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Numero do processo: 10280.002918/89-25
Turma: Terceira Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 08 00:00:00 UTC 1992
Ementa: IRF - DECORRÊNCIA - NULIDADE - Declarada a
nulidade da decisão de primeira instância
proferida no processo matriz, igual sorte
colhe a decisão prolatada no processo que
tem por objeto feito decorrente com base
nas conclusões daquela.
Numero da decisão: 103-11.886
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes ', por unanimidade de votos, em restituir os autos à repartição de origem, a fim de que seja proferida nova decisão de primeiro grau, à vista do que for decidido no processo matriz
Nome do relator: Luiz Henrique Barros de Arruda
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Recorrido: DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL EM BELÉM - PA IRF - DECORRÊNCIA - NULIDADE - Declarada a • nulidade da decisão de primeira instância proferida no processo matriz, igual sorte colhe a decisão prolatada no processo que tem por objeto feito decorrente com base nas conclusões daquela. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por NORDISR TIMBER LTDA. ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes ', por unanimidade de votos, em restituir os autos à repartição de origem, a fim de que seja proferida nova decisão de primeiro grau, à vista do que for decidido no processo matriz. Sala das Sessões-DF., em 08 de janeiro de 1992. MA O MACHADO CALDEIRA PRESIDENTE 'eS DE ARRUDA RELATOR 401d VISTO EM Z i1/40 ' g AGA PROCURADOR DA FAXEN-.• SESSÃO DE: 3 o A8 R 1992 DA NACIONAL Participaram, ainda, do presente julgamento os seguintes Conselhei ros: MARIA DE FÁTIMA PESSOA DE MELLO CARTAXO, DíCLER DE ASSUNÇÃO 7 VICTOR LUíS DE SALLES FREIRE, ILCENIL FRANCO e LUIZ ALBERTO CAVA MACE IRA. "OAMMID11 - SECOS P4Ç 064/90 1 tr. SERVÇO MUCO FEDERAL Processo n 2 10280/002.918/89-25 Recurso n 2 62.030 Acórdão n2103-11.886 REcorrente: NORDISR TIMBER LTDA. •• RELATÓRIO• • • • NORDISR TIMBER LTDA., pessoa jurídica inscrita no CGC sob o n 2 04.990.321/0001-31, com domicilio tributári em BE- LÉM (PA), inconformada com a decisão n 2 553/90, proferida às fls. 49, pelo. Chefe da DIVTRI/DRF/BELÉM, interPOe, com fundamento no art. 33 do Decreto n 2 70.235/72, o recurso voluntário de fls. 51/ /54, com o fito de obter sua reforma. A exigência contestada tem origem no auto de in - 1 fração de fls. 1, mediante o qual foi constituído de oficio crédi to tributário no valor de NCz$ 12.465,58, correspondente ao impos to sobre a renda na fonte devido em relação aos períodos-base de 1986 e 1987, acrescido de juros de mora e da multa de 50%. O lançamento em apreço é mera decorrência da ação fiscal levada a efeito na empresa, relativa ao imposto de renda devido pela pessoa jurídica, que Culminou com a lavratura do auto de infração de que trata o processo n 2 10280/002.915/89-37. Instaurando a fase litigiosa a Autuada apresentou a impugnação de fls. 08/09. Manifestando-se o Autor do feito pela informação de fls. 11, o Chefe da DIVTRI/DRF/Belém, proferiu a decisão n2 553/90, de fls. 49 julgando a ação fiscal procedente, em parte. Cientificada do decisório em 06/09/90 (AR de fls. 50A), interpôs a Requerente o recurso voluntário de fls. 51/54 reproduzindo os argumentos da inicial. É o relatório. /72 SERVJÇO PUBLICO FEDERAL Processo n 2 10280/002.918/89-25 2. Acordão n 2 103-11.886 VOTO • •• Conselheiro LUIZ HENRIQUE BARROS DE.ARRUDA, Relator: . . O recurso é tempestivo, por isso déle conheço. Esta Câmara, ao apreciar o processo matriz em 08 / 01/ 92, declarou nula a decisão de primeira instância, de conformidade com o acórdão n 2 103-11.884. Em conseqüência, igual sorte colhe o recurso apre sentado neste feito decorrente, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. Jk vista do exposto e do mais que dos autos consta, meu voto é no sentido de declarar a nulidade da decida() recorri - da, devendo os autos serem restituídos ao órgão de origem para que outra seja proferida em boa e devida forma à vist'a do que for decidido no processo matriz. Brasilia-DF., em 08 de janeiro de 1992. L HEM: lr.g DE RRUDA — RELATOR ir Page 1 _0094600.PDF Page 1 _0094800.PDF Page 1
score : 1.0
Numero do processo: 15578.000143/2010-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Nov 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO SIMULADO. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café in natura realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (pseudoatacadistas), com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsidera-se operação de compra simulada, mas mantém-se a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma.
REGIME NÃO CUMULATIVO. AQUISIÇÃO REAL DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO COMPROVADA. GLOSA DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Comprovada que o negócio jurídico efetivo de aquisição do café em grão foi celebrado com produtor rural, pessoa física, e que as notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas apontavam para uma intermediação simulada com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Cofins não cumulativa, incabível o direito de apropriação do valor integral do crédito incidente sobre o valor da operação, cabendo apenas o crédito presumido previsto para a aquisição de pessoas físicas.
AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL COMPROVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
É passível de crédito integral as aquisições de café de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, quando tais operações foram submetidas, comprovadamente, ao exercício cumulativo das atividades de (i) padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou (ii) separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA. VALOR INTEGRANTE DO INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO. DIREITO À DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
No regime não cumulativo, integram a base de cálculo dos créditos da Cofins os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, submetido a processo industrial e posteriormente pelo adquirente.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-002.343
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito correspondente ao valor da corretagem de compra e admitir a utilização do crédito presumido para compensação com outros tributos e contribuições e/ou ressarcimento em dinheiro; por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário em relação ao pedido de revisão de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL; pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa dos créditos integrais relativas às aquisições das empresas denominadas pseudoatacadistas. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento; e por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. Vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento e José Paulo Puiatti, que negavam provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Redator ad hoc
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Paulo Puiatti, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO SIMULADO. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café in natura realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (“pseudoatacadistas”), com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsiderase operação de compra simulada, mas mantémse a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma. REGIME NÃO CUMULATIVO. AQUISIÇÃO REAL DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO COMPROVADA. GLOSA DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Comprovada que o negócio jurídico efetivo de aquisição do café em grão foi celebrado com produtor rural, pessoa física, e que as notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas apontavam para uma intermediação simulada com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Cofins não cumulativa, incabível o direito de apropriação do valor integral do crédito incidente sobre o valor da operação, cabendo apenas o crédito presumido previsto para a aquisição de pessoas físicas. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL COMPROVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE. É passível de crédito integral as aquisições de café de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, quando tais operações foram submetidas, comprovadamente, ao exercício cumulativo das AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 01 43 /2 01 0- 34 Fl. 13547DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.548 2 atividades de (i) padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou (ii) separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIAPRIMA. VALOR INTEGRANTE DO INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO. DIREITO À DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No regime não cumulativo, integram a base de cálculo dos créditos da Cofins os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, submetido a processo industrial e posteriormente pelo adquirente. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito correspondente ao valor da corretagem de compra e admitir a utilização do crédito presumido para compensação com outros tributos e contribuições e/ou ressarcimento em dinheiro; por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário em relação ao pedido de revisão de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL; pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa dos créditos integrais relativas às aquisições das empresas denominadas pseudoatacadistas. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento; e por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. Vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento e José Paulo Puiatti, que negavam provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Redator ad hoc (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator Participaram do julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Paulo Puiatti, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, Ricardo Paulo Rosa. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório encartado na decisão de primeira grau, que segue transcrito: Fl. 13548DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.549 3 Trata o presente processo de Declarações de Compensação (Dcomp) de crédito relativo a Cofins nãocumulativa associada a operações de exportação, referente aos quatro trimestres de 2008. A DRF/Vitória exarou o despacho decisório de fls. 743/744, com base no Parecer SEORT/DRF/VIT nº 1688, de 01/07/2010 em fls. 726/743, decidindo reconhecer em parte o direito creditório pleiteado e, em decorrência, homologar parcialmente as compensações declaradas. No referido Parecer consta consignado, em resumo, que: • O contribuinte efetuou compras junto ao Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente, no mês de fevereiro de 2008. Tais operações de venda não são tributadas e, portanto, não há que se falar em creditamento da Cofins pelas aquisições efetuadas pela Unicafé. Tampouco há previsão para crédito presumido nesta situação; • O contribuinte ora apura crédito presumido sobre as aquisições realizadas junto a cooperativas, ora apura crédito integral. A falta do registro na nota fiscal emitida pela cooperativa de que a saída é com suspensão não autoriza ao adquirente aproveitarse do crédito integral; • Foi glosado o crédito integral sobre a parcela de aquisições de café junto a cooperativas, adicionandose em seu lugar, o crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004; • Para efeito de análise dos fornecedores, optouse por uma amostragem que representa mais de 80% das aquisições de café de pessoa jurídica no ano de 2008; • Verificouse irregularidades na grande maioria dos fornecedores (omissos, inativos, receita declarada nula ou incompatível com as vendas realizadas), correspondendo a aproximadamente 80% dos 53 maiores fornecedores; • 20 dos 53 fornecedores listados se encontram com o CNPJ suspenso ou na situação de inaptidão; • Não há questionamento quanto à aquisição dos produtos. O que se conclui é que as aquisições não foram realizadas das empresas que forneceram as notas fiscais, mas de pessoas físicas não contribuintes do PIS e da COFINS; • É identificado um processo artificial de majoração dos créditos da nãocumulatividade, transformando créditos presumidos das aquisições de produtores rurais, pessoas físicas, em créditos integrais das aquisições de pessoas jurídicas. Tal afirmativa encontra respaldo, a título Fl. 13549DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.550 4 exemplificativo, nas documentações extraídas dos processos de declaração de inaptidão juntados no anexo, em decorrência da operação denominada “Tempo de Colheita”, onde se concluiu que o adquirente conhecia e se valia da existência de empresas de fachada com o único objetivo de obter créditos indevidos, restando comprovada a máfé das empresas adquirentes, dentre elas a própria Unicafé; • O esquema envolvendo as operações de café foi corroborado pela “Operação Broca” realizado pela Receita Federal; • Não se pode questionar que houve a aquisição de café, porém, de pessoas físicas, produtores rurais. Nesta senda, reconhecese o crédito presumido em detrimento das supostas aquisições de pessoas jurídicas como pretendeu a Unicafé; • Os fornecedores que se encontram nesta situação foram relacionados e foi promovida a glosa pertinente e a adição do crédito presumido, conforme tabela de fls. 216/217. Seguindo o disposto no art. 8o, § 3o, II da IN/SRF 660/2006, que disciplinou a Lei 10.925/2004, tal crédito não pode ser objeto de compensação com tributos diversos nem pedido de ressarcimento; • Foi elaborado o “demonstrativo de apuração das contribuições nãocumulativas” com os ajustes procedidos na base de cálculo dos créditos. O crédito presumido foi somado ao crédito decorrente do mercado interno; • O saldo de crédito decorrente do mercado interno ao final do anocalendário 2007, apurado no processo 15578.000142/201090 foi acrescido ao crédito apurado no mês de janeiro de 2008; • Foram desconsideradas as despesas de corretagem, visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumos delineada pela legislação no tocante à apuração de créditos a descontar; • Foi apurado direito creditório relativo à nãocumulatividade da Cofins decorrente de operações de exportação nos 4 trimestres de 2008 no valor de R$ 15.666.997,50. A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório em 10/12/2010 (fl. 752) e apresentou Manifestação de Inconformidade em 03/01/2011 (fls. 1013/1085), alegando, em síntese que: • O insumo “café em grão cru” destinado à revenda é considerado uma semente beneficiada, conforme Resolução CNNPA nº 12/1978. A Recorrente revende o insumo no Fl. 13550DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.551 5 mercado externo e, em alguns casos, também realiza o processo de rebeneficiamento. A atividade de revenda é preponderante; • Em se tratando de compras para posterior revenda, a Recorrente apurou créditos integrais da Cofins (art. 3o, I e II da Lei 10.833/03); • O fiscal entendeu que a tributação da Cofins na saída do “café cru em grão” das cooperativas fornecedoras deveria ser obrigatoriamente suspensa, alegando que a Recorrente exerce atividade agroindustrial; • Nas receitas decorrentes de atos nãocooperativos, há Cofins a recolher, motivo pelo qual o adquirente da sociedade cooperativa tem direito ao aproveitamento do crédito integral; • Mesmo quando se trata de ato cooperativo em que se tem o “adequado tratamento tributário” na incidência da Cofins, o adquirente tem direito ao crédito integral; • Nas aquisições de café cru em grão pela recorrente não há a suspensão obrigatória da Cofins, visto que as sociedades cooperativas de produção agropecuária, fornecedoras, exerceram atividade agroindustrial, na forma do § 6o do art. 8o da Lei 10.925/2004 e, portanto, estas é que possuem o direito ao crédito presumido, relativo à compra de café in natura; • As vendas de produtos in natura pelas cerealistas e pelas cooperativas de produção agropecuária saem com suspensão da Cofins. As cooperativas de produção agropecuária, inclusive agroindustrial, adquirentes do café in natura: apuram IR com base no lucro real; exercem atividade agroindustrial; utilizam os mesmos como insumos na produção de mercadoria classificada no capítulo 9 da NCM (ou seja, o café deixa de ser in natura); • As cooperativas de produção agropecuária, inclusive agroindustrial, fornecedoras, aproveitam o crédito presumido da Cofins, visto que exercem cumulativamente as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café, transformando o café in natura adquirido de pessoas físicas e jurídicas em “café cru em grão”; • Não havendo suspensão, a receita bruta da venda de “café cru em grão” pelas cooperativas de produção agropecuária, quando decorrente de ato nãocooperativo ou ato cooperativo, é tributada à alíquota geral do PIS e da Cofins. Fl. 13551DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.552 6 Nesse caso, a Recorrente, adquirente, tem direito ao aproveitamento do crédito integral; • A cooperativa de produção agropecuária, quando comercializa o “café cru em grão” no mercado interno para a Recorrente, transfere na nota fiscal o total do crédito fiscal da Cofins que não foi possível compensar ou ressarcir em espécie nesta etapa da cadeia produtiva, em atendimento ao princípio constitucional da nãocumulatividade; • Não se pode admitir a hipótese de aproveitamento do crédito presumido da Cofins em duas etapas da cadeia produtiva do café; • O regime de suspensão da Cofins nas vendas efetuadas por cooperativas passou a vigorar a partir na publicação da IN SRF 636/2006, revogada pela IN SRF 660/2006, que estabelece as regras a serem observadas; • Se o produto adquirido como insumo de pessoa jurídica não teve sua receita favorecida pela suspensão do PIS e da Cofins, mostrase lógico inferir que o aproveitamento do crédito pelo adquirente observará as regras gerais; • As informações do Parecer, no que se refere a aquisições de pessoas jurídicas omissas ou inaptas, não são de conhecimento da Requerente, já que não foi convocada a participar do procedimento administrativo a elas alusivo; • Houve ofensa ao direito ao contraditório e a ampla defesa, sendo necessário afastar os efeitos dos fundamentos expostos no Parecer e no Anexo 1, Vols. I e II, eis que produzidos sem a participação da empresa Recorrente; • Diferentemente do IPI, no caso da nãocumulatividade da Cofins, não há o que falar se, na etapa anterior houve recolhimento ou não das contribuições. Esse entendimento já foi manifestado pela DRJ/RJO II em caso semelhante; • No método subtrativo indireto, aplicado a Cofins, o próprio contribuinte deve apurar o valor a ser abatido da aplicação da alíquota sobre o montante das vendas ou das prestações de serviços; • A Recorrente agiu de boafé, tendo, pois, o direito ao aproveitamento do crédito integral nas aquisições de pessoas jurídicas posteriormente declaradas inativas, omissas e com receita nula; Fl. 13552DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.553 7 • Segundo o art. 82 da Lei 9.430/96, as empresas que comprovarem a efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias não poderão ter seus créditos glosados. Tal preceito é reproduzido no art. 217 do RIR/99; • A Recorrente teve o zelo de fazer consultas ao SINTEGRA, banco de dados da RFB. Ainda que as empresas fornecedoras estivessem inativas no momento da realização das operações, o que não é verdade, a Recorrente jamais poderia ser prejudicada por fatos que não causou; • Nenhum dos acionistas da empresa Recorrente foi denunciado pelo Ministério Público Federal, não respondendo a quaisquer dos crimes que foi objeto da operação denominada “Broca”, conforme certidão em anexo; • Várias das empresas arroladas ainda apresentam situação cadastral “ativa” de seus CNPJ’s; • Seguem os comprovantes de ingresso das mercadorias e de seus respectivos pagamentos, acompanhados da consulta ao SINTEGRA; • A fiscalização cometeu alguns erros na apuração da base de cálculo da contribuição. Deixou de incluir as despesas relativas à energia elétrica, devendo ser promovida a correção do engano; • Também deixou de incluir os valores de créditos presumidos que constam nas DACONs do período; • O autor do procedimento fiscal desconsiderou a realidade dos fatos amparada nos lançamentos contábeis. A contabilidade é meio de prova hábil e idôneo, não sendo possível desconsiderála em razão da supressão da essência em relação à exigência de formalidades; • Trechos extraídos de inquéritos policiais, ou mesmo a existência de referidos procedimentos, não representam prova de suposta obtenção fraudulenta de créditos; • Somente seria possível considerar existente a alegada fraude na eventualidade de vigorar uma sentença penal condenatória com trânsito em julgado; • A atividade de corretagem de café é essencial ao comércio atacadista de café, devendo os desembolsos decorrentes do Fl. 13553DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.554 8 pagamento de corretagem serem considerados como insumos à atividade da Recorrente; • O conceito de insumos dado pela IN SRF 404/2004 é equivocado, o que permite concluir que o legislador administrativo extrapolou sua função regulamentar; • Requer a reforma do Parecer SEORT, o restabelecimento do crédito integral da Cofins e que seja reconhecida a posição da Recorrente como preponderantemente exportadora, nos termos da IN RFB 1060/2010 (ressarcimento acelerado), em relação aos futuros pedidos. Por fim, protesta pela juntada posterior de quaisquer documentos que se fizerem necessários. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 13341/13368), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada procedente em parte, para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 44.495,63, referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da Cofins vinculado às operações de exportação, acumulado no período de janeiro a dezembro de 2008, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 NULIDADE. Não padece de nulidade o auto de infração, lavrado por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ELEMENTOS DE PROVA. A prova deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. Fl. 13554DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.555 9 Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos, embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. NEGÓCIO ILÍCITO. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos. A autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 21/9/2012 (fl. 13371). Em 17/10/2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 13372/13457, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na peça impugnatória, concernentes à glosa integrais dos créditos oriundos da aquisição (i) de cooperativas, (ii) de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada e (iii) das despesas de corretagem. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator (quanto ao restabelecimento do direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas) O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Conforme delineado no relatório precedente, o cerne da controvérsia cingese (i) a glosa parcial dos créditos calculados sobre a aquisição de café cru em grão de cooperativas de produção e de pessoas jurídicas irregulares (inativas, omissas ou sem receita declarada), e (ii) a glosa integral dos créditos calculados sobre o valor das despesas de corretagem na compra do café em grão. I Da Glosa Parcial de Créditos Referentes às Aquisições de Cooperativas de Produção Agropecuária De acordo com o Parecer que serviu de fundamento para o questionado Despacho Decisório (fls. 743/744), a autoridade fiscal glosou os créditos integrais, apurados pela recorrente, calculados sobre os valores das aquisições de “café cru em grão” ou “café beneficiado” realizadas de cooperativas de produção agropecuária, mas, em compensação, calculou e reconheceu em seu favor o valor do crédito presumido, previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004. As razões da glosa parcial, apresentada no citado Parecer (fls. 726/743), em síntese, foram as seguintes: Fl. 13555DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.556 10 a) as cooperativas de produção agropecuária encontravamse obrigadas a dar saídas do café em grão com suspensão da exigibilidade das contribuições, por força do disposto no art. 9o da Lei 10.925/2004; b) como a interessada apurava o imposto de renda com base no lucro real e exercia atividade agroindustrial, definida no art. 6º da Instrução Normativa SRF 660/2006, tinha o direito de apropriar apenas o crédito presumido sobre as aquisições das cooperativas de produção agropecuária; c) o não cumprimento pela cooperativa agropecuária de produção da obrigação acessória de registrar na nota fiscal a observação de que a saída era com suspensão não permitia ao adquirente aproveitarse do crédito integral; d) as receitas das cooperativas agropecuárias de produção, decorrentes da comercialização da produção dos cooperados, não integravam a base de cálculo da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001, por conseguinte, quando tais cooperativas não davam saída com suspensão não recolhiam os tributos sobre estas receitas, daí o motivo pelo qual a lei previa apenas o crédito presumido ao adquirente das citadas cooperativas; e e) a parcela das aquisições de café efetuadas de cooperativas agropecuárias de produção com crédito integral foram glosadas, mantendose, em seu lugar, o crédito presumido previsto no art. 8o da Lei 10.925/2004. A Turma de Julgamento de primeiro grau ratificou a glosa parcial determinada pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, sob o argumento de que as compras foram realizadas com suspensão da cobrança da Cofins e a recorrente não comprovara que o produto fora destinado à revenda. As razões de decidir apresentadas no voto condutor do julgado recorrido, em síntese, foram baseado nos seguintes argumentos: a) o produto adquirido pela recorrente estava descrito nas notas fiscais de venda como “café cru em grão” ou “café beneficiado”, o que evidenciava uma venda de produto não submetido a processo industrial; b) o “café cru” era a semente beneficiada, mas, para efeito da aplicação da obrigatória suspensão da exigibilidade da Cofins, em relação às vendas efetuadas por cooperativa agropecuária de produção, era irrelevante o fato de a referida sociedade cooperativa realizar a atividade de beneficiamento, pois, somente o exercício cumulativo das atividades descritas no do art. 8o, § 6o, da Lei 10.925/2004 e no art. 6º, II, da Instrução Normativa SRF 660/2006, caracterizava tal atividade como agroindustrial, o que não ocorrera com o produto adquirido pela recorrente; c) o processo de beneficiamento do café, executado de forma isolada pela cooperativa, não a descaracterizava como cooperativa de produção agropecuária, consequentemente, não lhe era permitida a apropriação do crédito presumido da Cofins, previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004; Fl. 13556DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.557 11 d) a recorrente atendia, cumulativamente, os três requisitos estabelecidos no art. 4º da Instrução Normativa 660/2006, para que a venda fosselhe realizada com suspensão da cobrança da Cofins; e e) tratandose de aquisições de cooperativa de produção agropecuária, a recorrente não provara que o produto adquirido fora destinado à revenda, hipótese em que o produtos não era obrigado a sair com suspensão do estabelecimento da cooperativa de produção agropecuária. Por sua vez, a recorrente alegou que fazia jus ao valor do crédito integral porque adquirira o “café cru em grão” de sociedades cooperativas que exerciam atividade de produção agroindustrial, nos termos dos §§ 6° e 7º do art. 8° da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide art. 37 da Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009)(Vide art. 57 da Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004). [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) Fl. 13557DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.558 12 [...] § 6º Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004); § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). [...] (grifos não originais) Do cotejo dos posicionamentos explicitados, fica evidenciado que o cerne da controvérsia consiste em saber se o “café cru em grão” adquirido pela recorrente de sociedades cooperativas fora submetido a processo agroindustrial, que compreende o exercício cumulativo das atividades enumeradas no § 6° do art. 8° da Lei 10.925/2004. No caso, embora a recorrente tenha apresentado fartos argumentos no sentido de justificar que as cooperativas fornecedoras do “café cru em grão” exerciam a atividade agroindustrial definida no preceito legal em destaque, não trouxe aos autos elementos de prova adequados e suficientes que confirmassem que as cooperativas vendedoras exerciam a atividade agroindustrial definida no citado preceito legal. As notas fiscais colacionadas aos autos, por amostragem, pela recorrente, na fase de manifestação de inconformidade, a meu ver, são insuficientes para comprovar que as cooperativas fornecedoras submeteram o produto adquirido pela recorrente ao mencionado processo agroindustrial. Com efeito, em consonância com os bem postos argumentos exarados no Parecer que serviu de base para o questionado Despacho Decisório, o simples registro das referidas expressões nas notas fiscais, informando que operação estava sujeita a tributação normal das citadas contribuições, induvidosamente, não tem o condão de conferir efeito diverso a real operação praticada entre as cooperativas emitentes dos referidos documentos e a recorrente, que, até prova em contrário, tratase de venda de café em grão sem a realização do processo de produção agroindustrial, definido no § 6° do art. 8° da Lei 10.925/2004. Além disso, pretender atribuir ao registro de uma mera expressão, ainda que colocado em documento fiscal (qualquer papel cabe tudo), a condição de prova adequada e suficiente de que as cooperativas vendedoras realizavam a operação de produção definida no referido comando legal, a meu ver, implicaria total desprezo pela verdade material, em desprestígio ao princípio da verdade real, que rege o processo administrativo fiscal, principalmente tendo em conta o evidente poder da adquirente de impor as condições, para fim de realização do negócio, aliado ao fato de que as receitas de vendas das cooperativas, da forma como alegada pela recorrente, não estavam sujeitas ao pagamento das referidas contribuições, por força das deduções asseguradas no art. 15, I e IV1, da Medida Provisória 2.15835/2001, o que, certamente, representa um fator propício para simulação de operação. 1 O referido preceito legal, tem a seguinte redação: Fl. 13558DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.559 13 Dada essa circunstância, a comprovação de que tais cooperativas exerciam a atividade agroindustrial, induvidosamente, demanda provas cabais, hábeis e idôneas, o que a recorrente não se dignou colacionar aos autos, nas duas oportunidades defesa, embora estivesse ciente de que este era o motivo da glosa parcial dos créditos em questão. E no caso, diferentemente do que alegou a recorrente, por se tratar de pedido de ressarcimento de crédito, nos termos do art. 333, I, do CPC, que se aplica subsidiariamente, ao processo administrativo fiscal, o ônus da prova do direito creditório pleiteado, sabidamente, cabia recorrente. Assim, tanto os argumentos quanto a jurisprudência apresentados pela recorrente, no sentido de que a fiscalização caberia comprovar tal fato, não se aplica ao caso em tela, mas ao procedimento de lançamento de ofício, formalizado nos termos do art. 142 do CTN e com os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/1972. Dessa forma, na ausência de prova em contrário, temse que os referidos produtos foram adquiridos de cooperativas de produção agropecuária2 e não de cooperativa industrial, conforme alegado pela recorrente. A recorrente alegou ainda que o “café cru em grão”, por ela adquirido, não se confundia como o café in natura, haja vista que aquele tratavase de semente beneficiada, definida na Resolução da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA) 12/1978, e que tal definição abrangeria todas as atividades relacionadas no § 6° do art. 8º da Lei 10.925/2004, e não somente o beneficiamento. A definição de "café cru" ou "café em grão" estabelecida pela citada Resolução tem o seguinte teor, in verbis: “Café cru, ou café em grão, é a semente beneficiada do fruto maduro de diversas espécies do gênero Coffea, principalmente, arábica, Coffea liberica Hiern e Cffea robusta.” Do simples do cotejo dessa definição com a definição de produção do § 6° do art. 8° da Lei 10.925/2004, fica demonstrada que a alegação da recorrente não procede. Na verdade, diferentemente do alegado pela recorrente, essa definição corrobora o entendimento da autoridade fiscal de que café adquirido não sofre o processo de produção, conforme definido no citado preceito legal. "Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. [...]" 2 A sociedade cooperativa de produção agropecuária encontrase definida no art. 3º, III, da Instrução Normtiva SRF 660/2006, a seguir transcrito: "Art. 3 A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: [...] e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...]" Fl. 13559DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.560 14 Em suma, chegase a conclusão de que o “café cru em grão” ou “café beneficiado” foram adquiridos de cooperativa agropecuária de produção, sendo irrelevante o fato de a sociedade cooperativa vendedora realizar simples atividade de beneficiamento, pois, somente o exercício cumulativo das atividades descritas no do art. 8o, § 6o, da Lei 10.925/2004 e no art. 6º, II, da Instrução Normativa SRF 660/2006, caracterizava tal atividade como agroindustrial, o que não ocorrera com o produto adquirido pela recorrente. Ademais, como a recorrente atendia, cumulativamente, os três requisitos estabelecidos no art. 4º da Instrução Normativa 660/2006, independentemente do teor das expressões apostas nas correspondentes notas fiscais de venda (prevalência da verdade material sobre a verdade formal), a real operação foi realizada com suspensão da exigibilidades das referidas contribuições, conforme estabelecido no art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004. Logo, a recorrente fazia jus apenas ao crédito presumido que lhe fora reconhecido pala autoridade fiscal. Ainda segundo a recorrente, no mercado interno, o ciclo de produção e comercialização do “café cru em grão” por ela exportado era realizado em três etapas, a saber: a) 1ª etapa, aquisição do café in natura de pessoa jurídica (cerealista) e de pessoa física (produtor rural) pela sociedade cooperativa que exercia atividade industrial; b) 2ª etapa, o processo de industrialização do café in natura pela cooperativa industrial; e c) 3ª etapa, venda para o exterior do “café cru em grão” pela recorrente com manutenção dos créditos integrais das contribuições. Após detalhada descrição de cada uma das etapas, a recorrente chegou a conclusão que a Turma de Julgamento de primeiro grau havia desconsiderado a existência da 2ª etapa do descrito ciclo de produção/comercialização. Sem razão a recorrente. Com efeito, diferentemente do alegado, o citado órgão de julgamento não desconsiderou a existência da referida etapa, mas sim a não comprovação de que ela tenha sido realizada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária fornecedoras do produto à recorrente, o que é diferente. Aliás, esse também é o entendimento aqui explicitado, baseado na ausência de provas de que as ditas cooperativas fornecedoras do “café cru em grão” ou “café beneficiado”, adquirido pela recorrente, tenha realizado o exercício cumulativo das atividades discriminadas no art. 8º, 6º, da Lei 10.925/2004. A recorrente alegou ainda a impossibilidade jurídica de aproveitamento, em duplicidade, do crédito presumido previsto no art. 8º, § 1º, II, da Lei 10.925/2004, sob o argumento de que tal crédito já havia sido utilizado pelas supostas cooperativas industriais fornecedoras do “café cru em grão” por ela exportado. Mais uma vez, não assiste razão à recorrente. Primeiro, não há provas nos autos que as cooperativas de produção agropecuária fornecedoras do produto tenha utilizado o mencionado crédito presumido. Segundo, se utilizou, foi indevidamente, pois, o referido produto não fora submetido a processo produção agroindustrial, conforme anteriormente demonstrado. Cabe ressaltar novamente, que, de acordo com os preceitos normativos anteriormente analisados, o crédito presumido em comento não pode ser utilizado em duplicidade em relação ao mesmo produto, mas apenas uma única vez e pelo estabelecimento industrial que realizar, em primeiro lugar, o exercício cumulativo das citadas atividades agroindustriais. E no caso em tela, ficou comprovado que foi a própria recorrente quem Fl. 13560DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.561 15 realizou tais atividades, portanto, corretamente a autoridade reconheceulhe o citado crédito presumido. Há provas nos autos que somente a recorrente comprovou ter os equipamentos e a estrutura industrial adequada e suficiente, para a realização das citadas atividades cumulativas de beneficiamento exigidas no citado preceito legal, conforme resposta prestada a fiscalização, em atendimento aos pedido de esclarecimentos formulados no Termo de Intimação Fiscal nº 1, explicitada nos trechos extraídos no item 6 da dita resposta (fls. 135/136), que seguem transcritos: A natureza da atividade econômica exercida pela Unicafé Cia de Comércio Exterior é o comércio atacadista de café em grãos cru. A empresa realiza por conta própria e de terceiros as operações descritas no art. 8o, § 6o da Lei 10.925/04 [...]