restituição de estimativa mensal e por inadmitir a  alteração do pedido de estimativa para saldo negativo de CSLL, após a expedição do despacho  decisório. Transcrevo a ementa do julgado:  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LÍQUIDO  CSLL   Exercício: 2006  Retificação da Declaração de Compensação.  A  retificação  da  DCOMP  somente  é  possível  na  hipótese  de  inexatidões  materiais  cometidas  no  seu  preenchimento,  da  forma  prescrita  na  legislação  Fl. 101DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 102          3 tributária  vigente  e  somente  para  as  declarações  ainda  pendentes  de  decisão  administrativa na data da sua apresentação.  Declaração de Compensação Estimativa Mensal Paga a Maior.  Segundo  as  normas  infralegais  de  regência,  no  caso  de  pessoa  jurídica  tributada pelo  lucro  real  anual,  o valor pago  indevidamente ou  a maior  a  título de  estimativas mensais  somente  poderá  ser  utilizado  na dedução  da CSLL devido  ao  final do respectivo período de apuração ou para compor o saldo negativo.  Manifestação de Inconformidade Improcedente  Direito Creditório Não Reconhecido  Ciente do acórdão recorrido em 19/11/2011­ sábado ­ (fls. 30/31), e com ele  inconformado,  a  recorrente  apresentou  em  21/12/2011  (fls  32),  tempestivamente,  recurso  voluntário, através de representante regularmente constituído, pugnando por provimento, onde  apresenta argumentos que serão apreciados quando do julgamento.  É o relatório.                                    Fl. 102DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 103          4     Voto Vencido  Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator  O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos regimentais, portanto, dele  conheço.  Porém,  do  exame  dos  autos,  considero  que  o  processo  não  reúne  condições  de  julgamento, pelos motivos que passo a expor.  A decisão recorrida, manteve o Despacho Decisório ora contestado, que não  homologou a compensação declarada, por inexistência de crédito disponível no PER/DCOMP.  Antes,  porém,  de  analisar  os  argumentos  apresentados  em  sede  de  recurso,  necessário pronunciar­me sobre os novos documentos juntados pela recorrente, por ocasião do  protocolo do recurso voluntário.  DA EXCEPCIONAL ADMISSÃO DA JUNTADA DE PROVAS EM  SEDE RECURSAL  Uma  questão  inicial  a  ser  considerada  no  presente  feito,  diz  respeito  à  possibilidade  da  juntada,  após  a  apresentação  da  competente  impugnação,  de  documentos/provas necessários à defesa do contribuinte.  Em relação a esse ponto, é importante destacar a disposição contida no §4º do  art.  16  do  Decreto  nº  70.235,  de  6  de  março  de  1972,  que  trata  da  apresentação  da  prova  documental na impugnação, precluindo o direito de fazê­lo em outro momento processual.  Contudo,  a  jurisprudência  do  CARF  vem  temperando  essa  disposição  em  nome do princípio da verdade material para a consecução dos fins processuais.  No  caso,  penso  ser  possível  a  análise  dos  documentos  juntados  pela  recorrente,  em  seu  recurso,  quais  eles, DIPJ  2006  (AC 2005); DARF´s  IRPJ  (código  5993);  DARF´s CSLL (código 2484), pois não se trata de novos documentos, vez que são documentos  de pleno conhecimento e posse da Administração Tributária.  Aliás,  não  vejo  impedimento  em  eventual  requisição,  por  parte  do  julgador  administrativo, a seu critério, para trazer aos autos documentos se façam necessários e que se  encontrem sob a guarda da Administração Tributária, ainda que eles não tenham sido juntados  pela  interessada  quando  do  protocolo  de  sua  peça  de  impugnação.  Tal  iniciativa  só  vem  a  assegurar  o  equilíbrio  entre  as  partes,  celeridade  e  oficialidade,  e  a  busca  do  Princípio  da  Verdade Material.  Nesse  sentido  se  encontra  o  disposto  no  art.  37  ,  da  Lei  9784/99,  a  seguir  transcrito:  Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em  documentos  existentes na própria Administração  responsável pelo processo ou  em  Fl. 103DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 104          5 outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à  obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.  Diante dessas  considerações,  entendo  admissível  a  juntada  dos  documentos  apresentados pela recorrente quando da interposição de seu recurso voluntário, devendo estes  serem aqui considerados na formulação deste julgamento.  DA ANÁLISE INICIAL DO RECURSO  DA POSSIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCOMP / DA  COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS APURADOS  Trata  o  presente  litígio  de  não  reconhecimento  de  direito  creditório  decorrente de saldo negativo de CSLL e conseqüente não homologação de compensação entre  crédito e débito.  Conforme  se  vê  na  análise  da  decisão  recorrida,  a  DRJ  não  homologou  a  compensação pleiteada sob dois fundamentos.  O Primeiro:  Esclarece­se  que  a  retificação  de  DCOMP  só  tem  cabimento  nos  casos  de  inexatidão material,  e  enquanto pendente  de  decisão  administrativa,  com base nos  artigos 57 e 58 da Instrução Normativa nº SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005,  vigente  à  época  da  transmissão  da  DCOMP.  No  presente  caso,  o  erro  quanto  à  origem  do  crédito  não  se  trata  de  inexatidão material.  É  uma  questão  de  direito,  posto que a natureza dos créditos é diferente.  A análise eletrônica de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior é  diferente  do  exame  eletrônico  para  a  aferição  do  saldo  negativo.  No  caso  de  pagamento  indevido,  primeiramente  é  verificado  a  existência  do  pagamento  representado  pelo  DARF  e  posteriormente  é  realizado  o  confronto  com  outros  sistemas informatizados da RFB para verificar a disponibilidade de sua utilização. Já  o saldo negativo requer a análise de todas as parcelas que compõem o referido saldo,  entre elas, todos os pagamentos mensais das estimativas, o imposto de renda retido  na  fonte,  as  DCTFs  de  todo  o  período  de  apuração,  etc.  Além  disso,  a  título  de  exemplificação,  destaca­se  que  as  datas  de  valoração  do  crédito  podem  ser  diferentes. Assim, para exercer o direito à restituição, o contribuinte tem a obrigação  de indicar corretamente qual a origem do crédito.  O Segundo:  E, ainda, no presente caso, para o pagamento apontado como indevido, com  código  de  receita  2484  (antecipação mensal  por  estimativa),  deve  ser  observada  a  vedação  estabelecida  em  norma  para  os  contribuintes  tributados  pelo  lucro  real  anual,  inserida  pelo  art.  10  da  Instrução  Normativa  nº  460,  de  18  de  outubro  de  2004, abaixo transcrito (essa redação foi reproduzida, posteriormente, no art. 10 da  Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, que a sucedeu):  Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado  que  sofrer  retenção  indevida  ou  a maior  de  imposto  de  renda  ou  de CSLL  sobre  rendimentos  que  integram a  base  de  cálculo  do  imposto  ou  da  contribuição,  bem  assim  a  pessoa  jurídica  tributada  pelo  lucro  real  anual  que  efetuar  pagamento  indevido  ou  a  maior  de  imposto  de  renda  ou  de  CSLL  a  título  de  estimativa  Fl. 104DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 105          6 mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da  CSLL  devida  ao  final  do  período  de  apuração  em  que  houve  a  retenção  ou  pagamento  indevido  ou  para  compor  o  saldo  negativo  de  IRPJ  ou  de CSLL  do  período. (grifos acrescentados)  Sendo assim, não há como homologar a compensação declarada, tendo como  crédito,  a  título de pagamento  indevido ou a maior, valor de estimativa mensal de  CSLL,  que  somente  pode  ser  utilizado  na  dedução  da  CSLL  devida  ao  final  do  período de apuração em que houve o pagamento  indevido ou para compor o saldo  negativo do período.  Ou seja, o não reconhecimento do direito creditório teve como fundamento; i)  não haver  inexatidão material no caso,  impossibilitando, a partir desta premissa, a retificação  da  PERD/COMP;  ii)  a  impossibilidade  do  pleito,  em  face  do  dever  de  observar  a  vedação  estabelecida  no  art.  10  da  Instrução  Normativa  nº  460,  de  18  de  outubro  de  2004,  que  estabelecia  que  qualquer  recolhimento  a  título  de  estimativa,  fosse  utilizado  apenas  para  redução do CSLL devido no final do período, ou para composição do eventual saldo negativo:  O  contribuinte,  por  sua  vez,  se  insurgiu  apenas  quanto  ao  primeiro  argumento,  sustentando  equívoco  no  preenchimento  da DComp,  pois  ao  invés  de  preencher  campo  noticiando  crédito  decorrente  de  "Saldo  Negativo  de  CSLL"  preencheu  "Pagamento  Indevido ou a Maior", chamando este equívoco de "inexatidão material". Para comprovar seu  direito  creditório,  juntou  aos  autos  DIPJ/2006  e  comprovantes  de  pagamentos  mensais  de  estimativa.  Analisando  as  provas  dos  autos,  verifico  que  a  fiscalização  desprezou  completamente  a  DIPJ  apresentada  pelo  contribuinte,  em  seu  recurso,  pois  tal  documento  encontrava­se  disponível  para  a  autoridade  prolatora  do  despacho  decisório,  ainda  que  inexistente nos autos até então.  Assim, penso não ser possível negar validade a estas informações originadas  de envio de DIPJ, mesmo porque elas poderiam ter sido verificadas perante o sistema da RFB.   Por  essa  razão, penso que  a omissão do  contribuinte de  retificar  a DComp,  por si só, não enseja a perda do direito creditório.  Acresce­se a isso o fato de que a IN SRF nº 166/99 reconhece a produção de  efeitos da DIPJ, para fins de restituição e/ou compensação de tributos.  Art. 4 º Quando a retificação da declaração apresentar imposto menor que o  da  declaração  retificada,  a  diferença  apurada,  desde  que  paga,  poderá  ser  compensada ou restituída.  Parágrafo único. Sobre o montante a ser compensado ou  restituído incidirão  juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC, até o mês anterior ao da restituição ou compensação, adicionado de 1% no  mês da  restituição ou compensação, observado o disposto no art. 2  º  ,  inciso  I, da  Instrução Normativa SRF n º 22, de 18 de abril de 1996.  Assim, o fato do contribuinte não ter espontaneamente retificado a DComp,  seja para informar que o crédito decorre de saldo negativo CSLL, seja para indicar o real valor  do  crédito  compensado,  não  pode  obstar  a  utilização,  em  compensação,  de  indébito  demonstrado em DIPJ apresentada antes da edição do despacho decisório.  Fl. 105DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 106          7 A Fiscalização  não  pode  se  limitar,  em  sua  análise,  apenas  às  informações  prestadas  em  Dcomp,  já  que  existiam  informações  provenientes  de  outras  declarações  nos  bancos de dados da Receita que permitiam a análise quanto ao crédito pleiteado. Isto é, caberia  à  Fiscalização,  ao  menos,  questionar  a  divergência  existente  entre  as  declarações  (DIPJ  e  DComp) e proceder a intimação do contribuinte para retificar uma das declarações.  Compulsando  os  autos,  não  encontro  comprovação  de  ter  sido  intimado  o  contribuinte para proceder a retificação de quaisquer das declarações. Por conseqüência lógica,  também não existe prova nos autos que o contribuinte quedou­se inerte,  em face de eventual  intimação para correção da divergência existente entre as duas declarações apresentadas pelo  próprio contribuinte.  Ressalte­se  que  o  procedimento  da  Administração  Tributária  em  emitir  os  Despachos  Decisórios  eletronicamente,  sem  a  intimação  prévia  dos  contribuintes  para  justificarem as Per/Dcomp que o sistema rejeita tem causado vários transtornos.  De  um  lado,  indefere­se  o  pedido  de  restituição  e  aproveitamento  de  estimativas porque  foram alocadas  automaticamente  a débitos que  constaram da DCTF,  sem  facultar ao contribuinte oportunidade para esclarecer a sua conduta. Por outro lado, impede­se  simultaneamente  que,  ao  ser notificado  do Despacho Decisório  emitido  de  forma  sumária,  o  contribuinte  possa  retificar  ou  até  mesmo  cancelar  a  Per/Dcomp  para  adequá­la  de  forma  devida. E por fim, ainda que a unidade de jurisdição do contribuinte, ou a turma julgadora de  primeira  instância,  verifiquem  a  seqüência  de  Per/Dcomp  emitidas  pelos  contribuintes  solicitando  a  restituição  das  estimativas mensais  pagas  do mesmo  ano­calendário  e  tributos,  não adaptam os pedidos, ex officio, para devolução do saldo negativo de IRPJ/CSLL apurado,  retirando do administrado a repetição de possível indébito tributário, pela prescrição.  A  Administração  Tributária  consciente  destes  problemas  modificou  os  Despachos Decisórios emitidos eletronicamente e o seu procedimento. Atualmente, ao verificar  a inconsistência das Per/Dcomp com as informações registradas nos sistemas do fisco, antes de  emitir  o  despacho  denegatório  intima  o  contribuinte  para  esclarecimentos.  Se  o  contribuinte  não  responder  à  intimação  fiscal,  o  Despacho  é  emitido,  porém  faculta  ao  contribuinte,  no  prazo  de  trinta  dias  após  o  recebimento,  retificar  as  declarações  entregues  ao  fisco  para  a  compatibilização dos dados – DIPJ, DCTF e a própria Per/Dcomp.  Superado o ponto da admissibilidade das Per/Dcomp,  importa verificar,  em  face  das  provas  dos  autos,  a  intenção  do  contribuinte,  se  aproveitar  crédito  de  pagamento  a  maior ou crédito decorrente de saldo negativo.  Penso haver provas de que não ocorreu pagamento a maior das estimativas de  CSLL, bastando para tanto a análise da DIPJ/2006 e DARF´s de recolhimentos de estimativas  juntados pelo recorrente, em conjunto com a ausência de alegação e provas de que ocorreu erro  de  cálculo  nos  recolhimentos  de  estimativas.  Assim,  se  não  existe  pagamento  a  maior  das  estimativas pagas de CSLL, pode existir, em tese, saldo negativo de CSLL, AC 2005, situação  esta que envolve inúmeras outras variáveis que devem ser levadas em conta para que se dê ou  não a restituição/compensação.  Se  por  um  lado,  a  recorrente  confundiu  esses  conceitos,  por  outro  deixou  inequívoco  que  sua  intenção  era  mesma  aproveitar  crédito  decorrente  dos  referidos  saldos  negativo, vez que o valor do crédito mencionado na Per/Dcomp corresponde ao DARF pago de  estimativa em determinado mês. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade,  Fl. 106DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 107          8 deve­se  permitir  a  retificação  da  Per/Dcomp  quando  é  patente  o  erro  material  no  seu  preenchimento, o que  ficou configurado no caso concreto  em que há divergência perceptível  entre o Per/Dcomp apresentado e o que queria ser apresentado,  revelado no próprio contexto  em que foi feita a declaração.  Nesse contexto, inclino­me pela realização de uma diligência específica para  que seja adotada as seguintes providências pela Fiscalização:  a) Transmutar a situação de pagamento indevido para compensação de saldo  negativo de CSLL para o ano­calendário de 2005, levando a PER/Dcomp a tratamento manual;  b)  Intimar o contribuinte a apresentar novas  informações, esclarecimentos e  retificações que entender pertinentes à solução da lide,  inclusive a exibir a sua contabilidade,  no que interessar, viabilizando a análise do mérito do pedido, ou seja, a origem e a procedência  do crédito pleiteado, em face da sua contabilidade  c) Prosseguir na validação do saldo negativo informado pelo sujeito passivo  na DIPJ através da análise das parcelas que compõem o crédito informadas no PER/DCOMP;  d)  Após  as  verificações  acima,  apurando  a  certeza  e  liquidez  do  crédito  tributário  em  referência,  verificar  se  ainda  resta  algum  débito  remanescente  a  ser  coberto,  refazendo todas as imputações utilizando o Sistema pertinente da Receita Federal do Brasil.   e) A  autoridade  fiscal  deverá  elaborar  relatório  conclusivo  das  verificações  efetuadas  nos  itens  anteriores.  No  relatório  ainda  deve  constar  informações  se  o  débito  de  CSLL  mês  apuração  03/2006  já  foi  quitado  no  PERD/COMP  de  nº20490.11239.280406.1.3.04­032.  f) Ao final do relatório conclusivo, o contribuinte deverá ser cientificado do  seu resultado, facultando­lhe a oportunidade de se manifestar nos autos sobre suas conclusões,  no prazo de 30 dias, em conformidade com o parágrafo único, art. 35, do Decreto 7.574/2011.  Na seqüência, o processo deverá retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento, sendo  distribuído a este Conselheiro independentemente de sorteio.    (assinado digitalmente)  José Eduardo Dornelas Souza      Voto Vencedor  Conselheiro Roberto Silva Junior, Redator designado  Não obstante o voto do ilustre Conselheiro relator, que revela um acendrado  espírito de justiça, peço licença para divergir.  Fl. 107DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 108          9 No  caso  em  exame,  a  compensação  formalizada  em  Dcomp  não  foi  homologada  porque  indicava  como  crédito  contra  a Fazenda um valor  que  efetivamente  não  revestia  essa  condição.  O  pagamento  apontado  como  indevido,  na  verdade,  não  o  era.  Não  havia indébito. O direito creditório apontado não existia.  A  requerente  alegou  ter  cometido  erro  ao  identificar  a  natureza  do  crédito  como pagamento indevido, quando o correto seria saldo negativo.  Ocorre  que  na  DIPJ,  referente  ao  respectivo  ano  base,  o  saldo  negativo  apurado é diferente do valor inserido na Dcomp. Além disso, o código de receita informado na  Dcomp é o código do pagamento por estimativa, e o período de apuração indicado também é o  da  estimativa,  o  que  revela  com  clareza  que  o  crédito  pretendido  pela  recorrente  era  o  pagamento feito por estimativa, e não o saldo negativo.  Não houve de erro de preenchimento. Trata­se claramente de erro de direito.  A inserção, no campo destinado ao crédito, de valor inexistente inviabiliza a  própria  Dcomp,  sobretudo  quando  a  essa  incorreção  se  somam  erros  quanto  à  natureza  do  crédito, à data do pagamento, ao período de apuração, e ao código da  receita. A correção de  todos esses dados, como quer a recorrente, implicaria elaborar nova Dcomp, procedimento que  não se permite a este órgão julgador, nem ao Delegado da Receita Federal.  O  erro,  frise­se,  é  admitido  pela  própria  recorrente.  É  fato  incontroverso.  Porém, ao contrário do que ela sustenta, não se trata de mero erro material ou de forma. É erro  de conteúdo ou substancial. Quando se examinam os dados informados na Dcomp, percebe­se  claramente que a manifestação de vontade não tinha por objeto o saldo negativo. Portanto, não  socorre a recorrente, no caso em exame, o princípio da verdade material.  Cabe  ressaltar  que  o  indeferimento  do  direito  creditório  relativamente  ao  pagamento  por  estimativa  não  impedia  que  a  recorrente,  mediante  apresentação  de  outra  declaração  de  compensação,  utilizasse  o  saldo  negativo  para  compensar  outros  débitos,  sem  qualquer  prejuízo  a  seu  eventual  direito  creditório.  Todavia,  admitir  que,  no  caso  concreto,  houve mero erro formal, reconhecendo direito creditório quanto ao pagamento por estimativa  (como quer  a  recorrente),  implica  fragilizar o controle da Administração  relativamente  a  tais  valores,  pois  abre  espaço  para  que  sejam  compensados,  concomitantemente,  tanto  o  saldo  negativo,  quanto  os  pagamentos  por  estimativa  que  o  compõem,  cada  qual  em  Dcomps  diferentes.  Importa  ressaltar  que  a  Lei  nº  9.430/1996,  ao  disciplinar  a  compensação,  conferiu  ao  contribuinte  verdadeiro  direito  potestativo,  já  que  o  exercício  do  direito, mesmo  interferindo na esfera jurídica de outrem (no caso, o Fisco), depende apenas da vontade e da  decisão do contribuinte.  Nos termos da legislação em vigor, havendo pagamento indevido a título de  tributo, pertence ao contribuinte decidir se vai fazer a compensação, definir em que momento  ela será feita, e finalmente escolher quais os débitos serão compensados. A matéria está  toda  ela na esfera de discricionariedade do contribuinte, não cabendo ao Fisco interferir em nenhum  desses três aspectos.  Por outro lado, a compensação, que é formalizada unilateralmente mediante a  mera  entrega  de  uma  declaração  (Dcomp),  produz  imediato  efeito  extintivo  do  crédito  Fl. 108DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10680.910369/2009­11  Acórdão n.º 1301­002.137  S1­C3T1  Fl. 109          10 tributário  compensado,  restando, nessa hipótese,  ao Fisco verificar no prazo de cinco anos  a  regularidade  da  compensação,  sob  pena  de  homologação  tácita,  com  o  que  tanto  a  compensação, quanto a extinção do crédito tributário se tornam definitivas.  A amplitude desse poder, entretanto, cobra responsabilidades do contribuinte,  que  tem  de  suportar  as  consequências  da  demora  em  formalizar  a  compensação  e  as  consequências de realizá­la de forma incorreta.  No  caso  em  exame,  a  contribuinte  formalizou  a  compensação,  indicando  como  crédito  um  valor  que  não  revestia  essa  condição.  Poderia  ter  apresentado  nova  declaração, mas não o fez.  Assim, a pretensão deduzida no recurso voluntário, diante da falta de amparo  legal, deve ser indeferida.  Conclusão.  Pelo  exposto,  voto  no  sentido  de  conhecer  do  recurso  voluntário,  para  no  mérito negar­lhe provim.    (assinado digitalmente)  Roberto Silva Junior ­ Redator designado.                  Fl. 109DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assi nado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA

score : 1.0
6521453 #
Numero do processo: 10580.728655/2009-62
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS - AUTO DE INFRAÇÃO - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - ARTIGO 32, I DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 225, I DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - NÃO ELABORAÇÃO DE FOLHA DE PAGAMENTOS DE ACORDO COM OS PADRÕES. A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto-de-infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar a fiscalização na administração previdenciária. Inobservância do artigo 32, I da Lei n.º 8.212/91 c/c artigo 225, I do RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. A empresa é obrigada a preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais. SALÁRIO INDIRETO - BOLSA DE ESTUDOS DEPENDENTES - AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A destinação de bolsa de estudos aos DEPENDENTES do segurado empregado, não se encontra dentre as exclusões do art. 28, § 9º da lei 8212/91. Até a edição da Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 trazendo expressa referência aos dependentes do segurado, não se aplicava qualquer exclusão da base de cálculo aos dependentes dos empregados, independente do tipo de curso ofertado. Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9202-004.008
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Patrícia da Silva (Relatora), Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que deram provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Patricia Da Silva - Relatora (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201605

camara_s : 2ª SEÇÃO

ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS - AUTO DE INFRAÇÃO - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - ARTIGO 32, I DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 225, I DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 - NÃO ELABORAÇÃO DE FOLHA DE PAGAMENTOS DE ACORDO COM OS PADRÕES. A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto-de-infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar a fiscalização na administração previdenciária. Inobservância do artigo 32, I da Lei n.º 8.212/91 c/c artigo 225, I do RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. A empresa é obrigada a preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais. SALÁRIO INDIRETO - BOLSA DE ESTUDOS DEPENDENTES - AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A destinação de bolsa de estudos aos DEPENDENTES do segurado empregado, não se encontra dentre as exclusões do art. 28, § 9º da lei 8212/91. Até a edição da Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 trazendo expressa referência aos dependentes do segurado, não se aplicava qualquer exclusão da base de cálculo aos dependentes dos empregados, independente do tipo de curso ofertado. Recurso Especial do Contribuinte Negado

turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS

dt_publicacao_tdt : Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 10580.728655/2009-62

anomes_publicacao_s : 201610

conteudo_id_s : 5645721

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 11 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 9202-004.008

nome_arquivo_s : Decisao_10580728655200962.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA

nome_arquivo_pdf_s : 10580728655200962_5645721.pdf

secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Patrícia da Silva (Relatora), Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que deram provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Patricia Da Silva - Relatora (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.

dt_sessao_tdt : Wed May 11 00:00:00 UTC 2016

id : 6521453

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:10 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689089445888

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2472; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T2  Fl. 2          1 1  CSRF­T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10580.728655/2009­62  Recurso nº               Especial do Contribuinte  Acórdão nº  9202­004.008  –  2ª Turma   Sessão de  11 de maio de 2016  Matéria  CSP ­ Obrigação acessória ­ Salário Indireto ­ Bolsa de estudos dependentes  Recorrente  MÓDULO ADMINISTRACAO BAIANA DE CURSOS LTDA   Interessado  FAZENDA NACIONAL     ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS  ­  AUTO  DE  INFRAÇÃO  ­  OBRIGAÇÃO  ACESSÓRIA  ­  ARTIGO  32,  I  DA  LEI  N.º  8.212/91  C/C  ARTIGO  225,  I  DO  REGULAMENTO  DA  PREVIDÊNCIA  SOCIAL,  APROVADO PELO DECRETO N.º  3.048/99  ­ NÃO ELABORAÇÃO DE  FOLHA DE PAGAMENTOS DE ACORDO COM OS PADRÕES.  A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto­de­ infração,  o  qual  se  constitui,  principalmente,  em  forma  de  exigir  que  a  obrigação  seja  cumprida;  obrigação  que  tem  por  finalidade  auxiliar  a  fiscalização na administração previdenciária.  Inobservância do  artigo  32,  I  da Lei n.º  8.212/91 c/c  artigo 225,  I  do RPS,  aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99.  A empresa é obrigada a preparar folha de pagamento da remuneração paga,  devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo destacar as  parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais.  SALÁRIO  INDIRETO  ­  BOLSA  DE  ESTUDOS  DEPENDENTES  ­  AUSÊNCIA DE  PREVISÃO  LEGAL  PARA EXCLUSÃO DA  BASE DE  CÁLCULO.  A  destinação  de  bolsa  de  estudos  aos  DEPENDENTES  do  segurado  empregado,  não  se  encontra  dentre  as  exclusões  do  art.  28,  §  9º  da  lei  8212/91.  Até a edição da  Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o art. 28, § 9º,“t”da Lei  8212/91  trazendo  expressa  referência  aos  dependentes  do  segurado,  não  se  aplicava  qualquer  exclusão  da  base  de  cálculo  aos  dependentes  dos  empregados, independente do tipo de curso ofertado.  Recurso Especial do Contribuinte Negado       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 86 55 /2 00 9- 62 Fl. 353DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   2   Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.   Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Patrícia da Silva (Relatora), Gerson Macedo  Guerra  e Maria  Teresa Martinez  Lopez,  que  deram  provimento  ao  recurso.  Designada  para  redigir o voto vencedor a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.    (Assinado digitalmente)  Carlos Alberto Freitas Barreto ­ Presidente    (Assinado digitalmente)  Patricia Da Silva ­ Relatora    (Assinado digitalmente)  Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designado.    Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas  Barreto  (Presidente),  Maria  Teresa  Martinez  Lopez  (Vice­Presidente),  Luiz  Eduardo  de  Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da  Silva, Elaine Cristina Monteiro  e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor  de Souza Lima  Junior e Gerson Macedo Guerra.  Fl. 354DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 3          3    Relatório  Cuida­se  de  Recurso  Especial  do  Contribuinte  contra  o  Acórdão  nº  2301­ 003.324, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, cuja ementa segue  transcrita:    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006  ISENÇÃO  PARA  PLANO  EDUCACIONAL.  INAPLICABILIDADE PARA VALORES QUE BENEFICIAM OS  DEPENDENTES DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES.  A lei concede isenção para o valor relativo a plano educacional  que  vise  à  educação  básica,  nos  termos  do  art.  21  da  Lei  nº  9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e  qualificação  profissionais  vinculados  às  atividades  desenvolvidas  pela  empresa,  desde  que  não  seja  utilizado  em  substituição  de  parcela  salarial  e  que  todos  os  empregados  e  dirigentes  tenham  acesso  ao mesmo,  porém  o  benefício  não  se  estende aos dependentes dos beneficiários.  Recurso Voluntário Negado  Crédito Tributário Mantido    Na  origem,  trata­se  de  Auto  de  Infração  –  DEBCAD  nº  37.256.964­1,  lavrado  em  14/12/2009,  que  tem  por  objeto  multa  por  descumprimento  de  obrigações  acessórias  consistente  em  deixar  de  incluir  nas  folhas  de  pagamento  remunerações  pagas  a  título de bolsas de estudos.  O valor consolidado do débito é de R$ 1.329,18 (Um mil trezentos e vinte e  nove reais e dezoito centavos).  Tendo por base o pagamento de auxílio escolar a dependentes de empregados  foram  lavrados,  ainda,  os  seguintes  autos  de  infração:  ­  AI  nº  37.256.960­9,  relativo  a  contribuições  previdenciária  parte  patronal;  ­  AI  nº  37.256.961­7,  relativo  a  contribuições  previdenciárias  dos  segurados;  ­  AI  nº  37.256.962­5,  relativo  a  contribuições  sociais  de  terceiros.  Por  descumprimento  de  obrigações  acessórias,  foram  lavrados  os  seguintes  autos  de  infração:  ­  AI  nº  37.256.963­3,  por:  1  ­  não  registrar  em  sua  contabilidade  os  descontos que são concedidos nas mensalidades escolares dos filhos e/ou dependentes de seus  empregados;  2  –  por  contabilizar  como  receitas  apenas  os  valores  efetivamente  pagos  pelos  seus empregados pelo estudo de seus filhos/dependentes, desta forma, deixando omisso em sua  contabilidade  valores  de  incidência  de  contribuições  previdenciárias  e;  3  –  não  apresentar  Fl. 355DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   4 declaração relativa a outros vínculos para os empregados que recebem bolsa de estudo e que  constam  na  GFIP  com  ocorrência  05  –  Múltiplus  Vínculos;­  AI  nº  37.256.965­0,  por  ter  deixado de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos empregados  relativas às bolsas de estudos.   A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente pela 7ª  Turma da DRJ/SDR, sendo mantido o crédito tributário em sua integralidade.  Inconformado,  o  Contribuinte  interpôs  Recurso  Voluntário  arguindo  a  ilegalidade  do  auto  de  infração  e  pleiteando  a  exoneração  do  crédito,  ao  qual  foi  negado  provimento.   Contra  a  decisão,  o  Contribuinte  interpôs  Recurso  Especial  aduzindo  a  existência  de  divergência  entre  o  acórdão  recorrido  e  os  Acórdãos  nº  2402­003.897  da  2ª  Turma  Ordinária  da  4ª  Câmara  da  2ª  Seção  e  o  Acórdão  nº  2403­002.505,  da  3ª  Turma  Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção, quanto à incidência da contribuição previdenciária sobre  bolsa de estudos destinada a dependentes de empregados.   Aduz  que  os  acórdãos  paradigmas  entenderam  que  a  isenção  das  contribuições previdenciárias sobre bolsa de estudos visa atender o direito social à educação,  razão pela qual se estende também aos dependentes de empregados, sendo considerado como  um  benefício  para  o  trabalho. Diferentemente,  o  acórdão  recorrido  não  se  preocupou  com  a  finalidade social do referido benefício, tratando­o meramente como verba remuneratória devida  pelo trabalho do empregado.   Ao  final,  requer  o  provimento  do  recurso  para  que  seja  reconhecida  a  não  incidência de contribuição previdenciária sobre bolsas de estudos destinadas a dependentes de  empregados.   Com contrarrazões, subiram os autos para análise e voto.  É o relatório.     Fl. 356DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 4          5 Voto Vencido  Conselheira Patricia da Silva  O  recurso  interposto  pelo  Contribuinte  observou  os  pressupostos  de  admissibilidade, razão pela qual dele conheço.   O  objeto  da  matéria  suscitada  no  presente  Recurso  Especial  cinge­se  à  discussão quanto à incidência de contribuição previdenciária sobre auxílio­educação destinado  a dependentes de empregados.   Antes  de  adentramos  na  matéria  de  fundo,  importante  tecer  alguns  comentários sobre a disciplina da contribuição previdenciária e do salário­de­contribuição sob  a ótica da Constituição Federal e da legislação vigente.   Como se sabe, a Constituição Federal disciplina expressamente a matéria em  seu  art.  201,  §  11º,  dispondo  que  somente  ganhos  habituais  incorporam  o  salário  para  efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios.   Referido dispositivo constitucional consagra o princípio da vinculação entre  custeio  e  benefício,  em  matéria  de  incidência  de  contribuição  previdenciária  sobre  parcelas  pagas, no curso do contrato de trabalho, pelo empregador ao empregado.  Regulamentando  a  matéria,  a  Lei  8.212/91  define  a  incidência  da  contribuição  previdenciária  e define  as  verbas  que  integram o  salário­de­contribuição,  sendo  consideradas  como  a  totalidade  dos  rendimentos  pagos,  devidos  ou  creditados  a  qualquer  título,  durante  o  mês,  destinados  a  retribuir  o  trabalho,  qualquer  que  seja  a  sua  forma,  inclusive  as  gorjetas,  os  ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades  e  os  adiantamentos  decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à  disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda,  de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa, conforme art. 28, I.  Com relação aos benefícios concedidos à título de bolsa de estudos, o art. 28,  § 9º, “t”, assim prevê:  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei, exclusivamente:  .....  t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que  vise  à  educação  básica  de  empregados  e  seus  dependentes  e,  desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à  educação profissional e  tecnológica de empregados, nos termos  da Lei  nº  9.394,  de  20  de  dezembro  de  1996,  e: (Redação  dada pela Lei nº 12.513, de 2011)  1.  não  seja  utilizado  em  substituição  de  parcela  salarial;  e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)  Fl. 357DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   6 2.  o  valor  mensal  do  plano  educacional  ou  bolsa  de  estudo,  considerado  individualmente,  não  ultrapasse  5%  (cinco  por  cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor  correspondente  a  uma  vez  e  meia  o  valor  do  limite  mínimo  mensal  do  salário­de­contribuição,  o  que  for  maior;  (Incluído  pela Lei nº 12.513, de 2011)  Tal  dispositivo  sofreu  uma  evolução  e  apenas  a  partir  das  alterações  introduzidas pela Lei nº 12.513/2011 que se passou a  admitir  que os  auxílios destinados  aos  dependentes  com  educação  básica  –  formada  pela  educação  infantil,  ensino  fundamental  e  ensino médio (art. 21, I, da Lei nº 9.394/96) – não integram o salário­de­contribuição.    In casu, trata­se de bolsa de estudos de educação fundamental destinada a  dependentes de empregados referentes nos anos de 2005 e 2006, período este em que a Lei nº  8.212/91 ainda não previa a exclusão de tais benefícios do salário­de­contribuição, razão pela  qual foram lavrados os autos de infração ora em apreço.  Todavia, em nome do princípio da retroatividade benigna previsto no  art.  106, II, a, do CTN, entendo ser plenamente cabível que o art. 28, §9º, “t”, da Lei nº 8.212/91  retroaja  para  alcançar  os  fatos  geradores  em  questão,  haja  vista  que  se  trata  de  ato  não  definitivamente  julgado  e  a  lei  atual  deixou  de  definir  como  infração  a  ausência  de  recolhimento  de  contribuição  previdenciária  incidente  sobre  bolsa  de  estudos  destinadas  à  educação básica de dependentes de empregados.   Frise­se,  ainda, que mesmo antes das modificações  introduzidas pela Lei nº  12.513/2001,  a  jurisprudência  Superior  Tribunal  de  Justiça  já  era  pacífica  quanto  à  não  incidência de contribuição previdenciária sobre bolsas de estudos pagas a empregados e seus  dependentes a qualquer título, vejamos:    PREVIDENCIÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.  AUXÍLIO­ EDUCAÇÃO.  BOLSA  DE  ESTUDO.  VERBA  DE  CARÁTER  INDENIZATÓRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INCIDÊNCIA SOBRE A BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE  CONTRIBUIÇÃO.  IMPOSSIBILIDADE.  1.  "O  auxílio­ educação,  embora  contenha  valor  econômico,  constitui  investimento  na  qualificação  de  empregados, não  podendo  ser  considerado como  salário  in natura, porquanto não retribui o  trabalho  efetivo,  não  integrando,  desse modo,  a  remuneração  do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo  trabalho." (RESP 324.178­PR, Relatora Min. Denise Arruda, DJ  de  17.12.2004).  2.  In  casu,  a  bolsa  de  estudos,  é  paga  pela  empresa  e  destina­se  a  auxiliar  o  pagamento  a  título  de  mensalidades  de  nível  superior  e  pós­graduação  dos  próprios  empregados  ou  dependentes,  de  modo  que  a  falta  de  comprovação  do  pagamento  às  instituições  de  ensino  ou  a  repetição  do  ano  letivo  implica  na  exigência  de  devolução  do  auxílio. Precedentes:. (Resp. 784887/SC. Rel. Min. Teori Albino  Zavascki.  DJ.  05.12.2005  REsp  324178/PR,  Rel.  Min.  Denise  Arruda,  DJ.  17.02.2004;  AgRg  no  REsp  328602/RS,  Rel.  Min.  Francisco  Falcão,  DJ.02.12.2002;  REsp  365398/RS,  Rel.  Min.  José  Delgado,  DJ.  18.03.2002).  3.  Agravo  regimental  desprovido.  Fl. 358DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 5          7 (STJ  ­  AgRg  no  Ag:  1330484  RS  2010/0133237­3,  Relator:  Ministro  LUIZ  FUX,  Data  de  Julgamento:  18/11/2010,  T1  ­  PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/12/2010)    TRIBUTÁRIO.  SALÁRIO­DE­CONTRIBUIÇÃO.  VALORES  GASTOS COM A EDUCAÇÃO DO EMPREGADO (BOLSAS DE  ESTUDO).  CARÁTER  SALARIAL.  INEXISTÊNCIA.  CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO­INCIDÊNCIA.  1. Os valores despendidos pelo empregador a título de bolsas de  estudo destinadas a  seus empregados ou aos  filhos destes não  integram a base de cálculo da contribuição previdenciária.  2. Recurso especial provido.  (STJ  –  RESP  921.851/SP.  Relator:  Ministro  João  Otávio  de  Noronha, Julgamento: 11/09/2007)  Assim  sendo,  entendo  pela  inexigibilidade  do  cumprimento  das  obrigações  acessórias no caso em tela, pois inexistindo o principal não há que se falar nos acessórios.   Diante  do  exposto,  DOU  PROVIMENTO  ao  Recurso  Especial  do  Contribuinte para afastar a multa por descumprimento de obrigações acessórias.     Patricia da Silva ­ Relatora  Fl. 359DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   8 Voto Vencedor  Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira ­ Redatora Designada  Peço  licença  a  ilustre  conselheira  Patrícia  da  Silva  para  divergir  do  seu  entendimento  quanto  a  exonerar  o  contribuinte  de  obrigação  acessória  prevista  em  lei,  bem  como do alcance da lei 8212/91 em relação a concessão de bolsa de estudos aos dependentes,  bem como o cálculo da multa pela alteração promovida pela MP 449/2008, convertida na lei  11.941/2009.  RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE  BOLSA AOS ESTUDO AOS DEPENDENTES DE EMPREGADOS  Quanto  a  concessão  de  bolsa  de  estudos  aos  filhos  dos  empregados  não  constituírem salário de contribuição, razão não confiro ao recorrente.  De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado  empregado  entende­se  por  salário­de­contribuição  a  totalidade  dos  rendimentos  destinados  a  retribuir  o  trabalho,  incluindo  nesse  conceito  os  ganhos  habituais  sob  a  forma  de  utilidades,  nestas palavras:  Art.28. Entende­se por salário­de­contribuição:  I  ­  para  o  empregado  e  trabalhador  avulso:  a  remuneração  auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade  dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título,  durante  o mês,  destinados  a  retribuir o  trabalho,  qualquer  que  seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a  forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de  reajuste  salarial,  quer  pelos  serviços  efetivamente  prestados,  quer  pelo  tempo à disposição do empregador ou  tomador de serviços nos  termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo  coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela  Lei nº 9.528, de 10/12/97)  Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias,  seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da  Lei n ° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo:  Art. 28 (...)  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei,  exclusivamente:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10/12/97)  t)  o  valor  relativo  a  plano  educacional  que  vise  à  educação  básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro  de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais  vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que  não  seja  utilizado  em  substituição  de  parcela  salarial  e  que  todos  os  empregados  e  dirigentes  tenham  acesso  ao  mesmo;  (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98)  No  caso  quanto  a  verba  BOLSA  DE  ESTUDOS  nos  termos  em  que  foi  concedida  não  constituir  salário  de  contribuição,  entendo  que  não  restaram  cumpridos  os  requisitos para que sua concessão não constituísse salário de contribuição.  Fl. 360DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 6          9 Assim encontra­se previsto no relatório fiscal a concessão das bolsas:  Constam  deste  AI  os  créditos  relativos  ao  Levantamento  BE1  Bolsa  de  Estudo.  Este  levantamento,  elaborado  com  base  nas  planilhas  fornecidas  pela  empresa,  destinase  à  apuração  das  contribuições patronais incidentes sobre a remuneração indireta  concedida  na  forma  de  bolsas  de  estudo  a  dependentes  de  empregados.  As  referidas  bolsas  têm  como  característica  o  desconto na mensalidade escolar de dependentes de empregados  da empresa.  Esclarece ainda o relatório fiscal:  a) A fiscalização confeccionou planilha (Anexo I, fls. 68/74) que  discrimina  os  nomes  dos  empregados  contemplados  com  a  concessão  das  bolsas,  os  nomes  dos  dependentes  (alunos),  o  valor  da  bolsa  (desconto  concedido)  e  outras  informações  julgadas necessárias.  b)  A  empresa  apresentou  declaração  (Anexo  IV,  fl.  117)  por  conta de solicitação fiscal, informando que não registra em sua  contabilidade os descontos que são concedidos nas mensalidades  escolares  dos  filhos/dependentes  de  seus  empregados,  e  que  contabiliza como receita apenas os valores que são efetivamente  pagos pelos seus empregados.  c)  As  Convenções  Coletivas  de  Trabalho  celebradas  entre  o  Sindicato  dos  Estabelecimentos  de  Ensino  SINEPE/  BA  e  o  Sindicato dos Professores SINPRO/ BA dispõem, na cláusula 13,  acerca  da  concessão  de  bolsas  de  estudos  (ajuda  escolar)  a  dependentes  de  empregados  da  área  pedagógica  de  estabelecimentos  de  ensino.  Já  as  Convenções  Coletivas  de  Trabalho  firmadas  entre  SINEPE/BA  e  o  Sindicato  dos  Auxiliares de Administração Escolar SAAE/ BA são omissas em  relação á concessão do citado benefício.  d)  O  fato  gerador  apurado  não  foi  declarado  nas  folhas  de  pagamento e nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informação  à  Previdência  Social  (GFIP)  pelo  contribuinte,  o  que  ensejou,  respectivamente,  a  lavratura  do  presente  Auto  de  Infração  e  a  cobrança  de  multa  de  mora  de  75%  incidente  sobre  o  valor  original das contribuições apuradas. Tal constatação será objeto  de Representação Fiscal para Fins Penais, pois caracteriza, em  tese,  a  prática  de  crime  capitulado  no  art.  337A,  do  Código  Penal.  De pronto destaco, ao contrário do que encaminhou a ilustre relatora, entendo  que até a edição da  Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 e fez  expressa referência aos dependentes do segurado, não se aplicava qualquer exclusão da base de  cálculo aos dependentes dos empregados,  razão porque correto o  lançamento em relação aos  dependentes, independente do tipo de curso ofertado. Senão vejamos novamente, o disposto no  art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991:  Art. 28 (...)  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei,  exclusivamente:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10/12/97)  Fl. 361DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   10 t)  o  valor  relativo  a  plano  educacional  que  vise  à  educação  básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro  de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais  vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que  não  seja  utilizado  em  substituição  de  parcela  salarial  e  que  todos  os  empregados  e  dirigentes  tenham  acesso  ao  mesmo;  (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98)  Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou  mesmo  legislação  que  deixou  de  considera  infração  determinada  conduta,  mas  de  alteração  legislativa que  excluiu da base de  cálculo,  ou mesmo do conceito de  salário de  contribuição  determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos  após a sua publicação.  O  ganho  foi  direcionado  ao  segurado  empregado  da  recorrente,  quando  a  empresa concedeu os planos de previdência privada. Estando, portanto, no campo de incidência  do  conceito  de  remuneração  e  não  havendo  dispensa  legal  para  incidência  de  contribuições  previdenciárias  sobre  tais  verbas,  no  período  objeto  do  presente  lançamento,  conforme  já  analisado, deve persistir o lançamento.  Pelo exposto o campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de  contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla.. Remunerar  significa retribuir o trabalho realizado. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade  que seja pago a uma pessoa natural em decorrência de um trabalho executado ou de um serviço  prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de  contribuição previdenciária, seja ele contribuições para Previdência privada, um bônus ou uma  gratificação.  Segundo o  ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu  livro  Instituições de  Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o  significado do  termo  remuneração  deve ser assim interpretado:  No Brasil,  a  palavra  remuneração  é  empregada,  normalmente,  com  sentido  lato,  correspondendo  ao  gênero  do  qual  são  espécies principais os  termos salários,  vencimentos, ordenados,  soldo  e  honorários.  Como  salientou  com  precisão  Martins  Catharino,  “costumeiramente  chamamos  vencimentos  a  remuneração  dos  magistrados,  professores  e  funcionários  em  geral;  soldo,  o  que  os militares  recebem;  honorários,  o  que  os  profissionais  liberais  ganham  no  exercício  autônomo  da  profissão; ordenado,  o  que  percebem os  empregados  em  geral,  isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o  físico;  e  finalmente,  salário,  o  que  ganham  os  operários.  Na  própria  linguagem  do  povo,  o  vocábulo  salário  é  preferido  quando há prestação de trabalho subordinado.”  Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á  título de BOLSA D  ESTUDOS AOS DEPENDENTES,  representam  alguma  espécie  de  ganho. Na  verdade,  dito  benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos  ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado.  Também  convém  reproduzir  a  posição  da  professora  Alice  Monteiro  de  Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e nãosalariais, enfatizando, de que forma,  as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado.  "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às  necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não  Fl. 362DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 7          11 as  recebesse,  ele  deveria  despender  parte  de  seu  salário  para  adquirilas.  As  utilidades  salariais  não  se  confundem  com  as  que  são  fornecidas  para  a  melhor  execução  do  trabalho.  Estas  equiparamse  a  instrumentos  de  trabalho  e,  conseqüentemente,  não têm feição salarial."  No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS DE DEPENDENTES, nos  termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo que não restaram  cumpridos os requisitos para que sua concessão não constituísse salário de contribuição, razão  pela qual NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DO CONTRIBUINTE.  FUNDAMENTAÇÃO  DA  OBRIGAÇÃO  ACESSÓRIA  DE  PREPARAR  FOLHAS DE PAGAMENTO DAS PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES  Não fosse apenas a devida configuração de salário de contribuição das verbas  capaz de ensejar o lançamento da obrigação acessória, estamos diante de autuação específica,  qual seja deixar de preparar folha de pagamento com as parcelas integrantes e não integrantes  do salário de contribuição.   Note­se, que a base para a autuação, da obrigação acessória em questão, está  prevista na Lei n ° 8.212/1991 em seu artigo 32, I, nestas palavras:  Art. 32. A empresa é também obrigada a:  I  ­  preparar  folhas­de­pagamento  das  remunerações  pagas  ou  creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os  padrões  e  normas  estabelecidos  pelo  órgão  competente  da  Seguridade Social;  Como  se percebe,  a  própria  lei  conferiu  poderes  ao  INSS  e posteriormente  RP, atual RFB, para definir o padrão e as normas de elaboração dos documentos. A elaboração  das  folhas  de  pagamentos  está  disciplinada  no  art.  225  do RPS,  aprovado  pelo Decreto  n  °  3.048/1999, nestas palavras:  Art.225. A empresa é também obrigada a:  I  ­  preparar  folha de pagamento da  remuneração paga, devida  ou  creditada  a  todos  os  segurados  a  seu  serviço,  devendo  manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e  recibos de pagamentos;  (...)  §  9º  A  folha  de  pagamento  de  que  trata  o  inciso  I  do  caput,  elaborada mensalmente,  de  forma  coletiva  por  estabelecimento  da  empresa,  por  obra  de  construção  civil  e  por  tomador  de  serviços, com a correspondente totalização, deverá:  I  ­ discriminar o nome dos  segurados,  indicando cargo,  função  ou serviço prestado;  II­agrupar  os  segurados  por  categoria,  assim  entendido:  segurado  empregado,  trabalhador  avulso,  contribuinte  individual; (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99)  Fl. 363DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA   12 III  ­  destacar  o  nome  das  seguradas  em  gozo  de  salário­ maternidade;  IV  ­  destacar  as  parcelas  integrantes  e  não  integrantes  da  remuneração e os descontos legais; e  V  ­indicar  o  número  de  quotas  de  salário­família  atribuídas  a  cada segurado empregado ou trabalhador avulso.  Assim, era obrigação da recorrente o preparo das folhas de pagamentos seja  para  os  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais,  seja  em  relação  as  parcelas  integrantes  e  não  integrantes  da  remuneração.  Assim,  mesmo  que  entendesse  indevida  a  inclusão de determinadas verbas no conceito de remuneração deveria a empresa, incluí­las em  folha de pagamento, conforme preceitua a lei. Conforme comprovado nos autos, tal elaboração  não foi realizada na forma estabelecida.  Mais especificamente descreveu a infração cometida nos seguintes termos:  Esclarece a fiscalização que o presente AI resulta da conduta da  empresa entregar as folhas de pagamento,  relativas ao período  de  01/2005  a  12/2006,  sem  constar  à  remuneração  indireta  concedida na forma de bolsas de estudo (ajuda escolar) a filhos  de empregados.  Assinala que  também não constam das  folhas de pagamento as  contribuições previdenciárias  referentes à parte dos  segurados,  obtidas  mediante  a  aplicação  do  percentual  de  7,65%  a  11%,  conforme  a  faixa  salarial  de  cada  segurado  e  até  o  limite  máximo de contribuição, incluindo o valor das bolsas de estudo.  Pontua ainda que no Relatório Fiscal do AI n° 37.256.9609 e do  AI  nº  37.256.9617,  podem  ser  verificados  todos  os  detalhes  acerca  da  apuração  do  fato  gerador  da  contribuição  previdenciária retromencionada.  Destaca­se  que  as  obrigações  acessórias  são  impostas  aos  sujeitos  passivos  como  forma  de  auxiliar  e  facilitar  a  ação  fiscal.  Por  meio  das  obrigações  acessórias  a  fiscalização conseguirá verificar se a obrigação principal foi cumprida.   Como  é de  conhecimento,  a obrigação  acessória  é  decorrente  da  legislação  tributária  e  não  apenas  da  lei  em  sentido  estrito,  conforme  dispõe  o  art.  113,  §  2º  do CTN,  nestas palavras:  Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.  §  1º  A  obrigação  principal  surge  com  a  ocorrência  do  fato  gerador,  tem por  objeto  o  pagamento  de  tributo  ou penalidade  pecuniária  e  extingue­se  juntamente  com  o  crédito  dela  decorrente.  §  2º  A  obrigação  acessória  decorre  da  legislação  tributária  e  tem  por  objeto  as  prestações,  positivas  ou  negativas,  nela  previstas  no  interesse  da  arrecadação  ou  da  fiscalização  dos  tributos.  §  3º  A  obrigação  acessória,  pelo  simples  fato  da  sua  inobservância, converte­se em obrigação principal relativamente  à penalidade pecuniária.  Fl. 364DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10580.728655/2009­62  Acórdão n.º 9202­004.008  CSRF­T2  Fl. 8          13 Conforme  descrito  no  art.  96  do CTN,  a  legislação  engloba  não  apenas  as  leis,  os  tratados  e  as  convenções  internacionais,  os  decretos,  mas  também  as  normas  complementares  que  versem,  no  todo  ou  em  parte,  sobre  tributos  e  relações  jurídicas  a  eles  pertinentes.  No caso, a exigência da fiscalização não foi desmedida, pois a solicitação foi  realizada no prazo estabelecido na legislação. A Auditora­Fiscal agiu de acordo com a norma  aplicável, e não poderia deixar de fazê­lo, uma vez que sua atividade é vinculada.   Entendo que a exigência em tela não está associada simplesmente a entender  ou  não  o  contribuinte  que  a  verba  BOLSA  DE  ESTUDOS  FORNECIDA  AOS  DEPENDENTES  seja  salário  de  contribuição, mas  prestar  a  legislação  é  clara  em  indicar  a  necessidade de informar em folha também as parcelas não integrantes.   Assim, foi correta a aplicação do auto de infração pelo órgão previdenciário.  O  relatório  fiscal,  indicou  de  maneira  clara  e  precisa  todos  os  fatos  ocorridos,  havendo  subsunção destes à norma prevista na Lei n ° 8.212/1991.   CONCLUSÃO  Pelo  exposto,  voto  por  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  especial  do  Sujeito Passivo.  É como voto.    Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira                Fl. 365DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 29/07/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/08/2016 por PATRICIA DA SILVA