. Por fim, complementando a resposta de forma mais abrangente e detalhada a empresa executa diversas operações da seguinte forma: A Unicafé adquire cafés de diversos tipos e de variados fornecedores, pessoas físicas e jurídicas. Ao ingressar esses produtos em suas dependências, acondicionados em sacas Big Bags, o café é pesado. As sacas são furadas para retirada de amostras dos lotes/pilhas. As amostras são numeradas. Em ato subseqüente seguem para o escritório para prova e identificação de tipo, bebida e conferência da mercadoria comprada. Depois o café é submetido a um processo de rebeneficiamento para retirada de impurezas e grãos com defeitos. Posteriormente o café é separado por peneiras e tipos o que permite a seleção dos grãos por tamanho. Em ato contínuo, os produtos são levados para ventilação, aqui ocorre a separação dos cafés mais leves chamados escolhas (brocados, malgranados e conchas). Por último, cada tipo de café é separado por cor, realizada por processamento eletrônico, por meio de células fotoelétricas, permitindo a retirada dos grãos verdes, pretos, dentre outros. Após todo o processamento acima realizado, a empresa separa os cafés em lotes (tipo, peneira, bebida, etc) através de pilhas de serviço que fica a disposição do setor comercial para utilizálos na formação de diferentes “blends” para atendimento de nossos clientes no mercado interno e externo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência das alegações suscitadas pela recorrente e uma vez demonstrado que o produto “café cru em grão” ou “café beneficiado” não fora submetido ao exercício cumulativo das atividades agroindustriais discriminadas no art. 8º, 6º, da Lei 10.925/2004, pelas cooperativas agropecuárias de produção fornecedoras, deve ser mantida a glosa parcial dos créditos, nos termos determinados no Parecer e Despacho Decisório integrante dos autos (fls. 726/744). II Da Glosa Parcial dos Créditos Referentes às Aquisições de Pessoas Jurídicas Irregulares A autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem procedera a glosa parcial do crédito calculados sobre o valor da aquisição de pessoas jurídicas em situação irregular (omissas, inativas, inaptas ou com receita incompatível), sob o argumento de que Fl. 13561DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.562 16 houve fraude na operação de compra do café em grão, caracterizada pela interposição fraudulenta de “empresas de fachada ou laranja”. Segundo a citada autoridade fiscal, a real operação de compra e venda do produto fora realizada diretamente entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente, o que lhe assegurava somente o direito ao crédito presumido, no montante equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) daquele previsto no art. 2o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, conforme estabelecido no art. 8°, § 3º, III, da Lei 10.925/2004. Por sua vez, a recorrente, em síntese, alegou que: a) era adquirente de boafé; b) as presunções e provas produzidas no âmbito da “Operação Broca” e “Operação Tempo de Colheita” não poderia ser utilizadas no caso em tela; c) não foram observados os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa; e d) a inadequada utilização de depoimentos como único meio de prova. Do contexto legal deu origem à glosa realizada. Sob o aspecto legal, com a introdução do regime não cumulativo, por intermédio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, os contribuintes, sujeito ao citado regime, adquirentes de bens de pessoas jurídicas passaram a gozar do direito de crédito sobre o valor das compras, no valor equivalente a 9,25% da operação de aquisição. O referido percentual corresponde ao somatório das alíquotas normais fixadas para o cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep (1,65%) e Cofins (7,6%), incidentes sobre o valor da receita bruta mensal. Em relação ao mercado de café em grão, uma particularidade deve ser ressaltada: se a empresa comprar o produto diretamente do produtor rural, pessoa física, desde que atendido os requisitos legais, a ela é assegurado o direito de apropriarse de um valor de crédito presumido equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) daquele referente a uma compra de um produtor ou atacadista, pessoa jurídica. Essa permissão de creditamento entrou em vigor a partir 1/2/2004, na forma e nos termos do art. 8º, § 3º, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: Fl. 13562DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.563 17 [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) [...] (grifos não originais). Antes da vigência do citado preceito legal, prevalecia a regra geral, que vedava o creditamento resultante de compras de pessoa física, na forma do § 3º do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; [...] (grifos não originais) Dado esse contexto legal, para os contribuintes submetidos ao regime não cumulativo das citadas contribuições, sob o ponto de vista tributário, passou a ser vantajoso adquirir o café em grão diretamente de pessoa jurídica, ao invés do produtor rural, pessoa física, pois a aquisição direta de pessoa jurídica asseguravalhes o valor integral do crédito calculado sobre valor da operação compra e não a parcela equivalente a 35% (trinta e cinco por cento), título de crédito presumido. Da fraude praticada contra a Fazenda Nacional. Previamente, cabe esclarecer que a glosa parcial dos créditos em apreço foi motivada pela apuração de fraude fiscal nas aquisições do café em grão, realizada pela recorrente, mediante a utilização de interpostas pessoas jurídicas de “fachada ou laranja”. A apuração da referida fraude foi feita no âmbito das operações denominadas “Tempo de Colheita” e “Broca”. Segundo Nota Conjunta da Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal, colacionadas aos autos (fl. 13.328), as firmas de exportação e torrefação envolvidas na citada fraude utilizavam empresas “laranjas”, que, mediante venda de notas fiscais, atuavam como intermediárias fictícias nas operações de compra e de venda de café em grão entre os produtores rurais e as empresas exportadoras e industriais, com a finalidade de gerar indevidamente créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep. De acordo com citada Nota, a prática criminosa vinha ocorrendo desde 2003, causando prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos federais. No caso em tela, há provas nos autos que comprovam que a maior parte dos fornecedores da recorrente foram constituídos a partir do ano de 2002, conforme exposto no Fl. 13563DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.564 18 quadro de fls. 13355/13356, e que, geralmente, estiveram em situação irregular no período em que foram fiscalizadas, seja por omissão em relação as suas obrigações acessórias, seja em relação ao pagamento de tributos. Com base no quadro de fls. 732/733, que integra o citado Parecer que serviu de fundamento para o questionado Despacho Decisório, extraise que aproximadamente 80% dos fornecedores da recorrrente encontravamse em situação irregular no período de apuração dos créditos. Ademais, por ocasião da edição do citado Despacho Decisório, 20 fornecedores já haviam sido declarados inaptos ou se encontravam com o CNPJ suspenso. No conjunto, as empresas supostas fornecedoras da recorrente movimentaram no ano de 2008 (considerando apenas as operações envolvendo a recorrente) cerca de R$ 129.551.597,95, mas praticamente nada recolheram, no período, a título de Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, e sequer apresentaram declaração informando os valores das receitas auferidas e os valores dos débitos apurados e a recolher. A este quadro de graves irregularidades, somase ainda o fato, constatado pela fiscalização em várias diligências, que nenhuma das empresas diligenciadas possuíam armazéns ou depósitos nem funcionário contratados, o que, em condições normais de operação, contrariava as tradicionais empresas atacadistas de café estabelecidas na região, detentoras de grande estrutura operacional e administrativa necessária para armazenar, beneficiar e movimentar o grande volume de café transacionado. Assim, sem a existência de depósitos, funcionários, maquinário e qualquer logística, fica cabalmente evidenciado que tais empresas não tinham a menor condição de transacionar tão grande quantidade de café em grão. Com tal estrutura, a única atividade que era passível de ser realizada pelas pessoas jurídicas investigadas, certamente, era a venda e emissão de notas fiscais inidôneas, conforme sobejamente comprovado no curso do processo investigativo efetivado no âmbito das citadas operações. No caso, as provas coligidas aos autos, extraídas dos processos de representação fiscal para fins de inaptidão das pessoas jurídicas de “fachada ou laranja” (Anexo I – fls. 253/506 e 759/1012), evidenciam que as denominadas “pseudoatacadistas” eram empresas de “fachada ou laranja”, utilizadas apenas para simular operações fictícias de compra e venda de café em grão com os produtores rurais e empresas exportadoras e industriais. Em outras palavras, as empresas denominadas “pseudoatacadistas” simulavam, simultaneamente, uma operação de compra dos produtores rurais, pessoas físicas, e outra de venda para as empresas exportadoras e industriais, dentre as quais a recorrente foi uma das principais beneficiárias desse esquema fraudulento, haja vista a grande quantidade de notas fiscais compradas das citadas empresas, que se encontram colacionadas aos autos (fls. 1375/13265). As informações fiscais, prestadas com base em documentos obtidos e apreendidos durante as citadas operações, e os depoimentos de representantes de direito (“laranjas”), procuradores e de pessoas ligadas às empresas “pseudofornecedoras (fls. 759/1004), colhidos durante a operação “Tempo de Colheita”, confirmam a participação dos compradores na fraude, dentre os quais a Unicafé. Além dos trechos de depoimentos reproduzidos no Parecer, que integra o questionado Despacho Decisório, merecem destaque alguns fatos apurados através de depoimentos nos diversos processos que foram abertos contra as pessoas jurídicas fornecedoras de notas fiscais, que participaram da fraude. Fl. 13564DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.565 19 No voto condutor do julgado recorrido, de forma criteriosa e didática, o nobre Relator selecionou, dentre as várias declarações prestadas pelos envolvidos no esquema, aqueles mais relevantes, que, de forma congruente e uníssona, confirmam o modus operandi, os mentores, os executores e os reais beneficiários da gigantesca fraude praticada contra Fazenda Nacional. Em face da relevância de tais informações para compreensão da fraude em comento e o deslinde da controvérsia, pedese licença para transcrever a seguir os excertos mais relevantes extraídos do citado voto: Em resposta à intimação da autoridade fiscal, diversas empresas, dentre as quais citamos como exemplo Cafeeira Arruda, Colúmbia, Do Grão e L&L confirmam os indícios, inclusive o de participação dos compradores na fraude, ao afirmarem que em alguns casos, nem mesmo procuravam o vendedor/produtor, pois “o comprador (seja indústria, exportador ou corretora), depois de fazer a negociação direta com o produtor ou com a corretora de mercado futuro”, apenas informava à Depoente que iria “precisar de seus serviços, quais sejam receber a Nota do Produtor, receber o dinheiro, pagar o produtor e emitir Nota Fiscal de Venda/Viagem”. Afirmaram também que os recursos transitados pela conta da Depoente são dos compradores do café, sejam estes corretores futuros, indústrias torrefadores, atacadistas ou exportadores (fl. 736, 778, 818). Afirmam que não são atacadistas de café, mas simples corretores que se transformaram em agentes por imposição dos compradores (fl. 715, 738, 780, 820). A Cafeeira Arruda, em seu depoimento, confirma os mesmos fatos e afirma que forneceu nota fiscal para a Unicafé (fl. 717). No mesmo sentido é o depoimento dos sócios e de procuradores da Agrosanto (fls. 971/985). Em outros depoimentos, prestados por diversos produtores rurais e/ou maquinistas, estes confirmam que o café sai da propriedade rural/armazém do maquinista e é guiado em nome das empresas de “fachada” (Colúmbia, Do Grão, Enseada, L & L, etc) e que após efetuada a troca da nota do produtor por nota fiscal emitida por estas empresas (troca esta efetuada por um motoboy em locais determinados), o café é descarregado diretamente nos armazéns das reais compradoras, dentre as quais, citase a Unicafé (fls. 741, 782, 783, 824). Os declarantes afirmam, ainda, que não conhecem e nunca negociaram com sócio ou representante das empresas “intermediárias”. Há também depoimentos que revelam a “resistência” por parte das reais empresas compradoras de café (atacadistas, exportadores e indústrias) em adquirir café diretamente do produtor rural e que afirmam “ter conhecimento da existência de mercado de fornecimento de nota fiscal por empresas laranjas com a finalidade de guiar café do produtor rural para as grandes empresas exportadoras para obtenção de crédito do PIS/COFINS” (fl. 806, 900). Os depoimentos denunciam a fraude, confirmam seu modus operandi, e, ainda, demonstram a participação efetiva das empresas adquirentes do café. Fl. 13565DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.566 20 O citado esquema de fraude também foi amplamente divulgada na grande imprensa do Estado do Espírito Santo, conforme se verifica nas reportagens que se encontram colacionadas aos autos (fls. 499/506). Em consulta as referidas reportagens, chamou a atenção deste Relator a reportagem que foi publicada no Jornal “A Gazeta Vitória”, edição de 3 de junho de 2010, noticia que, entre os milhares de materiais apreendidos no curso da denominada “Operação Broca”, constava o manual da fraude, que consistia num “manual completo de como burlar a fiscalização”. Apresentado o contexto legal e o modus operandi do esquema de fraude para apropriação ilícita de créditos das referidas contribuições, passase a analisar as alegações da recorrente. Da condição de adquirente de boafé. Na peça recursal em apreço, a recorrente alegou que não procedia a glosa parcial realizada pela fiscalização, sob o argumento de que era compradora de boafé, pois, havia comprovado a “efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias”, em conformidade com disposto no art. 82 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Segundo a recorrente, há uma “amazônica quantidade de documentos acostada aos autos” que comprovam a efetivação do pagamento do preço e o recebimento do café cru em grão por ela adquirido, que atende o disposto no citado preceito legal. Acontece que, no caso em tela, não há controvérsia em relação ao recebimento e pagamento das mercadorias. Aliás, a própria autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, no referenciado Parecer, asseverou que não havia “questionamento quanto à aquisição das mercadorias”, visto que havia “registro das saídas equivalentes”, e, em face dessa constatação, reconheceu, em favor da recorrente, o valor do crédito presumido calculado sobre as respectivas aquisições. Assim, para fiscalização, a real operação de compra e venda foi a realizada entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente, dissimulada com a intermediação das interpostas “pseudoatacadistas”. Também cabe ressaltar o correto procedimento adotado pela fiscalização ao desconsiderar a operação simulada (aparente) e reconhecer a existência da operação dissimulada (camuflada), o que está em perfeita consonância com a orientação geral presente no ordenamento jurídico do País, no sentido de que reputase “nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma”, conforme expresso no art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Fl. 13566DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.567 21 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Portanto, fica evidenciado que o cerne da controvérsia consiste em saber se as supostas operações de compra e venda realizadas pela recorrente com as empresas “pseudoatacadistas” foram reais ou uma mera simulação para acobertar a efetiva operação de compra do café em grão, com a finalidade de apropriarse de parcela indevida de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Dessa forma, no que tange à questão em apreço, os fartos elementos probatórios existentes nos autos conduz a conclusão que o cerne da controvérsia consiste em saber de quem foi, realmente, comprada o café em grão adquirido pela recorrente e a quem foi feito o pagamento real da operação. Em outras palavras, os documentos colacionados aos autos pela recorrente representam a efetiva operação de compra e venda ou se trata de mera dissimulação da real operação? Ademais, os documentos relativos aos pagamentos comprovar que foram realizados a quem efetivamente vendeu o café (o produtor rural) ou foram realizados à interpostas pessoas (as pseudoatacadistas)? Assim, para um justo deslinde da controvérsia, certamente, tais questões precisam ser respondidas, em respeito ao princípio da verdade real, que rege o processo administrativo fiscal. Em nome da verdade material, o que deve ser analisado é se a “amazônica quantidade de documentos” colacionados aos autos pela recorrente representam a real operação de compra e venda realizada pela recorrente e se tais pagamentos foram efetivamente feitos aos reais vendedores do produto, ou apenas serviram para dissimular as operações em que reais vendedores eram os produtores rurais (pessoas físicas) e os pagamentos eram realizados a empresas “pseudoatacadistas”, para dissimular a real operação de compra e venda realizada entre o produtor rural (pessoa física) e a recorrente. Os documentos colacionados aos autos pela recorrente, para comprovar o recebimento das mercadorias e efetivação do pagamento do preço do produto adquirido, constam das fls. 1092/13268. Da análise dos referidos documentos, feita por amostragem, verificase um procedimento padrão, qual seja, para cada uma das milhares de compras realizadas perante as 42 “pseudoatacadistas” (fls. 216/217), para cada uma delas, no início, consta uma planilha com os dados consolidados das supostas compras, seguida das notas fiscais de cada uma das compras, acompanhadas de cópias de (i) extratos de consulta ao CNPJ e SINTEGRA, realizada na mesma ou em data próxima a da compra, (ii) de fichas de compra e Fl. 13567DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.568 22 nota de cálculo e liquidação da operação, (iii) romaneio da carga; e (iv) aviso de débito em conta corrente ou cheque nominal em nome da emitente da nota fiscal. Previamente, cabe esclarecer que, nos presentes autos, não há dissenso sobre os documentos fiscais colacionados aos autos pela recorrente, mas sobre o que eles não contêm. Não se pode olvidar que as notas fiscais coligidas aos autos representam a verdade formal da operação de venda (a mera existência do documento). Do mesmo modo, a consulta aos cadastros do CNPJ e SINTEGRA prova apenas que a empresa estava cadastrada. Sabidamente, a inscrição regular em tais cadastro prova apenas a existência formal da pessoa jurídica. Em relação a tais provas, cabe as seguintes indagações: no exercício da atividade de compra e venda de café é prática normal que, em cada operação de compra, a compradora realize uma consulta prévia sobre a situação dos vendedores nos citados cadastros? Ademais, porque a recorrente somente muniuse das provas formais, que, aparentemente, comprovavam apenas a regularidade formal das supostas empresas fornecedoras perante os citados cadastros? No caso, embora tenha se revelado diligente com a obtenção de documentos que certificavam a regularidade formal da existência dos seus fornecedores, a mesma diligência não foi direcionada para fim de verificação da existência de fato, da idoneidade empresarial, da capacidade operacional e patrimonial das denominadas “pseudoatacadistas”. Nesse sentido, se a recorrente tivesse solicitado cópia dos contratos de constituição dos referidos fornecedores, prática normal no meio comercial quando há transações envolvendo altas cifras, induvidosamente, teria verificado que os sócios dos seus maiores fornecedores eram pessoas humildes, sem instrução, sem patrimônio e sem condições financeiras e conhecimento técnico para dirigir uma empresa atacadistas de café que transacionou centenas de milhões de reais do produto. Pela mesma razão, se tivesse tido a precaução de pedir cópia dos demonstrativos contábeis dos referidos fornecedores, certamente teria constatado que todas elas não tinham patrimônio, funcionários e o mínimo de estrutura operacional para vender uma quantidade tão grande de café. Enfim, se tivesse solicitado as cópias da DIPJ dos seus grandes fornecedores também teria confirmado que eles não tinham idoneidade fiscal para atuar no mercado atacadista do café e não passava de meras empresas de “fachada ou laranja”. Entretanto, nada disso foi feito pela recorrente, que se contentou com a mera confirmação de que tais fornecedores tinham inscrição ativa no CNPJ e no SINTEGRA. E a obtenção de tais informações revelavamse por demais necessárias, dada a circunstância de que, em 22/10/2007, data anterior ao período de apuração dos créditos glosados, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória (DRF/VIT), havia dado início a denominada “Operação Tempo de Colheita”, para averiguar se as supostas pessoas jurídicas arroladas no processo investigatório atuavam efetivamente como empresas comerciais atacadistas de café. E o resultado final das investigações foi a descoberta de um grandioso esquema de venda de notas fiscais criado para possibilitar o creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, no montante de 9,25% sobre o valor indicado nas notas fiscais. Ora se tal fato fora amplamente noticiado na imprensa local e teve ampla repercussão perante o setor cafeeiro onde atuava a recorrente, revelase de todo impensável que tal fato não tenha chegado ao conhecimento da recorrente, que, mesmo diante da gravidade de tais ilícitos, fez ouvidos de mercador e continuou praticando as mesmas condutas fraudulentas Fl. 13568DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.569 23 apuradas na “Operação Tempo de Colheita”, porém, para se precaver de futura fiscalização, muniuse de documentos que, aparentemente, conferiam roupagem de legalidade e realidade às operações simuladas. Para comprovar que tais operações registradas nas citadas notas fiscais não passavam de mera simulação, a fiscalização colacionou aos autos fartas provas documentais e informações colhidas em depoimentos prestados por produtores rurais, corretores de café, representante legais (formais) das “pseudoatacadistas”, participantes do esquema de fraude, que demonstram que as aquisições do café não foram realizadas das denominadas “pseudoatacadistas”. Na verdade, tais empresas apenas forneciam as notas fiscais, para simular uma operação de compra e venda que, de fato, foi realizada entre os produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com o único e intencional propósito de gerar crédito integral das referidas contribuições em favor da recorrente. Além disso, a partir da leitura dos diversos depoimentos prestados pelos representante legais (formais) das “pseudoatacadistas” extraise que a recorrente não só sabia da fraude em comento, com se revela uma das mentoras do esquema, pois, segundo os citados depoimentos, condicionava a compra do café a intermediação e emissão das notas fiscais pelas “pseudoatacadistas”, o que deu origem a um mercado paralelo de venda de notas fiscais, em que era negociada ao preço variável de R$ 0,15 a R$ 0,30. Assim, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente que não havia nos autos, absolutamente, nenhuma prova robusta e idônea no sentido da participação da recorrente na suposta fraude. Com efeito, as provas coligidas aos autos pela fiscalização (fls. 254/1012) não só provam que a recorrente participou do esquema como ela fora beneficiada com o esquema fraudulento, haja vista que as “pseudoatacadistas” emitiram seu nome inúmeras notas fiscais de venda. A título ilustrativo, cabe citar o depoimento do Sr. Fernando Tadeu Tozzi dos Santos (fls. 769/770), sócio da Cafeeira Arruda Ltda., que faz expressa citação de que à recorrente foram fornecidas notas fiscais para “guiar o café do produtor rural para as empresas exportadoras e industriais” e que as contas correntes da referida empresa serviam “apenas para receber recursos das empresas exportadoras e indústrias e repassar aos produtores.” Dado esse contexto e tendo em conta que as provas coligidas aos autos pela recorrente (fls. 1092/13268) apenas retratam as operações simuladas noticiada nos autos, chegase a conclusão que a recorrente não agiu como compradora de boafé, como alegara. Ao contrário, os fatos relatados nos autos, respaldados por prova idôneas, demonstram que a recorrente não só contribuiu para existência do citado esquema de fraude, como ainda dele tentou se beneficiar, apropriandose indevidamente de créditos integrais da Cofins calculados sobre aquisições simuladas das “pseudoatacadistas” de café. Da utilização de presunções e provas produzidas no âmbito das operações “Tempo de Colheita” e “Broca”. A recorrente alegou que a fiscalização se contentara com meros indícios, fluidas presunções para negar o direito subjetivo da contribuinte ao direito creditório da não cumulatividade da Cofins. Sem a razão a recorrente. A glosa realizada pela fiscalização foi baseada no fundamento de que a recorrente não provou o direito creditório pleiteado, pois, as notas fiscais Fl. 13569DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.570 24 apresentadas representavam mera dissimulação da real aquisição do café em grão adquirido de produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Cofins e que faz jus apenas a parcela do crédito presumido por força do disposto no art. 8º da Lei 10.925/2004. Diferentemente do alegou a recorrente, há sim provas robustas e idôneas colacionadas aos autos que comprovam que as notas ficais por elas apresentadas para comprovar do aquisição do café em grão diretamente de empresas atacadistas, na verdade, foram compradas no mercado negro de venda de notas, criado a partir do ano de 2002, com o único propósito de gerar crédito das citadas contribuições e fraudar o pagamento do Funrural. Também não procede a alegação da recorrente de que não há nos autos nenhuma prova idônea da sua participação no esquema de fraude em referência, pois, as próprias notas fiscais por ela colacionadas aos autos representam a prova cabal da sua participação no esquema e que poderia ser uma das principais beneficiárias, se não fosse revelada e comprovada a fraude. Por todas essas razões, rejeitase as referidas alegações. Da inobservância dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. A recorrente alegou violação aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa e afronta ao disposto nos arts. 2º, X, 3º e 38 da Lei 9.784/1999. Sem razão a recorrente. Por força do disposto no art. 74, § 11, da Lei 9.430/1996, a norma que rege o processo administrativo de compensação e ressarcimento, é o Decreto 70.235/1972, com as alterações posteriores, doravante denominado de PAF. E a Lei 9.784/1999 (Lei Geral do Processo Administrativo Federal), nos termos do seu art. 693, somente, de forma subsidiária, aplicase ao citado processo, isto é, somente quando a matéria não for especificamente abordada no PAF é que o aplicador da norma poderá recorrer ao ditames da referida lei. Dessa forma, tendo conta que o direito ao contraditório e ao exercício do direito de defesa, no âmbito do processo administrativo fiscal, são matérias que se encontram disciplinados no PAF (arts. 14, 15, 33 e 37), em face do princípio da primazia da norma específica sob a genérica e tendo em conta determinação expressa do art. 69 da Lei 9.784/1999, no caso em tela, não houve a alegada agressão aos citados preceitos da Lei 9.784/1999. No caso processo de ressarcimento/compensação, a fase contenciosa, inicia se com a apresentação da manifestação de inconformidade do contribuinte e se encerra com a prolação da decisão definitiva, nos termos do art. 42 do PAF. No caso em tela, as disposições dos referidos preceitos legais encontramse plenamente satisfeitas, pois, após proferido o contestado Despacho Decisório, a recorrente fora intimada da decisão proferida e teve acesso a todos os elementos que serviram de fundamento das glosas realizadas, inclusive apresentou robusta peça defensiva e uma “amazônica quantidade de documentos”. Portanto, não a alegada contradição aos citados princípios e tampouco aos citados preceitos da Lei 9.784/1999 3 O citado preceito legal tem o seguinte teor: "Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei." Fl. 13570DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.571 25 Também não procede a alegação da recorrente de que em momento algum foralhe outorgado o direito de participar da coleta de depoimentos prestados pelos supostos profissionais do mercado de café, pois, se os referidos depoimentos foram colhidos no âmbito dos processos de declaração de inaptidão do CNPJ das “pseudoatacadistas”, formalizados em decorrência da operação das infrações apuradas no âmbito da denominada operação “Tempo de Colheita”, por não ser parte nos citados processo, obviamente, não havia razão para que a recorrente participasse da colheita dos questionados depoimentos. Com essas considerações, fica demonstrado que, diferentemente do alegado pela recorrente, o devido processo legal foi obedecido, haja vista que o contraditório foi regularmente instaurado e a recorrente exerceu o seu direito de defesa em toda sua plenitude, conforme determina os preceitos do PAF, em decorrência, rejeitase a presente alegação. Dos depoimentos como único meio de prova. A recorrente alegou que não era admitido tão somente a prova testemunhal nas obrigações cujo valor exceda o décuplo do salário mínimo, nos termos do art. 401 do CPC, a seguir transcrito: Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados. (grifos não originais) Mais uma vez sem razão a recorrente. Tal regra, sabidamente, não se aplica ao processo administrativo fiscal, que traa de relação jurídica estabelecida em lei, ao passo que o citado preceito legal trata de relação jurídica que tem origem em contrato, matéria estranha aos autos. Além disso, as provas testemunhais colhidas durante os vários depoimentos dos integrantes do multicitado esquema de fraude, prestados no âmbito das Operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, apenas complementam e ratificam as várias provas documentais coligidas obtidas no curso das investigações realizados, dentre os quais podem os documentos sobre a constituição das “pseudoatacadistas”, a movimentação financeira incompatível, a falta de cumprimento das obrigações acessórias, inexistência de livros contábeis e fiscais, ausência de pagamento de tributos, sócios sem condições financeiras e técnicas de gerenciar as empresas (“sócios laranjas”), procurações em nome de pessoas com amplos poderes para gerenciar as contas correntes bancários das “pseudoatacadistas” etc. Também não procede a alegação da recorrente de que as provas coligidas aos autos eram ilícitas, porque obtidas por meio inadequado. A uma, porque todas as provas coligidas aos autos são lícitas e foram obtidas por meio adequado. A duas, porque a recorrente não apresentou qual foi meio ilícito adotado pela fiscalização para obtenção das referidas provas. Por todas essas razões, rejeitase as citadas alegações. Do Direito à Utilização do Crédito Presumido Sem Restrição A recorrente alegou que, caso não fosse acatado o direito ao crédito integral, o que admitia apenas para fins argumentação (princípio da eventualidade), fosselhe Fl. 13571DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.572 26 assegurado o direito de utilizar os créditos presumidos, reconhecidos pelo Despacho Decisório, sem qualquer restrição, inclusive por meio de ressarcimento em dinheiro e compensação com outros tributos federais. De acordo com o item 397 e 402 do citado Parecer, a autoridade fiscal informou que, por força do disposto no art. 8º, § 3º, I e II, da Instrução Normativa SRF 660/2006, os créditos presumidos reconhecidos à recorrente, com base no art. 8º, § 3º, I e III, da Lei 10.925/2004, somente poderia ser utilizado para dedução dos débitos das respectivas contribuições, sendo vedada a utilização para fins de compensação e ressarcimento. Acontece que, após exarado o referido Parecer, em 26/6/2014, foi publicada a Lei 12.995/2014, que, no seu art. 23, acrescentou o art. 7ºA à Lei 12.599/2012. O novo preceito legal ampliou as possibilidades de aproveitamento do referido crédito presumido, apurado em relação à aquisição de café in natura, que passou a poder ser utilizado, observado a legislação específica aplicável à matéria, para fins de compensação e ressarcimento, conforme se infere do texto a seguir transcrito: Art. 23. A Lei no12.599, de 23 de março de 2012, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7oA: “Art. 7oA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos.” (grifos não originais) Diante da mencionada previsão legal e tendo em conta que os créditos presumidos reconhecidos no citado Despacho Decisório referemse ao período de julho de 2009 a dezembro de 2010, obviamente, tais créditos enquadramse nas condições fixadas no novel comando legal, logo reconhecese em favor da recorrente o direito de utilizar tais créditos compensação ou ressarcimento, em conformidade com o citado comando legal. III Da Glosa Integral dos Créditos Calculados Sobre as Despesas de Corretagem De acordo com o Parecer, que serviu de fundamento para o vergastado Despacho Decisório, a glosa dos créditos da Cofins, calculados sobre os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, foi realizada sob argumento de que tais sérvios não se enquadravam conceito de insumo, definido no art. art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, uma vez que eram destinados à área de comercialização dos produtos e não à área de produção. No mesmo sentido, a Turma de Julgamento de primeiro grau manteve a glosa determinada no Despacho Decisório de origem, sob o argumento de que, embora necessária à atividade da recorrente, tais despesas não geravam créditos a descontar da Cofins não Fl. 13572DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.573 27 cumulativa, porque os respectivos serviços eram aplicados na etapa anterior do processo produtivo, logo eram efetivamente “aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto” do café beneficiado e exportado pela recorrente, consequentemente, não se enquadrava na definição legal de insumo prevista no art. 8º, § 4º, I, “b”, da Instrução Normativa SRF 404/2004. Por sua vez, a recorrente alegou que a não cumulatividade da Cofins devia ter como referencial o processo que culmina com a obtenção da receita (fato gerador das contribuições), incluindo todos os elementos (físicos e funcionais) relevantes, e não apenas aqueles físicos ou diretamente aplicados ou consumidos na produção de bens ou na prestação de serviços. No entender da recorrente, o termo insumo compreendia todos os gastos com bens e serviços necessários ao processo produtivo, devendo ser excluídos apenas os dispêndios que configurassem mera conveniência ou que não interferissem no funcionamento, continuidade, manutenção ou melhoria do processo de produção ou de prestação realizado pelo contribuinte. Para a recorrente, os serviços de corretagem eram essenciais para que a recorrente auferisse as receitas com a venda do café exportado, portanto, enquadravase na definição de insumo. Com base nos citados argumentos, fica evidenciado que a controvérsia gira em torno do significado e alcance da norma veiculada no inciso art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, que permite a dedução de créditos calculados sobre a aquisição de insumos, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...] ;(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] (grifos não originais) Em assentadas anteriores, este Conselheiro já teve a oportunidade de manifestar sobre o assunto e, em tais oportunidades, foi rejeitado tanto o conceito restrito de insumo da legislação do IPI, adotado pela fiscalização e pela Turma de Julgamento de primeiro grau, que se encontra definido no art. 8º, § 4º, I, “b”, da Instrução Normativa SRF 404/2004, quanto o conceito abrangente de insumo defendido por parte não expressiva da doutrina, que inclui todas as despesas necessárias à “realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa”, conforme definido no art. 2994, § 1º, do Decreto 3.000/1999 (RIR/1999). Ente este Relator, com a devida vênia aos que entendem de forma distinta, que a definição que melhor reflete o conceito de insumo de produção, definido no art. 3º, II, da 4 O citado preceito legal tem o seguinte teor: "Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47). § 1 º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47, § 1 º ). § 2 º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47, § 2 º ). § 3 º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem." Fl. 13573DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.574 28 Lei 10.833/2003, é aquele veiculado no art. 290 do RIR/1999, que estabelece os elementos que integram o custo de produção, nos termos a seguir transcrito: Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; II o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; III os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; IV os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; V os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como custo (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º). (grifos não originais) Logo, excluídos os custos com (i) mãodeobra paga a pessoa física e (ii) as aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, expressamente vedado no art. 3º, § 2º, da Lei 10.833/2003, todos os demais custos com bens e serviços aplicados na produção integram o conceito de insumo para fins de apropriação do crédito da Cofins, independentemente se tal custo apresentase de forma autônomo (por exemplo, locação, manutenção e reparo de bens aplicados na produção) ou se integrado ao custo do bem aplicado na produção. No caso em tela, as despesas com serviços de corretagem pagas ou incorridas na compra do café em grão, certamente, integram o custo de aquisição do principal bem utilizado como insumo na atividade de fabril da recorrente, portanto, deve integrar a base de cálculo do crédito da Cofins. Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência a glosa dos créditos calculados sobre os valores das despesas incorridas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, devendo ser restabelecido o direito da recorrente à dedução dos respectivos créditos. IV Da Conclusão Por todo o exposto, votase pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer o direito de dedução dos valores dos créditos calculados sobre os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão. Fl. 13574DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.575 29 José Fernandes do Nascimento Voto Vencedor Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Redator ad hoc Em que se pese as profundas análises efetuadas pelo i.Relator, ouso discordar de suas conclusões exclusivamente quanto ao restabelecimento do direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. A questão foi analisada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que publicou a Solução de Consulta COSIT nº 65, de 10/03/2014, cuja ementa abaixo reproduzimos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, não está impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, art. 3º ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Cofins, não está impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, art. 3º. Transcrevemos também o excerto dos fundamentos da referida Solução de Consulta, para melhor elucidação da questão: “11. Até o anocalendário de 2011, enquanto vigiam para o café os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, os exportadores de café não podiam descontar créditos em relação às aquisições do produto com as suspensões previstas nos incisos I e III do art.9º. [...]. Por outro lado, havia direito ao creditamento nas aquisições de café já submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, tendo em vista que sobre a receita de venda do café submetido a esta operação não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art.9º, §1º, II, da Lei nº10.925, de 2004).” Fl. 13575DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.576 30 O ponto fundamental para a solução da lide é a configuração da aquisição de café de cooperativa, já submetida ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004. Nesses casos, sobre a receita de venda do café submetido a esta operação, não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Portanto, importanos avaliar se a operação anterior, realizada pela cooperativa, estava submetida ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Caso positivo, seria reconhecido o direito ao creditamento nas aquisições de café. Caso negativo, não seria possível o direito ao crédito, sendo aplicável a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art.9º da Lei nº10.925/2004. O i.Relator, entendeu que, embora exista nos autos fartos argumentos no sentido de justificar que as cooperativas fornecedoras do “café cru em grão” exerciam a atividade agroindustrial definida no preceito legal em destaque, a recorrente não teria trazido aos autos elementos de prova adequados e suficientes que confirmassem que as cooperativas vendedoras exerciam a atividade agroindustrial definida no citado preceito legal. Não é o nosso entendimento. Foram colacionadas aos autos, pela recorrente, ainda que por amostragem, notas fiscais de aquisição do produto “café em grão cru” ou “café beneficiado”, com a indicação da incidência da contribuição para o PIS e a COFINS. Segundo o entendimento da recorrente, a incidência das contribuições teria sido obrigatória, devido a submissão dos cafés adquiridos pelas cooperativas ao processo produtivo previsto no §6º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, fato esse impeditivo para a saída posterior suspensa na forma do art. 9º do inciso II da mesma lei. Entendo que o registro das referidas expressões nas notas fiscais, informando que operação estava sujeita a tributação normal das citadas contribuições, traz uma presunção de licitude das operações de aquisição de café de cooperativa, sujeitas ao recolhimento regular das contribuições. Afirmar que a operação devidamente escriturada teria, na verdade, forma diversa daquela exposta nos registros fiscais, conferindo efeito diverso daquele indicado, demandaria uma prova oposta por parte do fisco, inexistente no presente processo. A comprovação do fato jurídico tributário depende, em regra geral, de que o administrado apresente os documentos que a legislação fiscal o obriga a produzir e manter sob guarda, ou declare sua ocorrência em declaração prestada à autoridade pública. Uma vez que essa particularidade seja compreendida, há que se sublinhar que nada dispensa a Administração de laborar em busca das provas de que o fato ocorreu e de instruir o processo administrativo com elas. Como consta, a desconsideração das provas se deu porque, no entendimento do Fisco, a interessada limitouse a apresentar as notas fiscais de aquisição das mercadorias. Peço vênia para discordar dessas conclusões. Não me parece que a acusação de que a operação praticada pela recorrente não foi aquela por ela declarada e escriturada. Ainda que passível de dúvidas acerca da veracidade das operações, tais dúvidas deveriam ter sido esclarecidas durante o procedimento fiscal, de forma a contraproduzir elementos probantes para desconsiderar aquelas notas fiscais apresentada. Nada disso ocorreu. Fl. 13576DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000143/201034 Acórdão n.º 3102002.343 S3C1T2 Fl. 13.577 31 A comprovação de que as operações foram tributadas, ensejando o crédito à adquirente, foi feita pela recorrente. Caberia ao fisco comprovar que tais cooperativas não exerciam a atividade agroindustrial, o que não foi feito. Em suma, mediante as provas que constam nos autos, concluise que o “café cru em grão” ou “café beneficiado” foram adquiridos de cooperativa agropecuária de produção, e que a sociedade cooperativa vendedora realizou as operações descritas no do art. 8o, § 6o, da Lei 10.925/2004. Dessa forma, a recorrente fazia jus ao crédito integral relativo às aquisições. É como voto Ricardo Paulo Rosa Fl. 13577DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 12571.000167/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DOS CO-TITULARES. SÚMULA CARF Nº 29.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
Numero da decisão: 2202-003.131
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencido o Conselheiro EDUARDO DE OLIVEIRA, que declarou a nulidade por vício formal.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DOS COTITULARES. SÚMULA CARF Nº 29. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencido o Conselheiro EDUARDO DE OLIVEIRA, que declarou a nulidade por vício formal. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 57 1. 00 01 67 /2 00 8- 41 Fl. 533DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Reproduzo o relatório do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) DRJ/CTA, que sintetiza os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Da autuação Trata o presente lançamento de Auto de Infração lavrado contra o sujeito passivo acima identificado no valor total de R$ 545.554,88, sendo R$ 275.384,73 de IRPF, R$ 206.538,52 de multa de ofício de 75% e R$ 63.631,63 de juros de mora, calculados até 30/09/2008. Conforme a autuação, o valor acima decorre de procedimento de fiscalização relativo aos exercícios 2008, 2007, 2006 e 2005, relativos respectivamente aos anos calendário 2007, 2006, 2005 e 2004 tendo em vista a apuração de depósitos bancários de origem não comprovada em nome do autuado, o que caracteriza a presunção legal de omissão de rendimentos, tudo conforme as seguintes constatações, constantes da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração: A presente ação fiscal, decorrente da detecção de movimentação financeira incompatível com os rendimentos informados e da possibilidade de existência de ganhos de capital não informados, teve início em 15/05/2008, com lastro no Mandado de Procedimento Fiscal (MPFF) n° 09.1.04.002008002040 (fl 16), abrangendo o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dos exercícios 2005, 2006, 2007 e 2008 (anoscalendário 2004, 2005, 2006 e 2007). A ciência do início da fiscalização deuse por meio do Termo de Início da Ação Fiscal nº 186/2008 (fls. 18 a 19), quando foram requeridos os extratos bancários de todas as contascorrentes, poupanças e investimentos, mantidos em nome do contribuinte, seu cônjuge (em caso de declaração conjunta) e seus dependentes, no Brasil e no exterior, referentes aos períodos sob fiscalização, em papel e em meio digital, gravados em CD ROM nãoregravável, assim como as escrituras de compra e venda, matrículas de registro de imóveis e/ou contratos de compra e venda do imóvel situado na Rua Jesuíno Marcondes, 2020 Batel Guarapuava/PR. Apresentados parcialmente os documentos e informações acima requisitados, restou desde logo afastada a hipótese de ocorrência da ganho de capital relativamente ao imóvel. Quanto aos extratos bancários, foi requisitada a emissão de Requisições de Informação sobre Movimentação Financeira —RMF's aos bancos: Banco do Brasil, Unibanco e Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto. Analisadas as informações prestadas pelos bancos, concluiuse pelo acolhimento da justificação da movimentação relativa ao Banco do Brasil, restando ser comprovada a origem dos recursos creditados no Unibanco e na Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto, para o que o fiscalizado foi intimado por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 806/2008 (fis. 218 a 231): Em 14/08/2008, o contribuinte apresentou resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 806/2008 (fls. 257 a 259) apresentando apenas uma alegação de que os recursos financeiros evidenciados pela movimentação financeira em sua contacorrente decorrem de distribuição de lucros da empresa de sua propriedade. O contribuinte também não demonstrou a correspondência dos alegados recursos nos demonstrativos contábeis da empresa de sua propriedade. Dessa forma, foi reintimado o contribuinte através do Termo de Intimação Fiscal n° 806/2008 (fls. 260 a 264) para comprovação através de documentação hábil, idônea e coincidente em datas e valores da origem dos recursos utilizados nas suas operações financeiras, ressaltandose o fato de que a resposta ao Termo de Intimação Fl. 534DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 534 3 Fiscal n° 806/2008 não se configura em comprovação de origem dos recursos utilizados nas operações em pauta, se tratando de uma simples alegação de que os recursos são oriundos de distribuição de lucros da empresa de sua propriedade, sem a devida apresentação da correspondência nos demonstrativos contáveis desta empresa. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n°806/2008 o contribuinte apresentou novamente simples alegações ( fls. 265 a 269), agora no sentido de que cabe ao fisco indicar quais os documentos de que necessita para a comprovação da licitude da origem dos recursos evidenciados na movimentação financeira de suas contas bancárias, tentando assim inverter o ônus da prova. Destarte, ante a não comprovação da origem dos valores depositados/creditados em sua conta corrente, restou configurada hipótese de incidência de tributação por presunção legal de omissão de rendimentos, conforme as determinações do art. 42 da Lei 9.430/1996 e art. 849 do RIR/1999. Para constituição do crédito tributário, portanto, foram consideradas como receitas omitidas os depósitos/créditos não comprovados pela contribuinte; consignados nas planilhas anexas ao presente auto de infração, num total de: Anocalendário Valor (R$) 2004 237.289,66 2005 264.890,00 2006 227.374,67 2007 286.169,93 Vale ressaltar que os valores depositados/creditados decorrentes de estornos, cheques devolvidos, reduções de saldo, resgates de aplicações financeiras, empréstimos e transferências entre contas de mesma titularidade não foram computados no levantamento dos rendimentos omitidos. O crédito tributário aqui constituído resultou da aplicação da tabela progressiva vigente nos exercícios 2005, 2006, 2007 e 2008 aos montantes acima discriminados, tomandose previamente o cuidado de conceder à (sic) contribuinte o desconto simplificado a que tinha direito por ter apresentado as Declarações do Imposto de Renda — Pessoa Física (DIRPF) neste modelo. O desconto concedido foi de R$ 6.860,00 no anocalendário 2002 e R$ 6.450,00 no anocalendário 2003, valores que correspondem à diferença entre os descontos simplificados já pleiteados pela fiscalizada nas referidas declarações (R$ 2.540,00 em 2002 e R$ 2.950,00 em 2003) e os limites definidos pela legislação (R$ 9.400,00 para os dois anos em questão). Regularmente cientificado do lançamento em 20/11/2008 pela via postal (AR à fl. 273), tempestivamente protocolou a impugnação de fls. 278 a 309, alegando, em síntese, que: PRELIMINARMENTE, o Auto de Infração seria nulo: a) pois a lavratura ocorreu fora do domicílio tributário do sujeito passivo, o que contraria o artigo 10, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972; b) a lavratura se fundamenta em provas colhidas com quebra do sigilo bancário do sujeito passivo em desacordo com o que prevê a legislação sendo, portanto, procedimento ilegítimo que macula todo o procedimento; Fl. 535DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 c) sendo ilegítima a quebra do sigilo bancário, resta ilícita a prova dali decorrente, o que igualmente macula com nulidade o lançamento fiscal daí decorrente; d) além disso, o lançamento se baseia não na verdade real, mas em presunções, o que é vedado em matéria tributária; NO MÉRITO, seria indevida a exigência dos autos pois: a) a base de cálculo apurada pela Fiscalização estaria irregularmente ampliada pela consideração dentre os valores considerados como créditos sem origem comprovada, de valores relativos a transferência de valores entre contas correntes do mesmo titular, conforme indica a tabela inserida na impugnação; b) a tributação de valores creditados nas contas correntes bancárias do autuado não reflete efetivo acréscimo patrimonial em favor do sujeito passivo, esta sim a grandeza sobre a qual deve incidir a tributação do Imposto de Renda da Pessoa FísicaIRPF; c) os valores considerados pela Fiscalização como rendimentos tributáveis eram, em verdade, adiantamentos de distribuição de lucros da pessoa jurídica cuja cônjuge do autuado é titular e que, como tal, já teriam ali sofrido a incidência do Imposto de Renda da Pessoa JurídicaIRPJ; d) a multa de ofício aplicada no percentual de 75% do valor devido seria confiscatória; e) seria inconstitucional a exigência de juros de mora cobrados com base na taxa SELIC, a qual, por sua natureza, traria embutida indevida correção monetária. além dessas argumentações, seria necessária a produção de prova pericial como meio de demonstrar a irregularidade da exigência fiscal. É o relatório. A Quinta Turma da DRJ/CTA julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, cuja decisão foi consubstanciada no Acórdão nº 0622.500, assim ementado: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 NULIDADE. LOCAL DE LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO A lavratura do Auto de Infração fora do domicílio tributário do sujeito passivo não leva à nulidade do procedimentos por não ofender à disposição do artigo 10, do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. NULIDADE. ILEGITIMIDADE DA PROVA Estando a quebra do sigilo bancário autorizada pela legislação de regência e também por decisão judicial, não há que se falar em obtenção de prova ilícita por alegada quebra do sigilo bancário do autuado. NULIDADE. UTILIZAÇÃO DE PRESUNÇÕES EM DIREITO TRIBUTÁRIO A apuração dos rendimentos tributáveis através de créditos de origem não comprovada em conta corrente do autuado em instituição financeira é mecanismo legalmente autorizado, bastando à autoridade lançadora demonstrar a ocorrência da hipótese legal de sua aplicação. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 535 5 TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS INTERCONTAS A simples alegação de consideração de valores relativos a transferências intercontas de numerários sem a devida demonstração de sua efetiva ocorrência e consideração na base de cálculo utilizada pela Fiscalização no lançamento fiscal não afasta o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo. CONCEITO DE RENDA. TRIBUTAÇÃO INDEVIDA DOS DEPÓSITOS EM CONTA CORRENTE Apurado que a Fiscalização se utilizou regularmente da prerrogativa de apuração dos rendimentos tributáveis por meio da presunção legal constante do artigo 42 da Lei 9.430/1996, levandoos às respectivas Declarações de Ajuste Anual para apuração do Imposto de Renda da Pessoa Física, não há ofensa ao conceito constitucional de renda no lançamento fiscal. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Correto o lançamento fiscal que se fundamenta na presunção legal de que a existência de depósitos de origem não comprovada em conta corrente bancária do sujeito passivo pressupõe a ocorrência de omissão de rendimentos tributáveis pelo IRPF se demonstradas as hipóteses legais em que se aplica a presunção legal. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA Não é confiscatória a multa exigida nos estritos limites do previsto em lei para o caso concreto, não sendo competência funcional do órgão julgador administrativo apreciar alegações de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação vigente. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Legal a aplicação da taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso. PROVA PERICIAL. PEDIDO NÃO FORMULADO Considerase não formulado o pedido de produção de prova pericial que não atenda aos requisitos do inciso IV, do artigo 16, do Decreto n° 70.235, de 1972. Lançamento Procedente Cientificado da decisão em 24 de junho de 2009, por via postal (A.R. à fl. 342), o contribuinte, por meio de procurador legalmente habilitado, interpôs recurso voluntário em 06 de julho de 2009 (fls. 343 a 379), no qual repisa os argumentos da impugnação, exceto em relação à solicitação de prova pericial, a qual não foi requerida no recurso voluntário. Em 15 de março de 2011, a Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF decidiu converter o julgamento em diligência, para a repartição de origem informar se houve intimação, em processo separado, da contribuinte Clara Leonídia Fonseca, acerca da origem da movimentação financeira havida na conta nº 058360 da Cooperativa de Crédito Rural Terceiro Planalto e na conta nº 111.8094, da agência 0258 do Unibanco, por serem contas conjuntas, assim como anexar as Declarações de Ajuste Anual (DAAs) daquela contribuinte (fls. 382 a 392). Fl. 537DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 Em cumprimento à diligência solicitada, a autoridade preparadora anexou as DAAs da contribuinte Clara Leonídia Fonseca dos exercícios 2004, 2005, 2006 e 2007 (fls. 409 a 420) e os termos de intimação efetuados (fls. 424 a 530). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O lançamento foi efetuado em virtude da infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, em relação aos anos calendário 2004, 2005, 2006 e 2007, com base no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, determinando que estão sujeitos ao lançamento de ofício os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Em casos anteriores que envolviam a situação em apreço, este julgador havia votado no sentido de não analisar a questão da falta de intimação dos cotitulares das contas correntes conjuntas, quando não tivesse sido expressamente contestada pelo impugnante. No entanto, analisando a jurisprudência do CARF e melhor refletindo sobre a matéria, passei a entender que a ausência de intimação do cotitular durante a ação fiscal dá ensejo ao cancelamento do lançamento, quanto às contas conjuntas, ainda que não tenha sido suscitada pelo recorrente. É que a prévia intimação aos cotitulares de contas conjuntas constitui inafastável exigência de lei, por influenciar diretamente a base material da presunção legal. A intimação apenas de um titular fragiliza o lançamento, por ancorálo em presunção de não justificativa, por todos, da origem dos créditos bancários, sendo que a própria renda já é presumida. A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada é decorrente de uma presunção legal. Todavia, para que se valide essa presunção, o lançamento devese conformar aos moldes da lei. O caput do art. 42, da Lei n° 9.430/96, dispõe que a omissão de rendimentos se caracteriza quando o titular da conta, regularmente intimado, não comprova a origem dos recursos creditados. Logo, no caso de contacorrente conjunta, tornase imprescindível que todos os titulares sejam intimados a comprovar a origem dos depósitos. Nas contascorrentes mantidas em conjunto, presumese, obviamente, que os titulares possam dela se utilizar para crédito/depósito dos seus próprios rendimentos e a movimentação dos recursos financeiros pode ser feita por todos os titulares. Portanto, a responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42, da Lei nº 9.430/96, deve ser imputada a todos os titulares da contacorrente. Assim, a falta de intimação regular de um dos cotitulares da conta bancária acarreta a não subsunção da norma ao fato, afastandose a presunção legal, tendo em vista a falta de uma das condicionantes para sua aplicação. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 12571.000167/200841 Acórdão n.º 2202003.131 S2C2T2 Fl. 536 7 No presente caso, o Recorrente afirmou que existiam valores depositados em sua conta corrente pessoa física que eram provenientes da movimentação financeira da empresa de propriedade de sua esposa, senhora Clara Leonídia Fonseca, assim como da antecipação dos lucros auferidos por ela. Verificase que todos os lançamentos se referem à conta nº 111.8094, da agência 0258, do Unibanco (fls. 236 a 249), a qual é conjunta, tendo como cotitular a sua esposa, Clara Leonídia Fonseca (fl. 204). Em atendimento à diligência solicitada pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, a repartição de origem anexou, às fls. 409 a 420, as Declarações de Ajuste Anuais (DAAs) da contribuinte Clara Leonídia Fonseca, referentes aos exercícios 2004, 2005, 2006 e 2007, (anoscalendário 2003, 2004, 2005 e 2006). Não foi anexada a declaração do exercício 2008 (anocalendário 2007). Também foram anexados os termos de intimação efetuados à contribuinte Clara Leonídia Fonseca (fls. 424 a 530). Embora a resposta da autoridade fiscal à diligência solicitada tenha sido no sentido de que a cotitular Clara Leonídia Fonseca foi intimada (fl. 422), o que se observa das intimações efetuadas (fls. 424/426; 506/508; 511/513; 516/517; 525/526) e do Relatório de Ação Fiscal (fls. 518/522) é que em nenhuma delas a contribuinte foi intimada a justificar a origem dos depósitos bancários. Dessa forma, a falta de intimação da cotitular da conta bancária, Clara Leonídia Fonseca, contraria o entendimento já consolidado na Súmula CARF nº 29, de caráter vinculante. Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso, declarando a nulidade do lançamento por vício material. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 539DF CARF MF Impresso em 26/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721465/2012-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora.
DESMUTUALIZAÇÃO DA CETIP.
A desmutualização da CETIP, da maneira peculiar em que foi realizada, implicou a extinção fática dessa associação civil sem fins lucrativos. Extinta faticamente a CETIP, o patrimônio da entidade foi devolvido a seus associados que, assim, submeteram-se ao disposto no art. 17 da Lei nº 9.532/97.
Numero da decisão: 1201-001.240
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos neste ponto os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum que lhe davam parcial provimento para afastar a exigência do IRPJ e da CSLL decorrente da desmutualização da CETIP.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, Ester Marques Lins de Sousa e Ronaldo Apelbaum (Vice-presidente).
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008 JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. DESMUTUALIZAÇÃO DA CETIP. A desmutualização da CETIP, da maneira peculiar em que foi realizada, implicou a extinção fática dessa associação civil sem fins lucrativos. Extinta faticamente a CETIP, o patrimônio da entidade foi devolvido a seus associados que, assim, submeteram-se ao disposto no art. 17 da Lei nº 9.532/97.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 60; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2058; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.721465/201205 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1201001.240 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de dezembro de 2015 Matéria IRPJ E CSLL PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS Recorrente BANCO BANKPAR S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITO. Devem ser adicionados ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social (arts. 9º e 28 da Lei nº 9.430/96), as perdas com recebimento de créditos sem garantia de valor, superiores a R$ 30.000,00 e vencidos há mais de um ano, quando o sujeito passivo não inicia e mantêm os procedimentos judiciais para o seu recebimento. DESMUTUALIZAÇÃO DA CETIP. A desmutualização da CETIP, da maneira peculiar em que foi realizada, implicou a extinção fática dessa associação civil sem fins lucrativos. Extinta faticamente a CETIP, o patrimônio da entidade foi devolvido a seus associados que, assim, submeteramse ao disposto no art. 17 da Lei nº 9.532/97. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos neste ponto os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 14 65 /2 01 2- 05 Fl. 723DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 3 2 Apelbaum que lhe davam parcial provimento para afastar a exigência do IRPJ e da CSLL decorrente da desmutualização da CETIP. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, Ester Marques Lins de Sousa e Ronaldo Apelbaum (Vicepresidente). Relatório Tratase de recursos voluntário e de ofício interpostos nos termos dos arts. 33 e 34, I, ambos do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 1259.562, exarado pela 15ª Turma da DRJ 1 no Rio de Janeiro RJ. Por bem descrever o litígio objeto do presente processo, tomo de empréstimo o relatório contido na decisão de primeiro grau (fl. 408 e ss.): Trata o presente processo de exigência fiscal formulada à interessada acima identificada, pela Delegacia Especial de Instituições Financeiras de São Paulo/DEINF/SP, em 17/12/2012, por meio dos seguintes autos de infração: de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 162/169), no valor de R$ 8.119.248,27 e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 170/178), no valor de R$ 1.023.980,07, ambos acrescidos de multa de ofício de 75% e juros de mora calculados até dezembro/2012. O total da autuação perfaz o montante de R$ 19.427.531,58, conforme demonstrativo de fl. 02. A autuação de IRPJ decorre da constatação pela DEINF/SP das seguintes infrações: 001) PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS POR INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS Perda no recebimento de créditos deduzida indevidamente, por inobservância dos requisitos legais, conforme relatório fiscal em anexo. Não cobrou judicialmente perdas.superiores a R$30.000,00. Não comprovou que recuperação de créditos foi tributada anteriormente. (...) 0002 "ALUGUÉIS, ""ROYALTIES"" E ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CIENTÍFICA OU ADMINISTRATIVA""ROYALTIES" INDEDUTÍVEIS" Royalties" indedutíveis, por inobservância dos requisitos legais, conforme relatório fiscal em anexo. Fl. 724DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 4 3 Valor deduzido excedeu o limite de 1% sobre a receita. (...) 0003 OUTROS RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS. GANHOS AUFERIDOS EM DEVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO SOCIAL DE ENTIDADES ISENTAS Omissão de ganho auferido na devolução do patrimônio social de entidade isenta conforme relatório fiscal em anexo. Desmutualização da CETIP. (...) 0004 INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO. POSTERGAÇÃO DE RECEITAS Em 2008, o contribuinte apurou e declarou/recolheu o IRPJ em valor menor que o devido, pois deixou de reconhecer receitas tributáveis auferidas, devido a desmutualização da CETIP, vindo a reconhecêlas apenas em 2011, conforme relatório fiscal em anexo. (...) As infrações descritas nos itens 1, 3 e 4 causaram repercussão na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, deste modo, por decorrência foram apurados de ofício o tributo correspondente com os devidos acréscimos legais. Como parte integrante da autuação veio o Termo de Verificação Fiscal de fls.51/54, que transcrevemos parcialmente: 1) Perdas em Operações de Crédito O Banco Bankpar reconheceu na Linha 47 da Ficha 09B da DIPJ no ano calendário 2008, "Perdas Dedutíveis em Operações de Crédito", no valor de R$124.093.051,72 (fl. 305). Foi intimado a apresentar a composição do valor acima, através de listagem com as contas contábeis, descrição e detalhamento dos itens que compõem o valor informado, bem como listagem discriminando: a) Data de início da operação de crédito b) Nome e CPF ou CNPJ do tomador do empréstimo; c) Valor da operação; d) Garantias; e) Data da baixa do crédito (considerado como perda). Apresentou lista em meio magnético, discriminando as perdas. Fl. 725DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 5 4 Foram lavrados Termos de Intimação para o Banco Bankpar comprovar que as perdas em valores superiores a R$ 30.000,00 foram objeto de procedimentos judiciais para seu recebimento, de acordo com o artigo 9º, § 1º, incisos II, c, e III da Lei ns 9.430/96. Em 30/01/2012 respondeu que não foram iniciados procedimentos judiciais para o recebimento das operações de crédito listadas. Dessa forma, as perdas com valores superiores a R$30.000,00 não podem ser excluídas da apuração do Lucro Real, de acordo com o artigo 9º §1º incisos II, c, e III da Lei nº 9.430/96. O valor de R$ 4.645.119,63 referente a recuperação de créditos baixados como prejuízo foi considerado como perda dedutível em operações de crédito. Em 19/11/2012, o Bankpar foi intimado a explicar os motivos desse valor ter sido considerado como perdas dedutíveis em operações de crédito, apresentando a capitulação legal e também comprovar com controles internos, lançamentos contábeis e LALUR que esse valor sofreu tributação anteriormente. Em 29/11/2012 solicitou prorrogação do atendimento da intimação até 10/12/2012 e não apresentou resposta a Intimação. 1.1) LANÇAMENTO Considerando o exposto na página anterior, os valores abaixo, reconhecidos como perdas em operações de crédito, serão adicionados na apuração do Lucro Real, no ano calendário de 2008: (...) 2) Títulos Patrimoniais da CETIP: Informou que a data de ingresso no quadro associativo da CETIP ocorreu em 21 de outubro de 1996 pelo valor de R$ 30.682,00. Os valores reconhecidos na conta de Reserva Patrimonial nº 6.1.3.70.00.9001.0, conforme demonstrativo apresentado, a título de valorização patrimonial do título da CETIP, não foram oferecidos a tributação do IRPJ e CSLL, quando do seu reconhecimento nos livros contábeis. O Banco Bankpar não reconheceu o ganho de capital por ocasião da substituição dos títulos patrimoniais por ações. 2.1) Descrição dos Fatos A CETIP iniciou suas operações em 1986, como uma câmara de compensação e liquidação para proporcionar mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro; fornece ambientes de negociação e registro de Fl. 726DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 6 5 valores mobiliários, títulos públicos e privados de renda fixa e derivativos de balcão. A CETIP Câmara de Custódia e Liquidação, aqui chamada de "CETIP Associação", foi criada como uma associação civil, sem fins lucrativos, cujos associados possuíam títulos patrimoniais da entidade. Em maio de 2008, os associados aprovaram a proposta do chamado processo de "desmutualização", com a transformação da parte operacional da CETIP Associação em uma sociedade anônima que, a partir de 19 de julho de 2008, passou a operar como CETIP S/A Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (CNPJ n9 09.358.105/000191), aqui chamada de "CETIP S/A". Esta empresa passou a ter capital aberto em 28 de outubro de 2008, com ações negociadas no Novo Mercado da BM&F Bovespa. Em Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 29/05/2008 os associados aprovaram a proposta de desmutualização da CETIP, de onde se extraem as seguintes informações: foi aprovada a cisão patrimonial da CETIP Associação, com incorporação da parcela cindida pela CETIP S/A, bem como a alteração da denominação da CETIP Associação para CETIP Educacional, a partir de 01/07/2008, passando esta última a exercer apenas atividades educacionais; antes da desmutualização, os títulos patrimoniais da CETIP Associação apresentavam dois aspectos distintos para o associado o primeiro, de conteúdo patrimonial, refletia o valor da participação da empresa no capital da CETIP; o segundo, de natureza operacional, permitia a ela o "direito de acesso", ou seja, davalhes o direito de operar na CETIP; com a desmutualização, os detentores de títulos patrimoniais da CETIP Associação transformaramse em acionistas da CETIP S/A, e o acesso aos serviços e sistemas da CETIP deixou de estar vinculado à propriedade de título patrimonial; a devolução do capital aos detentores de títulos patrimoniais ficou estabelecida conforme o item 5.1 do "Instrumento de Protocolo e Justificativa da Operação de Cisão Parcial da CETIP Câmara de Custódia e Liquidação 2.2) Valor da Desmutualização da CETIP Na A.G.E. da desmutualização foi aprovado o INSTRUMENTO DE PROTOCOLO E JUSTIFICATIVA DA OPERAÇÃO DE CISÃO PARCIAL DA CETIP CÂMARA DE CUSTÓDIA E. LIQUIDAÇÃO, o qual fixa as diretrizes operacionais e econômicas do ato societário. I INTRODUÇÃO Fl. 727DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 7 6 1.1..O presente Protocolo estabelece as condições da operação de cisão parcial da CETIP ASSOCIAÇÃO, com versão da parcela cindida de seu patrimônio para a CETIP S.A. e a conseqüente atribuição de novas ações, a serem emitidas pela CETIP S.A. para os associados da CETIP ASSOCIAÇÃO. A cisão e Incorporação objeto deste Protocolo, desde que aprovadas pelas respectivas assembléias, somente produzirão seus efeitos em 1 de julho de 2008. Com base no patrimônio do balancete de 31 de março de 2008, foi deliberado que seriam cindidos elementos ativos e passivos da CETIP Associação no valor de R$ 201.698.400,00, ou seja 99,84% do seu patrimônio líquido que na mesma data estava avaliado em R$ 202.018.895,10. Em conseqüência, o patrimônio da CETIP Associação após a cisão se reduziria a R$ 320.495,10, equivalente a R$ 646,16 por título patrimonial. Pela devolução e cisão do patrimônio a cada um dos 496 titulares seriam atribuídas 406.650 ações da CETIP S.A., sem valor nominal. (...) Em suma, o valor do patrimônio que foi efetivamente devolvido pelos titulares da CETIP Associação, e que simultaneamente foi cindido à CETIP S.A., na data em que teve efeito a desmutualização 19 de Julho de 2008 foi de R$ 221.451.393,00, o que equivale a R$ 446.474,58 por associado. 2.3 Tributação da Devolução de Capital A Secretaria da Receita Federal do Brasil se manifestou, por meio da Solução de Consulta COSIT nº 10, de 2007 (ementa publicada no Diário Oficial da União de 30/10/2007), consulta proposta pela Comissão Nacional de Bolsa de Valores, acerca das repercussões tributárias advindas do processo de desmutualização. Na solução de consulta, fica claro que se aplica, ao processo de desmutualização, a tributação prevista no artigo 17 da lei nº 9.532/97, que dispõe: Art. 17. Sujeitase à incidência do imposto de renda à alíquota de quinze por cento a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa física, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do referido patrimônio. § 1º Aos valores entregues até o final do ano de 1995 aplicamse as normas do inciso I do art. 17 da Lei n.º 9.249, de 1995. Fl. 728DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 8 7 § 2º O imposto de que trata este artigo será: a) considerado tributação exclusiva; b) pago pelo beneficiário até o último dia útil do mês subseqüente ao recebimento dos valores. § 3º Quando a destinatária dos valores em dinheiro ou dos bens e direitos devolvidos for pessoa jurídica, a diferença a que se refere o caput será computada na determinação do lucro real ou adicionada ao lucro presumido ou arbitrado, conforme seja a forma de tributação a que estiver sujeita. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, para a determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido a pessoa jurídica deverá computar: a) a diferença a que se refere o caput, se sujeita ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real; b) o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos, se tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. O citado artigo determina que deve ser computada na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens recebidos a título de devolução de patrimônio de instituição isenta e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos entregues para a formação do patrimônio,' no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real. Portanto, o entendimento da Receita Federal do Brasil é de que, no processo de desmutualização, houve a devolução do patrimônio da CETIP Associação para as corretoras associadas, na forma de ações da CETIP S/A. Isto porque, ao serem conferidas as ações da nova sociedade em substituição aos títulos patrimoniais, a corretora deixa de se qualificar como associada à CETIP Associação e passa a ser sócia da CETIP S/A, empresa que ostenta finalidade de lucro. Dessa forma, a CETIP Associação, que deixa de existir e cujos títulos patrimoniais foram extintos, efetivamente devolve o seu patrimônio aos associados, na forma de ações da CETIP S/A. O valor a ser tributado é, portanto, o representado pela diferença entre o valor recebido pela corretora, na forma de ações da CETIP S/A, e o valor por ela entregue para a formação do patrimônio da CETIP Associação, ou seja, a valorização dos títulos patrimoniais ocorrida ao longo do tempo. A tabela na página seguinte resume a apuração deste valor que deixou de ser considerado Fl. 729DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 9 8 pelo sujeito passivo nas apurações de Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). 2.4) LANÇAMENTO Valorização dos Títulos, no Período Compreendido entre a Data de Aquisição e a Data da Desmutualização da CETIP. (...) O Bankpar vendeu as ações da CETIP S/A em 30/11/2011 por R$ 10.483.437,00 e o valor dessas ações era de R$ 406.650,00. Auferiu, dessa forma um resultado de R$10.076.787,00. A diferença entre o valor de aquisição do título, R$30.682,00 e o valor das ações da CETIP S/A, recebidas em substituição ao título, não foi reconhecido no resultado do ano calendário 2008. Dessa forma, será lançado o valor de R$ 375.968,00, que é a diferença entre R$ 406.650,00, valor reconhecido na venda das ações e o valor de aquisição do título da CETIP na apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL no ano calendário 2008. Será lançado como postergação de reconhecimento de resultado o valor de R$ 39.824,58, que é a diferença entre R$ 446.474,58, valor das ações da CETIP valor das ações da CETIP S/A, recebidas em substituição ao título e o valor de R$ 406.650,00 que foi reconhecido como custo das ações. 3) Despesas de Royalties O Bankpar foi intimado a apresentar os elementos abaixo, referentes a royalties pagos no ano calendário de 2008 para American Express: a) Cópias dos contratos referentes à licença de uso da marca American Express; b) Comprovantes de registro dos contratos no Banco Central do Brasil; c) Detalhamento dos critérios de apuração dos valores referentes aos royalties; d) Cópias dos balancetes da conta 8.1.9.99.00.6 7124 Royalties. Respondeu à intimação, informando que o valor reconhecido como despesa de royalties, conforme cópia do razão contábil da conta 8.1.9.99.006 7124, "Royalties" foi R$ 28.699.667,28: Também afirmou que "não existe regulamentação para registro do contrato no Banco Central do Brasil". Fl. 730DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 10 9 O Bankpar foi intimado a apresentar a.averbação do contrato referente à licença de uso da marca American Express no Instituto da Propriedade Industrial INPI, obedecidos o prazo e as condições de averbação e, ainda, as demais prescrições pertinentes, na forma da na Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996 e o registro no Banco Central do Brasil, de acordo com a Lei 4131/1962, artigos 39, 99 e 119, e Circular BACEN nº 2816. Respondeu a intimação apresentando cópia da averbação do contrato no INPI e o registro no Banco Central. (...) O artigo 355 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) dispõe: Às somas das quantias devidas a título de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio e por assistência técnica, científica, ou semelhante, poderão ser deduzidas até o limite máximo de cinco por cento da receita líquida das vendas do produto fabricado ou vendido, (art.280), ressalvado o disposto nos arts. 501 e 504, inciso V (Lei nº 3.470, de 1958, art. 74 e Lei nº 4131, de 1962, art. 12 e Decreto Lei nº 1730, de.1979, art. 69). § 1º serão estabelecidos e revistos periodicamente, mediante ato do Ministério de Estado da Fazenda, os coeficientes percentuais admitidos para as deduções a que se refere este artigo, considerados os tipos de produção ou atividades reunidos em grupos, segundo o grau de essencialidade (lei nº 4131, de 1962, art. 12 § 1º) § 2º Não são dedutíveis as quantias devidas a título de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria e comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante que não satisfizerem às condições previstas neste Decreto ou excederem aos limites referidos neste artigo,as quais serão consideradas como lucros distribuídos (Lei nº 4131, de 1962, arts. 12 e 13). § 3º a dedutibilidade das importâncias pagas ou creditadas pelas pessoas jurídicas, a título de aluguéis ou royalties pela exploração ou cessão de patentes ou pelo uso ou cessão de marcas, bem como a título de remuneração que envolva transferência de tecnologia (assistência técnica, científica, administrativa ou semelhantes, projetos ou serviços técnicos especializados) somente será admitida a partir da averbação do respectivo ato ou contrato do Instituto da Propriedade Industrial INPI, obedecidos o prazo e as condições de averbação e, ainda, as demais prescrições pertinentes, na forma da na Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Os coeficientes percentuais máximos admitidos para dedução, considerados os tipos de produção ou atividade, Fl. 731DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 11 10 segundo o grau de essencialidade encontramse nas Portarias MF nºs 436, de 1958; 113, de 1959; 314, de 1970; e 60, de 1994. A Portaria MF nº 436, de 1958 estabeleceu o limite abaixo: II royalties, pelo uso de marcas de indústria e comércio, ou nome comercial, em qualquer tipo de produção ou atividade, quando o uso da marca ou nome não seja decorrente da utilização de patente, processo ou fórmula de fabricação: 1 % (um por cento). As condições de dedutibilidade dos royalties pagos pelo Bankpar ao American Express são: 1º Averbação do respectivo ato ou contrato do Instituto da Propriedade Industrial INPI, obedecidos o prazo e as condições de averbação e, ainda, as demais prescrições pertinentes, na forma<da Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996; 2º Registro no Banco Central do Brasil, de acordo com a Lei 4131/1962, artigos 3e, 9S e 112, e Circular BACENn92816. 