score : 1.0
6564994 #
Numero do processo: 10980.720493/2014-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 EMENTA: SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial. Havendo procedimento de ofício instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário, mas tão-somente sua transferência para o Fisco. PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizou-se pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. NULIDADE. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INEXISTÊNCIA. É prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerá-las prescindíveis ou impraticáveis, é de se indeferir o pedido de produção de provas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tendo em vista que o contribuinte logrou comprovar a origem de parte dos créditos tributados, há que se excluir da tributação o montante correspondente, mantendo-se, no entanto, os demais valores cuja origem não foi comprovada. GANHO DE CAPITAL. A cessão de direitos representados por precatórios judiciais está sujeita à apuração do ganho de capital, sobre o qual incide imposto sobre a renda, nos termos da legislação vigente. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios.
Numero da decisão: 2202-003.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares; no mérito: i) quanto à infração de omissão de rendimentos por depósitos bancários sem comprovação de origem: por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo o valor de R$ 450.000,00, do ano-calendário 2010, vencidos os Conselheiros Rosemary Figueiroa Augusto, Cecília Dutra Pillar e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, que negaram provimento ao recurso; ii) quanto aos juros sobre a multa de ofício: por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento ao recurso nessa parte. Foi designada a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto para redigir o voto vencedor, na parte em que foi vencido o Relator. Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Rodrigo Gabriel Alarcon, OAB/DF nº 52.825. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator. (assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201609

camara_s : Segunda Câmara

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 EMENTA: SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial. Havendo procedimento de ofício instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário, mas tão-somente sua transferência para o Fisco. PRELIMINAR. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizou-se pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente infrações que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. NULIDADE. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INEXISTÊNCIA. É prerrogativa da Autoridade Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerá-las prescindíveis ou impraticáveis, é de se indeferir o pedido de produção de provas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tendo em vista que o contribuinte logrou comprovar a origem de parte dos créditos tributados, há que se excluir da tributação o montante correspondente, mantendo-se, no entanto, os demais valores cuja origem não foi comprovada. GANHO DE CAPITAL. A cessão de direitos representados por precatórios judiciais está sujeita à apuração do ganho de capital, sobre o qual incide imposto sobre a renda, nos termos da legislação vigente. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 10980.720493/2014-79

anomes_publicacao_s : 201611

conteudo_id_s : 5657210

dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 2202-003.584

nome_arquivo_s : Decisao_10980720493201479.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : MARTIN DA SILVA GESTO

nome_arquivo_pdf_s : 10980720493201479_5657210.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares; no mérito: i) quanto à infração de omissão de rendimentos por depósitos bancários sem comprovação de origem: por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo o valor de R$ 450.000,00, do ano-calendário 2010, vencidos os Conselheiros Rosemary Figueiroa Augusto, Cecília Dutra Pillar e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, que negaram provimento ao recurso; ii) quanto aos juros sobre a multa de ofício: por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento ao recurso nessa parte. Foi designada a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto para redigir o voto vencedor, na parte em que foi vencido o Relator. Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Rodrigo Gabriel Alarcon, OAB/DF nº 52.825. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator. (assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).

dt_sessao_tdt : Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016

id : 6564994

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:29 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689100980224