3º Limite de 1% sobre a receita bruta, conforme Portaria MF a 436, de 1958. Na cópia do registro no Banco Central, entregue pelo contribuinte, consta a seguinte observação "Para dedutibilidade fiscal deverá ser respeitado o coeficiente percentual máximo de 1 % sobre o preço líquido de venda dos produtos contratuais" A primeira e segunda condições foram atendidas, mas com relação à terceira condição, limite de 1% sobre a receita, temos que verificar se o valor de R$ 28.699.667,28, reconhecido como despesa de royalties, conforme cópia do razão contábil da conta 8.1.9.99.006 7124, "Royalties", atende esse limite. Primeiramente convém verificar quais são as receitas que o Bankpar auferiu em virtude do uso da marca "American Express". Na ficha 06B Demonstração de Resultado PJ Componente do Sistema Financeiro, no ano calendário 2008 existem receitas nas seguintes linhas: (...) 28. Rendas de Créditos Vinculados ao BACEN e SFH 32: Ajuste Positivo a Valor de Mercado 36. Rendas de Prestação de Serviços As linhas de receitas operacionais que são oriundas do uso da marca "American Express" são: (...) Fl. 732DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 12 11 As outras receitas que constam na ficha 06B, discriminadas abaixo, não tem evidentemente nenhuma origem com o uso da marca "American Express", e não compõem o cálculo do limite de 1%. Essas receitas são: (...) O Bankpar poderia deduzir como despesa de royalties somente o valor de R$2.882.890,94, que representa 1 % da receita bruta que tem como origem o uso da marca "American Express". O valor reconhecido como despesa de royalties foi R$ 28.699.667,28. Dessa forma, houve um excedente de despesa dedutível de R$25.816.776,34 3.2) LANÇAMENTO Considerando o exposto acima, o valor de R$ 25.816.776,34 (diferença entre o valor pago a título de royalties e o valor permitido como" dedutível) deve ser adicionado para fins de apuração do Lucro Real. 4) Lavratura de Auto de Infração Considerando o disposto neste Termo e as informações prestadas pelo Contribuinte, encerramos nesta data a Ação Fiscal junto ao sujeito passivo acima identificado, com lançamento de ofício, por meio de Autos de Infração, dos créditos tributários, conforme discriminados abaixo: (...) Inconformada com a exigência, da qual tomou ciência em 17/12/2012 (fls. 162 e 170), impugnou o lançamento em 16/01/2013 através da impugnação de fls. 186/237, instruída com os documentos de fls. 238/336, que reproduzo parcialmente: (...) II – PRELIMINARES II.I. DA GLOSA DAS PERDAS ACIMA DE R$ 30.000,00 DA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO Conforme informado anteriormente, a Fiscalização sustentou que o Impugnante não teria observado os requisitos legais para deduzir, da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, as despesas relativas às perdas acima de R$ 30.000,00, relativas ao anobase de 2008, tendo em vista que o Impugnante não propôs as competentes ações judiciais para o recebimento desses créditos. Como conseqüência dessa situação, a Fiscalização glosou a despesa de R$ 1.625.879,06. Fl. 733DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 13 12 (...) Pela análise da planilha acima transcrita, notase que a Fiscalização adicionou às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL despesas no montante de R$ 1.625.879,06, que se referem, em tese, às perdas superiores à R$ 30.000,00. Contudo, não consta, nos autos de infração originários do presente processo administrativo, qualquer documento comprobatório discriminando a composição do valor glosado de R$ 1.625.879,06. Notase, destarte, que o direito do Impugnante à ampla defesa e ao contraditório foi flagrantemente tolhido, na medida em que não é possível aferir qual a composição do valor glosado pela Fiscalização a título de perda no recebimento de crédito. Vale dizer, o procedimento adotado pela Fiscalização compromete a lisura do presente processo administrativo, tendo em vista que não há possibilidade de o Impugnante se defender apropriadamente das acusações que lhe foram imputadas, porquanto a própria Fiscalização não comprovou, de maneira individualizada, que a soma de todos os valores relativos às perdas acima de R$ 30.000,00, não cobradas judicialmente, totalizaria a quantia de R$ 1.625.879,06!!! (...) Transpondo as lições acima para o presente caso, notase que houve nítido cerceamento de defesa e violação ao princípio do contraditório, pois conforme já mencionado, não consta nos autos de infração, que originaram o presente processo, qualquer planilha e/ou memória de cálculo discriminando a composição do valor de R$ 1.625.879,06, que se refere, em tese, às perdas superiores à R$ 30.000,00, nem tampouco os documentos que comprovam a glosa dessa despesa. Ante o exposto, demonstrada a violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório, face à ausência dos documentos indispensáveis para a plena cognição das acusações feitas pela Fiscalização, o Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora reconheça a impropriedade da glosa no valor de R$ 1.625.879,06. II.2. DA ILIQUIDEZ E INCERTEZA DOS LANÇAMENTOS REFERENTES ÀS GLOSAS DAS PERDAS ACIMA DE R$ 30.000,00 Além de não ter sido produzida a prova necessária para a Fiscalização glosar as despesas com perda no valor de R$ 1.625.879,06, o que já é motivo suficiente para a exoneração dos créditos tributários de IRPJ e CSLL sobre tal montante, é certo também que a soma dos valores constantes na planilha Fl. 734DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 14 13 de fls. 74/75 dos autos do presente processo administrativo comprovam, de forma irrefutável, a iliquidez e incerteza dos lançamentos. De fato, ainda que se alegue que a composição dos valores referentes às perdas acima de R$ 30.000,00 estão identificadas na aludida planilha (e não no auto de infração, como seria de rigor), é importante destacar que a soma dos valores nela constante remonta a quantia de R$ 1.031.418,77 e não R$ 1.625.879,06, que foi apurado pelo Fiscal. Confirase, a propósito, a identificação dos nomes e dos respectivos créditos acima de R$ 30.000,00 apurados pela própria Fiscalização no "Termo de Intimação", datado de 21/12/2011: (...) Verificase, destarte, pela análise da planilha acima transcrita, que apenas a perda de R$ 1.031.418,77 poderia, quando muito, ter sido glosada se admitida como correta a única premissa adotada pela Fiscalização (o Impugnante não iniciou os procedimentos judiciais para o recebimento desses créditos). Admitindose essa hipótese, verificase que a Fiscalização glosou, sem qualquer amparo documental ou probatório, uma perda a maior no valor de R$ 594.460,29 (diferença de R$ 1.031.418,77 e R$ 1.625.879,06). Notase, portanto, que os autos de infração em apreço carecem de liquidez e certeza, na medida em que a base de cálculo utilizada pela Fiscalização no ponto ora discutido (R$ 1.625.879,06) não retrata um montante correto para a glosa das despesas incorridas pelo Impugnante. Com efeito, para ser válido o lançamento, devem ser cumpridos os requisitos de liquidez e certeza, em conformidade com o artigo 142 do Código Tributário Nacional, sem os quais fica constatada a nulidade do lançamento: (...) Assim, o não cumprimento das formalidades essenciais (intrínsecas) aos atos de lançamento, tais como a liquidez e certeza do montante exigido, como ocorreu no presente caso, tornaos nulos, gerando a obrigação para a Autoridade Julgadora de cancelálos de ofício. Esse entendimento já foi manifestado, reiteradas vezes, pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, verbis: "CRÉDITO TRIBUTÁRIO LIQUIDEZ E CERTEZA O lançamento tributário deve ser líquido e certo. Não se pode aceitar que a fase litigiosa se transforme num exercício continuado de identificação de erros e acertos Fl. 735DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 15 14 nos cálculos da auditoria fiscal e do julgamento de primeiro grau." (Acórdão nº 10707.369; g.n.) "IRPJ LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO REQUISITOS ESSENCIAIS LIQUIDEZ E CERTEZA Não pode prevalecer lançamento tributário que padece dos requisitos de liquidez e certeza." (Acórdão nº 10707.187; g.n.) Ante o exposto, considerando que os créditos tributários de IRPJ e CSLL são ilíquidos e incertos, o Impugnante aguarda, também por esse motivo, que essa E. Turma Julgadora cancele integralmente as autuações fiscais.. III DO MÉRITO III.1. DA INDEVIDA GLOSA DAS PERDAS EM OPERAÇÃO DE CRÉDITO Consoante mencionado anteriormente, no que diz respeito a este ponto a Fiscalização entendeu que o Impugnante (i) não teria cobrado judicialmente as perdas superiores à R$ 30.000,00 e (ii) não explicou os motivos pelos quais o valor de R$ 4.645.119,63, referente à recuperação de créditos baixados como prejuízo, foi considerado como perda dedutível em operação de crédito. Contudo, o referido entendimento não poderá prosperar, na medida em que tais valores foram legitimamente deduzidos pelo Impugnante, como se passará a demonstrar. III.1.1. Da Operacionalidade das Despesas com Perdas no Recebimento de Créditos Ainda que o reconhecimento das perdas dos créditos acima deR$ 30.000,00 não tivesse ocorrido em conformidade com os ditames do artigo 9o da Lei nº 9.430/96, como alegou a Fiscalização, não merece prosperar a manutenção dos créditos tributários do IRPJ e da "CSLL sobre tal montante, eis que as despesas referentes às perdas no recebimento de crédito são absolutamente operacionais e, portanto, dedutíveis das bases de cálculo dos referidos tributos. É o que se passará a demonstrar. Com efeito, nos termos do artigo 299 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda " RIR/99"), despesas operacionais são aquelas necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Nesse sentido, vejase a redação da norma em tela: "Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47). Fl. 736DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 16 15 § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 2º)."(g.n.) (...) De fato, conforme se denota pela análise do seu estatuto social (doc. anexo), especificamente do artigo 5º, o Impugnante é uma sociedade anônima que tem por objeto social "a prática de operações ativas, passivas e acessórias inerentes às respectivas carteiras autorizadas (de investimento, e de crédito, financiamento e investimento), inclusive câmbio, de acordo com as disposições legais e regulamentares em vigor, podendo ainda, participar de outras sociedades comerciais ou civis, nacionais ou estrangeiras, como sócio, acionista ou quotista." Frisese, ainda, que o Impugnante (antigo Banco American Express S/A), é instituição financeira que figura como administradora do cartão de crédito e detém a exclusividade na emissão dos cartões de crédito American Express no Brasil (esse questão será melhor abordada adiante). Assim, as despesas questionadas no presente processo administrativo, como as perdas no recebimento de créditos acima de R$ 30.000,00 e as despesas com royalties em razão do uso da marca "American Express", que serão abordadas oportunamente, estão intrinsecamente relacionadas com as atividades desenvolvidas pelo Impugnante, e, nesse sentido, possuem, inegavelmente, natureza de despesas operacionais, que são plenamente dedutíveis para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Portanto, as perdas no recebimento de créditos são perfeitamente aceitáveis frente ao desenvolvimento de atividades dessa natureza, de modo que se pode afirmar que as despesas em comento não devem submeterse ao tratamento conferido pelo artigo 9o da Lei n° 9.430/1996, e sim à regra geral de dedutibilidade prevista no artigo 299 do RIR/99. (...) Assim, considerandose que uma das mais importantes áreas de atuação do Recorrente é a de administração de cartões de crédito, as despesas glosadas por meio dos autos de infração em debate têm como finalidade, indiscutivelmente, a consecução desse objeto social. Portanto, ainda que haja regra específica que regule as perdas no recebimento de crédito das pessoas jurídicas em Fl. 737DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 17 16 geral, de fato, para as instituições financeiras, nada seria mais apropriado do que considerar como despesa dedutível, pelo artigo 299 do RIR/99, as perdas no recebimento de créditos, uma vez que é fato não controverso nos autos que os valores glosados referemse às perdas verificadas pelo Recorrente na consecução de suas atividades sociais. Por todo o exposto, requerse a essa E. Turma Julgadora o cancelamento dos autos de infração no que tange aos lançamentos decorrentes da glosa das perdas no recebimento de créditos, por serem valores absolutamente necessárias, normais e usuais à atividade do Impugnante e, portanto, dedutíveis. III.1.2. Da Dedutibilidade do Montante de R$ 4.645.119,63 No entender do Sr. Agente Fiscal, o Impugnante não explicou os motivos pelos quais o montante de R$ 4.645.119,63, referente a créditos recuperados, foi considerado como perda dedutível em operação de crédito. Em razão disso, a dedutibilidade da referida parcela foi de plano glosada pela Fiscalização, o que não poderá ser admitido por esta E. Turma Julgadora, pelas razões que se passa a expor. Inicialmente, devese mencionar que o valor ora questionado pelo Sr. Agente Fiscal (R$ 4.645.119,63) foi, no passado, reconhecido como receita pelo Impugnante, e como tal tributado, em obediência ao regime de competência. Em momento posterior, em virtude da ausência do recebimento efetivo do referido crédito, poderia o Impugnante deduzilo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, tal como permitido pela Lei nº 9.430/96. (...) Assim, sendo certo que o reconhecimento da dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos é uma faculdade do contribuinte, e não sua obrigação, fato é que o Impugnante deixou de reconhecer, no passado, as perdas no recebimento dos créditos que perfazem o montante de R$ 4.645.119,63. No anobase de 2008, os referidos créditos foram recuperados pelo Impugnante. Tendo em vista a tributação de tais valores, no passado, decorrente do reconhecimento de tais receitas pelo regime de competência, e a sua não dedução (ainda que esta fosse possível, nos termos da legislação), o Impugnante deduziu no anobase de 2008 o valor recuperado de R$ 4.645.119,63 de seu lucro real e da base de cálculo da CSLL. De fato, este era o único procedimento possível a ser adotado: caso não deduzisse a parcela de R$ 4.645.119,63 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, estaria o Fl. 738DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 18 17 Impugnante oferecendo à tributação, novamente, valor que já havia sido tributado no passado, e que não havia sido objeto de dedução. Com efeito, a não dedução dos valores recuperados em 2008 implicaria em enriquecimento sem causa do Fisco, o que não pode ser tolerado. A legislação é cristalina ao dispor que deverão ser computados no lucro real apenas o montante dos créditos deduzidos que tenham sido recuperados, exigindose, portanto, uma prévia dedução dos valores recuperados, para justificar a tributação quando de sua recuperação. Nesse sentido, vejase o quanto disposto no artigo 12 da Lei n° 9.430/96, verbis. "Art. 12. Deverá ser computado na determinação do lucro real o montante dos créditos deduzidos que tenham sido recuperados, em qualquer época ou a qualquer título, inclusive nos casos de novação da dívida ou do arresto dos bens recebidos em garantia real." (g.n.) Ademais, pela leitura do Termo de Verificação Fiscal anexo aos autos de infração, resta claro que o Sr. Agente Fiscal não investigou a verdade material dos fatos, mas simplesmente presumiu que os valores recuperados no anobase de 2008 e deduzidos pelo Impugnante foram anteriormente deduzidos como perda em operações de crédito. De fato, no processo administrativo tributário deve prevalecer a verdade material, uma vez que, estando em jogo a legalidade da tributação, os fatos devem ser analisados pela administração pública tal como efetivamente ocorreram. Destarte, constitui dever da Administração Pública a busca incessante pela verdade material, de modo a reconhecer a regularidade do reconhecimento de perda realizado em 2008, sob pena de estar atentando contra princípio norteador do processo administrativo. (...) Dessa forma, na formação da livre convicção do órgão fiscal, são concedidos vastos meios instrutórios de inquisição da verdade dos fatos, pelo que não deve a autoridade fiscal retroceder diante da obscuridade e dificuldade de provar certas circunstâncias. Ao contrário, deve provála para garantir o batismo da certeza, que deve reger toda atividade administrativotributária. Assim, ao aplicar a lei tributária, a autoridade fiscal deve ter conhecimento da real conduta praticada pelo contribuinte, o que não ocorreu no presente caso. Para tanto, deve buscar incessantemente as provas para fundamentar tanto o lançamento, quanto qualquer outra providência necessária à comprovação do comportamento ilícito do contribuinte. Fl. 739DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 19 18 Inferese, desse modo, que um dos princípios informadores da atividade administrativotributária é o da verdade material, razão pela qual a Administração deve pautarse de maneira inexorável à verdade material dos fatos, fundamentando qualquer autuação em motivos reais, sob pena de ilegitimidade. Nesse sentido, o antigo Conselho de Contribuintes já se manifestou reiteradas vezes, conforme se extrai das decisões abaixo ementadas: "PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o princípio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento"." (Acórdão CSRF n° 0304.371; g.n.) "CSLLGLOSA DE EXCLUSÕESEm prestígio ao princípio da verdade material, não cabe computar na base de cálculo da exação despesas cuja efetividade e dedutibilidade não foi analisada pela fiscalização, ao simples fundamento de ter sido indevidamente utilizado o LALUR para suprir deficiências da escrituração comercial (registrar despesas não constantes da escrituração comercial) Recurso provido". (Acórdão n° 10194.356; g.n.) Portanto, em face (i) da efetiva dedutibilidade da parcela de R$ 4.645.119,63, que foi anteriormente tributada pelo Impugnante, não tendo sido deduzida como perda no recebimento de crédito; e (ii) do flagrante desrespeito ao princípio da verdade material, tendo em vista que a Fiscalização não investigou o efetivo cumprimento dos requisitos para dedutibilidade dos valores relativos aos créditos recuperados pelo Impugnante, requerse a essa E. Turma Julgadora que cancele integralmente os autos de infração originários do presente processo administrativo. III.1.3. Ad Argumentandum Da Ausência de Previsão Legal para a Adição, à Base de Cálculo da CSLL, de Despesa Considerada Indedutível Não obstante os argumentos expostos anteriormente, os quais são suficientes para o cancelamento das autuações lavradas, Fl. 740DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 20 19 caso se mantenham os valores glosados (o que se alega a título argumentativo) é certo que não há previsão legal para a adição de despesa considerada indedutível à base de cálculo da CSLL, como pretendeu o Sr. Agente Fiscal. De fato, muito embora a CSLL seja, assim como o IRPJ, tributo incidente sobre o lucro dos contribuintes, certo é que para ela existem normas específicas que tratam das adições e exclusões ao lucro líquido para fins de determinação de sua base de cálculo, as quais, nem sempre, são as mesmas aplicáveis ao IRPJ. Pela análise do artigo 2º da Lei nº 7.689/88, verificase que a base de cálculo da CSLL é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda, ajustado pelas exclusões e adições previstas nas alíneas 1, 2, 3 (revogado) e 4. Confirase: "Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. (...) c) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: 1. exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; 2. exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computado como receita; 3. exclusão do lucro decorrente de exportações incentivadas, de que trata o art. 1º, § 1º do DecretoLei n° 2.413, de 10 de fevereiro de 1988, apurado segundo o disposto no art. 19 do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e alterações posteriores; (Revogado pela Lei n° 7.856, de 1989) 4. adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido." Notese que a única adição permitida ao resultado do exercício, para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, está prevista na alínea 4, qual seja: a adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido. Não há, portanto, previsão legal, na legislação que regulamenta a CSLL, para a adição, ao lucro líquido, de qualquer despesa considerada indedutível, tal como as despesas operacionais que foram indevidamente glosadas pela Fiscalização. Fl. 741DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 21 20 Deveras, não é possível à Administração Tributária querer atribuir à CSLL as mesmas regras de adições e exclusões previstas para o IRPJ quanto à dedutibilidade de despesas. O que existe de comum entre os tributos em questão, e não é nada mais do que isso, são apenas as mesmas regras de apuração e pagamento. O antigo Conselho de Contribuintes também já se manifestou, reiteradas vezes, quanto à impossibilidade da utilização da legislação do IRPJ, no tocante à glosa de despesa, para o lançamento da CSLL, verbis: "(.) CSLL. BASE DE CÁLCULO. Somente a lei pode fixar a base de cálculo dos tributos, não se admitindo que valores indedutíveis para efeito do IRPJ sejam adicionados à base de cálculo da CSLL sem expressa determinação legal neste sentido." (Acórdão n° 10707610; g.n.) "LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL Não há previsão para adicionar ao lucro líquido, para apuração da base de cálculo da CSLL, o valor das despesas indedutíveis para fins de imposto de renda." (Acórdão n° 10196.056; g.n.) Nesse sentido, citese, por oportuno, trecho do voto proferido no Acórdão nº 10194.286, que reconhece a diferença entre a apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL: "É inequívoco que a base de cálculo da contribuição social instituída pela Lei n° 7.689/1988, conforme definida no art. 2° do mesmo diploma legal, com a alteração introduzida pelo art. 2º da Lei nº 8.034/1990, é distinta daquela fixada para o imposto de renda de pessoa jurídica. Assim, despesas ou encargos contabilmente apropriados, para efeito de apuração do resultado comercial da pessoa jurídica, ainda que considerada não dedutíveis para os efeitos do IRPJ (no caso, por se submeterem a tributação em separado), nem por isso deixariam de ser considerados na apuração da base de cálculo da Contribuição Social. Para esta, ao lucro dos diplomas legais mencionados, bem do art. 13 da Lei n. 9.249/1995. Outras exclusões, ainda que pertinentes ao IRPJ, não o são para efeitos da contribuição em questão, por absoluta falência de amparo legal." (g.n.) Verificase, destarte, que a CSLL tem regras que lhe são próprias, razão pela qual não se pode aceitar a aplicação, para fins de composição da base de cálculo da contribuição em questão, de regras que são próprias do IRPJ, como fez a Fiscalização no presente caso, que indevidamente adicionou despesas nitidamente operacionais para fins de apuração da base de cálculo dessa contribuição social. Fl. 742DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 22 21 Ante o exposto, em razão da inexistência de previsão legal que permita a adição de despesas indedutíveis do lucro real na base de cálculo da CSLL, o Impugnante aguarda que esta E. Turma Julgadora cancele referida parcela do auto de infração objeto do presente processo III.2. DA DESMUTUALIZAÇÃO DA CETIP Do ARTIGO 17 DA LEI N° 9.532/97 E DA INOCORRÊNCIA DE "DEVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO" Conforme mencionado anteriormente, entendeu a Fiscalização que o Impugnante teria deixado de oferecer à tributação o suposto ganho auferido no processo de desmutualização da CETIP Associação, entidade isenta, sem fins lucrativos, no anobase de 2008, no valor total de R$ 375.968,00, representado pela diferença entre o valor reconhecido na venda das ações da CETIP S/A (R$ 406.650,00) pelo Impugnante e o custo de aquisição do título patrimonial daquela instituição objeto de devolução (R$ 30.682,00). Essa suposta irregularidade deu ensejo à exigência de créditos tributários do IRPJ e da CSLL incidentes sobre esse ganho, sob a alegação de que o processo de desmutualização configuraria a devolução de patrimônio prevista no artigo 17 da Lei n° 9.532/97, confirmada pela Solução de Consulta COSIT n° 10/07, verbis: "2.3.Tributação da Devolução do Capital A Secretaria da Receita Federal do Brasil se manifestou, por meio da Solução de Consulta COSIT n° 10, de 2007 (ementa publicada no Diário Oficial da União de 30/10/2007), consulta proposta pela Comissão Nacional de Bolsa de Valores, acerca das repercussões tributárias advindas do processo de desmutualização, a tributação prevista no artigo 17 da Lei nº 9.532/97, que dispõe: Art. 17. Sujeitase à incidência do imposto de renda à alíquota de quinze por cento a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa física, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do referido patrimônio. § 1º Aos valores entregues até o final do ano de 1995 aplicamse as normas do inciso I do art. 17 da Lei n° 9.249, de 1995. § 2º O imposto de que trata este artigo será: a) considerado tributação exclusiva; b) pago pelo beneficiário até o último dia útil do mês subseqüente ao recebimento dos valores. Fl. 743DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 23 22 § 3º Quando a destinatária dos valores em dinheiro ou dos bens e direitos devolvidos for pessoa jurídica, a diferença a que se refere o caput será computada na determinação do lucro real ou adicionada ao lucro presumido ou arbitrado, conforme seja a forma de tributação a que estiver sujeita. § 4o Na hipótese do parágrafo anterior, para a determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido a pessoa jurídica deverá computar: a) a diferença a que se refere o caput, se sujeita ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real; b) o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos, se tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. O citado artigo determina que deve ser computada na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens recebidos a título de devolução de patrimônio de instituição isenta e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos entregues para a formação do patrimônio, no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real. Portanto, o entendimento da Receita Federal do Brasil é de que, no processo de desmutualização, houve a devolução do patrimônio da CETTP Associação para as corretoras associadas, na forma de ações da CETIP S/A." Conforme se verifica, com base no referido dispositivo legal, o Sr. Agente Fiscal entendeu que teria ocorrido a devolução do patrimônio da CETIP ao Impugnante em razão da desmutualização da CETIP Associação. Isso porque, para a Autoridade Fiscal, essa devolução seria desdobramento jurídico inevitável da desmutualização da CETIP. Em outras palavras, pressupôsse que a operação de desmutualização foi fracionada em duas etapas: (i) a extinção da associação (o que justificaria a suposta devolução do patrimônio investido); e (ii) a criação da sociedade anônima com finalidade lucrativa. Essa, entretanto, claramente não é a hipótese dos autos. Isso porque, a transformação do título em ação decorreu de operação societária de cisão parcial da associação civil e posterior incorporação por uma sociedade por ações, operação, aliás, expressamente prevista pelo artigo 2.033 do Código Civil de 2002 . Nem se alegue que o artigo 2.033 deve ser interpretado à luz do que determina o artigo 61 do Código Civil, que trata da dissolução das Associações, pois este dispositivo é Fl. 744DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 24 23 inaplicável ao caso, já que não houve a dissolução da associação o que ocorreu de fato foi a transformação em sociedade anônima. A suposta extinção, portanto, não ocorreu nem de fato, haja vista que nenhuma corretora/distribuidora foi convocada para receber seus ativos de volta, nem de direito, pois o que ocorreu foi a cisão e posterior incorporação das associações por sociedades anônimas, do que se infere que nem mesmo em enfoque estritamente jurídico poderseia falar em uma devolução virtual desses valores. Pois bem, o que se depreende do exposto até o momento é que não se pode afirmar que a CETIP Associação teria deixado de existir e, portanto, o respectivo título estaria extinto, o que justificaria a suposta ocorrência de devolução do patrimônio descrita no artigo 17 da Lei nº 9.532/97. Na realidade, não houve extinção da CETIP Associação, mas mera alteração na estrutura societária, conforme expressamente reconheceu a Autoridade Fiscal no Termo de Verificação Fiscal, quando descreveu que o processo de desmutualização resultou na entrega de ações da CETIP S/A para os detentores dos títulos da CETIP Associação. Efetivamente, após a referida alteração da estrutura societária da associação, a entidade continuou a existir e a operar, porém sob a forma de sociedade anônima e, conseqüentemente, os títulos transformaramse em ações. Assim, não tendo ocorrida a extinção da CETIP Associação, não há que se falar em extinção dos títulos respectivos, tampouco em "devolução" do patrimônio que justifique a pretensa aplicação do artigo 17 da Lei nº 9.532/97 não houve, portanto, a subsunção do fato à norma. Operação análoga, que envolveu a transformação de títulos patrimoniais da Bovespa em ações da Clearing, atual CBLC, já foi objeto de apreciação pela Receita Federal, que, na Decisão nº 13 da COSIT de 1997, acentuou que tal operação é, efetivamente, mera permuta, conforme se infere do excerto abaixo transcrito: "8. A respeito do valor pelo qual as corretorasmembros devem registrar as ações do capital social da CLEARING, que receberam em substituição de parte do valor do título patrimonial da BOVESPA, em virtude de cisão em que os bens são avaliados a valor contábil, esclareçase que, para a legislação do imposto de renda, este é um fato meramente permutativo, o que significa dizer que as ações serão registradas no ativo das corretoras pelo mesmo valor da parcela do título patrimonial que substituírem", (g.n.) Esse ato permutativo é previsto no artigo 22 da Lei nº 9.249/95, que assevera não haver incidência do Imposto Fl. 745DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 25 24 sobre a Renda em decorrência de operações dessa natureza, conforme bem pontuou a decisão da Receita Federal ora em foco: "8.1 A esse respeito, e só para compreensão, pois não é o caso presente, comparese o efeito desse ato à situação da BOVESPA devolver o capital para a associada e esta, ato contínuo, integralizar o valor recebido em empresa (no caso, a CLEARING) para os mesmos fins. Essa situação está clarificada, do ponto de vista fiscal, no art. 22 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995". (g.n.) De fato, a operação de desmutualização implica mera mudança na denominação de um direito, pela qual um determinado bem (título) é transformado em outro de igual valor (ações). Não há dúvidas de que inexiste devolução, o que ocorre é simples transformação. Sobre o assunto, já se manifestou o E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ao julgar o Processo Administrativo n° 16327.000209/201019, que trata da incidência das contribuições ao PIS e à COFINS sobre a receita decorrente da venda das ações da BMF S/A, conforme se depreende pelo trecho a seguir transcrito: "A Fiscalização entende que, por força do art. 61, § 1º do Código Civil vigente, as associações sem fins lucrativos que era a modalidade na qual se encontravam formatadas as bolsas de valores antes da desmutualização apenas poderiam destinar o seu patrimônio para entidades congêneres ou, quando muito, restituir aos seus associados o valor atualizado das contribuições que prestaram ao patrimônio da associação. Baseada nestes dispositivo, a Fiscalização entende que a venda das ações pela contribuinte teria sido o desfecho de uma seqüência de operações, as quais teriam começado com o ato de devolução de patrimônio da associação para os seus quotistas, seguido da aquisição das ações e a sua subseqüente venda, de modo que tal venda revelaria a prática de atividade operacional típica da atuação econômica do contribuinte, de negociação de títulos no mercado financeiro. (...) A Fiscalização, como visto, não concorda com os fatos: discorda da possibilidade de incorporação, com fundamento na qual procedeuse a substituição dos títulos patrimoniais por ações, tal como concretamente foi realizado. Entende que apenas seria possível a devolução do patrimônio pela associação aos seus associados, na forma do art. 61, § 1º do Código Civil vigente. Fl. 746DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 26 25 Ocorre que, concretamente, não houve um ato de restituição do patrimônio pela associação aos seus associados. O que houve, de fato, foi a troca dos títulos por ações, em concretização das operações de cisão e incorporação do patrimônio da associação, resultando em sua extinção. Não parece possível dizer que as ações teriam sido dadas em pagamento pelas sociedades anônimas, pois concretamente não houve a compra dos títulos patrimoniais pelas sociedades anônimas. Não houve a mudança de titularidade dos títulos patrimoniais para si. Também não parece possível dizer que teriam sido dados em pagamento pela associação, como forma de pagamento em restituição do patrimônio, pois a associação nunca foi titular das ações. Não foi a associação quem teria utilizado as ações, pois as ações não lhe pertenciam, nem houve, concretamente, repisese, uma restituição do patrimônio pela associação, em resgate de seus próprios títulos." (Acórdão nº 3403001.757; g.n.) Apesar de o caso acima transcrito se referir a tributos distintos, a análise feita pelo I. Conselheiro Relator Ivan Allegretti evidencia que a natureza do processo de desmutualização não foi de devolução de patrimônio, como quis fazer crer a d. Fiscalização, mas sim de substituição, troca, de ativos, de títulos por ações, de modo que tal processo não se subsume à regra insculpida no artigo 17 da Lei n° 9.532/97. Ora, não tendo ocorrido a extinção da CETIP, mas a mera alteração de sua natureza jurídica, não há que se falar em "devolução" do patrimônio que justifique a pretensa aplicação do artigo 17 da Lei nº 9.532/97, conforme equivocadamente alegou a Fiscalização para fundamentar os autos de infração objeto do presente processo administrativo. De fato, como já mencionado, a operação de desmutualização implica mera reclassificação de um direito ou, quando muito, uma permuta de ativos, pela qual um determinado bem (título) é substituído por outro de igual valor (ações). Não há dúvidas de que inexiste devolução, o que ocorre é simples substituição! Portanto, delineado tal quadro, em que o pressuposto da devolução do patrimônio está ausente, impossível a aplicação do art. 17 da Lei nº 9.532/97 ao presente caso não houve a subsunção do fato à norma e, portanto, não há que se falar em "fato gerador" dos tributos ocorrido no momento da desmutualização. Assim, estando demonstrado que na desmutualização da CETIP não houve devolução do patrimônio investido pelo Fl. 747DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 27 26 Impugnante, é impossível a incidência de tal preceito legal, de modo que não há como se justificar a incidência do IRPJ e da CSLL, o que deverá ser reconhecido desde já por essa E. Turma Julgadora, a fim de que os autos de infração ora combatidos sejam cancelados. III.2.1. Da Portaria do Ministério da Fazenda, Do Método da Equivalência Patrimonial e Da Inexistência, em 1º/07/2008, de Disponibilidade Passível de Tributação Tendo sido demonstrado que o artigo 17 da Lei nº 9.532/97 é inaplicável ao presente caso, o Impugnante passará a esclarecer outros motivos pelos quais também não há que se falar em fato gerador do IRPJ e da CSLL em 1º/07/08, quais sejam: (i) a atualização do Título Patrimonial não poderia ser tributada, conforme já mencionado, por expressa previsão contida na Portaria nº 785/77; e (ii) no momento da desmutualização o Impugnante não auferiu qualquer receita passível de tributação. Com efeito, verificase que a Autoridade Fiscal pretendeu tributar o valor correspondente à valorização do título patrimonial ocorrida ao longo do tempo. Nesse sentido, vale transcrever trecho do Termo de Verificação Fiscal que deixa claro qual foi a base de cálculo utilizada para a constituição dos créditos tributários de IRPJ e CSLL: "O Bankpar vendeu as ações da CETIP S/A em 30/11/2011 por R$ 10.483.437,00 e o valor dessas ações era de R$ 406.650,00. Auferiu dessa forma um resultado de R$ 10.076.787,00. A diferença entre o valor de aquisição do título, R$ 30.682,00 e o valor das ações da CETIP S/A, recebidas em substituição ao título, não foi reconhecido no resultado do ano calendário 2008. Dessa forma, será lançado o valor de R$ 375.968,00, que é a diferença entre R$ 406.650,00, valor reconhecido na venda das ações e o valor de aquisição do título da CETIP na apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL no ano calendário de 2008" Ocorre que, de acordo com a Portaria nº 785/77 do Ministério da Fazenda, referidas atualizações, quando positivas, não estão sujeitas à tributação pelo IRPJ, in verbis. "(...) I O acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. (...)" (g.n.) Fl. 748DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 28 27 Assim, há previsão legal expressa, que permanece em vigor até hoje, no sentido da não incidência do IRPJ e da CSLL sobre o valor correspondente à atualização do título patrimonial que o Impugnante detinha e, já por essa razão, não poderiam ser mantidos os lançamentos objeto do presente processo. De