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2258; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C2T2  Fl. 1.825          1 1.824  S2­C2T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10980.720493/2014­79  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2202­003.584  –  2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  21 de setembro de 2016  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF   Recorrente  JOÃO MELITÃO CAGNI  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2009, 2010, 2011  EMENTA:  SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE  AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.  Válida  é  a  prova  consistente  em  informações  bancárias  requisitadas  em  absoluta  observância  das  normas  de  regência  e  ao  amparo  da  lei,  sendo  desnecessária prévia autorização judicial.  Havendo  procedimento  de  ofício  instaurado,  a  prestação,  por  parte  das  instituições  financeiras,  de  informações  solicitadas  pelos  órgãos  fiscais  tributários do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário,  mas tão­somente sua transferência para o Fisco.  PRELIMINAR.  NULIDADE.  CERCEAMENTO  DO  DIREITO  DE  DEFESA. INEXISTÊNCIA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem  fundamento  a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida  em  que  o  processo  em  análise,  até  o  presente  momento,  caracterizou­se  pelo  cumprimento  de  todas  as  fases  e  prazos  processuais  dispostos  no  Processo  Administrativo  Fiscal  e  o  interessado,  ciente  infrações  que  lastrearam  a  presente  ação  fiscal,  teve,  tanto  na  fase  de  autuação,  regida  pelo  princípio  inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do  contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa,  tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido  de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a  tributação em análise. Comprovado,  ainda, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando,  nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há  que  se  cogitar  em  nulidade  do  lançamento  enquanto  ato  administrativo.  Preliminar rejeitada.  PRELIMINAR.  NULIDADE.  PRODUÇÃO  DE  PROVAS.  PEDIDO  DE  DILIGÊNCIA E PERÍCIA.  INEXISTÊNCIA. É prerrogativa da Autoridade     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 04 93 /2 01 4- 79 Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.826          2 Julgadora indeferir a realização de diligências ou perícias, quando considerá­ las prescindíveis ou impraticáveis, é de se indeferir o pedido de produção de  provas.  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS.  LANÇAMENTO  COM  BASE  EM  DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. Para  os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430/1996, em  seu  art.  42,  autoriza  a presunção  de  omissão  de  rendimentos  com base  nos  valores depositados  em conta bancária para os quais o  titular,  regularmente  intimado, não comprove a origem dos  recursos utilizados nessas operações.  Tendo em vista que o contribuinte logrou comprovar a origem de parte dos  créditos  tributados,  há  que  se  excluir  da  tributação  o  montante  correspondente, mantendo­se, no entanto, os demais valores cuja origem não  foi comprovada.  GANHO DE CAPITAL. A cessão de direitos  representados por precatórios  judiciais  está  sujeita  à  apuração  do  ganho  de  capital,  sobre  o  qual  incide  imposto sobre a renda, nos termos da legislação vigente.  JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.  A  multa  de  ofício,  penalidade  pecuniária,  compõe  a  obrigação  tributária  principal,  e,  por  conseguinte,  integra  o  crédito  tributário,  que  se  encontra  submetido à incidência de juros moratórios.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  as  preliminares;  no  mérito:  i)  quanto  à  infração  de  omissão  de  rendimentos  por  depósitos  bancários  sem  comprovação  de  origem:  por  maioria  de  votos,  dar  provimento  parcial  ao  recurso,  para  excluir  da  base  de  cálculo  o  valor  de R$  450.000,00,  do  ano­calendário  2010,  vencidos os Conselheiros Rosemary Figueiroa Augusto, Cecília Dutra Pillar e Marco Aurélio  de Oliveira Barbosa, que negaram provimento ao recurso; ii) quanto aos juros sobre a multa de  ofício: por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da  Silva  Gesto  (Relator),  Junia  Roberta  Gouveia  Sampaio  e Wilson  Antonio  de  Souza  Correa  (Suplente  convocado),  que  deram  provimento  ao  recurso  nessa  parte.  Foi  designada  a  Conselheira Rosemary  Figueiroa Augusto  para  redigir  o  voto  vencedor,  na  parte  em que  foi  vencido  o  Relator.  Fez  sustentação  oral,  pelo  Contribuinte,  o  advogado  Rodrigo  Gabriel  Alarcon, OAB/DF nº 52.825.      (assinado digitalmente)  Marco Aurélio de Oliveira Barbosa ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Martin da Silva Gesto ­ Relator.  Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.827          3   (assinado digitalmente)  Rosemary Figueiroa Augusto ­ Redatora designada    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Marco  Aurélio  de  Oliveira  Barbosa  (Presidente),  Martin  da  Silva  Gesto,  Márcio  Henrique  Sales  Parada,  Rosemary  Figueiroa  Augusto,  Júnia  Roberta  Gouveia  Sampaio,  Cecília  Dutra  Pillar,  Dílson  Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).      Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  nos  autos  do  processo  nº  10980.720493/2014­79,  em  face  do  acórdão  nº  16­63.084,  julgado  pela  17ª.  Turma  da  Delegacia da Receita Federal  do Brasil  de  Julgamento  em São Paulo  (DRJ/SPO) no qual os  membros  daquele  colegiado  entenderam  por  julgar  procedente  em  parte  a  impugnação  apresentada pelo contribuinte.  Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os  relatou:  Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração  de fls. 1462 a 1485, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física,  Anos­calendário 2009 a 2011, respectivamente exercícios 2010 a  2012,  que  lhe  exige  crédito  tributário  no  montante  de  R$  3.178.140,40  sendo  R$  1.538.946,13  referentes  ao  imposto,  R$  1.154.209,65, referentes à multa proporcional e R$ 484.984,62,  são cobrados a título de juros de mora, calculados até 03/2014.  Conforme  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  (fls.  1463 e 1468) foram apuradas as seguintes infrações:  0001  –  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  RECEBIDOS  DE  PESSOA JURÍDICA   OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  (JUROS  E  OUTROS  ACRÉSCIMOS) RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA  Omissão de rendimentos apurada conforme Relatório Fiscal.  Enquadramento Legal:  Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009:  Art. 1º, 2º e 3º, e §§, da Lei nº 7.713/88;  Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.828          4 Arts. 1º ao 3º da Lei nº 8.134/90;  Art 19, § 3º da Instrução Normativa SRF nº 84/2001;  Art. 1º da Medida Provisória nº 22/2002 convertida na Lei  nº 10.451/2002;  Art. 1º inciso III e parágrafo único da Lei nº 11.482/07, com  a redação dada pela Lei nº 11.945/2009  Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 e 31/12/2010:  Art. 1º, 2º e 3º, e §§, da Lei nº 7.713/88;  Arts. 1º ao 3º da Lei nº 8.134/90;  Art 19, § 3º da Instrução Normativa SRF nº 84/2001;  Art. 1º da Medida Provisória nº 22/2002 convertida na Lei  nº 10.451/2002;  Arts 123 § 6º e 620 do Decreto nº 3.000/99 (RIR)  Art.  1º,  inciso  IV  e  parágrafo  único  da  Lei  nº  11.482/07,  com a redação dada pela Lei nº 11.945/09.  0002  –  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS  DE  ORIGEM  NÃO  COMPROVADA  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  CARACTERIZADOS  POR  DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA  Omissão  de  rendimentos  caracterizada  por  valores  creditados  em  conta(s)  de  depósito  ou  de  investimento,  mantida(s)  em  instituição  (ões)  financeiras(s),  em  relação  aos  quais  o  contribuinte,  regularmente  intimado,  não  comprovou, mediante  documentação hábil  e  idônea, a origem dos  recursos utilizados  nessas operações, conforme relatório fiscal em anexo.  Enquadramento Legal:  Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009:  Arts.  37,  38,  83  e  849  do  RIR/99  e  art.  58  da  Lei  nº  10.637/02  combinado  com  o  art.  106,  inciso  I,  da  Lei  nº  5.172/66 e art. 42 da Lei nº 9.430/96;  Art.  1º,  inciso  III  e  parágrafo  único  da  Lei  nº  11.482/07,  com a redação dada pela Lei nº 11.945/09.  Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 e 31/12/2010:  Arts.  37,  38,  83  e  849  do  RIR/99  e  art.  58  da  Lei  nº  10.637/02  combinado  com  o  art.  106,  inciso  I,  da  Lei  nº  5.172/66 e art. 42 da Lei nº 9.430/96;  Art.  1º,  inciso  III  e  parágrafo  único  da  Lei  nº  11.482/07,  com a redação dada pela Lei nº 11.945/09.  Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.829          5 0003  – GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E  DIREITOS  OMISSÃO/APURAÇÃO  INCORRETA  DE  GANHOS  DE  CAPITAL  NA  ALIENAÇÃO  DE  BENS  E  DIREITOS  ADQUIRIDOS EM REAIS  Omissão/apuração  incorreta de ganhos de  capital  auferidos na  alienação  de  bens  ou  direitos  de  qualquer  natureza  adquiridos  em reais, conforme relatório fiscal em anexo.  Enquadramento Legal:  Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 a 31/05/2011:  Art. 21 da Lei nº 8.981/95.  Arts.  117,  118,  120,  121,  §20,  122  a  125,  128,  129,  131,  132, 133, parágrafo único, 134,  136, 138 a 141 do RIR/99;  Arts.  23  e  24  da  Lei  nº  9.250/95  e  38  a  40  da  Lei  nº  11.196/05.  Tempestivamente,  o  contribuinte  apresentou  impugnação  ao  referido  lançamento  (fls.  1.491  a  1.529),  alegando,  em  síntese,  que:  ∙ É profissional autônomo e em suas atividades negocia a cessão  de  precatórios  judiciais  de  duas  formas:  a)  intermediação  da  compra  e  venda  do  título  entre  o  proprietário  e  um  terceiro  adquirente e b) a compra do título com deságio e a revenda para  terceiro por valor acordado entre as partes.  ∙  Inicialmente,  apenas  intermediava  as  operações  relativas  a  precatórios  judiciais  emitidos  em  face  do  Estado  do  Paraná,  recebendo  uma  comissão.  Neste  caso,  o  valor  negociado  era  depositado pelo comprador  integralmente na conta  corrente do  contribuinte  que,  após  abater  o  valor  correspondente  a  seus  serviços, repassava o valor para o vendedor.  ∙  Neste  caso,  o  verdadeiro  ganho  financeiro  do  impugnante  refere­se  somente à  comissão  auferida  pela  intermediação  e  os  valores  que  transitaram  em  sua  conta  corrente  não  podem  ser  considerados  acréscimo patrimonial  para  fins  de  incidência do  IRPF.  ∙  Posteriormente,  passou  a  investir  na  compra  dos  precatórios  para  revendê­los  a  pessoas  jurídicas  de  direito  privado  e  este  tipo  de  atividade  tem  algumas  peculiaridades  que  deixaram de  ser consideradas pela fiscalização.  ∙  Neste  caso,  o  contribuinte  adquire  o  direito  do  valor  do  precatório  (ou  parte  dele)  e,  posteriormente  realiza  a  cessão  deste crédito a um terceiro. Assim, o IRPF só pode incidir sobre  Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.830          6 a diferença entre o valor de aquisição e o valor de revenda do  precatório, como ganho de capital.  ∙  É  importante  destacar  que  o  pagamento  decorrente  da  aquisição  dos  precatórios  normalmente  era  parcelado.  E,  em  muitas  destas  negociações,  houve  o  inadimplemento  dos  adquirentes e houve assim a necessidade de uma renegociação.  ∙ Acrescenta o requerente que vários dos cheques recebidos por  ele, identificados nas escrituras públicas, não foram depositados,  mas utilizados para aquisição de novos direitos creditórios.  ∙ Conclui ele, quanto a este tópico, que o pagamento pela cessão  do  precatório  muitas  vezes  ocorria  posteriormente  ao  previsto  nas escrituras públicas, o que não descaracteriza a operação.  ∙  Transcreve  os  artigos  2º  e  3º  da  IN  SRF  84/2001  relativos  à  definição de ganho de capital.  ∙ Informa ele, ainda, que sua movimentação bancária, objeto de  fiscalização,  caracteriza­se  por  várias  operações,  tais  como:  resgate de  investimentos  pessoais;  contemplação  em consórcio,  compra e venda de bens imóveis e móveis, saques e depósitos dos  mesmos valores sacados para outros investimentos, devolução de  cheques  sem  fundos,  novação  das  dívidas  em  razão  do  inadimplemento de seus clientes.  ∙  Destaca  alguns  exemplos  de  operações  tributadas  indevidamente pela autoridade fazendária:    ∙  Acrescenta  que  a  autoridade  fiscal  ignorou,  por  completo,  as  operações  praticadas  por  ele,  deixando  de  diligenciar  para  constatar  a  efetiva  ocorrência  do  fato  gerador  do  IRPF,  ocasionando a  lavratura de um Auto de  Infração com ausência  dos  requisitos  básicos  e  com  flagrantes  vícios  materiais  que  inviabilizam  o  lançamento  ou,  quando  menos,  acarretam  sua  improcedência.  ∙  Conforme  exposto  resumidamente  acima,  a  autoridade  fazendária realizou o lançamento ora impugnado para exigência  de IRPF, razão da suposta 'omissão de rendimentos' e 'ganho de  capital' não declarados pelo Impugnante nos anos­calendário de  2009 a 2011.  ∙ Primeiramente, deve ser destacado que a presente autuação foi  amparada  na  simples  análise  dos  valores  que  transitaram  na  conta corrente do interessado sem análise profunda e detalhada  da origem e destinação destes recursos.  Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.831          7 ∙ Tendo em vista a atividade de intermediação e/ou de compra e  venda de direitos creditórios realizada pelo requerente, alega ele  que se torna necessário constatar qual o efetivo ganho obtido em  cada  operação  (apuração  do  valor  referente  à  "comissão"  recebida pelo negócio de intermediação ou à diferença positiva  entre o custo de aquisição do direito e o valor de revenda).  ∙ Informa o interessado que apesar das informações prestadas e  da  documentação  apresentada  na  fase  de  fiscalização,  ao  analisar, de modo superficial, os valores que transitaram em sua  conta  corrente,  a  autoridade  fazendária  PRESUMIU  que  a  maior parte dos ingressos ali constantes teriam a natureza de:  1. acréscimo tributável via 'ganho de capital' ou  2. de 'rendimentos omitidos' (depósitos cuja origem não foi  comprovada) tributáveis à alíquota de 27,5%, sem qualquer  embasamento fático ou legal  ∙  Acrescenta  ele  que  foram  desconsideradas  operações  específicas tais como:  1. as que não estão sujeitas à tributação,  2. as que já sofrem a retenção na fonte,  3. as que não se sujeitam à tabela progressiva do IR  4. foi tributada a integralidade de diversas operações (e não  apenas a diferença positiva)  ∙ Pela simples análise do Auto de Infração, o requerente denota  que  o  mesmo  encontra­se  fundado  em  mera  presunção  da  ocorrência do fato gerador, tendo em vista os flagrantes vícios e  distorções:  a) imputou­se como rendimento passível de tributação os valores  pertencentes  a  terceiros  que  transitaram  temporariamente  em  sua conta corrente  (decorrentes da  intermediação da cessão de  direitos);  b) imputa como rendimento passível de tributação pelo IRPF sob  a alíquota progressiva de 27,5%, parte dos valores referentes às  venda  de  precatórios  (sendo  que  apenas  a  eventual  diferença  positiva  seria  passível  de  tributação  via  ganho  de  capital  com  alíquota de 15%);  c)  Imputa  como  ganho  de  capital  diversos  valores  que  não  corresponderiam a qualquer acréscimo patrimonial;  d)  Imputa  como  rendimento  passível  de  tributação  pelo  IRPF  diversas operações que não são tributáveis, como por exemplo:  i)  saque  de  numerário  e  posterior  depósito  da  mesma  quantia novamente em conta,  ii) recebimento de valores oriundos de consórcio de veículo,  Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.832          8 iii)  tributação da  integral  e valores oriundos da alienação  de imóvel já constante do patrimônio do impugnante.  ∙ Ressalta ele que a fiscalização fez alguns cruzamentos iniciais  com  base  nas  informações  prestadas  por  ele,  mas  que  teria  deixado  de  apurar  a  realidade  dos  fatos  e  lançado  diversos  valores  como  "depósitos  sem  origem  conhecida"  ou  "ganho  de  capital",  presumindo  a  ocorrência  do  fato  gerador  e,  assim,  transferindo  a  responsabilidade  ao  Impugnante  pela  apuração  de  eventual  valor  devido  nas  operações  praticadas  no  período  autuado, em nítida violação ao disposto no art. 142 do CTN.  ∙ Esclarece que para encontrar a real base de cálculo do IRPF  deveria  a  autoridade  fazendária  realizar  o  confronto  da  diferença entre o valor que ingressou em sua conta bancária e os  respectivos  contratos  de  cessão  de  crédito,  para  identificar  se  efetivamente  ocorreu  'ganho  de  capital',  ou  se  tais  valores  apenas  teriam  transitado  por  sua  conta  bancária  sendo  posteriormente  repassadas  a  terceiros,  tratando­se  de  mera  desídia no cumprimento das funções fiscalizatórias.  ∙ Enfatiza que a autuação ora combatida tem como fundamento  apenas  as  movimentações  registradas  na  conta  corrente  do  Impugnante,  tendo  sido  desconsiderada  parte  dos  contratos  de  cessão  de  direitos  e  demais  documentos/informações  apresentados durante todo o período de fiscalização.  ∙ Acrescenta que a autoridade fiscal também acabou por elencar  como  tributáveis  situações  em  que  não  há  a  incidência  do  tributo,  o  que  demonstra  a  flagrante  nulidade  do  Auto  de  Infração.  ∙ Considera  irrefutável que a  fundamentação constante no auto  de  infração,  baseada  meras  presunções,  sem  qualquer  investigação mais  acurada  pela  autoridade  fazendária  do  caso  concreto, não é suficiente para lastreá­lo.  ∙  Acrescenta  que  foram  tributadas  operações  nas  quais  não  incide o IRPF, tais como contemplação em consórcio, compra e  venda  de  imóvel,  saques  e  depósitos  dos  mesmos  valores  sacados.  ∙  Alega,  ainda,  que  o  lançamento  foi  realizado  com  base  em  meras  conjecturas  e  suposições  da  fiscalização  acerca  das  movimentações  bancárias  do  Impugnante  e  através  da  análise  superficial  de  escrituras  públicas  de  cessão  de  direitos  creditórios,  sem  que  fossem  efetivamente  demonstrados  e  comprovados os fatos que fundamentam o lançamento.  ∙  Transcreve  ementas  do  CARF  (antigo  Conselho  de  Contribuintes)  a  fim  de  embasar  sua  alegação  acerca  da  necessidade  de  aprofundamento  da  investigação,  em  busca  da  verdade material.  ∙ Transcreve o interessado o artigo 142 do CTN, do qual extrai­ se que o agente fazendário deve sempre agir dentro dos ditames  Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.833          9 da  lei  (vinculação),  não  lhe  cabendo  qualquer  medida  de  discricionariedade  ou  interpretação  extensiva  da  norma,  sob  pena  de  se  afrontar  o  princípio  da  legalidade  e  tipicidade  tributária.  ∙  No  presente  caso,  a  presunção  efetuada  pela  Fiscalização  é  totalmente equivocada, uma vez que:  a) não  traz  qualquer  indício  ou muito menos  provas  de  que  os  valores que transitaram na conta do Impugnante correspondam  objetivamente a um aumento patrimonial;  b)  não  foram  efetuadas  maiores  diligências  no  sentido  de  se  apurar  a  verdade  material  dos  fatos,  partindo  o  lançamento  unicamente  de  informações  presumidas,  decorrente  de  valores  constantes na conta bancária do contribuinte;  c)  a  presunção  não  é  razoável,  já  que  tributou  valores  que  comprovadamente  não  conferem  aumento  patrimonial  ao  Impugnante.  ∙  Apenas  para  demonstrar  a  irrazoabilidade  do  lançamento,  a  fiscalização  chega  ao  absurdo  extremo  de  lançar  valores  de  saques  da  conta  do  Impugnante  e  depósito  deste  mesmo  valor  (sem  qualquer  aumento  patrimonial),  entre  outros  casos  já  identificados pelo Impugnante.  ∙ Como visto, não cabe ao contribuinte, mas exclusivamente ao  Fisco, a indicação da infração cometida e sua base legal, sendo  nulo  de  pleno  direito  o  auto  de  infração  que  não  traduz  essa  determinação por  qualquer motivo  do Fisco. Mais  do  que  isto,  sendo esta sua atividade privativa não pode, à nitidez, delegá­la  ao  contribuinte  para  que  este,  em  defesa  limitada,  presuma  e  defenda­se  de  infração  que  sequer  foi  claramente  indicada,  despida de qualquer suporte legal.  ∙  Transcreve  ementa  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais  onde fica demonstrado o entendimento de que em autuações de  IRPF  (como  o  presente  caso),  vem  concluindo  que  o  ônus  da  prova  da  ocorrência  do  fato  gerador  e  da  efetiva  omissão  de  rendimento  é  exclusivo  da  fiscalização  e  deve  estar  amparado  em provas robustas.   ∙  Destaca  ele,  ainda,  que  a  NULIDADE  por  vício  material  do  presente  de  infração,  também  decorre  da  ausência  de  um  dos  requisitos indispensáveis para a sua validade jurídica, tendo em  vista que não há fundamentação acerca dos motivos que levaram  a  autoridade  fazendária  a  lançar  no  presente  auto  de  infração  valores que em hipótese alguma representam 'ganho de capital'  ou  'omissão de  rendimentos',  haja  vista a  falta de esmero para  exaurir  a  busca  pela  verdade  real  dos  fatos,  o  que,  por  consequência,  ofende  frontalmente  o  direito  ao  contraditório  e  ampla defesa do Recorrente.  ∙ Informa o interessado que o Decreto n° 70.235/72 impõe que o  auto de infração deve conter expressamente a descrição do fato  Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.834          10 que  gerou  o  lançamento,  sob  pena  de  nulidade.  Constata­se,  assim,  que  a  fiscalização pretende  exigir  vultoso  valor  de  uma  pessoa física (R$ 3.178.140,40), com base em meras suposições,  ao  arrepio  da  legislação  e  dos  princípios  que  regem  o  direito  tributário, o que deve gerar a nulidade presente lançamento.  ∙ Deste modo, o impugnante considera que restam demonstradas  as  nulidades  contidas  no  auto  de  infração,  com  violação  expressa ao disposto nos artigos 10, inciso III e 59 do Decreto n°  70.2035/72,  artigos  113  e  142  do  CTN  e  artigo  5o,  LV  da  Constituição Federal bem como aos princípios da legalidade, da  verdade  material,  da  motivação,  da  ampla  defesa  e  do  contraditório,  motivo  pelo  qual  se  requer  a  declaração  de  nulidade integral do auto de infração por vício material.  ∙ Quanto ao mérito, alega o  requerente que o presente auto de  infração  foi  lavrado  com  base  na  análise  do  extrato  da  conta  bancária,  por  meio  do  qual  a  autoridade  fazendária  presumiu  que  o  ora  Impugnante  havia  obtido  acréscimos  patrimoniais  aptos  a  tributação  pelo  IRPF,  haja  vista  os  valores  que  transitaram em sua conta corrente no período autuado.  ∙  Ocorre  que,  no  entender  no  contribuinte,  é  absolutamente  equivocado  autorizar  que  o  Fisco  exija  o  IRPF  sobre  meros  depósitos  bancários,  sem  o  escorreito  aprofundamento  investigatório  vinculado  à  movimentação  da  renda  do  Impugnante, criando­se uma presunção juris tantum em favor do  Fisco.  ∙  Conclui  ele  que  admitir  o  estabelecimento  de  tal  presunção  significaria inverter­se totalmente a pirâmide normativa em que  se  assenta  a  ordem  jurídica,  porquanto  estar­se­ia  esvaziando  completamente o  sentido normativo dos arts.  43 e 142 do CTN  que obrigam a autoridade fiscal a demonstrar motivadamente a  ocorrência do fato gerador.  ∙  Acredita  o  interessado  que,  não  obstante  o  ônus  probatório  para  fundamentar  o  lançamento  do  tributo  objeto  do  auto  de  infração  em  epígrafe  seja  do  Fisco,  ele  teria  comprovado  nos  presentes autos o evidente equívoco da autoridade fazendária ao  presumir  que  todos  os  créditos  constantes  na  conta  bancária  fiscalizada  possuem  natureza  de  'ganho  de  capital'  ou  'rendimentos omitidos’.  ∙  Diante  disto,  ainda  que  sejam  admitidas  as  presunções  lançadas  pela  autoridade  fazendária  no  auto  de  infração  ora  combatido  (o  que  se  admite  apenas  para  argumentar),  este  deverá  ser  julgado  improcedente,  haja  vista  que  há  diversos  lançamentos  classificados  como  'ganho  de  capital'  ou  'rendimentos omitidos', que (i) não estão sujeitos à tributação do  IRPF; ou (ii) não estão sujeitos a tabela progressiva do IRPF.  ∙ Conforme demonstrado nos tópicos anteriores, a realização de  depósito  bancário  pode  advir  de  incontáveis  fontes,  sem  que  qualquer delas represente hipótese de incidência para o IRPF. E  justamente  por  isso,  a  lei  não  ampara  e  jamais  amparou  a  Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.835          11 tributação pura e simples dos depósitos bancários, sem a efetiva  comprovação da ocorrência do acréscimo patrimonial.  ∙ Por este motivo, a dicção do art. 110, do CTN, determina que a  presunção  contida  no  art.  42,  da  Lei  n°  9.430/96  não  pode  alterar  o  conceito  de  renda  ou  de  provento,  muito  menos  de  ganho de capital, para neles incluir depósitos bancários a fim de  lançar tributos, sob pena de enriquecimento sem causa.  ∙  Portanto,  uma  vez  que  na  esfera  tributária  existe  a  discricionariedade  ampla  do  fisco  em  promover  a  devida  investigação  através  dos  "sinais  exteriores  de  riqueza",  a  presunção  vinculada  a  depósitos  bancários  jamais  poderá  ser  absoluta,  vez que não há  inversão do ônus da prova no direito  tributário,  cabendo  ao  Fisco,  a  efetiva  comprovação  de  que  o  contribuinte obteve o 'aumento patrimonial', ou no caso em tela,  o 'ganho de capital'.  ∙ Lembra o requerente que o próprio Poder Executivo promulgou  o  Decreto  Lei  n°  2.471/88,  que  em  seu  art.  9o  prevê  o  cancelamento e arquivamento de procedimentos administrativos,  que  tomaram  como  base  valores  constantes  de  extratos  ou  de  comprovantes de depósitos bancários:  "Art.  9°  Ficam  cancelados,  arquivando­se,  conforme  o  caso,  os  respectivos  processos  administrativos,  os  débitos  para  com  a  Fazenda Nacional, inscritos ou não como Dívida Ativa da União,  ajuizados ou não} que tenham tido origem na cobrança:  (...)  VII ­ do imposto de renda arbitrado com base exclusivamente em  valores de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários"  ∙ Considera o interessado que restou demonstrada a fragilidade  e  a  inconsistência  dos  lançamentos  realizados  única  e  exclusivamente com base em extratos bancários, requer­se sejam  cancelados os créditos  tributários de  IRPF e acréscimos  legais  exigidos, pois contraria as regras basilares do direito tributário,  que  em  hipótese  alguma,  admite  analogia  ou  presunção,  seja  para abster do pagamento, seja para exigir valores, sob pena do  agente  incorrer  no  enriquecimento  sem  causa,  expressamente  vedado pelo direito brasileiro.  ∙ Informa ele que a autoridade fazendária lançou como 'omissão  de  rendimentos'  (depósitos  cuja  origem  não  foi  comprovada)  o  valor  de  R$  450.000,00,  creditado,  em  04/01/2010,  na  conta  bancária  do  ora  Impugnante,  tributando  o  referido  valor  à  alíquota de 27,5% a título de IRPF (além dos consectários legais  de multa e juros de mora).  ∙ Explica o requerente que o aludido montante já lhe pertencia,  sendo que não há que se falar em rendimento apto à incidência  de  IRPF, pois  conforme se comprova pelo  extrato bancário  em  anexo à  impugnação, o  valor de R$ 450.000,00  foi  sacado,  em  28/12/2009, da  conta bancária do  Impugnante  e  seria utilizado  Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.836          12 por ele para realizar a aquisição de um direito creditório, o que  não se concretizou, e, por esta razão este mesmo valor tornou a  ser  depositado  por  ele  no  dia  04/01/2010,  na  mesma  conta  bancária de sua titularidade.  ∙ Assim, conclui ele, o referido montante não pode ser submetido  à tributação por não se tratar de rendimento novo auferido pelo  contribuinte.  ∙  Identifica  o  contribuinte que  a  autoridade  fazendária  também  lançou  equivocadamente  como  'omissão  de  rendimento'  (depósitos cuja origem não  foi comprovada) o valor recebido a  título  de  contemplação  em  consórcio  de  veículo  automotor  no  montante  de R$ 69.739,54,  conforme  se  comprova  da  cópia  do  extrato,  o  que  não  é  possível,  motivo  pelo  qual  requer  seja  reconhecida a improcedência do Auto de Infração em relação a  esta exigência.  ∙ Acrescenta o interessado que sobre a integralidade do produto  da venda de um dos bens imóveis de propriedade do Impugnante  ­  no  valor  de  R$  390.000,00,  a  autoridade  fazendária  vem  exigindo  o  IRPF sobre  a alíquota  de  27,5%,  sob  a  equivocada  presunção  de  que  se  tal  ingresso  na  conta  bancária  do  Impugnante possui natureza de 'rendimentos omitidos' (depósitos  cuja origem não foi comprovada).  ∙ O contribuinte explica que o referido bem imóvel foi alienado  em 2009 por ele. Ao declarar o valor de sua venda,  lançou em  sua Declaração de Imposto de Renda o valor de R$ 200.000,00,  demonstrando  corretamente  a  baixa  do  imóvel  do  seu  patrimônio. Em  razão  disto,  é  evidente  que  apenas a  diferença  entre  o  valor  de  venda  (valor  declarado)  deve  ser  oferecido  a  tributação, visto que  tal diferença caracteriza efetivo  'ganho de  capital' do Impugnante, qual seja, R$ 190.000,00.  ∙ Sendo assim, acredita ter comprovado a origem do valor de R$  390.000,00,  que  decorre  da  venda  de  bem  imóvel,  devendo  ser  tributado apenas o efetivo 'ganho de capital' à alíquota de 15%,  conforme  disposto  no  art.  142  do  RIR,  motivo  pelo  qual  a  autuação,  nos  termos  como  disposta  no  Auto  de  Infração,  é  improcedente  e  merece  ser  cancelada  ou,  quando  menos,  readequada para a incidência do ganho de capital.  ∙  Esclarece  ele  que  em  06/01/2009  recebeu  em  sua  conta  corrente o valor de R$ 5.000,00 a título de devolução de sinal de  negócio de compra de veículo que não se concretizou, resultando  na  devolução  do  valor  de R$  5.000,00,  através  do  depósito  na  conta corrente do Impugnante.  ∙  Desta  forma,  defende  o  interessado  que  o  referido  valor  claramente não se enquadra como 'ganho de capital' ou 'omissão  de  rendimentos’,  não  havendo  que  se  falar  em  tributação  do  IRPF sobre tal importância, conforme indevidamente pretende a  autoridade fazendária.  Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.837          13 ∙  O  contribuinte  elucida  que  uma  das  atividades  desenvolvidas  pelo  Impugnante  é  a  de  intermediação  da  compra  e  venda  de  precatórios  judiciais.  Nestas  negociações,  eventualmente  o  comprador  depositava  integralmente  o  valor  do  precatório  negociado  na  conta  bancária  do  Impugnante,  que,  abatia  seu  percentual  de  comissão,  e  repassava  o  respectivo  saldo  para  o  vendedor.  ∙  Logo,  revela  ele,  o  único  e  efetivo  'ganho  de  capital'  que  poderia  supostamente  ser  considerado  pela  autoridade  fazendária  no  presente  caso  seria  a  comissão  recebida  pelo  Impugnante  pela  intermediação  do  negócio  em  comento,  nos  termos dos arts. 2o e 3o da  Instrução Normativa SRF n° 84/2001 supra mencionada.  ∙  Indica  ele  que  a  autoridade  fazendária,  ao  invés  de  tributar  apenas  os  valores  referentes  à  comissão  recebida  pelo  Impugnante, lançou indevidamente como valores tributáveis pelo  IRPF a  integralidade  dos  ingressos  em  sua  conta  bancária,  ou  seja, utilizou­se de uma base de cálculo totalmente equivocada.  ∙  O  contribuinte  defende  que  caso  a  autoridade  fazendária  tivesse atuado com a devida diligência, teria verificado que nem  todo o  ingresso na conta corrente objeto de  fiscalização possui  natureza de 'ganho de capital' ou 'omissão de rendimentos' (mas  somente a sua variação positiva), conforme presumiu o Fisco.  ∙  A  fim  de  comprovar  tais  alegações,  o  Impugnante  apresenta  abaixo demonstrativo do cruzamento realizado entre o  ingresso  de valores na conta corrente  fiscalizada (por meio dos extratos  com numeração dos cheques e os contratos de cessão de créditos  nos quais  comprova­se que  ele atuou como mero  intermediário  das  partes  (procurador),  corroborando  que  os  ingressos  decorrentes  deste  contrato  pertenciam  a  terceiros,  e  que  tais  valores apenas transitaram em sua conta.  Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.838          14   ∙  Denota  o  contribuinte  que  a  presunção  aplicada  equivocadamente  pela  autoridade  fazendária  ocasionou  a  tributação  indevida  de  valores  que  apenas  transitaram  em  sua  conta  corrente,  quando  o  correto  seria  tributar  apenas  a  variação  positiva,  à  uma  alíquota  de  15%,  pelo  que,  manifestamente  improcede  a  lavratura  do  auto  de  infração,  fundamentado  em meras  presunções,  sobre  a  integralidade  dos  créditos na conta bancária fiscalizada.  ∙  Conclui  este  tópico  requerendo  que  sejam  cancelados  os  créditos tributários de IRPF e consectários legais exigidos sobre  os referidos valores que não representam acréscimo patrimonial  do  Impugnante,  mas  são  de  titularidade  de  terceiros  proprietários dos direitos dos precatórios alienados ou, quando  menos,  seja  realizada  a  tributação de  ganho de  capital  apenas  dos  valores  recebidas  ´como  comissão  pela  intermediação  do  negócio.  ∙  Aclara  o  impugnante  que  negócio  realizado  por  ele  é  o  de  compra e venda de precatórios, através do qual adquire o direito  do valor do mesmo (ou de parte dele) e, posteriormente, realiza  a cessão deste crédito a um terceiro.  ∙  Considera  inquestionável  que  o  IRPF  incidente  sobre  tal  operação,  conforme  já  exposto  em  linhas  anteriores,  somente  poderá  incidir  sobre  eventual  diferença  no  valor  de  aquisição  Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.839          15 pago pelo Impugnante e o valor de revenda do título  (variação  positiva),  conforme regra  inserta nos arts. 2º e 3° da  Instrução  Normativa SRF n° 84/2001.  ∙  Porém,  a  autoridade  fazendária  equivocadamente  considerou  que referidos valores decorrentes destas operações, deveriam ser  submetidos  à  tributação  pelo  IRPF  à  alíquota  progressiva  de  27,5%,  por  considerá­los  'omissão  de  rendimentos'  ­  depósitos  sem origem comprovada.  ∙ Para comprovar tais alegações, o requerente apresenta tabela  ilustrativa  de  alguns  casos  em  que  a  autoridade  fazendária  deveria ter tributado o efetivo 'ganho de capital' do Impugnante  à  alíquota  de  15%  sobre  a  diferença  real  entre  o  valor  de  aquisição do precatório e o de venda (base de cálculo correta),  contudo optou por enquadrar a integralidade do valor recebido  como "rendimentos sem origem comprovadas".      ∙  Destarte,  defende  ele  que  resta  demonstrada  a  insubsistência  do presente auto de infração que ao presumir como 'omissão de  rendimentos' parte dos valores creditados na conta corrente do  Impugnante,  acabou  por  tributar  indevidamente montantes  que  não possuem natureza de 'rendimentos omitidos', pelo que, deve  ser afastada tal exigência sobre a integralidade de tais valores,  bem  com da  aplicação da  alíquota  progressiva de  27,5%,  haja  vista que eventual 'ganho de capital' está submetido a incidência  do  IRPF  nos  termos  dos  arts.  2o  e  3º  da  Instrução Normativa  SRF n° 84/2001, apenas sobre eventual diferença positiva.  ∙  Requer  ele  que  sejam  cancelados  os  créditos  tributários  de  IRPF  e  consectários  legais  exigidos  sobre  os  referidos  valores  que não representam acréscimo patrimonial do  Impugnante ou,  quando  menos,  seja  realizada  tributação  do  ganho  de  capital  apenas  da  diferença  positiva  entre  o  aquisição  e  o  valor  de  venda do direito dos precatórios.  ∙ Requer, ainda, que  seja efetuado o afastamento da  incidência  dos juros de mora sobre a multa de oficio. Ao lavrar o Auto de  Infração  em  tela,  a  autoridade  fiscal  lançou  o  tributo  exigido,  Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.840          16 acrescido  de  juros  de  mora  e  multa  de  ofício.  Como  fundamentação  legal  da  aplicação  dos  juros  de  mora  a  autoridade fiscal indicou o art. 61 da Lei n° 9.430/1996.  ∙  Revela  ele  que  com  base  neste  dispositivo  legal,  a  Receita  Federal do Brasil estaria exigindo juros de mora (SELIC) sobre  a multa de ofício aplicada no presente Auto de Infração, o que  em  hipótese  alguma  se  pode  admitir,  pois  este  dispositivo  não  autorizou a aplicação de juros de mora (SELIC) sobre multas de  ofício, tal como se está exigindo no processo tela.  ∙  Fundamenta  o  interessado  que,  como  demonstrado  acima,  a  autoridade  fiscal  transferiu­lhe  a  responsabilidade  pela  verificação da ocorrência do fato gerador do tributo em questão  em diversas operações nos anos de 2009 a 2011, já que, devido a  desídia, lançou dezenas de valores como passíveis de tributação  via ganho de capital  ou sujeitas a alíquota de 27,5% de  IRPF,  sem que  efetivamente  ficasse  demonstrada  qual  seria  a  origem  da operação e  se  efetivamente houve, acréscimo no patrimônio  do Impugnante.  ∙ Desta forma, justifica ele que, devido ao volume das atividades  de  intermediação  e/ou  compra  e  venda  de  direitos  sucessórios  que  desempenha,  a  exigência  do  Fisco  de  comprovação  documental de cada uma das operações que praticou durante 3  anos  (2009,  2010  e  2011)  é  tarefa  extremamente  árdua  que  deveria,  diga­se  de  passagem,  ter  sido  realizada  anteriormente  ao lançamento, com base no princípio da verdade material e em  respeito ao direito de defesa do contribuinte.  ∙  Para  demonstrar  os  equívocos  do  presente  Auto  de  Infração,  ele  identificou  diversas  situações  que  demonstram  a  improcedência  do  credito  tributário,  inclusive  com  base  em  prova documental, como escrituras públicas, extratos bancários,  documentação de consórcio, dentre outros.  ∙  Revela  o  contribuinte  que  diversos  outros  documentos  requeridos  junto  a  cartórios  e  instituições  financeiras  encontram­se  pendentes  de  entrega.  Assim  sendo,  acredita  ele  que  exigir  que  uma  simples  pessoa  física  apresente,  em  exíguo  prazo  recursal  (30  dias),  extensa  documentação hábil  e  idônea  de  todas  as  operações  comerciais  e  bancárias  que  teria  praticado  durante  quase  três  anos  representa  manifesto  exercício  desmedido  de  competência  legalmente  outorgada  às  autoridades  fiscais,  razão  pela  qual  o  procedimento  assim  conduzido  encontra­se  juridicamente  viciado  pela  ofensa  da  proporcionalidade e razoabilidade.  ∙ Informa ele que não obstante tais fatos está se esforçando para  apresentar  todos  os  documentos  necessários  para  que  seja  demonstrada  a  verdade  material  e  apresentar  todos  os  cruzamentos necessários para a comprovação da ilegalidade do  crédito tributário, diligência que deveria ter sido realizada pela  autoridade fazendária.  Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.841          17 ∙  Comprova  ele  tal  fato  pelo  recibo  de  solicitação  da  microfilmagem  dos  cheques  junto  ao  Banco  HSBC  e  outros  documentos pertinentes para aclarar as presunções equivocadas  da  autoridade  fazendária  lançadas  por  equívoco  no  auto  de  infração ora combatido.   ∙  Assim  sendo,  requer,  desde  já,  sejam  baixados  os  autos  em  diligência,  bem  como  seja  oportunizado  ao  ora  Impugnante  a  juntada dos documentos pendentes de entrega pelas instituições  financeiras  e  cartórios,  necessários  para  impugnar  o  auto  de  infração  em  testilha  e  comprovar  as  alegações  expostas,  em  atenção  aos  princípios  da  verdade  material,  da  proporcionalidade e razoabilidade, sob pena de cerceamento ao  direito de defesa.  ∙ Requer ele, preliminarmente, que seja julgado nulo o presente  Auto  de  Infração,  em  razão  da  existência  de  vício material  em  sua  constituição,  por  não  ter  havido  a  adequada  investigação  dos fatos pela autoridade fazendária tendo sido o presente auto  de  infração  lavrado  com  fundamento  em  meras  e  equivocadas  presunções,  inviabilizando,  inclusive,  a  ampla  defesa  e  ao  contraditório do ora Impugnante.  ∙  Requer  também  que  seja  determinada  a  baixa  dos  presentes  autos  em  diligência,  a  fim  de  que  sejam  realizadas  as  investigações  necessárias,  bem  como  seja  oportunizada  a  apresentação  de  novos  documentos  ­  já  requeridos  pelo  Impugnante às  instituições  financeiras e  cartórios a  fim de que  seja alcançada a verdade material dos fatos constantes no auto  de infração ora impugnado.  ∙ No mérito, solicita que seja considerado improcedente o crédito  tributário  exigido  no  Processo  Administrativo  Fiscal  n°  10980.720493/2014­79,  decorrente  do  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  n°  0910100.2012.01864,  para  cancelar  a  integralidade do crédito tributário, tendo em vista que o simples  depósito bancário e/ou movimentação financeira não representa  acréscimo  patrimonial  e,  conseqüentemente,  fato  gerador  do  IRPF  ∙ Requisita o contribuinte, ainda:  1.  que  seja  afastada  a  exigência  da  tributação  sobre  a  integralidade  dos  créditos  lançados  na  conta  bancária  do  ora  Impugnante  dos  valores  pertencentes  a  terceiros  (operações  de  intermediação), visto que apenas o 'ganho de capital' decorrente  das  comissões  por  ele  recebidas  é  que  estariam  sujeitas  a  tributação do IRPF a alíquota de 15%;  2. que seja afastada a exigência do IRPF sobre a integralidade  dos  valores  classificados  como  'omissão  de  rendimentos'  (depósitos com origem desconhecida) pela autoridade fazendária  nos termos do tópico, haja vista que apenas o eventual 'ganho de  capital (variação positiva) poderia ser submetido a incidência do  IRPF a [alíquota de 15%;  Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.842          18 3. que seja afastada a  incidência do  IRPF sobre o depósito no  valor  de  R$  450.000,00,  que  decorre  do  saque  realizado,  em  28/12/09,  pelo  impugnante  no mesmo  valor,  haja  vista  que  tal  importância não se trata de ganho de capital;  4. que seja afastada a  incidência do IRPF sobre o valor de R$  69.739,54,  visto  que  se  trata  de  importância  decorrente  de  contemplação de consórcio de bem móvel, o qual não se submete  a incidência do referido tributo;  5.  que  seja  oferecida  à  tributação  do  IRPF  apenas  a  variação  positiva entre o valor de aquisição e o de venda do bem imóvel  no valor de R$ 190.000,00 à alíquota de 15%;  6. que seja afastada a  incidência do IRPF sobre o valor de R$  5.000,00, que tem como origem a devolução de sinal de negócio  concretizado pelo Impugnante.  A DRJ de origem entendeu pela  improcedência da  impugnação apresentada  pelo  contribuinte. Compreendeu  a DRJ que  tendo havido  a  comprovação  de  que  os  créditos  elencados às fls. 1745 e 1746 referem­se às operações de cessão de direitos creditórios, restou  comprovada sua origem e, por esta razão, os valores de R$ 134.307,00 e R$ 81.775,72 devem  ser excluídos da tributação, respectivamente nos anos­calendário 2009 e 2010. No entanto, que  a cessão de direitos representados por precatórios judiciais está sujeita à apuração do ganho de  capital, sobre o qual incide imposto sobre a renda, nos termos da legislação vigente.  Inconformado,  o  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário  às  fls.  1.760/1.812, onde são reiterados os argumentos já lançados em impugnação quanto ao que foi  vencido.  É o relatório.      Voto Vencido  Conselheiro Martin da Silva Gesto ­ Relator  O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda,  os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço.  Preliminares   1. Sigilo bancário  Alega a Recorrente que a Fiscalização violou a sua garantia constitucional de  inviolabilidade  da  vida  privada,  no  curso  da  ação  fiscal,  ao  providenciar  a  quebra  do  sigilo  bancário  do  Impugnante,  haja  vista  que  somente  o  Poder  Judiciário  teria  competência  para  determinar a quebra do sigilo bancário.  Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.843          19 Ocorre  que o Plenário  do Supremo Tribunal  Federal  concluiu  na  sessão  de  24.02.2016 o  julgamento conjunto de cinco processos  (ADIs 2397 2386, 2389, 2390, 2397 e  2406)  que  questionavam  dispositivos  da  Lei  Complementar  nº  105/2001,  que  permitem  à  Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos,  sem prévia autorização judicial.   No referido julgado, por maioria de votos prevaleceu o entendimento de que  a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita  bancária  para  a fiscal,  ambas  protegidas  contra  o  acesso  de  terceiros.  A  transferência  de  informações  é  feita  dos  bancos  ao  Fisco,  que  tem  o  dever  de  preservar  o  sigilo  dos  dados,  portanto não há ofensa à Constituição Federal.  Além  disso,  o CARF  não  possui  competência  para  analisar  e  decidir  sobre  matéria  constitucional,  conforme  súmula  vigente,  de  utilização  obrigatória,  conforme  Regimento Interno deste Conselho:   Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária  Por tais razões, rejeita­se a preliminar suscitada pela contribuinte.  2.  Pedido  de  diligência/perícia  e  nulidade  do  acórdão. Cerceamento  de  defesa.  Sustenta  o  contribuinte,  em  preliminar,  a  nulidade  do  acórdão  por  este  ter  indeferido pedido de diligência pleiteado, pois o auto de infração tributou, nos termos expostos  pelo contribuinte:  a) depósitos bancários de origem supostamente não comprovada;  b) ganho de capital decorrente de operações realizadas com precatórios;  Alega  o  contribuinte  que  instruiu  a  impugnação  com  uma  série  de  documentos  que  não  foram  devidamente  apreciados  pela  DRJ  de  origem,  que  não  fez  a  necessária conversão em diligência para apreciar a correta base de cálculo do imposto de renda  Em impugnação, o contribuinte requereu que:  1.  que  seja  afastada  a  exigência  da  tributação  sobre  a  integralidade  dos  créditos  lançados  na  conta  bancária  do  ora  Impugnante  dos  valores  pertencentes  a  terceiros  (operações  de  intermediação), visto que apenas o 'ganho de capital' decorrente  das  comissões  por  ele  recebidas  é  que  estariam  sujeitas  a  tributação do IRPF a alíquota de 15%;  2. que seja afastada a exigência do IRPF sobre a integralidade  dos  valores  classificados  como  'omissão  de  rendimentos'  (depósitos com origem desconhecida) pela autoridade fazendária  nos termos do tópico, haja vista que apenas o eventual 'ganho de  capital (variação positiva) poderia ser submetido a incidência do  IRPF a [alíquota de 15%;  3.  que seja afastada a  incidência do  IRPF sobre o depósito no  valor  de  R$  450.000,00,  que  decorre  do  saque  realizado,  em  Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.844          20 28/12/09,  pelo  impugnante  no mesmo  valor,  haja  vista  que  tal  importância não se trata de ganho de capital;  4. que seja afastada a  incidência do IRPF sobre o valor de R$  69.739,54,  visto  que  se  trata  de  importância  decorrente  de  contemplação de consórcio de bem móvel, o qual não se submete  a incidência do referido tributo;  5.  que  seja  oferecida  à  tributação  do  IRPF  apenas  a  variação  positiva entre o valor de aquisição e o de venda do bem imóvel  no valor de R$ 190.000,00 à alíquota de 15%;  6. que seja afastada a  incidência do IRPF sobre o valor de R$  5.000,00, que tem como origem a devolução de sinal de negócio  concretizado pelo Impugnante.  A título exemplificativo, vejamos o item 3 acima, onde o contribuinte requer  que  seja  afastada  a  incidência  do  IRPF  sobre  o  depósito  no  valor  de  R$  450.000,00,  que  decorre do saque realizado, em 28/12/09, pelo impugnante no mesmo valor, haja vista que tal  importância não se trata de ganho de capital. Em relação a este depósito, o contribuinte havia  apresentado,  em doc. 06 da  impugnação,  extrato da conta  corrente  comprovando a  saída  e  a  devolução do respectivo valor.  Verifica­se que, em análise ao documento de fls. 1629/1630, houve um saque  no valor de R$ 450.000,00 no dia 28/12/09 e um retorno do mesmo valor em 04/01/2010. O  contribuinte alega que não se concretizou um negócio, qual seja, a aquisição, por cessão, de um  direito creditório (precatório).  Entendeu a DRJ de origem que "a mera alegação do contribuinte de que se  trata  de  um  mesmo  valor,  depositado  por  ter  havido  o  cancelamento  de  um  negócio,  desacompanhada  de  documentação  comprobatória,  não  é  hábil  a  esclarecer  a  origem  do  crédito".  Diante disto, verifico que a DRJ de origem apreciou as questões  suscitadas  pelo contribuinte, sendo o caso acima meramente exemplificativo, pois no decorrer do acórdão,  verificar­se­á que a comprovação de origem de cada depósito apresentada pela contribuinte foi  efetivamente analisada pela DRJ. Portanto, não há nulidade no acórdão quanto a este não  ter  convertido  em  diligência. Aliás,  cita  o  relator  o  art.  18  do Decreto  nº  70.235/1.972,  com  as  modificações introduzidas pelo art. 1º da Lei nº 8.748/1.993, reza que “a autoridade julgadora  de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de  diligências  ou  perícias,  quando  entendê­las  necessárias,  indeferindo  as  que  considerar  prescindíveis ou impraticáveis (...)”  De igual modo, compreendo que a diligência nesse caso é desnecessária, pois  frente a uma autuação por omissão de rendimentos por depósitos bancários sem comprovação  de origem, deve o contribuinte apresentar a origem dos depósitos, com prova suficiente a levar  a  convicção  do  julgador.  Ainda,  a  análise  deve  ser  individualizada,  depósito  por  depósito,  comprovando­se que os valores que ingressaram na conta do contribuinte possuem origem. E  que a origem já foi tributada ou que, por alguma fundamentação, seria rendimento isento, não  tributável ou sujeito a alguma tributação específica.  Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.845          21 Quanto  ao  ganho  de  capital,  da  mesma  forma,  cabe  ao  contribuinte  fazer  prova de suas alegações quanto a incorreta base de cálculo do imposto de renda sobre o ganho  de capital. Deve ele fazer uma análise individualizada de cada apuração de ganho de capital e  contraditá­las, com prova idônea e suficiente para afastar o lançamento ou, ainda, de que seja  realizada a retificação da base de cálculo do imposto.  Em razão disso, indefiro o pedido de diligência e perícia, bem como afasto a  preliminar de nulidade do acórdão por este não ter realizado a diligência e perícia pretendidas.   Em relação ao alegação de um eventual cerceamento de defesa, está correta a  decisão  da DRJ de  origem que  compreendeu  que pelos  elementos  constantes  dos  autos,  fica  sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo  em  análise,  até  o  presente  momento,  caracterizou­se  pelo  cumprimento  de  todas  as  fases  e  prazos  processuais  dispostos  no  Processo  Administrativo  Fiscal  e  o  interessado,  ciente  da  infrações  que  lastrearam  a  presente  ação  fiscal,  teve,  tanto  na  fase  de  autuação,  regida  pelo  princípio  inquisitório,  quanto  na  interposição  da  impugnação,  que  inaugurou  a  fase  do  contraditório,  amplo  direito  ao  exercício  do  contraditório  e  da  ampla  defesa,  tendo  oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de  tentar  ilidir, parcial  ou totalmente, a tributação em análise. Comprovado, ainda, que o procedimento fiscal foi feito  regularmente,  não  se  apresentando,  nos  autos,  as  causas  apontadas  no  art.  59  do Decreto  nº  70.235/1972, não há que se  cogitar em nulidade do  lançamento enquanto ato administrativo.  Rejeita­se esta preliminar, também.   Feitas  essas  considerações,  passar­se­á  a  apreciação  das  alegações  do  contribuinte relativamente às demais matérias constantes no recurso voluntário.  Mérito  2. Depósitos bancários  O  Auto  de  Infração  em  análise  tributou  créditos,  elencados  no  Termo  de  Verificação  Fiscal  e  Encerramento  às  fls.  1443  a  1446,  ocorridos  na  conta  corrente  de  nº  15743­85,  da  agência  nº  0107  do  Banco  HSBC,  pertencente  ao  interessado,  que  após  solicitação por parte da autoridade fiscal, não houve a comprovação de sua origem.  A  exigência  fiscal  em  exame  decorre  de  expressa  previsão  legal,  pela  qual  existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a  omissão de  rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a  imputação, comprovando a origem  dos recursos. Estabelece o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 que:  Art.  42.  Caracterizam­se  também  omissão  de  receita  ou  de  rendimento  os  valores  creditados  em  conta  de  depósito  ou  de  investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos  quais  o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove,  mediante  documentação  hábil  e  idônea,  a  origem  dos recursos utilizados nessas operações.  §  1º  O  valor  das  receitas  ou  dos  rendimentos  omitido  será  considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela  instituição financeira.  Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.846          22 §  2°  Os  valores  cuja  origem  houver  sido  comprovada,  que  não  houverem  sido  computados  na  base  de  cálculo  dos  impostos  e  contribuições  a  que  estiverem  sujeitos,  submeter­se­ão  às  normas  de  tributação  específicas  previstas  na  legislação  vigente  à  época  em que auferidos ou recebidos.  §  3º  Para  efeito  de  determinação  da  receita  omitida,  os  créditos  serão  analisados  individualizadamente,  observado  que  não  serão  considerados:  1  ­  os  decorrentes  de  transferências  de  outras  contas  da  própria  pessoa física ou jurídica;  II  ­  no  caso  de  pessoa  física,  sem  prejuízo  do  disposto  no  inciso  anterior,  os  de  valor  individual  igual  ou  inferior  a  R$12.000,00  (doze  mil  Reais),  desde  que  o  seu  somatório,  dentro  do  ano­ calendário,  não  ultrapasse  o  valor  de  R$80.000,00  (oitenta  mil  Reais).  §  4°  Tratando­se  de  pessoa  física,  os  rendimentos  omitidos  serão  tributados  no  mês  em  que  considerados  recebidos,  com  base  na  tabela  progressiva  vigente  à  época  em  que  tenha  sido  efetuado  o  crédito pela instituição financeira.  Conforme  previsão  do  art.  42  da  Lei  nº  9.430/96,  é  necessário  comprovar  individualizadamente  a  origem  dos  recursos,  identificando­os  como  decorrentes  de  renda  já  oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis.   Trata­se,  portanto,  de  ônus  exclusivo  do  contribuinte,  a  quem  cabe  comprovar,  de  maneira  inequívoca,  a  origem  dos  valores  que  transitaram  por  sua  conta  bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova.   Os documentos apresentados a fiscalização não são suficientes para provar de  maneira  inequívoca  os  valores  que  circularam  em  conta  bancária  da  contribuinte  já  foram  tributados.  Ocorre  que  é  necessário  comprovar  individualizadamente  depósito  por  depósito,  demonstrando a origem do  recurso, de modo a comprovar,  se  for o caso, que os valores que  ingressaram na conta do contribuinte possuem origem. E que a origem já foi tributada ou que,  por  alguma  fundamentação,  seria  rendimento  isento,  não  tributável  ou  sujeito  a  alguma  tributação específica.  Verifico que somente um único depósito pode ser considerado que teve a sua  origem comprovada, vejamos abaixo o que a DRJ se manifestou sobre este:  a)  valor  de  R$  450.000,00,  creditado,  em  04/01/2010,  em  sua  conta bancária já lhe pertenceria, pois o valor de R$ 450.000,00  foi sacado, em 28/12/2009, da conta bancária do Impugnante e  seria  utilizado  por  ele  para  realizar  a  aquisição  de  um  direito  creditório,  o  que  não  teria  se  concretizado,  e,  por  esta  razão,  este  mesmo  valor  tornou  a  ser  depositado  por  ele  no  dia  04/01/2010, na mesma conta bancária de sua titularidade.  Efetivamente,  houve  em  28/12/2009  o  débito  do  valor  de  R$  450.000,00 da conta corrente bancária,  conforme extrato de  fl.  71,  cujo  histórico  traz  a  informação  “ORDEM  DE  Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.847          23 PAGAMENTO”.  Houve,  conforme  alegado  pelo  interessado,  o  crédito do mesmo valor em 04/01/2010 (fl. 143).  No entanto, a mera alegação do contribuinte de que se trata de  um mesmo valor, depositado por  ter havido o  cancelamento de  um negócio, desacompanhada de documentação comprobatória,  não é hábil a esclarecer a origem do crédito.  No  presente  caso,  o  contribuinte  provou  que  fez  o  saque  da  quantia  em  29/12/2009 e que, poucos dias após, pela não ocorrência da compra de um precatório, retornou  com o dinheiro na conta, em 04/01/2010. Os valores são idênticos.   A  DRJ  de  origem,  no  entanto,  alega  que  não  foi  realizada  prova  acompanhada de documentação comprobatória hábil a esclarecer a origem do crédito.   Ora, o contribuinte alega que o negócio (aquisição de direitos creditórios de  terceiro) não se concretizou, não vislumbro prova que pudesse realizar o contribuinte, se não a  já  produzida,  pois  o  contribuinte,  neste  caso,  fez,  ao  meu  ver,  a  correta  demonstração  individualizada da data que o valor saiu da conta e da data que o valor retornou.   Portanto,  em  relação  ao  depósito  de  R$  450.000,00  ocorrido  no  dia  04/01/2010,  entendo  que  deve  ser  excluído  da  base  de  cálculo  do  imposto  de  renda,  pois  comprovado  que  se  tratou  de  retorno  de  recursos  próprios  para  sua  conta  bancária.  Desse  modo, deve ser provido o recurso quanto a este pedido.  Quanto  aos  demais  depósitos,  caberia  ao  interessado  a  prova  dos  fatos  que  tenha  alegado.  Não  tendo  o  contribuinte  apresentado  documentação  comprobatória  de  seu  direito, devendo ser mantido os demais lançamentos por omissão de rendimentos.  3. Ganho de capital  Independentemente da tributação relativa aos depósitos bancários de origem  não  comprovada,  previsto  no  artigo  42  da  Lei  nº  9.430/96,  o  contribuinte  demonstrou  e  o  trabalho  de  fiscalização  detalhou  por  meio  de  intimações  a  cartórios  e  às  partes  nas  negociações dos precatórios, conforme documentos de fls. 402 a 1305, de fls. 1350 a 1370 e de  fls.  1401  a  1420,  que  houve  várias  operações  de  alienação  de  direitos  creditórios.  O  contribuinte, a este respeito, considera inquestionável que o IRPF incidente sobre operações de  venda  de  direitos  creditórios  somente  poderá  incidir  sobre  eventual  diferença  no  valor  de  aquisição pago por ele e o valor de revenda do título (variação positiva), conforme regra inserta  nos arts. 2º e 3° da Instrução Normativa SRF n° 84/2001.  Muito  embora  o  interessado  faça  a  alegação  acima,  não  identificou  em  nenhuma  das  operações  de  venda  de  precatórios,  tributada  no  presente,  qualquer  erro  ou  imprecisão  nos  valores  de  aquisição  de  venda  utilizados  ou,  ainda,  no  cálculo  do  ganho  de  capital propriamente dito e na aplicação da alíquota correspondente.  Assim, há que se manter o lançamento dos ganhos de capital na alienação de  bens e direitos.  4. Juros de mora sobre a multa de ofício  Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.848          24 Discorda a recorrente da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício,  os quais pede, caso não seja cancelado o crédito tributário, sejam excluídos.  Este  Conselho  já  apreciou  a  presente  matéria,  no  Acórdão  nº  1102­00.060  (julgado  na  sessão  de  28/08/2009),  a  Conselheira  Sandra  Maria  Faroni,  bem  sintetiza  o  argumentação  que  permite  a  conclusão  não  incidência  dos  juros  sobre  a  multa  de  ofício,  vejamos:  “A  obrigação  tributária  pode  ser  principal,  consistindo  em  obrigação  de  dar  (pagar  tributo  ou  multa)  e  acessória,  obrigação  de  fazer  (deveres  instrumentais).  De  acordo  com  o  art.  139  do  CTN,  o  crédito  tributário  decorre  da  obrigação  principal  e  tem  a  mesma  natureza  desta.  Portanto,  compreendem­se  no  crédito  tributário  o  valor  do  tributo  e  o  valor da multa.   O Decreto­lei n° 1.736/79 determinou a incidência dos juros de  mora  sobre  o  "valor  originário"  ,  definindo  como  "valor  originário"  o  débito,  excluídas  apenas  as  parcelas  relativas  a  correção monetária, juros de mora, multa de mora e encargo do  DL 1.025/69. Ou seja, não previu a exclusão da multa de oficio.   O  art.  161  do CTN  determina  que  o  crédito  não  integralmente  pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o  motivo  determinante  da  falta,  ressalvando  apenas  a  pendência  de consulta formulada dentro do prazo legal para pagamento do  crédito. Seu § 1° determina que, se a lei não dispuser de forma  diversa, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento  ao mês.   No caso de multa por lançamento de oficio, seu vencimento é no  prazo de 30 dias contados da ciência do auto de infração. Assim,  o valor da multa lançada, se não pago no prazo de impugnação,  sujeita­se aos juros de mora.   Além dos  artigos  2°  e  3°  do DL  1.736/79,  tratam  dos  juros  de  mora os  seguintes dispositivos de  leis ordinárias: Lei 8.383/91,  art. 59; Lei 8.981/95, art. 13; Lei 9.430/96, art. 5°, § 3°, art. 43,  parágrafo único e art. 61, § 3°, Lei n° 10.522/2002, (cuja origem  foi a MP 1.621­31/98), arts. 29 e 30.   O artigo 61 da Lei 9.430/96 regula a  incidência de acréscimos  moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições  cujos  fatos  geradores  ocorrerem  a  partir  de  01  de  janeiro  de  1997,  não  alcançando,  pois,  a multa  por  lançamento  de  oficio,  uma vez que:   (a) a multa não decorre do  tributo, mas do descumprimento do  dever  legal  de  pagá­lo;  (b)  entendimento  contrário  implicaria  concluir que sobre a multa de oficio incide a multa de mora.   O artigo 30 da Lei 10.522/2002 determina a submissão, a partir  de 10 de janeiro de 1997, a juros de mora calculados segundo a  Selic, dos débitos cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31  Fl. 1848DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.849          25 de  dezembro  de  1994  e  que  não  tenham  sido  objeto  de  parcelamento, e dos créditos inscritos na Dívida Ativa da União.   Em  síntese,  em  se  tratando  de  débitos  de  tributos  cujos  fatos  geradores  ocorreram  a  partir  de  1°  de  janeiro  de  1995  só  há  dispositivo legal autorizando a cobrança de juros de mora à taxa  SELIC sobre multa no caso de multa lançada isoladamente; não  porém  quando  ocorrer  a  formalização  da  exigência  do  tributo  acrescida da multa proporcional. Nesse caso,  só podem  incidir  juros de mora à taxa de 1%, a partir do trigésimo dia da ciência  do  auto  de  infração,  conforme previsto  no  §  1°  do  art.  161  do  CTN.”  A fim de demonstrar o entendimento majoritário do CARF no sentido acima  exposto, colaciono a ementa de diversos julgados:  JUROS DE MORA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC. —  É cabível, no lançamento de oficio, a cobrança de juros de mora  sobre  o  tributo  ou  contribuição,  calculados  com  base  na  variação acumulada da Taxa Selic. Referidos juros não incidem  sobre  a  multa  de  oficio  lançada  juntamente  com  o  tributo  ou  contribuição,  decorrente  de  fatos  geradores  ocorridos  a  partir  de  1/01/1997,  por  absoluta  falta  de  previsão  legal.  (Acórdão  202­16.397, sessão de 14.07.2005).  JUROS  DE  MORA  SOBRE  A  MULTA  DE  OFICIO  ­  INAPLICABILIDADE  ­  Os  juros  de  mora  só  incidem  sobre  o  valor  do  tributo,  não  alcançando  o  valor  da  multa  aplicada.  (Acórdão 101­ 96.008, sessão de 1/03/2007).   INCIDÊNCIA  DE  JUROS  SOBRE  MULTA  DE  OFÍCIO  ­  INAPLICABILIDADE ­ Não incidem os juros com base na taxa  Selic  sobre  a  multa  de  oficio,  vez  que  o  artigo  61  da  Lei  n.°  9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes  de  tributos  e  contribuições.  Igualmente  não  incidem  os  juros  previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de oficio.(Acórdão  101­96.607, sessão de 06/03/2008).  Inclusive  há decisão  da Câmara Superior de Recursos Fiscais,  conforme  se  verifica pelo Acórdão 9101­00.722 (1a. Turma da CSRF), julgado na sessão de 8 de novembro  de 2010, de relatoria da Conselheira Karem Jureidini Dias:  RECURSO  ESPECIAL  –  CONHECIMENTO.  Não  deve  ser  conhecido o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional  quando inexiste similitude fática entre o acórdão paradigma e o  acórdão  recorrido.  JUROS  DE  MORA  SOBRE  MULTA  DE  OFÍCIO ­ INAPLICABILIDADE ­ Os juros de mora só incidem  sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa ofício  aplicada.  A fundamentação do referido acórdão da 1a. Turma da CSRF é de que a regra  veiculada pelo art. 61 da Lei n.° 9.430/96 refere­se à incidência de acréscimos moratórios sobre  ‘débitos decorrentes de tributos e contribuições’, sendo certo que a penalidade pecuniária não  decorre de tributo ou contribuição, mas do descumprimento do dever legal de declará­lo e/ou  pagá­lo, de onde se extrai a conclusão de ser inaplicável os juros de mora a taxa Selic sobre a  Fl. 1849DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.850          26 multa de oficio. Assim, a conclusão é de que a taxa SELIC só incidirá sobre multas isoladas,  aplicadas nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430/97.  Por  tais  razões,  afasto  a  incidência  dos  juros  aplicáveis  sobre  a  multa  de  ofício.  5. Conclusão  Ante  o  exposto,  voto  por  rejeitar  as  preliminares,  e  no  mérito,  dar  parcial  provimento ao recurso voluntário, para a) excluir da base de cálculo do lançamento o depósito  no valor de R$ 450.000,00, realizado em 04/01/2010; b) afastar o juros de mora sobre a multa  de ofício.  (assinado digitalmente)  Martin da Silva Gesto ­ Relator  Voto Vencedor  Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto ­ Redatora designada.  Peço  licença  ao  ilustre  Conselheiro  Relator  para  divergir  do  seu  posicionamento quanto à incidência de juros sobre a multa de ofício.  O entendimento do CARF é de que incide juros moratórios sobre os créditos  tributários não pagos no vencimento, conforme as seguintes súmulas:  Súmula  CARF  nº  4:  A  partir  de  1º  de  abril  de  1995,  os  juros  moratórios  incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.   Súmula CARF nº 5: São devidos  juros de mora sobre o crédito  tributário  não  integralmente  pago  no  vencimento,  ainda  que  suspensa  sua  exigibilidade,  salvo  quando  existir  depósito  no  montante integral. (Grifou­se)  Como se observa, os  juros moratórios são devidos, à  taxa SELIC, e sobre o  “crédito tributário”, que assim está definido pelo CTN:  Art. 139. O crédito  tributário decorre da obrigação principal e  tem a mesma natureza desta. (Grifou­se)  O Código Tributário Nacional  caracteriza a obrigação principal da  seguinte  forma:   Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.  §  1º  A  obrigação  principal  surge  com  a  ocorrência  do  fato  gerador,  tem por  objeto  o  pagamento  de  tributo  ou penalidade  Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.851          27 pecuniária  e  extingue­se  juntamente  com  o  crédito  dela  decorrente. (Grifou­se)  Assim, o crédito  tributário decorre da obrigação principal que, por sua vez,  tem por objeto também a penalidade pecuniária. Consequentemente, o entendimento sumulado  compreende todo o "crédito tributário" lançado, ou seja, tributos e multas aplicadas.  Quanto  à  incidência  dos  juros  de mora  sobre  a  multa  de  ofício,  cita­se  os  recentes Acórdãos da Câmara Superior de Recursos Fiscais:  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Exercício: 2005  JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.  A multa  de  ofício,  penalidade  pecuniária,  compõe  a  obrigação  tributária  principal,  e,  por  conseguinte,  integra  o  crédito  tributário,  que  se  encontra  submetido  à  incidência  de  juros  moratórios,  após  o  seu  vencimento,  em  consonância  com  os  artigos  113,  139  e  161,  do  CTN,  mediante  aplicação  da  taxa  SELIC conforme Súmula CARF nº 4.  (Acórdão nº 9101­002.385 – 1ª Turma da CSRF, de 12/07/2016)      ASSUNTO:  IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE  IRRF  Período de apuração: 01/01/2004 a 10/09/2004  JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.  A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de  ofício  proporcional,  e  sobre  o  crédito  tributário  constituído,  incluindo  a  multa  de  ofício,  incidem  juros  de  mora,  devidos  à  taxa Selic.  Recurso Especial do Contribuinte conhecido e negado  (Acórdão nº 9202­004.250 – 2ª Turma da CSRF, de 23/07/2016)    (...)  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007  TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.  INCIDÊNCIA.  O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à  penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está  sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até  o  mês  anterior  ao  pagamento,  e  de  um  por  cento  no  mês  de  pagamento.  REP Provido em Parte e REC Provido em Parte  (Acórdão nº 9303­003.478 – 3ª Turma da CSRF, de 25/02/2016)  Diante do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário  quanto a essa matéria.  (assinado digitalmente)  Rosemary Figueiroa Augusto ­ Redatora designada  Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10980.720493/2014­79  Acórdão n.º 2202­003.584  S2­C2T2  Fl. 1.852          28                     Fl. 1852DF CARF MF