fato, aplicamse ao caso objeto do presente processo os preceitos legais que versam sobre o tratamento tributário das avaliações procedidas pelo método da equivalência patrimonial (arts. 225 e 389 do RIR), que estabelecem a não incidência do IRPJ e da CSLL sobre a atualização dos títulos das bolsas. "Art. 225. Os ganhos de capital, demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo artigo anterior, serão acrescidos à base de cálculo de que trata esta Subseção, para efeito de incidência do imposto (Lei nº decorrente da avaliação de investimento pela equivalência patrimonial (Lei nº 8.981, de 1995, art. 32, § 1º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º)." (g.n.) "Art. 388. O valor do investimento na data do balanço (art. 387, I), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido determinado de acordo com o disposto no artigo anterior, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 22). Art.389. A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 23, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso IV)." (g.n.) No mesmo sentido, a conclusão da Receita Federal na Decisão nº 13/97 da COSIT: "6.8 Dos textos transcritos fica evidente que o tratamento tributário dos aumentos e das reduções de valor dos Títulos Patrimoniais das sociedades corretoras, membros da BOVESPA, em virtude de acréscimos no patrimônio desta, decorrentes de suas operações, é exatamente o dispensado a acréscimos e reduções no valor de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial praticado por qualquer pessoa jurídica que tenha por finalidade o lucro, ou seja: os acréscimos não constituem receita tributável, devendo ser excluídos do lucro líquido, para determinação do lucro real [...]" (g.n.) Logo, considerando que é aplicável ao caso dos presentes autos de infração o regime jurídico da equivalência patrimonial, devese afastar a incidência do IRPJ e da CSLL sobre a atualização do título da CETIP detido pelo Impugnante, já que, apesar de a Autoridade Fiscal informar Fl. 749DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 29 28 que está tributando a "devolução do patrimônio", o que está sendo tributado, de fato, é a "atualização" dos títulos. Além disso, conforme já exposto, a operação de desmutualização consistiu em mera transformação dos títulos em ações da companhia resultante da reorganização. Vale repetir que não houve extinção da associação CETIP e de seus títulos, como equivocadamente entendeu a Autoridade Autuante no Termo de Verificação Fiscal, mas apenas a alteração da sua forma de atividade para a de sociedade anônima, com a permuta desses títulos por ações. Tal operação permite, exclusivamente, a transformação de determinados ativos (Títulos) em outros ativos de mesmo valor que os representem (Ações), de modo que às referidas ações, recebidas pelo Impugnante quando da desmutualização, aplicase o tratamento contábil e tributário idêntico àquele dispensado ao título patrimonial por ela detido. Nem se alegue, ademais, que a substituição do título patrimonial por ações poderia ser classificada como uma operação de alienação (e, consequentemente, como a realização da reserva de atualização dos títulos), pois a desmutualização não possibilitou aos detentores dos títulos qualquer outra alternativa que não fosse a transformação dos títulos nas ações correspondentes. Não houve a prerrogativa de venda dos títulos ou de permuta por um outro ativo. Ressaltese, inclusive, que na desmutualização não se verifica, em qualquer momento, a intenção de as associadas se desfazerem de seus ativos antigos (títulos). Nesse cenário, não há que se falar na realização de qualquer ganho por parte do Impugnante, uma vez que inexiste qualquer pagamento em dinheiro por ocasião da desmutualização. Insistase: há apenas uma mudança na denominação do mesmo ativo (título x ações). Ademais, ainda que a atualização do título representasse acréscimo patrimonial, o momento de incidência do IRPJ e da CSLL ocorreu apenas quando o acréscimo patrimonial se mostrasse disponível, e não quando fosse quantificado. A quantificação é relevante para a mensuração da dívida, jamais para indicar o momento em que o tributo é devido. Ora, no presente caso, é certo que não houve a realização de qualquer ganho por parte do Impugnante no momento da desmutualização, uma vez que inexiste qualquer pagamento em dinheiro em razão da transformação dos títulos em ações. Daí porque a reserva de atualização dos títulos, anteriormente contabilizada, se for entendida como tributável, não foi realizada nesse momento e, por conseguinte, não deve ser oferecida à tributação na desmutualização. Fl. 750DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 30 29 Isso porque, ao conceito de receita devese atrelar a noção de acréscimo "plus" ao patrimônio, que não seja precário nem temporário. Assim, enquanto a atualização do investimento não for realizada, ela tem caráter provisório e não representa receita efetiva para o Impugnante. De fato, da mesma forma como houve acréscimo do valor do título, em razão do aumento do Patrimônio Líquido da CETIP, poderia ter ocorrido a desvalorização, pela diminuição do Patrimônio Líquido da investida. Assim, como o ativo está sujeito tanto à valorização quanto à desvalorização, somente no momento da efetiva venda, em havendo atualização positiva, existirá receita ou disponibilidade econômica passível de tributação. Dessa forma, a atualização dos títulos/ações não poderia ser tributada antes da realização desses ativos, pois tais valores, por sua precariedade, ainda não se encaixavam no conceito de receita e não representavam disponibilidade econômica para o Impugnante. Nesse sentido, citese os ensinamentos de Ricardo Mariz de Oliveira: "No fundo, sob a perspectiva tributária, antes de haver a definitiva integração de uma receita ao patrimônio do contribuinte de exações que dependam desse fato, não se lhe pode exigir qualquer desses tributos porque, para eles, assim como em relação a toda e qualquer outro tributo, as respectivas competências tributárias se assentam sobre fatos detentores de capacidade contributiva, a qual inexiste antes de o fato estar completo e incondicionado." (g.n.) Vale dizer, a disponibilidade jurídica e econômica é gerada a partir da percepção de renda ou de provento, decorrente de um ato ou de um fato jurídico, surgindo quando este ato ou fato estiver definitivamente constituído de acordo com o direito aplicável, o que não se verifica no presente caso. Em casos análogos ao presente, em que se verificou a ausência de disponibilidade econômica, o antigo Conselho de Contribuintes já decidiu pela inexistência de fato gerador do IRPJ e da CSLL. Confirase: "VARIAÇÃO MONETÁRIA DEPÓSITOS JUDICIAIS Em razão de sua indisponibilidade econômica, sobre os valores depositados em juízo não deve incidir correção monetária, já que não há fato gerador do tributo. Somente a partir de seu ingresso no patrimônio do contribuinte, em razão de decisão favorável transitada em julgado, é que devem tais valores serem incluídos no lucro líquido para efeitos de apuração do lucro real. Recurso conhecido e improvido". (Acórdão CSRF nº 0102.917; g.n.) Fl. 751DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 31 30 "RESERVA DE REAVALIAÇÃO CONTROLADORA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL USO PARA AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL AUSÊNCIA DE FATO GERADOR DO IRPJ/CSLL A Reserva de Reavaliação, apurada na controladora, por equivalência patrimonial, não deve ser tributada (acrescida ao Lucro Real) quando utilizada para aumento de seu Capital Social, se constituída como contrapartida de aumento de valor de imóveis constantes do Ativo Permanente da sociedade controlada que efetuar a reavaliação de seus bens. A respectiva Reserva de Reavaliação somente será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado, como determina o art. 4º da Lei n° 9.959/2000. Recurso Voluntário Parcialmente Provido." (Acórdão nº 10196.784; g.n.) Desta forma, por todas as razões expostas e diante da inexistência de disponibilidade econômica em 1º/07/2008, é indevida a incidência do IRPJ e da CSLL no momento da desmutualização, razão pela qual não merecem prosperar os autos de infração originários do presente processo administrativo, que devem ser integralmente cancelados por esta E. Turma Julgadora. III.2.2. Da Postergação das Receitas Além de ter indevidamente tributado o valor correspondente à R$ 375.968,00, a Fiscalização lançou também o valor de R$ 39.824,58, sob a assertiva de que o Impugnante teria postergado para 2011 (momento da venda das ações pelo valor de R$ 10.438.437,00) a tributação da receita que teria sido auferida em 2008 quando da ocorrência da desmutualização . Confirase: "Será lançado como postergação de reconhecimento de resultado o valor de R$ 39.824,58, que é a diferença entre R$ 446.474,58, valor das ações da CETIP S/A, recebidas em substituição ao título e o valor de R$ 406.650,00 que foi reconhecido como custo das ações." No entanto, tal alegação não merece prosperar. Isso porque, conforme já demonstrado anteriormente, no momento da desmutualização não houve a realização de qualquer ganho por parte do Impugnante, uma vez que inexiste qualquer pagamento em dinheiro em razão da transformação dos títulos em ações. Ainda que tivesse havido um ganho no momento da desmutualização, o que se afirma a título meramente argumentativo, não poderia a Fiscalização tributar, pelo IRPJ e pela CSLL, o valor correspondente à R$ 39.824,58, mas, quando muito, os juros incidentes sobre tal montante, por se tratar de hipótese de postergação de pagamento. Fl. 752DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 32 31 Com efeito, nos termos do artigo 273 do RIR/99, quando o contribuinte deixar de computar na apuração do lucro real uma receita, apenas tributandoa em período futuro, aplica se a regra relativa à postergação do pagamento. Confirase: "Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16)."(g.n.) Como se percebe, a contabilização tardia de receita faz parte da hipótese de pagamento postergado. Nesse caso, o lançamento de eventual diferença deve ser feito pelo valor líquido, compensandose o valor do pagamento realizado em exercícios futuros ao que o contribuinte estaria obrigado. Nessa hipótese, portanto, a Autoridade Fiscal tem a obrigação de recompor os lucros tributáveis, o que não foi feito no presente caso, considerando os efeitos da postergação do pagamento, sob pena de nulidade do lançamento. Esse é o entendimento do antigo Conselho de Contribuintes. Confirase: "IRPJ CONTABILIZAÇÃO EXTEMPORÂNEA DE RECEITAS Tendo o contribuinte se antecipado à ação fiscal, ao contabilizar receitas antes omitidas, caberia ao fisco buscar os efeitos da postergação. Este procedimento não pode ser abandonado pelo fato de o contribuinte não Fl. 753DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 33 32 ter retificado sua declaração de rendimentos." (Acórdão nº 10707393; g.n.) "IRPJ POSTERGAÇÃO A inobservância quanto ao período de competência na escrituração de receitas, custos e despesas caracterizase como postergação de imposto, devendo, por conseguinte, ser considerado pela fiscalização por ocasião do lançamento para efeito de recomposição da base de cálculo do tributo, mormente quando no termo do prazo de postergação haja apuração de imposto a pagar em valor no mínimo igual ao do imposto postergado." (Acórdão nº 10196.369; g.n.) Ademais, é importante mencionar que não se pode sequer cogitar da cobrança de multa de ofício nos casos de pagamento postergado, em razão da aplicação do instituto da denúncia espontânea previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, mas apenas e tão somente dos juros moratórios, conforme entendimento proferido pelo antigo E. Conselho de Contribuintes: "RECOLHIMENTO INTEGRAL A DESTEMPO DENÚNCIA ESPONTÂNEA Por analogia aos casos de inobservância do regime de reconhecimento de receita, cumulada com a reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre denúncia espontânea, afastando qualquer penalidade por força do artigo 138 do CTN, a postergação no pagamento de tributos, pelo seu recolhimento a destempo, enseja lançamento de ofício tãosomente dos juros moratórios, tendo estes como base o valor recolhido, bem como considerados pelo período em que houve atraso. Recurso provido." (Acórdão nº 10806160; g.n.) Portanto, ainda que não seja reconhecido como correto o procedimento adotado pela Recorrente, o que se alega a título argumentativo, os autos de infração ora combatidos são, também por esse motivo, ilíquidos e incertos, eis que a Fiscalização não considerou os efeitos da postergação de pagamento ao efetuar o lançamento de IRPJ e da CSLL sobre o valor de R$ 39.824,58. III.3. DA DEDUÇÃO DAS DESPESAS COM ROYALTIES Conforme já mencionado, o Impugnante também foi atuado pelo Sr. Agente Fiscal por ter supostamente deduzido em excesso despesas com o pagamento de royalties pagos à AMEX, pela licença de uso da marca "American Express". Com efeito, entendeu o Sr. Agente Fiscal que a dedutibilidade dos montantes pagos pelo Impugnante à American Express a título de royalties estaria condicionada ao cumprimento dos seguintes requisitos: (í) averbação do respectivo contrato no Instituto Nacional da Propriedade Industrial ("INPI"); Fl. 754DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 34 33 (ü) registro da remessa para o exterior a título de royalties no Banco Central do Brasil ("BACEN"); (iii) observância do limite de dedutibilidade correspondente a 1% da receita bruta vinculada ao uso da marca "American Express", conforme disposto na Portaria do Ministro da Fazenda n° 436/58"). Em face dos documentos apresentados pelo Impugnante em sede de fiscalização, restou claro para o Sr. Agente Fiscal que as condições expressas nos itens (i) e (ii) haviam sido plenamente atendidas. Já com relação ao item (iii), o Sr. Agente Fiscal alegou que seria necessário, primeiramente, verificar quais seriam as receitas auferidas pelo Impugnante em decorrência do uso da marca "American Express", para que então fosse possível calcular se o limite de 1% de dedutibilidade previsto na Portaria MF nº 436/58 havia sido respeitado. Nesse passo, a Fiscalização analisou as receitas auferidas pelo Impugnante no anobase de 2008, concluindo que as seguintes receitas operacionais decorrem do uso da marca "American Express": (...) O limite de 1% para fins de dedutibilidade dos royalties foi então calculado sobre o montante das receitas de R$ 288.289.093,93. Como o valor deduzido pelo Impugnante como despesas com royalties foi de R$ 28.699.667,28, entendeuse que a parcela de R$ 25.816.776,34 teria sido deduzida em excesso, nos seguintes termos: "O Bankpar poderia deduzir como despesa de royalties somente o valor de R$ 2.882.890,94, que representa 1% da receita bruta que tem como origem o uso da marca 'American Express'. O valor reconhecido como despesa de royalties foi R$ 28.699.667,28. Dessa forma, houve um excedente de despesa dedutível de R$ 25.816.776,34." No entanto, em que pesem os argumentos apresentados pelo Sr. Agente Fiscal, não poderá prosperar a glosa do suposto montante excedente das despesas com royalties pagos pelo Impugnante à AMEX pelo uso da marca American Express. É o que se passará a demonstrar. III.3.1. Da Operacionalidade das Despesas com Royalties Pagas pelo Impugnante à AMEX Consoante mencionado anteriormente, entendese como despesas operacionais as necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, nos exatos termos do artigo 299 do RIR/99. Fl. 755DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 35 34 Nesse passo, cumpre demonstrar que os montantes remetidos à AMEX a título de royalties, como remuneração pelo uso da marca "American Express", constituem, para o Impugnante, despesa notadamente operacional e, por essa razão, devem ser considerados integralmente dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Com efeito, uma das principais atividades desenvolvidas pelo Impugnante, cuja antiga denominação é Banco American Express S/A, é a de administradora de cartões de crédito. Nesse contexto, o Impugnante é responsável por emitir, no Brasil, os cartões de crédito com a bandeira internacional "American Express". (...) No caso concreto, temse o pagamento de royalties industriais à AMEX pelo uso da marca "American Express". Sem o pagamento desses valores, não seria possível ao Impugnante exercer sua atividade comercial de emissão de cartões de crédito da bandeira "American Express". Os pagamentos de royalties remetidos à AMEX em razão do "Contrato de Licenciamento de Marca" são, assim, indispensáveis ao exercício das atividades do Impugnante, revestindose claramente das características de despesa operacional e dedutível: são usuais, necessários e normais. Tratase de despesa usual, na medida em que é habitual para a realização do objeto social do Impugnante, assim como para as demais instituições financeiras que emitam cartões de crédito. É também uma despesa normal na realização das atividades e negócios pertinentes ao objeto social do Impugnante, sendo comumente verificada na realização do objeto social de empresas que, tal como o Impugnante, atuem na emissão de cartões de crédito com bandeiras internacionais. Por fim, os royalties pagos à AMEX são necessários na medida em que se justificam sob o aspecto gerencial das atividades do Impugnante, sendo empregados para a otimização e, mais do que isso, para o próprio exercício de uma de suas principais funções, que é a emissão de cartões com a bandeira "American Express" no Brasil. (...) Ora, é exatamente nessa situação em que se enquadra o Impugnante. Os royalties pagos são necessários para que se mantenha o direito de uso da marca "American Express", responsável pela produção dos rendimentos atrelados à comercialização dos cartões de crédito que possuam a referida bandeira. Sem o seu pagamento, o Impugnante verseia impedido de emitir os cartões da bandeira "American Fl. 756DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 36 35 Express", deixando de exercer uma de suas mais relevantes atividades. Nesse mesmo sentido caminha a jurisprudência administrativa, ao reconhecer a dedutibilidade dos royalties. Vejase, assim, as seguintes ementas de decisões do antigo Conselho de Contribuintes: "ROYALTIES. LIMITE DE DEDUTIBILIDADE As despesas de royalties, quando necessárias à manutenção da posse, uso ou fruição dos bens ou do direito que produz o rendimento, podem ser deduzidas integralmente." (Acórdão n° 10322.104; g.n.) "FRANQUIA DESPESAS COM ROYALTIES DEDUTIBILIDADE As despesas com royalties são dedutíveis na apuração do lucro real sujeito ao imposto de renda, porque necessárias à manutenção da franquia." (Acórdão n° 10322.841; g.n.) Destarte, sendo o Impugnante uma instituição financeira que tem, como uma de suas principais atividades operacionais, a emissão de cartões de crédito com a bandeira "American Express" no Brasil, concluise que os pagamentos de royalties à AMEX são absolutamente necessários, usuais e normais, de forma que sua integral dedutibilidade deverá ser reconhecida por esta E. Turma Julgadora, com o conseqüente cancelamento da autuação ora combatida. III.3.2. Da Revogação da Portaria MF nº 436/58 Ainda que esta E. Turma Julgadora não venha a acatar os argumentos anteriormente expostos o que apenas se admite a título argumentativo, deverá reconhecer que o limite de 1% da receita bruta vinculada aos royalties pagos à AMEX pelo uso da marca American Express, exposto na Portaria MF nº 436/58, não pode ser utilizado, na medida em que se encontra revogado pela ordem constitucional de 1988. Com efeito, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, restou estabelecido que os dispositivos legais que atribuíssem ou delegassem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição Federal ao Congresso Nacional, especialmente a ação normativa, estariam revogados. Nesse passo, vejase o quanto disposto no artigo 25 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ("ADCT"): "Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: Fl. 757DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 37 36 I ação normativa; II alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie. (...)" Portanto, qualquer legislação anterior a 1988 que tenha atribuído ao Ministro da Fazenda a competência para legislar, estabelecendo limites de dedutibilidade para os royalties pagos, deverá ser tido por revogada desde o 181º dia que se sucedeu à promulgação da Constituição Federal de 1988, nos termos do mencionado artigo 25 do ADCT. Ora, se a competência delegada ao Poder Executivo, na pessoa do Ministro da Fazenda, de estabelecer limites à dedutibilidade de royalties foi revogada em razão da promulgação da nova Constituição, devese também entender por revogado o ato que se originou do exercício de tal competência, qual seja, a Portaria MF nº 436/58. Este entendimento também é adotado por Hiromi, Fábio e Celso Higuchi, verbis : "Toda lei que contraria uma nova Constituição considera se revogada a partir da vigência da nova Constituição. Se a delegação de competência foi revogada pela Constituição, a Portaria nº 436, de 1958, que é peça acessória da lei, também, está revogada. Não é possível aceitar o entendimento de que a Portaria nº 436, de 1958, foi recepcionada pela Constituição de 1988 porque foi editada na vigência da Constituição que permitia a delegação de competência."(gn.) Assim, também deverá esta E. Turma Julgadora reconhecer que os limites de dedutibilidade estabelecidos na Portaria MF nº 436/58, que o Sr. Agente Fiscal pretendeu aplicar no caso concreto, não possuem vigência no ordenamento jurídico brasileiro, haja vista que as leis que embasavam a competência do Ministro da Fazenda foram revogadas 180 dias após a promulgação da Constituição Federal de 1988. III.4. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA INSTITUIÇÃO, PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 413/08 (CONVERTIDA NA LEI Nº 11.727/08), DE ALÍQUOTA DA CSLL MAIS GRAVOSA ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Não obstante os argumentos tratados anteriormente, suficientes para a anulação integral dos autos de infração ora combatidos, o Impugnante passará a discorrer sobre a indevida cobrança de suposta insuficiência do recolhimento da CSLL no anobase de 2008, relativa ao diferencial de 6% da alíquota da referida contribuição para instituições financeiras. Fl. 758DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 38 37 Com efeito, é flagrante a inconstitucionalidade da majoração de alíquota da CSLL perpetrada pela Medida Provisória n° 413/08 com relação ao Impugnante e às demais instituições financeiras e equiparadas às financeiras, na medida em que dela decorre grave ofensa ao princípio da referibilidade. De fato, o aspecto mais marcante das contribuições especiais é o princípio da referibilidade, sendo característica associada a tal figura mesmo antes do advento do Texto Constitucional de 1988. Se assim é, negar essa referibilidade implicaria contrariar a própria noção de contribuição erigida a status constitucional por força do advento da Constituição da República de 1988. Logo, toda contribuição instituída deve ter a referida relação de pertinência, sob pena de ser considerada inconstitucional. Seria observada tal regra, por exemplo, caso o valor arrecadado do Impugnante com a contribuição por ele devida fosse vertido para benefícios passíveis de fruição por seus empregados, haja vista que os valores despendidos pela pessoa jurídica para o custeio da Seguridade Social lhe beneficiam indiretamente na medida em que proporcionam segurança e conforto aos seus empregados. Portanto, se maior a atuação estatal, justificase maior encargo tributário ao contribuinte que demanda tal atuação. Se a atuação estatal permanece a mesma, inconstitucional será a fixação de encargo mais gravoso a determinado contribuinte. No caso das contribuições sociais devidas pelo empregador (como é o caso em tela), para justificar o incremento da tributação, impõese a contrapartida do incremento de usufruto (maior atuação do Estado) em relação ao Sistema da Seguridade Social por parte dos respectivos empregados ou, ainda, melhoria nos planos e benefícios concedidos pelo Sistema, o que, bem se sabe, não ocorreu no caso vertente. A motivação de tal ato foi diversa: dado o contexto político do ano de 2008, não há dúvidas de que a elevação da alíquota procedida teve por escopo majorar a arrecadação da União e, assim, fazer frente à perda decorrente da impossibilidade de exigência da CPMF a partir de 2008, conforme, inclusive, restou consignado na própria Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 413/08, a qual assevera que "a relevância das medidas propostas (...) está configurada na necessidade de preservação do equilíbrio fiscal levado a efeito pelo Governo Federal (...). ""(g.n.) Tendose assim demonstrado que a elevação de alíquota da CSLL cumpriu o exclusivo propósito de arrecadar valores, não guardando qualquer relação com o princípio da referibilidade aplicável às contribuições sociais, tal expediente não pode ser chancelado, razão pela qual deve ser afastado por esta E. Turma Julgadora, cancelandose a Fl. 759DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 39 38 cobrança lançada relativa ao diferencial de 6% da alíquota da referida contribuição nos anobase de 2008. III.5. DOS ERROS COMETIDOS PELO SR. AGENTE FISCAL NA APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO E DOS TRIBUTOS SUPOSTAMENTE DEVIDOS Ainda que esta E. Turma Julgadora não venha a acatar os argumentos expostos anteriormente, suficientes para o cancelamento integral das autuações em comento, o que somente se admite a título de argumentação, é certo que deverá reconhecer que os autos de infração lavrados também se encontram eivados de iliquidez e incerteza. É o que se passa a demonstrar. De fato, verificandose os critérios utilizados pelo Sr. Agente Fiscal para o cálculo do IRPJ supostamente devido pelo Impugnante, notase que este deixou de deduzir, do montante final apurado, as parcelas referentes ao Programa de Alimentação do Trabalhador ("PAT") e aos pagamentos efetuados pelo Impugnante nos termos da Lei Rouanet e da Lei do Desporto, nos termos da tabela abaixo: (...) Ora, uma vez que se aumentou a base de cálculo do IRPJ e, consequentemente, o total devido a título de IRPJ, deveria também ter sido recalculada a parcela do PAT a ser deduzida do IRPJ apurado. Da mesma forma, o Sr. Agente Fiscal deixou de considerar uma maior dedução de incentivos fiscais em decorrência do aumento do IRPJ supostamente devido. Com efeito, o Impugnante efetuou patrocínios pela Lei Rouanet, no valor de R$ 140.000,00, e pela Lei do Desporto, no valor de R$ 35.000,00, tendo deduzido, na DIPJ relativa ao anobase de 2008, somente a parcela de R$ 94.298,90 (cf. DIPJ anexa). Assim, em decorrência do aumento do IRPJ supostamente devido em razão das autuações lavradas, a diferença de R$ 80.701,10 (R$ 175.000,00 R$ 94.298,90) deveria ter sido deduzida do imposto apurado pelo Sr. Agente Fiscal. Desta feita, resta comprovado a iliquidez e a incerteza do auto de infração de IRPJ, haja vista que, fossem as autuações procedentes, o imposto devido equivaleria a R$ 7.850.169,40, e não aos R$ 8.119.248,27 exigidos na autuação. Relativamente à CSLL, podese igualmente apontar erros cometidos pelo Sr. Agente Fiscal, seja na apuração da base de cálculo, seja na apuração do suposto imposto devido, tal como demonstrado na seguinte tabela: (...) No tocante à base de cálculo da CSLL, percebese que o Sr. Agente Fiscal ignorou a existência de base negativa de Fl. 760DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 40 39 períodos anteriores (cf. LALUR anexo), a qual, observado o limite de 30%, pode ser compensada até R$ 2.006.037,38. Ainda, deve ser destacado que a alíquota de 15% aplicada sobre a integralidade da base de cálculo da CSLL relativa ao anobase de 2008, apurada pela Fiscalização, não pode ser aplicada ao caso em tela. Como já mencionado, no ano de 2008 houve a indevida majoração da alíquota da CSLL, que passou de 9% para 15%, por meio da edição da Medida Provisória n° 413/08, posteriormente convertida na Lei n° 11.727/08. Ainda que a referida Medida Provisória pudesse majorar a alíquota da CSLL no referido anobase, o que se alega a título meramente argumentativo, é certo que o valor exigido nos autos de infração ora combatidos é ilíquido e incerto, na medida em que a Fiscalização indevidamente aplicou a alíquota de 15% sobre todo o anobase autuado, conforme se depreende das fls. 173 dos autos. Contudo, não se pode negar que a mencionada alíquota apenas seria exigível a partir do mês de maio de 2008 e não sobre todo o ano de 2008, indiscriminadamente, como pretendeu o Sr. Agente Fiscal. De fato, esse ato vai de encontro com as próprias normas regulamentares expedidas pela Receita Federal do Brasil, haja vista que a Instrução Normativa SRF n° 810/10 é expressa acerca da necessidade de se aplicar o diferencial de alíquota de 6% somente sobre a parcela da base de cálculo da CSLL que corresponder à proporção das receitas auferidas no período compreendido entre maio e dezembro de 2008, in verbis. "Art. 3º As pessoas jurídicas de que trata o inciso I do art. Io, tributadas pelo lucro real, que estiverem efetuando o pagamento da CSLL por estimativa, com base no art. 30 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deverão apurar a CSLL devida mensalmente a partir de 1º maio até 31 de dezembro de 2008 mediante a utilização da alíquota de 15% (quinze por cento). Parágrafo único. Relativamente aos balanços ou balancetes encerrados a partir de 1º de maio até 31 de dezembro de 2008, serão adotados os seguintes procedimentos: I verificar a relação percentual entre o total das receitas brutas dos meses de maio até o último mês abrangido pelo período de apuração e o total das receitas brutas computadas no balanço desse período; II aplicar o percentual encontrado no inciso I sobre a base de cálculo da contribuição apurada no balanço ou balancete do período, ajustada na forma da legislação; Fl. 761DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 41 40 III sobre o valor apurado na forma do inciso II, aplicar o diferencial de 6% (seis por cento); IV adicionar o valor encontrado na forma do inciso III à contribuição social apurada pela aplicação da alíquota de 9% (nove por cento) sobre a base de cálculo ajustada do período abrangido pelo balanço ou balancete, determinando assim o valor da CSLL" Assim, realizandose a proporcionalização preconizada no dispositivo mencionado (cf. planilha anexa), verificouse que 74,72% das receitas auferidas pelo Impugnante no anobase de 2008 correspondem ao período de maio a dezembro. Portanto, somente sobre o montante correspondente a 74,72% da base de cálculo da CSLL (que é R$ 4.680.753,89) poderia ser aplicada a alíquota adicional de 6%. Em outros termos, chegase desta forma a uma alíquota efetiva da CSLL para o anobase de 2008 de aproximadamente 13,48%. Verificase, portanto, que o auto de infração em apreço mais uma vez carece de liquidez e certeza, na medida em que a base de cálculo utilizada pela Fiscalização necessariamente deveria ser recomposta, tendo em vista que a alteração da alíquota da CSLL se deu apenas durante o segundo trimestre (maio) do anobase de 2008. Ante todo o exposto, considerandose que os créditos tributários IRPJ e CSLL são ilíquidos e incertos, o Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora cancele integralmente a autuação fiscal. III.6. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE JUROS SOBRE A MULTA Ainda que se entenda pela manutenção das autuações em análise, o que se alega a título argumentativo, é certo que os juros calculados com base na taxa SELIC não poderão ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por absoluta ausência de previsão legal. É o que se passará a demonstrar. (...) Nesse sentido já decidiu o antigo Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a exemplo da ementa a seguir reproduzida: "INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO INAPLICABLIDADE Não incidem os juros com base na taxa Selic sobre a multa de ofício, vez que o artigo 61 da Lei n.° 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente, não incidem os juros previstos Fl. 762DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 42 41 no artigo 161 do CTN sobre a multa de ofício." (Acórdão n.° 10196.523; g.n.) "MULTA DE OFÍCIO JUROS MORATÓRIOS Na execução das decisões administrativas, os juros de mora à taxa selic só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa aplicada. Sobre a multa podem incidir juros de mora à taxa de 1% ao mês, contados a partir do vencimento do prazo para impugnação." (Acórdão n° 10516.754; g.n.) "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A exigência dos juros de mora, incidente sobre o valor do tributo ou contribuição não pago no vencimento, com base na taxa Selic, tem autorização legal no Código Tributário Nacional". (Acórdão n° 20178.718; g.n.) (...) Ante o exposto, caso não sejam acolhidos os demais argumentos aduzidos na presente Impugnação, o que se admite apenas a título argumentativo, o Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora determine expressamente o cancelamento dos juros de mora, calculados com base na taxa SELIC, sobre a multa de ofício lançada no auto de infração originário do presente processo administrativo. IV DO PEDIDO Pelo exposto, o Impugnante requer a esta E. Turma de Julgamento o recebimento, o conhecimento e o provimento da presente Impugnação, com a conseqüente desconstituição dos créditos tributários exigidos e o cancelamento integral dos autos de infração originários do presente processo administrativo.” Examinadas as razões de defesa a DRJ de origem julgou parcialmente procedente a impugnação para: (i) afastar parte da glosa de perdas com recebimento de créditos, de R$ 1.625.879,06 para R$ 1.031.418,77 ; (ii) afastar integralmente a postergação de receitas, no valor de R$ 39.824,58; (iii) afastar parte da exigência da CSLL, fruto da elevação da alíquota desta contribuição ocorrida em julho de 2008, e; (iv) determinar o aproveitamento das bases de cálculo negativas de períodos anteriores no cálculo da CSLL devida, até o limite de 30%. Por haver exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributos e encargos de multa em montante superior ao limite de sua alçada, o órgão de primeiro grau submeteu sua decisão à revisão de ofício por este Conselho. Irresignada coma parcela do lançamento mantida, a interessada interpôs recurso voluntário onde reproduz, em síntese, as mesmas razões expostas na impugnação ao lançamento (fl. 486 e ss.). Fl. 763DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 43 42 A Procuradoria da fazenda Nacional, por sua vez, apresentou contrarazões ao recurso voluntário reforçando os argumentos trazidos pela fiscalização e pela DRJ de origem (fl. 634 e ss.). Por fim, a interessada apresentou pedido de desistência parcial do recurso voluntário, especificamente quanto ao IRPJ incidente sobre despesas com royalties (fl. 681), havendo sido o respectivo débito declarado extinto pela DEINF/SP (fl. 720). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) DA ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS Os recursos atendem aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, deles devese tomar conhecimento. 2) DO RECURSO VOLUNTÁRIO 2.1) Da Preliminar de Nulidade do Lançamento Pede a recorrente seja declarado nulo o lançamento sob exame, sob o argumento de que a autoridade fiscal teria cometido os seguintes equívocos: a) deixou de indicar como apurou o montante de R$ 1.625.879,06, relativo às perdas com recebimento créditos acima de R$ 30.000,00, tendo em vista que os valores apontados no demonstrativo de fls. 74/75 totalizam apenas R$ 1.031.418,77. Ademais, deixou de juntar aos autos os documentos que comprovariam a composição do valor lançado; b) não autuou como mera postergação do pagamento o IRPJ e a CSLL incidentes sobre suposto ganho de capital no valor de R$ 39.824,58, mesmo havendo reconhecido que tal valor fora oferecido à tributação em 2011; c) deixou de compensar o valor das infrações apuradas com a base negativa da contribuição social de períodos anteriores; d) apurou indevidamente a CSLL com alíquota de 15% para todo o ano de 2008; e) aplicou, sem previsão legal, o adicional de 6% da CSLL sobre o ganho de capital decorrente da desmutualização da CETIP. Não assiste razão à recorrente. É que os supostos equívocos acima apontados não dão causa à nulidade do lançamento, mas apenas, se for o caso, a sua retificação, nos termos dos abaixo transcritos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 764DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 44 43 (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Por fim, dada a insistência da recorrente no tema da falta de anexação, pela autoridade fiscal, dos documentos que comprovariam cada um dos valores contidos no demonstrativo de fls. 74/75, relativo a perdas com recebimento de créditos em valor superior a R$ 30.000,00, é de se dizer que, logo no termo de início da ação fiscal (fl. 4) a contribuinte foi intimada, nos seguintes termos: 3. Linha 47 da Ficha 09B da DIPJ ano calendário 2008, "Perdas Dedutíveis em Operações de Crédito", no valor de R$ 124.093.051,72: Apresentar listagem com as contas contábeis, descrição e detalhamento dos itens que compõem o valor informado, bem como listagem discriminando em meio impresso e em meio magnético (planilha Excel): Data de início da operação de crédito; Nome e CPF ou CNPJ do tomador do empréstimo; Valor da operação; Garantias; Data da baixa do crédito (considerado como perda). Em resposta a essa intimação a fiscalizada afirmou o seguinte (fl. 16): 3. exclusão de R$ 124.093.051,72 informada na DIPJ 2009<08>, Ficha 09B/47, "Perdas Dedutíveis em Operações de Crédito, conforme art. 9o da Lei n° 9.430/1996", é composta no quadro abaixo. O relatório das perdas encontrase descriminada no arquivo magnético anexado a este atendimento, contendo as informações nos solicitadas (Anexo VII). Informamos que devido à enorme quantidade de informações e a capacidade limitada da planilha eletrônica (Excel) quebramos essa informação por mês, sendo que ao somarmos os valores mensais chegase ao total de R$ 122.303.903,22: COSIF Descrição Valor x Relatório 122.303.903,22 x Ajuste referente a anocalendário anterior (2.855.971,13) 7.1.9.20.00.9 000.0 Recuperação de Créditos Baixados Como Prejuízo 4.645.119,63 Total 124.093.051,72 (...) Posteriormente a fiscalização lavrou novo termo intimando a contribuinte a comprovar o início dos procedimentos judiciais pra cobrança dos créditos (fls. 74/75), Fl. 765DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 45 44 conforme exigido pelo no art. 9º, § 1º, II, "c" e III, da Lei nº 9.430/96, havendo a contribuinte respondido expressamente que "não foram iniciados procedimentos judiciais para o recebimento das operações de crédito listadas" (fl. 91). Logo, não há dúvida de que o lançamento sob exame foi realizado com base nas informações prestadas pela própria recorrente, quais sejam: (i) o total das perdas informado na DIPJ; (ii) as planilhas apresentadas à fiscalização com individualização das perdas, inclusive aquelas com valor superior a R$ 30.000,00, e; (iii) a declaração expressa da empresa de que não havia iniciado os procedimentos judiciais para cobrança daqueles créditos. Nesse sentido, se a recorrente deseja consultar os documentos comprobatórios das perdas, deve dirigirse a seu departamento de contabilidade, uma vez que tais documentos não foram exigidos pelo Fisco nem ele apresentados. 2.2) Da Glosa de Perdas com Operações de Crédito Em relação às perdas registradas na contabilidade da fiscalizada autoridade afirma o seguinte: a) em resposta (fl. 91) à intimação a ela dirigida (fls. 74/75), a empresa reconheceu que, relativamente às perdas com recebimento de créditos em operações com valor superior a R$ 30.000,00, não iniciou os procedimentos judiciais para seu recebimento, daí porque deveria ter adicionado tais perdas, no valor total de R$ 1.625.879,06, na apuração do lucro real do ano de 2008, a teor do disposto no art. 9º, § 1º, II, "c" e III, da Lei nº 9.430/96; b) a contribuinte deixou de responder à intimação que lhe foi dirigida (fl. 134) com vistas a explicar a razão de haver deduzido a título de perda em operações de crédito o valor de R$ 4.645.119,63, referente à "Recuperação de Créditos Baixados Como Prejuízo" (fl. 16 e fl. 134), motivo pelo qual devese glosar a perda. Em relação ao item "a" DRJ de origem acolheu em parte as razões da defesa, reconhecendo que o montante das perdas com recebimento de créditos superiores a R$ 30.000,00, conforme demonstrativo elaborado pela própria fiscalização (fl. 74), é de apenas R$ 1.031.418,77. Quanto ao item "b", manteve a autuação. Em sua peça recursal a interessada alega que as perdas em comento decorrem de operações necessárias, normais e usuais para o exercício de sua atividade econômica, qual seja de administradora de cartões de crédito. São, portanto, despesas operacionais plenamente dedutíveis, a teor do disposto no art. 299 do RIR/99, não incidindo na hipótese o prescrito no art. 9º da Lei nº 9.430/96. Pois bem, as normas acima referidas assim prescrevem: RIR/99: Art.299.São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). §1ºSão necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §1º). Fl. 766DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 46 45 §2ºAs despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §2º). §3ºO disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. (...) Lei nº 9.430/96: Art.9º As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. §1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; (...) Como se vê, o art. 299 do RIR/99, cuja base legal é a Lei nº 4.506/64, prescreve condições gerais de dedutibilidade, para fins tributários, das despesas em geral. Já o art. 9º da Lei nº 9.430/96 impõe condições específicas para dedutibilidade fiscal das perdas com recebimento de créditos. Nesse sentido, ao contrário do alegado pela defesa, a observância da primeira norma não desobriga o cumprimento da segunda, e viceversa. Em relação ao valor de R$ 4.645.119,63, que integrou a linha 47 da ficha 09B da DIPJ referente ao ano de 2008 ("Perdas Dedutíveis em Operações de Crédito"), a interessada informou durante a ação fiscal tratarse de "Recuperação de Créditos Baixados Como Prejuízo" (fl. 16). Em sua peça recursal alega o seguinte (fl. 511): Entretanto, com o intuito de que não reste qualquer dúvida com relação à correção dos procedimentos adotados pelo Recorrente, Fl. 767DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 47 46 reiterese que o valor questionado pelo Sr. Agente Fiscal e pela DRJ (R$ 4.645.119,63) foi, no passado, reconhecido como receita pelo Recorrente, e como tal tributado, em obediência ao regime de competência. Em momento posterior, em virtude da ausência do recebimento efetivo do referido crédito, poderia o Recorrente deduzilo do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Nesse ponto, é importante frisar que a dedução das perdas no recebimento de créditos é uma faculdade do contribuinte, tal como expresso no próprio texto legal ("as perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas"), não havendo qualquer limitação temporal prevista na Lei n° 9.430/96 para referida dedução. Assim, sendo certo que o reconhecimento da dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos é uma faculdade do contribuinte, e não sua obrigação, fato é que o Recorrente deixou de reconhecer, no passado, as perdas no recebimento dos créditos que perfazem o montante de R$ 4.645.119,63. No anobase de 2008, os referidos créditos foram recuperados pelo Recorrente. Tendo em vista a tributação de tais valores, no passado, decorrente do reconhecimento de tais receitas pelo regime de competência, e a sua não dedução (ainda que esta fosse possível, nos termos da legislação), o Recorrente deduziu no anobase de 2008 o valor recuperado de R$ 4.645.119,63 de seu lucro real e da base de cálculo da CSLL. De fato, este era o único procedimento possível a ser adotado: caso não deduzisse a parcela de R$ 4.645.119,63 das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, estaria o Recorrente oferecendo à tributação, novamente, valor que já havia sido tributado no passado, e que não havia sido objeto de dedução. Com efeito, a não dedução dos valores recuperados em 2008 implicaria em enriquecimento sem causa do Fisco, o que não pode ser tolerado. (...) Em primeiro lugar devese ter em conta que a dedução de despesas e perdas não é uma faculdade legal, mas um dever das pessoas jurídicas perante seus acionistas ou quotistas, concernente em apurar corretamente o resultado contábil (lucro ou prejuízo do período). O fato de a não dedução de despesas e perdas não representar infração à legislação tributária não significa que seja uma faculdade. Em segundo lugar caberia à recorrente provar sua alegação, qual seja, de que deixou de reconhecer "no passado" a perda no recebimento do crédito em questão, daí porque, quando foi recuperado em 2008, o excluiu da incidência do IRPJ e da CSLL. É que, como é cediço, a prova da veracidade dos fatos alegados (a verdade material, tanto propalada pela defesa) cabe a quem os alega. Fl. 768DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 48 47 Por fim, argumenta a defesa que inexiste previsão legal para que as despesas e perdas indedutíveis sejam adicionadas na apuração na base de cálculo da CSLL. Também aqui não assiste razão à defesa. Como visto acima, a indedutibilidade, da base de cálculo do IRPJ, das perdas objeto da autuação fiscal encontrase prevista no art. 9º da Lei nº 9.430/96. Em relação à CSLL, o art. 28 da mesma Lei nº 9.430/96 assim estabelece: Art.28. Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24, 26, 55 e 71, desta Lei. (...) 2.3) Da Desmutualização da CETIP A autoridade fiscal, com base no art. 17 da Lei nº 9.532/97, acusa a contribuinte de não haver oferecido à tributação do IRPJ e da CSLL o ganho de capital auferido com a devolução do patrimônio aos associados da CETIP Associação, quando da desmutualização desta pessoa jurídica sem fins lucrativos. Em sua defesa a recorrente alega que não houve devolução do patrimônio da pessoa jurídica sem fins lucrativos a seus associados, e sim mera substituição dos títulos patrimoniais da CETIP Associação por ações da CETIP S/A, sendo portanto inaplicável o art. 17 da Lei nº 9.532/97. Pois bem, acerca da incidência do IRPJ e da CSLL sobre o ganho de capital auferido pelos respectivos associados quando da desmutualização das bolsas de valores este relator já teve a oportunidade de manifestar seu entendimento em outras oportunidades. Por não haver alterado meu entendimento sobre o assunto, a seguir transcrevo o voto proferido no âmbito do processo nº 19740.720017/201021, relativo à desmutualização da BM&F, cujas questões relevantes são as mesmas encontradas no presente processo. 2.1) Da Extinção Fática da BM&F É incontroverso o fato de que, imediatamente antes do assim chamado processo de desmutualização, a BM&F, associação civil sem fins lucrativos, e, por isso mesmo, isenta do pagamento do IRPJ e da CSLL, possuía patrimônio líquido registrado contabilmente no valor total de R$ 1.282.418.686,50. Esse patrimônio era empregado pela BM&F com vistas à realização dos objetivos pelos quais esta associação civil foi criada, quais sejam, aqueles estabelecidos no art. 1º da Resolução nº 2.690/2000, do Conselho Monetário Nacional, in verbis: Art. 1º As bolsas de valores poderão ser constituídas como associações civis ou sociedades anônimas, tendo por objeto social: Fl. 769DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 49 48 I manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e/ou valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado pela própria bolsa, sociedades membros e pelas autoridades competentes; II dotar, permanentemente, o referido local ou sistema de todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das operações; III estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao mercado de títulos e/ou valores mobiliários; IV criar mecanismos regulamentares e operacionais que possibilitem o atendimento, pelas sociedades membros, de quaisquer ordens de compra e venda dos investidores, sem prejuízo de igual competência da Comissão de Valores Mobiliários, que poderá, inclusive, estabelecer limites mínimos considerados razoáveis em relação ao valor monetário das referidas ordens; V efetuar registro das operações; VI preservar elevados padrões éticos de negociação, estabelecendo, para esse fim, normas de comportamento para as sociedades membros e para as companhias abertas e demais emissores de títulos e/ou valores mobiliários, fiscalizando sua observância e aplicando penalidades, no limite de sua competência, aos infratores; VII divulgar as operações realizadas, com rapidez, amplitude e detalhes; VIII conceder, à sociedade membro, crédito para assistência de liquidez, com vistas a resolver situação transitória, até o limite do valor de seus títulos patrimoniais ou de outros ativos especificados no estatuto social mediante apresentação de garantias subsidiárias adequadas, observado o que a respeito dispuser a legislação aplicável; e IX exercer outras atividades expressamente autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários. Parágrafo único. As bolsas de valores que se constituírem como associações civis, sem finalidade lucrativa, não podem distribuir a sociedades membros parcela de patrimônio ou resultado, exceto se houver expressa autorização da Comissão de Valores Mobiliários. É também incontroverso o fato de que com o processo de desmutualização o patrimônio líquido da BM&F, agora sob a denominação de BM&F Associação, foi reduzido para R$ 1.282.549,72, ou seja, ínfimos 0,1% do patrimônio líquido existente antes do evento, e que seu objetivo social sofreu profunda alteração, passando meramente ao exercício de atividades de cunho assistencial, educacional e desportivo. Fl. 770DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 50 49 Por fim, também está fora de discussão nos presentes autos o fato de que, com a chamada desmutualização, 99,9% do patrimônio líquido da antiga BM&F foram transferidos à BM&F S/A, e que tal patrimônio passou a ser empregado por essa sociedade com vistas à consecução dos mesmos objetivos perseguidos pela antiga BM&F. Ora, tendo em vista os fatos acima expostos é forçoso concluir que a cisão parcial da BM&F, principal ato jurídico do processo de desmutualização, não passou de um ato jurídico simulado, por meio do qual pretendeuse encobrir a dissolução fática da BM&F. Realmente, os idealizadores da desmutualização das bolsas procuraram sustentar, tal como agora faz a recorrente, que não houve dissolução da BM&F. Afirmam que, como a cisão da BM&F foi apenas parcial, essa pessoa jurídica continuou a existir, agora sob a denominação de BM&F Associação. Entretanto, como visto acima, a antiga BM&F e a BM&F Associação quase nada têm em comum além de seu CNPJ. A BM&F Associação, não resta dúvida, é meramente um simulacro da antiga BM&F. Embora tenha como objetivo declarado a realização de atividades de cunho assistencial, educacional e desportivo, seu objetivo prático, obviamente não declarado, é ocultar a dissolução fática da BM&F. Pois bem, tendo havido a dissolução fática da BM&F, e não a propalada cisão parcial, seus associados receberam parcela do patrimônio daquela associação proporcionalmente ao valor dos títulos patrimoniais que detinham, momento em que se sujeitaram à incidência do IRPJ e da CSLL, nos termos do já aludido art. 17 da Lei nº 9.532/97. Somente após é que utilizaram esses recursos para aumentar o capital da BM&F S/A, sociedade que havia sido constituída com capital de insignificantes R$ 500,00. 2.2) Da Ilegalidade da Cisão Parcial do Patrimônio da BM&F para a BM&F S/A Para aqueles que entendem que a verdade formal deva prevalecer sobre a verdade material, não acolhendo assim a tese da extinção fática da BM&F descrita no tópico anterior, há ainda um outro argumento que deve ser tido em consideração. Tratase aqui do fato de ser ilegal, conforme será visto em seguida, a transmissão total ou parcial, por qualquer forma jurídica, do patrimônio das associações civis sem fins lucrativos à pessoa jurídica com fins lucrativos (sociedades). Sendo ilegal o ato de transmissão, feito aqui sob a roupagem de cisão parcial, não pode ele ser oposto ao Fisco. Assim, inadmitida a cisão parcial, é de se concluir que o patrimônio da BM&F foi primeiro devolvido a seus associados, ensejando assim a incidência do art. 17 da Lei nº 9.532/97, para só então ter sido por eles empregado no aumento do capital da BM&F S/A. Fl. 771DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 51 50 Pois bem, como é cediço, a principal distinção entre as associações civis e as sociedades é a finalidade que perseguem. Enquanto essas últimas visam atender aos interesses econômicos de seus sócios ou acionistas, as primeiras têm como finalidade atender interesses não econômicos de um grupo de pessoas, e não apenas de seus associados. Em razão de serem constituídas para atender o interesse econômico dos próprios sócios ou acionistas, o patrimônio líquido das sociedades é formado: (i) pelo aporte de recursos de seus sócios ou acionistas; (ii) pelo lucro líquido obtido com o empreendimento, reinvestido na própria pessoa jurídica, após deduzidos o IRPJ e a CSLL devidos ao Estado. E uma vez que o patrimônio líquido das sociedades é formado por aportes de recursos seus sócios ou acionistas bem como pelo reinvestimento dos lucros gerados a partir desses aportes, podem os sócios ou acionistas dispor livremente sobre o patrimônio da sociedade, observadas as disposições contidas no contrato social ou estatuto. Por outro lado, por serem constituídas para atender interesses não econômicos de um grupo de pessoas, sejam elas associadas ou não, o patrimônio líquido das associações civis é formado: (i) pelo aporte de recursos de seus associados; (ii) pelo superávit obtido pela própria associação, decorrente de atividades econômicas eventualmente por ela realizadas, com vistas à manutenção de suas atividades essenciais; (iii) pelo IRPJ e pela CSLL que seriam devidos ao Estado, acaso inexistente a isenção desses tributos sobre o mencionado superávit; (iv) pelo aporte direto de recursos do Estado, quando previsto em lei; (v) pelo aporte de recursos de particulares que eventualmente contribuam para o aumento do patrimônio da associação (doações). Assim, diferentemente do que ocorre com as sociedades, os associados não podem livremente dispor sobre o patrimônio das associações civis, sob pena de enriquecimento sem causa, uma vez que tal patrimônio não foi formado exclusivamente por aportes de recursos daqueles associados. Isso é o que se depreendo do art. 61 da Lei nº 10.406/2002, Novo Código Civil: Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, Fl. 772DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 52 51 atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. E embora a norma acima transcrita regule apenas a destinação do patrimônio das associações civis no momento de sua dissolução, deve ela ser interpretada extensivamente para alcançar também as hipóteses de destinação de parcelas do patrimônio das associações civis ao longo de sua existência, como no caso da cisão parcial. Isso porque a razão à vedação à livre destinação do patrimônio das associações civis pelos associados, tanto no momento de sua dissolução, quanto ao longo de sua existência, é a mesma: a ordem jurídica não admite o enriquecimento sem causa. É então sob esse regime jurídico que deve ser interpretado o abaixo transcrito art. 16, parágrafo único, da Lei nº 9.532/97, o qual admite a incorporação, fusão e cisão de associações civis: Art. 16. Aplicamse à entrega de bens e direitos para a formação do patrimônio das instituições isentas as disposições do art. 23 da Lei nº 9.249, de 1995. Parágrafo único. A transferência de bens e direitos do patrimônio das entidades isentas para o patrimônio de outra pessoa jurídica, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, deverá ser efetuada pelo valor de sua aquisição ou pelo valor atribuído, no caso de doação. Nesse sentido, não é sequer necessário admitirse aqui, tal como defendido pela Solução de Consulta Cosit nº 10/2007, ser inválida cisão parcial de associação civil. Para o caso dos presentes autos é suficiente a defesa de uma tese mais modesta, qual seja, a de que ainda que seja válida cisão parcial de associação civil sem fins lucrativos, a parcela do patrimônio vertida somente poderá ser destinada a uma outra associação civil sem fins lucrativos. Portanto é de se concluir ser manifestamente ilegal, e, por conseguinte, juridicamente inválida, a cisão parcial da BM&F, com versão de 99,9% de seu patrimônio à BM&F S/A, uma vez que esta última constituise em sociedade, e não em associação civil. Sendo inválida a cisão parcial do patrimônio de associação civil para sociedade, não há como sustentarse, como quer a recorrente, ter havido mera substituição dos títulos patrimoniais da BM&F por ações da BM&F S/A. Houve, como afirma a fiscalização, a devolução de 99,9% do patrimônio da BM&F a seus associados, momento em que se sujeitaram à incidência do IRPJ e da CSLL, nos termos do já aludido art. 17 da Lei nº Fl. 773DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 53 52 9.532/97. Somente após é que utilizaram esses recursos para aumentar o capital da BM&F S/A. 2.3) Das Jurisprudências Administrativa e Judicial sobre a Desmutualização das Bolsas A jurisprudência do CARF é farta e uníssona sobre a validade da tributação do IRPJ e da CSLL nas assim chamadas operações de desmutualização das bolsas. Veja a seguir, a título exemplificativo, as ementas a duas de suas decisões: ACÓRDÃO Nº 1202000.813 – 1ª SEÇÃO / 2ª CÂMARA / 2ª TURMA ORDINÁRIA SESSÃO DE 12/06/2012 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008 (...) DESMUTUALIZAÇÃO DE BOLSAS DE VALORES. DEVOLUÇÃO DE PATRIMÔNIO DE ASSOCIAÇÃO. SUJEIÇÃO À TRIBUTAÇÃO. AVALIAÇÃO PELO CUSTO DE AQUISIÇÃO. A operação de desmutualização das bolsas de valores, sob a forma de cisão parcial seguida de incorporação, não se faz possível, em razão do disposto no art. 61 do Código Civil de 2002, que veda a destinação de qualquer parcela do patrimônio de associações a entes com finalidade lucrativa. A inoponibilidade ao Fisco da operação de desmutualização das bolsas de valores atrai a incidência do IRPJ calculado sobre a diferença entre o valor nominal das ações das sociedades (Bovespa Holdings e da BM&F S.A.) recebidas pelas corretoras associadas e o custo de aquisição das cotas ou frações ideais representativo do patrimônio segregado das associações (Bovespa e BM&F). Aplicase o art. 17 da Lei nº 9.532/97, e não o art. 16 da mesma lei, à operação de desmutualização, visto que a transferência de bens das bolsas de valores para outras pessoas jurídicas configura uma devolução de capital em razão da transferência dos títulos representativos do seu capital aos seus associados (sociedades corretoras), sem que as novas sociedades (Bovespa Holdings e da BM&F S.A) passem a integrar seu quadro social. Os títulos patrimoniais das bolsas de valores (associações) devem ser avaliados por seu custo de aquisição, e não pelo Método de Equivalência Patrimonial (MEP). ACÓRDÃO Nº 1301001.225 – 1ª SEÇÃO / 3ª CÂMARA / 1ª TURMA ORDINÁRIA SESSÃO DE 12/06/2013 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 INSTITUIÇÃO ISENTA. TÍTULOS PATRIMONIAIS. RESERVA DE ATUALIZAÇÃO AINDA NÃO TRIBUTADA. REALIZAÇÃO. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO. Em face da entrega dos títulos patrimoniais da BM&F à contribuinte, em devolução de capital, deve ser adicionado ao Fl. 774DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 54 53 lucro líquido, para fins de apuração do lucro real, o valor da reserva de atualização desses títulos que não sofreram tributação do imposto. AUTO DE INFRAÇÃO. DESMUTUALIZAÇÃO DE BOLSAS DE VALORES E DE MERCADORIAS. ASSOCIAÇÕES ISENTAS. DEVOLUÇÃO DE TÍTULO PATRIMONIAL E SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES DAS NOVAS EMPRESAS. SUJEIÇÃO À TRIBUTAÇÃO. Sujeitase à incidência do imposto de renda, computandose na determinação do lucro real do exercício, a diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa jurídica, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver sido entregue para a formação do referido patrimônio. No mesmo sentido é, também, a jurisprudência dos Tribunais. De fato, embora nem o STF nem o STJ tenham se debruçado sobre o assunto, os TRFs da 2ª e 3ª Regiões, em todos os casos que encontrei em pesquisa junto aos respectivos sítios na internet (argumento de pesquisa “desmutualização”), vêm decidindo pelo cabimento da tributação do IRPJ e da CSLL nas operações de desmutualização das bolsas. Confirase abaixo as ementas a dois desses acórdãos: TRF2 PROCESSO Nº 2008.51.01.0065590 TERCEIRA TURMA ESPECIALIZADA APELAÇÃO CÍVEL ACÓRDÃO PUBLICADO EM 16/10/2012: TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSSL. BOVESPA OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. LEI 9.532/97, ART. 17, INCIDÊNCIA. A Bovespa, em reestruturação societária datada de 28.08.2007, iniciou a “desmutualização”, deixando de ser uma sociedade civil e convertendose em sociedade anônima, a Bovespa Holding S/A. Nesse processo de transformação societária, os títulos patrimoniais da impetrante foram substituídos por ações da Bovespa e da BM&F. Tal processo de desmutualização trouxe, efetivamente, ganhos patrimoniais à impetrante que passou de simples associada da Bovespa à detentora de ações na nova holding, acrescendo ao seu patrimônio as novas ações adquiridas com os valores que havia dispendido para a formação da associação e que lhe fora devolvido devidamente corrigido, repisase em razão da desmutualização. O fato apto a desencadear a incidência dos tributos, nesse caso, é o ganho obtido pela impetrante com a devolução de valores, ou seja, com a própria operação de desmutualização, na forma como foi efetuada. O artigo 17 da Lei 9.532/97 constitui supedâneo legal para a inclusão da diferença entre o que foi investido para a formação Fl. 775DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 55 54 do capital social de entidade isenta e a devolução do que foi aportado na determinação do lucro da pessoa jurídica, uma vez que constitui, indubitavelmente, acréscimo patrimonial, sujeitandose à incidência do imposto de renda, nos termos dos artigos 43 e 44 do Código Tributário Nacional. Não prospera a tese da apelante de que a avaliação dos ativos em questão se dá pela equivalência patrimonial, sistemática que estima o valor do investimento de uma sociedade em outra de acordo com as oscilações do patrimônio da empresa investida e cujos resultados positivos, de acordo com o artigo 225 do Regulamento do Imposto de Renda, não acarretam incidência dos tributos. A avaliação pela equivalência patrimonial, consoante previsto no art. 248 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas), aplicase exclusivamente aos casos de “coligadas sobre cuja administração [a empresa] tenha influência significativa, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante, em controladas em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum (redação dada pela Lei nº 11.638/2007), não sendo este o caso dos autos que trata, na verdade, de avaliação de títulos patrimoniais que a impetrante detém nas bolsas de valores. Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta nº 13 de 10/11/97, o Parecer CST nº 2.254/81 e a Portaria MF 785/77, porquanto a referida Portaria, assim como os atos administrativos mencionados são anteriores à entrada em vigor da Lei 9.532/97, de 10/12/97, originária da conversão da Medida Provisória nº 1.602, de 14/11/97, sendo esta quem regula as relações ora em análise. Recurso desprovido. TRF3 PROCESSO Nº 2008.61.00.0081218 TERCEIRA TURMA APELAÇÃO CÍVEL ACÓRDÃO PUBLICADO EM 14/01/2013: MANDADO DE SEGURANÇA. INCIDÊNCIA DE IRPJ E CSSL. BOVESPA E BM&F. OPERAÇÃO DE "DESMUTUALIZAÇÃO". TÍTULOS PATRIMONIAIS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. PORTARIA MF 785/77. DECRETOLEI 1.109/70. CTN: ART. 111. LEI 9.532/97, ART. 17. 1. Com a operação de "desmutualização" das Bolsas, ocorrida no ano de 2007 em que as mesmas deixaram de ser associações civis sem fins lucrativos e passaram a se constituir em sociedades anônimas, ocorreu a substituição dos títulos patrimoniais dos associados, detidos pelos impetrantes por ações da Bovespa Holding S/A e BM&F S/A, alterando a situação jurídicotributária então existente. 2. De fato, superando o biênio inicial de vigência do NCC não mais se viabilizaria a transformação de entidades associativas em sociedades, ante o silêncio do seu art. 1.113, quanto àquelas, Fl. 776DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 56 55 destinadas a extinção, nos casos da espécie, facultado o retorno das contribuições vertidas ao patrimônio associativo (NCC: art. 61, §§ 1º e 2º), o que se operou através da substituição dos títulos patrimoniais dos associados pelas ações das novas sociedades, estas com e aquelas sem finalidade lucrativa. 3. Hipótese em que opera efeitos a previsão do art. 177 e § 2º da Lei nº 6.404, de 1976, desde sua redação original, exsurgindo as conseqüências tributárias advindas dos novos lineamentos civis, sem que necessário perquirir acerca da validade das deliberações sociais tomadas em prol da "desmutualização" operada. 4. Daí porque remanesce integra a Solução de Consulta nº 10/2007, incidindo na espécie, tanto o IRPJ com a CSL, a teor da Lei 9.532 de 10/12/97, art. 17, §§ 3º e 4º. 5. Não tem lugar a utilização do Método de Equivalência Patrimonial, já que o mesmo somente é viável nas hipóteses de investimentos em controladas e coligadas, nos termos do que dispõe os arts. 384, 387, 388, do Decreto 3000/99. 6. Precedente desta Corte. 2007.03.00.1051159. 7. Tampouco incide a Portaria MF 785/77, restrita ao acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais não distribuídos e segregados contabilmente para compulsória incorporação ao capital associativo (CTN: art. 111) 8. Apelo da União e remessa oficial a que se dá provimento. 2.4) Das Alegações de Inconstitucionalidade Alega a recorrente ser inconstitucional a instituição, por meio da Medida Provisória nº 413/2008, de alíquota mais gravosa da CSLL às instituições financeiras. Ocorre que esta Turma não detém competência para apreciar tal argumento, haja vista o disposto no art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e na Súmula nº 2 do CARF, que assim dispõem: Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Súmula nº 2 do CARF (DOU de 09/12/2010) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.5) Dos Deduções a Título de PAT e Incentivos Fiscais Fl. 777DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 57 56 Pede a interessada sejam recalculados os valores pagos a título de programa de alimentação do trabalhador (PAT) e de incentivos fiscais (Lei Rouanet e Lei do Desporto), conforme demonstrativo presente na peça recursal (fl. 539), e documentos comprobatórios do direito pleiteado (fl. 625 e ss.). Pois bem, em relação ao PAT a DRJ de origem havia alertado que a contribuinte deixou de juntar os documentos necessários à comprovação de que faz jus ao benefício de dedução do IRPJ. Em anexo ao recurso a interessada junta apenas o documento de fl. 625, onde consta a informação de que em 2008 eram servidas apenas nove refeições por dia, a nove trabalhadores. Ora, segundo essas informações a recorrente não faria jus sequer à dedução de R$ 75.439,12 informada a título de PAT na linha 04 da ficha 12B de sua DIPJ/2009 (fl. 312), haja vista que superou o limites previsto no art. 2º, § 2º, da Instrução Normativa SRF nº 267/2002, in verbis: Art. 2º A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor equivalente à aplicação da alíquota do imposto sobre a soma das despesas de custeio realizadas no período de apuração em programas de alimentação do trabalhador (PAT) nos termos desta Seção, sem prejuízo da dedutibilidade das despesas, custos ou encargos. § 1º As despesas de custeio admitidas no cálculo do incentivo são aquelas que vierem a constituir o custo direto e exclusivo do serviço de alimentação, podendo ser considerados, além da matériaprima, mãodeobra, encargos decorrentes de salários, asseio e os gastos de energia diretamente relacionados com o preparo e a distribuição das refeições, deduzidos os valores correspondentes à participação do trabalhador a que se refere o § 2º do art. 6º. § 2º O benefício fica limitado ao valor da aplicação da alíquota do imposto sobre o resultado da multiplicação do número de refeições fornecidas no período de apuração pelo valor de R$ 1,99 (um real e noventa e nove centavos), correspondente a oitenta por cento do custo máximo da refeição de R$ 2,49 (dois reais e quarenta e nove centavos). (...) De fato, levandose em conta que foram nove refeições diárias fornecidas a nove trabalhadores, e considerando absurdamente que as refeições foram fornecidas durante os 365 dias do ano de 2008, o limite de dedução seria de: 15%*9*365*R$ 1,99 = R$ 980,57. Como a contribuinte já havia deduzido valor muitíssimo superior a esse em sua DIPJ/2009 (R$ 75.439,12), não tem direito a ampliar a dedução. Em relação ao incentivo fiscal ao desporto é de se dizer, novamente, que a contribuinte já deduziu na linha 07 da ficha 12B de sua DIPJ/2009 o valor de R$ 18.859,78 (fl. 312), o qual, considerando o patrocínio de R$ 35.000,00 (fl. 626,) é muitíssimo superior ao Fl. 778DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 58 57 limite legal de 1% (ou seja, R$ 350,00) permitido no art. 1º, § 1º, I, da Lei nº 11.438/2006, abaixo transcrito: Art. 1o A partir do anocalendário de 2007 e até o ano calendário de 2015, inclusive, poderão ser deduzidos do imposto de renda devido, apurado na Declaração de Ajuste Anual pelas pessoas físicas ou em cada período de apuração, trimestral ou anual, pela pessoa jurídica tributada com base no lucro real os valores despendidos a título de patrocínio ou doação, no apoio direto a projetos desportivos e paradesportivos previamente aprovados pelo Ministério do Esporte.(Redação dada pela Lei nº 11.472, de 2007) § 1o As deduções de que trata o caput deste artigo ficam limitadas: I relativamente à pessoa jurídica, a 1% (um por cento) do imposto devido, observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, em cada período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 11.472, de 2007) (...) Por fim, quanto ao incentivo à cultura, o mesmo se repete. Conforme documentos acostados pela contribuinte (fls. 627/628), foram realizados dois patrocínios a entidades culturais no âmbito do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), no valor total de R$ 140.000,00. De acordo com o disposto no art. 475, § 1º, II, do RIR/99, abaixo transcrito, a ora recorrente poderia deduzir do IRPJ devido apenas 30% daquele valor, ou seja, R$ 42.000,00: Art.475. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido as contribuições efetivamente realizadas no período de apuração em favor de projetos culturais devidamente aprovados, na forma da regulamentação do Programa Nacional de Apoio à Cultura PRONAC (Lei nº8.313, de 1991, art. 26). § 1º A dedução permitida terá como base (Lei nº 8.313, de 1991, art. 26, inciso II): (...) II trinta por cento dos patrocínios. (...) Ocorre que, pelo exame da linha 03 da ficha 12B de sua DIPJ/2009 (fl. 312), verificase que deduziu o valor de R$ 75.439,12, bem superior ao limite legal acima referido. 2.6) Da Incidência de Juros de Mora sobre a Multa de Ofício Afirma a recorrente ser incabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fl. 779DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 59 58 Não assiste razão à defesa. Isso porque a multa de ofício é parte integrante do crédito tributário, sobre o qual incidem os juros de mora. É o que estabelece o art. 161 do CTN, in verbis: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (...) Esse é também o entendimento do STJ sobre o assunto, conforme de observa na abaixo transcrita ementa ao AgRg no REsp 1335688/PR (DJe de 10/12/2012): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Embora essa decisão não possua efeito vinculante perante esse Conselho, é importante ressaltar que o STJ vem reiteradamente admitindo a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício em decisões proferidas por ambas as Turmas de sua Primeira Seção. Da mesma forma, é pacífica a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais no sentido de que é cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, conforme acórdãos nos 910100.539, 9101001.474, 9101001.657, 9303002.399, 9303002.400 e 9101001.678. 3) DO RECURSO DE OFÍCIO A DRJ de origem julgou parcialmente procedente a impugnação para: (i) afastar parte da glosa de perdas com recebimento de créditos, de R$ 1.625.879,06 para R$ 1.031.418,77; (ii) afastar integralmente a postergação de receitas, no valor de R$ 39.824,58; (iii) afastar parte da exigência da CSLL, fruto da elevação da alíquota desta contribuição ocorrida em julho de 2008, e; (iv) determinar o aproveitamento das bases de cálculo negativas de períodos anteriores no cálculo da CSLL devida, até o limite de 30%. Tendo em vista a remessa oficial, reexaminemos a pertinência do julgado da DRJ em relação a essas matérias. Pois bem, a glosa de perdas com recebimento de créditos de valor acima de R$ 30.000,00 advém do demonstrativo de fls. 74/75, elaborado pela fiscalização. No entanto, o Fl. 780DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 60 59 somatório dos valores contidos naquele demonstrativo é de R$ 1.031.418,77, e não de R$ 1.625.879,06, daí porque correto o julgado da DRJ. Quanto ao lançamento da postergação de receitas no montante de R$ 39.824,58, entendeu a DRJ que este valor deveria integrar o ganho de capital auferido em 2008 pela recorrente quando da devolução do patrimônio da CETIP Associação, ao invés de ser tributado como postergação de receita oferecida à tributação em 2011. Correto, também aqui, o julgado do órgão de primeiro grau. O ganho de capital decorrente da devolução do patrimônio da CETIP a seus associados ocorreu em 2008, sendo que não há informação nos autos de que a contribuinte tenha recolhido parte desse ganho de capital em 2011. Também não há reparos a fazer no procedimento da DRJ ao compensar 30% da base de cálculo da CSLL apurada pela fiscalização com a base de cálculo negativa dessa contribuição apurada pela recorrente em períodos anteriores. Tratase de entendimento pacífico deste Colegiado Por fim, a questão do cálculo da CSLL devida pelas instituições financeiras em 2008, tendo em vista a elevação da alíquota desta contribuição de 9% para 15%, para fatos geradores ocorridos a partir, inclusive, do mês de maio de 2008, conforme Medida Provisória nº 413/2008. A DRJ empregou analogia ao art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 810/2008, o qual prevê o seguinte cálculo proporcional da CSLL devida no segundo trimestre de 2008 para as pessoas jurídicas que apuraram lucro real trimestral: Art. 2º As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real apurado trimestralmente, bem assim pelo lucro presumido ou arbitrado, deverão observar, relativamente ao segundo trimestre de 2008, os seguintes procedimentos: I verificar a relação percentual entre o total das receitas brutas dos meses de maio e junho e o total das receitas brutas computadas no trimestre; II aplicar o percentual encontrado no inciso I sobre a base de cálculo da CSLL apurada nesse trimestre; III sobre o valor apurado na forma do inciso II, aplicar o diferencial de 6% (seis por cento); IV adicionar o valor encontrado na forma do inciso III à CSLL apurada pela aplicação da alíquota de 9% (nove por cento) sobre o base de cálculo total do trimestre, determinando assim o valor da CSLL do período de apuração. § 1º As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão, alternativamente ao critério estabelecido neste artigo, apurar a CSLL devida mediante adição do valor relativo ao mês de abril, apurado com base em resultado contábil demonstrado no livro Diário, ajustado na forma da legislação fiscal, que ficará sujeito à alíquota de 9% (nove por cento) e do valor relativo aos meses de maio e junho, apurado pela aplicação da Fl. 781DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.721465/201205 Acórdão n.º 1201001.240 S1C2T1 Fl. 61 60 alíquota de 15% (quinze por cento) sobre a diferença entre o resultado ajustado do segundo trimestre e o resultado relativo ao mês de abril. § 2º A CSLL, devida nos terceiro e quarto trimestres de 2008, será calculada mediante a utilização da alíquota de 15%.” Correto, a meu ver, o entendimento do órgão a quo. De fato, a ausência de norma semelhante para as pessoas jurídicas que apuraram lucro real anual no ano de 2008 afronta o bom senso tributário, autorizando assim o emprego da norma acima ao presente caso, por analogia. 4) CONCLUSÃO Tendo em vista todo o exposto, voto por indeferir a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, por negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 782DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 11060.723090/2012-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 06/09/2007, 30/04/2008, 11/11/2008
BENEFÍCIO FISCAL. VINCULAÇÃO À QUALIDADE DO IMPORTADOR. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS.
O descumprimento dos requisitos e condições para fruição de benefícios fiscais, nas operações de comércio exterior, quando vinculados à qualidade do importador, obriga ao imediato pagamento dos tributos exonerados, enquadrando-se nesta hipótese a cessão de uso de equipamentos importados com isenção, por instituições de assistência social, a entidade que não goza do mesmo tratamento tributário e antes de decorrido o prazo legalmente estipulado.
PIS/PASEP E COFINS. IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS E DAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. RE 559.937/RS. REPERCUSSÃO GERAL. OBEDIÊNCIA.
Por imposição do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/15, as decisões definitivas de mérito, na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas nos julgamentos realizados no âmbito do CARF, sendo o caso do RE 559.937/RS que reputou inconstitucional a inclusão, no valor aduaneiro, do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Pasep e Cofins sobre as operações de importação (Lei nº 10.865/04).
FRAUDE E CONLUIO. INOCORRÊNCIA. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO.
Não se configura a fraude ou conluio quando ausente o dolo, consubstanciado na intenção deliberada de lesar o erário, mediante a redução indevida do montante do tributo a ser recolhido, por ser qualificativo inerente àquelas figuras, mormente quando a conduta dos agentes possa ser caracterizada como erro de proibição, o que afasta a possibilidade de imputação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento).