score : 1.0
6599822 #
Numero do processo: 10909.720484/2011-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE. É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais. Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76. Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei. SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõe-se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações. O §1º-A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem. A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve-se a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; manteve-se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e manteve-se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.158-35/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinatura Digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201611

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE. É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais. Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76. Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei. SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõe-se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações. O §1º-A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem. A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Recurso Voluntário Negado

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 10909.720484/2011-06

anomes_publicacao_s : 201612

conteudo_id_s : 5668026

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 3402-003.439

nome_arquivo_s : Decisao_10909720484201106.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO

nome_arquivo_pdf_s : 10909720484201106_5668026.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve-se a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; manteve-se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e manteve-se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.158-35/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinatura Digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.

dt_sessao_tdt : Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016

id : 6599822

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:49 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689129291776

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 33; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2136; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T2  Fl. 1.253          1 1.252  S3­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10909.720484/2011­06  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3402­003.439  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  22 de novembro de 2016  Matéria  Infrações aduaneiras  Recorrente  ANTARES COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA E OUTROS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ­ II  Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010  DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE.   É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no  no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço  postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais.  Não pode  a Administração  tributária, que agiu em conformidade  com a  lei,  restar prejudicada pela  falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever  de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público.  MULTA  SUBSTITUTIVA AO  PERDIMENTO. MULTA  PELA CESSÃO  DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.  A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007,  não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui,  prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto­lei nº 1.455/76.  Configuradas as materialidades das duas  infrações aduaneiras, não há como  se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e  aos responsáveis pelas infrações na forma da lei.  SUBFATURAMENTO.  INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS  INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.  Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as  materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta,  impõe­se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações.  O §1º­A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação  concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla  penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do  non bis in idem.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 04 84 /2 01 1- 06 Fl. 1253DF CARF MF     2 A  importação  é  um  procedimento  que  envolve  múltiplas  condutas  dos  intervenientes,  importadores,  transportadores  e  exportadores,  as  quais  são  puníveis  quando  importem  inobservâncias  de  normas  estabelecidas  na  legislação aduaneira.   Recurso Voluntário Negado      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  em  negar  provimento  aos  recursos  voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve­se a EMPRESA PARTNER  no pólo passivo da autuação; manteve­se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos  os responsáveis solidários; e manteve­se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos  os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis  Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de  votos,  negou­se  provimento  quanto  à  exclusão  da  multa  do  art.  88  da  MP  2.158­35/2001.  Vencido,  o  Conselheiro  Carlos  Augusto  Daniel  Neto.  Designada  a  Conselheira  Maria  Aparecida Martins de Paula.  (Assinatura Digital)  Antônio Carlos Atulim ­ Presidente  (Assinatura Digital)  Carlos Augusto Daniel Neto ­ Relator  (Assinatura Digital)  Maria Aparecida Martins de Paula ­ Redatora Designada  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Antônio  Carlos  Atulim,  Jorge  Olmiro  Lock  Freire,  Carlos  Augusto  Daniel  Neto,  Maysa  de  Sá  Pittondo  Deligne,  Maria  Aparecida  Martins  de  Paula,  Diego  Diniz  Ribeiro,  Thais  de  Laurentiis  Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.  Relatório  Trata o presente processo de autuação com pluralidade de sujeitos passivos,  PARTNER  TRADING  IMPORTAÇÃO  E  EXPORTAÇÃO  LTDA,  doravante  denominada  PARTNER;  ANTARES  COMÉRCIO  E  SERVIÇOS,  doravante  denominada  ANTARES;  ACTISA COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, doravante denominada  ACTISA  e  INDIANARA  TAVARES  COSTA  ME,  doravante  denominada  INDIANARA,  cujos  lançamentos  estão  formalizados  nos  Autos  de  Infração  de  fls.  02/21,  referentes  ao  Imposto  de  Importação,  acrescido  de  juros  de  mora  e  da  multa  de  150%  no  total  de  R$  2.042,01; à COFINS­ Importação, acrescida de juros de mora e da multa de 150%, no total de  R$ 1.506,75;  e PIS/PASEP­Importação,  acrescido  de  juros  de mora  e  da multa  de  150% no  total  de R$  327,12;  à  Multa  prevista  no  art.  88,  parágrafo  único,  da Medida  Provisória  nº  2.158­35/2001,  em  face  da  diferença  apurada  entre  o  preço  declarado  nas  Declarações  de  Importação  ­  DIs  e  o  preço  efetivamente  praticado,  no  valor  de R$  5.550,82;  à  Multa  por  interposição  fraudulenta  na  importação,  no  valor  de R$ 137.046,94 e  à multa  por  cessão  de  Fl. 1254DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.254          3 nome, no valor de R$ 30.000,00,  totalizando o montante de R$ 176. 473,64, em decorrência  das seguintes situações identificadas pela fiscalização:  a)  Declaração  Inexata  do  Valor  da  Mercadoria  (Valor  de  Transação  Incorreto);  b)  Diferença  Apurada  entre  o  Preço  Declarado  e  o  Preço  Efetivamente  Praticado;  c)  Cessão  do  Nome  da  Pessoa  Jurídica  com Vistas  ao  Acobertamento  dos  reais dos Reais Intervenientes ou Beneficiários;  d) Interposição Fraudulenta na Importação ­ Impossibilidade de Apreensão da  mercadoria.  Em favor da minúcia do  relatório do Acórdão da DRJ, aproveitar­se­á aqui  trechos daquele:  DA  CIÊNCIA  DO  AUTO  DE  INFRAÇÃO  Constata­se  pelo  despacho  de  fl.  1001  que  a  ANTARES  foi  cientificada  por  via  postal  em  27/07/2011(quarta­feira),  conforme  Aviso  de  Recebimento (AR) à fl. 1.000.  A PARTNER TRADING (AR à fl. 997), a ACTISA (AR à fl. 998) e  INDIANARA  T.  COSTA ME  (AR  à  fl.  999)  foram  cientificadas  em 26/07/2011(terça­feira).  Devidamente  cientificadas  do  auto  de  Infração,  as  empresas  ANTARES  e  INDIANARA  comparecerceram  aos  autos  através  das petições a seguir identificadas.  ANTARES, fls. 1002/1025, em 25/08/2011(quinta­feira).  INDIANARA, fls.1027/1.039 em 29/08/2011(segunda­feira).  As  empresas  PARTNER  e  ACTISA  não  apresentaram  impugnação.  A Impugnação apresentada pro INDIANARA T COSTA ME foi considerada  imtempestiva e não foi conhecida.   Em  sua  Impugnação,  a  ANTARES  sustentou  os  seguintes  argumentos:  a)  nulidade  do Auto  de  Infração  por  ilicitude  das  provas;  b)  idoneidade  e  valor  probatório  dos  documentos  contábeis da  empresa;  c)  ausência  de motivação; d) bis  in  idem  na  aplicação de  multas; e) aplicação da regra penal da absorção às infrações imputadas; f) a não ocorrência de  subfaturamento;  g)  desproporcionalidade  da  multa  do  art.33  da  lei  11.488/2007;  h)  impossibilidade de solidariedade tributária nas multas.  A DRJ/Fortaleza decidiu o pleito  em acórdão cuja  ementa  se  reproduz, por  sintetizar bem a demanda:  ASSUNTO:  PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período  de  apuração:  13/08/2009  a  22/07/2010  IMPUGNAÇÃO.  PRAZO. REVELIA. PRECLUSÃO.  Fl. 1255DF CARF MF     4 É  preclusivo  o  prazo  de  trinta  dias,  contado  da  data  da  ciência  do  auto  de  infração,  facultado  ao  sujeito  passivo  para  apresentação  de  impugnação  contra  o  lançamento  tributário.  Expirado  tal  prazo,  sem  que  o  sujeito  passivo  tenha  exercido  esse  direito,  será  declarada  a  sua  revelia,  em razão do que ficará impedido de intervir litigiosamente  no  processo,  aproveitando­lhe,  contudo,  a  suspensão  da  exigibilidade  motivada  por  impugnação  ofertada  por  qualquer dos demais sujeitos passivos solidários.  SUJEIÇÃO  PASSIVA  SOLIDÁRIA.  AUSÊNCIA  DE  IMPUGNAÇÃO  E/OU  IMPUGNAÇÃO  INTEMPESTIVA.  REVELIA. EFEITOS.  A  ausência  de  impugnação  por  parte  de  sujeito  passivo  solidário acarreta,  contra os  revéis,  a preclusão  temporal  do direito de praticar os atos impugnatórios, prosseguindo,  o  litígio  administrativo,  em  relação  aos  demais.  Todavia,  havendo  pluralidade  de  sujeitos  passivos,  a  impugnação  tempestiva  apresentada  por  um  dos  autuados  suspende  a  exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais.  ASSUNTO:  NORMAS  DE  ADMINISTRAÇÃO  TRIBUTÁRIA  Período  de  apuração:  13/08/2009  a  22/07/2010  DA  RESPONSABILIDADE  SOLIDÁRIA  POR  INFRAÇÕES.  DA SUJEIÇÃO PASSIVA.  Respondem  de  forma  conjunta  ou  isoladamente,  o  importador  e  o  adquirente  de mercadoria  de  procedência  estrangeira,  no  caso  de  importação  realizada  por  conta  e  ordem  deste,  por  intermédio  de  pessoa  jurídica  importadora, não cabendo benefício de ordem.  DO ARTIGO 112 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE.  Diante  da  inexistência  de  dúvidas  quanto:  à  capitulação  legal dos  fatos; à natureza ou às  circunstâncias materiais  do  fato  ou  à  natureza  ou  extensão  de  seus  efeitos;  à  autoria, imputabilidade ou punibilidade; nem à natureza da  penalidade  aplicável,  ou  à  sua  graduação,  torna­se  inaplicável o art. 112 e incisos do CTN.  ASSUNTO:  OBRIGAÇÕES  ACESSÓRIAS  Período  de  apuração:  13/08/2009  a  22/07/2010  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA.  A  ocultação  do  sujeito  passivo,  do  real  comprador  ou  do  responsável pela operação, mediante fraude ou simulação,  inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem  em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo  ser  substituída  por  multa  equivalente  ao  valor  aduaneiro  da  mercadoria  que  não  seja  localizada  ou  tenha  sido  consumida.  Fl. 1256DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.255          5 CESSÃO  DE  NOME.  ACOBERTAMENTO  DE  INTERVENIENTES.  MULTA. PROCEDÊNCIA A pessoa jurídica que ceder seu  nome, para a realização de operações de comércio exterior  de  terceiros,  com  vistas  ao  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10%  (dez  por  cento)  do  valor  da  operação  acobertada,  observado o valor mínimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).  IMPORTAÇÃO FRAUDULENTA. DIFERENÇA ENTRE O  PREÇO  DECLARADO  E  O  PREÇO  EFETIVAMENTE  PRATICADO  NA  IMPORTAÇÃO.  APLICAÇÃO  DA  MULTA DE  100%  PREVISTA  NO  PARÁGRAFO ÚNICO  DO ARTIGO 88 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.158­35,  de 2001.  Aplicável  ao  caso,  a  multa  de  cem  por  cento  sobre  a  diferença  entre  o  preço  declarado  e  o  preço  efetivamente  praticado na importação e/ou o preço declarado e o preço  arbitrado,  prevista  no  parágrafo  único  do  artigo  88  da  Medida Provisória nº 2.158­35, de 2001.  ASSUNTO:  IMPOSTO SOBRE A  IMPORTAÇÃO  ­  II Período  de  apuração:  13/08/2009  a  22/07/2010  VALOR  ADUANEIRO.  SUBFATURAMENTO.  INSUFICIÊNCIA  DE RECOLHIMENTO.  Comprovado  que  os  reais  valores  transacionados  nas  operações  de  importações  são  superiores  aos  valores  declarados,  fato  que  caracteriza  o  subfaturamento,  cabe  exigir a diferença do imposto que deixou de ser recolhida,  acrescida dos juros de mora e das multas.  FRAUDE. MULTA QUALIFICADA.  Em caso de infração praticada mediante fraude, aplica­se a  multa  qualificada  por  insuficiência  de  recolhimento,  no  percentual  de  150%  sobre  a  diferença  do  imposto,  sem  prejuízo de outras penalidades cabíveis.  ASSUNTO:  OUTROS  TRIBUTOS  OU  CONTRIBUIÇÕES  Período  de  apuração:  13/08/2009  a  22/07/2010 COFINS­ IMPORTAÇÃO.  PIS/PASEP­IMPORTAÇÃO.  VALOR  ADUANEIRO.  RECONSTITUIÇÃO  DA  BASE  DE  CÁLCULO.  Reconstituído  o  valor  aduaneiro  declarado  pelo  importador, cabe reconstituir o valor tributável dos demais  tributos incidentes na  Fl. 1257DF CARF MF     6 importação,  para  exigir  as  diferenças  que  deixaram  de  ser  recolhidas  por  ocasião  do  despacho  aduaneiro,  acrescidas  dos  juros de mora e das multas.  Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido  Em  seu  Recurso  Voluntário,  a  ANTARES  repisou  as  razões  de  sua  impugnação, pelo que deixo de reiterá­las aqui.  É o relatório.    Voto Vencido  Conselheiro Relator Carlos Augusto Daniel Neto  O  Recurso  Voluntário  da  ANTARES  é  tempestivo  e  atende  aos  demais  requisitos de admissibilidade, e dele tomo conhecimento.  I) Preliminarmente  a) Da sujeição passiva da PARTNER  Anteriormente  à  análise  do  Recurso  Voluntário  da  ANTARES,  há  que  se  apontar vício processual relativo à empresa PARTNER.  Quanto  à  primeira,  verifica­se  que,  em  23/09/2010,  a  PARTNER  foi  cientificada  do  Termo  de  Início  de  Procedimento  Fiscal  (fl.  22),  no  endereço  abaixo  indicado:   Da  mesma  forma,  o  contribuinte  também  foi  intimado  a  apresentar  documentos e esclarecimentos acerca de suas operações de comércio exterior, conforme Termo  de Intimação Fiscal n° 133/2010 (fls. 26­31), bem como a providenciar o comparecimento dos  sócios da pessoa jurídica na repartição, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 134/2010 (fl.  32), no mesmo endereço:    Fl. 1258DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.256          7     Procedeu  a  fiscalização  nos  demais  atos  registrados  nas  fls.22­38  do  processo, sempre realizando a intimação fiscal no endereço Av. Marcos Konder, 1313, Sala  606, Centro, Itajaí/SC, que de resto corresponde ao endereço da sede da empresa conforme o  8º Instrumento Particular de Alteração Contratual (fls.79­86), registrado em 03/02/2009 (fl.86)  ­  endereço este alterado para a Av. Joca Brandão, nº744,  sala 02, Centro,  Itajaí­SC, CEP  88.301­441,  conforme  o  12º  Instrumento  Particular  de  Alteração  Contratual  (fls.109­115),  registrado em 24/09/2010 (com protocolo em 14/09/2010, conforme fl.115).   Tal alteração fora constatada pessoalmente pelo próprio fiscal, conforme  relato no Termo de Intimação Fiscal e outros (fl.22, fl.24):      Todavia,  a  PARTNER  foi  notificada  da  autuação  fiscal  no  endereço  Rua  Luiz Berlim, 321, Centro, Itajaí­SC, conforme o Aviso de Recebimento de fls.997, datado de  26/07/2011:  Fl. 1259DF CARF MF     8   Diante  da  notificação  feita  em  endereço  distinto  daquele  onde  consta  no  contrato  social,  o  qual  tinha  posse  o  Auditor­Fiscal  da  Receita  Federal,  a  empresa  não  apresentou qualquer impugnação, sobrevindo a decisão da DRJ, a qual foi novamente intimada  no endereço da notificação, conforme o AR abaixo colacionado, de fl.1208:    A  intimação  do  resultado  do  julgamento  de  1ª  instância  retornou  com  um  documento do escritório de advocacia SCHAPIESKI E TOMAZONI, informando que recebeu  equivocadamente  a  intimação  em  seu  endereço  profissional,  consignando  não  representar  a  intimada em qualquer procedimento e desconhecendo os representantes ou sua sede (fl.1209).  Em  razão  disso,  procedeu  o  Fisco  à  intimação  por  via  editalícia  (fl.1211),  com base no art. 23, § 1º, inciso II, do Decreto nº 70.235/72, que determina que:  §  1o Quando  resultar  improfícuo  um  dos  meios  previstos  no  caput  deste  artigo  ou  quando  o  sujeito  passivo  tiver  sua  Fl. 1260DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.257          9 inscrição  declarada  inapta  perante  o  cadastro  fiscal,  a  intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada  pela Lei nº 11.941, de 2009)  I  ­  no  endereço  da  administração  tributária  na  internet;  (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  II  ­  em  dependência,  franqueada  ao  público,  do  órgão  encarregado da  intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de  2005)  III ­ uma única vez, em órgão da imprensa oficial local.   Acerca  da  notificação  e  intimação  do  contribuinte,  determina  o  próprio  Decreto 70.235/72, em seu art.23,II que:  Art. 23. Far­se­á a intimação:  II ­ por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via,  com  prova  de  recebimento  no  domicílio  tributário  eleito  pelo  sujeito passivo;  Verifica­se nos autos que não há qualquer demonstração ou documento que  denote eleição expressa de domicílio tributário, pelo que há que se aplicar in casu o art.127 do  Código Tributário Nacional:  Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável,  de  domicílio  tributário,  na  forma  da  legislação  aplicável,  considera­se como tal:   I  ­  quanto  às  pessoas  naturais,  a  sua  residência  habitual,  ou,  sendo  esta  incerta  ou  desconhecida,  o  centro  habitual  de  sua  atividade;   II ­ quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas  individuais,  o  lugar  da  sua  sede,  ou,  em  relação  aos  atos  ou  fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;   III ­ quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de  suas repartições no território da entidade tributante.   Portanto, no caso em tela, há que se considerar o domicílio  tributário como  aquele  indicado  em  seu  contrato  social  como  local  de  sua  sede  ­  que  fora  claramente  identificado  pela  autoridade  fiscalizadora  na Av. Marcos Konder,  1313,  Sala  606, Centro,  Itajaí/SC,  haja  vista  que  os  termos  de  intimação  durante  a  fiscalização  foram  lavrados  no  endereço da sede da empresa à época.   Todavia,  como  se  verifica  das  imagens  colacionadas  acima,  tanto  a  notificação  do  auto  de  infração  quanto  a  intimação  da  decisão  da  DRJ  foram  feitas  em  endereço  absolutamente  diferente daquele onde o Termo de  Intimação Fiscal  fora  lavrado,  e  igualmente distinto daquele constante no contrato social da empresa.  A  respeito  das  intimações  realizadas  no  endereço  acima  indicado,  causa  espécie  a  sua  realização,  vista  que  o  mesmo  Auditor­Fiscal  da  Receita  Federal,  Rolf  Abel  (Matrícula 676.300), foi o responsável pela realização da fiscalização pessoal no local correto  Fl. 1261DF CARF MF     10 da  sede  da  empresa,  desde  o  início  do  procedimento  fiscalizatório,  através  do  qual  recebeu  plena  cooperação  da  PARTNER,  com  apresentação  de  todos  os  documentos  solicitados  e  comparecimento  presencial  de  seus  sócios  para  esclarecimentos,  mas  em  se  tratando  da  notificação do auto de infração, o fez em endereço que tinha ciência não ser mais ocupado pela  PARTNER (como de  resto  fora depreendido dos documentos  societários  e da fiscalização  in  loco)  e  com  a  perfeita  ciência  do  endereço  ocupado  pela  empresa  à  época,  fato  declarado  expressamente pelo próprio nos termos de fiscalização adrede colacionados.  Há,  claramente,  um  vício  na  notificação  do  lançamento  e  na  intimação  da  decisão da DRJ, que impossibilitou a defesa administrativa da empresa PARTNER, haja vista  que  os  atos  informativos  se  deram  em endereço  distinto  daquele  em que  a  empresa mantém  domicílio fiscal, qual seja, o endereço de sua sede (Av. Joca Brandão, nº744, sala 02, Centro,  Itajaí­SC, CEP 88.301­441, conforme último aditivo contratual constante nos autos).  A  Lei  9.784/1999,  reguladora  do  processo  administrativo  federal,  possui  diversos  dispositivos  que  pretigiam  expressamente  o  direito  e  a  garantia  do  contribuinte  à  informação e ao direito de defesa, verbis:  Art.  2o  A Administração Pública  obedecerá,  dentre  outros,  aos  princípios  da  legalidade,  finalidade,  motivação,  razoabilidade,  proporcionalidade,  moralidade,  ampla  defesa,  contraditório,  segurança jurídica, interesse público e eficiência.  Parágrafo  único.  Nos  processos  administrativos  serão  observados, entre outros, os critérios de:  VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos  direitos dos administrados;  X  ­  garantia  dos  direitos  à  comunicação,  à  apresentação  de  alegações  finais,  à  produção  de  provas  e  à  interposição  de  recursos,  nos  processos  de  que  possam  resultar  sanções  e  nas  situações de litígio;  Art.  3o  O  administrado  tem  os  seguintes  direitos  perante  a  Administração,  sem  prejuízo  de  outros  que  lhe  sejam  assegurados:  II ­ ter ciência da tramitação dos processos administrativos em  que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter  cópias  de  documentos  neles  contidos  e  conhecer  as  decisões  proferidas;  III  ­  formular  alegações  e  apresentar  documentos  antes  da  decisão,  os  quais  serão  objeto  de  consideração  pelo  órgão  competente;  É  por  demais  minuciosa  a  legislação  procedimental  acerca  do  direito  de  ampla  defesa  e  contraditório,  que  abarca  inclusive  o  direito  de  comunicação  de  atos  administrativos e procedimentais, com vistas a possibilitar manifestação do contribuinte.  Acerca especificamente das intimações, verifica­se que a lei não é silente:  Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo  administrativo  determinará  a  intimação  do  interessado  para  ciência de decisão ou a efetivação de diligências.  Fl. 1262DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.258          11 § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância  das prescrições  legais, mas o comparecimento do administrado  supre sua falta ou irregularidade.  Portanto, a  intimação feita sem respeito à lei é nula de pleno direito, não se  prestando a qualquer efeito. Conforme demonstrado anteriormente, por meio da aplicação do  art. 23,  II do Decreto 70.235, cumulado com o art.127,  II do CTN, a  intimação realizada em  local distinto da sede da empresa à época do ato deve ser tratada como nula.  Ademais,  a  constituição  efetiva  do  crédito  tributário  se  dá,  nos  termos  do  art.145 do CTN, com notificação regular do sujeito passivo, isto é, com a notificação deste em  seu domicílio fiscal, bem como com atendimento aos demais requisitos formais do ato.  A  necessidade  de  respeito  ao  direito  de  defesa  do  contribuinte  não  passou  desapercebida, também, pelo Decreto 70.235, que em seu art.59 determina:  Art. 59. São nulos:   I ­ os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;   II  ­  os  despachos  e  decisões  proferidos  por  autoridade  incompetente ou com preterição do direito de defesa.   § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que  dele diretamente dependam ou sejam conseqüência.   §  2º  Na  declaração  de  nulidade,  a  autoridade  dirá  os  atos  alcançados,  e  determinará  as  providências  necessárias  ao  prosseguimento ou solução do processo.  Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente  para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade.  Pois  bem,  os  dispositivos  mencionados  acima  não  apenas  determinam  que  nos  casos  em  que  despachos  ou  decisões  gerem  preterição  do  direito  de  defesa  devem  ser  tratados como nulos, como atribui a este Colegiado, em seu art.61, a competência para declarar  a sua nulidade e dos atos posteriores que dele dependam ou dele sejam consequência.  Resta no caso evidente o intuito do fiscal de prejudicar o direito de defesa da  PARTNER, vez que, tendo ciência do local onde estava sediada, optou por enviar a notificação  para endereço que sabia não mais estar estabelecida a empresa. Se não se trata de algo mais  grave,  que  demandaria  uma  investigação  específica  e  não  conjecturas,  minimamente  é  um  vício de moralidade administrativa com vistas ao prejuízo do direito de defesa do contribuinte.  Portanto, em se  tratando o vício na notificação do auto de  infração de uma  nulidade  absoluta  deste  ato,  nos  termos  de  todas  os  dispositivos  acima  mencionados,  sem  prejuízo  de  farta  e  pacífica  jurisprudência  judicial  e  administrativa  acerca  disto,  é  mister  compreender o dever deste Colegiado de reconhecê­la ex officio, em vista da sua natureza de  questão de ordem pública.  Em razão disso, entendo nula a notificação da autuação, bem como os atos  que  lhe  seguiram, nominalmente:  a decisão da DRJ,  a  intimação da PARTNER no endereço  equivocado, e o edital de intimação que lhe sucedeu.  Fl. 1263DF CARF MF     12 Portanto, reconheço de ofício a nulidade da notificação de  lançamento e  da decisão da DRJ, determinando a exclusão da PARTNER do polo passivo da obrigação  tributária.     b) Da ilicitude das provas  Alega  a  Recorrente  ter  havido  coação  na  obtenção  dos  arquivos  de  dados,  especialmente os  e­mails,  junto à PARTNER, que foram utilizados como provas no Auto de  Infração, além de alegar inconstitucional quebra do sigilo das comunicações.  Diferentemente do alegado pela Recorrente, parece­nos que o procedimento  fiscalizatório foi feito dentro das balizas legais  traçadas pelo Código Tributário Nacional, em  seus arts. 194, 195, 196 e 200, bem como do Decreto nº 7.212/2010, art. 510, verbis:  Art. 510. A entrada dos Auditores­Fiscais da Receita Federal do  Brasil  nos  estabelecimentos,  bem  como  o  acesso  às  suas  dependências  internas,  não  estarão  sujeitos  à  formalidade  diversa  da  sua  imediata  identificação,  pela  apresentação  de  identidade  funcional  aos  encarregados  diretos  e  presentes  ao  local de entrada.  No mesmo  sentido  também  é  o  Decreto  nº  6.759/2009,  que  em  seu  art.19  assevera:  Art.  19. As pessoas  físicas ou  jurídicas  exibirão aos Auditores­ Fiscais  da  Receita  Federal  do  Brasil,  sempre  que  exigidos,  as  mercadorias,  livros  das  escritas  fiscal  e  geral,  documentos  mantidos  em  arquivos magnéticos  ou  assemelhados,  e  todos  os  documentos,  em  uso  ou  já  arquivados,  que  forem  julgados  necessários  à  fiscalização,  e  lhes  franquearão  os  seus  estabelecimentos, depósitos e dependências, bem assim veículos,  cofres e outros móveis, a qualquer hora do dia, ou da noite, se à  noite os estabelecimentos estiverem funcionando  (Lei n  o 4.502,  de 30 de novembro de 1964, art. 94 e parágrafo único; e Lei n o  9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 34).  §1  º  As  pessoas  físicas  ou  jurídicas,  usuárias  de  sistema  de  processamento de dados, deverão manter documentação técnica  completa e atualizada do sistema,  suficiente para possibilitar a  sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem  prejuízo  da  sua  emissão  gráfica,  quando  solicitada  (Lei  n  o  9.430, de 1996, art. 38).  §2º  As  pessoas  jurídicas  que  utilizarem  sistemas  de  processamento  eletrônico  de  dados  para  registrar  negócios  e  atividades  econômicas  ou  financeiras,  escriturar  livros  ou  elaborar  documentos  de  natureza  contábil  ou  fiscal  ficam  obrigadas  a  manter,  à  disposição  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil,  os  respectivos  arquivos  digitais  e  sistemas,  pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária  Conforme  se  verifica  no  TVF,  os  Auditores­Fiscais  compareceram  ao  estabelecimento do contribuinte, coletando documentos e arquivos magnéticos ­ os quais foram  retidos  e  lacrados  ­  conforme  termos  correspondentes  de  fls.  23­25,  ficando  intimado  o  Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.259          13 Contribuinte a comparecer na repartição competente para o procedimento de deslacração dos  arquivos.  Consta  no  termo  de  deslacração  de  fls.  35­41  que  o  procedimento  foi  acompanhado por funcionário da empresa, atendendo aos requisitos procedimentais cabíveis. À  partir daí foi a ANTARES intimada à apresentação de documentos e esclarecimentos acerca de  certas  Declarações  de  Importação,  amparado  pelo  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  n°  09278002011­00051­6, tendo por objetivo, nos termos do art. 638 do Regulamento Aduaneiro,  apurar  a  exatidão  das  informações  prestadas  nas  Declarações  de  Importação,  nas  quais  a  ANTARES constou como adquirente da mercadoria importada.  Ademais,  registre­se  que  a  empresa  ANTARES  após  intimações  e  reintimações ofereceu à  fiscalização a escrituração contábil  referente aos anos de 2009/2010,  bem  como  os  extratos  bancários  referentes  ao  período  de  maio/2009  a  junho/2010  e  agosto/2010  a  novembro/2010  possibilitando  à  fiscalização  empreender  as  verificações  necessárias  para  a  perfeita  compreensão  dos  fatos  consignados  no  já  referenciado  relatório  fiscal.  Verifica­se  que  todo  o  procedimento  fiscalizatório  correu  sob  o  trilho  da  legalidade,  com  ciência  das  fiscalizadas  de  todos  os  atos  de  fiscalização,  inclusive  com  assinatura de seus representantes legais.  A  respeito  do  sigilo  de  documentos  e  livros  relacionados  a  obrigações  tributárias,  a  jurisprudência  assente do Superior Tribunal de  Justiça  (STJ)  tem orientação no  sentido  de  que  documentos  e  livros  relacionados  com  as  obrigações  tributárias  não  estão  protegidos por nenhum tipo de sigilo e são, inclusive, de apresentação obrigatória por ocasião  das  atividades  fiscais,  sendo  passíveis  de  exame  e  apreensão  pela  administração  fazendária,  conforme se verifica no RHC 8.679/SC e no HC 18.612/RJ.  Ademais,  o  precedente  invocado  pelo  Recorrente,  relativo  ao  HC  82.788­ 8/RJ, julgado no Supremo Tribunal Federal, pressupõe o ingresso forçado, contra a vontade do  dono do estabelecimento, com recurso à violência ou à força ­ o que não se verificou, visto não  haver nos autos qualquer prova de que o acesso dos Auditores­ Fiscais  tenha sido rechaçado  em algum momento.  Quanto  ao  precedente  invocado  do  HC  80.949/RJ,  julgado  pelo  STF,  o  mesmo se refere a comunicações telefônicas, especialmente à instalação de grampos, e não ao  acesso a e­mails presentes nos sistemas e meios magnéticos apreendidos.  Ante  os  argumentos  fundantes  acima  expendidos,  conclui­se  pela  admissibilidade,  no  processo  administrativo,  da  prova  documental  trazida  pela  fiscalização,  uma  vez  que  foi  obtida  por meio  lícito,  com  observância  das  garantias  constitucionais  e  da  legislação  processual,  inexistindo  assim qualquer ofensa  aos  incisos  LV  e LVI  do  art.  5º  da  Constituição Federal, rejeitando­se de plano a nulidade suscitada pela Recorrente.    c) Da existência do bis  in idem em relação à multa do art. 88 da MP nº  2.158­35/2001.  Fl. 1265DF CARF MF     14 Alega  o  Recorrente  que  há  bis  in  idem  entre  a  Multa  do  Controle  Administrativo  (parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.158­35/2001) e a Multa pecuniária  substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decreto­lei nº 1.455/1976).  Nesse  caso,  correta  a  alegação  do  Recorrente.  Há  que  se  verificar,  na  aplicação das  sanções,  a  regra da  especificidade,  conforme o §1º­A do  art.  703 do RA/2009  deixa especialmente claro, em relação às multas analisadas:  Art.703.Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do  arbitrado  na  forma  do  art.  86  ou  do  efetivamente  praticado,  aplica­se  a  multa  de  cem  por  cento  sobre  a  diferença,  sem  prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no  art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no  2.158­35, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo  Decreto nº 7.213, de 2010).  §  1º­A  Verificando­se  que  a  conduta  praticada  enseja  a  aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena  de  perdimento  da  mercadoria,  aplica­se  somente  a  pena  de  perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (grifei)  §2oO  disposto  neste  artigo  não  prejudica  a  aplicação  da  penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser  encontrada,  em  momento  posterior  à  aplicação  da  multa,  a  correspondente  fatura  comercial  falsificada  ou  adulterada.  (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  No  mesmo  sentido,  é  a  solução  da  Coordenação­Geral  de  Contencioso  Administrativo e Judicial – Cocaj, conforme Consulta Interna nº 01/2013, verbis:  (...)  A  rigor,  a  multa  equivalente  a  cem  por  cento  sobre  a  diferença  de  preços  só  deve  ser  aplicada  para  as  demais  situações que não caracterizem dano ao Erário e desde que este  dano  só  venha  a  exteriorizar­se  em  momento  posterior  à  aplicação dessa penalidade.(...)  A  partir  do  que  foi  dito  acima,  compartilha­se  da  conclusão  do  Julgador  Ricardo Serra Rocha de que o entendimento mais acertado é que nos casos de dano ao Erário, a  penalidade  a  ser  aplicada  deve  ser  a  pena  de  perdimento  ou,  como  conseqüência,  sua multa  pecuniária  substitutiva,  não  sendo  estas  cumuladas  com  a  multa  prevista  pelo  parágrafo  único  do  artigo  88  da  MP  nº  2.158­35/2001,  nem  tampouco  substituídas  pela  referida  reprimenda.  Tal afirmativa fica claro ao fugirmos de uma interpretação rasa do art. 633 e  634,  I  do  RA/2002,  que  dava  a  entender  ­  à  primeira  vista  ­  que  tais  multas  poderiam  ser  cumuladas, senão vejamos:  Art.  633.  Aplicam­se,  na  ocorrência  das  hipóteses  abaixo  tipificadas,  por  constituírem  infrações  administrativas  ao  controle das importações, as seguintes multas (Decreto­lei no 37,  de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562,  de 18 de setembro de 1978, art. 2o):  I ­ de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e  o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço  declarado e o preço arbitrado  (Medida Provisória no 2.158­35,  de 2001, art. 88, parágrafo único);  Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.260          15 Art. 634. As  infrações de que  trata o art. 633  (Lei no 6.562, de  1978, art. 3o):  I ­ não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas  à pena de perdimento;  (...)  Parágrafo único. Para os efeitos do inciso I, as multas relativas  às  infrações  administrativas  ao  controle  das  importações  somente  poderão  ser  lançadas  antes  da  aplicação  da  pena  de  perdimento da mercadoria.  Como se vê em leitura mais atenta, o parágrafo único do art. 634 já assentava  que  a  multa  do  parágrafo  único  art.  88  da MP  2.158­34/2001  somente  poderá  ser  aplicada  antes da pena de perdimento, de modo que, se constatado que o caso é punível com ela, esta  deverá ser aplicada, vedando­se a cumulação de punições.  Ainda que não se reconheça a procedência do argumento delineado, há que se  reconhecer  a  retroatividade  benigna  do  §1º­A  do  art.  703  do  RA/2009,  de  modo  que  a  penalidade a ser aplicada na ocorrência de dano ao Erário deve ser a pena de perdimento ou,  sua multa substitutiva.  Desse modo, afasto a aplicação da multa do parágrafo único do art. 88 da  MP 2.158­34/2001, decorrente de subfaturamento.    d) Da nulidade por vício formal de ausência de motivação  Alega  o  Recorrente  que  não  há  motivação  em  provas  inidôneas  para  a  imputação de interposição fraudulenta na importação.  Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário,  estando,  devendo  a matéria não  ser  conhecida  com  fulcro  no  art.  58  do Decreto  7.574/2011  (Art.58.Considera­se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada  pelo impugnante.).  A  despeito  disso,  como  enfrentado  acima,  há  farta  produção  probatória  idônea,  apta  a  fundamentar  ­  pelo menos  aprioristicamente,  já  que  o mérito  será  enfrentado  adiante ­ a autuação fiscal.    e) Da nulidade por ausência da individualização da pena  Alega o Recorrente nulidade por ausência da individualização das penas.  Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário,  estando,  devendo  a matéria não  ser  conhecida  com  fulcro  no  art.  58  do Decreto  7.574/2011  (Art.58.Considera­se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada  pelo impugnante.).  Fl. 1267DF CARF MF     16 Todavia, conforme se verifica no TVF em fls. 987­995, o Auditor­Fiscal fez a  individualização  das  penas  em  relação  aos  sujeitos  passivos,  ainda  que  em  relação  a  certas  multas tal imputação tenha se dado equivocadamente, como verificado anteriormente.  Não  há  uma  imputação  genérica  que  prejudique  o  direito  de  defesa  dos  Contribuintes,  mas  uma  aplicação  individualizada  das  penas,  o  que  afasta  a  alegação  de  nulidade.    II) Do Mérito  a) Da existência de bis  in  idem em relação à multa do art. 33 da Lei nº  11.488/2007  Alega  o  Recorrente  a  existência  de  bis  in  idem  na  aplicação  das  multas  administrativas, pois entende que se neste processo lhe é cobrada a multa do artigo 33 da Lei nº  11.488, de 2007, por cessão de nome, não caberia a aplicação, pelos mesmos fatos, da multa  equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, conforme previsto no art. 23, inc. V e § 3º, do  Decreto­Lei  nº  1.455,  de  1976.  Alega,  ademais,  que  a  multa  por  cessão  de  nome  deveria  preponderar sobre a multa da interposição fraudulenta.  Este  tema,  assaz  polêmico,  foi  enfrentado  com  acerto  pelo  Conselheiro  Fernando  Luiz  Da  Gama  D’Eça,  no  Processo  n.  10314.724447/201230,  Acórdão  n.  3402002.362, com razões às quais adiro aqui:   Por  derradeiro,  entendo  que  com  o  advento  da  multa  de  10%  instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07 aplicável à hipótese de  pessoa  jurídica  que  ceder  o  nome  para  a  realização  de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários  –  não  mais  se  justifica  a  aplicação  ao  importador  ostensivo  da  multa  de  100%  prevista  no  art.  23,  inc.  V  do  Decreto­lei  nº  1455/76, somente aplicável ao real comprador, interveniente ou  responsável  pela  operação  de  importação,  oculto  “mediante  fraude ou simulação”.   A  aplicação  cumulativa  dessas  sanções  sobre  a  importadora  ostensiva não somente viola o princípio da especialidade, como  constitui um ilegal bis in idem.   Realmente,  tratandose  de  dispositivos  legais  que  tipificam  uma  única  conduta  ­  “acobertamento”  ou  “ocultação”  dos  reais  intervenientes  ou  beneficiários  das  operações  de  comércio  exterior, evidenciase o conflito aparente de normas, que impõe a  observância  do  princípio  da  especialidade  que  por  sua  vez  determina a prevalência da norma especial, não sendo lícito ao  fisco  cumulá­la  ou  agravá­la  sequer  pela  via  transversa  de  suposta  solidariedade em penalidade aplicada a outro  infrator,  pois como expressamente determina o art. 100 do Decretolei nº  37/66, “in verbis”:   “Art. 100 – Se do processo se apurar responsabilidade de duas  ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa  à infração que houver cometido.”  Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.261          17 Considerando  que  para  a  caracterização  dos  atos  típicos  de  interposição  fraudulenta  “há  necessidade  de  dois  sujeitos  de  direito  distintos”  (cf.  Acórdão  nº  320100398  da  1ª  TO  da  2ª  Turma da  3ª  Seção do CARF, Rec.  nº  140.698, Proc.  nº  12466  004068/200673,  em  sessão  de  08/12/10,  Rel.  Cons.  Alfredo  Ribeiro Nogueira; cf. tb. Acórdão nº 320100.515 da 1ª TO da 2ª  Câm.  da  3ª  Seção  do  CARF,  Rec.  n°  344.701,  Proc.  n°  10936.000499/200813,  em  sessão  de  01/07/10,  Rel.  Cons.  Luciano Lopes de Almeida Moraes), parece evidente que a única  multa aplicável à Recorrente seria a de 10% instituída pelo art.  33 da Lei nº 11.488/07, prevista para quem ceder o nome para a  realização de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários, caso não fosse elidida a presunção de interposição  fraudulenta  de  terceiros  pela  suposta  “não  comprovação  da  origem,  disponibilidade  e  transferência  dos  recursos  empregados” (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1455/76, na redação  da Lei nº 10.637, de 30.12.2002).   Nesse  sentido  já  decidiu  esta  C.  Turma  como  se  pode  ver  da  seguinte e elucidativa ementa:   “ (...).   IMPORTAÇÃO – INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA – MULTA  APLICÁVEL  AO  IMPORTADOR  OSTENSIVO  CESSÃO  DE  NOME  PRINCÍPIO  DA  ESPECIALIDADE  DA  SANÇÃO  IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO.   Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº  11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não  mais  se  justifica a aplicação ao  importador ostensivo da multa  de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob  pena de ilegal bis in idem.” (cf. Acórdão nº 3402002.262 da 2ª  TO  da  4ª  Câm.  da  3ª  Seção  do  CARF,  Proc.  nº  10314.724447/201230,  em  sessão  de  23/04/14,  Rel.  Gilson  Macedo Rosenburg Filho)  Ressalto ainda que tal entendimento em nada contradiz o quanto disposto no  artigo 727, §3º do Regulamento Aduaneiro, cujo conteúdo estabelece que:   Art. 727.  Aplica­se  a  multa  de  dez  por  cento  do  valor  da  operação  à  pessoa  jurídica  que  ceder  seu  nome,  inclusive  mediante  a  disponibilização  de  documentos  próprios,  para  a  realização de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  ao  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput).   (...)  § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da  pena  de  perdimento  às  mercadorias  na  importação  ou  na  exportação. (grifei)  Ou seja, com advento do artigo 33 da Lei nº 11.488/07, esta passou a ser a  multa  aplicável  ao  importador  ostensivo,  com  a  permanência  da  perda  de  perdimento  como  Fl. 1269DF CARF MF     18 penalidade atribuída ao importador oculto, conforme art. 23,  inciso V e §3º do Decreto­lei n.  1.455/76. Vale dizer, a multa de 10% do valor da operação pela cessão de nome não prejudica  a pena de perdimento das mercadorias na importação ou exportação,  justamente como impõe  do  §3º  do  artigo  727  do  Regulamento  Aduaneiro.  De  fato,  ambas  as  penalidades  serão  aplicáveis  em  caso  de  constatação  de  interposição  fraudulenta,  contudo  sendo  cada  qual  imposta para o respectivo infrator das normas aduaneiras, e não conjuntamente para um único  sujeito passivo.  Portanto, não  se aplica a penalidade  imposta pelo artigo 23,  inciso V e  §3º do Decreto­lei n. 1.455/76 ao importador ostensivo, mas sim aquela de 10% do valor  da operação peça cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07), devendo, portanto, ser  cancelada a presente autuação fiscal enquanto lhe imputa a multa equivalente à pena de  perdimento das mercadorias importadas.  Além disso, há que se reconhecer que a mesma deve incidir exclusivamente  sobre  a  empresa  que  cedeu  seu  norma  para  a  operação  de  interposição  fraudulenta,  como  o  próprio caput do art.727 do Regulamento Aduaneiro deixa claro.  Desse  modo,  a  Multa  de  cessão  de  nome  deve  ser  aplicada  de  modo  exclusivo àquela pessoa  jurídica que cedeu o nome não havendo falar em solidariedade das  demais pessoas jurídicas apontadas, quais sejam: Actisa Comércio de Materiais Ltda., Partner  Trading Importação e Exportação Ltda., e Indianara Tavares Costa ME.  Com a vigência da Lei nº 11.488/2007, nos casos que ela especifica, não há  mais que se aplicar o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430/96, relativa à declaração de inaptidão  de CNPJ, pois o legislador assim o prescreveu por considerar a Multa por cessão de nome uma  reprimenda  menos  danosa  do  que  a  declaração  de  inaptidão  de  CNPJ,  certamente,  por  não  ocasionar  ao  menos  de  modo  direto  uma  descontinuidade  nas  atividades  empresariais  da  apenada.  Portanto, o sentido da lei é que a Multa de cessão de nome foi estabelecida  para ser utilizada no  lugar da declaração de  inaptidão de CNPJ nos casos em que especifica,  devendo ser destinada exclusivamente à pessoa jurídica que cedeu seu nome. Nesse sentido é a  Solução de Consulta Interna nº 9 ­ COSIT de 22/04/2014, ao tratar da qualificação dos sujeitos  passivos envolvidos na interposição fraudulenta na importação:   15.  Vê­se  que,  no  caso  de  importação  com  interposição  fraudulenta,  tanto  o  importador  oculto  como  o  ostensivo  possuem relação pessoal e direta com a situação que constitui o  fato  gerador  da  obrigação  principal.  Embora  a  operação  seja  formalmente registrada em nome da interposta pessoa, em regra,  é  o  real  interessado  quem  toma  a  iniciativa  e  impulsiona  o  processo  de  importação.  Portanto,  ambos  podem  ser  qualificados  como  contribuintes  dos  tributos  e  penalidades  incidentes, exceto quanto à multa por cessão do nome, que é  específica do importador ostensivo.   (...)  Conclusão  (...)  18.1 Na  importação  realizada  com  interposição  fraudulenta  de  terceiro,  em  que  for  identificado  o  real  adquirente  da  mercadoria,  tanto  o  importador  oculto  como  o  ostensivo  Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.262          19 podem  ser  qualificados  como  contribuintes  dos  tributos  e  penalidades  incidentes  na  operação,  exceto  em  relação  à  multa  por  cessão  do  nome,  que  é  específica  da  interposta  pessoa.  Portanto,  há  no  caso  erro  na  identificação  do  sujeito  passivo  da  infração  relativa  ao  art.  33 da Lei nº 11.488/07, devendo  tal multa  incidir  apenas  sobre a PARTNER  (importadora ostensiva) e a ANTARES (adquirente ostensiva), que se interpuseram no intuito  de ocultar a ACTISA (real adquirente), cedendo indevidamente os próprios nomes, devendo ser  autuadas em Autos de Infração individualizados, pela Multa por cessão de nome.   Diferentemente  do  alegado  pelo Recorrente  no  seu Recurso Voluntário,  tal  vício não determina a nulidade do Auto de Infração, mas apenas a exclusão daqueles a quem a  multa foi indevidamente estendida. Além disso, não há qualquer dúvida quanto a aplicação das  sanções que justifique a invocação do art. 112 do CTN, alegado genericamente pela Recorrente  em sua peça.  As duas sanções coexistem em relação àqueles que cederam seu nome para  acobertar os reais intervenientes ou beneficiários, devendo ser excluída em relação aos demais.  Desse modo, voto pela exclusão da multa por cessão de nome em relação  aos sujeitos passivos ACTISA e INDIANARA.   Por fim, frise­se que não cabe à autoridade administrativa graduar a multa do  art. 33 da Lei nº 11.488/07.   A cominação de uma penalidade ex  vi do art.  97 do CTN está  inserida nas  hipóteses adstritas à reserva legal, estando a fixação de seu quantum pela autoridade julgadora  permitida  somente  nas  hipóteses  acima  discriminadas,  logo  não  dispõe  essa  autoridade  julgadora de competência para requantificar a multa ora exigida em face da proporcionalidade  arguída pela defesa, visto a que o artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007 como norma cogente fixa  o  percentual  sobre  o  valor  da  operação  e  o  valor mínimo  para  sua  cominação,  logo  não  há  respaldo legal para que seja acatada a tese quanto à proporcionalidade suscitada pela defesa.    b) Da ausência de solidariedade quanto às multas  Alega  o  Recorrente  que  não  há  que  se  falar  em  solidariedade  passiva  das  empresas no caso de multas, tendo em vista o art. 124 do CTN.  Todavia, não há que se olvidar que a lei aduaneira definiu as relações entre os  coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado:  Decreto­Lei nº 37, de 1966:  Art.95 ­ Respondem pela infração:  I ­ conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma,  concorra para sua prática, ou dela se beneficie;  [...]  Fl. 1271DF CARF MF     20 ­  a  pessoa  natural  ou  jurídica,  em  razão  do  despacho  que  promover, de qualquer mercadoria.  ­  conjunta  ou  isoladamente,  o  adquirente  de  mercadoria  de  procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua  conta  e  ordem,  por  intermédio  de  pessoa  jurídica  importadora.  (Incluído pela Medida Provisória n° 2.158­35, de 2001).  Decreto nº 6.759, de 2009:  Art.674.Respondem  pela  infração  (Decreto­Lei  nº  37,  de  1966,  art. 95):  I­ conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma,  concorra para sua prática ou dela se beneficie;  [...]V­ conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de  mercadoria de procedência estrangeira, no caso de  importação  realizada  por  conta  e  ordem  deste,  por  intermédio  de  pessoa  jurídica importadora (Decreto­Lei nº 37, de 1966, art. 95, inciso  V, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.158­35, de  2001, art. 78); e (grifei)  [...]Parágrafo  único.  Para  fins  de  aplicação  do  disposto  no  inciso V, presume­se por conta e ordem de  terceiro a operação  de  comércio  exterior  realizada mediante  utilização  de  recursos  deste,  ou  em  desacordo  com  os  requisitos  e  condições  estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do §1o do art.  106  (Lei nº 10.637, de 2002, art. 27; e Lei nº 11.281, de 2006,  art. 11, §2º).  Portanto,  o  instituto  da  solidariedade  não  está  afeto  apenas  à  co­ responsabilidade  quanto  ao  pagamento  do  tributo  mas  também  com  relação  ao  vínculo  obrigacional  entre  os  coobrigados  responsáveis  pela  prestação  pecuniária  decorrente  do  cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto.  Caracterizada  a  responsabilidade  solidária  da  empresa  ANTARES,  e  das  demais  empresas  que  integram  o  pólo  passivo  visto  que  restou  demonstrada  a  forma  de  participação  de  cada  uma  delas  no  cometimento  dos  ilícitos  praticados,  resta  igualmente  configurado o vínculo de responsabilidade quanto às infrações já demonstradas.  Naturalmente, a responsabilidade solidária cinge­se à multa decorrente do art.  23,  inc.  V  e  §  3º,  do  Decreto­Lei  nº  1.455,  de  1976,  e  não  as  demais,  que  foram  tratadas  anteriormente.    c) Da existência de subfaturamento.  Quanto  à  existência  de  subfaturamento  na  DI  nº  10/0361339­1,  de  05/03/2010, destacou a fiscalização que:  A  mercadoria  importada  compreende  2.073,6  m2  de  revestimento  cerâmico  (porcelanato)  em  diversas  dimensões  e  referências,  no  valor  FOB  de  US$  US$  14.204,16,  correspondendo  ao  valor  aduaneiro  de  R$  36.956,35.  São  documentos  instrutivos  do  despacho  aduaneiro,  as  faturas  comerciais  n°s  LG­10021A  e  LG­  10021B,  de  28/01/2010  (fls.  Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.263          21 410­411),  packing  l  ists  de  mesmo  número  (fls.  413­413)  e  o  Conhecimento de  transporte n° ENZEA1001029, de 28/01/2010  (fls.  414­415).  O  pagamento  da  mercadoria  ao  exportador  foi  efetuado  em  18/01/2010,  conforme  Contratos  de  Câmbio  n°  10/000836, no valor de US$ 7.464,96 (fls. 181184), e 10/000837,  no  valor  de  US$  9.849,60  (fls.  185­188),  num  total  de  US$  17.344,56  (valor  superior  ao  declarado,  por  ter  ocorrido  subfaturamento,  conforme  será  demonstrado).  Os  referidos  contratos  foram  celebrados  pela  PARTNER  TRADING,  na  condição da importadora,(gn).    Os  câmbios  contratados  em  18/01/2010  foram  amparados  justamente  por  estas  proformas.  O  Contrato  n°  10/000837,  de  US$  9.849,60  corresponde  a  Proforma  n°  LG­10012A,  e  o  Contrato  n°  10/000836,  de  US$  7.464,96  corresponde  a  Proforma n° 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços  de venda acordados.    No  caso  da  operação  de  importação  relativa  à  DI  nº  10/0361339­1,  de  05/03/2010,  constatou­se  a  ocorrência  de  subfaturamento.  O  despacho  aduaneiro  encontra­se  amparado  por duas faturas comerciais:  Nas  faturas  comerciais  ou  na  DI  não  consta  o  nome  do  fabricante, mas sabe­se que não é o exportador, posto que este é  de Hong Kong e a mercadoria é proveniente da China. Porém,  nas faturas proformas correspondentes consta que o fabricante é  FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI nº 09/1631151­ 6, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada diretamente  da  FOSHAN  LUNGO  CERAMICS  e,  entre  as  referências  importadas,  consta  a  ref.  2­  CCK8110,  nas  dimensões  800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na  importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de  uma  terceira  empresa  sediada  em  Hong  Kong,  o  preço  do  produto de mesma referência reduziu­se de US$ 8,20 para US$  6,55/m2.  Em  mensagem  do  dia  15/01/2010,  enviada  pela  ACTISA  à  PARTNER, estavam anexadas as faturas proformas de números  LG­1012A  e  LG­1012B,  emitidas  por  FAVOUR  WORLD  Fl. 1273DF CARF MF     22 INTERNATIONAL.  Nesses  documentos,  os  preços  são  superiores:  Os  câmbios  contratados  em  18/01/2010  foram  amparados  justamente  por  estas  proformas.  O  Contrato  nº  10/000837,  de  US$  9.849,60  corresponde  a  Proforma  nº  LG­10012A,  e  o  Contrato  nº  10/000836,  de  US$  7.464,96  corresponde  a  Proforma nº 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços  de venda acordados.  Além  disso,  foram  localizadas  trocas  de  mensagens  entre  MARCELO/ACTISA  e  HENRY  HUO  (fls.  569­570),  do  departamento  de  exportação  da  empresa  FOSHAN  LUNGO  CERAMICS,  relativas  à  operação.  Em  28/01/2010  (data  do  embarque  no  exterior), HENRY HUO envia  para MARCELO o  rascunho  do  conhecimento  de  transporte  e  cópia  das  faturas  para verificação.  Com  razão  o  juízo  a  quo,  no  arbitramento  do  valor  aduaneiro  diante  da  constatação da fraude, como por ele explicitado nos termos abaixo reproduzidos:  O  Acordo  sobre  a  Implementação  do  Artigo  VII  do  Acordo  Geral  sobre  Tarifas  e  Comércio  ­  GATT  1994,  constante  do  Anexo  1­A  ao  Acordo  Constitutivo  da  Organização Mundial de Comércio (OMC), comumente conhecido como Acordo de Valoração  Aduaneira (AVA), foi concebido para ser aplicado nas operações legítimas e leais de comércio,  nas quais, segundo a acusação da fiscalização, as do presente caso concreto não se enquadram.  Assim, o AVA remete para a legislação de cada país o tratamento a ser dado  nos casos de prática de infrações ou crimes.   No  Brasil,  o  art.  88  da  Medida  Provisória  (MP)  nº  2.158­35,  de  2001,  determina  expressamente  a  valoração  das  mercadorias,  segundo  os  critérios  que  especifica,  quando da ocorrência de fraude, sonegação ou conluio com a seguinte redação:  Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não  seja  possível  a  apuração  do  preço  efetivamente  praticado  na  importação,  a  base  de  cálculo  dos  tributos  e  demais  direitos  incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da  mercadoria,  em  conformidade  com  um  dos  seguintes  critérios,  observada a ordem seqüencial:  I ­ preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou  similar;  II ­ preço no mercado internacional, apurado:  a)  em  cotação  de  bolsa  de  mercadoria  ou  em  publicação  especializada;  b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para  Implementação  do  Artigo  VII  do  GATT/1994,  aprovado  pelo  Decreto  Legislativo  no  30,  de  15  de  dezembro  de  1994,  e  promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994,  observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade;  ou  c)  mediante  laudo  expedido  por  entidade  ou  técnico  especializado.  Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.264          23 Parágrafo  único.  Aplica­se  a  multa  administrativa  de  cem  por  cento  sobre  a  diferença  entre  o  preço  declarado  e  o  preço  efetivamente  praticado  na  importação  ou  entre  o  preço  declarado  e  o  preço  arbitrado,  sem  prejuízo  da  exigência  dos  impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430,  de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis.   Nesse  contexto,  observa­se  pelos  excertos  acima  transcritos  do  relatório  da  fiscalização,  que  a  infração  constatada  e  demonstrada  no  presente  auto  de  infração  ficou  tipicamente  caracterizada  pelo  subfaturamento  nas  operações  de  importação,  haja  vista  a  declaração de preço  inferior  ao  efetivamente praticado, na medida  em que  restou  constatado  pela fiscalização a existência de proformas invoices, utilizadas para fechamento do câmbio em  valor superior ao valor declarado na DI respectiva, cujas faturas que a instruíam com idênticas  referências da mercadoria importada, consignavam valor inferior, restando assim caracterizada  a  falsificação documental  dos documentos  instrutórios do despacho,  com  o  intuito de  alterar  preços e outras informações, como o nome do nome do exportador.  Assim, na importação analisada pela fiscalização, restou demonstrado que os  valores declarados na DI são inferiores aos valores efetivamente praticados, conforme apurado  através  as  faturas  proformas  de  números  LG­1012A  e  LG­1012B,  emitidas  por  FAVOUR  WORLD INTERNATIONAL.  É importante assinalar que não houve a comparação de valores com uma DI  de importação anterior para fundamentar a existência de subfaturamento, apenas como reforço  argumentativo mencionou a fiscalização essa DI visto tratar­se de mesmo fabricante e idênticas  mercadorias:  Porém,  nas  faturas  proformas  correspondentes  consta  que  o  fabricante é FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI n°  09/1631151­6, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada  diretamente  da  FOSHAN  LUNGO  CERAMICS  e,  entre  as  referências importadas, consta a ref. 2­CCK8110, nas dimensões  800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na  importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de  uma  terceira  empresa  sediada  em  Hong  Kong,  o  preço  do  produto de mesma referência reduziu­se de US$ 8,20 para US$  6,55/m2.  Restou  assim  caracterizada  a  prática  de  subfaturamento,  por  meio  de  declarações inexatas, inclusive, de falsificações dos documentos instrutórios das DIs.  Desse modo, não procedem as alegações do Recorrente a esse respeito.    d) Da ocorrência da interposição fraudulenta  Em  primeiro  lugar,  deve­se  frisar  que  o  Recorrente  sequer  esboça  alguma  defesa  técnica  acerca  da  interposição  fraudulenta  caracterizada  no  Auto  de  Infração  e  suas  peças anexas, tampouco apresentando qualquer elemento probatório contrário ao farto caderno  probatório levantado na atividade fiscalizatória.   Fl. 1275DF CARF MF     24 Em sua defesa, limita­se a alegar que a narrativa do TVF é frágil e inverídica,  reafirmando  a  idoneidade  e  valor  probatório  dos  documentos  contábeis,  e  que  os  recursos  utilizados na importação são pertencentes à Recorrente.  Compulsando  a  decisão  a  quo,  verifica­se  que  não  apenas  o  TVF  foi  excepcionalmente  minucioso,  como  também  a  decisão  da  DRJ  foi  especialmente  analítica,  apontando precisamente os elementos caracterizadores da interposição para cada uma das DIs  sob análise.  Esclarece a fiscalização:  Através  de  mensagens  de  correio  eletrônico  coletadas  por  ocasião  da  diligência  realizada  na  PARTNER  TRADING  é  possível  reconstituir a  sequência de ações que deram origem à  parceria entre a PARTNER TRADING, a ACTISA e a ANTARES,  com objetivo de efetuar importações de mercadorias adquiridas  pela ACTISA,  declarando­se  falsamente  se  tratar  de  aquisições  efetuadas pela ANTARES.   De fato, verifica­se farta quantidade de mensagens eletrônicas trocadas entre  as empresas autuadas, revelando o esquema praticado para a interposição, com vistas à chegada  da mercadoria à ACTISA, a real adquirente.  A  Recorrente  teve  sua  insuficiência  de  recursos  demonstrada  na  decisão  a  quo nos seguintes termos:  Como demonstrado pela fiscalização, em análise minudente dos  lançamentos contábeis da empresa ANTARES relativos aos anos  de 2009/2010, conforme item 6 do relatório fiscal, inclusive com  a  elaboração  de  planilhas  demonstrando  a  situação  financeira  da  citada  empresa,  bem  como  a  análise  para  cada  DI  objeto  deste  processo  quanto  à  contabilização  da  operação  de  importação, restou evidenciado:  a)  durante  a  maior  parte  do  período  a  ANTARES  mantinha  concomitantemente  saldo  negativo  na  conta  corrente  e  empréstimos  junto  ao  Banco  do  Brasil,  enquanto  declarava  possuir valores vultosos na conta caixa;  b)  não  há  qualquer  lançamento  contábil  que  demonstre  que  a  empresa  ANTARES  adiantou  recursos  à  PARTNER  ou  a  SOULLER,  dessa  forma  restou  evidenciado  que  a  empresa  ANTARES utiliza o seu saldo de caixa para ocultar a origem dos  recursos recebidos e para simular desembolso de recursos como  se tivessem sido efetuados por ela, quando o foram por terceiro.  Da  análise  do  subitem  6.3  do  relatório,  relativo  à  DI  n°  10/0361339­1  esse  fato  está  cabalmente  demonstrado  pela  discrepância dos  lançamentos contábeis na empresa PARTNER  e ANTARES com relação à mesma operação, ficando evidente o  intuito  de  dissimular  o  adiantamento  de  fato  pela  empresa  ACTISA, real adquirente da operação de importação;  c) que a escrituração contábil da ANTARES é inidônea, visto que  elaborada  com  o  intuito  de  dissimular  os  fatos  e  negócios  efetivamente  ocorridos,  tal  como  discriminados  com  relação  à  cada DI nos subitens 6.1 a 6.6 do relatório, fazendo nesse caso  Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.265          25 prova  a  favor  do  fisco,  uma  vez  que  os  lançamentos  contábeis  foram efetuados  sem observância das  formalidades  exigidas na  legislação de regência, Decreto­Lei n° 486, de 1969, artigos 1º e  8º;  d)  a  empresa  ANTARES  é  orientada  a  ocultar  a  origem  dos  recursos  em  suas  contas  correntes  e  na  contabilidade.  A  PARTNER,  por  sua  vez,  se  compromete  a  simular  trocas  de  mensagens com os fornecedores estrangeiros "falando em nome"  da ANTARES, com o objetivo de "fundamentar a compra", bem  como  encaminhar  uma  purchase  order  (pedido  de  compra,)  ao  fornecedor.  Também  fica  claro  que  a  ANTARES  não  efetuará  qualquer  pagamento  sem  antes  receber  a  antecipação  dos  recursos  financeiros.  Desse  modo,  a  ANTARES  não  corre  qualquer risco na operação e será remunerada unicamente pelo  fato de ceder seu nome para viabilizar importações de terceiros.  E acerca da documentação bancária asseverou:  Conforme  se  verifica,  na  maior  parte  do  período,  enquanto  a  conta  CAIXA  apresentava  saldos  elevados,  a  conta  corrente  bancária possuía saldo negativo e a ANTARES mantinha valores  consideráveis de empréstimos bancários. Mesmo no período em  que a conta corrente bancária apresentava saldo positivo  seria  totalmente  injustificável a existência de empréstimos bancários,  face  à  suposta  existência  de  valores  muito  superiores  a  tais  empréstimos  no  caixa  da  empresa.  Constata­se  que  a  situação  financeira  da  empresa  era,  na  verdade,  precária,  já  que  precisava  manter  empréstimos  bancários  e  saldo  negativo  em  conta corrente para  financiar suas atividades, bem como que o  saldo  contábil  da  conta  caixa  é  FICTÍCIO,  pois  ou  a  empresa  não  mantém  recursos  em  espécie  ou  os  mantém  em  quantia  pouco  significativa,  apenas  para  pagamento  de  pequenas  despesas.  Resta  demonstrado  que  a  escrituração  contábil  da  ANTARES  é  INIDÔNEA,  elaborada  para  dissimular  os  fatos e negócios efetivamente ocorridos.  Diante  dos  fatos  e  provas  acima  explicitados  ficou  demonstrado  pela  fiscalização  que  a  empresa  ANTARES  não  tinha  capacidade  econômica  para  o  pagamento,  pela  via  cambial,  da  importação.  Não  tinha  portanto  suficiência  de  recursos,  seja  quanto  à  origem,  disponibilidade  ou  transferência  para  promover  as  operações  de  comércio  exterior  através da DIs já identificadas no litígio em exame.  E  quanto  à  interposição  fraudulenta  comprovada,  adiro  à  fundamentação  a  quo, vazada nos seguintes termos:  Após  a  análise  quanto  à  validade  jurídica  dos meios  de  prova  utilizados  pela  fiscalização  e  constatado,  a)  que  os  recursos  financeiros  utilizados  nas  operações  de  importação  não  se  originaram da empresa ANTARES; b) a antecipação de recursos  pela  empresa  ACTISA  (empresa  que  de  fato  promoveu  as  operações de importação, porque dela se originaram os recursos  financeiros),  cujos  valores  eram  depositados  em  contas  de  pessoas  físicas  vinculadas  às  empresas PARTNER  e ANTARES  Fl. 1277DF CARF MF     26 restou demonstrado que a PARTNER TRADING IMPORTAÇÃO  E  EXPORTAÇÃO  LTDA  submeteu  a  despacho  aduaneiro  as  Declarações  de  Importação  n°s  09/1065368­7,  09/1631151­6,  10/0361339­1,  10/0502198­0,  10/0860638­5  e  10/1240520­8,  declarando  como  adquirente  das  mercadorias  a  empresa  ANTARES  COMÉRCIO  E  SERVIÇOS,  quando  o  efetivo  adquirente responsável pela compra internacional e pelo aporte  de  recursos  financeiros  foi  a  ACTISA  COMÉRCIO  DE  MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO  LTDA  (adquirente  oculta  nas  respectivas  operações  de  importação).  Essas  três  empresas,  juntamente  com  a  SOULLER  ASSESSORIA  (INDIANARA  TAVARES  COSTA  ME  que  também  recebia  depósitos  da  empresa ACTISA para dissimular a verdadeira importação), em  conluio,  promoveram  importações  mediante  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA,  dissimulando  o  negócio  jurídico  verdadeiramente ocorrido.  A  ocultação  do  real  adquirente  (empresa  ACTISA)  na  espécie  dos autos  restou explicitada por um encadeamento de ações de  natureza  simulatória que  tiveram o  intuito de dissimular a  real  operação e consequentemente a real adquirente da mercadoria,  pressuposto  fático  que  se  subsume  ao  tipo  legal  disposto  no  artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do Decreto­Lei nº 1.455, de 1976,  com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002.  As  ações  perpetradas  com  vistas  a  ocultar  a  empresa  que  efetivamente  promoveu  a  importação  das  mercadorias  através  das  citadas DIs  foram efetivadas através de  falsa declaração a  Aduana  dos  reais  intervenientes  na  operação  de  comércio  exterior,  além  de  falsidade  documental  quanto  aos  documentos  de  instrução  das  referidas  DIs,  situação  que  se  enquadra  no  conceito de fraude e conluio, por força do art. 72 e 73 da Lei nº  4.502, de 1964.  Note­se  que  o  elemento  subjetivo  da  conduta  das  autuadas  visando mascarar perante a Aduana a real  transação ocorrida,  fica  evidenciado  não  apenas  nos  lançamentos  contábeis  e  na  pulverização da antecipação de recursos nas contas das pessoas  físicas  visando  impedir  ao  fisco  a  identificação  da  origem  dos  recursos  utilizados,  mas  bem  explicitados  pelos  excertos  das  mensagens eletrônicas, colacionadas nos autos e parcialmente já  reproduzidas  no  presente  voto  que  exteriorizam  o  modus  operandi utilizado e a participação das empresas que compõem  o polo passivo na prática da ocultação da verdadeira adquirente  das mercadorias.  Portanto,  não  restam  dúvidas  da  ocorrência  da  interposição  fraudulenta  na  importação pelas autuadas.    III) Conclusão  Ante o exposto, dou PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para:  a)  De  ofício,  excluir  a  PARTNER  do  polo  passivo  em  razão  de  vício  na  notificação do Auto de Infração.  Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.266          27 b)  Excluir  a  aplicação  da  multa  substitutiva  do  perdimento  à  importadora  ostensiva, aplicando­se a ela apenas a multa por cessão de nome.  c)  Excluir  a  multa  por  cessão  de  nome  em  relação  aos  sujeitos  passivos  ACTISA e INDIANARA.  d)  Afastar  a  aplicação  da  multa  do  parágrafo  único  art.  88  da MP  2.158­ 34/2001, decorrente de subfaturamento.  e) Manter a autuação quanto as demais pontos.  É como voto.  Relator  Carlos  Augusto  Daniel  Neto  ­  Relator Fl. 1279DF CARF MF     28 Voto Vencedor  Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada  Na sessão de julgamento deste processo ousei divergir do Ilustre Relator, no  que fui acompanhada por outros conselheiros, somente quanto à parte dos recursos voluntários  que ele daria provimento parcial (itens "a" a "d" da Conclusão do Voto Vencido acima).  i) Responsabilidade da empresa PARTNER:  Sobre a  intimação no processo administrativo  fiscal,  assim estabelece o art.  23 do Decreto nº 70.235/72:  Art. 23. Far­se­á a intimação:  (...)  II  ­  por  via postal,  telegráfica ou por qualquer outro meio ou  via,  com  prova  de  recebimento  no  domicílio  tributário  eleito  pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)  (Produção de efeito)  (...)  §  1o  Quando  resultar  improfícuo  um  dos  meios  previstos  no  caput  deste  artigo  ou  quando  o  sujeito  passivo  tiver  sua  inscrição  declarada  inapta  perante  o  cadastro  fiscal,  a  intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada  pela Lei nº 11.941, de 2009)  (...)  § 2° Considera­se feita a intimação:  §  4o  Para  fins  de  intimação,  considera­se  domicílio  tributário  do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)  I  ­ o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à  administração  tributária;  e  (Incluído  pela  Lei  nº  11.196,  de  2005)  (...)  No caso concreto, a empresa PARTNER foi  regularmente  intimada, por via  postal, no endereço por ela fornecido à Receita Federal para fins cadastrais  (vide extrato  do  seu  CNPJ  nos  autos),  tanto  do  auto  de  infração  como  da  decisão  de  primeira  instância,  sendo  que,  neste  último  caso,  diante  da  recusa  de  recebimento,  foi  efetuada  a  intimação  editalícia, como se vê, tudo em conformidade com o disposto no dispositivo transcrito acima.  Também não há qualquer discrepância com o disposto no art. 127 do CTN,  vez que não há que se falar em "falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio  tributário", quando a própria contribuinte forneceu o endereço à Receita Federal no cadastro do  seu  CNPJ.  Nessa  esteira,  bem  esclarece  Paulo  de  Barros  Carvalho  (Curso  de  Direito  Tributário, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 1996, p. 210) que: "Todas as comunicações fiscais, de  avisos  e  esclarecimentos,  bem  como  os  atos,  propriamente,  de  intercâmbio  procedimental  ­  intimações e notificações ­ serão dirigidas àquele lugar escolhido, que consta dos cadastros das  repartições tributárias, e onde o fisco espera encontrar a pessoa, para a satisfação dos mútuos  interesses."  Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.267          29 Assim, foi plenamente regular as intimações efetuadas à empresa PARTNER  no âmbito do presente processo administrativo, não havendo qualquer nulidade nesse aspecto.  Ademais, não poderia a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar  prejudicada pela falta do cumprimento pela própria contribuinte de seu dever de manter as suas  informações cadastrais atualizadas perante o órgão público.  ii) Multa por cessão de nome:  Alega  a  recorrente  a  existência  de  bis  in  idem  na  aplicação  da  multa  por  cessão  de  nome,  prevista  no  art.  33  da  Lei  nº  11.488/2007,  conjuntamente  com  a  multa  equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, veiculada pelo art. 23, inc. V e § 3º, do Decreto­ Lei nº 1.455, de 1976.  Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física  ou  jurídica  pode  ser  punida  como  agente  direto  da  infração,  que  praticou  a  ação  ilícita  ou  incorreu  na  omissão  ilícita,  nos  termos  do  art.  94  do  Decreto­lei  nº  37/66,  ou  como  "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto no art. 95 desse Decreto­lei:  Art. 94 ­ Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou  involuntária,  que  importe  inobservância,  por  parte  da  pessoa  natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decreto­Lei, no  seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo  destinado a completá­los.   § 1º ­ O regulamento e demais atos administrativos não poderão  estabelecer  ou  disciplinar  obrigação,  nem  definir  infração  ou  cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei.   §  2º  ­  Salvo  disposição  expressa  em  contrário,  a  responsabilidade por infração independe da  intenção do agente  ou  do  responsável  e  da  efetividade,  natureza  e  extensão  dos  efeitos do ato.   Art. 95 ­ Respondem pela infração:   I  ­  conjunta  ou  isoladamente,  quem  quer  que,  de  qualquer  forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie;   II ­ conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário  do  veículo,  quanto  à  que  decorrer  do  exercício  de  atividade  própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes;   III ­ o comandante ou condutor de veículo nos casos do  inciso  anterior,  quando  o  veículo  proceder  do  exterior  sem  estar  consignada a  pessoa  natural  ou  jurídica  estabelecida  no  ponto  de destino;   IV  ­  a  pessoa  natural  ou  jurídica,  em  razão  do  despacho  que  promover, de qualquer mercadoria.   V­  conjunta  ou  isoladamente,  o  adquirente  de  mercadoria  de  procedência  estrangeira,  no  caso  da  importação  realizada  por  sua  conta  e  ordem,  por  intermédio  de  pessoa  jurídica  importadora.  (Incluído pela Medida Provisória  nº 2.158­35,  de  2001)   VI ­ conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado  que  adquire  mercadoria  de  procedência  estrangeira  de  pessoa  jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006)  Fl. 1281DF CARF MF     30 No  caso  dos  autos,  trata­se  da  possibilidade  de  cumulação  da  multa  por  cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, com a multa equivalente ao  valor  aduaneiro  da  mercadoria  em  face  da  ocultação  do  sujeito  passivo  na  importação  mediante fraude ou simulação, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto­lei nº 1.455/76:  Art.  33.  A  pessoa  jurídica  que  ceder  seu  nome,  inclusive  mediante  a  disponibilização  de  documentos  próprios,  para  a  realização de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários  fica  sujeita  a  multa  de  10%  (dez  por  cento)  do  valor  da  operação  acobertada,  não  podendo  ser  inferior  a  R$  5.000,00 (cinco mil reais).  Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não  se  aplica  o  disposto  no  art.  81  da  Lei  no  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996.    Art 23. Consideram­se dano ao Erário as infrações relativas às  mercadorias:   (...)  V ­ estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação,  na  hipótese  de  ocultação  do  sujeito  passivo,  do  real  vendedor,  comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou  simulação,  inclusive  a  interposição  fraudulenta  de  terceiros.  (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2 002)   §  1º  O  dano  ao  erário  decorrente  das  infrações  previstas  no  caput  deste  artigo  será  punido  com  a  pena  de  perdimento  das  mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)   (...)  §  3o  As  infrações  previstas  no  caput  serão  punidas  com multa  equivalente ao  valor  aduaneiro da mercadoria,  na  importação,  ou  ao  preço  constante  da  respectiva  nota  fiscal  ou  documento  equivalente,  na  exportação,  quando  a  mercadoria  não  for  localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o  rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6  de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)  No caso da infração por ocultação do sujeito passivo na importação mediante  fraude ou simulação, como não está expresso no art. 23, V do Decreto­lei nº 1.455/76, o agente  direto  da  infração  deve  ser  deduzido  da  conduta  coibida  por  esse  dispositivo,  qual  seja,  a  ocultação  do  sujeito  passivo,  daí  se  concluindo  que  o  agente  direto  dessa  infração  é  o  importador ostensivo, que é quem efetivamente pratica a ação de "ocultar" o verdadeiro sujeito  passivo  na  importação,  sem prejuízo  de outras  pessoas  poderem  também  responder  por  essa  infração  com  fundamento  do  art.  95  do  Decreto­lei  nº  37/66,  em  especial,  o  adquirente  da  mercadoria na importação por sua conta e ordem ou o encomendante predeterminado, se for o  caso.  Ocorre, no  entanto, que na hipótese da aplicação da pena de perdimento  às  mercadorias,  em  que  a  fiscalização  encontrá­las,  não  obstante  o  agente  direto  da  infração  prevista no art. 23, V do Decreto­lei nº 1.455/76 seja mesmo o importador ostensivo, como se  disse acima, sendo a ele aplicada a penalidade, quem pode acabar ao final suportando o efeito  dessa penalidade é o  importador oculto  ­  real adquirente da mercadoria no exterior, que será  privado do seu uso e gozo.   Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.268          31 Nessa esteira, é que o legislador ordinário optou por inserir no ordenamento  jurídico a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007 com intuito de penalizar concretamente  a conduta irregular do importador ostensivo, que cedeu seu nome a outrem, eis que ele poderia  restar sem punição na hipótese de aplicação da pena de perdimento às mercadorias.  Com efeito, no caso da  infração por cessão de nome, consta consignado no  art. 33 da Lei nº 11.488/2007 que o agente direto da infração é a "A pessoa jurídica que ceder  seu  nome  (...)",  que  é  o  importador  ostensivo,  sem  prejuízo,  obviamente,  de  outras  pessoas  poderem  figurar  no  polo  passivo  do  auto  de  infração  com  base  no  disposto  no  art.  95  do  Decreto­lei nº 37/66, se for o caso.   Assim, independentemente de qualquer juízo de valor acerca de o importador  ostensivo  ser duplamente penalizado,  entendo que  a  segunda multa,  por cessão de nome,  foi  criada pelo legislador ordinário para conviver com a pena de perdimento das mercadorias e, em  consequência, também a multa que lhe substitui, o que se confirma com o disposto no art. 727,  §3o do Regulamento Aduaneiro/2009:  Art.727.  Aplica­se  a  multa  de  dez  por  cento  do  valor  da  operação  à  pessoa  jurídica  que  ceder  seu  nome,  inclusive  mediante  a  disponibilização  de  documentos  próprios,  para  a  realização de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  ao  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput).  §1oA multa  de  que  trata  o  caput  não  poderá  ser  inferior  a  R$  5.000,00 (cinco mil reais)(Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput).  §2oEntende­se por valor da operação aquele utilizado como base  de  cálculo  do  imposto  de  importação  ou  do  imposto  de  exportação,  de  acordo  com  a  legislação  específica,  para  a  operação em que tenha ocorrido o acobertamento.  §3oA multa de  que  trata  o  caput  não  prejudica a  aplicação da  pena  de  perdimento  às  mercadorias  na  importação  ou  na  exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  No Acórdão n° 3101­00.431 ­ 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio  de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges,  foi decidido que "O dano ao erário nas  infrações  enumeradas  no  caput  do  artigo  23  do  Decreto­lei  1.455,  de  1976,  com  as  modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa  cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007".  Também este Colegiado decidiu recentemente, por unanimidade, no Acórdão  nº 3402­003.008– 4ª Câmara  / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio  Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena  de perdimento ou a multa substitutiva ao perdimento.  Assim, configuradas as materialidades das duas  infrações aduaneiras acima,  não há como este Conselho Administrativo afastar a aplicação das penalidades respectivas aos  seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações.  iii) Multa administrativa pela diferença de preço:  Fl. 1283DF CARF MF     32 Alega,  sem  razão,  a  recorrente  que  haveria  bis  in  idem  entre  a  Multa  do  Controle Administrativo  (parágrafo  único  do  artigo  88  da MP  nº  2.158­35/2001)  e  a Multa  pecuniária substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decreto­lei nº 1.455/1976).  Conforme disposto no §1º­A do art. 703 do RA/2009, abaixo transcrito, o que  se  veda  é  que  a  "conduta  praticada",  certamente  ilícita,  seja  penalizada  duas  vezes,  pelo  perdimento ou pela multa administrativa pela diferença de preços:  Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado  for diferente  do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado,  aplica­se  a  multa  de  cem  por  cento  sobre  a  diferença,  sem  prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no  art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no  2.158­35, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo  Decreto nº 7.213, de 2010).  §  1º­A  Verificando­se  que  a  conduta  praticada  enseja  a  aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de  perdimento  da  mercadoria,  aplica­se  somente  a  pena  de  perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (negritei)  §2oO  disposto  neste  artigo  não  prejudica  a  aplicação  da  penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser  encontrada,  em  momento  posterior  à  aplicação  da  multa,  a  correspondente  fatura  comercial  falsificada  ou  adulterada.  (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010).   O que tal dispositivo tutela é o princípio do non bis in idem, de que ninguém  pode  ser  condenado  duas  ou  mais  vezes  por  uma  mesma  conduta,  que  é  reconhecido  pela  doutrina como decorrência direta dos princípios constitucionais da legalidade, da tipicidade, do  devido processo legal e da proporcionalidade.   A  importação  é  um  procedimento  que  envolve  uma  série  de  condutas  dos  intervenientes,  importadores,  transportadores e exportadores,  as quais podem, eventualmente,  ser puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira.  Com  efeito,  o  §1º­A  do  art.  703  do  RA/2009  não  coíbe  a  aplicação  concomitante  das  duas  multas numa mesma importação, mas tão somente a dupla penalização de uma mesma conduta  ilícita.   No  presente  caso,  conforme  se  observa  no  Voto  acima  do  Relator,  configurou­se,  de  forma  individualizada,  as  materialidades  das  duas  condutas,  de  subfaturamento  e  de  interposição  fraudulenta,  não  sendo  o  caso  de  afastar  a  multa  pela  diferença de preços com base no §1º­A do art. 703 do RA/2009.   Assim, tendo em vista as divergências acima apontadas em relação ao Voto  do  Ilustre  Relator,  e  acompanhando­o  quanto  aos  demais  pontos,  voto  no  sentido  de  negar  provimento ao recurso voluntário.  (assinatura digital)  Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada                Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 10909.720484/2011­06  Acórdão n.º 3402­003.439  S3­C4T2  Fl. 1.269          33     Fl. 1285DF CARF MF