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3401-003.032
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio acompanharam pelas conclusões quanto à multa qualificada.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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ASTROGILDO DE AZEVEDO E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 06/09/2007, 30/04/2008, 11/11/2008 BENEFÍCIO FISCAL. VINCULAÇÃO À QUALIDADE DO IMPORTADOR. REQUISITOS. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS. O descumprimento dos requisitos e condições para fruição de benefícios fiscais, nas operações de comércio exterior, quando vinculados à qualidade do importador, obriga ao imediato pagamento dos tributos exonerados, enquadrandose nesta hipótese a cessão de uso de equipamentos importados com isenção, por instituições de assistência social, a entidade que não goza do mesmo tratamento tributário e antes de decorrido o prazo legalmente estipulado. PIS/PASEP E COFINS. IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS E DAS PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. RE 559.937/RS. REPERCUSSÃO GERAL. OBEDIÊNCIA. Por imposição do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF 343/15, as decisões definitivas de mérito, na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas nos julgamentos realizados no âmbito do CARF, sendo o caso do RE 559.937/RS que reputou inconstitucional a inclusão, no valor aduaneiro, do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Pasep e Cofins sobre as operações de importação (Lei nº 10.865/04). FRAUDE E CONLUIO. INOCORRÊNCIA. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO. Não se configura a fraude ou conluio quando ausente o dolo, consubstanciado na intenção deliberada de lesar o erário, mediante a redução indevida do montante do tributo a ser recolhido, por ser qualificativo inerente àquelas figuras, mormente quando a conduta dos agentes possa ser caracterizada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 30 90 /2 01 2- 64Fl. 693DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 2 como “erro de proibição”, o que afasta a possibilidade de imputação da multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento). Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio acompanharam pelas conclusões quanto à multa qualificada. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de auto de infração de II, IPI, PIS e Cofins, incidentes sobre a importação, relativos às Declarações de Importação (DI) nºs 07/12108178 (adição 001), de 06/09/2007; 08/06302440 (adições 001 a 003), de 30/04/2008; e 08/17896974 (adição 001), de 11/11/2008. Narrou a fiscalização que os equipamentos importados com benefício fiscal pelo Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo (HCAA), entidade de assistência social, foram cedidos à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda (RSM), entidade privada com fins lucrativos, sem observância dos requisitos legais para manutenção da exoneração fiscal; que a cessão ocorreu por força da terceirização dos serviços de radioterapia, mediante contrato de locação dos equipamentos; e, que pessoas ligadas diretamente à clínica participaram ativamente do processo de escolha e negociação dos equipamentos importados, o que revelaria a predestinação dos bens importados à clínica; e, que houve claro desvio de finalidade e prática de concorrência desleal. Foi exigida multa qualificada sobre os tributos lançados, bem assim, imputada responsabilidade tributária pelo crédito exigido à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda. Em impugnação o contribuinte aduziu ser instituição de assistência social e de promoção de saúde, preenchendo os requisitos para gozo de imunidade tributária; que não houve conluio, não se caracterizando como tal a mera opinião técnica fornecida pela Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda.; que a terceirização dos serviços de radioterapia era medida necessária; que os bens importados foram empregados no atendimento dos seus pacientes, ainda que por intermédio da clínica, atendendo assim às suas finalidades institucionais; que, mesmo sendo entidade imune, não está impedida de cobrar de seus pacientes; que o contrato de locação, a bem da verdade, corresponderia a um contrato de prestação de serviços, visando Fl. 694DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 11 3 otimizar a sua prestação; que o Regulamento Aduaneiro seria inconstitucional, por criar exigências não previstas em lei, em afronta às limitações constitucionais ao poder de tributar; que a impossibilidade de cessão do equipamento importado com benefício fiscal é inconstitucional; que a terceirização dos serviços não desnatura o seu caráter filantrópico; e, que, na eventualidade de ser mantida a autuação, não foi observado o dispostos no art. 126 do Decreto nº 6.759/2009. O responsável tributário, Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., sustentou a improcedência do lançamento ante à imunidade do contribuinte; que a imunidade alcançaria não só os impostos como as contribuições sociais; que o regulamento aduaneiro, aprovado por Decreto, não poderia restringir o gozo da imunidade; que a Lei nº 10.865/2004 afastou a incidência dos tributos que menciona nas hipóteses de importação realizada por entidade de assistência social; que a simples cessão dos equipamentos, em cumprimento ao contrato de locação, não descaracterizaria a imunidade, estando apenas em sua posse, mas permanecendo a propriedade ao contribuinte (Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo); que a jurisprudência pátria reconheceria a imunidade tributária nos casos de locação de bens afetados à sua finalidade institucional; que não haveria interesse jurídico a respaldar a imputação de responsabilidade; que nem mesmo a lei poderia atribuir solidariedade sem que comprovado o interesse jurídico comum na causa; e, que a Lei nº 10.865/04 extrapolara o conceito constitucional de valor aduaneiro. A DRJ São Paulo/SP manteve o lançamento em decisão assim ementada: “ISENÇÃO. ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS. A transferência da propriedade ou uso, a qualquer título, de bens importados com isenção se subordina à prévia decisão da autoridade aduaneira. Ausente referida decisão, a transferência acarreta a perda ao direito à isenção e enseja o lançamento dos tributos incidentes, acrescidos de multa de ofício e juros de mora.” Devidamente intimados ambos os sujeitos passivos, apenas o contribuinte, Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, ofereceu recurso voluntário, onde realçou a sua condição de entidade assistencial sem finalidade lucrativa; alegou que houve equívoco no entendimento que concluiu pela transferência ou cessão dos equipamentos importados com benefício fiscal à clínica, porquanto se tratou de terceirização de serviços para otimização do atendimento; que nada foi feito às escuras ou na pretensão de burlar o fisco, mas pura e simplesmente racionalizar os serviços; que teria havido apenas a terceirização, dentro de suas instalações, da operação dos equipamentos e não a sua locação, como inferido pela fiscalização; que seria inconstitucional qualquer lei que proibisse a realização de atos negociais tendentes a dar eficiência aos serviços assistenciais que presta; que a receita advinda dos contratos de terceirização foram destinados integralmente aos seus objetivos institucionais; que é inadmissível a interferência do Fisco na sua administração interna; que houve equívoco na quantificação da base de cálculo do PIS/Cofins – Importação, eis que incluído o ICMS e as próprias contribuições na base de cálculo, o que violaria a decisão exarada no RE 559.937, julgado na forma do art. 543B do CPC, devendo ser observado nesta instância administrativa, por força do art. 62A do RICARF/09; que seria ilegal a imposição da multa de ofício qualificada, pois a simples participação de especialistas, ainda que pertencentes aos quadros da Clínica Radiológica Caridade Ltda., no processo de escolha dos equipamentos adquiridos não caracterizaria o conluio; que no processo 11060.723092/201253, envolvendo situação similar, Fl. 695DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 4 não foi aplicada multa qualificada; e, que não estão presentes os elementos ensejadores das figuras descritas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso interposto é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Preambularmente, visando balizar o julgamento, registro que não serão objeto de debate nesta assentada a validade jurídica do contrato e dos atos jurídicos decorrentes firmados entre o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo e a Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., tampouco a opção administrativa dos entes envolvidos pelo processo denominado “terceirização” e seus objetivos e conseqüências econômicas ou financeiras, mas exclusivamente os efeitos tributários deflagrados quanto à isenção vinculada à qualidade do contribuinte e sua manutenção, em caso de inobservância dos requisitos estatuídos para sua fruição. Da mesma forma, não será discutido qualquer aspecto de constitucionalidade ou legalidade de normas tributárias válidas e vigentes, com a ressalva das disposições do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF (aprovado pela Portaria MF 343/15), ex vi do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, introduzido pela Lei nº 11.941/2009: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 696DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 12 5 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)” (destacado) Esta norma foi reproduzida, então, pelo art. 62 do RICARF/09: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Na mesma linha intelectiva o enunciado da Súmula CARF nº 2 assim dispõe: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Portanto, ressalvada a regra inserta no art. 62 do RICARF, nenhuma alegação de inconstitucionalidade ou legalidade será conhecida e, nesta medida, enfrentada no presente voto. Fixados os parâmetros iniciais, passo ao mérito. Fl. 697DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 6 A legislação apontada como regente dos fatos jurídicos ensejadores do lançamento, tal como destacado pela autuação e decisão recorrida, quanto aos benefícios fiscais, é a seguinte: “Lei nº 8.032/90: Art. 2º As isenções e reduções do Imposto de Importação ficam limitadas, exclusivamente: I às importações realizadas: (...) b) pelos partidos políticos e pelas instituições de educação ou de assistência social; (...) Parágrafo único. As isenções e reduções referidas neste artigo serão concedidas com observância do disposto na legislação respectiva. Art. 3º Fica assegurada a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, conforme o caso: I nas hipóteses previstas no art. 2º desta lei, desde que satisfeitos os requisitos e condições exigidos para a concessão do benefício análogo relativo ao Imposto de Importação;” “DecretoLei nº 37/66 Art.11 Quando a isenção ou redução for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou uso, a qualquer título, dos bens obriga, na forma do regulamento, ao prévio recolhimento dos tributos e gravames cambiais, inclusive quando tenham sido dispensados apenas estes gravames. (Vide DecretoLei nº 1.581, de 1978) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos bens transferidos a qualquer título: I a pessoa ou entidades que gozem de igual tratamento fiscal, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira; II após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos da data da outorga da isenção ou redução.” “Lei nº 10.865/2004 Art. 2º. As contribuições instituídas no art. 1º desta Lei não incidem sobre: (...) VII bens ou serviços importados pelas entidades beneficentes de assistência social, nos termos do § 7o do art. 195 da Constituição Federal, observado o disposto no art. 10 desta Lei; (...) Art. 10. Quando a isenção for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso dos bens, a qualquer título, obriga ao prévio pagamento das contribuições de que trata esta Lei. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos bens transferidos ou cedidos: Fl. 698DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 13 7 I a pessoa ou a entidade que goze de igual tratamento tributário, mediante prévia decisão da autoridade administrativa da Secretaria da Receita Federal; II após o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da data do registro da declaração de importação; e III a entidades beneficentes, reconhecidas como de utilidade pública, para serem vendidos em feiras, bazares e eventos semelhantes, desde que recebidos em doação de representações diplomáticas estrangeiras sediadas no País.” (destacado) Como se observa, profligase de imediato a tese consoante a qual a exoneração fiscal em debate é incondicionada, não se sujeitando a qualquer regra ou limite, porquanto a legislação de regência é categórica em designála com esse atributo, tratandose, portanto, de norma condicionada à observância de certos requisitos. No caso vertente, é incontroverso que, à vista dos textos legais transcritos, estáse diante de benefício fiscal vinculado à qualidade do importador. Nesta senda, acusa a fiscalização que o beneficiário da isenção, o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, cedeu o uso dos equipamentos importados à Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., entidade privada com finalidade lucrativa, argumentando o recorrente, em contrarrazão, que apenas “terceirizou” a prestação dos serviços de radioterapia, estando os equipamentos em seu patrimônio e instalados em suas dependências internas. Examinando o denominado “Contrato por prazo determinado de terceirização da prestação de serviços de radioterapia para o Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo” (fls. 83 e ss.), constatase que, de fato, os serviços seriam prestados nas dependências do hospital, ora recorrente, permanecendo os equipamentos em seu patrimônio, contudo, diferentemente de um contrato de prestação de serviços típico, a remuneração do prestador não seria realizada pelo tomador dos serviços, em tese, o recorrente, mas sim pelos pacientes atendidos pelo “prestador de serviços”. Segundo aludido instrumento, a cargo da clínica ficaria o faturamento e a cobrança pelos procedimentos realizados, diretamente dos convênios, além de perceber os demais valores pagos por particulares, assistindolhe, ainda, o direito de manter representante de sua administração nas negociações com entidades conveniadas do hospital. Este contrato ainda definiu que a clínica remunerasse o recorrente de acordo com um percentual fixo de 10% (dez por cento) sobre o valor do faturamento mensal, “pela utilização dos equipamentos e pela área física”, nos termos da cláusula quarta, que trata do aluguel. Ora, o contrato firmado entre o recorrente e a clínica, como bem apontado pela fiscalização, não é de prestação de serviços, mas sim de locação. O verdadeiro contrato de prestação de serviços é concertado entre a clínica e os seus usuários, e não entre aquela e o hospital, ora recorrente, que, aliás, sequer recebe “serviço” algum em contrapartida. Fl. 699DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 8 A “terceirização” de serviços invocada pelo recorrente, a bem da verdade, revela a simples locação de coisas. De outra banda, mesmo que abstraído o debate acerca da real natureza da avença, se prestação de serviço ou locação de coisas, é indubitável que uma das obrigações assumidas pelo recorrente seria fornecer à clínica, para execução dos serviços, a área física, as máquinas, os equipamentos e os utensílios de propriedade do recorrente (cláusula segunda, alínea “a”), razão pela qual, sob qualquer ângulo que se vislumbre, houve, sim, cessão de uso dos bens importados mediante fruição de vantagem fiscal. Outrossim, não desnatura a cessão dos bens em apreço o fato de a remuneração pela locação ser integralmente destinada às finalidades institucionais da entidade de assistência social, tendo em conta a inexistência de exceção legal ao regramento. Resta, então, verificar se foram observadas as exigências para a garantia de manutenção do direito altercado. Consoante art. 123 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 4.543/2002 (RA/2002), então vigente, a cessão de uso dos bens, a qualquer título, impunha o imediato pagamento do tributo, exceto nos casos de transferência a entidade congênere, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira, ou após transcurso de determinado lapso temporal. Nestes cadernos processuais nenhuma das condições foi cumprida, ao passo que o prazo mínimo não foi observado e a cessionária não gozava de igual tratamento tributário, de maneira que o tributo é devido. Por conveniente, registro que a exigência fiscal atrelada à utilização dos equipamentos importados com benefício fiscal não representa qualquer ingerência do poder público nos negócios da entidade, que pode adotar a forma que melhor lhe apraz para administrar seus negócios, todavia, deve sempre obediência à legislação tributária, assumindo os ônus decorrentes das condutas que a afrontem. Respeitante à alegação de equívoco na quantificação da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e Cofins, incidentes na importação, em face da superveniência do RE 559.937/RS, assiste razão ao recorrente. Com efeito, em 20/03/2013, foi prolatado o acórdão em tela, julgado sob a sistemática da repercussão geral (art. 543B do Código de Processo Civil), com a seguinte redação: “Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS – importação. Lei nº 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2º, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4º, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. Fl. 700DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 14 9 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes. 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4º, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente nãocumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2º, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. 8. O gravame das operações de importação se dá não como concretização do princípio da isonomia, mas como medida de política tributária tendente a evitar que a entrada de produtos desonerados tenha efeitos predatórios relativamente às empresas sediadas no País, visando, assim, ao equilíbrio da balança comercial. 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei 10.865/04: ‘acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de TransporteInterestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento.” (destaques no original) Fl. 701DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 10 O dispositivo sentencial, por seu turno, encontrase vazado nos seguintes termos: “Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob a presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, em negar provimento ao recurso extraordinário, que visava a reconhecer a inconstitucionalidade da expressão ‘acrescido do valor do imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições’, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04. Tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, acordam, ademais, os Ministros, em determinar a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Por fim, acordam os Ministros, em rejeitar questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional, que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Foi designado para redigir o acórdão o Ministro Dias Toffoli.” Aplicável, portanto, à espécie as disposições do art. 62, § 2º, do RICARF/2015, devendo ser dado provimento, nesta parte, para afastar a inclusão do ICMS e das próprias contribuições na apuração do PIS/Cofins sobre as operações de importação lançadas. Por derradeiro, no que toca à imposição da multa qualificada, constatou a fiscalização, através dos documentos acostados aos autos, que a escolha dos equipamentos, por ocasião das negociações prévias à aquisição, passou pelo crivo do médico responsável técnico integrante da Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda., e que, tão logo recepcionados, por força destes ajustes contratuais, foram transferidos (para utilização) à entidade em questão. Como demonstra o quadro de resultados da clínica constante da decisão recorrida, para os anos de 2009, 2010 e 2011, os equipamentos foram utilizados no desempenho de atividades com finalidade lucrativa, inclusive com a distribuição de rendimentos aos sócios, a título de lucros. Inequívoco também que a Clínica Radioterapia Santa Maria Ltda. não se qualifica como beneficiária da vantagem fiscal que abrigou as operações de importação. Também é fato que os sócios da pessoa jurídica cessionária eram, concomitantemente, componentes do quadro clínico do contribuinte, ora recorrente. Em síntese, temse que os fatos, isoladamente considerados, não são negados pelo recorrente; pelo contrário, são por ele admitidos, porém, com enfoque diverso. Nesta senda, a divergência entre a fiscalização e o contribuinte reside na percepção, avaliação e escopo desse quadro fático, entendendo a primeira que houve desvio de finalidade e, conseqüentemente, intenção de lesar o erário, enquanto o segundo vislumbra um Fl. 702DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11060.723090/201264 Acórdão n.º 3401003.032 S3C4T1 Fl. 15 11 modelo de racionalização de sua operação, dadas as dificuldades que assolam o setor de saúde no país. Portanto, o ponto central está na intenção dos agentes envolvidos, o que é extremamente difícil de ser demonstrada, senão, ressalva feita à confissão, a partir dos elementos disponibilizados nos autos e a ilação daí extraída. No caso vertente, milita em favor do recorrente a sua postura no transcurso do procedimento fiscal e contencioso, as circunstâncias da situação encontrada e as alegações apresentadas. Notese, em momento algum houve recalcitrância em atender a fiscalização; os equipamentos permanecem como propriedade da recorrente e estão instalados em suas dependências físicas, ainda que, tanto equipamento como espaço físico, estejam cedidos ao responsável solidário; não houve qualquer alegação de antecipação escamoteada de valores à recorrente, pelo responsável, para aquisição dos equipamentos importados; os equipamentos são empregados, ainda que parcialmente, na atividade assistencial da recorrente; e, por fim, os aluguéis percebidos pela cessão são destinados ao exercício desta mesma atividade assistencial. O argumento que a cessão dos equipamentos a terceiros, que não ostentam as mesmas condições para a fruição do beneplácito, visava à otimização/racionalização da prestação dos serviços médicohospitalares é bastante verossímil, ainda que concorde que a exploração econômica de equipamentos importados com isenção atrelada à qualidade do importador não se compagina com a sua finalidade. No entanto, vejo com mais força a boa intenção dos agentes que a máfé típica dos negócios escusos. De minha parte, aquilatado o conjunto probatório e circunstancial coligido aos autos, não verifico o conluio ou a fraude inerente e exigível à aplicação da multa qualificada, mas sim, algo assemelhado ao erro de proibição do Direito Penal, onde o agente desconhece a ilicitude de sua conduta. Na situação sub examine, a compreensão dos agentes, contribuinte e responsável, era que a cessão dos equipamentos importados, sob o regime de “terceirização de serviços”, não feriria a finalidade da isenção, desde que mantidas a propriedade e sua localização na pessoa do contribuinte, detentor das prerrogativas para usufruto da vantagem fiscal, aliado à destinação das verbas oriundas do contrato de cessão às suas atividades assistenciais. Ainda que o desconhecimento da lei ou a extensão dos seus efeitos não sirva de escudo à sua desobediência, também não é possível inferir que uma interpretação equivocada do seu conteúdo ou alcance possa equivaler à intenção dolosa de seu descumprimento. Tratase, em minha ótica, de uma hipótese de “erro escusável”, pois era possível aos agentes, ainda que minimamente, ao tempo da prática infracional, questionar ou mesmo entender o seu possível desacerto ante a legislação tributária. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL 12 Como leciona Rogério Grecco1 na seara penal, insculpido, principalmente, no art. 21 do Código Penal, tanto o erro escusável, como inescusável, tem por efeito imediato o afastamento do dolo, assim considerado a vontade deliberada de praticar a infração, o que, transpondo para o direito tributário penal, acarretaria a impossibilidade de imputação da multa qualificada, justamente em razão da ausência de dolo. No entanto, as conseqüências do erro para o Direito Penal e Direito Tributário são distintas, haja vista que o art. 136 do Código Tributário Nacional estabelece que “salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.” Demais disso, socorre o recorrente o fato de a fiscalização não impor a qualificação da multa no caso tratado no PA 11060.723092/201253, julgado nesta mesma oportunidade e que alberga fatos similares, figurando o recorrente, também, no pólo passivo, na qualidade de contribuinte, com alteração do responsável solidário, o que revela dúvida acerca da efetiva existência do consilium fraudis, típico do conluio, atraindo a necessária aplicação da interpretação benévola em favor do recorrente, ex vi do art. 112, II do Código Tributário Nacional. Assim, uma vez ausente o dolo, incabível a pretensão de exigir a multa qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento), remanescendo a incidência da multa de ofício ordinária, no percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Com estas considerações, voto por dar parcial provimento ao recurso para que seja ajustada a base de cálculo das contribuições ao PIS/Cofins – Importação, nos moldes do RE 559.937/RS e reduzida a multa qualificada, de 150% (cento e cinqüenta por cento), para o percentual ordinário, de 75% (setenta e cinco por cento). Robson José Bayerl 1 Curso de Direito Penal – Parte Geral. 5ª Edição. Ed. Impetus. Rio de Janeiro: 2005. Págs. 336 e 463. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 18/02/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10680.011734/87-81
Turma: Terceira Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Aug 24 00:00:00 UTC 1992
Ementa: IRPJ - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
Havendo o julgador singular deixado de fundamentar
sua conclusões, de forma clara e analitica, há que ser proferida nova decisão singular, no resguardo do principio constitucional
da amplitude do direito de defesa.
Numero da decisão: 103-12.705
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira amara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, acolher a preliminar de cerceamento do direito de defesa e determinar a remessa dos autos á repartição de origem, para que nova decisão seja prolatada na boa e devida forma
Nome do relator: Maria de Fatima Pessoa de Mello Cartaxo
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IDINISTERIO DA ECONOMIA, FAZENDA E PLANEJAMENTO PROCESSO N9 10680/011.734/87-81 nlfr Sendo de 24 ae agostn de L9 92 ACORDÃO O 1D1-1 2 705 Recurso nt 96.854 - IRPJ - EXS.: DE 1984, 1985 e 1986 RecorreMs; COREAL LTDA ~rido: DRF em BELO HORIZONTE - MG IRPJ - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Havendo o julgador singular deixado de funda- mentar sua conclusões, de forma clara e anal! tica, há que ser proferida nova decisão singU lar, no resguardo do principio constitucional da amplitude do direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por, COREAL LTDA ACORDAM os Membros da Terceira amara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, acolher a pre liminar de cerceamento do direito de defesa e determinar a remessa dos autos ã repartição de origem, para que nova decisão seja prola tada na boa e devida forma. Sala das Sessões(DF)., em 24 de agosto de 1992. •se-,ar---,e,520"7~-- 'Ira- -eb - "- "CMER PRESIDENTE Aiál° - t otor ‘ na GAtt • -4- gr° . ro o / . -ou( DE ; 111a . ' ,.. - 45, D MELLO CAIM LATORA-Xér" 'WE T 1 c-A-- 705 4,.., 40 teVISTO EM ZAINITO HOLAND . - .GA PROCURADOR DA FA SESSÃO DE: 1 7 SEI luz ZENDA NACIONAL ' Participaram, ainda, do presente julgamento os seguintes Conselhei ros: LUIZ HENRIQUE BARROS DE ARRUDA, VICTOR LUIS DE SALLES FREIRE, SONIA NACINOVIC, PAULO AFFONSECA DE BARROS FARIA ARRUDA, ILCENIL FRANCO e D1CLER DE ASSUNÇÃO. drDANEFP/DF- SECOS Ni 054/100 ,5-•'. 4.14. .*. ?fr ".• :%1'.çrj.?? SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL PROCESSO Nt10.680/011.734/87-81 RECURSO Ne: 96.854 ACORNIONS : 103-12.705 RECORRENTE: COREAL LTDA. RELATÓRIO COREAL LTDA., com sede à Rua Santo Agostinho,n9 619, Sagrada Família, Belo Horizonte - MG., recorre a este Conselho da decisão da autoridade monocrática, que julgou parcialmentepro 4 cedente a exigência fiscal consubstanciada no Auto de Infração de fls. 02 a 04 e seus anexos. Foram apuradas as seguintes irregularidades, no lan- çamento de oficio: a) Encargo de Depreciação Contabilizado a maior-con- tas:"Máquinas e Equipamentos" e "Benfeitorias". Exercício de 1984 - Cr$ 403.690 Exercício de 1985 - Cr$ 1.458.513 Exercício de 1986 - Cr$ 5.666.846 b) Saldo Devedor de Correção Monetária - gerado nas contas de Depreciações Acumuladas de "Máquinas e Equipamentos" e "Benfeitorias". Exercício de 1984 - Cr$ 657.828 Exercício de 1985 - Cr$ 3.781.741 Exercício de 1986 - Cr$17.878.306 c) Omissão de Receita - originada na falta de compro vação parcial do saldo das contas "Fornecedores e Financiamentos de Curto Prazo". Exercício de 1984 - Cr$ 65.119.430 Exercício de 1985 - Cr$ 97.826.689 t. : 4. ...-44 ,, sanviço FAJDUCO FEDERAL 2. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 Inconformada com a autuação a interessada apresentou, após pedido de prorrogação de prazo, tempestivamente, a impugna- ção de fls. 129/136 e documentos de fls. 137/361 onde alega, em síntese, o seguinte: - não cometeu as irregularidades indicadas no Auto de Infração,uma vez que sua escrituração abrange todas as receitas e despesas ocorridas dentro de cada exercício de competência; - não ocorreram supostas omissões de receitas e nem a contabilização indevida das depreciações e da correção monetãria; - o suporte da presunção das omissões de receitas é a falta de comprovação dos valores relacionados a título de "Fornecedores" e "Financiamentos"; - os referidos valores não constituem omissão de re_ ceita por representarem, parte deles, dividas reais, e parte, erro contãbil decorrente da contabiliza- ção indevida das devoluções de mercadorias efptua das por vários clientes, escriturada credito da conta "Fornecedores" quando o correto seria a cré dito da conta "Duplicatas a Receber" ,sem qualquer reflexo na conta de resultados; - os anexos I a IV (fls.139/361) contém relação e comprovantes relativos ãs contas "Fornecedores" e "Financiamentos"; - não pode vingar a pretendida tributação sobre as diferenças de encargos de depreciação, bem como, de correção monetáriapuma vez que os cãlculos estão amparados pelo disposto nos arts. 39 e seguintes do Decreto-lei n9.1.598/77; - devido ao grande volume de documentos queenvolsem as operações de financiamentos, solicita seja de- terminada diligência para confirmar os saldos efe tivos das respectivas contas; - ao final, solicita seja consider W o subsistente Ini i amk.'; ~7/v4ço PUBLICO FEDERAL 3. Jk5. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 o Auto de Infração. Durante a diligência efetuada pelo autuante,o contri buinte solicitou a inclusão dos documentos de fls.363 a 388. O auditor-fiscal, na diligência, analisou os livros Diãrios n9 05 a 10 e apresentou os seguintes esclarecimentos: a) conforme o contribuinte, as notas-fiscais de devo luções foram contabilizadas a crédito da conta de fornecedores, quando deveriam ser a crédito da conta de dufairataR a receber; b) não foi possível identificar todos os lançamentos de venda que deram origem às devoluções,devido ao fatodequemuitas notas-fiscais de devoluções não citarem as notas-fiscais de venda de origem e,gés o más de abril de 1933, o lançamento contãbil das vendas passou a ser feito pelo total das mesmasno mês, não individualizando clientes e nem citando um documento que os relacionem; c) não foi possível ver os lançamentos de acerto da conta °Fornecedores",por não terem sido feitos até aquela data (data da diligência), segundo informa- ção verbal do contribuinte. Na informação fiscal de fls. 339 a 392, o autuante manifestou-se propondo a manutenção parcial da exigência fiscal, com a exclusão de parte do valor lançado a titulo de omissão de receita. A decisão(fls. 395 a 393), prolatada pela autoridade monocrãtica, apresenta os seguintes fundamentos: a) - Estabelece o art. 198 do Regulamento do Imposto d, Renda (aprovado pelo Decreto n9 85.450/80) que "poderá ser comi tada, como custo ou encargo, em cada exercício, a importânciat respondente ã diminuição do valor dos bens do ativo, resulta* do desgaste pelo uso, ação da natureza e absolescência normal o artigo 199 dispõe que todos os bens físicos sujeitos a SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 4. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 gaste pelo uso ou por causas naturais ou absolescência normal po dem ser objeto de depreciação. Pelo artigo 201 do RIR/80 a quota de depreciação registrável na escrituração como custo ou despesa operacional será determinada mediante a aplicação da taxa anual de depreciação sobre custo de aquisição de bens depreciáveis,cor rigido monetariamente. O art. 202 do mesmo Regulamento diz que a taxa anual de depreciação será fixada em função do prazo duran te o qual se possa esperar a utilização econômica do bem pelo con tribuinte, na produção de seus rendimentos. b) - Para contestar os dois primeiros itens do Auto de In fração, quais sejam "depreciação contabilizada a maior" e "Corre- ção monetária da depreciação; bem como / da "depreciação acumulada" a empresa limitou-se a alegar que não pode vingar a pretendida ' tributação/ uma vez que os cálculos por ela elaborados estão ampa rados pelo disposto nos arts. 39 e seguintes do Decreto-lei mime ro 1.598/77. c) - Analisando-se os quadros demonstrativos elaborados pela fiscalização, verifica-se que os mesmos estão corretos. Como a interessada nada trouxe ao processo que pudesse modificar esse entendimento,cabe a manutenção da tributação daqueles dois itens. d) - Pelo artigo 180 do já citado RIR/80, o fato de a es- crituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no pas sivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de omissão de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. e) - No item 3 do Auto de Infração foi detectada omissão de receitarcaracterizada pela falta de comprovação parcial do saldo das contas "Fornecedores" e "Financiamentos a Curto Prazo". Para comprovar parte destes saldos a empresa anexem os comprovantes de fls. 139/388. f) - A fiscalização, analisando cada um desses documentos propôs, às fls.391, a alteração do quadro de fls.51 (Posição dos grupos de contas "fornecedores" e "financiamentos de curto pra- zo"), com a exclusão dos valores comprovados. 1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 4, PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 g) - Examinando-se a documentação anexada verifica-se que cabe a redução de parte do valor tributado no item "omissão de receita", conforme proposto pela fiscalização, no montante de Cr$ 639.712 (exercício 1984) e Cr$ 42.780.321 (exercício 1985). h) - Ao final, a autoridade julgadora resolve julgar par- cialmente procedente o lançamento efetuado para exigir.; de CO- REAL LTDA. o pagamento do IRPJ nos valores de Ncz$ 17.818,70(De- zessete mil, oitocentos e dezoito cruzados novos e setenta centa vos) (exercício 1984) (2.887,95 OTN X Ncz$ 6,17); Ncz$ 5.062,18 (Cinco mil, sessenta e dois cruzados novos e dezoito centavos) (820,45 OTN X Ncz$ 6,17) (Exercício 1985he Ncz$ 603,43 (Seiscen tos e três cruzados novos e quarenta e três centavos) (97,80 OTN X Ncz$ 6,17) (exercício de 1986); sujeitos ã multa de ofício e aos acréscimos regulamentares aplicáveis ã espécie. Inconformada com a decisão singular, a interessada interpõe recurso voluntário, tempestivamente, pleiteando a refor madâcitadadecisão, expondo as seguintes razões de defesa. Preliminarmente: Ratifica os termos da impugnação apresentada, tempes tivamente, ã autoridade de primeira instância, como se neste re- curso, estivessem escritos, em relação ã matéria em litígio. Invoca a necessidade de declarar, com amparo no inci so III, do art. 10 do Decreto n9 70.235/72 e no art. 142 do CTN, nulo de pleno direito o lançamento efetuado a título de "Omissão de Receitas", porque no Auto de Infração e nem nas suas peças in tegrantes, não foi descrita a matéria tributável, cerceando, des ta forma, a sua defesa. Prova disso é o Quadro Demonstrativo n9 07, de fls. 51,queselimita informar;apenas f o resumo do valor da matéria tributável. Invoca, também, a necessidade de declarar nula de pleno direitoocom base no art. 31 do Decreto n9 70.235/72, a DE- 'ISM n9 10.610.02545/89, porque em relação as provas apresenta- is para comprovar a inexistência das supostas omissões de recei s, não foram declarados os motivos da sua repugnância a elas SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 6. .41nPW PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 No mérito: a) Encargo de Depreciação contabilizado a maior - A conta "Máquinas e Equipamentos" é na realidade a conta "Instalações Telefônicas" e a autuante con siderou sendo passível de depreciação somente ai- guinas parcelas, gerando com isso, as diferenças a maior indicadas no Auto de Infração, que são: nus Ex.84/83 Ex.05/84 Ex.86/E5 1. ENCARGOS DE ponEciNpb 68.771 226.518 748.401 2(A)CORPOWMNETÁRUkDOS ENCARGOS 34.982 142.661 430.649 A afirmativa indiCacla holt/ara . (4)do Termo de Verificação Fis cal, n9 01, de fls.07, só tem cabimento em relação ao único di- reito de uso de telefone prefixo 337-8569, adquirido em 30.05.77, mas não em relação às despesas de encargos de depreciação, sobre os demais bens componentes da conta "INSTALAÇÕES TELEFONICAS",por que; sobre esses bens;a legislação permite que se faça a deprecia ção. Efetivamente ocorreu contabilização indevida da despesa de depreciação sobre o direito de uso mencionado, nos anos-base de 1983, 1984 e 1985, exercícios respectivos de 1984, 1985, 1986,so mente agora notado, ã taxa de 10% sobre o referido direito de uso, que, por um lapso, contabilizado nas fls.275 do livro Diã-- rio n9 03 entre componentes da citada conta INSTALAÇÕES TELEFÔNI CAS. A prova disso são os registros contábeis às fls.260,275 do livro Diário n9 03 e 57, 103 do livro n9 06, cópias inclusas, do cumentos n9s 02/05. Para comprovar a despesa indevida, a título de depre ciação contabilizada sobre o direito de uso de telefone prefixo n9 337.8569, foi elaborado DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DA DEPRECIA- ÇÃO, Anexo, Doc. n9 06, fls.429. Apresenta, também,o DEMONSTRATI VO DA CORREÇÃO MONETÁRIA, doc. 07, fls.430 do custo do direito de uso do telefone. Com o demonstrativo de cálculo, doc.06,ficam demonstrados os valores das despesas indevidas com os encargos de depreciação desse direito e as respectivas correções monetá- rias desses encargos, assim resumidos: ~iço ~Sua) FEDERAL 7. PRCCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão 1i9 103-12.705 OlCiu ~ES TELEFÔNICAS - DEM110 DE USO DE TELEFCCIE- Ex.84/83 EX.85/84 Ex.86/85 1.ENCARGOS DE DEPRECIA çAo 27.538,59 81.073,50 267.860,33 2. CORREÇÁOMW.ECAFGOS 14.371,74 51.060,82 154.134,02 Em razão disso, aresclulidos da tributação os valores in- dicados no item referido porque, uma vez reformulados os cál culos cabíveis, com a tributação das parcelas acima, eles serão automaticamente excluídos. Concorda com a tributação incidente sobre os encar- gos de depreciação e respectiva correção desses encargos, conta- bilizados incorretamente como despesas calculadas sobre a conta BENFEITORIAS, detectados pelo Fisco. Ante o exposto, promoveu o recolhimento dos tributos devidos, conforme DARF, doc.n9 08 e 10 (fls.431), sobre a maté- ria não litigiosa. 