score : 1.0
6549196 #
Numero do processo: 19395.720054/2013-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 03/03/2009 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÕES. ADMISSÃO TEMPORÁRIA. UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. REVISÃO ADUANEIRA. MULTAS Despacho de importação com pagamento parcial de tributos. Adoção de valor aduaneiro conforme documento da operação fatura pro forma não se caracteriza como valor de transação, porquanto não há operação de compra e venda. Inocorrência da infração prevista na MP nº 2.158-35/ 2001, art. 84, II c/c Lei nº 10.833/03, § 1º, do art. 69. A não apresentação de documento obrigatório na instrução dos despacho aduaneiro constitui infração punível com a multa prevista na Lei nº 10.833, de 2001, art. 70, II, b, item 1. Provado que não houve erro nas declarações quanto à informação das mercadorias na unidade de medida estatística (UME), exclui-se a multa do art. 84, II, da MP nº 2.15835, de 2001. Recurso de Oficio Negado Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.287
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, negar provimento ao recurso de ofício e, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir a multa por erro de enquadramento na unidade de medida estatística (UME) em relação às adições com NCM 8906.90.00. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowics, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto que deram provimento em maior extensão. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Rodrigo de Carvalho Vieira, OAB-RJ nº 133.490.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201609

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 03/03/2009 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÕES. ADMISSÃO TEMPORÁRIA. UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. REVISÃO ADUANEIRA. MULTAS Despacho de importação com pagamento parcial de tributos. Adoção de valor aduaneiro conforme documento da operação fatura pro forma não se caracteriza como valor de transação, porquanto não há operação de compra e venda. Inocorrência da infração prevista na MP nº 2.158-35/ 2001, art. 84, II c/c Lei nº 10.833/03, § 1º, do art. 69. A não apresentação de documento obrigatório na instrução dos despacho aduaneiro constitui infração punível com a multa prevista na Lei nº 10.833, de 2001, art. 70, II, b, item 1. Provado que não houve erro nas declarações quanto à informação das mercadorias na unidade de medida estatística (UME), exclui-se a multa do art. 84, II, da MP nº 2.15835, de 2001. Recurso de Oficio Negado Recurso Voluntário Provido em Parte.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016

numero_processo_s : 19395.720054/2013-50

anomes_publicacao_s : 201610

conteudo_id_s : 5651051

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016

numero_decisao_s : 3402-003.287

nome_arquivo_s : Decisao_19395720054201350.PDF

ano_publicacao_s : 2016

nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA

nome_arquivo_pdf_s : 19395720054201350_5651051.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, negar provimento ao recurso de ofício e, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir a multa por erro de enquadramento na unidade de medida estatística (UME) em relação às adições com NCM 8906.90.00. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowics, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto que deram provimento em maior extensão. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Rodrigo de Carvalho Vieira, OAB-RJ nº 133.490.

dt_sessao_tdt : Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016

id : 6549196

ano_sessao_s : 2016

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:49 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713048689139777536

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 36; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1975; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T2  Fl. 4.138          1 4.137  S3­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  19395.720054/2013­50  Recurso nº               De Ofício e Voluntário  Acórdão nº  3402­003.287  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  27 de setembro de 2016  Matéria  MULTAS ­ Imposto de Importação  Recorrente  FARSTAD SHIPPING S.A  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ­ II  Data do fato gerador: 03/03/2009  OPERAÇÕES  DE  IMPORTAÇÕES.  ADMISSÃO  TEMPORÁRIA.  UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. REVISÃO ADUANEIRA. MULTAS   Despacho de importação com pagamento parcial de tributos. Adoção de valor  aduaneiro  conforme  documento  da  operação  fatura  pro  forma  não  se  caracteriza como valor de transação, porquanto não há operação de compra e  venda. Inocorrência da infração prevista na MP nº 2.158­35/ 2001, art. 84, II  c/c Lei nº 10.833/03, § 1º, do art. 69.   A  não  apresentação  de  documento  obrigatório  na  instrução  dos  despacho  aduaneiro constitui  infração punível com a multa prevista na Lei nº 10.833,  de 2001, art. 70, II, b, item 1.  Provado  que  não  houve  erro  nas  declarações  quanto  à  informação  das  mercadorias  na  unidade  de medida  estatística  (UME),  exclui­se  a multa  do  art. 84, II, da MP nº 2.15835, de 2001.  Recurso de Oficio Negado  Recurso Voluntário Provido em Parte.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do Colegiado, negar provimento ao recurso de ofício e,  pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir a multa por  erro  de  enquadramento  na  unidade  de medida  estatística  (UME)  em  relação  às  adições  com  NCM  8906.90.00.  Vencidos  os  Conselheiros  Diego  Diniz  Ribeiro,  Thais  de  Laurentiis  Galkowics,  Maysa  de  Sá  Pittondo  Deligne  e  Carlos  Augusto  Daniel  Neto  que  deram  provimento  em  maior  extensão.  O  Conselheiro  Carlos  Augusto  Daniel  Neto  apresentou  declaração de voto.      AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 5. 72 00 54 /2 01 3- 50 Fl. 4138DF CARF MF     2 (assinado digitalmente)  Antônio Carlos Atulim ­ Presidente.    (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  seguintes  Conselheiros:  Antônio  Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo  Deligne,  Maria  Aparecida  Martins  de  Paula,  Diego  Diniz  Ribeiro,  Thais  de  Laurentiis  Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.  Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Rodrigo de Carvalho Vieira,  OAB­RJ nº 133.490.  Relatório  Trata­se  os  autos  de  exigência  de  crédito  tributário,  no  valor  total  de  R$  49.056.867,42,  decorrente  da  imposição  de  multas  aduaneiras,  pelos  seguintes  motivos:  (i)  omissão ou  informação  inexata ou  incompleta;  (ii) quantificação  incorreta das mercadorias na  unidade  de  medida  estatística  (UME);  (iii)  descumprimento  de  manter  em  boa  guarda  os  documentos ou de apresentá­los a fiscalização, e (iv) pela não apresentação ou não manutenção,  em  boa  guarda  e  ordem,  de  documentos  ou  arquivos,  relativamente  às  declarações  de  importação  (DI’s) nºs 091536324­5, 100481085­9, 101199482­0, 101208608­0, 101396239­9,  101412513­0,  101412627­6,  101465274­1,  110493402­9,  111354623­0,  112220369­3,  120109089­1,  120117855­1,  120299142­6,  120411344­2,  120411497­0,  120414136­5,  120425584­0 e 122056015­6,  referentes a operação de  importação sob o  regime aduaneiro de  admissão temporária (AT) para utilização econômica, mencionadas no relatório fiscal (fl. 82).  A respectiva ação fiscal  foi deflagrada pela  IRF/RJO, com vistas à apuração  de  valores  devidos  a  título  de  penalidade  pecuniária  prevista  no  art.  69  §  1°,  da  Lei  n°  10.833/2003, c/c art.84, da Medida Provisória n° 2.158­35/2001, com regulamentação prevista  no  art.  711,  do  Decreto  n°  6.759/2009,  em  razão  de  prestação  de  informação  de  natureza  comercial  errada  em  Declarações  de  Importação,  onde  se  demandou  o  Regime  Aduaneiro  Especial de Admissão Temporária para Utilização Econômica.  A  FARSTAD SHIPPING S.A,  doravante  denominada  de FARSTAD,  tinha  como  nome  empresarial  anterior BOS NAVEGACAO S/A,  que,  alias,  aparece  em  11  de  um  total de 19 DIs registradas no período fiscalizado, mas com o mesmo número de CNPJ, sendo,  portanto, a mesma pessoa jurídica.  Por  bem descrever  os  fatos,  adoto  o  relatório  objeto  da  decisão  recorrida,  o  Acórdão nº 16­54.669, de 29 de janeiro de 2014, prolatada pela 7ª Turma da DRJ em São Paulo  I (SP), a seguir transcrito na sua integralidade (fls. 3.574/3.605):  "(...)As  Admissões  Temporárias  para  Utilização  Econômica  tinham por  escopo o  cumprimento de  contratos de prestação de  serviços  offshore,  quase  sempre  firmados  para  exploração  de  campos de petróleo e gás, conforme se depreende dos contratos  apresentados  pela  fiscalizada.  Todavia,  nem  todos  os  contratos  firmados  entre  a  importadora  e  terceira  pessoa,  para  tal  Fl. 4139DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.139          3 finalidade  explorativa,  foram  apresentados  no  bojo  da  ação  fiscal.  Mas  uma  circunstância  ficou  patente  para  a  fiscalização:  as  importações  efetivamente  não  traduziam  operações  de  transferência  da  titularidade  da  propriedade  sobre  as  mercadorias estrangeiras.  Todos  os  casos  em  que  os  contratos  requeridos  foram  apresentados,  quanto  naqueles  em  que  não  o  foram,  incide  a  força normativa do art.45, do Decreto Lei n° 37/66, com redação  do  Decreto  Lei  n°  2.472/88,  regulamentada  pelo  art.549,  do  Decreto  n°  6759/2009,  ou  seja,  aquilo  que  foi  inserido  na  Declaração  de  Importação,  mesmo  que  o  importador  não  apresente os documentos que dão embasamento ao fato narrado,  valem para todos os efeitos fiscais.  Inicialmente,  o  escopo  da  fiscalização  presente  não  era  especificamente  a  valoração  aduaneira  das  mercadorias  importadas  entre  2009  e  2012,  ao  amparo  do  citado  Regime  Especial, mas a  informação comercial erradamente apresentada  nas Declarações, quanto ao Método de Valoração Aduaneira.  Num  segundo  momento,  em  sede  de  Revisão  Aduaneira,  houve  demanda  da  IRFRJO  para  que  fosse  investigada  a  correta  quantificação  na  unidade  de  medida  estatística  adotada  pela  RFB,  nos  termos  do  art.84  —  II,  da  Medida  Provisória  n°  2.15835/ 2001, c/c art.69, da Lei n° 10.833/2003, relativamente a  todas  as  Declarações  de  Importação,  independentemente  do  regime tributário aplicado, no período de 2009 a 2012.  Das provas carreadas aos autos do processo administrativo fiscal  têm­se:  a) Telas extraídas do Siscomex, que comprovam a quantificação  errada  na  unidade  que  medida  estatística  adotada  pela  RFB,  correspondente  à  ficha  “mercadoria”,  subficha  “1”,  de  cada  adição de DI;   b) Extratos das DIs de referência, onde se pode constatar tanto o  peso  líquido  informado  pelo  importador,  quanto  analisar  a  quantidade  de  mercadoria  importada,  nos  casos  em  que  a  “unidade”  é  também  a  unidade  de  medida  estatística  adotada  pela RFB (em virtude de algumas DIs contarem com dezenas de  adições, mas somente numa, ou em algumas, dessas adições é que  existe o erro de quantificação na medida estatística, colacionou­ se somente as principais telas da DI);  c)  Consulta  ao  sistema  Grande  Porte  Siscomex,  confirmando  a  unidade de medida estatística que foi apresentada pela interface  “amigável”  do  Siscomex  ao  importador,  para  que  este  apresentasse a quantificação correta.  Cientificado  do  auto  de  infração,  pessoalmente,  em  15/07/2013  (fls.3268),  o  contribuinte,  protocolizou  impugnação,  tempestivamente  em  13/08/2013,  na  forma  do  artigo  56  do  Fl. 4140DF CARF MF     4 Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, de fls. 3272 à 3307, instaurando  assim a fase litigiosa do procedimento.  O impugnante alegou que:  DAS PRELIMINARES.  PRELIMINAR  DE  NULIDADE:  À  COMPROVAÇÃO  DO  INGRESSO  DAS  EMBARCAÇÕES  NO  PAÍS  POR  MEIOS  PRÓPRIOS ­ Transcreve o artigo 70 da Lei nº 10.833/03.  Segundo  a  autuação,  a  comprovação  de  que  as  embarcações  ingressaram por meios próprios no país visa a afastar a exigência  de apresentação de Conhecimento de Carga, dispensado em tais  casos,  nos  termos  do  artigo  18,  §2°,  inciso  I,  da  Instrução  Normativa SRF 680/2006.  A  Impugnante  destaca  que  realizou  diversas  pesquisas  em  seus  arquivos e identificou as Declarações de Importação originárias,  bem como as respectivas telas de consultas, por meio das quais se  infere  que  efetivamente  foi  informado  à  Receita  Federal  o  ingresso  das  embarcações  “FAR  SCOUT”,  “FAR  SABRE”,  “FAR SAILOR”, “FAR  SWIFT”  e “FAR SENIOR” no  país  por  meios próprios.  Neste  sentido,  a  Impugnante  aproveita  a  oportunidade  para  informar  as  Declarações  de  Importação,  por  meio  das  quais  é  possível  identificar  o  ingresso  de  tais  embarcações  no  país  por  meios próprios.  Ressalte­se  que  tais  informações  são  suficientes  para  o  afastamento da multa de 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro  das  aludidas  embarcações,  uma  vez  que  a  própria  D.  Fiscalização  reconheceu  no  auto  de  infração  que  a  informação  “meios próprios” na ficha “transporte” é suficiente para afastar  a exigência documental.  Ainda  que  os  documentos  acima  sejam  suficientes  para  a  comprovação,  a  Impugnante  apresenta  Diários  de  Bordo  e  Termos de Vistoria da própria Receita Federal comprovando que  as  embarcações  entraram  no  Brasil  navegando  com  tripulação  própria (docs. 10).  Diante  do  exposto,  restando  documentalmente  comprovada  a  informação  de  que  as  embarcações  ingressaram  no  país  por  meios  próprios,  deve  ser  integralmente  ser  afastada  a multa  de  5%  (cinco  por  cento)  do  valor  aduaneiro  das  aludidas  embarcações.  PRELIMINAR DE NULIDADE: VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO  DEVIDO PROCESSO LEGAL PARA REJEIÇÃO DO PRIMEIRO  MÉTODO DE VALORAÇÃO ADUANEIRA   Não  houve  nenhum  processo  de  consulta  entre  a  administração  aduaneira à Impugnante para estabelecer qual dos métodos seria  o  aplicável  em  caso  de  importação  de  bens  sob  o  amparo  de  regime aduaneiro especial. Houve tão somente uma fiscalização,  com  uma  idéia  pré­concebida  de  que  o  primeiro  método  não  poderia  ser  utilizado,  solicitando  documentos  para  o  Fisco  Fl. 4141DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.140          5 realizar  a  “correta  valoração  dos  bens  admitidos  temporariamente”.  A  fiscalização  deve  fundamentar  o  auto  de  infração  não  apenas  em  indícios,  devendo  também  ser  apresentados  critérios  objetivos  e  perfeitamente  demonstrado  para  que  o  primeiro  método  de  valoração  aplicado  pelo  importador seja descaracterizado em detrimento ao sexto método.  O Conselho de Contribuintes e as Delegacias da Receita Federal  entendem que para a rejeição do primeiro método e aplicação de  outro  deve  haver  fundamentação  por  critérios  objetivos  e  perfeitamente demonstráveis.  Junta  textos  da  Jurisprudência  Administrativa  a  respeito  do  assunto:  (Conselho  de  Contribuintes,  Acórdão  30334.953,  3a  Câmara,  Publicado  no  DOU  em:03.06.2008);  (Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  em  Florianópolis,  1a  Turma,  Acórdão n° 0725449 de 05 de Agosto de 2011).  Pelas  razões  expostas,  o  auto  de  infração  é  nulo  por  não  ter  seguido  as  determinações  do  VAGATT  para  superação  do  primeiro método e aplicação dos métodos substutivos.  DO MÉRITO. ­ A PRIMAZIA DO PRIMEIRO MÉTODO   O  Fisco  federal  sustenta  que  o  primeiro  método  de  valoração  aduaneira não poderia ser utilizado para os casos de importação  por  admissão  temporária,  eis  que  não  haveria  “operação  de  venda” a permitir a aplicação do método que prima pelo “valor  da transação”.  O  primeiro  método  de  valoração  aduaneira  está  previsto  no  artigo 1o do Acordo sobre Implementação do Artigo VII do GATT  de  1994  e  menciona  que  o  valor  aduaneiro  de  mercadorias  importadas  será  “o  valor  de  transação,  isto  é,  o  preço  efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda  para exportação para o país de importação, ajustado de acordo  com as disposições do artigo 8o.  O primeiro método (que prima pelo valor da transação) é o valor  aduaneiro por excelência, pelo que só pode ser questionado se a  documentação  apresentada  pelo  importador  for  omissa  ou  carente de credibilidade, o que não se verificou no presente caso.  O  item  1  da  introdução  geral  do  AVA­GATT  é  enfático  em  reconhecer que “a base primeira para a valoração aduaneira, em  conformidade com este Acordo, é o valor da transação’, tal como  definido no artigo 1o”. O referido item vai mais além e menciona  que  os  métodos  substitutivos  somente  podem  ser  utilizados  quando não seja possível a utilização do primeiro método.  Se  o  importador  não  conseguir  comprovar  a  legitimidade  do  primeiro método (valor real da transação), apenas nesta hipótese  exclusiva  aplicam­se,  seqüencialmente,  os  outros  cinco métodos  substitutivos,  que  nada mais  são  do  que  critérios  de  presunção  e/ou de arbitramento.  Fl. 4142DF CARF MF     6 É  importante  ressaltar  que  a  progressão  de  um método  para  o  outro só será legítima se impossível a aplicação do antecedente.  Trata­se de condição de procedibilidade inafastável, ainda que o  valor  real  da  transação,  devidamente  comprovado  pelo  importador, seja inferior ao valor apurado por outros métodos, o  que  não  foi  o  caso  na  presente  autuação,  já  que  o  fiscal  concordou com o valor aduaneiro declarado pela Impugnante.  O método de apuração do real valor da transação, repita­se, é o  primeiro método. Não faz sentido falar em aplicação dos demais  métodos  que  são  mais  abstratos  e  partem  de  presunções  e  arbitramentos em detrimento do primeiro método, que é baseado  no preço ‘‘efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias”.  Ainda, poderão corroborar a valoração pelo método primeiro: (v)  contrato de compra e venda internacional; (vi) correspondências  trocadas entre importador e exportador;   (vii)  listas  de  preço  do exportador, com divulgação pública; documentos, todavia, que  não são obrigatórios.  O método 6 indicado pela fiscalização como método correto é um  método residual excepcional, que deve ser utilizado apenas se os  demais métodos  não  forem  aptos  para  aferir  o  valor  aduaneiro  dos bens importados.  Não cabe a alegação como pretendeu  fazer auto de  infração de  que a importação por admissão temporária não importa em uma  “venda”  e  que,  portanto,  restaria  afastada  a  aplicação  do  primeiro método. As “importações” por admissão temporária, de  fato,  não  importam em uma “venda” definitiva,  eis que  existe a  obrigação de reexportação do bem quando  terminar o prazo da  admissão temporária.  Nesse  contexto,  chega­se  a  peculiar  situação  de  que  o  Fisco  pretende  considerar  a  operação  de  importação  por  admissão  temporária como venda para exigência de diversos tributos, mas  não pretende considerar como venda para aplicação do primeiro  método de valoração aduaneira.  Imperioso destacar que as DIs estavam amparadas no regime de  admissão  temporária  para  utilização  econômica,  tendo  sido  realizado o pagamento dos  tributos  incidentes na  importação de  forma proporcional. Isto é. com base no real valor aduaneiro dos  bens declarados de acordo com o primeiro método.  Assim,  resta  comprovado  que  o  primeiro  método  foi  o  correto  para  a  apuração  do  valor  aduaneiro.  Portanto,  totalmente  desnecessária  a  utilização  de  regras  que  refletem  meras  presunções,  e o que  é pior,  a  sujeição da  impugnante a  severas  multas,  por  ter  supostamente  prestado  “de  forma  inexata,  incompleta  informação de natureza administrativo­tributária,  ou  comercial  necessária  à  determinação  do  procedimento  de  controle aduaneiro apropriado”.  A  Instrução Normativa SRF n° 17/98, que divulga diversos atos  emanados  do  Comitê  Técnico  de  Valoração  aduaneira,  expressamente reconhece que o termo “venda” deve ser utilizado  em seu conceito mais amplo. O reconhecimento de se utilizar tal  conceito  amplo  é  exatamente  para permitir  que  casos  concretos  Fl. 4143DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.141          7 como o presente utilizem o primeiro método. A referida Instrução  Normativa trata do conceito de venda em dois trechos:  COMENTÁRIO  5.1  MERCADORIAS  REIMPORTADAS  APÓS  A  EXPORTAÇÃO  TEMPORÁRIA  PARA  ELABORAÇÃO,  TRANSFORMAÇÃO OU REPARO   (...) “a Opinião Consultiva 1.1  sobre o conceito de  ‘venda’ no Acordo  estabelece que é possível alcançar uma uniformidade de interpretação e  aplicação, tomando­se o conceito de ‘venda’ no seu sentido mais amplo,  para ser determinado somente segundo as disposições dos Artigos 1 e 8,  aplicados  conjuntamente”  OPINIÃO  CONSULTIVA  1.1  CONCEITO  DE  "VENDA"  CONSTANTE  DO  ACORDO  (...)  “a.  não  obstante,  em  conformidade  com  a  intenção  básica  do  Acordo  de  que  o  valor  de  transação  das  mercadorias  importadas  deve  ser  usado,  tanto  quanto  possível,  para  fins  de  valoração  aduaneira,  a  uniformidade  de  interpretação  e aplicação  pode  ser  atingida  tomando o  termo  "venda"  no  sentido  mais  amplo,  para  ser  determinado  somente  segundo  as  disposições dos Artigos 1 e 8, considerados em conjunto;”  Posteriormente,  a  própria  Instrução  Normativa menciona  quais  seriam  as  operações  que  não  deveriam  ser  enquadradas  como  “venda”  e,  dentre  elas,  cita  as  mercado,  as  importadas  sob  contrato  de  aluguel  ou  arrendamento  mercantil.  O  fundamento  para  tanto  seria  que  “as  transações  que  envolvem  aluguel  ou  arrendamento  mercantil,  por  sua  própria  natureza,  não  constituem  vendas,  mesmo  se  no  contrato  inclua  cláusula  de  opção de compra das mercadorias”.  As referidas operações não deveriam ser consideradas dentro do  conceito de “venda” para todos os fins, inclusive para incidência  dos  tributos aduaneiros. Como, para  fins  fiscais e exigência dos  tributos, a operação é tratada como “venda”, seria contraditório  não  tratar  como  venda  para  fins  de  aplicação  dos  métodos  de  valoração aduaneira.  Assim,  resta  comprovado  que  o  primeiro  método  foi  o  correto  para  a  apuração  do  valor  aduaneiro,  portanto,  totalmente  desnecessária  a  utilização  de  regras  que  refletem  meras  presunções,  e o que é pior,  a  sujeição da  Impugnante a  severas  multas,  por  ter  supostamente  prestado  "de  forma  inexata  ou  incompleta  informação  de  natureza  administrativo­tributária,  cambial  ou  comercial  necessária  à  determinação  do  procedimento de controle aduaneiro apropriado”.  Diante  de  todo  o  exposto,  fica  evidente  que  o  método  adotado  pela Impugnante, em hipótese alguma, foi equivocado, pelo que a  autuação deve ser anulada neste ponto.  INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL QUANTO AO MÉTODO  APLICÁVEL  AOS  REGIMES  ADUANEIROS  ESPECIAIS  E  O  DIRECIONAMENTO PARA O PRIMEIRO MÉTODO   A  legislação  aduaneira  não  é  clara  com  relação  ao método  de  valoração  que  deve  ser  aplicado  para  as  operações  realizadas  através  de  regime  aduaneiro  especial,  que  regra  geral  não  acarreta uma importação definitiva. A legislação não é clara até  Fl. 4144DF CARF MF     8 mesmo com relação aos documentos que devem amparar o valor  aduaneiro Declarado.  Seguindo­se  o  raciocínio  desenvolvido  no  auto  de  infração,  nenhum método seria aplicável aos regimes aduaneiros especiais.  Isso  porque  não  há  previsão  legal  expressa  de  adoção  de  quaisquer  dos métodos,  que  foram  desenvolvidos  levando­se  em  consideração importações de compra e venda definitivas.  No entanto,  é  importante  ressaltar que,  no momento do  registro  da Declaração de Importação, é obrigatória a escolha de um dos  seis métodos de valoração.  Ocorre que a  legislação atualmente  em vigor não é clara sobre  qual seria o método aplicável.  O  AVA­GATT  não  prevê  normas  relacionadas  à  valoração  aduaneira  de  bens  que  serão  importados  apenas  temporariamente.  No  entanto,  como  o  artigo  34  da  Instrução  Normativa  SRF  n°  327/03  menciona  que  o  valor  aduaneiro  de  mercadoria  admitida  em  regime  aduaneiro  especial,  cuja  importação  não  tenha  como  funda  uma  venda  para  exportação  para  o País,  deverá  ser declarado com base  em documentos  da  operação  comercial,  somente  pode­se  concluir  que  a  intenção é  aproximar­se ao valor da transação, ou seja, ao primeiro método.  Se para fins de regimes aduaneiros especiais deve­se considerar o  valor  aduaneiro  com  base  nos  documentos  da  operação  comercial,  essa  norma  está  direcionando  para  adoção  do  valor  da transação.  Assim  sendo,  também  pela  aproximação  entre  a  previsão  do  artigo  34  da  Instrução  Normativa  SRF  n°  327/03  ao  valor  da  transação, conclui­se que o método de valoração correto para a  hipótese confirma­se como sendo o primeiro método.  Cita  a  Solução  de  Consulta  n°  91/2005  que  firmou  o  entendimento  de  que  o  primeiro  método  pode  ser  utilizado  na  valoração  aduaneira  de  bem  admitido  pelo  drawback  (regime  especial)  desde  que  não  haja  impeditivos.  O  valor  que  o  importador deverá utilizar é o constante na fatura.  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  (STJ)  entende  que  o  primeiro  método leva em consideração o valor da fatura comercial, isto é,  o valor da transação é o constante na fatura comercial, devendo  apenas não  ser utilizado quando as  informações ou documentos  do contribuinte não merecerem fé.  A AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO.  Portanto, visando facilitar e tornar mais objetiva e transparente a  verificação e apuração do correto valor aduaneiro dos bens, ou  seja,  para  deixar  claro,  ao  alcance  de  todos,  contribuinte  e  autoridades  aduaneiras,  quais  as  regras  aplicáveis,  foram  criados  os  métodos  de  valoração  aduaneira,  os  chamados  métodos  substitutivos.  Tais  métodos  nada  mais  são  do  que  instrumentos  para  que  se  possa  chegar  ao  correto  valor  aduaneiro de um bem importado.  Fl. 4145DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.142          9 No caso sob análise, como já dito, a fiscalização concordou com  os  valores  aduaneiros  informados  pela  Impugnante.  Ou  seja,  a  valoração  aduaneira  foi  cumprida,  correta,  concluída.  Punir  o  contribuinte  exclusivamente  por  considerar  equivocada  a  indicação quanto ao método de valoração, valoração esta que já  foi  explicitamente  concebida  como  correta  pelo  próprio  fiscal  e  que  não  traz  qualquer  dano  ao  Erário  revela  uma  posição  totalmente  inconsistente  e  contrária  a  toda  interpretação  e  prática do Fisco relacionada ao assunto, a nível nacional, e deve  ser cancelada.  Junta  textos  da  Jurisprudência  Administrativa  a  respeito  do  assunto:(Acórdão n°. 0731.350, Sessão de 22.05.2013);  (DRJ de  Fortaleza/CE,  Acórdão  0825.740,  DRJ/CE,  Sessão  de  12.06.2013).  Diante  do  exposto,  ainda  que  se  entenda  pela  existência  de  eventuais erros na utilização do método de valoração aduaneira,  o que admite apenas para fins de argumentação, as multas devem  ser  afastadas  no  presente  caso  em  razão  da  inocorrência  de  qualquer prejuízo ao controle aduaneiro.  QUANTO  À  MULTA  POR  SUPOSTO  ERRO  NA  QUANTIFICAÇÃO  NA  UNIDADE  DE  MEDIDA  ESTATÍSTICA.TODAS  AS  PEÇAS  E  EMBARCAÇÕES  FORAM  CORRETAMENTE  IDENTIFICADAS  E QUANTIFICADAS  NAS  RESPECTIVAS DECLARAÇÕES DE IMPORTAÇÃO   Transcreve passagens do Relatório Fiscal.  Estando  as  mercadorias  descritas  e  identificadas  de  forma  precisa  nas  Declarações  de  Importação  e  tendo  ocorrido  o  despacho  aduaneiro  com  base  nas  informações  ali  prestadas,  tidas pela autoridade responsável pelo despacho como suficiente  para o  seu processamento,  não há o que  se  falar  sobre  erro ou  prestação  inexata  de  informação  de  natureza  administrativo­ tributária, tampouco penalizar a Impugnante com multa que tem  escopo preciso de coibir  fraudes na descrição do bem objeto da  importação, o que, registre­se, não é o caso.  Junta  textos  da  Jurisprudência  Administrativa  a  respeito  do  assunto:  (CARF,  Processo  n°  11128.001312/9899,  Terceiro  Conselho de Contribuintes, Primeira Câmara, Rei. Luiz Roberto  Domingo, Sessão de 05/12/2007, Publicado em 12/03/2008)  Dessa forma, restando evidenciado que todas as mercadorias em  questão encontram­se descritas detalhadamente nas Declarações  de  Importação,  estando  perfeitamente  individualizadas,  identificadas  e  quantificadas,  deve  ser  afastada  a  aplicação  da  multa  por  suposto  erro  na  quantificação  na  unidade  de medida  estatística.  IMPOSSIBILIDADE  DE  EXIGÊNCIA  DAS  MULTAS  PELA  VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA BOA FÉ. DA  SEGURANÇA  JURÍDICA.  DA  CONFIANÇA  LEGÍTIMA  DO  Fl. 4146DF CARF MF     10 ADMINISTRADO.DA  VERDADE  MATERIAL.  DA  PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE.  A  Impugnante,  a  todo  tempo,  agiu  com  a  máxima  boa  fé,  colaborando  dentro  de  todo  o  possível  com  a  fiscalização.  Inclusive,  como  já  dito,  apresentou  as  Faturas  Pro  Forma  que  confirmaram  o  valor  aduaneiro  utilizado  pela  Impugnante  e  as  suas  DI’s  indicando  a  quantificação  das  peças  e  embarcações.  Ou  seja,  a  Impugnante  fez  tudo  o  que  poderia  ter  feito  para  colaborar com a fiscalização.  Junta  textos  da  Jurisprudência  Judicial  a  respeito  do  assunto:  (REsp  699.700/RS,  Rei.  Ministro  Francisco  Falcão,  Primeira  Turma, julgado em 21/06/2005, DJ 03/10/2005 p. 140).  Diante da presença da boa  fé da  Impugnante,  comprovada pela  apresentação de todos os elementos que comprovam o real preço  dos  bens  importados,  e  a  ausência  de  dano  ao  Erário,  pela  correta valoração e quantificação nas DI’s, além da existência de  informação  nas  DI’s  no  sentido  de  que  as  embarcações  ingressaram no país por meios próprios, devem ser afastadas as  multas cominadas.  Com  efeito,  a  Administração  Pública  jamais  questionou  a  utilização  do  primeiro  método  de  valoração  aduaneira,  tendo  aceitado o método indicado mesmo quando as importações eram  submetidas a procedimentos de conferência mais detalhados. Há  mais de 10 anos que os  importadores vêm utilizando o primeiro  método  para  desembaraço  de  suas  mercadorias,  procedimento  esse que vem sendo rotineiramente referendado pelo Fisco.  Agora,  o  Fisco  resolve  rever  seus  atos  e  deferimentos  sem  que  tivesse  ocorrido  qualquer  alteração  na  legislação  ou  nas  informações previamente prestadas pela ora Impugnante. Apenas  por  interpretar a legislação aduaneira de outra  forma pretende­ se  penalizar  sem  prévia  consulta  todas  as  empresas  que  importaram  mercadorias  sob  o  amparo  de  regimes  especiais  e  utilizaram o primeiro método.  Dessa  maneira,  torna­se  evidente  que  a  penalização  da  Impugnante  por  ter  elegido  método  supostamente  equivocado  para  a  apuração  do  valor  aduaneiro,  viola  frontalmente  os  princípios da boa fé, segurança jurídica e confiança  legítima do  administrado.  Ademais,  o  auto  de  infração  ora  impugnado  ainda  viola  os  princípios  da  proporcionalidade  e  da  razoabilidade,  expressamente  referidos  no  artigo  2o  da  Lei  n°  9.784/99,  que  regula  o  processo  administrativo  no  âmbito  da  Administração  Pública Federal.  Ponderando­se  os  valores  acima,  é  indiscutível  que  a  excessiva  multa no valor de quase R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de  reais) que a Fiscalização pretende impor à Impugnante ofende os  princípios  da  proporcionalidade  e  da  razoabilidade,  devendo,  portanto,  ser  afastada  no  caso  concreto.  Não  se  está  diante  de  qualquer  tipo  de  fraude  ou  má  fé,  uma  vez  que  a  Impugnante  quantificou corretamente em suas DI’s as peças e embarcações;  cumpriu com o disposto na legislação aduaneira e no AVA­GATT  Fl. 4147DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.143          11 ao apurar o  valor aduaneiro dos bens  importados  (valor  com o  qual  a  fiscalização  concordou  e  que,  conforme  já  amplamente  demonstrado ao  longo da presente  Impugnação, está correto); e  informou nas Declarações de  Importação originárias o  ingresso  das embarcações no país por meios próprios.  As  evidências  trazidas  aos  autos  demonstram  que  se  a  Impugnante  cometeu  algum  equívoco,  tal  equívoco  seria  decorrente  de  mero  erro  material,  insuficiente  para  causar  qualquer dano ao Erário, requisito fundamental para a aplicação  das  referidas  penalidades,  fato  que  demanda  a  aplicação  de  penalidade menos gravosa.  Por  fim,  é  fundamental  que  se  ressalte  que  esses  princípios  são  corolários não apenas do sistema jurídico pátrio, mas também, e  principalmente, do próprio GATT. Não estamos aqui  falando do  AVA­GATT, mas do próprio GATT em si.  INDEVIDA APLICAÇÃO DE MULTAS EM DUPLICIDADE DA  MANIFESTA OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM.  Vale relembrar que tais multas encontram­se previstas dentre os  incisos do caput do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro (mais  especificamente nos incisos I e II desse artigo), com redação dada  pelo artigo 84 da Medida Provisória n° 2.15835/ 01 e pelo artigo  69,  §1°,  da  Lei  n°  10.833/03.  Nessa  esteira,  o  §3°  do  mesmo  artigo  veda  a  aplicação  conjunta  das  multas  previstas  nesses  incisos.  Transcreve o artigo 711 do Regulamento Aduaneiro.  Com efeito, é notório que a manutenção de ambas as penalidades  deve  ser  devidamente  afastada  por  V.Sas.,  uma  vez  que  caracterizaria  a  aplicação  indevida  de  'iui  0  em  duplicidade  sobre um mesmo fato e com base em uma mesma norma.  Acrescenta  a  seguinte  planilha  com  indicação  de  algumas  das  mercadorias  sobre  as  quais  a  Fiscalização  aplicou  multas  em  duplicidade.  A  aplicação  de  duas  multas  em  decorrência  de  uma  única  conduta  da  Impugnante  configura  “bis  in  idem”,  prática  repudiada  pela  doutrina  e  jurisprudência  pátrias,  inclusive  no  próprio âmbito dos Tribunais Administrativos.  Junta  textos  da  Jurisprudência  Administrativa  a  respeito  do  assunto:  (Processo  n°  10921.000442/200531,  Acórdão  n°  320100.288, 3a Seção, 1a Turma da 2a Câmara, Sessão de 17 de  setembro de 2009).  O caput do artigo é claro ao aumentar as hipóteses de aplicação  da penalidade prevista na MP 2.15835, mas nunca ser uma nova  penalidade a ser aplicada cumulativamente com aquela.  Portanto,  é  descabida  a  exigência  concomitante  das  multas  impostas à Impugnante.  Fl. 4148DF CARF MF     12 CONCLUSÃO E PEDIDO   Diante do exposto, resta evidente que as multas consubstanciadas  no  auto  de  infração  ora  impugnado  não  são  devidas,  uma  vez  que:  (i) a multa equivalente a 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro  das  embarcações  “FAR  SCOUT”,  “FAR  SABRE”,  “FAR  SAILOR”,  “FAR  SWIFT”  e  “FAR  SENIOR”  deve  ser  afastada,  uma  vez  que  foi  devidamente  informado  à  Receita  Federal  o  ingresso  das  mesmas  no  país  por  meios  próprios,  conforme  se  infere  pelas  Declarações  de  Importação  e  respectivas  telas  de  consultas acostadas à presente impugnação;   (ii) o Auto de Infração é nulo por violação ao princípio do devido  processo  legal  para  rejeição  do  primeiro  método  de  valoração  aduaneira;   (iii) o auto de infração é improcedente porque o primeiro método  de valoração aduaneira foi corretamente utilizado, seja por conta  do  princípio  da  primazia  do  primeiro  método,  seja  porque  o  primeiro  método  é  o  que  mais  se  aproxima  aos  regimes  aduaneiros especiais;   (iv) não houve qualquer prejuízo ou dano ao Erário, visto que: os  valores declarados nas Dl's, apurados pelo método supostamente  equivocado,  estão  corretos,  fato  este  corroborado  pelo  próprio  Fisco, e foram recolhidos os tributos incidentes na importação de  forma  proporcional  pelo  período  em  que  os  bens  estavam  amparados no regime de admissão para utilização econômica;   (v)  todas  as  peças  e  embarcações  encontram­se  descritas  detalhadamente  nas  Declarações  de  Importação,  sendo  possível  aferir  sua  perfeita  individualização,  identificação  e  quantificação;   (vi)  a  autuação ora  impugnada  viola  frontalmente  os  princípios  da  boa  fé,  '  da  segurança  jurídica,  da  razoabilidade  e  proporcionalidade, da  verdade material  e da confiança  legítima  do administrado.  Isto  posto,  a  Impugnante  requer  que  o  auto  de  infração  decorrente do MPF n° 0715400/01514/12:  i)  preliminarmente,  seja  afastada  a  multa  de  5%  do  valor  aduaneiro  das  embarcações  “FAR  SCOUT”,  “FAR  SABRE”,  “FAR SAILOR”, “FAR  SWIFT”  e “FAR SENIOR” por  suposta  ausência  de  informação  de  que  teriam  ingressado  no  país  por  meios próprios;   ii) ainda preliminarmente, seja julgado nulo no que tange à multa  de 5% do valor do bem por suposto erro no método de valoração  aduaneira;  iii) julgado integralmente improcedente com relação ao mérito;   iv)  subsidiariamente,  seja  julgado  parcialmente  improcedente,  excluindo­se as multas aplicadas em duplicidade.  É o relatório.  Fl. 4149DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.144          13 A  23ª  Turma  da  DRJ/SP1  julgou  a  impugnação  procedente  em  parte  e  cancelou  as  penalidades  decorrentes  da  falta  de  apresentação  de  documentos  e  do  erro  na  informação sobre a natureza comercial das operações nas DIs. O referido Acórdão teve ementa  vazada nos seguintes termos:   ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ­ II   Data do fato gerador: 03/03/2009   Revisão  aduaneira.  Admissões  temporárias  para  utilização  econômica.  Despacho  de  importação  com  pagamento  parcial  de  tributos.  Adoção  de  valor  aduaneiro  conforme  documento  da  operação,  fatura  pro  forma,  não  se  caracteriza  como  valor  de  transação,  porquanto não há operação de compra e venda. Inocorrência da  infração prevista na MP nº 2.158­35/2001, art.  84,  II  c/c Lei nº  10.833/03,  art.  69,  §  1º.  Constatação  de  erro  nas  declarações  quanto  à  informação  das  mercadorias  na  unidade  de  medida  estatística.  Exigível  a  multa  do  art.  84,  II,  da MP  nº  2.158­35/  2001. Não apresentação de documento obrigatório na  instrução  dos  despacho aduaneiro  constitui  infração  punível  com  a multa  prevista na Lei nº 10.833/01, art. 70, II, b, item 1.  Impugnação Procedente em Parte   Crédito Tributário Mantido em Parte  Do Recurso de Ofício   O Presidente  da  23ª  Turma  da DRJ/SP1,  recorreu  de  ofício  da  decisão,  em  cumprimento ao que dispõe o art. 34,  inciso  I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972,  com redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997,  tendo em vista que crédito  tributário exonerado excede o limite de R$ 1.000.000,00, definido na Portaria MF nº 03, de 03  de janeiro de 2008.  Do Recurso Voluntário  A empresa FASTARD, apresentou o Recurso Voluntário contra a decisão da  23ª Turma da DRJ/SP­1, nos termos abaixo sintetizados (fls. 3.626/3.654):  ­  após  síntese dos  fatos  relacionados  com a  lide,  pugna pela manutenção da  decisão recorrida na parte em que lhe foi favorável;   ­  volta  a  combater  a multa  de  1%  prevista  no  art.  84,  inciso  II,  da Medida  Provisória  nº  2.158­35,  de  2001,  decorrente  do  erro  na  quantificação  na  unidade  de  medida  estatística,  como  também  a  multa  de  5%  sobre  o  valor  aduaneiro  das  embarcações  "FAR  SCOUT", "FAR SABRE", "FAR SAILOR", "FAR SWIFT" e "FAR SÊNIOR", nos termos do  art.  70,  inciso  II,  alínea  "b",  item  1  da  Lei  nº  10.833,  de  2003,  sob  a  alegação  de  que  a  Recorrente não teria comprovado o ingresso das mesmas no país por meios próprios;  ­ retoma a alegação de que as embarcações efetivamente ingressaram no país  por  meios  próprios.  Pede  juntada  de  novos  documentos,  que  comprovariam  suas  alegações,  arrolados à fl. 3.636. Invoca o princípio da verdade material;  Fl. 4150DF CARF MF     14 ­  alega  que,  ao  menos  quanto  às  mercadorias  importadas  classificadas  no  código  NCM  89.06.90.00,  empregou  a  unidade  quilograma  líquido,  utilizada  pela  SRF  até  17/08/2012. Veja relação das DI abaixo relacionadas:  Ano/Dl (DSI)   Data de Registro   NCM      Valor Aduaneiro (R$)    09/0828431‐9   30/06/2009   8906.90.00        17.965,07  10/0481085‐9   24/03/2010   8906.90.00    45.615.900,00  10/1065608‐4   26/06/2010      8906.90.00   44.730.400,00  10/1199482‐0   15/07/2010   8906.90.00   125.829.500,00  10/1208608‐0   16/07/2010   8906.90.00    50.499.020,00  10/1268965‐6   27/07/2010   8906.90.00         8.777,34  10/1396239‐9   13/08/2010   8906.90.00    79.483.500,00  10/1412513‐0   16/08/2010   8906.90.00   127.308.580,00  10/1412627‐6   16/08/2010   8906.90.00    50.710.660,00  10/1465274‐1   24/08/2010   8906.90.00   44.520.410,00  10/1825491‐0   15/10/2010   8906.90.00   118.857.720,00  10/1825579‐8   15/10/2010   8906.90.00    47.344.440,00  10/1887668‐7   25/10/2010   8906.90.00    42.749.410,00  10/2011690‐2   11/11/2010   8906.90.00    76.365.000,00  11/0249119‐7   09/02/2011   8906.90.00    82.034.640,00  11/0493402‐9   18/03/2011   8906.90.00    75.033.000,00  11/1175210‐0   27/06/2011   8906.90.00         8.760,00  11/1231824‐2   05/07/2011   8906.90.00         1.308,15  11/1977960‐1   18/10/2011   8906.90.00    45.351.360,00  11/2220369‐3   23/11/2011   8906.90.00    68.270.580,00  12/0299142‐6   15/02/2012   8906.90.00   123.374.749,03  12/0411344‐2   05/03/2012   8906.90.00    50.083.840,00  12/0411497‐0   05/03/2012   8906.90.00    44.252.160,00  12/0414136‐5   06/03/2012   8906.90.00    34.834.900,00  12/0425584‐0   07/03/2012   8906.90.00    46.055.240,00  12/0818061‐6   04/05/2012   8906.90.00    55.915.080,00  12/0818658‐4   04/05/2012   8906.90.00    49.404.420,00  12‐0878162‐8   14/05/2012   8906.90.00   140.707.144,32  12/1235160‐0   05/07/2012   8906.90.00    52.902.080,00  ­  entende  que,  estando  as  mercadorias  descritas  e  identificadas  de  forma  precisa  nas Declarações  de  Importação  e  tendo ocorrido  o  despacho  aduaneiro  com base  nas  informações  ali  prestadas,  tidas  pela  autoridade  responsável  pelo  despacho  como  suficientes  para o seu processamento, não há o que se falar sobre erro ou prestação inexata de informação  de  natureza  administrativo  tributária,  tampouco  penalizar  a  Recorrente  com  multa  que  tem  escopo preciso de coibir fraudes na descrição do bem objeto da importação;  ­  Informa que  ao  indicar um código NCM na adição de uma Declaração de  Importação  no  Siscomex,  o  tipo  de  "Unidade  de  Medida  Estatística  ­  UME"  é  imediata  e  automaticamente  indicado  pelo  próprio  sistema,  ficando  a  cargo  do  importador  ou  seu  representante  legal  a  complementação  da  informação  para  lançar  em  campo  próprio  a  "Unidade"  imposta e,  logo após,  inserir o peso  líquido da mercadoria amparada e despachada  pela adição da DI;   ­  alerta  que,  nos  casos  das  DI's  objeto  do  lançamento,  não  houve  qualquer  alerta  no  que  tange  à  Unidade  de  Medida  Estatística  (UME),  o  que  evidencia  que  as  informações prestadas pela Recorrente foram corretas, na medida em que não houve qualquer  mensagem de alerta indicando eventual erro na utilização da UME;  ­  refere  jurisprudência  que  entende  amparar  sua  tese. Retoma o  brado  pelos  princípios da boa fé da segurança  jurídica, da confiança legítima do administrado, da verdade  Fl. 4151DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.145          15 material, da proporcionalidade e da  razoabilidade. Acusa a ocorrência de aplicação de multas  em duplicidade.  Ao final, pede provimento de seu recurso voluntário.  Posto isto, os autos, então, foram remetidos a este CARF, que ao ser apreciado  pelo Colegiado, decidiu pela conversão do  julgamento em Diligência,  conforme Resolução nº  3402­000­720, de 28/01/2015 (fls. 3.783/3.793), nos seguintes termos:  "(...)  Assim,  diante  da  aparente  contradição  entre  dados  do  próprio SISCOMEX, voto pela conversão em diligência, para que  a  unidade  local  verifique  conclusivamente  quais  as unidades  de  medida estatística aplicáveis às NCM constantes de cada uma das  DI relacionadas às fls. 103 a 109, à época de seu registro.  Afinal de contas, a aparente divergência detectada em relação à  NCM  8906.90.00  pode  estar  ocorrendo  também  em  relação  às  demais mercadorias.  Deverão  ser  anexadas  ao  processo  telas  de  consulta  das  NCM  extraídas  do  SISCOMEX,  tendo como data  de  referência  a  data  do registro das respectivas declarações de importação.  Ao  final dos  trabalhos,  deve  ser  emitido  relatório de  diligência,  no  qual  os  resultados  devem  ser  consolidados  em  planilha  semelhante  à  que  figura  às  fls.  103  a  109,  acrescentando­se  coluna que indique de forma individualizada quais as unidades de  medida  estatística  encontradas  em  resposta  às  consultas  efetuadas no SISCOMEX.  Caso  a  Autoridade  diligenciante  encontre  o  motivo  para  a  divergência entre os dados automaticamente preenchidos na ficha  “mercadorias”  do  SISCOMEX  e  nas  consultas  à  Tabela  do  sistema  (destaque­se,  se  comprovada  tal  divergência),  deve  acrescentar a justificativa técnica correspondente.  Do  relatório  de  diligência  deve  ser  dado  ciência  à  recorrente,  para que apresente sua manifestação (especificamente em relação  à matéria constante do relatório) em 30 dias, na forma do art. 35,  parágrafo  único,  do  Regulamento  do  Processo  Administrativo  Fiscal,  aprovado  pelo  Decreto  no  7.574,  de  29  de  setembro  de  2011".  Conforme o Despacho de  fl.  3.795, os  autos  foram movimentados  à  IRF do  Rio de Janeiro ­ RJ (Unidade de origem), que em cumprimento ao determinado na Resolução  acima,  elaborou  o  "Relatório  de  Diligência",  oferecendo  à  Recorrente  oportunidade  de  pronunciar­se sobre as conclusões (fls. 4.110/4.111).  Após  tomar  ciência  do  Relatório  elaborado  pelo  Fisco,  em  18/12/2015,  a  Recorrente apresentou sua manifestação, conforme documento de fls. 4.131/3.134.  É o relatório.    Fl. 4152DF CARF MF     16 Voto             Conselheiro Waldir Navarro Bezerra – Relator  1. Da admissibilidade e análise dos recursos  1.1­ DO RECURSO DE OFÍCIO   A decisão recorrida cancelou integralmente a aplicação das multas cominadas  no Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 107, inc. IV, alínea ‘b’, no montante de R$ 65.000,00, e a  multa contida na MP nº 2.158­35, de 2001, art 84, inc. II, c/c Lei nº 10.833, de 203, art. 69, §  1º, no valor de R$ 11.648.494,57.  Exonerado  o  sujeito  passivo  em  valores  superiores  ao  definido  na  Portaria  MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008, conheço do Recurso de Ofício.   Assim,  entendo  estar  escorreito  o  entendimento  emanado  pela  decisão  recorrida, no que concerne aos créditos tributários exonerados. Veja­se:  a)  da multa  no  valor  de R$  65.000,00  ­  conforme  o Relatório  Fiscal  (fls.  82/111), a  fiscalização constatou, nas DI’s em referência, prestação  incorreta de  informações  de  natureza  comercial  e  que,  após  intimada,  nem  todos  os  documentos  foram  apresentados,  especialmente  quanto  aos  Conhecimentos  de  Carga  (fls.  90/99),  sendo,  por  isso,  exigível  a  multa prevista no art. 107, IV, 'b', do Decreto­lei nº 37/66, multa no valor de R$ 65.000,00.  Sobre o cancelamento da citada multa, uma vez que restou comprovado nos  autos que esse montante fora pago pela Recorrente antes mesmo do protocolo da Impugnação,  ocasião  em  que  limitou­se  a  apresentar  o  respectivo  comprovante  de  pagamento  mediante  DARF (em sua Impugnação, concordou, com aplicação da referida multa). Veja­se reprodução  do trecho do Acórdão recorrido:  "Por outro  lado, destaca­se,  na  impugnação, à  fl.  3.274, que a  autuada reconheceu que sua conduta, no curso da  fiscalização,  caracterizou  embaraço  à  fiscalização,  porque  efetivamente  alguns  documentos  não  foram  apresentados  e  informa  já  ter  efetuado  o  pagamento,  juntando  cópia  do DARF  (doc.  4)  à  fl.  3.468.  Dessa forma, com a devida vênia manifesta­se a divergência em  relação a r. voto do relator, (....); diverge­se, também, quanto à  exigência da multa de que trata o Decreto­lei nº 37/66, art. 107,  IV,  b,  no  valor  de  R$  65.000,00  pela  não  apresentação  de  documentos,  a  qual  a  autuada  concordou  e  recolheu  anteriormente  à  impugnação,  conforme  cópia  do  DARF  (fl.  3468)".  Entendo, portanto, correto o cancelamento da cobrança dessa multa.  b)  da  multa  aplicada,  no  valor  de  R$  11.648.494,57  ­  tal  penalidade  prevista no art. 69, §º1º, da Lei nº 10.833/2003, c/c art. 84, da MP nº 2.15835/ 2001 (art. 711,  do Decreto nº 6.759/2009), em razão de prestação de informação de natureza comercial errada  nas DI’s em referência, qual seja, utilização do 1º Método de Valoração Aduaneira, verifica­se  Fl. 4153DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.146          17 que não corresponde à realidade da operação de importação, porque na Admissão Temporária  não há transferência de titularidade da propriedade da mercadoria.   No que se refere à multa de 1% (um por cento) do valor aduaneiro das peças  para embarcações, decorrente do erro na indicação do primeiro método de valoração aduaneira  (valor da transação), também entendo que o acórdão recorrido decidiu acertadamente.  Como relatado, trata­se de DI's para Admissão Temporária de partes e peças  de  embarcações,  para  utilização  econômica,  que “(...)  tinham por  escopo  o  cumprimento  de  contrato de prestação de serviços offshore, quase sempre firmados para exploração de campos  de petróleo e gás,...”, conforme salienta a fiscalização à fl. 82, e não traduziam operações de  transferência de titularidade da propriedade sobre as mercadorias estrangeiras. Este  foi o fato  que ensejou a multa por informação inexata de natureza comercial.  A DRJ, no voto vencedor, assim se manifestou sobre este assunto:  "(...) Sob o aspecto estritamente  fático, não parece  tratar­se de  informação inexata descrita no dispositivo legal citado, porque a  indicação,  ainda  que  equivocada do método de  valoração,  não  se  caracteriza  como  informação  administrativo/tributária,  cambial  ou  comercial  e  sequer  afetou  nos  procedimentos  de  controle aduaneiro apropriado, no caso, a admissão temporária  de  mercadorias  para  o  fim  de  cumprimento  de  contrato  de  prestação offshore na pesquisa e exploração de petróleo e gás.  Sob  a  ótica  jurídica  da  titularidade  da  propriedade  das  mercadorias importadas temporariamente, a suposta informação  inexata,  além  de  não  se  revestir  da  condição  de  informação  necessária  ao  controle  aduaneiro,  não  significou  em  absoluto  informação  da  natureza  jurídica  da  operação  de  comércio  exterior,  sendo apenas  indicativo de que o  valor que se adotou  para efeito de calcular os tributos, como exigido pela legislação  aduaneira,  corresponde  ao  seu  valor  econômico,  cuja  melhor  expressão  é  o  seu  preço,  caso  houvesse  negócio  de  compra  e  venda. (...).  E,  diga­se,  por  mero  preciosismo,  que  após  cumprimento  dos  termos  e  condições  de  admissão  temporária,  especialmente  em  se  tratando  de  utilização  econômica  para  cumprimento  de  prestação de serviços offshore e, tendo em conta inexistência de  prejuízo  ao  controle  aduaneiro  ou  dano  ao  erário  público,  salienta­se  a  inoportunidade  do  procedimento  fiscal  de  caráter  revisional,  especialmente  questionando  o  valor  aduaneiro  para  hipóteses de regime aduaneiro com suspensão de tributos.  Considerando, então, o teor da disposição  legal contida no art.  69  da  Lei  n°  10.833/2003.  em  sua  parte  final  "...acessória  à  determinação  do  procedimento  de  controle  aduaneiro  apropriado",  fica  claro  que,  mantido  o  valor  declarado,  em  decorrência  do  que  comprovada  a  inexistência  de  prejuízo  ao  Erário e a determinação do procedimento de controle aduaneiro  apropriada, não se verifica a tipicidade para efeito de aplicação  da respectiva penalidade".  Fl. 4154DF CARF MF     18 Como pode ser visto nos trechos acima, concluiu­se, de forma acertada, pela  ausência de qualquer conduta que justificasse a aplicação da penalidade prevista no artigo 84,  inciso II, da Medida Provisória n° 2.158­35, de 2001 c/c artigos 69 da Lei n° 10.833/03, a qual  exige  que  o  contribuinte  tenha  prestado  de  forma  inexata  ou  incompleta  informação  de  natureza  administrativo­tributária,  cambial  ou  comercial,  necessária  à  determinação  do  procedimento de controle aduaneiro apropriado.  Desta  forma,  após  atestar  que  nos  casos  de  Admissão  Temporária  para  utilização  econômica  os  tributos  devidos  foram  pagos  proporcionalmente  ao  tempo  de  permanência dos bens no país e que os procedimentos foram adotados em conformidade com  os ditames legais, reconheceu­se a inexistência de qualquer prejuízo ao controle aduaneiro  e  de  dano  ao  Erário,  ou mesmo  de  intenção  de  o  provocar,  perfazendo­se,  assim,  suporte  fáctico­jurídico  suficiente  a  se  fazerem  aplicar  os  temperamentos  de  interpretação  da  norma  tributária antes referidos.  