8) SALDO DEVEDOR DE CORREÇÃO MONETÁRIA Não é cabível a pretendida tributação das parcelas de CR$ 430.518,00, CR$ 1.742.093,00 e de CR$ 6.559.611,00 relacionados no Quadro Demonstrativo n9 05, fls. 36 do Processo e nem sobre os valores de CR$ 26.533,00, CR$ 1.171.536,00 e de CR$ 8.057.841,00 descritos no QUADRO DEMONSTRATIVO N9 06, de fls. 43 do Processo, a titulo de Depreciação Acumulada indi- cada no item 2(C) e (D) do Auto de Infração, porque, em sendo tributadas as parcelas correspondentes às despesas indevidas com encargos de depreciação e sua respectiva correção monetária, .' não é ca- . blvel nova tributação sobre esses valores que passa- rama integrar o Fundo de Depreciação Acumulada. No ca so em tela, tributando a despesa de depreciação, au- tomaticamente está tributada a parcela de igual va- lor creditada à conta do Fundo. Aliás, essas parce-- las ao serem tributadas, representam lucros acu mulados dentro da conta do Fundo de Depreciação e çg ..- • SERVIÇO PÚBLICO FEDERALj$k• 8. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 que poderiam serem transferidas para a conta Lucros Acumulados. C) OMISSÃO DE RECEITA O Quadro Demonstrativo n9 07 (fls.422) e as demais peças do Auto de Infração, não permitem a identifica ção das parcelas componentes da matéria tributável indicada resumidamente e, por isso, o direito do re- corrente ficou cerceado desde o inicio. A informação de fls.391 indicada na DECISÃO N9 0610-011.734/87-81, como sustentáculo desta DECISÃO, não foi en- caminhada à Recorrente, prejudicandoialmala uma vez, e cerceando o seu direito de defesa. Mesmo assim, para apresentar este RECUR SO, foi obrigada a recorrer XJ exercício dg. agivinhação, para adi vinhar quais as parcelas consideradas como não comprovadas pela Autoridade de Primeira Instância, relativamente a suposta "OMIS SÃO DE RECEITA". Usando do mencionalát àprocesgei, acha que os valores tidos como não comprovados, são os abaixo relacionados: EXERCÍCIO DE 1984 - ANO-BASE DE 1983 CCNTAS FOPNECOXMCS - EXE:RCICIO DE 1984/83 Valor Cmxlice Perfumaria Cosnéticos Ltda. 2.455.2CO300 Mar±arkiPerfunariae Cosrético Ltda. 20.827.736,69 M.a. CR$ 23.282.936,00 FINANCIAMITOS aCURIOPIWUX)- Ex.1984/83.CR$ 41.196.782,00 SupostascmisqgPq de receitas em 31.12.83 CR$ 64.479.718,00 EXERCÍCIO DE 1985 - ANO-BASE DE 1984 antas: Fornecedores Valor Capotaria Guajajaras Ltda. CR$ 10.976.000,00 Casa Machado Ltda. 19.966,00 Marchand Perfumaria Ltda. 6.199.131,00 Perfumaria Flores Poços cb Caldas 1.329.492,00 Albatroz Química Ltda. (:)0Çfl 233.530,00 .:: . SERVIÇO PUBLICO FEDERAL 1. I 4 9. ..$4 . PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 Gráfica Nossa Senhora Perpétuo do Socorro 140.000,00 Transfarma Ltda. 102.459,00 Transfarma Ltda. 185.328,00 Soma omita Forneoadores CR$ 19.185.906,00 Contas: Financiamentos a curto prazo CR$ 35.860.462,00 Supostas omissões de receitas em 31.12.84 CR$ 55.046.368,00 Apesar de o art. 29 do Decreto n9 70.235/72 estabele cer que i na apreciação das provas,a autoridade julgadora formará sUa.lilue convicção/ podendo determinar as diligências que enten- der necessárias, percebe que este dispositivo não regula a natu- reza, formação, requisitos, valor relativo e apreciação das pro- vas. Por isso, com o devido respeito, quando for o caso, torna- -se indispensável recorrer ao CPC,que contém algumas normas so- bre a matéria das provas e, data vênia, servem de subsidio aos deslinde das questões. Assim estabelece o art. 332 do CPC: "Todos os meios de prova legal, bem como os moralmen te legítimos, ainda que não especificados neste Códi go, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa". Já o art. 23 do Código Comercial, preceitua: Os livros legalizados, escriturados em forma mercan- til,sem emendas e rasuras, em perfeita harmonia uns com os outros, fazem prova plena. Já o § 39 do art. 99 do Decreto-lei n9 1.598/77 ex- pressa que cabe á autoridade administrativa a prova da inveraci- dada dos fatos registrados com observância da escrituração manti da de acordo com as disposições legais. Embasado nestas regras,depreende-se que a Autoridade de Primeira Instância limitou-se a manter parte da matéria tribu_ tada, sem entrar no mérito das provas apresentadas, e por isso, data vênia, a decisão em lide deve ser declarada nula de pleno direito. Afirma que as provas apresentadas comprovam a inexis tência da suposta omissão de receita de Cr$ 64.479.718,00 • (exer- çk' N SERVIDO FUEUCO FEDERAL 10. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 cicio de 1984) e Cr$ 55.046.368,00 (exercício de 1985) e a ine- xistência de qualquer distribuição de lucros aos sócios. As fls. 410 ã 421, o contribuinte faz um relato das contas "Fornecedores", "Financiamentos a Curto Prazo" e "Títulos ã Pagar"; dos exercícios de 1984 e 1985. Ao final, a recorrente pede e espera provimento do recurso para determinar o cancelamento da exigência tributária em questão. O processo foi encaminhado ao 19 Conselho de Contri- buintes, onde o voto foi no sentido de converter o julgamento em diligência, para efetuar as seguintes verificações: a) apurar se houve troca de ARs, entre os três pro- cessos da interesse da COREAL LTDA., de n9s 10680/ 011.734187-81, 10680/011.733/87-19 e 10680/011.732/ 87-56; b) esclarecer as divergências indicadas no relatório e complementar as omissões de informação nele re- feridas, através de documentação hábil que deverá ser anexada aos autos; c) informar qual a verdadeira data da ciência da de- cisão recorrida, de fls. 395 a 398, às vistas das verificações realizadas; d) proceder ao saneamento das falhas processuais,por ventura detectadas, com base no que for apurado; e) elaborar relatório sucinto das diligências em- preendidas e das conseqüentes providências toma- das. As fls. 533, a Divisão de Tributação da Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte, apresenta um sucinto pare- cer, onde informa que o AR, referente a decisão n9 02545/89, ane xado às fls. 400, foi emitido em 23.02.90. O carimbo do correio é da mesma data e o recebimento, pela empresa, ocorreu em 24.02.90 (que caiu num sábado), confirmando o que alega a recorrente ãs fls. 402. (1-116. :% .. - • '"?4 i SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 11. 4"1.4NUts. PROCESSO N9 10.680/011.734/87-81 Acórdão n9 103-12.705 Assim sendo, face ao AR de fls. 400, fica comprovado que a empresa só tomou ciência do conteúdo da decisão de fls.395/ 398 em 24.02.90, tendo interposto recurso ao 19 Conselho de Con- tribuintes em 28.03.90. É o relatório. ()gr O\ SIIIVCO MUCO FEDERAI Processo n9 10680/011. 734/87-81 12. Acórdão n9 103-12.705 VOTO Conselheira MARIA DE FÁTIMA, PESSQADEMIL) GRUAM- Relatora; Após A realização da diligência solicitada atra- vés da Resolução n9 103-1.165, da qual resultaram as providencias descritas na informação de fls. 512, chega-se à conclusão de que o recurso de fls. 401 a 421 é tempestivo, pelo que deve ser conhecido. Inicialmente, cumpre apreciar as preliminar de nu lidade do lançamento e de nulidade da decisão de primeira ins - tãncia, suscitada pela recorrente. Relativamente & nulidede do lançamento, efetuado a titulo de "omissão de receitas", ao contrário do que alega a empresa, encontra-se a matéria tributável devidamente descrita' no Auto de InfraçÃo e seus anexos, O quadro demonstrativo n9 07, de fls. 51, na verdade, espelha uma síntese da matéria con- siderada comok receita omitida, nos exercícios de 1984 e 1985, a qual encontra-se,analiticamente,demonstrada nos documentos de fls. 54 a 78 e 82 a 87. Quanto A argAiçÃo de nulidade da decisão singu- lar, por cerceamento do direito de defesa e por desatender ao disposto no art. 31 do Decreto n9 70.235/72, algumas considera- ções merecem ser feitas: a) - Conforme se constata às fls. 398, a autori- dade monocrática não motivou a sua decisão, no que tange a omis são de receitas, decorrente da falta de comprovação parcial do saldo das contas "Fornecedores" e "Financiamentos a Curto Pra- zo"; b) - Reportou-sNo julgador de primeira instãn - cianaos comprovantes anexados pela empresa as fls. 139 e 383, as sim como,às conclusões da, fiscalização constantes das fls. 391, após a realização de diligência fiscal 511111VCO INOWCU FFIXOW Processo n9 10680/011.734/87-81 13. Acórdão n9 103-12.705 c) - Sabe-se que o julgador é livre para apreciar as provas apresentadas, no entanto, é mister fundamentar suas conclusões, o que não ocorreu no presente caso; d) - Por outro lado, a informação fiscal,cuja pro posta a autoridade monocrática expressamente adota, igualmente não justificou as razões / pelas quais, parte dos documentos anexadospe la empresa quando da impugnação, não foi aceita; e) - O invocado quadro de fls. 391, -que espelha a posição dos grupos de contas "fornecedores" e "financiamento a curto prazo", numa recomposição daquele de fls. 51, na verdade nada esclarece, relativamente às causas de serem os valores ne les contidos considerados como não comprovados; - Na parte da Informação Fiscal alusiva ao item "Omissão de Receita" (f Is. 390 e 391), constam como não comprova dos valores, cujos documentos ditos como comprabãtorios se encon tramnos autos,sencite se esclareça qual o motivo da sua desconside ração,caro éo caso da importán'cia de Cr$ 20.827.736, alusivaã Mar- chand Perfumaria e Cosméticos, a qual se referem os documentos de fls. 167 a 258 e 367 a 385. g) O mesmo se diga como referência aos valores de Cr$ 287.787 (Transforma S/A, docs. de fls. 292 e 293) e Cr$ 10.976.000 (Capotaria Guajajaras Ltda., docs. de fls. 387 e 388); h) - Quanto À falta de comprovação dos saldos da conta "Financiamentos de Curto Prazo", no total de Cr$ 41.196.782, para o exercício de 1984, e de Cr$ 35.860.462, para o exercício' de 1985, igualmente nenhuma justificativa é dada, apesar da anexa ção dos documentos de fls. 312 a 347 e 349 a 361; i) - Procedendo dessa maneira, o julgador singu - lar acarretou grave dano A recorrente, por cecear-lhe o seu di- reito de defesa. Por todo o exposto, acolho a preliminar suscitada, de nulidade da decisão de primeira instÃncia, por cerceamento do QI5d t - SIRVICO MOCO PEDIEW Pgocesso A9 10680/011.734/87-81 14. Acórdão n9 103-12.705 direito de defesa, votando no sentido de ser o processo devolvi- do à repartição de origem, para que nova decisão seja proferida, identificando, analiticamente, quais os valores componentes do saldo da conta "fornecedores" e "financiamentos a curto prazo", que foram considerados com não comprovados, justificando a razão de tal consideração e/ou da não aceitação dos documentos tidos como comprobatõrios, a eles alusivos. Por oportuno, deverá o jul gador singular apreciar as novas alegações e documentos, apresen tados com a petição de fls. 401 a 421, especialmente aqueles alta sivos aos demonstrativos de fls. 417 (duplicidade de registro de custos e/ou despesas) e 429/430 (direito de uso de telefone - de preciação/correção monetãria), assim como,aos documentos anegos' às fls. 431, 432 e 454. Caberá ao contribuinte o direito *a interposição de novo recurso, que ficarã restrito à matéria objeto da nova deci- são singular. É o meu voto: ee de go to de 1 92: L net& DE MIMA PESSOA DE MELLO CARI'AX0 - ~ORA Page 1 _0005700.PDF Page 1 _0005900.PDF Page 1 _0006100.PDF Page 1 _0006300.PDF Page 1 _0006500.PDF Page 1 _0006700.PDF Page 1 _0006900.PDF Page 1 _0007100.PDF Page 1 _0007300.PDF Page 1 _0007500.PDF Page 1 _0007700.PDF Page 1 _0007900.PDF Page 1 _0008100.PDF Page 1 _0008300.PDF Page 1
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Numero do processo: 13161.720196/2013-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2010
Ementa:
INCONSTITUCIONALIDADES. APRECIAÇÃO PELA VIA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos da SÚMULA CARF nº 2, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1301-001.886
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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APRECIAÇÃO PELA VIA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos da SÚMULA CARF nº 2, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 72 01 96 /2 01 3- 84 Fl. 671DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 672 2 Relatório BRASIL GLOBAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CARNES LTDA, já devidamente qualificada nestes autos, inconformada com a decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que manteve, na íntegra, os lançamentos tributários efetivados, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. Cuida o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS), relativas ao ano calendário de 2009, formalizadas a partir do arbitramento do lucro. Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação ao feito fiscal, fls. 555/556, em que, em apertada síntese, argumentou: que teria havido ofensa a princípios constitucionais, pois a multa qualificada de 150% e os juros aplicados ofenderiam os princípios do não confisco e da proporcionalidade; que teria havido quebra do princípio da isonomia; que as receitas financeiras auferidas não poderiam ser incluídas na base de cálculo do PIS e da Cofins, por não fazer parte do faturamento, haja vista a inconstitucionalidade de artigos da Lei nº 9.718/1998; que a Cofins foi criada sob uma previsão legislativa que já havia sido preenchida pelo PIS; que o § 1º do art. 43 da Lei nº 8.541/1992 é inconstitucional, pois define como base de cálculo das contribuições para a seguridade social o valor da receita omitida, olvidando que a base de cálculo da CSLL é o lucro, não a receita, ferindo o disposto no art. 195, I, da Constituição Federal; que a aplicação da multa qualificada de 150% não pode prosperar, pois não ficou evidenciado nos autos o evidente intuito de fraude previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/1964; que teria passado por alguns problemas no seu sistema interno, principalmente em relação à sua contabilidade, e um grande problema financeiro, mas não houve máfé; que a multa isolada aplicada é absurda, pois apresenta a mesma base de cálculo utilizada para exigir o tributo e, neste caso, é cabível somente a aplicação da multa prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996, ou seja, 75%. A decisão de primeira instância traz o seguinte registro: Fl. 672DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 673 3 Vindos os autos a esta DRJ, numa rápida análise dos mesmos, constatouse que os autos de infração do PIS e Cofins tinham sido efetuados sobre base de cálculo trimestral, quando a legislação prevê a tributação em bases mensais, tendo sido devolvidos à DRF de origem, conforme o Despacho de Diligência de fls. 592/593. O titular da DRF de origem lavrou o Despacho Decisório GAB/DRF/DOU/MS nº 572/2013 (fls. 600), revisando de ofício os autos de infração do PIS e da Cofins e determinou a lavratura de autos de infração complementar, em bases mensais. Em cumprimento à determinação do DRF de origem, foram lavrados os autos de infração do PIS (fls. 03/21 do processo nº 13161.720738/201319) e Cofins (fls. 03/21 do processo nº 13161.720496/2013421). Devidamente cientificada dos novos lançamentos em 19/08/2013 (fls. 37 do processo nº 13161.720738/201319 e fls. 37 do processo nº 13161.720496/201342), a apresentação sua impugnação em 09/09/2013 (fls. 608/620), repetindo os mesmos argumentos da impugnação anteriormente apresentada (fls. 562/576). A já referida 2a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande, analisando os feitos fiscais e a peça de defesa, decidiu, por meio do Acórdão nº. 0433.775, de 08 de outubro de 2013, pela procedência dos lançamentos. O referido julgado restou assim ementado: LANÇAMENTO. NULIDADE. REQUISITOS LEGAIS PRESENTES. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente e quando se verificam presentes no lançamento os requisitos exigidos pela legislação tributária. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ARBITRAMENTO DO LUCRO. Deve ser arbitrado o lucro da pessoa jurídica optante pelo Lucro Presumido que, regularmente intimada, não apresenta à Fiscalização o Livro Caixa, no qual estejam escriturados os recebimentos e pagamentos ocorridos em cada período de forma a refletir toda a movimentação financeira, inclusive bancária, ou escrituração contábil de acordo com a legislação comercial, tudo comprovado por meio de documentos hábeis e idôneos. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Caracterizada a ação dolosa do contribuinte, mediante a prática reiterada de não escriturar e nem declarar receitas de venda, visando impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, é cabível a aplicação da multa qualificada de 150%. 1 O número correto é 13161.720796/201342. Fl. 673DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 674 4 AUTUAÇÃO REFLEXA: PIS, COFINS, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. Ao se definir a matéria tributável na autuação principal, o mesmo resultado é estendido à autuação reflexa, face à relação de causa e efeito existente. Irresignada, a contribuinte apresentou o recurso de folhas 654/662, por meio do qual sustenta que os juros aplicados têm efeito de confisco; que a multa aplicada é inaceitável; e que discorda do fato de a autoridade administrativa julgadora não apreciar inconstitucionalidades. É o Relatório Fl. 674DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 675 5 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Trata a lide de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos, relativas ao ano calendário de 2009, formalizadas a partir do arbitramento do lucro. Em sede de recurso voluntário, a contribuinte limitase a sustentar que os juros aplicados têm efeito de confisco, que a multa aplicada é inaceitável e que discorda do fato de a autoridade administrativa julgadora não apreciar inconstitucionalidades. Notase, pois, que a Recorrente não traz argumentos em relação aos fundamentos do arbitramento promovido pela autoridade fiscal, mas tão somente no que diz respeito aos juros e multa aplicados, e à impossibilidade de a autoridade administrativa julgadora afastar a aplicação da lei com base em supostas inconstitucionalidades. Contrariamente ao entendimento esposado na peça recursal, a autoridade administrativa julgadora efetivamente não detém competência para afastar a aplicação de normas legais com fundamento em eventuais inconstitucionalidades. No caso, cabe a ela, apenas, verificar se, no caso, os juros moratórios e a multa de ofício aplicada têm suporte em ato legal que goza de vigência plena. Nessa linha, cumpre tão somente ressaltar que a questão acerca dos limites impostos à autoridade administrativa julgadora, encontrase devidamente disciplinada na lei processual, e, no âmbito desta instância julgadora, no Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e na súmula CARF nº 2, conforme transcrições abaixo. Decreto nº 70.235, de 1972 ... Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 675DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 676 6 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Regimento Interno ANEXO II ... Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; (Fl. 20 do Anexo II da Portaria MF nº , de de de 2015.) b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 676DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 13161.720196/201384 Acórdão n.º 1301001.886 S1C3T1 Fl. 677 7 Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, conduzo meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. "documento assinado digitalmente" Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 677DF CARF MF Impresso em 29/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 28/0 1/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
score : 1.0
Numero do processo: 13002.000643/2005-06
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/2000 a 30/09/2000
COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO.
Por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015, devem ser reproduzidas pelos conselheiros, nos julgamentos deste Tribunal Administrativo, as decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de recursos com repercussão geral reconhecida.
O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5). A partir de 9 de junho de 2005, com a vigência do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado.
Recurso Especial do contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-003.321
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso nos termos do voto do relator.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Joel Miyazaki - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (substituto convocado), Joel Miyazaki, Vanessa Cecconello, Maria Tereza Martínez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto (presidente).
Nome do relator: JOEL MIYAZAKI
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente HOSPITAL E MATERNIDADE CENTRO CLÍNICO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2000 a 30/09/2000 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. Por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015, devem ser reproduzidas pelos conselheiros, nos julgamentos deste Tribunal Administrativo, as decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de recursos com repercussão geral reconhecida. O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5). A partir de 9 de junho de 2005, com a vigência do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Recurso Especial do contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Joel Miyazaki Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (substituto convocado), Joel Miyazaki, Vanessa Cecconello, Maria Tereza Martínez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 2. 00 06 43 /2 00 5- 06 Fl. 282DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela contribuinte (efls. 211/223) contra decisão proferida no Acórdão nº. 340100.962 (efls. 202/205), de 27/08/2010, que negou provimento ao recurso voluntário oferecido pela contribuinte, nos termos da ementa adiante transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2000 a 30/09/2000 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTOS SUPOSTAMENTE INDEVIDOS OU A MAIOR. Nos termos dos arts. 168, I, e 150, § 1º , do CTN, o direito de pleitear a repetição de indébito tributário oriundo de pagamentos supostamente indevidos ou a maior extinguese em cinco anos, a contar do pagamento. Recurso negado. Em seu recurso, a contribuinte requer que o prazo prescricional para repetição do indébito seja de 5 anos para homologação tácita do lançamento, contados a partir da data do pagamento, acrescidos, a partir daí, de mais 5 anos para pleitear a restituição; ou seja, pleiteia o prazo de 10 anos, a contar da data da ocorrência do fato gerador. O recurso especial apresentado pela contribuinte foi admitido, nos termos do Despacho constante às efls. 266/267. Contrarrazões da Fazenda Nacional às efls. 269/278. É o Relatório. Voto Conselheiro Joel Miyazaki, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razões pelas quais dele conheço. Conforme relatado, a matéria posta em debate cingese à questão do termo inicial da prescrição para fins de repetição de indébito referente a recolhimentos efetuados a título de COFINS. O Colegiado entendeu ter ocorrido a prescrição/decadência, sob o entendimento de que o prazo para postular a repetição de indébito relativo ao PIS pago a maior seria de 5 anos contados da data da extinção do crédito tributário, no caso, da data do pagamento. Por outro, pretende a recorrente sejalhe aplicado o prazo decenal de prescrição, contados os 10 anos da data da ocorrência do fato gerador (a chamada tese dos 5 + 5). Fl. 283DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13002.000643/200506 Acórdão n.º 9303003.321 CSRFT3 Fl. 283 3 Por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na sistemática prevista pelo art. 543B (com repercussão geral reconhecida) da Lei nº. 5.869/73 (CPC/1973), devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF Desta feita, a matéria referente à prescrição da pretensão de repetição de indébito tributário já foi julgada pelo STF, em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, no RE nº. 566.621, cujo julgado possui a seguinte ementa (grifos meus): DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. Fl. 284DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI 4 O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (RE 566.621. Relatora Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL. DjE195 DIVULG. 10102011 PUBLIC.. 11102011) De acordo com o referido julgamento, o prazo para o contribuinte pleitear a restituição de pagamentos indevidos, referentes aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, é de 10 anos, estes aplicados tãosomente para os pedidos que tenham sido protocolizados/ajuizados antes da vigência da Lei Complementar nº. 118/2005, em 09/06/2005. Assim, até 08/06/2005, vale a chamada tese dos 5 + 5: corre o prazo de 5 anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, para homologação tácita do lançamento (na forma do artigo 150, §4º do CTN); a partir daí, quando se tem por extinto o crédito tributário, passase a contar mais 5 anos para pleitear a restituição (na forma do artigo 168, I do CTN). Referida decisão não deixa margem a dúvida de que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 só produziu efeitos a partir de 9 de junho de 2005, de forma que, ao contribuinte que protocolizou pedido de repetição de indébito em período anterior a essa data – isto é, até 08/06/2005, inclusive goza do prazo de 10 anos para pleitear a repetição do indébito, contados a partir da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. No caso ora sub judice, tendo sido o pedido administrativo de repetição de indébito protocolizado em 15/12/2005, temse que o prazo prescricional a ser aplicado é de cinco anos, a contar da data dos alegados pagamentos indevidos, vez que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 passou a produzir efeitos a partir de 9 de junho de 2005. Visto que, conforme informa a própria contribuinte (efl. 218) os indébitos têm data de 15/06/2000, 14/07/2000, 15/08/2000, 15/09/2000 e 15/10/2000, é de se reconhecer a prescrição referente à restituição pretendida. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela contribuinte. É como voto. Joel Miyazaki Fl. 285DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13002.000643/200506 Acórdão n.º 9303003.321 CSRFT3 Fl. 284 5 Fl. 286DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI
score : 1.0
Numero do processo: 13204.000031/2003-77
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/02/1990 a 30/11/1991
FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, §4º DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I DO CTN). LEI COMPLEMENTAR 118/2005.
Esta Corte Administrativa está vinculada às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº. 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932. Nesse sentido, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, ou seja, antes do dia 09/06/2005, o de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo código. Assim, inequívoco que o direito do contribuinte pleitear, em 11/06/2003, restituição/compensação dos valores recolhidos a título Finsocial no período de fevereiro de 1990 a junho de 1991 encontram-se prescritos.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-003.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Júlio César Alves Ramos - Redator ad hoc
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento).
Nome do relator: NANCI GAMA
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/02/1990 a 30/11/1991 FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, §4º DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I DO CTN). LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Esta Corte Administrativa está vinculada às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº. 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932. Nesse sentido, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, ou seja, antes do dia 09/06/2005, o de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo código. Assim, inequívoco que o direito do contribuinte pleitear, em 11/06/2003, restituição/compensação dos valores recolhidos a título Finsocial no período de fevereiro de 1990 a junho de 1991 encontram-se prescritos. Recurso Especial do Contribuinte Negado
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RESTITUIÇÃO. ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, §4º DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I DO CTN). LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Esta Corte Administrativa está vinculada às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº. 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932. Nesse sentido, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação, será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, ou seja, antes do dia 09/06/2005, o de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo código. Assim, inequívoco que o direito do contribuinte pleitear, em 11/06/2003, restituição/compensação dos valores recolhidos a título Finsocial no período de fevereiro de 1990 a junho de 1991 encontramse prescritos. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 20 4. 00 00 31 /2 00 3- 77 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 05/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/11/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RA MOS Processo nº 13204.000031/200377 Acórdão n.º 9303003.207 CSRFT3 Fl. 242 2 Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Júlio César Alves Ramos Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte em face do acórdão de nº 3101000.949, o qual, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário por entender que ultrapassados os 10 (dez) anos a partir do fato gerador, ocorreu a prescrição do direito do contribuinte ao ressarcimento pretendido, conforme ementa a seguir: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/02/1990 a 30/11/1991 Ementa: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FINSOCIAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL. Apesar de o pedido administrativo ter sido feito antes da vigência da Lei Complementar nº. 118/2005, foi protocolizado após o prazo de cinco anos para a homologação, a partir da ocorrência do fato gerador, acrescido dos outros cinco anos, para o sujeito passivo pleitear a repetição do indébito. Inconformado, o contribuinte, com apoio em decisões da CSRF, interpôs recurso especial de divergência, alegando, em síntese, que, ao contrário do entendido pelo acórdão a quo, o prazo para o contribuinte pleitear restituição é de 5 (cinco) anos contados da edição da Medida Provisória 1.62136/98, que, segundo as decisões divergentes, “de forma definitiva, trouxe a manifestação do Poder Executivo no sentido de possibilitar ao contribuinte fazer a correspondente solicitação.” Em despacho de fls. 231/232, o Presidente da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF deu seguimento ao recurso especial do contribuinte. Regularmente intimada, a Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões às fls. 234/237, requerendo seja integralmente mantido o acórdão a quo. É o relatório. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 05/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/11/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RA MOS Processo nº 13204.000031/200377 Acórdão n.º 9303003.207 CSRFT3 Fl. 243 3 Voto Conselheiro Júlio César Alves Ramos, Redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fl. 240, nos termos do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, incumbiume o Presidente da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais de redigir o presente acórdão. Ressaltese que a relatora original disponibilizou à secretaria da Câmara Superior o relatório e a ementa acima transcritos, bem como o voto que será aqui igualmente aproveitado. Contudo, em virtude de sua renúncia ao mandato, não foi possível concluir a formalização da citada decisão. Dessa forma, adoto o voto entregue pela relatora original, Conselheira Nanci Gama, vazado nos seguintes termos: Conheço o recurso especial do contribuinte por entender encontrarem atendidos os requisitos para sua admissibilidade. Considerando que segundo o artigo 62A1 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, os membros deste Conselho devem reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, no caso, o teor do julgamento do Recurso Extraordinário de nº 566.621, o qual foi realizado na Sessão Plenária de 04/08/2011, no sentido de entender que a Lei Complementar 118/2005 se tratou de lei nova e não de lei interpretativa, cabendo a sua aplicação a partir de 09/06/2005, ou seja, apenas a partir da vacacio legis de 120 dias somada à data da sua publicação dada em 09/02/2005. Entendeu aludida decisão, ainda, que o prazo para repetição ou compensação de indébitos relativos a tributos sujeitos a lançamento por homologação, anteriormente à vigência de aludida Lei Complementar, deveria ser de 10 (dez) anos contados a partir do fato gerador, tendo em vista a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, c/c artigo 156, VII, somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, do CTN, conforme entendimento do STJ respaldado no julgamento do recurso especial repetitivo de nº 1.002.932. O acórdão do STF restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº. 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os 1 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 243DF CARF MF Impresso em 05/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/11/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RA MOS Processo nº 13204.000031/200377 Acórdão n.º 9303003.207 CSRFT3 Fl. 244 4 tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Assim, sendo certo que o contribuinte protocolou seus pedidos de restituição/compensação no dia 11 de junho de 2003, e que os fatos geradores ora questionados ocorreram entre fevereiro de 1990 e novembro de 1991, entendo que o pedido de ressarcimento, tal como o v. acórdão recorrido, encontrase prescrito. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 05/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/11/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RA MOS Processo nº 13204.000031/200377 Acórdão n.º 9303003.207 CSRFT3 Fl. 245 5 Com base nesses fundamentos, a relatora conheceu do recurso especial interposto pelo contribuinte e, no mérito, votou no sentido de lhe negar provimento, sendo acompanhada pela unanimidade do Colegiado, e esse é o acórdão que me coube redigir. Júlio César Alves Ramos Fl. 245DF CARF MF Impresso em 05/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 03/11/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por JULIO CESAR ALVES RA MOS
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Numero do processo: 15277.000067/2008-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2402-000.509
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os conselheiros Kleber Ferreira de Araújo e Ronnie Soares Anderson.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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decisao_txt : Vistos relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os conselheiros Kleber Ferreira de Araújo e Ronnie Soares Anderson. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
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RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os conselheiros Kleber Ferreira de Araújo e Ronnie Soares Anderson. Ronaldo de Lima Macedo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 52 77 .0 00 06 7/ 20 08 -3 7 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15277.000067/200837 Resolução nº 2402000.509 S2C4T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista no art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 9.528/1997, c/c o art. 225, inciso IV e § 4º, do Decreto 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, nas competências 05/1999, 07/1999, 11/1999, 12/1999, 01/2000, 06/2000, 08/2000 a 10/2001, 12/2001, 02/2002 a 05/2002, 07/2002, 08/2002, 11/2002, 12/2002, 04/2003 a 01/2004, 03/2004 a 09/2004, 11/2004, 12/2004, 02/2005 a 02/2007, 04/2007 a 06/2007, 10/2007. O Relatório Fiscal (fls. 04/05) informa que a empresa deixou de informar em GFIP os valores decorrentes da comercialização da produção rural. Informou, ainda, que durante a ação fiscal o contribuinte corrigiu as GFIP’s do período de 01/2003 a 12/2007. Não constou do relato fiscal a informação quanto à ocorrência das circunstâncias agravantes previstas no art. 290 do RPS. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 03/06/2008 (fls. 01 e 50), mediante correspondência postal com Aviso de Recebimento (AR). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 19/27), alegando, em síntese, que: 1. Em preliminar, argúi a tempestividade da impugnação assegurando que foi intimada pelo correio em 03/06/2008, portanto, a contagem do prazo para apresentação de defesa iniciouse em 04/06/2008 e encerrouse em 03/07/2008. Aduz a nulidade do Auto de Infração, pois o mesmo padece de vício formal por não conter todas as informações necessárias para que a impugnante possa exercer o seu direito de defesa. Cita especificamente que não foi informado o período em que a infração foi cometida; 2. No mérito, alega a decadência do direito à constituição da obrigação tributária em relação ao período de 01/ 1999 a 12/2002, em razão do transcurso do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador e em face da publicação da Súmula Vinculante n° 8 do STF, que considerou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8212/91; 3. afirma a ocorrência de circunstância atenuante para o período de 01/2003 a 12/2007, tendo em vista a correção das GFIP durante a ação fiscal conforme atestado no próprio Auto de Infração. Diz fazer jus a relevação da multa nos termos do art. 291, § 1° do RPS, por ter corrigido os erros e formulado o pedido dentro do prazo de impugnação. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15277.000067/200837 Resolução nº 2402000.509 S2C4T2 Fl. 4 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Juiz de Fora/MG – por meio do Acórdão 0920.750 da 6a Turma da DRJ/JFA (fls. 57/62) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade. A Notificada apresentou recurso, manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados na notificação e no mais efetua repetição das alegações de impugnação, acrescentando que seja observado o enunciado no 08 da Súmula Vinculante do STF. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Juiz de Fora/MG informa que o recurso interposto é tempestivo e encaminha os autos ao CARF para processamento e julgamento. É o relatório. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15277.000067/200837 Resolução nº 2402000.509 S2C4T2 Fl. 5 4 VOTO Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Antes de analisarmos as questões do recurso, constatase que há questões que devem ser devidamente dirimidas pela autoridade administrativa competente (Fisco) e sanadas. Isso porque, um dos argumentos suscitados nas razões de recurso do contribuinte diz respeito à matéria fática relacionada a intempestividade da peça de impugnação. Registrase que a DRJ, decisão de primeira instância, julgou intempestiva a impugnação da Recorrente, afirmando que o Auto de Infração impugnado foi recebido pela Recorrente em 02/06/2008, conforme Aviso de Recebimento (AR), e não levou em consideração o “Histórico do Objeto” obtido no “site” dos Correios que apontava a data de entrega em 03/06/2008 (fls. 50). Entretanto, a data do recebimento da intimação pelo sujeito passivo, registrada na cópia do Aviso do Recebimento (AR) de fls. 16, não tem visibilidade nítida para a confirmação de que a data seria dia 02/06/2008 e, além disso, o ano registrado no AR (quadro da data de recebimento) encaminha para o ano de 2009, totalmente distinto dos demais documentos acostados aos autos que sinalizam para o ano de 2008. Desse modo, o fato constitutivo do lançamento fiscal ainda não está devidamente esclarecido qual seria a data de recebimento da intimação pelo sujeito passivo. Assim, pelo fato de que foram acostados cópias de documentos nos autos sobre a data de intimação do lançamento fiscal, já que esta data é relevante para o deslinde da controvérsia, resolvo converter o julgamento em diligência, a fim de que o Fisco verifique nos documentos originais ou em outros documentos dos Correios a data de intimação do lançamento fiscal e emita Parecer ou Informação Fiscal sobre os fatos constatados. Após a elaboração da Informação, o Fisco deverá dar ciência à Recorrente desta decisão e do Parecer (Informação), com os demonstrativos e cópias que se fizerem necessários, e concederá prazo de 30 (trinta) dias, da ciência, para que a Recorrente, caso deseje, apresente recurso complementar. CONCLUSÃO: Diante do exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para as providências solicitadas. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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