Deste modo, em atenção ao Recurso de Ofício previsto no artigo 34, inciso I,  do Decreto n° 70.235, de 1972 e forte no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784, de 1999, passando as  mesmas  a  fazer  parte  integrante  desse  voto,  permite­se  reiterar  os  termos  e  fundamentos  da  decisão recorrida.  Nega­se, portanto, provimento ao Recurso de Ofício.  1.2­ RECURSO VOLUNTÁRIO   Presentes os pressupostos  recursais,  a petição de  fls. 3.626 a 3.654, merece  ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão recorrido.  2.­ QUANTO AO MÉRITO  2.1 ­ Da multa de 1% prevista no artigo 84, inciso II, da MP n° 2.158­35, de 2001  Alega a Recorrente  em  seu  recurso que,  foram  equivocadamente mantida  a  multa de 1% (um por cento) prevista no artigo 84, inciso II, da MP n° 2.158­35/01, decorrente  do suposto erro na quantificação na Unidade de Medida Estatística (UME).  Pois bem. Verificando os autos, percebe­se, especificamente no que se refere  ao tema da unidade de medida estatística, que existe uma aparente incompatibilidade entre os  dados extraídos do sistema SISCOMEX ­ Importação.  No  "capítulo  2.3"  do  Relatório  Fiscal  (fl.  102),  intitulado  “DO  ERRO DE  QUANTIFICAÇÃO NA UNIDADE DE MEDIDA ESTATÍSTICA ­ UME”, às fls. 102/111, o  Fisco  esmerou­se  em  detalhar  os  erros  cometidos  pelo  importador  na  informação  das  quantidades importadas na unidade estatística (UME), definida pela RFB.  A  quantificação  na  UME  padronizada  no  SISCOMEX,  busca  evitar  que  o  importador,  ao  utilizar  diferentes  medidas/unidades  para  a  comercialização  de  suas  mercadorias, acabe por dificultar ou burlar controles aduaneiros. Há diversas mercadorias que,  por  exemplo,  tecidos,  que  podem  ser  comercializadas  “por metro”,  “por  rolo”,  “por  quilo”,  “por  peça”.  Se  cada  importador  pudesse  adotar  na  DI  a  unidade  na  qual  comercializa  a  mercadoria, seria muito mais complexo o controle, por exemplo, de preços médios/parâmetros,  que  influenciam no  tratamento  aduaneiro/tributário,  inclusive  no  que  se  refere  à  seletividade  para verificação das mercadorias. Se um importador de lápis, por exemplo, registrasse uma DI  indicando  1  na  coluna  referente  à  unidade  de medida  estatística,  e  “uma  dúzia  de  lápis”  na  Fl. 4155DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.147          19 descrição da mercadoria, estaria fazendo com que parecesse, aos olhos do sistema, que pagou  doze vezes menos dos lápis.  Por isso o SISCOMEX possui unidades padronizadas de medida estatística, e  nela baseia os referidos controles.  Como essa infração se tornou frequente no final da década de 90, época em  que a Aduana centrava atenções no controle de valor aduaneiro, foi instituída na MP n° 2.158­ 35, de 2001,  art.  84,  inc.  II) multa específica de 1% sobre o valor  aduaneiro da mercadoria,  pela quantificação incorreta na UME estabelecida pela RFB.  No  presente  caso,  a  lista  de  mercadorias  para  as  quais  foi  quantificada  incorretamente a mercadoria na UME, consta às fls. 103 a 109, e inclui declarações registradas  de 2009 (DI nº 09/02590914) a 2012 (DI nº 12/09580359).  Quando  de  sua  Impugnação,  a  Recorrente  se  defende  genericamente  deste  fato afirmando que (fl. 3.293):  “66.  Ora,  estando  as  mercadorias  descritas  e  identificadas  de  forma  precisa  nas  Declarações  de  Importação  e  tendo  ocorrido  o  despacho  aduaneiro  com  base  nas  informações  ali  prestadas,  tidas  pela  autoridade  responsável  pelo  despacho  como  suficientes  para  o  seu  processamento,  não  há  o  que  se  falar  sobre  erro  ou  prestação  inexata  de  informação  da  natureza  administrativo­tributária,  tampouco  penalizar  a  Impugnante  com  multa  que  tem  escopo  preciso  de  coibir fraudes na descrição do bem, objeto da importação, o que, registre­se, não é o caso.”  Apresenta jurisprudência relacionada a classificação fiscal (tema diverso) às  fls. 3.293 a 3.294, sustentando que o fato de as mercadorias estarem descritas detalhadamente  na DI, individualizadas, identificadas e quantificadas, afasta esse tipo de penalidade.  O  posicionamento  da  Recorrente  é  rechaçado  na  DRJ,  que  esclarece  que  “não se trata de erro de descrição, pois se o fosse a capitulação seria outra” (fl. 3.595), mas  de incorreta quantificação na unidade de medida estatística ­ UME, estabelecida pelo Fisco.  No entanto, no recurso voluntário, passa a afirmar que a UME indicada pelo  SISCOMEX não seria a indicada pela Fiscalização como a “supostamente correta”.   A  título  ilustrativo,  cita  a  NCM  8906.90.00  (referente  a  mercadoria  que  sozinha  corresponde  a  95%  do  valor  da  autuação),  afirmando  que  até  o  dia  16/08/2012,  a  unidade de medida  estatística  a  ser  informada  era  o “quilograma  líquido”,  unidade que  foi  adotada pela Recorrente. E que somente a partir de 17/08/2012 passou a ser “unidade” (que  foi a unidade de medida estatística considerada correta pela Fiscalização).   As  telas  extraídas  do  SISCOMEX  foram  apresentadas  à  fl.  3.730,  pela  Recorrente,  ficando  claro  as  alterações  nas  datas  apontadas  acima  ­  campo  'unidade  de  medida".   Veja­se abaixo exemplos:    Fl. 4156DF CARF MF     20     Como  todas  as  declarações  de  importação  da  empresa  que  constam  da  autuação  por  quantificação  incorreta  na  unidade  de medida  estatística  com  a  referida  NCM  foram registradas antes de 17/08/2012, não haveria incorreções, como destacado à fl. 3.639:  “47.  Com  efeito,  há  de  ser  destacado  que  todas  as  DI’s  relacionadas  ao  NCM  89.06.90.00  foram  registradas  em  data  anterior  a  17.08.2012,  ou  seja,  quando  ainda  esta prevista a utilização de “quilograma líquido” como unidade de medida estatística (doc.  09). Veja­se, abaixo, breve planilha com essas informações consolidadas":  Fl. 4157DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.148          21   Ano/Dl (DSI)   Data de Registro   NCM      Valor Aduaneiro (R$)    09/0828431‐9   30/06/2009   8906.90.00        17.965,07  10/0481085‐9   24/03/2010   8906.90.00    45.615.900,00  10/1065608‐4   26/06/2010      8906.90.00   44.730.400,00  10/1199482‐0   15/07/2010   8906.90.00   125.829.500,00  10/1208608‐0   16/07/2010   8906.90.00    50.499.020,00  10/1268965‐6   27/07/2010   8906.90.00         8.777,34  10/1396239‐9   13/08/2010   8906.90.00    79.483.500,00  10/1412513‐0   16/08/2010   8906.90.00   127.308.580,00  10/1412627‐6   16/08/2010   8906.90.00    50.710.660,00  10/1465274‐1   24/08/2010   8906.90.00   44.520.410,00  10/1825491‐0   15/10/2010   8906.90.00   118.857.720,00  10/1825579‐8   15/10/2010   8906.90.00    47.344.440,00  10/1887668‐7   25/10/2010   8906.90.00    42.749.410,00  10/2011690‐2   11/11/2010   8906.90.00    76.365.000,00  11/0249119‐7   09/02/2011   8906.90.00    82.034.640,00  11/0493402‐9   18/03/2011   8906.90.00    75.033.000,00  11/1175210‐0   27/06/2011   8906.90.00         8.760,00  11/1231824‐2   05/07/2011   8906.90.00         1.308,15  11/1977960‐1   18/10/2011   8906.90.00    45.351.360,00  11/2220369‐3   23/11/2011   8906.90.00    68.270.580,00  12/0299142‐6   15/02/2012   8906.90.00   123.374.749,03  12/0411344‐2   05/03/2012   8906.90.00    50.083.840,00  12/0411497‐0   05/03/2012   8906.90.00    44.252.160,00  12/0414136‐5   06/03/2012   8906.90.00    34.834.900,00  12/0425584‐0   07/03/2012   8906.90.00    46.055.240,00  12/0818061‐6   04/05/2012   8906.90.00    55.915.080,00  12/0818658‐4   04/05/2012   8906.90.00    49.404.420,00  12‐0878162‐8   14/05/2012   8906.90.00   140.707.144,32  12/1235160‐0   05/07/2012   8906.90.00    52.902.080,00                           Total R$ 1.722.270.543,91"  Retornando­se  ao  Relatório  Fiscal,  verifica­se  que  são  apresentados  como  prova para a incorreção de quantificação na UME, telas extraídas do SISCOMEX (fl. 111):  "(...) Das provas carreadas aos autos do processo administrativo fiscal têm­se:   Telas extraídas do Siscomex, que comprovam a quantificação errada na unidade de  medida  estatística  adotada  pela  RFB,  correspondente  à  ficha  "mercadoria",  subficha  "1",  de  cada  adição de Dl; Extratos das DIs de referência, onde se pode constatar tanto o peso líquido informado  pelo  importador,  quanto  analisar  a  quantidade  de  mercadoria  importada,  nos  casos  em  que  a  "unidade" é  também a unidade de medida estatística adotada pela RFB (em virtude de algumas DIs  contarem com dezenas de adições, mas somente numa, ou em algumas, dessas adições é que existe o  erro de quantificação na medida estatística, colacionou­se somente as principais telas da DI).  Consulta  ao  sistema  Grande  Porte  Siscomex,  confirmando  a  unidade  de  medida  estatística  que  foi  apresentada  pela  interface  "amigável"  do  Siscomex  ao  importador,  para  que  este  apresentasse a quantificação correta".  Os extratos (item “b”) são de menor importância nesse aspecto, pois não se  visualiza em 100% dos casos (como reconhece o próprio Fisco, a incorreção). As consultas ao  grande porte apresentadas (item “c”) também são de pouca relevância, visto que a autuação é  Fl. 4158DF CARF MF     22 para  diversas  declarações  de  importação  de  2009  a  2012  (listadas  às  fls.  103/109),  e  a  Fiscalização  apenas  anexa  telas  (fls.  1.907/2.034)  de  consulta  sobre  a  UME,  tendo  como  referência a data de 12/07/2013.     Verifica­se  à  fl.  2.017  onde  é  apresentada  a  tela  de  consulta  ao  sistema  Siscomex  em  relação  à  NCM  em  discussão  (8906.90.00),  em  que  a  data  de  referência  da  pesquisa no sistema é 12/07/2013:          Percebe­se,  já  de  início,  que  a  tela  é  idêntica  às  anexadas  pela  recorrente  (estas  com as  datas  de  referência de  16/08/2012  e  17/08/2012). Ainda  que  o  fisco  desejasse  utilizar na autuação a data de início de vigência de 01/01/2012, constante na parte inferior da  tela, tal indicação seria insuficiente para todas as DI de período anterior.    Contudo,  a  prova  indicada  na  alínea  “a”  do  Relatório  Fiscal  (fls.  1.571/  1.906) parece contradizer a tese da Recorrente sobre a UME vigente na data do registro das  DI em relação à NCM 8906.90.00.     Veja­se, por exemplo, a tela de fl. 1.629:  Fl. 4159DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.149          23   Na  tela  acima  percebe­se  que  a  UME  para  a  NCM  8906.90.00  na  DI  no  12/08781628 (adição 001), previamente preenchida pelo próprio SISCOMEX, é “UNIDADE”.  O extrato da DI nº 12/0878162­8 (adição 001) consta às fls. 764/772, sendo a data de registro  14/05/2012.  No entanto, de acordo com as telas apresentadas pela recorrente, a UME seria  “QUILOGRAMA  LÍQUIDO”,  inexistindo  a  incorreção  apontada  pelo  fisco.  A  recorrente  apresenta  ainda  extratos  de  consulta  às  tabelas  para  as  datas  de  todas  as DI  autuadas  com  a  NCM 8906.90.00  (fls. 3.732/3.761). E a  tela de consulta com data de referência 14/05/2012,  data  de  registro  da  DI  no  12/08781628  (fl.  3.759),  aponta  como  UME  a  “QUILOGRAMA  LÍQUIDO”. Veja­se tela abaixo:    Repisando­se, em sessão realizada em 28/01/2015, a 2ª Turma Ordinária da  4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, determinou a conversão do feito em diligência  Fl. 4160DF CARF MF     24 por  considerar  que,  em  relação  às multas  por  erro  na  quantificação  dos  bens  na  unidade  de  medida  estatística,  haveria  aparente  incompatibilidade  entre  os  dados  do  SISCOMEX  apresentados pela Fiscalização e pela Recorrente.  Assim,  diante  da  aparente  contradição  entre  dados  do  próprio  sistema  SISCOMEX,  foi  solicitado  ao  Fisco  (quando  da  Resolução,  fls.  3.783/3.793),  para  que  verifique conclusivamente quais as UME aplicáveis às NCM constantes de cada uma das DI  relacionadas às fls. 103/109, que estava obrigado à época de seu registro.  A IRF do Rio de Janeiro, em seu Relatório de Diligência de fls. 4.110/4.111,  efetuou as apurações necessárias nos sistemas SISCOMEX e DW­ADUANEIRO, que resultou  nas informações de caráter conclusivas (grifei e indiquei as folhas dos anexos citados):  1)  Foram  juntadas  no  Anexo  1  (fls.3.796/4.086)  as  telas  de  consulta  das  NCM  extraídas do TABELAS do SISCOMEX, tendo como data de referência a data do registro de cada uma  das DI autuadas;  2)  No  Anexo  2  (fls.4.087/4.097)  consta  a  planilha  com  dados  consolidados,  semelhante  a  de  fls.  103/109,  tendo  sido  acrescidas  duas  colunas  em  azul,  uma  com  a Unidade  de  Medida Estatística (UME) extraída do SISCOMEX e outra com o nº da NCM correspondente àquela  adição, de forma a ficar bem evidente que só foram encontradas divergências nas adições com o nº de  NCM 8906.90.00 (destacadas em amarelo);  3) Quanto a estas divergências relativas à NCM 8906.90.00, isto ocorreu porque o  Auditor  extraiu  informações  do  SISCOMEX  IMPORTAÇÃO  ­  módulo  CONSULTA,  o  qual  apresenta a UME atualizada, ou seja, a vigente atualmente e não a da época do registro da DI.  E, infelizmente, dentre as autuações efetuadas houve uma única NCM, das mais de  100  envolvidas  no  lançamento,  que  teve  sua  UME  alterada  de  QUILOGRAMA  LÍQUIDO  para  UNIDADE em 17/08/2012, data posterior ao registro das DI autuadas, mas anterior à fiscalização. Tal  nuance poderia ter sido percebida quando da pesquisa ao TABELAS do SISCOMEX (fls. 1.907/2.034),  se esta tivesse sido efetuada com a data de referência igual à do registro de cada DI. No entanto esta  data de referência não foi substituída permanecendo a do dia da pesquisa, em 2013, o que inviabilizou  a  percepção  da  mudança  ocorrida  em  tal  NCM,  visto  que  o  resultado  apresentado  no  TABELAS  coincidiu  com  o  do  da  CONSULTA. Destarte,  esta  sequência  de  acontecimentos  redundou  numa  autuação em parte equivocada.  No Anexo 3 (fls. 4.098/4.109) incluímos uma planilha, com dados extraídos do DW,  que traz um resumo das UME de cada NCM constante da tabela de fls. 103/109 abrangendo os anos de  2009 a 2013, anos dos registros das DI lançadas (2009 a 2012) e o ano da fiscalização (2013), na qual  fica bem demonstrado que apenas a NCM 8906.90.00 sofreu alteração da sua UME entre a data do  registro das DI e a autuação.  As indicações de UME contidas neste Anexo 3 complementam as do Anexo 1, visto  que  muitas  cópias  de  tela  do  Anexo  1  trouxeram  como  resultado  da  pesquisa  “NÃO  HÁ  INFORMAÇÕES PARA PERÍODO INFORMADO”. Isto ocorre porque o banco de dados do TABELAS  do SISCOMEX limita seu universo de pesquisa aos últimos 5 anos, incluindo o ano vigente. Portanto,  agora em 2015 só é possível resgatar dados a partir de 2011.  Corroborando este  fato  temos as telas  juntadas pelo  interessado no documento 09  de seu recurso voluntário (fls. 3.730/3.760), na qual a pesquisa fora feita em 2014 e o ano de 2009 veio  igualmente  sem  informação  (  fls.  3.731),  já  as  demais  telas,  referentes  aos  anos  2010,  2011  e  2012  apresentaram conteúdo (fls. 3.732/3.760).  Concluída  a  diligência,  estamos  encaminhando,  via  DTE,  este  relatório  ao  interessado, o qual poderá se manifestar no prazo de 30 dias a partir da data da ciência conforme o  art. 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574/2011.  Fl. 4161DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.150          25 Por outro giro, a Recorrente quando de sua manifestação da Diligência sobre  este tópico, após ter tomado ciência da Informação do Fisco, desta forma se posicionou:  "(...) CONCLUSÃO   4.  O  referido  Relatório  é  claro  ao  confirmar,  integralmente,  as  alegações  da  Recorrente no sentido de que, AO MENOS EM RELAÇÃO À UNIDADE DE MEDIDA ESTATÍSTICA  DOS  BENS  CLASSIFICADOS  NO  CÓDIGO  NCM  89.06.90.00  A  AUTUAÇÃO  ESTÁ  MANIFESTAMENTE EQUIVOCADA!  5.  Isso  porque  a  diligência  comprovou  que À ÉPOCA DO REGISTRO DAS DI´S  ELENCADAS NO RELATÓRIO FISCAL QUE INTEGRA O AUTO DE INFRAÇÃO A UNIDADE DE  MEDIDA  ESTATÍSTICA  INDICADA  PELO  SISTEMA  SISCOMEX  NÃO  ERA  A  INDICADA  PELA  FISCALIZAÇÃO  COMO  “SUPOSTAMENTE  CORRETA”,  E  SIM  A  ADOTADA  PELA  ORA  RECORRENTE.  9.  Ante  o  exposto,  diante  do  irreparável  resultado  apontado  pelo  Relatório  de  Diligência,  o qual  confirma as  suas  razões  recursais,  a Recorrente  reitera os  termos de  seu  recurso  voluntário, razão pela qual, respeitosamente, requer a V.Sas.:  i)  seja  o  seu  recurso  voluntário  julgado  integralmente  procedente  para  fins  de  afastar  as  multas  de  (i)  1%  (um  por  cento)  sobre  o  valor  aduaneiro  dos  bens  por  suposto  erro  na  utilização da unidade de medida estatística (...)".   Pois  bem.  A  lista  de  mercadorias  para  as  quais  foi  quantificada  incorretamente  a  mercadoria  na  UME,  consta  do  Relatório  Fiscal  às  fls.  103/109,  e  inclui  declarações  registradas  somente  do  ano  de  2009  (primeira,  DI  nº  09/0259091­4)  ao  ano  de  2012 (ultima, DI nº 12/0958035­9), dentre as quais, estão as adições com a NCM 8906.90.00.   Como foi informado pelo Fisco no Relatório de Diligência e nas Planilhas de  fls.  4.098/4.109,  até  o  dia  16.08.2012,  a  UME  a  ser  informada  para  bens  classificados  no  código  NCM  8906.90.00  era  “quilograma  líquido”,  unidade  corretamente  adotada  pela  Recorrente,  e  que  somente  a  partir  de  17.08.2012  a  UME  relacionada  ao  código  NCM  8906.90.00 deixou de ser “quilograma líquido” e passou a ser “unidade” (unidade considerada  pela  Fiscalização),  conforme  telas  de  consulta  do  SISCOMEX,  anexadas  aos  autos  e  que  doravante foi adotada pela Recorrente.  Conforme consta dos autos, todas as declarações de importação da empresa,  que  constam da autuação por quantificação  incorreta na UME,  com a NCM 8906.90.00,  foram registradas antes de 17/08/2012, não haveria de fato incorreção, como destaca o próprio  Fisco no Relatório de Diligência às fls. 4.110/4.111 e da Planilha de fls. 4.098/4.109, :(trecho  abaixo reproduzido)  2)  No  Anexo  2  (fls.4.087/4.097)  consta  a  planilha  com  dados  consolidados,  semelhante  a  de  fls.  103/109,  tendo  sido  acrescidas  duas  colunas  em  azul,  uma  com  a Unidade  de  Medida Estatística (UME) extraída do SISCOMEX e outra com o nº da NCM correspondente àquela  adição, de forma a ficar bem evidente que só foram encontradas divergências nas adições com o nº de  NCM 8906.90.00 (destacadas em amarelo);  3) Quanto a estas divergências relativas à NCM 8906.90.00, isto ocorreu porque o  Auditor  extraiu  informações  do  SISCOMEX  IMPORTAÇÃO  ­  módulo  CONSULTA,  o  qual  apresenta a UME atualizada, ou seja, a vigente atualmente e não a da época do registro da DI (...).  Fl. 4162DF CARF MF     26 "No  Anexo  3  (fls.  4.098/4.109)  incluímos  uma  planilha,  com  dados  extraídos  do  DW, que traz um resumo das UME de cada NCM constante da tabela de fls. 103/109 abrangendo os  anos de 2009 a 2013, anos dos registros das DI lançadas (2009 a 2012) e o ano da fiscalização (2013),  na qual fica bem demonstrado que apenas a NCM 8906.90.00 sofreu alteração da sua UME entre a  data do registro das DI e a autuação.  Repisando­se,  há  de  ser  destacado  que  as  DI´s  relacionadas  ao  NCM  8906.90.00,  foram  todas  registradas  em  data  anterior  a  17.08.2012,  ou  seja,  quando  ainda  estava prevista a utilização de “quilograma líquido” como unidade de medida estatística.   Dessa  maneira,  resta  incontroverso  que  em  relação  a  unidade  de  medida  estatística adotada para as adições de NCM 8906.90.00, não houve nenhum erro da Recorrente  ao  realizar  o  enquadramento  da  unidade  de medida  estatística  (UME),  fato  que,  sem  dúvida  alguma, demonstra o total descabimento dessa penalidade, uma vez que não há divergência no  que se refere a NCM 8906.90.00.   No entanto,  fica mantida a penalidade quanto as outras NCM autuadas, por  não haver demonstração inequívocas nos autos dos erros apontados pelo Fisco.  2.2­ Da multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor aduaneiro das embarcações.  Aduz  que  foi  equivocadamente  mantida  a  multa  de  5%  (cinco  por  cento)  sobre  o  valor  aduaneiro  das  seguintes  embarcações:  "FAR SCOUT",  "FAR SABRE",  "FAR  SAILOR",  "FAR SWIFT"  e  "FAR SÊNIOR", nos  termos  do  artigo 70,  inciso  II,  alínea  "b",  item  1,  da  Lei  n°  10.833/03,  sob  a  alegação  de  que  a  Recorrente  não  teria  comprovado  o  ingresso das mesmas no país por meios próprios.  O dispositivo legal invocado pela Fiscalização foi o art. 70 da Lei nº 10.833,  de 2003, que tem a seguinte redação:   "Art.  70.  O  descumprimento  pelo  importador,  exportador  ou  adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da  obrigação  de  manter,  em  boa  guarda  e  ordem,  os  documentos  relativos  às  transações  que  realizarem,  pelo  prazo  decadencial  estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou  da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando  exigidos, implicará: (...)  II  ­  se  relativo  aos  documentos  obrigatórios  de  instrução  das  declarações aduaneiras:  (...)  b) a aplicação cumulativa das multas de:  1.  5%  (cinco  por  cento)  do  valor  aduaneiro  das  mercadorias  importadas;"  Segundo o Fisco, a comprovação de que as embarcações ingressaram no país  por  meios  próprios,  visa  afastar  a  exigência  de  apresentação  de  Conhecimento  de  Carga,  dispensado em tais casos, nos termos do artigo 18, §2°, inciso I, alínea b, item 1 da Instrução  Normativa SRF nº 680, de 2006.  Informa o Fisco no Relatório Fiscal que (...) "nessas outras DIs, três estavam  com informação "meios próprios" na Ficha "transporte" o que sana a questão acerca desses  casos  específicos,  ficando,  igualmente,  inseridas  no  disposto  no  artigo  18,  §2°,  I,  'b',  da  Fl. 4163DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.151          27 Instrução  Normativa  RFB  n°  680/2006.  Entretanto,  duas  delas  constavam  a  informação  "entrada ficta", na ficha 'transporte', sem nenhuma outra referência que pudesse viabilizar um  rastreamento de Declarações e verificar, se fosse o caso, se aquelas mercadorias entraram no  Brasil por 'meios próprios'" e também nada havia no campo 'informações complementares'.   Desta  forma,  como  na  Ficha  “transporte”,  dessas  DIs,  indica  a  situação  “entrada ficta”, o que indica exigência do Conhecimento de Carga, e que tal condição 'entrada  ficta"  não  se  encontra  contemplada  expressamente  pelo  dispositivo  normativo  da  citada  IN  RFB nº 680, de 2006.  Por  isso,  a  decisão  a  quo  deixou  consignado  que  assiste  razão  ao  Fisco,  quando  o  interessado  não  logrou  êxito  em  demonstrar  a  primeira  DI  registrada  para  as  5  embarcações  relacionadas no quadro de fls. 3.587/3.588  (menção no quadro da Ficha que se  tratava de 'entrada ficita'), infringindo, portanto, o art. 70, II, 'b', '1' da Lei nº 10.833, de 2003,  de 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro das mercadorias importadas.  Agora,  em  seu  recurso,  alega  a  Recorrente  que  "(...)  Ora,  se  a  Recorrente  apresentou as Dl's  originárias que demonstram que o  ingresso das  embarcações no país  se deu por  meios próprios  (momento em que ocorreu a efetiva entrada  física), é um tanto quanto óbvio que nas  Dl's registradas a posteriori seria consignada somente a entrada ficta dessas embarcações, decorrentes  de importações fictícias realizadas apenas para atender à legislação aplicável aos regimes aduaneiros  especiais. É somente por essa razão  (inexistência de  saída e reingresso físico das embarcações) que  fora consignada a situação "entrada ficta".  "No  entanto,  a  Recorrente  pede  vênia  para  trazer  aos  autos  do  presente  processo administrativo alguns documentos  complementares aos  já apresentados, na medida  em que se mostram imprescindíveis para a comprovação de que as embarcações em comento,  efetivamente, ingressaram no país por meios próprios, senão vejamos:  Alega   que  é  imprescindível  que  prevaleça,  o  princípio  da  verdade  material,  informador  do  processo  administrativo  fiscal,  e  segundo  o  qual  a  autoridade  administrativa deve considerar os fatos tributários como na realidade aconteceram, sem exigir  formalidades processuais extravagantes.  Analisando  o  seu  recurso,  pode­se  verificar  nas  informações  trazidas  à  fl.  3.636  (texto  recortado  abaixo)  que  as  informações  possui  referência  a  documentos  complementares ­ cópias apensados às fls. 3.690/3.730, que alega restar comprovado o ingresso  no País das referidas embarcações: o quadro demonstra o nome da Embarcação, o numero da  primeira DI, tipo e nº do documento anexado aos autos. Veja­se as descrições:  "E­mails enviados em 27.12.2008 pelo Capitão da embarcação, a respeito de sua previsão  de chegada no Rio de Janeiro/BR;  "IMO  Crew  List"  (datado  de  04.01.2009),  com  informações  sobre  tripulantes,  porto  de  destino (Niterói ­ Rio de Janeiro) e últimos portos de saída;  Questionário  enviado  pelo  agente  marítimo  no  Rio  de  Janeiro,  requerendo  informações  sobre a embarcação antes do atracamento;  "IMO  General  Declaration"  (datado  de  05.01.2009),  contendo  informações  sobre  a  embarcação, inclusive o porto de destino (Niterói ­Rio de Janeiro);  Fl. 4164DF CARF MF     28 "ISPS  Pre­Arrival  Information  Pro­Forma",  contendo  informações  sobre  a  embarcação,  inclusive de que seria a primeira visita ao Brasil;  Certificado Internacional de Segurança da embarcação;  Certificado  de Classificação da embarcação;  e h)Carteira de  Identificação do Capitão da  embarcação, Sr. KeithWrichtson.  E­mails enviados em 28.08.2007 pelo Capitão da embarcação, Sr. Jose Saraiva, a respeito  de sua previsão de chegada no Brasil.  "Termo de Responsabilidade da Empresa de Navegação" (datado de 13.10.2009) contendo  informações sobre a empresa de navegação, a embarcação, o agente consignatário e o comandante do navio;  "Passe de entrada", emitido pelo Departamento de Polícia Federal em 13.10.2009;  "IMO Crew List" (datado de 13.10.2009) com informações sobre tripulantes e últimos portos  de saída; Lista de Tripulantes;  Questionário requerendo informações sobre a embarcação antes do atracamento no Rio de  Janeiro;  e  "Declaração Marítima  de  Saúde"  emitida  pela  ANVISA  em  01.10.2009,  informando,  dentre  outras  coisas, que o local de entrega foi o porto do Rio de Janeiro.  "Certificado  de  Livre  Prática"  emitido  pela  Divisão  Nacional  de  Vigilância  Sanitária,  subordinada ao Ministério da Saúde,  datado de 27.09.1997,  informando que a  embarcação era  procedente de  Brest/França, com escala em Salvador e em trânsito para o porto do Rio de Janeiro;  "Passe de  entrada",  emitido pelo Departamento de Polícia Federal  em Macaé  (datado de  29.09.1997), contendo informações sobre o local de procedência da embarcação, escalas e tripulantes; e "Termo  de Visita Aduaneira"  emitido  pela Secretaria da Receita Federal do Brasil  em Macaé  (datado de  29.09.1997),  contendo, dentre outras coisas, informações sobre a espécie da embarcação (Rebocador) e as escalas realizadas.  "Certificado de Livre Prática" emitida pela ANVISA em 04.09.2002;  "Passe de saída" (datado de 04.09.2002) emitido pelo Diretoria de Portos e Costas ("DPC")  por  meio  da  Agência  da  Capitania  dos  Portos  em  Cabo  Frio/RJ,  autorizando  a  saída  da  embarcação  para  empreender viagem até o porto de Macaé/Rio de Janeiro.  "Passe  de  Embarcação"  emitido  pelo  Serviço  de  Controle  Aduaneiro  da  Secretaria  da  Receita Federal (datado de 04.09.2002), autorizando a saída da embarcação de Arraial do Cabo/Rio de Janeiro  para Macaé/Rio de Janeiro;  "Passe de Entrada"  emitido pelo Departamento de Polícia Federal  em Campo, datado de  04.09.2002,  contendo  informações  sobre  o  local  de  procedência  da  embarcação  e  escalas,  atestando  que  a  embarcação ficaria fundeada na Bacia de Campos, com 9 (nove) tripulantes;  Lista de Tripulantes (datada de 04.09.2002); e Lista de últimos portos de escala (datado de  04.09.2002).  Considerando­se  o  princípio  da  verdade  material  invocado,  informador  do  PAF, é fato que a apresentação posterior de documentos é plenamente possível a fim de que se  comprovem  os  fatos  alegados  pelo  contribuinte  após  a  impugnação  e  até  o  momento  do  julgamento, principalmente nos casos em que a quantidade de documentos a serem levantados  seja significativa ou naqueles em que a documentação comprobatória seja antiga.   No  caso,  as  cópias  desses  documentos  ora  juntados  ­  e­mail  enviados  pelo  Capitão  do Barco,  informações  prestadas  pelo  agente marítimo,  lista  de  tripulantes,  etc  (fls.  3.690/3.730),  apesar de  aparentar  ser  referente  às  referidas  embarcações  e DI,  não  assume o  condão de descaracterizar as conclusões contundentes apontadas pelo Fisco em seu Relatório.  Fl. 4165DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.152          29 No referido Relatório Fiscal às fls. 97/98, o Fisco assim asseverou: "(...) Como  havia  sido  apresentado  uma  tabela,  em  arquivo  magnético,  contendo  números  de  DDEs  e  REs  vinculadas  (Despachos  de  Exportação)  às  5  Embarcações  citadas  ("FAR  SCOUT",  "FAR  SABRE",  "FAR SAILOR", "FAR SWIFT" e "FAR SÊNIOR"), resolveu­se buscar informações nessas Declarações  de Exportação, para aferir se havia indicação da DI de entrada original no Brasil e se essa DI citava  um transporte "por meios próprios. Essa nova aferição, contudo, não demonstrou qual a DI original  de  entrada  no  Brasil.  Uma  vez  que  tais  DIs  (indicadas  nos  DDEs)  faziam  menção  a  outras  Declarações de  Importação. Para estas últimas, mais uma vez, buscaram­se as  informações  sobre o  transporte no SISCOMEX. No quadro abaixo, vê­se um resumo das conclusões (...)".  Analisando­se  o  quadro  elaborado,  no  campo  observação  consta  a  seguinte  informação: para a Embarcação FAR SCOUT (DDE 2120187077/1 de DI nº 09/1712278­4), nº  da  DI  citada  na  DDE  09/1536324­5,  indica  em  Observações  que:  "A  DI  indicada  nos  'complementares'  da  DI  citada  na  DDE  não  indica  outra  DI  anterior  e  o  transporte  foi  'entrada ficta".  Para  a  embarcação  FAR  SAILOR,  consta  a  seguinte  observação:  "As  DIs  indicadas  nos  'complementares'  da  DI  citada  na  DDE  não  corresponde  a  nenhuma  embarcação. Portanto, não há prova de entrada 'por meios próprios".  Já para  a embarcação FAR SENIOR,  consta  a  seguinte observação:  "As DI  indicadas  no  "complementares"  da  /DI  citada  na  DDE  não  corresponde  a  nenhuma  embarcação. Portanto, não há prova de entrada "por meios próprios".  Desta  forma,  a Recorrente,  na  época  da  fiscalização,  não  conseguiu  provar  qual  foi  a  DI  original  de  entrada  no  Brasil,  para  cada  uma  das  5  Embarcações  citadas.  A  fiscalização, apesar das buscas realizadas no SISCOMEX também não conseguiu se chegar a  quais seriam essas DIs. Assim, considerando as informação prestadas pelo Fisco (baseada em  dados e informação coletados nos sistemas da RFB), que houve a "entrada ficta" consignada na  ficha  "transporte",  fica  evidenciado  que  não  é  situação  contemplada  como  caso  de  não  exigência do Conhecimento de Carga pela IN RFB nº 680, de 2006. Portanto, correto o Fisco  em definir que a FASTARD, esteja sujeita à penalidade em questão, uma vez caracterizado a  não apresentação ou não manutenção, em boa guarda e ordem, de documentos ou arquivos.  Assim,  entendo que deve  ser mantido  a multa  relativa a obrigatoriedade de  guarda e apresentação de documentos obrigatórios, quando solicitados pelo Fisco, previsto na  Lei nº 10.833/2003, art. 70, II, b, item l (multa de 5% do valor aduaneiro).  3­ Da exigência das multas por violação aos princípios da Boa Fé, da Segurança Jurídica,  da Proporcionalidade e da Razoabilidade.    Alega  a  Recorrente  que  colaborou  dentro  de  todo  o  possível  com  a  fiscalização.  Inclusive,  como  já  dito,  apresentou  as  suas  Dl's  indicando  a  quantificação  das  peças e embarcações. Entende que se o contribuinte agiu de boa­fé, mesmo havendo erro fiscal  ­  o  que  não  ocorreu  no  presente  caso  ­  a  multa  poderá  ser  afastada,  considerando  que  sua  hermenêutica admite temperamentos, permitindo a aplicação da equidade e da interpretação da  lei tributária segundo o princípio do in dúbio pro contribuinte. Ademais, o auto de infração ora  impugnado ainda viola os princípios da proporcionalidade e da  razoabilidade, expressamente  referidos no artigo 2º da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da  Administração Pública Federal.  Fl. 4166DF CARF MF     30 Pois  bem.  A  atividade  administrativa  do  lançamento  é  obrigatória  e  vinculada, sob pena de responsabilidade funcional, consoante disposição expressa do art. 142,  parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Portanto, a autoridade fiscal não pode eximir­ se de cumprir seu dever legal de aplicar a multa no exato quantum previsto em lei, sendo­lhe  vedado dispensar ou reduzir penalidades sem previsão  legal. É o que dispõe o art. 97,  inciso  VI, do Código Tributário Nacional (CTN).  A  exclusão  ou  redução  de  multas,  em  se  constituindo  uma  situação  excepcional,  eis  que  dispensa  a  prática,  por  parte  da  autoridade  administrativa,  de  uma  atividade  vinculada  e  obrigatória,  deve  ser  feita  tão  somente  nas  hipóteses  expressamente  previstas na legislação, sem o que equivaleria aventar que a atividade ora exercida seria uma  atividade discricionária quando, ao contrário, se trata de atividade vinculada.  No que tange aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, a lei em  comento  não  confere  âmbito  de  discricionariedade  à  autoridade  administrativa  no  tocante  à  dosimetria da punição, sendo suficiente que se caracterize a situação descrita na  lei para que  haja a  aplicação da penalidade no percentual único previsto. Assim,  a matéria  em pauta não  comporta alegação de ofensa ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade.  4­ Da alegada aplicação de MULTAS em duplicidade ­ BIS IN IDEM.  Aduz  que,  ainda  que  se  considere  adequada  a  imposição  das  multas  mencionadas  acima,  relativas  a  suposta  (i)  quantificação  incorreta  de  bens  na  unidade  de  medida  estatística  e  (ii)  omissão  ou  prestação  de  informação  inexata  ou  incompleta,  a  Recorrente destaca que, em relação a alguns dos bens envolvidos ­ curiosamente os de maior  valor  aduaneiro  ­  foram  equivocadamente  aplicadas  ambas  as  penalidades,  contrariando  as  disposições  do  próprio  Regulamento  Aduaneiro.  Tratam­se,  justamente,  dos  mesmos  dispositivos  legais que deram  a  redação dos  incisos do  caput do  artigo 711 do Regulamento  Aduaneiro, sobre os quais o §3° do mesmo artigo veda a aplicação conjunta.  No que tange a causa de pedir, deve­se lembrar tratar­se de um mesmo fato,  do qual se extrai a conseqüência jurídica. Logo, não se trata de indicar mais de um dispositivo  legal,  para  sua  descaracterização.  O  bis  in  idem  estará  configurado  se  o  fato  permanece  o  mesmo,  independentemente  da  roupagem  legal  que  eventualmente  ganhar  em  um  segundo  processo, reitere­se, abordativo do mesmo fato.  No  caso  em discussão  não  se  trata  de bis  in  idem,  portanto. A  fiscalização  identificou fatos distintos, quais sejam, (i) adoção incorreta do método de valoração aduaneira  e (ii) declaração incorreta de unidade de medida estatística (UME), cada qual com tipificação  própria, artigo 69 da Lei 10.833/03 e artigo 84 da Medida Provisória nº 2.158/35 .  5­ Conclusão  Posto isto, conheço dos recursos apresentados, para:  (i) NEGAR provimento ao Recurso de Ofício, e  (ii) DAR PARCIAL provimento ao Recurso Voluntário, da seguinte forma:  a) excluir a penalidade, uma vez que não houve nenhum erro da Recorrente  ao  realizar  o  enquadramento  da  unidade  de  medida  estatística  (UME),  em  relação  à  UME  adotada para  as  adições  de NCM 8906.90.00. Mantida a penalidade quanto  as demais NCM  autuadas, conforme disposto no 'item 2.1' deste voto, e  Fl. 4167DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.153          31 b)  MANTER  a  multa  relativa  a  guarda  e  apresentação  de  documentos  prevista na Lei nº 10.833/2003, art. 70, II, b, item l., conforme item '2.2'.  É como voto.     (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra ­ Relator              Declaração de Voto  Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto  Versa  a  autuação  acerca  da  aplicação  das  seguintes  multas,  devidamente  descritas pelo ilustre relator:  I  ­ Multa  proporcional, prevista  no  artigo  70,  inciso  II,  alínea  "b", item 1, da Lei n° 10.833/2003 e reproduzida no artigo 710  do  Decreto  n°  6.759/2009,  no  montante  de  5%  do  valor  aduaneiro  dos  bens  importados,  por  não  ter  mantido  em  boa  guarda e ordem, nem apresentado à D. Fiscalização documentos  obrigatórios  de  instrução  das  declarações  aduaneiras  em  questão;  II  ­ Multa regulamentar de 1% prevista no artigo 84,  inciso II,  da MP n° 2.158­35, de 2001, (art. 711, II do RA/2009) em razão  da quantificação incorreta na unidade de medida estatística.  Vejamos então os dispositivos que fundamentam as multas aplicadas:  Decreto nº6.759/2009  Art.18.O  importador,  o  exportador  ou  o  adquirente  de  mercadoria  importada  por  sua conta e ordem têm a obrigação  de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às  transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido  na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentá­ los à fiscalização aduaneira quando exigidos  Art.710.Aplica­se a multa de cinco por cento do valor aduaneiro  das  mercadorias  importadas,  no  caso  de  descumprimento  de  obrigação  referida  no  caput  do  art.  18,  se  relativo  aos  documentos  obrigatórios  de  instrução  das  declarações  aduaneiras.  Art.711.Aplica­se  a  multa  de  um  por  cento  sobre  o  valor  aduaneiro  da  mercadoria  (Medida  Provisória  nº  2.158­35,  de  2001, art. 84, caput; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 69, §1º):  Fl. 4168DF CARF MF     32 I­classificada  incorretamente  na  Nomenclatura  Comum  do  Mercosul,  nas  nomenclaturas  complementares  ou  em  outros  detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria;  II­quantificada incorretamente na unidade de medida estatística  estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; ou   III­quando  o  importador  ou  beneficiário  de  regime  aduaneiro  omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de  natureza  administrativo­tributária,  cambial  ou  comercial  necessária  à  determinação  do  procedimento  de  controle  aduaneiro apropriado.  Todas as multas  tem em comum o fato de incidirem sobre a  importação de  mercadorias,  como  o  próprio  caput  dos  dispositivos  refere  expressa  e  literalmente.  Ocorre,  todavia, que as autuações se deram sobre operações em regime aduaneiro especial de admissão  temporária para utilização econômica.  A questão, portanto, é  investigar se a  relação entre o conceito de bem  e de  mercadoria  para  determinar  se  é  possível  a  subsunção  das  operações  realizadas  pela  Recorrente às hipóteses de sanções que o auditor procurou aplicar ao caso.  O  conceito  de  mercadoria  é  haurido  da  melhor  doutrina  tributária  de  longuíssima data, no que se pode afirmar haver um consenso acerca do significado desse termo  e do sentido que assume inclusive constitucionalmente, visto ter sido utilizado na elaboração de  uma competência tributária atribuída aos Estados.  Vejamos a lição de Roque Antônio Carrazza:  Não é qualquer bem móvel que é mercadoria, mas tão somente o  bem móvel corpóreo (bem material) que se submete à mercancia.  Podemos,  pois,  dizer  que  toda  mercadoria  é  bem móvel,  mas  nem  todo  bem  móvel  é  mercadoria.  Só  o  bem  móvel  que  se  destina  à  prática  de  operações  mercantis  é  que  assume  a  qualidade de mercadoria.  (...)  Daí que a existência de uma mercadoria não está na natureza  do  bem  móvel,  mas  na  sua  destinação.  Se  o  bem  móvel  for  objeto  de  comércio  ­  vale  dizer,  se  ele  se  destinar  à  venda  a  outro  comerciante  ou  ao  consumidor  final  ­,  então,  sim,  ele  é  juridicamente  uma  mercadoria.  (CARRAZZA,  Roque.  ICMS,  17ªed. São Paulo: Malheiros, 2015. P.50) [grifos nossos]  Esse  conceito  é  corroborado  pela  lição  do  decano  entre  os  tributaristas,  e  emérito estudioso do imposto sobre a circulação de mercadorias, Alcides Jorge Costa:  A  nosso  ver,  (...)  mercadoria  é  toda  cousa  móvel  corpórea  produzida  para  ser  colocada  em  circulação,  ou  recebida  para  ter curso no processo de circulação. (...)  Mercadoria  é  toda  cousa  móvel  corpórea;  esta  parte  da  definição  dispensa  explicações.  Quando  a  definição  dada  fala  em "produzida para ser posta em circulação" e "recebida para  ter  curso  no  processo  de  circulação",  põe  em  destaque  um  elemento  subjetivo,  o  do  destino  a  ser  dado  à  mercadoria;  também  a  noção  de  mercadoria  comumente  aceita  no  direito  Fl. 4169DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.154          33 comercial  contém  um  elemento  subjetivo.  (COSTA,  Alcides  Jorge. ICM na Constituição e na Lei Complementar. São Paulo:  Ed. Resenha Tributária, 1978. P.99) [grifo nosso  Poderíamos enunciar algumas dezenas de tributaristas que fazem coro a essa  definição ­ pode­se se dizer ser uma das poucas coisas tratadas como unanimidade nesse campo  de estudo ­ mas tais menções seriam despiciendas frente a autoridades dos autores já citados.  Mais do que meramente doutrinária, a definição recebeu expressa guarida das  Cortes Superiores, especialmente no RE 461.968/SP, julgado pelo Pleno do STF e de relatoria  do Min. Eros Grau, onde se discutia a incidência de ICMS sobre as aeronaves que ingressavam  no país no regime de leasing, sem possibilidade de aquisição posterior, onde a Corte entendeu  por unanimidade, que os bens que não se  integrariam ao mercado nacional, ou seja, que não  estariam destinados à mercancia, não poderiam sofrer incidência daquele imposto.  Esta  linha  jurisprudencial  do  STF  inclusive  motivou  uma  reação  política  legislativa,  com  a  alteração  no  art.155,  §2º,  IX,  a  da  Constituição  através  da  Emenda  Constitucional 33/2001, para inclusão dos bens, expressamente, na competência estadual:  IX ­ incidirá também:   a)  sobre  a  entrada  de  bem  ou  mercadoria  importados  do  exterior  por  pessoa  física  ou  jurídica,  ainda  que  não  seja  contribuinte  habitual  do  imposto,  qualquer  que  seja  a  sua  finalidade,  assim  como  sobre  o  serviço  prestado  no  exterior,  cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou  o  estabelecimento  do  destinatário  da  mercadoria,  bem  ou  serviço;)  Nessa mesma toada, o RE nº 203.075­9, também julgado pelo Pleno do STF,  de relatoria do Min. Maurício Corrêa, consignou expressamente que:  Com  efeito,  são  hipóteses  de  incidência  do  ICMS  a  operação  relativa  à  circulação  e  à  importação  de  mercadorias,  ainda  quando  se  trate  de  bem  destinado  a  consumo  ou  ativo  fixo  do  estabelecimento.  No  ponto,  o  termo  operação  exsurge  na  acepção  de  ato mercantil;  o  vocábulo  circulação  é  empregado  no sentido jurídico de mudança de titularidade e não de simples  movimentação  física  do  bem,  e  à  expressão  mercadoria  é  atribuída a designação genérica de  coisa móvel que possa  ser  objeto de comércio por quem exerce mercancia com frequência  e habitualidade. (grifo nosso)  Raciocínio esse de resto corroborado, no mesmo acórdão, pelo entendimento  do Min. Marco Aurélio:  Costume  dizer  que  o  Estado  tudo  pode.  O  Estado  legisla,  o  Estado  executa a  lei,  o Estado  julga  a  aplicação da  lei. Que o  faça bem e, em se tratando de tributo, que se atenha ao figurino  constitucional. Este figurino, para mim – e não posso atribuir ao  legislador constituinte a inserção, na Carta, de termos inúteis –  revela, em face do que se contém na alínea ‘a’, inciso IX do §2º  do  art.155  da  Carta  de  1988,  a  necessidade  de  ter­se,  na  importação, para que haja a transferência, como que em passo  Fl. 4170DF CARF MF     34 de  mágica,  da  obrigação  tributária  do  vendedor  para  o  comprador,  como  quer  a  alínea  ‘a’  –  a  na  ponta,  destarte,  importando o bem, alguém que esteja estabelecido no âmbito da  mercancia.  Isso  deixa  claro  que  constitucionalmente  há  uma  diferença  expressamente  adotada  pelo  legislador  constituinte  entre  bem  e  mercadoria,  no  sentido  de  que  o  primeiro  corresponde  a  um  gênero  do  qual  o  segundo  é  espécie,  tendo  por  diferença  específica  caracterizadora  o  elemento  subjetivo  da  destinação  à  mercancia,  ou  seja,  seu  emprego  em  operações de venda ou revenda.  Não  restam  dúvidas  que  tal  distinção  foi  consagrada  nas  regras  de  competência  tributária,  o  que  reforça  a  preponderância  ao  sentido  técnico  das  expressões  utilizadas nas regras constitucionais tributárias, e imediatamente evoca a aplicação do art. 109  do Código Tributário Nacional:  Art.  110.  A  lei  tributária  não  pode  alterar  a  definição,  o  conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito  privado,  utilizados,  expressa  ou  implicitamente,  pela  Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas  Leis  Orgânicas  do  Distrito  Federal  ou  dos  Municípios,  para  definir ou limitar competências tributárias.  É  dizer,  a  legislação  não  poderia,  por  exemplo,  alterar  a  definição  de  mercadoria adotada pelo constituinte para determinação das competências tributárias, para lhe  dar sentido mais amplo, de modo que a única leitura compatível com a Constituição e com o  CTN é aquela que adote o sentido próprio de mercadoria, exposto anteriormente.  No caso  em  tela,  é  inequívoco e  francamente  reconhecido pela  fiscalização  que  a  importação  no  regime  praticado  não  tem  a  intenção  de  internalizar  bens  para  sua  comercialização,  mas  para  sua  utilização  nas  atividade  de  pesquisa  e  lavra  das  jazidas  de  petróleo e gás natural, com posterior exportação dos mesmos. Isso foi consignado inclusive na  decisão a quo, verbis:  "(...)As  Admissões  Temporárias  para  Utilização  Econômica  tinham por escopo o cumprimento de contratos de prestação de  serviços  offshore,  quase  sempre  firmados  para  exploração  de  campos de petróleo e gás, conforme se depreende dos contratos  apresentados pela  fiscalizada. Todavia,  nem  todos os  contratos  firmados  entre  a  importadora  e  terceira  pessoa,  para  tal  finalidade  explorativa,  foram  apresentados  no  bojo  da  ação  fiscal.  Mas  uma  circunstância  ficou  patente  para  a  fiscalização:  as  importações  efetivamente  não  traduziam  operações  de  transferência  da  titularidade  da  propriedade  sobre  as  mercadorias estrangeiras.  Todos  os  casos  em  que  os  contratos  requeridos  foram  apresentados,  quanto  naqueles  em  que  não  o  foram,  incide  a  força normativa do art.45, do Decreto Lei n° 37/66, com redação  do  Decreto  Lei  n°  2.472/88,  regulamentada  pelo  art.549,  do  Decreto  n°  6759/2009,  ou  seja,  aquilo  que  foi  inserido  na  Declaração  de  Importação,  mesmo  que  o  importador  não  apresente os documentos que dão embasamento ao fato narrado,  valem para todos os efeitos fiscais.  Fl. 4171DF CARF MF Processo nº 19395.720054/2013­50  Acórdão n.º 3402­003.287  S3­C4T2  Fl. 4.155          35 É  dizer,  em  momento  algum  o  bem  que  entrou  em  território  nacional  foi  incorporado ao Mercado Nacional, tampouco ingresso com finalidade de mercancia, essencial  à configuração de mercadoria ­ o que implica dizer que se trata de bem corpóreo, quanto a  que não discrepa o entendimento do ilustre relator.  Ao  tipificar  as  infrações  imputadas  à  Recorrente,  o  legislador  optou  por  apenas aqueles que pratiquem importação de mercadorias, ou seja, escolheu como escopo da  norma sancionatória apenas a espécie, e não o gênero inteiro de bens corpóreos. Desse modo,  não sendo destinado à mercancia, não há que qualificar­se como se mercadoria fosse, havendo  no caso atipicidade das condutas realizadas.  Ainda  que,  ad  argumentandum,  se  considerasse  a  possibilidade  remota  de  uma exegese que  interpretasse ampliativamente o conceito de mercadoria para abranger bens  corpóreos em geral, estar­se­ia violando decorrência básica do princípio da legalidade aplicado  ao  direito  punitivo,  de  que  as  normas  sancionatórias  devem  ser  interpretadas  literal  ou  restritivamente.  Além  disso,  estaria  também  violando  regra  específica  do  CTN  acerca  da  interpretação da lei tributária que define infrações, veiculado no art.112, I, daquele diploma:  Art.  112.  A  lei  tributária  que  define  infrações,  ou  lhe  comina  penalidades,  interpreta­se  da  maneira  mais  favorável  ao  acusado, em caso de dúvida quanto:  I ­ à capitulação legal do fato;  II  ­  à  natureza  ou  às  circunstâncias  materiais  do  fato,  ou  à  natureza ou extensão dos seus efeitos;  III ­ à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;  IV ­ à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.  É dizer, em caso de improvável dúvida acerca do conceito de mercadoria, há  que se adotar o seu conceito restrito (bem destinado à mercancia), em desfavor de um conceito  amplo que abrangesse quaisquer bens corpóreos, haja vista que se trata da interpretação mais  favorável ao contribuinte.  O  requisito  de  dúvida  exigido  no  caput  do  art.112  do  CTN  resta  objetivamente satisfeito pela demonstração acima de que o termo mercadoria é distinguido de  bens: i) na literalidade da Constituição, com a alteração realizada pela Emenda Constitucional  33/2001;  ii)  na  jurisprudência  pacífica  do  Supremo  Tribunal  Federal;;  e  iii)  na  uníssona  doutrina tributária pátria.  Por si só, tal ilação é suficiente para afastar a cobrança das multas discutidas  no Recurso Voluntário, comprovados os requisitos de incidência do art.112.  Ante o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para afastar  as multas aplicadas.  É como voto.  Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto  Fl. 4172DF CARF MF     36   Fl. 4173DF CARF MF

score : 1.0